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Imunologia

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Desenvolvimento dos linfócitos B Vacinação Apresentação Os linfócitos B são as células da resposta humoral responsáveis pela produção de anticorpos No adulto essas células são produzidas na medula óssea vindo a migrar para órgãos linfoides nos quais se encontram na forma imatura Somente depois de ativados é que os linfócitos são capazes de secretar imunoglobulinas solúveis anticorpos responsáveis pela imunidade adaptativa humoral A vacinação consiste na manipulação do antígeno para que ele não cause a infecção e que seja suficientemente ativo para iniciar as respostas de defesa mediadas por linfócitos B Bons estudos Ao final desta Unidade de Aprendizagem você deve apresentar os seguintes aprendizados Identificar as etapas de ativação dos linfócitos B Reconhecer a diferença entre vacinas virais e bacterianas Demonstrar os processos de obtenção das vacinas Desafio A era moderna da vacinação começou por volta de 1780 com Edward Jenner usando a varíola bovina como vacina contra a varíola Por isso o material usado para a vacinação é chamado de vacina Sobre a vacinação Diferencie as vacinas virais e as bacterianas Explique como são produzidas as vacinas virais e dê exemplos de vacinas Infográfico Veja um comparativo entre os diferentes tipos de imunidade adaptativa Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar Conteúdo do livro A maneira pela qual estimulamos nosso corpo a reagir previamente aos patógenos é chamada de imunização Nesse processo é desencadeada uma resposta artificial de combate a doenças sem o surgimento da patologia Conheça mais sobre as estratégias utilizadas fazendo a leitura do texto Combatendo doenças infecciosas com vacinação no seguinte livro MURPHY K Imunobiologia de Janeway 8ed Porto Alegre Artmed 2014 Boa leitura Catalogação na publicação Ana Paula M Magnus CRB 102052 M978i Murphy Kenneth Imunobiologia de Janeway recurso eletrônico Kenneth Murphy tradução Denise C Machado Gaby Renard Lucien Peroni Gualdi revisão técnica Denise C Machado 8 ed Dados eletrônicos Porto Alegre Artmed 2014 Editado também como livro impresso em 2014 ISBN 9788582710401 1 Ciências biológicas 2 Imunologia 3 Imunobiologia I Título CDU 57727 Murphy8edicaoIniciaiseletronicaindd ii Murphy8edicaoIniciaiseletronicaindd ii 030214 0844 030214 0844 Capítulo 16 Manipulação da Resposta Imune 697 Combatendo doenças infecciosas com vacinação As duas contribuições mais importantes para a saúde pública nos últimos 100 anos saneamento básico e vacinação diminuíram drasticamente as mortes por doenças infecciosas e doenças infecciosas ainda continuam sendo a principal causa de mor te no mundo todo A própria imunologia moderna originouse a partir do sucesso das vacinas de Jenner e de Pasteur contra a varíola e a cólera aviária respectivamen te e seu maior triunfo foi a erradicação global da varíola anunciada pela Organiza ção Mundial da Saúde em 1979 Uma campanha global para erradicar a poliomielite está em andamento Com o avanço enorme na imunologia básica na década passa da sobretudo na compreensão da imunidade inata agora existe grande esperança de que as vacinas para outras doenças infecciosas incluindo malária tuberculose e vírus da imunodeficiência humana HIV do inglês human immunodeficiency virus estejam ao alcance A visão da geração atual dos cientistas de vacinas é elevar sua arte ao nível do desenho moderno de fármacos para movêlas de uma prática em pírica para um sistema imune farmacológico verdadeiro O objetivo da vacinação é a geração de imunidade de longa duração e protetora Ao longo deste livro ilustrouse como os sistemas imunes inato e adaptativo colaboram durante a infecção para eliminar patógenos e gerar imunidade protetora com me mória imune De fato uma infecção simples é muitas vezes mas nem sempre sufi ciente para gerar imunidade protetora contra um patógeno Essa importante relação foi reconhecida há muito tempo e foi registrada há mais de 2000 anos em relatos da Guerra do Peloponeso durante a qual dois surtos de praga sucessivos atingiram Atenas O historiador grego Thucydides observou que as pessoas que sobreviveram à infecção durante o primeiro surto não eram suscetíveis à infecção durante o se gundo surto O reconhecimento desse tipo de relação talvez tenha requisitado a prática da vario lação contra varíola na qual uma inoculação de uma pequena quantidade de ma terial seco de uma pústula de varíola foi usada para produzir uma infecção leve que então foi seguida por uma proteção duradoura contra a reinfecção A varíola por si só tem sido reconhecida na literatura médica há mais de 1000 anos a variolação parecia ser praticada na Índia e na China muitos séculos antes da sua introdução no mundo ocidental em algum momento entre os anos 1400 e 1500 e era familiar a Jenner Contudo a infecção após a variolação nem sempre era leve casos fatais de varíola ocorriam em cerca de 3 dos casos o que não atenderia aos critérios modernos de segurança Parece ter havido algum reconhecimento de que mulheres que ordenhavam o leite expostas a um vírus bovino similar ao da varíola varíola bovina eram protegidas contra varíola e até existe um relato histórico de que a ino culação com varíola bovina foi tentada antes de Jenner Entretanto a conquista de Jenner não foi apenas descobrir que a infecção com varíola bovina fornecia imuni dade protetora contra a varíola humana sem o risco de doença significativa mas a Murphy8edicao16indd 697 Murphy8edicao16indd 697 300913 1725 300913 1725 Parte V O Sistema Imune na Saúde e na Doença 698 prova experimental pela variolação intencional de pessoas que ele tinha vacinado anteriormente Ele denominou o processo como vacinação do latim vacca vaca e Pasteur em sua homenagem ampliou o termo ao estímulo da proteção a outros agentes infecciosos As pessoas não são hospedeiros naturais da varíola bovina que estabelece somente uma infecção subcutânea breve e limitada Entretanto o vírus da varíola bovina tem antígenos que estimulam uma resposta imune que produz reação cruzada com os antígenos da varíola conferindo assim proteção contra a doença humana Desde o início do século XX o vírus utilizado para vacinar contra varíola tem sido o vírus vaccínia que está relacionado tanto à varíola bovina quando à varíola mas cuja origem é obscura Como será visto várias vacinas atuais oferecem proteção pela indução da formação de anticorpos neutralizantes Entretanto essa afirmação é redundante os patóge nos para os quais as vacinas atuais são eficazes também podem ser os patógenos para os quais os anticorpos são suficientes para proteção Vários dos principais pa