·

Psicologia ·

Psicologia Institucional

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Psicologia da saúde um novo significado para a prática clínica Valdemar Augusto Angerami Camon organizador 2 ed rev e ampl São Paulo Cengage Learning 2011 Vários autores Bibliografia ISBN 9788522110940 1 Doenças Aspectos psicológicos 2 Manifestações psicológicas de doenças 3 Medicina psicossomática 4 Psicologia clínica da saúde I Angerami Camon Valdemar Augusto 1011032 CDD651608 NLMVM 460 Índice para catálogo sistemático 1 Doenças Manifestações psicossomáticas Medicina psicossomática 61608 A Significação da Psicologia no Contexto Hospitalar Heloisa Benevides de Carvalho Chiattone Concretizar um saber é tarefa vagarosa Pressupõe o desejo dos resultados o preparo do campo o plantio das sementes o cuidado com o crescimento a colheita segura a tranquilidade de recomeçar e de aperfeiçoar As pragas as reações ameaçadoras da natureza os resultados incondizentes são sinais para o repensar para o exercício ético de respeito às divergências para o humilde reconhecimento da ignorância 51 Apresentação Atos com o tempo se diluem As palavras permanecem ficam se perpetuam Ao longo dos últimos anos vários estudos têm apontado algumas questões fundamentais que envolvem a prática o ensino e a pesquisa do psicólogo que atua em instituições de saúde especificamente em hospitais Angerami e col 1984 1988 1992 1994 e 1996 Amorim 1984 Lamosa 1987 Campos 1988 e 1995 Santos 1988 Lamosa e col 1990 Miguel Filho 1990 Chiattone e Sebastiani 1991 Neder 1991 Mello Filho e col 1992 Sólon 1992 Campos 1992 Penna 1992 Spink 1992 Silva 1992 Campos 1992 e 1995 Kovács 1992 Leitão 1993 Botega e Dalgalarrondo 1993 Romano 1994 Muylaert 1995 Oliveira e Ismael Orgs 1995 Giannotti 1995 e 1996 Sebastiani e Fongaro 1996 Chiattone e Sebastiani 1997 Leite 1997 Carvalho 1997 Romano 1999 e Ogden 1999 entre outros Porém muitas questões permanecem nebulosas pouco esclarecidas gerando falsas ou pseudoconcepções dificultando a atuação do psicólogo o ensino da prática no hospital a inserção desse profissional nas equipes de saúde a realização de pesquisas e o mais grave a consideração real da especialidade organização de grupos de encontros etc o psicólogo pode contribuir para transformar a experiência da doença e da internação hospitalar a pacientes e familiares em vivência menos sofrida A branda fala da morte não nos aterroriza por nos falar da morte Ela nos aterroriza por falar da vida Na verdade a morte nunca fala sobre si mesma Ela sempre nos fala sobre aquilo que estamos fazendo com a própria vida as perdas os sonhos que não sonhamos os riscos que não tomamos por medo os suicídios lentos que perpetramos Rubem Alves 1991 54 A significação da psicologia no contexto hospitalar A identidade diante da diversidade A identidade diante da diversidade Um dia eu pensei ao olhar a forte chuva que caía que aí estava o fim de um processo Quando a chuva diminuiu e finalmente se foi percebi que dos milhões de pingos que inundavam as plantas e o solo formaramse enormes enxurradas que procuraram na encosta o caminho dos riachos desembocaram nos lagos e chegaram aos rios Quando o sol retornou e iluminou os rios pude entender que um processo nunca tem fim Ele sempre recomeça trazendo novas vidas revigorando os campos com a força e a honestidade de uma chuva de verão Que bom não ter desistido em meio ao dilúvio Heloisa Chiattone 1998 Uma primeira avaliação dos conteúdos publicados na área de saúde aponta que a psicologia no contexto hospitalar tenta firmarse como uma nova especialidade na psicologia área emergente que não é inovadora em sua concepção filosófica mas já acumulou quantidade suficiente de material ou seja um corpo de conhecimentos relativamente distinto que justificam a sua consideração como subárea ou como estratégia da psicologia Acrescese a constatação do crescimento do número de profissionais envolvidos por uma ampla gama de demandas sociais que definem os problemas de saúde concentrando suas atividades na área proposta a ampliação de estudos em áreas de promoção da saúde e prevenção de doenças o recente interesse de faculdades e instituições de ensino teóricoprático ao ensino da área e a absorção pelo mercado de trabalho de profissionais nas instituições de saúde Como a própria literatura na área aponta mesmo já tendo acumulado largo espectro de material prático em seu desenvolvimento a psicologia no contexto hospitalar ainda atende à necessidade de busca de proposições básicas para o seu desempenho e para o delineamento formal das peças que constituem seu arcabouço enquanto ciência Assim nessa jornada contextual naturalmente visando consolidarse como especialidade a psicologia no contexto hospitalar necessitou definir novas perspectivas teóricas que redimensionassem esse saber emergente Para isso lançouse em busca de saberes emprestados utilizandose de recursos teóricos e métodos da própria psicologia e de outras áreas afins Medicina Biologia Filosofia Sociologia etc Esse empréstimo a áreas afins as abordagens fronteiriças aparentemente deveria estar a serviço de favorecer em determinada perspectiva o crescimento da psicologia no contexto hospitalar pois o grau de autenticidade clareza e fundamentação das teses e leis emprestadas costuma ser mais refinado e organizado do que as teses e as leis em psicologia Ciências como Medicina Biologia e Filosofia para citar apenas alguns exemplos definemse através de teses e construções bem desenvolvidas partindo de princípios bem fundamentados Além disso metodologicamente apresentamse com uma exatidão bem maior do que as teses das escolas psicológicas que utilizam conceitos criados recentemente às vezes pouco sistematizados No entanto percebese que ao tomar emprestado conceitos mais elaborados de outras ciências a psicologia no contexto hospitalar tem corrido um primeiro risco distanciarse da própria psicologia pois ao operar em dinâmicas mais determinadas mais exatas e mais claras os erros tendem a diminuir e a probabilidade de êxito aumenta conferindo uma falsa sensação de independência e de sucesso Além disso como na instituição de saúde o psicólogo hospitalar está diretamente em contato com essas áreas afins e com seus pressupostos pode desinformado internalizar o outro saber descaracterizandose como profissional Outra grave consequência nessa metabolização de saberes de áreas afins referese ao fato de que a ausência de um corpo teórico em psicologia hospitalar tem dificultado a possibilidade de confronto em nível de conhecimento entre o saber psicológico e a área afim criando não raro critérios avaliativos de senso comum ou referências sem fundamento epistêmico levando o psicólogo que atua no hospital a metabolizar acriticante referenciais desconhecidos Em contrapartida ao lançarse em busca de empréstimos da própria psicologia o psicólogo hospitalar tem se defrontado com uma tarefa duplamente complicadora se por um lado nem sempre esse empréstimo é eficaz pois não atende às especificidades da psicologia na área hospitalar podendo confundir ao invés de apontar caminhos de outro o empréstimo de conhecimentos psicológicos tem defrontado o psicólogo diretamente à diversidade de enfoques metodológicos de tentativas de fundamentação epistemológica e de domínios enfim com a fragmentação do saber psicológico Assim aquilo que poderia ajudar nortear dar algum significado tem confundido o profissional levandoo a tentar resolver o problema à sua maneira de forma isolada buscando alternativas na tarefa sem a precisa avaliação epistemológica e metodológica Portanto constatase que a psicologia no contexto hospitalar apresentase atualmente de forma diversa vários domínios e vertentes múltiplos recursos metodológicos várias linguagens múltiplos problemas e várias tentativas de fundamentação teórica através do exercício descritivo de tarefas tendência generalizada nas publicações científicas A partir dessa constatação podemse verificar várias consequências na área dificuldades na definição de perspectivas teóricas dicotomia entre os fundamentos teóricos e a práxis tendência exagerada à subjetividade que pode ser confundida com incapacidade pela objetividade do contexto onde tenta inserirse conflitos na tentativa de inserção nas equipes conflitos e tentativas malsucedidas de divisão entre os próprios psicólogos da área e dificuldades na legitimação do espaço psicológico nas instituições de saúde Uma análise superficial desses fatos pode induzir a pensar que essa dinâmica ocorre pelo próprio processo evolutivo de consolidação da psicologia no contexto hospitalar Ao aprofundarse essa reflexão é possível verificar que não se trata simplesmente de uma crise de crescimento da psicologia no contexto hospitalar para posterior definição de uma identidade mais segura mas sim de uma herança plurifragmentada definida pela própria psicologia que interpõe dificuldades como a sua adequada localização no contexto social o papel profissional nas instituições sociais a formação do psicólogo e as práticas sociais Assim o caminho mais coerente na tentativa de significação da psicologia no contexto hospitalar é o reconhecimento dessa