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Administração ·
Gestão de Produção
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3\nMRP - Planejamento de Necessidades Materiais\n3.1 CONCEITO DE CÁLCULO DE NECESSIDADE DE MATERIAIS\nO conceito de cálculo de necessidade de materiais é simples e conhecido há muito tempo. Baseia-se na ideia de que, se são conhecidos todos os componentes de determinação do produto e os tempos de obtenção de cada um deles, podemos, com base na visão de futuro das necessidades de disponibilidade do produto em questão, calcular os momentos e as quantidades que devem ser obtidas, de cada um dos componentes para que não haja falta nem sobra de nenhum deles, no suprimento das necessidades da produção do referido produto. Qualquer dona de casa, planejando uma saborosa bacalhaada para seus convidados para o almoço da Sexta-feira Santa, utiliza-se, mesmo sem saber, dos conceitos de MRP.\nA primeira questão que nossa dona de casa se faz é: quantos convidados terei para o almoço da Sexta-feira Santa? (uma tentativa de desenvolver uma visão da demanda futura). Sua lista de convidados tem 13 pessoas, podendo chegar a 15, pois sabemos que, no Brasil, há o hábito de se levarem “agregados” a festas. Baseada em fórmulas de sua “receita” de bacalhau, uma “receita” serve 5 pessoas. Isso significa que a dona de casa deverá providenciar uma quantidade de ingredientes com base nas necessidades de produtos (quantidade necessária de produtos e bacalhau) e na composição do bacalhau dada pela lista de ingredientes da receita.\nEntretanto, a receita traz informações adicionais que a dona de casa colocará em tempo (gerar um programa) a sequência de operações de compra e produção que deverá executar para que a quantidade certa de bacalhau esteja disponível para atender sua demanda na hora certa. Ela sabe, por exemplo, que, para a receita apresentada, o bacalhau deverá ser tirado do forno com os convidados às 13:00 BOXE 3.1\nBacalhau Imaginário\nIngredientes\n1 kg de bacalhau da Noruega\n12 batatas grandes\n6 cebolas grandes\n4 ovos cozidos\n2 cobres de vinagre\n1 pitada de páprica\n18 azeitonas portuguesas\nModo de preparar\nDessalque e retire a pele do bacalhau. Cozinhe o bacalhau por 10 minutos. Descasque as batatas e coza-as na água de fervura do bacalhau por cerca de 20 minutos. Prepare outra panela com cebolas em pedaços, frittas no azeite. Junte o bacalhau, agora em camadas, à fritura e, mais tarde, às batatas. Quando tudo tiver adquirido ou levemente dourado, adicionar uma colher de vinho e uma pitada de páprica. Munte um refratário com as batatas, o bacalhau e as cebolas em camadas. Deixe descansar por 12 horas. Leve o refratário montado ao forno baixo por 2 horas. Cozinhe o brócolis e os ovos em recipientes separados. Decore o prato com os ovos cozidos, as azeitonas e os brócolis. Serve cinco pessoas. das proximidades. O vinagre, por exemplo, há em casa em quantidade suficiente, não demandando aquisição adicional. Como não há nenhuma azeitona em casa, é necessário comprar a quantidade total necessária. O azeite, como a dona de casa tem algum, mas não todo o necessário, deve ser comprado em quantidade suplementar quando já há em casa para atender a necessidade da bacalhauada. O mesmo raciocínio se aplica aos diversos outros itens comprados; o bacalhau, entretanto, que deve estar disponível para montagem da bacalhauada às 22h00, necessita para isso, ter ficado “de molho” pelo menos por 24 horas, para perder o excesso de sal. Isso significa que o bacalhau deve ser colocado de molho às 22h00 da quarta-feira, sendo que será adquirido, portanto, antes disso, talvez na própria quarta-feira às 20h00. As batatas devem estar cozidas, descascadas e cortadas para serem montadas; portanto, devem começar a ser preparadas duas horas antes, ou seja, às 20h00 de quinta-feira, e, portanto, não podem ser compradas às 20h00 de quinta-feira, que são a 6h antes. Com essa lógica de raciocínio, cuja intuição, a dona de casa consegue estabelecer um programa de atividades, de forma que os ingredientes (comprados, como as azeitonas e já semelhantes, ou desalinizado) estejam disponíveis das quantidades necessárias a suprir as receitas, sem que faltem os mesmos ingredientes. A Figura 3.1 ilustra um cálculo de MRP para nossa bacalhauada.