·
Arquitetura e Urbanismo ·
Paisagismo
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
Preview text
Copyright 2021 by Editora Faculdade Avantis Direitos de publicação reservados à Editora Faculdade Avantis e ao Centro Universitário Avantis UNIAVAN Av Marginal Leste 3600 Bloco 1 88339125 Balneário Camboriú SC editoraavantisedubr Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Lei nº 10994 de 14 de dezembro de 2010 Nenhuma parte pode ser reproduzida transmitida ou duplicada sem o consentimento da Editora por escrito O Código Penal brasileiro determina no art 184 dos crimes contra a propriedade intelectual Editoração Patrícia Fernandes Fraga Tayane Medeiros dOliveira Projeto gráfico e diagramação Ana Lúcia Dal Pizzol PLANO DE ESTUDOS Na disciplina de Paisagismo para Arquitetura apresentaremos aos estudantes uma base técnica para sua vida profissional com informações claras sobre paisagismo na prática trazendo os fundamentos as tendências e o repertório de mercado Discutiremos aspectos do projeto de paisagismo seus elementos funcionais perceptivos estéticos e sua relação com o contexto urbano No que diz respeito à organização da disciplina vale comentar alguns aspectos iniciais referentes à sua organização para o bom andamento dos trabalhos O caderno é composto por quatro unidades sendo que todas iniciam por uma breve introdução e na sequência há o desenvolvimento do conteúdo que será ilustrado por imagens livros artigos e outras mídias Iniciaremos a Unidade 1 com a evolução do paisagismo ao longo da história até chegar à atualidade com as principais tendências Na Unidade 2 conheceremos os termos e especificações de paisagismo trazendo critérios e condicionantes para vegetações Já na Unidade 3 falaremos sobre o paisagismo aplicado a ambientes técnicas e escalas aplicadas ao projeto de paisagismo e sobre as etapas de projeto Por fim na Unidade 4 entenderemos os elementos compositivos no projeto de paisagismo e o estudo de composição de praças de jardins por meio de análise e crítica de projetos O PAPEL DA DISCIPLINA PARA A FORMAÇÃO DO ACADÊMICO Com a disciplina proposta pretendese apresentar aos acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo conceitos gerais sobre paisagismo abordando desde seus aspectos conceituais estéticos funcionais seu detalhamento e representação gráfica Disciplina inserida na área de atuação que juntamente ao projeto arquitetônico possui o objetivo de qualificar o ambiente interno para seus usuários O Processo de projeto de arquitetura é uma área de atuação multidisciplinar na qual o profissional por sua vez utilizase de vários artifícios estéticos e tecnológicos para a ambientação dos espaços Esta disciplina possibilitará ao acadêmico criar repertório para a utilização adequada do paisagismo em seus projetos Sobretudo ela se propõe a deixar o profissional preparado para o mercado atual uma vez que a demanda de projetos de paisagismo vem crescendo paralelamente ao crescimento das cidades PROGRAMA DA DISCIPLINA EMENTA Introdução ao paisagismo fundamentos e principais tendências Fatores condicionantes da paisagem Critérios de especificação de vegetações tropicais subtropicais e exóticas Intervenção no espaço urbano conceitos básicos e procedimentos Elementos compositivos no projeto de paisagismo Estudo de composição de praças e jardins OBJETIVO GERAL Entender o paisagismo e seus principais fundamentos discutindo aspectos conceituais referentes ao projeto de paisagismo seus elementos funcionais perceptivos estéticos e sua relação com o contexto urbano além de capacitar o aluno na concepção projeto e representação dos espaços com o objetivo de oferecer conforto e bemestar a seus usuários APRESENTAÇÃO DA AUTORA JOICE NATALIA CORDEIRO Graduada no Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Avantis UNIAVAN 2019 Trabalha como arquiteta autônoma na cidade de Itapema e região Nos projetos atuantes em sua maioria residenciais multifamiliares participou de todas as etapas de projeto desde a concepção até sua execução Além disso participou de projeto efêmeros para os corredores do BFS Balneário Fashion Show e Ecole Brasil Atualmente faz especialização em Docência em ensino superior na Uniasselvi Desde 2020 atua como tutora no Curso de Arquitetura e Urbanismo e Design de Interiores do UNIAVAN nas disciplinas de praticamente toda a grade do curso Lattes httplattescnpqbr2604785195345832 PROFESSOR SUMÁRIO UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AO PAISAGISMO FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS TENDÊNCIAS 11 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 12 INTRODUÇÃO À UNIDADE 13 11 PRINCIPAIS CONCEITOS DO PAISAGISMO 13 111 Paisagem 14 112 Paisagismo 14 113 Lugar e Não lugar 17 12 A EVOLUÇÃO DO PAISAGISMO 20 121 Primeiras Civilizações 21 122 A Grécia Antiga e Roma 22 123 Jardim Persa 24 124 Idade Média 25 125 Renascimento 26 126 Jardim Italiano 28 127 Jardim Francês 29 128 Jardim Inglês 31 129 Jardim Oriental 31 1210 Jardim Contemporâneo 32 1211 Jardim Modernista 34 13 O PAISAGISMO BRASILEIRO 35 14 PAISAGISMO ATUAL UM OLHAR PARA O FUTURO 37 141 Design Biofílico 40 PARA SINTETIZAR 44 GLOSSÁRIO 45 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 46 REFERÊNCIAS 47 UNIDADE 2 FATORES CONDICIONANTES DA PAISAGEM E CRITÉRIOS DE ESPECIFICAÇÃO DE VEGETAÇÕES TROPICAIS SUBTROPICAIS E EXÓTICAS 49 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 50 INTRODUÇÃO À UNIDADE 51 21 FATORES CONDICIONANTES DA PAISAGEM 51 211 O levantamento do Espaço 52 212 Clima e Estações 54 213 Terra e Topografia 56 214 Água 57 215 Elementos Vegetais 59 2151 Árvores 60 2152 Arbustos 65 2153 Forrações 67 2154 Plantas Aquáticas 70 22 CRITÉRIOS DE ESPECIFICAÇÃO DE VEGETAÇÕES TROPICAIS SUBTROPICAIS E EXÓTICAS 72 221 Clima 73 222 Água e Solo 73 223 Economia 74 224 Periculosidade 74 225 Crescimento e Biodiversidade 75 226 Atributos da Vegetação 75 PARA SINTETIZAR 79 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 80 GLOSSÁRIO 82 REFERÊNCIAS 83 UNIDADE 3 INTERVENÇÃO NO ESPAÇO URBANO CONCEITOS BÁSICOS PROCEDIMENTOS E ELEMENTOS COMPOSITIVOS NO PROJETO DE PAISAGISMO 85 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 86 INTRODUÇÃO À UNIDADE 87 31 PROCEDIMENTOS E ETAPAS DE PROJETO 87 311 Identificação do Cliente 88 312 Programa de Necessidades 89 313 Diretrizes e Conceito de Projeto 90 314 Zoneamento 91 315 Estudo Preliminar 92 316 Anteprojeto 93 317 Projeto Executivo 93 318 A Execução do Projeto 94 32 A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA PARA PROJETOS DE PAISAGISMO 95 33 FUNÇÕES DA VEGETAÇÃO 99 331 Função Estética 100 332 Função Social do Paisagismo 103 333 Função Ambiental do Paisagismo 106 34 O USO EM PAISAGISMO TIPOS DE LAZER 108 PARA SINTETIZAR 111 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 112 GLOSSÁRIO 114 REFERÊNCIAS 115 UNIDADE 4 ESTUDO DE COMPOSIÇÃO DE PRAÇAS DE JARDINS 117 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 118 INTRODUCÃO À UNIDADE 119 41 ESTILOS DE JARDIM 119 411 Jardim Clássico ou Formal 120 412 Jardim Seco Desértico ou Rochoso 121 413 Jardim Oriental ou Zen 124 414 Jardim Tropical 126 415 Jardim Contemporâneo 128 42 CIRCULAÇÕES COMO DEFINIDORAS DE PROJETO 129 43 DESENHO UNIVERSAL EM PAISAGISMO 135 44 MATERIAIS APLICADOS A PROJETOS 138 441 Materiais Artificiais 139 442 Materiais Naturais 141 4421 Madeira 141 4422 Pedras 144 443 Vasos e Mobiliários Urbanos 146 4431 Vasos 147 4432 Mobiliários Urbanos 148 PARA SINTETIZAR 150 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 151 GLOSSÁRIO 153 REFERÊNCIAS 154 1 UNIDADE INTRODUÇÃO AO PAISAGISMO FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS TENDÊNCIAS 12 PAISAGISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Entender a disciplina de Paisagismo e seus principais fundamentos para conhecer os critérios básicos e soluções aplicadas ao projeto de paisagismo Propiciar padrões referenciais de espaços nos ambientes externos e internos 13 PAISAGISMO INTRODUÇÃO À UNIDADE O ser humano possui o hábito de modificar a paisagem desde a préhistória principalmente após o desenvolvimento da agricultura Posteriormente com o caminhar evolutivo e o desenvolvimento das cidades o paisagismo aparece inserido no processo de urbanização até chegar às residências Normalmente ao se falar em paisagismo relacionamos com espaços de jardim porém esta área de estudo se amplificou com o passar do tempo tornandose fundamental para o convívio e lazer do ser humano Podemos ver sua aplicação em pequenos jardins residenciais ou nos trabalhos urbanísticos em grandes escalas e parques em nossas cidades Desta forma conceitos gerais relacionados ao paisagismo são fundamentais para o processo de projeto entendimento da proposta e futuramente para o trabalho prático nas especificações de vegetações dentro das intenções projetuais Na Unidade 1 deste caderno de estudos faremos uma breve introdução ao paisagismo desde sua terminologia passando por seus principais períodos históricos e evolução do conceito do termo e da ocupação dos espaços públicos e privados ao longo do tempo Além disso apresentaremos conceitos e exemplos práticos atuais para um entendimento geral de como esta área de atuação está se comportando e quais são seus principais direcionamentos para o mercado 11 PRINCIPAIS CONCEITOS DO PAISAGISMO É certo que a história do universo é escrita sobre a paisagem A compreensão dos conceitos e terminologias poderá nos ajudar a ter uma visão completa sobre o Paisagismo 14 PAISAGISMO 111 Paisagem Podemos atribuir ao termo paisagem diversos sentidos considerando que sua aplicação é vista em várias áreas do conhecimento Em nosso objeto de estudo o paisagismo e o termo paisagem referemse ao conjunto de elementos edificados ou não que apresentam transformações em um dado tempo inseridos em um local Um jardim ou paisagem projetada pode empregar pontos focais que são elementos dispostos no espaço Entendese por pontos focais elementos individuais que compõem um conjunto formando a paisagem ABBUD 2007 p 28 112 Paisagismo A partir da paisagem apresentada o paisagismo é uma área de atividade que alia o conhecimento técnico com a sensibilidade Tem como objetivo a criação de paisagens nas suas diversas escalas de trabalho visando integrar o homem à natureza O paisagismo pode tanto assumir funções complementares às demais áreas de conhecimento como a Arquitetura o Urbanismo e o Design de Interiores ou ser ele mesmo o protagonista do espaço Explorar o passar entre certos elementos é recurso interessante para criar situações e sensações diferentes Por isso o paisagismo torna se uma área de estudo onde o profissional deve aliar conhecimentos técnicos com o desejo de criar ambientes e situações que despertem interesses em seu usuário ABBUD 2007 p 29 Nós profissionais de paisagismo somos responsáveis pela elaboração de ambientes que sejam ao mesmo tempo contemplativos e funcionais Para isso na elaboração 15 PAISAGISMO do projeto e criação dos espaços devemos utilizar e explorar as espécies materiais e revestimentos selecionados para transmitir sensações distintas trabalhando com uma experiência sensorial Por exemplo a escolha de uma espécie mais ou menos densa com a copa alta ou baixa proporciona entrada de iluminação diferente no espaço causando sensações únicas aos usuários Diferente da arquitetura não é possível trabalhar com esses elementos dinâmicos e acreditar que eles sempre permanecerão da mesma forma Ou seja os elementos do jardim são flexíveis fluidos e variam de acordo com as condicionantes climáticas Figura 1 Elementos Paisagísticos Fonte Elaborada pela autora 2020 Na figura acima identificamos de que modo em um espaço externo mesmo não possuindo limites físicos como paredes pisos e tetos o paisagismo pode auxiliar na definição destes limites não edificados através da combinação de elementos e espécies definidas em projeto No plano de piso podemos contar por exemplo com o uso de espécies de forrações pedras areia e água Já para o uso de planos verticais é possível selecionar espécies distintas para aplicação dependendo da necessidade de privacidade ou não Para planos de teto podemos nos basear na escolha de espécies com copas altas ou pergolados aliados a espécies de trepadeiras para os fechamentos necessários 16 PAISAGISMO Há que se planejar o que estará acima das nossas cabeças como os tetos na arquitetura utilizandose as copas das árvores os pergolados os caramanchões etc Devese pensar também no que estará na frente de nossos olhos funcionando mais ou menos como paredes e balizas verticais os arbustos as árvores os taludes as rochas as dunas os morros as montanhas as grandes escadas e os muros Igualmente importante na definição espacial será aqui sob os nossos pés os gramados os pisos as pequenas escadas as rampas as muretas as superfícies de água os elementos que podem se estender até o horizonte e encontrar as montanhas ou o céu ABBUD 2007 p 21 Figura 2 Esquema de Planos Fonte Elaborada pela autora 2021 NA PRÁTICA Ao distribuirmos vegetações de uma mesma espécie e altura tendemos a criar planos verticais Já se especificarmos espécies com copas maiores permite a criação de planos de teto como exemplificado na imagem acima 17 PAISAGISMO 113 Lugar e Não lugar Para Abbud 2007 é necessário que haja a definição de lugares para a concepção do projeto de paisagismo Independentemente dos conceitos projetuais adotados as definições de Lugar e Não Lugar estão intrinsicamente ligadas à sua utilização podendo ser entendidos como Lugar espaço agradável que estimula o encontro de pessoas e a permanência para a realização de atividades ou não deverá propiciar conforto A vegetação e o mobiliário são elementos fundamentais para a composição deste espaço Considerando um espaço agradável é de extrema importância a aplicação de elementos como escala e proporção corretamente a fim de criar espaços que estimulem sensações de bemestar criação de desejos de permanência e uso constante conforme podemos observar nas imagens abaixo Figura 3 Representação Conceito de Lugar 1 Fonte Shutterstock 2020 18 PAISAGISMO Figura 4 Representação Conceito de Lugar 2 Fonte Shutterstock 2021 Nas imagens acima conseguimos demonstrar o conceito de Lugar Figuras 3 e 4 através do mobiliário jogo de luz e sombra vegetação e materialidade do piso proposto criando um conjunto de elementos para garantir que os espaços demonstrados sejam para permanência de usuários Não Lugar espaço que une dois lugares ou seja elemento de transição ou passagem circulação de não permanência Porém não por esta razão deve ser considerado menos importante ou não pensado para possuir características sensoriais criando surpresas durante o percurso para o usuário 19 PAISAGISMO Figura 5 Representação Conceito de Não Lugar 1 Fonte Shutterstock 2021 Figura 6 Representação Conceito de Não Lugar 2 Fonte Shutterstock 2021 20 PAISAGISMO Nas Figuras 5 e 6 identificamos a presença do paisagismo na composição de vegetação do muro paginação de piso sentido básico de orientação e evidenciamos o plano de teto piso e vertical ainda podemos destacar a sequência de pilares trazendo ritmo à circulação No entanto as duas caracterizamse como espaço de passagem e transição não de permanência Segundo Abbud 2007 p 25 um bom projeto de paisagismo precisa de Lugares e Não Lugares Desta forma nós profissionais desenvolvedores de projeto conseguimos equilibrar criando cenário e ambientes diferentes para cada uso 12 A EVOLUÇÃO DO PAISAGISMO Apesar de o termo paisagismo ter seu reconhecimento de forma tardia em nosso país somente na década de 80 suas práticas podem ser identificadas desde o período Neolítico com o surgimento da agricultura assumindo traçados e intenções distintas de acordo com o contexto sociocultural e período histórico Cada civilização que passou deixou sua marca de alguma maneira importante fazendo com que o paisagismo passasse pela evolução juntamente com as cidades e por modificações com as funções das edificações Atualmente aproximase cada vez mais dos edifícios o que é sobretudo uma forma de reconexão com a natureza perdida pela grande selva de concreto em que as cidades estão estruturadas Os jardins apareceram inicialmente na China e no Egito que criaram duas vertentes de jardim o naturalista e o clássico Até o Século XVIII o jardim de origem egípcia aparece de forma dominante nos jardins gregos romanos árabes italianos e franceses Sendo as influências dos jardins orientais resgatadas em muitos jardins que se aproximam do formato que vemos hoje com conceitos naturalistas 21 PAISAGISMO 121 Primeiras Civilizações As civilizações ocidentais foram as precursoras de diversas técnicas que contribuíram para a evolução do homem incluindo o domínio da agricultura e o paisagismo Os primeiros relatos de estruturas de jardins foram produzidos pelos povos Sumérios os quais habitavam a região da Mesopotâmia hoje atual Iraque Em uma paisagem entre rios e vales planos conhecida como berço da civilização foi possível identificar grandes estruturas de tijolos construídas os Zigurates Conhecidas como grandes pirâmides primitivas apesar de não ter se comprovado por meio de vestígios acreditase que estas estruturas apresentavam em seu topo jardins cobertos por vegetação Através de relatos encontrados com datas de 3000 aC tornaramse posteriormente conhecidas como Jardins Suspensos da Babilônia sendo consideradas uma das sete maravilhas do mundo antigo Figura 7 Jardins Suspensos da Babilônia Fonte Shutterstock 2021 É notável em qualquer obra da civilização egípcia a monumentalidade e grandiosidade na composição de seus monumentos e templos Na imagem acima podemos identificar o Templo Carnac a presença do paisagismo na demarcação até o seu acesso criando uma composição entre o edificado e o natural 22 PAISAGISMO Os Egípcios ao contrário dos artistas rupestres concebiam suas obras segundo dimensões dadas possuíam a necessidade de distribuir e ajustar as formas e tamanhos quer dizer de compor Na composição geral das obras os artistas egípcios idealizaram um sistema de medidas específico para a realização de suas figuras e o aplicaram a todos os temas compositivos Desta forma seus jardins eram planejados de acordo com os pontos cardeais e possuíam extrema simetria A introdução de espécies floríferas é considerada a principal contribuição da civilização ao paisagismo que passa a assumir papel decorativo NA PRÁTICA A preocupação que temos hoje ao fazer um projeto de paisagismo que traga equilíbrio para o ambiente como se fosse um verdadeiro ecossistema é uma característica herdada deste período 122 A Grécia Antiga e Roma Ao se deslocar do Egito até à Grécia a civilização mediterrânea muda seu pensamento e visão do mundo criando novos padrões de composição A sociedade grega foi precursora de grandes ensinamentos como a ciência e a filosofia e por novo padrões de desenvolvimento urbano e domínios de técnicas construtivas para estradas e aquedutos o que impulsionou a criação e o desenho das cidades de maneira antes não conhecida Foi na Grécia antiga que surgiu o conceito de genius loci palavra que era interpretada na época de seu surgimento como espírito de lugar O domínio da terceira dimensão a sensação de profundidade e espaço contribuíram também para as suas composições paisagísticas 23 PAISAGISMO Desta forma os jardins gregos fugiam da simetria e regularidade egípcia assumindo visuais e características mais naturais moldandose à topografia irregular local Os gregos desenvolveram suas paisagens através do cultivo de plantas frutíferas composição em seus jardins com a utilização de elementos decorativos de figuras Figura 8 Terraço Grécia Fonte Shutterstock 2021 Segundo Castellan 2006 podemos dizer que a ágora grega foi a precursora do fórum imperial romano das grandes piazzas e praças das capitais da Europa Em Roma por possuir grande influência Grega é característico o uso de elementos decorativos e composições formais muito similares entre os dois Podemos notar um aumento de dimensões dos jardins e ao mesmo tempo uma aproximação dos espaços de moradia Os jardins romanos eram projetados de forma a funcionarem como continuidade dos espaços privados residenciais Possuíam seus limites e muros geralmente com a presença de vegetação ou pinturas remetendo a espécies e à paisagem simbolizando a extensão do próprio jardim 24 PAISAGISMO NA PRÁTICA Deste período herdamos características de composições frutíferas principal mente nos últimos tempos em que se tende a retornar cada vez mais à alimenta ção cultivada em casa Nas duas civilizações a vida pública possuía grande importância no dia a dia das cidades Espaços ao ar livre eram destinados a práticas esportivas trocas comerciais desenvolvimento intelectual fundamentais para o crescimento de uma sociedade Comportamentos de socieda des antigas que influenciaram no planejamento urbano de nossas cidades sendo que arqui tetos e paisagistas de hoje ainda possuem em mente a importância de projetos de espaços públicos nos nossos centros urbanos 123 Jardim Persa O Jardim Persa era caracterizado por sua formalidade e muita arborização sendo comum a utilização de ornamentos em forma de animais Figura 9 Jardins de Eram Fonte Shutterstock 2021 25 PAISAGISMO Como podemos ver na imagem acima no centro dos jardins havia fontes com revestimentos azuis estimulando o sentido háptico e trazendo frescor estratégia muito usada atualmente nas piscinas e espelhos dágua 124 Idade Média Neste período destacaramse grandes mosteiros e castelos mas apesar da imponência da arquitetura existente os jardins foram marcados por sua simplicidade A terra era de controle Feudal centralizado de modo que a maioria dos espaços livres estavam sob controle de reis e nobres e o espaço público existia porém com outra utilização Desta forma os espaços destinados a plantio apareciam de maneira mais escassa menores e localizados enclausurados nas edificações Eram utilizados para o cultivo de plantas destinadas a fins alimentícios medicinais e espécies ornamentais Figura 10 Palácio Medieval Fonte Shutterstock 2021 26 PAISAGISMO Dada a simplicidade retomada aos espaços externos os jardins possuíam caminhos em ângulos retos seus limites verticais eram preenchidos por cercas vivas incluindo a existência de labirintos com a utilização da própria vegetação para isso O desenho urbano da cidade medieval se configurava em favor de proteção de seus moradores e as ruas possuíam traçado irregular sendo extremamente apertadas Os espaços residenciais eram enclausurados voltados ao interior e muito próximos uns aos outros SAIBA MAIS Jardins da Idade Média Durante este período surgiram duas tipologias de jardim Jardins Monacais compostos por quatro partes principais horta pomar plan tas medicinais e flores Jardins Mouriscos com dimensões pequenas os principais elementos são a água o perfume e a cor A água tinha função de amenizar o calor e de irrigação 125 Renascimento Ao contrário do período medieval o Renascimento se caracterizou como o período de ressurgimento de ideias e de iluminação A composição artística teve seu momento culminante no Renascimento Italiano Com o domínio da perspectiva abriramse novas possibilidades na resolução do espaço como conseguir coerentemente o efeito de profundidade e distância Ideias de proporção ordem e geometria são encontradas nos desenhos das edificações cidades e dos seus jardins 27 PAISAGISMO Neste período os jardins europeus do Século XV ao Século XVIII eram suntuosos e elaborados e incluíam elementos como estátuas e fontes porém cada país possuía suas características próprias HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DOS JARDINS 2020 Figura 11 Parque de María Luisa Espanha Fonte Shutterstock 2021 O jardim clássico conhecido até hoje teve seu início durante o período do Renascimento Italiano Como partes presentes deste espaço encontravamse elementos divinos como destaque As plantas eram interpretadas como belas esculturas que agora recebiam podas com extrema simetria e alinhamento Neste período temos o surgimento dos primeiros jardins botânicos e o desenvolvimento do uso e cultivo de plantas exóticas nas suas composições Os jardins formais anteriormente com funções específicas de comércio e eventos sociais tornaramse ambientes de lazer e passatempo utilizando a água e seus chafarizes como elementos fundamentais para tal propósito 28 PAISAGISMO 126 Jardim Italiano Este modelo foi difundido em propriedades de campo afastadas da cidade as quais possuíam um espaço amplo para a sua construção Assim os grandes jardins de lazer eram compostos por jogos de escadas chafarizes colunas e terraços valorizando e destacando o acesso à residência Figura 12 Jardim Italiano Fonte Shutterstock 2021 Nestes jardins era encontrada maior presença de vegetações de pequeno e grande porte dispostas simetricamente à medida que se ia afastando do edifício No território Italiano com uma topografia mais acidentada o transporte de água era feito através de sistemas hidráulicos com aproveitamento da gravidade e embelezando os patamares os quais compunham o acesso entre o jardim e a edificação 29 PAISAGISMO 127 Jardim Francês Neste período os jardins eram executados para seus reis e principais nomes da burguesia A grandiosidade e a composição eram símbolos de poder e ostentação É possível identificar elementos similares ao Jardim Italiano com grande predominância Com paisagens mais planas e o uso de vegetações mais baixas contribuíam para enaltecer a arquitetura A perspectiva no modelo Francês era trabalhada com propostas de caminhos em grandes dimensões delimitados por espécie com topiaria formando os canteiros SAIBA MAIS Topiaria Arte de adornar os jardins conferindo a grupos de plantas por meio de podas e cortes configurações diversas Figura 13 Jardim com Topiaria Fonte Shutterstock 2021 30 PAISAGISMO O exemplo mais representativo e conhecido do jardim francês é o Jardim do Palácio de Versalhes de Luís XV O jardim de Versalhes possui 732 hectares e 3 quilômetros de extensão Sua composição foi pensada em cima de terraços abertos Seus jardins eram distribuídos por caminhos regulares simétricos e delimitados por vegetações ornamentais direcionando até os pontos principais do espaço como os chafarizes modelo clássico de jardim francês Figura 14 Palácio de Versalhes Fonte Shutterstock 2021 SAIBA MAIS Que tal uma viagem até Versalhes Faça um tour virtual e descubra um pouco mais sobre esta grandiosa obra da arquitetura e do paisagismo Aproveite Acesse httpsartsandculturegooglecomstreetviewpalaceofversaillescwE5CwK49O0y 5Qsvlng21204786svlat488051117svh18281702557110944svp0svpidhN vuL7DMigMQkjP6BRku1Asvz26059216571440187 31 PAISAGISMO 128 Jardim Inglês O Jardim Inglês se opõe drasticamente ao estilo Francês haja vista que as características principais se voltam mais ao naturalismo da composição e das formas ou seja a regularidade deixa de ser presente e os espaços e vegetações estão dispostos de maneira informal remetendose ao seu estado original de crescimento e uma diversificação de espécies maior Em seus espaços podemos identificar grandes áreas verdes gramadas assim como o plantio era realizado de acordo com o ambiente natural causando paisagens distintas em um único jardim O elemento água aparece em forma de grandes espelhos dágua ou lagos O Jardim Inglês se consolidou na Europa e influenciou as demais composições e desenhos de parques Modelos que podemos ver replicados até hoje 129 Jardim Oriental O objetivo deste jardim era criar experiências contemplativas sem grandes atividades propiciando o silêncio e buscando sempre a ligação com o nosso interior A conexão com o espiritual e o simbólico era passada através dos espaços de meditação criados em meio ao lago rodeados de pedras areia e ponto de passagem Seus caminhos possuíam características irregulares não existia simetria o jardim era desenvolvido em função das configurações naturais do terreno com a presença natural dos morros e vegetação existente A exploração dos espaços era prevista para contemplação a pé e cada elemento tinha sua importância 32 PAISAGISMO Figura 15 Jardim Oriental Fonte Shutterstock 2021 A tipologia da vegetação escolhida são espécies com características perenes que possuem folhagem durante todo o ano veremos este termo nas próximas unidades Tem o intuito de ter o visual mais estável possível sem alterações Completando a simbologia os lagos eram repletos de peixes carpas representando fecundidade 1210 Jardim Contemporâneo As grandes alterações da paisagem naquele período tiveram início principalmente nos Estados Unidos e na GrãBretanha peças fundamentais na Revolução Industrial Com o aumento da população nas cidades a necessidade de urbanização se potencializou Os parques públicos surgiram para amenizar o caos de uma cidade industrializada e trazer aos usuários hábitos melhores de saúde e lazer 33 PAISAGISMO Em um momento no qual a divisão de classes era nítida alguns parques eram um dos poucos locais na cidade onde as classes conviviam Os jardins neste período eram influenciados por condicionantes climáticos e locais como vegetação clima e topografia ou por alguma necessidade de uso ao local Não houve criação de novos parâmetros estéticos de composição ou estilo pois somavam diversas influências paisagísticas dos jardins que o sucederam Figura 16 Central Park Fonte Shutterstock 2021 Um sentimento geral do espaço coletivo era criado e os parques e equipamentos urbanos tinham o intuito de fornecer lazer aos usuários de uma cidade em constante crescimento Ainda nos EUA o espaço privado de jardim uniase à intenção de criar parques contínuos e de acesso a todos Como legado deste período temos o Central Park em Nova Iorque projeto idealizado por Frederick Law Olmsted tendo sido inaugurado em 1957 A partir deste exemplo conseguimos identificar a importância de um projeto de paisagismo Mesmo passando por períodos de modificações urbanas e diferentes gerações fazerem uso é uma peça fundamental da cidade até hoje Neste momento a profissão paisagista ganhou força em função da demanda 34 PAISAGISMO existente com a criação de parques públicos estradas conectando cidades distantes construções de pontos e a necessidade de um aprofundamento no planejamento urbano dos grandes centros Grandes pensadores modernistas apostavam que a necessidade do desenho urbano solucionaria questões de deslocamento e seria capaz de proporcionar melhorias no cotidiano das cidades SAIBA MAIS Você sabia que o Central Park foi cenário de muitos filmes e séries que conhe cemos É o caso de Vingadores Friends e até mesmo o Zoo de Madagscar Abaixo link com lista de filmes que levaram o Central Park às telinhas Acesse httpsg1globocomgloboreporterinteratividadenoticia20191213novayorkco mocenariorelembre20filmeseseriesfamososquetiveramacidadecomocenarioghtml 1211 Jardim Modernista Seguindo os conceitos modernistas com linhas puras e objetivas os jardins evidenciaram forma e função dos espaços Se na arquitetura o modernismo aparece com formas retilíneas e mais rígidas no seu paisagismo houve uma adequação deste traçado em função de algumas espécies utilizadas quando não era possível seguir com a regularidade de sua linha de pensamento Grandes modelos de cidades modernas foram erguidos como símbolo de poder No Brasil Brasília foi precursora da cidade construída com um novo objetivo uma nova ideia de progresso partindo do zero 35 PAISAGISMO Figura 17 Jardim de Burle Marx em Brasília Fonte Shutterstock 2021 O conceito geral divide a cidade em quadras sendo o ideal para moradia estar próximo aos demais usos necessários no dia a dia do morador incluindo suas áreas de lazer ao ar livre por isso a criação das superquadras arborizadas Ou seja em uma mesma quadra temos moradia áreas de lazer arborizadas estacionamentos áreas comerciais escritórios etc Burle Marx paisagista brasileiro participou da concepção de Brasília assim como Oscar Niemeyer e o urbanista Lucio Costa 13 O PAISAGISMO BRASILEIRO O paisagismo brasileiro é marcado principalmente por influências europeias e foi assim que ele se desenvolveu após a colonização portuguesa No início nas residências brasileiras o espaço no terreno destinado ao jardim era para o cultivo de plantas medicinais ou para alimentação não existindo a preocupação 36 PAISAGISMO formal e estética de um jardim pois o uso era restritamente para o consumo sem caráter contemplativo ou de lazer Somente com a criação do Jardim Botânico em 1807 no Rio de Janeiro introduziu se um olhar ornamental para o paisagismo com o cultivo de espécies nativas e exóticas Figura 18 Jardim Botânico do Rio de Janeiro Fonte Shutterstock 2021 No Século XX surgiu o grande nome do paisagismo brasileiro Roberto Burle Marx 1909 1994 com seu primeiro trabalho em 1934 na cidade de Recife Seus jardins e suas produções têm por características o uso de espécies nativas provenientes das diferentes regiões do país compondo um traçado com linhas orgânicas e coloridas claramente tropicais Durante sua carreira Burle Marx criou um vasto portfólio e seus trabalhos podem ser encontrados em várias partes do nosso país e no exterior 37 PAISAGISMO SAIBA MAIS Conheça um pouco mais sobre a obra de Burle Marx acessando o link http institutoburlemarxorg SUGESTÃO DE VÍDEO Segue abaixo a indicação de um vídeo para conhecer mais sobre este incrível paisagista brasileiro httpswwwyoutubecomwatchvolys5utVIQ 14 PAISAGISMO ATUAL UM OLHAR PARA O FUTURO Compreendemos ao fim desta unidade que o paisagismo foi se moldando com o passar do tempo de acordo com a evolução a mudança de parâmetros sociais e da maneira como se vive o espaço O elemento jardim antigo na época do Renascimento por exemplo possuía certa finalidade a qual não será a mesma para um indivíduo que habita hoje as nossas cidades O paisagismo área de estudo atualizada em seu tempo agora assume uma preocupação fundamental com nosso ecossistema Os novos modelos de paisagismo buscam projetos que resolvam questões ecológicas ambientais sociais e econômicas com a inserção do homem Assim os elementos naturais tornamse espaços cada vez mais valorizados e necessários de inserções em nosso dia a dia 38 PAISAGISMO Figura 19 High Line Park NY Fonte Shutterstock 2020 O paisagismo é uma vertente de trabalho que traz diversos benefícios para os ambientes internos e externos Além da harmonização estética do ambiente auxilia no controle da temperatura qualidade do ar estimula sensações além de poder produzir alimentos dependendo do estilo escolhido Quantos habitantes em nosso país por exemplo residem em apartamentos cada vez menores e se utilizam de pequenos espaços internos ou nas varandas para criarem a sensação de jardim ou recorrem a parques urbanos que permitam o contato com o meio natural O paisagismo é fundamental neste contato com a terra e com os elementos naturais Na figura abaixo veremos a aplicação do paisagismo também em ambientes internos comerciais e coletivos onde será possível projetar a ambiência desejada criando sensações de bemestar em locais de curta permanência para atividades específicas Além de contribuir com a identidade visual da marca criando sensações e especificidades que a caracterizem 39 PAISAGISMO Figura 20 Sala de Meditação e Uso da Vegetação Fonte Shutterstock 2020 De acordo com Bellé 2013 o jardim atual é utilizado para estimular as relações sociais atuando na coletividade Porém quando projetado para o uso privado das residências assume papéis diferenciados como espaço para brincadeiras de crianças atividades esportivas e de lazer externas além de atividades individuais como meditação e leitura Desta forma tem se visto a vegetação aplicada ao paisagismo de diversas maneiras nos espaços internos e na cidade porém todas com a preocupação da escolha correta das espécies praticidade e baixo custo de manutenção A tecnologia atual nos apresenta diferentes produtos como vasos quadros verdes que contemplam irrigações controladas e periódicas até por aplicativos Todos com o objetivo de minimizarem os cuidados necessários para manutenção de cada tipologia de vegetação auxiliando tanto os usuários de espaços privados quanto principalmente espaços coletivos e públicos na hora da manutenção Quando o jardim está localizado em áreas comuns de empreendimentos residenciais Ivo 2012 afirma que trazem a possibilidade de o usuário usufruir das áreas sem que haja receios aos seus arredores Isso quer dizer que no meio de grandes cidades nas quais a insegurança em morar em casas levou grande parte da população a optar por apartamentos você tem a possibilidade de conciliar os pontos positivos de ter um jardim em casa com a segurança 40 PAISAGISMO de morar em um apartamento Consideramse três vertentes em que o paisagismo contemporâneo tem se apresentado Organização Espacial relações com a arquitetura da paisagem com foco na organização espacial do ambiente através de elementos ligados à estética