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Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar DICIONÁRIO DO PENSAMENTO SOCIAL DO SÉCULO XX EDITADO POR William Outhwaite Tom Bottomore COM A CONSULTORIA DE Ernest Gellner Robert Nisbet Alain Touraine EDITORIA DA VERSÃO BRASILEIRA Renato Lessa Professor e diretorexecutivoIuperj Professortitular de ciência políticaUFF Wanderley Guilherme dos Santos Professor e pesquisadorIuperj Pesquisador do Laboratório de Estudos Experimentais LEEXFaculdades Candido Mendes Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar Título original The Blackwell Dictionary of TwentiethCentury Social Thought Tradução autorizada da primeira edição inglesa publicada em 1993 por Blackwell Publishers de Oxford Inglaterra Copyright 1993 Basil Blackwell Organização editorial 1993 William Outhwaite e Tom Bottomore Copyright da edição em língua portuguesa 1996 Jorge Zahar Editor Ltda rua México 31 sobreloja 20031144 Rio de Janeiro RJ tel 21 21080808 fax 21 21080800 editorazaharcombr wwwzaharcombr Todos os direitos reservados A reprodução nãoautorizada desta publicação no todo ou em parte constitui violação de direitos autorais Lei 961098 Todos os direitos reservados Este ebook foi publicado com a permissão de John Wiley Sons Ltd Tradução Álvaro Cabral e Eduardo Francisco Alves Capa Carol Sá e Sérgio Campante CIPBrasil Catalogaçãonafonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros RJ D546 Dicionário do pensamento social do Século XX editado por William Outhwaite Tom Bottomore com a consultoria de Ernest Gellner Robert Nisbet Alain Touraine editoria da versão brasileira Renato Lessa Wanderley Guilherme dos Santos tradução de Eduar do Francisco Alves Álvaro Cabral Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed 1996 Tradução de The Blackwell dictionary of TwentiethCentury social thought Inclui apêndice e bibliografia ISBN 9788571103450 1 Ciências Sociais Dicionários 2 Sociologia Dicionários I Outhwaite William II Bottomore Tom 19201992 CDD 3003 961102 CDU 3038 SUMÁRIO Prefáciovii Prefácio à edição brasileira viii Introduçãoix Colaboradoresxiii VERBETES AZ1 Apêndice biográfico807 Bibliografia geral821 Índice de nomes e assuntos 933 Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar PREFÁCIO UM DICIONÁRIO do pensamento social do século XX deve necessariamente cobrir um amplo espectro das ciências sociais à filosofia às teorias e doutrinas políticas às idéias e aos movimentos culturais além de considerar a influência das ciências naturais Foi esse vasto domínio que procuramos abranger ao convidar especialistas de diversas áreas para elaborar os verbetes da presente obra em primeiro lugar os conceitos fundamentais representados no pensamento social em segundo as principais escolas e movimentos e em terceiro aquelas instituições e organizações que se revelaram objetos privilegiados da análise social ou que forjaram doutrinas e idéias significativas Boa parte do dicionário é dedicada a determinados universos conceituais que exerceram influência neste século ciências sociais específicas escolas filosóficas doutrinas políticas estilos marcantes na arte e literatura Em cada um desses casos um extenso verbete geral é complementado por outros verbetes que desenvolvem certos aspectos das idéias e teorias envolvidas assim por exemplo o verbete sobre ciência econômica desdobrase em verbetes sobre as diversas concepções e escolas que se destacaram no pensamento econômico e analogamente o verbete sobre marxismo é complementado por verbetes sobre as várias formas que esse corpus teórico e doutrinário assumiu Na verdade todas as principais esferas do pensamento social desenvolveramse e proliferaram ao longo do tempo e foi nossa pretensão incorporar à obra esse aspecto histórico remontando em muitos casos às concepções de séculos anteriores Isolamos do corpo principal do dicionário informações biográficas relativas aos grandes teóricos do pensamento social já que cobririam com freqüência o mesmo terreno explorado nos verbetes sobre conceitos e teorias mas acrescentamos em apêndice uma seção de sucintas biografias sobre aqueles que deram importante contribuição ao pensamento social ou que sobre ele tiveram influência duradoura Encerrando o volume encontrase um índice geral para auxi liar o leitor a localizar conceitos escolas e pensadores específicos Cada verbete deste dicionário é seguido de uma lista de leituras sugeridas e além disso no final da obra há uma bibliografia geral compilando todos os livros e artigos mencionados no texto As referências bibliográficas autordata no texto referemse geralmente às primeiras edições das obras em questão as datas de edições subseqüentes são assinaladas entre parênteses em itálico sempre que oportuno Embora intrinsecamente cada verbete se pretenda autosuficiente as remissões a outros verbetes capazes de enriquecer o assunto em exame são assinaladas em VERSALETES no texto WILLIAM OUTHWAITE TOM BOTTOMORE Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar vii PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA TOM BOTTOMORE faleceu subitamente em 9 de dezembro de 1992 aos 72 anos de idade justo no momento em que a impressão da edição inglesa deste dicionário estava sendo concluída não pôde ver o resultado final desse projeto no qual viéramos trabalhando anos a fio Pouco antes de morrer começara a escrever um livro há muito planejado sobre democracia socialista mas este dicionário para todos os efeitos é sua última obra concluída durante quarenta anos de uma fecunda carreira como escritor Os inúmeros livros e artigos de Tom serviram e ainda servem como um guia de con fiabilidade ímpar para sucessivas gerações de estudantes e professores de sociologia e das demais ciências sociais sua clara e convincente concepção da sociologia e do marxismo e da relação entre ambos é um marco na sociologia da segunda metade do século XX Como editor deste dicionário Tom acabou contribuindo com mais verbetes do que o planejado à medida que a obra se aproximava da conclusão A meu ver e espero que os leitores concordem comigo os verbetes assinados por Tom constituem um dos sólidos esteios deste dicionário revelando em microcos mo a raríssima combinação de alcance intelectual clareza racionalidade e bom senso que caracterizou toda sua obra WO WILLIAM OUTHWATE leciona sociologia na School of European Studies Universidade de Sussex Inglaterra É autor de Understanding Social Life the Method Called Verstehen 2a ed 1986 Concept Formation in Social Science 1983 New Philosophies of Social Science Realism Hermeneutics and Critical Theory 1987 e Habermas a Critical Introduction 1994 Organi zou com Michael Mulkey o livro Social Theory and Social Criticism Essays for Tom Bottomore 1987 TOM BOTTOMORE 192092 foi autor de vasta e importante obra sendo mais conhecido do leitor brasileiro pelas diversas edições publicadas pela Zahar a partir da década de 60 Introdução à sociologia As classes na sociedade moderna Críticos da sociedade moderna o pensamento radical na América Latina As elites e a sociedade Karl Marx org A sociologia como crítica social Sociologia política História da análise sociológica org Grande sucesso editorial desfruta hoje o seu Dicionário do pensamento marxista publicado no Brasil pela mesma editora Bottomore lecionou na London School of Economics nas Universidades Simon Fraser e Dalhousie ambas no Canadá e na Universidade de Sussex Inglaterra de 1968 a 1985 quando deixou o magistério Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar viii INTRODUÇÃO NO FINAL DO SÉCULO XIX o termo social ainda era relativamente recente assim como o era de modo geral a noção de ciências sociais distintas As primeiras associações e publicações profissionais estavam apenas despontando e enquanto novas ciências sociais como a sociologia vinham conquistando reconhecimento a ciência econômica como disciplina mais antiga passava por um intenso desenvolvi mento tanto sob a forma neoclássica que lhe conferiram Carl Menger Léon Walras Alfred Marshall e outros como na vertente que dava peculiar ênfase aos trabalhos da escola histórica alemã Todas as ciências sociais sentiamse no direito de reivindicar precursores nos séculos XVIII e XIX ou ainda mais remotos no caso da ciência política e da história e as idéias de alguns desses pioneiros permaneceram influentes No século XX contudo as ciências sociais adquiriram maior consistência e autono mia exercendo maior impacto sobre o pensamento social como um todo As doutrinas políticas em geral e a crítica social em particular tornaramse mais tributárias das teorias da sociedade e muitas idéias do século XIX vieram a encontrar um substrato institucional O positivismo de forma ligeiramente distinta da versão comtiana original consolidouse como uma filosofia da ciência com notável influência entre os cientistas sociais O evolucionismo sobreviveu a todo tipo de ataques e assegurou seu lugar no pensamento social assumindo novas formas depois da II Guerra Mundial tanto no que diz respeito a concepções de modernização subdesenvolvimento e desenvolvimento quanto mais recentemente em relação a teorias sobre a evolução da condição moral e do pensamento humano como um todo A influência do marxismo como uma crítica da economia política uma teoria da sociedade e uma doutrina política intensificouse com regularidade durante a maior parte do século embora por caminhos cada vez mais ramificados isso se refletiu depois da Revolução Russa e mais ainda depois de 1945 na acentuada divisão entre o marxismoleninismo e o que veio a ser designado como marxismo ocidental este último extremamente diversificado em si mesmo Os dramáticos acontecimentos de 1989 puseram fim às ditaduras comunistas da Europa oriental e à influência mundial do leninismo mas embora o marxismo e em certa medida o socialismo encontremse atualmente em declínio na Europa póscomunista a questão não é assim tão evidente em outras regiões do mundo Por toda a parte entretanto observase uma grande tendência a repensar as doutrinas sociais e políticas que tiveram suas origens nos séculos XVIII e XIX florescendo no século atual em meio a um fundo de drásticas e bruscas mudanças na estrutura e na cultura das sociedades humanas A Revolução Industrial e as revoluções políticas na França e nos Estados Unidos haviam iniciado essa transformação ao inaugurar o movimento democrático e mais tarde o socialismo e as contradoutrinas do conservadorismo e do liberalismo mas as novas sociedades capitalistas industriais também se caracterizaram pelo nacionalismo e pela expansão imperialista Por conseguinte o século XX ao contrário das expectativas de Auguste Comte e Herbert Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar ix Spencer revelouse como um dos mais violentos da história humana com duas guerras mundiais extremamente destrutivas e bárbaras e inúmeros conflitos menores porém não menos brutais como perseguições e genocídios em grande escala Surgiram novas formas de expansionismo agressivo com os regimes fascistas na Europa que além disso instauraram ditaduras totalitárias de uma nova espécie embora tivessem um paralelo ou mesmo um precursor na Rússia stalinista e num estilo distinto mais militarista no Japão Subjacente à destrutividade da guerra moderna deuse o avanço sem prece dentes durante o século passado das ciências naturais e da tecnologia que transformou as condições e as formas de vida social Incessantes inovações tecnológicas nos países industrializados constituíram fator determinante no crescimento econômico e aspecto importante ao surgimento de gigantescas empresas corporations entre elas as multinacionais que cada vez mais dominam a economia mundial sobretudo nas últimas quatro décadas Ao mesmo tempo inovação e crescimento possuem um efeito desintegrador que não opera de maneira uniforme mas num ciclo de expansão e depressão marcado por períodos de desemprego em larga escala como na década de 1930 e novamente na de 1980 Tais circunstâncias colocaram em pauta o debate sobre métodos de regulamentação da economia para fins sociais um debate que até 1989 envolveu com freqüência o contraste entre economias capitalistas de relativamente livre comércio e as economias centralmente planejadas o que ainda suscita inter rogações sobre o papel do planejamento parcial prescritivo na gestão do sistema econômico O próprio desenvolvimento econômico gerou novas questões para os pensa dores sociais em primeiro lugar o contraste entre a crescente riqueza dos países industrializados no interior dos quais persistem contudo densas áreas empobrecidas e a miséria absoluta em certos casos crescente como em vastas regiões da África de grande parte do Terceiro Mundo em segundo lugar o impacto ambiental causado pelo próprio desenvolvimento No tocante à primeira questão não se mediram esforços no sentido de formular modelos de desenvolvimento para os países mais pobres além de planos de ação prática que superassem a divisão NorteSul mas as políticas efetivamente implementadas até agora não lograram o êxito esperado e no final da década de 1980 a transferência de recursos de países ricos para pobres através de programas de auxílio e outros meios havia se convertido em virtude da dívida acumulada num fluxo inverso dos pobres para os ricos Por conseguinte um contin gente cada vez maior de pensadores sociais vem confluindo para um debate crítico sobre como avaliar o desenvolvimento num contexto mundial ou para a concepção de uma nova ordem econômica internacional o que em grande parte permanece por ora um mero estereótipo Esse debate estendeuse a uma área suplementar cuja atenção está voltada para o meio ambiente De fato é a essa questão e aos movimentos ecológicos em franca expansão que uma considerável parcela do pensamento social tem se dedicado em décadas recentes A poluição e a destruição do habitat humano resultado da produção industrial e da demanda aparentemente insaciável de matérias primas afetaram não só as próprias sociedades industriais mas também os países do Terceiro Mundo onde são frequentemente ainda mais devastadoras podendo ainda ser agravadas pelos efeitos da explosão demográfica Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar x É contra um pano de fundo de convulsões sociais conflitos rupturas e dos novos problemas do século XX que o pensamento social seja o produzido pelos próprios ativistas sociais e políticos seja pelo crescente exército de scholars profissionais deve ser entendido Entretanto muitos de seus temas centrais permanecem os mesmos do início do século a natureza do trabalho o papel da naçãoestado a relação entre indivíduo e sociedade o efeito do dinheiro sobre as relações sociais o contraste entre Gemeinschaft comunidade e Geselschaft sociedade associação estratificação e igualdade a tensão entre sectarismo e liberdade de valores nas ciências sociais e até mesmo alguns rótulos como o próprio fin de siècle As mais recentes análises sobre a pósmodernidade ou sobre o pósindustrialismo assemelhamse incrivelmente às primeiras descrições da modernidade e do industrialismo e a moderna futurologia apesar da disponibilidade dos modelos informatizados não difere muito das previsões dos pensadores sociais do século XIX e do início do atual Entretanto esses antigos temas adquiriram em muitos casos um novo conteú do A natureza e o significado do trabalho têm agora de ser examinados no contexto de uma estrutura ocupacional radicalmente alterada em função da redução das horas de trabalho e da expansão do tempo disponível para atividades livremente escolhidas O estado tornouse de forma mais direta o provedor de serviços sociais vitais e da infraestrutura econômica essencial mas a experiência do fascismo e do stalinismo mostrou que o seu poder em certas circunstâncias pode ser usado para instaurar um sistema totalitário A democracia que no início do século era um produto relativamente recente e limitado vigorando em apenas uma escassa minoria de países em alguns deles para logo ser derrubada tornouse ao menos em teoria um parâmetro político quase universal embora seu efetivo campo de ação ainda seja ferrenhamente discutido entre os defensores da democracia liberal ou participativa e no contexto dos recentes debates em torno do significado de cidadania Estratificação e igualdade temas que ocuparam lugar central nos conflitos políticos entre esquerda e direita ao longo de todo este século tornaramse questões mais complexas nas últimas décadas quando outras formas de desigualdade de gênero raça e nacionalidade passaram a merecer ênfase mais forte por parte de novos movimentos sociais e quando as alegações das sociedades comunistas de que haviam eliminado as desigualdades de classe foram mais incisivamente contestadas por críticos internos e externos de suas rígidas estruturas hierárquicas Este dicionário pretende fornecer uma visão abalizada e abrangente dos princi pais temas do pensamento social e de seu desenvolvimento desde o início do século ou mesmo antes até bem perto de seu fim à luz do vasto e instável panorama social desta turbulenta era Provará ser assim esperamos uma valiosa fonte de referência para todos aqueles que de diferentes modos preocupamse com o desen volvimento futuro da sociedade humana quando nos preparamos para ingressar num nove século e num novo milênio WO TB Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xi Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar COLABORADORES Philip Abbott Wayne State University Nicholas Abercrombie Universidade de Lancaster Hugh GJ Aitken Amherst College Martin Albrow Roechampton Institute Londres David E Apter Universidade Yale Anthony Arblaster Universidade de Sheffield David Armstrong Guys Hospital Universidade de Londres Giovani Arrighi State University of New York at Binghamton Michael Bacharach Christ Church Oxford Peter Baehr Memorial University of Newfoundland Paul Bailey Universidade de Edimburgo E Digby Baltzell Universidade da Pensilvânia Lorraime F Baric Information Technology Institute Universidade de Salford Clive Barker Universidade de Warwick Rodney Barker London School of Economics Alan Barnard Universidade de Edimburgo Michèle Barrett City University Londres DJ Bartholomew London School of Economics Kaushik Basu Delhi School of Economics Patrick Bateson Universidade de Cambridge James A Beckford Universidade de Warwick Leonard Beeghley Universidade da Flórida Reinhard Bendix Geoffrey Bennington School of European Studies Universidade de Sussex Ted Benton Universidade de Essex Henry Bernstein Institute for Development Policy and Management Universidade de Manchester Christopher J Berry Universidade de Glasgow Roy Bhaskar Linacre College Oxford Michael Billig Loughborough University Ken Binmore Universidade de Michigan Mildred Blaxter School of Economic and Social Studies Universidade de East Anglia Josef Bleicher Queens University Glasgow J Blondel European University Institute Florença Stephan Boehm Universidade de Graz Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xiii Peter J Boettke New York University Tom Bottomore Gerhard Botz Institut für Geschichte Universität Salzburg Raymond Boudon Groupe dÉtude des Méthodes de lAnalyse Sociologique Universidade de ParisSorbonne Margaret M Braungart State University of New York Richard G Braungart Syracuse University EA Brett Institute of Development Studies Universidade de Sussex Asa Briggs Sussex George W Brown Royal Holloway and Bedford New College Rogers Brubaker Universidade da Califórnia Los Angeles Hauke Brunkhorst Institut für Grundlagen der Politik Freie Universität Berlin W Brus Wolfson College Oxford Alan Bryman Loughborough University Tom Burden Leeds Polytechnic Colin Campbell Universidade de York Tom D Campbell Australian National University Julius Carlebach Hochschule für Jüdische Studien Heidelberg Allan C Carlson Rockford Institute Illinois Elwood Carlson Universidade da Carolina do Sul Terrell Carver Universidade de Bristol Alan Cawson School of Social Sciences Universidade de Sussex Gérard Chaliand Paris Simon Clarke Universidade de Warwick Ira J Cohen Rutgers University Selma Jeanne Cohen Nova York David E Cooper Universidade de Durham Lewis A Coser Cambridge Massachussetts Bernard Crick Birkbeck College Universidade de Londres Roger Crisp St Annes College Oxford Ian Crowther Editor literário The Salisbury Review Fred DAgostino Universidade da Nova Inglaterra RW Davies Centre for Russian and East European Studies Universidade de Birmingham Meghnad J Desai London School of Economics Torcuato S Di Tella Buenos Aires Marco Diani Centre dAnalyse et dIntervention Sociologiques Paris James Donald Media Studies Universidade de Sussex François Dubet École des Hautes Études em Science Sociale Paris Bohdan Dziemidok Universidade de Gdansk Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xiv Andrew Edgar College of Cardiff Universidade do País de Gales S Eilon Imperial College of Science and Technology Londres Peter P Ekeh Universidade de Buffalo Pascal Engel Centre de Recherche en Épistémologie Paris Helen Fein Institute for the Study of Genocide Nova York Joseph V Femia School of Politics and Communication Studies Universidade de Liverpool Zsuzsa Ferge Instituto de Sociologia e Política Social Universidade Eötvos Loránd Budapeste Rubem César Fernandes Instituto de Estudos da Religião Rio de Janeiro Robert A Foley Universidade de Cambridge Tom Forester School of Computing and Information Technology Griffith University Queensland Murray F Foss American Enterprise Institute for Public Policy Research Washington DC Lawrence Freedman Kings College Londres Christopher Freeman Science Policy Research Unit Universidade de Sussex RG Frey Bowling Green State University Diego Gambetta Universidade de Oxford David Garland Universidade de Edimburgo Ernest Gellner Norman Geras Universidade de Manchester Naomi R Gerstel Department of Sociology and Social and Demographic Research Unit Universidade de Amherst Margaret Gilbert Universidade de Connecticut Storrs Hannes H Gissurarson Universidade de Reykjavik Peter E Glasner University of the West of England Frank Gloversmith Universidade de Sussex Jack A Goldstone Center for Comparative Research in History Society and Culture Universidade da Califórnia Davis Stanislaw Gomulka London School of Economics Peter Goodrich Birkbeck College Universidade de Londres Robert Grant Universidade de Glasgow SJD Green School of History Universidade de Leeds Roger Griffin Brooke University Oxford David B Grusky Stanford University AnneMarie Guillemard Universidade de Paris IV PanthéonSorbonne Peter Gurney Universidade de Glamorgan Peter Halfpenny Universidade de Manchester John A Hall McGill University Montreal Charles Hallisey Committee on The Study of Religion Universidade Harvard Norman Hampson Professor Emeritus Universidade de York Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xv Shaun P Hargreaves Heap Universidade de East Anglia Gwyn HarriesJenkins Universidade de Hull Laurence Harris School of Oriental and African Studies Universidade de Londres David M Heer Universidade da Califórnia do Sul Arnold Heertje Universiteit van Amsterdam András Hegedüs Budapeste Adrian Henri Liverpool John Heritage Universidade da Califórnia Los Angeles JH Hexter John M Olin Professor Emeritus of the History of Freedom Washington University Susan Himmelweit Open University Barry Hindess Australian National University Paul Quentin Hirst Birkbeck College Universidade de Londres Barry Holden Universidade de Reading Martin Hollis Universidade de East Anglia Axel Honneth Universität Konstanz Leo Howe Universidade de Cambridge TW Hutchison Professor Emeritus Universidade de Birmingham Richard Hyman Industrial Relations Research Unit Universidade de Warwick Marie Jahoda Sussex Hans Joas John F Kennedy Institut Freie Universität Berlin Terry Johnson Universidade de Leicester Kay Junge Instituto de Sociologia JustusLiebigUniversität Giessen Mary Kaldor Graduate Institute for Contemporary European Studies Universidade de Sussex Haider Ali Khan Graduate School of International Studies Universidade de Denver VG Kiernan Professor Emeritus Universidade de Edimburgo Richard Kilminster Universidade de Leeds Alden S Klovdahl Australian National University IS Kon Instituto de Etnografia e Antropologia Academia da Rússia Moscou Krishan Kumar Universidade de Kent Canterbury Jorge Larrain Universidade de Birmingham Gerhard Lenski Universidade da Carolina do Norte Charles T Lindholm Universidade de Boston Alain Lipietz Centre dÉtudes Prospectives dÉconomie Mathématique Appliquées à la Planification Paris Peter Lloyd Universidade de Sussex Eero Loone Universidade de Tartu Estônia Alfred Louch Claremont Graduate School Califórnia Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xvi Terry Lovell Universidade de Warwick Steven Lukes European University Institute Florença Francis P McHugh St Edmunds College Universidade de Cambridge John Spencer Madden The Countess of Chester Hospital Chester Michel Maffesoli Universidade de Paris V René Descartes Peter T Manicas Universidade do Havaí Manoa Patrice Mann Universidade de Bordeaux Peter Marsh MCM Research David A Martin London School of Economics Ali A Mazrui State University of New York at Binghamton Ulrike Meinhof Universidade de Manchester Volker Meja Memorial University of Newfoundland José Guilherme Merquior Ian Miles Programme of Policy Research in Engineering Science and Technology Universidade de Manchester David Miller Nuffield College Oxford Enzo Mingione Universidade de Messina Milão Kenneth R Minogue London School of Economics Simon Mohum Queen Mary and Westfield College Universidade de Londres Maxime Molyneux Birkbeck College Universidade de Londres Raymond A Morrow Universidade de Alberta Michael Mulkay Universidade de York Elcanor M Nesbitt Religious Education and Community Project Universidade de Warwick Robert Nisbet Albert Schweitzer Professor Emeritus Columbia University Peter Nolan School of Business and Economic Studies Universidade de Leeds Roderick C Ogley Emeritus Reader Universidade de Sussex John ONeill School of Social Sciences Universidade de Sussex Geoffrey Ostergaard William Outhwaite School of European Studies Universidade de Sussex John E Owens School of Social and Policy Sciences Universidade de Westminster Trevor Pateman Institute of Continuing and Professional Education Universidade de Sussex Geoff Payne Universidade de Plymouth Donald Peterson Cognitive Science Universidade de Birmingham Tony Pinkney Universidade de Lancaster Jennifer Platt School of Social Sciences Universidade de Sussex Ken Plummer Universidade de Essex Jonathan Powis Balliol College Oxford Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xvii Vernon Pratt School of Independent Studies Universidade de Lancaster Allan Pred Universidade da Califórnia David L Prychitko State University of New York Oswego Derek Pugh School of Management The Open University Terence H Qualter Universidade de Waterloo Ontário Ali Rattansi City University Londres LJ Ray Universidade de Lancaster Gavin C Reid Universidade de St Andrews Karin Renon Centre dAnalyse et dIntervention Sociologiques Paris John Rex Professor Emeritus Universidade de Warwick Adrian D Rifkin Universidade de Leeds Paul Rock London School of Economics CA Rootes Universidade de Kent Canterbury Steven PR Rose The Open University WD Rubinstein School of Social Sciences Deakin University Anne Showstack Sassoon School of Social Science Kingston University Werner Sauer Instituto de Filosofia KarlFranzensUniversität Graz Johann F Schneider Universität des Saarlandes John Scott Universidade de Leicester Teodor Shanin Universidade de Manchester AM Sharakiya State University of New York at Binghamton Andrew Sherratt Ashmolean Museum Universidade de Oxford Cris Shore GoldsmithsCollege Universidade de Londres Kazimierz M Slomczynski Instituto de Sociologia Universidade de Varsóvia Peter Sluglett Universidade de Durham Andrew Spencer Universidade de Essex Patricia M Springborg Universidade de Sydney Nico Stehr Universidade de Alberta Herbert Stein American Enterprise Institute for Public Policy Research Washington DC Rudi Supek Zagreb György Széll Fachbereich Sozialwissenschaften Universität Osnabrück Steve Taylor London School of Economics John B Thompson Jesus College Cambridge JKJ Thomson School of Social Sciences Universidade de Sussex Alan Tomlinson Universidade de Brighton Alain Touraine Centre dAnalyse et dIntervention Sociologiques Paris Peter Townsend Universidade de Bristol Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xviii Keith Tribe Keele University Sylvaine Trinh Centre dAnalyse et dIntervention Sociologiques Paris Bryan S Turner Universidade de Essex Jonathan H Turner Universidade da Califórnia Riverside Ernest Tuveson Universidade da Califórnia Berkeley John Urry Universidade de Lancaster Ivan Varga Kingston Ontário Loic JD Wacquant Society of Fellows Universidade Harvard Sylvia Walby London School of Economics Nigel Walker Professor Emeritus Instituto de Criminologia Universidade de Cambridge Immanuel Wallerstein State University of New York at Binghamton e Maison des Sciences de lHomme Paris JWN Watkins London School of Economics Carolyn Webber Survey Research Center Universidade da Califórnia Berkeley Wlodzimierz Wesolowski Instituto de Filosofia e Sociologia Academia Polonesa de Ciências Varsóvia Michel Wievorka Centre dAnalyse et dIntervention Sociologiques Paris Aaron Wildavsky Survey Research Center Universidade da Califórnia Berkeley RA Wilford The Queens University of Belfast Robin M Williams Jr Cornell University Christopher Wilson London School of Economics Charles RM Wilson Portsmouth Polytechnic HT Wilson York University Toronto Peter Worskey Londres Dennis H Wrong New York University Lucia Zedner London School of Economics Sami Zubaida Birkbeck College Universidade de Londres Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xix Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar A aberta sociedade Ver SOCIEDADE ABERTA aburguesamento A expressão referese ao suposto processo segundo o qual setores da classe operária são incorporados à classe média ou burguesia O aburguesamento representa na verdade um conjunto de idéias e pode ser avaliado comparandose as situações da classe operária com as da baixa classe média de acor do com as três seguintes dimensões 1 Situação de mercado Como operam com parativamente níveis de pagamento horas de trabalho perspectivas de promoção bem como direitos de pensão e férias 2 Situação de trabalho Por exemplo os trabalhores manuais dispõem de um grau de autonomia semelhante ao de que desfrutam digamos os empregados de escritório 3 Aspirações status política e costumes Os membros da classe operária estão ado tando valores da classe média por exem plo Historicamente a última dessas dimensões é que tem despertado maior interesse Engels por exemplo referiuse ao modo pelo qual os operários ingleses aspiravam à respeitabilidade e pensavam politicamente da mesma forma que a burguesia Mais tarde nos anos 30 Max Adler deplorou a presença de ideais pequenobur gueses que faziam com que os operários aban donassem a perspectiva da transformação revo lucionária preferindo uma melhoria social gra dual Nesse mesmo sentido Theodor Geiger sustentou que a estrutura de classes do século XX estava mudando na medida em que os operários se tornavam cada vez mais pequeno burgueses em seus hábitos Mais recentemente a idéia de aburguesa mento foi discutida de modo amplo pela socio logia britânica no período posterior à Segunda Guerra Mundial sobretudo sob a influência do importante estudo The Affluent Worker Gold thorpe Lockwood Bechhofer e Platt 1969 Goldthorpe e seus companheiros resolveram pôr à prova a alegação de que à medida que os padrões de vida de muitos trabalhadores ma nuais melhoravam estes iam adotando cada vez mais hábitos e estilos de vida de classe média De um modo geral os autores não detectaram exatamente tal processo mas sim importantes áreas de experiência social em comum que eram caracteristicamente operárias Não obs tante o estudo também revelou um processo de convergência normativa entre certos grupos manuais e nãomanuais que significava para os primeiros um desvio de uma forma de vida social orientada para a comunidade conferindo maior importância à família conjugal uma de finição do trabalho em termos de recompensa material e uma certa retração da consciência de classe Apesar de o conceito de aburguesamento refe rirse especificamente à erosão dos limites entre os estratos superiores da classe operária e os ele mentos inferiores da classe média ele também é parte nítida de um debate mais amplo sobre o significado das fronteiras e da luta de classes nas sociedades avançadas Dessa forma o debate so bre aburguesamento está relacionado com o argu mento paralelo que diz respeito à suposta prole tarização de certas profissões de classe média tais como os trabalhos de escritório e de vendas no varejo Ironicamente alguns sociólogos marxis tas ao afirmarem que a situação dos funcionários dos escritórios está se tornando mais semelhante à da classe operária estão na verdade dizendo que as fronteiras de classe começam a se tornar menos bem definidas Ver também CLASSE Leitura sugerida Goldthorpe JH Lockwood D Bechhofer F e Platt J 1969 The Affluent Worker in the Class Structure Marshall G Newby H Rose 1 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar D e Vogler C 1988 Social Class in Modern Britain Wright EO 1985 Classes NICHOLAS ABERCROMBIE ação coletiva A literatura especializada pre ocupouse em determinar sob que condições indivíduos isolados admitem engajarse numa ação conjunta para fortalecer ou defender sua situação Apesar de muitos cientistas sociais terem discutido esta questão especialmente Karl Marx e Max Weber a referência básica no debate moderno é o texto de Olson 1965 e o conceito do aproveitador free rider Em conexão com essa obra inúmeras outras contri buições têm examinado como é possível chegar a resultados subótimos assumindo como ponto de partida indivíduos que buscam seus próprios inte resses e não o que seria do interesse coletivo Olson emprega o jogo do dilema do prisio neiro com a finalidade de analisar a natureza da ação coletiva A contradição do jogo é que se cada prisioneiro busca seu autointeresse isolado então todos terminam com um resulta do menos satisfatório do que se lhes tivesse sido possível colaborar uns com os outros e sacrifi car esses interesses individuais Olson genera liza essa situação para toda e qualquer organi zação que tente mobilizar um grande número de indivíduos movidos por interesse próprio Em situações nas quais o grupo a ser organizado é amplo e os benefícios são coletivos ou públi cos não podendo ser limitados a indivíduos específicos não haverá união ou cooperação entre os indivíduos a não ser que benefícios nãocoletivos sejam proporcionados Sem esses benefícios seletivos os indivíduos podem apro veitarse obtendo vantagens coletivas da or ganização caso alguma se concretize mas não incorrendo em nenhum dos custos de filiação ou engajamento Grandes grupos tais como SINDICATOS ou partidos políticos são mais vulneráveis ao aproveitador Neles a contribuição de cada indivíduo faz pouca diferença para o resultado e as intensas pressões que operam nos pequenos grupos que com probabilidade induzem o compromisso de seus membros estão au sentes Olson afirma que os membros de uma classe social estão particularmente propensos a tirar proveito uma vez que se beneficiarão com as ações da classe quer ou não participem de maneira efetiva Segundo Olson é perfeita mente racional furtarse a essas ações Vários requintes e aperfeiçoamentos têm sido acrescentados às afirmações um tanto in gênuas de Olson Primeiro muitas organiza ções existentes são de fato de natureza altruísta e não se baseiam absolutamente num interesse próprio tão óbvio Em segundo lugar é duvido so que benefícios seletivos como os propor cionados por sindicatos a membros isolados possam explicar a enorme diversidade e escala de organizações nas quais as pessoas ingressam na maioria das sociedades industrializadas Em terceiro lugar a vida social deveria ser encarada como interativa Em conseqüência indivíduos que racionalmente deveriam não cooperar po dem vir a aprender que existem benefícios co letivos que resultarão da busca de situações que aparecem como soluções nãoracionais do pon to de vista estritamente individual Através da interação contínua em determinados contextos as pessoas podem vir a se envolver e estar informadas umas sobre as outras transforman do seus padrões de preferência Em quarto lu gar é preciso dar atenção às ideologias pre sentes em diferentes sociedades ou em partes de uma mesma sociedade Onde estas enfatizam o INDIVIDUALISMO como nos Estados Unidos o problema do aproveitador tem probabilidade de ser mais agudo Por fim devem ser desen volvidas análises sobre como diferentes po sições estruturais tais como capital e trabalho assalariado têm distintas possibilidades de ação coletiva com um sentido próprio a cada uma delas O mundo social não compreende apenas indivíduos isolados mas também es truturas e recursos línguas e discursos e estes também são relevantes para as possibilidades de ação coletiva contrabalançando ou trans cendendo o problema do aproveitador Leitura sugerida Barry B e Hardin R orgs 1982 Rational Man and Irrational Society Elster J 1978 Logic and Society Harding R 1982 Collective Ac tion Lasch S e Urry J 1984 The new Marxism of collective action a critical analysis Sociology 18 3350 Offe C e Wiesenthal H 1980 Two logics of collective action theoretical notes on social class and organizational form Political Power and Social Theo ry 1 67115 Olson M 1965 The Logic of Collective Action JOHN URRY ação e mediação Alguém executa uma ação quando o que faz pode ser descrito como inten cional ver Davidson 1977 Ações são con clusões práticas derivadas de intenções e cren Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 2 ação coletiva ças ação e racionalidade são portanto conceitos interrelacionados As teorias socio lógicas da ação desde o tempo de Max Weber basearamse nessa relação para analisar a ação seus componentes e seus tipos Ações sociais são sempre parte de sistemas mais amplos e de processos de compreensão intersubjetiva o que introduz a questão do papel do agente media ção humana nos processos através dos quais as ações são coordenadas Racionalidade da ação Aristóteles em sua Ética a Nicômaco ob servou que a racionalidade de uma ação residia na conclusão oriunda de intenções ou normas e de avaliações tanto da situação quanto dos meios disponíveis para conseqüências imedia tas em termos de ação A ação é racional na medida em que segue premissas que sustentam e justificam sua realização Uma racionalidade mínima portanto deve ser pressuposta em qual quer ação em qualquer movimento corporal que se enquadre nessa definição Aristóteles enfatizou que até mesmo ações indisciplinadas que escapam ao controle racional tais como o consumo excessivo de doces podem ser pelo menos formalmente encaixadas no modelo da justificativa racional cf Davidson 1980 Wright 1971 Formação da vontade Um exemplo simples de formação intencio nalracional da vontade é fornecido pelo impe rativo técnico de Kant o imperativo de capa citação em que as intenções se estendem dos fins aos meios cf Wright 1971 Alguém que deseja fazer algo e sabe como isso pode ser obtido deve querer obtêlo através desses meios Mesmo os processos complexos de for mação da vontade social que chegam a uma decisão como conseqüência de deliberação co letiva podem ser descritos como um processo de inferência prática Isso implica a união de muitos pelo menos dois e no máximo todos agentes envolvidos com um propósito ou pro blema comum Se essa união não for promovida através de força ameaça ou propaganda deve sêlo através da livre compulsão da inferência argumentativa ou seja através de razões con vincentes cf Habermas 1971 Apel 1973 1979 Discursos práticos não dizem respeito ao alcance das intenções dos fins para os meios explicando ao agente por que é racional para ele tomar certas decisões mas sim se é possível generalizar os fins e deixar claro para todos por que eles deveriam seguir normas particulares ver NORMA O que Hegel Lógica chamou de conclusão do bom em que meios e fim são idênticos e a ação é boa em si mesma é uma questão a respeito do que é legítimo e jus tificável à luz de princípios compartilhados e livremente aceitos Wellmer 1979 p25ss Conseqüências das ações A conclusão de uma inferência prática é uma ação Do ponto de vista do observador a esco lha de meios disponíveis para determinados fins explica a ação Essa explicação tem também relevância prospectiva uma vez que contextos institucionais e normativos garantem que inten ções e crenças permaneçam estáveis e sejam regularmente reproduzidas cf Wright 1971 Mas desde que jamais se pode excluir a pos sibilidade de os agentes mudarem suas inten ções esquecendo o melhor meio de fazer as coisas ou encontrando inesperadamente novos meios de resolver um problema a ligação entre intenções crenças e comportamento futuro é contingente Só podemos porém identificar um dado comportamento como uma ação es pecífica se conseguirmos interpretálo com a perspectiva de um participante como a conse qüência de intenções e crenças racionalmente compreensíveis Interpretar um comporta mento como uma ação intencional é compreen dêlo à luz de uma intenção Wellmer 1979 p13 A perspectiva do participante e somente ela revela uma relação lógicosemântica semelhan te entre intenções e ações Para o agente a conclusão prática significa uma obrigação de executar uma ação futura Não há garantia em pírica de que alguém que promete chegar na hora o fará de fato mas alguém que assumiu es se compromisso precisará apresentar uma des culpa caso não venha a ser pontual A expecta tiva de que em circunstâncias normais alguém que prometeu chegar na hora muito provavel mente o fará não é apenas apoiada indutivamen te por regularidades comportamentais observa das Essa expectativa baseiase ainda mais no fato de que geralmente podemos confiar uns nos outros O Outro provavelmente chegará na hora porque o acordo tem validade recíproca cf Apel 1979 Essa não é uma relação em pírica e contigente entre intenções e atividades Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar ação e mediação 3 mas uma relação lógicopragmática Reconhe cemos a seriedade da intenção através de suas conseqüências para a ação A pessoa que não faz aquilo que quer podendo fazêlo chama mos de inconsistente Isso não é diferente do caso de alguém que afirma que a neve é toda branca e toda preta Assim como suspeitamos de fraqueza de vontade como sendo a causa de uma ação inconsistente podemos inferir que uma pessoa que de modo involuntário expressa contradições é cognitivamente débil Tal como as afirmações evidentemente contraditórias a ação evidentemente inconsistente tem em si algo irracional em sua essência de forma que tais agentes podem achar difícil reconhecerem a si mesmos em suas ações cf Davidson 1980 Tipos de ação Os transtornos da ação através de inconsis tências tão possantes que não conseguimos compreender nossa própria ação Não sei co mo pude fazer isso colocanos diante da co nexão interna entre ação e autoentendimento Max Weber e Sigmund Freud tiraram conclu sões opostas dessa relação Enquanto Freud se interessa pelas causas inconscientes do autoen gano Weber baseia sua sociologia em um TIPO IDEAL de ação significativamente orientada in teligível para o agente Sua conhecida tipologia da ação fundamentase nessa relação de auto evidência A ação social é um comportamento signi ficativamente voltado para o comportamento de outros Weber 192122 Um caso limite de ação social é a linha de ação tradicional completamente autoevidente convencional habitual e quase mecânica baseada no hábito internalizado Essa ação cotidiana tediosa mente habitual adaptada de modo plácido ao ambiente normativo do mundo da vida é levada à condição de reação emocional quando o am biente convencionalmente significativo da ação cotidiana desaba de súbito e confronta o agente com exigências problemas e conflitos excep cionais com os quais não está familiarizado Esse é o outro caso limite de ação social Falar de ação que é governada por afetos e emoções presentes significa que mesmo em reação de sinibida a um estímulo excepcional o agente conserva um âmbito de decisão sobre como reagir ou sobre se não deve reagir em absoluto e engolir sua emoção Mas Weber reserva a descrição racionalmente inteligível para o comportamento social que é plenamente cons ciente e baseado apenas em razões que o agente considere válidas e conclusivas Isso correspon de aos tipos ideais de ação racional referida a intenções e ação racional referida a valores Com essa distinção Weber remonta através do NEOKANTISMO à teoria aristotélica da ação En quanto uma ação racional referida a valores segue aquilo que Hegel chamou de conclusão do bom identificando meios e fins no valor em si mesmo não condicionado de um com portamento específico na ação racional refe rida a intenções só o que conta é a eficácia dos meios para um determinado fim Na concepção de Weber apenas esse tipo de ação pode ser plenamente racionalizado É portanto o verda deiro tipo ideal de comportamento significati vamente orientado que expressa a conclusão de ação de Hegel Somente aqui é possível dizer que se alguém fosse agir de maneira rigidamente racional referida a intenções pode ria fazêlo apenas dessa maneira e de nenhuma outra Weber 192122 Para Weber o entendimento racional ver VERSTEHEN da ação avança metodicamente a partir dessa pressuposição de racionalidade uni versal e contrafactual Isso torna possível expli car as ações concretas como um desvio de um padrão ideal O interesse de Freud em explicar a ação irracional é portanto complementar ao interesse de Weber em compreender a raciona lidade da ação consistente Em um mundo for mado pelo raciocínio causal a ação racional desse tipo só é possível quando os motivos do agente para uma ação em particular são causal mente eficazes como intenções e causam a ação cf Davidson 1980 Se uma ação real deve ser compreendida como a conseqüência de uma inferência racional por exemplo a argumenta ção racional os motivos devem ter uma força causal isto é racionalmente motivadora en quanto causas da açãoevento A força causal que uma vontade fundamentada transforman do razões em intenções dá a nossas ações é evidentemente conforme Davidson 1980 e Apel 1979 p189 demonstraram em suas crí ticas de CG Hempel uma causalidade sem leis causais O que Kant chamou de causalidade da liberdade na qual a vontade ou intenção que causa a ação conta com uma justificativa válida para ela não envolve leis causais mas princí pios de racionalidade normativouniversais Apel 1979 O caso do autoengano incons Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 4 ação e mediação ciente de que Freud se ocupa é aquele no qual uma ação ou um ato verbal é causada como um evento sem ser justificada por suas causas cf LöwBeer 1990 Nesse caso a ação ou ato verbal não é racionalmente motivada por uma seqüência válida de símbolos mas apenas em piricamente por meio de símbolos fendidos cf Habermas 1968 p246ss 1981 p8ss Mas como essa explicação em termos de mo tivos apenas empiricamente efetivos pressupõe a possibilidade de ação racional Freud conse gue reunir seu interesse metodológico a um interesse terapêutico na emancipação e na crí tica da ação que não é provocada por razões Esse interesse é claro está longe de satisfa zer os critérios de Weber a respeito de uma racionalidade intencional ideal A ação irracio nal de que Freud se ocupa é causada pela força latente de uma comunicação distorcida com pulsivamente integrada Explicála como uma ação que já não é mais inteligível para o agente não basta nem para postular um tipo ideal de ação racional referida a intenções nem para medir sua divergência O que se deve pressupor é antes um critério ideal de comunicação não distorcida cf Habermas 1968 Apel 1979 O que o agente necessitado da ajuda de um terapeuta acha ininteligível a respeito de sua própria ação são as rupturas no sistema de ra zões que pareceriam aceitáveis a uma comuni dade de sujeitos autônomos Os motivos que causam a ação e a fala do neurótico sem jus tificála nem fundamentála são causas que não podem contar como razões pois uma comuni dade de comunicação livre não poderia aceitá las como tal Ação sistema e sujeito A teoria da ação de Weber parece inadequa da num outro aspecto bastante diferente Ela subestima desde o princípio a complexidade da dupla contingência cf Parsons e Shils 1951 p14ss nas perspectivas recíprocas significati vamente orientadas de ego e alter bem como a hipercomplexidade de qualquer orientação sig nificativa A improbabilidade de um ato signi ficativamente guiado relacionado a uma mul tiplicidade ilimitada e inconcebível de possibi lidades alternativas que podiam ter sido ma terializadas aumenta mais ainda com a impro babilidade de que em ação social cada um saiba que pode agir ou não agir conforme o esperado Sem mecanismos para a redução dessa complexidade monstruosa e em princí pio incompreensível de ações significativa mente orientadas e sem mecanismos que inte grem de modo funcional as ações individuais independentemente da vontade e da consciên cia dos sujeitos a ordem social parece impos sível cf Luhmann 197090 vol2 p204ss 1981 p195ss A questão é então saber se a ordem social pode ser concebida inteiramente sem a formação de vontade coletiva e se ações sociais podem ser separadas de uma noção de mediação produzida pelos próprios sujeitos por meio de razões aceitáveis Leitura sugerida Brubaker Rogers 1984 The Limits of Rationality an Essay on the Social and Moral Thought of Max Weber Davidson D 1980 Essays on Actions and Events Parsons T 1937 The Structure of Social Action HAUKE BRUNKHORST administração ciência da Ver CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO administração científica Ver FORDISMO E PÓSFORDISMO RELAÇÕES INDUSTRIAIS afluente sociedade Ver SOCIEDADE AFLUENTE agressão Enquanto quase todas as teorias em vigor sobre a agressão se desenvolveram no século XX as questões conceituais básicas e os debates importantes têm raízes bem mais anti gas Discussões recentes sobre até que ponto a agressão está biologicamente enraizada na na tureza humana fazem reviver temas do Leviatã de Thomas Hobbes e da filosofia liberal de JeanJacques Rousseau Freud 1920 por exemplo restaura muitas das idéias originais de Hobbes sobre a brutalidade inerente do homem para com seus companheiros em uma moldura psicanalítica fornecendo um modelo posterior mente emulado em um campo bastante distinto o da etologia por Konrad Lorenz 1966 e os neodarwinistas Essas abordagens concentrandose em pressuposições bastante simplistas sobre meca nismos instintivos ao mesmo tempo em que são extensamente revistas em obras didáticas mais importantes estão amplamente excluídas das tentativas correntes de exlicar a agressão O aspecto da obra de Freud que se concentra na agressão é encarado com a vantagem do exame em retrospectiva como uma tentativa um tanto apressada de preencher lacunas evidentes em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar agressão 5 sua abordagem teórica que se apoiava exces sivamente no princípio do prazer para explicar os processos psicológicos e o comportamento humano A catástrofe sangrenta da Primeira Guerra Mundial exigia um modelo bastante diferente e assim surgiu thanatos ou o instinto de morte Como resultado de um pouco de especulação viemos a supor que esse instinto está em ação dentro de cada criatura viva lutan do para levála à ruína e para reduzir a vida à sua condição original de matéria inanimada Uma dificuldade particular com essas anti gas teorias do instinto era a idéia central de espontaneidade A agressão não apenas seria geneticamente préprogramada e portanto inerradicável como também assumiria a forma de um impulso que devia ser consumado cana lizado ou deslocado Expressões de agressão quer na forma de VIOLÊNCIA interpessoal ou em alguma forma menos direta eram portanto ine vitáveis O que se enfatizava era a necessidade de direcionar essa força hidráulica em vez dos meios de reduzila Esportes vigorosos e com petição física eram encarados como ingredien tes essenciais no controle da agressão máscula natural fornecendo boa parte das bases racio nais do sistema de ensino público britânico Embora essas perspectivas tal como aspec tos de muitas das primeiras teorias psicológicas tenham sido incorporadas a representações so ciais leigas da agressão e da violência as modernas explicações da agressão nas ciências sociais evitam praticamente todas as noções de fatores genéticos e substratos biológicos A am pla maioria dos trabalhos publicados a partir dos anos 50 dá ênfase ao papel do aprendizado das condições sociais e da privação O que se presume essencialmente é que a agressão seja uma forma de comportamento em vez de uma força psicológica primária e que como qual quer outro comportamento pode ser modifi cada controlada e até mesmo erradicada Isso também fica patente na obra com base em trabalhos de laboratório de psicólogos como Bandura 1973 e nas abordagens sociológicas de autores tão variados quanto Wolfgang e Wei ner 1982 e Downes e Rock 1979 Encon tramos semelhante ênfase na compreensão li beral da agressão na antropologia social do pósguerra com um grande esforço sendo de dicado à descoberta de sociedades totalmente pacíficas em que a agressão não existe ou não existiu desse modo desmascarando com fir meza a falsa presunção de um determinante genético Essas tentativas foram de modo ge ral inconvincentes De fato conforme destacou Fox 1968 as visões ingênuas dos bosquí manos do Kalahari como um povo livre de agressão erraram o alvo uma vez que foi pro vado que eles tinham uma taxa de homicídios mais elevada que a de Chicago Até certo ponto a rejeição das teorias bioló gicas da agressão devese não apenas à manifes ta inadequação dessa teorias mas também à gradual introdução do conceito de politica mente correto nos debates acadêmicos e nas ciências sociais Não se pode dizer que as pes soas são naturalmente agressivas porque isso significaria assumir que a violência e a des truição jamais poderiam ser erradicadas Isso ao contrário do que acontecia nas primeiras décadas do século não se enquadra absoluta mente no Zeitgeist intelectual contemporâneo Essa nova polarização e o acalorado debate naturezaeducação que ocupou a maior parte do século provavelmente depreciou mais do que qualquer outra coisa uma compreensão sen sata da agressão Marsh 1978 1982 susten tou que a discussão sobre se a agressão tem uma raiz biológica ou é aprendida é eminentemente irrelevante uma vez que a ela é indubitavel mente ambas as coisas e b os prognósticos de modificação de comportamento não são muito diferentes em ambos os casos Podese fazer aqui uma analogia com o comportamento se xual Seria tolice supor que a sexualidade hu mana não tem bases genéticas biológicas e hormonais Mas o comportamento sexual é em grande parte controlado por meio de quadros de regras culturais e sociais As pessoas no geral não consumam seus impulsos sexuais de forma aleatória e espontânea são obrigadas a seguir convenções sociais e a observar exigên cias rituais Todas as culturas desenvolvem so luções que maximizam as vantagens da sexua lidade e inibem suas conseqüências potencial mente negativas Tornouse cada vez mais fora de moda nas ciências sociais sugerir que a agressão tenha qualquer valor positivo De fato muitas defini ções correntes da agressão excluem tal pos sibilidade Em psicologia a definição predomi nante é a de comportamento intencional des tinado a ferir outra pessoa que está motivada a evitálo Em outros campos das ciências so ciais a agressão é com maior freqüência enca Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 6 agressão rada como um comportamento inadaptado ou como uma reação infeliz a condições sociais patológicas ver também CRIME E TRANSGRES SÃO Somente em campos como a sociologia marxista podemos encontrar o ponto de vista de que a agressão é uma forma de conduta racional e justificada No discurso ordinário no entanto fica claro que a agressão é encarada como tendo cono tações tanto positivas quanto pejorativas No mundo dos esportes é comum elogiarmos o atleta por fazer uma corrida agressiva ou ter mos em grande estima o zagueiro valente e agressivo Nessas arenas a agressão não é ape nas permissível Ela é um ingrediente essencial para a distinção Da mesma forma no mundo dos negócios a agressão é a marca do empreen dedor altamente considerado sem o qual tanto a GrãBretanha pósThatcher quanto o Estilo Americano do século XX poderiam definhar e morrer Não surpreende que autores como Bandura 1973 tenham classificado o campo da agres são como uma selva semântica Com muitas centenas de definições da agressão permeando as ciências sociais é inevitável que reine a confusão e que discussões desnecessárias do minem o debate As abordagens mais promis soras são as que deixaram para trás o debate naturezaeducação e se concentraram na com preensão de formas específicas de comporta mento agressivo e nos fatores que o influen ciam A análise dos quadros sociais que es timulam ou inibem exibições de agressão tam bém se mostrou fértil na explicação de fenô menos sociais como o vandalismo das torcidas de futebol Marsh 1978 a violência feminina Campbell 1982 a violência política extre mista Billig 1978 etc Trabalhos voltados para o papel de mecanismos fisiológicos es pecíficos como Brain 1986 também têm con tribuído para um debate mais racional em que existem bem menos obstáculos para se exami nar a interação complexa entre fatores biológi cos e sociais Quer encaremos a agressão como uma patologia evitável ou como um compo nente inevitável da condição humana nossa compreensão dos fenômenos só irá aumentar se o foco se concentrar em tentar saber por que certos indivíduos em certos contextos sociais demonstram extrema antipatia uns para com os outros a fim de atingirem metas específicas quer essas metas sejam causar dano a outrem ou desenvolver prestígio e status social Leitura sugerida Berkowitz L 1962 Aggression a Social Psychological Analysis Fromm Erich 1973 The Anatomy of Human Destructiveness Geen RG e Donnerstein EI orgs 1983 Aggression Theoretical and Empirical Reviews vol2 Issues in Research Sian G 1985 Accounting for Aggression PETER MARSH alienação Nos textos de Marx é o processo histórico por meio do qual os seres humanos vieram sucessivamente a se afastar da Natureza e dos produtos de sua atividade bens e capital instituições sociais e cultura que a partir de então se impõem às gerações posteriores como uma força independente coisificada ou seja como uma realidade alienada Marx concen trouse particularmente nos efeitos deletérios do trabalho alienado na produção industrial capitalista ver TRABALHO PROCESSO DE Em segundo lugar o termo referese a uma sensa ção de estranhamento da sociedade grupo cul tura ou do eu individual que as pessoas comu mente experimentam quando vivem em socie dades industriais complexas em particular nas grandes cidades A alienação evoca experiên cias como a despersonalização diante da buro cracia sensações de impotência para influir nos eventos e processos sociais e um senso de falta de coesão nas vidas pessoais O fato de a alie nação nesse sentido geral constituir um proble ma recorrente nas sociedades contemporâneas como a nossa própria é tema proeminente na sociologia da moderna experiência urbana ver SOCIEDADE DE MASSA URBANISMO ANOMIA Na Europa do entreguerras a dilemática situação da humanidade nas modernas socie dades seculares foi amplamente discutida por filósofos existencialistas psicanalistas teólo gos e marxistas como sendo o problema da alienação O debate foi ainda mais estimulado pela publicação em 1932 da análise de Marx sobre a alienação em seus Manuscritos de Paris econômicos e filosóficos 1844 A pala vra está geralmente ligada a REIFICAÇÃO que não foi usada por Marx mas pelo autor marxista György Lukács em seu influente História e consciência de classe 1923 que antecipava o tema da coisificação humana discutida nos Manuscritos Para Lukács a reificação é o pon to extremo de alienação dos seres humanos de seus produtos que surge do fetichismo da mer Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar alienação 7 cadoria ver MERCADORIA FETICHISMO DA nas sociedades capitalistas desenvolvidas Na GrãBretanha o conceito de alienação tornouse através do marxismo corrente na sociologia e em campos adjacentes nos anos 60 e 70 Posteriormente se difundiu uma contro vérsia a respeito do significado dos primeiros textos de Marx sobre esse tema para a nossa compreensão de sua obra como um todo Al guns marxistas como Louis Althusser 1965 afirmaram que Marx abandonou o conceito hu manista de alienação de seus primeiros textos em favor de uma análise científica dos modos de produção enquanto outros como István Mészáros 1970 e David McLellan 1980 sustentavam que o conceito era integral a todas as suas obras tanto as primeiras quanto as tardias Em Marx o processo histórico de alienação transformou cada vez mais os seres humanos de sujeitos criativos em objetos passivos de pro cessos sociais Hegel já havia descrito dentro de uma moldura metafísica semelhante proces so mas Marx insistia em que o fim da alienação devia ser alcançado na prática por pessoas reais e não apenas de modo aparente no reino da consciência ou da autopercepção tal como em Hegel ver PRAXIS O humanismo secular de Marx apoiavase fortemente na teoria mate rialista da religião de Ludwig Feuerbach na qual este alegava que os seres humanos haviam projetado sua própria essência e suas potencia lidades em Deus que em seguida os confronta em uma forma alienada Nos Manuscritos Marx sustentava que a alienação religiosa é apenas um aspecto da propensão dos seres hu manos a se alienarem em seus próprios pro dutos todos eles explicáveis como aspectos da alienação econômica Essa análise fundiuse em seguida com a política do comunismo em cuja sociedade fu tura Marx projetou o retorno completo do próprio homem como um ser social isto é humano um retorno tornado consciente e alcançado dentro de toda a riqueza do desenvol vimento anterior Marx 1844 A história é assim a simultânea perda dos seres humanos em seus próprios produtos e sua posterior re cuperação de si próprios Um processo real que Hegel havia simplesmente percebido de manei ra mistificada Na teoria de Marx sobre a his tória as forças de produção em desenvolvimen to conteúdo superam progressivamente suas relações formas numa série de modos his tóricos de produção como realização desse pro cesso Com a formação social do capitalismo a préhistória da sociedade humana congruen temente se encerra Marx 1859 A teoria socialcientífica de Marx sobre a gênese his tórica da alienação e sua superação prática via se então sob o peso da mesma teleologia que pesava sobre a teoria metafísica que ela tentava suplantar Em comum com Feuerbach e com ecos de JeanJacques Rousseau Marx assume que a essência ou gênero de ser da humanidade é ao contrário do que acontece com os ani mais inerentemente sociável e cooperativa E além disso sustenta que o trabalho também deveria ter um caráter comunal como a vida produtiva e criativa da espécie como um todo em sua necessária apropriação da Natureza O trabalho não apenas cria riqueza mas é também sua própria recompensa e o meio pelo qual a humanidade se ergueu acima do mundo animal e criou a história humana Para Marx portanto a organização da produção de bens em grande escala e o contrato de trabalho assalariado in dividualista das primeiras fábricas capitalistas de sua época constituíam uma paródia grotesca do caráter do gênero humano que o trabalho deveria ter se fosse organizado de modo real mente congruente com a assumida natureza do homem A alienação é assim um conceito crí tico usado como um instrumento de men suração para aferir os custos humanos da civi lização capitalista O trabalho alienado alienava os operários de 1 seu produto que não lhes pertencia 2 do próprio trabalho pois que passava a ser apenas um meio de sobrevivência algo que lhes era forçado a fim de poderem viver 3 de si pró prios pois que sua atividade não era deles mes mos resultando em sentimentos de autoin compatibilidade 4 das outras pessoas da fá brica pois que cada uma estava lá vendendo isoladamente sua força de trabalho como uma mercadoria Para Marx o egoísmo humano era produto do trabalho alienado tal como também o era a propriedade privada que não se fun damentava numa relação coletiva dos seres hu manos com a natureza Daí nenhum dos dois representava características duradouras dos se res humanos e de suas vidas em comum sendo produtos apenas de sociedades de classe na fase capitalista A abolição do trabalho alienado sig Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 8 alienação nificaria que o trabalho iria adquirir seu autên tico caráter humano Duas ordens de problemas têm dominado as discussões sobre alienação Em primeiro lugar o status do modelo de seres humanos no cerne da teoria Na terminologia contemporânea a análise de Marx é um exemplo de antropologia filosófica pois ele postula a priori uma ima gem atemporal da NATUREZA HUMANA Seu mo delo de Homo laborans isola o trabalho da experiência da atividade fabril dominante de sua época e o coloca como a característica humana definidora universal Em torno dessa idéia colocamse então inúmeras outras pres suposições a respeito da sociabilidade liber dade e controle humanos da autorealização e do trabalho coletivo como sua própria recom pensa Como todos os modelos do seu tipo este está aberto à acusação de arbitrariedade Em segundo lugar não cessou a contro vérsia sobre a viabilidade da desalienação Os existencialistas apontaram que se a alienação podia ser exacerbada sob a produção capitalista ela era basicamente sintomática de algo perene na condição socialnatural humana Marx pen sou que a alienação econômica era a base de todos os outros aspectos de forma que a supres são da propriedade privada marcaria o fim da expropriação pelos capitalistas e daí o fim de todas as alienações Mas como diz Axelos Marx não foi capaz de reconhecer a vontade de poder 1976 p305 e por isso não previu o surgimento de novas formas de expropriação a exploração das pessoas umas pelas outras e daí mais alienação A existência de poderosos sistemas comunistas nas sociedades socialistas da Europa Oriental e da exUnião Soviética onde a propriedade privada foi efetivamente abolida parecia corroborar isso E também eli minar a alienação na ponta da produção através da autogestão operária como na exIugoslávia deixa intocadas as esferas da distribuição e da troca como novas fontes de alienação A questão de até que ponto a alienação pode ser em última análise eliminada depende da viabilidade de se abolir a DIVISÃO DO TRABALHO numa sociedade complexa Em A Ideologia alemã Marx prevê sua abolição utópica sob o comunismo que também elimina a distinção entre trabalho físico e mental Dessa forma surgiria o ser humano universal capaz de caçar de manhã pescar de tarde cuidar do gado antes do anoitecer e fazer crítica após o jantar sem jamais se tornar caçador pescador pastor ou crítico Marx e Engels 184546 Mais tarde nos Grundrisse e no Capital de forma mais cautelosa Marx afirma que em qualquer socie dade mesmo numa sociedade socialista a na tureza como reino da necessidade não pode ser eliminada nem tampouco a superintendên cia a coordenação e a regulamentação do traba lho Em suma há que existir algum tipo de divisão do trabalho e portanto de alienação Para Émile Durkheim 18581917 em Da divisão do trabalho social e outros textos os aspectos negativos alienantes da divisão do trabalho são compensados em certo grau pelas crescentes oportunidades de autorealização in dividual que sua extensão torna possíveis Ele defendeu o desenvolvimento de associações ocupacionais para promover a solidariedade e uma nova moralidade que reconhecesse a cres cente interdependência das pessoas também presente nesse processo Robert Blauner 1964 dividiu o conceito de alienação em quatro di mensões possíveis de serem testadas impo tência falta de sentido isolamento e autoin compatibilidade no local de trabalho Em um estudo de vários estabelecimentos industriais nos Estados Unidos ele descobriu que alie nação e liberdade eram distribuídas desigual mente no moderno processo produtivo A alienação atingiu seu máximo na produção em massa e seu mínimo na produção artesa nal Alguns têm argumentado que a esse tipo de abordagem empírica falta a intenção críti cofilosófica do conceito de Marx enquanto outros têm dito que esse é o único meio de dar algum tipo de precisão a um conceito que é quase metafísico e inerentemente indetermi nado O interesse por esse conceito tal como utilizado por Marx tem decaído nos últimos anos Leitura sugerida Althusser Louis 1965 1969 Pour Marx Axelos K 1976 Alienation Praxis and Techne in the Thought of Karl Marx Blauner Robert 1964 Alienation and Freedom Durkheim Émile 1893 1984 The Division of Labour in Society Elster John 1985 Making Sense of Marx Ο Karl Marx an Introduc tion Gianotti José Artur Origens da dialética do trabalho Lukács György 1923 1971 History and Class Consciousness McLellan David 1980 The Thought of Karl Marx 2ªed Mészáros István 1970 Marxs Theory of Alienation RICHARD KILMINSTER Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar alienação 9 ambientalismo Em seu sentido mais amplo ambientalismo pode ser definido como qual quer perspectiva que enfatize ou valorize o papel das condições e forças externas em opo sição a processos e estruturas internos no cres cimento no desenvolvimento nas capacidades e nas atividades dos seres especialmente dos seres humanos As teorias biológicas da evolu ção por exemplo podem ser divididas entre as que representam o surgimento histórico de no vas espécies como um desdobrar de potenciais já presentes nas formas mais primitivas de vida em oposição às que como a de Darwin expli cam a formação de novas espécies como um efeito de condições externas de vida sobre po pulações de organismos A história da embrio logia marcouse por uma oposição relacionada entre as teorias préformacionistas e epigenéti cas A preocupação pósdarwiniana com o me canismo de herança biológica levou nas déca das em torno da virada do século atual a um intenso debate entre os defensores da nature za e os da educação na formação dos atribu tos individuais humanos Os pontos de vista hereditários defendidos por Francis Galton e Karl Pearson na GrãBretanha e por CB Da venport nos Estados Unidos foram fortalecidos pelo surgimento da moderna teoria genética da herança e rapidamente transformados em mo vimento popular em favor de programas eugê nicos de melhoria da raça Desigualdades econômicas e sociais que causavam muita con trovérsia eram explicadas e implicitamente jus tificadas em termos da inferioridade biológica das classes baixas das mulheres e das raças nãoeuropéias enquanto os talentos e o gênio das elites dominantes eram de modo idêntico atribuídos à superioridade hereditária Medidas para aumentar as taxas de reprodução da melhor cepa humana e reduzir as da inferior junto com um apoio aberto ao genocídio foram defen didas por muitos desses hereditaristas do início do século XX Manifestos ambientalistas mais ou menos simultâneos surgiram na antropologia na psi cologia e na filosofia na forma da antropologia cultural de Franz Boas GH Mead RH Lowie e AL Kroeber do behaviorismo de WB Wat son e da filosofia pragmática de John Dewey A filosofia de Dewey dá continuidade em sua ênfase na maleabilidade humana à ampla tra dição ocidental oriunda do Iluminismo Watson e os behavioristas concentraram suas baterias contra o conceito de instintos afirmando vi gorosamente o papel do aprendizado e do am biente no desenvolvimento individual enquan to os antropólogos culturais escolhiam proces sos especificamente sócioculturais como o fo co de interesse ambiental pertinente na forma ção de crenças valores e personalidade Apesar de essas controvérsias terem persis tido durante todo o decorrer de nosso século a palavra ambientalismo adquiriu conotações mais específicas a partir da Segunda Guerra Mundial Nesse sentido ambientalismo co bre todo um âmbito de movimentos sociais e políticos e de perspectivas de valor que parti lham da preocupação em proteger ou melhorar a qualidade dos contextos rural urbano domés tico ou de trabalho da moderna vida social A moderna angústia com a deterioração do meio ambiente pode ser relacionada aos processos históricos de industrialização e urbanização e em particular a sucessivas ondas de repug nância cultural romântica pelos seus efeitos Afirmase com freqüência que o fluxo e refluxo do apoio popular aos movimentos ambientalis tas está estreitamente ligado a padrões de ex pansão econômica Com níveis relativamente elevados de riqueza material a atenção voltase para questões tais como a preservação dos ambientes selvagens o apelo estético do campo e a sordidez física do meio ambiente urbano que refletem nosso interesse pela qualidade de vida Essa hierarquia de prioridades políticas segundo a qual a riqueza material a segurança racional e assim por diante devem ser garanti das antes que questões nãoprioritárias de po lítica ambiental possam entrar na agenda pú blica está ela própria ligada de modo estreito a uma visão bastante disseminada das necessi dades humanas como algo que também segue uma ordem hierárquica Somente quando as necessidades físicas e em seguida as emocio nais ou de relacionamento são satisfeitas é que se busca a autorealização através da estética e da experiência espiritual A valorização estética e espiritual da natu reza e a preferência por uma vida rural arcadia na em harmonia com o campo informou boa parte do ambientalismo do século XX Pelo menos até os anos 60 isso determinou um abismo profundo entre os conservacionistas ambientais por um lado e um amplo espectro de opinião favorável ao progresso que advo gava o avanço tecnológico o crescimento e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 10 ambientalismo desenvolvimento econômico e uma abordagem científicoracional da política por outro O am bientalismo era encarado por muitos como uma tentativa de proteger tanto um estilo de vida privilegiado quanto um conjunto de valores culturais elitistas Mas contra esse ponto de vista unilateral foi necessário estabelecer a con tribuição de um ambientalismo progressista o qual desde o século XIX denunciava a degrada ção ambiental das áreas residenciais da classe operária destacava as ligações entre poluição am biental pobreza e falta de saúde e pugnava por abordagens ambientalmente informadas para a arquitetura e o planejamento urbano A partir dos anos 60 os termos do debate sobre o meio ambiente têm sido radicalmente transformados por dois desdobramentos princi pais a integração da ECOLOGIA científica ao pensamento social e político e o reconheci mento do impacto global da atividade econômi ca e social humana como ameaça à sobrevivên cia Vários textos altamente influentes do início dos anos 70 fizeram com que essas questões ocupassem um lugar proeminente na agenda do debate público Tentouse mostrar que as taxas atualmente predominantes de esgotamento de recursos o impacto da poluição e o crescimento da população eram insustentáveis a longo pra zo dada a finitude da capacidade de sustento global A saturação econômica e populacio nal em todo o mundo e a conseqüente catástrofe seriam mais cedo ou mais tarde inevitáveis a não ser que fossem urgentemente implementa das mudanças radicais Ambientalismo pas sara a significar não apenas a preocupação com a perda das cercas vivas ou da tranqüilidade rural mas um pânico generalizado diante da perspectiva da aniquilação global Apesar da crítica metodológica a respeito dessa onda de tratados ambientalistas e de uma certa reafirmação de uma fé otimista em re médios tecnológicos para os efeitos colaterais do contínuo crescimento econômico global so bre o meio ambiente as questões ambientais não andam longe das manchetes desde o início dos anos 70 e os protestos ambientais e os grupos de pressão continuaram a crescer em tamanho influência e diversidade por todo o mundo Como força social organizada o ambienta lismo assumiu três formas principais a de ten dências ou grupos de pressão pugnando por reformas ambientais dentro de um ou outro dos partidos políticos dominantes a de partidos políticos por sua própria conta dando um papel fundamental à regulamentação e preservação ambiental através de todo o âmbito das questões políticas e como grupos de pressão nãoali nhados politicamente Estes últimos são muito diversificados alguns concentrandose em ações que chamam muito a atenção para des pertar consciências e mobilizar oposição aos abusos ambientais alguns buscando posições privilegiadas como conselheiros abalizados e especialistas em processos de planejamento oficial outros tentando impor uma perspectiva ambientalista a todo o espectro da atividade política como a agricultura a alimentação a saúde a energia o transporte e o desenvolvi mento industrial e alguns concentrandose em questões isoladas tais como os problemas de acesso ao campo a preservação da vida selva gem ou a saúde ambiental Essa continuada presença do ambientalismo na agenda política vem sendo sustentada por três condições principais Primeiro uma série de desastres ambientais específicos extrema mente conspícuos nas usinas de Bhopal e Seveso nos reatores nucleares de 3Mile Island e Chernobil bem como no vazamento do petro leiro Valdez da Exxon ao lado de uma crescente compreensão ambientalista de desas tres naturais tais como fome e inundações ligadas à desertificação e ao desmatamento Segundo o efeito sobre a qualidade de vida sentido por setores influentes cultos e arti culados da população nas sociedades ociden tais do impacto de um desenvolvimento indus trial rápido e desregulado industrialização e urbanização do idílio rural adulteração con taminação e envenenamento químico dos ali mentos barulho poluição e congestionamento pelo uso generalizado do carro particular e assim por diante A distribuição espacial e social desses custos é tal que eles não podem ser facilmente evitados com subterfúgios pelos ricos ou influentes tal como podia acontecer com subprodutos de fases anteriores do desen volvimento econômico Terceiro indícios cada vez mais divulgados de impactos ambientais globais da atividade humana presente ou pre visível o inverno nuclear o buraco de ozônio o aquecimento global e a chuva ácida Essas condições em geral não são percebidas por experiência direta mas são cada vez mais inteligíveis para públicos cultos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar ambientalismo 11 Podese estabelecer um elo entre todas essas formas de ambientalismo no seu reconheci mento comum da dependência dos seres huma nos para sua realização pessoal seu desenvol vimento físico moral intelectual e estético bem como sua mera sobrevivência de uma rede complexa de condições e processos sociais econômicos e biofísicos interrelacionados Os ambientalistas no sentido mais específico e recente do termo vêmse concentrando na ne cessidade de conscientemente regulamentar a atividade humana tendo em vista a sustentação de suas condições de existência com ênfase nas condições biofísicas Dependendo das outras perspectivas morais e políticas às quais o am bientalismo se associa a percepção dessa ne cessidade pode estar relacionada tanto a uma análise de condições para a mera sobrevivência quanto ao objetivo de se levar uma vida reali zada emancipada e de convívio comunitário ou a um engajamento ecológico profundo com o bemestar da biosfera como um valor em si mesmo Ver também MOVIMENTO ECOLÓGICO Leitura sugerida Carson R 1972 Silent Spring Cotgrove S 1982 Catastrophe or Cornucopia the Environment Politics and the Future Harrison RP 1992 Forests The Shadow of Civilization Meadows DH et al 1972 Limits to Growth Nash R Wil derness and the American Mind Ο The Rights of Nature ORiordan T 1981 Environmentalism 2ªed Pas smore J 1974 Mans Responsability for Nature Pep per D 1986 The Roots of Modern Environmentalism Rose S Kumin LJ e Lewontin RC 1984 Not in Our Genes Stocking GW 1968 Race Culture and Evolution TED BENTON amostra social Na primeira metade do sécu lo XX essa expressão referiase a um levanta mento de dados sociais em grande escala por vários meios geralmente a respeito de uma comunidade isolada tratada como uma uni dade Estava especialmente ligada a estudos sobre os pobres e ao desejo de melhorar as condições sociais Hoje em dia a expressão passou a significar a coletânea de dados padro nizados sobre um número relativamente amplo de casos através de perguntas seja em entrevis tas diretas ou por meio de um questionário que o entrevistado preenche Em geral não incide mais sobre uma comunidade e o método não está mais associado a qualquer tópico particu lar Se por um lado essa mudança não ocorreu em um ponto único do tempo a Segunda Guerra Mundial pode ser tratada em termos práticos como a linha divisória De início a amostra social era parte integran te de movimentos angloamericanos por refor mas sociais Nos Estados Unidos era parte do movimento progressista e do evangelho social enquanto na GrãBretanha alimentava a discus são sobre o estado da questão inglesa As contribuições britânicas mais importantes fo ram feitas pelos grandes estudos sobre a po breza o maciço Life and Labour of the People of London 189297 de Charles Booth e os estudos de York 1901 1941 de BS Rown tree AL Bowley especialista em estatística social também realizou um trabalho impor tante na aplicação da teoria da amostragem às pesquisas e demonstrando que informações so bre um número menor de pessoas se fossem escolhidas sistematicamente de acordo com um método apropriado poderiam dar uma boa es timativa dos números para toda uma população Bowley e BennetHurst 1915 Nos Estados Unidos desenvolveuse um movimento de amostra social no qual o modelo prescrevia que as comunidades estudassem a si próprias a fim de elaborar um plano de melhorias muni cipais coletivas ver Elmer 1917 Nos anos 30 esse movimento perde a importância apesar de sociólogos rurais das universidades subvencio nadas pelo governo federal de acordo com a Lei Morrill e do Ministério da Agricultura da quele país ainda continuarem a levar a efeito estudos semelhantes em áreas rurais Àquela altura porém esse já se havia torna do um dos elementos em desenvolvimento que acabariam por se combinar para produzir a amostra moderna Entre esses elementos in cluíamse pesquisas políticas pesquisas de mercado o censo e outros levantamentos de dados pelo governo Converse 1987 Come çaram a surgir os institutos de pesquisas por amostragem dispostos a executar essas pes quisas para quem quer que pudesse pagálas Como quer que se chamasse a amostra estava assim se profissionalizando Durante a Segunda Guerra Mundial os governos britânico e norte americano acharam oportuno coletar dados de amostra sobre suas populações civis a respeito de tópicos como a reação ao racionamento Nos Estados Unidos houve também estudos em grande escala das forças armadas e alguns re sultados desses estudos foram mais tarde publi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 12 amostra social cados nos famosos volumes de The American Soldier Stouffer et al 194950 Como resultado de toda essa atividade obti veramse significativos avanços técnicos mui tos deles ligados ao programa de desenvolvi mento e codificação de métodos de Paul La zarsfeld A expansão das ciências sociais no pósguerra significou que a amostra podia tor narse como de fato se tornou institucionali zada nas universidades onde é usada na maioria das disciplinas ligadas às ciências sociais assim como a governo e comércioO estereótipo da amostra social moderna baseiase numa amos tragem grande e representativa de indivíduos e coleta seus dados através de questionário com umas poucas perguntas em aberto que os entrevistados respondem com suas próprias pa lavras e outras mais restritas com um elenco fixo de alternativas entre as quais escolher O questionário é completado por um entrevis tador que terá recebido algum treinamento na técnica das entrevistas As respostas serão quantificadas com as que foram dadas às per guntas em aberto sendo codificadas clas sificadas em categorias para tornar isso pos sível e analisadas em computador Na prática existem muitas variações desse estereótipo Uma população inteira pode ser estudada e freqüentemente as amostras não se destinam a ser representativas de áreas As unidades podem ser organizações ou famílias em vez de in divíduos O questionário pode ter tantas per guntas em aberto a ponto de fazer com que resulte em uma entrevista intensa e não es truturada O questionário pode ser preenchido inteiramente pelo entrevistado com ou sem ajuda e a entrevista por telefone está se tornan do mais comum Não existe é claro resposta certa para a pergunta a respeito de onde a amostra termina e outros tipos de pesquisa começam C Marsh 1982 p6 redefiniu amostra como qualquer investigação social em que se tomam medidas sistemáticas num conjunto de casos e se analisa a covariação através dos casos em busca de padrões A função dessa redefinição é dirigir a atenção para a estrutura dos dados e o modo pelo qual estes podem ser analisados e afastála dos meios pelos quais foram coletados que são encarados como menos importantes Isso es timula a eficácia do pensamento mas é pouco convencional O método tem sido muito criticado Uma crítica fundamental é que a maioria das amos tras fornece relatórios sobre o comportamento em vez de uma observação direta desse com portamento No entanto não é provável que esse fato crie problemas sérios para todos os tópicos Devese ter em mente também que um relatório pode ser melhor do que nenhuma informação e que a observação direta especialmente de uma amostragem ampla é em geral impra ticável As amostras também têm sido criticadas como positivistas muitas vezes como parte de um ataque geral de um tipo que entrou em moda no final dos anos 60 a todo e qualquer tipo de quantificação Marsh 1982 cap3 res pondeu a essas críticas Registrese aqui apenas que as amostras diferem tão consideravelmente umas das outras que não é útil tratálas todas como iguais Além disso foram feitos avanços técnicos enormes em aspectos que vão das téc nicas de estatística às nuanças qualitativas do enunciado das perguntas Em geral os críticos do método raramente têm levado em conta esse âmbito ou demonstrado estar familiarizados com os padrões recentes de boa prática da amostra Ver também ESTATÍSTICA SOCIAL Leitura sugerida Converse JM 1987 Survey Re search in the United States Roots and Emergence 18901960 Marsh C 1982 The Survey Method The Contribution of Surveys to Sociological Explanation Moser CA e Kalton G 1971 Survey Methods in Social Investigation Rossi P Wright J e Andersen A orgs 1983 Handbook of Survey Research JENNIFER PLATT analítica filosofia Ver FILOSOFIA FILOSOFIA DA LINGUAGEM anarcosindicalismo Conforme o prefixo sugere tratase da variante anarquista do sin dicalismo o sindicalismo revolucionário A idéia central deste é que as organizações desen volvidas por operários para defender seus in teresses visàvis seus empregadores deveriam tornarse os instrumentos para a derrubada do capitalismo e em seguida constituir as uni dades básicas da sociedade socialista Através de ação direta principalmente na forma de greves culminando na greve geral social os sindicatos assumiriam o controle dos meios de produção e de todas as outras funções sociais necessárias expropriariam os proprietários ca pitalistas e destituiriam todas as instituições Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar anarcosindicalismo 13 burguesas estabelecendo dessa forma o autên tico socialismo da classe operária No movi mento trabalhista francês em que essas idéias tiveram ampla aceitação no período 18951914 os anarquistas em especial Fernand Pelloutier 18671901 foram os pioneiros na sua propa gação Mas na França e em outros países como Itália Rússia Estados Unidos Reino Unido Suécia e Argentina onde o sindicalismo se tornou uma ativa tendência dos movimentos trabalhistas nem todos os sindicalistas aceita ram as idéias anarquistas a abolição do es tado e uma organização radicalmente descen tralizada baseada no princípio federativo Os sindicalistas puros encaravam seu movimen to como suficiente em si mesmo viam o anar quismo como uma das várias ideologias políti cas concorrentes e deixavam em aberto a ques tão sobre se uma sociedade sindicalista deveria ser organizada como uma entidade política Por outro lado os anarquistas adotaram uma das três atitudes seguintes com relação ao sindi calismo Alguns encaravam as concepções sin dicalistas como excessivamente limitadas ou equivocadas e portanto se mantiveram à parte Outros encarando o sindicalismo como essen cialmente um meio de atingir uma sociedade anarquista estimularam a participação no mo vimento embora prevenindo contra a possibi lidade de se identificar o anarquismo com ele Outros ainda os anarcosindicalistas as sumiram o ponto de vista de que o sindicalismo era essencialmente a expressão de um anarquis mo maduro na sociedade capitalista contempo rânea Foi na Espanha com sua forte tradição anarquista que o anarcosindicalismo se tornou uma força significativa na formação da CNT Confederación Nacional de Trabajo organi zação que em 1936 reunia 1 milhão de membros e na qual militantes da FAI Federación Anar quista Ibérica exerciam influência preponde rante Foi na Espanha também na região da Catalunha que anarcosindicalistas durante os primeiros meses da guerra civil de 193639 tentaram com algum sucesso inicial mas de curta duração estabelecer um sistema de controle dos operários sobre a indústria Com exceção da Espanha as tendências sin dicalistas nos movimentos trabalhistas ociden tais foram enfraquecidas pelo fervor nacionalis ta desencadeado com a deflagração da guerra em 1914 Enfraqueceramse de forma ainda mais séria em seguida ao sucesso dos bolchevi ques na Rússia em 1917 o que levou muitos sindicalistas a abandonar sua concepção de re volução centrada nos sindicatos em favor do modelo leninista com sua ênfase no papel de vanguarda dos partidos comunistas Os sin dicatos e grupos com orientação sindicalista que se recusaram a seguir o caminho comunista formaram então em 1922 a Associação Inter nacional dos Trabalhadores na qual a CNT espanhola até 1939 era a maior seção nacional Suas 14 seções nacionais incluindo uma CNT renascida porém fraca e dividida continuam a ser nos anos 90 os veículos para a promoção das idéias anarcosindicalistas mas expres sas agora somente à margem de movimentos trabalhistas que são esmagadoramente refor mistas Ver também ANARQUISMO e SINDICALISMO Leitura sugerida Brenan G 1950 The Spanish La byrinth 2ªed Richards V 1983 Lessons of the Spa nish Revolution 3ªed Rocker R 1989 Anarcho Syndicalism GEOFFREY OSTERGAARD anarquismo O repúdio aos governantes é o cerne do anarquismo Ao desenvolver essa no ção negativa os anarquistas modernos clas sificáveis de modo mais amplo como indivi dualistas ou socialistas rejeitam o Estado afir mam que a ordem social é possível na ausência deste e advogam a passagem direta para a so ciedade sem Estado O primeiro a elaborar uma teoria do anarquismo foi Godwin 1793 mas Proudhon 1840 foi o primeiro a se intitu lar desafiadoramente anarquista Como movi mento social o anarquismo numa forma revo lucionária cristalizouse em oposição ao mar xismo no período da Primeira Internacional 186472 em parte no que diz respeito à ques tão de se os socialistas deveriam buscar a ime diata abolição do estado No século XX com o socialismo tornandose cada vez mais estatis ta o movimento anarquista declinou Mas suas idéias influenciaram outros movimentos e con tribuíram para a crítica das teorias e práticas estatizantes O anarquismo também continuou a ter interesse porque levanta questões fun damentais para a teoria social e política Uma dessas questões diz respeito à autori dade O anarquismo filosófico componente específico da vertente individualista rejeita a idéia de autoridade legítima particularmente o direito que qualquer um tem funcionário do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 14 anarquismo Estado ou não de exigir a obediência de outro A autonomia individual concebida moralmen te como o foi por Godwin e por Wolf 1970 exige que os indivíduos ajam de acordo com seus próprios juízos Concebida de forma egoís ta como por Stirner 1845 essa idéia implica que o ser único que realmente é dono de si mesmo não reconhece nenhum dever para com outros Dentro dos limites de seu poder ele faz o que é certo para ele mesmo Uma vez que o anarquismo filosófico tor na problemáticas a colaboração e a organização formal os anarquistas são com freqüência me nos radicais Apesar de geralmente desconfia dos da autoridade podem reconhecer a autori dade racional de especialistas dentro de seus campos de competência e a autoridade moral de normas sociais básicas tais como contratos devem ser honrados E no sentido em que a política ocorre em todos os grupos organi zados à falta de unanimidade podem reco nhecer até mesmo a autoridade política mas não de estado Assim decisões tomadas de modo participativo por membros de uma co muna ou cooperativa de trabalhadores podem ser consideradas moralmente impositivas Mas eles rejeitam a autoridade apoiada na força co ercitiva institucionalizada de modo pro eminente mas não exclusivo no ESTADO Os anarquistas rejeitam o estado moderno porque dentro de seu território ele divide as pessoas em governantes e governados mono poliza os principais meios de coerção física reivindica soberania sobre todas as pessoas e toda a propriedade promulga leis visando su primir todas as outras leis e costumes pune os que infrigem suas leis e apropriase à força através de impostos e de outras maneiras da quilo que é propriedade de seus subordinados Mais ainda com outros estados divide a socie dade humana contra si mesma em sociedades nacionais e periodicamente trava a guerra auto rizando com isso o assassinato em massa Para os anarquistas nem mesmo um estado demo crático tem legitimidade uma vez que não se baseia em nenhum sentido rigoroso de consen so e o relacionamento governantegovernado é apenas disfarçado Os anarquistas podem admi tir que às vezes o estado exerça funções úteis tais como proteger mas também violar os direitos humanos mas afirmam que essas funções poderiam e deveriam ser executadas por organizações voluntárias Ao rejeitar o estado os anarquistas negam o ponto de vista amplamente aceito e classica mente expresso por Thomas Hobbes 1651 de que na ausência de estado não há sociedade e a vida é solitária medíocre desagradável brutal e curta Os seres humanos acreditam eles são naturalmente sociais e não associais Até os primeiros estados se desenvolverem cerca de 5 mil anos atrás todos os seres humanos viviam em sociedades sem estado Os anarquistas as sumem o ponto de vista de John Locke de que a condição natural da humanidade na qual todos são livres e iguais ninguém tendo o di reito de exigir obediência dos outros constitui de fato uma sociedade Mas não aceitam a justificativa de Locke da aceitação do estado limitado como um artifício para a proteção dos direitos naturais especialmente o direito à propriedade uma visão do estado como sentinela associada a um liberalismo de laissez faire que ressurge na obra libertária de Nozick 1974 Mas apesar disso endossam o ponto de vista de Locke vividamente expresso mais tar de por Paine 17912 parte 2 cap1 e recente mente reafirmado por Hayek 1973 cap2 de que a ordem social existe independentemente do estado uma ordem gerada de forma es pontânea um produto da sociabilidade huma na O que distingue os anarquistas desses libe rais é sua crença de que essa ordem natural não necessita ser suplementada por qualquer tipo de ordem imposta a partir de cima Na linguagem da teoria da escolha racional apesar de a ordem social ser um bem público um bem caracte rizado pela indivisibilidade e pela nãoexclu são as pessoas nas condições previstas pelos anarquistas colaborarão voluntariamente pa ra a provisão desse bem Taylor 1982 Para os anarquistas ao contrário dos liberais clássicos o estado não é um mal necessário mas sim um mal positivo uma grande fonte como na guerra de desordem na sociedade huma na Eles defendem portanto a idéia de socie dade natural uma sociedade autoregulada pluralista na qual poder e autoridade estão radicalmente descentralizados Ao estabelecer uma distinção nítida entre sociedade e estado o anarquismo tanto in dividualista quanto socialista apóiase em fundamentos liberais O anarquismo individua lista pode ser encarado como um liberalismo elevado a uma conclusão extrema ou lógica O indivíduo é a unidade básica sociedade é Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar anarquismo 15 uma palavra coletiva para um agregado de in divíduos a LIBERDADE é definida negativamente como ausência de coerção e o objetivo é maxi mizar a liberdade individual de modos compa tíveis com a igual liberdade de outros Contra a reivindicação de soberania do estado opõem o princípio da soberania do indivíduo Do lado econômico a vertente individualista geral mente insiste na importância da propriedade ou posse privada favorece a produção individual condena todos os monopólios e louva o livre mercado Na crença de que suas propostas ga rantiriam às pessoas os frutos de seu próprio trabalho e não levariam à acumulação de posses através da exploração do trabalho alheio os anarquistas individualistas do século XIX às vezes se consideraram socialistas Mas seus sucessores atuais como Murray Rothbard 1973 tendo abandonado a teoria do valor trabalho descrevemse como anarcocapitalis tas Seu programa implica a privatização com pleta Afirmam que o livre mercado é capaz de fornecer todos os bens e serviços inclusive a proteção de pessoas e da propriedade ora su postamente fornecidos pelo monopólio político chamado estado O anarquismo socialista pode ser visto como uma fusão de liberalismo e socialismo Um valor muito grande é atribuído à liberdade in dividual mas esta é definida não apenas nega tivamente mas também como a capacidade de satisfazer as necessidades Insistindo na igual dade social e econômica como condição neces sária para a liberdade máxima de todos o anar quismo socialista rejeita a propriedade privada capitalista junto com o estado A solidariedade social expressa em ações de auxílio mútuo é enfatizada A sociedade é considerada uma rede de associações voluntárias mas o que é mais importante composta de comunidades locais A individualidade comunal é o ideal O anarquismo socialista foi em grande parte moldado pelas idéias de Proudhon a liberdade é a mãe e não filha da ordem todos os partidos políticos são variedades de despotismo o poder do estado e o do capital são sinônimos o pro letariado portanto não tem como se emancipar através do uso do poder de estado apenas atra vés de ação direta pacífica a sociedade de veria ser organizada na forma de comunidades locais autônomas e de associações de produ tores unidas pelo princípio federativo Não obstante seus sucessores Michael A Bakunin e Peter A Kropotkin na Rússia substituíram o mutualismo de Proudhon primeiro pelo co letivismo e depois pelo comunismo este último implicando o tudo pertence a todos e a distribuição de acordo com as necessidades Também sob a inspiração de Bakunin os anarquistas adotaram a estratégia de estimular insurreições populares no decorrer das quais previase a propriedade capitalista e fundiária seria expropriada e coletivizada e o estado abolido Em seu lugar surgiriam comunas au tônomas porém unidas federativamente uma sociedade socialista organizada de baixo para cima e não ao contrário Para fomentar o es pírito de revolta entre os oprimidos os anar quistas adotaram a tática de propaganda atra vés de ações na forma de primeiro insur reições locais exemplares e depois atos de assassinato e terrorismo Defrontados com a conseqüente repressão a seu movimento outros anarquistas adotaram uma estratégia alternativa associada ao SINDICALISMO A idéia era transfor mar os sindicatos em instrumentos revolucio nários da luta de classes e fazer deles em vez das comunas as unidades básicas de uma nova sociedade Foi através do sindicalismo que os anarquistas exerceram sua maior influência so bre os movimentos socialistas no período 1895 1920 Essa influência durou mais tempo na Espanha onde durante a guerra civil de 1936 9 os anarcosindicalistas com algum sucesso embora de pouca duração tentaram levar a termo sua concepção de revolução Na Espanha como antes na Rússia revo lucionária o anarquismo manteve sua rixa com o marxismo ainda que os anarquistas geral mente aceitassem boa parte da análise eco nômica de Marx enquanto os marxistas con cordavam em que a iminente sociedade co munista sem classes seria desprovida de estado As diferenças diziam respeito em parte aos meios para se chegar a esse fim Os anarquistas opunhamse à idéia marxista de que os ope rários deveriam organizarse em um partido político específico a fim de conseguir conces sões do estado burguês como um prelúdio à sua derrubada E opunhamse à idéia de um estado dos operários a ditadura do proletariado que supostamente se dissolveria à me dida que as relações de propriedade capitalistas fossem sendo abolidas Os anarquistas afirma vam que a primeira idéia levaria à degeneração do movimento dos trabalhadores e à sua co Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 16 anarquismo optação pelo estado burguês e que ainda que isso não acontecesse a segunda idéia levaria a uma ditadura sobre o proletariado e daí a uma nova forma de domínio de classe Mas subja centes a essas diferenças existem outras es pecialmente quanto à natureza do estado Se por um lado os anarquistas concordam em que as classes econômicas dominantes usam o es tado para manter seu domínio por outro lado acham que o estado incorpora um poder político que não pode ser reduzido mesmo em última análise a poder econômico Como o poder político tem raízes independentes o estado é uma organização com sua própria dinâmica e lógica A não ser que sofra resistência essa lógica leva ao domínio completo da sociedade pelo estado o TOTALITARISMO Em agudo contraste com o anarquismo re volucionário em seus métodos mas não em sua visão de uma nova sociedade socialista en contrase o anarquismo que deriva da tradi ção pacifista ver PACIFISMO A lei do amor expressa no Sermão da Montanha levou Leon Tolstoi o romancista russo a denunciar o es tado como violência organizada e a concla mar as pessoas a desobedecerem suas exigên cias imorais Esse apelo influenciou Gandhi no desenvolvimento de sua filosofia de nãovio lência na Índia Ele popularizou a técnica da resistência nãoviolenta de massa e deu origem à idéiachave do anarcopacifismo a revolu ção nãoviolenta descrita como um programa não para a tomada do poder mas para a trans formação dos relacionamentos Para ele a in dependência nacional era apenas o primeiro passo de tal revolução que Vinoba Bhave em campanha por um aldeamento voluntário da terra continuou em um esforço no sentido de concretizar o sonho de Gandhi de uma Índia composta de repúblicasaldeias autosuficien tes e autogovernadas Ostergaard 1982 Em um século que testemunhou por toda parte um vasto aumento do poder do estado sua militarização ainda maior e sua aceitação geral como a organização política normal das so ciedades nacionais o anarquismo esteve nitida mente contra a corrente Mas ainda existe e demonstra uma notável capacidade de sobre viver a movimentos anarquistas específicos Uma geração depois do eclipse do ANARCOSIN DICALISMO as idéias anarquistas ressurgiram às vezes de forma espetacular no contexto dos movimentos da Nova Esquerda dos anos 60 Sua influência ainda pode ser observada hoje em especial nos movimentos pela paz pelo feminismo pela libertação lésbica e gay pela ecologia social radical pela libertação animal e pelo autogerenciamento dos trabalhadores A ação direta a alternativa anarquista clássica à ação política convencional também se tornou popular No outro extremo do espectro político o anarquismo individualista renascido como anarcocapitalismo é uma tendência significa tiva na Nova Direita libertária O anarquismo que sobrevive e fertiliza ou tros movimentos não pede como fez Bakunin a abolição imediata do estado Pede em vez disso anarquia em ação aqui e agora e mu danças que promovam a anarquização e não a estatização da sociedade humana Além disso ele sobrevive como um protesto perma nente contra todos os relacionamentos de poder coercitivos por mais disfarçados que sejam e contra todas as teorias que neguem a percepção fundamental do liberalismo os seres humanos são naturalmente livres e iguais Ver também LIBERTARIANISMO Leitura sugerida Apter DE e Joll J orgs 1971 Anarchism Today Bookchin M 1982 The Ecology of Freedom Guérin D 1970 Anarchism Miller D 1984 Anarchism Pennock JR e Chapman JW orgs 1978 Anarchism Ritter A 1980 Anarchism Ward C 