tógenos não são tão cooperativos malária tuberculose e HIV e para esses até mesmo uma resposta robusta de anticorpos não é protetora A eliminação desses patógenos requer atividades efetoras adicionais como a produção de uma imuni dade durável e forte mediada por células que não é produzida de forma eficiente pelas tecnologias atuais de vacinas Essas são as questões que confrontam a ciência moderna das vacinas 1619 As vacinas podem ser baseadas em patógenos atenuados ou em material a partir de organismos mortos O desenvolvimento de vacinas no início do século XX seguiu duas abordagens em píricas A primeira foi a procura por organismos atenuados com patogenicidade reduzida que estimulariam a imunidade protetora e não causariam a doença Essa abordagem continua no presente com o desenho de patógenos atenuados gene ticamente nos quais mutações desejáveis são introduzidas no organismo por tec nologias de DNA recombinante Essa ideia tem sido aplicada a importantes pató genos como malária para os quais as vacinas estão indisponíveis atualmente e pode ser importante no futuro para o desenho de vacinas contra influenza e HIV síndrome da imunodeficiência adquirida Aids do inglês acquired immunodefi ciency syndrome A segunda abordagem foi o desenvolvimento de vacinas com base em organismos mortos e subsequentemente em componentes purificados de organismos que se riam tão efetivos quanto os organismos vivos inteiros Vacinas mortas eram dese jáveis pois qualquer vacina viva incluindo a vaccínia pode causar infecção sistê mica letal em indivíduos imunossuprimidos A evolução dessas abordagens seriam as vacinas baseadas na conjugação de antígenos purificados como descrito para Haemophilus influenzae ver Seção 103 Essa abordagem continua com a adição da imunogenética reversa ver Seção 1615 para identificar antígenos peptídicos candidatos para células T e com estratégias para usar ligantes que ativam TLRs ou outros sensores inatos como adjuvantes para estimular as respostas a antígenos simples Atualmente a imunização é considerada tão segura e importante que a maioria dos estados norteamericanos requer que todas as crianças sejam imunizadas con tra os vírus do sarampo da caxumba e da poliomielite com vacinas de vírus vivos atenuados bem como contra o tétano causado pelo Clostridium tetani a difteria causada pelo Corynebacterium diphteriae e a coqueluche causada pela Bordetella pertussis com toxinas inativadas ou toxoides preparados a partir dessas bactérias Mais recentemente tornouse disponível uma vacina contra o H influenzae tipo b HiB um dos agentes causadores da meningite bem como duas vacinas contra diarreia infantil causadas por rotavírus e como descrito na Seção 1617 uma vaci na para prevenção da infecção por HPV para proteção contra o câncer do colo do útero A maioria das vacinas é administrada às crianças no primeiro ano de vida As vacinas contra sarampo caxumba e rubéola MMR do inglês measles mumps and Doença Malária Esquistossomose Verminose Tuberculose Diarreia Doenças respiratórias Sarampo HIVAids Algumas doenças para as quais ainda não estão disponíveis vacinas efetivas Mortalidade anual estimada 889000 41000 6000 15 milhão 22 milhões 4 milhões 400000 2 milhões Figura 1622 Doenças para as quais ainda não há vacinas efetivas As vacinas de sarampo atuais são eficientes mas termolábeis o que difi culta o seu uso em países tropicais a estabilidade no calor está sendo melhorada Os dados de mor talidade estimados são os mais recentemente es timados disponíveis 2004 The Global Burden of Disease 2004 Update World Health Organization 2008 Aids síndrome da imunodeficiência adquiri da HIV vírus da imunodeficiência humana Murphy8edicao16indd 698 Murphy8edicao16indd 698 300913 1725 300913 1725 Capítulo 16 Manipulação da Resposta Imune 699 rubella contra varicela e contra influenza quando recomendadas normalmente são dadas entre 1 e 2 anos de idade Por mais notáveis que essas conquistas possam parecer ainda há muitas doenças para as quais não há vacinas efetivas Fig 1622 Para muitos patógenos a infecção natural não parece gerar imunidade protetora e as infecções tornamse crônicas ou recorrentes Em várias infecções desse tipo os anticorpos são insuficientes para prevenir a reinfecção e eliminar o patógeno e a imunidade mediada por células pa rece ser mais importante na limitação do patógeno mas é insuficiente para fornecer imunidade total como na presença de malária tuberculose e HIV O problema não está na ausência de uma resposta imune ao patógeno mas sim na resposta que não elimina o patógeno não elimina a patogênese ou não previne a reinfecção Mesmo quando uma vacina como a do sarampo pode ser utilizada de maneira efeti va em países desenvolvidos problemas econômicos e técnicos podem impedir seu uso disseminado nos países em desenvolvimento nos quais a mortalidade por essas doenças ainda é elevada Portanto o desenvolvimento de vacinas continua sendo um objetivo importante da imunologia e no final do século XX observouse uma mudança em direção a uma abordagem mais racional com base em compreensão molecular detalhada da patogenicidade microbiana análise da resposta protetora do hospedeiro aos organismos patogênicos e compreensão da regulação do sistema imune para gerar respostas efetivas dos linfócitos T e B 1620 A maioria das vacinas efetivas gera anticorpos que previnem o dano causado pelas toxinas ou que neutralizam o patógeno e interrompem a infecção Embora os requerimentos para gerar imunidade protetora variem com a natureza do organismo infectante muitas vacinas eficazes atualmente funcionam pela indu ção de anticorpos contra o patógeno Para muitos patógenos incluindo organismos extracelulares e vírus os anticorpos podem prover imunidade protetora Infeliz mente esse não se aplica a todos os patógenos que podem necessitar de respostas imunes mediadas por células adicionais como as células T CD8 A imunidade protetora efetiva contra alguns organismos requer a presença de anti corpos preexistentes no momento da infecção para prevenir o dano causado pelo patógeno ou para prevenir a reinfecção pelo patógeno O primeiro caso é ilustrado por vacinas contra tétano e difteria no qual as manifestações clínicas da infecção são devidas aos efeitos de exotoxinas extremamente poderosas ver Fig 1025 An ticorpo preexistente contra a exotoxina bacteriana é necessário para fornecer uma defesa contra essas doenças Além disso a exotoxina do tétano é tão poderosa que a pouca quantidade que pode causar a doença pode ser insuficiente para levar a uma resposta imune protetora de modo que mesmo os sobreviventes do tétano necessi tam de vacinação para estarem protegidos contra o risco de um ataque subsequente A segunda