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Disponível em wwwscielobrpcp Artigo Psicologia Ciência e Profissão 2021 v 41 e224079 115 httpsdoiorg10159019823703003224079 Idosos Soropositivos A Construção de Significados para o Envelhecimento com HIVAids Isadora Cristina Putti Paludo1 1Universidade Federal de Santa Catarina SC Brasil Luisa da Rosa Olesiak2 2Universidade Federal de Santa Maria RS Brasil Alberto Manuel Quintana2 2Universidade Federal de Santa Maria RS Brasil Resumo O processo de envelhecimento traz o enlace da representação simbólica da velhice e suas implicações inconscientes Os idosos soropositivos lidam com a Aids doença cujas representações ressoam no narcisismo do sujeito Frente a isso este estudo objetivou compreender como se constrói a experiência de envelhecer com o diagnóstico de HIVAids O estudo é qualitativo e descritivo com referencial teórico psicanalítico Participaram sete idosos três mulheres e quatro homens diagnosticados com HIVAids no período de 2016 e 2017 e que realizavam acompanhamento da doença em um hospital público no interior do Rio Grande do Sul Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram questionário sociodemográfico e entrevista semiestruturada A partir da análise de conteúdo de Bardin 2010 foram construídas três categorias a Eu tenho cara de velho Eu ajo como velho b Tu tá com Aids Eu perdi o chão e c Isso aqui não vai sair das quatros paredes eu não vou abrir para ninguém Constatouse nos relatos dos participantes que tinham dificuldade de apreciar sua imagem frente ao espelho pois corriam o risco de se defrontar com as marcas do envelhecer e do adoecer Ademais o diagnóstico positivo para HIV gerava um processo de luto e evidenciava horror por isso mantinhase em sigilo Nesse sentido tornase fundamental oferecer um cuidado mais sensível e integral para a saúde dos idosos que são soropositivos pois esse diagnóstico abala além da vida afetivosexual o processo singular de envelhecimento por colocar em prova questões estruturantes da identidade Palavraschave Envelhecimento HIV Síndrome de Imunodeficiência Adquirida Psicanálise Seropositive Older Adults The Construction of Meanings for Aging with HIVAIDS Abstract Aging promotes a series of symbolic representation of old age and its unconscious implications This process is yet more complex for HIVpositive older adults who deal with a disease that impacts the subjects narcissism Thus from a psychoanalytic perspective this qualitative descriptive study aimed to understand how seropositive individuals construct the experience of aging The sample consisted of seven older adults three women and four men diagnosed with HIVAIDS between 2016 and 2017 and who were monitoring the disease in a public hospital in the countryside of Rio Grande do Sul Data were collected by means of a sociodemographic questionnaire and a semistructured interview and analyzed in the light of Bardins 2009 content analysis resulting in three categories 1 Am I old Do I act like Im old 2 You have AIDS I feel lost and 3 This stays between us I wont tell anyone Participants reported difficulty in looking at themselves in the mirror for they could see the marks 2 Psicologia Ciência e Profissão 2021 v 41 e224079 115 of both aging and the disease HIV diagnosis caused them grief and horror so that it remained confidential The results highlight the relevance in offering a more sensitive and integral care for HIVpositive older adults since this diagnosis undermines not only their emotionalsexual life but also the singular process of aging putting in test structuring questions of the identity Keywords Aging HIV Acquired Immunodeficiency Syndrome Psychoanalysis Ancianos Seropositivos Construcción de Significados para el Envejecimiento con VIHsida Resumen El proceso de envejecimiento trae el vínculo de la representación simbólica de la vejez y sus implicaciones inconscientes Los ancianos seropositivos tratan con el sida enfermedad que tiene representaciones resonantes en el narcisismo del sujeto Frente a eso este estudio se propuso comprender cómo se construye la experiencia de envejecer con el diagnóstico de VIHsida Este es un estudio cualitativo y descriptivo con marco teórico psicoanalítico Participaron siete ancianos tres mujeres y cuatro hombres diagnosticados con VIHsida en el período de 2016 y 2017 y que realizaban monitoreo de la enfermedad en un hospital público del estado de Rio Grande do Sul Brasil Los instrumentos utilizados en la recopilación de datos fueron cuestionario sociodemográfico y entrevista semiestructurada Con base en el análisis de contenido de Bardin se construyeron tres categorías Parezco viejo Actúo como viejo 2 Usted tiene sida Se me cayó el mundo encima y 3 Esto no va a salir de aquí no lo voy a decir a nadie Se constató en los relatos de los participantes una dificultad para apreciar su imagen frente al espejo debido al riesgo de enfrentarse con las marcas del envejecimiento y de la enfermedad El diagnóstico positivo para el VIH generaba un proceso de duelo y evidenciaba el horror en los participantes por lo que lo mantenían en secreto En este sentido es fundamental ofrecer un cuidado más sensible e integral para la salud de los ancianos seropositivos puesto que ese diagnóstico afecta mucho además de la vida afectiva y sexual el proceso singular de envejecimiento y pone a prueba cuestiones estructurantes de identidad Palabras clave Envejecimiento VIH Síndrome de Inmunodeficiencia Adquirida Psicoanálisis Introdução Falar do envelhecimento parece causar estra nheza na maioria das pessoas pois situase no campo do interdito daquelas coisas sobre as quais é melhor não falar e que causam malestar Rosa Vilhena 2016 Contudo esse é um processo irreversível que se inscreve no tempo começa com o nascimento e progride inexoravelmente até a finitude do indivíduo Messy 1992 Segundo Elias 2001 ser velho é uma construção que parte da interiorização de uma identi dade individual e coletiva e portanto não é algo que ocorre de forma homogênea O conceito de idoso estabelecido pela Organização das Nações Unidas por meio da Resolução 39125 considera como idosas as pessoas com sessenta anos ou mais que vivem em países em desenvolvimento Já para os países desenvolvidos idosos são aqueles que têm 65 anos ou mais Organização das Nações Unidas 2003 Sendo assim o critério cronológico é um dos mais utilizados para definir o ser idoso Segundo Neri 1991 as idades passam a funcionar como relógios sociais estabelecendo agendas para o tempo e o ritmo esperado do desenvolvimento humano Nesse sentido o trabalho psíquico que acontece no envelhecimento não diz respeito só às condições sociais da velhice visto que faz eco com experiências psíquicas complexas que estruturam a psique de forma nodal Cherix 2015 Logo a maneira como cada um reage ao envelhecimento não deixa de estar relacio nada com as primeiras experiências da infância que 3 Paludo I C P Olesiak L R Quintana A M 2021 Idosos soropositivos a construção de significados serviram de base estruturante