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Fonoaudiologia ·
Anatomia
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Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 Recebido em 05032012 Aprovado em 10082012 1 Trabalho de Iniciação Científica UNIFRA 2 Acadêmico do Curso de Odontologia UNIFRA 3 Docente do Curso de Odontologia UNISUL 4 Docente do Curso de Odontologia UNIFRA 5 Docente do Curso de Nutrição UNIFRA 6 Docente do Curso de Enfermagem UNIFRA 7 Docente do Curso de Fisioterapia UNIFRA 8 Docente do Curso de Odontologia UNIFRA Orientadora Email biancazsantoshotmailcom ISSN 21773335 FISSURAS LABIOPALATAIS REVISÃO DE LITERATURA1 CLEFT LIP AND PALATE LITERATURE REVIEW Vivian Dutra Kuhn2 Carla Miranda3 Débora Martini Dalpian4 Cristina Machado Bragança de Moraes5 Dirce Stein Backes6 Juliana Saibt Martins7 e Bianca Zimmermann dos Santos8 RESUMO As fissuras de lábio e palato são malformações congênitas de alta incidência e com origem embriológica Tais fissuras ocorrem em virtude da falta de fusão entre os processos faciais embrionários e os processos palatinos apresentando uma etiologia multifatorial Neste trabalho objetivouse discutir as fissuras labiopalatinas através da realização de uma revisão de literatura A base de dados PubMed foi utilizada e foram consideradas as seguintes palavraschave nos idiomas português e inglês fissuras labiopalatinas fenda labial fissura palatina Os aspectos embriológicos foram abordados e discutidos assim como a etiopatogenia da fissura labiopalatal sua epidemiologia classificação e alterações bucais Concluise que as fissuras labiopalatinas podem desencadear uma série de alterações que podem comprometer a fala nutrição audição estética alterações dentais e psicológicas dentre outras Dessa forma o completo estabelecimento da saúde bucal e geral do paciente só será possível se todos os profissionais envolvidos no seu tratamento interajam de forma multidisciplinar Palavraschave fissura labial fissura palatina reabilitação comunicação interdisciplinar ABSTRACT Cleft lip and palate are congenital malformations with a high incidence rate and multifactor etiology that occur due to a lack of fusion between the facial and palatine processes in the embryonic phase This paper discusses cleft lippalat ebased on a review of the literature For such the PubMed database was searched using the following keywords in both Portuguese and English cleft lip and palate cleft lip cleft palate The paper discusses the embryological aspects etiopathogenesis epidemiology classification and oral alterations associated with this condition Based on the findings cleft lippalate triggers a set of oral alterations that can compromise speech nutrition hearing esthetics dental aspects and psychological aspects Thus the complete establishment of general and oral health in suchp atientsis only possible through the interdisciplinary efforts of allhealth professionals involved Keywords cleftlip cleftpalate rehabilitation interdisciplinary communication Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 238 INTRODUÇÃO Fissuras labiopalatinas são malformações congênitas faciais que se dão através de uma aberturaruptura na região do lábio eou palato ocasionada pelo não fechamento dessas estruturas que ocorre durante a formação e desenvolvimento do feto entre a quarta e a oitava semana de vida intrauterina tendo origem no aparelho branquial ou faringeano e seus derivados NEVES et al 2002 BARONEZA et al 2005 SANDRINI et al 2005 FIGUEIREDO et al 2008 A prevalência varia consideravelmente de acordo com regiões geográficas grupos étnicos gênero hábito materno de fumar até o 3º mês de gestação história familiar de fissuras classificação socioeconômica e faixas etárias materna e paterna Baroneza et al 2005 verificaram uma prevalência de aproximadamente 1700 fissurados por nascidos vivos em Londrina no Estado do Paraná enquanto Ribeiro e Moreira 2005 encontraram 1600 em Fortaleza Ainda conforme o estudo de Baroneza et al 2005 a fissura de maior prevalência é a transforame 599 a razão entre os gêneros encontrados nesta pesquisa foi de 15 masculino10 feminino e 926 da população estudada pertencia à classe econômica baixa As fissuras labiopalatinas desencadeiam uma série de alterações que podem comprometer severamente a fala a alimentação o posicionamento dentário e a estética Sem o devido tratamento as fissuras podem provocar sequelas graves como a perda da audição problemas de fala e déficit nutricional além do sofrimento com o preconceito CERQUEIRA et al 2005 A fenda pode se estender até o palato ocorrendo maior risco das crianças aspirarem o alimento provocando infecções como otites e pneumonias uma vez que nesses casos há comunicação buco nasal As otites podem causar prejuízos no desenvolvimento da fala e linguagem As anemias também são frequentes nos pacientes com fissuras labiopalatinas devido a dificuldade em se alimentarem O aleitamento materno embora dificultoso para o paciente especialmente em casos de fissura palatina é indicado para evitar infecções combater a anemia e fortalecer a musculatura da face e boca além de manter a produção de leite da mãe NEVES et al 2002 Entretanto é possível a total reabilitação do paciente com fissura labiopalatalina sendo que quanto mais cedo a intervenção melhor O tratamento dependendo do tipo de fissura é longo tem início desde o nascimento indo em alguns casos até a fase adulta passando por várias cirurgias corretivas e estéticas CERQUEIRA et al 2005 Assim o papel do cirurgiãodentista na abordagem do paciente com fissura labiopalatina