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Sintaxe do Português Florianópolis 2009 Prof Carlos Mioto 3º Período TI30Xll Statistics Scientific Calculator Keys and Functions Matrix Algebras 3x3 matrix for inverse and determinant inverse transpose determinant 3x3 matrix row reduce 3x3 matrix for solving linear equations List and Databases Use the STAT key to access stat lists enter and edit data calculate onevar stats regression statistics for linear regression and quadratic regression Programming Connect to TI Graphing Calculator using USB Cable Computeralgebraides httpwwwnumworks Display Type LCD Display Size Pixels 192 x 64 Power Solar Battery Memory Backup Flash ROM 8192 bytes Sizes Dimensions 1409 x 786 x 184 mm Software TI Connect CE Software gives you the ability to transfer data between TI calculators and your computer Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro de Educação Fernando Haddad Secretário de Ensino a Distância Carlos Eduardo Bielschowky Coordenador Nacional da Universidade Aberta do Brasil Celso Costa Universidade Federal de Santa Catarina Reitor Alvaro Toubes Prata ViceReitor Carlos Alberto Justo da Silva Secretário de Educação a Distância Cícero Barbosa PróReitora de Ensino de Graduação Yara Maria Rauh Muller PróReitora de Pesquisa e Extensão Débora Peres Menezes PróReitor de PósGraduação Maria Lúcia de Barros Camargo PróReitor de Desenvolvimento Humano e Social Luiz Henrique Vieira da Silva PróReitor de InfraEstrutura João Batista Furtuoso PróReitor de Assuntos Estudantis Cláudio José Amante Centro de Ciências da Educação Wilson Schmidt Curso de Licenciatura LetrasPortuguês na Modalidade a Distância Diretora Unidade de Ensino Viviane M Heberle Chefe do Departamento Zilma Gesser Nunes Coordenadoras de Curso Roberta Pires de Oliveira e Zilma Gesser Nunes Coordenador de Tutoria Josias Ricardo Hack Coordenação Pedagógica LANTECCED Coordenação de Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem HiperlabCCE Comissão Editorial Tânia Regina Oliveira Ramos Izete Lehmkuhl Coelho Mary Elizabeth Cerutti Rizzati Equipe de Desenvolvimento de Materiais Laboratório de Novas Tecnologias LANTECCED Coordenação Geral Andrea Lapa Coordenação Pedagógica Roseli Zen Cerny Produção Gráfica e Hipermídia Design Gráfico e Editorial Ana Clara Miranda Gern Kelly Cristine Suzuki Responsável Thiago Rocha Oliveira Laura Martins Rodrigues Adaptação do Projeto Gráfico Laura Martins Rodrigues Thiago Rocha Oliveira Diagramação Rafael de Queiroz Oliveira Thiago Rocha Oliveira Figuras Marc Bogo Rafael de Queiroz Oliveira Eduardo Santaella Mallaguti Jessé A Torres Thiago Rocha Oliveira Tratamento de Imagem Thiago Rocha Oliveira Revisão gramatical Tony Roberson de Mello Design Instrucional Responsável Isabella Benfica Barbosa Designer Instrucional Verônica Ribas Cúrcio Copyright 2009 Universidade Federal de Santa CatarinaLLVCCEUFSC Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico por fotocópia e outros sem a prévia autorização por escrito da Coordena ção Acadêmica do Curso de Licenciatura em LetrasPortuguês na Modalidade a Distância Ficha Catalográfica M669s Mioto Carlos Sintaxe do português Carlos Mioto Florianópolis LLVCCEUFSC 2009 126p 28cm ISBN 9788561482121 1 Língua portuguesa Sintaxe 2 Estrutura da sentença 3 Ordem dos constituin tes I Título CDU 80156 Catalogação na fonte elaborada na DECTI da Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina Sumário 1 O que é sintaxe 9 11 A ambigüidade estrutural 11 12 Como saber se uma seqüência tem uma ou mais de uma estrutura 13 13 Analisando uma seqüência que contém adjetivos 18 2 Árvores a Teoria Xbarra 23 21 A noção de núcleo e de sintagma 23 22 Os núcleos 26 23 Especificador Spec e complemento Compl 28 24 Argumento e adjunto 30 25 VP 34 26 A sentença simples 36 27 A sentença complexa 43 28 O DP 57 29 O NP 58 210 O AP 66 211 O PP 70 212 A SC 77 213 Sentenças relativas 82 3 Movimento 87 4 Teoria temática 91 5 Teoria do caso 95 6 Verbos inacusativos 103 61 Verbos inacusativos com CP como AI 105 62 Verbos inacusativos com InfP como AI 106 63 Verbos inacusativos com GerP como AI 111 64 Verbos inacusativos com ParP como AI 113 65 Verbos inacusativos com SC como AI 114 66 Verbos inacusativos com DP como AI 117 67 A voz passiva 119 68 As classes de verbos 119 7 Discussão de alguns fenômenos do português brasileiro 121 71 Problema 1 121 72 Problema 2 123 72 Problema 3 124 74 Problema 4 125 Referências 126 Apresentação E ste material impresso foi elaborado para dar suporte didático à disci plina Sintaxe do Português ministrada a distância Não é um mate rial que deva apenas ser lido antes é um material para ser estudado Ele é fortemente baseado no seguinte manual que tem que estar disponível nos pólos MIOTO Carlos SILVA Maria C F LOPES Ruth E V Novo Manual de Sin taxe 3ª ed Florianópolis Insular 2007 Esse manual deve servir de material adicional para os alunos estudarem e aprenderem sintaxe do português brasileiro Isto é os alunos devem traba lhar concomitantemente com este material impresso e com o Manual O conteúdo tratado neste material é cumulativo Por isso em hipótese nenhu ma o aluno deve ir adiante sem ter entendido a unidade anterior Para fixar o conteúdo estudado ao fim de cada seção estão disponíveis exercícios que devem ser resolvidos até que o aluno esteja apto a passar adiante Boa sorte a todos Carlos Mioto TI30XIIs tamil Scientific calculator features keys and functions Functions Square root cube square cube root inverse decimal change signs exponents and logarithms sine cosine tangent hyperbolic functions factorials combinations and permutation random number polarrectangular coordinate conversion function of absolute value scientific statistics base arithmetic and memory storage Display 23 lines 10 digits Software TISmartview Emulator Software Size Weight 11 cm wide 19 cm length 165 cm thick 125 grams Power 1 x 15 V AAA Battery TI 30XIIs scientific calculator Tamil version Capítulo 01 O que é sintaxe 9 1 O que é sintaxe Objetivos definir o que é sintaxe e mostrar por que é importante estu dar esta disciplina Ao mesmo tempo é ilustrado como uma sentença pode ser abordada para revelar sua estruturação Você vai estudar esta Introdução para aprender o que é sintaxe Estudando sintaxe explicamos por que uma determinada seqüência é ambígua e aprendemos como manipular uma seqüência para entender a estrutura que ela tem isto é para aprender como as palavras se com binam Estudando os adjetivos aprendemos com segurança as suas fun ções sintáticas e a importância de saber isso A sintaxe estuda como é que nós combinamos palavras para formar constituintes maiores que chamamos de sintagmas Exemplos Se combino menina com a do modo certo formo o sintagma a menina se combino do modo errado o que eu formo não é sintagma menina a Se combino as palavras longas tranças de morena menina e a do modo certo eu formo um sintagma a menina morena de tranças lon gas se combino de modo errado o que eu formo não é sintagma a tranças morena longas de menina A sintaxe estuda como é que nós combinamos sintagmas para for mar sentenças Exemplos Se combino sorriu com a menina de modo certo formo a senten ça gramatical a menina sorriu se combino do modo errado o que eu formo não é sentença a sorriu menina Se combino sorriu com a menina morena de tranças longas de modo certo formo a sentença gramatical a menina morena de tranças longas sorriu se combino do modo errado o que eu formo não é sen tença a menina morena sorriu de tranças longas Asterisco quer dizer agra matical Sintaxe 10 Se combino sorriu com Maria de modo certo formo a sentença gramatical Maria sorriu Observe que os constituintes que combinamos corretamente com sorriu são de tamanho variável e ocupam a mesma posição antes de sor riu E mesmo assim a combinação forma sentenças gramaticais Portanto o que conta para identificar o que é um sintagma não é a extensão do constituinte O que conta para identificar um sintagma é um núcleo que no caso dos constituintes que combinam com sor riu é o nome menina ou o nome próprio Maria Isto é não importa que o sintagma a menina morena de tranças longas tenha 6 pa lavras que a menina tenha 2 e que Maria tenha 1 o que importa é que o núcleo seja um nome A sintaxe estuda também como é que combinamos sentenças para formar sentenças maiores as chamadas sentenças complexas Exemplos Se combino a sentença a menina morena de tranças longas sorriu com ela viu o menino loiro de cabelos curtos usando a palavra quando formo a sentença gramatical complexa a menina morena de tranças longas sorriu quando ela viu o menino loiro de cabelos curtos Se combino a sentença Maria sorriu com uma sentença incom pleta João disse usando a palavra que formo a sentença gramatical complexa João disse que Maria sorriu Em resumo a sintaxe é a parte da gramática que estuda como é que combinamos palavras para formar sintagmas como combinamos sintagmas para formar sentenças e como combinamos sentenças para formar sentenças complexas Ao estudar isso a sintaxe procura saber como é que os sintagmas e as sentenças se estruturam Apesar de sin tagmas e sentenças serem pronunciados ou escritos de forma que uma palavra venha depois da outra a sintaxe busca estabelecer como é que as palavras se organizam quais palavras se juntam com quais outras para formar os constituintes maiores Assim duas palavras que estão uma do lado da outra podem pertencer a constituintes diferentes Capítulo 01 O que é sintaxe 11 11 A ambigüidade estrutural A sintaxe não se contenta em observar a ordem linear das pala vras Isto porque uma seqüência de palavras nem sempre é interpretada semanticamente da mesma maneira Se isso acontece é porque aquela seqüência de palavras se estrutura de mais de uma forma Tomemos um exemplo do qual devemos observar a seqüência destacada em negrito 1 O bêbado bateu na velha de bengala Esta sentença é ambígua Os dois sentidos que ela tem aparecem nas paráfrases em 2 2 a O bêbado bateu na velha que estava de bengala b O bêbado usou uma bengala para bater na velha Os desenhos abaixo ilustram os dois sentidos Os dois sentidos que a sentença tem são conseqüência das duas estruturas que a seqüência na velha de bengala tem O sentido em 2a tem que ter uma estruturação em que de bengala fica junto com velha o que representamos do lado de cima da sentença em 3 Sintaxe 12 Constituinte O bêbado bateu na velha de bengala 3 Como chegamos a essa representação Para chegar àquela representação juntamos de trás para frente de com bengala e formamos o constituinte de bengala depois juntamos de bengala com velha e formamos velha de bengala depois juntamos velha de bengala com na e formamos na velha de bengala depois jun tamos na velha de bengala com bateu e formamos bateu na velha de bengala e por fim juntamos bateu na velha de bengala com o bêba do e formamos a sentença o bêbado bateu na velha de bengala O ponto importante deste desenho é marcado pelo quadrado preto naquele ponto é formado o constituinte velha de bengala e por isso de bengala deve ser interpretado junto com velha como um caracterizador de velha O sentido da sentença 1 parafraseado em 2b é representado por uma árvore diferente como a que está desenhada do lado de baixo da sentença em 3 Para chegar àquela representação procedemos de modo semelhante ao que fizemos acima De trás para frente juntamos de com bengala mas não juntamos de bengala com velha agora de bengala não pode ser interpretado junto com velha isto é não forma um sintag ma junto com velha primeiro eu tenho que formar o constituinte com o qual de bengala vai se juntar Para tanto junto na com velha e formo na velha depois junto na velha com bateu e formo bateu na velha Como agora de bengala é interpretado junto com bateu na velha isto é como o instrumento com o qual o bêbado bateu na velha junto de bengala com bateu na velha e por fim junto bateu na velha de bengala com o bêbado e chego à sentença o bêbado bateu na velha de Capítulo 01 O que é sintaxe 13 bengala O ponto importante do desenho do lado de baixo da sentença em 3 é aquele marcado pelo quadrado preto por ele sabemos que de bengala não forma constituinte com velha mas com bateu na velha por isso deve ser interpretado como o instrumento da agressão Em resumo a sentença se apresenta em linha mas a sintaxe procu ra saber como ela se estrutura ou seja como combinamos as palavras para formar sentenças Uma sentença pode ter mais de um sentido e essa ambigüidade pode ser explicada se mostramos que os constituintes contíguos podem estar combinados de modo diferente Exercícios Desenhe uma árvore do lado de cima e outra do lado de baixo 1 da sentença de tal forma que cada árvore desenhada represente um dos dois sentidos que a sentença tem Os colchetes isolam a seqüência que permite mais de uma estrutura 1a Ele recebeu uma foto de Manaus 1b Ele viu o incêndio do prédio 1c Ele trouxe as ostras de Laguna Observando que a sentença abaixo tem três interpretações de 2 senhe as três árvores que representem cada uma das interpre tações Ele viu o incêndio do prédio da esquina 12 Como saber se uma seqüência tem uma ou mais de uma estrutura Quando analisamos sintaticamente uma sentença queremos sa ber qual é a estrutura dela isto é saber quais palavras numa seqüência formam constituinte Nós temos um meio seguro de descobrir se uma seqüência de palavras forma ou não um constituinte Retome a sentença Sintaxe 14 2 do exercício anterior 4 Ele viu o incêndio do prédio da esquina A sentença em 4 é ambígua e prevemos que isto acontece porque o constituinte entre colchetes tem mais de uma estrutura Nosso proble ma então é analisar o constituinte entre colchetes para saber como ele está estruturado Para tanto aplicamos à sentença o teste da clivagem manipulando o constituinte o incêndio do prédio da esquina 5 Constituinte Foi o incêndio do prédio da esquina que ele viu A sentença que produzimos em 5 se chama clivada e é feita para focalizardestacar o constituinte grifado Para construir esta sentença usamos o verbo ser no mesmo tempo do verbo da sentença nãoclivada Em seguida colocamos o consti tuinte que queremos destacarclivar Depois colocamos um que e então o resto da sentença com a marca no lugar de onde retira mos o constituinte clivado Dizemos que o constituinte clivado foi movido da posição marcada por para a posição que fica entre o verbo ser e o que Se movendo o constituinte inteiro conseguimos uma sentença bem formada então concluímos que o incêndio do prédio da esquina é um constituinte só Observemos que a sentença clivada em 5 é bem construída se mo vemos todo o constituinte o incêndio do prédio da esquina A con clusão que devemos retirar desta aplicação do teste é que o incêndio do prédio da esquina forma um constituinte só Como a clivada em 5 revela que o incêndio do prédio da esquina é um único constituinte ela não apresenta a ambigüidade presente na sentença 4 e pode significar apenas O que ele viu foi o incêndio do prédio da esquina Por isso a árvore para representar o constituinte em foco deve ser a que aparece em 6 Capítulo 01 O que é sintaxe 15 6 Constituinte Ele viu o incêndio do prédio da esquina Para realizála primeiro combinamos esquina com da depois com binamos da esquina com prédio depois prédio da esquina com do de pois do prédio da esquina com incêndio e por fim incêndio do prédio da esquina com o Neste ponto percebemos que o incêndio do prédio da esquina forma um constituinte só Para continuar a árvore combinamos o incêndio do prédio da esquina com viu e finalmente viu o incêndio do prédio da esquina com ele completando a sentença Vamos aplicar o teste da clivagem novamente para saber se o in cêndio do prédio pode ser um constituinte inteiro e da esquina um outro constituinte inteiro um independente do outro 7 Foi o incêndio do prédio que ele viu da esquina Foi da esquina que ele viu o incêndio do prédio a b As clivadas em 7 revelam que o constituinte o incêndio do prédio da esquina pode ter outra estrutura da esquina é um constituinte e o incêndio do prédio outro De novo as sentenças clivadas não apresen tam a ambigüidade que a sentença 4 tem podendo significar apenas O que ele viu da esquina foi o incêndio do prédio A árvore equivalente a esta estrutura seria 8 Ele viu o incêndio do prédio da esquina Sintaxe 16 Primeiro combinamos esquina com da formando da esquina de pois combinamos prédio com do formando do prédio depois combi namos do prédio com incêndio formando incêndio do prédio e por fim combinamos incêndio do prédio com o formando o incêndio do prédio Enfatizando o ponto central note que não combinamos o incên dio do prédio com da esquina Continuando a árvore combinamos o incêndio do prédio com viu formando viu o incêndio do prédio em se guida combinamos da esquina com viu o incêndio do prédio forman do viu o incêndio do prédio da esquina e finalmente combinamos viu o incêndio do prédio da esquina com ele completando a sentença Vamos aplicar o teste da clivagem pela terceira vez para saber se o incêndio pode ser um constituinte e do prédio da esquina outro 9 Foi o incêndio que ele viu do prédio da esquina Foi do prédio da esquina que ele viu o incêndio a b A terceira clivagem em 9 também é bem sucedida e deduzimos que o constituinte o incêndio do prédio da esquina pode ter uma ter ceira estrutura Como nos dois casos anteriores as clivadas de 9 não são ambíguas porque