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Medicina Veterinária ·
Fisiologia Animal
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Texto de pré-visualização
DESCRIÇÃO Métodos e características da criação comercial de mamíferos silvestres e exóticos PROPÓSITO Conhecer as técnicas de manejo e as principais espécies e os principais pontos necessários para iniciar uma criação de animais silvestres ou exóticos em cativeiro algo importante para uma atuação profissional efetiva e eficiente OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer as principais espécies de mamíferos silvestres e exóticos criados comercialmente no Brasil MÓDULO 2 Descrever os métodos de criação e manejo de animais silvestres e exóticos em cativeiro MÓDULO 3 Identificar os principais pontos legais a serem seguidos para a instalação de um criadouro de animais silvestres ou exóticos INTRODUÇÃO No Brasil os animais silvestres e exóticos são criados tanto para fins de consumo quanto para se tornarem animais de companhia A criação comercial desses animais em estabelecimentos apropriados contribui para evitar a caça e a captura exploratória deles na natureza além de poder até mesmo colaborar para a introdução de exemplares de espécies sob risco e ameaça Neste tema vamos aprender sobre a criação comercial de animais silvestres e exóticos quais são as espécies mais criadas comercialmente no país as noções básicas de manejo e as instalações necessárias para o início dessas criações além das leis que regulamentam essa atividade e sua importância econômica e ambiental MÓDULO 1 Reconhecer as principais espécies de mamíferos silvestres e exóticos criados comercialmente no Brasil IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E AMBIENTAL DA PRODUÇÃO DE MAMÍFEROS SILVESTRES E EXÓTICOS A competência da produção animal brasileira é mundialmente reconhecida e a agropecuária nacional gera cerca de 230 bilhões de reais ao ano com a produção de caprinos bovinos suínos ovinos bubalinos e aves Essa produção vem crescendo ano a ano e há muito tempo já se consolidou como um dos principais setores econômicos do país No entanto uma área menos conhecida da produção animal brasileira vem crescendo bastante na última década e já movimenta cerca de 40 milhões de reais por ano a criação comercial de animais silvestres e exóticos A criação de animais silvestres e exóticos no Brasil tem basicamente duas finalidades o abate para o consumo da carne e a utilização dos animais como pet sendo a segunda responsável por 90 do valor total gerado por essa atividade econômica Se comparado ao mercado pet tradicional que movimenta cerca de 34 bilhões de reais ao ano o de pets silvestres e exóticos ainda é pequeno e movimenta cerca de 35 milhões de reais ao ano No entanto esse mercado tem crescido constantemente e atrai cada vez mais clientes e criadores Podemos separar a criação de animais silvestres e exóticos em três tipos CRIAÇÃO COM FINS COMERCIAIS Os animais são criados e reproduzidos para abastecer o mercado CRIAÇÃO CONSERVACIONISTA E FIÉIS DEPOSITÁRIOS São pessoas autorizadas pelos órgãos ambientais a receber e criar animais silvestres CRIADORES AMADORES São pessoas comuns que compram animais silvestres legais e os criam em casa Neste tema aprenderemos exclusivamente sobre a criação comercial de mamíferos silvestres e exóticos Dessa forma para nos situarmos melhor sobre o assunto que vamos aprender é fundamental que tenhamos em mente a diferença entre animal silvestre exótico doméstico e espécie invasora ANIMAL SILVESTRE Animais de espécies nativas que têm todo ou parte do ciclo de vida ocorrendo em território brasileiro ou em suas águas jurisdicionais O loboguará Chrysocyon brachyurus é uma espécie silvestre ANIMAL EXÓTICO Animais de espécies que não são nativas e não têm nenhuma parte do ciclo de vida natural no Brasil O ferret Mustela putorius furo é uma espécie exótica proveniente da Europa ANIMAL DOMÉSTICO Animais que através de processos tradicionais e sistematizados de manejo eou melhoramento zootécnico tornaramse domésticos apresentando características biológicas e comportamentais em estreita dependência do homem podendo ter fenótipo variável diferentemente da espécie silvestre que os originou Canis lúpus familiaris Cachorros são animais domésticos ESPÉCIE INVASORA São espécies que não são nativas do local onde estão ocorrendo e que se proliferam de maneira descontrolada ameaçando o equilíbrio de um ecossistema A lebreeuropeia Lepus europaeus é uma espécie invasora que se espalhou por vários estados do Brasil TRÁFICO DE ANIMAIS Provavelmente você já viu algum vídeo ou foto de um influenciador digital com um animal exótico ou silvestre A maioria das pessoas ama cães e gatos mas o que as deixa fascinadas é verem algo diferente do que estão acostumadas e nada pode ser mais peculiar do que tratar um animal selvagem como pet Seja um leão sendo abraçado e acariciado um sagui andando no ombro do tutor ou um lórislento comendo bolinhos de arroz não importa Esse tipo de demonstração transmite uma sensação de exclusividade muito grande para quem faz e causa um desejo de mesma intensidade em quem observa Assim impulsionados por vídeos e fotos postados em redes sociais o comércio de animais silvestres e exóticos cresceu no mundo todo inclusive no Brasil seja como fornecedor seja como comprador No entanto não podemos discutir o comércio de animais silvestres e exóticos sem falar primeiro do maior problema relacionado a isso o comércio ilegal e o tráfico de animais Atualmente o tráfico de animais silvestres e exóticos é a segunda atividade ilegal mais lucrativa do mundo só perdendo para o tráfico de drogas São movimentados cerca de R 39 bilhões ao ano com a venda de animais silvestres e exóticos seja para consumo seja para uso como pet O Brasil não é somente origem de muitos desses animais mas também é destino Segundo um levantamento feito em 2020 pela IUCN União Internacional para Conservação da Natureza 38 milhões de animais são tirados anualmente das florestas brasileiras para serem vendidos no mercado nacional ou internacional Os principais destinos desses animais além do mercado interno são os EUA a Europa China e o Oriente Médio Apesar do grande número de animais traficados estimase que para cada animal entregue vivo a um comprador nove morreram no processo de captura e transporte O tráfico de animais silvestres e exóticos é a segunda atividade ilegal mais lucrativa do mundo só perdendo para o tráfico de drogas Quase todo mundo conhece alguém que tem um curió ou um coleiro na gaiola em casa ou já viu alguém que cria um micoestrela A prática de manter animais silvestres como pet é cultural e dificilmente mudará a curto e médio prazos Por isso desde 1967 existem leis nacionais que regulamentam a criação e a venda de animais silvestres que visam diminuir o tráfico e ofertar no varejo animais legalizados COMENTÁRIO No entanto animais reproduzidos em cativeiro podem custar dez vezes mais que um animal traficado Além disso muitos criadores amadores servem como esquentadores de espécimes recebendo os animais de traficantes e declarando o nascimento desses animais em seus criadouros em esquemas que movimentam milhões de reais Em uma investigação conduzida pelo IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis em 2015 os fiscais descobriram que cerca de 75 das aves mantidas por criadores legais declaradas como nascidas nesses criadouros eram provenientes do tráfico Ainda assim os criadouros comerciais e conservacionistas são importantes para a manutenção de espécies pois além de concorrerem com o tráfico diminuindo seus ganhos garantem a existência de espécies que podem estar ameaçadas na natureza Já o mercado brasileiro de animais exóticos representa 23 do mercado legal de animais de estimação do país A cada quatro animais vendidos como animal de estimação um é exótico Além disso se considerarmos as 20 espécies com mais vendas declaradas no Brasil 40 são exóticas O motivo disso é que é mais fácil adquirir legalmente um animal exótico que um animal silvestre Muitos dos animais exóticos vendidos no Brasil são criados em larga escala em outros países como é o caso da chinchila e do ferret Apesar do crescimento do número de criadouros particulares ao longo dos anos a oferta e o acesso a animais legais em relação a de animais traficados ainda é muito restrita e o valor muito alto A mudança desse panorama não passa somente pela popularização da criação comercial de animais silvestres e exóticos no país mas também pelo aumento da fiscalização e o combate ao tráfico e à venda ilegal de animais ESPÉCIES INVASORAS Outro problema ocasionado pela criação e pelo comércio de espécies silvestres ou exóticas é a introdução de espécies potencialmente invasoras No Brasil há diversos casos de espécies exóticas invasoras Entre os mamíferos as mais conhecidas e problemáticas são a lebre europeia e o javali que foram introduzidos por pecuaristas no país Os animais que escaparam se reproduziram e se espalharam rapidamente competindo com espécies nativas e causando prejuízos às lavouras nacionais Segundo Grigera e Rapoport 1983 a lebreeuropeia foi introduzida em 1888 na Argentina e em 1896 no Chile A partir daí os indivíduos que escaparam das criações se multiplicaram e se dispersaram para Bolívia Brasil Paraguai Peru e Uruguai de acordo com Cossíos 2004 e De La Sancha et al 2009 Atualmente a espécie é encontrada nos estados de São Paulo Minas Gerais e no sul de Goiás Segundo Reis et al 2006 seu sucesso de expansão geográfica devese a um conjunto de fatores que inclui a sua elevada taxa de reprodução a sua flexibilidade ecológica e a remoção de florestas para dar espaço à agropecuária criando com isso ambientes abertos nos quais a espécie se adapta melhor Compreenda como ocorreu a invasão de javali 1 Já a invasão de javali no país ocorreu no início dos anos 1990 quando houve a dispersão de animais provenientes do Uruguai para o Brasil o que resultou em uma expansão lenta e restrita aos municípios do extremo Sul No entanto o interesse pela produção de javali para corte deu início a um comércio estruturado com matrizes já existentes no país e importações de grandes quantidades de javalis vindos da Europa entre 1997 e 1998 Formouse então um grande estoque da espécie em cativeiro espalhado por alguns estados com trocas e vendas de animais vivos entre produtores 2 3 A maioria dessas criações era ilegal e não obedecia às normas de manejo então animais que fugiram ou foram simplesmente abandonados acabaram se multiplicando em diversos pontos do Brasil Hoje a espécie pode ser encontrada em vida livre em toda a região sul parte do sudeste centroOeste e na Bahia Devido à grande quantidade de problemas e prejuízos causados pelos javalis a criação comercial dessa espécie foi proibida na maior parte do território nacional porém alguns criadores ainda mantêm suas atividades por meio de ações judiciais Como forma de controlar as populações selvagens de javalis do país em 2013 a caça dessa espécie foi regulamentada pelo governo sendo essa a única espécie de animal do Brasil que pode ser caçada sem fins de subsistência 4 A partir do que foi dito até aqui é possível que pensemos que somente as espécies vindas de outros países são invasoras e podem causar problemas mas não é bem assim Espécies silvestres brasileiras que são introduzidas em regiões onde não ocorrem naturalmente podem proliferar de forma descontrolada afetando o ambiente onde foram introduzidas Um caso clássico e facilmente observado são os micoestrela e o saguidetufosbranco Respectivamente provenientes do cerrado e da caatinga essas espécies foram trazidas por traficantes para as regiões sudeste e sul onde eram muitas vezes drogadas para parecerem animais dóceis e vendidas como pets em feiras Quando o efeito dos tranquilizantes passava os animais se tornavam altamente agressivos e os donos acabavam soltandoos na mata Livres em um ambiente com muito mais recursos que seus biomas naturais essas espécies obtiveram alto sucesso reprodutivo e se espalharam pela Mata Atlântica onde competem com espécies locais como o micoleãodourado espécie ameaçada de extinção O saguidetufosbranco Callithrix jachus é uma espécie proveniente do nordeste e invasora da região sudeste Outro caso de espécie silvestre invasora é o ratãodobanhado Essa espécie originária do Sul do Brasil foi introduzida em São Paulo no Rio de Janeiro nos EUA e na Europa por criadores que comercializavam sua pele No entanto com a fuga de alguns animais o ratãodobanhado não encontrou dificuldades para se estabelecer e se multiplicou Neste vídeo você conhecerá um pouco sobre o impacto da introdução de mamíferos em diversas partes do mundo PRINCIPAIS ESPÉCIES DE CRIAÇÃO COMERCIAL E SEUS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Podemos dividir as espécies de animais silvestres e exóticos criados comercialmente no Brasil em três grupos de acordo com a finalidade principal do comércio da espécie São eles animais criados para o abate animais criados para pet e animais criados para o uso em laboratórios As espécies exóticas e silvestres mais criadas para abate no Brasil são em sua maioria de grande porte como o cateto Pecari tajacu o queixada Tayassu pecari e a capivara Hydrochoerus hydrochaeris que são espécies silvestres além do javali Sus scrofa que é uma espécie exótica A carne desses animais é muito apreciada em restaurantes de alta gastronomia por possuir baixo teor de gordura se comparada à carne do porco doméstico e justamente por isso possui um preço de mercado superior Espécies de médio e pequeno portes como paca coelhos e chinchila também são muito criadas para abate mas os dois últimos também são bastante comercializados como pets e animais de laboratório A obtenção desses animais para iniciar uma criação depende diretamente da espécie em questão O IBAMA não permite que animais sejam retirados da natureza para que seja iniciada uma criação comercial Então no caso de uma criação comercial de animais silvestres o criador deverá optar por comprar matrizes de algum criador já cadastrado no IBAMA ou solicitar junto ao órgão ambiental uma permissão para receber animais advindos de apreensões resgates ou de estabelecimentos que fecharam que não têm condições de retorno à natureza Esses animais não