Percepção ligada a suprir as expectativas sociais Busca a criação de espaços com elementos lúdicos e que estimulem sensorialmente o usuário Paisagismo Ambiental busca sustentabilidade valorizando a natureza e incentivando a relação do meio ecossistema com a sociedade Esses elementos e os exemplos apresentados acima deixam claro que o paisagismo contemporâneo está caminhando para uma conscientização ambiental necessária e fica evidente a necessidade de os espaços verdes serem mais do que somente áreas com vegetação e de contemplação como eram antigamente Devese buscar incentivos e estímulos sensoriais de todas as formas para que o usuário se sinta sensibilizado no espaço e possa de alguma maneira interagir com ele A função somente estética se torna vazia quando não está vinculada a outros artifícios de integração e uso do jardim O uso e a especificação de elementos naturais que estudaremos em nossa próxima unidade devem ser usados com diversidade de cores dimensionamentos texturas para a criação de um jardim dinâmico e funcional 141 Design Biofílico Entendemos que o paisagismo melhora a qualidade de vida e é extremamente essencial para os tempos atuais visto que ocorre cada vez mais o crescimento das cidades muitas vezes de forma não planejada afastando o ser humano da natureza O Design Biofílico surge como uma resposta alarmante a esses condicionantes sendo umas das principais vertentes do paisagismo atualmente Segundo Alves 2010 diferentemente dos jardins clássicos que se desenvolveram basicamente no sentido da visão o jardim contemporâneo desfruta dos sentidos a fim 41 PAISAGISMO de aproximar o usuário de sua essência criando cenários onde os sons da natureza o sabor e o cheiro das vegetações e materiais naturais passam a atuar como estimuladores da interrelação entre o humano e a natureza Design Biofílico significa literalmente amor à vida Para utilizar uma abordagem biofílica devemos fazer uso de formas e elementos naturais e promover o contato com a natureza Além disso a biofilia tem se mostrado uma estratégia com diversos benefícios sendo alguns deles melhoria na qualidade de vida ajuda na concentração redução de estresse estimula a criatividade além de agregar no fator estético e trazer tranquilidade É certo que a pandemia causada pelo Covid19 mudou de muitas formas a nossa percepção com o espaço Juntamente com isso ficou muito mais evidente o termo biofilia seja para utilização em espaços comerciais ou residenciais O design biofílico vai muito além de simplesmente adicionar vasos de plantas nos espaços ele combina elementos e cria um ambiente cheio de sensações Figura 21 Esferas da Amazon Fonte Shutterstock 2021 Como já falamos anteriormente o paisagismo é considerado a única vertente capaz de utilizar os cinco sentidos e o Design Biofílico vem para reforçar essa ideia Quando 42 PAISAGISMO criamos ambientes multissensoriais estamos criando ambientes únicos e capazes de despertar diferentes experiências sensações e emoções nos usuários Quando falamos de espaços públicos uma cidade biofílica promove a conexão dos cidadãos com a flora e a fauna nativas conscientiza sobre os impactos ambientais das grandes cidades e cria a interação com a natureza SAIBA MAIS Conheça um pouco mais sobre a biofilia e sua aplicabilidade em projetos de paisagismo Acesse 1 httpswwwarchdailycombrbr0199393oqueeumacidadebiofilicaadsourcelas siadmediumprojectstabadsourcelassiadmediumlassiresultall 2 httpswwwarchdailycombrbr955529biofilianaarquiteturaestrategias naturaiseminterioreseexterioresadsourcesearchadmediumprojectstabad sourcesearchaddiumsearchresultall SUGESTÃO DE VÍDEO BIOFILIA em busca da conexão Acesse httpswwwyoutubecomwatchvR840HRw6KYt7s FÓRUM Com base nos estudos apresentados na Unidade 1 deste caderno utilize a plataforma online e interaja com os seus colegas da disciplina a respeito dos seguintes questionamentos 1 Como percebemos e vimos muitas vezes algumas novas civilizações resgatam ou utilizam características históricas das antecessoras Você consegue perceber alguma herança dos perío dos estudados nos espaços públicos e jardins residenciais na sua cidade atualmente 43 PAISAGISMO 2 Ficou claro que desde o início das civilizações os jardins nas residências tinham usos e funções diferentes de acordo com sua época inserida Atualmente qual o papel do paisagismo em nossas casas e apartamentos 3 Falamos nesta unidade sobre um dos maiores paisagistas brasileiros Roberto Burle Marx Comente sobre suas obras e as principais marcas que deixou com seu estilo de projetar 4 Vimos que o paisagismo caminha juntamente com a evolução das cidades Para você qual o paisagismo do futuro Como você imaginaria sua evolução 44 PAISAGISMO PARA SINTETIZAR Nesta primeira unidade estudamos sobre os principais fundamentos do paisagismo sua evolução histórica junto à evolução humana É fundamental entendermos a evolução das cidades e o modo de vida como as pessoas utilizavam seus espaços públicos e privados e ainda como o paisagismo e o uso da vegetação estavam inseridos em cada época Interpretamos e compreendemos como os jardins internos ou externos sempre tiveram papel importante nos espaços e na formação de nossas cidades tornando se pontos de encontros trocas comerciais e relações sociais auxiliando na evolução e crescimento da sociedade Compreender esse quadro evolutivo é fundamental para a leitura de onde estamos hoje e como estamos nos relacionando com os espaços de jardins Por isso percebemos a sua importância em nossas casas e espaços em geral para onde vamos caminhar como podemos nos utilizar deste artifício de projeto para proporcionar melhoria e qualidade de vida aos nossos clientes Com os conhecimentos adquiridos na primeira unidade é possível evoluirmos para uma nova etapa que são os fatores condicionantes de projeto e critérios de especificações de vegetação para podermos aplicálos em nosso dia a dia 45 PAISAGISMO GLOSSÁRIO Biofilia amor à vida Paginação efeito de paginar estabelecer padrão disposição de algo Projetuais faz referência a projeto realizado com o propósito específico de criar e desenvolver algo 46 PAISAGISMO EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 Sobre os conceitos de Lugar e Não lugar é correto o que se afirma em a O Lugar é um elemento de transição ou passagem b O Não Lugar geralmente une dois espaços e não precisa ser tão pensado quanto o lugar c A principal diferença entre Lugar e Não Lugar é o fato de o Não Lugar ser um espaço pensado para a permanência dos usuários d O Não Lugar é pensado de forma a possuir características sensoriais e No Lugar não é essencial criar elementos sensoriais ou criar conforto 02 Alguns estilos de jardim são caracterizados por possuírem diversos adornos em sua vegetação conferindo formas diferentes a grupos de plantas por meio de podas e cortes Qual nome se dá a esta prática a Poda ornamental b Topiaria c Tropicália d Poda de manutenção e Geometrismo 03 Os jardins são importantes elementos estruturadores para a paisagem urbana Sobre os jardins assinale a alternativa correta a Os jardins são elementos estruturadores do espaço privativos b Apenas a partir da arquitetura contemporânea eles fazem parte da composição das residências c São espaços livres fundamentais mas não possuem contribuição significativa para a melhoria da qualidade ambiental das cidades d Permitem melhor circulação de ar insolação e drenagem e São referenciais indiferentes para as cidades 47 PAISAGISMO REFERÊNCIAS ABBUD Benedito Criando paisagens guia de trabalho em arquitetura paisagística 4 ed São Paulo Senac 2010 ALVES SFNSC Paiva PDO 2010 Os sentidos Jardins e paisagens Revista Brasileira de Horticultura Ornamental 16 01 4749 BELLÉ S Apostila de paisagismo Bento Goncalves IFRS 2013 Acesso em 18 abril 2020 CASTELLAN G R A Ágora de Atenas aspectos políticos sociais e econômicos Disponível em httpsdocplayercombr19990557Aagoradeatenasaspectos politicossociaiseconomicoshtmltext120A20C381gora20de20 Atenasgrega20 deveria20ser20um20dos Acesso em 18 de abril 2020 UNIDADE2 FATORES CONDICIONANTES DA PAISAGEM E CRITÉRIOS DE ESPECIFICAÇÃO DE VEGETAÇÕES TROPICAIS SUBTROPICAIS E EXÓTICAS 50 PAISAGISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer e interpretar espécies e tipologias de vegetação para compreender a necessidade de cada tipologia vegetal a fim de especificar em projetos de paisagismo listando os elementos que compõem o paisagismo 51 PAISAGISMO INTRODUÇÃO À UNIDADE O paisagismo atual como vimos na unidade anterior assume o papel de criar harmonicamente espaços para o convívio entre o ser humano e os elementos naturais que compõem o jardim ao localizálo estrategicamente potencializando e destacando aspectos pertinentes ao projeto O conhecimento e a compreensão dos elementos que compõem o jardim são fundamentais para podermos trabalhar e melhorar a exploração O uso deles em nossos projetos visa criar estímulos sensações e ambientes que proporcionem bemestar aos usuários Além disso a utilização de elementos não vegetais em projetos e a especificação correta de elementos vegetais são imprescindíveis para a concepção de um projeto harmônico e funcional Nesta segunda unidade veremos fatores condicionantes da paisagem e critérios de especificação de tipos de vegetações características que influenciam diretamente na qualidade final dos projetos 21 FATORES CONDICIONANTES DA PAISAGEM Conforme estudamos na unidade anterior consideramos uma paisagem o conjunto de elementos naturais ou não que relacionados entre si criam a ideia de um contexto Nesta rede de elementos que conversam entre si a alteração de uma das partes poderá influenciar na compreensão do todo Segundo Waterman 2011 é comum se referir ao ambiente externo ou urbano como um tecido ou uma malha e esta metáfora nasceu da ideia de que se algum elemento na paisagem é alterado todo o resto também é afetado da mesma forma como puxar um único fio e desfiar um cachecol por exemplo Para o paisagista é fundamental o conhecimento dos fatores ambientais do espaço a ser trabalhado e a compreensão dos elementos existentes a seu favor a fim de ordenar 52 PAISAGISMO e alinhar todos eles nos projetos criando espaços agradáveis e habitáveis que geram conforto e harmonia 211 O levantamento do Espaço Na unidade 3 desta apostila estudaremos as etapas que compõem o projeto de paisagismo Porém fazse necessário já entendermos o funcionamento do levantamento do espaço a fim de identificarmos os condicionantes existentes do local a ser trabalhado para o desenvolvimento do projeto Esse reconhecimento local compreende uma listagem de itens a serem averiguados no espaço incluindo todos os aspectos que definem o lugar Identificar os limites que possui ventos dominantes do espaço se há alguma tipologia de vegetação existente e o principal o posicionamento solar As primeiras sensações e reações emocionais que o espaço transmite podem também ser critérios que fundamentem o projeto em etapa posterior Também devemos listar os condicionantes físicos quando já temos espaço construído que nos guiará além de questões estéticas soluções de técnicas de resolução de jardim a fim de qualificar o ambiente através do paisagismo Exemplo prático Como resolver o escoamento da água e irrigação que será necessário para a manutenção dele Que altura de vegetação o pé direito do ambiente suporta Qual tamanho de copa e dimensão de vaso o espaço comporta A estrutura existente suporta peso dos vasos ou canteiros Qual tipo de pavimento terei próximo à vegetação as raízes podem danificálo Entre tantos outros atributos físicos que influenciam na composição do espaço Uma tendência projetual que temos hoje principalmente pelo fato de as edificações serem cada vez menores é a ocupação de terraços coberturas e sacadas para a criação de áreas verdes com a presença de vegetação Essa ligação entre o ambiente edificado existente e a maneira como a proposta do jardim pode se adequar ao espaço devem ser analisadas para que não causem futuros danos à edificação Ao especificarmos espécies para o plantio em uma cobertura devemos avaliar o espaço a fim de evitar a especificação de espécie que necessita de grandes áreas 53 PAISAGISMO de terra para seu desenvolvimento Figura 22 Paisagismo em Terraço Fonte Shutterstock 2021 Na Figura 22 o projeto de paisagismo prevê o plantio de espécies diretamente em vasos posicionados acima da laje neste caso sendo proposto posteriormente ao projeto da edificação O profissional se adequou à edificação existente garantindo a presença de vegetação e ambiência Essa é uma solução viável e muito interessante pois além da qualidade do espaço é possível explorar visuais da cidade além da boa insolação que estes espaços superiores garantem 54 PAISAGISMO 212 Clima e Estações Os padrões climáticos que nós conhecemos são influenciados por diversos fatores determinantes como a posição global inserida recebendo diferentes correntes térmicas de água e ar Um ambiente com maior proximidade ao mar por exemplo sofrerá variações térmicas diferentes de um espaço a ser trabalhado na serra Isso porque a maior ou menor intensidade de ventos direciona ao acúmulo de nuvens ou à sua dissipação recebendo assim mais insolação no espaço Nos últimos tempos percebemos em nosso planeta grandes alterações climáticas em função do aquecimento global porém originalmente podemos considerar quatro regiões climáticas sendo elas fria temperada quente e úmida e quente e seca A paisagem espécies de vegetações e tipologia de solo variam em cada uma delas A região mais instável é a temperada pois possui maior variação de temperatura entre as estações É fundamental ao paisagismo entender as variações entre as estações do ano para além de especificar corretamente o tipo de vegetação entender o comportamento do ser humano e sua vida cotidiana nos espaços ao ar livre conforme as variações climáticas se alteram A escolha da tipologia da vegetação que se altera com as estações é uma forma interessante de projetar pois cria estímulos e paisagens visuais diferentes para se contemplar CUIDADO Quando locamos vegetações em grandes áreas urbanas como é o caso de loteamentos devemos tomar cuidado ao isolar a vegetação Locar a vegetação somente em uma área do espaço pode trazer problemas como pouca eficiência energética não sombreamento das vias e dificuldade na preservação Você possivelmente já ouviu falar no termo Microclima Ele se refere à criação de uma sensação térmica em um espaço específico inserido em nossos projetos Por 55 PAISAGISMO exemplo não podemos alterar o clima da cidade em que desenvolveremos o projeto mas o conseguimos dentro do espaço a ser projetado Poderão ser utilizados elementos como a água ou espécies de vegetação com sombreamento para criar um ambiente mais fresco refrescante com melhor qualidade do ar sensações térmicas mais amenas e um microclima mais agradável Figura 23 Palácio do Itamaraty Fonte Shutterstock 2021 A Figura 23 do palácio do Itamaraty ilustra a ideia do microclima mencionado anteriormente A composição criada pelo conjunto de vegetação a presença de água assim como seu som e potencial amenizador de calor são excelentes elementos para a redução na sensação térmica dos ambientes 56 PAISAGISMO 213 Terra e Topografia Nesta parte da unidade serão referenciados o valor e as características naturais da terra para a composição dos espaços É o contato com ela em que criaremos vínculo com o meio natural Devemos reconhecer a tipologia de terra existente no local interpretar o espaço e trabalhar para o aprimoramento de sua superfície e recursos Para o paisagismo de maneira geral consideramos a topografia a forma do terreno representado em mapas com suas diferenças de nível resultado de um processo natural ou artificial de criação NA PRÁTICA Como um processo natural podemos considerar as alterações das dunas em uma praia que através de uma ação do vento muda sua topografia Por outro lado podemos caracterizar o homem como principal modificador topográfico de nossas terras Quando se trabalha o projeto de paisagismo diretamente no solo pode ser feita a modificação do terreno de maneira a valorizar a composição Os ajustes do terreno poderão auxiliar na criação de espaços com propósito de mirantes posicionados em pontos estratégicos mais altos Podemos também criar descidas dáguas e caminhos entre pedras criando espaços lúdicos em nossas composições 57 PAISAGISMO Figura 24 Utilização da Topografia Fonte Shutterstock 2021 Na Figura 24 conseguimos identificar o uso da topografia nos projetos de paisagismo O paisagista neste caso aproveitou o desnível natural do terreno para criar uma escada com pedras em sua composição contando com o paisagismo ao seu redor 214 Água O elemento água foi presente nos jardins e parques públicos em muitas épocas conforme vimos na unidade anterior É um elemento indispensável para a vida em nosso planeta e um bem escasso por isso seu uso nos projetos paisagísticos deve ser com extrema responsabilidade Este importante elemento tem grande poder na alteração da paisagem à medida 58 PAISAGISMO que o seu percurso ocorre podendo influenciar no solo e nas vegetações existentes Seu ciclo de vida nos jardins é completo proveniente de chuvas sendo ela absorvida por parte da vegetação ou escoada pelo piso até ser evaporada novamente Aliás a preocupação com espaços permeáveis em nossas cidades é item atual pois quanto maior a quantidade de espaços permeáveis e possíveis de a água infiltrar no solo menos alagamentos e demais problemas urbanos ocorreriam Por isso a utilização de água nos projetos ajuda na criação de microclima nos ambientes Figura 25 Central Park Fonte Shutterstock 2021 Além do uso de objetivos ambientais e climáticos em nossos projetos a água é um forte elemento para ativar os projetos sensorialmente carregando a sensação de calma e leveza além de conectar o homem com a natureza e consigo mesmo O seu uso vai além 59 PAISAGISMO dos espelhos dágua haja vista que este elemento pode aparecer como cascatas fontes entre outros 215 Elementos Vegetais Ao falarmos em paisagismo certamente nos remetemos às vegetações São elementos fundamentais para a composição paisagística Os elementos vegetais podem ser divididos em árvores arbustos e forrações diferenciandose de acordo com sua altura e porte Figura 26 Esquema Estímulo dos Sentidos Fonte Elaborada pela autora 2021 Além de fornecer sombreamento e melhorar a qualidade do ar são elementos capazes de estimular os cinco sentidos do corpo humano criando uma experiência completa ao usuário como se percebe na figura acima 60 PAISAGISMO 2151 Árvores Dentre as três tipologias as árvores são os elementos de maior escala dentro do projeto de paisagismo Por isso exigem alguns cuidados na definição de sua espécie e local a serem plantadas Normalmente as condicionantes do terreno auxiliam no padrão a ser selecionado Deverá ser analisado o espaço considerando o futuro crescimento da espécie pois sua copa pode variar entre porte pequeno médio ou grande Além disso algumas espécies possuem um crescimento maior no sentido horizontal com copas mais largas enquanto outras apresentam características de crescimento verticais atingindo maior altura do que diâmetro Também devemos verificar a área a ser plantada se há possibilidade de plantio diretamente no solo sendo imprescindível verificar a extensão das raízes a fim de se evitarem danos futuros Caso não se disponha desta opção devemos verificar a possibilidade de plantio de árvores em vasos o que acontece na maior parte dos casos quando se trata de projetos de interiores Ao se trabalhar com árvores em vasos é preciso verificar as espécies resilientes e adaptáveis além de garantir vasos que abranjam no mínimo vinte litros de terra e apresentem drenagem necessária para o crescimento e manutenção saudável da planta Algumas espécies que podem ser citadas limoeiros laranjeiras jabuticabeiras pitanga entre tantas outras SUGESTÃO DE VÍDEO Na CASACOR 2016 um projeto chamou atenção de muitos ao trazer uma jabuti cabeira flutuante o ambiente inclusive leva o nome da planta Estúdio Jabuticaba Vamos conferir Acesse httpswwwyoutubecomwatchvEgv4lEQmrFM 61 PAISAGISMO Quanto à sua classificação podemos têlas tanto por seu porte quanto por características fisiológicas de cada espécie Segundo Mascaró 2010 árvores de pequeno porte possuem diâmetro menor do que 4 metros e altura até 5 metros Espécies com diâmetro entre 4 e 6 metros e altura de 6 a 10 metros se enquadram como médio porte Já as de grande porte possuem copa com diâmetro acima de 6 metros e altura superior a 10 metros As árvores são extratos vegetais de grande porte que podem alcançar mais de 100 metros de altura apresentando as mais variadas formas Na figura abaixo podemos visualizar a classificação das árvores considerando o formato das copas Figura 27 Classificação das Árvores Fonte Elaborada pela autora 2020 É possível também classificálas considerando suas folhagens Espécies com folhagem perene são aquelas que possuem enfolhada durante todo o ano não havendo variação entre estações As caducifólias pelo contrário se caracterizam por perda de folhagem acentuada em determinada época do ano Essa são características fundamentais para a especificação pois assim conseguimos selecionar corretamente espécies que atendam às necessidades do projeto por exemplo garantindo um sombreamento durante todo o período do ano Ainda sobre sombreamento e escolha correta em função do projeto podemos diferenciálas considerando sua densidade de folhagem Folhagem Densa causa maior bloqueio da insolação e não permite que demais espécies de forração se desenvolvam na parte inferior justamente pela pouca quantidade de sol que permeia sua copa como demostrado na figura abaixo 62 PAISAGISMO Figura 28 Classificação das Árvores Densas Fonte Shutterstock 2020 Folhagem Média permite maior incidência solar em seu interior permitindo assim o desenvolvimento de algumas espécies de pouco sol Folhagem Pouco Densa esta tipologia de espécie é considerada para espaços onde o sombreamento não é a principal função pois sua copa é a menos densa permitindo incidência solar e transparência Figura 29 Classificação das Árvores Pouco Densas Fonte Shutterstock 2020 63 PAISAGISMO A classificação vegetal das árvores pode ser também através da tipologia de caule conforme mostra o quadro a seguir Quadro 1 Classificação dos Caules AÉREOS Eretos Tronco caule das árvores lenhoso engrossa Haste caule das ervas verde mole e fino Ex couve feijoeiro cravo e salsinha Estípe caule das palmeiras cilíndrico sem meristemas secundários Colmo caule das gramíneas dividido em gomos Ex bambu canadeaçúcar Trepadores Sarmentoso que se agarra por gavinhas Ex chuchu Volúvel que se enrola em um suporte Ex lúpulo Rastejantes Estolão rastejante que vai se alastrando pelo chão Ex morangueiro SUBTERRÂNEOS Rizoma caule subterrâneo encontrado nas bananeiras samambaias e outros vegetais Tubérculo ramo de caule que aumenta de volume para armazenar reservas Ex batatainglesa Bulbo apresenta folhas que se sobrepõem umas às outras Ex cebola lírio tulipa açafrão AQUÁTICOS Com parênquimas aeríferos que servem para respiração e flutuação Ex elódea Fonte Elaborado pela autora 2020 Como mencionamos anteriormente nós como especificadores de espécies em nossos projetos devemos conhecer a classificação das raízes a fim de prever que haverá espaço adequado para seu crescimento no local a ser plantada 64 PAISAGISMO As raízes são estruturas geralmente subterrâneas que fixam o vegetal no solo e absorvem água e sais minerais Sua principal função é a estabilidade física as raízes se desenvolvem de acordo com o necessário para sua estabilidade Podem ser classificadas como PIVOTANTE apresenta uma raiz principal que desce perpendicular ao solo e várias secundá rias que se espalham lateralmente raízes mais profundas SUPERFICIAIS dispõemse em feixes paralelos ao solo Esta tipologia de raiz deve ser usada com cuidado pois em função de seu desenvolvimento mais próximo ao piso correse o risco de levantálos MISTAS com características das duas tipologias acima pivotante superficial Figura 30 Classificação das Raízes Fonte Elaborada pela autora 2020 Além das classificações acima podemos ainda citar as palmeiras Originárias das regiões tropicais são elementos vegetais que usualmente se destacam em função do seu porte sendo muito utilizadas para marcar caminhos ou pontos focais com características imponentes Têm caule longo coroado por uma copa de folhas na parte superior por isso não são espécies indicadas quando há a necessidade de sombreamento 65 PAISAGISMO Figura 31 Plano de Palmeiras Alinhadas Fonte Adaptada pela autora 2021 a partir de Shutterstock 2020 2152 Arbustos Possuem estrutura morfológica semelhante às das árvores porém de menor porte atingindo até seis metros de altura São espécies que necessitam de menor profundidade de solo Em relação às árvores e suas ramificações começam mais próximo à base da planta por isso são espécies que não permitem espaço livre no seu inferior 66 PAISAGISMO Figura 32 Arbustos de Grande Porte em Área Residencial Fonte Shutterstock 2020 Sua aplicação no paisagismo é extensa Vimos seu uso desde os jardins antigos aplicados de diferentes formas Eles têm vasta aplicabilidade pois possuem fator estético com grande variedade de cores formas e texturas São ótimas escolhas para limitar espaços auxiliam na demarcação de caminhos em função da sua densidade de folhas Sua aplicação lado a lado permite a criação de barreiras vegetais para a obstrução de ventos absorção dos raios solares diminuição de ruídos e bloqueio visual conferindo maior privacidade ao espaço 67 PAISAGISMO Figura 33 Arbustos de Pequeno Porte em Área Residencial Fonte Shutterstock 2020 Na prática a grande variedade de espécies possibilita sua utilização desde jardins maiores e externos como cercas vivas até áreas internas menores fazendo seu plantio em vasos Segundo Abbud 2006 os arbustos com até 1 m de altura são considerados de pequeno porte e os de grande porte possuem de 2 a 3 metros de altura 2153 Forrações Podem ser classificadas como forrações de solo elementos vegetais baixos que se desenvolvem juntamente ao solo trepadeiras através de suportes verticais naturais ou construídos 68 PAISAGISMO 9 Forrações de solo O termo forração diz respeito àquelas espécies geralmente herbáceas de porte pequeno e médio as quais proporcionam uma cobertura do solo revestindo determinadas áreas do jardim São vegetais rasteiros que apresentam porte baixo de no máximo 50 centímetros Seu crescimento mais significativo é no sentido horizontal formando tapetes vegetais Sua utilização no paisagismo auxilia a cumprir funções como orientação de fluxo de pedestre cercando os caminhos sem obstruir visuais do espaço Estas plantas são elementos imprescindíveis para a composição do jardim pois através das suas cores texturas e formas variadas criam desenhos além de proteger o solo contra erosão e auxiliar no controle de plantas invasoras Sua classificação é dividida entre aquelas que suportam o pisoteio e aquelas que não podem ser pisadas 9 Suportam relativo pisoteio Gramíneas a maioria necessita de insolação e exige manutenção de poda relativamente constante 9 Não suportam pisoteio Herbáceas espécies rasteiras que se multiplicam ou crescem forrando o solo Algumas espécies crescem com o tempo constituindo o mesmo volume dos arbustos baixos caso não sejam podadas Em geral essas forrações suportam graus diferentes de sombreamento desenvolvendose nas áreas sob arbustos e árvores ou nas áreas sob a luz direta do sol SCALISE 2020 São muito utilizados para composição heterogênea em vasos ou até mesmo como elemento principal Como é o exemplo da planta hera ilustrada abaixo 69 PAISAGISMO Figura 34 Planta de Forração Fonte Shutterstock 2021 9 Trepadeiras Esta tipologia em específico diferente dos arbustos que são plantados diretamente em vasos ou nos jardins necessitam de uma estrutura e apoio para seu desenvolvimento O suporte pode estimular seu crescimento de forma horizontal como os pergolados criando uma sensação de teto vegetal a fim de proteger contra a insolação filtragem do ar redução de ruídos e sem a necessidade de grandes áreas para plantação por ela possuir características de desenvolvimento aérea Caso sejam utilizadas juntamente com suportes verticais podem dividir ambientes criando maior intimidade na área e recobrir cercas muros ou elementos construtivos transformandoos em cercas vivas naturais Muito utilizadas atualmente estes elementos vegetais compõem as paredes verdes Figura 35 70 PAISAGISMO Figura 35 Trepadeiras em Pergolado Fonte Shutterstock 2021 Referente à sua classificação dividemse entre aquelas com órgão de fixação e sem órgão de fixação ou seja elementos necessários que auxiliam ou não no desenvolvimento da vegetação 2154 Plantas Aquáticas As plantas aquáticas são espécies não tão conhecidas quanto as demais porém de grande importância ao projeto de paisagismo São caracterizadas como espécies aquáticas pois possuem reservatório de ar nos tecidos o que lhes facilita a flutuabilidade 71 PAISAGISMO Figura 36 Espécie Aquática Fonte Shutterstock 2020 São ótimas espécies para a filtragem e devem ser preferencialmente plantadas em vasos para facilitar seu controle de crescimento e manutenção Subdividemse em Plantas Submersas não são facilmente visíveis quando se observa um lago por exemplo razão pela qual não se costuma introduzilas Utilizadas em aquários são muito importantes para oxigenação da água do lago mantendo algas e microrganismos nocivos afastados Plantas Marginais localizamse e se desenvolvem em locais rasos como margens de lagos e permanecem com as raízes e a primeira porção do caule e folhas submersos Plantas Flutuantes permanecem nas superfícies da água necessitam de sol pleno e são ótimas para despoluir a água Plantas Submersas e de Folhas Emersas necessitam de sol pleno e aceitam sombra mas não costumam florescer nestas condições Também é necessária uma profundidade razoável considerando que seria plantada em um vaso grande e teria ainda que restar uma faixa de no mínimo 20 cm a 30 cm acima do vaso JARDINEIRO NET 2020 72 PAISAGISMO Plantas Palustres são características de locais encharcados SAIBA MAIS O aplicativo PlantNet permite fazer uma pesquisa através de imagens para ajudar a identificar espécies de plantas Link para download httpsplaygooglecomstoreappsdetailsidorgplantnethlptBRglUS Baixe o aplicativo e como exercício catalogue duas espécies de pequeno porte duas de médio porte e uma de grande porte na sua região SUGESTÃO DE LIVRO MASCARÓ Lúcia Vegetação Urbana 2ª ed Porto Alegre 2005 Este livro é útil para ampliar os conhecimentos básicos sobre tipologias de vegetação urbana 22 CRITÉRIOS DE ESPECIFICAÇÃO DE VEGETAÇÕES TROPICAIS SUBTROPICAIS E EXÓTICAS Como vimos no início desta unidade precisamos reconhecer o local a ser desenvolvido o projeto para podermos especificar a tipologia correta de espécie a ser utilizada em nossos projetos Na sequência estudaremos alguns critérios que podem ser fundamentais na decisão de qual espécie selecionar para o projeto ou espaço a ser desenvolvido 73 PAISAGISMO 221 Clima É em função da boa adaptação ao clima que poderemos ter um melhor desenvolvimento ou não de uma vegetação Em relação à insolação e temperatura do meio inserido podemos dividilas dois grupos aquelas que necessitam de insolação direta e indireta De maneira geral são raras as plantas de grande porte que não necessitam de insolação direta pois normalmente as áreas externas são seu ambiente natural Já nos estratos arbustivos e forrações encontramos espécies que precisam de insolação ou sombra plena JESUS 2020 A maioria das plantas se adaptam mais facilmente às temperaturas altas somente as espécies de clima temperado que resistem mais facilmente às baixas temperaturas 222 Água e Solo O consumo de água faz parte da estrutura biológica de qualquer vegetação ou seja independentemente da tipologia da espécie o seu consumo de água será fundamental seja ele maior ou menor Muitas plantas não resistem à estiagem prolongada portanto necessitam de uma maior manutenção Para jardins residenciais externos por exemplo com grandes áreas de piscinas onde possuírem grandes áreas de terras as análises da acidez do solo se fazem necessárias pois algumas espécies podem não se adaptar A vegetação pode ajudar nos gastos de consumo energético mas quando utilizada de forma incorreta poderá ter efeito contrário Por exemplo o uso de caminhõespipa para a manutenção da vegetação de parques em Brasília 74 PAISAGISMO 223 Economia Podemos falar de economia em dois parâmetros a curto e a longo prazo Ao comprar uma espécie ou mais espécies para compor seu projeto você perceberá que pode haver muita variação de preço no mercado entre uma tipologia e outra O custo das espécies está relacionado com a lei da oferta e da procura Após geadas fortes por exemplo o custo pode aumentar O uso e a especificação de espécies de crescimento lento plantas de difícil reprodução e que estão na moda do mercado pode encarecer consideravelmente o seu projeto O porte da muda escolhida também influenciará pois mudas maiores possuem mais chances de sobreviver no novo ambiente plantado e desta forma seu custo também será maior O custo mencionado acima a longo prazo é a avaliação que devemos fazer na escolha de uma espécie sua resistência e manutenção avaliar que jardins de espécies exóticas requerem maiores cuidados e atenção o que amplia o custo de manutenção Devese sempre avaliar qual a realidade do cliente sua disponibilidade financeira e seu tempo para a escolha das espécies a fim de o jardim ser um espaço que traga alegria bemestar e não o contrário 224 Periculosidade Algumas plantas são perigosas para a população seja por sua toxidade pela presença de espinhos ou por sua fragilidade A utilização deverá ficar restrita a áreas onde seus aspectos negativos possam ser neutralizados Plantas que merecem atenção especial açuna alamanda tóxica antúrio bela emília acalifa comigoninguémpode tóxica copodeleite tóxica coroadecristo látex costeladeadão tóxica espirradeira tóxica jiboia tóxica aroeira branca alérgica evonimo pinus acidifica o solo eucalipto atrai raios e falsa seringueira precisa de grandes espaços 75 PAISAGISMO 225 Crescimento e Biodiversidade Burle Marx 1980 opinou que a utilização de plantas nativas em projetos de paisagismo é uma forma de perpetuar espécies de manter uma coerência ambiental de fazer a população compreender essa extraordinária riqueza que possuímos Assim como Burle Marx 1980 existem outros arquitetos e paisagistas atuantes na área reforçando esta preferência em trabalhar com espécies nativas Além da questão em valorização da fauna nacional que temos as espécies nativas tendem a se adaptar e a se desenvolver de forma mais fácil contribuindo com nossa biodiversidade Sendo nativas ou não existem espécies com crescimento mais rápido que outras sendo soluções excelentes quando necessitamos de fornecimento de sombra em um curto espaço de tempo Isso porque espécies com tais características possuem madeira frágil e raízes mais superficiais espécies de crescimento lento quinze vinte ou trinta anos quando morrem representam uma enorme perda de tempo porque se perde tempo igual para que a árvore plantada no seu lugar chegue à idade adulta MASCARÓ 2005 226 Atributos da Vegetação Além dos critérios de especificações mencionados acima os quais nos auxiliam na especificação em função de aspectos implícitos no ambiente onde o projeto será executado podemos definir e selecionar a vegetação ideal para nossa proposta de acordo com os atributos individuais de cada espécie que variam entre 76 PAISAGISMO 9 Atributos Formais Tratamse das características perceptíveis pela visão como nosso olho fará a leitura do espaço e suas espécies através da sua geometria ou forma no caso de árvores e arbustos sua estrutura no caso das trepadeiras herbáceas e forração sua cor e textura visual para todas as categorias e pelo tato explorando a textura individual de cada espécie Quando se trabalha com um jardim sensorial por exemplo cuja intenção é estimular os sentidos dos usuários o projeto tornase mais interessante se o profissional de paisagismo optar por espécies com colorações diferentes com dimensionamentos e cores diversas Vale relembrar também que é válido avaliar as épocas de floração de cada espécie conforme estudado nesta apostila anteriormente a fim de garantir visuais agradáveis durante todo ano 9 Atributos Funcionais Os aspectos funcionais da vegetação estão ligados ao papel que a planta desempenha ou propicia Por exemplo sombreamento e emissão de odores Com a escolha correta podese obter maior ou menor sombreamento no espaço e estes aspectos estão diretamente relacionados com a intenção de uso do espaço Espécies com características de convivência ou desempenho de alguma atividade