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Hermenêutica - O Que É, Jean Grondin: Resumo Completo

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Hermenêutica - O Que É, Jean Grondin: Resumo Completo

Filosofia

UNISAL

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNISAL CAMPUS SÃO JOAQUIM Rhomário Francisco Camargo Isabel O PROBLEMA DO MAL NA OBRA O LIVRE ARBÍTRIO DE SANTO AGOSTINHO LorenaSP 2022 Rhomário Francisco Camargo Isabel O PROBLEMA DO MAL NA OBRA O LIVRE ARBÍTRIO DE SANTO AGOSTINHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do grau de nome do curso no Centro Universitário Salesiano de São Paulo sob a orientação do Prof Dr Marcos Cotrim de Barce l los LorenaSP 2022 RHOMÁRIO FRANCISCO CAMARGO ISABEL O PROBLEMA DO MAL NA OBRA O LIVRE ARBÍTRIO DE SANTO AGOSTINHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do grau de nome do curso no Centro Universitário Salesiano de São Paulo sob a orientação do Prof Dr Marcos Cotrim de Barce l los Trabalho de conclusão de curso defendido e aprovado em pela banca Prof Dr Marcos Cotrim Barcel l os Prof Me Rodolfo Anderson Bueno de Aquino Prof Me Douglas Rodrigues da Silva DEDICATÓRIA Dedico este trabalho de conclusão de curso aos meus pais Carlos Antônio Isabel e Maria Aparecida Camargo Isabel aos meus irmãos Carlos Alberto Camargo Isabel e Marcus Vinícius Camargo Isabel às minhas cunhadas ao meu sobrinho e aos demais familiares a todos os professores que fizeram parte do meu cr escimento como pessoa durante minha história co mo também aos professores do Centro Universitário Salesiano de São Paulo Unidade de Lorena que contribuíram para meu cresciment o intelectual e humano e às pessoas que me deram incentivo e apo io no decorrer destes três anos acad êmicos d e modo especial ao Prof Marcos Cotrim Barcel os que pela atenção e colaboração me acompanhou durante e ste trabalho AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus por me ter guiado e dado forças para chegar até aqui na superação de todos os obstáculos encontrados ao longo do caminho Agradeço a Nossa Senhora e a São José a quem sempre recorri du rante esta trajetória acadêmica Agradeço também a os meus familiares amigos ao confrade Ir Miguel Damasceno Figueiredo OCS e ao amigo José Ricardo Xavier pelas correções do meu trabalho e a todos os colegas e amigos de caminhada Meus agradecimentos se estendem também a o Centro Univers itário Salesiano de São Paulo U nidade de Lorena de modo especial a todos os professores do cur so de Filosofia que durante ess es três anos sempre fizeram o melhor para compartilhar seus conheciment o s ainda mais nos momentos difíceis da pandemia pelos quais passamos Agradeço igualmente a o prof Marcos Cotrim Barcel l os meu orientador pela paciência de dicação e apontamentos para o bo m êxito deste trabalho e a os professores Me Rodolfo Anderson Bueno de Aquino e Me Douglas Rodrigues da Silva por aceitarem fazer parte da Comissão de Avaliação deste trabalho e da conclusão de mais uma etapa acadêmica A gradeço p or fim não menos importante à Congregação dos Oblatos de Cristo Sacerdote aos confrades e amigos do curso de Filosofia que comigo fizeram uma caminha de garra força coragem e alegria A verdade e Deus devem ser buscados na alma e não no mundo exterior Santo Agostinho RESUMO O problema do mal deixou Santo Agostinho bastante atormentado que o lev ou a t entar descobrilo Em suas investigações passou e teve bastante influências principalmente dentro da doutrina maniqueísta e neoplatônica Embora dentro dessas doutrinas tentasse encontrar uma resposta acabou ficando um vazio dentro de si Foi em o L ivre A rbítrio em discussão com Evódio que Santo Agostinho b uscou tratar da origem do mal relacionandoa à vontade humana Est e trabalho pretende portanto apresentar os passos f eitos por Santo Agostinho sobre a questão aqui mencionada fazendo referência à liberdade que mal utilizada acaba gerando o mal e a corrupção do homem Tratase de um bem concedido por Deus ao ser humano com o intuito de leválo a uma vida livre e feliz Palavraschave Mal Livre a rbítrio Liberdade Bem Vontade ABSTRACT The problem of evil left S aint Augustine very tormented and led him to try to find out about the problem of evil In his investigations he passed and had a lot of influences mainly within the Manichean and Neoplatonic doctrine Although within these doctrines he tried to find an answer he ended up with a void inside him It was in Free Will in discussion with Evodio that Saint Augustine sought to address the origin of evil in connection with the human will This work intends to present the steps taken by Saint Augustine about the problem of evil referring to free will and freedom that misused end up generating evil the corruption of man Free will is a good granted to man by God so that he can have a free and happy life Keywords Evil Free will Freedom Well Will SUMÁRI O INTRODUÇÃO 10 CAPÍTULO I 12 1 PROBLEMA DO MAL E LIVRE ARBÍTRIO 12 21 Maniqueísmo 12 12 Problema do Mal 15 121 Mal Metafísico Ontológico 17 122 Mal Moral 18 13 LivreArbítrio 19 CAPÍTULO II 23 2 VONTADE E O PECADO 23 21 Lei Eterna e Lei Temporal 23 22 Vontade 25 23 O mal nas Confissões e em o Livrearbítrio 29 CAPÍTULO III 32 3 A VONTADE LIVRE E LIBERDADE 32 31 Verdade e Liberdade 33 32 O problema do mal em Santo Agostinho 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS 37 REFERÊNCIAS 39 I NTRODUÇÃO Es ta pesquisa trata de um assunto específico no pensamento de Santo Agostinho o problema do mal Assim ela traz como base a obra o L ivre Arbítrio Desde o primeiro livro Santo Agostinho e seu interlocutor Evódio tentaram abordar a origem do mal moral ligandoo à vontade humana Ness a obra Santo Agostinho visa defender Deus das acusações do mal e mostra que a única fonte do pecado está no mau uso do l ivre a rbítrio que é um bem que nos f or a dado por Deus O pensamento agostiniano aborda a questão do mal a partir de três perspecti vas ontológica física e moral de ntre as quais serão expostas aqui somente duas a ontológica e a moral Todo homem possui liberdade d e escolha para ag ir como desejar Sendo assim no conceito agos tiniano o ser humano é o principal agente de suas escolhas E como resultado disto o bem e a boa vontade podem leválo a ser virtuoso e a ter um a vida feliz Contudo é preciso levar em conta que o uso de sua razão é condição necessária para determinar suas próprias ações Isto significa que a criatura humana é responsável por tudo o que rea liza e pelo modo como utiliza seu livrearbítrio No dicionário filosófico de Nicola Abbagnano a primeira concepção de liberdade traduzida como absoluta incondicional e sem limitações nem graus é livre d aquilo que é a causa de si mesmo Sua primeira expressão encontrase em Aristóteles No mundo cris tão ela teve início em Orígenes para quem a liberdade não era apenas ter a causa de movimentos mas ser a causa Assim essa definição é aplicada a todos os homens sendo eles juíz es de suas p róprias circunstâncias externas Essas considerações aparecem em o Livre A rbítrio de Santo Agostinho Santo Agostinho entende o l ivre a rbítrio como uma possibilidade de escolha de uma l iberdade em vista da vida beata S em Deus tal capacidade de escolha encaminha a humanidade a o peca do O importante é entender que não i mporta quais são as ações praticadas pelo homem mas sim como ele usa seu livrearbítrio p ara ser livre Além do mais ele pode fazer uma má escolha de seu livrearbítrio que sem a presença de Deus pod e escolher o que é mau para si mesmo P or isso é que existem a liberdade de escolhas e a questão das diferenças humanas Já o mal pode ser entendido a partir de dois pontos de vista o metafísico e a moral que fazem parte da realidade e da vida de todo homem No livro I em o Livre Arbítrio Santo Agostinho trata da relação entre o homem e se u livre arbítrio assim este é o responsável por todos os atos que pratica ou seja não faz bom proveito de sua liberdade Nas d iscussões de Agostinho e Evódio é notável perceber que o homem possui em relação à vontade entre o bem e o mal o poder de decisão em outras palavras o arbítrio que possibilita a ele o pod er de decidir de escolher de se aproximar ou se afastar do mal O primeiro capítulo discorre primeiramente sobre a doutrina maniqueísta que Santo Agostinho freq uentou e que dentro da qual achava que iria encontrar a resposta que tanto buscava para o problema do mal Ass im a discussão sobre essa temática será tratada em dois pontos metafísicoontológico e o mal moral Ai nda para fechar o capítulo será estudado sobre o livre arbítrio concedido ao homem para ser utilizado como lhe aprouver e como seu uso pode trazer e scolhas boas ou ruins levandoo à felicidade ou à corrupção O segundo capítulo discute sobre a lei eterna e a lei temporal e a partir delas o homem pode adquirir uma boa or ientação para sua vida permitindo que cada um viva uma vida mais pacífica e mais just a Desse modo é necessário falar sobre a vontade pois é baseandose nela que o homem poderá viver uma vida reta e aproximar se do bem imutável Deus E por fim para encerrar o capítulo será tratado sobre o mal nas Confissões e em o Livre Arbítrio E o terceiro capítulo expõe sobre a verdade e a liberdade e examina seus conceitos e a relação entre si Assim se a verdade faz feliz o homem que a vive então é claro que a verdadeira liberdade para ele é conhecêla e querer possuíla e ser submisso a ela pode ser garantia de segurança e liberdade A compreensão do bem e do mal é base ada na meditação cristã E a interpretação de Santo Agostinho sobre esses conceitos também se baseia em uma reinterpretação da filosofia de Platão que foi usada por ele para refutar as visões dualistas reivindicadas pelo maniqueísmo CAPÍTULO I PROBLEMA DO MAL E LIVRE ARBÍTRIO No primeiro subitem será dissertado sobre o Maniqueísmo e a busca sobre o mal que Santo Agostinho pretendia encontrar dentro dess a seita Já n o segundo tópico será discutido acerca do problema do mal que Agostinho tanto ansiou por uma resposta e passando por dois pontos metafísicoontológico e moral E na terceira parte será tratado a respeito do livre arbítrio que cada homem possui e o seu direcionamento nas escolhas para as coisas boas ou ruins 2 1 Maniqueísmo Santo Agostinho sempre teve a religião como sendo bem próxima pois su a mãe era uma mulher cristã embora o c ristianismo para ele não sig nificava muito e não era um adepto da religião contudo não deixava de portar consigo uma inspiração cristã Assim buscava uma via que o levasse a uma vida mais reta de ntro de um caminho espiritual e ao mesmo tempo intelectivo Dentro desse caminho esteve sempre em busca da verdade e desejava encontrar respostas e soluçõ es para suas inquietações acerca do problema do mal no universo Essa indagação o deixa va bastante pensativo e impaciente mas o cristianismo parece que não lhe dava respostas ou lhe apresentava soluções para seus questionamentos Após inúmeras tentativas e esgotamento sobre uma resposta encaminhouse para o lado dos m aniqueus que eram tidos como hereges de modo a encontrar uma resposta sobre o problema do mal Desse modo o M aniqueísmo então t eve forte influência sobre ele já que o seu desejo era o de encontrar a sabedoria Para Santo Agostinho a sabedoria era uma verdade que não precisava de mais nada nem mesmo da religião ou seja a sabedoria estava em primeiro lugar E como a seita maniqueísta buscava dar explicaçõe s racionais sobre o universo sobre a vida e o mal esse homem viase então atraído por ela O M aniqueísmo surgiu no século III propagado por Manes e possuía uma filosofia sincrética e dualista Seus adeptos a creditavam que o universo era regido por duas divindades a bondade e a maldade Assim no contexto moral insistiam que o homem possuía duas almas sendo que uma era guiada pelo bem e a outra pelo mal desse mo do o mal pode ser entendido sob dois aspectos ontológico e moral O homem não era responsável pe lo mal que havia praticado mas era lhe uma imp osição Por isso nos diz Reale 2003 p83 sobre Santo Agostinho Eis alguns trechos do escrito sobre as heresias de Agostinho que ilustram alguns pontos destacados dessa religião 0s maniqueístas escreve Agostinho afirmaram a existência de dois princípios diversos e adversos entre si mas ao mesmo tempo eternos e coeternos e seguindo outros heréticos antigos imaginaram duas naturezas e substâncias a do bem e a do mal Segundo seus dogmas afirmam que essas duas substâncias estão em luta e mescladas entre si Como relata ainda Agostinho a doutrina maniqueíst a apresentava as formas como o b em se purifica do ma l fazendo amplo uso de narrações fantásticas O bem é a luz o sol e a lua são os barquinhos que levam a Deus a luz esparsa em todo o mundo e misturada ao princípio oposto A purificação do mal pelo bem realizase também por obra da classe dos homens eleitos que juntamente com a classe dos ouvin tes constituía a sua Igreja O s eleitos purificavam o bem não só com uma vida pura castidade e renúncia a família mas também abstendose dos t rabalhos materiais e seguindo um a alimentação especial REALE 2003 p83 Ademais o maniqueísmo estava certo de que poderia dar respostas s obre o problema do bem e do mal Nessas intenções redigiram uma doutrina que isentava Deus e os homens livres de toda responsabilidade Acreditavam em dois princípios diferentes q ue estavam em constante combate o primeiro defendia que Deus era o bem o segundo afirmava que não fora criado por Deus e que era o mal em um reino de luz onde habitava Deus q ue possuía uma natureza física e que ocupava um espaço mas não tinha uma forma humana MANIQUEÍSMO in Manicheism fr Manichéisme ai Manichüismus it Manicbeismo Doutrina do sacerdote persa Mani lat Manichaeus que viveu no séc III e proclamouse o Paracleto aquele que de via conduzir a doutrina cristã à perfeição O M é uma mistura imaginosa de elementos gnósticos cristãos e orientais sobre as bases do dualismo da religião de Zoroastro Admite dois princípios o do bem ou da luz e o outro do mal ou das trevas No homem esses dois princípios são representados por duas almas a corpórea que é a do mal e a luminosa que é a do bem Podese chegar ao predomínio da alma luminosa através de uma ascese particular que consiste em três selos abstenção de alimentarse de carne e de manter conversas impuras signaculum oris abstenção da propriedade e do trabalho signaculum nianus absterse do casamento e do concubinato sig iaculum sinus O M foi muito difundido no Oriente e no Ocidente aqui durou até o séc VII O grande adversário do M foi S Agostinho que dedicou grande número de obras à sua refutaçã o Cf H C Pi IKCH Le manichéisnw sou fondateitr sa doctrine Paris 1949 ABBAGNANO 2007 p 641 Como frequentador do maniqueísmo Santo Agostinho 1974 p170171 nas Confissões diz E a ti vida de minha vida também a ti eu te concebia como entidade que se estende por toda parte e vai penetrando através dos espaços infinitos em todo o universo e alastrandose também fora dele na imensidão sem limites Desse modo a terra o céu e todas as coisas te continham e todas elas encontravam em ti seu limite enquanto tu não eras limitado por nada E assim estarias presente nas várias partes do mundo partindote aqui e ali em fragmentos maiores ou menores conforme as partes maiores ou menores do universo No entanto não é assim mas tu não me havias dissipado as trevas da mente AGOSTINHO 1974 p170171 Da mesma forma que existe o reino de luz há também o reino das trevas sendo este último o caminho da escuridão e dos erros Assim os maniqueus concebiam esses reinos como coeternos ou seja possuí am a mesma força Do mesmo modo é possível notar como a seita do maniqueísmo trata sobre as questões morais e sobre a resolução referente ao problema do ma l para o homem Santo Agostinho acreditava que já tivesse conseguido en contrar alguma solução para tal questão Enquanto isso o manique ísmo estava ainda em busca da resolução para essa discussão do mal nas ações do homem E é a partir dess e emaran hado de doutrinas e discussões que Santo Agostinho acreditava que já chegara a uma r esposta para tudo o que o estava deixando atormentado Viuse então neste contexto de que não possuí a a sua liberdade pois ela estava no encontro consigo mesmo sendo sua al ma a alma do bem a parte má era o que lhe possibilitava a prática do mal Por isso durante sua vivência no maniqueísmo pensava que tivesse encontrado a resposta para seus anseios internos Na doutrina dos maniqueus o homem possui uma alma sendo um eu origin al de modo ontológico e bom E q uando se liga ao corpo aca ba por ser uma alma má por essa razão o pecado considera a alma na situação carnal O filósofo quando jovem entendia o mal como sendo natural e não como um problema moral Para fazer a libertação da alma a moral do maniqueísmo tinha como exigência uma vida totalmente rigor osa Da mesma forma entendiam que era possível ao homem distanciar se do mundo material e fazer a liber tação da alma de tudo o que est ivesse preso à matéria Assim o pecado po de atrasar a libertação do ser humano e a moral maniqueíst a estava num processo de libertação d a alma Em síntese Santo Agostinho entendeu que a doutrina maniqueíst a era insuficiente para resolver tais questões A o ter um encontro com Fausto principal expoente do mani queísmo vivido no século IV Santo Agosti nho em Cartago por volta de 383 acabaria por abandonar gradualmente a referida doutrina com o intuito de fazer refutaç ões aos maniqueus e construir sua teoria para explicar de on de se originou o mal Para ele o problema sobre o mal ainda não estava resolvido Por esse motivo continuou ainda busca ndo respostas para suas indagações 1 2 Problema do Mal Como já foi dito o p roblema do mal sempre deixou Santo Agostinho bastante intrigado desde que era jovem Ademais o mal sempre foi uma problemática que decorre há muito tempo e que por isso muitas pessoas fizeram pesquisas e m diversas áreas de conhecimento para tentar entendêlo e definilo Assim Santo Agostinho procurou entendêlo e explicálo em o Livre A rbítrio onde f e z refutações aos maniqueus que muitas vezes coloca vam em De us a cul pa sobre a existência do mal A maldade sempre esteve em contato com a humanidade desde os primórdios d o mundo A partir de lá cada homem passou a ter a sua liberdade para escolher qual o cam inho a ser seguido eventualmente a vontade humana faz parte de tudo o que a envolve Indubitavelmente para explicar as ações e por qual motivo às vezes surgem proble mas que são originados pelo mal em o Livr e Arbítrio é possível perceber claramente a p reocupação de Santo Agostinho de querer descobrir e entender o início disso tudo e quem seria seu autor em outras palavras como entender e explicar esse conceito dentro do mundo que fora tão bemcriado por Deus Evódio p eçote que me digas será Deus o autor do mal