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Nº 4 112013 NIETZSCHE E A DOMESTICAÇÃO DO ANIMAL HOMEM Resumo O presente artigo tem como objetivo apresentar as ideias de Nietzsche no tocante ao es tudo sobre a domesticação do Homem Para tanto utilizamos o livro Genealogia da Moral que retrata a denúncia de Nietzsche ao processo de civilização processo este caracterizado pela cru eldade aquisição da capacidade do homem em fazer promessas a interiorização do sentimento de culpa a formação da má consciência a aplicação e aceitação do castigo e por fim os grandes construtores desta forma de adestramento do animal homem criados pelo cristianismo Destac aremos aqui algumas considerações acerca do pensamento de Peter Sloterdijk quanto à crítica de Nietzsche ao Humanismo dando destaque a denúncia de Nietzsche ao projeto de criação dos seres humanos Palavraschave Homem Domesticação Cristianismo Humanismo DIANY MARY FALCÃO ALVES Mestranda em filosofia pela Universidade Estadual do Ceará UECE Email fdianymaryhotmailcom fdianymaryyahoocombr REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 16 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 Introdução N o pensamento de Nietzsche encontramos uma crítica radical ao processo de formação do homem a partir de uma denúncia da domesticação do homem Entender de forma sistemática as análises de Nietzsche quanto ao desenvolvimento deste tema não é tarefa fácil A complexidade dos escritos deste filósofo nos remete a diversas temáticas2 entretanto podemos extrair da obra Genealogia da Moral a tese nietzschiana de que o processo civilizatório é o da cruel domesticação do homem animal de rapina Neste processo a barbárie seria superada e a civilização se constituiria Segundo Nietzsche a formação do homem foi marcada pela construção de valores de uma cultura que ao longo de sua estruturação direcionouse para um adestramento do animal homem ou seja para Nietzsche o sentido de toda cultura é amestrar o animal de rapina homem reduzilo a um animal manso e civilizado doméstico Nietzsche 1998 p33 Essa definição atravessa todo o pensamento de Nietzsche e através de uma genealogia da moral ele reconstitui as condições e circunstâncias nas quais se desenvolveram e concretizaramse os parâmetros desta cultura Desse desenvolvimento Nietzsche apresenta a aquisição da capacidade do homem em fazer promessas a interiorização do sentimento de culpa a formação da má consciência a aplicação e aceitação do castigo e por fim a presença do grande construtor desta forma de adestramento do animal homem o sacerdote ascético Nietzsche e a Domesticação do Animal Homem O marco inicial da domesticação do homem explica Nietzsche está na aquisição da capacidade de fazer promessas Este é um pressuposto fundamental para o homem viver em sociedade A faculdade de prometer deve está interiorizada na natureza humana por outro lado afirma Nietzsche há no homem uma força contrária a esta faculdade uma força inibidora ativa Segundo Nietzsche Criar um animal que pode fazer promessas não é esta a tarefa paradoxal que a natureza se impôs com relação ao homem Não é este o verdadeiro problema do homem O fato de que este problema esteja em grande parte resolvido deve parecer ainda mais notável para quem sabe apreciar plenamente a força que atua de modo contrário a do esquecimento 3 O fato é que essa força inibidora ativa esse esquecimento inviabiliza no homem a capacidade de prometer visto que o faz esquecer suas promessas Foi então preciso desenvolver no homem uma faculdade oposta ao esquecimento a faculdade de se lembrar ou seja a memória da vontade Entretanto a imposição desta faculdade não foi estabelecida de forma pacífica calma REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 17 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 espontânea Esta veio através de um processo cruel doloroso denominado mnemotécnica 4 Acusa Nietzsche Talvez nada exista de mais terrível e inquietante na préhistória do homem do que sua mnemotécnica Gravase algo ao fogo para que fique na memória apenas o que não cessa de causar dor fica na memória eis um axioma da mais antiga e infelizmente mais duradoura psicologia da terra Jamais deixou de haver sangue martírio e sacrifício quando o homem sentiu a necessidade de criar em si uma memória 5 Esta técnica utiliza a dor para construir uma memória isto faz com que as promessas lembranças sejam gravadas na consciência do homem Deste processo de criar um animal capaz de fazer promessas surgiu o conceito de responsabilidade que tomou o homem até certo ponto necessário uniforme iguais entre iguais constante consequentemente confiável 6 Isto é apenas o início do longo processo de domesticação do homem animal de rapina onde o castigo é um procedimento fundamental Estabelecido o conceito de responsabilidade a capacidade de prometer o homem passou a ter consciência e condições para viver em sociedade na medida em que passou a ter condições de lembrar e cumprir os contratos sociais passando a ser útil necessário e confiável Segundo Nietzsche o nascimento do castigo não se resume ao fato de responsabilizar um delinquente por seu ato Seu nascimento está ligado a uma forma de reparação pelo dano sofrido Seu desenvolvimento vem da relação contratual entre credor e devedor que é tão velha quanto a existência de pessoas jurídicas e que por sua vez remete às formas básicas de compra venda comércio troca e tráfico Nietzsche 1998 p 53 Nestas relações o devedor deve infundir confiança serenidade e a santidade em sua promessa de restituições Para tanto se utiliza daquilo de que tem posse como seu corpo sua mulher sua liberdade ou até mesmo sua vida Sendo assim o credor na reparação do dano sofrido pode infligir ao corpo do devedor toda a sorte de humilhações e torturas Neste sentido o corpo do devedor serve de garantia e sobretudo serve de base que dá solidez à palavra garantia de promessa Este processo afirma Nietzsche remete a um tipo de compensação ou seja A satisfação de quem pode livremente descarregar seu poder sobre o impotente a volúpia de faire le mal pour le plaisir de le faire o prazer de ultrajar Através da punição ao devedor o credor participa de um direito dos senhores experimenta enfim ele mesmo a sensação exaltada de poder desprezar e maltratar alguém como inferior ou então no caso em que o poder de execução de pena já passou à autoridade poder ao menos vêlo desprezado e maltratado A compensação consiste portanto em um convite e um direito à crueldade 7 O castigo não se limita apenas como uma compensação de um dano Nietzsche explica que da relação contratual primitiva entre credor e devedor o castigo passou para relações mais amplas para as relações entre comunidades e seus membros isto é deixou de ser da ordem privada para tornar se público político jurídico transformandose em pena 7 Este processo de reparação não define o REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 18 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 castigo 8 segundo Nietzsche este comporta diversos sentidos pois evidentemente o castigo está carregado de toda espécie de utilidades Nietzsche 1998 p69 Porém há uma utilidade importante do castigo é o fato dele ter o valor de despertar no culpado o sentimento de culpa nele se vê o verdadeiro instrumentum dessa reação psíquica chamada má consciência remorso Nietzsche 1998 p70 Nietzsche