requerem mais sombreamento do que espaços somente de passagem onde não haverá permanência dos usuários A emissão de odores poderá servir como referencial no espaço caso seja forte ou perceptível Além disso algumas espécies possuem características próprias e geram maiores atrações da fauna local do que outras fortalecendo assim a sensação de ambiente natural sendo as espécies frutíferas ótimas escolhas para este caso Ainda em relação à função do espaço se o projeto prevê uma passagem entre dois ambientes onde haverá circulação de pessoas a função da vegetação deve resistir a esta atividade evitando grandes manutenções ao cliente 9 Atributos Temporais Os atributos temporais referemse aos ciclos naturais de crescimento e longevidade 77 PAISAGISMO de cada vegetal Neste aspecto avaliamos a perenidades das folhagens suas épocas de floração e de frutificação caso seja uma espécie frutífera Para a seleção através dos atributos temporais o profissional deverá conciliar e estudar a região e o clima pois além de questões estéticas o ciclo de folhagem perene ou caducifólia pode ser mais indicado em função do clima local Por exemplo em regiões mais frias podemos especificar espécies com folhagem menos densa e não constante durante todo ano a fim de possibilitar a entrada do sol no espaço aquecendo o ambiente Por outro lado espécies mais densas e com características perenes são mais indicadas quando há a necessidade de bloqueio solar dos ventos ou ruídos A avaliação e seleção da espécie através do seu ciclo natural garante que o espaço ou jardim seja confortável e agradável durante todas as estações do ano SUGESTÃO DE LIVRO ABBUD Benedito Criando paisagens guia de trabalho em arquitetura paisagística 4ª ed São Paulo Senac 2010 Este livro é útil para todos os estudantes de Design de Inte riores e Arquitetura O autor traz referências formais estéticas e funcionais sobre a paisagem e a criação dos espaços Vale o aprofundamento 78 PAISAGISMO FÓRUM Com base nos estudos apresentados na Unidade 2 utilize a plataforma online e interaja com os seus colegas da disciplina a respeito dos seguintes questiona mentos 1 Cite os principais fatores condicionantes da paisagem que devem ser considerados para projetos de paisagismo 2 Qual a importância do entendimento das espécies para o projeto de paisagismo 3 Quais os principais fatores que devem ser considerados para a especificação de uma espécie vegetal 4 Na decisão de uma espécie para o projeto quais são os três tipos de atributos que pode rão auxiliar na especificação 79 PAISAGISMO PARA SINTETIZAR Nesta segunda unidade o objetivo foi aprofundar nossos conhecimentos nos fatores condicionantes da paisagem e nos critérios de seleção de plantas que nos auxiliam e direcionam no momento de especificar em nossos projetos Na primeira parte da unidade avaliamos os principais fatores naturais condicionantes do espaço Cada elemento possui seu papel fundamental e todos em conjunto auxiliam na construção da paisagem além de influenciar nas sensações e impressões causadas no ambiente Em um segundo momento da unidade aprendemos a classificar as espécies a partir de critérios biológicos estéticos e funcionais Desta forma adquirimos conhecimento para especificar de forma correta e entender as potencialidades e as fragilidades de cada tipologia bem como conhecemos espécies para aplicálas de forma correta a fim de garantir a qualidade o uso e a durabilidade do espaço Além dos elementos vegetais de composição nos jardins existem os elementos não vegetais os quais auxiliam e agregam valor à composição sendo fundamentais para garantir que o uso correto do espaço ocorra como o profissional o projetou Por fim ao final desta unidade foram apresentados alguns critérios que auxiliam na especificação das espécies Sendo assim na prática o profissional tornase mais criterioso e cauteloso na seleção das plantas que utilizará em sua composição considerando sempre a viabilidade estética econômica e formal da proposta 80 PAISAGISMO EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 As copas das árvores possuem diversos formatos Identifique abaixo o formato das copas e assinale a alternativa correta respectivamente a Globosa elíptica e flabeliforme b Colunar elíptica e umbeliforme c Colunar globosa e flabeliforme d Cônica globosa e umbeliforme e Elíptica cônica e globosa 02 Sobre a função e utilização dos arbustos está correto afirmar que I Servem como limitadores de acesso e barreiras vegetais II São caracterizados pela presença de diversos caules que iniciam sua ramificação logo acima do chão III Contribuem na redução do calor através da absorção dos raios solares IV Limitam e orientam espaços Estão corretas a I II III IV b I II e V apenas c I e III apenas d III e IV apenas e II e III apenas 03 Quanto às trepadeiras analise as proposições sobre sua função e característica 81 PAISAGISMO I Todas as suas espécies necessitam de apoio para se sustentarem II Não possuem um porte definido podendo variar em altura e forma conforme o Suporte III São utilizadas como ornamento e sombreamento IV Funcionam para filtragem do ar redução de ruídos e redução do calor através da absorção dos raios solares Dentre as afirmações acima estáão corretas a Apenas I b Apenas II c Apenas III d II e III e II III e IV 82 PAISAGISMO GLOSSÁRIO Caducifólia perde as folhas na estação seca Microclima variação do padrão climático em determinada localização Morfológica estudo das formas Terraços varandas ou espaços planos e descobertos de uma edificação Perene permanece durante um longo tempo 83 PAISAGISMO REFERÊNCIAS ABBUD Benedito Criando paisagens guia de trabalho em arquitetura paisagística 4ª ed São Paulo Senac 2010 MASCARÓ Lúcia Vegetação Urbana 2ª ed Porto Alegre 2005 MOREIRA R R P S Os personagens principais da trajetória botânica de Burle Marx s l 2019 Disponível em httpssearchebscohostcomlogin aspxdirecttruedbedsbasANedsbasEFD1990Elangptbrsiteedsliveautht ypeurluiduseravantispasswordpesquisa Acesso em 11 jun 2019 WATERMAN Tim Fundamentos de Paisagismo Porto Alegre Bookman 2011 Minha Biblioteca UNIDADE3 INTERVENÇÃO NO ESPAÇO URBANO CONCEITOS BÁSICOS PROCEDIMENTOS E ELEMENTOS COMPOSITIVOS NO PROJETO DE PAISAGISMO 86 PAISAGISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer os conceitos básicos de paisagismo e sua função para podermos compreender a concepção o projeto e a representação dos espaços com o objetivo de oferecer conforto e bemestar aos seus ocupantes 87 PAISAGISMO INTRODUÇÃO À UNIDADE A partir das espécies e elementos de projeto estudados na unidade anterior sua aplicação será visível durante o processo de projeto Além disso seu entendimento fica mais fácil quando a compreendemos de forma sequencial Na Unidade 3 inicialmente entenderemos o funcionamento das etapas de projeto sua representação gráfica e como ele se desenvolve desde sua formação inicial até a sua consolidação além de quais são as informações necessárias para cada etapa e qual o grau de envolvimento do cliente em cada uma delas Após o entendimento do processo avaliaremos o projeto de paisagismo da forma funcional analisando qual é a sua real função assim como os aspectos paisagísticos ambientais e ecológicos da vegetação e dos espaços de jardins Por fim o último ponto a ser estudado nesta unidade será a avaliação do projeto de paisagismo em relação ao seu uso quais os tipos de lazer existentes e de que modo eles se caracterizam inseridos no paisagismo 31 PROCEDIMENTOS E ETAPAS DE PROJETO Segundo Abbud 2007 as etapas do projeto são apresentadas detalhadamente em ordem sequencial No entanto a realidade mostra que este processo está longe de ser linear e direto pois durante o amadurecimento de projeto é importante seguirmos uma sequência de processo a fim de não perder informações no decorrer do desenvolvimento embora seja muito comum o profissional rever e voltar a algumas informações iniciais de projeto durante as etapas finais 88 PAISAGISMO Figura 37 Esquema Etapas de Projeto Fonte Elaborada pela autora 2021 311 Identificação do Cliente Para a concepção e desenvolvimento de qualquer projeto a identificação do cliente é o ponto de partida do processo Precisamos identificar nesta etapa inicial dúvidas geradas expectativas criadas para o projeto e intenções pessoais que direcionarão a proposta Abbud 2007 p 164 afirma nessa etapa é importante mostrar que o projeto terá várias fases exatamente para fazer ajustes e chegar ao melhor produto com custo compatível Essas informações iniciais auxiliam o cliente no entendimento do processo Além disso é fundamental identificarmos se o projeto será desenvolvido para um cliente se estamos trabalhando para um empreendimento se a área a ser projetada terá um grande número de pessoas circulando ou ainda se o projeto será destinado a uma área pública Essas informações são importantíssimas pois algumas espécies podem ser menos ou mais indicadas quando trabalhamos com áreas de grande circulação e espaços comuns conforme aprendemos na Unidade 2 As informações obtidas nesta etapa de coleta de dados se unem às demais identificadas no ambiente a ser projetado como espaço disponível para o projeto condicionantes e restrições locais para o desenvolvimento do trabalho 89 PAISAGISMO 312 Programa de Necessidades O programa e necessidades no desenvolvimento do projeto de paisagismo refere se à descrição dos problemas ou itens que o projeto deve solucionar Abbud 2007 p180 classifica o programa em três tipos básicos jardins para residências jardins para condomínios horizontais e verticais loteamentos residenciais praças e parques Para exemplificar e imaginarmos em uma escala reduzida suponhase que o programa de necessidades para um espaço de jardim residencial é Horta Área de contemplação leitura Área para atividades físicas Espaço para descanso A partir de um programa de necessidades definido o paisagista identifica o que será preciso solucionar e inicia as etapas projetuais a seguir já idealizando e planejando as soluções de projeto ou seja esta etapa se torna fundamental para criar um direcionamento do desenvolvimento de projeto Imaginem uma área residencial na qual o profissional partindo do nosso programa acima inicia seu projeto vislumbrando como deverá incorporar ao seu projeto de paisagismo as atividades listadas Dentro do espaço disponível a horta pode ser implementada no lugar com maior insolação deste espaço Já ambientes como área de contemplação e leitura podemos solucionar com a escolha de espécies que forneçam melhor sombreamento melhorando o microclima de áreas com maior permanência no espaço O profissional pode sugerir e prever o uso de um lago ou espelho dágua no espaço para descanso solicitado no programa se ele estiver de acordo com as condicionantes de espaço analisada Independentemente da escala e caráter do projeto Abbud 2007 p 184 afirma que o importante é a participação do usuário ou de seus representantes na elaboração do programa 90 PAISAGISMO 313 Diretrizes e Conceito de Projeto O exercício projetual ocorre a partir de sinalizações de algumas intenções para o espaço a ser trabalhado focando no usuário do espaço ou seja o espaço projetado refletirá em como os usuários vão perceber usar e se sentir nele Algumas diretrizes podem estar vinculadas a criar sensações ou visuais distintos outras à criação de proteção visual ou barreira etc Quando se trabalha a partir das diretrizes de projeto ou seja pontos de partida para as soluções projetuais que surgiram durante o processo podem estar vinculadas a estas diretrizes e necessariamente serão usadas como respostas para obter o ambiente desejável Por exemplo se a diretriz for desenvolver um ambiente agradável e de fácil localização as características do projeto poderiam ser a escolha de espécies que permitam o mínimo de sombreamento e a escolha de espécies menos densas para não impedir eixos visuais e facilidade na localização do espaço Outra forma de direcionamento do projeto de paisagismo é a definição de um conceito de projeto o que pode auxiliar nas etapas que aparecerão na sequência Para a definição de um conceito de projeto É necessária uma pesquisa sobre o tema trabalhado e que pode surgir de fontes diferentes como por exemplo elementos de inspiração da natureza cores os cinco sentidos formas entre outros Figura 38 Exemplo de Moodboard Fonte Shutterstock 2021 91 PAISAGISMO Figura 39 Composição em Forma de Moodboard Fonte Shutterstock 2021 Uma forma de representar esta etapa é a partir de moodboard ou painel semântico Nele devem ser apresentadas as ideias iniciais e conceito para o projeto sempre justificando sua escolha como no exemplo das figuras acima 314 Zoneamento O exercício de transposição das ideias e intenções iniciais para o desenho ou seja para a planta do ambiente disponível iniciase pela criação de um zoneamento Segundo Abbud 2007 p 187 no zoneamento os desenhos são representados por manchas em formas de amebas que contêm aproximadamente as dimensões dos equipamentos 92 PAISAGISMO espaços e grupos vegetais Definemse locais com o uso ou não de vegetação Iniciase o planejamento e a previsão de localização de cada atividade trabalhando juntamente com as informações provenientes do espaço existente Figura 40 Zoneamento do Projeto Fonte Elaborada pela autora 2020 Na Figura 40 acima o zoneamento auxilia na compreensão do espaço sendo possível identificar alguns elementos existentes no local que não podem ser alterados e deverão ser considerados no projeto como a vegetação e a edificação existente Também observamos pontos importantes os quais auxiliaram na distribuição das atividades As áreas sombreadas e com melhor visual do espaço podem ser reservadas para as atividades de descanso e contemplação solicitadas pelo cliente no programa de necessidades 315 Estudo Preliminar Nesta etapa na sequência do zoneamento iniciamse os estudos de planos de massas vegetais já com especificação das plantas características cores e formas 93 PAISAGISMO atribuídas para cada área de canteiro ou setor no projeto No estudo preliminar deverão ser consideradas soluções de outras áreas do conhecimento que influenciarão para a execução da proposta como questões hidráulicas ou estruturais É indispensável o trabalho com a equipe multidisciplinar para que possam viabilizar a execução do projeto 316 Anteprojeto É importante o entendimento de que cada etapa de projeto cria uma continuidade sendo uma evolução da anterior por isso o nível de detalhes informações aumenta juntamente com o desenvolvimento e amadurecimento do projeto Na etapa de anteprojeto após os estudos iniciais aparecem soluções definitivas em termos formais estéticos e funcionais As circulações os equipamentos e demais elementos relevantes inseridos no projeto deverão estar devidamente desenhados e locados em planta Para o desenvolvimento do anteprojeto o profissional deverá selecionar as espécies utilizadas assim como todos os materiais de revestimentos e vasos e apresentálos ao cliente junto com as soluções de irrigação engenharia as quais serão necessárias para a proposta Nesta etapa utilizase de planta baixa cortes e perspectivas como forma de representação dos equipamentos a serem implantados 317 Projeto Executivo Depois da aprovação do anteprojeto pelos clientes partese para a etapa de projeto executivo com seus desenhos técnicos definitivos considerando plantas cortes e elevações além de memoriais descritivos 94 PAISAGISMO Essa etapa é imprescindível para garantir que o projeto seja construído de acordo com a proposta apresentada e aprovada Por isso todos os elementos construtivos fundamentais da proposta deverão estar devidamente detalhados cotados e especificados Como parte do projeto executivo alguns profissionais trabalham com a planta executiva de plantio Material indicado a ser desenhado separadamente para não misturar informação da vegetação com a da construção Nesta planta deverão constar informações básicas como localização das árvores quantidade distância de plantio tabelas memoriais descritivos com tamanho de covas manutenção SAIBA MAIS Confira alguns detalhes construtivos de projetos de paisagismo Acesse httpswwwarchdailycombrbr91213228detalhesconstrutivosde projetospaisagisticos 318 A Execução do Projeto A execução do projeto é a última fase desse longo processo criativo Ela não está necessariamente ligada ao profissional pois alguns clientes podem não fazer a contratação desta etapa projetual Porém quando isso ocorre o profissional tem a responsabilidade de acompanhar para que tudo o que está detalhado no projeto executivo seja de fato seguido Além disso é na execução que se confere a instalação correta de todas as espécies equipamentos e materiais a fim de garantirmos a durabilidade do jardim para o cliente A execução dependendo do projeto e da programação físicofinanceira do cliente poderá proceder de uma forma contínua ou ser programada em etapas 95 PAISAGISMO 32 A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA PARA PROJETOS DE PAISAGISMO A representação gráfica nos projetos de paisagismo assim como qualquer outro processo criativo é uma ferramenta disponível para auxiliar o profissional na representação das suas ideias conceitos e no ambiente existente Há muitos materiais e formas de representação de projeto e em cada etapa é conveniente explorar soluções e ferramentas distintas para compreendermos melhor a proposta Nas etapas iniciais é conveniente utilizarmos esquemas formas gráficas desenvolvidas à mão para explorarmos de modo mais rápido e prático todas as soluções possíveis À medida que as definições e intenções de projeto amadurecerem o material gráfico poderá ser trabalhado com o auxílio de ferramentas de representação por computador O croqui é uma das maneiras mais rápidas de expressarmos uma ideia ou solução de projeto tornandose viável e prático uma vez que poderá resolver problemas de projeto no momento em que eles surgirem Figura 41 Croqui de Paisagismo Fonte Shutterstock 2021 Na figura acima observamos um croqui final de projeto podendo ser feito e grafitado à mão ou no computador Hutchison 2011 afirma que 96 PAISAGISMO O uso de técnicas mistas em um desenho ajuda muito a dar vida a uma imagem Os desenhos digitais por si sós podem de algum modo parecer sem vida e técnicos mas sua complementação com lápis e tinta ressalta as ideias mais importantes criando um desenho melhor HUTCHISON 2011 p 102 Os croquis de observação são fundamentais para a leitura do espaço existente passando sensações e espacialidade do espaço Já os croquis finais do projeto poderão auxiliar na compreensão do cliente para o espaço que será projetado Figura 42 Representação de Vegetações em Planta Fonte Shutterstock 2021 Nas Figuras 41 e 42 observamos formas de representação da vegetação em planta e em vista Alguns exemplos utilizam cores e outros os traços de sua copa porém todos devem representar de maneira fiel a tipologia escolhida Por exemplo se a espécie tem folhagem mais densa a representação de sua copa aparecerá mais preenchida Tendo em vista que as árvores e demais vegetações devem seguir seus formatos 97 PAISAGISMO fiéis utilizase no desenho sua escala e proporção É indicado em suas representações de cortes e vistas trabalharmos com a presença da escala humana nos projetos pois assim será possível auxiliar a compreensão do dimensionamento das espécies definidas Figura 43 Representação de Vegetações em Elevação Fonte Shutterstock 2021 À medida que o projeto amadurece e as etapas transcorrem os desenhos e representações passam a ser desenhos mais técnicos com informações importantes e necessárias para a viabilização da proposta Os desenhos técnicos reproduzem uma representação verdadeira do projeto Os responsáveis pela execução vão utilizálos como material de apoio por isso é necessário especificarmos e representarmos o espaço na forma bidimensional através de plantas baixas elevações e cortes A planta baixa é a representação de um desenho bidimensional em escala representando uma vista aérea do espaço Na imagem abaixo veremos a planta baixa de um jardim residencial Esse exemplo não representa uma planta final de projeto executivo haja vista que nela deveria constar cotas e informações técnicas necessárias Porém é uma planta inicial de estudo na qual será possível identificarmos os maciços vegetais tipologias de copas diferentes assim como paginações de piso e mobiliário urbano definidos Para o desenvolvimento desta etapa de projeto é comum buscar o auxílio de programas de computador em função da agilidade que traz ao processo 98 PAISAGISMO Figura 44 Representação em Planta Baixa Humanizada Fonte Shutterstock 2021 Muitos escritórios e profissionais trabalham com a humanização das plantas e elevações conforme observamos na Figura 44 O uso das cores e a representação dos materiais auxiliam na venda da ideia de projeto De acordo com Hutchison 2011 p 94 os desenhos ganham vida quando árvores e pessoas são adicionadas às vistas e aos cortes A representação e humanização das pessoas no desenho auxiliam na compreensão da escala alturas das vegetações compreensão de visuais e ambientação do espaço É papel do profissional aliar as ferramentas que domina para passar da maneira mais compreensível possível todos os itens necessários a cada etapa de projeto quanto maior a variedade de ferramentas de trabalho mais livre e completo será seu processo de criação 99 PAISAGISMO SAIBA MAIS Confira alguns projetos e suas diversas formas de representação Acesse httpswwwarchdailycombrbr890014representacaodopaisagis moopapeldodesenhoemplantaparaparquesepracas SUGESTÃO DE VÍDEO Confira abaixo algumas técnicas de desenho para paisagismo httpswwwyoutubecomwatchvLPt4WZNa7ot31s httpswwwyoutubecomwatchvGway7KIdNrYt14s SUGESTÃO DE LIVRO HUTCHISON Edward O desenho no projeto da paisagem Barcelona Gustavo Gilli 2012 Para ampliar seus conhecimentos nas formas de representação gráfica inseri da em cada etapa de projeto de paisagismo 33 FUNÇÕES DA VEGETAÇÃO a estética é a primeira função do paisagismo e é por meio dela que se consegue atingir e emocionar o espectador Mas o paisagismo possui outras funções importantes O paisagismo colocase em uma posição de aproximar a natureza das pessoas distanciamento ocorrido em função do ritmo acelerado de vida que assumimos e a insegurança no convívio nas ruas das grandes cidades além de qualificar e melhorar o ambiente ABBUD 2010 p33 100 PAISAGISMO 331 Função Estética A função estética do paisagismo trabalha fundamentalmente com a composição entre os elementos naturais e não naturais existentes nos espaços a fim de criar e despertar o lado emocional do usuário Criar a beleza nos espaços projetados é a busca constante nesta área de estudo trabalhando com a composição das formas cores texturas uso da iluminação além do estímulo sensorial Agora que já estudamos as tipologias vegetais e suas classificações podemos nos aprofundar nos seus efeitos criados a partir de sua composição individualmente ou em maciços vegetais os quais são compostos por várias espécies juntas A vegetação dependendo do seu porte em relação à edificação poderá criar planos que organizam o ambiente através da unificação ou simplesmente formam uma cobertura vegetal aconchegante para quem passa por baixo de suas copas horizontais além de melhorar a ambiência Vale avaliar a intenção projetual para a definição das espécies que serão empregadas no projeto Figura 45 Jewel Airport 1 Fonte Shutterstock 2021 101 PAISAGISMO Na figura acima é possível avaliar a função estética do paisagismo aplicada no projeto Jewel Airport em Singapura desenvolvido pelo escritório Safdie Architects O projeto tem como missão conectar os terminais existentes sendo cada eixo reforçado por jardins que orientam e oferecem conexões aos usuários Fica clara a utilização das espécies maiores para a criação de cobertura vegetal envolvendo o espaço destinado à circulação de pedestres Outro ponto importante de avaliação é a utilização de espécies com folhagens mais densas paralelamente ao espaço como forma de conexões visuais entre ambientes estimulando os sentidos visual háptico e básico de orientação com uma mesma estratégia projetual Figura 46 Jewel Airport 2 Fonte Shutterstock 2021 SAIBA MAIS Conheça mais sobre este projeto Acesse httpswwwarchdailycombrbr916266aeroportojewelchangisaf diearchitects 102 PAISAGISMO Para a composição vegetal guiada pela função estética do paisagismo é fundamental ao profissional trabalhar com recursos de proporção e escala para atingir o objetivo do projeto Escala é a relação entre o observador e a paisagem As escalas dependem da referência e modo de usos do espaço Quando tratamos de escala humana no espaço sugerimos que este ambiente seja pensado devendo estar adequado às dimensões humanas Já a proporção é a relação harmônica entre os componentes do jardim Toda a proporção nos gera uma sensação podendo ser de aconchego em espaços convidativos e que despertem um desejo de querer permanecer ou desproteção imponência causada por espaços ociosos e com grandes volumes edificados por exemplo Essa sensação gerada é baseada em nossos sentidos e considerando a altura do observador Figura 47 Espaços Pequenos Fonte Shutterstock 2020 Como ilustra a imagem acima em espaços muito apertados ou pequenos é inevitável não se sentir sufocado pois a utilização de espécies densas nas duas laterais como demonstra a imagem barrando a visão do meio externo podem causar sensações de aperto ou abafamento Outro efeito estético utilizado no paisagismo é o uso das palmeiras alinhadas por exemplo Elas auxiliam a ressaltar a perspectiva do espaço mas não contribuem tanto para a ambiência sendo muito utilizadas quando queremos evidenciar um ponto focal 103 PAISAGISMO existente no fim do percurso Contrariando esta estratégia quando selecionamos espécies onde as copas se cruzam o efeito geométrico do plantio é minimizado aumentando o sombreamento ao se criar uma sensação bucólica do espaço Ou seja a percepção do espaço não é como nas palmeiras onde visualmente identificamos cada unidade plantada o efeito estético desta composição cria um plano contínuo de cobertura Figura 48 Figura 48 Plano Contínuo de Cobertura Fonte Shutterstock 2021 332 Função Social do Paisagismo Ao longo da história a cidade sempre funcionou como ponto de encontro entre seus moradores A vida pública e consequentemente seus espaços abertos assumiam papéis estimuladores de trocas comerciais cerimônias estímulo de manifestações 104 PAISAGISMO artísticas e políticas contribuindo para seu próprio desenvolvimento e da sociedade Esse movimento era natural e somente a partir do Século XX áreas de conhecimento como o paisagismo e o planejamento urbano levantaram a discussão sobre a oportunidade de os espaços funcionarem como pontos de encontro e serem necessários para o avanço e melhoria da qualidade de vida de uma sociedade Em função do modo de vida mencionado acima e a diminuição dos espaços disponíveis para plantio e áreas abertas nos centros urbanos o paisagismo tornou se essencial para que os indivíduos possam exercer suas atividades sociais e de lazer Promovendo assim melhorias na qualidade de vida sejam elas individuais limitadas em espaços de menores residências ou então coletivas ocorridas em praças parques e áreas comuns residenciais Experimentar um espaço ao ar livre pode ser considerado um entretenimento que proporciona diversão e estímulo As cenas se alteram de acordo com o passar do dia com a ocupação dos espaços e atividades nelas desenvolvidas Tais experiências estão baseadas no principal ponto responsável pelo uso dos espaços as pessoas De acordo com Gehl 2013 as diversas atividades desenvolvidas em uma cidade são divididas em três categorias que se complementam e juntas proporcionam a vida nos espaços As atividades obrigatoriamente necessárias são as atividades que ocorrem em nosso dia a dia independentemente de qualquer condição externa As atividades opcionais as quais podem ser recreativas também são aquelas em que as pessoas possam ter vontade de fazer como caminhar sentar e apreciar o jardim ou o dia lindo que está fazendo Nesta classificação as atividades dependem das condições climáticas porém considerando um bom tempo as pessoas sentem a necessidade de buscar seus espaços de convívio ao ar livre Dependendo a cidade em que fomos criados é muito presente esse exemplo quando lembramos da casa de nossos pais ou avós onde era comum crianças correndo e brincando pela rua enquanto seus responsáveis levavam cadeiras para a beira da praia ou para a varanda para conversar Uma maneira enraizada e voluntária de criar o convívio social As atividades sociais são aquelas que exigem a presença de mais pessoas pois se há vida e pessoas em um espaço aberto elas certamente estarão garantidas O ato de ouvir e observar as demais pessoas é a forma de atividade social mais realizada Essas atividades surgem com cumprimentos encontros casuais em filas breves comentários entre pessoas nem sempre conhecidas entre si mas que criam novos assuntos e interesses em comum entre os usuários A ociosidade crescente de áreas livres ressalta a necessidade dos espaços que 105 PAISAGISMO desempenham funções diversas em um mesmo local atendendo não um público específico mas sim o qualificando para receber um número maior de usuários com diferentes objetivos Você já se perguntou como e para onde nossa vida social caminhará nos próximos anos É notório o domínio da tecnologia em nosso dia a dia informações rápidas e de fácil acesso ampliam o contato com pessoas do mundo todo e afetam a maneira como as pessoas se relacionam coletivamente Segundo Gehl 2013 p26 os contatos indiretos e o conjunto de imagens retratando o que as outras pessoas fazem em outros lugares não compete com a vida nos espaços públicos ao contrário isso é fator estimulante Os meios eletrônicos de contato foram introduzidos na rotina dos espaços abertos e de convívio Hoje com o uso das redes móveis de comunicação é possível trabalharmos de um jardim Com um notebook ou celular nós conseguimos trabalhar de maneira home office no jardim de nossa casa ou em meio a um parque urbano A flexibilidade do espaço deverá ser considerada pelo profissional no desenvolvimento do projeto prevendo a possibilidade de criação de um escritório móvel nestas áreas através de um mobiliário que possibilite de maneira informal e relaxada a realização de tal atividade anteriormente desenvolvida somente em espaços confinados Nem sempre teremos a possibilidade de desenvolver espaços com a presença de um cliente um usuário final do espaço que possui suas expectativas e desejos para aquele ambiente Quando se trabalha para projetos como condomínios residenciais espaços comerciais e institucionais criamos com informações focadas em um cliente ideal um públicoalvo que ocupará o espaço Esse exercício exige uma preocupação em não restringir o uso pois além do seu público alvo eventualmente o espaço receberá outros usuários com diferentes objetivos e necessidades Abbud 2010 p 13 afirma que o importante é estar atento para as mudanças de gosto e costume e incorporálas ao projeto Não adianta colocar coisas por que as pessoas não mais se interessam pois serão desprezadas 106 PAISAGISMO 333 Função Ambiental do Paisagismo Por último mas não menos importante temos a função ambiental do paisagismo já mencionada nesta apostila A princípio o uso de vegetação nos ambientes melhora o microclima qualificando o espaço para seus usuários A partir do estudado caberá ao profissional aplicar os elementos paisagísticos a fim de se obter o melhor conforto ambiental no espaço A escolha da vegetação correta poderá melhorar as condições climáticas do ambiente ou o seu mau uso pode trazer desconforto O estudo do conforto ambiental é empregado nos projetos há algum tempo A preocupação na disposição dos ambientes em função da insolação local é fator essencial na concepção de um projeto O conceito de conforto abrange questões relacionadas à temperatura do ambiente à iluminação aos ventos à umidade do ar e à acústica Assim uma vez que o projeto de paisagismo engloba todas essas questões para a concepção e desenvolvimento do projeto é fundamental inserilas na escolha das espécies selecionadas e no espaço construído para a criação de ambientes confortáveis e agradáveis A sensação térmica gerada no ambiente é resultado de um conjunto de elementos entre eles a incidência solar no espaço O projeto de paisagismo na sua especificação de espécies pisos permeáveis e materiais terá uma forma para controlar ao atenuar a temperatura do ambiente Com o processo biológico da fotossíntese a vegetação consome alto índice de radiação solar e este calor consumido não passa ao ambiente diminuindo assim a sensação térmica A definição da espécie suas dimensões tamanho de copa folhagem e densidade são fatores estratégicos que poderão ser considerados para garantir um bom clima no espaço Uma cerca viva projetada em frente a uma parede ou a uma pele de vidro reduz a incidência solar direta pois não aquecerá e consequentemente não transmitirá o calor para a área interna do ambiente Algumas espécies poderão permitir e bloquear a incidência solar direta Neste caso devese optar por árvores de folhas caducas Ótima estratégia para garantirmos uma maior incidência solar no inverno período em que geralmente buscamos mais o sol e ainda bloquear o sol excessivo do verão 107 PAISAGISMO Assim o papel da vegetação é fundamental para minimizar condições extremas de calor e frio nos ambientes Como vimos na unidade anterior é vasto o número de tipologias vegetais e especiais disponíveis para a composição do projeto Ao especificar o profissional deverá avaliar o tamanho e o formato da sua copa adulta além de preocupar se com a orientação solar do ambiente e tipologia de solo O efeito dos ventos na vegetação vai além da propagação de aromas e sensações criadas pelo barulho dos galhos balançando Efeitos como canalização de ventos ou barreira poderão ser potencializados e utilizados como estratégia de projeto de acordo com a espécie escolhida e o distanciamento entre elas Para que haja o efeito de canalização dos ventos ou seja criando barreiras laterais e consequentemente um caminho central para que o vento possa circular o corredor ou espaço entre as vegetações nas duas laterais deverá ser relativamente estreito Este artifício de projeto poderá ser utilizado para garantir uma agradável circulação de ar no espaço porém deverá ser levada em consideração a carta de ventos do ambiente pois dependendo da região em que o projeto está localizado o vento forte de rajada pode ser indesejável ao espaço A vegetação também poderá funcionar como defletora dos ventos alterando sua direção e velocidade Árvores ou arbustos poderão ser associados para a modificação do percurso do fluxo de ar redirecionandoo a fim de que penetre nos espaços os quais se pretende ventilar ou afastar Uma barreira vegetal poderá bloquear a passagem dos ventos ou reduzir a sua velocidade e atenuar os seus efeitos na redução da temperatura do ar Devese impedir os ventos de inverno e permitir os de verão tendo em vista que geralmente estes apresentam orientação variada Como barreiras acústicas a escolha da vegetação mais densa possui características mais satisfatórias para a absorção do som pois devido à sua densidade têm função bloqueadora mais eficaz em relação a espécies com folhagens menos densas por cujos galhos parte do som passa facilmente Em nossas cidades a vegetação ainda poderá auxiliar no controle de deslizamentos e da poluição Quando a declividade é acentuada há problemas de erosão e dificuldades de manutenção O uso de forrações é indicado para a estabilização de encostas mas se a declividade for muito grande é preferível utilizar terraços sucessivos com árvores A vegetação ainda atua como filtro da poluição das cidades podendo filtrar ou absorver mas isto dependerá da espécie e oxigenar por isso arborizar com copas densas e folhas miúdas em locais onde há maior fluxo de veículos é extremamente válido e utilizado 108 PAISAGISMO 34 O USO EM PAISAGISMO TIPOS DE LAZER O projeto de paisagismo estará muitas vezes relacionado aos momentos de lazer do indivíduo Segundo o sociólogo Renato Requixa 1977 p35 entendese o lazer como uma ocupação não obrigatória de livre escolha do indivíduo cujos valores propiciam condições de recuperação e de desenvolvimento pessoal e social O lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregarse de livre vontade seja para repousar seja para divertirse recrearse e entreterse ou ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrarse ou desembaraçarse das obrigações familiares e sociais DUMAZEDIER 1973 p34 A classificação das atividades de lazer pode ser dividida entre lazer ativo ou lazer passivo Aquelas que necessitam de movimento e algum esforço físico como a prática de esportes caminhada corrida e até os movimentos