não se deve restringir apenas ao tratamento odontológico No primeiro contato deve haver uma aproximação com o paciente e a família a fim de conhecer a saúde geral deste para melhor tratá lo Também o tratamento odontológico deve ser considerado como um programa permanente da saúde bucal com a integração de medidas preventivas e reabilitação bucal O sucesso do tratamento odontológico desses pacientes tem como base a tríade paciente cirurgiãodentista e cuidador Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 239 Sendo que o cirurgiãodentista tem um papel fundamental na reabilitação da fissura labiopalatina mas o completo estabelecimento da saúde bucal e geral do paciente só será possível com a efetiva participação de uma equipe multidisciplinar com ênfase na relação de confiança desta com o paciente e com a sua família RIBEIRO MOREIRA 2005 SANDRINI et al 2005 Diante de tal contexto neste trabalho pretendese discutir acerca das fissuras labiopalatinas enfatizando os aspectos embriológicos do desenvolvimento da face e do palato patogenia das fissuras labiopalatinas sua etiologia e epidemiologia bem como classificação destas Ainda discorrer sobre as principais alterações bucais relacionadas às fissuras de lábio eou palato seus aspectos psicossociais e a importância do atendimento multidisciplinar do paciente com fissura METODOLOGIA Para desenvolvimento desta revisão de literatura a base de dados utilizada foi o PubMed httpwwwncbinlmnihgovpubmed O período de busca de artigos referentes ao tema estudado compreendeu a novembro de 2012 até fevereiro de 2013 Para a busca de artigos foram consideradas as seguintes palavraschave fissuras labiopalatinas fenda labial fissura palatina nos idiomas português e inglês cleftlipandpalate lipcleft palatecleft Após na lista de resultados foi realizada a leitura do título e resumo para adequada inclusão dos artigos relacionados ao tema Por fim foi selecionada a bibliografia relevante citada nos artigos e não encontrada na busca Os artigos não disponíveis para acesso na internet foram solicitados e adquiridos na biblioteca do Centro Universitário Franciscano UNIFRA REVISÃO DE LITERATURA Os primeiros relatos de casos de fissura labial remontam ao século I da Era Cristã Ao longo dos tempos houve várias tentativas de descrever a etiologia deste tipo de máformação embora o real progresso do conhecimento das lesões dos distúrbios e dos procedimentos terapêuticos somente aconteceu nos últimos 50 anos LOFIEGO 1992 Hoje sabese que entre as anomalias congênitas da face as fissuras labiopalatinas também conhecidas como lábio leporino ou goela de lobo são as mais comuns BARONEZA et al 2005 A partir da migração das células da crista neural se forma o tecido conectivo e o esqueleto da face na terceira semana de vida intrauterina Por volta da sexta semana do desenvolvimento embrionário as estruturas faciais externas completam sua fusão e as internas completarãoseão até o final da oitava semana porém nesse período pode ocorrer uma falha na fusão do processo frontonasal com o processo maxilar ocasionando a fenda labial A falha de penetração do tecido mesodérmico no sulco ectodérmico da linha média do palato posterior a lateral da prémaxila ocasiona a fissura palatina RIBEIRO MOREIRA 2005 Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 240 Para explicar a etiologia dessas fissuras os pesquisadores têm se apoiado na teoria multifatorial que consiste em interações de determinantes genéticos e ambientais NUSSBAUM et al 2001 MOORE PERSAUD 2004 NEVILLE et al 2004 Entretanto os mesmos ainda não estão bem elucidados MOSSEY et al 2009 Dentre os fatores etiológicos que parecem estar mais frequentemente relacionados a esta anomalia estão hipervitaminose A estresse emocional uso de corticoides consanguinidade viroses radiações ionizantes alcoolismo uso de drogas trauma mecânico e hereditariedade LOFFREDO FREITAS GRIGOLLI 2001 ABDO MACHADO 2005 Ainda outros teratogênicos podem aumentar o risco de uma mãe conceber um filho com fissura labiopalatina quando exposta nos primeiros meses de gravidez Por exemplo fissuras labiopalatinas podem ser causadas pela ingestão materna de drogas anticonvulsivantes durante a gestação PRATT CHRISTIANSEN 1980 bem como devido a prática de tabagismo SAXEN LATHI 1974 Alguns estudos encontraram uma relação entre a idade dos pais e a incidência de fissuras dos quais houve maior associação da patologia com a idade paterna BARONEZA et al 2005 Lofiego 1992 relatou que a presença de malformações faciais nas classes sociais mais baixas é maior para todos os tipos de fissuras dado também encontrado em estudo feito por Grabb et al 1971 Quanto ao padrão racial as fissuras labiopalatinas podem acometer todos os grupos raciais e étnicos independentes de sexo ou classe econômica DI NINNO et al 2004 Petrelli 1992 relata que as fissuras labiopalatinas estão entre as malformações congênitas mais comuns que afetam a humanidade em uma relação que varia entre 1 e 2 indivíduos por 1000 nascimentos no mundo No Brasil a prevalência varia entre 118910000 e 30910000 nascidos dependendo da região geográfica RIBEIRORODA GILDASILVALOPES 2008 A incidência em relação à presença de familiares fissurados observase nas seguintes proporções CERQUEIRA et al 2005 a pais normais 01 de chance de ter um filho fissurado b pais normais e um filho fissurado 45 de chance de ter outro filho fissurado c um dos pais e um filho fissurado 15 de chance de ter outro filho fissurado Muitas foram as tentativas de classificação de fissuras ao longo dos anos atualmente elas se dividem em