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Medicina Veterinária ·
Fisiologia Animal
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Farmacologia da dor e inflamação em animais Profª Bernadete Soares Descrição Fármacos utilizados na abordagem dos diferentes quadros de manifestação da dor antiinflamatórios não esteroidais opioides e anestésicos Propósito O conhecimento das bases teóricas da farmacologia da dor e da inflamação possibilita reconhecer diferenciar e classificar os diferentes fármacos utilizados no manejo e controle álgico de animais de diversos portes como os antiinflamatórios não esteroidais os analgésicos opioides e os anestésicos locais e gerais assim como identificar suas características farmacocinéticas e farmacodinâmicas e suas indicações e contraindicações Objetivos httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 1 de 80 Módulo 1 Antiinflamatórios não esteroidais AINEs Identificar a farmacologia dos antiinflamatórios não esteroidais AINEs Módulo 2 Analgésicos opioides Reconhecer a farmacologia dos analgésicos opioides Módulo 3 Anestésicos gerais Identificar a farmacologia dos anestésicos gerais Módulo 4 Anestésicos locais Reconhecer a farmacologia dos anestésicos locais No domínio da farmacologia da dor e da inflamação iremos reconhecer os diferentes grupos de Introdução httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 2 de 80 No domínio da farmacologia da dor e da inflamação iremos reconhecer os diferentes grupos de fármacos com efeitos antinociceptivos e antiinflamatórios e justificar as suas indicações conforme os princípios farmacocinéticos e farmacodinâmicos além de comparar os efeitos secundários suas indicações e contraindicações A dor é uma condição que envolve a maioria das visitas a clínicas e hospitais veterinários pois está relacionada às doenças e aos eventos cirúrgicos ortopédicos e traumáticos A utilização desse conhecimento para a prevenção e o tratamento da dor tem se estabelecido na rotina da assistência veterinária No entanto a classificação e a avaliação da intensidade da dor precede a escolha de um ou mais fármacos para administrar e produzir analgesia Sendo assim neste conteúdo identificaremos as várias classes de fármacos com potencial analgésico como os antiinflamatórios não esteroidais AINEs os opioides e os anestésicos locais e gerais Vale ressaltar que uma atividade antinociceptiva bem realizada contribui significativamente para a recuperação pósoperatória e proporciona maior conforto aos animais restaurando assim as liberdades que determinam o seu bemestar Orientação sobre unidade de medida Em nosso material unidades de medida e números são escritos juntos ex 25km por questões de tecnologia e didáticas No entanto o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade ex 25 km Logo os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 3 de 80 1 Antiinflamatórios não esteroidais AINEs Ao final deste módulo você será capaz de identificar a farmacologia dos antiinflamatórios não esteroidais AINEs Dor Segundo a Associação Internacional para Estudos da Dor IASP a dor é definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão potencial ou real SBED 2020 n p Os estímulos nocivos ao organismo podem ser de natureza química mecânica elétrica e térmica e são identificados pelos nociceptores e convertidos em impulsos elétricos que são terminações nervosas livres das fibras sensoriais Adelta e C responsáveis pela percepção desses estímulos A nocicepção referese ao processo neurológico de codificação de estímulos nocivos os quais resultam numa ação comportamental ou autônoma A nocicepção se processa em transdução transmissão modulação e percepção Transdução Os nociceptores recebem o estímulo nocivo e o convertem em potencial de ação httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 4 de 80 Transmissão O impulso se propaga através do nervo Modulação O impulso chega ao corno dorsal da medula espinhal portão medular da dor onde ocorre a modulação da dor Percepção Nessa estrutura o impulso pode atingir os centros cerebrais superiores por meio de vias nervosas feixes de neurônios de projeção ascendente e causar a própria sensação de dor percepção ou pode ser bloqueado por sistemas que modulam negativamente ou bloqueiam a projeção da informação de dor httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 5 de 80 Quanto à origem da dor ela pode ser somática ou visceral e pode ter várias causas como trauma câncer osteoartrite neuropatia diabética etc Pode ser inicialmente classificada quanto ao tempo de duração dor aguda ou crônica e de acordo com sua origem dor inflamatória ou dor neuropática A dor inflamatória é decorrente de uma lesão tecidual como a que ocorre no trauma cirúrgico e a dor neuropática é causada por lesão direta do sistema nervoso Os medicamentos para o controle da dor podem funcionar em qualquer um dos estágios citados anteriormente Veja a Figura 1 para compreender melhor Figura 1 Via de nocicepção transdução transmissão modulação projeção e percepção do sinal nociceptivo Os neurotransmissores excitatórios mais importantes envolvidos na condução de estímulos na medula espinhal são glutamato substância P e aspartato Os inibidores são GABA glicina serotonina noradrenalina encefalina e acetilcolina Os receptores que respondem aos efeitos dos neurotransmissores excitatórios são AMPA ácido alfaamino3hidroxi5metil4isoxazol propiônico e NMDA NmetilD aspartato Sendo assim a terapêutica farmacológica a ser estabelecida vai depender de fatores relacionados a diversos aspectos como tipo de procedimento temperamento e espécie animal estado clínico e nutricional do paciente doenças intercorrentes e nível de sedação necessária Os fármacos a serem empregados poderão ser httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 6 de 80 Os fármacos a serem empregados poderão ser Os AINEs que previnem a sensibilização dos nociceptores envolvidos na resposta inflamatória Os opioides que inibem os impulsos aferentes da dor espinhal e supraespinhal Os anestésicos locais que interrompem a propagação do impulso da dor Os anestésicos gerais que suprimem de forma temporária a sensação dolorosa presentes principalmente em cirurgias Fisiologia da dor e da inflamação No tratamento da dor pode ser empregada a mono ou a politerapia farmacológica para dar alívio e conforto ao paciente em caso de síndrome da dor crônica embora o uso da terapia antinociceptiva seja também para prevenir a dor cirúrgica A terapêutica farmacológica de analgesia conta com fármacos que apresentam diferentes mecanismos de ação e indicações terapêuticas que podem favorecer a associação como AINEs opioides e outros adjuvantes de acordo com a intensidade na escala de dor A fisiologia da inflamação dor e febre Neste vídeo a especialista Bernadete Soares fará uma apresentação dos mecanismos fisiológicos envolvidos na inflamação na dor e na febre Vamos lá httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 7 de 80 AINEs clássicos inibidores não seletivos das COX1 e 2 parcialmente seletivos da COX2 e inibidores altamente seletivos para COX2 coxibes As COX que são o alvo de ação dos AINEs estão identificadas em 2 isoformas COX1 e COX2 embora haja uma variante da COX1 que foi denominada de COX3 ou COX1b COX1 É uma isoforma dita constitutiva produz prostaglandinas PGs que mantêm as funções fisiológicas e homeostáticas É expressa em células do TGI dos rins e das plaquetas É responsável pela vasodilatação renal e por artérias e veias gástricas favorece a liberação de bicarbonato dentro do estômago É encontrada na maioria das células e tecidos COX2 É uma isoforma predominantemente induzida ou seja que é expressa a partir de um estímulo como no caso de processos inflamatórios Produz PGs que medeiam inflamação dor e febre induz formação de interleucinas e fator de necrose tumoral COX3 ou COX1b É uma variante da COX1 que foi identificada inicialmente em cérebro canino Posteriormente seu RNAm foi identificado no córtex cerebral e no tecido cardíaco humano Em roedores e humanos o RNAm da COX3 codifica proteínas com sequência de aminoácidos completamente diferentes da COX1 e COX2 sendo improvável que nessas espécies esteja envolvida em processos de dor e febre mediadas por PGs Mecanismo de ação Os AINEs são antagonistas competitivos reversíveis do ácido araquidônico AA pelo sítio de ligação das enzimas COXs 1 e 2 com exceção do AAS ácido acetilsalicílico que faz uma ligação do tipo irreversível por acetilação das subunidades catalíticas das COX1 e COX2 fazendo com que o tempo de meiavida do httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 8 de 80 AAS dependa da capacidade de renovação das COXs dos tecidosalvo sendo mais evidente e também relevante no caso da inibição da COX1 plaquetária SPINOSA et al 2017 O sítio de ligação do AA um canal hidrofóbico presente na COX2 é maior que o sítio presente na COX1 Sendo assim os AINEs não seletivos da COX não conseguem bloquear de forma definitiva o acesso e a ação do AA ao se ligar a esse sítio Isso não acontece entretanto com os inibidores altamente seletivos da COX2 os coxibes A Figura 2 esclarece esses processos BATLOUNI 2010 Ilustração dos sítios de ligação do AA na COX2 e na COX1 Indicação terapêutica Todos os AINEs seletivos ou não seletivos apresentam três efeitos terapêuticos principais devido à inibição da síntese de PGs nas células inflamatórias São eles Efeito antipirético No sistema nervoso SN a interleucina1 IL1 libera PGs que elevam o ponto de ajuste da temperatura no hipotálamo promovendo a febre Os AINEs atuam diminuindo a síntese dessas PGs httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 9 de 80 Efeito analgésico Controla as dores leves e moderadas oriundas da resposta inflamatória pois bloqueia a COX levando à inibição de PGs PGE2 e PGI2 responsáveis pela hiperalgesia à redução do limiar de excitabilidade das fibras nociceptivas primárias e à vasodilatação resultando em menor sensibilização das terminações nociceptivas aos mediadores inflamatórios Efeito antiinflamatório Diminui a síntese da PGE2 e da prostaciclina PGI2 com consequente redução da vasodilatação e indiretamente do edema embora não haja redução direta das células inflamatórias Saiba mais Os AINEs com atividade antipirética não afetam a temperatura normal pois favorecem o reajuste da temperatura que ao alcançar o ponto normal de ajuste passa a ter a contribuição dos mecanismos reguladores da manutenção da temperatura por dissipar calor Comentário Vale ressaltar que nem todos os AINEs são igualmente potentes para cada uma dessas ações e que somente os não seletivos apresentam efeito antiagregante plaquetário Efeitos adversos Os AINEs mais importantes e usados com mais frequência inibem com maior eficiência a COX1 e com menor a COX2 o que leva à manifestação dos vários efeitos colaterais associados ao uso dessas substâncias como gastrite difusa erosão gástrica ulceração gastroenterite hemorrágica fatal insuficiência renal aguda lesão renal crônica síndromes necróticas e nefrite Esses efeitos colaterais são decorrentes principalmente da inibição da síntese da PGE2 e da PGI2 Saiba mais httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 10 de 80 Saiba mais Outro mecanismo possível seria o acúmulo de AINEs nas células gástricas que leva à morte celular Isso ocorre pois primeiramente o ácido gástrico parece facilitar a entrada dos AINEs na membrana mucosa de forma molecular No interior da célula a substância retorna à sua forma ionizada o que faz com que fique retida por maior tempo na célula O uso de AINEs deve ser avaliado quanto à segurança do paciente pois a presença de disfunção hepática ou renal agrava o aparecimento de seus efeitos colaterais O próprio efeito antiinflamatório pode inibir o processo de reparo tecidual em úlceras O antagonismo irreversível de alguns AINEs nos tromboxanos TXAs favorece o aumento do sangramento porque a coagulação e a agregação plaquetária são prejudicadas Isso deve ser considerado quando a administração conjunta de AINEs e anticoagulantes for necessária Farmacocinética A maioria dos AINEs é bem absorvida e sua biodisponibilidade não é alterada significativamente pela presença de alimentos Essas drogas são metabolizadas principalmente por mecanismos de fase I seguidos pelos de fase II mas em alguns casos ocorre apenas por glicuronidação direta fase II O metabolismo dos AINEs é realizado especialmente pelas enzimas do citocromo P450 no fígado Embora a excreção renal seja a eliminação mais importante quase todos os AINEs estão sujeitos a vários graus de excreção e reabsorção biliar circulação enterohepática A maioria está fortemente ligada às proteínas cerca de 98 mais especificamente à albumina httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 11 de 80 Principais representantes da classe dos antiinflamatórios não esteroidais Dipirona e paracetamol O fato de o paracetamol e a dipirona não apresentarem efeito antiinflamatório pode ser explicado pela inibição mais seletiva da COX3 Além disso já está bem entendido que o efeito inibidor de COX dessas substâncias só é possível em baixas concentrações de íons peróxidos o que não acontece nas áreas inflamadas nas quais esses íons estão em grandes concentrações Ademais de acordo com vários estudos os efeitos analgésicos e antipiréticos do paracetamol resultam também de alvos moleculares que diferem da inibição das COXs A intoxicação aguda por paracetamol leva a náuseas dores abdominais e anorexia O carvão ativado quando administrado dentro de 4h da ingestão de uma overdose de paracetamol reduz a absorção do medicamento em até 90 A Nacetilcisteína NAC também pode ser usada em caso de envenenamento por paracetamol se houver risco de lesão hepática O NAC atua como um doador do grupo sulfidrila possibilitando a eliminação do metabólito tóxico do paracetamol o NAPQI N acetilbenzoiminoquinona Hepatotoxicidade O metabolismo hepático é um processo farmacocinético importante para o AAS e também para o paracetamol que são conjugados pelo ácido glicurônico e catalisados por enzimas microssomais do complexo citocromo P450 CYP Isso é extremamente importante em gatos pois há uma relativa falta de conjugação com o ácido glicurônico devido às baixas concentrações de enzimas da família glicuroniltransferases resultando em alguns AINEs com meiavida prolongada aumentando o risco de envenamento em gatos especialmente quando tratados como cães de pequeno porte httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 12 de 80 Principais AINEs empregados em animais A seguir veremos os principais AINEs com aplicação em animais bem como suas respectivas posologias AINES Espécie Cão Gato Cavalo Bovino AAS 1020mgkg subcutânea SC intramuscular IM intravenosa IV a cada 12h 10mgkg SC IM IV a cada 48h 75mgkg via oral VO dose de ataque 25mgkg a cada 12h 100mgkg VO dose de ataque 30mgkg a cada 12h Ácido mefenâmico 12 a 22mgkg VO a cada 24h 22mgkg VO a cada 12h 1mgkg SC IM ou httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 13 de 80 Tabela 1 Resumo dos principais AINEs e espécies animais Adaptada de Barros e Di Stasi 2012 p 220 Utilizado principalmente para tratamento de inflamação óssea em equinos bem como claudicação cólica aguda por endotoxemia e doenças dos tecidos moles Devese atentar à pequena margem de segurança para essa espécie Apresenta tempos de meiavida variados entre as espécies Possui efeitos benéficos em cirurgias ortopédicas em felinos Pode ser usado em suínos principalmente para o tratamento de mastitemetrite e agalaxia e em equinos para tratar dor e inflamação associada à cirurgia Diclofenaco Não recomendado Não recomendado IV a cada 24h por 35 dias Dipirona 285mgkg VO a cada 12h 285mgkg VO a cada 12h 5 a 1mgkg SC IM IV lentamente a cada 12h Fenilbutazona 10mgkg VO IV a cada 12h Não recomendado 44mgkg dose de ataque e 22mgkg VO IV a cada 12h 10mgkg VO ou 5mgkg IV a cada 48h ou 10 20mgkg Flunixine meglumina 051mgkg VO IM IV por até 3 dias 1mgkg VO por até 7 dias 11mgkg VO IM IV a cada 24h por até 5 dias 025mgkg dose antiendotóxica 22mgkg IM IV dose ataque e 11mgkg a cada 24h Meloxicam 02mgkg seguido por 01mgkg VO a cada 24h 03mgkg seguido por 01mgkg VO a cada 24h Nimesulida 07mgkg VO SC IM a cada 2448h 07mgkg VO SC IM a cada 24h Paracetamol 19mgkg a cada 2h dose antiendotóxica Não recomendado httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 14 de 80 agalaxia e em equinos para tratar dor e inflamação associada à cirurgia Está presente em cerca de 50 dos casos de intoxicação de animais por AINEs geralmente por uso incorreto no qual não se levou em conta as diferenças na biotransformação existente entre as várias espécies Alguns exemplos de AINEs altamente seletivos para inibição da COX2 coxibes Os inibidores altamente seletivos da COX2 os coxibes apresentam propriedades antiinflamatórias antipiréticas e analgésicas semelhantes àquelas dos AINEs convencionais porém não compartilham as ações antiplaquetárias dos AINEs que inibem a COX1 São AINEs com baixíssimo potencial ulcerogênico e também nefrotóxico pois inibem seletivamente a COX2 em comparação aos AINEs convencionais Vários estudos revelaram que o uso de coxibes em humanos está relacionado a uma maior incidência de infarto do miocárdio por causa da sua ação prótrombótica uma vez que o bloqueio seletivo da COX2 reduz a síntese de PGs como a PGI2 que tem ação cardioprotetora por sua ação antitrombótica mas não a formação de TXA2 que tem efeito contrário ao da PGI2 Por conta dessa ação prótrombótica pela manutenção do TXA2 os AINEs coxibes são mantidos sob observação e sua prescrição exige apresentação de receituário Recomendação Clinicamente não se recomenda a associação dos coxibes com nenhum outro antiinflamatório seja esteroidal ou não esteroidal pois pode agravar os efeitos colaterais Alguns coxibes de uso veterinário Utilizado no tratamento de osteoartrite em cães mas reduz as concentrações de líquido sinovial e de PGE2 sanguínea A ocorrência de vômito diarreia e hematoquezia surgem como efeitos colaterais e altas doses podem causar danos renais É também um potente inibidor da COX2 e sua ação farmacológica é comparável à do diclofenaco Deracoxibe Etoricoxibe httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 15 de 80 É também um potente inibidor da COX2 e sua ação farmacológica é comparável à do diclofenaco para aliviar a dor da osteoartrite em humanos Em cães e equinos é utilizado para o controle da dor associada à osteoartrite crônica Pode ser utilizado por um período de até 14 dias no controle da dor inflamatória Os efeitos colaterais que se manifestam são leves e geralmente associados à ocorrência de vômitos diarreias e inapetência Há risco de morte em cães com menos de 7 meses pois são sensíveis a altas doses de firocoxibe Nesses casos altas doses foram relacionadas a alterações periporta gordurosas hepáticas úlceras duodenais e edemas pancreáticos Em cães é indicado no tratamento de afecções articulares degenerativas principalmente se o tratamento ultrapassar o período de 1 mês O mavacoxibe tem como vantagem a administração em intervalos de 14 dias