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TEORIA E METODOLOGIA DO ENSINO DA ARTE PRESIDENTE DA REPÚBLICA Dilma Vana Rousseff MINISTRO DA EDUCAÇÃO Aloizio Mercadante SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL DIRETOR DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR CAPES João Carlos Teatini de Souza Clímaco UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTROOESTE UNICENTRO REITOR Aldo Nelson Bona VICEREITOR Osmar Ambrósio de Souza DIRETOR DO CAMPUS IRATI Edelcio José Stroparo VICEDIRETORA DO CAMPUS IRATI Maria Rita Kaminski Ledesma PRÓREITORA DE ENSINO Márcia Tembil COORDENADORA NEADUABUNICENTRO Maria Aparecida Crissi Knüppel COORDENADORA ADJUNTA NEADUABUNICENTRO Jamile Santinello SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DIRETORA Regina Chicoski VICEDIRETORA Cibele Krause Lemke CHEFIA DEPARTAMENTO DE PEDAGOGIA CHEFE Ana Flávia Hansel VICECHEFE Rejane Klein COMITÊ EDITORIAL DO NEADUAB Aldo Bona Edelcio Stroparo Edgar Gandra Jamile Santinello Klevi Mary Reali Margareth de Fátima Maciel Maria Aparecida Crissi Knüppel Rafael Sebrian Ruth Rieth Leonhardt EQUIPE RESPONSÁVEL PELA IMPLANTAÇÃO DO CURSO PEDAGOGIA A DISTÂNCIA Marisa Schneckenberg Nelsi Antonia Pabis Rejane Klein Sandra Regina Gardacho Pietrobon Michelle Fernandes Lima Anízia Costa Zyck COORDENADORAS DO CURSO Angela Maria Corso Miriam Adalgisa Bedim Godoy NÁJELA TAVARES UJIIE TEORIA E METODOLOGIA DO ENSINO DA ARTE COMISSÃO CIENTÍFICA Marisa Schneckenberg Nelsi Antonia Pabis Rejane Klein Sandra Regina Gardacho Pietrobon Michelle Fernandes Lima Anízia Costa Zyck REVISÃO ORTOGRÁFICA Sandra Regina Gardacho Pietrobon Loremi Loregian Penkal PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO Andressa Rickli Espencer Ávila Gandra Natacha Jordão GRÁFICA UNICENTRO 453 exemplares Copyright 2013 Nota o conteúdo da obra é de exclusiva responsabilidade do autor Apresentação Capítulo 1 Arte na Escola Trajetória Histórica e Base Legal Capítulo 2 O Significado da Docência e o Ensino da Arte O que é Ser Professor de Arte Para que Serve a Arte Prática Educativa em Arte Nuances e Perspectivas Capítulo 3 História da Arte Breve Panorama Arte na PréHistória Arte na Antiguidade Arte na Idade Média Arte na Renascença Arte Moderna Arte Contemporânea Capítulo 4 Faces da Arte e Linguagens Artísticas a Música as Artes Visuais a Dança e o Teatro Musicalização na Infância Por que é Importante o Ensino da Música na Escola 07 11 27 43 87 28 32 44 48 52 58 71 82 90 Música e Sugestões Práticas para o Ensino em Sala de Aula Artes Visuais e Significações Contempladas Contextualizadas Experienciadas e Produzidas Artes Visuais e Sugestões Práticas para o Ensino em Sala de Aula Dança e Corporeidade a Construção da Consciência Corporal e do Movimento Dança e Sugestões Práticas para o Ensino em Sala de Aula Educação Teatral e Formação Cênica Teatro e Sugestões Práticas para o Ensino em Sala de Aula Capítulo 5 Planejamento e Avaliação Articulada ao Ensino da Arte Definindo o Planejamento e o Plano de Ensino Aula no Ensino da Arte Exemplo de Plano de Aula em Arte A Avaliação Articulada ao Ensino da Arte Ponderações Finais Referências Anexo 127 139 141 151 97 100 103 106 108 114 119 128 130 133 Desejos iniciais e finais Como formadora de docentes Não quero ter sempre razão Quero ser poeta e maravilharme Nas fendas da irregularidade subjetividade e possibilidade que este universo de jogo de letras aprendizagens me abrem a olhar com olhos de criança de uma certa maturidade que assombra espanta e borboleteia no ar tendo sido larva rompido um certo casulo e postulando o ontem o hoje e o vir a ser Nájela Tavares Ujiie 29072012 O livro e texto base da disciplina Teoria e Metodologia do Ensino da Arte se destina a promover uma interlocução de teorias metodologias conhecimentos e saberes importantes para dar respaldo e subsídio material à ação educacional voltada ao ensino da Arte na Educação Infantil nos Apresentação Nájela Tavares Ujiie 8 Anos Iniciais do Ensino Fundamental e em demais esferas educativas que articulem os domínios da ArteEducação A fim de cumprir com seu objetivo pedagógico e formativo o material aqui compilado prima por conceituar arte formar para o trabalho pedagógico nesta área do conhecimento oportunizar compreensão do histórico e base legal do ensino da Arte verticalizar contato com as ramificações artísticas e metodologias do ensino favorecer a livreexpressão o tateamento experimental a formação estética o desenvolvimento cognitivo e artístico pela performance criadora frente a cultura instrumentalizar para o fazer artístico para leitura estética e para análise eou avaliação da arte que contribui significativamente para o desenvolvimento das potencialidades do homem em plenitude Desejamos ainda ampliar os horizontes de formação cultural de nossos alunos em sua maioria já professores para compreensão da arte como área de conhecimento disciplina linguagem cultura representação manifestação individual e coletiva apreensão estética do universo fruição Aproximandoos dos sentidos múltiplos e multiformes que da arte emanam possibilitandoos contextualizar fazer e apreciar arte É válido ressaltarmos que para empreender este percurso teremos por base referencial alguns teóricos que merecem nossa atenção e menção já inicial pois oferecem luzes para o caminhar e a construção do conhecimento em arte sendo eles Ana Mae Barbosa Analice Dutra Pillar Fernando Hernández Maria Felisminda R Fusari Maria Heloísa C T Ferraz Maria Isabel Leite Sueli Ferreira Celdon Fritzen Janine Moreira Gisa Picosque Maria Terezinha Telles Guerra Miriam Celeste Ferreira Dias Martins Rosa Iavelberg entre outros Ponderamos que a estruturação do livro se constitui pela tessitura de cinco capítulos os quais vislumbram um encadeamento textual teórico e metodológico com o firme propósito de subsidiar a formação para a prática pedagógica voltada ao ensino da Arte Sendo que no primeiro capítulo buscamos contemplar a perspectiva histórica e legal do ensino da Arte como disciplina curricular no Brasil e seu status no âmbito escolar Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 9 tendo por base diretrizes parâmetros referenciais e propostas para o ensino da Arte considerando a esfera nacional e estadual paranaense No segundo capítulo dedicamonos a tratar da formação de professores e dos significados da docência no ensino da Arte da funcionalidade e finalidade do referido ensino para a escola professores alunos e sociedade em geral substrato teórico e metodológico que respalda a prática educativa proposta triangular formação estética pedagogia das afecções teoria rizomática educação sensível desnaturalização do olhar Na sequência o terceiro capítulo perfaz um caminho sintético de reconstrução da História da Arte traçando um panorama da arte Pré Histórica à arte Contemporânea primando por dar mesmo que de forma breve fidedignidade ao processo histórico em interação com os cenários político social e econômico de cada época O quarto capítulo tem por objetivo apresentar as ramificações artísticas bem como seus elementos estéticos constituintes em relação ao ensino da Arte sendo elas as Artes Visuais forma imagem linha cor textura plano e volume a Música som ritmo harmonia melodia altura intensidade duração timbre e densidade a Dança movimento tempo espaço fluência e força e o Teatro texto personagem iluminação cenografia sonoplastia e caracterização Neste capítulo também buscaremos contemplar algumas sugestões práticas para o ensino da Arte com enfoque em suas ramificações para o diaadia da sala de aula Para fechar os conteúdos trabalhados o quinto capítulo abordará o planejamento e a avaliação articulada ao ensino da Arte compreendendo esses momentos como processos integrados e imprescindíveis ao trabalho docente tendo em vista a reflexão para a ação em ação e sobre ou pós ação Assim os convidamos à leitura almejando termos conseguido articular ideias e palavras para auxiliálos na construção de uma formação humana e consistente para realização do trabalho pedagógico junto ao ensino da Arte em escolas brasileiras e demais espaços que careçam de um arteeducador A autora A arte é representação do mundo cultural com significado imaginação é interpretação é conhecimento do mundo é expressão de sentimentos da energia interna da efusão que se expressa que se manifesta que se simboliza é fruição Ao mesmo tempo é conhecimento elaborado historicamente que traz consigo uma visão de mundo um olhar crítico e sensível implicado de contexto histórico cultural político social e econômico de cada época Por suas diversas significações arte constituise por técnica lazer derivativo existencial processo intuitivo genialidade comunicação expressão estética sentimento de humanidade e parte do universo conceitual vinculada ao seu tempo FUSARI FERRAZ 2001 p 103 Para Barbosa 2008 p18 a arte capacita um homem ou uma mulher a não ser um estranho ao seu meio ambiente nem estrangeiro a seu próprio país Ela supera o estado de despersonalização inserindo o indivíduo no lugar ao qual pertence reforçando e ampliando seus lugares no mundo Com efeito podese afirmar que a arte tem suma importância à formação humana em plenitude e globalidade na sociedade e na escola Arte na Escola trajetória histórica e base legal Capítulo 1 Nájela Tavares Ujiie 12 contemporânea mas nem sempre foi dessa maneira Ao recompormos a trajetória histórica da arte vinculada ao ensino brasileiro podemos verificar as idiossincrasias que a acometeram ao longo do processo ora focada numa dinâmica tradicional ora renovada ou tecnicista até o alcance da dinâmica progressista crítica construtivista e emancipatória De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte PCNs BRASIL 1997 p 21 a área que trata da educação escolar em artes tem um percurso relativamente recente e coincide com as transformações educacionais que caracterizam o século XX em várias partes do mundo Na primeira metade do século XX o ensino da Arte ou melhor dizendo a arte e seu ensino tinha por foco a pedagogia tradicional baseada no desenho nos trabalhos manuais na música e no canto orfeônico tais perspectivas e conteúdos faziam parte dos transmitidos nas escolas primárias e secundárias da época concentrando o conhecimento na apreensão de padrões estilísticos e modelos artísticos das culturas predominantes Na escola tradicional valorizavamse principalmente as habilidades manuais os dons artísticos os hábitos de organização e precisão mostrando ao mesmo tempo uma visão utilitarista e imediatista da arte Os professores trabalhavam com exercícios e modelos convencionais selecionados por eles em manuais e livros didáticos O ensino de Arte era voltado essencialmente para o domínio técnico mais centrado na figura do professor competia a ele transmitir aos alunos os códigos conceitos e categorias ligados a padrões estéticos que variavam de linguagem para linguagem mas que tinham em comum sempre a reprodução de modelos BRASIL 1997 p 25 Neste preâmbulo verificamos que foi difundida no Brasil baseada nas ideias de John Dewey 18591952 e Herbert Read 18931968 na década de 1960 a proposta de Educação Através da Arte pautada por uma visão da arte não como meta educacional mas como processo criador de livreexpressão do aluno Dessa forma a livreexpressão foi assumida Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 13 como um laissezfaire um deixa fazer qualquer coisa uma prática centrada na espontaneidade e na criatividade descompromissada com o saber artístico sem suporte de conhecimento e intervenção do professor espectador da ação dos alunos Visualizamos uma mudança paradigmática de um ensino de arte focado na pedagogia tradicional da técnica e do conteúdo para uma pedagogia nova focada na livre expressão da criança Assim dentro deste paradigma a aula de Arte traduzse mais por um proporcionar condições metodológicas para que o aluno possa exprimirse subjetiva e individualmente Conhecer significa conhecerse a si mesmo o processo é fundamental o produto não interessa Visto como ser criativo o aluno recebe todas as estimulações possíveis para expressarse artisticamente Esse aprender fazendo o capacitaria a atuar cooperativamente na sociedade FUSARI FERRAZ 2001 p 40 grifo das autoras A tendência nova no ensino da Arte não perdurou porque arte educadores americanos passaram a tecer severas críticas no que tange à ideia de desenvolvimento espontâneo da expressão artística da criança e a contribuição específica da Arte para a educação do ser humano e a sociedade Emerge o movimento DBAE Discipline Based Art Education idealizado nos Estados Unidos cujas propostas passaram a ser divulgadas com maior impacto nos anos 60 sendo que se propunha a repensar o ensino da Arte como disciplina dotada de especificidades e conteúdos próprios subdivididos em quatro categorias a produção artística a estética a crítica e a história da arte No Brasil entretanto o movimento supracitado só ganha materialidade na década de 1980 pois o golpe militar de 1964 e o modelo socioeconômico desenvolvimentista vigente impulsionou para que a tendência tecnicista entrasse em cena no contexto educacional brasileiro Nesta perspectiva a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nájela Tavares Ujiie 14 LDBEN 569271 promulgou em seu artigo 7º a obrigatoriedade da inclusão da disciplina de Educação Artística nos currículos plenos dos estabelecimentos de 1º e 2º graus propondo um trabalho polivalente com artes visuais música e teatro As Orientações Pedagógicas para os Anos Iniciais PARANÁ 2010 p 31 paranaenses afirmam que para além da polivalência no ensino da Educação Artística a LDB 569271 configurou um formato metodológico que instituiu três estratégias de transmissão de conteúdos no 1º e 2º grau sendo elas Atividades 1ª a 4ª séries Áreas de Estudo 5ª a 8ª séries e Disciplina 2º grau Parecer nº 85372 Por um lado a inclusão da Educação Artística no currículo escolar foi um avanço por outro lado a sua compreensão ora como atividade educativa ora como ramificações artísticas ora como disciplina não contribuiu com ímpeto para a fortificação desta área de conhecimento disciplinar no âmbito escolar Afinal o Parecer nº 54077 denota que a educação artística não é uma matéria mas uma área bastante generosa e sem contornos fixos flutuando ao sabor das tendências e dos interesses FUSARI FERRAZ 2001 p 4142 Pelo exposto podemos afirmar que a arte ou a educação artística no período ditatorial cumpriu assim como as demais áreas disciplinares na escola um papel de ensino transmissivo conformista e reprodutivista de técnicas e conteúdos No contexto de redemocratização do país com início na década de 1980 que se estendeu às diversas esferas da sociedade brasileira econômica social política cultural e educacional temos uma série de mudanças e transformações plausíveis Na área de arte em específico temse a retomada do movimento DBAE Discipline Based Art Education que inspira o movimento ArteEducação no Brasil encabeçado por Ana Mae Barbosa inicialmente voltado à articulação de professores de Artes da educação formal e informal para debate discussão e incremento formativo da ação educativa em Arte o que mobilizou eventos encontros Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 15 e sistematização da área com incremento de uma tendência progressista no âmbito educacional e da arte Esses debates e as organizações coletivas possibilitaram a criação de associações e núcleos de ArteEducação Em 1987 fundouse a FAEB Federação de Arte Educadores do Brasil que congrega essas organizações ora atuantes ora desmobilizadas Congressos anuais têm sido realizados com ampla participação de professores principalmente do ensino fundamental e médio mas com uma quase ausência de professores de ensino superior FRANGE 2008 p 41 Deste modo Barbosa 2001 idealiza e apresenta a proposta triangular Esta visa a valorizar não só a produção artística mas também as informações culturais e históricas bem como a análise das obras A proposta triangular está centrada em três focos o fazer artístico a apreciação da obra de arte e a reflexão O fazer artístico referese à produção e à vivência artística propriamente dita a apreciação referese à vivência dos sentidos reconhecendo analisando e identificando a obra de arte e o seu produtor seja ele artista ou não e a reflexão é um repensar sobre a obra a sua contextualização compartilhando perguntas que a criança faz ou o que o próprio professor pode elaborar Conforme Barbosa 2001 devemos alfabetizar as crianças artisticamente por meio da leitura estética para que as mesmas possam decodificar as imagens A proposta triangular defende a valorização da arte como matéria escolar valoriza e respeita a criação do educando e seu desenvolvimento cognitivo Ressaltamos por outro lado que a proposta triangular não é uma metodologia pois a metodologia usada em sala de aula vem de cada professor e de sua interação com o mundo com o conhecimento com os alunos e com o processo educativo Através do fazer do contextualizar e do apreciar as crianças abrem espaços para novas possibilidades na arte almejando novas possibilidades de vida Os processos criadores Nájela Tavares Ujiie 16 das crianças são diferenciados e variados sendo acompanhados pelos professores de Arte a partir da observação e anotação de cada etapa O movimento ArteEducação denota que o desenvolvimento artístico é resultado de formas complexas de aprendizagem e comprova que o conhecimento de artes não ocorre de maneira automática A intenção do movimento era propor uma inovação no ensino da Arte que permitisse sua presença mais frequente e contextualizada junto às instituições educativas formais e nãoformais de algum modo é alcançada e ganha materialidade na esfera política social e educacional A Constituição Federal de 1988 também denominada constituição cidadã pelo valor dado ao direito subjetivo dos indivíduos postula uma nova organização nacional pautada na emancipação na compreensão do ser humano em integralidade valorizando princípios éticos políticos e estéticos O sistema educacional brasileiro passa a se dividir em educação básica Educação Infantil Ensino Fundamental e Médio e educação superior graduação e pósgraduação A partir de então se iniciam discussões e formulações de propostas e proposituras para a educação e para a área de artes que valorizam a sensibilidade humana a criatividade a diversidade de manifestações artísticas e culturais a liberdade de expressão a consistência do conhecimento e a crítica É válido salientarmos que a criação do Instituto Arte na Escola1 em 1989 com apoio e financiamento do Grupo Empresarial Iochpe de Porto AlegreRS tendo como foco a ArteEducação e sendo concebido como um programa de qualificação de professores de Arte do Ensino Fundamental e Médio constituído por uma configuração validada pela pesquisaação busca viabilizar o uso do vídeo e dar materialidade à proposta triangular na escola no espaço de sala de aula além de outras proposições Dando respaldo legal às ações disseminadas no cenário brasileiro a LDBEN 939496 ainda em vigor promulga em seu artigo 26 2º o ¹ O Instituto Arte na Escola permanece em atuação até os dias de hoje conta com 45 pólos distribuídos em 42 cidades e 22 Estados brasileiros unidos por um ideal melhorar o ensino de arte no país Possui um site na internet o qual busca disseminar suas ações e vale a pena ser acessado Segue o link httpwwwartenaescolaorgbr Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 17 ensino da Arte especialmente em suas expressões regionais constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos Temse aqui finalmente a inclusão do ensino da Arte como disciplina constituinte do currículo pleno e obrigatório de todo o território nacional brasileiro da Educação Infantil do Ensino Fundamental e do Ensino Médio Segundo os PCNs de Arte BRASIL 1997 para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental o ensino da Arte subdividese em quatro blocos ou ramificações artísticas sendo elas artes visuais música dança e teatro O documento estabelece ainda os objetivos gerais do ensino da Arte para esta etapa expressar e saber comunicarse em artes mantendo uma atitude de busca pessoal eou coletiva articulando a percepção a imaginação a emoção a sensibilidade e a reflexão ao realizar e fruir produções artísticas interagir com materiais instrumentos e procedimentos variados em artes Artes Visuais Dança Música Teatro experimentandoos e conhecendo os de modo a utilizálos nos trabalhos pessoais edificar uma relação de autoconfiança com a produção artística pessoal e conhecimento estético respeitando a própria produção e a dos colegas no percurso de criação que abriga uma multiplicidade de procedimentos e soluções compreender e saber identificar a arte como fato histórico contextualizado nas diversas culturas conhecendo respeitando e podendo observar as produções presentes no entorno assim como as demais do patrimônio cultural e do universo natural identificando a existência de diferenças nos padrões artísticos e estéticos observar as relações entre o homem e a realidade com interesse e curiosidade exercitando a discussão indagando argumentando e apreciando arte de modo sensível Nájela Tavares Ujiie 18 compreender e saber identificar aspectos da função e dos resultados do trabalho do artista reconhecendo em sua própria experiência de aprendiz aspectos do processo percorrido pelo artista buscar e saber organizar informações sobre a arte em contato com artistas documentos acervos nos espaços da escola e fora dela livros revistas jornais ilustrações dispositivos vídeos discos cartazes e acervos públicos museus galerias centros de cultura bibliotecas fonotecas videotecas cinematecas reconhecendo e compreendendo a variedade dos produtos artísticos e concepções estéticas presentes na história das diferentes culturas e etnias BRASIL 1997 p 5354 Pelo exposto nos PCNs de Arte BRASIL 1997 trabalhar com o ensino da Arte não significa apenas desenvolver atividades que liberam as emoções mas também enfocar a arte como construção do conhecimento realização de experiências do fazer artístico da apreciação da obra de arte da contextualização bem como da compreensão estética das formas produzidas por ela pela natureza e pelas diferentes culturas Com este afinco buscamos dar subsídio formativo a nossos alunos nesta disciplina de Teoria e Metodologia do Ensino da Arte que não se fia apenas na formação artística voltada aos anos iniciais do Ensino Fundamental como também à Educação Infantil e demais contextos que articulem os domínios da ArteEducação No que tange à Educação Infantil a importância do ensino da Arte também é explicitada no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil RCNEI BRASIL 1998 no volume conhecimento mundo em três das seis áreas estabelecidas como fundamentais na educação da primeira infância sendo elas o movimento a música e as Artes Visuais O documento RCNEI que é uma proposta de caráter alternativo e flexível pontua que as crianças têm uma natureza sensível aberta a apreensão do ensino da Arte seja pela linguagem corporal do movimento seja pela linguagem sonora de musicalização ou pela linguagem plástica que emana das Artes Visuais Desse modo Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 19 as crianças têm suas próprias impressões ideias e interpretações sobre a produção de arte e o fazer artístico Tais construções são elaboradas a partir de suas experiências ao longo da vida que envolvem a relação com a produção de arte com o mundo dos objetos e com seu próprio fazer As crianças exploram sentem agem refletem e elaboram sentidos de suas experiências A partir daí constroem significações como se faz o que é para que serve e sobre outros conhecimentos a respeito da arte BRASIL 1998 p 89 Apesar da natureza infantil aberta a aprendizagens artísticas o professor desde a Educação Infantil é um mediador imprescindível para a construção de novos conhecimentos é responsável pelo planejamento e execução da prática pedagógica tem função ímpar na organização dos cantinhos e ateliês artísticos de acordo com os conteúdos a serem trabalhados é orientador da manutenção e organização dos materiais da sala e articulador no alcance dos objetivos de aprendizagem Ao se tratar de objetivos de aprendizagem no ensino da Arte na Educação Infantil pautado no RCNEI ordenouse o quadro apresentado a seguir Nájela Tavares Ujiie 20 Quadro 1 Objetivos do Ensino da Arte na Educação Infantil ÁREAS DO ENSINO DA ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL FAIXA ETÁRIA 0 a 3 anos 4 a 5 anos e 11 meses MOVIMENTO familiarizarse com a imagem do próprio corpo explorar as possibili dades de gestos e ritmos corporais para expres sarse nas brincadeiras e nas demais situações de interação deslocarse com des treza progressiva no espaço ao andar correr pular etc desenvolven do atitude de confiança nas próprias capacida des motoras explorar e utilizar os movimentos de preen são encaixe lançamento etc para o uso de obje tos diversos ampliar as possibilidades ex pressivas do próprio movimento utilizando gestos diversos e o rit mo corporal nas suas brincadeiras danças jogos e demais situações de interação explorar diferentes qualidades e dinâmicas do movimento como força velocidade resistência e flexibilidade conhecendo gradati vamente os limites e as potenciali dades de seu corpo controlar gradualmente o pró prio movimento aperfeiçoando seus recursos de deslocamento e ajustando suas habilidades mo toras para utilização em jogos brincadeiras danças e demais situações utilizar os movimentos de pre ensão encaixe lançamento etc para ampliar suas possibilidades de manuseio dos diferentes mate riais e objetos apropriarse progressivamente da imagem global de seu corpo conhecendo e identificando seus segmentos e elementos e desenvolvendo cada vez mais uma atitude de interesse e cuidado com o próprio corpo Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 21 MÚSICA ouvir perceber e discriminar eventos sonoros diversos fontes sonoras e produções musicais brincar com a música imitar inventar e reproduzir criações musicais explorar e identificar elementos da música para se expressar interagir com os outros e ampliar seu conhecimento do mundo perceber e expressar sensações sentimentos e pensamentos por meio de improvisações composições e interpretações musicais ARTES VISUAIS ampliar o conheci mento de mundo que possuem manipulando diferentes objetos e ma teriais explorando suas características proprie dades e possibilidades de manuseio e entrando em contato com formas diversas de expressão artística utilizar diversos mate riais gráficos e plásticos sobre diferentes super fícies para ampliar suas possibilidades de expres são e comunicação interessarse pelas próprias pro duções pelas de outras crianças e pelas diversas obras artísticas regionais nacionais ou interna cionais com as quais entrem em contato ampliando seu conheci mento do mundo e da cultura produzir trabalhos de arte uti lizando a linguagem do desenho da pintura da modelagem da colagem da construção desenvol vendo o gosto o cuidado e o res peito pelo processo de produção e criação Fonte Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil BRASIL 1998 p 27 p 55 e p 95 Considerando o exposto no quadro 1 evidenciamos que o RCNEI compreende a arte para a primeira infância em sua integralidade constitutiva e múltiplas significações uma vez que expressam comunicam e atribuem sentido a sensações sentimentos pensamentos e realidade por meio da organização de linhas formas pontos tanto bidimensional como tridimensional além de volume espaço cor e luz na pintura no desenho na escultura na gravura na arquitetura nos brinquedos bordados Nájela Tavares Ujiie 22 entalhes etc O movimento o equilíbrio o ritmo a harmonia o contraste a continuidade a proximidade e a semelhança são atributos de criação artística A integração entre aspectos sensíveis afetivos intuitivos estéticos e cognitivos assim como a promoção de integração e comunicação social BRASIL 1998 p 85 No que concerne ao Ensino Médio as DCNs BRASIL 2012 e os PCNs BRASIL 1999 enquadram a disciplina de Arte no bloco de linguagens códigos e suas tecnologias bem como adotam o conceito de formação estética que verticaliza na estética da sensibilidade na política da igualdade e na ética da identidade pessoal e social mediatizada pelo ensino da Arte uma formação artística consciente e consistente com a formação cidadã e calcada na emancipação Nesse tocante na esfera estadual paranaense no período compreendido entre 2003 e 2008 foram realizadas ações educacionais importantes para área de arte dentre elas a criação de um quadro próprio de professores licenciados em arte incorporados via concurso público a elaboração e distribuição do livro didático público2 para os alunos do Ensino Médio e professores de Arte a aquisição de livros de artes visuais dança música e teatro para a biblioteca do professor sugeridos e eleitos por estes via votação digital a materialização das Diretrizes Curriculares Estaduais de Arte e Artes DCEs PARANÁ 2008 A DCE de Arte e Artes PARANÁ 2008 paranaense se configura dentro de uma abordagem históricocrítica que reconhece a arte enquanto cultura e linguagem campo conceitual de conhecimento estético e artístico que articula história da arte semiótica e estética que tem como encaminhamento metodológico o sentir e perceber o conhecimento da arte e o trabalho artístico que compreende artes visuais música dança e teatro por seus elementos formais composição movimentos e períodos tempo e espaço além é claro de entender a natureza científica ideológica ² O livro didático público lançado no Estado do Paraná em 2006 foi produzido pelos próprios professores da rede tendo distribuição gratuita e disponibilidade em pdf no site da Secretaria Estadual de Educação Consulte no endereço eletrônico www diaadiaeducacaoprgovbr Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 23 e criadora da arte ou melhor artes pois se implica do legado cultural dos povos brasileiros que são diversos e multiculturais No âmbito nacional a lei nº 11769 de 18 de agosto de 2008 dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica em todas as escolas brasileiras passando a compor o texto da LDBEN 939496 em seu artigo 26 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório mas não exclusivo do componente curricular de que trata o 2o deste artigo Ou seja a música passa a ser conteúdo estruturante da escola básica mas não apenas pertencente ou integrante a disciplina de Arte Tal perspectiva legal amplia o campo da arte no domínio escolar a partir da linguagem musical e possibilita a articulação da arte e da música com outras áreas de conhecimento num enfoque metodológico interdisciplinar Dentro da esfera educacional paranaense pósampliação do ensino fundamental para nove anos3 em todo território nacional temse a publicação das Orientações Pedagógicas para os Anos Iniciais a qual contempla propostas e proposituras para todas as áreas de conhecimento inclusive para a área de Arte considerando que o sentido estético e a relação expressiva e sensível com os objetos culturais enquanto elementos passíveis de formação Assim as orientações paranaenses pontuam a necessidade de uma formação abrangente e enfatiza propostas de arte com as crianças considerando quatro objetivos a sensibilização ao meio ambiente o desenvolvimento da personalidade a criatividade estética e a formação da sensibilidade PARANÁ 2010 p 3435 Mediante ao exposto podemos inferir que as proposituras delineadas para o ensino da Arte da década de 1980 para o momento presente trilharam um processo histórico que seguiram as pedagogias progressistas tidas como críticosocial dos conteúdos construtivistas libertária emancipadora ou históricocrítica mas todas focadas na transformação da prática social na construção do conhecimento ³ Novas disposições normativas expressas nas leis nº 111142005 e nº 112742006 que alteram a LDBEN 939496 dando a seguinte redação ao artigo 32 O ensino fundamental obrigatório com duração de 9 nove anos gratuito na escola pública iniciandose aos 6 seis anos de idade terá por objetivo a formação básica do cidadão Nájela Tavares Ujiie 24 significativo na formação do cidadão crítico e reflexivo na libertação do homem da opressão da ignorância e da dominação Assim concluímos que a arte tem importância primordial na sociedade e na formação auferida aos sujeitos humanos alunos no espaço escolar mas igual as demais áreas do conhecimento trilha desde sua gênese um percurso histórico e legal de avanços e retrocessos e que perdura a delineála enquanto ciência estética artística e cultural determinante e determinada no presente que é síntese de múltiplas significações Síntese do capítulo A arte na escola tem um percurso que se delineia em coaduno com a história e as abordagens educacionais bem como é pautada numa base legal que a regulamenta e estabelece normas e objetivos registrados e documentados por diretrizes parâmetros referenciais e propostas que de acordo com Cury 1997 são nascidas do dissenso unificadas pelo diálogo não são uniformes não são toda a verdade e podem ser traduzidas em diferentes programas de ensino e como toda realidade não é uma forma acabada de ser Dentro desta dinamicidade o ensino da Arte basicamente desenvolveuse por quatro abordagens significativas Arte tradicional atividade desenho trabalhos manuais música e canto orfeônico professor transmissor de conteúdos e modelos artísticos Arte novarenovada educação através da arte atividade artística processo criador de livreexpressão do aluno professor descompromissado com a ação pedagógica Arte tecnicista educação artística parte do currículo escolar enfoque transmissivo e técnico de conteúdos expressos do simples ao complexo dentro do espaço escolar Sendo composta de atividades artísticas de 1ª a 4ª série áreas de estudo artes visuais música dança e teatro e seus elementos artísticos de 5ª a 8ª série e disciplina impregnada de conteúdos no 2º grau Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 25 Arte progressista expressão do movimento de arteeducadores disciplina do currículo pleno escolar ensino da Arte proposta triangular apreciação contextualização e fazer artístico formação estética e abrangente da cultura e sensibilidade humana Enfim esse capítulo buscou contemplar a perspectiva histórica e legal do ensino da Arte como disciplina curricular no Brasil e seu status no âmbito escolar considerando a esfera nacional e estadual paranaense Ao dar o ponto de partida neste segundo capítulo é oportuno salientarmos que algumas questões se impõem quase que de modo natural sendo algumas delas Qual deve ser o papel do ensino da Arte na escola Para que serve a arte na escola na sociedade e na vida humana Como desnaturalizar o olhar tão fixado de objetividade e promover sensibilidade e subjetivação O que é cultura Como ampliar o repertório cultural e estético de educadores para que eles possam esticar os horizontes de seus alunos como poetisa Manoel de Barros4 Não é fácil e nem simples o compromisso político e pedagógico com a docência em nenhum nível de ensino Dessa forma observe o tamanho do desafio no qual acabei implicada ao aceitar a dar sistemática à disciplina de Teoria e Metodologia do Ensino da Arte ao final deste livro e do desenrolar do curso só vocês leitores e alunos poderão dimensionar 4 Poeta matogrosense natural da cidade de CuiabáMT 19 de dezembro de 1916 considerado dos mais importantes na contemporaneidade por brincar com as palavras construindo arte e poesias dentre seus diversos livros o das Ignorãças publicado em 1993 pondera o imponderável da estética e do maravilhamento do esticar ou ampliar horizontes olhares visões de mundo Quem deseja conhecer um pouco mais sobre ele veja o filme documentário Só dez por cento é mentira a desbiografia oficial de Manoel de Barros 2008 direção de Pedro Cezar produção Biscoito Fino O Significado da Docência e o Ensino da Arte Capítulo 2 Nájela Tavares Ujiie 28 se encontramos em conjunto algumas respostas para o que parecia uma incógnita no ensino da Arte Sim só cada um em seu percurso de subjetivação e desnaturalização do olhar terá a clareza e a medida real da transmutação ocorrida no âmbito da vida e das aprendizagens estéticas construídas do que era na entrada e do que passa a ser ao término da disciplina mas não fim da educação estética que se dá na ruptura da cotidianidade e no encantamento com a vida que é arte Apesar das intempéries do caminho objetivamos no delineamento deste livro alcançar algumas respostas Em especial este capítulo dedicase a tecer considerações acerca da formação de professores e dos significados da docência no ensino da Arte funcionalidade e finalidade do ensino da Arte para a escola professores alunos e sociedade em geral bem como discutir o substrato teórico e metodológico que respalda a prática educativa em arte proposta triangular formação estética pedagogia das afecções teoria rizomática educação sensível desnaturalização do olhar O que é ser professor de Arte Para que serve a arte Na tentativa de responder as questões que intitulam este tópico tomamos respaldo em Almeida 2009 quando afirma que um dos principais motivos de se ensinar Arte na educação básica devese ao fato dela ser parte significativa do patrimônio cultural da humanidade e ao fato da escola contemporânea ter compromisso social e pedagógico com a educação de seus partícipes bem como com o processo de preservação e construção do patrimônio cultural Segundo Forquin 1993 a escola é um espaço ímpar de construção cultural que não se forja de modo neutro nem monolítico nem estático porque a sociedade e a educação são dinâmicas Pondera a existência da cultura da escola conjunto de características do cotidiano escolar processos normas valores significados rituais formas de pensamento constituidores da própria cultura e a existência da cultura escolar conjunto de saberes que selecionados organizados e didatizados compõem a base Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 29 de conhecimentos sobre a qual trabalham professores e alunos elementos da cultura humana científica ou popular erudita regional ou de massas dos quais a arte enquanto área de conhecimento sensível toma parte Neste interstício o autor mencionado descreve a cultura como um mundo humanamente construído mundo das instituições e dos signos no qual desde a origem se banha o indivíduo humano tão somente por ser humano e que constitui como que sua segunda matriz FORQUIN 1993 p 168 A arte por sua vez enquanto linguagem representação imaginação interpretação símbolo expressão de sentimentos da energia interna da efusão que se expressa que se manifesta que se simboliza é conhecimento de mundo e cultura reprodução e produção significante Desse modo o ensino da Arte é fator significativo na formação integral do cidadão o fazerartístico é elemento essencial na construção do conhecimento em arte e da sensibilidade neste processo educativo o professor de Arte é um elemento mediador entre a arte e o estudante independente da faixa etária deste Recuperando os apontamentos Eisner 1979 ao justificar a presença da Arte no currículo escolar considerando a construção de habilidades motoras perceptuais de pensamento e de valores explicitadas em Almeida 2009 p 1415 reforçamos a importância do ensino da Arte na escola uma vez que ao realizarem atividades artísticas as crianças desenvolvem autoestima e autonomia sentimento de empatia capacidade de simbolizar analisar avaliar e fazer julgamentos e um pensamento mais flexível também desenvolvem o senso estético e as habilidades específicas da área artística tornamse capazes de expressar melhor idéias e sentimentos passam a compreender as relações entre partes e todo e a entender que as artes são uma forma diferente de conhecer e interpretar o mundo ao conhecer e compreender melhor as artes os alunos tornamse pessoas mais sensíveis capazes de perceber de modo acurado modificações no mundo físico e natural e também de experimentar sentimentos de ternura simpatia e compaixão Nájela Tavares Ujiie 30 Vemos pelo exposto o quanto a arte pode ter contribuição importante na formação integral do cidadão considerando princípios éticos políticos e estéticos Entretanto tal contribuição tem ligação direta com o valor que a arte possui no universo social escolar e na concepção dos professores de arte especialistas e nãoespecialistas5 Essa via analítica de propiciar a construção de uma concepção consistente de arte implica nos profundamente como formadores não só a mim mas outros docentes tais como Leite e Ostetto 2004 p 13 destaques das autoras que defendem que a arte tem seu status próprio e não deve ficar a serviço da educação ou nela enclausurada Portanto por mais que no curso de Pedagogia compreendese e defendese a prática interdisciplinar não podemos nos furtar ao trabalho pedagógico com os conteúdos próprios da Arte diluindoos nas ações pedagógicas Há de se ter atenção redobrada ao formarmos professores nãoespecialistas Assim pretendese realizar um trabalho formativo na disciplina Teoria e Metodologia do Ensino da Arte na perspectiva que segue a disciplina a que nos referimos presente nos cursos de pedagogia deve ser marcada não pelo ensino de técnicas como era comum nos antigos cursos de formação de nível médio mas por experiências estéticas significativas para aquele em formação educação estética e formação de professores LEITE OSTETTO 2004 p 13 A formação de professores buscada pretende dar inteireza ao ser professor de Arte na conjunção entre os polos constitutivos da formação 5 A terminologia professor de arte especialista é utilizada para designar os licenciados em Educação Artística ArteEducação Artes Visuais Música Dança ou Teatro A terminologia professor de arte nãoespecialista designa o formado em outras áreas de conhecimento mas que receberam conhecimentos da arte e atuam com a área em projetos educacionais extraescolares na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental Sendo esta ação educacional não especializada uma práxis comum nas redes municipais paranaenses na atuação do docente de horaatividade de maneira geral licenciado em Pedagogia mas atuante no ensino da arte educação física e ensino religioso Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 31 compromisso competência e sensibilidade Primando por integrar as ramificações artísticas artes visuais música dança e teatro em uma abordagem que vise ampliar olhares escutas e movimentos sensíveis despertar linguagens adormecidas acionar esferas diferenciadas de conhecimento mexer com corpo e alma diluindo falsas dicotomias entre corpo e mente ciência e arte afetividade e cognição realidade e fantasia LEITE OSTETTO 2004 p 12 Neste sentido primamos por dar uma nova configuração ao professor de Arte sujeito comprometido política e pedagogicamente competente e sensível ao conhecimento e às demandas dos outros pertencentes ao cenário educacional Entendedores do ensino da Arte focado na formação cultural sensível e estética dos alunos sujeitos humanos e cidadãos de direitos e não voltada simplesmente à formação do artista do músico do dançarino eou do ator Dessa forma o objetivo maior do ensino da Arte é socializar os bens culturais da humanidade aproximar os alunos de produções artísticas que não teriam acesso pela mídia ampliar os horizontes e a qualidade das experiências estéticas dos alunos canalizar e auxiliar na construção de um repertório cultural consubstanciado que integre as experiências anteriores a entrada na escola e as constituídas neste âmbito formativo de excelência Podese afirmar que o ensino da Arte na escola promove alegria e é uma disciplina do gosto da maioria dos alunos A alegria nas aulas de artes pode ocorrer de forma intensa em duas situações uma quando aos alunos é dado o direito de simplesmente experimentar tatear sentir o prazer de apenas explorar os materiais ou divagar entre idéias incipientes sem o peso do compromisso de apresentar para nota um produto ao final da atividade a outra quando os alunos realizam atividades capazes de despertar sentidos plenos para eles e isso ocorre quando se identificam com a proposta de trabalho e se reconhecem como autores quando constatam que podem criar algo novo por meio de sua Nájela Tavares Ujiie 32 ação uma folha em branco que se transforma numa pintura um som forte produzido pela batida no tambor uma sensação de leveza resultante de um movimento rápido em rodopio ALMEIDA 2009 p 19 O ensino da Arte em suma propicia aos alunos o desenvolvimento sensível que favorece o conhecimento estético do mundo e a expansão e construção de um repertório cultural personalizado Tal fato para ganhar materialidade deve buscar respaldo na prática educativa consistente do ensino da arte que possui uma dupla face a ser trabalhada a conservadora e a inovadora A face conservadora comporta o ensino do conteúdo que foi aprendido pelo professor com alguém Para exemplificar podemos mencionar a história da arte que deve ser um patrimônio cultural preservado resguardado transmitido assimilado e contextualizado Já a face inovadora contempla o ensino enquanto fonte de criação que permite dominar os conhecimentos artísticos promovendo mudanças e transformações criando um novo significante em arte na conjunção entre o passado o presente e o futuro no âmbito do processo educacional que eterniza o conhecimento ALMEIDA 2009 Em relação à prática educativa em Arte delinearemos algumas nuances e perspectivas no tópico a seguir buscando esmiuçar o substrato teórico e metodológico em Arte Prática educativa em Arte nuances e perspectivas Ao considerar a prática educativa em Arte no Brasil de 1980 até o momento presente algumas propostas se delinearam postulando um ensino focado em uma ação educacional progressista fruto do movimento de arteeducadores no cenário brasileiro configurador de algumas nuances e perspectivas que tentaremos detalhar tais como proposta triangular formação estética pedagogia das afecções e teoria rizomática A proposta ou abordagem triangular no ensino da Arte é considerada Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 33 uma das mais importantes da contemporaneidade pois valoriza a construção e elaboração do procedimento artístico e estético focaliza a tríade fazer contextualizar refletir e ler apreciar arte O fazer arte referese à produção e à vivência artística propriamente dita de construir algo em arte o contextualizar arte é um repensar um refletir sobre a obra que envolve mediação entre percepção história política identidade experiência e tecnologia o ler arte se refere à apreciação à vivência dos sentidos reconhecendo analisando e identificando a obra de arte e o seu produtor seja ele artista ou não a Abordagem Triangular do Ensino da Arte postula que a construção do conhecimento em arte acontece quando há o cruzamento entre experimentação codificação informação Considera como sendo seu objeto de conhecimento a pesquisa e a compreensão das questões que envolvem o modo de interrelacionamento entre arte e o público É construtivista interacionista dialogal multiculturalista e é pósmoderna por tudo isso e por articular arte como expressão e como cultura na sala de aula RIZZI 2008 p 337 Por essa via a proposta não despreza os elementos formais da arte valoriza a cognição considera a subjetividade na compreensão artística e a criação estética como conectivos de igual valor Sua modulação didática permite articulação entre a tríade no arranjo pedagógico que melhor se adequar à práxis docente no ensino da Arte tendo em vista as diferentes ramificações artísticas Quadro 2 Arranjos Didáticos da Proposta ou Abordagem Triangular Arranjo Modulação Sequencial 1 Apreciar Fazer Contextualizar 2 Fazer Apreciar Contextualizar 3 Contextualizar Fazer Apreciar 4 Apreciar Contextualizar Fazer 5 Contextualizar Apreciar Fazer 6 Fazer Contextualizar Apreciar Fonte Adaptação realizada a partir de Rizzi 2008 p 338 Nájela Tavares Ujiie 34 Quadro 3 Proposta ou Abordagem Triangular e Ramificações em Arte PROPOSTA ÁREAS EM ARTE Artes Visuais Música Dança Teatro Apreciar Ler Ouvir Assistir Assistir Fazer Desenhar Pintar Esculpir Gravar Fotografar Performar Conceituar Fazer Instalação Criar novas mídias Compor Reger Executar Cantar Coreografar Dançar Dirigir Fazer parte da produção cênica Escrever dramaturgia Dirigir Atuar Fazer parte da produção cênica Fazer parte da produção sonoplástia Contextualizar História da arte História da Música História da Dança História do Teatro Fonte Adaptação realizada a partir de Rizzi 2008 p 339 Segundo Rizzi 2008 o modelo triangular de ensino da Arte é um modelo multidimensional interligado ao paradigma da complexidade6 como fonte de ressignificação do saber e esforço fundamental de pensar e refletir acerca da unidade na diversidade e no processo de subjetivação humana o qual é próprio na incrustação de saberes estéticos e artísticos A autora mencionada pondera ainda que desde a década de 1980 a proposta triangular tem sofrido diversas críticas às vezes sendo considerada tradução literal da proposta americana o que a nosso ver não tem veracidade pois Ana Mae Barbosa como idealizadora e sistematizadora didática da proposta a elabora com uma postura transdisciplinar e aberta à interferência pedagógica e articuladora de cada professor de Arte 6 Para aprofundar em relação a compreensão do paradigma da complexidade buscar Edgar Morin O problema epistemológico da complexidade 1996 eou Os sete saberes necessários à educação do futuro 2000 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 35 especialista ou não Por conta disso podemos desenvolver uma prática educativa nessa área e a respaldarmos pelas premissas 1 Considerar como objeto de estudo do ensino da arte as manifestações artísticas e suas relações com o público e viceversa nas suas várias dimensões estética biológica psicológica e mental sociocultural diacrônicasincrônica 2 Perceber e considerar o ensino da arte como resultante da combinação articulada do conjunto das ações ler contextualizar e fazer nas disciplinas que compõe a área 3 Possibilitar que estas ações no âmbito da área de artes se inter relacionem não só entre si mas também com outras disciplinas 4 Entender que o conhecimento em arte se dá na intersecção e não na justaposição da experimentação decodificação informação e reflexão 5 Configurar como elemento da complexidade no ensino da arte a O sujeito espíritocérebro b As aproximações do sujeitoobjeto considerando a realidade interacional e dinâmica entre as características as contingências e as possibilidades desta relação como imersaemersa sincronicamentediacronicamente no complexo sociocultural c O objeto com seus aportes materiais antropológicos históricos estéticos tecnológicos entre outros 6 Perceber como o todo está presente em cada parte e como cada parte está presente no todo RIZZI 2008 p 346 Percebemos que a prática educativa no ensino da Arte tem um delineamento complexo que não deixa à margem o conteúdo a metodologia ou a ação mas integraliza estes conectivos e opera combinações nas quais professores alunos e conhecimento necessitam construir comunhão para apreensão da arte em sua magnitude e inteireza Não obstante ao exposto até o momento alguns arteeducadores consideram que o ensino da Arte deve se dar pela formação estética educação sensível desnaturalização do olhar frente ao banal e cotidiano Nájela Tavares Ujiie 36 para apreender e enxergar a arte na vida e viceversa promovendo uma leitura estética7 Enquanto que a Arte manifesta o Belo a Estética palavra grega que significa sensível explica este mesmo Belo Elucidemos através de um exemplo o vôo de um pássaro é uma arte o mecanismo deste vôo representa a Estética BATTISTONI FILHO 1996 p 9 Nestes moldes a formação estética é uma educação pautada na construção da sensibilidade em consonância com a multiplicidade humana que se abre para a habilidade de ler arte significála e expor se pela arte construindo na criançaaluno a competência de colocar sua visão pessoal numa manifestação cênica ou num desenho ou pintura e assumirse autor ao assinar sua produção Em um mundo dominado por uma racionalidade tecnocientífica a sensibilidade é tida como serva da razão No entanto em um ensino da Arte coerente com o seu propósito a sensibilidade estética deve fecundar dentre os docentes uma educação da sensibilidade humana aprendente para que estes educadores transmutem essa sensibilidade a seus futuros educandos com arte e magia A sensibilidade na formação estética é entendida como matéria prima para realizações cognitivas consideradas superiores como fazer a guerra e ir à lua controlar e dominar os princípios produtivos de uma maquinação qualquer Lastimavelmente a sensibilidade não foi ainda devidamente reconhecida em sua originalidade vivente na sociedade imanente Uma educação da sensibilidade ou formação estética levada a sério precisa em primeiro lugar fazeraprender a sentir as formas que 7 Em relação à leitura estética ponderase que esta tem uma dimensão objetiva e subjetiva a qual depende do conhecimento e da bagagem cultural de cada sujeito no alcance da profundidade ao ler uma obra de arte evidenciase a circunstância a época o lugar o ambiente de produção a corrente o pensamento o sentimento o simbolismo a imaginação a criação e a recriação Na tentativa de subsidiála elencamos um roteiro didático orientador para uso na formação de professores nãoespecialistas no âmbito do ensino da arte o qual apresentamos no final deste livro como anexo 1 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 37 constituem nosso modo de sernomundocomele potencializando uma ação humana perceptível e inventiva em suas nuances Para tanto cada educador haverá de desenvolverse esteticamente a partir da sua própria singularidade vivente o que acarreta uma complexa trama de interrelações aprendentes a serem experimentadas em atenção ao primado da vida e não das coisas dadas e supostamente dominantes É preciso então ultrapassar o atual horizonte cultural em que o singular não é conjugado ainda como acréscimo de potência e de valor porém como algo que deve alienarse de si mesmo para enquadrarse na massificação generalizada e cruel que tem marcado a era da comunicação de massa da sociedade globalizada contemporânea Neste preâmbulo ponderamos que como seres humanos somos seres sensíveis e singulares No entanto precisamos justamente aprender a ser para além das demandas mercadológicas vigentes um molde cultivado de humanidade que preserve os valores genuinamente humanos em nós para apreender arte e aproximarse do humano no outro num processo de bemquerência e vontade de maisvida para além de toda medida que não nos toque e não nos torne iguais aos deuses na condição inalienável de nossa liberdade concreta de homens e mulheres professores implicados com o ensinoaprendizagem Em face ao dimensionamento da prática educativa do ensino da Arte temos a pedagogia das afecções explicitada por Farina 2006 2008 que pondera acerca da aproximação entre as práticas pedagógicas e práticas estéticas buscando relacionar experiência e formação na relação entre arte corpo e subjetividade Propõese aqui uma articulação entre a noção deleuziana de afecto e a ideia de afecção como aquela impressão que faz algo sobre outra coisa causando nela alteração ou mudança para tratar de cartografar esta pedagogia potencial FARINA 2006 p 5 Uma pedagogia das afecções no ensino da Arte primaria por favorecer práticas de problematização quebra de paradigmas regulares intempestividade resistência a homogeneização e capacidade de lidar com as irregularidades e heterogeneidade da vida e da arte Essa teorização Nájela Tavares Ujiie 38 teria foco numa prática produtora de espaços de experimentação do cotidiano e dos âmbitos do estético e do discursivo que o constituem num intuito de fomentar atitudes éticas políticas e epistemológicas em Arte Exemplificando de modo mais entendível a viabilização da pedagogia das afecções se daria por experimentação a aproximação corpórea em visitas guiadas de escolares em museus e centros de arte contemporânea oficinas de arte oferecidas por artistas ir ao lançamento de uma coleção de um estilista famoso e dialogar com ele vivenciar diferentes materiais e técnicas de criação na área de artes visuais adquirir um sensívelolharpensante ao assistir uma peça teatral e visitar a instalação cênica por trás da coxia ter contato com uma instalação artística ou performance experienciando os sentidos provocados ir a um festival musical ou espetáculo de dança experienciar um concerto de uma orquestra musical e poder pegar os instrumentos em mãos possibilitando produzir pautas sonoras Em outras palavras ser capaz de experienciar arte na comunhão corpo mente e subjetividade viver arte com afetamento O ensino da arte pautado na pedagogia das afecções deve propiciar o viver e vivenciar arte por dentro descentrarse de si e centrarse pela possibilidade da subjetivação e do experienciar sensível único para cada sujeito humano uma ação educativa promotora de fato aproximação entre o eu e a arte que se evidencia no tempoespaço presente volátil mas que promove formação do gosto estético A teoria rizomática no ensino da Arte tem sua gênese no modelo descritivo ou epistemológico do rizoma botânico da teoria filosófica de Deleuze e Guattari 1995 a qual considera a estrutura das plantas dotada de uma capacidade de espalharse cujos brotos podem ramificarse em qualquer ponto assim como engrossar e transformarse em um bulbo ou tubérculo que tanto pode funcionar como raiz talo ou ramo independente de sua localização na figura da planta mas possibilitando exemplificar um sistema epistemológico onde não há raízes isto é proposições mais Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 39 fundamentais do que outras que ramifiquemse segundo dicotomias estritas ou melhor explicitando posição de inferioridade ou superioridade na relação nutris da arte enquanto conhecimento cultural e humano Os teóricos mencionados anteriormente introduzem a ideia de que a história universal é a da contingência como uma conjunção de fluxos independentes dentre todas as áreas do conhecimento e ciências num processo de inter e transdisciplinaridade que é importante à formação humana A obra Mil platôs é apresentada como um projeto progressista e construtivista recusando os processos de síntese e propondo processos de subjetivação A explanação sobre o pensamento pósmoderno é baseada na teoria do rizoma Os princípios do rizoma são conexão composição em rede heterogeneidade arranjo de diversos elementos distintos multiplicidade não existência de noção de unidade ruptura assignificante negação a qualquer hierarquização dentro de um processo e cartografia mapeamento de infinitos pontos de um território A transposição desta composição teórica ao ensino da Arte dáse na proposta educativa de Martins Picosque e Guerra 2009 p 191 a qual compreende artecultura como um modo aberto de ligação entre os diferentes conteúdos num sistema acêntrico não hierárquico com infinitas possibilidades de transitar entre eles sem nenhum vestígio de hierarquia Uma arte que se constrói num processo de verso e transverso professoraluno alunoprofessor sem dicotomização e hierarquização sensu comumsensu crítico razãoemoção objetividadesubjetividade conteúdoforma arte populararte erudita saberconhecimento materialidadeprocesso criativo patrimôniomediação cultural saberes estéticossaberes artísticos com uma infinidade de potencialidade de conexões transdisciplinares criando novas cartografias para o ensino da Arte na contemporaneidade a partir do interesse dos partícipes do processo ensinoaprendizagem que articulam teoria e prática ciência e fazer artístico Salientamos que independente da modulação no ensino da Arte ou em sua prática educativa proposta ou abordagem triangular formação Nájela Tavares Ujiie 40 estética ou educação sensível do olhar e escuta pedagogia das afecções paixão do experimentar em profundidade eou teoria rizomática conhecimento em rede sem hierarquização numa articulação ciência e sensibilidade a arte é mágica e Não há arte sem ela e não há acesso sem estrutura EISNER 2008 p 93 Em suma para aplicar uma