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Cursos Gerais ·
Econometria
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REVISTA DE ESTUDOS SOCIAIS Ano 4 n 8 2002 715 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA AGREGADA DO ESTADO DE MATO GROSSO EM 1995 Nilton Marques de Oliveira1 Neiva de Araújo Marques2 RESUMO Este Artigo tem como objetivo analisar a função de produção agrícola agregada do Estado de Mato Grosso com dados de 1995 O modelo teórico utilizado foi a Teoria da Produção que consiste na análise da combinação de vários recursos produtivos para se obter determinado volume de produção Utilizouse como modelo empírico o Método dos Mínimos Quadrados Ordinários MQO uma função de produção do tipo CobbDouglas Os resultados obtidos indicam que o capital investimento e financiamento é a variável de maior significância estatística para explicar o comportamento do valor da produção seguido pela mecanização área e mãodeobra Palavraschave Função de Produção Mato Grosso Mínimos Quadrados Ordinários I Introdução I1 O Problema e sua Importância A importância do agronegócio para a economia brasileira pode ser identificada pela sua participação na formação da renda nacional na geração de empregos e na adaptação e desenvolvimento de tecnologia Segundo FURTUOSO 1998 as atividades do agronegócio complexo agroindustrialCAI apresentam um dos maiores índices de encadeamento para frente e para trás e os melhores canais para a transmissão dos efeitos dessas ligações na estrutura da economia brasileira indicando ser este conjunto de atividades especialmente 1 Economista mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa UFV Email nmobolcombr 2 Administradora Professora Assistente da Universidade Federal de Mato Grosso doutoranda em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa UFV EMail neivabuynetcombr REVISTA DE ESTUDOS SOCIAIS ANO 4 NÚMERO 82002 8 importante para receber estímulos que visam o crescimento sustentado da economia O desempenho futuro da agroindústria brasileira está relacionado com a criação de novas alternativas de apoio à produção de forma a manter a atividade em níveis desejados com possibilidades de ampliação via modernização das estruturas produtivas De acordo com CAMPOS 2000 o processo de ocupação agroindustrial no Estado de Mato Grasso avança na década de 80 ocorrendo a expansão do plantio da soja nas regiões Sul e Norte do Estado Na década de 90 se consolida essa expansão devido sua topografia e mecanização completa da atividade O Estado foi pólo de atração de capitais do CentroSul especialmente das chamadas empresas líderes do complexo soja que tenderam a ocupar posições estratégicas no Estado principalmente nas cidades de Rondonópolis Cuiabá Sorriso e Tangará da Serra O Estado de Mato Grosso possui área de 9068069 km2 ocupando 105 do território nacional sendo Cuiabá a capital do Estado Faz limite com os Estados do Amazonas e Pará ao Norte Tocantins e Goiás ao Leste Mato Grosso do Sul ao Sul e ao Oeste com o Estado de Rondônia e a Bolívia Possui 139 municípios IBGE 2000 A população do Estado é de 2502260 habitantes A densidade demográfica é de 275 habkm2 IBGE2000 sendo que a composição demográfica é de 7323 urbana e de 2677 rural Mato Grosso é o primeiro produtor nacional de soja primeiro em algodão segundo de arroz e o quarto de bovinos Dos 90 milhões de hectares que formam o Estado 25 milhões são agricultáveis e apenas 18 estão sendo aproveitados MATO GROSSO 2000 A economia de Mato Grosso está baseada na produção de produtos primários tanto para o mercado interno quanto para o exterior com destaque para os grãos soja arroz e algodão Nessas atividades o Estado ocupa papel importante nessa nova conjuntura da economia brasileira tanto por sua participação na oferta quanto por sua rápida resposta aos estímulos de mercado Segundo TEIXEIRA 1997 a formação dos recursos de capital em todas as economias ocorre a partir do aumento da produção obtida a custos médios continuamente mais baixos Isso ocorre com o aumento da produtividade