1982 Anarchy in Action Woodcock G 1963 1986 Anarchism 2ªed GEOFFREY OSTERGAARD Annales Esta escola de historiografia se de escola puder ser chamada pode com justiça reivindicar ser a mais destacada contribuição do século XX à historiografia Considerase em geral que suas origens remontam à fundação da Revue de Synthèse Historique por Henri Berr em 1900 Surgiu como resultado de um descon forto com na verdade um protesto contra o impulso ideográfico que veio a dominar a historiografia européia desde a revolução rankeana o apelo a se escrever a história empiricamente como ela de fato aconteceu com base em fontes primárias e que em particular se institucionalizou na França mais especificamente na Sorbonne e na Revue His torique fundada na década de 1870 Bem mais tarde em 1953 Lucien Febvre sugeriria que essa historiografia francesa tal como exempli ficada por figuras como Gabriel Monod e Émile Bourgeois era a história tal como escrita pelos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar Annales 17 derrotados em 1870 Ele afirmava que a ênfase na história diplomática era sustentada por um tipo de subtexto que dizia Ah se a tivéssemos estudado mais atentamente não estaríamos on de estamos hoje Febvre 1953 pVII Não que houvesse objeção à busca de dados empíricos nas chamadas fontes primárias O que se afirmava era a noção de que não havia história que valesse a pena ser escrita se não fosse sintética daí o título da publicação de Berr ou na formulação posterior de Fe bvre se não fosse histoire pensée ou histoire problème em oposição a histoire historisante Henri Berr buscou romper os limites es treitos de uma suposta disciplina abrindo seu periódico a outras disciplinas especialmente as novas ciências sociais Essa tradição foi re novada reenfatizada e aprofundada quando em 1929 Lucien Febvre e Marc Bloch se juntaram para fundar a publicação que deu nome ao grupo Existem duas coisas principais a obser var quanto a essa publicação Antes de tudo o nome Chamavase Annales dhistoire écono mique et sociale uma tradução direta e de liberada do título da revista alemã que en carnava a escola de história institucional de Schmoller a Vierteljahrschrift für Sozial und Wirtschaftsgeschichte Ver também METHO DENSTREIT O título não era apenas um meio de identificação com uma corrente antiidiográfica paralela na Alemanha era também um progra ma Esse título evidenciava que aquela publica ção enfatizaria o econômico e o social implici tamente por serem mais duradouros mais im portantes e mais fundamentais que o político e o diplomático foco normal da maior parte dos textos históricos O segundo aspecto a observar quanto à re vista é sua localização bem como a de seus autores e leitores Ela não ficava em Paris mas em Estrasburgo onde Febvre e Bloch estavam então ensinando Isso simbolizava sua margina lidade institucional que continuou mesmo quando Febvre foi nomeado para o Collège de France e Bloch para a Sorbonne O número de assinantes era pequeno apenas umas poucas centenas Mas os autores e leitores eram inter nacionais desde o princípio da mesma forma que os temas da revista Havia fortes laços particularmente com a Itália e a Espanha Depois da Segunda Guerra Mundial a in fluência do movimento dos Annales cresceu de forma impressionante com uma importante ex pansão institucional Bloch fora assassinado pelos nazistas mas Febvre continuou a liderar o movimento até morrer em 1956 Febvre as sociouse no entanto a um historiador mais jovem Fernand Braudel que viria a simbolizar a chamada segunda geração do movimento Febvre iria derramarse em louvores à grande obra de Braudel publicada em 1949 La Médi terranée et le monde méditerranéen à lépoque de Philippe II Chamoua de a imagem da história exatamente como o movimento vinha pleiteando e disse que ela marcava a alvorada de uma nova era Febvre 1950 p24 Apesar de Braudel ter sido recusado pela Sorbonne foi indicado para o Collège de Fran ce tal como já havia acontecido com Febvre o que na política do sistema universitário fran cês era honroso mas não significava real poder Febvre e Braudel estavam determinados a criar uma base alternativa de poder e com a ajuda de um funcionário público de alto escalão Gaston Berger puderam incrementar uma idéia da dé cada de 1870 a criação de uma VIe Section 6ª Seção de ciências econômicas e sociais da École Pratique des Hautes Études A École era uma instituição peculiar inventada no século XIX para oferecer educação adulta fora do sistema universitário Mas com bastante ra pidez Febvre e Braudel conseguiram transfor mar a VIe Section em um vibrante centro de estudos de pósgraduação e de pesquisa erudita sobre história e ciências sociais A revista tam bém foi revitalizada em 1946 sob novo nome Annales Economies sociétés civilisations Foi Braudel quem desenvolveu mais explí cita e teoricamente a posição do movimento dos Annales na construção social do tempo e das temporalidades Ele dividiu seu livro sobre o Mediterrâneo em três partes correspondentes ao que considerava os três tempos sociais de structure conjoncture e événement Em La Mé diterranée ele fez sua famosa boutade Even tos são poeira Braudel 1949 1973 vol1 p901 Em 1958 publicou o que é provavel mente a peça teórica central do movimento dos Annales A história e as ciências sociais Foi nesse artigo que se fez a exposição do terceiro grande tema que caracterizou o movimento dos Annales Além de síntese e de história eco nômica e social existe a ênfase na longue durée o tempo das estruturas em lenta evolução da vida social Braudel no entanto tem o cui dado de deixar bem claro nesse ensaio que a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 18 Annales longue durée não é o eterno e o universal imu tável Ele chama esse último tempo de muito longue durée e diz a respeito dele Se existe só pode ser o tempo dos sábios Braudel 1958 Repentinamente isto é entre 1945 e 1970 época da segunda geração o movimento dos Annales saiu dos bastidores e ocupou o centro do palco e não apenas na França Em 1975 quando a VIe Section foi rebatizada como École des Hautes Études en Sciences Sociales já era motivo de maior prestígio ser nomeado para lá do que para as agora múltiplas universidades parisienses Annales ESC transformarase em uma das mais importantes publicações eruditas em todo o mundo Parecia que quase todos os eruditos ou pelo menos um número muito gran de deles estavam se proclamando Annalistes Para o movimento dos Annales como para tantas outras correntes de pensamento 1968 foi um momento decisivo Só depois de 1968 é que a influência do movimento dos Annales ul trapassou o que poderia ser chamado de zona cultural francesa ampliada Europa latina Québec Polônia Hungria e Turquia Para uma análise desse fenômeno ver o número especial de Review 1978 que também inclui artigos explicando igualmente por que a GrãBretanha demonstrou certa receptividade precoce O movimento começou a exercer uma influência importante em zonas que se vinham mostrando até então resistentes os Estados Unidos a Alemanha e finalmente a União Soviética Du rante muitos anos a posição oficial soviética foi de condenação ao movimento dos Annales Ha via no entanto muitos annalistes enrustidos na União Soviética Foi somente em 1989 com a glasnost que o Instituto Universal da Academia de Ciências pôde promover um colóquio inter nacional sobre Les Annales hier et au jourdhui Em 1972 Braudel aposentouse tanto como editor de Annales ESC quanto como presidente da VIe Section para ser substituído pela cha mada terceira geração O ano de 1970 marcou o lançamento oficial da última grande cons trução institucional do movimento dos Annales a Maison des Sciences de lHomme da qual Braudel seria administrador até morrer em 1985 A Maison tinha como sua raison dêtre a colaboração intelectual de eruditos franceses com eruditos de todas as partes do mundo para a consecução da mesma esperança de síntese que inspirara Henri Berr em 1900 Os acontecimentos de 1968 abriram novos horizontes intelectuais por toda a parte Em alguns pontos do mundo esses eventos fizeram com que eruditos e estudantes se mostrassem pela primeira vez receptivos à via media dos Annales lutando simultaneamente contra o mé todo idiográfico ver IDIOGRÁFICO MÉTODO na história e a ciência social universalizante Por outro lado foi precisamente nas partes do mun do nas quais a influência de Annales já havia sido forte que a comunidade erudita estava entrando em um estado de espírito pósmarxis ta mostrandose a partir de então um tanto reticente com relação à grande ênfase atribuída à história econômica pela segunda geração A terceira geração mudou claramente a ênfase do econômico para o social chegando a incluir neste último a cultura política Isso traduziuse em uma preocupação renovada com as mentalités uma extraordinária expansão da pesquisa empírica sobre um vasto âmbito de fenômenos sócioculturais e uma importante fusão de interesses com os antropólogos que estavam por sua vez dando nova ênfase à esfera simbólica O movimento dos Annales em sua terceira geração buscou o espírito de inclusividade do estudo de todo e qualquer aspecto da reali dade social o que era parte central do ethos dos Annales desde o princípio A terceira geração usou o social para expandir o econômico da mesma forma que a geração anterior havia usa do o econômico para expandir o político Mas se por um lado está claro que foram mais inclusivos é menos seguro que tenham sido tão holísticos tão sintéticos A terceira geração tentou recuperar a im portância da arena política encarandoa como parte central das mentalités Ao fazêlo tiveram de se aproximar mais de uma consideração de evento ainda que sob o disfarce de ocor rências simbólicas Na medida em que a terceira geração pas sou a ocupar cada vez mais espaço no mundo do conhecimento no duplo sentido de ser mais numerosa e de se preocupar com ques tões mais empíricas inevitavelmente come çou a perder o sentido de movimento A maior parte dos annalistes recusa hoje inteiramente a expressão a escola dos Annales Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar Annales 19 Existirá então um espírito dos annales que tenha permanecido Parece que sim no sentido de que os extremos da narrativa ideográfica e da generalização ahistórica ainda são rejeita dos O que se poderia dizer é que enquanto para a primeira e a segunda gerações a via media era uma passagem muito estreita entre duas alta mente ameaçadoras e muito amplas escolas de Cila e Caribdes para a terceira a via media tornouse uma passagem larga entre duas po sições extremistas grandemente reduzidas É a diferença entre ter a autoimagem de Davi contra Golias e ter a sensação de que aquilo que se faz é não apenas normal e respeitável mas encarado como tal Virá realmente a existir uma quarta gera ção do movimento Annales A questão perma nece em aberto Leitura sugerida Braudel Fernand 1958 1972 Histoire et sciences sociales la longue durée In Annales ESC Review 1978 The annales school and the social sciences Número especial 134 inverno primavera Wallerstein Immanuel 1991 Beyond Annales Radical History Review 49 715 IMMANUEL WALLERSTEIN anomia Esta palavra deriva do grego ano mia que significa sem lei e conota iniqüidade impiedade injustiça e desordem Orru 1987 Ressurgiu em inglês anomie no século XVI e foi usada no século XVII para significar des consideração pela lei divina Reapareceu em francês nos textos de JeanMarie Guyau 1854 1888 que lhe deu conotação positiva Antikan tiano Guyau tinha a esperança de um futuro ideal de anomia moral isto é a ausência de regras absolutas fixas universais e anomia religiosa libertando o julgamento individual de qualquer fé dogmática A carreira sociológica da anomia começou com Émile Durkheim que criticou as idéias de Guyau mas se apropriou da palavra dandolhe mais uma vez conotação negativa primeiro em Da divisão do trabalho social 1893 e depois em O suicídio 1897 Foi posteriormente reco lhida por Robert Merton nos anos 30 depois do que alcançou sua máxima difusão nos anos 50 e 60 entre sociólogos norteamericanos que estudavam o SUICÍDIO a delinqüência e a trans gressão ver CRIME E TRANSGRESSÃO A partir daí anomia passou a significar um traço de personalidade ou conjunto de atitudes cada vez mais indistinguível de ALIENAÇÃO para cuja mensuração foram criadas várias escalas Pos teriormente seu significado foi se tornando ca da vez mais indeterminado conforme o uso se expandia entre os sociólogos ou se estendia aos psicólogos Nesse processo anomia tornou se uma palavra psicologizada e afastada de qualquer teoria mais ampla da sociedade A história de sua transmutação do uso inicial de Durkheim àquele feito por Merton e seus suces sores é interessante Conforme observa Bes nard anomia que para Durkheim caracteriza va uma condição do sistema social foi mais tarde aplicada à situação do agente individual ou até mesmo às suas atitudes a seu estado de espírito Além disso o conceito de Durk heim crítico da sociedade industrial foi trans formado numa noção conservadora designan do desadaptação à ordem social Besnard 1987 p13 Em Da divisão do trabalho social de Durk heim a forma anômica da divisão do trabalho é anormal Isso consistia na ausência de um corpo de regras governando as relações entre as funções sociais podendo ser detectado nas cri ses industriais e comerciais e no conflito entre trabalho e capital Sua causa principal estava na rapidez com que ocorria a INDUSTRIALIZAÇÃO rapidez tal que os interesses em conflito não tiveram tempo de atingir um ponto de equi líbrio À medida que o mercado se amplia e surge a indústria de grande escala o efeito é transformar o relacionamento entre emprega dores e empregados A urbanização provocou um aumento nas necessidades dos trabalha dores Com a mecanização e a substituição de pequenas oficinas pelo trabalho de manufatura o operário é arregimentado e afastado tanto de sua família quanto de seu empregador Final mente o trabalho tornase menos significativo reduzindo o operário ao papel de máquina ignorante quanto a onde as operações dele exigidas estão levando Durkheim 1893 1984 p3056 Em O suicídio a anomia constitui uma das causas sociais do suicídio uma condição do ambiente social em função da qual aumentam as taxas de suicídio É uma situação de desre gulação que deixa as paixões individuais sem um freio para disciplinálas Durkheim distinguiu dois tipos de anomia a econômica e a conjugal A primeira consistia no colapso de um quadro normativo consagrado que estabili zava as expectativas e se manifestava em crises Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 20 anomia econômicas fossem estas explosões de cresci mento repentino ou quedas bruscas Mas tam bém sustentava que essa anomia era crônica nas sociedades contemporâneas no mundo indus trial e comercial resultando do declínio dos controles religioso político e profissional bem como do crescimento do mercado e de ideo logias que promovem a sede de aquisição uma doença de aspiração infinita pregada diaria mente como marco de distinção moral ele vando à condição de regra a falta de regra de que sofrem suas vítimas Durkheim 1897 1963 p258 256 257 A anomia conjugal em sua opinião era também crônica consistin do em um enfraquecimento da regra matrimo nial de um quadro normativo consagrado que freava o desejo e controlava as paixões do qual o divórcio era ao mesmo tempo expressão e poderosa causa contributiva ibid p271 A anomia de Robert Merton não comparti lha nem da visão de Durkheim da natureza humana nem seu projeto de diagnosticar os males sociais e em conseqüência pessoais de um capitalismo em rápido processo de indus trialização Merton concebia a anomia como um colapso na estrutura cultural ocorrendo particularmente onde há uma bifurcação aguda entre as normas e objetivos culturais e as capa cidades socialmente estruturadas dos mem bros do grupo de agir de acordo com essas normas e objetivos 1949 p162 Merton achava que as aspirações a vencer principal mas não inteiramente em termos materiais eram recomendadas a absolutamente todos na sociedade norteamericana contemporânea Uma distorção ou anomia socialmente estru turada resultaria sempre que os meios insti tucionalmente admitidos para vencer não es tivessem disponíveis Havia quatro meios de se adaptar à essa disjunção fora o conformismo tanto com os objetivos quanto com os meios institucionalizados todos eles formas de transgressão Os inovadores por exemplo ladrões profissionais criminosos de colarinho branco os que colam em provas aceitam os objetivos mas rejeitam os meios normativamente prescritos Os ritualistas por exem plo burocratas que seguem servilmente as regras sem consideração pelos fins para os quais elas foram criadas transformam em virtude o ultraconformis mo com as normas institucionalizadas ao preço de um subconformismo com os objetivos culturalmen te recomendados Os desistentes por exemplo va gabundos bêbados crônicos e viciados em drogas recuam da corrida competitiva abandonando tanto os objetivos quanto os meios Os rebeldes por exem plo membros de movimentos revolucionários ne gam obediência a um sistema cultural e social que julgam injusto e buscam reconstituir a sociedade de forma totalmente nova com um novo conjunto de objetivos e de prescrições para atingilos Cohen 1966 p77 Essa ênfase nas normas e objetivos culturais compartilhados e nas possibilidades bloquea das de realizálos de forma legítima estabeleceu uma agenda para a pesquisa da transgressão que durou várias décadas Porém como observou Besnard foi na verdade uma inversão da idéia de Durkheim pois onde Durkheim descreveu indivíduos inseguros quanto ao que deviam fazer à medida que o horizonte de possibilida des se expandia Merton propõe agentes segu ros quanto aos objetivos a serem atingidos mas cujas aspirações são bloqueadas por uma situa ção de fechamento com respeito às possibili dades de sucesso 1987 p262 Leitura sugerida Besnard P 1987 Lanomie ses usages et ses fonctions dans la discipline sociologique depuis Durkheim Durkheim Émile 1897 1969 Le suicide étude de sociologie Merton RK 1949 1968 Social Theory and Social Structure ed rev caps4 e 5 STEVENS LUKES antisemitismo Originalmente populariza da por movimentos políticos na Alemanha nas décadas de 1870 e 1880 que faziam campanha pela revogação da recémalcançada emancipa ção social e política dos judeus essa expressão é rigorosamente falando imprecisa pois não diz respeito a uma oposição aos semitas li mitandose a todas as formas de hostilidade aos judeus Como tal tem uma longa história que remonta à era précristã quando o monoteísmo e o exclusivismo judaicos levavam a suspeitas e desconfianças Com o advento do cristia nismo os judeus tornaramse um problema no sentido de que a continuação de sua exis tência parecia desmentir os conceitos cristãos de uma nova aliança e da rejeição dos judeus por Deus No decorrer da história da Europa à medida que o cristianismo se disseminou os judeus foram segregados convertidos à força ou expulsos No correr do tempo foram sendo cada vez mais restringidos a atividades comer ciais e de empréstimo de dinheiro o que acres centou o medo do usurário às imagens já bem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar antisemitismo 21 firmadas de deicídio e outros crimes contra o cristianismo À medida que o poder do estado cristão foi declinando a hostilidade econômi ca contra os judeus tornouse a preocupação maior e com a ascensão da filosofia idealista alemã foi associada à essência Wesen do judaísmo que se dizia ser inimiga dos interes ses dos estados europeus Do conceito de uma essência à idéia dos judeus como raça foi apenas um passo Enquanto Christian Wilhelm Dohm abria o debate em 1781 sobre a eman cipação dos judeus argumentando que suas características ruins eram resultado da perse guição seus contemporâneos assumiam o pon to de vista de que o contrário seria bem mais provável as características judaicas eram as causas da perseguição que sofriam Nem Dohm nem os filósofos aprovavam a persegui ção aos judeus mas suas conceituações lança ram as bases para um debate sobre e na maior parte contra eles concentrado nas razões da hostilidade aos judeus elevandoo assim à con dição de questão racional Isso levou à identifi cação de diferentes formas de antisemitismo social econômico religioso e racial de acordo com as idéias dos que o exerciam Todas se unem no entanto nos fundamentos básicos do antisemitismo que propõe teorias sobre uma permanente tentativa judaica de domina ção do mundo e sobre a culpa coletiva dos judeus As imoderadas expressões de hostilidade aos judeus que marcaram as primeiras décadas deste século levaram a uma aceitação delibera da ou contida das doutrinas sociais do NACIO NALSOCIALISMO na Alemanha e culminaram no aniquilamento sistemático de 6 milhões de ju deus durante a Segunda Guerra Mundial Esse holocausto foi seguido por uma considerável redução na perseguição aos judeus mas foi ele próprio trazido ao debate a respeito dos judeus pelos que desejam minimizar a extensão desse crime ou pelos que negam que o crime tenha sequer ocorrido A questão mais des tacada do período do pósguerra no entanto foi o surgimento do estado de Israel e com ele do lobby antisionista que insiste numa nítida divisão entre antisemitismo e antisionismo Não obstante a verdadeira divisão no campo antisionista tal como no campo antisemita se dá entre os que se opõem aos judeus e ao estado de Israel per se e os que se opõem a ações e políticas específicas de alguns judeus e alguns políticos israelenses A literatura sobre o anti semitismo é extensa e continua a crescer em paralelo ao desenvolvimento de literaturas substanciais sobre o holocausto e o estado de Israel Um ponto de partida útil poderia ser a bibliografia da Encyclopedia Judaica 1971 coluna 160 Para um levantamento históri co detalhado ver Leon Poliakov 196585 Uma história conceitual é proposta por Jacob Katz 1980 e uma análise política por Paul W Massing 1967 Dois estudos recentes são An tisemitism in the Contemporary World Curtis 1986 e Because they were Jews Weinberg 1986 Ver também JUDAÍSMO NACIONALSOCIA LISMO RAÇA RACISMO Leitura sugerida Arendt H 1958 1966 The Ori gins of Totalitarianism Curtis Michael org 1986 Antisemitism in the Contemporary World Encyclope dia Judaica 1971 Katz Jacob 1980 From Prejudice to Destruction Antisemitism 17001933 Massing Paul W 1967 Rehearsal for Destruction Poliakov Leon 196585 History of Antisemitism 4 vols Wein berg Meyer 1986 Because They Were Jews a History of Antisemitism Wistrich Robert 1991 Antisemitism The Longest Hatred JULIUS CARLEBACH antropologia Considerada de maneira am pla como o estudo científico do homem esta definição ortodoxa destaca inúmeros proble mas que ajudam a ilustrar tanto a diversidade da antropologia hoje quanto seus aspectos uni ficadores O primeiro deses problemas é que se as origens da antropologia como disciplina coe rente encontramse na revolução darwiniana de meados do século XIX e em conseqüência eram parte do interesse geral pela EVOLUÇÃO boa parte do seu desenvolvimento posterior foi uma reação às idéias evolucionistas e em par ticular progressionistas sobre sociedade e comportamento humanos A fragmentação da antropologia em ramos diferenciadamente so ciais e biológicos reflete não apenas diferen tes reações ao desenvolvimento das idéias evo lucionistas mas também uma rejeição por grande parte da antropologia social em particu lar à viabilidade de uma abordagem puramente científica dos problemas inerentes ao estudo dos seres humanos Em segundo lugar o surgi mento de críticas feministas levou a uma pre caução com o uso da palavra homem para designar a espécie humana como um todo se não a uma rejeição total desse termo Apesar de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 22 antropologia ser possível encarar a palavra homem como uma referência abrangente da espécie como um todo isso serve pelo menos para lembrar que a maior parte da reconstrução da evolução e da diversidade dos seres humanos vem sendo his toricamente encarada a partir de uma perspec tiva predominantemente masculina Dada essa fragmentação em elementos so ciais e biológicos para não mencionar ainda outras subdivisões é questionável se ainda resta alguma coerência na palavra antropologia e mais ainda se o crescimento de todo um âmbito de ciências da vida humanas e sociais sem falar em abordagens mais humanistas não teria levado a uma redundância na qual não existe um lugar nítido para a antropologia nem um caráter específico da abordagem antropológica É possível dar uma resposta positiva consi derandose o que é ímpar ou predominante nas investigações antropológicas Mais que qual quer outra parte das ciências humanas ou so ciais a antropologia se caracteriza por uma ênfase nas abordagens comparativas nas va riações mais do que nas normas do comporta mento das sociedades e numa rejeição das so ciedades ou populações ocidentais como mo delo para a humanidade Esse quadro compara tivo é de importância capital Tradicionalmente os antropólogos sociais concentravamse nas sociedades nãoocidentais e apesar de ter havi do um aumento de interesse pela aplicação de métodos e conceitos semelhantes a sociedades que se encontram dentro da esfera européia o que sempre se considerou é que a experiência social humana é mais bem encarada como uma série de variações cada qual com sua própria lógica cultural e em particular que a sociedade ocidental não representa um padrão de compa ração pelo qual essas outras culturas devam ser avaliadas O âmbito de variações culturais for nece esse quadro nitidamente comparativo para os antropólogos sociais Da mesma forma os antropólogos bioló gicos ou antropólogos físicos como eram antes conhecidos utilizam princípios e métodos bio lógicos para fornecer outro quadro compara tivo Este pode ser explicitamente evolucionis ta comparando os seres humanos com outros primatas ou pode ser um exame da extensão e natureza da variação biológica do homem hoje Se seguindo o uso norteamericano da palavra antropologia nela se inclui a arqueologia então o quadro comparativo é fornecido pelo tempo o modo como as sociedades humanas têm variado através da préhistória e da história Na base de todos os ramos da antropologia existe essa preocupação com o mapeamento da cria ção humana biológica comportamental e cultural e com a tentativa de explicar inter pretar e compreender os padrões de maneiras que não façam qualquer pressuposição injus tificada sobre direções de desenvolvimento ou sobre uma singularidade do ser humano O projeto antropológico caracterizase em última análise por essas perspectivas globais Esse quadro comparativo forneceu as bases para o impacto da antropologia sobre o pensa mento do século XX Sociedades primitivas A descoberta pelos europeus da enorme va riação nas sociedades humanas ocorreu basica mente durante o período de 1500 a 1900 e acarretou a necessidade de compreender como e por que essa diversidade ocorreu A adoção de perspectivas evolucionistas apesar de não ne cessariamente darwinianas durante o final do século XIX forneceu a primeira base coerente para tal perspectiva A evolução foi encarada por muitos pensadores que haviam sofrido a influência de Darwin como Herbert Spencer como uma progressiva escalada de mudanças de organismos primitivos até os seres humanos ver DARWINISMO SOCIAL Outras espécies re presentavam casos de desenvolvimento inter rompido em uma scala naturae Num espírito semelhante as sociedades humanas poderiam ser classificadas numa escalada de progresso do primitivo ao avançado A sociedade euro péia ou particularmente a industrial ficava no patamar mais elevado As sociedades primi tivas portanto podiam ser encaradas tanto co mo estágios através dos quais os seres humanos e suas sociedades haviam passado quanto como exemplos da falta de progresso evolutivo As primeiras sínteses antropológicas como as de senvolvidas por EB Tylor e LH Morgan forneceram esse modelo com vários estágios de desenvolvimentos identificados hordas primitivas barbarismo civilização por exem plo ou matriarcado e patriarcado ou através de conceitos econômicos como caçar e lavrar a terra Apesar de esse paradigma evolucionista ter fornecido a base da antropologia moderna a contribuição essencial dos antropólogos às Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar antropologia 23 idéias do século XX originaramse paradoxal mente na rejeição desse ponto de vista Por inúmeros motivos que variam da busca do exótico à necessidade de dar conta de impérios a antropologia preparou o caminho para a ob servação direta e para a interação entre os ob servadores europeus e as sociedades envolvi das Foi esse contato direto e íntimo levando ao desenvolvimento dos métodos de observa ção participante por antropólogos como B Ma linowski A R RadcliffeBrown e EE Evans Pritchard que derrubou a perspectiva evolucio nista e levou a uma rejeição das idéias de pro gresso nas sociedades humanas A experiência com o funcionamento detalhado das sociedades nãoeuropéias mostrou pela primeira vez que elas estavam longe de ser simples e não podiam ser corretamente classificadas em termos evo lucionistas Por exemplo apesar de economica mente simples as sociedades aborígenes aus tralianas possuíam alguns dos sistemas de pa rentesco e cosmologias mais complexos de que se tem conhecimento entre os seres humanos Mais ainda ao substituir os conceitos evolucio nistas por conceitos funcionais ficou claro que as sociedades nãoeuropéias não eram tentati vas primitivas de organização econômica e es trutura social mas funcionavam bem como sis temas integrados em formações sociais e am bientais particulares Por exemplo a sociedade acéfala dos Nuer do sul do Sudão estudada por EvansPritchard longe de ser um sistema pri mitivo e anárquico era uma sociedade orga nizada em camadas múltiplas na qual as ins tituições das linhagens de parentesco dos pa drões de casamento e da criação do gado se encaixavam num ajuste perfeito Embora muitos dogmas do FUNCIONALISMO tenham sido abandonados desde então a idéia de que a variedade da organização social e econômica humana deveria ser encarada em termos de circunstâncias ecológicas e tradições culturais específicas assim como reações alter nativas a condições singulares continua a ser de importância capital Além do âmbito da an tropologia a idéia conduziu ao abandono das noções de hierarquia evolucionista entre as so ciedades humanas Em seu lugar passou a exis tir uma sensibilidade maior para com tradições culturais independentes e estratégias sociais al ternativas Isso teve conseqüências práticas nas atitudes a respeito do desenvolvimento resul tando em menos disposição para se impor a mudança só pela mudança e em uma atenção para com os perigos da mudança econômica independente de considerações culturais A idéia revolucionou também as opiniões a res peito da estética e da arte o que se tornou patente no intercâmbio de ícones entre a arte ocidental e outras formas artísticas Cultura O conceito antropológico crucial na base dessas mudanças foi o de CULTURA Essa palavra compõese ela própria de múltiplas camadas e tem mudado de significado no decorrer dos anos Em um nível referese às características de comportamento que são exclusivas dos seres humanos em relação a outras espécies Tam bém traz consigo a noção de comportamento aprendido e ensinado em vez de instintivo Os desenvolvimentos da ETOLOGIA de certa forma minaram esse aspecto e ficou claro que a dico tomia aprendizadoinstinto no comportamento animal não é válida e que outras espécies parti lham de características que antes se achava serem unicamente humanas tais como a fabri cação de ferramentas Um outro nível é o da capacidade humana para gerar comportamento Apesar de comportamentos específicos pode rem não ser exclusivos dos seres humanos mesmo assim a capacidade da mente humana de gerar uma quase infinita flexibilidade de reações através de seu potencial simbólico e lingüístico os coloca numa categoria à parte Recentes interpretações de cultura enfatizam a fonte cognitiva do comportamento humano Em outro nível encontrase o ponto de vista de que tal comportamento está profundamen te enraizado nas relações sociais e em outras características da sociedade E finalmente o resultado de todos esses processos é o fenôme no empiricamente observável das culturas hu manas as identidades isoladas de sociedades humanas distintas caracterizadas por tradições culturais específicas O reconhecimento da diversidade de cultu ras e subculturas humanas é um importante passo conceitual surgido da prática da antropo logia social o estudo detalhado de socie dades específicas etnografia Entre tudo que os estudos dos povos em unidades e contextos culturais implica o principal é o reconheci mento de que eles se encontram unidos não por identidade genética ou biológica mas por tra dições sociais e que a ETNICIDADE é um fator de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 24 antropologia grande importância nos relacionamentos entre povos e sociedade Mais ainda cultura não é apenas a acumu lação de tradições sociais Ela está tão profun damente entrelaçada com todo o sistema cogni tivo que a visão do mundo em cada indivíduo é construída pela experiência cultural e a ela está sujeita Dada a independência das tradições culturais isso teve imensas implicações para a intercomunicação de conceitos e valores entre as sociedades Relativismo cultural O problema da incomensurabilidade das culturas levou numa determinada direção ao relativismo cultural Em certo sentido tratase de uma reação extrema às noções de progresso das abordagens evolucionistas segundo as quais sociedades e culturas podiam ser clas sificadas das primitivas às avançadas O relati vismo cultural desenvolveuse na antropologia social como um meio de enfatizar tanto a difi culdade de se fazer comparações entre culturas quanto a ausência de quaisquer critérios in dependentes para se formar juízos sobre os méritos relativos de diferentes tradições sociais Em seu ponto mais extremo o relativismo cul tural adota o ponto de vista de que uma cultura só pode ser considerada dentro do contexto de suas próprias tradições e lógicas culturais Num plano prático isso teve conseqüências impor tantes e positivas para o modo pelo qual os problemas raciais e étnicos passaram a ser con siderados e levou também a uma compreensão muito mais profunda de valores sistemas de conhecimento e cosmologias por todo o mundo Efeitos mais negativos foram o abandono das abordagens comparativas que servem de base à antropologia uma tendência ao particularismo histórico e uma ambigüidade quanto à univer salidade dos direitos humanos A unidade da espécie humana Se a antropologia social rejeitou as aborda gens evolucionistas que se baseiam numa visão progressiva da sociedade humana uma ten dência bem diferente pode ser encontrada na antropologia biológica Obras recentes sobre a história do darwinismo têm revelado que ao mesmo tempo em que muitos dos seguidores de Darwin se mostravam ansiosos por encontrar um elemento de progresso ele próprio estava consciente de não ser esse o caso e que seus argumentos fortemente seletivistas ver SELE ÇÃO NATURAL prognosticavam a diversidade adaptativa em vez da mudança unilinear De fato foi por esse motivo que a maioria dos evolucionistas do final do século XIX e início do século XX abandonaram a teoria da seleção ao mesmo tempo em que mantinham uma pers pectiva evolucionista No entanto o conceito evolucionista capital de Darwin descendên cia com modificação fornecia de fato uma solução simples para um problema complexo o da monogenia ou poligenia A descoberta de diversos povos nas Américas e em outras partes do mundo levantou a questão para os cientistas prédarwinianos de esses povos todos terem uma única origem ou criação ou serem o pro duto de vários atos diferentes de criação A monogenia implicava uma unidade de todos os seres humanos a poligenia abria a possibilidade de algumas formas humanas não fazerem real mente parte da criação especificamente humana ou da história bíblica A fundamentação do fato da evolução independente do mecanismo de mudança significou que os antropólogos es tavam capacitados a demonstrar que todos os seres humanos descendiam de um único ances tral comum e de que todos eles pertenciam a uma única espécie O trabalho biológico pos terior demonstrou a interfertilidade de todos os seres humanos Assim as abordagens bioló gicas da antropologia abriram caminho para a visão predominante neste século de que a hu manidade é unificada unida por uma herança biológica imensamente maior do que qualquer uma das diferenças A aceitação da unidade da espécie humana é hoje um consenso fundamen tal formando a base de muitas idéias que vão além do estritamente biológico A diversidade humana Do mesmo modo que os antropólogos so ciais se concentraram na diversidade das for mas culturais humanas os antropólogos bio lógicos também se voltaram para a diversidade biológica Uma implicação da estrutura da ár vore do processo evolutivo quando se encaram os seres humanos era que as populações huma nas podiam ser divididas em unidades distintas representando ou exemplares geográficos iso lados ou estágios de evolução A diversidade de aparência dos seres humanos particularmente em aspectos como a cor da pele e a forma do rosto deram crédito a esse ponto de vista e se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar antropologia 25 tornaram a base da análise da variação humana em termos de RAÇA Durante a maior parte do século XIX e início do século XX raça foi o conceito central no estudo da diversidade bio lógica humana A maior parte dos antropólogos assumiu o ponto de vista de que as raças hu manas apresentavam divisões antigas dentro da humanidade que podiam ser encaradas tam bém como estágios de desenvolvimento e de que a raça biológica estava ligada a outras características sociais e culturais As raças for neceram uma categorização dos seres humanos tanto horizontal ou seja geográfica quanto vertical ou seja através do tempo Um dos objetivos mais importantes foi portanto do cumentar esse processo historicamente através do estudo de amostras arqueológicas e de fós seis Mais ainda o conceito de raça foi usado também como explicação para as diferenças em termos de padrões de desenvolvimento Na pri meira parte deste século a antropologia físi ca conferiu um fundamento biológico a idéias mais difundidas a respeito de raça e serviu de base às teorias da ciência da eugenia ver EU GENIA CIÊNCIA DA e do NACIONALSOCIALISMO Até a Segunda Guerra Mundial raça foi con ceito capital no estudo da biologia humana a partir de uma perspectiva antropológica e evolucionista Essa situação transformouse por completo depois da guerra Mesmo antes dela biólogos como AC Haddon e Julian Huxley já se ha viam mostrado fortemente críticos Na antropo logia recente raça foi completamente rejeitada como noção biológica e analítica de alguma utilidade Parte do motivo disso foi sem dú vida uma reação ao modo como a biologia foi usada para justificar ações políticas Igualmente importante foi o desenvolvimento do NEODAR WINISMO que demonstrou não haver base bio lógica para se tratar a variação dentro de uma espécie como estágios evolutivos ou como ca tegorias distintas Além disso o crescente es tudo direto da genética em lugar da variação física revelou que a variação geográfica era contínua e extremamente complexa demons trando assim que aspectos seletivos tais como a pigmentação não forneciam critérios para se diferenciar as raças Como resultado trabalhos recentes de antropologia biológica têm mos trado que raça não é um conceito biológico útil Os antropólogos biológicos voltaramse em vez disso para o problema de elucidar a base funcional e adaptativa doença clima ecolo gia da variação humana A evolução humana O desenvolvimento da genética moderna tem revelado acima de tudo que a espécie hu mana é extremamente jovem que todos os seres humanos modernos têm um ancestral recente e comum e portanto que nenhum padrão geo gráfico que se possa encontrar significa uma divisão profunda entre eles mas sim o produto recente e superficial da migração e da adaptação local A contribuição da antropologia às idéias deste século assim retorna a sua preocupação original com a evolução mas dentro de uma ênfase bastante diferente A evolução não mos tra uma escalada de progresso mas uma fonte de diversidade em vez de fazer com que os humanos remontem cada vez mais no tempo ela enfatiza o quanto nossa espécie é jovem e assim a unidade das populações huma nas Contra esse pano de fundo porém os es pecialistas em evolução humana também têm documentado a antigüidade mais de 5 milhões de anos e a complexidade das diversas li nhagens que levaram ao surgimento dos seres humanos modernos nos últimos 100 mil anos A antropologia moderna Com o crescimento da antropologia no de correr do século e o afastamento de um pro grama de documentação de padrões históricos os antropólogos voltaramse para questões de abrangência muito maior e com aplicações prá ticas crescentes Entre os antropólogos sociais houve maior concentração nos laços entre pro cessos culturais e processos econômicos po líticos ou sociológicos conduzindo a uma cres cente ênfase nos aspectos culturais da cognição Além disso as mudanças marcantes nas socie dades tradicionais estudadas pelos antropólo gos levaramnos a se envolver de forma cada vez mais profunda com os problemas do desen volvimento e da sobrevivência dessas mesmas sociedades A antropologia assim contribuiu para uma atenção bem maior para com os elos indivisíveis que operam entre a cultura e outros aspectos do desenvolvimento Da mesma for ma os antropólogos biológicos vêm trabalhan do cada vez mais com os problemas de doença e nutrição no Terceiro Mundo e fornecendo especialmente uma compreensão maior dos as pectos populacionais que revestem os proble Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 26 antropologia mas ecológicos com os quais se defrontam vas tos setores da população humana Ver também OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE Leitura sugerida Bowler PJ 1987 Theories of Hu man Evolution Century of Debate Gould SJ 1980 Ever since Darwin Harris M 1968 The Rise of Anthropological Theory a History of Theories of Cul ture Harrison GA Tanner JM Pilbeam DR e Baker PT 1988 Human Biology an Introduction to Human Evolution Variation Growth and Adaptability Kuper A 1982 Anthropology and Anthropologists Leach ER 1982 Social Anthropology Spencer F org 1982 A History of American Physical Anthro pology ROBERT A FOLEY aristocracia Em seu sentido mais antigo a palavra aristocracia denotava um sistema polí tico Os gregos antigos usavam essa palavra para identificar um regime em que poder e mérito andavam juntos Esse uso predominou no Ocidente durante dois milênios Mas na época da Revolução Francesa a palavra aris tocracia e uma outra recémcunhada aristo crata passaram para o reino da análise social e da polêmica Agora o foco se concentrava na aristocracia como uma elite dentro da comu nidade uma elite em que se concentrava o acúmulo de riqueza e de autoridade política marcada pelo privilégio e transmitida por here ditariedade É nesses termos que aristocracia tem hoje maiores probabilidades de ser usada por historiadores e cientistas sociais O estudo de um vasto âmbito de contextos e de problemas levou essencialmente a uma com preensão mais precisa desses aspectos caracte rísticos da aristocracia A transmissão heredi tária da posição social aristocrática raramente esteve sequer perto da total exclusão de recém chegados devido entre outras coisas aos aca sos da extinção natural A escala e o caráter do recrutamento para o status de aristocrata já per mitem perceber os valores e condições ma teriais de uma sociedade Nas sociedades tra dicionais a riqueza aristocrática baseavase com maior probabilidade na posse de recursos fundiários e analistas marxistas em particular relacionaram a transição de uma economia agrária a um concomitante enfraquecimento do poder aristocrático Mas a fonte da riqueza pode ter sido menos importante do que o lazer que isso permitia para o exercício de uma preemi nência geral na comunidade É possível de fato haver circunstâncias nas quais novas formas de criação de riqueza proliferem tão rapidamente que uma elite hereditária perca a sua capacidade de influência econômica decisiva Estudiosos do desenvolvimento comercial ou industrial da Europa não obstante forneceram surpreenden tes indícios da adaptação aristocrática lado a lado com as classes comerciais ou fabris emer gentes Uma adaptação geralmente facilitada por ligações financeiras familiares entre a ri queza nova e a antiga Nas sociedades tradicio nais mais uma vez o papel político da aristo cracia tornoua mais ou menos coextensiva da classe governante ou pelo menos da classe da qual os líderes civis e militares eram mais ou menos exclusivamente retirados Sistemas mais complexos e impessoais contribuíram de algu ma forma para deslocar esse relacionamento entre a autoridade pública e uma elite gover nante hereditária com o poder sendo exercido cada vez mais em nome do rei do estado ou do povo Aqui mais uma vez porém a adaptação aristocrática mostrouse inaudita e surpreenden temente duradoura Fosse como ministros do rei agentes parlamentares ou poderosos locais Alguns cientistas sociais são de opinião que as elites no mundo contemporâneo exibem ain da novos estágios na evolução dessas caracte rísticas aristocráticas a nomenklatura da Eu ropa Oriental por exemplo ou os bostonianos ilustres da Nova Inglaterra Aqui poder e in teresses familiares são com toda certeza en contrados de forma concentrada e reveladora o privilégio campeia Mas o privilégio das aris tocracias tradicionais foi definido e proclamado como um status distintivo em geral formal mente nobre e essas pretensões foram em certo sentido reconhecidas pela comunidade em geral Onde podemos traduzir privilégio meramente como vantagem aí podemos di zer que a aristocracia já não existe mais Ver também ELITES TEORIA DAS DIFERENCIA ÇÃO SOCIAL Leitura sugerida Bottomore Tom 1964 1966 Elites and Society Bush Michael 1983 Noble Privi lege Ο 1988 Rich Noble Poor Noble Powis Jonathan 1984 Aristocracy JONATHAN POWIS arqueologia e préhistória Essas duas dis ciplinas o estudo do passado humano através de suas ruínas materiais e a parte da matéria que diz respeito ao período anterior aos registros escritos são relativamente recentes A pala Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar arqueologia e préhistória 27 vra arqueologia entrou em uso no século XVIII para descrever o estudo da cultura mate rial do mundo antigo especialmente o da Gré cia e o de Roma Denotava uma forma de erudição artísticohistórica que estava intima mente ligada à especialização e à prática de colecionar e dependia em grande parte da exis tência de provas textuais para esclarecimento e interpretação A extensão do tempo coberto pe la cronologia bíblica deixava muito pouco es paço para um período extenso anterior aos re gistros escritos Apesar de os filósofos do Ilu minismo discutirem questões mais amplas a respeito do passado remoto tais como a origem da agricultura e da civilização faziamno em grande parte com base na etnografia compara tiva e sem referência à arqueologia Foi só com o movimento romântico que as ruínas das cul turas préletradas passaram a despertar interes se por si mesmas em geral no contexto de preocupações nacionalistas com as origens das nações do Norte europeu O acúmulo de indí cios materiais permitiu que estudiosos da Anti güidade escandinavos postulassem uma suces são de estágios tecnológicos caracterizados pe lo uso de ferramentas de pedra bronze e ferro embora se acreditasse que essas três idades fossem em grande parte contemporâneas das civilizações cultas do Mediterrâneo O âmbito da arqueologia tornouse óbvio no final do século XIX com o desenvolvimento da geologia e a rejeição da cronologia bíblica e com a respeitabilidade das idéias evolucionistas em biologia ver EVOLUÇÃO A idéia de préhis tória é portanto um desdobramento relativa mente recente e ligado de forma estreita ao crescimento da ANTROPOLOGIA A arqueologia clássica continuou como uma disciplina no geral distinta apesar de escavações na Grécia e na Turquia em sítios arqueológicos como Micenas e Tróia famosas na mitologia antiga revelarem a existência de antecessoras da Idade do Bronze para as civilizações clássicas daque la região A Idade da Pedra era reconhecida como um período de duração considerável cor respondendo às fases mais antigas da evolução humana durante a qual a humanidade fora de pendente da caça o paleolítico ou Idade da Pedra Lascada e aos primeiros estágios da agricultura o neolítico ou Idade da Pedra Po lida A etnografia comparativa podia agora ser relacionada ao registro material e a nova ma téria foi chamada com alguma infelicidade de préhistória com expressões equivalentes em outras línguas européias prehistory préhis toire Vorgeschichte Do ponto de vista da aplicação seus métodos eram potencialmente globais mas a matéria encontravase dominada por evidências européias No entanto a interpretação liberal da his tória humana antiga com base em premissas científicas e evolucionistas deu lugar no início do século XX a uma renovada ênfase nacio nalista acompanhada por um divórcio entre os pensamentos arqueológico e antropológico A préhistória em alemão geralmente chamada Urgeschichte para enfatizar sua continuidade com os povos históricos era interpretada em termos das migrações de povos em particular ou da divisão da cultura a partir de centros como o Egito A antropologia voltouse da recons trução histórica para a observação e descrição em primeira mão com um interesse pelas inter pretações funcionalistas Apesar de a explo ração arqueológica de outros continentes ter produzido grande riqueza de novas evidências o estudo de cada área isolada tendia a se desen volver como especialização introvertida Um dos poucos arqueólogos a manter uma visão mais ampla foi o préhistoriador V Gordon Childe 18921957 cujos estudos sobre a pré história européia e do Oriente Próximo foram motivados pelo desejo de fugir à ênfase nacio nalista de boa parte da erudição alemã con temporânea através da exploração de modelos marxistas Ele reviveu o interesse do século XIX e na verdade do Iluminismo pelas ori gens da agricultura e da civilização que enca rava como revoluções econômicas compará veis em importância à Revolução Industrial e que chamou respectivamente de Neolítico e Revolução Urbana Essas idéias foram expostas em duas obras clássicas Man Makes Himself em 1936 e What Happened in History em 1941 que foram alguns dos poucos livros que conseguiram chamar a atenção dos teóricos sociais fora da matéria nessa ocasião para as evidências arqueológicas Apesar do engajamento político de Childe com o marxismo e de sua ênfase no materia lismo histórico suas teorias diferiam das dos historiadores marxistas britânicos contemporâ neos em sua interpretação mais consensual do que conflitual desses acontecimentos Childe concebeu um papel de gerenciamento para as primeiras elites seculares com a religião como Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 28 arqueologia e préhistória força maior impedindo o progresso tecnoló gico Ele combinou uma visão hegeliana dos papéis sucessivos das civilizações oriental clássica e ocidental com uma visão difusionista da história da tecnologia para produzir um mo delo social sofisticado no qual as inovações que produziram as primeiras sociedades urba nas eram sufocadas pela centralização política nelas próprias mas apesar disso serviram de base para novos desenvolvimentos em socie dades que adquiriram essas técnicas sem que incorressem no mesmo custo social Esse mo delo que foi influenciado por exemplos mais recentes como a industrialização do Japão explicava para Childe as características ímpares das sociedades européias ocidentais A diver gência entre cultura ocidental e oriental passa a remontar à Idade do Bronze Apesar de muitos aspectos dessas idéias terem um sabor de século passado elas representaram não obs tante um grande avanço nas explicações ineren temente metafísicas do talento nacional ou ra cial que abundavam no discurso arqueológico da época Além disso foram uma realização notável por parte do único intelectual voltado para esse tema Um fator que inibiu a arqueologia de explo rar o potencial de suas evidências contribuírem com corpos mais amplos da teoria social foi a sua posição marginal nas universidades A maior parte dos praticantes dessa matéria na primeira metade do século era ou de elementos ligados a museus e organismos que se ocupa vam com monumentos antigos ou de escava dores independentes tentando levantar recursos para suas expedições A expansão da educação superior a partir da Segunda Guerra Mundial portanto teve um efeito decisivo sobre a na tureza do discurso arqueológico o qual pela primeira vez incluiu um substancial compo nente metodológico e teórico além dos rela tórios sobre escavações e das discussões sobre o material primário Uma vez que a arqueologia daquelas áreas e períodos para os quais havia disponibilidade de evidência textual era am plamente conduzida a partir de departamentos de história e de estudos clássicos ou orientais o ímpeto maior para a análise comparativa veio inicialmente da préhistória que era em geral e nos Estados Unidos quase que inteiramente conduzida sob a égide da antropologia O mo vimento do final dos anos 60 que veio a ser conhecido como a nova arqueologia foi as sim em grande parte um fenômeno norteame ricano e britânico com ecos em outras partes do mundo de língua inglesa e do Norte da Europa apesar de conspicuamente ausente na Alemanha e no Japão onde as aventuras inte lectuais estavam inibidas pela experiência da guerra e mal se refletiu durante pelo menos uma década na arqueologia clássica Algumas inovações semelhantes ocorreram na União So viética ainda que restringidas pelas necessidades sempre cambiantes da ortodoxia política e um novo pensamento comparável na França assumiu forma bastante diversa inicialmente menos sim pática para com o movimento mais amplo A nova arqueologia caracterizavase por uma abertura a um maior âmbito de interesses oriundos de disciplinas vizinhas e por uma ânsia de participar de seus debates internos Se por um lado estava ligada a importantes avanços metodológicos geralmente vindos de áreas de nova tecnologia exteriores à disciplina como foi o caso da datação por meio de radiocarbono e da física nuclear por outro tendia a absorver e reproduzir teorias em vez de gerar as suas próprias Além disso repartia muitos de seus entusiasmos com movimentos contemporâneos na história e na economia por exemplo sua preocupação com a ECOLOGIA e a DEMOGRAFIA Os computadores e a teoria de sistemas ver SISTEMAS TEORIA DE forneciam sua lingua fran ca Tal como a história braudeliana ver AN NALES concentravase mais no processo que no evento daí o nome alternativo de arqueo logia processual Evitando o singular e o parti cular e especialmente a produção de pseudo história sustentava que métodos mais rigoro sos e especialmente quantitativos eram capazes de reconstruir tanto as informações sociais quanto as simplesmente tecnológicas ou estilísticas a respeito da préhistória Entre suas inovações metodológicas e conceituais esta vam as idéias de taxonomia numérica para clas sificação de artefatos a amostragem espacial para reconstituir padrões de povoamento a par tir de um levantamento de campo de dispersão de material de superfície a reconstituição do meio ambiente e da dieta a partir de restos animais e vegetais padrões de troca e comércio a partir da identificação de matériasprimas e estruturas sociais a partir dos diferentes tipos de artefatos depositados em túmulos Embora cada um desses esforços produzisse novas e copiosas informações sua interpre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar arqueologia e préhistória 29 tação era geralmente ingênua e fortemente cir cunscrita pelos paradigmas predominantes da antropologia neoevolucionista que devia mui to a Herbert Spencer 18201903 Era típico que as explicações enfatizassem a pressão de mográfica e a intensificação da agricultura fa zendo eco às idéias de Esther Boserup sobre economia de desenvolvimento colonização e expansão de povoamentos especialização eco nômica e a formação de hierarquias sociais e o surgimento de locais centrais ecoando temas da nova geografia ver também GEOGRAFIA HUMANA Esses temas comuns foram descober tos na base do surgimento de estabelecimentos agrícolas e cidades e do desenvolvimento geral de sociedades humanas por todo o mundo uma sucessão evolucionista de bandos a tribos feudos e estados Apesar de sua alta tecnologia das novidades em matéria de sofisticação estatística e da rique za de novas informações essas interpretações mostram grande semelhança com os pontos de vista de autores do Iluminismo tais como Adam Smith que absolutamente não conhecia ar queologia Ao esposar um modelo compara tivo baseado na idéia da evolução esse esforço produziu uma série de análises de casos iso lados que assumiram uma autonomia de desen volvimento local e se mostraram insensíveis a estruturas mais amplas do tipo postulado por Gordon Childe O difusionismo dentro desse quadro estava efetivamente banido uma vez que era difícil de quantificar e não tinha lugar no paradigma Nesse particular a nova arqueo logia pareciase muito com a economia de de senvolvimento dos anos 60 Durante a década de 70 esse trabalho foi criticado de modo seme lhante àquele em que a teoria da modernização foi desafiada pelas teorias marxistas do subde senvolvimento e dos sistemas mundiais ligadas aos nomes de Andre Gunder Frank e Immanuel Wallerstein ver DESENVOLVIMENTO E SUBDESEN VOLVIMENTO Apesar de o conceito de subde senvolvimento mostrarse inaplicável a contex tos mais antigos a idéia de centro e periferia deu nova vida ao estudo dos relacionamentos entre as populações urbanas e suas hinterlân dias incultas e especialmente das relações co merciais assimétricas entre elas por exem plo o comércio de vinho entre Roma e seus vizinhos celtas O próprio conceito de préhis tória era visto como enganoso para as idades de metal tardias de vez que as sociedades ci vilizadas e bárbaras formavam partes do mesmo sistema econômico Feudos até mesmo tribos podiam ser fenômenos de contacto em vez de estágios na evolução Mais fundamentalmente a própria cultura material passou a ser vista durante os anos 80 como importante em si mesma em vez de simplesmente refletir diferenças ecológicas subjacentes e estruturas sociais abstratas O desejo de possuir bens pode ser uma motivação de mudança tão forte quanto a pressão de mográfica ou a deterioração do solo Os bens de prestígio de origem européia que circu lavam na África subsaariana eram um compo nente ativo do poder dos chefes nativos que monopolizavam seu estoque e os usavam para legitimar sua autoridade Assim talvez a in tensificação da produção agrária na Europa pré histórica tardia também possa ter sido estimu lada pela disponibilidade de artigos comerciais mediterrâneos Longe de serem provedores be nevolentes ou gerentes econômicos os chefes podiam ser encarados como exploradores e mo nopolizadores E não apenas em situação de contato mas na gênese de ofícios como a me talurgia que envolve o suprimento de materiais raros e custosos No entanto se as estruturas sociais não são hierarquias abstratas consistem em vários tipos de ilusões que minorias conse guem convencer seus seguidores a aceitar co mo é possível um estudo comparativo É certo que cada estrutura seja única tanto em seus relacionamentos quanto em seus símbolos e materiais Se as interpretações são tão transi tórias e contextualmente dependentes que cer teza é possível As teorias arqueológicas dizem mais a respeito do presente do que do passado Assim a arqueologia percorreu o ciclo das ciên cias sociais do comparativismo e determinis mo confiantes dos anos 60 ao relativismo e à desconstruída introversão pósmodernista do final dos anos 80 ver MODERNISMO E PÓSMO DERNISMO Tal Angst não é de forma alguma universal Em todo o mundo homens e mulheres enfiam se em escavações registrando estratigrafias e recuperando artefatos e evidências ambientais para exames de laboratório aprimorando data ções observando correlações tendo idéias para ajudar a dar sentido àquilo que encontram Al gumas dessas idéias são novas algumas são velhas os arqueólogos clássicos agora desco briram a teoria do lugar central e estão jogando Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 30 arqueologia e préhistória os mesmos jogos dos préhistoriadores nos anos 60 Se não pode haver uma compreensão defi nitiva do presente com toda certeza não pode haver uma compreensão definitiva do passado Leitura sugerida Binford LR 1983 In Pursuit of the Past Daniel G e Renfrew AC 1988 The Idea of Prehistory Hodder I 1990 Reading the Past Scarre C org 1988 Past Worlds the Times Atlas of World Archaeology Sherratt AG org 1980 The Cambridge Encyclopedia of Archaeology Wenke R 1989 Pattern of the Past ANDREW G SHERRATT arte sociologia da Ver SOCIOLOGIA DA ARTE artes dramáticas Ver CINEMA DANÇA MÚSI CA TEATRO austríaca escola de economia Ver ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA austromarxismo Uma das primeiras esco las independentes de pensamento marxista de senvolvida a partir do trabalho de um grupo de pensadores em Viena no final do século XIX sendo os mais destacados Max Adler Otto Bauer Rudolf Hilferding e Karl Renner Essa nova modalidade de MARXISMO segundo Bauer 1927 foi uma reação a novas doutrinas filo sóficas neokantianismo e positivismo a de senvolvimentos na teoria econômica margina lismo austríaco e às questões levantadas pelo problema das nacionalidades no império mul tinacional dos Habsburgo Mas foi igualmente influenciada pela controvérsia revisionista na Alemanha ver REVISIONISMO e pelo extraordi nário florescer da vida cultural e intelectual vienense na virada do século Como resultado dessa combinação a escola foi inovadora em muitos campos diferentes A primeira manifestação pública da nova escola de pensamento foi a criação em 1904 dos MarxStudien uma coletânea de mono grafias organizada por Adler e Hilferding e publicada irregularmente até 1923 Foi sucedi da pela publicação a partir de 1907 de um periódico teórico Der Kampf que logo veio a rivalizar com Die Neue Zeit de Kautsky como a principal revista marxista européia Os aus tromarxistas eram todos ativos na liderança do crescente Partido SocialDemocrata SPÖ e se dedicavam particularmente a promover a edu cação dos operários Os fundamentos filosóficos e teóricos do austromarxismo foram desenvolvidos princi palmente por Adler que concebia o marxismo como um sistema de conhecimento socioló gico a ciência das leis da vida social e de seu desenvolvimento causal 1925 p136 Em sua primeira obra importante 1904 ele analisou a relação entre causalidade e teleolo gia enfatizando que são formas diversas de causalidade e que a relação causal na vida social não é mecânica mas mediada pela consciência Este foi um ponto de vista que Adler expressou posteriormente afirmando que mesmo os pró prios fenômenos econômicos nunca são mate riais no sentido materialista mas têm precisa mente um caráter mental 1930 p118 Adler encarava como conceito básico na teoria da sociedade de Marx o de humanidade socia lizada ou associação social e o considerou de forma neokantiana como sendo dado trans cendentalmente como categoria de conheci mento 1925 Ou seja como um conceito fornecido pela razão e não derivado da expe riência o que é um prérequisito de uma ciência empírica Essa concepção do marxismo como sistema sociológico forneceu o quadro de idéias que direcionou os estudos de toda a escola aus tromarxista o que fica particularmente claro nas análises econômicas de Hilferding Em sua crítica da teoria econômica marginalista 1904 Hilferding contrapôs à individualista escola psicológica de economia política a teoria mar xista do valor que se baseia em uma composi ção de sociedade e relações sociais já que a teoria marxista como um todo busca revelar o determinismo social dos fenômenos econô micos sendo o seu ponto de partida a socie dade e não o indivíduo Em outro texto o prefácio a Finance Capital 1910 Hilferding referiuse diretamente a Adler afirmando que o único objetivo de qualquer indagação mar xista mesmo em questões de política é a descoberta de relações causais e prosseguiu com uma investigação dos principais fatores causais no mais recente estágio do desenvolvi mento capitalista concluindo com uma análise do imperialismo que serviu de base a estudos posteriores de Bukharin e Lenin Outro campo de grande importância para a investigação sociológica foi o da nacionalidade e do nacionalismo O estudo clássico de Bauer 1907 buscou fornecer uma análise teórica e histórica abrangente a partir da qual concluiu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar austromarxismo 31 Para mim a história já não mais reflete as lutas das nações Em vez disso a própria nação surge como o reflexo de lutas históricas Pois a nação só se ma nifesta no caráter nacional na nacionalidade do in divíduo a qual é apenas um aspecto da sua determinação pela história da sociedade pelo desen volvimento das condições e técnicas do trabalho A partir de uma perspectiva distinta con centrandose nos problemas jurídicos e consti tucionais das diferentes nacionalidades do im pério dos Habsburgo Renner 1899 1902 tam bém contribuiu com estudos importantes no decorrer dos quais propôs a idéia original na época e não sem relevância para o atual desen volvimento da Europa de uma transforma ção do Império AustroHúngaro em um estado de nacionalidades que poderia tornarse o mo delo da organização socialista de uma futura comunidade mundial Renner é mais conhecido contudo por sua contribuição pioneira a uma sociologia marxis ta do direito Em seu estudo 1904 sobre as funções sociais do direito ele buscou demons trar como as normas jurídicas existentes mu dam suas funções reagindo a mudanças na so ciedade e mais particularmente a transforma ções em sua estrutura econômica Em seguida sugeriu como problemas de importância capi tal para uma sociologia do direito questões a respeito de como mudam as normas jurídicas e das causas fundamentais de tais mudanças Nessa discussão como em outros textos é evi dente que Renner atribui um papel ativo ao direito na manutenção ou modificação das re lações sociais e de forma alguma o trata sim plesmente como uma ideologia que reflete con dições econômicas mencionando como com patíveis com esse ponto de vista os comentários de Marx sobre o direito na introdução aos Grundrisse Outra importante contribuição pa ra a formulação de princípios de uma sociologia marxista do direito foi feita por Adler 1922 o que no decorrer de sua crítica à teoria pura do direito de Hans Kelsen a qual exclui qualquer indagação sobre a base ética do direito ou sobre seu contexto social examinou em detalhes as diferenças entre uma teoria formal e uma teoria sociológica do direito Os austromarxistas também se dedicaram a estudos de importância em outros campos Fo ram dos primeiros marxistas a examinar sis tematicamente o envolvimento crescente do estado intervencionista na economia Renner 1916 ao escrever sobre os efeitos do desen volvimento capitalista do préguerra e a eco nomia de guerra observou a penetração da economia privada pelo estado até as suas célu las mais elementares não a nacionalização de umas poucas fábricas mas o controle de todo o setor privado da economia por uma regulamen tação deliberada e consciente e continuou o poder do estado e a economia começam a se fundir a economia nacional é concebida como um meio de poder de estado e o poder de estado como um meio de fortalecer a economia nacional É a época do imperialismo De forma semelhante em ensaios publicados entre 1915 e 1924 Hilferding desenvolveu com base em sua análise constante de Finance Capital uma teoria do capitalismo organizado em que a ação do estado começa a assumir o caráter de uma estruturação consciente e racional da sociedade como um todo ver SOCIALIZAÇÃO DA ECONOMIA A partir dessa situação duas linhas de desenvolvimento se tornam possíveis rumo ao socialismo se a classe operária viesse a conquistar o poder de estado ou rumo ao estado corporativo se os monopólios capitalistas man tivessem o domínio político Na Itália e na Alemanha essa última possibilidade concreti zouse na forma do FASCISMO e Bauer 1936 nos proporcionou uma das mais sistemáticas explicações marxistas das condições econômi cas e sociais nas quais os movimentos fascistas eram capazes de surgir e triunfar Posterior mente Hilferding 1941 deu início a uma revi são radical da teoria marxista da historia na qual atribuiu ao estadonação moderno um pa pel mais independente na formação da socie dade afirmando que no século XX houvera uma profunda mudança na relação do estado com a sociedade provocada pela subordinação da economia ao poder coercitivo do estado e que o estado se transforma num estado totali tário na medida em que ocorre essa subordina ção ver TOTALITARISMO As mudanças na estrutra de classes e suas conseqüências políticas foram outros temas a que os austromarxistas dedicaram muita aten ção Bauer fez uma contribuição importante em sua explicação comparativa da situação de ope rários e camponeses nas revoluções russa e alemã em sua detalhada análise 1923 da re volução austríaca e em seus textos críticos sobre o surgimento de uma nova classe do minante na União Soviética na medida em que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 32 austromarxismo a ditadura do proletariado fora transformada na ditadura de um aparato partidário onipotente ver especialmente Bauer 1936 Adler 1933 escrevendo no contexto da derrota e destruição do movimento operário na Alemanha analisou as mudanças na composição da classe operária na sociedade capitalista Ao mesmo tempo em que observava que já na obra de Marx o con ceito de proletariado demonstra certa diferen ciação afirmou que mudanças mais recentes haviam sido tão extensas a ponto de produzirem um novo fenômeno de forma que é duvi doso podermos falar de uma única classe Nes se novo proletariado havia vários estratos dis tintos que fizeram surgir três orientações po líticas básicas geralmente conflitantes a da aristocracia do trabalho compreendendo os operários especializados e os empregados de escritório a dos operários organizados na ci dade e no campo e a dos desempregados per manentes em longo prazo Mas ele afirmou de uma forma que faz lembrar a explicação de Roberto Michels sobre OLIGARQUIA que mes mo no segmento principal do movimento ope rário o desenvolvimento de organizações parti dárias e sindicais criou uma divisão fatal entre o estrato crescente de representantes e funcio nários assalariados e o quadro de associados em grande parte passivo A fraqueza da classe operária diante dos movimentos fascistas de veuse em grande parte concluiu ele a essa diferenciação das condições socioeconômicas e das atitudes políticas ver CLASSE OPERÁRIA Depois da Segunda Guerra Mundial como a estrutura de classes continuasse a mudar de forma ainda mais rápida Renner 1953 con centrou sua atenção no crescimento de um novo estrato social os funcionários públicos e empregados particulares a que se referiu como compondo coletivamente uma classe de serviços de empregados remunerados cujos contratos de emprego não criavam um relacio namento de trabalho assalariado Muitos mar xistas segundo Renner haviam adotado uma abordagem superficial do real estudo da for mação de classes na sociedade e acima de tudo da contínua reestruturação das classes Em particular haviam deixado de reconhecer que a classe operária conforme se apresenta e cientificamente não poderia deixar de se apre sentar em O capital de Marx já não existe mais A idade de ouro do austromarxismo foi o período do final do século XIX até 1914 quan do foram publicados os textos mais fecundos desses pensadores e a obra da escola como um todo exerceu ampla influência no movimento socialista europeu Depois da Revolução Russa porém ela foi eclipsada primeiro pela versão leninista e em seguida pela versão stalinista do marxismo O caminho que ela seguiu entre o reformismo e o bolchevismo expondo um marxismo nãodogmático aberto à revisão e ao desenvolvimento em resposta a novas expe riências históricas e a questões críticas coloca das por outras abordagens da análise social teve pouca influência internacional Mas em Viena onde a SPÖ esteve continuamente no poder de 1918 a 1934 o austromarxismo ainda fornecia um quadro coerente de idéias para uma política ambiciosa e eficaz de reforma social até ser finalmente derrubado pela ascensão do fascismo austríaco e pela incorporação da Áus tria ao Terceiro Reich A partir do final dos anos 60 houve uma notável renovação de interesse pelos austromarxistas não somente na Áustria onde suas idéias ainda exercem significativa influência no desenvolvimento do socialis mo mas também em outros países europeus Nas condições criadas pela desintegração do marxismo oficial em toda a Europa Orien tal é possível que essas idéias assim como novas elaborações a partir delas venham a exercer um impacto ainda maior na organiza ção da economia na construção de institui ções democráticas e em atitudes diante do persistente problema das nacionalidades em um novo sistema europeu Leitura sugerida Bottomore Tom 1989 Austro Marxist conceptions of the transition from capitalism to socialism International Journal of Comparative So ciology 30 12 Bottomore Tom e Goode Patrick orgs 1978 AustroMarxism Kolakowski L 1978 Main Currents of Marxism vol2 cap12 Leser Nor bert 1966 AustroMarxism a reappraisal Journal of Contemporary History 1 2 Ο 1968 1985 Zwischen Reformismus und Bolchewismus Der Austromarxismus als Theorie und Praxis 2ªed resumida Mosetic Ge rald 1987 Die Gesellschaftstheorie des Austro marxismus TOM BOTTOMORE autogestão Equivalente ao alemão Selbst verwaltung e ao inglês selfmanagement trata se de uma forma de autodeterminação dos seres humanos como seres autônomos e conscientes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar autogestão 33 dependentes de condições sociais concretas Entre tais condições incluemse uma dada es trutura de produção a divisão social e tecnoló gica do trabalho instituições políticas o nível de cultura e as tradições e hábitos de comporta mento humano predominantes A autogestão deveria ser considerada do ponto de vista filo sófico como um processo que vise superar a alienação das capacidades humanas no contex to das relações sociais Autogestão é uma idéia capital para a teoria e a práxis da democracia econômica ou DE MOCRACIA INDUSTRIAL Aplicada de forma mais ampla a uma sociedade em seu conjunto a autogestão é a base da democracia participati va ver PARTICIPAÇÃO ou do socialismo auto gerido No primeiro caso estamos falando usualmente de autogestão operária no segun do de autogestão social Mas em ambas as esferas a produtiva e a política existe uma crescente demanda popular por mais controle e poder dentro de organizações sociais principal mente sob a forma de CONSELHO DE TRABALHA DORES ou conselho de cidadãos Autogestão operária Significa a plena participação dos produ tores operários e empregados na gestão de todas as funções essenciais do processo de pro dução dentro da empresa planejamento exe cução controle e disposição dos produtos As idéias básicas da autogestão operária foram ela boradas pelos socialistas utópicos Robert Owen FrançoisCharles Fourier PierreJoseph Proudhon por Karl Marx por anarquistas so cialistas das guildas os comunistas de conse lho e outros concentrandose nos seguintes temas 1 a idéia da dissolução do estado e sua substituição por uma livre associação dos produtores donde descentraliza ção das organizações produtivas e polí ticas 2 a idéia da expropriação dos expropria dores os detentores dos meios de pro dução proprietários particulares bem como capitalismo de estado e o controle direto dos conselhos de traba lhadores sobre o trabalho excedente ou a maisvalia produzida 3 a idéia de abolição da divisão tecnológi ca do trabalho ou trabalho fragmenta do e da destituição da personalidade dos operários Em oposição ao tayloris mo e ao fordismo as teorias democráti cas e socialistas enfatizam o crescimen to da personalidade o desenvolvimento do potencial e da eficiência individuais e a saúde mental no contexto de uma comunidade de trabalho Participação e democracia industrial Na literatura sociológica e política recente a expressão democracia industrial passou a ser usada como padrão para todas as formas de gerenciamento de empresa nas quais os empre gados conferem maior importância a relações humanas clima social ou gerenciamento humano ainda que em geral sem afetar o sistema de relações baseado na hierarquia e na distribuição de poder A expressão diz respeito essencialmente a um comportamento mais de mocrático em uma dada estrutura organizacio nal formal Porém usada com maior precisão abrange muitas formas diferentes de participa ção de operários e empregados em tomadas de decisão dentro da firma Em 1967 uma comissão do Gabinete Inter nacional do Trabalho em Genebra observou que era extremamente difícil chegar a uma de finição de participação que fosse universalmen te aceitável De modo objetivo essa idéia torna possível avaliar a influência dos operários na preparação tomada e acompanhamento de decisões produzidos no plano da execução sobre várias questões tais como salários e condições de trabalho disciplina e empre go treinamento vocacional mudança tecnológi ca e organização de produção bem como suas conse qüências sociais investimento e planejamento etc através de métodos tão diversos quanto reuniões e comunicações entre as partes negociação coletiva representação dos operários nos organismos admi nistrativos e autogestão dos operários GIT 1981 p6 Muitas tipologias foram elaboradas dizen do respeito a diferentes sistemas de participa ção levando particularmente em conta 1 o mecanismo de decisões a preparação tomada e implementação de decisões 2 os arranjos organizacionais nos níveis do trabalho individual da oficina da firma do setor industrial e da econo mia 3 as relações de produção questões ge rais questões sociais assuntos organiza Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 34 autogestão cionais e técnicos assuntos econômicos etc 4 a dimensão jurídica contratos coletivos leis constituição Por exemplo a code terminação Mitbestimmung alemã foi estabelecida legalmente na cons tituição mas em geral existem leis es peciais ou acordos coletivos É importante compreender que todas as ti pologias fundamentamse num processo his tórico que vai da participação parcial à plena Em outras palavras ao pleno controle do pro cesso produtivo pelos conselhos de trabalha dores Mas do ponto de vista de pensadores radicais ou reformistas o próprio processo é controvertido Os radicais afirmam que qual quer sorte de participação é uma forma de conciliação com a classe inimiga e propõem sua substituição pela expressão controle operá rio mais de acordo com o sentido de luta de classe Na prática contudo não propõem a abolição dos níveis de participação já alcança dos Parece que o novo sindicalismo Coates e Topham 1975 se adequa de forma melhor ao movimento geral da classe operária quando fala de meios reformistas com um objetivo radical alcançando a autogestão através de diferentes formas de participação ou por meio de um reformismo revolucionário Gorz 1980 É possível haver alguma confusão no uso da expressão democracia industrial se ela for interpretada no sentido de codeterminação de direitos iguais para os diferentes partidos orga nizados ou fatores produtivos empregado res operários e o estado e não como direitos iguais de cada indivíduo envolvido no processo produtivo Só então quando o direito de decisão se estende a todos que estão compro metidos na produção como um de seus direitos humanos básicos e não simplesmente em resul tado da luta de classes entre trabalho e capital se pode falar de autogestão Portanto GD H Cole 1917 estava certo quando insistia que a democracia industrial é uma forma de demo cracia direta com participação ativa de todos os membros de uma comunidade social na tomada de decisões enquanto a democracia indireta é apenas mais uma forma de escravidão Nacionalização e socialização A descentralização é um meio de alcançar a democracia direta e substituir a hierarquia de controle por uma hierarquia na coordenação A propriedade privada é uma causa de organi zação hierarquizada mas a nacionalização dos meios de produção nem sempre está ligada à abolição de uma ordem hierárquica Ao con trário pode fortalecêla como é o caso da pro priedade estatal no socialismo de estado alta mente centralizado e hierárquico A naciona lização dos meios de produção pelo estado burguês ou proletário significa apenas a trans formação deste em um estado geral capitalis ta e como observou Engels em carta a August Bebel em 1891 ainda pior a concentração da repressão política e da exploração econômica dos operários nas mesmas mãos Conseqüen temente os teóricos da autogestão operária en fatizam a socialização dos meios de produção e não a sua nacionalização A propriedade par ticular ou estatal seria substituída pela proprie dade social o que significa que os meios de produção pertencem à sociedade como um to do a todos e a ninguém A comunidade operária e o conselho de trabalhadores estão obrigados a gerir a produção como bons gerentes des frutando do direito de uso e de apropriação dos benefícios mas não do direito de abuso ius abutendi A propriedade social representa um tipo especial de propriedade com distintas ca racterísticas legais sociais e econômicas des tinadas a tornar impossível a exploração mas à luz da experiência na exIugoslávia vem sen do amplamente discutida como ambígua e in suficientemente precisa em termos legais Democracia participativa A democracia industrial como qualquer ou tro tipo de democracia é uma forma cons titucional de garantia dos direitos humanos Nesse caso os direitos daquele que produz A constituição ao conferir um direito ao indiví duo protegeo do abuso de outrem mas não garante a ninguém é claro a capacidade de exercer esse direito Ela estabelece padrões for mais e ideais de comportamento mas fica ads trito à esfera de liberdade dos próprios indi víduos transformar isso em realidade Os in divíduos devem de alguma forma ser educa dos para a democracia e essa é a tarefa da de mocracia participativa Tratase de um conceito mais amplo enraizado em um âmbito maior de correntes e tradições intelectuais que incluem a democratização de pequenos grupos os con ceitos de terapia grupal e de participação e au toeducação individual movimentos religiosos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar autogestão 35 como o dos quacres movimentos inspirados por Gandhi e diversos movimentos socialistas libertários e anarquistas É uma idéia a ser implementada através da participação grupal ou comunitária de indivíduos autônomos e de for ma espontânea A motivação para projetos co letivos deve ser endógena significando pois uma identificação livre e um envolvimento pes soal Assim essa forma de participação trans cende qualquer tipo de organização particular uma vez que organização e instituições tendem a fomentar relações funcionais e despersonali zadas A democracia participativa poderia ser considerada como um método e uma base mais profunda de comportamento democrático É um ideal e uma doutrina que visa preparar os indivíduos para um modo de vida democrático sem limitações ou repressões exógenas Leitura sugerida Horvat B Markovic M e Supek R 1975 SelfGoverning Socialism Szell György 1988 Participation Workers Control and SelfMana gement Unesco 1986 Participate in Development RUDI SUPEK automação Ao descrever um sistema no qual máquinas são usadas para controlar pro cessos e realizar seqüências de tarefas que antes exigiam a atenção a atividade e a intervenção humanas a palavra não se refere meramente ao emprego de artefatos para executar tarefas sim ples mecanização capacidade de que os hu manos há muito dispõem mas aos métodos de utilizar mecanismos eletrônicos sensoriais e de controle a fim de reproduzir e substituir os sentidos mentes e mãos humanas em uma ope ração repetida Todos os sistemas automatizados têm as pectos característicos 1 ação por exemplo perfuração aqueci mento borrifação tratamento com pro dutos químicos 2 posicionamento o que pode implicar mover virar alinhar transferir passar de um lugar para outro 3 controle a respeito dos meios de execu tar decisões por exemplo uma vál vula que pode ser aberta e fechada 4 um programa de computação com ins truções para execução de um processo como em 1 a 3 acima 5 um programa de computação no coman do de toda a operação isto é da seqüên cia de processos 6 um meio de captar identificar e medir e reportar as qualidades do que está sendo processado como tamanho propriedades ópticas peso e calor 7 elementos de tomadas de decisão que cotejam informações fornecidas com uma condição desejada e fazem as cor reções adequadas nos desvios Esses aspectos operando de modo combi nado formam um sistema de feedback capaz de ser operado com um mínimo de intervenção humana A automação é adotada para aumentar a produção e a produtividade padronizar produ tos aumentar a eficiência liberar os seres hu manos de tarefas desagradáveis ou perigosas reduzir custos operacionais e executar procedi mentos que estão acima das capacidades huma nas Os primeiros sistemas industriais automati zados começaram a surgir nos anos 50 Nas décadas de 60 e 70 a previsão de expansão desses sistemas suscitou especulações quanto às suas prováveis conseqüências econômicas sociais e culturais para as sociedades industriais e a natureza do trabalho industrial em particular Algumas conclusões sobre tendências foram extraídas do precursor da automação na produ ção industrial a mecanização de linhas de produção no qual o processo de produção era dividido em subprocessos cada qual com a ajuda de uma máquina Uma vez que os operá rios eram tratados como acessórios da máquina o efeito foi degradar e limitar suas qualifi cações No que diz respeito ao plano do operário individual previase a sua desqualificação en volvendo uma redução de conhecimento do ofício e uma perda da liberdade como grave conseqüência direta da automação No plano da organização imaginavase que surgiriam ope rários com novas qualificações como projetis tas fabricantes de ferramentas assim como construtores de máquinas técnicos de manu tenção e novos tipos de operadores e supervi sores de máquinas As organizações industriais à medida que fossem aumentando em tamanho e complexidade exigiriam novas habilidades gerenciais enfatizando a informação e o con trole No plano da sociedade e da economia esperavase que a desigualdade e o desemprego crescessem e se previu a mudança geral da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 36 automação produção industrial de bens para as indústrias de serviços Dois fatores tornaram difícil prever as con seqüências com algum nível de precisão a falta de uma estreita relação causal entre a tecnologia e a natureza das sociedades e organizações e o fato de a automação não ser apenas um processo mais complexo que a mecanização mas um processo qualitativamente diferente A noção de desqualificação é demasiado rudimentar para se aplicar à automação partin do do pressuposto de que os indivíduos têm qualificações fixas específicas quando na ver dade o seu reconhecimento é social e cultural mente determinado sendo pois sensível a si tuações cambiantes Mais ainda a rotatividade de operários que supostamente acompanharia a desqualificação foi de menor importância na automação uma vez que lidar com sistemas automatizados em geral exige mais habilidade e treinamento e não menos O impacto da automação na passagem das indústrias fabris para as de serviços tampouco foi muito claro Duas coisas estão implicadas a mudança nos dimensionamentos da produção eou a mudança na proporção da força de traba lho empregada no processo fabril A produção fabril sofreu enorme expansão nos países com indústrias altamente automatizadas Mesmo em países em aparente declínio a atividade fabril ligada como está ao crescimento das indústrias de serviços bem como à demanda de expor tações sofre uma flutuação de forma que a ligação entre a passagem fabrilserviços e a automação não fica demonstrada De qualquer forma essa alteração foi determinada antes de a automação assumir sua forma moderna Ain da mais apesar de a automação ter afetado primeiro as indústrias fabris ela está exercendo impactos disseminados por todas as atividades incluindo os serviços de escritórios comuni cações transportes distribuição trabalho se cretarial e administrativo bancos e serviços financeiros vendas a varejo impressão e edi ção saúde e serviços públicos desenho indus trial e a própria indústria de tecnologia de infor mação À medida que o uso de sistemas inte ligentes com base no conhecimento se dis seminar pela atividade profissional a automa ção afetará o trabalho e a tomada de decisões em praticamente todas as ocupações nãofabris A correlação entre automação e desemprego é igualmente complexa Os argumentos ditados pelo bom senso que percebiam os efeitos ób vios da substituição de operários por robôs levaram a conclusões simplistas sobre o desa parecimento de empregos em geral e de empre gos industriais em particular Apesar da evi dente destruição de empregos tradicionais de vastadora para velhas comunidades industriais houve um aumento em novos tipos de empregos nãorepetitivos e especializados Se as tendên cias no desemprego se devem à automação como tal ou se refletem o deslocamento de mercados de trabalho cambiantes em uma eco nomia mundial igualmente cambiante é ques tão aberta ao debate Atualmente a palavra automação é menos usada na indústria do que algumas expressões mais precisas como CIM computerintegra ted manufacturingfabricação integrada por computadores AMT advanced manufac toring technologytecnologia fabril avançada e CDCAM computeraided design computer aided manufacturedesenho industrial com aju da de computador fabricação com ajuda de computador A palavra robótica referese ao estudo cada vez mais sofisticado de complexas máquinas automatizadas capazes de sentir de cidir e manipular de um modo reconhecivel mente semelhante ao humano Ver também TEORIA E TECNOLOGIA DA INFOR MAÇÃO MUDANÇA TECNOLÓGICA TRABALHO Leitura sugerida Adler F et al orgs 1986 Automa tion and Industrial Workers a Fifteen Nation Study vol2 Braverman H 1974 Labor and Monopoly Ca pital the Degradation of Work in the Twentieth Century Forester Tom org 1985 The Information Technolo gy Revolution Forslin J Sarapata A e Whitehill AM orgs 1979 Automation and Industrial Workers a Fifteen Nation Study vol1 Granovetter M e Tilly C 1988 Inequality and labor process In Handbook of Sociology org por N Smelser Handy CB 1984 The Future of Work a Guide to Changing Society Hyman R e Streeck W orgs 1988 New Technology and Industrial Relations LORRAINE F BARIC autoridade Embora autoridade possa ser convenientemente definida como o direito quase sempre por reconhecimento mútuo de exigir e receber submissão há um desacordo endêmico entre os teóricos sociais a respeito de sua natureza Isso não surpreende já que as diferentes concepções de autoridade tendem a refletir distintas visões de mundo e teorias sociais e políticas Não obstante as diversas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar autoridade 37 concepções de autoridade parecem ter dois componentes em comum Um deles é o não exercício do juízo privado O outro é a identifi cação das autoridades a serem reconhecidas Isso conduz a algumas distinções úteis Se alguém se submete ao julgamento das auto ridades por referência a um conjunto de re gras predominante em uma sociedade falamos de uma autoridade de jure No entanto se al guém se submete ao julgamento de outros por que aceita as pretensões desses outros a serem as autoridades legítimas tratase de um caso de autoridade de facto Os pais como é típico têm tanto autoridade de jure quanto de facto sobre os filhos É concebível porém que tenham o primeiro tipo de autoridade sem terem o segun do e viceversa Se a autoridade é identificada e reconhecida em termos de confiança falamos de uma autoridade per se como no caso de um médico aconselhando um paciente Se por outro lado ela é identificada e reconhecida com relação à conduta tratase então de um caso de alguém que está em no exercício da autoridade como um policial conduzindo o tráfego Talvez a melhor maneira de elucidar o con ceito de autoridade seja descrever diferentes soluções para três problemas que ela apresenta Em primeiro lugar por que há necessidade desse conceito Se Hannah Arendt e Bertrand de Jouvenel por um lado dão explicações di ferentes da autoridade por outro concordam e com a maioria dos outros teóricos sociais em que a coesão e a continuidade da vida social não podem ser adequadamente explicadas em ter mos de coerção LIDERANÇA ou discussão racio nal Arendt 1960 acredita que autoridade im plica uma obediência na qual as pessoas conser vam sua liberdade distinguindoa de PODER força e violência e também de persuasão pois nesta as pessoas são iguais A ascensão do tota litarismo no século XX foi precedida segundo Hannah Arendt da perda de autoridade a mul tidão solitária busca conforto em movimentos políticos de massa e sente a necessidade de líderes De acordo com Jouvenel 1947 autoridade é a capacidade de alguém fazer com que suas propostas sejam aceitas É diferente de poder pois é exercida apenas sobre os que voluntaria mente a aceitam No entanto as pessoas em exercício da autoridade ou governantes podem ter autoridade apenas sobre uma parte de seus governados mas sobre um número suficiente para que possam coagir os demais Isso seria poder sobre todos por meio de autoridade sobre uma parte ou um estado autoritário É um equívoco acredita Jouvenel opor autoridade a liberdade pois a autoridade termina onde o consentimento voluntário também termina a dissolução de agregados humanos é o pior de todos os males diz ele e os regimes policiais entram em cena quando o prestígio se esvai Em segundo lugar como é que as pessoas no exercício da autoridade chegam a obtêla Max Weber 19212 estabeleceu uma diferen ça entre três tipos de autoridade ou dominação legítima A autoridade legal apoiada numa crença na legalidade de regras decretadas e no direito daqueles elevados à autoridade sob es sas regras de emitirem ordens Os policiais são obedecidos porque a autoridade que lhes foi conferida pela ordem jurídica e política é acei ta A autoridade tradicional é baseada numa crença estabelecida na inviolabilidade de tra dições imemoriais e na legitimidade daqueles que exercem autoridade sob elas Esse tipo de autoridade é também definido em termos de um conjunto de regras mas as regras são na maior parte expressas em tradições e costumes Final mente a autoridade carismática é baseada na devoção ao caráter exemplar heroísmo ou san tidade excepcionais de uma pessoa isolada e das ordens ou padrões normativos revelados ou ordenados por essa pessoa ver CARISMA O melhor exemplo é Jesus que falou com auto ridade no Templo apesar de ter apenas 12 anos de idade e cujas elocuções tinham a forma está escrito mas eu vos digo Segundo Weber esses três tipos de autori dade são tipos ideais Eles quase sempre exis tem de forma mista Peter Winch 1967 des tacou que em última análise todos os três apóiamse na tradição Até mesmo a autoridade carismática pressupõe tradição de vez que o líder carismático sempre reforma uma tradição existente e suas ações não são inteligíveis iso ladas disso De fato Jesus disse que viera não para infringir a lei mas para cumprila Tam bém se deveria destacar que a diferença entre autoridade legal e tradicional por um lado e autoridade carismática por outro na teoria de Weber é de algum modo semelhante à diferen ça descrita por Jouvenel entre o árbitro de pretensões e objetivos existentes e conflitantes o rex e o líder ou originador de novas políticas o dux Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 38 autoridade A terceira questão é por que as pessoas deveriam acatar a autoridade Os pensadores políticos radicais especialmente os anarquistas e os marxistas acreditam que não deveriam Os marxistas objetam que a autoridade é assimétri ca mascarando a natureza de classe do estado capitalista e a imposição de uma ideologia le gitimadora Jürgen Habermas 1973 acredita por exemplo que o estado no capitalismo tar dio enfrenta uma crise de legitimidade Os anarquistas modernos como Robert Paul Wolff 1970 fixam os olhos no que vêem como um conflito entre autonomia individual e autori dade Segundo eles a autoridade necessaria mente implica a capitulação do juízo Conservadores e liberais replicam que uma extensa divisão intelectual do trabalho é neces sária na complexa ordem social contemporâ nea Destacam também que um certo tipo de lei estrutura em vez de restringir a liberdade in dividual e que portanto serve como uma con dição e não restrição da autonomia Os liberais modernos como lhes é comum diferenciam entre a autoridade da lei que enca ram como necessária para facilitar a cooperação social e o poder dos indivíduos no qual tendem a não confiar Divergem porém a respeito de como derivar a autoridade da lei Para John Rawls 1971 e James M Buchanan 1975 ela deriva de um CONTRATO SOCIAL As pessoas aca tam a autoridade porque isso é de seu interesse Elas escolheriam certo tipo de autoridade caso munidas da informação relevante ou colocadas no cenário apropriado Para Friedrich A Hayek 1979 a autoridade surge de um longo pro cesso histórico de adaptação mútua de indiví duos conforme expresso em estatutos tradi ções convenções e costumes Exceto onde a unidade política é criada por conquista afirma ele as pessoas se submetem à autoridade não para permitir que ela faça o que lhe agrada mas porque confiam em que alguém aja em confor midade com certas concepções comuns sobre o que é justo Para Robert Nozick 1974 a auto ridade do estado repousa em sua nãoviolação dos direitos individuais Por outro lado alguns pensadores moder nos Michael Oakeshott 1962 Hannah Arendt e outros com inspiração em Aristóteles Rous seau e Hegel não se referem a interesses ou direitos mas a identidades sociais Substituem as individualidades desimpedidas e para eles debilitadas da teoria liberal por individuali dades situadas parcialmente constituídas por seus papéis práticas locais e tempos sociais O motivo pelo qual aceitamos a autoridade con trapõem esses teóricos comunitários é que ela expressa nossa vontade comum ou reflete nossa identidade comum nossos valores e cren ças compartilhados Ao mesmo tempo em que alguns argumentos comunitários contra o libe ralismo são semelhantes aos apresentados por conservadores especialmente os Tóris britâni cos no início do século XIX eles comumente conduzem a políticas mais igualitárias Mas quando as individualidades estão situadas em uma cultura individualista os comunitários po dem tornarse bastante libertários sendo Oa keshott um exemplo Finalmente os realistas políticos acredi tam que a autoridade não passa a existir por meio de crenças compartilhadas ou por conven ção mas por imposição Vilfredo Pareto descre veu a política como a competição entre as elites que buscam seus próprios objetivos através da manipulação do apoio da massa Todos os governos usam a força e todos afirmam que se fundamentam na razão Pareto 191619 se ção 2183 De acordo com Gaetano Mosca 1896 a classe governante dominou a maioria desorganizada legitimando seu poder através de uma fórmula política Marxistas e anar quistas concordam em certa medida com os realistas políticos no que diz respeito à natureza da autoridade apesar de dois grupos ao contrá rio dos realistas acharemna inaceitável e dese jarem substituíla por alguma outra coisa a res peito de cuja natureza porém não entram em acordo Mas a maioria tanto dos filósofos polí ticos quanto dos sociológos políticos acredita que a autoridade é um aspecto inevitável e inerradicável da vida social Leitura sugerida Arendt Hannah 1960 What is au thority In Between Past and Future Eight Exercises in Political Thought Jouvenel Bertrand de 1947 De la souveraineté à la recherche du bien pratique Lukes S 1978 Power and authority In A History of Sociological Analysis org por T Bottomore e R Nisbet Peters R 1967 Authority In Political Phi losophy org por A Quinton Weber Max 19212 1978 Economy and Society an Outline of Interpre tative Sociology org por Günther Roth e Claus Wittich Winch P 1967 Authority In Political Philosophy org por A Quinton HANNES H GISSURARSON avantgarde Ver VANGUARDA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar avantgarde 39 B base e superestrutura Estas são metáforas marxistas para descrever as relações entre a economia relações de produção e o governo a política e a ideologia Marx e Engels nunca desenvolveram suas idéias a respeito da base e da superestrutura em um tratado específico nem de maneira sistemática mas é possível discernir pelo menos três características básicas de seu pensamento a esse respeito compatibi lidade feedback e nãoreducionismo 1 Uma sociedade existe se houver compa tibilidade entre seu governo política leis suas idéias e suas estruturas econômicas Nem tudo é possível se a economia muda o governo e as idéias terão de mudar Marx provavelmente pensou que poderia haver um e apenas um tipo de superestrutura compatível com uma dada base GV Plekhanov Lenin e Stalin com toda certeza assumiram ponto de vista semelhante A compatibilidade também foi interpretada co mo indicando a inevitabilidade de mudança na superestrutura em seguida a uma transformação da base Essa é a interpretação forte de compa tibilidade De acordo com a interpretação fraca o número de superestruturas compatíveis tem de ser menor que o número de todas as pos síveis superestruturas A correspondência é de uma para muitas Assim afirmações a respeito da superestrutura ainda podem ser explicadas recorrendose a afirmações a respeito da base mas sua descrição não tem como ser inferida a partir da descrição da base A tese da inevitabi lidade também pode ser reduzida à tese com posta de que a se uma base muda então ou a superestrutura muda para restaurar a compati bilidade ou a base retorna ao tipo anterior para que a sociedade não seja destruída por um conflito interno e b se uma superestrutura muda então ou a base muda para restaurar a compatibilidade ou a superestrutura retorna ao tipo anterior para que a sociedade não seja destruída 2 Há uma relação de feedback entre base e superestrutura A palavra feedback foi usada pela primeira vez de forma sistemática e neste contexto por um filósofo alemão Georg Klaus depois de 1960 A idéia está implícita nos textos de Marx e explícita nos de Engels Feedback explica o aspecto de funcionalidade de uma superestrutura com relação a sua base Afir mações a respeito das funções do governo ou das idéias podem ser traduzidas em frases con dicionais aceitáveis dentro do modo científico de explicação A tese do feedback é compatível com as interpretações tanto forte quanto fraca da tese da compatibilidade 3 Nem todas as propriedades da superes trutura são dependentes de algumas proprie dades da base Há dimensões e propriedades das esferas do governo e do pensamento que não podem ser explicadas recorrendose a afirma ções a respeito da base suas descrições não podem ser reduzidas às descrições da base Uma superestrutura desenvolvese a partir de outra que a antecedeu e resulta de uma livre escolha ou de ações ao acaso dentro das res trições estruturais impostas pelas condições de compatibilidade e feedback A superestrutura é considerada um componente necessário de qualquer sociedade humana Não é puramente uma serva ou escrava da base Feedback e nãoreducionismo são abrangi dos pelo rótulo composto de autonomia relati va da superestrutura O conceito de base e superestrutura assim tornase um conceito de restrições e condições de capacitação de ações e atividades humanas Nos textos marxistas não se encontra um método geral para se afir mar ante factum que propriedades e entidades dentro de algumas instituições superestruturais são dependentes da base e que outras não são Dessa forma não temos uma teoria sociológica geral apesar de efetivamente dispormos de um útil esboço de teoria que destaca algumas im 40 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar portantes relações na sociedade que podem ser usadas como núcleo de um programa de pesqui sa em história sociologia antropologia social direito e ciência política A expressão base e superestrutura é am plamente aplicada às relações entre instituições da sociedade É também aplicável às relações entre os níveis no interior das instituições com postas famílias bandos de caça e coleta uni dades étnicas e assim por diante As palavras base e superestrutura foram introduzidas por Marx 1859 Ele afirmava que estado política e formas ideológicas compu nham uma superestrutura construída sobre a base de relações de produção sendo esta última compatível com um nível definido dos meios de produção