poderão ser comercializados e serão apenas utilizados como matrizes de reprodução mas seus filhotes poderão ser vendidos Já no caso de animais exóticos o IBAMA normalmente autoriza a importação de um casal de animais por pessoa jurídica salvo em casos específicos No entanto nem todas as espécies podem ser importadas muitas delas precisam receber microchip de identificação antes da venda para o criador local e algumas só podem ser vendidas castradas o que inviabiliza criações amadoras locais como é o caso do ferret Mustela putorius furo Vamos conhecer em seguida algumas das espécies exóticas de criação comercial SUÍNOS Catetos e queixadas são porcos silvestres da família Tayassuidae que ocorrem nas florestas da América Central e do Sul incluindo o Brasil Essas espécies sempre foram alvo de caça devido à quantidade de carne que esses animais disponibilizam e ao fato de o sabor dessa carne ser muito apreciado As primeiras criações legais desses animais começaram na década de 1990 e atualmente atendem basicamente a dois mercados o de matrizes para outros criadores e o de abate para fornecer carne a restaurantes de luxo Já os javalis pertencem à família Suidae e são provenientes da Europa Eles foram introduzidos no Brasil ainda na década de 1960 por criadores de porcos que buscavam um produto com maior lucratividade no mercado CATETO PECARI TAJACU O cateto Pecari tajacu possui uma linha mais clara de pelos ao redor do pescoço Espécie mais comum de porco selvagem das Américas ocorre na América Central e na América do Sul Quando adultos os catetos medem de 75 a 100 cm de comprimento aproximadamente 45 cm de altura e seu peso varia de 25 a 35 kg Possuem a pelagem grossa marromescura com aspecto acinzentado devido à presença de pelos brancos Ao redor do pescoço há uma linha mais clara de pelos com um aspecto de um colar São animais que na natureza vivem em grupos de cerca de 30 animais e têm uma expectativa de vida de cerca de 15 anos mas em cativeiro podem viver até 24 QUEIXADA TAYASSU PECARI O queixada Tayassu pecari possui uma mancha branca embaixo do queixo Os queixadas são animais maiores e mais agressivos que os catetos medem cerca de 1 m de comprimento aproximadamente 55 cm de altura e seu peso varia de 35 a 40 kg Possuem a pelagem grossa preta com uma mancha branca embaixo do queixo Quando se sentem ameaçados eriçam os pelos das costas e batem sem parar os dentes fazendo grande barulho A qualquer sinal de ameaça costumam atacar em bando que podem ser constituídos de mais de 100 animais JAVALI O javali Sus scrofa é uma espécie nativa da Europa que por meio de seleção artificial deu origem ao porco doméstico Os javalis são animais de grandes dimensões os machos podem pesar até 250 kg e as fêmeas até 200 kg Medem entre 140 m e 180 m de comprimento e podem alcançar uma altura de até 110 m Os machos são consideravelmente maiores que as fêmeas além de terem seus dentes caninos maiores Possuem caninos bem desenvolvidos e afiados que se projetam para fora da boca e crescem continuamente Os caninos maxilares são curvados para cima e os mandibulares maiores ainda chegam a ter 12 cm de comprimento de parte exposta Os caninos são usados como forma de ataque e defesa em disputas entre machos ou lutas contra predadores Ao contrário de algumas raças de porcos domésticos os javalis são cobertos por pelagem que nos adultos varia entre o vermelhoescuro e o castanho Os filhotes apresentam cor marromclara com listras negras o que lhes confere uma camuflagem muito eficiente A pelagem dos filhotes é também uma forma eficiente de saber se a prole é proveniente somente de pais javalis ou se houve cruzamento com alguma raça de porco doméstico pois nesse caso os filhotes nascem sem as listras Atualmente não é mais possível importar animais dessa espécie e sua criação comercial é proibida na maior parte do território nacional Embora ainda existam criatórios legais ativos a tendência é que estes encerrem suas atividades com o tempo já que os órgãos ambientais entendem que a espécie é nociva para o meio ambiente e para a agropecuária nacional de forma que se estuda a possibilidade de proibir produtos provenientes da espécie inviabilizando a continuidade dos criadouros remanescentes Roedores e coelhos Alguns dos maiores roedores do mundo estão em nosso país e como sabemos sempre fizeram parte da alimentação das pessoas principalmente através da caça No entanto em tempos mais recentes esses animais começaram a ser criados em cativeiro para abastecer o comércio de carnes e pele tanto do Brasil quanto do exterior O primeiro roedor criado comercialmente no país foi o ratãodobanhado Myocastor coypus devido a sua pele ser muito apreciada para a confecção de roupas Contudo as criações no geral eram ilegais e não obtiveram muito sucesso o que acabou ocasionando a fuga dos animais que eram criados Mais recentemente pecuaristas começaram a se interessar pela criação de outros dois roedores silvestres a paca Cuniculus paca e a capivara Hidrochoeurus hidrochaeris roedores cuja carne tem ótima aceitação em restaurantes de luxo no caso da capivara o couro é dotado de características adequadas para a fabricação de cintos sapatos e luvas O couro da capivara também tem boa demanda para a confecção de acessórios específicos para jogos de golfe e beisebol esportes mais populares no exterior onde o insumo é pago a preços mais atraentes Já os roedores de pequeno porte e os coelhos embora também sejam utilizados na alimentação são muito comercializados como pets e cobaias para estudos científicos em laboratório Esses animais foram domesticados há bastante tempo e foram criadas linhagens que atendem às necessidades científicas e ao gosto dos compradores de pets Roedores para abate Reconhecido como maior roedor do mundo a capivara Hidrochoeurus hidrochaeris mede cerca 130 m de comprimento e 60 cm de altura Em média as fêmeas pesam cerca de 50 kg e os machos cerca de 60 kg No entanto há exemplares que chegam a 100 kg A pelagem é densa de cor avermelhada a marromescuro Com habilidade para nadar e saltar a capivara é mais ativa nas primeiras horas do dia e no fim da tarde marca território e tem o hábito de viver em grupos respeitando posições hierárquicas REVISTA GLOBO RURAL 2013 A capivara Hidrochoeurus hidrochaeris é considerada o maior roedor do mundo A paca Cuniculus paca é o segundo maior roedor brasileiro e tem uma das carnes mais apreciadas entre os animais silvestres A paca Cuniculus paca é o segundo maior e um dos mais comuns roedores das florestas brasileiras Ela é muito caçada devido à ótima fama de sua carne que é conhecida como a mais saborosa entre os animais silvestres A paca possui pelos curtos de tom castanhopardo ao castanhoavermelhado com pintas brancas nas laterais do corpo As orelhas são pequenas e as laterais do focinho são inchadas sendo sua cauda muito curta As faces lateral e inferior do focinho e do ventre são brancas Suas patas são fortes e possuem unhas afiadas as anteriores com quatro dedos e as posteriores com cinco Chegam a 70 cm de comprimento e podem pesar até 10 kg Na natureza são animais de vida solitária e que vivem próximos a locais com água como rios e brejos ESPÉCIES UTILIZADAS EM LABORATÓRIO E COMO PETS As espécies que embora também sejam criadas como pets são principalmente criadas para a utilização em laboratórios de pesquisa são o camundongo Mus musculus e os ratos Rattus rattus e Rattus novergicus Provenientes da Europa e da Ásia essas espécies se espalharam pelo mundo acompanhando a humanidade São animais pequenos de reprodução rápida e que vivem pouco tempo cerca de três anos por isso a preferência por seu uso em experimentos científicos Para isso foram criadas linhagens albinas e homozigóticas que são muito utilizadas em laboratórios Atualmente essas espécies são consideradas animais domésticos invasores Hamster sírio Mesocricetus auratus é um dos roedores mais vendidos como pet no país Outros roedores bem conhecidos são muito comercializados como pets e facilmente encontrados em lojas de animais Ainda que alguns sejam chamados pelo mesmo nome esses roedores são espécies bem distintas mas todos se adaptam muito bem às condições de cativeiro sendo animais muito dóceis e que se reproduzem com facilidade Entre esses podemos citar o gerbil Meriones unguiculatus o hamster cinco espécies da família Cricetidae que teve a importação proibida em 1998 o porquinhodaíndia Cavia porcellus considerado animal doméstico a chinchila três gêneros da família Chinchillidae que somente as reproduzidas em cativeiro podem ser comercializadas e o coelho Oryctolagus cuniculus que não é um roedor mas sim um lagomorfo considerado doméstico sendo amplamente criado em todo o país como pet ou para abate PRIMATAS NÃO HUMANOS Embora seja comum observarmos primatas não humanos em zoológicos e o Brasil tenha uma diversidade bem grande deles a permissão para criação legal desses animais por amadores ou produtores comerciais foi regulamentada apenas em 1998 Atualmente poucas espécies são comercializadas e existem pouquíssimos criadores comerciais no Brasil basicamente devido ao alto custo de manutenção desses animais em cativeiro O macacoprego Sapajus sp é uma das poucas espécies de primatas criados comercialmente As mais comercializadas são o macacoprego Sapajus sp o saguidetufobranco Callithrix jachus e o micoestrela Callithrix penicillata Todas essas espécies são silvestres e vendidas como pets para criadores amadores porém em alguns estados a criação desses animais não é permitida pois podem fugir e se tornar invasores VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Descrever os métodos de criação e manejo de animais silvestres e exóticos em cativeiro INSTALAÇÕES E MANEJO Podemos imaginar que criar animais silvestres não domesticados não é uma tarefa muito simples Os animais não estão acostumados à vida em cativeiro e muitas vezes têm dificuldades de adaptação às instalações Sendo assim para que a criação obtenha sucesso e respeite os princípios do bemestar animal são fundamentais as instalações adaptadas às necessidades de cada espécie e o manejo correto do animal em cativeiro INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS SUÍNOS As instalações para queixadas catetos e javalis são muito semelhantes e a criação pode ser realizada no sistema de semiconfinamento Matrizes reprodutores e animais em engorda normalmente são mantidos em piquetes gramados Como consequência o sabor de sua carne será ainda mais diferenciado em relação à carne de porco o ganho de peso é mais acelerado e os animais terão uma condição de vida mais próxima da que teriam na natureza isto é o conforto que lhes é oferecido vai ser traduzido no bemestar dos animais e consequentemente em melhores índices zootécnicos Além disso as matrizes e os machos reprodutores mantidos em piquetes não apresentam problemas de casco e não estando confinados poderão se exercitar mais não se tornarão obesos terão uma performance reprodutiva melhor e um teor de gordura menor na carne Para a escolha do local onde vai ser instalada a criação o produtor deve preferir um terreno alto seco com boa drenagem de fácil acesso afastado de trânsito e com água abundante pois a criação desses animais consome muita água já que eles bebem mais de 3 litros por dia e necessitam de uma área alagada para se banhar ou chafurdar Além disso o criador deve sempre lembrar que precisará de água para limpeza periódica de corredores e de outras partes das instalações com piso cimentado ATENÇÃO O produtor ainda deve levar em conta a declividade que não deve ser superior a 12 para evitar problemas de erosão do solo a presença de sombra de preferência feita por árvores e o tipo de solo que deve ter boa drenagem mas não pode ser muito arenoso Criação de queixadas No caso dos catetos e queixadas também é comum que criadores espalhem manilhas de cimento no terreno para serem utilizadas como tocas por esses animais Por lei os piquetes de criação desses animais devem possuir duas cercas para evitar a fuga Geralmente os criadores utilizam uma cerca elétrica no interior do recinto e logo depois uma cerca de arame com 15 m de altura e com uma fundação de concreto com 40 cm abaixo do solo que evita que os animais cavem e passem por baixo da cerca ROEDORES E COELHOS Capivara No sistema intensivo de criação de capivaras uma família de animais reprodutores composta por um macho e até oito fêmeas pode ser mantida em uma pequena área cercada de 350 a 400 m2 Essa área deve conter um tanque ou pequeno lago para os animais ficarem e a água fornecida deve ser de boa qualidade sendo o consumo médio em um criatório de aproximadamente 40 litros por animal ao dia A área coberta deve preferencialmente ser formada por árvores mas pode ser improvisado um telhado O cercamento é feito com tela de alambrado sustentada por postes de concreto ou de madeira a cada três metros A tela de alambrado deve ter malha de 25 a 3 polegadas 150 m de altura e feita com arame galvanizado fio 10 ou 12 Na base da tela de alambrado é aconselhável construir uma fundação de concreto rente ao chão na qual a tela é presa o que confere maior durabilidade ao alambrado e dificulta e muito as fugas por baixo da tela Cada piquete deve ter um brete para alimentação com 12 x 6 metros dotado de dois cochos cobertos e um corredor até uma gaiola de contenção Já as criações em sistemas extensivos e semiextensivos ocorrem em locais com muita água normalmente em volta de lagos e lagoas São montados bretes amplos feitos de tela para cada um dos grupos familiares onde é oferecida a suplementação alimentar Os animais têm livre acesso aos bretes para que se acostumem com o local Assim quando é necessário fazer o manejo dos animais é instalada uma porta de passagem de sentido único no brete para que os animais entrem e não consigam sair Assim os animais podem ser apartados e colocados em caixas de transporte seja para o abate verificação de saúde ou manejo Criações de capivaras Hidrochoeurus hidrochaeris necessitam de tanques ou lagos para melhor habituação dos animais Criação de Caititus em cativeiro Albuquerque et al Paca Para a criação de pacas utilizase um galpão de alvenaria com capacidade para abrigar os boxes Estes devem possuir área coberta com piso de concreto Caso seja de interesse do criador pode ser acrescida