\nFIGURA 3.1 Estrutura de produtos para bacalhauada.\nComo se trata de menos de uma dezena de ingredientes, um produto só (bacalhau), com um pedido 56 (Sexta-feira Santa, para servir 15 pessoas), é possível fazermos o raciocínio do cálculo de necessidade de materiais, intuitivamente, de cabeça. Mesmo ITEMS PAIS E ITENS FILHOS E ESTRUTURA DE PRODUTO. Chamamos, no jargão do MRP de itens 'filhos' os componentes diretos de outros itens, estes correspondem.\n\nLapiseira P207\nCorpo externo 207\nPresilha de bolo\nMiolo 207\nCorpo da ponteira\nTampa\nTira 0,1 mm\nBorrachas\nCapa de borracha\nMoia\nCorpo do miolo\nPlástico ABS\nCorante azul LISTA DE MATERIAIS 'INDENTADA' (INDENTED BILL OF MATERIALS). Como nem sempre é fácil gerar representações gráficas como a da 'estrutura de produtos', às vezes usamos uma representação alternativa às mesmas informações, chamada 'lista de materiais indentada', do inglês indented bill of materials.\n\n0. Lapiseira P207\n 1. Corpo externo 207\n 2. Plástico ABS\n 3. Corante azul\n 4. Borracha\n 5. Capa de borracha\n 6. Tira 0.1 mm\n 7. Miolo interno 207\n 8. Mola\n 9. Corpo do miolo\n 10. Plástico ABS\n 11. Corante preto\n 12. Suporte da garra\n 13. Capa da garra\n 14. Garras\n 15. Grafite 0.7 mm\n 16. Corpo da ponteira\n 17. Guia da ponteira\n 18. Tampa\n 19. Tira 0.1 mm EXPLORAÇÃO DE NECESSIDADES BRUTAS DE MATERIAIS. Essas representações de estruturas de produtos auxiliam na resposta a duas das questões logísticas fundamentais que os sistemas de administração de produção buscam responder: o que (pois as estruturas trazem unicamente quais componentes são necessários a produção de determinado produto) e quanto (pois as informações de quantidades de itens 'filhos' são necessários para qualquer item 'pai' necessário) produzir e comprar. Por exemplo, sabemos que, se 1.000 lapiseiras devem ser fabricadas, é necessário comprar 4.000 grafites, produzir 1.000 corpos do miolo etc. Veja a Tabela 3.1 para cálculo de quantidades necessárias de componentes a partir da necessidade de produção de 1.000 lapiseiras.\n\nTABELA 3.1 Itens da lapiseira.\n\nItem Quantidade Comprado/produtido\nLapiseira P207 1.000 produzido\nCorpo externo 207 1.000 produzido\nPresilha de bolo 2g produzido\nMiolo 1.000 produzido\nBorracha 1.000 produzido\nCapa da borracha 2 comprado\nPlástico ABS 10 kg comprado\nCorante azul 10g comprado\nTira 0,1 mm 2 kg comprado\nGrafite 0,7 mm 4.000 comprado\nFio de borracha 20 m comprado\nTira 0,1 mm 2 kg comprado\nMola 1.000 produzido\nCorpo do miolo 3.000 comprado\nSuporte da garra 1.000 comprado\nCapa da garra 1.000 comprado\nGarras 3.000 comprado\nPlástico ABS 7 kg comprado\nCorante preto 50 g comprado Este cálculo é conhecido como \"explosão\" de necessidades brutas, significando a quantidade total de componentes que necessitam estar disponível para a fabricação das quantidades necessárias de produtos.