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11792\nCNPSO\n1988\nFL-11792\nNovembro, 1988\nISSN 0100-6703\n\nManejo de pragas da soja.\n1988\nFL-11792\n40743-1 REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL\nPresidente: José Sarney\nMinistro da Agricultura: Iris Rezende Machado\n\nEMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA\nPresidente: Ormuz Freitas Rivaldo\nDiretores: Ali Aldersi Saab\nDerli Chaves Machado da Silva\nFrancisco Férre Bezerra\n\nCENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA - CNPSo\nChefe: Décio Luiz Gazzoni\nChefe Adjunto Técnico: Norman Neumaier\nChefe Adjunto Administrativo: Rubens José Campo\n\nAs informações contidas neste documento somente poderão ser reproduzidas com a autorização expressa do Comitê de Publicações do CNPSo. CIRCULAR TÉCNICA N° 05\nNovembro, 1988\nMANEJO DE PRAGAS DA SOJA\nDécio Gazzoni¹\nEdilson B. de Oliveira²\nIvan C. Corso³\nBeatriz S. C. Ferreira⁴\nGeni L. Villas Bôas⁵\nFlávio Moscardi⁶\nAntonio R. Panizzi⁷\n\nCENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA\n\n¹ Engº Agrº, Pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa de Soja da EMBRAPA. Cx. Postal, 1061\n² Bióloga, Pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa de Soja da EMBRAPA. Cx. Postal, 1061 Copyright © EMBRAPA 1981\n\nCOMITÊ DE PUBLICAÇÕES DO CNPSo\nCaixa Postal 1061\n86100 Londrina, PR\n\n5ª Impressão 1988\nTiragem: 8.000 exemplares\n\nEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de Soja, Londrina, PR.\nManejo de pragas da soja, por Décio Luiz Gazzoni e outros. Londrina, EMBRAPA - CNPSo, 1988.\n44p. (EMBRAPA-CNPSo. Circular Técnica, 5)\n\n1. Soja - Doenças e pragas - Controle. 2. Entomologia. I. Gazzoni, Décio Luiz, colab. II. Oliveira, Edilson Bassoli de, colab. III. Corso, Ivan Carlos, colab. IV. Ferreira, Beatriz Spalding Correa, colab. V. Villas Bôas, Geni Litvin, colab. VI. Moscardi, Flávio, colab. VII. Panizzi, Antonio Ricardo, colab. VIII. Título. IX. Série.\n\nCDD 633.3497 Apresentação\nAs pesquisas com Manejo de Pragas da Soja foram iniciadas em 1975, no Centro Nacional de Pesquisa de Soja - CNPSO. À época, os pesquisadores buscaram consolidar as informações e as experiências disponíveis, provenientes do Brasil e do exterior.\n\nCalçado em sólidas teorias ecológicas, o Programa de Manejo de Pragas procura combinar diversas táticas de controle, de modo que essa integração permita ao agricultor manter a população de pragas abaixo do nível de dano, com um mínimo de interferência nos processos naturais de regulação dessas populações, ao tempo em que reduz os custos de produção para o agricultor.\n\nEssas duas metas evidenciaram-se mediante atividades, reduzindo a um mínimo necessário as aplicações de agrotóxicos, sob as adiversas condições ecológicas nas quais a soja é produzida no Brasil. Como decorrência, a população de inimigos naturais das pragas de soja tem se mantido em níveis suficientes para auxiliar na regulação da flutuação das pragas mais importantes da cultura. Por outro lado, o agricultor compromete um menor volume de recursos financeiros, pela redução do uso de agrotóxicos, e, como tal, o País também reduz o volume de suas importações.\n\nO sucesso na implantação do Programa demonstrou, na prática, a correção da linha filosófica adotada pelo CNPSo, no tocante ao controle das pragas da cultura, a qual permaneceu ao longo do tempo. Como consequência, importantes tecnologias foram desenvolvidas, podendo-se referir como principais conquistas o inseticida biológico à base de Baculovirus anticarcia, o controle biológico de percevejos através de parasitas de ovos e o desenvolvimento de cultivares tolerantes a lagartas e percevejos.