Assim a superestrutura não foi descrita por Marx como diretamente depen dente da tecnologia A dependência era media da pelas estruturas econômicas Já em 1844 Marx escreveu nos manuscritos parisienses que alguns valores humanos eram dependentes de condições econômicas em particular atitudes alienadas para com o trabalho e a liberdade foram descritas como dependentes da presença de alienação na economia A afirmação de que pensamento e governo baseiamse no MODO DE PRODUÇÃO permeia todo o texto de A ideologia alemã Marx e Engels 18456 Engels discutiu as relações entre base e superestrutura em inú meras cartas escritas entre 1890 e 1895 Ele introduziu a descrição de feedback dos relacio namentos entre base e superestrutura destacan do que as instituições pertencentes à superes trutura têm algumas características nãodeter minadas por sua base Às vezes ele usou a palavra base de forma um tanto indefinida para incluir o ambiente natural e todo o modo de produção Engels 1894 Nos anos 20 alguns autores soviéticos come çaram a fazer distinções entre a base tecnológi ca partes dos meios de produção e a base econômica Esta última consistia nas relações de produção câmbio e distribuição Os autores econômicos ocidentais desde 1870 eram pra ticamente desconhecidos dos filósofos e eco nomistas soviéticos Assim não há investiga ções detalhadas das relações de produção por parte da maioria dos marxistas Não obstante a expressão base ou base econômica não é usada por autores soviéticos para indicar o con junto do modo de produção Eles também en caram a superestrutura como sendo exterior ao modo de produção e nele baseada Seu ponto de vista predominante passou a ser que apesar de as relações de produção serem o fator determi nante mais importante para a superestrutura também podem existir relações determinantes diretas dos meios de produção para a superes trutura Afirmase que uma formação sócio econômica combina um modo de produção e uma superestrutura Esse uso soviético e euro peu oriental difere do de alguns autores ociden tais influenciados por uma tradição marxista francesa segundo a qual a palavra base é usada para indicar tanto os meios quanto as relações de produção O uso padrão soviético entrava em bom acordo com Marx 1859 e parecia do ponto de vista da exegese mais próximo do corpo completo dos textos de Marx e Engels J Plamenatz afirmou que Marx inter pretava as relações de produção como relações de propriedade jurídica Esse ponto de vista foi rejeitado por GA Cohen que também forne ceu análises das microfundações das relações basesuperestrutura Os pontos de vista de Co hen apoiavamse em boas evidências textuais Marx 1859 Há uma tendência nos textos ocidentais mo dernos sobre MARXISMO a encarar as idéias a respeito de base e superestrutura como princí pios explanatórios GA Cohen insiste em que as relações entre superestrutura e base são fun cionais e em que essa explicação funcional é uma forma válida de explanação Isso levou a controvérsias nos estudos analíticos do marxis mo sobre a natureza das relações funcionais e o papel das explicações funcionais Na ciência social do século XIX EXPLICAÇÃO ainda não se havia tornado uma palavra em voga Marx e Engels estavam essencialmente interessados em descobrir o que julgavam ser relacionamen tos reais entre entidades reais Apesar de terem desenvolvido conceitos e terminologias para fins de compreensão e explicação seu interesse não se centrava nos conceitos mas na realidade social e em revolucionar essa realidade O uso simplista e nãometafórico dos con ceitos base e superestrutura por alguns mar xistas e antimarxistas é essencialmente uma realização do século XX O marxismo foi trans formado num sistema teórico fechado e irrefu tável que tudo abrange por alguns pensadores da Segunda Internacional por Lenin e pelos intérpretes stalinistas de Marx Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar base e superestrutura 41 Leitura sugerida Cohen GA 1978 Karl Marxs Theory of History a Defence Collins H 1982 Mar xism and Law Elster J 1985 Making Sense of Marx Newman KS 1983 Law and Economic Organiza tion a Comparative Study of Preindustrial Societies Plamenatz J 1954 German Marxism and Russiam Communism Plekhanov GV 1895 1975 The de velopment of the monist view of history In Selected Philosophical Works in Five Volumes vol1 Ther born G 1980 What Does the Ruling Class Do When It Rules State Apparatuses and State Power under Feu dalism Capitalism and Socialism EERO LOONE behaviorismo Ver COMPORTAMENTALISMO bemestar estado de Ver ESTADO DE BEMES TAR QUALIDADE DE VIDA bemestar teoria econômica do No pro cesso de escolha entre opções políticas mutua mente excludentes os juízos de valor são ines capáveis A teoria econômica do bemestar é a análise dos juízos de valor no contexto de to madas de decisão econômicas Na gestão de uma economia é preciso fazer escolhas o tempo todo É natural portanto tentar garantir que essas escolhas se originem do mesmo e consistente conjunto de juízos a respeito de VALORES ou critérios de BEMESTAR SOCIAL Du rante a maior parte deste século o critério de bemestar a que a economia deu preferência foi o ligado ao nome de Vilfredo Pareto Pareto 1897 Para a sociedade uma melhora de Pare to é uma mudança que deixa todo mundo pelo menos tão bem quanto antes e uma ou mais pessoas na verdade em melhor situação Uma condição Paretoótima é aquela a partir da qual não há mais melhoras de Pareto possíveis Uma vantagem do critério de Pareto é que ele não depende de comparações interpessoais De acordo com esse critério nenhum julgamen to depende de o ganho da pessoa A ser maior ou menor que o ganho da pessoa B Essa vantagem é no entanto conseguida à custa de uma reti cência amplamente difundida Uma medida po lítica que dê 100 dólares a um carente e deixe um milionário um dólar mais pobre não é algo que possa ser recomendado ou rejeitado em bases paretianas presumindose que o milioná rio de fato perceba a perda de um dólar não importa com que exatidão Não surpreende portanto que grande parte da teoria econômica do bemestar se tenha ocu pado em desenvolver abordagens mais sofis ticadas para classificar as condições sociais Um trabalho fecundo nesse sentido foi um en saio publicado por Abram Bergson 1938 e mais tarde desenvolvido por Paul Samuelson 1947 A abordagem BergsonSamuelson exi ge que o bemestar social de uma sociedade seja função do nível de proveito desfrutado por cada indivíduo dentro dela Dependendo de nossas inclinações normativas poderíamos insistir em dizer que a função satisfaz certas propriedades Por exemplo poderíamos exigir dela que fosse de Paretoinclusiva Isto é se o proveito de alguém aumenta e o de ninguém cai o nível de bemestar social deve registrar um aumento Poderseia ser mais exigente e fazer questão de que o bemestar social fosse a soma do nível de proveito de cada indivíduo Isso seria equiva lente ao utilitarismo defendido no século XVIII por Jeremy Bentham Uma linha intermediária defendida por John Hicks Nicholas Kaldor e outros descreve uma mudança como melhora caso seus benefi ciários sejam capazes de compensar os perde dores e ainda conservar alguns benefícios posi tivos Essa regra foi amplamente usada para comparações de renda real nacional e análises de custosbenefícios mas sua base conceitual tem sofrido sérios ataques Se os beneficiários conforme se argumentou não vierem a com pensar de fato os perdedores em que ajuda saber nesse caso que eles podem fazêlo E se de fato os compensam o próprio critério de Pareto descreverá a mudança como desejável Por que motivo precisaríamos de outra regra Em tempos mais recentes a teoria econômi ca do bemestar recebeu grande impulso com a descoberta de um teorema de proporções gigan tescas o teorema da impossibilidade geral 1951 de Kenneth Arrow ver ESCOLHA SO CIAL Em vez de fixar uma função de bemestar social particular Arrow anotou alguns axiomas que parecem extremamente razoáveis que po deríamos desejar que uma função social satisfi zesse O teorema da impossibilidade geral afir ma que esses axiomas não podem ser satisfeitos simultaneamente Uma ampla literatura surgiu para resolver o problema Mas no momento mesmo em que essa literatura vinha aparecendo outros teore mas de impossibilidade tais como o influente teorema do paradoxo da liberdade 1970 de Amartya Sen continuavam a surgir Ainda mais importante a teoria econômica do bemestar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 42 behaviorismo pósarrowiana tornouse um ponto de encontro para a economia e a filosofia moral Questões de direitos e liberdades individuais podiam ser tratadas agora pela economia A obra de Amar tya Sen por exemplo vacilava entre o quadro formal usado pelos teóricos econômicos do bemestar e o outro conceitual dos filósofos morais como John Rawls e Robert Nozick A teoria econômica do bemestar também enri queceu atividades mais terraaterra como a análise de custosbenefícios a mensuração da pobreza e da desigualdade e a elaboração de políticas públicas Leitura sugerida Atkinson AB 1983 Social Justice and Public Policy Graaf J de V 1957 Theoretical Welfare Economics Nozick R 1974 Anarchy State and Utopia Rawls J 1971 A Theory of Justice Sen A 1982 Choice Welfare and Measurement KAUSHIK BASU bemestar social A expressão define o bem estar da sociedade como um todo Como tal é um conceito que assume ainda que fragil mente a possibilidade de se medir o bemestar pessoal de se compararem escalas individuais de bemestar e de se estabelecerem as relações entre essas escalas individuais comparáveis e a soma de bemestar da sociedade como um todo Em sua forma mais ambiciosa assumiu a capa de uma função de bemestar social idéia mais estreitamente associada a dois economis tas Bergson 1938 e Samuelson 1947 Seu modelo na verdade um exercício de trans posição das chamadas escalas de preferên cia individual para uma escala de preferência social que se presume ser a soma das prefe rências individuais buscava definir o bem estar total da sociedade como uma função de sua alocação de recursos Esse modelo foi cri ticado por Arrow o qual afirmou que qualquer função ou regra que procurasse levantar orde nações de preferência individual para formar uma escala de preferência social e que obede cesse a condições mínimas de Aplicabilidade Universal que todas as variações logicamente possíveis de preferências individuais fossem conciliadas de Independência de Alternativas Irrelevantes que não exigisse nenhuma infor mação desnecessariamente detalhada violando a privacidade pessoal e de um Princípio Pareto Fraco que pelo menos alguém se saísse melhor e ninguém ficasse pior ver BEMESTAR TEORIA ECONÔMICA DO tinha de admitir um ditador isto é um indivíduo cujas preferências estritas fos sem impostas à sociedade Vários esforços para transcender o chamado teorema da impossibilidade de Arrow leva ram à moderna disciplina da teoria da escolha social ou a busca de um fundamento racional normativo das decisões sociais em sociedades nas quais os indivíduos têm preferências dife rentes quanto ao uso dos recursos disponíveis Com esse fim tal disciplina ocupase da agre gação de interesses preferências ou bemestar individual em agregados nacionais de interesse preferência ou bemestar social E isso levou a que se desenvolvessem pelo menos métodos teóricos de mensuração e comparação cuja su tileza e engenhosidade são dignas de serem admiradas eles não podem sequer ser resumi dos aqui para uma breve exposição ver Sen 1987 ver também ESCOLHA SOCIAL No entan to apesar de toda a sua indubitável sofisticação a teoria da escolha social permanece imobiliza da pela possibilidade lógica de diferentes exer cícios de agregação dependendo do que exata mente é agregado interesse preferências bem estar ou mesmo julgamento moral a respeito desses três e do que se considera ser uma conclusão adequada do exercício em si mesmo se uma simples mensuração ou uma alteração ativa por exemplo no sentido de uma igual dade de bemestar como resultado desse exer cício ver Sen 1977 e 1986 De forma semelhante os modelos de esco lha social como modelos axiomáticos de pre ferência e alocação de recursos tendem a as sumir na maior parte a possibilidade de infor mação completa mas não implicando intrusão em benefício daquele que toma as decisões e a legitimidade de métodos ditatoriais de tomada de decisão na busca da maximização do bem estar social como um resultado de todos esses cálculos A esse respeito talvez os desenvolvi mentos mais instigantes nessa disciplina te nham resultado do estudo sistemático dos pro cedimentos de votação não apenas como mo delos para o cálculo teórico de preferências sociais agregadas mas como indicadores da possibilidade de seu cálculo prático em algum momento futuro Alternativamente talvez haja algo que se possa dizer em favor do apelo de Barry 1991 para se retirar por completo a noção de bemestar social e individual do pressuposto de provisão coletiva Ver também ESTADO DE BEMESTAR Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar bemestar social 43 Leitura sugerida Arrow KJ 1951 Social Choice and Individual Values Barry Norman 1991 Welfare Bergson A 1938 A reformulation of certain aspects of welfare economics Quarterly Journal of Econo mics 52 31034 Samuelson PA 1947 Foundations of Economic Analysis Sen AK 1977 Social choice theory a reexamination Econometrica 45 5889 Ο 1986 Social choice theory In Handbook of Mathe matical Economics vol3 org por KJ Arrow e M Intriligator Ο 1987 Social choice In The New Pal grave Dictionary of Economics vol4 org por John Eatwell Murray Milgate e Peter Newman SJD GREEN Bloomsbury grupo de Essa expressão há muito é usada para indicar um vínculo informal de estetas e INTELECTUAIS influentes ou pelo menos proeminentes na primeira metade deste século e ainda por conta de suas opiniões e especialmente vidas sexuais pouco conven cionais de interesse ao que tudo indica inesgo tável para os biógrafos populares A expressão deriva da circunstância de que por ocasião da morte do homem de letras vitoriano e primeiro editor do Dictionary of National Biography sir Leslie Stephen 18321904 suas quatro filhas entre as quais se incluíam a pintora Vanessa Bell e a romancista Virginia Woolf muda ramse de Hyde Park Gate para o número 46 da Gordon Square no bairro então altamente fora de moda de Bloomsbury no centro de Londres Lá elas e seus amigos se reuniam regularmente para soirées e discussões e daí se desenvolveu um núcleo de pessoas com interesses seme lhantes que sobreviveu por muito tempo à dis solução do núcleo familiar original O grupo nunca teve uma identidade oficial apesar de muitos de seus membros terem per tencido à elitista Society of Apostles da Uni versidade de Cambridge O grupo de Blooms bury na verdade era quase que exclusivamente composto por pessoas educadas em Cambridge e mais tarde de outras que tinham em Cam bridge a sua base de atividades os filósofos G E Moore e perifericamente Bertrand Russell ambos do Trinity College o historiador G Lowes Dickinson o crítico de arte Roger Fry o biógrafo e crítico literário Lytton Strachey o romancista EM Forster e o economista JM Keynes todos graduados por ou Fellows do Kings College Entre os membros menos im portantes estavam o crítico Clive Bell marido de Vanessa o pintor Duncan Grant e o admi nistrador colonial e pensador fabiano Leonard Woolf marido de Virginia e também fundador com ela da Hogarth Press A influência do grupo perdurou pelos anos 50 e mais além em parte através de seus filhos mas também de recrutas mais jovens como o crítico de jornal dominical Raymond Mortimer de quem se diz ter sido modelo para o depravado príncipe Da niyal na mais vigorosa de todas as sátiras sobre Bloomsbury o romance The Root and the Flo wer 1935 de LH Myers Bloomsbury foi essencialmente o fruto boê mio de uma Cambridge esclarecida de classe média alta e vitorianamente tardia De Cam bridge o grupo tirou o racionalismo o ceticis mo e o agnosticismo religioso mas rejeitou de seus antecessores o UTILITARISMO o puritanis mo e o espírito público exemplificado pelos clãs Stephen e Strachey que se gabavam além de antigas ligações evangélicas da presença de inúmeras figuras de destaque jurídicas mi litares e administrativas entre seus membros A perspectiva de Bloomsbury era epicurista hedonista pacifista subjetivista e exceto no que dizia respeito a artes e relações pessoais um tanto monotonamente irreverente Nada importava observou Keynes numa famosa Memoir 1949 exceto estados de espírito os nossos próprios e os de outras pessoas é claro mas principalmente os nossos próprios Re pudiávamos inteiramente a moral e as con venções habituais e a sabedoria tradicional A única dívida de Bloomsbury para com Oxford foi em ESTÉTICA Nesse campo o grupo seguiu a influência de Fry que por sua vez havia sido influenciado pelo FORMALISMO e por uma aversão ao NATURALISMO do movimento dos estetas do qual são exemplos Walter Pater e Oscar Wilde Para Fry como para JA McNeill Whistler o valor de uma pintura se localizava nos estados estéticos abstratos desinteres sados supostamente induzidos no espectador sensível apenas por sua forma textura e cor independente de qualquer conteúdo descritivo Fry foi encontrar essas qualidades da Forma Significativa como Bell a chamava exempli ficadas com destaque na obra de Paul Cézanne a quem introduziu no mundo anglosaxão atra vés de duas exposições pósimpressionistas que organizou em Londres em 1910 e 1912 Essa idéia em si mesma longe de ser novidade de que o valor era essencialmente sui generis encontrava eco substancial se não efetiva inspiração na visão da vida moral de GE Moore tal como exposta em seus Princi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 44 Bloomsbury grupo de pia Ethica 1903 obra que foi chamada a Bíblia de Bloomsbury Pois o Bem era igual mente irredutível exceto para os estados de espírito subjetivos provocados pelos estímu los estéticos por um lado e pela amizade ou relações pessoais por outro A metafísica de Moore como ele próprio o disse era a do senso comum As coisas ti nham uma existência real independente da nos sa percepção a seu respeito ponto de vista rejeitado com desprezo pela geração anterior de idealistas contra os quais Moore reagia Não osbtante a perspectiva de Bloomsbury fazia poucas concessões a qualquer mundo objetivo ou externo no sentido vulgar Era essencial mente uma torre de marfim Os valores po diam teoricamente ser objetivos mas na prática o indivíduo era livre para criar os seus próprios uma vez que sendo personificados apenas em sensações particulares inefáveis eram opacos à inspeção ou à crítica pública Nisso estranhamente assemelhavamse à des prezada consciência puritana Resumiam se no final a pouco mais que gostos ou prefe rências para os quais não se achava que qual quer desculpa fosse necessária além do tradi cional apelo liberal à soberania do indivíduo ver LIBERALISMO INDIVIDUALISMO Em conformidade com isso a maioria dos críticos do grupo de Bloomsbury incluindo um dos mais ferozes o escritor DH Lawrence ele próprio extraordinariamente excêntrico o acu sava de uma mentalidade trivial e amoral pos sível apenas pela independência financeira com que a maioria deles nascera e que lhes permitia um insulamento das pressões do cotidiano que o trabalho e a vida social ordinária e indesejável impõem aos menos afortunados Há alguma verdade nessas restrições Na maior parte do pensamento de Bloomsbury ocorre de fato uma fragilidade difusa até mesmo certa complacência paroquial autocon gratulatória Mas é evidentemente extravagân cia e até mesmo obscurantismo responsabili zar como já foi feito pela crise inflacionária dos anos 70 anos economicamente keynesia nos o homossexualismo de Keynes e de ma neira geral os mores de Bloomsbury A suposta ligação é que a economia keynesiana conforme exemplificada pelo aumento da demanda atra vés dos aumentos dos meios circulantes e pelas concessões de empréstimos colossais para fi nanciar governos o homossexualismo e a bus ca da mera sensação estética têm uma pers pectiva voltada apenas para o curto prazo Mas hoje se sabe que por publicação dele próprio Keynes estava fazendo recomenda ções principalmente para as condições pecu liares dos anos 30 ainda que ele também tenha dito de forma suficientemente incontroversa que a longo prazo estaremos todos mortos Sem dúvida elementos de segunda ou ter ceira linha como Strachey e Bell só sobrevi veram porque o grupo de Bloomsbury como um todo conquistou a imaginação do público apesar de uma obra da juventude de Strachey Landmarks in French Literature e uma obra póstuma Books and Characters ainda serem dignas da atenção de qualquer pessoa culta ao contrário do esnobe e pretensioso Civilization de Bell Mas pessoas como Keynes Russell e mesmo Moore com toda certeza teriam sido notáveis em qualquer período ou meio enquan to escritores como Forster e acima de todos Virginia Woolf exibem não apenas inventivi dade técnica mas uma espiritualidade delicada preciosa e genuína que nenhuma época poderia ou pode darse ao luxo de dispensar Leitura sugerida Bell Quentin 1972 Virginia Woolf a Biography 2 vols Forster EM 1947 Howards End Fry Roger 1920 Vision and Design Harrod RF 1951 The Life of John Maynard Keynes Johns tone JK 1954 The Bloomsbury Group Keynes JM 1949 Two Memoirs Moore GE 1903b Principia Ethica Myers LH 1935 1984 The Root and the Flower Strachey G Lyttom 1948 Eminent Victo rians Woolf Virginia 1966 Collected Essays 4 vols Ο 1927 1977 To the Lighthouse ROBERT GRANT bolchevismo Ver LENINISMO bonapartismo Tipo de governo que tem co mo epítomes os regimes de Napoleão I e III no qual a SOCIEDADE CIVIL e as instituições políti cas representativas se encontram subordinadas ao poder policialmilitar O regime bonapartista é instalado por meio de golpe de estado como conseqüência de anterior deterioração das ins tituições republicanas e de tumulto social O líder à frente de tal governo pretende expres sar diretamente a vontade indivisível do Povo soberano e tenta mas não consegue fundar uma dinastia Medidas de exceção legitimam se através de plebiscitos de massa Essa defini ção elementar porém não consegue transmitir toda a gama de inflexões da palavra nem tam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar bonapartismo 45 pouco a sofisticação conceitual que ela já rece beu em particular no pensamento marxista O termo bonapartismo já estava em uso por volta de 181516 OED 1971 p245 Robert 1966 p510 mas sua familiaridade nos círcu los cultos europeus foi em grande parte um fenômeno das décadas de 1850 e 1860 Nesse período a palavra descrevia criticava ou louva va o governo de Luís Bonaparte Seu comando primeiro como presidente depois como impe rador 185270 da França era encarado co mo a encarnação de uma mutação política iné dita simultaneamente populista ver POPULIS MO autoritária patriótica e aventureira em ter mos militares A palavra era geralmente usada como sinônimo de CESARISMO apesar da polê mica de alguns autores contra essa equipara ção acusandoa de anacronismo Marx 1852 Mommsen 1901 p325 ou até mesmo de irreverência Mommsen p3267 Sua utilização no século XX pode ser divi dida grosso modo em duas categorias que se sobrepõem A primeira oferece uma explica ção sóciopolítica marxista do bonapartismo e busca aplicar a palavra a condições moder nas Segundo a análise multifacetada nem sempre consistente ver Rubel 1960 Wipper mann 1983 de Marx e Engels o regime de Napoleão III tornouse possível tanto pela bu rocratização disseminada por toda a sociedade francesa quanto por uma conjuntura específica o equilíbrio das forças de classe que proporcio nou ao Executivo um espaço substancial para manobras políticas A significação histórica do bonapartismo reside em sua capacidade de pro mover um vigoroso desenvolvimento capitalis ta em condições nas quais a burguesia exigiu intervenção maciça do estado em seu favor Marx 1852 e 1871 Engels 1871 O próprio Marx raramente empregou a pa lavra bonapartismo provavelmente por relutar em promover a experiência napoleônica à con dição de categoria política geral algo que o sufixo ismo do grego ismos passou a signi ficar Koeber e Schmidt 1965 pXIV Marxis tas posteriores mostraramse menos cautelosos Assim alegouse haver bonapartismo evidente no governo provisório de Kerensky Lenin O início do bonapartismo e Eles confundem a floresta com as árvores in Obras completas vol25 Trotsky 1932 p6638 no regime de Stalin Trotsky 1937 p2779 e nas adminis trações prénazistas de Brüning e Hindenburg PapenSchleicher Trotsky 1932 ver também Kitchen 1974 sobre Talheimer Neses casos o bonapartismo assume variadas nuanças de significado mas a idéia de relativa autonomia do estado surgindo de um equilíbrio ou impas se nas classes sociais permanece fundamental da mesma forma que o opróbrio que acompanha a palavra Estudos marxistas mais recentes so bre o bonapartismo reenfatizaram seu caráter militar Hobsbawn 1977 p17791 suas se melhanças e diferenças com relação ao FASCIS MO Kitchen 1976 p7182 sua existência como forma de regime entre outras incluemse o bismarckismo o fascismo e as juntas mili tares que o estado capitalista de exceção é capaz de assumir Poulantzas 1974 p31330 cf Engels 1884 A segunda utilização do conceito localizao convencionalmente em sua própria época bo napartismo tornase um meio de interpretar e reconstruir elementos da história européia do século XIX Com freqüência esse uso avançou ele próprio dentro de um quadro de influência marxista descrevendo por exemplo o bona partismo do Segundo Império francês como uma ditadura modernizante Magraw 1983 p159205 ou como um regime burocrático autoritário PerezDiaz 1978 ou ampliando o conceito para abranger a revolução pelo alto de Bismarck na Prússia do século XIX Wehler 1970 e 1985 p5562 mas ver tam bém Mitchell 1977 e Eley 1984 p14953 No entanto autores nãomarxistas também têm encontrado utilização para o conceito Alguns o têm empregado para indicar os paralelos e contrastes entre os regimes de Napoleão I e III por exemplo Fischer 1928 Outros têm uti lizado a palavra para mapear a complexidade histórica do fenômeno que ela denota por exemplo a qualidade evolutiva do governo de Napoleão III a distribuição geográfica desigual de sua base de massa seus laços com o orlea nismo o movimento político que defendia a idéia e a instituição de uma monarquia cons titucional e com o republicanismo sua rela ção com a populaça rural e urbana as origens e variedades de seu apoio de direita digamos por parte dos notáveis e do clero Zeldin 1979 p140205 Rémond 1966 p12565 36684 que também compara o gaulismo na França do século XX ao bonapartismo Bluché 1980 Finalmente o bonapartismo despertou interes se como uma palavra do discurso político do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 46 bonapartismo século XIX e foi estudado como pertencendo a uma família de conceitos que inclui o des potismo a tirania a usurpação o cesarismo e a DITADURA que denotam formas cambiantes de dominação ilegítima Richter 1982 e 1988 Leitura sugerida Draper H 1977 Karl Marxs Theo ry of Revolution 2 vols Vol1 State and Bureaucracy Groh D 1972 Cäsarismus Napoleanismus Bona partismus Führer Chef Imperialismus In Geschicht liche Grundbegriffe 7 vols Vol1 org por O Brunner W Conze e R Koselleck p72671 Hammer K e Hartmann PC 1977 Der Bonapartismus His torisches Phänomen und politischer Mythos Wehler HU 1985 The German Empire 18711918 Zeldin T 1958 The Political System of Napoleon III Ο 1979 France 18481945 Politics and Anger PETER BAEHR budismo No decorrer de 25 séculos o budis mo evoluiu no sentido de uma civilização e uma tradição religiosa panasiáticas características mas ao mesmo tempo sempre se acomodou prontamente às variações locais Tal foi es pecialmente o caso das formas de vida social aceitas pelos budistas A vida social budista na China tinha mais em comum com os valores confucianos ver CONFUCIONISMO do que com os esposados pelos budistas do Sul da Ásia que partilhavam muitos dos valores sociais com os hindus ver HINDUÍSMO E TEORIA SOCIAL HINDU Como resultado as configurações e práticas sociais da tradição budista foram historica mente de uma diversidade extraordinária em uma dimensão tal que os primeiros observa dores ocidentais do budismo acharam difícil reconhecer que a religião que encontraram no Japão tinha alguma relação com a que havia sido encontrada na Tailândia Ao mesmo tem po os pensadores budistas geralmente despen diam muito pouco esforço em tentativas de dar sentido a essa diversidade através de uma de finição da natureza da sociedade ideal especial mente em comparação com intelectuais de ou tras tradições religiosas como o islã e o hin duísmo Isso mudou no século XX e o interesse em articular conhecimento e valores sociais que são caracteristicamente budistas é um aspecto notável do budismo contemporâneo em todo o mundo Tradicionalmente o pensamento normativo budista era bastante ambivalente a respeito da vida social Por exemplo o Aggañña Sutta mito canônico sobre as origens da comunidade retrata o surgimento dos elementos básicos da vida social como a família como reação à imoralidade e à ambição Mais ainda as es truturas sociais institucionalizadas eram retra tadas como inerentemente desacreditadas e mo ralmente suspeitas pois em geral abrigavam e às vezes favoreciam as propensões para o mal encontradas nos seres humanos Outras des crições autorizadas retratam a vida social como fonte inevitável de sofrimento por causa da natural inconstância das relações entre os seres humanos nas quais a conduta ambígua chega a ser lugarcomum A vida social efetiva fornecia abundantes confirmações dessa visão sombria Em contraste a vida budista ideal tinha a inten ção de arrancar pela raiz a inclinação para o mal e pôr fim ao sofrimento Era retratada com freqüência como altamente individualizada li vre de responsabilidades sociais com a intera ção social limitada a relações consensuais entre seres diferenciados apenas pelo nível espiritual atingido Esse ideal era institucionalizado na ordem monástica budista sangha na qual se rejeitavam os padrões de dependência e hierar quia típicos de todas as comunidades humanas Em suma os pensadores budistas normalmente encaravam a vida em sociedade como irredimí vel e concluíam que o melhor que um indivíduo podia fazer era deixar de participar de suas preocupações e expectativas Essa atitude nega tiva diante da vida social foi uma fonte da crítica e do desprezo dirigidos contra o budismo por pensadores de comunidades rivais na Índia e na China Embora o pensamento tradicional budista veja poucas possibilidades de autêntica reforma na sociedade humana certas virtudes sociais eram recomendadas como meios de minimizar as crueldades habituais da vida social Entre elas se incluíam a devoção filial a generosi dade a gratidão a paciência e um senso de proporção A definição exata de tais virtudes e a especificação de outras virtudes sociais varia vam de sociedade para sociedade no mundo budista De forma semelhante o ensino budis ta tradicional recomendava a monarquia como uma estrutura política aceitável Na teoria polí tica budista tradicional era responsabilidade do rei fazer cumprir a lei e promover o bemestar geral embora mais uma vez não houvesse acor do no mundo budista a respeito do que constitui a lei ou a boa sociedade que um rei devia promover Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar budismo 47 Alguns aspectos do pensamento budista fo ram freqüentemente usados para legitimar es truturas sociais existentes Um aspecto central do pensamento budista é a doutrina do carma que explica como certos aspectos da existência atual são o resultado de ações anteriores es pecialmente ações em uma vida prévia No pensamento budista tradicional os efeitos do carma estavam relacionados com a hierarquia existencial encontrada na cosmologia budista que incluía uma variedade de céus e infernos bem como de seres humanos animais e fantas mas O futuro nascimento de alguém em um desses reinos era determinado pelo bem ou pelo mal que agora praticava tal como as atuais condições de uma pessoa eram o resultado de ações anteriores A hierarquia social existente entre os seres humanos numa dada comunidade situavase no interior dessa hierarquia cósmica e as desigualdades sociais eram então justifica das como conseqüências justas de ações morais ou imorais O impulso básico dessa visão de mundo religioso era conservador Os indiví duos podiam ser capazes de mudar sua própria posição dentro da hierarquia social e cósmica mas a hierarquia em si mesma era fixa No século XX cosmologia renascimento e carma geralmente não se encontram mais no centro do pensamento budista em grande parte porque essas idéias muita vezes parecem sus peitas à luz do conhecimento científico moder no Outros aspectos do pensamento budista têm recebido em conseqüencia maior ênfase do que tradicionalmente ainda que esse repensar em geral tenha assumido o disfarce de um re torno aos pensamentos originais do Buda o mestre indiano do século V aC que foi o fun dador do budismo Nesse repensar o indivíduo em vez da comunidade ainda ocupa o centro da cena mas no lugar da explicação tradicional do carma se dá uma ênfase especial à capacidade humana para o pensamento crítico para a auto disciplina mental e moral para mudar à luz da melhor compreensão da natureza humana e do mundo natural Esse repensar também indicava a possibilidade de reformar se não mudar as estruturas da sociedade à luz de um conheci mento melhorado em vez de aceitálas como um dado cosmológico A possibilidade de mudança social inspirou os budistas a reconsiderar as soluções de sua tradição em busca de novos modelos para so ciedades melhores Alguns budistas encararam a representação idealizada da ordem monástica nas estruturas budistas como um modelo de inspiração para uma sociedade perfeita Essa sociedade voluntária baseiase em espírito na rejeição de males básicos tais como a autogra tificação e a cobiça conforme indicado pela proibição do uso de dinheiro pelos monges e na afirmação de virtudes como a humildade e a disciplina que controlam os perigos do indi vidualismo Suas estruturas de governo dão preferência ao consenso visto pelos budistas contemporâneos como uma forma perfeita de democracia Ao mesmo tempo sua orientação econômica seria socialista com os recursos divididos em comum de acordo com a ética de suficiência A sociedade organizase em torno do interesse comum na promoção do avanço espiritual de acordo com o esquema da soterio logia budista e todos os seus membros obtêm benefícios por sua participação Houve alguns passos preliminares no sentido de efetivamente implementar esse modelo tal como o programa de U Nu para o socialismo budista na Birmânia mas essas tentativas não se mostraram promis soras Outra tendência importante no budismo contemporâneo foi o surgimento de uma nova ênfase no ativismo social Quando surgiu pela primeira vez no início deste século essa nova orientação em geral não era motivada direta mente pelos valores sociais ou éticos encontra dos na tradição budista mas era antes uma tentativa de garantir que o budismo não se tornasse irrelevante no mundo moderno e com isso desaparecesse A ênfase no ativismo social inspirou uma reconsideração dos recursos éti cos da tradição budista na busca de garantias caracteristicamente budistas para tal comporta mento Essas atividades assim são agora es timuladas como meios efetivos de cultivar e expressar virtudes budistas tradicionais como a compaixão e a generosidade Os monges são hoje comumente estimulados a suplementar suas práticas tradicionais se não efetiva mente substituílas com serviços sociais como meio de abordar o sofrimento causado pelas rápidas mudanças típicas da vida moderna em termos globais De modo semelhante leigos em todo o mundo budista têm apoiado a fun dação de escolas hospitais e outras instituições de caridade Dada a magnitude dos problemas que essas atividades abordam os budistas fre qüentemente se descobrem como parte de uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 48 budismo comunidade que transcende os grupos indivi duais de que eles normalmente participam Na busca de uma base sistemática para o pensamento social distintamente budista mui tos pensadores budistas têmse voltado para a doutrina central da origem codependente pratocca samuppada que articula a interco nexão fundamental de toda a realidade Essa doutrina define o mundo como um lugar onde nada pode existir de forma independente com cada ente ocorrendo necessariamente em um relacionamento causal com outros entes A dou trina da interdependência demonstra a ligação de um indivíduo com toda a raça humana e restabelece as bases da responsabilidade moral para com os demais Essa responsabilidade mo ral existe ao mesmo tempo em um nível pessoal e em um plano social obrigando cada indivíduo ou grupo a trabalhar na busca da solução dos problemas globais tais como o desarmamento nuclear e a crise ambiental É claro que essa mudança em direção a um bem comum mais inclusivo não se limita à humanidade mas abran ge também o mundo natural uma vez que este e os seres humanos não se distinguem nos ter mos da doutrina da origem codependente As sim ironicamente mais um tipo de ambivalên cia a respeito da sociedade surgiu no pensamen to budista do século XX Mesmo com os pen sadores budistas modernos preocupandose mais em especificar a natureza de uma boa socie dade e com budistas contemporâneos tentando melhorar as condições sociais e propiciar a existência de sociedades mais morais os aspectos do pensamento budista para os quais se voltaram na busca de justificar suas preocupações e ações tenderam a minar a legitimidade de se dividir a humanidade em sociedades distintas com es truturas particulares ou mesmo de pensar a res peito da comunidade humana em isolamento do mundo mais amplo e interdependente Leitura sugerida Dharmasiri Guanapala 1989 Fun damentals of Buddhist Ethics Dumoulin Heinrich org 1976 Buddhism in the Modern World Keyes Charles F 1989 Buddhist politics and their revolutio nary origins in Thailand International Political Science Review 10 12142 Swearer Donald K 1981 Buddhism and Society in Southeast Asia Welch Holmes 1968 The Buddhist Revival in China CHARLES HALLISEY burguesia Palavra que data do século XIII e que tal como os termos equivalentes burgueses e Bürgertum indicava originalmente uma cate goria de habitantes das cidades da Europa me dieval particularmente mercadores e artesãos que desfrutavam de status e de direitos especiais dentro da sociedade feudal Com o desenvolvi mento do capitalismo e especialmente a partir do século XVIII o significado da palavra mu dou de forma gradual passando a se referir de modo mais específico aos ricos empregadores que exerciam atividades na manufatura no co mércio e nas finanças uso que se reflete parcialmente na concepção hegeliana de bür gerliche Gesellschaft sociedade civil como a esfera dos interesses econômicos privados Marx principal responsável por dar à palavra sua ampla difusão no pensamento social pos terior partiu da distinção de Hegel entre bur guês e cidadão mas logo desenvolveu a partir de seu estudo crítico da filosofia de Hegel e mais ainda de sua leitura voraz da economia política uma concepção inteiramente diferen te da burguesia como a classe dominante em um modo específico capitalista de produção Conforme Engels 1847 resumiu esse ponto de vista a burguesia é a classe dos grandes capi talistas que em todos os países desenvolvi dos estão hoje quase que exclusivamente na posse de todos os meios de consumo e das matériasprimas e instrumentos máquinas fá bricas necessários para sua produção Mais tarde 1888 Engels diria que a burguesia é a classe dos capitalistas modernos donos dos meios de produção social e empregadores do trabalho assalariado A concepção de Marx e de marxistas pos teriores abrigou vários aspectos próprios Fa zia parte de uma teoria geral da história que a percebia como sucessão de modos de produção e formas de sociedade cada qual caracterizado por um determinado nível de desenvolvimento das forças produtivas basicamente tecnologia e uma estrutura de classe particular ou relações de produção dentro da qual há um conflito endêmico Na sociedade capitalista que surgiu de acordo com o ponto de vista marxista do crescimento de novas forças produtivas e da luta de classe da burguesia contra o sistema feudal a mudança histórica é mais rápida do que jamais havia sido A burguesia durante seu domínio que mal alcança 100 anos criou forças produtivas mais impressionantes e colos sais do que todas as gerações precedentes jun tas Marx e Engels 1848 Mas ao mesmo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar burguesia 49 tempo promoveu a existência de uma nova classe o proletariado que com ela trava um conflito cada vez mais difundido e intenso Dois processos distintos portanto estão em curso na sociedade capitalista A burguesia con tinua a revolucionar o sistema de produção provocando uma crescente centralização do ca pital em grandes empresas facilitado pela ex pansão do crédito fornecido pelos bancos Hil ferding 1910 e particularmente no século XX pela maciça internacionalização do capital Mandel 1975 Mas o domínio burguês tam bém se vê cada vez mais desafiado pelo prole tariado industrial ver CLASSE OPERÁRIA cuja luta segundo Marx acabaria fazendo surgir uma sociedade nova socialista e sem classes As expectativas de Marx dependiam em parte de sua visão de que a sociedade deveria polari zarse cada vez mais entre as duas classes prin cipais uma burguesia reduzida formada em resultado da expropriação de muitos capitalis tas por poucos e um amplo proletariado cons tituindo a imensa maioria da população Ape sar disso Marx também reconheceu que havia estratos intermediários significativos os quais incluíam a pequena burguesia composta de pequenos produtores independentes comerci antes e profissionais tendo chegado mesmo a esperar que a classe média como um todo crescesse em tamanho a julgar por duas pas sagens nos originais de Teorias da maisvalia Marxistas posteriores no século XX tive ram de enfrentar problemas mais complexos que surgiam do rápido crescimento da nova classe média de funcionários de escritório empregados técnicos e profissionais e pessoal de serviços de todos os tipos ver CLASSE MÉ DIA padrões de vida mais elevados e bemestar social mais extenso fatores que quase por toda parte diminuíram a intensidade do conflito de classes em tempos recentes A burguesia dos tempos atuais ainda imensamente rica e contro lando empresas gigantescas está não obstante mais contida em vários aspectos do que seus predecessores do século XIX por meio de graus variados de propriedade pública e planejamento econômico por parte dos governos e por uma limitada redistribuição do lucro e da riqueza Dessa forma seu estilo de vida e seu prestígio social já não representam um contraste tão gri tante com os de parte substancial do restante da sociedade Diversos pensadores sociais sempre enfati zaram outros aspectos do papel social da bur guesia Tais aspectos tornaramse mais destaca dos em debates recentes Max Weber 19045 associava o espírito capitalista à ética protes tante e percebia a burguesia como animada por idéias de racionalidade e empreendimento li berdade individual e responsabilidade o que a capacitava para a liderança exigida para manter uma sociedade dinâmica e democrática JA Schumpeter 1942 enfatizou de forma seme lhante a importância do empreendimento e rela cionou o desenvolvimento da democracia mo derna à ascensão do capitalismo Mas ao con trário de Weber Schumpeter via no socialismo uma continuação da perspectiva burguesa A ideologia do socialismo clássico é um rebento da ideologia burguesa Em particular partilha com esta última a formação racionalista e utilitarista e muitas das idéias e ideais que in gressaram na doutrina clássica da democracia p2989 Um historiador Henri Pirenne tam bém achou que a burguesia ou classe média como as vezes a chama nas cidades medievais difunde amplamente a idéia de liberdade 1925 p154 apesar de muitas cidades do me dievo tardio terem sido na verdade dominadas por um pequeno número de famílias aristo cráticas Holton 1986 p7983 Mais recente mente nos textos de Hayek 19739 e de al guns pensadores da NOVA DIREITA a existência de uma sociedade livre e democrática está rigo rosamente relacionada à propriedade privada dos recursos produtivos apesar de o conceito de burguesia em geral não ser usado e a mer cados livres que associados à propriedade pri vada são considerados promotores de um alto nível de eficiência na economia Leitura sugerida Bottomore Tom e Brym Robert J orgs 1989 The Capitalist Class International Study Holton RJ 1986 Cities Capitalism and Civilization Pirenne Henri 1925 Medieval Cities Riedel M 1975 Bürger Staatsbürger Bürgertum In Geschicht liche Grundbegriffe org por O Brunner et al vol1 Sombart Werner 1913 1967 Der Bourgeois tradu zido em inglês como The Quintessence of Capitalism TOM BOTTOMORE burocracia Uma das categorias centrais da ciência social moderna referindose a um tipo de administração no qual o poder de tomar decisões está concentrado em um gabinete ou função mais do que em um indivíduo em par Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 50 burocracia ticular No decorrer da história a burocracia surge em formações sociais e econômicas ex tremamente diferentes mas ao mesmo tempo exibe vários aspectos em comum dos quais os mais importantes são os que se seguem A burocracia separase da sociedade tanto da classe governante quanto das massas Orga nizase dentro de um sistema institucional par ticular no qual se desenvolvem variados proce dimentos formais um ethos e uma ideologia especiais Tudo isso mostrase como uma es pécie de subcultura A fonte de seu poder reside no fato de terem surgido funções de orientação e controle que as classes básicas da sociedade não podem preencher Geralmente porém a burocracia acrescenta novas tarefas às funções historicamente necessárias por exemplo ir rigação nas sociedades antigas o que garante o aumento de seu poder sobre a sociedade É um aspecto característico da burocracia que a administração seja exercida não por lei gos mas por especialistas que encaram esse trabalho como suas carreiras de vida e não como uma atividade temporária exercida du rante certos períodos No sistema burocrático institucional passa a existir um conjunto padro nizado de exigências tais como os exames para os funcionários públicos chineses de antiga mente e os de todos os estados modernos Tais exames a um só tempo são uma das bases da estabilidade do poder burocrático e envolvem alguma exclusividade A palavra burocracia tal como definida nas ciências sociais difere de seu uso cotidiano Em muitas línguas esta última utilização fundese com o chamado burocratismo de funcionários incompetentes cujo trabalho se caracteriza por um formalismo ineficaz desanimado lento e geralmente irracional Em contraste com isso a administração burocrática tal como Max We ber 192122 parte 3 cap6 asseverou mos trouse mais eficiente rápida e competente do que outras formas históricas de administração Isso explica por que nas sociedades modernas a administração burocrática está se expandindo não apenas em organizações estatais mas em praticamente todos os campos da vida social O fenômeno é especialmente visível no campo econômico onde o gerenciamento de médias e grandes empresas está sendo totalmente buro cratizado ver os comentários de Schumpeter 1942 p2057 Confrontados com essa tendên cia muitos cientistas sociais como W Momm sen 1974 referemse a uma total burocratiza ção da vida As diferentes escolas de ciência social têm abordagens variadas para o problema da buro cracia A abordagem teórica dos marxistas clás sicos é incoerente em muitos aspectos Na obra de juventude de Marx está evidente uma pos tura definidamente antiburocrática Sua expe riência com a crise de fome coletiva no distrito de Moselle o fez compreender que além da classe governante e dos grupos sociais subordi nados existia uma burocracia de estado com seus próprios interesses particulares represen tados por esses aparatos como interesses de estado ou sociais gerais O espírito especial da burocracia é o segredo e o mistério que prote gem os seus interesses particulares contra a sociedade externa e interpretam todas as ques tões internas como um segredo de estado Mas nas obras posteriores de Marx e Engels o pro blema da burocracia foi relegado ao pano de fundo e a luta entre operários e capitalistas assumiu o proscênio Eles deixaram de prever duas circunstâncias A primeira foi a expansão da burocracia para a economia e outras áreas da sociedade Não previram que a liderança da indústria e da economia em geral passaria para as mãos de certos organismos separados dos proprietários e que exerciam diretamente o po der sobre os operários apesar de sua existência continuar a depender desses proprietários que como acionistas ou como donos em família esperavam que trabalhassem com eficiência e aumentassem o lucro Também nesse caso o sistema burocrático de instituições luta para expandir seu poder e assim o lucro tornase motivação secundária em suas decisões Na época do capitalismo clássico a burocra tização da economia ainda estava in statu nas cendi O gerenciamento das empresas ainda era em grande parte executado pelos próprios do nos Quanto a isto uma transformação impor tante ocorreu na virada do século tal como analisada com maior clareza por vários pensa dores com destaque especial para Max Weber cuja obra demonstra sua atitude antiburocrática específica e sua abordagem científica peculiar esta última no espírito de uma sociologia verstehende interpretativa Desde o início do século a vida econômica e outras áreas da sociedade foram ficando cada vez mais burocratizadas Nesse processo um aspecto particularmente importante foi a bu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar burocracia 51 rocratização dos partidos políticos com influ ência sempre crescente sobre toda a socieda de devido ao surgimento do parlamentarismo democrático ocidental processo analisado por Robert Michels 1911 Os sindicatos cuja formação era dominada por tendências anticapitalistas enfrentavam um novo inimigo a burocracia industrial ao mesmo tempo em que também produziam seus próprios órgãos burocráticos O conflito de interesses entre operários e capitalistas passou a assumir a forma de confronto e consenso entre burocracias industriais e sindicais processo descrito por Sidney e Beatrice Webb Nas sociedades ocidentais o processo de burocratização continuou pelos períodos pós capitalista e pósindustrial tendo vários de seus aspectos característicos alterados Na econo mia os aparelhos de estado desempenham um papel sempre crescente mas não controlam a vida econômica de forma independente como no período do feudalismo tardio e do início do capitalismo mas sim em associação com as burocracias industriais financeiras e sindicais Isso produziu uma tessitura de poder econômi co altamente intricada que JK Galbraith cha ma de tecnoestrutura ver também TECNOCRA CIA Principalmente na economia mas tam bém em outras áreas as burocracias nos paí ses ocidentais ultrapassam as fronteiras na cionais e assumem um caráter internacional Em certos aspectos isso torna a luta por in dependência que caracteriza os estados na cionais uma coisa ilusória Podese afirmar que o significado de anticapitalismo foi exa gerado por Marx e Engels em prejuízo do de antiburocracia Na prática atual está bastante claro que a emancipação da humanidade no mundo moderno exige mais antiburocratismo do que anticapitalismo O segundo erro dos autores marxistas clás sicos é que em sua visão socialista deixaram de perceber o perigo da burocratização da so ciedade Postularam a rápida dissolução do estado e a socialização de todos os tipos de administração Mas as experiências da ex União Soviética e dos países da Europa Oriental mostraram que toda uma série de instituições burocráticas entrelaçadas passa a existir para executar as funções administrativas e que no centro dessa rede institucional se encontrava o sistema do partido único monoliticamente do minante e seus órgãos principais Estes desem penhavam uma função de integração entre vá rias instituições burocráticas industrial econô mica militar cultural e exerciam o controle sobre as organizações de massa sindicatos movimentos de juventude movimentos oficiais de paz e assim por diante e sobre os mass media organizados de modo vertical O rígido controle partidário sobre as instituições democráticas debilitou as formas de existência da SOCIEDADE CIVIL incluindo movimentos políticos e cultu rais e organizações étnicas e religiosas Esse mundo burocratizado não apenas caracterizou o socialismo de gestão estatal o chamado sta linismo mas também o sistema de autogestão iugoslavo em que na prática vários órgãos burocráticos preservaram seu papel dominante A atividade social porém afirmouse cada vez mais contra a burocratização da administração e se desenvolveram aspirações por um mundo no qual a burocracia como tal já não existisse mais e o poder estivesse diretamente nas mãos do povo O mundo moderno não consegue passar sem as instituições burocráticas Uma realista meta antiburocrática só pode ser o controle do poder burocrático pela sociedade civil Isso sublinha a importância das reformas dos sistemas políti cos institucionais na Europa Oriental e na ex União Soviética precisamente pelas razões se guintes como resultado das reformas o sistema monolítico foi transformado num sistema plu ralista e isso destruiu a hegemonia da burocra cia dominada pelo sistema de partido único No decorrer das reformas a sociedade civil foi como que ressuscitada Surgiram partidos po líticos organizações e movimentos sobre os quais a burocracia já não tinha mais controle algum ao mesmo tempo em que o objetivo principal da sociedade civil era controlar essa própria burocracia O socialismo reformista ou SOCIALDEMO CRACIA em contraste com o sistema de gestão estatal é uma formação sócioeconômica na qual apesar de várias instituições burocráticas sobreviverem seu domínio monolítico deixa de existir e elas operam sob efetivo controle da sociedade civil Assim também se podem ob servar movimentos antiburocráticos em socie dades ocidentais que podem ser chamados de movimentos alternativos Especialmente signi ficativos entre estes são a formulação e a intro dução de uma estrutura designada como de empresa alternativa não governada por uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 52 burocracia burocracia hierárquica mas por cooperação en tre várias associações de trabalhadores ver MO VIMENTO COOPERATIVO MOVIMENTO SOCIAL Se os movimentos antiburocráticos também são capazes de produzir sua própria burocracia conforme experiências históricas têm revelado já é outra questão Apesar disso o mundo dos fenômenos burocráticos e a luta contra ele estão entre os aspectos mais importantes da nossa época Ver também DIVISÃO DO TRABALHO Leitura sugerida Galbraith JK 1967 The New In dustrial State Hegedüs A 1976 Socialism and Bu reaucracy Michels Robert 1911 1962 Political Parties Mommsen Wolfgang J 1974 The Age of Bureaucracy Mouzelis NP 1967 Organization and Bureaucracy Rizzi B 1985 The Bureaucratiza tion of the World Webb Sidney e Webb Beatrice 1897 Industrial Democracy Weber M 19212 1967 1978 Economy and Society parte 3 cap6 Também in Weber M 1920 1946 1970 From Max Weber org por H Gerth e CW Mills ANDRÁS HEGEDÜS Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar burocracia 53 C campesinato A atitude para com os campo neses no mundo préindustrial combinava hos tilidade e silêncio A palavra camponês signi fica homem do campo do latim campus Mas ela sempre teve uma conotação negativa ainda mais forte em outras línguas européias como o inglês e o francês Servindo de sinôni mo para rusticidade era geralmente usada co mo palavra ofensiva No inglês do século XVI o verbo to peasant significava subjugar e essa palavra tal como paisano encontrada em português espanhol e italiano tem origem no francês paysan camponês mas com os mesmos significados de rude e grosseiro en quanto em outras línguas européias a mensa gem tácita da palavra era semelhante em russo smerd do verbo feder em polonês cham presumindo para todos os camponeses as ori gens raciais inferiores atribuídas na Bíblia aos filhos de Cam etc O Declinatio Rustico da Europa medieval definia seis declinações da palavra camponês como patife rústico men digo ladrão bandido e saqueador Mas como regra geral as crônicas simplesmente não os mencionavam Mais tarde no mundo moderno da industrialização e da ciência os camponeses passaram a ser tratados como um anacronismo em todos os sentidos básicos dessa palavra e portanto uma irrelevância Com a importante exceção da Europa Oriental os camponeses ficaram quase que completamente ausentes do discurso erudito Isso tudo mudou de forma significativa com a descolonização dos anos 50 e a consciên cia das sociedades em desenvolvimento nas quais os camponeses formavam a parte maior da população ver também DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO Os problemas de plane jamento do desenvolvimento o reconhecimen to das crescentes crises sociais e a fome coloca ram a questão do campesinato no centro das atenções A partir dos anos 60 ocorreu por todo o mundo um rápido desenvolvimento dos estu dos sobre o campesinato introduzindo a ques tão das características e da delimitação analítica desse grupo social Esse esforço analítico teve um significado mais amplo onde tópicos como economias informais história ecológica cultu ra oral e sociedade civil são de grande interesse Como primeira aproximação podemos des crever os camponeses como pequenos produ tores agrícolas que com a ajuda de equipamen tos simples e o trabalho de suas famílias pro duzem na maior parte para seu próprio consu mo direto ou indireto e para o cumprimento de obrigações com detentores do poder político e econômico Um tipo geral mais desenvolvido deveria incluir quatro facetas interdependentes A roça da família camponesa como a unidade multidimensional básica da organização social É a família principalmente que realiza o traba lho na roça Esta é que fornece a maior parte das necessidades de consumo da família e o paga mento de suas dívidas Tais unidades não são autárquicas os camponeses universalmente estão envolvidos no intercâmbio diário de bens e nos mercados de trabalho Sua ação econômi ca contudo está estreitamente entrelaçada a relações sociais extramercado A divisão fami liar do trabalho e as necessidades de consumo da família fizeram surgir estratégias particu lares de sobrevivência e de uso de recursos A roça da família funciona como a unidade mais importante de propriedade produção consu mo reprodução social identidade prestígio sociabilidade e bemestar dos camponeses Ne la o indivíduo tende a se submeter a um com portamentodesempenho familiar formalizado e à autoridade patriarcal O trato da terra como principal meio de vida O trabalho camponês na lavoura inclui uma combinação específica tradicionalmente defi nida de tarefas em um nível relativamente bai 54 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar xo de especialização O que em outras partes seria considerado como ocupações diferentes nas atividades produtivas camponesas se com bina Relacionado a isso existe um treinamento vocacional informal e com base na família O impacto da natureza é particularmente impor tante para a vida de pequenas unidades de pro dução com recursos limitados definindo seu ritmo os ciclos sazonais influenciam profun damente a vida da família e os acontecimentos familiares refletemse na dinâmica da lavoura Das forçasfatores de produção terra e trabalho familiar são fundamentais uma licença para entrar nesse trabalho e um meio importan tíssimo com que se define o status local das famílias Padrões culturais específicos ligados ao modo de vida de uma pequena comunidadevizinhança ru ral O contexto característico é uma comuni dade pequena e localizada dentro da qual a maior parte das necessidades camponesas de vida social e reprodução social pode ser aten dida Particularidades de residência envolvi mento social e consciência social são coisas ligadas e interdependentes Os aspectos cultu rais do campesinato no sentido de normas e cognições socialmente determinadas mostram algumas tendências características tais como a importância das atitudes tradicionais dos con formistas como a justificação de uma ação em termos da experiência passada e dos pontos de vista da comunidade normas particulares de herança de solidariedade de exclusão etc ver também TRADIÇÃO E TRADICIONALISMO A cul tura camponesa tanto reflete quanto reforça as características e a experiência de vida de uma pequena comunidade de aldeia com sua falta de anonimato e suas relações cara a cara estando relacionadas a fortes controles normativos e a experiência comum de crescer em um ambiente físico e social semelhante influenciando as ati tudes para com os de fora A posição de subalterno o domínio do campesinato por elementos de fora Os campo neses como regra vêm sendo mantidos afas tados das fontes sociais do poder Sua subjuga ção política está interligada à subordinação cul tural e a uma exploração econômica através de imposto arrendamento corvéia juros e rela ções comerciais a eles desfavoráveis A subor dinação também tem acarretado repetidas ten tativas por parte dos camponeses de autodefe sa pelo uso extensivo das armas dos fracos como sabotagem econômica absenteísmo boi cote etc E em certas condições de revoltas maciças que transformaram os camponeses nu ma das mais importantes forças revolucionárias de nosso século As quatro facetas indicadas devem ser tratadas como uma Gestalt cujos elementos se reforçam mutuamente Quando alguma dessas características principais é removida do conjun to a natureza de cada um de seus outros com ponentes se altera Diferentes escolas de pensa mento com respeito ao campesinato geralmente têm manifestado sua diversidade de visão atra vés da acentuação de uma das características sugeridas tratandoa como o aspecto decisivo da definição Na visão deste autor a roça da família é a característica mais significativa do campesinato como entidade social e econômica O próximo passo na evolução do conceito seria considerar suas margens analíticas isto é examinar os grupos sociais que têm em co mum com os camponeses de verdade a maior parte de suas características principais mas não todas A marginalidade analítica não implica aqui insignificância numérica ou instabilida de particular Além disso esses grupos divi dem os ambientes rurais com os camponeses de verdade e podem estar suplementandoos ou sendo suplementados por eles no interior de um processo histórico Muitos deles são colo quialmente chamados de camponeses Os mais significativos desses grupos em ordem do tipo de característica que não com partilham com os camponeses de verdade são 1 Trabalhadores agrícolas assalariados e também camponesesoperários que adotam uma divisão de trabalho do tipo o homem na cidade o resto da família na terra 2 Famílias camponesas que fazem inves timento intensivo em capital e equipa mento transformando com isso a natu reza da agricultura a que se dedicam Logo voltaremos a essa categoria 3 Camponeses sem aldeia como por exemplo alguns favelados das frontei ras agrícolas latinoamericanas e os gaúchos 4 Camponeses nãoincorporados co munidades camponesas penetradas e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar campesinato 55 controladas apenas em grau limitado pe los sistemas nacionais do estado do mercado e da aculturação no passado geralmente um campesinato das fron teiras armado e independente Como toda entidade social o campesinato existe apenas como um processo A tipologia indicada deve ser usada como padrão de com paração em análise histórica por exemplo para medir a extensão de campesinagem ou des campesinagem É preciso ter cuidado no entan to para não forçar mudanças multidirecionais em esquemas que pressupõem um desenvolvi mento necessário em uma via única Diferenças consideráveis entre camponeses tanto ecológi cas quanto históricas refletemse em diversos campesinatos regionais No que diz respeito à dinâmica social é preciso ter em mente os ritmos cíclicos que não levam a mudanças de estrutura social mas antes reforçam sua estabilidade Quanto a mudanças estruturais estas podem ser relacionadas em cinco categorias analíticas que na vida social efetiva podem ser paralelas ou interrelaciona das São elas 1 Diferenciação sócioeconômica como a polarização de riqueza rural seguida da transformação de alguns camponeses em agricultores capitalistas ou traba lhadores assalariados 2 Pauperização quando o crescimento da população rural em relação à terra sem fontes alternativas de renda leva a um declínio econômico coletivo da massa de camponeses 3 Afazendamento quando o trabalho da família continua a ser a principal unidade de produção agrícola ao mes mo tempo em que seu caráter altera Essa evolução de camponês para fazendeiro está ligada a investimentos maciços o que amarra a agricultura em família a uma economia capitalista através de crédito implementos e ven das em geral organizados por empresas agrícolas Esse afazendamento também está relacionado à especialização e ao es treitamento do perfil ocupacional dos agricultores tornandoos mais afins com as populações urbanas 4 Coletivizaçãoestatização quando o es tado assume a responsabilidade pela agricultura estruturandoa em amplas unidades de produção sob controle go vernamental Não se deve exagerar aqui o caráter excepcional dessa forma de organização rural A diferença entre a coletivização em um país e o monopó lio de juntas comerciais controladas pe lo estado sobre a produção dos pequenos proprietários em outro é geralmente apenas de grau 5 Campesinagem através de uma reforma agrária igualitária e às vezes recampe sinagem na medida em que os filhos dos camponeses retornam à terra devido a indução do estado pressão política ou alternativamente a novas oportuni dades de fazêlo de forma lucrativa A atual privatização e redivisão de terra coletivizada na exUnião Soviética etc também se encaixaria aqui Os camponeses formam parte de sociedades mais amplas e de suas histórias A rápida exten são desses laços durante as últimas décadas tornou essa questão crucial para qualquer esfor ço de compreensão do campesinato É freqüen temente mencionado como uma questão de in serção ou de subsunção dos camponeses No entanto a particularidade camponesa não reside simplesmente no que eles são em oposição a pressões transformadoras de mudança ou sociedade capitalismo ou plano de desen volvimento Expressase também nos modos como os camponeses reagem a essas forças Tais reações características refletemse na par ticularidade dos métodos de análise expressos nos estudos camponeses contemporâneos E também a experiência e a agenda camponesas particulares ligamse claramente a diversos mo vimentos políticos e sociais como o narodni chestvo o movimento para o povo da Rús sia as estratégias de guerrilha do MAOÍSMO movimentos cooperativos e organizações não governamentais contemporâneas Finalmente as muitas definições de campe sinato que o encaram como representando um aspecto do passado e do presente são válidas mas devem ser tratadas com cautela Mesmo em nossa época dinâmica vivemos em um pre sente que está enraizado no passado e é aí que o nosso futuro se forma Portanto vale a pena lembrar que assim no passado como no presente os camponeses e sua descendência Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 56 campesinato são a maioria da humanidade e continuarão a sêlo ainda pelo século XXI adentro Leitura sugerida Chyanov AV 1987 The Theory of Peasant Economy Ο 1991 The Theory of Peasant Co operatives Galeski B 1972 Basic Concepts of Rural Sociology Harris J org 1982 Rural Development Kautsky K 1899 1987 The Agrarian Question Ladurie E Le Roy 1980 Peasants In The Cam bridge Modern History vol13 Scott J 1986 The Weapons of the Weak Sen A 1981 Poverty and Fa mines Shanin T 1990 Defining Peasants Ο org 1987 Peasants and Peasant Societies 2ªed Sorokin PA Zimerman EF e Golpin CJ orgs 1965 Sys tematic Source Book in Rural Sociology Wolf ER 1966 Peasants THEODOR SHANIN capitalismo Tipo de economia e de socie dade que em sua forma desenvolvida surgiu a partir da Revolução Industrial do século XVIII na Europa Ocidental o capitalismo foi pos teriormente conceituado de variadas maneiras por economistas historiadores e sociólogos a palavra em si mesma só veio a ser amplamente utilizada no final do século XIX particular mente por pensadores marxistas Marx O ca pital 1867 vol1 definiua como uma socie dade produtora de mercadorias na qual os principais meios de produção estão nas mãos de uma classe particular a BURGUESIA e a força de trabalho também se torna uma mercadoria que é comprada e vendida Essa concepção foi ela borada no quadro da teoria de Marx sobre a história sua interpretação econômica e o capitalismo encarado como o mais recente estágio em um novo processo de evolução dos modos de produção e formas de sociedade hu manos Seus aspectos característicos segundo Marx eram a capacidade de autoexpansão através da acumulação incessante a centraliza ção e a concentração de capital a revolução contínua dos métodos de produção fortemente enfatizada em O manifesto comunista intima mente ligada ao avanço da ciência e da tecno logia como uma força produtiva de importância maior e ainda o caráter cíclico de seu processo de desenvolvimento marcado por fases de prosperidade e depressão e também uma divi são mais claramente articulada ao lado de cres cente conflito entre as duas classes mais impor tantes ver CLASSE a burguesia e o proleta riado ver CLASSE OPERÁRIA A teoria marxista exerceu uma influência profunda sobre a maior parte dos estudos pos teriores Max Weber ao mesmo tempo em que rejeitava a teoria de Marx como um todo e construía um modelo bem diferente ou tipo ideal de capitalismo não obstante incorporou a ele importantes elementos derivados do pen samento marxista Em particular especificou entre as condições básicas de uma economia capitalista a apropriação de todos os meios físicos de produção como propriedade dis ponível de empresas industriais autônomas e privadas e a existência de trabalhadores li vres isto é pessoas que se encontram não apenas legalmente na posição de mas se vêem também economicamente levadas a vender seu trabalho no mercado sem restrição Ao mesmo tempo introduziu outros elementos o método empresarial como característica básica e ou tros prérequisitos como liberdade do merca do contas de capital racionais tecnologia racional o que implica mecanização leis confiáveis e a comercialização da vida eco nômica 1923 p2079 Mas o interesse de Weber como historiador dirigiuse mais à questão das origens do capita lismo que ele explicou por meio de fatores tanto sociológicos quanto econômicos a in fluência de uma nova ética religiosa Weber 19045 o crescimento das cidades e a forma ção de uma classe nacional de cidadãos no moderno estadonação Weber 1923 p249 do que aos aspectos dinâmicos do capi talismo e seu contínuo desenvolvimento que preocupam os pensadores marxistas e também Schumpeter Este último dedicou seus textos mais importantes à exposição de uma teoria do desenvolvimento econômico Schumpeter 1911 analisando as flutuações da economia capitalista no ciclo econômico 1939 e exami nando as tendências no desenvolvimento do capitalismo que consideradas levariam à su peração da ordem social capitalista pelo SOCIA LISMO 1942 No primeiro desses livros ele enfatizou o papel do empreendedor como o inovador que continuamente empurra a econo mia em novos rumos num turbulento processo de transformação e expansão O segundo livro analisava em detalhes as fases de crescimento econômico e de posterior recessão nesse pro cesso dando destaque particular aos CICLOS DE LONGO PRAZO de aproximadamente 50 anos de duração Finalmente ao discutir capitalismo e socialismo atribuiu importância fundamental à SOCIALIZAÇÃO DA ECONOMIA por meio da qual Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar capitalismo 57 grandes corporações passaram a dominar o sis tema econômico em um novo período de capi talismo cartelizado que ele contrastou com um anterior capitalismo competitivo Grande parte da argumentação de Schumpe ter aproximase muito da de teóricos marxis tas posteriores e em particular dos austromar xistas ver AUSTROMARXISMO que também per ceberam uma nova fase de capitalismo que surgira claramente por volta do início do século XX caracterizada pela formação de trustes e cartéis protecionismo e expansão imperialista ver IMPERIALISMO Ao mesmo tempo enfatiza ram o papel dos bancos na formação de grandes corporações e cartéis Hilferding 1910 e essa concepção também foi incorporada ainda que de forma mais estreita à definição posterior de capitalismo dada por Schumpeter 1946 co mo envolvendo não apenas a propriedade par ticular dos meios de produção e a produção para o lucro particular mas também o forneci mento de crédito bancário como um aspecto essencial Os austromarxistas e Hilferding em especial Bottomore 1985 p667 foram mais além no entanto percebendo um novo estágio de capitalismo organizado depois da Segunda Guerra Mundial caracterizado pelo crescimento contínuo de grandes corporações e além disso pela crescente intervenção do estado na economia e pela introdução do pla nejamento parcial Essas concepções são importantes na análise da evolução mais recente do capitalismo a partir de 1945 Nesse período do pósguerra a es trutura da sociedade capitalista mais uma vez mudou de forma significativa com o novo cres cimento das corporações gigantes cada vez mais transnacionais em suas operações e um envolvimento ainda maior no estado e na eco nomia particularmente na Europa Ocidental através da ampliação dos serviços de bemestar da propriedade pública de alguns setores da economia e de um papel mais destacado para o planejamento econômico e social de tal forma que os gastos públicos atingiram novos níveis de cerca de 40 ou até mais em alguns países do produto interno bruto PIB Esse novo tipo de capitalismo foi conceituado por marxistas leninistas ortodoxos como CAPITALISMO MONO POLISTA e posteriormente como capitalismo monopolista de estado mas a exposição de Hilferding sobre o capitalismo organizado continua sendo mais esclarecedora tendo afini dades não apenas com a idéia de Schumpeter 1950 de uma experiência intermediária en tre capitalismo e socialismo mas também com análises mais recentes por alguns teóricos so ciais ocidentais do capitalismo de bemestar da economia mista da economia de mercado social e do CORPORATIVISMO Uma importante contribuição ao conceito de capitalismo de bemestar foi dada antes por Keynes 1936 o qual ainda que não se tenha dedicado a uma análise do sistema capitalista como um todo rejeitou o ponto de vista da corrente principal dos economistas neoclássicos de que o capita lismo através da operação de mecanismos de MERCADO tendia espontaneamente a um equilí brio e a um crescimento constante e uniforme Ao contrário escrevendo durante a depressão dos anos 30 ele afirmou que políticas governa mentais específicas em variados campos taxação meio circulante taxas de juros obras públicas déficits orçamentários eram es senciais para se conseguir o pleno emprego e o crescimento econômico A obra de Keynes e seus seguidores dessa forma estimulou a inter venção governamental na economia e a regula mentação se não o planejamento econômico num sentido mais amplo e exerceu influência significativa sobre as políticas econômicas du rante três décadas depois da guerra As mudanças econômicas foram acompa nhadas por importantes transformações sociais especialmente na estrutura ocupacional e de classe com o declínio da atividade fabril tradi cional a expansão dos trabalhos de escritório técnicos e de serviços e de maneira mais geral o movimento no sentido de uma economia ba seada no conhecimento em que a tecnologia da informação desempenha um papel cada vez mais importante ver INFORMAÇÃO TEORIA E TECNOLOGIA DA Ocorreu também uma mudan ça significativa nas atitudes sociais em compa ração com o período do préguerra evidente na ampla difusão do engajamento nas políticas sociais do estado de bemestar e na propriedade pública na esfera de serviços básicos de infra estrutura apesar de haver diferenças impor tantes entre países a esse respeito Não obstante essa experiência intermediá ria ou capitalismo do bemestar não parece ter a estabilidade de longo prazo que lhe foi atri buída por alguns teóricos sociais nos anos 60 e 70 Em primeiro lugar ainda era predominan temente capitalista e daí sujeito às flutuações Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 58 capitalismo do ciclo econômico apesar das políticas anticí clicas governamentais como ficou claro com o começo de recessão em meados dos anos 70 e depois de uma modesta recuperação uma re cessão renovada e mais profunda no final dos anos 80 Taxas bem mais baixas de crescimento econômico desemprego crescente e popula ções cada vez mais idosas então criaram pro blemas fiscais para o estado de bemestar e geraram crescentes tensões sociais Ao mesmo tempo o crescimento econômico em si mesmo em alguns de seus aspectos mais importantes passou a ser mais amplamente questionado em termos de seus efeitos sobre o meio ambiente global e isso estimulou a discussão de uma economia alternativa Uma resposta aos problemas com que se defrontou o capitalismo de bemestar foi uma retomada da economia neoclássica em sua ver são austríaca ver ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONO MIA A partir desse ponto de vista o estado de bemestar é criticado por criar uma cultura da dependência em contraposição a uma cultura do empreendimento e as virtudes e realiza ções de um tipo de capitalismo mais laissez faire definido como sistema de livre mercado e livre empresa ver EMPRESARIAL FUNÇÃO são vigorosamente reafirmadas Em alguns países incluindo alguns antigos países comunistas da Europa Oriental essas idéias têm sido traduzi das em políticas governamentais de privatiza ção de empresas de propriedade pública uma redução do planejamento da regulamentação e na medida do possível uma restrição aos gastos em serviços públicos O desenvolvimento futuro do capitalismo é incerto Na medida em que se buscar seguir políticas neoclássicas da escola austríaca uma renovação do crescimento econômico pareceria depender de uma reviravolta na onda larga e isso se seguirmos a análise de Schumpeter exige uma nova arrancada de inovação como as que no passado produziram uma ferroviari zação uma motorização ou uma computa dorização do mundo Mas há poucos indícios no momento de novas oportunidades empresa riais desse tipo e além disso existem recentes restrições impostas por preocupações ambien tais bem como problemas resultantes da mu dança no poder econômico dos Estados Unidos para o Japão e a comunidade européia liderada economicamente pela Alemanha e da cres cente rivalidade entre esses três centros Mais ainda o sucesso a longo prazo do capitalismo na promoção do crescimento econômico teve seu lado sombrio de instabilidade econômica injustiça social desemprego e pobreza de for ma que como um sistema social e não simples mente econômico ele vem sendo continua mente criticado por pensadores e movimentos sociais que defendem um tipo alternativo de sociedade Deveria ser observado ainda neste contexto que o período mais bemsucedido de desenvol vimento econômico capitalista nos anos 50 e 60 esteve associado a uma grande expansão das atividades econômicas do estado envolvendo em muitos países a ampliação da propriedade pública e do planejamento econômico visando mitigar as conseqüências danosas tanto eco nômicas quanto sociais de uma economia de livre empresa e livre mercado inadequadamente regulamentada A experiência de recessão nos anos 90 pode portanto acabar levando a um abandono dessas políticas econômicas e sociais associadas à NOVA DIREITA e a uma retomada de políticas mais intervencionistas Nesse sentido a oposição entre capitalismo e socialismo que foi um ponto central de confronto ideológico e político durante todo o decorrer do século XX parece ter probabilidades de persistir Mas isso acontecerá em novas circunstâncias de com plexidade muito maior em que os princípios e elementos básicos de um sistema econômico e social alternativo são bem mais difíceis de es pecificar com precisão e qualquer movimento no sentido dessa sociedade alternativa parece ter grandes probabilidades de implicar uma mo dificação contínua e gradual do capitalismo do tipo que vinha ocorrendo no decorrer do último século muito mais que quaisquer mudanças abruptas Leitura sugerida Bottomore Tom 1985 Theories of Modern Capitalism Braudel Fernand 1967 1979 Civilization matérielle économie et capitalisme XV XVIII Maddison A 1991 Dynamic Forces in Capi talist Development Mandel Ernest 1975 Late Ca pitalism Schumpeter JA 1942 1987 Capitalism Socialism and Democracy Weber Max 1923 1961 General Economic History parte 4 TOM BOTTOMORE capitalismo monopolista Esta expressão foi usada por Lenin para definir um novo es tágio no desenvolvimento do CAPITALISMO no final do século XIX em que a vida econômica Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar capitalismo monopolista 59 era dominada por grandes corporações o capi tal bancário fundirase com o capital industrial para formar oligarquias financeiras e as prin cipais nações capitalistas estavam engajadas na expansão imperialista Lenin ficou devendo muito ao Capital financeiro 1910 de Hilfer ding para suas concepções básicas mas ele as expôs no contexto de uma doutrina política inteiramente diferente que encarava as revo luções socialistas como resultado da guerra en tre as potências imperialistas Mais tarde Lenin e marxistasleninistas posteriores elaboraram uma concepção de capitalismo monopolista de estado ver Hardach e Karras 1978 p4750 638 para explicar o crescente envolvimento do estado na economia capitalista Também essas idéias tinham afinidades com a concep ção tardia de Hilferding de um capitalismo organizado ver Bottomore 1981 p145 mas divergiam profundamente pelo fato de estarem embutidas em uma ideologia bolche vique cada vez mais dogmática e intelectual mente estéril O capitalismo monopolista recebeu um sen tido diferente no entanto no livro de Baran e Sweezy 1966 em que se afirmava que novas contradições do capitalismo haviam tomado o lugar das analisadas por Marx As elevadas taxas de crescimento econômico e uma aparen temente maior estabilidade do capitalismo no pósguerra refletiam uma mudança significati va no caráter da economia capitalista da com petição ao monopólio Isso resulta em um au mento contínuo e uniforme nos lucros das fir mas monopolistas avizinhandose do superá vit econômico da sociedade de acordo com Baran e Sweezy que vão mais além afirmando que esse crescente superávit econômico leva necessariamente à estagnação a não ser que seja neutralizado de alguma forma ver Har dach e Karras 1978 p613 Mas essa con cepção como as elaboradas por pensadores marxistasleninistas na verdade deu pouca atenção a várias e importantes influências neu tralizantes tais como o desenvolvimento do capitalismo de bemestar e inúmeras mudanças mais socializantes na economia No futuro é provável que os teóricos sociais se preocupem menos com o que é chamado geralmente de maneira enganosa de monopólio e mais com o estudo da estrutura e influência das gran des corporações no contexto do capitalismo de bemestar e da regulamentação estatal extensi va em suas diversas formas Leitura sugerida Baran Paul e Sweezy Paul 1966 Monopoly Capitalism Hardach Gerd e Karras D 1978 A Short History of Socialist Economic Thought Lenin VI 1916 1964 Imperialism the Highest Stage of Capitalism TOM BOTTOMORE carências Ver NECESSIDADES carisma A história dessa palavra hoje em dia empregada principalmente para descrever uma qualidade heróica ou extraordinária de um in divíduo isolado é curiosa e complexa De ori gens obscuras no antigo uso cristão em que significava o dom da graça carisma é hoje uma palavra popular cheia de apelo tanto para os jornalistas quanto para os leigos Suas cono tações no século XX e o debate que ela ocasio nou são inseparáveis do pensamento de Max Weber 18641920 Weber adaptou a palavra a partir do teólogo Rudolph Sohm que a empregara para inter pretar o desenvolvimento da antiga igreja cris tã ver Bendix 1966 p325 Ampliado para abranger fenômenos tanto seculares quanto re ligiosos o conceito assumiu papel axial na aná lise de Weber da história e da dominação ver especialmente Weber 19045 1930 p178 1951 p3042 11929 Weber 19212 vol1 p24171 e vol2 p111157 Na análise de Weber carisma indica uma qualidade excepcional real ou imaginária pos suída por um indivíduo isolado que é capaz a partir daí de exercer influência e LIDERANÇA sobre um grupo de admiradores Os devotos do líder carismático encaram como seu dever obe decerlhe os ditames e fazem isso voluntaria mente e com uma entrega arrebatada O carisma é capaz de assumir toda uma variedade de apa rências correspondendo às esferas de sua in fluência militar política ética religiosa artís tica mas em todos os casos sua conseqüência é afetar de forma impressionante as vidas dos que ficam sob o seu efeito O carisma é uma força interiormente revolucionária com o po der portanto de mobilizar o esforço humano e transformar o mundo material empedernido com que ele se defronta Na terminologia de Weber carisma é uma forma particular de do minação ou autoridade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 60 carências Weber contrasta essa forma de dominação nãoortodoxa de forte carga emocional e re volucionária com duas outras a tradicional em que a obediência se baseia no costume e na reverência ao precedente típica das socieda des préindustriais e a jurídicoracional ca racterística do mundo moderno onde a confor midade a regras e procedimentos juridicamente estabelecidos e burocraticamente executados é a norma e onde a submissão é tipicamente devida mais à posição do que à pessoa Os modos de dominação tradicional e jurídicora cional são marcadamente diferentes em muitos aspectos Mesmo assim ambos compartilham a mesma qualidade tediosa de serem estruturas estáveis rotineiras e relativamente previsíveis da vida do diaadia O carisma por outro lado é explosivo desafia abertamente os modos tradicionais despreza a frieza rígida da legali dade impessoal e em sua forma pura volú vel e efêmero Quatro aspectos adicionais da discussão de Weber são dignos de nota Primeiro as quali dades éticas do líder carismático são irrele vantes para o conceito Seu dinamismo como indivíduo é que é crucial Segundo o carisma é um fenômeno contingente Apesar de tender a despertar em certas circunstâncias propícias em especial em condições de agitação o entu siasmo ou a inquietação não há nenhuma in dicação nos textos de Weber de que seu surgi mento esteja socialmente destinado a ocorrer Terceiro a existência e a duração do encanto do carisma dependem acima de tudo da reação dos outros Para manter seu fascínio sobre co rações e mentes o carisma de uma pessoa deve ser continuamente exibido e provado por exemplo com milagres Jesus ou campanhas militares brilhantes Napoleão Quando a de voção se transforma em indiferença a mágica do carisma se evapora Finalmente o carisma em sua forma pura só chega a existir de modo efêmero Devido ao seu caráter personalizado o carisma enfrenta dificuldades de transmissão quando por exemplo quem o porta morre Existem várias soluções para esse problema Mas em todos os casos o carisma se extingue ou se torna rotinizado isto é canalizado em instituições de orientação tradicional ou jurídi ca com isso perdendo sua quintessência herói ca e se tornando ao contrário um atributo digamos da hereditariedade por exemplo um monarca ou do cargo por exemplo o de pri meiroministro ou o de presidente Embora a análise de Weber do carisma seja amplamente encarada como seminal ela tam bém atraiu críticas ou restrições Alguns afirma ram que sua ênfase na liderança pessoal carece de uma explicação coerente de por que as pes soas encaram determinada liderança como ins piradora ou instigante e subestima o signifi cado social do líder como símbolo catalisador e portador de mensagem Worsley 1957 p293 Pois se o carisma depende do reconhe cimento social como Weber insiste em dizer que acontece então a cultura e as sensibilidades dos que vêm legitimálo exigem maior especi ficação Baehr 1990 Além disso a exposição de Weber sobre a aura do carisma tende a deixá lo numa espécie de condição mística Em con traste recentes estudos sociológicos de oratória política e linguagem corporal em especial por Atkinson 1984 por exemplo têm demons trado que o que geralmente passa por carisma é em boa parte uma técnica uma série de habilidades práticas e mensagens aprendidas e orquestradas por políticos A contribuição do carisma à estabilidade social diferentemente da revolução é outra área que Weber pode ter subestimado apesar de não a ter desprezado ver a exposição ante rior sobre rotinização Shils por exemplo es creve a respeito de uma propensão carismáti ca que pode ser encontrada em todas as socie dades revelada no temor e reverência com que certos objetos são encarados De acordo com isso o carisma não apenas é algo possuído por líderes exemplares mas pode estar inerente em papéis instituições símbolos e estratos ou compostos seculares comuns Shils 1965 p200 Objetos e pessoas que a sociedade acre dita possuírem carisma assim são porque encar nam os valores essenciais da sociedade e por tanto se relacionam com as questões extremas com as quais essa sociedade se preocupa de forma que o carisma diz respeito à necessidade de coerência social Assim nas mãos de Shils o carisma se transforma em uma força que é útil na manutenção da ordem social enquanto We ber enfatizava seus atributos revolucionários Mais recentemente cientistas sociais têm utilizado o conceito de carisma em inúmeras esferas Primeiro e de maneira mais óbvia ele foi empregado em relação a seitas e cultos religiosos cujos líderes são capazes de atrair Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar carisma 61 seguidores devotos por exemplo Wallis 1982 Segundo foi usado para descrever e explicar o apelo de muitos líderes políticos Apter 1968 Schweitzer 1984 Willner 1984 Entre estes encontramos líderes nacionais que foram capazes de desenvolver uma missão que tanto prometia a liberdade do domínio colonial quanto superava as implicações conservadoras da submissão à autoridade tradicional Gandhi Nkrumah líderes revolucionários marxistas Lenin Castro líderes de ditaduras modernas Hitler Mussolini e líderes que alcançaram poder no contexto de democracias modernas F D Roosevelt Terceiro existe um uso cres cente da palavra para descrever alguns líderes de organizações comerciais ver por exem plo Conger 1989 cujos esforços notórios produzem uma transformação radical no des tino de uma organização em dificuldades por exemplo Iacocca da Chrysler ou cuja lide rança resulta na fundação de organizações novas e vitais por exemplo Burr da People Express Apesar de ser atraente tentar identificar tipos de carisma essas tentativas correm o risco de gerar listas excessivamente longas Schweitzer 1984 por exemplo cataloga mais de 50 tipos Duas dicotomias básicas porém tendem a ser empregadas com alguma freqüência na litera tura especializada Primeiro existe a diferen ciação entre carisma original e rotinizado Nes se ponto pesquisas mostram que líderes caris máticos às vezes desenvolvem estratégias ela boradas para resistir às incursões da rotiniza ção como no caso de David Mo Berg e os Filhos de Deus Wallis 1982 Por outro lado a rotinização nem sempre tem sucesso assim o estudo realizado por Trice e Beyer 1986 sobre duas organizações dedicadas ao alcoolis mo mostra como a rotinização do carisma do fundador pode ser frustrada por estruturas ina dequadas ou por acontecimentos inesperados Uma segunda distinção às vezes proposta é entre carisma real e fabricado ou pseudoca risma Isso destaca o contraste entre o apelo legítimo de um indivíduo verdadeiramente ca rismático e a encenação e o trabalho de mídia que geralmente penetram na geração do caris ma moderno Bensman e Givant 1975 Com plausibilidade porém essa distinção é ela pró pria problemática pois deixa de reconhecer que todo carisma é em certo sentido fabricado isto é depende da apresentação de uma imagem atraente o bastante para recrutar um bando de seguidores que por sua vez agirão como emis sários da causa ou missão em questão Ver também MESSIANISMO Leitura sugerida Bendix R 1971 Charismatic lea dership In Scholarship and Partisanship Essays on Max Weber org por R Bendix e G Roth p17087 Berger PL 1963 Charisma and religious innova tion the social location of Israelite prophecy Ameri can Sociological Review 28 94050 Conger JA e Kanungo RN orgs 1988 Charismatic Leadership the Elusive Factor in Organizational Effectiveness Friedland WH 1964 For a sociological concept of charisma Social Forces 43 1826 Haley P 1980 Rudolph Sohm on charisma Journal of Religion 60 18597 Lindholm C 1990 Charisma Roth G 1979 Charisma and the counterculture In Max We bers Vision of History Ethics and Methods org por G Roth e W Scluchter p11943 Schram SR 1967 Mao Tsetung as a charismastic leader Asian Survey 7 3834 Spencer ME 1973 What is charisma British Journal of Sociology 24 34154 Tucker RC 1968 The theory of charismatic leadership Daedalus 97 73156 Weber Max 19212 1978 Economy and Society org por G Roth e C Wittich ed em 2 vols Willner AR 1984 The Spellbinders Charismatic Political Leadership ALAN BRYMAN e PETER BAEHR casamento O casamento é encarado como a ligação socialmente aprovada de um homem e uma mulher para fins de comunhão sexual procriação e colaboração econômica Porém curiosamente a orientação do pensamento so cial do século XX tem sido documentar e es timular a disjunção dessas funções da institui ção matrimonial o que põe em questão a utili dade futura da palavra Os pontos de vista tradicionais evidente mente têm continuado em vigor No Ocidente a afirmação religiosa do casamento como or dem divina encontrou seu paladino mais forte no papado católico romano A encíclica Casti Connubii 1933 de Pio XI reafirmava a natu reza sacramental e irrevogável do matrimônio enfatizava seu monopólio sexual celebrava a função procriativa como uma colaboração com Deus e defendia a economia doméstica Correntes filosóficas de influência bem maior contudo tomavam um rumo diferente A redefinição básica do matrimônio dada por John Locke como um pacto voluntário 1812 vol5 p3835 necessário somente na medida em que crianças pequenas precisavam de proteção surgiu no final do século XVII Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 62 casamento Duzentos anos depois essa mudança de uma compreensão espiritual para uma compreensão contratual do matrimônio ganhava um ímpeto vigoroso Ao mesmo tempo teóricos marxistas colocavam o matrimônio no contexto da luta de classes enquanto as primeiras feministas enfa tizavam a exploração das mulheres inerente a essa instituição ver FEMINISMO A abordagem crítica das funções específicas do matrimônio ganhou força particular depois de 1900 Ellis questionou o monopólio sexual pretendido pelo casamento legal 1912 p53 66 o que mais tarde ganharia credibilidade estatística através dos trabalhos de Kinsey Kinsey Pomeroy e Martin 1948 e de Masters e Johnson 1982 p249 Key afirmava que o fator econômico no matrimônio havia degra dado as mulheres 1911 p3678 Mesmo no casamento homens e mulheres deveriam ser economicamente independentes e todas as mães recentes deveriam receber apoio do es tado em vez dos maridos Ao mesmo tempo o monopólio criativo do matrimônio enfrentou uma crítica crescente por sua cruel categoriza ção dos filhos A legislação reformada da nova União Soviética estabeleceu o modelo ao eli minar as distinções legais entre nascimentos legítimos e ilegítimos Ironicamente enquanto o casamento en frentava essa forma de desestruturação os an tropólogos modernos afirmavam a universali dade da instituição Em seu levantamento cul tural comparado Murdock definiu o matrimô nio como existindo apenas quando o econômi co e o sexual estão unidos em uma relação 1949 p78 e em seguida afirmou encontrar essa instituição em toda sociedade humana conhecida Igualmente universal disse ele era uma divisão do trabalho por sexo enraiza da nas diferenças naturais e indiscutíveis nas funções reprodutoras Malinowski reconheceu as forças que interferiam na união matrimonial mas concluiu haver algo maior no casamen to humano enraizado nas necessidades mais profundas da natureza e da sociedade humanas Briffault e Malinowski 1956 p278 Os sociólogos por sua vez projetaram a evolução de novos padrões matrimoniais Wes termarck encarava o casamento como um ins tinto humano formado pela seleção natural 1936 p20 Já não mais necessário no am biente moderno o casamento sobreviveria ape nas como impulso individual Groves 1928 concentrouse na perda de funções da família na medida em que tarefas isoladas como co operação econômica e criação de filhos passas sem para entidades profissionais Em meados do século Talcott Parsons 1951 deu uma in terpretação positiva a essa mudança enfatizan do a nova importância do casamento no ajus tamento da personalidade adulta Nos anos 70 o ressurgimento das idéias feministas levou muitos sociólogos a verem um casamento pu ramente igualitário como o modelo para o futu ro Bernard 1972 Observadores recentes porém apontam que o matrimônio pode estar desaparecendo em vez de meramente mudando nas sociedades avançadas Observando particularmente a Sué cia Poponoe 1988 p18894 registra uma reduzida propensão ao matrimônio seu adia mento para uma idade mais avançada um vo lume menor de vidas individuais passadas den tro dos laços do matrimônio uma duração me nor dos matrimônios e uma crescente preferên cia por tipos alternativos de união sexual Ver também FAMÍLIA DIVÓRCIO Leitura sugerida Key E 1911 1949 Love and Marriage Murdock GP 1949 Social Structure Parsons T 1951 The Social System Poponoe D 1988 Disturbing the Nest Family Change and Decline in Modern Societies Westermarck E 1936 The Fu ture of Marriage in Western Civilization ALLAN C CARLSON casta Esta palavra indica um grupo hereditá rio endógamo associado a uma ocupação tra dicional e classificado de acordo com isso segundo uma escala de pureza ritual Apesar de mudanças e muitas críticas a casta sobrevive como estrutura e ideologia no século XX Foram os portugueses que usaram a palavra derivada do latim castus puro para se referir às diferentes comunidades que encontraram na Índia Apesar de a ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL ser um fenômeno humano universal e de a palavra casta ser usada livremente para grupos de pessoas em outras partes este verbete concen trase em casta no contexto do hinduísmo no Sul da Ásia particularmente na Índia e na diáspora de comunidades hindus por todo o mundo ver também HINDUÍSMO E TEORIA SO CIAL HINDU No discurso acadêmico sobre comunidades sulasiáticas casta significa jati palavra com a mesma raiz de nascimento um grupo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar casta 63 hereditário endogâmico Cada jati consiste em linhagens exôgamicas gotra Regras matri moniais complexas determinam em que gotras uma pessoa em particular pode ser aceita em casamento O número total de jatis chega aos milhares e cada região da Índia tem sua hierarquia es pecífica Não obstante os hindus classificam seu próprio jati e o de outras pessoas de acordo com uma escala de quatro varnas classes reconhecida em todo o mundo hindu Há com freqüência uma discrepância entre a varna a que membros de um jati alegam pertencer e a varna inferior que outros lhes imputam As quatro classes são respectivamente as varnas brahmin kshatriya vaishya e shudra No Rig Veda texto sagrado composto por volta de 1000 aC Purusha a entidade cósmica uma imagem da sociedade é desmembrado Sua boca é relacionada ao brahmin sacerdote seus braços ao kshatriya guerreiro suas coxas ao vaishya comerciante e seus pés ao shudra servo ou lacaio Os membros das três primei ras classes são encarados como nascidos duas vezes pois que sua investidura com o cordão sagrado significa renascer dentro da sociedade hindu No Código de Manu Manusmriti ou Manava dharma shastra de aproximadamente 2 mil anos o comportamento permitido para cada varna é claramente definido bem como as penalidades para os desvios No Bhagavad Gita escritura preferida dos hindus Krishna a encarnação de Vishnu di vindade de primeira importância exorta o príncipe relutante Arjun a combater porque esse é o seu dharma dever sagrado como kshatriya No decorrer de muitos séculos cada jati desenvolveu um código tácito de práticas Os membros não devem casarse nem se sentar para comer com membros de outro jati apesar de ambas as regras particularmente a última terem sido consideravelmente relaxadas em al guns contextos Detalhes de costumes domés ticos e cerimônias religiosas distinguem um jati de outro na mesma localidade Na sociedade aldeã tradicional antes do pre domínio do dinheiro como meio de troca os membros de todas as castas forneciam aos outros aldeães os serviços específicos de cada casta numa base de reciprocidade Esse sistema é co nhecido como jaimani As castas mais baixas na escala de pureza recebiam menos em troca de seu trabalho Aspectos dessa interdependência ain da sobrevivem como quando um brahmin exe cuta um ritual e recebe roupas ou outros pre sentes dos que o empregam Em cada aldeia uma ou mais castas exercem o poder sobre as outras O poder econômico não tem obrigato riamente que corresponder a uma varna eleva da O sistema de castas é orgânico e está cons tantemente se adaptando a circunstâncias cam biantes Antropólogos do século XX têm con ceitualizado de várias maneiras os processos subjacentes MN Srinivas 1967 postulou a sanscritização processo por meio do qual mem bros de uma casta inferior trocam seus cos tumes rituais ideologia e modo de vida na direção de uma casta mais elevada por exem plo adotando uma dieta rigorosamente vegeta riana adequada aos brahmins Recusandose a dar as filhas em casamento a famílias que não se adaptaram dessa forma criam na realidade um novo jati A palavra kshatriyzação referese a uma emulação de riqueza e status mais do que a pureza ritual Durante o século XX as castas menos privilegiadas tenderam a lutar pelo po der e pela riqueza através da educação Mobili zaramse também como movimentos religio sos dando um novo significado aos mitos e símbolos antigos e construindo o autorespeito Juergensmeyer 1982 Entre nãohindus de origem sulasiática as castas geralmente persistem como um fator na interação social mesmo quando os mestres re ligiosos de uma comunidade investem contra elas Assim por exemplo os cristãos locais podem prestar culto em congregações distintas que por acaso têm respectivamente uma origem de casta elevada e inferior Os sikhs continua ram a se casar dentro da casta apesar de seus gurus enfatizarem a igualdade de todos e a irrelevância da casta de uma pessoa para a reunião da alma com Deus Com a educação em estilo ocidental e a crescente mobilidade social e industrialização o elo entre ocupação hereditária e jati viuse enfraquecido no século XX apesar da associa ção persistir nas mentes das pessoas Trabalhar como piloto professor ou programador de com putação não faz com que um indivíduo consiga alterar ou fugir às conotações do seu jati Algumas ocupações shudra tais como a coleta de excrementos ou o curtume do couro eram encaradas como altamente contamináveis Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 64 casta para todo aquele com o qual membros desses jatis entrassem em contato Como resultado esses jatis eram segregados do resto da socie dade Além das proibições relativas ao casa mento e às refeições eram também proibidos de entrar em muitas escolas e templos e até de pegar água na mesma fonte que os demais Viviam como muitos ainda vivem fora da aldeia Se a sombra de um intocável pousasse sobre um brahmin este tinha de voltar para casa a fim de se purificar Em grande parte devido à degradação dos intocáveis os reformadores dos séculos XIX e XX atacaram as iniqüidades do sistema de cas tas Swami Dayananda Saraswati 182483 pregava que segundo o Veda a sociedade devia ser dividida não em inúmeras castas mas em quatro varnas nas quais a participação depen deria mais do mérito que de nascimento Mohandas Karamchand Ghandi Mahatma Gandhi 18691948 valorizava alguns aspectos do sistema de castas para a construção de uma sociedade harmoniosa mas defendia apaixona damente o ponto de vista de que a intocabili dade não é uma sanção da religião é uma invenção de Satã Gandhi 1951 As vítimas da discriminação de castas hoje encaram a abor dagem de Gandhi como paternalista Rejeitam a expressão harijans filhos de Deus que ele popularizou preferindo o uso de Castas ordenadas na Índia designação oficial desde 1935 e dalit oprimidos Seu herói é o Babasaheb Ambedkar 18911956 o advo gado que emergiu de uma família de intocáveis para criar a constituição da Índia Esta foi pro mulgada em 1950 e não reconhece castas