relata uma provisória hipótese sobre a origem dessa má consciência Vejo a má consciência como a profunda doença que o homem teve de contrair sob a pressão da mais radical das mudanças a mudança que sobreveio quando ele se viu definitivamente encerrado no âmbito da sociedade e da paz Nietzsche 1998 p72 Isto se deve ao fato do homem ter que inibir seus instintos selvagens em prol da formação de um Estado ou melhor de uma civilização pois na medida em que o homem foi impedido de exteriorizar seus instintos estes se voltaram para dentro de si é o que Nietzsche denominou de interiorização do homem o que depois para ele passou a ser denominado de alma 8 Vejamos que o castigo vai além do sentido de punição e reparação Ele é o princípio que desperta no culpado um sentimento de culpa uma reação psíquica denominada má consciência De modo geral declara Nietzsche O que em geral se consegue com o castigo em homens e animais é o acréscimo do medo a intensificação da prudência o controle dos desejos assim o castigo doma o homem mas não o torna melhor com maior razão se afirmaria o contrário O prejuízo torna prudente diz o povo tornando prudente torna também ruim Mas infelizmente torna muitas vezes tolo9 Definida como doença para Nietzsche a má consciência separou o homem do seu passado animal exterminando os seus velhos instintos nos quais até então se baseava sua força seu prazer e o temor que o inspirava Nietzsche 1998 p73 A contenção desses instintos primitivos na medida em que não puderam mais ser exteriorizados pelo homem foram por ele interiorizados impedindoo de agir livremente sobre o outro O homem passou a agir sobre si mesmo e por consequência tornouse um animal doente e fraco Esse processo deu lugar a um homem com valores morais novos um homem que não é caracterizado por seu individualismo mas por ser parte integrante de uma sociedade ou melhor um membro do Estado Limitar a domesticação do homem ao contexto até agora descrito tornaria o trabalho aqui realizado incompleto pois o pensamento de Nietzsche sobre essa temática vai além das análises genealógicas do castigo Ele parte para uma esfera mais complexa segue em direção aos grandes construtores do adestramento do animal homem Segundo Nietzsche com o advento do Deus cristão o deus máximo até agora alcançado trouxe também ao mundo o máximo de sentimento de culpa Nietzsche 1998 p79 O desenvolvimento do sentimento de culpa se deve ao entrelaçamento da má consciência com a noção de Deus A interiorização da ideia de que o homem se situa como um devedor perante Deus seu REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 19 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 credor tornouse para ele instrumento de suplício na medida em que apreende em Deus as últimas antíteses que chega a encontrar para seus autênticos insuprimíveis instintos animais ele reinterpreta esses instintos com culpa em relação a Deus Nietzsche 1998 p 81 Para Nietzsche o acontecimento fundamental dentro desta relação entre homem e Deus ou seja entre devedor e credor está no mais surpreendente golpe de gênio do cristianismo parte do acontecimento em que o próprio Deus se sacrifica pela culpa dos homens o próprio credor que paga a si mesmo por amor a seu devedor 10 Deste modo temos toda uma trajetória de fatos que culminou na domesticação do homem e fez deste um animal manso domável a partir do momento em que este não pode mais exteriorizar seus instintos O homem contraiu uma doença chamada má consciência tornouse um ser decadente fraco e que encontrou no cristianismo um caminho de livrarse do castigo eterno Já terão adivinhado o que realmente se passou com tudo isso e sob tudo isso essa vontade de se torturar essa crueldade reprimida do bichohomem interiorizado acuado dentro de si mesmo aprisionado no Estado para fins de domesticação que inventou a má consciência para se fazer mal depois que a saída mais natural para esse quererfazermal fora bloqueada esse homem da má consciência se apoderou da suposição religiosa para levar seu automartírio a mais horrenda culminância 11 Agora o homem tornouse manso útil domesticado Contudo tornouse também doente devido sua má consciência e buscou a cura de sua alma enferma É preciso encontrar a razão o sentido desse seu sofrer para que possa se curar Para tanto o cristianismo colocou em ação um servidor para ajudálo na sua busca o sacerdote ascético que não hesitou em tomar a seu serviço toda a matilha de cães selvagens que existe no homem tendo a função de despertar o homem da sua longa tristeza de sua miséria sempre tendo como base uma interpretação e justificação religiosa 12 A grande estratégia do sacerdote ascético foi transformar no homem o seu sentimento de culpa em pecado O homem portanto é um pecador e ele sofre com essa condição Desta forma tornase ainda mais doente Mas é através do cristianismo em destaque com o sacerdote ascético que ele vai procurar sua cura Tal condição doentia induz o homem a constituirse em rebanho na ânsia de superar a depressão que o aflige Formado o rebanho ele precisa de um pastor que o guie pois este rebanho está doente e ninguém melhor do que o sacerdote Pois disso entende ele mais que tudo esse feiticeiro e domador de animais de rapina em volta do qual tudo o que é sã tornase necessariamente doente e tudo doente necessariamente manso De fato ele defende muito bem o seu rebanho enfermo esse estranho pastor ele o defende de si mesmo da baixeza perfídia malevolência que no próprio rebanho arde sob as cinzas e do que mais for próprio de doentes e combalidos ele combate de modo sagaz duro e secreto a anarquia e a autodissolução que a todo momento ameaçam o rebanho no qual aquele mais perigoso dos explosivos o ressentimento é continuamente acumulado 13 Esta é a visão de Nietzsche quanto ao sacerdote ascético esse pastor que cuida do rebanho REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 20 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 de homens 14 seu trabalho é o de manter o ressentimento na direção do culpado na medida em que ele chega como curador ele também insere no homem o veneno fazendo com que este sempre tenha em mente a pergunta Eu sofro disso alguém deve ser culpado Porém existe um pastor que conforta descarrega afeto para alívio do sofredor ou seja entorpece a dor através do afeto revelando Isso mesmo minha ovelha Alguém deve ser culpado mas você mesma é esse alguém Nietzsche 1998 p117 Contudo esse trabalho dedicado do sacerdote ascético não melhorou em nada o homem não o curou de sua doença não o deixou forte Nietzsche é bem claro quanto a isso Que um excesso do sentimento tal como costuma prescrever a seus doentes o sacerdote ascético sob os nomes mais sagrados naturalmente e convencido da santidade do seu intento tenha realmente beneficiado algum enfermo Seria preciso ao menos entender se quanto ao sentido da palavra benefício Querendose com ela exprimir a idéia de que tal sistema de tratamento melhorou o homem não discordo apenas acrescento que para mim melhorado significa o mesmo que domesticado enfraquecido desencorajado refinado embrandecido emasculado ou seja quase o mesmo que lesado 15 Para Nietzsche o cristianismo foi o grande consolador dos doentes Para tanto usou diversos artifícios para dar sentido ao sofrimento Ofereceuse como salvador do castigo eterno criou normas de condutas apresentou o sacerdote