para a constituição dos alicerces da subjetividade Rosa Vilhena 2015 Sabese que as pessoas estão envelhecendo em ritmo ascendente de crescimento e essa constatação demonstra que é necessário voltar o olhar para ques tões referentes ao envelhecer pois é um fenômeno que traz implicações de ordem biológica cultural social e psicológica Altman 2011 Cherix 2015 Rosa Vilhena 2016 Frente ao resgate da vivência dos idosos a partir da subjetividade considerase fundamental uma com preensão dos estigmas e transformações em torno da imagem do idoso e de sua sexualidade especialmente quanto ao estigma da infecção pelo HIVAids Desse modo é necessário ter a percepção de que eles são sujeitos com existências particulares e histó ricas constituídos não apenas por uma doença crô nica relacionada a estigmas e preconceitos mas por uma significação que engloba o todo de suas vidas Bacchini Alves Ceccarelli Moreira 2012 Pinheiro 2013 Saldanha Araújo Sousa 2009 Atualmente o HIVAids está se tornando cada vez mais fre quente entre a população idosa brasileira Segundo os últimos Boletins Epidemiológicos do Ministério da Saúde verificase uma elevação no número de casos notificados na faixa etária igual ou superior a sessenta anos Ministério da Saúde 2017 A problemática do envelhecimento e a Aids no Brasil relacionase à questão cultural e de exclusão sobretudo ao preconceito social relacionado à prática de sexo nessa idade Saldanha et al 2009 Santos Assis 2011 A pos sibilidade de uma pessoa com mais de sessenta anos ser infectada pelo HIV parece ser mínima para a socie dade e para os próprios idosos uma vez que a sexuali dade nessa faixa etária ainda é tratada como tabu Serra Sardinha Pereira Lima 2013 Silva Saldanha 2012 Conforme Veras 2007 o vírus coloca em ques tão não só as fantasias inconscientes da sexualidade mas também o imaginário social sobre o corpo e sua importância na construção da subjetividade Desse modo com a descoberta do diagnóstico o sujeito soropositivo pode entrar em um processo de menos valia provocado a partir da desestruturação psíquica Pinheiro 2013 Silva Saldanha 2012 Villela 2013 Por isso é necessário desmitificar a invisibilidade sexual dos idosos a fim de lhes garantir uma vida sexual saudável e contínua o que lhes é de direito Santos Assis 2011 Afinal o idoso tem tanta vontade de sen tir contato físico quanto jovens e adultos e continua expressando sua sexualidade até o fim da vida Porém para o social o corpo envelhecido não teria mais inte resse como objeto de investimento Cherix 2015 A respeito disso parece existir uma cegueira por parte da maioria da população quando se trata dos idosos e suas singularidades pois cultuase a juven tude e a atividade como formas de esconder as marcas da passagem do tempo Cherix 2015 Rosa Vilhena 2016 Assim são propostos estereótipos de beleza que passam a ser vistos como modelos de corpo ideal e que geralmente são associados ao poder e à aceita ção social Rosa Veras Assunção 2015 Desse modo entendese que a presente pesquisa pode contribuir para o conhecimento mais aprofun dado sobre como ocorre o processo de busca por significados e quais sentidos os idosos soropositivos constroem para suas vivências Frente ao universo complexo que se estabelece no processo de envelhe cimento surge o interesse em escutar esses sujeitos e conhecer o modo como eles significam seus corpos suas modificações corporais e suas histórias de vida antes e após o diagnóstico de HIVAids Método Delineamento e participantes Esta pesquisa consiste em um estudo qualita tivo e descritivo com referencial teórico psicanalí tico Participaram sete idosos três mulheres e quatro homens com idades de 61 a 69 anos Os critérios de inclusão foram homens ou mulheres com faixa etária de 60 a 70 anos diagnosticados com HIVAids iden tificados no período de 2014 a 2017 pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação Sinan e com acompanhamento da doença em um hospital público do interior do Rio Grande do Sul O critério de exclu são foi o participante não ter capacidade cognitiva ou apresentar dificuldades na fonação ou audição que lhe impossibilitassem de participar da entrevista O número de participantes foi definido com base no critério de saturação da amostra visto que as informações se repetiam com os sete participan tes Conforme Minayo 2011 a saturação ocorre quando o pesquisador alcança a compreensão da homogeneidade da intensidade e da diversidade das informações necessárias para a pesquisa Além disso segundo Fontanella Ricas e Turato 2008 se as infor mações coletadas repetiremse entre os participantes e novas entrevistas não proporcionem acréscimos 4 Psicologia Ciência e Profissão 2021 v 41 e224079 115 significativos para a discussão do estudo o pesquisa dor poderá fechar o grupo de pesquisa Instrumentos Foi utilizado um questionário de dados sociode mográficos visando coletar informações relevantes para a caracterização da amostra além de um roteiro de entrevista semiestruturada Segundo Triviños 1987 a entrevista semiestruturada é composta por questionamentos básicos apoiados em teorias e hipóteses relacionadas ao tema da pesquisa Dessa forma as questões norteadoras do estudo abrange ram aspectos da subjetividade envolvida no processo de envelhecer com HIVAids da relação com o espe lho e a construção da imagem corporal dos idosos dos significados conferidos à sexualidade à doença e às modificações corporais e por fim os sentidos atri buídos a ser idoso soropositivo na sociedade atual Procedimentos e coleta de dados Obtevese autorização institucional do hospital para a realização da pesquisa e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa com seres huma nos da instituição de ensino sob o registro nº CAAE 88154718600005346 Na presente pesquisa foram preservados os princípios éticos da pesquisa com seres humanos presentes na Resolução nº 4662012 do Conselho Nacional de Saúde bem como foram respei tados os princípios éticos da Resolução nº 5102016 legislação vigente de pesquisa com seres humanos nas áreas de ciências sociais e humanas Primeiramente realizouse o levantamento de dados no banco do Sinan por meio do Núcleo de Vigilância Epidemiológica do referido hospital Foram identificados 38 casos notificados entre 2014 e 2017 de sujeitos na faixa etária de 60 a 70 anos O maior número de casos acometia o sexo mascu lino havia 27 homens e 11 mulheres infectados e a infecção ocorreu predominantemente por via sexual Foi possível constatar que em 2016 e 2017 houve um aumento no número de pessoas infec tadas 27 casos se comparados aos anos de 2014 e 2015 quando houve 11 casos Inicialmente pensouse em entrar em contato via telefone com os participantes para convidálos a participar do estudo e assim agendar um encon tro para a realização da entrevista Contudo perce beuse que essa estratégia não estava sendo eficaz pois os números estavam desatualizados bem como houve grande recusa e medo da exposição entre os que receberam a ligação Então após essa dificul dade inicial optouse por trabalhar junto ao setor de