forma pela qual os anticorpos podem proteger é pela prevenção da infec ção secundária como no caso de certas infecções virais Isso é chamado de neutra lização A capacidade de um anticorpo neutralizar um patógeno pode depender da sua afinidade sua subclasse de isotipo complemento e atividade das células fago cíticas Por exemplo anticorpos preexistentes são necessários para proteger contra o poliovírus que infecta células hospedeiras essenciais dentro de um curto período após entrar no corpo e não é facilmente controlado pelos linfócitos T uma vez que a infecção intracelular tenha se estabelecido Vacinas contra influenza sazonal for necem proteção da mesma forma pela indução de anticorpos que limitam a rein fecção No caso de vários vírus os anticorpos produzidos por infecção ou vacinação são capazes de neutralizar o vírus prevenindo o espalhamento da infecção mas esse nem sempre é o caso Na infecção por HIV apesar da geração de anticorpos que podem se ligar aos epítopos da superfície viral a maioria desses anticorpos falha em neutralizar o vírus Além disso as vacinas baseadas nas proteínas HIV falham na indução de anticorpos que são neutralizantes Murphy8edicao16indd 699 Murphy8edicao16indd 699 300913 1725 300913 1725 Parte V O Sistema Imune na Saúde e na Doença 700 As respostas imunes a agentes infecciosos geralmente envolvem anticorpos dirigi dos contra múltiplos epítopos e apenas alguns desses anticorpos se houver algum conferem proteção Os epítopos particulares de células T reconhecidos também po dem afetar a natureza da resposta Na Seção 103 foi descrito o reconhecimento li gado no qual células B antígenoespecíficas e células T fornecem sinais de ativação mutuamente levando à maturação da afinidade e troca de isotipo que pode ser ne cessária para neutralização Esse processo requer que um epítopo peptídico apro priado para células T seja apresentado pelas células B e que em geral o epítopo da célula T esteja contido dentro da região do epítopo da proteína reconhecida pela célula B fato que deve ser considerado no desenvolvimento moderno de vacinas De fato como discutiuse na Seção 135 o epítopo predominante reconhecido pelas células T após a vacinação com o vírus sincicial respiratório induz uma vigorosa res posta inflamatória mas falha em induzir anticorpos neutralizantes e assim causa patologia sem proteção 1621 Vacinas eficazes devem induzir proteção de longa duração e ser seguras e econômicas Uma vacina bemsucedida deve ter várias características além da sua habilidade em provocar uma resposta imune protetora Fig 1623 Primeiro ela deve ser segura As vacinas devem ser administradas a um grande número de pessoas das quais re lativamente poucas morreriam da doença ou a contrairiam Isso significa que mes mo um nível baixo de toxicidade é inaceitável Segundo a vacina deve ser capaz de produzir imunidade protetora em uma proporção muito alta das pessoas que a recebem Terceiro sobretudo em países mais pobres nos quais é impraticável ad ministrar doses de reforço a populações rurais dispersas uma vacina bemsucedida deve gerar memória imune prolongada Isso significa que os linfócitos B e T devem ser instruídos pela vacina Quarto as vacinas devem ser de baixo custo para que possam ser administradas a grandes populações As vacinas consistem em uma das medidas mais efetivas em relação ao custo em cuidados de saúde mas esse benefí cio é reduzido à medida que o custo por unidade se eleva Outro benefício de um programa de vacinação efetivo é a imunidade grupal que ele confere à população em geral Pela redução do número de membros suscetíveis de uma população a vacinação diminui o reservatório natural de indivíduos infectados na população e assim reduz a probabilidade de transmissão da infecção Desse modo inclusive os membros não vacinados estarão protegidos pois sua chance individual em encontrar o patógeno está reduzida Entretanto o efeito de imunidade grupal é ve rificado somente em níveis relativamente altos de vacinação de uma população para caxumba estimase que seja em torno de 80 e que abaixo desse nível epidemias es porádicas possam ocorrer Isso é ilustrado por um visível aumento dos casos de caxum ba no Reino Unido entre os anos de 2004 e 2005 em adultos jovens como resultado do uso variável da vacina de saramporubéola na metade dos anos 1990 em preferência à vacina MMR combinada que estava com baixo suprimento na época 1622 As vacinas de vírus vivos atenuados normalmente são mais potentes do que as vacinas mortas e podem ser mais seguras com o emprego da tecnologia do DNA recombinante A maioria das vacinas antivirais atualmente em uso consiste em vírus inativados ou vírus vivos atenuados As vacinas virais inativadas ou mortas consistem em vírus tratados para serem incapazes de se replicar As vacinas com vírus vivo atenuado geralmente são muito mais potentes elas induzem um número maior de mecanis mos efetores incluindo a ativação de células T CD4 e células T CD8 citotóxicas As células T CD4 ajudam na formatação da resposta de anticorpos o que é importante para o efeito protetor subsequente da vacina As células T CD8 citotóxicas fornece riam proteção durante a infecção pelo próprio vírus e se mantida podem contri buir para memória protetora Os vírus inativados não podem produzir proteínas no citosol desse modo os peptídeos dos antígenos virais não são apresentados pelas moléculas do MHC de classe I Assim as células T CD8 não são geradas e tampouco Segurança Proteção Fornecimento de proteção prolongada Considerações práticas A vacina não deve causar doença ou morte A vacina deve proteger contra a doença resultante da exposição ao patógeno vivo A proteção contra a doença deve durar muitos anos Alguns patógenos como o poliovírus infectam células que não podem ser substi tuídas p ex neurônios o anticorpo neutralizante é essencial para prevenir a infecção de tais células Baixo custo por dose Estabilidade biológica Fácil administração Poucos efeitos colaterais Alguns patógenos sobretudo os intracelulares são mais efetivamente atacados por meio de respostas mediadas por células Indução de anticorpos neutralizantes Indução de células T protetoras Características de vacinas efetivas Figura 1623 Existem diversos critérios para uma vacina efetiva Murphy8edicao16indd 700 Murphy8edicao16indd 700 300913 1725 300913 1725 Capítulo 16 Manipulação da Resposta Imune 701 necessárias com as vacinas virais mortas As vacinas virais atenuadas estão em uso para poliomielite sarampo caxumba rubéola e varicela Tradicionalmente a atenuação é obtida pelo cultivo do vírus em cultura de células Em geral os vírus são selecionados para o crescimento preferencial em células não humanas e durante essa seleção