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ois estudos divulgados na última semana mostram novas facetas dos excessos e até da dependência jogos eletrônicos e exercícios físicos O que fazer para se divertir ou cuidar da saúde sem enfrentar esses exageros Segundo um dos estudos quase 5 da população do Japão pode estar enfrentando um quadro de dependência a jogos eletrônicos principalmente alguns que lembram caçaníqueis São mais de 5 milhões de japoneses em sua maioria com mais de 20 anos afetados Essa proporção é mais alta que em outros países do mundo cerca de 1 e pode ser decorrente de uma questão cultural esse tipo de jogo é extremamente popular no Japão onde há lojas especializadas espalhadas por todas as cidades O uso de internet no país estaria sendo problemático ainda segundo a pesquisa para 45 dos homens e 35 das mulheres um aumento de 50 nos últimos anos Mais de 4 milhões de japoneses vivem essa forma de dependência Em contraste dependência ao álcool seria um problema menos importante no Japão onde cerca de 1 milhão de pessoas bebem em excesso uma taxa muito menor por exemplo do que a do Brasil A cultura do excesso de internet e de jogos eletrônicos tem acentuado um comportamento em boa parte do mundo ocidental o sedentarismo No outro extremo entretanto há um número considerável de pessoas especialmente os mais jovens se excedendo na prática de atividades físicas com características claras de dependência Outro trabalho recente da Universidade College London UCL publicado no jornal Daily Mail mostra que 85 dos estudantes ingleses do ensino médio têm algum grau de dependência a exercícios físicos As garotas parecem ainda mais obcecadas mas os garotos não escapam da busca por um físico perfeito Diferente da anorexia não se evita comer nem se busca a magreza há uma procura desmedida de espaço e tempo para se fazer atividades físicas Os especialistas acreditam que esse tipo de dependência pode estar surgindo como conseqüência do excesso de informações trabalhadas nos últimos anos sobre a importância de se fazer exercícios como forma de combater o crescente sedentarismo e a obesidade A maioria das garotas inglesas tem algum grau de insatisfação com sua imagem corporal Aquelas que enxergam no esporte a única tábua de salvação para a busca incessante de um corpo perfeito são as mais propensas a exagerar Garotos que correm atrás de um físico mais forte para afirmar sua masculinidade e impressionar as garotas também podem cair nessa armadilha Na esteira desse exagero vem o consumo precoce de anabolizantes e de suplementos Ambos podem trazer prejuízos à saúde de corpos que estão em fase de desenvolvimento sem contar as lesões que se proliferam entre os mais novos e que podem levar a limitações de movimentos e seqüelas precocemente Mas talvez o ponto mais preocupante seja a dependência emocional Um trabalho de 2013 da Universidade de Lausanne na Suíça feito com 1200 jovens de 16 a 20 anos também citado no Daily Mail mostra que quanto mais o jovem pratica atividade física mais ele fica feliz até um limite de duas horas por dia o dobro do considerado ideal para essa faixa de idade A partir daí ele se sente muito mais ansioso estressado e deprimido o que pode revelar claros sinais de dependência Tanto no caso do games eletrônicos como no das atividades físicas a questão do limite é fundamental Trocar interações sociais interesse na escola e no trabalho e opções variadas de lazer pela busca ininterrupta de tempo para se exercitar ou jogar mostra que há uma dificuldade de controle E pior quanto mais se faz mais se sente que falta algo que ainda deve ser feito Jairo Bouer é psiquiatra D O ESTADO DE SÃO PAULO 24 de agosto de 2014 AS NOVAS DEPENDÊNCIAS JAIRO BOUER jbouerestadaocom O furacão da mudança A evolução da tecnologia como ocorreu no século 19 vai ceifar empregos O remédio é uma transformação radical na educação stamos vivendo o que alguns especialistas já chamam de A segunda era da máquina um período particularmente excitante para os espíritos mais otimistas Para eles o avanço inacreditável e incontrolável da tecnologia e da capacidade de processamento dos chips nos levará a um tempo de abundância de recursos físicos e imateriais nunca visto na história Os otimistas têm o passado a seu favor