pluralidade não recusando os procedimentos de fundação da própria psicologia acrescido da compreensão ampliada da realização histórica que essa nova área da psicologia vem tomando para atingir de forma mais compreensível o sentido de suas funções e de suas práticas sociais E esse reconhecimento deve ocorrer visando o entendimento não tendo sentido somente em nível de enunciação ou problematização Muitos psicólogos que atuam na área de saúde reconhecem seus problemas e tentam superálos pois visam o crescimento e o fortalecimento da especialidade Outros tantos distanciados da prática diária preferem o caminho da problematização do digladio sem buscar soluções viáveis Outros ainda tendem ao imobilismo ao depararse com o descompasso entre os referenciais teóricos e a realidade de trabalho Então ao tentar ordenar significar esse novo saber é necessário reconhecer principalmente como psicólogos que somente o reconhecimento leva à compreensão E este pode ser atingido em tentativas de pinçar nessa diversidade sua lógica interna e objetiva visando compreender em sua essência a linha ou linhas que ofereça significação à psicologia no contexto hospitalar Talvez aí esteja uma das pistas para a minimização das lacunas teóricas que prejudicam a tarefa do psicólogo hospitalar e para o fortalecimento de uma identidade seguramente mais bem definida pela redimensão do conhecimento de seus membros Outra saída é a busca de um eixo de referência através das origens da psicologia na tentativa de dar ordem à desordem Esta embora rica no sentido de aprofundamento da evolução histórica da psicologia logo se mostra relativamente infrutífera pois define e fundamenta a pluralidade discutida Uma análise que permita o afastamentocongelamento desse conteúdo fragmentado inerente à própria psicologia pode levar ao reconhecimento de que na evolução da psicologia enquanto ciência o desenvolvimento da psicologia aplicada nos primeiros anos do século XX é um importante fator que pode oferecer pistas para a significação da psicologia no contexto hospitalar pela ampliação dos conceitos psicológicos a novas áreas de atuação e pelo objetivo de reestruturação de toda a sua metodologia sobre a base do princípio da prática Apesar da depreciação da psicologia acadêmica em relação à psicologia aplicada é real que esta desempenha um significativo papel como fomentadora do desenvolvimento da psicologia através de novas áreas novos campos de ação novas metodologias invertendo a ordem tradicional o que era anteriormente considerado como periferia passou a encaminharse para o centro do desenvolvimento em psicologia teoria como em sua práxis desfavorecendo o crescimento da área Nesse sentido ao continuar persistindo nesse caminho linear acumulando conceitos princípios e leis à parte cada um à sua maneira sem a devida avaliação epistemológica os psicólogos que atuam no hospital estão conferindo um caráter estéril à especialidade incrementando e mantendo o aparecimento de lacunas e impasses Isso se dá principalmente porque a fragmentação em seu aspecto caótico dificulta a contextualização de um novo saber define múltiplas demandas recursos técnicos variados fragmentos tornamse irreconhecíveis incompatíveis com as novas práticas gerando graves dificuldades no reconhecimento da nova área desde seu objeto de estudo até dos profissionais que nela atuam Já foi assinalado que as possíveis soluções para esse impasse recaem sobre o reconhecimento compreensão e redimensão dessa pluralidade Esse impasse pode ser minimizado através do compromisso entre a psicologia no contexto hospitalar e a apreensão da realidade que escancara as dificuldades e as vicissitudes Assim ao lançarse nessa busca do saber o psicólogo que atua no hospital deve envolverse em um processo de transformação pois se utiliza de saberes anteriores ligandoos aos conteúdos adquiridos e de reconstrução pela possibilidade de reconstruir a realidade sob novos parâmetros delimitando um conhecimento dotado de sentido próprio pessoal paralelamente à adequada avaliação epistemológica desse conhecimento E nessa interface o novo saber pode tomar novos sentidos o da coexistência e enfrentamento entre teses opostas o da divisão ou pluralidade das posições em psicologia e o das divergências e contradições dos conhecimentos na área Nessa dinâmica a psicologia no contexto hospitalar deve ser compreendida dialeticamente em seu movimento crescimento desenvolvimento e evolução sempre em uma tarefa ética eliminandose a prática do digladío da exclusão da desqualificação de saberes como não científicos ou não psicológicos inclusive entre os profissionais que atuam na área Portanto a superação desse impasse passa pela negação do isolamento e do imobilismo em psicologia em uma postura de parceria bem atual entre todos definindo o psicólogo hospitalar como um agente de mudançastransformação e não como um mero reprodutor de conhecimentos científicos e técnicos Dessa forma ampliando seu conceito de ciência ao superar o paradigma positivista o psicólogo hospitalar pode reinserirse no papel de produtor e elaborador de teorias e conhecimentos Assim qualquer tentativa de avaliação ou de contextualização de um novo campo de saber dentro da psicologia deve considerar a coexistência dessa frag Dessa forma a discussão do seu campo epistêmico e seus impasses denunciando a pluralidade inerente a ela mesma que dificulta a tarefa de significação da psicologia no contexto hospitalar mostrase fundamental pois este é um fator interrelacionado a praticamente todos os principais problemas que a área exibe atualmente dicotomia entre teoria e prática problemas na inserção intraequipe dificuldades de contextualização das tarefas multiplicidade de enfoques teóricos e ações distintas necessidade de buscar conhecimentos em outras áreas do saber lacunas na formação profissional isolamento profissional e distanciamento da obtenção de uma identidade profissional Assim deve estar bem claro ao psicólogo hospitalar que a fragmentação na psicologia enquanto ciência é real persistente amplamente reconhecida pela literatura dificilmente havendo possibilidades de unificação entre as distintas vertentes Além disso essa pluralidade dificulta a definição de uma identidade mais segura à psicologia pela fragmentação de seu domínio de investigação quer do ponto de vista de seus métodos quer de seu objeto quer na delimitação de seu campo É possível reconhecer que apesar de ela não ter ainda atingido seu estágio paradigmático mantémse em estágio préparadigmático onde o conhecimento permanece especializado e cada grupo adere à sua própria orientação teórica e metodológica Daí surgem os impasses os paradoxos e as lacunas que interferem diretamente na tentativa de significação da psicologia no contexto hospitalar Enquanto alguns psicólogos simplesmente negam a existência dessa pluralidade acreditando que a diversidade vem de fora não atingindo a área outros veem esta diversidade através de um prisma subjetivo o que acredito é Psicologia o restante não é Psicologia e aqui surgem as fracassadas tentativas de divisão entre os profissionais da área Entre as duas vertentes estão aqueles psicólogos que não só reconhecem a diversidade constitutiva como também reconhecem a ausência de um sistema universalmente reconhecido em psicologia onde todos os conceitos e categorias são interpretados de forma diferente esbarrando nos próprios fundamentos da ciência Mas seguindo outro prisma estão os psicólogos que reconhecem a diversidade e a consideram positiva pela possibilidade de através da crise se enriquecerem e se fortalecerem os conceitos e leis As duas últimas vertentes parecem mais coerentes com uma proposta de significação da psicologia no contexto hospitalar reconhecendo na diversidade a possibilidade de definir conteúdos mais claros à área Mas como especificidade da própria psicologia essa pluralidade epistemológica atinge diretamente a psicologia no contexto hospitalar que exibe as consequências diretas dessa fragmentação nas dificuldades tanto no âmbito da mentação de métodos e do objeto em si da própria psicologia mas acima de tudo deve considerar a possibilidade de transformação viabilizando o saber Nesse ponto talvez caiba questionar Como transformar Como viabilizar o saber Como significar a psicologia no contexto hospitalar Ao buscar significar a psicologia no contexto hospitalar o psicólogo pode seguir duas vertentes reflexivas intimamente interligadas as vertentes psicológica e social que a todo momento se interpõem e que serão discutidas separadamente somente por questões didáticas Na vertente psicológica a necessidade de demarcação de um caminho distinguese pela consideração da psicologia e da psicologia no contexto hospitalar em seu sentido mais amplo pois o fenômeno do adoecer é infinito e inesgotável em suas possibilidades e é nele que a psicologia no contexto hospitalar delimita seu objeto científico De forma ampliada verificase que o mesmo fenômeno o adoecer pode ser compreendido de diferentes formas à medida que os estudos na área de psicologia hospitalar avançam este mesmo fenômeno resulta em muitas generalizações em classificações e