tornamse menos aptos a crescer em células hu manas Fig 1624 Como essas linhagens atenuadas replicamse de maneira in satisfatória em hospedeiros humanos elas induzem imunidade mas não doença quando administradas a pessoas Embora as linhagens de vírus atenuados conte nham múltiplas mutações em genes que codificam várias de suas proteínas é possí vel que uma cepa de vírus patogênico reapareça por meio de novas séries de muta ções Por exemplo a cepa da vacina da poliomielite Sabin tipo 3 difere de uma cepa progenitora selvagem em apenas 10 dos 7429 nucleotídeos Em ocasiões extrema mente raras a reversão da vacina a uma cepa neurovirulenta pode ocorrer causan do doença paralítica no receptor As vacinas virais atenuadas também podem apresentar riscos particulares a receptores imunodeficientes nos quais elas frequentemente se comportam como infecções opor tunistas virulentas Os lactentes imunodeficientes que são vacinados com poliovírus vivo atenuado antes que suas imunodeficiências nas imunoglobulinas hereditárias se jam diagnosticadas estão sob risco pois não podem eliminar o vírus de seu intestino e assim existe uma chance aumentada de a mutação do vírus associada à sua contínua replicação descontrolada no intestino conduzir à doença paralisante fatal Uma abordagem empírica para a atenuação ainda está em uso mas pode ser supe rada por duas novas estratégias que utilizam a tecnologia do DNA recombinante Uma delas consiste no isolamento e na mutagênese in vitro de genes virais específi cos Os genes mutados são utilizados para substituir o gene selvagem em um geno ma viral reconstituído e esse vírus deliberadamente atenuado pode ser usado como vacina Fig 1625 A vantagem dessa abordagem é que as mutações podem ser de senvolvidas de modo que a reversão ao tipo selvagem seja praticamente impossível Essa abordagem poderia ser útil para desenvolver vacinas de vírus vivo da influenza Como foi descrito no Capítulo 13 o influenzavírus pode reinfectar o mesmo hos pedeiro várias vezes pois sofre desvio antigênico e escapa da resposta imune ori ginal Uma proteção fraca conferida por infecções anteriores com diferente subtipo de influenza é observada em adultos porém não em crianças sendo chamada de imunidade heterossubtípica A abordagem atual à vacinação contra a influenza é utilizar uma vacina de vírus morto que é reformulada anualmente com base nas cepas prevalentes do vírus A vacina é moderadamente efetiva reduzindo a mor talidade em populações idosas e a morbidade em adultos saudáveis A vacina ideal contra a influenza seria um organismo vivo atenuado combinado a uma cepa de vírus prevalente Isso poderia ser criado por meio da inserção de uma série de mu tações atenuadas dentro do gene que codifica a proteína polimerase viral PB2 O segmento genético mutado do vírus atenuado poderia então ser substituído pelo gene selvagem em um vírus transportando variantes antigênicas da hemaglutini na e da neuraminidase da atual cepa epidêmica ou pandêmica Se necessário este Figura 1624 Os vírus são tradicionalmen te atenuados pelo crescimento seletivo em células não humanas Para produzir um vírus atenuado primeiramente ele deve ser isolado por meio de crescimento em culturas de células huma nas A adaptação ao crescimento em culturas de células humanas produz alguma atenuação em si a vacina da rubéola por exemplo foi feita dessa forma Em geral porém o vírus é adaptado ao crescimento em células de espécies diferentes até que cresça pouco em células humanas A adapta ção resulta de mutação geralmente uma combina ção de várias mutações de ponto Na maioria dos casos é difícil dizer quais mutações no genoma de uma linhagem viral atenuada são essenciais para a atenuação Um vírus atenuado crescerá de manei ra insatisfatória no hospedeiro humano e produzirá imunidade mas não doença O vírus cultivado é utilizado para infectar células de macaco O vírus adquire muitas mutações que o permitem crescer de maneira satisfatória em células de macaco O vírus não cresce de maneira tão satisfatória em células humanas ele está atenuado e pode ser utilizado como vacina O vírus patogênico é isolado de um paciente e é produzido em cultura de células humanas Murphy8edicao16indd 701 Murphy8edicao16indd 701 300913 1725 300913 1725 Capítulo 16 Manipulação da Resposta Imune 703 agulhas seringas e um aplicador treinado A vacinação em massa por injeção é traba lhosa Também existe o problema imunológico de que a injeção não é a via mais eficaz na estimulação de uma resposta imune apropriada já que não imita a via normal de entrada da maioria dos patógenos contra os quais a vacinação é dirigida Muitos patógenos importantes infectam as superfícies mucosas ou penetram no cor po por elas Os exemplos incluem os microrganismos respiratórios como Bordetella pertussis rinovírus e influenzavírus e os microrganismos entéricos como Vibrio cho lerae Salmonella typhi Escherichia coli enteropatogênica e Shigella Vacinas vivas atenuadas administradas por via intranasal contra o influenzavírus induzem anticor pos de mucosa que são mais eficientes do que anticorpos sistêmicos no controle de infecção do trato respiratório superior Entretanto os anticorpos sistêmicos induzidos por injeção são efetivos no controle da doença do trato respiratório inferior a qual é responsável por morbidade e mortalidade graves Assim um objetivo mais realista para qualquer vacina da gripe pandêmica é prevenir a doença do trato respiratório inferior além de aceitar o fato de que a enfermidade moderada não será prevenida A potência dessa abordagem de mucosas é ilustrada pela efetividade das vacinas de poliovírus vivo atenuado A vacina oral contra a poliomielite Sabin consiste em três cepas atenuadas de poliovírus e é altamente imunogênica Além disso assim como a doença da poliomielite em si pode ser transmitida pela contaminação fecal de piscinas públicas e outras falhas de higiene a vacina pode ser transmitida de um indivíduo para outro pela via fecaloral A infecção com Salmonella da mesma for ma estimula uma poderosa resposta imune mucosa e sistêmica As regras da imunidade da mucosa ainda são pouco compreendidas A apresenta ção de antígenos proteicos solúveis por via oral frequentemente resulta em tolerân cia que é importante devido à enorme carga de antígenos alimentares e veiculados pelo ar que são apresentados ao intestino e ao trato respiratório ver Cap 11 No entanto o sistema imune de mucosa responde às infecções mucosas e as elimina p ex coqueluche cólera e poliomielite as quais penetram por via oral Assim as proteínas desses microrganismos que estimulam as respostas imunes são de espe cial interesse Um grupo de proteínas fortemente imunogênicas nas superfícies mu