proposta educativa de ensino da Arte o professoreducador necessita compreendêla em seus objetivos conteúdos processos metodológicos de desenvolvimento e avaliação além é claro da adequação ao público eis aqui a estrutura apresentada considerando uma educação artística e estética em potencial Síntese do capítulo O significado da docência junto ao ensino da Arte é antes de qualquer coisa constituirse ser humano sensível formado em integralidade para compartilhar com o outro o aluno um pouco de si e do conhecimento estético e artístico que compõe sua formação e cultura O ensino da Arte na escola faz todo o sentido pois a escola é um espaço ímpar de construção cultural A educação escolar constituise por duas matrizes culturais cultura escolar currículo programas oficiais e cultura da escola currículo oculto constituído nas relações E conforme Strazzacappa 2008 p 77 a arte é uma produção cultural Portanto enquanto disciplina escolar tem sua composição plenamente integrada ao âmbito da escola O ensino da Arte é fator contribuinte na formação integral do cidadão a criação é fator primordial na construção do conhecimento em arte e da sensibilidade neste processo educativo o professor de Arte é um elemento mediador entre a arte e o estudante independente da faixa etária deste No que tange à prática educativa em Arte no Brasil da década de 1980 para o momento presente algumas propostas desenharamse tais como Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 41 Proposta triangular fazer apreciar e contextualizar arte Formação estética educação sensível desnaturalização do olhar e sensibilidade da escuta em arte Pedagogia das afecções paixão do experimentar em profundidade conjunção de práticas pedagógicas e práticas estéticas Teoria rizomática ensino da Arte que constrói o conhecimento em rede sem hierarquização numa articulação ciência e sensibilidade Enfim independente da proposta pedagógica implementada no ensino da Arte o essencial e o salutar é a apropriação teórica e a transposição didáticametodólogica realizada pelo docente pois esta precisa fazer sentido ao professor para ser reconstruída e ressignificada também pelas criançasalunos Este capítulo perfaz um caminho sintético de reconstrução da História da Arte embasado em Battistoni Filho 1996 Fusari e Ferraz 2001 Honorio 2007 e Figueiredo 2011 traçando um panorama da arte préhistórica antiga média renascente moderna e contemporânea primando por dar mesmo que de forma breve fidedignidade ao processo histórico da arte em interação com o cenário político social e econômico de cada época oferecendo respaldo à leitura estética Frente a esse contexto objetivamos abordar de forma didática as tendências mais importantes que nortearam a arte e o pensamento estético no decurso da história dando aos leitores uma sistemática para que possam reconhecer os períodos as correntes artísticas e sua influência significante na análise estética e avaliação da arte tendo em vista o crescimento pessoal e social da humanidade e seu patrimônio cultural História da Arte breve panorama Capítulo 3 Nájela Tavares Ujiie 44 Arte na PréHistória A arte PréHistórica conforme consta nos estudos efetivados é um período que não foi registrado por nenhum documento escrito pois antecede a criação de qualquer tipo de código escrito Desse modo tudo o que sabemos acerca da arte e dos homens que viveram nesse passado remoto são resultados de pesquisas de antropólogos historiadores e dos estudos da moderna ciência arqueológica que reconstituíram a cultura do homem A arte desta época portanto é um conjunto de utensílios representações pequenas estátuas humanas e pinturas de cenas cotidianas efetuadas nas paredes das cavernas denominadas arte rupestre As pinturas rupestres realizadas em cavernas mais antigas localizamse em Lascaux e Font de Gaume na França e em Altamira e Castillo na Espanha porém existe material artístico encontrado na territorialidade global No caso brasileiro a arte rupestre localizase em extensas áreas de nosso território sendo que os achados mais antigos têm cerca de 20000 anos As regiões norte e nordeste possuem um grande número de inscrições embora nas demais regiões também apareçam algum tipo de manifestação Os principais locais são gruta da Várzea Grande na região de São Raimundo Nonato no Piauí gruta dos Búzios e Toca do Cosmos no município de Central na Bahia Lagoa Santa Januário e Montavania em Minas Gerais e a Pedra Lavrada do Ingá na Paraíba entre outras O conjunto dos grafismos e pinturas rupestres brasileiras representa com suas imagens uma verdadeira documentação antropológica visual são registros que identificam simbolicamente o homem a mulher a serpente aves astros órgãos sexuais pisadas de animais cenas de caça dança combate além de formas abstratas e geométricas Dentre as pinturas as de Várzea Grande Piauí foram equiparadas às de Altamira na Espanha por sua plasticidade figuras zoomórficas e antropomórficas foram gravadas com traços firmes e preenchidas com cores amarelo preto cinza Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 45 branco azuis acinzentados e em maior quantidade o vermelho FUSARI e FERRAZ 2001 p 123 Para Honorio 2007 com base em historiadores a arte rupestre pode ser vista por dois prismas ao considerar o homem préhistórico O primeiro deles é a forma expressiva de registro de suas ações no cotidiano suas caças suas vitórias e suas vidas e o segundo é o culto mítico buscando dominar forças maiores que não sabiam explicar o representar como forma de trazer ao alcance No que se refere à arte musical e cênica não existem registros característicos deste período embora Bréscia 2003 pondere que desde as sociedades préletradas já existiam manifestações cênicas e musicais reprodutivas da aventura humana De acordo com Battistoni Filho 1996 a arte na préhistória subdividese em dois períodos Paleolítico 50000 a 18000 aC Idade da Pedra Lascada e Neolítico 17000 a 3000 aC Idade da Pedra Polida Buscaremos nos tópicos a seguir evidenciar as características artísticas de cada um deles Período Paleolítico Nesse período os homens eram nômades e utilizavam as pinturas rupestres feitas em rochedos e paredes de cavernas A principal característica dos desenhos desse período também denominado Idade da Pedra Lascada é o naturalismo O artista pintava os seres um animal por exemplo do modo como o via reproduzindo a natureza tal qual sua vista captava Características da arte neste período As pinturas eram desprovidas de volume e representadas de perfil não apresentando perspectiva As representações eram naturalistas em forma de contorno As artes predominante nesse período foram o desenho e a gravura Nájela Tavares Ujiie 46 Naturalismo ao representar um objeto o artista busca semelhança convincente com as aparências reais e por meio da técnica faz a obra parecer o que não é tenta fazer a obra ser a realidade e não a representação Desse período as únicas representações da figura humana encontradas em todo o continente são figuras de mulheres nuas talhadas em pedra marfim ou osso que representam simbolicamente a fecundidade feminina Arquitetura o homem utilizavase das cavernas naturais e como o tempo passou a abrilas artificialmente Em outro momento passou a construir dolmens menires cromlechs e navetes8 HONORIO 2007 p 39 Filho 1996 ressalta que o outro momento mencionado na citação acima seria o período neolítico que segue Período Neolítico Na Idade da Pedra Polida a fixação do homem garantida pelo cultivo da terra e pela manutenção de manadas ocasionou um aumento rápido da população e o desenvolvimento das primeiras instituições como a família a comunidade e a divisão do trabalho Com a evolução civilizatória e o domínio do fogo o homem passou a utilizálo para além da estruturação primária Além de desenhos e pinturas o artista do período neolítico produziu uma arquitetura composta por monumentos megalíticos bem como uma cerâmica que revela caráter de utilidade do objeto mas também sua preocupação com 8 A autora apresenta os significados das estruturas arquitetônicas em um quadro Battistoni Filho 1996 p 20 também trata desta questão com base em ambos explicitamos os significados a seguir Todas as estruturas são consideradas monumentos megalíticos megagrandelíticopedra Dolmens duas pedras verticais que sustenta uma terceira pedra na horizontal finalidade controversa alguns historiadores acreditam ser túmulos Menir grande pedra fixada verticalmente no solo monumento religioso estátuas das divindades Cromleques são menires dispostos em círculo várias pedras na vertical postas lado a lado algumas vezes centralizada por um menir de maior dimensão geralmente são observatórios para o estudo solar Navete túmulo construído em pedra fechado em forma de nave Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 47 a beleza Neste período surgem as esculturas de metal uma vez que o homem aprimora suas técnicas de vivência e sobrevivência Algumas características da arte Neolítica Na cerâmica apresentavase a geometrização e a estilização Os motivos eram desenvolvidos por cada grupo porém destacavamse características individuais dentro do próprio grupo Figuras humanas associadas a animais apareceram em cerca de 6000 aC mesmo assim não exerciam papel importante Utilizavase o estilo raio X nas representações desenhandose os órgãos internos dos animais O homem desse período serviu de intuição estética sem ter consciência desta O belo apareceulhe espontaneamente Em busca do domínio da natureza o homem a representava de forma naturalista HONORIO 2007 p 40 Entretanto para Battistoni Filho 1996 p 21 temos no período Neolítico a primeira completa revolução estilística verificada na arte pois os pintores abandonam o realismo figurativo do paleolítico e tendem agora à simplificação e geometrização das imagens visuais Ao estudarmos e tomarmos por pauta de observação a origem da arte e das produções artísticas desde a préhistória podemos constatar que a arte se interpenetra com a própria vida do homem de modo que influencia e é influenciada pela realidade humana social e construtiva Os instrumentos artísticos evoluíram com e como o próprio homem de objetos coletados da natureza para objetos artísticos Dessa maneira a arte e o homem são marcados pela civilidade e evolução como podemos averiguar no decorrer deste capítulo a cada período corrente artística status ou estado da arte Nájela Tavares Ujiie 48 Arte na Antiguidade Com o surgimento da escrita a sofisticação das técnicas de construção e o desenvolvimento da simetria a arte ganha princípios rigorosos de ordenação e acabamento deixando de ser PréHistórica Assim temos o delineamento da arte na antiguidade da qual surgem primeiros escritos para além dos próprios produtos da arte Destacamse nesse período histórico a arte Egípcia Grega e Romana Por conta disso pretendemos explicitar as características de cada período Arte Egípcia Na antiguidade o Egito país situado a nordeste do continente africano deflagra uma mística e um legado cultural de excelência que de acordo com Battistoni Filho 1996 configurase pela unificação do alto e baixo Nilo em 3200 aC Os egípcios se imortalizaram por sua fascinante história e pela suntuosidade das obras produzidas O fundamento ideológico da arte egípcia é a glorificação dos deuses e do rei faraó espécie de deus vivente homem divinizado ponte relacional entre os homens e os deuses o qual mesmo após sua morte permanecia defunto divinizado e se erguiam templos funerários e túmulos grandiosos com a forma piramidal No Egito Antigo foram encontrados por meio de escavações arqueológicas realizadas em templos pirâmides e tumbas baixosrelevos murais mosaicos textos e objetos que atestam atividades musicais de caráter religioso militar e social bem como a existência de instrumentos de música muitos séculos antes da era cristã BRÉSCIA 2003 p 31 A arte Egípcia configurouse ainda na arquitetura na pintura na escultura e na arte decorativa os artesões egípcios foram criativos ao construírem móveis utensílios e adornos com delicadeza originalidade e bom gosto Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 49 São características gerais da arte Egípcia ausência de três dimensões ignorância da profundidade colorido a tinta lisa sem claro escuro e sem indicação do relevo representação realista com exceção da representação do faraó figura estilizada e idealizada lei áulica decoração colorida como um poderoso elemento de contemplação em geral as figuras masculinas eram contornadas em vermelho e as femininas em amareloocre monumentos e esculturas de grande dimensão predomínio do cheio ao vazio presença de formas piramidais e simétricas arte marcada pela simplificação das formas e Lei da Frontalidade a qual determinava que o tronco da pessoa fosse representado sempre de frente enquanto sua cabeça suas pernas e seus pés eram vistos de perfil Arte Grega A Grécia é uma territorialidade localizada na orla do mar Mediterrâneo Os historiadores costumam dividir a história grega em três períodos o arcaico que abrange os séculos XII a VII aC o clássico os séculos VI a IV aC e o helênico que vai desde a morte de Alexandre até a instituição do Império Romano 30 aC BATTISTONI FILHO 1996 p 34 A civilização grega era politeísta acreditava na existência de vários deuses com características especiais A arte Grega voltase para o gozo da vida presente Contemplando a natureza o artista se empolga pela vida e tenta através da arte exprimir suas manifestações Na sua constante busca da perfeição o artista grego cria uma arte de elaboração intelectual em que predominam o ritmo o equilíbrio a harmonia ideal Eles têm como características o racionalismo amor pela beleza interesse pelo homem essa pequena criatura que é a medida de todas as coisas e a democracia Na Grécia Antiga a música estava presente em todas as manifestações da coletividade tanto nas festas religiosas como nas profanas Fazia parte do cotidiano da vida dos antigos gregos fazendose ouvir em Nájela Tavares Ujiie 50 funerais combates jogos esportivos teatro banquetes etc Há notícias da existência de orquestras desde os tempos da Grécia Clássica compostas de harpas e flautas e com a participação de crianças e adultos que batiam palmas marcando o ritmo Entre os gregos antigos o ensino da música era obrigatório e sem dúvida alguma os gregos foram entre os povos da antiguidade os mais adiantados em todas as artes inclusive na música BRÉSCIA 2003 p 30 A arte Grega tem traços marcantes na arquitetura clássica com os três estilos de colunas dórica jônica e coríntia na escultura humana dotada de proporcionalidade anatomia realismo dramaticidade e beleza na pintura contida nos vasos de cerâmica com figuras geometrizadas ou decoração linear na pintura mural feita em paredes e muros também denominada afresco na liberdade de inspiração na interpretação original da realidade que representa o volume o movimento o colorido a luz a profundidade e a perspectiva no teatro com a tragédia e a comédia a caracterização e o uso de máscaras símbolo da manifestação cultural política e artística dessa civilização do passado HONORIO 2007 p 43 Concluindo podemos dizer que a cultura grega foi o ponto de partida para boa parte da cultura do mundo ocidental atual As contribuições deixadas por eles estão presentes na arte nas escolas de todos os níveis e até mesmo nas palavras que usamos Muitas são de origem grega Foi uma civilização especialmente em Atenas que procurou os ideais de liberdade de otimismo de secularismo de racionalismo de glorificação tanto do corpo como do espírito e de grande respeito pela dignidade e mérito do indivíduo Uma das marcas mais importantes do espírito grego foi o acendrado amor à verdade e ao livre exame Sócrates filósofo grego dizia que O mal é provocado pela ignorância e à medida que o homem tem conhecimento procura sempre fazer o bem BATTISTONI FILHO 1996 p 43 Salientamos pela citação acima que o legado cultural grego é uma influência viva e que perdurará pela eternidade dentre os homens Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 51 desde a etimologia das palavras ao cenário sóciopolítico e cultural no desejo mais fecundo de uma política democrática na insígnia da verdade na manifestação artística harmônica Arte Romana Roma localizase na Península Itálica ou Península Apenina uma longa faixa de terra em forma de uma bota e é uma continuação da Europa Central prolongada até o mar Mediterrâneo sendo uma região de solo fértil A arte Romana sofreu duas fortes influências a da arte etrusca popular e voltada para a expressão da realidade vivida e a da greco helenística orientada para a expressão de um ideal de beleza Um dos legados culturais mais importantes que os etruscos deixaram aos romanos foi a visão naturalística e a arte de construir arcos e abóbadas na composição arquitetônica Segundo Figueiredo 2011 p73 os romanos tinham espírito prático e dominador e nas artes foram fortemente influenciados pelos povos conquistados os gregos tinham estilo requintado sendo que Roma conquistou a Grécia militarmente mas espiritualmente foi dominada por ela no que compete às ideias modas costumes crenças parâmetros artísticos mitologia etc Para Bréscia 2003 a arte Romana tem uma natureza reprodutivista fortemente influenciada pelos gregos no que tangência a música e o teatro grego de interligação com Dionísio a dramaticidade a composição das mascarás e o potencial cênico O praticismo romano fez com que na arquitetura de acordo com Honório 2007 p 46 substituíssem os blocos de pedra por conglomerados de cimento obtidos de pequenos fragmentos de pedra calcária e ladrilhos triturados e misturados com uma argamassa de cal e areia Podemos afirmar que os romanos fascinaram a humanidade com obras monumentais e suntuosas tais como as termas os teatros os anfiteatros os circos as igrejas as pontes as estradas e os aquedutos Nájela Tavares Ujiie 52 Dentre estes podemos citar o termas de Caracala o teatro de Marcelo o anfiteatro do Coliseu o Panteão o templo de Castor e Polux o Capitólio entre outros Para Figueiredo 2011 p 75 a Arte romana fala à alma por meio dos olhos e não por meio do intelecto Mais tarde entre os romanos surge um renomado artista denominado Michelangelo o qual grava sua obra na história da arte Por volta do século XVIII conforme ressalta Figueiredo 2011 tornouse a capital artística do mundo ocidental ao revolucionar a arte tida como clássica e os paradigmas do modelo helenístico com esculturas realistas e pinturas expressionistas Na próxima sessão desse capítulo evidenciaremos que a ruptura com o modelo dito grecoromano origina um novo período no que tange a história da arte Tal período é demarcado por diversos teóricos como era da fé cristã tendo início no final da Idade Antiga no século I dC e perdurando por toda a Idade Média Foi um momento em que a arte voltouse à fé religiosa à dogmática monoteísta católica à institucionalização e influência catequética disseminada na população tendo assumido características estéticas diferentes denominadas de arte paleocristã bizantina românica e gótica Visando a dar continuidade primaremos por detalhálas Arte na Idade Média Para demarcar a arte na Idade Média é necessário delinear um marco antecedente que reordena a contagem do tempo a trajetória cronológica e histórica da humanidade ocidental ou seja nascimento e morte de Jesus Cristo e a gênese da arte cristã ou paleocristã executada por homens convertidos à nova religião e perseguidos pelo Império Romano As primeiras manifestações artísticas pictóricas desse período ocorreram justamente nas paredes de catacumbas Inicialmente em função das perseguições Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 53 que sofriam os cristãos as pinturas se limitavam à representação por meio de símbolos e figuras da cultura pagã aos quais eram atribuídos novos significados Símbolos conhecidos a cruz sacrifício de Cristo a palma martírio a âncora salvação a pomba Espírito Santo e o peixe símbolo preferido dos artistas cristãos pois as letras da palavra peixe em grego coincidiam com as iniciais da expressão Jesus Cristo Filho de Deus Salvador HONORIO 2007 p 48 Nesse contexto as pinturas dos nus foram proibidas e os artistas medievais passaram a se interessar pela alma afastandose dos ideais grecoromanos de proporções harmoniosas e equilíbrio do corpo e mente Jesus foi o alicerce principal da nova cultura A arte se tornou serva da Igreja Na arquitetura as construções foram se tornando mais arejadas mais leves Dentro das igrejas apareciam os mosaicos afrescos e vitrais espiritualmente simbólicos com temas religiosos para que o povo pudesse contemplar o divino De acordo com Battistoni Filho 1996 p 46 a realização mais notável da Idade Média foi a Escolástica sistema que procurou harmonizar a razão com a fé ou para fazer a filosofia servir aos interesses da teologia sendo que historiadores que abordam o período são unânimes em deflagrar a forte influência na música no gótico na civilização bizantina na cultura europeia da idade média e na época feudal que a sucedeu Em relação à música medieval Bennett 1986 p 21 elenca como características principais 1 Uso de modos 2 Tessituras monofônicas cantochão melodias simples sem acompanhamento ou notação rítmica canções seculares e danças bem ritmadas 3 Tessituras polifônicas organum peças elaboradas a partir de cantochãos preexistentes motetos composições resultantes da sobreposição de melodias e palavras frequentemente trazendo problemas de desentrosamento 4 Muitas composições baseadas em um cantus firmus tirado de um cantochão mas algumas peças compostas Nájela Tavares Ujiie 54 de forma independente por exemplo conductus 5 Na Ars Antiqua ritmos tomados da poesia mas na Ars Nova já mais flexíveis e ousados 6 Tendência mais para sons contrastados do que combinados 7 Os timbres característicos dos instrumentos medievais 8 Maior preponderância dos intervalos harmônicos uníssono quarta quinta e oitava Intervalos de terças e sextas mais freqüentes no fim do período medieval O autor supracitado evidencia que a música tanto sacra quanto profana evidenciaram as características elencadas e que estas perduraram até por volta de 1450 Arte Bizantina A arte Bizantina conforme Figueiredo 2011 delineiase na cidade de Bizâncio região compreendida entre a Ásia e a Europa no período entre o século IV ao século XV depois de Cristo uma manifestação artística que aglutina elementos próprios da cultura oriental e ocidental Em relação aos contornos estéticos característicos da arte Bizantina Honório 2007 p 49 explicita Da pintura Pintura bidimensional sem o uso da perspectiva e do volume Temática religiosa ou retratos de imperadores Predomínio do mosaico Alongamento das figuras Emprego das cores azul vermelha e dourada Ícones nova forma de expressão artística na pintura Quadros que representavam figuras sagradas santos e mártires bastante luxuosos com ornamentação suntuosa As técnicas utilizadas eram têmpera e a encáustica9 Da arquitetura 9 A autora apresenta em nota de rodapé o significado de encáustica o qual reproduzimos Encáustica consiste na diluição dos pigmentos em cera derretida e aquecida no momento da aplicação Ao contrário da têmpera cujo efeito é brilhante a encáustica é semifosca HONÓRIO 2007 p 49 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 55 Uso do arco romano e do arco ogival Temáticas abordando a flora e a fauna Excesso no uso do mármore Battistoni Filho 1996 p 52 pondera A escultura não alcançou grande expressão na arte bizantina por diversos motivos a prevenção do cristão contra a estatuária que lembrava o paganismo plena de sensualidade b caráter e sentimento oriental do bizantino que o levaram mais ao gosto da cor do que da forma c querela de imagens célebre conflito entre os imperadores e os padres Aqueles para acabar com o poderio destes resolveram destruir todo e qualquer tipo de imagem d influência da decoração árabe que se aplica melhor em superfícies planas Pelo exposto concluímos que a arte Bizantina era dirigida pela religião ao clero cabia além das suas funções organizar também as artes tornando os artistas meros executores O regime era teocrático e o imperador possuía poderes administrativos e espirituais era o representante de Deus na mesma perspectiva do faraó tanto que se convencionou representálo com uma auréola sobre a cabeça e não raro encontrar um mosaico onde esteja juntamente com a esposa ladeandoVirgem Maria e o Menino Jesus Arte Românica O estilo Românico se caracteriza pela estética retomada da grandiosidade na arquitetura e noção da beleza simples que se manifesta na relação com a tradição antiga romana e com o apogeu do sistema feudal sob a égide da Igreja Segundo Figueiredo 2011 a arte Românica situase compreendida entre o século XI ao século XIII do cristianismo momento em que a arte se voltou para a valorização do espírito mas revivendo influências das artes de Roma pagã e cristã configurando uma estética de similaridade própria Nájela Tavares Ujiie 56 A arte Românica desconhece a perspectiva e valoriza as formas arredondadas nas abóbadas e figuras humanas com traços iguais rostos e olhos redondos a arte reflete o temor de Deus e o respeito à Igreja A pintura caracterizase pela simplificação assumindo um respaldo didático ao levar aos povos o conhecimento religioso a vida dos santos e ensinamentos divinos A decoração começa a se enriquecer pelo trabalho de tapeçaria o qual conforme Honório 2007 surgiu com intuito de embelezar e isolar o frio e a umidade de chãos e paredes sendo uma pintura móvel a qual pode ser transportada de um lugar a outro em caso de mudança Neste preâmbulo a escultura voltou a compor a arquitetura para ornamentação interna e externa das igrejas que de acordo com a autora supracitada configuraramse por construções altas e amplas Na música destacaramse o canto gregoriano canto religioso em latim oriundo do papa Gregório Magno e o canto profano canto do povo trovadores que narrava histórias populares e lendas HONÓRIO 2007 p 50 Em ponderações Figueiredo 2011 pontua que a partir do século XII a pintura Românica evolui e mesclase à pintura gótica que também evoluirá abrindo caminho para a arte Renascentista o que veremos mais adiante Arte Gótica A arte Gótica desenvolveuse nos séculos XII ao XIV e no início do século XV quando começou a ganhar novas características que prenunciam o Renascimento Sua principal particularidade foi a procura do realismo na representação dos seres que compunham as obras pintadas quase sempre tratando de temas religiosos apresentava personagens de corpos pouco volumosos cobertos por muita roupa com o olhar voltado para cima em direção ao plano celeste O gótico expressase sobretudo na arquitetura e está dividido em quatro períodos definidos e reconhecidos por alterações no arco ogival ou quebrado Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 57 a Século XII chamado de transição ou gótico primitivo Ainda pouco elevado o arco ogival é usado simultaneamente com o arco românico de meia circunferência Começase a dividir a abóbada com os arcos ogivais cruzados em diagonal Ensaiase o verticalismo procurando romper ainda com hesitação o horizontalismo românico As fachadas passam a enriquecerse de esculturas decorativas b Século XIII destacase o gótico lanceolado O arco ogival se torna bastante elevado sendo formado por um triângulo agudo Acentuase o verticalismo com o aperfeiçoamento e o uso constante da divisão da abóbada Generalizase o uso do vitral e as fachadas decorativas Época de grandes catedrais c Século XIV Gótico irradiante O arco ogival perde a sua agudeza e passa a ser formado por um triângulo eqüilátero Suas nervuras decorativas constituem se de elementos circulares Atenuase ligeiramente o verticalismo d Século XV Gótico flamejante O arco ogival agora formado por um triângulo obtuso tornase ainda menos agudo tendendo ao horizontalismo As nervuras sugerem labaredas As principais características da arquitetura gótica religiosa ou civil são as seguintes a Rompimento com o horizontalismo e consequentemente tendência para o verticalismo Os arquitetos se baseiam no princípio dinâmico de distribuição e equilíbrio de forças b Arco ogival ou quebrado Este veio do Oriente onde os árabes o difundiram Foi usado no fim do românico pelos arquitetos de Borgonha c A abóbada de arcos cruzados Foi uma conquista genuinamente francesa Com o objetivo de dar maior segurança e robustez à abóbada os franceses passaram a construíla pelo sistema denominado de arestas Esse sistema consiste na divisão da massa da abóbada em planos que se interpenetram e deixam na superfície côncava interior verdadeiras arestas Na linha de intersecção desses planos isto é nas arestas passam os arcos ogivais que se cruzam diagonalmente no centro ou chave da abóbada As conseqüências desse novo método foram a abóbada agora dividida não precisou mais ser aquela espessa e inteiriça carapaça românica e as forças de repulsão lateral pela leveza do material empregado passaram a ser sensivelmente menores Na superfície interna da abóbada aparecem Nájela Tavares Ujiie 58 saliências ou molduras nos arcos diagonais chamados nervuras d Arcobotante Nasceu do contraforte românico Recebe parcialmente as forças de repulsão das abóbadas da nave central levandoas aos contrafortes Estes são encimados de pequenas torres denominadas pináculos que os embelezam e lhes asseguram maior estabilidade e resistência Os arcobotantes também servem por meio de caneluras no seu dorso ao escoamento das águas do teto através de canos chamados gárgulas e Vitral Em virtude da divisão dos pesos e forças as paredes deixam de ter função de sustentação Assim surgem as paredes de vidro unemse com chumbo fragmentos de cores diferentes que formam as figuras e o chumbo marca as linhas graças à sua opacidade Posteriormente os pintores entregamse à decoração do vidro e traçam sobre ele verdadeiras miniaturas translúcidas que dão ao interior das catedrais ambiente de profunda e intensa espiritualidade BATTISTONI FILHO 1996 p 5760 No território brasileiro em São Paulo capital a catedral da Praça da Sé podese configurar como uma forma exemplar