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Medicina Veterinária ·

Fisiologia Animal

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Vias de administração e métodos de prescrição de fármacos Você vai entender um pouco mais os aspectos relativos à farmacologia e seus conceitos gerais assim como a descrição dos processos de farmacocinética e farmacodinâmica das vias de administração de fármacos em animais não humanos e dos métodos de prescrição de fármacos Profª Cheryl Gouveia 1 Itens iniciais Propósito A administração de fármacos aos animais não humanos objetiva o tratamento a cura ou a prevenção de doenças e o alcance de melhores índices zootécnicos Ao compreender todo esse processo você contribui para o uso seguro e eficaz dessas substâncias em animais não humanos prevenindo prejuízos à saúde humana e se torna um profissional mais atento aos protocolos da sua área profissional Objetivos Descrever a história da farmacologia sua importância e os principais conceitos relacionados Reconhecer as diferentes vias de introdução de fármacos no organismo Identificar os processos pelos quais os fármacos interagem com o organismo Reconhecer a importância da escolha adequada do fármaco da dose da frequência de administração e da duração do tratamento Introdução A farmacologia envolve o estudo de drogas fármacos e medicamentos e suas respectivas interações com o organismo vivo Portanto compreender os mecanismos pelos quais essas substâncias interagem com o organismo é fundamental para uma prescrição segura e adequada Além disso para prescrever fármacos aos seus pacientes é fundamental conhecer os potenciais efeitos colaterais e a toxicidade em cada espécie animal minimizando o risco de prescrever o uso de medicamentos prejudiciais Nesse campo de atuação devese conhecer também as possíveis interações entre diferentes medicamentos uma vez que algumas combinações de medicamentos podem ter efeitos prejudiciais ou reduzir a eficácia do tratamento Quando reunimos todo esse conhecimento farmacológico tornase possível ajustar doses e escolher medicamentos mais apropriados para cada paciente considerando fatores como idade espécie condições de saúde e estado fisiológico Portanto o estudo da farmacologia assegura o uso seguro e eficaz dos fármacos sendo essencial para o tratamento de doenças para o alívio da dor e para a melhoria do estado de saúde e bemestar dos animais não humanos além de permitir a identificação da permanência de resíduos de fármacos em produtos de origem animal contribuindo também para a proteção da saúde humana 1 Introdução à farmacologia e conceitos gerais História e importância da farmacologia veterinária Há milhares de anos as plantas e substâncias naturais eram utilizadas pelos humanos para tratar doenças e aliviar seus sinais e sintomas Contexto histórico da farmacologia Os antigos egípcios por exemplo usavam a papoula como analgésico enquanto os chineses adotavam o uso de diversas ervas para tratar diferentes doenças Antiguidade Foi na Grécia antiga que a farmacologia se desenvolveu como uma ciência principalmente quando o médico grego Hipócrates 460 aC 377 aC defendeu a importância da observação e do registro dos efeitos das substâncias no organismo humano Ainda nessa época o filósofo grego Teofrasto 372 aC 287 aC descreveu as propriedades de plantas medicinais Você já ouviu falar sobre Dioscórides 40 dC 90 dC Ele descreveu plantas medicinais em um importante tratado sobre plantas De materia medica O livro contém descrições de 600 plantas incluindo suas propriedades medicinais e outras informações relevantes Esse médico grego é considerado o fundador da farmacognosia A farmacognosia é a área da farmacologia que estuda o isolamento a produção o armazenamento a comercialização a identificação o uso e a avaliação de princípios ativos naturais de origem animal ou vegetal Idade Média Durante a Idade Média os médicos árabes Avicena 980 dC 1037 dC e Rhazes 854 dC 925 dC contribuíram para o avanço da farmacologia publicando diversos artigos sobre o uso de substâncias medicamentosas Com o passar dos anos a farmacologia foi cada vez mais se estabelecendo como uma ciência tomando uma forma mais estruturada Foi nessa época que vários princípios ativos de plantas foram descobertos e isolados como a morfina do ópio Século XX Durante o século XX os avanços da química e da biologia molecular contribuíram tanto para a síntese de novos fármacos quanto para a melhor compreensão sobre os mecanismos de ação dos medicamentos Atualmente os estudos na área da genética têm contribuído de forma significativa para o desenvolvimento da farmacogenômica que estuda a relação entre os genes e as diferentes respostas aos medicamentos E a farmacologia veterinária como surgiu Surgimento da farmacologia veterinária A história da farmacologia veterinária acompanhou o desenvolvimento da farmacologia humana mas mantendo seu foco no uso de fármacos em animais não humanos Portanto o uso de plantas medicinais e substâncias naturais também foi empregado para tratar doenças nesses animais durante a Antiguidade Embora os médicos árabes Avenzoar 1094 1162 e Rhazes tenham contribuído para o surgimento da farmacologia veterinária ao descrever o uso de fármacos utilizando animais não humanos como modelos experimentais foi o surgimento das primeiras escolas de medicina veterinária no século XVIII que impulsionou diretamente esse avanço Foi durante o século XIX com a padronização da prática médicoveterinária que se iniciou a produção de medicamentos específicos para uso médicoveterinário Durante o século XX a farmacologia veterinária acompanhou os avanços científicos e tecnológicos da ciência Nesse sentido houve um progresso na pesquisa científica nessa área permitindo a descoberta de novos fármacos Essas descobertas ofereceram uma melhor compreensão dos efeitos dos medicamentos em diferentes espécies animais e contribuíram para a melhoria das técnicas de administração de medicamentos nessas espécies tornandoas mais seguras e eficazes Atualmente a farmacologia veterinária desempenha um importante papel na prevenção na manutenção e na recuperação da saúde e do bemestar de animais não humanos contribuindo não somente para o tratamento e prevenção de doenças mas também para o controle de parasitas para um melhor manejo da dor e para alcançar melhores índices zootécnicos em animais de produção A evolução da farmacologia veterinária Neste vídeo falaremos sobre como a farmacologia veterinária evoluiu até se tornar uma ciência Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo Conceitos importantes em farmacologia Para o estudo da farmacologia veterinária é importante ter em mente alguns conceitos básicos Vamos conhecêlos a seguir Você já deve ter escutado os termos droga fármaco medicamento e remédio sendo usados para descrever diversos tipos de substâncias administradas aos animais não humanos para fins profiláticos e terapêuticos No entanto por mais que pareçam significar a mesma coisa esses termos não são sinônimos e é importante saber a diferença entre eles Droga É uma substância química lícita ou ilícita que em determinada quantidade atua sobre um organismo vivo modificando suas funções orgânicas e produzindo alterações benéficas ou maléficas Fármaco É a substância química conhecida com estrutura química definida e empregada em organismos vivos para se obter efeitos benéficos com fim terapêutico profilático paliativo ou diagnóstico Portanto são substâncias extraídas de drogas ou sintetizadas em laboratório com objetivo de interagir com alvos específicos no organismo para produzir os efeitos orgânicos desejados Medicamento É uma preparação específica que pode conter um ou mais fármacos e adjuvantes estando pronta para ser empregada Porém antes de serem comercializados e utilizados os medicamentos devem ser aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa ou pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento Mapa Adjuvantes São substâncias usadas para se alcançar as características desejadas aos medicamentos como melhor absorção ou sabor por exemplo A aprovação pela Anvisa é necessária quando o medicamento é destinado para o uso em humanos enquanto a aprovação pelo Mapa é obrigatória quando é destinado para o uso exclusivamente em animais não humanos e vegetais Atenção Todo medicamento é uma droga mas que nem toda droga é um medicamento Remédio É compreendido como tudo aquilo que tem fim terapêutico paliativo ou profilático podendo ser não apenas uma substância química como os medicamentos mas também um agente físico como compressas e massagens Agora que ficou clara a diferença entre esses termos vamos conhecer outros conceitos igualmente