\n\nEssas tecnologias, a par de outros estudos, auxiliam na consolidação e na evolução constante do Programa de Manejo de Pragas da Soja, que serve como um exemplo da importação do investimento, em ciência e tecnologia, haja vista o ponderável retorno obtido com a utilização do Programa de Manejo de Pragas. Segundo estimativas do CNPSO, o benefício potencial do Programa de Manejo de Pragas da Soja aproxima-se de US$ 250 milhões por ano. Este valor pode ser comparado com o envolvimento global da EMBRAPA para todo o Brasil, de cerca de US$ 100 milhões, o que permite avaliar a dimensão do benefício auferido pelo País.\n\nAo finalizar,cumpro o dever histórico de referir o nome do saudoso colega Edilson Bassoli de Oliveira: sem a sua dedicação e o seu trabalho constantes não teria sido possível avançar na velocidade com que se verificou a implantação do Programa de Manejo de Pragas no Brasil.\n\nLondrina, novembro de 1988\nDécio Luiz Gazzoni\nChefe do CNPSO Conteúdo\n\nPágina\n\n1. INTRODUÇÃO ...................................................... 6\n2. PRAGAS PRINCIPAIS .......................................... 6\n3. PRAGAS SECUNDÁRIAS ..................................... 14\n4. DANOS DAS PRAGAS E NÍVEIS DE AÇÃO ....... 23\n5. AMOSTRAGEM DAS PRAGAS DA SOJA ............ 28\n6. INIMIGOS NATURAIS ........................................... 31\n7. CONTROLE DAS PRAGAS ..................................... 38\n8. RESULTADOS ALCANÇADOS ................................. 39\n9. FUTURO DO PROGRAMA ...................................... 40\nBIBLIOGRAFIA ....................................................... 41\nANEXO, FICHA DE LEVANTAMENTO DE CAMPO ...... 43 1 Introdução\n\nA rápida expansão da cultura de soja no Brasil, ocorrida durante a década passada, não se fez acompanhar, num primeiro instante, de tecnologias adequadas ao melhor aproveitamento dos fatores de produção. O controle de pragas da soja não escapou à regra geral e, dessa forma, algumas incongruências podiam ser detectadas entre os soiocultores. Como exemplo, pode-se citar o desconhecimento das pragas de real importância na cultura, dos níveis de danos destas pragas, das épocas de sua ocorrência, da importância do equilíbrio biológico, dos critérios para utilização do controle químico, entre outros aspectos.\nA consequência mais palpável desta situação era o uso desregrado de inseticidas químicos, que, além de onerarem desnecessariamente o agricultor, acabavam por apresentar efeitos colaterais, como desequilíbrio biológico, consequentemente reinvasão de pragas e surgimento de pragas secundárias, possibilidade de surgimento de resistência a inseticidas e outros. Além disso, a agressão ao homem e ao ambiente, representada por casos de intoxicação de homens e animais, e poluição dos solos e das águas, agravavam-se ano após ano.\n\n2 Pragas principais\n\nPara os efeitos do Programa de Manejo de Pragas da Soja consideram-se pragas principais aquelas que, por seu potencial de danos, abundância, frequência e abrangência geográfica necessitam maior atenção por parte do agricultor brasileiro. Pela experiência acumulada ao longo dos últimos anos de observação, situam-se nesta categoria a lagarta da soja e três espécies de percevejos. 2.1. Lagarta da soja\n(Anticarsia gemmatalis Hübn er 1818 - Lep., Noctuidae)\n\nA lagarta da soja é o inseto mais comumente encontrado nas lavouras de soja, atacando a área foliar da cultura. Embora durante os picos de ataque possam ser encontradas diversas espécies de lagartas, como regra geral pode ser afirmado que a maior densidade populacional corresponde quase sempre à lagarta da soja.