a estrutura do constituinte em foco só pode ser a que mantém separados os constituintes o incêndio e do prédio da es quina O significado é O que ele viu do prédio da esquina foi o incêndio A árvore seria 10 Ele viu o incêndio do prédio da esquina Primeiro formamos do prédio da esquina juntando da com es quina da esquina com prédio e prédio da esquina com do Depois formamos o incêndio juntando incêndio com o Em nenhum momen to combinamos o incêndio com do prédio da esquina Continuando Capítulo 01 O que é sintaxe 17 com a árvore formamos viu o incêndio juntando o incêndio com viu depois formamos viu o incêndio do prédio da esquina juntando do prédio da esquina com viu o incêndio e finalmente formamos ele viu o incêndio do prédio da esquina juntando viu o incêndio do prédio da esquina com ele completando a sentença Vamos considerar agora uma sentença como 11 que não é ambí gua 11 Ele quebrou o tampo de mármore da mesa da tia Todas as tentativas de aplicar a clivagem ao constituinte entre colchetes fracassam exceto a que enfatiza todo o constituinte 12 Foi o tampo de mármore da mesa da tia que ele quebrou Foi o tampo que ele quebrou de mármore da mesa da tia a b Foi o tampo de mármore que ele quebrou da mesa da tia c Foi o tampo de mármore da mesa que ele quebrou da tia d O que o teste da clivagem nos revela por meio de 12 é que a estru tura do constituinte entre colchetes em 11 só pode ser uma aquela em que o tampo de mármore da mesa da tia forma um único constituinte Então a árvore do constituinte deve ser como em 13 13 Ele quebrou o tampo de mármore da mesa da tia Em resumo o teste da clivagem nos revela a estrutura dos consti tuintes que queremos analisar Isto é assim porque o movimento sintáti Sintaxe 18 co é uma operação que se aplica apenas a constituintes inteiros Se con seguimos separar uma seqüência de palavras pela clivagem devemos concluir que o que conseguimos separar é um constituinte só se não o constituinte é composto por todos os itens da seqüência Exercícios 3 Analise as seqüências entre colchetes para descobrir quais podem ser seus constituintes 3a O bêbado bateu na velha de bengala 3b Ele recebeu uma foto de Itu 3c Ele trouxe os camarões de Laguna 3d Ele comprou uma chave de fenda 3e Ele encontrou a cenoura na feira da praça 3f Ele cobriu a casa com folhas de bananeira 4 Observe que as seqüências entre colchetes deste exercício contêm um adjetivo Analiseas para saber se o adjetivo faz ou não parte do constituin te 4a Ela pintou os cabelos brancos 4b O juiz julgou a ré culpada 4c Ela considera o menino bonito 4d Ele comeu a carne crua 4e Ele perdeu a caneta vermelha 13 Analisando uma seqüência que contém adjetivos Vamos utilizar o que aprendemos na seção anterior para resolver um problema sobre a sintaxe do adjetivo A gramática tradicional assen tou que o adjetivo pode ter duas funções sintáticas adjunto adnominal ou predicativo Quando os professores queriam ensinar que o adjetivo Capítulo 01 O que é sintaxe 19 funciona como predicativo partiam de exemplos como 14 14 A menina é bonita Depois pediam para os alunos decorarem uma lista de verbos que eram chamados de verbos de ligação ser estar permanecer ficar etc Assim era possível perceber o que era o chamado predicado nominal E não iam muito além disso Entretanto aprender quando o adjetivo funciona como adjunto do nome ou como predicativo pode ser feito com relativa facilidade se levamos em conta o que aprendemos até agora Querem ver Vamos assumir as seguintes definições 15 a O adjetivo é adjunto do nome AN se pertence ao sintag ma nominal Fórmula AN ao sintagma nominal b O adjetivo é predicativo Pred se NÃO pertence ao sintag ma nominal Fórmula Pred ao sintagma nominal Se retomamos a sentença em 14 e aplicamos a ela as definições em 15 vamos ver que a função do adjetivo bonita só pode ser a de predica tivo porque ele está separado do sintagma nominal a menina pelo verbo é Sem dúvida em 14 que exemplifica o caso mais simples o adjetivo não pertence ao sintagma nominal porque tem o verbo ser separando os dois A análise fica mais complicada quando consideramos casos como o de 16 retirado do exercício anterior 16 O juiz julgou a ré culpada Por que 16 complica as coisas Porque agora o adjetivo pode ser adjunto do nome ou predicativo e não temos nada que nos mostre se o adjetivo pertence ou não pertence ao sintagma nominal Vamos analisar a sentença 16 com cuidado Primeiro observamos que ela é ambígua e que as paráfrases em 17 desfazem a ambigüidade No fim das contas os alunos ficavam com uma vaga idéia do que era pre dicativo verbo de ligação e predicado nominal Sintaxe 20 17 a O juiz julgou a ré que era culpada b O juiz julgou que a ré era culpada Associamos a função de adjunto do nome do adjetivo à paráfrase 17a que como veremos mais adiante contém uma sentença relativa a função de predicativo está associada com a paráfrase em 17b que como veremos contém uma sentença completiva Como podemos descobrir se o adjetivo pertence ou não ao sin tagma nominal Aplicando o teste da clivagem 18 Foi a ré culpada que o juiz julgou Foi a ré que o juiz julgou culpada a b 18a mostra que é possível clivar o constituinte a ré culpada in teiro demonstrando que o adjetivo faz parte do constituinte nesse caso A essa clivagem devemos associar a paráfrase 17a e a função sintática de adjunto do nome 18b por outro lado mostra que podemos tam bém clivar apenas a ré demonstrando que o adjetivo não faz parte do constituinte A essa clivagem devemos associar a paráfrase 17b e a função sintática de predicativo Assim em 16 o adjetivo pode ter as duas funções sintáticas porque se verificam as duas possibilidades ou ao sintagma nominal Consideremos agora 19 que não é ambígua 19 João acha Maria bonita Se 19 não é ambígua a função sintática do adjetivo é um adjunto do nome ou predicativo mas não as duas Apliquemos o teste da cliva gem 20 É Maria bonita que o João acha É Maria que o João acha bonita a b Capítulo 01 O que é sintaxe 21 Conclusão bonita em 19 só pode ser predicativo Isto acontece sempre que um adjetivo predica sobre nome próprio ou sobre pro nomes pessoais Consideremos por fim 21 que também não é ambígua 21 João perdeu a caneta vermelha Apliquemos o teste da clivagem 22 Foi a caneta vermelha que o João perdeu Foi a caneta que o João perdeu vermelha a b O que observamos é que só é possível clivar o constituinte a cane ta vermelha inteiro demonstrando que vermelha em 22 só pode ser adjunto adnominal Exercícios 5 Identifique a função sintática dos adjetivos das seguintes sentenças 5a A menina bonita chegou 5b A menina chegou bonita 5c A menina bonita telefonou desesperada 5d João colheu a fruta madura 5e João quebrou a perna direita 5f Maria engraxou os sapatos pretos 6 Construa paráfrases para cada sentença no exercício anterior obser vando que no caso de ambigüidade são duas paráfrases por sentença Hi I am digital payment parking fee metro cardRTO smart fee Insurance premium mticket taxi money transfer loans ticketing and more Your One Stop Shop For all payments Other Services Available Quick pay your electricity and utility bills Request for vehicle details Multiple payment options Multiple realization channels With UNIFY paying has never been easier TC Applicable Download from Playstore and App Store for free wwwunifyindiacom Customer Care 18008904969 01141349117 CUSTOMER CARE EMAIL careunifyindiacom WEBSITE wwwunifyindiacom CUSTOMER CARE NO 18008904969 Address 803Viraj TowerWestern Express HighwayMumbai400060 Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 23 2 Árvores a Teoria Xbarra O objetivo deste capítulo é ensinar a analisar uma sentença fazendo de maneira elaborada sua árvore Neste Capítulo vamos aprender a analisar sentenças simples e com plexas Para tanto vamos aprender agora com um pouco mais de cuida do a fazer árvores Devemos aprender a fazer árvores porque quando bem feitas elas mostram com toda clareza qual é a estrutura da sen tença As noções que vamos usar para fazer árvores compõem o que se chama a Teoria Xbarra 21 A noção de núcleo e de sintagma Observe a sentença a seguir 23 A menina abraçou o menino com carinho D D N N N V P Cada palavra é o núcleo de um sintagma As letras embaixo de cada pa lavra abreviam a categoria ou classe a que a palavra pertence D determinante ǿ N nome ǿ V verbo ǿ P preposição ǿ Como fazer a árvore de um sintagma Para fazer a árvore de um sintagma precisamos projetar o núcleo X em dois níveis X e XP como fazemos em 24 a XP b DP c NP d VP e PP X D N V P X D N V P 24 Neste material didático mantemos as abreviaturas correntes para não criar confusão Sintaxe do Português 24 X projeção mínima ǿ X projeção intermediária ǿ XP projeção máxima sintagma ǿ Montamos um sintagma assim para preparar as combinações o ní vel X está na árvore para pendurar um complemento de X 25 X X Compl Se X tem um complemento a combinação dos dois produz a proje ção X Exemplo o verbo abraçar sempre tem um complemento que em 24 é o menino Então a combinação de abraçar com o menino produz a árvore 26 26 V V Compl abraçar o menino Agora se um verbo não tem complemento como acontece como tossir ou chover a árvore fica como 27 27 V V tossir chover V V a b Em 27 o nível V é composto sem complementos por causa dos núcleos verbais O nível XP está na árvore para pendurar um especificador de X Se X tem um Spec a combinação dos dois produz XP Exemplo os verbos abraçar e tossir sempre têm um Spec que se pendura do lado esquerdo Então a combinação do nível V de abraçar o menino e tossir respecti vamente em 26 e 27a com o Spec a menina produz as árvores em 28 Para uma melhor visualização na árvore abreviamos o complemento como Compl Para uma melhor visualização na árvore abreviamos um especificador como Spec Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 25 28 VP V a menina V V a b V Compl Spec VP A menina Spec Agora se um verbo não tem Spec nem Compl como é o caso do verbo chover a árvore fica como em 29 29 a VP V V chover Chover é um verbo que não tem nem especificador nem complemento Então para que servem as projeções X e XP Para dizer se no nível X X tem complemento e se no nível XP X tem Spec Em outras palavras o verbo abraçar é o núcleo de um sintag ma chamado de VP e esse sintagma é bem desenhado se no nível V abraçar tem um Compl e se no nível VP tem um Spec Para o verbo tossir devemos dizer que ele é o núcleo de um VP que não tem Compl no nível V e tem Spec no nível VP Para o verbo chover devemos dizer que ele sozinho compõe o VP já que não tem Compl no nível V nem Spec no nível VP E se o núcleo do sintagma for um determinante como o Devemos desenhar o sintagma com as duas projeções de D ou seja D e DP como fizemos em 24b Este determinante tem sempre um complemento que é um nome um D não ocorre sem um nome A combinação do deter minante com seu complemento produz D E se dizemos que D não tem especificador produzimos as árvores em 30 30 a b DP D DP D D D o Compl menino a Compl menina Sintaxe do Português 26 Atenção para desenhar o DP repetimos os mesmos procedimentos usados para desenhar o VP Estes procedimentos são regulados pelo seguinte princípio que tem que ser seguido a qualquer custo O sintagma é formado de um núcleo X e suas duas pro 31 jeções X e XP Se desobedecemos esse princípio sempre somos levados a dese nhar a árvore erradamente 22 Os núcleos Para compor um sintagma ou uma sentença não basta ir ao dicio nário escolher um núcleo e combinálo com outro núcleo Se queremos ser bem sucedidos na montagem de uma sentença devemos levar em conta além do dicionário a gramática Isto porque uma sentença como 32a por exemplo é composta de informações lexicais e semânticas tais como as que arrolamos informalmente em 32b e de informações gramaticais tais como as de 32c 32 a A menina abraçou o menino b Lexicais menina é nome abraçou é verbo menino é nome etc Semânticas menina e menino têm como referentes no mundo um ente humano jovem macho etc abraçar enuncia uma cena em que alguém envolve alguém com os dois braços etc c Gramaticais a concorda com menina em gênero e nú mero o verbo abraçar concorda com o sintagma a menina etc Os itens que veiculam informações como as que estão contidas em 32b são chamados de núcleos lexicais os que veiculam informações como as que estão contidas em 32c são chamados de núcleos funcio nais ou gramaticais O papel deles nos sintagmas que eles encabeçam é central tudo o que acontece no sintagma é determinado por eles É o núcleo que decide se o sintagma vai conter complemento ou especifi cador e portanto o desenho do sintagma é o núcleo que governa as Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 27 relações que se estabelecem dentro do sintagma Portanto para a sinta xe é muito importante identificar os núcleos 221 Os núcleos lexicais Os núcleos lexicais são identificados formalmente a partir de dois traços N nominais e V verbais Um núcleo tem traços nominais se está associado a gênero um núcleo tem traços verbais se está associado a tempomodo ou é de natureza predicativa A combinação destes tra ços nos fornece 33 33 a N V nome b N V adjetivo c N V verbo d N V preposição Nome ǿ núcleo que tem todas as propriedades de nome e ne nhuma de verbo Verbo ǿ núcleo que tem todas as propriedades de verbo e ne nhuma de nome Adjetivo ǿ núcleo que tem propriedades de nome e de verbo Preposição ǿ núcleo que não tem propriedades de nome nem de verbo 222 Os núcleos funcionais Os núcleos funcionais com os quais vamos trabalhar são enumera dos a seguir 34 a Flexão verbal abreviada como I b Complementizador abreviado como C c Determinante abreviado como D A flexão I é o núcleo que define uma sentença Veja que 35a não é sentença porque o verbo grifado não tem uma flexão finita I Já 35b é uma sentença normal porque o verbo grifado tem um I finito está no pretérito perfeito do indicativo Sintaxe do Português 28 35 a João abraçar Maria b João abraçou Maria Por isso I tem uma função gramatical muito importante O complementizador C é o núcleo que permite encaixar uma sentença em outra Em 36a o C que permite o encaixe da sentença de clarativa João abraçou Maria como complemento do verbo achar em 36b o C se permite o encaixe da sentença interrogativa João abraçou Maria como complemento do verbo perguntar 36 a Pedro acha que João abraçou Maria b Pedro perguntou se João abraçou Maria O determinante D é o núcleo que opera sobre o nome para per mitir que ele funcione como argumento Em 37 o D o opera sobre me nino dandolhe o sentido de definido para que ele possa figurar como argumento do verbo chorar O 37 menino chorou Outros núcleos funcionais vão ser introduzidos quando se fizerem necessários 23 Especificador Spec e complemento Compl Um núcleo X fecha sua projeção XP quando é combinado com to dos os seus Compls e o seu Spec se ele tiver algum Spec e Compl são sempre sintagmas Quem determina a presença ou ausência de Spec ou Compl é o núcleo O primeiro é representado na árvore pendendo de XP o segundo pende de X Um núcleo funcional sempre tem um Compl e um Spec Mas para facilitar só faremos constar o Spec quando é visível que um sintagma ocupa aquela posição Por isso a árvore de um sintagma que tem núcleo funcional é previsível Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 29 38 a b DP D IP D NP Spec I I VP c CP Spec C C IP Essas árvores podem ser memorizadas porque elas não vão mudar ao longo do Curso Mas para entender as representações em 38 va mos tecer algumas considerações Quanto ao DP ele é representado sem Spec em 38a para facilitar O determinante D sempre tem um NP como complemento porque é sobre um nome que D opera Isto é o que é determinado por D é sem pre um NP quer D seja realizado como o um este ou como veremos mais adiante Quanto ao IP ele é sempre representado como em 38b O núcleo I tem sempre como Compl um VP porque o I opera sobre um verbo de terminando seu tempomodo T e sua concordância Agr Isto se tra duz de duas maneiras se o I contém dois sufixos como re e mos por exemplo estes sufixos vão se grudar aoverbo cantaremos se o I contém um item que não é afixo como vamos futuro ele fica à esquerda do verbo vamos cantar cantaremos Além do Compl o núcleo I tem sempre Spec porque basta dizer por enquanto esta po sição vai ser ocupada pelo sujeito da sentença Quanto ao CP ele é sempre representado como em 38c O núcleo C tem sempre um IP como complemento O que ou o se preenche o C Além de ter um IP como complemento o CP tem um Spec que é a po sição para onde vão por exemplo os pronomes interrogativos Recomendação memorizar os desenhos e as árvores dos sintagmas encabeçados por núcleos funcionais Como vimos conseguimos prever o desenho de um sintagma que tem um núcleo funcional Entretanto não conseguimos prever o dese nho de um sintagma que tem um núcleo lexical Esse desenho só deve Sintaxe do Português 30 ser feito após análise Por que as coisas são assim Porque os núcleos le xicais podem ter ou não especificador e ter ou não complemento Exem plo retomemos os dois verbos abraçar e tossir que são núcleos lexicais repetidos em 39 39 VP VP V V V V Spec a menina Spec a menina abraçar Compl o menino tossir a b Abraçar tem complemento e especificador sabemos que uma cena de abraço tem aquele que abraça e aquele ou aquilo que é abraçado Por isso o desenho de um VP que tem abraçar como núcleo só pode ser como em 39a Tossir no entanto só tem especificador uma cena