infectologia do hospital Ao repassar as informações para o respectivo setor tomouse conhecimento do agendamento de oito consultas A partir disso os participantes passaram a ser acessados pela pesqui sadora no momento em que iam realizar consulta Os idosos convidados a integrar o estudo recebe ram explicações sobre os aspectos da pesquisa bem como assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE As entrevistas foram realizadas em uma sala do hospital e tiveram duração média de 40 minutos Após o encontro realizouse a transcrição das falas dos participantes que passaram a ser identi ficados pelos códigos MX para mulheres e HX para homens Foram realizadas um total de 7 entrevistas Análise dos Dados Os dados foram analisados a partir da Análise de Conteúdo de Bardin 2010 por meio da qual se pro curou sentidos e compreensões comuns aos dados coletados e se identificou categorias para serem ana lisadas e discutidas Nessa técnica de análise para que se possa extrair tendências claras e chegar a uma conclusão é necessário realizar um estudo minu cioso do conteúdo do material obtido das palavras e frases que o compõem O processo de categorização implicou na lei tura atenta e frequente das verbalizações reali zada por dois membros da equipe buscando um ordenamento das mensagens a partir do suporte de conhecimentos científicos Para a elucidação do fenômeno foram considerados dois critérios para a categorização dos dados a repetição que demons tra o conteúdo emergente no discurso dos entrevis tados e o critério da relevância segundo o qual se coloca em destaque um aspecto rico em conteúdo Turato 2013 Ambos analisaram separadamente as entrevistas e debateram o conteúdo mais frequente e o mais relevante de modo que as categorias resulta ram de consenso Resultados e discussão A seguir será apresentada uma tabela para melhor compreensão dos dados sociodemográficos dos entrevistados A disposição dos participantes 5 Paludo I C P Olesiak L R Quintana A M 2021 Idosos soropositivos a construção de significados na tabela foi baseada na ordem em que ocorreram as respectivas entrevistas realizadas entre junho e setembro de 2018 Todos os participantes estavam doença Já na última categoria Isso aqui não vai sair das quatros paredes eu não vou abrir pra ninguém refletiuse sobre o não compartilhamento da doença e o medo do estigma e da discriminação Eu tenho cara de velho Eu ajo como velho Os participantes questionavam seus hábitos e comportamentos buscando respostas que justifi cassem a maneira como se percebiam nessa fase da vida Para muitos o modo como pensavam em si mesmos permitia construir significados sobre o que é o processo de envelhecimento No trecho a seguir M1 reflete acerca do que seriam atividades consideradas para velhos assim como enfatiza a importância do pensamento na percepção de si A gente leva a vida que a gente pensa somos o que pensamos Tem pes soas da minha idade que tão fazendo tricô crochê tão vendo novela tão tomando chá da cinco Eu gosto de bater papo de fazer festa M1 em acompanhamento no hospital onde foi realizado o estudo e tinham consultas agendadas no setor de infectologia a cada dois ou três meses Tabela 1 Características sociodemográficas dos participantes Participantes Idade Estado civil Escolaridade Profissão Religião Renda Sinan M1 67 anos Divorciada Ensino Médio incompleto Aposentada Umbanda Até um saláriomínimo 2017 H1 68 anos Viúvo Ensino Fundamental incompleto Aposentado Católico Até um saláriomínimo 2017 H2 69 anos Divorciado Ensino Fundamental completo Aposentado Sem religião definida Até dois saláriosmínimos 2017 M2 64 anos Casada Ensino Fundamental incompleto Dona de casa Sem religião definida Até um saláriomínimo 2016 H3 66 anos Viúvo Ensino Fundamental completo Aposentado Católico Até um saláriomínimo 2016 H4 62 anos Solteiro Ensino Fundamental incompleto Do lar Espírita Até um saláriomínimo 2016 M3 61 anos Divorciada Ensino médio incompleto Aposentada Católica Até um saláriomínimo 2016 Sinan Sistema de Informações de Agravos de Notificação O estudo foi composto por sete participantes identificados com HIVAids pelo Sinan nos anos de 2016 e 2017 cuja escolaridade variou de Ensino Fundamental incompleto a Ensino Médio incom pleto eram aposentados e tinham renda de até um saláriomínimo A maior parte eram divorciados moravam sozinhos e tinham alguma crença espiritual que auxiliava a significar os episódios de suas vidas A partir da apresentação dos dados prévios que caracterizam os perfis dos participantes três cate gorias que retratam como idosos com HIVAids sig nificam suas experiências foram construídas por meio da Análise de Conteúdo de Bardin 2010 A primeira categoria Eu tenho cara de velho Eu ajo como velho problematizou os olhares sobre o enve lhecer os registros que passaram a marcar o corpo e a imagem além de debater questões do narcisismo A segunda categoria Tu tá com Aids Eu perdi o chão abordou o processo de luto desencadeado pela descoberta do diagnóstico e os sentimentos diante da 6 Psicologia Ciência e Profissão 2021 v 41 e224079 115 Outro ponto destacado nas entrevistas foi a dicotomia entre os conceitos de velho e de idoso Para a maior parte dos participantes há diferença no tratamento quando uma pessoa se refere a outra usando um ou outro termo Notouse nos discursos que o termo velho era carregado de representações de decrepitude e incapacidade conforme as falas a seguir Velho é estupidez tá dando um chega pra lá Velho é agressivo desprezível H2 A pessoa velha ninguém dá bola entendeu porque é velho H4 Contudo apenas H1 e H3 acreditavam que os termos tinham os mesmos significados e não traziam um sen tido depreciativo aos sujeitos Eu fico faceiro velho idoso pra mim tá bom H3 Com as novas configurações do envelhecimento pode ser considerado velho a pessoa que perdeu a capacidade ou as habilidades para exercer sua vida e ficou dependente dos cuidados dos outros enquanto idoso é aquele que possui independência e autono mia para realizar suas atividades e manterse ativo na sociedade Altman 2011 Diante disso no mundo ocidental capitalista ninguém quer ser velho na medida em que ser velho é sinônimo de incapaci dade física intelectual e psíquica Vilhena Novaes Rosa 2014 Contudo a velhice é um destino singular em que cada um envelhece a seu próprio modo pois cada um inscreverá algo que lhe é próprio Corrêa 2003 Silva Finocchio 2011 Para os participantes era importante cultuar a juventude pois esse culto é valorizado socialmente e seria uma forma de tentar remediar o contato com a velhice o que repercute em uma posição subjetiva de negação dessa fase da vida como indicam H1 e H4 Pela idade que eu tô e com os problemas que eu tive eu me considero novo H1 Eu não me considero uma pessoa velha H4 Já para M1 valorizar e inves tir em seu corpo era uma tentativa de manter a ilusão narcísica de que seu corpo não estava envelhecendo Às vezes eu passo por ridícula a minha saia tem 35 cm não tenho varizes minhas pernas são boniti nhas meu seio não é caído Então eu me acho jovem pra idade