importantes Produto de uso veterinário Esse conceito foi definido pelo Mapa por meio do DecretoLei nº 467 de 13 de fevereiro de 1969 Produto de uso veterinário é toda substância química biológica biotecnológica ou preparação manufaturada cuja administração seja aplicada de forma individual ou coletiva direta ou misturada com os alimentos destinada à prevenção ao diagnóstico à cura ou ao tratamento das doenças dos animais incluindo os aditivos suprimentos promotores melhoradores da produção animal medicamentos vacinas antissépticos desinfetantes de uso ambiental ou equipamentos pesticidas e todos os produtos que utilizados nos animais ou no seu hábitat protejam restaurem ou modifiquem suas funções orgânicas e fisiológicas bem como os produtos destinados ao embelezamento dos animais Placebo Referese a qualquer substância que não apresenta propriedades farmacológicas mas que é administrada como se as tivesse para algum fim benéfico à saúde ou experimental Nutracêuticos São substâncias que agregam efeitos terapêuticos e nutricionais ou seja servem tanto como alimento quanto como medicamento auxiliando na manutenção da saúde ou na prevenção e no tratamento de doenças Os nutracêuticos são portanto diferentes dos probióticos e dos prebióticos Geralmente fazem parte da formulação farmacêutica de um medicamento um ou mais princípios ativos adjuvantes corretivos e veículos ou excipientes Vamos entendêlos melhor Princípio ativo Também chamado de base medicamentosa ou base é a substância principal da fórmula Adjuvantes São substâncias inócuas na quantidade utilizada Eles não interferem na eficácia do princípio ativo mas auxiliam na preparação da fórmula podendo atuar como Conservantes Estabilizantes Diluentes Desagregantes Aglutinantes Deslizantes Antiaderentes Antioxidantes Corretivos São substâncias utilizadas em medicamentos orais a fim de melhorar sua aceitação pelo indivíduo como Corantes Edulcorantes relacionados ao sabor Flavorizantes relacionados ao sabor e ao odor Probióticos São substâncias que contêm microrganismos vivos administrados para beneficiar de alguma forma a saúde do indivíduo Prebióticos São substâncias que contêm carboidratos não digeríveis que estimulam seletivamente a proliferação ou a atividade da microbiota intestinal de um indivíduo Veículos ou excipientes São o meio no qual o princípio ativo é colocado sendo identificados pelas seguintes abreviaturas qs quantidade suficiente qsp quantidade suficiente para Principais termos em farmacologia veterinária Neste vídeo abordaremos os diferentes conceitos e termos aplicados à farmacologia Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo Classificação e tipos de medicamentos Os medicamentos podem ser classificados de diferentes maneiras sendo importante conhecer os diferentes tipos de medicamentos para uma prescrição adequada de cada um deles Veja Classificação quanto ao tipo de matériaprima Os medicamentos podem ser Medicamentos fitoterápicos São aqueles formulados exclusivamente à base de plantas Medicamentos alopáticos São elaborados à base de substâncias processadas As substâncias processadas são aquelas que passaram por um processo de extração purificação e síntese anterior ao seu uso Medicamentos homeopáticos São elaborados à base de substâncias que causam os sintomas de determinada doença Essas substâncias porém são usadas de forma bastante diluída a ponto de não provocar os sintomas mas de estimular o sistema imune do indivíduo Classificação quanto à regulamentação Além disso os medicamentos podem ser Medicamentos de referência São produtos registrados cuja eficácia segurança e qualidade foram cientificamente comprovadas São comercializados com o nome fantasia atribuído pela marca do laboratório que o produz Medicamentos genéricos São aqueles registrados e comercializados com o nome da substância ativa que o compõe Esse tipo de medicamento passa por testes de bioequivalência comprovam a mesma qualidade ação e efeito no organismo que os medicamentos de referência mas não passa por testes de biodisponibilidade que comprovam a quantidade e a velocidade de absorção do medicamento pelo organismo por isso têm menor custo para o consumidor que os medicamentos de referência Medicamentos similares Apresentam a mesma concentração forma via de administração posologia e indicação que o medicamento de referência mas podem ter prazo de validade excipientes e veículos diferentes Classificação quanto ao processamento Os medicamentos podem ainda ser Medicamentos industrializados São aqueles produzidos por indústrias farmacêuticas em dosagens padronizadas Medicamentos manipulados São produzidos em farmácias de manipulação ou hospitais segundo prescrição individual Outras formas de classificação Os medicamentos são agrupados e subagrupados em diferentes classes de acordo com grupos farmacológicos local de ação e princípio ativo Veja alguns exemplos Medicamentos antiinfecciosos Antibacterianos antibióticos Antifúngicos Antivirais Antiparasitários Medicamentos relacionados ao sistema nervoso central Anestésicos gerais e locais Relaxantes musculares Anticonvulsivantes Antieméticos Psicofármacos Analgésicos Antipiréticos Medicamentos relacionados ao sistema cardiovascular Cardiotônicos Antiarrítmicos Simpaticomiméticos Antihipertensores Vasodilatadores Medicamentos relacionados ao sistema hematopoiético e ao sangue Antianêmicos Estimulantes da hematopoiese Anticoagulantes Antitrombóticos Antihemorrágicos Medicamentos relacionados ao sistema respiratório Antiasmáticos Broncodilatadores Antitussígenos Expetorantes Tensioativos Medicamentos relacionados ao sistema digestório Antiácidos Antiespasmódicos Inibidores enzimáticos Modificadores da motilidade gastrointestinal Coleréticos Medicamentos relacionados ao sistema geniturinário Antissépticos Alcalinizantes e acidificantes urinários Antiespasmódicos Progestágenos Anticoncepcionais Medicamentos relacionados ao sistema endócrino Hormônios hipotalâmicos Corticosteroides Hormônios da tiroide Antitiroideus Insulina Medicamentos relacionados ao sistema imunológico Antialérgicos Vacinas Soros Citotóxicos Imunomoduladores Medicamentos relacionados aos meios diagnósticos Meios de contraste para radiografia ressonância magnética ultrassonografia exames não radiológicos Radiofármacos Os diferentes tipos de medicamentos Agora assista ao vídeo que mostra os diferentes tipos de medicamentos e as variadas formas de classificá los Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo Verificando o aprendizado Questão 1 Nas farmácias brasileiras é comum encontrarmos medicamentos de referência conhecidos como de marca além de medicamentos genéricos e medicamentos similares Sobre esse assunto analise as assertivas a seguir I O medicamento de referência é mais seguro por ter passado por testes que garantem sua eficácia segurança e qualidade II O medicamento genérico é tão seguro quanto o de referência uma vez que as únicas diferenças são o prazo de validade o veículo ou o excipiente utilizado III O medicamento similar não é tão seguro quanto o de referência pois não é submetido a testes de biodisponibilidade Considerase correto o que é descrito em A I apenas B II e III apenas C I e II apenas D III apenas E I e III apenas A alternativa A está correta Os medicamentos de referência são produtos registrados cuja eficácia segurança e qualidade foram cientificamente comprovadas já os genéricos não passam por teste de biodisponibilidade e os similares podem ter prazo de validade excipientes e veículos diferentes dos de referência Questão 2 É comum ouvirmos as pessoas chamando as substâncias químicas de drogas fármacos medicamentos e remédios A esse respeito avalie as assertivas a seguir I As drogas são substâncias que agem em um indivíduo de forma benéfica ou maléfica II Os fármacos são as drogas utilizadas apenas para obter efeitos benéficos nos indivíduos III Os medicamentos são as substâncias químicas ou agentes físicos empregados com objetivo terapêutico paliativo ou profilático IV Os remédios são as substâncias farmacêuticas prontas para serem usadas e comercializadas Considerase correto o que é descrito em A I e II apenas B II e III apenas C III e IV apenas D I e III apenas E II e IV apenas A alternativa A está correta A droga é uma substância química que produz alterações benéficas ou maléficas em um indivíduo enquanto o fármaco é a substância química conhecida sendo utilizada para se obter efeitos benéficos em um indivíduo Os medicamentos por sua vez são preparações prontas para serem usadas e empregadas com fins terapêuticos profiláticos paliativos ou diagnósticos Já os remédios são as substâncias químicas ou agentes físicos empregados com objetivo terapêutico