de tosse só tem minimamente aquele que tosse Por isso o desenho do VP que tem por núcleo o verbo tossir deve ser como em 39b Em suma para saber desenhar a árvore de um sintagma encabeçado por um núcleo lexical devemos procurar saber se aquele núcleo tem Spec ou Compl 24 Argumento e adjunto O especificador e o complemento dos núcleos lexicais são chama dos também de argumentos O primeiro é o argumento externo pois pendendo de XP está fora de X e o segundo que pende de X é o ar gumento interno Assim os sintagmas podem ser pendurados em uma árvore como argumento de um núcleo X lexical e podem também ser pendurados como adjunto de um XP Não existe outra maneira além destas duas de pendurar um sintag ma em uma árvore 241 Argumento Um sintagma é argumento se ele desempenha um papel semântico que um núcleo lexical lhe atribui Se por exemplo o núcleo lexical é o Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 31 verbo abraçar seus argumentos são os sintagmas que desempenham os dois papéis semânticos que ele atribui o de abraçador e o de abra çado Podemos fazer uma analogia com uma cena teatral e dizer que abraçar corresponde a uma cena que para ser minimamente represen tada precisa de um ator que faz o papel de abraçador e um outro que faz o papel de abraçado Se o núcleo lexical é chorar a cena se compõe com um único argumento o ator que derrama as lágrimas Se o núcleo lexical é chover a cena não se compõe de nenhum ator e neste caso dizemos que o verbo não tem nenhum argumento Assim os argumentos de um núcleo são os sintagmas que com põem minimamente a cena que o núcleo expressa Voltemos à nossa sentença em 23 repetido aqui como 40 A menina abraçou o menino com carinho 40 Temos ali três sintagmas a menina o menino e com carinho Nossa pergunta então deve ser quais sintagmas funcionam como argumento Nossa resposta deve ser os sintagmas a menina e o menino Veja que em 41 esses dois sintagmas são suficientes para compor uma cena de abraço A menina abraçou o menino 41 O próximo passo depois de se estabelecer que um sintagma fun ciona como argumento de um núcleo lexical é decidir se ele é argumen to externo AE ou argumento interno AI Para facilitar a decisão vamos assumir que se um verbo tem dois argu mentos um é o externo e outro é o interno Na árvore fica como em 42 42 VP AE V V AI Note que AESpec e AICompl Mantemos a dupla terminologia por que argumento é uma noção associada especificamente a núcleos lexicais Sintaxe do Português 32 Voltando ao verbo abraçar o AE é o abraçador e o AI é o abraçado se o verbo for beliscar seu AE seria o beliscador e o AI seria o beliscado se o verbo for ler o AE é aquele que lê leitor e o AI é aquilo que é lido e assim por diante Se um verbo tem apenas um argumento vamos dizer por enquanto que ele é o AE Para o verbo chorar o que chora é o AE para o verbo tossir o que tosse é o AE e assim por diante Quando for mos efetivamente fazer as árvores tornaremos isto mais claro O número de argumentos de um núcleo é limitado 242 Adjunto Tendo estabelecido intuitivamente o que é um argumento podemos dizer simplesmente que adjunto é todo sintagma que não é argumento Retornando à nossa sentença em 1 vemos que com carinho não deve ser argumento porque não concorre para compor minimamente a cena de abraço Então este sintagma é um adjunto Não se pode negar que com carinho está semanticamente relacionado com a cena de abraço com carinho é o modo como a menina abraçou o menino Porém este sintagma não está relacionado com a cena como argumento já que a cena de abraço se compõe minimamente com os argumentos a menina e o menino Para pendurar um adjunto em uma árvore devemos proceder de acordo com o desenho em 43 43 XP XP Adjunto Isto é dobramos a categoria no caso XP na qual vamos pendurar o adjunto Juntando essas informações e supondo que com carinho é adjunto de VP a árvore de 23 seria como em 44 Veja os verbos inacusativos mais adiante Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 33 44 VP VP V V AE a menina abraçar AI o menino Adj com carinho O que foi feito para pendurar na árvore o AI a Resposta puxamos uma linha inclinada à direita de V e pendura mos o menino o AE b Resposta puxamos uma linha à esquerda de VP e penduramos a menina o Adj c Resposta puxamos uma linha inclinada à esquerda para pendurar a categoria dobrada VP e uma à direita para pendurar com carinho Para ajustar a árvore em 44 a um nível menor de redundância observemos que o modo como um sintagma é pendurado já diz se ele é argumento ou se é adjunto Por isso na realidade não usamos na árvore rótulos como AE AI e Adj Em vez deles usamos o rótulo correspon dente ao sintagma que está sendo pendurado Esta instrução final nos faz modificar a árvore em 44 para esta em 45 45 VP VP V V DP a menina abraçar DP o menino PP com carinho Não é possível prever o número de adjuntos que um XP pode ter Sintaxe do Português 34 25 VP Vamos começar a desenvolver efetivamente nossa habilidade de fa zer árvores pelo VP o sintagma que tem por núcleo um verbo Fazemos isso porque as sentenças normais sempre têm pelo menos um verbo Deixando de lado os adjuntos os desenhos possíveis para um VP são 46 a Verbo sem nenhum argumento Verbo sem nenhum argumento Chover Ventar Relampejar V V VP a 46 b Verbo com um argumentoAE VP V V chorar dormir mugir 46 c Verbo com um argumentoAI VP V V chegar sair morrer Mais adiante aprenderemos a distinguir um verbo como os de 46b de um verbo como os de 46c Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 35 46 d Verbo com dois argumentos VP V V abraçar amar gostar dizer perguntar 46 e Verbos com três argumentos V VP V V dar pôr Estes são os desenhos possíveis para o VP O que eles querem dizer é que no nosso dicionário mental os verbos podem ter no máxi mo três argumentos no mínimo nenhum e intermediariamente um ou dois O máximo de AE é um o máximo de AI são dois Trazendo para nossa árvore os adjuntos cada desenho de VP em 46 pode ser aumentado como em 47 47 VP VP VP VP Sintaxe do Português 36 Exercícios 7 Faça as árvores dos seguintes VPs nestes exercícios usamos apenas os radicais do verbo 7a O menino am a menina com paixão 7b Chov muito em Curitiba nesta época do ano 7c João coloc o livro na estante com cuidado 7d João beij Maria no salão 7e João trabalh no supermercado 7f João do seu livro para a biblioteca 7g Nev em São Joaquim em 2007 7h João perd o relógio no clube 7i Maria toss de manhã 7j João calç o sapato 26 A sentença simples 261 A sentença simples declarativa IP Reconsideremos os exercícios anteriores Para que cada item pas se a conter uma sentença basta acrescentarmos uma flexão finita no modo indicativo em geral 48 a O menino ama a menina com paixão b Chove muito em Curitiba nesta época do ano c João colocou o livro na estante com cuidado d João beijou Maria no salão e João trabalhava no supermercado f João doará seu livro para a biblioteca g Nevou em São Joaquim em 2007 h João perdeu o relógio no clube i Maria tossiu de manhã j João calçou o sapato Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 37 Vemos com isso que a flexão finita do verbo é muito importante para definir o que é uma sentença Por isso dizemos que acima do VP deve haver um sintagma cujo núcleo I é a flexão finita sintagma fle xional IP O núcleo desse sintagma é do tipo funcionalgramatical porque é responsável por constituir uma sentença Assim a sentença de 48a por exemplo teria uma árvore como em 49 49 Spec IP I I a VP VP PP com paixão DP o menino V V am DP a menina Como lemos 49 Da seguinte forma 49 é a árvore da sentença 48a 49 analisa a sentença 48a em dois sintagmas maiores o IP e o VP o primeiro dominando o segundo O núcleo I do IP é preenchido pela flexão do verbo a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo que quer dizer que o evento representado pelo VP acontece pelo me nos em parte simultaneamente ao momento em que a sentença é dita O núcleo I toma como complemento como sempre um VP O núcleo V do VP é preenchido pelo radical do verbo amar que tem dois argu mentos Em 49 os dois argumentos do verbo amar são o DP o menino que é o AE e o DP a menina que é o AI O VP tem também um adjunto que é o PP com paixão O VP é um evento de amor em que o menino ama e a menina é amada modificado pelo PP adjunto com paixão Simplificadamente é isso que a árvore em 49 quer dizer Se eu mudo os papéis atribuindo a a menina a função de amante este DP vai ocupar a posição de AE se atribuo a o menino a função de amado este DP vai ocupar a posição de AI Sintaxe do Português 38 Exercícios 8 Recomendação não passe para a próxima seção sem antes fazer to das as árvores das sentenças em 48 Além disso retire os adjuntos de cada sentença de 48 e faça as árvores delas sem os adjuntos Se pos sível faça as árvores com alegria e sem consultar as árvores anteriores Só conseguiremos chegar ao ponto de fazer árvore com desenvoltura se aprendermos a deduzir o próximo passo 262 A sentença interrogativa CP 2621 A sentença interrogativa simnão Vamos começar esta nova seção transformando as sentenças decla rativas de 48 nas sentenças interrogativas de 50 50 a O menino ama a menina com paixão b Chove muito em Curitiba nesta época do ano c João colocou o livro na estante com cuidado d João beijou Maria no salão e João trabalhava no supermercado f João doará seu livro para a biblioteca g Nevou em São Joaquim em 2007 h João perdeu o relógio no clube i Maria tossiu de manhã j João calçou o sapato As sentenças de 50 são diferentes das de 48 estas são declara ções sentenças declarativas aquelas são perguntas sentenças interroga tivas Esta diferença tem que ser representada na árvore Nós a represen tamos acrescentando à árvore mais um sintagma o CP que domina o IP Assim a árvore da sentença 50a seria como em 51 Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 39 51 VP VP PP com paixão V DP a menina V am DP o menino CP Spec Spec C C IP I I a Instrução Para começar a fazer uma árvore de uma sentença qual quer devemos observar se a sentença é interrogativa ou declarativa Se for declarativa a árvore começa no IP Se for interrogativa a árvo re começa no CP 2622 A sentença interrogativa wh ou qu O outro tipo de sentença interrogativa é chamado de interrogativa wh ou qu A abreviatura wh provém dos pronomes interrogativos e relativos do inglês who quem what o que when quando whe re onde etc A abreviatura qu provém dos pronomes interrogativos e relativos do português que homófono do que complementizador quem o que quando quanto onde como etc Tanto faz a abreviatura que vocês usem Este tipo de sentença interrogativa é diferente do outro porque a resposta que se pede é um valor para o pronome interrogati vo Considere os casos em 52 52 a O João comeu o quê b O João comeu o bolo O que o falante pede pergunta em 52a Pede que o interlocutor ouvinte identifique a coisa que o João comeu Em termos um pouqui A opção pela abreviatura do inglês é insisto feita para que se alguém for ler alguma coisa sobre o assunto fora das leituras deste Curso essa pessoa não estranhe Sintaxe do Português 40 nho mais técnicos pede que o interlocutor dê o valor para o o que que tem que ser uma coisa O interlocutor identifica a coisa como sendo o bolo Alguns pronomes interrogativos como estes em 53 orientam a resposta pois já embutem parte dela a 53 quem wh pessoa b o que wh coisa c quando wh momentotempo d onde wh lugar e como wh modo Outros não orientam a resposta e por isso são seguidos de um nome NP para orientar a resposta como vemos em 54 54 a que que livro que carro que menino etc b qual qual livro qual carro qual menino etc c quanto quantos livros quantos carros quantos meni nos etc O valor dos pronomes interrogativos em 54 é limitado pelo nome que o segue a resposta para qual livro só pode ser livro a resposta para qual menino só pode ser menino e assim por diante A diferença visível entre os pronomes interrogativos de 53 e os de 54 é que os primeiros não podem ser seguidos de um nome Voltemos à pergunta 52a para fazer sua árvore que é 55 55 Spec CP C C IP Spec I I eu VP DP o João V V com o que que bolo Note que o quanto embute a noção de quantia mas ainda assim precisa de um nome explícito ou implícito Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 41 O que a árvore 55 nos diz é que a pergunta é sobre o complemen toAI do verbo comer Por isso o pronome interrogativo está na posição de AI do verbo comer Veja que em lugar do pronome interrogativo o que podemos ter a expressão interrogativa que bolo E se a pergunta for a que aparece em 56 Quem comeu o bolo 56 Agora a árvore é parecida com a de 55 com uma única diferença o pronome interrogativo quem aparece na posição de AE do verbo co mer Você está convidado a fazer a árvore de 56 E se as perguntas forem como as que aparecem em 57 57 a O João comeu o bolo quando em qual momento b O João comeu o bolo onde em que lugar c O João comeu o bolo com quem com que amigo d O João comeu o bolo com o quê com qual objeto Agora a árvore tem que ter os pronomes ou expressões interroga tivas na posição de adjunto isto é na posição de com quemcom que amigo na árvore em 58 58 Spec CP C C IP Spec I I eu VP DP o João V V com DP o bolo VP PP com quem com que amigo Sintaxe do Português 42 Devemos observar ainda que no português brasileiro duas coisas acontecem com estas interrogativas A primeira é que além de os pronomes ou expressões interroga tivas aparecerem in situ na posição de objeto sujeito ou adjunto eles podem aparecer do lado esquerdo da sentença área que chamamos de CP ou periferia esquerda da sentença Veja as sentenças em 59 com parandoas com as contrapartes que aparecem anteriormente 59 a O quê o João comeu b Quandoem qual momento o João comeu o bolo c Ondeem que lugar o João comeu o bolo d Com quemcom que amigo o João comeu o bolo e Com o quecom qual objeto o João comeu o bolo A segunda é que quando o pronome ou a expressão interrogativa ocorre na periferia esquerda da sentença ele pode ser seguido por um que que chamamos de complementizador Veja as sentenças em 60 60 a O quê que o João comeu b Quandoem qual momento que o João comeu o bolo c Ondeem que lugar que o João comeu o bolo d Com quemcom que amigo que o João comeu o bolo e Com o quecom qual objeto que o João comeu o bolo Quando o pronome ou expressão interrogativa ocorre na periferia esquerda da sentença dizemos que ele ou ela preenche o Spec do CP Se o que ocorre junto ele preenche o núcleo do CP ou seja o C Assim a árvore de 60d fica como em 61 onde com quem e com que amigo aparecem em Spec de CP e o que em C Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 43 61 Spec com quem com que amigo CP C C que IP Spec I I eu VP DP o João V V com DP o bolo VP PP com quem com que amigo Preenchemos o lugar em que com quemcom que amigo deveria aparecer com aqueles constituintes tachados duplamente Exercícios 9 Faça a árvore das seguintes sentenças 9a Onde que o João encontrou Maria 9b Maria trabalha onde 9c João deu a flor para quem 9d João colocou o livro em que prateleira 9e Que barco que desceu o rio 9f Do que que você gosta 9g Que livro que o João leu 9h Quando que o João chegou 27 A sentença complexa 271 A sentença complexa que tem um CP como argumento Vamos expandir a função do CP dizendo que toda informação que se localiza acima do IP é veiculada pelo CP Tendo essa expansão em mente consideremos as sentenças de 62 Sintaxe do Português 44 62 a João achou que o menino ama a menina b João perguntou se o menino ama a menina As sentenças em 62 são complexas no sentido de que elas são formadas por duas sentenças finitas Para a sintaxe é muito importan te determinar como essas duas sentenças se relacionam Uma vez que se sabe como as sentenças se relacionam sabese imediatamente como pendurálas na árvore Vamos começar nossa árvore Primeiro observamos que em 62 temos duas sentenças declarativas elas acabam no ponto final e por isso a árvore começa no IP Assim podemos iniciar a árvore indo auto maticamente até o VP Preenchemos o I com o afixo flexional ou 63 VP Spec I I ou IP O segundo passo é descobrir dos dois verbos de cada sentença qual é o verbo matriz porque ele vai ser o núcleo do VP O verbo matriz da sentença 62a é achar a sentença declara que alguém achou alguma coisa o verbo matriz da sentença 62b é perguntar a sentença declara que alguém perguntou alguma coisa Descobertos quais são os verbos matrizes procuramos saber quantos argumentos eles têm e se os VPs têm algum adjunto Os verbos achar e perguntar têm dois argumentos e os VPs que eles encabeçam não têm nenhum adjunto O AE é quem achou ou perguntou que em ambos os casos é João o AI é o que foi achado que é que o menino ama a menina ou perguntado que é se o menino ama a menina por João Até aqui a árvore fica como em 64 64 VP Spec I I ou IP DP João V V ach pergunt XP que o menino ama a menina se o menino ama a menina Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 45 O nosso problema agora é descobrir o que é o XP que é o AI de achar ou perguntar Já sabemos o que é IP o menino ama a menina é uma sentença finita IP Acima do IP temos alguma informação que é veiculada pelo que e pelo se O que fazem o que e o se nessas sentenças O que eles fazem é dizer que o IP IP o menino ama a menina é o com plemento dos verbos achar e perguntar Veja que uma sentença finita não pode ser complemento dos verbos sem essas palavras 65 a João achou IP o menino ama a menina b