sistemas distintos em princípios e leis à parte afastandose cada vez mais do fato comum que une todas essas vertentes a psicologia enquanto ciência E assim esse distanciamento pode traduzir um caminho às vezes sem volta dificilmente retomando a condução de um mesmo objeto de estudo ao serem delimitados campos distintos de atuação Nessa medida a delimitação do objeto de estudo deve ser o ponto inicial na significação da psicologia no contexto hospitalar Conceito essencial definido pela psicologia enquanto ciência que deve assumir seu caráter integradortransformador ao unir ramos heterogêneos do saber Assim o conceito essencial que age como suporte na psicologia enquanto ciência não só determina o conteúdo das subáreas à sua volta como também pode indicar seu caráter integrador E da própria psicologia deve surgir a necessidade de unir as subáreas e ramos do saber E é nessa interface que se justifica a consideração desse material e o estabelecimento e determinação da relação entre os diferentes domínios e entre cada um deles e a totalidade do saber científico em psicologia Esse exercício ou tentativa de união deve ser alcançado em favor de uma ciência geral a psicologia e não pela sua simples adição no contexto hospitalar de modo que esta conserve seu equilíbrio e independência Dessa forma é que a psicologia determina o papel o sentido e o significado da psicologia no contexto hospitalar partindo da premissa de que a integração dos conhecimentos deve transformarse em uma tendência a explicálos Significar a psicologia no contexto hospitalar pressupõe o estabelecimento de conexões entre vários fatos ou vários grupos de fatos referindo uma série de fenômenos definindose a causalidade desses em um mesmo domínio Nesse sentido ao significar ao generalizar ao unificar fatos de diferentes domínios a psicologia no contexto hospitalar se vê obrigada a situar esses fenômenos no contexto mais amplo da psicologia Essa tendência não atinge somente a psicologia no contexto hospitalar mas uma série de disciplinas emergentes em psicologia Não se trata de um saber completamente distinto mas sim de uma nova estratégia revestida pelos princípios básicos da psicologia que ao lado de áreas de atuação denominadas tradicionais a clínica a escolar a organizacional e a social emerge no mercado de trabalho A psicologia no contexto hospitalar surgiu justamente em resposta às novas tendências que assinalavam a necessidade de expansão do saber biopsicossocial na compreensão do fenômeno doença visando modificar as concepções habituais cristalizadas pelo modelo biomédico pois a necessidade de propagação da influência do modelo biopsicossocial a domínios contíguos definiu o surgimento da medicina psicossomática da medicina comportamental e da psicologia da saúde Da psicologia da saúde ramificaramse várias estratégias psicooncologia psicocardiologia psiconeurologia a própria psicologia hospitalar etc que nessa caminhada mesmo fundamentadas na mesma ideia original ampliaram seu próprio intercampo de conhecimento Como essa ampliação quase sempre inclui modificações em cada área a ideia matriz a psicologia passou gradativamente a assumir novas colorações tentando as novas áreas assumir um caminho independente Nesse movimento a integração com a psicologia foi se tornando difícil surgindo as lacunas e os impasses porque a matriz definese pela pluralidade e pela diversidade como já foi referido Nesse sistema hierárquico tendo a psicologia como centro principal a psicologia da saúde como sistema secundário e também dela a psicologia no contexto hospitalar a psicologia em si deve configurarse na unidade que determina o sentido e o significado de cada domínio isolado O salto para o reconhecimento como saber específico se dará quando o profissional aperceberse que está no hospital para ser psicólogo e não para seguir conceituações arraigadas ao pensamento materialista que se distanciam da compreensão do ser humano Portanto é ao buscar compreender o ser humano que a psicologia no contexto hospitalar direcionase pela vertente social objetivando apreender o sentido do existir humano na situação de doença e hospitalização Assim ao unir as duas A significação da psicologia no contexto hospitalar vertentes psicológica e social a psicologia no contexto hospitalar tem delineado seu campo de conhecimento utilizandose de conhecimentos específicos da Medicina Antropologia Sociologia e da Filosofia Nesse processo como na evolução do método científico natural e das ciências do homem os psicólogos que atuam em hospitais passaram longos anos buscando a ordenação de seus saberes através de seus fazeres visando a utilização de um método seguro de atuação no contexto hospitalar Constatase que como na evolução do método científico natural a psicologia e por consequência a psicologia no contexto hospitalar delinearamse nas ruínas do cenário do modelo naturalista e das relações explicativocausais sofrendo forte influência do pensamento positivista imperante até os dias atuais Ao incluir o homem no conjunto da natureza o privilégio da razão indicou a peculiaridade e a noção em termos físicos de desequilíbrio do não lógico da não ordenação Nesse contexto o materialismo histórico e dialético ao criticar o positivismo ampliou a conceituação de saúde privilegiando a totalidade e a visão do ser doente num contexto biopsicossocial Através dessa vertente a evolução dos achados em psicologia hospitalar entrelaçase com a história das ciências naturais e da própria psicologia ou psicologias na modernidade e na pósmodernidade Além disso a psicologia no contexto hospitalar foi gerada à margem do modelo biomédico sofrendo as influências da moderna medicina científica do pensamento cartesiano da relação de causa e efeito do distanciamento do homem enquanto ser da imposição da máquina do racionalismo que impõe explicações às vezes para o inexplicável do afastamento da dimensão mais humana do mundo da hierarquização das ciências do estabelecimento do mito do progresso da objetividade da neutralidade da assepsia e fundamentalmente do poder médico Gradativamente o modelo biomédico passou a ser questionado por não fornecer uma compreensão completa e profunda dos problemas humanos por atender a interesses minoritários por não atingir um conhecimento tal que permitisse relacionar a doença com a existência do homem por dissociar a promoção da saúde mesmo exibindo excelência técnicocientífica por impor o conhecimento único e totalitário do médico por negar a existência individual do paciente por não aceitar enfim as influências da interação mente corpo e meio ambiente em uma perspectiva holística Assim o ressurgimento de estudos retomando a ligação mente e corpo enfatizando as influências sociais e culturais na ocorrência e manutenção das doenças delimitaram a contextualização do modelo biopsicossocial como alternativa teórica ao modelo biomédico E é nessa perspectiva ampliada ao buscar o entendimento das relações entre conhecimento saúde doença e sociedade que o homem tem procurado autodefinirse como um ser biopsicossociocultural que interatua nessas esferas de existência que se interdependem e devem ser compreendidas e consideradas uma em função da outra Nessa estrutura dialética encontrase a razão dos fundamentos em psicologia hospitalar na proposição de uma visão de homem menos dicotomizada calcada no fortalecimento do modelo biopsicossocial em saúde que pressupõe o pensar e o fazer interdisciplinar em resposta à tendência integrativa ou holística em saúde a partir de um referencial psicossomático Esse processo de transformação portanto acompanha as relações entre sociedade saúde e doença As concepções de saúde e doença ampliamse em suas dimensões social humana e existencial visando sua essência totalizadora o homem o ser doente Mesmo assim essas reflexões apontam que qualquer definição ou abordagem psicológica ou social da saúde deve incluir sua herança histórica positivista pois esta interpõe obrigatoriamente os mecanismos constituintes para sua evolução e os reflexos diretos às ações de saúde influenciando as produções teóricas e a prática no campo da saúde Nesse processo de mudança criticando os pressupostos fenomenológicos visando explicações totais históricas e políticas como uma metodologia específica das ciências sociais o materialismo histórico e dialético passa a realçar as tradições as mudanças a totalidade e a unidade dos contrários nas questões que abrangem a saúde e a sociedade Como reflexo verificase que em fins da década de 1950 e durante a de 1960 o campo de saúde abriuse definitivamente a outras áreas como Educação Psicologia Nutrição Serviço Social Sociologia e Antropologia estimulando a compreensão global do fenômeno saúde e doença através do modelo biopsicossocial Dessa forma a partir do reconhecimento do modelo biopsicossocial a significação da psicologia hospitalar tornase mais próxima de sua contextualização teóricocientífica e metodológica fortalecendose em consequência uma identidade mais definida e coerente com a psicologia em si e com o contexto social e institucional onde está inserida a instituição hospitalar Isso porque ao visar resgatar a