dos recursos de produção dado o uso de melhores técnicas FUNÇÃO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA AGREGADA DO ESTADO DE MATO GROSSO EM 1995 9 desenvolvidas pelas instituições de pesquisas Informações sobre a eficiência dos setores são fundamentais para orientar o planejamento e a formulação de políticas de modo a reduzir a polarização existente no desenvolvimento do Estado buscando a otimização dos resultados das atividades primárias Portanto dada a relevância do conhecimento das peculiaridades do setor este Artigo tem como objetivo determinar e analisar as características da produção agrícola agregada para o Estado de Mato Grosso com dados de 1995 Especificamente desejase analisar as respostas do valor total da produção e se identificar se os recursos estão tendo alocação eficiente II Metodologia II1 Modelo Teórico Como fundamentação teórica usase a Teoria da Produção que consiste em análise de como o empresário combina os vários insumos para obter determinado volume de produção de forma economicamente eficiente A Função de Produção pode ser definida como sendo a relação que indica a quantidade máxima que se pode obter de um produto por unidade de tempo a partir da utilização de determinada quantidade de fatores de produção mediante a escolha do processo de produção mais adequado Varian 2000 Ela pode ser explicitada com dois ou mais fatores de produção Yt f X1X2 X3Xt 1 Onde Yt é a produção de determinado produto no tempo t e Xt t 1 2 t as variáveis independentes representando os fatores de produção Para se obter o Produto Marginal do Fator Xt PMgxt estima se a derivada parcial da função de produção em relação a dado fator mantendose os demais fatores constantes PMgxtyxi isto é para xjiconstante O produto Médio do Fator Xi PMexi é a relação entre as quantidades do produto e do referido fator PMexi yxi Por sua vez a REVISTA DE ESTUDOS SOCIAIS ANO 4 NÚMERO 82002 10 elasticidade parcial de produção é igual à variação percentual do produto dividido pela variação percentual de insumo ou ainda igual a relação entre o Produto Marginal PMgxt e o produto Médio Fator PMexi p yxi PMgxtPMexi A elasticidade parcial de produção indica qual é o estágio em que a produção está sendo realizada informando destarte se o nível de produção está sendo realizado em situação economicamente racional ou irracional ou seja ela quantifica a variação da produção provocada por variações nos insumos Se p 1 o nível de produção está sendo realizado no estágio I que corresponde aos rendimentos médios crescentes do insumo variável Se 0 p 1 o nível de produção está sendo realizado no estágio II correspondendo a rendimentos médios decrescentes Se p 0 o nível de produção está sendo realizado no estágio III significando que unidades adicionais do insumo variável provocam declínio do produto total Os estágios I e III são portanto considerados irracionais Desse modo racionalmente a produção deve ocorrer entre os limites do estágio II De acordo com Varian 2000 a função CobbDouglas apresenta três características é homogênea de grau 1 com respeito aos insumos exibe retornos decrescentes para capital e trabalho quando algum insumo permanece constante e os parâmetros estimados são as elasticidades parciais de produção II2 Modelo Empírico Conforme já mencionado utilizase função de produção do tipo CobbDouglas agregada para o Estado de Mato Grosso com dados de 1995 VPtfAtM0tMtKt 2 onde VPt denota o valor total da produção agregada em mil reais para 117 municípios At é a área em ha M0t é a mãodeobra utilizada Mt é o FUNÇÃO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA AGREGADA DO ESTADO DE MATO GROSSO EM 1995 11 índice de mecanização por hectare e Kt é o valor de investimento e financiamento utilizado no ano t para i 123117 Quando expressa na forma linearizada a função de produção CobbDouglas muta para LogVPi o 1logAi 2logMOi 3logMi 4logKi i 3 onde LogVPi é o logaritmo do valor total da produção agregada i é o parâmetro de eficiência para i 1234 logAi é o logaritmo da área em