João perguntou IP o menino ama a menina 65a é agramatical porque não existe o que para fazer com que o IP seja complemento do verbo achar 65b é agramatical porque não exis te o se para fazer com que o IP seja complemento do verbo perguntar É por isso que chamamos o que e o se de complementizadores C e o sintagma do qual eles são núcleo de CP Se reintroduzirmos os com plementizadores nas sentenças de 65 teremos as sentenças gramati cais de 66 onde os colchetes indicam o que é cada pedaço 66 a João achou CP que IP o menino ama a menina b João perguntou CP se IP o menino ama a menina Veja que o complementizador se não combina bem com o verbo achar e que o complementizador que não combina bem com o verbo perguntar 67 a João achou se o menino ama a menina b João perguntou que o menino ama a menina As coisas são assim para o se porque ele é o complementizador in terrogativo isto é encabeça uma sentença interrogativa no caso uma interrogativa simnão como o complemento do verbo perguntar tem que ser uma pergunta o se é o complementizador que encabeça a sen tençacomplemento Já o se não pode encabeçar a sentença que é com plemento do verbo achar porque o complemento deste verbo é uma sen tença declarativa Com o complementizador que acontece justamente o contrário ele não pode encabeçar a sentençacomplemento do verbo perguntar porque este complemento é interrogativo Sintaxe do Português 46 Importante Quando são complementizadores o que e o se preen chem C Vamos resolver agora o que ficou em suspenso a saber o que é o XP em 64 Resposta o XP em 64 é um CP As árvores inteiras das sentenças de 62 serão como em 68 68 VP Spec I I ou IP DP João V V pergunt ach CP Spec C C que se IP Spec I I a VP DP o menino V V am DP a menina Exercícios 10 Faça as árvores das seguintes sentenças complexas 10a João disse que Maria comprou um carro 10b João percebeu que Maria chorou 10c João sabe se Maria leu D Casmurro 10d João acha que Maria leu D Casmurro 10e João quer que Maria leia D Casmurro 10f João ignora se Maria comprou um carro Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 47 10g João duvida que Maria compre um livro 10h João acha que Maria pôs o livro na estante 10i João acha que Maria encontrou Pedro no cinema Observe agora a seguinte sentença complexa 69 CP Que Maria dance agrada João 69 é uma sentença declarativa e por isso sua árvore começa no IP indo automaticamente até o VP e tem o morfema a em I O próximo passo Qual é o verbo matriz desta sentença Dançar ou agradar Para saber nos perguntamos o que o falante da sentença declara declara que alguma coisa agrada João Portanto agradar é o verbo matriz Quantos argumentos o verbo agradar tem Dois Quais são Um é aquilo que agrada CP que Maria dance o outro é a pessoa que se sente agradada João A sentença entre colchetes em 69 é semelhante às sentenças en caixadas do exercício anterior encabeçadas pelo que com uma diferen ça que queremos realçar em 69 a sentença entre colchetes funciona como AE do verbo agradar Esse verbo se inclui na classe dos chamados verbos psicológicos por expressar uma experiência psicológica como fa zem também os verbos assustar alegrar aborrecer e perturbar O verbo agradar tem dois argumentos que em 69 são CP que Maria dance e João Nossa árvore até aqui fica como em 70 70 IP Spec I I a V VP V agrad O AE que é CP que Maria dance deve ser pendurado em VP O AI que é o DP João deve ser pendurado em V A árvore com estes acréscimos deve ficar como em 71 Note que não é o primeiro verbo finito Sintaxe do Português 48 71 IP Spec I I a V VP V agrad CP que Maria dance DP João Desenvolvendo automaticamente o CP vamos chegar à árvore em 72 72 IP Spec I I a I e V VP VP V agrad CP DP João Spec C C que IP Spec I DP Maria V V danc Temos uma coisa interessante com esses verbos e com outros que têm um CP como argumento externo porque o argumento externo é um CP ele aparece mais naturalmente no fim da sentença como vemos em 73 73 Agrada João CP que Maria dance Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 49 Na hora de fazer a árvore temos que perceber que o CP é argu mento externo do verbo matriz mesmo que ele apareça no fim da sen tença Mas se o argumento externo é um DP ele aparece mais natural mente antes do verbo como nos mostra 74 74 Maria agrada João Exercícios 11 Faça as árvores das seguintes sentenças complexas 11a Que Maria dance perturba João 11b Perturba João que Maria dance 11c Assusta Maria que João grite 11d Incomoda João que os pernilongos ataquem Maria 11e Apavora João que Maria dirija seu Mercedes Recapitulação Antes de ir adiante façamos uma recapitulação Na seção 261 aprendemos a fazer a árvore de uma sentença 1 declarativa que começa no IP a árvore prototípica é 49 Na seção 262 aprendemos a fazer a árvore de uma sentença 2 interrogativa que começa no CP Uma sentença interrogativa pode ser do tipo simnão ou wh a árvore prototípica é 51 As do tipo wh podem ter o pronome interrogativo in situ ou no Spec de CP as árvores prototípicas são 58 e 61 Na seção 271 estamos aprendendo a desenhar a árvore de uma 3 sentença complexa em que a sentença encaixada é argumento de um verbo Se é argumento interno de um verbo a sentença pode ser uma declarativa ou uma interrogativa simnão encaixada a árvore prototípica é 68 Se é argumento externo a sentença encaixada é do tipo declarativo a árvore prototípica é 72 Sintaxe do Português 50 O que falta fazer para encerrar esta seção é mostrar como se faz a árvore de uma sentença complexa que tem uma interrogativa wh como complemento como nos casos em 75 75 a João perguntou quem o menino ama b João perguntou quem que o menino ama Por onde começamos Pelo IP porque as sentenças são declarativas acabam no ponto final Ao chegarmos no VP temos que descobrir qual é o verbo matriz perguntar pois a sentença está declarando que João perguntou alguma coisa O próximo passo é descobrir quantos ar gumentos o verbo perguntar tem e se o VP tem adjunto nenhum ad junto e dois argumentos o que faz a pergunta AE que é João e a per gunta que é feita AI que é CP quem que o menino ama O AI é um CP e por isso desenvolvemos automaticamente nossa árvore até chegar ao VP Chegando ao VP procuramos descobrir quantos argumentos o verbo amar tem e se ele tem adjunto nenhum adjunto e dois argumen tos o AE o menino e o AI quem que é exatamente o sintagma sobre o qual João faz a pergunta Observe que nas sentenças de 75 o pronome interrogativo quem está na periferia esquerda da sentença encaixada portanto em Spec de CP Se você fez a árvore correta ela deve ter ficado como em 76 Recomendamos que você vá fazendo a árvore à medi da que vai lendo o texto Lembrese de que em 75a não existe nada no C mas em 75b existe o comple mentizador que no C Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 51 76 VP Spec I I ou IP DP João V V pergunt CP Spec quem C C que IP Spec I I a VP DP o menino V V am DP quem Exercícios 12 Faça as árvores das sentenças abaixo 12a João sabe onde a Maria mora 12b João perguntou por que que a Maria chorou 12c João descobriu que livro a Maria leu 12d João ignora quando que a Maria viajou 272 A sentença complexa que tem um InfP como argumento As sentenças complexas também podem conter uma sentença infi nitiva como argumento de um verbo como exemplificamos em 77 77 a João deseja que Maria cante b João deseja cantar Veja que o infinitivo cantar ocupa a mesma posição e desempenha a mesma função do CP CP que Maria cante isto é é AI do verbo dese jar Observemos que cantar está no infinitivo InfP até cantar vamos ter a seguinte árvore Sintaxe do Português 52 78 VP Spec I I a IP DP João V V desej InfP cantar Vamos continuar fazendo a árvore decompondo o InfP Como todo sintagma InfP tem uma projeção intermediária Inf e uma projeção mínima Inf Qual é o morfema que marca que o verbo está no infinitivo Vamos facilitar e dizer que é ar Então ar preenche Inf O complemento de Inf é um VP que tem por núcleo o radical do verbo cant Quantos argumentos tem esse verbo Tem um a cena de canto precisa pelo menos de um cantor um AE que em 77b sabemos que é João mesmo que este nome não esteja escritopronunciado na sentença Então preenchemos a posição com Assim a árvore que você fez deve ter ficado como em 79 79 VP Spec I I a IP DP João V V desej InfP Spec Inf Inf ar VP DP Ø V V cant Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 53 Exercícios 13 Faça a árvore das seguintes sentenças 13a João quer beijar Maria 13b Quem João quer beijar 13c Maria teme contrair qual doença 13d Quem Maria odeia encontrar Observemos agora as sentenças em 80 80 a Nadar agrada João b Que Maria nade agrada João c Sambar na Portela emociona João d Que Maria sambe na Portela emociona João Temos de volta como verbo matriz verbos psicológicos agradar e emocionar As sentenças infinitivas InfP nadar e InfP sambar na Portela em 46 ocupam o mesmo lugar e desempenham a mesma função dos CPs CP que Maria nade e CP que Maria sambe na Portela O que eles são em 80 AE Tente fazer as árvores das sentenças de 80 Depois compare a árvore que você fez para 80a com a que está desenhada em 81 81 VP Spec I I a IP V V agrad InfP Spec Inf Inf ar VP DP Ø V V nad DP João Sintaxe do Português 54 Exercícios 14 Faça a árvore das seguintes sentenças 14a Caminhar descontrai as pessoas 14b Cuidar da horta distrai Maria 14c Fazer tricô cansa os míopes 273 A sentença complexa que tem CP como adjunto Vimos na seção 242 que além dos argumentos de um verbo uma sentença pode conter adjuntos do VP Estes sintagmas são pendurados depois de dobrado o VP no VP de cima confira na seção 242 Como localizamos um sintagma que é adjunto Para localizar os sintagmas que são adjuntos primeiro devemos lo calizar os sintagmas que são argumentos Depois devemos reconhecer os sintagmas que sobram se sobrar algum como adjuntos Considere mos as sentenças declarativas em 82 82 a Maria telefonou ontem b Maria telefonou na sextafeira c Maria telefonou quando João chegou A árvore de todas as sentenças de 82 começam no IP o núcleo do VP é telefonar que tem apenas um argumento e portanto o que está entre colchetes é adjunto do VP Em 82a o adjunto é o advérbio AdvP ontem em 82b o adjunto é o PP PP na sextafeira e em 82c é o CP CP quando João chegou Exercício 15 Deixando para mais tarde a tarefa de decompor o PP e o CP faça as árvores das sentenças de 82 274 A sentença complexa que tem GerP como adjunto Considere agora as sentenças de 83 Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 55 83 a Maria telefonou chorando b João construiu a casa pensando no futuro c Maria varreu a casa assoviando um tango As sentenças em 83 são declarativas Então a árvore começa no IP Quando chegamos ao VP descobrimos quantos argumentos os verbos têm e que em todas as sentenças o que está entre colchetes é adjunto Como o adjunto é encabeçado por um verbo no gerúndio chamamos este sintagma GerP que se desenvolve como qualquer constituinte de tal forma que a árvore em 83b por exemplo fica como em 84 84 VP VP Spec Spec I I iu IP DP João V V constru DP a casa GerP Ger Ger ando VP DP Ø V V pens PP no futuro O complemento de Ger é um VP porque ndo se combina com verbos Sabemos que o AE do verbo pensar é João mas como não foi pronunciado ou não está escrito preenchemos o DP AE com Exercícios 16 Faça as árvores das sentenças 16a Quando João viu Maria nadando 16b Quem João viu conversando com Maria Sintaxe do Português 56 Recapitulação Vamos resumir todas as informações importantes para fazer árvores que aprendemos até agora A árvore de uma sentença declarativa começa no IP 1 O IP tem desenho fixo O núcleo do IP é a flexão verbal finita 2 A árvore de uma sentença interrogativa começa no CP 3 A categoria CP além de servir para introduzir uma sentença in 4 terrogativa serve para codificar informações que se põem aci ma do IP na periferia esquerda da sentença O CP tem desenho fixo O núcleo do CP quando preenchido é 5 preenchido pelos complementizadores que ou se O especifica dor do CP quando preenchido é preenchido por pronomes wh interrogativos ou relativos como veremos O complemento de I é sempre um VP 6 Para desenhar o VP temos que descobrir se o verbo que o en 7 cabeça tem argumentos quantos e quais são e se o VP tem ad juntos Argumentos são sintagmas indispensáveis para compor mi 8 nimamente a cena expressa pelo verbo adjuntos são sintag mas que não são indispensáveis para compor minimamente a cena AI é pendurado em V 9 AE é pendurado em VP 10 Para pendurar um adjunto na árvore dobramos o VP e pendura 11 mos o adjunto no VP de cima Os argumentos podem ser DPs PPs CPs e InfPs 12 13 Os adjuntos podem ser AdvP PPs CPs e GerPs Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 57 28 O DP Vamos entender por que chamamos um sintagma como o meni no de DP Observamos que o constituinte tem dois núcleos o núcleo funcional o que é um determinante e o núcleo lexical menino Um dos dois tem que ser o núcleo do sintagma Um sintagma como o menino é talhado fundamentalmente para referir para ser argumento O menino é argumento porque é determinado de alguma forma Entretanto o nome sozinho em estado de dicionário não consegue ser argumento Por isso chamamos o menino de DP e não de NP o NP precisa ser determinado para poder ser argumento Assim os sintagmas entre colchetes em 85 são DPs e não NPs 85 a DP O menino ama DP a menina b Este menino ama aquela menina c Tem DP um menino no quintal d DP Menino é assim mesmo e Maria ama DP que menino f Maria ama DP qual menino Veja que mesmo o chamado nome nu sofre determinação em 85d interpretamos menino como os meninos mesmo sem a presença do determinante Como fica a árvore de um DP A árvore de um DP é invariável e fica como 86 86 DP D D o este um Ø que qual NP menino Sintaxe do Português 58 O primeiro ponto que parece novidade é a inclusão dos pronomes wh interrogativos que e qual como determinantes Descobrimos este fato observando que esses pronomes interrogativos precedem um nome e que estão em distribuição complementar com os outros determinantes Porque estão em distribuição complementar com os determinantes que e qual independente de serem interrogativos são determinantes Por meio deles se pergunta qual é a identidade do NP isto é eles realizam uma operação perguntar sobre o NP Assim uma resposta adequada de 85e e 85f tem que conter meninos João Pedro Obdúlio Orozimbo e não por exemplo meninas Maria Amélia Risoleta Ambrósia Veja também que em 86 temos um D mesmo quando o DP con tém apenas um nome Neste caso preenchemos D com para repre sentar que há determinação de menino em 85d Note o seguinte para lelo assim como I sempre tem como complemento um VP D sempre tem como complemento um NP O I funciona para o verbo assim como o D funciona para o nome Generalizando todo sintagma nominal NP é complemento de um D mesmo que seja um D nulo 29 O NP Vamos aprender agora a desenhar um NP O NP é encabeçado por um núcleo lexical que como todo núcleo lexical pode ter argumentos Por isso para desenhar um NP devemos proceder como procedemos para desenhar um VP ou seja devemos descobrir se o nome que o encabeça tem argumentos quantos e quais são e além disso se o NP tem adjuntos 291 O adjunto do NP Comecemos pelo sintagma em 87 87 o livro Dizse que dois itens estão em distribuição comple mentar quando os dois não podem coocorrer Assim os itens que são determi nantes nunca podem ocor rer em seqüência que o livro o que livro qual este livro Como só temos uma posição D no DP só um dos determinantes pode preen cher aquela posição Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 59 Observamos que o sintagma em 87 tem um nome que é o núcleo do NP Todo NP é complemento de um D Como o sintagma em 87 só tem além do nome o determinante o descobrimos que ele é um DP 88 DP D D o NP N N livro A árvore fica como em 88 porque o nome livro não tem argu mentos e o NP não tem adjuntos E se o sintagma fosse o de 89 89 o livro de latim O sintagma em 89 é também um DP Por isso desenhamos a par te automática até o NP No NP devemos parar e verificar o nome que é seu núcleo livro A questão aí é livro tem argumento Resposta não Como sei disso Resposta como todo nome concreto livro não tem argumento Então o que é o PP de latim Se de latim não é argumento só pode ser adjunto Assim a árvore de 89 fica como em 90 Sintaxe do Português 60 90 DP D D o NP N N livro NP PP de latim E se o sintagma fosse o de 91 91 livro de latim azul do padre Na falta do determinante o podemos dizer que o constituinte é um NP Como o núcleo livro não tem argumento de latim azul e do padre são todos adjuntos do NP 92 NP NP NP PP do padre AP azul PP de latim NP N N livro Note que temos três adjuntos em 92 e sabemos disso pelo sentido por exemplo azul não pode ser adjunto de latim e tem que ser adjunto de livro porque é a cor do livro Mas se o constituinte fosse o que aparece em 93 por exemplo o adjetivo vulgar seria adjunto de latim e talvez pudesse ser também de livro caso em que teríamos uma ambigüidade latim vulgar versus livro vulgar Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 61 93 livro de latim vulgar do padre Reforçando o NP pode ter como adjunto um adjetivo o nosso fa moso adjunto adnominal 94 a livro azul b latim vulgar Neste caso a árvore ficaria como em 95 95 NP NP N N livro latim AP A A azul vulgar O NP pode ter como adjunto uma sentença 96 livro que o padre ganhou Neste caso o adjunto é uma sentença relativa