devendo ser usado por até 7 doses consecutivas É uma pródroga que quando biotransformada é convertida em valdecoxibe Ainda em estudo Aprovado nos EUA e na Europa para uso exclusivo em gatos É um coxibe utilizado no tratamento da inflamação e da dor aguda associadas a alterações musculoesqueléticas e também para tratar a dor e a inflamação relacionadas à cirurgia ortopédica ou de tecidos moles como na castração Firocoxibe Mavacoxibe Parecoxibe Robenacoxibe httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 16 de 80 Falta pouco para atingir seus objetivos Vamos praticar alguns conceitos Questão 1 Faça a correlação entre os AINEs apresentados em uma lista e os efeitos apresentados na outra e em seguida assinale a opção que corresponda à sequência correta 1 Paracetamol 2 Flunixine meglumina httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 17 de 80 2 Flunixine meglumina 3 Ácido acetilsalicílico 4 Mavacoxibe Tem efeito antiagregante plaquetário de longa duração por inibir irreversivelmente a COX AINE sem potencial ulcerogênico pois não inibe a COX1 Risco alto de intoxicação em felinos e doses excessivas causam hepatotoxicidade pelo acúmulo de NAPQI AINE indicado para tratar cólica equina Parabéns A alternativa D está correta Paracetamol os felinos são muito sensíveis ao uso de paracetamol para desenvolverem o quadro de intoxicação porque mesmo em doses terapeuticamente recomendadas para outras espécies não são capazes de realizar bem a etapa de conjugação pela glucuroniltransferase do metabólito hepatotóxico do paracetamol o NAPQI que irá se acumular Portanto para os felinos a sua administração é contraindicada Flunexina meglumina é um AINE com alta potência analgésica e antiinflamatória indicado para tratar a cólica equina bem como outras desordens inflamatórias musculoesqueléticas Ácido acetilsalicílico a inibição irreversível da COX diminuindo a disponibilidade do TXA2 um agente com função agregante plaquetário pelo AAS favorece o aumento do tempo de sangramento pois o processo de coagulação e agregação plaquetária são prejudicados Mavacoxibe é um coxibe inibidor altamente seletivo da COX2 que embora apresente propriedades antiinflamatórias antipiréticas e A 2 1 3 4 B 3 1 2 4 C 3 4 1 3 D 3 4 1 2 E 1 2 4 3 httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 18 de 80 altamente seletivo da COX2 que embora apresente propriedades antiinflamatórias antipiréticas e analgésicas não inibe a COX1 e por isso não prejudica a síntese das PGs protetoras gástricas Questão 2 A inibição mais seletiva da COX3 e as altas concentrações de peróxidos nos tecidos inflamados são condições que impedem o efeito antiinflamatório de algumas substâncias Qual dos AINEs a seguir apresenta essa característica em doses terapêuticas Parabéns A alternativa C está correta A ação do paracetamol como antiinflamatório em doses terapêuticas é inibida devido às altas concentrações de peróxidos no local inflamado Esses peróxidos locais interferem na capacidade do paracetamol em inibir a COX no tecido inflamado A Diclofenaco B Celecoxibe C Paracetamol D Naproxeno E Fenilbutazona httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 19 de 80 2 Analgésicos opioides Ao final deste módulo você será capaz de reconhecer a farmacologia dos analgésicos opioides Opioides analgésicos São denominadas opioides analgésicos as substâncias derivadas do ópio que é um látex extraído da planta Papaver somniferum conhecida popularmente como papoula O ópio contém diversas moléculas com ações analgésicas como a morfina a codeína e a papaverina Por definição há diferenças entre o termo ópio opiáceos e opioides httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 20 de 80 Ópio Mistura de alcaloides extraídos da papoula Opioides Qualquer composto natural semissintético ou sintético com capacidade de se ligar com especificidade aos receptores opioides apresentando propriedades semelhantes aos opioides endógenos Opiáceos Todo e qualquer opioide natural que deriva do ópio como a morfina Saiba mais O termo narcótico era utilizado antigamente como sinônimo dos opioides por induzir o sono embora seja vinculada a essa classe várias outras substâncias de abuso que não pertencem à classe dos opioides Neste conteúdo vamos nos voltar para os opioides httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 21 de 80 Neste conteúdo vamos nos voltar para os opioides Definição e características dos opioides Os opioides também denominados hipnoanalgésicos são fármacos de extrema importância para o manejo da dor pósoperatória devido à sua eficácia para controle da dor aguda e por promover analgesia sem inibição da propiocepção ou da consciência Esses fármacos atuam em vários receptores localizados nas regiões pré e póssinápticas Figura 3 tanto no SNC quanto no SNP Figura 3 Receptores clássicos para ligação dos opioides Embora apresentem mecanismo de ação semelhante suas ações variam em função dos diferentes subtipos de receptores envolvidos A identificação dos receptores opioides é a seguinte MOR receptor peptídico opioides mu µ KOR receptor peptídico opioides kappa κ DOR receptor peptídico opioide delta δ httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 22 de 80 DOR receptor peptídico opioide delta δ NOR receptor peptídico FQ de nociceptinas orfaninas A escolha do opioide a ser indicado vai depender não só da intensidade da dor como também das características farmacocinéticas e farmacodinâmicas como latência duração de ação e potência Classificação mecanismo de ação e efeitos dos opioides Existem diversas classificações para os opioides veja as definições delas a seguir Tradicional Forte morfina diacetilmorfina ou diamorfina fentanil petidina alfentanil remifentanil e sufentanil Intermediário buprenorfina pentazocina butorfanol e nalbufina Fraco codeína e tramadol httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 23 de 80 Fraco codeína e tramadol Segundo a origem Natural morfina e codeína Semissintético diamorfina e diidrocodeína Sintético fenilpiperidinas difenilpropilamina morfinas e benzilmorfinas Segundo a função Agonista puro apresentam eficácia máxima morfina fentanil alfentanil remifentanil e sufentanil Agonista parcial não alcançam eficácia máxima buprenorfina Agonistaantagonista atividades distintas entre os diferentes receptores opioides pentazocina nalbufina e nalorfina Antagonista puro agem sobre todos os receptores opioides naloxona e naltrexona Os opioides se ligam aos receptores opioides que estão presentes no SNC particularmente no centro do trato solitário na substância cinzenta periaquedutal no córtex cerebral no tálamo e na substância gelatinosa da medula espinhal Esses receptores opioides também podem estar presentes nas terminações nervosas aferentes periféricas e em vários outros órgãos Apresentam mecanismos de inibição da liberação de neurotransmissores e das vias nociceptivas ascendentes Os receptores opioides são todos metabotrópicos e estão acoplados a proteínas G inibitórias A ativação httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 24 de 80 Os receptores opioides são todos metabotrópicos e estão acoplados a proteínas G inibitórias A ativação dessas proteínas desencadeia uma cascata de eventos como o fechamento dos canais de cálcio voltagem dependentes a redução na produção de monofosfato de adenosina cíclico AMPc e a estimulação do efluxo de potássio que leva à hiperpolarização celular Figura 3 Portanto o resultado é a redução da excitabilidade neuronal o que leva à diminuição da neurotransmissão dos impulsos nociceptivos Os analgésicos opioides são a base da analgesia perioperatória Eles são classificados de acordo com sua seletividade e atividade nos receptores que estão distribuídos no SNC e também na periferia No SNC estão concentrados no cérebro e no corno dorsal da medula espinhal Os agonistas opioides de ação central inibem a percepção cérebro e a sensibilização central medula espinhal O agonismo dos receptores opioides inibe a transmissão da dor na medula espinhal e a liberação de neurotransmissores embora a metadona apresente como efeito adicional ser antagonista do receptor de NMDA Os opioides promovem vários efeitos funcionais associados aos principais tipos de receptores opioides Tabela 2 Eles são utilizados na terapêutica veterinária para analgesia antinocicepção sedação tranquilização e euforia imobilização e contenção química diarreia inibição da motilidade gastrintestinal antitussígeno e adjuvante para anestesia geral além de aumento da atividade locomotora sendo esse último ilegalmente usado em cavalos atletas para tal fim httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 25 de 80 Efeitos funcionais associados aos principais tipos de receptores opioides EFEITO RECEPTOR AGONISTA ANTAGONISTA Analgesia Espinhal µκδ Analgésico Sem efeito httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 26 de 80 Espinhal Supraespinhal µκδ Analgésico Sem efeito Função respiratória µ Reduz Sem efeito Trato GI µκ Reduz trânsito Sem efeito Psicomimético κ Aumenta Sem efeito Alimentação µκδ Aumenta ingesta Reduz ingesta Sedação µκ Aumenta Sem efeito Diurese κ Aumenta Regulação hormonal Prolactina H Crescimento µ µ eou δ Aumenta liberação Aumenta liberação Reduz liberação Reduz liberação Lib Neurotransmissor Acetilcolina Dopamina µ µ δ Inibe Inibe Tabela 2 Efeitos funcionais associados aos principais tipos de receptores opioides Retirado de KATZUNG B G TREVOR A J 2017 Pág 535 Segundo a localização os receptores opioides promovem efeitos que são observados nos seguintes sistemas Afinidade por receptores MOR µ analgesia euforia sedação depressão supressão do reflexo da tosse miose aumento do tônus nos grandes músculos do tronco interferência na ventilação Sistema nervoso central Cardiovascular httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 27 de 80 Morfina e derivados vasodilatação e hipotensão liberação de histamina mastocitária risco de broncoespasmo Constipação redução da motilidade gástrica e aumento do tônus redução da produção de secreção gástrica contração do músculo liso e do esfíncter de Oddi pode ocasionar cólicas biliares Diminuem a secreção gastrointestinal e as contrações gastrointestinais propulsivas e aumentam as contrações gastrointestinais segmentares que não causam a condução A loperamida é o agonista opioide substrato da glicoproteínaP gpP e portanto não consegue atravessar a BHE não exercendo efeitos no SNC de animais normais É frequentemente recomendado para o tratamento da diarreia por conta de seus efeitos confiáveis disponibilidade de venda livre não sendo uma substância controlada baixo custo e perfil de segurança Se inibidores da gpP ciclosporina cetoconazol spinosad é um novo ectoparasiticida forem administrados simultaneamente com a loperamida ou o animal tiver deficiência em gpP alguns cães Collie raças cruzadas e outras raças de pastoreio sedação disforia e outros efeitos dos opioides no SNC podem ocorrer por um longo período de até mais de 24h Depressão da função renal prolongamento do trabalho de parto Gastrointestinal Efeito antidiarreico Trato geniturinário Neuroendócrino httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 28 de 80 Estimula liberação de ADH prolactina e somatotropina reduz liberação de esteroides sexuais Liberação de histamina mastocitária morfina A farmacocinética dos opioides Neste vídeo a especialista Bernadete Soares apresentará os parâmetros farmacocinéticos dos opioides Vamos lá Efeitos adversos dos opioides O opioides são analgésicos eficazes com efeitos colaterais tratáveis Atualmente são utilizados agonistas μ p ex morfina hidromorfona fentanila oximorfona metadona e codeína agonistas μ parciais p ex buprenorfina e agonistas κantagonistas μ p ex butorfanol e nalbufina Agonistas μ Prurido httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 29 de 80 São indicados para dor moderada a grave e estão associados aos efeitos colaterais mais acentuados quando comparados com agonistas μ parciais ou agonistas κ e antagonistas μ Figura 4 Muitos efeitos colaterais como bradicardia depressão respiratória PaCO2 maior que 45mmHg vômito atonia intestinal constipação retenção urinária e respiração ofegante reajuste do centro de disparo hipotalâmico independem das espécies Alguns efeitos colaterais são variáveis em espécies diferentes Nos cães ocorre sedação hipotermia e miose nos gatos disforia estado caracterizado por ansiedade depressão e inquietude hipertermia e midríase são mais comuns Agonistas μ parciais agonistas κ e antagonistas μ e agonistas μ não opioides São opioides que apresentam alta afinidade pelos receptores μ mas com pouca atividade intrínseca Dessa forma não surte muito efeito oferecendo uma analgesia modesta Figura 4 Os agonistas κ e os antagonistas μ por exemplo butorfanol e nalbufina fornecem analgesia modesta por meio do receptor κ e antagonizam a atividade dos agonistas do receptor μ Os agonistas μ parciais comportamse da mesma forma que os agonistas κ e os antagonistas μ em dois aspectos ambos os grupos podem antagonizar agonistas μ puros removendoos do receptor e são apenas indicados para dor leve a moderada O butorfanol é um agonista κ e antagonista μ aprovado para uso como analgésico nos gatos e antitussígeno em cães e gatos Ele não promove muita sedação porém também não produz muita agitação O butorfanol pode ser administrado por via intravenosa subcutânea intramuscular e oral O início de ação ocorre de 10 a 15 minutos mas sua duração é relativamente curta Figura 4 Sítios de ligação dos opioides nos diferentes receptores A Agonista pleno B agonista parcial C agonistaantagonista httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 30 de 80 Figura 4 Sítios de ligação dos opioides nos diferentes receptores A Agonista pleno B agonista parcial C agonistaantagonista Após o uso de opioides surgem efeitos adversos que podem sofrer ou não tolerância Os efeitos adversos no trato gastrointestinal incluem náuseas vômitos salivação diminuição da motilidade e constipação Entretanto os gatos são mais suscetíveis a esses efeitos e por essa razão doses adequadas ou reduzidas em conjunto com sedativos devem ser usadas com essa espécie Os efeitos adversos dos opioides no tratamento de dor crônica podem ser reduzidos com a associação de medicamentos de outras classes farmacológicas Veja a seguir os efeitos adversos e o desenvolvimento de tolerância Analgesia Supressão da tosse Sedação Alto grau de tolerância httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 31 de 80 Depressão respiratória Náuseas e vômitos Retenção urinária Euforiadisforia Bradicardia Miose Constipação Convulsão Para a reversão dos efeitos dos opioides que ocorrem são usados os antagonistas Tabela 3 que podem ser antagonistas puros como a naloxona ou ainda atuarem como agonistasantagonistas Para optar por algum membro dessa classe devese considerar se a reversão dos efeitos deve ser total ou preservar um determinado grau de analgesia e sedação o que é possível com o uso de agonistaantagonista OPIOIDE MOP µ KOP κ DOP δ NALOXONA1 Tolerância moderada Tolerância mínima httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 32 de 80 NALTREXONA2 NALTRINDOL ALVIMOPAN3 Tabela 3 Antagonistas opioides Elaborado por Bernadete Soares 1 Administração oral 2 Administração parenteral iv 3 Sem efeito central pois não atravessa a barreira hematoencefálica httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 33 de 80 Falta pouco para atingir seus objetivos Vamos praticar alguns conceitos Questão 1 Qual das substâncias a seguir é amplamente utilizada em veterinária mas exige cautela por promover liberação de histamina A Morfina B Naloxona httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 34 de 80 Parabéns A alternativa A está correta A morfina é um opioide frequentemente utilizado devido ao seu custobenefício porém por promover a liberação de histamina exige cautela em seu uso e deve ser evitada em pacientes sensíveis a essa liberação como animais asmáticos ou com mastocitoma Questão 2 Qual dos fármacos citados a seguir é um exemplo de antagonista opioide de ações somente periféricas C Naltrinfol D Fentanil E Alvimopan A Naloxona B Naltrexona httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 35 de 80 Parabéns A alternativa C está correta O alvimopan é um antagonista opioide de baixa lipossolubilidade que não atravessa BHE exibindo efeitos somente periféricos e podendo ser administrado por via oral para acelerar a recuperação dos efeitos gastrointestinais dos opioides C Alvimopan D Naltrindol E Metadona httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 36 de 80 3 Anestésicos gerais Ao final deste módulo você será capaz de identificar a farmacologia dos anestésicos gerais A anestesia é definida como a perda da função sensorial Sendo assim os anestésicos são drogas que podem bloquear as capacidades sensoriais do corpo para aliviar a dor e inibir outras funções sensoriais para realizar procedimentos médicos invasivos como cirurgias e alguns exames por exemplo a endoscopia Os anestésicos podem ser anestésicos gerais AGs ou anestésicos locais ALs que se diferenciam no objetivo de uso sobretudo em sua capacidade de induzir a perda de consciência ou não Veja a seguir um comparativo entre os tipos de anestésicos Anestésicos gerais AGs Nos procedimentos em que se deseja abolir os reflexos do paciente e também reduzir a dor e o desconforto os AGs serão os escolhidos httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 37 de 80 Anestésicos locais ALs Os ALs no entanto são usados para procedimentos menores e não têm como objetivo em sua utilização promover alterações no nível de consciência Outros fatores são diferentes entre esses dois grupos como mecanismo de ação e efeitos colaterais Anestésicos gerais AGs O uso apropriado de anestésicos sedativos e analgésicos pode aliviar a dor causar amnésia e fornecer relaxamento muscular essencial para a segurança do paciente bem como para eutanásia e abate humanitário de animais para consumo humano A administração de anestesia sedação e analgésicos representa risco para o paciente e não é recomendada para procedimentos triviais Os diversos usos da anestesia e as necessidades especiais de cada espécie faixa etária e doença exigem o uso de uma variedade de medicamentos além do conhecimento de suas associações e métodos A técnica de anestesia geralmente é classificada de acordo com o tipo de medicamento eou a forma como ele é administrado Veja a seguir mais detalhes de cada classificação Os gases ou vapores anestésicos são inalados em conjunto com o oxigênio Inalação httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 38 de 80 As soluções anestésicas são injetadas por via intravenosa intramuscular e subcutânea Outras vias injetáveis são a intratorácica e a intraperitoneal sendo que ambas geralmente não são recomendadas Incluem técnicas anestésicas que usam infusão intravenosa de um ou mais fármacos para estabelecer um estado adequado de anestesia A anestesia geral é uma condição de depressão reversível do SNC que resulta em perda de resposta e de percepção de estímulos externos