hectares logMOi é o logaritmo de mãodeobra logMi é o logaritmo do índice de mecanização logKi é o logaritmo do valor do investimento e financiamento e i é o resíduo associado aos dados A equação é estimada pelo método de mínimos quadrados ordinários MQO satisfazendo as pressuposições usuais 0 σ 2 ε N t Nestas estimativas esperase que 1 0 2 0 30 e 4 0 dado que aumento redução de área em hectare possibilita um aumento redução no valor da produção o aumento redução na mão deobra possibilita um aumento redução no valor da produção aumento redução na mecanização produtividade coeteris paribus possibilitam aumentos redução no valor total da produção e aumento redução no investimento e financiamento possibilita um aumento redução no valor da produção Esperase sinal positivo para todos os coeficientes At M0t Mt Kt mas situados entre zero e um O valor total da produção compreende a produção agrícola em cada município investigado medido em mil reais incluindo produção vegetal e animal de grande porte A terra área em hectares compreende lavouras permanentes e temporárias pastagens naturais e artificiais matas naturais e plantadas além de lavouras em descanso e produtivas não utilizadas A mãodeobra consiste no total de pessoal ocupado homens e mulheres acima de 14 anos que abrange todas as pessoas com ou sem remuneração O capital investimento e financiamento compreende o valor total dos investimentos em terras adquiridas prédios instalações outras benfeitorias novas culturas veículos máquinas implementos agrícolas compras de animais de reprodução e criação Utilizase o índice no Maqárea para medir o grau de mecanização da lavoura REVISTA DE ESTUDOS SOCIAIS ANO 4 NÚMERO 82002 12 III Resultados e Discussões Nesta parte serão apresentados e discutidos os resultados obtidos pela estimação da Função de Produção do tipo CobbDouglas agregada Todas as pressuposições do Modelo de Regressão Linear Clássico foram satisfeitas O coeficiente de determinação R2 foi de 082 o que indica um ótimo ajustamento do modelo ou seja 82 das variações no valor da produção são explicadas pelas variações na área mãodeobra índice de mecanização e capital Veja os resultados da Regressão na Tabela 1 TABELA 1 Estimação da função de produção agregada para o Estado de Mato Grosso 1995 Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística t Interepto o 3875133 0871408 4446979 Área ha 0555524 0084146 6601918 Mãodeobra 0109801 0075642 1451589 Índice de Mecanização 0693824 0076224 9102460 Capital 0375311 0072795 5155708 R2 0824589 F 1316248 DurbinWatson 2088179 significativo a nível de 1 e não significativo Conforme pode ser observado todos os coeficientes estimados com exceção do coeficiente da mãodeobra foram significativos ao nível de 1 O teste F confirma que o modelo é estatisticamente significativo a 1 podendose por conseguinte se rejeitar a hipótese nula de que todos os coeficientes estimados exceto mãodeobra são iguais a zero Para o teste de DurbinWatson observase que o dc 2088 indicando a inexistência de autocorrelação nos resíduos Em relação ao teste de normalidade dos resíduos feito através do teste de JarqueBera verificouse 25 de probabilidade de se aceitar a hipótese nula A hipíotese nula formula que os resíduos possuem distribuição normal Por sua vez a matriz de correlação entre as variáveis explicativas apresentou coeficientes de correlação baixos relativamente ao nível aceitável r080 mostrando que não existe multicolinearidade no modelo FUNÇÃO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA AGREGADA DO ESTADO DE MATO GROSSO EM 1995 13 Outrossim a análise econômica para análise das elasticidades parciais da produção produto marginal e médio para cada fator são apresentados na Tabela 2 De acordo com os resultados os fatores de produção estão sendo utilizados de maneira racional já que se encontram insertos no segundo estágio de produção logo os fatores de produção apresentam produto médio maior que o produto marginal e ademais a produtividade marginal é positiva indicando que exibem retornos