facilmente reconhe cível como um CP ela contém um que antesacima do IP 97 NP NP N N livro CP queIP o padre ganhou Por fim o NP pode ter como adjunto um GerP Sintaxe do Português 62 98 NP NP N N livro GerP Spec Ger Ger ando VP DP Ø V V toc DP violão Observe que o verbo tocar tem dois argumentos e que o AE não aparece escrito Exercícios 17 Faça a árvore dos sintagmas abaixo 17a a mesa de madeira que a Maria comprou 17b a mesa de mármore branco que João quebrou 17c a menina com quem João estuda 17d o carro azul com o qual Aírton ganhou a corrida 17e o chapéu de palha branco 17f o chapéu de palha branca 292 O argumento de N Observemos agora os seguintes NPs cujos núcleos estão grifados 99 a NP conquista da lua pelo astronauta b NP demolição do prédio c NP medo de cobra Primeiramente chamamos a atenção para estes nomes porque di ferentemente dos nomes da seção anterior eles não são concretos De pois porque reconhecemos os nomes grifados de 99a e 99b como tendo o mesmo radical são cognatos de verbos relacionados conquist e demol Mesmo o nome medo que não tem propriamente um radical verbal está relacionado com o verbo temer Por que estas observações Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 63 são importantes Porque se em vez de nomes as palavras grifadas fos sem verbos estes teriam argumentos como vemos em 100 a 100 o astronauta conquistar a lua b demolir o prédio c temer cobra O verbo conquistar teria os dois argumentos em negrito os verbos demolir e temer também teriam dois argumentos minimamente neces sários para compor a cena mas o AE não seria pronunciado ou escrito Se em lugar dos verbos temos nomes cognatos temos que admitir que a relação dos sintagmas com os nomes é a mesma Isto é da lua e pelo astronauta são respectivamente AI e AE do nome conquista do prédio é AI do nome demolição e de cobra é AI do nome medo Dizer outra coisa a respeito dos constituintes em 99 acaba numa contradição que compromete nossa análise Então para desenhar as árvores dos sintagmas em 99 temos que levar em conta a relação de argumentonúcleo 101 NP N N demolição PP do prédio a b c NP PP pelo astronauta PP da lua N conquista N NP N N medo PP de cobra Sintaxe do Português 64 O que observamos em 101a Que o nome conquista tem um AE que é o conquistador pelo astronauta que é por isso pendurado sem que o NP seja dobrado no NP Note que ao contrário do que acontece com os verbos o AE dos nomes pende do lado direito e tem um AI que é o conquistado da lua que por isso é pendurado no N Os nomes demo lição em 101b e medo em 101c só têm AIs que são pendurados no N Note que não se podem distinguir os sintagmas relacionados como argumento de N ou como adjunto de NP com base na categoria deles Ou seja não é o fato de ser por exemplo um PP que conta mas o fato de estar relacionado como argumento ou adjunto a 102 conquista da lua b crateras da lua O mesmo PP da lua é AI de conquista em 102a mas é adjunto do NP encabeçado por crateras em 102b O que leva à conclusão válida para 102a é que conquista é um nome deverbal e a lua é aquilo que é conquistado e para 102b é que crateras é um nome concreto e de acordo com o que assumimos não pode ter argumento o que força da lua a ser adjunto Também pode ser argumento de um N um PP cuja preposição é seguida de um CP 103a ou de um InfP 103b a 103 medo PP de CP que ocorra um terremoto b medo PP de InfP enfrentar a situação Quando formos desenvolver um PP voltamos a estes exemplos Por enquanto é muito importante notar que a relação dos PPs com medo em 103 é semelhante à relação observada em 101c nestes casos o PP é AI de medo pois é aquilo que é temido Observe ainda que 104 é uma paráfrase de 103a mesmo sem a preposição de medo 104 CP que ocorra um terremoto 104 é a contraparte falada de 103a A recomendação para a escrita é que um AI de um nome que seja um CP seja antecedido de preposição Mas isso não significa que 104 seja agramatical 104 é o Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 65 modo como estruturamos a sentença na fala Muito importante é saber distinguir a estrutura de 104 da de 105 medo 105 CP que a Maria sentiu Embora possa parecer sutil o CP em 69 é um adjunto do NP encabeçado por medo Como chegar a esta conclusão Usando a tática de fazer medo virar verbo e observando se o CP que o segue funciona como AI do verbo a 106 temer CP que ocorra um terremoto b temer que a Maria sentiu Em 106a funciona então que ocorra um terremoto é o AI de medo Em 106b não funciona então que a Maria sentiu não é argu mento mas adjunto Outra tática é tentar recuperar a preposição antes do que se conseguimos o CP vai ser argumento de medo se não vai ser adjunto a 107 medo de que ocorra um terremoto b medo de que a Maria sentiu Vamos encerrar a seção chamando sua atenção para um fato Você pode ter notado que quando se trata de um VP todos os argumentos do verbo são representados mesmo os que estão subentendidos Veja 84 aqui repetido 84 VP VP GerP Spec Ger Ger ando VP DP Ø V V pens PP no futuro DP João V V constru DP a casa I I iu Spec IP Sintaxe do Português 66 O AE implícito do verbo pensar está representado como En tretanto quando se trata do NP representamos apenas os argumentos explícitos de N Compare 101a com 101b aqui repetidos 101 PP pelo astronauta N NP N conquista PP da lua a NP N N demolição PP do prédio b Exercícios 18 Faça as árvores dos seguintes DPs 18a procura do livro de matemática 18b esperança que a Maria volte 18c elaboração de um planejamento de viagem 18d susto que ele sentiu 18e desejo de que ela vote 18f construção da casa de campo 18g solução dos exercícios 18h desmatamento da Amazônia 210 O AP O adjetivo pode ter argumentos e o AP adjuntos Os adjuntos dos APs são prototipicamente intensificadores como os grifados em 108 a 108 muito bonita b exageradamente maquiada c bem preparado Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 67 As propriedades morfológicas que esses intensificadores exibem são parecidas com as dos advérbios alguns têm o morfema mente e to dos são invariáveis para gênero e número Como esses intensificadores naturalmente precedem os adjetivos dizemos que eles são adjungidos à esquerda como representamos em 109 109 AP AdvP muito bem exageradamente AP A A bonita preparado maquiada Para simplificar a questão a respeito da estrutura argumental dos adjetivos vamos reconsiderar as duas funções sintáticas tradicional mente atribuídas aos adjetivos ver seção 14 adjunto do NP ou pre dicativo Na primeira função o adjetivo é pendurado na árvore como adjunto dobrase o NP e se pendura o adjetivo no NP de cima Reveja 95 aqui repetido 95 NP AP A A azul vulgar NP N N livro latim Neste caso não existe propriamente relação de predicadoargu mento Relembre que o NP sozinho não pode ser argumento de ne nhum predicado para ser argumento um NP tem que ser determinado tem que ser complemento de D O adjetivo está para o NP assim como o Sintaxe do Português 68 advérbio está para o VP Importante o NP não é o argumento externo do adjetivo Retomemos a sentença ambígua em 110 O juiz julgou a ré culpada 110 Para cada um dos sentidos da sentença 74 o que está entre col chetes tem uma estrutura ou o adjetivo culpada pertence ao DP ou não pertence Se pertence o adjetivo é adjunto do NP e a árvore da sentença vai ser como 111 Nossa árvore segue até chegar ao NP Ao chegar ao NP devemos perguntar se o N ré tem argumento e se o NP tem adjunto O N ré não tem argumento Então culpada só pode ser adjunto dobro o NP e pen duro culpada no NP de cima Na função de predicativo o adjetivo não pertence ao DP Neste caso dizemos que o DP é o AE do adjetivo o AE é o argumento sobre o qual o adjetivo predica Uma forma de representar este sentido de 110 em árvore seria como 112 111 NP AP A A culpada NP N N ré IP Spec I I ou VP DP o juiz V V julg DP D D a Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 69 112 AP A A culpada IP Spec I I ou VP DP o juiz V V julg DP a ré O que é importante na representação em 112 é que o AP é o AI do verbo e o DP a ré é o AE do adjetivo culpada Importante O DP é AE do adjetivo em 112 Note que para saber se o adjetivo tem ou não AE foi preciso re correr às funções sintáticas que o adjetivo desempenha e dizer que o adjetivo predicativo mas não o adjunto tem AE E agora o que dizer a respeito do AI Devemos dizer que o AI de um adjetivo é independente da função sintática do adjetivo Assim um adjetivo como apto têm AI que é o PP para o trabalho se ele é adjunto do NP como em 113a ou se ele é predicativo como em 113b a 113 O patrão demitiu a menina apta para o trabalho b O patrão considerou Maria apta para o trabalho Nos dois casos a parte da árvore que nos interessa ficaria como em 114 114 PP para o trabalho A apta A Atenção mais adiante na seção 212 vamos mudar a forma de representar o predicativo Sintaxe do Português 70 Observe que se o adjetivo apto é substituído pelo nome cognato aptidão o que é AI do adjetivo continua sendo AI do nome 115 PP para o trabalho N aptidão N Esta seção fica sem exercícios porque retomaremos a questão mais adiante 211 O PP Podemos deduzir do próprio nome preposição que ela sempre tem um complemento De outra forma ela não poderia estar preposta a al gum sintagma Consideremos o seguinte PP 116 PP para o menino O núcleo deste constituinte é a preposição para e a árvore é como 117 117 DP P para P PP D D o NP N N menino Em 116 o núcleo do PP para toma como complemento o meni no o qual já sabemos que é um DP Depois desenvolvemos o DP como aprendemos na seção anterior Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 71 Como representamos o PP em 118 de ferro 118 A resposta é da mesma maneira apesar da falta de um D Lembre monos que um NP não pode ser diretamente complemento de nada Por isso o complemento de P é um DP em 117 e temos que represen tar o D nulo Então o primeiro sintagma que pode ser complemento de P é um DP Como um PP é pendurado numa árvore A resposta de sempre como um argumento ou como um adjunto Um PP pode ser argumento de um verbo como gostar a 119 João gosta PP de Maria b João gosta PP de qual menina c João gosta PP de quem d João gosta PP de que Maria dance e João gosta PP de dançar Em 119 está exemplificado também o que pode ser complemento da preposição que especificamos em 120 a 120 João gosta PP de DP Maria b João gosta PP de DP qual menina c João gosta PP de DP quem d João gosta PP de CP que Maria dance e João gosta PP de InfP dançar Em 120a P tem como complemento o DP Maria Em 120b e 120c P tem como complemento um DP wh interrogativo que repre sentamos em 121 para refrescar nossa memória Sintaxe do Português 72 121 DP P de P PP D D qual Ø NP N N menina quem V V gost Convite Desenhe a árvore inteira das sentenças 120b e 120c Em 120d P tem como complemento um CP como representa mos em 122 122 V V gost PP P P de CP Spec C C que IP Maria dance Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 73 Convite desenhe a árvore inteira de 119d decompondo o IP Em 120e P tem como complemento um InfP Convite desenhe a árvore inteira de 120e Um PP também pode ser complemento de um nome como vemos em 123 a 123 Ela tem medo PP de cobra b Ela tem medo PP de quais bichos c Ela tem medo PP de quem d Ela tem medo PP de que a casa caia e Ela tem medo PP de sorrir Convite Faça a árvore de todas as sentenças de 123 Um PP pode ser complemento de um adjetivo como vemos em 124 a 124 apto para o trabalho b ato para trabalhar Convite faça a árvore dos APs em 124 Resumindo o que pode ser complemento de P é um DP um CP e um InfP Um PP também pode ser pendurado em uma árvore como adjunto como fazemos em 125 a 125 João fez o trabalho PP para Maria Sintaxe do Português 74 b João fez o trabalho PP para conquistar Maria c João fez o trabalho PP para que Maria voltasse Em todas as sentenças de 125 o PP entre colchetes é adjunto o verbo matriz fazer tem dois argumentos que são João e o trabalho além dos dois argumentos temos os PPs entre colchetes que só podem ser adjuntos Qual é o complemento da preposição para nas três sentenças de 125 Em 125a é o DP Maria em 125b é o InfP conquistar Maria e em 125c é o CP que Maria voltasse Convite Faça as árvores das sentenças de 125 Para reforçar nosso aprendizado faça a análise das sentenças de 126 a 126 João fez o trabalho por amor b João fez o trabalho por amar Maria c João fez o trabalho porque amava Maria Você vai chegar à conclusão que as sentenças de 126 têm árvores semelhantes às das sentenças de 125 exceto pelo fato de a preposição ser por em vez de para O que você vai perceber a mais é uma confusão gerada por quem inventou que se escreve porque junto neste caso Isto dificulta ver que porque é de fato uma preposição por e um comple mentizador que e não uma conjunção subordinativa causal A escri ta devia grafar as duas palavras separadamente assim como grafa para que Não podemos deixar este equívoco obscurecer nossa análise Vamos entender o que é o porque a partir dos exemplos em 127 a 127 Ele explicou o porquê da revolta b Ele chorou porque Maria fugiu c Ele perguntou por que João chorou Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 75 d Ele explicou o motivo por que João fugiu Em 127a o termo grifado é um nome composto da preposição por mais o pronome wh que que significa a causa o motivo e que tem acento porque é um oxítono em e Na árvore que você deve desenhar o porquê deve ser o núcleo do NP complemento do determinante o Em 127b o que está grifado tem o sentido de por causa que e em bora esteja escrito como uma única palavra devem ser duas a preposi ção por e o complementizador que É a única situação em que se dita que devem ser escritos juntos Vejamos qual deve ser a árvore de 127b 128 CP Spec IP I Spec I ou VP P PP P por C C que IP Maria fugiu VP DP ele V V chor Em especial note que o PP é adjunto do VP e o CP é complemento da preposição por Em 127c a preposição por antecede o pronome wh interrogativo A árvore ficaria como 129 Reveja a representação de uma sentença interrogati va wh encaixada em 76 Sintaxe do Português 76 129 IP Spec I I ou VP DP ele V CP V pergunt Spec por que C C que IP Spec I I ou VP VP PP por que DP João V chor Observe que o PP por que é adjunto do VP encaixado Observe também que preenchemos C com o complementizador entre parênteses porque a inserção dele na sentença a torna interrogativa Vamos analisar o PP que contém o determinante interrogativo que você se lembra que o que é um D interrogativo em distribuição complementar com outros determinantes Se em vez de 127c nós tivéssemos 130 teríamos uma sentença sinônima Ele perguntou por que motivo João chorou 130 O PP por que motivo teria a seguinte árvore Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 77 131 PP P por DP P D D que NP motivo Ø A diferença entre por que motivo e por que é que no segundo o nome motivo não é pronunciado só isso Em 127d a preposição por antecede o pronome wh relativo que Deixemos a árvore da relativa para a pequena seção sobre as relativas que abriremos mais adiante Exercícios 19 Faça a árvore das seguintes sentenças 19a João sabe por que que a Maria chorou 19b João perguntou para que Maria chorou 19c João telefonou para que Maria voltasse 19d João derramou umas lágrimas para comover Maria 19e João viajou porque ele tinha dinheiro 19f João tem esperança de conhecer a Rússia 19g João tinha pavor de que a Maria beijasse Pedro 212 A SC Vamos voltar agora ao problema relativo a como representar os adjetivos e outros constituintes que se comportam como adjetivos Sa bemos que o adjetivo pode funcionar como adjunto do NP ou como predicativo Para fazer a árvore no primeiro caso dobramos o NP e pen duramos o adjetivo no NP de cima Para o segundo caso vamos assu mir que o adjetivo é o predicado de uma small clause SC Uma SC se representa como em 132 Uma SC é uma predicação que se realiza sem verbo diferentemente das predi cações que se realizam por meio de um verbo Sintaxe do Português 78 132 SC sujeito predicado O que é o sujeito O sujeito é qualquer sintagma que pode figurar como argumento E o que é o predicado O predicado é qualquer sintagma capaz de predicar Um adjetivo que funciona como predicativo é sempre predicado de uma SC Consideremos a sentença em 133 João considera Maria inteligente 133 O adjetivo inteligente em 133 é um predicativo Podemos clivar Maria mas não Maria bonita o que indica que o adjetivo não perten ce ao DP como observamos em 98 a 134 É Maria que João considera inteligente b É Maria inteligente que João considera Vamos fazer a árvore de 133 135 IP Spec I I a VP DP João V V consider SC DP Maria AP inteligente Quando chegamos ao VP descobrimos que o verbo considerar tem dois argumentos o AE é João e o AI é aquilo que é considerado SC Ma ria inteligente Veja que o adjetivo predicativo não pertence ao DP Você se lembra que todo ad jetivo que predica sobre um nome próprio é predicativo Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 79 Vamos agora voltar à nossa sentença ambígua O juiz julgou a ré culpada 136 Paráfrases 137 a O juiz julgou a ré que era culpada b O juiz julgou que a ré era culpada Clivagens 138 a Foi a ré culpada que o juiz julgou b Foi a ré que o juiz julgou culpada As paráfrases em 137 explicitam os dois sentidos que 136 tem 137a contém uma sentença relativa que como vimos funciona como adjunto do nome exatamente como funciona o adjetivo adjunto de NP 137b contém uma sentença que é o AI do verbo