de brincar são consideradas lazer ativo Por outro lado quando as atividades não demandarem movimento como conversar descansar contemplar a paisagem ou o movimento dos demais lanchar esperar todas estas em que a relação entre o espaço e o indivíduo é meramente contemplativa podem ser consideradas atividades de lazer passivo Figura 49 Lazer Passivo Fonte Shutterstock 2020 109 PAISAGISMO Figura 50 Lazer Ativo Fonte Shutterstock 2021 De acordo com Dumazedier 2008 p 32 o lazer pode ser classificado ainda em relação às suas três diferentes funções Atividades de Descanso destinadas a momentos em que os usuários possam recuperarse de seu cansaço físico ou mental Recreação divertimento e entretenimento atividades que focam em trazer distração e sair da monotonia e rotina diária Desenvolvimento Pessoal são aquelas que possibilitam um crescimento e desenvolvimento da personalidade propiciando interação social e aprendizagem voluntária É possível ainda classificar as atividades de lazer definidas por Dumazedier 1976 por áreas de interesse Interesses Artísticos atividades passivas de conteúdo estético ligadas ao belo ao sentimento à emoção Exemplos cinema peças de teatro etc Interesses Intelectuais atividades que visam ao desenvolvimento pessoal seja pela busca de informações conhecimento eou aprendizagem Nesta categoria podemos identificar atividades de leitura escrita etc 110 PAISAGISMO Interesses Manuais atividades desenvolvidas por ações com as mãos sendo uma matériaprima é transformada Neste caso podemos identificar interesses manuais em atividades como jardinagem exercícios de pintura e esculturas Interesses Físicos atividades relacionadas às práticas esportivas e à exploração de novos lugares ou ambientes como caminhadas trilhas e passeios Interesses Sociais ou Associativos atividades presentes todos os dias em nossa vida em sociedade relacionadas com a interação entre as pessoas eou grupos São as reuniões de grupos festas etc Além das classificações apresentadas acima podemos ainda subdividir as atividades de lazer de acordo com o tipo de espaço em que ela acontece Por exemplo espaços públicos comerciais culturais esportivos gastronômicos e até o espaço residencial privado As classificações seguem e uma atividade de lazer pode se enquadrar em mais de uma classificação pois há ambientes que propiciam atividades com características multitarefas FÓRUM Com base nos estudos apresentados na Unidade 3 utilize a plataforma online e interaja com os seus colegas de disciplina a respeito dos seguintes questiona mentos 1 Quais as principais etapas de projeto apresentadas nesta unidade 2 Qual a importância da representação gráfica no paisagismo Seja feita à mão ou através de computador como ela auxilia o profissional no processo de projeto 3 Dentro das funções do paisagismo quais as principais apresentadas nesta unidade 4 Quais as formas de lazer para se desenvolver em um projeto de paisagismo 111 PAISAGISMO PARA SINTETIZAR Nesta terceira unidade o objetivo foi aprofundarmos nossos conhecimentos nos seguintes itens o projeto a função e o uso e elementos compositivos aplicados ao projeto de paisagismo Em um primeiro momento avaliamos o processo de projeto quais os pontos iniciais fundamentais e que embasam o seu desenvolvimento Depois passamos etapa por etapa do processo de criação até chegarmos à sua fase final de execução e construção do espaço Entendemos quais os pontos fundamentais para serem definidos em cada fase e a importância do cumprimento de uma fase para seguir a sua posterior Neste momento da unidade falamos sobre a participação do cliente em algumas das etapas para a contribuição do processo Conhecendo as etapas de projeto identificamos quais elementos de representação são utilizados de formas diferentes dependendo da etapa em que ele se encontra Em cada fase projetual o profissional possui uma gama de ferramentas para esboçar seus conceitos e conseguir passar suas intenções principais ao cliente Após o conhecimento do processo projetual aprofundamos nossos saberes na função do projeto de paisagismo É de claro conhecimento a função estética do projeto e do uso da vegetação nos espaços porém além disso o uso da vegetação assume funções ambientais melhorando o microclima e o espaço que será habitado pelas pessoas e possui papel fundamental na socialização dos usuários Por fim nesta terceira unidade entendemos os usos dos espaços sejam eles privados ou não e os diversos interesses que fazem o usuário ir em busca de um espaço com vegetação 112 PAISAGISMO EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 Sobre a função ambiental do paisagismo está correto afirmar que I Melhora o microclima qualificando o ambiente II Quando a vegetação faz fotossíntese consome alto índice de radiação solar e este calor passa para o ambiente aumentando a sensação térmica III A definição das espécies é um fator estratégico a fim de garantir um bom clima no espaço IV A escolha da vegetação menos densa possui características mais satisfatórias para a absorção do som Estão corretas a I II III IV b I II e V apenas c I e III apenas d III e IV apenas e II e III apenas 02 Em relação às etapas projetuais em paisagismo analise os itens descritos abaixo Faz parte do projeto executivo Deve ser desenhado separadamente para não misturar informação da vegetação com a da construção Nesta etapa devese apresentar localização das árvores quantidade tabelas memoriais descritivos com tamanho de covas manutenção A listagem acima referese a itens que compõem qual etapa de projeto a Planejamento de Poda b Anteprojeto c Executivo de Plantio d Estudo Preliminar e Detalhamento Técnico 113 PAISAGISMO 03 Sobre as etapas de projeto assinale a afirmativa correta a As etapas seguem uma sequência única e imutável sem voltas b A etapa do anteprojeto pode ser representada em forma de moodboard c A etapa de execução do projeto está necessariamente ligada ao profissional que desenvolveu o projeto d As etapas seguem uma sequência lógica e cíclica podendo voltar a alguma para rever em qualquer momento e É essencial que em nenhuma etapa seja considerada a opinião do cliente pois o profissional é o responsável pelo projeto 114 PAISAGISMO GLOSSÁRIO Ambiência qualidade do que é ambiente do entorno Brainstorming explosão de ideias discussões Bucólica que se relaciona à natureza simples puro Croqui desenho esquemático ou de observação Humanização atribuir caráter humano promove relações de convivência Moodboard mural composto por elementos visuais que representam o conceito de um projeto 115 PAISAGISMO REFERÊNCIAS ABBUD Benedito Criando paisagens guia de trabalho em arquitetura paisagística 4ª ed São Paulo Senac 2010 DUMAZEDIER Jofre Lazer e cultura popular São Paulo Perspectiva 2008 HUTCHISON Edward O desenho no projeto da paisagem Barcelona Gustavo Gilli 2012 GEHL Jan Cidades para pessoas São Paulo Perspectiva 2013 UNIDADE4 ESTUDO DE COMPOSIÇÃO DE PRAÇAS DE JARDINS 118 PAISAGISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Compreender critérios básicos e soluções aplicadas a projeto de paisagismo a fim de proporcionar padrões referenciais de espaços nos ambientes 119 PAISAGISMO INTRODUCÃO À UNIDADE Na unidade anterior estudamos composição formal etapas de projeto e formas de representação do projeto de paisagismo que são itens importantes para embasar esta última unidade na qual analisaremos espaços construídos e seus elementos A Unidade 4 será voltada ao estudo de espaços além de exemplificar tudo o que foi visto até este momento em sua aplicação prática Na etapa inicial serão aprofundados os estilos de jardins através de imagens dos mesmos e seus principais elementos Com imagens ilustrando os espaços será possível avaliar os fluxos e circulações de um jardim qual sua importância para a definição do projeto e a importância do desenho universal e acessibilidade em projetos de paisagismo Por fim o último ponto de análise serão alguns exemplos de materiais aplicados nos projetos 41 ESTILOS DE JARDIM O estilo de jardim aplicado ao espaço é de extrema relevância haja vista que norteia a escolha dos elementos e espécies para o espaço Reconhecer os estilos diferentes é fundamental a fim de evitar que você cometa erros ao implantar o seu jardim Deverá existir sempre se não um estilo rígido pelo menos a predominância de alguma tendência seja ela moderna pósmoderna ou clássica 120 PAISAGISMO 411 Jardim Clássico ou Formal O estilo de jardim clássico mesmo sendo muito utilizado em certos períodos históricos como vimos na Unidade 1 pode ser replicado e incorporado aos espaços ainda na atualidade Relembrando as principais características deste estilo o jardim clássico ou formal é caracterizado sobretudo pelas linhas geométricas e simetria do traçado O uso desta linguagem auxilia nas demarcações e caminhos bem definidos uma vez que existe uma rigidez na composição não sendo permitido o caminhar liberado pelo espaço mas sim pelos circuitos planejados e geralmente delimitados por vegetações Figura 51 Composição de Jardim Clássico Grandes Espaços Fonte Shutterstock 2020 É comum encontrarmos projetos de grandes espaços com o estilo clássico permitindo explorar melhor seus traçados e uso de elementos como espécies aparadas e fontes de água Porém este estilo de jardim também pode ser aplicado a ambientes residenciais menores trabalhando com alguns elementos característicos do estilo conforme apresenta a imagem abaixo 121 PAISAGISMO Figura 52 Composição de Jardim Clássico Pequenos Espaços Fonte Shutterstock 2020 Neles não poderão faltar espécies baixas e rigorosamente aparadas que emolduram canteiros onde as flores exercem um papel apenas secundário O uso da topiaria característica forte deste estilo poderá ser facilmente aplicada em espécies plantadas em espaços reduzidos ou até mesmo em vasos se o projeto for para a área de um apartamento 412 Jardim Seco Desértico ou Rochoso Visualmente este estilo de jardim possui elementos e características que tentam reproduzir uma paisagem árida Algo como um pequeno oásis ou um pé de serra em região de cerrado A utilização de pedras e areia geralmente faz o pano de fundo para cactos agaves e suculentas 122 PAISAGISMO Figura 53 Composição de Jardim Desértico 1 Fonte Shutterstock 2020 Ao se trabalhar com esse estilo de jardim devemos levar em consideração seu local de aplicação Espécies utilizadas na sua composição que possam apresentar espinhos não são recomendadas em áreas que tenham a circulação de crianças por exemplo Figura 54 Composição de Jardim Desértico 2 Fonte Shutterstock 2020 123 PAISAGISMO O Jardim seco ou desértico é uma excelente opção para se trabalhar em composições para clientes em apartamento ou com espaço reduzido pois suas espécies normalmente não se caracterizam com grandes copas e não necessitam de espaços superdimensionados Figura 55 Composição de Jardim Desértico 3 Fonte Shutterstock 2021 É uma ótima opção para trabalhar nos espaços internos pois sua durabilidade é grande e sua manutenção facilitada não exigindo regas e podas constantes Devese ter atenção especial pois algumas espécies pedem insolação direta SAIBA MAIS Confira o projeto VILLA SKY POINT do REZA MOHTASHAMI STUDIO e como o arquiteto trabalha com o jardim desértico interna e externamente Além disso ele compõe com materiais rochosos Acesse httpsrezamohtashamicomportfolioposts966 124 PAISAGISMO 413 Jardim Oriental ou Zen Conforme aprendemos na Unidade 1 o jardim oriental tem como um dos seus principais fundamentos o culto à natureza Alguns elementos são de presença quase obrigatória neste estilo de composição Sua formalidade segue a construção natural sem a necessidade de delimitar e formar caminhos específicos Por exemplo as pedras de rios utilizadas passam a impressão de sugerir que a própria natureza as colocou em sua posição sem a interferência do homem Figura 56 Composição de Jardim Oriental 1 Fonte Shutterstock 2020 Água em riachos laguinhos ou cascatas para induzir o homem a enxergar a si mesmo Lamparinas de pedra também podem aparecer como elementos de iluminação nesta composição e representam o espírito bom e iluminado que afasta o mal 125 PAISAGISMO Figura 57 Composição de Jardim Oriental 2 Fonte Shutterstock 2021 É comum encontrarmos demais elementos bem característicos deste estilo como o Bambu sendo pano de fundo da composição Espécies como azaleias camélias íris glicínias tuias nandinas e eventualmente uma cerejeiradoJapão A topografia acidentada criando ondulações no terreno é utilizada aliando o uso de forrações ou areia bem grossa e branquinha 126 PAISAGISMO Figura 58 Composição de Jardim Oriental 3 Fonte Shutterstock 2021 Na imagem acima podemos identificar um jardim oriental no átrio de uma edificação no qual predomina o uso de areia grossa e pedras uma composição de jardim onde não se encontra vegetação 414 Jardim Tropical O jardim tropical pretende recriar uma paradisíaca ilha tropical com muito verde e muitas flores A diversidade de espécies com folhagens e coloridos particulares de cada uma reforça a ideia de natureza sem interferência do homem Árvores como o flamboyant e o jasmimmanga arbustos como o hibisco a primavera e a gardênia palmeiras diversas folhagens tipo filodendros e samambaias 127 PAISAGISMO bananeiras ornamentais líriosdobrejo bromélias dracenas ou seja tudo o que evoca a exuberância da flora tropical Figura 59 Composição de Jardim Tropical Fonte Shutterstock 2020 Em um jardim neste estilo um gramado é quase essencial até para promover a integração entre os diversos verdes Área sombreada cascata ou um filete dágua dão o toque final da composição OLIVEIRA 2020 Na Figura 59 acima é possível identificarmos o uso de jardim tropical em escala média compondo uma área de acesso ao condomínio Para a composição desse estilo de paisagismo é importante a observação do local a ser instalado sua insolação pois a maioria de espécies tropicais utilizadas para a composição necessita de uma grande incidência solar para seu desenvolvimento 128 PAISAGISMO SAIBA MAIS Confira o projeto GALERIA LUCIANA BRITO e como foram trabalhados os jardins internos e externos na residência Acesse httpswwwarchdailycombrbr867909galerialucianabritopiratiningaarquite tosassociadosadsourcesearchadmediumsearchresultall 415 Jardim Contemporâneo O jardim contemporâneo assim como na arquitetura e no design atual é um retrato da vida moderna O conceito principal deste estilo é a liberdade no uso de espécies características de determinado estilo combinado a outras de estilo predominante diferente Podese por exemplo usar plantas exclusivas de jardins clássicos europeus ao redor de uma palmeira bem tropical Figura 60 Composição de Jardim Contemporâneo 1 Fonte Shutterstock 2020 129 PAISAGISMO A utilização de plantas atuais e esculturas são características que podem aparecer na composição desses espaços Além disso o jardim contemporâneo geralmente não possui um uso restrito com características contemplativas Figura 61 Composição de Jardim Contemporâneo 2 Fonte Shutterstock 2020 Atualmente a grande variedade de materiais disponíveis no mercado gera diversas oportunidades para as pavimentações neste estilo como pisos sem estampas e confeccionados com materiais nobres e claros e os móveis próprios para as áreas externas produzindo ambientes convidativos 42 CIRCULAÇÕES COMO DEFINIDORAS DE PROJETO Neste segundo momento da unidade abordaremos as circulações e caminhos a maneira como elas auxiliam na composição dos espaços de paisagismo avaliando suas composições aplicadas em projetos 130 PAISAGISMO Circulação em um projeto referese aos espaços que têm papel fundamental de conexão entre ambientes Estas circulações poderão ter características horizontais sem vencer desníveis como caminhos e passeios ou então funcionarem como conexões verticais por exemplo as escadas e rampas As circulações verticais são muito utilizadas para ligar um espaço a outro quando esses apresentam desnível leve ou acentuado Para os jardins e espaços ao ar livre são bastante comuns os desníveis entre ambientes visto que muitas vezes a própria topografia do terreno é utilizada na composição do projeto Para Abbud 2006 p 15 quanto mais um jardim consegue aguçar todos os sentidos melhor cumpre seu papel Desta forma as circulações em um espaço projetado devem ocultar e mostrar elementos Os percursos em geral deverão ser trabalhados e marcados para possibilitar ao usuário descobertas prazerosas durante seu caminho Figura 62 Rua Arbat Rússia Fonte Shutterstock 2020 Na imagem acima conseguimos identificar uma maneira lúdica de trabalhar os caminhos em projeto de paisagismo não utilizando somente como transição entre um ambiente e outro A escolha de trabalhar as vegetações como cobertura neste projeto presas em uma estrutura traz ao percurso do pedestre um ambiente com características 131 PAISAGISMO diferenciadas ofertandolhe experiências ao caminhar Além disso poderá ser escolhido trabalhar com espécies que modifiquem suas características com as estações do ano criando diferentes cenários e surpresas em um mesmo ambiente No contexto do projeto há que se planejar o que estará acima das nossas cabeças em frente aos nossos olhos e sob os nossos pés As características de localização e caminhamento são em linhas gerais iguais para todos os indivíduos ou grupos de idade Na figura abaixo observamos distintos comportamentos de percursos Quando estamos no meio do nosso dia a dia 1 ao percorrermos os espaços desviamos de muros paredes e esquinas com o intuito de chegar ao destino final percebendose na análise um caminhar mais rígido Na imagem representada pelo traçado 2 é como se configura o caminhar em espaços de lazer nos quais temos ambientes que proporcionem desligamento relaxar e lazer Desta maneira identificamos um caminhar mais leve aproveitando o ambiente e os caminhos que neles existem Figura 63 Traçado do Caminhar Fonte Elaborada pela autora 2020 Dentro do exposto acima conseguimos ainda subdividir o traçado do caminhar de acordo com o perfil em qual vamos trabalhar Por exemplo as crianças 1 tendem a se movimentar mais no espaço de acordo com os interesses criados no ambiente Em um parque por exemplo elas traçarão um percurso irregular cheio de curvas pois não seguem uma regularidade como o indicado na figura abaixo 132 PAISAGISMO Figura 64 Traçado Criança Adultos e Idosos Fonte Elaborada pela autora 2020 Já pessoas adultas tendem a ser mais certas em seu percurso com o objetivo direto 2 enquanto os idosos 3 possuem um propósito não claro e direto aproveitando mais o caminhar fazendo pausas e o deixando mais suave Para os idosos também é importante prever rampas e declividades adequadas à acessibilidade Os caminhos definidos em um projeto de paisagismo devem ser pensados em cima do percurso que o profissional quer que seja percorrido pois intuitivamente a linha de percurso traçada é a de menor esforço encurtando distâncias Desta forma podemos projetar um espaço mais adequadamente funcional evitando criar circulações longas e inviáveis no espaço caso o pedestre opte por outro percurso não definido em função da sua proximidade Figura 65 Menor Linha de Força Traçado Fonte Elaborada pela autora 2020 Durante a fase de desenvolvimento de projeto quando vamos traçar os caminhos no ambiente devese pensar em qual função este espaço de circulação terá de lazer de ligação ou será de contemplação A função exercida no caminho define a sua largura Outro ponto importantíssimo na definição dos projetos é avaliar o baixo ou alto fluxo de pessoas naquele local pois assim conseguimos dimensionálos corretamente Podese definir a função do caminho diferenciando a pavimentação sendo de fácil percepção e identificação quando se trabalha com revestimentos variados para usos diferentes 133 PAISAGISMO Figura 66 Caminhos e suas Pavimentações 1 Fonte Shutterstock 2020 Na Figura 66 identificamos o uso de duas pavimentações diferentes utilizadas para as circulações Na parte à esquerda da imagem vemos uma pavimentação de blocos de concreto intertravados que pode ser considerada um espaço de transição mais rápida dando fluidez ao espaço Por outro lado quando o idealizador do espaço cria uma nova circulação a qual leva até uma área de lazer e convívio ele definiu trabalhar com outro tipo de pavimentação com cor e formatos diferentes da outra justamente para causar a sensação ao usuário que o espaço mudou e possui outra função O uso de pavimentações diferentes como norteadoras do espaço poderá ser facilmente identificado em nossas cidades quando possuímos um espaço de lazer ao ar livre que diferencia na pavimentação o espaço de caminhada de pedestres e o espaço de uso exclusivo da bicicleta 134 PAISAGISMO Figura 67 Caminhos e suas Pavimentações 2 Fonte Shutterstock 2020 Na Figura 67 fica clara a utilização de materiais diferentes para o piso de acordo com o uso de cada espaço Na área de mesas ao ar livre a utilização do piso vermelho delimita o espaço de caminhar do parque A utilização dos materiais também auxilia na distinção entre os passeios e as circulações criadas no projeto Ao utilizarmos materiais naturais com aspectos menos industrializados conseguimos passar a sensação de ambiente mais natural e que eventualmente pode gerar uma sensação de calma tranquilidade e reforçar a inserção no meio natural 135 PAISAGISMO 43 DESENHO UNIVERSAL EM PAISAGISMO O desenho universal é uma resposta às questões sociais que buscam eficiência e equidade para todos Em 1990 um grupo de arquitetos e designers defensores de um design voltado às pessoas e suas diversidades definiu sete princípios do Desenho Universal sendo eles Uso Equitativo criar espaços que possam ser utilizados por pessoas distintas e com diversas possibilidades evitando a segregação Aqui diferimos Desenho Universal de Acessibilidade nem sempre um espaço com acessibilidade é um espaço com Desenho Universal pois igualdade diferese de equidade Figura 68 Diferença entre Igualdade e Equidade Fonte Shutterstock 2021 Uso Flexível desenvolver ambientes ou utilizar materiais que permitam atender às diferentes necessidades dos usuários 136 PAISAGISMO Uso Simples e Intuitivo permitir fácil compreensão do indivíduo ao espaço independentemente de suas limitações Informação de Fácil Percepção trazer clareza às informações comunicação clara e objetiva Figura 69 Comunicação Desenho Universal Fonte Shutterstock 2021 Tolerância ao Erro incluir a segurança na concepção dos ambientes a fim de reduzir risco de acidentes Esforço Físico Mínimo dimensionar equipamentos e elementos ergonomicamente de maneira eficiente e que evite esforços repetitivos 137 PAISAGISMO Dimensionamento dos Espaços conceber espaços para acessos e usos abrangentes Figura 70 Circulação Acessível Fonte Shutterstock 2021 Para MACE 1991 o Desenho Universal aplicado em um projeto referese à criação de ambientes e produtos que possam ser usados por todas as pessoas na sua máxima extensão SUGESTÃO DE LEITURA Saiba um pouco mais sobre o Desenho Universal e sua aplicabilidade lendo o manual de Desenho Universal desenvolvido pela prefeitura de SP 138 PAISAGISMO 44 MATERIAIS APLICADOS A PROJETOS Os elementos não vegetais entram na composição dos espaços pois são peças fundamentais que auxiliam a garantir o uso e permanência do espaço Elementos como pisos mobiliário rochas iluminação mobiliários urbanos e vasos podem ser usados com intenções funcionais do espaço ou seja criar ambientes confortáveis mas também possuem papel fundamental na composição estética do ambiente Durante o processo de projeto é necessária a definição dos materiais utilizados no espaço Isso porque diante da infinidade de produtos à disposição o profissional deve conhecêlos para a especificação correta Por exemplo em um jardim mais natural cuja intenção projetual é passar a ideia de um ambiente sem intervenção do homem o ideal é utilizar elementos não vegetais que sigam a mesma ideia pedras mais naturais ou bancos de madeira mais rústicos auxiliarão a reforçar o conceito do projeto Além disso devese avaliar a qualidade a durabilidade o preço e a adequação ao espaço Não podemos especificar piso feito de pedras naturais se o espaço é para idosos pois isso dificultará a caminhabilidade e acessibilidade do usuário no espaço É interessante que o profissional teste imagine o conjunto e materiais junto às vegetações pois assim conseguirá passar a personalidade do projeto Os principais atributos dos materiais que auxiliam nas definições de projeto são 9 Características Formais O profissional avaliando as cores formas das peças textura e natureza do material com um olhar estético definirá qual imagem quer passar com o ambiente 9 Características Funcionais Neste momento o arquiteto ou designer deverá avaliar as condições daquele material para a função que ele vai exercer Por exemplo avaliar a inércia térmica do material se tem o índice de absorção muito alto e consequentemente esquentará mais facilmente 139 PAISAGISMO O uso da madeira serve como exemplo pois é comum ver a sua utilização em projetos de áreas externas e próximas à piscina Porém é um material que absorve e transmite calor com facilidade podendo queimar os usuários ao andarem descalços por ele A manutenção também deve ser avaliada pois existem tipos de materiais que sujam ou necessitam de um cuidado mais frequente devendo ser viabilizado de acordo com a necessidade do cliente e durabilidade do material Voltando para áreas externas que contêm possibilidade de contato com água o material deve ser avaliado perante a sua propriedade antiderrapante para evitar acidentes Existem ainda alguns tipos de materiais que possuem permeabilidade maior em relação a outros ou seja permitem a absorção e a passagem de parte da água proveniente dos telhados e chuvas para a terra Outro ponto para avaliação é a resistência ao atrito avaliandose qual o fluxo de pessoas no espaço se é um material resistente estável ou que facilmente vai se desfazer 9 Formas de Execução O material definido em projeto necessita de alguma empresa de mão de obra especializada para sua colocação Após a colocação é um material de fácil reparo durante a sua vida útil Estes são fatores que influenciam no custo final do projeto afetando diretamente nosso cliente Dentre as propriedades dos materiais em projeto podemos classificar em dois grandes grupos materiais artificiais e naturais 441 Materiais Artificiais Os materiais artificiais mais encontrados no mercado são os compostos de cimento e concreto Sendo denominados aglomerados construtivos são elementos com valor interessante e com grande durabilidade Sua aplicação poderá ser feita em pisos muros cercas e aceitam coloração por isso se tornam uma boa alternativa para o uso em nossos projetos 140 PAISAGISMO Figura 71 Materiais Artificiais Fonte Shutterstock 2020 Na figura acima avaliamos o uso dos aglomerados de cimento em projeto Para a escolha deste tipo de material o profissional especificador deverá avaliar a drenagem do terreno pois é um material sem características drenantes ou seja a água vai escoar em sua superfície até o sistema de drenagem sem permear no solo O mercado hoje oferece algumas lajotas de concreto fabricadas com compostos que possuem uma capacidade de absorção de água maior Além disso algumas soluções de projeto poderão também auxiliar na drenagem A utilização de blocos ou lajotas de concreto com espaçamento entre eles além de garantir um visual extremamente agradável melhora os índices de permeabilidade do espaço 141 PAISAGISMO Figura 72 Pisos de Concreto com Espaçamento Fonte Shutterstock 2020 442 Materiais Naturais Dentre os materiais naturais a pedra e a madeira são os que dominam boa parte dos projetos 4421 Madeira Nos projetos de paisagismo a madeira é muito utilizada por resistir às intempéries quando tratada adequadamente exigir pouca manutenção e por ser encontrada facilmente no mercado Seu uso nas composições de projetos é muito amplo podendo servir como 142 PAISAGISMO revestimento de piso paredes escadas e até em construção de estruturas para pérgolas e jardins suspensos Esse material possui características de composição muito interessantes nos jardins em função das suas variadas colorações e materialidade provenientes do próprio ambiente natural A única preocupação na instalação é confirmar com o fornecedor a proveniência da madeira garantindo sua certificação e aplicando as técnicas necessárias para garantir a durabilidade Figura 73 Composição de Jardim Fonte Shutterstock 2020 Na figura acima podemos ver a madeira aplicada em pergolados piso e até mesmo mobiliários Com coloração média a madeira aplicada a este projeto confere caráter biofílico quando traz a natureza para perto além de contrastar harmonicamente com os elementos vegetais 143 PAISAGISMO Figura 74 Uso da Madeira Bruta Fonte Shutterstock 2020 Na Figura 74 identificamos o uso da madeira como peça bruta com formato natural indicada para ambientes que não necessitem de acabamentos perfeitos em seu piso ou revestimento e que possuam este caráter rústico A madeira tornase um material coringa e flexível para os projetos de áreas externas pois devidamente tratada e lixada cria possibilidades maiores para o seu uso por exemplo em decks e pergolados A grande desvantagem vista para o uso da madeira é a sua manutenção e exposição a pragas e cupins por isso o tipo de madeira escolhido e seu processo de tratamento e impermeabilização é fundamental para garantirmos a durabilidade 144 PAISAGISMO Figura 75 Utilização de Madeira Fonte Shutterstock 2021 4422 Pedras Sendo utilizadas pelo homem na composição dos espaços desde a antiguidade as pedras são materiais duráveis cuja variação é extensa Encontramos pedras em seus formatos naturais sem moldes e que podem ser assentadas de maneira irregular ou não Além do seu formato a madeira poderá ser aplicada em nossos projetos seja em pedriscos e seixos ou até em grandes formatos 145 PAISAGISMO Figura 76 Utilização de Pedras no Paisagismo Fonte Shutterstock 2021 Ainda nas variadas tipologias de pedras existentes identificamos sua aplicação desde os paralelepípedos utilizados antigamente como pavimentação de ruas e espaços públicos de nossas cidades passando posteriormente pelo período de colonização e suas calçadas com pedra portuguesa branca e preta que criavam desenhos e padronagens bem característicos do período Hoje contamos com o surgimento da argamassa para assentamento Na possibilidade de trabalharmos pedras com menor espessura conseguimos utilizar o granito o mármore a ardósia pedra são tomé e demais modelos para revestimentos de lajes muros externos bordas de piscinas e demais itens em nossas áreas de jardins internos ou externos dando possibilidades gigantes de uso ao profissional na sua composição 146 PAISAGISMO Figura 77 Revestimento em Pedra Fonte Shutterstock 2021 O uso das pedras em forma de revestimento carrega consigo um forte potencial sensorial de aproximação do usuário com a natureza e apesar da sua brutalidade quando combinada com outros elementos paisagísticos confere leveza ao projeto Pedras no seu estado natural também são muito utilizadas para ornamentação dos espaços e vasos podendo auxiliar na drenagem do espaço 443 Vasos e Mobiliários Urbanos Outros elementos compositivos que têm grande influência nos projetos são os vasos principalmente em ambientes internos e os mobiliários urbanos podendo ser compostos por materiais naturais artificiais e até mesmo mistos 147 PAISAGISMO 4431 Vasos Os tipos de vasos contribuem para o crescimento adequado das plantas e para compor harmonicamente os projetos Podem ser utilizados com ou sem suportes sendo que os tamanhos variam principalmente de acordo com a espécie plantada neles Alguns dos vasos mais utilizados são Vasos de Barro garantem temperatura e umidade ao elemento vegetal e apresentam característica semelhantes ao solo sendo encontrados de várias formas e tamanhos Vasos de Cimento aparecendo cada vez mais juntamente com os diy vídeos faça você mesmo estes vasos são encontrados facilmente Possuem como característica elevada resistência mas paralelo a isso têm peso eminente o que requer atenção para onde será localizado Vasos de Plástico trazem como principais características a leveza a economia e a diversidade de tamanhos e formatos Estes vasos requerem atenção em virtude da temperatura pois podem aquecer e prejudicar a planta Vasos de Polietileno o uso deste tipo de vaso está em alta principalmente por seu custobenefício pois eles apresentam leveza e diversas cores tamanhos e texturas algumas delas até mesmo simulando cimento ou barro Vasos de Vidro são utilizados principalmente em composições de terrários ou com plantas aquáticas Conferem elegância e leveza ao ambiente Cachepots grandes aliados aos projetos trazem diversas formas e materiais sendo recipientes que agregam a vasos em sua maioria de beleza inferior 148 PAISAGISMO Figura 78 Tipos de Vasos Fonte Shutterstock 2021 Na imagem acima podemos observar uma composição heterogênea de vasos utilizandose de cachepots vaso de cimento barro pintado e polietileno 4432 Mobiliários Urbanos Os mobiliários podem ser classificados em cinco tipos sendo eles Mobiliários de Serviço lixeiras banheiros e telefones públicos bicicletários luminárias bebedouros abrigo de ônibus e relógios 149 PAISAGISMO Mobiliários de Lazer bancos de praças projetos para crianças e mesas de jogos Mobiliários de Comercialização quiosques bancas de jornal barracas de venda ambulantes mesas para café e bares Mobiliários de Sinalização placas informativas e semáforos Mobiliários de Publicidade outdoors e letreiros FÓRUM Com base nos estudos apresentados na Unidade 4 deste caderno utilize a plataforma online e interaja com os seus colegas da disciplina a respeito dos seguintes questionamentos 1 Quais os principais estilos de Jardim mencionados 2 Existe algum estilo com que você se identifica mais Por quê 3 Em todas as unidades anteriores falamos sobre os elementos de paisagismo sua repre sentação de maneira isolada Nesta apresentamos tais elementos juntos aplicados a projeto Que importância tem para o espaço unir todos os elementos estudados e vêlos aplicados juntos 150 PAISAGISMO PARA SINTETIZAR Nesta quarta e última unidade o principal objetivo foi podermos identificar as tipologias de jardins e alguns itens vistos nas unidades anteriores como materiais especiais aplicados em projetos reais exemplificandoos por meio das imagens apresentadas No início da unidade avaliamos alguns exemplos de projeto de áreas externas através dos seus estilos O paisagismo classifica alguns estilos de projeto em que ele assume características sendo fundamental ao profissional saber identificar qual sua linha de projeto e com qual estilo se familiariza mais De maneira geral a utilização das imagens nesta unidade nos auxiliou na compreensão do espaço podendo visualizar o ambiente construído Após os estilos conhecidos aprofundamos nos caminhos e circulações Pontos fundamentais na prática de projeto pois eles auxiliam na conexão dos espaços dentro de um ambiente Identificamos os tipos de circulações diferentes como trabalhálas em projeto garantindo o melhor uso do espaço Por fim brevemente entendemos os principais materiais disponíveis para a composição dos projetos visualizando sua aplicação em projetos executados 151 PAISAGISMO EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 Sobre o estilo de jardim oriental analise as frases abaixo I Tem como principal objetivo recriar ilhas paradisíacas II Um dos principais objetivos do jardim é a contemplação III Utiliza o elemento água com intuito de fazer o homem enxergar a si mesmo IV Prima pela utilização de elementos retilíneos e geométricos Estão corretas as alternativas a I II e III b I II e IV c I e II d II III e I II III e IV 02 Seguindo o material estudado nesta apostila identificando as principais características apresentadas para cada estilo analise a figura abaixo e marque a alternativa correta A imagem acima representa o estilo de jardim a Oriental 152 PAISAGISMO b Desértico c Tropical d Clássico e Contemporâneo 03 Os principais atributos característicos dos materiais e que devem ser levados em consideração pelo profissional na hora de definição e especificação em projeto vistos nesta unidade são a Funcionais e de estabilidade b Estético Somente c Informais e de durabilidade d Formais e histórico e Formais e funcionais 153 PAISAGISMO GLOSSÁRIO Aglomerado conjunto de coisas Átrio espaço cercado de pórticos ou outras construções Intempéries mau tempo ou tempestade Condicionantes não favoráveis 154 PAISAGISMO REFERÊNCIAS ABBUD Benedito Criando paisagens guia de trabalho em arquitetura paisagística 4ª ed São Paulo Senac 2010 BELLÉ S Apostila de paisagismo Bento Goncalves IFRS 2013 Disponível em https wwwpasseidiretocomarquivo50198882apostiladepaisagismo Acesso em Acesso em 17 abril 2020 WATERMAN Tim Fundamentos de Paisagismo Porto Alegre Bookman 2011 Minha Biblioteca