positivos conforme pode ser visto na Tabela 2 TABELA 2 Elasticidades parciais de produção produto marginal produto médio e retorno à escala setor agropecuário no Estado de Mato Grosso 1995 Variável Elasticidade Parcial PMg Pme Área ha 055 0006 004 Índice de Mecanização 069 9189 686 Capital 037 276 308 Retorno à escala 161 Fonte Resultado da pesquisa A função de produção agregada para o Estado tem retornos crescentes conforme se nota na Tabela 2 dessa maneira quando todos os fatores de produção forem aumentados em 1 unidade o valor da produção aumenta em R161000 O fator terra área em ha apresentou elasticidade parcial de 055 ou seja para cada um 1 de aumento nesse fator a produção aumenta em 055 O valor da produção é medido em R100000 O último hectare plantado contribuiu para o aumento do valor da produção em R600 e seu produto médio foi de R4000 A elasticidade parcial do índice de mecanização indica que o aumento de 1 provoca acréscimo de 069 no valor da produção Em relação ao capital investimento e financiamento observase que aumento de 1 em investimento e financiamento provoca acréscimo de 037 no valor da produção A unidade do fator R100000 de capital investimento e financiamento aumenta a produção agregada em R276000 Por conseguinte mil reais de investimentos contribuem com a produção em R308000 ou seja o produto médio do investimento é de 308 REVISTA DE ESTUDOS SOCIAIS ANO 4 NÚMERO 82002 14 IV Comentários Finais Os resultados permitem se deduzir que os coeficientes dos fatores de produção estão sendo utilizados no estágio racional de produção As decisões políticas podem ser direcionadas para que o produto marginal dos fatores mais dinâmicos recebam maior incentivo ou atenção De acordo com os resultados a variável capital é a que apresentou maior sensibilidade assim qualquer incentivo em aumentar o capital resulta em variação maior da produção Comparando ainda os dados de produto marginal e médio verificase que o investimento está sendo utilizado em nível econômico devidos os dois valores apresentaremse próximos o que não acontece com a mãodeobra significando que esses dois fatores provavelmente terão se ser explorados com maior racionalidade econômica para que se aumente a sua produtividade marginal e portanto alcance nível econômico ótimo Os resultados obtidos refletem a realidade do Estado de Mato Grosso visto que o Estado experimenta pleno desenvolvimento econômico e tem recebido por parte do Governo Federal grande volume de investimentos para o setor agropecuário O presente trabalho analisou a função de produção agregada para o Estado de Mato Grosso Resultados semelhantes foram encontrados no trabalho de Silva et alii 2000 onde se analisou a função de produção agrícola agregada para o Estado de Goiás Por fim sugerese para pesquisas futuras investigações mais profundas a nível nacional e para a Região Centro Oeste como um todo V Referências Bibliográficas CAMPOS Suely da Costa Sustentabilidade da Agroindústria da Soja A experiência em Mato Grosso no Período de 19801996 Dissertação de Mestrado em Economia Centro de Ciências Sociais e Aplicadas CCSA Universidade Federal da Paraíba João Pessoa PB Fev 2000 FURTUOSO M C O O Produto Interno Bruto do Complexo Agroindustrial Brasileiro PiracicabaSP 1998 Tese de Doutorado em Economia Aplicada Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz USP Universidade de São Paulo 278 p FUNÇÃO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA AGREGADA DO ESTADO DE MATO GROSSO EM 1995 15 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Censo Agropecuário Estado de Mato Grosso 1995 wwwibgegovbr MATO GROSSO Governo do Estado de Mato Grosso Secretaria de Planejamento Manual do Investidor no Estado de Mato Grosso Cuiabá 2000 110 p SILVA SP e LEITE C A M Análise da função de produção agrícola agregada do Estado de Goiás em 1995 RV Economia Ano 2 Ed 5 Nov2000 TEIXEIRA E C Comércio Internacional e Comercialização Agrícola Ed Por Erly C Teixeira Danilo R D Aguiar Viçosa UFV DER 1995 240p VARIAN Hal R Microeconomia Princípios básicos 5 ed Rio de Janeiro Campus 2000