julgar A clivagem em 138a revela que a ré culpada pode ser um DP caso em que o adjetivo é adjunto do NP a clivagem em 138b revela que a seqüência a ré culpada pode ser composta de um DP DP a ré e um AP culpada caso em que o adjetivo é predicativo As duas árvores da sentença 136 são 139 IP Spec I I ou VP DP O juiz V V julg D a DP D NP ou NP ré AP culpada CP que era culpada Sintaxe do Português 80 Representamos em 139 à direita como ficaria a sentença relati va da paráfrase 137a exatamente no lugar do adjetivo O CP relativo substitui o adjetivo 140 IP Spec I I ou VP DP O juiz V V julg ou DP a ré AP culpada CP que a ré era culpada SC Representamos em 140 à direita como ficaria o CP da paráfrase 137b exatamente como AI do verbo julgar Neste caso o CP substitui a SC Retomemos a sentença em 133 substituindo o adjetivo inteligente pelo DP DP uma gata João considera Maria uma gata 141 Assim como o adjetivo substituído o DP uma gata é um predica do de Maria Então este DP também é um predicativo e o predicado de uma SC A árvore de 141 ficaria como a de 133 exceto pela substi tuição do AP inteligente pelo DP uma gata Vamos analisar agora a sentença em 142 que contém o predica tivo eufórica A menina telefonou eufórica 142 Vemos claramente que eufórica é um predicativo porque está sepa rado do DP a menina por um verbo Se eufórica é predicativo então tem que ser predicado de uma SC O verbo telefonar tem um argumento que é o DP a menina Se eufórica não é argumento então tem que ser adjunto Assim a árvore fica como 143 Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 81 143 IP Spec I I ou VP DP a meninai V DP Øi AP eufórica SC VP V telefon Note que eufórica é um adjetivo e por isso não pode ser adjunto adverbial Sendo predicativo tem que ser predicado de uma SC Como interpretamos eufórica como predicado do DP a menina mesmo que esse DP não apareça escrito duas vezes o sujeito da SC tem que ser um DP nulo coreferente com a menina Consideremos por fim a sentença em 144 João comeu a carne crua 144 Paráfrases 145 a João comeu a carne que estava crua b João comeu a carne quando ela ainda estava crua Clivagens 146 a Foi a carne crua que João comeu b Foi a carne que João comeu crua No sentido de 144 parafraseado como 145a e correspondente à clivada 146a o adjetivo crua é adjunto adnominal Substituindo o que deve ser substituído a árvore de 144 ficaria então como em 139 com o AP crua como adjunto do NP carne Sintaxe do Português 82 Fica aqui o convite para você fazer a árvore Se o adjetivo é parafra seado por uma sentença relativa não se esqueça de considerar a sentença relativa como uma alternativa Entretanto no sentido de 144 parafraseado como 145b e corres pondente à clivada 146b o adjetivo crua é um predicativo e portanto o predicado de uma SC Como ficaria a árvore Quando chegamos ao VP descobrimos que o verbo comer tem dois argumentos o AE que é o DP João e o AI que é o DP a carne Sendo predicativo o AP crua não pertence ao DP Se não é argumento nem parte do argumento crua tem que ser adjunto Assim a árvore deste sentido da sentença 144 fica como 147 147 IP Spec I I eu VP DP João V DP Øi AP crua SC VP V com DP a carne ou CP quando ela estava crua Representamos em 147 à direita como ficaria o CP da paráfra se 145b exatamente como adjunto do VP Neste caso o CP relativo relativa livre substitui a SC 213 Sentenças relativas Vamos aprender algumas poucas coisas sobre as sentenças relati vas Exemplos de sentenças relativas são as que aparecem em 112 a 148 Ela comeu a comida que ele cozinhou a Ela comeu a comidai CP quei IP ele cozinhou ti Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 83 b Ela comeu o que ele cozinhou b Ela comeu CP o quei IP ele cozinhou ti A relativa entre colchetes de 148a é chamada de relativa com nú cleo nominal porque ela é um CP adjunto de um NP no caso comida A relativa entre colchetes em 148b é chamada de relativa livre porque ela é um CP que não tem um NP precedente para se adjungir No CP da sentença relativa com núcleo nominal em 148a tem o pronome relativo que que está conectado com a posição de AI do verbo cozinhar posição marcada por um ti Esse pronome toma como antece dente o DP coindexado com ele Veja outros exemplos de relativas com núcleo nominal em 149 a 149 Maria viu o rapazi CP com o quali IP Joana sem pre conversa ti b O meninoi CP de quemi IP a Maria gosta ti chegou c Maria demonstrou o medoi quei ela sentiu ti Comparar com 68 e 69 d Ele foi à fazendai CP ondei IP a Maria mora ti e Maria gritou no momentoi CP quandoi IP João entrou ti Todas as sentenças relativas com núcleo nominal têm as mesmas características um DP antecedente um pronome relativo no CP e uma posição vazia marcada por ti Vamos escolher uma das sentenças de 149 para representar deixando as outras como exercício Tomemos 149e e representemos em 150 Sintaxe do Português 84 150 IP Spec I I ou VP P em D o quando João entrou NP NP momento CP DP D PP P DP Maria V VP V grit Vamos decompor o CP relativo depois que aprendermos a executar movimentos No CP da relativa livre de 148b temos o pronome relativo o que que está conectado com a posição de AI posição marcada por ti Veja outros exemplos de relativa livre em 151 a 151 CP Quem IP chegou atrasado perdeu o bonde b Ele castigou CP quem IP matou aula c Ele comprou CP o que IP ela encomendou d Ele encontrou Maria CP onde IP ela mora e Ele saiu CP quando IP ela chegou f Ele fez o trabalho CP como IP nós combinamos Notamos em 151 que uma relativa livre pode funcionar como ar gumento ou como adjunto Em 151a a relativa é o AE do verbo perder em 151b e 151c é AI dos verbos castigar e comprar em 151df a relativa livre é adjunto dos VPs Escolhemos 151e para representar deixando as outras para exercício A árvore fica como 152 Note que a relativa com nú cleo nominal é adjunto do NP Capítulo 02 Árvores a Teoria Xbarra 85 152 IP Spec I I iu VP quando ela chegou CP DP ele V sa VP Você certamente observou que uma relativa livre é muito parecida com uma sentença interrogativa wh encaixada Compare 151c com 129 Um recurso que temos para distinguir uma relativa livre de uma interrogativa wh encaixada é colocar o complementizador que depois do pronome wh se for possível temos uma interrogativa se não for temos uma relativa livre a 153 João comprou o que que ela encomendou relativa b João perguntou o que que ela encomendou interrogativa Exercícios 20 Identifique as relativas do conjunto de sentenças abaixo 20a João comeu o que a Maria cozinhou 20b João quer saber o que a Maria cozinhou 20c João quer saber o motivo por que Maria chorou 20d João quer saber o motivo por que Maria chorou porque ele quer consolála 20e O temor de que acontecesse um ciclone tomou conta de todos 20f Eu tenho um amigo que gosta de tocar violão 20g Estas são as pessoas para as quais vai ser concedido um prêmio 20h Ele comprou estas flores para quem ele ama 20i Ele despreza quem o ama 20j Ele perguntou quem o ama Nutritional Information Per 100g Calories 406Kcal Protein 71g Carbohydrate 262g Sugars 14g Fat 335g Saturates 89g Fibre 25g Salt 15g Contains Milk Nuts Average quantities per serving 25g Energy 426 kcal 107 kcal Fat 335g 8g Saturates 89g 22g Sugars 14g 04g Salt 15g 038g Energy 1787 Kj 448 Kj Protein 71g 18g Carbohydrate 262g 66g Fibre 25g 06g Lactose 0g 0g Gluten 0g 0g Dairy Free Yes Yes Vegan No No Coeliac Friendly Yes Yes Origin of ingredients Hand finished in UK Ingredients Milk chocolate 34 sugar cocoa butter whole milk powder cocoa mass emulsifier soya lecithin natural vanilla flavouring milk chocolate with chopped hazelnuts 34 cocoa mass sugar whole milk powder cocoa butter chopped hazelnuts 8 emulsifier soya lecithin natural vanilla flavouring Suitable for vegetarians and coeliacs Store in cool dry place Made in a factory that handles nuts peanuts and gluten Tel 01604 767392 professionalbulkbuywhittakerscouk wwwwhittakerscouk MATE Nutrition and Ingredients information is accurate at time of publication and may be subject to change without notification Hot cocoa a melting sweetness and nutty crunch wrapped in decadent milk chocolate Whittakers chocolate since 1896 Whittakers Food Group NZ Ltd Masterton 060215 163230 9B60101 Made for Whittakers Food Group Masterton New Zealand GBUKORG2004 POM Childrens Code of Practice PB658 9007 1016 WHITTAKERS CHOCOLATE LC4975 0415 522112 5M 16N 085KB Made in New Zealand 375g e 3768868003008 5000018290 3 768868 003008 3 768868 003008 375g e 55034 82064121 8 25031 01544 5 7 50153 506490 For your convenience keep this label This sweet creamy and nutty milk chocolate bar contains 8 hazelnuts Certified Organic Quality Premium Range Whittakers Since 1896 PE FC FSC Mix PANELSelect Paperboards and Coatings Made with organic milk and cocoa WHITTAKERSampCO WHITTAKERS FOOD GROUP LTD NEW ZEALAND CEKOT10067 New Zealand Certified Organic 20 5 x 75g 858 906 307 264 3709 PE FC WHITTAKERS CO CREAMY MILK CHOCOLATE WITH HAZELNUTS Made in New Zealand 375g e 3768868003008 5000018290 3 768868 003008 3 768868 003008 Manual Cutter PM 64 19 NOV 15 65624169 No CGA Branding 3 ML 64 20P CTN USDA Organic Certified by Biocert IA EU Agriculture Organic certification mark New Zealand pottedbadgepink PINK LIONHEAD TEA BAG Pods Made in New Zealand 39 76647 00007 7 100 Natural Ingredients Made with Organic Ingredients Best Before 31 July 2017 2022 Organic Creamy Milk Chocolate with Hazelnuts Whittakers Chocolate Since 1896 Whittakers 375 cups 66 servings 193 kcal per serving Cocoa solids 30 West Andean Organic Natural Organic Cocoa wwwwhittakersconz Whitrdquo CARE Certified Please recycle packaging Whittle St Mano Ltd PO Box 102 NZ062014901 Made in New Zealand Product specifications are subject to change without notice Nutritional information correct at print date Enjoy Cocoa with Us No added preservatives Gluten free Certified Organic A little bar of deliciousness A sweet treat with a difference 375g e Cocoa solids 30 minimum Product of New Zealand Certified Organic Cocoa and Milk Manufactured and packed by Whittakers Food Group Ltd Managed by NZFSA For more info call 0800 70 70 70 All Whittakers products are made from legally sourced cocoa Ingredients Organic milk cocoa butter organic cocoa mass organic sugar emulsifier soya lecithin natural vanilla flavouring Stores Store in cool dry place 375g e cocoa solids min 30 Contains organic sugar not certified organic Contains organic cocoa mass not certified organic Organic sugar not certified organic 100 Certified organic Organic cocoa mass certified by Ecocert ICO 100 certified organic cocoa mass certified by Ecocert ICO These statements have not been evaluated by the Food and Drug Administration This product is not intended to diagnose treat cure or prevent any disease Organic powder organic milk organic cocoa butter organic cocoa mass contains antioxidants Cocoa solids contain phenolic antioxidants phytochemicals contains flavanon 100 certified organic ingredients Organic milk chocolate No gluten Made in New Zealand All 100 Product Weight 600less Made November 2015 Manufactured in New Zealands Capítulo 03 Movimento 87 3 Movimento Numa sentença os constituintes podem aparecer deslocados de sua posição original Quando fazemos árvore de uma sentença nós a decompomos para mostrar como ela está estruturada O resultado desta decomposição uma verdadeira anatomia da sentença é uma representação que chamamos de estrutura profunda deep structure DS Assim o que temos em 152 é a DS da sentença 151e O que a DS de 152 diz Diz que a sentença represen tada é declarativa IP que o que é declarado é uma cena de saída em que ele sai VP esta cena de saída é concomitante adjunto com outra cena esta de chegada em que ela chega VP num tempo as duas cenas conco mitantes aconteceram antes do momento em que a sentença foi dita Entretanto quando pronunciamos 152 o que sai é uma coisa di ferente da DS que temos em 152 Por exemplo para pronunciar 152 cada flexão tem que se afixar ao seu verbo cada sujeito tem que ser pro nunciado antes de seu verbo Isto é para a DS ser pronunciada é preciso preparála convertendoa em outra representação que coloca as pala vras na ordem em que vão ser pronunciadas Esta nova representação se chama estrutura superficial surface structure SS Para converter DS em SS podemos fazer apenas um tipo de coisa mover constituintes O movimento tem que ser para cima na árvore Vamos retomar a DS de 55 que corresponde às sentenças em 153 para exemplificar como funciona 55 CP Spec Spec C C IP I I eu VP DP o João V V com DP o que que bolo Sintaxe 88 a 153 O João comeu o quê b O João comeu que bolo Primeiro observamos em 153 que a flexão é pronunciada como um sufixo do verbo Então movemos o radical do verbo para junto da flexão e deixamos no lugar do verbo um ti t abrevia trace que se traduz por vestígio e o i subscrito é para mostrar que ali é o lugar do verbo Assim 55 se converte em 154 CP Spec Spec o Joãoj C C IP I I comeui VP DP tj V V ti DP o que que bolo 154 Este movimento não é suficiente para deixar a estrutura pronta para ser pronunciada é necessário ainda que o João fique antes de co meui Então temos que mover o João para o Spec de IP A árvore 154 agora se converte em 155 CP Spec o quek que bolok Spec o Joãoj C C IP I I comeui VP DP tj V V ti DP tk 155 Capítulo 03 Movimento 89 No lugar de o João temos um t com a letra jota subscrita Agora a estrutura está pronta para ser pronunciada e o que sai são as sentenças que estão em 153 Lembrese que uma árvore tem que ser lida de cima para baixo e da esquerda para a direita Mas esta pergunta pode também ser pronunciada como em 156 a 156 O que o João comeu b Que bolo o João comeu O que devemos fazer em 155 para deixar a estrutura no ponto de pronunciála como em 156 Devemos executar um movimento a mais movendo a expressão wh para o Spec de CP como mostramos em 157 CP Spec o quek que bolok Spec o Joãoj C C IP I I comeui VP DP tj V V ti DP tk 157 No lugar da expressão wh fica um t com a letra k subscrita Vamos inverter o processo perguntando qual é a DS de 156157 A resposta é que a DS de 156157 é exatamente como em 55 isto é para representar uma sentença na DS temos que desfazer todos os movimen tos realizados Vamos analisar em 158 um exemplo que contém uma sentença relativa com núcleo nominal Sintaxe 90 158 Spec I I ou VP DP João V V compr DP a João comprou o livro que Maria indicou b IP DS D D o NP NP livro CP Spec Spec C C IP I I ou VP DP Maria V V indic DP que Exercícios 21 Represente as sentenças a seguir na SS 21a Ele perguntou o que a Maria comeu 21b Ele encontrou a menina de quem tinha saudades 21c O que o João acha que a Maria comeu 21d Ele comeu o que a Maria cozinhou 21e Quem o João disse que a Maria viu 21f Quando a Maria telefonou 21g Para que Maria chorou 21h De que carro você gosta 21i Por que motivo você chegou tarde Capítulo 04 Teoria temática 91 4 Teoria temática Noções semânticas como agente paciente tema lugar desempenham um papel importante na boa formação de uma sentença Dedicamos toda a seção 2 a mostrar como fazemos árvores Na seção 3 vimos como preparamos a estrutura para ser pronunciada isto é como movemos os constituintes para colocálos na ordem em que vão ser pronunciados Neste processo pode acontecer que certos sintagmas sejam pronunciados fora do lugar onde são interpretados Tal acontece por exemplo com as expressões wh interrogativas em 159 a 159 Que livroi o João leu ti b Que livroi você acha que o João leu ti Nas duas sentenças de 159 que livro é interpretado como sendo o AI do verbo ler Para ter a interpretação de AI de ler esta expressão devia ocorrer na posição onde existe ti Entretanto em 159a que livro ocorre no Spec do CP e em 159b sai da posição de AI do verbo encai xado e vai para o Spec do CP da sentença matriz Como conseguimos interpretar que livro como AI do verbo ler Conectandoo com aquela posição pois é naquela posição que a expres são recebe a função semântica daquilo que é lido Este tipo de função semântica é chamado de papel temático Assim para que uma sentença seja bem formada é preciso distribuir direitinho os papéis q Por isso é importante estudar a Teoria q A Teoria q trata dos papéis q dos atribuidores de papéis q dos recebedores de papéis q da forma como os papéis q são atribuídos e do princípio que regula a atribuição dos papéis q 1 Papéis q são noções semânticas tais como agente paciente experienciador local causador etc ou seja são os papéis que os argumentos desempenham na cena 2 Atribuidores de papéis q são apenas os núcleos lexicais nome verbo adjetivo e preposição 3 Recebedores de papéis q são os argumentos Nível de representação em que os argumentos recebem pa 4 péis q DS Que abreviamos com a letra grega q teta Teoria Literária III 92 5 Princípio que regula a atribuição de papéis q Critério q 6 Critério q Cláusula i Todo argumento tem que receber papel q Cláusula ii Todo papel q tem que ser atribuído a um argu mento A Teoria q cuida da boa formação da sentença e das representações da sentença garantindo por meio do Critério q e de sua aplicação na DS que nenhum argumento fique sem papel ǿ q cláusula i Isto expli ca por que a sentença 160a é mal formada enquanto 160b é bem formada por conter três argumentos a primeira sentença tem um argumento digamos quem sem papel q pois o verbo abraçar só tem dois papéis para atribuir a 160 Quem o menino abraçou a menina b Quem o menino abraçou nenhum papel