uma área externa com piso natural Essa área externa pode ser adicionada no sentido de reduzir o estresse das pacas pois possibilita um contato com o substrato natural além de promover maior área de criação aos animais Com essa medida acreditase que o desempenho reprodutivo dos animais seja maior Vale ressaltar que quando essa medida for tomada a atenção deve ser redobrada a fim de evitar as fugas dos animais MÉTODO INTENSIVO O método intensivo considerado o melhor sistema de criação utiliza um galpão dividido em baias de 3 x 4 metros até 5 x 5 metros com piso de concreto mureta de alvenaria de 50 centímetros e tela até a cobertura do recinto SEMIINTENSIVO Há como opção o sistema semiintensivo realizado em piquetes na mata com 100 metros quadrados cada cercados de mourões de madeira tela e arame farpado Abaixo da cerca é feita uma fundação de concreto com 50 centímetros de profundidade a fim de evitar que as pacas fujam cavando buracos Ainda em relação às baias cada uma deverá contar com uma piscina de 1 m² Essa pequena piscina deverá estar incorporada dentro de uma maior que é a principal A piscina menor é necessária para manter a higiene dentro do box já que algumas pacas têm o hábito de preferir defecar apenas quando têm as quatro patas dentro dágua Para que os animais possam caminhar ao redor dessa piscina sem que precisem entrar na água recomendase que ela seja situada a pelo menos 30 cm de cada parede Cada baia deve ter também uma caixaninho com 110 m de comprimento por 70 cm de largura para que os animais se abriguem durante o dia PEQUENOS ROEDORES E COELHOS Pequenos roedores são criados em gaiolas plásticas com tampas de grade Em geral pequenos roedores como ratos camundongos hamsters e gerbis são criados em sistemas de biotério mesmo quando a produção não visa a experimentação científica As instalaçõespadrão utilizadas são salas com portas de fechamento automático e vão inferior que não permita a fuga dos animais As instalações devem ter também um sistema de exaustão mecânica que não deve ter recirculação e deve trocar todo o volume de ar da sala 12 vezes a cada hora É necessária também uma sala específica para a quarentena de animais recémchegados para que não contaminem outros animais da colônia Para a criação são usadas gaiolas plásticas com tampas de grade que ficam empilhadas em estantes dentro de salas As gaiolas são forradas com serragem que deve ser trocada a cada três dias e a água deve ser oferecida através de um bebedouro O número de indivíduos dentro de cada gaiola depende do intuito do criador e da espécie em questão SISTEMAS DE BIOTÉRIO Biotérios são as instalações capazes de produzir e manter espécies animais destinadas a servir como reagentes biológicos em diversos tipos de ensaios controlados para atender as necessidades dos programas de pesquisa ensino produção e controle de qualidade nas áreas biomédicas farmacológicas e biotecnológicas segundo a finalidade de cada Instituição Porquinhosdaíndia em cercado As criações de porquinhosdaíndia coelhos e chinchilas utilizam gaiolas semelhantes 1 O tamanho mínimo da gaiola para abrigar um casal deve ser de 80 x 60 x 40 centímetros Elas devem ser instaladas em áreas protegidas do sol da chuva e do vento e em local fresco uma vez que a exposição prolongada a temperaturas superiores a 30C pode ser fatal para esses animais 2 3 O fundo da gaiola deve ser sólido e forrado com material macio como a serragem para prevenir a ocorrência de lesões nas patas Uma alternativa é mantêlos em um pequeno cercado ou em viveiros feitos de madeira É necessário disponibilizar caixas ou casinhas para os animais se esconderem e cuidarem dos filhotes 4 5 Os porquinhosdaíndia não devem ser criados sozinhos nas gaiolas pois são animais que vivem em grupo mas também não se deve deixar mais do que um macho por gaiola de forma a evitar brigas PRIMATAS NÃO HUMANOS Com boa adaptação em cativeiro o sagui ou o casal de saguis acomodase bem em gaiolas de no mínimo 120 x 060 x 060 metro No entanto o ideal tanto para macacosprego quanto para saguis e micos é a criação em viveiros de ao menos 5m² de área por 25m de altura com uma parte coberta e outra telada para permitir a entrada de luz solar O recinto deve dispor de brinquedos cordas e balanços como forma de enriquecimento ambiental para os animais se manterem em atividade O ninho deve ser do tipo caixa de madeira para esconderijo e dormitório e deve haver uma área de cabeamento para acesso aos animais além de entrada para a bandeja de comida O chão pode ser cimentado e coberto com terra ou grama sintética Recinto padrão para primatas com parte da área coberta e parte aberta para a entrada de luz solar BIOCLIMATOLOGIA A adequação dos animais silvestres e exóticos ao cativeiro é essencial para o sucesso do criadouro e a necessidade de reproduzir condições similares às de vida livre que sejam aceitáveis pelos animais é um dos maiores desafios para o criador A bioclimatologia animal é a ciência que analisa as relações existentes entre os elementos climáticos e a fisiologia animal e auxilia na adaptação dos animais às condições de cativeiro Animais criados há mais tempo tais como coelhos chinchilas porquinhosdaíndia e pequenos roedores adaptamse com facilidade ao cativeiro mesmo em criações intensivas No entanto devemos nos atentar para os problemas inerentes a manter um animal fora de seu ambiente natural e muitas vezes com um clima completamente diferente Para isso devese conhecer muito bem a biologia a ecologia e o comportamento natural do animal a ser criado Isso vale especialmente para animais exóticos provenientes de regiões mais frias e secas e com estações mais marcadas como as chinchilas e os hamsters que sofrem em virtude do calor e da umidade do Brasil e que podem desenvolver doenças de pele ter dificuldade em ganhar peso e gerar problemas como brigas e infanticídio Já os animais silvestres tendem a apresentar problemas mais relacionados à condição do cativeiro em si assim devese tentar imitar o ambiente e a atividade natural desses animais de forma a diminuir seu estresse Isso é especialmente difícil quando lidamos com animais muito dependentes de água como é o caso da capivara Como esse animal costuma passar muito tempo dentro dágua e não parece se adaptar bem a tanques pequenos construídos em piquetes o ideal é a sua criação extensiva em locais abertos com lagos e pastagens Já as pacas que também costumam viver próximo à água adaptamse bem à criação intensiva e se acostumam com tanques artificiais mas precisam de locais para usarem de toca durante o dia pois são animais de atividade noturna ATENÇÃO A falta desses locais afeta diretamente a saúde dos animais que ficam muito estressados não se alimentam direito e brigam entre si 1 CATETOS E QUEIXADAS Os catetos e queixadas são menos exigentes nesse quesito mas se adaptam melhor em recintos tipo piquete que imitam o ambiente natural com áreas de pastagem áreas com cobertura florestal local para os animais se abrigarem e área de terra para chafurdarem Os criadores também costumam espalhar manilhas nos piquetes para que os animais as utilizem como tocas PEQUENOS ROEDORES E COELHOS Os pequenos roedores e coelhos são de trato mais simples e normalmente são criados em gaiolas ou caixas plásticas muitas vezes em grupo porém condições de alta umidade podem ocasionar doenças nos animais e a superpopulação pode gerar brigas que terminam em morte ou infanticídio Roedores também são animais sensíveis à luz logo a iluminação constante os deixa estressados Assim nos momentos de ausência de pessoas uma menor intensidade luminosa deverá ser utilizada no recinto 2 PRIMATAS NÃO HUMANOS Primatas não humanos em cativeiro podem se estressar muito devido à restrição de espaço o que pode acarretar brigas frequentes entre membros do grupo Dessa forma é necessário manter os animais ocupados por meio do enriquecimento ambiental com brinquedos balanços e plantas Também é importante que os animais tenham a opção de ficar no sol para evitar deficiência de vitamina D Neste vídeo você conhecerá um pouco sobre as dificuldades em se domesticar um animal silvestre MANEJO PRODUTIVO NUTRICIONAL E REPRODUTIVO SUÍNOS Apesar de serem espécies agressivas na natureza quando em cativeiro tanto o cateto quanto o queixada se acostumam facilmente com os tratadores e por serem animais sociais que vivem em grupos de dezenas de indivíduos adaptamse facilmente ao manejo nesse novo ambiente Eles podem ser criados em sistema intensivo de baias com um macho para cada três fêmeas ou em sistema semiintensivo de piquetes com um macho para cada sete fêmeas Tanto o cateto quanto o queixada são espécies que se reproduzem o ano todo inclusive em cativeiro podendo gerar de um a quatro filhotes por cria e apresentar estro poucos dias após o parto possibilitando ao criador obter mais de uma ninhada por ano Os filhotes podem acompanhar a mãe no mesmo dia do nascimento e adquirem pelagem de adulto por volta dos 75 dias de vida Os machos são sexualmente ativos a partir de um ano de idade e as fêmeas pouco antes de um ano Os catetos e queixadas são animais onívoros que em cativeiro costumam ser alimentados com ração e vegetais produzidos muitas vezes nas próprias fazendas tais como abóbora milho e frutos Em cativeiro possuem boa taxa de engorda tendo pouca diferença entre o sistema intensivo e o semiintensivo Eles atingem o peso de abate entre 10 e 12 meses e raramente ficam doentes sendo necessária somente a vermifugação periódica que é realizada com vermífugos para suínos MANEJO COM OS JAVALIS O manejo com os javalis não difere muito do apresentado para catetos e queixadas pois também são animais bastante resistentes e onívoros A diferença principal é que javalis precisam ser vacinados para prevenir algumas doenças comuns de criações de porcos tais como a pneumonia enzoótica a doença de Glässer a rinite atrófica a parvovirose a leptospirose e a circovirose além da vermifugação que também é realizada com vermífugo para suínos CATIVEIRO Os javalis são mantidos em cativeiro numa relação de um macho reprodutor para cada 20 fêmeas matrizes O acasalamento se dá por monta natural e a gestação 115 dias é menor que a de catetos 145 dias e queixadas 158 dias sendo também possível a obtenção de duas ninhadas por ano É preciso um controle rigoroso de nascimentos vendas e abates que precisam ser relatados ao órgão ambiental Embora não seja necessária a castração dos animais eles precisam ser identificados por meio de microchips ou brincos ROEDORES Capivara Por ser um animal grande e que depende muito de água a criação em baias e piquetes tem se mostrado uma opção não muito vantajosa para as capivaras que ficam muito estressadas e acabam apresentando problemas de engorda e reprodução sendo os sistemas extensivo e semiextensivo os mais indicados Como o animal é estritamente herbívoro precisa de local amplo para o pastoreio e pode ter a alimentação suplementada com a oferta de outras gramíneas milho e sal Em geral essa alimentação é oferecida dentro de piquetes para onde os animais são atraídos pela oferta de alimento até que se acostumem com o ambiente sendo este o local onde posteriormente serão realizadas as capturas para o manejo GRUPOS FAMILIARES As capivaras vivem em grupos familiares que não se misturam MACHO DOMINANTE Cada grupo possui um macho dominante que é o principal reprodutor e pode ser facilmente reconhecido por apresentar a glândula do focinho muito desenvolvida CÓPULA A cópula dos animais é de difícil observação pois normalmente ocorre dentro dágua NINHADAS Tanto machos quanto fêmeas se tornam férteis a partir de um ano de idade e a gestação pode levar até 150 dias em geral nascem quatro filhotes As fêmeas podem dar à luz duas ninhadas por ano e é comum que elas amamentem também filhotes que não são seus pois o sistema de creche é algo normal nessa espécie sendo importante para o desenvolvimento dos filhotes Assim como ocorre com os suínos é preciso um controle rigoroso de nascimentos vendas e abates que precisam ser relatados ao órgão ambiental e os animais precisam ser identificados por meio de microchips ou brincos PACA Na natureza as pacas são animais noturnos e solitários portanto uma das dificuldades de sua criação em cativeiro é manter muitos animais em grupos pois a ocorrência de brigas entre eles pode ser frequente Dessa forma o ideal é a manutenção dos animais em sistema intensivo com poucos indivíduos por recinto variando de um casal até um macho e quatro fêmeas É comum que eles demarquem o território com urina inclusive o lugar onde se alimentam e que utilizem um local específico para eliminar as fezes GESTAÇÃO Esses animais chegam a viver até 16 anos têm período de gestação de 115 dias com apenas uma cria por vez e duas gestações por ano MATURIDADE SEXUAL As fêmeas atingem a maturidade sexual a partir dos oito meses de vida já os machos iniciam o período de reprodução entre nove e dez meses PROCRIAÇÃO A principal época de procriação da espécie ocorre de março a setembro INFANTICÍDIO O infanticídio é um ato comum entre as pacas por isso recomendase isolar as fêmeas antes do parto até que os filhotes ganhem mais peso e força ISOLAMENTO Se nascerem junto do grupo podem ser atacados pelos demais nas primeiras semanas de vida ATENÇÃO As pacas se alimentam de vegetais diversos mas preferem os frutos Esse é um ponto importante nas criações para abate pois o tipo de alimentação influencia bastante no sabor da carne sendo o mais indicado o animal receber uma dieta rica em frutos como ocorre na natureza A alimentação deve ser oferecida no fim da tarde quando as pacas estão iniciando sua atividade O controle de nascimentos e de vendas é rigoroso e todos os animais devem ser marcados com brincos ou microchip PEQUENOS ROEDORES E COELHOS Em geral roedores de pequeno porte possuem manejos muito semelhantes adaptamse bem a colônias com vários indivíduos alimentamse de sementes e se reproduzem diversas vezes por ano em um curto espaço de tempo Isso facilita muito o manejo em cativeiro e é um dos motivos de serem animais utilizados como cobaias e como pets 1 PEQUENOS ROEDORES A gestação nessas espécies é bem curta em especial para os animais menores como o hamster 22 dias os camundongos 20 dias os ratos 24 dias e os gerbis 24 dias e as fêmeas ficam novamente