da arquitetura Gótica em nosso país Para além do exposto a pintura Gótica também ganhou expressão nas miniaturas ou iluminuras feitas nas páginas dos livros medievais religiosos literários e científicos compostos por pergaminhos com ilustrações e escritos a mão Arte na Renascença A arte na Renascença é um período marcado pelo resgate da escala humana uma forma de reviver da antiga cultura grecoromana O termo Renascimento emerge no início do século XV na cidade de Florença na Itália é comumente aplicado à civilização europeia que se desenvolveu nesse período no qual muitos progressos e incontáveis realizações ocorreram no campo das artes da literatura e das ciências que superaram a herança clássica O ideal do humanismo pode ser entendido Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 59 como a valorização do homem e da natureza em oposição ao divino e ao sobrenatural conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média e que se redefinem nesse cenário Sob o estímulo de novas necessidades o ser humano passa a dedicarse ao estudo das ciências exatas aos conhecimentos de física química e mecânica É nesse período que aparecem os relógios públicos e os de bolso O ser humano começa a criar inspirandose na natureza seguindo o ritmo universal da vida Surgem então grandes escultores sábios poetas músicos arquitetos cientistas e artistas entre eles MICHELANGELO BRUNALLESCHI Leon Battista ALBERTI e Leonardo DA VINCI que também inventava e fabricava máquinas Na Renascença o centro das Artes é Roma sob governo dos papas mecenas das Artes FIGUEIREDO 2011 p 107 Podemos afirmar que a invenção da imprensa por Gutemberg na Renascença contribuiu para democratização da arte e cultura oportunizando maior liberdade de expressão e circulação da comunicação Os artistas passam a criar com liberdade e envoltos de certo realismo científico racionalismo e daí emergem princípios da matemática e da geometria na composição das obras de arte que denotam espaço e volume De um modo geral os princípios estéticos do Renascimento são a Arte como estudo da natureza corpo humano e paisagens devem ser desenhados sem disfarce b Arte como propósito moral de melhoria social aspirando ao ideal c A pintura e a escultura são coisas do espírito da inteligência e não vistos como artes mecânicas d Descobrimento da perspectiva científica e a elaboração das teorias matemáticas da proporção BATTISTONI FILHO 1996 p 67 Assim inferimos que as características da Renascença deflagram que o artista busca representar o espaço pela primeira vez com a perspectiva criando a ilusão de profundidade representa os volumes Nájela Tavares Ujiie 60 com luz e sombra por intermédio do claro e escuro criase a técnica do sfumato pondera e tenta descobrir formas de representar as texturas busca na Grécia antiga inspiração e o estudo da anatomia dos corpos O homem explorava igualmente os mistérios de suas emoções e de seu espírito desenvolvendo uma fina percepção de si próprio e do mundo ao seu redor Todos esses fatores tiveram forte impacto sobre pintores e arquitetos escritores e músicos e naturalmente sobre aquilo que criavam BENNETT 1986 p 23 A arquitetura Renascentista explicita de acordo com Battistoni Filho 1996 e Honório 2007 a presença de colunas capitéis suspensos cornijas salientes janelas de dupla abertura altos relevos linha horizontal frontão triangular e ordens arquitetônicas gregas A pintura Renascentista demonstra ordem e formas simétricas pautadas na reprodução da realidade porém submetida a uma beleza idealista denota uso da perspectiva científica emprego de técnicas inovadoras pintura retratística presença da figura feminina como mulher e não santa A música Renascentista evidencia as seguintes características 1 A música ainda se baseia em modos mas estes são gradualmente tratados com maior liberdade à medida que vai aumentando o número de acidentes introduzidos 2 Tessituras mais cheias e ricas em músicas escritas para quatro ou mais vozes a parte do baixo vocal é acrescida à do tenor 3 Na tessitura musical usase mais a combinação do que o contraste 4 Harmonia maior preocupação com o fluxo e a progressão dos acordes com as dissonâncias sendo tratadas de forma menos rígida 5 Música sacra algumas peças destinadas a execução a cappella frequentemente contrapontística com muita imitação e nas quais os elementos musicais estão combinados e entrelaçados de modo a se criar uma tessitura de fluxo contínuo sem remendos outras Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 61 músicas de igreja acompanhadas por instrumentos por exemplo peças policorais em estilo antifônico estéreo muitas vezes envolvendo fortes contrastes musicais 6 Música profana rica variedade de músicas de canto de danças e de peças instrumentais muitas copiando o estilo vocal mas outras genuinamente ligadas a instrumentos não a vozes 7 Os timbres característicos dos instrumentos renascentistas muitos formando famílias um mesmo instrumento em diversos tamanhos e tons BENNETT 1986 p 33 O teatro Renascentista é marcado pela fuga da proposta clássica elitista e literária e composto por mecanismo de improvisação movimentação intensa peças constituída de roteiros e histórias personagem constituído por improvisação de acessórios gestos e inflexões vocais construindo um teatro de ações vivas e verdadeiras A arte nesse contexto passou a ser vista como expressão do belo que se figura de diversas formas amparada por manifestações artísticas de diferentes naturezas Dentre as manifestações artísticas de diferentes naturezas Honório 2007 p 55 cita a dança a literatura a música e a arte da gravura que se biparte em xilogravura madeira gravura em metal litogravura pedra calcária e serigrafia Ressaltamos nomes importantes desta arte no Brasil dentre estes Lasar Segall Poty Lazarotto Fayga Ostrower Iberê Camargo Lívio Abramo Carlos Oswald Maneirismo Paralelamente ao Renascimento clássico desenvolvese em Roma do ano de 1520 até por volta de 1610 um movimento artístico afastado conscientemente do modelo da antiguidade clássica o Maneirismo maniera em italiano significa maneira O Maneirismo é uma evidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes começa a ser sua marca extrapolando assim as rígidas linhas dos Nájela Tavares Ujiie 62 cânones clássicos Alguns historiadores o consideram uma transição entre o Renascimento e o Barroco enquanto outros preferem vêlo como um estilo propriamente dito É na pintura que o espírito Maneirista se manifesta em primeiro lugar São os pintores da segunda década do século XV que afastados dos cânones Renascentistas criam esse novo estilo procurando deformar uma realidade que já não os satisfaz e tentando revalorizar a arte pela própria arte Posteriormente os escultores da época também aderem à tendência do detalhamento Maneirista A arte Barroca A arte Barroca do século XVI a meados do século XVIII conseguiu casar a técnica avançada e o grande porte da Renascença com a emoção a intensidade e a dramaticidade do Maneirismo fazendo do estilo Barroco o mais suntuoso e ornamentado na história da arte O Barroco se diferencia do Renascimento pois coloca ênfase na emoção e não na racionalidade no dinamismo e não nas composições estáticas O estilo traduz a tentativa angustiante de conciliar forças antagônicas bem e mal Deus e Diabo céu e terra pureza e pecado alegria e tristeza paganismo e cristianismo espírito e matéria Assim o Barroco conjuga um enquadramento marcado por peculiaridades características Da arte Grandiosidade Teatralidade Movimento Tentativa de representar o infinito Mistura de diversos gêneros artísticos Temas variados vida de santos reis heróis ou personagens mitológicos contudo qualquer temática poderia ser acompanhada de uma revoada de anjos Da pintura Contrastes entre luz e sombra Linhas curvas Várias figuras em um mesmo quadro Figura saltando do fundo escuro Composição em diagonal Expressão exacerbada dos sentimentos Da escultura Exagero de detalhes Colunas em espiral Guirlandas e anjos nas junções dos elementos Curvas e contracurvas Rejeição da linha reta Movimento e Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 63 expressividade na figura humana HONÓRIO 2007 p 59 No que diz respeito a música Barroca as características suscitadas são as que seguem 1 De início a retomada de tessituras mais leves e homofônicas com a melodia apoiada em acordes simples As tessituras polifônicas entretanto logo retornam 2 O baixo contínuo ou baixo cifrado tornase a base de quase toda a música barroca fornecendo uma decidida linha de baixo que impulsiona a música para a frente do começo ao fim 3 Um direcionamento que impulsiona do princípio ao fim toda uma peça 4 A família das violas é gradualmente substituída pela dos violinos A seção de cordas transformase no núcleo da orquestra barroca mas conservando um teclado contínuo cravo ou órgão de modo a preencher as harmonias sobre a linha do baixo cifrado e a enriquecer as tessituras 5 No fim do século XVII ocorre a substituição do sistema de modos pelo sistema tonal maiormenor 6 Principais formas empregadas binária ternária ária da capo rondó variações incluindo o baixo ostinato a chacona e a passacaglia ritornello e fuga 7 Principais tipos de música coral recitativo e ária ópera cantata abertura italiana abertura francesa tocata prelúdio coral suíte de danças sonata da câmera sonata da chiesa concerto grosso e concerto solo 8 Freqüentemente a música é exuberante ritmos enérgicos a impulsionam para a frente as melodias são tecidas em linhas extensas e fluentes com muitos ornamentos trinados por exemplo contrastes de timbres instrumentais principalmente nos concertos de pouco instrumentos contra muitos e de sonoridades fortes com suaves a dinâmica de patamares por vezes efeitos de eco BENNETT 1986 p 43 O teatro Barroco herdou avanços renascentistas tendo como característica profícua a cenografia e a construção de cenários de perspectiva ilusionistas e tocado por reviver a arquitetura clássica Nájela Tavares Ujiie 64 No Brasil Colonial de acordo com Fusari e Ferraz 2001 p 125 a arte Barroca também se nomina arte missionária a qual se agrupa por características e períodos construtivos fase barroca jesuítica fase barroca e fase rococó O primeiro período é marcado por manifestações artísticas jesuíticas no contexto brasileiro na pintura na escultura e na construção arquitetônica de igrejas colégios e conventos a qual prenuncia a dramaticidade o contraste de claroescuro e colorido intenso do barroco O segundo período é trazido pelos portugueses ao cenário brasileiro mas adquire feições próprias marcada pela influência africana pela cultura regional e pela mineração deflagrando um modo de vida particular e uma arte como espetáculo de deslumbramento onde há a combinação e a fusão de elementos visuais cor luz linhas volumes associando arquitetura escultura e pintura num todo orgânico Para além das artes visuais a arte no BrasilColônia desenvolveuse na literatura na música e no teatro Quanto aos artistas do período barroco já encontramos indicações de nomes brasileiros que se destacaram pela inventividade e técnica entre outros temos os escultores baianos Manuel Gonçalves Pinheiro Manuel Inácio da Costa e Francisco Chagas O Cabra no Rio de Janeiro Valentim da Fonseca e Silva Mestre Valentim em Minas Gerais o arquiteto e escultor Antônio Francisco Lisboa O Aleijadinho e o pintor Manuel da Costa Ataíde FUSARI e FERRAZ 2001 p 132 O terceiro período nominado fase rococó é marcado pela influência francesa que chega ao Brasil marcado de novas ideias e características Sendo o rococó um estilo artístico que surgiu na França no século XVIII como desdobramento do Barroco mais leve e intimista que aquele e usado inicialmente em decoração de interiores O termo rococó forma da palavra francesa rocaille que significa concha associado a certas fórmulas decorativas e ornamentais como por exemplo a técnica de ilusão de profundidade e incrustação de conchas e pedaços de vidro usados na Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 65 decoração de grutas artificiais monumentos e ornamentações em que haja enquadramento Neoclassicismo Nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras do século XIX uma nova tendência estética predominou nas criações dos artistas europeus Tratase do Neoclassicismo neo novo e classicismo clássico que expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia A concepção de um ideal de beleza eterno e imutável não se sustenta mais dessa forma para os Neoclassicistas os princípios da era clássica deveriam ser adaptados à realidade moderna inspirados pelos ideais iluministas provenientes da Revolução Francesa e do Império Napoleônico bem como ganhando respaldo sistemático em Voltaire Rousseau Montesquieu e Diderot igualdade liberdade e fraternidade aos homens bem como aos preceitos da arte Assim a renovação do clássico estava apoiada em três bases razão ciência e técnica HONÓRIO 2007 p 61 Para Battistoni Filho 1996 e Figueiredo 2011 a rigorosidade das bases artísticas neoclássicas fez com que seus princípios estéticos passassem a ser ensinados nas academias oficiais existentes na Europa o que o possibilitou ser nominado mais tarde também como arte acadêmica eou academicismo As principais características da música neoclássica que perdura de 1750 a 1810 são 1 Formas mais leve de tessitura mais clara e menos complicada que a barroca é principalmente homofônica a melodia sustentada por acompanhamento de acordes mas o contraponto continua presente 2 Ênfase na beleza e na graça da melodia e da forma proporção e equilíbrio moderação e controle refinada e elegante no caráter com a estrutura formal e a expressividade em perfeito equilíbrio 3 Maior variedade e contraste em uma peça Nájela Tavares Ujiie 66 de tonalidades melodias ritmos e dinâmica agora utilizando o crescendo e o sforzando frequentes mudanças de disposição e timbres 4 As melodias tendem a ser mais curtas que as barrocas com frases bem delineadas e cadências bem definidas 5 A orquestra cresce em tamanho e âmbito o cravo contínuo cai em desuso e as madeiras se tornam uma seção independente 6 O cravo é substituído pelo piano as primeiras músicas para piano são pobres em tessitura com largo emprego do baixo de Alberti Haydn e Mozart mas depois se tornam mais sonoras ricas e vigorosas Beethoven 7 Atribuise importância instrumental muitos tipos sonata trio quarteto de cordas sinfonia concerto serenata divertimento 8 A forma sonata aparece como a concepção mais importante usada para construir o primeiro movimento de quase todas as grandes obras mas também em outros movimentos e em peças isoladas como as aberturas BENNETT 1986 p 5455 De acordo com Honório 2007 p 61 em seu auge o Neoclassicismo passou a aceitar o belo como um ideal único absoluto e divino devendo ser igual para todos fixo A arte Neoclássica tem como célebre contribuinte JacquesLouis David pintor oficial da corte francesa o qual criou belas imagens humanas pela segurança da técnica e força de expressão além de Jean Dominique Ingres desenhista fluente e sensível Na arquitetura temos a ostentação o retorno a suntuosidade bem como o monumentalismo clássico A música é marcada pela pureza da técnica e a busca da perfeição na forma Temos como notórios compositores musicais da época Haydn 17321809 Mozart 17561791 e Beethoven 17701827 No Brasil o neoclassicismo foi introduzido pelos artistas que compuseram a célebre Missão Artística Francesa de 1816 encarregada de fundar a pedido de D João VI uma Academia de Belas Artes no Rio de Janeiro BATTISTONI FILHO 1996 p 96 Dentre os notáveis membros Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 67 desta missão temos o crítico de arte Manuel de Araújo Porto Alegre que veio a ser o primeiro diretor da Academia o arquiteto Grandjean de Montigny projetista do edifício que abrigou a primeira sede os pintores Nicolas Antonie Taunay e Jean Baptiste Debret sendo que o segundo documentou os costumes e as belezas naturais do território brasileiro com primor e teve seus desenhos publicados na França em três volumes dentre 1834 a 1839 também fizeram parte da missão outros artistas O desenhista e pintor alemão Johann Moritz Rugendas 18021858 também veio ao Brasil em 1821 em missão científica e retratou nossas paisagens e costumes em um álbum chamado Viagem Pitoresca Através do Brasil também publicado em Paris em 1835 FIGUEIREDO 2011 p 125 A geração de artistas constituídos no território nacional brasileiro passa a ter ícones segundo Honório 2007 na música D Pedro I e Francisco Manoel da Silva na arquitetura José de Magalhães e José Maria Jacinto Rebelo na escultura Augusto Maria Tonay Hildegardo Leão Veloso e Rodolfo Bernadelli na pintura Victor Meirelles e Pedro Américo Sendo que este último pintor mencionado merece destaque por ser extremamente profícuo e entusiasta no registro de temas clássicos e históricos de desenho rigoroso e composição colorida magnífica tais como Batalha de Avaí 18721877 Óleo sobre tela 6 m x 11 m Museu Nacional de Belas Artes Rio de Janeiro e Independência ou Morte 18861888 Óleo sobre tela 415 m x 760 m Museu Paulista do Ipiranga São Paulo Romantismo Os artistas Românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista O sentimento é tudo proclamou o escritor alemão Goethe Rebelandose contra o período racionalista do Neoclassicismo a era Romântica de 1800 50 foi a Idade da Sensibilidade Tanto escritores como artistas optaram pela emoção e pela intuição no lugar da objetividade Nájela Tavares Ujiie 68 No que caracteriza a música Romântica do século XIX que compreende o período de 1810 a 1910 temos 1 Maior liberdade forma e concepção plano emocional expresso com maior intensidade e de forma mais personalista na qual a fantasia a imaginação e o espírito de aventura desempenham importante papel 2 Ênfase em melodias líricas do tipo canção modulações ousadas harmonias mais ricas freqëntemente cromáticas com o uso de supreendentes dissonâncias 3 Tessituras mais densas e pesadas com corajosos contrastes dramáticos explorando uma gama maior de sonoridade dinâmica e timbres 4 Expansão da orquestra por vezes a proporção gigantescas invenção do sistema de válvulas que propicia o desenvolvimento da seção de metais cujo peso e força muitas vezes dominam a tessitura 5 Rica variedade de tipos desde canções e pequenas peças para piano até gigantescos empreendimentos musicais de longa duração estruturados com espetaculares clímaxes dramáticos e dinâmicos 6 Estreita ligação com as outras artes donde o grande interesse pela música programática sinfonia descritiva poema sinfônico e abertura de concerto 7 Em obras muito extensas a forma e a unidade são obtidas pelo uso de temas recorrentes às vezes modificadosdesenvolvidos Idée fixe Berlioz transformação temática Liszt leimotiv Wagner e mottos 8 Maior virtuosismo técnico sobretudo dos pianistas e violinistas 9 Nacionalismo reação contra a influência alemã principalmente de compositores da Rússia Boêmia e Noruega BENNETT 1986 p 66 Na estética Romântica o belo assumiu caráter individual e transitório o artista passou a expressar suas próprias ideias envolto de personalismo emoção particular e sentimentos No teatro a dramaticidade eloquente toma corpus temos a valorização da religiosidade da subjetividade e do individualismo enquanto principais obras dramáticas estão William Shakespeare Goethe Friedrich Von Schiller Victor Hugo Almeida Garret Gonçalves Magalhães entre outros Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 69 Na pintura a tendência é exagerar no colorido com pinceladas vigorosas e pastosas adquirindo certa rugosidade e aspereza A forma é representada de uma maneira sintética Os pintores são bastante realistas o que os leva a uma preferência pelo claroescuro e também pela gravura especialmente a litografia A paisagem é tema constante de suas telas O artista participa dos acontecimentos políticos e sociais do seu tempo BATTISTONI FILHO 1996 p 99 De acordo com Honório 2007 os principais pintores Românticos foram Constable Turner Delacroix Gericault Daumier e Goya Na escultura pondera que os principais representantes foram François Rude e David dAngers com o movimento artístico de alto relevo Na música aponta como representantes primordiais Schubert Schumann Chopin Berlioz Wagner Brahms Mendelssohn Grieg Verdi Carlos Gomes Straus Bizet Puccini Gounoud Tchaikovski e Liszt Battistoni Filho 1996 assevera que o Brasil recebeu tardiamente a influência do Romantismo com a presença do pintor alemão Georg Grimm o qual passou a enfatizar a paisagem e a prática de retratar ao ar livre emoções individuais ação realizada junto aos seus alunos da Academia de Belas Artes de Niterói RJ Apontamos entre os pintores brasileiros Vitor Meireles 18321903 e sua obra de maior destaque A Primeira Missa no Brasil 1860 Óleo sobre tela 268 m x 356 m Museu Nacional de Belas Artes Rio de Janeiro Moema 1866 Óleo sobre tela 129 X 190m Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand MASP dentre outras Realismo Na segunda metade do século XIX fugindo aos excessos emocionais do Romantismo o Realismo surgiu nas recomposições de fatos históricos eou nas composições de modo ilustrar retratar e garantir o registro do cotidiano para posteridade O homem assumiu posição de excelência em detrimento à natureza pois como Henri de Toulouse Lautrec citado em Battistoni Filho 1996 p 103 dizia Apenas a figura existe a paisagem deve ser um acessório Nájela Tavares Ujiie 70 Neste preâmbulo os pintores buscavam a naturalidade e adotavam a priore temas históricos e posteriormente temas banais da vivência diária Camponeses e a classe trabalhadora urbana passaram assim a dominar as telas dos Realistas No que converge à estética Realista o belo é o verdadeiro o real o que denota alguns aspectos essenciais tais como a recusa do intelectualismo neoclássico e do emocionalismo romântico b apego aos métodos científicos da criação c recusa de temas mitológicos bíblicos e literários d pintura que propaga ideias políticas e sociais ao denunciar as injustiças a exploração dos humildes e os contrastes entre a miséria e a riqueza BATTISTONI FILHO 1996 p 103 Os pintores escultores e arquitetos Realistas são marcados por aspectos realistas propósitos doutrinários intenções políticas e finalidades sociais A tendência vigorosa da época às vezes denotava ecletismo ao rememorar estilos do passado Tal fato se evidencia segundo o autor supracitado no projeto do arquiteto Charles Garnier do Teatro da Ópera de Paris nas esculturas de Auguste Rodin tais como O beijo 1886 O pensador 1884 e Balzac 1891 No que faz referência à pintura os principais representantes de acordo com Honório 2007 e Figueiredo 2011 foram Courbert Chagall Damier Lautrec e Manet sendo que os dois últimos foram incluídos ao Impressionismo embora tenham parte de sua obra com essência Realista A música Realista segundo Bennett 1986 se constitui por canções folclóricas músicas de dança marchas e hinos em geral compostos de padrões rítmicos e melódicos baseados em modos e escalas incomuns sendo compositores principais deste período Vaughan Williams Bartók e Kodály Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 71 Arte Moderna A Arte Moderna se refere a uma nova abordagem da arte em um momento no qual não mais era importante que ela representasse literalmente um assunto ou objeto período que se estende do fim do século XIX até boa parte do século XX por volta de 1970 Podemos afirmar que a Arte Moderna é uma tendência revolucionária na qual os artistas passam a experimentar novas visões através de ideias inéditas sobre a natureza os materiais e as funções da arte e com frequência caminhando em direção à abstração A este período denominado também de Modernismo seguiramse uma série de tendências ou movimentos ou correntes artísticas dentre elas o Impressionismo o PósImpressionismo o Pontilismo o Expressionismo o Fauvismo ou o Fovismo o Cubismo o Abstracionismo o Dadaísmo o Surrealismo o Futurismo De acordo com Figueiredo 2011 o percurso da Arte Moderna foi ensejado na França por Napoleão III ao criar ao lado do Salão Oficial de Paris o Salão dos Recusados o qual possibilitou salientar a corrente Impressionista em arte e um novo delineamento estético e artístico que se expandiu ao mundo Com relação a este feito a autora já citada pontua que Era dia 15 de abril de 1874 Um grupo de jovens recusados no Salão Oficial Claude MONET 1840 1926 Auguste RENOIR 18411919 Camille PISSARO 18301903 Edgar DEGAS 18341917 Berthe MORISOT 18411895 Alfred SISLEY 18391899 e Paul CÉZANNE 18391906 organizou uma exposição na casa do fotógrafo Félix Nadar que também se dedicava à pintura Os expositores foram acusados de ignorar a beleza e as regras tradicionais da pintura O maior inimigo do grupo era o jornalista e crítico de arte Louis Leroy Vendo um quadro de MONET intitulado Impression ou Soleil Levant que podemos traduzir por Impressões ao Nascer do Sol apegouse ao título chamando o pintor e o seu grupo de selvagens que não queriam terminar seus quadros e só sabiam fazer borrões para representar suas impressões Chamou Nájela Tavares Ujiie 72 de farsantes Impressionistas FIGUEIREDO 2011 p 137 Frente à crítica ao contrário de se sentirem ofendidos os pintores aderiram à terminologia expressa e dois anos mais tarde em cartaz fixado na entrada da nova exposição encontravase Exposição de Pintores Impressionistas na sequência realizaramse oito exposições até que o governo francês em 1927 fundou o Museu Impressionista o qual deu notoriedade a esta corrente moderna ao mundo O Modernismo ou Arte Moderna deu amplo espaço para libertação das formas abriu caminho para autonomia artística e estética propiciando a criação de novas estruturas de elaboração intelectiva no que se refere à arte No Brasil o movimento Modernista também ganha contornos que de acordo com Battistoni Filho 1996 p 126 está dividido em duas fases distintas a primeira geração de 1922 a 1950 e a segunda geração de 50 para cá A primeira geração é incitada pela Semana de Arte Moderna de 1922 a qual figura parte das tendências modernas europeias e parte no movimento literário brasileiro consolidado por Euclides da Cunha obra Os Sertões 1902 Graça Aranha obra Canaã 1902 Lima Barreto obra Triste Fim de Policarpo Quaresma 1911 e Monteiro Lobato obra Cidades Mortas 1919 e Urupês 1918 Movimento literário este PréModernista com características Realistas e Naturalistas o qual denuncia a realidade brasileira e incorpora as tensões sociais do período a literatura e a arte A Semana de Arte Moderna veio introduzir na cultura brasileira uma concepção de vanguarda que ao abrir um espaço de liberação ao novo rompeu violentamente com a repressão ideológica dominante em todos os setores de atividades artísticas os jovens modernistas com sua irreverência e sua inquietude perceberam que para construir o novo era preciso demolir os alicerces desgastados da cultura oficial burguesa RODRIGUES 1979 p 28 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 73 O objetivo primordial da Semana de Arte Moderna foi cunhar uma cultura artística brasileira em sua essência a qual se rompe com o academicismo em arte e possibilita criar e buscar novos padrões estéticos e renovação nas diversas áreas artísticas O evento dedicou se à pintura à escultura à literatura à poesia ao teatro e à música Dentre os principais artistas envolvidos tivemos Anita Malfatti Heitor VillaLobos Mário de Andrade Menotti Del Pichia Oswald de Andrade Víctor Brecheret Emiliano Di Cavalcanti Tarsila do Amaral Lasar Segall John Grazz Vicente do Rego Almeida Hildegardo Leão Veloso Rego Monteiro Zina Aita entre outros Destacamos que a visão histórica política e social tem contato direto com a produção cultural e as manifestações artísticas que se forjam e se proliferam bem como com as correntes estéticas e movimentos que se constituem Primando por elucidar os movimentos artísticos e estéticos que compõem a Arte Moderna é que desdobraremos os tópicos a seguir Impressionismo O termo impressionismo surgiu na França fruto da crítica às pinturas expostas em especial a um dos primeiros quadros de Claude Monet Impressão nascer do sol 1872 Óleo sobre tela 48 cm x 63 cm Museu Marmottan Paris crítica realizada pelo pintor e escritor Louis Leroy Impressão nascer do Sol eu bem o sabia Pensava eu justamente se estou impressionado é porque há lá uma impressão E que liberdade que suavidade de pincel Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha Apesar da crítica dura o movimento não se abateu impregnado do realismo e da perfeita coerência estilística constituiuse em autenticidade e inovação Figurando as seguintes características a a cor não é uma realidade permanente da natureza As tonalidades mudam constantemente Os impressionistas derrubam o conceito de cor local que corresponde à fidelidade do quadro histórico e a cor convencional Nájela Tavares Ujiie 74 b a linha não existe na natureza Ela é uma abstração criada pelo espírito do homem para representar imagens visuais Os impressionistas criam a formaluz isto é a forma obtida através das vibrações luminosas das cores c as sombras não são pretas nem escuras Ao contrário são luminosas e coloridas em outras palavras são luzes e cores de tonalidades diferentes d as cores se contrastam e se influenciam reciprocamente Essas influências obedecem ao que se chama de lei das complementares percebida pela sensibilidade de muitos pintores e depois formulada em bases científica Ao contemplarmos à distância uma cor isolada sobre um fundo branco ou preto percebemola aureolada por sua complementar Portanto a complementar de uma cor é a outra cor que a torna mais pura intensa e vibrante quando justaposta e aproximada e divisão ou dissociação das tonalidades Este último princípio impressionista recebeu a denominação de Pontilhismo ou NeoImpressionismo Exemplo para se obter o verde davam duas pinceladas bem juntinhas uma azul e outra amarela a fim de que misturadas as duas cores produzissem o verde BATTISTONI FILHO 1996 p 105107 Entre os principais artistas do Impressionismo temos Manet Renoir Degas Monet Van Gogh Cézanne Gauguin Rodin e Seurat sendo que