como um pastor para conduzir o rebanho de homens introduziu o conceito de um mundo imaginário Além do mais criou um Deus e fez com que o homem preferisse querer o nada a nada querer Nietzsche 1998 p 149 pois o homem não era mais uma folha ao vento um brinquedo do absurdo do semsentido ele podia querer algo não importando no momento para que direção com que fim com que meio ele queria a vontade mesma estava salva Nietzsche 1998 p 149 De fato as análises de Nietzsche nos permitem extrair traços relevantes da domesticação Aos poucos a civilização foi adestrando o homem tiroulhe individualidade sua liberdade sua força para criar um animal domesticado constante confiável e útil à sociedade Os Melhoradores da Humanidade 16 se incubiram de amansar o animal homem não se restringiram apenas ao seu aspecto físico ou seja ao corpo mas estendera ao aspecto psíquico inserindolhe conceitos e normas a serem seguidas em troca de uma promessa de salvação e acolhimento em um mundo divino A crítica de Nietzsche ao Humanismo segundo Peter Sloterdijk Em um colóquio dedicado a Heidegger e Lévinas em julho de 1999 foi apresentada pelo filósofo Peter Sloterdijk uma conferência intitulada Regras para o parque humano em que REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 21 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 acarretou uma acirrada polêmica na opinião pública alemã na medida em que tratou de temas como diagnóstico prénatal tecnologia genética e a relação entre a educação formal e o ideal humanista de domesticação do homem através da leitura Na citada conferência argumentouse que o modelo de organização das sociedades modernas tradicionais se assenta num modelo literárioepistolar de construção de amizades através da leitura de forma a condicionar a produção de suas sínteses políticas e culturais Contudo destacaremos aqui algumas considerações que o autor faz acerca do pensamento de Nietzsche e a questão da domesticação do homem Sloterdijk ver em Nietzsche um grande crítico do ser humano como força domesticadora e criadora Tal afirmativa está bem exposta na citação que o autor faz de Nietzsche no titulo Da virtude apequenadora do Zaratustra onde o personagem observa as pequenas casas dos homens e lamenta E Zaratustra parou e pensou Finalmente disse entristecido Tudo ficou menor Em todos os lugares vejo porões mais baixos quem é do meu porte provavelmente ainda consegue passar mas terá de se curvar Ando por entre esse povo mantendo os olhos abertos eles se tornaram menores e ficam cada vez menores nisso contudo consiste sua concepção de felicidade e virtude Alguns deles querem quanto à maioria porém outros querem por eles 17 Para Sloterdijk Nietzsche traz nesse texto um discurso teórico sobre o ser humano como força domesticadora e criadora Sloterdijk 2000 p39 Demonstra o alcance satisfatório do homem como criador que conseguiu fazer do homem selvagem o último homem Entretanto este não se faz somente com os métodos humanistas de domesticação adestramento e educação segundo Sloterdijk A tese do ser humano como criador de seres humanos faz explodir o horizonte humanista já que o humanismo não pode nem deve jamais considerar questões que ultrapassem essa domesticação e educação o humanista assume o homem como dado de antemão e aplica lhe então seus métodos de domesticação treinamento e formação convencido que está das conexões necessárias entre ler estar sentado e acalmar 18 Na visão de Nietzsche existe um horizonte mais sombrio para além do horizonte da domesticação escolar dos homens 19 há um espaço no qual lutas inevitáveis começarão a travarse sobre o direcionamento da criação dos seres humanos Sloterdijk 2002 p40 Da percepção de Zaratustra temse um resultado de uma política de criação a criação de homens integrados por uma combinação ética e genética de forma a criarse a si mesmos para serem menores do qual se submetem à domesticação e uma seleção que o direcionam para a formação de uma sociabilidade à maneira de animais domésticos Nesse contexto apresentase a crítica ao humanismo de Zaratustra e Nietzsche vê nesse processo uma aplicabilidade de seleção onde criadores moldam os seres humanos para serem pacíficos e inócuos de forma que não representem ameaça uns para os outros Com o intuito de arejar o mistério da domesticação do gênero humano Nietzsche nomeia os representantes do monopólio de criação referese aos padres e professores dos quais se apresentam como amigos dos homens Para Sloterdijk REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 22 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 Esse é o conflito fundamental que Nietzsche postula para todo futuro a luta entre os que criam o ser humano para ser pequeno e os que o criam para ser grande poderseia também dizer entre os humanistas e os superhumanistas amigos do homem e amigos do superhomem 20 Ao tratar do superhomem Nietzsche procura desmontar a forma de produção de seres humanos empreendidos até o momento para tanto retoma como medida os remotos processo milenários que em seu desenvolvimento tiveram entrelaçados os conceitos de criação domesticação e educação ou seja um empreendimento é verdade que soube manterse em grande parte invisível e que sob a máscara da escola visava ao projeto de domesticação Sloterdijk 2000 p 41 Para Sloterdijk é provável que Nietzsche tenha adentrado um pouco demais quando divulga de forma sugestiva que a transformação do homem em animal doméstico tenha sido um trabalho premeditado de uma associação pastoril de criadores ou seja um projeto do clero onde se pode perceber tudo o que no homem poderia resultar em voluntariedade e autonomia e contra o qual imediatamente faz uso de métodos de apartação e mutilação Sloterdijk 2000 p 42 Entretanto Sloterdijk caracteriza tal ideia com um pensamento híbrido pois de um lado porque concebe o processo de criação potencial como de muito curto prazo como se bastassem algumas gerações de domínio dos padres para transformar lobos em cães e homens primitivos em professores de Basiléia ele é ainda mais hibrido porém porque supõe um planejador quando se deveria antes contar com uma criação sem criadores um impulso biocultural sem sujeito 21 Sloterdijk admite momentos de exagero e de anticlericalismo suspeito na ideia de Nietzsche Mas ele reconhece na ideia um cerne suficientemente sólido para estimular uma reflexão posterior sobre a humanidade para além da inocuidade humanista Sloterdijk 2000 p43 Trata da denúncia de Nietzsche ao projeto de criação dos seres humanos onde por um lado existem os que criam o homem para ser pequeno por outro os criam para ser grande assim como a divisão dos homens entre aqueles que domesticam e os que aceitam ser domesticados REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 23 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 Considerações Finais Na Genealogia da Moral de Nietzsche extrairmos a tese de que o processo civilizatório é o da cruel domesticação do homem animal de rapina como também encontramos uma denúncia sobre a domesticação apequenadora do homem pelo homem representado na rapsódia de Zaratustra através das análises de Peter Sloderdijk Segundo Nietzsche o castigo não se restringe a um procedimento de punição ou de reparação mas se fixa como um procedimento fundamental para a construção de uma memória ativa no homem e fez com que ele se tornasse um animal