que eu tenho M1 Se por um lado existe o reconhecimento do que é ser uma pessoa idosa por outro simultaneamente os participantes consideram que ainda não o são Isso remete ao mecanismo de defesa de renegação de Freud segundo o qual o sujeito se recusa a reco nhecer uma percepção negativa ou seja uma falta Roudinesco Plon 1998 Assim por meio desse mecanismo os participantes podem continuar se con siderando jovens a despeito de saberem que já não o são mais o que demonstra que em especial na velhice o corpo recebe significados que remetem à juventude Percebese em M1 uma tentativa de disfarçar os indícios do processo de envelhecimento pois ela cons trói um sentido de jovialidade para seu corpo motivada pelo fato de as modificações no corpo mudarem a forma como ele é visto e nomeado pelo outro Dessa maneira segundo Vilhena et al 2014 o processo de adultescên cia tem se configurado como uma eterna busca pela aparência jovem seja no corpo seja nas roupas e no estilo de vida que as pessoas adotam na sociedade Atualmente desenvolvese em ritmo crescente as ofertas por tratamentos médicos prescrição de dietas e cirurgias plásticas como forma de postergar a aproximação das pessoas com o envelhecimento e com a morte Rosa et al 2015 Nesse tocante a dificuldade em lidar com o tempo é comum a várias idades mas ela se evidencia de maneira diferente na pessoa idosa já que o corpo que está diferente escancara essa rela ção com o tempo Aragão Chariglione 2019 Mucida 2017 Afinal no corpo se revela uma velhice não dese jada que assusta os sujeitos como se fosse uma grande ameaça pois não se quer ser velho ou parecer velho em uma sociedade que supervaloriza o novo e o belo O relato de H2 revelou a dificuldade em lidar com a passagem do tempo e demonstrou uma preferência pelas recordações de como era sua imagem no pas sado Dessa forma ele evita confrontarse com um corpo que agora é marcado por outro registro o enve lhecer Mucida 2017 elucida o desafio da apropriação da velhice pelo sujeito argumentando que a despeito do envelhecimento existem aspectos que jamais enve lhecem em cada um visto a lógica da atemporalidade psíquica Frente a isso o sujeito assume a perspectiva de que o tempo não passou o que pode repercutir em uma dificuldade de reconhecer sua imagem real Conforme Cherix 2015 é a partir da imagem corporal inconsciente que cada sujeito representa seu próprio corpo pois tal imagem se integra à identi dade e esse processo possibilita o reconhecimento do eu em vários momentos da vida apesar das modifica ções do corpo ao longo do tempo Logo H2 apresen tava a mobilização de questões narcísicas demons trando ter dificuldade em lidar com o descompasso entre o corpo temporal e o inconsciente atemporal O participante relatou que nas redes sociais usava uma foto que não condizia com sua imagem atual 7 Paludo I C P Olesiak L R Quintana A M 2021 Idosos soropositivos a construção de significados o que demonstra como o processo de envelhecimento coloca em prova questões estruturantes da identidade Eu quero me sentir como eu tivesse os meus 40 e poucos Foto eu tô evitando de tirar porque eu acho que quando eu era novo eu era bem melhor mas eu já tirei muita foto tenho um álbum de modelo risada No meu Facebook eu tenho uma foto de quando eu era novo eu não botei de agora eu botei de quando eu tinha 30 e poucos anos H2 Para Corrêa 2003 o sujeito constrói sua reali dade a partir do encontro com sua imagem no espe lho Nesse sentido no envelhecimento parece ocorrer uma espécie de reedição do estádio do espelho isto é uma reexperiência do espelho em que o sujeito se descobre modificado pelos irremediáveis sinais do tempo Para Lacan 19661998 o estádio do espelho é um modelo que atravessa toda a vida do sujeito e representa a relação libidinal com sua imagem cor poral iniciada quando ainda é bebê Desse modo a imagem constituinte do eu ideal seria fruto da busca constante do sujeito por recuperar uma satisfação desfrutada na perfeição narcisista da infância Baldin Vidal 2017 Cherix 2015 Rosa Vilhena 2015 Quando os participantes foram questionados sobre como se sentiam quando olhavam sua imagem no espelho notouse que havia diferentes significa ções para essa mesma experiência Enquanto M2 M3 H1 e H2 reconheciam os sinais da velhice e as castrações sofridas ao longo do tempo M1 optava por não se olhar para evitar a emergência de sentimentos negativos e a revelação das marcas de sua finitude Os recortes a seguir ilustram essas representações dos entrevistados Eu não tinha o rosto envelhecido de agora mas é a lei da vida a gente envelhecer é a lei da gravidade M3 Eu não me olho no espelho O meu espelho sou eu mesma a minha cabeça Tenho um espelho de dois metros no meu quarto que eu não me olho que é só pra bonito M1 Quando o sujeito não se reconhece em sua pró pria imagem ele pode permanecer fixado a um tempo passado rejeitando o presente A descoberta dos sinais que marcam a passagem do tempo causa um senti mento de estranheza a partir do qual surgem dúvidas e incertezas sobre si mesmo Aragão Chariglione 2018 Corrêa 2003 Mucida 2017 Segundo Goldfarb 1998 a dificuldade no reconhecimento da imagem no espelho marca a fase do espelho negativo na qual se dá o nãoreconhecimento do envelhecimento do corpo olhase no espelho e se diz esse não sou eu Ao mesmo tempo em que o participante H2 admi tia as marcas do tempo em seu corpo ele se esquivava do encontro com o velho do espelho e tinha a necessi dade de reforçar que a velhice dizia respeito ao outro ou seja era algo que não lhe pertencia Eu vejo que tô ficando velho mas eu não gosto mais de me olhar no espelho Eu não me sinto velho mas tem gente que se sente né Nesse sentido Mucida 2017 traz que a velhice não é reconhecida pela própria pessoa de ime diato ela é algo do externo Se a pessoa não reconhece o velho em si o velho do espelho pode se tornar uma outra pessoa pois o velho é aquilo que não se quer ser Para M2 sua imagem lhe causava um sentimento tão hostil e de reprovação que ela retratou que seria capaz de quebrar o espelho A participante parecia não encontrar mais a possibilidade de ser algo melhor ou de ver refletida uma imagem que agradasse o outro e a si mesma Eu tô mais enrugada tô ficando velha per dendo cabelo que horror Eu quebro o espelho M2 Dessa forma se o eu não é mais seu próprio ideal sen timentos negativos emergem das nuances de ser velho as rugas as olheiras a pele flácida e os cabelos brancos Baldin Vidal 2017 Em contrapartida H1 demons trava ter uma boa relação com sua imagem no espelho pois aceitava as marcas do envelhecer e elaborava as perdas sem sofrer um esvaziamento da libido Eu vou na frente do espelho coloco um pouco de creme e digoah rosto véinho tu tá te desbotando com o peso da idade mas eu vou te cuida Eu noto que a gente com os anos vai caindo e não adianta é a natureza H1 Dessa forma notouse que a experiência de enve lhecer trazia dificuldade para os participantes se reco nhecerem e aceitarem a imagem refletida no espelho O enfrentamento com a nova imagem poderia apon tar