férteis logo após o parto COELHOS Os coelhos são uma exceção e possuem uma gestação curta de 27 dias 2 3 ANIMAIS MAIORES Alguns animais como porquinhosdaíndia 72 dias e chinchilas 112 têm a gestação mais longa porém ainda assim são capazes de se reproduzir mais de uma vez por ano Nessas espécies o infanticídio pode ser comum quando a densidade populacional da colônia é muito elevada Diminuir a quantidade de animais da colônia ou aumentar o espaço destinado a eles além de apartar os que cometem infanticídio costuma sanar o problema Por serem animais considerados domesticados não há necessidade de manter o órgão ambiental informado sobre quantidade de nascimentos e de vendas nem é necessário marcar os animais Entretanto devese atentar para as regras sanitárias de criação de animais e ter cuidado redobrado com a fuga dessas espécies que se adaptam facilmente ao ambiente e se reproduzem muito rápido PRIMATAS NÃO HUMANOS Dentre todos os animais silvestres e exóticos criados comercialmente no Brasil os primatas não humanos provavelmente são os que apresentam maior dificuldade e investimento O cuidado com a saúde e a alimentação dos animais precisa ser constante e a taxa de natalidade é muito baixa o que faz com que um macacoprego chegue a custar 60 mil reais 1 A criação exige rigoroso manejo sanitário O viveiro deve ser mantido limpo e desinfetado e os animais devem ser vermifugados a cada seis meses 2 3 Somente tratadores devem ter contato com os animais mantendo todas as outras pessoas a uma distância mínima de dois metros do recinto para evitar que doenças humanas sejam transmitidas para eles Micos saguis e macacospregos são animais onívoros e sua alimentação deve ser bem variada e rica em opções como frutas legumes e carnes cozidas além de ovos tenébrios e grilos 4 5 O leite pode ser misturado com um suplemento alimentar para humanos encontrado em supermercados Há ainda disponível em lojas especializadas a ração para macacos 6 7 Durante os primeiros quatro meses de vida devese misturar diariamente 05 mililitro de um calcioterápico no leite ou na água oferecidos aos animais ATENÇÃO Embora sejam animais que costumam viver em grupos os criadouros costumam manter somente um casal por recinto A maturidade sexual dos micos é atingida após dois anos de vida A fêmea leva cinco meses para completar a gestação e em média dá duas crias por ninhada duas vezes ao ano Com dois meses de vida os filhotes podem ser desmamados Já nos macacospregos a gestação é de cerca de 155 dias e a fêmea dá à luz apenas um filhote por gestação A maturidade sexual de machos e fêmeas é alcançada aos cinco anos de idade Em grupo os machos só se reproduzem quando asseguram posições elevadas na hierarquia do bando O controle de nascimentos e de vendas é rigoroso e todos os animais recebem microchip VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Identificar os principais pontos legais a serem seguidos para a instalação de um criadouro de animais silvestres ou exóticos LEGISLAÇÃO APLICADA E BEMESTAR Embora possamos conhecer muitas pessoas que tenham obtido animais silvestres de forma ilegal quem tem interesse em manter animais silvestres ou exóticos precisa seguir regras específicas seja em residências seja em criadouros habilitados Ter uma cobra em casa por exemplo é possível desde que o animal não seja peçonhento Importar serpentes de espécies desconhecidas no país além de ser considerado crime de tráfico de animais silvestres pode fazer com que pessoas sofram acidentes e não haja soro antiofídico capaz de salválas Com os mamíferos o problema é um pouco diferente pois o perigo de os animais fugirem multiplicaremse e causarem prejuízos tanto para a agricultura quanto para o meio ambiente é real o que já ocorreu com as lebres e os javalis no Brasil Além disso há uma preocupação muito grande de que esses animais possam transmitir doenças para os rebanhos nacionais Daí a importância de seguir a legislação e a orientação dos órgãos ambientais O IBAMA por meio da Instrução Normativa nº 1692008 determina nove categorias de uso e manejo de fauna em cativeiro a saber zoológicos centros de triagem CETAS centros de reabilitação CRAS mantenedor de fauna fiel depositário criadouro comercial de fauna silvestre criadouro científico de fauna silvestre para fins de pesquisa criadouro científico de fauna silvestre para fins e conservação estabelecimento comercial de fauna silvestre e abatedouro de fauna silvestre Cada categoria demanda condições específicas de funcionamento considerando as espécies a serem mantidas criadas eou abatidas além das exigências administrativas e de infraestrutura INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 1692008 Conheça a legislação A regulamentação para a criação comercial de espécies silvestres nativas está definida na Portaria n 118 de 15 de outubro de 1997 que normatiza a criação para fins econômicos e industriais Para a criação comercial de fauna exótica a Portaria n 102 de 15 de julho de 1998 regulamenta a atividade Além disso a Resolução nº 39407 estabelece os critérios para determinação de espécies silvestres a serem criadas e comercializadas como animais de estimação Até o momento não foi publicada a lista dessas espécies conhecida popularmente como Lista Pet Nessa mesma lista estarão sujeitos os animais silvestres objeto da Resolução nº 4572013 Merece destaque a utilização de animais de biotério para a alimentação de aves de rapina carnívoros e serpentes Nesse sentido devem ser observados os requisitos dispostos na Resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária CFMV nº 10002012 que dispõe sobre procedimentos e métodos de eutanásia em animais além do que consta nas Diretrizes de Práticas de Eutanásia do Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal CONCEA ATENÇÃO Ainda com relação aos biotérios ressaltase a Resolução Normativa CONCEA nº 6 de 10 de julho de 2012 que ratifica a necessidade desses locais possuírem médicos veterinários como responsáveis técnicos Atualmente todas as categorias de uso e manejo de fauna devem estar cadastradas e autorizadas por meio do Sistema Nacional de Gestão de Fauna SISFAUNA e do Sistema de Cadastro de Passeriformes SISPASS criados pelo IBAMA Instrução Normativa n102011 Nessas plataformas devem constar informações de cadastro referentes ao empreendimento que em última instância deve conter a Autorização de Uso e Manejo para seu funcionamento regular Recentemente foi publicada a Lei Complementar n 1402011 que transfere a gestão do manejo de fauna em cativeiro para os estados e municípios A exceção são os criadores do Estado de São Paulo que possui seu próprio sistema de cadastro SIGAM que se reporta diretamente ao órgão federal INSTRUÇÃO NORMATIVA N102011 Conheça a legislação BIOSSEGURIDADE A biosseguridade é o pilar mais importante numa cadeia produtiva para manter a saúde dos animais e evitar riscos de contaminação e disseminação de agentes infecciosos É definida pela Organização Mundial da Saúde Animal OIE como um conjunto de medidas e procedimentos que visam proteger de forma direta ou indireta os riscos da ocorrência de enfermidades que possam ter impacto na produtividade dos rebanhos Podemos dividir a biosseguridade em externa e interna EXTERNA A biosseguridade externa é relacionada à proteção do rebanho contra o ingresso de agentes infecciosos com o dever de reduzir a introdução de doenças endêmicas e impedir a inserção de doenças exóticas no sistema de produção Entre elas podemos citar as cercas externas que impedem que pessoas e animais se aproximem do recinto barreiras sanitárias que impedem que veículos e pessoas que vêm de fora contaminem a área de produção os silos de armazenamento de ração que impedem que o alimento estrague ou seja contaminado por outros animais e o tratamento de dejetos que impede que pessoas e animais entrem em contato direto com eles INTERNA Já a biosseguridade interna é relacionada à prevenção da multiplicação e disseminação de agentes no rebanho e deve reduzir a propagação das doenças e a pressão de infecção dentro do sistema de produção Como exemplos podemos citar o acesso de pessoas e o acesso de veículos que devem ser de utilização exclusiva e passar pelo sistema de desinfecção Essa recomendação é especialmente importante quando tratamos da criação de primatas não humanos que podem ser contaminados por muitos patógenos humanos Outras medidas que podemos citar são o controle de vetores e pragas roedores insetos e pássaros a limpeza e desinfecção dos recintos após a saída de animais a vacinação que deve seguir recomendações técnicas em função dos problemas sanitários ocorridos na região e a vermifugação Podemos incluir neste tema também a quarentena de animais advindos da natureza ou de outros criadouros que devem passar por um período de observação antes de entrarem em contato com os outros animais MANEJO AMBIENTAL NA PRODUÇÃO A produção animal pode impactar o meio ambiente de diversas maneiras Os resíduos dos animais podem poluir solo rios lagos e o lençol freático A utilização de bebedouros inadequados a temperatura do recinto e a quantidade de sais na alimentação podem levar a um uso de água muito maior que o necessário desperdiçando esse recurso ATENÇÃO O manejo incorreto dos resíduos dos animais além de liberar gases do efeito estufa gera odores desagradáveis e pode disseminar bactérias e fungos no ar podendo atrair também moscas e outros vetores de doenças que podem afetar tanto a saúde da população quanto a do rebanho da propriedade e do seu entorno Até mesmo os países desenvolvidos ainda enfrentam problemas para adequar sua produção a condições que afetem pouco o meio ambiente A melhor forma de reduzir os impactos ambientais causados pela produção é um bom planejamento antes da implantação da atividade atendendo a algumas exigências que devem ser contempladas para que a criação não seja uma fonte geradora de poluição Entre elas podemos citar 1 Realizar um estudo preciso das características zootécnicas hídricas edafoclimáticas sociais e econômicas da criação EDAFOCLIMÁTICAS Condições relativas ao clima e ao solo Identificar os resíduos gerados pela atividade o que possibilitará o perfeito manejo dos resíduos e do dimensionamento do sistema de tratamento 2 3 Determinar a capacidade de suporte dos recursos naturais em receber os resíduos com o estabelecimento de indicadores ambientais para monitorar a atividade Identificar outras cadeias produtivas que poderão consorciarse com a que se pretende instalar 4 5 Detectar áreas ambientalmente sensíveis na propriedade e no seu entorno Ter conhecimento das principais disfunções que os resíduos podem causar ao homem e aos animais com levantamento dos primeiros sintomas e socorros necessários 6 7 Estabelecer um programa de gerenciamento ambiental considerando não só a unidade produtiva mas também a bacia hidrográfica em que ela se insere Quando ocorrer uma expansão da criação esses parâmetros devem ser novamente considerados antes que tal expansão seja feita Com a observação desses pontos é possível adequar a produção ao meio ambiente local a fim de reduzir o impacto causado por ela Essas práticas não são boas somente para o meio ambiente ou para reduzir os riscos na produção mas são vantajosas também financeiramente já que com o nível de exigência de responsabilidade ambiental do mercado aumentando produtores que melhor se adequarem a essa nova realidade terão mais oportunidades no mercado Neste vídeo você conhecerá um pouco sobre a importância de se planejar juridicamente e estruturalmente para iniciar uma criação de animais silvestres VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir deste tema pudemos conhecer as espécies de mamíferos mais criadas no país e quais os riscos que elas apresentam para o meio ambiente e para a agricultura nacional Aprendemos também um pouco sobre o manejo e as instalações necessárias para implantarmos essas criações além das exigências legais para uma criação comercial de mamíferos silvestres ou exóticos Por fim identificamos a melhor forma de implantar uma criação comercial de animais silvestres ou exóticos gerando o menor impacto ambiental possível agregando assim valor ao produto comercializado PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE N I de et al Sistema de produção do caititu Tayassu tajacu resultados de pesquisa em sistema intensivo AMAZONPEC Encontro Internacional da Pecuária da Amazônia s l n 1 p 110 2008 CHARLES B Wildlife trafficking s l s n 2009 ISSN 00377333 v 40 Consultado em meio eletrônico em 17 jan 2021 COSSÍOS D La liebre europea Lepus europaeus Mammalia Leporidae especie invasora en el sur del Perú In Revista Peruana de Biología 112 209212 2004 DE LA SANCHA N et al 2009 Discovery of Juliomys Rodentia Sigmodontinae in Paraguay a new genus of Sigmodontinae for the countrys Atlantic Forest Mammalia 73162 167 2009 DIVA Guimarães Albuquerque et al 2016 Criação de Caititus em cativeiro EMBRAPA Amazônia Oriental p16 Disponível em httpsainfocnptiaembrapabrdigitalbitstreamitem1473581LivroCaititusAINFOpdf FREITAS C I A Animais silvestres manejo comportamento e noções de clínica e terapêutica s l v 1 p 217 2011 AGRIGERA D E RAPOPORT E H 1983 Status and distribution of the European hare in South America In J Mammal 64 163166 IBAMA Portaria Ibama nº 931998 Importação e Exportação de Fauna Silvestre Nativa ou Exótica Lista de Fauna Doméstica para fins de Operacionalização do Ibama s l p 18 1998 KREISCHER C Ecologia populacional e padrão de atividade de Cuniculus paca Dissertações e Teses s l 2017 MACÊDO J F Avaliação do temperamento de queixadas e catetos aplicado ao seu manejo racional s l p 49 2013 MOREIRA J R PIOVEZAN U Conceitos de manejo de fauna manejo de população problema e o exemplo da capivara Documentos 155 s l p 23 2005 REIS N dos et al Mamíferos do Brasil Londrina Technical Books 2006 REVISTA GLOBO RURAL Como criar paca s l p 15 2021 SALVADOR C H Diagnóstico do Plano Nacional do Javali Plano Nacional de Prevenção Controle e Monitoramento do Javali Sus scrofa em estado asselvajado no Brasil Anexo da Portaria Interministerial nº 232 de 28 de junho de 2017 s l p 1454 2017 EXPLORE Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema pesquise na internet Página do programa Globo Rural sobre a criação de animais silvestres Site do IBAMA CONTEUDISTA Luis Renato Rezende Bernardo CURRÍCULO LATTES