\nA época de ataque mais acentuado desta lagarta é função da latitude onde se encontra localizada a lavoura, tendo sido observado que os ataques mais precoces ocorrem nas latitudes mais baixas, enquanto no sul do país os ataques são mais tardios. Inicialmente, há uma migração das mariposas para a lavoura.\n\nEMBRAPA Todo o processo reprodutivo ocorre durante o período noturno, inclusive a oviposição, que é efetuada sobre diversas partes da planta. Após a eclosão, as lagartas se distribuem sobre a planta, sendo que, nos primeiros estádios a sua capacidade de consumo é baixa, acentuando-se no final do período larval (Tabela 1). A lagarta apresenta cor geral verde, com estrias brancas sobre o dorso, caracterizando-se pela presença de 4 pares de patas abdominais. Em condições de alta população, a lagarta da soja pode assumir coloração escura, às vezes preta, sem que isso altere fundamentalmente suas características de consumo ou de suscetibilidade a inseticidas. No final do período larval, a lagarta da soja transforma-se em crisálida, sendo esta fase passada no solo. TABELA 1. Valores médios de tamanho, duração dos estádios e consumo de área foliar de Anticarsia gemmatalis.\n\nEstado\tTamanho mm\tDuração dias\tConsumo (cm²)\n \t\t\t\t\tDiário\t\t\t\tPor estádio\t\t\tAcumulado\n\t\t\t\t\t\t\t\tAbsoluto\tPercentual\tAbsoluto\tPercentual\nOvo\t1\t3\n1\t3\t0,05\t-\t-\t-\t0,10\t0,09\n2\t9\t0,31\t0,02\t0,09\t0,72\t0,68\n3\t15\t1,47\t2,94\t2,78\t3,66\t3,47\n4\t18\t3,94\t7,46\t11,54\t10,93\n5\t25\t12,17\t36,51\t34,57\t48,05\t45,50\nCrisálida\t50\t14,39\t57,56\t54,51\t105,61\t100,00\nAdulto\t37 x 12\t20\t-\t-\t-\t-\t-\t-\n\nFONTE: Watson, 1916; Strayer, 1973; Reid, 1975; Leppla et al, 1977; Moscardi, 1979. Os ovos desta espécie são de coloração preta, em forma de barril, dispostos em massas constituidos por filas paralelas contendo cerca de 15-20 ovos. No primeiro estádio, as ninfas apresentam hábito gregarío, concentrando-se em colônias, normalmente próximas à postura. Com o seu desenvolvimento, efetuado através de 5 estádios ninfais, dispersam-se sobre as diversas partes das plantas. As ninfas apresentam coloração esverdeada, com manchas vermelhas e pretas dispostas sobre o dorso. O adulto é um percevejo de cor verde, com uma listra de cor marrom ou vermelha na altura do pronoto, medindo aproximadamente 10mm de comprimento. No final de sua vida, pode apresentar coloração amarelada. Este percevejo pode ser encontrado em praticamente toda a região produtora de soja do país, estando normalmente associado a outros espécies de percevejos. De acordo com estudos realizados pela EMBRAPA, P. guidinii parece ser de controle mais difícil que outras espécies de pentatomídeos, sendo controlado por um número menor de inseticidas, às vezes exigindo doses maiores destes inseticidas, para um controle eficiente.\n\nTABELA 2. Valores médios de tamanho e duração dos estádios de Piezodorus guilidinii.\n\nEstádios\tTamanho\tDuração\n(mm)\t(dias)\nOvo\t1\t7\n1\t4\t4\n2\t2\t6\n3\t4\t6\n4\t6\t7\n5\t8\t10\nAdulto\t10\t35\nTotal\t\t75\n\nFONTE: Fraga & Ochoa, 1972. 2.3. Percevejo verde (Nezara viridula Linnaeus, 1758 - Hem., Pentatomidae) Ninfa de 5º estádio de Nezara viridula Enquanto a soja esteve restrita às regiões mais meridionais do país, este percevejo era a espécie mais frequentemente encontrada na cultura, provável razão para ser conhecido também como percevejo da soja. Conforme a cultura expandiu-se em direção ao centro do Brasil, esta passou a ser atacada por outras espécies, mais adaptadas às condições ecológicas e climáticas destas regiões, enquanto o percevejo verde adapta-se melhor à região tradicional de cultivo, sendo encontrado com maior intensidade ao sul do trópico de Capricórnio. EMBRAPA 11 TABELA 3. Valores médios de tamanho e duração dos estádios de Nezara viridula Estádios Tamanho (mm) Duração (dias) Ovo 1,0 5 1 