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
Preview text
Copyright 2021 by Editora Faculdade Avantis Direitos de publicação reservados à Editora Faculdade Avantis e ao Centro Universitário Avantis UNIAVAN Av Marginal Leste 3600 Bloco 1 88339125 Balneário Camboriú SC editoraavantisedubr Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Lei nº 10994 de 14 de dezembro de 2010 Nenhuma parte pode ser reproduzida transmitida ou duplicada sem o consentimento da Editora por escrito O Código Penal brasileiro determina no art 184 dos crimes contra a propriedade intelectual Editoração Patrícia Fernandes Fraga Tayane Medeiros dOliveira Projeto gráfico e diagramação Ana Lúcia Dal Pizzol PLANO DE ESTUDOS Na disciplina de Paisagismo para Arquitetura apresentaremos aos estudantes uma base técnica para sua vida profissional com informações claras sobre paisagismo na prática trazendo os fundamentos as tendências e o repertório de mercado Discutiremos aspectos do projeto de paisagismo seus elementos funcionais perceptivos estéticos e sua relação com o contexto urbano No que diz respeito à organização da disciplina vale comentar alguns aspectos iniciais referentes à sua organização para o bom andamento dos trabalhos O caderno é composto por quatro unidades sendo que todas iniciam por uma breve introdução e na sequência há o desenvolvimento do conteúdo que será ilustrado por imagens livros artigos e outras mídias Iniciaremos a Unidade 1 com a evolução do paisagismo ao longo da história até chegar à atualidade com as principais tendências Na Unidade 2 conheceremos os termos e especificações de paisagismo trazendo critérios e condicionantes para vegetações Já na Unidade 3 falaremos sobre o paisagismo aplicado a ambientes técnicas e escalas aplicadas ao projeto de paisagismo e sobre as etapas de projeto Por fim na Unidade 4 entenderemos os elementos compositivos no projeto de paisagismo e o estudo de composição de praças de jardins por meio de análise e crítica de projetos O PAPEL DA DISCIPLINA PARA A FORMAÇÃO DO ACADÊMICO Com a disciplina proposta pretendese apresentar aos acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo conceitos gerais sobre paisagismo abordando desde seus aspectos conceituais estéticos funcionais seu detalhamento e representação gráfica Disciplina inserida na área de atuação que juntamente ao projeto arquitetônico possui o objetivo de qualificar o ambiente interno para seus usuários O Processo de projeto de arquitetura é uma área de atuação multidisciplinar na qual o profissional por sua vez utilizase de vários artifícios estéticos e tecnológicos para a ambientação dos espaços Esta disciplina possibilitará ao acadêmico criar repertório para a utilização adequada do paisagismo em seus projetos Sobretudo ela se propõe a deixar o profissional preparado para o mercado atual uma vez que a demanda de projetos de paisagismo vem crescendo paralelamente ao crescimento das cidades PROGRAMA DA DISCIPLINA EMENTA Introdução ao paisagismo fundamentos e principais tendências Fatores condicionantes da paisagem Critérios de especificação de vegetações tropicais subtropicais e exóticas Intervenção no espaço urbano conceitos básicos e procedimentos Elementos compositivos no projeto de paisagismo Estudo de composição de praças e jardins OBJETIVO GERAL Entender o paisagismo e seus principais fundamentos discutindo aspectos conceituais referentes ao projeto de paisagismo seus elementos funcionais perceptivos estéticos e sua relação com o contexto urbano além de capacitar o aluno na concepção projeto e representação dos espaços com o objetivo de oferecer conforto e bemestar a seus usuários APRESENTAÇÃO DA AUTORA JOICE NATALIA CORDEIRO Graduada no Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Avantis UNIAVAN 2019 Trabalha como arquiteta autônoma na cidade de Itapema e região Nos projetos atuantes em sua maioria residenciais multifamiliares participou de todas as etapas de projeto desde a concepção até sua execução Além disso participou de projeto efêmeros para os corredores do BFS Balneário Fashion Show e Ecole Brasil Atualmente faz especialização em Docência em ensino superior na Uniasselvi Desde 2020 atua como tutora no Curso de Arquitetura e Urbanismo e Design de Interiores do UNIAVAN nas disciplinas de praticamente toda a grade do curso Lattes httplattescnpqbr2604785195345832 PROFESSOR SUMÁRIO UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AO PAISAGISMO FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS TENDÊNCIAS 11 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 12 INTRODUÇÃO À UNIDADE 13 11 PRINCIPAIS CONCEITOS DO PAISAGISMO 13 111 Paisagem 14 112 Paisagismo 14 113 Lugar e Não lugar 17 12 A EVOLUÇÃO DO PAISAGISMO 20 121 Primeiras Civilizações 21 122 A Grécia Antiga e Roma 22 123 Jardim Persa 24 124 Idade Média 25 125 Renascimento 26 126 Jardim Italiano 28 127 Jardim Francês 29 128 Jardim Inglês 31 129 Jardim Oriental 31 1210 Jardim Contemporâneo 32 1211 Jardim Modernista 34 13 O PAISAGISMO BRASILEIRO 35 14 PAISAGISMO ATUAL UM OLHAR PARA O FUTURO 37 141 Design Biofílico 40 PARA SINTETIZAR 44 GLOSSÁRIO 45 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 46 REFERÊNCIAS 47 UNIDADE 2 FATORES CONDICIONANTES DA PAISAGEM E CRITÉRIOS DE ESPECIFICAÇÃO DE VEGETAÇÕES TROPICAIS SUBTROPICAIS E EXÓTICAS 49 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 50 INTRODUÇÃO À UNIDADE 51 21 FATORES CONDICIONANTES DA PAISAGEM 51 211 O levantamento do Espaço 52 212 Clima e Estações 54 213 Terra e Topografia 56 214 Água 57 215 Elementos Vegetais 59 2151 Árvores 60 2152 Arbustos 65 2153 Forrações 67 2154 Plantas Aquáticas 70 22 CRITÉRIOS DE ESPECIFICAÇÃO DE VEGETAÇÕES TROPICAIS SUBTROPICAIS E EXÓTICAS 72 221 Clima 73 222 Água e Solo 73 223 Economia 74 224 Periculosidade 74 225 Crescimento e Biodiversidade 75 226 Atributos da Vegetação 75 PARA SINTETIZAR 79 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 80 GLOSSÁRIO 82 REFERÊNCIAS 83 UNIDADE 3 INTERVENÇÃO NO ESPAÇO URBANO CONCEITOS BÁSICOS PROCEDIMENTOS E ELEMENTOS COMPOSITIVOS NO PROJETO DE PAISAGISMO 85 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 86 INTRODUÇÃO À UNIDADE 87 31 PROCEDIMENTOS E ETAPAS DE PROJETO 87 311 Identificação do Cliente 88 312 Programa de Necessidades 89 313 Diretrizes e Conceito de Projeto 90 314 Zoneamento 91 315 Estudo Preliminar 92 316 Anteprojeto 93 317 Projeto Executivo 93 318 A Execução do Projeto 94 32 A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA PARA PROJETOS DE PAISAGISMO 95 33 FUNÇÕES DA VEGETAÇÃO 99 331 Função Estética 100 332 Função Social do Paisagismo 103 333 Função Ambiental do Paisagismo 106 34 O USO EM PAISAGISMO TIPOS DE LAZER 108 PARA SINTETIZAR 111 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 112 GLOSSÁRIO 114 REFERÊNCIAS 115 UNIDADE 4 ESTUDO DE COMPOSIÇÃO DE PRAÇAS DE JARDINS 117 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 118 INTRODUCÃO À UNIDADE 119 41 ESTILOS DE JARDIM 119 411 Jardim Clássico ou Formal 120 412 Jardim Seco Desértico ou Rochoso 121 413 Jardim Oriental ou Zen 124 414 Jardim Tropical 126 415 Jardim Contemporâneo 128 42 CIRCULAÇÕES COMO DEFINIDORAS DE PROJETO 129 43 DESENHO UNIVERSAL EM PAISAGISMO 135 44 MATERIAIS APLICADOS A PROJETOS 138 441 Materiais Artificiais 139 442 Materiais Naturais 141 4421 Madeira 141 4422 Pedras 144 443 Vasos e Mobiliários Urbanos 146 4431 Vasos 147 4432 Mobiliários Urbanos 148 PARA SINTETIZAR 150 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 151 GLOSSÁRIO 153 REFERÊNCIAS 154 1 UNIDADE INTRODUÇÃO AO PAISAGISMO FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS TENDÊNCIAS 12 PAISAGISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Entender a disciplina de Paisagismo e seus principais fundamentos para conhecer os critérios básicos e soluções aplicadas ao projeto de paisagismo Propiciar padrões referenciais de espaços nos ambientes externos e internos 13 PAISAGISMO INTRODUÇÃO À UNIDADE O ser humano possui o hábito de modificar a paisagem desde a préhistória principalmente após o desenvolvimento da agricultura Posteriormente com o caminhar evolutivo e o desenvolvimento das cidades o paisagismo aparece inserido no processo de urbanização até chegar às residências Normalmente ao se falar em paisagismo relacionamos com espaços de jardim porém esta área de estudo se amplificou com o passar do tempo tornandose fundamental para o convívio e lazer do ser humano Podemos ver sua aplicação em pequenos jardins residenciais ou nos trabalhos urbanísticos em grandes escalas e parques em nossas cidades Desta forma conceitos gerais relacionados ao paisagismo são fundamentais para o processo de projeto entendimento da proposta e futuramente para o trabalho prático nas especificações de vegetações dentro das intenções projetuais Na Unidade 1 deste caderno de estudos faremos uma breve introdução ao paisagismo desde sua terminologia passando por seus principais períodos históricos e evolução do conceito do termo e da ocupação dos espaços públicos e privados ao longo do tempo Além disso apresentaremos conceitos e exemplos práticos atuais para um entendimento geral de como esta área de atuação está se comportando e quais são seus principais direcionamentos para o mercado 11 PRINCIPAIS CONCEITOS DO PAISAGISMO É certo que a história do universo é escrita sobre a paisagem A compreensão dos conceitos e terminologias poderá nos ajudar a ter uma visão completa sobre o Paisagismo 14 PAISAGISMO 111 Paisagem Podemos atribuir ao termo paisagem diversos sentidos considerando que sua aplicação é vista em várias áreas do conhecimento Em nosso objeto de estudo o paisagismo e o termo paisagem referemse ao conjunto de elementos edificados ou não que apresentam transformações em um dado tempo inseridos em um local Um jardim ou paisagem projetada pode empregar pontos focais que são elementos dispostos no espaço Entendese por pontos focais elementos individuais que compõem um conjunto formando a paisagem ABBUD 2007 p 28 112 Paisagismo A partir da paisagem apresentada o paisagismo é uma área de atividade que alia o conhecimento técnico com a sensibilidade Tem como objetivo a criação de paisagens nas suas diversas escalas de trabalho visando integrar o homem à natureza O paisagismo pode tanto assumir funções complementares às demais áreas de conhecimento como a Arquitetura o Urbanismo e o Design de Interiores ou ser ele mesmo o protagonista do espaço Explorar o passar entre certos elementos é recurso interessante para criar situações e sensações diferentes Por isso o paisagismo torna se uma área de estudo onde o profissional deve aliar conhecimentos técnicos com o desejo de criar ambientes e situações que despertem interesses em seu usuário ABBUD 2007 p 29 Nós profissionais de paisagismo somos responsáveis pela elaboração de ambientes que sejam ao mesmo tempo contemplativos e funcionais Para isso na elaboração 15 PAISAGISMO do projeto e criação dos espaços devemos utilizar e explorar as espécies materiais e revestimentos selecionados para transmitir sensações distintas trabalhando com uma experiência sensorial Por exemplo a escolha de uma espécie mais ou menos densa com a copa alta ou baixa proporciona entrada de iluminação diferente no espaço causando sensações únicas aos usuários Diferente da arquitetura não é possível trabalhar com esses elementos dinâmicos e acreditar que eles sempre permanecerão da mesma forma Ou seja os elementos do jardim são flexíveis fluidos e variam de acordo com as condicionantes climáticas Figura 1 Elementos Paisagísticos Fonte Elaborada pela autora 2020 Na figura acima identificamos de que modo em um espaço externo mesmo não possuindo limites físicos como paredes pisos e tetos o paisagismo pode auxiliar na definição destes limites não edificados através da combinação de elementos e espécies definidas em projeto No plano de piso podemos contar por exemplo com o uso de espécies de forrações pedras areia e água Já para o uso de planos verticais é possível selecionar espécies distintas para aplicação dependendo da necessidade de privacidade ou não Para planos de teto podemos nos basear na escolha de espécies com copas altas ou pergolados aliados a espécies de trepadeiras para os fechamentos necessários 16 PAISAGISMO Há que se planejar o que estará acima das nossas cabeças como os tetos na arquitetura utilizandose as copas das árvores os pergolados os caramanchões etc Devese pensar também no que estará na frente de nossos olhos funcionando mais ou menos como paredes e balizas verticais os arbustos as árvores os taludes as rochas as dunas os morros as montanhas as grandes escadas e os muros Igualmente importante na definição espacial será aqui sob os nossos pés os gramados os pisos as pequenas escadas as rampas as muretas as superfícies de água os elementos que podem se estender até o horizonte e encontrar as montanhas ou o céu ABBUD 2007 p 21 Figura 2 Esquema de Planos Fonte Elaborada pela autora 2021 NA PRÁTICA Ao distribuirmos vegetações de uma mesma espécie e altura tendemos a criar planos verticais Já se especificarmos espécies com copas maiores permite a criação de planos de teto como exemplificado na imagem acima 17 PAISAGISMO 113 Lugar e Não lugar Para Abbud 2007 é necessário que haja a definição de lugares para a concepção do projeto de paisagismo Independentemente dos conceitos projetuais adotados as definições de Lugar e Não Lugar estão intrinsicamente ligadas à sua utilização podendo ser entendidos como Lugar espaço agradável que estimula o encontro de pessoas e a permanência para a realização de atividades ou não deverá propiciar conforto A vegetação e o mobiliário são elementos fundamentais para a composição deste espaço Considerando um espaço agradável é de extrema importância a aplicação de elementos como escala e proporção corretamente a fim de criar espaços que estimulem sensações de bemestar criação de desejos de permanência e uso constante conforme podemos observar nas imagens abaixo Figura 3 Representação Conceito de Lugar 1 Fonte Shutterstock 2020 18 PAISAGISMO Figura 4 Representação Conceito de Lugar 2 Fonte Shutterstock 2021 Nas imagens acima conseguimos demonstrar o conceito de Lugar Figuras 3 e 4 através do mobiliário jogo de luz e sombra vegetação e materialidade do piso proposto criando um conjunto de elementos para garantir que os espaços demonstrados sejam para permanência de usuários Não Lugar espaço que une dois lugares ou seja elemento de transição ou passagem circulação de não permanência Porém não por esta razão deve ser considerado menos importante ou não pensado para possuir características sensoriais criando surpresas durante o percurso para o usuário 19 PAISAGISMO Figura 5 Representação Conceito de Não Lugar 1 Fonte Shutterstock 2021 Figura 6 Representação Conceito de Não Lugar 2 Fonte Shutterstock 2021 20 PAISAGISMO Nas Figuras 5 e 6 identificamos a presença do paisagismo na composição de vegetação do muro paginação de piso sentido básico de orientação e evidenciamos o plano de teto piso e vertical ainda podemos destacar a sequência de pilares trazendo ritmo à circulação No entanto as duas caracterizamse como espaço de passagem e transição não de permanência Segundo Abbud 2007 p 25 um bom projeto de paisagismo precisa de Lugares e Não Lugares Desta forma nós profissionais desenvolvedores de projeto conseguimos equilibrar criando cenário e ambientes diferentes para cada uso 12 A EVOLUÇÃO DO PAISAGISMO Apesar de o termo paisagismo ter seu reconhecimento de forma tardia em nosso país somente na década de 80 suas práticas podem ser identificadas desde o período Neolítico com o surgimento da agricultura assumindo traçados e intenções distintas de acordo com o contexto sociocultural e período histórico Cada civilização que passou deixou sua marca de alguma maneira importante fazendo com que o paisagismo passasse pela evolução juntamente com as cidades e por modificações com as funções das edificações Atualmente aproximase cada vez mais dos edifícios o que é sobretudo uma forma de reconexão com a natureza perdida pela grande selva de concreto em que as cidades estão estruturadas Os jardins apareceram inicialmente na China e no Egito que criaram duas vertentes de jardim o naturalista e o clássico Até o Século XVIII o jardim de origem egípcia aparece de forma dominante nos jardins gregos romanos árabes italianos e franceses Sendo as influências dos jardins orientais resgatadas em muitos jardins que se aproximam do formato que vemos hoje com conceitos naturalistas 21 PAISAGISMO 121 Primeiras Civilizações As civilizações ocidentais foram as precursoras de diversas técnicas que contribuíram para a evolução do homem incluindo o domínio da agricultura e o paisagismo Os primeiros relatos de estruturas de jardins foram produzidos pelos povos Sumérios os quais habitavam a região da Mesopotâmia hoje atual Iraque Em uma paisagem entre rios e vales planos conhecida como berço da civilização foi possível identificar grandes estruturas de tijolos construídas os Zigurates Conhecidas como grandes pirâmides primitivas apesar de não ter se comprovado por meio de vestígios acreditase que estas estruturas apresentavam em seu topo jardins cobertos por vegetação Através de relatos encontrados com datas de 3000 aC tornaramse posteriormente conhecidas como Jardins Suspensos da Babilônia sendo consideradas uma das sete maravilhas do mundo antigo Figura 7 Jardins Suspensos da Babilônia Fonte Shutterstock 2021 É notável em qualquer obra da civilização egípcia a monumentalidade e grandiosidade na composição de seus monumentos e templos Na imagem acima podemos identificar o Templo Carnac a presença do paisagismo na demarcação até o seu acesso criando uma composição entre o edificado e o natural 22 PAISAGISMO Os Egípcios ao contrário dos artistas rupestres concebiam suas obras segundo dimensões dadas possuíam a necessidade de distribuir e ajustar as formas e tamanhos quer dizer de compor Na composição geral das obras os artistas egípcios idealizaram um sistema de medidas específico para a realização de suas figuras e o aplicaram a todos os temas compositivos Desta forma seus jardins eram planejados de acordo com os pontos cardeais e possuíam extrema simetria A introdução de espécies floríferas é considerada a principal contribuição da civilização ao paisagismo que passa a assumir papel decorativo NA PRÁTICA A preocupação que temos hoje ao fazer um projeto de paisagismo que traga equilíbrio para o ambiente como se fosse um verdadeiro ecossistema é uma característica herdada deste período 122 A Grécia Antiga e Roma Ao se deslocar do Egito até à Grécia a civilização mediterrânea muda seu pensamento e visão do mundo criando novos padrões de composição A sociedade grega foi precursora de grandes ensinamentos como a ciência e a filosofia e por novo padrões de desenvolvimento urbano e domínios de técnicas construtivas para estradas e aquedutos o que impulsionou a criação e o desenho das cidades de maneira antes não conhecida Foi na Grécia antiga que surgiu o conceito de genius loci palavra que era interpretada na época de seu surgimento como espírito de lugar O domínio da terceira dimensão a sensação de profundidade e espaço contribuíram também para as suas composições paisagísticas 23 PAISAGISMO Desta forma os jardins gregos fugiam da simetria e regularidade egípcia assumindo visuais e características mais naturais moldandose à topografia irregular local Os gregos desenvolveram suas paisagens através do cultivo de plantas frutíferas composição em seus jardins com a utilização de elementos decorativos de figuras Figura 8 Terraço Grécia Fonte Shutterstock 2021 Segundo Castellan 2006 podemos dizer que a ágora grega foi a precursora do fórum imperial romano das grandes piazzas e praças das capitais da Europa Em Roma por possuir grande influência Grega é característico o uso de elementos decorativos e composições formais muito similares entre os dois Podemos notar um aumento de dimensões dos jardins e ao mesmo tempo uma aproximação dos espaços de moradia Os jardins romanos eram projetados de forma a funcionarem como continuidade dos espaços privados residenciais Possuíam seus limites e muros geralmente com a presença de vegetação ou pinturas remetendo a espécies e à paisagem simbolizando a extensão do próprio jardim 24 PAISAGISMO NA PRÁTICA Deste período herdamos características de composições frutíferas principal mente nos últimos tempos em que se tende a retornar cada vez mais à alimenta ção cultivada em casa Nas duas civilizações a vida pública possuía grande importância no dia a dia das cidades Espaços ao ar livre eram destinados a práticas esportivas trocas comerciais desenvolvimento intelectual fundamentais para o crescimento de uma sociedade Comportamentos de socieda des antigas que influenciaram no planejamento urbano de nossas cidades sendo que arqui tetos e paisagistas de hoje ainda possuem em mente a importância de projetos de espaços públicos nos nossos centros urbanos 123 Jardim Persa O Jardim Persa era caracterizado por sua formalidade e muita arborização sendo comum a utilização de ornamentos em forma de animais Figura 9 Jardins de Eram Fonte Shutterstock 2021 25 PAISAGISMO Como podemos ver na imagem acima no centro dos jardins havia fontes com revestimentos azuis estimulando o sentido háptico e trazendo frescor estratégia muito usada atualmente nas piscinas e espelhos dágua 124 Idade Média Neste período destacaramse grandes mosteiros e castelos mas apesar da imponência da arquitetura existente os jardins foram marcados por sua simplicidade A terra era de controle Feudal centralizado de modo que a maioria dos espaços livres estavam sob controle de reis e nobres e o espaço público existia porém com outra utilização Desta forma os espaços destinados a plantio apareciam de maneira mais escassa menores e localizados enclausurados nas edificações Eram utilizados para o cultivo de plantas destinadas a fins alimentícios medicinais e espécies ornamentais Figura 10 Palácio Medieval Fonte Shutterstock 2021 26 PAISAGISMO Dada a simplicidade retomada aos espaços externos os jardins possuíam caminhos em ângulos retos seus limites verticais eram preenchidos por cercas vivas incluindo a existência de labirintos com a utilização da própria vegetação para isso O desenho urbano da cidade medieval se configurava em favor de proteção de seus moradores e as ruas possuíam traçado irregular sendo extremamente apertadas Os espaços residenciais eram enclausurados voltados ao interior e muito próximos uns aos outros SAIBA MAIS Jardins da Idade Média Durante este período surgiram duas tipologias de jardim Jardins Monacais compostos por quatro partes principais horta pomar plan tas medicinais e flores Jardins Mouriscos com dimensões pequenas os principais elementos são a água o perfume e a cor A água tinha função de amenizar o calor e de irrigação 125 Renascimento Ao contrário do período medieval o Renascimento se caracterizou como o período de ressurgimento de ideias e de iluminação A composição artística teve seu momento culminante no Renascimento Italiano Com o domínio da perspectiva abriramse novas possibilidades na resolução do espaço como conseguir coerentemente o efeito de profundidade e distância Ideias de proporção ordem e geometria são encontradas nos desenhos das edificações cidades e dos seus jardins 27 PAISAGISMO Neste período os jardins europeus do Século XV ao Século XVIII eram suntuosos e elaborados e incluíam elementos como estátuas e fontes porém cada país possuía suas características próprias HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DOS JARDINS 2020 Figura 11 Parque de María Luisa Espanha Fonte Shutterstock 2021 O jardim clássico conhecido até hoje teve seu início durante o período do Renascimento Italiano Como partes presentes deste espaço encontravamse elementos divinos como destaque As plantas eram interpretadas como belas esculturas que agora recebiam podas com extrema simetria e alinhamento Neste período temos o surgimento dos primeiros jardins botânicos e o desenvolvimento do uso e cultivo de plantas exóticas nas suas composições Os jardins formais anteriormente com funções específicas de comércio e eventos sociais tornaramse ambientes de lazer e passatempo utilizando a água e seus chafarizes como elementos fundamentais para tal propósito 28 PAISAGISMO 126 Jardim Italiano Este modelo foi difundido em propriedades de campo afastadas da cidade as quais possuíam um espaço amplo para a sua construção Assim os grandes jardins de lazer eram compostos por jogos de escadas chafarizes colunas e terraços valorizando e destacando o acesso à residência Figura 12 Jardim Italiano Fonte Shutterstock 2021 Nestes jardins era encontrada maior presença de vegetações de pequeno e grande porte dispostas simetricamente à medida que se ia afastando do edifício No território Italiano com uma topografia mais acidentada o transporte de água era feito através de sistemas hidráulicos com aproveitamento da gravidade e embelezando os patamares os quais compunham o acesso entre o jardim e a edificação 29 PAISAGISMO 127 Jardim Francês Neste período os jardins eram executados para seus reis e principais nomes da burguesia A grandiosidade e a composição eram símbolos de poder e ostentação É possível identificar elementos similares ao Jardim Italiano com grande predominância Com paisagens mais planas e o uso de vegetações mais baixas contribuíam para enaltecer a arquitetura A perspectiva no modelo Francês era trabalhada com propostas de caminhos em grandes dimensões delimitados por espécie com topiaria formando os canteiros SAIBA MAIS Topiaria Arte de adornar os jardins conferindo a grupos de plantas por meio de podas e cortes configurações diversas Figura 13 Jardim com Topiaria Fonte Shutterstock 2021 30 PAISAGISMO O exemplo mais representativo e conhecido do jardim francês é o Jardim do Palácio de Versalhes de Luís XV O jardim de Versalhes possui 732 hectares e 3 quilômetros de extensão Sua composição foi pensada em cima de terraços abertos Seus jardins eram distribuídos por caminhos regulares simétricos e delimitados por vegetações ornamentais direcionando até os pontos principais do espaço como os chafarizes modelo clássico de jardim francês Figura 14 Palácio de Versalhes Fonte Shutterstock 2021 SAIBA MAIS Que tal uma viagem até Versalhes Faça um tour virtual e descubra um pouco mais sobre esta grandiosa obra da arquitetura e do paisagismo Aproveite Acesse httpsartsandculturegooglecomstreetviewpalaceofversaillescwE5CwK49O0y 5Qsvlng21204786svlat488051117svh18281702557110944svp0svpidhN vuL7DMigMQkjP6BRku1Asvz26059216571440187 31 PAISAGISMO 128 Jardim Inglês O Jardim Inglês se opõe drasticamente ao estilo Francês haja vista que as características principais se voltam mais ao naturalismo da composição e das formas ou seja a regularidade deixa de ser presente e os espaços e vegetações estão dispostos de maneira informal remetendose ao seu estado original de crescimento e uma diversificação de espécies maior Em seus espaços podemos identificar grandes áreas verdes gramadas assim como o plantio era realizado de acordo com o ambiente natural causando paisagens distintas em um único jardim O elemento água aparece em forma de grandes espelhos dágua ou lagos O Jardim Inglês se consolidou na Europa e influenciou as demais composições e desenhos de parques Modelos que podemos ver replicados até hoje 129 Jardim Oriental O objetivo deste jardim era criar experiências contemplativas sem grandes atividades propiciando o silêncio e buscando sempre a ligação com o nosso interior A conexão com o espiritual e o simbólico era passada através dos espaços de meditação criados em meio ao lago rodeados de pedras areia e ponto de passagem Seus caminhos possuíam características irregulares não existia simetria o jardim era desenvolvido em função das configurações naturais do terreno com a presença natural dos morros e vegetação existente A exploração dos espaços era prevista para contemplação a pé e cada elemento tinha sua importância 32 PAISAGISMO Figura 15 Jardim Oriental Fonte Shutterstock 2021 A tipologia da vegetação escolhida são espécies com características perenes que possuem folhagem durante todo o ano veremos este termo nas próximas unidades Tem o intuito de ter o visual mais estável possível sem alterações Completando a simbologia os lagos eram repletos de peixes carpas representando fecundidade 1210 Jardim Contemporâneo As grandes alterações da paisagem naquele período tiveram início principalmente nos Estados Unidos e na GrãBretanha peças fundamentais na Revolução Industrial Com o aumento da população nas cidades a necessidade de urbanização se potencializou Os parques públicos surgiram para amenizar o caos de uma cidade industrializada e trazer aos usuários hábitos melhores de saúde e lazer 33 PAISAGISMO Em um momento no qual a divisão de classes era nítida alguns parques eram um dos poucos locais na cidade onde as classes conviviam Os jardins neste período eram influenciados por condicionantes climáticos e locais como vegetação clima e topografia ou por alguma necessidade de uso ao local Não houve criação de novos parâmetros estéticos de composição ou estilo pois somavam diversas influências paisagísticas dos jardins que o sucederam Figura 16 Central Park Fonte Shutterstock 2021 Um sentimento geral do espaço coletivo era criado e os parques e equipamentos urbanos tinham o intuito de fornecer lazer aos usuários de uma cidade em constante crescimento Ainda nos EUA o espaço privado de jardim uniase à intenção de criar parques contínuos e de acesso a todos Como legado deste período temos o Central Park em Nova Iorque projeto idealizado por Frederick Law Olmsted tendo sido inaugurado em 1957 A partir deste exemplo conseguimos identificar a importância de um projeto de paisagismo Mesmo passando por períodos de modificações urbanas e diferentes gerações fazerem uso é uma peça fundamental da cidade até hoje Neste momento a profissão paisagista ganhou força em função da demanda 34 PAISAGISMO existente com a criação de parques públicos estradas conectando cidades distantes construções de pontos e a necessidade de um aprofundamento no planejamento urbano dos grandes centros Grandes pensadores modernistas apostavam que a necessidade do desenho urbano solucionaria questões de deslocamento e seria capaz de proporcionar melhorias no cotidiano das cidades SAIBA MAIS Você sabia que o Central Park foi cenário de muitos filmes e séries que conhe cemos É o caso de Vingadores Friends e até mesmo o Zoo de Madagscar Abaixo link com lista de filmes que levaram o Central Park às telinhas Acesse httpsg1globocomgloboreporterinteratividadenoticia20191213novayorkco mocenariorelembre20filmeseseriesfamososquetiveramacidadecomocenarioghtml 1211 Jardim Modernista Seguindo os conceitos modernistas com linhas puras e objetivas os jardins evidenciaram forma e função dos espaços Se na arquitetura o modernismo aparece com formas retilíneas e mais rígidas no seu paisagismo houve uma adequação deste traçado em função de algumas espécies utilizadas quando não era possível seguir com a regularidade de sua linha de pensamento Grandes modelos de cidades modernas foram erguidos como símbolo de poder No Brasil Brasília foi precursora da cidade construída com um novo objetivo uma nova ideia de progresso partindo do zero 35 PAISAGISMO Figura 17 Jardim de Burle Marx em Brasília Fonte Shutterstock 2021 O conceito geral divide a cidade em quadras sendo o ideal para moradia estar próximo aos demais usos necessários no dia a dia do morador incluindo suas áreas de lazer ao ar livre por isso a criação das superquadras arborizadas Ou seja em uma mesma quadra temos moradia áreas de lazer arborizadas estacionamentos áreas comerciais escritórios etc Burle Marx paisagista brasileiro participou da concepção de Brasília assim como Oscar Niemeyer e o urbanista Lucio Costa 13 O PAISAGISMO BRASILEIRO O paisagismo brasileiro é marcado principalmente por influências europeias e foi assim que ele se desenvolveu após a colonização portuguesa No início nas residências brasileiras o espaço no terreno destinado ao jardim era para o cultivo de plantas medicinais ou para alimentação não existindo a preocupação 36 PAISAGISMO formal e estética de um jardim pois o uso era restritamente para o consumo sem caráter contemplativo ou de lazer Somente com a criação do Jardim Botânico em 1807 no Rio de Janeiro introduziu se um olhar ornamental para o paisagismo com o cultivo de espécies nativas e exóticas Figura 18 Jardim Botânico do Rio de Janeiro Fonte Shutterstock 2021 No Século XX surgiu o grande nome do paisagismo brasileiro Roberto Burle Marx 1909 1994 com seu primeiro trabalho em 1934 na cidade de Recife Seus jardins e suas produções têm por características o uso de espécies nativas provenientes das diferentes regiões do país compondo um traçado com linhas orgânicas e coloridas claramente tropicais Durante sua carreira Burle Marx criou um vasto portfólio e seus trabalhos podem ser encontrados em várias partes do nosso país e no exterior 37 PAISAGISMO SAIBA MAIS Conheça um pouco mais sobre a obra de Burle Marx acessando o link http institutoburlemarxorg SUGESTÃO DE VÍDEO Segue abaixo a indicação de um vídeo para conhecer mais sobre este incrível paisagista brasileiro httpswwwyoutubecomwatchvolys5utVIQ 14 PAISAGISMO ATUAL UM OLHAR PARA O FUTURO Compreendemos ao fim desta unidade que o paisagismo foi se moldando com o passar do tempo de acordo com a evolução a mudança de parâmetros sociais e da maneira como se vive o espaço O elemento jardim antigo na época do Renascimento por exemplo possuía certa finalidade a qual não será a mesma para um indivíduo que habita hoje as nossas cidades O paisagismo área de estudo atualizada em seu tempo agora assume uma preocupação fundamental com nosso ecossistema Os novos modelos de paisagismo buscam projetos que resolvam questões ecológicas ambientais sociais e econômicas com a inserção do homem Assim os elementos naturais tornamse espaços cada vez mais valorizados e necessários de inserções em nosso dia a dia 38 PAISAGISMO Figura 19 High Line Park NY Fonte Shutterstock 2020 O paisagismo é uma vertente de trabalho que traz diversos benefícios para os ambientes internos e externos Além da harmonização estética do ambiente auxilia no controle da temperatura qualidade do ar estimula sensações além de poder produzir alimentos dependendo do estilo escolhido Quantos habitantes em nosso país por exemplo residem em apartamentos cada vez menores e se utilizam de pequenos espaços internos ou nas varandas para criarem a sensação de jardim ou recorrem a parques urbanos que permitam o contato com o meio natural O paisagismo é fundamental neste contato com a terra e com os elementos naturais Na figura abaixo veremos a aplicação do paisagismo também em ambientes internos comerciais e coletivos onde será possível projetar a ambiência desejada criando sensações de bemestar em locais de curta permanência para atividades específicas Além de contribuir com a identidade visual da marca criando sensações e especificidades que a caracterizem 39 PAISAGISMO Figura 20 Sala de Meditação e Uso da Vegetação Fonte Shutterstock 2020 De acordo com Bellé 2013 o jardim atual é utilizado para estimular as relações sociais atuando na coletividade Porém quando projetado para o uso privado das residências assume papéis diferenciados como espaço para brincadeiras de crianças atividades esportivas e de lazer externas além de atividades individuais como meditação e leitura Desta forma tem se visto a vegetação aplicada ao paisagismo de diversas maneiras nos espaços internos e na cidade porém todas com a preocupação da escolha correta das espécies praticidade e baixo custo de manutenção A tecnologia atual nos apresenta diferentes produtos como vasos quadros verdes que contemplam irrigações controladas e periódicas até por aplicativos Todos com o objetivo de minimizarem os cuidados necessários para manutenção de cada tipologia de vegetação auxiliando tanto os usuários de espaços privados quanto principalmente espaços coletivos e públicos na hora da manutenção Quando o jardim está localizado em áreas comuns de empreendimentos residenciais Ivo 2012 afirma que trazem a possibilidade de o usuário usufruir das áreas sem que haja receios aos seus arredores Isso quer dizer que no meio de grandes cidades nas quais a insegurança em morar em casas levou grande parte da população a optar por apartamentos você tem a possibilidade de conciliar os pontos positivos de ter um jardim em casa com a segurança 40 PAISAGISMO de morar em um apartamento Consideramse três vertentes em que o paisagismo contemporâneo tem se apresentado Organização Espacial relações com a arquitetura da paisagem com foco na organização espacial do ambiente através de elementos ligados à estética Percepção ligada a