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DESCRIÇÃO Métodos e características da criação comercial de mamíferos silvestres e exóticos PROPÓSITO Conhecer as técnicas de manejo e as principais espécies e os principais pontos necessários para iniciar uma criação de animais silvestres ou exóticos em cativeiro algo importante para uma atuação profissional efetiva e eficiente OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer as principais espécies de mamíferos silvestres e exóticos criados comercialmente no Brasil MÓDULO 2 Descrever os métodos de criação e manejo de animais silvestres e exóticos em cativeiro MÓDULO 3 Identificar os principais pontos legais a serem seguidos para a instalação de um criadouro de animais silvestres ou exóticos INTRODUÇÃO No Brasil os animais silvestres e exóticos são criados tanto para fins de consumo quanto para se tornarem animais de companhia A criação comercial desses animais em estabelecimentos apropriados contribui para evitar a caça e a captura exploratória deles na natureza além de poder até mesmo colaborar para a introdução de exemplares de espécies sob risco e ameaça Neste tema vamos aprender sobre a criação comercial de animais silvestres e exóticos quais são as espécies mais criadas comercialmente no país as noções básicas de manejo e as instalações necessárias para o início dessas criações além das leis que regulamentam essa atividade e sua importância econômica e ambiental MÓDULO 1 Reconhecer as principais espécies de mamíferos silvestres e exóticos criados comercialmente no Brasil IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E AMBIENTAL DA PRODUÇÃO DE MAMÍFEROS SILVESTRES E EXÓTICOS A competência da produção animal brasileira é mundialmente reconhecida e a agropecuária nacional gera cerca de 230 bilhões de reais ao ano com a produção de caprinos bovinos suínos ovinos bubalinos e aves Essa produção vem crescendo ano a ano e há muito tempo já se consolidou como um dos principais setores econômicos do país No entanto uma área menos conhecida da produção animal brasileira vem crescendo bastante na última década e já movimenta cerca de 40 milhões de reais por ano a criação comercial de animais silvestres e exóticos A criação de animais silvestres e exóticos no Brasil tem basicamente duas finalidades o abate para o consumo da carne e a utilização dos animais como pet sendo a segunda responsável por 90 do valor total gerado por essa atividade econômica Se comparado ao mercado pet tradicional que movimenta cerca de 34 bilhões de reais ao ano o de pets silvestres e exóticos ainda é pequeno e movimenta cerca de 35 milhões de reais ao ano No entanto esse mercado tem crescido constantemente e atrai cada vez mais clientes e criadores Podemos separar a criação de animais silvestres e exóticos em três tipos CRIAÇÃO COM FINS COMERCIAIS Os animais são criados e reproduzidos para abastecer o mercado CRIAÇÃO CONSERVACIONISTA E FIÉIS DEPOSITÁRIOS São pessoas autorizadas pelos órgãos ambientais a receber e criar animais silvestres CRIADORES AMADORES São pessoas comuns que compram animais silvestres legais e os criam em casa Neste tema aprenderemos exclusivamente sobre a criação comercial de mamíferos silvestres e exóticos Dessa forma para nos situarmos melhor sobre o assunto que vamos aprender é fundamental que tenhamos em mente a diferença entre animal silvestre exótico doméstico e espécie invasora ANIMAL SILVESTRE Animais de espécies nativas que têm todo ou parte do ciclo de vida ocorrendo em território brasileiro ou em suas águas jurisdicionais O loboguará Chrysocyon brachyurus é uma espécie silvestre ANIMAL EXÓTICO Animais de espécies que não são nativas e não têm nenhuma parte do ciclo de vida natural no Brasil O ferret Mustela putorius furo é uma espécie exótica proveniente da Europa ANIMAL DOMÉSTICO Animais que através de processos tradicionais e sistematizados de manejo eou melhoramento zootécnico tornaramse domésticos apresentando características biológicas e comportamentais em estreita dependência do homem podendo ter fenótipo variável diferentemente da espécie silvestre que os originou Canis lúpus familiaris Cachorros são animais domésticos ESPÉCIE INVASORA São espécies que não são nativas do local onde estão ocorrendo e que se proliferam de maneira descontrolada ameaçando o equilíbrio de um ecossistema A lebreeuropeia Lepus europaeus é uma espécie invasora que se espalhou por vários estados do Brasil TRÁFICO DE ANIMAIS Provavelmente você já viu algum vídeo ou foto de um influenciador digital com um animal exótico ou silvestre A maioria das pessoas ama cães e gatos mas o que as deixa fascinadas é verem algo diferente do que estão acostumadas e nada pode ser mais peculiar do que tratar um animal selvagem como pet Seja um leão sendo abraçado e acariciado um sagui andando no ombro do tutor ou um lórislento comendo bolinhos de arroz não importa Esse tipo de demonstração transmite uma sensação de exclusividade muito grande para quem faz e causa um desejo de mesma intensidade em quem observa Assim impulsionados por vídeos e fotos postados em redes sociais o comércio de animais silvestres e exóticos cresceu no mundo todo inclusive no Brasil seja como fornecedor seja como comprador No entanto não podemos discutir o comércio de animais silvestres e exóticos sem falar primeiro do maior problema relacionado a isso o comércio ilegal e o tráfico de animais Atualmente o tráfico de animais silvestres e exóticos é a segunda atividade ilegal mais lucrativa do mundo só perdendo para o tráfico de drogas São movimentados cerca de R 39 bilhões ao ano com a venda de animais silvestres e exóticos seja para consumo seja para uso como pet O Brasil não é somente origem de muitos desses animais mas também é destino Segundo um levantamento feito em 2020 pela IUCN União Internacional para Conservação da Natureza 38 milhões de animais são tirados anualmente das florestas brasileiras para serem vendidos no mercado nacional ou internacional Os principais destinos desses animais além do mercado interno são os EUA a Europa China e o Oriente Médio Apesar do grande número de animais traficados estimase que para cada animal entregue vivo a um comprador nove morreram no processo de captura e transporte O tráfico de animais silvestres e exóticos é a segunda atividade ilegal mais lucrativa do mundo só perdendo para o tráfico de drogas Quase todo mundo conhece alguém que tem um curió ou um coleiro na gaiola em casa ou já viu alguém que cria um micoestrela A prática de manter animais silvestres como pet é cultural e dificilmente mudará a curto e médio prazos Por isso desde 1967 existem leis nacionais que regulamentam a criação e a venda de animais silvestres que visam diminuir o tráfico e ofertar no varejo animais legalizados COMENTÁRIO No entanto animais reproduzidos em cativeiro podem custar dez vezes mais que um animal traficado Além disso muitos criadores amadores servem como esquentadores de espécimes recebendo os animais de traficantes e declarando o nascimento desses animais em seus criadouros em esquemas que movimentam milhões de reais Em uma investigação conduzida pelo IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis em 2015 os fiscais descobriram que cerca de 75 das aves mantidas por criadores legais declaradas como nascidas nesses criadouros eram provenientes do tráfico Ainda assim os criadouros comerciais e conservacionistas são importantes para a manutenção de espécies pois além de concorrerem com o tráfico diminuindo seus ganhos garantem a existência de espécies que podem estar ameaçadas na natureza Já o mercado brasileiro de animais exóticos representa 23 do mercado legal de animais de estimação do país A cada quatro animais vendidos como animal de estimação um é exótico Além disso se considerarmos as 20 espécies com mais vendas declaradas no Brasil 40 são exóticas O motivo disso é que é mais fácil adquirir legalmente um animal exótico que um animal silvestre Muitos dos animais exóticos vendidos no Brasil são criados em larga escala em outros países como é o caso da chinchila e do ferret Apesar do crescimento do número de criadouros particulares ao longo dos anos a oferta e o acesso a animais legais em relação a de animais traficados ainda é muito restrita e o valor muito alto A mudança desse panorama não passa somente pela popularização da criação comercial de animais silvestres e exóticos no país mas também pelo aumento da fiscalização e o combate ao tráfico e à venda ilegal de animais ESPÉCIES INVASORAS Outro problema ocasionado pela criação e pelo comércio de espécies silvestres ou exóticas é a introdução de espécies potencialmente invasoras No Brasil há diversos casos de espécies exóticas invasoras Entre os mamíferos as mais conhecidas e problemáticas são a lebre europeia e o javali que foram introduzidos por pecuaristas no país Os animais que escaparam se reproduziram e se espalharam rapidamente competindo com espécies nativas e causando prejuízos às lavouras nacionais Segundo Grigera e Rapoport 1983 a lebreeuropeia foi introduzida em 1888 na Argentina e em 1896 no Chile A partir daí os indivíduos que escaparam das criações se multiplicaram e se dispersaram para Bolívia Brasil Paraguai Peru e Uruguai de acordo com Cossíos 2004 e De La Sancha et al 2009 Atualmente a espécie é encontrada nos estados de São Paulo Minas Gerais e no sul de Goiás Segundo Reis et al 2006 seu sucesso de expansão geográfica devese a um conjunto de fatores que inclui a sua elevada taxa de reprodução a sua flexibilidade ecológica e a remoção de florestas para dar espaço à agropecuária criando com isso ambientes abertos nos quais a espécie se adapta melhor Compreenda como ocorreu a invasão de javali 1 Já a invasão de javali no país ocorreu no início dos anos 1990 quando houve a dispersão de animais provenientes do Uruguai para o Brasil o que resultou em uma expansão lenta e restrita aos municípios do extremo Sul No entanto o interesse pela produção de javali para corte deu início a um comércio estruturado com matrizes já existentes no país e importações de grandes quantidades de javalis vindos da Europa entre 1997 e 1998 Formouse então um grande estoque da espécie em cativeiro espalhado por alguns estados com trocas e vendas de animais vivos entre produtores 2 3 A maioria dessas criações era ilegal e não obedecia às normas de manejo então animais que fugiram ou foram simplesmente abandonados acabaram se multiplicando em diversos pontos do Brasil Hoje a espécie pode ser encontrada em vida livre em toda a região sul parte do sudeste centroOeste e na Bahia Devido à grande quantidade de problemas e prejuízos causados pelos javalis a criação comercial dessa espécie foi proibida na maior parte do território nacional porém alguns criadores ainda mantêm suas atividades por meio de ações judiciais Como forma de controlar as populações selvagens de javalis do país em 2013 a caça dessa espécie foi regulamentada pelo governo sendo essa a única espécie de animal do Brasil que pode ser caçada sem fins de subsistência 4 A partir do que foi dito até aqui é possível que pensemos que somente as espécies vindas de outros países são invasoras e podem causar problemas mas não é bem assim Espécies silvestres brasileiras que são introduzidas em regiões onde não ocorrem naturalmente podem proliferar de forma descontrolada afetando o ambiente onde foram introduzidas Um caso clássico e facilmente observado são os micoestrela e o saguidetufosbranco Respectivamente provenientes do cerrado e da caatinga essas espécies foram trazidas por traficantes para as regiões sudeste e sul onde eram muitas vezes drogadas para parecerem animais dóceis e vendidas como pets em feiras Quando o efeito dos tranquilizantes passava os animais se tornavam altamente agressivos e os donos acabavam soltandoos na mata Livres em um ambiente com muito mais recursos que seus biomas naturais essas espécies obtiveram alto sucesso reprodutivo e se espalharam pela Mata Atlântica onde competem com espécies locais como o micoleãodourado espécie ameaçada de extinção O saguidetufosbranco Callithrix jachus é uma espécie proveniente do nordeste e invasora da região sudeste Outro caso de espécie silvestre invasora é o ratãodobanhado Essa espécie originária do Sul do Brasil foi introduzida em São Paulo no Rio de Janeiro nos EUA e na Europa por criadores que comercializavam sua pele No entanto com a fuga de alguns animais o ratãodobanhado não encontrou dificuldades para se estabelecer e se multiplicou Neste vídeo você conhecerá um pouco sobre o impacto da introdução de mamíferos em diversas partes do mundo PRINCIPAIS ESPÉCIES DE CRIAÇÃO COMERCIAL E SEUS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Podemos dividir as espécies de animais silvestres e exóticos criados comercialmente no Brasil em três grupos de acordo com a finalidade principal do comércio da espécie São eles animais criados para o abate animais criados para pet e animais criados para o uso em laboratórios As espécies exóticas e silvestres mais criadas para abate no Brasil são em sua maioria de grande porte como o cateto Pecari tajacu o queixada Tayassu pecari e a capivara Hydrochoerus hydrochaeris que são espécies silvestres além do javali Sus scrofa que é uma espécie exótica A carne desses animais é muito apreciada em restaurantes de alta gastronomia por possuir baixo teor de gordura se comparada à carne do porco doméstico e justamente por isso possui um preço de mercado superior Espécies de médio e pequeno portes como paca coelhos e chinchila também são muito criadas para abate mas os dois últimos também são bastante comercializados como pets e animais de laboratório A obtenção desses animais para iniciar uma criação depende diretamente da espécie em questão O IBAMA não permite que animais sejam retirados da natureza para que seja iniciada uma criação comercial Então no caso de uma criação comercial de animais silvestres o criador deverá optar por comprar matrizes de algum criador já cadastrado no IBAMA ou solicitar junto ao órgão ambiental uma permissão para receber animais advindos de apreensões resgates ou de estabelecimentos que fecharam que não têm condições de retorno à natureza Esses animais não poderão ser comercializados e serão apenas utilizados como