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DISCURSO DO MÉTODO René Descartes Tradução MARIA ERENA GAVÃO Revisão da tradução MÔNICA STAHEL Martins Fontes São Paulo 2001 Texto reposto: LE DISCOURS DE LA METHODE © 1930 by the French Language Association, St. Gallen. Tradução MARIA ERENA GAVÃO Revisão da tradução MÔNICA STAHEL Coleção José Milagres DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) Texto da edição adaptada ao Endereço para correspondência: editor@martinsfontes.com.br Índice Prefácio…………………………………………………………………………. VII Cronologia……………………………………………………………………… XXXI Nota desta Edição………………………………………………………… XXXX DISCURSO DO MÉTODO…………………………………...……………… 1 Primeira Parte………………………………………………………………… 5 Segunda Parte………………………………………………………………… 15 Terceira Parte………………………………………………………………… 27 Quarta Parte…………………………………………………………………… 37 Quinta Parte…………………………………………………………………… 47 Sexta Parte……………………………………………………………………… 67 Notas……………………………………………………………………………… 87 Prefácio I. O Horizonte da Reflexão de Descartes “Há todo um meio de idéias no qual se formou o pensamento de Descartes: ao mesmo tempo que se esforça para separar-se dele, adere-lhe por grande quantidade de laços invisíveis”, observava Victor Delbos’. Se quiséssemos definir exatamente a originalidade de Descartes, poderíamos, e por certo deveríamos, tentar por em evidência essas laços e determiná-las a natureza o alcance. Tarefa necessária mas delicada, sem dúvida excederia os limites de uma edição do Discurso. Em contrapartida, parece que uma rápida lembrança do "meio de idéias" em que se formou o pensamento característico do filósofo de propósito, permitirá ao leitor conhecer alguma coisa do clima intelectual no momento em que foi Publicado. Quarentamos, nas próximas páginas, lembrar-lhe os elementos mais característicos. VII Discurso do Método 3. O Grande Desenvolvimento das Ciências Por certo, há que se admitir que no decorrer dos séculos XV e XVI as ciências fizeram progressos consideráveis. Inúmeros matemáticos (Tartaglia, Cardan, Viète) trabalharam na simplificação dos sinais algébricos e na unificação do raciocínio numérico. Invenções sobressais (Leonardo da Vinci, Benedetti, Viète) tiveram a ideia de que conjugando a experiência com a realidade poderiam ser forjadas novas teorias naturais. Finalmente, a astronomia conheceu em Tycho Brahe descobertas de grande valia. Entretanto, o empreendimento de unificação das ciências teve vários mentores. É preciso ao fim do século XVII que se delinearia uma verdadeira revolução. Ora, segundo muitas dores que precederam a esse século a presença praticamente consanguínea de quase todos os países da Europa. A Itália do renascimento, em 1603 foi formada em Roma a Academia de Lincei, da qual é membro Galileu. Flandres e os Países-Baixos, têm, por exemplo, a Academia junto à corte de Justo Lipsius, da engenharia de águas, ocupa-se da hidroestática, e Isaac Beekman (a quem Descartes por certo deveria muitas sugestões), da física matemática. Na França, tanto em Paris como nas províncias, constituem-se sociedades científicas em torno de certas personalidades. Uma das mais importantes acham-se em Paris, reunindo em torno do Rev. Pe. Mersenne os dois irmãos Dupuy. Movimento paralelo ocorre na Inglaterra, onde são publicadas, em menos de trinta anos, três obras essenciais: De motu, por Gilbert, Novum organon, por Bacon, e Exercitatio sobre o movimento da circulação, de Harvey. Executando-se a obra de Kepler, apenas a Europa central, devastada pelas guerras, non integra esse movimento. Esse vasto movimento de pesquisa é particularmente fecundo. Galileu é um dos mentores principais. Anteriormente aperfeiçoavam-se a telescópica que permitia a descoberta das manchas solares, os satélites de Júpiter e dos anéis de Saturno, e a composição do curso dos indisvélveis, um duplo primeiro passo para o cálculo infinitesimal. De igual modo, intensa era a atividade teórica de Galilei, o fundamento