suprir as expectativas sociais Busca a criação de espaços com elementos lúdicos e que estimulem sensorialmente o usuário Paisagismo Ambiental busca sustentabilidade valorizando a natureza e incentivando a relação do meio ecossistema com a sociedade Esses elementos e os exemplos apresentados acima deixam claro que o paisagismo contemporâneo está caminhando para uma conscientização ambiental necessária e fica evidente a necessidade de os espaços verdes serem mais do que somente áreas com vegetação e de contemplação como eram antigamente Devese buscar incentivos e estímulos sensoriais de todas as formas para que o usuário se sinta sensibilizado no espaço e possa de alguma maneira interagir com ele A função somente estética se torna vazia quando não está vinculada a outros artifícios de integração e uso do jardim O uso e a especificação de elementos naturais que estudaremos em nossa próxima unidade devem ser usados com diversidade de cores dimensionamentos texturas para a criação de um jardim dinâmico e funcional 141 Design Biofílico Entendemos que o paisagismo melhora a qualidade de vida e é extremamente essencial para os tempos atuais visto que ocorre cada vez mais o crescimento das cidades muitas vezes de forma não planejada afastando o ser humano da natureza O Design Biofílico surge como uma resposta alarmante a esses condicionantes sendo umas das principais vertentes do paisagismo atualmente Segundo Alves 2010 diferentemente dos jardins clássicos que se desenvolveram basicamente no sentido da visão o jardim contemporâneo desfruta dos sentidos a fim 41 PAISAGISMO de aproximar o usuário de sua essência criando cenários onde os sons da natureza o sabor e o cheiro das vegetações e materiais naturais passam a atuar como estimuladores da interrelação entre o humano e a natureza Design Biofílico significa literalmente amor à vida Para utilizar uma abordagem biofílica devemos fazer uso de formas e elementos naturais e promover o contato com a natureza Além disso a biofilia tem se mostrado uma estratégia com diversos benefícios sendo alguns deles melhoria na qualidade de vida ajuda na concentração redução de estresse estimula a criatividade além de agregar no fator estético e trazer tranquilidade É certo que a pandemia causada pelo Covid19 mudou de muitas formas a nossa percepção com o espaço Juntamente com isso ficou muito mais evidente o termo biofilia seja para utilização em espaços comerciais ou residenciais O design biofílico vai muito além de simplesmente adicionar vasos de plantas nos espaços ele combina elementos e cria um ambiente cheio de sensações Figura 21 Esferas da Amazon Fonte Shutterstock 2021 Como já falamos anteriormente o paisagismo é considerado a única vertente capaz de utilizar os cinco sentidos e o Design Biofílico vem para reforçar essa ideia Quando 42 PAISAGISMO criamos ambientes multissensoriais estamos criando ambientes únicos e capazes de despertar diferentes experiências sensações e emoções nos usuários Quando falamos de espaços públicos uma cidade biofílica promove a conexão dos cidadãos com a flora e a fauna nativas conscientiza sobre os impactos ambientais das grandes cidades e cria a interação com a natureza SAIBA MAIS Conheça um pouco mais sobre a biofilia e sua aplicabilidade em projetos de paisagismo Acesse 1 httpswwwarchdailycombrbr0199393oqueeumacidadebiofilicaadsourcelas siadmediumprojectstabadsourcelassiadmediumlassiresultall 2 httpswwwarchdailycombrbr955529biofilianaarquiteturaestrategias naturaiseminterioreseexterioresadsourcesearchadmediumprojectstabad sourcesearchaddiumsearchresultall SUGESTÃO DE VÍDEO BIOFILIA em busca da conexão Acesse httpswwwyoutubecomwatchvR840HRw6KYt7s FÓRUM Com base nos estudos apresentados na Unidade 1 deste caderno utilize a plataforma online e interaja com os seus colegas da disciplina a respeito dos seguintes questionamentos 1 Como percebemos e vimos muitas vezes algumas novas civilizações resgatam ou utilizam características históricas das antecessoras Você consegue perceber alguma herança dos perío dos estudados nos espaços públicos e jardins residenciais na sua cidade atualmente 43 PAISAGISMO 2 Ficou claro que desde o início das civilizações os jardins nas residências tinham usos e funções diferentes de acordo com sua época inserida Atualmente qual o papel do paisagismo em nossas casas e apartamentos 3 Falamos nesta unidade sobre um dos maiores paisagistas brasileiros Roberto Burle Marx Comente sobre suas obras e as principais marcas que deixou com seu estilo de projetar 4 Vimos que o paisagismo caminha juntamente com a evolução das cidades Para você qual o paisagismo do futuro Como você imaginaria sua evolução 44 PAISAGISMO PARA SINTETIZAR Nesta primeira unidade estudamos sobre os principais fundamentos do paisagismo sua evolução histórica junto à evolução humana É fundamental entendermos a evolução das cidades e o modo de vida como as pessoas utilizavam seus espaços públicos e privados e ainda como o paisagismo e o uso da vegetação estavam inseridos em cada época Interpretamos e compreendemos como os jardins internos ou externos sempre tiveram papel importante nos espaços e na formação de nossas cidades tornando se pontos de encontros trocas comerciais e relações sociais auxiliando na evolução e crescimento da sociedade Compreender esse quadro evolutivo é fundamental para a leitura de onde estamos hoje e como estamos nos relacionando com os espaços de jardins Por isso percebemos a sua importância em nossas casas e espaços em geral para onde vamos caminhar como podemos nos utilizar deste artifício de projeto para proporcionar melhoria e qualidade de vida aos nossos clientes Com os conhecimentos adquiridos na primeira unidade é possível evoluirmos para uma nova etapa que são os fatores condicionantes de projeto e critérios de especificações de vegetação para podermos aplicálos em nosso dia a dia 45 PAISAGISMO GLOSSÁRIO Biofilia amor à vida Paginação efeito de paginar estabelecer padrão disposição de algo Projetuais faz referência a projeto realizado com o propósito específico de criar e desenvolver algo 46 PAISAGISMO EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 Sobre os conceitos de Lugar e Não lugar é correto o que se afirma em a O Lugar é um elemento de transição ou passagem b O Não Lugar geralmente une dois espaços e não precisa ser tão pensado quanto o lugar c A principal diferença entre Lugar e Não Lugar é o fato de o Não Lugar ser um espaço pensado para a permanência dos usuários d O Não Lugar é pensado de forma a possuir características sensoriais e No Lugar não é essencial criar elementos sensoriais ou criar conforto 02 Alguns estilos de jardim são caracterizados por possuírem diversos adornos em sua vegetação conferindo formas diferentes a grupos de plantas por meio de podas e cortes Qual nome se dá a esta prática a Poda ornamental b Topiaria c Tropicália d Poda de manutenção e Geometrismo 03 Os jardins são importantes elementos estruturadores para a paisagem urbana Sobre os jardins assinale a alternativa correta a Os jardins são elementos estruturadores do espaço privativos b Apenas a partir da arquitetura contemporânea eles fazem parte da composição das residências c São espaços livres fundamentais mas não possuem contribuição significativa para a melhoria da qualidade ambiental das cidades d Permitem melhor circulação de ar insolação e drenagem e São referenciais indiferentes para as cidades 47 PAISAGISMO REFERÊNCIAS ABBUD Benedito Criando paisagens guia de trabalho em arquitetura paisagística 4 ed São Paulo Senac 2010 ALVES SFNSC Paiva PDO 2010 Os sentidos Jardins e paisagens Revista Brasileira de Horticultura Ornamental 16 01 4749 BELLÉ S Apostila de paisagismo Bento Goncalves IFRS 2013 Acesso em 18 abril 2020 CASTELLAN G R A Ágora de Atenas aspectos políticos sociais e econômicos Disponível em httpsdocplayercombr19990557Aagoradeatenasaspectos politicossociaiseconomicoshtmltext120A20C381gora20de20 Atenasgrega20 deveria20ser20um20dos Acesso em 18 de abril 2020 UNIDADE2 FATORES CONDICIONANTES DA PAISAGEM E CRITÉRIOS DE ESPECIFICAÇÃO DE VEGETAÇÕES TROPICAIS SUBTROPICAIS E EXÓTICAS 50 PAISAGISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer e interpretar espécies e tipologias de vegetação para compreender a necessidade de cada tipologia vegetal a fim de especificar em projetos de paisagismo listando os elementos que compõem o paisagismo 51 PAISAGISMO INTRODUÇÃO À UNIDADE O paisagismo atual como vimos na unidade anterior assume o papel de criar harmonicamente espaços para o convívio entre o ser humano e os elementos naturais que compõem o jardim ao localizálo estrategicamente potencializando e destacando aspectos pertinentes ao projeto O conhecimento e a compreensão dos elementos que compõem o jardim são fundamentais para podermos trabalhar e melhorar a exploração O uso deles em nossos projetos visa criar estímulos sensações e ambientes que proporcionem bemestar aos usuários Além disso a utilização de elementos não vegetais em projetos e a especificação correta de elementos vegetais são imprescindíveis para a concepção de um projeto harmônico e funcional Nesta segunda unidade veremos fatores condicionantes da paisagem e critérios de especificação de tipos de vegetações características que influenciam diretamente na qualidade final dos projetos 21 FATORES CONDICIONANTES DA PAISAGEM Conforme estudamos na unidade anterior consideramos uma paisagem o conjunto de elementos naturais ou não que relacionados entre si criam a ideia de um contexto Nesta rede de elementos que conversam entre si a alteração de uma das partes poderá influenciar na compreensão do todo Segundo Waterman 2011 é comum se referir ao ambiente externo ou urbano como um tecido ou uma malha e esta metáfora nasceu da ideia de que se algum elemento na paisagem é alterado todo o resto também é afetado da mesma forma como puxar um único fio e desfiar um cachecol por exemplo Para o paisagista é fundamental o conhecimento dos fatores ambientais do espaço a ser trabalhado e a compreensão dos elementos existentes a seu favor a fim de ordenar 52 PAISAGISMO e alinhar todos eles nos projetos criando espaços agradáveis e habitáveis que geram conforto e harmonia 211 O levantamento do Espaço Na unidade 3 desta apostila estudaremos as etapas que compõem o projeto de paisagismo Porém fazse necessário já entendermos o funcionamento do levantamento do espaço a fim de identificarmos os condicionantes existentes do local a ser trabalhado para o desenvolvimento do projeto Esse reconhecimento local compreende uma listagem de itens a serem averiguados no espaço incluindo todos os aspectos que definem o lugar Identificar os limites que possui ventos dominantes do espaço se há alguma tipologia de vegetação existente e o principal o posicionamento solar As primeiras sensações e reações emocionais que o espaço transmite podem também ser critérios que fundamentem o projeto em etapa posterior Também devemos listar os condicionantes físicos quando já temos espaço construído que nos guiará além de questões estéticas soluções de técnicas de resolução de jardim a fim de qualificar o ambiente através do paisagismo Exemplo prático Como resolver o escoamento da água e irrigação que será necessário para a manutenção dele Que altura de vegetação o pé direito do ambiente suporta Qual tamanho de copa e dimensão de vaso o espaço comporta A estrutura existente suporta peso dos vasos ou canteiros Qual tipo de pavimento terei próximo à vegetação as raízes podem danificálo Entre tantos outros atributos físicos que influenciam na composição do espaço Uma tendência projetual que temos hoje principalmente pelo fato de as edificações serem cada vez menores é a ocupação de terraços coberturas e sacadas para a criação de áreas verdes com a presença de vegetação Essa ligação entre o ambiente edificado existente e a maneira como a proposta do jardim pode se adequar ao espaço devem ser analisadas para que não causem futuros danos à edificação Ao especificarmos espécies para o plantio em uma cobertura devemos avaliar o espaço a fim de evitar a especificação de espécie que necessita de grandes áreas 53 PAISAGISMO de terra para seu desenvolvimento Figura 22 Paisagismo em Terraço Fonte Shutterstock 2021 Na Figura 22 o projeto de paisagismo prevê o plantio de espécies diretamente em vasos posicionados acima da laje neste caso sendo proposto posteriormente ao projeto da edificação O profissional se adequou à edificação existente garantindo a presença de vegetação e ambiência Essa é uma solução viável e muito interessante pois além da qualidade do espaço é possível explorar visuais da cidade além da boa insolação que estes espaços superiores garantem 54 PAISAGISMO 212 Clima e Estações Os padrões climáticos que nós conhecemos são influenciados por diversos fatores determinantes como a posição global inserida recebendo diferentes correntes térmicas de água e ar Um ambiente com maior proximidade ao mar por exemplo sofrerá variações térmicas diferentes de um espaço a ser trabalhado na serra Isso porque a maior ou menor intensidade de ventos direciona ao acúmulo de nuvens ou à sua dissipação recebendo assim mais insolação no espaço Nos últimos tempos percebemos em nosso planeta grandes alterações climáticas em função do aquecimento global porém originalmente podemos considerar quatro regiões climáticas sendo elas fria temperada quente e úmida e quente e seca A paisagem espécies de vegetações e tipologia de solo variam em cada uma delas A região mais instável é a temperada pois possui maior variação de temperatura entre as estações É fundamental ao paisagismo entender as variações entre as estações do ano para além de especificar corretamente o tipo de vegetação entender o comportamento do ser humano e sua vida cotidiana nos espaços ao ar livre conforme as variações climáticas se alteram A escolha da tipologia da vegetação que se altera com as estações é uma forma interessante de projetar pois cria estímulos e paisagens visuais diferentes para se contemplar CUIDADO Quando locamos vegetações em grandes áreas urbanas como é o caso de loteamentos devemos tomar cuidado ao isolar a vegetação Locar a vegetação somente em uma área do espaço pode trazer problemas como pouca eficiência energética não sombreamento das vias e dificuldade na preservação Você possivelmente já ouviu falar no termo Microclima Ele se refere à criação de uma sensação térmica em um espaço específico inserido em nossos projetos Por 55 PAISAGISMO exemplo não podemos alterar o clima da cidade em que desenvolveremos o projeto mas o conseguimos dentro do espaço a ser projetado Poderão ser utilizados elementos como a água ou espécies de vegetação com sombreamento para criar um ambiente mais fresco refrescante com melhor qualidade do ar sensações térmicas mais amenas e um microclima mais agradável Figura 23 Palácio do Itamaraty Fonte Shutterstock 2021 A Figura 23 do palácio do Itamaraty ilustra a ideia do microclima mencionado anteriormente A composição criada pelo conjunto de vegetação a presença de água assim como seu som e potencial amenizador de calor são excelentes elementos para a redução na sensação térmica dos ambientes 56 PAISAGISMO 213 Terra e Topografia Nesta parte da unidade serão referenciados o valor e as características naturais da terra para a composição dos espaços É o contato com ela em que criaremos vínculo com o meio natural Devemos reconhecer a tipologia de terra existente no local interpretar o espaço e trabalhar para o aprimoramento de sua superfície e recursos Para o paisagismo de maneira geral consideramos a topografia a forma do terreno representado em mapas com suas diferenças de nível resultado de um processo natural ou artificial de criação NA PRÁTICA Como um processo natural podemos considerar as alterações das dunas em uma praia que através de uma ação do vento muda sua topografia Por outro lado podemos caracterizar o homem como principal modificador topográfico de nossas terras Quando se trabalha o projeto de paisagismo diretamente no solo pode ser feita a modificação do terreno de maneira a valorizar a composição Os ajustes do terreno poderão auxiliar na criação de espaços com propósito de mirantes posicionados em pontos estratégicos mais altos Podemos também criar descidas dáguas e caminhos entre pedras criando espaços lúdicos em nossas composições 57 PAISAGISMO Figura 24 Utilização da Topografia Fonte Shutterstock 2021 Na Figura 24 conseguimos identificar o uso da topografia nos projetos de paisagismo O paisagista neste caso aproveitou o desnível natural do terreno para criar uma escada com pedras em sua composição contando com o paisagismo ao seu redor 214 Água O elemento água foi presente nos jardins e parques públicos em muitas épocas conforme vimos na unidade anterior É um elemento indispensável para a vida em nosso planeta e um bem escasso por isso seu uso nos projetos paisagísticos deve ser com extrema responsabilidade Este importante elemento tem grande poder na alteração da paisagem à medida 58 PAISAGISMO que o seu percurso ocorre podendo influenciar no solo e nas vegetações existentes Seu ciclo de vida nos jardins é completo proveniente de chuvas sendo ela absorvida por parte da vegetação ou escoada pelo piso até ser evaporada novamente Aliás a preocupação com espaços permeáveis em nossas cidades é item atual pois quanto maior a quantidade de espaços permeáveis e possíveis de a água infiltrar no solo menos alagamentos e demais problemas urbanos ocorreriam Por isso a utilização de água nos projetos ajuda na criação de microclima nos ambientes Figura 25 Central Park Fonte Shutterstock 2021 Além do uso de objetivos ambientais e climáticos em nossos projetos a água é um forte elemento para ativar os projetos sensorialmente carregando a sensação de calma e leveza além de conectar o homem com a natureza e consigo mesmo O seu uso vai além 59 PAISAGISMO dos espelhos dágua haja vista que este elemento pode aparecer como cascatas fontes entre outros 215 Elementos Vegetais Ao falarmos em paisagismo certamente nos remetemos às vegetações São elementos fundamentais para a composição paisagística Os elementos vegetais podem ser divididos em árvores arbustos e forrações diferenciandose de acordo com sua altura e porte Figura 26 Esquema Estímulo dos Sentidos Fonte Elaborada pela autora 2021 Além de fornecer sombreamento e melhorar a qualidade do ar são elementos capazes de estimular os cinco sentidos do corpo humano criando uma experiência completa ao usuário como se percebe na figura acima 60 PAISAGISMO 2151 Árvores Dentre as três tipologias as árvores são os elementos de maior escala dentro do projeto de paisagismo Por isso exigem alguns cuidados na definição de sua espécie e local a serem plantadas Normalmente as condicionantes do terreno auxiliam no padrão a ser selecionado Deverá ser analisado o espaço considerando o futuro crescimento da espécie pois sua copa pode variar entre porte pequeno médio ou grande Além disso algumas espécies possuem um crescimento maior no sentido horizontal com copas mais largas enquanto outras apresentam características de crescimento verticais atingindo maior altura do que diâmetro Também devemos verificar a área a ser plantada se há possibilidade de plantio diretamente no solo sendo imprescindível verificar a extensão das raízes a fim de se evitarem danos futuros Caso não se disponha desta opção devemos verificar a possibilidade de plantio de árvores em vasos o que acontece na maior parte dos casos quando se trata de projetos de interiores Ao se trabalhar com árvores em vasos é preciso verificar as espécies resilientes e adaptáveis além de garantir vasos que abranjam no mínimo vinte litros de terra e apresentem drenagem necessária para o crescimento e manutenção saudável da planta Algumas espécies que podem ser citadas limoeiros laranjeiras jabuticabeiras pitanga entre tantas outras SUGESTÃO DE VÍDEO Na CASACOR 2016 um projeto chamou atenção de muitos ao trazer uma jabuti cabeira flutuante o ambiente inclusive leva o nome da planta Estúdio Jabuticaba Vamos conferir Acesse httpswwwyoutubecomwatchvEgv4lEQmrFM 61 PAISAGISMO Quanto à sua classificação podemos têlas tanto por seu porte quanto por características fisiológicas de cada espécie Segundo Mascaró 2010 árvores de pequeno porte possuem diâmetro menor do que 4 metros e altura até 5 metros Espécies com diâmetro entre 4 e 6 metros e altura de 6 a 10 metros se enquadram como médio porte Já as de grande porte possuem copa com diâmetro acima de 6 metros e altura superior a 10 metros As árvores são extratos vegetais de grande porte que podem alcançar mais de 100 metros de altura apresentando as mais variadas formas Na figura abaixo podemos visualizar a classificação das árvores considerando o formato das copas Figura 27 Classificação das Árvores Fonte Elaborada pela autora 2020 É possível também classificálas considerando suas folhagens Espécies com folhagem perene são aquelas que possuem enfolhada durante todo o ano não havendo variação entre estações As caducifólias pelo contrário se caracterizam por perda de folhagem acentuada em determinada época do ano Essa são características fundamentais para a especificação pois assim conseguimos selecionar corretamente espécies que atendam às necessidades do projeto por exemplo garantindo um sombreamento durante todo o período do ano Ainda sobre sombreamento e escolha correta em função do projeto podemos diferenciálas considerando sua densidade de folhagem Folhagem Densa causa maior bloqueio da insolação e não permite que demais espécies de forração se desenvolvam na parte inferior justamente pela pouca quantidade de sol que permeia sua copa como demostrado na figura abaixo 62 PAISAGISMO Figura 28 Classificação das Árvores Densas Fonte Shutterstock 2020 Folhagem Média permite maior incidência solar em seu interior permitindo assim o desenvolvimento de algumas espécies de pouco sol Folhagem Pouco Densa esta tipologia de espécie é considerada para espaços onde o sombreamento não é a principal função pois sua copa é a menos densa permitindo incidência solar e transparência Figura 29 Classificação das Árvores Pouco Densas Fonte Shutterstock 2020 63 PAISAGISMO A classificação vegetal das árvores pode ser também através da tipologia de caule conforme mostra o quadro a seguir Quadro 1 Classificação dos Caules AÉREOS Eretos Tronco caule das árvores lenhoso engrossa Haste caule das ervas verde mole e fino Ex couve feijoeiro cravo e salsinha Estípe caule das palmeiras cilíndrico sem meristemas secundários Colmo caule das gramíneas dividido em gomos Ex bambu canadeaçúcar Trepadores Sarmentoso que se agarra por gavinhas Ex chuchu Volúvel que se enrola em um suporte Ex lúpulo Rastejantes Estolão rastejante que vai se alastrando pelo chão Ex morangueiro SUBTERRÂNEOS Rizoma caule subterrâneo encontrado nas bananeiras samambaias e outros vegetais Tubérculo ramo de caule que aumenta de volume para armazenar reservas Ex batatainglesa Bulbo apresenta folhas que se sobrepõem umas às outras Ex cebola lírio tulipa açafrão AQUÁTICOS Com parênquimas aeríferos que servem para respiração e flutuação Ex elódea Fonte Elaborado pela autora 2020 Como mencionamos anteriormente nós como especificadores de espécies em nossos projetos devemos conhecer a classificação das raízes a fim de prever que haverá espaço adequado para seu crescimento no local a ser plantada 64 PAISAGISMO As raízes são estruturas geralmente subterrâneas que fixam o vegetal no solo e absorvem água e sais minerais Sua principal função é a estabilidade física as raízes se desenvolvem de acordo com o necessário para sua estabilidade Podem ser classificadas como PIVOTANTE apresenta uma raiz principal que desce perpendicular ao solo e várias secundá rias que se espalham lateralmente raízes mais profundas SUPERFICIAIS dispõemse em feixes paralelos ao solo Esta tipologia de raiz deve ser usada com cuidado pois em função de seu desenvolvimento mais próximo ao piso correse o risco de levantálos MISTAS com características das duas tipologias acima pivotante superficial Figura 30 Classificação das Raízes Fonte Elaborada pela autora 2020 Além das classificações acima podemos ainda citar as palmeiras Originárias das regiões tropicais são elementos vegetais que usualmente se destacam em função do seu porte sendo muito utilizadas para marcar caminhos ou pontos focais com características imponentes Têm caule longo coroado por uma copa de folhas na parte superior por isso não são espécies indicadas quando há a necessidade de sombreamento 65 PAISAGISMO Figura 31 Plano de Palmeiras Alinhadas Fonte Adaptada pela autora 2021 a partir de Shutterstock 2020 2152 Arbustos Possuem estrutura morfológica semelhante às das árvores porém de menor porte atingindo até seis metros de altura São espécies que necessitam de menor profundidade de solo Em relação às árvores e suas ramificações começam mais próximo à base da planta por isso são espécies que não permitem espaço livre no seu inferior 66 PAISAGISMO Figura 32 Arbustos de Grande Porte em Área Residencial Fonte Shutterstock 2020 Sua aplicação no paisagismo é extensa Vimos seu uso desde os jardins antigos aplicados de diferentes formas Eles têm vasta aplicabilidade pois possuem fator estético com grande variedade de cores formas e texturas São ótimas escolhas para limitar espaços auxiliam na demarcação de caminhos em função da sua densidade de folhas Sua aplicação lado a lado permite a criação de barreiras vegetais para a obstrução de ventos absorção dos raios solares diminuição de ruídos e bloqueio visual conferindo maior privacidade ao espaço 67 PAISAGISMO Figura 33 Arbustos de Pequeno Porte em Área Residencial Fonte Shutterstock 2020 Na prática a grande variedade de espécies possibilita sua utilização desde jardins maiores e externos como cercas vivas até áreas internas menores fazendo seu plantio em vasos Segundo Abbud 2006 os arbustos com até 1 m de altura são considerados de pequeno porte e os de grande porte possuem de 2 a 3 metros de altura 2153 Forrações Podem ser classificadas como forrações de solo elementos vegetais baixos que se desenvolvem juntamente ao solo trepadeiras através de suportes verticais naturais ou construídos 68 PAISAGISMO 9 Forrações de solo O termo forração diz respeito àquelas espécies geralmente herbáceas de porte pequeno e médio as quais proporcionam uma cobertura do solo revestindo determinadas áreas do jardim São vegetais rasteiros que apresentam porte baixo de no máximo 50 centímetros Seu crescimento mais significativo é no sentido horizontal formando tapetes vegetais Sua utilização no paisagismo auxilia a cumprir funções como orientação de fluxo de pedestre cercando os caminhos sem obstruir visuais do espaço Estas plantas são elementos imprescindíveis para a composição do jardim pois através das suas cores texturas e formas variadas criam desenhos além de proteger o solo contra erosão e auxiliar no controle de plantas invasoras Sua classificação é dividida entre aquelas que suportam o pisoteio e aquelas que não podem ser pisadas 9 Suportam relativo pisoteio Gramíneas a maioria necessita de insolação e exige manutenção de poda relativamente constante 9 Não suportam pisoteio Herbáceas espécies rasteiras que se multiplicam ou crescem forrando o solo Algumas espécies crescem com o tempo constituindo o mesmo volume dos arbustos baixos caso não sejam podadas Em geral essas forrações suportam graus diferentes de sombreamento desenvolvendose nas áreas sob arbustos e árvores ou nas áreas sob a luz direta do sol SCALISE 2020 São muito utilizados para composição heterogênea em vasos ou até mesmo como elemento principal Como é o exemplo da planta hera ilustrada abaixo 69 PAISAGISMO Figura 34 Planta de Forração Fonte Shutterstock 2021 9 Trepadeiras Esta tipologia em específico diferente dos arbustos que são plantados diretamente em vasos ou nos jardins necessitam de uma estrutura e apoio para seu desenvolvimento O suporte pode estimular seu crescimento de forma horizontal como os pergolados criando uma sensação de teto vegetal a fim de proteger contra a insolação filtragem do ar redução de ruídos e sem a necessidade de grandes áreas para plantação por ela possuir características de desenvolvimento aérea Caso sejam utilizadas juntamente com suportes verticais podem dividir ambientes criando maior intimidade na área e recobrir cercas muros ou elementos construtivos transformandoos em cercas vivas naturais Muito utilizadas atualmente estes elementos vegetais compõem as paredes verdes Figura 35 70 PAISAGISMO Figura 35 Trepadeiras em Pergolado Fonte Shutterstock 2021 Referente à sua classificação dividemse entre aquelas com órgão de fixação e sem órgão de fixação ou seja elementos necessários que auxiliam ou não no desenvolvimento da vegetação 2154 Plantas Aquáticas As plantas aquáticas são espécies não tão conhecidas quanto as demais porém de grande importância ao projeto de paisagismo São caracterizadas como espécies aquáticas pois possuem reservatório de ar nos tecidos o que lhes facilita a flutuabilidade 71 PAISAGISMO Figura 36 Espécie Aquática Fonte Shutterstock 2020 São ótimas espécies para a filtragem e devem ser preferencialmente plantadas em vasos para facilitar seu controle de crescimento e manutenção Subdividemse em Plantas Submersas não são facilmente visíveis quando se observa um lago por exemplo razão pela qual não se costuma introduzilas Utilizadas em aquários são muito importantes para oxigenação da água do lago mantendo algas e microrganismos nocivos afastados Plantas Marginais localizamse e se desenvolvem em locais rasos como margens de lagos e permanecem com as raízes e a primeira porção do caule e folhas submersos Plantas Flutuantes permanecem nas superfícies da água necessitam de sol pleno e são ótimas para despoluir a água Plantas Submersas e de Folhas Emersas necessitam de sol pleno e aceitam sombra mas não costumam florescer nestas condições Também é necessária uma profundidade razoável considerando que seria plantada em um vaso grande e teria ainda que restar uma faixa de no mínimo 20 cm a 30 cm acima do vaso JARDINEIRO NET 2020 72 PAISAGISMO Plantas Palustres são características de locais encharcados SAIBA MAIS O aplicativo PlantNet permite fazer uma pesquisa através de imagens para ajudar a identificar espécies de plantas Link para download httpsplaygooglecomstoreappsdetailsidorgplantnethlptBRglUS Baixe o aplicativo e como exercício catalogue duas espécies de pequeno porte duas de médio porte e uma de grande porte na sua região SUGESTÃO DE LIVRO MASCARÓ Lúcia Vegetação Urbana 2ª ed Porto Alegre 2005 Este livro é útil para ampliar os conhecimentos básicos sobre tipologias de vegetação urbana 22 CRITÉRIOS DE ESPECIFICAÇÃO DE VEGETAÇÕES TROPICAIS SUBTROPICAIS E EXÓTICAS Como vimos no início desta unidade precisamos reconhecer o local a ser desenvolvido o projeto para podermos especificar a tipologia correta de espécie a ser utilizada em nossos projetos Na sequência estudaremos alguns critérios que podem ser fundamentais na decisão de qual espécie selecionar para o projeto ou espaço a ser desenvolvido 73 PAISAGISMO 221 Clima É em função da boa adaptação ao clima que poderemos ter um melhor desenvolvimento ou não de uma vegetação Em relação à insolação e temperatura do meio inserido podemos dividilas dois grupos aquelas que necessitam de insolação direta e indireta De maneira geral são raras as plantas de grande porte que não necessitam de insolação direta pois normalmente as áreas externas são seu ambiente natural Já nos estratos arbustivos e forrações encontramos espécies que precisam de insolação ou sombra plena JESUS 2020 A maioria das plantas se adaptam mais facilmente às temperaturas altas somente as espécies de clima temperado que resistem mais facilmente às baixas temperaturas 222 Água e Solo O consumo de água faz parte da estrutura biológica de qualquer vegetação ou seja independentemente da tipologia da espécie o seu consumo de água será fundamental seja ele maior ou menor Muitas plantas não resistem à estiagem prolongada portanto necessitam de uma maior manutenção Para jardins residenciais externos por exemplo com grandes áreas de piscinas onde possuírem grandes áreas de terras as análises da acidez do solo se fazem necessárias pois algumas espécies podem não se adaptar A vegetação pode ajudar nos gastos de consumo energético mas quando utilizada de forma incorreta poderá ter efeito contrário Por exemplo o uso de caminhõespipa para a manutenção da vegetação de parques em Brasília 74 PAISAGISMO 223 Economia Podemos falar de economia em dois parâmetros a curto e a longo prazo Ao comprar uma espécie ou mais espécies para compor seu projeto você perceberá que pode haver muita variação de preço no mercado entre uma tipologia e outra O custo das espécies está relacionado com a lei da oferta e da procura Após geadas fortes por exemplo o custo pode aumentar O uso e a especificação de espécies de crescimento lento plantas de difícil reprodução e que estão na moda do mercado pode encarecer consideravelmente o seu projeto O porte da muda escolhida também influenciará pois mudas maiores possuem mais chances de sobreviver no novo ambiente plantado e desta forma seu custo também será maior O custo mencionado acima a longo prazo é a avaliação que devemos fazer na escolha de uma espécie sua resistência e manutenção avaliar que jardins de espécies exóticas requerem maiores cuidados e atenção o que amplia o custo de manutenção Devese sempre avaliar qual a realidade do cliente sua disponibilidade financeira e seu tempo para a escolha das espécies a fim de o jardim ser um espaço que traga alegria bemestar e não o contrário 224 Periculosidade Algumas plantas são perigosas para a população seja por sua toxidade pela presença de espinhos ou por sua fragilidade A utilização deverá ficar restrita a áreas onde seus aspectos negativos possam ser neutralizados Plantas que merecem atenção especial açuna alamanda tóxica antúrio bela emília acalifa comigoninguémpode tóxica copodeleite tóxica coroadecristo látex costeladeadão tóxica espirradeira tóxica jiboia tóxica aroeira branca alérgica evonimo pinus acidifica o solo eucalipto atrai raios e falsa seringueira precisa de grandes espaços 75 PAISAGISMO 225 Crescimento e Biodiversidade Burle Marx 1980 opinou que a utilização de plantas nativas em projetos de paisagismo é uma forma de perpetuar espécies de manter uma coerência ambiental de fazer a população compreender essa extraordinária riqueza que possuímos Assim como Burle Marx 1980 existem outros arquitetos e paisagistas atuantes na área reforçando esta preferência em trabalhar com espécies nativas Além da questão em valorização da fauna nacional que temos as espécies nativas tendem a se adaptar e a se desenvolver de forma mais fácil contribuindo com nossa biodiversidade Sendo nativas ou não existem espécies com crescimento mais rápido que outras sendo soluções excelentes quando necessitamos de fornecimento de sombra em um curto espaço de tempo Isso porque espécies com tais características possuem madeira frágil e raízes mais superficiais espécies de crescimento lento quinze vinte ou trinta anos quando morrem representam uma enorme perda de tempo porque se perde tempo igual para que a árvore plantada no seu lugar chegue à idade adulta MASCARÓ 2005 226 Atributos da Vegetação Além dos critérios de especificações mencionados acima os quais nos auxiliam na especificação em função de aspectos implícitos no ambiente onde o projeto será executado podemos definir e selecionar a vegetação ideal para nossa proposta de acordo com os atributos individuais de cada espécie que variam entre 76 PAISAGISMO 9 Atributos Formais Tratamse das características perceptíveis pela visão como nosso olho fará a leitura do espaço e suas espécies através da sua geometria ou forma no caso de árvores e arbustos sua estrutura no caso das trepadeiras herbáceas e forração sua cor e textura visual para todas as categorias e pelo tato explorando a textura individual de cada espécie Quando se trabalha com um jardim sensorial por exemplo cuja intenção é estimular os sentidos dos usuários o projeto tornase mais interessante se o profissional de paisagismo optar por espécies com colorações diferentes com dimensionamentos e cores diversas Vale relembrar também que é válido avaliar as épocas de floração de cada espécie conforme estudado nesta apostila anteriormente a fim de garantir visuais agradáveis durante todo ano 9 Atributos Funcionais Os aspectos funcionais da vegetação estão ligados ao papel que a planta desempenha ou propicia Por exemplo sombreamento e emissão de odores Com a escolha correta podese obter maior ou menor sombreamento no espaço e estes aspectos estão diretamente relacionados com a intenção de uso do espaço Espécies com características de convivência ou desempenho de alguma atividade requerem mais sombreamento