ape nas cidadãos iguais Ambedkar afirmava que a casta era uma ideologia que só poderia ser abolida se as sanções religiosas hindus em seu favor fossem retiradas Exortou seus seguidores a trocarem o hinduísmo pelo budismo Existem atualmente na Índia cerca de 120 milhões de pessoas 17 da população que carregam o estigma da intocabilidade Apesar da legislação especialmente a Lei sobre a Into cabilidade Crimes de de 1955 bem como de políticas de discriminação positiva na educação e na reserva de certos empregos o preconceito existe De fato com a implementação dessas políticas a tolerância das castas mais elevadas às vezes se transforma em rígida hostilidade Tal como o advento do trem no século XIX o crescente acesso à educação a rápida urbani zação e a industrialização fizeram com que membros de diferentes castas entrassem em contato como nunca acontecera antes Esse de senrolar dos fatos somados ao saneamento mo derno e ao fornecimento de água encanada beneficiou as Castas Ordenadas com a remo ção de algumas causas de óbvia discriminação Alguns membros das castas inferiores se torna ram ricos ou chegaram a altos cargos Não obstante o sistema de castas não foi substituído por um sistema de classes do tipo ocidental O que acontece é uma interação de aspectos de ambos os sistemas O sistema político democrá tico permite que a casta exerça uma influência poderosa Os candidatos jogam com as sensibi lidades de casta para obterem apoio Muitos políticos dependem das castas que funcionam como currais eleitorais A casta sobrevive em comunidades hindus fora da Índia apesar de a história de sociedades específicas ter dado a cada uma um caráter peculiar Em Bali Indonésia sobrevive uma diferença entre a maioria shudra e as classes brahmin kshatriya e vaishya As comunidades hindus de Fiji ilhas Maurício Trinidad e Su riname remontam a meados do século XIX quando trabalhadores contratados como colo nos chegaram com poucas esperanças de voltar à Índia Nesses países as diferenças de casta em grande parte desapareceram exceto pelo fato de apenas os brahmins exercerem funções sacer dotais No Leste da África porém onde os colonos chegaram da Índia no início do século XX o contato com aquele país foi mantido as castas permaneceram endogâmicas e se estabe leceram associações de casta Na GrãBretanha os casamentos hindus e sikhs ainda são celebrados geralmente entre membros da mesma casta Muitos locais de cultos públicos são dirigidos por membros de castas particulares como os gurdwaras Ram garthia Bhatra e Ravidasi locais de culto sikh Hindus de origem gujatari têm organizações de casta que organizam eventos sociais e religio sos especialmente durante o Festival de Nava ratri Leitura sugerida Dumont L 1970 Homo hierarchi cus Juergensmeyer M 1982 Religion as Social Vi sion Mahar JM org 1972 The Untouchables in Contemporary India Nesbitt EM 1991 My Dads Hindu My Mums Side are Sikhs Issues in Religion Identity Schwartz BM org 1967 Caste in Over Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar casta 65 seas Indian Communities Srinivas MN 1962 Caste in Modern India ELEANOR M NESBITT causalidade Nas palavras memoráveis de Hume a causalidade é o cimento do universo a relação pela qual um evento se liga a outro um tipo de ocorrência provoca outro É uma noção que desempenha um papel central em nossas explicações do mundo que nos cerca ver EXPLICAÇÃO por exemplo quando responde mos a perguntas com por quê através de frases que começam com por causa de identificando os antecedentes em virtude dos quais a coisa a ser explicada ocorreu O conceito de causalidade porém mostrou se difícil de analisar O problema é como com preender o cimento que liga causa a efeito a necessidade com a qual pensamos nos efeitos seguindose a suas causas As explicações do século XX geralmente começam com a análise empirista de Hume EMPIRISMO é a idéia de que todo o conhecimento deve basearse na expe riência Segundo Hume as conexões causais não são necessárias no sentido de serem re lações lógicas pois afirma ele com base em seu empirismo a descrição de um evento não acar reta não necessita logicamente a ocorrência de quaisquer outros eventos Nem a ligação de um efeito a sua causa é uma relação que exista no mundo pois não temos nenhuma experiência de elo assim necessário entre um evento uma causa e outro seu efeito mas apenas dos dois eventos em si mesmos Conseqüentemente do ponto de vista de Hume ainda que possamos através do hábito vir a pensar em causalidade como trazendo em si necessidade no mundo as conexões causais não são mais que conjunções constantes de eventos contíguos e consecuti vos porém lógica e materialmente indepen dentes Como hoje em dia em geral aceitase que causas podem agir a distância e que causas e efeitos podem ocorrer simultaneamente o que resta do ponto de vista humano é que a causali dade está incorporada em regularidades que expressam conjunções constantes entre tipos de eventos A noção de conjunção constante pode ser elaborada em termos de condições necessárias e suficientes Tratase aqui de um sentido de necessário diverso do acima apresentado Uma condição necessária para um evento é a que sempre ocorre quando o evento ocorre enquan to uma condição suficiente é a que quando ocorre o evento ocorre também Isso permite levar em conta algumas complicações por exemplo que um efeito possa estar ligado a uma conjunção de causas ou a diferentes causas independentes e só possa ocorrer se certas cau sas contrapostas estiverem ausentes Essas complicações são reunidas em conjunções constantes da fórmula todos LMN ou PQR ou STW são seguidos pelo evento E em que N simboliza a ausência de uma condição de tipo N e em que cada letra representa uma condição inos para E ou seja uma parte insuficiente mas nãoredundante de uma condição conjunta p ex LMN que é em si mesma não ne cessária porém suficiente para o resultado E Mackie 1965 Um exemplo é uma teoria da revolução que combina idéias do marxismo e da teoria da privação relativa e afirma que a atividade revolucionária E seguese ou a partir da ocorrência conjunta da polarização da socie dade capitalista em duas classes a burguesia e o proletariado L o empobrecimento do prole tariado M e a ausência de falsa consciência proletária N ou da ocorrência conjunta da divisão da sociedade numa hierarquia de grupos P da conformidade dos membros de um gru po às normas de outro grupo mais superior Q e da ausência de caminhos legítimos de ascen são do grupo inferior para o superior R Outras teorias da revolução podem ser acrescentadas como conjuntos extras de condições inos p ex STW Até mesmo essa versão elaborada da versão humeana parece sofrer como as versões mais simples do problema de não conseguir dis tinguir regularidades causais daquilo que os filósofos chamam de generalizações acidentais e que os pesquisadores sociais chamam de re lações espúrias ou cosintomáticas Alguns exemplos são o dia seguindose à noite e o nível dos prejuízos aumentando com o número de bombeiros que combatem um incêndio que são conjunções constantes mas sem o cimento da causalidade conectando a ocorrência antece dente à conseqüente Os humeanos buscaram resolver esse problema acrescentando critérios lógicos ou epistemológicos para diferenciar leis causais de generalizações acidentais mas os críticos continuam afirmando que nenhuma dessas tentativas funciona As dificuldades para se produzir uma adequada análise humeana da causalidade levaram alguns filósofos empiris Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 66 causalidade tas a apontar que a causalidade não tem lugar nas ciências maduras Russell 1917 As análises nãohumeanas da causalidade vão além das restrições do empirismo Uma das mais interessantes o ponto de vista realista afirma que a necessidade que caracteriza a cau salidade é a necessidade física ver REALISMO Os acontecimentos de causa e efeito não são independentes como insistem os humeanos mas intrinsecamente relacionados As causas têm o poder de provocar seus efeitos existindo uma relação real entre ambos um mecanismo gerador ligando fisicamente causa a efeito ain da que essa ligação esteja em geral acima da nossa experiência De acordo com esse ponto de vista a conjunção constante poderia ser pro va de uma conexão causal mas não lhe exaure o significado que deriva do mecanismo natural conectando causa e efeito De fato conexões causais reais podem não se manifestar como regularidades pois causas contrapostas podem intervir entre a operação de uma causa e o surgimento de seu efeito Por exemplo apertar um interruptor de luz pode não ter o efeito de iluminar o aposento caso um fusível queime e impeça a lâmpada de brilhar Nessa ocasião a falha a refutação de uma conjunção cons tante não nos leva a rejeitar como causal a conexão real entre apertar o interruptor e a lâmpada acenderse através do mecanismo sub jacente de um fluxo de corrente elétrica A dificuldade com essa visão realista é que tendo violado o empirismo humeano ao afirmar a existência de mecanismos imputados e forças invisíveis acima do controle epistemológico da experiência que restrições se exercem sobre os mecanismos que possam ser invocadas como explicações causais Se devemos admitir a existência de vírus por que não demônios ou feitiços Dada a existência de problemas com todas as tentativas de se analisar a causalidade alguns afirmaram tratarse de um primitivo não anali sável Anscombe 1971 Ainda que fosse pos sível chegar a uma análise satisfatória da cau salidade no mundo natural continua a haver questões sobre seu lugar no mundo social será que as ações humanas são causadas e se o forem que o livrearbítrio é uma ilusão Ver DETERMINISMO Leitura sugerida Davidson D 1980 Essays on Ac tions and Events Harré R e Madden EH 1975 Causal Powers a Theory of Natural Necessity Hu me D 1748 1975 An Enquiry Concerning Human Understanding org por LA Selby Bigge Mackie JL 1974 The Clement of the Universe Sosa E org 1975 Causation and Conditionals Wright GH von 1971 Explanation and Understanding PETER HALFPENNY cesarismo Palavra que indica uma forma de ditadura livremente modelada pela carreira de Caio Júlio Cesar 10044 aC general e auto crata populista que tomou o poder da oligar quia senatorial romana em 49 aC e cujo re gime acelerou a queda da república romana Não obstante essa definição exige uma imedia ta restrição Pois não é só o caso de a palavra ter sido empregada para incluir figuras que antece dem Caio Júlio como os atenienses Pisístrato c600527 aC e Péricles c495429 aC e o espartano Cleomenes III c260219 aC Neu mann 1957 p2378 Weber 192122 Há também o fato de Augusto Cesar 63 aC14 dC e não Caio Júlio às vezes ser dado como o modelo de cesarismo Riencourt 1958 Além disso apesar de muitas utilizações no século XX buscarem analogia com a Roma antiga outras não o fazem de forma que hoje em dia cesarismo é um conceito mergulhado na mais profunda confusão Cunhada provavelmente por JF Böhmer em 1845 Böhmer 1868 p2779 a palavra recebeu seu primeiro tratamento sistemático por parte do francês A Romieu 1850 A partir daí cesarismo se tornou uma palavra ampla mente empregada em círculos cultos europeus particularmente na França e na Alemanha para descrever o regime de Napoleão III de 1851 a 1870 e suas implicações para a política moderna Momigliano 1956 1962 Groh 1972 Richter 1981 1982 Gollwitzer 1987 Em 1920 já não estava mais em uso popular sobrevivendo apenas como ferramenta de aná lise acadêmica Falando em termos gerais existem três cam pos claros no pensamento do século XX sobre o tema O primeiro dá continuidade à tradição de ligar explicitamente o cesarismo ao BONA PARTISMO de Napoleão III e também de Napo leão I Nesse caso o cesarismo é descrito como uma forma de liderança altamente personaliza da e militarista nascida da ilegalidade tal como um golpe de estado caracterizada por uma retórica populista o líder alega encarnar e de fender o povo en bloc contra o interesse Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cesarismo 67 estreito e divisor de elites ou classes que des preza as instituições políticas representativas estabelecidas o autocrata cesarista governa por imposição empregando medidas policiais para reprimir a oposição e é legitimado por apelos diretos às massas através do recurso dos ple biscitos Esse tipo de utilização pode ser encon trado com modificações em Thody 1989 e Namier 1958 em que o panteão cesarista se amplia para incluir figuras como Pétain e de Gaulle Mussolini e Hitler Em contraste o segundo campo de pensa mento sobre o cesarismo desenvolve a noção de forma muito mais arbitrária e com apenas a referência mais superficial possível aos dois Napoleões Assim cesarismo é a palavra em pregada para designar as manipulações eleito rais a impressionante envergadura e a ilegiti midade de Bismarck Weber 19212 Baehr 1988 a natureza da política britânica moderna de dominação por um líder Ostrogorski 1902 p6078 Tönnies 1917 p4953 Weber Poli tics as a vocation in Weber Gerth e Mills orgs 1970 p1067 e 1978 p1452 um retor no cíclico à ausência de forma e ao primiti vismo Spengler 191822 vol1 um tipo teo cráticomilitarista de despotismo oriental exemplificado pelo império de Diocleciano so bre os romanos Gerth e Mills 1954 p210 uma DITADURA populista ou democrática comparável ao ou manifestada no peronismo na América do Sul entre outros regimes res pectivamente Canovan 1081 p137 Neumann 1957 p23643 o acréscimo de poder evidente no sistema presidencial norteamericano Rien court 1958 Finalmente existe uma utilização do termo cesarismo que tanto se vale do exemplo napo leônico quanto também dele diverge de modos fundamentais De proveniência marxista essa posição relaciona o cesarismo ao bonapartismo Gramsci 192935 p215 219 faz distinção entre cesarismo progressista e reacionário dependendo de ele ajudar ou entravar a luta de classe revolucionária Gramsci p219 e amplia a noção para descrever a coalisão as alianças políticas centristas ou os governos cuja presença marca um estágio intermediário entre uma crise social e sua solução Gramsci p220 Hall 1983 p30921 Schwartz 1985 p3362 Na maioria das utilizações acadêmicas é preciso que se diga o cesarismo tem pouca semelhança com a carreira e a biografia daquele que serviu de inspiração para o nome ver Gel zer 1969 Muito plausivelmente apenas os aspectos militares e populistas atribuídos ao cesarismo são convincentes em termos históri cos Pois Júlio Cesar tanto foi um estrategista brilhante e um comandante de batalhas alta mente inspirador como também foi chamado por seus contemporâneos de classe em tom derrisório de um popularis isto é um demago go ou paladino do povo Croix 1981 p3525 362 Taylor 1949 p15 cf Cícero Pro Sestio e In Vatinium tradução de Gardner 1958 p16779 Leitura sugerida Baehr P 1987 Accounting for Caesarism Economy and Society 16 34156 Brant linger P 1983 Bread and Circuses Theories of Mass Culture as Social Decay Mosse George L 1971 Caesarism circuses and monuments Journal of Contemporary History 6 16782 Thody P 1989 French Caesarism from Napoleon I to Charles de Gaulle Yavetz Z 1983 Julius Caesar and his Public Image PETER BAEHR Chicago escola econômica de Ver ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO Chicago escola sociológica de Ver ESCOLA SOCIOLÓGICA DE CHICAGO ciclo econômico Como flutuações recorren tes na atividade econômica de economias in dustriais os ciclos econômicos podem ser ob servados estatisticamente quando se examina o registro histórico do desempenho econômico geral de uma nação digamos as estatísticas anuais do produto interno bruto corrigidas de acordo com as mudanças nos preços PIB real Caracteristicamente o que surge é um padrão de crescimento a longo prazo marcado por alternâncias de expansão e contração Essas al ternâncias recorrentes acima e abaixo da ten dência de longo prazo são os ciclos econômi cos A palavra ciclo sugere padrões de tempo fixo e talvez até simétricos mas os economistas há muito rejeitaram essa idéia Apesar de alguns economistas atualmente preferirem descrever esses fenômenos como flutuações econômi cas a expressão ciclo econômico continua em uso corrente Os movimentos cíclicos numa economia di fundemse de forma abrangente Quando o PIB real aumenta ou diminui o mesmo acontece com o emprego a renda real os lucros e outros Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 68 Chicago escola econômica de aspectos amplos de atividade Relativamente poucas indústrias divergem do padrão geral apesar de as indústrias que produzem bens du ráveis estarem sujeitas a flutuações maiores que a média Além disso os movimentos primeiro em uma direção depois em outra tendem a persistir por períodos extensos de tempo ao contrário das flutuações sazonais por exemplo que ocorrem dentro do âmbito de um ano No jargão do ciclo econômico a atividade cres cente ou a expansão culmina em um auge ou pico e em seguida dá lugar a uma recessão também chamada de queda ou contração cujo ponto extremo é chamado de baixa A isso seguese a retomada ou recuperação que é a fase inicial da expansão Nos Estados Unidos o meio século a partir de 1949 testemunhou oito expansões variando em duração de um ano a cerca de nove com duração média de cerca 35 anos As retrações muito menos variáveis ti veram uma média de pouco menos de um ano Tanto as expansões quanto as retrações de monstraram grande variação de intensidade A Grande Depressão dos anos 30 exerceu um efeito profundo sobre a posterior política eco nômica dos governos mas sua severidade e duração foram únicas nos registros dos ciclos econômicos do século XX ver também DEPRES SÃO ECONÔMICA As teorias do ciclo econômico têm sido abundantes embora o interesse por parte dos economistas tenha estado sujeito aos seus altos e baixos O interesse nos anos 20 estimulado pelos problemas econômicos da GrãBretanha foi grandemente intensificado na década se guinte devido à Grande Depressão A General Theory of Employment Interest and Money 1936 de Keynes não se ocupava basicamente do cerne tradicional da teoria do ciclo econômi co explicar as flutuações decorrentes na atividade econômica geral mas não muito tempo depois do surgimento da General Theo ry tornouse razoavelmente comum a crença de que políticas governamentais de estabilização poderiam tornar o ciclo econômico uma coisa do passado Os economistas transferiram sua atenção para o novo campo da macroeconomia que se tornou o interesse predominante para os que se preocupavam com a atividade geral A prosperidade da década ou duas depois do final da Segunda Guerra Mundial estimulou o ponto de vista de que o ciclo econômico estava supe rado Uma conferência internacional com es pecialistas em ciclo econômico no final dos anos 60 produziu um volume intitulado Is the Business Cycle Obsolete O ciclo econômico está obsoleto Bronfenbrenner 1969 A maior parte dos economistas não achava que estives se mas quaisquer dúvidas sobre se o ciclo poderia ter desaparecido foi desfeita nos anos 70 e 80 que testemunharam graves quedas econômicas e taxas elevadas tanto de desem prego quanto de inflação Os anos 70 também assistiram ao surgimento de novos desenvolvi mentos teóricos e a um renovado interesse por parte dos economistas no ciclo econômico in teresse que persistiu durante todos os anos 80 Na busca de causas para o ciclo econômico os economistas estabeleceram uma distinção entre fatores externos ao sistema econômico e fatores que estavam no seu interior Guerras invenções de grande importância ou mudanças nas políticas monetária e fiscal dos governos são exemplos de causas externas que foram chamadas variadamente de distúrbios choques impulsos ou fatores exógenos São diferentes do funcionamento interno da economia em si mesma e de sua tendência à flutuação por períodos extensos Estes últimos são fatores endógenos mais do que exóge nos ou mecanismos de propagação diferen temente de choques distúrbios ou impulsos Alguns autores reconheceram essas diferenças antes da Segunda Guerra Mundial mas geral mente davam maior ênfase ao funcionamento do sistema econômico em si mesmo isto é à tendência da economia para a instabilidade mesmo na ausência de distúrbios externos Em seu famoso estudo de 1937 para a Liga das Nações Prosperity and Depression a aná lise de Gottfried Haberler das modernas teorias do ciclo econômico levaramno a agrupálas em várias classes amplas embora ele observasse que as diferenças entre as classes eram princi palmente questão de ênfase Ele destacou que a maioria das teorias modernas encarava o ciclo econômico como resultado não de nenhum fa tor isolado mas de vários muitos dos quais eram comuns a diferentes teorias e que os fatores que faziam surgir um ciclo em um pe ríodo não eram necessariamente os mesmos que provocavam um ciclo em outro período Esses julgamentos de meio século atrás continuam válidos Não obstante essas primeiras teorias ao contrário das posteriores à Segunda Guerra Mundial tendiam a enfatizar mais os fatores Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciclo econômico 69 endógenos do que as influências externas como causas do ciclo econômico Entre as categorias mais importantes na classificação de Habeler das teorias estão as que ele descreve como puramente monetárias excesso de investimen tos retração do consumo as chamadas psico lógicas e as que atribuem os ciclos a desajustes de preçocusto Várias teorias são abrangidas sob a rubrica da teoria do excesso de investimento que enfa tiza o papelchave dos gastos com investimen tos em novas construções e equipamento durá vel Como esses bens de investimento são du radouros e comprados visando o futuro não é difícil ver intuitivamente como erros nas es timativas de empresários podem causar exces sos nos investimentos e suas inevitáveis cor reções FA Hayek foi um de vários autores que deram uma explicação monetária para o exces so de investimentos ver também MONETARIS MO Explicações nãomonetárias foram apre sentadas por economistas como Joseph Schum peter que enfatizou o papel especial das ino vações a abertura de novos mercados e sua posterior retração Uma variante importante da teoria do excesso de investimentos atribuía um papel crucial ao princípio de aceleração de acordo com o qual um mero declínio na taxa de crescimento das vendas comerciais diga mos a consumidores poderia provocar um declínio absoluto na produção de bens de inves timento Essas idéias contrastam com as teorias da retração do consumo apresentadas por auto res como JA Hobson os quais afirmavam que à medida que a expansão avança os consumidores tendem a poupar em excesso com o resultado de um declínio na demanda do consumo Há várias teorias que são classificadas de psicológicas O aspecto característico destas nas palavras de Haberler é que a resposta de investimento total a fatores objetivos é mais forte do que indicariam as considerações eco nômicas racionais Haberler 1937 p147 Du rante um surto de crescimento os empresários estão sujeitos a erros de otimismo que levam a erros na direção oposta assim que os empre sários percebem que suas expectativas não po derão realizarse A teoria de Keynes sobre o ciclo econômico um capítulo da General Theo ry p31332 dava maior ênfase às previsões dos empresários e ao papelchave que essas previsões desempenhavam nas decisões empre sariais de investimentos ver KEYNESIANISMO A perda de interesse pela teoria do ciclo econômico nas aproximadamente duas décadas que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial não se deveu apenas a Keynes e à prosperidade geral Vários fatores estimularam o interesse pela pesquisa empírica o desenvol vimento da renda nacional e das estatísticas de produção os avanços na construção de modelos econométricos e o advento dos computadores eletrônicos para a solução de grandes modelos complexos A construção de modelos proliferou e alguns pareciam funcionar isto é dados certos pressupostos a respeito de política se guiam razoavelmente de perto o comportamen to da economia Dessa forma pareciam dar validade aos princípios econômicos sobre os quais se baseavam Esse período testemunhou uma mudança de ênfase dos modelos endóge nos para os modelos em que as influências exógenas eram predominantes em especial os gastos governamentais e as políticas fiscais bem como os investimentos do setor privado Nesses modelos essencialmente keynesianos a política monetária não parecia ser muito impor tante Além disso eles incorporavam uma alter nância entre a taxa de inflação e a taxa de desemprego a curto prazo Em seu discurso de posse na American Eco nomic Association Milton Friedman 1968 desfechou um contraataque monetarista ao sis tema keynesiano e aos modelos nele baseados Ao contrário de Keynes Friedman encarava a economia privada como fundamentalmente es tável Como RG Hawtrey no início do século Friedman atribuía a instabilidade na economia a mudanças na política monetária Mudanças na política monetária por parte do Banco Central para estimular ou frear a economia cons tituíram os principais choques externos no sis tema econômico e foi por esse motivo que Friedman recomendou que o Federal Reserve Bank dos Estados Unidos seguisse uma política em que o meio circulante crescesse a uma taxa estável O início dos anos 70 assistiu aos pri meiros passos de uma nova teoria que pode ser atribuída a Robert Lucas 1977 Thomas Sar gent e outros a qual revivia o interesse acadê mico pelo ciclo econômico Era a teoria ma croeconômica das expectativas racionaisequi líbrio principalmente uma crítica da visão ma croeconômica do mundo keynesiana mas que tinha também aplicações no círculo econômico ver EXPECTATIVAS RACIONAIS HIPÓTESE DAS Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 70 ciclo econômico Desde o surgimento da General Theory de Keynes o ponto de vista macroeconômico do minante tem afirmado que preços e salários são rígidos ou muito lerdos na reação a mudanças na demanda geral e dessa forma não conse guem executar suas funções tradicionais de sa neamento do mercado Na visão keynesiana aumentos ou reduções na demanda geral a curto prazo como as que ocorrem na expansão ou retração de um ciclo econômico refletemse principalmente em mudanças na economia real isto é na produção e no emprego Não obstante os que propõem a teoria do equilíbrio das ex pectativas racionais afirmam que oferta e de manda mesmo no âmbito da economia geral estão sendo constantemente equilibradas atra vés de ajustes nos preços e salários De acordo com esses pontos de vista mais recentes que retornam aos economistas prékeynesianos a economia real não é fundamentalmente ins tável Como então explicar as pronunciadas flutuações na atividade econômica que se mos tram tão evidentes Uma resposta e várias foram apresentadas testadas e consideradas in suficientes é que operários e empresários ape sar de racionais a respeito de mercados onde eles próprios operam são ignorantes a respeito de todos os outros mercados e conseqüente mente propensos a cometer erros sobre quanto produzir ou quanto trabalho fornecer em resposta a uma mudança na demanda Cometer esses erros e em seguida corrigilos faz com que surjam os movimentos cíclicos Uma teoria mais recente no gênero do equilíbrio é a do ciclo econômico real que atribui flutuações aos choques de produtividade cujas reações por parte das empresas e do trabalho ocorrem com pronunciada demora Se essas teorias não forem inteiramente convincentes Okun 1980 Gor don 1986 p89 sua persistência de formas variadas até agora devese em grande parte ao colapso dos modelos macroeconômicos keyne sianos nos anos 70 quando desapareceu a alter nância inflaçãodesemprego em curto prazo e taxas elevadas de inflação coexistiram com taxas elevadas de desemprego Além disso a nova teoria das expectativas racionais enfatiza um antigo dogma fundamental da análise eco nômica ou seja o de que os agentes econômi cos são elementos otimizadores racionais Outra corrente do ciclo econômico digna de nota é a abordagem empírica associada a Wes ley Mitchell no início do século e mais tarde a seus colegas do National Bureau of Economic Research Eles examinaram milhares de séries econômicas históricas buscando padrões e re gularidades recorrentes dos quais fosse possível derivar generalizações que descrevessem e em última análise explicassem o comportamento cíclico da economia Isso deu início a um traba lho que continua até o presente momento de medir expansões e retrações datar pontos críti cos picos e quedas classificar séries estatís ticas particulares como adiantadas ou defasadas nos pontos críticos do ciclo econômico e coisas do gênero Apesar de Measuring Business Cy cles Burns e Mitchell 1946 ter sido recebido com desprezo pela corrente principal dos eco nomistas por não se submeter à nova macroe conomia keynesiana Koopmans 1947 a abordagem tem demonstrado certo vigor em parte porque os ciclos econômicos persistiram em parte porque os indicadores principais se transformaram em um mecanismo de previsão Em que pé estamos hoje com referência ao ciclo econômico que é parte tão integrante da vida econômica moderna É muito provável que economistas e governos já tenham apren dido o bastante para impedir uma repetição da Grande Depressão mas fora isso não há ne nhuma teoria isolada predominante que conte com a aprovação da maioria dos economistas conforme Victor Zarnowitz deixou claro em seu abrangente artigo de 1985 Provavelmente a maioria haverá de concordar em que o ciclo econômico tem muitas causas algumas oriun das de fora do sistema econômico outras sendo um reflexo do modo como o próprio sistema funciona Qualquer dessas fontes pode ser em sua natureza real ou monetária É possível que o próprio econômico seja de tal complexidade em uma economia industrial moderna que gran de parte de sua natureza essencial nunca possa vir a ser captada por um modelo econométrico não importa sua sofisticação ou seu grau de novidade Talvez seja um comentário sobre a situação insatisfatória que existe hoje com mo delos de previsão o fato de os instrumentos de previsão empírica encontrarem prontamente mercado A previsão caminha de mãos dadas com o ciclo econômico É uma atividade florescente na maior parte dos grandes países industria lizados com orientação de mercado na qual se engajam empresas governos e organizações internacionais e que fez surgir ela própria uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciclo econômico 71 substancial indústria de previsão Orientados pela experiência dos Estados Unidos os eco nomistas têm tido razoável grau de sucesso na previsão da atividade econômica PIB real com mais ou menos um ano de antecedência mas com notável falta de sucesso na previsão dos pontos críticos McNees 1988 Saemse claramente melhor que os modelos ingênuos que prevêem que a mudança no PIB real do ano seguinte será a mesma do ano anterior De acordo com esse padrão saemse menos bem no entanto na previsão da taxa de inflação Parte desse sucesso nessas circunstâncias po de ser atribuído ao que os economistas apren deram a respeito de macroeconomia embora o quanto seja difícil quantificar Ver também CICLOS DE LONGO PRAZO Leitura sugerida Bronfenbrenner M org 1969 Is the Business Cycle Obsolete Gordon RJ org 1986 The American Business Cycle Haberler G 1937 1958 Prosperity and Depression Moore GH 1983 Business Cycles Inflation and Forecasting 2ªed Santos WG dos 1989 Modelos endógenos de de cadência liberal Sheffrin SM 1983 Inflation and unemployment In Rational Expectations p2770 Zarnowitz V 1985 Recent work on business cycles in historical perspective a review of theories and evi dence Journal of Economic Literature 23 52380 MURRAY F FOSS ciclos de longo prazo A popularidade dos ciclos de longo prazo como tópico em teoria econômica exibe um padrão cíclico A partir do começo dos anos 80 mais estudos empíricos e análises teóricas têm sido dedicados aos ciclos do que em todos os outros anos desde a Segunda Guerra Mundial Isso implica não só um retorno aos aspectos da economia do lado da oferta em parte como reação à ênfase de longa data nas concepções keynesianas orientadas para a demanda mas expressa também a extraordiná ria reviravolta na atividade econômica na ini ciativa empresarial e na mudança técnica O papel que a teoria dos ciclos desempenha hoje em dia nas discussões econômicas também coincide com o que pode ser chamado a revali dação de Schumpeter Enquanto que a maior parte do século atual viu Keynes no pedestal da ciência econômica a última parte trouxe uma reavaliação e compreensão mais profunda dos escritos de JA Schumpeter e de suas contri buições para a ciência econômica Em particu lar a sua ênfase no papel do empresário com binado com o processo de inovação tem rece bido muito mais atenção e elogios do que no passado Em sua opinião a idéia de ciclos eco nômicos com periodicidade de 40 ou 50 anos está relacionada com a ocorrência de um surto de importantes inovações que estão no início de um demorado movimento ascendente na vida econômica Atualmente se poderia pensar a esse respeito sobre a tecnologia da informação como fonte do duradouro movimento ascendente através dos processos interligados de difusão inovação adicional e imitação ver também IN FORMAÇÃO TEORIA E TECNOLOGIA DA Schumpeter reanimou a discussão dos ciclos na década de 30 mas ela não começou com ele Dois economistas holandeses J van Gelderen e S de Wolff são muito conhecidos por seus trabalhos teóricos e estatísticos sobre ciclos Foram eles na realidade que descobriram o fenômeno mas na literatura é principalmente ao economista russo ND Kondratiev que se credita a descoberta A principal questão consis te é claro em saber se é possível descrever uma causa que produz os ciclos longos No começo as flutuações de preços estavam relacionadas com mudanças no estoque total de ouro Entre tanto como novas descobertas de campos aurí feros são uma questão aleatória essa não pode ser uma abordagem muito convincente Um enfoque mais avançado pode ser apreciado nas teorias que relacionam ondas a movimentos no investimento e em particular no investimento para substituição S de Wolff apresentou pela primeira vez a esse respeito o chamado prin cípio de eco Uma cronologia dos ciclos 1º Kondratiev 2º Kondratiev 3º Kondratiev 4º Kondratiev prosperidade 17821792 prosperidade 18451857 prosperidade 18921903 prosperidade 19481957 prosperidade 17921802 guerra 18021815 prosperidade 18571866 prosperidade 19031913 guerra 19131920 prosperidade 19571966 recessão 18151825 recessão 18661873 recessão 19201929 recessão 19661973 depressão 18251836 depressão 18731883 depressão 19291937 recuperação 18361845 recuperação 18831892 recuperação 19371948 Fonte JJ Van Duijn cap20 in SK Kuipers e GJ Lanjouw orgs Prospects of Economic Growth Amsterdam MerthHolland 1980 p22333 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 72 ciclos de longo prazo Hoje em dia a mais importante teoria acerca dos ciclos é formulada em termos de inovações Os autores modernos que estão propensos a relacionar as flutuações de ondas largas com as inovações ao longo do tempo são JJ van Duijn e C Freeman Van Duijn apresenta em seu livro 1983 o programa aqui reproduzido para os ciclos De acordo com esse esquema temos estado desde o começo da década de 80 em um período de recuperação A esse respeito a tec nologia de informação desempenhou e ainda está desempenhando um importante papel Freeman sublinhou por várias vezes a interação entre a difusão de novas tecnologias e as mu danças institucionais na sociedade A idéia que remonta a Schumpeter é que as inovações che gam em rajadas e se espalham por toda a economia provocando imitação e preparando o terreno para um boom econômico Em conclusão de todas as possíveis expli cações dos ciclos o padrão cíclico de inovações parece a mais promissora mas subsiste a dúvida sobre se esse fator estará na base de um padrão sistemático ao longo de um período de tempo tão longo Ver também CICLO ECONÔMICO Leitura sugerida Freeman C org 1984 Long Waves in the World Economy Van Duijn JJ 1983 The Long Wave in Economic Life ARNOLD HEERTJE cidadania Idéias de cidadania floresceram em diversos períodos históricos na Grécia e na Roma antigas nos burgos da Europa medie val nas cidades do Renascimento Mas a cida dania moderna embora influenciada por essas concepções antigas possui um caráter próprio Primeiro a cidadania formal é hoje quase uni versalmente definida como a condição de mem bro de um estadonação Em segundo lugar porém a cidadania substantiva definida como a posse de um corpo de civis ver LEI políticos e especialmente sociais temse tornado cada vez mais importante Em ambos esses aspectos houve um proces so de desenvolvimento durante o século XX e mais marcadamente a partir da Segunda Guerra Mundial que coloca alguma questões novas A cidadania formal tornouse uma questão mais importante em conseqüência da maciça imi gração no pósguerra para a Europa Ocidental e a América do Norte o que resultou numa nova política de cidadania Brubaker 1992 Ao mes mo tempo houve um crescimento da chamada dupla cidadania apesar dos esforços interna cionais para reduzila na qual os imigrantes conservam a cidadania em seu país de origem Hammar em Brubaker 1989 e sob forma diferente na Comunidade Européia onde os cidadãos dos estadosmembros poderão vir a ter uma segunda cidadania na CE O desenvolvimento da cidadania substan tiva foi analisado em um estudo clássico de TH Marshall em 1950 republicado in Marshall 1992 que descrevia um desenrolar da extensão de direitos civis políticos e sociais para toda a população de uma nação Na Europa Ocidental depois de 1945 foi o aumento dos direitos sociais a criação de um ESTADO DE BEMESTAR que produziu as maiores mudanças esta belecendo princípios mais coletivistas e iguali tários e políticas que contrabalançavam em certa medida as tendências nãoigualitárias da economia capitalista A situação foi diferente porém na Europa Oriental onde as ditaduras comunistas restringiram gravemente os direitos civis e políticos ao mesmo tempo em que pro porcionavam um âmbito considerável de im portantes direitos sociais Os movimentos de oposição que finalmente provocaram a queda desses regimes na verdade enfatizaram muito fortemente a idéia de cidadania como incorpo rando direitos básicos civis e políticos e tam bém a concepção correlata de uma necessária independência das instituições da SOCIEDADE CIVIL em relação ao estado Outra questão geral diz respeito à relação entre os direitos e deveres dos cidadãos A retomada das idéias de cidadania durante o Renascimento europeu valeuse em grande me dida do exemplo da cidadania romana enfati zando a autodisciplina o patriotismo e a preo cupação com o bem comum e tais concepções patentemente ainda são importantes para o no vo desenvolvimento da cidadania no século XX com o patriotismo possivelmente trans formado na idéia de maior participação popular nos negócios do governo não apenas de uma comunidade nacional mas também de asso ciações regionais mais amplas Uma participa ção desse tipo porém depende de forma crucial do aumento dos direitos sociais para proporcio nar um nível geral suficiente de bemestar eco nômico lazer e educação e sem dúvida tam bém de novas formulações do que venha a ser o bem comum ver ÉTICA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cidadania 73 Leitura sugerida Brubaker W Rogers org 1989 Im migration and the Politics of Citizenship in Europe and North America Ο 1992 Citizenship and Nationhood in France and Germany King D 1987 The New Right Politics Markets and Citizenship Marshall TH e Bottomore Tom 1950 1992 Citizenship and Social Class Turner Bryan S 1986 Citizenship and Capita lism the Debate over Reformism TOM BOTTOMORE ciência filosofia da Ver FILOSOFIA DA CIÊN CIA ciência sociologia da Ver SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA ciência da administração A ciência da administração pode ser definida como a aplicação do método científico e do raciocínio analítico ao processo de tomada de decisões dos execu tivos no controle de sistemas comerciais e in dustriais pelos quais são responsáveis Esses sistemas podem compreender manufaturas es pecíficas operações administrativas ou de ser viços departamentos ou fábricas inteiras ou mesmo empresas completas Uma característica importante dos cientistas da administração é seu esforço para abordar os problemas gerenciais com o mesmo tipo de objetividade que se espera dos cientistas puros em seus estudos dos fenômenos físicos A apli cação de métodos científicos implica a neces sidade da coleta de dados a análise crítica dos indícios reunidos a formulação de hipóteses usadas para a construção de modelos de com portamento dos sistemas que estão sendo exa minados a especificação de critérios para a mensuração de variáveis que afetam o desem penho desses sistemas a criação de projetos experimentais quando apropriada a previsão de resultados futuros e o teste da validade e da solidez dos modelos e hipóteses propostos No contexto da ciência da administração referida comumente pelas iniciais da expressão em in glês management science MS esse processo também implica a recomendação de linhas de ação a serem consideradas pelos executivos para implementação e finalmente a análise do efeito das decisões gerenciais através de men suração e feedback com o fim de modificar e refinar modelos existentes ou substituílos e ajudar a melhorar as futuras tomadas de decisão e o desempenho do sistema É difícil destacar algum dado para a primeira aplicação dessa metodologia no campo geren cial O conselho de Jetro a Moisés de que delegasse autoridade através de uma estrutura hierárquica para tratar de casos que exigiam decisões pode ser citado como um dos primei ríssimos exemplos de aplicação da lógica a problemas administrativos Êxodo 18 Alguns destacam uma investigação feita por Lanches ter publicada em 1916 sobre o efeito das forças militares lançadas em combate como o primei ro exercício de criação de um modelo matemá tico no estudo do esforço de guerra De fato uma vez que problemas de organização es tratégia e logística sempre figuraram de forma proeminente na gestão da guerra é possível defender a tese de que a ciência da adminis tração ainda que não sob esse nome existe há praticamente tanto tempo quanto a humani dade A maior parte dos estudiosos do tema no entanto atribui a ascensão da ciência da admi nistração ao surgimento da Pesquisa Operacio nal em inglês Operational Research OR e a expressão ORMS foi então cunhada para abranger a ambas A OR teve início na Grã Bretanha no final dos anos 30 logo experi mentando rápida expansão durante a Segunda Guerra Mundial tanto na GrãBretanha quanto nos Estados Unidos onde essa atividade é cha mada de Operations Research a fim de ajudar na gestão de operações militares daí o nome Depois da guerra muitos cientistas envolvidos na OR militar voltaram a atenção para suas aplicações no mundo civil e muitos grupos de OR foram formados em departamentos da in dústria e do governo em ambos os lados do Atlântico nos anos 50 e 60 As aplicações industriais da ORMS con centraramse a princípio no controle da produ ção e dos inventários na indústria fabril mas nos últimos 25 anos essas atividades se difun diram abrangendo muitas outras funções em presariais como marketing distribuição finan ças recursos humanos gerência de projetos e qualquer outra atividade que envolva a aloca ção de recursos escassos Atualmente a ORMS já se infiltrou em praticamente todos os setores da indústria e da economia em geral incluindo indústrias de serviços como bancos adminis tração de fundos seguros saúde educação transporte comércio e muitos outros Essencialmente não há diferença entre as definições de OR e MS e as duas expressões desenvolveramse lado a lado através do aci Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 74 ciência filosofia da dente da história A primeira OR Society ORS formouse no Reino Unido em 1950 seguida pela Operations Research Society of America ORSA em 1952 A OR foi então desenvolvi da e testada em muitas universidades primeiro em cursos de pósgraduação tanto como um complemento da engenharia industrial e de ou tras disciplinas acadêmicas quanto como uma disciplina em si mesma levando ao mestrado e em seguida começou a se infiltrar por vários programas de faculdade A natureza altamente matemática da OR acadêmica e o desenvolvi mento de suas técnicas analíticas levaram a que a literatura sobre o assunto fosse dominada por exposições teóricas e muitos temeram que as aplicações e a contribuição potencial da OR para o mundo real na solução de problemas de gerenciamento ficasse assim inibida temor ainda hoje muito difundido É em parte por esse motivo que o Institute of Management Sciences TIMS foi fundado em 1953 na ten tativa de enfatizar a necessidade de aplicação e implementação Seus objetivos declarados são identificar ampliar e unificar o conhecimento científico que contribua para a compreensão e a prática do gerenciamento Na prática porém não há muita distinção entre a ORSA e o TIMS em cujos quadros os nomes dos membros se repetem de forma cons pícua A expressão OR e MS tornouse ampla mente usada para indicar a afinidade e o rela cionamento estreitos ente as duas sociedades e para indicar que ORMS podem ser encarados como rótulos intercambiáveis embora muitos analistas ainda achem que a literatura da OR particularmente nos Estados Unidos continua obcecada com a teoria e que se abriu um abis mo entre a teoria da OR e a prática da MS A literatura e muitos programas acadêmicos em geral destacam certos instrumentos analíti cos que se diz serem marcos da OR tais como a teoria da probabilidade e métodos estatísticos cálculos de variações programações lineares e nãolineares programação dinâmica análises e escalas combinatórias teoria da variação teoria dos jogos análise de redes e técnicas correlatas Os que fazem essas descrições tendem a carac terizar a OR como uma ocupação altamente matemática alguns acadêmicos nos Estados Unidos até apontam que a OR é apenas um ramo da matemática aplicada Esse quadro é uma infeliz distorção da realidade Na prática as técnicas formais desempenham um papel muito pequeno nas investigações de ORMS que por sua natureza têm de começar com problemas reais que exigem soluções e não com um arse nal de ferramentas em busca de situações às quais este possa ser aplicado Até mesmo técni cas como a programação linear e matemática que domina a literatura não podem ser consi deradas em uso comum na economia e na in dústria com a notável exceção das indústrias química e do petróleo e quanto à teoria da variação seus modelos elaborados e complica dos foram em grande parte superados pelo uso da simulação em computador A natureza complexa das empresas indus triais e de negócios que têm de operar debaixo de severa concorrência e sob muitas restrições exige que as decisões gerenciais se apóiem cada vez mais numa análise de informações e numa formulação de estratégia baseada em modelos científicos É aí que a MS com a ajuda do crescimento fenomenal do poder da computa ção em anos recentes tem uma importante con tribuição a dar Ver também DECISÃO TEORIA DA JOGOS TEO RIA DOS COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Leitura sugerida Dennis TL e Dennis LB 1991 Management Science Eilon S 1985 Management Assertions and Aversions Ο 1992 Management Prac tice and Mispractice Hillier FS e Lieberman GJ 1986 Introduction to Operation Research SAMUEL EILON ciência econômica Descrita como uma ci ência social que diz respeito à produção e alo cação de bens de serviço e a seu conseqüente impacto sobre o bemestar material dos seres humanos a economia como era de se esperar de uma definição sucinta é isso e muito mais Além de tudo seus contornos estão em contínua expansão em reação a novas pesquisas e a mudanças em nossos interesses e preocupa ções No século XX o progresso da ciência eco nômica foi fenomenal Ela saiu dos recessos acadêmicos para o mundo das leis dos progra mas e planos de ações nacionais e das organi zações internacionais John Maynard Keynes um dos economistas mais influentes deste século certa vez afirmou que a ciência econômica se tornaria redundante a longo prazo pois resolveria os problemas mais importantes com que se defronta a econo mia Isso não aconteceu seu sucesso não foi tão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciência econômica 75 espetacular assim Houve outros que acharam que a ciência econômica de que curiosamente é sinônimo em inglês the dismal science lite ralmente a ciência desolada iria desaparecer pois seus fracassos seriam marcantes demais Isso tampouco aconteceu Felizmente para a ciência econômica e mais ainda suponho para os economistas o desempenho dessa matéria ficou em algum ponto entre as duas previsões e com a crescente complexidade do mundo crises da dívida internacional uniões monetá rias e muito mais a economia chegou para ficar Ainda há motivos para introspecção e crítica mas os avanços neste século estabelece ram a ciência econômica como uma disciplina indispensável com um imenso atrativo intelec tual As poucas páginas que se seguem percorrem a cronologia da matéria durante o decorrer deste século descrevem as realizações mais impor tantes e tentam demonstrar que o modo margi nalista de análise se encontra no processo de ser substituído pelo que se poderia chamar de aná lise estratégica Este é um terreno difícil por que para a análise marginalista podemos pegar emprestadas técnicas das ciências naturais en quanto que para a análise estratégica não há precursores o recurso da pirataria intelectual infelizmente não está disponível Olhando em retrospecto todos esses anos percebese que uma importante realização da economia foi a sua coerência intelectual inter na Os exercícios de lógica abstrata na teoria econômica e faço uma diferença entre esta e a economia matemática que quase sempre de monstrou a tendência a se atolar em tecni calidades são hoje conduzidos em um nível de excelência comparável ao de qualquer outra disciplina Seus fracassos mais retumbantes têm sido pelo lado prático Antecedentes Na virada do século os economistas haviam herdado uma nova técnica a análise margina lista ver ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA ESCO LA ECONÔMICA MARGINALISTA Para eles a aná lise marginalista logo se tornaria um leitmotiv o marco diferencial entre a economia e sua ancestral a economia política A pedra fun damental do marginalismo foi a obra de entre outros Leon Walras 18341910 Stanley Je vons 183582 e Carl Menger 18401921 Se fosse preciso escolher uma data de fundação para essa nova abordagem que como funda mento da economia neoclássica viria a exer cer uma influência imensa a mais provável seria 19 de fevereiro de 1860 com base em um registro eufórico no diário de Jevons La Nauze 1953 A idéia capital que ocorreu a Jevons foi que o valor de um bem não é o volume de recursos que entra em sua produção O valor é o preço que as pessoas estão dispostas a pagar por ele É claro isso dependeria dos recursos necessários para produzir o bem mas depen deria também da demanda e da utilidade As sim para o mesmo bem digamos camisas de seda o valor cresceria se por algum motivo a oferta caísse ou a moda as favorecesse pois isso garantiria que para os consumidores a utilidade de cada camisa de seda seria maior Isso seria válido mesmo que o conteúdo de recursos de cada camisa de seda permanecesse inalterado Com essa descoberta a pesquisa de Jevons concentrouse um tanto desproporcionalmente na teoria do consumo O cerne dessa teoria era a lei da utilidade marginal decrescente a qual afirma que na medida em que um consumidor obtém cada vez mais de um bem a utilidade extraída da última unidade tornase cada vez menor A lei da utilidade marginal decrescente e sua contrapartida na análise da produção a lei da produtividade marginal decrescente com sua concentração naquilo que acontecesse à utilidade ou output à medida que res pectivamente o consumo ou input sofre um pequeno aumento tornaram a economia extre mamente receptiva ao uso do cálculo e em particular da diferenciação Os físicos já es tavam usando muito o cálculo Isso pareceu extremamente vantajoso e boa parte da teoria econômica inicial cresceu imitando os métodos das ciências físicas Primeiros interesses Tendo a atenção passada para os preços era natural perguntar como se determina o preço Se para cada bem considerado isoladamente a resposta pode ser fácil revelouse que se qui séssemos saber como os preços de todos os bens são determinados em um sistema no qual o desempenho de um bem no mercado influencia o de outro o problema é bem mais difícil e exige métodos muitos diferentes Esse foi o cerne da análise do equilíbrio geral iniciada por Walras A obra de Walras levantava questões suficien Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 76 ciência econômica temente difíceis e importantes para se tornarem um tema da maior relevância na pesquisa du rante o século XX Resumidamente o problema era o seguinte Sabiase há muito tempo que o preço de um bem dependia de sua demanda e oferta Assim se a demanda de gasolina viesse a exceder a oferta era de se esperar que o preço em equilíbrio fosse maior Mas isso pode causar um problema em outro ponto Se o preço da gasolina sobe é natural esperar que a demanda por querosene ou qualquer outro substituto da gasolina au mente Daí é possível que à medida que o preço da gasolina rume para um nível de equi líbrio o mercado do petróleo venha a ser lança do no desequilíbrio Uma configuração de pre ços tal que em todos os mercados a demanda iguale a oferta é conhecida como um equilíbrio geral Mas em que circunstâncias poderá existir um equilíbrio geral Quais são suas proprie dades Essas perguntas foram investigadas por Walras mas as respostas definitivas só foram possíveis já bem avançado o século XX devido à falta de um instrumento matemático o teorema do ponto fixo Os teoremas do ponto fixo de Brouwer e Kakutani que posterior mente se tornariam onipresentes em diversas áreas da economia foram usados por Kenneth Arrow e Gerard Debreu para demonstrar as condições em que o equilíbrio geral existiria ver Debreu 1959 Mas à medida que foi crescendo o refina mento da teoria abstrata o mesmo foi aconte cendo com a ambição do economista de resol ver os problemas do mundo O âmbito da aná lise marginalista para abordar questões práticas de taxação política industrial e propriedade da terra foi destacado nas obras de diversos econo mistas como Alfred Marshall 18421924 e Francis Edgeworth 18451926 Os Princípios de Marshall em particular que foram publica dos em 1890 e tiveram várias edições ver Marshall 1890 aumentaram a confiança dos economistas no confronto com o mundo De fa to Marshall que desprezava abertamente abs trações como a do sistema walsariano estava de forma consciente tentando atrelar a econo mia às necessidades do mundo Mas desavisa damente tendo exibido a força total da análise econômica Marshall estava abrindo uma nova agenda teórica Uma queixa que muitos obser vadores tinham contra a economia neoclássica e que era motivo de certo constrangimento até mesmo entre alguns dos economistas das cor rentes principais era a de que muitos dos seus teoremas dependiam da capacidade de medir numericamente fenômenos que não eram re ceptivos a tais quantificações A utilidade e o bemestar eram candidatos óbvios Mas a quan tificação da utilidade era essencial A resposta acabou sendo não John Hicks 190589 valendose da obra anterior de Vilfredo Pareto 18481923 determinouse a demonstrar que os teoremas da ciência econômica baseavamse em menos pressupostos e portanto eram mais sólidos do que os que surgiam no projeto de Marshall ver Blaug 1962 De fato estabeleceuse uma agenda para basear a economia e não apenas a teoria do consumo em cada vez menos pressupostos As leis da margem estavam sendo substituídas por exigências de convexidade a utilidade car dinal estava sendo deposta pela ordinalidade e finalmente a obra influente de Paul Samuelson levou a própria utilidade a ser substituída pelas relações de preferência e pelos axiomas de con sistência Por volta da mesma época em que tudo isso acontecia ocorria uma revolução mais dramá tica que iria arrancar a ciência econômica de sua quietude para lançála no mundo da política e dos negócios públicos Refirome à obra de John Maynard Keynes 18831946 A revolução keynesiana A obra de Keynes tem sido mais analisada diagnosticada e desenvolvida do que a de qual quer outro economista deste século ver KEYNE SIANISMO Mas ninguém foi capaz de se sair melhor em propagandeála do que o próprio Keynes Utilizando seu brilho literário sua imensa reputação intelectual que já se estabe lecera bem antes do surgimento da Teoria geral e até mesmo certa dose de ofuscação Keynes projetou sua obra econômica bem além da torre de marfim ver BLOOMSBURY GRUPO DE Os tempos o ajudaram No final dos anos 20 es tabeleceuse a Grande Depressão Com a pro dução industrial em processo de estagnação o desemprego subiu muito Em 1931 na Alema nha 5 milhões de pessoas de uma força de trabalho de 21 milhões estavam desemprega das nos Estados Unidos o desemprego era de 25 e esses países não eram exceções Em 1932 o volume de produção industrial dos Es Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciência econômica 77 tados Unidos ficou pouca coisa acima de 50 do nível de 1929 Routh 1975 p2634 A reação inicial do governo a isso foi a mais natural ou seja estimulou as pessoas a poupar como se deve fazer em tempos difíceis e a viver de modo mais frugal Mas segundo Keynes esse era exatamente o oposto da receita certa Se todos economizassem todo mundo ficaria bem pior pois a demanda efetiva na economia iria cair e isso provocaria uma retração da produção total o que por sua vez causaria uma demanda ainda menor e assim por diante Era o paradoxo da parcimônia Significava que a cura do problema estava no fomento à demanda efetiva Algo que o governo poderia conseguir através de um déficit fiscal maior Isso rever tendo o argumento acima provocaria várias rodadas de impactos de crescimento o cha mado efeito multiplicador É verdade que a política certa havia sido posta em prática antes mesmo de a obra econô mica de Keynes ter sido devidamente ingerida Mas diferentemente das políticas ad hoc cria das às pressas por burocratas e políticos Key nes havia fornecido todo um quadro um quadro de intervenção planejada pelo governo para manter o livre mercado em bom funcionamen to A economia de Keynes garantia que não voltaríamos a ter uma depressão tão profunda pelo menos não do mesmo tipo Keynes não era um teórico e acredito sua obra não teria causado um efeito tão grande sobre a teoria se não fosse por alguns de seus posteriores elucidadores A obra mais influente foi um artigo clássico de John Hicks Hicks 1937 Este deu origem às famosas curvas IS LM e através destas à moderna macroecono mia e aos modelos macroeconômicos Estes são hoje em dia um instrumento básico para que a maioria dos governos planeje suas políticas de ação e preveja o futuro Reavaliando a mão invisível A antiga descoberta atribuída a Adam Smith 172390 de que o comportamento individual egoísta agindo através da mão invisível do mecanismo de mercado pode resultar no bem social adquiriu certo significado especial à luz da obra de Keynes Esta era uma análise da falha do mercado algo que a racionalidade in dividual não conseguia impedir O que levou a lei da mão invisível a ser examinada mais mi nuciosamente foram também os recémsurgi dos modelos de competição imperfeita por um lado e a pesquisa sobre as propriedades do equilíbrio geral para o bemestar por outro Em que condições a racionalidade individual pode ria resultar na otimização social Para respon der a esta pergunta os economistas usaram a definição de otimização dada por Pareto ver BEMESTAR TEORIA ECONÔMICA DO e nos deram a relação precisa entre o equilíbrio de mercado livre e a otimização Isso era teoria econômica em sua melhor forma Havia se resumido em dois teoremas claros conhecidos como os teoremas fundamentais da teoria do bemestar uma relação que tinha sido fonte de debates e especulações desde Smith 1776 O primeiro teorema afirmava que dadas certas condições tais como continuidade e nenhuma externali dade um equilíbrio de mercado competitivo seria realmente ótimo dentro dos padrões de Pareto O segundo teorema afirmava que dadas certas condições toda situação ótima dentro dos padrões de Pareto podia ser alcançada como um equilíbrio de mercado competitivo caso se pudesse efetuar uma adequada redis tribuição dos dotes iniciais dos agentes Estes devem ser os teoremas mais erronea mente utilizados na economia Fiéis incuráveis do livre mercado ignoraram a cláusula dadas certas condições e trataram o teorema como um veredicto de intervenção zero Interven cionistas empedernidos viram pouca coisa além dessas condições Na realidade os teoremas demonstravam que as virtudes do mercado não podiam ser nem ignoradas nem dadas como pressupostas Os interesses macroeconômicos de Keynes e alguns autores posteriores e os teoremas mi croeconômicos do equilíbrio geral estavam nu ma rota convergente Era absolutamente inevi tável que essas duas pesquisas se encontrassem e começássemos a estabelecer as bases da ma croeconomia sobre uma microteoria rigorosa Isso aconteceu com maior clareza nos modelos de preço fixo da escola francesa que tenta ram categorizar as descrições da economia key nesiana e clássica com diferentes tipos de equi líbrio de preço fixo e nesse sentido nãowal rasiano Temas convergentes Se é verdade que em todas as matérias os avanços teóricos andam à frente do trabalho empírico na economia isso indubitavelmente Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 78 ciência econômica foi elevado ao nível de uma arte sofisticada Se por um lado era comum a utilização das provas fornecidas pelos fatos e de dados fragmentados por outro a econometria isto é a análise estatís tica sistemática de dados estava ficando para trás Isso não era de surpreender pois alguns dos principais luminares da época incluindo Keynes mostravamse pessimistas quanto ao valor da econometria Mas se a economia queria assumir seu lugar no panteão das disciplinas científicas precisava testar formalmente suas leis Dada a grande importância da econometria nos dias de hoje esse tópico deve ter crescido mais depressa do que todo o resto da ciência econômica A econometria levou a mensagem da econo mia para o mundo exterior Ao lado das análises de inputoutput ela se tornou o principal veícu lo para que as grandes corporações e os gover nos nacionais pudessem prever mudanças nas variáveis e assim planejar suas atividades A econometria precisou encarar importantes de safios intelectuais pois essa era a primeira vez em que métodos estatísticos altamente sofis ticados estavam sendo usados no estudo da sociedade Entre outras coisas isso significava que se quiséssemos saber como x havia in fluenciado y não tínhamos como gerar os dados relevantes através de experiências criadas es pecialmente para essa averiguação Em vez dis so tínhamos de usar os dados que surgissem naturalmente através do tempo e selecionar a relação entre x e y a partir de um emaranhado de indícios disponíveis ver ECONOMETRIA Outro tipo muito diferente de interesse prá tico também surgiu no final dos anos 40 e durante os anos 50 À medida que as nações do Terceiro Mundo foram emergindo das sombras do colonialismo os economistas foram toman do consciência de que uma maioria de seres humanos vivia cronicamente em condições que se as nações industrializadas tivessem de suportálas por uns poucos meses seriam consi deradas como uma crise Condições crônicas não dão notícias nos jornais e portanto têm grandes possibilidades de serem menospreza das Além disso para que cientistas se interes sem por um problema não basta que o proble ma seja sério É essencial que o problema colo que um desafio intelectual Mas o sofrimento de nações na Ásia África América Latina e até mesmo parte da Europa representava efetivamente um quebracabeças Essas nações viviam totalmente recolhidas den tro de suas fronteiras de possibilidade de pro dução isto é dentro do que seria exeqüível da plena utilização de recursos Se o sistema de mercado walrasiano despencou das alturas nos países desenvolvidos nos anos 30 nunca havia sequer chegado a decolar em mais da metade do mundo Por quê Essa pergunta estava no cerne de investigações feitas entre vários ou tros por Ragnar Nurkse 190759 Maurice Dobb e Arthur Lewis 191591 A investigação estabeleceu ligações com ex periências que estavam sendo efetivamente conduzidas e em processo de serem registradas no Terceiro Mundo A Índia iniciara experiên cias com planejamento e Praxanta Mahalano bis 18931972 e outros estavam escrevendo a respeito Na América Latina surgia uma litera tura sobre inflação e termos de troca sendo Raul Prebisch 190186 o principal portavoz para o mundo industrializado Em décadas re centes a economia do desenvolvimento que fora deixada de lado durante o apogeu da revo lução neoclássica era puxada para a corrente principal da pesquisa teórica e econométrica Outra pesquisa convergente que ocorreu nos anos 50 resultou naquilo que é na minha opinião o documento isolado foi publicado como uma pequena brochura mais significati vo que a ciência econômica produziu Teve conseqüências tremendas para os cientistas po líticos os economistas do bemestar e os teóri cos das tomadas de decisões Foi o teorema da impossibilidade de Arrow publicado em 1951 ele deu ensejo a uma enorme literatura e à nova subdisciplina da economia do bemestar ver também ESCOLHA SOCIAL Progressos atuais É perfeitamente plausível dizer que estamos vivendo em meio a uma mudança de paradig mas tão dramática quanto a que ocorreu no final do século XIX Desde o início a análise margi nalista foi alvo de ataques vindos de vários lados Algumas das críticas mais convincentes vieram de economistas marxistas ou neokeyne sianos como Piero Sraffa 18981983 e Joan Robinson 190383 A análise do modo como o resultado da atividade econômica é dis tribuído por exemplo entre empresários senhores de terras e operários sempre foi um ponto fraco da ciência econômica predomi nante e a crítica dita de Cambridge dirigiuse Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciência econômica 79 principalmente contra isso A mensurabilidade do capital como fator de produção foi ques tionada e se fizeram perguntas críticas a res peito dos fundamentos da teoria da produtivi dade marginal O que o trabalho de Sraffa ten tava demonstrar era nas palavras um tanto imo deradas de Joan Robinson 1961 p13 que a teoria da produtividade marginal da distribui ção era uma grande asneira Em resposta a teoria marginalista teve de abandonar algumas de suas pretensões ao realismo mas ao refinar seus teoremas e criar um quadro mais esparso ela saiuse muito bem em termos de consis tência abstrata Em tempos mais recentes porém o margi nalismo vem começando a ceder espaço mas como uma conseqüência do que pode ser me lhor descrito como pesquisa interna Ele está sendo substituído pela análise estratégica ba seado nos métodos da teoria dos jogos ver JOGOS TEORIA DOS Apesar de a teoria dos jo gos terse iniciado nos anos 40 Von Neumann e Morgenstern 1944 seu impacto sobre a eco nomia foi durante muitos anos apenas margi nal Isso tem mudado drasticamente nas duas últimas décadas Mesmo que a teoria pura dos jogos ainda possa cair no abismo entre a elegân cia abstrata da matemática e os interesses prá ticos das ciências sociais o modo de análise da teoria dos jogos continuará conosco por algum tempo Um dos motivos para o longo hiato entre o nascimento da teoria dos jogos e suas apli cações é que a teoria dos jogos extensos isto é que são jogados no decorrer do tempo estava ficando para trás Na teoria da organização industrial em que a aplicação da teoria dos jogos foi mais ampla as interações estratégicas não ocorrem a um piscar de olhos Estes são jogos executados no decorrer de longos pe ríodos de tempo e pode valer apenas para os jogadores sacrificar o lucro imediato em tro ca da reputação Para isso precisamos de jogos extensos Apesar de sua origem remontar à obra de Harold Kuhn no início dos anos 50 foi somente nos anos 60 e 70 que a análise dos jogos extensos emergiu como tema plenamente desenvolvido Existe um risco de que a pesquisa se veja presa no labirinto de descobertas matemáticas e técnicas de menor monta enquanto os grandes problemas conceituais que nos confrontam fi cam à espera Mas essas tendências já surgiram no passado e invariavelmente a longo prazo as obras que trataram de preocupações sociais mais amplas misturando lógica e realismo eco nômico sobreviveram e predominaram Com a ascensão da análise estratégica a economia está armada para fazer reviver algumas das questões de maior importância da economia política que foram levantadas no decorrer de sua longa his tória mas que tiveram de ser abandonadas por falta de instrumentos de análise mais adequa dos As normas sociais e políticas por exemplo desempenham papéis críticos no funcionamen to das economias Mas de onde vêm as normas e como exatamente elas interagem com o nosso funcionamento econômico Encontramonos num estágio em que podemos tentar a sério responder essas questões E isso por sua vez pode enriquecer nossa compreensão do papel do estado da raison dêtre das empresas e da natureza das relações econômicas internacio nais Ver também ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO ECONOMIA NEOCLÁSSICA NOVA ECONOMIA CLÁS SICA EXPECTATIVAS RACIONAIS HIPÓTESE DAS Leitura sugerida Arrow KJ 1951 Social Choice and Individual Values Hicks JR 1939 Value and Capital Keynes JM 1936 The General Theory of Employment Interest and Money Samuelson PA 1947 Foundations of Economic Analysis Schumpe ter JA 1954 A History of Economic Analysis Sraf fa P 1960 Production of Commodities by Means of Commodities KAUSHIK BASU ciência política Esta disciplina dedicase ao estudo dos fenômenos políticos Esses fenôme nos são com freqüência encarados como carac terizando exclusivamente o governo nacional junto com autoridades locais e regionais De fato é aí que a política se torna mais visível Mas na realidade a atividade política é geral Ela ocorre em todas as organizações sejam elas empresas sindicatos igrejas ou organizações sociais A política assim pode ser descrita de várias maneiras como dizendo respeito ao po der lidando com a resolução de conflitos ou fornecendo mecanismos para a tomada de de cisões Na verdade a política abrange todas essas coisas uma vez que é o mecanismo atra vés do qual uma ação coletiva pode ser exercida em qualquer comunidade na medida em que nela não há unanimidade e enquanto a comuni dade continua a existir Se o caráter geral da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 80 ciência política atividade política é hoje amplamente reconhe cido essa atividade ainda é analisada principal mente em relação a organismos públicos em parte por motivos históricos em parte porque a política dentro desses organismos afeta direta mente todos os que vivem em uma dada área em parte porque os organismos públicos e o estado em particular têm formalmente o direi to de controlar a estrutura das outras organi zações existentes dentro de seus limites geográ ficos Alguns encaram o uso da palavra ciência aplicada ao estudo da política como controver so pelo menos se lhe dermos um significado verdadeiramente rigoroso Esse caráter contro vertido originase de diferenças profundas entre os eruditos a respeito tanto da natureza dos fenômenos políticos quanto da capacidade dos observadores de analisarem esses fenômenos objetivamente Essas diferenças também se refletem na distinção aguda geralmente feita pelos próprios cientistas políticos entre a ciên cia como tal e um ramo da TEORIA POLÍTICA que é próximo da filosofia política e é normativo se a ciência política é o estudo de fenômenos políticos a teoria política normativa diz res peito às características dos valores políticos Apesar de uma genealogia muito antiga a ciência política tal como é hoje conhecida só se desenvolveu recentemente Em parte como conseqüência disso a profissão de cientista po lítico ainda tem muito poucos praticantes es pecialmente fora dos Estados Unidos Todos concordam em que o estudo da política remonta aos gregos sendo Platão e Aristóteles os cria dores da disciplina O contraste entre as abor dagens desses dois autores efetivamente ilustra a idéia de que a linha divisória entre uma ênfase na observação dos fenômenos e uma ênfase na análise dos valores sempre existiu desde o começo No entanto o desenvolvimento da ciência política através da Idade Média do Renascimento e do período moderno foi na melhor das hipóteses muito desigual Houve vários autores brilhantes basicamente Ma quiavel Bodin Hobbes Locke Montesquieu Rousseau e Tocqueville cujo interesse pela vi da política tal como ela efetivamente ocorre era amplo em parte porque queriam melhorar um status quo que achavam altamente insatisfató rio Mas se por um lado esses autores exerceram grande influência por outro não desenvolve ram um ramo acadêmico de aprendizado que pudesse ser encarado como ciência mesmo em estado embrionário A ciência política portanto só surgiu como disciplina depois da primeira metade do século XIX No entanto mesmo então e durante várias décadas o crescimento da disciplina permane ceu lento Direito constitucional filosofia polí tica e história política tomaram parte de forma variada nesse crescimento com a filosofia e a história desempenhando um papel de relevo na GrãBretanha enquanto a filosofia e até mesmo o direito tiveram um papel mais importante no continente europeu Na verdade perto do final do século XX a ciência política ainda não ad quiriu um status totalmente independente em muitas partes do mundo Na realidade somente nos Estados Unidos bem como talvez na Es candinávia e em algum países da Comunidade Britânica a ciência política pode ser encarada como tendo se tornado verdadeiramente ins tituída Essa falta de autonomia disciplinar afetou o desenvolvimento da ciência política Também exerceu efeito sobre a natureza e a vitalidade da teoria política especialmente sobre seus as pectos nãonormativos Como em todas as dis ciplinas a ciência política precisa desenvolver uma teoria caso deseje compreender os fenô menos que observa Reconhecidamente já se destacou que alguns acreditam ser impossível uma teoria autenticamente científica da políti ca dada a natureza do comportamento humano tanto individualmente quanto em grupos Os motivos para tal ponto de vista vão desde a visão de que as ações humanas são basicamente imprevisíveis até a idéia de que as situações políticas são demasiado complexas para que alguma análise científica seja capaz de desco brir quanto mais de medir todas as variáveis envolvidas no processo Já se afirmou ainda que as idiossincrasias dos observadores são inevitá veis e que o que passa por observação é em geral apenas um reflexo dessas mesmas idios sincrasias Se esses pontos de vista inegavelmente são em parte corretos há também uma necessidade de compreender melhor a política e especial mente de descobrir amplas regularidades mes mo que estas acabem não constituindo leis verdadeiramente científicas Para dar apenas alguns exemplos houve grande interesse em se examinar o relacionamento entre sistemas elei torais e sistemas partidários ou as condições Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciência política 81 sócioeconômicas sob as quais a democracia liberal tem probabilidades de surgir e se es tabilizar ou que sistema parlamentar ou presi dencial tem probabilidades de resultar em um governo mais eficaz As regularidades que po dem ser descobertas dessa maneira precisam basearse em e ser guiadas por uma teoria que possa explicar essas tendências tão amplas Um movimento nesse sentido começou de fato a ocorrer nos anos 50 Numa primeira fase o objetivo era excessivamente ambicioso achouse que era possível descobrir modelos gerais verdadeiramente explanatórios Esses modelos eram retirados basicamente da filoso fia da história ou da sociologia ver SOCIOLOGIA POLÍTICA como foi o caso de dois dos mais bemsucedidos dentre eles o MARXISMO e o FUNCIONALISMO Houve posteriormente uma mudança de ênfase para abordagens mais próxi mas das que predominavam na economia tais como a escolha racional ver ESCOLHA RACIO NAL TEORIA DA De maneira geral os esforços feitos nesse nível de generalidade forneceram quadros de análise mais do que autênticas ex plicações das características da vida política Não obstante constituíram um estímulo ao aju darem a estruturar a pesquisa Enquanto isso o debate sobre a viabilidade de uma ciência da política continuou apesar desses modelos gerais e em certo sentido por causa deles pois bem no fundo a origem desse debate pode ser encontrada no papel de sempenhado pelos acidentes históricos e pelo contexto idiossincrásico em que os fenômenos políticos geralmente ocorrem Dois campos ou pelo menos duas tendências dividem inevita velmente os cientistas políticos Os que acham que os acidentes e idiossincrasias desempe nham um papel realmente importante na vida política tenderam a recuar das generalizações amplas e a sustentar que o estudo da política devia proporcionar lições em vez de tentar dar explicações científicas Um dos motivos pelos quais tal debate pro vavelmente deverá continuar sem sequer abran darse é que a vida política e em particular a vida política no plano dos responsáveis pelas tomadas de decisão nacionais é formada mar cantemente pela CULTURA POLÍTICA dos países e em muitos casos até das regiões As tradições políticas e sociais são os mecanismos pelos quais as especificidades históricas desempe nham seu papel Outro motivo que também joga em favor de se enfatizar o papel dos acidentes é a parte destacada que alguns grandes líderes políticos parecem ter na formação do destino de seus países É claro nem tudo é acidente no contexto da LIDERANÇA É possível descobrir regularidades por exemplo na formação ou no desenvolvimento da carreira dos que estão no alto sejam ministros de governo líderes de partidos ou funcionários públicos de alta hierar quia Mas o modo como esses homens e mu lheres têm probabilidade de se comportar de penderá de outros fatores além dessas caracte rísticas e de outros fatores além do ambiente político a personalidade também desempenha um papel e a personalidade é antes de qualquer outra coisa uma característica individual Al gumas pessoas tendem a minimizar o papel dos líderes existe de fato um grande debate a esse respeito mas a maior parte dos cientistas políticos acha difícil e em casos extremos impossível negar que os líderes fazem diferen ça Pois nesse caso terão ao mesmo tempo de negar qualquer tipo de influência a um dos elementos mais visíveis da vida política e as sim reduzir marcadamente o papel dos fatores políticos Generalizações em ampla escala po dem portanto levar a armadilhas muito prova velmente deixarão inexplicada grande parte da realidade concreta É preciso portanto que às generalizações se combine o reconhecimento da importância do contexto particular e dos que desempenham papéis particulares Esse talvez seja o problema mais difícil e o maior de todos os desafios com que se defrontam os cientistas políticos mais do que os cientistas sociais eles precisam combinar o geral com o particular Semelhante situação naturalmente afeta a metodologia da ciência política os cientistas políticos têm de usar grande variedade de ins trumentos e técnicas se quiserem obter alguma compreensão da realidade Não existe nenhuma metodologia isolada nenhuma metodologia comum Os que se ocupam com o estudo da liderança devem coletar indícios à maneira dos historiadores isto é principalmente a partir de documentos embora entrevistas também desempenhem um papel importante e crescen te A análise intensiva de eventos importantes por exemplo decisões de grande significado em questões domésticas ou internacionais também precisa basearse em documentos e entrevistas ainda que os esforços se encamin hem geralmente para a realização de análises Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 82 ciência política dentro de um quadro estruturado Por outro lado quando se examinam acontecimentos que se repetem com regularidade como no caso da análise das carreiras de políticos ou quando está em pauta o comportamento de grande número de indivíduos como nos estudos eleitorais as técnicas quantitativas não apenas são mais ade quadas como precisam ser usadas caso se deseje descobrir tendências gerais e identificar asso ciações entre variáveis Na verdade os estudos dos processos de tomada de decisão vêm cada vez mais se baseando também em modelos matemáticos formais especialmente os desen volvidos em tempos relativamente recentes tais como a teoria dos jogos Ver JOGOS TEORIA DOS Por fim os argumentos diretos empres tados do direito e da filosofia prevalecem nos aspectos da ciência política que se ocupam basicamente das disposições constitucionais e administrativas bem como na teoria política normativa e em grande parte da analítica A ciência política assim apresenta grande diversidade Não é um ramo do saber verdadei ramente unido Conforme vimos nunca o foi Isso não constitui necessariamente uma desvan tagem Nem essa característica é exclusiva da ciência política outros ramos do saber não parecem mais unidos de forma apreciável Co mo resultado dessas divisões atualmente é pos sível encontrar não apenas a velha distinção entre o estudo de valores e as investigações empíricas mas cinco aspectos de estudos em píricos que se tornaram campos de investigação cada vez mais distintos o estudo do governo stricto sensu da administração pública das re lações internacionais e mais recentemente do comportamento político e da análise de políti cas públicas O estudo do governo é o ramo mais antigo do estudo empírico da política Em sua forma moderna está em geral intimamente ligado ao direito constitucional em alguns países origi nouse dele em particular no continente euro peu Ocupase com o estudo das instituições e procedimentos que caracterizam os sistemas políticos através do mundo as instituições e procedimentos que estão sendo estudados po dem ser constitucionalmente estabelecidos co mo legislaturas ou poderes executivos ou sur gir de facto partidos políticos por exemplo O estudo do governo também se ocupa na ver dade cada vez mais com o estudo de padrões comportamentais e especialmente em saber de que modo e até que ponto instituições e pro cedimentos influenciam o comportamento Do ponto de vista geográfico muitos estudos do governo estão se concentrando em uma ins tituição ou em um país as observações feitas anteriormente a respeito do caráter idiossin crásico de cada sistema político são válidas aqui e em geral são vigorosamente propostas por especialistas de áreas particulares No entan to existem também e cada vez mais estudos transnacionais ou envolvendo os governos de uma região como a Europa ou abrangendo governos em diferentes regiões industrializa das e em desenvolvimento ou tentando ser autenticamente gerais Esse ramo da disciplina conhecido como governo comparativo é por tanto um elemento central no estudo da política A administração pública analisa a estrutura e as características dos organismos públicos bem como as condições de emprego dos que dirigem esses organismos De essencialmente descritiva na GrãBretanha e nos Estados Uni dos ou preocupada com disposições legais no continente europeu ela passou a se dedicar basicamente à análise dos tipos de relaciona mentos que surgem dentro e entre organismos públicos bem como entre esses organis mos e o público A administração pública as sim esforçase por descobrir as condições am plas em que são tomadas as decisões públicas Tenta determinar quais dessas condições são as mais eficazes e mais eficientes na obtenção de objetivos particulares Com a expansão do setor público a crescente variedade de organismos pú blicos bem como a tendência a uma redução na diferenciação entre organizações públicas e pri vadas a especificidade da administração públi ca diminuiu e esse ramo da disciplina se aproxi mou do estado das organizações e pode até ser encarado por alguns como parte dele que é um ramo bastante ativo da SOCIOLOGIA Os estudos de RELAÇÕES INTERNACIONAIS também têm mudado de forma marcante dei xando de ser um ramo totalmente distinto da história para se tornar um setor da ciência polí tica Isso ocorre em parte devido ao reco nhecimento de que seu interesse maior é pela política entre nações e em parte porque a dife rença entre assuntos internos de estado e re lações entre estados se tornou menos pronun ciada Em resultado do número e variedade crescentes de tipos de associações entre estados e do crescimento de organizações internacio Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciência política 83 nais nãogovernamentais as questões interna cionais e nacionais têm tendido a estar quase sempre ligadas Enquanto isso em nível mais teórico os estudiosos das relações internacio nais têm buscado modelos gerais para estruturar suas análises Isso também trouxe esse campo de estudos mais para perto do que se pode encarar como a corrente dominante da ciência política Apesar de esses modelos gerais não terem conseguido até agora fornecer mais que uma orientação em termos amplos têm tendido a apontar quadros de análise como ocorre em outro aspectos da ciência política Conseqüente mente também como em outros ramos da ciência política o debate entre o papel dos fatores es truturais e o papel do contexto específico de de terminados eventos continua acirrado Os dois últimos subsetores importantes da análise política empírica desenvolveramse mais recentemente pelo menos como ramos plenamente florescentes da disciplina O estudo do comportamento político é em muitos senti dos um subproduto da erupção da política de massa na sociedade moderna em particular no Ocidente Tem havido naturalmente um interes se crescente em compreender as bases sobre as quais as pessoas fazem suas escolhas políticas acima de tudo no contexto de eleições Esse tipo de investigação precisa valerse de abordagens e métodos diferentes dos convencionalmente adotados no estudo do governo ou da adminis tração pública A sociologia e a psicologia têm dado uma ajuda marcante ao desenvolvimento das análises de comportamento político ao for necer a conceitualização e as técnicas enquanto a economia mais recentemente também tem desempenhado um papel significativo na ava liação das escolhas eleitorais Nesse meio tem po os estudos do comportamento político am pliaramse para a análise das elites em particu lar com respeito a membros de partidos legis ladores e funcionários públicos O objetivo é descobrir as motivações dos que pertencem a esses grupos e ver como tais motivações se traduzem em comportamento O estudo de análise de políticas públicas é o mais recente subsetor da ciência política Tem origem na administração pública mas dela di fere de um modelo que não é totalmente diverso daquele com que os estudos do comportamento político tiveram origem e se mostrou diferente também do estudo do governo A análise de políticas públicas diz respeito ao modo pelo qual o comportamento dos agentes políticos pode afetar as decisões enquanto a adminis tração pública diz respeito basicamente às es truturas e aos efeitos dessas estruturas Esse ramo de estudos surgiu porque os especialistas queriam compreender melhor como as decisões eram tomadas em termos concretos em parti cular até que ponto elas eram e na verdade poderiam ser tomadas racionalmente As sim a origem da análise de política pública pode ser encontrada na descrição de casos es pecíficos Ela passou rapidamente a um segun do estágio mais sistemático contudo no qual recebeu a ajuda decisiva do desenvolvimento de inúmeros instrumentos matemáticos tirados especialmente da ciência econômica Esses ins trumentos tornaram possível seguir as ramifi cações das decisões e classificar os tipos de resultados Dada a complexidade das decisões públicas nos níveis nacionais e até mesmo sub nacionais o estudo da formulação de políticas públicas é encarado por muitos como de impor tância capital para os responsáveis pelas toma das de decisão na medida em que os ajuda a analisar melhor os problemas com os quais se defrontam Com a ciência política passando assim por uma expansão de vulto no decorrer das últimas décadas do século XX sua influência natural mente tem crescido de forma apreciável Ela ainda tem dificuldades importantes na previsão de resultados sejam resultados de eleições ou de problemas de decisão de alto nível mas outras ciências sociais também passam por di ficuldades para fazer previsões precisas Ao mesmo tempo a necessidade de se dedicar a um estudo sistemático das tendências políticas e assim compreender os acontecimentos políti cos é algo cada vez mais reconhecido tanto pelo público em geral quanto pelos próprios res ponsáveis pelas tomadas de decisão sejam es tes políticos ou funcionários públicos de car reira Talvez seja natural que estes últimos em geral se tenham mostrado relutantes em dar grande importância à análise das estruturas em que operam bem como ao estudo de seu próprio comportamento dentro dessas organizações No entanto esses sentimentos estão sendo gra dualmente superados à medida que padrões de vida política vão sendo identificados com mais precisão em vários níveis Dessa forma a ciên cia política preenche uma função essencial que é a de ajudar os cidadãos a adquirir melhor Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 84 ciência política compreensão dos fenômenos políticos e assim exercerem maior influência sobre sua comuni dade e sobre a sociedade como um todo Leitura sugerida Almond GA e Powell GB 1976 Comparative Politics Barry B 1965 Political Argu ment Blondel J 1981 The Discipline of Politics Dahl RA 1963 Modern Political Analysis Downs A 1957 An Economic Theory of Democracy Easton D 1953 The Political System Harrop M e Miller WL 1987 Elections and Voters Inglehart RF 1977 The Silent Revolution Morgenthau HJ 1968 Poli tics among Nations Simon HA 1947 Adminis trative Behavior J BLONDEL ciências cognitivas Uma investigação re cémformada e interdisciplinar da cognição e do conhecimento esta área da ciência valese principalmente da psicologia cognitiva da in teligência artificial da filosofia da mente da lingüística e da neurociência O computador desempenha um papel vital e duplo nesse empreendimento Por um lado a crença de que a cognição tem um caráter de computação de processamento de informação comportando semelhanças importantes com as atividades de um computador constitui o centro conceitual da ciência cognitiva Por outro lado a criação e o estudo de programas de computa dor visando servir como modelos funcionais de processos cognitivos fornece um método cru cial de investigação A influência e o caráter da perspectiva com putacional da mente podem ser vistos na termi nologia de algoritmos dado informa ção mecanismos módulos processos representações sintaxe e assim por diante que permeia a literatura da ciência cognitiva A abordagem computacional da cognição surgiu em meados dos anos 50 o Harvard Cen ter for Cognitive Studies foi inaugurado em 1960 o periódico Cognitive Science surgiu em 1977 e a Cognitive Science Society foi fundada em 1979 Os anos 80 viram cursos universitá rios de ciência cognitiva surgirem nos Estados Unidos e na Europa e entre muitas publicações uma história completa do campo em Gardner 1985 o primeiro manual de estudos em Stil lings et al 1987 uma introdução para os leigos em JohnsonLaird 1988 e uma im portante coletânea de dissertações em Posner 1989 A variedade do trabalho feito nesse campo é considerável mas grande parte dele se encaixa em dois paradigmas gerais Durante a primeira fase de desenvolvimento o paradigma predomi nante foi uma visão simbólicoprocessadora da mente que passou a ser conhecida como a hipótese do sistema de símbolos físicos Ne well e Simon 1976 ou cognitivismo clás sico Clark 1989 Segundo esse ponto de vista a cognição consiste na manipulação por algoritmos ou regras de dados que são simbó licos explícitos precisos estáticos e de caráter passivo Um paradigma alternativo conexionista surgiu originalmente do trabalho com simu lações computadorizadas de redes neurais O conhecimento de uma rede de conexões de um computador consiste não em dados simbó licos e instruções para sua manipulação mas no padrão dos valores de ativação das unidades individuais que formam a rede e nos pesos ou forças de conexão entre elas Acreditase que as capacidades dessas redes para o aprendizado a degradação decorosa degradação gradual no desempenho dado um input impreciso a ge neralização e a complementação de informa ções parciais indiquem fidelidade ao processo cognitivo natural Rumelhart e McClelland et al 1986 Smolensky 1988 Clark 1989 A visão correlata da cognição é a de uma atividade nãobaseada em regras na qual os dados são representados de modo dinâmico e em alguns casos distribuído implícito e impreciso É re levante também que a implementação de uma rede conexionista com hardware corra parale lamente e com isso se acredita que reproduza a atividade do cérebro melhor do que a habitual arquitetura computadorizada seqüencial de von Neumann As diferenças e oposições entre essas duas abordagens gerais da construção de modelos cognitivos podem porém ser exageradas e alguns trabalhos recentes têm afirmado que elas são na verdade complementares e têm tentado combinálas em sistemas híbridos Na filosofia da mente vem sendo dada uma atenção considerável à plausibilidade da visão computacional da mente e a tópicos correlatos tais como a hipótese da linguagem do pensa mento a etnopsicologia e a resposta fun cionalista ao problema mentecorpo Lycan 1990 Said et al 1990 Em sua breve história a nova ciência da mente produziu um conjunto de obras subs tantivo e além disso uma intensa interação entre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciências cognitivas 85 suas disciplinas componentes A ciência cogni tiva no momento tem um caráter distintamente mecanicista e racionalista Winograd e Flo res 1986 e não está interessada basicamente em fatores como subjetividade sentimento ou cultura Não obstante a atribuição de uma na tureza computacional particular a alguns as pectos da mente não implica que toda atividade mental seja desse tipo e o futuro da ciência cognitiva pode vir a confirmar uma pluralidade de abordagens das muitas mansões da mente Ver também INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL LIN GÜÍSTICA Leitura sugerida Clark A 1989 Microcognition Philosophy Cognitive Science and Parallel Dis tributed Processing Gardner H 1985 The Minds New Science JohnsonLaird PN 1988 The Compu ter and the Mind Posner M 1989 Foundations of Cognitive Science Rumelhart DE McClelland JL e PDP Research Group 1986 Parallel Distributed Processing Explorations in the Microstructure of Cog nition 2 vols Smolensky P 1988 On the proper treatment of connectionism Behavioural and Brain Sciences 11 174 Stillings NA et al 1987 Cogni tive Science an Introduction DONALD PETERSON ciência social filosofia da Ver FILOSOFIA DA CIÊNCIA SOCIAL cientificismo Desde o surgimento da ciência moderna nos séculos XVI e XVII seus defen sores têm reivindicado um status especialmente autorizado para os seus julgamentos e um resul tado universalmente benéfico para suas apli cações técnicas potenciais Uma primeira ex pressão desse entusiasmado otimismo quanto à ciência foi um texto utópico de Francis Bacon The New Atlantis A posterior integração da ciência com o desenvolvimento da tecnologia industrial e militar levou a sucessivas ondas de hostilidade desiludida em que a visão científica da natureza era desacreditada como empobre cida e seu projeto prático denunciado como uma busca de domínio exploradora destrutiva e autofrustrante A palavra cientificismo faz parte do arse nal verbal dos herdeiros modernos dessa crítica da ciência mas não lhes é exclusiva Em seu uso mais difundido a palavra reprova qualquer ampliação da ciência ou do método científico além do seu âmbito científico Mas exatamente o que constitui esse âmbito legítimo é evi dentemente uma questão controvertida ao ex tremo Para alguns a ciência ocidental como um todo é profundamente suspeita incorporan do uma forma de racionalidade e uma orienta ção com relação à natureza que são intrinseca mente destrutivas e opressivas com respeito a suas vítimas tanto naturais quanto humanas Por esse ponto de vista os padrões predominantes de opressão social e cultural estão enraizados num projeto de dominação da natureza que é implícito à própria racionalidade da ciência Uma outra abordagem característica dos auto res neomarxistas da ESCOLA DE FRANKFURT de Teoria Crítica reconhece uma esfera de aplica ção legítima para os métodos empíricoanalíti cos da ciência mas denuncia como cientificis mo as tentativas de subordinar disciplinas tais como a psicologia a sociologia e a análise cultural a esse regime metodológico A perti nência política mais ampla dessa crítica ao cientificismo deriva da visão também am plamente compartilhada pelos Teóricos Críti cos de que as formas da razão ligadas à ciência e a autoridade cognitiva a ela conferida trans formaramse nas fontes básicas de legitimidade nas sociedades industriais modernas O apelo à especialização e a representação cientificista de tópicos morais e políticos inerentemente con trovertidos como questões de cálculo técnico estão associados a uma esfera pública cada vez mais estreita e à redução da participação demo crática Ao mesmo tempo a capacidade técnica das sociedades industriais modernas de cum prir suas promessas e manipular os desejos dos consumidores de massa tende a tornar toda e qualquer oposição aparentemente irracional e sem valor A oposição à ciência como forma intrinse camente totalitária de domínio social é também um tema difundido no pensamento pósestrutu ralista em especial na obra de Foucault que liga a formação das ciências humanas a formas caracteristicamente modernas de poder social em instituições tais como a prisão o asilo e o hospital É plausível dizer que as críticas ao cientificismo montadas tanto por Foucault quanto pelos Teóricos Críticos não conseguem diferenciar entre a ciência por um lado e os projetos utópicos ou distópicos de seus pro pagandistas por outro Se a ciência é emprega da de modo predominantemente opressivo e destrutivo isso pode deverse ao fato de ser ela empregada em uma sociedade que é ela sim opressiva e destrutiva Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 86 ciência social filosofia da Ver também REVOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNO LÓGICA TED BENTON científicotecnológica revolução Ver RE VOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA cinema Este termo referese às tecnologias e práticas institucionalizadas através das quais os filmes e especialmente os filmes narrativos ficcionais são produzidos distribuídos exibi dos e consumidos Embora as técnicas capazes de produzir a ilusão da imagem em movimento sejam há muito conhecidas o cinema como tal só começa a existir no apagar das luzes do século XIX Thomas Edison registrou patentes do Kinetograpf e do Kinetoscope em 1891 e foi em meados da década de 1890 que companhias como a Mutoscope nos Estados Unidos e Ir mãos Lumière na França começaram a exibir filmes para platéias em teatros de vaudeville e outros espaços públicos Nos primeiros anos do novo século o cinema começou a surgir como veículo de massa nos Estados Unidos onde lojas transformadas em salas de exibição os nickelodeons propor cionavam divertimento barato para uma platéia proletária urbana e em grande parte composta de imigrantes Em 1908 dez dos principais pro dutores de filmes e fabricantes de câmaras e projetores formaram um cartel a Motion Pic ture Patents Company a fim de arrancar lu cro da jovem indústria através da exploração de suas patentes de tecnologias das câmaras matrizes e projetores Conseguiram convencer banqueiros a investir no cinema e a criar um mercado nacional de distribuição Não obs tante não conseguiram fazer frente ao desafio de produtores independentes que longe da base novaiorquina do truste estavam fazendo fil mes nos arredores de Los Angeles especial mente em Hollywood Esses produtores os arquitetos do sistema de estúdio aproveitaram as vantagens da Cos ta Oeste terra barata clima ameno paisagens temperadas para serem usadas como locações e mãodeobra nãosindicalizada Em vez de ven der filmes a metro ofereciam para aluguel nar rativas mais longas apresentando figuras fic cionais familiares e depois cada vez mais as tros famosos como intérpretes Também conse guiram o controle da distribuição de filmes no âmbito doméstico e graças à devastação da indústria européia pela Primeira Guerra Mun dial global Foi também durante a segunda década do século que se estabeleceram as normas do estilo clássico de Hollywood Desenvolveramse téc nicas para reproduzir as convenções de motiva ção de personagens e desenvolvimento nar rativo familiares em função de formas popu lares existentes Montagem iluminação en quadramento de planos e uso de closeups tudo isso foi utilizado a fim de produzir uma história coerente e plausível para o espectador uma ilusão de ações desenrolandose dentro de um espaço unificado no decorrer de um tempo con tínuo Esse estilo de realização cinematográfica prestavase à eficiência industrial com um pro dutor supervisionando a utilização mais econô mica da mãodeobra dos estúdios de filmagem e do equipamento em diversos filmes ao mesmo tempo Esse sistema taylorista de trabalho foi pouco afetado pelo advento do som e do diálogo gravados no final dos anos 20 A essa altura os cinco principais estúdios de Hollywood Para mount MGM Fox Warner Bros e RKO já haviam alcançado um grau extraordinário de integração vertical da produção distribuição e exibição Este só foi rompido ao menos parcial mente pelo impacto conjunto da legislação an titruste e do surgimento da televisão depois da Segunda Guerra Mundial A partir de então Hollywood conheceu um crescimento econô mico extraordinário Para competir com a he gemonia global de Hollywood outras indús trias cinematográficas tiveram ou de imitar sua produção ou de oferecer gêneros e estilos alter nativosO expressionismo de diretores como Fritz Lang Georg Wilhelm Pabst e Friedrich Murnau nos anos 20 foi em parte uma tentativa dos estúdios alemães de abrir uma brecha no mercado internacional E mesmo quando Ser gei Eisenstein Lev Kuleshov e Dziga Vertov estavam realizando suas inovações radicais a grande maioria dos filmes efetivamente exibi dos na União Soviética era importada de Hol lywood Ainda assim a idéia de um cinema nacional a voz autêntica através da qual um país supostamente se exprime sempre teve um significado cultural maior do que o sucesso marginal de bilheteria dos filmes produzidos indicaria Entre outros exemplos poderiam in cluirse o movimento britânico de documentá rios nos anos 30 o cinema neorealista que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cinema 87 tentou articular uma nova identidade italiana na esteira do fascismo e da derrota e cada vez mais nos anos recentes uma variedade de ci nemas do Terceiro Mundo Ver também SOCIO LOGIA DA ARTE Sempre houve formas de reali zação cinematográfica menos preocupadas com a popularidade de bilheteria do que com o potencial do filme como meio de experiência de vanguarda ou como ferramenta de política radical As teorias sobre as possibilidades estéticas do cinema e suas funções sociais começaram a surgir umas duas décadas depois da primeira exibição comercial de um filme Em 1916 por exemplo o poeta Vachel Lindsay propôs uma sociologia whitmaniana do cinema como um elemento de uma emergente democracia hie roglífica norteamericana e um filósofo de Harvard Hugo Münsterberg propôs a primeira explicação da dinâmica mental do espectador no ato de assistir ao filme Desde então teóricos tentam definir a natureza ímpar do cinema co mo meio estético e também especificar suas funções sociais concretas e potenciais Com freqüência os dois aspectos estão ligados como nos teóricos e cineastas soviéticos dos anos 20 Contra as teorias de Eisenstein que definiam a montagem como a chave da experiência cine matográfica André Bazin construiu uma anto logia do cinema altamente influente Ele afir mava que o filme é ou deveria ser acima de tudo uma arte da realidade um meio com capa cidade única de reproduzir a experiência de uma realidade inerentemente ambígua Nos anos 60 e 70 o cinema tornouse o foco de um conjunto extremamente animado de de bates que se apoiavam na SEMIÓTICA no es truturalismo e no pósestruturalismo no mar xismo authusseriano e na psicanálise lacaniana O cinema foi teorizado como um aparato isto é como tecnologia usada para fins culturais e ideológicos e ao mesmo tempo como uma disposição específica de técnicas semióticas que apelam à dinâmica do desejo e da fantasia A platéia cinematográfica era encarada tanto como determinante quanto como conseqüência desse aparato Téoricos como JeanLouis Co molli JeanLouis Baudray Christian Metz Ste phen Heath e Laura Mulvey tentaram demons trar de que modo os códigos simbólicos do cinema predominante simultaneamente acio nam e disfarçam estratégias de manipulação da mente do espectador As técnicas de narrativa invisíveis