cosas é uma série de toxinas bacterianas que têm a propriedade de se ligar a células eucarióticas e são resistentes a proteases Um achado recente de importância prá tica potencial é que algumas dessas moléculas como a toxina termolábil de E coli Figura 1626 Parasitos geneticamente ate nuados podem ser modificados como vacinas vivas para fornecer imunidade protetora Figura superior os esporozoítos de Plasmodium do tipo selvagem transmitidos pela picada de um mosqui to infectado entram na corrente sanguínea e são carregados para o fígado onde infectam os hepa tócitos Cada esporozoíto multiplicase no fígado matando a célula infectada e liberando milhares de merozoítos o próximo estágio da infecção Figuras inferiores nos camundongos imunizados com es porozoítos contendo geneschave com rompimen tos direcionados p ex p52 e p36 p52 p36 ou uis3 uis3 os esporozoítos circulam na corrente sanguínea e mimetizam uma infecção inicial mas não podem estabelecer uma infecção produtiva no fígado Entretanto os camundongos produzem resposta imune contra os esporozoítos e são prote gidos contra uma infecção subsequente por espo rozoítos do tipo selvagem Desenvolvimento do parasito da malária no estágio hepático Os parasitos atenuados geneticamente podem provocar resposta imune mas a infecção não progride Tipo selvagem Esporozoíto Hepatócito Estágio hepático Merozoíto Membrana do vacúolo parasitóforo Núcleo p52p36 uis3 Mata o hospedeiro Induz a imunidade protetora Murphy8edicao16indd 703 Murphy8edicao16indd 703 300913 1725 300913 1725 Parte V O Sistema Imune na Saúde e na Doença 704 e a toxina pertússis têm propriedades adjuvantes que são retidas mesmo quando a molécula relacionada é modificada por engenharia genética para eliminar suas propriedades tóxicas Essas moléculas podem ser utilizadas como adjuvantes para vacinas orais ou nasais Em camundongos a insuflação nasal de uma dessas toxinas mutantes com o toxoide tetânico resultou no desenvolvimento de proteção contra o desafio letal com a toxina do tétano 1625 A vacinação contra Bordetella pertussis ilustra a importância da percepção de segurança de uma vacina A história da vacinação contra a bactéria que causa a coqueluche Bordetella per tussis fornece um bom exemplo dos desafios de desenvolver e disseminar uma va cina efetiva bem como o apelo público de vacinas acelulares conjugadas sobre as de organismos vivos atenuados No início do século XX a coqueluche matou cerca de 05 das crianças norteamericanas com menos de 5 anos de idade No início da década de 1930 um estudo com uma vacina morta de célula bacteriana integral nas ilhas Faroe forneceu evidências de um efeito protetor Nos Estados Unidos o uso sistemático de uma vacina de célula integral em combinação com os toxoides da difteria e do tétano a vacina DPT desde a década de 1940 resultou em declínio na taxa de infecção anual de 200 para menos de dois casos a cada 100000 habitantes A primeira vacinação com DPT era realizada geralmente aos três meses A vacina pertússis com célula integral causa efeitos colaterais na maioria das ve zes eritema dor e edema no local da injeção com menor frequência a vacinação é seguida por febre alta e choro persistente Muito raramente ocorrem convulsões e sonolência breve ou estado de flacidez irresponsiva Durante a década de 1970 houve uma preocupação disseminada após vários relatos de que casos de encefali te levando à lesão cerebral irreversível poderiam ocorrer muito raramente após a vacinação com pertússis No Japão em 1972 cerca de 85 das crianças receberam a vacina pertússis e menos de 300 casos de coqueluche e nenhum óbito foram relata dos Como resultado de duas mortes após a vacinação no Japão em 1975 a DPT foi temporariamente suspensa e então reintroduzida com a primeira vacinação aos 2 anos de idade em vez de aos 3 meses Em 1979 houve cerca de 13000 casos de co queluche e 41 mortes A possibilidade de a vacina pertússis causar muito raramen te lesão cerebral grave foi extensamente estudada e o consenso dos especialistas é de que a vacina pertússis não é uma causa primária de lesão cerebral Não há dúvida de que existe maior morbidade pela coqueluche do que pela vacina A percepção pública e médica de que a vacinação pertússis com célula integral pode ser insegura forneceu um poderoso incentivo para desenvolver vacinas pertússis mais seguras O estudo da resposta imune natural à B pertussis mostrou que a infec ção induzia anticorpos contra quatro componentes da bactéria a toxina pertússis a hemaglutinina filamentosa a pertactina e os antígenos fimbriais A imunização de camundongos com esses antígenos em forma purificada os protegeu do desafio com pertússis Isso levou ao desenvolvimento de vacinas pertússis acelulares todas contendo toxoide pertússis purificado isto é a toxina inativada por tratamento quí mico por exemplo com peróxido de hidrogênio ou formaldeído ou mais recente mente pela engenharia genética da toxina Algumas vacinas pertússis também con têm uma ou mais hemaglutininas filamentosas pertactinas e antígenos fimbriais As evidências atuais mostram que estas são provavelmente tão efetivas quanto a vacina de célula integral e estão livres dos efeitos colaterais leves comuns a ela Entretanto a vacina acelular é mais cara o que restringe seu uso em países mais pobres A história da vacinação pertússis mostra que em primeiro lugar as vacinas devem ser extremamente seguras e livres de efeitos colaterais segundo que o público e a classe médica devem perceber a vacina como segura e terceiro que o estudo cui dadoso da natureza da resposta imune protetora pode levar a vacinas acelulares mais seguras e tão efetivas quanto as vacinas de célula total Todavia a preocupação pública em relação à vacinação permanece alta Medos infundados de uma ligação entre a vacina MMR combinada viva atenuada e o autismo fizeram o percentual de crianças que receberam a vacina MMR na Inglaterra cair de um pico de 92 entre Murphy8edicao16indd 704 Murphy8edicao16indd 704 300913 1725 300913 1725 Capítulo 16 Manipulação da Resposta Imune 705 1995 e 1996 para 84 em 2001 e 2002 Pequenos surtos de sarampo durante 2002 em Londres ilustram a importância da alta manutenção da administração da vacina para manter a imunidade grupal 1626 As vacinas conjugadas foram desenvolvidas como resultado da compreensão de como as células T e B colaboram em uma resposta imune Embora as vacinas acelulares sejam inevitavelmente mais seguras que as vacinas à base de organismos integrais uma vacina completamente efetiva normalmente não pode ser feita a partir de um único constituinte isolado de um microrganismo e agora está claro que isso se deve à necessidade de ativar mais de um tipo celular para iniciar