o declínio físico e a impotência assim como pode ria sinalizar um corpo se definhando devido à doença Os registros do envelhecimento e do adoecimento seriam marcas de um corpo que já não é mais este reótipo de beleza vitalidade e saúde Não ver a pró pria imagem era uma forma de silenciar o diagnóstico já que a Aids acrescentaria ao corpo unificado uma mudança estética que denunciaria a doença trazendo significantes da ordem do insuportável 8 Psicologia Ciência e Profissão 2021 v 41 e224079 115 Tu tá com Aids Eu perdi o chão A Aids tem uma imensa força simbólica enquanto doença e causa ecos que envolvem questões da sexua lidade humana Bacchini et al 2012 Pinheiro 2013 Conforme Villela 2013 a notícia do HIV é uma expe riência convulsionária que opera mudanças estru turais de grande porte O corpo agora atravessado por um vírus recebe outra cartografia e demarca um novo modo de existência A revelação do HIV atinge o sujeito e cristaliza a sua existência em uma nova cate goria a de ter que conviver com o vírus Constatouse que para os entrevistados a desco berta do diagnóstico foi um momento marcado por surpresa e insegurança frente à doença bem como por sentimentos de vergonha tristeza decepção e medo É uma mistura de sentimentos assim de desespero de insegurança de vergonha de medo eu acho que é isso que a gente sente M1 Báh eu fiquei apavorado Porque a gente vê na televisão e tudo foi um descuido né daí eu me apavorei H3 Segundo Silva e Saldanha 2012 o medo o deses pero a angústia e as alterações de humor são senti mentos comumente vivenciados pelas pessoas após receberem o diagnóstico da soropositividade do HIV Nesse sentido ao receber a notícia de uma doença desencadeiase um processo de luto no sujeito visto que há uma perda concreta da saúde e da vitalidade Veras 2007 Villela 2013 Jerusalinsky 1996 retrata em sua abordagem psicanalítica do envelhecimento a vivência de uma série de mudanças e perdas singu lares ao processo da velhice que demandam ser ela boradas psiquicamente como a perda do vigor físico e sexual Esse processo instaura um desafio de se apro priar de um corpo que tem limitações não desempe nha mais a mesma performance e que é destituído de um lugar reconhecido de desejo Nos trechos de M2 e H2 percebese que havia a preocupação de o diagnóstico expor as experiências sexuais que ambos tiveram Os participantes trata ram o assunto como tabu por entenderem que o HIV não seria autorizado nessa fase da vida de modo que se configura como a doença do outro já que ainda se propagam os mitos acerca de uma velhice assexuada Me deu um estado de nervo Me dava vontade de chorar depois de mulher véia depois de mulher véia M2 No início eu fiquei bem chate ado bem derrotado sabe A gente acha que com a gente não vai acontecer H2 No caso de M2 a revelação do diagnóstico teve repercussões em sua vivência sexual pois suscitou um debate sobre questões de gênero e trouxe con sequências psicossomáticas como forma de marcar no corpo o evento traumático Segundo McDougall 19872000 a somatização serve como reação às dores mentais resultantes de um elevado nível de energia que não encontra representação e portanto não possibilita elaboração psíquica Desse modo algo precisa ser descarregado no corpo como uma atuação Observase pelo relato que M2 adquiriu o vírus de seu companheiro e em suas reflexões atribuía que a sexualidade do esposo e do homem é permi tida independentemente da idade enquanto para ela restava a castração Nesse sentido a participante não se autorizava mais a prática sexual e somatizava sin tomas de dor na parte inferior de seus membros por não permitir que a libido circulasse por essas partes de seu corpo Essa reflexão revela a historicidade dos papéis e comportamentos de homens e mulheres que envolvem as produções de sentido no cotidiano e as relações socioculturais de gênero Eu tenho muito frio da cintura pra baixo minhas perna é um gelo um gelo Parece que isso acon teceu depois que eu peguei isso aí né Acredita que esses dias eu tinha uma sacola de camisinha e eu peguei e joguei tudo fora eu não uso pra quê Não sinto mais vontade M2 Logo compreendese que o corpo erógeno se constrói apoiado no corpo biológico como defendeu Freud 19051996 em Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade Nesse sentido é a partir do corpo pulsio nal que se encontra o corpo narcísico que é investido de libido e o corpo realidade que investe libido no mundo externo ambos totalizam a formação do ego Assim para a psicanálise o corpo é considerado princi palmente corpo erógeno fonte de desejo prazer e dor Segundo Santos e Assis 2011 pelo fato de a sexualidade em idosos ser pouco investigada per manece na sociedade e entre os profissionais de saúde a noção de que sexo e sexualidade não existem na velhice Por isso a clínica psicanalítica busca res tabelecer o encontro desses sujeitos com seu desejo pois o sujeito envelhecido precisa ser resgatado como um sujeito desejante É preciso reconhecer em primeiro lugar que os sentimentos dos idosos não envelhecem nem seus desejos Brasil Barcelos 9 Paludo I C P Olesiak L R Quintana A M 2021 Idosos soropositivos a construção de significados Arrais Cárdenas 2013 Cherix 2015 Corrêa 2003 Messy 1992 Contudo estudos sobre o conheci mento de HIVAids na terceira idade enfatizam que os idosos não se veem vulneráveis à infecção e atri buem essa possibilidade aos jovens aos usuários de drogas aos homossexuais e aos profissionais do sexo Bittencourt et al 2015 Em O estranho Freud 19192010 explora a palavra alemã Unheimlich que pode ao mesmo tempo assumir os significados de estranho e fami liar A partir disso ele escreve sobre a angústia de desintegração do bebê algo que um dia foi fami liar posteriormente recalcado e que retorna como estranho despertando aflição e horror As mudanças e inconstâncias do corpo atreladas ao processo de envelhecimento estão assim associadas à sensação do estranho sendo o envelhecimento e a perda da funcionalidade do corpo sentidos como o retorno do recalcado O corpo algo familiar com o processo de envelhecimento passa a ter outro registro e tornase estranho e ameaçador Cherix 2015 Desse modo o HIVAids abala uma das maiores crenças narcísicas a da imortalidade na medida em que a morte pode ser vista como uma questão inquie tante A onipresença da morte causa a constante ameaça à integridade egóica do idoso que ao passar pelo processo de envelhecimento tem reativada essa angústia de aniquilamento Goldfarb 1998 Villela 2013 Então constróise uma interlocução entre o processo de envelhecimento e o sentimento de pos suir o vírus do HIVAids potencializando a sensação de algo inquietante o estranho que deveria ter ficado oculto e secreto mas que se manifesta e revela a impo tência e a fragilidade do sujeito Bacchini et al 2012 Villela 2013 Notouse que M1 e M3 apresentavam sentimentos de incredulidade e dúvida em relação à confirmação do HIV tiveram dificuldade em elaborar a realidade traumática e foram resistentes quanto à aceitação da doença As entrevistadas enfatizaram em