\n\nA questão pertinente agora é: quando devemos efetuar essas ações gerenciais de comprar ou produzir? Devemos comparar todos os componentes possíveis e mais cedo possível? Provavelmente não. Hoje há empresas a preocupação de não se carregar mais materiais nem um dia antes do que seja estritamente necessário ao fluxo produtivo. Em outras palavras, é mais desejável segundo essa lógica se comprimidos os materiais não no momento que está possível, mas no momento mais trade possível. É essencial, também, a lógica do MRP: programar atividades para o momento mais trade possível, de modo a minimizar os estoques carrinhos. Para isso, parte das necessidades de produtos acabados: por exemplo, imaginemos que nosso pedido de 1.000 lapiseiras esteja agendado para a semana 21 e na primeira semana da estrutura do produto ainda escolhemos a unidade dos itens \"pai\", e precisamos levantar informações sobre tempos: tempos de obtenção dos diversos itens que estão comparados ou produzidos. Vamos imaginar ainda o caso dos fabricados) assim conforme a Tabela 3.2: TABELA 3.2 Tempos de obtenção dos itens da lapiseira.\n\nItem Tempo de obtenção Comprado/produzido\nLapiseira P207 1 semana produzido\nCorpo externo 207 2 semanas comprado\nPencilha de bolo 1 semana comprado\nMilo 207 1 semana produzido\nCorpo da ponteira 2 semanas comprado\nGuia de ponteira 1 semana comprado\nTampo 1 semana produzido\nPlástico ABS 1 semana comprado\nCorante azul 2 semanas comprado\nTrio 0,1 mm 1 semana comprado\nBorracha 1 semana produzido\nMilo interno 207 3 semanas comprado\nCapa da garra 3 semanas comprado\nGorros 1 semana comprado\nFio 0,1 mm 1 semana comprado\nCorpo do milo 2 semanas comprado\nGrafite 0,7 mm 1 semana comprado\nGrafite 0,1 mm 2 semanas comprado\nCapas do milo 3 semanas comprado\nCapa do garra 3 semanas comprado\nPilasio ABS 1 semana comprado\nCorrente preto 2 semanas comprado\n\nVamos imaginar ainda uma forma de representação que inclua as informações da estrutura do produto com os tempos de obtenção de cada um dos itens. Representemos cada item mais como um retângulo, mas com um segmento de reta que tenham um comprimento proporcional ao tempo de obtenção do item ao qual se refere. Como estamos mais acostumados a enxergar representações em que o tempo varia na direção horizontal, \"à menos de 90°\" a representação anterior. Ajustamos ainda, a nova estrutura resultante para que sua extremidade direta coincidida com o momento em que sejam necessárias 1.000 lapiseiras prontas, ou seja, com a semana 21, obtendo a seguinte representação: FIGURA 3.4 Representação dos tempos de obtenção de todos os itens da lapiseira, respeitando as relações \"pai-filho\" entre os itens.\n\nCom base na representação obtida da Figura 3.4, podemos ver com clareza quais os momentos em que as diversas atitudes gerenciais logísticas deverão ser tomadas ao longo do tempo, para que as quantidades certas, nos momentos certos, sejam disponibilizadas para a produção da quantidade desejada (dada pela melhor visão de futuro que hoje temos, neste caso dada pelo pedido firme de 1.000 lapiseiras) de produtos acabados. A seqüência de ações gerenciais deve ser (lembrando que em nosso exercício hipotético estamos na semana 10): TABELA 3.3\nSequência de ações gerenciais para o planejamento da lapiseira.\n\nSemana\nAção gerencial referente a pedido de 1.000 lapiseiras p/ semana 21\n\nSemana 10\nnenhum\nSemana 11\nnenhum\nSemana 12\nliberar ordem de compra de 50 de carvão preto\nSemana 13\nliberar ordem de compra de 1.000 capas de garro\nSemana 14\nliberar ordem de compra de 7 kg de plásticos ABS\nSemana 15\nliberar ordem de produto de 1.000 copos de molo\nSemana 16\nliberar ordem de compra de 1.000 suprimentos de garo\nSemana 17\nliberar ordem de compra de 1.000 copos\nSemana 18\nliberar ordem de compra de 2.000 gramas\nSemana 19\nliberar ordem de produto de 1.000 gramas\nSemana 20\nliberar ordem de produto de 1.000 garro\nSemana 21\nentregar as 1.000 lapiseiras P207 conforme pedido\n\nNotamos que o MRP tem uma lógica que parte da visão de futuro de necessidade de produtos acabados e depois vem “explodindo” as necessidades de componentes nível a nível, para trás no tempo. Por isso a lógica do MRP é chamada de lógica de “programação para trás” (em terminologia inglesa, backward scheduling).\n\nDa análise da Figura 3.4, alguns pontos saltam aos olhos, como características marcadamente diferentes da prática das empresas.