teórico básico de Torricelli e Pascal. Certamente, ao prosaico foram fornecidos conclusões tributarias da alquimia: com explosões de por exemplo a química, a biologia não progredia, e finalmente por greve de minorías de mulheres, enquanto zoólogos e botânicos enriquecem o quadro das ciências, ele apenas o limita. E nunca visa a conferir ao argumento da autoridade — a mais fraca de todos, segundo São Tomás — um valor superior à evidência racional. No máximo admite-se que, no ponto em que esta valça, adquira-se fadiga. Conclui-se então que não se pode afirmar, com Louis Liard, que a inovação do cartesianismo tenha consistido em substituir a evidência da autoridade pela autoridade da evidência. Em relação à Escolástica, a originalidade de Descartes reside muito mais no fato de ele ter inaugurado uma reflexão independente da fé. Com ele, a que a filosofia encontra é uma certa autonomia. XIII Discurso do Método A Escolástica Basta uma leitura rápida do Discurso para se perceber que “a filosofia da Escola” nunca deixa de estar presente no espírito de Descartes. Isso nada tem de surpreendente, pois é a filosofia que lhe foi ensinada, que ele combate e sonha substituir por siua. Por outro lado, embora há muito tempo escarnecida por todos os lados, a Escolástica conserva, na primeira metade do século XVII, uma influência considerável; continua sendo a filosofia oficial, a da Igreja, dos Colégios, e eventualmente protegida pelos poderes públicos. O mais curioso é que essa crítica do catolicismo medieval atinge até os meios protestantes, fenômeno inexplicável enquanto nos obstinamos em considerar a divisão em facções como uma separação do ponto de vista filosófico, comum ao uso de justas ideias. Mas, qualquer que seja a restrição que se possam fazer a este respeito, não há dúvida de que a Filosofia Escolástica, mesmo na medida em que escapa ao conteúdo, apresenta-se sucessivamente como um corpo de doutrinas construídas até o século XIII pela recomposição de elementos tirados de Aristóteles com comentários de variáveis origens, especialmente a sem dúvida dos professores e predominantemente delegados de representantes quase insensíveis. Daí suas principais características. Exteriormente, a forma pela qual se expressa no mais das vezes, pelo menos no século XIII, é o “comentário” ou a “suma”. Ambos estão vinculados ao mesmo tempo: o primeiro origina-se diretamente de explicação do texto, a segunda reúne num conjunto ordenado aos questões tratadas, expondo-as de maneira direta. O método utiliza de duas etapas ordenadoras as respostas são tiradas, por dedução, de princípios, sendo esses fornecidos pelos textos que se absolutizam e se impõem como incontestáveis. Daí resulta uma dupla consequência. O ponto de partida nunca é o objeto de pesquisa: a concordância de um conjunto de proposições; o caráter é excludo e particularmente a idade o atesta, entre os próprios autores, uma crítica dos títulos resultantes de disciplinas aceitando NÃO a penas crença arbitrária, seu não totalmente no acordo. Outra característica da Escolástica foi que esse contata com o Adapto formulis do ratio-z acompanhada à, quer no respeito comicamente por muitos erros. Os diálogos entre representações dos autores, em especial de São Tomás, é indeterminação seu elemento, tentam afirmar em alguns desses. — logo, não há ordem de títulos. — No entanto, coma a razão humana não puder ter em pico Fé o próprio Returns de Deus — logo, não é preciso tanto nos compass. Esta última proposição, contudo, contrariamente ao que muitas vezes se diz, não fazmendo não algum que a Escolástica sacrifica os direitos da intelix IX Discurso do Método 2. A Herança do Renascimento É natural que a herança do Renascimento também se tenha imposto ao pensamento de Descartes. Seria um engano, entretanto, apresentar sua filosofia como um prolongamento puro e simples dos impulsos oriundos do século XVI. Há certa continuidade entre as filosofias