Agostinho Dirteei se antes me explicares a que mal te referes Pois habitualmente tomamos o termo mal em dois sentidos um ao dizer que alguém praticou o mal outro ao dizer que sofreu algum mal Ev Quero saber a respeito de um e de outro Ag Pois bem se sabes ou acreditas que Deus é bom e não nos é permitido pensar de outro modo Deus não pode praticar o mal Por outro lado se proclamamos ser ele justo e negálo seria blasfêmia Deus deve distribuir recompensas aos bons assim como castigos aos maus E por certo tais castigos parecem males àqueles que os padecem É porque visto ninguém ser punido injustamente como devemos acreditar já que de acordo com a nossa fé é a divina Providência que dirige o universo Deus de modo algum será o autor daquele primeiro gênero de males a que nos referimos só do segundo Ev Haverá então algum outro autor do primeiro gênero de mal uma vez estar claro não ser Deus AGOSTINHO 1995 p26 A partir da questão feita por Evódio Santo Agostinho busca explicar como então pode ter surgido o mal Suas teses e explicações por muito tempo fo ram utilizada s como base para esse esclarecimento e que ainda são usadas Ressaltase que a té hoje não parece haver resposta que seja suf iciente para elucidar essa problemática Tal questão na perspectiva de Santo Agostinho continha uma contradição preocupavase em apresentar definições sobre o problema do mal no universo que fora criado e é regido por Deus que é rico em bondade e onipotência Em contraste com essa bondade e onipotência se Deus é tudo isso então o mal não pode habitar no mundo Neste sentido como explicar isso De onde veio Quem é o seu autor Por conseguinte sendo Deus rico em bondade podese colocar então em dúvida essa questão se existe o mal no mundo então Deus não é totalmente bom A ssim Deus deixa que o mal habite no mundo ou poderia ser seu autor Pode se pensar também que não possui a onipotência a ponto d e não deixar que o mal aconteça E m síntese o que atormentava a mente de Santo Agostinho era a seguinte dúvida como explicar o mal no mun do em que Deus é o sumo bem e onipotente Desde a criação do mundo tudo vem de Deus que é bom e onipotente então de onde vem o mal A o ter frequentado o maniqueísmo e após não se sentir satisfeito com as explicações feita s pelos membros desta seita maniqu eísta pois eram dualistas e a partir de Plotino é que Santo Agostinho encontrou um apoio que o ajudasse a resolver esse pensamento Em o Livre Arbítrio ele diz que toda a natureza enquanto tal é boa neste passo o mal não é subst ância mas é a privação do bem Afirma o seguinte Ag Toda natureza natura que pode tornarse menos boa todavia é boa De fato ou bem a corrupção não lhe é nociva e nesse caso ela é incorruptível ou bem a corrupção atingea e então ela é corruptível Vem a perder a sua perfeição e tornase menos boa Caso a corrupção a privar totalmente de todo bem o que dela restará não poderá mais se corromper não tendo mais bem algum cuja corrupção a possa atingir e assim prejudicar Por outro lado aquilo que a corrupção não pode prejudicar também não pode se corromper e assim esse ser será incorruptível Pois eis algo totalmente absurdo uma natureza tornar se incorruptível por sua própria corrupção AGOSTINHO 1995 p191192 O mal é a negação da bondade em que o homem insiste na desobediência a Deus ou seja quer satisf azer seus próprios desejos Os sentimentos ruins de inveja ou de vingança são coisas más e que por muitas vezes são colocada s acima da bondade A respeito desta ideia Abbagnano vai diz er A concepção do mal como não aparece nos estóicos e claramente formulada pelos neoplatônicos Por considerarem que a existência dos males condiciona a dos bens de tal modo que p ex não haveria justiça se não houvesse ofensas não haveria trabalho se não houvesse indolência não haveria verdade se não houvesse mentira etc Os estóicos em particular Crisipo achavam que os chamados males não são realmente males porque necessários à ordem e à economia do universo ABBAGNANO 2007 p638 O maniqueísmo e o neoplatonismo ajudaram muito na busca por r espostas sobre o tema em questão D esse modo Santo Agostinho vai mais a fundo acerca desse assunto Da mesma forma é preciso examinar o mal em dois pontos metafísicoontológico e moral 1 2 1 Mal Metafísico Ontológico O mal ontológico não é propriamente o mal é uma imperfeição que são tipos diferentes de ser sendo alguns superiores e outros inferiores Assim vai depender também da questão metafísica no sentido de dependência da vontade do homem que é universal Deus é infinito e superior a todas as criaturas e os demais são seres limitados que estão condicionados a cair no mal O mal ontológico apresenta a forma de ser de cada criatura de maneira que existe somente um infinito que é Deus Nas Confissões Santo Agostinho declara que somente Deus é eterno e infinito as demais criaturas são contingentes e limitadas Toda a criatura deve a Deus a sua própria existência Volvi o olhar para as outras coisas e vi que devem a existência a ti e são todas limitadas em ti porém de modo diferente não como no espaço na verdade tu tens todos como na palma da mão porque todas as coisas são verdadeiras enquanto existem e não há falsidade senão quando pensamos existir o que não existe Vi que cada coisa se harmoniza não só com seu lugar mas também com sua época Vi que tu único ser eterno não começaste a agir depois de incalculáveis espaços de tempo porque todos esses espaços de tempo passados ou futuros não poderiam ir nem vir se tu não agisses e não fosses permanente AGOSTINHO 1984 p190 O estudo sobre o mal f az Santo Agostinho estar em constante busca por uma reposta e a encontrar esclarecimentos que englobem o senti do da existência humana sobre tudo o que já foi dito sobre o homem no mundo E t odo o caminho de reflexão feito por ele mostra que o mal não questiona ou coloca em questão acerca da existência e da bondade de Deus Desse modo ó meu Socorro tu me havias libertado dessas cadeias Eu porém continuava a procurar a origem do mal e não encontrava resposta No entanto não permitias que o turbilhão de pensamentos me afastasse da fé Eu acreditava em tua existência na imutabilidade de tua substância no teu governo sobre os homens na tua justiça Acreditava que em Cristo teu Filho e Senhor nosso e nas Sagradas Escritur as garantidas pela tua Igreja C atólica havias colocado o caminho da salvação para a humanidade a fim de atingir a vida que começará depois da morte AGOSTINHO 1984 p180 Ele deixouse levar então por ideias maniqueístas e depois percebeu que eram errad a s também deixou isso claro em suas Confissões A natureza neste passo tem uma questão bem importante na visão ontológica toda a natureza enquanto obra da criação é boa 1 22 Mal Moral O lhando para o contexto em discussão o mal moral é vi sto como pecado Sendo este originado pelo mau uso da liberdade que foi concedida ao homem Conforme analisa se o mal ontológico ele não existe sendo entendido como o não ser ou a ausência do bem Ele i nicia se no pecado que o ser humano pratica O mal moral para Santo Agostinho é a decadência do bem Ao ter sua liberdade de escolh a o homem faz tudo o que deseja praticando inclusive as más ações e que por isso acaba sendo privado da salvação Para o mal moral é bastante difícil encon trar uma solução E quando o ser racional desvia suas ações é sinal de que possui uma vontade responsável visto que suas escolhas são feitas de modo voluntário e que muitas vezes elas acaba m se inclinando para o mal Neste contexto Gilson 2006 diz Quanto ao que concerne o mal moral o problema parece mais difícil de ser resolvido Se as ações dos homens não são sempre o que deveriam ser sua vontade é a responsável O homem escolhe livremente suas decisões e é por ser livre que é capaz de fazer mal A questão é portanto saber como um Deus perfeito pô de doarnos o livrearbítrio ou seja uma vontade capaz de fazer o mal GILSON 2006 p 276 Desse modo em o Livre Arbítrio Evódio interroga Santo Agostinho se Deus é a causaautor do mal Par a responder a essa indagação Santo Agostinho diz que Deus não pode ser o autor do mal porque Ele é a suma b ondade Assim o principal causador do ma l é o próprio homem que faz mau uso d o seu l ivre a rbítrio Ademais segundo ele é no exagero da vontade livre que o mal aparece Ag Talvez porque as pessoas se desinteressam e se afastam do verdadeiro ensino isto é dos meios de instrução Mas isso vem a ser outra questão O que porém mostrase evidente é que a instrução sempre é um bem visto que tal termo deriva do verbo instruir Assim será impossível o mal ser objeto de instrução Caso fosse ensinado estaria contido no ensino e desse modo a instrução não seria um bem Ora a instrução é um bem p26 como tu mesmo já o reconheceste Logo o mal não se aprende É em vão que procuras quem nos teria ensinado a praticálo Logo se a instrução falar sobre o mal será para nos ensinar a evitálo e não para nos levar a cometêlo De onde se segue que fazer o mal não seria outra coisa do que renunciar à instrução pois a verdadeira instrução só pode ser para o bem AGOSTINHO 1995 p2627 Nos dias atuais e na forma de vida de hoje há muitas questões relacionadas à existência de tanta mal dade É o que leva Santo Agostinho a dizer que o mal tem sua origem n as paixões exercidas sobre o domínio d a razão de modo que o homem se torna escravo de seus próprios sentimentos O mal só pode estar no homem já que é uma falta do bem Está na utilização do mau uso de sua liberdade uma vez que o exager o é que o acaba desviando do caminho do bem com isso o ser humano acaba deixa ndo de ser virtuoso Enfim o mal moral está no mundo a partir do pecado original sendo fruto da desobediência do homem e da mulher criados por Deus O mal moral é de modo voluntário o ser espontâneo que fez com que Adão e Eva fossem expulsos do paraíso E em decorrência disso veio a morte 1 3 LivreArbítrio No livro I em o Livre Arbítrio Santo Agostinho trata da relação entre o home m e o seu livre arbítrio dizendo que o homem é o responsável por todos os atos que pratica ou seja não faz bom proveito de seu l ivre a rbítrio Neste pas so o mal se origina a partir de sua liberdade de escolha e possui sua ligação com as n ecessidades do homem Nesse sentido o mal é um a privação do bem da perfeição Para Santo Agostinho o mal não possui nenhuma comparação com o bem É importante destacar que d iante de tudo o que se lhe apresentou no decorrer de sua vida esse problema sempre o deixou inquieto e foi nesta obra que ele procurou investigar acerca d essa matéria As más ações surgem na vida do homem por meio das açõ es que são de caráter moral Por conseguinte para Santo Agostinho o l ivre a rbítrio é um bem p recioso que foi concedido ao homem pelo C riador Ademais se este bem lev a o ser humano ao pecado por que Deus o deu a o homem Não seria melhor priválo disso evitando que ele pecasse Essas ind agações são feitas por Evódio com a finalidade de esclarecer o problema do mal e Deus seja isento de ser o Autor Evódio diz Ev Mas quanto a esse mesmo livrearbítrio o qual estamos convencidos de ter o poder de nos levar ao pecado perguntome se aquele que nos criou fez bem de nolo ter dado Na verdade pareceme que não pecaríamos se estivéssemos privados dele e é para se temer que nesse caso Deus mesmo venha a ser considerado o autor de nossas más ações AGOSTINHO 1992 p69 Em o Livre Arbítrio o filósofo diz que há no homem uma vontade que é totalmente livre que deve ser vista como sendo concedida por Deus Assim embora essa vontade seja em vista de uma vida bem regrada pode levar a aproximação ou a o afastamento do bem Antes de falar sobre o l ivre a rbítrio é necessário reconhecer a ascendência da vontade que é a liberdade Além disso a vontade pode levar ao bem ou ao ma l pois ela é livre Nas discussões de Santo Agostinho e Evódio percebese que o homem possui em relação à sua vontade entre o bem e o mal o poder de decisão isto é o arbítrio que lhe possibilita o poder de decisão de escolhas para se aproximar ou se afastar do mal Com a capacidade de decisão e escolha o homem acaba por ser o responsável diante das demais pessoas e de Deus responsável pelos seus atos mora i s Por esse motivo no entendimento de Santo Agostinho o l ivre a rbítrio é responsá vel pela sujeição do homem às paixões e pelo distanciamento do sumo bem Ag Logo só me resta concluir se de um lado tudo o que é igual ou superior à mente que exerce seu natural senhorio e achase dotada de virtude não pode fazer dela escrava da paixão por causa da justiça por outro lado tudo o que lhe é inferior tampouco o pode por causa dessa mesma inferioridade como demonstram as constatações precedentes Portanto não há nenhuma outra realidade que torne a mente cúmplice da paixão a não ser a própria vontade e o livrearbítrio Ev Não vejo conclusão nenhuma tão necessária quanto essa AGOSTINHO 1995 p52 Para uma melhor compreensão do que seja o l ivre a rbítrio é preciso entender a diferença com relação à liberdade da vontade humana Desse modo o ser humano tem sua vida reta ou de pecado a partir de sua vontade livre P or isso segundo Filho 2006 o livre arbítrio só possui sentido se coubesse ao homem o poder de decisão que rumo seguir Ele diz O ser humano tem uma vida reta ou pecaminosa segundo a sua vontade livre Não se trata pois de uma necessidade natural isto é da impossibilidade de pecar ou não pecar Por isso só faria sentido falar em livrearbítrio quando coubesse única e exclusivamente ao ser humano decidir a cada momento que caminho tomar Seria totalmente aleatório e imprevisível saber se o ser humano vai ou nãopecar E se o livrearbítrio é um dom de Deus nem Ele pode interferir nessa escolha O máximo que pode fazer é esperar que o ser humano O busque FILHO 2006 p10850 A liberdade é um modo de autodeterminação em sentido total onde o homem se insere mundo substância estado com a possibilidade de escolher de modo limitado e Finito Abbgano 2007 define liberdade como Uma forma de autodeterminação como uma totalidade da qual o homem está inserido mundo substância e estado tem se a possibilidade de escolha limita finita A liberdade como necessidade que se baseia no mesmo conceito da precedente a autodeterminação mas atribuindoa à totalidade a que o homem pertence Mundo Substância Estado privilegia o homem porque a causa do s movimentos humanos é aquilo que o próprio homem escolhe como móbil enquanto juiz e árbitro das circunstâncias externas Deprinc III 5 Essas considerações análogas ocorrem em o livre arbítrio de S Agostinho Em outro trecho ele diz Sente que a alma se movimenta por si só quem sente em si a vontade ABBAGNANO 2007 p606 Ademais Santo Agostinho deixa claro que o l ivre a rbítrio vem de Deus de modo que o próprio Deus se ntiu a necessidade de mostrar sua exi stência para provar que isto é um bem como de maneira idêntica tudo o que fora criado por Ele A expressão livre arbítrio apresentada neste trabalho é para fazer referência à liberdade Neste sentido Santo Agostinho deixou claro a diferença entre os dois termos sendo o l ivre a rbítrio que é a escolha entre o bem e o mal e a liberdade que é a boa utilização do l ivre a rbítrio Para Reale 2003 a liber dade é ligada à vontade e não à razão como era entendido pelos gregos dizendo o seguinte A liberdade é própria da vontade e não da razão no sentido em que a entendiam os gregos E assim se resolve o antigo paradoxo socrático de que é impossível conhecer o bem e fazer o mal A razão pode conhecer o bem e a vontade pode rejeitálo porque embora pertencendo ao espírito humano a vontade é uma faculda de diferente da razão tendo uma autonomia própria em relação à razão embora seja a ela ligada A razão conhece e a vontade escolhe podendo escolher até o irracional ou seja aquilo que não está em conformidade com a reta razão E desse modo se explica a possibilidade da aversio a Deo e da conuersio ad creaturam REALE 2003 p98 Diante disso põese a seguinte questão se o l ivre arbítrio não é um mal para a vida do homem como então o pecado vem através dele Não seria melhor se Deus não o tivesse dado ao ser humano E sendo que foi dado por Deus não é ele o responsável de forma indireta pelas más ações cometidas pela humanidade Antes das respostas Santo Agostinho salienta que já foi mostrado e explicado que o livrea rbítrio no homem é evidente como afirma Evódio Também me recordo de termos chegado à evidência a respeito desse ponto Mas no momento eu te pergunto o seguinte esse dom que certamente possuímos e pelo qual pecamos sabes que foi Deus que nolo concedeu Na minha opinião ninguém senão ele pois é por ele que existimos AGOSTINHO 1995 p73 Para tanto Santo Agostinho nos lembra que Deus existe e tudo o que é bom vem dele assim Evódio deve levar em conta o que fora mostrado no início do livro II capítulo I em que Santo Agostinho disse que o l ivre arbítrio foi dado ao homem para que tivesse uma vida reta Ao contrário D eus não teria agido com justiça ao aplicar o castigo ao ser humano que é transgressor do s pecados ou dar um bônus a um benfeitor que fez um bom uso de seu livrearbítrio Entreta nto na visão agostiniana a vontade livre na humanidade é um bem é uma coisa necessária pois mesmo os que se deixam levar ou se desviam do caminho a partir de seu l ivre a rbítrio podem voltar a ter uma vida reta se for seu desejo De modo contrário se não tivesse vontade não s er ia possível viver livre mente pois a vontade é um bem necessário na vivência de uma vida reta Em suma o l ivre a rbítrio é um bem mediano que se situa entre o bem supremo imutável e eterno que é Deus e os bens corruptíveis do mund o E sendo um bem mediano pode ser levado tanto para o bem quanto para o mal Em síntese quando a vontad e se leva pelo bem supremo o homem possui uma vid a feliz CAPÍTULO II 2 A VONTADE E O PECADO O segundo capítulo no primeiro subitem será tratado sobre a lei eterna e a lei temporal e como a partir delas o homem pode orientar bem a sua vida No segundo subitem será tratado acerca da vontade que permite ao homem ter uma vida reta pode ndo se aproximar ou se afastar do Bem I mutável O terceiro subitem será discutido sobre o mal na obra A s C onfissões e o L ivrearbítrio e a visão de Santo Agostinho 2 1 Lei Eterna e Lei Temporal No livro I Santo Agostinho já discutiu sobre o problema da prática do mal Ele e Evódio concluíram que o homem possui l ivre a rbítrio que é um bem dado por Deus Desse modo deixou claro que Deus não é o autor do mal e se Deus não é o seu autor não é po ssível que o homem aprenda a praticálo E neste sentido Santo Agostinho fala também das ações do homem como por exemplo d o adultério que é uma má ação Além disso o pensador começa a tratar acerca da lei eterna e lei temporal Para ele a lei eterna é livre da paixão seu intuito é o de defender o povo O que criou a lei para o povo criou a sem se levar pelas paixões e se isso acontecesse