matrizes de reprodução mas seus filhotes poderão ser vendidos Já no caso de animais exóticos o IBAMA normalmente autoriza a importação de um casal de animais por pessoa jurídica salvo em casos específicos No entanto nem todas as espécies podem ser importadas muitas delas precisam receber microchip de identificação antes da venda para o criador local e algumas só podem ser vendidas castradas o que inviabiliza criações amadoras locais como é o caso do ferret Mustela putorius furo Vamos conhecer em seguida algumas das espécies exóticas de criação comercial SUÍNOS Catetos e queixadas são porcos silvestres da família Tayassuidae que ocorrem nas florestas da América Central e do Sul incluindo o Brasil Essas espécies sempre foram alvo de caça devido à quantidade de carne que esses animais disponibilizam e ao fato de o sabor dessa carne ser muito apreciado As primeiras criações legais desses animais começaram na década de 1990 e atualmente atendem basicamente a dois mercados o de matrizes para outros criadores e o de abate para fornecer carne a restaurantes de luxo Já os javalis pertencem à família Suidae e são provenientes da Europa Eles foram introduzidos no Brasil ainda na década de 1960 por criadores de porcos que buscavam um produto com maior lucratividade no mercado CATETO PECARI TAJACU O cateto Pecari tajacu possui uma linha mais clara de pelos ao redor do pescoço Espécie mais comum de porco selvagem das Américas ocorre na América Central e na América do Sul Quando adultos os catetos medem de 75 a 100 cm de comprimento aproximadamente 45 cm de altura e seu peso varia de 25 a 35 kg Possuem a pelagem grossa marromescura com aspecto acinzentado devido à presença de pelos brancos Ao redor do pescoço há uma linha mais clara de pelos com um aspecto de um colar São animais que na natureza vivem em grupos de cerca de 30 animais e têm uma expectativa de vida de cerca de 15 anos mas em cativeiro podem viver até 24 QUEIXADA TAYASSU PECARI O queixada Tayassu pecari possui uma mancha branca embaixo do queixo Os queixadas são animais maiores e mais agressivos que os catetos medem cerca de 1 m de comprimento aproximadamente 55 cm de altura e seu peso varia de 35 a 40 kg Possuem a pelagem grossa preta com uma mancha branca embaixo do queixo Quando se sentem ameaçados eriçam os pelos das costas e batem sem parar os dentes fazendo grande barulho A qualquer sinal de ameaça costumam atacar em bando que podem ser constituídos de mais de 100 animais JAVALI O javali Sus scrofa é uma espécie nativa da Europa que por meio de seleção artificial deu origem ao porco doméstico Os javalis são animais de grandes dimensões os machos podem pesar até 250 kg e as fêmeas até 200 kg Medem entre 140 m e 180 m de comprimento e podem alcançar uma altura de até 110 m Os machos são consideravelmente maiores que as fêmeas além de terem seus dentes caninos maiores Possuem caninos bem desenvolvidos e afiados que se projetam para fora da boca e crescem continuamente Os caninos maxilares são curvados para cima e os mandibulares maiores ainda chegam a ter 12 cm de comprimento de parte exposta Os caninos são usados como forma de ataque e defesa em disputas entre machos ou lutas contra predadores Ao contrário de algumas raças de porcos domésticos os javalis são cobertos por pelagem que nos adultos varia entre o vermelhoescuro e o castanho Os filhotes apresentam cor marromclara com listras negras o que lhes confere uma camuflagem muito eficiente A pelagem dos filhotes é também uma forma eficiente de saber se a prole é proveniente somente de pais javalis ou se houve cruzamento com alguma raça de porco doméstico pois nesse caso os filhotes nascem sem as listras Atualmente não é mais possível importar animais dessa espécie e sua criação comercial é proibida na maior parte do território nacional Embora ainda existam criatórios legais ativos a tendência é que estes encerrem suas atividades com o tempo já que os órgãos ambientais entendem que a espécie é nociva para o meio ambiente e para a agropecuária nacional de forma que se estuda a possibilidade de proibir produtos provenientes da espécie inviabilizando a continuidade dos criadouros remanescentes Roedores e coelhos Alguns dos maiores roedores do mundo estão em nosso país e como sabemos sempre fizeram parte da alimentação das pessoas principalmente através da caça No entanto em tempos mais recentes esses animais começaram a ser criados em cativeiro para abastecer o comércio de carnes e pele tanto do Brasil quanto do exterior O primeiro roedor criado comercialmente no país foi o ratãodobanhado Myocastor coypus devido a sua pele ser muito apreciada para a confecção de roupas Contudo as criações no geral eram ilegais e não obtiveram muito sucesso o que acabou ocasionando a fuga dos animais que eram criados Mais recentemente pecuaristas começaram a se interessar pela criação de outros dois roedores silvestres a paca Cuniculus paca e a capivara Hidrochoeurus hidrochaeris roedores cuja carne tem ótima aceitação em restaurantes de luxo no caso da capivara o couro é dotado de características adequadas para a fabricação de cintos sapatos e luvas O couro da capivara também tem boa demanda para a confecção de acessórios específicos para jogos de golfe e beisebol esportes mais populares no exterior onde o insumo é pago a preços mais atraentes Já os roedores de pequeno porte e os coelhos embora também sejam utilizados na alimentação são muito comercializados como pets e cobaias para estudos científicos em laboratório Esses animais foram domesticados há bastante tempo e foram criadas linhagens que atendem às necessidades científicas e ao gosto dos compradores de pets Roedores para abate Reconhecido como maior roedor do mundo a capivara Hidrochoeurus hidrochaeris mede cerca 130 m de comprimento e 60 cm de altura Em média as fêmeas pesam cerca de 50 kg e os machos cerca de 60 kg No entanto há exemplares que chegam a 100 kg A pelagem é densa de cor avermelhada a marromescuro Com habilidade para nadar e saltar a capivara é mais ativa nas primeiras horas do dia e no fim da tarde marca território e tem o hábito de viver em grupos respeitando posições hierárquicas REVISTA GLOBO RURAL 2013 A capivara Hidrochoeurus hidrochaeris é considerada o maior roedor do mundo A paca Cuniculus paca é o segundo maior roedor brasileiro e tem uma das carnes mais apreciadas entre os animais silvestres A paca Cuniculus paca é o segundo maior e um dos mais comuns roedores das florestas brasileiras Ela é muito caçada devido à ótima fama de sua carne que é conhecida como a mais saborosa entre os animais silvestres A paca possui pelos curtos de tom castanhopardo ao castanhoavermelhado com pintas brancas nas laterais do corpo As orelhas são pequenas e as laterais do focinho são inchadas sendo sua cauda muito curta As faces lateral e inferior do focinho e do ventre são brancas Suas patas são fortes e possuem unhas afiadas as anteriores com quatro dedos e as posteriores com cinco Chegam a 70 cm de comprimento e podem pesar até 10 kg Na natureza são animais de vida solitária e que vivem próximos a locais com água como rios e brejos ESPÉCIES UTILIZADAS EM LABORATÓRIO E COMO PETS As espécies que embora também sejam criadas como pets são principalmente criadas para a utilização em laboratórios de pesquisa são o camundongo Mus musculus e os ratos Rattus rattus e Rattus novergicus Provenientes da Europa e da Ásia essas espécies se espalharam pelo mundo acompanhando a humanidade São animais pequenos de reprodução rápida e que vivem pouco tempo cerca de três anos por isso a preferência por seu uso em experimentos científicos Para isso foram criadas linhagens albinas e homozigóticas que são muito utilizadas em laboratórios Atualmente essas espécies são consideradas animais domésticos invasores Hamster sírio Mesocricetus auratus é um dos roedores mais vendidos como pet no país Outros roedores bem conhecidos são muito comercializados como pets e facilmente encontrados em lojas de animais Ainda que alguns sejam chamados pelo mesmo nome esses roedores são espécies bem distintas mas todos se adaptam muito bem às condições de cativeiro sendo animais muito dóceis e que se reproduzem com facilidade Entre esses podemos citar o gerbil Meriones unguiculatus o hamster cinco espécies da família Cricetidae que teve a importação proibida em 1998 o porquinhodaíndia Cavia porcellus considerado animal doméstico a chinchila três gêneros da família Chinchillidae que somente as reproduzidas em cativeiro podem ser comercializadas e o coelho Oryctolagus cuniculus que não é um roedor mas sim um lagomorfo considerado doméstico sendo amplamente criado em todo o país como pet ou para abate PRIMATAS NÃO HUMANOS Embora seja comum observarmos primatas não humanos em zoológicos e o Brasil tenha uma diversidade bem grande deles a permissão para criação legal desses animais por amadores ou produtores comerciais foi regulamentada apenas em 1998 Atualmente poucas espécies são comercializadas e existem pouquíssimos criadores comerciais no Brasil basicamente devido ao alto custo de manutenção desses animais em cativeiro O macacoprego Sapajus sp é uma das poucas espécies de primatas criados comercialmente As mais comercializadas são o macacoprego Sapajus sp o saguidetufobranco Callithrix jachus e o micoestrela Callithrix penicillata Todas essas espécies são silvestres e vendidas como pets para criadores amadores porém em alguns estados a criação desses animais não é permitida pois podem fugir e se tornar invasores VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Descrever os métodos de criação e manejo de animais silvestres e exóticos em cativeiro INSTALAÇÕES E MANEJO Podemos imaginar que criar animais silvestres não domesticados não é uma tarefa muito simples Os animais não estão acostumados à vida em cativeiro e muitas vezes têm dificuldades de adaptação às instalações Sendo assim para que a criação obtenha sucesso e respeite os princípios do bemestar animal são fundamentais as instalações adaptadas às necessidades de cada espécie e o manejo correto do animal em cativeiro INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS SUÍNOS As instalações para queixadas catetos e javalis são muito semelhantes e a criação pode ser realizada no sistema de semiconfinamento Matrizes reprodutores e animais em engorda normalmente são mantidos em piquetes gramados Como consequência o sabor de sua carne será ainda mais diferenciado em relação à carne de porco o ganho de peso é mais acelerado e os animais terão uma condição de vida mais próxima da que teriam na natureza isto é o conforto que lhes é oferecido vai ser traduzido no bemestar dos animais e consequentemente em melhores índices zootécnicos Além disso as matrizes e os machos reprodutores mantidos em piquetes não apresentam problemas de casco e não estando confinados poderão se exercitar mais não se tornarão obesos terão uma performance reprodutiva melhor e um teor de gordura menor na carne Para a escolha do local onde vai ser instalada a criação o produtor deve preferir um terreno alto seco com boa drenagem de fácil acesso afastado de trânsito e com água abundante pois a criação desses animais consome muita água já que eles bebem mais de 3 litros por dia e necessitam de uma área alagada para se banhar ou chafurdar Além disso o criador deve sempre lembrar que precisará de água para limpeza periódica de corredores e de outras partes das instalações com piso cimentado ATENÇÃO O produtor ainda deve levar em conta a declividade que não deve ser superior a 12 para evitar problemas de erosão do solo a presença de sombra de preferência feita por árvores e o tipo de solo que deve ter boa drenagem mas não pode ser muito arenoso Criação de queixadas No caso dos catetos e queixadas também é comum que criadores espalhem manilhas de cimento no terreno para serem utilizadas como tocas por esses animais Por lei os piquetes de criação desses animais devem possuir duas cercas para evitar a fuga Geralmente os criadores utilizam uma cerca elétrica no interior do recinto e logo depois uma cerca de arame com 15 m de altura e com uma fundação de concreto com 40 cm abaixo do solo que evita que os animais cavem e passem por baixo da cerca ROEDORES E COELHOS Capivara No sistema intensivo de criação de capivaras uma família de animais reprodutores composta por um macho e até oito fêmeas pode ser mantida em uma pequena área cercada de 350 a 400 m2 Essa área deve conter um tanque ou pequeno lago para os animais ficarem e a água fornecida deve ser de boa qualidade sendo o consumo médio em um criatório de aproximadamente 40 litros por animal ao dia A área coberta deve preferencialmente ser formada por árvores mas pode ser improvisado um telhado O cercamento é feito com tela de alambrado sustentada por postes de concreto ou de madeira a cada três metros A tela de alambrado deve ter malha de 25 a 3 polegadas 150 m de altura e feita com arame galvanizado fio 10 ou 12 Na base da tela de alambrado é aconselhável construir uma fundação de concreto rente ao chão na qual a tela é presa o que confere maior durabilidade ao alambrado e dificulta e muito as fugas por baixo da tela Cada piquete deve ter um brete para alimentação com 12 x 6 metros dotado de dois cochos cobertos e um corredor até uma gaiola de contenção Já as criações em sistemas extensivos e semiextensivos ocorrem em locais com muita água normalmente em volta de lagos e lagoas São montados bretes amplos feitos de tela para cada um dos grupos familiares onde é oferecida a suplementação alimentar Os animais têm livre acesso aos bretes para que se acostumem com o local Assim quando é necessário fazer o manejo dos animais é instalada uma porta de passagem de sentido único no brete para que os animais entrem e não consigam sair Assim os animais podem ser apartados e colocados em caixas de transporte seja para o abate verificação de saúde ou manejo Criações de capivaras Hidrochoeurus hidrochaeris necessitam de tanques ou lagos para melhor habituação dos animais Criação de Caititus em cativeiro Albuquerque et al Paca Para a criação de pacas utilizase um galpão de alvenaria com capacidade para abrigar os boxes Estes devem possuir área coberta com piso de concreto Caso seja de interesse do criador pode ser acrescida uma área externa com piso natural Essa área externa pode