quatro categorias tomando como ponto de referência o forame incisivo limite entre o palato primário e secundário Assim as fissuras são classificadas em fissura préforame incisivo que são exclusivamente labiais sendo originárias embriologicamente do palato primário fissura pósforame incisivo que são fendas palatinas em geral medianas que podem situarse apenas na úvula palato primário ou envolver o palato secundário fissura transforame incisivo de maior gravidade envolvendo estruturas anatômicas oriundas do palato primário e secundário e fissuras raras da face que são as fissuras oblíquas do lábio nariz ou mesmo de toda a face BARONEZA et al 2005 Os problemas enfrentados na reabilitação dos pacientes com fissura são característicos O tratamento Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 241 deve visar à correção da aparência fonação audição mastigação e deglutição do paciente CAPELOZZA FILHO SILVA FILHO 1992 A maioria das crianças afetadas por fissuras orofaciais é tratada por uma equipe multiprofissional envolvendo Medicina Odontologia Fonoaudiologia Fisioterapia Psicologia Enfermagem Serviço Social Recreação Educação e Nutrição que acompanharão o paciente do nascimento até a idade adulta ABDO MACHADO 2005 O número de especialistas reflete a variedade e a complexidade dos problemas enfrentados pelos indivíduos com fissuras orofaciais Por isso é fundamental um acompanhamento continuado e de longo prazo do paciente e sua família a qual necessita ser acolhida por toda a equipe de profissionais de saúde através de tratamento acompanhamento e encaminhamentos necessários MONLLEÓ LOPES 2006 Segundo Graciano et al 2007 o tratamento do paciente fissurado envolve ações de uma equipe interdisciplinar em que a colaboração entre as diversas áreas é fundamental não devendo haver supremacia de certa ciência em detrimento de outra Supõese reciprocidade e interação de conhecimentos respeitando a postura ideológica pessoal e profissional de cada elemento da equipe O cirurgiãodentista é um profissional que está presente no pré e pósoperatório desses pacientes O seu trabalho vai desde o aconselhamento aos pais para a promoção da saúde bucal até a intervenção para o controle das doenças bucais e atendimento especializado na reabilitação cirúrgica ortodôntica e protética GUIMARÃES et al 2003 Pacientes com fissura possuem vários tipos de alterações bucais como dentes supranumerários microdentes erupção dentária ectópica dentes natais neonatais e intranasais atraso na erupção e na formação dentária No entanto a anodontia é a anomalia dentária mais frequentemente observada em pacientes com fissuras de lábio e palato afetando principalmente o incisivo lateral do lado da fissura NEVES et al 2002 As anomalias dentárias são diferenciadas por meio de número tamanho forma desenvolvimento e erupção e a sua intensidade parece depender da severidade da fissura Embora apareçam na dentição decídua prevalecem na dentição permanente e na maxila sua incidência é maior do que na mandíbula NEVES et al 2002 Portanto as más oclusões são frequentes com mordidas cruzadas anterior e posterior manifestandose já na dentadura decídua devido às anomalias dentárias citadas anteriormente As cirurgias realizadas para fechamento de lábio e palato interferem no crescimento facial e do arco dentário superior resultando em faces retrognáticas e maxilas atrésicas SILVA FILHO ALMEIDA 1992 Ainda existem vários problemas bucais decorrentes da presença de fissuras que tornam este paciente de alto risco à doença cárie e periodontal Dentre eles podem ser citados mau posicionamento dental defeitos na formação dentária anomalias agenesia dente supranumerário como também a dieta líquidopastosa por vezes açucarada MONTANDON et al 2001 e a presença de fatores como fibrose cicatricial tensão labial uso de aparelhos ortodônticos e próteses dentárias SILVA et al 2003 ALVES et al 2004 Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 242 Petean e Pina Neto 1998 afirmam que a chegada de um descendente com fissura labiopalatina frustra os sonhos da mãe e os pais se sentem incapazes de gerar uma criança saudável Para Machado adicionar ano da publicação a pessoa que deu à luz pode passar por um impacto psicológico diante da imperfeição física de seu filho assim se inicia o desenvolvimento de problemas psicossociais no paciente com essa malformação em que a criança poderá ser estigmatizada no próprio lar e em alguns casos até mesmo ser rejeitada FREITAS et al 2004 Segundo Maciel 2000 no Brasil há milhares de pessoas que por serem portadoras de algum tipo de deficiência são discriminadas nas comunidades em que vivem ou são excluídas do mercado de trabalho O indivíduo com fissura labiopalatina apresenta personalidade e aspecto intelectual normais entretanto dispõe de características comuns como autoconceito baixo dependência dos pais esquiva de contatos sociais dificuldade de comunicação medo vergonha insegurança autoestima baixa depressão inibição conforme a gravidade da deformidade estresse e dificuldade de aprendizagem DOMINGUES et al 2011 Conforme Andrade Junior et al 2009 os pais do indivíduo com fissura ficam desorientados quanto aos procedimentos necessários ao estabelecimento do bemestar da criança Assim após o nascimento ou no prénatal surgem dúvidas de como cuidar do bebê e de como será seu tratamento reabilitador Os pais que descobrirem seu filho com fissura labiopalatina devem procurar todos os tipos de orientações para possibilitarem a total reabilitação do seu filho É indicado que os pais permaneçam tranquilos pois a rejeição negação