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3\nMRP - Planejamento de Necessidades Materiais\n3.1 CONCEITO DE CÁLCULO DE NECESSIDADE DE MATERIAIS\nO conceito de cálculo de necessidade de materiais é simples e conhecido há muito tempo. Baseia-se na ideia de que, se são conhecidos todos os componentes de determinação do produto e os tempos de obtenção de cada um deles, podemos, com base na visão de futuro das necessidades de disponibilidade do produto em questão, calcular os momentos e as quantidades que devem ser obtidas, de cada um dos componentes para que não haja falta nem sobra de nenhum deles, no suprimento das necessidades da produção do referido produto. Qualquer dona de casa, planejando uma saborosa bacalhaada para seus convidados para o almoço da Sexta-feira Santa, utiliza-se, mesmo sem saber, dos conceitos de MRP.\nA primeira questão que nossa dona de casa se faz é: quantos convidados terei para o almoço da Sexta-feira Santa? (uma tentativa de desenvolver uma visão da demanda futura). Sua lista de convidados tem 13 pessoas, podendo chegar a 15, pois sabemos que, no Brasil, há o hábito de se levarem “agregados” a festas. Baseada em fórmulas de sua “receita” de bacalhau, uma “receita” serve 5 pessoas. Isso significa que a dona de casa deverá providenciar uma quantidade de ingredientes com base nas necessidades de produtos (quantidade necessária de produtos e bacalhau) e na composição do bacalhau dada pela lista de ingredientes da receita.\nEntretanto, a receita traz informações adicionais que a dona de casa colocará em tempo (gerar um programa) a sequência de operações de compra e produção que deverá executar para que a quantidade certa de bacalhau esteja disponível para atender sua demanda na hora certa. Ela sabe, por exemplo, que, para a receita apresentada, o bacalhau deverá ser tirado do forno com os convidados às 13:00 BOXE 3.1\nBacalhau Imaginário\nIngredientes\n1 kg de bacalhau da Noruega\n12 batatas grandes\n6 cebolas grandes\n4 ovos cozidos\n2 cobres de vinagre\n1 pitada de páprica\n18 azeitonas portuguesas\nModo de preparar\nDessalque e retire a pele do bacalhau. Cozinhe o bacalhau por 10 minutos. Descasque as batatas e coza-as na água de fervura do bacalhau por cerca de 20 minutos. Prepare outra panela com cebolas em pedaços, frittas no azeite. Junte o bacalhau, agora em camadas, à fritura e, mais tarde, às batatas. Quando tudo tiver adquirido ou levemente dourado, adicionar uma colher de vinho e uma pitada de páprica. Munte um refratário com as batatas, o bacalhau e as cebolas em camadas. Deixe descansar por 12 horas. Leve o refratário montado ao forno baixo por 2 horas. Cozinhe o brócolis e os ovos em recipientes separados. Decore o prato com os ovos cozidos, as azeitonas e os brócolis. Serve cinco pessoas. das proximidades. O vinagre, por exemplo, há em casa em quantidade suficiente, não demandando aquisição adicional. Como não há nenhuma azeitona em casa, é necessário comprar a quantidade total necessária. O azeite, como a dona de casa tem algum, mas não todo o necessário, deve ser comprado em quantidade suplementar quando já há em casa para atender a necessidade da bacalhauada. O mesmo raciocínio se aplica aos diversos outros itens comprados; o bacalhau, entretanto, que deve estar disponível para montagem da bacalhauada às 22h00, necessita para isso, ter ficado “de molho” pelo menos por 24 horas, para perder o excesso de sal. Isso significa que o bacalhau deve ser colocado de molho às 22h00 da quarta-feira, sendo que será adquirido, portanto, antes disso, talvez na própria quarta-feira às 20h00. As batatas devem estar cozidas, descascadas e cortadas para serem montadas; portanto, devem começar a ser preparadas duas horas antes, ou seja, às 20h00 de quinta-feira, e, portanto, não podem ser compradas às 20h00 de quinta-feira, que são a 6h antes. Com essa lógica de raciocínio, cuja intuição, a dona de casa consegue estabelecer um programa de atividades, de forma que os ingredientes (comprados, como as azeitonas e já semelhantes, ou desalinizado) estejam disponíveis das quantidades necessárias a suprir as receitas, sem que faltem os mesmos ingredientes. A Figura 3.1 ilustra um cálculo de MRP para nossa bacalhauada.