não teria sentido O filósofo deixa bem claro que é preciso saber distinguir a s lei s eternas das leis temporais A lei eterna faz a exigência de subordinar as razões à paixão a partir dela o homem é digno da vida feliz é lei eterna e imutável Por outro lado a lei temporal é inferior e se submete à lei eterna pode ter princípios justos mas com o tempo isso passa ou seja é mutável Assim Santo Agostinho 1995 p41 diz Então para exprimir em poucas palavras o quanto possível a noção impressa em nosso espírito dessa Lei eterna direi que ela é aquela lei em virtude da qual é justo que todas as coisas estejam perfeitamente ordenadas AGOSTINHO 1995 p 41 Falando de lei eterna e fazendo um paralelo com a l ei civil para Evódio esta última não tem o papel de proib ir tudo o que seja mal mas sim o de conduzir a uma vivência mais pacífica possibilitando a cada um a justiça o que é justo mesmo que seja um mal menor como por exemplo no caso em que um soldado possa matar o inimigo em nome de uma convivência civil mais pací fica Referindose a tal lei que permite esse tipo de aç ão a pergunta é Ela é justa ou injusta Ademais para Santo Agostinho uma lei que não seja justa não é lei AGOSTINHO 1995 p 36 No entendimento de Evódio a lei não obriga ninguém a matar Mas dá possibilidades para isso assim cada soldado por exemplo é livre para matar ou não Indubitavelmente o poder para matar um inimigo ou agressor não significa o dever de matálo Santo Agostinho não deixa de lado as leis civis pois é a partir delas que se garante m a ordem e a p az na sociedade civil As leis civis são criadas pelos homens para regular o estado e são criadas a partir da queda que o homem vive depois do pecado original As leis humanas são ú teis para a sociedade de onde têm origem são mutáveis e tê m tempo assim como o homem Evódio deixa clara sua posição em referência à discussão de l ei eterna e l ei temporal afirmando que a lei dos homens autoriza o que a lei divina pune Pareceme pois que a lei escrita para governar os povos autoriza com razão atos que a providência divina pune AGOSTINHO 1995 p 38 Santo Agostinho não condena a lei civil mas enten de seu papel e apresenta seus limites no sentido de que n a visão de Evódio a lei foi feita para regular o estado deixa ndo impune muitas práticas mas que serão p unidos pela providência divina Ele diz A você parece de fato que esta lei a qual se promulga para a administração do estado Parece tolerar e deixar impunes muitas ações que não obstante serão punidas pela providência divina com razão Isso é verdade mas se a lei humana não faz tudo não será por isso motivo de reprovação pelo que faz AGOSTINHO 1995 p 3839 Aqui é possível notar os l imites da lei civil em relação à punição e a diferença entre a lei eterna e a temporal Dessa forma fazendo a distinção e ntre ambas chegase a uma p ossível solução pois a discussão continua com os argumentos de que as leis civis são temporais e mutáveis ou seja pode m sofrer alterações uma vez que quem as criou pensou apenas em seus próprios interesses sem olhar o be m comum de todos Podese então notar que n a lei eterna não há nada que seja justo e legítimo que não seja proveniente dela fazendo jus ao seu nome visto que não é possível alterála por se tratar justamente de uma lei eterna e imutável Concluise portanto que a referida lei fundamenta o direito e que ela está acima da política contendo inclusive princípios ontológicos e axiológicos universais Já no capítulo VII discute se a relação do homem com a ordem do universo desejada por Deus É colocada também ao ser humano a possibilidade de definir a lei eterna e o perfil do homem sábio É nesse sentido que Santo Agostinho inicia a discussão interrogando Evódio se sabe vive r a partir da resposta do seu interlocutor faz endolhe a pergunta se uma coisa é viver sabe s que vive Nesse sentido a indagação agostiniana quer mostrar a Evódio que o homem possui uma razão que o faz superior aos outros animais Assim no seu ente ndimento é preciso discutir sobre isso e afir ma que é um assunto que não pode ser omitido uma vez que seu objetivo proposto n ão pode ria ser alcançado Segundo o pensamento de Santo Agostinho o homem tem características próprias amor e desejos Essas características não fazem com qu e ele seja superior aos outros animais todavia acontece que elas só estão ligada s à razão e consequentemente são reguladas e dominadas somente pelo ser humano A partir disso pode se dizer que o homem é ordenado como antes Santo Agostinho queria saber Então quando a razão a mente ou espírito governa os movimentos irraciona is da alma é que está dominando na verdade no homem aquilo que precisamente deve dominar em virtude daquela lei que reconhecemos como sendo a lei eterna AGOSTINHO 1995 p 47 Desse modo a razão a inteligência ou o espírito podem exercer domínio sobre as paixões de modo que o homem pode ser considerado sábio já que o reino do espírito deve ter a perfeição No entanto a paixão não pode ficar fora do controle da razão se isso acontecer significa que a emoção está indo contra a lei eterna que tem a exclusividade de manter a ordem pois a razão deve ser superior à paixão Em síntese o domínio exercido pelas paixões se torna uma pena ou castigo Desse modo se o pecado sub mete a razão às paixões e desobedece às leis di vinas a alma afastase do bem supremo e essas escolhas más impactam em grandes consequências que a fazem ficar com temor angústias desejos e falta de paz Assim Santo Agostinho em o L ivre A rbítrio qu is mostrar a justiça de Deus em relação ao homem 2 2 Vontade A princípio em o Livre Arbítrio o pensador mostra que o ser humano possui uma vontade livre mas o que lhe f alta às vezes é reconhecêla Todavia embora esse desejo seja dado a o homem a fim de leválo a uma vida reta esse mesmo anseio pode também fazer com que ele se aproxime ou se afaste do bem imutável que é Deus Para falar sobre o livrearbítrio é preciso antes de tudo ent ender que a vontade possui intri nseca mente em si a liberdade Ademais a vontade pod e levar ao bem ou ao mal assim ela é totalmente livre O que Santo Agostinho propõe é mostrar que o homem diante de tudo o que o envolve tem em si uma vontade boa Isto será mostrado de modo mais claro a partir das discussões filosóficas no livro II levando em con ta o estado em que o homem se encontra É dentro desse contexto que Santo Agostinho interroga Evódio a respeito da consciência da existência de uma boa vonta de no homem A resposta de Evódio afirma que todo homem tem o desejo de ter uma vida feliz E para explicar a Evódio o significado d essa boa vontade Santo Agostinho diz que É a vontade pela qual desejamos viver com retidão e honestidade para atingirmos o cume da sabedoria AGOSTINHO 1995 LIVRO I 25p 56 Portanto Evódio admite que há uma boa vontade em todo ser humano e para todas as pessoas isso deve ser motivo de alegria Contudo ele admite que existe o risco de maiores danos para quem não faz um bom uso des sa boa vontade Dito isto Santo Agostinho continua ainda insistindo que depende de nossa vontade gozarmos ou sermos privados de tão grande e verdadeiro bem Com efeito haveria alguma coisa que dependa mais de nossa vontade do que a própria vontade AGOSTINHO 1995 LIVRO I 26p 56 Além disso quem tem a boa vontade possui um dos tesouros mais preciosos da terra e aqueles que não a possuem falta lhes alguma coisa que é maior do que os bens que escapam ao poder dos homen s Aqui é possível entender que quem perde essa boa vontade cai na infelicidade Em seu diálogo com Evódio Santo Agostinho deixa explícito que o homem em sua livre vo ntade entre o bem e o mal possui o poder de decisão Traduzido do latim isso significa que ele fazendo uso de sua razão é capaz de decidir de escolher de se aproximar ou de se afastar do bemimutável Levando em consideração esse pensamento agostiniano o ser humano é portanto responsável diante de Deus e de todos pelos seus atos morais Ainda n o entendimento de Santo Agostinho a vontade livre do homem é boa e se não fosse a existência d o bem aqueles que se desviam do caminho não poderiam voltar a viver uma vida de retidão e sem a vontade livre ninguém pode ria viver de modo reto E é dentro desse contexto que Marcos Roberto 2007 vai diz er Portanto para Agostinho a livre vontade no homem é um bem e não só um bem mas algo necessário pois mesmo os que vivem vida perversa possuindo o livrearbítrio podem voltar a ter vida reta caso queiram Ao contrário se não o tivessem não poderiam vir a ter vida reta Por isso a livre vontade é um bem necessário sem o qual ninguém pode viver retamente E voltando a fazer analogia com os órgãos do corpo Agostinho mostra que diferentemente dos demais bens corporais os olhos por exemplo os quais o homem pode vir a perder e mesmo assim ter a vida reta a livre vontade é o único bem sem o qual o homem não pode vir a ter vida reta COSTA 2007 p 94 No capítulo XIII a vontade boa é apresent ada como um bem e para possuíla é necessário apenas o querer e para isso existem quatro virtudes cardeais que podem ajudar nesse propósito a Prudência a Fortaleza a Temperança e a Justiça quem as observa acaba por se livrar de viver u ma vida infeliz para tanto é necessário um grande esforço No entendimento de Santo Agostinho o homem feliz é aquele que tem a boa vontade e por causa dela despreza todo bem deste mundo ao passo que quem não a possui é infeliz Todavia a boa vontade não pode ser t ida somente como genérica que faça do homem um ser virtuoso ou feliz A respeito disso os argumentos de Santo Agostinho ultrapassam tudo o que fora ditado pela moral clássica como no caso dos estoicos acerca do que é o funda mento para a vontade humana e sua felicidade Assim chega se à conclusão que Logo que motivo existe para crer que devemos duvidar mesmo se até o presente nunca tenhamos possuído aquela sabedoria que é pela vontade que merecemos e levamos uma vida louvável e feliz e pela mesma vontade levamos uma vida vergonhosa e infeliz AGOSTINHO 1995 LIVRO I 28p 60 Nesse sentido se o homem ama e abraça essa bo a vontade preferindoa a tantas outras coisas sendo que isso não tenha a dependência do seu querer terá como con sequência através da razão uma alma possuidora das virtudes que consiste na retidão e na honestidade Desse modo Santo Agostinho conclui que Todo aquele que quer viver conforme a retidão e honestidade se quiser pôr esse bem acima de todos os bens passageiros da vida realizase conquista tão grande com tanta facilidade que para ele o querer e o possuir se identifica com o conseguir serão um só e mesmo ato AGOSTINHO Santo 1995 LIVRO I 29p 61 Diante disso podese perguntar se a felicidade é tão fácil de ser conquistad a E por que muitos não conseguem conquistála Assim Santo Agostinho expl ica que os infelizes não a alc ançam porque não vivem a retidão sendo esta um fator importante para uma vida feliz Todos querem uma vida feliz mas somente as pesso as boas buscam possuíla de modo justo e honesto Portanto os dois modo s de se obtêla consiste na maneira de como se busca chegar a essa vida sendo honesto ou não Simultaneamente a lei eterna nos mo stra que a felicidade é ligada à boa vontade e a infelicidade à má vontade Esse fato t em por consequência uma vida feliz e a boa vontade se liga à intenção de uma vida reta sem levar em conta sua facilidade ou dificuldade Mas na discussão é importante também falar das leis eternas e das leis temporais bem como as suas relações com a boa vontade Como já foi dito acima acerca da investigação d o pecado e da relação entre a lei eterna e a lei temporal o centro do pecado está na paixão libido ou melhor é o amor pelo que se perde contra a vontade própria Do modo contrário o amor pelo que vem da mão do homem é uma das partes fundamentai s da lei eterna para que ele viva segundo a ordem A partir daí concluise que há dois tipos de homens os que ama m as coisas eternas e os que amam as coisas temporais e que há duas leis a eterna e a temporal Podese então dizer que os seres humanos estão submetidos à lei eterna os que através d o amor dos bens eternos são felizes e os que estão submetidos à lei temporal os que são insensatos e possuem amor pelas coisas temporais É o que diz Santo Agostinho Logo é evidente que há duas espécies de homens uns amigos das coisas eternas e outros amigos das coisas temporais E já concordamos que há também duas leis u ma eterna outra temporal Dize me caso tenhas o senso da justiça quais desses homens devem estar colocados entre os submissos à lei eterna e quais à lei temporal AGOSTINHO 1995 LIVRO I 31p64 Mediante o pensamento de Santo Agostinho Evódio assim diz A resposta penso eu é bem fácil Aqueles a quem o amor dos bens eternos torna felizes devem a meu ver viver sob os ditames da lei eterna Ao passo que aos insensatos está imposto o julgo de lei temporal AGOSTINHO Santo 1995 LIVRO I 31p64 Ademais Santo Agostinho procura argumentar sobre um ponto que faltou na discussão afirmando que os se submetem à lei temporal não podem estar livres da lei eterna Por isso é importante esclarecer que quem se submeter à lei eterna terá como essência a liberdade verdadeira Portanto está nítido que os que est ão submetidos a esse princípio não tê m necessidade da lei temporal na prática do bem ou das ações de modo honesto Com o intuito de concluir esta discussão é importante deixar claro que par a Santo Agost inho a lei eterna tem parte no desvio do amor a os bens materiais e o leva em direção às coisas eternas Desse modo as leis temporais têm a função de garantir a ordem social e de punir através do medo Tal punição se aplica a os que querem obt er os bens de modo perverso ao passo que a lei eterna pune o amor ilimitado pel os bens passageiros e temporais que se originam nas paixões humanas e no amor errado E essa forma de amar foge do poder espiritual deixando de lado o amor verdadeiro na busca da felicidade Em suma o amor está na posse do homem assim não se deve m acusar as coisas em si mesma s mas sim os homens q ue fazem delas o mau uso 2 3 O mal nas Confissões e em o Livrearbítrio Na obra A s Confissões no L ivro VII Santo Agostinho faz for tes críticas aos maniqueus e aos seus ensinamentos visto que eles tinham uma visão dualista do mundo O maniqueísmo buscava a salvação através da ciência e queria explicar através da razão o sur gimento do universo e da vida Esta questão era o que Santo Agostinho mais buscava entender e responder já que o mal era o que o incomodava Sobre este problema do mal surge a seguinte pergunta se o Deus do cristão de onde se originam todos os seres como não responsab ilizar Deus pela causa do mal Na leitura das Confissões apresenta mse os pr oblemas e conflitos internos pelos quais Santo Agostinho se deixou desvirt uar levandoo à busca de vícios e paixões mas que no fundo desejava uma vida regrada Aqui fica m evidente s suas lutas su a vivência intelectual sua liberdade e condução de sua vida longe d a presença div ina No entanto ele entende que o ser humano não é somente inteligênci a razão e autonomia total mas inicialmente busca sanar su a carência e isso não termina se não realizar o que deseja No início do livro VII das Confissões o filósofo diz claramente acerca das dificuldades que teve em entender a natureza do bem em todo o contexto que lhe apresentaram Ao fazer parte da seita maniqu é ia acabou ficando sem pens ar e examinar mais abertamente sobre a natureza de Deus e do mal Assim dentro d o maniqueísmo acabou aceitando as respostas que eram dadas sobre Deus e a origem do mal Desse modo nas Confissões Santo Agosti nho coloca o problema do mal e n o que ele acredita Se Deus é b om e criou todas as coisas boas como pode existir o mal Na tentativa de descobrir sobre a origem do mal ele fa la sobre o mundo e sobre os corpos e os espíritos como limitados e que Deus passa por eles como ilimitado Fiz da Vossa criação uma única e imensa massa diferenciada em diversas espécies de corpos uns corpos verdadeiros outros espíritos que eu imaginava sob a figura de corpos A Vós Senhor infinito em todas as direções imageiVos a rodeála e penetrála de todas as partes como se fôsseis um único mar em toda a parte e de todos os lados infinito AGOSTINHO 1990 p144145 Deus não é a causa do mal em um princípio ontológico mas pode ter criado o mundo como u m objeto corruptível Assim diz Agostinho seria pelo fato de Deus fazer tudo isto com matéria em que existia algo de mau e ao darlhe a forma e ao ordenála ter deixado nela alguma coisa que não transformasse em bem AGOSTINHO 1990 p145 Visto desse modo todas as coisas criadas por Deus são boas sendo a criação a sua principal matéria e na qual contém todo o potencial para que todos os homens no decorrer do tempo tenham suas ideias É o sumo bem que criou e mantém as coisas boas Elas e xistem enquanto dependem de Deus e por si só não conseguem subsistir A partir desse ponto questionase o seguinte Deus é a causa do m al ou nele está a corrupção Est a questão faz crítica ao maniqueísmo o qual acredita va que havia duas partes do divino o bem e o mal Foi a través de leituras neoplatônicas e posteriormente após sua conversão que Santo Agostinho utilizou o pensamento neoplatônico para justificar e dar explicações sobre a fé cristã No cristianismo há somente um princípio universal Deus é bom de modo absoluto e tudo o que criou é bom Por isso Ele é o sumo bem uno perfeito e eterno Não poderia ser origem do mal porque é o sumo bem é incorruptível e t em uma bondade infinita Além do mais Sua bondade dentro da f é cristã é inquestionável É por esse motivo que Santo Agostinho afirma que não há possibilidade de Deus ser a origem do mal Através desse ponto de vista o pensamento agostiniano a respeito d o mal fez com que o modo de entendimento sobre o mal dentro da filosofia fosse mudado já q ue o mesmo era pensado como essencial para todas as coisas existentes no mundo Sendo assim para S anto Agostinho o mal não é necessário para que se combine m as coisas Em o Livre A rbítrio o último capítulo do livro I trata da definição do pecado e deixa explícito que o mal tem origem no livre arbítrio Até então como já foi estudado acima para Santo Agostinho ficaram estabelecido s os valores da lei eterna e da lei temporal e as especificações acerca de dois tipos de homens os que amam as coisas eternas e os que amam as coisas temporais A partir desse pensamento tanto Agostinho quanto Evódio afirmam que cada pessoa é livre para escolher aquilo que quer seguir Mas deixam claro que o caminho das leis eternas conduz à busca da felicidade e a vontade livre pode ocasionar uma queda ou desvio da alma do caminho reto Nesse sentido apresentase que não se deve deixar de lado os bens materiais se alguém os usa de modo errado Para Santo Agostinho a pr ática do mal consiste na busca d os bens temporais que são inerentes ao corpo Neste passo coloca m se