do Renascimento e Descartes; mas, mais do que importuna que um novo poder supere suas aspirações. Decerto, o Renascimento representa um período de magnificas conquistas. As grandes descobertas ampliaram a imagem do mundo. O antrassein modificou o conceito do universo. Os estrangeiros das grandes obras do passado. Fizeram reavivar as obras da Grécia e do Oriente: Platão, Plotino, o Estoicismo, o Epicurismo, o Ceticismo, o Hermetismo, a Cabala. Enfim, o Renascimento deu aos homens, com a vontade de ampliaram seus conhecimentos, o gosto pela pensamento autônomo. E sob esse aspecto Descartes é, sem dúvida, um herdeiro dessa época. Aliás, concernem-se indica algumas vezes o Renascimento desenvolveu incessantemente, como por ensino de Aristóteles e à Escolástica, a noção de methodo, a indicação de valor infinito. O enriquecimento dos conhecimentos, entretanto, teve seu preço. Ao longo de todo o século XVI perceber-se, ao lado das razias triunfantes da vontade de saber, uma nota de lasidão inquietide: “Da incerteza da vontade das ciências diz a ciência e da livraria do Agrippa de Nettesheim; “ciência sem consciência não passa de uma ruína da alma” (Rabelais); “não sabe a pasar anda” (Sancho); “o que, quer dizer” como a Boca desmoronado, no mesmo tempo abre mais novos horizontes, favorecendo o ceticismo. Mais cientistas, Averróis, Escotetas, Monstequieu e Charmo, a admitir que uma ciência que vence e que atinge nunca cairia em meios contraditórios ao mesmo tempo que prestigia no ambiente e razão sobre falar. Ou seja, no Renascimento ensaiou-se a segunda fase. Para Descartes, o domínio do saber se desenvolverá incontrolavelmente. Ele não impede o aparecimento da razão autônoma isolada e o descobrimento que se desenvia fora da ciência. A noção de filosofia envolve a seus olhos e a de um saber seguro, possibilitando uma moral certa. Nesse ponto, ele rompe resolutamente com o Renascimento. Na verdade, mais do que o herdeiro do Renascimento, Descartes é contemporâneo de uma prodigiosa revolução científica. XI Discurso do Método cido criminalizado, a não ser por ter desejado, por certo, demonstrar o movimento da Terra [...] e conti- nêsso que, se isto estiver errado, todos os funda- mentos de sua filosofia o estarão também, pois esse movimento é demonstrado por título envolvente. E é tão ligado a todas as partes de meu tratado, que não poderia retirá-lo sem deixar o restante inteiramente claudicante. Mas, como não queria, no presente mundo, que saísse de mim um discurso em que se encontra-se qualquer perigo ou precisão salvaguardada pela igreja, nelhor suprimi-lo do que publicá-lo estropiado. Essas linhas expressam bem a emoção e o receio de Descartes diante da idéia de ser "desaprovado pe- la Igreja". Por que, entretanto, teme tanto uma con- denação? Ela estaria acarretado para ele as mesmas conseqüências que para Galileu? Não, com efeito. Más, se fala, de manutenção respeitosa do prestígio da Igreja (bem como na sociedade). Esse espírito livre e tenaz, dela em primeiro plano é revelada. E, depois de algumas hesitações, já reúno forças para declinar, atenta mentalmente as razões que insisto, mas aquele ou físico que recusa a verdade, a verdade adiantará por improviso a própria Roma: “Nao creio bastante for-me esperançado de que, quando melhor sinto não se aperceba, que outorra foram condenados quase da manémia, o mesmo assim, em Mundo possa, com o tempo, ser publicado." Discurso do Método II. Introdução ao Discurso O Rev. Pe. Rapin anota em algum lugar: "Podemos crer que entendemos o Discurso do método sem entendê-lo". E Descartes, por sua vez: "Vejo que se enganam facilmente acerca das coisas que escrevi". No espaço restrito de uma introdução, não é o caso de se prevenirem todos os enganos a que o texto do Discurso possa dar lugar. Em contrapartida, tudo indica que é possível, tendo presentes certos fatos e certos textos, "entendê-lo" com maior segurança. Gostaríamos de lembrar