\nFIGURA 3.1 Estrutura de produtos para bacalhauada.\nComo se trata de menos de uma dezena de ingredientes, um produto só (bacalhau), com um pedido 56 (Sexta-feira Santa, para servir 15 pessoas), é possível fazermos o raciocínio do cálculo de necessidade de materiais, intuitivamente, de cabeça. Mesmo ITEMS PAIS E ITENS FILHOS E ESTRUTURA DE PRODUTO. Chamamos, no jargão do MRP de itens 'filhos' os componentes diretos de outros itens, estes correspondem.\n\nLapiseira P207\nCorpo externo 207\nPresilha de bolo\nMiolo 207\nCorpo da ponteira\nTampa\nTira 0,1 mm\nBorrachas\nCapa de borracha\nMoia\nCorpo do miolo\nPlástico ABS\nCorante azul LISTA DE MATERIAIS 'INDENTADA' (INDENTED BILL OF MATERIALS). Como nem sempre é fácil gerar representações gráficas como a da 'estrutura de produtos', às vezes usamos uma representação alternativa às mesmas informações, chamada 'lista de materiais indentada', do inglês indented bill of materials.\n\n0. Lapiseira P207\n 1. Corpo externo 207\n 2. Plástico ABS\n 3. Corante azul\n 4. Borracha\n 5. Capa de borracha\n 6. Tira 0.1 mm\n 7. Miolo interno 207\n 8. Mola\n 9. Corpo do miolo\n 10. Plástico ABS\n 11. Corante preto\n 12. Suporte da garra\n 13. Capa da garra\n 14. Garras\n 15. Grafite 0.7 mm\n 16. Corpo da ponteira\n 17. Guia da ponteira\n 18. Tampa\n 19. Tira 0.1 mm EXPLORAÇÃO DE NECESSIDADES BRUTAS DE MATERIAIS. Essas representações de estruturas de produtos auxiliam na resposta a duas das questões logísticas fundamentais que os sistemas de administração de produção buscam responder: o que (pois as estruturas trazem unicamente quais componentes são necessários a produção de determinado produto) e quanto (pois as informações de quantidades de itens 'filhos' são necessários para qualquer item 'pai' necessário) produzir e comprar. Por exemplo, sabemos que, se 1.000 lapiseiras devem ser fabricadas, é necessário comprar 4.000 grafites, produzir 1.000 corpos do miolo etc. Veja a Tabela 3.1 para cálculo de quantidades necessárias de componentes a partir da necessidade de produção de 1.000 lapiseiras.\n\nTABELA 3.1 Itens da lapiseira.\n\nItem Quantidade Comprado/produtido\nLapiseira P207 1.000 produzido\nCorpo externo 207 1.000 produzido\nPresilha de bolo 2g produzido\nMiolo 1.000 produzido\nBorracha 1.000 produzido\nCapa da borracha 2 comprado\nPlástico ABS 10 kg comprado\nCorante azul 10g comprado\nTira 0,1 mm 2 kg comprado\nGrafite 0,7 mm 4.000 comprado\nFio de borracha 20 m comprado\nTira 0,1 mm 2 kg comprado\nMola 1.000 produzido\nCorpo do miolo 3.000 comprado\nSuporte da garra 1.000 comprado\nCapa da garra 1.000 comprado\nGarras 3.000 comprado\nPlástico ABS 7 kg comprado\nCorante preto 50 g comprado Este cálculo é conhecido como \"explosão\" de necessidades brutas, significando a quantidade total de componentes que necessitam estar disponível para a fabricação das quantidades necessárias de produtos.\n\nA questão pertinente agora é: quando devemos efetuar essas ações gerenciais de comprar ou produzir? Devemos comparar todos os componentes possíveis e mais cedo possível? Provavelmente não. Hoje há empresas a preocupação de não se carregar mais materiais nem um dia antes do que seja estritamente necessário ao fluxo produtivo. Em outras palavras, é mais desejável segundo essa lógica se comprimidos os materiais não no momento que está possível, mas no momento mais trade possível. É essencial, também, a lógica do MRP: programar atividades para o momento mais trade possível, de modo a minimizar os estoques carrinhos. Para isso, parte das necessidades de produtos acabados: por exemplo, imaginemos que nosso pedido de 1.000 lapiseiras esteja agendado para a semana 21 e na primeira semana da estrutura do produto ainda escolhemos a unidade dos itens \"pai\", e precisamos levantar informações sobre tempos: tempos de obtenção dos diversos itens que estão comparados ou produzidos. Vamos imaginar ainda o caso dos fabricados) assim conforme a Tabela 3.2: TABELA 3.2 Tempos de obtenção dos itens da lapiseira.