o último pode ser considerado criador do Pontilhismo Com referência a música Impressionista o autor Bennett 1986 ressalta que a tessitura musical trabalhava com harmonias e timbres instrumentais fazendo uso do som por seus efeitos expressivos tendo como representantes Falla Respighi e Debussy sendo que este último era mais confiante em seu instinto musical do que obediente às regras da harmonia de modo que os acordes dissonantes frequentemente de nonas ou 13ªs se fundem em outros formando cadeias de acordes em movimentos paralelos Isso dá a sua música o efeito de algo vago fluídico bruxuleante que mais se acentua com o uso original que faz das escala BENNETT 1986 p 70 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 75 O Pontilhismo assim como o Maneirismo é considerado por alguns historiadores em arte um período transitório entre Impressionismo e Expressionismo Desse modo vimos em Battistoni Filho 1996 acima mencionado que essa tendência se forja pela divisão ou dissociação de tonalidade em pontos luminosos e coloridos Essa forma de pintar recebeu o nome de Pontilhismo por utilizar pontos de cor promovendo luminosidade pelo trabalho entre cor e luz Uma das pinturas mais conhecidas que Seurat fez foi a Tarde de domingo na Ilha de Grand Jatte 1884 1886 Óleo sobre tela 2076 x 308 cm Instituto de Arte de Chicago EUA Esta obra pode ser visualizada no livro de Teoria e Metodologia da Matemática Corso e Pietrobon 2012 p 60 a qual se sugere a releitura levando em consideração os conceitos matemáticos A respeito da releitura nos ateremos a ela mais adiante No entanto rememoramos que a qualidade deste trabalho está alinhada ao desenvolvimento de uma boa leitura estética Com esse fim sugerimos atenção ao roteiro que segue em anexo ao final do livro No que se relaciona a música o Pontilhismo de acordo com Bennett 1986 p 72 denota um tecido sonoro que consiste em timbres musicais instrumentais dardejando diminutas fagulhas luminosas descritas por Stravinsky como o cintilar dos diamantes de Webern Expressionismo O Expressionismo tem seu berço na Alemanha em 1904 é a arte do instinto tratase de uma pintura dramática subjetiva expressando sentimentos humanos Utilizando cores irreais dá forma plástica ao amor ao ciúme ao medo à solidão à miséria humana à prostituição Deforma se a figura para ressaltar o sentimento estabelece uma ponte de conexão entre o visível e o invisível Na música o expressionismo começou como um exagero até mesmo uma distorção do romantismo tardio em que os compositores passaram a despejar na música toda a carga de suas emoções mais Nájela Tavares Ujiie 76 intensas e profundas Dentre os que escreviam em estilo expressionista estavam Arnold Schoenberg que também era pintor e seus alunos Alban Berg e Anton Webern a música expressionista apoiava se em harmonias que se tornavam cada vez mais cromáticas o que acabou levando à atonalidade A música expressionista em estilo atonal é caracterizada por harmonias extremamente dissonantes melodias frenéticas desconjuntadas incluindo grandes saltos contrastes violentos e explosivos com instrumentos tocando asperamente nos extremos de seus registros BENNETT 1986 p 72 As principais características do Expressionismo são a deformação da imagem visual chegando até à caricatura e explosão sentimental A figura humana e a paisagem perdem seu valor representativo transformandose em puros valores afetivos b o pintor recusa o aprendizado técnico e pinta conforme as exigências de sua sensibilidade Abusam dos contrastes de claro e escuro e possuem uma técnica original c o artista vive não apenas o drama do homem mas também da sociedade Critica a exploração do homem pelo homem a infância e a velhice desamparadas a hipocrisia a miséria etc No Brasil Portinari fez uma crítica social denunciando a miséria dos nordestinos10 d o expressionismo possui raízes geográficas e raciais e desenvolvese mais em países nórdicos como a Noruega Suécia e Dinamarca ou países como Alemanha a Holanda mais pelo temperamento místico e visionário destes povos O latino é mais plástico objetivo e visual BATTISTONI FILHO 1996 p 111 112 Na perspectiva de Honório 2007 no Brasil temos como principais representantes do Expressionismo Lasar Segall e Cândido Portinari Em outros contextos temos Frida Kahlo Emil Nolde Amedeo Modigliani Oskar Kokoschka Egon Schiele Chaim Soutine Alberto Giacometti 10 Esta crítica está expressa na série Retirantes de Cândido Portinari pintor brasileiro de excelência com obra intensa e diversificada Para aprofundar conhecimentos visitem httpwwwportinariorgbr Acesso 01102012 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 77 Francis Bacon e Edward Munch sendo este último pintor norueguês de centralidade e reconhecimento por sua obra O Grito 1893 Óleo sobre madeira 91 x 735 cm Galeria Nacional de Oslo Noruega o rosto de um homem como fonte de sons e ondas de cor que se dilatam concentricamente no ar espalhando o sentimento trágico da vida e a sensação de catástrofe iminente BATTISTONI FILHO 1996 p 114 Fauvismo ou Fovismo O Fauvismo ou Fovismo é um movimento principalmente francês encabeçado por pintores independentes liderados por Henri Matisse dentre eles Gauguin Cézanne Renoir Manet e ToulouseLautrec A denominação Fauves feras foi dada pelo crítico francês Louis Vauxelles por ocasião da exposição que fizeram em 1905 Segundo o crítico as obras pareciam pintadas por feras referindose à intensidade das cores puras que eram usadas sem misturas e matizes HONÓRIO 2007 p 66 Neste tocante podemos afirmar que o Fauvismo ou Fovismo tem como características marcantes a simplificação das formas o estudo do uso das cores e uma elevada redução do nível de graduação das cores utilizadas nas obras Os seus temas eram leves retratando emoções e a alegria de viver e não tendo intenção crítica A cor passou a ser utilizada para delimitar planos criando a perspectiva e modelando o volume Tornouse também totalmente independente do real já que não era importante a concordância das cores com objeto representado e sim sendo responsável pela expressividade das obras Cubismo Pelo exposto até o momento podemos inferir que em nenhum movimento artístico é possível dizer qual foi a data exata em que o mesmo surgiu uma vez que se trata de um processo de uma síntese de fatores convergentes que vão aos poucos ganhando corpo e se definindo Com Nájela Tavares Ujiie 78 o Cubismo não foi diferente acreditase que tem sua gênese por volta de 1908 com a contribuição de Paul Cézanne Pablo Picasso Georges Braque Juan Gris Fernand Léger e Robert Delaunay tendo no Brasil representação em Portinari Rego Monteiro e Tarsila do Amaral Críticos e historiadores na sua maioria admitem que são dois os fatores mais importantes que determinaram o nascimento do Cubismo De um lado a obra de Cézanne e de outro a análise da decomposição de objetos em planos enquanto síntese decorativa Para Battistoni Filho 1996 o Cubismo se divide em três etapas o cezaneano Cézanne o analítico Picasso e Braque e o sintético Gris Léger e Delaunay Naturalmente a ação desses fatores foi estimulada pelo esgotamento da linguagem Impressionista O Cubismo é uma expressão de arte geométricoconstrutiva O Cubismo tratava as formas da natureza por meio de figuras geométricas representando todas as partes de um objeto no mesmo plano A representação do mundo passava a não ter nenhum compromisso com a aparência real das coisas O Cubismo conseguiu grandes inovações nas artes em geral ao introduzir elementos estranhos aos materiais como vidro papel madeira pedaços de jornal etc A textura foi largamente utilizada misturandose tintas com areia ou gesso para provocarem sensações táteis Teve grande aceitação a introdução de letras tipográficas na composição mais pelas sugestões práticas que possuem O Cubismo influenciou com sua lógica construtiva e divisão racional da superfície do quadro formas mecânicas e artes gráficas Não podemos esquecer por último a simplificação geométrica na arquitetura de Le Corbusier BATTISTONI FILHO 1996 p 120 CharlesEdoard JeanneretGris conhecido pelo pseudônimo de Le Corbusier importante arquiteto do século XX de origem Suíça e radicado na França organizador das bases estruturais do movimento moderno de características funcionalistas em arquitetura abriuse ao mundo mediante viagens e delineou um estilo internacional ao Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 79 compactar estilos focado nas necessidades humanas e na simplificação das edificações Le Corbusier influenciou vigorosamente no Brasil a obra arquitetônica de Oscar Niermeyer11 nascido em 1907 carioca formado arquiteto em 1934 pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro o qual explorou e ainda explora possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado tendo no arcabouço de seus trabalhos o Conjunto Arquitetônico da Pampulha e a Igreja de São Francisco de Assis 1940 1943 em Belo Horizonte o Edifício Copan 1951 no centro de São Paulo capital o Projeto Piloto de Brasília 1957 distrito federal o Museu do Olho 2002 em Curitiba capital paranaense o Centro Cultural Internacional Oscar Niermeyer 2011 em Avillés na Espanha dentre outras obras espalhadas pelo país e pelo mundo Abstracionismo Na concepção de Honório 2007 a invenção da máquina fotográfica foi a válvula molar da tendência Abstracionista uma vez que a fotografia captava o fotografado com detalhamento e exatidão impecável A estética Abstracionista surgiu em 1910 com intuito de suprimir toda a relação entre a realidade e o quadro entre as linhas e os planos as cores e a significação que esses elementos podem sugerir ao espírito Quando a significação de um quadro depende essencialmente da cor e da forma quando o pintor rompe os últimos laços que ligam a sua obra à realidade visível ela passa a ser abstrata No que converge à tendência Abstracionista ela subdividese em duas vertentes a informal e a geométrica tendo como representantes ilustres respectivamente Wassily Kandisky 18661944 e Piet Mondrian 18721944 Sendo que no Abstracionismo informal predomina o sentimento e a emoção as formas e a cor são trabalhadas livremente Para 11 Posterior a finalização do livro na noite do dia 05 de dezembro de 2012 faleceu o arquiteto brasileiro Oscar Niermeyer uma perda para arquitetura e para arte brasileira trabalhou com muita lucidez inquietude e genialidade até os últimos dias de sua vida tendo deixado alguns projetos inconclusos Nájela Tavares Ujiie 80 Battistoni Filho 1996 p 124 o artista se revolta contra a precisão da vida moderna o racionalismo e a civilização No Abstracionismo geométrico as cores e formas são organizadas em composições geométricas e concretas Dadaísmo O Dadaísmo é caracterizado pela oposição a qualquer tipo de equilíbrio pela combinação de pessimismo irônico e ingenuidade radical pelo ceticismo absoluto e improvisação Enfatizou o ilógico e o absurdo Entretanto apesar da aparente falta de sentido o movimento protestava contra a loucura da guerra Assim sua principal estratégia era mesmo denunciar e escandalizar a proposta central era a antiarte a negação dos valores e da organização social Significado da palavra dadaísmo A palavra dada foi escolhida ao acaso para batizar o movimento Hugo Ball e Tristan Tzara dois dos fundadores do Dadaísmo escolheram aleatoriamente uma palavra num dicionário alemãofrancês Dada que em francês significa cavalodepau numa linguagem infantil prélógica era um termo suficientemente vago e desconexo ou seja o ideal para representar o espírito dadaísta HONÓRIO 2007 p 71 O princípio da arte Dadaísta é a irracionalidade a atitude satírica a negação de tudo que é dado por certo no arcabouço social e humano improvisação desequilíbrio e desordem Entre seus representantes estão Hugo Ball Tristan Tzara Hans Arp Francis Picabia Marcel Duchamp Max Ernst Kurt Schwitters George Grosz e Man Ray Surrealismo O Surrealismo na compreensão de Battistoni Filho 1996 é uma continuidade na tendência do Dadaísmo ao passo que realiza a exploração das manifestações do subconsciente ilógico e inconsciente na linha Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 81 freudiana A corrente Surrealista em arte enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa tem por intencionalidade estimular a imaginação e o entusiasmo artístico Na compreensão do autor acima mencionado é distinta em três vertentes arte visionária pelo sentido irracional e fantasioso arte primitiva pelo mundo paradisíaco de influência dada pela cultura da Oceania e arte psicopatológica pela concretização do inconsciente Figueiredo 2011 e Battistoni Filho 1996 considerando o Surrealismo figurativo e abstrato coadunam de que a grande confusão proposta por essa corrente artística e estética peculiar compõe o método paranóicocrítico No Brasil as pinturas de Ismael Nery representam esse movimento Entretanto cabe salientar que a obra desse artista permaneceu ignorada do público e da crítica até 1965 e subdividese em três fases de 1922 a 1923 a expressionista de 1923 a 1927 a cubista e de 1927 a 1934 a surrealista sendo esta última fase a mais importante HONÓRIO 2007 p 72 No que configura os nomes representativos deste movimento no mundo temos Max Ernst William Blake Paul Klee Marc Chagall Joan Miró Salvador Dali e René Magrite Futurismo O Futurismo é um movimento de origem italiana que se estrutura de acordo com Figueiredo 2011 p 163 em dois manifestos que arrasavam o passado e glorificavam o futuro tendo como representantes os artistas plásticos Umberto BOCCINI 18821916 Carlo CARRÀ 18811966 Luigi RUSSOLO 18851947 Giacomo BALLA 18711958 Gino SEVERINI 18831966 e outros Os futuristas saúdam a era moderna aderindo entusiasticamente à máquina Para Giacomo Balla 18711958 é mais belo um ferro elétrico que uma escultura Para os futuristas os objetos não se esgotam no contorno aparente e seus aspectos se interpenetram continuamente a um só Nájela Tavares Ujiie 82 tempo ou vários tempos num só espaço pela continuidade do movimento frenético O grupo pretendia fortalecer a sociedade italiana através de uma pregação patriótica que incluía a aceitação e exaltação da tecnologia Arte Contemporânea A Arte Contemporânea é um período artístico que surge na segunda metade do século XX e se prolonga até os dias de hoje Ressaltamos que esse período se caracteriza pela liberdade do artista que não tem mais compromissos institucionais que o limitem portanto pode exercer seu trabalho sem se preocupar em imprimir nas suas obras um determinado cunho novo eou original As possibilidades e os caminhos artísticos são múltiplos as inquietações mais profundas o que permite à Arte Contemporânea ampliar seu espectro de atuação pois ela não trabalha apenas com objetos concretos mas principalmente com conceitos e atitudes expressão estética e artística Refletir sobre a arte é muito mais importante que a própria arte em si que agora já não é o objetivo final e sim um instrumento para que se possa meditar sobre os novos conteúdos impressos no cotidiano pelas velozes transformações vivenciadas no mundo atual A arte caracteriza se pela sociedade da comunicação informação interpretação livre e das redes globais e ilimitadas No contexto musical da contemporaneidade temse de acordo com Bennett 1986 uma composição musical marcada por novos sons e novos materiais ou seja uma estruturação musical marcada por microtonalidade serialismo total música concreta eletrônica e aleatória Nesse cenário contemporâneo vemos uma arte que de acordo com Figueiredo 2011 desdobrase em arte popular arte ótica minimalismo arte conceitual new dada neopocentrismo happening arte povera pobre arte de participação arte xerográfica colagens mail art colagens art kitsch performace instalações videoarte body art fotorrealismo internet art street art grafiti e hiphop tantas artes quantas a criatividade permitir Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 83 Na concepção de Rajchman 2011 não é mais arte são artes pois a arte contemporânea deflagra sentidos e expressões múltiplas da primeira à décima arte as quais se estabelecem no contexto atual Dentre os movimentos contemporâneos comentaremos brevemente sobre alguns 1 POPART Movimento artístico originário nos Estados Unidos por volta de 1960 de expressão inglesa cujo significado denota arte popular em comparação parece excessivamente cerebral e sistemática mais próxima das ciências do que das humanidades Por outro lado suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto às da ciência e da tecnologia Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo ela operava com signos estéticos massificados da publicidade quadrinhos ilustrações e design usando como materiais principais tinta acrílica poliéster látex produtos com cores intensas brilhantes e vibrantes reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande transformando o real em hiper real Tem como representantes essenciais do movimento Andy Warhol Claes Oldenburg e Roy Lichtenstein 2 OPART Apesar de ter ganhado força na metade da década de 1950 a Op Art passou por um desenvolvimento relativamente lento Ela não tem o apelo emocional da Pop Art mas tem um ímpeto atual A expressão opart vem do inglês optical art e significa arte óptica arte cinética ou arte do movimento pela ilusão de ótica O movimento em si defendia para arte menos expressão e mais visualização Apesar do rigor com que é construída simboliza um mundo precário e instável que se modifica a cada instante outra peculiaridade dessa estética é que se o observador mudar de posição terá a impressão de que a obra se modifica HONÓRIO 2007 p 73 Dentre os principais artistas do movimento temos Victor Vasarely Alexandre Calder e Barnet Newmann 3 Arte Conceitual O movimento artístico conceitual dá maior ênfase à ideia do que ao artefato artístico desse modo configurase por um formalismo no qual a ideia ou conceito é o aspecto mais importante Nájela Tavares Ujiie 84 da obra Quando um artista usa uma forma conceptual de arte significa que todo o planejamento e decisões são tomadas antecipadamente sendo a execução um assunto secundário A ideia tornase na máquina que origina a arte LEWITT 1967 citado por DIXON 2012 p 612 Como representantes podemos citar Joseph Beuys John Cage Nam June Paik Wolf Vostell Yoko Ono Charlotte Moorman Sol Lê Witt e Genco Gulan 4 Minimalismo Esse movimento marcou a mudança do eixo artístico mundial da Europa para os Estados Unidos Tem como principal característica a redução formal e a produção de objetos em série ordena unidades formais questionando os limites da sensação a obra nunca está acabada e sempre depende do observador A produção destes artistas em geral tendia a ultrapassar os conceitos tradicionais sobre a necessidade do suporte procuravam estudar as possibilidades estéticas de composição não através de pinturas ou esculturas mas a partir de estruturas bi ou tridimensionais que podem ser chamadas de objetos ou ainda não objetos dada a sua inutilidade e eventualmente de instalações Dessa maneira não se submetiam à limitação que se fazia entre o campo da pintura e o campo da escultura indo além desses âmbitos e mostrando sua influência na música na literatura no design e na tecnologia Conforme ressalta Canton 2000 a Arte Contemporânea no Brasil se delineia com a geração 1980 e o processo de redemocratização do país em todas as esferas Nesse contexto as grandes telas e pinturas vigorosas que caracterizam a produção desta geração 80 incitam um reencontro com o prazer e com a emoção provocados pelos gestos das pinceladas e pela cor combatendo um certo tédio provocado pela linguagem considerada hermética ou cifrada que caracteriza o projeto de arte concreta ou conceitual Ao mesmo tempo essas obras se nutrem de comentários e questionamentos fora do âmbito da arte que se referem à realidade cotidiana e social brasileira A tecnologia e o mundo em rede também influenciam a Arte Contemporânea brasileira ao seu modo nesse início do século XXI É Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 85 possível assim visitar e se interconectar com a arte mediante os espaços cibernéticos virtuais e ambientalizados No Estado do Paraná é possível visitar e se conectar ao Museu de Arte Contemporânea do Paraná MAC12 Síntese do capítulo Esse capítulo dedicouse a realizar uma historicidade da arte da préhistória à contemporaneidade assim condensou características dos seguintes períodos e correntes 1 Arte na PréHistória Paleolítica e Neolítica 2 Arte na Antiguidade Egípcia Grega e Romana 3 Arte na Idade Média Bizantina Românica e Gótica 4 Arte na renascença Maneirismo Barroco Rococó Neoclassicismo Romantismo e Realismo 5 Arte Moderna Impressionismo Pontilhismo Expressionismo Fauvismo Cubismo Abstracionismo Dadaísmo Surrealismo Futurismo 6 Arte Contemporânea Popart Opart Conceitual Minimalismo dentre outros movimentos Enfim ao delinearmos o capítulo podemos concluir que a arte e o homem são marcados pela civilidade e pela evolução Os instrumentos artísticos evoluíram e transformaramse com e como o próprio homem de objetos coletados da natureza para objetos artísticos com significados e significações próprias elementares e estéticas pertencentes e implicados de cultura historicidade sociedade tecnologia e simbolização pois a arte imita a vida e a vida imita a arte no dizer do escritor irlandês Oscar Wilde 18541900 12 Link para exploração httpwwwmacprgovbrindexphp Acesso 05102012 No decurso deste livro estamos alinhavando ideias encadeando debates tecendo conceitos buscando definir e responder questões que nos parecem importantes e elucidativas para pontuarmos a importância do ensino da Arte Algumas delas serão retomadas aqui O que é arte Quantas faces e linguagens têm a arte Para que serve a arte na escola O que deve ensinar o professor de Artes na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental A arte existe desde que homens e mulheres expressam seu imaginário A arte pertence ao ser humano é uma de suas maneiras de se desenvolver criar e recriar mundos O exercício da imaginação proporciona um olhar diferenciado e distanciado da realidade capaz de vasculhála investigála e criar diferentes possibilidades de compreendêla A arte propicia igualmente o exercício da sensibilidade A pintura a música a dança a representação teatral a escultura e tantas outras formas artísticas aguçam nossos sentidos e provocam sensações diversas nas pessoas VIANNA e STRAZZACAPPA 2009 p 117 Faces da Arte e Linguagens Artísticas a música as artes visuais a dança e o teatro Capítulo 4 Nájela Tavares Ujiie 88 Pelo exposto na citação acima ponderamos que a arte é patrimônio cultural da humanidade linguagem significante do homem que é sujeito racional e sensível E ao ser dotado de sensibilidade este homem a coloca em perspectiva no mundo criando representações significantes as quais podemos compreender enquanto ramificações artísticas e faces da arte No que convergem as faces da arte e suas ramificações artísticas os documentos legais as proposituras e propostas curriculares nacionais e paranaenses percucientes ao universo da arte demarcam que seu ensino deve contemplar a música a dança as artes visuais e o teatro Entretanto um levantamento realizado e publicado pelo Instituto Arte na Escola 2008 acerca dos referenciais curriculares em Arte em todo território nacional apontam ainda no cenário mineiro o ensino de uma quinta linguagem denominada de Artes Audiovisuais que envolve cinema animação produção gráfica e demais elementos desta ordem e natureza Pelas leituras e pelo percurso que temos trilhado até o momento interligado ao ensino da Arte ora como educadora social em projetos socioeducativos ora como professora de anos iniciais generalista ora como professora de Teoria e Metodologia do Ensino da Arte em instituições de ensino superior ora como professora de hora atividade Arte e Educação Física e ora como pesquisadora e curiosa posso ponderar que a arte ou as artes tem múltiplas ramificações e faces que podem ser apreciadas e significadas por sua natureza estática dinâmica ou multifacetada Considerando o exposto buscamos ordenar o quadro síntese que segue muito embora na sequência daremos especial atenção às quatro ramificações da arte que são priorizadas nas publicações e referências nacionais Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 89 Quadro 4 Arte Classificação Linguagem e Ramificações Artísticas Apreciadas Classifi cação Linguagem Artística Direcionamento Artístico e Apreciação Estática Estático Dinâmicas Dinâmico Estáticas Dinâ mica Primeira Música X Segunda Dança X Terceira Plástica Bidi mensional DesenhoPin tura X Quarta Plástica Tridi mensional Escultura X Quinta Teatro X Sexta Literatura X Sétima Cinema X Oitava Fotografia X Nona Histórias em Quadrinhos X Décima Videojogos X Décima Primeira Computação Gráfica 3D X Fonte Adaptado a partir de XR Marcus Valério O que é arte Publicado 24 de outubro de 2001 Disponível em httpwwwxrprobrArtehtml Acesso em 05102012 A arte tem uma dimensão de quem a produz e de quem a contempla A arte na escola por sua vez deve possibilitar aos alunos o acesso à cultura à produção à reprodução e às experiências artísticas de modo articulado Considerando essa esfera de possibilismo o professor ou arteeducador deve desnaturalizar o olhar educar para a sensibilidade oportunizar formação estética e artística de modo a articular ciência e emoção coração e mente numa ação educativa que propicie fazer apreciar e contextualizar arte para si e para os próximos a ele Por conta disso este capítulo será subdividido em quatro tópicos cada um deles Nájela Tavares Ujiie 90 dando especial atenção a uma das seguintes ramificações artísticas a Música som ritmo harmonia melodia altura intensidade duração timbre e densidade a Dança movimento tempo espaço fluência e força as Artes Visuais forma imagem linha cor textura plano e volume e o Teatro texto personagem iluminação cenografia sonoplastia e caracterização Também primaremos por elencar algumas sugestões práticas para o ensino da Arte no diaadia da sala de aula focando cada uma das respectivas ramificações artísticas com dimensionamento lúdico e envolvente por acreditar que a ludicidade deve permear a ações educativas voltas à infância seja na Educação Infantil ou nos anos iniciais do Ensino Fundamental Musicalização na Infância Por que é importante o ensino da música na escola A música ultrapassa barreiras do tempo e do espaço é um produto artístico dinâmico capaz de multiplicar significados e significâncias em seus contextos de penetração compõese de som ritmo harmonia melodia timbre altura intensidade duração e densidade é componente artístico capaz de despertar nos sujeitos interativos consciência rítmica e estética além de envolver socializar despertar desejos mobilizar aprendizagens conceituais apreciativas manipulativas construtivas e motoras O som a duração a altura a intensidade a densidade e o timbre são características tonais básicas enquanto a melodia a harmonia e o ritmo resultam dos padrões do tom Para percebêlos é indispensável contar com a memória e a organização tonais BRÉSCIA 2003 p 43 Deste modo é importante conhecer e decifrar os elementos formais e característicos da música o que efetivará um processo de musicalização ou seja educação musical Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 91 No que se referem aos elementos formais e estruturantes da composição musical Mendes e Cunha 2009 evidenciam assim como o RCNEI os PCNs de Arte e as DCE Arte e Artes que a música se constitui por um processo de espacialização e difusão sonora que se dá por alternância em som13 e silêncio sendo que neste processo temos o envolvimento dos seguintes elementos Ritmo Agrupamento sonoro que mobiliza altura duração intensidade e densidade sonora Harmonia Cadência rítmica que se produz da articulação de notas diferentes na composição de um acorde musical constitui o desenrolar ou seja a progressão dos acordes durante toda uma composição ou execução da música Melodia Sequência de notas musicais de diferenstes sons ou fontes sonoras organizadas numa partitura eou dada forma que possibilite sentido musical a quem ouça Timbre Sonoridade característica da fonte sonora qualquer coisa que produza som seja ela instrumental ou vocal São exemplos de fontes sonoras as que seguem Fontes não tradicionais Instrumentos musicais tocados de forma não tradicional Objetos sonoros Vozes emitidas de forma não tradicional Ondas sonoras wave Fontes tradicionais Instrumentos musicais classificação baseada no material que produz o som Cordofone o que vibra é uma corda que pode ser tripa metálica sintética etc a corda pode ser friccionada violino viola da gambá percutida piano berimbau beliscada cravo violão viola brasileira caipira etc Aerofone o que vibra é o ar é o universo dos apitos flautas oboés trombones etc Membranofone o que vibra é uma membrana uma pele animal ou artificial percutida com baquetas como 13 sm lat sonu 1 Tudo o que soa ou impressiona o sentido do ouvido ruído 2 Ruído ritmado produzido por vibrações sonoras que se sucedem regularmente 3 Timbre 4 Voz 5 Palavra cuja articulação é mais ou menos agradável ao ouvido 6 Gram Qualquer emissão de voz simples ou articulada MICHAELIS Dicionário de Português Online Disponível emhttpmichaelisuolcombrmodernoportuguesindexphplinguaportugues portuguespalavrasom Nájela Tavares Ujiie 92 a caixaclara tímpanos ou friccionada como a cuíca ou tocada com as mãos como tumbadoras bongos djambê etc Idiofone ou autofone o que vibra é o próprio corpo do instrumento como as castanholas os pratos o triângulo o agogô o tantã etc Mecânico como as caixinhas de música o piano de rolo os realejos etc Elétrico órgão elétrico sintetizadores theremin ondas de Martenot etc Vozes classificação baseada na extensão das vozes femininas do agudo para o grave soprano meio soprano contralto masculinas do agudo para o grave tenor barítono baixo MENDES e CUNHA 2009 p 101102 Altura Propriedade característica de uma vibração ou onda sonora no que tange a frequência de oscilação em variável do som grave e agudo quanto maior o número de frequências por segundo mais agudo é o som MENDES e CUNHA 2009 p 