e sentimento de culpa podem ser considerados normais no primeiro momento mas com ajuda profissional tanto os pais quanto o bebê poderão ter uma vida saudável e feliz RIBEIRO MOREIRA 2005 Atualmente graças ao aperfeiçoamento da ultrassonografia é possível diagnosticar anomalias faciais a partir da 14ª semana de gestação Possibilitando situações em que o aconselhamento e condutas poderão ser planejadas antecipadamente evitando trauma psicológico aos pais Isso permite também que logo após o nascimento a cirurgia corretiva seja realizada Hoje já existem técnicas que permitem a realização da cirurgia precoce até com uma semana de vida do indivíduo acometido RIBEIRO et al 2007 Assim é muito importante que a equipe multidisciplinar esteja envolvida nessa reabilitação A troca de informações entre os profissionais é fundamental para o tratamento da criança pois um fator interfere diretamente no outro no que diz respeito aos dentes à fala à face às funções alimentares e ao desenvolvimento psicossocial CONCLUSÃO Concluise que as fissuras labiopalatinas desencadeiam uma série de alterações que podem comprometer diversas funções como a fala alimentação posicionamento dentário estética etc Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 243 Dessa forma o completo estabelecimento da saúde bucal e geral do paciente só será possível se todos os profissionais envolvidos no seu tratamento interajam de forma multidisciplinar Ainda são necessários mais estudos para elucidar os fatores de risco ambientais e genéticos e suas interrelações para que se possa atuar de forma a prevenir a ocorrência dessa malformação REFERÊNCIAS ABDO R C C MACHADO M A A M Odontopediatria nas fissuras labiopalatais São Paulo Santos 2005 ALVES L M L H et al Prevalência de cárie em portadores de fissura lábiopalatais atendidos no Instituto Materno Infantil de Pernambuco Odontologia Clínica Científica v 3 n1 p 5760 2004 ANDRADE JÚNIOR C V S et al Estudo do índice de malformações orofaciais em neonatos no Hospital Geral Prado Valadares no município de Jequié Bahia Revista Saúde v 5 n 2 p 10815 2009 BARONEZA J E et al Dados epidemiológicos de portadores de fissuras labiopalatinas de uma instituição especializada de Londrina Estado do Paraná Acta Scientiarum Health Sciences v 27 n 1 p 315 2005 CAPELOZZA FILHO L SILVA FILHO O G Fissuras lábiopalatais In PETRELLI E Ortodontia para fonoaudiologia Curitiba Lovise 1992 p195239 CERQUEIRA M N et al Ocorrência de fissuras labiopalatais na cidade de São José dos Campos SP Revista Brasileira de Epidemiologia v 8 n 2 p 1616 2005 DI NINNO C Q M S et al O conhecimento de profissionais da área da saúde sobre fissura labiopalatina Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia v 9 n 2 p 93101 2004 DOMINGUES A C et al Desempenho escolar de crianças com fissura labiopalatina na visão dos professores Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia v 16 n 3 p 3106 2011 FIGUEIREDO M C et al Fissura bilateral completa de lábio e palato alterações dentárias de má oclusão relato de caso clínico Publicatio UEPG Ciências Biológicas e da Saúde v 14 n 1 p 714 2008 FREITAS J A S et al Current data on the characterization of oral clefts in Brazil Brazilian Oral Research v 18 n 2 p 12833 2004 GRABB W C et al Cleft lip and palate surgical dental and speech aspects Boston Little Brown 1971 GRACIANO M I G TAVANO L D A BACHEGA M I Aspectos psicossociais da Reabilitação In TRINDADE I E K SILVA FILHO O G da Fissuras labiopalatinas uma abordagem interdisciplinar São Paulo Santos 2007 cap 4 p 311333 Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 244 GUIMARÃES R C C FONSECA D C FERREIRA E F O paciente fissurado e o atendimento odontológico dificuldade pela recusa Arquivos em Odontologia v 39 n 1 p 6573 2003 LOFFREDO L C M FREITAS J A S GRIGOLLI A A G Prevalência de fissuras orais de 1975 a 1994 Revista de Saúde Pública n 35 v 6 p 5715 2001 LOFIEGO J L Fissura Labiopalatina Rio de Janeiro Revinter 1992 MACIEL M R C Portadores de deficiência a questão da inclusão social São Paulo em perspectiva v 14 n 2 p 516 2000 MONLLEÓ I L LOPES V L G S Anomalias craniofaciais descrição e avaliação das características gerais da atenção no Sistema Único de Saúde Caderno de Saúde Pública v 22 n 5 p 91322 2006 MONTANDON E M DUARTE R C FURTADO P G C Prevalência de doenças bucais em crianças portadoras de fissuras labiopalatinasJornal Brasileiro de Odontopediatria e Odontologia do Bebê v 4 n 17 p 6873 2001 MOORE K L PERSAUD T V N Embriologia Clínica Rio de Janeiro Editora Elsevier 2004 MOSSEY P A Cleft lip and palate Lancet v 374 n 9703 p 177385 2009 NEVES A C C et al Anomalias dentárias em pacientes portadores de fissuras labiopalatinas revisão de literatura Revista Biociência v 8 n 2 p 7581 2002 NEVILLE B W et al Patologia oral e maxilofacial 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2004 NUSSBAUM R L et al Genetics in Medicine 6 ed Philadelfhia W B Saunders Company 2001 PETEAN E PINA NETO J Investigação em aconselhamento genético Impacto da primeira notícia a reação dos pais à deficiência Medicina Ribeirão Preto v 31 p 28895 1998 PETRELLI E Ortodontia para Fonoaudiologia Curitiba EditoraLovise 1992 PRATT R M CHRISTIANSEN R L Current research trends in prenatal craniofacial development New York Elsevier 1980 RIBEIRO A A LEAL L THUIN R Análise morfológica dos fissurados de lábio e palato do Centro de Tratamento de Anomalias Craniofaciais do Estado do Rio de Janeiro Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial v 12 n 5 p 10918 2007 RIBEIRO E M MOREIRA A S C G Atualização sobre o tratamento