capaz de fazer promessas e cumprilas Tornouse um princípio que desperta no culpado um sentimento de culpa uma reação psíquica denominada má consciência Esta má consciência é denominada por Nietzsche como a doença que separou o homem do seu passado animal pois o induziu a exterminar os seus verdadeiros instintos A interiorização de conceitos como pecado culpa salvação má consciência dentre outros conduziu o homem a uma luta constante contra o castigo eterno Todo esse contexto levou o homem a tornase um ser franco decadente e consequentemente passivo de dominação A condição doentia do homem domesticado do homem que foi impedido de extravasar seus instintos é tentar afirmar a vida em outro plano que não à realidade Nessa condição doentia o homem passou a constituirse em rebanho com o intuito de combater por meio da coletividade a depressão que o afligia tendo como saída a sua entrega aos cuidados do sacerdote ascético Nietzsche ressalta que com o advento do cristianismo essa dominação foi intensificada Por meio do sacerdote ascético representante fundamental do cristianismo o homem passou a ser um animal adestrado e manso É no ideal ascético que ele vai encontrar um sentido para seu sofrimento e o papel do ascetismo é manter a direção da culpa no próprio homem Por fim o pensamento de Peter Sloterdijk trouxe para nossa apresentação outro elemento importante para o tema Humanismo como escola da domesticação Com suas análises acerca do pensamento de Nietzsche Sloterdijk retrata que a domesticação do homem é um grande impensado do qual o humanismo desde a antiguidade até o presente desviou os olhos REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 24 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 NOTAS 2 Dentre os temas abordados no pensamento de Nietzsche podemos citar o niilismo a transmutação dos valores vontade de poder Deus cristianismo educação humanismo modernidade etc O trabalho aqui desenvolvido remetese a questão da domesticação do homem embora o estudo desta temática em Nietzsche esteja entrelaçada em diversas obras como Assim Falou Zaratustra Crepúsculo dos Ídolos Humano demasiado Humano Nesse trabalho limitome às análises contidas na obra Genealogia da Moral face a abrangente forma de apresentação de Nietzsche quanto ao assunto estudado 3 Cf NIETZSCHE Friedrich Genealogia da Moral Uma polêmica Tradução notas e posfácio Paulo César de Souza São Paulo Companhia das Letras 1998 p 47 4 Aqui podemos citar Foucault em suas análises sobre a constituição do pensamento ocidental na obra Vigiar e Punir o filósofo apresenta o corpo como peça central de um jogo de dominações e submissões das relações existentes entre poder e saber sendo este corpo um local de registro de marcas e sinais Para tanto tem como ponto de partida a extinção dos suplícios a decorrente suavização das penas e o aperfeiçoamento das disciplinas no contexto histórico da França na segunda metade do século XVIII Foucault destaca três critérios principais que norteiam a aplicação da pena de suplício entre eles estar a finalidade do suplicio em deixar registrado as marcas no corpo do supliciado Em um trecho descreve Foucault em relação à vitima o suplício deve ser marcante a ponto de imprimir marcas que não se apaguem Foucault 1987 p31 Ou seja o suplício deve de tal forma ficar impresso tanto na memória intelectual como corporal do criminoso Tais sinais têm o intuito de manter acessa na memória do supliciado a lembrança da punição como também deixar na memória do público a lembrança da punição daqueles que desacataram as ordens do soberano 5 Opcit p50 6 Opcit p 48 7 Opcit p 54 8 Opcit p 59 9 Nietzsche descreve um extenso elenco de sentidos do castigo Castigo como neutralização como impedimento de novos danos Castigo como pagamento de um dano ao prejudicado sob qualquer forma também na de compensação afetiva Castigo como isolamento de uma perturbação do equilíbrio para impedir o alastramento da perturbação Castigo como compromisso com o estado natural da vingança quando este é ainda mantido e reivindicado como privilégio por linhagens poderosas Castigo como declaração e ato de guerra contra um inimigo da paz da ordem da autoridade que sendo perigoso para a comunidade como violador dos seus pressupostos como rebelde traidor e violentador da paz é combatido com os meios que a guerra fornece Opcit p 69 10 Opcit p 7880 11 Op cit p 80 12 Opcit p 129 13 Opcit p 116 14 Esta formação de rebanho será tratada por Peter Sloterdijk no livro Regras para o parque humano e será citado no tópico seguinte deste trabalho onde apresentaremos algumas indagações de Sloterdijk 15 Opcit p 131 16 Vejamos o que diz Nietzsche em Crepúsculo dos ídolos sobre os Melhoradores da Humanidade Em todos os tempos se quis melhorar o homem a isto sobretudo se chamou moral Mas sobre a mesma palavra se escondem as mais diferentes tendências Tanto o amansamento da besta homem quanto o aprimoramento de um determinado gênero de homens é denominado melhoria somente estes termos zoológicos exprimem realidades realidades sem dúvida das quais o típico melhorador o padre não sabe nada nem que saber Denominador o amansamento de um animal sua melhoria é a nossos ouvidos quase uma piada Quem sabe o que acontece nas ménageries duvida de que ali a besta seja melhorada Ela é enfraquecida tornada menos danosa tornase pelo sentimentos depressivo do medo pelas feridas pela fome uma besta doentia Não é diferente com o homem amansado que o padre melhorou Na Antiga Idade Média onde de fato a Igreja era antes de tudo uma Ménagerie se dava caça por toda parte aos mais belos exemplares da besta loira melhoraram por exemplo os nobres germanos Mas qual foi posteriormente o aspecto de um tal germano melhorado sedutoramente conduzido ao claustro Uma caricatura de homem como um aborto ele se tornou em pecador ele estava na jaula haviamno trancado entre puros conceitos apavorantes Ali jazia ele doente enfezado malévolo contra si mesmo cheio de ódio contra os impulsos à vida cheio de suspeita contra tudo o que era ainda forte e feliz Em suma cristão Para falar fisiologicamente no combate com a besta o tornardoente pode ser o único remédio para enfraquecêlo Isso a Igreja entendeu corrompeu o homem enfraqueceuo mas teve a pretensão de têlo melhorado Cf NIETZSCHE Obras incompletas Coleção Os Pensadores São Paulo Abril Cultural 1978 p336 17 Cf SLOTERDIJK Peter Regras para o Parque Humano uma resposta a Carta de Heidegger sobre o Humanismo Tradução de José Oscar de Almeida Marques São Paulo Estação Liberdade 2000 p 38 18 Op cit p 39 REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 25 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 19 Para um melhor entendimento sobre a educação na visão humanística ver o que relata Jorge Larrosa no livro Nietzche a Educação tradução Alfredo VeigaNeto Belo Horizonte Autêntica 2002 Neste livro o autor faz um estudo do pensamento de Nietzsche na medida em que este desmonta os pressupostos hermenêuticos da velha educação humanística bem como a ideia de formação de Bildung estabelecida por Nietzsche 20 Op cit p 41 21 Op cit p 42 REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 26 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FOUCAULT Michel Vigiar e Punir Trad Raquel Ramalhete Petrópolis Vozes 1987 288p LARROSA Jorge Nietzsche a Educação Tradução Alfredo VeigaNeto Belo Horizonte Autentica 2002 NIETZSCHE Friedrich Genealogia da Moral Uma polêmica Tradução notas e posfácio Paulo César de Souza São Paulo Companhia das Letras 1998 Obras incompletas Coleção Os Pensadores Trad Rubens Rodrigues Torres Filho São Paulo Abril Cultural 1978 SLOTERDIJK Peter Regras para o Parque Humano uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo Estação Liberdade São Paulo 2000 VEIGANETO Alfredo Foucault Educação Belo Horizonte Autentica Editora 2003