100 Intensidade Direção da propagação da onda sonora fluxo de energia do som crescente ou decrescente forte ou fraco Duração Parâmetro modular tanto do som quanto do silêncio curto ou longo no que converge a duração do tempo na música lento moderado rápido quantidade velocidade eou andamento musical allegro vivace adagio14 Densidade Peso sonoro mescla de som rarefeito eou esparso muito e pouco som constituintes de uma tessitura musical qualidade que possibilita discriminação audível de um maior ou menor número de sons simultâneos a qual pode promover a fusão de acordes ou não permitindo caracterizar sua densidade Para além de seus elementos constitutivos e característicos a música considerada linguagem universal por muitos teóricos e apreciadores musicais pelo seu potencial fruitivo e de comunicação plurissignificante sensorial melódica literal interpretativa vivencial entre outras 14 Na enciclopédia livre Wikipédia temos respectivamente os seguintes significados para os andamentos mencionados pelas autoras Mendes e Cunha 2009 p 100 allegro 120 168 bpm ligeiro e alegre vivace 152180 bpm rápido e vivo adagio 6676 bpm lento e vagarosamente da expressão terna e patética Disponível em httpptwikipediaorg wikiAndamento Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 93 Por suas contribuições múltiplas é indiscutível que a música tem papel na formação da criança possibilitando o brincar com as palavras através da rima do ritmo da harmonia da plurissignificância Desse modo é válido ressaltar que a música faz parte do universo da criança antecedente à escola uma vez que os sons corporais o folclore as parlendas as quadrinhas as cantigas de roda os provérbios os ditos populares as músicas infantis e a diversidade sonora do contexto de pertencimento já fazem parte de seu cotidiano desde a vivência intrauterina compondo sua bagagem cultural Assim tal bagagem será ampliada na escola de forma que contemple a alfabetização musical ou a educação musical auxiliando na compreensão conceitual da musicalidade e na formalização de gostos via processo de musicalização e formação estética Para além das funções educacionais da música podemos ressaltar as funções sociais a partir das dez categorias estruturadas por Allan Merriam 1964 citado por Hummes 2004 p 1819 que são Função de expressão emocional referese à função da música como uma expressão da liberação dos sentimentos liberação das idéias reveladas ou não reveladas na fala das pessoas É como se fosse uma forma de desabafo de emoções através da música Função do prazer estético inclui a estética tanto do ponto de vista do criador quanto do contemplador Função de divertimento entretenimento para Merriam essa função de entretenimento está em todas as sociedades Necessário esclarecer apenas que a distinção deve ser provavelmente entre entretenimento puro tocar ou cantar apenas o que parece ser uma característica da música na sociedade ocidental e entretenimento combinado com outras funções Função de comunicação aqui se refere ao fato de a música comunicar algo não é certo para quem essa comunicação é dirigida ou como ou o quê Função de representação simbólica há pouca dúvida de que a música funciona em todas as sociedades como símbolo de representação de outras coisas idéias e comportamentos sempre presentes na música Ela pode cumprir essa função por suas letras por emoções que sugere ou pela fusão dos vários elementos que a compõem Merriam 1964 p 223 Nájela Tavares Ujiie 94 Função de reação física Merriam apresenta essa função da música com alguma hesitação pois para ele é questionável se a resposta física pode ou deve ser listada no que é essencialmente um grupo de funções sociais Entretanto o fato de que a música extrai resposta física é claramente mostrado em seu uso na sociedade humana embora as respostas possam ser moldadas por convenções culturais A música também excita e muda o comportamento dos grupos pode encorajar reações físicas de guerreiros e de caçadores Função de impor conformidade às normas sociais músicas de controle social têm uma parte importante num grande número de culturas tanto por advertência direta aos sujeitos indesejáveis da sociedade quanto pelo estabelecimento indireto do que é ser considerado um sujeito desejável na sociedade Por exemplo as músicas de protesto chamam a atenção para o decoro e inconveniência Função de validação das instituições sociais e dos rituais religiosos enquanto a música é usada em situações sociais e religiosas há pouca informação para indicar a extensão que tende a validar essas instituições e rituais Os sistemas religiosos são validados como no folclore pela citação de mitos e lendas em canções e também por música que exprime preceitos religiosos Função de contribuição para a continuidade e estabilidade da cultura segundo Merriam se a música permite expressão emocional ela fornece um prazer estético diverte comunica obtém respostas físicas conduz conformidade às normas sociais valida instituições sociais e ritos religiosos e é claro que também contribui para a continuidade e estabilidade da cultura Nesse sentido talvez ela contribua nem mais nem menos do que qualquer outro aspecto cultural Função de contribuição para a integração da sociedade de certa forma essa função também está contemplada no item anterior pois ao promover um ponto de solidariedade ao redor do qual os membros da sociedade se congregam a música funciona como integradora dessa sociedade A música então fornece um ponto de convergência no qual os membros da sociedade se reúnem para participar de atividades que exigem cooperação e coordenação do grupo No cenário formativo que toma por pauta a musicalização da infância são elementos essenciais de acordo com os referenciais e os Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 95 parâmetros curriculares de Arte BRASIL 1997 1998 2001 a composição a improvisação e a interpretação como aspectos a serem explorados e vivenciados pela criança independente da faixa etária A composição é a estruturação de um projeto musical que articula os elementos básicos da música melodia duração altura timbre intensidade e letra produzindo uma sintaxe O compositor é o estrategista do processo de produção musical A interpretação é o momento que a música ganha materialidade sai da partitura ou do projeto e tornase música viva Interpretar composições é uma atividade de suma importância na aprendizagem e formação dos gostos musicais pelas crianças cantar favorece a alfabetização musical a consciência rítmica e estética A improvisação é um espaçotempo de intersecção de experienciar composição e interpretação temse nesse processo uma liberdade assistida por um planejamento intencional docente Na aprendizagem as atividades de improvisação devem ocorrer em propostas bem estruturadas para que a liberdade de criação possa ser alcançada pela consciência dos limites BRASIL 1997 p 76 A música no universo escolar é importante para o desenvolvimento intelectual por isto é imprescindível o cuidado do professor ao selecionar os encaminhamentos pedagógicos para seu ensino e fruição no âmbito educacional pois pelo canto pela dança pela representação estaremos ampliando o universo cultural e musical e estabelecendo desde a primeira infância uma consciência efetiva com relação aos valores próprios da nossa formação e identidade cultural BRITO 2003 p 94 Entretanto é válido pontuarmos que a partir da lei 11769 BRASIL 2008 o ensino da música ganha status de obrigatoriedade nas escolas de educação básica de todo território nacional sem contudo ser Nájela Tavares Ujiie 96 restrita apenas à disciplina de Arte A lei representa um ganho cultural e como não especifica conteúdos as escolas terão autonomia para decidir o que trabalhar a partir dos RCNEI PCNs de Arte e DCE de Arte e Artes Nos termos apresentados acreditamos que o trabalho pedagógico musical deve contemplar noções básicas de música cantos cívicos nacionais sons de instrumentos de orquestra cantos ritmos danças e sons de instrumentos regionais e folclóricos com o objetivo de alfabetização musical e aprendizagem relativa à diversidade cultural do Brasil Então na escola podemos relacionar a música às diversas áreas do conhecimento promovendo atividades diversas O professor que consegue essa faceta mobiliza o interesse dos alunos porque as crianças têm um corpo musical aguçado de acordo com Yogi 2003 autor que ressalta o próprio corpo da criança como ponto de partida para o trabalho musical o corpo é pauta sonora e se move produz som comportamentos sonoros motores e gestuais forma ritmos e além disso a voz é um precioso instrumento de musicalidade e ampliação do conhecimento musical A música no âmbito educacional pode servir a diversas funções dentre estas podemos elencar a sensibilidade do ouvido e da escuta socialização humana mobilização da expressão corporal ampliação do vocabulário desenvolvimento do ritmo e da performance autodisciplina retenção de conhecimentos variados pode ser uma forma de lazer desenvolver o gosto musical possibilitar prazer estético além de ser fonte de aquisição cultural Por esses e outros benefícios não listados é que a música deve integrar o universo educacional do ensino da Arte bem como de outras disciplinas como deflagra a lei Considerando essas ponderações na sequência listamos sugestões práticas para o ensino da música no diaadia de sala de aula as atividades apresentadas fazem parte de um acervo constituído ao longo de nossa trajetória docente sendo que para algumas atividades apresentamos indicação de referencias e outras nos valemos da pragmática que envolve a atuação enquanto arte educadora Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 97 Música e sugestões práticas para o ensino em sala de aula 1 Encontre os pares audíveis Esta atividade desenvolve sensibilidade auditiva possibilita discriminação de pautas sonoras agudograve além de refinar a escuta da criança Material 12 vidrinhos de papinha vazios 2 cores diferentes de contact grãos de arroz grãos de feijão botões e alfinetes Modo de fazer Encapar seis vidrinhos da cor A e seis da cor B de tal forma que não seja possível ver o que eles contêm no seu interior No primeiro par A B não coloque nada no segundo coloque três grãos de arroz em cada um no terceiro três grãos de feijão No quarto dois botões no quinto três preguinhos no sexto cinco alfinetes em cada um Atividade em ação Misture os vidrinhos A criança vai sacudilos e tentar descobrir por meio do som os pares audíveis perfeitos que devem ser correspondentes 2 Pulsação Musical Considerando que o autor Yogi 2003 ressalta a importância do próprio corpo da criança como ponto de partida para o trabalho musical é que realizaremos essa atividade na qual as crianças deverão relacionar a pulsação do coração ao pulso musical ritmo e cadência sonora As crianças deverão sentir o próprio batimento cardíaco e o orientador poderá ajudálas a achar uma pauta sonora de batida na mesa com um dedo ou objeto que a reproduza Em seguida devem se locomover pelo espaço nesta mesma pulsação O professor solicitará ainda às crianças que corram e a um sinal préestabelecido parem e sintam o pulsar do seu coração O que acontece Relacionar as batidas regulares do coração ao pulso musical embora acelerados 3 Acompanhe a batida Nessa atividade musical de improvisação trabalharemos com as crianças diferentes compassos e a possibilidade de seguir os compassos rítmicos com palmas batidas de pés estalar de dedos batidas nas carteiras com chocalhos ou outras possibilidades sonoras que o professor julgar producente A atividade se dará a partir da leitura da partitura que poderá ser transcrita na lousa por traços fortes e Nájela Tavares Ujiie 98 fracos em alternância que deverão ser sonorizados e expressos por uma palma forte duas fracas e assim por diante Exemplo de partitura musical ilustrativo Compasso 1 l l l l l l l l l l l l Quaternário l l l l l l l l l l l l Compasso 2 l l l l l l l l l l Ternário l l l l l l l l l l Compasso 3 l l l l l l l l l l Binário l l l l l l l l l l 4 Exercício de cadência sonora fraca e forte em palavras Solicitar aos alunos que falem seu nome A seguir façam a divisão silábica com batidas na carteira identificando por uma batida forte a sílaba tônica Solicitar após todos terem experienciado a atividade anteriormente descrita que mencionem palavras que julgam sonoras Registrar na lousa algumas palavras A seguir promover a divisão silábica promovendo e identificando a pauta sonora mais forte da palavra 5 Gatinha Parda Uma brincadeira popular cantada que possibilita discriminação auditiva de timbre sonoro vocal pelo reconhecimento ou não da voz de seus companheiros de turma ao miar feito gata Como procedimento de execução as crianças deverão formar uma roda Ao centro fica uma criança que previamente vendaram os olhos com um lenço dobrado de modo a impedila de ver essa terá na mão uma varinha As demais crianças que formam a roda girando devem cantar duas vezes a música15 15 As partituras musicais que aparecem no decurso deste livro têm os créditos de arranjo de Mario Zancheta acadêmico do 5º termo da graduação em Música pela Universidade do Oeste Paulista UNOESTE Presidente PrudenteSP ao qual manifesto os meus sinceros agradecimentos Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 99 A minha gatinha parda Que há três anos me fugiu Quem roubou minha gatinha Você sabe você sabe você viu Após todas se calam A que está ao centro bate com a varinha em uma das crianças da roda Esta então mia como uma gata Se a do meio a reconhecer pela voz dizlhe o nome e essa vai ocuparlhe o lugar Caso enganase o jogo prossegue até que adivinhe 6 Resgate de cantigas de roda Essa atividade tem como intuito a preservação da memória Monte um mural com as crianças das cantigas de roda que mais gostavam na infância A seguir sorteie dentre as crianças o nome das cantigas e entregue a elas papel prancha para que levem para casa e registrem a letra da cantiga com apoio do responsável e ilustrem para montagem da caixinha de cantigas tradicionais da turma 7 Siga o mestre sonoro Trabalho em grupo que marcará alternância entre som e silêncio Um participante deverá se ausentar do local da brincadeira os demais devem constituir um círculo e escolher o mestre este deverá emitir um som com o próprio corpo a ser reproduzido por todos que no decorrer da brincadeira deve se alternar com silêncio O professor vai buscar o outro participante e explicar que ele tem que adivinhar quem é o mestre que está dando os comandos sonoros com duas chances Caso acerte o mestre irá para o seu lugar caso erre permanecerá na função e Nájela Tavares Ujiie 100 novamente terá que se ausentar da sala para que troquem o mestre caso cometa três tentativas frustradas consecutivas este deverá sortear o nome de uma música da caixinha de cantigas tradicionais e cantála para ser readmitido na turma e dar prosseguimento à brincadeira 8 Sucesso de outros tempos Para estimulação inicial da atividade pergunte às crianças Você conhece alguma canção que fez sucesso no tempo dos seus pais Dialogue acerca da temática Solicite uma pesquisa a ser realizada com os familiares que possibilite apreciação musical das preferências musicais da família A criança deverá trazer a letra da música para sala para composição do álbum sucesso de outros tempos além de trazêla para ouvila em companhia da turma A referida atividade pode ser mote gerador de um novo debate Como se constituem os gostos musicais através dos tempos Artes visuais e significações contempladas contextualizadas experienciadas e produzidas Podemos afirmar que o ensino da Arte dentro da ramificação que contempla as artes visuais consiste na educação visual ou seja a educação do olhar para enxergar para além do aparente a composição da obra a corrente artística a estética representada a simbolização a emoção a contextualização o encantamento Enquanto elementos constitutivos as artes visuais contam com a forma a imagem a linha a cor a textura o plano e o volume para realização da tessitura do texto visual que é a obra Segundo Ferreira 2007 as artes visuais se compõem de formas tradicionais como a pintura o desenho a gravura a escultura a arquitetura o artesanato como também formas modernas e contemporâneas como a fotografia o cinema a televisão o vídeo a computação as artes gráficas e a performance Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 101 A educação em artes visuais requer trabalho continuamente informado sobre os conteúdos e experiências relacionados aos materiais às técnicas e às formas visuais de diversos momentos da história inclusive contemporâneos Para tanto a escola deve colaborar para que os alunos passem por um conjunto amplo de experiências de aprender e criar articulando percepção imaginação sensibilidade conhecimento e produção artística pessoal e grupal BRASIL 1997 p 61 Com efeito de acordo com Abramovich 1985 p 20 a arte corrobora para que a criança busque o afetivo o emocional o sensorial o sensível o amoroso o intuitivo o inventivo para que cada um vá achando a sua integração a sua unicidade interior e compondo o seu texto visual que é arte A capacidade criadora é um atributo de todo ser humano para tanto há que se estimulála a fim de propiciar seu desenvolvimento Em todas as áreas do conhecimento a criatividade pode ser estimulada basta que o professor oportunize às suas criançasalunos experiências variadas o que vai lhes propiciar a assimilação de conhecimentos vários não separando a imaginação do intelecto A vida não se resume à razão a consciência exata sobre todas as coisas mas também à intuição e outras variações de conhecimentos e sentimentos como o sonho e o devaneio que completam a imaginação de cada um de nós SANS 2007 p 20 O trabalho pedagógico com as artes visuais no ambiente escolar deve dar tempo e espaço enfim lugar para a criança brincar criar e aprender através da manipulação de materiais artísticos e também mediante aperfeiçoamento de algumas técnicas Afinal a aprendizagem em Artes Visuais congrega conceitos ou teorias materiais procedimentos técnicas informações históricas relações culturais e sociais que são sustentáculo das criações ou recriações em arte desenvolvidas pelos aprendizes O desenho no âmbito escolar deve ser possibilidade criadora desenho cultivado como nomina Iavelberg 2008 deve romper com a Nájela Tavares Ujiie 102 compreensão etapista de fases universais e com a representação realista deve contemplar o contexto a tradução das ideias em textos visuais o espírito analítico a precisão das observações o gosto pela expressão pictórica a exercitação do traçado o grafismo infantil fonte de significados simbólicos múltiplos Na compreensão da autora há pouco citada para rompermos com a afirmação eu não sei desenhar precisamos incitar proposições variantes que desconstroem a lógica tradicional tais como decalque de imagens da natureza justaposição de imagens decalcadas no plano supressão de parte de uma imagem e solicitação de continuidade do desenho uma imagem colada na folha para que se gere um contexto de pertencimento a ela construção de um desenho de observação de um objeto tridimensional sem olhar para o papel observar a incidência da luz solar pela janela da sala de aula sobre a mesa da professora e realizar um desenho das sombras visualizar um objeto e fazer sua inversão mental desenhandoo de ponta cabeça criar um código simbólico próprio da sua turma de colegas para escrita de bilhetes pessoais dentre outras proposições que vierem à mente criativa e criadora do professor e das crianças Lembremonos de que arte é criação No que tange ao trabalho com Artes Visuais a releitura de obras de arte é uma atividade importante mas é preciso que esteja claro para os pares educativos professor e aluno que releitura não é cópia ou reprodução realista perfeita A releitura é interpretação própria de um estilo pelo aluno é uma técnica que vem a valorizar e incentivar a criatividade do mesmo desde que bem conduzida pelo professor Ao se trabalhar com a releitura o professor deve conhecer bem a obra a ser trabalhada o estilo a época em que a obra fora criada e o artista o que resultará em um conhecimento mais aprofundado Nesse sentido aconselhamos aos arteeducadores iniciantes que realizem uma leitura estética conforme o roteiro ao final deste livro sempre antes do trabalho pedagógico com a releitura de uma obra Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 103 A ação pedagógica no substrato das Artes Visuais possui uma infinidade de procedimentos técnicas e possibilidades recorte e colagem decalque monotipia pintura em monocromia isocromia e policromia dobradura escultura de sucata escultura em argila trabalho artesanal em papel machê bordado fotografia dentre outras No que converge a algumas técnicas interessantes de trabalho pedagógico na área de Artes Visuais indicamos a leitura dos livros de Schiller e Rossano 2008 Kohl e Solga 2001 Kohl 2002 2012 Kohl e Potter 2003 2005 e Kohl Ramsey e Bowman 2005 Adiante estão algumas sugestões de atividades para o ensino de Artes Visuais no contexto escolar respaldada nas teorias mencionadas e na empiria de nossa ação educativa Sendo que a primeira delas não é recomendada ao trabalho com crianças da Educação Infantil e Anos Iniciais mas indicada às professoras desta fase para que tenham sensibilidade ao outro É uma dinâmica que desenvolvi algumas vezes em cursos de formação continuada e no decurso da disciplina de Teoria e Metodologia do Ensino da Arte e pela inviabilidade de desenvolvêla na modalidade à distância apresento para leitura e reflexão Artes Visuais e sugestões práticas para o ensino em sala de aula 1 Dinâmica minha arte Análise da potencialidade criativa padronização artística sensibilidade e juízo de valor acerca da arte que perpassa o grupo de partícipes Material Folhas de papel sulfite giz de cera colorido e fita adesiva Processo Solicitar aos componentes do grupo que façam desenhos livres sendo que poderão utilizar qualquer cor para os desenhos registro do nome no verso da folha Dar ao grupo 10 minutos para a execução de seus desenhos Na sequência recolhêlas e distribuir aleatoriamente os desenhos entre os participantes por duas ou três vezes e solicitar que no período de 2 minutos mudem o que acharem necessário nos desenhos Informar que qualquer um dos participantes poderá alterar o desenho dos demais participantes menos o seu caso seja o seu deve Nájela Tavares Ujiie 104 passar adiante Para finalizar a dinâmica devemos entregar os desenhos aos donos de origem que deverão expressar o sentimento a respeito daquela mudança Reflexão final Cada pessoa tem uma peculiaridade ao representar A arte não é cópia fiel do real Portanto devemos ter cuidado aos juízos de valores artísticos padronizados com os quais avaliamos as crianças A intervenção do outro num desenho ou numa obra pessoal nem sempre é boa Por isso nunca devemos desvalorizar ou fazer mudanças nas atividades das crianças sem consentimento pois para elas pode representar algo muito importante 2 Produção artística com tinta invisível Esta atividade permite a execução da arte tendo inspiração na obra de Kohl e Potter 2003 com toda a magia e fantasia da descoberta de algo novo a cada passo Material copos 60 ml de bicarbonato de sódio 60 ml de água cotonetes folha de papel branco suco de uva roxa Experiência artística Para fazer a tinta dissolva 60ml de bicarbonato em 60 ml de água em um copo Mergulhe o cotonete na mistura de tinta e faça um desenho sobre o papel branco Deixe a pintura de água secar completamente Em seguida esfregue suco de uva sobre o papel para revelar a pintura A pintura aparece misteriosamente em cores azul esverdeadas Desvendando o mistério Muitos alimentos comuns como vinagre e limão têm um gosto azedo e são chamados ácidos Outros alimentos como leite e bicarbonato de sódio são chamados base Esses alimentos e muitas outras substâncias têm composições químicas diferentes que os tornam ou um ácido ou uma base O suco de uva é um indicador ácidobase isto significa que ele vai determinar o nível ácido base de uma substância mudando a sua cor Quando o suco de uva toca a pintura de bicarbonato de sódio a pintura passa de transparente a azul esverdeado indicando que o bicarbonato de sódio é uma base 3 Composição artística com textura Material papel prancha retalhos de tecidos sementes grãos revistas lantejoula EVA tintas guache cola tesoura lápis de cor Procedimento Cada um receberá uma folha de papel prancha para Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 105 realizar uma composição artística a partir dos materiais disponibilizados de modo que uma figura tenha destaque e na composição seja criado um fundo Após o término da obra deixar secar bem Num segundo momento realizaremos a exploração táctil da obra Organizados em círculo um colega por vez será vendado e deverá ver com os olhos da sensibilidade a obra do outro descrevendoa aos demais pela percepção táctil Para execução da atividade haverá troca de atividades entre as crianças 4 Monotipia de pintura a dedo Material estrutura de vidro plana eou plástico grosso transparente fixado sobre a carteira tinta guache folhas de sulfite Procedimento A criança desenvolverá a pintura a dedo sobre a base vidro ou plástico A seguir colocará uma folha de papel sobre a pintura calcando levemente A pintura fica registrada no papel e podese fazer mais de uma cópia que pode ser utilizada inclusive para presentear um colega da turma 5 Recorte e Colagem personagens engraçados Material tesoura cola revistas e folhas sulfite Procedimento Criar um ou mais personagens engraçados a partir do recorte de figuras de pessoas e colagem Podese colocar por exemplo a cabeça de uma mulher a roupa de outra pessoa os pés de um terceiro um adereço diferente asas tudo que desejar brinque e divirtase à vontade pois o espaço de criação e recriação é todo seu 6 Formas sobre formas Material cola tesoura formas geométricas variadas em papel dobradura colorido folhas sulfite Procedimento Cada criança receberá uma folha e deverá criar padronizações geométricas singulares Oriente as crianças a colar os pequenos círculos sobre o círculo grande no padrão que desejarem Fazer aglutinação justaposição e adesão de formas Elas podem acrescentar cores com giz de cera ou com canetas hidrográficas Esta técnica em conjunção com a técnica dos personagens engraçados pode ser utilizada para desenvolver releitura de obras da corrente Cubista Nájela Tavares Ujiie 106 7 Criação com esponja A atividade oportuniza experimentar um material diferenciado a ser utilizado livremente na criação artística que pode inclusive ser utilizado enquanto técnica para realizar releitura de pinturas Impressionistas Material papel pardo eou cartolina esponja e tinta guache Procedimento Deixar fluir a criatividade infantil utilizando esponjas mergulhadas na tinta guache e pressionálas sobre papel pardo ou cartolina realizando seus registros pictóricos Dança e Corporeidade a construção da consciência corporal e do movimento O movimento é base fundamental de toda ação humana pois estamos em constante movimentação no tempo e no espaço no decurso de nosso diaadia Entretanto a consciência corporal articulada à movimentação performática do corpo com arte e harmonia estética é que denominamos de dança A arte da dança é composta pela articulação harmoniosa de movimento tempo espaço fluência e força A dança propicia o autoconhecimento estimula vivências da corporeidade incentiva a expressividade da criança possibilita a comunicação não verbal e o diálogo corporal Desenvolve a psicomotricidade através dos diversos movimentos lateralidade noção de espaço entre outros Auxilia também no processo de observação percepção identificação e diferenciação de ritmos músicas estilos o que favorece o processo de aprendizagem da criança A dança é uma forma de integração e expressão tanto individual quanto coletiva em que o aluno exercita a atenção a percepção a colaboração e a solidariedade A dança é também uma fonte de comunicação e de criação informada nas culturas Como atividade lúdica a dança permite a experimentação e a criação no exercício da espontaneidade Contribui também para o desenvolvimento da criança no que se refere à consciência e à construção de sua imagem corporal Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 107 aspectos que são fundamentais para seu crescimento individual e sua consciência social BRASIL 1997 p 68 Nas atividades de dança a criança experimenta a plasticidade do corpo que brinca no ar no tempo e no espaço exercita a fluência dos movimentos mesclada a tonicidade do corpo exercita sua potencialidade expressiva e motora pois a dança é uma arte dinâmica e espetacular Entretanto vale ressaltar que a adequação da roupa para prática da dança é um elemento importante para se ter flexibilidade e liberdade de movimentos O espaço também é um elemento favorecedor para melhores articulações de performance O professor deve criar um ambiente profícuo à criação e à exploração de movimentos que a dança promove É importante dançar improvisar e movimentarse Também é de suma importância a apreciação de números de dança executados por grupos experientes ser assistido por crianças para desenvolver seu olhar fruição sensibilidade e capacidade analítica estabelecendo opiniões próprias BRASIL 1997 p 69 De acordo com Strazzacappa 2009 p 44 a dança em si já é educativa expressiva e criativa dispensando adjetivos O professor de dança na escola não deve ser um reprodutor de técnicas ou dançarino profissional mas um criador de situações motrizes e um apreciador sensível da dança No Brasil uma sociedade extremamente dançante a música e a dança fazem parte do nosso diaadia estão intrinsecamente associados São rodas de pagode samba de capoeira As escolas de samba os forrós as danceterias A dança e a música estão presentes em todo lugar e a todo instante Nos morros cariocas nas praias do Nordeste nos pampas gaúchos nas festas populares nas manifestações das tribos indígenas nos ritos religiosos etc Pouco importa para onde se olhe a dança e a música estão presentes Poderia até parecer incoerente