uma resposta imune Uma consequência desse discernimento foi o de senvolvimento de vacinas conjugadas Já foi descrito brevemente um dos casos mais importantes para Haemophilus influenzae na Seção 103 Muitas bactérias incluindo Neisseria meningitidis meningococo Streptococcus pneumoniae pneumococo e H influenzae têm uma cápsula externa composta de polissacarídeos que são específicos à espécie e ao tipo de determinadas cepas das bactérias A defesa mais efetiva contra esses microrganismos é a opsonização da capa polissacarídica pelo anticorpo Assim o objetivo da vacinação é estimular anticorpos contra as cápsulas polissacarídicas das bactérias Os polissacarídeos capsulares podem ser coletados no meio de crescimento bac teriano e por serem antígenos independentes das células T podem ser utilizados diretamente como vacinas Entretanto as crianças menores de 2 anos podem não produzir boas respostas de anticorpos independentes de células T e não podem ser vacinadas efetivamente com as vacinas polissacarídicas Um modo eficiente de superar esse problema ver Fig 105 é conjugar quimicamente os polissacarídeos bacterianos às proteínas carreadoras que fornecem peptídeos que podem ser reco nhecidos pelas células T antígenoespecíficas convertendo uma resposta indepen dente de células T em uma resposta de anticorpo antipolissacarídico dependente de células T Utilizando essa abordagem várias vacinas conjugadas foram desenvol vidas contra H influenzae tipo b uma importante causa de graves infecções respi ratórias infantis e meningite e contra N meningitidis do sorogrupo C uma impor tante causa de meningite as quais têm sido amplamente aplicadas O sucesso desta última no Reino Unido é ilustrado na Figura 1627 que mostra que a incidência de meningite C tem sido bastante reduzida em comparação à meningite B contra a qual ainda não existe uma vacina 1627 Vacinas baseadas em peptídeos podem desencadear imunidade protetora mas requerem adjuvantes e devem ser direcionadas a células e compartimentos celulares apropriados para serem efetivas Outra estratégia para o desenvolvimento de vacinas que não requer o organismo integral morto ou atenuado identifica epítopos peptídicos de células T que esti mulam a imunidade protetora Os peptídeos candidatos podem ser identificados de duas formas uma possibilidade é sintetizar sistematicamente peptídeos sobrepos tos de proteínas imunogênicas e testar um de cada vez para sua capacidade de es timular a imunidade protetora alternativamente uma abordagem imunogenética reversa ver Seção 1615 pode ser utilizada para prever epítopos peptídicos poten ciais a partir de uma sequência genômica Esta última abordagem tem sido aplicada para malária pelo uso da sequência completa do genoma do Plasmodium falcipa rum O ponto inicial foi a associação entre a molécula do MHC de classe I humana HLAB53 e a resistência à malária cerebral uma complicação relativamente rara da infecção mas que em geral é fatal Acreditavase que HLAB53 pudesse prote ger da malária cerebral pois poderia apresentar peptídeos que são particularmente bons na ativação dos linfócitos T citotóxicos virgens Os peptídeos eluídos de HLA B53 frequentemente contêm uma prolina no segundo de seus nove aminoácidos Com base nessa informação a análise genética reversa identificou candidatos a Murphy8edicao16indd 705 Murphy8edicao16indd 705 300913 1725 300913 1725 Parte V O Sistema Imune na Saúde e na Doença 706 peptídeos protetores de quatro proteínas do P falciparum expressas na fase inicial da infecção dos hepatócitos uma importante fase da infecção a ser visada em uma resposta imune efetiva Um dos peptídeos candidatos do antígeno1 do estágio he pático é reconhecido pelas células T citotóxicas quando ligado ao HLAB53 Entretanto as vacinas baseadas em peptídeos embora promissoras têm várias des vantagens Primeiro um determinado peptídeo pode não se ligar a todas as molécu las do MHC presentes na população Devido ao polimorfismo muito elevado das mo léculas do MHC em seres humanos ver Seção 612 um grande painel de peptídeos protetores deveria ser identificado o que permitiria a cobertura protetora da maioria dos indivíduos Segundo algumas trocas diretas de peptídeos curtos nas moléculas do MHC podem ocorrer sem o processamento fisiológico do antígeno Se os peptí deos antigênicos necessários carregarem diretamente sobre as moléculas do MHC nas células diferentes das células dendríticas pode haver a indução da tolerância nas células T em vez da estimulação da imunidade ver Seção 826 Terceiro as proteínas exógenas e os peptídeos encaminhados por uma vacina sintética são processados de forma eficiente para apresentação por moléculas do MHC de classe II mas não entram na via de processamento do MHC de classe I e a falha na apresentação dos peptídeos nas moléculas do MHC de classe I restringiria severamente a ativação de células T CD8 citotóxicas Entretanto em certas células dendríticas a apresentação cruzada eficiente pode ocorrer na qual peptídeos derivados exogenamente são car regados nas moléculas do MHC de classe I ver Seção 69 e o direcionamento de vacinas baseadas em peptídeos para tais células pode estimular a eficácia da vacina Uma descoberta recente na estratégia de vacinas baseadas em peptídeos parece su perar vários desses problemas e já se mostrou promissora em humanos Em ensaios clínicos pacientes com neoplasia intraepitelial do pudendo feminino estabelecida uma forma inicial do câncer do pudendo feminino causado pelo HPV foram trata dos com uma vacina que consiste em peptídeos longos que abrangem todo o com primento das duas oncoproteínas do HPV16 E6 e E7 e administradas em emulsão Figura 1627 Efeito da vacinação contra Neis seria meningitidis do grupo C meningococo no número de casos de doença meningocó cica dos grupos B e C na Inglaterra e no País de Gales A infecção meningocócica afeta cerca de 5 a cada 100000 pessoas por ano no Reino Unido sendo que os grupos meningocócicos B e C contribuem para quase todos os casos Antes da introdução da vacina de meningite C a doença do grupo C era a segunda causa mais comum de doença meningocócica contribuindo para cerca de 40 dos casos Atualmente a doença do grupo C contribui para menos de 10 dos casos com a doença do grupo B contribuindo para mais de 80 dos casos Após a introdução da vacina ocorreu uma significativa queda no número de casos confir mados em laboratório da doença do grupo C em to das as faixas etárias O impacto foi ainda maior nos grupos imunizados com redução de mais de 90 em todas as idades Um grande impacto também tem sido verificado em grupos etários não imuniza dos com redução de cerca de 70 o que sugere que essa vacina apresenta um efeito de imunidade