ser adicionada no sentido de reduzir o estresse das pacas pois possibilita um contato com o substrato natural além de promover maior área de criação aos animais Com essa medida acreditase que o desempenho reprodutivo dos animais seja maior Vale ressaltar que quando essa medida for tomada a atenção deve ser redobrada a fim de evitar as fugas dos animais MÉTODO INTENSIVO O método intensivo considerado o melhor sistema de criação utiliza um galpão dividido em baias de 3 x 4 metros até 5 x 5 metros com piso de concreto mureta de alvenaria de 50 centímetros e tela até a cobertura do recinto SEMIINTENSIVO Há como opção o sistema semiintensivo realizado em piquetes na mata com 100 metros quadrados cada cercados de mourões de madeira tela e arame farpado Abaixo da cerca é feita uma fundação de concreto com 50 centímetros de profundidade a fim de evitar que as pacas fujam cavando buracos Ainda em relação às baias cada uma deverá contar com uma piscina de 1 m² Essa pequena piscina deverá estar incorporada dentro de uma maior que é a principal A piscina menor é necessária para manter a higiene dentro do box já que algumas pacas têm o hábito de preferir defecar apenas quando têm as quatro patas dentro dágua Para que os animais possam caminhar ao redor dessa piscina sem que precisem entrar na água recomendase que ela seja situada a pelo menos 30 cm de cada parede Cada baia deve ter também uma caixaninho com 110 m de comprimento por 70 cm de largura para que os animais se abriguem durante o dia PEQUENOS ROEDORES E COELHOS Pequenos roedores são criados em gaiolas plásticas com tampas de grade Em geral pequenos roedores como ratos camundongos hamsters e gerbis são criados em sistemas de biotério mesmo quando a produção não visa a experimentação científica As instalaçõespadrão utilizadas são salas com portas de fechamento automático e vão inferior que não permita a fuga dos animais As instalações devem ter também um sistema de exaustão mecânica que não deve ter recirculação e deve trocar todo o volume de ar da sala 12 vezes a cada hora É necessária também uma sala específica para a quarentena de animais recémchegados para que não contaminem outros animais da colônia Para a criação são usadas gaiolas plásticas com tampas de grade que ficam empilhadas em estantes dentro de salas As gaiolas são forradas com serragem que deve ser trocada a cada três dias e a água deve ser oferecida através de um bebedouro O número de indivíduos dentro de cada gaiola depende do intuito do criador e da espécie em questão SISTEMAS DE BIOTÉRIO Biotérios são as instalações capazes de produzir e manter espécies animais destinadas a servir como reagentes biológicos em diversos tipos de ensaios controlados para atender as necessidades dos programas de pesquisa ensino produção e controle de qualidade nas áreas biomédicas farmacológicas e biotecnológicas segundo a finalidade de cada Instituição Porquinhosdaíndia em cercado As criações de porquinhosdaíndia coelhos e chinchilas utilizam gaiolas semelhantes 1 O tamanho mínimo da gaiola para abrigar um casal deve ser de 80 x 60 x 40 centímetros Elas devem ser instaladas em áreas protegidas do sol da chuva e do vento e em local fresco uma vez que a exposição prolongada a temperaturas superiores a 30C pode ser fatal para esses animais 2 3 O fundo da gaiola deve ser sólido e forrado com material macio como a serragem para prevenir a ocorrência de lesões nas patas Uma alternativa é mantêlos em um pequeno cercado ou em viveiros feitos de madeira É necessário disponibilizar caixas ou casinhas para os animais se esconderem e cuidarem dos filhotes 4 5 Os porquinhosdaíndia não devem ser criados sozinhos nas gaiolas pois são animais que vivem em grupo mas também não se deve deixar mais do que um macho por gaiola de forma a evitar brigas PRIMATAS NÃO HUMANOS Com boa adaptação em cativeiro o sagui ou o casal de saguis acomodase bem em gaiolas de no mínimo 120 x 060 x 060 metro No entanto o ideal tanto para macacosprego quanto para saguis e micos é a criação em viveiros de ao menos 5m² de área por 25m de altura com uma parte coberta e outra telada para permitir a entrada de luz solar O recinto deve dispor de brinquedos cordas e balanços como forma de enriquecimento ambiental para os animais se manterem em atividade O ninho deve ser do tipo caixa de madeira para esconderijo e dormitório e deve haver uma área de cabeamento para acesso aos animais além de entrada para a bandeja de comida O chão pode ser cimentado e coberto com terra ou grama sintética Recinto padrão para primatas com parte da área coberta e parte aberta para a entrada de luz solar BIOCLIMATOLOGIA A adequação dos animais silvestres e exóticos ao cativeiro é essencial para o sucesso do criadouro e a necessidade de reproduzir condições similares às de vida livre que sejam aceitáveis pelos animais é um dos maiores desafios para o criador A bioclimatologia animal é a ciência que analisa as relações existentes entre os elementos climáticos e a fisiologia animal e auxilia na adaptação dos animais às condições de cativeiro Animais criados há mais tempo tais como coelhos chinchilas porquinhosdaíndia e pequenos roedores adaptamse com facilidade ao cativeiro mesmo em criações intensivas No entanto devemos nos atentar para os problemas inerentes a manter um animal fora de seu ambiente natural e muitas vezes com um clima completamente diferente Para isso devese conhecer muito bem a biologia a ecologia e o comportamento natural do animal a ser criado Isso vale especialmente para animais exóticos provenientes de regiões mais frias e secas e com estações mais marcadas como as chinchilas e os hamsters que sofrem em virtude do calor e da umidade do Brasil e que podem desenvolver doenças de pele ter dificuldade em ganhar peso e gerar problemas como brigas e infanticídio Já os animais silvestres tendem a apresentar problemas mais relacionados à condição do cativeiro em si assim devese tentar imitar o ambiente e a atividade natural desses animais de forma a diminuir seu estresse Isso é especialmente difícil quando lidamos com animais muito dependentes de água como é o caso da capivara Como esse animal costuma passar muito tempo dentro dágua e não parece se adaptar bem a tanques pequenos construídos em piquetes o ideal é a sua criação extensiva em locais abertos com lagos e pastagens Já as pacas que também costumam viver próximo à água adaptamse bem à criação intensiva e se acostumam com tanques artificiais mas precisam de locais para usarem de toca durante o dia pois são animais de atividade noturna ATENÇÃO A falta desses locais afeta diretamente a saúde dos animais que ficam muito estressados não se alimentam direito e brigam entre si 1 CATETOS E QUEIXADAS Os catetos e queixadas são menos exigentes nesse quesito mas se adaptam melhor em recintos tipo piquete que imitam o ambiente natural com áreas de pastagem áreas com cobertura florestal local para os animais se abrigarem e área de terra para chafurdarem Os criadores também costumam espalhar manilhas nos piquetes para que os animais as utilizem como tocas PEQUENOS ROEDORES E COELHOS Os pequenos roedores e coelhos são de trato mais simples e normalmente são criados em gaiolas ou caixas plásticas muitas vezes em grupo porém condições de alta umidade podem ocasionar doenças nos animais e a superpopulação pode gerar brigas que terminam em morte ou infanticídio Roedores também são animais sensíveis à luz logo a iluminação constante os deixa estressados Assim nos momentos de ausência de pessoas uma menor intensidade luminosa deverá ser utilizada no recinto 2 PRIMATAS NÃO HUMANOS Primatas não humanos em cativeiro podem se estressar muito devido à restrição de espaço o que pode acarretar brigas frequentes entre membros do grupo Dessa forma é necessário manter os animais ocupados por meio do enriquecimento ambiental com brinquedos balanços e plantas Também é importante que os animais tenham a opção de ficar no sol para evitar deficiência de vitamina D Neste vídeo você conhecerá um pouco sobre as dificuldades em se domesticar um animal silvestre MANEJO PRODUTIVO NUTRICIONAL E REPRODUTIVO SUÍNOS Apesar de serem espécies agressivas na natureza quando em cativeiro tanto o cateto quanto o queixada se acostumam facilmente com os tratadores e por serem animais sociais que vivem em grupos de dezenas de indivíduos adaptamse facilmente ao manejo nesse novo ambiente Eles podem ser criados em sistema intensivo de baias com um macho para cada três fêmeas ou em sistema semiintensivo de piquetes com um macho para cada sete fêmeas Tanto o cateto quanto o queixada são espécies que se reproduzem o ano todo inclusive em cativeiro podendo gerar de um a quatro filhotes por cria e apresentar estro poucos dias após o parto possibilitando ao criador obter mais de uma ninhada por ano Os filhotes podem acompanhar a mãe no mesmo dia do nascimento e adquirem pelagem de adulto por volta dos 75 dias de vida Os machos são sexualmente ativos a partir de um ano de idade e as fêmeas pouco antes de um ano Os catetos e queixadas são animais onívoros que em cativeiro costumam ser alimentados com ração e vegetais produzidos muitas vezes nas próprias fazendas tais como abóbora milho e frutos Em cativeiro possuem boa taxa de engorda tendo pouca diferença entre o sistema intensivo e o semiintensivo Eles atingem o peso de abate entre 10 e 12 meses e raramente ficam doentes sendo necessária somente a vermifugação periódica que é realizada com vermífugos para suínos MANEJO COM OS JAVALIS O manejo com os javalis não difere muito do apresentado para catetos e queixadas pois também são animais bastante resistentes e onívoros A diferença principal é que javalis precisam ser vacinados para prevenir algumas doenças comuns de criações de porcos tais como a pneumonia enzoótica a doença de Glässer a rinite atrófica a parvovirose a leptospirose e a circovirose além da vermifugação que também é realizada com vermífugo para suínos CATIVEIRO Os javalis são mantidos em cativeiro numa relação de um macho reprodutor para cada 20 fêmeas matrizes O acasalamento se dá por monta natural e a gestação 115 dias é menor que a de catetos 145 dias e queixadas 158 dias sendo também possível a obtenção de duas ninhadas por ano É preciso um controle rigoroso de nascimentos vendas e abates que precisam ser relatados ao órgão ambiental Embora não seja necessária a castração dos animais eles precisam ser identificados por meio de microchips ou brincos ROEDORES Capivara Por ser um animal grande e que depende muito de água a criação em baias e piquetes tem se mostrado uma opção não muito vantajosa para as capivaras que ficam muito estressadas e acabam apresentando problemas de engorda e reprodução sendo os sistemas extensivo e semiextensivo os mais indicados Como o animal é estritamente herbívoro precisa de local amplo para o pastoreio e pode ter a alimentação suplementada com a oferta de outras gramíneas milho e sal Em geral essa alimentação é oferecida dentro de piquetes para onde os animais são atraídos pela oferta de alimento até que se acostumem com o ambiente sendo este o local onde posteriormente serão realizadas as capturas para o manejo GRUPOS FAMILIARES As capivaras vivem em grupos familiares que não se misturam MACHO DOMINANTE Cada grupo possui um macho dominante que é o principal reprodutor e pode ser facilmente reconhecido por apresentar a glândula do focinho muito desenvolvida CÓPULA A cópula dos animais é de difícil observação pois normalmente ocorre dentro dágua NINHADAS Tanto machos quanto fêmeas se tornam férteis a partir de um ano de idade e a gestação pode levar até 150 dias em geral nascem quatro filhotes As fêmeas podem dar à luz duas ninhadas por ano e é comum que elas amamentem também filhotes que não são seus pois o sistema de creche é algo normal nessa espécie sendo importante para o desenvolvimento dos filhotes Assim como ocorre com os suínos é preciso um controle rigoroso de nascimentos vendas e abates que precisam ser relatados ao órgão ambiental e os animais precisam ser identificados por meio de microchips ou brincos PACA Na natureza as pacas são animais noturnos e solitários portanto uma das dificuldades de sua criação em cativeiro é manter muitos animais em grupos pois a ocorrência de brigas entre eles pode ser frequente Dessa forma o ideal é a manutenção dos animais em sistema intensivo com poucos indivíduos por recinto variando de um casal até um macho e quatro fêmeas É comum que eles demarquem o território com urina inclusive o lugar onde se alimentam e que utilizem um local específico para eliminar as fezes GESTAÇÃO Esses animais chegam a viver até 16 anos têm período de gestação de 115 dias com apenas uma cria por vez e duas gestações por ano MATURIDADE SEXUAL As fêmeas atingem a maturidade sexual a partir dos oito meses de vida já os machos iniciam o período de reprodução entre nove e dez meses PROCRIAÇÃO A principal época de procriação da espécie ocorre de março a setembro INFANTICÍDIO O infanticídio é um ato comum entre as pacas por isso recomendase isolar as fêmeas antes do parto até que os filhotes ganhem mais peso e força ISOLAMENTO Se nascerem junto do grupo podem ser atacados pelos demais nas primeiras semanas de vida ATENÇÃO As pacas se alimentam de vegetais diversos mas preferem os frutos Esse é um ponto importante nas criações para abate pois o tipo de alimentação influencia bastante no sabor da carne sendo o mais indicado o animal receber uma dieta rica em frutos como ocorre na natureza A alimentação deve ser oferecida no fim da tarde quando as pacas estão iniciando sua atividade O controle de nascimentos e de vendas é rigoroso e todos os animais devem ser marcados com brincos ou microchip PEQUENOS ROEDORES E COELHOS Em geral roedores de pequeno porte possuem manejos muito semelhantes adaptamse bem a colônias com vários indivíduos alimentamse de sementes e se reproduzem diversas vezes por ano em um curto espaço de tempo Isso facilita muito o manejo em cativeiro e é um dos motivos de serem animais utilizados como cobaias e como pets 1 PEQUENOS ROEDORES A gestação nessas espécies é bem curta em especial para os animais menores como o hamster 22 dias os camundongos 20 dias os ratos 24 dias e os gerbis 24 dias e as fêmeas ficam novamente férteis logo após o parto COELHOS Os coelhos são uma exceção