multidisciplinar das fissuras labiais e palatinas Revista Brasileira de Promoção de Saúde v 18 n 1 p 3140 2005 Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 245 RIBEIRORODA S GILDASILVALOPES V L Aspectos odontológicos das fendas labiopalatinas e orientações para cuidados básicos Revista de Ciências Médicas v 17 n 2 p 95103 2008 SANDRINI F A L et al Fissuras labiopalatinas em gêmeos relato de caso Revista de Cirurgia e Traumatologia BucoMaxiloFacial v 5 n 4 p 438 2005 SAXÉN I LATHI A Cleft lip and palate in Finland incidence secular seasonal and geographical variation Teratology v 9 n2 p 21723 1974 SILVA FILHO O G ALMEIDA R R Fissuras lábio palatais o que o cirurgião dentista precisa saber Revista da Faculdade de Odontologia de Lins v 5 n 2 p 718 1992 SILVA H A BORDON A K C B DUARTE D A Estudo da fissura labiopalatal aspectos clínicos desta malformação e suas repercussões Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia v 4 n 14 p 714 2003
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apresentando uma etiologia multifatorial Neste trabalho objetivouse discutir as fissuras labiopalatinas através da realização de uma revisão de literatura A base de dados PubMed foi utilizada e foram consideradas as seguintes palavraschave nos idiomas português e inglês fissuras labiopalatinas fenda labial fissura palatina Os aspectos embriológicos foram abordados e discutidos assim como a etiopatogenia da fissura labiopalatal sua epidemiologia classificação e alterações bucais Concluise que as fissuras labiopalatinas podem desencadear uma série de alterações que podem comprometer a fala nutrição audição estética alterações dentais e psicológicas dentre outras Dessa forma o completo estabelecimento da saúde bucal e geral do paciente só será possível se todos os profissionais envolvidos no seu tratamento interajam de forma multidisciplinar Palavraschave fissura labial fissura palatina reabilitação comunicação interdisciplinar ABSTRACT Cleft lip and palate are congenital malformations with a high incidence rate and multifactor etiology that occur due to a lack of fusion between the facial and palatine processes in the embryonic phase This paper discusses cleft lippalat ebased on a review of the literature For such the PubMed database was searched using the following keywords in both Portuguese and English cleft lip and palate cleft lip cleft palate The paper discusses the embryological aspects etiopathogenesis epidemiology classification and oral alterations associated with this condition Based on the findings cleft lippalate triggers a set of oral alterations that can compromise speech nutrition hearing esthetics dental aspects and psychological aspects Thus the complete establishment of general and oral health in suchp atientsis only possible through the interdisciplinary efforts of allhealth professionals involved Keywords cleftlip cleftpalate rehabilitation interdisciplinary communication Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 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razão entre os gêneros encontrados nesta pesquisa foi de 15 masculino10 feminino e 926 da população estudada pertencia à classe econômica baixa As fissuras labiopalatinas desencadeiam uma série de alterações que podem comprometer severamente a fala a alimentação o posicionamento dentário e a estética Sem o devido tratamento as fissuras podem provocar sequelas graves como a perda da audição problemas de fala e déficit nutricional além do sofrimento com o preconceito CERQUEIRA et al 2005 A fenda pode se estender até o palato ocorrendo maior risco das crianças aspirarem o alimento provocando infecções como otites e pneumonias uma vez que nesses casos há comunicação buco nasal As otites podem causar prejuízos no desenvolvimento da fala e linguagem As anemias também são frequentes nos pacientes com fissuras labiopalatinas devido a dificuldade em se alimentarem O aleitamento materno embora dificultoso para o paciente especialmente em casos de fissura palatina é indicado para evitar infecções combater a anemia e fortalecer a musculatura da face e boca além de manter a produção de leite da mãe NEVES et al 2002 Entretanto é possível a total reabilitação do paciente com fissura labiopalatalina sendo que quanto mais cedo a intervenção melhor O tratamento dependendo do tipo de fissura é longo tem início desde o nascimento indo em alguns casos até a fase adulta passando por várias cirurgias corretivas e estéticas CERQUEIRA et al 2005 Assim o papel do cirurgiãodentista na abordagem do paciente com fissura labiopalatina não se deve restringir apenas ao tratamento odontológico No primeiro contato deve haver uma aproximação com o paciente e a família a fim de conhecer a saúde geral deste para melhor tratá lo Também o tratamento odontológico deve ser considerado como um programa permanente da saúde bucal com a integração de medidas preventivas e reabilitação bucal O sucesso do tratamento odontológico desses pacientes tem como base a tríade paciente cirurgiãodentista e cuidador Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 239 Sendo que o cirurgiãodentista tem um papel fundamental na reabilitação da fissura labiopalatina mas o completo estabelecimento da saúde bucal e geral do paciente só será possível com a efetiva participação de uma equipe multidisciplinar com ênfase na relação de confiança desta com o paciente e com a sua família RIBEIRO MOREIRA 2005 SANDRINI et al 2005 Diante de tal contexto neste trabalho pretendese discutir acerca das fissuras labiopalatinas enfatizando os aspectos