comunitária 600 500 700 800 400 300 200 100 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Número de casos Sorogrupo C 600 500 700 800 400 300 200 100 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Número de casos Sorogrupo B Imunização com vacina C conjugada iniciou em novembro de 1999 Imunização com vacina C conjugada iniciou em novembro de 1999 Murphy8edicao16indd 706 Murphy8edicao16indd 706 300913 1725 300913 1725 Capítulo 16 Manipulação da Resposta Imune 707 de óleo em água como adjuvante Com o uso de peptídeos muito longos em torno de 100 aminoácidos de comprimento múltiplos epítopos peptídicos candidatos que também podem ser apresentados por diferentes alelos do MHC podem ser encaminhados Esses peptídeos parecem ser muito longos para troca direta com peptídeos nas superfícies das células e portanto devem ser processados por APCs profissionais como as células dendríticas Essa vacina induziu a remissão clínica completa em um quarto dos pacientes e cerca de metade dos pacientes tratados mostraram respostas clínicas significativas que tiveram correlação com as evidên cias in vitro da imunidade aumentada mediada por células 1628 Os adjuvantes são importantes para aumentar a imunogenicidade das vacinas mas poucos são aprovados para uso em humanos Outro problema nas vacinas baseadas em peptídeos discutidas anteriormente bem como das vacinas baseadas em componentes proteicos altamente purificados é que elas não ativam o sistema imune inato da mesma forma que na infecção natural Tais vacinas requerem componentes adicionais para mimetizar como as infecções normalmente ativam a imunidade inata a qual induz células dendríticas a se tor narem estimuladoras para as células T ver Seção 96 Tais componentes de uma vacina são conhecidos como adjuvantes que são definidos como substâncias que aumentam a imunogenicidade dos antígenos ver Apêndice I Seção A4 Por exem plo o toxoide tetânico não é imunogênico na ausência de adjuvantes e as vacinas de toxoide tetânico contêm sais de alumínio inorgânico alum na forma de géis não cristalinos que se ligam polivalentemente ao toxoide por interações iônicas A toxi na pertússis tem propriedades adjuvantes por si só e quando administrada com os toxoides do tétano e da difteria não protege apenas contra a coqueluche mas tam bém atua como adjuvante adicional para os outros dois toxoides Essa mistura com preende a vacina tríplice DPT administrada aos lactentes no primeiro ano de vida Os componentes antigênicos e adjuvantes em uma vacina não são aprovados para uso isolado eles são aprovados apenas no contexto da vacina específica na qual são formulados Atualmente o alum é o único adjuvante aprovado pela FDA nos Es tados Unidos para uso em vacinas humanas comercializadas embora outras com binações adjuvantevacina estejam passando por ensaios clínicos Alum é o nome comum para certos sais inorgânicos de alumínio dos quais hidróxido de alumínio e fosfato de alumínio são os mais frequentemente utilizados como adjuvantes Na Europa assim como os adjuvantes alum uma emulsão óleo esqualeno em água é utilizada como adjuvante na formulação da vacina contra influenza Como descrito na Seção 38 o alum parece atuar como adjuvante pelo estímulo de um dos mecanismos sensores de bactéria do sistema imune inato NLRP3 ativando assim o inflamassomo e as reações inflamatórias que são prérequisito para uma resposta imune adaptadora eficaz Vários outros adjuvantes são amplamente utiliza dos de maneira experimental em animais mas não são aprovados para uso em hu manos Muitos deles são constituintes estéreis das bactérias sobretudo de suas pare des celulares O adjuvante completo de Freund é uma emulsão de óleo em água que contém micobactérias mortas Um complexo glicolipídeo muramil dipeptídeo que pode ser extraído da parede celular micobacteriana ou sintetizado contém muito da atividade adjuvante da micobactéria integral morta Outros adjuvantes bacterianos incluem a B pertussis morta os polissacarídeos bacterianos as proteínas bacterianas de choque térmico e o DNA bacteriano Muitos desses adjuvantes causam inflama ção pronunciada e não são adequados para uso de vacinas em humanos Vários adjuvantes parecem atuar acionando as vias inatas sensoras de vírus e bacté rias via TLRs e proteínas da família de receptores similares a NOD como NLRP3 ver Cap 3 O lipopolissacarídeo LPS um agonista de TLR4 tem efeitos adjuvantes mas estes são limitados por sua toxicidade A injeção de uma pequena quantidade de LPS pode induzir estado de choque e inflamação sistêmica que mimetiza a sepse gramnegativa levantando a questão seu efeito adjuvante pode ser separado dos efeitos tóxicos Um derivado do LPS e ligante de TLR4 monofosforil lipídeo A atin ge parcialmente esse requisito retendo os efeitos adjuvantes mas estando associado Murphy8edicao16indd 707 Murphy8edicao16indd 707 300913 1725 300913 1725 Parte V O Sistema Imune na Saúde e na Doença 708 a uma toxicidade muito mais baixa do que o LPS O DNA CpG não metilado que se liga ao TLR9 e o ativa e o imiquimode um fármaco de molécula pequena que atua como agonista de TLR7 podem fornecer atividade adjuvante experimentalmente mas nenhum deles é aprovado como adjuvante em vacinas para humanos Em in fecções naturais algumas proteínas bacterianas por exemplo a toxina do cólera a enterotoxina termolábil de E coli e a toxina pertússis atuam como adjuvantes para estimular as respostas imunes das mucosas que são particularmente defesas impor tantes contra os organismos que entram pelos tratos digestório e respiratório 1629 A imunidade protetora pode ser induzida pela vacinação baseada em DNA O mais recente desenvolvimento na vacinação iniciou com tentativas de utilizar plasmídeos bacterianos não replicantes que codificam proteínas para terapia gê nica Surpreendentemente as proteínas expressas por esses plasmídeos in vivo es timulavam uma resposta imune Quando o DNA que codifica um imunógeno vi ral é injetado via intramuscular em camundongos ele leva ao desenvolvimento de respostas de anticorpos e de células T citotóxicas que permitem ao camundongo rejeitar um desafio posterior com o vírus integral Essa resposta não parece lesar o tecido muscular é segura e eficaz e como utiliza apenas um único gene microbia no ou pedaço de DNA codificante para um conjunto de peptídeos antigênicos não apresenta risco de infecção ativa Esse procedimento é denominado vacinação de DNA O DNA recobrindo partículas metálicas diminutas pode ser aplicado por uma pistola biolística de modo que as partículas penetram na pele e potencialmente em alguns músculos subjacentes Essa técnica mostrou ser efetiva em animais e pode ser aceitável para imunização em massa Entretanto