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REVISTA DE ESTUDOS SOCIAIS Ano 4 n 8 2002 715 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA AGREGADA DO ESTADO DE MATO GROSSO EM 1995 Nilton Marques de Oliveira1 Neiva de Araújo Marques2 RESUMO Este Artigo tem como objetivo analisar a função de produção agrícola agregada do Estado de Mato Grosso com dados de 1995 O modelo teórico utilizado foi a Teoria da Produção que consiste na análise da combinação de vários recursos produtivos para se obter determinado volume de produção Utilizouse como modelo empírico o Método dos Mínimos Quadrados Ordinários MQO uma função de produção do tipo CobbDouglas Os resultados obtidos indicam que o capital investimento e financiamento é a variável de maior significância estatística para explicar o comportamento do valor da produção seguido pela mecanização área e mãodeobra Palavraschave Função de Produção Mato Grosso Mínimos Quadrados Ordinários I Introdução I1 O Problema e sua Importância A importância do agronegócio para a economia brasileira pode ser identificada pela sua participação na formação da renda nacional na geração de empregos e na adaptação e desenvolvimento de tecnologia Segundo FURTUOSO 1998 as atividades do agronegócio complexo agroindustrialCAI apresentam um dos maiores índices de encadeamento para frente e para trás e os melhores canais para a transmissão dos efeitos dessas ligações na estrutura da economia brasileira indicando ser este conjunto de atividades especialmente 1 Economista mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa UFV Email nmobolcombr 2 Administradora Professora Assistente da Universidade Federal de Mato Grosso doutoranda em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa UFV EMail neivabuynetcombr REVISTA DE ESTUDOS SOCIAIS ANO 4 NÚMERO 82002 8 importante para receber estímulos que visam o crescimento sustentado da economia O desempenho futuro da agroindústria brasileira está relacionado com a criação de novas alternativas de apoio à produção de forma a manter a atividade em níveis desejados com possibilidades de ampliação via modernização das estruturas produtivas De acordo com CAMPOS 2000 o processo de ocupação agroindustrial no Estado de Mato Grasso avança na década de 80 ocorrendo a expansão do plantio da soja nas regiões Sul e Norte do Estado Na década de 90 se consolida essa expansão devido sua topografia e mecanização completa da atividade O Estado foi pólo de atração de capitais do CentroSul especialmente das chamadas empresas líderes do complexo soja que tenderam a ocupar posições estratégicas no Estado principalmente nas cidades de Rondonópolis Cuiabá Sorriso e Tangará da Serra O Estado de Mato Grosso possui área de 9068069 km2 ocupando 105 do território nacional sendo Cuiabá a capital do Estado Faz limite com os Estados do Amazonas e Pará ao Norte Tocantins e Goiás ao Leste Mato Grosso do Sul ao Sul e ao Oeste com o Estado de Rondônia e a Bolívia Possui 139 municípios IBGE 2000 A população do Estado é de 2502260 habitantes A densidade demográfica é de 275 habkm2 IBGE2000 sendo que a composição demográfica é de 7323 urbana e de 2677 rural Mato Grosso é o primeiro produtor nacional de soja primeiro em algodão segundo de arroz e o quarto de bovinos Dos 90 milhões de hectares que formam o Estado 25 milhões são agricultáveis e apenas 18 estão sendo aproveitados MATO GROSSO 2000 A economia de Mato Grosso está baseada na produção de produtos primários tanto para o mercado interno quanto para o exterior com destaque para os grãos soja arroz e algodão Nessas atividades o Estado ocupa papel importante nessa nova conjuntura da economia brasileira tanto por sua participação na oferta quanto por sua rápida resposta aos estímulos de mercado Segundo TEIXEIRA 1997 a formação dos recursos de capital em todas as economias ocorre a partir do aumento da produção obtida a custos médios continuamente mais baixos Isso ocorre com o aumento da produtividade dos recursos de produção dado o uso