condição humana do doente o relacionamento e a atuação interdisciplinar a consideração da realidade social no que concerne às questões da saúde e sociedade a doença como expressão máxima do sofrimento humano definese 222 Psicologia da saúde no contexto hospitalar definese como uma estratégia de atuação da psicologia da saúde especificamente nas instituições hospitalares Assim a psicologia no contexto hospitalar surge da própria necessidade da psicologia como disciplina de buscar novos modelos e paradigmas que reavaliassem ou substituíssem velhos esquemas que sem ser inúteis resultavam já insuficientes para a compreensão dos problemas em saúde como demonstram as aproximações tradicionais psicologia clínica psicologia médica medicina comportamental medicina psicossomática A psicologia hospitalar desenvolvese pela necessidade de um novo enfoque uma mudança de estratégias na forma de prover saúde em seu sentido mais amplo Um novo paradigma que reforçando o modelo biopsicossocial e otimizando o trabalho interdisciplinar pudesse realmente estimular a união ou integração das ciências médicas e sociais estreitando os vínculos das vertentes assistenciais de formação e investigativas aglutinando estratégias globais que possibilitassem oferecer respostas aos problemas que implicam desenvolver uma nova forma de pensamento em saúde Aqui constatase um segundo aspecto fundamental para a significação da psicologia no contexto hospitalar a entrada de psicólogos nos hospitais não se deu aleatoriamente Além dos reflexos das mudanças dos paradigmas em saúde várias circunstâncias podem ser citadas como propícias para este desenvolvimento a introdução de novas drogas no tratamento dos pacientes que facilitam o desencadeamento de transtornos psicológicos a intensificação de realização de complexos procedimentos cirúrgicos com consequente necessidade de os pacientes permanecerem em unidades de terapia intensiva e unidades de recuperação iatrogênicas em uma aproximação psicológica a admissão cada vez mais frequente no hospital geral de pacientes que necessitam de manejos médico e psicológico simultaneamente tentativas de suicídio episódios psicóticos agudos exacerbação de transtornos latentes alcoolismo e drogadição entre outros reconhecimento maior dos fatores psicossociais das doenças além da ênfase nas aspectos preventivos em saúde traduzindo de forma natural a influência dos fatores psicológicos no desenvolvimento e exacerbação das doenças o campo de atuação do psicólogo hospitalar como o campo sociopsicobiológico das doenças humanas Assim ao buscar o estudo da constituição dos conhecimentos válidos em psicologia hospitalar considerandose simultaneamente as condições de acesso a esse conhecimento através do referencial psicossomático e as condições propriamente constitutivas deste a avaliação do sujeito na constituição da saúde esse trabalho pode delimitar conceituações representativas á área A primeira constatação aponta que a psicologia no contexto hospitalar constituise como estratégia de atuação da psicologia mais propriamente da psicologia da saúde que agrega conhecimentos educacional científico e profissional da disciplina Psicologia para utilizálo na promoção e manutenção da saúde na prevenção e no tratamento da doença na identificação da etiologia e nos diagnósticos relacionados à saúde à doença e às disfunções bem como no aperfeiçoamento do sistema de política de saúde Na verdade existem claras divergências quanto à especificidade dessa denominação Enquanto muitos psicólogos da área utilizam o termo psicologia da saúde a terminologia psicologia hospitalar é utilizada por outros tantos na tentativa de delimitar o campo daqueles profissionais que atuam especificamente nas instituições hospitalares Ao redimensionar essa conceituação verificase a tentativa de delimitação do campo de atuação do psicólogo hospitalar somente ao contexto hospitalar permanecendo a conceituação psicologia da saúde de forma a abarcar subramos que envolvem a psicooncologia neuropsicologia psicologia aplicada a cardiologia ou psicocardiologia e novas áreas ou estratégias como cuidados paliativos programas de educação para a saúde treinamento e formação de equipes de saúde e a própria psicologia hospitalar indicada àqueles profissionais que atuam em contextos vários ambulatórios centros de saúde hospitais clínicas médicas instituições de pesquisa instituições universitárias etc Essa questão semântica já foi discutida no início desse trabalho Podese verificar que ao abrirse um campo fértil na área de saúde pelo fortalecimento do modelo biopsicossocial os psicólogos se definiram através de seu local de trabalho ao não contarem com recursos teóricos e metodológicos mais precisos na compreensão dessa nova demanda Uma avaliação mais precisa pode demonstrar que os fatores constitutivos da psicologia hospitalar derivam no contexto geral dos conhecimentos da psicologia da saúde pois dela determinada ampliou seu aparato de ação a um contexto peculiar o do hospital Nesse sentido a psicologia A significação da psicologia no contexto hospitalar 223 diversificação e ampliação do número de profissionais de saúde e várias especialidades médicas no cuidado aos pacientes diversificando formas e métodos de tratamento desenvolvimento tecnológico da medicina que incluiu ações diagnósticas e terapêuticas cada vez mais refinadas mas também intensamente despessoalizadas desumanizadas desenvolvimento e publicação de achados em psicologia da saúde especialmente relativos aos reflexos da doença e hospitalização no desencadeamento de descompensações psicológicas incremento nos meios de comunicação de temas relativos à saúde direitos e deveres incentivando o paciente a tornarse elemento ativo no processo o que altera significativamente a relação com os profissionais de saude e com a instituição aumento dos trabalhos em equipe com diversificação nas relações de poder e consequente habilidade para atividades de trocas interdisciplinares Assim delimitase uma terceira constatação importante para enfrentar e responder a essa nova demanda existente os psicólogos no hospital lançaram mão de recursos teóricometodológicos disponíveis emprestando de outras áreas da psicologia ou da medicina conteúdos necessários para implementar suas intervenções No entanto nem sempre mostrouse cabível a utilização de enquadres teóricotradicionais o que tem gerado dificuldades no estabelecimento de correspondências entre os vários níveis de abordagem e criado discordâncias entre os psicólogos chamados práticos que estão diretamente na linha de frente nas instituições de saúde e que procuram resolver problemas concretos em sua rotina diária de trabalho de forma eclética adaptandose ao novo campo de aplicação e os psicólogos que atuam em instituições acadêmicas Então ao buscar redimensionar esse processo e esse conflito é necessário destacar que um grupo de psicólogos direcionouse à psicologia da saúde e outros tantos direcionaramse aos desdobramentos da psicologia da saúde psicooncologia psicocardiologia psicologia hospitalar etc Outro grupo não menos significativo enveredouse pela medicina psicossomática e seus desdobramentos práticos consultoria e interconsulta médicopsicológica psicologia médica ou pela medicina comportamental É preciso destacar que num primeiro momento a demanda psicológica nas instituições de saúde associada à diversidade de modelos teóricos e metodológicos fez com que o psicólogo optasse pela oferta definindose posteriormente em uma opção mais delimitada a partir de seu objeto de estudo e de seu campo de atuação A evolução histórica da psicologia no contexto hospitalar aponta essa especificidade um primeiro momento de delimitação de seu objeto de estudo e redefinição de sua práxis um segundo momento de fortalecimento enquanto área marcado pelo avanço das publicações congressos simpósios cursos explosão do mercado de trabalho e um terceiro momento mais atual no qual a psicologia no contexto hospitalar busca de forma mais amadurecida fixarse definitivamente enquanto nova área de atuação na psicologia Este momento atual da psicologia no contexto hospitalar parece bastante específico não se constituindo simplesmente de uma justaposição de posições clínicobiológicas educativopedagógicas ou socioculturais mas ao contrário absorvendo em uma síntese integradora o melhor de seus conteúdos Tanto as recentes publicações como os últimos encontros e congressos em psicologia hospitalar têm refletido um refinamento teórico diluindo o exercício descritivo de tarefas e caracterizações delimitando um singular aprofundamento epistemológico Sob um enfoque evolutivo ao considerarse que os primeiros trabalhos no Brasil são referidos na década de 1950 como um adulto jovem o psicólogo hospitalar tem se posicionado de forma mais amadurecida Portanto nesse ponto é possível apontar um quarto aspecto a busca de delimitação teóricometodológica visando à significação da psicologia no contexto hospitalar além de extremamente necessária no sentido de alcançar um eixo de referência na diversidade que ajude o psicólogo hospitalar em sua práxis pode delinear ou clarificar algumas pistas Quando