de lado os bens eternos e quem os ama verdadeira mente não pode deixar que eles se percam Assim a busca pelo pecado está con tida na lei eterna e é através dela que se orienta a boa vontade Todo homem que se submete a estas leis é extremamente feliz e os que delas se di stanciam são infelizes Para melhor entender isso Étiene Gilson 2006 diz que o mau uso das coisas é condição do bom é quan do se usufrui da verdade assim a vontade tem a vida feliz sendo o bem supremo do homem Por isso ele afirma Por outro lado a possibilidade desse mau uso seria necessariamente a condição do bom e da felicidade que esse bom uso implica Quando se apega ao bem imutável e universal que é a verdade para fruílo nossa vontade possui a vida feliz que é o bem supremo do homem Ora essa bé atitude não é idêntica à Verdade da qual ela é apenas a posse individual Por adesão a uma única e mesma Verdade e a uma única e mesma Sabedoria comuns a todos todos os homens tornamse felizes e sábios mas um homem não pode ser feliz pela béatitude de outro homem GILSON 2006 p277 Neste co ntexto de querer encontrar respostas para o problema do mal que sempre deixou Santo Agostinho inq uieto e perturbado e ntendeu se o mal como a privação do bem mas isso não foi essencial para esclarecer suas indagações Portanto para tratar sobre o mal moral e o pecado ess a resposta é muito rasa Por outro lado também foi necessário tratar sobre o l ivr ea rbítrio e a vontade Santo Agostinho ataca os maniqueus por tentarem de várias maneiras refutar e derrubar o l ivre a rbítrio que fora dado por Deus aos homens Na visão do maniqueísmo o mundo criado não fora uma boa criação sendo a alma boa e o corpo mau Nesse sentido Ele busca mostrar que a responsabilidade pelas ações deve estar nos homens como praticantes de seus atos e que eles faz em as escolhas e decide m se quer em ag ir de forma boa ou má e como vão lidar com as coisas que estão à sua volta Para melhor entender isso Evódio 1995 diz que cada homem ao cometer um pecado se distancia das co isas divinas e duráveis a firmando 35a Ev É bem como dizes e eu concordo em que todos os pecados se encontrem nessa única categoria a saber cada um ao pecar afastase das coisas divinas e realmente duráveis para se apegar às coisas mutáveis e incertas ainda que estas se encontrem perfeitamente dispostas cada uma em sua ordem e realizem a beleza que lhes corresponde AGOSTINHO 1995 LIVRO I 31p68 Outrossim Santo Agostinho no final do livro I chega à conclusão de que a origem do pecado está justam ente no uso incorreto do livre arbítrio da vontade Der ruba assim a doutrina maniqu é ia com a teoria dos dois tipos de almas a boa e a má deixa ndo de fora a responsabilidade do h omem acerca do mal ou do pecado c omo também uma forma de determinação e de fatalidade Para concluir este segundo capítulo n o livro I Santo Agostinho apresenta o mal e o trata como pecado com o intuito de deix ar clara esta questão Este assunto é bastante complexo e não se consegue resolvêlo tão facilmente O mais importante portanto é ver como ele busca confrontar os maniqueus explica ndo a questão sobre Deus e defendendo o livre arbítrio da vontade em cada pessoa CAPÍTULO III 3 A VONTADE LIVRE E A LIBERDADE N o primeiro subitem d o terceiro capítulo será discutido sobre os conceitos de verdade e liberdade bem como a relaç ão que trazem entre si Assim se a verdade traz a felicidade a o homem então é claro que a verdadeira liberdade para ele é conhecêla e querer possuíla e a submissão a essa verdade pode garantir segurança e liberdade Já no segundo subitem a compreensão do bem e do mal é baseada na meditação cristã E no entendimento de Santo Agostinh o esses conceitos se baseia m também em uma reinterpretação da filosofia de Platão que foi usada por ele para refutar as visões dualistas reivindicadas pelo maniqueísmo 3 1 Verdade e Liberdade No capítulo XIV Santo Agostinho busca examinar os conceitos de verdade e liberdade e a relação que possuem entre si Desse modo se a verdade é capaz de realizar a felicidade de quem a viven cia é evidente que para ele a verdadeira liberdade está no conhecimento d essa verdade na submissão a ela a qual garante segurança e liberdade A liberdade por sua vez possui como característica a felicidade e os que dela gozam fazem parte e experimentam a lei eterna Desse modo essa liberdade possui sua plenitude na ve rdade e no bem Santo Agostinho a entende como submissão à verdade que é Deus aquele que é capaz de libertar o homem do pecado Ademais a verdadeira l iberdade não pode ser entendida como opção de escolha entre o bem e o mal cometer ou não o pecado se fosse assim Deus não seria livre pois não pode querer o mal Segundo Abbagnano 2007 a verdade é entendida como v alidade ou eficácia das medidas cognitivas É geralmente percebida como a qualidade que torna qualquer operação cognitiva eficaz ou bemsucedida Já Santo Agostinho por um lado define a verdade como tal aparece e por outro lado a considera como aquilo que se revela ou se manifesta o que é Ele diz Validade ou eficácia dos procedimentos cognoscitivos Em geral entendese por V a qualidade em virtude da qual um procedimento cognoscitivo qualquer tornase eficaz ou obtém êxito Essa caracterização pode ser aplicada tanto às concepções segundo as quais o conhecimento é um processo mental quanto às que o consideram um processo linguístico ou semiótico Ademais a coexistência de dois conceitos de V não é rara Muitas vezes a teoria da correspondência é acompanhada pela teoria da V como manifestação ou revelação S Agostinho por um lado define a verdade como aquilo que é como aparece Solíl II 5 e por outro considera como V aquilo que revela o que é ou que se manifesta a si mesmo nesse sentido identifica a V com o Verbum ou Logos que é a primeira manifestação imediata e perfeita do ser ou seja de Deus De vera rei 36 ABBAGNANO 2007 p 994995 A verdadeira liberdade está na prática do bem do amor A lib erdade de escolha entre o mal e o p ecar não é liberdade mas sim escravidão é estar preso ao pecado O homem só é livre verdadeiramente quando tem a verdade e a partir dela pode usufruir de bens que são verdadeiros e alcançar a beatitude Segundo Gilson 2006 em Santo Agostinho beatitude é alegria quando é derivada da verdade abraçando a bem aventurança e a bondade dizendo o seguinte Eis por que no agostinianismo em que a beatitude é alegria ela só pode ser uma alegria nascida da verdade eis também o que permite reconciliar dois aspectos muito diversos dessa doutrina em que apesar de o amor ser a força que deve finalmente abraçar o bem beatificador assistiremos a uma luta inexplicável contra o ceticismo e o relativismo sob todas suas formas pois a menos que a verdade absoluta seja acessível ao homem não há béatitude para ele Uma das raízes mais profundas da doutrina agostiniana da iluminação será precisamente a necessidade de ter já nesta vida uma certeza incondicional garantia de nossa aptidão à Verdade total e beatificadora GILSON 2006 p2728 Assim é importante ressaltar que a verdadeira liberdade não consiste simplesmente na possibilidade de escolher mas em aderir totalment e em virtude do amor à lei eterna que se submete à verdade e se une ao bem imutável que é em si a bondade mesma Também há oposição do orgulho a essa liberda de que nada mais é do que uma falsa ideia de que o homem acha que possui a autonomia para possuir e isso o de svia de Deus e se dirige para não o ser A liberdade humana que está mais perto de De us é muito perfeita Ela é que permi te escolher entre o bem e o mal é provisória Nesse sentido o homem livre de verdade desejará o bem Neste passo Santo Agostinho 1995 apresenta a verdade universal Pois nada da verdade tornase propriedade de um só ou apenas de alguns mas simultaneamente ela é toda inteira e comum a todos AGOSTINHO 1995 p122 Concluise portanto que a vontade livre é um bem inalienável em que Deus de ve punir o pecado em vez de negar o livre arbítrio do homem deixandolhe os meios para ocupar seu lugar a qualquer momento ou quando desejar Mais uma vez essa perfeição se manifesta como uma dignidade estável que mantém os humanos no alto da hierarqui a ontológica dos seres criados Santo Agostinho então vai dizer Ora mesmo quanto àquela criatura sobre a qual Deus previu não somente que ela pecaria mas ainda que perseveraria em sua vontade de pecar nem dela Deus afastou a efusão de sua bondade deixandoa de criar Pois do mesmo modo que um cavalo que se extravia é melhor do que uma pedra que não pode se extraviar ficando sempre em seu lugar próprio por faltarlhe movimento e sensibilidade assim uma criatura que peca por sua vontade livre é melhor do que aquela outra que é incapaz de pecar por carecer dessa mesma vontade livre AGOSTINHO 1995 p166 A partir desse pensamento agostiniano podese entender que o homem livre tornase mais excelente se segue as leis da justiça agindo bem e usa ndo sua vontade acima de tudo para servir à sua própria felicidade Ele usa as coisas materiais sem abusar delas e envia através delas seu maior zelo pelo Bem Supremo que está além de todas as criaturas Embora o valor das criaturas seja invertido não pode rejeitar o mais baixo para pessoas tolas que ab usam do que a natureza oferece Por exemplo n ão se pode culpar o vinho por estar bêbado e m vez disso eles são os que merecem ser culpados por serem corrompidos por algo bom No entanto um bêbado é ainda mais valioso do que a bebida que ele usa para o mal Em suma o homem com vontade livre naturalmente tem um d esejo de felicidade Quem ama sua existência opõese a tudo o que a arruína as criaturas possuem um in stinto natural de preservação Portanto aquele que se fortalece no amor do Ser autor e sustentador da existência garante uma vida feliz plena fortalecida incorruptível pela inexistência 3 2 O problema do mal em Santo Agostinho A compreensão do bem e do mal é baseada na meditação cristã Na concepção de Santo Agostinho esses conceitos também se baseia m em uma reinterpretação da filosofia de Pl atão que foi usada pelo próprio Santo Agostinho para refutar as visões dualistas reivindicadas pelo maniqueísmo De fato segundo o pensamento agostiniano a Bíblia revela que a criação do mundo por Deus foi em si mesma boa e a existência humana é o melhor exemplo disso No caso da criação dois princípios não são mencionados como o maniqueísmo que quer que o homem creia Para complementar sua crítica à ideia de que Mani proclama a supremacia de uma div indade maligna Santo Agostinho argumenta a partir de uma interpretação cristã do neoplatonismo como uma verdade eterna inteligível Assim o conceito de Santo Agostinho refuta essa interpretação dualista especialmente seu caráter materialista pois o maniqueísmo atribui a origem da matéria ao mal negando consequentemente o sentido essencial de sua existência ou seja su a dimensão moral Aqui estão dois tópicos dignos de atenção sobre os quais Santo Agostinho vai se aprofundar Expor essas questões com referência à possibilidade ou não da imputabilidade da situação ontológica ao mal será fundamental para a crítica de Santo Agostinho à sua concepção de substância desde o início da polêmica maniqueísta É também um pr oblema como Santo Agostinho levantará mais tarde entender o mal como fruto da própria condição humana isto é do lixo da alma que surge do pecado original mas ao devir mesmo que seja em princípio parece paradoxal porém revela a possibilidade de que os humanos não cedam a isso com base nos conceitos de livrearbítrio e graça corretiva Quanto à primeira questão para Santo Agost inho o mal não é essência é a desigualdade associada à ideia do nada Como Deus é o mais benevolente que criou o homem à sua imagem e semelhança não há mal primordial ali contudo como os homens s ão apenas iguais uns aos outros é fácil para eles se corromperem Uma vez que uma pessoa cai ela se torna má e geralmente morre Uma vida ilusória geralmente não é nada e esse tipo de in sen satez é uma escolha humana O homem ao se corromper se afasta de Deus E ele se corrompe buscando apenas o gozo dos bens materiais e não o gozo dos bens divinos Deus espírito virtude etc Portanto o mal deve ser definido posteriormente po is expressa a negação ou aceitação temporária do bem Nesse sentido podese dizer que existe mas não é ontológico pois nega a existência enfim nega essencialmente Deus Quanto à segunda questão voltando às discussões que ocupavam as tradições teológicas e filosóficas do tempo de Santo Agostinho tratavase de esclarecer a bondade e o livre arbítrio de Deus pois se o homem é capaz de escolher a sua vontade e se Deus controla tudo podemos concluir Ele nos permite fazer o mal o que leva à conclusão de que Deus é mal Então Deus não será o mesmo porqu e uma de suas definições é que E le é bom Por outro lado s e julgarmos assim não teremos realmente livre arbítrio Como Deus sabe de antemão o que vai acontecer agiremos de acordo com o s eu plano e portanto não teremos liberdade para escolher Ademais a liberdade que o man iqueísmo pregava era falsa em que se acreditava que o homem estava isento de toda a culpa e do mal sendo Deus o principal responsável pelo mal no mundo Assim se acaba va desvaindo de uma vida reta para uma felicidade de momento Dessa maneira será de verdades que são muito mais de escravidão d o que de felicidade Com isso o homem não terá sua liberdade e felicidade plenas viverá sempre em constante busca de uma verdade que o faça feliz Por outro lado a verdadeira libe rdade consiste em uma vida reta que faz com que o homem seja livre pautandose no bem Segundo Santo Agostinho a verdadeira liberdade é estar próximo ao sumo bem que é Deus Com o l ivre a rbítrio há a possibilidade d a escolha entre o bem e o mal mas para ser livre de verdade e ter a felicidade plena é preciso estar mais próximo do Sumo B em Na t entativa de esclarecer a problemática o filósofo vai dizer portanto que q uando um homem se compo rta mal por sua própria vontade ele se corrompe Pode se concluir que o livrea rbítrio é a capacidade de escolha em todos os lugares mas com a ressalva de que nem tudo o que se escolhe leva à liberdade O que é portanto liberdade É escolher algo que não leva o ser humano a ser prisione iro de nada é alg o que o amor deve amar Por conseguinte quanto mais livre for o homem mais amará as coisas imortais é como a conexão que se dá entre espírito e matéria virtude e pecado etc Portanto entender Santo Agostinho devese tirar a seguinte conclusão se os seres humanos não tivessem o livre arb ítrio seriam como máquinas programadas sem senso de moral e ética pois não seriam responsáveis por seus próprios atos Tudo é resultado da vontade de Deus não da escolha humana Mas é preciso levar em conta a graça sincera que só pode ser alcançada com o livre arbítrio e assim conduz ir o caminho do caminho para a salvação C ONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalh o foi o de estudar e investigar o problema do mal em Santo Agostinho liga do à liberdade do homem na vivência de uma vida mais reta e feliz Para tratar sobre o assunto levouse em consideração o estudo de alguns artigos que pudesse m esclarecer e colaborar melhor para a discussão Como ponto de partida foi tra tado sobre a busca da resposta para o problema do mal que ta nto atormentava Santo Agostinho Ele afirmava que o mal não era apenas como uma privação do bem essa ideia não lhe era suficiente visto que o mal moral não se limita tão somente a isso Assim era necessário desenvolver es tudos acerca do livre arbítrio da liberdade e vontade humana s Santo Agostinho concluiu que o problema do mal está no uso inco rreto do livrearbítrio que está ligado à vontade Tal conclusão derruba a questão do maniqueísmo sobre a teoria das d uas almas boa e má a qual isentava a responsabilidade do homem sobre o mal moral ou o pecado em outras palavras o homem era livre d o mal que cometia A vontade livre é dom de Deus mas seu mau uso pode impactar na causa do mal moral ou do pecado Desse modo Deus não pode ser acusado de ser o autor do mal se o homem utiliza incorretamente es sa vontade esta atitude é de sua responsabilidade e não se justifica atribuíla a Deus No entendimento de Santo Agostinho o problema do pecado está na livre vontade do homem que acaba po r se distanciar de Deus A criatura deixa de se aproximar dos bens eternos de estar perto do bem imutável para se aproximar dos bens corruptíveis e cair na infelicidade A expressão livrearbítrio faz referência à liberdade contudo é importante ressaltar que há uma diferença entre os dois termos para Santo Agostinho o livrearbítrio é poder escolher entre o bem e o mal e a liberdade é o mo do como se usa dele porém o homem nem sempre é livre ao usar o seu livre arbítrio porque o utiliza mal Ele deixa claro que o livrearbítrio vem de Deus e sente a nece ssidade de mostrar S ua existência para indicar e provar que essa liberdade é um bem como de maneira idêntica tud o o que fora criado por Deus Na sua concepção esse livre arbítrio é necessário porque os que se deixam levar ou se desviam do caminho por meio dele podem voltar a ter uma vida reta se for seu desejo Assim a livre vontade é um bem necessário e sem isso ninguém p ode viver uma vida reta Finalmente o livre arbítrio é um bem que se situa entre o bem supremo imutável e eterno que é Deus e os bens corruptíveis do mundo REFERÊNCIAS AGOSTINHO Santo O LivreArbítrio Tradução organização Nair de Assis Oliveira revisão Honório Dalbosco São Paulo Paulus 1995 Confissões tradução Maria Luiza Jardim Amarante São Paulo Paulus 1984 ABBAGNANO Nicola Dicionário de Filosofia tradução da 1 edição brasileira coordenada e revista por Alfredo Bossi 5 edição São Paulo Martins Fontes 2007 Disponível em httpsmarcosfabionuvafileswordpresscom201204nicolaabbagnanodicionariodefilosofiapdf FILHO Eduardo Tomasevicius O conceito de Liberdade em Santo Agostinho Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo V101 p10791091 Janeirodezembro de 2006 Disponível em httpswwwrevistasuspbrrfdusparticleview6773470342 GILSON Étienne Introdução ao estudo de S anto Agostinho tradução Cristiane Negreiros Abbud Ayoub São Paulo Paulus 2006 Disponível em httpsphilosophiaediscipulusfileswordpresscom201605introduc3a7c3a3oaoestudodesantoagostinhoc3a9tiennegilsonpdf MARQUES Maria Janaina Brenga O livrearbítrio em Agostinho gênese do conceito no livro VII das confissões Doutora pela Universidade de São Paulo 2017 Disponível em httpsperiodicossbuunicampbrojsindexphpideiasarticleview865012516526 NUNES RO SILVA R Das Livrainos do mal O problema do mal segundo Santo Agostinho Instituto Federal do Rio Grande do Sul IFSUL Disponível em httpwww2bageifsuledubrencif2015pdf20150930144045000000pdf REALE Giovanni História da filosofia patrística e escolástica v 2 1 Giovanni Reale Dario Antiseri traduzido Ivo Storniolo São Paulo Paulus 2003 Disponível em httpsmarcosfabionuvafileswordpresscom201204realegantiseridhistoriadafilosofiavol2pdf 22