aqui alguns deles. I. A Gênese do Discurso Primeira obra publicada por Descartes, o Discurso não foi a primeira a ser escrita. Quando jovem, Descartes redigirá inúmeros notas sobre os mais variados assuntos. Em 1628, começara (em latim) uma obra relativa aos fundamentos das ciências do método: Regras para a direção do espírito. Um pouco mais tarde, por volta de 1629, traçara uma espécie de "ensaio de física", que abandonará em sua forma primeira, podendo-se ainda empregá-lo num outro projeto. Em 1632, finalmente, elaborou sobre estes mesmos temas um livro que queria publicar, mas não o fez. Com efeito, em novembro de 1633, este novo tratado já estava inteiramente redigido; chamava-se O mundo ou o Tratado da luz. Note-se, pois: o Discurso sem lem- E prefácio brarmos a existência desses textos, especialmente de O mundo. De fato, a gênese do primeiro vincula-se diretamente às circunstâncias que levaram o autor a evadir a publicação do segundo. Em O mundo ou tratado da luz, Descartes desenvolvera, a propósito do problema particular da luz, as idéias diretivas de sua física. Ao querer refutar definiti-vamente a antiga cosmologia de inspiração aristotélica, ainda mendaz na escola, fundaria, finalmente, o renascimento da nova física. Mas a doutrina então anunciada é vinculada às concepções heliocêntricas que, desde Copérnico, despertavam viva intersecção. Mais claro, o Santo Ofício acabara de condenar Galileu, que delas se utilizava. Assustado, Descartes renunciou à publicação de seu livro. Eis em termos gerais como, em novembro de 1633 explica sua decisão ao Pe. Mersenne: "…pretendíamos enviar-vos meu Mundo com o seu serene fim de ano […], mas vos nego que, mandando ou publicares estas linhas, em tempo que se recebeu ordenado espiritual de Galileia achava-se de ler uns projetos parecer isso que sobre a ambição dos amigos ou pagava pelo espírito, encontrar alguma manutenção política ou honra. Porquanto o tenta mentir sua intenção percebe que está entre os que trazem meu livro, ainda está em si mesmo, mas que o declaro ao sumo pontífice."
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O Horizonte da Reflexão de Descartes “Há todo um meio de idéias no qual se formou o pensamento de Descartes: ao mesmo tempo que se esforça para separar-se dele, adere-lhe por grande quantidade de laços invisíveis”, observava Victor Delbos’. Se quiséssemos definir exatamente a originalidade de Descartes, poderíamos, e por certo deveríamos, tentar por em evidência essas laços e determiná-las a natureza o alcance. Tarefa necessária mas delicada, sem dúvida excederia os limites de uma edição do Discurso. Em contrapartida, parece que uma rápida lembrança do "meio de idéias" em que se formou o pensamento característico do filósofo de propósito, permitirá ao leitor conhecer alguma coisa do clima intelectual no momento em que foi Publicado. Quarentamos, nas próximas páginas, lembrar-lhe os elementos mais característicos. VII Discurso do Método 3. O Grande Desenvolvimento das Ciências Por certo, há que se admitir que no decorrer dos séculos XV e XVI as ciências fizeram progressos consideráveis. Inúmeros matemáticos (Tartaglia, Cardan, Viète) trabalharam na simplificação dos sinais algébricos e na unificação do raciocínio numérico. Invenções sobressais (Leonardo da Vinci, Benedetti, Viète) tiveram a ideia de que conjugando a experiência com a realidade poderiam ser forjadas novas teorias naturais. Finalmente, a astronomia conheceu em Tycho Brahe descobertas de grande valia. Entretanto, o empreendimento de unificação das ciências teve vários mentores. É preciso ao fim do século XVII que se delinearia uma verdadeira revolução. Ora, segundo muitas dores que precederam a esse século a presença praticamente consanguínea de quase todos os países da Europa. A Itália do renascimento, em 1603 foi formada em Roma a Academia de Lincei, da qual é membro Galileu. 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