seus discursos que antes do diagnóstico não tinham problemas de saúde e que havia muito tempo não mantinham relações sexuais Eu sei dos meus atos eu sei que eu fui casada eu tive um filho eu me divorciei Será que demora tantos anos pra aparecer essa doença Eu não entendo isso aí não me entra na cabeça é isso que eu não me conformo M3 Em M1 as inquietações eram ainda mais latentes e a negação estava presente como uma forma de se pro teger Para ela o HIV não estava em seu corpo e assim não reconhecia que possuía a doença Ainda que não conseguisse eliminar o vírus seguia tomando a medi cação e realizava o tratamento porém questionavase sobre como poderia ter HIV buscando a todo custo jus tificativas que comprovassem sua crença de que pode ria ter ocorrido um equívoco quanto a seu diagnóstico Eu te digo que eu não tenho HIV porque se HIV pega no sexo foi em 2013 a última vez que eu transei Como que a doença não se desenvolveu Botei na minha cabeça que eu não tenho tomo medicação porque eu tive meningite é isso Eu ainda vou fazer um exame particular porque erro humano existe M1 O vírus HIV aparece como um corpo estranho que o sujeito não reconhece como seu e não aceita ainda que não possa eliminar Com isso apropriarse desse corpo estranho que é estigmatizado e um tabu social tornase um desafio de ordem psíquica visto que não existem referências e recursos emocionais que ampa rem previamente essa vivência Pinheiro 2013 Villela 2013 Como a Aids é uma doença que acomete o sujeito para além do corpo biológico por questões ligadas à cultura à moral ou à sexualidade percebemos que são as relações afetivas que mais evidenciam a dimensão da dor Bacchini et al 2012 Serra et al 2013 Os pacientes relataram que a doença trouxe mudanças para suas vidas e para a relação que estabele ciam consigo mesmos e com os outros Todos pareciam carregar uma dor representada por uma ferida narcí sica que tinha como marca o sofrimento O trecho de H3 ilustra que ao depararse com as perdas que atuali zaram a castração e trouxeram a constatação da própria finitude os efeitos sofridos no corpo eram vivenciados no eu Vou levando como dá mas o cara muda muda alguma coisa na vida da gente é difícil né H3 Isso aqui não vai sair das 4 paredes eu não vou abrir pra ninguém As características descritas no início da epide mia do HIVAids que definiam a doença como con tagiosa incurável mortal e ligada a homossexuais vincularamna aos estigmas e preconceitos advin dos da posição social da forma de contaminação e do comportamento sexual estigmas que ainda 10 Psicologia Ciência e Profissão 2021 v 41 e224079 115 continuam arraigados na sociedade Garrafa Godoi Soares 2012 Silveira Batista Colussi Wibelinger 2011 A Aids desde o começo foi apresentada como uma doença que caminhava para um único destino a morte Além disso em decorrência dessa morte anun ciada o indivíduo com o vírus estava sujeito também à morte civil Saldanha et al 2009 Villela 2013 Os participantes mantinham o diagnóstico em segredo porque acreditavam que poderiam receber atitudes discriminatórias e sofrer preconceitos Não era autorizado nem mesmo dentro da família comen tar sobre a doença de modo que o assunto perma necia em sigilo Quando o diagnóstico era compar tilhado geralmente quem tinha conhecimento era apenas um dos filhos tendo em vista que os partici pantes estavam acompanhados no momento da con sulta de descoberta do HIV como observado por M2 H1 H2 e H3 Eu tava com o meu filho mais velho mas ele sempre me apoiou Só a única coisa que eu pedi é que eu não queria que espalhasse Só um filho sabe o outro não sabe H2 No caso de H3 apenas a filha sabia de seu diag nóstico e seus dois filhos mais velhos não tinham conhecimento então eles questionavam o motivo das consultas e exames frequentes que o pai reali zava Diante disso H3 para não revelar a doença dizia que ia para o hospital devido aos problemas de pulmão já que era fumante Percebese que o silên cio se fazia necessário como uma forma de proteger a si mesmo das represálias que poderiam surgir com o compartilhamento da doença por isso optava por deixar o assunto no campo do interdito A minha filha desde que ela descobriu ela que veio comigo me apoiou nunca me deixou sozinho Os meus filhos não sabem nem vamo falar é entre eu e ela H3 Já M1 e H4 haviam comentado sobre o diagnóstico com poucos amigos enquanto M3 foi a única que nunca se autorizou a falar sobre esse assunto fora do ambiente médico Quando recebeu o diagnóstico estava sozinha e decidiu que não compartilharia com mais ninguém a sua situação então apenas a equipe médica que a acompanhava sabia da doença M3 enfatizou que na entrevista havia uma corresponsabilização por parte da entrevistadora em manter o sigilo das informações Diante disso evidenciouse o medo e insegurança da participante em ter a condição de soropositiva No início foi terrível eu aguentei sozinha no osso do peito É só eu e o médico Eu não falei pro meu filho eu não falei pra ninguém e eu não quero comentar com ninguém Essa é uma decisão que eu tomei É meu Vai ficar comigo e com os médicos entendeu E contigo que eu conversei agora M3 A Aids além de ser uma doença com impacto na saúde física e psicológica é acompanhada por estigmas socialmente construídos que estão relacionados com as crenças sociais sobre a doença Saldanha et al 2009 Silva Saldanha 2012 Segundo Serra et al 2013 as representações dadas a Aids são doença do outro incurável fatal que pode levar à morte e ao precon ceito Assim a Aids na velhice é associada ao sofrimento causado pela incerteza da sobrevivência pelo medo e pelo desprezo já que se produz um discurso com con teúdo que causa constrangimento sofrimento e restri ções Saldanha et al 2009 Serra et al 2013 Nesse sentido os participantes relataram que o sigilo era importante na medida em que lhes preservava de possíveis reações negativas dos outros Eles também trouxeram que dessa forma não colocariam em risco suas representações identitárias mantendo sua subje tividade enquanto sujeitos e evitando a representação social vinculada à doença Sabese que o sexo continua sendo um tabu na contemporaneidade e psiquica mente o peso de carregar um estigma de promíscuo é devastador pois leva à confrontação de aspectos incons cientes da sexualidade como a castração e a proibição Observase isso nos trechos de M1 e H2 Tu fica sem chão Tu não pode conversar com qualquer pes soa porque as pessoas hoje não sabem conversar elas sabem acusar sabe M1 As pessoas não têm essa liberdade ainda pra falar a sociedade é muito discri minativa Então se tu começar a falar alguma coisa já começa aquele negócio de não chega perto parece que a pessoa é leproso H2 Segundo Bacchini et al 2012 o HIVAids parece reeditar os complexos infantis de castração incidindo não somente nas restrições do corpo mas nas cons truções identitárias e nos ideais até então seguidos Atrelados à condição de adoecimento refletese que os desdobramentos do envelhecer também impõem um conjunto de renúncias narcísicas que se opõem aos desejos infantis de