paliativo ou profilático 2 Vias de administração de fármacos Principais vias de administração de medicamentos As vias de administração de fármacos são os diferentes meios pelos quais os medicamentos podem ser introduzidos em um organismo vivo sendo classificadas como tópicas enterais ou parenterais Cada uma dessas vias apresenta características específicas que afetam a absorção a distribuição e os efeitos dos fármacos portanto é importante conhecêlas A escolha da via de administração depende de vários fatores 1 A forma farmacêutica do medicamento 2 O objetivo do tratamento 3 A condição clínica do paciente 4 A conveniência para o tutor Via tópica Referese à administração de medicamentos diretamente na superfície do corpo ou em uma área específica As principais vias tópicas são Dérmica Os medicamentos são aplicados diretamente na pele local por meio do qual são absorvidos No entanto a eficácia da absorção pode ser influenciada pela integridade da barreira cutânea Existem diferentes formas de medicamentos dérmicos disponíveis como Cremes Pomadas Loções Adesivos transdérmicos Produtos pour on medicamentos aplicados na pele geralmente derramados ou espalhados sobre a área afetada Produtos spot on medicamentos aplicados em um único ponto específico na pele Oftálmica Os medicamentos são administrados diretamente na córnea na forma de Colírios Pomadas Otológica Os medicamentos são administrados diretamente na orelha externa na forma de Soluções Pomadas Intranasal Os medicamentos são administrados nas narinas sendo absorvidos pela mucosa nasal Essa via inclui os medicamentos formulados como Sprays Aerossóis Vaginal Os medicamentos são aplicados na vagina sendo absorvidos pela mucosa vaginal Essa via inclui medicamentos formulados como Cremes Supositórios Comprimidos vaginais Inalatória Os medicamentos são inalados via oral ou nasal para os pulmões onde são absorvidos pela mucosa respiratória Nessa via os medicamentos podem ser administrados por meio de Inaladores Nebulizadores Intramamária Os medicamentos são administrados diretamente no teto sendo muito utilizada para administração em animais de produção como vacas na forma de Pomadas Intrauterina Os medicamentos são administrados diretamente na cavidade uterina Uretral Os medicamentos são administrados diretamente na luz uretral Via enteral Nessa via os medicamentos são absorvidos pela mucosa do trato gastrointestinal Nesse sentido o processo de absorção pode ser influenciado pela presença de alimentos no trato digestório e pela degradação enzimática fisiológica do local As principais vias enterais são Oral Os medicamentos são administrados pela boca na forma de Comprimidos Cápsulas Xaropes Soluções Suspensões ou bólus mais utilizados em ruminantes Essa via sofre o efeito de primeira passagem que é um processo de redução da concentração do fármaco que ocorre no fígado antes de ele alcançar a circulação sanguínea Em aves o inglúvio realiza uma pequena absorção do fármaco e sua interferência está mais relacionada à estase do alimento fornecido junto com a medicação que pode retêla nesse local por 3 a 20 horas o que interfere na velocidade de absorção A microbiota local também pode interferir na absorção de um fármaco como ocorre no inglúvio e no intestino de aves no rúmen dos poligástricos e no ceco dos herbívoros Já em ruminantes o rúmen também pode alterar a velocidade de absorção do fármaco devido ao seu grande volume e ao seu pH Em carnívoros como a absorção de medicamentos administrados por via oral ocorre mais comumente no duodeno sua velocidade depende do tempo de esvaziamento gástrico Sublingual Os medicamentos são administrados na região ventral da língua evitando o efeito de primeira passagem uma vez que os vasos sanguíneos dessa região não fazem parte da formação da veia portahepática Ao invés disso o fármaco alcança a corrente sanguínea pela veia cava cranial Essa via inclui os medicamentos formulados como Pastilhas Sprays Gomas Comprimidos Retal Os medicamentos são administrados diretamente no reto Nessa via os medicamentos são absorvidos pela mucosa retal e podem sofrer parcialmente os efeitos de primeira passagem pois não penetram totalmente a veia porta Apresenta como desvantagem a absorção irregular e incompleta e a possível irritação da mucosa local Essa via inclui os medicamentos formulados como supositórios ou enemas Ruminal Os medicamentos são administrados diretamente no rúmen com auxílio de aplicador específico Via parenteral Referese à administração de medicamentos diretamente na corrente sanguínea ou em locais específicos a fim de evitar sua passagem pelo trato gastrointestinal e portanto evitar o efeito de primeira passagem Em animais de produção é importante conhecer o período de carência do fármaco em tecidos comestíveis Período de carência do fármaco Período entre a última administração do fármaco em animais de consumo humano e a eliminação completa de seus resíduos substância original seus metabólitos ou impurezas Esses resíduos podem estar presentes em porções comestíveis do animal e podem ter algum potencial de toxicidade para os seres humanos Nesse caso é preciso considerar o níveis aceitáveis estabelecidos pela legislação Essa via inclui os medicamentos formulados como soluções ou suspensões As principais vias parenterais são Intravascular Os medicamentos são administrados diretamente em uma veia artéria ou capilar Essa via permite a administração de grandes volumes de medicamentos e um melhor controle da dose além de proporcionar rapidamente os efeitos desejados No entanto também pode predispor a infecções locais ou sistêmicas se realizada com material contaminado Intramuscular Os medicamentos são administrados diretamente em um músculo portanto a absorção ocorre a partir do tecido muscular sendo mais rápida que a via oral e mais lenta que a intravascular Essa via permite a administração de volumes moderados de medicamentos porém pode provocar processo inflamatório local com dor e lesões musculares É importante ter em mente que o nível de vascularização sanguínea do músculo no qual será realizada a administração interfere na velocidade de absorção do fármaco Outro ponto importante está relacionado com a administração em animais de produção que deve ser realizada com cuidado para evitar danos à carcaça Subcutânea Os medicamentos são administrados diretamente na hipoderme A absorção ocorre a partir do tecido subcutâneo sendo mais lenta quando comparada à via intramuscular Administrações de fármacos por essa via podem induzir necrose caso sejam utilizadas substâncias irritantes além disso é importante destacar que gatos podem desenvolver o sarcoma de aplicação felino que nada mais é do que um tipo de fibrossarcoma que se desenvolve no local onde medicamentos são aplicados de forma subcutânea em gatos Esse tipo de sarcoma é induzido por uma resposta inflamatória exacerbada Intradérmica Os medicamentos são administrados diretamente na derme nesse sentido a absorção ocorre a partir do tecido subcutâneo Intraperitoneal Os medicamentos são administrados diretamente na cavidade peritoneal podendo haver efeitos de primeira passagem em algumas situações Essa via permite a administração de grandes volumes de medicamentos Intraventricular Os medicamentos são administrados diretamente no ventrículo cardíaco Essa via é utilizada comumente quando não é possível a administração por via intravascular Epidural peridural Os medicamentos são administrados diretamente no espaço epidural ou seja entre a duramáter e o periósteo Intraarticular Os medicamentos são administrados diretamente na cavidade articular Intratecal Os medicamentos são administrados diretamente no espaço subaracnóideo para evitar a ação das barreiras hematoencefálica e hematoliquórica É a via utilizada em procedimentos como raquianestesias e na administração de meios de contraste para exames radiológicos Vias tópica enteral e parenteral Neste vídeo conheceremos as diferentes vias de administração de medicamentos em animais ou seja as diferentes formas de introdução dos medicamentos nos animais Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo Formas farmacêuticas Para cada via de administração de medicamentos existem apresentações farmacêuticas mais adequadas Isso significa que há diferentes formas de uso disponíveis para os diversos tipos de medicamentos Isso acontece porque cada forma farmacêutica tem características específicas relacionadas à via de administração e ao mecanismo de absorção Além disso a escolha da forma farmacêutica mais adequada deve considerar a conveniência do tutor ou do médicoveterinário para utilizála As apresentações farmacêuticas disponíveis para uso podem ser Formas