1,3 3 2 3,1 4 3 3,4 4 4 7,0 4 5 15,0 3 Total 63 FONTES: Kiritani & Hokka, 1962; Corpuz, 1969. Os ovos do percevejo verde são colocados na face inferior das folhas de soja, em massas de forma hexagonal, contendo cerca de 100 ovos. No início, apresentam coloração amarela palha, sendo que, próximo à eclosão das ninfas, os ovos assumem coloração rosada com manchas vermelhas, em forma de \"Y\" ou \"V\", no topo dos mesmos. Após a eclosão, as ninfas de primeiro estágio permanecem agregadas em torno da postura ou movimentam-se em colônias sobre as plantas. Neste estágio apresentam coloração alaranjada. No segundo estágio, quando as ninfas apresentam cor geral preta, também pode ser observado seu agrupamento em colônias sobre as plantas. Adulto de Nezara viridula MANEJO DE PRAGAS DA SOJA 12 2.4. Percevejo marrom (Euschistus heros Fabricius, 1798 - Hem., Pentatomidae) Adulto de Euschistus heros A denominação comum deste percevejo provém de sua coloração marrom escura, na fase adulta. Por apresentar expansões laterais do pronoto em forma de espinhos pontiagudos, também é conhecido entre os agricultores como diabo, chifrudo ou chifrinho. O percevejo efetua a postura sobre as folhas ou vagens da soja, em massas contendo cerca de 7 ovos, dispostas em 2 ou 3 linhas paralelas. Como no caso dos demais pentatomídeos, as ninfas recém eclodidas apresentam hábito gregário acentuado, permanecendo reunidas em colônias. Postura de Euschistus heros EMBRAPA 13 3 Pragas secundárias\n\nPor pragas secundárias entendem-se aqueles insetos que eventualmente possam causar danos econômicos à cultura da soja, ou que ocorrem apenas em regiões delimitadas, não possuindo a abrangência das pragas principais. Mesmo entre as pragas secundárias, o maior número de espécies concentra-se nas ordens Lepidoptera e Hemiptera. TABELA 5. Valores médios de tamanho e duração dos estádios da lagarta falsa-medeira.\n\nEstádios\t\tTamanho (mm)\tDuração (dias)\nOvo\t\t0,5\t\t5\n1\t\t9,0\t\t3\n2\t\t13,0\t\t3\n3\t\t15,0\t\t4\n4\t\t20,0\t\t6\n5\t\t30,0\t\t5\n6\t\t35,0\t\t7\nCrisálida\t30,0\t\t10\nTotal\t\t\t46\n\nFONTES: Mitchell, 1967; Reid & Greene, 1973; Kogan & Cope, 1974, Boite el al, 1975; Ramiro, 1977.\n\nA fase de crisálida é passada no interior de um abrigo tecido pela lagarta, localizado na face inferior das folhas, sendo de coloração verde. A mariposa apresenta cor escura, com duas manchas prateadas em cada asa do primeiro par.\n\nAs lagartas atacam a área foliar da cultura, porém essas não se alimentam das nervuras das folhas, o que confere às mesma um aspecto rendilhado. A lagarta falsa-medeira pode consumir entre 80 e 200 cm² de folhas durante a fase larval. TABELA 4. Valores médios de tamanho e duração dos estádios de Euschistus heros.\n\nEstádios\t\tTamanho (mm)\tDuração (dias)\nOvo\t\t1\t\t7\n1\t\t1\t\t3\n2\t\t3\t\t4\n3\t\t5\t\t4\n4\t\t10\t\t7\n5\t\t12\t\t80\nTotal\t\t\t109\n\nFONTE: Vilas Boas & Panizzi, 1980. 3.2. Broca das axilas ou broca dos ponteiros (Epinotia aporema Walsingham,1914 - Lep., Tortricidae)\n\nBroca das axilas, Epinotia aporema\n\nA mariposa efetua a postura sobre as brotações novas da soja. Após a eclosão, as lagartas permanecem no interior dos brotos, alimentando-se de partes dos folíolos e, mais tarde, tecem uma teia, através da qual mantêm unidos os folíolos dos brotos, impedindo a sua abertura. O broto atacado pode morrer ou desenvolver-se com deformações. Após atacar os brotos, a lagarta pode broquear diversas partes da planta, como o caule, ramos ou folíolos, cavando uma galeria descendente, cuja entrada geralmente está localizada na axila das folhas. Na ocorrência de chuvas pesadas, a galeria pode ficar cheia de água, vindo\n\nEMBRAPA\n\n17 o inseto em seu interior a morrer por afogamento. A broca das axilas apresenta cor creme, tendo a cápsula cefálica preta no início do seu desenvolvimento, e castanho no final.