e possuem uma gestação curta de 27 dias 2 3 ANIMAIS MAIORES Alguns animais como porquinhosdaíndia 72 dias e chinchilas 112 têm a gestação mais longa porém ainda assim são capazes de se reproduzir mais de uma vez por ano Nessas espécies o infanticídio pode ser comum quando a densidade populacional da colônia é muito elevada Diminuir a quantidade de animais da colônia ou aumentar o espaço destinado a eles além de apartar os que cometem infanticídio costuma sanar o problema Por serem animais considerados domesticados não há necessidade de manter o órgão ambiental informado sobre quantidade de nascimentos e de vendas nem é necessário marcar os animais Entretanto devese atentar para as regras sanitárias de criação de animais e ter cuidado redobrado com a fuga dessas espécies que se adaptam facilmente ao ambiente e se reproduzem muito rápido PRIMATAS NÃO HUMANOS Dentre todos os animais silvestres e exóticos criados comercialmente no Brasil os primatas não humanos provavelmente são os que apresentam maior dificuldade e investimento O cuidado com a saúde e a alimentação dos animais precisa ser constante e a taxa de natalidade é muito baixa o que faz com que um macacoprego chegue a custar 60 mil reais 1 A criação exige rigoroso manejo sanitário O viveiro deve ser mantido limpo e desinfetado e os animais devem ser vermifugados a cada seis meses 2 3 Somente tratadores devem ter contato com os animais mantendo todas as outras pessoas a uma distância mínima de dois metros do recinto para evitar que doenças humanas sejam transmitidas para eles Micos saguis e macacospregos são animais onívoros e sua alimentação deve ser bem variada e rica em opções como frutas legumes e carnes cozidas além de ovos tenébrios e grilos 4 5 O leite pode ser misturado com um suplemento alimentar para humanos encontrado em supermercados Há ainda disponível em lojas especializadas a ração para macacos 6 7 Durante os primeiros quatro meses de vida devese misturar diariamente 05 mililitro de um calcioterápico no leite ou na água oferecidos aos animais ATENÇÃO Embora sejam animais que costumam viver em grupos os criadouros costumam manter somente um casal por recinto A maturidade sexual dos micos é atingida após dois anos de vida A fêmea leva cinco meses para completar a gestação e em média dá duas crias por ninhada duas vezes ao ano Com dois meses de vida os filhotes podem ser desmamados Já nos macacospregos a gestação é de cerca de 155 dias e a fêmea dá à luz apenas um filhote por gestação A maturidade sexual de machos e fêmeas é alcançada aos cinco anos de idade Em grupo os machos só se reproduzem quando asseguram posições elevadas na hierarquia do bando O controle de nascimentos e de vendas é rigoroso e todos os animais recebem microchip VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Identificar os principais pontos legais a serem seguidos para a instalação de um criadouro de animais silvestres ou exóticos LEGISLAÇÃO APLICADA E BEMESTAR Embora possamos conhecer muitas pessoas que tenham obtido animais silvestres de forma ilegal quem tem interesse em manter animais silvestres ou exóticos precisa seguir regras específicas seja em residências seja em criadouros habilitados Ter uma cobra em casa por exemplo é possível desde que o animal não seja peçonhento Importar serpentes de espécies desconhecidas no país além de ser considerado crime de tráfico de animais silvestres pode fazer com que pessoas sofram acidentes e não haja soro antiofídico capaz de salválas Com os mamíferos o problema é um pouco diferente pois o perigo de os animais fugirem multiplicaremse e causarem prejuízos tanto para a agricultura quanto para o meio ambiente é real o que já ocorreu com as lebres e os javalis no Brasil Além disso há uma preocupação muito grande de que esses animais possam transmitir doenças para os rebanhos nacionais Daí a importância de seguir a legislação e a orientação dos órgãos ambientais O IBAMA por meio da Instrução Normativa nº 1692008 determina nove categorias de uso e manejo de fauna em cativeiro a saber zoológicos centros de triagem CETAS centros de reabilitação CRAS mantenedor de fauna fiel depositário criadouro comercial de fauna silvestre criadouro científico de fauna silvestre para fins de pesquisa criadouro científico de fauna silvestre para fins e conservação estabelecimento comercial de fauna silvestre e abatedouro de fauna silvestre Cada categoria demanda condições específicas de funcionamento considerando as espécies a serem mantidas criadas eou abatidas além das exigências administrativas e de infraestrutura INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 1692008 Conheça a legislação A regulamentação para a criação comercial de espécies silvestres nativas está definida na Portaria n 118 de 15 de outubro de 1997 que normatiza a criação para fins econômicos e industriais Para a criação comercial de fauna exótica a Portaria n 102 de 15 de julho de 1998 regulamenta a atividade Além disso a Resolução nº 39407 estabelece os critérios para determinação de espécies silvestres a serem criadas e comercializadas como animais de estimação Até o momento não foi publicada a lista dessas espécies conhecida popularmente como Lista Pet Nessa mesma lista estarão sujeitos os animais silvestres objeto da Resolução nº 4572013 Merece destaque a utilização de animais de biotério para a alimentação de aves de rapina carnívoros e serpentes Nesse sentido devem ser observados os requisitos dispostos na Resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária CFMV nº 10002012 que dispõe sobre procedimentos e métodos de eutanásia em animais além do que consta nas Diretrizes de Práticas de Eutanásia do Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal CONCEA ATENÇÃO Ainda com relação aos biotérios ressaltase a Resolução Normativa CONCEA nº 6 de 10 de julho de 2012 que ratifica a necessidade desses locais possuírem médicos veterinários como responsáveis técnicos Atualmente todas as categorias de uso e manejo de fauna devem estar cadastradas e autorizadas por meio do Sistema Nacional de Gestão de Fauna SISFAUNA e do Sistema de Cadastro de Passeriformes SISPASS criados pelo IBAMA Instrução Normativa n102011 Nessas plataformas devem constar informações de cadastro referentes ao empreendimento que em última instância deve conter a Autorização de Uso e Manejo para seu funcionamento regular Recentemente foi publicada a Lei Complementar n 1402011 que transfere a gestão do manejo de fauna em cativeiro para os estados e municípios A exceção são os criadores do Estado de São Paulo que possui seu próprio sistema de cadastro SIGAM que se reporta diretamente ao órgão federal INSTRUÇÃO NORMATIVA N102011 Conheça a legislação BIOSSEGURIDADE A biosseguridade é o pilar mais importante numa cadeia produtiva para manter a saúde dos animais e evitar riscos de contaminação e disseminação de agentes infecciosos É definida pela Organização Mundial da Saúde Animal OIE como um conjunto de medidas e procedimentos que visam proteger de forma direta ou indireta os riscos da ocorrência de enfermidades que possam ter impacto na produtividade dos rebanhos Podemos dividir a biosseguridade em externa e interna EXTERNA A biosseguridade externa é relacionada à proteção do rebanho contra o ingresso de agentes infecciosos com o dever de reduzir a introdução de doenças endêmicas e impedir a inserção de doenças exóticas no sistema de produção Entre elas podemos citar as cercas externas que impedem que pessoas e animais se aproximem do recinto barreiras sanitárias que impedem que veículos e pessoas que vêm de fora contaminem a área de produção os silos de armazenamento de ração que impedem que o alimento estrague ou seja contaminado por outros animais e o tratamento de dejetos que impede que pessoas e animais entrem em contato direto com eles INTERNA Já a biosseguridade interna é relacionada à prevenção da multiplicação e disseminação de agentes no rebanho e deve reduzir a propagação das doenças e a pressão de infecção dentro do sistema de produção Como exemplos podemos citar o acesso de pessoas e o acesso de veículos que devem ser de utilização exclusiva e passar pelo sistema de desinfecção Essa recomendação é especialmente importante quando tratamos da criação de primatas não humanos que podem ser contaminados por muitos patógenos humanos Outras medidas que podemos citar são o controle de vetores e pragas roedores insetos e pássaros a limpeza e desinfecção dos recintos após a saída de animais a vacinação que deve seguir recomendações técnicas em função dos problemas sanitários ocorridos na região e a vermifugação Podemos incluir neste tema também a quarentena de animais advindos da natureza ou de outros criadouros que devem passar por um período de observação antes de entrarem em contato com os outros animais MANEJO AMBIENTAL NA PRODUÇÃO A produção animal pode impactar o meio ambiente de diversas maneiras Os resíduos dos animais podem poluir solo rios lagos e o lençol freático A utilização de bebedouros inadequados a temperatura do recinto e a quantidade de sais na alimentação podem levar a um uso de água muito maior que o necessário desperdiçando esse recurso ATENÇÃO O manejo incorreto dos resíduos dos animais além de liberar gases do efeito estufa gera odores desagradáveis e pode disseminar bactérias e fungos no ar podendo atrair também moscas e outros vetores de doenças que podem afetar tanto a saúde da população quanto a do rebanho da propriedade e do seu entorno Até mesmo os países desenvolvidos ainda enfrentam problemas para adequar sua produção a condições que afetem pouco o meio ambiente A melhor forma de reduzir os impactos ambientais causados pela produção é um bom planejamento antes da implantação da atividade atendendo a algumas exigências que devem ser contempladas para que a criação não seja uma fonte geradora de poluição Entre elas podemos citar 1 Realizar um estudo preciso das características zootécnicas hídricas edafoclimáticas sociais e econômicas da criação EDAFOCLIMÁTICAS Condições relativas ao clima e ao solo Identificar os resíduos gerados pela atividade o que possibilitará o perfeito manejo dos resíduos e do dimensionamento do sistema de tratamento 2 3 Determinar a capacidade de suporte dos recursos naturais em receber os resíduos com o estabelecimento de indicadores ambientais para monitorar a atividade Identificar outras cadeias produtivas que poderão consorciarse com a que se pretende instalar 4 5 Detectar áreas ambientalmente sensíveis na propriedade e no seu entorno Ter conhecimento das principais disfunções que os resíduos podem causar ao homem e aos animais com levantamento dos primeiros sintomas e socorros necessários 6 7 Estabelecer um programa de gerenciamento ambiental considerando não só a unidade produtiva mas também a bacia hidrográfica em que ela se insere Quando ocorrer uma expansão da criação esses parâmetros devem ser novamente considerados antes que tal expansão seja feita Com a observação desses pontos é possível adequar a produção ao meio ambiente local a fim de reduzir o impacto causado por ela Essas práticas não são boas somente para o meio ambiente ou para reduzir os riscos na produção mas são vantajosas também financeiramente já que com o nível de exigência de responsabilidade ambiental do mercado aumentando produtores que melhor se adequarem a essa nova realidade terão mais oportunidades no mercado Neste vídeo você conhecerá um pouco sobre a importância de se planejar juridicamente e estruturalmente para iniciar uma criação de animais silvestres VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir deste tema pudemos conhecer as espécies de mamíferos mais criadas no país e quais os riscos que elas apresentam para o meio ambiente e para a agricultura nacional Aprendemos também um pouco sobre o manejo e as instalações necessárias para implantarmos essas criações além das exigências legais para uma criação comercial de mamíferos silvestres ou exóticos Por fim identificamos a melhor forma de implantar uma criação comercial de animais silvestres ou exóticos gerando o menor impacto ambiental possível agregando assim valor ao produto comercializado PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE N I de et al Sistema de produção do caititu Tayassu tajacu resultados de pesquisa em sistema intensivo AMAZONPEC Encontro Internacional da Pecuária da Amazônia s l n 1 p 110 2008 CHARLES B Wildlife trafficking s l s n 2009 ISSN 00377333 v 40 Consultado em meio eletrônico em 17 jan 2021 COSSÍOS D La liebre europea Lepus europaeus Mammalia Leporidae especie invasora en el sur del Perú In Revista Peruana de Biología 112 209212 2004 DE LA SANCHA N et al 2009 Discovery of Juliomys Rodentia Sigmodontinae in Paraguay a new genus of Sigmodontinae for the countrys Atlantic Forest Mammalia 73162 167 2009 DIVA Guimarães Albuquerque et al 2016 Criação de Caititus em cativeiro EMBRAPA Amazônia Oriental p16 Disponível em httpsainfocnptiaembrapabrdigitalbitstreamitem1473581LivroCaititusAINFOpdf FREITAS C I A Animais silvestres manejo comportamento e noções de clínica e terapêutica s l v 1 p 217 2011 AGRIGERA D E RAPOPORT E H 1983 Status and distribution of the European hare in South America In J Mammal 64 163166 IBAMA Portaria Ibama nº 931998 Importação e Exportação de Fauna Silvestre Nativa ou Exótica Lista de Fauna Doméstica para fins de Operacionalização do Ibama s l p 18 1998 KREISCHER C Ecologia populacional e padrão de atividade de Cuniculus paca Dissertações e Teses s l 2017 MACÊDO J F Avaliação do temperamento de queixadas e catetos aplicado ao seu manejo racional s l p 49 2013 MOREIRA J R PIOVEZAN U Conceitos de manejo de fauna manejo de população problema e o exemplo da capivara Documentos 155 s l p 23 2005 REIS N dos et al Mamíferos do Brasil Londrina Technical Books 2006 REVISTA GLOBO RURAL Como criar paca s l p 15 2021 SALVADOR C H Diagnóstico do Plano Nacional do Javali Plano Nacional de Prevenção Controle e Monitoramento do Javali Sus scrofa em estado asselvajado no Brasil Anexo da Portaria Interministerial nº 232 de 28 de junho de 2017 s l p 1454 2017 EXPLORE Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema pesquise na internet Página do programa Globo Rural sobre a criação de animais silvestres Site do IBAMA CONTEUDISTA Luis Renato Rezende Bernardo CURRÍCULO LATTES