de melhores técnicas FUNÇÃO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA AGREGADA DO ESTADO DE MATO GROSSO EM 1995 9 desenvolvidas pelas instituições de pesquisas Informações sobre a eficiência dos setores são fundamentais para orientar o planejamento e a formulação de políticas de modo a reduzir a polarização existente no desenvolvimento do Estado buscando a otimização dos resultados das atividades primárias Portanto dada a relevância do conhecimento das peculiaridades do setor este Artigo tem como objetivo determinar e analisar as características da produção agrícola agregada para o Estado de Mato Grosso com dados de 1995 Especificamente desejase analisar as respostas do valor total da produção e se identificar se os recursos estão tendo alocação eficiente II Metodologia II1 Modelo Teórico Como fundamentação teórica usase a Teoria da Produção que consiste em análise de como o empresário combina os vários insumos para obter determinado volume de produção de forma economicamente eficiente A Função de Produção pode ser definida como sendo a relação que indica a quantidade máxima que se pode obter de um produto por unidade de tempo a partir da utilização de determinada quantidade de fatores de produção mediante a escolha do processo de produção mais adequado Varian 2000 Ela pode ser explicitada com dois ou mais fatores de produção Yt f X1X2 X3Xt 1 Onde Yt é a produção de determinado produto no tempo t e Xt t 1 2 t as variáveis independentes representando os fatores de produção Para se obter o Produto Marginal do Fator Xt PMgxt estima se a derivada parcial da função de produção em relação a dado fator mantendose os demais fatores constantes PMgxtyxi isto é para xjiconstante O produto Médio do Fator Xi PMexi é a relação entre as quantidades do produto e do referido fator PMexi yxi Por sua vez a REVISTA DE ESTUDOS SOCIAIS ANO 4 NÚMERO 82002 10 elasticidade parcial de produção é igual à variação percentual do produto dividido pela variação percentual de insumo ou ainda igual a relação entre o Produto Marginal PMgxt e o produto Médio Fator PMexi p yxi PMgxtPMexi A elasticidade parcial de produção indica qual é o estágio em que a produção está sendo realizada informando destarte se o nível de produção está sendo realizado em situação economicamente racional ou irracional ou seja ela quantifica a variação da produção provocada por variações nos insumos Se p 1 o nível de produção está sendo realizado no estágio I que corresponde aos rendimentos médios crescentes do insumo variável Se 0 p 1 o nível de produção está sendo realizado no estágio II correspondendo a rendimentos médios decrescentes Se p 0 o nível de produção está sendo realizado no estágio III significando que unidades adicionais do insumo variável provocam declínio do produto total Os estágios I e III são portanto considerados irracionais Desse modo racionalmente a produção deve ocorrer entre os limites do estágio II De acordo com Varian 2000 a função CobbDouglas apresenta três características é homogênea de grau 1 com respeito aos insumos exibe retornos decrescentes para capital e trabalho quando algum insumo permanece constante e os parâmetros estimados são as elasticidades parciais de produção II2 Modelo Empírico Conforme já mencionado utilizase função de produção do tipo CobbDouglas agregada para o Estado de Mato Grosso com dados de 1995 VPtfAtM0tMtKt 2 onde VPt denota o valor total da produção agregada em mil reais para 117 municípios At é a área em ha M0t é a mãodeobra utilizada Mt é o FUNÇÃO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA AGREGADA DO ESTADO DE MATO GROSSO EM 1995 11 índice de mecanização por hectare e Kt é o valor de investimento e financiamento utilizado no ano t para i 123117 Quando expressa na forma linearizada a função de produção CobbDouglas muta para LogVPi o 1logAi 2logMOi 3logMi 4logKi i 3 onde LogVPi é o logaritmo do valor total da produção agregada i é o parâmetro de eficiência para i 1234 logAi é o logaritmo da área em hectares logMOi é o logaritmo de mãodeobra