\n\nItem Tempo de obtenção Comprado/produzido\nLapiseira P207 1 semana produzido\nCorpo externo 207 2 semanas comprado\nPencilha de bolo 1 semana comprado\nMilo 207 1 semana produzido\nCorpo da ponteira 2 semanas comprado\nGuia de ponteira 1 semana comprado\nTampo 1 semana produzido\nPlástico ABS 1 semana comprado\nCorante azul 2 semanas comprado\nTrio 0,1 mm 1 semana comprado\nBorracha 1 semana produzido\nMilo interno 207 3 semanas comprado\nCapa da garra 3 semanas comprado\nGorros 1 semana comprado\nFio 0,1 mm 1 semana comprado\nCorpo do milo 2 semanas comprado\nGrafite 0,7 mm 1 semana comprado\nGrafite 0,1 mm 2 semanas comprado\nCapas do milo 3 semanas comprado\nCapa do garra 3 semanas comprado\nPilasio ABS 1 semana comprado\nCorrente preto 2 semanas comprado\n\nVamos imaginar ainda uma forma de representação que inclua as informações da estrutura do produto com os tempos de obtenção de cada um dos itens. Representemos cada item mais como um retângulo, mas com um segmento de reta que tenham um comprimento proporcional ao tempo de obtenção do item ao qual se refere. Como estamos mais acostumados a enxergar representações em que o tempo varia na direção horizontal, \"à menos de 90°\" a representação anterior. Ajustamos ainda, a nova estrutura resultante para que sua extremidade direta coincidida com o momento em que sejam necessárias 1.000 lapiseiras prontas, ou seja, com a semana 21, obtendo a seguinte representação: FIGURA 3.4 Representação dos tempos de obtenção de todos os itens da lapiseira, respeitando as relações \"pai-filho\" entre os itens.\n\nCom base na representação obtida da Figura 3.4, podemos ver com clareza quais os momentos em que as diversas atitudes gerenciais logísticas deverão ser tomadas ao longo do tempo, para que as quantidades certas, nos momentos certos, sejam disponibilizadas para a produção da quantidade desejada (dada pela melhor visão de futuro que hoje temos, neste caso dada pelo pedido firme de 1.000 lapiseiras) de produtos acabados. A seqüência de ações gerenciais deve ser (lembrando que em nosso exercício hipotético estamos na semana 10): TABELA 3.3\nSequência de ações gerenciais para o planejamento da lapiseira.\n\nSemana\nAção gerencial referente a pedido de 1.000 lapiseiras p/ semana 21\n\nSemana 10\nnenhum\nSemana 11\nnenhum\nSemana 12\nliberar ordem de compra de 50 de carvão preto\nSemana 13\nliberar ordem de compra de 1.000 capas de garro\nSemana 14\nliberar ordem de compra de 7 kg de plásticos ABS\nSemana 15\nliberar ordem de produto de 1.000 copos de molo\nSemana 16\nliberar ordem de compra de 1.000 suprimentos de garo\nSemana 17\nliberar ordem de compra de 1.000 copos\nSemana 18\nliberar ordem de compra de 2.000 gramas\nSemana 19\nliberar ordem de produto de 1.000 gramas\nSemana 20\nliberar ordem de produto de 1.000 garro\nSemana 21\nentregar as 1.000 lapiseiras P207 conforme pedido\n\nNotamos que o MRP tem uma lógica que parte da visão de futuro de necessidade de produtos acabados e depois vem “explodindo” as necessidades de componentes nível a nível, para trás no tempo. Por isso a lógica do MRP é chamada de lógica de “programação para trás” (em terminologia inglesa, backward scheduling).\n\nDa análise da Figura 3.4, alguns pontos saltam aos olhos, como características marcadamente diferentes da prática das empresas.