A seguir observamos cinco benefícios para pacientes submetidos a cirurgias e outros procedimentos médicos sob anestesia Sedação e redução da ansiedade Inconsciência e amnésia Relaxamento dos músculos esqueléticos Supressão de reflexos indesejados Analgesia Como nenhum medicamento produz sozinho todos os efeitos desejados várias classes de medicamentos são usadas em combinação para atingir a anestesia ideal A medicação antes da anestesia é usada para acalmar o paciente aliviar a dor e proteger contra os efeitos indesejáveis dos anestésicos que são administrados após ou durante o procedimento cirúrgico Os fármacos que participam são os adjuvantes Normalmente os pacientes cirúrgicos recebem um ou mais fármacos que compõem a medicação pré anestésica MPA Alguns são apresentados na Figura 5 Injetável Intravenosa httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 39 de 80 Veja a seguir as classes de fármacos utilizados para a AG Sedativashipnóticas Ação ultracurta tiopental Ação curta pentobarbital Associações de drogas Innovar Telazol Dissociativas Cetamina Opioide Morfina Oximorfina Fentanil Alfentanil Sedativostranquilizantes Benzodiazepínicos Nunca usados sozinhos httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 40 de 80 Outras Guaifenesin Propofol Etomidato Saffan Veja a seguir um esquema de fármacos que compõem a medicação préanestésica MPA Figura 5 Componentes da anestesia balanceada Classificação Veja a seguir a definição da classificação desses tipos de anestésicos Anestésicos gerais inalatórios Os AGIs anestésicos gerais inalatórios são administrados por via aérea durante a fase de indução e manutenção da anestesia Podem ser Líquidos voláteis httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 41 de 80 Líquidos voláteis Halogenados halotano isoflurano enflurano metoxiflurano sevoflurano desflurano são hipnóticos com baixo potencial analgésico e depressores respiratórios e cardiovasculares Gases Óxido nitroso insuficientemente hipnótico com um efeito analgésico significativo Outro anestésico gasoso é o xenônio que não está disponível no Brasil Anestésicos gerais endovenosos AGEs anestésicos gerais endovenosos compreendem substâncias ativas de diferentes grupos farmacológicos com diferentes estruturas químicas e mecanismos de ação Barbitúricos tiobarbitúricos e oxibarbitúricos Não barbitúricos compostos imidazólicos etomidato e alquilfenóis propofol Anestésicos dissociativos derivados da fenciclidina cetamina e tiletamina A necessidade que surge de qualquer cirurgia anestésica geralmente leva à administração simultânea de anestésicos inalatórios e intravenosos na indução e manutenção da anestesia para mais precisão e para um manuseio seguro para a condição do paciente Além disso favorece o uso de doses menores e com toxicidade reduzida Mecanismo de ação e efeitos dos AGs Os anestésicos gerais atuam nos neurônios em vários locais celulares mas o foco principal tem sido as sinapses A ação présináptica pode alterar a liberação de neurotransmissores enquanto a póssináptica pode modificar a frequência ou a amplitude dos impulsos que saem da sinapse Figura 6 Anestésicos gerais inalatórios AGIs httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 42 de 80 Os mecanismos de ação mais bem estudados e conhecidos desses agentes são Receptores do GABA ácido gamaaminobutírico os canais cloreto dos receptores GABAA têm sítios moduladores para vários anestésicos incluindo os anestésicos inalatórios Canais de cálcio os anestésicos deprimem a atividade dos canais do tipo T responsáveis pelo controle da permeabilidade das membranas póssinápticas nos neurônios cerebrais Receptores NmetilDaspartato NMDA também são alvos esses fármacos Receptores de ACh acetilcolina muscarínicos centrais que dependendo do tipo podem promover respostas inibitórias ou excitatórias Em cães os efeitos na memória e na consciência estão ligados a esses tipos de receptores os nicotínicos neuronais que na presença de anestésicos inalatórios têm sua conformação estabilizada AGIs halogenados promovem uma resposta depressora significativa dos canais de sódio dependentes de voltagem Atenção Embora todas as partes do sistema nervoso sejam afetadas pelos agentes anestésicos os principais alvos parecem ser o tálamo o córtex e o hipocampo O índice padrão de potência dos anestésicos inalatórios é a concentração alveolar mínima CAM que varia conforme a espécie A CAM é inversamente proporcional à potência do anestésico Anestésicos gerais endovenosos AGEs Barbitúricos tiobarbitúricos e Barbitúricos tiobarbitúricos e oxibarbitúricos oxibarbitúricos Os barbitúricos são agonistas de receptores GABAA Esses fármacos diminuem a taxa de dissociação do GABA de seus receptores aumentando a duração de abertura do canal e consequentemente a condutância ao íon cloro e hiperpolarização do neurônio o que promove inibição da condução nervosa O sistema de ativação reticular mesencefálico é particularmente sensível ao efeito depressor dos barbitúricos Os centros medulares termorregulador vagal respiratório e vasomotor são deprimidos por doses anestésicas de barbitúricos httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 43 de 80 doses anestésicas de barbitúricos Os AGEs como os barbitúricos tiopental por exemplo são depressores do sistema de ativação reticular SAR que controla o despertar e inibe as atividades epileptiformes O sistema SAR é particularmente sensível aos barbitúricos e os animais não podem ser acordados ou mantidos acordados após a administração Não barbitúricos compostos imidazólicos Não barbitúricos compostos imidazólicos etomidato etomidato e e alquilfenóis propofol alquilfenóis propofol Veja a seguir a definição desses compostos Alquinofenóis O propofol tem mecanismo de ação semelhante ao dos barbitúricos e benzodiazepínicos pois aumenta a ação do GABA nos receptores GABAA e na ausência do GABA induz diretamente uma corrente de cloro Esse agente demonstrou exercer um efeito próGABAérgico ao inibir a taxa de disparo de neurônios dopaminérgicos e não dopaminérgicos Imidazólicos O etomidato não tem seu mecanismo de ação totalmente compreendido mas sabese que também pode modular a neurotransmissão GABAérgica via receptor GABAA Em concentrações usadas em clínica potencializa a resposta GABAérgica Em contraste com a afinidade aumentada do receptor GABAérgico produzido pelos barbitúricos o etomidato parece aumentar o número de receptores GABA disponíveis possivelmente deslocando os inibidores endógenos da ligação a esse neurotransmissor Anestésicos dissociativos derivados da Anestésicos dissociativos derivados da fenciclidina fenciclidina cetamina e tiletamina cetamina e tiletamina A cetamina é um derivado da fenciclidina que difere da maioria dos outros anestésicos intravenosos pela produção de analgesia significativa O estado característico observado após uma dose de cetamina para indução é conhecido como anestesia dissociativa Nele os olhos do paciente permanecem abertos com nistagmo lento estado cataléptico O mecanismo de ação da cetamina é complexo porém o principal efeito observado é produzido provavelmente pela inibição do complexo do receptor de NMDA NmetilDaspartato alvo do httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 44 de 80 provavelmente pela inibição do complexo do receptor de NMDA NmetilDaspartato alvo do neurotransmissor excitatório glutamato GLU Figura 6 Possíveis alvos inibitórios e excitatórios para ação dos anestésicos A anestesia geral pode ser dividida em três fases Indução Período de tempo desde o momento em que um anestésico potente é administrado ao paciente até que a anestesia cirúrgica efetiva no paciente seja desenvolvida httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 45 de 80 A indução da anestesia depende da velocidade com que as concentrações eficazes do agente anestésico atingem o cérebro Já a recuperação é essencialmente o oposto da indução depende da velocidade com que o agente anestésico se difunde para fora do cérebro A profundidade da anestesia é a intensidade da depressão do SNC Ela é uma variável útil para personalizar a anestesia A farmacocinética dos anestésicos gerais Neste vídeo a especialista Bernadete Soares apresenta os parâmetros farmacocinéticos dos anestésicos gerais Vamos lá Manutenção Garante a continuidade da anestesia cirúrgica Recuperação Tempo desde a interrupção da anestesia até o restabelecimento da consciência e dos reflexos fisiológicos de proteção httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 46 de 80 Principais anestésicos utilizados em medicina veterinária Não halogenados Óxido nitroso httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 47 de 80 Também chamado de protóxido de nitrogênio é considerado um bom analgésico mas não pode ser categorizado como um anestésico geral pois não provoca inconsciência e imobilidade Na veterinária é utilizado somente como adjuvante da anestesia geral sempre com outro agente inalatório para principalmente permitir a redução da concentração do anestésico inalatório para manutenção do plano anestésico Tem baixa solubilidade e por isso produz início de efeito rápido Apesar da baixa solubilidade possui maior solubilidade em nitrogênio e assim atravessa de maneira mais rápida as barreiras celulares difundindose para os espaços fisiológicos ou patológicos que contenham coleções de ar estômago intestinos sendo contraindicado nos pacientes com timpanismo nas síndromes cólicas nos pneumotórax etc pois pode aumentar a distensão nos órgãos acometidos e agravar o quadro clínico Ao término da anestesia com óxido nitroso esse se difunde rapidamente para o espaço alveolar e dessa maneira é recomendável a oxigenação por pelo menos mais 5 minutos para se evitar a ocorrência de hipóxia Promove estimulação simpática PA FC DC no SNC consumo de O2 cerebral e do fluxo de sangue resultando em PIC e FSR PA pressão arterial FC frequência cardíaca DC débito cardíaco PIC pressão intracraniana httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 48 de 80 PIC pressão intracraniana FSR fluxo sanguíneo renal Halogenados Halotano Entre os halogenados o halotano é o mais potente Pode ser usado na indução anestésica direta por meio de máscara facial Contudo sua maior indicação se dá na manutenção da anestesia Tem sido substituído gradativamente por outros halogenados que produzem menos efeitos cardiovasculares httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 49 de 80 Além disso é o agente que mais sensibiliza o miocárdio à ação arritmogênica da epinefrina Esse é um dos halogenados em que há maior incidência de hipertermia maligna HM como efeito adverso A maior ocorrência da HM é no suíno podendo também ocorrer no homem no cão e em outras espécies de mamíferos O dantrolene bloqueador de canal de cálcio do retículo é usado para tratar Enflurano Enflurano A estrutura química é muito semelhante à do isofluranoPode causar depressão do miocárdio da mesma forma que o halotano DC PA FG FG httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 50 de 80 Filtração glomerular Recomendação Contraindicado em pacientes com histórico convulsivo pois pode desencadear convulsões Isoflurano Entre os agentes halogenados é o mais indicado para a utilização em pacientes de risco por ser o que produz menores alterações fisiológicas Os efeitos cardiovasculares do isofluorano são mínimos com manutenção do débito cardíaco em valores ótimos nas concentrações correspondentes a até 2 CAM Produz vasodilatação coronariana e não sensibiliza o miocárdio à ação arritmogênica da epinefrina Promove depressão respiratória e tem ação broncodilatadora Sevoflurano httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 51 de 80 Tem baixo coeficiente de solubilidade o que faz dele um agente que produz indução e recuperação rápidas Os efeitos cardiovasculares são muito semelhantes aos produzidos pelo isofluorano Sobre o SNC em condições de normocapnia o sevofluorano aumenta o fluxo sanguíneo cerebral e a pressão intracraniana Há redução da necessidade cerebral de oxigênio e não produz convulsões Saiba mais A recuperação anestésica é rápida em cães com indução anestésica pelo tiopental e anestesia de duração de 120 minutos a média foi de 61 minutos para a extubação e assim como o halotano pode desencadear a síndrome de hipertermia maligna Desflurano A característica que mais chama a atenção é a sua pressão de vapor que por ser muito alta exige que seu uso seja feito em vaporizador específico com pressão e temperatura controladas o que limita seu uso clínico em decorrência do alto custo do equipamento Atenção A indução da anestesia por máscara não é recomendada em razão do desfluorano ser irritante às mucosas httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 52 de 80 das vias respiratórias superiores FC DC hipotensão e depressão respiratória Os efeitos sobre o SNC são semelhantes aos produzidos pelo isofluorano mas de maneira mais intensa Não provoca convulsões Anestésicos gerais endovenosos AGEs A via intravenosa IV é um método comum de administração de drogas usadas na prática da anestesia A injeção de um fármaco diretamente na circulação permite a distribuição rápida até o local de ação com um início de ação geralmente curto A dose pode ser ajustada de acordo com o efeito desejado que pode ser mantido em infusão contínua Além disso não requer o uso de equipamentos não é explosivo não causa poluição ambiental nem irrita as vias respiratórias No entanto a via IV tem desvantagens Uma vez que o anestésico é injetado seus efeitos não podem ser revertidos prontamente e há a possibilidade de que efeitos colaterais possam ocorrer devido à alta embora transitória concentração plasmática alcançada Além disso a flebite e a tromboflebite são problemas relativamente comuns Se a técnica estéril de administração não for seguida essa via pode se tornar a porta de entrada para bactérias pirogênios e outros corpos estranhos na circulação Comentário Em algumas espécies animais como nos felinos pode haver dificuldade em se achar uma veia superficial dificultando a administração de agentes que muitas vezes podem causar irritação ou necrose tecidual se administrados perivascularmente httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 53 de 80 A injeção intramuscular IM de anestésico pode ser vantajosa no caso de animais irritadiços ou animais selvagens ou exóticos casos em que fármacos injetáveis podem ser administrados por via remota dardo ou vara com seringa Barbitúricos Os barbitúricos são agonistas de receptores GABAA que aumentam a neurotransmissão inibitória Veja algumas características dos principais barbitúricos nas tabelas 4a e 4b Fármaco Duração de ação Uso Fenobarbital OXI Pentobarbital OXI Cerca de 12 h 1 2 h Anticonvulsivante Anestesiaeutanásia httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 54 de 80 Pentobarbital OXI Tiopental TIO Tiamilal TIO Metoexital OXI 1 2 h Cerca de 20 min Cerca de 20 min Cerca de 1015 min Anestesiaeutanásia Anestesia Anestesia Anestesia Tabela 4a Tempo de início duração da ação e uso dos barbitúricos Retirada de Riviere Papich e Booth 2021 p 207 OXI oxibarbitúrico TIO tiobarbitúrico Saiba mais O pentobarbital um barbitúrico é o principal ingrediente na maioria das soluções para eutanásia comercialmente disponíveis Tabela 4b Doses de barbitúricos comuns Retirada de Riviere Papich e Booth 2021 p 207 A dose de pentobarbital para eutanásia é 87mgkg Atenção Os barbitúricos não induzem analgesia Em pacientes cuja dor se mantém após a anestesia devem ser utilizados analgésicos alternativos Não barbitúricos compostos imidazólicos etomidato e alquilfenóis propofol Tiopental mgkg IV Pentobarbital mgkg IV Fenobarbital mgkg IV Metoexital mgkg IV Cão Gato Cavalo Bovino 8 22 8 22 4 15 4 22 2 30 2 15 6 6 1 10 3 11 3 11 5 httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 55 de 80 propofol Etomidato Cerca de 75 do etomidato se liga à albumina no plasma Eles são rapidamente distribuídos para cérebro baço pulmões fígado e intestinos A duração da anestesia depende da redistribuição da substância ativa e da capacidade de hidrolisar ésteres no fígado e no plasma Cerca de 87 do agente administrado é excretado na urina 3 inalterado e 13 na bile Não tem efeito cumulativo e não é observada tolerância adquirida após administração repetida Propofol O propofol possui um alto grau de ligação às proteínas plasmáticas 9798 A depuração e distribuição do propofol são rápidas Essas propriedades farmacocinéticas facilitam seu uso na indução e manutenção da anestesia e como resultado ocorre uma rápida recuperação desta Apresenta biotransformação hepática e extrahepática uma vez que a depuração do propofol é mais rápida que o fluxo sanguíneo hepático o que também o torna um anestésico para pacientes com hepatopatia Derivados da fenciclidina cetamina e tiletamina Por causa do baixo pH a cetamina é um agente irritante para os tecidos os animais mostram sinais de dor quando administrados por via IM e não promovem edema ou necrose do tecido como os barbitúricos Apresenta início de ação rápido após administração IV ou IM devido à sua alta solubilidade em gordura Os gatos entram em decúbito lateral 90 segundos após a administração IV e 2 a 4 minutos após a injeção IM Tiletamina zolazepam agente benzodiazepínico ansiolíticohipnótico Após a administração IM da combinação tiletaminazolazepam a anestesia começa dentro de 5 a 12 minutos e entre 30 e 90 segundos após a administração IV A meiavida plasmática da tiletamina é de 12 horas em cães aproximadamente 75 minutos mas de apenas 1 hora para o zolazepam Sendo assim dependendo da dose da via de administração das repetições e da cirurgia realizada os animais podem apresentar sinais de excitação durante a recuperação vocalização hipertonia muscular ou mesmo convulsões da anestesia com tiletamina Em gatos a recuperação é relativamente suave pois a meiavida plasmática do zolazepam é de 45 horas e a da tiletamina é muito mais curta 25 horas Além disso apenas httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 56 de 80 plasmática do zolazepam é de 45 horas e a da tiletamina é muito mais curta 25 horas Além disso apenas 5 a 10 de tiletamina é detectada na urina desses animais A Tabela 5 mostra as doses e as associações dos anestésicos intravenosos Fármaco Animais Dose mgkg Via Tiopental Pequenos animais 25 125 IV IV Cães 56 IV Etomidato Pequenos animais 0520 IV Grandes animais 0205 IV Propofol Pequenos animais 57 IV Equinos 24 02min IV IV httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 57 de 80 Tabela 5 Doses e associações dos anestésicos intravenosos Retirada de Spinosa Gorniak e Bernardi 2017 p 151 IV intravenosa IM intramuscular Cetamina Tiletamina Pequenosgrandes 25 IV Felinosfelídeos 810 IM Cães 1015 235 5 IM IV IM Gatos 25 1825 IV IM Equinos 0510 IV Bovinoscaprinos 2 IV Suínos 3 IM httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 58 de 80 Falta pouco para atingir seus objetivos Vamos praticar alguns conceitos Questão 1 Quanto à definição de CAM e a sua importância farmacológica para anestesia geral inalatória assinale a alternativa correta httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 59 de 80 Parabéns A alternativa C está correta É a unidade de medida relacionada ao coeficiente de partição solubilidade que avalia a potência do anestésico geral inalatório Questão 2 Qual dentre os anestésicos gerais citados a seguir é um barbitúrico A Concentração alveolar máxima inversamente proporcional à potência do anestésico geral B Concentração alveolar máxima diretamente proporcional à potência do anestésico geral C Concentração alveolar mínima inversamente proporcional à potência do anestésico geral D Concentração alveolar máxima determina o grau de toxicidade do anestésico geral E Concentração alveolar mínima determina o grau de pureza do anestésico geral A Tiopental B Óxido nitroso httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 60 de 80 Parabéns A alternativa A está correta O tiopental é um anestésico geral endovenoso barbitúrico Os barbitúricos são agonistas dos receptores GABAA potencializando assim a resposta inibitória central Os outros exemplos são anestésicos não barbitúricos ou inalatórios óxido nitroso C Etomidato D Zolazepam E Tiletamina httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 61 de 80 4 Anestésicos locais Ao final deste módulo você será capaz de reconhecer a farmacologia dos anestésicos locais Anestésicos locais ALs Os ALs e as técnicas analgésicas que utilizam esses anestésicos e outras drogas estão cada vez mais sendo utilizados em clínicas de pequenos animais e em cirurgias resultando na perda completa de todas as modalidades sensoriais O contraste com a anestesia geral é evidente mas devese observar que com a anestesia local a droga deverá ser administrada diretamente no tecidoalvo e a circulação sistêmica servirá apenas para reduzir ou interromper o efeito httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 62 de 80 Os ALs são agentes que bloqueiam reversivelmente a condução nervosa quando alcançam seu alvo molecular presente no tecido nervoso em concentrações apropriadas tendo como grande vantagem a sua ação reversível Após a aplicação há uma restauração completa da função nervosa sem sinais de danos estruturais às células nervosas ou às fibras nervosas Vale ressaltar que os ALs bloqueiam a condução dos estímulos sensoriais principalmente os dolorosos sem promover a perda da consciência como ocorre com a anestesia geral Os anestésicos locais devem apresentar algumas características como preço razoável não ser irritante nem tóxico oferecer período anestésico hábil e conhecido ter ação reversível e estabilidade ser solúvel em água ser compatível com vasopressores entre outras Classificação e estrutura química dos ALs Os ALs apresentam variação quanto aos seus efeitos clínicos que dependem de sua estrutura química A maioria dos agentes usados consiste em um resíduo lipofílico e um hidrofílico ligados pela cadeia intermediária Figura 8 Os ALs são classificados quimicamente como ésteres ou amidas São constituídos em sua maioria por um grupo lipofílico um anel aromático por exemplo ligado por uma cadeia intermediária que pode ser um éster ou uma amida identificação da nomenclatura Tabela 10 a um grupo ionizável por exemplo uma amina terciária Eles são bases fracas com valores de pKa especialmente na faixa entre 75 e 9 Portanto em pH fisiológico eles são principalmente mas não completamente ionizados carregados Isso é importante para a sua capacidade de penetrar na bainha de mielina e na membrana do axônio A difusão dos ALs está diretamente relacionada à sua latência de efeito O início do bloqueio de condução é determinado primariamente pelo pKa de cada anestésico A forma não ionizada é a forma que penetra a membrana neuronal para efetivar o bloqueio do canal de sódio Quanto menor o pKa do AL menor sua latência httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 63 de 80 O pKa é o valor de pH no qual as formas ionizadas e não ionizadas estão em proporções iguais Veja a seguir um esquema que ilustra essa relação Figura 7 Relação entre pKa latência e rapidez de ação A REGRA DOS is Ésteres Amidas Procaína httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 64 de 80 Clorprocaína Tetracaína Benzocaína Cocaína pKa 8589 maior que o pH fisiológico Lidocaína Bupivacaína 5050 Levobupivacaína 75 S e 25 R Ropivacaína isômero S Mepivacaína Etidocaína Prilocaína Articaína pKa 7681 próximo ao pH fisiológico Tabela 6 Classificação química dos ALs e identificação Elaborada por Bernadete Soares A parte lipofílica da molécula do AL é um resíduo aromático que pode derivar do ácido benzoico cocaína benzocaína do ácido paraaminobenzoico procaína tetracaína ou da xilidina lidocaína bupivacaína O ácido paraaminobenzoico PABA por ser uma molécula pequena pode atuar como um hapteno molécula capaz de induzir resposta imune e causar reações alérgicas A ligação entre a cadeia intermediária e o resíduo aromático determina algumas propriedades importantes dos ALs Éster Quando essa ligação é do tipo éster como ocorre com a procaína a droga é rapidamente hidrolisada e portanto esse tipo de anestésico local é rapidamente decomposto e inativado no corpo httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 65 de 80 Amida Por outro lado quando essa ligação é do tipo amida como no caso da bupivacaína sua biotransformação é lenta e portanto tem efeito duradouro A hidrofobicidade aumenta a potência e a duração do efeito do AL porque a ligação do AL aos sítios hidrofóbicos reduz a velocidade de hidrólise pelas esterases plasmáticas e aumenta sua distribuição no local de ação Observase também que a hidrofobicidade contribui muito mais significativamente para a toxicidade do AL do que para a sua potência Os compostos altamente lipofílicos tendem a penetrar na membrana nervosa mais facilmente Observase também que a hidrofobicidade contribui muito mais significativamente para a toxicidade do AL do que para a sua potência Veja na figura a seguir um esquema da estrutura química Figura 8 Estrutura química dos ALs Mecanismo de ação e efeitos dos ALs Como o pH das soluções de AL é ácido 35 a 55 principalmente nas soluções contendo epinefrina a maior parte do AL está na forma ionizada Ao ser injetado no organismo é tamponado pelos sistemas tampão teciduais aumentando a forma não ionizada e assim o AL pode penetrar nos tecidos Ao chegar à httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 66 de 80 membrana axonal no lado interno da célula encontra um ambiente mais ácido Nele ionizase novamente e assim tem condições de agir fazendo interação de cargas com pontos específicos do canal de sódio ou seja no seu sítio de ligação na face interna do canal Uma vez que os ALs são bases fracas a formação de bases livres não ionizadas é prejudicada em ambiente ácido Se houver pouca base haverá perda de difusibilidade no ambiente extracelular e nas barreiras lipídicas e o anestésico local não conseguirá atingir a membrana axonal Exemplo Um exemplo típico é a anestesia local que não atua na inflamação pois a inflamação causa acidose local O AL deve estar no seu local de ação em concentração suficiente para produzir a perda da sensibilidade dolorosa o que nem sempre é possível como nos processos inflamatórios regiões infeccionadas abscessos etc Assim o anestésico local por ser base fraca e o pH local do processo inflamatório muito baixo está majoritariamente na forma carregada e portanto somente pequena quantidade do agente está disponível para produzir anestesia local Na Figura 9 o AL no lado extracelular apresenta equilíbrio entre as formas ionizadas carregadas e não ionizadas sem carga A fração ionizada do AL penetra fracamente nas membranas lipídicas Sendo assim o acesso intracelular é obtido pela passagem da forma não ionizada O reequilíbrio intracelular leva à formação da espécie mais ativa não carregada que se liga ao receptor na face interna do canal de sódio O anestésico também pode se difundir rapidamente pela porção lateral do canal em contato com a membrana para alcançar seu sítio forma hidrofóbica O estado conformacional do canal de sódio com a menor afinidade de ligação aos ALs é o estado de abertoinativado abertoinativado httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 67 de 80 Figura 9 Diagrama esquemático mostrando as vias de mobilização da molécula do AL para alcançar os sítios receptores Os ALs bloqueiam a propagação dos potenciais de ação e previnem o aumento na condutância dependente da voltagem do canal de sódio As teorias propostas para explicar os mecanismos de ação dos ALs podem ser divididas em duas categorias Na primeira o efeito do AL se dá pela ligação ao canal de sódio Na segunda a interação dos ALs com os componentes lipídicos da membrana conhecida como hipótese lipídica é um determinante do fechamento do canal de sódio O bloqueio dos canais de sódio pela maioria dos ALs é dependente tanto da voltagem quanto do tempo Quando os canais estão no estado de repouso que predominam em potenciais de membranas mais negativos exibem uma afinidade muito mais baixa para a ligação com os ALs do que quando estão ativados no estado aberto e inativados já que tais conformações predominam em potenciais de membrana mais positivos Bloqueio anestésico local Para que ocorra um bloqueio anestésico é necessário que de maneira sequencial sejam verificados os seguintes pontos Expansão da membrana pela base Ligação do cátion ao local receptor canal de sódio Bloqueio do canal ao sódio Diminuição da condutância ao sódio httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 68 de 80 Depressão da intensidade da despolarização elétrica Falha no nível do potencial limiar Bloqueio no desenvolvimento do potencial de ação propagado e de condução Bloqueio diferencial Como os ALs são capazes de bloquear todos os nervos suas ações não se limitam à perda de sensação de dor local A utilização de técnicas infiltrativas neuroaxiais centrais espinhal ou epidural pode ocasionar a paralisia motora e comprometer a atividade respiratória além de poder promover bloqueio nervoso autônomo ocasionando hipotensão Embora a paralisia motora seja desejada durante uma cirurgia em algumas situações pode representar uma desvantagem como na fraqueza motora que ocorre em consequência de anestesia epidural durante o trabalho de parto obstétrico Suscetibilidade intrínseca das fibras nervosas As fibras nervosas diferem significativamente na sua suscetibilidade ao bloqueio dos ALs As fibras B pré ganglionares são bloqueadas antes das fibras do tipo C não mielinizadas de menor tamanho envolvidas na transmissão da dor Tabela 6 Outro fator importante subjacente ao bloqueio preferencial se deve ao mecanismo de ação dos ALs dependente do estado e do uso O bloqueio AL é mais pronunciado em frequências mais altas de despolarização como é característica das fibras sensoriais da dor além de apresentar uma duração do potencial de ação relativamente longa As fibras motoras apresentam frequência de descarga mais lenta e potenciais de ação de duração mais curta Como as fibras do tipo delta A e C participam na transmissão da dor de alta frequência isso parece favorecer o seu bloqueio antecipado na presença de concentrações mais baixas de ALs Exemplos de bloqueios ALs são apresentados na Tabela 7 Seletivamente os ALs apresentam a seguinte sequência de bloqueio das fibras nervosas Fibras préganglionares autônomas ocorrendo bloqueio simpático Fibras térmicas Fibras sensoriais Fibras do tato httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 69 de 80 Fibras de alta pressão Fibras motoras Fibras de sensibilidade vibratória e impulsos proprioceptivos Tipo de fibra Função Diâmetro µm Mielinização Veloc de condução ms Tipo A Propiocepção httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 70 de 80 Tabela 7 Tamanho e suscetibilidade relativos de diferentes tipos de fibras nervosas aos ALs Retirada de Katzung e Trevor 2017 p 446 Alfa Beta Gama Delta motora Tato pressão Fusos musculares Dor temperatura 1210 512 36 25 Intensa Intensa Intensa Intensa 70120 3070 1530 525 Tipo B Autônoma pré ganglionar 3 Leve 315 Tipo C Raiz dorsal Simpática Dor Pósganglionar 0412 0313 Não possui Não possui 0523 0723 Anestésico local Tópico Infiltração local Bloqueio nervo periférico Bloqueio intravenoso Procaína Clorprocaína Não Não Sim Sim Sim Sim Não Não httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 71 de 80 Tabela 8 Uso dos ALs nos diferentes tipos de bloqueio anestésico Retirada de Riviere Papich e Booth 2021 p 293 Comentário A infiltração de AL pode ser utilizada para diagnóstico de claudicação por exemplo em equinos bloqueio do nervo periférico A Figura 10 mostra um esquema do membro anterior direito com os respectivos pontos de infiltração de AL Por meio de uma infiltração em sequência e por eliminação de condução da sensação de dor pode ser identificada a região de onde está partindo o problema relacionado à claudicação do animal Clorprocaína Tetracaína Lidocaína Mepivacaína Bupivacaína Etidocaína Prilocaína Ropivacaína Não Sim Sim Não Não Não Não Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Não Sim Não Sim Não httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 72 de 80 Figura 10 Esquema do membro anterior direito de equino e os pontos A B e C para infiltração de AL diagnóstico de claudicação A farmacocinética dos anestésicos locais Neste vídeo a especialista Bernadete Soares apresentará os parâmetros farmacocinéticos dos anestésicos locais Confira httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 73 de 80 Falta pouco para atingir seus objetivos Vamos praticar alguns conceitos Questão 1 Assinale o anestésico que é metabolizado por esterases plasmáticas por ser do tipo éster A Lidocaína B Bupivacaína httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 74 de 80 Parabéns A alternativa D está correta Os ALs quimicamente podem ser amidas ou ésteres sendo estes últimos rapidamente metabolizados por esterases plasmáticas mais especificamente pela butirilcolinesterase Questão 2 O ajuste do pH da solução de anestésico local com bicarbonato de sódio determina C Ropivacaína D Procaína E Mepivacaína A a redução da toxicidade sistêmica do anestésico local B o aumento do tempo de latência do anestésico local httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 75 de 80 Parabéns A alternativa E está correta Uma vez que os ALs são bases fracas o pH do local em que eles se encontram influenciará na sua latência de efeito Sendo assim alcalinizar o pH com solução de bicarbonato encurtará a sua latência Considerações finais O sucesso no tratamento farmacológico da dor exige um conhecimento prévio de seus tipos e padrões bem como uma avaliação cuidadosa da sua natureza para que intervenções subsequentemente favoráveis C a redução da constante de dissociação pKa do anestésico local D a maior solubilidade do sal do anestésico local E o aumento da fração não protonada do anestésico local httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 76 de 80 como uma avaliação cuidadosa da sua natureza para que intervenções subsequentemente favoráveis sejam adotadas com o propósito de abolir prevenir ou estabelecer seu controle No âmbito da natureza pluridimensional das diferentes terapêuticas analgésicas anestésicas e anti inflamatórias o conhecimento sobre as diferenças farmacocinéticas e farmacodinâmicas bem como acerca das principais indicações e contraindicações dos antiinflamatórios dos analgésicos opioides ou não opioides e dos anestésicos locais e gerais compõe fatores limitantes ou até excludentes para a terapia a ser estabelecida assim como os custos envolvidos embora seja dever do médico veterinário e do proprietário prover tratamento adequado para dor até mesmo por questões éticas Sendo assim a busca pela atualização do conhecimento que envolve a farmacologia da dor e da inflamação que foi aqui apresentado por novos fármacos e consequentemente por novas terapias constitui necessariamente uma rotina pois o controle eou o alívio da dor trará benefícios psicológicos e sistêmicos reduzindo também a morbidade da doença e facilitando a recuperação do paciente Podcast Neste podcast a especialista apresentará as principais classes de fármacos utilizados para o tratamento da dor e da inflamação em animais Vamos lá Explore Leia o artigo Características farmacológicas dos antiinflamatórios não esteroidais Revisão de literatura publicado por Aline Fernanda Mosquini Vanessa Zappa e Francisco Pizzolato Montanha na Revista httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 77 de 80 Científica Eletrônica de Medicina Veterinária ano 9 n 17 em julho de 2011 e saiba mais sobre a aplicação desses fármacos em animais Você pode encontrálo na internet Leia o artigo Intoxicações por antiinflamatório não esteroidal em cão relato de caso de Caique Marques Rocha Oliveira Edson De Figueiredo Gaudencio Barbosa Juciana Aparecida Nascimento Silva Laura Oliveira Freitas Nemézio e Letícia Gutierrez De Gutierrez publicado na Revista Multidisciplinar em Saúde v 3 n 2 Também está disponível na internet Referências BARROS C M DI STASI L C Farmacologia veterinária Barueri SP Manole 2012 BATLOUNI M Antiinflamatórios não esteroides efeitos cardiovasculares cérebrovasculares e renais Arquivo Brasileiro de Cardiologia v 94 n 4 p 556563 2010 Consultado na internet em 4 nov 2021 BRUNTON L L As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman Gilman 12 ed Rio de Janeiro McGrawHill 2012 SANTANA J M de PERISSINOTTI D M OLIVEIRA JUNIOR J O CORREIA L M OLIVEIRA C M E FONSECA P R Definição de dor revisada após quatro décadas BrJP v 3 n 3 p 197198 julset 2020 Consultado na internet em 4 nov 2021 EGGER C LOVE L DOHERTY T Pain management in veterinary practice Iowa USA Blackwell Wiley 2014 KATZUNG B G TREVOR A J Farmacologia básica e clínica 13 ed Porto Alegre Grupo A 2017 KLAUMANN P R WOUK A F P F SILLAS T Patofisiologia da dor Archives of veterinary science v 13 n 1 p 112 2008 Consultado na internet em 4 nov 2021 LIAO H T LEE H J HO Y C CHIOU L C Capsaicin In the periaqueductal gray induces analgesia via metabotropic glutamate receptormediated endocannabinoid retrograde disinhibition British Journal of Pharmacology v 163 n 2 p 330345 2011 MALLET C BARRIÈRE D A ERMUND A JÖNSSON B A G ESCHALIER A ZYGMUNT P M HÖGESTÄTT httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 78 de 80 MALLET C BARRIÈRE D A ERMUND A JÖNSSON B A G ESCHALIER A ZYGMUNT P M HÖGESTÄTT E D TRPV1 in Brain is involved in acetaminopheninduced antinociception PLoS one v 5 n 9 p 111 2010 RANG H P DALE M M RITTER J M Farmacologia 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2012 REZENDE R M FRANÇA D S MENEZES G B REIS W G P BAKHLE Y S FRANCISCHI J N Different mechanisms underlie the analgesic actions of paracetamol and dipyrone in a rat model of inflammatory pain British Journal of Pharmacology v 153 n 4 p 760768 feb 2008 RIVIERE J E PAPICH M G BOOTH A Farmacologia e terapêutica veterinária 10 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2021 SOCIEDADE BRASILEIRA PARA ESTUDO DA DOR SBED Definição revisada de dor pela Associação Internacional para o Estudo da Dor conceitos desafios e compromissos Consultado na internet em 4 nov 2021 SPINOSA H S GORNIAK S L BERNARDI M M Farmacologia aplicada à medicina veterinária 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2017 STASHAK T S Claudicação em equinos 5ed São Paulo Roca 2006 WHALEN K FINKEL R PANAVELIL T A Farmacologia ilustrada 6 ed Porto Alegre Grupo A 2016 Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF Download material O que você achou do conteúdo Relatar problema httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 79 de 80 Relatar problema httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 80 de 80