o psicólogo deparase com os fatores concernentes à assistência psicológica no contexto hospitalar percebe que sua práxis é influenciada por tendências e orientações que se ampliam em razão da ênfase que vários estudos encaminharam à psicogênese de todas as doenças orgânicas Assim o modelo biopsicossocial ao retomar a ligação mentecorpo enfatizando as influências sociais e culturais na ocorrência e manutenção das doenças se ao lado da psicologia encaminhouse para a definição da psicologia da saúde ao lado da medicina implementou e fortaleceu a medicina psicossomática Claro que os referenciais psicossomáticos estão intimamente vinculados a todas as novas tendências em saúde Todavia é necessário destacar que justamente os campos de estudo se imbricam integrando perspectivas muito semelhantes a doença e sua dimensão psicológica a relação médicopaciente e seus vários desdobramentos a ação terapêutica direcionada à pessoa do doente como um ser biopsicossocial Esse ponto de imbricação faz com que não se consiga em uma primeira avaliação discernir o caminho a seguir Aprofundandose essa análise é possível reconhecer que o caminho da psicologia da saúde um referencial da própria psicologia parece oferecer uma opção mais ampliada ao psicólogo ao situar as questões da saúde na interface entre o individual e o social e claro não negando seu referencial psicossomático Mas o fundamental nessa imbricação parece residir no fato de que todas as tendências chamadas abordagens fronteiriças medicina psicossomática psicologia médica medicina comportamental etc mostramse relativamente coerentes em seus objetivos e proposições de fundamentação de estratégias práticas em resposta ao saber biopsicossocial Uma delas entretanto merece um destaque especial ao assemelharse em níveis teórico e prático à psicologia no contexto hospitalar a psiquiatria de ligação Tanto a psicologia no contexto hospitalar como a psiquiatria de ligação englobam no hospital tarefas que envolvem a assistência o ensino e a pesquisa em nível da interface entre a psiquiatria no caso da psiquiatria de ligação ou a psicologia no caso da psicologia hospitalar e a medicina Ambas pressupõem um contato contínuo com os serviços hospitalares tendo o profissional presença constante nas unidades e serviços participando das decisões tomadas das atividades diárias não sendo somente consultor em casos emergenciais As duas vertentes imprimem em sua tarefa o caráter preventivista na associação permanente ao serviço e unidade com amplas possibilidades de intervenção o caráter diagnóstico e o caráter terapêutico a pacientes familiares e à própria equipe de saúde Ambas também pressupõem a compreensão global biopsicossociocultural do binômio saúdedoença configurandose a base o alicerce o fundamento de sua tarefa enquanto profissão de saúde delineada pela dimensão ética da existência humana na interrelação entre o ser e o estar doente Assim a doença enquanto expressão máxima do sofrimento humano define a tarefa do psicólogo no contexto hospitalar e do psiquiatra de ligação de resgatar ao ser doente sua essência de vida interrompida pelo fenômeno doença Além disso tanto a psicologia hospitalar como a psiquiatria de ligação estudam as relações assistenciais utilizandose do ideal psicossomático o que assemelha seu foco terapêutico a relação institucional o treinamento recebido o exercício profissional o objeto de estudo e o campo de atuação Nessa medida a psicologia no contexto hospitalar também pode ser considerada como uma estratégia de ligação entre a medicina e a psicologia E essa constatação toma sentido quando se busca definir o objeto e o campo de atuação do psicólogo nas instituições hospitalares O seu campo de atuação no contexto hospitalar definese pela consideração de que a doença tem como princípio reflexo a desarmonização da pessoa Nessa medida estar doente implica em desequilíbrios que podem ser compreendidos em uma visão holística como um abalo estrutural na condição de ser chocandose ao processo dinâmico de existir rompendo as relações normais do indivíduo tanto consigo quanto com o mundo que o rodeia Portanto o ser doente o paciente vêse em específica situação sua existência delimitase pela vivência da doença modificando sua existência e definindo o estar doente O objeto de estudo do psicólogo no contexto hospitalar portanto constituise pelo ser doente um ser dinâmico dotado de corpo e alma como unidade que adoeceu em um determinado ambiente Ao buscar em sua prática clínica resgatar o equilíbrio e a integração desse ser doente em sua totalidade definese a visão e o lidar do homem como unidade biopsicossocial em um contexto psicossociocultural Assim a delimitação do campo de estudo da psicologia no contexto hospitalar integra três amplos aspectos o doente e sua história o ser e o estar doente a relação do doente com a internação e a intervenção terapêutica voltada ao ser doente a seus familiares à equipe de saúde e à interação entre o paciente a equipe e a instituição de saúde Dessa forma em tarefa contextualizada pela tríade assistência ensino e pesquisa em nível da relação entre a psicologia e a medicina a psicologia no contexto hospitalar objetiva a clarificação do fenômeno adoecer em sua mais ampliada definição Além disso no hospital geral a assistência definese por atendimentos psicológicos à tríade pacientes familiares e equipe de saúde em tarefa perfeitamente contextualizada na rotina de trabalho das enfermarias unidades e ambulatórios A assistência psicológica no hospital é definida por especificidades que norteiam o exercício profissional do psicólogo no hospital A institucionalidade que impõe limites e resistência pressupondo adaptações teóricopráticas que levam o psicólogo a redefinir sua práxis no próprio espaço institucional e conjuntamente com outros profissionais demandando atuação interdisciplinar A multiplicidade de enfoques e solicitações que leva o profissional a transpor os limites de seu consultório mantendo contato obrigatório com outras profissões pressupondo disponibilidade formação específica objetividade e coerência que abrangem necessariamente reformulações teóricas e metodológicas A nova espacialidade e a nova temporalidade que determinam o fim da privacidade e a imposição do ritmo temporal do próprio paciente que definem uma reformulação interna do psicólogo coerente com uma adaptação à nova forma de atuação A precariedade existencial do paciente sofrimento alienação crise e letalidade que sobrepõem a tarefa não só a compreensão do paciente em sua integridade mas uma reformulação de valores pessoais e profissionais do psicólogo Assim norteada por essas especificidades pelos traços de personalidade dos pacientes por seus antecedentes educacionais religiosos étnicos sociais e culturais pela idade sexo recursos familiares econômicos e sociais por sua maturidade interna por seu grau de integração por crenças sobre a doença e a morte por reações a crises passadas e perdas significativas por antecedentes psicopatológicos e doença psiquiátrica por sinais psicológicos e físicos de depressão ou ansiedade pelo nível de hostilidade e grau de dependência pelo diagnóstico e prognóstico pelo tratamento instituído por vivências durante a internação no contexto hospitalar a tarefa psicológica no hospital deve seguir alguns objetivos gerais e específicos Avaliar o grau de comprometimento emocional causado pela doença tratamento eou internações proporcionando condições para o desenvolvimento ou manutenção de capacidades e funções não prejudicadas pela doença tanto a pacientes como a seus familiares Favorecer ao paciente a expressão de sentimentos sobre a vivência da doença tratamento e hospitalizações situações por si só mobilizadoras de conflitos facilitando a ampliação da consciência adaptativa do paciente ao minimizar o sofrimento inerente ao ser e estar doente Fazer com que as situações de doença e tratamento sejam bem compreendidas pelo paciente evitando sempre que possível situações difíceis e traumáticas favorecendo a participação ativa do paciente no processo Atuar no nível de humanização do atendimento propiciando preparo para hospitalização minimização de práticas agressivas através de preparo para condutas terapêuticas exames cirurgias incentivo às visitas preparo da alta e encaminhamento a serviços especializados da comunidade Detectar e atuar frente aos quadros psicorreativos decorrentes da doença do afastamento das estruturas que geram confiança e segurança ao paciente quebra do cotidiano e diferentes manifestações causadas pela doença e hospitalização Detectar condutas e comportamentos anômalos à situação de doença e hospitalização orientando e encaminhando para tratamento específico Detectar precocemente antecedentes ou alterações psiquiátricas que possam comprometer o processo de tratamento médico orientando e encaminhando a serviços especializados Melhorar a qualidade de vida dos pacientes facilitar a integração dos pacientes nos serviços e unidades Fornecer apoio e orientação psicológica aos familiares dos pacientes internados incentivando a participação da família no processo de doença Contribuir para um melhor