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REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 16 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 Introdução N o pensamento de Nietzsche encontramos uma crítica radical ao processo de formação do homem a partir de uma denúncia da domesticação do homem Entender de forma sistemática as análises de Nietzsche quanto ao desenvolvimento deste tema não é tarefa fácil A complexidade dos escritos deste filósofo nos remete a diversas temáticas2 entretanto podemos extrair da obra Genealogia da Moral a tese nietzschiana de que o processo civilizatório é o da cruel domesticação do homem animal de rapina Neste processo a barbárie seria superada e a civilização se constituiria Segundo Nietzsche a formação do homem foi marcada pela construção de valores de uma cultura que ao longo de sua estruturação direcionouse para um adestramento do animal homem ou seja para Nietzsche o sentido de toda cultura é amestrar o animal de rapina homem reduzilo a um animal manso e civilizado doméstico Nietzsche 1998 p33 Essa definição atravessa todo o pensamento de Nietzsche e através de uma genealogia da moral ele reconstitui as condições e circunstâncias nas quais se desenvolveram e concretizaramse os parâmetros desta cultura Desse desenvolvimento Nietzsche apresenta a aquisição da capacidade do homem em fazer promessas a interiorização do sentimento de culpa a formação da má consciência a aplicação e aceitação do castigo e por fim a presença do grande construtor desta forma de adestramento do animal homem o sacerdote ascético Nietzsche e a Domesticação do Animal Homem O marco inicial da domesticação do homem explica Nietzsche está na aquisição da capacidade de fazer promessas Este é um pressuposto fundamental para o homem viver em sociedade A faculdade de prometer deve está interiorizada na natureza humana por outro lado afirma Nietzsche há no homem uma força contrária a esta faculdade uma força inibidora ativa Segundo Nietzsche Criar um animal que pode fazer promessas não é esta a tarefa paradoxal que a natureza se impôs com relação ao homem Não é este o verdadeiro problema do homem O fato de que este problema esteja em grande parte resolvido deve parecer ainda mais notável para quem sabe apreciar plenamente a força que atua de modo contrário a do esquecimento 3 O fato é que essa força inibidora ativa esse esquecimento inviabiliza no homem a capacidade de prometer visto que o faz esquecer suas promessas Foi então preciso desenvolver no homem uma faculdade oposta ao esquecimento a faculdade de se lembrar ou seja a memória da vontade Entretanto a imposição desta faculdade não foi estabelecida de forma pacífica calma REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 17 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 espontânea Esta veio através de um processo cruel doloroso denominado mnemotécnica 4 Acusa Nietzsche Talvez nada exista de mais terrível e inquietante na préhistória do homem do que sua mnemotécnica Gravase algo ao fogo para que fique na memória apenas o que não cessa de causar dor fica na memória eis um axioma da mais antiga e infelizmente mais duradoura psicologia da terra Jamais deixou de haver sangue martírio e sacrifício quando o homem sentiu a necessidade de criar em si uma memória 5 Esta técnica utiliza a dor para construir uma memória isto faz com que as promessas lembranças sejam gravadas na consciência do homem Deste processo de criar um animal capaz de fazer promessas surgiu o conceito de responsabilidade que tomou o homem até certo ponto necessário uniforme iguais entre iguais constante consequentemente confiável 6 Isto é apenas o início do longo processo de domesticação do homem animal de rapina onde o castigo é um procedimento fundamental Estabelecido o conceito de responsabilidade a capacidade de prometer o homem passou a ter consciência e condições para viver em sociedade na medida em que passou a ter condições de lembrar e cumprir os contratos sociais passando a ser útil necessário e confiável Segundo Nietzsche o nascimento do castigo não se resume ao fato de responsabilizar um delinquente por seu ato Seu nascimento está ligado a uma forma de reparação pelo dano sofrido Seu desenvolvimento vem da relação contratual entre credor e devedor que é tão velha quanto a existência de pessoas jurídicas e que por sua vez remete às formas básicas de compra venda comércio troca e tráfico Nietzsche 1998 p 53 Nestas relações o devedor deve infundir confiança serenidade e a santidade em sua promessa de restituições Para tanto se utiliza daquilo de que tem posse como seu corpo sua mulher sua liberdade ou até mesmo sua vida Sendo assim o credor na reparação do dano sofrido pode infligir ao corpo do devedor toda a sorte de humilhações e torturas Neste sentido o corpo do devedor serve de garantia e sobretudo serve de base que dá solidez à palavra garantia de promessa Este processo afirma Nietzsche remete a um tipo de compensação ou seja A satisfação de quem pode livremente descarregar seu poder sobre o impotente a volúpia de faire le mal pour le plaisir de le faire o prazer de ultrajar Através da punição ao devedor o credor participa de um direito dos senhores experimenta enfim ele mesmo a sensação exaltada de poder desprezar e maltratar alguém como inferior ou então no caso em que o poder de execução de pena já passou à autoridade poder ao menos vêlo desprezado e maltratado A compensação consiste portanto em um convite e um direito à crueldade 7 O castigo não se limita apenas como uma compensação de um dano Nietzsche explica que da relação contratual primitiva entre credor e devedor o castigo passou para relações mais amplas para as relações entre comunidades e seus membros isto é deixou de ser da ordem privada para tornar se público político jurídico transformandose em pena 7 Este processo de reparação não define o REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 18 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 castigo 8 segundo Nietzsche este comporta diversos sentidos pois evidentemente o castigo está carregado de toda espécie de utilidades Nietzsche 1998 p69 Porém há uma utilidade importante do castigo é o fato dele ter o valor de despertar no culpado o sentimento de culpa nele se vê o verdadeiro instrumentum dessa reação psíquica chamada má consciência remorso Nietzsche 1998 p70 Nietzsche relata uma provisória hipótese sobre a origem dessa má consciência Vejo a má consciência como a profunda doença que o homem teve de contrair sob a pressão da mais radical das mudanças a mudança que sobreveio quando ele se viu definitivamente encerrado no âmbito da sociedade e da paz Nietzsche 1998 p72 Isto se deve ao fato do homem ter que inibir seus instintos selvagens em prol da formação de um Estado ou melhor de uma civilização pois na medida em que o homem foi impedido de exteriorizar seus instintos estes se voltaram para