logMi é o logaritmo do índice de mecanização logKi é o logaritmo do valor do investimento e financiamento e i é o resíduo associado aos dados A equação é estimada pelo método de mínimos quadrados ordinários MQO satisfazendo as pressuposições usuais 0 σ 2 ε N t Nestas estimativas esperase que 1 0 2 0 30 e 4 0 dado que aumento redução de área em hectare possibilita um aumento redução no valor da produção o aumento redução na mão deobra possibilita um aumento redução no valor da produção aumento redução na mecanização produtividade coeteris paribus possibilitam aumentos redução no valor total da produção e aumento redução no investimento e financiamento possibilita um aumento redução no valor da produção Esperase sinal positivo para todos os coeficientes At M0t Mt Kt mas situados entre zero e um O valor total da produção compreende a produção agrícola em cada município investigado medido em mil reais incluindo produção vegetal e animal de grande porte A terra área em hectares compreende lavouras permanentes e temporárias pastagens naturais e artificiais matas naturais e plantadas além de lavouras em descanso e produtivas não utilizadas A mãodeobra consiste no total de pessoal ocupado homens e mulheres acima de 14 anos que abrange todas as pessoas com ou sem remuneração O capital investimento e financiamento compreende o valor total dos investimentos em terras adquiridas prédios instalações outras benfeitorias novas culturas veículos máquinas implementos agrícolas compras de animais de reprodução e criação Utilizase o índice no Maqárea para medir o grau de mecanização da lavoura REVISTA DE ESTUDOS SOCIAIS ANO 4 NÚMERO 82002 12 III Resultados e Discussões Nesta parte serão apresentados e discutidos os resultados obtidos pela estimação da Função de Produção do tipo CobbDouglas agregada Todas as pressuposições do Modelo de Regressão Linear Clássico foram satisfeitas O coeficiente de determinação R2 foi de 082 o que indica um ótimo ajustamento do modelo ou seja 82 das variações no valor da produção são explicadas pelas variações na área mãodeobra índice de mecanização e capital Veja os resultados da Regressão na Tabela 1 TABELA 1 Estimação da função de produção agregada para o Estado de Mato Grosso 1995 Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística t Interepto o 3875133 0871408 4446979 Área ha 0555524 0084146 6601918 Mãodeobra 0109801 0075642 1451589 Índice de Mecanização 0693824 0076224 9102460 Capital 0375311 0072795 5155708 R2 0824589 F 1316248 DurbinWatson 2088179 significativo a nível de 1 e não significativo Conforme pode ser observado todos os coeficientes estimados com exceção do coeficiente da mãodeobra foram significativos ao nível de 1 O teste F confirma que o modelo é estatisticamente significativo a 1 podendose por conseguinte se rejeitar a hipótese nula de que todos os coeficientes estimados exceto mãodeobra são iguais a zero Para o teste de DurbinWatson observase que o dc 2088 indicando a inexistência de autocorrelação nos resíduos Em relação ao teste de normalidade dos resíduos feito através do teste de JarqueBera verificouse 25 de probabilidade de se aceitar a hipótese nula A hipíotese nula formula que os resíduos possuem distribuição normal Por sua vez a matriz de correlação entre as variáveis explicativas apresentou coeficientes de correlação baixos relativamente ao nível aceitável r080 mostrando que não existe multicolinearidade no modelo FUNÇÃO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA AGREGADA DO ESTADO DE MATO GROSSO EM 1995 13 Outrossim a análise econômica para análise das elasticidades parciais da produção produto marginal e médio para cada fator são apresentados na Tabela 2 De acordo com os resultados os fatores de produção estão sendo utilizados de maneira racional já que se encontram insertos no segundo estágio de produção logo os fatores de produção apresentam produto médio maior que o produto marginal e ademais a produtividade marginal é positiva indicando que exibem retornos positivos conforme pode ser visto na Tabela 