Até hoje o progresso tecnológico só se transformou em avanço gerando e distribuindo riqueza Graças às máquinas uma parcela significativa da humanidade teve corpo e mente libertados e passou a viver mais e melhor Ninguém com juízo em ordem pode ser contra isso E ninguém por mais que deseje vai conseguir deter as transformações que a tecnologia provocará nos próximos anos A questão é que estamos numa fase desconfortável desse processo e muitos mortos leiase empregos ficarão pelo caminho Resta saber quantos Dias atrás Bill Gates fundador da Microsoft previu que a robotização da economia eliminará milhões de postos de trabalho sobretudo nos países desenvolvidos nos próximos 20 anos Máquinas segundo ele tomarão lugar de garçons motoristas e enfermeiros um movimento rápido que gerará pressões sociais e que vem sendo negligenciado pela maioria dos governos Hoje mesmo nas nações mais ricas esses garçons motoristas e enfermeiros não estão preparados para assumir novas funções em outros setores da nova economia O mundo agora deve ficar pior para os que escolheram ou foram obrigados a escolher profissões condenadas à obsolescência É gente como os operários da americana Pilgrims Pride processadora de carne de frango controlada pelos brasileiros da JBS A tarefa de alguns deles era cortar as peças em pedaços cada vez menores e mais uniformes Hoje uma máquina de 13 milhão de dólares faz esse trabalho com precisão muito superior à de qualquer humano Nos últimos quatro anos a Pilgrims Pride eliminou 5500 empregos nos Estados Unidos o equivalente a 15 de sua força de trabalho no país É provável que o futuro não conheça cortadores de frango É provável também que para as próximas gerações profissões como piloto de avião soldado e guarda de trânsito façam companhia aos datilógrafos e operadores de telégrafo de um passado não muito distante Quebrar os computadores ou rejeitar o avanço tecnológico é tão inútil e ridículo quanto entrar em fábricas para destruir máquinas Mas é ingênuo acreditar que esse processo de destruição criadora não vá gerar fortes tensões sociais nos próximos anos Um futuro muito melhor não serve de consolo para quem vai viver um presente de privações O remédio está na radical mudança do sistema educacional Nossas escolas terão de preparar desde já cidadãos e profissionais que se adaptem a essa economia nascente Gente de pouca qualificação não será poupada Trabalhadores criativos e de pensamento crítico serão cada vez mais valorizados Nenhum país parece realmente preparado para isso Certamente o Brasil que gera cada vez mais empregos na base da pirâmide de qualificação achatando sua produtividade olha para trás Péssima escolha O furacão da mudança pode demorar um pouco mais para chegar até aqui Mas é certo que ele virá CLÁUDIA VASSALLO é jornalista e superintendente da Unidade EXAME da Editora Abril trechos suprimidos do artigo original 92 wwwexamecom 2 de abril de 2014 E CLÁUDIA VASSALLO Ad novas dependências Dois estudos recentes destacam novas facetas da dependência jogos eletrônicos e exercícios físicos No Japão quase 5 da população pode estar enfrentando dependência a jogos eletrônicos principalmente aqueles que lembram caçaníqueis Já na Inglaterra 85 dos estudantes do ensino médio têm algum grau de dependência a exercícios físicos principalmente garotas que buscam um corpo perfeito Especialistas acreditam que a cultura do excesso de internet e jogos eletrônicos tem acentuado o sedentarismo no mundo ocidental enquanto a busca pelo corpo perfeito pode levar a comportamentos obsessivos e consumo precoce de anabolizantes e suplementos O furacão da mudança O avanço tecnológico e a robotização da economia levarão à eliminação de muitos empregos nos próximos anos gerando tensões sociais A solução é uma transformação radical na educação preparando os cidadãos e profissionais para se adaptarem à nova economia Trabalhadores criativos e de pensamento crítico serão cada vez mais valorizados enquanto profissões condenadas à obsolescência desaparecerão Nenhum país parece estar realmente preparado para isso e o Brasil que gera empregos na base da pirâmide de qualificação corre o risco de ficar para trás O futuro pode ser promissor mas o presente de privações deve ser enfrentado com seriedade e planejamento