farmacêuticas sólidas São as seguintes Pós e granulados Consistem em formas farmacêuticas que contêm o princípio ativo na forma sólida e seca A diferença entre eles está relacionada à granulometria pois os pós são compostos por partículas mais finas do que os granulados Comprimidos Correspondem ao princípio ativo em pó preparado por compressão Apesar de alguns apresentarem ranhuras para divisão a dose de fármaco não é igual em cada parte Podem ser Efervescentes Mastigáveis Orodispersíveis formas farmacêuticas sublinguais projetadas para se dissolverem rapidamente na boca sem a necessidade de água ou outros líquidos para a administração Colutórios formas farmacêuticas que não devem ser deglutidas São utilizados apenas para enxágue imersão ou lavagem Além disso os comprimidos podem ou não ser revestidos O revestimento é utilizado como mecanismo de proteção contra ação do ar ou umidade como forma de mascarar odor sabor ou aparência não agradáveis Drágeas São comprimidos que recebem um revestimento de açúcar e corante a fim de protegêlos da ação gástrica permitindo que a absorção ocorra no intestino Cápsulas Correspondem ao princípio ativo líquido ou sólido recoberto por invólucro duro ou mole gelatinoso ou composto de outro material Nesse caso a função do invólucro é proteger e o fármaco e ao mesmo tempo facilitar a deglutição do medicamento Pastilhas São formas farmacêuticas semelhantes aos compridos porém possuem um sabor adocicado e são formuladas para desintegrar na boca de forma lenta Barras e bastões São formas maiores que os comprimidos e em formato retangular ou cilíndrico respectivamente Filmes São películas finas que contêm o princípio ativo Tabletes São maiores e mais frágeis que as barras Gomas São preparadas com material plástico e doce elas liberam o princípio ativo quando são mastigadas e portanto não devem ser deglutidas Adesivos e anéis São formas nas quais o princípio ativo está impregnado em um sistema de difusão transdérmica ou transmucosa por tempo prolongado Implantes Nessas formas farmacêuticas o princípio ativo está impregnado em um sistema de difusão tecidual lento e prolongado que será inserido no corpo Formas farmacêuticas semissólidas São as seguintes Cremes São emulsões que apresentam o princípio ativo em uma base uma fase lipofílica e uma aquosa sendo utilizados para aplicação tópica em pele ou mucosas Pomadas e pastas O princípio ativo está dissolvido apenas em uma base em baixas proporções enquanto nas pastas esse princípio ativo aparece em grandes proporções Géis O princípio ativo está presente em uma solução coloidal firme podendo haver partículas suspensas Emplasmos ou emplastros Apresentam o princípio ativo em uma base adesiva para mantêlo em contato com a pele Formas farmacêuticas líquidas Tais como Emulsões Consistem na presença do princípio ativo em um sistema com pelo menos dois líquidos imiscíveis Podem ser embaladas sob pressão como Aerossóis Sprays Ou preparadas para Administração injetável Por infusão Gotas Óleos São líquidos gordurosos solúveis em éter e insolúveis em água Soluções São formas farmacêuticas límpidas e homogêneas nas quais o princípio ativo está completamente dissolvido Podem ser do tipo Colutório Spray Aerossol Xarope Gotas Extrato Elixir Injetável Suspensões Elas se diferem das soluções por conterem partículas sólidas não solúveis dispersas em um veículo líquido Assim como as soluções também podem ser encontradas em diferentes tipos como Colutório Spray Aerossol Xarope Gotas Extrato Elixir Injetável Formas farmacêuticas gasosas São preparações na forma de gases utilizadas para fins medicinais como o oxigênio medicinal por exemplo Podem ser fornecidas como gás gás liquefeito ou líquido criogênico Principais formas farmacêuticas Neste vídeo abordaremos as diferentes formas farmacêuticas dos medicamentos Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo Verificando o aprendizado Questão 1 Os fármacos podem ser administrados aos pacientes por diferentes vias de administração que podem ser tópicas enterais ou parenterais Assinale a alternativa que apresenta a relação correta entre a via de administração e sua classificação A Uretral Enteral B Vaginal Parenteral C Oral Tópica D Vascular Parenteral E Intradérmica Tópica A alternativa D está correta As vias uretral intradérmica e vascular são parenterais Já a via oral é enteral enquanto a via vaginal é tópica Questão 2 As formas farmacêuticas líquidas veiculam fármacos facilitando sua administração a pacientes que têm dificuldade de aceitar a ingestão de formas farmacêuticas sólidas como comprimidos e cápsulas Nesse sentido uma forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas não solúveis dispersas em um veículo líquido muito usada é A a solução B o óleo C a suspensão D a emulsão E o aerossol A alternativa C está correta A emulsão é composta por pelo menos dois líquidos imiscíveis além do princípio ativo No óleo o princípio ativo está dissolvido em um líquido gorduroso solúvel em éter e não solúvel em água A solução por sua vez contém o princípio ativo dissolvido de maneira homogênea em um veículo líquido Por outro lado na suspensão a dissolução não é homogênea pois apresenta partículas sólidas não solúveis dispersas no líquido O aerossol é uma forma de apresentação utilizada para a comercialização de diversas formas farmacêuticas 3 Farmacocinética e farmacodinâmica Farmacocinética absorção e distribuição A farmacocinética é o campo de estudo da farmacologia que busca conhecer todos os processos aos quais os fármacos são submetidos no organismo vivo desde o momento em são em que são administrados até serem eliminados Depois de administrado no organismo o medicamento passa pelos processos de absorção distribuição metabolização ou biotransformação e excreção Você sabia que alguns fatores podem alterar esses processos Entre esses fatores estão a idade o sexo o peso corporal a função renal e a função hepática do paciente além do uso concomitante com outros medicamentos Assim o conhecimento sobre como esses diferentes processos ocorrem é muito importante para o uso seguro dos medicamentos Absorção É o processo pelo qual um fármaco alcança a corrente sanguínea do paciente sendo fortemente influenciada pela via de administração adotada Durante esse processo o fármaco precisa atravessar algumas barreiras biológicas como a hematoencefálica a hematotesticular a placentária o endotélio dos capilares sanguíneos o epitélio da pele da córnea ou da vesícula urinária Quando a administração é oral a absorção pode ser influenciada pela solubilidade do medicamento pelo pH do ambiente gastrointestinal pela presença de alimentos no estômago e pelas potenciais interações com outras substâncias Em solução aquosa como o organismo de um animal as moléculas de um fármaco apresentam uma porção ionizada e uma não ionizada sofrendo influência do pH do meio em que o fármaco se encontra A porção não ionizada do fármaco é mais lipossolúvel e portanto é mais facilmente absorvida pelas membranas celulares Quando em determinado pH metade das moléculas do fármaco está ionizada e metade não dissemos que este pH é a constante de dissociação pK Membranas celulares São formadas por uma bicamada lipídica por isso moléculas apolares são capazes de atravessálas por difusão simples É correto afirmar que as alterações do pH influenciam a velocidade de absorção dos fármacos pelo organismo especialmente quando se trata de fármacos ácidos ou aminas orgânicas Essas substâncias são polares e precisam passar pela dissociação para que suas moléculas se tornem apolares e possam atravessar a membrana plasmática Nesse sentido ácidos fracos têm uma melhor absorção em um pH mais ácido como o encontrado no estômago de animais monogástricos Por outro lado aminas fracas são mais bem absorvidas em um pH menos ácido como o encontrado no duodeno Há casos nos quais os fármacos são substâncias apolares sendo capazes de atravessar as membranas celulares sem sofrerem a interferência do pH do meio Atenção O efeito de primeira passagem ocorre após a absorção de um fármaco administrado por via oral pois ele é desviado para o fígado pela veia portahepática antes de alcançar os tecidosalvo Portanto ele passa por um processo de biotransformação hepática antes de ser distribuído o que exige que sejam administradas maiores doses do medicamento Esse efeito é maior em herbívoros animais com maior potencial de biotransformação hepática de substâncias Quando o fármaco enfim alcança a corrente sanguínea ele permanece livre no plasma podendo se ligar a proteínas plasmáticas ou ser depositado em outros tecidos orgânicos como o adiposo A porção livre se distribui para os locais de ação nos tecidosalvo