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Farmacologia da dor e inflamação em animais Profª Bernadete Soares Descrição Fármacos utilizados na abordagem dos diferentes quadros de manifestação da dor antiinflamatórios não esteroidais opioides e anestésicos Propósito O conhecimento das bases teóricas da farmacologia da dor e da inflamação possibilita reconhecer diferenciar e classificar os diferentes fármacos utilizados no manejo e controle álgico de animais de diversos portes como os antiinflamatórios não esteroidais os analgésicos opioides e os anestésicos locais e gerais assim como identificar suas características farmacocinéticas e farmacodinâmicas e suas indicações e contraindicações Objetivos httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 1 de 80 Módulo 1 Antiinflamatórios não esteroidais AINEs Identificar a farmacologia dos antiinflamatórios não esteroidais AINEs Módulo 2 Analgésicos opioides Reconhecer a farmacologia dos analgésicos opioides Módulo 3 Anestésicos gerais Identificar a farmacologia dos anestésicos gerais Módulo 4 Anestésicos locais Reconhecer a farmacologia dos anestésicos locais No domínio da farmacologia da dor e da inflamação iremos reconhecer os diferentes grupos de Introdução httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 2 de 80 No domínio da farmacologia da dor e da inflamação iremos reconhecer os diferentes grupos de fármacos com efeitos antinociceptivos e antiinflamatórios e justificar as suas indicações conforme os princípios farmacocinéticos e farmacodinâmicos além de comparar os efeitos secundários suas indicações e contraindicações A dor é uma condição que envolve a maioria das visitas a clínicas e hospitais veterinários pois está relacionada às doenças e aos eventos cirúrgicos ortopédicos e traumáticos A utilização desse conhecimento para a prevenção e o tratamento da dor tem se estabelecido na rotina da assistência veterinária No entanto a classificação e a avaliação da intensidade da dor precede a escolha de um ou mais fármacos para administrar e produzir analgesia Sendo assim neste conteúdo identificaremos as várias classes de fármacos com potencial analgésico como os antiinflamatórios não esteroidais AINEs os opioides e os anestésicos locais e gerais Vale ressaltar que uma atividade antinociceptiva bem realizada contribui significativamente para a recuperação pósoperatória e proporciona maior conforto aos animais restaurando assim as liberdades que determinam o seu bemestar Orientação sobre unidade de medida Em nosso material unidades de medida e números são escritos juntos ex 25km por questões de tecnologia e didáticas No entanto o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade ex 25 km Logo os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 3 de 80 1 Antiinflamatórios não esteroidais AINEs Ao final deste módulo você será capaz de identificar a farmacologia dos antiinflamatórios não esteroidais AINEs Dor Segundo a Associação Internacional para Estudos da Dor IASP a dor é definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão potencial ou real SBED 2020 n p Os estímulos nocivos ao organismo podem ser de natureza química mecânica elétrica e térmica e são identificados pelos nociceptores e convertidos em impulsos elétricos que são terminações nervosas livres das fibras sensoriais Adelta e C responsáveis pela percepção desses estímulos A nocicepção referese ao processo neurológico de codificação de estímulos nocivos os quais resultam numa ação comportamental ou autônoma A nocicepção se processa em transdução transmissão modulação e percepção Transdução Os nociceptores recebem o estímulo nocivo e o convertem em potencial de ação httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 4 de 80 Transmissão O impulso se propaga através do nervo Modulação O impulso chega ao corno dorsal da medula espinhal portão medular da dor onde ocorre a modulação da dor Percepção Nessa estrutura o impulso pode atingir os centros cerebrais superiores por meio de vias nervosas feixes de neurônios de projeção ascendente e causar a própria sensação de dor percepção ou pode ser bloqueado por sistemas que modulam negativamente ou bloqueiam a projeção da informação de dor httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 5 de 80 Quanto à origem da dor ela pode ser somática ou visceral e pode ter várias causas como trauma câncer osteoartrite neuropatia diabética etc Pode ser inicialmente classificada quanto ao tempo de duração dor aguda ou crônica e de acordo com sua origem dor inflamatória ou dor neuropática A dor inflamatória é decorrente de uma lesão tecidual como a que ocorre no trauma cirúrgico e a dor neuropática é causada por lesão direta do sistema nervoso Os medicamentos para o controle da dor podem funcionar em qualquer um dos estágios citados anteriormente Veja a Figura 1 para compreender melhor Figura 1 Via de nocicepção transdução transmissão modulação projeção e percepção do sinal nociceptivo Os neurotransmissores excitatórios mais importantes envolvidos na condução de estímulos na medula espinhal são glutamato substância P e aspartato Os inibidores são GABA glicina serotonina noradrenalina encefalina e acetilcolina Os receptores que respondem aos efeitos dos neurotransmissores excitatórios são AMPA ácido alfaamino3hidroxi5metil4isoxazol propiônico e NMDA NmetilD aspartato Sendo assim a terapêutica farmacológica a ser estabelecida vai depender de fatores relacionados a diversos aspectos como tipo de procedimento temperamento e espécie animal estado clínico e nutricional do paciente doenças intercorrentes e nível de sedação necessária Os fármacos a serem empregados poderão ser httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 6 de 80 Os fármacos a serem empregados poderão ser Os AINEs que previnem a sensibilização dos nociceptores envolvidos na resposta inflamatória Os opioides que inibem os impulsos aferentes da dor espinhal e supraespinhal Os anestésicos locais que interrompem a propagação do impulso da dor Os anestésicos gerais que suprimem de forma temporária a sensação dolorosa presentes principalmente em cirurgias Fisiologia da dor e da inflamação No tratamento da dor pode ser empregada a mono ou a politerapia farmacológica para dar alívio e conforto ao paciente em caso de síndrome da dor crônica embora o uso da terapia antinociceptiva seja também para prevenir a dor cirúrgica A terapêutica farmacológica de analgesia conta com fármacos que apresentam diferentes mecanismos de ação e indicações terapêuticas que podem favorecer a associação como AINEs opioides e outros adjuvantes de acordo com a intensidade na escala de dor A fisiologia da inflamação dor e febre Neste vídeo a especialista Bernadete Soares fará uma apresentação dos mecanismos fisiológicos envolvidos na inflamação na dor e na febre Vamos lá httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 7 de 80 AINEs clássicos inibidores não seletivos das COX1 e 2 parcialmente seletivos da COX2 e inibidores altamente seletivos para COX2 coxibes As COX que são o alvo de ação dos AINEs estão identificadas em 2 isoformas COX1 e COX2 embora haja uma variante da COX1 que foi denominada de COX3 ou COX1b COX1 É uma isoforma dita constitutiva produz prostaglandinas PGs que mantêm as funções fisiológicas e homeostáticas É expressa em células do TGI dos rins e das plaquetas É responsável pela vasodilatação renal e por artérias e veias gástricas favorece a liberação de bicarbonato dentro do estômago É encontrada na maioria das células e tecidos COX2 É uma isoforma predominantemente induzida ou seja que é expressa a partir de um estímulo como no caso de processos inflamatórios Produz PGs que medeiam inflamação dor e febre induz formação de interleucinas e fator de necrose tumoral COX3 ou COX1b É uma variante da COX1 que foi identificada inicialmente em cérebro canino Posteriormente seu RNAm foi identificado no córtex cerebral e no tecido cardíaco humano Em roedores e humanos o RNAm da COX3 codifica proteínas com sequência de aminoácidos completamente diferentes da COX1 e COX2 sendo improvável que nessas espécies esteja envolvida em processos de dor e febre mediadas por PGs Mecanismo de ação Os AINEs são antagonistas competitivos reversíveis do ácido araquidônico AA pelo sítio de ligação das enzimas COXs 1 e 2 com exceção do AAS ácido acetilsalicílico que faz uma ligação do tipo irreversível por acetilação das subunidades catalíticas das COX1 e COX2 fazendo com que o tempo de meiavida do httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 8 de 80 AAS dependa da capacidade de renovação das COXs dos tecidosalvo sendo mais evidente e também relevante no caso da inibição da COX1 plaquetária SPINOSA et al 2017 O sítio de ligação do AA um canal hidrofóbico presente na COX2 é maior que o sítio presente na COX1 Sendo assim os AINEs não seletivos da COX não conseguem bloquear de forma definitiva o acesso e a ação do AA ao se ligar a esse sítio Isso não acontece entretanto com os inibidores altamente seletivos da COX2 os coxibes A Figura 2 esclarece esses processos BATLOUNI 2010 Ilustração dos sítios de ligação do AA na COX2 e na COX1 Indicação terapêutica Todos os AINEs seletivos ou não seletivos apresentam três efeitos terapêuticos principais devido à inibição da síntese de PGs nas células inflamatórias São eles Efeito antipirético No sistema nervoso SN a interleucina1 IL1 libera PGs que elevam o ponto de ajuste da temperatura no hipotálamo promovendo a febre Os AINEs atuam diminuindo a síntese dessas PGs httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 9 de 80 Efeito analgésico Controla as dores leves e moderadas oriundas da resposta inflamatória pois bloqueia a COX levando à inibição de PGs PGE2 e PGI2 responsáveis pela hiperalgesia à redução do limiar de excitabilidade das fibras nociceptivas primárias e à vasodilatação resultando em menor sensibilização das terminações nociceptivas aos mediadores inflamatórios Efeito antiinflamatório Diminui a síntese da PGE2 e da prostaciclina PGI2 com consequente redução da vasodilatação e indiretamente do edema embora não haja redução direta das células inflamatórias Saiba mais Os AINEs com atividade antipirética não afetam a temperatura normal pois favorecem o reajuste da temperatura que ao alcançar o ponto normal de ajuste passa a ter a contribuição dos mecanismos reguladores da manutenção da temperatura por dissipar calor Comentário Vale ressaltar que nem todos os AINEs são igualmente potentes para cada uma dessas ações e que somente os não seletivos apresentam efeito antiagregante plaquetário Efeitos adversos Os AINEs mais importantes e usados com mais frequência inibem com maior eficiência a COX1 e com menor a COX2 o que leva à manifestação dos vários efeitos colaterais associados ao uso dessas substâncias como gastrite difusa erosão gástrica ulceração gastroenterite hemorrágica fatal insuficiência renal aguda lesão renal crônica síndromes necróticas e nefrite Esses efeitos colaterais são decorrentes principalmente da inibição da síntese da PGE2 e da PGI2 Saiba mais httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 10 de 80 Saiba mais Outro mecanismo possível seria o acúmulo de AINEs nas células gástricas que leva à morte celular Isso ocorre pois primeiramente o ácido gástrico parece facilitar a entrada dos AINEs na membrana mucosa de forma molecular No interior da célula a substância retorna à sua forma ionizada o que faz com que fique retida por maior tempo na célula O uso de AINEs deve ser avaliado quanto à segurança do paciente pois a presença de disfunção hepática ou renal agrava o aparecimento de seus efeitos colaterais O próprio efeito antiinflamatório pode inibir o processo de reparo tecidual em úlceras O antagonismo irreversível de alguns AINEs nos tromboxanos TXAs favorece o aumento do sangramento porque a coagulação e a agregação plaquetária são prejudicadas Isso deve ser considerado quando a administração conjunta de AINEs e anticoagulantes for necessária Farmacocinética A maioria dos AINEs é bem absorvida e sua biodisponibilidade não é alterada significativamente pela presença de alimentos Essas drogas são metabolizadas principalmente por mecanismos de fase I seguidos pelos de fase II mas em alguns casos ocorre apenas por glicuronidação direta fase II O metabolismo dos AINEs é realizado especialmente pelas enzimas do citocromo P450 no fígado Embora a excreção renal seja a eliminação mais importante quase todos os AINEs estão sujeitos a vários graus de excreção e reabsorção biliar circulação enterohepática A maioria está fortemente ligada às proteínas cerca de 98 mais especificamente à albumina httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 11 de 80 Principais representantes da classe dos antiinflamatórios não esteroidais Dipirona e paracetamol O fato de o paracetamol e a dipirona não apresentarem efeito antiinflamatório pode ser explicado pela inibição mais seletiva da COX3 Além disso já está bem entendido que o efeito inibidor de COX dessas substâncias só é possível em baixas concentrações de íons peróxidos o que não acontece nas áreas inflamadas nas quais esses íons estão em grandes concentrações Ademais de acordo com vários estudos os efeitos analgésicos e antipiréticos do paracetamol resultam também de alvos moleculares que diferem da inibição das COXs A intoxicação aguda por paracetamol leva a náuseas dores abdominais e anorexia O carvão ativado quando administrado dentro de 4h da ingestão de uma overdose de paracetamol reduz a absorção do medicamento em até 90 A Nacetilcisteína NAC também pode ser usada em caso de envenenamento por paracetamol se houver risco de lesão hepática O NAC atua como um doador do grupo sulfidrila possibilitando a eliminação do metabólito tóxico do paracetamol o NAPQI N acetilbenzoiminoquinona Hepatotoxicidade O metabolismo hepático é um processo farmacocinético importante para o AAS e também para o paracetamol que são conjugados pelo ácido glicurônico e catalisados por enzimas microssomais do complexo citocromo P450 CYP Isso é extremamente importante em gatos pois há uma relativa falta de conjugação com o ácido glicurônico devido às baixas concentrações de enzimas da família glicuroniltransferases resultando em alguns AINEs com meiavida prolongada aumentando o risco de envenamento em gatos especialmente quando tratados como cães de pequeno porte httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 12 de 80 Principais AINEs empregados em animais A seguir veremos os principais AINEs com aplicação em animais bem como suas respectivas posologias AINES Espécie Cão Gato Cavalo Bovino AAS 1020mgkg subcutânea SC intramuscular IM intravenosa IV a cada 12h 10mgkg SC IM IV a cada 48h 75mgkg via oral VO dose de ataque 25mgkg a cada 12h 100mgkg VO dose de ataque 30mgkg a cada 12h Ácido mefenâmico 12 a 22mgkg VO a cada 24h 22mgkg VO a cada 12h 1mgkg SC IM ou httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 13 de 80 Tabela 1 Resumo dos principais AINEs e espécies animais Adaptada de Barros e Di Stasi 2012 p 220 Utilizado principalmente para tratamento de inflamação óssea em equinos bem como claudicação cólica aguda por endotoxemia e doenças dos tecidos moles Devese atentar à pequena margem de segurança para essa espécie Apresenta tempos de meiavida variados entre as espécies Possui efeitos benéficos em cirurgias ortopédicas em felinos Pode ser usado em suínos principalmente para o tratamento de mastitemetrite e agalaxia e em equinos para tratar dor e inflamação associada à cirurgia Diclofenaco Não recomendado Não recomendado IV a cada 24h por 35 dias Dipirona 285mgkg VO a cada 12h 285mgkg VO a cada 12h 5 a 1mgkg SC IM IV lentamente a cada 12h Fenilbutazona 10mgkg VO IV a cada 12h Não recomendado 44mgkg dose de ataque e 22mgkg VO IV a cada 12h 10mgkg VO ou 5mgkg IV a cada 48h ou 10 20mgkg Flunixine meglumina 051mgkg VO IM IV por até 3 dias 1mgkg VO por até 7 dias 11mgkg VO IM IV a cada 24h por até 5 dias 025mgkg dose antiendotóxica 22mgkg IM IV dose ataque e 11mgkg a cada 24h Meloxicam 02mgkg seguido por 01mgkg VO a cada 24h 03mgkg seguido por 01mgkg VO a cada 24h Nimesulida 07mgkg VO SC IM a cada 2448h 07mgkg VO SC IM a cada 24h Paracetamol 19mgkg a cada 2h dose antiendotóxica Não recomendado httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 14 de 80 agalaxia e em equinos para tratar dor e inflamação associada à cirurgia Está presente em cerca de 50 dos casos de intoxicação de animais por AINEs geralmente por uso incorreto no qual não se levou em conta as diferenças na biotransformação existente entre as várias espécies Alguns exemplos de AINEs altamente seletivos para inibição da COX2 coxibes Os inibidores altamente seletivos da COX2 os coxibes apresentam propriedades antiinflamatórias antipiréticas e analgésicas semelhantes àquelas dos AINEs convencionais porém não compartilham as ações antiplaquetárias dos AINEs que inibem a COX1 São AINEs com baixíssimo potencial ulcerogênico e também nefrotóxico pois inibem seletivamente a COX2 em comparação aos AINEs convencionais Vários estudos revelaram que o uso de coxibes em humanos está relacionado a uma maior incidência de infarto do miocárdio por causa da sua ação prótrombótica uma vez que o bloqueio seletivo da COX2 reduz a síntese de PGs como a PGI2 que tem ação cardioprotetora por sua ação antitrombótica mas não a formação de TXA2 que tem efeito contrário ao da PGI2 Por conta dessa ação prótrombótica pela manutenção do TXA2 os AINEs coxibes são mantidos sob observação e sua prescrição exige apresentação de receituário Recomendação Clinicamente não se recomenda a associação dos coxibes com nenhum outro antiinflamatório seja esteroidal ou não esteroidal pois pode agravar os efeitos colaterais Alguns coxibes de uso veterinário Utilizado no tratamento de osteoartrite em cães mas reduz as concentrações de líquido sinovial e de PGE2 sanguínea A ocorrência de vômito diarreia e hematoquezia surgem como efeitos colaterais e altas doses podem causar danos renais É também um potente inibidor da COX2 e sua ação farmacológica é comparável à do diclofenaco Deracoxibe Etoricoxibe httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 15 de 80 É também um potente inibidor da COX2 e sua ação farmacológica é comparável à do diclofenaco para aliviar a dor da osteoartrite em humanos Em cães e equinos é utilizado para o controle da dor associada à osteoartrite crônica Pode ser utilizado por um período de até 14 dias no controle da dor inflamatória Os efeitos colaterais que se manifestam são