\n\nDano da broca das axilas nos ramos\n\n3.3. Broca do colo (Elasmopalpus lignosellus Zeller, 1848 - Lep., Pyralidae)\n\nTABELO 9. Efeito do ataque de Epino\n\ntia aporema sobre o rendimento de soja plantada em 6 épocas, com danos de até 30% nos ponteiros.\n\nÉpoca de plantio Rendimento em kg/ha\n\n15/10/76 3753 3708\n30/10/76 3458 3370\n16/11/76 2866 2828\n30/11/76 2318 2354\n16/12/76 2427 2612\n30/12/76 2343 2598\nMédia 2859 2912\n\nFONTE: (1) Morey, 1972; (2) Iede, 1980.\n\n18 As lagartas penetran na planta de soja à altura do colo, cavando uma galeria ascendente no interior do caule, alimentando-se do mesmo. Na entrada da galeria pode ser observado um abrigo formado por fios de seda secretados pela lagarta, o qual é utilizado na movimentação entre as plantas atacadas e também como abrigo na fase de pupa.\n\nA fase da planta mais sensível ao ataque da broca do colo se inicia logo após a germinação, durando até a lignificação do caule. As plantas atacadas nesse período normalmente perecem, e, se o ataque ocorrer quando o caule está lignificado, o dano do inseto normalmente é escassosidérvel.\n\nA broca do colo apresenta cor verde, com listas transversais de cor marrom.\n\nEMBRAPA\n\nPlanta atacada pela broca do colo da soja.\n\nTABELO 7. Valores médios de tamanho e duração dos estádios da broca do colo.\n\nEstádios Tamanho (mm) Duração (dias)\n\nOvo 0,5 3\n1 1,7 3\n2 2,7 2\n3 5,7 2\n4 6,9 2\n5 8,8 3\n6 16,2 8\nCrisálida 8,1 7\nAdulto 17 x 22 12\nTotal 42\n\nFONTE: (Isely & Miner, 1944; Luginbill & Ainslie, 1917).\n\n19 A lagarta enroladeira, Hedylepta indica (Fabricius, 1754) (Lep., Pyralidade) é assim denominanda por seu hábito de unir dois folíolos de soja, ou formar um cartucho a partir de um único folíolo, mantendo-os unidos através de uma secreção sedosa. A lagarta vive no interior deste abrigo, raspando o parênquima das folhas.\nA broca das vagens, Eitella zinckenella (Treitschke, 1832) (Lep., Pyralidade), alimenta-se dos grãos de soja, no interior das vagens, próximo à maturação. Também nesta fase do ciclo, as folhas de soja podem ser atacadas por diversas espécies de geometrídeos. 3.4. Outros lepidópteros\nLagarta das vagens, Spodoptera latiuscia\nAlém das espécies referidas, outras lagartas podem, ocasionalmente, constituir-se em pragas da soja. No gênero Spodoptera podem ser citadas as espécies latiuscia e eridania, vulgarmente denominadas lagartas das vagens, as quais alimentam-se preferencialmente de grãos e vagens da soja, podendo também consumir suas folhas. 3.5. Outros hemípteros\nPercevejo Acrosternum sp\nDiversas espécies de hemípteros, da família Pentatomidae, podem sugar as sementes de soja, porém raramente atingem o nível de praga principal. Entre essas, pode-se citar espécies de Acrosternum, além de Edessa mediabunda, Dichelops furcatus e D. melanacanthus. As espécies de Dichelops são comumente denominadas de catarina ou barriga-verde, dada a coloração geral do abdome ser verde. 4 Danos das pragas e níveis de ação\n\n4.1. Insetos que atacam a área foliar\n\nNeste grupo vamos encontrar principalmente representantes das ordens Lepidoptera e Coleoptera. A nível prático, os maiores problemas são ocasionados por Anticarsia gemmatalis e, eventualmente, Pseudoplusia includens. Partindo-se da premissa de que as condições climáticas não sejam severamente adversas, especialmente no tocante a distribuição de chuvas, que\n\nhouve um bom preparo de solo, que todas as práticas culturais recomendadas foram observadas, especialmente no tangente à nutrição da planta, esta pode recuperar-se com relativa facilidade dos danos causados à sua área foliar.\n\nSob as condições acima especificadas, a planta de soja não tem sua produção afetada com qualquer nível de desfolhamento observado na fase vegetativa ou durante o florescimento. O período crítico da planta, em relação à perda de área foliar, é compreendido entre a formação e o enchimento de vagens, sendo que, após o\n\nEMBRAPA 23 TABELA 8. Efeito do desfolhamento sobre a produção de soja (kg/ha)\n\nÉpoca de desfolhamento | Duração do desfolhamento | Percentagem de desfolhamento\nVegetativo | 1 dia | 3490 3503 3471 3531 3593\nVegetativo | 10 dias | 3490 3540 3704 3648 3775\nFlorecimento | 1 dia | 3490 3517 3297 3410 3386\nFlorecimento | 10 dias | 3490 3525 3218 3130 2861\nEnchimento de vagens | 1 dia | 3490 3107 3152 2722 2181\nEnchimento de vagens | 10 dias | 3490 2961 3097 2261 523\n\nProduções estatisticamente inferiores às testemunha (nível 0 de desfolhamento)\nFONTE: Gazzoni & Minor, 1979.\n\nApesar da grande capacidade de recuperação da soja, outros fatores devem ser considerados na tomada de decisão, fazendo com que o nível de ação, recomendado no Programa de Manejo de Pragas, seja de 30% de desfolhamento na fase vegetativa e 15% na fase reprodutiva.\n\nMANEJO DE PRAGAS DA SOJA 24 4.2. Broca das axilas\n\nPara a broca das axilas, foi fixado o nível de ação em 30% de ponteiros atacados.\n\nO dano da broca das axilas consiste em morte ou deformação dos brotos e ponteiros das plantas e broqueamento de hastes e ramos da mesma. O estudo da relação entre nível de danos e produção da cultura mostram que a soja também se recupera muito bem dos danos de Epinotia aporema, independente da fase do ciclo da soja em que estes ocorram. Pode-se comprovar esta afirmativa pelo exame das Tabelas 9 e 10, que mostram relação entre o ataque da broca das axilas e a produção de soja.\n\nEMBRAPA\n\nTABELA 9. Efeito do ataque de Epinotia aporema sobre o rendimento de soja plantada em 6 épocas, com danos de até 30% nos ponteiros.\n\nÉpoca de plantio | Rendimento em kg/ha\n | Com ataque | Sem ataque\n15/10/76 | 3753 | 3708\n30/10/76 | 3458 | 3370\n16/11/76 | 2856 | 2828\n30/11/76 | 2318 | 2354\n16/12/76 | 2427 | 2612\n30/12/76 | 2343 | 2598\nMédia | 2859 | 2912\n\nFONTE: Gazzoni & Oliveira, 1979a. 25 TABELA 11. Efeito do ataque de percevejos sobre o rendimento da soja e seu poder germinativo.\nPopulação por metro de fila\nRendimento kg/ha\nGerminação %\n0\t2476\t92,7%\naté 1\t2400\t90,8%\naté 2\t2426\t91,2%\naté 4\t2327\t84,9%\naté 10\t1939\t58,4%\nFONTE: Villas Bôas et al, 1981. TABELA 12. Níveis de ação para algumas pragas da soja.\nPraga\nÉpocas\nNível de Ação\nLagartas desfolhadoras\nAntes do florescimento\n40 lagartas maiores que 15 mm, por amostragem;\n30% de desfolhamento.\nApós o florescimento\n40 lagartas maiores que 15 mm, por amostragem;\n15% de desfolhamento.\nBroca das axilas\nAté a formação de vagens\n30% de ponteiros atacados\nBroca das vagens\nFormação e enchimento de vagens\n10% de vagens atacadas.\n20 lagartas por amostragem.\nPercevejos\nFormação de vagens até a maturação fisiológica\n4 percevejos maiores que 5mm por amostragem.\nFONTE: Gazzoni, 1981b. Amostragem das pragas da soja\nNão existe um método de amostragem de insetos que seja igualmente eficiente para todas as espécies, dependendo sua eficiência especialmente do hábito das mesmas.\nEntrando com o pano entre as filas Em termos de soja, pode-se afirmar que lagartas e percevejos são convenientemente amostrados pelo método do pano, para os efeitos do Programa de Manejo de Pragas. No caso da broca das axilas e do dano da lagarta das vagens, deve-se utilizar o método do exame de plantas.\n\nPara o método do pano, utiliza-se um pano, ou plástico branco, de 1m de comprimento e largura adaptável ao espaço entre as filas de soja, contendo um suporte de madeira em cada borda lateral. O pano enrolado sobre os suportes é colocado entre duas filas adjacentes de soja, com cuidado para não perturbar os insetos presentes na área a ser amostrada. a seguir é desenvolvido até encostar no caule das plantas, iniciando-se as mesmas sobre ele. Bate-se vigorosamente sobre as plantas, de maneira que os insetos caiam\n\nContando os insetos sobre o pano, após o recolocam-se as plantas em sua posição original. Efetua-se a contagem das pragas presentes sobre o pano, transferindo-se o resultado para uma ficha especial.\n\nPara a avaliação dos danos da broca das axilas, conta-se o número de ponteiras atacados em 100 plantas próximos ao ponto de amostragem, transferindo-se o resultado para uma mesma ficha utilizada anteriormente. Recomenda-se visitar a lavoura ao menos uma vez por semana, iniciando as amostragens no princípio do ataque das pragas, intensificando-se o processo ao aproximar-se do nível de ação. Atenção especial dever-se dada aos percevejos, recomendando-se amostrar a lavoura durante todo o período compreendido desde a formação até o enchimento de vagens, sendo sua frequência ao menos semanal.\n\nA confiabilidade dos resultados é proporcional ao número de amostragens efetuadas, razão pela qual recomenda-se um mínimo de 6 amostragens para lavouras até 10ha, ou 8 amostragens em lavouras até 30ha, elevando-se a 10 amostragens em lavouras até 100ha. Acima desta área, recomenda-se subdividir a lavoura em talhões de área inferior a 100ha. Existem diversos agentes de controle natural que atacam pragas de soja, efetuando o controle biológico das mesmas. Algumas pragas de caráter secundário são mantidas em baixas populações pela ação de inimigos naturais, podendo ocorrer o mesmo fenômeno com as pragas principais, sob determinadas condições. Um dos objetivos do Programa de Manejo de Pragas é preservar o potencial de controle biológico existente nas lavouras de soja, bem como propiciar condições para a sua atuação, de maneira que o controle biológico assuma importância cada vez maior no controle das pragas da cultura.\n\n6.1. Predadores\nDenominam-se predadores aquelas espécies que necessitam de mais de uma presa para completar o seu ciclo biológico. Na cultura de soja, os predadores de maior importância encontram-se no filo Artropoda.\n\n6.1.1. Aracnídeos\nAs aranhas são predadoras por natureza e alimentam-se de diversas pragas da soja, mormente lagartas e percevejos. São encontradas com abundância sobre a cultura, durante todo o seu ciclo. 6.2. Parasitas\n\nConsideraram-se parasites aquelas espécies que necessitam de apenas uma presa para completar o seu ciclo biológico. Os parasitas de pragas de soja concentram-se nas ordens Diptera e Hymenoptera. Como regra geral, os parasitas efetuam a oviposição sobre ovos, lagartas, ou ninfas de percevejos, ou então diretamente no interior das posturas. As larvinhas desenvolvem-se no interior ovos ou nas outras fases atacadas. No final do processo, o inseto hospedeiro morre, havendo a eclosão das formas adultas do parasita. 6.1.3. Geocoris spp. (Hem., Lygaeidae)\n\nSão insetos polifágicos, podendo atacar diversas espécies de pragas de soja ou outras culturas. São insetos pequenos podendo atingir 3 ou 4mm na fase adulta, sendo de coloração escura. Apresentam olhos desproporcionalmente grandes em relação à cabeça, razão pela qual são denominados de \"big-eyed bug\" nos Estados Unidos.\n\n6.1.5. Outros Predadores\n\nAlém destas espécies, podem ser encontrados outros predadores de pragas de soja, como Calidea spp., Lebia concinna, Calosoma granulatum, (Col., Carabidae), Doru lineare (Derm., Forficulidae), entre outros.