embriológicos do desenvolvimento da face e do palato patogenia das fissuras labiopalatinas sua etiologia e epidemiologia bem como classificação destas Ainda discorrer sobre as principais alterações bucais relacionadas às fissuras de lábio eou palato seus aspectos psicossociais e a importância do atendimento multidisciplinar do paciente com fissura METODOLOGIA Para desenvolvimento desta revisão de literatura a base de dados utilizada foi o PubMed httpwwwncbinlmnihgovpubmed O período de busca de artigos referentes ao tema estudado compreendeu a novembro de 2012 até fevereiro de 2013 Para a busca de artigos foram consideradas as seguintes palavraschave fissuras labiopalatinas fenda labial fissura palatina nos idiomas português e inglês cleftlipandpalate lipcleft palatecleft Após na lista de resultados foi realizada a leitura do título e resumo para adequada inclusão dos artigos relacionados ao tema Por fim foi selecionada a bibliografia relevante citada nos artigos e não encontrada na busca Os artigos não disponíveis para acesso na internet foram solicitados e adquiridos na biblioteca do Centro Universitário Franciscano UNIFRA REVISÃO DE LITERATURA Os primeiros relatos de casos de fissura labial remontam ao século I da Era Cristã Ao longo dos tempos houve várias tentativas de descrever a etiologia deste tipo de máformação embora o real progresso do conhecimento das lesões dos distúrbios e dos procedimentos terapêuticos somente aconteceu nos últimos 50 anos LOFIEGO 1992 Hoje sabese que entre as anomalias congênitas da face as fissuras labiopalatinas também conhecidas como lábio leporino ou goela de lobo são as mais comuns BARONEZA et al 2005 A partir da migração das células da crista neural se forma o tecido conectivo e o esqueleto da face na terceira semana de vida intrauterina Por volta da sexta semana do desenvolvimento embrionário as estruturas faciais externas completam sua fusão e as internas completarãoseão até o final da oitava semana porém nesse período pode ocorrer uma falha na fusão do processo frontonasal com o processo maxilar ocasionando a fenda labial A falha de penetração do tecido mesodérmico no sulco ectodérmico da linha média do palato posterior a lateral da prémaxila ocasiona a fissura palatina RIBEIRO MOREIRA 2005 Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 240 Para explicar a etiologia dessas fissuras os pesquisadores têm se apoiado na teoria multifatorial que consiste em interações de determinantes genéticos e ambientais NUSSBAUM et al 2001 MOORE PERSAUD 2004 NEVILLE et al 2004 Entretanto os mesmos ainda não estão bem elucidados MOSSEY et al 2009 Dentre os fatores etiológicos que parecem estar mais frequentemente relacionados a esta anomalia estão hipervitaminose A estresse emocional uso de corticoides consanguinidade viroses radiações ionizantes alcoolismo uso de drogas trauma mecânico e hereditariedade LOFFREDO FREITAS GRIGOLLI 2001 ABDO MACHADO 2005 Ainda outros teratogênicos podem aumentar o risco de uma mãe conceber um filho com fissura labiopalatina quando exposta nos primeiros meses de gravidez Por exemplo fissuras labiopalatinas podem ser causadas pela ingestão materna de drogas anticonvulsivantes durante a gestação PRATT CHRISTIANSEN 1980 bem como devido a prática de tabagismo SAXEN LATHI 1974 Alguns estudos encontraram uma relação entre a idade dos pais e a incidência de fissuras dos quais houve maior associação da patologia com a idade paterna BARONEZA et al 2005 Lofiego 1992 relatou que a presença de malformações faciais nas classes sociais mais baixas é maior para todos os tipos de fissuras dado também encontrado em estudo feito por Grabb et al 1971 Quanto ao padrão racial as fissuras labiopalatinas podem acometer todos os grupos raciais e étnicos independentes de sexo ou classe econômica DI NINNO et al 2004 Petrelli 1992 relata que as fissuras labiopalatinas estão entre as malformações congênitas mais comuns que afetam a humanidade em uma relação que varia entre 1 e 2 indivíduos por 1000 nascimentos no mundo No Brasil a prevalência varia entre 118910000 e 30910000 nascidos dependendo da região geográfica RIBEIRORODA GILDASILVALOPES 2008 A incidência em relação à presença de familiares fissurados observase nas seguintes proporções CERQUEIRA et al 2005 a pais normais 01 de chance de ter um filho fissurado b pais normais e um filho fissurado 45 de chance de ter outro filho fissurado c um dos pais e um filho fissurado 15 de chance de ter outro filho fissurado Muitas foram as tentativas de classificação de fissuras ao longo dos anos atualmente elas se dividem em quatro categorias tomando como ponto de referência o forame incisivo limite entre o palato primário e secundário Assim as fissuras são classificadas em fissura préforame incisivo que são exclusivamente labiais sendo originárias embriologicamente do palato primário fissura pósforame incisivo que são fendas palatinas em geral medianas que podem situarse apenas na úvula palato primário ou envolver o palato secundário fissura transforame incisivo de maior gravidade envolvendo estruturas anatômicas oriundas do palato primário e secundário e fissuras raras da face que são as fissuras oblíquas do lábio nariz ou mesmo de toda a face BARONEZA et al 2005 Os problemas enfrentados na reabilitação dos pacientes com fissura são característicos O tratamento Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 241 deve visar à correção da aparência fonação audição mastigação e deglutição do paciente CAPELOZZA FILHO SILVA FILHO 1992 A maioria das crianças afetadas por fissuras orofaciais é tratada por