leves e geralmente associados à ocorrência de vômitos diarreias e inapetência Há risco de morte em cães com menos de 7 meses pois são sensíveis a altas doses de firocoxibe Nesses casos altas doses foram relacionadas a alterações periporta gordurosas hepáticas úlceras duodenais e edemas pancreáticos Em cães é indicado no tratamento de afecções articulares degenerativas principalmente se o tratamento ultrapassar o período de 1 mês O mavacoxibe tem como vantagem a administração em intervalos de 14 dias devendo ser usado por até 7 doses consecutivas É uma pródroga que quando biotransformada é convertida em valdecoxibe Ainda em estudo Aprovado nos EUA e na Europa para uso exclusivo em gatos É um coxibe utilizado no tratamento da inflamação e da dor aguda associadas a alterações musculoesqueléticas e também para tratar a dor e a inflamação relacionadas à cirurgia ortopédica ou de tecidos moles como na castração Firocoxibe Mavacoxibe Parecoxibe Robenacoxibe httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 16 de 80 Falta pouco para atingir seus objetivos Vamos praticar alguns conceitos Questão 1 Faça a correlação entre os AINEs apresentados em uma lista e os efeitos apresentados na outra e em seguida assinale a opção que corresponda à sequência correta 1 Paracetamol 2 Flunixine meglumina httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 17 de 80 2 Flunixine meglumina 3 Ácido acetilsalicílico 4 Mavacoxibe Tem efeito antiagregante plaquetário de longa duração por inibir irreversivelmente a COX AINE sem potencial ulcerogênico pois não inibe a COX1 Risco alto de intoxicação em felinos e doses excessivas causam hepatotoxicidade pelo acúmulo de NAPQI AINE indicado para tratar cólica equina Parabéns A alternativa D está correta Paracetamol os felinos são muito sensíveis ao uso de paracetamol para desenvolverem o quadro de intoxicação porque mesmo em doses terapeuticamente recomendadas para outras espécies não são capazes de realizar bem a etapa de conjugação pela glucuroniltransferase do metabólito hepatotóxico do paracetamol o NAPQI que irá se acumular Portanto para os felinos a sua administração é contraindicada Flunexina meglumina é um AINE com alta potência analgésica e antiinflamatória indicado para tratar a cólica equina bem como outras desordens inflamatórias musculoesqueléticas Ácido acetilsalicílico a inibição irreversível da COX diminuindo a disponibilidade do TXA2 um agente com função agregante plaquetário pelo AAS favorece o aumento do tempo de sangramento pois o processo de coagulação e agregação plaquetária são prejudicados Mavacoxibe é um coxibe inibidor altamente seletivo da COX2 que embora apresente propriedades antiinflamatórias antipiréticas e A 2 1 3 4 B 3 1 2 4 C 3 4 1 3 D 3 4 1 2 E 1 2 4 3 httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 18 de 80 altamente seletivo da COX2 que embora apresente propriedades antiinflamatórias antipiréticas e analgésicas não inibe a COX1 e por isso não prejudica a síntese das PGs protetoras gástricas Questão 2 A inibição mais seletiva da COX3 e as altas concentrações de peróxidos nos tecidos inflamados são condições que impedem o efeito antiinflamatório de algumas substâncias Qual dos AINEs a seguir apresenta essa característica em doses terapêuticas Parabéns A alternativa C está correta A ação do paracetamol como antiinflamatório em doses terapêuticas é inibida devido às altas concentrações de peróxidos no local inflamado Esses peróxidos locais interferem na capacidade do paracetamol em inibir a COX no tecido inflamado A Diclofenaco B Celecoxibe C Paracetamol D Naproxeno E Fenilbutazona httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 19 de 80 2 Analgésicos opioides Ao final deste módulo você será capaz de reconhecer a farmacologia dos analgésicos opioides Opioides analgésicos São denominadas opioides analgésicos as substâncias derivadas do ópio que é um látex extraído da planta Papaver somniferum conhecida popularmente como papoula O ópio contém diversas moléculas com ações analgésicas como a morfina a codeína e a papaverina Por definição há diferenças entre o termo ópio opiáceos e opioides httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 20 de 80 Ópio Mistura de alcaloides extraídos da papoula Opioides Qualquer composto natural semissintético ou sintético com capacidade de se ligar com especificidade aos receptores opioides apresentando propriedades semelhantes aos opioides endógenos Opiáceos Todo e qualquer opioide natural que deriva do ópio como a morfina Saiba mais O termo narcótico era utilizado antigamente como sinônimo dos opioides por induzir o sono embora seja vinculada a essa classe várias outras substâncias de abuso que não pertencem à classe dos opioides Neste conteúdo vamos nos voltar para os opioides httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 21 de 80 Neste conteúdo vamos nos voltar para os opioides Definição e características dos opioides Os opioides também denominados hipnoanalgésicos são fármacos de extrema importância para o manejo da dor pósoperatória devido à sua eficácia para controle da dor aguda e por promover analgesia sem inibição da propiocepção ou da consciência Esses fármacos atuam em vários receptores localizados nas regiões pré e póssinápticas Figura 3 tanto no SNC quanto no SNP Figura 3 Receptores clássicos para ligação dos opioides Embora apresentem mecanismo de ação semelhante suas ações variam em função dos diferentes subtipos de receptores envolvidos A identificação dos receptores opioides é a seguinte MOR receptor peptídico opioides mu µ KOR receptor peptídico opioides kappa κ DOR receptor peptídico opioide delta δ httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 22 de 80 DOR receptor peptídico opioide delta δ NOR receptor peptídico FQ de nociceptinas orfaninas A escolha do opioide a ser indicado vai depender não só da intensidade da dor como também das características farmacocinéticas e farmacodinâmicas como latência duração de ação e potência Classificação mecanismo de ação e efeitos dos opioides Existem diversas classificações para os opioides veja as definições delas a seguir Tradicional Forte morfina diacetilmorfina ou diamorfina fentanil petidina alfentanil remifentanil e sufentanil Intermediário buprenorfina pentazocina butorfanol e nalbufina Fraco codeína e tramadol httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 23 de 80 Fraco codeína e tramadol Segundo a origem Natural morfina e codeína Semissintético diamorfina e diidrocodeína Sintético fenilpiperidinas difenilpropilamina morfinas e benzilmorfinas Segundo a função Agonista puro apresentam eficácia máxima morfina fentanil alfentanil remifentanil e sufentanil Agonista parcial não alcançam eficácia máxima buprenorfina Agonistaantagonista atividades distintas entre os diferentes receptores opioides pentazocina nalbufina e nalorfina Antagonista puro agem sobre todos os receptores opioides naloxona e naltrexona Os opioides se ligam aos receptores opioides que estão presentes no SNC particularmente no centro do trato solitário na substância cinzenta periaquedutal no córtex cerebral no tálamo e na substância gelatinosa da medula espinhal Esses receptores opioides também podem estar presentes nas terminações nervosas aferentes periféricas e em vários outros órgãos Apresentam mecanismos de inibição da liberação de neurotransmissores e das vias nociceptivas ascendentes Os receptores opioides são todos metabotrópicos e estão acoplados a proteínas G inibitórias A ativação httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 24 de 80 Os receptores opioides são todos metabotrópicos e estão acoplados a proteínas G inibitórias A ativação dessas proteínas desencadeia uma cascata de eventos como o fechamento dos canais de cálcio voltagem dependentes a redução na produção de monofosfato de adenosina cíclico AMPc e a estimulação do efluxo de potássio que leva à hiperpolarização celular Figura 3 Portanto o resultado é a redução da excitabilidade neuronal o que leva à diminuição da neurotransmissão dos impulsos nociceptivos Os analgésicos opioides são a base da analgesia perioperatória Eles são classificados de acordo com sua seletividade e atividade nos receptores que estão distribuídos no SNC e também na periferia No SNC estão concentrados no cérebro e no corno dorsal da medula espinhal Os agonistas opioides de ação central inibem a percepção cérebro e a sensibilização central medula espinhal O agonismo dos receptores opioides inibe a transmissão da dor na medula espinhal e a liberação de neurotransmissores embora a metadona apresente como efeito adicional ser antagonista do receptor de NMDA Os opioides promovem vários efeitos funcionais associados aos principais tipos de receptores opioides Tabela 2 Eles são utilizados na terapêutica veterinária para analgesia antinocicepção sedação tranquilização e euforia imobilização e contenção química diarreia inibição da motilidade gastrintestinal antitussígeno e adjuvante para anestesia geral além de aumento da atividade locomotora sendo esse último ilegalmente usado em cavalos atletas para tal fim httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 25 de 80 Efeitos funcionais associados aos principais tipos de receptores opioides EFEITO RECEPTOR AGONISTA ANTAGONISTA Analgesia Espinhal µκδ Analgésico Sem efeito httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 26 de 80 Espinhal Supraespinhal µκδ Analgésico Sem efeito Função respiratória µ Reduz Sem efeito Trato GI µκ Reduz trânsito Sem efeito Psicomimético κ Aumenta Sem efeito Alimentação µκδ Aumenta ingesta Reduz ingesta Sedação µκ Aumenta Sem efeito Diurese κ Aumenta Regulação hormonal Prolactina H Crescimento µ µ eou δ Aumenta liberação Aumenta liberação Reduz liberação Reduz liberação Lib Neurotransmissor Acetilcolina Dopamina µ µ δ Inibe Inibe Tabela 2 Efeitos funcionais associados aos principais tipos de receptores opioides Retirado de KATZUNG B G TREVOR A J 2017 Pág 535 Segundo a localização os receptores opioides promovem efeitos que são observados nos seguintes sistemas Afinidade por receptores MOR µ analgesia euforia sedação depressão supressão do reflexo da tosse miose aumento do tônus nos grandes músculos do tronco interferência na ventilação Sistema nervoso central Cardiovascular httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 27 de 80 Morfina e derivados vasodilatação e hipotensão liberação de histamina mastocitária risco de broncoespasmo Constipação redução da motilidade gástrica e aumento do tônus redução da produção de secreção gástrica contração do músculo liso e do esfíncter de Oddi pode ocasionar cólicas biliares Diminuem a secreção gastrointestinal e as contrações gastrointestinais propulsivas e aumentam as contrações gastrointestinais segmentares que não causam a condução A loperamida é o agonista opioide substrato da glicoproteínaP gpP e portanto não consegue atravessar a BHE não exercendo efeitos no SNC de animais normais É frequentemente recomendado para o tratamento da diarreia por conta de seus efeitos confiáveis disponibilidade de venda livre não sendo uma substância controlada baixo custo e perfil de segurança Se inibidores da gpP ciclosporina cetoconazol spinosad é um novo ectoparasiticida forem administrados simultaneamente com a loperamida ou o animal tiver deficiência em gpP alguns cães Collie raças cruzadas e outras raças de pastoreio sedação disforia e outros efeitos dos opioides no SNC podem ocorrer por um longo período de até mais de 24h Depressão da função renal prolongamento do trabalho de parto Gastrointestinal Efeito antidiarreico Trato geniturinário Neuroendócrino httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 28 de 80 Estimula liberação de ADH prolactina e somatotropina reduz liberação de esteroides sexuais Liberação de histamina mastocitária morfina A farmacocinética dos opioides Neste vídeo a especialista Bernadete Soares apresentará os parâmetros farmacocinéticos dos opioides Vamos lá Efeitos adversos dos opioides O opioides são analgésicos eficazes com efeitos colaterais tratáveis Atualmente são utilizados agonistas μ p ex morfina hidromorfona fentanila oximorfona metadona e codeína agonistas μ parciais p ex buprenorfina e agonistas κantagonistas μ p ex butorfanol e nalbufina Agonistas μ Prurido httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 29 de 80 São indicados para dor moderada a grave e estão associados aos efeitos colaterais mais acentuados quando comparados com agonistas μ parciais ou agonistas κ e antagonistas μ Figura 4 Muitos efeitos colaterais como bradicardia depressão respiratória PaCO2 maior que 45mmHg vômito atonia intestinal constipação retenção urinária e respiração ofegante reajuste do centro de disparo hipotalâmico independem das espécies Alguns efeitos colaterais são variáveis em espécies diferentes Nos cães ocorre sedação hipotermia e miose nos gatos disforia estado caracterizado por ansiedade depressão e inquietude hipertermia e midríase são mais comuns Agonistas μ parciais agonistas κ e antagonistas μ e agonistas μ não opioides São opioides que apresentam alta afinidade pelos receptores μ mas com pouca atividade intrínseca Dessa forma não surte muito efeito oferecendo uma analgesia modesta Figura 4 Os agonistas κ e os antagonistas μ por exemplo butorfanol e nalbufina fornecem analgesia modesta por meio do receptor κ e antagonizam a atividade dos agonistas do receptor μ Os agonistas μ parciais comportamse da mesma forma que os agonistas κ e os antagonistas μ em dois aspectos ambos os grupos podem antagonizar agonistas μ puros removendoos do receptor e são apenas indicados para dor leve a moderada O butorfanol é um agonista κ e antagonista μ aprovado para uso como analgésico nos gatos e antitussígeno em cães e gatos Ele não promove muita sedação porém também não produz muita agitação O butorfanol pode ser administrado por via intravenosa subcutânea intramuscular e oral O início de ação ocorre de 10 a 15 minutos mas sua duração é relativamente curta Figura 4 Sítios de ligação dos opioides nos diferentes receptores A Agonista pleno B agonista parcial C agonistaantagonista httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 30 de 80 Figura 4 Sítios de ligação dos opioides nos diferentes receptores A Agonista pleno B agonista parcial C agonistaantagonista Após o uso de opioides surgem efeitos adversos que podem sofrer ou não tolerância Os efeitos adversos no trato gastrointestinal incluem náuseas vômitos salivação diminuição da motilidade e constipação Entretanto os gatos são mais suscetíveis a esses efeitos e por essa razão doses adequadas ou reduzidas em conjunto com sedativos devem ser usadas com essa espécie Os efeitos adversos dos opioides no tratamento de dor crônica podem ser reduzidos com a associação de medicamentos de outras classes farmacológicas Veja a seguir os efeitos adversos e o desenvolvimento de tolerância Analgesia Supressão da tosse Sedação Alto grau de tolerância httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 31 de 80 Depressão respiratória Náuseas e vômitos Retenção urinária Euforiadisforia Bradicardia Miose Constipação Convulsão Para a reversão dos efeitos dos opioides que ocorrem são usados os antagonistas Tabela 3 que podem ser antagonistas puros como a naloxona ou ainda atuarem como agonistasantagonistas Para optar por algum membro dessa classe devese considerar se a reversão dos efeitos deve ser total ou preservar um determinado grau de analgesia e sedação o que é possível com o uso de agonistaantagonista OPIOIDE MOP µ KOP κ DOP δ NALOXONA1 Tolerância moderada Tolerância mínima httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 32 de 80 NALTREXONA2 NALTRINDOL ALVIMOPAN3 Tabela 3 Antagonistas opioides Elaborado por Bernadete Soares 1 Administração oral 2 Administração parenteral iv 3 Sem efeito central pois não atravessa a barreira hematoencefálica httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 33 de 80 Falta pouco para atingir seus objetivos Vamos praticar alguns conceitos Questão 1 Qual das substâncias a seguir é amplamente utilizada em veterinária mas exige cautela por promover liberação de histamina A Morfina B Naloxona httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 34 de 80 Parabéns A alternativa A está correta A morfina é um opioide frequentemente utilizado devido ao seu custobenefício porém por promover a liberação de histamina exige cautela em seu uso e deve ser evitada em pacientes sensíveis a essa liberação como animais asmáticos ou com mastocitoma Questão 2 Qual dos fármacos citados a seguir é um exemplo de antagonista opioide de ações somente periféricas C Naltrinfol D Fentanil E Alvimopan A Naloxona B Naltrexona httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 35 de 80 Parabéns A alternativa C está correta O alvimopan é um antagonista opioide de baixa lipossolubilidade que não atravessa BHE exibindo efeitos somente periféricos e podendo ser administrado por via oral para acelerar a recuperação dos efeitos gastrointestinais dos opioides C Alvimopan D Naltrindol E Metadona httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 36 de 80 3 Anestésicos gerais Ao final deste módulo você será capaz de identificar a farmacologia dos anestésicos gerais A anestesia é definida como a perda da função sensorial Sendo assim os anestésicos são drogas que podem bloquear as capacidades sensoriais do corpo para aliviar a dor e inibir outras funções sensoriais para realizar procedimentos médicos invasivos como cirurgias e alguns exames por exemplo a endoscopia Os anestésicos podem ser anestésicos gerais AGs ou anestésicos locais ALs que se diferenciam no objetivo de uso sobretudo em sua capacidade de induzir a perda de consciência ou não Veja a seguir um comparativo entre os tipos de anestésicos Anestésicos gerais AGs Nos procedimentos em que se deseja abolir os reflexos do paciente e também reduzir a dor e o desconforto os AGs serão os escolhidos httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 37 de 80 Anestésicos locais ALs Os ALs no entanto são usados para procedimentos menores e não têm como objetivo em sua utilização promover alterações no nível de consciência Outros fatores são diferentes entre esses dois grupos como mecanismo de ação e efeitos colaterais Anestésicos gerais AGs O uso apropriado de anestésicos sedativos e analgésicos pode aliviar a dor causar amnésia e fornecer relaxamento muscular essencial para a segurança do paciente bem como para eutanásia e abate humanitário de animais para consumo humano A administração de anestesia sedação e analgésicos representa risco para o paciente e não é recomendada para procedimentos triviais Os diversos usos da anestesia e as necessidades especiais de cada espécie faixa etária e doença exigem o uso de uma variedade de medicamentos além do conhecimento de suas associações e métodos A técnica de anestesia geralmente é classificada de acordo com o tipo de medicamento eou a forma como ele é administrado Veja a seguir mais detalhes de cada classificação Os gases ou vapores anestésicos são inalados em conjunto com o oxigênio Inalação httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 38 de 80 As soluções anestésicas são injetadas por via intravenosa intramuscular e subcutânea Outras vias injetáveis são a intratorácica e a intraperitoneal sendo que ambas geralmente não são recomendadas Incluem técnicas anestésicas que usam infusão intravenosa de um ou mais fármacos para estabelecer um estado adequado de anestesia A anestesia geral é uma condição de depressão reversível do SNC que resulta em perda de resposta e de percepção de estímulos externos A seguir observamos cinco benefícios para pacientes submetidos a cirurgias e outros procedimentos médicos sob anestesia Sedação e redução da ansiedade Inconsciência e amnésia Relaxamento dos músculos esqueléticos Supressão de reflexos indesejados Analgesia Como nenhum medicamento produz sozinho todos os efeitos desejados várias classes de medicamentos são usadas em combinação para atingir a anestesia ideal A medicação antes da anestesia é usada para acalmar o paciente aliviar a dor e proteger contra os efeitos indesejáveis dos anestésicos que são administrados após ou durante o procedimento cirúrgico Os fármacos que participam são os adjuvantes Normalmente os pacientes cirúrgicos recebem um ou mais fármacos que compõem a medicação pré anestésica MPA Alguns são apresentados na Figura 5 Injetável Intravenosa httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 39 de 80 Veja a seguir as classes de fármacos utilizados para a AG Sedativashipnóticas Ação ultracurta tiopental Ação curta pentobarbital Associações de drogas Innovar Telazol Dissociativas Cetamina Opioide Morfina Oximorfina Fentanil Alfentanil Sedativostranquilizantes Benzodiazepínicos Nunca usados sozinhos httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 40 de 80 Outras Guaifenesin Propofol Etomidato Saffan Veja a seguir um esquema de fármacos que compõem a medicação préanestésica MPA Figura 5 Componentes da anestesia balanceada Classificação Veja a seguir a definição da classificação desses tipos de anestésicos Anestésicos gerais inalatórios Os AGIs anestésicos gerais inalatórios são administrados por via aérea durante a fase de indução e manutenção da anestesia Podem ser Líquidos voláteis httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 41 de 80 Líquidos voláteis Halogenados halotano isoflurano enflurano metoxiflurano sevoflurano desflurano são hipnóticos com baixo potencial analgésico e depressores respiratórios e cardiovasculares Gases Óxido nitroso insuficientemente hipnótico com um efeito analgésico significativo Outro anestésico gasoso é o xenônio que não está disponível no Brasil Anestésicos gerais endovenosos AGEs anestésicos gerais endovenosos compreendem substâncias ativas de diferentes grupos farmacológicos com diferentes estruturas químicas e mecanismos de ação Barbitúricos tiobarbitúricos e oxibarbitúricos Não barbitúricos compostos imidazólicos etomidato e alquilfenóis propofol Anestésicos dissociativos derivados da fenciclidina cetamina e tiletamina A necessidade que surge de qualquer cirurgia anestésica geralmente leva à administração simultânea de anestésicos inalatórios e intravenosos na indução e manutenção da anestesia para mais precisão e para um manuseio seguro para a condição do paciente Além disso favorece o uso de doses menores e com toxicidade reduzida Mecanismo de ação e efeitos dos AGs Os anestésicos gerais atuam nos neurônios em vários locais celulares mas o foco principal tem sido as sinapses A ação présináptica pode alterar a liberação de neurotransmissores enquanto a póssináptica pode modificar a frequência ou a amplitude dos impulsos que saem da sinapse Figura 6 Anestésicos gerais inalatórios AGIs httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 42 de 80 Os mecanismos de ação mais bem estudados e conhecidos desses agentes são Receptores do GABA ácido gamaaminobutírico os canais cloreto dos receptores GABAA têm sítios moduladores para vários anestésicos incluindo os anestésicos inalatórios Canais de cálcio os anestésicos deprimem a atividade dos canais do tipo T responsáveis pelo controle da permeabilidade das membranas póssinápticas nos neurônios cerebrais Receptores NmetilDaspartato NMDA também são alvos esses fármacos Receptores de ACh acetilcolina muscarínicos centrais que dependendo do tipo podem promover respostas inibitórias ou excitatórias Em cães os efeitos na memória e na consciência estão ligados a esses tipos de receptores os nicotínicos neuronais que na presença de anestésicos inalatórios têm sua conformação estabilizada AGIs halogenados promovem uma resposta depressora significativa dos canais de sódio dependentes de voltagem Atenção Embora todas as partes do sistema nervoso sejam afetadas pelos agentes anestésicos os principais alvos parecem ser o tálamo o córtex e o hipocampo O índice padrão de potência dos anestésicos inalatórios é a concentração alveolar mínima CAM que varia conforme a espécie A CAM é inversamente proporcional à potência do anestésico Anestésicos gerais endovenosos AGEs Barbitúricos tiobarbitúricos e Barbitúricos tiobarbitúricos e oxibarbitúricos oxibarbitúricos Os barbitúricos são agonistas de receptores GABAA Esses fármacos diminuem a taxa de dissociação do GABA de seus receptores aumentando a duração de abertura do canal e consequentemente a condutância ao íon cloro e hiperpolarização do neurônio o que promove inibição da condução nervosa O sistema de ativação reticular mesencefálico é particularmente sensível ao efeito depressor dos barbitúricos Os centros medulares termorregulador vagal respiratório e vasomotor são deprimidos por doses anestésicas de barbitúricos httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 43 de 80 doses anestésicas de barbitúricos Os AGEs como os barbitúricos tiopental por exemplo são depressores do sistema de ativação reticular SAR que controla o despertar e inibe as atividades epileptiformes O sistema SAR é particularmente sensível aos barbitúricos e os animais não podem ser acordados ou mantidos acordados após a administração Não barbitúricos compostos imidazólicos Não barbitúricos compostos imidazólicos etomidato etomidato e e alquilfenóis propofol alquilfenóis propofol Veja a seguir a definição desses compostos Alquinofenóis O propofol tem mecanismo de ação semelhante ao dos barbitúricos e benzodiazepínicos pois aumenta a ação do GABA nos receptores GABAA e na ausência do GABA induz diretamente uma corrente de cloro Esse agente demonstrou exercer um efeito próGABAérgico ao inibir a taxa de disparo de neurônios dopaminérgicos e não dopaminérgicos Imidazólicos O etomidato não tem seu mecanismo de ação totalmente compreendido mas sabese que também pode modular a neurotransmissão GABAérgica via receptor GABAA Em concentrações usadas em clínica potencializa a resposta GABAérgica Em contraste com a afinidade aumentada do receptor GABAérgico produzido pelos barbitúricos o etomidato parece aumentar o número de receptores GABA disponíveis possivelmente deslocando os inibidores endógenos da ligação a esse neurotransmissor Anestésicos dissociativos derivados da Anestésicos dissociativos derivados da fenciclidina fenciclidina cetamina e tiletamina cetamina e tiletamina A cetamina é um derivado da fenciclidina que difere da maioria dos outros anestésicos intravenosos pela produção de analgesia significativa O estado característico observado após uma dose de cetamina para indução é conhecido como anestesia dissociativa Nele os olhos do paciente permanecem abertos com nistagmo lento estado cataléptico O mecanismo de ação da cetamina é complexo porém o principal efeito observado é produzido provavelmente pela inibição do complexo do receptor de NMDA NmetilDaspartato alvo do httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 44 de 80 provavelmente pela inibição do complexo do receptor de NMDA NmetilDaspartato alvo do neurotransmissor excitatório glutamato GLU Figura 6 Possíveis alvos inibitórios e excitatórios para ação dos anestésicos A anestesia geral pode ser dividida em três fases Indução Período de tempo desde o momento em que um anestésico potente é administrado ao paciente até que a anestesia cirúrgica efetiva no paciente seja desenvolvida httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 45 de 80 A indução da anestesia depende da velocidade com que as concentrações eficazes do agente anestésico atingem o cérebro Já a recuperação é essencialmente o oposto da indução depende da velocidade com que o agente anestésico se difunde para fora do cérebro A profundidade da anestesia é a intensidade da depressão do SNC Ela é uma variável útil para personalizar a anestesia A farmacocinética dos anestésicos gerais Neste vídeo a especialista Bernadete Soares apresenta os parâmetros farmacocinéticos dos anestésicos gerais Vamos lá Manutenção Garante a continuidade da anestesia cirúrgica Recuperação Tempo desde a interrupção da anestesia até o restabelecimento da consciência e dos reflexos fisiológicos de proteção httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 46 de 80 Principais anestésicos utilizados em medicina veterinária Não halogenados Óxido nitroso httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 47 de 80 Também chamado de protóxido de nitrogênio é considerado um bom analgésico mas não pode ser categorizado como um anestésico geral pois não provoca inconsciência e imobilidade Na veterinária é utilizado somente como adjuvante da anestesia geral sempre com outro agente inalatório para principalmente permitir a redução da concentração do anestésico inalatório para manutenção do plano anestésico Tem baixa solubilidade e por isso produz início de efeito rápido Apesar da baixa solubilidade possui maior solubilidade em nitrogênio e assim atravessa de maneira mais rápida as barreiras celulares difundindose para os espaços fisiológicos ou patológicos que contenham coleções de ar estômago intestinos sendo contraindicado nos pacientes com timpanismo nas síndromes cólicas nos pneumotórax etc pois pode aumentar a distensão nos órgãos acometidos e agravar o quadro clínico Ao término da anestesia com óxido nitroso esse se difunde rapidamente para o espaço alveolar e dessa maneira é recomendável a oxigenação por pelo menos mais 5 minutos para se evitar a ocorrência de hipóxia Promove estimulação simpática PA FC DC no SNC consumo de O2 cerebral e do fluxo de sangue resultando em PIC e FSR PA pressão arterial FC frequência cardíaca DC débito cardíaco PIC pressão intracraniana httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 48 de 80 PIC pressão intracraniana FSR fluxo sanguíneo renal Halogenados Halotano Entre os halogenados o halotano é o mais potente Pode ser usado na indução anestésica direta por meio de máscara facial Contudo sua maior indicação se dá na manutenção da anestesia Tem sido substituído gradativamente por outros halogenados que produzem menos efeitos cardiovasculares httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 49 de 80 Além disso é o agente que mais sensibiliza o miocárdio à ação arritmogênica da epinefrina Esse é um dos halogenados em que há maior incidência de hipertermia maligna HM como efeito adverso A maior ocorrência da HM é no suíno podendo também ocorrer no homem no cão e em outras espécies de mamíferos O dantrolene bloqueador de canal de cálcio do retículo é usado para tratar Enflurano Enflurano A estrutura química é muito semelhante à do isofluranoPode causar depressão do miocárdio da mesma forma que o halotano DC PA FG FG httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 50 de 80 Filtração glomerular Recomendação Contraindicado em pacientes com histórico convulsivo pois pode desencadear convulsões Isoflurano Entre os agentes halogenados é o mais indicado para a utilização em pacientes de risco por ser o que produz menores alterações fisiológicas Os efeitos cardiovasculares do isofluorano são mínimos com manutenção do débito cardíaco em valores ótimos nas concentrações correspondentes a até 2 CAM Produz vasodilatação coronariana e não sensibiliza o miocárdio à ação arritmogênica da epinefrina Promove depressão respiratória e tem ação broncodilatadora Sevoflurano httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 51 de 80 Tem baixo coeficiente de solubilidade o que faz dele um agente que produz indução e recuperação rápidas Os efeitos cardiovasculares são muito semelhantes aos produzidos pelo isofluorano Sobre o SNC em condições de normocapnia o sevofluorano aumenta o fluxo sanguíneo cerebral e a pressão intracraniana Há redução da necessidade cerebral de oxigênio e não produz convulsões Saiba mais A recuperação anestésica é rápida em cães com indução anestésica pelo tiopental e anestesia de duração de 120 minutos a média foi de 61 minutos para a extubação e assim como o halotano pode desencadear a síndrome de hipertermia maligna Desflurano A característica que mais chama a atenção é a sua pressão de vapor que por ser muito alta exige que seu uso seja feito em vaporizador específico com pressão e temperatura controladas o que limita seu uso clínico em decorrência do alto custo do equipamento Atenção A indução da anestesia por máscara não é recomendada em razão do desfluorano ser irritante às mucosas httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 52 de 80 das vias respiratórias superiores FC DC hipotensão e depressão respiratória Os efeitos sobre o SNC são semelhantes aos produzidos pelo isofluorano mas de maneira mais intensa Não provoca convulsões Anestésicos gerais endovenosos AGEs A via intravenosa IV é um método comum de administração de drogas usadas na prática da anestesia A injeção de um fármaco diretamente na circulação permite a distribuição rápida até o local de ação com um início de ação geralmente curto A dose pode ser ajustada de acordo com o efeito desejado que pode ser mantido em infusão contínua Além disso não requer o uso de equipamentos não é explosivo não causa poluição ambiental nem irrita as vias respiratórias No entanto a via IV tem desvantagens Uma vez que o anestésico é injetado seus efeitos não podem ser revertidos prontamente e há a possibilidade de que efeitos colaterais possam ocorrer devido à alta embora transitória concentração plasmática alcançada Além disso a flebite e a tromboflebite são problemas relativamente comuns Se a técnica estéril de administração não for seguida essa via pode se tornar a porta de entrada para bactérias pirogênios e outros corpos estranhos na circulação Comentário Em algumas espécies animais como nos felinos pode haver dificuldade em se achar uma veia superficial dificultando a administração de agentes que muitas vezes podem causar irritação ou necrose tecidual se administrados perivascularmente httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 53 de 80 A injeção intramuscular IM de anestésico pode ser vantajosa no caso de animais irritadiços ou animais selvagens ou exóticos casos em que fármacos injetáveis podem ser administrados por via remota dardo ou vara com seringa Barbitúricos Os barbitúricos são agonistas de receptores GABAA que aumentam a neurotransmissão inibitória Veja algumas características dos principais barbitúricos nas tabelas 4a e 4b Fármaco Duração de ação Uso Fenobarbital OXI Pentobarbital OXI Cerca de 12 h 1 2 h Anticonvulsivante Anestesiaeutanásia httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 54 de 80 Pentobarbital OXI Tiopental TIO Tiamilal TIO Metoexital OXI 1 2 h Cerca de 20 min Cerca de 20 min Cerca de 1015 min Anestesiaeutanásia Anestesia Anestesia Anestesia Tabela 4a Tempo de início duração da ação e uso dos barbitúricos Retirada de Riviere Papich e Booth 2021 p 207 OXI oxibarbitúrico TIO tiobarbitúrico Saiba mais O pentobarbital um barbitúrico é o principal ingrediente na maioria das soluções para eutanásia comercialmente disponíveis Tabela 4b Doses de barbitúricos comuns Retirada de Riviere Papich e Booth 2021 p 207 A dose de pentobarbital para eutanásia é 87mgkg Atenção Os barbitúricos não induzem analgesia Em pacientes cuja dor se mantém após a anestesia devem ser utilizados analgésicos alternativos Não barbitúricos compostos imidazólicos etomidato e alquilfenóis propofol Tiopental mgkg IV Pentobarbital mgkg IV Fenobarbital mgkg IV Metoexital mgkg IV Cão Gato Cavalo Bovino 8 22 8 22 4 15 4 22 2 30 2 15 6 6 1 10 3 11 3 11 5 httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 55 de 80 propofol Etomidato Cerca de 75 do etomidato se liga à albumina no plasma Eles são rapidamente distribuídos para cérebro baço pulmões fígado e intestinos A duração da anestesia depende da redistribuição da substância ativa e da capacidade de hidrolisar ésteres no fígado e no plasma Cerca de 87 do agente administrado é excretado na urina 3 inalterado e 13 na bile Não tem efeito cumulativo e não é observada tolerância adquirida após administração repetida Propofol O propofol possui um alto grau de ligação às proteínas plasmáticas 9798 A depuração e distribuição do propofol são rápidas Essas propriedades farmacocinéticas facilitam seu uso na indução e manutenção da anestesia e como resultado ocorre uma rápida recuperação desta Apresenta biotransformação hepática e extrahepática uma vez que a depuração do propofol é mais rápida que o fluxo sanguíneo hepático o que também o torna um anestésico para pacientes com hepatopatia Derivados da fenciclidina cetamina e tiletamina Por causa do baixo pH a cetamina é um agente irritante para os tecidos os animais mostram sinais de dor quando administrados por via IM e não promovem edema ou necrose do tecido como os barbitúricos Apresenta início de ação rápido após administração IV ou IM devido à sua alta solubilidade em gordura Os gatos entram em decúbito lateral 90 segundos após a administração IV e 2 a 4 minutos após a injeção IM Tiletamina zolazepam agente benzodiazepínico ansiolíticohipnótico Após a administração IM da combinação tiletaminazolazepam a anestesia começa dentro de 5 a 12 minutos e entre 30 e 90 segundos após a administração IV A meiavida plasmática da tiletamina é de 12 horas em cães aproximadamente 75 minutos mas de apenas 1 hora para o zolazepam Sendo assim dependendo da dose da via de administração das repetições e da cirurgia realizada os animais podem apresentar sinais de excitação durante a recuperação vocalização hipertonia muscular ou mesmo convulsões da anestesia com tiletamina Em gatos a recuperação é relativamente suave pois a meiavida plasmática do zolazepam é de 45 horas e a da tiletamina é muito mais curta 25 horas Além disso apenas httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 56 de 80 plasmática do zolazepam é de 45 horas e a da tiletamina é muito mais curta 25 horas Além disso apenas 5 a 10 de tiletamina é detectada na urina desses animais A Tabela 5 mostra as doses e as associações dos anestésicos intravenosos Fármaco Animais Dose mgkg Via Tiopental Pequenos animais 25 125 IV IV Cães 56 IV Etomidato Pequenos animais 0520 IV Grandes animais 0205 IV Propofol Pequenos animais 57 IV Equinos 24 02min IV IV httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 57 de 80 Tabela 5 Doses e associações dos anestésicos intravenosos Retirada de