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNISAL CAMPUS SÃO JOAQUIM Rhomário Francisco Camargo Isabel O PROBLEMA DO MAL NA OBRA O LIVRE ARBÍTRIO DE SANTO AGOSTINHO LorenaSP 2022 Rhomário Francisco Camargo Isabel O PROBLEMA DO MAL NA OBRA O LIVRE ARBÍTRIO DE SANTO AGOSTINHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do grau de nome do curso no Centro Universitário Salesiano de São Paulo sob a orientação do Prof Dr Marcos Cotrim de Barce l los LorenaSP 2022 RHOMÁRIO FRANCISCO CAMARGO ISABEL O PROBLEMA DO MAL NA OBRA O LIVRE ARBÍTRIO DE SANTO AGOSTINHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do grau de nome do curso no Centro Universitário Salesiano de São Paulo sob a orientação do Prof Dr Marcos Cotrim de Barce l los Trabalho de conclusão de curso defendido e aprovado em pela banca Prof Dr Marcos Cotrim Barcel l os Prof Me Rodolfo Anderson Bueno de Aquino Prof Me Douglas Rodrigues da Silva DEDICATÓRIA Dedico este trabalho de conclusão de curso aos meus pais Carlos Antônio Isabel e Maria Aparecida Camargo Isabel aos meus irmãos Carlos Alberto Camargo Isabel e Marcus Vinícius Camargo Isabel às minhas cunhadas ao meu sobrinho e aos demais familiares a todos os professores que fizeram parte do meu cr escimento como pessoa durante minha história co mo também aos professores do Centro Universitário Salesiano de São Paulo Unidade de Lorena que contribuíram para meu cresciment o intelectual e humano e às pessoas que me deram incentivo e apo io no decorrer destes três anos acad êmicos d e modo especial ao Prof Marcos Cotrim Barcel os que pela atenção e colaboração me acompanhou durante e ste trabalho AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus por me ter guiado e dado forças para chegar até aqui na superação de todos os obstáculos encontrados ao longo do caminho Agradeço a Nossa Senhora e a São José a quem sempre recorri du rante esta trajetória acadêmica Agradeço também a os meus familiares amigos ao confrade Ir Miguel Damasceno Figueiredo OCS e ao amigo José Ricardo Xavier pelas correções do meu trabalho e a todos os colegas e amigos de caminhada Meus agradecimentos se estendem também a o Centro Univers itário Salesiano de São Paulo U nidade de Lorena de modo especial a todos os professores do cur so de Filosofia que durante ess es três anos sempre fizeram o melhor para compartilhar seus conheciment o s ainda mais nos momentos difíceis da pandemia pelos quais passamos Agradeço igualmente a o prof Marcos Cotrim Barcel l os meu orientador pela paciência de dicação e apontamentos para o bo m êxito deste trabalho e a os professores Me Rodolfo Anderson Bueno de Aquino e Me Douglas Rodrigues da Silva por aceitarem fazer parte da Comissão de Avaliação deste trabalho e da conclusão de mais uma etapa acadêmica A gradeço p or fim não menos importante à Congregação dos Oblatos de Cristo Sacerdote aos confrades e amigos do curso de Filosofia que comigo fizeram uma caminha de garra força coragem e alegria A verdade e Deus devem ser buscados na alma e não no mundo exterior Santo Agostinho RESUMO O problema do mal deixou Santo Agostinho bastante atormentado que o lev ou a t entar descobrilo Em suas investigações passou e teve bastante influências principalmente dentro da doutrina maniqueísta e neoplatônica Embora dentro dessas doutrinas tentasse encontrar uma resposta acabou ficando um vazio dentro de si Foi em o L ivre A rbítrio em discussão com Evódio que Santo Agostinho b uscou tratar da origem do mal relacionandoa à vontade humana Est e trabalho pretende portanto apresentar os passos f eitos por Santo Agostinho sobre a questão aqui mencionada fazendo referência à liberdade que mal utilizada acaba gerando o mal e a corrupção do homem Tratase de um bem concedido por Deus ao ser humano com o intuito de leválo a uma vida livre e feliz Palavraschave Mal Livre a rbítrio Liberdade Bem Vontade ABSTRACT The problem of evil left S aint Augustine very tormented and led him to try to find out about the problem of evil In his investigations he passed and had a lot of influences mainly within the Manichean and Neoplatonic doctrine Although within these doctrines he tried to find an answer he ended up with a void inside him It was in Free Will in discussion with Evodio that Saint Augustine sought to address the origin of evil in connection with the human will This work intends to present the steps taken by Saint Augustine about the problem of evil referring to free will and freedom that misused end up generating evil the corruption of man Free will is a good granted to man by God so that he can have a free and happy life Keywords Evil Free will Freedom Well Will SUMÁRI O INTRODUÇÃO 10 CAPÍTULO I 12 1 PROBLEMA DO MAL E LIVRE ARBÍTRIO 12 21 Maniqueísmo 12 12 Problema do Mal 15 121 Mal Metafísico Ontológico 17 122 Mal Moral 18 13 LivreArbítrio 19 CAPÍTULO II 23 2 VONTADE E O PECADO 23 21 Lei Eterna e Lei Temporal 23 22 Vontade 25 23 O mal nas Confissões e em o Livrearbítrio 29 CAPÍTULO III 32 3 A VONTADE LIVRE E LIBERDADE 32 31 Verdade e Liberdade 33 32 O problema do mal em Santo Agostinho 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS 37 REFERÊNCIAS 39 I NTRODUÇÃO Es ta pesquisa trata de um assunto específico no pensamento de Santo Agostinho o problema do mal Assim ela traz como base a obra o L ivre Arbítrio Desde o primeiro livro Santo Agostinho e seu interlocutor Evódio tentaram abordar a origem do mal moral ligandoo à vontade humana Ness a obra Santo Agostinho visa defender Deus das acusações do mal e mostra que a única fonte do pecado está no mau uso do l ivre a rbítrio que é um bem que nos f or a dado por Deus O pensamento agostiniano aborda a questão do mal a partir de três perspecti vas ontológica física e moral de ntre as quais serão expostas aqui somente duas a ontológica e a moral Todo homem possui liberdade d e escolha para ag ir como desejar Sendo assim no conceito agos tiniano o ser humano é o principal agente de suas escolhas E como resultado disto o bem e a boa vontade podem leválo a ser virtuoso e a ter um a vida feliz Contudo é preciso levar em conta que o uso de sua razão é condição necessária para determinar suas próprias ações Isto significa que a criatura humana é responsável por tudo o que rea liza e pelo modo como utiliza seu livrearbítrio No dicionário filosófico de Nicola Abbagnano a primeira concepção de liberdade traduzida como absoluta incondicional e sem limitações nem graus é livre d aquilo que é a causa de si mesmo Sua primeira expressão encontrase em Aristóteles No mundo cris tão ela teve início em Orígenes para quem a liberdade não era apenas ter a causa de movimentos mas ser a causa Assim essa definição é aplicada a todos os homens sendo eles juíz es de suas p róprias circunstâncias externas Essas considerações aparecem em o Livre A rbítrio de Santo Agostinho Santo Agostinho entende o l ivre a rbítrio como uma possibilidade de escolha de uma l iberdade em vista da vida beata S em Deus tal capacidade de escolha encaminha a humanidade a o peca do O importante é entender que não i mporta quais são as ações praticadas pelo homem mas sim como ele usa seu livrearbítrio p ara ser livre Além do mais ele pode fazer uma má escolha de seu livrearbítrio que sem a presença de Deus pod e escolher o que é mau para si mesmo P or isso é que existem a liberdade de escolhas e a questão das diferenças humanas Já o mal pode ser entendido a partir de dois pontos de vista o metafísico e a moral que fazem parte da realidade e da vida de todo homem No livro I em o Livre Arbítrio Santo Agostinho trata da relação entre o homem e se u livre arbítrio assim este é o responsável por todos os atos que pratica ou seja não faz bom proveito de sua liberdade Nas d iscussões de Agostinho e Evódio é notável perceber que o homem possui em relação à vontade entre o bem e o mal o poder de decisão em outras palavras o arbítrio que possibilita a ele o pod er de decidir de escolher de se aproximar ou se afastar do mal O primeiro capítulo discorre primeiramente sobre a doutrina maniqueísta que Santo Agostinho freq uentou e que dentro da qual achava que iria encontrar a resposta que tanto buscava para o problema do mal Ass im a discussão sobre essa temática será tratada em dois pontos metafísicoontológico e o mal moral Ai nda para fechar o capítulo será estudado sobre o livre arbítrio concedido ao homem para ser utilizado como lhe aprouver e como seu uso pode trazer e scolhas boas ou ruins levandoo à felicidade ou à corrupção O segundo capítulo discute sobre a lei eterna e a lei temporal e a partir delas o homem pode adquirir uma boa or ientação para sua vida permitindo que cada um viva uma vida mais pacífica e mais just a Desse modo é necessário falar sobre a vontade pois é baseandose nela que o homem poderá viver uma vida reta e aproximar se do bem imutável Deus E por fim para encerrar o capítulo será tratado sobre o mal nas Confissões e em o Livre Arbítrio E o terceiro capítulo expõe sobre a verdade e a liberdade e examina seus conceitos e a relação entre si Assim se a verdade faz feliz o homem que a vive então é claro que a verdadeira liberdade para ele é conhecêla e querer possuíla e ser submisso a ela pode ser garantia de segurança e liberdade A compreensão do bem e do mal é base ada na meditação cristã E a interpretação de Santo Agostinho sobre esses conceitos também se baseia em uma reinterpretação da filosofia de Platão que foi usada por ele para refutar as visões dualistas reivindicadas pelo maniqueísmo CAPÍTULO I PROBLEMA DO MAL E LIVRE ARBÍTRIO No primeiro subitem será dissertado sobre o Maniqueísmo e a busca sobre o mal que Santo Agostinho pretendia encontrar dentro dess a seita Já n o segundo tópico será discutido acerca do problema do mal que Agostinho tanto ansiou por uma resposta e passando por dois pontos metafísicoontológico e moral E na terceira parte será tratado a respeito do livre arbítrio que cada homem possui e o seu direcionamento nas escolhas para as coisas boas ou ruins 2 1 Maniqueísmo Santo Agostinho sempre teve a religião como sendo bem próxima pois su a mãe era uma mulher cristã embora o c ristianismo para ele não sig nificava muito e não era um adepto da religião contudo não deixava de portar consigo uma inspiração cristã Assim buscava uma via que o levasse a uma vida mais reta de ntro de um caminho espiritual e ao mesmo tempo intelectivo Dentro desse caminho esteve sempre em busca da verdade e desejava encontrar respostas e soluçõ es para suas inquietações acerca do problema do mal no universo Essa indagação o deixa va bastante pensativo e impaciente mas o cristianismo parece que não lhe dava respostas ou lhe apresentava soluções para seus questionamentos Após inúmeras tentativas e esgotamento sobre uma resposta encaminhouse para o lado dos m aniqueus que eram tidos como hereges de modo a encontrar uma resposta sobre o problema do mal Desse modo o M aniqueísmo então t eve forte influência sobre ele já que o seu desejo era o de encontrar a sabedoria Para Santo Agostinho a sabedoria era uma verdade que não precisava de mais nada nem mesmo da religião ou seja a sabedoria estava em primeiro lugar E como a seita maniqueísta buscava dar explicaçõe s racionais sobre o universo sobre a vida e o mal esse homem viase então atraído por ela O M aniqueísmo surgiu no século III propagado por Manes e possuía uma filosofia sincrética e dualista Seus adeptos a creditavam que o universo era regido por duas divindades a bondade e a maldade Assim no contexto moral insistiam que o homem possuía duas almas sendo que uma era guiada pelo bem e a outra pelo mal desse mo do o mal pode ser entendido sob dois aspectos ontológico e moral O homem não era responsável pe lo mal que havia praticado mas era lhe uma imp osição Por isso nos diz Reale 2003 p83 sobre Santo Agostinho Eis alguns trechos do escrito sobre as heresias de Agostinho que ilustram alguns pontos destacados dessa religião 0s maniqueístas escreve Agostinho afirmaram a existência de dois princípios diversos e adversos entre si mas ao mesmo tempo eternos e coeternos e seguindo outros heréticos antigos imaginaram duas naturezas e substâncias a do bem e a do mal Segundo seus dogmas afirmam que essas duas substâncias estão em luta e mescladas entre si Como relata ainda Agostinho a doutrina maniqueíst a apresentava as formas como o b em se purifica do ma l fazendo amplo uso de narrações fantásticas O bem é a luz o sol e a lua são os barquinhos que levam a Deus a luz esparsa em todo o mundo e misturada ao princípio oposto A purificação do mal pelo bem realizase também por obra da classe dos homens eleitos que juntamente com a classe dos ouvin tes constituía a sua Igreja O s eleitos purificavam o bem não só com uma vida pura castidade e renúncia a família mas também abstendose dos t rabalhos materiais e seguindo um a alimentação especial REALE 2003 p83 Ademais o maniqueísmo estava certo de que poderia dar respostas s obre o problema do bem e do mal Nessas intenções redigiram uma doutrina que isentava Deus e os homens livres de toda responsabilidade Acreditavam em dois princípios diferentes q ue estavam em constante combate o primeiro defendia que Deus era o bem o segundo afirmava que não fora criado por Deus e que era o mal em um reino de luz onde habitava Deus q ue possuía uma natureza física e que ocupava um espaço mas não tinha uma forma humana MANIQUEÍSMO in Manicheism fr Manichéisme ai Manichüismus it Manicbeismo Doutrina do sacerdote persa Mani lat Manichaeus que viveu no séc III e proclamouse o Paracleto aquele que de via conduzir a doutrina cristã à perfeição O M é uma mistura imaginosa de elementos gnósticos cristãos e orientais sobre as bases do dualismo da religião de Zoroastro Admite dois princípios o do bem ou da luz e o outro do mal ou das trevas No homem esses dois princípios são representados por duas almas a corpórea que é a do mal e a luminosa que é a do bem Podese chegar ao predomínio da alma luminosa através de uma ascese particular que consiste em três selos abstenção de alimentarse de carne e de manter conversas impuras signaculum oris abstenção da propriedade e do trabalho signaculum nianus absterse do casamento e do concubinato sig iaculum sinus O M foi muito difundido no Oriente e no Ocidente aqui durou até o séc VII O grande adversário do M foi S Agostinho que dedicou grande número de obras à sua refutaçã o Cf H C Pi IKCH Le manichéisnw sou fondateitr sa doctrine Paris 1949 ABBAGNANO 2007 p 641 Como frequentador do maniqueísmo Santo Agostinho 1974 p170171 nas Confissões diz E a ti vida de minha vida também a ti eu te concebia como entidade que se estende por toda parte e vai penetrando através dos espaços infinitos em todo o universo e alastrandose também fora dele na imensidão sem limites Desse modo a terra o céu e todas as coisas te continham e todas elas encontravam em ti seu limite enquanto tu não eras limitado por nada E assim estarias presente nas várias partes do mundo partindote aqui e ali em fragmentos maiores ou menores conforme as partes maiores ou menores do universo No entanto não é assim mas tu não me havias dissipado as trevas da mente AGOSTINHO 1974 p170171 Da mesma forma que existe o reino de luz há também o reino das trevas sendo este último o caminho da escuridão e dos erros Assim os maniqueus concebiam esses reinos como coeternos ou seja possuí am a mesma força Do mesmo modo é possível notar como a seita do maniqueísmo trata sobre as questões morais e sobre a resolução referente ao problema do ma l para o homem Santo Agostinho acreditava que já tivesse conseguido en contrar alguma solução para tal questão Enquanto isso o manique ísmo estava ainda em busca da resolução para essa discussão do mal nas ações do homem E é a partir dess e emaran hado de doutrinas e discussões que Santo Agostinho acreditava que já chegara a uma r esposta para tudo o que o estava deixando atormentado Viuse então neste contexto de que não possuí a a sua liberdade pois ela estava no encontro consigo mesmo sendo sua al ma a alma do bem a parte má era o que lhe possibilitava a prática do mal Por isso durante sua vivência no maniqueísmo pensava que tivesse encontrado a resposta para seus anseios internos Na doutrina dos maniqueus o homem possui uma alma sendo um eu origin al de modo ontológico e bom E q uando se liga ao corpo aca ba por ser uma alma má por essa razão o pecado considera a alma na situação carnal O filósofo quando jovem entendia o mal como sendo natural e não como um problema moral Para fazer a libertação da alma a moral do maniqueísmo tinha como exigência uma vida totalmente rigor osa Da mesma forma entendiam que era possível ao homem distanciar se do mundo material e fazer a liber tação da alma de tudo o que est ivesse preso à matéria Assim o pecado po de atrasar a libertação do ser humano e a moral maniqueíst a estava num processo de libertação d a alma Em síntese Santo Agostinho entendeu que a doutrina maniqueíst a era insuficiente para resolver tais questões A o ter um encontro com Fausto principal expoente do mani queísmo vivido no século IV Santo Agosti nho em Cartago por volta de 383 acabaria por abandonar gradualmente a referida doutrina com o intuito de fazer refutaç ões aos maniqueus e construir sua teoria para explicar de on de se originou o mal Para ele o problema sobre o mal ainda não estava resolvido Por esse motivo continuou ainda busca ndo respostas para suas indagações 1 2 Problema do Mal Como já foi dito o p roblema do mal sempre deixou Santo Agostinho bastante intrigado desde que era jovem Ademais o mal sempre foi uma problemática que decorre há muito tempo e que por isso muitas pessoas fizeram pesquisas e m diversas áreas de conhecimento para tentar entendêlo e definilo Assim Santo Agostinho procurou entendêlo e explicálo em o Livre A rbítrio onde f e z refutações aos maniqueus que muitas vezes coloca vam em De us a cul pa sobre a existência do mal A maldade sempre esteve em contato com a humanidade desde os primórdios d o mundo A partir de lá cada homem passou a ter a sua liberdade para escolher qual o cam inho a ser seguido eventualmente a vontade humana faz parte de tudo o que a envolve Indubitavelmente para explicar as ações e por qual motivo às vezes surgem proble mas que são originados pelo mal em o Livr e Arbítrio é possível perceber claramente a p reocupação de Santo Agostinho de querer descobrir e entender o início disso tudo e quem seria seu autor em outras palavras como entender e explicar esse conceito dentro do mundo que fora tão bemcriado por Deus Evódio p eçote que me digas será Deus o autor do mal Agostinho Dirteei se antes me explicares a que mal te referes Pois habitualmente tomamos o termo mal em dois sentidos um ao dizer que alguém praticou