dentro de si é o que Nietzsche denominou de interiorização do homem o que depois para ele passou a ser denominado de alma 8 Vejamos que o castigo vai além do sentido de punição e reparação Ele é o princípio que desperta no culpado um sentimento de culpa uma reação psíquica denominada má consciência De modo geral declara Nietzsche O que em geral se consegue com o castigo em homens e animais é o acréscimo do medo a intensificação da prudência o controle dos desejos assim o castigo doma o homem mas não o torna melhor com maior razão se afirmaria o contrário O prejuízo torna prudente diz o povo tornando prudente torna também ruim Mas infelizmente torna muitas vezes tolo9 Definida como doença para Nietzsche a má consciência separou o homem do seu passado animal exterminando os seus velhos instintos nos quais até então se baseava sua força seu prazer e o temor que o inspirava Nietzsche 1998 p73 A contenção desses instintos primitivos na medida em que não puderam mais ser exteriorizados pelo homem foram por ele interiorizados impedindoo de agir livremente sobre o outro O homem passou a agir sobre si mesmo e por consequência tornouse um animal doente e fraco Esse processo deu lugar a um homem com valores morais novos um homem que não é caracterizado por seu individualismo mas por ser parte integrante de uma sociedade ou melhor um membro do Estado Limitar a domesticação do homem ao contexto até agora descrito tornaria o trabalho aqui realizado incompleto pois o pensamento de Nietzsche sobre essa temática vai além das análises genealógicas do castigo Ele parte para uma esfera mais complexa segue em direção aos grandes construtores do adestramento do animal homem Segundo Nietzsche com o advento do Deus cristão o deus máximo até agora alcançado trouxe também ao mundo o máximo de sentimento de culpa Nietzsche 1998 p79 O desenvolvimento do sentimento de culpa se deve ao entrelaçamento da má consciência com a noção de Deus A interiorização da ideia de que o homem se situa como um devedor perante Deus seu REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 19 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 credor tornouse para ele instrumento de suplício na medida em que apreende em Deus as últimas antíteses que chega a encontrar para seus autênticos insuprimíveis instintos animais ele reinterpreta esses instintos com culpa em relação a Deus Nietzsche 1998 p 81 Para Nietzsche o acontecimento fundamental dentro desta relação entre homem e Deus ou seja entre devedor e credor está no mais surpreendente golpe de gênio do cristianismo parte do acontecimento em que o próprio Deus se sacrifica pela culpa dos homens o próprio credor que paga a si mesmo por amor a seu devedor 10 Deste modo temos toda uma trajetória de fatos que culminou na domesticação do homem e fez deste um animal manso domável a partir do momento em que este não pode mais exteriorizar seus instintos O homem contraiu uma doença chamada má consciência tornouse um ser decadente fraco e que encontrou no cristianismo um caminho de livrarse do castigo eterno Já terão adivinhado o que realmente se passou com tudo isso e sob tudo isso essa vontade de se torturar essa crueldade reprimida do bichohomem interiorizado acuado dentro de si mesmo aprisionado no Estado para fins de domesticação que inventou a má consciência para se fazer mal depois que a saída mais natural para esse quererfazermal fora bloqueada esse homem da má consciência se apoderou da suposição religiosa para levar seu automartírio a mais horrenda culminância 11 Agora o homem tornouse manso útil domesticado Contudo tornouse também doente devido sua má consciência e buscou a cura de sua alma enferma É preciso encontrar a razão o sentido desse seu sofrer para que possa se curar Para tanto o cristianismo colocou em ação um servidor para ajudálo na sua busca o sacerdote ascético que não hesitou em tomar a seu serviço toda a matilha de cães selvagens que existe no homem tendo a função de despertar o homem da sua longa tristeza de sua miséria sempre tendo como base uma interpretação e justificação religiosa 12 A grande estratégia do sacerdote ascético foi transformar no homem o seu sentimento de culpa em pecado O homem portanto é um pecador e ele sofre com essa condição Desta forma tornase ainda mais doente Mas é através do cristianismo em destaque com o sacerdote ascético que ele vai procurar sua cura Tal condição doentia induz o homem a constituirse em rebanho na ânsia de superar a depressão que o aflige Formado o rebanho ele precisa de um pastor que o guie pois este rebanho está doente e ninguém melhor do que o sacerdote Pois disso entende ele mais que tudo esse feiticeiro e domador de animais de rapina em volta do qual tudo o que é sã tornase necessariamente doente e tudo doente necessariamente manso De fato ele defende muito bem o seu rebanho enfermo esse estranho pastor ele o defende de si mesmo da baixeza perfídia malevolência que no próprio rebanho arde sob as cinzas e do que mais for próprio de doentes e combalidos ele combate de modo sagaz duro e secreto a anarquia e a autodissolução que a todo momento ameaçam o rebanho no qual aquele mais perigoso dos explosivos o ressentimento é continuamente acumulado 13 Esta é a visão de Nietzsche quanto ao sacerdote ascético esse pastor que cuida do rebanho REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 20 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 de homens 14 seu trabalho é o de manter o ressentimento na direção do culpado na medida em que ele chega como curador ele também insere no homem o veneno fazendo com que este sempre tenha em mente a pergunta Eu sofro disso alguém deve ser culpado Porém existe um pastor que conforta descarrega afeto para alívio do sofredor ou seja entorpece a dor através do afeto revelando Isso mesmo minha ovelha Alguém deve ser culpado mas você mesma é esse alguém Nietzsche 1998 p117 Contudo esse trabalho dedicado do sacerdote ascético não melhorou em nada o homem não o curou de sua doença não o deixou forte Nietzsche é bem claro quanto a isso Que um excesso do sentimento tal como costuma prescrever a seus doentes o sacerdote ascético sob os nomes mais sagrados naturalmente e convencido da santidade do seu intento tenha realmente beneficiado algum enfermo Seria preciso ao menos entender se quanto ao sentido da palavra benefício Querendose com ela exprimir a idéia de que tal sistema de tratamento melhorou o homem não discordo apenas acrescento que para mim melhorado significa o mesmo que domesticado enfraquecido desencorajado refinado embrandecido emasculado ou seja quase o mesmo que lesado 15 Para Nietzsche o cristianismo foi o grande consolador dos doentes Para tanto usou diversos artifícios para dar sentido ao sofrimento Ofereceuse como salvador do castigo eterno criou normas de condutas apresentou o sacerdote como um pastor para conduzir o rebanho de homens introduziu o conceito de um mundo imaginário Além do mais criou um Deus e fez com que o homem preferisse querer o nada a nada querer Nietzsche 1998 p 149 pois o homem não era mais uma folha ao vento um brinquedo do absurdo do semsentido ele podia querer algo não importando no momento para que direção com que fim com que meio ele queria a vontade mesma estava salva Nietzsche 1998 p 149 De fato as análises de Nietzsche nos permitem extrair traços relevantes da domesticação Aos poucos