ǿ q fique sem ser atribuído cláusula ii Isto expli ca por que 161a é uma sentença mal formada um papel q dos dois que o verbo abraçar tem para atribuir não foi atribuído a 161 O menino abraçou b O menino abraçou a menina Desta forma podemos observar que a árvore em 162 é mal feita porque o verbo abraçar não tem AI CP Sepc o que C C IP Spec I I eu VP DP o João V V abraç 162 Capítulo 04 Teoria temática 93 Podemos desenhar uma árvore sem preencher nenhum sintagma e determinar quais posições são temáticas q e quais não são nãoq CP Sepc nãoθ Sepc nãoθ C C IP I I VP VP PP nãoθ V V DP θ DP θ 163 a Por que o Spec de CP é nãoq Porque C é um núcleo funcional b Por que o Spec de IP é nãoq Porque I é uma categoria funcional c Por que o PP adjunto é nãoq Porque o PP não é argumento Exercícios 22 Aponte o núcleo que atribui papel q para os argumentos grifados cada grifo deve ser considerado um argumento nas sentenças a se guir 22a João faltou às aulas por estar doente 22b João disse na semana anterior que venceria o jogo Teoria Literária III 94 22c João veio de trem de São Paulo 22d João viu Maria beijar Pedro 22e João ouviu Maria chorar 22f De onde João trouxe o peixe 22g João ajudou Maria para que ela fosse aprovada 22h João o viu pular o muro Capítulo 05 Teoria do caso 95 5 Teoria do caso As línguas generalizadamente têm uma categoria conhecida por caso No português esta categoria se manifesta sem morfemas específicos através da posição que os constituintes ocupam Caso é uma categoria gramatical que em certas línguas se mani festa na morfologia Uma língua que tem caso morfológico é o latim a 164 Puer puellam amat Meninonom meninaacc ama O menino ama a menina b Puella puerum amat Meninanom meninoacc ama A menina ama o menino O verbo amar tem dois papéis θ para descarregar o papel do que ama e o do que é amado Para fixar o papel do que ama o latim tem na sua morfologia o caso nominativo nom expresso pelo morfema zero para fixar o papel do que é amado o latim tem na sua morfologia o caso acusa tivo acc expresso pelo morfema m Assim não importando a ordem em que os sintagmas ocorram o papel θ deles nunca será confundido O português também tem que expressar qual é o papel θ dos sintagmas Só que diferente do latim o português não expressa o papel θdos sintagmas através da morfologia O português o faz abstratamente mantendo os sintagmas numa determinada ordem neutra Como mos tra a tradução das sentenças latinas de 164 o português reserva a posi ção préverbal para o papel do que ama e a posição pósverbal para o do que é amado Isto é o que o latim faz com a morfologia com um sufixo nominal o português faz com o posicionamento dos sintagmas Todas as línguas naturais têm que ter um jeito de indicar qual é o papel que os DPs desempenham em uma determinada sentença Umas Sintaxe Português 96 como o latim e o japonês têm morfologia para isso os casos morfológi cos Outras como o português o francês e o espanhol têm um recurso menos visível o caso abstrato abstrato porque não existe um sistema de morfemas para expressálo O caso abstrato se manifesta no portu guês pela posição dos DPs DPnom V DPacc Esta ordem pode ser alte rada somente se alguma coisa a mais aparece Outro exemplo em latim 165a é a forma de traduzir o sintagma 165b do português quando todo ele funciona como sujeito a 165 puellae domus meninagen casanom b casa da menina Observe em especial que em puellae o morfema ae expressa genitivo para indicar a dona da casa o que em português é indicado pela preposição de e pela posição depois dela que a menina ocupa Isto é o papel temático de possuidor é indicado por um sufixo em latim mas em português é indicado pela posição que o DP ocupa depois da preposição Generalizando caso é uma categoria gramatical que serve para indicar o papel θ do DP No português como ilustramos K se manifesta abstratamente Para estudar a Teoria do K precisamos conhecer os Ks os atribuidores de K os receptores de K e o princípio que regula a atribuição de K a K nominativo nom acusativo acc e oblíquo obl b Atribuidores os núcleos lexicais N ou seja o verbo que atri bui caso acusativo para seu complemento e a preposição que atribui caso oblíquo para seu complemento e o núcleo funcio nal I que atribui caso nominativo para seu especificador Nas árvores a marcação de K fica assim IP Sepc nom I I VP V V DP acc P P DP obl Que doravante abrevia mos com a letra K Capítulo 05 Teoria do caso 97 c Receptores DPs d Princípio Filtro do Caso Todo DP pronunciado precisa ter caso e Nível em que se aplica o Filtro do Caso SS Vamos retomar a árvore da seção anterior onde estão marcadas as posições θ juntando a marcação das posições de caso 166 CP Sepc nãoθ nãoK Sepc nãoθ Knom C C IP I I VP VP PP V V DP θ Kacc DP θ Kobl DP θ nãoK P P Exercícios 23 Aponte os casos dos DPs grifados a seguir 23a Maria ama João 23b Maria gosta de João 23c A amiga do João encontrou Pedro com Joana 23d A cidade tem ruas estreitas com calçamento precário de paralele pípedos 23e Ela o ama 23f Ela me ama 23g Eu te amo 23h Ela escreveu uma carta para mim Sintaxe Português 98 23i A casa dela não tem tramela e a janela é sem gelosia 23j Ele foi embora pensando em ti Fazendo o exercício a Maria tem caso nominativo pois funciona como o sujeito da sentença isto é sua posição na árvore é o Spec do IP João tem caso acusativo pois é o argumento interno do verbo amar Fazendo o exercício c a amiga do João tem caso nominativo pois é o sujeito da sentença Pedro tem caso acusativo pois é o argumento inter no do verbo encontrar e Joana tem caso oblíquo pois é o complemento da preposição com Fazendo o exercício e primeiro devemos notar que os DPs grifados são pronomes pessoais e que o pronome pessoal o é um clítico isto é ele se pendura à esquerda do verbo amar em vez de aparecer na posi ção normal de argumento interno o DP ela tem caso nominativo pois é o sujeito da sentença o DP o tem caso acusativo pois é o argumento interno do verbo amar embora ocorra antes desse verbo Todos os outros exercícios ficam por sua conta Ao fim dos exer cícios você terá observado ao apontar os casos dos DPs acima que os pronomes pessoais têm uma determinada forma para expressar o caso Eles constituem o único paradigma do português que ainda tem marcas explícitas de caso como vemos em 4 Pronomes pessoais e forma casual 167 nom accdat obl eu me mim tu te ti ele olheele ele nós nos nós O princípio relacionado com o caso o Filtro do Caso se aplica na SS Assim um DP pode ficar em posição que não é marcada por ne nhum caso na DS como é o caso do argumento externo de um verbo veja que o argumento externo na árvore 166 é θ nãoK Mas na SS o DP tem que sair daquele lugar e ir para outro marcado por caso Capítulo 05 Teoria do caso 99 esta posição é o Spec do IP marcada por caso nominativo Veja as duas árvores em 168 168 Sepc DS I I a VP DP o menino V DP a menina V am IP Sepc o meninoi SS I I amaj VP DP ti V DP a menina V tj IP a b Para passar da DS para a SS o radical am e o afixo a têm que ser amalgamados o que é feito mediante o movimento do radical para I como ocupa uma posição sem caso o DP pronunciado o menino tem que se mover para o Spec de IP para ser marcado por caso nominativo Vimos na seção 292 que os nomes podem ter argumento Se o argumento do nome é um DP pronunciado ele precisa ser marcado por caso Como o nome não atribui caso e o DP pronunciado precisa ser marcado por um caso uma preposição é inserida para que o DP receba seu caso Observemos 169 a 169 conquistar o espaço b a conquista o espaço c a conquista do espaço Qual é o argumento interno do verbo conquistar e do nome con quista Resposta aquilo que é conquistado em 169 é o espaço Em 169a o que é conquistado se realiza como um DP Por que isso é assim Porque conquistar é um verbo que atribui caso acusativo para o DP o espaço Sintaxe Português 100 Entretanto como nos mostra 169b o DP o espaço não pode ser o complemento de conquista Por quê Porque conquista é um nome e é incapaz de atribuir caso para o DP pronunciado o espaço Por isso surge a preposição de para atribuir caso oblíquo para o DP Então se alguém faz a pergunta Por que um complemento nomi nal é sempre preposicionado temos condições de lhe dar uma respos ta imediata um DP complemento nominal é sempre preposicionado porque a preposição lhe fornece o caso que o nome do qual o DP é argumento não lhe pode atribuir Recapitulação Os casos são nominativo atribuído ao Spec por I acusativo atribu ído ao Compl pelo verbo e oblíquo atribuído ao Compl pela prepo sição um DP pronunciado não pode ficar sem caso na SS a falta de um atribuidor de caso provoca ou o movimento do DP ou a inserção de uma preposição funcional Agora suponhamos que um DP se encontre em Spec de VP como nas seguintes árvores 170 V mandar V InfP Spec Inf Inf VP V DP a b V P para P InfP Spec Inf Inf VP V DP V Capítulo 05 Teoria do caso 101 Nesta posição o DP não tem caso Se nada acontece as sentenças que saem de 170 vão ser agramaticais pois o DP vai ficar sem caso O que pode acontecer para salvar a situação é que o atribuidor de caso mais próximo um verbo como mandar ou a preposição para venha em socorro do DP para lhe atribuir caso acusativo ou oblíquo Isto é mesmo não sendo complemento do verbo ou da preposição veja que o complemento é InfP e não o DP o DP acaba recebendo caso daqueles núcleos Este processo se chama marcação excepcional de caso Observe os exemplos a 171 Ela fez isso para eu sorrir português escrito b Ela fez isso para mim sorrir português falado a 172 Ele mandou eu sorrir português falado b Ele me mandou sorrir português escrito Os pronomes de primeira pessoa são o argumento externo do ver bo sorrir Entretanto em 171b o caso que o pronome mim exibe é o oblíquo atribuído pela preposição para e em 172b o caso acusativo do pronome me é atribuído pelo verbo fazer É isso que acontece na marca ção excepcional de caso um verbo ou a preposição para atribuem caso para um DP que não é seu argumento Em 171a e 172a vemos pela forma do pronome que o caso recebido é nominativo e que ele provém do infinitivo pessoal Vamos nos deter um pouco nos infinitivos portugueses O infini tivo impessoal não permite que o verbo tenha um sujeito Por isso um verbo no infinitivo impessoal sempre apresenta sujeito vazio O infini tivo pessoal é diferente do impessoal num ponto fundamental permite um sujeito para o verbo isto é é capaz de atribuir nominativo ao seu Spec Por isso o verbo no infinitivo pessoal pode ter um sujeito pronun ciado e concorda com esse sujeito Recordemos que o infinitivo impessoal é um InfP cujo núcleo é preenchido pelo sufixo aeir Em 173a usamos o verbo amar para representálo na SS Excepcional porque o ver bo ou a preposição atribui caso para um DP que não é seu complemento Sintaxe Português 102 173 InfP Spec Spec nós Inf Inf amari VP ti a b Agr amarmos Agr InfP Spec Inf Inf ti VP ti AgrP O radical am se move para Inf para se grudar com o afixo ar Para representar um infinitivo pessoal vamos introduzir a categoria AgrP Agr agreement concordância cujo núcleo é preenchido pelo morfema de concordância do infinitivo pessoal Na SS em 173b usa mos o verbo amar quando este tem como sujeito o pronome nós para exemplificar O radical am se move para Inf para se grudar com o afixo de infinitivo ar formando amar depois amar se move para Agr para se grudar ao morfema de número e pessoa mos para formar amar mos Você está convidadoa a representar na DS e na SS as outras pes soas do infinitivo pessoal Atenção a primeira e a terceira pessoa do singular têm morfema zero em Agr Exercícios 24 Descubra nas sentenças a seguir se os infinitivos são pessoais ou impessoais faça a árvore de cada uma delas e aponte onde ocorre mar cação excepcional de caso ECM 24a João ouviu os cachorros latirem 24b João deseja cantar 24c João te mandou sair 24d Ele ignorou o fato de as provas condenarem os réus Capítulo 06 Verbos inacusativos 103 6 Verbos inacusativos Retomar a estrutura argumental dos verbos introduzindo a noção de verbos inacusativos noção importante na manutenção de uma análise unificada para os verbos Na seção 25 desenhamos os VPs de acordo com o número de ar gumentos que os verbos têm Nesta vamos estudar os verbos monoar gumentais O argumento pode tanto ser o AE quanto o AI Nosso pro blema então é descobrir quando o único argumento do verbo é o AI e quando é o AE Primeiro vamos observar que existem verbos que não têm AE como exemplificado pelos verbos destacados em 174 a 174 Convém que você aprenda inglês b Parece que você aprendeu inglês Observe que os verbos grifados não têm argumento à esquerda e que o argumento sentencial que eles apresentam só pode aparecer à di reita Portanto o CP CP que você aprendaeu inglês deve ser o AI Entretanto observamos que o verbo parecer também pode apare cer em construções em que ele tem um sujeito à esquerda a 175 João parece doente b O cachorro parece ser manso c A carta parece ter chocado Maria Note que é contraditório afirmar que o sujeito do verbo parecer é agora o seu AE Para uma gramática séria é melhor afirmar que um ver bo salvo ambigüidade clara ou alternância sintática tem sempre o mesmo comportamento Assim se já vimos um exemplo que evidencia que pare cer não tem AE queremos manter que ele nunca tem AE Isto é embora o verbo parecer possa ter um sujeito esse sujeito não pode ser seu AE O modo de mostrar isso é considerar que o sujeito não é o AE por que ele não é argumento de não é selecionado por parecer Se algum Verbos que têm apenas um argumento Sintaxe 104 sintagma é argumento de um verbo então o verbo escolheseleciona aquele sintagma neste caso o verbo não aceita qualquer sintagma como argumento Veja que os sujeitos do verbo parecer em 175 são dos mais variados tipos semânticos humano em 175a nãohumano em 175b e inanimado em 175c Se acrescentamos ao conjunto das sentenças de 175 a sentença de 176 vemos que o verbo parecer aceita até um sujei to vazio sem papel θ Parece chover muito nesta região 176 Dessas observações podemos concluir com segurança que o sujei to de parecer não é o AE dele porque nenhum verbo aceita argumento apresentando traços semânticos Se o verbo parecer aceita sujeitos tão variados então o sujeito dele não é argumento dele Logo o sujeito do verbo parecer tem que ser argumento de outro predicado em 175a é argumento do adjetivo doente em 175b é argumento do adjetivo man so em 175c é argumento do verbo chocar e observe bem em 176 o verbo parecer não tem sujeito porque o verbo chover não tem argu mentos Conclusão o verbo parecer não tem AE pode até ter sujeito mas o sujeito não é argumento dele o sujeito é argumento de outro predi cado Se estamos convencidos de que o verbo parecer não tem AE temos que fazer o desenho em 177 para um VP encabeçado por ele 177 VP V V parecer XP A questão que resta é descobrir que tipo de AI o verbo parecer tem isto é o que pode ser o XP em 177 Capítulo 06 Verbos inacusativos 105 61 Verbos inacusativos com CP como AI Observemos primeiro sentenças como as de 178 a 178 Parece que Maria telefonou b Consta que o preso agrediu o carcereiro c Convém que Maria converse com João O que é o AI de parecer em 175a O AI é que Maria telefonou que nós já sabemos que é um CP A DS desta sentença é 179a 179 VP V V parec CP I e I Spec Spec Spec IP C C que IP I I ou VP DP Maria V V telefon a Observe em 179a em especial que o AI de parecer que pende de V é um CP Quando passamos 179a para a SS temos 179b Sintaxe 106 179 VP V V ti CP I parecei I Spec Spec Spec Mariaj IP C C que IP I I telefonouk VP DP tj V V tk b Para chegar à SS 179b movemos parec para o I matriz e telefon para o I encaixado juntando os afixos aos respectivos radicais move mos também Maria para o Spec do IP encaixado para que este DP seja marcado por Knom Para treinar você pode fazer a DS e a SS das outras duas sentenças de 178 62 Verbos inacusativos com InfP como AI Em segundo lugar observemos as sentenças de 180 a 180 Maria parece voar Capítulo 06 Verbos inacusativos 107 b Maria pode beijar João c João deve vencer a corrida d João vai comprar um carro A DS de 180a é 181a 181 VP V V parec InfP I e I Spec Spec DP Maria IP Inf Inf ar VP V V vo a 181 VP V V ti InfP I parecei I Spec Mariaj Spec tj DP tj IP Inf Inf voark VP V V tk b Sintaxe 108 Para passar da DS 181a para a SS 181b movemos os radicais verbais juntandoos aos respectivos afixos Depois temos que resolver o problema do caso de Maria pois a posição que este DP ocupa na DS é sem caso Atenção para este passo Maria se move para Spec de InfP mas não recebe caso lá nem Inf dá caso lembre que Inf é infinitivo impessoal nem parecer dá caso pois é um verbo inacusativo inca paz de atribuir caso acusativo Por isso Maria tem que se mover para o Spec do I matriz onde recebe caso nominativo Em outras palavras a única maneira de Maria receber caso em 181a é se ela subir para o Spec do IP como foi feito em 181b Para treinar você pode fazer a DS e a SS das outras sentenças de 180 Vamos ver uma tática para descobrir se o sujeito de um verbo é argumento deste verbo A tática consiste em substituir o DP sujeito e o que vem à direita quando necessário por DPs de tipo semântico dife rente Se a substituição dá certo então o sujeito não é argumento isto é o sujeito não é selecionado pelo verbo se não dá o sujeito é argumento isto é ele é selecionado pelo verbo Para praticar retomemos a sentença 180c aplicando a tática de