o mal outro ao dizer que sofreu algum mal Ev Quero saber a respeito de um e de outro Ag Pois bem se sabes ou acreditas que Deus é bom e não nos é permitido pensar de outro modo Deus não pode praticar o mal Por outro lado se proclamamos ser ele justo e negálo seria blasfêmia Deus deve distribuir recompensas aos bons assim como castigos aos maus E por certo tais castigos parecem males àqueles que os padecem É porque visto ninguém ser punido injustamente como devemos acreditar já que de acordo com a nossa fé é a divina Providência que dirige o universo Deus de modo algum será o autor daquele primeiro gênero de males a que nos referimos só do segundo Ev Haverá então algum outro autor do primeiro gênero de mal uma vez estar claro não ser Deus AGOSTINHO 1995 p26 A partir da questão feita por Evódio Santo Agostinho busca explicar como então pode ter surgido o mal Suas teses e explicações por muito tempo fo ram utilizada s como base para esse esclarecimento e que ainda são usadas Ressaltase que a té hoje não parece haver resposta que seja suf iciente para elucidar essa problemática Tal questão na perspectiva de Santo Agostinho continha uma contradição preocupavase em apresentar definições sobre o problema do mal no universo que fora criado e é regido por Deus que é rico em bondade e onipotência Em contraste com essa bondade e onipotência se Deus é tudo isso então o mal não pode habitar no mundo Neste sentido como explicar isso De onde veio Quem é o seu autor Por conseguinte sendo Deus rico em bondade podese colocar então em dúvida essa questão se existe o mal no mundo então Deus não é totalmente bom A ssim Deus deixa que o mal habite no mundo ou poderia ser seu autor Pode se pensar também que não possui a onipotência a ponto d e não deixar que o mal aconteça E m síntese o que atormentava a mente de Santo Agostinho era a seguinte dúvida como explicar o mal no mun do em que Deus é o sumo bem e onipotente Desde a criação do mundo tudo vem de Deus que é bom e onipotente então de onde vem o mal A o ter frequentado o maniqueísmo e após não se sentir satisfeito com as explicações feita s pelos membros desta seita maniqu eísta pois eram dualistas e a partir de Plotino é que Santo Agostinho encontrou um apoio que o ajudasse a resolver esse pensamento Em o Livre Arbítrio ele diz que toda a natureza enquanto tal é boa neste passo o mal não é subst ância mas é a privação do bem Afirma o seguinte Ag Toda natureza natura que pode tornarse menos boa todavia é boa De fato ou bem a corrupção não lhe é nociva e nesse caso ela é incorruptível ou bem a corrupção atingea e então ela é corruptível Vem a perder a sua perfeição e tornase menos boa Caso a corrupção a privar totalmente de todo bem o que dela restará não poderá mais se corromper não tendo mais bem algum cuja corrupção a possa atingir e assim prejudicar Por outro lado aquilo que a corrupção não pode prejudicar também não pode se corromper e assim esse ser será incorruptível Pois eis algo totalmente absurdo uma natureza tornar se incorruptível por sua própria corrupção AGOSTINHO 1995 p191192 O mal é a negação da bondade em que o homem insiste na desobediência a Deus ou seja quer satisf azer seus próprios desejos Os sentimentos ruins de inveja ou de vingança são coisas más e que por muitas vezes são colocada s acima da bondade A respeito desta ideia Abbagnano vai diz er A concepção do mal como não aparece nos estóicos e claramente formulada pelos neoplatônicos Por considerarem que a existência dos males condiciona a dos bens de tal modo que p ex não haveria justiça se não houvesse ofensas não haveria trabalho se não houvesse indolência não haveria verdade se não houvesse mentira etc Os estóicos em particular Crisipo achavam que os chamados males não são realmente males porque necessários à ordem e à economia do universo ABBAGNANO 2007 p638 O maniqueísmo e o neoplatonismo ajudaram muito na busca por r espostas sobre o tema em questão D esse modo Santo Agostinho vai mais a fundo acerca desse assunto Da mesma forma é preciso examinar o mal em dois pontos metafísicoontológico e moral 1 2 1 Mal Metafísico Ontológico O mal ontológico não é propriamente o mal é uma imperfeição que são tipos diferentes de ser sendo alguns superiores e outros inferiores Assim vai depender também da questão metafísica no sentido de dependência da vontade do homem que é universal Deus é infinito e superior a todas as criaturas e os demais são seres limitados que estão condicionados a cair no mal O mal ontológico apresenta a forma de ser de cada criatura de maneira que existe somente um infinito que é Deus Nas Confissões Santo Agostinho declara que somente Deus é eterno e infinito as demais criaturas são contingentes e limitadas Toda a criatura deve a Deus a sua própria existência Volvi o olhar para as outras coisas e vi que devem a existência a ti e são todas limitadas em ti porém de modo diferente não como no espaço na verdade tu tens todos como na palma da mão porque todas as coisas são verdadeiras enquanto existem e não há falsidade senão quando pensamos existir o que não existe Vi que cada coisa se harmoniza não só com seu lugar mas também com sua época Vi que tu único ser eterno não começaste a agir depois de incalculáveis espaços de tempo porque todos esses espaços de tempo passados ou futuros não poderiam ir nem vir se tu não agisses e não fosses permanente AGOSTINHO 1984 p190 O estudo sobre o mal f az Santo Agostinho estar em constante busca por uma reposta e a encontrar esclarecimentos que englobem o senti do da existência humana sobre tudo o que já foi dito sobre o homem no mundo E t odo o caminho de reflexão feito por ele mostra que o mal não questiona ou coloca em questão acerca da existência e da bondade de Deus Desse modo ó meu Socorro tu me havias libertado dessas cadeias Eu porém continuava a procurar a origem do mal e não encontrava resposta No entanto não permitias que o turbilhão de pensamentos me afastasse da fé Eu acreditava em tua existência na imutabilidade de tua substância no teu governo sobre os homens na tua justiça Acreditava que em Cristo teu Filho e Senhor nosso e nas Sagradas Escritur as garantidas pela tua Igreja C atólica havias colocado o caminho da salvação para a humanidade a fim de atingir a vida que começará depois da morte AGOSTINHO 1984 p180 Ele deixouse levar então por ideias maniqueístas e depois percebeu que eram errad a s também deixou isso claro em suas Confissões A natureza neste passo tem uma questão bem importante na visão ontológica toda a natureza enquanto obra da criação é boa 1 22 Mal Moral O lhando para o contexto em discussão o mal moral é vi sto como pecado Sendo este originado pelo mau uso da liberdade que foi concedida ao homem Conforme analisa se o mal ontológico ele não existe sendo entendido como o não ser ou a ausência do bem Ele i nicia se no pecado que o ser humano pratica O mal moral para Santo Agostinho é a decadência do bem Ao ter sua liberdade de escolh a o homem faz tudo o que deseja praticando inclusive as más ações e que por isso acaba sendo privado da salvação Para o mal moral é bastante difícil encon trar uma solução E quando o ser racional desvia suas ações é sinal de que possui uma vontade responsável visto que suas escolhas são feitas de modo voluntário e que muitas vezes elas acaba m se inclinando para o mal Neste contexto Gilson 2006 diz Quanto ao que concerne o mal moral o problema parece mais difícil de ser resolvido Se as ações dos homens não são sempre o que deveriam ser sua vontade é a responsável O homem escolhe livremente suas decisões e é por ser livre que é capaz de fazer mal A questão é portanto saber como um Deus perfeito pô de doarnos o livrearbítrio ou seja uma vontade capaz de fazer o mal GILSON 2006 p 276 Desse modo em o Livre Arbítrio Evódio interroga Santo Agostinho se Deus é a causaautor do mal Par a responder a essa indagação Santo Agostinho diz que Deus não pode ser o autor do mal porque Ele é a suma b ondade Assim o principal causador do ma l é o próprio homem que faz mau uso d o seu l ivre a rbítrio Ademais segundo ele é no exagero da vontade livre que o mal aparece Ag Talvez porque as pessoas se desinteressam e se afastam do verdadeiro ensino isto é dos meios de instrução Mas isso vem a ser outra questão O que porém mostrase evidente é que a instrução sempre é um bem visto que tal termo deriva do verbo instruir Assim será impossível o mal ser objeto de instrução Caso fosse ensinado estaria contido no ensino e desse modo a instrução não seria um bem Ora a instrução é um bem p26 como tu mesmo já o reconheceste Logo o mal não se aprende É em vão que procuras quem nos teria ensinado a praticálo Logo se a instrução falar sobre o mal será para nos ensinar a evitálo e não para nos levar a cometêlo De onde se segue que fazer o mal não seria outra coisa do que renunciar à instrução pois a verdadeira instrução só pode ser para o bem AGOSTINHO 1995 p2627 Nos dias atuais e na forma de vida de hoje há muitas questões relacionadas à existência de tanta mal dade É o que leva Santo Agostinho a dizer que o mal tem sua origem n as paixões exercidas sobre o domínio d a razão de modo que o homem se torna escravo de seus próprios sentimentos O mal só pode estar no homem já que é uma falta do bem Está na utilização do mau uso de sua liberdade uma vez que o exager o é que o acaba desviando do caminho do bem com isso o ser humano acaba deixa ndo de ser virtuoso Enfim o mal moral está no mundo a partir do pecado original sendo fruto da desobediência do homem e da mulher criados por Deus O mal moral é de modo voluntário o ser espontâneo que fez com que Adão e Eva fossem expulsos do paraíso E em decorrência disso veio a morte 1 3 LivreArbítrio No livro I em o Livre Arbítrio Santo Agostinho trata da relação entre o home m e o seu livre arbítrio dizendo que o homem é o responsável por todos os atos que pratica ou seja não faz bom proveito de seu l ivre a rbítrio Neste pas so o mal se origina a partir de sua liberdade de escolha e possui sua ligação com as n ecessidades do homem Nesse sentido o mal é um a privação do bem da perfeição Para Santo Agostinho o mal não possui nenhuma comparação com o bem É importante destacar que d iante de tudo o que se lhe apresentou no decorrer de sua vida esse problema sempre o deixou inquieto e foi nesta obra que ele procurou investigar acerca d essa matéria As más ações surgem na vida do homem por meio das açõ es que são de caráter moral Por conseguinte para Santo Agostinho o l ivre a rbítrio é um bem p recioso que foi concedido ao homem pelo C riador Ademais se este bem lev a o ser humano ao pecado por que Deus o deu a o homem Não seria melhor priválo disso evitando que ele pecasse Essas ind agações são feitas por Evódio com a finalidade de esclarecer o problema do mal e Deus seja isento de ser o Autor Evódio diz Ev Mas quanto a esse mesmo livrearbítrio o qual estamos convencidos de ter o poder de nos levar ao pecado perguntome se aquele que nos criou fez bem de nolo ter dado Na verdade pareceme que não pecaríamos se estivéssemos privados dele e é para se temer que nesse caso Deus mesmo venha a ser considerado o autor de nossas más ações AGOSTINHO 1992 p69 Em o Livre Arbítrio o filósofo diz que há no homem uma vontade que é totalmente livre que deve ser vista como sendo concedida por Deus Assim embora essa vontade seja em vista de uma vida bem regrada pode levar a aproximação ou a o afastamento do bem Antes de falar sobre o l ivre a rbítrio é necessário reconhecer a ascendência da vontade que é a liberdade Além disso a vontade pode levar ao bem ou ao ma l pois ela é livre Nas discussões de Santo Agostinho e Evódio percebese que o homem possui em relação à sua vontade entre o bem e o mal o poder de decisão isto é o arbítrio que lhe possibilita o poder de decisão de escolhas para se aproximar ou se afastar do mal Com a capacidade de decisão e escolha o homem acaba por ser o responsável diante das demais pessoas e de Deus responsável pelos seus atos mora i s Por esse motivo no entendimento de Santo Agostinho o l ivre a rbítrio é responsá vel pela sujeição do homem às paixões e pelo distanciamento do sumo bem Ag Logo só me resta concluir se de um lado tudo o que é igual ou superior à mente que exerce seu natural senhorio e achase dotada de virtude não pode fazer dela escrava da paixão por causa da justiça por outro lado tudo o que lhe é inferior tampouco o pode por causa dessa mesma inferioridade como demonstram as constatações precedentes Portanto não há nenhuma outra realidade que torne a mente cúmplice da paixão a não ser a própria vontade e o livrearbítrio Ev Não vejo conclusão nenhuma tão necessária quanto essa AGOSTINHO 1995 p52 Para uma melhor compreensão do que seja o l ivre a rbítrio é preciso entender a diferença com relação à liberdade da vontade humana Desse modo o ser humano tem sua vida reta ou de pecado a partir de sua vontade livre P or isso segundo Filho 2006 o livre arbítrio só possui sentido se coubesse ao homem o poder de decisão que rumo seguir Ele diz O ser humano tem uma vida reta ou pecaminosa segundo a sua vontade livre Não se trata pois de uma necessidade natural isto é da impossibilidade de pecar ou não pecar Por isso só faria sentido falar em livrearbítrio quando coubesse única e exclusivamente ao ser humano decidir a cada momento que caminho tomar Seria totalmente aleatório e imprevisível saber se o ser humano vai ou nãopecar E se o livrearbítrio é um dom de Deus nem Ele pode interferir nessa escolha O máximo que pode fazer é esperar que o ser humano O busque FILHO 2006 p10850 A liberdade é um modo de autodeterminação em sentido total onde o homem se insere mundo substância estado com a possibilidade de escolher de modo limitado e Finito Abbgano 2007 define liberdade como Uma forma de autodeterminação como uma totalidade da qual o homem está inserido mundo substância e estado tem se a possibilidade de escolha limita finita A liberdade como necessidade que se baseia no mesmo conceito da precedente a autodeterminação mas atribuindoa à totalidade a que o homem pertence Mundo Substância Estado privilegia o homem porque a causa do s movimentos humanos é aquilo que o próprio homem escolhe como móbil enquanto juiz e árbitro das circunstâncias externas Deprinc III 5 Essas considerações análogas ocorrem em o livre arbítrio de S Agostinho Em outro trecho ele diz Sente que a alma se movimenta por si só quem sente em si a vontade ABBAGNANO 2007 p606 Ademais Santo Agostinho deixa claro que o l ivre a rbítrio vem de Deus de modo que o próprio Deus se ntiu a necessidade de mostrar sua exi stência para provar que isto é um bem como de maneira idêntica tudo o que fora criado por Ele A expressão livre arbítrio apresentada neste trabalho é para fazer referência à liberdade Neste sentido Santo Agostinho deixou claro a diferença entre os dois termos sendo o l ivre a rbítrio que é a escolha entre o bem e o mal e a liberdade que é a boa utilização do l ivre a rbítrio Para Reale 2003 a liber dade é ligada à vontade e não à razão como era entendido pelos gregos dizendo o seguinte A liberdade é própria da vontade e não da razão no sentido em que a entendiam os gregos E assim se resolve o antigo paradoxo socrático de que é impossível conhecer o bem e fazer o mal A razão pode conhecer o bem e a vontade pode rejeitálo porque embora pertencendo ao espírito humano a vontade é uma faculda de diferente da razão tendo uma autonomia própria em relação à razão embora seja a ela ligada A razão conhece e a vontade escolhe podendo escolher até o irracional ou seja aquilo que não está em conformidade com a reta razão E desse modo se explica a possibilidade da aversio a Deo e da conuersio ad creaturam REALE 2003 p98 Diante disso põese a seguinte questão se o l ivre arbítrio não é um mal para a vida do homem como então o pecado vem através dele Não seria melhor se Deus não o tivesse dado ao ser humano E sendo que foi dado por Deus não é ele o responsável de forma indireta pelas más ações cometidas pela humanidade Antes das respostas Santo Agostinho salienta que já foi mostrado e explicado que o livrea rbítrio no homem é evidente como afirma Evódio Também me recordo de termos chegado à evidência a respeito desse ponto Mas no momento eu te pergunto o seguinte esse dom que certamente possuímos e pelo qual pecamos sabes que foi Deus que nolo concedeu Na minha opinião ninguém senão ele pois é por ele que existimos AGOSTINHO 1995 p73 Para tanto Santo Agostinho nos lembra que Deus existe e tudo o que é bom vem dele assim Evódio deve levar em conta o que fora mostrado no início do livro II capítulo I em que Santo Agostinho disse que o l ivre arbítrio foi dado ao homem para que tivesse uma vida reta Ao contrário D eus não teria agido com justiça ao aplicar o castigo ao ser humano que é transgressor do s pecados ou dar um bônus a um benfeitor que fez um bom uso de seu livrearbítrio Entreta nto na visão agostiniana a vontade livre na humanidade é um bem é uma coisa necessária pois mesmo os que se deixam levar ou se desviam do caminho a partir de seu l ivre a rbítrio podem voltar a ter uma vida reta se for seu desejo De modo contrário se não tivesse vontade não s er ia possível viver livre mente pois a vontade é um bem necessário na vivência de uma vida reta Em suma o l ivre a rbítrio é um bem mediano que se situa entre o bem supremo imutável e eterno que é Deus e os bens corruptíveis do mund o E sendo um bem mediano pode ser levado tanto para o bem quanto para o mal Em síntese quando a vontad e se leva pelo bem supremo o homem possui uma vid a feliz CAPÍTULO II 2 A VONTADE E O PECADO O segundo capítulo no primeiro subitem será tratado sobre a lei eterna e a lei temporal e como a partir delas o homem pode orientar bem a sua vida No segundo subitem será tratado acerca da vontade que permite ao homem ter uma vida reta pode ndo se aproximar ou se afastar do Bem I mutável O terceiro subitem será discutido sobre o mal na obra A s C onfissões e o L ivrearbítrio e a visão de Santo Agostinho 2 1 Lei Eterna e Lei Temporal No livro I Santo Agostinho já discutiu sobre o problema da prática do mal Ele e Evódio concluíram que o homem possui l ivre a rbítrio que é um bem dado por Deus Desse modo deixou claro que Deus não é o autor do mal e se Deus não é o seu autor não é po ssível que o homem aprenda a praticálo E neste sentido Santo Agostinho fala também das ações do homem como por exemplo d o adultério que é uma má ação Além disso o pensador começa a tratar acerca da lei eterna e lei temporal Para ele a lei eterna é livre da paixão seu intuito é o de defender o povo O que criou a lei para o povo criou a sem se levar pelas paixões e se isso acontecesse não teria sentido O filósofo deixa bem claro que é preciso saber distinguir a s lei s eternas das leis temporais A lei eterna faz a exigência de subordinar as razões à paixão a partir dela o homem é digno da vida feliz é lei eterna e imutável Por outro lado a lei temporal é inferior e se submete à lei eterna pode ter princípios justos mas com o tempo isso passa ou seja é mutável Assim Santo Agostinho 1995 p41 diz Então para exprimir em poucas palavras o quanto possível a noção impressa em nosso espírito dessa Lei eterna direi que ela é aquela lei em virtude da qual é justo que todas as coisas estejam perfeitamente ordenadas AGOSTINHO 1995 p 41 Falando de lei eterna e fazendo um paralelo com a l ei civil para Evódio esta última não tem o papel de proib ir tudo o que seja mal mas sim o de conduzir a uma vivência mais pacífica possibilitando a cada um a justiça o que é justo mesmo que seja um mal menor como por exemplo no caso em que um soldado possa matar o inimigo em nome de uma convivência civil mais pací fica Referindose a tal lei que permite esse tipo de aç ão a pergunta é Ela é justa ou injusta Ademais para Santo Agostinho uma lei que não seja justa não é lei AGOSTINHO 1995 p 36 No entendimento de Evódio a lei não obriga ninguém a matar Mas dá possibilidades para isso assim cada soldado por exemplo é livre para matar ou não Indubitavelmente o poder para matar um inimigo ou agressor não significa o dever de matálo Santo Agostinho não deixa de lado as leis civis pois é a partir delas que se garante m a ordem e a p az na sociedade civil As leis civis são criadas pelos homens para regular o estado e são criadas a partir da queda que o homem vive depois do pecado original As leis humanas são ú teis para a sociedade de onde têm origem são mutáveis e tê m tempo assim como o homem Evódio deixa clara sua posição em referência à discussão de l ei eterna e l ei temporal afirmando que a lei dos homens autoriza o que a lei divina pune Pareceme pois que a lei escrita para governar os povos autoriza com razão atos que a providência divina pune AGOSTINHO 1995 p 38 Santo Agostinho não condena a lei civil mas enten de seu papel e apresenta seus limites no sentido de que n a visão de Evódio a lei foi feita para regular o estado deixa ndo impune muitas práticas mas que serão p unidos pela providência divina Ele diz A você parece de fato que esta lei a qual se promulga para a administração do estado Parece tolerar e deixar impunes muitas ações que não obstante serão punidas pela providência divina com razão Isso é verdade mas se a lei humana não faz tudo não será por isso motivo de reprovação pelo que faz AGOSTINHO 1995 p 3839 Aqui é possível notar os l imites da lei civil em relação à punição e a diferença entre a lei eterna e a temporal Dessa forma fazendo a distinção e ntre ambas chegase a uma p ossível solução pois a discussão continua com os argumentos de que as leis civis são temporais e mutáveis ou seja pode m sofrer alterações uma vez que quem as criou pensou apenas em seus próprios interesses sem olhar o be m comum de todos Podese então notar que n a lei eterna não há nada que seja justo e legítimo que não seja proveniente dela fazendo jus ao seu nome visto que não é possível alterála por se tratar justamente de uma lei eterna e imutável Concluise portanto que a referida lei fundamenta o direito e que ela está acima da política contendo inclusive princípios ontológicos e axiológicos universais Já no capítulo VII discute se a relação do homem com a ordem do universo desejada por Deus É colocada também ao ser humano a possibilidade de definir a lei eterna e o perfil do homem sábio É nesse sentido que Santo Agostinho inicia a discussão interrogando Evódio se sabe vive r a partir da resposta do seu interlocutor faz endolhe a pergunta se uma coisa é viver sabe s que vive Nesse sentido a indagação agostiniana quer mostrar a Evódio que o homem possui uma razão que o faz superior aos outros animais Assim no seu ente ndimento é preciso discutir sobre isso e afir ma que é um assunto que não pode ser omitido uma vez que seu objetivo proposto n ão pode ria ser alcançado Segundo o pensamento de Santo Agostinho o homem tem características próprias amor e desejos Essas características não fazem com qu e ele seja superior aos outros animais todavia acontece que elas só estão ligada s à razão e consequentemente são reguladas e dominadas somente pelo ser humano A partir disso pode se dizer que o homem é ordenado como antes Santo Agostinho queria saber Então quando a razão a mente ou espírito governa os movimentos irraciona is da alma é que está dominando na verdade no homem aquilo que precisamente deve dominar em virtude daquela lei que reconhecemos como sendo a lei eterna AGOSTINHO 1995 p 47 Desse modo a razão a inteligência ou o espírito podem exercer domínio sobre as paixões de modo que o homem pode ser considerado sábio já que o reino do espírito deve ter a perfeição No entanto a paixão não pode ficar fora do controle da razão se isso acontecer significa que a emoção está indo contra a lei eterna que tem a exclusividade de manter a ordem pois a razão deve ser superior à paixão Em síntese o domínio exercido pelas paixões se torna uma pena ou castigo Desse modo se o pecado sub mete a razão às paixões e desobedece às leis di vinas a alma afastase do bem supremo e essas escolhas más impactam em grandes consequências que a fazem ficar com temor angústias desejos e falta de paz Assim Santo Agostinho em o L ivre A rbítrio qu is mostrar a justiça de Deus em relação ao homem 2 2 Vontade A princípio em o Livre Arbítrio o pensador mostra que o ser humano possui uma vontade livre mas o que lhe f alta às vezes é reconhecêla Todavia embora esse desejo seja dado a o homem a fim de leválo a uma vida reta esse mesmo anseio pode também fazer com que ele se aproxime ou se afaste do bem imutável que é Deus Para falar sobre o livrearbítrio é preciso antes de tudo ent ender que a vontade possui intri nseca mente em si a liberdade Ademais a vontade pod e levar ao bem ou ao mal assim ela é totalmente livre O que Santo Agostinho propõe é mostrar que o homem diante de tudo o que o envolve tem em si uma vontade boa Isto será mostrado de modo mais claro a partir das discussões filosóficas no livro II levando em con ta o estado em que o homem se encontra É dentro desse contexto que Santo Agostinho interroga Evódio a respeito da consciência da existência de uma boa vonta de no homem A resposta de Evódio afirma que todo homem tem o desejo de ter uma vida feliz E para explicar a Evódio o significado d essa boa vontade Santo Agostinho diz que É a vontade pela qual desejamos viver com retidão e honestidade para atingirmos o cume da sabedoria AGOSTINHO 1995 LIVRO I 25p 56 Portanto Evódio admite que há uma boa vontade em todo ser humano e para todas as pessoas isso deve ser motivo de alegria Contudo ele admite que existe o risco de maiores danos para quem não faz um bom uso des sa boa vontade Dito isto Santo Agostinho continua ainda insistindo que depende de nossa vontade gozarmos ou sermos privados de tão grande e verdadeiro bem Com efeito haveria alguma coisa que dependa mais de nossa vontade do que a própria vontade AGOSTINHO 1995 LIVRO I 26p 56 Além disso quem tem a boa vontade possui um dos tesouros mais preciosos da terra e aqueles que não a possuem falta lhes alguma coisa que é maior do que os bens que escapam ao poder dos homen s Aqui é possível entender que quem perde essa boa vontade cai na infelicidade Em seu diálogo com Evódio Santo Agostinho deixa explícito que o homem em sua livre vo ntade entre o bem e o mal possui o poder de decisão Traduzido do latim isso significa que ele fazendo uso de sua razão é capaz de decidir de escolher de se aproximar ou de se afastar do bemimutável Levando em consideração esse pensamento agostiniano o ser humano é portanto responsável diante de Deus e de todos pelos seus atos morais Ainda n o entendimento de Santo Agostinho a vontade livre do homem é boa e se não fosse a existência d o bem aqueles que se desviam do caminho não poderiam voltar a viver uma vida de retidão e sem a vontade livre ninguém pode ria viver de modo reto E é dentro desse contexto que Marcos Roberto 2007 vai diz er Portanto para Agostinho a livre vontade no homem é um bem e não só um bem mas algo necessário pois mesmo os que vivem vida perversa possuindo o livrearbítrio podem voltar a ter vida reta caso queiram Ao contrário se não o tivessem não poderiam vir a ter vida reta Por isso a livre vontade é um bem necessário sem o qual ninguém pode viver retamente E voltando a fazer analogia com os órgãos do corpo Agostinho mostra que diferentemente dos demais bens corporais os olhos por exemplo os quais o homem pode vir a perder e mesmo assim ter a vida reta a livre vontade é o único bem sem o qual o homem não pode vir a ter vida reta COSTA 2007 p 94 No capítulo XIII a vontade boa é apresent ada como um bem e para possuíla é necessário apenas o querer e para isso existem quatro virtudes cardeais que podem ajudar nesse propósito a Prudência a Fortaleza a Temperança e a Justiça quem as observa acaba por se livrar de viver u ma vida infeliz para tanto é necessário um grande esforço No entendimento de Santo Agostinho o homem feliz é aquele que tem a boa vontade e por causa dela despreza todo bem deste mundo ao passo que quem não a possui é infeliz Todavia a boa vontade não pode ser t ida somente como genérica que faça do homem um ser virtuoso ou feliz A respeito disso os argumentos de Santo Agostinho ultrapassam tudo o que fora ditado pela moral clássica como no caso dos estoicos acerca do que é o funda mento para a vontade humana e sua felicidade Assim chega se à conclusão que Logo que motivo existe para crer que devemos duvidar mesmo se até o presente nunca tenhamos possuído aquela sabedoria que é pela vontade que merecemos e levamos uma vida louvável e feliz e pela mesma vontade levamos uma vida vergonhosa e infeliz AGOSTINHO 1995 LIVRO I 28p 60 Nesse sentido se o homem ama e abraça essa bo a vontade preferindoa a tantas outras coisas sendo que isso não tenha a dependência do seu querer terá como con sequência através da razão uma alma possuidora das virtudes que consiste na retidão e na honestidade Desse modo Santo Agostinho conclui que Todo aquele que quer viver conforme a retidão e honestidade se quiser pôr esse bem acima de todos os bens passageiros da vida realizase conquista tão grande com tanta facilidade que para ele o querer e o possuir se identifica com o conseguir serão um só e mesmo ato AGOSTINHO Santo 1995 LIVRO I 29p 61 Diante disso podese perguntar se a felicidade é tão fácil de ser conquistad a E por que muitos não conseguem conquistála Assim Santo Agostinho expl ica que os infelizes não a alc ançam porque não vivem a retidão sendo esta um fator importante para uma vida feliz Todos querem uma vida feliz mas somente as pesso as boas buscam possuíla de modo justo e honesto Portanto os dois modo s de se obtêla consiste na maneira de como se busca chegar a essa vida sendo honesto ou não Simultaneamente a lei eterna nos mo stra que a felicidade é ligada à boa vontade e a infelicidade à má vontade Esse fato t em por consequência uma vida feliz e a boa vontade se liga à intenção de uma vida reta sem levar em conta sua facilidade ou dificuldade Mas na discussão é importante também falar das leis eternas e das leis temporais bem como as suas relações com a boa vontade Como já foi dito acima acerca da investigação d o pecado e da relação entre a lei eterna e a lei temporal o centro do pecado está na paixão libido ou melhor é o amor pelo que se perde contra a vontade própria Do modo contrário o amor pelo que vem da mão do homem é uma das partes fundamentai s da lei eterna para que ele viva segundo a ordem A partir daí concluise que há dois tipos de homens os que ama m as coisas eternas e os que amam as coisas temporais e que há duas leis a eterna e a temporal Podese então dizer que os seres humanos estão submetidos à lei eterna os que através d o amor dos bens eternos são felizes e os que estão submetidos à lei temporal os que são insensatos e possuem amor pelas coisas temporais É o que diz Santo Agostinho Logo é evidente que há duas espécies de homens uns amigos das coisas eternas e outros amigos das coisas temporais E já concordamos que há também duas leis u ma eterna outra temporal Dize me caso tenhas o senso da justiça quais desses homens devem estar colocados entre os submissos à lei eterna e quais à lei temporal AGOSTINHO 1995 LIVRO I 31p64 Mediante o pensamento de Santo Agostinho Evódio assim diz A resposta penso eu é bem fácil Aqueles a quem o amor dos bens eternos torna felizes devem a meu ver viver sob os ditames da lei eterna Ao passo que aos insensatos está imposto o julgo de lei temporal AGOSTINHO Santo 1995 LIVRO I 31p64 Ademais Santo Agostinho procura argumentar sobre um ponto que faltou na discussão afirmando que os se submetem à lei temporal não podem estar livres da lei eterna Por isso é importante esclarecer que quem se submeter à lei eterna terá como essência a liberdade verdadeira Portanto está nítido que os que est ão submetidos a esse princípio não tê m necessidade da lei temporal na prática do bem ou das ações de modo honesto Com o intuito de concluir esta discussão é importante deixar claro que par a Santo Agost inho a lei eterna tem parte no desvio do amor a os bens materiais e o leva em direção às coisas eternas Desse modo as leis temporais têm a função de garantir a ordem social e de punir através do medo Tal punição se aplica a os que querem obt er os bens de modo perverso ao passo que a lei eterna pune o amor ilimitado pel os bens passageiros e temporais que se originam nas paixões humanas e no amor errado E essa forma de amar foge do poder espiritual deixando de lado o amor verdadeiro na busca da felicidade Em suma o amor está na posse do homem assim não se deve m acusar as coisas em si mesma s mas sim os homens q ue fazem delas o mau uso 2 3 O mal nas Confissões e em o Livrearbítrio Na obra A s Confissões no L ivro VII Santo Agostinho faz for tes críticas aos maniqueus e aos seus ensinamentos visto que eles tinham uma visão dualista do mundo O maniqueísmo buscava a salvação através da ciência e queria explicar através da razão o sur gimento do universo e da vida Esta questão era o que Santo Agostinho mais buscava entender e responder já que o mal era o que o incomodava Sobre este problema do mal surge a seguinte pergunta se o Deus do cristão de onde se originam todos os seres como não responsab ilizar Deus pela causa do mal Na leitura das Confissões apresenta mse os pr oblemas e conflitos internos pelos quais Santo Agostinho se deixou desvirt uar levandoo à busca de vícios e paixões mas que no fundo desejava uma vida regrada Aqui fica m evidente s suas lutas su a vivência intelectual sua liberdade e condução de sua vida longe d a presença div ina No entanto ele entende que o ser humano não é somente inteligênci a razão e autonomia total mas inicialmente busca sanar su a carência e isso não termina se não realizar o que deseja No início do livro VII das Confissões o filósofo diz claramente acerca das dificuldades que teve em entender a natureza do bem em todo o contexto que lhe apresentaram Ao fazer parte da seita maniqu é ia acabou ficando sem pens ar e examinar mais abertamente sobre a natureza de Deus e do mal Assim dentro d o maniqueísmo acabou aceitando as respostas que eram dadas sobre Deus e a origem do mal Desse modo nas Confissões Santo Agosti nho coloca o problema do mal e n o que ele acredita Se Deus é b om e criou todas as coisas boas como pode existir o mal Na tentativa de descobrir sobre a origem do mal ele fa la sobre o mundo e sobre os corpos e os espíritos como limitados e que Deus passa por eles como ilimitado Fiz da Vossa criação uma única e imensa massa diferenciada em diversas espécies de corpos uns corpos verdadeiros outros espíritos que eu imaginava sob a figura de corpos A Vós Senhor infinito em todas as direções imageiVos a rodeála e penetrála de todas as partes como se fôsseis um único mar em toda a parte e de todos os lados infinito AGOSTINHO 1990 p144145 Deus não é a causa do mal em um princípio ontológico mas pode ter criado o mundo como u m objeto corruptível Assim diz Agostinho seria pelo fato de Deus fazer tudo isto com matéria em que existia algo de mau e ao darlhe a forma e ao ordenála ter deixado nela alguma coisa que não transformasse em bem AGOSTINHO 1990 p145 Visto desse modo todas as coisas criadas por Deus são boas sendo a criação a sua principal matéria e na qual contém todo o potencial para que todos os homens no decorrer do tempo tenham suas ideias É o sumo bem que criou e mantém as coisas boas Elas e xistem enquanto dependem de Deus e por si só não conseguem subsistir A partir desse ponto questionase o seguinte Deus é a causa do m al ou nele está a corrupção Est a questão faz crítica ao maniqueísmo o qual acredita va que havia duas partes do divino o bem e o mal Foi a través de leituras neoplatônicas e posteriormente após sua conversão que Santo Agostinho utilizou o pensamento neoplatônico para justificar e dar explicações sobre a fé cristã No cristianismo há somente um princípio universal Deus é bom de modo absoluto e tudo o que criou é bom Por isso Ele é o sumo bem uno perfeito e eterno Não poderia ser origem do mal porque é o sumo bem é incorruptível e t em uma bondade infinita Além do mais Sua bondade dentro da f é cristã é inquestionável É por esse motivo que Santo Agostinho afirma que não há possibilidade de Deus ser a origem do mal Através desse ponto de vista o pensamento agostiniano a respeito d o mal fez com que o modo de entendimento sobre o mal dentro da filosofia fosse mudado já q ue o mesmo era pensado como essencial para todas as coisas existentes no mundo Sendo assim para S anto Agostinho o mal não é necessário para que se combine m as coisas Em o Livre A rbítrio o último capítulo do livro I trata da definição do pecado e deixa explícito que o mal tem origem no livre arbítrio Até então como já foi estudado acima para Santo Agostinho ficaram estabelecido s os valores da lei eterna e da lei temporal e as especificações acerca de dois tipos de homens os que amam as coisas eternas e os que amam as coisas temporais A partir desse pensamento tanto Agostinho quanto Evódio afirmam que cada pessoa é livre para escolher aquilo que quer seguir Mas deixam claro que o caminho das leis eternas conduz à busca da felicidade e a vontade livre pode ocasionar uma queda ou desvio da alma do caminho reto Nesse sentido apresentase que não se deve deixar de lado os bens materiais se alguém os usa de modo errado Para Santo Agostinho a pr ática do mal consiste na busca d os bens temporais que são inerentes ao corpo Neste passo coloca m se de lado os bens eternos e quem os ama verdadeira mente não pode deixar que eles se percam Assim a busca pelo pecado está con tida na lei eterna