entendimento por parte da equipe de saúde dos comportamentos sentimentos e reações dos pacientes e familiares Estimular o contato íntimo e diário em equipe visando discussões informais de casos clínicos e troca de informações profissionais Estimular a realização de reuniões interdisciplinares para discussão de casos clínicos estabelecimento de condutas uniformes e aprimoramento do atendimento Desenvolver programas de saúde e pesquisas científicas Portanto diante dessas especificidades quanto ao tipo de intervenção o psicólogo que atua no hospital tem possibilidades de agir preventivamente bem como exercitarse em ação diagnóstica e também terapêutica As especificidades da tarefa no hospital levam o psicólogo ao rompimento do contrato compreendido no seu sentido mais amplo defrontando o profissional com lacunas teóricas obrigandoo a equilibrarse nos limites entre teoria e prática e exigindo uma atitude flexível e inventiva embora necessariamente responsável AnconaLopez 1997 p 156 É nesse espaço que estão inseridas as intervenções breves IB AnconaLopez 1997 expressão que designa diferentes modalidades de atendimento breve incluindo as psicoterapias Yoshida 1990 Os modelos de intervenção breve têm sido o tratamento de escolha nas situações de crise impostas pela doença e hospitalização Freeman e Dattilio 1995 na medida em que a psicoterapia breve eou de emergência fundamentada na teoria de crise é coerente com as necessidades emergentes de pacientes e familiares no hospital A dor ou o perigo a que o paciente está exposto requer que a intervenção seja imediata com algum grau de alívio obtido o mais rápido possível primordialmente no primeiro encontro Assim embora existam vários modelos de psicoterapia breve todos eles apresentam em comum o objetivo de remover e aliviar sintomas específicos de forma adequada e oportuna Dessa forma em contraste com abordagens tradicionais a psicoterapia breve no hospital é definida pela especificidade de limitação a uma ou algumas sessões de tratamento e pela utilização de técnicas características para a consecução de um fim terapêutico específico Do princípio ao fim da relação terapêutica são requeridos um elevado grau de conceitualização e uma escolha cuidadosa de intervenções ou de não intervenções constituindose em atividade que é dirigida a um fim A tarefa portanto é definida pelo reconhecimento do paciente enquanto pessoa HP história da pessoa pelo reconhecimento do paciente enquanto doente HPMA história pregressa da moléstia atual pela definição de reações e necessidades na situação doença e hospitalização pela avaliação de recursos de enfrentamento e delimitação de focos a serem trabalhados em nível de apoio suporte atenção reordenação coparticipação clarificação validação e significação Assim no hospital a intervenção psicológica deve ser norteada pela terapia breve eou de emergência de apoio e suporte ao paciente caracterizandose o atendimento psicológico em atendimento emergencial e focal considerandose o momento de crise vivenciado pelo indivíduo na situação especial e crítica de doença e hospitalização Então a intervenção psicológica deve caracterizarse predominantemente por limite de tempo imposto sobre a duração do processo um papel muito mais ativo do terapeuta maior orientação no contexto do processo terapêutico e objetivos de tratamento mais limitados e específicos delineados por hipóteses diagnósticas circunstanciais Ressaltase então a significância da psicologia preventiva no contexto hospitalar pela necessidade de melhorar a eficácia de adaptação dos pacientes internados diminuindo a quantidade de pacientes que exibem ineficácia adaptativa através de atendimento imediato e eficiente O método terapêutico breve no hospital possui algumas vantagens bem delimitadas primeiramente a atuação imediata do psicólogo diante da situação crítica determinada pela doença hospitalização e suas intercorrências traz alívio ao desequilíbrio agudo agindo preventivamente contra a cronicidade dos sintomas Além disso a utilização da psicoterapia breve no hospital pode impedir que vivências inerentes ao ser e estar doente se tornem irreversivelmente nocivas Por fim a enorme demanda de pacientes e o quase sempre limitado número de psicólogos impõem a necessidade de técnicas mais coerentes na tentativa de obter mudanças estruturais e dinâmicas na situação de doença e hospitalização para paciente e familiares abreviandose o tempo de duração do tratamento e aproximando em tempo resultados mais precisos Além disso a abordagem psicoterapêutica no hospital deve ser flexível pois além da associação da vivência traumática da doença em si que define a sobreposição do sofrimento físico ao sofrimento psíquico nem todos os pacientes internados possuem estrutura de personalidade capaz de suportar e se beneficiar com intervenções interpretativas Diante delas os pacientes podem ter seus estados emocionais agravados com reflexo imediato em sua evolução física Assim técnicas de intervenção breve são as mais indicadas no contexto hospitalar visando à obtenção de condutas mais realistas e adequadas à situação de doença e hospitalização e pela possibilidade de diagnóstico precoce E nessa medida o psicólogo no contexto hospitalar não deve esperar pelo encaminhamento de pacientes internados mas sim estar com eles em exercício diário nas enfermarias unidades e ambulatórios como decodificador de suas dificuldades em prática de ligação entre a medicina e a psicologia Considerando as especificidades da psicologia no contexto hospitalar podese delimitar quanto à assistência psicológica no hospital a eficácia de acompanhamentos psicoterápicos individuais ou em grupo onde o acompanhamento psicoterápico individual no hospital pode ocorrer nas enfermarias dos próprios pacientes ao lado de seus leitos ou extensiva a seus familiares e acompanhantes nas diversas unidades unidade de diálise sala de quimioterapia bancos de sangue unidade de terapia intensiva unidade de recuperação salas de emergência prontosocorro etc e nos ambulatórios gerais ou de especialidades definese assim a tarefa pelo reconhecimento do paciente enquanto pessoa história da pessoa pelo reconhecimento do paciente enquanto doente história pregressa da moléstia atual delimitação de suas reações e necessidades na situação de doença e hospitalização seguindose a delimitação de focos a serem trabalhados em atuação direcionada em nível de apoio atenção compreensão suporte ao tratamento clarificação dos sentimentos esclarecimentos sobre a doença e fortalecimento dos vínculos pessoais e familiares Além das terapias individuais no hospital geral as técnicas de psicoterapia de grupo têm ganho cada vez mais importância no contexto hospitalar por apresentarem a vantagem operacional de atender um número maior de pacientes com um mesmo número de profissionais Os grupos além disso apresentam a vantagem de constituirse em espaços nos quais os comportamentos presentes podem ser experienciados e novos comportamentos experimentados A reforçar essa demanda cada vez mais acreditase na intervenção psicológica nos hospitais através de programas bem delimitados visando não só objetivar a tarefa como também oferecer um espaço mais condizente com as necessidades dos pacientes e familiares Assim no contexto hospitalar a utilização de psicoterapia de grupo parece muito coerente pela alta demanda de pacientes internados pelos efeitos da limitação de atividades e estimulação durante os períodos de internação pelo alto custo de serviços individuais pela valorização das psicoterapias breves e pela necessidade de adaptação ao ambiente hospitalar do contexto psicoterápico falta de privacidade ausência de tranquilidade interrupções frequentes etc Acrescese a questão de que os grupos no hospital são condizentes com a teoria de crise causada pela doença pois podem ser caracteristicamente breves em seu formato Como instrumentos utilizados em seu exercício profissional a princípio visando realizar psicodiagnóstico adequado à situação de doença e hospitalização ele deve realizar anamnese avaliação psicológica e exame psíquico adaptado para a psicologia hospitalar de acordo com modelo proposto por Sebastiani e Fongaro 1996 Após levantamento de hipóteses diagnósticas ele deve definir focos a serem trabalhados e estabelecer condutas terapêuticas condizentes Após o atendimento psicológico o profissional deve realizar evolução psicológica sistematizando o acompanhamento psicoterápico do paciente em prontuário próprio do serviço ou unidade de psicologia seguindose evolução psicológica em prontuário médico tarefa que reforça a dimensão interdisciplinar de sua tarefa possibilitando trocas efetivas entre os diferentes profissionais de saúde Essa estratégia estabelecida diariamente intercalada pela participação do psicólogo em outras atividades das enfermarias unidades e ambulatórios reuniões interdisciplinares visitas médicas discussões de casos clínicos passagem de plantão etc fortalece gradativamente a tarefa o campo profissional do psicólogo no contexto hospitalar o reconhecimento das equipes em atitude genuína de ligação como foi proposto entre a psicologia e a medicina