sertudo serportodoo tempo ser investido sem obrigação de reciprocidade e dispor do objeto amado Altman 2011 Nesse sentido envelhecer sendo soropositivo para o HIV ou contrair o vírus na velhice representam um desafio duplicado para quem enfrenta essa situação 11 Paludo I C P Olesiak L R Quintana A M 2021 Idosos soropositivos a construção de significados O impacto da doença nesse grupo etário não está ape nas ligado ao diagnóstico mas também ao fato de des velar o tabu que envolve a ausência da sexualidade na velhice por ser um hábito não aceito socialmente para tal fase da vida Saldanha Felix Araújo 2008 Silveira et al 2011 Messy 1992 afirma que na circulação da libido não há jovem nem velho o desejo não tem idade Contudo sabese que há um preconceito em reconhe cer que na velhice há um sujeito desejante devido à dicotomia entre um psiquismo desejante e um corpo que não serve mais como meio de satisfação de desejo Cherix 2015 Constatouse que para as mulheres participan tes a convivência com o HIV trouxe limitações na construção de relacionamentos afetivos íntimos Elas mesmas não se autorizavam mais a ocupar um lugar ativo em sua sexualidade bem como expressaram que não tinham interesse em investir em relações afetivo sexuais com homens Acreditase que essa postura era disparada pela condição de desamparo na qual o sofrimento as incertezas a solidão e até mesmo a ideia de não poder mais ser amadas pelo outro são reativados com a ferida narcísica Eu acho que ninguém mais vai se despertar por mim exatamente por isso Será que essa pessoa não vai me jogar na cara não vai cansar de mim Eu me questiono então é uma coisa que eu risquei não procuro não quero pra não me magoar M1 Pinheiro 2013 destaca que uma perda impor tante a ser elaborada na vivência de ser soropositivo tem relação com o narcisismo pois a Aids resgata a condição humana de desamparo por evocar o tema da morte e o medo da perda do amor do outro sem o qual não se é sujeito Diante disso para M3 a ideia de revelar a doença para um suposto parceiro parecia insuportá vel pois ela mesma tinha uma visão carregada de estig mas e preconceitos sobre a sexualidade e o HIV A participante M3 sentiase interditada para a vida cotidiana e impedida de se relacionar integral mente com seu entorno Da mesma maneira a partici pante debateu sobre a questão das medidas protetivas segundo as quais o preservativo pode ser entendido como uma forma de controle e repressão do prazer Além disso trouxe em seu relato as histórias amoro sas de seu passado admitindo que naquela época não havia a preocupação com medidas de proteção no sexo Nos anos 80 a gente não usava camisinha a gente não tava nem aí porque a gente namorava tran sava mas não se preocupava com a camisinha sabe Hoje eu não tenho relação sexual com ninguém porque isso é uma coisa minha e eu não quero dizer pra ninguém mesmo porque eu não tenho direito de que se por acaso eu ficar com alguém me interessar por alguém ou alguém se interessar por mim eu não tenho o direito de transar sem o preservativo Dizer que eu tenho esse HIV eu não vou dizer pra ninguém M3 Segundo Carvalho 2003 o modelo patriarcal repreende a sexualidade da mulher enquanto a sexu alidade do homem pode ser exercida sem questiona mentos e restrições As mulheres parecem ficar presas à ideia de amor romântico que é marcado pelos ideais de completude em que uma pessoa completa a outra Em nossa sociedade é nítido que a discussão sobre sexualidade envolve preconceitos preceitos religiosos e moralismo Birman 1980 Carvalho 2003 Saldanha et al 2008 Santos Assis 2011 Em contrapartida os homens mantinhamse em atividade sexual e destinavam libido para o investi mento de novas relações afetivosexuais Percebeuse que eles tinham um sentimento de culpa por terem se exposto ao risco de infecção e que caracterizavam a situação como um momento de descuido Por isso evitavam falar sobre a soropositividade pois estariam expondo suas histórias de amor em que estava em jogo a busca pelo prazer Outro elemento que com pôs o discurso dos homens foi a autorrecriminação por terem depositado confiança em quem estavam se relacionando O trecho de H2 representa essa análise O erro foi esse né de não me preservar Aí uma pessoa que eu comecei a conhecer começou a dizerPra que preservativo A gente tá tanto tempo junto a gente se conhece E eu fui naquela lábia eu acho que foi ali que eu entrei Nunca se pode confiar muito H2 Falar de Aids é indispensável pois essa doença fala das construções históricas e subjetivas da sexua lidade dos sexos do desejo sexual e do corpo sexual Birman 1980 Nesse sentido o ato de revelar ou não o diagnóstico para os mais próximos é atraves sado por sofrimentos que trazem a complexidade de confiar aos outros essa situação Conforme Garrafa 12 Psicologia Ciência e Profissão 2021 v 41 e224079 115 et al 2012 o medo do estigma e da discriminação desencoraja as pessoas que vivem com HIV a declara rem sua sorologia Assim esconder a doença de quem pode aplicarlhe o significado do estigma é uma ati tude comum aos participantes Diante dessas considerações ressaltase a impor tância da promoção por parte dos profissionais da saúde de espaços de elaboração das vivências de ser idoso e ter o diagnóstico de HIVAids Nesse contexto os idosos soropositivos poderiam trocar experiências por meio do compartilhamento de angústias e confli tos que são semelhantes entre si bem como desenvol ver o sentimento de pertencimento a um grupo que lhes preste apoio e segurança Considerações finais Os participantes deste estudo demonstraram difi culdade em reconhecer a imagem do espelho e na vivên cia subjetiva do envelhecer e do adoecer Entendese que os idosos sofrem com as marcas do tempo e da doença de uma maneira particular e que essas marcas retratam as experiências de vida construídas Com a descoberta do diagnóstico emergem sentimentos intensos que demonstravam o luto vivido pela perda de saúde e pela ameaça de cas tração Dessa maneira os entrevistados experien ciavam a ideia recalcada de mortalidade com o susto da constatação da própria finitude Assim o diagnóstico não era compartilhado abertamente com os membros da família ou amigos era algo velado entre os poucos que tinham conhecimento e entrava no campo do interdito Nesse sentido a presente pesquisa buscou por meio das informações levantadas compreender os conflitos e vivências de envelhecer sendo soropositivo na sociedade atual a fim de auxiliar no acolhimento e na escuta diferenciada dos idosos com HIVAids No entanto ainda há muito a se estudar a respeito dos significados e sentidos atribuídos a essa experiência que ressoa de modo singular na construção da iden tidade dos sujeitos Portanto diante das limitações metodológicas deste estudo como o tempo de coleta entendese que este trabalho não tem o intuito de fin dar o conhecimento sobre o assunto mas de contri buir para novas possibilidades de pesquisas reflexões e produções de sentidos Desse modo dialogar sobre a sexualidade no enve lhecimento e criar programas de prevenção de HIV Aids