Já a ligação com proteínas plasmáticas é dinâmica uma vez que quando a porção do fármaco livre deixa o plasma uma nova porção de fármaco se desliga das proteínas plasmáticas e está pronta para deixálo também Contudo por questão de afinidade alguns fármacos se depositam em outros tecidos orgânicos mais comumente no tecido adiposo ósseo ou dentário causando efeitos indesejáveis Além disso o fármaco pode retornar para o plasma em outro momento o que aumenta o nível plasmático do fármaco e pode causar intoxicações Biodisponibilidade e distribuição A biodisponibilidade de um fármaco ocorre após a absorção e está relacionada com sua distribuição pelo organismo quando ele alcança diferentes tecidos e órgãos Esse processo depende de fatores como Lipossolubilidade do fármaco Fluxo sanguíneo para os tecidos Taxa de ligação a proteínas plasmáticas Afinidade do fármaco por tecidos específicos Características das membranas celulares Características individuais como sexo idade e estado de saúde O conhecimento sobre a biodisponibilidade permite determinar a posologia de um medicamento pois é possível identificar sua velocidade de absorção e seu tempo de permanência em líquidos corpóreos E como isso acontece Atenção Ensaios de bioequivalência são aqueles que avaliam a biodisponibilidade de duas ou mais formulações farmacêuticas diferentes que contêm o mesmo princípio ativo A biodisponibilidade está relacionada ao tempo necessário para que seja atingida a concentração máxima Cmáx do medicamento no sangue sendo chamado de tempo do pico de concentração máxima Tmáx Ao traçarmos um gráfico com esses parâmetros podemos calcular a curva de concentração plasmática de modo que a área sob a curva de concentração ASC indica o quanto do medicamento foi absorvido após sua administração Observe a imagem a seguir A saída do fármaco da corrente sanguínea para seus locais de ação ocorre quando ele está em forma livre no plasma e é capaz de atravessar as membranas das células endoteliais dos capilares Isso pode acontecer por difusão simples ou através dos poros localizados nas paredes desses vasos Em tecidos mais vascularizados a velocidade de distribuição é maior do que em tecidos menos vascularizados Dessa forma eles são organizados em dois tipos de compartimento respectivamente Central Coração Fígado Rins Cérebro Periférico Pele Ossos Tecido adiposo Além do nível de vascularização a afinidade do fármaco pelo tecido também influencia esse tempo Uma vez que o fármaco deixa os vasos sanguíneos ele permanece dissolvido nos líquidos intra e extracelular Assim quanto maior o volume de distribuição de um medicamento maior a quantidade de fármaco presente nos compartimentos corpóreos Volume de distribuição de um medicamento Quantidade de fármaco administrada dividida pela sua concentração plasmática Tudo isso é influenciado pelos seguintes fatores Quantidade de líquido nos espaços que pode caracterizarse como diminuída em casos de desidratação ou aumentada em casos de insuficiência renal Afinidade do fármaco ao tecido Quando a concentração de fármaco no plasma é reduzida pela metade dizemos que ele alcançou sua meia vida de eliminação t12 Essa informação possibilita calcular o intervalo entre doses com mais segurança Farmacocinética biotransformação e excreção A biotransformação e a excreção também são etapas importantes na farmacocinética dos fármacos conforme veremos a seguir Biotransformação É a etapa na qual o fármaco é metabolizado em produtos mais fáceis de serem excretados ou seja em substâncias com maior solubilidade em água Essas transformações metabólicas envolvem reações enzimáticas que podem ativar inativar ou modificar sua estrutura química o que pode contribuir para a ativação de substâncias que produzem efeitos colaterais ou reações adversas Efeitos colaterais ou reações adversas Efeitos colaterais são aqueles que ocorrem paralelamente ao efeito desejado do fármaco enquanto reações adversas são os efeitos indesejados ou prejudiciais ao paciente O objetivo da biotransformação é preparar o fármaco para ser eliminado do organismo tornandoo mais solúvel em água Esse processo geralmente ocorre em duas fases Agora após esse estudo considere o fato a seguir Atenção Os gatos possuem deficiência da enzima glicuronil transferase Essa característica compromete a conjugação com ácido glicurônico e faz com que alguns fármacos tenham meia vida prolongada nos felinos podendo gerar reações adversas graves Excreção É o processo pelo qual os metabólitos dos fármacos são eliminados do organismo seja pela urina pela bile pelo ar expirado pelo suor pelo leite materno no caso de mamíferos ou pelo ovo no caso de aves De forma geral a urina é o meio de excreção de metabólitos hidrossolúveis e de baixo peso molecular que passam pelo processo de filtração glomerular renal já a bile é o meio de excreção de metabólitos originados pelo fígado Os pulmões por sua vez servem para excretar metabólitos voláteis Fármacos não ligados a proteínas plasmáticas podem ser excretados durante o processo de filtração glomerular assim como alguns fármacos podem ser reabsorvidos durante o processo de secreção que ocorre nos túbulos proximais Além disso devido às suas características químicas alguns fármacos competem com outros durante o processo de excreção urinária A bile é o meio de excreção de metabólitos com alto peso molecular porém alguns deles podem ser reabsorvidos pelo duodeno quando a bile é lançada ali como é o caso dos lipossolúveis Exemplo O ciclo ênterohepático ocorre quando metabólitos biotransformados por conjugação com ácido glicurônico sofrem hidrólise por uma enzima produzida pela microbiota intestinal Isso faz com que os metabólitos sejam novamente absorvidos pela mucosa intestinal aumentando seu tempo de eliminação Você já parou para pensar que o ser humano pode ingerir resíduos de fármacos ou seus metabólitos ao se alimentar de produtos de origem animal Vamos entender melhor analisando os dois exemplos abaixo Reações de fase I Ocorrem no retículo endoplasmático liso dos hepatócitos e são mediadas por isoenzimas da família do citocromo P 450 Essas enzimas realizam reações químicas de dealquilação hidroxilação formação de sulfóxido oxidação e desaminação sobre o fármaco Reações de fase II Consistem na conjugação do metabólito do fármaco originado na fase I com ácido glicurônico radicais sulfatos acetatos ou aminoácidos Essa conjugação pode ser realizada tanto para aumentar solubilidade do metabólito em água quanto para inativar metabólitos ativos Produtos lácteos Substâncias básicas e lipossolúveis são facilmente excretadas pela glândula mamária devido ao seu pH e ao estroma rico em tecido adiposo Nesse sentido os produtos lácteos de origem animal ingeridos pelos humanos podem conter resíduos de fármacos ou seus metabólitos Ovos Por ser formada a partir de precursores hepáticos gordura proteína e água a gema é o local de maior concentração de metabólitos e assim como o leite pode conter resíduos perigosos para a alimentação humana A depuração também conhecida como clearance pode ser compreendida como o volume de plasma totalmente livre do fármaco em um determinado período ou seja expressa a capacidade de o organismo remover o fármaco do plasma sanguíneo o que pode variar de acordo com A função renal A função hepática A atividade enzimática do paciente Considerações gerais sobre a farmacocinética Neste vídeo falaremos sobre as etapas que envolvem a metabolização dos fármacos no organismo Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo Farmacodinâmica É o campo de estudo da farmacologia que busca compreender os mecanismos responsáveis pelos efeitos dos fármacos no organismo Interação com alvos moleculares A farmacodinâmica está diretamente relacionada aos alvos moleculares dos fármacos no organismo que podem ser receptores celulares enzimas ou proteínas carreadoras Veremos cada um deles a seguir Receptores celulares São macromoléculas com as quais os fármacos estabelecem uma ligação para desencadear uma ação Podem estar localizados na membrana celular sendo conhecidos como receptores de membrana ou no citoplasma celular sendo conhecidos como receptores intracelulares Veja Receptor de membrana Ao se ligar a um receptor de membrana um fármaco pode estimular o receptor e aumentar a resposta celular fármacos agonistas ou pode bloquear o receptor e diminuir a resposta celular fármacos antagonistas Receptor intracelular Ao se ligar a um receptor intracelular um fármaco é capaz de modular a expressão gênica Isso significa que ele pode inibir ou ativar a transcrição de genes específicos alterando a síntese de proteínas e portanto produzindo efeitos biológicos Essas ligações entre os fármacos e seus receptores celulares podem ser de diversos tipos Dentre elas destacamse as covalentes que são muito difíceis de serem desfeitas e às vezes são irreversíveis Esse é o caso de alguns venenos como os agrotóxicos à base de organofosforados Existem diferentes tipos de receptores celulares cada um com seu próprio mecanismo de ação diretamente relacionado ao tempo de ação Alguns exemplos desses receptores são Receptores ionotrópicos ligados a canais iônicos Receptores metabotrópicos ligados à proteína G Receptores ligados à quinase Receptores nucleares Como podemos observar na imagem a seguir Enzimas São proteínas catalisadoras que estão envolvidas em várias reações metabólicas Ao interagir com uma enzima o fármaco pode ativar ou inibir a atividade enzimática interferindo nos processos metabólicos do organismo Essas interações podem ter consequências significativas Exemplo Os metabólitos produzidos pela ação de enzimas podem ter efeitos diferentes dos compostos originais levando a reações adversas Além disso um fármaco pode modular a ação de enzima aumentando ou diminuindo sua atividade e interferindo na metabolização de outros fármacos Outra possibilidade de interação medicamentosa é quando mais de um fármaco é metabolizado pela mesma enzima Proteínas transportadoras Os fármacos também podem atuar sobre proteínas transportadoras impedindo que elas se liguem às moléculas que deveriam ser transportadas para as células Atenção A interação de um fármaco com alvos moleculares explica os efeitos colaterais e as reações adversas pois ele pode se ligar com alvos não intencionais Relação doseresposta Essa relação descreve a associação entre a dose administrada do fármaco e a magnitude de seu efeito no organismo Nesse sentido quanto maior for a dose administrada de um medicamento maior será seu efeito No entanto isso é verdadeiro até certo ponto pois o fármaco pode alcançar um limite no qual não há aumento da resposta do organismo a ele De uma maneira geral a resposta ao fármaco é diretamente proporcional ao número de alvos celulares com os quais ele interage e seu efeito máximo ocorre quando todos esses alvos são ocupados por ele Desse modo a interação entre fármaco e alvo molecular depende tanto da concentração do fármaco quanto da quantidade de alvos disponíveis e é isso que determina a eficácia e a potência de um fármaco Eficácia Está diretamente relacionada à capacidade dele de se ligar aos seus alvos moleculares específicos e consequentemente de produzir os efeitos terapêuticos desejados Porém às vezes juntamente com uma grande eficácia vem efeitos colaterais que fazem com que o medicamento mais eficaz não seja o mais indicado Potência Está relacionada à quantidade necessária desse fármaco para produzir um determinado efeito Conhecer a potência de um fármaco possibilita estabelecer sua concentração e dose adequadas pois quanto maior a potência menores devem ser a concentração e a dose e viceversa Veja agora os dois gráficos a seguir É importante levar em consideração que indivíduos diferentes podem apresentar respostas diferentes a um mesmo fármaco Nesse sentido os estudos farmacodinâmicos levam em conta alguns parâmetros para estabelecer a relação entre a dose do fármaco e seus efeitos Concentração do fármaco que induz metade do efeito máximo CE50 Concentração necessária para causar 50 do efeito máximo de um fármaco Dose efetiva 50 DE50 Dose que produz efeitos desejados em 50 dos indivíduos tratados Dose tóxica 50 DT50 Dose que produz efeitos tóxicos em 50 dos indivíduos tratados Dose letal 50 DL50 Dose capaz de matar 50 dos indivíduos expostos ao fármaco Serve para estabelecer a margem de segurança de determinado fármaco Tendo em vista as diferentes respostas individuais aos medicamentos é possível classificar o indivíduo como Hiperreativo Referese ao indivíduo que para expressar os efeitos de um fármaco necessita de doses menores do que as utilizadas em média pela população Hiporreativo Referese ao indivíduo que para expressar os efeitos de um fármaco necessita de doses maiores do que as utilizadas em média pela população A tolerância a um medicamento pode ser considerada uma forma de hiporreatividade estimulada pela exposição longa a um fármaco Ela acontece quando o fármaco promove alterações no organismo animal que fazem com que sejam necessárias doses cada vez maiores para que seu efeito seja expresso Tratase de um problema comumente enfrentado em tratamentos de doenças crônicas por exemplo A dessensibilização ou taquifilaxia se difere da tolerância porque pode ocorrer alguns minutos após a administração do medicamento Os mecanismos que levam a tolerância ou a taquifilaxia podem envolver a perda diminuição ou alteração de função dos alvos moleculares o consumo maior ou mais rápido de mediadores químicos e a indução de uma maior biotransformação do fármaco Além dessas reações de hiper ou hiporreatividade alguns indivíduos apresentam idiossincrasias que são os efeitos inesperados e que não ocorrem na maior parte dos indivíduos da população Interação entre fármacos Em algumas situações clínicas pode ser necessário administrar mais de um medicamento a um mesmo paciente Contudo devemos estar atentos aos mecanismos de interação entre os fármacos pois eles podem aumentar ou diminuir os efeitos de um ou mais medicamentos envolvidos Na interação entre fármacos podemos identificar dois tipos de efeitos Sinergismo É o tipo de interação em que os fármacos interagem produzindo um efeito na mesma direção Esse efeito pode ocorrer por Adição Quando o efeito conjunto dos fármacos representa a soma dos efeitos individuais de cada um deles Potenciação Quando o efeito conjunto é superior à soma dos efeitos individuais Antagonismo É o tipo de interação em que os fármacos interagem produzindo efeitos em direções contrárias o que pode causar a diminuição ou a anulação dos efeitos individuais Levando em consideração os alvos moleculares os processos farmacocinéticos ou as interações químicas envolvidas na interação medicamentosa o antagonismo pode ser classificado como Antagonismo farmacológico Ocorre quando há interação entre os fármacos e os alvos moleculares Essa forma de antagonismo pode ser classificada em duas categorias Competitivo os fármacos competem pelo mesmo alvo molecular Essa forma de antagonismo pode ocorrer de forma parcial ou total além de caracterizarse como reversível ou irreversível Não competitivo um fármaco promove uma ação que interfere na ação desencadeada pela ligação de outro fármaco ao seu alvo molecular Por exemplo bloqueadores de canais de cálcio impedem que haja contração muscular mesmo com a acetilcolina ligada ao seu receptor Antagonismo não farmacológico Referese a interações entre medicamentos que ocorrem por meio de processos farmacocinéticos interação química ou efeitos contrários apresentados pelos medicamentos Esse tipo de interação dividese em antagonismo Disposicional ocorre quando um fármaco reduz a concentração plasmática de outro por atuar em algum mecanismo farmacocinético como na sua velocidade de absorção no seu tempo de biotransformação ou na velocidade de sua excreção Funcional ocorre quando os fármacos produzem efeitos opostos derivados de sua ligação com alvo moleculares diferentes Antidotismo ocorre quando os dois fármacos reagem quimicamente entre si modificando seus efeitos individuais Considerações gerais sobre a farmacodinâmica Agora assista ao vídeo que explica a relação entre a dose do fármaco e a resposta orgânica com base no mecanismo de ação dos fármacos Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo Verificando o aprendizado Questão 1 A farmacocinética é a área da farmacologia responsável por estudar o movimento de um determinado fármaco em um organismo vivo Nesse contexto qual das alternativas descreve corretamente o conceito de meiavida de eliminação de um medicamento A O tempo necessário para que metade da dose administrada seja metabolizada no fígado B O tempo necessário para que o medicamento atinja sua concentração máxima no sangue C O tempo necessário para que o medicamento seja absorvido pelo trato gastrointestinal D O tempo necessário para que o medicamento seja excretado completamente pelos rins E O tempo necessário para que a concentração do medicamento no organismo seja reduzida à metade A alternativa E está correta A meiavida corresponde ao tempo necessário para que a concentração de fármaco no plasma seja reduzida pela metade Questão 2 A farmacodinâmica é a área da farmacologia que estuda o mecanismo de ação dos fármacos no organismo Dessa forma qual dos seguintes mecanismos descreve corretamente a farmacodinâmica de um medicamento A A forma como o medicamento é absorvido pelo organismo B A velocidade de metabolização do medicamento no fígado C A interação do medicamento com os receptores no organismo D A taxa de excreção do medicamento pelos rins E O processo de distribuição do medicamento nos tecidos do corpo A alternativa C está correta A farmacodinâmica visa compreender os mecanismos de interação dos fármacos com alvos moleculares receptores e enzimas o que desencadeia uma série de eventos bioquímicos relacionados com a ação do fármaco no organismo 4 Prescrição de fármacos Aspectos gerais da prescrição A prescrição ou receita médica deve ser manuscrita ou impressa desde que seja legível e que transmita de modo claro as instruções ao tutor para que ele possa administrar corretamente o medicamento ao paciente sob sua guarda Uma vez emitidas as receitas médicas têm validade de até trinta dias exceto para anti infecciosos de modo geral O médicoveterinário se torna legalmente responsável pelo que constar na prescrição Portanto a prescrição médica é um documento que deve conter um ou mais medicamentos adequados ao estado de saúde do paciente indicando a posologia dose e frequência de administração de determinado medicamento adequada à espécie à raça e ao peso do paciente A prescrição médica deve incluir apenas a prescrição medicamentosa ou seja a indicação de medicamentos a serem administrados mas também a prescrição higiênica que descreve os demais cuidados necessários com o paciente como dieta e repouso por exemplo Na prescrição medicamentosa podem ser indicados Medicamentos farmacopeicos Listados na Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais Rename e pela Organização Mundial da Saúde OMS Medicamentos magistrais Produzidos em farmácias de manipulação Especialidades farmacêuticas Fabricadas pela indústria farmacêutica Independentemente do tipo de medicamento ele deve constar na Farmacopeia Brasileira que é o documento que estabelece seus requisitos de qualidade Agora vamos conhecer os componentes do receituário Componentes do receituário O receituário deve ser branco e apresentar formato retangular 14 cm 20 cm contendo obrigatoriamente Cabeçalho Devem constar O nome completo e a categoria do profissional médicoveterinário A especialidade quando houver O número de inscrição no Conselho Regional de Medicina Veterinária CRMV O endereço profissional completo Superscrição É o espaço logo abaixo do cabeçalho no qual deve ser realizada a identificação do paciente incluindo Espécie Raça Nome Idade Sexo Também deve constar nessa seção Nome completo do tutor Endereço do tutor Inscrição É o local no qual se define o modo de administração do medicamento uso interno ou externo que deve ser sublinhado ou em negrito e se difere em Uso interno utilizase esse termo para medicamentos administrados por via enteral Uso externo utilizase esse termo para medicamentos tópicos e parenterais Logo abaixo da inscrição deve constar a indicação do medicamento que corresponde à Descrição da via de administração Frequência Dose Duração do tratamento A dose do medicamento deve ser expressa em números arábicos utilizando gramas g para sólidos e mililitros mL para líquidos Subscrição É um item obrigatório apenas em casos de prescrição de medicamentos magistrais Os medicamentos magistrais são fármacos personalizados que são preparados sob medida em farmácias de manipulação de acordo com a prescrição médica Nesse espaço devem ser descritos ao Forma farmacêutica Quantidade Modo de apresentação frasco drágea cápsula comprimido ou outro Assinatura O médicoveterinário deve indicar Local Data Carimbo profissional É importante ressaltar que não devem ser utilizadas no receituário abreviaturas que dificultem o entendimento da prescrição por parte do tutor Agora veja um modelo de receituário e seus componentes Itens obrigatórios do receituário Você conhece os componentes de um receituário Neste vídeo veremos os itens obrigatórios de uma prescrição médica Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo Legislação aplicada à prescrição A legislação aplicada à prescrição de medicamentos é estabelecida pela Anvisa no caso de medicamentos de uso humano e pelo Mapa no caso de medicamentos de uso em outros animais Legislações da Anvisa As substâncias de uso humano sujeitas a controle especial são reguladas pela Portaria Anvisa nº 344 de 12 de maio de 1998 que classificou essas substâncias em diferentes listas A B C D E e F A partir de então esse órgão atualiza essas listas por meio da publicação de Resolução da Diretoria Colegiada RDC incluindo ou excluindo substâncias e medicamentos Vamos conhecer essas listas Lista A As substâncias entorpecentes são classificadas na lista A1 as substâncias entorpecentes de uso permitido em concentrações especiais encontramse na lista A2 e as psicotrópicas estão na A3 Os medicamentos que pertencem a essas listas devem ser identificados com uma tarja preta em sua embalagem e conter o aviso Venda sob prescrição médica Atenção pode causar dependência física ou psíquica O receituário para esses medicamentos é amarelo e deve ser requisitado pelo profissional à autoridade sanitária local Além disso deve indicar quantidade de medicamento suficiente para um tratamento de no máximo 30 dias e deve ser impresso em duas vias para que uma seja retida no local de venda Lista B Inclui as substâncias psicotrópicas B1 e psicotrópicas anorexígenas B2 que também devem receber tarja preta em sua embalagem além do aviso Venda sob prescrição médica O abuso deste medicamento pode causar dependência O receituário para esses medicamentos é azul e deve ser acompanhado do Termo de Responsabilidade do Prescritor É impresso pelo próprio profissional desde que siga a numeração fornecida pela autoridade sanitária local como podemos observar na imagem a seguir A indicação não deve ultrapassar 30 B2 ou 60 B1 dias de duração e a prescrição deve ser impressa em duas vias para que uma seja retida no local de venda Lista C A subdivisão C1 contém outras substâncias sujeitas a controle especial como neurolépticos anticonvulsivantes antidepressivos antiinflamatórios inibidores seletivos da ciclooxigenase 2 entre outros que devem ser prescritas em receituário branco e impresso pelo próprio profissional devendo ser emitidas duas vias como podemos ver na imagem A subdivisão C2 inclui as substâncias retinoicas para uso sistêmico a C3 as imunossupressoras a C4 as antirretrovirais e a C5 as anabolizantes Lista D Inclui a lista D1 que contém as substâncias precursoras de entorpecentes eou psicotrópicos Lista E Contém as plantas que podem originar substâncias entorpecentes eou psicotrópicas Lista F Inclui substâncias de uso banido no Brasil Assim chegamos a um questionamento Quanto aos medicamentos antiinfecciosos não há controle sobre a prescrição e venda deles Há sim mas esses medicamentos são regulados por uma norma específica RDC Anvisa nº 20 de 5 de maio de 2011 que estabelece que sua prescrição pode ser realizada em receituário comum desde que em duas vias e que uma delas seja retida no local de venda Esse tipo de prescrição tem validade de 10 dias e quantidade suficiente para tratamento de no máximo 30 dias Legislações do Mapa As substâncias de uso veterinário sujeitas a controle especial são reguladas pela Instrução Normativa SDA Mapa nº 25 de 8 de novembro de 2012 que as inclui em diferentes listas A B C e D A lista A e B do Mapa é similar às listas A e B da Anvisa mas o aviso na tarja preta deve ser Venda sob prescrição do médicoveterinário com retenção obrigatória da notificação de receita Além disso na bula deve constar o aviso Atenção o uso pelo homem pode causar graves riscos à saúde A aquisição dos medicamentos das duas listas deve ser realizada com receituário veterinário A amarelo e B azul que são impressos pelo Mapa com numeração sequencial e em três vias Uma via é retida no local de compra uma entregue ao tutor e outra permanece com médicoveterinário emitente Nesses casos é permitida a indicação de quantidade suficiente para até 30 dias de tratamento O mesmo procedimento se aplica aos medicamentos da lista C os quais devem apresentar na embalagem faixa vermelha horizontal com o aviso Venda sob prescrição do médicoveterinário com retenção obrigatória da notificação de receita Além disso a bula dos medicamentos da lista C2 deve repetir esse aviso e incluir Atenção uso proibido em animais prenhes A mulher grávida não pode entrar em contato pois a substância pode causar graves defeitos no feto No caso dos medicamentos das listas C1 C4 e C5 a bula deve incluir Atenção o uso pelo homem pode causar graves riscos à saúde A aquisição desses medicamentos deve ser feita com receituário veterinário C2 branco ou Notificação de Receita Veterinária branco ambos impressos pelo profissional com numeração fornecida pelo Mapa devendo ser emitido também em três vias Os antiinfecciosos de uso veterinário não estão submetidos ao controle e regulação pelo Mapa e assim como as substâncias da lista D1 podem ser vendidos sob prescrição de médicoveterinário porém sem retenção de receita Contudo a preocupação com potenciais resíduos que tais substâncias podem deixar em alimentos de origem animal o que pode afetar a saúde humana levou a publicação da Instrução Normativa Mapa nº 26 de 9 de julho de 2009 que estabelece critérios para a fabricação o controle de qualidade a comercialização e o emprego de produtos antimicrobianos de uso veterinário Receituário de controle especial Neste vídeo falaremos sobre as principais normas para prescrição e aquisição de substâncias controladas publicadas pelo Mapa e pela Anvisa Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo Verificando o aprendizado Questão 1 A receita médica é um documento no qual consta a prescrição do tratamento a ser destinado a cada paciente e portanto deve ser clara e seguir alguns regulamentos É um campo obrigatório da prescrição médica de todos os tipos de medicamentos A Cabeçalho com o histórico de doenças do animal B Superscrição com o nome do médicoveterinário C Subscrição D Indicação da cor da pelagem do animal E Inscrição A alternativa E está correta A subscrição é um item obrigatório apenas em casos de prescrição de medicamentos magistrais Os itens obrigatórios para qualquer tipo de prescrição são o cabeçalho a superscrição a inscrição a indicação e a assinatura O cabeçalho não deve incluir o histórico de doenças do animal mas a identificação do médico veterinário Na indicação é fundamental que o médicoveterinário descreva a posologia e não a cor da pelagem do animal Questão 2 Algumas substâncias que têm ação no sistema nervoso central e são capazes de causar dependência física ou psíquica estão submetidas a um controle especial pelos órgãos regulatórios Assim podese afirmar que A a Anvisa é o órgão responsável por controlar toda substância com essa característica B as substâncias de uso veterinário mesmo que apresentem essa característica não estão sujeitas a controle C os receituários especiais sempre devem ser emitidos em duas vias independentemente da substância controlada D o Mapa é responsável pelo controle dessas substâncias em caso de uso veterinário e a Anvisa é responsável em caso de uso humano E médicos e médicosveterinários utilizam os mesmos receituários de controle especial para substâncias controladas A alternativa D está correta A Anvisa é o órgão responsável por controlar substâncias que têm ação no sistema nervoso central e são capazes de causar dependência física ou psíquica apenas quando destinadas a uso humano Já o Mapa estabelece esse mesmo controle para aquelas de uso veterinário Em ambos os casos essas substâncias são separadas em listas cada uma com um tipo específico de controle e de receituário O receituário deve ser emitido em duas ou três vias a depender da lista na qual a substância prescrita está incluída Apesar de bastante parecidos os receituários médicos e os receituários médicoveterinários são diferentes por serem emitidos e regulados por órgãos controladores distintos 5 Conclusão Considerações finais Para fornecer uma terapia adequada e eficaz é essencial que os médicosveterinários compreendam as vias de administração de fármacos bem como os conceitos de farmacocinética e farmacodinâmica Ao compreender as vias de administração de fármacos o médicoveterinário pode escolher a opção mais apropriada para cada situação clínica Por exemplo em casos de emergência é necessária uma ação farmacológica rápida devendose preferir a via parenteral intravascular Já em casos de alergias analgesias e antibioticoterapias por exemplo é necessário um efeito prolongado devendose preferir a via enteral oral A escolha da via correta também pode minimizar o desconforto ou o estresse do animal durante a administração do medicamento Como há diferenças no processo de metabolização de fármacos entre as espécies animais influenciadas principalmente pelo metabolismo hepático pela taxa de filtração renal e pela composição corporal é importante conhecer os processos farmacocinéticos para que seja possível determinar a dose e a frequência de administração de um fármaco a fim de que as concentrações terapêuticas adequadas sejam alcançadas e mantidas Neste estudo vimos que a farmacocinética permite avaliar possíveis interações medicamentosas já que alguns medicamentos podem afetar o metabolismo ou a eliminação de outros alterando sua eficácia ou segurança Do mesmo modo o conhecimento acerca dos mecanismos pelos quais os fármacos interagem com seus alvos e produzem seus efeitos é fundamental para identificar os medicamentos mais adequados para cada caso além de prever potenciais efeitos colaterais e reações adversas associados ao medicamento Portanto conhecimentos farmacológicos são imprescindíveis para a prática profissional pois permitem a seleção adequada das vias de administração dos medicamentos a determinação correta das doses a previsão de interações medicamentosas a escolha dos medicamentos mais eficazes para cada caso e a previsão da formação de resíduos em alimentos de origem animal Com isso o médicoveterinário pode fornecer um tratamento seguro e eficaz promovendo a saúde e o bem estar tanto dos animais não humanos como também dos humanos que se alimentam deles Podcast Neste podcast exporemos e explicaremos as principais áreas de aplicação da farmacologia na prática médicoveterinária Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ouvir o áudio Explore Veja como Cintia Ferreira Antunes de Oliveira e colaboradores caracterizam as diferentes vias de administração usadas na Medicina Veterinária felina no artigo Principais fármacos e vias de administração utilizados em felinos publicado em 2021 na revista Pubvet Na página da internet da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa você poderá consultar a versão atualizada da Farmacopeia Brasileira para conhecer os requisitos mínimos de qualidade para insumos farmacêuticos medicamentos e produtos para a saúde Para saber mais sobre a importância de uma prescrição adequada confira como Marcelo Rodrigues Martins e colaboradores abordam o tema no artigo Avaliação da farmacoterapia no âmbito hospitalar veterinário como ferramenta de promoção na segurança do paciente publicado em 2021 na Revista Colombiana de Ciências QuímicoFarmacêuticas Consulte também a ficha de diversos medicamentos de uso veterinário no Guia Farmacoterapêutico do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás publicado em 2020 pela Brazil Publishing Referências ANDRADE S F Manual de terapêutica veterinária consulta rápida Rio de Janeiro Roca 2017 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA Anvisa Portaria nº 344 de 12 de maio de 1998 que aprova o regulamento técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial Diário Oficial da União Brasília DF 1998 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA Anvisa RDC nº 20 de 5 de maio de 2011 que dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos de uso sob prescrição isoladas ou em associação Brasília DF 2011 BRASIL DecretoLei nº 467 de 13 de fevereiro de 1969 que dispõe sobre a fiscalização de produtos de uso veterinário dos estabelecimentos que os fabriquem e dá outras providências Diário Oficial da União Brasília DF 1969 BRUTON L L HILALDANDAN R As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman e Gilman Porto Alegre Artmed 2018 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Mapa Instrução Normativa nº 25 de 8 de novembro de 2012 que estabelece os procedimentos para a comercialização das substâncias sujeitas a controle especial quando destinadas ao uso veterinário e dos produtos de uso veterinário que as contenham Diário Oficial da União Brasília DF 2012 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Mapa Instrução Normativa nº 26 de 9 de julho de 2009 que aprova o regulamento técnico para a fabricação o controle de qualidade a comercialização e o emprego de produtos antimicrobianos de uso veterinário Diário Oficial da União Brasília DF 2009 MERCK Manual Merck de Veterinária 10 ed Rio de Janeiro Roca 2017 SPINOSA H de S GÓRNIAK S L BERNARDI M M Farmacologia aplicada à medicina veterinária 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2017 RIVIERI J E PAPICH M G Adams Booth Farmacologia e terapêutica veterinária 10 ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2021 WHALEN K FINKELL R PANAVELIL T A Farmacologia Ilustrada Porto Alegre Artmed 2016