em atitude essencialmente psicológica Por fim a psicologia no contexto hospitalar não alcançará seu significado nem sua significação se não se envolver firmemente na formação de profissionais para atuação no contexto hospitalar Já foi apontado anteriormente que as instituições de ensino raras exceções ainda não despertaram realmente para essa nova área Mas é possível afirmar que a necessidade de proposições teóricas exibida pela psicologia no contexto hospitalar e que define a amplitude de seus problemas atuais deve alicerçarse em formação dirigida às áreas clínica e hospitalar em nível de graduação e pósgraduação além de experiência pertinente e adequada na área pois é evidente a necessidade de requisitos mínimos teóricos e práticos para a atuação orientação e supervisão em psicologia hospitalar Sem formação o psicólogo recai na esterilidade não consegue trocar não reconhece um caminho empresta modelos não adequados aumenta as lacunas e as diversidades fecha oportunidades verdadeiras em diferentes instituições tornase seu próprio algoz E pior sequer apercebese que o significar em sua conotação mais ampla no contexto hospitalar assume a conotação de apreender o verdadeiro sentido do adoecer humano Sem essa significação com certeza o psicólogo tornase o ajudante o aprendiz do médico o aplicador de testes no hospital o deliranate que só destrói e nunca soma Apesar de as diversidades apresentaremse como significativas nos sistemas de saúde sejam referentes ao seu acesso sejam referentes à atuação do psicólogo no contexto hospitalar é real e autêntica a força de um grande contingente de psicólogos que buscam aprimorar as ações em saúde participando intensamente e de forma criativa nas problematizações da área oferecendo suporte em cada campo específico de atuação referendando a busca e elaboração conceitual de modelos gerais e particulares para alcançar de forma mais efetiva as demandas de saúde solidificando teoricamente o seu exercício profissional Os psicólogos hospitalares são portanto protagonistas e intérpretes de um processo universal de construção de um novo pensar e fazer em saúde definidos pela abordagem holística inerente à psicologia na solução dos problemas mais relevantes da saúde contemporânea Dessa forma as perspectivas de desenvolvimento da psicologia hospitalar apontam para o crescimento de profissionais envolvidos por uma enorme gama de demandas sociais que definem os problemas de saúde a introdução efetiva de psicólogos nas equipes hospitalares conservando a essência delimitada pela formação em psicologia ampliação da atuação do psicólogo em áreas de promoção da saúde e prevenção de doenças Além disso essa perspectiva deve abranger a ampliação da formação em psicologia da saúde tanto em nível de graduação como em nível de pósgraduação o fortalecimento de investigações visando ao desenvolvimento científico da área que aponta a necessidade de elaboração de estratégias globais e táticas particulares de incentivo do desenvolvimento interdisciplinar nos diferentes níveis de saúde Assim a psicologia no contexto hospitalar poderá encaminharse para a integração compreensiva de modelos teóricos aparentemente distantes diminuindo os espaços entre a diversidade da área dandolhe finalmente significação através de esforços psicológicos no cuidado à saúde e na prevenção das doenças E talvez assim a unidade seja alcançada ao deixar que a prática seja um desafio à teoria e que a teoria deixe que irrompam problemas para a prática Figueiredo 1995 Não poderia finalizar este capítulo sem dedicálo com o mais profundo respeito e eterna gratidão àquele que sem ser psicólogo delineou com incomensurável sabedoria os caminhos para a significação da psicologia no contexto hospitalar Obrigada professor Antônio Joaquim Severino Referências bibliográficas Amorim J M L Psicologia hospitalar aspectos existenciais nas intervenções clínicas São Paulo Font e Juliá Editores 1984 AnconaLopez S Intervenções Breves IB em instituições In Segre C D Psicoterapia breve São Paulo Lemos Editorial 1997 Angelini A L Aspectos atuais da profissão de psicólogo no Brasil Boletim de Psicologia v 26 p 3140 1975 FACULDADE ESPÍRITO SANTO CREDENCIADA PELO MEC Portaria nº 668 DO U de 18072016 CURSO Psicologia TURMA 6º Semestre COMPONENTE CURRICULAR Estágio Supervisionado Básico OII DOCENTE Ícaro Berbert Macêdo DISCENTE DATA ATIVIDADE I PROPOSTA Produzir um fichamento a partir da leitura realizada estratégia que tanto poderá favorecer o estudo quanto o acesso posterior às principais ideias contidas na obra utilizada Destaco que o fichamento poderá ser feito de forma digitada Para isso você deverá utilizar como base as características da Ficha de Citações presente no material de apoio compartilhado pelo professor A significação da psicologia no contexto hospitalar FICHAMENTO Cabeçalho A Significação da Psicologia no Contexto Hospitalar Referência Bibliográfic a CHIATTONE HB de C A significação da psicologia no contexto hospitalar Psicologia da saúde um novo significado para a prática clinica Valdemar Augusto Angerani Camon organizador 2 ed rev e ampl São Paulo Cengage Learning p 2010233 2011 Corpo do texto Como a própria literatura na área aponta mesmo já tendo acumulado largo espectro de material prático em seu desenvolvimento a psicologia no contexto hospitalar ainda atende à necessidade de busca de proposições básicas para o seu desempenho e para o delineamento formal das peças que constituem seu arcabouço enquanto ciência p 212 Esse empréstimo a áreas afins as abordagens fronteiriças aparentemente de veria estar a serviço de favorecer em determinada perspectiva o crescimento da psicologia no contexto hospitalar pois o grau de autenticidade clareza e fundamen tação das teses e leis emprestadas costuma ser mais refinado e organizado do que as teses e as leis em psicologia Ciências como Medicina Biologia e Filosofia para citar apenas alguns exemplos definemse através de teses e construções bem desenvolvi das partindo de princípios bem fundamentados Além disso metodologicamente apresentamse com uma exatidão bem maior do que as teses das escolas psicológicas que utilizam conceitos criados recentemente às vezes pouco sistematizados p 212 a psicologia no contexto hospitalar apresentase atualmente de forma diversa vários domínios e vertentes múltiplos recursos me todológicos várias linguagens múltiplos problemas e várias tentativas de funda mentação teórica através do exercício descritivo de tarefas tendência generalizada nas publicações científicas A partir dessa constatação podemse verificar várias consequências na área dificuldades na definição de perspectivas teóricas dicoto mia entre os fundamentos teóricos e a práxis tendência exagerada à subjetividade que pode ser confundida com incapacidade pela objetividade do contexto onde tenta inserirse conflitos na tentativa de inserção nas equipes conflitos e tentati vas malsucedidas de divisão entre os próprios psicólogos da área e dificuldades na legitimação do espaço psicológico nas instituições de saúde p 213 o caminho mais coerente na tentativa de significação da psicologia no contexto hospitalar é o reconhecimento dessa pluralidade não recusando os procedimentos de fundação da própria psicologia acrescido da compreensão am pliada da realização histórica que essa nova área da psicologia vem tomando para atingir de forma mais compreensível o sentido de suas funções e de suas práticas sociais E esse reconhecimento deve ocorrer visando o entendimento não tendo sentido somente em nível de enunciação ou problematização p 214 deve estar bem claro ao psicólogo hospitalar que a fragmentação na psicologia enquanto ciência é real persistente amplamente reconhecida pela li teratura dificilmente havendo possibilidades de unificação entre as distintas ver tentes Além disso essa pluralidade dificulta a definição de uma identidade mais segura à psicologia pela fragmentação de seu domínio de investigação quer do ponto de vista de seus métodos quer de seu objeto quer na delimitação de seu campo É possível reconhecer que apesar de ela não ter ainda atingido seu estágio paradigmático mantémse em estágio pré paradigmático onde o conhecimento permanece especializado e cada grupo adere à sua própria orientação teórica e metodológica p 215 Já foi assinalado que as possíveis soluções para esse impasse recaem sobre o reconhecimento compreensão e redimensão dessa pluralidade Esse impasse pode ser minimizado através do compromisso entre a psicologia no contexto hospitalar e a apreensão da realidade que escancara as dificuldades e as vicissitudes Assim ao lançarse nessa busca do saber o psicólogo que atua no hospital deve envolverse em um processo de transformação pois se utiliza de saberes anteriores ligando os aos conteúdos adquiridos e de reconstrução pela possibilidade de reconstruir a realidade sob novos parâmetros delimitando um conhecimento dotado de sentido próprio pessoal paralelamente à adequada avaliação epistemológica desse conhecimento p 216 Nessa dinâmica a psicologia no contexto hospitalar deve ser compreendi da dialeticamente em seu movimento crescimento desenvolvimento e evolução sempre