do que espaços somente de passagem onde não haverá permanência dos usuários A emissão de odores poderá servir como referencial no espaço caso seja forte ou perceptível Além disso algumas espécies possuem características próprias e geram maiores atrações da fauna local do que outras fortalecendo assim a sensação de ambiente natural sendo as espécies frutíferas ótimas escolhas para este caso Ainda em relação à função do espaço se o projeto prevê uma passagem entre dois ambientes onde haverá circulação de pessoas a função da vegetação deve resistir a esta atividade evitando grandes manutenções ao cliente 9 Atributos Temporais Os atributos temporais referemse aos ciclos naturais de crescimento e longevidade 77 PAISAGISMO de cada vegetal Neste aspecto avaliamos a perenidades das folhagens suas épocas de floração e de frutificação caso seja uma espécie frutífera Para a seleção através dos atributos temporais o profissional deverá conciliar e estudar a região e o clima pois além de questões estéticas o ciclo de folhagem perene ou caducifólia pode ser mais indicado em função do clima local Por exemplo em regiões mais frias podemos especificar espécies com folhagem menos densa e não constante durante todo ano a fim de possibilitar a entrada do sol no espaço aquecendo o ambiente Por outro lado espécies mais densas e com características perenes são mais indicadas quando há a necessidade de bloqueio solar dos ventos ou ruídos A avaliação e seleção da espécie através do seu ciclo natural garante que o espaço ou jardim seja confortável e agradável durante todas as estações do ano SUGESTÃO DE LIVRO ABBUD Benedito Criando paisagens guia de trabalho em arquitetura paisagística 4ª ed São Paulo Senac 2010 Este livro é útil para todos os estudantes de Design de Inte riores e Arquitetura O autor traz referências formais estéticas e funcionais sobre a paisagem e a criação dos espaços Vale o aprofundamento 78 PAISAGISMO FÓRUM Com base nos estudos apresentados na Unidade 2 utilize a plataforma online e interaja com os seus colegas da disciplina a respeito dos seguintes questiona mentos 1 Cite os principais fatores condicionantes da paisagem que devem ser considerados para projetos de paisagismo 2 Qual a importância do entendimento das espécies para o projeto de paisagismo 3 Quais os principais fatores que devem ser considerados para a especificação de uma espécie vegetal 4 Na decisão de uma espécie para o projeto quais são os três tipos de atributos que pode rão auxiliar na especificação 79 PAISAGISMO PARA SINTETIZAR Nesta segunda unidade o objetivo foi aprofundar nossos conhecimentos nos fatores condicionantes da paisagem e nos critérios de seleção de plantas que nos auxiliam e direcionam no momento de especificar em nossos projetos Na primeira parte da unidade avaliamos os principais fatores naturais condicionantes do espaço Cada elemento possui seu papel fundamental e todos em conjunto auxiliam na construção da paisagem além de influenciar nas sensações e impressões causadas no ambiente Em um segundo momento da unidade aprendemos a classificar as espécies a partir de critérios biológicos estéticos e funcionais Desta forma adquirimos conhecimento para especificar de forma correta e entender as potencialidades e as fragilidades de cada tipologia bem como conhecemos espécies para aplicálas de forma correta a fim de garantir a qualidade o uso e a durabilidade do espaço Além dos elementos vegetais de composição nos jardins existem os elementos não vegetais os quais auxiliam e agregam valor à composição sendo fundamentais para garantir que o uso correto do espaço ocorra como o profissional o projetou Por fim ao final desta unidade foram apresentados alguns critérios que auxiliam na especificação das espécies Sendo assim na prática o profissional tornase mais criterioso e cauteloso na seleção das plantas que utilizará em sua composição considerando sempre a viabilidade estética econômica e formal da proposta 80 PAISAGISMO EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 As copas das árvores possuem diversos formatos Identifique abaixo o formato das copas e assinale a alternativa correta respectivamente a Globosa elíptica e flabeliforme b Colunar elíptica e umbeliforme c Colunar globosa e flabeliforme d Cônica globosa e umbeliforme e Elíptica cônica e globosa 02 Sobre a função e utilização dos arbustos está correto afirmar que I Servem como limitadores de acesso e barreiras vegetais II São caracterizados pela presença de diversos caules que iniciam sua ramificação logo acima do chão III Contribuem na redução do calor através da absorção dos raios solares IV Limitam e orientam espaços Estão corretas a I II III IV b I II e V apenas c I e III apenas d III e IV apenas e II e III apenas 03 Quanto às trepadeiras analise as proposições sobre sua função e característica 81 PAISAGISMO I Todas as suas espécies necessitam de apoio para se sustentarem II Não possuem um porte definido podendo variar em altura e forma conforme o Suporte III São utilizadas como ornamento e sombreamento IV Funcionam para filtragem do ar redução de ruídos e redução do calor através da absorção dos raios solares Dentre as afirmações acima estáão corretas a Apenas I b Apenas II c Apenas III d II e III e II III e IV 82 PAISAGISMO GLOSSÁRIO Caducifólia perde as folhas na estação seca Microclima variação do padrão climático em determinada localização Morfológica estudo das formas Terraços varandas ou espaços planos e descobertos de uma edificação Perene permanece durante um longo tempo 83 PAISAGISMO REFERÊNCIAS ABBUD Benedito Criando paisagens guia de trabalho em arquitetura paisagística 4ª ed São Paulo Senac 2010 MASCARÓ Lúcia Vegetação Urbana 2ª ed Porto Alegre 2005 MOREIRA R R P S Os personagens principais da trajetória botânica de Burle Marx s l 2019 Disponível em httpssearchebscohostcomlogin aspxdirecttruedbedsbasANedsbasEFD1990Elangptbrsiteedsliveautht ypeurluiduseravantispasswordpesquisa Acesso em 11 jun 2019 WATERMAN Tim Fundamentos de Paisagismo Porto Alegre Bookman 2011 Minha Biblioteca UNIDADE3 INTERVENÇÃO NO ESPAÇO URBANO CONCEITOS BÁSICOS PROCEDIMENTOS E ELEMENTOS COMPOSITIVOS NO PROJETO DE PAISAGISMO 86 PAISAGISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer os conceitos básicos de paisagismo e sua função para podermos compreender a concepção o projeto e a representação dos espaços com o objetivo de oferecer conforto e bemestar aos seus ocupantes 87 PAISAGISMO INTRODUÇÃO À UNIDADE A partir das espécies e elementos de projeto estudados na unidade anterior sua aplicação será visível durante o processo de projeto Além disso seu entendimento fica mais fácil quando a compreendemos de forma sequencial Na Unidade 3 inicialmente entenderemos o funcionamento das etapas de projeto sua representação gráfica e como ele se desenvolve desde sua formação inicial até a sua consolidação além de quais são as informações necessárias para cada etapa e qual o grau de envolvimento do cliente em cada uma delas Após o entendimento do processo avaliaremos o projeto de paisagismo da forma funcional analisando qual é a sua real função assim como os aspectos paisagísticos ambientais e ecológicos da vegetação e dos espaços de jardins Por fim o último ponto a ser estudado nesta unidade será a avaliação do projeto de paisagismo em relação ao seu uso quais os tipos de lazer existentes e de que modo eles se caracterizam inseridos no paisagismo 31 PROCEDIMENTOS E ETAPAS DE PROJETO Segundo Abbud 2007 as etapas do projeto são apresentadas detalhadamente em ordem sequencial No entanto a realidade mostra que este processo está longe de ser linear e direto pois durante o amadurecimento de projeto é importante seguirmos uma sequência de processo a fim de não perder informações no decorrer do desenvolvimento embora seja muito comum o profissional rever e voltar a algumas informações iniciais de projeto durante as etapas finais 88 PAISAGISMO Figura 37 Esquema Etapas de Projeto Fonte Elaborada pela autora 2021 311 Identificação do Cliente Para a concepção e desenvolvimento de qualquer projeto a identificação do cliente é o ponto de partida do processo Precisamos identificar nesta etapa inicial dúvidas geradas expectativas criadas para o projeto e intenções pessoais que direcionarão a proposta Abbud 2007 p 164 afirma nessa etapa é importante mostrar que o projeto terá várias fases exatamente para fazer ajustes e chegar ao melhor produto com custo compatível Essas informações iniciais auxiliam o cliente no entendimento do processo Além disso é fundamental identificarmos se o projeto será desenvolvido para um cliente se estamos trabalhando para um empreendimento se a área a ser projetada terá um grande número de pessoas circulando ou ainda se o projeto será destinado a uma área pública Essas informações são importantíssimas pois algumas espécies podem ser menos ou mais indicadas quando trabalhamos com áreas de grande circulação e espaços comuns conforme aprendemos na Unidade 2 As informações obtidas nesta etapa de coleta de dados se unem às demais identificadas no ambiente a ser projetado como espaço disponível para o projeto condicionantes e restrições locais para o desenvolvimento do trabalho 89 PAISAGISMO 312 Programa de Necessidades O programa e necessidades no desenvolvimento do projeto de paisagismo refere se à descrição dos problemas ou itens que o projeto deve solucionar Abbud 2007 p180 classifica o programa em três tipos básicos jardins para residências jardins para condomínios horizontais e verticais loteamentos residenciais praças e parques Para exemplificar e imaginarmos em uma escala reduzida suponhase que o programa de necessidades para um espaço de jardim residencial é Horta Área de contemplação leitura Área para atividades físicas Espaço para descanso A partir de um programa de necessidades definido o paisagista identifica o que será preciso solucionar e inicia as etapas projetuais a seguir já idealizando e planejando as soluções de projeto ou seja esta etapa se torna fundamental para criar um direcionamento do desenvolvimento de projeto Imaginem uma área residencial na qual o profissional partindo do nosso programa acima inicia seu projeto vislumbrando como deverá incorporar ao seu projeto de paisagismo as atividades listadas Dentro do espaço disponível a horta pode ser implementada no lugar com maior insolação deste espaço Já ambientes como área de contemplação e leitura podemos solucionar com a escolha de espécies que forneçam melhor sombreamento melhorando o microclima de áreas com maior permanência no espaço O profissional pode sugerir e prever o uso de um lago ou espelho dágua no espaço para descanso solicitado no programa se ele estiver de acordo com as condicionantes de espaço analisada Independentemente da escala e caráter do projeto Abbud 2007 p 184 afirma que o importante é a participação do usuário ou de seus representantes na elaboração do programa 90 PAISAGISMO 313 Diretrizes e Conceito de Projeto O exercício projetual ocorre a partir de sinalizações de algumas intenções para o espaço a ser trabalhado focando no usuário do espaço ou seja o espaço projetado refletirá em como os usuários vão perceber usar e se sentir nele Algumas diretrizes podem estar vinculadas a criar sensações ou visuais distintos outras à criação de proteção visual ou barreira etc Quando se trabalha a partir das diretrizes de projeto ou seja pontos de partida para as soluções projetuais que surgiram durante o processo podem estar vinculadas a estas diretrizes e necessariamente serão usadas como respostas para obter o ambiente desejável Por exemplo se a diretriz for desenvolver um ambiente agradável e de fácil localização as características do projeto poderiam ser a escolha de espécies que permitam o mínimo de sombreamento e a escolha de espécies menos densas para não impedir eixos visuais e facilidade na localização do espaço Outra forma de direcionamento do projeto de paisagismo é a definição de um conceito de projeto o que pode auxiliar nas etapas que aparecerão na sequência Para a definição de um conceito de projeto É necessária uma pesquisa sobre o tema trabalhado e que pode surgir de fontes diferentes como por exemplo elementos de inspiração da natureza cores os cinco sentidos formas entre outros Figura 38 Exemplo de Moodboard Fonte Shutterstock 2021 91 PAISAGISMO Figura 39 Composição em Forma de Moodboard Fonte Shutterstock 2021 Uma forma de representar esta etapa é a partir de moodboard ou painel semântico Nele devem ser apresentadas as ideias iniciais e conceito para o projeto sempre justificando sua escolha como no exemplo das figuras acima 314 Zoneamento O exercício de transposição das ideias e intenções iniciais para o desenho ou seja para a planta do ambiente disponível iniciase pela criação de um zoneamento Segundo Abbud 2007 p 187 no zoneamento os desenhos são representados por manchas em formas de amebas que contêm aproximadamente as dimensões dos equipamentos 92 PAISAGISMO espaços e grupos vegetais Definemse locais com o uso ou não de vegetação Iniciase o planejamento e a previsão de localização de cada atividade trabalhando juntamente com as informações provenientes do espaço existente Figura 40 Zoneamento do Projeto Fonte Elaborada pela autora 2020 Na Figura 40 acima o zoneamento auxilia na compreensão do espaço sendo possível identificar alguns elementos existentes no local que não podem ser alterados e deverão ser considerados no projeto como a vegetação e a edificação existente Também observamos pontos importantes os quais auxiliaram na distribuição das atividades As áreas sombreadas e com melhor visual do espaço podem ser reservadas para as atividades de descanso e contemplação solicitadas pelo cliente no programa de necessidades 315 Estudo Preliminar Nesta etapa na sequência do zoneamento iniciamse os estudos de planos de massas vegetais já com especificação das plantas características cores e formas 93 PAISAGISMO atribuídas para cada área de canteiro ou setor no projeto No estudo preliminar deverão ser consideradas soluções de outras áreas do conhecimento que influenciarão para a execução da proposta como questões hidráulicas ou estruturais É indispensável o trabalho com a equipe multidisciplinar para que possam viabilizar a execução do projeto 316 Anteprojeto É importante o entendimento de que cada etapa de projeto cria uma continuidade sendo uma evolução da anterior por isso o nível de detalhes informações aumenta juntamente com o desenvolvimento e amadurecimento do projeto Na etapa de anteprojeto após os estudos iniciais aparecem soluções definitivas em termos formais estéticos e funcionais As circulações os equipamentos e demais elementos relevantes inseridos no projeto deverão estar devidamente desenhados e locados em planta Para o desenvolvimento do anteprojeto o profissional deverá selecionar as espécies utilizadas assim como todos os materiais de revestimentos e vasos e apresentálos ao cliente junto com as soluções de irrigação engenharia as quais serão necessárias para a proposta Nesta etapa utilizase de planta baixa cortes e perspectivas como forma de representação dos equipamentos a serem implantados 317 Projeto Executivo Depois da aprovação do anteprojeto pelos clientes partese para a etapa de projeto executivo com seus desenhos técnicos definitivos considerando plantas cortes e elevações além de memoriais descritivos 94 PAISAGISMO Essa etapa é imprescindível para garantir que o projeto seja construído de acordo com a proposta apresentada e aprovada Por isso todos os elementos construtivos fundamentais da proposta deverão estar devidamente detalhados cotados e especificados Como parte do projeto executivo alguns profissionais trabalham com a planta executiva de plantio Material indicado a ser desenhado separadamente para não misturar informação da vegetação com a da construção Nesta planta deverão constar informações básicas como localização das árvores quantidade distância de plantio tabelas memoriais descritivos com tamanho de covas manutenção SAIBA MAIS Confira alguns detalhes construtivos de projetos de paisagismo Acesse httpswwwarchdailycombrbr91213228detalhesconstrutivosde projetospaisagisticos 318 A Execução do Projeto A execução do projeto é a última fase desse longo processo criativo Ela não está necessariamente ligada ao profissional pois alguns clientes podem não fazer a contratação desta etapa projetual Porém quando isso ocorre o profissional tem a responsabilidade de acompanhar para que tudo o que está detalhado no projeto executivo seja de fato seguido Além disso é na execução que se confere a instalação correta de todas as espécies equipamentos e materiais a fim de garantirmos a durabilidade do jardim para o cliente A execução dependendo do projeto e da programação físicofinanceira do cliente poderá proceder de uma forma contínua ou ser programada em etapas 95 PAISAGISMO 32 A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA PARA PROJETOS DE PAISAGISMO A representação gráfica nos projetos de paisagismo assim como qualquer outro processo criativo é uma ferramenta disponível para auxiliar o profissional na representação das suas ideias conceitos e no ambiente existente Há muitos materiais e formas de representação de projeto e em cada etapa é conveniente explorar soluções e ferramentas distintas para compreendermos melhor a proposta Nas etapas iniciais é conveniente utilizarmos esquemas formas gráficas desenvolvidas à mão para explorarmos de modo mais rápido e prático todas as soluções possíveis À medida que as definições e intenções de projeto amadurecerem o material gráfico poderá ser trabalhado com o auxílio de ferramentas de representação por computador O croqui é uma das maneiras mais rápidas de expressarmos uma ideia ou solução de projeto tornandose viável e prático uma vez que poderá resolver problemas de projeto no momento em que eles surgirem Figura 41 Croqui de Paisagismo Fonte Shutterstock 2021 Na figura acima observamos um croqui final de projeto podendo ser feito e grafitado à mão ou no computador Hutchison 2011 afirma que 96 PAISAGISMO O uso de técnicas mistas em um desenho ajuda muito a dar vida a uma imagem Os desenhos digitais por si sós podem de algum modo parecer sem vida e técnicos mas sua complementação com lápis e tinta ressalta as ideias mais importantes criando um desenho melhor HUTCHISON 2011 p 102 Os croquis de observação são fundamentais para a leitura do espaço existente passando sensações e espacialidade do espaço Já os croquis finais do projeto poderão auxiliar na compreensão do cliente para o espaço que será projetado Figura 42 Representação de Vegetações em Planta Fonte Shutterstock 2021 Nas Figuras 41 e 42 observamos formas de representação da vegetação em planta e em vista Alguns exemplos utilizam cores e outros os traços de sua copa porém todos devem representar de maneira fiel a tipologia escolhida Por exemplo se a espécie tem folhagem mais densa a representação de sua copa aparecerá mais preenchida Tendo em vista que as árvores e demais vegetações devem seguir seus formatos 97 PAISAGISMO fiéis utilizase no desenho sua escala e proporção É indicado em suas representações de cortes e vistas trabalharmos com a presença da escala humana nos projetos pois assim será possível auxiliar a compreensão do dimensionamento das espécies definidas Figura 43 Representação de Vegetações em Elevação Fonte Shutterstock 2021 À medida que o projeto amadurece e as etapas transcorrem os desenhos e representações passam a ser desenhos mais técnicos com informações importantes e necessárias para a viabilização da proposta Os desenhos técnicos reproduzem uma representação verdadeira do projeto Os responsáveis pela execução vão utilizálos como material de apoio por isso é necessário especificarmos e representarmos o espaço na forma bidimensional através de plantas baixas elevações e cortes A planta baixa é a representação de um desenho bidimensional em escala representando uma vista aérea do espaço Na imagem abaixo veremos a planta baixa de um jardim residencial Esse exemplo não representa uma planta final de projeto executivo haja vista que nela deveria constar cotas e informações técnicas necessárias Porém é uma planta inicial de estudo na qual será possível identificarmos os maciços vegetais tipologias de copas diferentes assim como paginações de piso e mobiliário urbano definidos Para o desenvolvimento desta etapa de projeto é comum buscar o auxílio de programas de computador em função da agilidade que traz ao processo 98 PAISAGISMO Figura 44 Representação em Planta Baixa Humanizada Fonte Shutterstock 2021 Muitos escritórios e profissionais trabalham com a humanização das plantas e elevações conforme observamos na Figura 44 O uso das cores e a representação dos materiais auxiliam na venda da ideia de projeto De acordo com Hutchison 2011 p 94 os desenhos ganham vida quando árvores e pessoas são adicionadas às vistas e aos cortes A representação e humanização das pessoas no desenho auxiliam na compreensão da escala alturas das vegetações compreensão de visuais e ambientação do espaço É papel do profissional aliar as ferramentas que domina para passar da maneira mais compreensível possível todos os itens necessários a cada etapa de projeto quanto maior a variedade de ferramentas de trabalho mais livre e completo será seu processo de criação 99 PAISAGISMO SAIBA MAIS Confira alguns projetos e suas diversas formas de representação Acesse httpswwwarchdailycombrbr890014representacaodopaisagis moopapeldodesenhoemplantaparaparquesepracas SUGESTÃO DE VÍDEO Confira abaixo algumas técnicas de desenho para paisagismo httpswwwyoutubecomwatchvLPt4WZNa7ot31s httpswwwyoutubecomwatchvGway7KIdNrYt14s SUGESTÃO DE LIVRO HUTCHISON Edward O desenho no projeto da paisagem Barcelona Gustavo Gilli 2012 Para ampliar seus conhecimentos nas formas de representação gráfica inseri da em cada etapa de projeto de paisagismo 33 FUNÇÕES DA VEGETAÇÃO a estética é a primeira função do paisagismo e é por meio dela que se consegue atingir e emocionar o espectador Mas o paisagismo possui outras funções importantes O paisagismo colocase em uma posição de aproximar a natureza das pessoas distanciamento ocorrido em função do ritmo acelerado de vida que assumimos e a insegurança no convívio nas ruas das grandes cidades além de qualificar e melhorar o ambiente ABBUD 2010 p33 100 PAISAGISMO 331 Função Estética A função estética do paisagismo trabalha fundamentalmente com a composição entre os elementos naturais e não naturais existentes nos espaços a fim de criar e despertar o lado emocional do usuário Criar a beleza nos espaços projetados é a busca constante nesta área de estudo trabalhando com a composição das formas cores texturas uso da iluminação além do estímulo sensorial Agora que já estudamos as tipologias vegetais e suas classificações podemos nos aprofundar nos seus efeitos criados a partir de sua composição individualmente ou em maciços vegetais os quais são compostos por várias espécies juntas A vegetação dependendo do seu porte em relação à edificação poderá criar planos que organizam o ambiente através da unificação ou simplesmente formam uma cobertura vegetal aconchegante para quem passa por baixo de suas copas horizontais além de melhorar a ambiência Vale avaliar a intenção projetual para a definição das espécies que serão empregadas no projeto Figura 45 Jewel Airport 1 Fonte Shutterstock 2021 101 PAISAGISMO Na figura acima é possível avaliar a função estética do paisagismo aplicada no projeto Jewel Airport em Singapura desenvolvido pelo escritório Safdie Architects O projeto tem como missão conectar os terminais existentes sendo cada eixo reforçado por jardins que orientam e oferecem conexões aos usuários Fica clara a utilização das espécies maiores para a criação de cobertura vegetal envolvendo o espaço destinado à circulação de pedestres Outro ponto importante de avaliação é a utilização de espécies com folhagens mais densas paralelamente ao espaço como forma de conexões visuais entre ambientes estimulando os sentidos visual háptico e básico de orientação com uma mesma estratégia projetual Figura 46 Jewel Airport 2 Fonte Shutterstock 2021 SAIBA MAIS Conheça mais sobre este projeto Acesse httpswwwarchdailycombrbr916266aeroportojewelchangisaf diearchitects 102 PAISAGISMO Para a composição vegetal guiada pela função estética do paisagismo é fundamental ao profissional trabalhar com recursos de proporção e escala para atingir o objetivo do projeto Escala é a relação entre o observador e a paisagem As escalas dependem da referência e modo de usos do espaço Quando tratamos de escala humana no espaço sugerimos que este ambiente seja pensado devendo estar adequado às dimensões humanas Já a proporção é a relação harmônica entre os componentes do jardim Toda a proporção nos gera uma sensação podendo ser de aconchego em espaços convidativos e que despertem um desejo de querer permanecer ou desproteção imponência causada por espaços ociosos e com grandes volumes edificados por exemplo Essa sensação gerada é baseada em nossos sentidos e considerando a altura do observador Figura 47 Espaços Pequenos Fonte Shutterstock 2020 Como ilustra a imagem acima em espaços muito apertados ou pequenos é inevitável não se sentir sufocado pois a utilização de espécies densas nas duas laterais como demonstra a imagem barrando a visão do meio externo podem causar sensações de aperto ou abafamento Outro efeito estético utilizado no paisagismo é o uso das palmeiras alinhadas por exemplo Elas auxiliam a ressaltar a perspectiva do espaço mas não contribuem tanto para a ambiência sendo muito utilizadas quando queremos evidenciar um ponto focal 103 PAISAGISMO existente no fim do percurso Contrariando esta estratégia quando selecionamos espécies onde as copas se cruzam o efeito geométrico do plantio é minimizado aumentando o sombreamento ao se criar uma sensação bucólica do espaço Ou seja a percepção do espaço não é como nas palmeiras onde visualmente identificamos cada unidade plantada o efeito estético desta composição cria um plano contínuo de cobertura Figura 48 Figura 48 Plano Contínuo de Cobertura Fonte Shutterstock 2021 332 Função Social do Paisagismo Ao longo da história a cidade sempre funcionou como ponto de encontro entre seus moradores A vida pública e consequentemente seus espaços abertos assumiam papéis estimuladores de trocas comerciais cerimônias estímulo de manifestações 104 PAISAGISMO artísticas e políticas contribuindo para seu próprio desenvolvimento e da sociedade Esse movimento era natural e somente a partir do Século XX áreas de conhecimento como o paisagismo e o planejamento urbano levantaram a discussão sobre a oportunidade de os espaços funcionarem como pontos de encontro e serem necessários para o avanço e melhoria da qualidade de vida de uma sociedade Em função do modo de vida mencionado acima e a diminuição dos espaços disponíveis para plantio e áreas abertas nos centros urbanos o paisagismo tornou se essencial para que os indivíduos possam exercer suas atividades sociais e de lazer Promovendo assim melhorias na qualidade de vida sejam elas individuais limitadas em espaços de menores residências ou então coletivas ocorridas em praças parques e áreas comuns residenciais Experimentar um espaço ao ar livre pode ser considerado um entretenimento que proporciona diversão e estímulo As cenas se alteram de acordo com o passar do dia com a ocupação dos espaços e atividades nelas desenvolvidas Tais experiências estão baseadas no principal ponto responsável pelo uso dos espaços as pessoas De acordo com Gehl 2013 as diversas atividades desenvolvidas em uma cidade são divididas em três categorias que se complementam e juntas proporcionam a vida nos espaços As atividades obrigatoriamente necessárias são as atividades que ocorrem em nosso dia a dia independentemente de qualquer condição externa As atividades opcionais as quais podem ser recreativas também são aquelas em que as pessoas possam ter vontade de fazer como caminhar sentar e apreciar o jardim ou o dia lindo que está fazendo Nesta classificação as atividades dependem das condições climáticas porém considerando um bom tempo as pessoas sentem a necessidade de buscar seus espaços de convívio ao ar livre Dependendo a cidade em que fomos criados é muito presente esse exemplo quando lembramos da casa de nossos pais ou avós onde era comum crianças correndo e brincando pela rua enquanto seus responsáveis levavam cadeiras para a beira da praia ou para a varanda para conversar Uma maneira enraizada e voluntária de criar o convívio social As atividades sociais são aquelas que exigem a presença de mais pessoas pois se há vida e pessoas em um espaço aberto elas certamente estarão garantidas O ato de ouvir e observar as demais pessoas é a forma de atividade social mais realizada Essas atividades surgem com cumprimentos encontros casuais em filas breves comentários entre pessoas nem sempre conhecidas entre si mas que criam novos assuntos e interesses em comum entre os usuários A ociosidade crescente de áreas livres ressalta a necessidade dos espaços que 105 PAISAGISMO desempenham funções diversas em um mesmo local atendendo não um público específico mas sim o qualificando para receber um número maior de usuários com diferentes objetivos Você já se perguntou como e para onde nossa vida social caminhará nos próximos anos É notório o domínio da tecnologia em nosso dia a dia informações rápidas e de fácil acesso ampliam o contato com pessoas do mundo todo e afetam a maneira como as pessoas se relacionam coletivamente Segundo Gehl 2013 p26 os contatos indiretos e o conjunto de imagens retratando o que as outras pessoas fazem em outros lugares não compete com a vida nos espaços públicos ao contrário isso é fator estimulante Os meios eletrônicos de contato foram introduzidos na rotina dos espaços abertos e de convívio Hoje com o uso das redes móveis de comunicação é possível trabalharmos de um jardim Com um notebook ou celular nós conseguimos trabalhar de maneira home office no jardim de nossa casa ou em meio a um parque urbano A flexibilidade do espaço deverá ser considerada pelo profissional no desenvolvimento do projeto prevendo a possibilidade de criação de um escritório móvel nestas áreas através de um mobiliário que possibilite de maneira informal e relaxada a realização de tal atividade anteriormente desenvolvida somente em espaços confinados Nem sempre teremos a possibilidade de desenvolver espaços com a presença de um cliente um usuário final do espaço que possui suas expectativas e desejos para aquele ambiente Quando se trabalha para projetos como condomínios residenciais espaços comerciais e institucionais criamos com informações focadas em um cliente ideal um públicoalvo que ocupará o espaço Esse exercício exige uma preocupação em não restringir o uso pois além do seu público alvo eventualmente o espaço receberá outros usuários com diferentes objetivos e necessidades Abbud 2010 p 13 afirma que o importante é estar atento para as mudanças de gosto e costume e incorporálas ao projeto Não adianta colocar coisas por que as pessoas não mais se interessam pois serão desprezadas 106 PAISAGISMO 333 Função Ambiental do Paisagismo Por último mas não menos importante temos a função ambiental do paisagismo já mencionada nesta apostila A princípio o uso de vegetação nos ambientes melhora o microclima qualificando o espaço para seus usuários A partir do estudado caberá ao profissional aplicar os elementos paisagísticos a fim de se obter o melhor conforto ambiental no espaço A escolha da vegetação correta poderá melhorar as condições climáticas do ambiente ou o seu mau uso pode trazer desconforto O estudo do conforto ambiental é empregado nos projetos há algum tempo A preocupação na disposição dos ambientes em função da insolação local é fator essencial na concepção de um projeto O conceito de conforto abrange questões relacionadas à temperatura do ambiente à iluminação aos ventos à umidade do ar e à acústica Assim uma vez que o projeto de paisagismo engloba todas essas questões para a concepção e desenvolvimento do projeto é fundamental inserilas na escolha das espécies selecionadas e no espaço construído para a criação de ambientes confortáveis e agradáveis A sensação térmica gerada no ambiente é resultado de um conjunto de elementos entre eles a incidência solar no espaço O projeto de paisagismo na sua especificação de espécies pisos permeáveis e materiais terá uma forma para controlar ao atenuar a temperatura do ambiente Com o processo biológico da fotossíntese a vegetação consome alto índice de radiação solar e este calor consumido não passa ao ambiente diminuindo assim a sensação térmica A definição da espécie suas dimensões tamanho de copa folhagem e densidade são fatores estratégicos que poderão ser considerados para garantir um bom clima no espaço Uma cerca viva projetada em frente a uma parede ou a uma pele de vidro reduz a incidência solar direta pois não aquecerá e consequentemente não transmitirá o calor para a área interna do ambiente Algumas espécies poderão permitir e bloquear a incidência solar direta Neste caso devese optar por árvores de folhas caducas Ótima estratégia para garantirmos uma maior incidência solar no inverno período em que geralmente buscamos mais o sol e ainda bloquear o sol excessivo do verão 107 PAISAGISMO Assim o papel da vegetação é fundamental para minimizar condições extremas de calor e frio nos ambientes Como vimos na unidade anterior é vasto o número de tipologias vegetais e especiais disponíveis para a composição do projeto Ao especificar o profissional deverá avaliar o tamanho e o formato da sua copa adulta além de preocupar se com a orientação solar do ambiente e tipologia de solo O efeito dos ventos na vegetação vai além da propagação de aromas e sensações criadas pelo barulho dos galhos balançando Efeitos como canalização de ventos ou barreira poderão ser potencializados e utilizados como estratégia de projeto de acordo com a espécie escolhida e o distanciamento entre elas Para que haja o efeito de canalização dos ventos ou seja criando barreiras laterais e consequentemente um caminho central para que o vento possa circular o corredor ou espaço entre as vegetações nas duas laterais deverá ser relativamente estreito Este artifício de projeto poderá ser utilizado para garantir uma agradável circulação de ar no espaço porém deverá ser levada em consideração a carta de ventos do ambiente pois dependendo da região em que o projeto está localizado o vento forte de rajada pode ser indesejável ao espaço A vegetação também poderá funcionar como defletora dos ventos alterando sua direção e velocidade Árvores ou arbustos poderão ser associados para a modificação do percurso do fluxo de ar redirecionandoo a fim de que penetre nos espaços os quais se pretende ventilar ou afastar Uma barreira vegetal poderá bloquear a passagem dos ventos ou reduzir a sua velocidade e atenuar os seus efeitos na redução da temperatura do ar Devese impedir os ventos de inverno e permitir os de verão tendo em vista que geralmente estes apresentam orientação variada Como barreiras acústicas a escolha da vegetação mais densa possui características mais satisfatórias para a absorção do som pois devido à sua densidade têm função bloqueadora mais eficaz em relação a espécies com folhagens menos densas por cujos galhos parte do som passa facilmente Em nossas cidades a vegetação ainda poderá auxiliar no controle de deslizamentos e da poluição Quando a declividade é acentuada há problemas de erosão e dificuldades de manutenção O uso de forrações é indicado para a estabilização de encostas mas se a declividade for muito grande é preferível utilizar terraços sucessivos com árvores A vegetação ainda atua como filtro da poluição das cidades podendo filtrar ou absorver mas isto dependerá da espécie e oxigenar por isso arborizar com copas densas e folhas miúdas em locais onde há maior fluxo de veículos é extremamente válido e utilizado 108 PAISAGISMO 34 O USO EM PAISAGISMO TIPOS DE LAZER O projeto de paisagismo estará muitas vezes relacionado aos momentos de lazer do indivíduo Segundo o sociólogo Renato Requixa 1977 p35 entendese o lazer como uma ocupação não obrigatória de livre escolha do indivíduo cujos valores propiciam condições de recuperação e de desenvolvimento pessoal e social O lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregarse de livre vontade seja para repousar seja para divertirse recrearse e entreterse ou ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrarse ou desembaraçarse das obrigações familiares e sociais DUMAZEDIER 1973 p34 A classificação das atividades de lazer pode ser dividida entre lazer ativo ou lazer passivo Aquelas que necessitam de movimento e algum esforço físico como a prática de esportes caminhada corrida e até os movimentos de brincar são