e é através dela que se orienta a boa vontade Todo homem que se submete a estas leis é extremamente feliz e os que delas se di stanciam são infelizes Para melhor entender isso Étiene Gilson 2006 diz que o mau uso das coisas é condição do bom é quan do se usufrui da verdade assim a vontade tem a vida feliz sendo o bem supremo do homem Por isso ele afirma Por outro lado a possibilidade desse mau uso seria necessariamente a condição do bom e da felicidade que esse bom uso implica Quando se apega ao bem imutável e universal que é a verdade para fruílo nossa vontade possui a vida feliz que é o bem supremo do homem Ora essa bé atitude não é idêntica à Verdade da qual ela é apenas a posse individual Por adesão a uma única e mesma Verdade e a uma única e mesma Sabedoria comuns a todos todos os homens tornamse felizes e sábios mas um homem não pode ser feliz pela béatitude de outro homem GILSON 2006 p277 Neste co ntexto de querer encontrar respostas para o problema do mal que sempre deixou Santo Agostinho inq uieto e perturbado e ntendeu se o mal como a privação do bem mas isso não foi essencial para esclarecer suas indagações Portanto para tratar sobre o mal moral e o pecado ess a resposta é muito rasa Por outro lado também foi necessário tratar sobre o l ivr ea rbítrio e a vontade Santo Agostinho ataca os maniqueus por tentarem de várias maneiras refutar e derrubar o l ivre a rbítrio que fora dado por Deus aos homens Na visão do maniqueísmo o mundo criado não fora uma boa criação sendo a alma boa e o corpo mau Nesse sentido Ele busca mostrar que a responsabilidade pelas ações deve estar nos homens como praticantes de seus atos e que eles faz em as escolhas e decide m se quer em ag ir de forma boa ou má e como vão lidar com as coisas que estão à sua volta Para melhor entender isso Evódio 1995 diz que cada homem ao cometer um pecado se distancia das co isas divinas e duráveis a firmando 35a Ev É bem como dizes e eu concordo em que todos os pecados se encontrem nessa única categoria a saber cada um ao pecar afastase das coisas divinas e realmente duráveis para se apegar às coisas mutáveis e incertas ainda que estas se encontrem perfeitamente dispostas cada uma em sua ordem e realizem a beleza que lhes corresponde AGOSTINHO 1995 LIVRO I 31p68 Outrossim Santo Agostinho no final do livro I chega à conclusão de que a origem do pecado está justam ente no uso incorreto do livre arbítrio da vontade Der ruba assim a doutrina maniqu é ia com a teoria dos dois tipos de almas a boa e a má deixa ndo de fora a responsabilidade do h omem acerca do mal ou do pecado c omo também uma forma de determinação e de fatalidade Para concluir este segundo capítulo n o livro I Santo Agostinho apresenta o mal e o trata como pecado com o intuito de deix ar clara esta questão Este assunto é bastante complexo e não se consegue resolvêlo tão facilmente O mais importante portanto é ver como ele busca confrontar os maniqueus explica ndo a questão sobre Deus e defendendo o livre arbítrio da vontade em cada pessoa CAPÍTULO III 3 A VONTADE LIVRE E A LIBERDADE N o primeiro subitem d o terceiro capítulo será discutido sobre os conceitos de verdade e liberdade bem como a relaç ão que trazem entre si Assim se a verdade traz a felicidade a o homem então é claro que a verdadeira liberdade para ele é conhecêla e querer possuíla e a submissão a essa verdade pode garantir segurança e liberdade Já no segundo subitem a compreensão do bem e do mal é baseada na meditação cristã E no entendimento de Santo Agostinh o esses conceitos se baseia m também em uma reinterpretação da filosofia de Platão que foi usada por ele para refutar as visões dualistas reivindicadas pelo maniqueísmo 3 1 Verdade e Liberdade No capítulo XIV Santo Agostinho busca examinar os conceitos de verdade e liberdade e a relação que possuem entre si Desse modo se a verdade é capaz de realizar a felicidade de quem a viven cia é evidente que para ele a verdadeira liberdade está no conhecimento d essa verdade na submissão a ela a qual garante segurança e liberdade A liberdade por sua vez possui como característica a felicidade e os que dela gozam fazem parte e experimentam a lei eterna Desse modo essa liberdade possui sua plenitude na ve rdade e no bem Santo Agostinho a entende como submissão à verdade que é Deus aquele que é capaz de libertar o homem do pecado Ademais a verdadeira l iberdade não pode ser entendida como opção de escolha entre o bem e o mal cometer ou não o pecado se fosse assim Deus não seria livre pois não pode querer o mal Segundo Abbagnano 2007 a verdade é entendida como v alidade ou eficácia das medidas cognitivas É geralmente percebida como a qualidade que torna qualquer operação cognitiva eficaz ou bemsucedida Já Santo Agostinho por um lado define a verdade como tal aparece e por outro lado a considera como aquilo que se revela ou se manifesta o que é Ele diz Validade ou eficácia dos procedimentos cognoscitivos Em geral entendese por V a qualidade em virtude da qual um procedimento cognoscitivo qualquer tornase eficaz ou obtém êxito Essa caracterização pode ser aplicada tanto às concepções segundo as quais o conhecimento é um processo mental quanto às que o consideram um processo linguístico ou semiótico Ademais a coexistência de dois conceitos de V não é rara Muitas vezes a teoria da correspondência é acompanhada pela teoria da V como manifestação ou revelação S Agostinho por um lado define a verdade como aquilo que é como aparece Solíl II 5 e por outro considera como V aquilo que revela o que é ou que se manifesta a si mesmo nesse sentido identifica a V com o Verbum ou Logos que é a primeira manifestação imediata e perfeita do ser ou seja de Deus De vera rei 36 ABBAGNANO 2007 p 994995 A verdadeira liberdade está na prática do bem do amor A lib erdade de escolha entre o mal e o p ecar não é liberdade mas sim escravidão é estar preso ao pecado O homem só é livre verdadeiramente quando tem a verdade e a partir dela pode usufruir de bens que são verdadeiros e alcançar a beatitude Segundo Gilson 2006 em Santo Agostinho beatitude é alegria quando é derivada da verdade abraçando a bem aventurança e a bondade dizendo o seguinte Eis por que no agostinianismo em que a beatitude é alegria ela só pode ser uma alegria nascida da verdade eis também o que permite reconciliar dois aspectos muito diversos dessa doutrina em que apesar de o amor ser a força que deve finalmente abraçar o bem beatificador assistiremos a uma luta inexplicável contra o ceticismo e o relativismo sob todas suas formas pois a menos que a verdade absoluta seja acessível ao homem não há béatitude para ele Uma das raízes mais profundas da doutrina agostiniana da iluminação será precisamente a necessidade de ter já nesta vida uma certeza incondicional garantia de nossa aptidão à Verdade total e beatificadora GILSON 2006 p2728 Assim é importante ressaltar que a verdadeira liberdade não consiste simplesmente na possibilidade de escolher mas em aderir totalment e em virtude do amor à lei eterna que se submete à verdade e se une ao bem imutável que é em si a bondade mesma Também há oposição do orgulho a essa liberda de que nada mais é do que uma falsa ideia de que o homem acha que possui a autonomia para possuir e isso o de svia de Deus e se dirige para não o ser A liberdade humana que está mais perto de De us é muito perfeita Ela é que permi te escolher entre o bem e o mal é provisória Nesse sentido o homem livre de verdade desejará o bem Neste passo Santo Agostinho 1995 apresenta a verdade universal Pois nada da verdade tornase propriedade de um só ou apenas de alguns mas simultaneamente ela é toda inteira e comum a todos AGOSTINHO 1995 p122 Concluise portanto que a vontade livre é um bem inalienável em que Deus de ve punir o pecado em vez de negar o livre arbítrio do homem deixandolhe os meios para ocupar seu lugar a qualquer momento ou quando desejar Mais uma vez essa perfeição se manifesta como uma dignidade estável que mantém os humanos no alto da hierarqui a ontológica dos seres criados Santo Agostinho então vai dizer Ora mesmo quanto àquela criatura sobre a qual Deus previu não somente que ela pecaria mas ainda que perseveraria em sua vontade de pecar nem dela Deus afastou a efusão de sua bondade deixandoa de criar Pois do mesmo modo que um cavalo que se extravia é melhor do que uma pedra que não pode se extraviar ficando sempre em seu lugar próprio por faltarlhe movimento e sensibilidade assim uma criatura que peca por sua vontade livre é melhor do que aquela outra que é incapaz de pecar por carecer dessa mesma vontade livre AGOSTINHO 1995 p166 A partir desse pensamento agostiniano podese entender que o homem livre tornase mais excelente se segue as leis da justiça agindo bem e usa ndo sua vontade acima de tudo para servir à sua própria felicidade Ele usa as coisas materiais sem abusar delas e envia através delas seu maior zelo pelo Bem Supremo que está além de todas as criaturas Embora o valor das criaturas seja invertido não pode rejeitar o mais baixo para pessoas tolas que ab usam do que a natureza oferece Por exemplo n ão se pode culpar o vinho por estar bêbado e m vez disso eles são os que merecem ser culpados por serem corrompidos por algo bom No entanto um bêbado é ainda mais valioso do que a bebida que ele usa para o mal Em suma o homem com vontade livre naturalmente tem um d esejo de felicidade Quem ama sua existência opõese a tudo o que a arruína as criaturas possuem um in stinto natural de preservação Portanto aquele que se fortalece no amor do Ser autor e sustentador da existência garante uma vida feliz plena fortalecida incorruptível pela inexistência 3 2 O problema do mal em Santo Agostinho A compreensão do bem e do mal é baseada na meditação cristã Na concepção de Santo Agostinho esses conceitos também se baseia m em uma reinterpretação da filosofia de Pl atão que foi usada pelo próprio Santo Agostinho para refutar as visões dualistas reivindicadas pelo maniqueísmo De fato segundo o pensamento agostiniano a Bíblia revela que a criação do mundo por Deus foi em si mesma boa e a existência humana é o melhor exemplo disso No caso da criação dois princípios não são mencionados como o maniqueísmo que quer que o homem creia Para complementar sua crítica à ideia de que Mani proclama a supremacia de uma div indade maligna Santo Agostinho argumenta a partir de uma interpretação cristã do neoplatonismo como uma verdade eterna inteligível Assim o conceito de Santo Agostinho refuta essa interpretação dualista especialmente seu caráter materialista pois o maniqueísmo atribui a origem da matéria ao mal negando consequentemente o sentido essencial de sua existência ou seja su a dimensão moral Aqui estão dois tópicos dignos de atenção sobre os quais Santo Agostinho vai se aprofundar Expor essas questões com referência à possibilidade ou não da imputabilidade da situação ontológica ao mal será fundamental para a crítica de Santo Agostinho à sua concepção de substância desde o início da polêmica maniqueísta É também um pr oblema como Santo Agostinho levantará mais tarde entender o mal como fruto da própria condição humana isto é do lixo da alma que surge do pecado original mas ao devir mesmo que seja em princípio parece paradoxal porém revela a possibilidade de que os humanos não cedam a isso com base nos conceitos de livrearbítrio e graça corretiva Quanto à primeira questão para Santo Agost inho o mal não é essência é a desigualdade associada à ideia do nada Como Deus é o mais benevolente que criou o homem à sua imagem e semelhança não há mal primordial ali contudo como os homens s ão apenas iguais uns aos outros é fácil para eles se corromperem Uma vez que uma pessoa cai ela se torna má e geralmente morre Uma vida ilusória geralmente não é nada e esse tipo de in sen satez é uma escolha humana O homem ao se corromper se afasta de Deus E ele se corrompe buscando apenas o gozo dos bens materiais e não o gozo dos bens divinos Deus espírito virtude etc Portanto o mal deve ser definido posteriormente po is expressa a negação ou aceitação temporária do bem Nesse sentido podese dizer que existe mas não é ontológico pois nega a existência enfim nega essencialmente Deus Quanto à segunda questão voltando às discussões que ocupavam as tradições teológicas e filosóficas do tempo de Santo Agostinho tratavase de esclarecer a bondade e o livre arbítrio de Deus pois se o homem é capaz de escolher a sua vontade e se Deus controla tudo podemos concluir Ele nos permite fazer o mal o que leva à conclusão de que Deus é mal Então Deus não será o mesmo porqu e uma de suas definições é que E le é bom Por outro lado s e julgarmos assim não teremos realmente livre arbítrio Como Deus sabe de antemão o que vai acontecer agiremos de acordo com o s eu plano e portanto não teremos liberdade para escolher Ademais a liberdade que o man iqueísmo pregava era falsa em que se acreditava que o homem estava isento de toda a culpa e do mal sendo Deus o principal responsável pelo mal no mundo Assim se acaba va desvaindo de uma vida reta para uma felicidade de momento Dessa maneira será de verdades que são muito mais de escravidão d o que de felicidade Com isso o homem não terá sua liberdade e felicidade plenas viverá sempre em constante busca de uma verdade que o faça feliz Por outro lado a verdadeira libe rdade consiste em uma vida reta que faz com que o homem seja livre pautandose no bem Segundo Santo Agostinho a verdadeira liberdade é estar próximo ao sumo bem que é Deus Com o l ivre a rbítrio há a possibilidade d a escolha entre o bem e o mal mas para ser livre de verdade e ter a felicidade plena é preciso estar mais próximo do Sumo B em Na t entativa de esclarecer a problemática o filósofo vai dizer portanto que q uando um homem se compo rta mal por sua própria vontade ele se corrompe Pode se concluir que o livrea rbítrio é a capacidade de escolha em todos os lugares mas com a ressalva de que nem tudo o que se escolhe leva à liberdade O que é portanto liberdade É escolher algo que não leva o ser humano a ser prisione iro de nada é alg o que o amor deve amar Por conseguinte quanto mais livre for o homem mais amará as coisas imortais é como a conexão que se dá entre espírito e matéria virtude e pecado etc Portanto entender Santo Agostinho devese tirar a seguinte conclusão se os seres humanos não tivessem o livre arb ítrio seriam como máquinas programadas sem senso de moral e ética pois não seriam responsáveis por seus próprios atos Tudo é resultado da vontade de Deus não da escolha humana Mas é preciso levar em conta a graça sincera que só pode ser alcançada com o livre arbítrio e assim conduz ir o caminho do caminho para a salvação C ONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalh o foi o de estudar e investigar o problema do mal em Santo Agostinho liga do à liberdade do homem na vivência de uma vida mais reta e feliz Para tratar sobre o assunto levouse em consideração o estudo de alguns artigos que pudesse m esclarecer e colaborar melhor para a discussão Como ponto de partida foi tra tado sobre a busca da resposta para o problema do mal que ta nto atormentava Santo Agostinho Ele afirmava que o mal não era apenas como uma privação do bem essa ideia não lhe era suficiente visto que o mal moral não se limita tão somente a isso Assim era necessário desenvolver es tudos acerca do livre arbítrio da liberdade e vontade humana s Santo Agostinho concluiu que o problema do mal está no uso inco rreto do livrearbítrio que está ligado à vontade Tal conclusão derruba a questão do maniqueísmo sobre a teoria das d uas almas boa e má a qual isentava a responsabilidade do homem sobre o mal moral ou o pecado em outras palavras o homem era livre d o mal que cometia A vontade livre é dom de Deus mas seu mau uso pode impactar na causa do mal moral ou do pecado Desse modo Deus não pode ser acusado de ser o autor do mal se o homem utiliza incorretamente es sa vontade esta atitude é de sua responsabilidade e não se justifica atribuíla a Deus No entendimento de Santo Agostinho o problema do pecado está na livre vontade do homem que acaba po r se distanciar de Deus A criatura deixa de se aproximar dos bens eternos de estar perto do bem imutável para se aproximar dos bens corruptíveis e cair na infelicidade A expressão livrearbítrio faz referência à liberdade contudo é importante ressaltar que há uma diferença entre os dois termos para Santo Agostinho o livrearbítrio é poder escolher entre o bem e o mal e a liberdade é o mo do como se usa dele porém o homem nem sempre é livre ao usar o seu livre arbítrio porque o utiliza mal Ele deixa claro que o livrearbítrio vem de Deus e sente a nece ssidade de mostrar S ua existência para indicar e provar que essa liberdade é um bem como de maneira idêntica tud o o que fora criado por Deus Na sua concepção esse livre arbítrio é necessário porque os que se deixam levar ou se desviam do caminho por meio dele podem voltar a ter uma vida reta se for seu desejo Assim a livre vontade é um bem necessário e sem isso ninguém p ode viver uma vida reta Finalmente o livre arbítrio é um bem que se situa entre o bem supremo imutável e eterno que é Deus e os bens corruptíveis do mundo REFERÊNCIAS AGOSTINHO Santo O LivreArbítrio Tradução organização Nair de Assis Oliveira revisão Honório Dalbosco São Paulo Paulus 1995 Confissões tradução Maria Luiza Jardim Amarante São Paulo Paulus 1984 ABBAGNANO Nicola Dicionário de Filosofia tradução da 1 edição brasileira coordenada e revista por Alfredo Bossi 5 edição São Paulo Martins Fontes 2007 Disponível em httpsmarcosfabionuvafileswordpresscom201204nicolaabbagnanodicionariodefilosofiapdf FILHO Eduardo Tomasevicius O conceito de Liberdade em Santo Agostinho Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo V101 p10791091 Janeirodezembro de 2006 Disponível em httpswwwrevistasuspbrrfdusparticleview6773470342 GILSON Étienne Introdução ao estudo de S anto Agostinho tradução Cristiane Negreiros Abbud Ayoub São Paulo Paulus 2006 Disponível em httpsphilosophiaediscipulusfileswordpresscom201605introduc3a7c3a3oaoestudodesantoagostinhoc3a9tiennegilsonpdf MARQUES Maria Janaina Brenga O livrearbítrio em Agostinho gênese do conceito no livro VII das confissões Doutora pela Universidade de São Paulo 2017 Disponível em httpsperiodicossbuunicampbrojsindexphpideiasarticleview865012516526 NUNES RO SILVA R Das Livrainos do mal O problema do mal segundo Santo Agostinho Instituto Federal do Rio Grande do Sul IFSUL Disponível em httpwww2bageifsuledubrencif2015pdf20150930144045000000pdf REALE Giovanni História da filosofia patrística e escolástica v 2 1 Giovanni Reale Dario Antiseri traduzido Ivo Storniolo São Paulo Paulus 2003 Disponível em httpsmarcosfabionuvafileswordpresscom201204realegantiseridhistoriadafilosofiavol2pdf 22

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