em uma tarefa ética eliminandose a prática do digladio da exclusão da desqualificação de saberes como não científicos ou não psicológicos inclusive entre os profissionais que atuam na área p 216 Ao buscar significar a psicologia no contexto hospitalar o psicólogo pode seguir duas vertentes reflexivas intimamente interligadas as vertentes psicológica e social que a todo momento se interpõem e que serão discutidas separadamente somente por questões didáticas p 217 o conceito essencial que age como suporte na psicologia enquanto ciência não só determina o conteúdo das subáreas à sua volta como também pode indicar seu caráter integrador E da própria psicologia deve surgir a necessidade de unir as subáreas e ramos do saber p 217 Significar a estabelecimento de conexões entre vários fatos ou vários grupos de fatos referindo uma série de fenômenos definindo se a causalidade desses em um mesmo domínio Nesse sentido ao significar ao generalizar ao unificar fatos de diferentes domínios a psicologia no contexto hospitalar obrigada a se vê a situar esses fenômenos no contexto mais amplo da psicologia p 218 A psicologia no contexto hospitalar surgiu justamente em resposta as novas tendências que assinalavam a necessidade de expansão do saber biopsicossocial na compreensão do fenômeno doença visando modificar as concepções habituais cristalizadas pelo modelo biomédico pois a necessidade de propagação da influência do modelo biopsicossocial a domínios contíguos definiu o surgimento da medicina psicossomática da medicina comportamental e da psicologia da saúde p 218 Nesse sistema hierárquico tendo a psicologia como centro principal a psicologia da saúde como sistema secundário e também dela a psicologia no contexto hospitalar a psicologia em si deve configurarse na unidade que determina o sentido e o significado de cada domínio isolado O salto para o reconhecimento como saber específico se dará quando o profissional a perceberse que está no hospital para ser psicólogo e não para seguir conceituações arraigadas ao pensamento materialista que se distanciam da compreensão do ser humano p 218 Ao incluir o homem no conjunto da natureza o privilégio da razão indicou a peculiaridade e a noção em termos físicos de desequilíbrio do não lógico da não ordenação Nesse contexto o materialismo histórico e dialético ao criticar o positivismo ampliou a conceituação de saúde privilegiando a totalidade e a visão do ser doente num contexto biopsicossocial p 219 Mesmo assim essas reflexões apontam que qualquer definição ou abordagem psicológica ou social da saúde deve incluir sua herança histórica positivista pois esta interpõe obrigatoriamente os mecanismos constituintes para sua evolução e os reflexos diretos às ações de saúde influenciando as produções teóricas e a prática no campo da saúde p 220 a partir do reconhecimento do modelo biopsicossocial a significação da psicologia hospitalar tornase mais próxima de sua contextualização teórico científica e metodológica fortalecendose em consequência uma identidade mais definida e coerente com a psicologia si e com o contexto social em e institucional onde está inserida a instituição hospitalar p 220 A primeira constatação aponta que a psicologia no contexto hospitalar constituise como estratégia de atuação da psicologia mais propriamente da psicologia da saúde que agrega conhecimentos educacional científico e profissional da disciplina Psicologia para utilizálo na promoção e manutenção da saúde na prevenção e no tratamento da doença na identificação da etiologia e nos diagnósticos relacionados à saúde à doença e às disfunções bem como no aperfeiçoamento do sistema de política de saúde p 221 A psicologia hospitalar desenvolvese pela necessidade de um novo enfoque uma mudança de estratégias na forma de prover saúde em seu sentido mais amplo Um novo paradigma que reforçando o modelo biopsicossocial e otimizando o trabalho interdisciplinar pudesse realmente estimular a união ou integração das ciências médicas e sociais estreitando os vínculos das vertentes assistenciais de formação e investigativas aglutinando estratégias globais que possibilitassem oferecer respostas aos problemas que implicam desenvolver uma nova forma de pensamento em saúde p 222 Aqui constatase um segundo aspecto fundamental para a significação da psicologia no contexto hospitalar a entrada de psicólogos nos hospitais não se deu aleatoriamente Além dos reflexos das mudanças dos paradigmas em saúde várias circunstâncias podem ser citadas como propícias para este desenvolvimento p 222 Assim delimitase uma terceira constatação importante para enfrentar e responder a essa nova demanda existente os psicólogos no hospital lançaram mão de recursos teóricometodológicos disponíveis emprestando de outras áreas da psicologia ou da medicina conteúdos necessários para implementar suas intervenções p 223 é possível apontar um quarto aspecto a busca de delimitação teórico metodológica visando à significação da psicologia no contexto hospitalar além de extremamente necessária no sentido de alcançar um eixo de referência na diversidade que ajude o psicólogo hospitalar em sua práxis pode delinear ou clarificar algumas pistas p 224 Tanto a psicologia no contexto hospitalar como a psiquiatria de ligação englobam no hospital tarefas que envolvem a assistência o ensino e a pesquisa em nível da interface entre a psiquiatria no caso da psiquiatria de ligação ou a psicologia no caso da psicologia hospitalar e a medicina p 225 Ambas pressupõem um contato contínuo com os serviços hospitalares tendo o profissional presença constante nas unidades e serviços participando das decisões tomadas das atividades diárias não sendo somente consultor em casos emergenciais As duas vertentes imprimem em sua tarefa o caráter preventivista p 225 Nessa medida a psicologia no contexto hospitalar também pode ser considerada como uma estratégia de ligação entre a medicina e a psicologia E essa constatação toma sentido quando se busca definir o objeto e o campo de atuação do psicólogo nas instituições hospitalares O seu campo de atuação no contexto hospitalar definese pela consideração de que a doença tem como princípio reflexo a desarmonização da pessoa Nessa medida estar doente implica em desequilíbrios que podem ser compreendidos em uma visão holística como um abalo estrutural na condição de ser chocandose ao processo dinâmico de existir rompendo as relações normais do indivíduo tanto consigo quanto com o mundo que o rodeia p 226 Os modelos de intervenção breve têm sido o tratamento de escolha nas situa ações de crise impostas pela doença e hospitalização Freeman e Dattilio 1995 na medida em que a psicoterapia breve eou de emergência fundamentada na teoria de crise é coerente com as necessidades emergentes de pacientes e familiares no hospital A dor ou o perigo a que o paciente está exposto requer que a intervenção seja imediata com algum grau de alívio obtido o mais rápido possível primordial mente no primeiro encontro Assim embora existam vários modelos de psicoterapia breve todos eles apresentam em comum o objetivo de remover e aliviar sintomas específicos de forma adequada e oportuna p 229 O método terapêutico breve no hospital possui algumas vantagens bem de limitadas primeiramente a atuação imediata do psicólogo diante da situação cri tica determinada pela doença hospitalização e suas intercorrências traz alívio ao desequilíbrio agudo agindo preventivamente contra a cronicidade dos sintomas Além disso a utilização da psicoterapia breve no hospital pode impedir que vivências inerentes ao ser e estar doente se tornem irreversivelmente nocivas Por fim a enorme demanda de pacientes e o quase sempre limitado número de psicólogos impõem a necessidade de técnicas mais coerentes na tentativa de obter mudanças estruturais e dinâmicas na situação de doença e hospitalização para paciente e familiares abreviandose o tempo de duração do tratamento e aproximando em tempo resultados mais precisos p 230 Por fim a psicologia no contexto hospitalar não alcançará seu significado nem sua significação se não se envolver firmemente na formação de profissionais para atuação no contexto hospitalar Já foi apontado anteriormente que as insti tuições de ensino raras exceções ainda não despertaram realmente para essa nova área Mas é possível afirmar que a necessidade de proposições teóricas exibida pela psicologia no contexto hospitalar e que define a amplitude de seus problemas atuais deve alicerçarse em formação dirigida às áreas clínica e hospitalar em nível de graduação e pósgraduação além de experiência pertinente e adequada na área pois é evidente a necessidade de requisitos mínimos teóricos e práticos para a atuação orientação e supervisão em psicologia hospitalar p 232 Os psicólogos hospitalares são portanto protagonistas e intérpretes de um processo universal de construção de um novo pensar e fazer em saúde definidos pela abordagem holística inerente à psicologia na solução dos problemas mais relevantes da saúde contemporânea p 233 Indicação da obra Para estudantes e profissionais da área da psicologia e da saúde em um geral Local São Paulo Cengage Learning