Spinosa Gorniak e Bernardi 2017 p 151 IV intravenosa IM intramuscular Cetamina Tiletamina Pequenosgrandes 25 IV Felinosfelídeos 810 IM Cães 1015 235 5 IM IV IM Gatos 25 1825 IV IM Equinos 0510 IV Bovinoscaprinos 2 IV Suínos 3 IM httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 58 de 80 Falta pouco para atingir seus objetivos Vamos praticar alguns conceitos Questão 1 Quanto à definição de CAM e a sua importância farmacológica para anestesia geral inalatória assinale a alternativa correta httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 59 de 80 Parabéns A alternativa C está correta É a unidade de medida relacionada ao coeficiente de partição solubilidade que avalia a potência do anestésico geral inalatório Questão 2 Qual dentre os anestésicos gerais citados a seguir é um barbitúrico A Concentração alveolar máxima inversamente proporcional à potência do anestésico geral B Concentração alveolar máxima diretamente proporcional à potência do anestésico geral C Concentração alveolar mínima inversamente proporcional à potência do anestésico geral D Concentração alveolar máxima determina o grau de toxicidade do anestésico geral E Concentração alveolar mínima determina o grau de pureza do anestésico geral A Tiopental B Óxido nitroso httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 60 de 80 Parabéns A alternativa A está correta O tiopental é um anestésico geral endovenoso barbitúrico Os barbitúricos são agonistas dos receptores GABAA potencializando assim a resposta inibitória central Os outros exemplos são anestésicos não barbitúricos ou inalatórios óxido nitroso C Etomidato D Zolazepam E Tiletamina httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 61 de 80 4 Anestésicos locais Ao final deste módulo você será capaz de reconhecer a farmacologia dos anestésicos locais Anestésicos locais ALs Os ALs e as técnicas analgésicas que utilizam esses anestésicos e outras drogas estão cada vez mais sendo utilizados em clínicas de pequenos animais e em cirurgias resultando na perda completa de todas as modalidades sensoriais O contraste com a anestesia geral é evidente mas devese observar que com a anestesia local a droga deverá ser administrada diretamente no tecidoalvo e a circulação sistêmica servirá apenas para reduzir ou interromper o efeito httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 62 de 80 Os ALs são agentes que bloqueiam reversivelmente a condução nervosa quando alcançam seu alvo molecular presente no tecido nervoso em concentrações apropriadas tendo como grande vantagem a sua ação reversível Após a aplicação há uma restauração completa da função nervosa sem sinais de danos estruturais às células nervosas ou às fibras nervosas Vale ressaltar que os ALs bloqueiam a condução dos estímulos sensoriais principalmente os dolorosos sem promover a perda da consciência como ocorre com a anestesia geral Os anestésicos locais devem apresentar algumas características como preço razoável não ser irritante nem tóxico oferecer período anestésico hábil e conhecido ter ação reversível e estabilidade ser solúvel em água ser compatível com vasopressores entre outras Classificação e estrutura química dos ALs Os ALs apresentam variação quanto aos seus efeitos clínicos que dependem de sua estrutura química A maioria dos agentes usados consiste em um resíduo lipofílico e um hidrofílico ligados pela cadeia intermediária Figura 8 Os ALs são classificados quimicamente como ésteres ou amidas São constituídos em sua maioria por um grupo lipofílico um anel aromático por exemplo ligado por uma cadeia intermediária que pode ser um éster ou uma amida identificação da nomenclatura Tabela 10 a um grupo ionizável por exemplo uma amina terciária Eles são bases fracas com valores de pKa especialmente na faixa entre 75 e 9 Portanto em pH fisiológico eles são principalmente mas não completamente ionizados carregados Isso é importante para a sua capacidade de penetrar na bainha de mielina e na membrana do axônio A difusão dos ALs está diretamente relacionada à sua latência de efeito O início do bloqueio de condução é determinado primariamente pelo pKa de cada anestésico A forma não ionizada é a forma que penetra a membrana neuronal para efetivar o bloqueio do canal de sódio Quanto menor o pKa do AL menor sua latência httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 63 de 80 O pKa é o valor de pH no qual as formas ionizadas e não ionizadas estão em proporções iguais Veja a seguir um esquema que ilustra essa relação Figura 7 Relação entre pKa latência e rapidez de ação A REGRA DOS is Ésteres Amidas Procaína httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 64 de 80 Clorprocaína Tetracaína Benzocaína Cocaína pKa 8589 maior que o pH fisiológico Lidocaína Bupivacaína 5050 Levobupivacaína 75 S e 25 R Ropivacaína isômero S Mepivacaína Etidocaína Prilocaína Articaína pKa 7681 próximo ao pH fisiológico Tabela 6 Classificação química dos ALs e identificação Elaborada por Bernadete Soares A parte lipofílica da molécula do AL é um resíduo aromático que pode derivar do ácido benzoico cocaína benzocaína do ácido paraaminobenzoico procaína tetracaína ou da xilidina lidocaína bupivacaína O ácido paraaminobenzoico PABA por ser uma molécula pequena pode atuar como um hapteno molécula capaz de induzir resposta imune e causar reações alérgicas A ligação entre a cadeia intermediária e o resíduo aromático determina algumas propriedades importantes dos ALs Éster Quando essa ligação é do tipo éster como ocorre com a procaína a droga é rapidamente hidrolisada e portanto esse tipo de anestésico local é rapidamente decomposto e inativado no corpo httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 65 de 80 Amida Por outro lado quando essa ligação é do tipo amida como no caso da bupivacaína sua biotransformação é lenta e portanto tem efeito duradouro A hidrofobicidade aumenta a potência e a duração do efeito do AL porque a ligação do AL aos sítios hidrofóbicos reduz a velocidade de hidrólise pelas esterases plasmáticas e aumenta sua distribuição no local de ação Observase também que a hidrofobicidade contribui muito mais significativamente para a toxicidade do AL do que para a sua potência Os compostos altamente lipofílicos tendem a penetrar na membrana nervosa mais facilmente Observase também que a hidrofobicidade contribui muito mais significativamente para a toxicidade do AL do que para a sua potência Veja na figura a seguir um esquema da estrutura química Figura 8 Estrutura química dos ALs Mecanismo de ação e efeitos dos ALs Como o pH das soluções de AL é ácido 35 a 55 principalmente nas soluções contendo epinefrina a maior parte do AL está na forma ionizada Ao ser injetado no organismo é tamponado pelos sistemas tampão teciduais aumentando a forma não ionizada e assim o AL pode penetrar nos tecidos Ao chegar à httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 66 de 80 membrana axonal no lado interno da célula encontra um ambiente mais ácido Nele ionizase novamente e assim tem condições de agir fazendo interação de cargas com pontos específicos do canal de sódio ou seja no seu sítio de ligação na face interna do canal Uma vez que os ALs são bases fracas a formação de bases livres não ionizadas é prejudicada em ambiente ácido Se houver pouca base haverá perda de difusibilidade no ambiente extracelular e nas barreiras lipídicas e o anestésico local não conseguirá atingir a membrana axonal Exemplo Um exemplo típico é a anestesia local que não atua na inflamação pois a inflamação causa acidose local O AL deve estar no seu local de ação em concentração suficiente para produzir a perda da sensibilidade dolorosa o que nem sempre é possível como nos processos inflamatórios regiões infeccionadas abscessos etc Assim o anestésico local por ser base fraca e o pH local do processo inflamatório muito baixo está majoritariamente na forma carregada e portanto somente pequena quantidade do agente está disponível para produzir anestesia local Na Figura 9 o AL no lado extracelular apresenta equilíbrio entre as formas ionizadas carregadas e não ionizadas sem carga A fração ionizada do AL penetra fracamente nas membranas lipídicas Sendo assim o acesso intracelular é obtido pela passagem da forma não ionizada O reequilíbrio intracelular leva à formação da espécie mais ativa não carregada que se liga ao receptor na face interna do canal de sódio O anestésico também pode se difundir rapidamente pela porção lateral do canal em contato com a membrana para alcançar seu sítio forma hidrofóbica O estado conformacional do canal de sódio com a menor afinidade de ligação aos ALs é o estado de abertoinativado abertoinativado httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 67 de 80 Figura 9 Diagrama esquemático mostrando as vias de mobilização da molécula do AL para alcançar os sítios receptores Os ALs bloqueiam a propagação dos potenciais de ação e previnem o aumento na condutância dependente da voltagem do canal de sódio As teorias propostas para explicar os mecanismos de ação dos ALs podem ser divididas em duas categorias Na primeira o efeito do AL se dá pela ligação ao canal de sódio Na segunda a interação dos ALs com os componentes lipídicos da membrana conhecida como hipótese lipídica é um determinante do fechamento do canal de sódio O bloqueio dos canais de sódio pela maioria dos ALs é dependente tanto da voltagem quanto do tempo Quando os canais estão no estado de repouso que predominam em potenciais de membranas mais negativos exibem uma afinidade muito mais baixa para a ligação com os ALs do que quando estão ativados no estado aberto e inativados já que tais conformações predominam em potenciais de membrana mais positivos Bloqueio anestésico local Para que ocorra um bloqueio anestésico é necessário que de maneira sequencial sejam verificados os seguintes pontos Expansão da membrana pela base Ligação do cátion ao local receptor canal de sódio Bloqueio do canal ao sódio Diminuição da condutância ao sódio httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 68 de 80 Depressão da intensidade da despolarização elétrica Falha no nível do potencial limiar Bloqueio no desenvolvimento do potencial de ação propagado e de condução Bloqueio diferencial Como os ALs são capazes de bloquear todos os nervos suas ações não se limitam à perda de sensação de dor local A utilização de técnicas infiltrativas neuroaxiais centrais espinhal ou epidural pode ocasionar a paralisia motora e comprometer a atividade respiratória além de poder promover bloqueio nervoso autônomo ocasionando hipotensão Embora a paralisia motora seja desejada durante uma cirurgia em algumas situações pode representar uma desvantagem como na fraqueza motora que ocorre em consequência de anestesia epidural durante o trabalho de parto obstétrico Suscetibilidade intrínseca das fibras nervosas As fibras nervosas diferem significativamente na sua suscetibilidade ao bloqueio dos ALs As fibras B pré ganglionares são bloqueadas antes das fibras do tipo C não mielinizadas de menor tamanho envolvidas na transmissão da dor Tabela 6 Outro fator importante subjacente ao bloqueio preferencial se deve ao mecanismo de ação dos ALs dependente do estado e do uso O bloqueio AL é mais pronunciado em frequências mais altas de despolarização como é característica das fibras sensoriais da dor além de apresentar uma duração do potencial de ação relativamente longa As fibras motoras apresentam frequência de descarga mais lenta e potenciais de ação de duração mais curta Como as fibras do tipo delta A e C participam na transmissão da dor de alta frequência isso parece favorecer o seu bloqueio antecipado na presença de concentrações mais baixas de ALs Exemplos de bloqueios ALs são apresentados na Tabela 7 Seletivamente os ALs apresentam a seguinte sequência de bloqueio das fibras nervosas Fibras préganglionares autônomas ocorrendo bloqueio simpático Fibras térmicas Fibras sensoriais Fibras do tato httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 69 de 80 Fibras de alta pressão Fibras motoras Fibras de sensibilidade vibratória e impulsos proprioceptivos Tipo de fibra Função Diâmetro µm Mielinização Veloc de condução ms Tipo A Propiocepção httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 70 de 80 Tabela 7 Tamanho e suscetibilidade relativos de diferentes tipos de fibras nervosas aos ALs Retirada de Katzung e Trevor 2017 p 446 Alfa Beta Gama Delta motora Tato pressão Fusos musculares Dor temperatura 1210 512 36 25 Intensa Intensa Intensa Intensa 70120 3070 1530 525 Tipo B Autônoma pré ganglionar 3 Leve 315 Tipo C Raiz dorsal Simpática Dor Pósganglionar 0412 0313 Não possui Não possui 0523 0723 Anestésico local Tópico Infiltração local Bloqueio nervo periférico Bloqueio intravenoso Procaína Clorprocaína Não Não Sim Sim Sim Sim Não Não httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 71 de 80 Tabela 8 Uso dos ALs nos diferentes tipos de bloqueio anestésico Retirada de Riviere Papich e Booth 2021 p 293 Comentário A infiltração de AL pode ser utilizada para diagnóstico de claudicação por exemplo em equinos bloqueio do nervo periférico A Figura 10 mostra um esquema do membro anterior direito com os respectivos pontos de infiltração de AL Por meio de uma infiltração em sequência e por eliminação de condução da sensação de dor pode ser identificada a região de onde está partindo o problema relacionado à claudicação do animal Clorprocaína Tetracaína Lidocaína Mepivacaína Bupivacaína Etidocaína Prilocaína Ropivacaína Não Sim Sim Não Não Não Não Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Não Sim Não Sim Não httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 72 de 80 Figura 10 Esquema do membro anterior direito de equino e os pontos A B e C para infiltração de AL diagnóstico de claudicação A farmacocinética dos anestésicos locais Neste vídeo a especialista Bernadete Soares apresentará os parâmetros farmacocinéticos dos anestésicos locais Confira httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 73 de 80 Falta pouco para atingir seus objetivos Vamos praticar alguns conceitos Questão 1 Assinale o anestésico que é metabolizado por esterases plasmáticas por ser do tipo éster A Lidocaína B Bupivacaína httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 74 de 80 Parabéns A alternativa D está correta Os ALs quimicamente podem ser amidas ou ésteres sendo estes últimos rapidamente metabolizados por esterases plasmáticas mais especificamente pela butirilcolinesterase Questão 2 O ajuste do pH da solução de anestésico local com bicarbonato de sódio determina C Ropivacaína D Procaína E Mepivacaína A a redução da toxicidade sistêmica do anestésico local B o aumento do tempo de latência do anestésico local httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 75 de 80 Parabéns A alternativa E está correta Uma vez que os ALs são bases fracas o pH do local em que eles se encontram influenciará na sua latência de efeito Sendo assim alcalinizar o pH com solução de bicarbonato encurtará a sua latência Considerações finais O sucesso no tratamento farmacológico da dor exige um conhecimento prévio de seus tipos e padrões bem como uma avaliação cuidadosa da sua natureza para que intervenções subsequentemente favoráveis C a redução da constante de dissociação pKa do anestésico local D a maior solubilidade do sal do anestésico local E o aumento da fração não protonada do anestésico local httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 76 de 80 como uma avaliação cuidadosa da sua natureza para que intervenções subsequentemente favoráveis sejam adotadas com o propósito de abolir prevenir ou estabelecer seu controle No âmbito da natureza pluridimensional das diferentes terapêuticas analgésicas anestésicas e anti inflamatórias o conhecimento sobre as diferenças farmacocinéticas e farmacodinâmicas bem como acerca das principais indicações e contraindicações dos antiinflamatórios dos analgésicos opioides ou não opioides e dos anestésicos locais e gerais compõe fatores limitantes ou até excludentes para a terapia a ser estabelecida assim como os custos envolvidos embora seja dever do médico veterinário e do proprietário prover tratamento adequado para dor até mesmo por questões éticas Sendo assim a busca pela atualização do conhecimento que envolve a farmacologia da dor e da inflamação que foi aqui apresentado por novos fármacos e consequentemente por novas terapias constitui necessariamente uma rotina pois o controle eou o alívio da dor trará benefícios psicológicos e sistêmicos reduzindo também a morbidade da doença e facilitando a recuperação do paciente Podcast Neste podcast a especialista apresentará as principais classes de fármacos utilizados para o tratamento da dor e da inflamação em animais Vamos lá Explore Leia o artigo Características farmacológicas dos antiinflamatórios não esteroidais Revisão de literatura publicado por Aline Fernanda Mosquini Vanessa Zappa e Francisco Pizzolato Montanha na Revista httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 77 de 80 Científica Eletrônica de Medicina Veterinária ano 9 n 17 em julho de 2011 e saiba mais sobre a aplicação desses fármacos em animais Você pode encontrálo na internet Leia o artigo Intoxicações por antiinflamatório não esteroidal em cão relato de caso de Caique Marques Rocha Oliveira Edson De Figueiredo Gaudencio Barbosa Juciana Aparecida Nascimento Silva Laura Oliveira Freitas Nemézio e Letícia Gutierrez De Gutierrez publicado na Revista Multidisciplinar em Saúde v 3 n 2 Também está disponível na internet Referências BARROS C M DI STASI L C Farmacologia veterinária Barueri SP Manole 2012 BATLOUNI M Antiinflamatórios não esteroides efeitos cardiovasculares cérebrovasculares e renais Arquivo Brasileiro de Cardiologia v 94 n 4 p 556563 2010 Consultado na internet em 4 nov 2021 BRUNTON L L As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman Gilman 12 ed Rio de Janeiro McGrawHill 2012 SANTANA J M de PERISSINOTTI D M OLIVEIRA JUNIOR J O CORREIA L M OLIVEIRA C M E FONSECA P R Definição de dor revisada após quatro décadas BrJP v 3 n 3 p 197198 julset 2020 Consultado na internet em 4 nov 2021 EGGER C LOVE L DOHERTY T Pain management in veterinary practice Iowa USA Blackwell Wiley 2014 KATZUNG B G TREVOR A J Farmacologia básica e clínica 13 ed Porto Alegre Grupo A 2017 KLAUMANN P R WOUK A F P F SILLAS T Patofisiologia da dor Archives of veterinary science v 13 n 1 p 112 2008 Consultado na internet em 4 nov 2021 LIAO H T LEE H J HO Y C CHIOU L C Capsaicin In the periaqueductal gray induces analgesia via metabotropic glutamate receptormediated endocannabinoid retrograde disinhibition British Journal of Pharmacology v 163 n 2 p 330345 2011 MALLET C BARRIÈRE D A ERMUND A JÖNSSON B A G ESCHALIER A ZYGMUNT P M HÖGESTÄTT httpsstecineazureedgenetrepositorio00212sa02952indexhtmlbrandestacio 11082024 0322 Página 78 de 80 MALLET C BARRIÈRE D A ERMUND A JÖNSSON B A G ESCHALIER A ZYGMUNT P M HÖGESTÄTT E D TRPV1 in Brain is involved in acetaminopheninduced antinociception PLoS one v 5 n 9 p 111 2010 RANG H P DALE M M RITTER J M 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