uma equipe multiprofissional envolvendo Medicina Odontologia Fonoaudiologia Fisioterapia Psicologia Enfermagem Serviço Social Recreação Educação e Nutrição que acompanharão o paciente do nascimento até a idade adulta ABDO MACHADO 2005 O número de especialistas reflete a variedade e a complexidade dos problemas enfrentados pelos indivíduos com fissuras orofaciais Por isso é fundamental um acompanhamento continuado e de longo prazo do paciente e sua família a qual necessita ser acolhida por toda a equipe de profissionais de saúde através de tratamento acompanhamento e encaminhamentos necessários MONLLEÓ LOPES 2006 Segundo Graciano et al 2007 o tratamento do paciente fissurado envolve ações de uma equipe interdisciplinar em que a colaboração entre as diversas áreas é fundamental não devendo haver supremacia de certa ciência em detrimento de outra Supõese reciprocidade e interação de conhecimentos respeitando a postura ideológica pessoal e profissional de cada elemento da equipe O cirurgiãodentista é um profissional que está presente no pré e pósoperatório desses pacientes O seu trabalho vai desde o aconselhamento aos pais para a promoção da saúde bucal até a intervenção para o controle das doenças bucais e atendimento especializado na reabilitação cirúrgica ortodôntica e protética GUIMARÃES et al 2003 Pacientes com fissura possuem vários tipos de alterações bucais como dentes supranumerários microdentes erupção dentária ectópica dentes natais neonatais e intranasais atraso na erupção e na formação dentária No entanto a anodontia é a anomalia dentária mais frequentemente observada em pacientes com fissuras de lábio e palato afetando principalmente o incisivo lateral do lado da fissura NEVES et al 2002 As anomalias dentárias são diferenciadas por meio de número tamanho forma desenvolvimento e erupção e a sua intensidade parece depender da severidade da fissura Embora apareçam na dentição decídua prevalecem na dentição permanente e na maxila sua incidência é maior do que na mandíbula NEVES et al 2002 Portanto as más oclusões são frequentes com mordidas cruzadas anterior e posterior manifestandose já na dentadura decídua devido às anomalias dentárias citadas anteriormente As cirurgias realizadas para fechamento de lábio e palato interferem no crescimento facial e do arco dentário superior resultando em faces retrognáticas e maxilas atrésicas SILVA FILHO ALMEIDA 1992 Ainda existem vários problemas bucais decorrentes da presença de fissuras que tornam este paciente de alto risco à doença cárie e periodontal Dentre eles podem ser citados mau posicionamento dental defeitos na formação dentária anomalias agenesia dente supranumerário como também a dieta líquidopastosa por vezes açucarada MONTANDON et al 2001 e a presença de fatores como fibrose cicatricial tensão labial uso de aparelhos ortodônticos e próteses dentárias SILVA et al 2003 ALVES et al 2004 Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 242 Petean e Pina Neto 1998 afirmam que a chegada de um descendente com fissura labiopalatina frustra os sonhos da mãe e os pais se sentem incapazes de gerar uma criança saudável Para Machado adicionar ano da publicação a pessoa que deu à luz pode passar por um impacto psicológico diante da imperfeição física de seu filho assim se inicia o desenvolvimento de problemas psicossociais no paciente com essa malformação em que a criança poderá ser estigmatizada no próprio lar e em alguns casos até mesmo ser rejeitada FREITAS et al 2004 Segundo Maciel 2000 no Brasil há milhares de pessoas que por serem portadoras de algum tipo de deficiência são discriminadas nas comunidades em que vivem ou são excluídas do mercado de trabalho O indivíduo com fissura labiopalatina apresenta personalidade e aspecto intelectual normais entretanto dispõe de características comuns como autoconceito baixo dependência dos pais esquiva de contatos sociais dificuldade de comunicação medo vergonha insegurança autoestima baixa depressão inibição conforme a gravidade da deformidade estresse e dificuldade de aprendizagem DOMINGUES et al 2011 Conforme Andrade Junior et al 2009 os pais do indivíduo com fissura ficam desorientados quanto aos procedimentos necessários ao estabelecimento do bemestar da criança Assim após o nascimento ou no prénatal surgem dúvidas de como cuidar do bebê e de como será seu tratamento reabilitador Os pais que descobrirem seu filho com fissura labiopalatina devem procurar todos os tipos de orientações para possibilitarem a total reabilitação do seu filho É indicado que os pais permaneçam tranquilos pois a rejeição negação e sentimento de culpa podem ser considerados normais no primeiro momento mas com ajuda profissional tanto os pais quanto o bebê poderão ter uma vida saudável e feliz RIBEIRO MOREIRA 2005 Atualmente graças ao aperfeiçoamento da ultrassonografia é possível diagnosticar anomalias faciais a partir da 14ª semana de gestação Possibilitando situações em que o aconselhamento e condutas poderão ser planejadas antecipadamente evitando trauma psicológico aos pais Isso permite também que logo após o nascimento a cirurgia corretiva seja realizada Hoje já existem técnicas que permitem a realização da cirurgia precoce até com uma semana de vida do indivíduo acometido RIBEIRO et al 2007 Assim é muito importante que a equipe multidisciplinar esteja envolvida nessa reabilitação A troca de informações entre os profissionais é fundamental para o tratamento da criança pois um fator interfere diretamente no outro no que diz respeito aos dentes à fala à face às funções alimentares e ao desenvolvimento