dizer que a dança precisa ser ensinada na escola se já faz parte do diaadia de uma grande parte da população No entanto novamente salientamos Nájela Tavares Ujiie 108 que não é essa concepção de dança que se pensa para a escola mas sim de como pela aproximação e observação da dança e pela reflexão sobre ela podemos pensar sobre nós mesmos O que interessa como conteúdo da dança escolar são os elementos da linguagem criativa por meio do movimento STRAZZACAPPA 2009 p 47 grifos nosso Reiteramos que a dança no universo escolar da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental deve oportunizar contato com a exploração do corpo em movimento e com essa linguagem artística enquanto pauta apreciativa a qual propicia a introdução da criança no mundo do espetáculo e a sensibiliza à arte e à vida Strazzacappa 2009 evidencia ainda que a dança para criança ao pensarmos numa organicidade didática até os 8 anos de idade deve ser livre de modo que favoreça a descoberta do corpo do espaço das dinâmicas do ritmo da mobilidade já para as crianças de 8 a 10 considera as em fase intermediária em que a improvisação é indicada mas vale o ensino de alguns passos definidos e a partir dos 11 anos a dança deve ter ensino especializado explorando técnica corporal racionalizada Enfim a dança é uma ramificação artística importante a ser explorada na escola da infância Vejamos na continuidade do capítulo algumas sugestões práticas para o trabalho com a dança em sala de aula Dança e sugestões práticas para o ensino em sala de aula 1 Nomes animados Organização da turma numa roda para que uns possam visualizar os outros Cada participante deverá fazer a separação silábica de seu próprio nome em conjunto com uma dimensão de movimento a ser reproduzido pelos colegas bem como a separação silábica associativa Exemplo Ná bate palmas Je roda sobre o próprio eixo La bate os pés no chão Após a participação de todos ao final a professora finalizará com MUITO BEM PARABÉNS também criando uma sequência de movimentos Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 109 2 Escravos de Jó Corporal Em círculo realizamse os movimentos com a mesma música do Escravos de Jó tradicional com a diferença de que os movimentos são realizados com o corpo e não com um objeto No início da música são dados passos para o mesmo lado quando a música falar Tira Põem as pessoas dão um passo para trás e um passo para frente na parte que diz Deixa ficar ficam paradas no refrão ZIG ZIG ZÁ dão um passo para direita um para esquerda e outro para a direita Escravos de Jó Escravos de Jó Jogavam cachangá Tira Põem Deixa ficar Guerreiros com guerreiros fazem zig zig zá bis 3 Dança do Jornal Afaste as cadeiras e mesas e distribua as folhas de jornal pelo chão Cada dupla fica em cima de uma folha coloque a música e as crianças começam a dançar não vale sair de cima do papel nem rasgá lo se isso acontecer a dupla é eliminada da brincadeira Vence quem cumprir o objetivo da brincadeira dançar os diversos ritmos propostos Nájela Tavares Ujiie 110 sem rasgar o jornal Convide as duplas que saíram para serem juízes com você e observar se os colegas não infringem as regras Uma maneira de incrementar a atividade é variar os ritmos musicais tocando músicas mais lentas e outras mais agitadas 4 Atividade rítmica Emília boneca de pano Canto e dança com reprodução gestual imitativa da professora que vai repetindo a música e acrescenta uma parte do corpo além do braço coloca pé perna barriga olho nariz até a boca que quando rasga deve produzir murmúrio musical até costurála novamente Emília boneca de pano corpo mole e solto a frente Não tem osso pra quebrar sinal negativo com as mãos Mas se não tomar cuidado Pode descosturar Um dia soltou um braço Tia Anastácia foi lá costurar imitação de costura Costurou um braço Emília já pode brincar rodar no lugar com as duas mãos pra cima Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 111 5 Cantigas de roda Estratégia interessante para trabalhar a linguagem da dança cantar ao passo que se encena explorando possibilidades do movimento coordenação motora e exploração espaçotemporal a Fui a Bahia buscar meu chapéu para execução da cantiga de roda e dança é necessário um chapéu e a disposição em roda Fui a Bahia buscar meu chapéu o dono inicial do chapéu fica ao centro enquanto os demais cantam e giram ao seu redor da cor da Amanda da cor do céu o que se observa é a cor dos olhos cor do céuazul pulando por alguns instantes na frente da pessoa Não é meu não é de ninguém continua o canto e o giro da roda é do Pedro que eu quero bem coloca o chapéu na cabeça da nova dona e lhe dá um abraço esta passa ocupar o centro da roda Fui a Bahia buscar meu chapéu o dono inicial do chapéu fica ao centro enquanto os demais cantam e giram ao seu redor da cor da Cintia da cor do mel cor do melcastanho pulando por alguns instantes na frente da pessoa Não é meu não é de ninguém continua o canto e o giro da roda é do Mario que eu quero bem coloca o chapéu na cabeça do novo dono e lhe dá um abraço este passa ocupar o centro da roda Fui a Bahia buscar meu chapéu o dono inicial do chapéu fica ao centro enquanto os demais cantam e giram ao seu redor da cor do Lucas da cor do breu cor do breupreto pulando por alguns instantes na frente da pessoa Não é meu não é de ninguém continua o canto e o giro da roda é da Nayla que eu quero bem coloca o chapéu na cabeça da nova dona e lhe dá um abraço esta passa ocupar o centro da roda Fui a Bahia buscar meu chapéu o dono inicial do chapéu fica ao centro enquanto os demais cantam e giram ao seu redor da cor da Sibila da cor do véu cor do véuverde pulando por alguns instantes na frente da pessoa Nájela Tavares Ujiie 112 Não é meu não é de ninguém continua o canto e o giro da roda é da Jeanete que eu quero bem coloca o chapéu na cabeça da nova dona e lhe dá um abraço esta passa ocupar o centro da roda b A linda rosa juvenil A linda rosa juvenil juvenil juvenil A linda rosa juvenil juvenil Vivia alegre em seu lar em seu lar em seu lar Vivia alegre em seu lar em seu lar Um dia veio uma bruxa má muito má muito má Um dia veio uma bruxa má muito má Que adormeceu a rosa assim bem assim bem assim que adormeceu a rosa assim bem assim E o tempo passou a correr a correr a correr E o tempo passou a correr a correr E o mato cresceu ao redor ao redor ao redor E o mato cresceu ao redor ao redor Um dia veio um belo rei belo rei belo rei Um dia veio um belo rei belo rei Que despertou a rosa assim bem assim bem assim Que despertou a rosa assim bem assim Batemos palmas para o rei para o rei para o rei Batemos palmas para o rei para o rei Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 113 c Carneirinho Carneirão Carneirinho carneirãoneirãoneirão Olhai pro céu olhai pro chão pro chão Manda o Rei Nosso Senhor Senhor Senhor Para todos se ajoelhar Carneirinho carneirãoneirãoneirão Olhai pro céu olhai pro chão pro chão Manda o Rei Nosso Senhor Senhor Senhor Para todos se levantar Carneirinho carneirãoneirãoneirão Olhai pro céu olhai pro chão pro chão Manda o Rei Nosso Senhor Senhor Senhor Para todos se sentar Carneirinho carneirãoneirãoneirão Olhai pro céu olhai pro chão pro chão Manda o Rei Nosso Senhor Senhor Senhor Nájela Tavares Ujiie 114 Para todos se levantar Carneirinho carneirãoneirãoneirão Olhai pro céu olhai pro chão pro chão Manda o Rei Nosso Senhor Senhor Senhor Para todos se deitar Carneirinho carneirãoneirãoneirão Olhai pro céu olhai pro chão pro chão Manda o Rei Nosso Senhor Senhor Senhor Para todos se levantar Educação teatral e formação cênica A criança tem inata a tendência de teatralizar Afinal faz parte do universo infantil brincadeiras de encenação ou seja dramatizando Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 115 produz o mundo em miniatura no contexto em que vive inserida cria e recria cenários e situações faz de conta Assim a dramatização é um valioso recurso audiovisual na formação e desenvolvimento da expressão pessoal e emocional da criança aluno Tratase de um ótimo instrumento para a educação estética social moral cívica linguística e literária ajudando no desenvolvimento da personalidade da criança e portanto deve ter um trabalho integrado com o currículo escolar O trabalho teatral na escola não tem como função objetiva formar artistas sendo sua função um meio um caminho para aproximar e promover a comunicação entre a arte e a criança bem como possibilitar um contato efetivo com o texto literário compreendendo as nuances teatrais constituindo percepções e formando significações estéticas e fruitivas O teatro tanto quanto a dança segundo Strazzacappa 2008 é a arte do espetáculo vivo que une o público e o artista no universo peculiar da arte que é cultural lúdico fantasioso mágico simbólico criativo perceptivo visual táctil olfativo plural A teatralidade aflora num âmbito de composição cênica e dramaticidade expressiva que mobiliza uma energia interior relacionada com o homo ludens isto é homem brincalhão que gosta do jogo do divertimento do prazer mobilizador da potencia criativa da fruição que dessas ações emanam HUIZINGA 1981 Na concepção de Ujiie et al 2003 p14 essa energia interna deve ser despertada e os professores precisam saber aproveitar bem as potencialidades de suas crianças alunos a fim de possibilitar o trabalho com a linguagem teatral numa mescla expressiva gestual oral corpórea letrada e espetacular a partir de atividades significativas uma vez que só em atividades desse tipo é possível dar sentido e função ao trabalho com aspectos como entonação dicção gesto e postura que no caso da linguagem oral têm papel complementar para conferir sentido aos textos e a sua interpretação PCN Língua Portuguesa BRASIL 1997 p 52 Nájela Tavares Ujiie 116 A atividade teatral desempenha um papel importante no processo de formação e alfabetização de crianças também no que se refere ao trabalho pedagógico que interage linguagem oral e escrita Não se trata portanto de entender esta ramificação artística como simples auxílio para desenvolvimento visual e motor mas sim como o exercício da expressão genuína da criança a exploração e a articulação de elementos de sistemas simbólicos que pode inclusive fazêla compreender que a escrita é também um sistema simbólico Nesse contexto de acordo com Machado 1999 o teatro é tão eloquente a ponto de reunir ao mesmo tempo códigos como o musical sonoplastia o plástico cenário o corporal performance e o textual literário sendo o palco do espetáculo e das linguagens por excelência Nesse universo de interações a construção e a reflexão artística é intensa na medida em que a narrativa imaginada ganha dimensões concretas no gesto na fala no som na imagem concebidos pelo autor da peça e materializada na arte dramática É pelos motivos elencados que ponderamos a importância da frequência de atividades com teatro no recinto escolar como prática significante para formação plena dos sujeitos Em contrapartida essa prática esbarra na enorme dificuldade dos professores em lidar com todas essas linguagens cujas matériasprimas exigem conhecimento técnico mínimo sob o risco de cair na mesmice e no menosprezo da arte Neste sentido respaldados por Machado 1972 e 1999 e Blot 1982 evidenciamos os elementos estruturantes desta arte na sequência As histórias passadas ao teatro são chamadas peças teatrais O elemento principal de uma peça teatral é o ator este incorpora o personagem e ou personagens dando dramaticidade e densidade ao texto O ator comunica o texto ao público pela sua expressão voz movimentos e sensibilidade Considerando os aspectos expressivos a voz comporta em si a dicção saber falar direito e com clareza da linguagem e a impostação emitirpronunciar corretamente e com tonicidade adequada Quanto aos movimentos é preciso aprender a relaxar dominar seus gestos e Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 117 suas ações Transmitir seu papel através da sua expressão corporal que congrega performance e cinestesia Também complemento da expressão é a sensibilidade que compreende equilíbrio emocional inter e intrapessoal ingredientes manifestos na boa representação do ator que toca e sensibiliza sua plateia O teatro também é composto por alguns elementos secundários que todavia têm importância e são palco cenário figurino iluminação e sonoplastia Descritivamente podemos considerar cada um destes elementos como segue Palco Qualquer lugar onde haja espaço para se representar Cenário Estrutura de composição de cena que no teatro tradicional deveria ter organização realista e no teatro contemporâneo pode ser representado por alguns elementos uma vez que a tônica teatral é dada pela expressividade O criador do cenário é denominado cenógrafo Figurino São as vestes as roupas os elementos de figuração e caracterização cênica do personagem O figurino deve ser adequado à época e ao contexto de representação portanto é imprescindível a pesquisa O idealizador dos figurinos é denominado figurinista Iluminação É o jogo de luzes e sombras A iluminação é um efeito cênico que possibilita criar a magia e o clima da peça teatral encenada O responsável pela iluminação é o iluminador que compreende tudo acerca do posicionamento e alternância dos holofotes Sonoplastia É a pauta sonora integrativa da cena música ruídos gritos silêncio etc O responsável pela sonoplastia é o sonoplasta O trabalho pedagógico com a arte teatral na escola pode ser iniciado de acordo com Machado 1972 e 1999 por exercícios de relaxamento e expressividade jogos dramáticos improvisações leitura encenada leitura de textos literários do gênero teatro até atingir o ápice da materialização de uma peça teatral Nájela Tavares Ujiie 118 As peças teatrais pertencentes à coleção Literatura em Minha Casa16 presentes na maioria das bibliotecas escolares brasileiras é uma oportunidade de aproximação com este gênero literário oferece aos professores e alunos um ponto de partida interessante para a exploração desse filão de linguagens que constitui o teatro Em contato com esse material alunos e professores podem discutir de modo concreto uma história organizada na forma de uma narrativa teatral com roteiros sugestão para cenário sonoplastia entre outros De posse dessa referência a aprendizagem dos códigos teatrais já pode ser esboçada O que acham de experimentar uma ação dessa natureza no âmbito de suas escolas Em Eu chovo tu choves ele chove citando um exemplo de peça teatral da coleção mencionada a autora Sylvia Orthof utiliza melodias já conhecidas pelas crianças que permitem inclusive que estas construam paródias próprias uma construção textual de nova letra a se inserir na melodia mobilizadora da potência criativa infantil A sugestão de elementos de cenário como guardachuvas e chuveiros também são acessíveis ao universo infantil e estimulam a imaginação Para além da expressão cênica no que tange a construção textual a elaboração de uma peça teatral permite o exercício concreto de noções de começo meio e fim em narrativas Blot 1982 destaca que em uma experiência teatral desenvolvida com crianças de 8 a 11 anos estas foram perspicazes na escolha do tema competentes no desenvolvimento do texto em forma de roteiro o qual determinava seus grandes momentos a curva da intensidade dramática do conjunto clímax adotando como coordenadas os diversos momentos isolados e a sua intensidade dramática relativa a ação organizada e estruturada pelas crianças foi muito além das expectativas 16 A Coleção Literatura em Minha Casa é uma distribuição gratuita do Ministério da Educação MEC parte integrante de um programa de incentivo a leitura da Fundação Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE desde 2002 composta de cinco volumes cada um deles de um gênero textual diferente sendo que em cada uma das diversas coleções distribuídas temos um volume de peça teatral Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 119 do autor Ainda no momento da criação do texto o grupo pode discutir e optar por gêneros escolher e qualificar personagenschave exercitar enfim dar concretude ao texto que se transformou em espetáculo cênico Mas é válido lembrarmos que a apreensão da arte teatral não se forja diretamente na encenação de um texto peça devemos iniciar por relaxamentos passeios imaginários jogos dramáticos leituras improvisações mínimas até o alcance da forma mais pura de dramaticidade As improvisações são importantes e ativam a criação e a potência expressiva na criança Por meio de improvisações o grupo de crianças consegue no momento seguinte a transposição da realidade para o drama como aprendizagem gradativa O ápice contudo da relação do texto literário com o teatro que nos dá essa sensação indizível de encantamento acontece na efetivação concreta da história na visibilidade da imagem mental dessa história não no universo do possível mas no do palpável Somente sob esse olhar as expressões corporal rítmica musical e oral deixarão de ser no universo da escola unicamente instrumentos de comemorações eou autoconhecimento psicologizantes transformando se em um espetáculo de uma transgressão possível e concreta a ARTE TEATRAL Desse modo com intuito de articular uma proposta ilustrativa do que seja adequado para uma ação pedagógica com a arte teatral é que inserimos a seguir algumas sugestões práticas para o diaadia sendo a indicação pautada em referências da arte teatral e em nossa caminhada voltada ao seu ensino no espaço escolar e extraescolar Teatro e sugestões práticas para o ensino em sala de aula 1 O nascimento da árvore Este é um exercício para aprender a relaxar idealizado por Machado 1999 no qual a criançaator finge que é uma sementinha e deita no chão Depois começa a respirar calmamente e Nájela Tavares Ujiie 120 sempre respirando vai crescendo como uma pequena árvore Depois que a sementinha saiu da terra então ela começa a crescer A sua coluna vertebral é o caule que vai sustentar a árvore Os braços são os galhos Sempre respirando profundamente e de olhos fechados para não perder a concentração a árvore vai crescendo até ficar uma árvore adulta Depois ela vai murchando murchando até virar de novo semente Dessa forma a árvore passa por todas as etapas da vida Ela foi pequena como uma criança depois ficou um arbusto como um adolescente depois grande como um adulto deu frutos e ficou velha morreu e tornou a virar semente para dar novos frutos A autora complementa que esse é um exercício muito bom para se aprender a relaxar o corpo e a concentrarse pois sem educar a voz os gestos e a sensibilidade não há ator 2 Espelho Esta atividade é um jogo dramático que serve para desenvolver os movimentos a expressão corporal coordenada e a criativa nas crianças Para a realização o professor deve solicitar que as crianças se posicionem em duas colunas constituindo pares voltados um de frente para o outro A coluna da direita será no primeiro momento o espelho que deverá repetir em detalhes os movimentos de quem reflete A criança da esquerda deverá criar movimentos enquanto se aprecia no espelho No segundo momento invertemse as posições repetindo o processo 3 Feitiço pode virar contra o feiticeiro Jogo dramático interativo que possibilita desenvolvimento da inteligência emocional inter e intrapessoal exercitação expressiva e cinestésica Material necessário 1 caixa com tampa pedaços de papel lápis ou caneta aparelho de som CDS Procedimento Entregar um pedaço de papel a cada criança e solicitar que a mesma escreva algo que possa ser representado Ex Imite uma galinha ou Expresse através de mímica que está morrendo de fome etc A seguir peça que cada um dobre e deposite seu papel na caixa Forme um círculo com os alunos sentados no chão Ao som de uma música iniciase a brincadeira passando a caixa dentre os participantes ao parar a música quem estiver com a caixa na mão deve pegar um Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 121 feitiço de dentro da caixa e representálo No caso da caixa parar em uma mesma criança a próxima criança na sequência da roda que ainda não tiver representado deverá fazêlo A brincadeira termina quando os feitiços terminarem e todas as crianças tiverem representado 4 Liquidificador Jogo dramático interativo o qual desenvolve a inteligência emocional cinestésicocorporal espaçotemporal bem como princípios éticos políticos e estéticos Para que o jogo transcorra com êxito é importante explicar bem os passos e atentar a criança liquidificador da honestidade que deve ter para que esta não troque seus botões no decorrer da brincadeira Posicionar as crianças em duas colunas voltadas uma de frente para a outra No primeiro momento a coluna da direita será o liquidificador e a da esquerda será o acionador A criança liquidificador deverá escolher uma parte de seu corpo para ligar seu mecanismo e outra para desligálo Ao ser ligado através do toque do acionador o liquidificador deverá realizar movimentos corporais até que seu mecanismo seja desligado A criança acionadora deverá adivinhar o botão de ligar e o de desligar o liquidificador Num segundo momento invertemse as posições 5 Uma história dramatizada O boneco de borracha Esta atividade encontrase no livro de Yogi 2003 é um texto de autor desconhecido À medida que a história vai sendo contada pela professora pode oportunizar exercitação corporal e alfabetização gestual a ela e aos alunos participantes da ação O desenvolvimento da atividade articula expressividade consciência corporal lateralidade e equilíbrio Nájela Tavares Ujiie 122 História do boneco de borracha Autor Desconhecido Era uma vez um boneco de borracha que ficava de todos os jeitos com o corpo mas não falava não fazia barulho e mexiase bem devagar Ele gostava de passear no jardim olhando as flores coloridas os pássaros as borboletas e as abelhas que voavam no alto De repente veio um vento forte Nossa O boneco de borracha ficou torto e agora ele anda todo torto virado só para um lado E assim ele continuou o passeio Ufá O vento parou e ele então voltou ao normal Agora conseguia andar tanto para frente como para trás O vento voltou de novo Aí ele entortouse para frente e anda olhando para baixo Parece até que procura alguma coisa no chão Mas de repente o vento mudou de direção e fez o boneco entortarse para trás Agora ele só vê o que está lá no alto o céu os pássaros e as borboletas Finalmente o vento parou de vez O boneco de borracha endireitouse e continuou o passeio observando tudo o que estava ao seu redor Engraçado é que quando o boneco de borracha chegava perto de uma árvore ficava bem magrinho e bem comprido do tamanho da árvore Então o boneco andava elegante esticado e comprido quase alcançando o céu Quando chegava perto de uma roseira e sentia o cheiro das rosas o boneco ficava todo gordo e pesado como um elefantinho Para andar até fazia um barulhão Ah O boneco de borracha estava cansado de tanto passear Então dele deitouse no chão para descansar e surpresa Ele ficou pequenininho encolhidinho Podia até caber numa caixa de sapato Bem pequeno mesmo De repente crescia espalhavase para todos os lados crescia crescia e crescia Crescia tanto que ocupava um grande espaço no chão Ficava pequeno de novo pequeno pequeno bem pequeno E adormecia todo pequenininho Até que amanheceu e chegou o sol O boneco de borracha que estava quietinho foi se mexendo devagar esticandose para todos os lados esticando os pés as pernas o tronco os dedos as mãos e os braços Ele levantouse e virou gente Agora sim ele consegue conversar falar bem baixinho com quem está perto dele Essa é a história do boneco de borracha que virou gente assim feito a gente Retirado do livro YOGI Chizuko Aprendendo e brincando com músicas e com jogos Belo Horizonte Fapi 2003 6 Teatro da Leitura Esta atividade pode ocorrer pela adaptação de livros de literatura infantil para o formato de roteiro teatral por professores e crianças articulando vozes para os personagens A tônica da atividade Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 123 é a leitura dramática dando tonicidade e intensidade ao texto Antes de realizar o teatro da leitura os personagens devem ler o texto todo e suas falas dando a ela veracidade bem como deverão criar por meio de sucatas e outros materiais um objeto ou elemento figurativo que caracterize o seu personagem O número de cópias do roteiro se articula ao número de personagens Abaixo segue um roteiro adaptado para proceder à atividade acima descrita Teatro da Leitura histórias para ler brincando Roteiro para sete vozes Narrador 1 Narrador 2 Camaleão Pernilongo Sabiálaranjeira Louvaadeus Sapo BOM DIA TODAS AS CORES Adaptado por Nájela Tavares Ujiie ROCHA Ruth Bom dia todas as cores São Paulo Quinteto Editorial 2000 Narrador 1 Meu amigo Camaleão acordou de bom humor Todos Bom dia sol bom dia flores bom dia todas as cores Narrador 2 Lavou o rosto numa folha cheia de orvalho Mudou sua cor para corderosa que ele achava a mais bonita de todas e saiu para o sol contente da vida Narrador 1 Meu amigo Camaleão estava feliz Porque tinha chegado a primavera E o sol finalmente depois de um inverno longo e frio brilhava alegre no céu Camaleão Eu hoje estou de bem com a vida Quero ser bonzinho Pra todo mundo Narrador 2 Logo que saiu de casa o Camaleão encontrou o professor pernilongo que toca violino na orquestra do Teatro Florestal Todos Bom dia sol bom dia flores bom dia todas as cores Nájela Tavares Ujiie 124 Camaleão Bom dia professor Como vai o senhor Pernilongo Bom dia Camaleão Mas o que é isso meu irmão Por que é que mudou de cor Essa cor não lhe cai bemOlhe para o azul do céu Por que não fica azul também Narrador 1 O Camaleão amável como ele era resolveu ficar azul como o céu da primavera Narrador 2 Até que numa clareira o Camaleão encontrou o sabiálaranjeira Todos Bom dia sol bom dia flores bom dia todas as cores Camaleão Bom dia sabiálaranjeira Sábia Meu amigo Camaleão muito bom dia e você Mas que cor é essa agora O amigo está azul por quê Narrador 1 E o sabiá pois se a explicar que a cor mais linda do mundo era a cor alaranjada cor de laranja dourada Narrador 2 Nosso amigo bem depressa resolveu mudar de cor Ficou logo alaranjado louro laranja dourado E cantando alegremente lá se foi ainda contente Narrador 1 Na pracinha da floresta saindo da capelinha vinha o senhor louvaadeus mais a família inteirinha Louvaadeus Bom dia Camaleão Que cor mais escandalosa Parece até fantasia Pra baile de carnaval Você devia arranjar uma cor mais natural Veja o verde da folhagem Veja o verde da campina Você devia fazer o que a natureza ensina Narrador 2 Ele é um senhor muito sério que não gosta de gracinha Todos Bom dia sol bom dia flores bom dia todas as cores Narrador 1 É claro que o nosso amigo resolveu mudar de cor Ficou logo bem verdinho E foi pelo seu caminho Narrador 2 Vocês agora já sabem como era o Camaleão Bastava que alguém falasse mudava de opinião Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 125 Narrador 1 Ficava roxo amarelo ficava cordepavão Ficava de toda cor Não sabia dizer NÃO Narrador 2 Por isso naquele dia cada vez que se encontrava com algum de seus amigos E que o amigo estranhava a cor com que ele estava Adivinha o que fazia o nosso Camaleão Pois ele logo mudava mudava para outro tom Narrador 1 Mudou de rosa para azul De azul para alaranjado De laranja para verde De verde para encarnado Mudou de preto para branco De branco virou roxinho De roxo para amarelo E até para cor de vinho Narrador 2 Quando o sol começou a se pôr no horizonte Camaleão resolveu voltar para casa Estava cansado do longo passeio E mais cansado ainda de tanto mudar de cor Narrador 1 Entrou na sua casinha Deitou para descansar E lá ficou a pensar Camaleão Por mais que a gente se esforce não pode agradar a todos Alguns gostam de farofa Outros preferem farelo Uns querem comer maçã Outros preferem marmelo Tem quem goste de sapato Tem quem goste de chinelo E se não fossem os gostos que seria do amarelo Narrador 2 Por isso no outro dia Camaleão levantouse bem cedinho Todos Bom dia sol bom dia flores bom dia todas as cores Narrador 2 Lavou o rosto numa folha cheia de orvalho Mudou sua cor para corderosa que ele achava a mais bonita de todas e saiu para o sol contente da vida Narrador 1 Logo que saiu Camaleão encontrou o sapo cururu que é cantor de sucesso na Rádio Jovem Floresta Todos Bom dia sol bom dia flores bom dia todas as cores Camaleão Bom dia meu caro sapo Que dia mais lindo não Sapo Muito bom dia amigo Camaleão Mais que cor mais engraçada antiga tão desbotada Por que é que você não usa uma cor mais avançada Narrador 2 O Camaleão sorriu e disse para o seu amigo Camaleão Eu uso as cores que eu gosto E com isso faço bem Nájela Tavares Ujiie 126 Eu gosto dos bons conselhos mas faço o que me convém Quem não agrada a si mesmo não pode agradar ninguém Narrador 1 E assim aconteceu O que acabei de contar Se gostaram muito bem Se não gostaram AZAR Síntese do capítulo O capítulo teve por objetivo apresentar e categorizar as ramificações artísticas em especial as quatro áreas que são consideradas como estruturantes do ensino da Arte no território nacional e paranaense a Música som ritmo harmonia melodia altura intensidade duração timbre e densidade as Artes Visuais forma imagem linha cor textura plano e volume a Dança movimento tempo espaço fluência e força e o Teatro texto personagem iluminação cenografia sonoplastia e caracterização Nesse contexto buscou evidenciar seus elementos e pontuar algumas estratégias de ensino elucidadas por sugestões práticas para o diaadia da escola e de sala de aula compreendendo estas ramificações como sensibilizadoras e formadoras de gostos artísticos e estéticos Neste capítulo daremos atenção ao planejamento e à avaliação articulada ao ensino da Arte compreendendo tais momentos como processos integrados e imprescindíveis ao trabalho docente tendo em vista a reflexão para a ação em ação e sobre ou pósação Valendome da magnitude da arte peço a licença para registrar aqui uma história de um autor desconhecido que me foi contada na trajetória docente sem que possa precisar quando e onde mas cumpre papel reflexivo significativo à temática Planejamento e Avaliação ao Ensino da Arte Capítulo 5 Nájela Tavares Ujiie 128 A história