um problema com as vacinas de DNA é que elas são compa rativamente fracas Uma mistura com plasmídeos que codificam citocinas como IL 12 IL23 ou GMCSF torna a imunização com genes que codificam antígenos pro tetores muito mais efetiva Outra maneira de melhorar as vacinas de DNA é incluir genes que expressarão moléculas coestimuladoras Os antígenos que estimulam a imunidade parecem ser produzidos nas células que são transfectadas diretamente como pele ou músculo mas são transferidos para as células dendríticas para apresentação às células T Isso significa que para que os adjuvantes expressos pela vacina de DNA sejam capazes de estimular as respostas imunes suas ações também deverão ser transferidas junto com o antígeno para as células dendríticas Vacinas de DNA estão sendo testadas em ensaios clínicos em humanos para a prevenção da malária de influenza e do HIV 1630 A eficácia de uma vacina pode ser aumentada dirigindoa para os locais de apresentação de antígenos Para ser efetiva os antígenos de uma vacina devem ser apresentados de maneira eficiente ao sistema imune pelas APCs Uma apresentação mais eficiente pode ser obtida se a proteólise do antígeno quando este está se dirigindo para as APCs for prevenida preservando assim a estrutura do antígeno Esse é o motivo pelo qual tantas vacinas são administradas por injeção em vez de por via oral o que expõe a vacina à digestão no intestino Outras abordagens podem ser tomadas para dirigir a vacina seletivamente para as APCs uma vez que ela esteja dentro do organismo e para desenvolver métodos de engenharia genética para a captação seletiva dos antí genos da vacina nas vias de processamento de antígeno dentro da célula Uma delas é revestir o antígeno vacinal com manose para aumentar a captura pelos receptores de manose das células Alternativamente o antígeno pode ser direcionado na forma de um complexo imune que tem a vantagem da ligação do anticorpo e do comple mento pelos receptores Fc e do complemento Uma estratégia mais complicada é direcionar os antígenos da vacina seletivamen te para as vias de apresentação de antígeno dentro da célula O antígeno pode ser acoplado a anticorpos específicos que se ligam a proteínas da superfície das células Murphy8edicao16indd 708 Murphy8edicao16indd 708 300913 1725 300913 1725 Murphy8edicaoIniciaisindd vi Murphy8edicaoIniciaisindd vi 300913 1729 300913 1729 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem Na Biblioteca Virtual da Instituição você encontra a obra na íntegra Dica do professor Vejamos agora uma videoaula que apresenta a resposta induzida pela vacinação Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar Exercícios 1 As vacinas bacterianas diferem das vacinas virais pois somente nas bacterianas sao usados selecione todas as opcoes que se aplicam I Componentes de subunidades II Toxoides III Componentes infecciosos totais IV Polissacarideos capsulares V Conjugados capsulasproteinas carregadoras A Apenas I II e V B Apenas II IV e V C Apenas II III IV e V D Todas estão corretas E Nenhuma está correta 2 As vacinas que usam vírus vivos atenuados normalmente são mais potentes comparadas com as vacinas mortas e podem ser mais seguras com o emprego da tecnologia do DNA recombinante Indique a alternativa correta sobre a vacina de vírus atenuados A As linhagens de vírus atenuados contêm múltiplas mutações em genes que codificam várias de suas proteínas e é impossível que uma cepa de vírus patogênico reapareça por meio de novas séries de mutações B As vacinas virais atenuadas não apresentam riscos particulares a receptores imunodeficientes C A vantagem da abordagem do DNA recombinante é que as mutações podem ser desenvolvidas de modo que a reversão ao tipo selvagem seja possível D As linhagens atenuadas replicamse de maneira deficitária em hospedeiros humanos induzindo imunidade mas não doença quando administradas a pessoas E A abordagem do DNA recombinante não seria útil para desenvolver vacinas de vírus vivo da influenza pois este vírus não reinfecta o mesmo hospedeiro 3 A técnica de imunização tem como objetivo a ativação das células de defesa como o linfócito B Indique a alternativa correta sobre o processo de ativação desta célula e suas características gerais A Os linfócitos B não possuem a capacidade de opsonizar os antígenos B Um linfócito B inativo que reconhece o antígeno irá se tornar um mastócito que secretará anticorpos C Os linfócitos B apresentam complexo de histocompatibilidade D As imunoglobulinas de membrana IgM e IdD são moléculas responsáveis pelo reconhecimento dos antígenos nos linfócitos B E No estágio de célula imatura os linfócito B sofre seleção negativa e é liberado na circulação se for autorreativo 4 A via de vacinação é determinante no sucesso da imunização e a vacinação ideal induz defesa no hospedeiro no ponto de entrada do agente infeccioso A maioria das vacinas é administrada por injeção e essa via tem várias desvantagens Leia as afirmativas e selecione a alternativa correta I As desvantagens da vacinação injetável podem ser aplicação dolorosa alto custo pois exige agulhas seringas e um profissional treinado A vacinação em massa por injeção é trabalhosa II Vacinas vivas atenuadas administradas por via intranasal contra o influenza vírus induzem anticorpos de mucosa que podem ser mais eficientes do que anticorpos sistêmicos III A estimulação da imunidade mucosa é um objetivo importante da vacinação já que simula a via normal de entrada da maioria dos patógenos A Somente a afirmativa I está correta B Somente a afirmativa II está correta C As afirmativas I II e III estão corretas D Somente as afirmativas I e III estão corretas E Somente as afirmativas I e II estão corretas 5 As vacinas visam a imunização contra vírus e bactérias Selecione a alternativa que apresenta somente vacinas contra doenças causadas por patógenos bacterianos A Poliomielite e catapora B Difteria e varíola C Meningite e rubéola D Pertussis e tétano E Poliomielite e raiva Na prática O desenvolvimento de uma vacina segura e efetiva para a prevenção da infecção pelo HIV e aids é o objetivo máximo mas sua concretização está cheia de dificuldades que não foram enfrentadas no desenvolvimento de vacinas contra outras doenças O principal problema se encontra na natureza da infecção em si apresentando um vírus que mina diretamente o componente central da imunidade adaptativa a célula T CD4 proliferase com extrema rapidez e causa infecção sustentada diante das fortes respostas das células T citotóxicas e dos anticorpos Saiba Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto veja abaixo as sugestões do professor Imunobiologia de Janeway Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino