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55 Capítulo 4 A linguagem e seu funcionamento Nesta unidade de aprendizagem começamos capítulo 1 por entender o que significa universidade seu papel para a formação da cidadania sua base tríplice ensino pesquisa e extensão e percebemos que sem leitura capítulo 2 não há como transformarmudarpropor assim consideramos que é por meio da pesquisa e da extensão capítulo 3 que poderemos também dar a nossa contribuição para a sociedade que nos acolhe por último e tão importante quanto os demais capítulos trataremos do funcionamento da linguagem É a linguagem que nos constitui sujeitos e que nos permite todas as interações sociais possíveis com ela podemos construir o universo no qual estamos inseridos Seção 1 A linguagem como prática social Um dos mitos desde Aristóteles que chama a atenção sobre a linguagem é o de atribuir a ela a simples função de possibilitar a transmissão de informações entre as pessoas Entretanto muito mais do que transmitir cabe à linguagem a função de representar a realidade na medida em que ela própria possibilita efeitos de sentidos múltiplos a cada vez que se materializa numa dada enunciação 1 Não é à toa que Carlos Drummond de Andrade escreveu em Procura da Poesia o seguinte fragmento Chega mais perto e contempla as palavras Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta sem interesse pela resposta pobre ou terrível que lhe deres Trouxeste a chave grifo nosso 1 Enunciação entendida aqui como ato de utilização da língua pelo falante ao produzir um enunciado em um dado contexto comunicativo MOTTA Alexandre de Medeiros et al Universidade e Ciência Palhoça UnisulVirtual 2016 p 5578 56 Capítulo 4 Grifamos cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra justamente porque a cada ato comunicativo enunciação a palavra aparece com um efeito de sentido diverso e ao mesmo tempo único decorrente daquele ato daquele instante presente Imaginemos num exemplo prático do dia a dia alguém pronunciando a frase hoje estou engolindo sapos A palavra sapos aparece em um sentido conotativo visto que naturalmente não se engole sapos O efeito de sentido torna possível a compreensão de que no dia de hoje se está com problemas dificuldades tensões Assim a linguagem é uma forma de representação de mundo de sentimentos de emoções mas não somente isso Segundo Richter 2000 p 50 a linguagem serve para fazer coisas ela literalmente transforma o mundo e não só o representa justamente porque permite a argumentação a contra argumentação o questionamento e as possibilidades de sentidos diversos atribuídos a cada contexto enunciativo de maneira única irrepetível Essa forma de representartransformar o mundo torna a linguagem responsável pela efetividade do contexto históricosocial do homem ao longo dos anos que compreendem sua existência permitindo o estabelecimento das relações sociais e suas consequentes transformações Graças à linguagem todo conhecimento produzido está a nossa disposição Ao mesmo tempo em que nos apropriamos desse conhecimento sócio historicamete produzido também somos produtores desses conhecimentos E aqui na universidade lugar de produção e circulação do conhecimento é um lugar legitimado não só para o ensino mas principalmente para a produção de pesquisas que de formas variadas retornam em certa medida à comunidade 57 Universidade e Ciência Seção 2 Autoria Estudar a língua é estudar as práticas de linguagem em situações reais de uso A autoria está em relação com o sujeito que produz um texto ou seja o sujeito autor o qual usa a linguagem em determinada situação Por conseguinte o que caracteriza a autoria é a produção de um gesto de interpretação quer dizer quem produz o texto é responsável por uma formulação que faz sentido O modo como ele o sujeito faz isso caracteriza sua autoria ORLANDI 2001 p 76 Veja o texto a seguir Muitos pensamos que o que move o mundo é o dinheiro os bens materiais que tanto nos atraem ou mesmo a busca pelo prestígio e poder Tudo isso é muito importante e mexe de verdade com o comportamento humano porém o que mais é capaz de provocar mudanças transcender teorias e transformar o mundo é de fato a linguagem As palavras são muito poderosas quando saem de nossa boca tem o potencial de criar ou dissipar estresses cativar ou afastar pessoas conquistar ou destruir sonhos provocar paixão ou abrir feridas que duram por uma vida inteira Tudo vai depender de nossa habilidade de lidar com elas no tempo dose forma e tempero adequado COSTA 2016 p 1 Podemos então afirmar que o autor emerge como o produtor da linguagem produzindo o texto com todos os aspectos que o tornem texto tais como coesão coerência progressão não contradição e fim Notem que todas as possibilidades de frases estão no repertório da língua são potencialidades e estão no nível do repetível Em outras palavras todas as estruturas possíveis de frases estão disponíveis na língua para todos nós mas no momento em que cada um de nós faz uso dessas frases em um texto elas deixam de estar no nível do repetível potencialidade e materializamse no texto Então no processo de elaboração do texto levase em conta essas estruturas que já existem na língua aspectos gramaticais lexicais e são atualizados no texto O que é produzido tornase novo porque está inserido em uma dada circunstância é uma prática social Esse texto é um acontecimento novo uma 58 Capítulo 4 vez que aí intervêm os aspectos discursivos a situação real de uso da língua nas interações sociais E aí é que entra o autor Nesse ato de enunciar de produção do texto é considerada a situação em que estamos envolvidos o nosso propósito interacional o outro para quem enderecemos o nosso texto Para atender a esses propósitos interacionais mobilizamos não só recursos gramaticais como também recursos discursivos o interlocutoro outro a situação sóciohistórica a posição que ocupa nas determinadas esferas da atividade humana e os gêneros discursivos Levando em consideração esses aspectos podese falar em autoria Assim em cada produção de linguagem materializada em texto como unidade de sentido ou seja com coerência há o sujeito autor aquele que produziu o texto Assim a autoria está para todos os textos assim como o autor está para o sujeito que o elaborou O autor é o sujeito que produz o texto em uma situação sociointerativa com todos os critérios de coesão e coerência como prática social Podemos falar dessa forma em níveis de autoria Quanto mais conhecimento sobre o funcionamento da linguagem de seus mecanismos de coesão mais se efetiva a autoria Seção 3 A materialização da linguagem texto Um texto segundo a sua materialidade é um objeto com começo meio e fim tem relação com outros textos existentes possíveis ou imaginários com suas condições de produção os sujeitos e a situação e com sua exterioridade constitutiva Podemos definir o texto como prática de linguagem com materialidades diversas matéria que possibilita a prática da linguagem somsilêncio letra movimento do corpo dança tintaformas na pintura mármoremadeira na escultura etc São matérias que pela ação do sujeito transformamse em materialidade simbólica linguagens É um espaço significante o texto produzido intencionalmente pelo sujeito já que é linguagem em uso Em função disso como há linguagens verbais e não verbais há textos também verbais e não verbais 59 Universidade e Ciência Exemplificamos Essa imagem é um texto Algumas das propriedades consideradas importantes no processo de produção de textos verbais Um texto não é um aglomerado de frases Mais do que isso as partes devem estar articuladas entre si compondo um todo significativo Todo texto é produzido por um sujeito em um determinado tempo em um determinado espaço com uma determinada finalidade Por isso o texto revela ideias e concepções de um grupo social de uma determinada época Todo texto é escrito intencionalmente para um interlocutor ou um grupo de interlocutores o que implica a escolha da estrutura e da linguagem adequadas O texto além de ter uma materialidade específica também está relacionado com os contextos de uso Em cada esfera da sociedade circulam textos com certas regularidades comuns dessa esfera Isso trataremos a seguir sobre os gêneros discursivos 60 Capítulo 4 Seção 4 Gêneros discursivos Os gêneros discursivos são formas típicas de enunciados que se realizam em condições específicas e com variadas finalidades nas diferentes situações de interação social Para melhor entender imaginemos os gêneros que a secretária de uma empresa precisa saber redigir no seu dia a dia de trabalho Ela pode precisar elaborar um memorando para solicitar algum material de expediente um email para se comunicar com o chefe que está viajando Deve saber redigir ainda uma ata para registrar o que foi discutido numa reunião ou até mesmo um convite caso haja um evento na empresa e ela seja a responsável pela organização desse evento É importante registrar ainda que no processo de produção dos mais diversos gêneros utilizamonos das tipologias textuais também conhecidas como sequências textuais as quais são modos de organização do texto As mais comuns são descrição narração e dissertação É provável que no gênero relatório por exemplo encontremse as tipologias narrativa relato dos fatos e dos procedimentos descritiva caracterizando ou retratando os objetos em uso e dissertativa apresentando uma opinião ou um ponto de vista sobre os fatos É preciso ficar claro que as tipologias ou sequências textuais estão a serviço dos gêneros E mais fazer uso desta ou daquela tipologia e mesmo lançar mão de mais de uma delas dependerá de qual gênero se vai elaborar Assim também a opção por este ou aquele gênero é uma questão a se decidir e a decisão dependerá de um conjunto de fatores tais como as características e a finalidade do texto a quem ele se destinará etc Você já parou para pensar quais são os gêneros discursivos que o cercam em seu dia a dia Aqui na Universidade circulam principalmente artigos científicos ensaios monografias projetos relatórios Trabalho de Conclusão de Curso etc É preciso deixar claro ainda que os gêneros não se apresentam de forma fixa pelo contrário podem ser constituídos e reconstituídos ao longo de nossa existência Há alguns anos para nos comunicarmos com alguém que estava em um outro país usávamos a carta Hoje porém com a tecnologia da informação usamos o email o MSN o facebook etc Assim estudar sobre gêneros discursivos possibilita compreender que um texto é uma unidade que contém uma estrutura e uma organização específicas e o mais importante exerce uma função social 61 Universidade e Ciência 41 Gênero e suporte Fazse oportuno mencionar ainda a respeito do suporte em que os gêneros são fixados ou produzidos Tratase do local veículo meio ou ambiente no qual os textos diversos podem aparecer Na antiguidade por exemplo os homens usavam as tabuinhas ou as paredes das cavernas para escreverem seus textos Hoje há diversos suportes como o papel livros jornais revistas apostilas etc as telas da televisão do computador as diferentes mídias ou qualquer espaço virtual Os suportes essenciais para a circulação dos gêneros podem variar de acordo com as necessidades de quem os está usando Por exemplo posso usar um telefone celular para mandar um bilhete ou ler uma notícia Os suportes são tão importantes que podem definir o gênero Consideremos o texto abaixo Paulo te amo me ligue o mais rápido que puder Se encontrarmos esse texto num papel sobre a mesa ele será um BILHETE Se o encontrarmos numa secretária eletrônica é um RECADO Se for enviado pelo correio é um TELEGRAMA Caso esteja em um celular será uma MENSAGEM E se estiver num outdoor é uma declaração de amor A partir do que foi apresentado acima podemos dizer que o suporte é uma superfície física em formato específico que suporta fixa e mostra um texto Essa ideia compreende três aspectos 1 suporte é um lugar físico ou virtual 2 suporte tem formato específico livro revista 3 suporte serve para fixar e mostrar o texto 42 Gênero e contexto de ocorrência Os gêneros podem estar associados a um contexto de ocorrência que pode ser do âmbito literário jornalístico acadêmico publicitário empresarial humorístico etc Apresentamos abaixo um quadro com uma pequena relação de gêneros em seus respectivos contextos de ocorrência Nesse quadro é preciso estar atento a alguns detalhes 62 Capítulo 4 a Um mesmo gênero textual pode ser recorrente em diferentes contextos de ocorrência Por exemplo a crônica por sua variedade lírica reflexiva humorística enquadrase como texto literário jornalístico humorístico b Os gêneros textuais não constituem uma lista definitiva Novos gêneros surgem em decorrência de novos propósitos para a utilização da linguagem e de novas tecnologias Quadro 41 Alguns exemplos de gêneros em determinadas ocorrências 1 Textos literários a Crônica b Novela c Poema d Conto e Romance 2 Textos jornalísticos a Notícia b Editorial c Artigo de opinião d Resenha e Classificados 3 Textos acadêmicos a Resumo b Resenha c Relatório d Artigo e Monografia 4 Textos empresariais a Carta b Memorando c Ata d Recibo e Ofício 7 Textos publicitários a Anúncio b Outdoor 6 Textos humorísticos a História em quadrinhos b Charge c Piada Fonte Adaptação do autor 2012 63 Universidade e Ciência Seção 5 Texto e construção de sentido Ao se olhar para dentro de um texto isto é para as partes que o compõem é possível observar não só os elementos linguísticos que os constituem as palavras os períodos e os parágrafos mas também as ideias que por ali passam Esse conjunto vem a ser responsável por estabelecer a coerência e a coesão textuais 51 Coerência Um texto é coerente quando apresenta ideias organizadas e argumentos relacionados em sequência lógica de forma a permitir que o leitor chegue às conclusões desejadas pelo autor Assim um texto coerente deve satisfazer a quatro critérios básicos A continuidade diz respeito à necessária retomada de elementos no decorrer do discurso Tem a ver com a unidade temática do texto Uma sequência de temas diferentes a cada parágrafo não será aceita como texto A progressão o texto deve retomar seus elementos conceituais e formais mas não pode se limitar a essa repetição É preciso que apresente novas informações a propósito dos elementos retomados A não contradição as ocorrências presentes no texto não podem se contradizer devem ser compatíveis entre si e com o mundo ao qual o texto representa A articulação referese à maneira como os fatos e os conceitos apresentados no texto se encadeiam como se organizam que papéis e valores exercem uns com relação aos outros Observe os exemplos a seguir A escolha da profissão não é um ato simples ao qual se possa chegar sem hesitações e dúvidas Entretanto esse momento deve ser respeitado pelos pais 64 Capítulo 4 Nesse caso o que fere a coerência é a contradição existente entre os dois períodos Vamos analisar a relação entre esses períodos do seguinte modo a Ideia A a escolha da profissão é um ato difícil b Ideia B o momento da escolha da profissão deve ser respeitado pelos pais Perceba que as ideias A e B não se contradizem pelo contrário B é consequência de A Porém no texto as ideias A e B estão associadas pelo conectivo entretanto cuja função é ligar informações opostas Estabelecese então a contradição o leitor sabe que não há oposição entre os sentidos de A e B mas é forçado diante do conectivo entretanto a fazer tal leitura Onde está o problema Na escolha do conectivo O equívoco do autor se resume em ter utilizado um conectivo de oposição enquanto pretendia estabelecer ideia de conclusão Para desfazer a contradição e dar coerência ao texto basta substituir entretanto por algumas opções como portanto logo desse modo assim Vamos analisar mais um caso de incoerência Observe este texto Meu filho não estuda na UNISUL Ele não sabe que a primeira Universidade do mundo românico foi a de Bolonha Essa universidade possui um imenso espaço verde Uma sequência de três períodos sobre o mesmo assunto universidade não implica um texto coerente Nesse exemplo o que ocorre é a falta de continuidade pois o autor provoca uma ruptura ao se referir a diferentes universidades sem a mínima relação estabelecida entre elas Fique atento É fácil perceber que não há coerência nos exemplos anteriores No entanto muitas vezes você conseguirá detectar esse problema em textos produzidos por outras pessoas sem perceber que o mesmo ocorre em seus textos Portanto sempre releia com atenção o que escreve antes de enviar aos leitores Para finalizar esse item acompanhe a definição apresentada por Fávero 2004 p 10 A coerência referese aos modos como os componentes do universo textual isto é os conceitos e as relações subjacentes ao texto de superfície unemse numa configuração de maneira reciprocamente acessível e relevante 65 Universidade e Ciência 52 Coesão Um texto é coeso quando suas partes estão estruturalmente bem organizadas Entre os elementos de coesão estão os conectores conjunções pronomes advérbios preposições que podem aparecer entre palavras orações períodos e parágrafos e outros recursos gramaticais a substituição vocabular por meio de sinônimos hiperônimos e hipônimos a elipse etc São os elementos de coesão que garantem a tessitura a amarração ou a ligação entre as partes componentes de um texto Além disso vão possibilitar a retomada de algumas palavras no texto sem que seja preciso repetilas Explicando com exemplos Observemos como alguns recursos linguísticos estabelecem a coesão textual a O presidente chegará amanhã ao Estado de Tocantins onde ele participará de uma reunião com os líderes do MST b A acadêmica fez a apresentação de seu trabalho c O juiz olhou para o auditório Ali estavam os parentes e amigos do réu aguardando ansiosos o veredicto final No enunciado a onde está associado a Tocantins e ele a presidente Em b seu faz referência à acadêmica e em c ali remete a auditório Em todos esses exemplos os itens destacados são os recursos de ordem gramatical que fazem referência a termos já citados no enunciado Tratase da referenciação ou seja um processo por meio do qual se retoma uma palavra ou uma expressão a fim de se evitar a repetição Além desse recurso de referenciação há outras possibilidades de se evitar a repetição de palavras dentro dos textos Podemos além de retomar nomes com pronomes fazer uso da substituição vocabular e da elipse Dando sequência aos exemplos temos d Todos queriam que o aluno participasse da pesquisa mas por ser um acadêmico de primeira fase seu projeto não foi aceito e Os vereadores deveriam aprovar o projeto No entanto não participaram da reunião 66 Capítulo 4 Em d temos a substituição do termo aluno por acadêmico o que caracteriza um caso de substituição vocabular No enunciado e há um vazio na posição indicada antes do verbo mas sabemos que o ato de não comparecer está ligado a vereadores Logo o termo vereadores é retomado de forma implícita pois não está expresso e esse recurso de omissão de palavras é definido como elipse Embora haja quem pense diferentemente podese dizer que coerência e coesão são aspectos interligados ainda que não sejam dependentes Assim sendo é provável que se um texto estiver mal estruturado o sentido estará comprometido Porém é possível que mesmo sem uma coesão estabelecida por elementos coesivos um texto apresentese com coerência Nesse caso a falta de ligação por meio de elementos linguísticos coesivos não impediu o sentido entre as ideias Observemos um exemplo em que o texto sofre de ambos os problemas isto é não apresenta nem coesão nem coerência Como todos estavam decididos a votar contra a alteração da data Temse aí um caso de enunciado com sentido incompleto A pergunta que se faz é Como todos estão decididos a isso o que acontecerá Falta coesão pois falta articular uma última parte a essa ideia Também falta coerência uma vez que não se completou a ideia Já em outros casos a falta de elementos coesivos não perturba a coerência do texto Observemos este exemplo dado em Fávero 2004 Luiz Paulo estuda na Cultura Inglesa Fernanda vai todas as tardes no laboratório de física do colégio Mariana fez 75 pontos na FUVEST Todos os meus filhos são estudiosos O texto está destituído dos elementos de coesão ou seja não há elementos de ligação mas há coerência pois o último período justifica os anteriores atribuindo sentido ao todo Algumas vezes ao contrário desse último exemplo temos situações em que os elementos coesivos não contribuem para dar coerência ao texto 67 Universidade e Ciência Vejamos Maria está na cozinha Lá os azulejos são brancos Também o leite é branco Apesar de haver os elementos de referência lá e também não há relação de sentido entre as partes Falar de coerência e coesão como mecanismos de construção de sentido dos textos levounos a falar em vários momentos sobre elementos coesivos ou de ligação o que equivale a falar em conectivos É de fundamental importância que você saiba fazer uso dos conectivos em seus textos pois são eles os elementos responsáveis pelo encadeamento lógico das ideias o que justifica denominálos de conectores argumentativos Mas o que seriam esses conectores Como a própria palavra define conectores são elementos que unem ligam elementos Na língua portuguesa os conectores são elementos que permitem a costura do texto deixandoo mais coeso Podemos utilizar diversos conectivos em nossos textos como pronomes pessoais ele ela nós o a lhe pronomes possessivos meu teu seu pronomes demonstrativos este esse aquele pronomes relativos que o qual a qual Além dos exemplos citados acima podemos usar também os conectivos que traduzem relações de espaço aqui ali defronte à lá fora tempo depois antigamente já causa por causa de em razão de conclusão portanto dessa forma assim sendo por isso finalidade a fim de de modo a para contrasteoposição por outro lado ou ao contrário de mas porém no entanto todavia Cada um desses conectivos tem um valor e tem como objetivo além de ligar partes do texto estabelecer relação semântica de causa finalidade conclusão contraste oposição etc Dessa forma ao produzirmos nossos textos temos de ter o cuidado de usar o elemento adequado para exprimir o tipo de relação que se quer estabelecer como já enfatizam Platão e Fiorin 2007 68 Capítulo 4 Vejamos o exemplo que os autores citados apresentam Israel possui um solo árido e pouco apropriado à agricultura porém chega a exportar certos produtos agrícolas 2007 p 279 De acordo com Platão e Fiorin o conectivo PORÉM usado para unir as duas frases apresenta uma relação de contradição entre elas Nesse caso não teria sentido usar por exemplo o termo PORQUE pois sabemos que esse termo indica causa e se assim o fosse o enunciado apresentado ficaria sem sentido pois a exportação de produtos agrícolas não pode ser vista como a causa de Israel ter um solo árido Certo Veja a seguir um quadro organizado por grupos de conectores com suas funções textuais Quadro 24 Conectores argumentativos Para estabelecer ideia de OPOSIÇÃO Para estabelecer ideia de ADIÇÃO Para apresentar EXPLICAÇÃO CAUSA Para apresentar CONCLUSÃO CONSEQUÊNCIA Para estabelecer uma CONDIÇÃO Para estabelecer uma COMPARAÇÃO MAS E PORQUE LOGO SE DE UM LADO PORÉM NEM JÁ QUE PORTANTO CASO POR OUTRO TODAVIA NÃO SÓ MAS TAMBÉM VISTO QUE ENTÃO CONTANTO ENQUANTO CONTUDO COMO ASSIM DESDE QUE COMO NO ENTANTO POIS DESSE MODO MAIS DO QUE ENTRETANTO PORQUANTO POIS MENOS DO QUE EMBORA UMA VEZ QUE POR CONSEGUINTE MESMO POR ISSO APESAR DE DE FORMA QUE AINDA QUE NÃO OBSTANTE Fonte Elaboração do autor 2012 69 Universidade e Ciência Podemos conectar várias ideias em um único período utilizando os recursos da tabela Em princípio temos um aglomerado de frases desconectadas As mulheres sempre lutaram pelos seus direitos Em muitas empresas os homens continuam ganhando mais que as mulheres Ainda há muita discriminação em relação às mulheres As possibilidades de se elaborar um período coeso e coerente podem ser muitas Eis dois exemplos As mulheres sempre lutaram pelos seus direitos mas ainda há muita discriminação em relação a elas pois os homens em muitas empresas ainda ganham mais Explicando a Mas estabelece relação de sentido entre ideias opostas b Elas retoma mulheres evitando repetição do termo c Pois introduz uma explicação para a ideia anterior Em muitas empresas os homens continuam ganhando mais que as mulheres o que indica haver ainda muita discriminação em relação a elas apesar de sempre terem lutado pelos seus direitos Explicando a elas retoma mulheres evitando repetição do termo b Apesar de estabelece relação de sentido entre ideias opostas Como finalização desta seção refletiremos sobre alguns dos problemas mais recorrentes e que devem ser evitados quando se pretende produzir textos objetivos e adequados à língua padrão 70 Capítulo 4 53 Ambiguidade Possuem ambiguidade as palavras as expressões ou os períodos com mais de um sentido A ambiguidade pode ser estrutural lexical ou de referência Estrutural quando a duplicidade de sentido ocorre em função da organização da frase O garoto viu o incêndio do prédio Há duas possibilidades de leitura o garoto viu um incêndio que ocorreu no prédio ou o garoto estava no prédio e de lá viu um incêndio Lexical quando a duplicidade de sentido ocorre em função de um item lexical possuir mais de um sentido eu o vi no banco Sem o contexto não podemos saber se o enunciado se refere a um banco de praça ou a uma instituição financeira De referência quando não fica definido qual é o nome que um pronome deve retomar Os alunos disseram aos professores que todos eles deveriam ser responsabilizados pelo fato Há uma tentativa de usar os pronomes todos eles para fazer referência a um termo anterior no entanto não sabemos se eles se refere a alunos ou a professores Importante Estamos listando ambiguidade como algo que deve ser evitado nos textos No entanto cabe um comentário a ambiguidade é um problema em textos técnicos científicos empresariais jurídicos ou seja textos informativos em geral que exigem clareza e objetividade Em outras situações como em textos humorísticos ou publicitários a ambiguidade passa a ser um recurso usado de forma intencional Vejamos por exemplo uma piada Marido 1 Como você ousa dizer palavrões na frente da minha esposa Marido 2 Por quê Era a vez dela 71 Universidade e Ciência Nesse caso o sentido de humor constrói exatamente pela ambiguidade O leitor deve inicialmente interpretar na frente como marcador de espaço para depois perceber que o sentido desejado da expressão na frente é como marcador de tempo Seção 6 Discurso O texto pelo viés do discurso Para estabelecermos uma relação entre texto e discurso haveremos de traçar uma linha não de equivalência mas de interdependência entre um e outro Queremos então partir da ideia de que um texto é uma unidade de sentido produzida por alguém para um outro alguém com uma determinada intenção Dito isso um texto é um espaço significante lugar de jogo de sentidos de trabalho da linguagem de funcionamento da discursividade ORLANDI 1999 p 72 Isso porque por ele passa o discurso Mas o que vem a ser discurso Enquanto o texto é a entidade física na forma verballinguística ou não verbal não linguística o discurso conforme Meurer 1997 manifestase como um conjunto de princípios valores e significados por trás do texto Isso leva a crer que Todo discurso é investido de ideologias isto é maneiras específicas de conceber a realidade Além disso todo discurso é também reflexo de uma certa hegemonia isto é exercício de poder e domínio de uns sobre outros ibidem Tendo forma abstrata o discurso não só se materializa no texto verbal e não verbal por onde passarão conjuntamente a história e a ideologia como também apresenta incompletude isto é não tem começo nem fim Isso porque o sujeito discursivo manifestase dividido a elaborar seu dizer a partir de outros dizeres ditos em outros lugares e em outros momentos É portanto no espaço significante do texto que o discurso irá se constituir Não se pode perder de vista que todo texto é influenciado por e depende de textos que já ocorreram anteriormente Tratase do fenômeno da intertextualidade sem a qual um texto não se efetiva Nesse sentido pode se dizer que todo texto traz em si outros textos ou apresenta um grau de intertextualidade constituída De outro lado haverá sempre na base de um discurso outros discursos que por sua vez vêm demarcados in memória Trata se do fenômeno da interdiscursividade 72 Capítulo 4 Reside aí a razão para se ver o discurso conforme Orlandi 1999 como um processo em curso como uma prática o que o faz ser por princípio um dizer que não se fecha pelo contrário está aberto a uma dispersão de textos e de sujeitos porque é desse modo que verdadeiramente os textos se fazem por uma dispersão de sujeitos Daí poderse dizer que o discurso é sempre incompleto assim como são incompletos os sujeitos e os sentidos ORLANDI 2001 p 113 Compreender um discurso é portanto muito mais que decodificar mensagens é antes buscar estabelecer uma relação de reciprocidade entre o dizer e o não dizer do outro sendo essa relação permeada pela ideologia Vejamos um exemplo de Intertextualidade na qual reside a interdiscursividade Figura 41 Charge Vida de Passarinho Caulos Jornal do Brasil Rio de Janeiro 1978 Fonte ENEM 2001 73 Universidade e Ciência Você pode notar que o escritor Caulos 1978 lança mão do pensamento de Gonçalves Dias para compor sua crítica em defesa da natureza brasileira bastante ameaçada Ou seja Caulos utilizouse da intertextualidade abordada no capítulo 2 ao trazer para seu texto a ideia e as palavras de Gonçalves Dias expressas nos versos do poema Canção do Exílio escrito pelos idos do século XIX na época do Romantismo no Brasil É possível observar que enquanto Gonçalves Dias canta a exuberância da natureza naquela época Caulos reflete sobre a degradação de nossa mata por meio de uma crítica ambiental e política Podemos então dizer que há neste texto a materialização do discurso ambiental e também do discurso político uma vez que envolvem questões a serem decididas nas instâncias da Assembleia Legislativa como também do Senado Federal tais como reforma agrária reforma política leis ambientais que garantam a preservação etc Diante dessa reflexão podese concluir dizendo que a habilidade de leitura bem como a competência de leitor implicam atribuir sentido a um texto seja lá em que situação comunicativa for E isso depende da mobilização por parte do leitor de alguns conhecimentos que se fazem indispensáveis entre eles o de que o discurso dá vida ao texto tal como o texto é o suporte material para a existência do discurso Seção 7 Que linguagem buscar no processo científico 71 Redação Científica A escrita de textos acadêmicos requer uma estrutura que deve atender às exigências da instituição de ensino do professor do avaliador ou até mesmo de outros leitores Os trabalhos acadêmicos devem ser planejados escritos construídos elaborados por seus autores Transcrever em parte ou na íntegra informações ou ideias produzidas por outros autores sem mencionar a fonte no próprio texto é plágio E lembrese plágio é crime Nesta seção você conhecerá alguns elementos que envolvem a redação científica Na produção textual de um trabalho científico é necessário primeiramente que o autor você se coloque na condição de leitor esforçando se em pensar nas suas qualidades e expectativas pois o objetivo maior dessa produção é fazer com que as suas ideias sejam compreensíveis trocando informações e ao mesmo tempo desenvolvendo o processo de comunicação efetivo entre ambos 74 Capítulo 4 72 Estrutura lógica do trabalho acadêmico A estrutura geral do trabalho acadêmico compreende três elementos pré textuais textuais e póstextuais Nesta seção serão tratados somente os elementos textuais A estrutura lógica do trabalho acadêmico 2 compreende três partes organicamente relacionadas introdução desenvolvimento e conclusão Essa estrutura reproduz as fases características do pensamento reflexivo do sincrético totalidade pelo analítico ao sintético Assim a a introdução representaria o momento da síncrese pois apenas apresenta uma visão geral do trabalho b o desenvolvimento representaria a análise pois o seu conteúdo está analiticamente dividido em partes c a conclusão representaria a síntese pois articula de forma breve as principais ideias contidas em cada parte do desenvolvimento do trabalho Seguem algumas explicações 721 Introdução O objetivo principal da introdução é apresentar o assunto de maneira clara e precisa e também a maneira como a pesquisa foi desenvolvida Os principais requisitos para a redação da introdução são a definição do assunto consiste em anunciar a ideia geral e precisa sobre o tema Primeiramente é contextualizada a área de conhecimento em que o tema se situa e depois é apresentada de maneira bem específica a questão ou as questões que o trabalho se propõe a responder Tratase da problematização da pesquisa b objetivos apresentam as ações que deverão ser desenvolvidas na pesquisa O verbo no infinitivo analisar demonstrar identificar descrever etc deve ser usado na redação do enunciado apresentando de maneira mais clara o que deverá ser abordado no trabalho É necessário tomar cuidado para não apresentar objetivos na introdução que não sejam cumpridos no desenvolvimento do trabalho 2 Você acompanhou no capítulo 3 as partes de um projeto de pesquisa aqui estamos vendo as partes do trabalho pronto Tenha clareza também que um trabalho acadêmico pode ser um relatório uma resenha crítica etc não só um projeto de pesquisa 75 Universidade e Ciência c justificativa consiste em apresentar a relevância teórica científica prática e social da pesquisa Devemse esclarecer os motivos que levaram à escolha do tema e chamar a atenção do leitor para a atualidade do assunto Uma justificativa bem feita desperta o interesse para a leitura do trabalho d metodologia informa sobre os procedimentos metodológicos da pesquisa ou seja os recursos que foram utilizados para a coleta de informações na tentativa de buscar respostas para o problema Se a pesquisa for puramente bibliográfica convém informar já de início as principais fontes e os principais autores que foram utilizados para fundamentar o assunto Dependendo da natureza da pesquisa este item pode merecer um capítulo especial no desenvolvimento do trabalho e plano de desenvolvimento do trabalho finaliza a introdução e deve conter os tópicos principais as ideiasmestras que serão apresentadas no desenvolvimento Se as divisões do trabalho forem muito extensas capítulos grandes é possível antecipar uma ideia geral para cada capítulo A introdução deve ser a última parte do trabalho a ser elaborada A redação deverá ser iniciada pelo desenvolvimento do trabalho 722 Desenvolvimento O desenvolvimento é dividido em partes e é a fração mais extensa do trabalho pois nele são apresentados os resultados de tudo aquilo que se pesquisou O desenvolvimento corresponde ao corpo do trabalho Salomom apud SEVERINO 2000 afirma que essa é a fase de fundamentação lógica do trabalho e tem por objetivo explicar discutir e demonstrar a Explicar é tornar evidente ou compreensível o que estava obscuro ou complexo é descrever classificar definir b Discutir é aproximar comparativamente questões antagônicas ou convergentes c Demonstrar é argumentar provar apresentar ideias que se sustentam em premissas admitidas como verdadeiras O desenvolvimento do trabalho começa a se materializar no momento em que o pesquisador estabelece os objetivos e o plano de assunto da pesquisa Os objetivos específicos devem servir de base para a composição dos capítulos 76 Capítulo 4 A elaboração do plano de assunto por sua vez permite que se visualize a estruturação do trabalho em suas divisões e subdivisões Enquanto o desenvolvimento representa a parte analítica do trabalho a conclusão representa a parte sintética Analisar é decompor em partes e sintetizar é recompor as partes que foram decompostas na análise 723 Conclusão A conclusão é a parte que finaliza a construção lógica do trabalho e deve fazer um balanço geral dos principais resultados alcançados Não é conveniente detalhar ideias que não tenham sido tratadas no desenvolvimento e nem se deve apresentar um mero resumo do trabalho Entretanto na parte inicial podemos relembrar de maneira breve as principais ideias que foram expostas no decorrer dos capítulos A conclusão deve apresentar um posicionamento reflexivo na forma de interpretação crítica das principais ideias apresentadas no texto Deve definir o ponto de vista do autor e trazer sua marca pessoal O trabalho também deve ser avaliado quanto ao seu alcance e limitações Quanto ao alcance é importante realçar ou valorizar os resultados afinal foram despendidos esforços para se chegar aonde se chegou Quanto às limitações é importante que se reconheçam as fraquezas ou qualquer dificuldade que tenha ameaçado a qualidade ou o caráter de cientificidade do trabalho Ao final da conclusão você pode vislumbrar apenas apontar sem desenvolver outros temas que mantenham relação com o tema pesquisado e que possam ser investigados em novas pesquisas 73 O estilo na redação de um texto científico Os elementos que enfatizam o estilo na redação de um texto científico em geral são objetividade clareza e concisão simplicidade e coerência a Objetividade linguagem direta sem considerações irrelevantes com as ideias apresentadas sem ambiguidade e utilizando frases curtas e simples com vocabulário adequado ao tema proposto na redação b Clareza e concisão expressar as ideias em poucas palavras evitando a argumentação muito abstrata e a repetição desnecessária de detalhes que não sejam relevantes à fundamentação do tema abordado na redação 77 Universidade e Ciência c Simplicidade utilizar apenas as palavras necessárias para o entendimento do tema da redação evitando o abuso do uso de jargões técnicos e de sinônimos pelo simples prazer da variedade de palavras d Coerência as ideias devem ser apresentadas segundo uma sequência lógica e ordenada permitindo ao leitor acompanhar o raciocínio do autor da redação do começo ao fim Outros aspectos a serem considerados ao escrever o texto acadêmico a não misturar as pessoas verbais escolhendo apenas uma pessoa para compor o seu texto uso da 1ª pessoa do plural ou 3ª pessoa do singular em outras palavras manter a uniformidade na escolha b evite iniciar ou terminar a redação dos capítulos com citação seja direta ou indireta pois essa citação tem a função de endossar ou de ajudar na argumentação das ideias do autor da redação 74 Gêneros discursivos típicos da esfera acadêmicocientífica Na esfera acadêmicocientífica há alguns gêneros discursivos essenciais à vida acadêmica e que precisam ser apropriados dado que as pesquisas realizadas estruturamse a partir desses gêneros discursivos Assim convidamos você a acessar o EVA São apresentados lá gêneros como resumo resenha crítica artigo científico paper position paper relatório técnicocientífico e monografia

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55 Capítulo 4 A linguagem e seu funcionamento Nesta unidade de aprendizagem começamos capítulo 1 por entender o que significa universidade seu papel para a formação da cidadania sua base tríplice ensino pesquisa e extensão e percebemos que sem leitura capítulo 2 não há como transformarmudarpropor assim consideramos que é por meio da pesquisa e da extensão capítulo 3 que poderemos também dar a nossa contribuição para a sociedade que nos acolhe por último e tão importante quanto os demais capítulos trataremos do funcionamento da linguagem É a linguagem que nos constitui sujeitos e que nos permite todas as interações sociais possíveis com ela podemos construir o universo no qual estamos inseridos Seção 1 A linguagem como prática social Um dos mitos desde Aristóteles que chama a atenção sobre a linguagem é o de atribuir a ela a simples função de possibilitar a transmissão de informações entre as pessoas Entretanto muito mais do que transmitir cabe à linguagem a função de representar a realidade na medida em que ela própria possibilita efeitos de sentidos múltiplos a cada vez que se materializa numa dada enunciação 1 Não é à toa que Carlos Drummond de Andrade escreveu em Procura da Poesia o seguinte fragmento Chega mais perto e contempla as palavras Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta sem interesse pela resposta pobre ou terrível que lhe deres Trouxeste a chave grifo nosso 1 Enunciação entendida aqui como ato de utilização da língua pelo falante ao produzir um enunciado em um dado contexto comunicativo MOTTA Alexandre de Medeiros et al Universidade e Ciência Palhoça UnisulVirtual 2016 p 5578 56 Capítulo 4 Grifamos cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra justamente porque a cada ato comunicativo enunciação a palavra aparece com um efeito de sentido diverso e ao mesmo tempo único decorrente daquele ato daquele instante presente Imaginemos num exemplo prático do dia a dia alguém pronunciando a frase hoje estou engolindo sapos A palavra sapos aparece em um sentido conotativo visto que naturalmente não se engole sapos O efeito de sentido torna possível a compreensão de que no dia de hoje se está com problemas dificuldades tensões Assim a linguagem é uma forma de representação de mundo de sentimentos de emoções mas não somente isso Segundo Richter 2000 p 50 a linguagem serve para fazer coisas ela literalmente transforma o mundo e não só o representa justamente porque permite a argumentação a contra argumentação o questionamento e as possibilidades de sentidos diversos atribuídos a cada contexto enunciativo de maneira única irrepetível Essa forma de representartransformar o mundo torna a linguagem responsável pela efetividade do contexto históricosocial do homem ao longo dos anos que compreendem sua existência permitindo o estabelecimento das relações sociais e suas consequentes transformações Graças à linguagem todo conhecimento produzido está a nossa disposição Ao mesmo tempo em que nos apropriamos desse conhecimento sócio historicamete produzido também somos produtores desses conhecimentos E aqui na universidade lugar de produção e circulação do conhecimento é um lugar legitimado não só para o ensino mas principalmente para a produção de pesquisas que de formas variadas retornam em certa medida à comunidade 57 Universidade e Ciência Seção 2 Autoria Estudar a língua é estudar as práticas de linguagem em situações reais de uso A autoria está em relação com o sujeito que produz um texto ou seja o sujeito autor o qual usa a linguagem em determinada situação Por conseguinte o que caracteriza a autoria é a produção de um gesto de interpretação quer dizer quem produz o texto é responsável por uma formulação que faz sentido O modo como ele o sujeito faz isso caracteriza sua autoria ORLANDI 2001 p 76 Veja o texto a seguir Muitos pensamos que o que move o mundo é o dinheiro os bens materiais que tanto nos atraem ou mesmo a busca pelo prestígio e poder Tudo isso é muito importante e mexe de verdade com o comportamento humano porém o que mais é capaz de provocar mudanças transcender teorias e transformar o mundo é de fato a linguagem As palavras são muito poderosas quando saem de nossa boca tem o potencial de criar ou dissipar estresses cativar ou afastar pessoas conquistar ou destruir sonhos provocar paixão ou abrir feridas que duram por uma vida inteira Tudo vai depender de nossa habilidade de lidar com elas no tempo dose forma e tempero adequado COSTA 2016 p 1 Podemos então afirmar que o autor emerge como o produtor da linguagem produzindo o texto com todos os aspectos que o tornem texto tais como coesão coerência progressão não contradição e fim Notem que todas as possibilidades de frases estão no repertório da língua são potencialidades e estão no nível do repetível Em outras palavras todas as estruturas possíveis de frases estão disponíveis na língua para todos nós mas no momento em que cada um de nós faz uso dessas frases em um texto elas deixam de estar no nível do repetível potencialidade e materializamse no texto Então no processo de elaboração do texto levase em conta essas estruturas que já existem na língua aspectos gramaticais lexicais e são atualizados no texto O que é produzido tornase novo porque está inserido em uma dada circunstância é uma prática social Esse texto é um acontecimento novo uma 58 Capítulo 4 vez que aí intervêm os aspectos discursivos a situação real de uso da língua nas interações sociais E aí é que entra o autor Nesse ato de enunciar de produção do texto é considerada a situação em que estamos envolvidos o nosso propósito interacional o outro para quem enderecemos o nosso texto Para atender a esses propósitos interacionais mobilizamos não só recursos gramaticais como também recursos discursivos o interlocutoro outro a situação sóciohistórica a posição que ocupa nas determinadas esferas da atividade humana e os gêneros discursivos Levando em consideração esses aspectos podese falar em autoria Assim em cada produção de linguagem materializada em texto como unidade de sentido ou seja com coerência há o sujeito autor aquele que produziu o texto Assim a autoria está para todos os textos assim como o autor está para o sujeito que o elaborou O autor é o sujeito que produz o texto em uma situação sociointerativa com todos os critérios de coesão e coerência como prática social Podemos falar dessa forma em níveis de autoria Quanto mais conhecimento sobre o funcionamento da linguagem de seus mecanismos de coesão mais se efetiva a autoria Seção 3 A materialização da linguagem texto Um texto segundo a sua materialidade é um objeto com começo meio e fim tem relação com outros textos existentes possíveis ou imaginários com suas condições de produção os sujeitos e a situação e com sua exterioridade constitutiva Podemos definir o texto como prática de linguagem com materialidades diversas matéria que possibilita a prática da linguagem somsilêncio letra movimento do corpo dança tintaformas na pintura mármoremadeira na escultura etc São matérias que pela ação do sujeito transformamse em materialidade simbólica linguagens É um espaço significante o texto produzido intencionalmente pelo sujeito já que é linguagem em uso Em função disso como há linguagens verbais e não verbais há textos também verbais e não verbais 59 Universidade e Ciência Exemplificamos Essa imagem é um texto Algumas das propriedades consideradas importantes no processo de produção de textos verbais Um texto não é um aglomerado de frases Mais do que isso as partes devem estar articuladas entre si compondo um todo significativo Todo texto é produzido por um sujeito em um determinado tempo em um determinado espaço com uma determinada finalidade Por isso o texto revela ideias e concepções de um grupo social de uma determinada época Todo texto é escrito intencionalmente para um interlocutor ou um grupo de interlocutores o que implica a escolha da estrutura e da linguagem adequadas O texto além de ter uma materialidade específica também está relacionado com os contextos de uso Em cada esfera da sociedade circulam textos com certas regularidades comuns dessa esfera Isso trataremos a seguir sobre os gêneros discursivos 60 Capítulo 4 Seção 4 Gêneros discursivos Os gêneros discursivos são formas típicas de enunciados que se realizam em condições específicas e com variadas finalidades nas diferentes situações de interação social Para melhor entender imaginemos os gêneros que a secretária de uma empresa precisa saber redigir no seu dia a dia de trabalho Ela pode precisar elaborar um memorando para solicitar algum material de expediente um email para se comunicar com o chefe que está viajando Deve saber redigir ainda uma ata para registrar o que foi discutido numa reunião ou até mesmo um convite caso haja um evento na empresa e ela seja a responsável pela organização desse evento É importante registrar ainda que no processo de produção dos mais diversos gêneros utilizamonos das tipologias textuais também conhecidas como sequências textuais as quais são modos de organização do texto As mais comuns são descrição narração e dissertação É provável que no gênero relatório por exemplo encontremse as tipologias narrativa relato dos fatos e dos procedimentos descritiva caracterizando ou retratando os objetos em uso e dissertativa apresentando uma opinião ou um ponto de vista sobre os fatos É preciso ficar claro que as tipologias ou sequências textuais estão a serviço dos gêneros E mais fazer uso desta ou daquela tipologia e mesmo lançar mão de mais de uma delas dependerá de qual gênero se vai elaborar Assim também a opção por este ou aquele gênero é uma questão a se decidir e a decisão dependerá de um conjunto de fatores tais como as características e a finalidade do texto a quem ele se destinará etc Você já parou para pensar quais são os gêneros discursivos que o cercam em seu dia a dia Aqui na Universidade circulam principalmente artigos científicos ensaios monografias projetos relatórios Trabalho de Conclusão de Curso etc É preciso deixar claro ainda que os gêneros não se apresentam de forma fixa pelo contrário podem ser constituídos e reconstituídos ao longo de nossa existência Há alguns anos para nos comunicarmos com alguém que estava em um outro país usávamos a carta Hoje porém com a tecnologia da informação usamos o email o MSN o facebook etc Assim estudar sobre gêneros discursivos possibilita compreender que um texto é uma unidade que contém uma estrutura e uma organização específicas e o mais importante exerce uma função social 61 Universidade e Ciência 41 Gênero e suporte Fazse oportuno mencionar ainda a respeito do suporte em que os gêneros são fixados ou produzidos Tratase do local veículo meio ou ambiente no qual os textos diversos podem aparecer Na antiguidade por exemplo os homens usavam as tabuinhas ou as paredes das cavernas para escreverem seus textos Hoje há diversos suportes como o papel livros jornais revistas apostilas etc as telas da televisão do computador as diferentes mídias ou qualquer espaço virtual Os suportes essenciais para a circulação dos gêneros podem variar de acordo com as necessidades de quem os está usando Por exemplo posso usar um telefone celular para mandar um bilhete ou ler uma notícia Os suportes são tão importantes que podem definir o gênero Consideremos o texto abaixo Paulo te amo me ligue o mais rápido que puder Se encontrarmos esse texto num papel sobre a mesa ele será um BILHETE Se o encontrarmos numa secretária eletrônica é um RECADO Se for enviado pelo correio é um TELEGRAMA Caso esteja em um celular será uma MENSAGEM E se estiver num outdoor é uma declaração de amor A partir do que foi apresentado acima podemos dizer que o suporte é uma superfície física em formato específico que suporta fixa e mostra um texto Essa ideia compreende três aspectos 1 suporte é um lugar físico ou virtual 2 suporte tem formato específico livro revista 3 suporte serve para fixar e mostrar o texto 42 Gênero e contexto de ocorrência Os gêneros podem estar associados a um contexto de ocorrência que pode ser do âmbito literário jornalístico acadêmico publicitário empresarial humorístico etc Apresentamos abaixo um quadro com uma pequena relação de gêneros em seus respectivos contextos de ocorrência Nesse quadro é preciso estar atento a alguns detalhes 62 Capítulo 4 a Um mesmo gênero textual pode ser recorrente em diferentes contextos de ocorrência Por exemplo a crônica por sua variedade lírica reflexiva humorística enquadrase como texto literário jornalístico humorístico b Os gêneros textuais não constituem uma lista definitiva Novos gêneros surgem em decorrência de novos propósitos para a utilização da linguagem e de novas tecnologias Quadro 41 Alguns exemplos de gêneros em determinadas ocorrências 1 Textos literários a Crônica b Novela c Poema d Conto e Romance 2 Textos jornalísticos a Notícia b Editorial c Artigo de opinião d Resenha e Classificados 3 Textos acadêmicos a Resumo b Resenha c Relatório d Artigo e Monografia 4 Textos empresariais a Carta b Memorando c Ata d Recibo e Ofício 7 Textos publicitários a Anúncio b Outdoor 6 Textos humorísticos a História em quadrinhos b Charge c Piada Fonte Adaptação do autor 2012 63 Universidade e Ciência Seção 5 Texto e construção de sentido Ao se olhar para dentro de um texto isto é para as partes que o compõem é possível observar não só os elementos linguísticos que os constituem as palavras os períodos e os parágrafos mas também as ideias que por ali passam Esse conjunto vem a ser responsável por estabelecer a coerência e a coesão textuais 51 Coerência Um texto é coerente quando apresenta ideias organizadas e argumentos relacionados em sequência lógica de forma a permitir que o leitor chegue às conclusões desejadas pelo autor Assim um texto coerente deve satisfazer a quatro critérios básicos A continuidade diz respeito à necessária retomada de elementos no decorrer do discurso Tem a ver com a unidade temática do texto Uma sequência de temas diferentes a cada parágrafo não será aceita como texto A progressão o texto deve retomar seus elementos conceituais e formais mas não pode se limitar a essa repetição É preciso que apresente novas informações a propósito dos elementos retomados A não contradição as ocorrências presentes no texto não podem se contradizer devem ser compatíveis entre si e com o mundo ao qual o texto representa A articulação referese à maneira como os fatos e os conceitos apresentados no texto se encadeiam como se organizam que papéis e valores exercem uns com relação aos outros Observe os exemplos a seguir A escolha da profissão não é um ato simples ao qual se possa chegar sem hesitações e dúvidas Entretanto esse momento deve ser respeitado pelos pais 64 Capítulo 4 Nesse caso o que fere a coerência é a contradição existente entre os dois períodos Vamos analisar a relação entre esses períodos do seguinte modo a Ideia A a escolha da profissão é um ato difícil b Ideia B o momento da escolha da profissão deve ser respeitado pelos pais Perceba que as ideias A e B não se contradizem pelo contrário B é consequência de A Porém no texto as ideias A e B estão associadas pelo conectivo entretanto cuja função é ligar informações opostas Estabelecese então a contradição o leitor sabe que não há oposição entre os sentidos de A e B mas é forçado diante do conectivo entretanto a fazer tal leitura Onde está o problema Na escolha do conectivo O equívoco do autor se resume em ter utilizado um conectivo de oposição enquanto pretendia estabelecer ideia de conclusão Para desfazer a contradição e dar coerência ao texto basta substituir entretanto por algumas opções como portanto logo desse modo assim Vamos analisar mais um caso de incoerência Observe este texto Meu filho não estuda na UNISUL Ele não sabe que a primeira Universidade do mundo românico foi a de Bolonha Essa universidade possui um imenso espaço verde Uma sequência de três períodos sobre o mesmo assunto universidade não implica um texto coerente Nesse exemplo o que ocorre é a falta de continuidade pois o autor provoca uma ruptura ao se referir a diferentes universidades sem a mínima relação estabelecida entre elas Fique atento É fácil perceber que não há coerência nos exemplos anteriores No entanto muitas vezes você conseguirá detectar esse problema em textos produzidos por outras pessoas sem perceber que o mesmo ocorre em seus textos Portanto sempre releia com atenção o que escreve antes de enviar aos leitores Para finalizar esse item acompanhe a definição apresentada por Fávero 2004 p 10 A coerência referese aos modos como os componentes do universo textual isto é os conceitos e as relações subjacentes ao texto de superfície unemse numa configuração de maneira reciprocamente acessível e relevante 65 Universidade e Ciência 52 Coesão Um texto é coeso quando suas partes estão estruturalmente bem organizadas Entre os elementos de coesão estão os conectores conjunções pronomes advérbios preposições que podem aparecer entre palavras orações períodos e parágrafos e outros recursos gramaticais a substituição vocabular por meio de sinônimos hiperônimos e hipônimos a elipse etc São os elementos de coesão que garantem a tessitura a amarração ou a ligação entre as partes componentes de um texto Além disso vão possibilitar a retomada de algumas palavras no texto sem que seja preciso repetilas Explicando com exemplos Observemos como alguns recursos linguísticos estabelecem a coesão textual a O presidente chegará amanhã ao Estado de Tocantins onde ele participará de uma reunião com os líderes do MST b A acadêmica fez a apresentação de seu trabalho c O juiz olhou para o auditório Ali estavam os parentes e amigos do réu aguardando ansiosos o veredicto final No enunciado a onde está associado a Tocantins e ele a presidente Em b seu faz referência à acadêmica e em c ali remete a auditório Em todos esses exemplos os itens destacados são os recursos de ordem gramatical que fazem referência a termos já citados no enunciado Tratase da referenciação ou seja um processo por meio do qual se retoma uma palavra ou uma expressão a fim de se evitar a repetição Além desse recurso de referenciação há outras possibilidades de se evitar a repetição de palavras dentro dos textos Podemos além de retomar nomes com pronomes fazer uso da substituição vocabular e da elipse Dando sequência aos exemplos temos d Todos queriam que o aluno participasse da pesquisa mas por ser um acadêmico de primeira fase seu projeto não foi aceito e Os vereadores deveriam aprovar o projeto No entanto não participaram da reunião 66 Capítulo 4 Em d temos a substituição do termo aluno por acadêmico o que caracteriza um caso de substituição vocabular No enunciado e há um vazio na posição indicada antes do verbo mas sabemos que o ato de não comparecer está ligado a vereadores Logo o termo vereadores é retomado de forma implícita pois não está expresso e esse recurso de omissão de palavras é definido como elipse Embora haja quem pense diferentemente podese dizer que coerência e coesão são aspectos interligados ainda que não sejam dependentes Assim sendo é provável que se um texto estiver mal estruturado o sentido estará comprometido Porém é possível que mesmo sem uma coesão estabelecida por elementos coesivos um texto apresentese com coerência Nesse caso a falta de ligação por meio de elementos linguísticos coesivos não impediu o sentido entre as ideias Observemos um exemplo em que o texto sofre de ambos os problemas isto é não apresenta