2 TABELA 2 Elasticidades parciais de produção produto marginal produto médio e retorno à escala setor agropecuário no Estado de Mato Grosso 1995 Variável Elasticidade Parcial PMg Pme Área ha 055 0006 004 Índice de Mecanização 069 9189 686 Capital 037 276 308 Retorno à escala 161 Fonte Resultado da pesquisa A função de produção agregada para o Estado tem retornos crescentes conforme se nota na Tabela 2 dessa maneira quando todos os fatores de produção forem aumentados em 1 unidade o valor da produção aumenta em R161000 O fator terra área em ha apresentou elasticidade parcial de 055 ou seja para cada um 1 de aumento nesse fator a produção aumenta em 055 O valor da produção é medido em R100000 O último hectare plantado contribuiu para o aumento do valor da produção em R600 e seu produto médio foi de R4000 A elasticidade parcial do índice de mecanização indica que o aumento de 1 provoca acréscimo de 069 no valor da produção Em relação ao capital investimento e financiamento observase que aumento de 1 em investimento e financiamento provoca acréscimo de 037 no valor da produção A unidade do fator R100000 de capital investimento e financiamento aumenta a produção agregada em R276000 Por conseguinte mil reais de investimentos contribuem com a produção em R308000 ou seja o produto médio do investimento é de 308 REVISTA DE ESTUDOS SOCIAIS ANO 4 NÚMERO 82002 14 IV Comentários Finais Os resultados permitem se deduzir que os coeficientes dos fatores de produção estão sendo utilizados no estágio racional de produção As decisões políticas podem ser direcionadas para que o produto marginal dos fatores mais dinâmicos recebam maior incentivo ou atenção De acordo com os resultados a variável capital é a que apresentou maior sensibilidade assim qualquer incentivo em aumentar o capital resulta em variação maior da produção Comparando ainda os dados de produto marginal e médio verificase que o investimento está sendo utilizado em nível econômico devidos os dois valores apresentaremse próximos o que não acontece com a mãodeobra significando que esses dois fatores provavelmente terão se ser explorados com maior racionalidade econômica para que se aumente a sua produtividade marginal e portanto alcance nível econômico ótimo Os resultados obtidos refletem a realidade do Estado de Mato Grosso visto que o Estado experimenta pleno desenvolvimento econômico e tem recebido por parte do Governo Federal grande volume de investimentos para o setor agropecuário O presente trabalho analisou a função de produção agregada para o Estado de Mato Grosso Resultados semelhantes foram encontrados no trabalho de Silva et alii 2000 onde se analisou a função de produção agrícola agregada para o Estado de Goiás Por fim sugerese para pesquisas futuras investigações mais profundas a nível nacional e para a Região Centro Oeste como um todo V Referências Bibliográficas CAMPOS Suely da Costa Sustentabilidade da Agroindústria da Soja A experiência em Mato Grosso no Período de 19801996 Dissertação de Mestrado em Economia Centro de Ciências Sociais e Aplicadas CCSA Universidade Federal da Paraíba João Pessoa PB Fev 2000 FURTUOSO M C O O Produto Interno Bruto do Complexo Agroindustrial Brasileiro PiracicabaSP 1998 Tese de Doutorado em Economia Aplicada Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz USP Universidade de São Paulo 278 p FUNÇÃO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA AGREGADA DO ESTADO DE MATO GROSSO EM 1995 15 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Censo Agropecuário Estado de Mato Grosso 1995 wwwibgegovbr MATO GROSSO Governo do Estado de Mato Grosso Secretaria de Planejamento Manual do Investidor no Estado de Mato Grosso Cuiabá 2000 110 p SILVA SP e LEITE C A M Análise da função de produção agrícola agregada do Estado de Goiás em 1995 RV Economia Ano 2 Ed 5 Nov2000 TEIXEIRA E C Comércio Internacional e Comercialização Agrícola Ed Por Erly C Teixeira Danilo R D Aguiar Viçosa UFV DER 1995 240p VARIAN Hal R Microeconomia Princípios básicos 5 ed Rio de Janeiro Campus 2000