psicossocial CONCLUSÃO Concluise que as fissuras labiopalatinas desencadeiam uma série de alterações que podem comprometer diversas funções como a fala alimentação posicionamento dentário estética etc Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 243 Dessa forma o completo estabelecimento da saúde bucal e geral do paciente só será possível se todos os profissionais envolvidos no seu tratamento interajam de forma multidisciplinar Ainda são necessários mais estudos para elucidar os fatores de risco ambientais e genéticos e suas interrelações para que se possa atuar de forma a prevenir a ocorrência dessa malformação REFERÊNCIAS ABDO R C C MACHADO M A A M Odontopediatria nas fissuras labiopalatais São Paulo Santos 2005 ALVES L M L H et al Prevalência de cárie em portadores de fissura lábiopalatais atendidos no Instituto Materno Infantil de Pernambuco Odontologia Clínica Científica v 3 n1 p 5760 2004 ANDRADE JÚNIOR C V S et al Estudo do índice de malformações orofaciais em neonatos no Hospital Geral Prado Valadares no município de Jequié Bahia Revista Saúde v 5 n 2 p 10815 2009 BARONEZA J E et al Dados epidemiológicos de portadores de fissuras labiopalatinas de uma instituição especializada de Londrina Estado do Paraná Acta Scientiarum Health Sciences v 27 n 1 p 315 2005 CAPELOZZA FILHO L SILVA FILHO O G Fissuras lábiopalatais In PETRELLI E Ortodontia para fonoaudiologia Curitiba Lovise 1992 p195239 CERQUEIRA M N et al Ocorrência de fissuras labiopalatais na cidade de São José dos Campos SP Revista Brasileira de Epidemiologia v 8 n 2 p 1616 2005 DI NINNO C Q M S et al O conhecimento de profissionais da área da saúde sobre fissura labiopalatina Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia v 9 n 2 p 93101 2004 DOMINGUES A C et al Desempenho escolar de crianças com fissura labiopalatina na visão dos professores Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia v 16 n 3 p 3106 2011 FIGUEIREDO M C et al Fissura bilateral completa de lábio e palato alterações dentárias de má oclusão relato de caso clínico Publicatio UEPG Ciências Biológicas e da Saúde v 14 n 1 p 714 2008 FREITAS J A S et al Current data on the characterization of oral clefts in Brazil Brazilian Oral Research v 18 n 2 p 12833 2004 GRABB W C et al Cleft lip and palate surgical dental and speech aspects Boston Little Brown 1971 GRACIANO M I G TAVANO L D A BACHEGA M I Aspectos psicossociais da Reabilitação In TRINDADE I E K SILVA FILHO O G da Fissuras labiopalatinas uma abordagem interdisciplinar São Paulo Santos 2007 cap 4 p 311333 Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 244 GUIMARÃES R C C FONSECA D C FERREIRA E F O paciente fissurado e o atendimento odontológico dificuldade pela recusa Arquivos em Odontologia v 39 n 1 p 6573 2003 LOFFREDO L C M FREITAS J A S GRIGOLLI A A G Prevalência de fissuras orais de 1975 a 1994 Revista de Saúde Pública n 35 v 6 p 5715 2001 LOFIEGO J L Fissura Labiopalatina Rio de Janeiro Revinter 1992 MACIEL M R C Portadores de deficiência a questão da inclusão social São Paulo em perspectiva v 14 n 2 p 516 2000 MONLLEÓ I L LOPES V L G S Anomalias craniofaciais descrição e avaliação das características gerais da atenção no Sistema Único de Saúde Caderno de Saúde Pública v 22 n 5 p 91322 2006 MONTANDON E M DUARTE R C FURTADO P G C Prevalência de doenças bucais em crianças portadoras de fissuras labiopalatinasJornal Brasileiro de Odontopediatria e Odontologia do Bebê v 4 n 17 p 6873 2001 MOORE K L PERSAUD T V N Embriologia Clínica Rio de Janeiro Editora Elsevier 2004 MOSSEY P A Cleft lip and palate Lancet v 374 n 9703 p 177385 2009 NEVES A C C et al Anomalias dentárias em pacientes portadores de fissuras labiopalatinas revisão de literatura Revista Biociência v 8 n 2 p 7581 2002 NEVILLE B W et al Patologia oral e maxilofacial 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2004 NUSSBAUM R L et al Genetics in Medicine 6 ed Philadelfhia W B Saunders Company 2001 PETEAN E PINA NETO J Investigação em aconselhamento genético Impacto da primeira notícia a reação dos pais à deficiência Medicina Ribeirão Preto v 31 p 28895 1998 PETRELLI E Ortodontia para Fonoaudiologia Curitiba EditoraLovise 1992 PRATT R M CHRISTIANSEN R L Current research trends in prenatal craniofacial development New York Elsevier 1980 RIBEIRO A A LEAL L THUIN R Análise morfológica dos fissurados de lábio e palato do Centro de Tratamento de Anomalias Craniofaciais do Estado do Rio de Janeiro Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial v 12 n 5 p 10918 2007 RIBEIRO E M MOREIRA A S C G Atualização sobre o tratamento multidisciplinar das fissuras labiais e palatinas Revista Brasileira de Promoção de Saúde v 18 n 1 p 3140 2005 Disciplinarum Scientia Série Ciências da Saúde Santa Maria v 13 n 2 p 237245 2012 245 RIBEIRORODA S GILDASILVALOPES V L Aspectos odontológicos das fendas labiopalatinas e orientações para cuidados básicos Revista de Ciências Médicas v 17 n 2 p 95103 2008 SANDRINI F A L et al Fissuras labiopalatinas em gêmeos relato de caso Revista de Cirurgia e Traumatologia BucoMaxiloFacial v 5 n 4 p 438 2005 SAXÉN I LATHI A Cleft lip and palate in Finland incidence secular seasonal and geographical variation Teratology v 9 n2 p 21723 1974 SILVA FILHO O G ALMEIDA R R Fissuras lábio palatais o que o cirurgião dentista precisa saber Revista da Faculdade de Odontologia de Lins v 5 n 2 p 718 1992 SILVA H A BORDON A K C B DUARTE D A Estudo da fissura labiopalatal aspectos clínicos desta malformação e suas repercussões Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia v 4 n 14 p 714 2003