a civilização foi adestrando o homem tiroulhe individualidade sua liberdade sua força para criar um animal domesticado constante confiável e útil à sociedade Os Melhoradores da Humanidade 16 se incubiram de amansar o animal homem não se restringiram apenas ao seu aspecto físico ou seja ao corpo mas estendera ao aspecto psíquico inserindolhe conceitos e normas a serem seguidas em troca de uma promessa de salvação e acolhimento em um mundo divino A crítica de Nietzsche ao Humanismo segundo Peter Sloterdijk Em um colóquio dedicado a Heidegger e Lévinas em julho de 1999 foi apresentada pelo filósofo Peter Sloterdijk uma conferência intitulada Regras para o parque humano em que REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 21 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 acarretou uma acirrada polêmica na opinião pública alemã na medida em que tratou de temas como diagnóstico prénatal tecnologia genética e a relação entre a educação formal e o ideal humanista de domesticação do homem através da leitura Na citada conferência argumentouse que o modelo de organização das sociedades modernas tradicionais se assenta num modelo literárioepistolar de construção de amizades através da leitura de forma a condicionar a produção de suas sínteses políticas e culturais Contudo destacaremos aqui algumas considerações que o autor faz acerca do pensamento de Nietzsche e a questão da domesticação do homem Sloterdijk ver em Nietzsche um grande crítico do ser humano como força domesticadora e criadora Tal afirmativa está bem exposta na citação que o autor faz de Nietzsche no titulo Da virtude apequenadora do Zaratustra onde o personagem observa as pequenas casas dos homens e lamenta E Zaratustra parou e pensou Finalmente disse entristecido Tudo ficou menor Em todos os lugares vejo porões mais baixos quem é do meu porte provavelmente ainda consegue passar mas terá de se curvar Ando por entre esse povo mantendo os olhos abertos eles se tornaram menores e ficam cada vez menores nisso contudo consiste sua concepção de felicidade e virtude Alguns deles querem quanto à maioria porém outros querem por eles 17 Para Sloterdijk Nietzsche traz nesse texto um discurso teórico sobre o ser humano como força domesticadora e criadora Sloterdijk 2000 p39 Demonstra o alcance satisfatório do homem como criador que conseguiu fazer do homem selvagem o último homem Entretanto este não se faz somente com os métodos humanistas de domesticação adestramento e educação segundo Sloterdijk A tese do ser humano como criador de seres humanos faz explodir o horizonte humanista já que o humanismo não pode nem deve jamais considerar questões que ultrapassem essa domesticação e educação o humanista assume o homem como dado de antemão e aplica lhe então seus métodos de domesticação treinamento e formação convencido que está das conexões necessárias entre ler estar sentado e acalmar 18 Na visão de Nietzsche existe um horizonte mais sombrio para além do horizonte da domesticação escolar dos homens 19 há um espaço no qual lutas inevitáveis começarão a travarse sobre o direcionamento da criação dos seres humanos Sloterdijk 2002 p40 Da percepção de Zaratustra temse um resultado de uma política de criação a criação de homens integrados por uma combinação ética e genética de forma a criarse a si mesmos para serem menores do qual se submetem à domesticação e uma seleção que o direcionam para a formação de uma sociabilidade à maneira de animais domésticos Nesse contexto apresentase a crítica ao humanismo de Zaratustra e Nietzsche vê nesse processo uma aplicabilidade de seleção onde criadores moldam os seres humanos para serem pacíficos e inócuos de forma que não representem ameaça uns para os outros Com o intuito de arejar o mistério da domesticação do gênero humano Nietzsche nomeia os representantes do monopólio de criação referese aos padres e professores dos quais se apresentam como amigos dos homens Para Sloterdijk REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 22 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 Esse é o conflito fundamental que Nietzsche postula para todo futuro a luta entre os que criam o ser humano para ser pequeno e os que o criam para ser grande poderseia também dizer entre os humanistas e os superhumanistas amigos do homem e amigos do superhomem 20 Ao tratar do superhomem Nietzsche procura desmontar a forma de produção de seres humanos empreendidos até o momento para tanto retoma como medida os remotos processo milenários que em seu desenvolvimento tiveram entrelaçados os conceitos de criação domesticação e educação ou seja um empreendimento é verdade que soube manterse em grande parte invisível e que sob a máscara da escola visava ao projeto de domesticação Sloterdijk 2000 p 41 Para Sloterdijk é provável que Nietzsche tenha adentrado um pouco demais quando divulga de forma sugestiva que a transformação do homem em animal doméstico tenha sido um trabalho premeditado de uma associação pastoril de criadores ou seja um projeto do clero onde se pode perceber tudo o que no homem poderia resultar em voluntariedade e autonomia e contra o qual imediatamente faz uso de métodos de apartação e mutilação Sloterdijk 2000 p 42 Entretanto Sloterdijk caracteriza tal ideia com um pensamento híbrido pois de um lado porque concebe o processo de criação potencial como de muito curto prazo como se bastassem algumas gerações de domínio dos padres para transformar lobos em cães e homens primitivos em professores de Basiléia ele é ainda mais hibrido porém porque supõe um planejador quando se deveria antes contar com uma criação sem criadores um impulso biocultural sem sujeito 21 Sloterdijk admite momentos de exagero e de anticlericalismo suspeito na ideia de Nietzsche Mas ele reconhece na ideia um cerne suficientemente sólido para estimular uma reflexão posterior sobre a humanidade para além da inocuidade humanista Sloterdijk 2000 p43 Trata da denúncia de Nietzsche ao projeto de criação dos seres humanos onde por um lado existem os que criam o homem para ser pequeno por outro os criam para ser grande assim como a divisão dos homens entre aqueles que domesticam e os que aceitam ser domesticados REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 23 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 Considerações Finais Na Genealogia da Moral de Nietzsche extrairmos a tese de que o processo civilizatório é o da cruel domesticação do homem animal de rapina como também encontramos uma denúncia sobre a domesticação apequenadora do homem pelo homem representado na rapsódia de Zaratustra através das análises de Peter Sloderdijk Segundo Nietzsche o castigo não se restringe a um procedimento de punição ou de reparação mas se fixa como um procedimento fundamental para a construção de uma memória ativa no homem e fez com que ele se tornasse um animal capaz de fazer promessas e cumprilas Tornouse um princípio que desperta no culpado um sentimento de culpa uma reação psíquica denominada má consciência Esta má consciência é denominada por Nietzsche como a doença que separou o homem do seu passado animal pois o induziu a exterminar os seus verdadeiros instintos A interiorização de conceitos como pecado culpa salvação má consciência dentre outros conduziu o homem a uma luta constante contra o castigo eterno Todo esse contexto levou o homem a tornase um ser franco decadente e consequentemente passivo de dominação A condição doentia do homem domesticado do homem que foi impedido de extravasar seus instintos é tentar afirmar a vida em outro plano que não à realidade Nessa condição doentia o homem passou a constituirse em rebanho com o intuito de combater por meio da coletividade a depressão que o afligia tendo como saída a sua entrega aos cuidados do sacerdote ascético Nietzsche ressalta que com o advento do cristianismo essa dominação foi intensificada Por meio do sacerdote ascético representante fundamental do cristianismo o homem passou a ser um animal adestrado e manso É no ideal ascético que ele vai encontrar um sentido para seu sofrimento e o papel do ascetismo é manter a direção da culpa no próprio homem Por fim o pensamento de Peter Sloterdijk trouxe para nossa apresentação outro elemento importante para o tema Humanismo como escola da domesticação Com suas análises acerca do pensamento de Nietzsche Sloterdijk retrata que a domesticação do homem é um grande impensado do qual o humanismo desde a antiguidade até o presente desviou os olhos REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 24 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 NOTAS 2 Dentre os temas abordados no pensamento de Nietzsche podemos citar o niilismo a transmutação dos valores vontade de poder Deus cristianismo educação humanismo modernidade etc O trabalho aqui desenvolvido remetese a questão da domesticação do homem embora o estudo desta temática em Nietzsche esteja entrelaçada em diversas obras como Assim Falou Zaratustra Crepúsculo dos Ídolos Humano demasiado Humano Nesse trabalho limitome às análises contidas na obra Genealogia da Moral face a abrangente forma de apresentação de Nietzsche quanto ao assunto estudado 3 Cf NIETZSCHE Friedrich Genealogia da Moral Uma polêmica Tradução notas e posfácio Paulo César de Souza São Paulo Companhia das Letras 1998 p 47 4 Aqui podemos citar Foucault em suas análises sobre a constituição do pensamento ocidental na obra Vigiar e Punir o filósofo apresenta o corpo como peça central de um jogo de dominações e submissões das relações existentes entre poder e saber sendo este corpo um local de registro de marcas e sinais Para tanto tem como ponto de partida a extinção dos suplícios a decorrente suavização das penas e o aperfeiçoamento das disciplinas no contexto histórico da França na segunda metade do século XVIII Foucault destaca três critérios principais que norteiam a aplicação da pena de suplício entre eles estar a finalidade do suplicio em deixar registrado as marcas no corpo do supliciado Em um trecho descreve Foucault em relação à vitima o suplício deve ser marcante a ponto de imprimir marcas que não se apaguem Foucault 1987 p31 Ou seja o suplício deve de tal forma ficar impresso tanto na memória intelectual como corporal do criminoso Tais sinais têm o intuito de manter acessa na memória do supliciado a lembrança da punição como também deixar na memória do público a lembrança da punição daqueles que desacataram as ordens do soberano 5 Opcit p50 6 Opcit p 48 7 Opcit p 54 8 Opcit p 59 9 Nietzsche descreve um extenso elenco de sentidos do castigo Castigo como neutralização como impedimento de novos danos Castigo como pagamento de um dano ao prejudicado sob qualquer forma também na de compensação afetiva Castigo como isolamento de uma perturbação do equilíbrio para impedir o alastramento da perturbação Castigo como compromisso com o estado natural da vingança quando este é ainda mantido e reivindicado como privilégio por linhagens poderosas Castigo como declaração e ato de guerra contra um inimigo da paz da ordem da autoridade que sendo perigoso para a comunidade como violador dos seus pressupostos como rebelde traidor e violentador da paz é combatido com os meios que a guerra fornece Opcit p 69 10 Opcit p 7880 11 Op cit p 80 12 Opcit p 129 13 Opcit p 116 14 Esta formação de rebanho será tratada por Peter Sloterdijk no livro Regras para o parque humano e será citado no tópico seguinte deste trabalho onde apresentaremos algumas indagações de Sloterdijk 15 Opcit p 131 16 Vejamos o que diz Nietzsche em Crepúsculo dos ídolos sobre os Melhoradores da Humanidade Em todos os tempos se quis melhorar o homem a isto sobretudo se chamou moral Mas sobre a mesma palavra se escondem as mais diferentes tendências Tanto o amansamento da besta homem quanto o aprimoramento de um determinado gênero de homens é denominado melhoria somente estes termos zoológicos exprimem realidades realidades sem dúvida das quais o típico melhorador o padre não sabe nada nem que saber Denominador o amansamento de um animal sua melhoria é a nossos ouvidos quase uma piada Quem sabe o que acontece nas ménageries duvida de que ali a besta seja melhorada Ela é enfraquecida tornada menos danosa tornase pelo sentimentos depressivo do medo pelas feridas pela fome uma besta doentia Não é diferente com o homem amansado que o padre melhorou Na Antiga Idade Média onde de fato a Igreja era antes de tudo uma Ménagerie se dava caça por toda parte aos mais belos exemplares da besta loira melhoraram por exemplo os nobres germanos Mas qual foi posteriormente o aspecto de um tal germano melhorado sedutoramente conduzido ao claustro Uma caricatura de homem como um aborto ele se tornou em pecador ele estava na jaula haviamno trancado entre puros conceitos apavorantes Ali jazia ele doente enfezado malévolo contra si mesmo cheio de ódio contra os impulsos à vida cheio de suspeita contra tudo o que era ainda forte e feliz Em suma cristão Para falar fisiologicamente no combate com a besta o tornardoente pode ser o único remédio para enfraquecêlo Isso a Igreja entendeu corrompeu o homem enfraqueceuo mas teve a pretensão de têlo melhorado Cf NIETZSCHE Obras incompletas Coleção Os Pensadores São Paulo Abril Cultural 1978 p336 17 Cf SLOTERDIJK Peter Regras para o Parque Humano uma resposta a Carta de Heidegger sobre o Humanismo Tradução de José Oscar de Almeida Marques São Paulo Estação Liberdade 2000 p 38 18 Op cit p 39 REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 25 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 19 Para um melhor entendimento sobre a educação na visão humanística ver o que relata Jorge Larrosa no livro Nietzche a Educação tradução Alfredo VeigaNeto Belo Horizonte Autêntica 2002 Neste livro o autor faz um estudo do pensamento de Nietzsche na medida em que este desmonta os pressupostos hermenêuticos da velha educação humanística bem como a ideia de formação de Bildung estabelecida por Nietzsche 20 Op cit p 41 21 Op cit p 42 REVISTA LAMPEJO Nº 4 112013 26 Nietzsche e a domesticação do animal homem pp 15 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FOUCAULT Michel Vigiar e Punir Trad Raquel Ramalhete Petrópolis Vozes 1987 288p LARROSA Jorge Nietzsche a Educação Tradução Alfredo VeigaNeto Belo Horizonte Autentica 2002 NIETZSCHE Friedrich Genealogia da Moral Uma polêmica Tradução notas e posfácio Paulo César de Souza São Paulo Companhia das Letras 1998 Obras incompletas Coleção Os Pensadores Trad Rubens Rodrigues Torres Filho São Paulo Abril Cultural 1978 SLOTERDIJK Peter Regras para o Parque Humano uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo Estação Liberdade São Paulo 2000 VEIGANETO Alfredo Foucault Educação Belo Horizonte Autentica Editora 2003

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