específicos a essa faixa etária são ferramentas úteis e necessárias para desmistificar tabus Compreendese que implementar políticas públicas cujos atores se res ponsabilizem por pensar o processo de envelhecimento associado a esse diagnóstico é um desafio mas é o pri meiro passo para que os idosos se autorizem a falar sobre suas vivências sexuais como também elaborem questões pessoais que são fonte de sofrimento Referências Altman M 2011 O envelhecimento à luz da psicanálise Jornal de Psicanálise 4480 193206 httppepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpidS010358352011000100016lngpttlngpt Aragão D R N Chariglione I P F S 2019 A percepção do tempo através do processo de envelhecimento Psi UNISC 31 106120 httpsdoiorg1017058psiuniscv3i112558 Bacchini A M Alves L H S Ceccarelli P R Moreira A C G 2012 Reflexões sobre o inquietante de ser portador de HIVAids Tempo Psicanalítico 442 271284 httppepsicbvsaludorgscielo phpscriptsciarttextpidS010148382012000200002lngpttlngpt Baldin T Vidal P E V 2017 Sobre aquilo que se pode viver aos 80 Um estudo de caso acerca da velhice institucionalizada Pesquisas e Práticas Psicossociais 122 344360httppepsicbvsaludorgscielo phpscriptsciarttextpidS180989082017000200008lngpttlngpt Bardin L 2010 Análise de Conteúdo Edições 70 LDA Birman J 1980 Sexualidade na Instituição Asilar Achiamé Bittencourt G K G D Moreira M A S P Meira L C S Nóbrega M M L Nogueira J A Silva A O 2015 Concepções de idosos sobre vulnerabilidade ao HIVAids para construção de diagnósticos de enfermagem Revista Brasileira de Enfermagem 684 579585 httpdoiorg101590003471672015680402i 13 Paludo I C P Olesiak L R Quintana A M 2021 Idosos soropositivos a construção de significados Brasil K T R Barcelos M A R Arrais A R Cárdenas C J 2013 A clínica do envelhecimento Desafios e reflexões para a prática psicológica com idosos Aletheia 40 120133 httppepsicbvsaludorgscielo phpscriptsciarttextpidS141303942013000100011lngpttlngpt Carvalho J A 2003 O amor que rouba os sonhos Um estudo sobre a exposição feminina ao HIV Casa do Psicólogo Cherix K 2015 Corpo e envelhecimento Uma perspectiva psicanalítica Revista Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar 181 3951 httppepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpidS151608582015000100003lngpttlngpt Corrêa C P 2003 Visão psicanalítica da idade numerada Cogito 5 3137 httppepsicbvsaludorgscielo phpscriptsciarttextpidS151994792003000100005lngpttlngpt Elias N 2001 A solidão dos moribundos Seguido de envelhecer e morrer Zahar Fontanella B J B Ricas G Turato E R 2008 Amostragem por saturação em pesquisas qualita tivas em saúde Contribuições teóricas Cadernos de 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Saldanha A A W Araújo L F Sousa V C 2009 Envelhecer com Aids Representações crenças e atitudes de idosos soropositivos para o HIV Revista Interamericana de Psicologia 432 323332httppepsicbvsaludorg scielophpscriptsciarttextpidS003496902009000200013lngpttlngpt Santos A F M Assis M 2011 Vulnerabilidade das idosas ao HIVAIDS Despertar das políticas públicas e profissionais de saúde no contexto da atenção integral Revisão de literatura Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia 141 147157 httpsdoiorg101590S180998232011000100015 Serra A Sardinha A H L Pereira A N S Lima S C V S 2013 Percepção de vida dos idosos portadores do HIVAIDS atendidos em centro de referência estadual Saúde em Debate 3797 294304httpwwwscielobr scielophpscriptsciarttextpidS010311042013000200011lngentlngpt Silva B R Finocchio A L 2011 A velhice como marca da atualidade Uma visão psicanalítica Revista Vínculo 82 2330httppepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpidS180624902011000200004lngpttlngpt Silva J Saldanha A A 2012 Vulnerabilidade e Convivência com o HIVAIDS em pessoas acima de 50 Anos Revista Malestar e Subjetividade 1234 817852httppepsicbvsaludorgscielo phpscriptsciarttextpidS151861482012000200014lngpttlngpt Silveira M M Batista J S Colussi E L Wibelinger L M 2011 Sexualidade e envelhe cimento Discussões sobre a AIDS Revista Temática Kairós Gerontologia 514 205220 httpsdoiorg10239252176901X2011v14iEspecial10p205220 Triviños A N S 1987 Introdução à pesquisa em ciências sociais A pesquisa qualitativa em educação Atlas Turato E R 2013 Tratado da metodologia da pesquisa clínicoqualitativa Construção teóricoepistemológica dis cussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas 6a ed Vozes Veras J F 2007 Adoecimento psíquico em mulheres portadoras do vírus HIV Um desafio para a clínica contem porânea Psicologia Ciência e Profissão 272 266275 httpsdoiorg101590S141498932007000200008 Villela A B 2013 A atualidade da psicanálise Do HIV à escuta pulsional Cadernos de Psicanálise 3529 7787 httppepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpidS141362952013000200005lngpttlngpt Vilhena J Novaes J V Rosa C M 2014 A sombra de um corpo que se anuncia Corpo ima gem e envelhecimento Revista Latinoamericana Psicopatologia Fundamental 172 251264 httpsdoiorg10159019840381v17n2a08 Isadora Cristina Putti Paludo Psicóloga Especialista em Saúde com Ênfase em Alta Complexidade pelo Programa de Residência Integrada Multiprofissional da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Mestranda em Psicologia pelo Programa de Pósgraduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Florianópolis SC Brasil Email isaapaludogmailcom httpsorcidorg0000000279084424 Luisa da Rosa Olesiak Psicóloga Doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pósgraduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria UFSM Santa Maria RS Brasil Membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Saúde da UFSM Email luisadrolesiakgmailcom httpsorcidorg0000000226352675 15 Paludo I C P Olesiak L R Quintana A M 2021 Idosos soropositivos a construção de significados Alberto Manuel Quintana Psicólogo Doutor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUCSP Docente no Curso de Graduação e no Programa de PósGraduação de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria UFSM Santa Maria RS Brasil Email albertomquintanagmailcom httporcidorg0000000173566142 Endereço para envio de correspondência Universidade Federal de Santa Maria Av Roraima 1000 Cidade Universitária Prédio 74B Sala 3212A Camobi CEP 97105970 Santa Maria RS Brasil Recebido 16052019 Aceito 05102020 Received 05162019 Approved 10052020 Recibido 16052019 Aceptado 05102020 Como citar Paludo I C P Olesiak L R Quintana A M 2021 Idosos soropositivos A construção de significados para o envelhecimento com HIVAids Psicologia Ciência e Profissão 41 115 httpsdoiorg10159019823703003224079 How to cite Paludo I C P Olesiak L R Quintana A M 2021 Aged HIV seropositives The construction of meanings for aging with HIVAIDS Psicologia Ciência e Profissão 41 115 httpsdoiorg1015901982 3703003224079 Cómo citar Paludo I C P Olesiak L R Quintana A M 2021 Ancianos seropositivos La construcción de significados para el envejecimiento com VIHSIDA Psicologia Ciência e Profissão 41 115 httpsdoiorg10159019823703003224079