nem coesão nem coerência Como todos estavam decididos a votar contra a alteração da data Temse aí um caso de enunciado com sentido incompleto A pergunta que se faz é Como todos estão decididos a isso o que acontecerá Falta coesão pois falta articular uma última parte a essa ideia Também falta coerência uma vez que não se completou a ideia Já em outros casos a falta de elementos coesivos não perturba a coerência do texto Observemos este exemplo dado em Fávero 2004 Luiz Paulo estuda na Cultura Inglesa Fernanda vai todas as tardes no laboratório de física do colégio Mariana fez 75 pontos na FUVEST Todos os meus filhos são estudiosos O texto está destituído dos elementos de coesão ou seja não há elementos de ligação mas há coerência pois o último período justifica os anteriores atribuindo sentido ao todo Algumas vezes ao contrário desse último exemplo temos situações em que os elementos coesivos não contribuem para dar coerência ao texto 67 Universidade e Ciência Vejamos Maria está na cozinha Lá os azulejos são brancos Também o leite é branco Apesar de haver os elementos de referência lá e também não há relação de sentido entre as partes Falar de coerência e coesão como mecanismos de construção de sentido dos textos levounos a falar em vários momentos sobre elementos coesivos ou de ligação o que equivale a falar em conectivos É de fundamental importância que você saiba fazer uso dos conectivos em seus textos pois são eles os elementos responsáveis pelo encadeamento lógico das ideias o que justifica denominálos de conectores argumentativos Mas o que seriam esses conectores Como a própria palavra define conectores são elementos que unem ligam elementos Na língua portuguesa os conectores são elementos que permitem a costura do texto deixandoo mais coeso Podemos utilizar diversos conectivos em nossos textos como pronomes pessoais ele ela nós o a lhe pronomes possessivos meu teu seu pronomes demonstrativos este esse aquele pronomes relativos que o qual a qual Além dos exemplos citados acima podemos usar também os conectivos que traduzem relações de espaço aqui ali defronte à lá fora tempo depois antigamente já causa por causa de em razão de conclusão portanto dessa forma assim sendo por isso finalidade a fim de de modo a para contrasteoposição por outro lado ou ao contrário de mas porém no entanto todavia Cada um desses conectivos tem um valor e tem como objetivo além de ligar partes do texto estabelecer relação semântica de causa finalidade conclusão contraste oposição etc Dessa forma ao produzirmos nossos textos temos de ter o cuidado de usar o elemento adequado para exprimir o tipo de relação que se quer estabelecer como já enfatizam Platão e Fiorin 2007 68 Capítulo 4 Vejamos o exemplo que os autores citados apresentam Israel possui um solo árido e pouco apropriado à agricultura porém chega a exportar certos produtos agrícolas 2007 p 279 De acordo com Platão e Fiorin o conectivo PORÉM usado para unir as duas frases apresenta uma relação de contradição entre elas Nesse caso não teria sentido usar por exemplo o termo PORQUE pois sabemos que esse termo indica causa e se assim o fosse o enunciado apresentado ficaria sem sentido pois a exportação de produtos agrícolas não pode ser vista como a causa de Israel ter um solo árido Certo Veja a seguir um quadro organizado por grupos de conectores com suas funções textuais Quadro 24 Conectores argumentativos Para estabelecer ideia de OPOSIÇÃO Para estabelecer ideia de ADIÇÃO Para apresentar EXPLICAÇÃO CAUSA Para apresentar CONCLUSÃO CONSEQUÊNCIA Para estabelecer uma CONDIÇÃO Para estabelecer uma COMPARAÇÃO MAS E PORQUE LOGO SE DE UM LADO PORÉM NEM JÁ QUE PORTANTO CASO POR OUTRO TODAVIA NÃO SÓ MAS TAMBÉM VISTO QUE ENTÃO CONTANTO ENQUANTO CONTUDO COMO ASSIM DESDE QUE COMO NO ENTANTO POIS DESSE MODO MAIS DO QUE ENTRETANTO PORQUANTO POIS MENOS DO QUE EMBORA UMA VEZ QUE POR CONSEGUINTE MESMO POR ISSO APESAR DE DE FORMA QUE AINDA QUE NÃO OBSTANTE Fonte Elaboração do autor 2012 69 Universidade e Ciência Podemos conectar várias ideias em um único período utilizando os recursos da tabela Em princípio temos um aglomerado de frases desconectadas As mulheres sempre lutaram pelos seus direitos Em muitas empresas os homens continuam ganhando mais que as mulheres Ainda há muita discriminação em relação às mulheres As possibilidades de se elaborar um período coeso e coerente podem ser muitas Eis dois exemplos As mulheres sempre lutaram pelos seus direitos mas ainda há muita discriminação em relação a elas pois os homens em muitas empresas ainda ganham mais Explicando a Mas estabelece relação de sentido entre ideias opostas b Elas retoma mulheres evitando repetição do termo c Pois introduz uma explicação para a ideia anterior Em muitas empresas os homens continuam ganhando mais que as mulheres o que indica haver ainda muita discriminação em relação a elas apesar de sempre terem lutado pelos seus direitos Explicando a elas retoma mulheres evitando repetição do termo b Apesar de estabelece relação de sentido entre ideias opostas Como finalização desta seção refletiremos sobre alguns dos problemas mais recorrentes e que devem ser evitados quando se pretende produzir textos objetivos e adequados à língua padrão 70 Capítulo 4 53 Ambiguidade Possuem ambiguidade as palavras as expressões ou os períodos com mais de um sentido A ambiguidade pode ser estrutural lexical ou de referência Estrutural quando a duplicidade de sentido ocorre em função da organização da frase O garoto viu o incêndio do prédio Há duas possibilidades de leitura o garoto viu um incêndio que ocorreu no prédio ou o garoto estava no prédio e de lá viu um incêndio Lexical quando a duplicidade de sentido ocorre em função de um item lexical possuir mais de um sentido eu o vi no banco Sem o contexto não podemos saber se o enunciado se refere a um banco de praça ou a uma instituição financeira De referência quando não fica definido qual é o nome que um pronome deve retomar Os alunos disseram aos professores que todos eles deveriam ser responsabilizados pelo fato Há uma tentativa de usar os pronomes todos eles para fazer referência a um termo anterior no entanto não sabemos se eles se refere a alunos ou a professores Importante Estamos listando ambiguidade como algo que deve ser evitado nos textos No entanto cabe um comentário a ambiguidade é um problema em textos técnicos científicos empresariais jurídicos ou seja textos informativos em geral que exigem clareza e objetividade Em outras situações como em textos humorísticos ou publicitários a ambiguidade passa a ser um recurso usado de forma intencional Vejamos por exemplo uma piada Marido 1 Como você ousa dizer palavrões na frente da minha esposa Marido 2 Por quê Era a vez dela 71 Universidade e Ciência Nesse caso o sentido de humor constrói exatamente pela ambiguidade O leitor deve inicialmente interpretar na frente como marcador de espaço para depois perceber que o sentido desejado da expressão na frente é como marcador de tempo Seção 6 Discurso O texto pelo viés do discurso Para estabelecermos uma relação entre texto e discurso haveremos de traçar uma linha não de equivalência mas de interdependência entre um e outro Queremos então partir da ideia de que um texto é uma unidade de sentido produzida por alguém para um outro alguém com uma determinada intenção Dito isso um texto é um espaço significante lugar de jogo de sentidos de trabalho da linguagem de funcionamento da discursividade ORLANDI 1999 p 72 Isso porque por ele passa o discurso Mas o que vem a ser discurso Enquanto o texto é a entidade física na forma verballinguística ou não verbal não linguística o discurso conforme Meurer 1997 manifestase como um conjunto de princípios valores e significados por trás do texto Isso leva a crer que Todo discurso é investido de ideologias isto é maneiras específicas de conceber a realidade Além disso todo discurso é também reflexo de uma certa hegemonia isto é exercício de poder e domínio de uns sobre outros ibidem Tendo forma abstrata o discurso não só se materializa no texto verbal e não verbal por onde passarão conjuntamente a história e a ideologia como também apresenta incompletude isto é não tem começo nem fim Isso porque o sujeito discursivo manifestase dividido a elaborar seu dizer a partir de outros dizeres ditos em outros lugares e em outros momentos É portanto no espaço significante do texto que o discurso irá se constituir Não se pode perder de vista que todo texto é influenciado por e depende de textos que já ocorreram anteriormente Tratase do fenômeno da intertextualidade sem a qual um texto não se efetiva Nesse sentido pode se dizer que todo texto traz em si outros textos ou apresenta um grau de intertextualidade constituída De outro lado haverá sempre na base de um discurso outros discursos que por sua vez vêm demarcados in memória Trata se do fenômeno da interdiscursividade 72 Capítulo 4 Reside aí a razão para se ver o discurso conforme Orlandi 1999 como um processo em curso como uma prática o que o faz ser por princípio um dizer que não se fecha pelo contrário está aberto a uma dispersão de textos e de sujeitos porque é desse modo que verdadeiramente os textos se fazem por uma dispersão de sujeitos Daí poderse dizer que o discurso é sempre incompleto assim como são incompletos os sujeitos e os sentidos ORLANDI 2001 p 113 Compreender um discurso é portanto muito mais que decodificar mensagens é antes buscar estabelecer uma relação de reciprocidade entre o dizer e o não dizer do outro sendo essa relação permeada pela ideologia Vejamos um exemplo de Intertextualidade na qual reside a interdiscursividade Figura 41 Charge Vida de Passarinho Caulos Jornal do Brasil Rio de Janeiro 1978 Fonte ENEM 2001 73 Universidade e Ciência