do peixe Em algum lugar existia uma moça que se casou e ao demonstrar seus dotes culinários ao marido ela tinha como especialidade um peixe assado que era receita de sua família à tempos o qual ela preparava com frequência por ser de gosto do marido O marido observador que era começou a reparar que o peixe era sempre preparado sem rabo ficando intrigado com o fato Um dia quando a mulher preparou o peixe elogiou seu sabor e indagou a mulher o por quê do peixe ser sempre assado sem rabo Esta ficou sem palavras naquele momento e disse ela mesma desconhecer o motivo pois havia aprendido com a mãe Passado alguns dias quando a mulher foi na casa de sua mãe a questionou sobre a preparação do peixe sem rabo A mãe não soube responder e não ver razão para se preocupar com isso já que a receita de família era ótima Insatisfeita com a resposta a mulher procurou sua avó e fez a ela a mesma pergunta A avó toda sorridente respondeu que o motivo pelo qual ela preparava o peixe sem rabo se devia ao fato dela só possuir assadeiras pequenas nas quais o rabo do peixe por ficar de fora sempre queimava e prejudicava o cheiro do assado A mulher sorriu e passou uma tarde muito agradável com sua avó naquele dia De volta à sua casa naquela noite contou o motivo da avó ao marido Os dois se divertiram com aquilo Daí em diante a mulher passou a preparar o peixe assado com o rabo e ficar mais atenta aos detalhes e à utilidade prática das coisas Autor Desconhecido Definindo o planejamento e o plano de ensinoaula no Ensino da Arte O planejamento é uma tarefa humana pela racionalidade e capacidade reflexiva de pensar o quê quando onde como para que e por quê Assim o planejamento acompanha situações da vida cotidiana planejase o casamento o nascimento de um filho uma viagem a compra de uma casa uma conquista de um desejo Na vertente educacional o planejamento pode ser definido como o processo sistematizado pelo qual se pode conferir maior eficiência às atividades educacionais para em determinado prazo alcançar as metas estabelecidas Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 129 Frente a isso temos o plano de ensino enquanto nível mais concreto de ação a cargo do professor condição essencial para o êxito do trabalho docente Entretanto o planejamento do ensino não é um pacote fechado após sua elaboração É algo flexível que pode ser alterado pela demanda de acordo com o retorno dos alunos às vezes exigindo redefinição de objetivos acréscimo ou supressão de conteúdos ou mudança nas estratégias de ensino Planejar não é fazer alguma coisa antes de agir Planejar é agir de um determinado modo para um determinado fim Isto quer dizer sobretudo que planejar é incorporar à ação um algo De imediato esse algo a mais deve ser definido como um modo de pensar apto ele mesmo a gerar um tipo próprio de ação GANDIN 1995 p 116 O planejamento do ensino é um instrumento estratégico da ação educativa que conta com a singularidade educadoreducando sendo formalizador da dinâmica pedagógica ao passo que contempla conhecimentos aspectos metodológicos gostos e interesses dos parceiros educacionais bem como a reflexão para na e sobre a ação É condutor do percurso e base da avaliação Existe assim uma relação de complementaridade entre planejamento e avaliação esses elementos do ensino são parceiros incontestes É essencial ao planejamento ser claro e compreensível aos envolvidos diretos favorecedor da avaliação como processo articulador escapando do olhar ingênuo para uma observação profunda crítica e significativa O planejamento é um processo de racionalização organização e coordenação da ação docente articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social LIBÂNEO 1994 p 222 As finalidades mais importantes do planejamento independentes da área do conhecimento são Organizar antecipadamente a ação educativa Evitar a improvisação mas dar lugar à provisoriedade flexibilidade Nájela Tavares Ujiie 130 Conduzir os educandos ao alcance de objetivos Distribuir em equilíbrio o tempo educativo livredirigido Atingir a coordenação dos conteúdos e das atividades pedagógicas Avaliar o caminho no caminhar e ao final da jornada a fim de superar dificuldades e traçar novos rumos educacionais Nesses termos quando tratamos do planejamento contemplaremos a dimensão do plano de aula roteiro abreviado e esquemático para a condução da ação docente documento pormenorizado eixo norteador das ações educacionais em todas as áreas do conhecimento que todavia não tem um modelo certo e rígido a ser seguido na sua elaboração basta que seja o norte para quem o elaborou e claro aos interessados diretos Portanto necessita de sequência coerente entre os elementos a serem considerados no processo de ensino aprendizagem tema objetivos conteúdos metodologia avaliação e referências17 Considerando o exposto apresentaremos um exemplo de plano de aula o qual já foi desenvolvido em nossa experiência educativa de outrora e que pode ou não ainda alcançar viabilidade nas instituições de anos iniciais do Ensino Fundamental e outras práticas docentes tendo por foco o ensino da Arte Exemplo de Plano de Aula em Arte 1 Identificação a Escola Municipal Pingo de Gente b 1º ano do Ensino Fundamental c Professora Nájela Tavares Ujiie d 8 horasaula Distribuídas em quatro dias letivos 2 Tema Cubismo uma arte geométrica construtiva 17 Uma explicação detalhada acerca do que compõem cada item do planejamento ou seja do plano de aula temos em Pabis 2012 p 122123 livro de Teoria e Metodologia do Ensino de História e Geografia que pode ser consultado para esclarecimento Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 131 3 Objetivos a Objetivo Geral Oportunizar as crianças contato e apreensão significante do Cubismo enquanto corrente artística e arte planificada geométrica construtiva b Objetivo Específicos Apreciar obras Cubistas de Pablo Picasso Contextualizar o movimento Cubista Experienciar arte pelo concreto numa prática de releitura e fazer artístico vivencial Fomentar a criatividade a participação ativa a formação estética o posicionamento e a expressividade na criança 4 Conteúdos Definição e contextualização Cubista Apreciação artística Cubista em Pablo Picasso 18811973 Leitura estética18 Releitura Fazer artístico vivencial Planificação do outro 5 Metodologia 1 Roda da conversa inicial Hoje estudaremos o Cubismo ou movimento Cubista em Arte Alguém sabe o significado deste movimento O que é um cubo Temos algumas hipóteses acerca das características deste movimento Ouvir as crianças de forma sensível extraindo significâncias de suas contribuições 2 Distribuir na roda obras Cubistas de Pablo Picasso impressas em papel fotográfico tamanho A4 para apreciação manipulação deslumbramento e diálogo entre as crianças e com elas 3 Fixação de um cartaz na lousa conceituando Cubismo leitura e diálogo intertextual da compreensão da palavra e da compreensão de mundo das crianças pelo exposto 18 Para realização da leitura estética sugerimos o uso do roteiro que se apresenta no anexo I ao final deste livro Nájela Tavares Ujiie 132 4 Assistir ao vídeo Obras de Pablo Picasso Enviado por Konda 08072006 Duração 509 Disponível em httpwwwyoutubecom watchvW8MC2LC0U1o Acesso em 01102012 5 Diálogo com as crianças das impressões após terem assistido ao vídeo 6 Leitura estética a se realizar com suporte do roteiro 7 Fixar as obras anteriormente manipuladas na lousa para observação e escolha pessoalizada da criança de qual obra desejará proceder à releitura Lembrando que a releitura segundo Barbosa 2001 não é ato de cópia reprodutiva do desenho mas momento de exercício interpretativo do olhar e criação inspirada por uma obra pela ótica sensível do observador e intérprete criativo Disponibilidade de papel prancha tamanho A4 lápis preto borracha pincel e tinta guache 8 Após secagem das releituras ordenar na parede externa da sala uma exposição É importante evidenciar as obras e as releituras com legendas de créditos ao pintor da obra 9 Exercício de Planificação do Outro organize as carteiras de modo que as crianças fiquem sentadas uma de frente para outra aos pares Rememore as características do Cubismo arte geométrica construtiva planificação desenho de formas geométricas e apresentadas no mesmo plano A seguir solicite a planificação do outro cada um olhando para o modelo tridimensional a sua frente deverá realizar seu desenho Disponibilize papel e lápis de cor 10 Ao final da atividade cada um deverá apresentar sua obra e comentá la Poderemos expor num varal no interior da sala 6 Avaliação As crianças serão avaliadas por sua participação e envolvimento demonstrado ao longo do desenvolvimento das atividades exposição das suas opiniões tanto pela oralidade como pela exposição expressiva de sua compreensão do movimento Cubista materializada em sua produção pictórica de releitura e no exercício de planificação Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 133 7 Referências BARBOSA Ana Mãe A Imagem no Ensino da Arte anos oitenta e novos tempos 4 ed São Paulo Perspectiva 2001 BATTISTONI FILHO Duílio Pequena História da Arte 7 ed Campinas SP Papirus 1996 KODAN Obras de Pablo Picasso Enviado em 08072006 Duração 509 Disponível em httpwwwyoutubecomwatchvW8MC2LC0U1o Acesso em 01102012 Ao finalizar o registro de um exemplo de plano de ensinoaula voltado ao ensino da Arte esperamos ter sido elucidativos e claros quanto ao encadeamento relacional das partes de um planejamento E na sequência deste capítulo buscaremos discutir a relação de complementaridade existente entre planejamento e avaliação pois as Orientações Pedagógicas para os Anos Iniciais em arte PARANÁ 2010 p 41 afirmam que Ampliar repertórios artísticos humanizar os sentidos e propor conhecimentos técnicos em cada área são objetivos passíveis de serem avaliados Afinal em algum momento as crianças deverão responder a desafios e propostas docentes No entanto os moldes em que avaliação escolar é vista perpassam por uma dimensão legal conceitual e paradigmática que delinearemos no próximo tópico A Avaliação Articulada ao Ensino da Arte Discutir e dialogar acerca de avaliação escolar não é uma tarefa fácil uma vez que o tema não é simples e está imerso em dicotomias paradigmas tradicionais e emergentes que polarizam a avaliação em classificatória x mediadora quantitativa x qualitativa pontual x processual objetiva x subjetiva padrão x evolutiva coerção x correção fechada x aberta dentre outras Por outro lado na atualidade é válido Nájela Tavares Ujiie 134 ressaltarmos que a avaliação é parte integrante do processo ensino aprendizagem e do dimensionamento de uma práxis transformadora sendo assim a avaliação um processo relacional e dialético A LDB 939496 em seu artigo 24 inciso V determina que a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios a avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais No que tange à Educação Infantil a lei evidencia no artigo 31 que a avaliação farseá mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento sem o objetivo de promoção mesmo para o acesso ao ensino fundamental BRASIL 1996 A avaliação é vista portanto como processo dialético diagnóstica formativa e somativa no qual temos a participação do par educativo professoraluno ambos são avaliados para que as ações educacionais ganhem viabilidade transformadora da ação de alunos que conquistarão novos conhecimentos e de professores que modularão novas reflexões numa construção da práxis educativa artística ou de qualquer área do conhecimento que esteja atuando No ensino da Arte entendese que a avaliação deve permear todo o processo didático do início pelo diagnóstico do que os alunos sabem não sabem querem e devem aprender avaliação diagnóstica ao final pelo acompanhamento readequação de estratégias e aferição das dificuldades e avanços dos alunos avaliação somativa e formativa Nesse sentido ela é formal fichas de registros autoavaliação trabalhos práticos cujos resultados podem ser examinados objetivamente e informal mediante observação e acompanhamento atento do professor É preciso considerar a avaliação em arte como instrumento de emancipação e transformação da alienação em conhecimento Essa é a premissa fundamental para superação da hierarquização da classificação da desigualdade e da exclusão particularmente na escola pública das classes menos favorecidas PARANÁ 2010 p 4142 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 135 Vemos pelo exposto que as especificidades do ensino da Arte não fogem ao desejo de romper com as estruturas cristalizadas e prover a transformação pessoal social e cultural dosnos indivíduos Nos mesmos termos Hernández 2000 p 146 evidencia que a avaliação em artes é um processo envolto em dicotomias e discussões mas que deve considerar o objetivo central das aulas de arte e da produção e leituras visuais sonoras e gestuais fica óbvio que a avaliação deva partir daí de como os aprendizes se apropriam dessas linguagens A avaliação em arte tem por enfoque entender interpretar e valorizar está área de conhecimento disciplinar De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte a avaliação no processo de ensino e aprendizagem de Arte pode concretizarse em três momentos distintos que são a avaliação pode diagnosticar o nível de conhecimento artístico e estético dos alunos nesse caso costuma ser prévia a uma atividade a avaliação pode ser realizada durante a própria situação de aprendizagem quando o professor identifica como o aluno interage com os conteúdos e transforma seus conhecimentos a avaliação pode ser realizada ao término de um conjunto de atividades que compõem uma unidade didática para analisar como a aprendizagem ocorreu BRASIL 1997 p 102 eou BRASIL 2001 p 56 A concepção exposta oportuniza uma visão flexível e dinâmica ao mesmo tempo do processo avaliativo dialético que perpassa o antes o durante e o depois da ação educativa Compreendendo assim que a avaliação precisa estar comprometida com as aprendizagens individuais de professores e alunos no seu sentido construtivo e evolutivo do homem que busca ser mais Em coaduno ao exposto Hernández 2000 pondera que a avaliação em arte com o dimensionamento atual vinculase a arte como disciplina a experiência estética e ao conhecimento conceitual e procedimental num percurso de planejamento do processo ensino e aprendizagem Nájela Tavares Ujiie 136 que valorize o conhecimento em seus aspectos perceptivos e conceituais desenvolva a consciência crítica e o pensamento flexível e abra caminho para a compreensão e para a apreciação da arte enquanto linguagem e patrimônio cultural da humanidade No que tangência alguns aspectos que pode ser avaliados em arte embora focado na cultura visual o autor mencionado anteriormente sintetiza elementos que podem ser generalizados as demais ramificações artísticas reformulados e complementados mas que são ponto de partida a avaliação e ampliação do apoderamento de conhecimentos e arte tais como O conhecimento e a compreensão sobre os fenômenos e problemas relacionados com a arte as obras e os artistas A capacidade de dar forma visual às idéias A argumentação que apóia temas e questões relativas à arte A descrição análise e interpretação das obras de arte e de seus significados A curiosidade a inventividade a inovação a reflexão e a abertura a novas idéias A clareza no momento de expressar idéias de maneira oral e escrita sobre a arte O fato de expressar e sintetizar idéias nas discussões sobre arte ou sobre as produções artísticas A diferenciação das qualidades visuais na natureza ou no meio humano A participação ativa em todas as atividades A competência na atualização das ferramentas dos equipamentos dos processos e das técnicas relacionadas com as diferentes manifestações da cultura visual As atitudes para as manifestações artísticas e seu papel na vida das pessoas HERNÁNDEZ 2000 p 162 Considerando o exposto enquanto instrumento avaliativo adequado ao ensino da arte temos a indicação do portfólio19 uma 19 No que diz respeito à utilização do portfólio como instrumento avaliativo no livro Didática de Zych 2010 p 9495 apresentase um detalhamento Com relação ao seu uso pedagógico voltado ao ensino da arte para aprofundamento recomendamos a leitura de Hernández 2000 p 163174 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 137 compilação apenas dos trabalhos que o estudante entenda relevantes após um processo de análise crítica e devida fundamentação ALVES ANASTASIOU 2006 p 104 o qual possibilita uma avaliação abrangente de critérios técnicos e qualitativos pois permite ao professor visualizar e avaliar os conhecimentos básicos da arte em aplicação e os conhecimentos constituídos pela estratégia de busca e ação criativa em arte Enfim a nosso ver não existe um receituário de planejamento nenhum manual de passos para a avaliação em arte pronto a ser seguido Existem sujeitos educadores e educandos perspicácia na ação no olhar e na reflexão Para que não passemos a vida toda a assar o peixe sem rabo sem ao menos saber o motivo Síntese do capítulo O planejamento e a avaliação articulados ao ensino da Arte têm suas particularidades sendo o planejamento o instrumento norteador e base condutora da ação educacional independente da área no âmbito do qual a avaliação é parte integrante e parceira essencial para promoção da transformação educacional e social ao passo que é diagnóstica formativa e somativa ou seja processo dialético de mudança Ao realizar o fechamento deste livro cabe relembrar que seu objetivo fundante foi provocar debates e discussões acerca da base que orienta a Teoria e Metodologia do Ensino da Arte com intuito de romper barreiras ranços e práticas cristalizadas e nos abrirmos ao novo que está por vir O livro se encerra aqui No entanto o caminho da arte está aberto para que cada um experiencie à sua maneira trilhe o percurso do seu jeito tornandose criativo produtivo autor da sua práxis educativa e de sua trajetória Neste espaço final que ainda nos resta gostaríamos de indicar algumas obras cinematográficas que cumprem um papel ímpar em sensibilizar para arte e para vida para educação com paixão com alteridade com fruição e prazer São elas Sociedade dos Poetas Mortos diretor Peter Weir 1989 128 min A língua das Mariposas diretor José Luis Cuerda 1999 96 min O sorriso de Mona Lisa diretor Mike Newell 2003 117 min A voz do coração diretor Christophe Barratier 2003 95 min Escritores da Liberdade diretor Richard LaGravenese 2007 123 min Ponderações Finais Nájela Tavares Ujiie 140 Como estrelas na terra toda criança é especial diretor Aamir Khan 2008 165 min Chamamos atenção especial para o último filme mencionado e conclamamos a todos os educadores independentes da área de ensino que sejam sensíveis ao outro na escuta no olhar no ver e enxergar a alma infantil Toda criança é especial assim deve ser vista pela sua potencialidade e não por suas limitações por seus acertos e não por seus erros A arte é a ciência da liberdade do nonsense Portanto educadores e possíveis arte educadores cuidem para não impregnar de senso crítico adultocêntrico e senso o que é dissenso mas mola propulsora à criação Frente ao exposto até aqui finalizo minhas ponderações com o que acredito acreditar acerca da arte e seu ensino no universo escolar sem certezas e verdades absolutas porque a vida assim como a arte é dinâmica repleta de contradição e movimento E as transformações inclusive das ideias são para os que estão vivos como você e como eu ABRAMOVICH F Literatura Infantil gostosuras e bobices São Paulo Scipione 1985 ALVES Leonir Pessate ANASTASIOU Léo das Graças Camargos Org Processos de ensinagem na universidade pressupostos para estratégias de trabalho em aula 6 ed Joinville UNIVILLE 2006 ALMEIDA Célia Maria de Castro Concepções e práticas artísticas na escola In FERREIRA Sueli org O ensino das artes construindo caminhos 7 ed CampinasSP Papirus 2009 p 1138 BARBOSA Ana Mãe A Imagem no Ensino da Arte anos oitenta e novos tempos 4 ed São Paulo Perspectiva 2001 BARBOSA Ana Mae org Inquietações e mudanças no ensino da arte São Paulo Cortez 2008 REFERÊNCIAS Nájela Tavares Ujiie 142 BATTISTONI FILHO Duílio Pequena História da Arte 7 ed Campinas SP Papirus 1996 BENNETT Roy Uma breve história da música Rio de JaneiroRJ Jorge Zahar 1986 BLOT Bernard O teatro In PORCHER Louis Educação artística luxo ou necessidade São Paulo Summus 1982 BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei n 569217 de 11 de agosto de 1971 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional Diário Oficial da União BrasíliaDF 11 ago 1971 BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil São Paulo Imprensa Oficial do Estado 1988 BRASIL Estatuto da Criança e do Adolescente Lei n 806990 de 13 de julho de 1990 BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei n 939496 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional Diário Oficial da União BrasíliaDF 23 dez 1996 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais Arte Brasília MECSEF v 6 1997 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais Língua Portuguesa Brasília MECSEF v 6 1997 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil BrasíliaDF MECSEFDPECOEDI v 3 1998 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 143 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais ensino médio Brasília MECSEF 2000 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais 5ª a 8ª séries ed 2 Brasília MECSEF 2001 BRASIL Conselho Nacional da Educação Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil Resolução CNECEB nº 052009 aprovada em 17 de dezembro de 2009 BrasíliaDF Diário Oficial da União 2009 BRASIL Conselho Nacional da Educação Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica Resolução CNECEB nº 042010 aprovada em 13 de julho de 2010 BrasíliaDF Diário Oficial da União 2010 BRASIL Conselho Nacional da Educação Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove Anos Resolução CNE CEB nº 072010 aprovada em 14 de dezembro de 2010 BrasíliaDF Diário Oficial da União 2010 BRASIL Conselho Nacional da Educação Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio Resolução CNECEB nº 022012 aprovada em 30 de janeiro de 2012 BrasíliaDF Diário Oficial da União 2012 BRÉSCIA Vera Pessagno Educação Musical bases psicológicas e ação preventiva CampinasSP Átomo 2003 BRITO Teca Alencar de Música na Educação Infantil propostas para a formação integral da criança PetrópolisRJ Editora Fundação Petrópolis Ltda 2003 Nájela Tavares Ujiie 144 CANTON Kátia Novíssima Arte Brasileira um guia de tendências São Paulo Iluminuras 2000 CORSO Angela Maria PIETROBON Sandra Regina Gardacho Teoria e Metodologia do Ensino da Matemática Guarapuava UNICENTRO UAB 2012 Coleção Pedagogia Saberes em Construção CURY Carlos Roberto Jamil Categorias políticas para a educação básica BrasíliaDF Imprensa Oficial 1997 DIXON Andrew Graham Arte o guia visual definitivo Sl Publifolha 2012 DELEUZE Gilles GUATTARI Félix Mil plâtos capitalismo e esquisofrenia São Paulo Editora 34 1995 EISNER Elliot Estrutura e mágica no ensino da arte In BARBOSA Ana Mae org ArteEducação leitura no subsolo 7 ed São Paulo Cortez 2008 FARINA Cynthia Práticas estéticas e práticas pedagógicas Corpo e contemporaneidade In 29º Reunião da Associação Nacional da ANPED Associação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Educação Educação cultura e conhecimento na contemporaneidade desafios e compromissos CaxambuMG 2006 FARINA Cynthia Formação estética e estética da formação In FRITZEN Celdon MOREIRA Janine orgs Educação e arte as linguagens artísticas na formação humana CampinasSP Papirus 2008 p 95107 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 145 FERREIRA Paulo Nin Artes visuais na Educação Infantil In NICOLAU Marieta Lúcia Machado DIAS Marina Célia Moraes orgs Oficina de sonho e realidade na formação do educador da infância 3 ed Campinas SP Papirus 2007 FIGUEIREDO Lenita Miranda História da Arte para Crianças 11 ed São Paulo Cengage Learning 2011 FORQUIN JeanClaude Escola e cultura as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar Tradução Guacira Lopes Louro Porto Alegre Artes Médicas 1993 FRANGE Lucimar Bello P Arte e seu ensino uma questão ou várias questões In BARBOSA Ana Mae org Inquietações e mudanças no ensino da arte São Paulo Cortez 2008 p 3548 FUSARI Maria Felisminda de Rezende FERRAZ Maria Heloísa Corrêa de Toledo Arte na Educação Escolar 2 ed rev São Paulo Cortez 2001 Coleção Magistério de 2º grau Série Formação Geral GANDIN Daniel Escola e transformação social PetrópolisRJ Vozes 1995 HERNÁNDEZ Fernando Cultura visual mudança educativa e projeto de trabalho Porto Alegre Artmed 2000 HONORIO Cintia Maria Arte Caminhos construção e fruição CuritibaPR Base 2007 HUMMES Julia Maria Por que é importante o ensino de música Considerações sobre as funções da música na sociedade e na escola In Revista da ABEM Porto Alegre v 11 set 2004 p 1725 Nájela Tavares Ujiie 146 HUIZINGA Johan Homo ludens a brincadeira como elemento da cultura 2 ed São Paulo Perspectiva 1980 IAVELBEG Rosa O desenho cultivado da criança prática e formação de educadores 2 ed Porto AlegreRS Zouk 2008 INSTITUTO Arte na Escola Referenciais Curriculares em Arte Edição de verão São Paulo v 49 fevereiro 2008 p 45 KOHL Maryann F O livro dos arteiros arte grande e suja Porto Alegre RS Artmed 2002 KOHL Maryann F Fazendo arte com qualquer coisa Porto AlegreRS Artmed 2012 KOHL Maryann F POTTER Jean Descobrindo a ciência pela arte propostas de experiências Porto AlegreRS Artmed 2003 KOHL Maryann F POTTER Jean A arte de cozinhar Porto AlegreRS Artmed 2005 KOHL Maryann F RAMSEY Renee BOWMAN Dana Iniciação a arte para crianças pequenas Porto AlegreRS Artmed 2005 KOHL Maryann F SOLGA Kim Descobrindo grandes artistas a prática da arte para crianças Porto AlegreRS Artmed 2001 LEITE Maria Isabel OSTETTO Luciana Esmeralda Formação de Professores o convite da arte In LEITE Maria Isabel OSTETTO Luciana Esmeralda Arte infância e formação de professores autoria e transgressão 3 ed CampinasSP Papirus 2004 p 1124 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 147 LIBÂNEO José Carlos Didática São Paulo Cortez 1994 MACHADO Maria Clara Teatro na Educação In Cadernos de Teatro Rio de Janeiro O Tablado 1972 p610 MACHADO Maria Clara A aventura do teatro 9 ed Rio de Janeiro José Olympio 1999 MARTINS Mirian Celeste Ferreira Dias PICOSQUE Gisa GUERRA Maria Terezinha Telles Teoria e prática no ensino da arte a língua do mundo São Paulo FTD 2009 MENDES Adriana CUNHA Glória Um universo sonoro nos envolve In In FERREIRA Sueli org O ensino das artes construindo caminhos 7 ed CampinasSP Papirus 2009 p79114 PABIS Nelsi Antonia Teoria e Metodologia do Ensino da História e Geografia Guarapuava UNICENTROUAB 2012 Coleção Pedagogia Saberes em Construção PARANÁ Secretaria de Estado da Educação Diretrizes Curriculares Estaduais de Arte e Artes CuritibaPR SEEDSE 2008 PARANÁ Secretaria de Estado da Educação Ensino fundamental de nove anos orientações pedagógicas para os anos iniciais CuritibaPR SEEDSE 2010 RAJCHMAN John O pensamento na arte contemporânea In Novos Estudos São Paulo Fundação Carlos Chagas FCC v 91 nov 2011 p 97106 Nájela Tavares Ujiie 148 RIZZI Maria Christina de Souza Lima Reflexões sobre a abordagem triangular do ensino da arte In BARBOSA Ana Mae org Ensino da arte memória e história São Paulo Perspectiva 2008 ROGRIGUES Antonio Medina Antologia da Literatura Brasileira o modernismo São Paulo Marco Editorial 1979 SANS Paulo de Tarso C Pedagogia do Desenho Infantil 2 ed Campinas SP Alínea 2007 SCHILLER Pam ROSSANO Joan Ensinar e Aprender brincando mais de 750 atividades para educação infantil Porto AlegreRS Artmed 2008 STRAZZACAPPA Márcia A arte do espetáculo vivo e a construção do conhecimento vivenciar para aprender In FRITZEN Celdon MOREIRA Janine orgs Educação e arte as linguagens artísticas na formação humana CampinasSP Papirus 2008 p 7794 STRAZZACAPPA Márcia Dançando na chuva e no chão de cimento In FERREIRA Sueli org O ensino das artes construindo caminhos 7 ed CampinasSP Papirus 2009 p 3978 UJIIE Nájela Tavares et al A obra teatral um olhar contemporâneo e prazeroso In Revista Páginas Abertas São Paulo Paulus ano 28 nº 17 2003 p 1415 VIANA Tiche STRAZZACAPPA Márcia Teatro na educação reinventando mundos In FERREIRA Sueli org O ensino das artes construindo caminhos 7 ed CampinasSP Papirus 2009 p 115138 XR Marcus Valério O que é arte Publicado 24 de outubro de 2001 Disponível em httpwwwxrprobrArtehtml Acesso em 05102012 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 149 ZYCH Anizia Costa Didática Guarapuava UNICENTROUAB 2010 Coleção Pedagogia Saberes em Construção YOGI Chizuko Aprendendo e Brincando com a Música e com Jogos Rio de Janeiro Fapi Ltda 2003 ANEXO 1 ROTEIRO LEITURA ESTÉTICA ANÁLISE OBJETIVA AUTOR DA OBRA CONTEXTO momento histórico período lugar data CORRENTE ARTÍSTICA movimento característico LINHAS horizontais verticais diagonais curvas quebradas circulares trançadas espiraladas tracejadas torcidas contínuas finas grossas FORMAS geométricas orgânicas animaisvegetais angular arredondada semi circular cônica piramidal etc ANEXO Nájela Tavares Ujiie 152 CORES primárias secundárias terciárias complementares quentes frias neutras contrastantes claras escuras brilhantes fortes etc TEXTURA lisa áspera sedosa aveludada rígida granulada porosa macia arenosa rugosa quebradiça escorregadia etc TÉCNICA pintura desenho gravura fotografia colagem assemblage escultura escultura objeto xenografia instalação holografia laser TEMÁTICA retrato autoretrato cena cotidiana cena histórica cena religiosa paisagem rural paisagem urbana marinha natureza morta alegoria abstração BELEZA belo do real belo da realidade belo da expressão da comunicação imagética ANÁLISE SUBJETIVA Impressão pessoal Sentimentos que emanam alegria tristeza dramaticidade paz leveza desprezo revolta ternura piedade irritação relaxamento tensão esperança melancolia solidão amizade resignação calmaria harmonia amor dor agressividade paixão lentidão vergonha austeridade compaixão movimento agitação Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 153 Teoria e Metodologia do Ensino da Arte 155