trocar o sujeito como fazemos em 182 a 182 João deve vencer a corrida b A tesoura deve cortar este pano c A tristeza deve acabar d Deve chover Observe em 182 que o verbo dever combina com qualquer tipo de sujeito João humano a tesoura utensílio a tristeza sentimento e em 182d o sujeito é vazio Conclusão o sujeito não é argumento do verbo dever De fato o sujeito da sentença é selecionado pelo verbo que está no infinitivo João é argumento de vencer papel θ de vencedor a tesoura é argumento de cortar papel θ de cortador a tristeza é argumento de aca bar papel θ daquilo que acaba e o sujeito da sentença 182d é nulo por que chover não tem argumento não atribui papel θ Estes DPs acabam na posição de sujeito do verbo dever para receber caso nominativo da flexão Capítulo 06 Verbos inacusativos 109 Vamos continuar praticando analisando sentenças como as de 183 a 183 João detesta acordar cedo b João deseja tomar sorvete c João almeja escalar o Everest d João teme encontrar Maria Note que agora os verbos finitos de 183 não aceitam sujeitos de tipos semânticos diferentes Vamos testar em 184 com desejar a 184 A tesoura deseja cortar este pano b A tristeza deseja acabar c Deseja chover Se o verbo finito não aceita a substituição concluímos que o sujeito é argumento dele recebe papel θ dele em 183b o papel é o daquele que deseja e por isso objetos abstratos e nulos não podem ser argumen to do verbo desejar não sentem desejos Aplique o teste às outras sentenças e verá que o mesmo acontece Por isso a árvore das sentenças de 183 devem ser diferentes das árvo res das sentenças de 181 Veja em 185 a DS de 183b 185 VP V V desej InfP I a I Spec Spec DP Ø IP Inf Inf ar VP V V tom a DP sorvete DP João Sintaxe 110 Se comparada com 181a 185a apresenta uma diferença relevan te em 181a o verbo parecer não tem AE enquanto o verbo desejar em 185a tem Por isso tenho que representar João como AE de desejar e tenho que representar o fato de que tomar tem um DP como AE que não é pronunciado Isto decorre do fato de dever ser inacusativo só tem AI enquanto desejar é um verbo transitivo tem AE e AI Passando 185a para a SS obtemos 185b 185 VP V V tj InfP I desejaj I Spec Joãoi Spec DP Ø IP Inf Inf tomark VP V V tk b DP sorvete DP ti Para treinar você pode representar as outras sentenças de 183 na DS e na SS Exercícios 25 Faça as árvores das seguintes sentenças na DS e na SS 25a João deve querer perder o jogo 25b João vai poder comprar o carro Capítulo 06 Verbos inacusativos 111 63 Verbos inacusativos com GerP como AI Em terceiro lugar observemos as sentenças de 186 a 186 Maria está sorrindo b Maria ficou sorrindo c Maria permanece sorrindo A DS de 186b é 187a e a SS é 187b 187 VP V V fic GerP I ou I Spec Spec DP Maria IP Ger Ger indo VP V a V sorr 187 VP V V ti GerP I ficoui I Spec Mariaj Spec tj DP tj IP Ger Ger sorrindok VP V b V tk Sintaxe 112 Veja uma vez mais que o verbo ficar não tem AE Faça o teste de trocar o sujeito e o que vem à direita para saber se Maria é AE de ficar Você vai ver que não é Por que Maria acaba na posição de sujeito da sentença Porque é o lugar onde ela vai conseguir caso nominativo Para treinar você deve representar as sentenças de 186 na DS e na SS Compare as sentenças de 186 com as de 188 a 188 Maria telefonou ofendendo João b Maria gritou ofendendo João c Maria chorou ofendendo João Apesar de a ordem linear fazer com que elas se pareçam elas são bastante distintas A distinção se constrói a partir do verbo finito os verbos finitos de 188 são intransitivos e selecionam seu sujeito como AE os de 186 são inacusativos Vejamos em 188 como ficam as ár vores das sentenças de 189 189 VP GerP I ou I Spec Spec DP Mariai IP Ger Ger endo VP V V telefon VP DP Øi V V ofend DP João Capítulo 06 Verbos inacusativos 113 O que está representado em 189 é que o verbo telefonar tem um único argumento o AE e que o GerP é um adjunto do VP A sentença que deriva de 189 acaba sendo parecida com as de 186 porque o DP Maria tem que ser movido para Spec de IP para receber caso acusativo Para treinar você pode representar as outras sentenças de 188 na DS e na SS Exercícios 26 Faça as árvores das seguintes sentenças na DS e na SS 26a Maria parece estar sorrindo 26b Maria vai ficar dançando 64 Verbos inacusativos com ParP como AI O verbo ter quando seleciona um particípio como em 190 tam bém é um verbo inacusativo João tem comido frutas 190 Podemos constatar que João não é argumento de ter substituindo o seu sujeito por DPs de outro tipo semântico a 191 O mar tem estado agitado b A violência tem crescido nos últimos tempos c Tem chovido muito Como qualquer DP pode ser sujeito de ter podemos concluir que esses DPs não são AEs deste verbo Portanto o verbo ter quando selecio na particípio é inacusativo A DS da sentença 190 fica como em 192 Sintaxe 114 192 VP ParP I I Spec Spec V tem IP Par Par ido V VP DP João V V com DP frutas Você está convidadoa a fazer a SS das sentenças em 190 Exercícios 26 Faça as árvores das seguintes sentenças na DS e na SS 26a Maria deve ter lido muitos livros 26b Maria tem estado cantando 65 Verbos inacusativos com SC como AI Vamos estudar agora os verbos inacusativos que tomam uma small clause SC como AI Observe as sentenças de 193 a 195 a 193 Maria é bonita b Maria está bonita c Maria ficou calma Capítulo 06 Verbos inacusativos 115 d Maria permanece calma e Maria parece calma a 194 Maria é uma fera b Maria está uma fera c Maria ficou uma fera d Maria virou uma fera a 195 Maria é de ferro b Maria parece de gelo c Maria ficou sem graça d Maria está de férias Causaria espanto se alguém afirmasse que os verbos destas senten ças são inacusativos Para nós esta afirmação não deveria mais causar espanto Calejados no ofício de descobrir um verbo inacusativo faría mos as substituições dos sujeitos e descobriríamos que estes verbos se combinam com qualquer tipo de DP sujeito Vamos fazer o teste com o verbo ser a 196 A casa é limpa b A felicidade é passageira c É noite Vemos que este verbo aceita qualquer tipo de sujeito e que então o sujeito não é argumento dele Então o sujeito é argumento de outro predicado e foi movido para Spec de IP para receber seu caso As DSs das sentenças 193a 194a e 195a seriam respectivamente as que aparecem em 193a 194a e 195a Sintaxe 116 193a VP SC I I Spec DP Maria V é IP AP bonita V 194a VP SC I I Spec DP Maria V é IP DP uma fera V 195a VP SC I I Spec DP Maria V é IP PP de ferro V Capítulo 06 Verbos inacusativos 117 O que é o AI do verbo inacusativo ser Uma SC cujo predicado se ria um AP um DP e um PP portanto uma predicação sem verbo Como o DP sujeito da SC está numa posição sem caso ele deve ser movido para Spec de IP para receber caso nominativo Para treinar você pode representar as sentenças 193 a 195 na DS e na SS Exercícios 27 Faça as árvores das seguintes sentenças na DS e na SS 27a Maria parece ser de gelo 27b Maria deve ter estado doente 27c Maria pode estar sendo intransigente 66 Verbos inacusativos com DP como AI Vamos abordar por fim os verbos inacusativos que têm um DP como AI Esses verbos são os verdadeiros inacusativos o nome inacu sativo foi dado a esses verbos porque apesar de eles terem um DP como AI eles são incapazes de atribuir acusativo a este DP Por causa desta incapacidade o DP AI vai acabar na posição de Spec de IP para receber caso nominativo Como é isso que acontece também com o AE dos ver bos intransitivos no fim as sentenças vão ser semelhantes apresentan do a mesma ordem sujeitoverbo a 197 Maria gritou b Maria chegou O verbo gritar em 197a é intransitivo isto é Maria é o AE o ver bo chegar em 197b é inacusativo isto é Maria é o AI Note que não conseguimos perceber a diferença entre as sentenças de 197 só de olhar para elas Então precisamos estabelecer quais são as propriedades que distinguem um AE de um AI Reconhecemos o úni co argumento do verbo com AE se ele é prototipicamente o agente Quem fala francês italiano ou alemão vai notar que a sentença 197a vai ser falada com o verbo auxiliar ter e a de 197b com o auxiliar ser Para essas línguas a distinção entre intransitivos e inacusativos é muito importante Sintaxe 118 e como AI se ele não é necessariamente agente Retomemos o verbo chegar Observe em 198 que o sujeito dele não precisa ser agente A encomenda chegou 198 Já o sujeito de gritar tem que ser agente A mesa gritou 199 É assim que reconhecemos um verbo monoargumental que sele ciona um DP como inacusativo Consideremos ainda os verbos das sentenças em 200 a 200 O presidente morreu b O vicepresidente adoeceu Estes verbos são inacusativos ou não Estes verbos são inacusativos Sabemos disso porque o sujeito deles tem papel semântico de afetado que nada tem a ver com ser agente Observe por fim o par de sentenças em 201 a 201 A onda gigante afundou o Posseidon b O Posseidon afundou O verbo afundar alterna de dois argumentos a onda gigante e o Posseidon em 201a para um único argumento em 201b Qual é o argumento preservado O AE ou o AI Já que o argumento preservado é o AI dizemos que o verbo alterna de uma versão transitiva para uma versão inacusativa Os verbos transitivos que permitem isso são aqueles que implicam causação X causou que acontecesse Y ou seja a onda gigante causou que o Posseidon afundasse Verbos deste tipo são fechar quebrar aumentar etc Exercícios 28 Faça as árvores das seguintes sentenças na DS e na SS 28a Maria deve estar telefonando 28b Maria pode ter sumido Capítulo 06 Verbos inacusativos 119 28c Maria deve chegar feliz 28d Maria está saindo apressada 67 A voz passiva Outra construção que tem as propriedades da inacusatividade são as sentenças passivas Comparemos uma sentença passiva com uma ativa a 202 João abraçou Maria b Maria foi abraçada por João A comparação nos revela que o AE da ativa vira um tipo de adjunto preposicionado o verbo toma a morfologia passiva serparticípio e o AI do verbo vira sujeito da sentença isto é vai para o Spec do IP para re ceber caso nominativo comportamento típico de uma construção ina cusativa Assim a derivação de uma sentença passiva é como em 203 Maria 203 i foi abraçada ti por João Exercícios 29 Faça as árvores das sentenças na DS e na SS não precisa representar o agente da passiva 29a Este livro deve ter sido lido por muitas pessoas 29b Este fato está sendo comentado 68 As classes de verbos Depois deste estudo estamos em condições de resumir as classes de verbos em relação ao número de argumentos Saber disso é muito importante porque as sentenças de certa forma expressam uma cena montada a partir de pelo menos um verbo Sintaxe 120 Classe 1 verbos sem argumentos chover ventar nevar trovejar etc verbos meteorológicos Esses verbos podem alternar para um AI cognato Choveu uma chuva fina Classe 2 verbos com um AE telefonar mugir gritar berrar tossir etc verbos intransitivos Esses verbos podem alternar para dois ar gumentos com um AI cognato João tossiu uma tosse seca Classe 3 verbos com um AI verbos inacusativos O AI pode ser um CP convir Convém CP que Maria dance um InfP João i deve InfP ti telefonar verbos auxiliares um GerP João i está GerP ti telefonando verbos auxiliares um ParP João i tem ParP ti telefonado verbos auxiliares uma SC João i é SC ti simpático verbo de ligação um DP João i chegou ti verbo inacusativo verdadeiro um DP ou um CP João i foi aprovado ti Foi dito CP que João su miu verbo na voz passiva Classe 4 verbos com um AE e um AI ler visitar fechar etc verbos transitivos Esses verbos podem alternar para um argumento ora preservam o AE João leu dois livros João lê muito verbo intransitivo ora preservam o AI O governo aumentou os impostos Os im postosi aumentaram ti verbo inacusativo Classe 5 verbos com um AE e dois Ais pôr dar etc verbos bitran sitivos Capítulo 07 Discussão de alguns fenômenos do português brasileiro 121 7 Discussão de alguns fenômenos do português brasileiro Aplicar o conhecimento adquirido na solução de alguns problemas de sintaxe do português brasileiro Nesta seção vamos usar os conhecimentos adquiridos para enten derexplicar alguns fenômenos do português brasileiro 71 Problema 1 Discuta o conjunto de sentenças em 29 e 30 a 204 Maria fez isto para eu b Maria fez isto para mim a 205 Maria fez isto para eu chorar b Maria fez isto para mim chorar Só a sentença 204a é agramatical porque o pronome eu está na forma nominativa mas o único caso disponível para ele é o oblíquo atri buído pela preposição para A sentença 205b é gramatical porque no mesmo contexto da sentença 204a o pronome está na forma oblíqua Por sua vez as duas sentenças de 205 são gramaticais 205a é gramatical porque o pronome eu está na forma do nominativo e é esse caso que ele recebe da flexão pessoal do infinitivo Veja em 206 como fica a SS de 205a Note que na primeira pes soa do singular o infinitivo pessoal não é diferente do infinitivo impessoal Sintaxe 122 206 VP VP I fezj I Spec Mariai Spec IP V DP ti V V tj DP isto PP P P para AgrP Agr Agr chorarl Spec euk InfP Inf Inf tl VP DP tk V tl 205b é gramatical porque no português brasileiro a preposição para é um marcador excepcional de caso em 205b o verbo está no infinitivo impessoal flexão incapaz de atribuir caso mas o caso oblí quo provém excepcionalmente da preposição para A SS de 205b seria semelhante em tudo à SS de 205a exceto pelo fato de a primeira não conter AgrP isto é de o infinitivo ser impessoal Desenhe a SS de 205b Infinitivo pessoal tem AgrP e InafP infinitivo impessoal tem só InfP Capítulo 07 Discussão de alguns fenômenos do português brasileiro 123 Exercícios 30 Discuta os conjuntos de sentenças a seguir tendo em vista o caso 301 301a Maria fez eles sorrirem 301b Maria fez eles sorrir 301c Maria os fez sorrir 301d Maria os fez sorrirem 302 302a Maria trouxe o chocolate para ti 302b Maria trouxe o chocolate para tu 302c Maria trouxe o chocolate para tu comeres 302d Maria trouxe o chocolate para ti comer 302e Maria trouxe o chocolate para ti comeres 72 Problema 2 Discuta o seguinte conjunto de sentenças a 207 Maria viu os meninos chorar b Maria viu os meninos chorarem a 208 Maria deseja os meninos chorarem b Maria deseja os meninos chorar A sentença 207a é agramatical porque viola as propriedades de seleção do verbo desejar seu AI não pode ser um infinitivo pessoal A sentença 207b viola o filtro do caso os meninos é um DP pronunciado que não recebe caso Por quê Primeiro porque em chorar temos infini tivo impessoal incapaz de atribuir nominativo segundo porque desejar não é um verbo que atribui caso excepcionalmente Sintaxe 124 As sentenças de 207 são gramaticais porque o verbo ver é diferen te do verbo desejar o verbo ver pode selecionar tanto um infinitivo pes soal quanto impessoal e além disso pode ser um atribuidor excepcional de caso Se seleciona um infinitivo pessoal este atribui nominativo para o DP os meninos como observamos em 207b Se seleciona um infini tivo impessoal que é incapaz de atribuir nominativo o DP os meninos recebe caso acusativo do verbo ver de forma excepcional Os núcleos ECM verbos e a preposição para selecionam tanto in finitivo pessoal como impessoal Exercícios 31 Discuta os seguintes conjuntos de sentenças 311 311a Maria mandou os meninos saírem 311b Maria mandou os meninos sair 311c Maria quer os meninos saírem 311d Maria quer os meninos sair 312 312a Eles desejam elas dançarem 312b Eles desejam elas dançar 312c Eles desejam dançar 72 Problema 3 Discuta o conjunto de sentenças em 209 a 209 Maria parece João chorar b Maria deseja João chorar c Maria fez João chorar A sentença 209a é gramatical por dois motivos primeiro o DP Maria não tem papel temático lembrese de que o verbo parecer é ina Capítulo 07 Discussão de alguns fenômenos do português brasileiro 125 cusativo não tem AE segundo o DP João não tem caso tem papel θ recebido do verbo chorar mas não tem caso pois chorar é infinitivo im pessoal e não lhe atribui nominativo parecer é inacusativo e portanto incapaz de lhe atribuir acusativo A sentença 209b é agramatical porque o DP pronunciado João fica sem caso chorar é infinitivo impessoal incapaz de atribuir nominativo e desejar é um verbo que atribui acusativo mas não o faz excepcional mente A sentença 209c é gramatical Detendonos apenas no problema do caso do DP João ele tem caso O caso pode provir de duas fontes se provém do infinitivo pessoal lembrese de que o verbo ECM fazer pode selecionar um infinitivo pessoal é nominativo se provém excepcional mente de fazer é acusativo Um pouco de exercício a mais 32 Discuta a agramaticalidade das seguintes sentenças 32a João deve Maria nadar 32b João teme Maria telefonar 32c João pode Maria sorrir 32d João costuma Maria sorrir 74 Problema 4 Explique por que no conjunto de sentenças abaixo só 210b é agramatical a 210 Ele tem medo de Maria b Ele tem medo Maria c Ele tem medo de que Maria dance d Ele tem medo que Maria dance Do conjunto de sentenças em 210 só 210b é agramatical porque nesta sentença existe um DP pronunciado sem caso Maria Compa rando 210b com 210a observamos que nesta última sentença o DP Sintaxe 126 Maria tem caso que lhe foi atribuído pela preposição de inserida na sentença para este fim Comparando 210b com 210d observamos que mesmo na falta de de esta última sentença é gramatical Em 210d a presença de de é inútil porque ele antecederia um CP sintagma que não precisa ser marcado por caso Referências MIOTO Carlos SILVA Maria C F LOPES Ruth E V Novo manual de sintaxe 3 ed Florianópolis Insular 2007