Você pode notar que o escritor Caulos 1978 lança mão do pensamento de Gonçalves Dias para compor sua crítica em defesa da natureza brasileira bastante ameaçada Ou seja Caulos utilizouse da intertextualidade abordada no capítulo 2 ao trazer para seu texto a ideia e as palavras de Gonçalves Dias expressas nos versos do poema Canção do Exílio escrito pelos idos do século XIX na época do Romantismo no Brasil É possível observar que enquanto Gonçalves Dias canta a exuberância da natureza naquela época Caulos reflete sobre a degradação de nossa mata por meio de uma crítica ambiental e política Podemos então dizer que há neste texto a materialização do discurso ambiental e também do discurso político uma vez que envolvem questões a serem decididas nas instâncias da Assembleia Legislativa como também do Senado Federal tais como reforma agrária reforma política leis ambientais que garantam a preservação etc Diante dessa reflexão podese concluir dizendo que a habilidade de leitura bem como a competência de leitor implicam atribuir sentido a um texto seja lá em que situação comunicativa for E isso depende da mobilização por parte do leitor de alguns conhecimentos que se fazem indispensáveis entre eles o de que o discurso dá vida ao texto tal como o texto é o suporte material para a existência do discurso Seção 7 Que linguagem buscar no processo científico 71 Redação Científica A escrita de textos acadêmicos requer uma estrutura que deve atender às exigências da instituição de ensino do professor do avaliador ou até mesmo de outros leitores Os trabalhos acadêmicos devem ser planejados escritos construídos elaborados por seus autores Transcrever em parte ou na íntegra informações ou ideias produzidas por outros autores sem mencionar a fonte no próprio texto é plágio E lembrese plágio é crime Nesta seção você conhecerá alguns elementos que envolvem a redação científica Na produção textual de um trabalho científico é necessário primeiramente que o autor você se coloque na condição de leitor esforçando se em pensar nas suas qualidades e expectativas pois o objetivo maior dessa produção é fazer com que as suas ideias sejam compreensíveis trocando informações e ao mesmo tempo desenvolvendo o processo de comunicação efetivo entre ambos 74 Capítulo 4 72 Estrutura lógica do trabalho acadêmico A estrutura geral do trabalho acadêmico compreende três elementos pré textuais textuais e póstextuais Nesta seção serão tratados somente os elementos textuais A estrutura lógica do trabalho acadêmico 2 compreende três partes organicamente relacionadas introdução desenvolvimento e conclusão Essa estrutura reproduz as fases características do pensamento reflexivo do sincrético totalidade pelo analítico ao sintético Assim a a introdução representaria o momento da síncrese pois apenas apresenta uma visão geral do trabalho b o desenvolvimento representaria a análise pois o seu conteúdo está analiticamente dividido em partes c a conclusão representaria a síntese pois articula de forma breve as principais ideias contidas em cada parte do desenvolvimento do trabalho Seguem algumas explicações 721 Introdução O objetivo principal da introdução é apresentar o assunto de maneira clara e precisa e também a maneira como a pesquisa foi desenvolvida Os principais requisitos para a redação da introdução são a definição do assunto consiste em anunciar a ideia geral e precisa sobre o tema Primeiramente é contextualizada a área de conhecimento em que o tema se situa e depois é apresentada de maneira bem específica a questão ou as questões que o trabalho se propõe a responder Tratase da problematização da pesquisa b objetivos apresentam as ações que deverão ser desenvolvidas na pesquisa O verbo no infinitivo analisar demonstrar identificar descrever etc deve ser usado na redação do enunciado apresentando de maneira mais clara o que deverá ser abordado no trabalho É necessário tomar cuidado para não apresentar objetivos na introdução que não sejam cumpridos no desenvolvimento do trabalho 2 Você acompanhou no capítulo 3 as partes de um projeto de pesquisa aqui estamos vendo as partes do trabalho pronto Tenha clareza também que um trabalho acadêmico pode ser um relatório uma resenha crítica etc não só um projeto de pesquisa 75 Universidade e Ciência c justificativa consiste em apresentar a relevância teórica científica prática e social da pesquisa Devemse esclarecer os motivos que levaram à escolha do tema e chamar a atenção do leitor para a atualidade do assunto Uma justificativa bem feita desperta o interesse para a leitura do trabalho d metodologia informa sobre os procedimentos metodológicos da pesquisa ou seja os recursos que foram utilizados para a coleta de informações na tentativa de buscar respostas para o problema Se a pesquisa for puramente bibliográfica convém informar já de início as principais fontes e os principais autores que foram utilizados para fundamentar o assunto Dependendo da natureza da pesquisa este item pode merecer um capítulo especial no desenvolvimento do trabalho e plano de desenvolvimento do trabalho finaliza a introdução e deve conter os tópicos principais as ideiasmestras que serão apresentadas no desenvolvimento Se as divisões do trabalho forem muito extensas capítulos grandes é possível antecipar uma ideia geral para cada capítulo A introdução deve ser a última parte do trabalho a ser elaborada A redação deverá ser iniciada pelo desenvolvimento do trabalho 722 Desenvolvimento O desenvolvimento é dividido em partes e é a fração mais extensa do trabalho pois nele são apresentados os resultados de tudo aquilo que se pesquisou O desenvolvimento corresponde ao corpo do trabalho Salomom apud SEVERINO 2000 afirma que essa é a fase de fundamentação lógica do trabalho e tem por objetivo explicar discutir e demonstrar a Explicar é tornar evidente ou compreensível o que estava obscuro ou complexo é descrever classificar definir b Discutir é aproximar comparativamente questões antagônicas ou convergentes c Demonstrar é argumentar provar apresentar ideias que se sustentam em premissas admitidas como verdadeiras O desenvolvimento do trabalho começa a se materializar no momento em que o pesquisador estabelece os objetivos e o plano de assunto da pesquisa Os objetivos específicos devem servir de base para a composição dos capítulos 76 Capítulo 4 A elaboração do plano de assunto por sua vez permite que se visualize a estruturação do trabalho em suas divisões e subdivisões Enquanto o desenvolvimento representa a parte analítica do trabalho a conclusão representa a parte sintética Analisar é decompor em partes e sintetizar é recompor as partes que foram decompostas na análise 723 Conclusão A conclusão é a parte que finaliza a construção lógica do trabalho e deve fazer um balanço geral dos principais resultados alcançados Não é conveniente detalhar ideias que não tenham sido tratadas no desenvolvimento e nem se deve apresentar um mero resumo do trabalho Entretanto na parte inicial podemos relembrar de maneira breve as principais ideias que foram expostas no decorrer dos capítulos A conclusão deve apresentar um posicionamento reflexivo na forma de interpretação crítica das principais ideias apresentadas no texto Deve definir o ponto de vista do autor e trazer sua marca pessoal O trabalho também deve ser avaliado quanto ao seu alcance e limitações Quanto ao alcance é importante realçar ou valorizar os resultados afinal foram despendidos esforços para se chegar aonde se chegou Quanto às limitações é importante que se reconheçam as fraquezas ou qualquer dificuldade que tenha ameaçado a qualidade ou o caráter de cientificidade do trabalho Ao final da conclusão você pode vislumbrar apenas apontar sem desenvolver outros temas que mantenham relação com o tema pesquisado e que possam ser investigados em novas pesquisas 73 O estilo na redação de um texto científico Os elementos que enfatizam o estilo na redação de um texto científico em geral são objetividade clareza e concisão simplicidade e coerência a Objetividade linguagem direta sem considerações irrelevantes com as ideias apresentadas sem ambiguidade e utilizando frases curtas e simples com vocabulário adequado ao tema proposto na redação b Clareza e concisão expressar as ideias em poucas palavras evitando a argumentação muito abstrata e a repetição desnecessária de detalhes que não sejam relevantes à fundamentação do tema abordado na redação 77 Universidade e Ciência c Simplicidade utilizar apenas as palavras necessárias para o entendimento do tema da redação evitando o abuso do uso de jargões técnicos e de sinônimos pelo simples prazer da variedade de palavras d Coerência as ideias devem ser apresentadas segundo uma sequência lógica e ordenada permitindo ao leitor acompanhar o raciocínio do autor da redação do começo ao fim Outros aspectos a serem considerados ao escrever o texto acadêmico a não misturar as pessoas verbais escolhendo apenas uma pessoa para compor o seu texto uso da 1ª pessoa do plural ou 3ª pessoa do singular em outras palavras manter a uniformidade na escolha b evite iniciar ou terminar a redação dos capítulos com citação seja direta ou indireta pois essa citação tem a função de endossar ou de ajudar na argumentação das ideias do autor da redação 74 Gêneros discursivos típicos da esfera acadêmicocientífica Na esfera acadêmicocientífica há alguns gêneros discursivos essenciais à vida acadêmica e que precisam ser apropriados dado que as pesquisas realizadas estruturamse a partir desses gêneros discursivos Assim convidamos você a acessar o EVA São apresentados lá gêneros como resumo resenha crítica artigo científico paper position paper relatório técnicocientífico e monografia

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