consideradas lazer ativo Por outro lado quando as atividades não demandarem movimento como conversar descansar contemplar a paisagem ou o movimento dos demais lanchar esperar todas estas em que a relação entre o espaço e o indivíduo é meramente contemplativa podem ser consideradas atividades de lazer passivo Figura 49 Lazer Passivo Fonte Shutterstock 2020 109 PAISAGISMO Figura 50 Lazer Ativo Fonte Shutterstock 2021 De acordo com Dumazedier 2008 p 32 o lazer pode ser classificado ainda em relação às suas três diferentes funções Atividades de Descanso destinadas a momentos em que os usuários possam recuperarse de seu cansaço físico ou mental Recreação divertimento e entretenimento atividades que focam em trazer distração e sair da monotonia e rotina diária Desenvolvimento Pessoal são aquelas que possibilitam um crescimento e desenvolvimento da personalidade propiciando interação social e aprendizagem voluntária É possível ainda classificar as atividades de lazer definidas por Dumazedier 1976 por áreas de interesse Interesses Artísticos atividades passivas de conteúdo estético ligadas ao belo ao sentimento à emoção Exemplos cinema peças de teatro etc Interesses Intelectuais atividades que visam ao desenvolvimento pessoal seja pela busca de informações conhecimento eou aprendizagem Nesta categoria podemos identificar atividades de leitura escrita etc 110 PAISAGISMO Interesses Manuais atividades desenvolvidas por ações com as mãos sendo uma matériaprima é transformada Neste caso podemos identificar interesses manuais em atividades como jardinagem exercícios de pintura e esculturas Interesses Físicos atividades relacionadas às práticas esportivas e à exploração de novos lugares ou ambientes como caminhadas trilhas e passeios Interesses Sociais ou Associativos atividades presentes todos os dias em nossa vida em sociedade relacionadas com a interação entre as pessoas eou grupos São as reuniões de grupos festas etc Além das classificações apresentadas acima podemos ainda subdividir as atividades de lazer de acordo com o tipo de espaço em que ela acontece Por exemplo espaços públicos comerciais culturais esportivos gastronômicos e até o espaço residencial privado As classificações seguem e uma atividade de lazer pode se enquadrar em mais de uma classificação pois há ambientes que propiciam atividades com características multitarefas FÓRUM Com base nos estudos apresentados na Unidade 3 utilize a plataforma online e interaja com os seus colegas de disciplina a respeito dos seguintes questiona mentos 1 Quais as principais etapas de projeto apresentadas nesta unidade 2 Qual a importância da representação gráfica no paisagismo Seja feita à mão ou através de computador como ela auxilia o profissional no processo de projeto 3 Dentro das funções do paisagismo quais as principais apresentadas nesta unidade 4 Quais as formas de lazer para se desenvolver em um projeto de paisagismo 111 PAISAGISMO PARA SINTETIZAR Nesta terceira unidade o objetivo foi aprofundarmos nossos conhecimentos nos seguintes itens o projeto a função e o uso e elementos compositivos aplicados ao projeto de paisagismo Em um primeiro momento avaliamos o processo de projeto quais os pontos iniciais fundamentais e que embasam o seu desenvolvimento Depois passamos etapa por etapa do processo de criação até chegarmos à sua fase final de execução e construção do espaço Entendemos quais os pontos fundamentais para serem definidos em cada fase e a importância do cumprimento de uma fase para seguir a sua posterior Neste momento da unidade falamos sobre a participação do cliente em algumas das etapas para a contribuição do processo Conhecendo as etapas de projeto identificamos quais elementos de representação são utilizados de formas diferentes dependendo da etapa em que ele se encontra Em cada fase projetual o profissional possui uma gama de ferramentas para esboçar seus conceitos e conseguir passar suas intenções principais ao cliente Após o conhecimento do processo projetual aprofundamos nossos saberes na função do projeto de paisagismo É de claro conhecimento a função estética do projeto e do uso da vegetação nos espaços porém além disso o uso da vegetação assume funções ambientais melhorando o microclima e o espaço que será habitado pelas pessoas e possui papel fundamental na socialização dos usuários Por fim nesta terceira unidade entendemos os usos dos espaços sejam eles privados ou não e os diversos interesses que fazem o usuário ir em busca de um espaço com vegetação 112 PAISAGISMO EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 Sobre a função ambiental do paisagismo está correto afirmar que I Melhora o microclima qualificando o ambiente II Quando a vegetação faz fotossíntese consome alto índice de radiação solar e este calor passa para o ambiente aumentando a sensação térmica III A definição das espécies é um fator estratégico a fim de garantir um bom clima no espaço IV A escolha da vegetação menos densa possui características mais satisfatórias para a absorção do som Estão corretas a I II III IV b I II e V apenas c I e III apenas d III e IV apenas e II e III apenas 02 Em relação às etapas projetuais em paisagismo analise os itens descritos abaixo Faz parte do projeto executivo Deve ser desenhado separadamente para não misturar informação da vegetação com a da construção Nesta etapa devese apresentar localização das árvores quantidade tabelas memoriais descritivos com tamanho de covas manutenção A listagem acima referese a itens que compõem qual etapa de projeto a Planejamento de Poda b Anteprojeto c Executivo de Plantio d Estudo Preliminar e Detalhamento Técnico 113 PAISAGISMO 03 Sobre as etapas de projeto assinale a afirmativa correta a As etapas seguem uma sequência única e imutável sem voltas b A etapa do anteprojeto pode ser representada em forma de moodboard c A etapa de execução do projeto está necessariamente ligada ao profissional que desenvolveu o projeto d As etapas seguem uma sequência lógica e cíclica podendo voltar a alguma para rever em qualquer momento e É essencial que em nenhuma etapa seja considerada a opinião do cliente pois o profissional é o responsável pelo projeto 114 PAISAGISMO GLOSSÁRIO Ambiência qualidade do que é ambiente do entorno Brainstorming explosão de ideias discussões Bucólica que se relaciona à natureza simples puro Croqui desenho esquemático ou de observação Humanização atribuir caráter humano promove relações de convivência Moodboard mural composto por elementos visuais que representam o conceito de um projeto 115 PAISAGISMO REFERÊNCIAS ABBUD Benedito Criando paisagens guia de trabalho em arquitetura paisagística 4ª ed São Paulo Senac 2010 DUMAZEDIER Jofre Lazer e cultura popular São Paulo Perspectiva 2008 HUTCHISON Edward O desenho no projeto da paisagem Barcelona Gustavo Gilli 2012 GEHL Jan Cidades para pessoas São Paulo Perspectiva 2013 UNIDADE4 ESTUDO DE COMPOSIÇÃO DE PRAÇAS DE JARDINS 118 PAISAGISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Compreender critérios básicos e soluções aplicadas a projeto de paisagismo a fim de proporcionar padrões referenciais de espaços nos ambientes 119 PAISAGISMO INTRODUCÃO À UNIDADE Na unidade anterior estudamos composição formal etapas de projeto e formas de representação do projeto de paisagismo que são itens importantes para embasar esta última unidade na qual analisaremos espaços construídos e seus elementos A Unidade 4 será voltada ao estudo de espaços além de exemplificar tudo o que foi visto até este momento em sua aplicação prática Na etapa inicial serão aprofundados os estilos de jardins através de imagens dos mesmos e seus principais elementos Com imagens ilustrando os espaços será possível avaliar os fluxos e circulações de um jardim qual sua importância para a definição do projeto e a importância do desenho universal e acessibilidade em projetos de paisagismo Por fim o último ponto de análise serão alguns exemplos de materiais aplicados nos projetos 41 ESTILOS DE JARDIM O estilo de jardim aplicado ao espaço é de extrema relevância haja vista que norteia a escolha dos elementos e espécies para o espaço Reconhecer os estilos diferentes é fundamental a fim de evitar que você cometa erros ao implantar o seu jardim Deverá existir sempre se não um estilo rígido pelo menos a predominância de alguma tendência seja ela moderna pósmoderna ou clássica 120 PAISAGISMO 411 Jardim Clássico ou Formal O estilo de jardim clássico mesmo sendo muito utilizado em certos períodos históricos como vimos na Unidade 1 pode ser replicado e incorporado aos espaços ainda na atualidade Relembrando as principais características deste estilo o jardim clássico ou formal é caracterizado sobretudo pelas linhas geométricas e simetria do traçado O uso desta linguagem auxilia nas demarcações e caminhos bem definidos uma vez que existe uma rigidez na composição não sendo permitido o caminhar liberado pelo espaço mas sim pelos circuitos planejados e geralmente delimitados por vegetações Figura 51 Composição de Jardim Clássico Grandes Espaços Fonte Shutterstock 2020 É comum encontrarmos projetos de grandes espaços com o estilo clássico permitindo explorar melhor seus traçados e uso de elementos como espécies aparadas e fontes de água Porém este estilo de jardim também pode ser aplicado a ambientes residenciais menores trabalhando com alguns elementos característicos do estilo conforme apresenta a imagem abaixo 121 PAISAGISMO Figura 52 Composição de Jardim Clássico Pequenos Espaços Fonte Shutterstock 2020 Neles não poderão faltar espécies baixas e rigorosamente aparadas que emolduram canteiros onde as flores exercem um papel apenas secundário O uso da topiaria característica forte deste estilo poderá ser facilmente aplicada em espécies plantadas em espaços reduzidos ou até mesmo em vasos se o projeto for para a área de um apartamento 412 Jardim Seco Desértico ou Rochoso Visualmente este estilo de jardim possui elementos e características que tentam reproduzir uma paisagem árida Algo como um pequeno oásis ou um pé de serra em região de cerrado A utilização de pedras e areia geralmente faz o pano de fundo para cactos agaves e suculentas 122 PAISAGISMO Figura 53 Composição de Jardim Desértico 1 Fonte Shutterstock 2020 Ao se trabalhar com esse estilo de jardim devemos levar em consideração seu local de aplicação Espécies utilizadas na sua composição que possam apresentar espinhos não são recomendadas em áreas que tenham a circulação de crianças por exemplo Figura 54 Composição de Jardim Desértico 2 Fonte Shutterstock 2020 123 PAISAGISMO O Jardim seco ou desértico é uma excelente opção para se trabalhar em composições para clientes em apartamento ou com espaço reduzido pois suas espécies normalmente não se caracterizam com grandes copas e não necessitam de espaços superdimensionados Figura 55 Composição de Jardim Desértico 3 Fonte Shutterstock 2021 É uma ótima opção para trabalhar nos espaços internos pois sua durabilidade é grande e sua manutenção facilitada não exigindo regas e podas constantes Devese ter atenção especial pois algumas espécies pedem insolação direta SAIBA MAIS Confira o projeto VILLA SKY POINT do REZA MOHTASHAMI STUDIO e como o arquiteto trabalha com o jardim desértico interna e externamente Além disso ele compõe com materiais rochosos Acesse httpsrezamohtashamicomportfolioposts966 124 PAISAGISMO 413 Jardim Oriental ou Zen Conforme aprendemos na Unidade 1 o jardim oriental tem como um dos seus principais fundamentos o culto à natureza Alguns elementos são de presença quase obrigatória neste estilo de composição Sua formalidade segue a construção natural sem a necessidade de delimitar e formar caminhos específicos Por exemplo as pedras de rios utilizadas passam a impressão de sugerir que a própria natureza as colocou em sua posição sem a interferência do homem Figura 56 Composição de Jardim Oriental 1 Fonte Shutterstock 2020 Água em riachos laguinhos ou cascatas para induzir o homem a enxergar a si mesmo Lamparinas de pedra também podem aparecer como elementos de iluminação nesta composição e representam o espírito bom e iluminado que afasta o mal 125 PAISAGISMO Figura 57 Composição de Jardim Oriental 2 Fonte Shutterstock 2021 É comum encontrarmos demais elementos bem característicos deste estilo como o Bambu sendo pano de fundo da composição Espécies como azaleias camélias íris glicínias tuias nandinas e eventualmente uma cerejeiradoJapão A topografia acidentada criando ondulações no terreno é utilizada aliando o uso de forrações ou areia bem grossa e branquinha 126 PAISAGISMO Figura 58 Composição de Jardim Oriental 3 Fonte Shutterstock 2021 Na imagem acima podemos identificar um jardim oriental no átrio de uma edificação no qual predomina o uso de areia grossa e pedras uma composição de jardim onde não se encontra vegetação 414 Jardim Tropical O jardim tropical pretende recriar uma paradisíaca ilha tropical com muito verde e muitas flores A diversidade de espécies com folhagens e coloridos particulares de cada uma reforça a ideia de natureza sem interferência do homem Árvores como o flamboyant e o jasmimmanga arbustos como o hibisco a primavera e a gardênia palmeiras diversas folhagens tipo filodendros e samambaias 127 PAISAGISMO bananeiras ornamentais líriosdobrejo bromélias dracenas ou seja tudo o que evoca a exuberância da flora tropical Figura 59 Composição de Jardim Tropical Fonte Shutterstock 2020 Em um jardim neste estilo um gramado é quase essencial até para promover a integração entre os diversos verdes Área sombreada cascata ou um filete dágua dão o toque final da composição OLIVEIRA 2020 Na Figura 59 acima é possível identificarmos o uso de jardim tropical em escala média compondo uma área de acesso ao condomínio Para a composição desse estilo de paisagismo é importante a observação do local a ser instalado sua insolação pois a maioria de espécies tropicais utilizadas para a composição necessita de uma grande incidência solar para seu desenvolvimento 128 PAISAGISMO SAIBA MAIS Confira o projeto GALERIA LUCIANA BRITO e como foram trabalhados os jardins internos e externos na residência Acesse httpswwwarchdailycombrbr867909galerialucianabritopiratiningaarquite tosassociadosadsourcesearchadmediumsearchresultall 415 Jardim Contemporâneo O jardim contemporâneo assim como na arquitetura e no design atual é um retrato da vida moderna O conceito principal deste estilo é a liberdade no uso de espécies características de determinado estilo combinado a outras de estilo predominante diferente Podese por exemplo usar plantas exclusivas de jardins clássicos europeus ao redor de uma palmeira bem tropical Figura 60 Composição de Jardim Contemporâneo 1 Fonte Shutterstock 2020 129 PAISAGISMO A utilização de plantas atuais e esculturas são características que podem aparecer na composição desses espaços Além disso o jardim contemporâneo geralmente não possui um uso restrito com características contemplativas Figura 61 Composição de Jardim Contemporâneo 2 Fonte Shutterstock 2020 Atualmente a grande variedade de materiais disponíveis no mercado gera diversas oportunidades para as pavimentações neste estilo como pisos sem estampas e confeccionados com materiais nobres e claros e os móveis próprios para as áreas externas produzindo ambientes convidativos 42 CIRCULAÇÕES COMO DEFINIDORAS DE PROJETO Neste segundo momento da unidade abordaremos as circulações e caminhos a maneira como elas auxiliam na composição dos espaços de paisagismo avaliando suas composições aplicadas em projetos 130 PAISAGISMO Circulação em um projeto referese aos espaços que têm papel fundamental de conexão entre ambientes Estas circulações poderão ter características horizontais sem vencer desníveis como caminhos e passeios ou então funcionarem como conexões verticais por exemplo as escadas e rampas As circulações verticais são muito utilizadas para ligar um espaço a outro quando esses apresentam desnível leve ou acentuado Para os jardins e espaços ao ar livre são bastante comuns os desníveis entre ambientes visto que muitas vezes a própria topografia do terreno é utilizada na composição do projeto Para Abbud 2006 p 15 quanto mais um jardim consegue aguçar todos os sentidos melhor cumpre seu papel Desta forma as circulações em um espaço projetado devem ocultar e mostrar elementos Os percursos em geral deverão ser trabalhados e marcados para possibilitar ao usuário descobertas prazerosas durante seu caminho Figura 62 Rua Arbat Rússia Fonte Shutterstock 2020 Na imagem acima conseguimos identificar uma maneira lúdica de trabalhar os caminhos em projeto de paisagismo não utilizando somente como transição entre um ambiente e outro A escolha de trabalhar as vegetações como cobertura neste projeto presas em uma estrutura traz ao percurso do pedestre um ambiente com características 131 PAISAGISMO diferenciadas ofertandolhe experiências ao caminhar Além disso poderá ser escolhido trabalhar com espécies que modifiquem suas características com as estações do ano criando diferentes cenários e surpresas em um mesmo ambiente No contexto do projeto há que se planejar o que estará acima das nossas cabeças em frente aos nossos olhos e sob os nossos pés As características de localização e caminhamento são em linhas gerais iguais para todos os indivíduos ou grupos de idade Na figura abaixo observamos distintos comportamentos de percursos Quando estamos no meio do nosso dia a dia 1 ao percorrermos os espaços desviamos de muros paredes e esquinas com o intuito de chegar ao destino final percebendose na análise um caminhar mais rígido Na imagem representada pelo traçado 2 é como se configura o caminhar em espaços de lazer nos quais temos ambientes que proporcionem desligamento relaxar e lazer Desta maneira identificamos um caminhar mais leve aproveitando o ambiente e os caminhos que neles existem Figura 63 Traçado do Caminhar Fonte Elaborada pela autora 2020 Dentro do exposto acima conseguimos ainda subdividir o traçado do caminhar de acordo com o perfil em qual vamos trabalhar Por exemplo as crianças 1 tendem a se movimentar mais no espaço de acordo com os interesses criados no ambiente Em um parque por exemplo elas traçarão um percurso irregular cheio de curvas pois não seguem uma regularidade como o indicado na figura abaixo 132 PAISAGISMO Figura 64 Traçado Criança Adultos e Idosos Fonte Elaborada pela autora 2020 Já pessoas adultas tendem a ser mais certas em seu percurso com o objetivo direto 2 enquanto os idosos 3 possuem um propósito não claro e direto aproveitando mais o caminhar fazendo pausas e o deixando mais suave Para os idosos também é importante prever rampas e declividades adequadas à acessibilidade Os caminhos definidos em um projeto de paisagismo devem ser pensados em cima do percurso que o profissional quer que seja percorrido pois intuitivamente a linha de percurso traçada é a de menor esforço encurtando distâncias Desta forma podemos projetar um espaço mais adequadamente funcional evitando criar circulações longas e inviáveis no espaço caso o pedestre opte por outro percurso não definido em função da sua proximidade Figura 65 Menor Linha de Força Traçado Fonte Elaborada pela autora 2020 Durante a fase de desenvolvimento de projeto quando vamos traçar os caminhos no ambiente devese pensar em qual função este espaço de circulação terá de lazer de ligação ou será de contemplação A função exercida no caminho define a sua largura Outro ponto importantíssimo na definição dos projetos é avaliar o baixo ou alto fluxo de pessoas naquele local pois assim conseguimos dimensionálos corretamente Podese definir a função do caminho diferenciando a pavimentação sendo de fácil percepção e identificação quando se trabalha com revestimentos variados para usos diferentes 133 PAISAGISMO Figura 66 Caminhos e suas Pavimentações 1 Fonte Shutterstock 2020 Na Figura 66 identificamos o uso de duas pavimentações diferentes utilizadas para as circulações Na parte à esquerda da imagem vemos uma pavimentação de blocos de concreto intertravados que pode ser considerada um espaço de transição mais rápida dando fluidez ao espaço Por outro lado quando o idealizador do espaço cria uma nova circulação a qual leva até uma área de lazer e convívio ele definiu trabalhar com outro tipo de pavimentação com cor e formatos diferentes da outra justamente para causar a sensação ao usuário que o espaço mudou e possui outra função O uso de pavimentações diferentes como norteadoras do espaço poderá ser facilmente identificado em nossas cidades quando possuímos um espaço de lazer ao ar livre que diferencia na pavimentação o espaço de caminhada de pedestres e o espaço de uso exclusivo da bicicleta 134 PAISAGISMO Figura 67 Caminhos e suas Pavimentações 2 Fonte Shutterstock 2020 Na Figura 67 fica clara a utilização de materiais diferentes para o piso de acordo com o uso de cada espaço Na área de mesas ao ar livre a utilização do piso vermelho delimita o espaço de caminhar do parque A utilização dos materiais também auxilia na distinção entre os passeios e as circulações criadas no projeto Ao utilizarmos materiais naturais com aspectos menos industrializados conseguimos passar a sensação de ambiente mais natural e que eventualmente pode gerar uma sensação de calma tranquilidade e reforçar a inserção no meio natural 135 PAISAGISMO 43 DESENHO UNIVERSAL EM PAISAGISMO O desenho universal é uma resposta às questões sociais que buscam eficiência e equidade para todos Em 1990 um grupo de arquitetos e designers defensores de um design voltado às pessoas e suas diversidades definiu sete princípios do Desenho Universal sendo eles Uso Equitativo criar espaços que possam ser utilizados por pessoas distintas e com diversas possibilidades evitando a segregação Aqui diferimos Desenho Universal de Acessibilidade nem sempre um espaço com acessibilidade é um espaço com Desenho Universal pois igualdade diferese de equidade Figura 68 Diferença entre Igualdade e Equidade Fonte Shutterstock 2021 Uso Flexível desenvolver ambientes ou utilizar materiais que permitam atender às diferentes necessidades dos usuários 136 PAISAGISMO Uso Simples e Intuitivo permitir fácil compreensão do indivíduo ao espaço independentemente de suas limitações Informação de Fácil Percepção trazer clareza às informações comunicação clara e objetiva Figura 69 Comunicação Desenho Universal Fonte Shutterstock 2021 Tolerância ao Erro incluir a segurança na concepção dos ambientes a fim de reduzir risco de acidentes Esforço Físico Mínimo dimensionar equipamentos e elementos ergonomicamente de maneira eficiente e que evite esforços repetitivos 137 PAISAGISMO Dimensionamento dos Espaços conceber espaços para acessos e usos abrangentes Figura 70 Circulação Acessível Fonte Shutterstock 2021 Para MACE 1991 o Desenho Universal aplicado em um projeto referese à criação de ambientes e produtos que possam ser usados por todas as pessoas na sua máxima extensão SUGESTÃO DE LEITURA Saiba um pouco mais sobre o Desenho Universal e sua aplicabilidade lendo o manual de Desenho Universal desenvolvido pela prefeitura de SP 138 PAISAGISMO 44 MATERIAIS APLICADOS A PROJETOS Os elementos não vegetais entram na composição dos espaços pois são peças fundamentais que auxiliam a garantir o uso e permanência do espaço Elementos como pisos mobiliário rochas iluminação mobiliários urbanos e vasos podem ser usados com intenções funcionais do espaço ou seja criar ambientes confortáveis mas também possuem papel fundamental na composição estética do ambiente Durante o processo de projeto é necessária a definição dos materiais utilizados no espaço Isso porque diante da infinidade de produtos à disposição o profissional deve conhecêlos para a especificação correta Por exemplo em um jardim mais natural cuja intenção projetual é passar a ideia de um ambiente sem intervenção do homem o ideal é utilizar elementos não vegetais que sigam a mesma ideia pedras mais naturais ou bancos de madeira mais rústicos auxiliarão a reforçar o conceito do projeto Além disso devese avaliar a qualidade a durabilidade o preço e a adequação ao espaço Não podemos especificar piso feito de pedras naturais se o espaço é para idosos pois isso dificultará a caminhabilidade e acessibilidade do usuário no espaço É interessante que o profissional teste imagine o conjunto e materiais junto às vegetações pois assim conseguirá passar a personalidade do projeto Os principais atributos dos materiais que auxiliam nas definições de projeto são 9 Características Formais O profissional avaliando as cores formas das peças textura e natureza do material com um olhar estético definirá qual imagem quer passar com o ambiente 9 Características Funcionais Neste momento o arquiteto ou designer deverá avaliar as condições daquele material para a função que ele vai exercer Por exemplo avaliar a inércia térmica do material se tem o índice de absorção muito alto e consequentemente esquentará mais facilmente 139 PAISAGISMO O uso da madeira serve como exemplo pois é comum ver a sua utilização em projetos de áreas externas e próximas à piscina Porém é um material que absorve e transmite calor com facilidade podendo queimar os usuários ao andarem descalços por ele A manutenção também deve ser avaliada pois existem tipos de materiais que sujam ou necessitam de um cuidado mais frequente devendo ser viabilizado de acordo com a necessidade do cliente e durabilidade do material Voltando para áreas externas que contêm possibilidade de contato com água o material deve ser avaliado perante a sua propriedade antiderrapante para evitar acidentes Existem ainda alguns tipos de materiais que possuem permeabilidade maior em relação a outros ou seja permitem a absorção e a passagem de parte da água proveniente dos telhados e chuvas para a terra Outro ponto para avaliação é a resistência ao atrito avaliandose qual o fluxo de pessoas no espaço se é um material resistente estável ou que facilmente vai se desfazer 9 Formas de Execução O material definido em projeto necessita de alguma empresa de mão de obra especializada para sua colocação Após a colocação é um material de fácil reparo durante a sua vida útil Estes são fatores que influenciam no custo final do projeto afetando diretamente nosso cliente Dentre as propriedades dos materiais em projeto podemos classificar em dois grandes grupos materiais artificiais e naturais 441 Materiais Artificiais Os materiais artificiais mais encontrados no mercado são os compostos de cimento e concreto Sendo denominados aglomerados construtivos são elementos com valor interessante e com grande durabilidade Sua aplicação poderá ser feita em pisos muros cercas e aceitam coloração por isso se tornam uma boa alternativa para o uso em nossos projetos 140 PAISAGISMO Figura 71 Materiais Artificiais Fonte Shutterstock 2020 Na figura acima avaliamos o uso dos aglomerados de cimento em projeto Para a escolha deste tipo de material o profissional especificador deverá avaliar a drenagem do terreno pois é um material sem características drenantes ou seja a água vai escoar em sua superfície até o sistema de drenagem sem permear no solo O mercado hoje oferece algumas lajotas de concreto fabricadas com compostos que possuem uma capacidade de absorção de água maior Além disso algumas soluções de projeto poderão também auxiliar na drenagem A utilização de blocos ou lajotas de concreto com espaçamento entre eles além de garantir um visual extremamente agradável melhora os índices de permeabilidade do espaço 141 PAISAGISMO Figura 72 Pisos de Concreto com Espaçamento Fonte Shutterstock 2020 442 Materiais Naturais Dentre os materiais naturais a pedra e a madeira são os que dominam boa parte dos projetos 4421 Madeira Nos projetos de paisagismo a madeira é muito utilizada por resistir às intempéries quando tratada adequadamente exigir pouca manutenção e por ser encontrada facilmente no mercado Seu uso nas composições de projetos é muito amplo podendo servir como 142 PAISAGISMO revestimento de piso paredes escadas e até em construção de estruturas para pérgolas e jardins suspensos Esse material possui características de composição muito interessantes nos jardins em função das suas variadas colorações e materialidade provenientes do próprio ambiente natural A única preocupação na instalação é confirmar com o fornecedor a proveniência da madeira garantindo sua certificação e aplicando as técnicas necessárias para garantir a durabilidade Figura 73 Composição de Jardim Fonte Shutterstock 2020 Na figura acima podemos ver a madeira aplicada em pergolados piso e até mesmo mobiliários Com coloração média a madeira aplicada a este projeto confere caráter biofílico quando traz a natureza para perto além de contrastar harmonicamente com os elementos vegetais 143 PAISAGISMO Figura 74 Uso da Madeira Bruta Fonte Shutterstock 2020 Na Figura 74 identificamos o uso da madeira como peça bruta com formato natural indicada para ambientes que não necessitem de acabamentos perfeitos em seu piso ou revestimento e que possuam este caráter rústico A madeira tornase um material coringa e flexível para os projetos de áreas externas pois devidamente tratada e lixada cria possibilidades maiores para o seu uso por exemplo em decks e pergolados A grande desvantagem vista para o uso da madeira é a sua manutenção e exposição a pragas e cupins por isso o tipo de madeira escolhido e seu processo de tratamento e impermeabilização é fundamental para garantirmos a durabilidade 144 PAISAGISMO Figura 75 Utilização de Madeira Fonte Shutterstock 2021 4422 Pedras Sendo utilizadas pelo homem na composição dos espaços desde a antiguidade as pedras são materiais duráveis cuja variação é extensa Encontramos pedras em seus formatos naturais sem moldes e que podem ser assentadas de maneira irregular ou não Além do seu formato a madeira poderá ser aplicada em nossos projetos seja em pedriscos e seixos ou até em grandes formatos 145 PAISAGISMO Figura 76 Utilização de Pedras no Paisagismo Fonte Shutterstock 2021 Ainda nas variadas tipologias de pedras existentes identificamos sua aplicação desde os paralelepípedos utilizados antigamente como pavimentação de ruas e espaços públicos de nossas cidades passando posteriormente pelo período de colonização e suas calçadas com pedra portuguesa branca e preta que criavam desenhos e padronagens bem característicos do período Hoje contamos com o surgimento da argamassa para assentamento Na possibilidade de trabalharmos pedras com menor espessura conseguimos utilizar o granito o mármore a ardósia pedra são tomé e demais modelos para revestimentos de lajes muros externos bordas de piscinas e demais itens em nossas áreas de jardins internos ou externos dando possibilidades gigantes de uso ao profissional na sua composição 146 PAISAGISMO Figura 77 Revestimento em Pedra Fonte Shutterstock 2021 O uso das pedras em forma de revestimento carrega consigo um forte potencial sensorial de aproximação do usuário com a natureza e apesar da sua brutalidade quando combinada com outros elementos paisagísticos confere leveza ao projeto Pedras no seu estado natural também são muito utilizadas para ornamentação dos espaços e vasos podendo auxiliar na drenagem do espaço 443 Vasos e Mobiliários Urbanos Outros elementos compositivos que têm grande influência nos projetos são os vasos principalmente em ambientes internos e os mobiliários urbanos podendo ser compostos por materiais naturais artificiais e até mesmo mistos 147 PAISAGISMO 4431 Vasos Os tipos de vasos contribuem para o crescimento adequado das plantas e para compor harmonicamente os projetos Podem ser utilizados com ou sem suportes sendo que os tamanhos variam principalmente de acordo com a espécie plantada neles Alguns dos vasos mais utilizados são Vasos de Barro garantem temperatura e umidade ao elemento vegetal e apresentam característica semelhantes ao solo sendo encontrados de várias formas e tamanhos Vasos de Cimento aparecendo cada vez mais juntamente com os diy vídeos faça você mesmo estes vasos são encontrados facilmente Possuem como característica elevada resistência mas paralelo a isso têm peso eminente o que requer atenção para onde será localizado Vasos de Plástico trazem como principais características a leveza a economia e a diversidade de tamanhos e formatos Estes vasos requerem atenção em virtude da temperatura pois podem aquecer e prejudicar a planta Vasos de Polietileno o uso deste tipo de vaso está em alta principalmente por seu custobenefício pois eles apresentam leveza e diversas cores tamanhos e texturas algumas delas até mesmo simulando cimento ou barro Vasos de Vidro são utilizados principalmente em composições de terrários ou com plantas aquáticas Conferem elegância e leveza ao ambiente Cachepots grandes aliados aos projetos trazem diversas formas e materiais sendo recipientes que agregam a vasos em sua maioria de beleza inferior 148 PAISAGISMO Figura 78 Tipos de Vasos Fonte Shutterstock 2021 Na imagem acima podemos observar uma composição heterogênea de vasos utilizandose de cachepots vaso de cimento barro pintado e polietileno 4432 Mobiliários Urbanos Os mobiliários podem ser classificados em cinco tipos sendo eles Mobiliários de Serviço lixeiras banheiros e telefones públicos bicicletários luminárias bebedouros abrigo de ônibus e relógios 149 PAISAGISMO Mobiliários de Lazer bancos de praças projetos para crianças e mesas de jogos Mobiliários de Comercialização quiosques bancas de jornal barracas de venda ambulantes mesas para café e bares Mobiliários de Sinalização placas informativas e semáforos Mobiliários de Publicidade outdoors e letreiros FÓRUM Com base nos estudos apresentados na Unidade 4 deste caderno utilize a plataforma online e interaja com os seus colegas da disciplina a respeito dos seguintes questionamentos 1 Quais os principais estilos de Jardim mencionados 2 Existe algum estilo com que você se identifica mais Por quê 3 Em todas as unidades anteriores falamos sobre os elementos de paisagismo sua repre sentação de maneira isolada Nesta apresentamos tais elementos juntos aplicados a projeto Que importância tem para o espaço unir todos os elementos estudados e vêlos aplicados juntos 150 PAISAGISMO PARA SINTETIZAR Nesta quarta e última unidade o principal objetivo foi podermos identificar as tipologias de jardins e alguns itens vistos nas unidades anteriores como materiais especiais aplicados em projetos reais exemplificandoos por meio das imagens apresentadas No início da unidade avaliamos alguns exemplos de projeto de áreas externas através dos seus estilos O paisagismo classifica alguns estilos de projeto em que ele assume características sendo fundamental ao profissional saber identificar qual sua linha de projeto e com qual estilo se familiariza mais De maneira geral a utilização das imagens nesta unidade nos auxiliou na compreensão do espaço podendo visualizar o ambiente construído Após os estilos conhecidos aprofundamos nos caminhos e circulações Pontos fundamentais na prática de projeto pois eles auxiliam na conexão dos espaços dentro de um ambiente Identificamos os tipos de circulações diferentes como trabalhálas em projeto garantindo o melhor uso do espaço Por fim brevemente entendemos os principais materiais disponíveis para a composição dos projetos visualizando sua aplicação em projetos executados 151 PAISAGISMO EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 Sobre o estilo de jardim oriental analise as frases abaixo I Tem como principal objetivo recriar ilhas paradisíacas II Um dos principais objetivos do jardim é a contemplação III Utiliza o elemento água com intuito de fazer o homem enxergar a si mesmo IV Prima pela utilização de elementos retilíneos e geométricos Estão corretas as alternativas a I II e III b I II e IV c I e II d II III e I II III e IV 02 Seguindo o material estudado nesta apostila identificando as principais características apresentadas para cada estilo analise a figura abaixo e marque a alternativa correta A imagem acima representa o estilo de jardim a Oriental 152 PAISAGISMO b Desértico c Tropical d Clássico e Contemporâneo 03 Os principais atributos característicos dos materiais e que devem ser levados em consideração pelo profissional na hora de definição e especificação em projeto vistos nesta unidade são a Funcionais e de estabilidade b Estético Somente c Informais e de durabilidade d Formais e histórico e Formais e funcionais 153 PAISAGISMO GLOSSÁRIO Aglomerado conjunto de coisas Átrio espaço cercado de pórticos ou outras construções Intempéries mau tempo ou tempestade Condicionantes não favoráveis 154 PAISAGISMO REFERÊNCIAS ABBUD Benedito Criando paisagens guia de trabalho em arquitetura paisagística 4ª ed São Paulo Senac 2010 BELLÉ S Apostila de paisagismo Bento Goncalves IFRS 2013 Disponível em https wwwpasseidiretocomarquivo50198882apostiladepaisagismo Acesso em Acesso em 17 abril 2020 WATERMAN Tim Fundamentos de Paisagismo Porto Alegre Bookman 2011 Minha Biblioteca