de Hollywood afirmavam ofere ciam ao espectador uma posição de coerência e onipotência imaginárias a ilusão de uma sub jetividade unificada transcendental É por isso que o cinema pode ser encarado como um pa radigma para os mecanismos da IDEOLOGIA par ticularmente quando se relacionam a questões de identificação e diferenciação sexual Esse modelo desde então vem sendo contestado com base tanto histórica quanto teórica Não obstante ele conseguiu identificar com sucesso a importância dual do cinema É uma indústria global imensamente importante Acima de tu do porém através da disseminação em massa de roteiros fantasiosos o cinema tem sido o arquiteto decisivo do imaginário popular no século XX Ver também CULTURA DE MASSA COMUNICA ÇÃO DE MASSA Leitura sugerida Andrew JD 1976 The Major Film Theories Bordwell D Staiger J e Thompson K 1985 The Classical Hollywood Cinema Hansen M 1991 Babel and Babylon Spectatorship in American Silent Film Penley C org 1988 Feminism and Film Theory Rosen P org 1986 Narrative Apparatus Ideology Sitney PA 1974 Visionary Film the Ame rican AvantGarde Film JAMES DONALD civil sociedade Ver SOCIEDADE CIVIL civilização Do latim civis cidade a palavra civilização diz respeito explicitamente à CULTU RA das cidades algo que Karl Marx nos lembrou ao afirmar que a sede da civilização antiga era a cidade Grundrisse 185758 e que o que Aris tóteles queria dizer com zoon politikon era sim plesmente que o homem é um habitante das cidades O capital vol1 Max Weber seguin do a percepção de Marx analisou a cidade sob quatro aspectos a cidade como uma entidade ou local geográfico ou espacial a cidade como mercado ou cidade mercantil para produtores a cidade fortificada e a cidade consumidora que se mantém à custa da corte A antiga cidade grega do soldado hoplita caracterizavase por direitos civis conferidos como o quid pro quo para o serviço militar mas a cidade medieval desfrutou dos direitos de autoregulamentação municipal e comercial precisamente em virtude da isenção do serviço militar Weber 19212 capThe city A civilização antiga literalmente controlava o interior a partir da cidade As cidades antigas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 88 civil sociedade da Mesopotâmia por exemplo chegavam a incluir campos e plantações de tâmaras que eram cultivados por empresários urbanos com capital de risco e escravos dentro dos muros da cidade motivo pelo qual eram tão extensos Essa situação só se reverteria na Idade Média européia quando como nos conta Max Weber a sede da propriedade fundiária coincidia com o locus do poder no campo e as cidades existiam principalmente como mercados para a troca do excedente produzido pelos nobres em suas imensas propriedades A distinção feita por Weber entre a economia antiga e o modo burguês de produção tal como a feita por Marx apóiase portanto em uma distinção tanto regional quanto cronológica en tre as culturas urbanas densamente populosas empresariais litorais ou ribeirinhas da bacia do Mediterrâneo e a vida agrária descentralizada das tribos germânicas e célticas organizadas em famílias patriarcais A primeira era uma civilização com base na cidade política no sentido literal da palavra pois fundamentada na pólis ou cidade A segunda econômica no sen tido literal de oikos ou família a economia de núcleos familiares amplos A distinção webe riana entre homem econômico e político feita dessa maneira é assumida pela filósofa políti ca Hannah Arendt que compara desfavoravel mente a sociedade moderna baseada na econo mia de gerenciamento doméstico generalizado com o ideal do cidadão clássico e por Gunnar Myrdal 1953 que fez um estudo do desenvol vimento dessa forma moderna de economia Na Alemanha a partir do final do século XIX floresceu uma tradição de crítica pósmo derna incluindo obras sobre a decadência do Ocidente de Oswald Spengler que teve um equivalente britânico em Arnold Toynbee e mais tarde membros da Escola de Frankfurt especialmente Theodor Adorno Max Hork heimer e Herbert Marcuse O malestar na ci vilização 1930 de Sigmund Freud também pode ser lido de modo mais preciso como uma obra sobre a cultura ou civilização urbana no sentido literal sendo sua a idéia de que a civi lização vive da repressão canalizando a energia sexual sublimada para projetos culturais tal como atestam os grandes monumentos artís ticos e as culturas requintadamente construídas da cidade antiga e moderna Em alguns as pectos a crítica da civilização feita por Freud em termos do que ela custa à gratificação individual da divisão desigual do excedente econômico das psicoses e neuroses produzidas pela propensão à comparação e da concorrência econômica e social que a civilização faz surgir apóiase em uma longa tradição da crítica da civilização que encontramos na teoria dos qua tro estágios civilizatórios Tem suas raízes no pensamento estóico e foi desenvolvida durante o Iluminismo por Rousseau Diderot e os mem bros do Iluminismo escocês Adam Smith e Adam Ferguson Através de várias disciplinas os estudiosos têm observado atualmente certas insuficiências no cânone histórico normalmente aceito que postula um esquema evolucionista do primiti vismo à pólis e à civilização ocidental moder na com os estados do Oriente constituindo uma categoria residual Estudos de assiriologia ira nologia e egiptologia entre outras áreas de especialização revelam civilizações antigas al tamente desenvolvidas que exibiam considerá vel competência tecnológica Mais inquietante ainda é o fato de as capacitações econômicas e técnicas serem acompanhadas por todo o elenco de características sociais e culturais que cos tumamos associar ao desenvolvimento tal co mo atualmente concebido ver também DESEN VOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO A capaci dade de as chamadas sociedades de irrigação da antiga Suméria mais geralmente da Meso potâmia e do Egito e da China realizarem a transição de cidadeestado a império transição que a pólis grega por exemplo nunca realizou Mann 1986 foi precisamente uma função das seguintes capacitações desenvolvimentistas 1 governo impessoal administrado por uma burocracia 2 concepção do homem como cidadão 3 formas de representação política 4 criação de um excedente econômico 5 economia monetarizada acompanhada pelas instituições do crédito do direito comercial dos tratados comerciais e de leis regendo os contratos internacionais 6 exército permanente equipado com avançada tecnologia militar 7 estratificação social segundo linhas fun cionais compreendendo classes de agri cultores artesãos mercadores uma eli te administrativa e uma casta sacerdotal 8 conceito da natureza como sendo gover nada por leis racionais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar civilização 89 9 instituições para a aquisição organiza ção e disseminação do conhecimento 10 desenvolvimento da escrita e das ciên cias básicas da matemática geometria astronomia navegação arquitetura en genharia e habilidades altamente desen volvidas na construção metalurgia ce râmica tecelagem escultura e pintura Drucker 1979 Mann 1986 No século XX têm ocorrido inúmeras rein terpretações desse tipo Para usarmos o exem plo da Suméria estudiosos Diakonoff 1974 Jacobsen 1976 Kramer 1963 Oppenheim 1969 apontam hoje em dia que cidadesestados como as de Lagash eram administradas por burocracias paralelas religiosas e palacianas cujos agentes exigiam a mútua ratificação de assinaturas nos carregamentos que entravam e saíam dos celeiros do estado por exemplo Oppenheim 1969 p7ss As terras considerá veis da cidade compreendiam os complexos do palácio e do templo assim como seus bens as propriedades da nobreza e as terras dos plebeus eram organizadas em clãs patriarcais e comu nidades municipais cuja propriedade podia ser comprada e vendida por representantes es colhidos pela família em transações para as quais por volta de 2400 aC já dispomos de indícios documentais Kramer 1963 p757 Correspondendo a essas hoje clássicas divisões da propriedade havia uma divisão surpreen dentemente convencional do poder político Por volta de 2300 aC existem indícios de uma assembléia bicameral em Lagash sendo a câ mara alta controlada pela nobreza e a inferior restrita aos plebeus com o acesso garantido por meio de qualificações de base fundiária As magistraturas nomeadas em base anual cum priam um rodízio entre uma elite isonômica constituída pelas classes judiciária adminis trativa e mercantil Oppenheim 1969 Lagash tem a honra de registrar em seus anais o primei ro uso conhecido da palavra liberdade Kra mer 1963 p79 celebrada no documento da reforma de Urukagina de c2350 aC em ter mos espantosamente reminiscentes da seisa chtheia de Solon quase 1800 anos depois Liberdade significava precisamente a proteção contra espoliações por parte do coletor de im postos do palácio bem como a reparação de abusos administrativos por parte da burocracia ubíqua e detestável do templo e Urukagina como mais tarde Solon prometeu libertar os que estivessem presos por dívidas Alguns dos melhores indícios de que dis pomos do governo exercido por uma burocracia impessoal são exibidos por um sítio arqueoló gico trimilenar o de Ebla na Mesopotâmia na forma de aproximadamente 20 mil tabuinhas de barro Cidade próspera com cerca de 260 mil habitantes Ebla era governada por um rei um conselho de anciãos e cerca de 11700 burocra tas cujos livrosrazão diários e inventários res pondem por aproximadamente 13 mil tabui nhas de barro Bermant e Weitzman 1979 Matthiae 1980 Outros indícios de uma supre macia da lei ver também LEI administrada burocraticamente vão ser encontrados nos dis positivos de uma série de codificações do direi to consuetudinário da região desde o Código de UrNamu de 2050 aC até e inclusive o famoso Código de Hamurábi O Código de UrNamu defendia os direitos de órfãos viúvas e pequenos proprietários de terras contra os poderosos tomadores de propriedades Pro movia a regulamentação do mercado através da introdução de pesos e medidas padrão ins tituindo uma tabela de multas por infrações das leis de amparo ao comércio em harmonia com outros códigos da região incluindo o hitita As atas dos tribunais relativas a esse período regis tram litígios com respeito a contratos de casa mento divórcios herança escravos aluguel de barcos reivindicações de todos os tipos cau ções e hipotecas e questões variadas tais como investigações para a informação de processos intimações furto danos à propriedade e mal versação no exercício do cargo Kramer 1963 p845 Também no antigo Egito embora fosse tal vez uma sociedade menos litigiosa as transa ções envolvendo propriedades eram uma ques tão carregada de documentos com inventários incluindo cada documento ligado a determina da propriedade Lloyd 1983 p314 Pestman 1983 O antigo Egito é geralmente descrito como o estado centralizado arquetípico com base de acordo com a teoria marxista do modo de produção asiático ou teorias posteriores sobre o despotismo oriental por exemplo no controle da água Mas ao contrário dessas pres suposições o antigo Egito no início de sua história também se caracterizou por um desen volvimento independente da cidade Bietak 1979 Triegger 1983 p40 48 sistemas de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 90 civilização patrocínio privado e da nobreza Kemp 1983 p835 e um alto nível de individualismo como fica atestado pelas assinaturas pessoais de artis tas já em obras tão antigas quanto as pirâmides de Gizé Drucker 1979 p44 Não é necessário relacionar em detalhes as realizações tecnológicas da Mesopotâmia e do Egito antigos Vale a pena destacar no entanto que cada um dos exemplos que Max Weber oferece em seu prefácio a A ética protestante e o espírito do capitalismo 19045 para de monstrar a superioridade administrativa cien tífica e técnica do Ocidente sobre o Oriente é errado A pressuposição do desenvolvimento ocidental e do subdesenvolvimento oriental é tão onipresente que um pensador que passou boa parte da vida escrevendo a respeito de sistemas orientais não sentiu a menor neces sidade de conferir os fatos Ele alega que à astronomia babilônica faltava base matemática deixando de mencionar também a invenção da geometria como sendo egípcia cf King 1978 1980 Afirma que às tradições jurídicas do Oriente faltavam a qualidade sistemática do direito romano e canônico enquanto que na verdade o direito romano deriva dos estatutos das províncias orientais codificados por dois jurisconsultos orientais Papiniano e Ulpiano da escola de direito de Beirute cf Cumont 1911 Driver e Miles 19525 Weber 19045 afirma ainda que embora a base técnica de nossa arquitetura tenha vindo do Oriente ao Oriente faltava a solução para os problemas da abóbada muito ao contrário o Oriente for neceu a solução não só para o problema da abóbada mas também do arco Sobre o tema da compilação e disseminação do conhecimento Weber afirma que as universidades ocidentais são superiores às da China e do islã superfi cialmente semelhantes mas a elas faltando o exercício racional sistemático e especializado das ciências com pessoal treinado e especia lizado ele deixa de destacar que universi dades islâmicas como a de alAjar eram mais antigas que as do Ocidente que tampouco co meçaram a vida como institutos científicos Indícios da existência em tempos remotos de escolas de medicina e de direito nas quais as mulheres também eram admitidas datam na verdade do sítio arqueológico trimilenar de Ebla que também fornece listas de metais pre ciosos minerais e outras informações científi cas Bermant e Weitzman 1979 p1535 We ber continua alegando o que é surpreendente uma vez que se trata de seu assunto especial que é uma realização do Ocidente dotar as suas burocracias de uma organização de funcioná rios especialmente treinados Mais surpreen dente ainda é sua afirmação de que a organiza ção do trabalho baseada na liberdade de contra to é um triunfo do Ocidente Mas estipulações com respeito à liberdade de contrato podem ser encontradas nos mais antigos códigos mesopo tâmicos conhecidos no Código de Hamurá bi por exemplo incluindo um extenso tra tamento dos contratos de trabalho tanto agríco las quanto comerciais no que diz respeito a taxas de salário delitos e responsabilidades envolvendo gado agricultores implementos agrícolas pastores e carroças bem como mão deobra e salários sazonais ao lado de taxas de salário para artesãos Driver e Miles 19625 Se a divisão e a especialização do trabalho são índices do nível de desenvolvimento de civilizações as sociedades prémodernas tiram notas altas com a Roma antiga registrando cerca de 150 corporações profissionais o Cairo medieval umas 265 ocupações manuais 90 ti pos de especializações bancárias e comerciais e por volta do mesmo números de diferentes profissionais funcionários funcionários reli giosos e educadores Goitein 1967 p99 Em 1801 o Cairo tinha 278 corporações profis sionais e em 1901 Damasco registrava 435 ocupações reconhecidas Essas provas colocam em questão os pres supostos evolucionistas e desenvolvimentistas a respeito do PROGRESSO econômico e da se qüência de modos de produção subjacente aos esquemas macrohistóricos dos séculos XIX e XX incluindo os de Marx e Weber O interesse pelo fenômeno da civilização e sua dinâmica não se limita ao Ocidente e na verdade o primeiro grande analista prémoder no Ibn Khaldun 13321406 descreveu não apenas os ciclos de vida endogâmicos das civi lizações mas também a fecundação exogâmica cruzada das culturas nômades do deserto e das civilizações sedentárias das antigas cidades O estudo da cidade e de toda a série de caracte rísticas que associamos ao URBANISMO po voamento concentrado diferenciação interna em bairros correspondentes às divisões das profissões divisão especializada do trabalho funções como centros industriais e de merca do funções religiosas e de defesa surgiu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar civilização 91 no século XX como um dos grandes temas da investigação sociológica e histórica com a obra dos franceses Henri Pirenne Henri Lefebvre Gabriel Baer e Fernand Braudel A relação entre a civilização e os costumes e a corte para tomarmos uma linha diferente foi o tema de um estudo fascinante de Norbert Elias 1939 Leitura sugerida Braudel Fernand 1967 1979 Ci vilization matérielle économie et capitalisme vol2 Elias Norbert 1939 197882 The Civilizing Pro cess 2 vols Vol1 The History of Manners vol2 Power and Civility Mann M 1986 Sources of Social Player vol1 A History of Power from the Beginning to AD 1760 Oppenheim Adolf L 1969 Mesopota mia land of many cities In Middle Eastern Cities A Symposium on Ancient Islamic and Contemporary Mid dle Eastern Urbanism org por Ira M Lapidus Trig ger Brian J 1983 The rise of Egyptian civilization In Ancient Egypt a Social History org por BJ Trigger e B Kemp Weber Max 19212 Economy and Socie ty An Outline of Interpretative Sociology capThe city PATRICIA SPRINGBORG classe Em seu sentido social a palavra indica grupos amplos entre os quais a distribuição desigual de bens econômicos eou a divisão preferencial de prerrogativas políticas eou a diferenciação discriminatória de valores cultu rais resultam respectivamente da exploração econômica da opressão política e da domina ção cultural Tudo isso potencialmente leva ao conflito social pelo controle de recursos escas sos Na tradição do pensamento social classe social é um conceito genérico utilizado no es tudo da dinâmica do sistema social enfatizando mais o aspecto de relação do que o de dis tribuição da estrutura social Nesse sentido as classes são consideradas não apenas como agre gados de indivíduos mas como grupos sociais reais com sua própria história e lugar identifi cável na organização da sociedade Não obs tante a idéia de que as classes sociais podem ser equiparadas a agregados de indivíduos de terminados por nível semelhante de educação renda ou outras características de desigualdade social ainda persiste e leva à confusão desse conceito com o de ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL Por tanto os sentidos ligados à expressão classe social variam e se referem a tipos diferentes de ESTRUTURAÇÃO da sociedade Na sociologia teó rica e histórica surgem vários tipos de estruturação em discussões substantivas sobre classes econô micas classes políticas e classes culturais Classes econômicas Em sua teoria geral da evolução da socie dade Karl Marx destacou pares de classes an tagônicas específicas de cada período escravos e senhores nas sociedades antigas servos e senhores feudais no feudalismo capitalistas e operários no capitalismo Ele elaborou em deta lhes o conceito de EXPLORAÇÃO econômica dos operários pelos capitalistas expresso em ter mos de extração de maisvalia Em seu ponto de vista as relações de exploração econômica formam a base da superestrutura da socie dade a saber ordem política e ordem ideológi ca O poder executivo do estado moderno não passa de um comitê para gerenciar os assuntos comuns de toda a burguesia A IDEOLOGIA do minante na sociedade capitalista justifica e san ciona a totalidade das relações sociais que sur giram sobre o fundamento da exploração eco nômica e é funcional no sentido de reproduzi las Marx acreditava que as classes são con juntos de indivíduos que ao adquirirem a cons ciência de uma posição social comum e de um destino comum se transformam em agrupa mentos sociais reais ativos no cenário político Ele esperava que a exploração econômica levasse os operários à revolução política derrubando a sociedade capitalista e limpando o terreno para uma sociedade nova e socialista sem classes Max Weber apontou uma distinção pelo menos analiticamente entre duas ordens dis tintas de classes econômicas classes de pro prietários e classes comerciais Na primeira os proprietários e os que vivem de rendas são a classe positivamente privilegiada e os deve dores pessoas déclassées e sem proprie dades em geral são a classe negativamente privilegiada Na segunda os industriais per tencem à classe positivamente privilegiada en quanto os operários pertencem à classe negati vamente privilegiada Weber assumiu que o sistema econômico capitalista representa o pa no de fundo mais favorável para a existência de classes comerciais Ele define a condição de classe de um indivíduo como determinada pe las oportunidades de vender bens e habilidades profissionais Apesar de não o declarar de forma explícita sua abordagem da estruturação das clas ses comerciais permite aos investigadores elabo rar várias agregações de indivíduos em grupos com as mesmas oportunidades Nesse sentido as fronteiras ente eles parecem arbitrárias Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 92 classe As idéias gerais de Marx e de Weber têm sido continuamente refinadas ampliadas e mo dificadas Bottomore 1965 apontou a validade duradoura das premissas fundamentais da teo ria de classes marxista enquanto Dahrendorf 1957 postulou sua revisão crítica Roemer 1982 propôs uma ampliação do conceito mar xista de exploração econômica a qual foi uti lizada por Wright 1985 para construir um novo sistema de classes na sociedade capita lista Poulantzas 1974 e Wesolowski 1966 apresentaram teorias integradas de dominação de classe Giddens 1973 e Parkin 1979 propuseram várias elaborações e ampliações da abordagem das classes por Weber Lockwood 1958 Goldthorpe 1980 e Runciman 1972 realizaram pesquisas empíricas informadas por idéias de Weber Classes políticas Gaetano Mosca 1896 formulou uma teoria das classes governantes e governadas co mo grupos que surgem em qualquer sociedade que atinja um nível acima do primitivo A dis tribuição desigual de prerrogativas do poder é uma exigência funcional e uma necessidade estrutural A existência do estado leva à existên cia da classe governante Essa classe compõese de todos os que desempenham um papel impor tante na política e preenchem funções de estado As pessoas que efetivamente governam vêm de um meio em cada período histórico que dispõe dos recursos adequados à aquisição dos co nhecimentos necessários para governar Mosca admitia que em sua sociedade a riqueza era essencial para uma carreira política Normalmente além da classe dominante existe um segundo segmento da sociedade in ferior do qual depende um domínio eficiente Esse segmento pode ser uma classe média ou uma BUROCRACIA Além disso dentro de uma estrutura política moderna surgem diversas forças sociais Mosca escreve que o segmento militar deseja governar tal como os intelec tuais os advogados os professores os empre sários e os operários Ele expressa a opinião de que um bom governo deveria incorporar a todos no processo de governar Em paralelo com Mosca Pareto 191619 apresentou seu conceito de elite que pode ser interpretado em termos de classe Segundo ele a elite governante compõese dos que se de monstraram mais capacitados a governar isto é a tomar o poder e conserválo A circu lação das elites governantes é um processo de mudança da composição das classes políticas ou pela força ou pela infiltração e cooptação pacíficas ver ELITES TEORIA DAS O conceito de classe dominante aparece com menos freqüência nas discussões sobre as so ciedades ocidentais contemporâneas com seus sistemas políticos democráticos do que nas discussões sobre sociedades contemporâneas sob um poder autoritário No primeiro caso o conceito aparece nas teorias sobre novas ten dências no desenvolvimento da sociedade e novos grupos estratégicos considerados como os agentes dessas tendências Nessas teorias esperase que novas classes venham a privar o sistema democrático de suas funções reais as sumindo a liderança e controlando a sociedade Essas classes podem ser compostas de adminis tradores Burnham 1941 Gurvitch 1949 bu rocratas governamentais Geiger 1949 ou cer tos profissionais como organizadores plane jadores cientistas que venham a formar alianças com políticos e empresários no velho estilo Bell 1974 As teorias sobre governo totalitário e exto talitário na antiga União Soviética e na Europa Oriental cf TOTALITARISMO invocam o concei to de classe dominante em relação aos líderes principais do Partido Comunista e a altos fun cionários do governo que eram indicados para seu cargos pelo partido e detinham um poder monopolista ilimitado e arbitrário Djilas 1957 Hegedüs 1976 Uma vez que tanto o partido quanto o governo eram organizados de acordo com princípios burocráticos esse domí nio pode ser chamado de domínio burocrático de partido único No sistema totalitário a es trutura de poder controla e dirige as instituições econômicas e culturais Muitos autores afir mam que o controle burocrático e adminis trativo dos processos econômicos serve de ins trumento para a exploração dos operários pelos dirigentes políticos Classes culturais Jan Waclae Machajski 1904 delineou uma teoria da sociedade do futuro na qual a classe culta ou intelligentsia da sociedade burgue sa dá origem a uma nova classe que domina os trabalhadores manuais Escrevendo de uma perspectiva anarquista ele disse que a elimina ção dos capitalistas não é suficiente para mudar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar classe 93 a sociedade Lendo O capital de Marx 1867 1885 1894 ele descobre a tese de que o traba lho mais especializado e que portanto exige mais estudo deveria ser mais bem pago do que o trabalho que exige menos estudo Machajski enfatiza que os programas marxista e socialde mocrático para a futura sociedade socialista implicam a sobrevivência da desigualdade edu cacional e conseqüentemente da desigualdade econômica Max Weber influenciou indiretamente a for mação do conceito de classe cultural Ele pro pôs que investigássemos os grupos de status que tenham desenvolvido um estilo de vida específico Alguns grupos de status evidente mente não se caracterizam como fenômenos de classe mas outros sim surgindo a partir de uma base de situação econômica ou situação comum dentro da estrutura de poder ou ambas como os senhores feudais Os grupos de status são geralmente criados por classes de proprietá rios Dos textos de Weber é possível inferir que as classes sociais demonstram uma afinidade com os grupos de status pois ambos desenvol vem sua própria cultura ou estilo de vida Weber considerava a burguesia das cidades modernas que iam surgindo como uma classe social e lhe atribuía três características propriedade direitos de cidadão e cultura Na perspectiva weberiana a cultura pode ser vista como uma força ativa e de integração nos processos de formação de classes Alvin Gouldner 1979 inspirado direta mente por Machajski formulou uma teoria segundo a qual a nova classe de intelectuais humanistas e da intelligentsia técnica a classe dos detentores do conhecimento está a cami nho do domínio social Os membros da nova classe são proprietários de capital cultural que existe basicamente na forma de educação mais elevada Começaram a substituir a velha classe endinheirada no processo de desenvol vimento social bem como no funcionamento do sistema de sociedade pósindustrial De acordo com Gouldner o futuro pertence a eles e não à classe operária como supôs Marx Os membros dessa nova classe defenderão seus próprios interesses materiais e nãomateriais maior renda e prestígio para os que detêm co nhecimento mas simultaneamente repre sentarão e promoverão os interesses da socie dade como um todo em um nível muito mais alto do que qualquer outra classe até então conhecida na história A nova classe subverte a hierarquia do tipo antigo e promove a cultura do discurso crítico mas ao mesmo tempo intro duz uma nova hierarquia social de conhecimen to Uma vez que é ao mesmo tempo emancipa dora e elitista diz ele tratase de uma classe universal imperfeita Abordagem integradora versus abordagem analítica Classes econômicas classes políticas e clas ses culturais podem ser concebidas como or dens de classe distintas ou como uma ordem integrada compreendendo três aspectos Se um teórico encara a estrutura de classes como uma ordem integrada então o problema importante para ele é saber como os três aspectos produzem um todo integrado Marx propôs a cadeia causal a partir da base isto é das relações econômicas até a superestrutura das relações políticas e ideológicas Assim a classe econômica produz outros aspectos de classe Ele não ignorou a influência sobre a base do feedback dos as pectos político e cultural Não obstante a es trutura econômica em última instância de termina todos os aspectos de classe ver DETER MINISMO Mosca parece menos preocupado com as relações causais entre os três aspectos de classe do que com o problema do significado do as pecto de poder para a totalidade das relações sociais A divisão em governantes e governados é o fenômeno crítico em todas as sociedades civilizadas nãoprimitivas e diferenciadas Portanto ela explica mais sobre o sistema glo bal de sociedade Entre as abordagens con temporâneas Lenski 1966 segue a tradição de Mosca apesar de não ignorar Marx Para Lens ki existem duas formas principais de poder o poder político e o poder da propriedade O que ele enfatiza é que em toda a história da civiliza ção o poder político exerce uma influência for mativa no sistema distributivo isto é na dis tribuição de prestígio e privilégios econômicos Bourdieu 1987 Bourdieu e Passeron 1970 visa uma abordagem integradora ao sugerir a multicausalidade e as interações na informação do poder social como a característica globa lizada de classe Esse poder é uma trajetória do capital financeiro cultural e social possuído pelos indivíduos A interação entre essas três formas não é predeterminada por nenhum valor petrificado de cada capital nem por nenhuma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 94 classe relação estável entre formas de capital Recen temente ele elaborou o conceito de capital simbólico que integra todos os outros capitais e reforça o poder social da classe dominante no cenário público A abordagem analítica enfatiza a autonomia da classe econômica da classe política e da classe cultural A premissa sobre a qual se ba seia essa abordagem é a de que existem esferas autônomas da vida economia política e cul tura dentro das quais os grupos emergentes não se sobrepõem Afirmase também que uma abordagem analítica é mais adequada do que a integradora para o estudo da sociedade moder na em contraste com a prémoderna Essa abor dagem tem suas raízes nas idéias de Weber apesar de as sugestões de Sorokin 1927 sobre canais autônomos de mobilidade social tam bém terem exercido algum impacto sobre sua formulação Entre os autores contemporâneos Lipset e Zetterberg 1966 defenderam essa abordagem e propuseram o estudo separado de classe consumidora classe social e classe de poder Essa abordagem porém e também a abordagem analítica foram criticadas e seu con ceito de classe contestado com bases teóricas Calvert 1982 Classe social na sociologia empírica O paradigma de classe é uma das aborda gens mais bemestabelecidas para a análise de dados sobre estrutura social Dentro desse pa radigma a pesquisa concentrase em detectar diferenças entre classes sociais com relação a a a quota de cada uma de bens distribuídos desigualmente b as atitudes e opiniões varia das c o comportamento político e as ações de grupos comuns e d os padrões de mobilidade social Na prática da pesquisa os esquemas de classe baseados em grupos de critérios envol vendo controles sobre os meios de produção e a força de trabalho são tratados como variáveis explicativas independentes O paradigma de classe demonstra a sua utilidade se uma aplica ção de um esquema de classe a uma população em particular leva à conclusão de que as dife renças interclasses com relação a variáveis es pecificadas são significativamente maiores do que as diferenças intraclasses Se classe social e estratificação social são consideradas categorizações autônomas da es trutura social uma das questões empíricas é o grau da sua interdependência As classes sociais seriam organizadas de forma consistente com respeito à instrução formal ao nível profis sional e à renda total de seus membros Estatís ticas descritivas de vários países demonstram a validade do argumento dos teóricos de classe de que embora classe social e estratificação social tenham muito em comum estão longe de ser idênticas Nos países industrializados do Oci dente a ligação da classe social dos indivíduos com os componentes de sua posição de es tratificação social instrução profissão e ren da é forte ainda que deixando um espaço substancial para determinantes de desigualda des sociais extraclasse Além disso a ordenação das classes sociais em dimensões variadas de desigualdade social não é a mesma Os deten tores dos meios de produção estão com toda a certeza no topo da dimensão econômica en quanto os intelectuais se situam em posição mais elevada na dimensão cultural No meio da hierarquia funcionários de colarinho branco geralmente obtêm mais prestígio de seus em pregos do que os produtores de pequenos bens Esses tipos de mudanças de categoria confir mam que as classes sociais representam cate gorias discretas em vez de categorias consis tentemente organizadas ao longo de um conti nuum de estratificação multidimensional Wright 1978 e 1985 O interesse pela consciência social das clas ses deriva da tradicional diferenciação marxista entre Klasse an sich classe em si mesma isto é sem uma consciência comum e Klasse für sich classe para si mesma isto é com uma consciência comum Durante muitos anos se observou que os membros das classes privile giadas tendem a ter a mente mais aberta maior flexibilidade intelectual e maior autodireciona mento em seus valores do que os membros das classes espoliadas As diferenças de classes são substanciais não apenas com respeito ao con teúdo das questões econômicas e políticas mas também com relação aos meios com os quais as pessoas pensam em termos de nível de abs tração Kohn 1969 Kohn et al 1900 apresen tou a hipótese de que essas diferenças de classes podiam ser atribuídas às condições de vida especificamente na situação de trabalho Os que se encontram localizados com mais vantagem na estrutura de classe têm maiores oportuni dades de exercer o autodirecionamento profis sional sua experiência na situação de trabalho generalizase para outros campos de suas vidas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar classe 95 incluindo o funcionamento psicológico Essen cialmente as diferenças de classe no funciona mento psicológico são explicadas pelo meca nismo de generalização do aprendizado Deve se observar no entanto que essa interpretação apesar de psicológica na sua essência está lon ge de uma chamada interpretação subjetiva das classes Nesse último caso a pressuposi ção de que pessoas em circunstâncias seme lhantes desenvolvem um senso semelhante da realidade leva ao conceito de classes sociais como grupamentos de base psicológica ou subjetiva definidos pela fidelidade de seus membros Centers 1949 p210 No caso an terior as variáveis psicológicas são tratadas apenas como correlatas das classes No entan to independentemente da interpretação as di ferenças na psicologia de classe sustentam as diferenças no comportamento de classe e no comportamento político em particular A relação entre classe social e comporta mento político concentrase em interesses de classe diferenciados definidos com respeito à situação material Na prática os partidos polí ticos das democracias ocidentais apelam a cer tos segmentos da sociedade e buscam o seu apoio Estudos do comportamento eleitoral en contram rotineiramente uma correlação entre a posição dos eleitores em termos de classe social e o partido no qual tipicamente votam Pessoas que pertencem às classes proprietárias e geren ciais têm mais probabilidades de votar num partido que defende a proteção dos interesses empresariais e menos legislação visando o bemestar do que pessoas pertencentes à classe operária Historicamente os partidos políticos passaram a representar coalizões específicas de interesses de classe Não obstante existem al guns indícios de que nas democracias ociden tais o voto classista se reduziu substancialmente nas últimas décadas Franklin 1985 Greves e revoltas evidentemente têm maior base de classe do que o comportamento eleito ral tanto nos países industrializados do Oci dente quanto nos países nãosocialistas e em desenvolvimento Nos países da Europa Orien tal alguns aspectos das revoltas políticas de 1953 Alemanha Oriental 1956 Hungria e Polônia 1968 Tchecoslováquia 1970 e 1980 Polônia e as de 1989 podem ser interpretadas em termos de conflitos de classe não somente entre os economicamente espoliados e os eco nomicamente privilegiados mas também entre governados e governantes Uma vez que nesses países o poder econômico e o poder político se confundem em grande medida os conflitos de classe tornaramse muito generalizados e en volveram questões que iam desde reivindica ções salariais até a liberdade de expressão Tou raine et al 1982 Staniszkis 1981 Em sua formulação extrema os conflitos de classe nes ses países foram descritos como ocorrendo en tre proprietários os que decidem sobre o uso dos meios de produção governantes os que controlam os meios de administração e coer ção e ideólogos os que controlam os meios de interpretação e inculcação de valores de um lado e as massas do outro Por causa desses conflitos de classes generalizados Nowak 1983 chama o socialismo de formação supra classe Do ponto de vista teórico o grau de MOBILI DADE SOCIAL entre as gerações é de importância crucial para formação de classe uma vez que influencia tanto a composição das classes quan to a continuidade ou a mudança da experiência de vida Por esses motivos entre os neomarxis tas Westergaard e Resler 1975 Bottomore 1965 e os neoweberianos Parkin 1979 Gid dens 1973 realizaramse sérios esforços para dar à idéia de mobilidade um papel importante na teoria de classe Goldthorpe e seus compa nheiros 1980 examinaram e rejeitaram par cialmente três teses com respeito à mobilidade de classe 1 a tese do fechamento segundo a qual a fim de manter sua posição vantajosa na estrutura social as classes privilegiadas utili zam estratégias de fechamentoexclusão social contra as classes inferiores 2 a tese da zona tampão propondo a divisão entre profissões manuais e nãomanuais como linha divisória fundamental dentro da estrutura de classe e 3 a tese do contrabalanceamento a qual afirma que a mobilidade na vida profissional em comparação com origem social está se tor nando menos provável porque o acesso às po sições medianas e mais elevadas depende cada vez mais de instrução formal e cada vez menos de treinamento no trabalho A crítica a essas teses teoricamente avançadas levou os sociólo gos a buscar padrões complexos de mobilidade de classe com base em dados de vários países Descobriram que o padrão de mobilidade de classe é essencialmente o mesmo em todos os países industrializados do Ocidente Além dis so o padrão de endogamia de classe isto é Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 96 classe o grau em que as pessoas tendem a escolher cônjuges em classes sociais semelhantes à sua própria mostra pouca variação de país para país A mobilidade de classe e a endogamia de classe bem como os entrecruzamentos de amizades revelam o mesmo padrão de bar reiras de classe nas dimensões econômica po lítica e cultural da estrutura social Leitura sugerida Bottomore TB 1965 1991 Clas ses in Modern Society Calvert P 1982 The Concept of Class Giddens A 1973 The Class Structure of the Advanced Societies Marshall G et al 1988 Social Class in Modern Britain Ossowski S 1957 1963 Class Structure in the Social Consciousness Wright EO 1985 Classes WLODZIMIERZ WESOLOWSKI e KAZIMIERZ M SLOMCZYNSKI classe média Há muito existe uma série de controvérsias sobre o lugar da classe média no sistema geral de classes das sociedades indus triais avançadas Essas controvérsias incluem saber se existe uma classe média ou várias se tal CLASSE ou classes se encontra em algum sentido no meio da sociedade se a posição das classes vem sendo mudada através de um processo de proletarização e se essas classes desenvolveráão formas de política e de consciência alinhadas com a CLASSE OPERÁ RIA ou com a classe capitalista ou se seráão relativamente independentes de ambas A expressão classe média parece ter sido usada pela primeira vez pelo reverendo Thomas Gisborne em 1785 para se referir à classe empresarial e proprietária middle class loca lizada entre senhores de terras por um lado e trabalhadores agrícolas e urbanos por outro Essa utilização permaneceu corrente durante o século XIX mas neste século a expressão clas se média passou a se referir a profissões de colarinho branco Estas incluem desde os pro fissionais liberais como médicos contadores advogados acadêmicos e assim por diante a pessoas ocupando empregos relativamente ro tineiros e menos especializados Às vezes clas se média é interpretada como se referindo a todos aqueles envolvidos com trabalhos não manuais Em outras ocasiões os donos de fábricas e os que trabalham por conta própria são excluídos Qualquer que seja a definição usada não há dúvida de que esses grupos têm crescido em números absolutos e também como proporção da população empregada em todos os países importantes do Ocidente Na GrãBretanha por exemplo a proporção de empregados nãoma nuais cresceu de 19 em 1911 para 47 em 1981 Esse aumento foi particularmente mar cante entre as mulheres Em 1981 aproximada mente 35 das mulheres trabalhadoras mas so mente cerca de 25 dos homens tinham empre gos nãomanuais Não obstante existem nítidas diferenças na composição por sexo dos dife rentes serviços nãomanuais A maioria dos pro fissionais liberais é masculina e a maioria dos trabalhadores de colarinho branco de nível mais baixo é feminina Há muitas teorias que tentam enquadrar essa classe ou classes dentro do sistema geral de classe das sociedades capitalistas avançadas Podem dividirse entre teorias marxistas e teo rias weberianas Nas primeiras afirmase que são as relações de produção que geram dife rentes classes sociais enquanto que na última se sustenta que as classes são produzidas atra vés dos diferentes meios com os quais as recom pensas por trabalhos distintos são adquiridas e distribuídas através do mercado Os pontos de vista do próprio Marx eram contraditórios Por um lado ele afirmava que haveria uma crescente polarização entre os dois grandes campos hostis das classes bur guesa e operária Em resultado as classes mé dias seriam espremidas e forçadas a entrar para um ou outro dos campos hostis ver também BURGUESIA Por outro lado Marx sustentava que a classe média na verdade iria crescer em tamanho à medida que uma proporção menor da força de trabalho precisasse desempenhar um papel direto na produção de bens materiais em particular haveria um aumento de im portância dos trabalhadores assalariados co merciais Muitos marxistas têm afirmado no entanto que esses trabalhadores de escritório são um grupo fundamentalmente instável De fato al guns autores têm sustentado não haver nenhu ma classe média como tal mas apenas um certo número de estratos intermediários Em resulta do da insegurança do emprego e da desespe cialização de seu trabalho com a ampliação e a mecanização do escritório esses estratos iriam passar pela proletarização de sua posição de classe Braverman 1974 E afirmase que no decorrer do tempo o estrato médio acabará por adotar formas proletárias de política e de cons Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar classe média 97 ciência de classe incluindo a organização sin dical e o voto em partidos de esquerda Outros autores marxistas têm sustentado em contraste que não existe nenhum processo geral de proletarização Poulantzas 1974 por exemplo afirma que existe uma nova pequena burguesia substancial determinada por estru turas não apenas econômicas mas também po líticas e ideológicas e com uma posição de classe diferente tanto da do capital quanto da do trabalho Johnson 1972 afirmou que certas profissões não serão proletarizadas se o seu poder residir em formas de conhecimento que não podem ser facilmente expressas e codifica das em termos técnicos Nos Estados Unidos Ehrenreich e Ehrenreich 1979 afirmam que existe uma nítida classe profissional liberal gerencial baseada na posse de um diploma universitário que funciona para reproduzir a cultura e as relações capitalistas Essa nova classe deu origem a novas formas de política que rompem a política previamente estruturada entre capital e trabalho Finalmente Wright 1985 sustenta que nem todas as posições na divisão do trabalho devem ser encaradas de fato como posições de classe como tais deveriam antes serem vistas como posições de classe contraditórias Autores weberianos têm elaborado vários e diversos argumentos em parcial oposição a afir mações marxistas Lockwood 1958 por exem plo afirmou que os funcionários não estavam sendo proletarizados pois ocupavam uma situa ção de trabalho que ainda lhes dava um status superior em comparação com os trabalhadores manuais Giddens 1973 sustentou que as teo rias dicotômicas sobre classe social estavam destinadas ao fracasso por não serem capazes de reconhecer como a capacidade do mercado em proporcionar qualificações educacionais e técnicas gerava empregos de classe média que tinham considerável vantagem econômica so bre os trabalhos manuais Outros autores afir mavam que não há uma entidade isolada cha mada a classe média Em vez disso existe um fragmentado sistema de classe composto de vários grupos sociais com diferentes imagens e concepções de como é esse sistema De fato afirmase ainda que uma investigação das ex periências de trabalho das pessoas no decorrer de suas vidas demonstra que existe uma en orme diversidade Muitos funcionários do sexo masculino por exemplo não devem ser enca rados como proletarizados pois passam pela experiência de subir na carreira e se tornam gerentes São as funcionárias de colarinho bran co que têm maior probabilidade de se encontrar em empregos proletarizantes apesar de haver alguns indícios de que as jovens estão cada vez mais conseguindo as credenciais educativas ne cessárias para as promoções Finalmente pa rece de fato que muitos trabalhadores de colari nho branco estão dispostos a entrar para sin dicatos profissionais que com freqüência as sumem posições proletárias a respeito das questões discutidas De fato os trabalhadores de colarinho branco do setor público é que se mostraram mais militantes nos anos 80 em muitos países europeus Em anos recentes os pesquisadores têm en fatizado vários aspectos Primeiro a distinção entre as teorias marxista e weberiana tornouse bem menos nítida nos anos 80 Isso porque por um lado os autores marxistas hoje analisam com muito mais detalhes as diferenças no mer cado de trabalho particularmente as que resul tam de diferenças nas credenciais de instrução E por outro lado os weberianos passaram a perceber que por trás das diferenças de empre gos no mercado de trabalho há toda uma série de transformações estruturais da produção Em particular a internacionalização da produção significa que existem grandes diferenças no tamanho e importância relativos das classes médias entre sociedades diferentes particular mente dependendo de onde se localizam as sedes das companhias principais Em segundo lugar um exemplo dessa apro ximação das abordagens marxista e weberiana pode ser visto na literatura recente sobre a clas se de serviços Esse conceito foi desenvolvido pelo austromarxista Karl Renner o qual afir mou que à medida que o capitalismo amplia sua escala de operações os capitalistas empre gam cada vez mais pessoas para executar as funções que eles não podem mais desempenhar pessoalmente Essa classe serve ao capital di retamente dentro de organizações capitalistas ou indiretamente nas profissões liberais e no estado Goldthorpe 1980 desenvolveu esse conceito tanto demonstrando suas origens re lativamente heterogêneas quanto enfatizando a importância da carreira e da confiança para a classe de serviços Mais recentemente pesqui sas realizadas na GrãBretanha têm indicado que estão sendo criados novos tipos de emprego Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 98 classe média para a classe de serviços que não implicam uma vida inteira de trabalho dentro de uma única organização O desenvolvimento de uma cha mada cultura yuppie foi atribuído ao número crescente de pessoas que possuem habilidades profissionais liberais e gerenciais de alto nível que lhes permite movimentaremse entre as organizações Finalmente temse afirmado com veemên cia que não existe um simples proletariado cujos interesses possam ser estabelecidos sem problemas e para o qual alguns setores da classe média possam estar migrando O surgimento de uma política proletária depende de uma ava liação por parte dos operários sobre se tal polí tica lhes traria algum benefício Além disso apontouse que a sociedade contemporânea está sendo profundamente afetada pelo crescimento de uma poderosa classe de serviços que está alterando o perfil da vida social e política e afetando em particular o proletariado e sua capacidade de desenvolver suas formas pró prias e características de política Nas socie dades modernas as pessoas não são todas clas se média mas à medida que a classe média se transforma o mesmo ocorre com os efeitos profundos que ela exerce sobre todos os demais Leitura sugerida Abercrombie N e Urry J 1983 Capital Labour and the Middle Classes Bourdieu Pierre 1979 La distinction Hyman R e Price R orgs 1983 The New Working Class White Collar Workers and their Organizations a Reader JOHN URRY classe operária Grupo social que compre ende trabalhadores de minas fábricas trans portes e tarefas correlatas reunidos nas cidades industriais em rápido crescimento em função do desenvolvimento da produção capitalista no sé culo XIX e que se tornou uma força política de importância crescente como fonte dos sindi catos cooperativas e partidos políticos ins pirados por idéias socialistas ver SOCIALISMO No início do século XX partidos da classe ope rária já se haviam firmado por toda a Europa onde alguns deles em especial na Alemanha e na Áustria já eram bastante grandes E também em escala menor na América do Norte Dessa época até os dias atuais a política interna dos países europeus e em um estágio posterior a de outras sociedades têm sido dominada pelo con flito entre os partidos da classe operária e os que defendem o sistema econômico e a hierarquia social existentes Isto é entre partidos de es querda e de direita No decorrer deste século porém as con dições de existência e a política da classe ope rária têm sofrido muitas mudanças Já na déca da de 1890 a ampliação do sufrágio na Europa Ocidental conseguida em grande parte por pressão da classe operária tornou possível o surgimento de partidos socialistas parlamen tares e a introdução de reformas sociais que gradualmente melhoraram as condições de vida dos operários enquanto a crescente produtivi dade da indústria moderna elevou o padrão geral de vida e ao mesmo tempo tendeu a am pliar o âmbito da classe média empregada em trabalhos de escritório em ocupações técnicas e nas profissões liberais Os partidos operários dessa maneira envolveramse mais profunda mente em questões específicas de reforma so cial e surgiram fortes divergências sobre polí tica reformista versus política revolucioná ria ver REFORMISMO REVISIONISMO Na Euro pa Oriental e especialmente na Rússia onde o movimento da classe operária enfrentou um regime autocrático com o agravante de se tratar de um país predominantemente camponês pre valeceu a política mais nitidamente revolucio nária E essa divisão entre dois tipos de orien tação política culminou depois da Revolução Russa em uma divisão formal ente partidos comunistas bolcheviques e partidos socialis tas Em contraste com a Europa o movimento da classe operária nos Estados Unidos depois da primeira década do século quando o socia lismo parecia ser uma força crescente jamais conseguiu firmar um partido operário indepen dente e bem caracterizado de importância na cional diante de várias influências concorren tes dentre as quais as mais freqüentemente apre sentadas eram o padrão de vida relativamente alto o estilo de vida democrático as oportuni dades de mobilidade social e a imigração em grande escala Sombart 1906 Laslett e Lipset 1974 A oposição entre partidos com base na classe chegou ao auge na depressão econômica dos anos 30 Embora essa oposição tenha sido agra vada por antagonismos entre comunistas e so cialistas e não obstante muitas derrotas sofridas durante esse período os partidos da classe ope rária ressurgiram depois de 1945 mais fortes do que nunca em termos de filiação e apoio eleito ral Nas décadas que se seguiram no entanto Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar classe operária 99 mudanças econômicas e sociais modificaram profundamente a situação da classe operária Seu tamanho reduziuse relativamente ao da CLASSE MÉDIA Sua situação econômica melho rou substancialmente em conseqüência de um crescimento econômico prolongado e a uma taxa excepcionalmente alta do pleno emprego e de serviços sociais mais adequados nos novos estados de bemestar Além disso a expres são políticoideológica dos antagonismos de classe foi gradualmente se moderando Alguns dos partidos europeus deixaram de se designar como partidos de classe ou de enfatizar com muita veemência seus objetivos socialistas concentrandose em vez disso em seu compro misso com a ampliação do bemestar social e com a redução por vários meios das desigual dades de riqueza e renda Um fator importante nessa situação foi a reação crítica da maioria dos partidos de classe operária à ditadura política na União Soviética que se estendeu depois da guerra a outros países da Europa Oriental e ao estabelecimento do que foi descrito como sociedades de socialis mo real No decorrer dos anos 50 e 60 a repressão aos levantes populares contra esses regimes produziu internamente crises e cres centes movimentos de dissidência Em outros países observouse um declínio cada vez mais rápido dos partidos comunistas culminando na transformação maciça do Leste europeu no final dos anos 80 e no virtual desaparecimento do comunismo como orientação ideológica ou política de maior importância para a classe operária Nos países industriais avançados a classe operária conforme tradicionalmente concebi da não é mais o que Marx descreveu como a imensa maioria constituindo no máximo 50 da população Alguns cientistas sociais têm afirmado que esses países estão se trans formando ou já se transformaram em grande medida em sociedades de classe média nas quais surgem novos interesses e movimentos sociais e políticos preocupados com ques tões de sexo raça e meio ambiente que cada vez mais vão eclipsando as antigas divisões e conflitos Contra esse ponto de vista no entan to afirmase que ainda existe nos países capi talistas uma nítida estrutura de classes res surgindo no momento em alguns países do Les te europeu que a classe operária continua a ser um amplo e importante elemento nessa estrutu ra e que as divisões e conflitos de classe por mais que tenham sido modificados em sua ex pressão continuam a exercer uma influência preponderante nas doutrinas sociais e na ação política Ver também CLASSE Leitura sugerida Bottomore Tom 1965 1991 Clas ses in Modern Society Goldthorpe J et al 1969 The Affluent Worker in the Class Structure Mallet Serge 1963 La nouvelle classe ouvrière Mann M 1973 Consciousness and Action among the Western Working Class Thompson EP 1963 The Making of the En glish Working Class TOM BOTTOMORE coerção Sempre que um sujeito controla o comportamento de outro por meio da ameaça ou efetiva imposição de dor dano ou perda intolerável existe coerção Um meio de com preender a coerção portanto é através da aná lise das ameaças Uma ameaça pode ser definida como a cria ção ou manutenção por um sujeito a fonte de um incentivo negativo para que algum outro sujeito o alvo se comporte tal como a fonte deseja Conforme assinalou Schelling 1960 contra um alvo racional uma ameaça para ter sucesso precisa ser ao mesmo tempo ade quada as ameaçadas conseqüências da não submissão precisam ser sérias o bastante para superar para o alvo a perspectiva de ganhos com ela e verossímil o alvo precisa ter bons motivos para acreditar que no caso de não submissão as conseqüências ameaçadas irão seguirse A questão é ilustrada nas matrizes de teoria dos jogos ver JOGOS TEORIA DOS cons tantes da ilustração deste verbete Em cada matriz um jogador X escolhe entre as fileiras do Alto A e de Baixo B e o outro Y entre as colunas da Esquerda E e da Direita D Para cada resultado combinação de escolhas as recompensas de X estão no canto inferior esquerdo e as de Y no alto à direita A ordem de jogo é que primeiro X pode ameaçar depois Y deve escolher e final mente X deve escolher Presumese que ambos os jogadores tenham pleno conhecimento dos fatos expostos na matriz Em G1 se Y puder ser induzido a escolher E X pode ganhar três unidades escolhendo A A ameaça de X de escolher B caso Y escolha D seria ao mesmo tempo adequada uma vez que a recompensa de Y por BD é menor que por AE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 100 coerção e verossímil uma vez que a recompensa de X por BD é maior do que por AD Schelling chama isso de advertência Em G2 no entan to apesar de a ameaça de X continuar sendo adequada Y continua saindose melhor em AE do que em BD sua credibilidade fica em dúvi da uma vez que X agora faria melhor não implementando em AD do que implementan do em BD Schelling aponta três expedientes através dos quais numa situação G2 uma fonte pode ter a esperança de firmar a credibilidade de uma ameaça colocando a implementação fora do seu controle por exemplo ameaçar ladrões com danos físicos instalando um cão de guarda feroz cultivando a fama de irresponsável a racionalidade da irracionalidade ou de sem pre cumprir suas ameaças de qualquer maneira e reduzindo sua própria recompensa pela não implementação neste caso a recompensa de X para AD de 1 para digamos 1 ou assumindo o compromisso jurídico de pagar uma soma a um terceiro nesse caso ou maximizando o descrédito resultante O preço dessa credibilidade no entanto é a rigidez X agora tem menos capacidade de se ajustar a circunstâncias imprevistas Na vida real conforme destacou Lieberman 1964 uma ameaça pode ser ao mesmo tempo adequa da e verossímil e mesmo assim desaconselhada por dois tipos de motivos Primeiro os alvos de ameaças podem não conseguir reagir racional mente devido ao estresse à falta de informação ou à incompetência burocrática e ao fato de a coerção poder provocar ressentimentos ou tor nar mais atraente o fruto proibido Em segundo lugar se o poder pode ser en carado como definiu Deutsch 1963 p111 como a possibilidade de se permitir não apren der a coerção do ponto de vista da fonte é a recusa a aprender Ao impor toda a carga de ajuste e de mudança de objetivos ao alvo a fonte coerciva pode estar com isso negandose uma informação que por revelar como ela pre cisa ajustar suas metas ou programas de ação pode em última análise ser essencial a sua so brevivência Assim como conclui Gurr 1970 baseado em um importante estudo das rebe liões os incrementos da VIOLÊNCIA política não são geralmente atribuíveis ao enfraquecimen to do controle coercivo Além disso mesmo que a implacável repressão à dissidência evi tasse a rebelião um governo poderia com isso perder a legitimidade e com ela a capacidade de mobilizar o espírito comunitário de seus súditos De acordo com recentes estudos feitos por Robert Axerold 1984 e Michael Taylor 1987 com a aplicação da teoria dos jogos a coerção pode não ser necessária para garantir a paz e manter um mínimo de cooperação entre os membros de um grupo social mesmo presu mindose que eles sejam e continuem sendo totalmente voltados para seus próprios interes ses Se esses estudos se confirmassem o apara to coercivo doméstico em que praticamente todos os estados em alguma medida se apóiam poderia em princípio ser abolido Y E Esquerda D Direita 1 3 A Alto AE AD X 3 1 0 0 B Baixo BE BD 2 2 G1 Y E Esquerda D Direita 1 3 A Alto AE AD X 3 1 0 0 B Baixo BE BD 0 0 G2 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar coerção 101 Ver também PODER Leitura sugerida Gurr TR 1970 Why Men Rebel Liebermann EJ 1964 Threat and assurance in the conduct of conflict In International Conflict and Be havioural Science org por R Fisher Pennock JR e Chapman JW orgs 1972 Coercion Schelling TC 1960 The Strategy of Conflict Taylor M 1987 The Possibility of Cooperation RODERICK C OGLEY cognição Ver CIÊNCIAS COGNITIVAS colonialismo Esta palavra veio a designar a ocupação pela força e a longo prazo por parte de um país metropolitano de qualquer território fora da Europa ou dos Estados Unidos A conquista territorial inspirada por uma grande variedade de motivos parece atravessar toda a história onde quer que tenha havido povos acima de um nível mínimo de sofis ticação Mas foram os modernos europeus que levaram mais longe essa prática Em meados do século XIX a maior parte do Novo Mundo já se desvencilhara do seu domínio Este contudo havia sido imposto a grande parte da Ásia acima de tudo sobre a Índia a maior de todas as colônias e em segundo lugar sobre as Filipi nas pela Espanha sobre a Indonésia pela Ho landa e sobre a Sibéria pela Rússia O período de 1870 a 1914 costuma ser cha mado de era do imperialismo Nele a busca de colônias atingiu o clímax Exemplo a des tacar foi a disputa ferrenha pela África dentro das orientações ajustadas na Conferência de Berlim em 1884 Entre os antigos caçadores de tesouros a GrãBretanha ocupou a Malásia e o que restou da Birmânia além de grande parte da África O entusiasmo pelo império atingiu o seu auge histérico na Guerra dos Bôeres de 18991902 O poder da França expandiuse no Norte da África e na Indochina Expedições portuguesas forçavam para o interior seus anti gos domínios coloniais nas costas de Angola e Moçambique Entre os recémchegados esta vam a Alemanha em atividade na África e no Pacífico e a Itália no Leste e Norte da África A modernização japonesa foi acompanhada por uma emulação precoce do colonialismo ociden tal em 18945 a China foi derrotada e Taiwan anexada Os Estados Unidos ampliados por guerras contínuas contra os ameríndios e pela tomada de amplos territórios ao México em 1899 armaram uma disputa com a Espanha e entraram no cenário mundial anexando as Fili pinas e Porto Rico e transformando Cuba em protetorado A competição por colônias havia sido a cau sa de muitas guerras nos séculos XVII e XVIII e começou mais uma vez a se intensificar de forma perigosa Em 19045 o Japão derrotou a Rússia numa guerra pela Mandchúria A toma da da Líbia pela Itália em 1911 levou a uma guerra com a Turquia Em 1914 a Primeira Guerra Mundial foi deflagrada em parte devido a ambições coloniais Ela proporcionou novas aquisições aos vencedores que tomaram as possessões alemãs e turcas nominalmente co mo mandatos a serem supervisionados pela nova Liga das Nações Nos anos 30 a Itália invadiu a Etiópia e o Japão tendo ocupado a Mandchúria lançouse numa tentativa maciça de subjugar todo o resto da China Foram apresentadas inúmeras teorias na época e posteriormente buscando explicar por que as nações industrializadas buscavam colô nias de forma tão febril A mais famosa foi a proposta por Lenin durante a Primeira Guerra Mundial Boa parte dessa teoria foi extraída do economista liberal inglês JA Hobson que es crevera sob as impressões recentes da Guerra dos Bôeres Muito do restante foi tirado do livro Capital financeiro do economista austríaco Rudolf Hilferding publicado em 1910 Segun do o pensamento desses homens nesse estágio tardio da evolução capitalista o controle do capital estava se concentrando cada vez mais em poucas mãos o que deixava muito pouco poder de compra no mercado interno para os bens que podiam ser produzidos Devido a essa baixa de consumo o capital começava a ser exportado em vez de investido no seu próprio país e em regiões subdesenvolvidas que po diam conter valiosas matériasprimas esse ca pital precisava da proteção de um governo co lonial Na verdade porém a maior parte do capital mesmo no caso do maior de todos os exportadores a GrãBretanha se dirigia não para as colônias mas para outros países indus triais principalmente os Estados Unidos Na realidade não pode haver uma única explicação Em casos particulares grande parte do expansionismo pode remontar ao desejo de destaque de funcionários de fronteira ou de gente do exército ou a interesses comerciais especiais Os governos podiam sempre contar com os sucessos coloniais a fim de impressionar tanto os estrangeiros quanto seus próprios elei Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 102 cognição tores Território era algo que geralmente consi deravase útil possuir por motivos estratégicos Nesse ponto os britânicos com suas possessões e suas esferas de interesses em todo o mundo chegaram primeiro Quiseram o Egito em par te para proteger seu caminho para a Índia e o Afeganistão a fim de fechar uma porta para a Índia contra os russos Os custos militares po diam ser elevados mas uma vez na posição de ocupação os invasores poderiam ampliar seus efetivos militares a baixo custo recrutando sol dados nativos de classes ou grupos étnicos convenientes e empregandoos em tarefas po liciais ou para novas conquistas O enorme exército indiano comandado por oficiais bri tânicos foi utilizado em grande número de campanhas fora da Índia à custa do contri buinte indiano Alguns governos coloniais re correram ao contrário dos britânicos ao recru tamento em suas próprias fileiras de tropas nativas De fato para os franceses intensa mente conscientes depois de 1870 de sua infe rioridade numérica frente aos alemães uma reserva de efetivos humanos coloniais à sua disposição podia ser encarada como uma das recompensas principais do império No fundo os motivos do colonialismo eram econômicos As fábricas precisavam de maté riasprimas e os produtos de mercados O co mércio ampliouse principalmente entre países industriais mas houve uma intensificação da competição à medida que a industrialização se disseminou e as pesadas tarifas protecionistas ameaçavam fechar muitos mercados compra dores Em suas próprias colônias uma compa nhia britânica podia esperar uma posição prefe rencial e uma companhia francesa uma posição monopolista A maioria das colônias pode ter significado uma perda líquida para as econo mias nacionais mas havia sempre alguém que lucrava O imenso império da GrãBretanha sem dúvida proporcionou lucros gigantescos em grande parte de um tipo parasitário que pode ter tido o efeito negativo de desviar a economia da atividade produtiva As expor tações indianas de ópio chá e juta proporciona ram à GrãBretanha uma posição favorável na balança comercial em vez de um déficit Na GrãBretanha como em outros centros os lucros iam principalmente para a bolsa de valores as empresas o serviço público e o serviço militar Outra afirmativa de Lenin foi que algumas migalhas do banquete acaba vam chegando aos estratos mais privilegiados das classes operárias e ao aumentarlhes o pa drão de vida reconciliavaas com o domínio capitalista O que pode ter sido mais importante foi a capacidade dos empregadores de dizer aos operários que estavam vivendo melhor porque dispunham de colônias e não porque dispu nham de sindicatos O Império Britânico além disso era singular se descontarmos a Sibéria na posse de vastas áreas como o Canadá e a Austrália adequadas à colonização branca Elas ofereciam uma vida melhor a emigrantes pobres e esse foi com certeza um forte motivo para a popularidade do império Muito pouca gente do povo ligava para a Índia ou a África negra A propaganda italiana valorizou muito as oportunidades de colonização pelos campo neses pobres que a Etiópia era capaz de ofere cer Até uma fase bem avançada deste século a estrutura social da Europa e a da GrãBretanha em particular ainda produzia inúmeros homens para quem a administração colonial era uma ati vidade natural Eram recrutados especialmente entre os filhos mais jovens da pequena nobre za fundiária uma classe que podia alegar um dom natural para governar nativos pois sempre estivera acostumada a governar seus próprios camponeses A Inglaterra entrou no século XX com o seu campo ainda surpreendentemente feudal embora economicamente capitalista Não havia uma classe análoga a essa nos Es tados Unidos e por conseqüência era menor a disposição para o domínio colonial direto Os oficiais dos exércitos europeus que conquis tavam e ocupavam as colônias com suas guar nições eram recrutados nas mesmas fontes Em países com a Índia com razoável grau de alfa betização era fácil encontrar os assistentes in dispensáveis para dirigir a administração tanto quanto recrutar soldados Muito se ouviu falar sobre a missão civili zadora do homem branco e houve certa deter minação intermitente de varrer os métodos anti gos e ruins bem como de modernizar tudo Não demorou muito e isso deu lugar à preferência pelo governo indireto através de instituições nativas e métodos familiares ao povo Inovação demais era algo que podia ser julgado deses tabilizador e arriscado Na Índia o motim de 1857 poderia de forma plausível ser atribuído a isso e depois dele foi abandonada a explora ção de governantes nativos em vez disso pas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar colonialismo 103 saram a ser tratados como sócios minoritários sujeitos a um mínimo de inspeção Um quarto da população foi deixado ao critério desses governantes geralmente nada esclarecidos As relações com as classes fundiárias semifeudais reminiscentes de épocas anteriores ao domínio britânico ou com as que em algumas províncias foram por ele criadas tornouse cada vez mais cordial em detrimento dos que lavravam o solo mantidos sob forte pressão Em Java os holan deses também entraram em sociedade com os herdeiros da antiga aristocracia Nas Filipinas os norteamericanos fizeram mais ou menos a mesma coisa Um defensor francês de métodos semelhantes foi o marechal LH Lyautey go vernadorgeral do Marrocos de 1912 a 1925 Católico conservador sabia dar valor à conve niência do conservadorismo islâmico e enten dia os riscos que poderia correr por perturbálo No Marrocos na Indochina na Ásia central russa as velhas monarquias eram apoiadas e mantidas como testasdeferro Na África to dos os regimes europeus utilizaram chefes tribais muitos deles sem nenhum direito autên tico a semelhante posto mas apenas colocados nessa posição pelos funcionários distritais a fim de desempenhar o papel adequado Essa estratégia foi muito mal recebida pelos africanos e asiáticos inteligentes que em vez disso queriam modernização e pelos europeus que esperavam por mudanças benéficas Um deles foi Karl Marx Este afirmou que a tomada de colônias originavase de nada mais que uma ganância brutal mas poderia causar um choque necessário ainda que doloroso a sociedades mergulhadas durante muito tempo num absolu to torpor e impulsionálas ao progresso O sen timento nacionalista leva muitos asiáticos e africanos hoje em dia a negar essa necessidade e a afirmar de forma questionável que seus países teriam sido perfeitamente capazes de progredir por conta própria com pequenos empréstimos da Europa exatamente como fez o Japão Um rebento tardio do marxismo a teoria da dependência vai bem mais além afirmando de forma ainda menos convincen te que os países afroasiáticos só se tornaram atrasados e pobres quando se viram reduzidos a colônias Foi saqueandoos que a Europa con seguiu acumular capital industrializarse e for jar seu progresso Exceto em momentos de entusiasmo geral mente durante uma campanha de conquista poucos europeus se interessavam pelas ques tões das colônias e os funcionários e empresá rios ficavam livres para agir Católicos e socia listas uniramse certa ocasião para promover algumas melhorias nas colônias africanas da Alemanha Um protesto internacional contra as atrocidades perpetradas no Congo colônia par ticular do rei Leopoldo levaram a sua tomada em 1908 pelo governo belga Em termos polí ticos gerais o imperialismo era firmemente apoiado pelos partidos de direita e com menos fervor pelos liberais Os comunistas eram for temente contrários Outros socialistas vacila vam e como o Partido Trabalhista na GrãBre tanha criticavamno sem muito entusiasmo quando o faziam Os efeitos do colonialismo variavam de acordo com circunstâncias locais e anteceden tes históricos Os governos coloniais encer ravam o tumulto que às vezes predominava e se orgulhavam de seu papel de guardiães da or dem Essa ordem em geral podia não significar muito mais que um governo policial especial mente para as populações mais pobres e as leis ocidentais não eram adequadas às sociedades sobre as quais eram impostas Ainda assim o princípio da justiça imparcial da supremacia impessoal da lei foi uma inovação valiosa O mesmo ainda que não em todos os aspectos pode ser dito com relação ao advento pela primeira vez na história não européia de um corpo de advogados profissionais dispostos e capazes de assumir processos contra o governo Com maior freqüência o desenvolvimento econômico era deixado de lado Isso era previ sível no caso da GrãBretanha cujo governo sentia igualmente pouca responsabilidade por esse aspecto em seu próprio país Na Índia e no Egito sua melhor realização foi a irrigação o que afinal de contas foi feito em causa própria pois a renda fundiária representou durante mui to tempo o seu principal esteio A GrãBretanha construiu uma considerável infraestrutura de estradas ferrovias e meios de comunicação Fez pela saúde o suficiente para dar início à redução das epidemias que antes mantinham o crescimento da população dentro de limites rígidos Só muito tarde pensou em organizar algum sistema eficaz de combate à fome Os nacionalistas podiam acusála de empobrecer os camponeses e de atrasar a indústria em vez de fomentála em favor das exportações britâ nicas As importações fabris também eram cul Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 104 colonialismo padas por paralisar o artesanato nativo e dis seminar o desemprego A Segunda Guerra Mundial representou um golpe mortal para o colonialismo A Itália e o Japão foram postos fora de combate A Grã Bretanha ficou desgastada pelo esforço exces sivo e seu povo sem a menor disposição para continuar lutando Com uma obstinação insen sata a Holanda a França e Portugal continua ram durante anos tentando agarrarse a suas possessões sob o capcioso pretexto da Guerra Fria da luta contra o comunismo No que dizia respeito aos reais interesses econômicos os soldados e oficiais brancos haviamse tornado supérfluos Os povos coloniais ou de qualquer maneira as elites que vinham surgindo foram se acostumando ao seu novo lugar em um mun do que pertencia na maior parte a um grande e único complexo e queriam aproveitar isso ao máximo A descolonização era a escolha racio nal e foi calorosamente apoiada pelos Estados Unidos Desde que entrou no mercado mundial como exportador de produtos industriais na década de 1890 a América do Norte pregava a idéia das portas abertas Agora achava que chegara o momento de desmantelar os impé rios com suas barreiras e restrições deixando todos os mercados livres para serem tomados pelo competidor mais forte ela própria A descolonização deixou a verdadeira in dependência como um objetivo ainda distante Na economia mundial em que as excolônias se viram tragadas a maior parte delas não poderia ter senão uma posição fraca e vulnerável O domínio imperial foi substituído por um neo colonialismo que sujeitava o mais fraco ao mais forte através de relações econômicas desi guais Essas relações sempre existiram de bra ços dados com o controle político e militar direto Boa parte da América Latina no século XIX fora dominada financeiramente pela Euro pa cujo império informal naquele continente agora estava sendo tomado pelos Estados Uni dos A China foi apenas o maior de um grande número de países geralmente chamados de se micolônias até que a revolução comunista pôs fim à sua subserviência ao Ocidente As semi colônias e a Pérsia era uma às vezes se saíam pior do que as colônias na opinião de muitos observadores Poucos dos países agora nominalmente li vres possuíam uma liderança respeitável Mui tos deles não demoraram a cair sob o controle de ditadores facilmente manipulados de fora O capitalismo mundial ao contrário tornouse mais poderosamente organizado com o surgi mento das corporações multinacionais e da hegemonia norteamericana do que em seu pas sado dividido Todos os novos países mesmo sendo ricos em recursos como a Indonésia precisavam de empréstimos investimentos ajuda de todos os tipos A Ajuda direta ou através de instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional era algo que podia ser usado para ditar as políticas econômi cas Os governos que não se mostravam dispos tos a um alinhamento podiam como regra ser afastados ou na linguagem oficial norteameri cana desestabilizados sem muita dificulda de Dois exemplos foram o de Mossadeque no Irã em 1953 e o de Allende no Chile em 1973 Esses dois líderes pagaram com a vida por sua atitude recalcitrante No quintal caribenho dos Estados Unidos continuava o que fora cha mado de diplomacia das canhoneiras Em alguns poucos países em especial na Coréia do Sul e em Taiwan e durante alguns anos no Brasil a tecnologia e os investimentos estrangeiros associados ao governo de dita dores apoiados pelos Estados Unidos propor cionaram um crescimento industrial notável embora a parte dos trabalhadores nos lucros tenha sido pequena Em toda parte os bancos ocidentais fizeram empréstimos em escala pro digiosa a países em desenvolvimento A maioria dos tomadores descobriu ser difícil alguns descobriram ser impossível manter os pagamentos dos juros e certos empréstimos tiveram de ser anulados O abismo entre países avançados e atrasados está se ampliando em vez de se estreitar O neocolonialismo é danoso aos países pobres se beneficia os países ricos de alguma forma real é algo sujeito a grande dúvida Não faz muito tempo que os impérios eram considerados vitais para a prosperidade dos que os detinham e no entanto a Europa apesar de os ter perdido está mais próspera do que nunca Ver também MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO CO LONIAL PANAFRICANISMO PANARABISMO Leitura sugerida Bull Hedley e Watson Adam orgs 1984 The Expansion of International Society Ethe rington Norman 1984 Theories of Imperialism War Conquest and Capital Fieldhouse DK 1966 The Colonial Empires a Comparative Survey from the Eighteenth Century Gopal S 1965 British Policy in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar colonialismo 105 India 18581905 Hobsbawn EJ 1987 The Age of Empire 18751914 Hobson JA 1902 1968 Impe rialism a Study Magnus Philip 1958 1968 Kitche ner Portrait of an Imperialist Mommsen Wolfgang J e Osterhammel Jürgen orgs 1986 Imperialism and After Continuities and Discontinuities Pomeroy WJ 1970 American NeoColonialism its Emergence in the Philippines and Asia Thornton AP 1978 Im perialism in the Twentieth Century VG KIERNAM comparada sociologia Ver SOCIOLOGIA COM PARADA competição O verbo competir indica ati vidade rival ente dois ou mais indivíduos ou grupos Competir significa superar o outro co mo em um evento esportivo Na terminologia econômica no entanto competição é uma palavra que não pode ser definida de forma tão pouco ambígua O corpo predominante do pensamento econômico no século XX veio a definir a competição não como uma atividade mas como um estado de coisas existente em um mercado idealizado o modelo da concorrência perfeita Por outro lado tem havido por todo o decorrer do século XX vozes dissidentes abrangendo todo o es pectro ideológico insatisfeitas com essa defi nição estática e idealizada e que buscam explo rar melhor os processos efetivos de competição dinâmica que ocorrem no mercado Escassez e racionamento A competição é um resultado inevitável da escassez Isso não foi bem compreendido na história das idéias porque o conceito de escas sez foi mesclado com o de riqueza ou abun dância material pela maior parte dos pensadores do século XIX Escassez de fato significa sim plesmente a falta do suprimento adequado de um bem mas também algo mais fundamental Escassez é um conceito lógico não relacionado à riqueza que diz respeito à passagem do tempo e à necessidade de escolha Não podemos fazer tudo de uma só vez por isso devemos escolher A análise econômica ocupase das conseqüên cias dessas escolhas Em resultado da escassez os indivíduos pre cisam estabelecer prioridades e racionar o seu tempo de forma correspondente a poder reali zálas Da mesma forma o sistema social de produção e distribuição deve ter como premissa algum mecanismo de racionamento para en frentar a escassez inexorável que nos confronta seja esse mecanismo preços voto beleza ou qualquer outro e para ajudar na alocação de recursos A competição não pode ser eliminada pode ser apenas transformada Numa economia pura de mercado a compe tição coordena as decisões econômicas pelo racionamento através dos preços Um preço alto demais para o mercado atual leva a excessos de estoque indesejáveis e a uma pressão para bai xo enquanto um preço baixo demais produz filas e pressão para cima A subida ativa do preço quando a demanda supera a oferta bem como a descida quando a oferta supera a deman da serve para alocar recursos de maneira efeti va através do ajuste dos mercados A concor rência de preços coloca em coordenação os fornecedores e os consumidores mais bem dis postos de determinado bem Os preços coordenam a multidão de planos isolados que formam o mercado ao informar os agentes econômicos sobre a situação das con dições de mercado existentes e o sucesso ou fracasso de seus planos anteriores Os preços executam essa tarefa fornecendo incentivos e conhecimento aos participantes do mercado O preço de qualquer bem é o reflexo da relativa escassez desse bem em relação a outros Se o preço é alto isso representa para os partici pantes do mercado um sinal de que o bem particular em questão está relativamente escas so e deve ser economizado Por outro lado o preço baixo de um bem indica sua relativa abundância Dessa maneira os que são res ponsáveis pela tomada de decisões na economia recebem informações a respeito das atuais con dições do mercado a partir dos sinais repre sentados pelos preços e isso os ajuda em suas escolhas Os preços também fornecem informações a respeito da justificativa econômica de decisões passadas Comprar barato e vender caro é re compensado enquanto comprar caro e vender barato é penalizado O sistema de perdas e ganhos é um mecanismo de aprendizado atra vés do qual o erro sistemático pode vir a ser eliminado Além dessas funções os preços ser vem também como pano de fundo contra o qual os indivíduos descobrem meios de dispor ou redispor os recursos de modos mais eficazes para a satisfação de objetivos A discrepância entre a atual formação dos preços e sua imagi nada formação futura estimula a busca empre sarial do lucro puro Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 106 comparada sociologia Essas percepções do modo como funcionam os processos do mercado competitivo foi obs curecida na economia do século XX com o desenvolvimento do conceito de concorrência perfeita e de equilíbrio geral Concorrência perfeita Os economistas neoclássicos encantados com os métodos da física desenvolveram um modelo altamente refinado de competição idea lizada chamado de concorrência perfeita Os pressupostos cruciais desse modelo de compe tição sem fricção incluem um número infi nito de compradores e vendedores de forma a que nenhum comprador ou vendedor possua qualquer grau significativo de força de merca do informação completa a respeito de utili zações alternativas mobilidade de recursos sem custos e produto homogêneo A conse qüência de semelhante estado de coisas seria o preço de qualquer bem é considerado como dado e não como uma decisão variável por parte dos produtores tomada de preço o preço re fletiria plenamente o custo de oportunidade de produção custo marginal dos preços e lucros econômicos zero levar a produção a um nível de resultados que minimize o seu custo médio Nessas condições e com esses resultados afir mouse a alocação de recursos poderia ser cha mada de ótima isto é seria alcançada a eficiên cia de alocação Nenhuma das partes poderia sairse melhor sem simultaneamente deixar al guma outra pior Em outras palavras todos os lucros a serem obtidos do intercâmbio seriam exauridos em um equilíbrio competitivo Esse modelo levou ao desenvolvimento do paradigma estruturacondutadesempe nho na economia industrial Presumiase que a estrutura de mercado fosse perfeitamente competitiva ou monopolista Se uma empresa estava em situação competitiva ou monopo lista era algo que podia ser medido pela par ticipação no mercado uma vez que sob concorrência perfeita nenhuma empresa pos suiria qualquer poder significativo no merca do Os índices de concentração poderiam ser usados para medir a extensão de poder de mercado Uma firma que possuísse uma quo ta muito grande do mercado poderia ser considerada monopolista Ademais a conduta de preços da firma po deria ser deduzida a partir da estrutura do mer cado Em uma indústria competitiva uma firma seria forçada pela lógica do modelo a estabele cer preço igual ao custo marginal Por outro lado numa situação monopolista a firma seria capaz de restringir a produção e elevar o preço acima do custo marginal Por conseqüência em uma situação competitiva o desempenho da indústria poderia ser designado de ótimo en quanto que em condições monopolistas o de sempenho seria subótimo Esse paradigma de economia industrial justificou grande parte do ajuste econômico da indústria pelo governo como a lei antitrustes no século XX O paradigma predominante porém apre sentava sérias desvantagens Desde confusões básicas sobre definição do mercado relevante nacional ou internacional até sérias dificul dades analíticas para explicar os modos de fun cionamento do processo de mercado competi tivo em tudo isso o paradigma estruturacon dutadesempenho foi considerado insuficiente Por exemplo se todos tratassem o preço como parâmetro como os preços mudariam para re gular o mercado Além disso o modelo conti nha o sério dilema de que numa situação de conhecimento perfeito uma oportunidade de lucro conhecida de todos é na verdade conheci da por ninguém de forma que ninguém teria estímulo algum a buscar oportunidade de lucro e assim a lógica do modelo de ajuste no mercado desaparece O modelo básico de equilíbrio competitivo descobriuse não po dia sequer explicar a existência de empresas ou o uso do dinheiro quanto mais esclarecer fenômenos como publicidade diferenciação de produtos fidelidade à marca práticas con tratuais e assim por diante Como recurso analítico positivo para explicar o funciona mento de uma economia pura de mercado o modelo do equilíbrio competitivo geral não foi de muita ajuda Esse modelo de concorrência perfeita na melhor das hipóteses poderia servir apenas como construção imaginária que pelo método do contraste poderia ajudarnos a lançar algu ma luz sobre o mundo real da incerteza e do tempo Em outras palavras estudando um mun do sem mudança podemos conseguir compre ender as dificuldades que a mudança introduz na vida econômica Infelizmente a corrente predominante do pensamento econômico enca rou esse modelo de maneira muito mais concre ta e descritiva Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar competição 107 A contrarevolução O desenvolvimento do modelo de concor rência monopolista forneceu a primeira crítica iminente do modelo de concorrência perfeita O modelo de concorrência perfeita não era ca paz de explicar a existência da diferenciação de produtos que efetivamente se encontra nos mer cados O modelo de competição monopolista conseguia Mas outras questões persistiam tais como o papel dos direitos de propriedade e das instituições de contrato Os economistas come çaram a reconhecer que o problema essencial com o monopólio não era a capacidade de es tabelecer preço acima do custo marginal mas a barreira ao acesso o que permitia essas práticas artificialmente restritivas Os economistas não possuem uma teoria positiva do monopólio mas sim uma teoria normativa dos direitos de propriedade O desenvolvimento de uma abordagem de direitos de propriedade para a economia in dustrial mudou o foco da análise retirandoo das condições de equilíbrio competitivo e de volvendoo à discussão dos economistas clás sicos sobre o processo do mercado dinâmico dentro de diferentes contextos institucionais Em resultado o comportamento rival de in divíduos e firmas dentro dos processos econô micos voltou a receber atenção A competição em vez de ser um estado de coisas mensurado pela participação do mercado e por supostas condições de equilíbrio é um processo ativo de aprender como melhor dispor e redispor recur sos para satisfazer de forma mais eficiente os fins procurados A competição dentro de um ambiente ins titucional de propriedade privada é um proce dimento de descoberta que gera tanto incenti vos quanto conhecimento para a efetiva aloca ção de recursos Talvez a propriedade mais importante do processo do mercado competiti vo seja a sua capacidade de revelar erros e fornecer o incentivo e o conhecimento para que os indivíduos corrijam equívocos passados Es sa propriedade de detectar e corrigir erros do mercado competitivo é a característica vital do sistema para a promoção da prosperidade eco nômica Ver também EMPRESARIAL FUNÇÃO ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO SOCIALISTA CÁLCULO e SOCIEDADE DE CONSUMO Leitura sugerida Armentano DT 1982 Antitrust and Monopoly Brozen Y 1982 Concentration Mer gers and Public Policy Demsetz H 1982 Barries to entry American Economic Review 72 4757 Hayeck FA 1948 The meaning of competition In Individualism and Economic Order Ο 1978 Com petition as a discovery procedure In New Studies in Philosophy Politics Economics and the History of Ideas Kirzner I 1973 Competition and Entrepre neurship McNaulty P 1967 A note on the history of perfect competition Journal of Political Economy 75 3959 Ο 1968 Economic theory and the meaning of competition Quarterly Journal of Economics 82 639 56 Stigler GJ 1965 Essays in the History of Econo mics Ο 1968 The Organization of Industry PETER J BOETTKE comportamentalismo Conhecida mundial mente pelo seu nome mundial behaviourism essa tem sido a escola de pensamento predomi nante na PSICOLOGIA acadêmica desde a publi cação da obras clássica de JB Watson Beha viourism em 1924 Poucos psicólogos desde essa época têmse mostrado dispostos a aceitar sua teoria sem reservas A maioria no entanto sempre concordou com os aspectos gerais da sua posição Ele afirma que 1 os eventos mentais não podem cons tituir os dados de uma ciência respeitá vel sendo o objeto adequado do estudo psicológico o comportamento e não o pensamento ou o sentimento 2 todo comportamento é o efeito de um reforço ou consolidação isto é a reação a um estímulo é a conseqüência da repe tida coincidência da reação com uma recompensa ou castigo 3 as técnicas experimentais em psicologia permitemnos manipular o comporta mento no sentido de fins socialmente aprovados Uma vez que todo compor tamento é de qualquer forma condicio nado a objeção ao condicionamento em oposição à persuasão racional não procede A escola comportamentalista surgiu em pri meiro lugar como protesto contra a situação insatisfatória da psicologia na virada do século Wilhelm Wundt Edward Tiechener e William James supunham que a psicologia estudava os eventos mentais por meio da introspecção Es se processo era notoriamente destituído de fide dignidade faltandolhe os meios de replicar as descobertas relatadas Era anátema para uma geração orientada por uma concepção da ciên Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 108 comportamentalismo cia extraída de Ernst Mach e que sentia inveja de cientistas mundialmente aclamados por seus sucessos na previsão de eventos no mundo físi co Os movimentos corporais em contraste pareciam satisfazer a exigência científica de dados confiáveis A pressuposição de que o comportamento é sempre uma reação a estímu los reforçados forneceu as condições para ex periências controladas Até agora portanto o comportamentalismo é o ponto de vista da pró pria psicologia experimental Watson no entanto foi mais longe Em Chi cago estudara com Jacques Loeb famoso por sua afirmação de ter criado vida num tubo de ensaio e que pensava a ciência como um meio de controlar e mudar a natureza Watson parti cipava desse ponto de vista e com seu aluno BF Skinner 1938 1959 1971 tornou popu lar uma imagem do comportamentalismo como receita para resolver as ansiedades individuais e o males do mundo Onde psicólogos como Clark L Hull e EC Tolman encaravam o es tímuloreação ER como técnica para refinar nossa concepção do aparato mental ou fisioló gico que eles supunham devia mediar entre um estímulo e uma reação Skinner encara o reforço como recurso utilizado pelo experimentador para induzir comportamento Esse ponto de vista poderia ser chamado de comportamentalismo ideológico de vez que acarreta uma concepção de comportamento for mada a partir de fins escolhidos para a ação Tal concepção exige a linguagem do desempenho bem ou malsucedido e não apenas a descrição neutra de movimentos corporais normalmente encarada como o fundamento científico da teo ria psicológica Definir o comportamento para atender à exigência de dados é um problema para o comportamentalismo em geral A expe riência clássica do labirinto constróise sobre a pressuposição de que um sujeito há de se sentir gratificado por chegar à recompensa e resolverá o labirinto com maior rapidez em novas tenta tivas O comportamento do sujeito não será descrito de forma mais exata se for analisado em suas unidades A estratégia experimental sempre presume que o sujeito está buscando a recompensa Mas nesse ponto não fica evi dente por que não podemos dizer diretamente que o sujeito quer a recompensa e sabe como encontrála Grande parte da energia dedicada a expe riências de labirinto teve o objetivo menos am bicioso de chegar a um registro de números Por exemplo a taxa de aprendizado Se esses resul tados têm implicações importantes para nossa compreensão do comportamento e da estrutura dos organismos é algo que pode em si ser questionado As experiências de taxa de apren dizado nem implicam nem excluem eventos íntimos Nem exigem descrição em termos de movimentos corporais Aprender é uma realiza ção é dado experimental Comportamento nesse contexto é o que organismos fazem e não meramente como se movem As fortes alega ções de Skinner sobre a eficiência na mudança de comportamento com o emprego de métodos expurgados de conteúdo mental parecem entrar em confronto com sua igualmente forte alega ção de que dado um controle suficiente sobre um organismo podemos leválo a fazer prati camente tudo que quisermos Cães caminhando sobre as patas traseiras golfinhos pulando atra vés de anéis de fogo soldados marchando para a batalha atestam a possibilidade do controle Mas uma descrição dos métodos de condicio namento parece acarretar certa referência aos fins intenções e motivos pelo menos do expe rimentador Se assim for elas acarretam tam bém uma descrição dos organismos como exe cutando e não meramente exibindo movimen tos físicos Muitos dos críticos de Skinner têmse opos to a seus pontos de vista por motivos morais e políticos Ele reduz a motivação humana se gundo dizem à forma mais simplista de hedo nismo Defende o reforço positivo recompen sas em vez de castigos não porque seja melhor ser bom mas porque de acordo com seu ponto de vista esse é um método de manipulação mais eficaz Suas alegações de eficiência são além do mais exageradas As reações vão sumindo com o decorrer do tempo extinção e assim requerem freqüentes sessões de recondiciona mento É claro que hábitos que se extinguem podem ser explicados teoricamente mas como método de política social o condicionamento iria onerar a sociedade com custos tremendos Críticas desses tipos são importantes apesar de se concentrarem talvez de modo demasiado exclusivo na obra polêmica de Skinner Não obstante elas revelam que grande parte da psi cologia experimental é voltada para os fins o que invalida a alegação de haver descrito o comportamento sem recorrer à linguagem do motivo do propósito e da ação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar comportamentalismo 109 Expurgar a linguagem psicológica da lin guagem intencional e mentalista foi conforme vimos uma reação às afirmações inverificáveis dos introspeccionistas Essa reação assumiu duas formas Comportamentalistas radicais co mo Watson e Skinner negavam a existência ou pelo menos a significação de eventos descober tos através da introspecção Assumindo que qualquer uso de conversa intencional ou mental envolvia o que falava no processo desacredita do da introspecção foram levados a negar que alguma coisa intervenha entre o estímulo e a reação Qualquer referência a impulsos moti vos ou percepção consciente é redutível à lin guagem ER Skinner assim é levado a excluir a explicação fisiológica a qual desde os tem pos de Pavlov 1927 forneceu um ímpeto im portante ao desenvolvimento de métodos com portamentalistas A obra de Hebb 1949 é um exemplo instrutivo Os fisiólogos requerem meios refinados para descrever o movimento corporal a fim de extrair inferências a respeito da estrutura e função do sistema nervoso Outros psicólogos como Hull 1943 e Tol man 1958 supunham que a identificação pre cisa de estímulo e reação era necessária para chegar aos processos interiores que os intros peccionistas observaram de modo imperfeito Seus pontos de vista receberam estímulo da visão predominante de que em ciência se pos tulam construtos hipotéticos ou variáveis intervenientes a partir dos quais a prova expe rimental se segue logicamente e por meios dos quais novos eventos podem ser previstos Para alguns os modelos não se referem a eventos ou estruturas reais mas são apenas recursos heurísticos para fazer previsões Para outros a descrição exata do processo de aprendizado era justificada com o argumento de que nos pode dar mapas mais precisos da mente por exem plo Tolman O conceito de impulso desempe nha um papel central em todas as teorias desse tipo A força impulsionadora segundo se diz facilita a previsão Skinner é claro argumenta ria que não existe diferença entre o impulso e a súmula de respostas Ele também apóia as afirmações a respeito de processos interiores cuja natureza porém permanece problemática Já não é mais tão claro quanto pode ter parecido por volta de 1950 que o comportamen talismo psicológico contribuiu muito para a nossa compreensão do comportamento dos or ganismos Alguns dos motivos de ceticismo se destacaram A crítica de alcance mais profundo baseiase na obra de Wittgenstein 1953 e Ryle 1949 que foram eles próprios descritos como comportamentalistas uma vez que concordam em que a introspecção não é o meio apropriado de acesso à mente Wittgenstein afirma que não podemos ter certeza de estarmos aplicando cor retamente um termo a experiências particu lares Assim nossa conversa sobre pensamen tos e sentimentos não pode logicamente repre sentar uma suposição de dados particulares Ryle ataca a concepção da mente como um lugar onde os eventos mentais ocorrem Nós não observamos nossos pensamentos e os rela tamos nossos pensamentos são o nosso discur so Não descrevemos nossos sentimentos na mesma medida em que os expressamos A ati vidade mental ou grande parte dela é aquilo que fazemos Em Wittgenstein e Ryle porém a externali zação da mente não é motivada pela tentativa de definir comportamento em termos científi cos Essa pesquisa leva em vez disso de volta à vida comum e à linguagem do diaadia que usamos para facilitála Nesse cenário é inade quado falar dos movimentos dos organismos como a base para inferência sobre pensamentos intenções sentimentos e objetivos Nossas des crições básicas do comportamento consistem em conversas sobre ações bem ou malsucedi das e não sobre movimentos As implicações do comportamentalismo filosófico para a psicologia empírica são impor tantes Se seus argumentos são sólidos o infla do universo mental do introspeccionista é ex purgado sem deixar um vácuo a ser preenchido pela pesquisa científica Já vimos até que nível o projeto experimental em psicologia está im plicado no ponto de vista da vida diária O labirinto é construído visando descobrir com que rapidez o sujeito o resolve A bolinha de comida é chamada de recompensa e horas de privação de alimentos são chamadas de es tímulo ou excitação do impulso linguagem que é difícil distinguir conceitualmente de ob servações a respeito da fome do sujeito de suas preferências estratégias e descobertas Es sa é uma linguagem na qual está implícita uma compreensão do comportamento Em psicolo gia diz Wittgenstein há método experimen tal e confusão conceitual Investigações filo sóficas II pXIV A redução que o comporta mentalista faz da ação para movimento tem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 110 comportamentalismo sucesso caso concentre sua atenção em proble mas psicológicos Em caso contrário ela busca sua justificativa não nos enigmas a respeito do que fazemos mas em receitas positivistas para se fazer ciência Tem havido nos últimos anos uma retração marcante na teoria comportamentalista embo ra isso tenha sido acompanhado de novas defe sas do modelo ER por parte de epistemólogos e filósofos da LINGUAGEM Word and Object 1960 de Quine é um bom exemplo Mas na psicologia concebida como disciplina científi ca autônoma pouco tem sido feito desde as tentativas de Spence 1956 de levar avante o trabalho de Hull Durante os últimos 15 anos a idéia de que o estudo experimental das reações de organismos sob condições controladas pode ria levar a uma ciência do comportamento pas sou a sofrer um ataque cada vez mais constante por parte dos que acreditam não ser possível ne nhuma explicação legítima do comportamen to exceto no contexto de uma compreensão biológica e evolucionista dos organismos Os comportamentalistas clássicos observam o que fazem os organismos estritamente dentro da perspectiva fornecida por recompensas explíci tas ou estímulos de aversão São assim inca pazes de reconhecer o significado do compor tamento altruísta Essa é uma reação dizem os sociobiólogos explicável apenas com o pres suposto de que o altruísmo maximiza a pos sibilidade de o material genético ser passado adiante para a próxima geração O desenvolvi mento da SOCIOBIOLOGIA tem semelhanças mar cantes com o comportamentalismo psicológico e tem sido criticado mais ou menos da mesma forma É de interesse aqui por chamar a atenção para o que é fundamental na estratégia compor tamentalista e para suas deficiências O com portamentalismo será melhor encarado como tentativa de separar a psicologia como ciência de outras disciplinas Leitura sugerida Austin John 1961 1970 A plea for excuses In Philosophical Papers Chomsky N 1959 Review of BF Skinners Verbal Behaviour Language 35 2658 Hebb DO 1949 The Organiza tion of Behaviour Hull Clark L 1943 Principles of Behaviour MacCorquodale K e Meehl PE 1948 On a distinction between hypothetical constructs e intervening variables Psychological Review 85 95 107 Melden AI 1961 Free Action Pavlov Ivan 1927 Conditioned Reflexes Peters RS 1958 The Concept of Motivation Ryle Gilbert 1949 1963 The Concept of Mind Scriven Michael 1958 A stu dy of radical behaviourism In Minnesota Studies in the Philosophy of Science org por H Feigl e M Scriven Skinner BF 1938 The Behaviour of Orga nisms Ο 1959 Verbal Behaviour Ο 1971 Beyond Free dom and Dignity Spence Kenneth 1956 Behaviour Theory and Conditioning Tolman EC 1958 Beha viour and Psychological Man Watson JB 1924 Be haviourism Wilson EO 1975 Sociobiology the New Synthesis Wittgenstein Ludwig 1953 1967 Philosophical Investigations ALFRED LOUCH comportamento organizacional Este es tudo interdisciplinar concentrase nos aspectos humano e social do gerenciamento em organi zações formais como um problema técnico Valese basicamente da sociologia e da psico logia mas também da economia da CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO e da engenharia de produção para estudar a estrutura e o funcionamento das organizações e o comportamento de grupos e indivíduos dentro delas A aplicação desse te ma a problemas práticos de mudança gerencial em organizações é chamada de desenvolvimen to organizacional No século XX o impacto da ciência social sobre o pensamento gerencial cresceu a ponto de se tornar a força mais impor tante Do ponto de vista do comportamento orga nizacional a tarefa do gerenciamento pode ser considerada como a organização do comporta mento dos indivíduos em relação aos meios e recursos físicos a fim de se alcançarem objeti vos desejados Apresentase então um proble ma básico que quantidade de organização e de controle de comportamento é necessária para um funcionamento eficiente e que forma isso deveria assumir É na resposta implícita a essa pergunta que podemos distinguir os dois lados de um debate contínuo caracterizados por Pugh 1990 como os organizadores e os comportamentistas Os organizadores baseiamse na obra de Henri Fayol Frederick W Taylor e Max Weber Afirmam que estruturas planos e programas mais precisamente determinados com melhor especificação monitoração e controle do com portamento exigido para realizálos são neces sários para a eficiência Destacam as vantagens para uma eficiente realização de objetivos da especialização de funções e tarefas de defi nições claras dos serviços de procedimentos padronizados e de linhas nítidas de autoridade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar comportamento organizacional 111 isto é a forma de organização para a qual Weber 1922 usou a palavra BUROCRACIA A definição de Fayol 1916 do que é geren ciamento e a abordagem de Taylor 1947 da extrema subdivisão e controle das tarefas dos trabalhadores diretos chamada gerenciamen to científico tiveram e continuam a ter um impacto considerável sobre o pensamento e a prática gerenciais Enquanto Fayol e Taylor foram defensores entusiastas do pleno controle gerencial Weber expressou considerável preo cupação quanto às implicações sociais da difu são da burocracia em termos da capacidade dos burocratas de usurpar funções democráticas Uma vez porém que essa preocupação se ba seava na sua crença na irresistível eficiência técnica da abordagem burocrática seu impacto no campo do comportamento organizacional viria a sublinhar os argumentos dos organiza dores Essas idéias foram desenvolvidas por exemplo através da explicação detalhada das características mínimas exigidas de uma es trutura burocrática eficaz Jaques 1976 Os comportamentistas baseiamse na obra de Elton Mayo Kurt Lewin e Abraham Mas low Mayo 1933 nas experiências Hawthor ne estudou grupos de trabalhadores diretos e desenvolveu a abordagem de relações huma nas que enfatiza as necessidades humanas e sociais dos trabalhadores ver também RELA ÇÕES INDUSTRIAIS Lewin estudou as forças da liderança democrática em oposição à liderança autocrática Lewin et al 1939 Maslow 1968 identificou a autorealização a necessi dade de crescer e desenvolverse como indiví duo como um motivador importante Os três afirmam que a contínua tentativa de aumentar o controle sobre o comportamento dos mem bros da organização está destinado ao fracasso O controle gerencial leva à rigidez onde se precisa de flexibilidade e à apatia no desempe nho dos membros quando se exigem engaja mento e alta motivação Um controle crescente gera esforços dedicados ao contracontrole atra vés de relações informais para derrubar os ob jetivos da organização Em geral não leva a um aumento da eficiência e quando o faz é apenas a curto prazo e à custa de conflito interno Os subordinados precisam receber considerável autonomia quanto a decisões e oportunidades de autodesenvolvimento caso a organização queira funcionar de forma eficiente Estudos sobre tomadas de decisão também indicaram que não é possível assumir uma abor dagem completamente racional do gerencia mento Simon 1947 Normalmente ocorre uma abordagem em etapas parcialmente racio nal Lindblom 1959 Mesmo as abordagens não racionais da tomada de decisões são es timuladas como um impulso à inovação March 1976 Novas evoluções baseiamse nos que assu mem uma abordagem de contingência afir mando que se deve manter um equilíbrio entre as preocupações dos organizadores e as dos comportamentistas Esse equilíbrio será contin gente à situação contextual particular da orga nização que provocará diferenças em sua es trutura Burns e Stalker 1961 Pugh e Hickson 1976 tanto quanto a tecnologia utilizada na produção conforme demonstrado na aborda gem de sistema sociotécnica Emery e Trist 1960 Da mesma forma diferentes tarefas de um grupo de trabalho bem como as neces sidades de seus membros exigirão diferenças na liderança Fiedler 1967 A abordagem marxista Braverman 1974 tem sido a de afirmar que os organizadores extremados serão sempre preferidos pelas ge rências uma vez que seu objetivo não é a efi ciência no desempenho mas a eficiência no controle da classe operária em nome dos inte resses do capital Uma evolução recente e importante com a expansão do comércio internacional e a ascen são das corporações multinacionais foi a iden tificação sistemática das diferenças intercul turais no comportamento organizacional com respeito a valores de trabalho estilo de lideran ça e controle de estruturas Hofstede 1980 Leitura sugerida Morgan G 1986 Images of Orga nization Pugh DS e Hickson DJ 1989 Writers on Organizations 4ªed DEREK PUGH compreensão Ver VERSTEHEN computação Ver INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL comunicação Tal como os processos comu nicativos específicos estudados em lingüística SOCIOLINGÜÍSTICA e psicologia social um con ceito mais amplo de comunicação vem sendo um dos temas mais importantes do pensamento social Aristóteles encarava o Estado como uma comunidade envolvendo a comunicação entre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 112 compreensão uma multiplicidade de perspectivas indivi duais Enquanto isso diz respeito à ação in dividual deliberada na esfera política Tomás de Aquino introduziu no pensamento cristão me dieval um conceito teórico mais amplo no qual a natureza de Deus é comunicada na criação de suas criaturas Esse modelo levou à generaliza ção do conceito de comunicação a todos os seres humanos e ao mesmo tempo a uma dife renciação que se tornou crucial para a moder nidade entre a comunidade de comunicação particular política e a universal social Essa extensão idealizante do conceito de comunicação a todos os seres humanos bem como sua simultânea diferenciação em comu nicação política e social fez dele um ponto de referência preferido da sociologia e da filosofia social modernas Marx nos Grundrisse usa a diferenciação entre comunicação política e so cial para transformar o zoon politikon de Aris tóteles em uma sociedade de indivíduos agindo e falando juntos CS Peirce analisa a comunidade científica a partir da perspectiva de uma comunidade de comunicação idealizada e GH Mead leva os processos sociais de in dividualização por meio de socialização para o quadro de um discurso universal O principal aspecto dessa universalização teórica da comu nidade de comunicação é a afirmativa de que conforme as palavras de Jürgen Habermas 1981 p105 o processo de vida social tem uma relação com a verdade que lhe é inte grante Essa universalização junto com a so cialização incluindo a despolitização ou di ferenciação interna do conceito de comunica ção é um aspecto característico do pensamento pósmetafísico da MODERNIDADE marcando um rompimento radical entre o pensamento cientí fico e social e o pensamento político do mundo antigo e dos clássicos da filosofia política Podese compreender a comunicação como um meio de resolver o problema hobbesiano da ordem social Como é possível que os planos de ação de vários agentes possam ser coordena dos uns com os outros Se seguirmos Talcott Parsons na análise das situações de dupla con tingência logo nos ocorrerá a extrema impro babilidade das seqüências ordenadas de inter ação e dos acordos comunicativos Mesmo em uma situação de laboratório extremamente sim plificada com dois agentes e três orientações possíveis por exemplo egoísta generosa e hostil as expectativas recíprocas de expec tativas apresentam 97 combinações possíveis Daí toda comunicação basearse em mecanis mos de redução da complexidade tais como confiança mútua expectativas de normali dade etc Os agentes podem manter ou modifi car essa ordem comunicativa estabilizada pelo exercício de influência externa sobre os efeitos das ações dos outros ou reproduzila e recons truíla por meio de um acordo interno em bases generalizáveis A comunicação portanto deve ser vista co mo uma forma de ação Enquanto o conceito clássico de ação se baseia na diferenciação entre sujeito e objeto e entre meios e fins o mais recente conceito social e científico de comuni cação baseiase na diferenciação entre ego e alter A ação comunicativa na teoria de Haber mas visa em última análise um acordo racio nal entre ego e alter Enquanto ações racionais deliberadas ou racionaisvalorativas formam um sistema engatandose a outras ações as ações comunicativas formam um sistema social ligandose às ações de outros A essa distinção correspondem diferentes concepções de RACIO NALIDADE E RAZÃO Enquanto as teorias clás sicas aristotélicas de ação em linha direta até Max Weber ligam a estrutura de meiosfins ao conceito de racionalidade deliberada ou orien tada para o sucesso a teoria de Habermas sobre ação social ou intersubjetiva que ele chama também de ação orientada para a compreensão mútua baseiase no conceito de racionalidade comunicativa Esse conceito comunicativo pragmático de racionalidade remontando a Peirce Mead e à hermenêutica de HansGeorg Gadamer não apenas estabelece limites à pos sibilidade de generalização do esquema meios fins mas também ultrapassa os limites do pen samento europeu tradicional até uma metafísi ca reflexiva de sujeito e objeto comparar Rorty 1980 Uma maior diferenciação do conceito de comunicação abre ampla variedade de pers pectivas teóricas e empíricas A diferenciação entre comunicação verbal e nãoverbal mostra que a comunicação entre os que estão presentes é inevitável Watzlawick et al 1967 Corres pondendo à distinção de comunicação direta e indireta está a importante diferença entre sis temas sociais simples envolvendo comunica ção face a face e sistemas sociais complexos baseados na comunicação mediada entre parti cipantes fisicamente distantes ver Luhmann Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar comunicação 113 1972 A oposição entre simetria e assimetria é capital não apenas para a teoria do papel social mas também para as teorias sobre as condições ideais de comunicação ver Habermas 1971 A diferenciação entre condições simétricas e assimétricas de comunicação é importante para se distinguir entre comunicação distorcida ou perturbada e comunicação nãodistorcida Essa distinção por sua vez é básica para várias teorias sobre patologias da comunicação Watz lawick et al 1967 Habermas 1988 e sobre a reconstrução e crítica das ideologias Apel 1973 Ver também COMUNICAÇÃO DE MASSA DIS CURSO Leitura sugerida Apel KO 1973 1980 Toward a Transformation of Philosophy Cashdan Asher e Jor dan Martin 1987 Studies in Communication Haber mas Jürgen 1981 1984 The Theory of Communica tive Action vol1 Mellor DH org 1990 Ways of Communicating Rorty R 1980 Philosophy and the Mirror of Nature HAUKE BRUNKHORST comunicação de massa A expressão co municação de massa mass media é comu mente usada para se referir a uma série de instituições ocupadas com a produção em gran de escala e a difusão generalizada de formas simbólicas Entre essas formas se incluem li vros jornais revistas filmes programas de rádio e televisão gravações discos laser e as sim por diante As origens da comunicação de massa podem remontar à segunda metade do século XV Por volta de 1440 Johann Gutenberg ourives que trabalhava em Mainz começou a fazer expe riências com impressão e em torno de 1450 já havia desenvolvido suas técnicas o suficiente para explorálas de forma comercial Gutenberg desenvolveu um método para a moldagem múl tipla de letras metálicas de modo a ser possível produzir grandes quantidades de tipos para a composição de textos extensos Ele também adaptou a prensa tradicional de rosca para os fins de fabricação de obras impressas Durante a segunda metade do século XV essas técnicas difundiramse rapidamente e máquinas de im pressão já se encontravam instaladas nos prin cipais centros comerciais de toda a Europa As primeiras oficinas de impressão eram em geral empreendimentos comerciais preocu pados com a reprodução de manuscritos de caráter religioso ou literário e com a produção de textos para uso em direito medicina e co mércio No início do século XVI essas oficinas começaram a imprimir periódicos e folhas no ticiosas de várias espécies e no início do século XVII começaram a surgir os jornais regulares As indústrias do livro e do jornal expandiramse rapidamente no século XIX quando técnicas ligadas à Revolução Industrial foram aplicadas à produção de textos impressos A circulação aumentou de forma significativa e com o de clínio do analfabetismo livros e jornais torna ramse acessíveis a uma proporção cada vez maior da população das sociedades industri alizadas ou em processo de industrialização As transmissões de rádio e televisão são um fenômeno do século XX A base técnica de transmissão foi desenvolvida por Marconi e outros na década de 1890 e início deste século e os primeiros passos para a transmissão radio fônica em grande escala foram dados nos anos 20 A transmissão televisiva foi introduzida em grande escala no final dos anos 40 e se tornou rapidamente um dos meios de comunicação mais populares Em muitas sociedades indus triais do Ocidente hoje em dia os adultos pas sam uma média de 25 a 30 horas por semana assistindo à televisão e esta transformouse na mais importante fonte de informação com res peito a eventos nacionais e internacionais Dada a sua significação no mundo moderno seria possível afirmar que a comunicação de massa não tem recebido a atenção que merece por parte dos teóricos sociais e políticos Foram desenvolvidas porém várias e distintas abor dagens teóricas da comunicação de massa En tre os primeiros pensadores sociais a estudar a comunicação de massa de forma sistemática estavam os antigos teóricos críticos associa dos ao Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt Esses teóricos incluindo Max Horkheimer 18951971 e Theodor Adorno 190369 es tavam interessados na natureza e no impacto do que chamaram de indústria da cultura Hor kheimer e Adorno 1947 Escreveram nos anos 30 e 40 afirmando que a comunicação de massa fizera surgir uma nova forma de IDEOLOGIA nas sociedades modernas Ao produzir grandes quantidades de bens culturais padronizados e estereotipados a comunicação de massa estava fornecendo aos indivíduos meios imaginários de escape das duras realidades da vida social e com isso debilitando sua capacidade de pensar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 114 comunicação de massa de forma crítica e autônoma Horkheimer e Adorno apontaram que essas evoluções entre outras haviam tornado os indivíduos mais vul neráveis à retórica do nazismo e do fascismo Uma avaliação em geral negativa da comu nicação de massa e de seu impacto pode ser encontrada nos textos de outros teóricos sociais e políticos particularmente os influenciados pelo marxismo Para muitos teóricos marxis tas a comunicação de massa é encarada basi camente como um meio de ideologia Isto é como um mecanismo em virtude do qual grupos ou classes dominantes são capazes de difundir idéias que promovem seus próprios interesses e que servem assim para manter o status quo Um exemplo desse ponto de vista é a aborda gem desenvolvida pelo marxista francês Louis Althusser que trata a comunicação de massa como parte integrante do que ele chama de aparelhos ideológicos de estado Althusser 1970 Uma explicação diferente sobre a natureza e o significado da comunicação de massa foi desenvolvida nos anos 50 e 60 pelos autores canadenses Harold Innis 18941952 e Mars hall McLuhan 191181 Às vezes chamados de teóricos da mídia Innis e McLuhan afir maram que a própria forma do meio de COMU NICAÇÃO pode influenciar a natureza da organi zação social e da sensibilidade humana Innis introduziu a idéia de que todo meio de comuni cação tem certa inclinação para a durabili dade no tempo ou a mobilidade no espaço Ele apontou que as sociedades nas quais o meio dominante se inclina para a durabilidade tem poral por exemplo pedra ou argila tenderão a ser pequenas e descentralizadas enquanto as sociedades com um meio inclinado para a mo bilidade espacial por exemplo papiro ou pa pel tenderão a ser amplas e imperiais como o império romano Innis 1950 e 1951 A obra de Innis foi desbravadora no sentido de ter ligado o desenvolvimento dos meios de comunicação a considerações mais amplas de tempo espaço e poder McLuhan apontou que as tecnologias de comunicação tiveram um impacto fundamental sobre os sentidos e as faculdades cognitivas dos seres humanos Em contraste com as sociedades orais tradicionais o desenvolvimento da escrita e da impressão criou uma cultura que foi domi nada pelo sentido da visão e por uma aborda gem analítica e seqüencial da solução de pro blemas Ela permitiu que os indivíduos se tor nassem mais independentes racionais e espe cializados Mas o desenvolvimento da moder na mídia eletrônica de acordo com McLuhan criou um novo ambiente cultural em que o primado da visão foi deslocado por uma inte ração unificadora dos sentidos e na qual os indivíduos são unidos em redes globais de co municação instantânea ver MODERNIDADE Em outras palavras a mídia eletrônica criou uma aldeia global McLuhan 1964 ver GLOBALI ZAÇÃO Os pontos de vista apresentados por Innis e McLuhan são bastante idiossincrásicos e trata dos com cautela pela maior parte dos teóricos e analistas da comunicação Grande número de estudos mais detalhados foi executado com a finalidade de examinar o papel da comunicação de massa nas sociedades modernas e seus pos síveis efeitos sobre a vida política e social Para um exame dessa literatura ver McQuail 1987 Não obstante o trabalho dos teóricos da comu nicação entre outros ajudou a ressaltar o fato de que o desenvolvimento da comunicação de massa deu forma de um modo profundo e irreversível à natureza da interação social e da experiência cultural no mundo moderno Leitura sugerida Curran James e Seaton Jean 1988 1991 Power Without Responsability 4ªed Eisen stein Elizabeth L 1979 The Printing Press as an Agent of Change Golding Peter 1974 The Mass Media Habermas Jürgen 1962 1989 The Structural Trans formation of the Public Sphere Meyrowitz Joshua 1985 No Sense of Place Poster Mark 1990 The Mode of Information Thompson John B 1990 Ideo logy and Modern Culture JOHN B THOMSON comunidade Um dos conceitos mais vagos e evasivos em ciência social a idéia de comu nidade continua a desafiar uma definição preci sa Parte do problema tem origem na diversi dade de sentidos atribuída à palavra e às cono tações emotivas que ela geralmente evoca Tor nouse uma palavra passepartout usada para descrever unidades sociais que variam de al deias conjuntos habitacionais e vizinhanças locais até grupos étnicos nações e organizações internacionais No mínimo comunidade geral mente indica um grupo de pessoas dentro de uma área geográfica limitada que interagem dentro de instituições comuns e que possuem um senso comum de interdependência e inte gração Não obstante conjuntos de indivíduos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar comunidade 115 vivendo ou interagindo dentro de um mesmo território não constituem em si mesmos comu nidades particularmente se esses indivíduos não se consideram como tal O que une uma comunidade não é a sua estrutura mas um estado de espírito um sentimento de comu nidade Essa dimensão subjetiva torna comuni dade algo problemático como instrumento de análise sociológica pois os limites de qualquer grupo com autoidentificação da perspectiva do que está dentro são geralmente fluidos e intangíveis em vez de fixos e finitos Os estudos empíricos de comunidade geral mente confundem descrição com as pressupo sições preconcebidas do sociólogo a respeito do que comunidade deveria ser Bell e Newby 1971 p21 Outra confusão surge da combina ção de comunidade como unidade ou coletivi dade social clube aldeia subúrbio município com comunidade como um tipo de relaciona mento social baseado em laços de sentimento ou econômicos Essa confusão pode remontar a Tönnies 1887 e seu conceito original de Gemeinschaft que representava a comunidade integrada préindustrial em pequena escala baseada em parentesco amizade e vizinhança em que as relações sociais são íntimas dura douras e multiintegradas De acordo com a formulação de Tönnies a comunidade contras tava com sua contrapartida a nãocomunidade o Gesellschaft associação simbolizando os laços impessoais anônimos contratuais e amorais característicos da sociedade industrial moderna Seguindo Weber e Tönnies sociólogos norteamericanos particularmente Talcott Par sons Robert E Park Louis Wirth e Robert Redfield continuaram a usar comunidade co mo um tipo ideal em um continuum entre dois pólos como tradiçãomodernidade ruralurba no e sagradosecular Havia implícita nessa abordagem uma visão nostálgica e romântica do passado a pressuposta coesão emocional e a vida boa da comunidade tradicional foram usadas para fazer comparações desfavoráveis ao anonimato isolamento e alienação da mo derna SOCIEDADE DE MASSA Apesar da proliferação dos estudos sobre comunidade na sociologia essa abordagem em pírica mantevese quase que inteiramente es téril no plano teórico Elias 1974 pXVI Nos anos 60 foram feitas tentativas em especial na obra de Clyde Mitchell e Jeremy Boissevain de desenvolver uma abordagem mais dinâmica com uma mudança de ênfase para as redes facções rodas e nãogrupos sociais No entanto abordagens antropológicas recentes exemplifi cadas por Cohen 1985 têm evitado o proble ma de definição de tentar formular um modelo estrutural de comunidade concentrandose em vez disso no significado Para Cohen comuni dade é uma entidade simbólica sem parâmetros fixos pois existe em relação e oposição a outras comunidades observadas um sistema de VA LORES e um código de moral que proporcionam a seus membros um senso de IDENTIDADE A idéia de comunidade como entidade imagina da e idéiaforça simbólica também foi usada com sucesso na obra de Anderson 1983 sobre as origens do NACIONALISMO moderno Com suas associações de companheirismo e vida comunal comunidade é há muito um conceito chave no pensamento político e religioso Re cebe ênfase especial na tradição socialista e anarquista A dicotomia comunidadeassocia ção pode ser ligada a contrastantes concepções políticas de sociedade como uma livre as sociação de indivíduos em competição visão liberalhobbesiana ou como um coletivo que é mais que a soma de suas partes um corpo edificante através do qual é possível concretizar a autêntica cidadania visão socialistarousse auniana Como conceito analítico comunidade tem pouco valor apesar de sua permanente impor tância como uma realidade nas vidas da maioria das pessoas Tornouse uma palavra de ordem carregada de associações emotivas de inteireza coesão comunhão interesse público e tudo que é bom Como observou Raymond Williams 1976 p76 diferentemente de todas as outras palavras que indicam organização social es tado nação sociedade etc esta parece nunca ser usada de forma desfavorável Em resulta do comunidade aparece como um complemen to de toda uma série de instituições sempre que está implícita uma camaradagem profunda ho rizontal e natural assistência comunitária cen tro comunitário comunidade local Comuni dade Européia por mais tênues que sejam os laços A palavra também foi apropriada por políticos planejadores e arquitetos para legiti mar planos de ação em nome do interesse pú blico por mais implausível que possa ser a realidade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 116 comunidade Leitura sugerida Anderson Benedict 1983 Imagi ned Communities Bell Colin e Newby Howard 1971 Community Studies Cohen Anthony 1985 The Sym bolic Construction of Community Elias Norbert 1974 Towards a theory of communities In The So ciology of Community org por C Bell e H Newby Williams Raymond 1976 Keywords CRIS SHORE comunismo Palavra que abrange uma famí lia de conceitos intimamente relacionados de signando 1 um tipo de sociedade humana 2 teorias que descrevem e justificam uma socie dade comunista e 3 movimentos políticos que tentam criar uma sociedade comunista A ex pressão comunismo primitivo é usada por muitos marxistas para designar os primeiros estágios da sociedade humana Autores soviéti cos e do Leste europeu no entanto em geral preferem expressões como sociedade primiti va sociedade comunalista primitiva ou so ciedade tribal Uma relação mínima de qualidades neces sárias para que uma sociedade seja chamada de comunista inclui a propriedade comum dos meios de produção mas não necessariamente dos meios de consumo a autogestão em todas as áreas da vida e liberdade As teorias comunis tas alegam que essas qualidades também pro porcionam as condições necessárias para a fe licidade humana apesar de poderem não ser suficientes para garantir a felicidade de todas as pessoas As teorias sobre comunismo geral mente enfatizam a ausência nessa sociedade de algumas características das sociedades con temporâneas como a exploração de classe Le nin fazia uma concessão à exploração de pes soas de vontade fraca por pessoas de vontade forte dinheiro bens de consumo funcionários públicos profissionais e exércitos permanentes Engels usou as expressões propriedade pri vada e propriedade comum para designar a propriedade por uma pessoa e a propriedade por mais de uma pessoa respectivamente Uma cooperativa e uma empresa acionária eram ca sos de propriedade comum Às vezes se faz uma distinção entre a propriedade comum capitalista os acionistas da firma não são os empregados desta e a propriedade comum comunista os acionistas são os empregados da firma Lenin afirmava que no capitalismo qualquer forma de propriedade é capitalista Ele considerava as cooperativas como empresas capitalistas no ca pitalismo e empresas comunistas em um sis tema comunista As teorias comunistas geralmente contras tam o comunismo com o capitalismo uma so ciedade com propriedade privada produção de bens para a venda em mercados livres e com trabalhadores livres e mercados de capital Para os primeiros autores T More T Campanella o comunismo era provavelmente uma alterna tiva ao capitalismo Mais tarde passou a ser tratado como uma sociedade póscapitalista Alguns o encararam como uma condição natu ral da sociedade enquanto outros autores SaintSimon Fourier Marx colocaramno dentro de uma seqüência necessária de tipos de sociedade a se sucederem imediatamente de pois do capitalismo Estava em geral implícito nos textos dos autores do século XIX que existe apenas uma seqüência de tipos possíveis de sociedade Esse ponto de vista foi aceito pelos bolcheviques russos e seus seguidores Para a maioria dos teóricos o comunismo era o estágio final de desenvolvimento Marx apoiou esse ponto de vista escatológico em seus Manuscri tos de 1844 Depois de 1845 Marx e Engels abandonaram a escatologia aceitaram a idéia de outros tipos de sociedade seguindose ao comunismo mas afirmaram que a especulação a respeito de evoluções ulteriores não tinha sentido porque as provas necessárias só se fa riam presentes quando os últimos estágios do comunismo tivessem sido atingidos Esse ponto de vista foi rejeitado pela maioria dos autores soviéticos nos anos 60 mas veio a ser aceito por vários deles Nunca ficou provado acima de qualquer dúvida razoável que sociedades capazes de satisfazer as condições de aplicabilidade da pa lavra comunista tenham efetivamente exis tido Sem democracia na União Soviética a alegação de que seu povo possuía os meios de produção é evidentemente falsa A escravidão em massa a servidão feudal para os campo neses e a ditadura totalitária na União Soviética de Stalin não tinham relação alguma com qual quer coisa que se pudesse chamar de comunis ta no sentido tradicional do século XIX De pois de 1953 surgiu uma forma dual de proprie dade dos meios de produção consistindo em um proprietário coletivo de nível mais alto o Politburo hierarquicamente organizado na cú pula do Partido Comunista da União Soviética e dois proprietários coletivos paralelos de nível Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar comunismo 117 mais baixo as hierarquias do partido e do go verno Os empregados definitivamente não eram os proprietários de suas empresas O sis tema chinês e a maioria dos europeus orientais eram basicamente semelhantes aos da União Soviética A forma predominante das primeiras teorias comunistas era um esquema de uma sociedade futura projetada para a felicidade geral que às vezes usava a ficção utópica como recurso lite rário Acrescentavase geralmente uma crítica penetrante da sociedade contemporânea Nos Manuscritos de 1844 Marx forneceu uma jus tificativa filosófica do comunismo Este era visto como o meio de realizar um valor es sencial o humanismo alcançado através da superação da ALIENAÇÃO do trabalho Depois de 1845 Marx e Engels começaram a se opor a teorias de esquemas alegando que era impos sível fornecer um projeto completo para uma atividade futura livre e criativa Assim recusa ramse a desenvolver um tratamento ou descri ção sistemáticos das propriedades da sociedade comunista Justificavam o comunismo agora como o meio de superar os conflitos básicos no interior do capitalismo libertando a classe ope rária e garantindo o progresso humano O co munismo só viria a ser possível depois que todas as opções disponíveis para o desenvolvi mento dos meios de produção no interior do capitalismo fossem exauridas Marx nunca for neceu uma análise a respeito do nível de forças produtivas que ele considerava incompatível com a existência futura do capitalismo Na dé cada de 1840 ele achava que o capitalismo já havia atingido seu ponto de saturação porém mais tarde admitiu ter cometido um equívoco Marx 1867 parecia pensar que o momento de mudança do capitalismo para o comunismo chegaria quando a maioria esmagadora da hu manidade se tornasse assalariada ou da classe operária Lenin em suas obras posteriores afirmou que um governo da classe operária pode usar o poder político para elevar as forças de produção ao nível necessário para a sobrevi vência do comunismo mas não forneceu ne nhuma descrição articulada desse nível A literatura comunista do século XX trata basicamente da transição do capitalismo para o comunismo e evita uma exposição detalhada do conceito em si mesmo A Nove afirmou que o comunismo de Marx e por implicação o de Lenin não é factível Assim Marx seria um utópico tal como o foram seus antecessores M Conforth rejeitou a idéia de que o comunismo fosse um estágio de desenvolvimento ou um modo de produção e afirma que é um meio de vida moral e político baseado nos direitos dos indivíduos em seu estado consumado de desen volvimento e liberdade Lenin insistiu em 1917 em afirmar que Marx usou socialismo para se referir ao pri meiro estágio do comunismo caracterizado pe la propriedade comum dos meios de produção a retenção do Estado a ausência de classes econômicas mas também a ausência da capa cidade de satisfazer plenamente as necessida des materiais do povo O socialismo deveria ser antecedido pela ditadura do proletariado Lenin 1917 Alguns autores trataram o SOCIA LISMO como um estágio distinto que seria pos sivelmente paralelo ao comunismo Marx usou a palavra comunista para de signar o movimento político que aceitava suas idéias ou qualquer movimento da classe ope rária visando criar a sociedade comunista Com toda a certeza ele apoiou a revolução violenta e a ditadura do proletariado mas pressupôs que no capitalismo um governo nãodemocrático combinado com um oficialato permanente e um exército profissional iria de qualquer forma usar a violência para se opor à decisão da maio ria de introduzir o comunismo e achou que seria o caso de uma grande maioria provavel mente 8095 exercendo coerção sobre uma pequena minoria Os partidos da classe operá ria no final do século XIX geralmente chama vamse socialistas ou socialdemocratas De pois de 1917 a palavra comunista foi usada para descrever os partidos que aceitavam a re volução violenta e a ditadura do proletariado como os meios de transição para o comunismo e socialismo descrevia os que as rejeitavam Lenin insistiu em que somente um partido mar xista poderia ser chamado de comunista e que o governo por um único partido comunista era uma característica essencial da ditadura do pro letariado Deixou de lado a exigência de uma sociedade predominantemente de classe operá ria como ponto de partida de uma transição para o comunismo Mais tarde admitiu que a dita dura do proletariado na Rússia havia degenera do em uma ditadura do Partido Comunista e do Exército Vermelho sobre todas as classes da sociedade Os partidos comunistas ocidentais aceitaram as alegações soviéticas sobre a natu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 118 comunismo reza da sociedade na URSS na maioria dos casos até o final dos anos 60 Hoje estão aban donando a idéia de ditadura do proletariado e até mesmo a designação comunista Leitura sugerida Cornforth M 1980 Communism and Philosophy Contemporary Dogmas and Revisions of Marxism Marx K e Engels F 1848 1981 O manifesto comunista Moore S 1980 Marx on the Choice between Socialism and Communism Nove A 1977 The Soviet Economic System Ο 1983 The Econo mics of Feasible Socialism Roemer J org 1986 Analytical Marxism EERO LOONE confiança e cooperação Podese dizer que dois ou mais agentes cooperam quando se em penham num empreendimento conjunto para cujo resultado são necessárias as ações de am bos Williams 1988 p5 Numa definição ampla a cooperação é portanto relevante para a maior parte dos empreendimentos huma nos do jogo ao matrimônio das transações de mercado às relações internacionais da produção industrial à educação Até mesmo a competição em vez de ser o oposto da coope ração muitas vezes se apóia em acordos co operativos A cooperação exige que os agentes tais como indivíduos firmas e governos estejam de acordo com respeito a um conjunto de regras um contrato que deve ser então observado no decorrer de sua atividade conjunta Binmore e Dasgupta 1986 p3 Acordos e regras no en tanto não precisam ser o resultado de uma comunicação nem mesmo de uma intenção explícita Podese desenvolver no decorrer da própria interação por tradição experiência an terior com sucesso tentativa e erro ou processos evolutivos Axelrod 1984 Sugden 1986 Nes se sentido o comportamento cooperativo pode surgir também entre espécies nãohumanas nas quais na verdade costuma ser encontra do em contraste com a visão tradicional e hoje desacreditada de competição para a sobrevivência representaria o aspecto cen tral do mundo animal Hinde 1982 Bateson 1986 A cooperação coloca problemas de interesse particular para as ciências sociais sempre que os agentes não são capazes de monitorar as ações uns dos outros sem o dispêndio de esfor ço Tanto sua significação social quanto sua sofisticação conceitual exigidas para sua com preensão são realçadas de forma expressiva quando uma ação necessária por parte de pelo menos um dos envolvidos não se encontra sob o controle imediato do outro envolvido Sob essa definição uma situação em que dois agentes cooperam envolve necessariamente pe lo menos um deles dependendo do outro Wil liams 1988 p5 A partir daí a cooperação tornase ao mes mo tempo frágil e objeto de uma tomada de decisão incerta em particular para a parte de pendente Quando a monitoração é difícil a decisão de aderir a um empreendimento coope rativo que é geralmente suscetível a custos tornase particularmente passível do risco relacionado à potencial deserção de outros Nesse ponto a cooperação aproximanos mais da noção de confiança que representa um in grediente destacado mas pouco estudado da interação social O objeto da confiança pode referirse à ca pacidade técnica de certos indivíduos dos quais às vezes depende o nosso bemestar tais como médicos ou pilotos Ou pode dizer respeito à fidedignidade e eficácia de certos grupos diga mos os gurkhas soldados hindus do Nepal que servem no exército britânico e até mesmo de entidades abstratas um exemplo seria o sistema de transportes Luchmann 1979 1988 Bar ber 1983 No entanto é a confiança na dis posição de outros agentes de cumprir suas obri gações contratuais que é crucial para a coope ração Nesse sentido a confiança ou simetri camente a desconfiança pode ser descrita co mo um nível particular da probabilidade subje tiva com que um agente avalia se um ou mais dos outros agentes A com quem se planeja a cooperação irá também cooperar ou não Can we trust in Gambetta 1988 p217 Quando dizemos que confiamos em A ou que A é digno de confiança estamos querendo dizer implicitamente que a probabilidade de que A venha a executar uma ação benéfica ou pelo menos não prejudicial para nós é sufi cientemente alta para que nos envolvamos na cooperação com A Do mesmo modo quando dizemos que não confiamos em A deixamos implícito que essa probabilidade está abaixo do limite crucial isto é abaixo o suficiente para que evitemos a cooperação A confiança representa um problema nada trivial quando pelo menos quatro condições se apresentam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar confiança e cooperação 119 1 A confiança em A deve ter uma relação com a nossa própria ação quando essa ação deve ser decidida ou antes de poder mos monitorar a ação relevante de A ou independentemente da nossa capacidade de sequer virmos a conseguir monitorá la Dasgupta 1988 p15 2 A deve ser livre livre especialmente para frustrar as nossas expectativas já se disse que a confiança representa um expe diente para lidar com a liberdade dos outros Luhmann 1979 Dunn 1984 Mas a confiança não se relaciona apenas à liberdade de outros 3 Nós também precisamos ser livres para nos furtar à cooperação caso não con fiemos pois sem alternativa poderíamos na melhor das hipóteses ter esperança ou contar com mas não confiar 4 Finalmente se nos fosse possível obter uma informação perfeita a respeito de outros agentes a confiança não seria pro blema Assim podese também dizer que a confiança representa uma reação expe rimental e intrinsecamente frágil a nossa ignorância um meio de enfrentar os limites da nossa previsão Shklar 1985 p151 Uma tradição importante no pensamento ocidental compreendendo Maquiavel Hu me e Smith e ainda comum hoje em dia es pecialmente no campo das ciências econômicas equipara a confiança a um recurso que não apenas seria escasso como o são todos os outros recursos mas que como o amor o altruísmo e a solidariedade é impossível produzir à von tade Em conseqüência a confiança deve ser dispensada com parcimônia e não seria sensato nos fiarmos nela para promover a cooperação Elster e Moene 1988 Albert Hirschmann 1984 e Dasgupta 1988 porém contestaram esse ponto de vista e demonstraram que a con fiança não é um recurso como outros que se esgotam sendo usados mas que se esgota não sendo usado Além disso vários exemplos históricos apontam com plausibilidade que a confiança pode ser intencionalmente produ zida ver VelezIbanez 1983 e com toda a certeza intencionalmente destruída ver Pag den 1988 A confiança e a cooperação interagem em toda uma variedade de modos sutis Por exem plo não apenas é relevante resolver confiar ou não em A mas pode ser igualmente relevante A confiar em nós A cooperação pode fracassar em resultado de A furtarse a agir em cooperação simplesmente porque A não confia em que nós venhamos a cooperar Além disso conforme mostra a teoria dos jogos ver JOGOS TEORIA DOS a cooperação pode fracassar de todo se os outros agentes não confiarem no fato de que nós confiamos neles A pode furtarse a agir de forma cooperativa porque acredita que não con fiamos em que ele vá cooperar e que em vir tude disso nós não iremos cooperar Para se conseguir a cooperação a confiança precisa ser mútua e os agentes precisam saber que assim é Apesar de a desconfiança incondicional tor nar impossível a cooperação entre agentes li vres Gambetta 1988 p2249 esta não de pende necessariamente de níveis elevados de confiança Na verdade uma cooperação bem sucedida pode ocorrer independentemente de confiança e influenciar de modo positivo o próprio nível de confiança Axelrod 1984 Quando se pondera sobre a possibilidade de cooperar há outros fatores a serem levados em consideração dentre os quais se incluem o vo lume de perda caso a cooperação fracasse a perspectiva de interações futuras os interesses de A e a possibilidade de A infligir golpes fatais Ver também CONSENSO Leitura sugerida Akerlof G 1970 The market for lemons qualitative uncertainty and the market me chanism Quarterly Journal of Economics 84 488500 Axelrod R 1984 The Evolution of Cooperation Barber B 1983 The Logic and Limits of Trust Gam betta D org 1988 Trust Making and Breaking Co operative Relations Hirschmann AO 1984 Against parsimony three easy ways of complicating some cate gories of economic discourse American Economic Review Proceedings 74 8896 Lyhmann N 1979 Trust and Power DIEGO GAMBETTA conflito Definido como uma contenda a res peito de valores ou por reivindicações de sta tus poder e recursos escassos na qual os obje tivos das partes conflitantes são não apenas obter os valores desejados mas também neutra lizar seus rivais causarlhes dano ou eliminá los o conflito pode ocorrer entre indivíduos ou entre coletividades Esses conflitos intergrupos bem como intragrupos são aspectos perenes da vida social São componentes essenciais da in teração social em qualquer sociedade Os con Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 120 conflito flitos não são sempre de forma alguma fa tores negativos a minar a vida coletiva Em geral contribuem para a manutenção e o cresci mento de grupos e coletividades bem como para reforçar relações interpessoais Conflito e COMPETIÇÃO são fenômenos so ciais relacionados mas distintos A competição concentrase na obtenção de objetivos específi cos frente a agentes concorrentes enquanto o conflito visa sempre não apenas obter valores desejados mas ferir ou eliminar agentes que se coloquem no caminho A competição pode ser concebida como semelhante a uma corrida en quanto o conflito pode ser visto como análogo a uma luta de boxe Filósofos e cientistas sociais sempre se mos traram divididos na avaliação do conflito desde a Antigüidade Nos tempos modernos os pon tos de vista a respeito das funções causas e efeitos dos conflitos nas estruturas sociais divi demse grosso modo em dois campos os que afirmam que os conflitos deveriam ser encara dos como fenômenos patológicos como sinto mas de doença no corpo social e os que defen dem a idéia de que os conflitos são formas normais de interação social que podem contri buir para a manutenção o desenvolvimento a mudança e a estabilidade geral de entidades so ciais Na sociologia moderna o primeiro ponto de vista é representado entre outros por Émile Durkheim e Talcott Parsons e o segundo pode ser encontrado no pensamento hegeliano e mar xista mas também no DARWINISMO SOCIAL e entre os teóricos da elite como Vilfredo Pareto e Gaetano Mosca Hoje em dia em sociologia embora nem sempre tenha sido esse o caso existe uma tendência do pensamento conservador a enfati zar as funções negativas do conflito e dos radi cais a celebrálo como um veículo de transfor mação social Conflito e estrutura social O impacto dos conflitos sobre as estrutu ras sociais varia com o caráter dessas estruturas Em sociedades abertas pluralistas é provável que os conflitos tenham conseqüências estabi lizadoras Se existirem canais viáveis para a expressão de pretensões rivais os conflitos em sociedades flexíveis e abertas podem levar a novas e estáveis formas de interação entre agentes componentes assim como permitir no vos ajustes Nas estruturas rígidas em contras te os conflitos tendem a ser suprimidos mas têm probabilidades de ser altamente desagrega dores se e quando ocorrem Em sociedades abertas e flexíveis os confli tos múltiplos muito provavelmente se entrecru zam impedindo com isso rupturas ao longo de uma única linha Em sociedades desse tipo sur ge toda uma variedade de conflitos em dife rentes esferas Disso resulta que o envolvimen to múltiplo dos indivíduos em vários confli tos une firmemente a sociedade ao fomentar diferentes alianças para diferentes questões Agentes que são antagonistas em um conflito podem ser aliados em outro Isso impede a polarização característica de uma sociedade rí gida onde todos os conflitos tendem a incidir sobre uma única linha Desde o pensamento clássico grego fazse uma distinção entre conflitos que se desen volvem sobre a base de um CONSENSO da sociedade e conflitos que ao contrário en volvem dissenso com respeito aos valores básicos sobre os quais uma sociedade se apóia Existem conflitos dentro das regras do jogo e conflitos a respeito das regras do jogo O primeiro tipo de conflitos pode levar a novos ajustes e a reformas enquanto o segun do provavelmente levará a uma ruptura ou mudança revolucionária Toda sociedade contém elementos de tensão e fontes potenciais de conflito Em estruturas flexíveis esses conflitos fornecem a dinâmica da transformação social Elementos que fogem e resistem às estruturas padronizadas de valores e normas e ao habitual equilíbrio de poder e interesses em tais estruturas podem ser consi derados arautos de padrões alternativos Em estruturas flexíveis os conflitos evitam a fos silização e reduzem a probabilidade de tipos de ação puramente rotineiros A mudança em geral e a inovação e a criatividade em particular neutralizam os ajustes habituais que paralisam a vida social dentro de moldes rígidos O choque de valores e interesses as tensões entre o que é e o que de acordo com alguns grupos ou indivíduos devia ser o conflito entre capitais investidos e novas demandas de acesso à riqueza ao poder ou ao status estão longe de ser fenômenos patológicos são estimulantes da vitalidade social em sociedades suficiente mente flexíveis para permitir ou até mesmo estimular a expressão sem obstáculos de inte resses e valores conflitantes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conflito 121 Uma apreciação da teoria do conflito Paz social e hostilidades sociais conflito e ordem são fenômenos correlatos Tanto a soli dificação quanto a quebra de um costume e dos sistemas de hábitos dominantes são parte da dialética integrante da vida social É portanto de mal alvitre fazer distinção entre uma socio logia da ordem e uma sociologia do conflito ou ver uma contradição entre um modelo de har monia e um modelo de conflito da sociedade As teorias sobre o conflito ou sobre a integração não deveriam ser encaradas como sistemas ex plicativos rivais tais como a astrologia ptole maica versus a copernicana mas sim como componentes antes parciais do que globais da teoria sociológica geral Em última análise só pode existir uma teoria sociológica geral ainda que esta possa consistir em grupos de teorias parciais de nível médio Assim como a moderna teoria política abandonou a discussão infrutífe ra a respeito de coerção ou a persuasão ser a verdadeira base das estruturas políticas e assim também como a maior parte da psicologia mo derna abandonou a busca vã de resolver se é a natureza ou a criação que se encontra na raiz da personalidade da mesma forma a teoria socio lógica deveria absterse de estimular dicoto mias igualmente infrutíferas Sempre que um analista depara com o que parece ser um equi líbrio temporário deveria prestar atenção às forças conflitantes que levaram ao seu estabe lecimento antes de qualquer coisa E inversa mente o analista deveria ser sensível à pro babilidade de que onde existe conflito e divi são haverá também forças pressionando para o estabelecimento de novos tipos de equilíbrio Uma preocupação preponderante com um ou outro grupo de fenônemos impede o caminho da análise geral das estruturas e processos so ciais A sociologia do conflito busca explicar variáveis negligenciadas por outras abordagens teóricas ela não pode suplantar a análise de outros processos sociais Fatores objetivos e subjetivos A base objetiva de conflitos a respeito de valores e bens escassos como renda status ou poder precisa ser diferenciada de predisposi ções e atitudes subjetivas tais como hostili dade agressividade e fenômenos semelhantes Conflitos e sentimentos hostis são fenômenos diferentes e podem nem sempre coincidir Não é necessário que o comportamento discrimina tório por exemplo esteja sempre associado a atitudes preconceituosas Atitudes hostis não resultam necessariamente em comportamento de conflito Tampouco precisamos ter a expectativa de que discrepâncias objetivas de poder status posição de classe ou renda conduzam neces sariamente à deflagração de um conflito embo ra devam ser concebidas como fontes poten ciais deste O modo como as pessoas definem uma situação mais que os aspectos objetivos desta deve ser o centro da atenção analítica Os rivais potenciais por uma mudança de status respeito ou poder e riqueza podem absterse de recorrer ao conflito seja devido a uma avalia ção realista de suas possibilidades de sucesso seja porque consideram legítima a atual dis tribuição das entidades valorizadas Quando como no tradicional sistema de CASTAS indiano distribuições desiguais de itens valorizados são consideradas legítimas não apenas pelos privi legiados mas também pelos desprivilegiados o conflito entre ricos e pobres não será ameaça ao sistema Só quando os desprivilegiados negam legitimidade a uma ideologia ao perder a fé que nela depositavam como ocorre quando as re lações entre suas necessidades e os privilégios dos de posição mais elevada se tornam trans parentes para eles é possível esperarse a ir rupção de conflito entre ricos e pobres Conflito realista e nãorealista A distinção entre tipos de conflitos realistas e nãorealistas demonstrou recentemente al guns resultados valiosos na análise concreta O conflito realista surge quando grupos ou in divíduos se chocam na busca de direitos rivais e na expectativa de lucro econômico poder ou status Os participantes entendem que o conflito pode ser abandonado ou substituído por outros meios caso esses pareçam mais eficientes Por outro lado em confitos nãorealistas que geral mente brotam apenas de sentimentos hostis os meios de conduzir o conflito não podem ser substituídos porque o que está em jogo é a agressão em si mesma O sistema do bode ex piatório fornece um bom exemplo O que pode ser substituído nesse caso não são os meios mas o objeto Em tais conflitos o alvo é secundário à necessidade da disposição ao ataque Assim num conflito nãorealista existem alternativas quanto ao alvo enquanto no conflito realista existem alternativas quanto aos meios utiliza Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 122 conflito dos No caso do bode expiatório por exemplo o objeto atacado pode vir a se tornar vítima devido a uma questão de grupo étnico de cren ças sexo ou outras características dependendo da situação específica No conflito realista em contraste uma das partes numa relação indus trial pode resolver que o arbítrio e não uma ação de ataque tem maiores probabilidades de trazer resultados Conflito autovalorização e força coletiva Sentimentos de valor força e dignidade pes soal entre pessoas ou extratos até então des prezados e desprivilegiados têm probabilidades de ser fomentados e fortalecidos caso os des privilegiados tenham demonstrado seu ânimo em controvérsias com os que até então os vi nham reprimindo e oprimindo As lutas pelos direitos civis no Sul dos Estados Unidos por exemplo intensificaram de tal forma o senso de capacitação e valor entre a população negra que esta podia agora proclamar triunfalmente que Black is Beautiful negro é lindo A classe operária em todos os países industriais do Oci dente transformouse lentamente de objeto em sujeito da história em uma classe para si com um senso de poder para transformar seu status de pária O moderno movimento feminista transformou milhões de mulheres de objetos sexuais quase totalmente passivos em agentes conscientes dentro do cenário público em sua busca de plena igualdade com os homens O conflito entre agentes antagônicos pode não apenas intensificar o senso de valor poder e dignidade de um deles ou de ambos como também levar a um reforço dos laços recípro cos Seja nas relações raciais ou no matrimônio os conflitos podem permitir o surgimento de laços mais fortes em vez da destruição desses laços Os laços matrimoniais podem ser forta lecidos ou as relações entre raças podem me lhorar depois de os agentes relevantes terem ganhado uma força autoconfiante depois de se terem confrontado na busca de interesses ini cialmente divergentes Canalização de conflitos A busca da eliminação do conflito na socie dade humana está destinada ao fracasso O con flito é parte inerradicável da vida conjunta dos seres humanos é um componente tão funda mental da associação humana quanto a coope ração O que é factível porém é transformar tipos específicos de comportamento de conflito quando estes são entendidos como antifuncio nais ou nocivos Os duelos que um dia foram um componente vital do estilo de vida aris tocrático desapareceram por completo A ven deta só sobrevive em remanescentes isolados de sociedades ocidentais As greves violentas nos conflitos entre trabalho e direção industrial no século XIX e início do século XX são hoje coisa do passado com muito poucas exceções Como esses pequenos exemplos demonstram é possível reduzir a violência ou intensidade do conflito através da canalização dos confrontos antagônicos de tal forma que sejam minimiza dos o sofrimento e os custos impostos aos seres humanos Se hoje a guerra nuclear tornouse impensável da mesma forma amanhã outras formas odiosas de guerra mesmo que nem to das o sejam podem não vir mais a custar vidas humanas Ver também AGRESSÃO VIOLÊNCIA Leitura sugerida Collins Randall 1975 Conflict So ciology Toward an Explanatory Science Coser Le wis A 1956 The Functions of Social Conflict Ο 1967 Continuities in the Study of Social Conflict Dahren dorf R 1957 1959 Class and Class Conflict in Indus trial Society Gluckman Max 1956 Custom and Conflict in Africa Himes Joseph S 1980 Conflict and Conflict Management Kriesberg Louis 1982 So cial Conflicts 2ªed Rex J 1961 Key Problems of Sociological Theory Simmel Georg 1908 1955 Conflict and the Web of Group Affiliations LEWIS A COSER confucionismo Como tradição intelectual e ética o confucionismo tem mais de 25 séculos Seus valores básicos foram abraçados não ape nas na China propriamente dita mas também no Japão Coréia e Vietnã e ajudaram a dar forma à autoconsciência do Leste Asiático co mo região cultural distinta Conforme seria de se esperar não existe um confucionismo es sencial que tenha persistido durante todo o de correr dessa longa história Em vez disso a tradição confuciana como outras tradições in telectuais e religiosas de idade e significação comparáveis evoluiu e se transformou ainda que algumas continuidades reais tenham sido mantidas Essa herança cultural variada propor cionou recursos abundantes para que os habi tantes do Leste Asiático do século XX refletis sem sobre a vida social contemporânea embora o confucionismo também tenha tido de enfren tar inúmeros desafios com respeito a sua com Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar confucionismo 123 patibilidade com novos conhecimentos e va lores sociais O nome ocidental confucionismo pode indicar que Confúcio forma latinizada de Kung FuTzu Mestre Kung filósofo e professor chinês que viveu no século VI aC tenha sido o fundador dessa tradição intelectual e ética Na verdade ele se encarava apenas como transmis sor de uma herança que se formara séculos antes de sua época e confucionismo é conhecido geralmente no Leste da Ásia como a tradição erudita Confúcio viveu num período de gran de agitação política e cultural Suas preocu pações em restaurar a ordem e a harmonia na sociedade e em cultivar a MORALIDADE indivi dual dentro de uma ordem social definida pela tradição tornaramse valores que motivaram e orientaram o posterior desenvolvimento do pensamento social confuciano Como modo de vida o confucionismo notabilizouse por sua preocupação com o bemestar social a harmo nia e a solidariedade sociais a estabilidade política e a paz social que devem todos ser buscados dentro de estruturas de significado herdadas do passado Ver também TRADIÇÃO E TRADICIONALISMO O pensamento social confuciano tem sido em geral corporativista presumindo que a so ciedade ideal é uma ordem hierarquicamente diferenciada e que relações humanas estrutura das de forma ritual são essenciais para esse ideal Essa ênfase nas relações humanas expres souse num interesse conjunto pela distinção entre os indivíduos e pela diferenciação dos tipos de relações posssíveis entre eles Tradi cionalmente os confucianos admitiam a pos sibilidade de muitos tipos de relações entre indivíduos mas davam ênfase especial a cinco relações cardeais como fundamentais a uma ordem social adequada as relações entre pai e filho governante e súdito marido e mulher irmão mais velho e irmão mais moço e entre amigos A preocupação confuciana com as re lações dentro da família especialmente entre pais e filhos levou alguns observadores a des crever a teoria social confuciana como orienta da de forma restritiva para o grupo mas essa preocupação confuciana com a possibilidade e a significação de relações construídas volunta riamente tais como as que existem entre ami gos não deveria ser subestimada Cada uma dessas relações cardeais determina papéis bem como responsabilidades assim obrigação cor responde a direito Todos essas relações varia das e recíprocas são melhor estabelecidas e cultivadas através de uma etiqueta e um ritual formalizados li que foram recebidos do pas sado Um comportamento adequado dentro dessas relações tradicionalmente definidas é não ape nas crucial para o estabelecimento de uma so ciedade bem ordenada mas também essencial ao desenvolvimento necessário de um indiví duo pois de acordo com a perspectiva confu cionista as pessoas só se tornam humanas atra vés de um processo de aprendizado cultural e ético que dura uma vida inteira Para se tornar plenamente humano o eu deve entrar em diá logo contínuo com outros dentro das estruturas de relações humanas Tu 1984 p5 A tradição confuciana foi institucionalizada em padrões de vida de família num sistema educacional sofisticado e no governo O sis tema educacional confuciano em princípio era aberto a qualquer um e é um dos poucos exem plos de aspiração à educação universal no mun do prémoderno No passado o pensamento so cial confuciano dedicou lugar especial ao papel do governante no estabelecimento da socie dade ideal e no estímulo à perfeição moral dos indivíduos Alguns ensinamentos do próprio Confúcio reunidos nos Aforismos postulavam o governo através do comportamento exemplar em vez da correção e do castigo Ele aconse lhava os governantes a liderar o povo de acordo com os ritos apropriados li o que motivaria outros a cumprir com seus próprios papéis den tro da sociedade Segundo a teoria política con fuciana um governante não será capaz de exer cer o governo de forma eficaz sem uma conduta pessoal adequada A comunidade de elite dos eruditos confucianos em geral aspirava a de sempenhar um papel no governo como conse lheiros do governante Confúcio e seus suces sores insistiram em que os governantes deve riam dar posições de autoridade a pessoas de virtude e capacidade isto é aos que tivessem obtido sucesso na educação confuciana e a tradição confuciana geralmente dava preferên cia à meritocracia em relação a qualquer sis tema de governo que privilegiasse o direito de nascença No século XX muitos dos valores centrais do pensamento social confuciano foram sujei tos a críticas extensas e inteira rejeição É o caso particular das dimensões políticas do pensa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 124 confucionismo mento confuciano uma vez que raros gover nantes atingiam o status moral necessário para governar de acordo com as instruções da teoria política de Confúcio Na virada do século o confucionismo foi identificado de forma bas tante realista com o autoritarismo e a corrupção política uma vez que seus ideais podiam ser facilmente manipulados para ampliar o poder de indivíduos ou grupos particulares Essa crí tica interna da prática do confucionismo que teve muitos precedentes na história chinesa foi acompanhada do desafio representado pelos ideais sociais alternativos aprendidos em conta to com o Ocidente no século XIX Os valores e instituições confucianos eram encarados cada vez mais como incompatíveis com os ideais democráticos ou socialistas ou simplesmente com a MODERNIDADE em geral Grande parte do pensamento social confuciano no século XX tem sido portanto necessariamente defensivo tentando demonstrar que a tradição confuciana tem valores análogos aos desses novos contes tadores ou é capaz de promover a concepção de novos ideais Mais recentemente tem havido uma retoma da dos valores confucianos por todo o Leste da Ásia como parte das atuais reconsiderações de identidade cultural no mundo moderno Essa retomada tem enfatizado a tradicional insis tência confuciana em que a vida social deve ser formada pelos recursos morais e simbólicos do passado Ao mesmo tempo em que se mostra crítica da tradição confuciana que herdou essa retomada também começa a repensar se a mo dernidade deve necessariamente ser definida com ênfase na autonomia do indivíduo O exemplo do Leste Asiático industrial sugere que os valores confucianos de respeito à autoridade solidariedade social baseada na família e prefe rência pelo consenso em vez do pensamento independente podem trazer contribuições po sitivas para uma sociedade moderna Leitura sugerida King Ambrose YeoChi 1991 Kuanhsi and network building a sociological inter pretation In The Living Tree the Changing Meaning of Being Chinese Today número especial de Daedalus 120 6384 Levenson Joseph R 195865 Confucian China and its Modern Fate 3 vols Rozman Gilbert org 1991 The East Asian Region Confucian Heritage and its Modern Adaptation Tu Weiming 1984 Confucian Ethics Today the Singapore Challenge Ο 1985 Confucian Throught Selfhood as Creative Trans formation Ο 1991 The search for roots in industrial East Asia the case of the Confucian revival In Fun damentalisms Observed org por Martin E Marty e R Scott Appleby CHARLES HALLISEY conhecimento sociologia do Ver SOCIOLO GIA DO CONHECIMENTO conhecimento teoria do A teoria filosófi ca do conhecimento ou epistemologia diz respeito à sua natureza sua variedade suas origens seus objetos e seus limites Platão di ferenciou o conhecimento episteme da mera crença doxa Tradicionalmente o conheci mento foi definido como uma crença de legiti midade justificada Entre as questões com as quais a epistemologia se ocupou estão 1 o conhecimento é possível 2 Em caso positivo seus objetos são reais ou ideais 3 Sua fonte é a experiência ou a razão 4 O conhecimento é unitário Desde o seu nascimento a epistemo logia é 5 aporética ou seja suas soluções foram forjadas na preocupação com certos pro blemas ou conjunto de problemas Assim neste artigo examinarei rapidamente um desses con juntos o que cerca o problema da indução chamado de o escândalo da filosofia por CD Broad em 1926 a Os céticos duvidavam que fosse possível a justificação das pretensões ao conhecimento enquanto os falibilistas como CS Peirce e KR Popper argumentavam que o melhor que se pode conseguir são conjecturas nãofalsifi cadas e submetidas a exame crítico Mas a falsificação de uma conjectura parece implicar o reconhecimento e com isso a aceitação de um engano Não obstante a apreensão da rela tividade do conhecimento levou tanto os con vencionalistas do século XX quanto alguns so ciólogos do conhecimento a querer colocar a palavra entre aspas de advertência b O início do século testemunhou uma reação realista aos idealismos subjetivo e obje tivo do século XIX predominantes nos quais a realidade em particular os objetos da percepção e o conhecimento de maneira mais geral era encarada como consistindo de mentes finitas ou infinitas ou idéias particulares ou transcen dentes ou de qualquer forma dependendo de las GE Moore propôs um REALISMO percep tual baseado no senso comum mas nem este nem o realismo representativo mais habitual cartesianolockeano em que alguns produtos da percepção eram como os seus objetos conse guiu fornecer uma proposição à altura do feno Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conhecimento teoria do 125 menalismo em que os objetos eram analisados como dados dos sentidos efetivos ou possíveis e no qual o empirismo lógico dominante no segundo quartel do século geralmente se abri gava Os empiristas lógicos no entanto de modo característico tenderam também a des cartar toda a questão realistaidealista como uma questão metafísica tipicamente insolú vel e portanto sem sentido Nos anos 70 e 80 a questão do realismo mas agora principal mente do realismo científico veio mais uma vez para o primeiro plano nos Estados Unidos principalmente nas formas de orientação epis temológica propostas por H Putnam e W Boyd e na Inglaterra nas variedades mais ontológicas propostas por Harré e Bhaskar Este último afirma que os objetos do conhecimento cientí fico não são os eventos e suas conjunções mas sim 1 as estruturas causais mecanismos ge radores e fatores semelhantes que existem e agem em sua maior parte de forma bastante independente da atividade humana e 2 em particular a atividade da experimentação que nos permite um acesso empírico a eles De forma mais geral parece importante distinguir pelo menos no que diz respeito à ciência dois tipos de objetos do conhecimento os objetos intransitivos de investigação científica tais como o mecanismo da condução eletrônica ou a propagação da luz e os objetos cognitivos transitivos recursos e não tópicos usa dos na produção ou transformação de seu co nhecimento ver MODELO c Pelo menos desde Leibniz e Hume o conhecimento analítico tem sido nitidamente diferenciado do conhecimento empírico apesar de essa distinção ter sofrido ataques no terceiro quartel do século por parte de WVO Quine e numa direção diferente Friedrich Waismann Uma disputa histórica capital dentro da epis temologia foi a ocorrida entre os racionalistas como Platão e Descartes que encaravam a ra zão e os empiristas como Aristóteles e Locke que encaravam a experiência como fonte pri mária ou mesmo única do conhecimento De forma típica os racionalistas conceberam o co nhecimento dentro do paradigma da geometria euclideana como derivado aprioristicamente de axiomas autoevidentes ou racionalmente demonstráveis Os empiristas em contraste presumiram que o conhecimento era determi nado por indução a partir de ou testado por referência a afirmações oriundas da observa ção irrefutáveis ou convencionalmente ajus tadas mas não inferidas Kant tentou reconci liar as posições rivais de razão e experiência em seu sistema de idealismo transcendental en carando a razão como fornecedora de princípios sintéticos a priori impondo forma à matéria recebida através dos sentidos Na primeira metade do século o EMPIRISMO particularmente numa forma lógica promulga da pelo círculo vienense de M Schlick R Carnap e O Neurath era praticamente hegemô nico embora fora da corrente predominante analítica florescessem exemplos de racionalis mo como a FENOMENOLOGIA de Husserl e até mesmo dentro dela sobrevivessem figuras co mo RG Collingwood Vale a pena examinar com um pouco mais de detalhe o desapareci mento do empirismo lógico O círculo de Viena empregava a dicotomia analíticoempírico na forma de um critério de significação inicial mente afirmado por Schlick como o significa do de uma proposição é o método da sua veri ficação e de um critério de demarcação de um discurso científico para um nãocientífico Mas logo surgiram dificuldades Primeiro o princípio de verificabilidade não era nem ana lítico nem empírico e portanto deveria ser des provido de sentido Em segundo lugar nele tanto as proposições históricas quanto as leis científicas as quais sendo universais nunca poderiam ser verificadas de forma conclusiva revelaramse sem sentido Para enfrentar essa dificuldade Carnap afrouxou o critério a fim de admitir uma proposição que fizesse sentido para o caso de alguma prova empírica poder contar a favor ou contra ele isto é de ser testável A reação de Popper foi admitir proposições nãocientíficas como significativas mas usan do a falsificabilidade como critério de demar cação substituto Finalmente o princípio pare cia acarretar solipsismo ou caso recebesse uma interpretação realista perda de irrefutabilidade e com isso de decisões singulares De forma mais geral toda uma idéia de fatos independentes de teoria constituindo os fun damentos irrefutáveis do conhecimento foi co locada sob suspeita a partir de variadas esferas A crítica de Wittgenstein da sua própria filoso fia inicial e em particular da necessidade de uma linguagem particular minou de modo fatal o individualismo sociológico implícito no mo delo Uma crescente consciência da mutabili dade do conhecimento científico e da magni Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 126 conhecimento teoria do tude das efetivas mudanças científicas pela qual a obra de Karl Popper TS Kuhn I Laka tos e PK Feyerabend foi principalmente res ponsável comprometeu o argumento do fun damentalismo Além disso ficou evidente que palavraschaves tais como experiência eram subanalisadas e usadas de forma equívoca por exemplo pela impossibilidade de distinguir prática social por um lado e investigação ex perimentalmente controlada por outro am bas além do mais profundamente implicadas na teoria Finalmente o caráter holístico tanto dos resultados experimentais quanto das lin guagens de observação tornouse claro Assim no primeiro caso qualquer resultado é pri meiro um teste de uma multiplicidade de hipó teses qualquer uma das quais pode ser pre servada segundo consistente com uma plu ralidade geralmente infinita de novos grupos de hipóteses e terceiro sujeito a subse qüente revisão ou redescrição na história da ciência A obra do segundo Wittgenstein e a lingua gem comum depois a FILOSOFIA DA LINGUAGEM centrada em Oxford liderada por Gilbert Ryle e JL Austin junto com a análise conceitual também praticada ao mesmo tempo abriram caminho para o ressurgimento de temas neo kantianos especialmente na obra de P Straw son e SN Hampshire e nas filosofias da ciência propostas por W Sellars SE Toulmin NR Hanson e Rom Harré Mais recentemente uma combinação nãokantiana do empirismo e do racionalismo foi tentada por Bhaskar em seu sistema de realismo transcendental ou crítico no qual a teoria científica é encarada como geradora sob a disciplina do controle experi mental de conhecimento de necessidade natu ral a posteriori Nesse sistema os critérios hu meanos de causalidade e lei bem como os critérios hempelianos de explicação não são nem necessários nem suficientes A ontologia é rejustificada e o erro da análise de proposições sobre serem proposições a respeito do nosso conhecimento do ser a falácia epistêmica é encarado como encobrindo a geração de uma ontologia implícita no caso padrão a do realis mo empírico incorporando a redução do real ao factual factualismo e daí ao empírico A partir dessa perspectiva sem a retematização e a crí tica da ontologia empirista o empirismo deve sofrer uma mutação para alguma forma de con vencionalismo pragmatismo conforme repre sentado pelo influente Philosophy and the Mir ror of Nature 1980 de Rorty ou mesmo su peridealismo acarretando um hiperrelativismo subjetivo no qual os critérios de objetividade e verdade são completamente perdidos d De forma tradicional a FILOSOFIA DA CIÊNCIA tem sido tratada como pouco mais que um exemplo substitutivo da teoria do conhe cimento mais geral A FILOSOFIA DA CIÊNCIA SO CIAL foi anexada por sua vez como nada além de um exemplo da filosofia geral da ciência natural Essas elisões têm sido cada vez mais questionadas no decorrer do século XX Assim fizeramse discriminações entre conhecimento comum e conhecimento científico com este último exigindo uma socialização própria e entre conhecimento nas ciências naturais e nas ciências humanas ao que voltarei em breve Além do mais seguindo Ryle costumase hoje fazer uma distinção entre o conhecimentode como prático e o conhecimentodeque propo sitivo e o mais genérico conhecimentode segundo Polanyi entre conhecimento tácito e explícito segundo Wittgenstein entre consci ência prática e discursiva ou entre forma de vida e teoria e segundo Noam Chomsky entre competência e desempenho Todas essas dis tinções ajudaram a demolir o antigo conceito unitário e indiferenciado de conhecimento e Quero agora considerar brevemente o campoproblema da indução O problema da indução de saber que garantia temos para supor que o curso da natureza não irá mudar Na ontologia realista transcendental a estratifica ção da natureza proporciona a cada ciência sua própria garantia indutiva interna Se existe uma razão real localizada na natureza da matéria e independente da disposição envolvida tal co mo sua estrutura molecular ou atômica então a água deve tender a ferver quando é aquecida Seria inconsistente com essa razão explana ção que ela tendesse a congelar ou a ruborizar timidamente ou a se transformar num sapo Mas continua a ser verdadeiro que num mundo aberto qualquer previsão particular pode ser derrubada Assim o realismo transcendental permitenos sustentar a transfactualidade uni versalidade das leis à luz da complexidade e diferenciação do mundo de forma a nos permi tir por exemplo inferir tendências no contexto extraexperimental resolvendo dessa forma o problema do que poderia ser chamado de transdução Uma ontologia de sistemas fe Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conhecimento teoria do 127 chados e eventos de atomização é uma condição da inteligibilidade do problema tradicional da indução Estreitamente ligados a esta questão estão os problemas de distinguir uma seqüência de eventos necessária de outra acidental dos condicionais subjetivos e dos paradoxos de N Goodman e CG Hempel Todos estes giram em torno da ausência de uma razão real não convencional localizada na natureza das coi sas para que predicados sejam ligados da ma neira como são Em virtude de sua constituição genética se Sócrates é um ser humano ele deve morrer Gravitando também em torno da ausência de um princípio de estrutura encontrase o tradi cional problema dos universais Se existe algu ma coisa tal como a posse de uma estrutura atômica ou eletrônica comum que a grafita o carbono e os diamantes possuem em comum então os químicos têm razão ao classificálos juntos Por outro lado nada existe de algum significado científico estrutural que digamos todas as hortaliças possuam em comum nes se último contexto classificatório uma teoria da semelhança em vez de uma teoria realista funciona melhor A ciência só se preocupa com que tipos de coisas existem na medida em que isso esclarece seus motivos para agir os meca nismos geradores da natureza e só se preocupa com o que as coisas fazem na medida em que isso esclarece o que elas são as entidades es truturadas do mundo Existe uma dialética de conhecimento explanatório e taxonômico na ciência Bhaskar 1975 especialmente cap3 seções 36 Na ontologia realista transcenden tal outros aporiai tradicionais da epistemolo gia dos paradoxos platônicos de autoas serção aos paradoxos de autoreferência de gru pos teóricos do século XX e aos paradoxos contemporâneos de implicação material se dissolvem Assim é possível ver que Platão por exemplo tenta explicar a razão de algum exem plo da qualidade de azul em termos de sua participação na Forma azul em vez diga mos como ele é claro não poderia dizer de sua reflexão luminosa de comprimento de onda 4400 Å invocando um novo nível ou ordem de estrutura É fácil descobrir outros homólogos do problema da indução por exemplo na interpretação e generalização de Kripke 1981 do argumento de Wittgenstein sobre a lingua gem particular ou análogos dele como no papel desempenhado na teoria sociológica pelo problema hobbesiano da ordem O campo das humanidades e das ciências sociais tem sido dominado no século XX pela disputa entre os defensores de um POSITIVISMO naturalista irrestrito e os de uma HERMENÊUTICA antinaturalista De modo plausível essa disputa é resolvida pelo novo naturalismo crítico com base na filosofia da ciência realista transcen dental Neste a VERSTEHEN surge como ponto de partida para a pesquisa social que busca descobrir mecanismos geradores em funciona mento na sociedade pelo menos parcialmente análogos aos que se encontram na natureza o que pode tornar as próprias compreensões ini ciais dos agentes sujeitas a crítica No novo naturalismo restrito surge toda uma série de diferenças ontológicas epistemológicas rela cionais e críticas entre as ciências da natureza e da sociedade ver NATURALISMO A estrutura social surge como condição sempre presente e como o resultado continuamente reproduzido da mediação intencional humana esta é uma dualidade de estrutura na terminologia da teo ria de estruturação de Giddens e do modelo transformacional de atividade social de Bhas kar A mediação aparece como um poder da matéria sincronicamente emergente ver MATE RIALISMO A ciência social por sua parte surge como ao mesmo tempo mais fácil de se iniciar e mais difícil de se desenvolver do que a ciência natural Estreitamente ligada a esse novo realismo crítico encontrase uma reavaliação de Marx como pelo menos em O capital um realismo científico Mas a natureza de sua Ausgang da filosofia em ciência sóciohistórica substantiva levou ao subdesenvolvimento da sua crítica do empirismo em comparação com a sua crítica do idealismo de seu realismo científico como distinto do simples objeto material e de sua concepção da dimensão intransitiva tematiza da em torno de objetividade em comparação com a dimensão transitiva tematizada em torno de trabalho Isso resultou numa tendência da epistemologia marxista a oscilar no século XX entre um idealismo sofisticado seja no neokan tismo de Max Adler e os austromarxistas no marxismo estóico de G Lukács K Korsch e A Gramsci no antiobjetivismo da teoria crítica da Escola de Frankfurt nos marxismos humanista e existencialista no período do pósguerra mais especialmente o de JeanPaul Sartre ou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 128 conhecimento teoria do no racionalismo científico de Louis Althusser e um materialismo cru seja no diamat materialismo dialético engelsianoleninista stalinista ou no positivismo mais sofisticado porém cientificista de G Della Volpe Fora da corrente analítica predominante a fenomenologia de Husserl especialmente de pois de 1907 tornouse cada vez mais raciona lista em seu teor praticando uma epoché ou suspensão transcendental da realidade ou se não dos objetos dos atos da consciência a fim de investigar suas formas puras Heidegger rea giu a isso perguntando como a existência dos atos se relacionava à existência dos objetos dos atos abrindo assim o caminho para a sua onto logia fundamental do Dasein em O ser e o tempo 1927 e mais tarde para sua influente metaontologia e metahistória das épocas do ser culminando na era contemporânea de tec nologia e niilismo Nietzsche e Heidegger são os principais progenitores da escola chamada pósestruturalista depois do ESTRUTURALISMO de Claude LéviStrauss e Althusser Os princi pais membros dessa escola são Jacques Derrida Michel Foucault e o metapsicólogo Jacques Lacan A obra de Derrida continua a crítica heideggeriana da metafísica da presença logocentrismo que ele encara como infor madora da epistemologia tradicional e se apóia na desconstrução das oposições características tais como universalparticular da filosofia O pósestruturalismo está normalmente associado ao motivo da pósmodernidade recentemente submetido a uma crítica devastadora por Jürgen Habermas em O discurso filosófico da moder nidade 1985 No mundo anglosaxão Ri chard Rorty seguiu sua abordagem pragmatista invocando cada vez mais embora questiona velmente J Dewey como seu mentor contra pondo que o pragmatismo público é compatível com a ironia privada Nesse meio tempo a SOCIOLOGIA DO CONHE CIMENTO que em geral se apresenta como rival da epistemologia é um empreendimento prós pero Parece que a filosofia se quer analisar as condições de possibilidade do conhecimento precisa dar as mãos ao estudo empiricamente fundamentado de suas causas e efeitos nu ma pesquisa que deve logicamente incluir as questões tanto de seu próprio status epistemo lógico quanto de seu próprio papel causal como parte da totalidade que ela busca descrever e explicar Leitura sugerida Bhaskar Roy 1991 Philosophy and the Idea of Freedom Dews Peter 1987 Logics of Desintegration Giddens A 1979 Central Problems of Social Theory Harré R 1970 The Principles of Scientific Thinking Kripke Saul 1981 Wittgenstein on rules and private language In Perspectives on the Philosophy of Wittgenstein org por I Block Ou thwaite William 1987 New Philosophies of Social Science Polanyi M 1967 The Tacit Dimension Rorty Richard 1980 Philosophy and the Mirror of Nature Ryle Gilbert 1949 1963 The Concept of Mind Wittgenstein Ludwig 1953 1967 Philosophi cal Investigations ROY BHASKAR conselho de trabalhadores Esta instituição no contexto da DEMOCRACIA INDUSTRIAL pode ser descrita também como conselho de trabalho conselho de fábrica conselho de empresa co mité dentreprise ou soviete Segundo Gott schalch 1968 p32 podemos diferenciar entre três tipos de conselhos 1 como organizações de luta 2 como formas de representação de interesses 3 como órgãos diretores da comu nidade política Os conselhos de trabalhadores foram concebidos e praticados em todas essas três formas Conselhos locais e municipais existem há longo tempo como a expressão dos movimen tos de cidadãos para dirigir os assuntos de uma comunidade local ou de uma cidade No século XIX os trabalhadores começaram a se organizar em grêmios sindicatos clubes e outras formas de associação Os conselhos de trabalhadores no sentido moderno foram concebidos inicial mente no contexto do ANARCOSINDICALISMO no final do século XIX Opunhamse aos partidos socialistas centralizados aos sindicatos e outras organizações operárias Os sovietes tornaramse provavelmente a forma mais famosa de conselho no século XX Já na Revolução de 1905 na Rússia os conse lhos de trabalhadores camponeses e soldados desempenharam um papel proeminente An weiler 1958 Lenin em seus primeiros textos foi um protagonista dessa forma de organização social e Todo o poder aos sovietes foi o slogan da primeira revolução fevereiro em 1917 Anna Pankratova 1923 descreveu a es trutura e o funcionamento precisos dos conse lhos de trabalhadores até 1923 mas seu livro teve a publicação proibida em todos os países socialistas estatais até recentemente O conflito entre o centralismo democráti co e a ditadura do proletariado exercida atra Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conselho de trabalhadores 129 vés do monopólio de poder do partido comunis ta e a autodeterminação básica democrática na forma de sovietes chegou às vias de fato na revolta de Kronstadt em 1921 Trotsky mais tarde um defensor do controle operário es magou o levante pela força militar Esse foi o início do domínio stalinista e da aniquilação de toda e qualquer oposição na União Soviética de que a região ainda não se recuperou Ferro 1980 Democracia de conselho O conceito de democracia de conselho de senvolveuse principalmente fora da União So viética e em oposição ao que lá era praticado Rosa Luxemburgo criticou de forma bastante áspera e desde muito cedo a degeneração do sistema soviético e apoiou os conselhos de trabalhadores e de soldados formados na revo lução alemã de novembro de 1918 Esses conse lhos derrubaram o Kaiser e levaram à primeira república alemã Oertzen 1963 mas em 1920 como uma concessão histórica uma lei sobre os conselhos de trabalhadores que lhes reduzia o poder foi aprovada em Berlim Crusius 1978 Os socialdemocratas e os sindicatos tinham quase tanto medo dessas organizações básicas democráticas quanto os conservadores Em 191819 houve também uma república de conselho húngara que durou seis meses e em 1919 uma república de conselho em Munique de vida breve Os conselhos de trabalhadores também desempenharam um papel predomi nante no Conselho da República espanhola entre 1936 e 1939 O pensador mais destacado do grupo de comunistas de conselho que se constituiu na República de Weimar foi Anton Pannekoek Para ele o conselho de trabalhadores não signi ficava uma forma de organização específica precisamente concebida que tivesse de ser ela borada em maiores detalhes mas o princípio de controle pelos próprios trabalhadores da empre sa e da produção Pannekoek 1950 Karl Korsch outro comunista de conselho escreveu um manual de direito trabalhista 1922 para ajudar os conselheiros operários a colocarem em prática o controle operário Os conselhos de fábrica como forma es pecífica de conselho de trabalhadores ficaram conhecidos basicamente na Itália através dos textos de Antonio Gramsci 191020 19216 que os descreveu tal como foram organizados de 1919 a 1921 principalmente em Turim Se gundo Gramsci escrevendo em 1920 os conse lhos de fábrica são a expressão de uma demo cracia produtora em todas as fábricas em todas as oficinas é formado um órgão de base representativa que materializa o poder do proletariado luta contra a ordem capitalis ta ou exerce o controle sobre a produção e educa todas as massas de trabalhadores para a luta revolu cionária e para o estabelecimento do estado operário Citado por Széll 1988 p37 Os kibbutzim em Israel podem ser encara dos como uma forma específica de conselho de trabalhadores e apesar de seu mandato ser mui to mais amplo uma vez que eles abrangem todas as esferas da vida social e econômica sua base é a comunidade de produção que está organizada de modo democrático direto Ros ner 1976 Os conselhos de trabalhadores são hoje a forma mais difundida de controle operário na empresa e foram institucionalizados em inúme ros países depois da Segunda Guerra Mundial Foram tornados obrigatórios em nove países da Europa Ocidental Áustria Bélgica França Alemanha Ocidental Grécia Luxemburgo Holanda Portugal e Espanha Em alguns dos casos o conselho de trabalhadores consiste ape nas em representantes operários em outros in cluem também representantes da gerência MüllerJentsch 1990 Ver também PARTICIPA ÇÃO AUTOGESTÃO O modelo alemão tornouse o mais conhecido Pode parecer que essa ins tituição é específica da Europa Ocidental mas pode ser encontrada hoje também no Burundi no Paquistão na Tanzânia e em Zâmbia en quanto instituições semelhantes existem sob outras denominações em Bangladesh no Bra sil na Dinamarca no Gabão no Iraque na Mauritânia nas Ilhas Maurício no México nas Filipinas em Sri Lanka na Suíça na Tunísia e no Zaire International Labour Office 1981 p20524 Monat e Sarfate 1986 p109208 Naturalmente é difícil comparar instituições em países onde as condições econômicas cul turais e políticas são completamente diferentes Qual pode ser o papel de um conselho de traba lhadores numa sociedade onde o desemprego chega a 50 e a economia informal envolve 90 Não obstante os conselhos de traba lhadores podem ser encarados como uma forma mais fraca ou como um protótipo de controle por parte dos operários Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 130 conselho de trabalhadores Com a queda do socialismo estatal as pro fundas crises ecológica cultural social e polí tica das sociedades capitalistas e o ressurgi mento de organizações regionalistas e locais um novo debate sobre a organização democrá tica da produção e da reprodução parece ser historicamente necessário Nesse contexto os ideais de controle por parte dos trabalhadores através de conselhos podem dar uma resposta às crises no Leste e no Oeste no Norte e no Sul O problema da democratização da sociedade é ainda praticamente o mesmo que existia no início do século quem decide o que é produzi do como onde e para quem A reestruturação democrática perestroika na União Soviética estava ligada à introdução de conselhos de tra balhadores diretos e à glasnost transparência e os efeitos se fizeram sentir no mundo inteiro Em muitos dos antigos países de socialismo estatal conselhos de trabalhadores foram cria dos espontaneamente Do outro lado da antiga Cortina de Ferro Sturmthal 1964 os movi mentos de cidadãos bem como os estudantes mulheres e desempregados geralmente se or ganizavam em conselhos Mas os movimentos feministas e os verdes como novos movimen tos sociais normalmente não se ocupam muito com questões econômicas Talvez para eles bem como para o pensamento conservador já estejamos vivendo numa sociedade pósin dustrial onde o trabalho já não desempenha um papel central na vida Não obstante para o futuro da DEMOCRACIA parece importante en contrar algum equilíbrio entre espontaneidade e organização Mattick 1975 e os conselhos de trabalhadores deram uma importante contri buição nesse sentido Ver também SINDICATOS Leitura sugerida Bouvier Pierre 1980 Travail et expression ouvrière pouvoirs et contraintes des comi tés dentreprise Garson G David org 1977 Worker SelfManagement in Industry the West European Experience Jain Hem Chand e Giles Anthony 1985 Workers participation in Western Europe implica tions for North America Relations Industrielles 404 74774 Jenkins David 1973 Job Power Mandel E 1970 1973 Contrôle ouvrier conseils ouvriers auto gestion 3 vols Széll György 1988 Participation Workers Control and SelfManagement Williams G A 1975 Proletarian Order Antonio Gramsci Factory Councils and the Origins of Italian Communism 1911 1921 GYÖRGY SZÉLL consenso Como expressão de um acordo ge ral entre indivíduos ou grupos não apenas em pensamento mas também em sentimento es sa palavra não se refere apenas a acordos na cionais mas implica também sentimentos co muns um sentir conjunto O consenso existe quando uma ampla proporção dos membros adultos de uma sociedade ou de seus subgru pos em particular uma ampla proporção dos que tomam decisões encontrase em acordo geral quanto a que decisões são exigidas e que questões devem ser abordadas Pessoas ou gru pos que agem em consenso têm um senso de afinidade mútuo e se encontram unidos por laços afetivos e preocupações ou interesses co muns Essa definição é claro aplicase apenas a um grupo ideal Em qualquer situação concre ta o consenso entre alguns será acompanhado pelo DISSENSO ou recuo apático entre outros Consenso e dissenso são correlativos A palavra consenso foi introduzida na lin guagem das ciências sociais por Auguste Com te no século XIX Ele concebeu o conceito como o cimento indispensável sobre o qual qualquer estrutura social deve repousar Acre ditava que para que a sociedade não se trans formasse num amontoado de indivíduos devia basearse no consenso de uma comunidade mo ral de indivíduos de igual pensamento e igual sentimento Cientistas sociais posteriores ten deram a seguir os passos de Comte tentando ao mesmo tempo tornar a sua rigidez analítica mais flexível Enfatizaram por exemplo que em nenhuma sociedade por mais consensual que seja tal consenso será igualmente compar tilhado por todos os membros componentes Nem é possível esperar que todos os membros de um grupo ou sociedade venham efetiva mente a desejar participar das tomadas de de cisões Nem por outro lado todos os grupos ou indivíduos são sempre capazes de fazer com que suas vozes sejam ouvidas no debate públi co Pode ocorrer que o que se apresenta como consenso geral seja apenas o consenso daqueles a quem é permitido participar do jogo político Consenso precisa ser diferenciado de COER ÇÃO isto é a imposição pela força de normas de comportamento sobre a população em geral por parte dos senhores políticos e dos que to mam as decisões O conformismo sem reflexão e a aceitação habitual das ordens sociais não podem ser encarados tampouco como o equiva lente de um consenso Este último conceito em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar consenso 131 geral implica um processo através do qual se promove o acordo entre agentes participantes Deve ser concebido como um processo ativo e portanto ser distinguido da aquiescência da aceitação resignada ou do simples conformis mo O regime nazista na Alemanha por exem plo provavelmente pôde contar com o consen so de grande parte dos agentes políticos do país nos primeiros anos do regime mais para o final porém a maioria dos cidadãos parece ter sido motivada apenas pelo conformismo passivo às injunções dos líderes As regras do jogo como acabamos de ver podem ser impostas de forma coercitiva por superiores poderosos a subordinados desprovi dos de poder No entanto conforme teóricos políticos vêm argumentando desde os grandes filósofos gregos a coerção por si não pode proporcionar fundamento suficiente para uma ordem social Se é verdade que policiais podem erguer o cassetete contra potenciais violadores de uma ordem imposta essa ordem não tem como resolver o problema de quem policia e ergue um cassetete contra os policiais Uma medida de consenso ainda que possa envolver apenas uma fração da população deve inspirar alguns agentes a seguir as diretivas dos que tomam as decisões por motivos outros que não o medo da represália O consenso não implica o vínculo perma nente a padrões fixos que guiem a conduta Ao contrário uma reflexão histórica demonstrará que o que numa época fez parte do consenso em outra já não mais determina o comportamento Os partidos políticos pelo menos na política democrática moderna estão continuamente en volvidos em conflitos que visam transformar o consenso parcial em dissenso parcial ou vice versa Por exemplo as crenças a respeito da necessidade de uma certa medida de segurança social durante períodos de desemprego ou na velhice são hoje reconhecidas e aceitas ainda que às vezes de má vontade por defensores do livre mercado enquanto em um período ante rior eram encaradas como fantasias utópicas Com muita freqüência os excêntricos de uma geração tornamse os inovadores venerados da geração seguinte Não apenas um dado consenso pode existir hoje e desaparecer amanhã devido ao fluxo e às mudanças históricas como também os agen tes que desenvolvem o consenso e o acordo podem mudar no decorrer do tempo dependen do da relativa abertura ou do relativo fechamen to do acesso ao campo de debate político O consenso originase de um processo no qual até mesmo alguns agentes inicialmente recalcitran tes sejam indivíduos ou grupos se tornam mo tivados pelo menos em alguns contextos a deixar de lado padrões egocêntricos de compor tamento por meio da união através de um nós coletivo Nessas situações discordâncias ini ciais podem tornarse parte de crenças consen suais comuns no momento mesmo em que no vas áreas emergentes de dissenso já começam a dar indícios de uma nova virada Leitura sugerida Comte Auguste 1974 The Essen tial Comte org por Stanislav Andreski Key Jr VO 1961 Public Opinion and American Democracy Lip set SM 1960 Political Man the Social Bases of Politics Shils Edward 1975 Consensus in Center and Periphery Essays in Macrosociology LEWIS A COSER conservadorismo Esta é uma perspectiva política universal de um modo que as grandes ideologias modernas do LIBERALISMO do SOCIA LISMO e do FASCISMO não são A aversão ins tintiva à mudança e a correspondente ligação às coisas tais como elas são constituem sentimen tos dos quais poucos seres humanos já esti veram totalmente isentos E sentimentos foi tudo que o conservadorismo reuniu durante boa parte da história humana Nas sociedades avançadas não menos que nas primitivas qual quer outra disposição que não a conservadora em geral sempre pareceu aberrante Costumes rituais e maneiras inalteráveis governaram o comportamento humano de geração a geração O conservadorismo só desperta de seu torpor instintivo quando incitado a fazêlo pela defla gração de uma mudança rápida e turbulenta E mesmo então o conservadorismo acha difícil dar voz a instintos aos quais durante tanto tem po ele não deu o menor valor e que de forma bastante literal ele não tinha nenhum motivo para definir ou defender Para cada Edmund Burke que foi levado pelo alarme à reflexão devido à Revolução Francesa havia mil aris tocratas e camponeses de boca calada que sabiam o que lhes agradava mas não sabiam por quê Por isso o alarme sentido pelos conserva dores diante da mudança prestase à reflexão mais do que leva a ela Não obstante é correto buscar a origem do pensamento conservador no sentimento conservador Esse senso do concre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 132 conservadorismo to e do imediato que é tão característico do primeiro tem suas origens no último Pode remontar mais especificamente aos laços e práticas prémodernos da velha Europa aos quais os philosophes do ILUMINISMO do século XVIII dedicaram tanto desprezo Contra o im pulso destes últimos de reorganizar a sociedade segundo linhas racionais e de valorizar os indivíduos que se soltavam da teia de ligações em que viviam presos os tradicionalistas con servadores se uniram na defesa de sua própria espécie ver RACIONALIDADE E RAZÃO Eleva ram lentamente ao plano da reflexão sua expe riência de instituições e costumes tão insepará veis dos fins da vida humana E isso formou forte contraste com a então emergente ênfase liberal em fins e interesses totalmente indivi duais com relação aos quais as instituições e formas de vida se colocam num relacionamento meramente utilitário Quanto a instituições há muito estabelecidas para o individualista libe ral elas sempre pareceram muletas sem as quais as pessoas adultas podem viver perfeitamente ver INDIVIDUALISMO O conservador é no ge ral menos otimista no caminho da liberdade diz o pensamento conservador fica o atalho da libertinagem A sociedade tal como o conser vador a descreve não é um amontoado de áto mos individuais desconectados É antes uma communitas communitatum em que o indiví duo socialmente isolado o homem rebelde de Shakespeare é a exceção não a regra O que começou como oposição instintiva a idéias modernizantes desabrochou num con traIluminismo maduro quando os conserva dores entenderam que os radicais burgueses queriam racionalizar e atomizar toda a socie dade Parte da oposição conservadora aos mo dos abstratos de pensamento era despolitizada uma vez que perdera o contato com o mundo tal como estava passando a ser e se refugiara na experiência internalizada que reconhecemos como romantismo e isso ao ponto de os obje tivos dos radicais burgueses terem tido suces so Porém um elemento mais durável no cam po conservador surgiu com o HISTORICISMO A escola histórica reagiu à dissolução do mundo tradicional estático reinterpretando a ligação conservadora com o concreto como uma liga ção com o orgânico isto é com o que vive e está sempre evoluindo O lugar que fora ocupa do no antigo pensamento conservador pelo es tado e pela comunidade local foi preenchido em vez disso pela comunidade orgânica do povo Volk A mudança no entanto pode ser tão verti ginosa que uma reação historicista a ela termine não em adaptação mas em capitulação Tanto a história quanto a experiência então tornam se um terreno traiçoeiro para se montar uma oposição eficaz à mudança radical pelo simples motivo de que para tomar emprestada a linguagem do MARXISMO ambas estão do lado da mudança É por isso que no século XX muitos conservadores têm sentido a necessi dade de um modo de pensar mais discriminador que apele menos à tradição em si mesma do que às verdades que uma tradição saudável incor pora Era uma norma da tradição judaicocristã que todos os membros da sociedade a aceitas sem como imposição unificadora sobre eles próprios Mas o homem ocidental moderno per deu qualquer senso de ordem moral objetiva A privatização dos valores morais que é inevi tável e boa do ponto de vista liberal sob o ângulo conservador é idêntica ao niilismo próspero da sociedade contemporânea Se os valores não repousam em nada mais sólido que a nossa escolha arbitrária como gostaria o RELATIVIS MO então não podemos ter nenhum bom motivo para acreditar neles A crítica conservadora ao individualismo liberal adquire aqui uma pers pectiva cultural e metafísica e não apenas social e política A sociedade e suas obrigações não se fundam sobre as vontades e desejos cambiantes dos indivíduos mas em última aná lise sobre a natureza dos seres humanos Em outras palavras antes dos acordos que fazemos uns com os outros na busca de nossos interes ses temos certos deveres e direitos que são por assim dizer inegociáveis ou dados pois ins critos em nossas próprias naturezas Os limites atribuídos à mudança ou ao pro gresso pelas idéias gêmeas de natureza huma na e lei natural são obviamente bastante consi deráveis Liberais e radicais em graus variados assumem a plasticidade infinita da natureza humana Os conservadores adeptos da lei natu ral afirmam ao contrário que ela manifesta aspectos imutáveis que por sua vez implicam normas imutáveis Alguns têm encarado esse ponto de vista como sinal de uma possível incoerência na teoria conservadora como pode a crença em uma lei natural universal que é por definição aplicável a todos os seres huma nos em todos os lugares e em todos os tempos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conservadorismo 133 ser compatível com a ligação com tradições e costumes particulares e locais Nem todos os conservadores é claro apóiam esses dois pon tos de vista Mas os que o fazem são geralmente forçados a admitir que uma cultura existente ou tradicional pode de fato não corresponder nem de longe a certos princípios morais universais caso em que essa cultura deve submeterse ao julgamento de tais princípios Ainda é verdade que desde que a Ilustração usou sua própria idéia de natureza humana para demonstrar a irracionalidade de todas as socie dades existentes muitos conservadores rejeita ram a própria idéia como sendo no todo dema siado abstrata Mas é importante compreender o grande abismo que separa a idéia conservado ra de natureza humana como só se tornando aquilo que ela essencialmente é como só se completando na sociedade da idéia liberal moderna da natureza humana como essencial mente asocial Conservadores britânicos e nor teamericanos às vezes chegam perto de abraçar esse ponto de vista liberal na sua adesão en tusiástica ao CAPITALISMO No entanto na práti ca normalmente conservam alguns vestígios da velha crença conservadora de que a liberdade incluindo a liberdade econômica é ao mesmo tempo inoperável e intolerável fora de uma forte estrutura social e moral Resta ver até onde o conservadorismo em alguma coisa mais que o mero nome pode sobreviver numa sociedade que está mais inclinada a fundir do que a rela cionar liberdade com virtude Leitura sugerida Burke E 1790 1968 Reflections on the Revolution in France Eliot TS 1939 The Idea of a Christian Society Ο 1948 Notes Towards the Defi nition of Culture Kirk Russel 1954 1986 The Conservative Mind 7ªed Nisbet Robert 1966 The Sociological Tradition Oakeshott Michael 1962 Rationalism in Politics and Other Essays Scruton Roger 1980 The Meaning of Conservatism Ο org 1988 Conservative Thinkers Ο org 1988 Conservative Thoughts Strauss L 1949 Natural Right and History Voegelin E 1952 The New Science of Politics IAN CROWTHER consumo sociedade de Ver SOCIEDADE DE CONSUMO ver também SOCIEDADE AFLUENTE contracultura Uma cultura minoritária ca racterizada por um conjunto de valores normas e padrões de comportamento que contradizem diretamente os da sociedade dominante De acordo com o Oxford English Dictionary a palavra counterculture foi acrescentada à lín gua inglesa no final dos anos 60 e início dos anos 70 referindose aos valores e compor tamento da mais jovem geração norteamerica na dos anos 60 que se revoltava contra as instituições culturais dominantes de seus pais na maior parte afluentes ver SOCIEDADE AFLUENTE Embora a palavra tivesse entrado para a língua a fim de identificar esse conflito de gerações em particular na América do Norte a idéia é tão antiga quanto a história judaico cristã do Ocidente a própria cristandade foi uma contracultura na Jerusalém judaica e mais tarde na Roma pagã Tanto J Milton Yinger importante sociólogo de contraculturas norte americano 1982 quanto Christopher Hill um dos principais historiadores britânicos da Revo lução Inglesa 1975 se reportam à Bíblia em seus livros sobre contraculturas Esses homens que têm alvoroçado o mundo chegaram aqui também Atos 176 A força motriz da cristandade construiuse sobre a tensão dialética entre o Velho e o Novo Testamentos entre a lei e o Evangelho entre os Dez Mandamentos e o Sermão da Montanha Perfeccionistas de todas as gerações geralmente têm apelado ao Evangelho universal do amor em contraposição às leis culturalmente enraiza das que eram simbolizadas pelos Dez Man damentos Assim entre a multidão de segui dores gerada pela Revolução Inglesa das déca das de 1640 e 1650 os que se ligaram a seitas como A Família do Amor não eram diferentes dos Flower People e dos hippies da Geração do Amor dos Estados Unidos nos anos 60 Os movimentos sectários e contraculturais têm tido geralmente dois aspectos o ativismo radical dos que buscam revolucionar politica mente a sociedade e a boêmia dos que a aban donam para viver em isolamento Dessa forma John Lillburne o homem mais popular na In glaterra de Cromwell liderou seus Niveladores na revolta política mas acabou se retirando do ativismo político e se tornando um quacre S taughton Lynd um guru da Nova Esquerda Estudantil que foi a Hanói demonstrar sua so lidariedade para com o inimigo quando os Es tados Unidos ainda lutavam na Guerra do Viet nã também se tornou quacre Theodore Ros zak num trabalho excelente um dos primeiros livros sobre a contracultura 1969 inclui tanto Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 134 consumo sociedade de a boêmia drogada dos beats e hippies quanto o ativismo político tenaz da Nova Esquerda Estudantil dentro da contracultura No final da Segunda Guerra Mundial os norteamericanos estavam confiantes e orgu lhosos em relação a suas instituições que ti nham raízes em valores culturais calvinistas Entre estes se incluíam a fé na razão na ciência e na tecnologia uma ética puritana de empenho no trabalho e autoaperfeiçoamento a demo cracia representativa limitada pela lei e pela Constituição e finalmente uma família mode radamente patriarcal em que o divórcio ainda era relativo tabu se admitia a autoridade pater na e o comparecimento da família à igreja era mais elevado do que em qualquer outra nação ocidental Nessa sociedade confiante ordem e autoridade eram formadas por um sistema de classes hierárquico porém cada vez mais aberto e incentivador do aproveitamento das oportuni dades liderado por elites extraídas de um sis tema establishment WASP white anglo saxon protestant ou seja branco protestante e anglosaxão seguro e hegemônico ou a ele assimiladas Essa sociedade otimista desencadeou o mais longo boom econômico da história norteame ricana que produziu um babyboom surto de bebês que durou até boa parte dos anos 60 Os filhos dessa geração entraram para a faculdade passando daí a cursos de mestrado e doutorado em números cada vez maiores Nesse meio tempo uma minoria profética Newfield 1967 entre eles foise desencantando com os valores materialistas da América branca e tentou sub vertêlos nos anos 60 a década mais antiauto ritária antielitista e antisistema em toda a his tória dos Estados Unidos No decorrer dessa década a hegemonia do sistema WASP numa sociedade de classes aberta foi substituída por uma burocracia governamental inclinada a ni velar por baixo e não por cima criando uma sociedade sem classes de posições sociais ba seadas em credenciais como títulos acadêmi cos avançados de instituições prestigiosas em lugar da habilidade e do esforço Tornandose adultos à sombra do Holocaus to e de Hiroxima e confrontados com os as pectos desumanizantes de instituições cada vez mais racionalizadas e impessoais como as mul tiversidades de Berkeley e Michigan muitos membros dessa geração achavam inaceitáveis todas as formas de racismo e preconceito étni co bem como a guerra A razão o cientificismo e o culto à tecnologia eram partes importantes do problema em vez de solução O empenho no trabalho e a mobilidade social transforma ramse na corrida que deveria ser evitada a qualquer custo melhor um carpinteiro ou bom beiro independente e honesto do que um buro crata conformista e conivente O autoaperfei çoamento através da renúncia e do despren dimento deu lugar à ética de autoindulgên cia da Playboy os rituais do namoro para fazer amor foram deixados de lado em favor de fa zer sexo Maridos e esposas foram substituí dos por companheiros mais ou menos perma nentes os relacionamentos duradouros eram honestamente temidos O comparecimento às sinagogas e igrejas bem como os rituais de jogo nos clubes de golfe dos subúrbios foram deixa dos para pais rígidos e convencionais enquanto os filhos iam embora em busca de vidas mais cheias de significado no movimento estudantil pelos direitos civis no Sul na política da Nova Esquerda nos melhores campi da nação e no escape através das drogas e dos variados cultos religiosos orientais em cenários boêmios urba nos como os do East Village em Nova York ou HaightAshbury em São Francisco além das periferias boêmias de seus campi preferidos de Berkeley ao Harvard Yard Os quacres que um dia foram chamados de anabatistas antinômicos da Revolução Inglesa que ainda acreditam na democracia participativa passaram por um de clínio lento porém constante nos Estados Uni dos do pósguerra para em seguida estourarem nos anos 60 quando novas Assembléias foram criadas em torno das comunidades dos campi A maior assembléia de Massachusetts foi logo ao lado de Harvard Square Um aspecto importante a respeito da contra cultura foi a sua perda na fé da democracia representativa com preferência por uma demo cracia participativa ou manifestante A Nova Esquerda Estudantil liderada por Tom Hayden e outros fundadores dos Students for a Demo cratic Society SDS Estudantes por uma Sociedade Democrática estava determinada a arrancar a tomada de decisões políticas das assembléias legislativas para as ruas tomadas pelas multidões O voto foi substituído pelo megafone a privacidade da cabine eleitoral por grupos solitários entoando soluções simplistas para problemas políticos complexos A eficácia da política de multidões dependia da televisão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar contracultura 135 que logo transmitia fortes imagens audiovisuais por toda a Aldeia Global mundial dramati zando o comportamento da multidão de 3 mil estudantes reunidos para o Movimento do Li vre Discurso na Sproul Plaza no campus da Universidade da Califórnia em Berkeley em 1964 a multidão de 20 mil na marcha so bre Washington contra a guerra do Vietnã em 1965 de 25 mil hippies e novosesquerdistas marchando sobre o Pentágono em 1967 e final mente as multidões de estudantes enfurecidos e assustados combatendo os porcos policiais em Grant Park e nas ruas em torno da Conven ção Democrática em Chicago no verão de 1968 o que desmoralizou os liberais inimigos desprezados dos SDS James Miller 1987 p304 descreveu o final desse dia em Chicago da seguinte maneira O sol se pôs Refletores de luzes de Klieg foram ligados As câmaras de televisão registravam a ação De repente sem aviso a polícia atacou Incitada pelo pânico a fúria e o orgulho a multidão começou a entoar um cântico O Mundo Inteiro Está Olhando O Mundo Inteiro Está Olhando O Mundo Inteiro Está Olhando Depois de Chicago os SDS se desfizeram deixando um pequeno remanescente chamado The Weathermen agora dedicado à violência Seu fim foi simbolizado por dois acontecimen tos em 1970 Em maio uma esplêndida casa na cidade de Nova York na Rua 11 bem perto da Quinta Avenida no Village explodiu acidental mente matando três Weathermen Os sobrevi ventes incluindo a filha do proprietário fugi ram para a clandestinidade Em maio membros da Guarda Nacional abriram fogo sobre es tudantes numa manifestação matando quatro deles A ascensão e queda da cultura da droga foi paralela à dos ativistas estudantis No ano se guinte ao Movimento do Livre Discurso em Berkeley dois hippies abriram uma loja psico délica no bairro de HaightAshbury em São Francisco No Verão do Amor em 1967 esse bairro já se havia tornado a meca das tribos hippies da nação inteira que se haviam ligado no movimento largado tudo e entrado para a religião da droga de Timothy Leary um profes sor de Harvard que abandonara a cátedra e de Ken Kesey o romancista com a mensagem de deixa tudo rolar autor de One Flew over the Cuckoos Nest que se tornou romance e filme cult Um estranho no ninho da geração dos anos 60 Nesse verão triste o amor se fixara num lugar de excrementos Wolfe 1968 pXVIII Esse love people que havia deixa do lares de prosperidade e de conforto parali sante não fazia a menor idéia de como tomar conta de si mesmo Descalços cabelos compri dos vestindo trapos encontrados em brechós e nos sótãos das avós viviam de drogas e comida enlatada sofriam de problemas nos dentes má digestão e falta de sono e estavam constante mente pisando em pregos enferrujados e vidros quebrados a doença venérea prosperou lado a lado com a liberdade sexual Uma clínica mé dica gratuita tratou de cerca de 3 mil pacientes em um mês nesse verão O maior acontecimento em toda a histó ria da contracultura foi o Festival da Vida de Woodstock Woodstock Festival of Life quan do cerca de 500 mil jovens ativistas de esquer da dropouts e meros curiosos rumaram para um gigantesco concerto de rock realizado no meio de uma fazenda lamacenta no interior do Estado de Nova York em agosto de 1968 ape nas um mês depois da tragédia da Convenção Democrática em Chicago Durante três dias a multidão desnuda drogada e contente mostrou se ordeira e amigável impressionando até a polícia e os fazendeiros locais Se Woodstock foi um sucesso o Festival Let it Bleed of Angels and Death organizado pelos Rolling Stones de Mick Jagger a maior banda de rock and roll do mundo no autódromo de Altamont perto de São Francisco em dezembro foi um desas tre Os Stones para economizar dinheiro alu garam um bando de Hells Angels uma gangue de motociclistas da Califórnia por 500 dólares em cerveja para manter a ordem ONeil 1971 p261 A multidão de cerca de 300 mil pessoas estava de longe muito mais drogada do que em Woodstock A revista Rolling Stone maior au toridade em rock fotografou Mick Jagger ob servando os Angels matar a pancadas um jovem negro de Berkeley sobre o palco diante da multidão ensandecida Todd Gitlin obcecado com o fedor de morte na multidão drogada perguntouse Quem ainda podia acalentar a ilusão de que essas centenas e milhares de filhos da Multidão Solitária mimados sequiosos de astros eram o arauto de uma boa sociedade 1987 p407 Ver também CULTURA DA JUVENTUDE MOVI MENTO ESTUDANTIL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 136 contracultura Leitura sugerida Feuer Lewis S 1969 The Conflict of Generations the Character and Significance of Stu dent Movements Fraser Ronald 1988 1968 A Stu dent Generation in Revolt Kenann George F 1968 Democracy and the Student Left Mailer Norman 1968 Miami and the Siege of Chicago Rothman Stanley e Lichter S Robert 1982 Roots of Radicalism Jews Christians and the New Left Wolfe Tom 1968 The Purple Decade a Reader E DIGBY BATZELL contradição Ver DIALÉTICA contrarevolução Ver REVOLUÇÃO contrato social Qualquer acordo entre indi víduos independentes com respeito a dispo sições institucionais básicas que deverão deter minar seus relacionamentos sociais ou políticos constitui um contrato social O acordo pode ser feito entre todas as pessoas relevantes ou entre uma pessoa o soberano potencial e todas as outras podendo ainda implicar acordos entre grupos preexistentes O conceito é utilizado para explicar justificar ou deduzir os direitos ou obrigações positivos que indivíduos natural mente autônomos têm uns para com os outros dentro de uma sociedade eou estado A idéia de contrato social exemplifica mui tas das pressuposições da teoria política libe ral tradicional Assim um comentarista recente aponta que a teoria do contrato social é volun tarista no sentido de que a autoridade política depende de atos da vontade humana con sensual a teoria postula um consenso de von tades entre todos aqueles sujeitos a uma dada autoridade legítima individualista funda mentando a autoridade política legítima na sua aceitação por parte dos indivíduos e racio nalista no sentido de que as vontades indi viduais que chegam a um consenso são racio nais e não produto de caprichos voluntariosos Lessnoff 1986 p6ss No início do século XX assumiuse que a teoria do contrato social havia sido posta de lado e com justiça devido a suas pressupo sições históricas e sociológicas errôneas e a sua incapacidade filosófica de explicar a base da obrigação fundamental de se agir de acordo com o contrato social original Recentemente porém a abordagem de contrato social tem sido retomada de várias formas Numa tradição que tem origem em Thomas Hobbes filósofo político do século XVII 1651 a abordagem do contrato social está sendo mais uma vez utilizada como um modo de conciliar o individualismo egoísta segundo o qual a pessoa racional busca ou deveria bus car somente o seu próprio bemestar com a aceitação de obrigações de sociedade definidas e limitadas como sendo no interesse de longo prazo de todos os envolvidos Isso transfere para a esfera social e política geral modelos econômicos relacionados ao livre mercado em que as relações contratuais entre indivíduos são de importância capital Na chamada teoria da escolha coletiva Buchanan e Tullock 1962 examinam os procedimentos decisórios rele vantes para a determinação de quando é racio nal para indivíduos agindo egoisticamente acei tar as restrições implícitas à ação coletiva Numa veia menos egoísta derivada das teo rias de Locke 1690 Rousseau 1762 e Kant 1977 com origem no Iluminismo a metodo logia do contrato social tem sido usada também para servir de base a uma teoria liberal moderna da JUSTIÇA que combina o compromisso com fortes direitos individuais a amplos mecanis mos redistributivos Rawls 1971 Os teóricos modernos do contrato social aceitam não ter existido nenhum contrato his tórico efetivo que antecedesse as origens da vida social ou política e em vez disso se apóiam na idéia de um contrato hipotético explicado em termos do que pessoas racionais e possi velmente beminformadas e imparciais teriam ajustado entre si em circunstâncias devidamen te especificadas Rawls por exemplo postula uma posição original imaginária na qual in divíduos em geral cultos livres e iguais concor dam a respeito das instituições básicas da socie dade sem conhecer suas próprias características sociais e sem saber que lugar virão a ocupar numa sociedade assim o véu da ignorância Rawls 1971 p11894 Essa formulação abandona a idéia de que os indivíduos só têm obrigações políticas e de sociedade se efetiva mente assumiram certos compromissos e subs tituemna pela idéia mais nebulosa de que aqui lo sobre o que se chegaria a um acordo em certas circunstâncias determina ou explica o que é obrigatório independentemente de todos ou alguns indivíduos efetivos terem chegado a tais acordos Desse modo a moralidade é ana lisada como uma combinação entre interesse próprio a longo prazo e imparcialidade ou eqüi dade Pode ser difícil distinguir as implicações práticas dessa abordagem das do utilitarismo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar contrato social 137 clássico com o qual normalmente se contrasta a teoria do contrato como dando mais proteção a indivíduos e minorias Além disso a aborda gem do contrato hipotético não pode explicar com facilidade por que as pessoas se submetem às exigências dessa moralidade quando não é de seu interesse mesmo a longo prazo fazêlo Gauthier 1977 embora possa explicar por que as pessoas às vezes têm bons motivos para fazêlo Uma forma de contrato hipotético de orien tação mais histórica é a exposta por Robert Nozick 1974 que segue Locke ao aceitar que os indivíduos têm alguns direitos naturais pré sociais tais como o direito à vida e constrói uma história conjectural descrevendo como tais indivíduos poderiam aderir sem estar vio lando os direitos uns dos outros Ele conclui que esses indivíduos concordariam com um estado libertário ou mínimo mas nada além disso Nenhuma justificativa ou explicação de contra to ou outra é apresentada para os pressupostos direitos naturais A teoria de Nozick é característica da teoria contemporânea do contrato social por ser jus tificativa ou normativa e não descritiva ou ex plicativa embora geralmente se presuma existir às vezes uma justaposição empírica entre as situações associais em que se diz que o contrato ocorre e as realidades da vida social e política efetiva As teorias do contrato hipotético não evitam os problemas epistemológicos que sur gem com respeito ao nosso suposto conheci mento do conteúdo dos contratos em questão e os resultados prescritivos de se aplicar a meto dologia do contrato social tendem a refletir os valores de seus usuários Leitura sugerida Barker E 1947 Social Contract Lessnoff M 1986 Social Contract Macpherson CB 1962 The Political Theory of Possessive Indi vidualism Rawls John 1971 A Theory of Justice Scanlon TM 1982 Contractualism and utilitaria nism In Utilitarianism and Beyond org por A Sen e B Williams TOM D CAMPBELL controle social Esse conceito descreve a ca pacidade da sociedade de se autoregular bem como os meios que ela utiliza para induzir a submissão a seus próprios padrões Repousa na crença de que a ordem não é mantida apenas nem sequer principalmente por sistemas jurí dicos ou sanções formais mas é sim o produ to de instituições relações e processos sociais mais amplos O controle social sempre foi historicamen te uma preocupação crucial da sociologia sen do até plausível afirmar que é difícil separálo da própria palavra sociologia A questão princi pal para os teóricos do controle social tem sido como alcançar uma ordem social compatível com princípios morais sem impor um grau excessivo de controle pela coerção De acordo com esse ponto de vista todos os problemas sociais eram na base problemas de controle social Essa visão foi desenvolvida nos anos 50 por sociólogos como Paul Landis cujo conceito de controle social se originava de uma visão altamente conservadora da sociedade Tradicio nalmente a ordem na sociedade era o produ to de um consenso profundamente enraizado mantido sem nenhum esforço consciente por parte de qualquer grupo particular da sociedade Na medida em que os elos da sociedade tradi cional tais como igreja e família foram se enfraquecendo e as forças desintegradoras da vida urbana e industrial moderna foram proli ferando o consenso foi se tornando cada vez mais frágil Manter uma estabilidade contínua através do controle social tornouse do ponto de vista de Landis o problema crucial da nossa época Visto assim o controle social mal pode ser diferenciado da SOCIALIZAÇÃO Se a socialização é o processo informal atra vés do qual os indivíduos chegam a aprender e a aceitar as normas sociais ver NORMA o con trole social entra em jogo quando esses meios não conseguem garantir a conformação Para ilustrar a socialização pode acarretar a interna lização de normas através da opinião de grupos paritários da pressão social ou das expectativas familiares O controle social também pode ope rar informalmente através de família da igreja ou da escola ou formalmente através do es tado do sistema jurídico da polícia ou de outros instrumentos de força Os mecanismos de con trole social segundo Talcott Parsons funcio nam como defesas secundárias para combater os desvios que se deixados sem controle po dem romper o equilíbrio social ver também CRIME E TRANSGRESSÃO Nos anos 60 sociólogos radicais adotaram um uso mais negativo dessa expressão buscan do explicar como se mantém a autoridade numa sociedade assolada por conflitos Os novos so ciólogos da transgressão inverteram a premissa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 138 controle social de Parsons de que o controle social era uma reação à transgressão afirmando em vez disso que a idéia contrária isto é que o controle social leva à transgressão é de igual modo sustentável e a premissa potencialmente mais rica E Lemmert cit in Donajgrodzki 1977 p13 O controle social não era apenas uma força reativa ou reparadora que entrava em jogo quando outros mecanismos fracassavam mas sim uma força que ativamente criava a trans gressão Howard Becker por exemplo usando o conceito de solidariedade social de Émile Durkheim afirmou em Outsiders que as ins tituições de controle social criam outsiders indivíduos à margem sejam eles criminosos doentes mentais ou minorias religiosas e ra ciais que servem de bodes expiatórios sociais e também como última fronteira da sociedade respeitável Essa visão radical foi prontamente adotada por movimentos como a antipsiquia tria a antimedicalização e a desescolarização Os historiadores sociais também se mos traram ávidos por adotar o conceito como um meio de compreender os mecanismos através dos quais as classes operárias eram condiciona das a aceitar e adotar as normas e condutas necessárias à sustentação de uma rápida indus trialização da sociedade FML Thompson por exemplo caracteriza a maneira como os his toriadores compreendem essa expressão como o meio através do qual um grupo ou classe impõem sobre outra classe suas idéias a respeito do que são os hábitos e atitudes adequados a essa classe Thompson 1981 p1901 Se gundo os historiadores marxistas o objetivo das classes média e alta era produzir membros obe dientes e submissos da classe operária adequa damente equipados para seu papel inferior na sociedade condicionados a respeitar a lei e a ordem bem como a autoridade a propriedade e as pessoas de seus superiores Numa posição extrema a teoria do controle social coloca todas as atividades de estado por mais benévolas ou progressistas que possam parecer como mecanismos camuflados de con trole e repressão As políticas de bemestar educação e saúde são denunciadas como sendo na verdade mecanismos de controle social semelhantes em seus objetivos à polícia aos tribunais e às prisões Definido dessa maneira o controle social tem limites como instrumento explanatório A utilização circunstancial de metáforas de controle social afirma o his toriador social Gareth Stedman Jones leva à nãoexplicação e à incoerência 1983 p42 Promove a tendência a encarar aqueles que estão sujeitos ao controle como recipientes pas sivos desprezando sua capacidade ainda que coagida de rejeitar adaptar distorcer ou con traporse às forças do conformismo Assume uma idéia monolítica do poder uma unanimi dade de propósitos entre os controladores ou simplesmente abafa a questão de suas identi dades objetivas dentro da hegemonia burgue sa Finalmente essa utilização deixa sem repto a eficácia dos mecanismos de controle social desprezando a possibilidade de muitos terem efeitos bem diversos dos pretendidos Uma crescente desilusão a respeito do con trole social como pouco mais que um conceito fácil Cohen 1985 p2 tem levado à rejeição de sua utilização mais ampla Sociólogos como Stanley Cohen preferem restringir sua com preensão do controle social aos modos organi zados com que a sociedade reage a comporta mentos e pessoas que encara como transgres sores problemáticos preocupantes ameaçado res perturbadores ou indesejáveis Cohen 1985 p1 Nesse sentido mais estreito e es pecífico o controle social continua a ser um instrumento capital para a sociologia da trans gressão Leitura sugerida Becker H 1963 Outsiders Co hen S 1985 Visions of Social Control Cohen S e Scull A orgs 1983 1985 Social Control and the State Donajgrodzki AP org 1977 Social Control in NineteenthCentury Britain Landis PA 1956 Social Control Social Organization and Disorganization in Process Ross EA 1929 Social Control a Survey of the Foundations of Order LUCIA ZEDNER controvérsia Ver DISSENSO controvérsia metodológica Ver METHODEN STREIT conversacional análise Esse campo da so ciologia que costuma ser chamado de CA iniciais da denominação original inglesa con versation analysis diz respeito à organização da interação social em contextos cotidianos e em ambientes institucionais mais especializa dos Com origem na pesquisa de Harvey Sacks e seus colaboradores Emanuel Schegloff e Gail Jefferson esse campo surgiu como produto das influências da ETNOMETODOLOGIA e da análise Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conversacional análise 139 interativa de Erving Goffmann Tendo começa do com palestras de Sacks 196472 que tive ram circulação privada a CA cresceu até se transformar num campo de pesquisa praticado no mundo inteiro O objetivo básico de pesquisa da CA é des crever e analisar as competências sociais sub jacentes à produção e ao reconhecimento de ações sociais comuns Muitas dessas competên cias têm uma dimensão normativa A CA parti cipa da visão etnometodológica de que um cor po comum de práticas normativas informa tanto a produção quanto a interpretação da ação e de que são implementadas em um contexto social dinâmico que é alterado em maior ou menor extensão a cada sucessiva contribuição à inte ração A análise dessas práticas tornase possí vel pelo fato de que no decorrer da interação cada participante conscientemente ou não exi be uma compreensão e uma análise da conduta do outro através da produção da ação seguinte em uma seqüência A CA incorpora uma es trutura analítica que se baseia neste fato Assim em vez de se concentrar nos interlocutores e em suas intenções individuais a CA começa com as práticas normativas que dão formas a seqüên cias de interação entre interlocutores e com o esquema de ações ou elocuções dentro dessas seqüências A utilização dessa abordagem re sultou num grande âmbito de descobertas a respeito da organização da ação da compreen são mútua dentro da organização e cada vez mais da medida em que descobertas derivadas de dados interativos de uma cultura particular são universais ou culturalmente específicas A abordagem empírica da CA é naturalista e realiza mais pela observação do que pela experimentação Baseiase em dados recolhi dos de situações naturais de interação por fitas de áudio ou fitas de vídeo ou filmes Grande parte desses dados é tirada de conversas infor mais entre amigos e conhecidos Esse tipo de conversa representa a forma mais básica de interação na maioria das culturas ainda que não em todas É como observou Schegloff o local primordial da sociabilidade humana de signi ficado fundamental no estudo da ação social e do raciocínio prático Ademais a conversa co mum é a primeira forma de interação a que os seres humanos são expostos no decorrer da SOCIALIZAÇÃO e através da qual a própria socia lização continua A análise de sua organização subjacente está proporcionando uma coordena da básica para se documentar e analisar a con duta que é característica de formas mais es pecializadas de interação por exemplo em tri bunais entrevistas a jornais consultas médicas e assim por diante As pesquisas e descobertas da CA incorpo ram uma fusão inovadora de abordagens socio lógicas da natureza da ação e interação social com perspectivas analíticas associadas ao prag matismo lingüístico Os detalhes e resultados cumulativos dessas descobertas estão criando novas oportunidades de estudos precisamente enfocados do funcionamento de instituições so ciais específicas e vêm exercendo um impac to significativo sobre as disciplinas adjacentes da antropologia lingüística psicologia social e ciência cognitiva Leitura sugerida Atkinson JM e Drew P 1979 Or der in Court The Organization of Verbal Interaction in Judicial Settings Atkinson JM e Heritage JC orgs 1984 Structures of Social Action Studies in Conversation Analysis Drew P e Heritage JC orgs 1991 Talk at Work Goodwin C 1981 Conversatio nal Organization Interaction between Speakers and Hearers Levinson SC 1983 Pragmatics Sacks Harvey 196472 1992 Lectures on Conversation org por G Jefferson 2 vols JOHN HERITAGE cooperação Ver CONFIANÇA E COOPERAÇÃO cooperativismo Ver MOVIMENTO COOPERATIVO corpo sociologia do Ver SOCIOLOGIA DO CORPO corporativismo Em uso recente nas ciências sociais o conceito de corporativismo livrouse de sua ligação anterior com regimes autoritários e fascistas e passou a ser utilizado como um meio para se analisar o papel dos interesses organizados nas democracias liberais da atuali dade O corporativismo também entrou no uso político comum como uma espécie de referên cia abreviada ao envolvimento de sindicatos junto com organizações que representam os interesses do capital em negociações com os governos a respeito de políticas econômicas No debate público o corporativismo passou a ser visto como a antítese do neoliberalismo no qual os governos buscam usar a competição em vez da negociação como o elemento dinâmico da tomada de decisões sobre políticas e progra mas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 140 cooperação Grande parte dos primeiros textos normati vos sobre o corporativismo refletia a doutrina social católica e a busca de uma alternativa ideológica para o liberalismo e o socialismo Os autores corporativistas defendiam teorias orgâ nicas da sociedade e pleiteavam grupamentos funcionais de corporações baseados num con junto comum de interesses que transcendia as divisões de classe Essa idéia do corporativismo como planta baixa de um sistema social ideal baseado na acomodação harmônica de dife rentes grupos sociais não se realizou na prática em parte alguma embora alguns de seus ele mentos encontrassem expressão no projeto de ESTADO corporativo na Itália de Mussolini Entre os autores acadêmicos contemporâ neos o corporativismo é encarado em geral como a antítese do PLURALISMO e de fato o principal expoente da teoria corporativista nos anos 70 Philippe Schmitter 1974 apontou o corporativismo como uma crítica do que enca rava como a ortodoxia pluralista predominante na SOCIOLOGIA POLÍTICA Os pluralistas interpre tavam o extraordinário alcance e diversidade das organizações de defesa de interesses nas sociedades modernas como um indício da aber tura dos governos democráticos a um vasto âmbito de influências e propunham uma visão benevolente da política dos grupos de interesses ver INTERESSE GRUPO DE como uma comple mentação dos mecanismos eleitorais para ga rantir a responsabilidade democrática Em con traste a teoria corporativista enfatizava um nú mero limitado de organizações politicamente influentes e a tendência desses grupos a alcan çar uma posição monopolista na representação de interesses dentro de categorias sociais parti culares Esses desdobramentos tendiam a su plantar em vez de complementar os processos parlamentares Os governos tendiam a preferir o desenvolvimento de monopólios de interesses porque isso tornava mais fácil alinhar os in teresses de grupos com as políticas públicas com menos consumo de tempo Ao conferir um status público privilegiado aos grupos cuja co operação era considerada importante para se realizarem objetivos de política pública os go vernos de fato excluíam da mesa de negocia ções um número bastante grande de grupos menos poderosos Offe in Berger 1981 Houve um debate acalorado sobre qual de veria ser o foco da teoria corporativista o que levou alguns críticos a duvidar de seu caráter específico A utilização moderna mais difun dida da palavra identifica o cerne do corporati vismo como sendo o papel das organizações de interesses como intermediário entre o estado e a SOCIEDADE CIVIL A teoria pluralista enfatizou o papel dos grupos como representantes dos interesses de seus membros buscando influen ciar a direção de políticas e programas públicos implementados através das instituições do es tado A teoria corporativista colocou igual ên fase à delegação de funções públicas a grupos e em sua responsabilidade pela implementação de políticas públicas Assim os grupos não se limitavam a representar interesses mas inter pretavam um duplo papel que fundia a repre sentação de interesses com a implementação de políticas O teste crucial para a eficácia de um grupo corporativo afirmouse então seria sua capacidade de disciplinar seus membros para aceitar e implementar acordos fechados com o estado Relacionamentos relativamente está veis desse tipo também foram chamados de governo do interesse privado Streeck e Sch mitter 1985 A diferença entre as sociedades capitalistas avançadas onde o corporativismo se desen volve cada vez mais em conseqüência do cres cente poder monopolista das organizações de interesses e aquelas onde há um plano corpo rativista imposto pelo estado é bem captada na distinção entre corporativismo societal ou li beral e corporativismo de estado Schmitter 1974 O corporativismo societal desenvolve se onde o estado reconhece o aumento do poder autônomo por parte de organizações que re presentam os interesses de categorias sociais e entra num processo de intercâmbio político com essas organizações O corporativismo so cietal tornouse mais fortemente institucionali zado em países como a Áustria ou a Suécia onde um poderoso movimento trabalhista se tornou um parceiro social da associação de cúpula dos empregadores e do estado na nego ciação de políticas econômicas e sociais O corporativismo de estado em contraste ocorre em sociedades com grupos de interesses de organização relativamente fraca onde o estado busca legitimar seu domínio e alcançar seus objetivos mobilizando a população dentro de organizações subordinadas O corporativismo de estado tende a estar ligado a regimes capita listas periféricos ou dependentes como os da América Latina Malloy 1977 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar corporativismo 141 O desenvolvimento do corporativismo nas democracias liberais está geralmente associado à redução do âmbito de decisões que estão sujeitas a determinação através de processos eleitorais e parlamentares Muitas da primeiras avaliações assumiram um processo evolutivo do desenvolvimento corporativista com adver tências de que as democracias parlamentares estavam se tornando cada vez mais estados corporativos Mas com a crescente sofistica ção da teoria corporativista o surgimento de estudos empíricos de processos corporativos e a rejeição consciente das práticas corporativas em alguns países veio também uma avaliação dos limites do corporativismo e de sua coexis tência com os processos parlamentares e plura listas Isso levou ao desenvolvimento da tese do estado dual ou da política dual a qual sugere que o corporativismo se limita à inter mediação com respeito a um âmbito de ques tões relativas à produção e implicando interes ses dos produtores e que ele sempre coexistirá com um processo político competitivo ou plu ralista para a determinação das questões de consumo envolvendo indivíduos e organiza ções de interesses dos consumidores Cawson e Saunders 1983 Onde o corporativismo ficou fortemente en trincheirado no nível mais elevado as políticas econômicas e sociais têm sido determinadas com base numa negociação tríplice Afirmouse que a capacidade de certos países de suportar a recessão econômica sem recorrer à deflação e à criação de desemprego pode ser explicada pelo grau em que o corporativismo facilita as ne gociações entre capital e trabalho a respeito da distribuição do produto social Goldthorpe 1984 Nesses casos os processos corporativis tas envolvem a colaboração de classes e por esse motivo muitos críticos marxistas ver Pa nitch in Schmitter e Lehmbruch 1979 aduzi ram que o corporativismo pode ser compreen dido como uma estratégia adotada por estados capitalistas a fim de manter a subordinação da classe operária Existe relacionado ao corpora tivismo como processo de decisão em política macroeconômica um trabalho recente de es tudiosos escandinavos que introduziu a idéia da economia negociada como meio de descrever a tomada de decisões em termos de política econômica regulamentada por uma série de ne gociações entre instituições autônomas Niel sen e Pedersen 1988 Uma parte importante dos primeiros textos sobre corporativismo liberal concentrouse na análise comparativa de estadosnações e foram feitas várias tentativas de relacionar países de acordo com seu nível de conformidade a um tipo ideal de corporativismo A maioria dos autores parecia concordar em que o país a al cançar a marca mais elevada era a Áustria que os Estados Unidos eram o país menos corpora tivista e que na GrãBretanha o corporativismo era relativamente fraco Fizeramse algumas tentativas discutidas em Cawson 1986 de mensurar o corporativismo e correlacionar sua incidência com outros fatores presentes nos sistemas políticos nacionais Os resultados são mais sugestivos que conclusivos havendo po rém indícios de que o corporativismo está liga do a baixos níveis de represália contra impos tos elevados e gastos públicos Outros estudos apontaram que os países mais governáveis são os fortemente corporativistas e que estes tendem também a ter menos desemprego A maioria dos que estudam o corporativismo es tão de acordo em que o caso típico de macro corporativismo é a Áustria seguida pelos países escandinavos especialmente a Suécia A Áus tria tem um sistema de filiação compulsória em câmaras de comércio trabalho agricultura e profissões liberais e cada cidadão trabalhador é membro de pelo menos uma destas Cada uma delas é uma organização altamente centraliza da em que a liderança nacional mantém um controle efetivo sobre as subdivisões setoriais e territoriais A principal organização sindical monopoliza a representação do trabalho e os sindicatos isolados são subunidades que depen dem da unidade central para seus recursos fi nanceiros A paridade de representação é garan tida pelo estado nas negociações sobre controle de preços e planejamento econômico e a ne gociação sócioeconômica coletiva concentra se num organismo nãoburocrático altamente informal a Comissão de Paridade Assim o exemplo austríaco demonstra a efetiva institu cionalização das precondições do macrocorpo rativismo organizações de interesses monopo listas e centralizadas paridade na representação de classes e processos informais de ajuste To das essas precondições surgiram no decorrer de um considerável período histórico e se ne nhuma delas é exclusiva da Áustria a combi nação de todas certamente o é Marin in Grant 1985 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 142 corporativismo Exemplos menos estáveis e bemsucedidos de instituições corporativistas podem ser en contrados em vários países Durante cerca de duas décadas depois da Segunda Guerra Mun dial o Conselho Social e Econômico Holandês produziu com eficiência um consenso interclas ses sobre política econômica mas sua influên cia se reduziu a partir dos anos 60 quando as organizações de interesses se tornaram mais fragmentadas e o sistema formalizado de repre sentação funcional não conseguiu adaptarse Em outros casos como o da exAlemanha Oci dental instituições corporativas sofreram pres sões em conseqüência de crises econômicas quando empregados e às vezes sindicatos isola dos buscaram escapar aos procedimentos cen tralizados de negociação Em geral o ressurgi mento de estratégias econômicas neoliberais desde os anos 70 tendeu a minar as precon dições para o macrocorporativismo Goldthor pe 1984 O uso moderno aponta como definição con cisa do conceito o seguinte o corporativismo é um processo sóciopolítico específico no qual organizações que representam interesses fun cionais monopolistas dedicamse ao intercâm bio político com agências do estado a respeito dos rendimentos das políticas públicas o que envolve essas organizações em um papel que combina a representação de interesses com a implementação de políticas através da capaci dade de realizar decisões delegada pelo estado Três aspectoschaves do corporativismo dis tinguemno dos processos pluralistas da políti ca de grupos de interesses O primeiro é o papel de monopólio desempenhado pelos organismos corporativos o segundo é a fusão do papel representativo com o de implementação e o terceiro é a presença do estado tanto no licen ciamento da representação monopolista quanto na codeterminação de políticas Enquanto na teoria pluralista os interesses são identificados como anteriores à organização e à mobilização política na teoria corporativista o estado é iden tificado como agente crucial na formação de interesses e influenciando o resultado dos pro cessos de grupo Cawson 1986 As organizações de interesse que têm maior probabilidade de alcançar o status de monopó lio e participar de um intercâmbio corporativo com organismos do estado são as que repre sentam os interesses de produtores mais que as dos consumidores e que dominam os recursos de informação ou a obediência necessários para a implementação de políticas de estado Es tudos empíricos indicam que as associações comerciais e de empregados os sindicatos e os organismos das profissões liberais são os inter locutores mais comuns A forma que o corpora tivismo assume é a negociação com alto grau de delegação de autoridade pública a orga nismos nominalmente particulares Como um modo de política o corporativismo pode ser contrastado com as formas de regulamentação jurídicoburocrática e de mercado as quais im plicam uma forma nitidamente diversa de rela cionamento entre estado e organizações de in teresses Além do nível macro que envolve asso ciações mais importantes em negociações a respeito de políticas públicas o corporativismo pode ser identificado em um nível setorial ou intermediário no relacionamento entre organis mos e organizações estatais que atingiram re presentação monopolista de categorias particu lares de interesse setorial Mesmo em países como os Estados Unidos e o Canadá que são fracos em termos corporativos usandose in dicadores nacionais em áreas particulares de política tais como a agricultura podemse en contrar formas vigorosamente entrincheiradas de mediação corporativa A teoria corporativista tem representado um forte desafio ao pluralismo como modelo de política de grupos de interesses mas à medida que os indícios empíricos vão alimentando su cessivos refinamentos da teoria vai ficando claro que corporativismo e pluralismo não de veriam ser encarados como paradigmas alterna tivos para o estudo de políticas de interesses e sim como extremidades de um continuum de acordo com o nível dos relacionamentos mo nopolistas e interdependentes entre organiza ções de interesses e de estado que vieram a se estabelecer Cawson 1986 Leitura sugerida Cawson A 1986 Corporatism and Political Theory Ο org 1985 Organized Interest and the State Studies in MesoCorporatism Grant W org 1985 The Political Economy of Corporatism Malloy I org 1977 Authoritarianism and Corpora tism in Latin America Schmitter PC e Lehmbruch G orgs 1979 Trends Toward Corporatist Intermedia tion Williamson P 1989 Corporatism in Pers pective ALAN CAWSON Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar corporativismo 143 cotidiano Na tentativa que herdamos do sé culo XIX de subordinar tudo à razão e de encontrar uma razão para tudo parece que nos esquecemos conforme a bela expressão de Si lesius de que a rosa não tem uma razão Em termos epistemológicos ao insistirmos no que é dito nas relações sociais esquecemonos de que elas também dependem do que não é dito um espaço vazio transbordando de possibi lidades Explorar o cotidiano dessa maneira pode levarnos à própria formulação de um modo concreto de sociabilidade que tenha uma coerência própria e não deve ser encarada sim plesmente como um reflexo de nossas idéias Tratase aqui de um exemplo de bom senso básico e que o intelecto discursivo acha difícil reconhecer em parte por se sentir relativizado por ela que retorna com regularidade tanto na vida cotidiana quanto no debate intelectual Seria possível até dizer que se existe um des contentamento geral com ideologias excessiva mente abrangentes e confusas isso se deve a estarmos testemunhando o surgimento de toda uma multiplicidade de novas ideologias viven ciadas dia após dia e baseadas em valores fami liares Essa sensibilidade para a concretude da existência pode portanto ser interpretada co mo a expressão de uma vitalidade saudável e robusta Esse vitalismo engendra um modo or gânico de pensar com todas as características desse tipo de pensamento ou seja uma insis tência na percepção intuitiva como meio de captar as coisas a partir de dentro na compreen são como noção totalmente abrangente holís tica dos diferentes elementos das situações e na experiência como algo que vivenciado em comum com outros é considerado como cons tituindo o conhecimento empírico Alguns autores ainda que muito poucos insistiram na primazia desse modo orgânico de pensar W Dilthey é claro mas também os pensadores inspirados por Nietzsche que dão prioridade ao cotidiano e seus aspectos tácteis emocionais coletivos e unificadores Defense of commonsense 1925 de GE Moore tam bém enfatiza as verdades que se escondem na vida cotidiana Moore observou com elegância que a maioria dos filósofos se coloca contra o próprio senso comum de que eles também participam em sua vida cotidiana Outros autores concentramse igualmente em tópicos mais à mão por exemplo sociólogos fenomenólogos como Alfred Schütz Peter Ber ger e Thomas Luckmann que examinaram todo um âmbito de importantes questões epistemo lógicas a partir dessa perspectiva ver FENOME NOLOGIA Na verdade o que podemos chamar de vitalismo e essa bomsensologia são coi sas estreitamente relacionadas e combinálas permitenos enfatizar a qualidade intrínseca do aqui e agora o valor de viver no presente um presentismo cujo pleno potencial ainda está por ser explorado A existência social jamais é unidimensional ela é em muitos aspectos monstruosa frag mentada e nunca se enquadra onde se pensa que foi definida É animada por um pluralismo cuja exposição e exame devem ser a tarefa da sociologia do cotidiano Além das racionalizações e legitimações a que nos acostumamos a exis tência social é formada por sentimentos e emoções maldefinidos pelos momentos nebulosos que não podemos ignorar e cujo impacto sobre nossas vidas cresce de maneira palpável É preciso ter em mente que o que sustenta todas as construções intelectuais é acima de tudo o que damos como certo conforme A Schütz destacou o que é autoevidente Como exemplo basta pensar nos ditados e provérbios populares que Émile Durkheim encarava como a expressão condensada de uma idéia ou senti mento coletivo Durkheim 1893 ou na con versa do cotidiano que às vezes contém uma filosofia de vida mais elaborada e um senso mais elevado dos problemas que o futuro reserva do que muitas discussões acadêmicas Esses são fenôme nos culturais quintessenciais no sentido de serem aquilo sobre o que se constrói a sociedade Segue se daí que a vida cotidiana é uma questão epis temológica que se encontra na linha de frente do debate sociológico Leitura sugerida Heller A 1970 1984 Everyday Life Lefebvre H 1968 La vie quotidienne dans le monde moderne Maffesoli M 1979 La conquête du présent pour une sociologie de la vie quotidienne Ο 1985 La connaissance ordinaire précis de sociologie compréhensive Ο 1989 The sociology of everyday life Current Sociology 371 Moore GE 1925 1959 A defense of commonsense In Contempora ry British Philosophical Papers org por JH Mui rhead MICHEL MAFFESOLI crescimento econômico A experiência e a perspectiva de crescimento econômico têm moldado de forma profunda o discurso do sé culo XX Seu efeito sobre a cultura e o raciocí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 144 cotidiano nio foi bem diferente dos efeitos exercidos em outras épocas embora já se houvesse anterior mente experimentado períodos de extraordiná rio crescimento De 1820 a 1980 o produto total das 16 principais economias capitalistas de hoje cresceu 60 vezes sua produção per capita cres ceu 13 vezes Um período notável de 1950 a 1973 é encarado como uma Idade de Ouro uma vez que a taxa de crescimento de sua produção nesse anos foi mais de duas vezes superior à das décadas anteriores No século XX o sistema socialista dirigido pelo estado da União Sovié tica também experimentou níveis elevados de crescimento de produção tal como aconteceu com alguns países do Terceiro Mundo espe cialmente depois de 1960 No decorrer dessa experiência as idéias referentes ao crescimento econômico e aquelas por ele moldadas desem penharam um papelchave nas estruturas con ceituais modernas Essas idéias podem ser de forma não exaustiva resumidas em cinco cate gorias o crescimento conceitualizado em relação a política nacional transformação so cial expansão da produção desenvolvimento do Terceiro Mundo e seu custo ambiental entre outros mais Política nacional O sistema europeu de política nacional construído no século XIX desenvolveu desde o início uma dinâmica expansionista Esse ex pansionismo político derivava em parte da adoção do crescimento econômico como carac terística da nacionalidade Caracterizouse pela expansão externa na forma de imperialismo com suas rivalidades nacionais e por ideais de alargamento da produção doméstica e da rique za para fortalecer o estadonação e justificar as ambições da grande potência A Alemanha de Bismarck exibiu ambas as características de maneira extremamente clara mas não foi a única a fazêlo As idéias políticas então germinando torna ramse um século depois uma característica universal da política oficial nos estados capita listas e socialistas No discurso das democracias ocidentais a principal medida da força nacional é a taxa relativa de crescimento do país O nível absoluto de sua riqueza é tratado como sendo de pouca relevância em comparação com o dinamismo do crescimento da produção ou a falta desse dinamismo Embora os Estados Unidos sejam o mais importante e mais rico país do mundo sua identidade e seu direcionamento político têm sido moldados nos últimos anos por dúvidas quanto a sua taxa de crescimento comparada particularmente com a do Japão e as disputas entre os partidos políticos nas de mocracias européias vêm sendo determinadas por comparações de crescimento econômico sob diferentes governos As ambições políticas da União Soviética foram desde a época de Lenin definidas em parte com relação ao crescimento econômico Nos tempos modernos o papel do crescimento econômico na rivalidade entre superpotências foi representado de forma mais nítida pela afir mação de Krushev de que o crescimento sovié tico permitiria a seu país vencer a Guerra Fria ao superar os níveis de renda dos Estados Uni dos em duas décadas Halliday 1983 Por ou tro lado a crise política que acabou derrubando o sistema soviético nos anos 80 é amplamente concebida como o resultado de uma redução da taxa de crescimento mais que da pobreza ab soluta O crescimento como transformação social Existe ligada ao realce político do cresci mento econômico uma concepção desse cres cimento como mais do que uma categoria quan titativa de aumento de produção No século XX cientistas e historiadores sociais estabeleceram o crescimento econômico como o principal ob jeto de investigação A partir dessa perspectiva o crescimento econômico é concebido como um processo de transformação social funda mental Os pontos de vista modernos sobre o crescimento como um processo contínuo de transformação social foram iniciados efetiva mente pelas análises de Karl Marx da gênese e do progresso do capitalismo e as idéias derivadas de sua obra deram forma aos debates sobre o cresci mento tanto capitalista quanto socialista Crescimento capitalista A compreensão que o século XX tem do crescimento ou acumulação capitalista a partir dessa perspectiva tem girado em torno de três problemas centrais a natureza da transformação do feudalismo para o cresci mento capitalista o papel das crises no cres cimento capitalista e as transformações his tóricas do próprio sistema capitalista As aná lises marxistas da transformação histórica do feudalismo para o capitalismo na Inglaterra ser viram de base para importantes análises do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crescimento econômico 145 crescimento econômico moderno nas circuns tâncias específicas de duas sociedades capita listas o Japão e a Inglaterra No Japão os debates desde os anos 20 concentramse em saber se o crescimento a partir da restauração Meiji de 1868 foi capitalista ou se a plena transição do feudalismo ocorreu mais tarde talvez mesmo tão tarde quanto a reforma agrária imposta nos anos 40 Está em questão uma compreensão do caráter específico do cresci mento capitalista no Japão e nesse aspecto o debate é semelhante ao iniciado por Anderson 1964 que buscava explicar o caráter específi co do crescimento britânico no decorrer dos últimos séculos por meio do caráter da transição do feudalismo O crescimento econômico sob o capitalismo temse caracterizado por crises regulares que Marx afirmava poder explicar A crise econô mica identificada com os anos 30 penetrou nas consciências como exemplar uma crise que estimulou análises divergentes quanto ao cará ter do crescimento capitalista Um ponto de vista muito difundido foi que isso era um in dício de que o capitalismo havia exaurido seu potencial de crescimento econômico e estava condenado à estagnação ou a um levante social que instalaria o socialismo Strachey 1935 Outro ponto de vista que se tornou predomi nante foi o keynesiano o qual sustentava de que as crises até então endêmicas ao capitalismo podiam ser eliminadas através de estruturas sociais e políticas transformadas ver KEYNESIA NISMO Uma terceira interpretação fornecida por Joseph Schumpeter foi de que as crises são um processo de destruição criativa um pro cesso de transformação que em vez de anunciar a estagnação seria a precondição para um cres cimento econômico renovado sob o capitalismo Schumpeter 1942 Essa linha de raciocínio tinha paralelos com a teoria de Marx sobre a relação entre crescimento e crise pois a desva lorização do capital que ela acarretava pode estabelecer as condições para uma acumulação renovada não obstante a visão de Marx de que a acumulação capitalista tem seus limites defi nitivos Não há dúvida de que a visão marxista e schumpeteriana de que as crises globais são ajustes em geral funcionais para o crescimento econômico capitalista encontra apoio na expe riência Ela hoje está embutida no ponto de vista predominante de que por mais profunda que seja uma recessão esta será seguida de uma grande expansão A idéia de que as crises são períodos de ajuste no processo de crescimento está ligada à visão de que o crescimento econômico sob o capitalismo caracterizase por transformações deste fases distintas em cada uma das quais predomina uma diferente estrutura sócioeco nômica por exemplo um estágio de laissez faire um estágio de capital monopolista e um estágio de capitalismo monopolista de estado Fine e Harris 1979 Mandel 1975 Uno 1980 Kondratiev deu origem à ideia adotada por Schumpeter de que o crescimento econô mico sob o capitalismo segue numa sucessão de CICLOS DE LONGO PRAZO cada uma das quais pode ser encarada como uma era distinta Em seu desenvolvimento posterior a teoria enfatiza o papel das inovações tecnológicas no cresci mento e o papel das crises em promovêlas e ela ganhou um destaque renovado durante a instabilidade e a redução do crescimento no Ocidente depois de 1973 Como teoria reflete o ponto de vista geral e amplamente difundido de que o crescimento é um reflexo do desenvol vimento científico e tecnológico embora na maioria das versões ela localize esses desenvol vimentos em condições sociais definidas Kon dratiev 1926 Kondratiev 1935 van Duijin 1983 A instabilidade do último quartel do século XX também estimulou o desenvolvimento de uma nova perspectiva marxista sobre os es tágios do crescimento capitalista Dentro da estrutura geral dessa escola de regulação os autores concentraramse na análise da transfor mação do capitalismo no final do século XX de um regime de acumulação fordista para pósfordista A instabilidade marca uma crise da acumulação fordista e as bases para o reno vado crescimento capitalista pósfordista serão encontradas nas mudanças na divisão inter nacional do trabalho e no próprio processo de trabalho capitalista Aglietta 1979 Lipietz 1987 Crescimento socialista A idéia de que o cresci mento é um processo de transformação social recebeu seu maior destaque no fecundo debate sobre o planejamento do crescimento na socie dade socialista da União Soviética Tratase do grande debate sobre a INDUSTRIALIZAÇÃO dos anos 20 A transformação social considerada Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 146 crescimento econômico necessária deveria ser a industrialização a construção de um setor industrial dinâmico de propriedade do estado e regulamentado por um planejamento central Não obstante promove ramse caminhos diferentes para a industriali zação que correspondiam a diferenças no cará ter da mudança social Sob foco especial encon travase a questão do ritmo e do caráter da transformação rural das relações entre o estado e outros setores e indiretamente das medidas políticas adequadas à industrialização Os argumentos principais de N Bukharin e E Preobrajensky divergiam quanto ao ritmo da industrialização e ao grau de desequilíbrio no desenvolvimento da agricultura da indústria leve e da indústria pesada Em termos do equi líbrio da produção as discussões diziam res peito à alocação de recursos para a produção de bens de consumo e de bens de capital res pectivamente Também divergiam quanto aos mecanismos através dos quais o setor estatal devia relacionarse com os outros setores e quanto à medida que os recursos deveriam ser forçosamente transferidos de outros setores pa ra financiar a industrialização estatal Bukha rin 1982 Preobrajensky 1926 Esse debate exerceu imensa influência sobre o pensamento do século XX em parte devido a sua importân cia para se compreender a gênese do stalinismo mas também porque influenciou a concepção de crescimento econômico implementada na China e em outras economias de planejamento central nos anos 50 Ver também PLANEJAMEN TO ECONÔMICO NACIONAL O crescimento como expansão da produção Os autores que escreveram sobre o cresci mento econômico como processo de transfor mação social não fizeram parte da corrente predominante na teoria econômica ocidental Desde os ensaios originais de Roy Harrod 1939 e Evsey Domar 1946 uma profusão de artigos sobre a teoria econômica pura do cres cimento se ocupou de inúmeras questões rela cionadas com o problema de saber se um cres cimento econômico estável é possível Os mo delos usados afastamse das estruturas sociais concebendo os agentes econômicos como in divíduos indiferenciados e tratando o cresci mento simplesmente como uma expansão da produção de bens O modelo de HarrodDomar é mais conhecido devido a sua preocupação em saber se as economias capitalistas podem atin gir uma taxa de crescimento na qual o aumento da demanda por produção se equipare à expan são da propriedade produtiva A questão gira em torno do equilíbrio entre poupança agrega da e investimento agregado numa economia em crescimento e da diferença entre a taxa de crescimento garantida por esse equilíbrio e a taxa de crescimento da capacidade produtiva O modelo criou pessimismo quanto à possibili dade de o crescimento do emprego pleno e estável ser atingido automaticamente e funcio nou como estímulo à adoção de idéias keyne sianas quanto à necessidade de intervenção do estado para promover investimentos O modelo de HarrodDomar baseavase em pressupostos simplificadores especiais que poupança era uma proporção constante da ren da e que o coeficiente do capital para o produto era também constante A substituição desses dois axiomas por pressupostos alternativos le vou a duas escolas diretamente opostas a neo clássica e a de Cambridge Os modelos neoclássicos segundo as expo sições simplificadas de Solow e Swan Solow 1956 Swan 1956 demonstraram que mudan dose a premissa de uma taxa fixa entre capital e produção através da postulação de que com um dado nível de tecnologia a economia pode avançar fluentemente no sentido de técni cas de produção mais intensivas em capital ou mais intensivas em trabalho e presumindose que poupar é igual a investir a economia ca pitalista estará num caminho de crescimento com equilíbrio estável A não ser que ocorram mudanças tecnológicas a produção crescerá na mesma medida da força de trabalho Esse mo delo neoclássico básico foi expandido em inú meras direções para dar conta dos problemas que as suas simplificações deixam sem respos ta Um deles é o de como a inovação técnica pode ser introduzida no modelo que tipos de progresso técnico são compatíveis com o cami nho do crescimento equilibrado e como ocorre a mudança aprendizado técnica Outra sim plificação no modelo de SolowSwan a de ser um modelo unissetorial que não distingue entre o setor que produz bens de consumo e o que produz bens de capital foi respondida com o desenvolvimento de modelos de crescimento bissetoriais segundo especialmente a contri buição de Uzawa 1961 Ver também ECONO MIA NEOCLÁSSICA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crescimento econômico 147 Os autores da escola de Cambridge subs tituem a suposição de HarrodDomar de uma proporção fixa de poupança pela que afirma que as mudanças na distribuição da renda total entre salários e lucros causam mudanças na taxa de poupança da sociedade uma vez que capitalis tas e trabalhadores têm diferentes taxas de pou pança Kaldor 195556 Pasinetti 196162 Em conseqüência a taxa de crescimento eco nômico está diretamente ligada ao equilíbrio entre salários e lucros e o modelo com isso responde a um dos problemaschaves do cres cimento nas economias de hoje A análise que esse modelo faz da distribuição de renda contrasta fortemente com a do modelo neoclás sico e o debate sobre essa diferença acarretou uma crítica substancial a respeito de base lógica do conceito de capital social agregado utilizado em modelos unissetoriais como o de Solow Robinson 1956 Desenvolvimento no Terceiro Mundo O problema de se alcançar altas taxas de crescimento econômico no Terceiro Mundo a fim de superar a pobreza absoluta e transpor o abismo entre esses países e os países indus trializados está firmemente enraizado no dis curso do final do século XX Os conceitos criados para analisar o crescimento em econo mias capitalistas ou de planejamento central não abordam diretamente o problema de se atingir elevadas taxas de crescimento em eco nomias do Terceiro Mundo que têm uma abor dagem de economia mista para a política e uma base econômica com diferentes condições tecnológicas e sociais em diferentes setores A exceção é o modelo de HarrodDomar que forneceu a base para planos de desenvolvimen to nacional em grande parte nãorealizados de recentes nações independentes no rastro da on da de descolonização de meados do século e com base no qual se desenvolveram técnicas para estimar as necessidades de ajuda externa Inúmeros modelos de economia de desenvol vimento foram formulados para abordar o pro blema do crescimento nas circunstâncias es peciais do Terceiro Mundo A inovação teórica mais influente foi o modelo de trabalho exce dente de W Arthur Lewis 1954 Lewis descre veu uma economia dual simples caracterizada por um setor tradicional e moderno e numa tradição clássica derivada de Ricardo demons trou o caráter crucial para o desenvolvimento da distribuição do excedente econômico Ver também DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVI MENTO DEPRESSÃO ECONÔMICA Custos do crescimento O conceito de crescimento econômico pre dominante no século XX é benévolo mas uma subcorrente de pensamento articulou o lado negativo do crescimento e estimulou um senti mento anticrescimento ou pelo menos um sen timento favorável a um crescimento mais mo desto e menos intensivo em capital com apelo popular considerável Uma corrente é a que sustenta o argumento de que o crescimento da produção material implica custos sociais de grande monta que não oneram totalmente o produtor ou o consumidor isolados Em um argumento essencialmente conservador contra o crescimento Mishan 1967 demonstrou o poder que têm deseconomias externas como o congestionamento de minar a afirmação de que o crescimento da produção incrementa o bem estar Uma segunda corrente manifestase no ponto de vista de que o crescimento econômico implica um insustentável esgotamento dos re cursos da terra que além de produzir custos externos tais como os efeitos que o desmata mento exerce sobre as chuvas e a erosão do solo produzirá rapidamente um limite insupe rável ao crescimento na medida em que esses recursos se forem exaurindo Meadows 1972 No entanto os proponentes do ponto de vista de que os mercados são capazes de fornecer a fonte do crescimento que se tornou hegemôni co no último quartel do século XX contrapuse ram a essas visões anticrescimento o argumento de que os ajustes de preços ou as políticas para fazer com que os sinais do mercado funcionem melhor podem garantir um caminho de cresci mento que leva em conta eses custos de maneira ótima Pearce e Turner 1990 Um custo mais incontrolável e inaceitável do crescimento econômico pode ser o dos direi tos humanos Em sua forma mais aguda o debate a respeito de que o crescimento econô mico exigia uma supressão profunda dos di reitos humanos em certos estágios concentrou se nesta pergunta Stalin era necessário Nove 1964 De forma mais geral a supressão de direitos humanos em regimes de crescimento com orientação tanto capitalista quanto socia lista tem servido de base a movimentos sociais que rejeitam o crescimento econômico Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 148 crescimento econômico Leitura sugerida Maddison A 1982 Phases of Capi talist Development Polanyi K 1944 The Great Transformation Schumpeter JA 1942 1987 Capi talism Socialism and Democracy Sen A 1970 Growth Economics LAURENCE HARRIS crime e transgressão A definição conven cional mais sucinta de crime o descreveria de maneira um tanto tautológica como uma infra ção do direito penal ver LEI Definições mais generosas provavelmente acrescentariam que a infração é considerada lesiva ao bem público e punível pelo estado Alguns como o crimino logista Paul Tappan ainda acrescentariam uma referência à mente culposa mas a intenção em direito não é um requisito William Blackstone em 1778 criou uma definição clássica de crime delitos públicos ou crimes e contravenções são uma infração e violação dos direitos e deveres públicos devidos a toda a comunidade em sua condição social coletiva traição assassinato e roubo são corretamente classificados entre os crimes uma vez que além do mal feito ao indivíduo atingem a própria substância da so ciedade A definição convencional não é universal mente aceita Por exemplo um pequeno núme ro de criminologistas de orientação positivista certa vez declarou que confiar a determinação do que é crime a advogados e legisladores produz um sistema de classificação que é cul turalmente relativo difícil de generalizar e cientificamente impraticável Ver CRIMINOLO GIA Em vez de crime Sellin 1938 propôs norma de conduta como expressão mais rigo rosa e frutífera Normas de conduta são coisas coerentes e consistentes da natureza do crime que podem ser estudadas pela criminologia Não obstante isso não foi muito bem acolhido pela disciplina Mais uma vez um pequeno grupo de crimi nologistas radicais atribuiu particular importân cia à política envolvida na identificação de crime e criminosos Em 1976 Chambliss e Man koff declararam simplesmente que certos atos são definidos como criminosos porque é do interesse da classe dominante assim definilos Achavam que as implicações políticas sociais e morais da palavra crime eram tão profundas que membros desse grupo se mos travam relutantes em admitir que sua definição permanecesse sob o controle de um estado ou classe com que discordavam O crime então poderia tornarse elástico e metafórico um erro cujo significado seria independente do que ad vogados leis e estado pudessem dizer não mui to diferente na sua utilização da condenação pretendida nas frases intercambiáveis é uma lástima é um pecado e é um crime A própria criminologia seria transformada para estudar problemas estabelecidos por uma visão radical do mundo Schwendinger e Schwen dinger 1975 por exemplo deploraram a apro priação da palavra crime por estados capita listas e decidiram exercer sua independência preferindo descrever como crimes problemas como racismo imperialismo e sexismo O pró prio título de crime afirmaram faz parte de um sistema hegemônico totalmente voltado para uma política de denominação e conde nação que deveria ser objeto de resistência O corpo mais amplo dos criminologistas e pensadores sociais ocupados com o crime não se deixou abalar por Sellin nem pelos Schwen dinger Eles preferiram evitar o questionamento de processos jurídicos e legislativos ou aceitar o que esses processos engendram como fatos sociais sólidos e indiscutíveis Mantiveram cer ta versão da definição convencional Mas é uma definição que se defronta com dificuldades a não ser que o crime seja tratado como um atributo especial de apenas um número muito limitado de sociedades ocidentais contemporâ neas Há o problema posto pela exigência de que o crime seja encarado como transgressão da lei punível pelo estado O estado não existe em toda parte e com toda a certeza nem sempre sob uma forma familiar aos criminologistas e advogados criminalistas ocidentais No passa do o estado podia ser apenas uma entre várias potências interrelacionadas armadas com for ça legítima e com capacidade de penalizar Sharpe 1988 historiador social destacou as dificuldades concentuais estabelecidas pelos muitos delitos julgados em tribunais eclesiás ticos e de herdades locais antes do século XIX Antropólogos sociais têm chamado a atenção para as muitas sociedades préalfabetizadas que possuem dispositivos capazes de cumprir a maior parte das atribuições de um sistema de justiça penal mas aos quais faltam algumas de suas estruturas formais Assim Llewellyn e Hoebel 1941 descreveram o trabalho policial entre os cheyennes e Gluckman 1965 escre veu a respeito do sistema de jurisprudência de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crime e transgressão 149 um povo banto da Rodésia os Barotse Mali nowski ficou muito satisfeito por intitular um de seus estudos sobre a Melanésia de Crime e costume na sociedade selvagem 1932 Algo muito próximo do crime pode existir em comu nidades que não possuem leis escritas ou um estado formal De fato Reckless propôs em 1940 uma definição de crime conciliadora nas chamadas sociedades primitivas ou préalfabe tizadas que não possuem um código escrito ou legislado de direito penal um crime é uma violação dos preciosos hábitos e costumes Essa definição introduz uma qualificação extre mamente importante Há um segundo problema Existem estados estruturalmente elaborados sem um direito pe nal organizado previsível e preciso O Antigo Egito não possuía leis escritas pois uma legis lação iria privar o faraó da liberdade absoluta de declarar sua vontade Em um exemplo não muito diverso as sociedades totalitárias conser vam os crimes por analogia O crime deixa de ser unicamente uma transgressão específica de um código podendo ocasionalmente ser um comportamento julgado razoavelmente seme lhante à dita transgressão O artigo 79 do Códi go Penal da República Popular da China por exemplo diz um crime não especificamente previsto sob as provisões especiais da presente lei pode ser ratificado como crime e a sentença pronunciada à luz do artigo mais análogo sob as provisões especiais da presente lei A Ale manha nazista e a Rússia soviética dispunham de estipulações semelhantes O crime tornase aquilo que as autoridades governantes quiserem que o seja a qualquer momento Em casos assim o atrativo de uma outra versão da defini ção mínima fica evidente Clinard 1963 por exemplo representou o crime meramente como qualquer ato punível pelo estado A identificação de crime pode ser facilitada em estados como o Canadá onde existe um código penal sob o escrutínio periódico de ju ristas buscando consistência e racionalidade Muitos estados não dispõem de um código as sim e neles os crimes não constituem uma classe simples e característica de eventos Des sa forma o sistema jurídico da Inglatera e País de Gales contém tamanha abundância de leis com respeito a tantas áreas da vida política social e econômica que se tornou difícil dis cernir um simples princípio coerente subja cente à definição ou aplicação das idéias de crime Existem crimes que não se amoldam a nenhuma noção convencional do que seja criminoso Existem atos particularmente no campo dos delitos contra o bemestar público que causam mal social mas não são criminali zados Em 1980 uma comissão de justiça a seção britânica da Comissão Internacional de Juristas relatou em Breaking the Rules não ter sido capaz de descobrir quantos crimes dife rentes estão previstos no direito inglês nem o que transformava certos delitos em crimes em vez de meras contravenções Existem hoje muitos atos criminosos que antes não o eram Clarke afirmou em Fallen Idols 1981 que o aumento das fraudes financeiras e comerciais devese em grande parte à pura expansão da regulamentação e Tench defendeu a idéia em Towards a Middle System of Law 1981 de que hoje em dia praticamente tudo pode ser crime Seria possível acrescentar que praticamente todo mundo pode ser criminoso De acordo com o Home Office Statical Bulletin 785 Boletim Estatístico do Ministério do Interior ao chega rem aos 28 anos cerca de 30 dos homens da Inglaterra e País de Gales terão tido de compa recer diante de algum tribunal e 40 o terão feito até o final de suas vidas Uma conseqüência da proliferação de leis crimes e criminosos é que os significados de crime parecem terse bifurcado na vida cotidia na Por um lado existem muitas transgressões do código penal cujo significado se tornou um tanto diluído são por assim dizer meros cri mes A criminalidade incorporouse a áreas da sociedade comer de baixo do pano e levar vantagem são rotina e na verdade feitos admi rados em grande parte do East End e do Sul de Londres Negociar artigos roubados e prati car suborno são coisas normais e esperadas O crime pode na verdade constituir um apoio estável em muitas sociedades organizadas Por outro lado existe um segundo significa do de crime que ainda incorpora sentimentos de ultraje com relação ao dano causado a uma comunidade e este às vezes é diferenciado da versão diluída através da denominação de crime real Crime real tornouse uma es pécie de metonímia desligada de sua definição rigorosa na lei e muito dependente da moral habitual Tende tipicamente a ser encarado como inaceitável ação de pessoa à margem da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 150 crime e transgressão sociedade ou que o próprio cidadão só compete em momentos de perda momentânea da razão Esses dois significados são continuamente jogados um contra o outro demarcando os li mites do tolerável e do permissível em qualquer situação De fato o caráter e as relações precisas desses significados são de grande importância política e moral Eles colocam questões a res peito da legitimidade de legisladores da legis lação da polícia das leis de agressores e de vítimas Foi por esse motivo em parte que os criminologistas radicais tentaram sem sucesso obter o controle da sua utilização O que fica bastante claro é que crime e PODER são inseparáveis W Tallack S Schafer N Christie e outros optaram por atribuir importân cia especial à associação histórica entre a idéia de crime e o surgimento de uma organização central capaz de fazer e executar a lei Eles destacam o modo com que o estado organiza os papéis e relações das vítimas dos agressores e da sociedade O próprio surgimento do crime é tratado como equivalente à apropriação de con flitos pessoais por um governo usurpador Afir mam que no que foi chamado de Idade de Ouro da vítima antes da presença de um es tado criminalizante as pessoas desfrutavam de algum controle sobre suas próprias desavenças O conflito era pessoal resultava em vítimas e agressores reconhecíveis cujas disputas po diam ser mediadas e cujas perdas podiam ser compensadas À medida que o poder de intervir nas disputas se foi concentrando em um número de mãos cada vez menor à medida que vítimas agressores e conflitos começaram a se separar uns dos outros e o estado começou a adquirir uma identidade jurídica distinta as vítimas pes soais bem como seus parentes e amigos come çaram a perder relevância Perderam proprie dade em seus conflitos a idéia de vítima tor nouse cada vez mais metafísica já não exigin do um ferimento visível ou uma pessoa tangí vel Havia em vez disso uma entidade abstrata o bem público ou a sociedade naquilo que Blackstone chamou de sua condição social co letiva que exigia proteção o que se rompia não era a paz particular de um indivíduo mas a Paz do Reino Surgiu até a possibilidade do que Edwin Schur descreveu como crimes sem ví timas crimes envolvendo drogas prostitui ção jogo homossexualismo aborto e outras práticas que não produziam nenhuma outra vítima além de uma representação do estado ou comunidade abstrata ou afrontado Evidentemente seria possível também afir mar que a idade de ouro pode não ter sido absolutamente dourada para a vítima solitária impopular ou fraca em confronto com um agressor poderoso Existem alguns conflitos que a vítima podia muito bem ter querido aban donar e como Georg Simmel certa vez obser vou terceiros podem fazer muito para liquidar uma disputa que de outra forma poderia conti nuar interminavelmente Transgressão traduz o inglês deviance neologismo introduzido no pensamento social no início dos anos 60 principalmente como reação às idéias estimuladas pela publicação de Outsiders de Howard Becker em 1963 É uma das mais recentes de toda uma série de expres sões criadas pelos que queriam ir além do es tudo do crime para abranger uma área mais ampla de problemas que não são nitidamente regulamentados pelo sistema de justiça penal As primeiras a chegar foram desorganização social problemas sociais e patologia so cial mas foram postas de lado ou porque eram consideradas não exatamente capazes de captar o caráter especial dessa área mais ampla ou porque já não soavam de acordo com discurso intelectual em voga na época Deviance foi uma palavra adotada em parte porque se achou que ela permitia uma útil ampliação de foco fenômenos novos interessantes e até então ig norados podiam ser trazidos à luz com fins de exploração e comparação O direito e o sistema de justiça penal podiam eles próprios ser ins pecionados a partir de fora e com novos olhos Acima de tudo a mudança de palavra signi ficou uma transição intelectual O uso da pala vra deviance simbolizava o afastamento de uma preocupação com o crime e a criminologia que alguns consideravam intelectualmente pa ralisante Nos Estados Unidos essa transição esteve ligada ao surgimento da Sociedade para o Estudo dos Problemas Sociais Na GrãBreta nha um pouco depois esteve ligada ao York Deviancy Symposium Difundiuse em Social Pathology de Lemert em Outsiders de Becker e em Images of Deviance de Cohen A palavra deviance é não apenas denotativa mas conotativa Marca a adoção tanto de um método distinto quanto de um tema especial sendo usada caracteristicamente pelos então novos interacionistas simbólicos e sociólo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crime e transgressão 151 gos fenomenológicos interessados nos signifi cados que as pessoas atribuem ao seu compor tamento na qualidade interativa e dialética da vida social e nos detalhes de cenas pequenas fechadas e observadas Em nossa língua a pa lavra desvio está muito ligada a questões de comportamento sexual sendo por isso preferí vel a tradução transgressão A abordagem da transgressão tem sido com freqüência amplia da e aplicada a problemas nãoconvencionais porque os pensadores sociais a consideram es clarecedora e não porque os eventos ou pessoas estudados fossem em si mesmos indubitavel mente transgressores E Freidson por exem plo empregoua em estudos de medicina e saúde Transgressão inclui crime e é mais geral mente o crime que os sociológos da transgres são efetivamente estudam mas evidentemente foi escolhida com a intenção de se ampliar a qualquer outro afastamento passível de sanção do caminho convencional Tem sido aplicada de forma extremamente liberal a um grande âmbito de pessoas e atividades Gagos gigan tes anões prostitutas doentes ladrões estelio natários imbecilizados homossexuais e vicia dos em drogas têm sido analisados como trans gressores Aqueles como A Liazos que depre ciam imensamente as deficiências de um grupo tão mal sortido referiramse aos transgressores como birutas marafonas e pervertidos Transgressão provavelmente não é como deviance uma palavra muito boa Não chega a ser um termo jurídico ou clínico Nem é empregada comumente na vida cotidiana É uma palavra peculiarmente sociológica e seu significado reflete as preocupações cambiantes dos que a usam não havendo um acordo muito grande quanto à sua definição exata Alguns a descreveram como atividade estatisticamente infreqüente mas é óbvio que existe um com portamento freqüente que poderia ao contrário ser encarado de forma profícua como transgres são violações do tráfego e mentiras são dois exemplos Talcott Parsons encarou a transgres são como uma quebra ou articulação incomple ta de relações entre pessoas e instituições em transformação embora essa descrição não in clua a transgresssão estável que parece estar embutida em boa parte da vida social Lofland 1969 Duster 1970 e outros compreendem a transgressão como a posição desacreditada ou desvalorizada dos perdedores na política com petitiva da imputação moral E Erikson Daniel Bell 1961 e Robert Merton 1949 retrataram a transgressão como a face obscura da socie dade que dá apoio involuntário à ordem social a prostituição escorando o casamento a bas tardia garantindo a primogenitura e o mal pro duzindo o bem Essa idéia é antiga e interes sante mas efetivamente se apóia numa teleolo gia incômoda e na chamada mão invisível e demonstrar isso não é fácil A transgressão é descrita talvez de forma mais comum e livre como uma violação das regras normas ou expectativas sociais passível de punição Tende a haver pouca hesitação em definir e reconhecer suas formas essenciais mais exuberantes Além disso Newman 1976 demonstrou que parece haver um amplo acordo dentro e através das sociedades a respeito das principais regras de conduta Mas existe em transgressão uma intenção também impor tante de abranger as violações menos espeta culares que parecem fundirse de forma ambí gua com as atividades à sua volta É a própria marginalidade de muitas transgressões que se admite ter ampliado e melhorado o alcance intelectual da sociologia E marginalidade e ambigüidade são marcantes Numa sociedade heterogênea existe tamanha dispersão de re gras contraditórias que os tipos mais insignifi cantes de transgressão são eles próprios corres pondentemente diversos e políticos São locali zados e limitados no tempo ligados a pessoas lugares e ocasiões Nem sempre pode ser pos sível para os de dentro ou os observadores determinar que regras predominam num cená rio particular quão coerentes ou sistemáticas elas são como devem ser comparadas com outras regras se devem ser aplicadas por quem em relação a quem e em que medida Deviance in Classrooms de Hargreaves é um ensaio longo e revelador sobre o emaranhado de pro blemas de obediência e aplicação das regras em um local as escolas cada regra tem regras secundárias e terciárias regulando sua aplica ção cada regra pode ser revogada em certas situações e alunos e professores são obrigados a realizar julgamentos sofisticados na gestão de seus problemas cotidianos Os próprios trans gressores geralmente têm um interesse con siderável em promover confusão em falsear e esconder o que fazem em passar por normais e em confundir o observador Nas palavras de Matza os transgressores geralmente se tornam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 152 crime e transgressão trapaceiros Os fenômenos das regras e de sua violação são de tal modo desnorteantes que Matza 1969 e Douglas e Scott 1972 repre sentaram a contradição e o absurdo como cons titutivos do próprio caráter da transgressão A transgressão tem o poder de estimular um senso facilmente identificável de confusão e embaraço Uma vez que a transgressão ocorre em abun dância que causa confusão e que grande parte dela é bastante insignificante mera violação de regras o que Lemert chamou de trans gressões primárias que não acarretam qual quer reavaliação do próprio eu ou de sua ações a atenção intelectual foi desviada para as reações sociais provocadas pela transgressão Não existe um foro conceitual para o estudo das transgressões primárias Becker 1963 o fez no caso dos fumantes de maconha Mas são essas reações e as reações às reações que conferem maior ordem conseqüência interesse e visibi lidade A significação de atos e agentes pode ser transformada sendo às vezes associada a outros significados putativos avaliada e classificada A transgressão deixa de ser particular e se torna um fenômeno social mais prontamente suscetí vel à análise Esse processo de reorganização simbólica foi chamado por Lemert de trans gressões secundárias Faz parte do trabalho de ROTULAÇÃO que convidou os sociólogos a vol tar o olhar para instituições e práticas de con trole social que eram anteriormente despreza das Em conseqüência amplas parcelas da so ciologia da transgressão foram chamadas com certa infelicidade de teoria da rotulação Leitura sugerida Becker H 1963 Outsiders Chambliss W e Mankoff M 1976 Whose Law What Order Cohen S org 1971 Images of Deviance Downes D e Rock P 1988 Understanding Deviance Justice 1980 Breaking the Rules Lemert E 1951 Social Pathology Schwendinger H e Schwendinger J 1975 Defenders of order or guardians of human rights In Critical Criminology org por I Taylor et al Sellin T 1938 Culture Conflict and Crime Sharpe J 1988 The history of crime in England In A History of British Criminology org por P Rock Sutherland E e Cressey D 1974 Principles of Criminology PAUL ROCK criminologia Este é um nome genérico para um grupo de temas estreitamente ligados o estudo e a explicação da infração da lei os meios formais e informais que a sociedade usa para lidar com a infração penalística e a na tureza e necessidades de suas vítimas vitimo logia O uso popular da palavra por romancis tas e jornalistas para designar a descoberta e o estudo de provas que podem inculpar ou ino centar suspeitos ciência forense ou criminalís tica é um solecismo O estudo dos criminosos e seu comporta mento é hoje em dia campo dos psicólogos e sociólogos No passado psiquiatras como Ce sare Lombroso e Henry Maudsley e psicanalis tas como Edward Glover escreveram a respeito de comportamento antisocial como se este fos se sempre ou em geral atribuível a anormali dades da personalidade constitutivas ou adqui ridas Hoje em dia o psiquiatra sensato limita suas generalizações a infratores que sofrem de distúrbios com sintomas inequívocos Estes são uma minoria ainda que se incluam os distúr bios antisociais da personalidade História natural As primeiras tentativas de explicar a infra ção da lei sofreram da ignorância de sua his tória natural dos fatos sobre a vida crimi nosa Alguns observadores do século XIX em especial Henry Mathew 185162 descreve ram com realismo a violência e as ações de sonestas dos pobres urbanos mas o comporta mento social dos mais bem postos na vida foi deixado aos romancistas e aos repórteres da corte Foi só já bem avançado o século XX que criminólogos em especial Sutherland 1973 conseguiram descrições mais detalhadas do es tilo de vida dos criminosos e que os editores descobriram um mercado na classe média para as memórias de criminosos bem alfabetizados e articulados para um exemplo moderno ver Curtis 1973 Essas narrativas não deixavam de ser tendenciosas mas trouxeram um pouco de vida autêntica para estatísticas que registravam pouco mais do que idades condenações ante riores e às vezes empregos oficiais Explicação A abordagem mencionada resultou em uma explicação mais sofisticada A ubiqüidade e a diversidade da infração da lei começaram a ser mais bem avaliadas Uns poucos sociólogos e psicanalistas agarraramse a teorias gerais que pretendiam explicar todo tipo de crime ou a maioria e até mesmo também a transgressão ver também CRIME E TRANSGRESSÃO Os his toriadores naturais por sua vez entenderam que isso não era mais sensato do que oferecer Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar criminologia 153 uma única explicação para a doença Mesmo tipos bastante específicos de infração como o furto em lojas ou o infanticídio são cometidos por pessoas de personalidades modos de vida e acima de tudo motivações absolutamente diferentes Percebeuse também que uma coisa é tentar explicar por que este ou aquele país cultura distrito ou escola tem uma predominân cia particularmente elevada ou baixa de certos tipos de comportamento infrator e outra coisa bem diferente é explicar por que este ou aquele indivíduo tende a isso Mais uma vez explicar as propensões de um indivíduo é lógica e cien tificamente distinto de dar conta de uma única infração da lei não repetida para a qual uma explicação narrativa pode ser muito mais plausível ver Walker 1977 A contribuição do POSITIVISMO porém foi volumosa e valiosa ainda que por vezes de modo negativo As pesquisas descobriram li gações estatísticas entre a infração da lei ou mais precisamente uma história de desones tidades ou violências e um número enorme de variáveis sexo idade infrações por parte dos pais desarmonia no lar paterno condições e locais de habitação inteligência nível educa cional vadiagem desemprego natureza do em prego filiações religiosas e étnicas constitui ção física tipo somático alcoolismo ou ví cio de outras drogas filiação a quadrilhas e até mesmo no caso da violência temperaturas ele vadas Algumas dessas variáveis porém como baixo nível educacional e vadiagem podem muito bem ser efeitos em vez de causas De qualquer forma as ligações raramente são mui to marcadas sendo sexo a única exceção Mes mo quando combinadas matematicamente o máximo que oferecem é um meio de discrimi nar entre categorias com respeito à probabi lidade de que um dado membro venha a come ter infrações da lei específicas ou nãoespecí ficas Por exemplo uma jovem de um lar har monioso com bom nível educacional e um emprego em escritório tem muito menos pro babilidades de ser uma infratora da lei do que um rapaz com pais separados instrução mínima e sem emprego fixo Do ponto de vista explica tivo esse é um quebracabeça incompleto Há um número muito grande de indivíduos que preenchem as condições mas cujas vidas pau tadas dentro da lei só podem ser explicadas por histórias mais pessoais Alguns criminologistas preferem a aborda gem situacional A principal determinante é encarada como sendo situações que oferecem oportunidades tentadoras ou estímulos provo cadores Presumese que a vasta maioria das pessoas aproveitará a oportunidade diga mos de furto se houver certeza de impuni dade As pessoas variam com relação ao que as tenta e à sua confiança quanto às possibilidades de serem condenadas mas onde existe um al vo atraente mais cedo ou mais tarde ele será atingido A existência de pessoas com fortes inibições morais não pode ser negada mas é relativamente pouco importante no que diz res peito à predominância de infrações desonestas Como a maioria das novas contribuições para o tema esta exagera em suas afirmações mas tem valor como veremos na seção sobre prevenção ver por exemplo Laycock e Heal 1986 Penalística Esta subdivisão do tema preocupase princi palmente com os modos oficiais como se tratam infratores identificados pena capital deporta ção prisão multa sursis ou suspensão con dicional de pena e outros expedientes de não aprisionamento mas alguns penalistas interes samse pelas reações nãooficiais da sociedade tais como o estigma e o ostracismo Entre as realizações da pesquisa penalística está a prova de que a pena de morte não impede a ação de assassinos mais do que a pena em vida isto é prisão prolongada e por tempo indetermi nado que meios gerais de repressão não se mostram muito eficazes quando são baixas as taxas de detecção investigações bemsucedi das que os infratores receptivos a medidas reformadoras constituem minoria e não são fa cilmente identificados no estágio de decisão da sentença e que muitos infratores detidos por longos períodos em prisões ou hospitais para proteção dos outros na verdade não seriam pe rigosos caso libertados sob supervisão Os pe nalistas também têmse preocupado com os efeitos indesejáveis de medidas como o encar ceramento e corrigiram alguns exageros co mo por exemplo a respeito de seus efeitos psicológicos O debate sobre justificativas para punição ou sobre o âmbito adequado do direito penal pertence mais à filosofia moral do que à penalística mas a familiaridade com a penalís tica é essencial para os que tomam parte nesses debates Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 154 criminologia Prevenção Apesar de a repressão ser estritamente fa lando um tipo de tentativa de impedir o crime e ser assim classificada por criminologistas do continente europeu prevenção na crimino logia angloamericana tende a significar medi das que se concentram nos alvos potenciais mais do que nos infratores potenciais que são menos facilmente identificados quando à solta A abordagem situacional antes descrita e as descobertas um tanto desestimulantes sobre a eficácia das medidas voltadas contra infratores indicam que se deveriam dedicar mais recursos ao alvos mais vulneráveis Estes podem ser indivíduos ou propriedades ou mesmo o meio ambiente Os indivíduos podem tornarse me nos vulneráveis se conscientizados dos perigos inerentes de se freqüentarem certos lugares em certas horas e se forem ensinados a se precaver com os estranhos que os abordam As mulheres podem ser aconselhadas a não carregar bolsas ou sacolas Em alguns países os cidadãos po dem armarse com pistolas embora o resultado seja provavelmente mais vítimas do que ocor reria se assim não fosse A propriedade pode tornarse um pouco mais segura através de me canismos de segurança e sinais de identificação Ladrões e assaltantes podem se tornar mais visíveis com melhor iluminação das ruas me nos passagens cobertas por exemplo debaixo de ruas e uma arquitetura previdente As vizi nhanças mostramse cada vez mais dispostas a organizar rondas da vizinhança e até mesmo grupos de vigilantes embora estes últimos sejam malvistos pelos agentes da lei pois suas atividades podem tender a ultrapassar os limites do aceitável ver POLÍCIA Essas são medidas centradas Já se fizeram sugestões de progra mas nãocentrados tais como melhorar os ní veis de habitação e escolaridade e também as perspectivas de emprego As provas de que esse tipo de medidas exerce efeitos de valor sobre as taxas de criminalidade são insuficientes e não é fácil interpretálas com confiança mas esses pro gramas têm outros méritos que os recomendam Vitimologia O pensamento preventivo recebe certa ajuda da vitimologia No início deste século os his toriadores naturais do crime perceberam que este não atinge suas vítimas de forma inteira mente aleatória e que certos empregos ativi dades e comportamentos sofrem riscos maiores de se tornar alvos ou vítimas Prostitutas mo toristas de táxi guardas de segurança e hoje em dia professores e assistentes sociais estão per feitamente cônscios disso Nos anos 50 um estudo de homicídios feito por Marvin Wolf gang 1958 chamou a atenção para os modos pelos quais muitos deles haviam sido provoca dos ou incitados pela conduta da vítima e ele cunhou a expressão victimprecipitation A maior parte da violência contra mulheres é co metida por maridos ou amantes A maior parte dos maustratos contra crianças é cometida por pais ou membros da casa Pode até haver como já se apontou tipos de personalidades que es pecialmente entre os jovens convidam à vio lência ou ao atentado ao decoro sexual As vítimas de fraudes e contosdovigário são ge ralmente pessoas cuja ambição as deixou cegas para a implausibilidade do que lhes estava sen do oferecido No caso de brigas em geral é difícil para a polícia ou para os tribunais ter certeza sobre quem é a vítima e quem é o agressor As vítimas podem nem sempre estar total mente isentas de culpa Mas isso não reduz suas necessidades Vítimas de violências necessitam de cuidados médicos mas também de tratamen to humano no interrogatório especialmente se a violência for sexual O confronto com ata cantes no tribunal pode aumentar o trauma especialmente no caso de crianças Foram cria dos procedimentos especiais para a obtenção e apresentação de provas por parte de crian ças Muitas jurisdições hoje permitem que vítimas de violência sexual tanto adultas quanto menores de idade permaneçam anô nimas no que diz respeito à mídia Centros de apoio para os casos de crises em razão de estupros oferecem aconselhamento e socorro psiquiátrico grátis Tem havido até experiên cias que reúnem perpetrantes e vítimas de cri mes como assalto a residência e estupro na esperança de algum tipo de benefício para am bas as partes Os resultados não se mostram de fácil avaliação Indenização Uma necessidade mais material de muitas vítimas é a indenização especialmente quando elas são pobres Em muitos países ocidentais as vítimas podem requerer compensação finan ceira durante o processo criminal em vez de serem obrigadas a encarar a perspectiva desani madora de uma ação cível Isso porém não Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar criminologia 155 ataca o problema básico a incapacidade de muitos infratores de pagar mais do que uma fração daquilo que os tribunais determinam especialmente se também têm de cumprir pena de prisão Os planos de indenização por parte do Estado restringemse a um âmbito limitado de infrações em geral as que envolvem feri mentos violentos ou danos psicológicos Ne nhum país ainda instituiu um plano de seguro compulsório para crimes contra a propriedade Esse é um problema que só foi atacado parcial mente ver por exemplo Hodgson 1984 Levantamentos de vítimas Uma valiosa evolução das décadas recentes foi o levantamento de vítimas em que amos tras representativas do público são questiona das a respeito de delitos que elas ou seus filhos possam ter sofrido no decorrer do último ano ou outro período especificado Esses levanta mentos têm defeitos de menor monta Algumas categorias de vítimas são pessoas ocupadas de mais ou nômades ou sofrem de distúrbios mentais o que dificulta o acesso dos entrevis tadores Os homens jovens que sofrem muita violência estão em geral na rua bebendo ou de alguma outra forma se expondo à violência e não sendo entrevistados a esse respeito Alguns tipos de delitos não têm vítimas específicas e provavelmente não serão notificados a polui ção ilegal é um exemplo O valor desses levantamentos por exemplo é que eles corrigem a séria tendência à baixa estimativa das taxas de criminalidade resultante da subnotificação e do subregistro Muitos delitos não são notificados à polícia ou outra autoridade responsável porque os que pode riam notificálos estão assustados ou constran gidos demais como no caso de violência se xual ou consideram o delito excessivamente trivial ou com poucas probabilidades de vir a ser alvo de alguma ação efetiva Alguns prefe rem lidar com os infratores à sua própria manei ra especialmente se estes são menores de idade Ainda que notificados alguns delitos não são registrados pelo menos para fins estatísticos Os que os notificam podem ter a sua palavra colocada em dúvida por exemplo porque se pode pensar que estejam agindo por malícia O incidente pode parecer excessivamente trivial Um número excessivo de registros de crimes sem solução faz com que a força policial pareça ineficiente O resultado final da subnotificação e do subregistro é uma séria subestimativa que os levantamentos de vítimas em certa medida corrigem É concebível que estes acabem vindo a substituir as estatísticas baseadas na informa ção policial pelo menos no que diz respeito a crimes comuns como roubo furto e assaltos de menor monta ver Mayhew et al 1989 Reforma penal Na teoria o criminologista é um cientista não um reformador penal ou social e se limita a fornecer e interpretar as descobertas de pes quisas que militantes ou ativistas podem dar a público se lhes for adequado fazêlo Na práti ca a distinção é geralmente um pouco confusa A escolha por parte do criminologista do objeto da pesquisa digamos os efeitos psicológicos danosos do encarceramento é em geral ditada pelos objetivos do organismo que patro cina essa pesquisa e mesmo quando a escolha cabe ao pesquisador esta provavelmente deve alguma coisa à ideologia deste Felizmente existem criminologistas cuja integridade os le va a relatar descobertas inesperadas ou incon venientes por exemplo no caso de terem descoberto que os efeitos danosos do encar ceramento foram na verdade exagerados pe los reformadores penais ver Bottoms e Light 1987 cap8 Leitura sugerida Bottomley K e Pease K 1986 Crime and Punishment Interpreting the Data Box S 1981 Deviance Reality and Society Freeman J e Sebba L orgs 1989 International Review of Victimo logy vol1 Morris A 1987 Women Crime and Cri minal Justice Radzinowicz Leon e Hood RG 1986 The Emergence of Penal Policy Rutter M e Giller H 1983 Juvenile Delinquency Ten CL 1988 Crime Guilt and Punishment Tonry M e Morris N 1979 Crime and Justice Walker N 1988 Crime and Cri minology Wilson JQ e Herrnstein RJ 1985 Crime and Human Nature NIGEL WALKER crise Falamos de crise em relação a sujeitos a uma vida ou uma forma de vida a um sistema ou uma esfera de ação As crises decidem se uma coisa perdura ou não O caso paradigmáti co de crise é a crise de vida na qual se levada ao extremo está se tratando de uma questão de vida ou morte Em toda crise os envolvidos confrontamse com a questão hamletiana ser ou não ser As crises em geral têm causas obje tivas mas devem também poder ser vivencia das como crises pelos sujeitos ou entidades Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 156 crise sociais envolvidos Elas também sempre afe tam a autocompreensão e a autodefinição de agentes sistemas ou esferas uma vez que sem pre afetam sua identidade isto é uma vida ou situação de vida como um todo Aqui a história da palavra é importante e esclarecedora O grego krisis não distingue en tre crise e crítica cobrindo diferença e confli to mas também decisão no sentido de resultado definitivo decisão judicial ou de fato qualquer julgamento algo que hoje se encaixaria na esfera da crítica Koselleck 1973 p197 Es sa ligação original entre os aspectos subjetivo e objetivo da crise subsiste quando criticar entra em moda na modernidade Na época do Ilumi nismo esses dois usos divergem ao mesmo tempo em que continuam sobrepostos Com essa separação porém as palavras crítica e crise usadas basicamente na Idade Média no sentido médico tornamse altamente politiza das Sir B Rudyard aplicou o conceito médico de crise ao corpo político Esta é a Crise dos Parlamentos através disso saberemos se os Par lamentos vivem ou morrem Mesmo depois do século XVIII porém crise é um título co mum para textos críticos e polêmicos Thomas Paine deu o nome The Crisis ao diário em que comentava os eventos da revolução norteame ricana Aqui o sentido grego de crise como julgamento permanece predominante como um conceito polêmico de crise O significado de crise como julgamento referindose a uma decisão judicial e o significado médico diag nóstico combinamse quando falamos ainda hoje de uma situação crítica Na antiga Atenas eram as atividades de julgar krisis e governar kratein que transfor mavam um indivíduo em cidadão Aristóteles A lei é um produto da crise e da divisão da vida ética Quando recebe expressão efetiva num julgamento promovese o fim da divisão ou CONFLITO A palavra alemã Entscheidung de cisão indica esse processo O elo aristotélico entre julgamento legal e crise e o status de cidadão político é ele próprio resultado de uma divisão separação ou diferenciação das esferas de oikos e polis uma divisão em que a lei desempenha um papel fundamental A separa ção do político e portanto o status de cidadão acompanha a superação e substituição do antigo sistema legal justiça de família vingança de sangue oikos ou justiça doméstica por um sistema judicial políticoburguês ver Meier 1983 Hegel ainda tem em mente essa ligação entre lei e crise na sua teoria da tragédia Ele descreve a queda do herói na crise do conflito trágico como um destino racional que se con cretiza em nome de uma justiça nova trágica e urbana a qual substitui a justiça antiga épica hoje vista como um destino cego prélegal Do Iluminismo até Marx a época presente é compreendida como uma crise e a crise como crítica prática revolucionária como uma causa levantada pela nova sociedade burguesa contra o antigo estado ou pelas classes excluídas da sociedade burguesa contra as que estão incluí das Mas Marx se encontra também na raiz das teorias sociais científicas sobre crise À medida que estas se desenvolvem a separação entre teoria e crítica é ressaltada de forma ainda mais aguda do que na filosofia da história do próprio Marx Mas o que foi separado na teoria ainda se une na prática política não pode haver crise sem diagnóstico de crise Um diagnóstico de crise representa uma vigorosa posição explica tiva Ele não visa um fim da história mas constrói hipoteticamente uma história capaz de funcionar como justificativa por ações políticas para os que vivenciam a crise Nesse sentido a filosofia de Kant já era uma filosofia da história pressupondo que o tribunal da razão crítica julga argumentações e não pessoas De agora em diante crise e crítica encaixamse em dife rentes categorias Embora a crítica possa tornar uma pessoa consciente de uma crise e uma crise possa provocar crítica ou transformar a própria crítica em crise a crise decide outras questões que não as da crítica Enquanto a crise diz respeito a se uma forma de vida social pode ser ou não ser a crítica só se preocupa com a validade dos argumentos se são verdadeiros ou falsos precisos ou imprecisos Essa dis tinção krisis é notoriamente ignorada pela metacrítica conservadora do Iluminismo Essa crítica fundamental presente em Nietzsche Carl Schmitt e Michel Foucault concebe a ar gumentação e a crítica como guerra polemos como luta por existência e poder Tal como a filosofia da história que critica ela combina crítica e crise e assim vê na crítica a verdadeira crise dos tempos modernos A crise está dis farçada de crítica Kosellek 1973 O conceito social científico de crise tem raízes profundas na filosofia da história mas no século XX deitou raízes novas pósmetafísicas O conceito de crise baseado na filosofia da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crise 157 história desenvolveuse no sentido de um con ceito evolutivo à luz do qual a filosofia da história se vê ela própria relegada ao status de elo perdido na transição do antigo conceito de crise para o moderno A ligação mais impor tante é sem dúvida sua temporalização na cristandade Esta transforma a decisão judicial na crise extrema do Juízo Final O todo da história é assim dominado pela contradição de que a decisão final já ocorreu com a encarnação do Messias mas deve ainda assim ser deixada em aberto para ser ratificada no Juízo Final Isso estende a crise a todo o processo entre a Reve lação ou vinda de Cristo e o Fim dos Tempos a crise permanente transforma segundo as pa lavras de Hegel a história mundial num tribunal mundial Desse modo a modernidade assiste à ascensão de um modelo processual de crise que impregnou inúmeras filosofias da história Kosellek 1976 p1236 Um aspecto característico do diagnóstico de crise da filosofia da história é a maneira como a época é tratada como um todo A crise é sempre a crise de uma totalidade histórica O conceito social e científico de crise em contras te baseiase sempre apenas em uma esfera ou aspecto parcial de uma totalidade de vida por exemplo o sistema econômico programas de pesquisa estágios de desenvolvimento ou prin cípios organizacionais Não se pode mais fazer afirmações a respeito de crises extremas ou de progresso e retrocesso com relação ao Bem e à felicidade do Todo A perspectiva da filosofia da história sobre a totalidade de uma forma de vida Hegel permanece constitutiva para a experiência subjetiva e intersubjetiva de crise por parte dos afetados por elas mas isso se transforma em mero componente subjetivo de análise social científica O que permanece da filosofia da história é um discurso de autocom preensão típico das crises geralmente com características terapêuticas Isso diz respeito aos problemas de identidade individuais ou co letivos Os discursos globais da filosofia da história só têm lugar dentro desses discursos nos quais os envolvidos devem deixar claro quem desejam ou não desejam ser cf Tugend hat 1979 Mas já não têm uma significação prognóstica Inversamente as teorias sociais e científicas sobre a crise já não produzem co nhecimento a respeito do resultado das conse qüências das crises Na crise o número que os dados vão dar fica em aberto Toda crise fur tase ao planejamento com base na crença e no progresso Kosellek 1973 Livros como História e consciência de classe 1923 de Lucáks ou A decadência do Ocidente 1918 22 de Spengler representam um lado da dis tinção entre um conceito de crise baseado na filosofia da história e uma concepção de crise social científica A legitimação da crise 1973 de Habermas ou As contradições culturais do capitalismo 1976 de Daniel Bell marcam o outro lado Outro exemplo de conceito social científico de crise é A estrutura das revoluções científicas 1962 de Thomas Kuhn ver SOCIO LOGIA DA CIÊNCIA Aqui também se trata da vida como um todo de uma comunidade par ticular concreta de pesquisadores ligada a um paradigma holístico mas não do destino das ciências européias como no famoso diagnós tico de Husserl 1937 que ainda não aban donou os caminhos de uma filosofia metafísica da história em cima do muro que separa a Queda da Salvação No centro da concepção social científica de crise encontrase o conceito de crise de sistema que Marx foi o primeiro a exprimir com clareza ligandose tanto às teorias de circulação da economia clássica e do Iluminismo francês quanto ao conceito hegeliano de uma contradi ção entre esferas que não pode ser resolvida dentro de um sistema fechado A teoria da tra gédia de Hegel desenvolve um modelo de crise que retorna em crises de sistema e em conflitos que arrasam do ponto do vista social o mundo concreto ou uma imagem do mundo A validade abrangente de pretensões legais mutuamente exclusivas é o que diferencia as crises das guer ras e também das revoluções e das guerras civis Na lenda grega Creonte e Antígona não se relacionam um com o outro como amigo e inimigo em guerra eles trazem em si mesmos a oposição que destrói o seu mundo O significado social científico desse modelo de crise ultrapassa em muito a sua interpretação nas filosofias da história de Hegel e de Marx cf Kojève 1947 Marx já havia combinado esse modelo de uma crise orientada para as pretensões à validade de grupos sociais antagô nicos classes com o da crise de sistema obje tiva identificável em problemas de rumo de orientação e dos imperativos da manutenção do sistema Mas mesmo nos diagnósticos dos ter mos que a modernidade vem oferecendo desde pelo menos a época de Max Weber o modelo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 158 crise trágico de uma esfera ética dividida em si mes ma continuou a ser crucial Ele se estende do mundo de desintegração do primeiro Lukács ao diagnóstico de Weber sobre o esmagamento da liberdade e o significado no conflito insolú vel das esferas de valor mutuamente alienadas do racionalismo moderno até a teoria de Jürgen Habermas sobre as patologias do mundo con creto e diagnósticos semelhantes apresentados por pensadores neocomunitários Robert N Bellah e seus colaboradores 1985 seguindo Alasdair MacIntyre 1981 vêem a cultura nor teamericana estendida entre os pólos de in dividualismo utilitário e expressivo Michael Walzer 1983 descreve com perspicácia o mo do como esferas da vida moderna justificadas e geralmente aceitas divididas corretamente desenvolvem tendências críticas na verdade autênticas ameaças à vida a superar e domi nar umas às outras Charles Taylor 1989 localiza a contradição mais profunda dos tem pos modernos entre bens igualmente constitu tivos universalismo e pluralismo cientificismo utilitarismo e romantismo moralismo e ceti cismo desconstrutivo Os herdeiros científico sociais do modelo de crise hegeliano e marxista não apenas dissolveram sua ligação desagradá vel com a filosofia da história como também substituíram o paradigma da reflexão pelo da linguagem dissolvendo ainda a perspectiva unificada numa pluralidade de tendências de crise As contradições que fazem surgir as crises e as abrem à experiência não precisam mais ser entendidas na linha de antinomias lógicas pro duzidas pela ascensão do Espírito através de estágios infinitos de reflexão mas podem ser trazidas de volta ao seu lugar na linguagem as contradições entre afirmações e acima de tudo no diálogo As crises de maturidade e as de desenvolvi mento cognitivo e moral tal como outras crises são geralmente deflagradas por circunstâncias externas contingentes mas também têm um aspecto interior racional Este se expressa inter alia nas tentativas dos agentes de reconciliar suas experiências com sua imagem do mundo As experiências que entram em conflito da imagem que se tem do mundo podem propor cionar um motivo racional para a busca de soluções coerentes As crises ocorrem quando experiências conflitantes se acumulam e no final não podem mais ser integradas confor me ocorre com as anomalias sofridas pelos cientistas normais de Kuhn O sofrimento em geral inspira a busca de soluções novas e radi cais fazendo surgir uma imagem do mundo de nível mais elevado que reúne experiências anti gas e novas em uma relação inteligível e coe rente As contradições comunicativas ocorrem quando imagens do mundo variadas e incom patíveis se superpõem e entram em disputa na interpretação das mesmas ou semelhantes ex periências Quando agentes com imagens do mundo divergentes ou concorrentes são obriga dos a debater e a entrar num acordo precisam usar a linguagem comum da vida do diaadia para articular suas variadas perspectivas e ima gens do mundo A articulação de sua própria imagem do mundo com sua perspectiva sem pre egocêntrica em linguagem comum e com uma orientação voltada para a compreensão mútua resulta em algo que empurra os agentes no sentido de uma descentralização do seu ego centrismo Os processos de aprendizado que levam a descentração de perspectivas no mundo podem portanto ser explicados pelas contra dições entre visões do mundo idiossincrásicas e sua articulação numa linguagem comum Es sas contradições obrigam os agentes a transcen der o seu próprio horizonte e a fundilo com o de outros agentes na linguagem comum da compreensão mútua ver Gadamer 1960 Des sa forma tornase possível vivenciar o conflito entre visões do mundo ou esferas de valor como um conflito entre articulações contradi tórias da sua própria visão do mundo ou esfera de valores Uma crise caso ocorra resolverá se essas antinomias são produtivas ou destrutivas ver Kesselring 1981 1984 Se são produtivas e fonte de motivação racional é algo que pode depender na prática das possibilidades institu cionais para uma discussão objetiva e a resolu ção de conflitos Isso vale tanto para a evolução individual e social e para o resultado das cri ses individuais da adolescência quanto para o autoesclarecimento de grupos sociais ver Dö bert e NunnerWinkler 1978 Eder 1985 O que vai ser decidido numa crise depende em geral de toda uma constelação de tendências de crise complexas e que se superpõem A con juntura de crises de identidade e crises de sis tema produz limiares críticos mas a expectativa de uma ligação sistemática entre os dois tipos de crise que inspiraram Marx e o marxismo demonstrou ser demasiado especulativa Na prática parecemos estar antes vivenciando uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crise 159 dissociação ou desacoplamento dos mais varia dos fenômenos de crise cultural econômica ecológica científica administrativa e outras A tentativa de sistematizar possíveis tendências de crise pode portanto ser ligada ao processo de diferenciação e centramento de subsistemas sociais é possível observar uma tendência ain da rudimentar de afastamento das crises sócio econômicas no sentido das crises de motivação legitimação e cultura O alto grau de inter dependência e a crescente interpenetração de subsistemas porém e acima de tudo a mutabi lidade e a reversibilidade de tendências evolu tivas tornam quase impossível fazer afirmações categóricas Leitura sugerida Habermas J 1973 1976 Legiti mation Crisis Husserl E 1938 1970 The Crisis of the European Sciences and Transcendental Phenome nology OConnor J 1973 The Fiscal Crisis of the State HAUKE BRUNKHORST cristã teoria social Essa teoria abrange afir mações sistemáticas ou conjuntos de conhe cimento sobre o relacionamento do cristianis mo com a sociedade Em um nível essas afir mações sistemáticas são teorias no sentido estrito de visão geral da natureza da socie dade isto é equiparando teoria social secular e teoria política mas incluindo uma pers pectiva transcendente Em outro nível a teoria social cristã pode ser encarada como uma práxis no sentido aristotélico de um estudo da sociedade como um fim a saber o de facilitar o florescimento de uma vida boa e justa na pólis A perspectiva específica a que nos referimos pode ser chamada de personalismo palavra usada para indicar que o fundamento a causa e o propósito de todas as instituições sociais são os seres humanos individualmente tomados isto é pessoas que são sociais por natureza e elevadas a uma ordem de coisas que ultrapassa e sujeita a natureza papa João XXIII Mater et magistra n219 Os sistemas sociais em outras palavras não têm propósitos motivos ou necessidades rigorosamente falando apenas as pessoas humanas individualmente os têm Na teoria social cristã portanto o voluntarismo e o caráter intencional da conduta humana são en fatizados bem como a capacidade dos agentes de escolher entre diferentes objetivos e proje tos Isso não exclui a análise e discussão de estruturas mas significa que a teoria social cristã é basicamente uma teoria de ação O aspecto apresentandose sob diferentes formas que caracterizou a teoria social cristã durante todo o decorrer de sua história foi a tensão Talvez somente na doutrina social do Velho Testamento não tenha sido esse o caso No Velho Testamento que é a fonte básica da teoria social cristã o pensamento hebraico con servou elos éticos e teológicos inseparáveis en tre criação e salvação Não havia separação entre as atividades deste mundo e a do outro Esse senso da unidade dos atos divinos de cria ção e salvação e de nossa reação a essas áreas pode ser observado no amplo âmbito de sentido para as palavras retidão justificação e fé bem como na importância da noção hebraica de tiqqun haolam restauração do mundo O con texto dessas palavras é geralmente social e po lítico No Novo Testamento porém e especial mente nos textos de São Paulo salvação está mais freqüentemente ligada à justificação do indivíduo que chega à fé em Jesus Assim as palavras cristãs que refletem as palavras hebrai cas com conotação de justiça afastaramse de seu contexto social e da ordem e harmonia na natureza e em todo o cosmo da criação de Deus Essa visão excessivamente antropocêntrica da criação e da salvação no pensamento cristão primitivo estreitou a visão da graça de Deus no mundo e restringiu o desenvolvimento na teo ria social cristã de uma ética de obrigação responsável para com a criação e de deveres para com a ecologia o meio ambiente e as outras criaturas A tensão entre as exigências do outro mundo e deste mundo que entrou no pensamento cris tão com o Novo Testamento e o desenvolvi mento de uma TEOLOGIA sistemática vieram a exercer forte influência sobre a teoria social cristã no período patrístico que cobriu os oito primeiros séculos de cristianismo Mesmo sen do possível demonstrar que às vezes em es pecial depois da convenção do imperador Cons tantino alguns dos Padres da Igreja assumiram um discurso mais voltado para o mundo pode se afirmar que o sobrenatural foi um elemento dominante e fundamental em seu pensamento Conforme a igreja cristã foi crescendo em números riqueza e poder político e o próprio estado finalmente se tornou cristão no primeiro quartel do século IV cresceu também a tensão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 160 cristã teoria social entre a preocupação vital com a vida depois da morte e as exigências da vida aqui na terra Na esfera econômica a principal preocupação dos Padres era com o abismo gritante entre ricos e pobres para o que a sua solução foi a doação de esmolas Não era função da esmola eliminar a pobreza apenas aliviar um nível extremo de necessidade Nesse sentido não existe solução econômica no conjunto dos textos patrísticos Eles aceitavam o direito à propriedade privada embora atribuindo a sua origem ao pecado ori ginal e afirmando que no início da sociedade humana todas as coisas eram possuídas em comum Em termos do desenvolvimento da teoria social cristã é possível destacar que San to Agostinho se opunha ao individualismo mesmo ao individualismo possessivo que se tornou a característica do liberalismo moderno Em conseqüência dessa compreensão da des tinação comum dos bens humanos os Padres da Igreja enfatizaram as obrigações dos ricos de partilhar e defenderam o uso comum das rique zas como o ideal Muitos autores modernos comentaram esse aspecto socialista da dou trina patrística e é certo que houve uma tensão contínua na teoria social cristã entre a defesa da propriedade privada e o ideal da propriedade social Em sua apresentação geral do pensamento social os escolásticos do período medieval per maneceram fiéis à ênfase mais antiga que tanto o Novo Testamento quanto a doutrina patrística atribuíam ao primado do espiritual sobre o temporal Nessa forma a teoria social cristã permaneceu sem dúvida como uma doutrina social radicalmente teológica A influência do pensamento estóico e aristotélico porém deu origem a evoluções que transformaram a dou trina social cristã como um todo numa ciência filosófica com certos acréscimos de gênero teológico Essa nova tensão entre fundamentos moraisfilosóficos ou teológicos permaneceu como característica na teoria social cristã até o período moderno As tradições católica romana e católica anglicana conservaram o estilo da filosofia moral enquanto as tradições da Refor ma adotaram abordagens radicalmente teológi cas Na teoria social católica um fundamento na lei natural uma apreensão quase instintiva de uma regra de comportamento sensato ade quado a seres humanos racionais ajudou no desenvolvimento do bem comum uma coin cidência impelida pela justiça entre o bem individual e o bem da comunidade da justiça distributiva proporcionalidade do status dos membros para com a comunidade do princí pio de função subsidiária o de que o poder do estado deve ser usado não para deslocar a iniciativa mas para permitir a comunidades e indivíduos menores serem eles próprios e do direito à propriedade privada A elaboração da teoria social cristã nessa forma filosófica ao mesmo tempo em que tira va da teologia os motivos para a ação teve a vantagem prática de tornar esse ensino aces sível aos que não partilham das crenças cristãs mostrandose adequado na sociedade pluralista dos dias atuais Isso explica a insistência na prática social papal recente de que os textos são para todas as pessoas e não apenas para os católicos Se o princípio unificador da lei natural tor nou possível no estilo católico de teoria social cristã exercer mediação entre o mundo da reli gião e o cenário sóciopolítico por outro lado também levou a uma confusão pelo fato de as autoridades eclesiásticas em nome da Igreja se tornarem governantes terrenos ao mesmo tem po em que poderes seculares se arrogavam auto ridade em questões espirituais A solução de Lutero foi propor seguindo o estilo das Duas Cidades de Santo Agostinho uma doutrina dos Dois Reinos que se tornou a primeira interpre tação protestante de uma ética política Os dois reinos são a Igreja e o Estado este último tornado necessário apenas devido à descrença Essa é uma teoria social diferente da antiga teoria católica que reconhecia a necessidade de potestas coactiva poder político como conse qüência do pecado original ao mesmo tempo em que aceitava a necessidade de uma potestas directiva um estado administrativo mesmo antes da Queda Em toda essa questão Lutero afirmou que qualquer que fosse a qualidade do governo secular bom ou mau os dois reinos nunca deveriam ser confundidos princípio ado tado por Karl Barth o qual insistiu em que o divino não deve ser politizado e o político não deve ser divinizado O dualismo de responsabilidades particu lar e pública derivado da doutrina luterana dos Dois Reinos passou a ser usado para jus tificar as pretensões absolutistas do poder polí tico A forma particular de sua teoria social cristã preparou o caminho de forma totalmente nãointencional para essa interpretação Cada Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cristã teoria social 161 Reino era governado por Deus verticalmente porém de modo distinto mas não havia meio óbvio pelo qual o Evangelho pudesse penetrar horizontalmente no reino secular No período moderno Na cristandade não havia nenhum campo secular apenas uma única comunidade de sa cerdócio e reino Mas uma vez que o secular como domínio foi instituído pela racionalidade científica e pela pretensão política e em segui da reconhecido pela religião cristã o sacro tor nouse privatizado e espiritualizado Em rela ção à teoria social cristã a SECULARIZAÇÃO criou as condições dentro das quais Grotius Hobbes e Spinoza estabeleceram a teoria social autôno ma isto é independente de justificativas teológicas O desafio foi sério uma vez que como diz John Milbank a teoria social cristã deve ser a aplicação de uma teologia ou de uma ética social a qual como um metadiscurso propõe disciplinas seculares ou então ela própria é proposta pela razão secular Diante desse de safio a teoria social cristã tendeu a aceitar que as ciências sociais executam leituras funda mentais da realidade que podem ser passadas para a teologia ou para a ética social A agenda é determinada pela razão secular Ernst Troelt sch em sua obra monumental intitulada A dou trina social das igrejas cristãs 1911 afirmou que essa experiência teria de ser aceita e que a teoria social cristã deveria buscar estabelecer alguma coerência com a racionalidade secular Na conclusão de sua obra destacou que a apli cação do ideal espiritual do Evangelho não pode ser realizada dentro deste mundo isolada de uma conciliação Seguiu daí à conclusão de que não existe em parte alguma uma ética cristã absoluta que só espera ser descoberta tudo que podemos fazer é controlar a situação mundial em suas fases suces sivas tal como fez a ética cristã primitiva ao seu próprio modo Não existe uma transformação abso luta da natureza material ou da natureza humana Tudo que existe é um confronto constante com os problemas que elas levantam Os termos de conciliação da teoria social cristã foram no caso do desafio por parte da teoria política secular aceitar a autonomia da política e no caso da economia política admitir um mercado racional As conseqüências para a teoria social cristã foram em primeira instân cia incorporar uma teoria política submissa que aceitava um equilíbrio de poder entre or dens autônomas e em segundo lugar abraçar um consenso benévolo a respeito do livre mer cado como um tipo de forma econômica final Duas formas recentes de teoria social cristã desenvolveramse na tentativa de romper com os estilos consagrados de pensamento político e econômico A teologia política que pode ser definida como um corretivo crítico à ten dência da teologia contemporânea de se con centrar no indivíduo particular desafiou a ten dência política da modernidade a erigir uma relação direta entre o estado soberano e o in divíduo particular cortando assim todas as ligações intermediárias Os elementos comuni tários da teoria social cristã apresentados sob a forma de subsidiariedade no ensino social ca tólico e de soberania de esfera na tradição da Reforma defendem a devolução do poder a níveis intermediários adequados A segunda forma contemporânea é a TEOLOGIA DA LIBERTA ÇÃO que tentou recuperar o sentido do Evange lho para os países do Terceiro Mundo engajados na luta por justiça Valeuse seletivamente da análise marxista mas muitos comentaristas du vidam que essa análise possa ser utilizada sem que também se aceite a interpretação marxista da história Em geral podese dizer a respeito das teologias políticas e de libertação que elas têm segundo o estilo restrito recomendado por Troeltsch de se apropriar de alguma forma existente de teoria social de Marx digamos ou Habermas juntamente com a secularização que estas em geral acarretam e com isso em sua ética social ou teologia social elas se limi tam a interpretações do que resta Um desafio radical a todas as formas exis tentes de teoria social cristã foi colocado recen temente por John Milbank 1990 o qual afirma que a própria teologia é uma sociologia A teoria social cristã sustenta ele colocouse numa po sição de fraqueza ao se tornar dependente de teorias seculares fracamente corroboradas e ao abandonar sua própria força como teoria social específica Ela pode ter a pretensão legítima a ser uma sociologia no sentido de que é uma descrição de toda a PRÁXIS conteúdo narrativa prática e doutrina de uma comunidade particu lar e no de que proporciona uma explicação específica das causas finais em ação na história humana Com respeito à metodologia essa teo ria deveria dar mais atenção às interpretações Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 162 cristã teoria social das implicações sociais da práxis cristã por parte dos que estão dentro dela e ser menos dependente das noções dos que estão de fora Isso não significa excluir a importância das interpretações vindas de fora apenas enfatizar que a teoria social cristã não pode ser reduzida a nenhuma leitura exata e rigorosa do contexto histórico e social mas sim incluir um momen to especulativo como Milbank o chama que apreende elementos doutrinários e conseqüen tes propostas de uma natureza especificamente sócioteológica Em conclusão a teoria social cristã de um ponto de vista deve manter a continuidade com certos aspectos da ética antiga De outro ponto de vista deve superar a ética antiga devido à necessidade de um conteúdo de virtudes es pecíficas e ao fato de ser uma teoria a respeito de uma comunidade específica com uma práxis particular Leitura sugerida Bonino J 1983 Towards a Chris tian Political Ethics Boswell J 1990 Community and the Economy a Theory of Public Cooperation Milbank J 1990 Theology and Social Theory Beyond Secular Reason Phan PC 1984 Social Thought Message of the Fathers of the Church Troeltsch E 1911 1981 The Social Teaching of the Christian Churches Viner J 1978 Religious Thought and Eco nomic Society FRANCIS P MCHUGH cultura O fato isolado mais notável a res peito da história da humanidade é a extraordi nária diversidade de formas sociais produzidas por seres do mesmo ou praticamente do mes mo tipo genético Em outras palavras enquan to a maioria das espécies tem uma forma de organização social embutida nos genes o ani mal humano parece ser programado em vez disso para dar atenção à cultura A diversidade é possível porque os seres humanos aprendem a partir de meios culturais Viver em acordo com a natureza é uma idéia atraente mas no caso humano isso na verdade significa viver com cultura A ciência social destacou dois papéis capi tais que a cultura cumpre na vida social Primei ro a cultura proporciona significado durante a maior parte da história humana por meio da religião organizada Se Marx pode ser visto com alguma liberdade como um pensador que insistia em que a produção de alimentos é básica para a vida humana Max Weber por sua vez insistia com exatamente a mesma veemência em afirmar que o problema crucial encarado pelas sociedades humanas era o da teodicéia ou seja a necessidade de apresentar uma explica ção para o nascimento o sofrimento e a morte Essa formulação não é feliz na medida em que indica haver uma adequação natural entre ne cessidades humanas e significado social Em vez disso a vida social organizada depende da repressão de muitos de nossos impulsos ge neticamente codificados em especial como Freud enfatizou corretamente os que dizem respeito à sexualidade Em segundo lugar a cultura fornece regras de ação social sem as quais seria impossível para os seres humanos dentro de uma sociedade chegar a compreender uns aos outros É extremamente importante ob servar que as religiões do mundo em grande contraste com sua suposta referência a um ou tro mundo são natural e inevitavelmente em grande parte compêndios de regras para lidar com a vida do diaadia Até mesmo um rápido exame dos estudos de Max Weber sobre as religiões do mundo mostra que ele trabalhou dentro desse espírito tentando tanto explicar a criação o conteúdo a difusão e a manutenção de sistemas de crença quanto analisar os modos pelos quais elas influenciam a ordem social de que fazem parte a insignificância do impacto do budismo sendo o que é muito interessante atribuída a sua pura referência ao outro mundo ou seja a sua incapacidade de fornecer um simples serviço matrimonial até o século XX A inevitável interpenetração de crença e cir cunstância o fato de elas tenderem a não ter para usar a expressão de David Hume exis tências distintas cria tremendas dificulda des para os cientistas sociais Uma teoria vigo rosa depende de ser capaz de distinguir os mo mentos nos quais uma fonte de poder social influencia outra e é de acordo com isso de importância vital descobrir esses momentos em que as fontes de poder podem ser diferenciadas Boa parte do pensamento social moderno não foi de grande vitalidade uma vez que seguiu uma trilha falsa isso é descrito primeiro como uma preliminar para se especificarem os três modos pelos quais se pode dizer que as idéias têm um impacto autônomo sobre a sociedade eou Grande parte do pensamento social moder no sofreu uma bifurcação profunda na sua abor dagem da cultura Pensadores idealistas de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cultura 163 Antonio Gramsci a Clifford Geertz e de Talcott Parsons a Louis Althusser insistiram em dizer que uma sociedade se mantém coesa porque as normas são compartilhadas ver NORMA Essa posição tende ao relativismo isto é à doutrina de que na expressão de Pascal a verdade é diferente do outro lado dos Pireneus Isso leva um pensador rigoroso como Peter Winch a in sistir em que as pretensões da ciência social a criar leis universais são absurdas Podemos não gostar de mágica mas ela funciona para os Azande da África Oriental da mesma forma como a ciência funciona para nós tudo que a investigação social pode fazer é traduzir e servir de mediadora entre mundos separados mas iguais Em violento contraste os materialis tas vêem as ideologias como véus ou máscaras para grupos de interesses ainda mais impor tante tendem a acreditar que a maioria dos agentes tem plena consciência dos seus pró prios interesses e de acordo com isso não têm probabilidades de engolir crenças que os pode rosos tentam impingirlhes A ordem social desse ponto de vista depende do poder nu e cru ou de uma harmonia natural de interesses entre agentes racionais e autointeressados sendo o marxismo um exemplo do primeiro caso e a economia neoclássica do último Nenhuma dessas posições faz muito sentido Os materialistas deixam implícito de forma implausível que a história teria seguido o mes mo curso ainda que paganismo religiões do mundo e marxismo nunca tivessem sido inven tados Mais ainda isso impõe a questão de por que alguém se dá ao trabalho de inventar uma crença No caso do marxismo ou as forças produtivas são irresistíveis caso em que não existe necessidade de justificálas ou precisam ser justificadas caso em que não são irresis tíveis Caso ainda mais importante é a efetiva falta de energia que se esconde por trás da visão de indivíduos buscando calcular seus interesses materiais reais Isso fica claro quando pensa mos tentar calcular se casamos ou não com alguém Precisamos de um coup de foudre para esse tipo de acontecimento da vida pelo sim ples motivo de nossas identidades estarem en volvidas o cálculo presume um eu solidário e isolado e é praticamente inútil quando uma decisão envolve aquilo que somos ou que po demos vir a ser como os romances de Dos toievsky demonstram de maneira brilhante A maioria de nós não é desfibrada como Ham let por excesso de pensamentos pois possuí mos valores que nos dão um senso de IDENTI DADE dizendo de outra forma é impossível especificar interesses que não contenham com ponentes culturais Dizer isso no entanto não implica aceitar indiscriminadamente o idealis mo Para sermos específicos há tudo o que se dizer contra o deslize entre afirmar que os seres humanos têm valores perfeitamente verdadei ro e aceitar a visão de que as sociedades são mantidas coesassujeitadas por um conjunto de valores extremamente falso Podemos em ou tras palavras aprender através da cultura mas isso não significa que a cultura seja a única força capaz de explicar a mudança ou a coesão na sociedade Um volume bastante grande de in dícios empíricos está hoje disponível para de monstrar que classes perigosas ou inferiores raramente compartilham os valores da cultura oficial ver também CONTRACULTURA Esses indícios não devem é claro ser encarados como significando que os interesses reais e mate riais são a única preocupação dos agentes so ciais O que está realmente em questão é a natureza da ideologia Para que um idealismo sem barreiras faça sentido é necessário que as ideologias sejam claras e consistentes isto é capazes de dirigir a vida social A maior parte das ideologias simplesmente não é assim são sacos de gatos cheios de diferentes opções utilizáveis à vontade por diferentes grupos Os aldeães medievais achavamse em oposição à hierarquia eclesiástica mas em nome da pobre za de Cristo Se é verdade que temos valores continua então a ser o caso de sermos mais do que mera forragem para alimentar conceitos E se um pensador como Winch está absoluta mente certo ao enfatizar a realidade da magia para os Azande é a mais pura afetação intelec tual querer fazer crer que a mágica se encontra no mesmo nível das práticas cognitivas da ciên cia moderna A ciência social depende crucial mente dessas práticas cognitivas no mínimo incluímos na mesma categoria as crenças locais ignorando por exemplo a pretensão de que o islã se difundiu porque era verdadeiro de forma a investigar as condições às quais ele correspon deu enquanto no máximo investigamos ques tões tais como a capacidade de um sistema de crença como a magia de se manter em face da contradição precisamente porque sabe mos que as práticas locais são equivocadas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 164 cultura O impacto das idéias A libertação da falsa antítese entre idealismo e materialismo permitenos ver três meios pelos quais as idéias têm ocasionalmente exercido um impacto autônomo sobre a sociedade Esses três meios podem ser mais bem descritos tendose em mente a preocupação de Max Weber com a racionalização do Ocidente Se por um lado algumas de suas percepções permanecem váli das os estudiosos contemporâneos por sua par te também complementaram de maneira útil essas percepções Weber é mais conhecido por seu A ética protestante e o espírito do capitalismo 1904 05 Esse livro não dizia que o capitalismo surgiu simplesmente como resultado do prote stantismo ao contrário e em sintonia com sua noção de afinidades eletivas Weber insistia em que novas idéias deram sentido à vida dos membros ordeiros das cidades singularmente autônomas do Noroeste da Europa O fato de a circunstância estar tão envolvida com a cultura significa que o primeiro meio com que as idéias exercem impacto é o menos autônomo dos três Não obstante existe tudo a ser dito no sentido de que isso seja especificado como uma força social característica O que está realmente em questão aqui é a moral Se um marxista pudesse aceitar a explicação de Weber continua a ser o caso de que o marxismo imagina efetivamente no espírito de BF Skinner existir uma virtual correspondência entre circunstância e idéia de tal forma que o estímulo da circunstância irá provocar automaticamente uma reação ideoló gica Não há nenhum motivo pelo qual deva mos aceitar tal coisa Uma classe ou grupo necessita acreditar no seu destino moral para ser capaz de grandes ações coletivas De maneira geral à classe operária faltou precisamente esse tipo de força E foi um marxista Lucien Gold mann que mostrou como um grupo de elite podia ser prejudicado pela sua falta de moral No final do século XVII e início do século XVIII a falta de confiança da noblesse de robe francesa foi extremamente exacerbada pelo mundo mental tortuoso e trágico criado por Pascal e Racine seus representantes ideológi cos Os idealistas equivocamse conforme se observou ao imaginar que a maioria das ideo logias é tão inflexível que ficamos presos aos termos de seus discursos A cristandade foi capaz para tomarmos um exemplo óbvio de se acomodar ao império depois à sua ausência e a um sistema de estados e igualmente conseguiu primeiro endossar a escravidão e em seguida oporse a ela Não obstante existem ocasiões em que o discurso não afeta de forma autônoma o registro histórico Pode haver de fato uma afinidade eletiva entre idéia e circunstância mas o repertório de opções dentro de uma ideo logia particular em termos do qual a circuns tância pode ser compreendida e justificada po de ser ocasionalmente limitado Esse ponto de vista provavelmente nos ajuda a compreender a ascensão do Ocidente ainda que não de for mas tradicionais O desenvolvimento da ciência moderna como John Milton muito no es pírito de Weber destacou efetivamente pa rece depender dos termos particulares de dis curso embutidos no legado do Ocidente O conceito fundamental de lei da natureza re pousa na combinação da investigação grega da natureza com uma concepção judaica de uma divindade oculta austera e ordenada que não revela nem seus desígnios nem a ordem das coisas mas força a humanidade a interpretar a aparência superficial das coisas como pistas para o seu desígnio maior A pobreza da ciência muçulmana pode muito bem ser explicada pe los termos muito diferentes em que a divindade foi concebida tão onipotente quanto a divin dade do Ocidente mas diferindo dela por ser propensa a interferir em base meramente oca sional no funcionamento do mundo De manei ra mais geral o que é digno de nota a respeito do islã é a sua intransigência a sua dificuldade em se adaptar a novas circunstâncias dado que os portões da interpretação foram tidos como finalmente fechados logo depois da morte de Maomé O terceiro e último meio pelo qual as idéias podem exercer um impacto sobre a sociedade é o mais importante O que está em questão é algo bem mais forte do que a alegação de Weber de que as idéias podem determinar os caminhos pelos quais o interesse orienta a ação Isso é de pouca ajuda em algumas circunstâncias na me dida em que indica que os caminhos já foram abertos e que uma ordem social já se encontra no lugar Pois os maiores momentos de força ideológica foram aqueles em que os intelectuais serviram para usar o melhoramento de Mi chael Mann à idéia de Weber como as sentadores de trilhos ou cavadores de cami Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cultura 165 nhos ou seja como os fabricantes da socie dade O poder ideológico pode levar à criação da sociedade A mesma idéia pode ser mais bem ilustrada se pensarmos em Durkheim Se acei tamos o ponto de vista de que a presença de normas define uma sociedade então a socie dade do Noroeste da Europa entre digamos 800 e 1199 dC foi a cristandade latina Ora dizer isso é na verdade melhorar a idéia de Durkheim Exatamente tal como o marxismo cru Durkheim encarava a crença como um reflexo de outros processos sociais Mas no início da Idade Média a cristandade não era o reflexo da sociedade Era a sociedade Pois foi a Igreja que estabeleceu as regras sobre guerra externa e paz interna Mas se formos investigar a gênese dessa força ideológica seremos força dos a reconhecer que num outro sentido Durk heim ainda tem muito a nos dizer a respeito de crença A sociedade cristã foi inicialmente cria da no Império Romano pelo envio de mensa gens as epístolas entre comunidades de habi tantes urbanos artesãos mulheres escravos libertados que não podiam tomar parte algu ma na cultura oficial porém ficavam acima do mundo minimalizado do campesinato Podere mos compreender melhor o nascimento dessa religião mundial se nos lembrarmos que reli gião segundo Durkheim é a sociedade ado rando a si mesma A cristandade transformou pessoas que de outra forma eram marginaliza das numa comunidade Se o poder das idéias às vezes depende do seu efetivo conteúdo o que pode importar ainda mais é a capacidade de unir pessoas em comunidade As coisas mais elevadas Até este momento a ênfase foi no significa do mais importante de cultura isto é o sentido antropológico de cultura como meio de vida Mas cultura também pode referirse à arte a cujo respeito duas considerações merecem ser feitas Muitos pensadores modernos acreditam que a arte une a sociedade ou a divide Daniel Bell consegue combinar essas posições ao afirmar que a arte burguesa apoiou o capitalismo en quanto as exigências da arte modernista por uma gratificação instantânea são uma ameaça ao mundo moderno ver também SOCIOLOGIA DA ARTE É o caso de se duvidar da precisão des critiva desse quadro o desencanto e a alienação vistos pelo modernismo como características no mundo moderno provavelmente dizem mais a respeito da posição dos artistas presos nas frestas do mercado do que a respeito de senti mentos de setores inteiros da população Mas o que é mais digno de nota nessa visão da arte é o seu idealismo O funcionamento da sociedade é tido mais uma vez e de maneira ingênua como dependente unicamente do fator ideoló gico Se a relação da arte com a ordemdesordem social preocupou muito o pensamento social moderno o mesmo efeito também produziu a relação entre cultura elevada e baixa cultu ra Esses termos podem ser utilizados com pro veito o grau em que a cultura oficial é compar tilhada através da sociedade na história e em circunstâncias contemporâneas é uma questão adequada à investigação empírica uma abor dagem que nos permite reconhecer que as cate gorias consensuais de um Parsons não deixam de ter mérito na análise dos Estados Unidos sendo o conjunto de categorias claro um re flexo dessa formação social extraordinariamen te durkheimiana Uma abordagem semelhante poderia ser proveitosamente adotada para um debate correlato quanto a se os padrões artísticos são diluídos pela arte popular Às vezes a arte popular enriqueceu a arte eleva da o que foi certamente o caso no momento shakespeareano mas do mesmo modo a orga nização da comunicação de massa que difere de forma tão grande de um estadonação para outro pode ser tal que venha a acarretar a homogeneização e a limitação No campo da cultura há muito o que dizer a favor de um afastamento de pressuposições a respeito de coisas mais elevadas de forma a se investigar em vez disso os funcionamentos sociais dos mundos artísticos Leitura sugerida Abercrombie N Hill S e Turner B 1980 The Dominant Ideology Thesis Bell Daniel 1976 1979 The Cultural Contradictions of Capita lism Crone Patricia 1989 PreIndustrial Societies Elster J 1989 The Cement of Society Gellner Ernest 1973 Cause and Meaning in the Social Sciences Goldmann Lucien 1956 The Hidden God Mann M 1986 Sources of Social Power Vol1 A History of Power from the Beginning to AD 1760 Milton John 1981 The origins and development of the concept law of nature European Journal of Sociology 23 Weber Max 19045 1976 The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism Winch Peter 1958 1976 The Idea of a Social Science and its Relation to Philosophy JOHN A HALL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 166 cultura cultura da juventude Considerada distinta da cultura dominante a cultura da juventude referese a símbolos crenças e comportamentos singulares dos jovens da sociedade A expressão tem dois usos Primeiro representa os valores e normas da população jovem em geral na sociedade e segundo inclui os ideais e práticas de subgrupos juvenis específicos tais como grupos subculturais ou contraculturais ver CON TRACULTURA As discussões e estudos sobre a cultura da juventude resultaram em literaturas um tanto distintas tratando dos anos de adoles cência início e meados da adolescência e do estágio de juventude fim da adolescência e início da vida adulta Está em questão em que medida as atitudes e comportamentos dos jo vens se desviam das normas da sociedade adul tas ou juvenis e o apoio relativo dado pela juventude a tipos particulares de atividades re lacionadas a seus pares Tendências históricas como a moderniza ção a industrialização a urbanização a ascen são da classe média e a ampliação da educação pública fomentaram a segregação com base na idade e a estratificação da juventude o que por sua vez promoveu o desenvolvimento da cultu ra da juventude Parsons 1964 A formação de culturas jovens recebeu ímpeto no século XIX Na Europa com a glorificação e romantização dos jovens por filósofos escritores artistas e os combatentes pela liberdade da juventude em atividade durante a Era da Revolução Gillis 1974 Culturas jovens continuaram a se formar através da história moderna às vezes em separado e às vezes em ligação com movimen tos jovens por mudanças políticas ver MOVI MENTO DA JUVENTUDE Na última metade do século XX os avanços tecnológicos as comu nicações rápidas e a comercialização têm faci litado a difusão de atividades relacionadas à juventude numa escala mundial A cultura jovem mais ampla às vezes chamada de cultura jovem generalizada de massa ou pop não representa um rompi mento marcante com a sociedade adulta mas gira em torno da adoção de certas ondas modas buscas de lazer e estilos de vida por amplos seg mentos da população jovem Douglas 1970 Por exemplo os anos 20 anos loucos era do jazz e os anos 60 era de aquário pós materialismo foram períodos extraordinários em que os jovens criaram seus próprios estilos de roupa linguagem expressão artística práti cas sexuais e comunidades Em qualquer era porém nem todos os jovens apóiam a cultura da juventude mais ampla Considerações im portantes para a identificação de uma cultura da juventude incluem até que medida os jovens endossam e expressam um conjunto comum de valores e normas Uma orientação antagônica para a sociedade adulta refletese nas contraculturas ou subcul turas desviantes de números relativamente pe quenos de jovens Brake 1985 As subculturas aceitam certos aspectos dos sistemas de valores predominantes mas também expressam senti mentos e crenças exclusivas de seu próprio grupo enquanto contracultura é uma subcultura que desafia a cultura e a sociedade dominantes Um meio de distinguir entre as duas formas de cultura da juventude é notar que os grupos subculturais se retiram da sociedade convencio nal enquanto os grupos contraculturais são mais contestadores e confrontadores Entre os exemplos de grupos subculturais incluemse os artistas e escritores de vanguarda os delin qüentes juvenis as gangues os boêmios e os centros de jovens autônomos comunidades de espaço livre A juventude contracultural po de ser grandemente expressiva cults hippies skinheads punks ou seus membros po dem participar de atividades políticas rebeldes tais como grupos radicais utópicoideológicos e dissidentes políticos agressivos ver também NOVA ESQUERDA NOVA DIREITA A classe social é um fator significativo na diferenciação de gru pos subculturais na sociedade Por exemplo certas subculturas de juventude apelam ampla mente a jovens das classes mais baixas e da classe operária vândalos nos estádios espor tivos punks roqueiros enquanto outras sub culturas e contraculturas atraem jovens de clas se média boêmios hippies e yuppies Compreender a cultura da juventude seja ela de massa subcultural ou contracultural implica considerações tanto sóciohistóricas quanto psicológicas De uma perspectiva sócio história estruturalfuncional o conflito de ge rações e as teorias interacionistas simbólicas foram empregados para explicar a ascensão das culturas jovens Tomadas em conjunto essas teorias indicam que as culturas de juventude têm probabilidade de se formar quando o tama nho da coorte jovem é relativamente grande quando as sociedades estão passando por rápi das mudanças são pluralistas e têm problemas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cultura da juventude 167 para integrar seus jovens nas instituições da corrente predominante devido a fatores como desemprego lares rompidos alta mobilidade alienação segregação conflitos de classe e de status social e quando membros da geração mais jovem cresceram sob condições diferentes das dos mais velhos e expressam insatisfação com a sociedade convencional criando seus próprios valores e estilos de vida De uma perspectiva psicológica as expli cações sobre as culturas da juventude têmse baseado nas teorias psicodinâmica desenvol vimentista cognitiva de personalidade beha viorista e sóciopsicológica As alegações são de que esses jovens que apóiam algum tipo de cultura de juventude podem ser motivados pe las necessidades dos ciclos de vida do jovem formação da identidade autodeterminação ex periências psicossociais associação e ligação de obrigação com seus pares por traços da persona lidade o desejo de romper os limites do conven cional o engajamento num comportamento de risco elevado pouco controle dos impulsos con troles pessoais e pela conclusão de que existe mais a ganhar do que a perder envolvendose em alguma forma de atividade ligada a seus pares e por aí entrando em grupos de referência que apóiam seus valores e objetivos As conclusões obtidas no estudo de culturas de juventude podem ser parcialmente influen ciadas pelos procedimentos de pesquisa empre gados Por exemplo levantamentos de cultura comparada de jovens indicam que a maioria deles apóia os valores de sua sociedade en quanto estudos de observação e entrevistas com grupos juvenis específicos provavelmente in dicarão a existência de insatisfação acoplada a exigências altamente ativas e intensas por mu danças na sociedade por parte dos jovens Braun gart e Braungart 1986 Dornbusch 1989 Inves tigações empíricas da cultura de juventude po dem beneficiarse de uma estratégia múltipla de pesquisa o emprego de metodologias quantita tivas e qualitativas incluindo níveis de análises histórica de sociedade de grupo e individual e o uso de planejamentos comparativos de cultura históricos intergrupos e intragrupos Ao mesmo tempo em que alguns cientistas sociais têm interpretado a formação de culturas de juventude como indicativas de uma falha na socialização adulta outros têm afirmado que as várias formas de cultura de juventude significam o descontentamento dos jovens com o status quo e seu desejo de criar um mundo melhor ou pelo menos diferente para a sua ge ração Qualquer que seja a interpretação existe um acordo generalizado em que as culturas de juventude representam uma força para a mu dança e são influenciadas pela sociedade mo derna bem como exercem um impacto signi ficativo sobre ela Leitura sugerida Bernard J org 1961 Teenage culture Annals of the American Academy of Political and Social Science 338 Frith S 1984 The Sociology of Youth Mannheim K 1952 The problem of gene rations In Essays on the Sociology of Knowledge org por P Kecskemeti p226322 Smith DM 1985 Perceived peer and parental influences on youths social world Youth and Society 17 13156 Yinger JM 1982 Countercultures RICHARD G BRAUNGART e MARGARET M BRAUNGART cultura de massa Usada em geral de modo pejorativo para identificar a cultura da SOCIE DADE DE MASSA ou de maneira mais ampla da massa da população nas sociedades modernas a cultura de massa é assim caracterizada não apenas por se tratar da cultura das massas ou porque é produzida para o consumo das massas mas porque dela se diz que lhe faltam tanto o caráter reflexivo quanto a sofisticação da cul tura elevada das elites sociais culturais ou educacionais tanto quanto o caráter direto e a simplicidade das culturas populares das socie dades tradicionais ver também CIVILIZAÇÃO Embora originalmente uma reação elitista às conseqüências culturais reais e imaginárias da democratização política e à aplicação da tecno logia à reprodução e difusão de produtos cultu rais o pessimismo dos críticos da cultura de massa refletiuse na obra de críticos esquer distas das sociedades capitalistas de consumo mais notoriamente no marxismo da ESCOLA DE FRANKFURT Existem versões tanto elitistas quanto am plamente democráticas da crítica da cultura de massa embora elementos das duas estejam em geral associados Aos olhos de seus críticos elitistas o que põe a perder a cultura de massa é que para ser facilmente acessível às massas iletradas ela busca agradar seus sentimentos e emoções menos nobres porém praticamente ubíquos A cultura de massa é de acordo com isso superficial e sentimental dessa forma um colaborador da New York Review descreveu a música popular como algo que expressa os Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 168 cultura de massa sentimentos mais profundos dos homens mais superficiais A crítica democrática da cultura de massa contrastaa com a cultura popular autônoma e enfatiza o nível em que sua produ ção e distribuição se encontram nas mãos das elites capitalistas A posição do artista como criador de cultura é um tema recorrente A caracterização feita por Matthew Arnold dos artistas alienígenas encontra eco na concepção de Karl Mannheim da intelligentsia produtora de cultura como um estrato relativamente distanciado das classes da sociedade moderna Ver também SOCIOLOGIA DA ARTE A partir dessa perspectiva a cultura de massa representa a ameaça de que a comer cialização impenitente de todos os aspectos da vida moderna venha a integrar o intelectual excessivamente na vida econômica da socie dade de classes O poeta e crítico TS Eliot rejeitou explici tamente o diagnóstico de Mannheim Repre sentada em geral como aristocrática ou elitista até nietzscheana a crítica de Eliot à cultura de massa pode ser descrita de maneira mais precisa como conservadora Eliot acreditava que a me lhor garantia contra o rebaixamento de nível e a homogeneização da cultura era a manutenção de uma sociedade estratificada na qual a cria tividade cultural de cada classe pudesse ser protegida e a herança cultural comum preservada Em geral incluído na mesma categoria de Eliot encontrase o crítico literário FR Leavis No entanto se Leavis participava do alarme de Eliot contra o que ambos acreditavam ser o declínio dos padrões artísticos e do gosto popu lar e se como Eliot ele colocava a maior parte da culpa no desenvolvimento da produção me cânica da cultura fosse na forma do cinema dos discos ou da ficção em brochuras a crítica de Leavis à cultura de massa era não obstante mais democrática Leavis lamentava a perda de uma cultura comum cuja destruição começa ra com a chegada da máquina e fora acelerada pelo desenvolvimento do automóvel o qual devido à mobilidade que proporcionava tendia a desenraizar os indivíduos da família e da comunidade No cerne da crítica de Leavis ha via o mito romântico da sociedade préindus trial como um reino de comunidades autênticas orgânicas ignorantes do conflito entre capital e trabalho A moderna produção de massa em contraste padronizava a experiência emocional do trabalhador tão garantidamente quanto pa dronizava seus produtos físicos O resultado era o empobrecimento espiritual das massas e uma indústria do entretenimento montada para a diversão passiva Apesar do papel exaltado que ele propunha para os críticos literários Leavis não era sim plesmente elitista Acreditava diferentemente de Eliot que a verdadeira ameaça à vitalidade cultural vinha da alienação dos pensadores cria tivos com relação à cultura comum As edições em massa os clubes de livros os jornais e a COMUNICAÇÃO DE MASSA em geral minavam o relacionamento orgânico entre as elites criati vas e um público leitor mais amplo A ameaça da cultura de massa não vinha de baixo na forma de erosão das diferenciações de classe mas de cima na forma de uma cultura de massa capitalista orientada para o lucro Temas semelhantes poderão ser encontrados na obra do sociólogo C Wright Mills Mills afirmava que na sociedade norteamericana dos anos 50 a crescente especialização das funções e o colapso do pluralismo levaram a uma sociedade de massa em que o poder se encontrava cada vez mais concentrado e a cul tura era uma questão de manipulação pela elite A educação de massa longe de elevar o nível cultural geral produz apenas um analfabetis mo educado na medida em que a educação perde a sua função crítica e se torna integrada com as exigências da economia deixando ape nas a cultura amena pouco exigente e confor mista dos subúrbios dos colarinhos brancos A crítica social norteamericana foi combi nada com o marxismo da Escola de Frankfurt em O homem unidimensional 1964 de Her bert Marcuse Marcuse via a cultura de massa como o principal agente de um consenso social manipulado que negava os reais interesses hu manos Os comentaristas apontaram até que a disponibilidade da obra de Marcuse nas bancas dos livros nos supermercados era uma prova de que a cultura se havia transformado em mera mercadoria Marcuse proporcionou uma versão menos hermética da crítica à cultura de massa proposta pelos principais teóricos da Escola de Frank furt TW Adorno e Max Horkheimer Estes afirmavam que a arte elevada ao contrário da cultura de massa não busca reconciliar o públi co com a ordem econômica e política predomi nante mas tem uma função transcendente crí tica Como as obras da cultura de massa devem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cultura de massa 169 apelar a um público vasto e homogêneo não deixam espaço para a imaginação e não empe nham o leitor numa dialética autêntica mas em vez disso o tratam como objeto passivo A indústria da cultura de massa remove qualquer oposição genuína às tendências reificantes do capitalismo e constitui assim a base do capita lismo moderno Os defensores da cultura de massa afirmam que como resultado da alfabetização quase uni versal da difusão do conhecimento pela cultura de massa incluindo a televisão e de um cres cente tempo de lazer a arte elevada hoje desfruta de um público mais amplo do que jamais teve As culturas populares podem ser contaminadas mas a diversidade cultural não desapareceu o impacto da cultura de massa é pelo menos ambíguo e a inovação cultural continua Talvez mas quando obras de arte são adquiridas como investimentos por fundos de pensão e são as perspectivas de sucesso comer cial que determinam se um filme será feito ou um livro publicado a crítica à cultura de massa e à indústria cultural conserva um pouco da sua força Leitura sugerida Giner S 1976 Mass Society Swingewood A 1977 The Myth of Mass Culture CA ROOTES cultura política Esse conceito data dos anos 50 quando se tornou um instrumento analítico da ciência política Gabriel Almond um dos pioneiros dessa nova abordagem definiu a cul tura política como um padrão particular de orientações para a ação política um conjunto de significados e propósitos dentro do qual cada sistema político está embutido 1956 p396 A cultura política portanto referese às crenças valores e símbolos expressivos a bandeira a monarquia e assim por diante que compreendem o contexto emocional e de ati tudes da atividade política A análise de sis temas políticos em termos de seus atributos culturais tem antecedentes distantes Já no sé culo XVIII Montesquieu achou adequado rela cionar os princípios constitucionais de uma na ção aos seus costumes ou moral O ressurgi mento e o desenvolvimento sistemático dessa abordagem durante os últimos 30 ou 40 anos devem ser compreendidos contra o pano de fundo da revolução comportamental que rejeitava o estudo formal jurídicoinstitucio nal da política e em vez disso enfatizava o comportamento empiricamente observável ver COMPORTAMENTALISMO Por esse motivo a maior parte das análises tem a cautela de es tabelecer uma diferença conceitual entre cultu ra política e comportamento político uma vez que a primeira pretende explicar ao menos em parte o segundo Em particular os cien tistas políticos têmse preocupado em explorar as ligações entre democracia estável e certos tipos de culturas políticas O conceito é encara do como poderosa variável explicativa que dá conta do fracasso da democracia ao estilo oci dental em firmar raízes nos países menos desen volvidos do Terceiro Mundo onde a fragmen tação cultural e os hábitos tradicionais de pas sividade ao que se supõe minam os padrões constitucionais Almond 1965 p4003 Tam bém se afirmou que uma abordagem cultural pode ajudar a explicar a diversidade de sistemas comunistas na medida em que os revolucioná rios precisam inevitavelmente adaptar seu mo delo marxista para se adequar à herança ético política específica do país em questão Tucker 1973 Se a cultura política efetivamente consegue explicar alguma coisa é uma questão aberta a dúvidas Em primeiro lugar é difícil determinar os componentes precisos da cultura política de uma nação Os primeiros estudos eram impres sionistas e pareciam inferir orientações subje tivas do comportamento prático que essas orientações pretendiam ter causado Assim no primeiro tratamento dado por Almond ao tema as jogadas de barganha dos políticos norteame ricanos eram encaradas como demonstração de que a América do Norte possuía uma cultura política racional calculista negociadora e ex perimental enquanto ao mesmo tempo essas jogadas eram explicadas pela cultura 1956 p398 O caráter circular desse raciocí nio não fugiu à observação crítica e nos anos 60 se fizeram tentativas de descobrir atitudes de massa através de métodos rigorosos de obser vação Almond e Verba 1963 Mas não é de maneira alguma óbvio que VALORES e crenças populares possam ser inferidos através de téc nicas de levantamento e análise de dados Como os críticos têm demonstrado é notoriamente difícil formular perguntas inequívocas a serem feitas aos que estão sendo pesquisados e essas perguntas podem de qualquer modo ser dema siado precisas para captar as atitudes ambiva lentes e cambiantes das pessoas comuns Fe Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 170 cultura política mia 1979 De qualquer forma dados concre tos não anulam a necessidade de intuição e interpretação por parte do analista Por exem plo o quanto uma atitude precisa ser difundida para poder ser incluída na cultura política de um país Se digamos 51 da população adulta são classificados como condescendentes is so significa que a cultura política é condescen dente Não surpreende que a literatura tenha uma abundância de observações vagas e até banais tais como a cultura política britânica é uma mistura de tradição e modernidade Mesmo que pudéssemos determinar uma cultura política em particular com precisão ma temática não se seguiria daí necessariamente que as orientações culturais assim determinadas tenham qualquer eficácia causal Alguns críti cos afirmam que o que passa por cultura política é em grande parte criação do sistema político que essa cultura supostamente deveria explicar Se para tomarmos um exemplo os italianos são alienados de suas instituições políticas esse estranhamento deve em certo grau resultar do desempenho inadequado dessas instituições A maneira como um sistema se desempenha além do mais será influenciada por seus próprios traços característicos Na Itália o imobilismo político pode ser visto como um efeito da repre sentação proporcional a qual dada a nature za das divisões sociais do país propicia governos de coalizão instável Sartori 1969 Os marxistas ortodoxos também têm ques tionado a validade das explicações culturais Na sua perspectiva idéias e crenças são meramente derivadas da estrutura social e econômica O comportamento político é portanto explicável em última análise em termos de conflito de classe ou outras pressões materiais Sob a in fluência de Antonio Gramsci no entanto al guns marxistas atuais têm admitido o potencial explicativo dos fenômenos culturais Já não é considerado burguês explicar a persistência da democracia liberal fazendo referência a con ceitos e normas amplamente compartilhados No entanto marxista algum assumiria que esse CONSENSO surge plenamente formado do solo nacional seria sua obrigação tentar fazer re montar a perspectiva cultural predominante a suas raízes sócioeconômicas Isso levanos à deficiência crucial da análise da cultura política como normalmente pratica da Seus praticantes parecem esquecer que a cultura é o produto de muitas e muitas influên cias e que seu uso como uma variável explica tiva nunca deveria ir além de um fator interve niente A efetiva relação entre a ordem norma tiva e estruturas políticas sociais ou econômi cas deve ser provavelmente de reforço mútuo no decorrer do tempo e essa interação torna difícil decidir qual fator se algum é mais im portante A cultura política deve fazer parte de uma explicação do desempenho dos sistemas políticos mas ao final precisaremos examinar como as orientações culturais vieram a se for mar E ainda o homem é um animal simbólico vivendo uma vida mental Suas ações refletirão o modo como interpreta o seu meio ambiente e essa interpretação será moldada pelo seu ma pa cognitivo Almond 1956 p402 por suas crenças e atitudes Tendo em mente esse truís mo podemos concluir que o conceito de cultura política pode ao menos potencialmente au mentar a nossa compreensão da vida política Leitura sugerida Kavanagh D 1972 Political Cul ture Nordlinger E 1967 The WorkingClass Tories Authority Defence and Stable Democracy Pye L e Verba S orgs 1965 Political Culture and Political Development Rosenbaum WA 1975 Political Cul ture White S 1979 Political Culture and Soviet Po litics JOSEPH V FEMIA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cultura política 171 D dança A crença de que a dança é uma arte trivial adequada apenas para diversão e entre tenimento era comum no final do século XIX No início do século XX os pioneiros da dança moderna deram início a sua revolta contra o que consideravam a decadência do balé contempo râneo Aquilo por que lutavam era um retorno da dança à sua função original na sociedade ou seja de instrumento para reforçar o senso de comunidade O instrumento podia funcionar para reiterar crenças tradicionais enfatizando sua contínua relevância ou podia despertar idéias de protesto contra valores existentes O primeiro rumo caracterizou de maneira geral o gênero da dança folclórica A dança teatral tendeu para o segundo embora os balés abs tratos mais que as danças de significado social tenham predominado no decorrer deste século Com poucas exceções os ensaístas sobre a dança têm concentrado seus esforços na análise das estruturas formais da dança em vez de procurar o seu conteúdo social A natureza da dança em si mesma orientou esse caminho O movimento pode de fato ser expressivo mas o que melhor pode ser expresso através de mo vimentos do corpo são sentimentos emoções e não idéias intelectuais Quando uma socie dade tradicional usa a dança para fomentar suas crenças ou para demonstrar sua rebelião contra estas ela cria uma imagem Um grupo movi mentase junto firmando sua solidariedade Ou escolhe um formato narrativo transmitindo sua mensagem com um exemplo de como é trágico o abuso do poder ou com a glorificação do triunfo do bem Embora as danças de significado social não tenham dominado o panorama da dança teatral neste século é possível destacar algumas ex ceções notáveis Entre os primeiros bailarinos modernos Ruth St Denis e Ted Shawn volta ramse para o misticismo do Oriente para os valores atemporais dos mitos e lendas antigos em obras como Radha 1906 e White Jade 1926 Isadora Duncan abraçou as idéias da recémfundada União Soviética em Marcha eslava que descrevia a opressão das massas e o triunfante rompimento final de suas cadeias Um marco na história da dança no século XX foi The Green Table de 1932 do alemão Kurt Jooss Seu brado pela paz começava e terminava com cenas de diplomatas discutindo em seus respectivos lados na mesa de nego ciações Entre eles Jooss traçava trágicos retra tos dos desastres da guerra nas vidas de paz amantes e amigos Os personagens de The Green Table são abstrações generalizadas de tipos O pensamen to social na União Soviética porém utilizou narrativas envolvendo personagens específi cos em geral com incidentes tirados da história Uma das primeiras obras A papoula vermelha 1927 falava sobre um bravo capitão soviético que é ameaçado por um conspirador chinês mas salvo pelo sacrifício de uma bailarina chi nesa Mais recentemente Yuri Grivorovich do Balé Bolshoi de Moscou condenou a cruel dade da Rússia czarista em Ivan o Terrível de 1975 e louvou os trabalhadores da Sibéria em Angara de 1976 Nos Estados Unidos o pensamento social explícito tem desempenhado um papel insis tente embora em geral de menor importância Durante os anos da Depressão do início da década de 30 a Workers Dance League patro cinou concertos que promoviam o protesto so cial Suas danças tinham títulos como Des pejo Eviction Fome Hunger Desem prego Unemployment Em 1955 Anna So kolow lamentou o vazio da vida urbana em Rooms no qual as pessoas vivem fisicamente juntas porém emocionalmente isoladas Em 1984 Nine Short Pieces about Defense Budget and Other Military Matters Nove peças cur tas sobre o orçamento da defesa e outros as 172 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar suntos militares Liz Lerman assumiu uma posição mais especificamente política A celebração da herança negra começou com o trabalho de Katherine Dunham e Pearl Primus seguido pelo grande sucesso da compa nhia de Alvin Ailey cujo Revelations de 1960 com música de negros spirituals tornouse um tremendo sucesso popular Nessa década tam bém jovens coreógrafos começaram a traba lhar com a improvisação e a expressão indi vidual Anna Halprin formou a sua Dancers Workshop Oficina de bailarinos de São Fran cisco um grupo multiétnico dedicado à harmo nia racial e ao bemestar da terra Na Alemanha Pina Bausch expôs proble mas que as pessoas enfrentam na sociedade contemporânea Os personagens das suas obras de teatro dançado executam como que mecani camente rituais arraigados ao seu comporta mento faltam sentimentos falta motivação Em 1980 os bailarinos oscilam entre o exibicionis mo agressivo e a solidão irremediável entre a letargia e a histeria Na China uma canção das plantações de arroz yangko tornouse o tema da vitória dos comunistas em 1949 Os bailarinos usavam os movimentos do trabalho além da maneira de andar de bater palmas e deixar oscilar o corpo para acompanhar a melodia Seguiramse nar rativas políticas Em A moça de cabelos bran cos de 1964 a heroína sofre nas mãos de um cruel senhor feudal até que seus cabelos negros ficam brancos mas acaba sendo libertada pelo Oitavo Exército Vermelho quando este toma sua aldeia No Japão o tratamento tem sido mais abs trato Tendo começado como um protesto con tra os horrores da guerra o gênero conhecido como Butô apresenta bailarinos com cabeças raspadas e corpos pintados de branco habitan do uma paisagem de desespero Com passos lentos e movimentos que mal se distinguem o Butô mostra ao seu público um mundo pertur bado conseqüência da brutalidade global No momento as danças não teatrais enfren tam problemas sérios Danças que brotaram de experiências e das necessidades comuns de uma comunidade estão hoje desaparecendo junto com o modo de vida que as gerou Com a mudança das áreas rurais para as urbanas os jovens passam boa parte do seu tempo de lazer assistindo à televisão Quando dançam prefe rem formas que lhes ofereçam a oportunidade para a expressão individual em vez das que refletem valores coletivos Os tradicionalistas que ainda restam acham difícil interessálos nas danças de seus antepassados Pequenos grupos estão tentando porém e alguns ávidos educa dores europeus estão ensinando nas escolas primárias danças folclóricas a aprendizes inte ressados Em algumas aldeias africanas estão sendo feitos esforços para manter festivais com danças nativas que reafirmam os valores e cos tumes da comunidade Outro tipo de solução é apresentado pela companhia de dança teatral folclórica que pega o espírito e os motivos orientadores básicos dos gêneros nativos e os coreografam para apresen tação por intérpretes hábeis em cenários tea trais Enquanto muitos afirmam que essas dan ças já não representam de maneira autêntica suas fontes nativas outros sustentam que elas ainda servem para promover sentimentos de identidade e orgulho étnicos O sucesso de gru pos como o conjunto de dança folclórica Mois seyevm da União Soviética e da Companhia Nacional de Dança do Senegal certamente ser ve a esse propósito Mas às vezes uma crise social é capaz de provocar a retomada de interesse pela dança co munitária Quando Nelson Mandela foi libertado em 1990 jovens sulafricanos foram para as ruas dançar o ToyiToyi como expressão de sua alegria Já se afirmou muitas vezes que a dança é uma linguagem universal À medida que este século se aproxima do fim essa afirmação vem sendo substanciada Há professores trabalhan do nas escolas de vários países para familiarizar jovens bailarinos com diferentes técnicas e es tilos Com freqüência cada vez maior coreógra fos estão criando suas obras em companhias de danças de outras nações Os intercâmbios não param Enquanto esses movimentos con tribuem para a compreensão internacional o mundo da dança espera que as nações também continuem a respeitar e a executar as danças que simbolizam a sua própria identidade Ver também SOCIOLOGIA DA ARTE TEATRO Leitura sugerida Boaz Franziska org 1972 The Function of Dance in Human Society Brinson Peter 1983 Scholastic tasks of a sociology of dance Dance Research Journal 1 1007 2 5968 Katz Ruth 1973 The egalitarian waltz Comparative Studies in Society and History 153 Rust France 1969 Dance in Society Spencer Paul org 1985 Society and the Dance SELMA JEANNE COHEN Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar dança 173 darwinismo Ver EVOLUÇÃO NEODARWINIS MO DARWINISMO SOCIAL darwinismo social Em meados do século XIX surgiram teorias que sustentavam que a organização social é ou se assemelha a um organismo vivo que as sociedades sofrem mu danças evolutivas e que essas seqüências de EVOLUÇÃO são ou podem ser progressivas As conseqüências involuntárias ou até biologica mente determinadas das ações individuais sua agregação em mecanismos tais como o compor tamento competitivo e o mercado e intenções por parte do analista de tirar conclusões norma tivas e voltadas para programas de ação dis tinguiram as continuações dessa tendência no século XX As teorias evolucionistas da transformação em termos de constituição biológica e compor tamento observável e da transformação huma na em sentidos semelhantes precederam em muito Charles Darwin 1859 Não obstante o darwinismo social e as teorias dele descen dentes entram em contradição em vários as pectos com os pontos de vista originais de Darwin Este rejeitava qualquer noção de pro gresso na transformação de indivíduos e na origem das espécies e sentia fortes suspeitas das tentativas de se tirarem conclusões de sua obra que fossem aplicáveis à sociedade huma na A SELEÇÃO NATURAL referiase à variação nãopadronizada à interação com o meio am biente e ao mero sucesso reprodutivo e não a conceitos normativos como sobrevivência dos mais aptos Essa expressão foi popularizada por Herbert Spencer o principal teórico do darwinismo social e ironizada por Karl Marx A teoria de Marx era evolucionista e pro gressista vagamente enraizada em uma história natural das exigências biológicas humanas mas crucialmente dependente de premissas relativas a habilidades lingüísticas e de raciocínio Frie derich Engels porém mais tarde comparou a teoria de Marx à de Darwin em método e importância e se esforçou para ligar a seleção natural ao desenvolvimento das habilidades produtivas humanas Isso resultou numa pletora de tentativas formuladas de maneira imprecisa dentro do MARXISMO de reconciliar a luta de classes como caminho para o progresso his tórico com mecanismos biológicos de sobrevi vência e extinção No entanto o abismo entre a premissa teórica darwinista de comportamento individual autocentrado e o ponto de vista mar xista de que os indivíduos devem agir com deliberação em uma entidade coletiva como uma classe social mostrouse muito difícil de ser superado Como premissa teórica o organismo indi vidual autocentrado batalhando competitiva mente pela existência e pelo aperfeiçoamento representa uma noção aparentada àquela subja cente às filosofias antimarxistas de Friedrich Hayek e Karl Popper Porém como teóricos que exaltam as virtudes do mercado no que diz respeito a bens e idéias seus argumentos fun cionam em um nível muito acima dos simples mecanismos biológicos que uma teoria darwi niana da sociedade exigiria No final do século XX a SOCIOBIOLOGIA surgiu como sucessora do darwinismo social As conseqüências para a coletividade humana de um comportamento in voluntário tal como a AGRESSÃO geneticamen te determinada são conceitualizadas teorica mente embora os sociobiólogos de forma algu ma concordem quanto ao nível em que uma ação abalizada pode ou deva interferir nesses supostos processos dentro da sociedade Leitura sugerida Hayek FA 1983 Knowledge Evo lution and Society Holbrook D 1987 Evolution and the Humanities Jones G 1980 Social Darwinism and English Thought Peel JDY 1971 Herbert Spencer Ruse M 1985 Sociobiology 2ªed TERRELL CARVER decadência Os períodos da história que fo ram classificados como decadentes compar tilham a convicção de que a vida recomeça sempre e sempre Essa visão cíclica das coisas é a pedra fundamental de dois vastos complexos de temas o primeiro dos quais se relaciona a correspondências com o mundo externo com nosso meio ambiente imediato com a natureza e assim por diante enquanto o outro abrange os elementos variados do COTIDIANO do hedonis mo do ceticismo em suma a valorização da experiência vivida A premissa básica de ambas as variantes é o reconhecimento da vida social tal como ela efetivamente é e não como deve ria ser Ela implica uma conciliação com o fato de que gostemos ou não existe uma aceitação da existência que se expressa em incontáveis formas de repetições Este é com toda certeza o marco característico da decadência Essa re petição quase obsessiva é um meio tanto de afirmar quanto de negar a passagem do tempo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 174 darwinismo E nesse sentido a repetição cíclica é um efi ciente mecanismo de defesa O surgimento da tira de história em quadrinhos pode assim ser considerado um sintoma extraordinário de uma forma de narrativa que não pode ser apri sionada dentro do tempo linear O que se pode observar na conversação es tereotipada ou nas paródias gratuitas que são características básicas da história em quadri nhos é que talvez inadvertidamente ou no mí nimo nãoexplicitamente elas afirmam através de sua crítica intrínseca aos discursos dogmáti cos uma certa qualidade invariável do homem e da sociedade e um retorno do mesmo Seja de forma puramente lúdica ou mais sardônica elas servem de reserva de um tipo de anomia agnóstica cuja implicação é que nada de novo jamais acontece na história humana Seja o seu alvo a Igreja ou o Estado a repetição lembra nos o fato de que apenas o presente que é infalivelmente idêntico a si mesmo merece a nossa atenção Nesse sentido decadência in dica uma ética do momento que não está preocupada com um paraíso celestial nem com alguma utopia futura mas que pretende obs tinadamente assim mesmo levar a cabo esta existência que apesar de todas as muitas pro vações e atribulações que proporciona ainda é cativante apesar delas ou talvez por causa de las Um elemento que destaca a importância do RELATIVISMO cíclico e decadente na consciência coletiva é a atitude para com a política Mais uma vez a conversação cotidiana tem muito a nos ensinar seria preciso uma pesquisa es pecializada nessa área para analisar todas as nuanças de suspeita com relação à política im plícitas nessas conversações Seria mais exato dizer que elas mostram que a política é o centro de um intenso interesse mas em geral encarada como uma arte uma arte com suas próprias regras Nos países mediterrâneos por exemplo o discurso político visa à maneira do bel canto agitar as paixões apelar mais ao coração do que à cabeça À luz do conceito de decadência tor namonos conscientes de exatamente o quanto o pensamento social deve a essa visão cíclica do mundo segundo a qual não há nada de novo sob do sol Em última análise a imposição do poder é uma constante imutável da vida algo que as pessoas conhecem bem pelo menos intuitivamente Os príncipes podem ir e vir mas suas ações serão sempre impostas a partir de fora e dessa maneira permanecem abs tratas e mesmo quando eles pretendem falar e agir em favor dos menos privilegiados é sem pre para exigir submissão ou conformismo às ordens A decadência manifestase não apenas nessa forma popular de relativismo como também em expressões mais eruditas Antes de tudo de um ponto de vista weberiano fica claro que o reconhecimento de sistemas de valor antinômi cos dentro de diferentes sociedades bem como dentro de cada sociedade simplificado na expressão guerra dos deuses nos leva se não a uma absoluta neutralidade axiológica pelo menos a um certo ceticismo quanto ao conceito da própria Verdade Weber 1904 De forma deliberadamente paradoxal Max Weber tenta pensar rigorosamente e generalizar ao mesmo tempo reconhecendo o caráter frívolo e efêmero das paixões humanas Uma coisa é certa ou seja que várias de suas análises são realizadas contra um pano de fundo de decadên cia A antinomia de valores nunca será resol vida e em última análise é devido a essa anti nomia que as sociedades perduram Colocando a coisa de maneira um tanto irreverente pode mos dizer que enquanto os deuses estão em guerra uns com os outros os homens estão em paz Uma perspectiva semelhante pode ser en contrada na sociologia de Vilfredo Pareto As sim com Claude LéviStrauss afirmou que o homem sempre foi capaz de pensar igualmente bem Pareto estava convencido de que o ho mem é sempre o mesmo É possível encontrar mostras dessa convicção no seu Tratado de sociologia geral 191619 Várias de suas aná lises são informadas por esse ceticismo que pode ter origem nas muitas decepções que mar caram sua carreira O economista consciencio so que mais tarde se tornou um professor de sociologia um tanto desencantado estava côns cio da vaidade da ação que se origina do senso de que o eterno retorno e a repetição dominam a história das sociedades humanas A esse res peito seria possível dizer que ele está imbuído do senso trágico da existência Excelente obser vador da política contemporânea tinha perfeita consciência do fato de que esta não se baseia em argumentos racionais qualquer que seja o seu mito a respeito de si própria e parte para tirar da compreensão desse fato todas as conclusões necessárias É de fato característico Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar decadência 175 da decadência demonstrar que essa razão no reino da política mas a fortiori mesmo em atividades humanas que não pretendem ser uma manifestação dela não passa daquilo que Pare to chama de derivação uma legitimação que mascara todas as incoerências delírios e inte resses da paixão Nesse ponto não se pode deixar de pensar em Maquiavel e suas Histórias florentinas nas quais ele coloca em relevo tão agudo a ambigüidade e a ambivalência da ação humana Em outras palavras sempre que o futuro predomina a consciência coletiva voltase para ele Quando em vez disso prevalece o pre sente ressurgirá uma visão do mundo cíclica e decadente Mas por quê Talvez devido ao me canismo de saturação tão bem descrito por Pitirim Sorokin que leva os valores bem como as coisas a se tornarem gastos e exauridos Isso também explicaria a saturação de uma concep ção linear do tempo e o desejo de recuperar o aqui e agora que impregna a vida cotidiana E o presente sempre é mais bem apreendido quando comparado com alguns grandes mo mentos do passado Isso fica bem expresso na metáfora de Proust sobre o tempo ser ein steinizado A vida cíclica levanos de volta ao tempo da paixão que invalida qualquer cons trução racionalizante Certamente não é pos sível falar de decadência sem se referir ou pelo menos aludir ao efeito colateral que ela exerce sobre os modos como compreendemos a reali dade Assim que o projeto pára de ser a força motora da sociedade os sociólogos têm de re correr a um modo diferente de avaliar a vida social A aceitação relativista daquilo que é essa afirmação da vida em toda a sua contingên cia é o reconhecimento de que todos os seres e todas as situações são marcados pela incomple tude Isso é algo que a lógica do tem de ser não consegue tolerar Em desafio aos intelectuais que confundem a erosão de certos VALORES com a morte trágica e melancólica de todas as coisas e aos que pensam que o fim de um mundo significa o fim do mundo a decadência lembranos que anali sar o papel da repetição na vida cotidiana e reconhecer o prazer hedonista a ser obtido de uma liberação dos sentidos abre um amplo cam po de pesquisa Com base nessa convicção pro fundamente enraizada podemos contestar as declarações dos apologistas do futuro ou dos que sentem a nostalgia do tempo perdido afir mando que a decadência nos permite vislum brar a serenidade do kairos grego em outras palavras os momentos de oportunidade ofere cidos dentro do fluxo da vida cotidiana Ver também PROGRESSO Leitura sugerida Durand G 1979 Figures mythi ques et visages de loeuvre Freund J 1984 La déca dence Maffesoli M 1979 La cônquete du présent pour une sociologie de la vie quotidienne Pareto V 191619 1963 The Mind and Society a Treatise on General Sociology Spengler O 191822 19268 The Decline of the West 2 vols Weber Max 1904 1949 The Methodology of the Social Sciences MICHEL MAFFESOLI decisão teoria da Teoria da decisão é o es tudo de como os agentes racionais decidem agir dados os seus objetivos suas opções e suas opiniões a respeito dos efeitos de suas opções sobre seus objetivos Mesmo dado tudo isso resolver o que fazer pode ser extremamente problemático quer devido à pura complexidade dos cálculos necessários como nos problemas de decisão estudados em análise operacional quer porque há incerteza nas opiniões Essa incerteza habitual pode ser a respeito do estado de natureza como na teoria da utilidade ou das escolhas de outros agentes cujos problemas de escolha se entrechocam com os deles como na teoria dos jogos A teoria da decisão desenvolveuse em sua forma clássica como uma teoria axiomática na qual axiomas estabelecem a priori princípios de escolha racional Como o núcleo da explicação psicológica cotidiana é que a ação está racional mente relacionada com as opiniões e objetivos do agente a teoria da decisão pode ser vista como algo que proporciona entre outras coisas o modelo formal desse núcleo ver Lewis 1983 Para uma série de situações definidas a teoria da decisão clássica aspira a deduzir as decisões dos agentes unicamente a partir e dos princípios a priori É assim uma teoria ideali zada que descreve o agente como alguém que jamais viola os princípios a priori e que sempre age logicamente conforme estes determinam por mais difícil de computar que isso possa ser Mas em torno desse cerne clássico publicado da teoria também houve muito trabalho dedicado a testar empiricamente a adequação dos sujeitos humanos aos axiomas e em anos recentes com teorias em desenvolvimento que recolhem ex plicam e estudam as conseqüências nos ca Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 176 decisão teoria da sos observados desses axiomas tomados como ponto de partida As duas maiores realizações teóricas da teo ria da decisão foram a teoria da utilidade e a teoria dos jogos ver JOGOS TEORIA DOS Esta é a teoria da decisão do indivíduo em cenários sociais É assim chamada porque von Neumann e Morgenstern encararam os jogos de salão como sendo isomórficos com e paradigmas para as interações econômicas e outras intera ções sociais a que a teoria se dedicava Ela se preocupa e tenta lidar em estilo axiomáti co com os problemas de decisão que duas ou mais pessoas enfrentam quando o resultado das ações de cada uma delas e portanto sua conveniência depende das ações dos outros Presumese que cada qual conheça as opções e os desejos de todos e além disso que os outros tenham esse conhecimento A maior parte da literatura preocupase com os jogos nãocoope rativos em que os que jogam não podem ficar sabendo das intenções dos outros pela comuni cação com eles mas devem inferilas a partir do conhecimento apenas de sua própria situa ção suas opções desejos e conhecimento e de sua racionalidade A teoria da utilidade ocupase dos proble mas de um agente individual que precisa esco lher entre duas ou mais ações que dão oportu nidade a perspectivas de risco Perspectiva de risco para um agente é um conjunto de resul tados alternativos associado a uma probabi lidade para cada resultado a ele atribuída pelo agente eu por exemplo encaro a perspectiva de risco 25 libras com probabilidade 110 menos uma libra com probabilidade de 910 se aposto uma libra num cavalo com chances de 25 por 1 contra aqueles a cuja vitória atribuo uma probabilidade de 1 em 10 A teoria da utilidade teve seu ponto de par tida no relatório de Daniel Bernoulli em 1738 sobre o curiosum de S Petersburgo o fato de ninguém estar disposto a pagar mais que umas poucas libras para participar de um certo jogo de azar embora o valor de ganho esperado de um jogador fosse infinito O valor esperado de uma perspectiva monetária arriscada é a média ponderada dos diferentes ganhos pos síveis sendo os pesos as suas probabilidades Como explicação Bernoulli conjecturou que o jogador racional é alguém que maximiza o va lor esperado não de lucro mas de sua utilidade Von Neumann e Morgenstern 1944 axiomati zam essa hipótese da utilidade esperada Eles mostram que se uma pessoa classifica as pers pectivas de risco de uma forma que atende a certos cânones óbvios de racionalidade expres sos nos axiomas da teoria então nesse caso existe uma magnitude numérica associada a cada resultado e que é chamada de sua utili dade de tal forma que a pessoa só classifica uma perspectiva de risco acima de outra se der um valor esperado maior dessa magnitude Por exemplo vou preferir fazer a aposta acima se e somente se 110u2591ou 10 onde ux indica utilidade de ganhar x Al guns dos axiomas são indiscutivelmente con sistentes com a preferência racional por exem plo o Axioma de Monotonicidade o qual diz grosso modo que dados dois resultados um A preferível a outro B aumentar a pro babilidade de A dá uma perspectiva preferível Outros são mais controvertidos em especial o Axioma de Independência o qual diz se um resultado A é pelo menos tão desejável quanto um resultado B então uma dada oportunidade de A é pelo menos tão desejável quanto a mesma oportunidade de B Tanto a teoria dos jogos quanto a teoria da utilidade dizem respeito a decisões racionais tomadas em condições de incerteza mas a in certeza é de tipos radicalmente diversos nas duas teorias Na teoria da utilidade incerteza é o risco representável por probabilidade Estas se ligam na teoria da utilidade clássica ao estado de natureza Na teoria dos jogos porém a incerteza é a respeito das decisões de outros agentes racionais que se presume deri varem através de razão pura dos dados dos seus problemas Aqui não se trata de nada ao acaso e é difícil ver que base o primeiro jogador poderia ter para lhes atribuir probabilidades A teoria da decisão também se preocupou com a incerteza que resiste a uma probabilização por outro motivo porque o agente se encontra em completa ignorância a respeito de que pos sibilidade é ou será realizada Que tipo de coisas são as probabilidades do agente numa decisão sob risco Von Neu mann e Morgenstern supuseram que fossem possibilidades objetivas como as dos jogos de azar conhecidas do agente Mas essa não é a única possibilidade Dentro da teoria da decisão desenvolveuse um ponto de vista das proba bilidades como graus de opinião subjetivos revelados na disposição de apostar Fica claro Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar decisão teoria da 177 que um agente que prefere uma loteria que dá um prêmio se transpira um estado S e uma penalidade no caso de nãoS a uma outra que dá o prêmio se nãoS e a penalidade no caso de S em algum sentido acredita mais fortemente em S do que em nãoS Tal como von Neumann e Morgenstern constroem utilidades a partir do padrão da escolha do agente entre loterias quando estas obedecem a certos axiomas tam bém Ramsey 1926 Savage 1954 e outros subjetivistas constroem graus numéricos de opinião a partir desse padrão Eles conseguem demonstrar para o caso de agentes que obede cem aos seus axiomas tanto que essas mag nitudes são probabilidades matematicamente quanto que os agentes escolhem como se maxi mizar a utilidade esperada resultasse de acordo com elas Esses resultados levaram ao chamado ponto de vista bayesiano de que todas as in certezas que os agentes enfrentam são proba bilidades e que a hipótese da utilidade esperada fornece uma teoria abrangente da tomada de decisão racional A hipótese da utilidade esperada tem sido desconfirmada repetidas vezes em estudos de laboratório A mais famosa violação experi mental é o chamado paradoxo de Allais Outra é o efeito do coeficiente comum demons trado por Kahneman e Tversky 1979 se uma pessoa prefere um prêmio moderado M com uma possibilidade de 50 a um prêmio maior L de acordo com a teoria essa pessoa deve também preferir uma probabilidade de 10 de M a uma probabilidade de 5 de L mas os sujeitos estudados de maneira padrão demons tram a primeira preferência e o reverso da se gunda Essas descobertas provocaram diversas reações alguns que encaram a teoria da utili dade como normativa e acham seus axiomas inteiramente convincentes concluem que os sujeitos estão errados e necessitam de instru ção Outros porém acham que a teoria norma tiva deveria refletir a força dos julgamentos intuitivos que provocam tais reversões ou então encarar a teoria da utilidade como basica mente explicativa ou prognosticante Essas ati tudes levaram ao desenvolvimento de teorias da utilidade nãoesperada um tanto mais com plexas eou mais fracas que a teoria da utilidade e que são consistentes com as observações re calcitrantes Apesar destas arestas empíricas a teoria da utilidade tem sido amplamente utilizada num trabalho explicativo e de prognóstico nas ciên cias sociais e com sucesso considerável Na ciência política ela gerou a teoria de escolha racional ver ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA na economia estendese por toda parte propor cionando um modo simples e poderoso de am pliar a cenários incertos a pressuposição central da disciplina da busca eficiente do autointeres se Desempenha um papelchave na explicação de fenômenos tão diversos quanto seguros jo gos de azar o entesouramento de dinheiro e a insegurança dos salários nas recessões Em muitos desses casos ela se conjuga com a hipó tese empírica de que os agentes econômicos são avessos a risco isto é preferem uma soma x garantida a uma perspectiva arriscada cujo va lor esperado é x A teoria da decisão completou um brilhante meio século no qual tem contribuído com po derosos e esclarecedores instrumentos de pen samento para as ciências sociais No entanto ela continua em um estado não totalmente satisfa tório Como uma teoria da escolha racional humana ela é em sua forma clássica ao mesmo tempo muito forte e muito fraca muito forte no sentido de que seus axiomas às vezes por estabelecerem padrões impossíveis às vezes por não conseguirem captar as sutilezas das preocupações humanas são consistentemen te violados por sujeitos inteligentes Muito fra ca por ignorar restrições sobre o que conta como opiniões desejos e ações racionais nos cenários culturais específicos a que deve ser aplicada Ainda resta ver até que ponto essas deficiências podem ser reparadas sem danos ao poder e à luminosidade da teoria clássica Leitura sugerida Bacharach MOL e Hurley SL orgs 1991 Foundations of Decision Theory Issues and Advances Gardenförs P e Sahlin NE orgs 1988 Decision Probability and Utility Jeffrey RC 1965 1983 The Logic of Decision 2ªed Luce RD e Raiffa H 1957 Games and Decisions Introduction and Critical Survey Nozick R 1969 Newcombs problem and two principles of choice In Essays in Honor of Carl Hempel org por N Rescher Reznik M 1987 Choices an Introduction to Decision Theory MICHAEL BACHARACH definição Os teóricos sociais têm tendido a assumir que a definição estipulativa ou verbal de termos com x quero dizer abc é uma prática sem problemas e desejável que nada exige além de clareza e consistência de uso Esse ponto de vista expresso no final do século Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 178 definição XIX e início do século XX por Émile Durkheim 1895 e Ferdinand Tönnies 18991900 é ain da aceito como um lugarcomum pela maioria dos cientistas sociais ver POSITIVISMO Um ponto de vista mais complexo pode ser encontrado na afirmação de Max Weber de que por exemplo uma definição de religião só pode vir ao fim de uma investigação e não no início Aqui Weber parece estar seguindo a máxima de Nietzsche de que conceitos que expressam um processo histórico inteiro resistem a defi nições Esse ponto de vista vigorosamente sus tentado por Theodor Adorno ver ESCOLA DE FRANKFURT tende a ser acompanhado por uma ênfase na complexidade hermenêutica dos fe nômenos sociais e sua relação íntima com os VALORES Isso por sua vez foi fortalecido a partir de meados do século no mundo de língua inglesa pela crítica de Wittgenstein ao positi vismo fazendo surgir na obra de Winch 1958 e de outros um modelo alternativo de ciências sociais ver VERSTEHEN A relevância normati va da definição foi ainda mais destacada pela noção de Gallie de conceitos essencialmente contestados em pensamento social e político Gallie 19556 O declínio do positivismo para um conven cionalismo e as conseqüentes inquietações a respeito do RELATIVISMO levaram defensores do racionalismo e do REALISMO a reviver a noção de definição real na qual as definições pre tendem expressar a natureza essencial de uma entidade como na definição de substâncias químicas por meio de sua estrutura molecular Em que medida isso é possível para objetos sociais é algo que ainda suscita controvérsias mas está claro que a concepção mais sofisticada a respeito da natureza da teoria científicosocial que passou a predominar em décadas recentes trouxe consi go maior sensibilidade para os problemas da formação de conceitos científicosociais Leitura sugerida Durkheim Émile 1895 Les règles de la méthode sociologique Gallie Duncan 195556 Essentially contested concepts Proceedings of the Aristotelian Society NS 56 Hollis Ma 1977 Models of Man Outhwaite William 1983 Concept Forma tion in Social Science Tönnies Ferdinand 18991900 Philosophical terminology Mind 8 e 9 Winch Pe ter 1958 The Idea of a Social Science and its Relation to Philosophy WILLIAM OUTHWAITE democracia O significado da palavra de mocracia é governo do povo Ela foi usada pela primeira vez no século V aC pelo his toriador grego Heródoto combinando as pala vras gregas demos que significa o povo e kratein que significa governar A definição famosa de Abraão Lincoln era governo do povo pelo povo para o povo Desenvolven dose a noção de governo ou domínio o signi ficado pode ser transmitido de forma mais pre cisa democracia é um sistema político no qual o povo inteiro toma e tem o direito de tomar as decisões básicas determinantes a respeito de questões importantes de políticas públicas A noção de ter o direito de tomar as decisões básicas distingue a democracia de outros sis temas nos quais essas decisões são determina das de fato pelo povo por exemplo onde um ditador fraco ou enfermo cede aos desejos do povo devido à ameaça de levante ou insur reição Numa democracia é devido ao seu di reito de fazêlo que o povo pode tomar as decisões esse direito originase de um sistema de regras básicas tais como a constituição A idéia de o povo tomar decisões levanta a dificuldade a respeito de quantas decisões iso ladas diferentes podem ser combinadas em uma decisão coletiva Uma resposta comum é con ceber a democracia como o domínio da maioria A idéia aqui é de que onde falta unanimidade isto é onde as preferências expressas pelas decisões dos indivíduos se encontram dividi das o que deve prevalecer é o número maior de preferências e não o menor O número maior está mais perto de ser o todo a decisão da maioria deve então contar como decisão de todo o povo Existem no entanto muitas difi culdades com semelhante idéia Uma decisão por parte de todo o povo implica algo mais que uma decisão por parte da maioria e precisa envolver conciliação e consenso e democracia é algo que não pode ser adequadamente equa cionado com domínio da maioria Holden 1988 Spitz 1984 O significado básico de democracia acaba de ser enunciado mas existe também um signi ficado secundário que brota do caráter estreito da conexão entre as idéias de democracia e igualdade ver IGUALDADE E DESIGUALDADE Essa conexão existe porque além de qualquer outra coisa a idéia de o povo inteiro tomar uma decisão implica a noção resumida no slogan um homem um voto de cada indivíduo ter voz igual Sem isso haveria uma decisão ape nas de parte do povo em vez de todo ele Mas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar democracia 179 a conexão é tão estreita que a igualdade às vezes se torna crucial para o próprio sentido de demo cracia isso nos dá o significado secundário no qual democracia significa grosso modo uma sociedade na qual existe igualdade Esse sentido subsidiário também pode verse envol vido em concepções tais como democracia social e democracia econômica em que a idéia de um sistema caracterizado por igualdade social eou econômica é crucial para um senti do diferente de democracia econômica ver mais adiante O significado de democracia está razoa velmente claro mas esse fato tende a ser obs curecido devido à diversidade de sistemas que foram chamados de democracias De fato às vezes pode até parecer que o único aspecto comum dentro de tamanha diversidade é a ex pressão de aprovação Como a aprovação à democracia é hoje expressa de modo quase universal isso pelo menos fica claramente im plícito com o uso da palavra ainda que exata mente o que está sendo aprovado não seja assim tão claro Na verdade para alguns parece que democracia é meramente uma palavra de aclamação como hurra ou viva esva ziada de qualquer conteúdo descritivo nada significando além de viva esse sistema políti co Uma confusão desse tipo pode ser evitada porém estandose atento às distinções entre o significado admitido de democracia go verno do povo e julgamentos discordantes a respeito do que é necessário para que tal governo exista e daí quais sistemas políticos de fato a exemplificam Assim a discordância a respeito da aplicação da palavra democracia discordância quanto aonde existe um gover no do povo na verdade não implica que a palavra signifique meramente aprovação e que lhe falte um significado admitido Holden 1974 1988 Essa quase universalidade da aprovação é um aspecto destacado da democracia hoje O outro aspecto fundamental é que as democra cias modernas são indiretas ou representativas em vez de diretas São também hoje predomi nantemente democracias liberais Isso porém é uma evolução muito recente ver adiante antes da qual houve discordâncias importantes do tipo que acabamos de mencionar com res peito à aplicação de democracia a diferentes tipos de sistemas políticos Embora tão importante hoje do ponto de vista histórico a democracia foi relativamente pouco importante Durante muitos séculos ela simplesmente não existiu Tanto como idéia quanto como prática no decorrer da história documentada a hierarquia tem sido a regra a democracia a exceção Dahl 1989 p52 embora essa situação hoje talvez esteja sendo revertida Durante um período na Grécia clás sica a democracia foi importante em especial em Atenas nos séculos V e IV aC Depois disso porém foi só no final do século XVIII e no século XIX que a idéia voltou a se tornar im portante e só no século XX é que ela se viu devidamente firmada na prática E foi somente depois da Primeira Guerra Mundial que a desa provação geral da democracia foi substituída pela aprovação generalizada A democracia da Grécia antiga era uma de mocracia direta o povo governava de modo efetivo reunindose e tomando diretamente as decisões políticas básicas Held 1987 Sinclair 1988 Essa forma mais consumada de demo cracia nunca perdeu sua influência sobre o pen samento democrático na verdade até o final do século XVIII democracia só se referia a essa forma direta No entanto a pólis ou cidadees tado grega era muito menos que um estado moderno onde não é possível reunir o povo em Atenas havia de 30 mil a 40 mil cidadãos e o quorum para a Assembléia era de 6 mil O aumento no tamanho e na complexidade dos estados portanto significou que no mundo mo derno a democracia tem de ser indireta Nesse caso o povo só toma diretamente algumas pou cas decisões muito básicas em eleições e o resto é feito por seus representantes eleitos a democracia indireta é uma democracia repre sentativa Existem idéias divergentes a respeito da natureza e do papel dos representantes numa democracia Pitkin 1967 Holden 1988 No entanto a noção básica é que os representantes tomam decisões pelo povo que os elege ou em nome dele mas assim fazendo eles estão pelo menos em última análise subordinados às de cisões do próprio povo expressas nas eleições Votar em eleições é portanto o processo demo crático essencial e é necessário que pratica mente todos os adultos tenham direito de voto para que um sistema seja uma democracia ver também PARTICIPAÇÃO POLÍTICA A forma predominante de democracia nos dias de hoje é a democracia liberal Os defen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 180 democracia sores da democracia liberal acreditam que ela é o único tipo de democracia Mas pelo menos até bem recentemente se afirmava que havia for mas rivais ver adiante A palavra liberal aplicada a sistemas de governo costuma impli car uma preocupação com a proteção das liber dades individuais através da limitação do poder do governo ver LIBERALISMO A idéia típica é que o poder de um governo deveria ser limitado sujeitandose a regulamentação através de uma constituição ou carta de direitos Numa demo cracia liberal portanto o governo eleito expres sa a vontade do povo mas seu poder é não obstante limitado Daí existir em certa medida uma forma de democracia condicional na qual o poder do povo conforme expresso através de seu governo é limitado Por outro lado os defensores da democracia liberal afirmam que as liberdades liberais essenciais são necessárias para que se possa dizer que existe democracia Sem liberdade de expressão de associação e assim por diante o povo nas eleições não pode ria dispor das escolhas que lhe permitem tomar as decisões políticas básicas Em suma as eleições livres são encaradas como condição necessária para a democracia e a democracia liberal como sua única forma possível A noção de democracia liberal costuma estar ligada a idéias importantes a respeito dos outros tipos de estruturas e processos políticos neces sários para a limitação do poder governamental e a provisão de escolhas eleitorais Destaquese entre estes o conceito de um sistema multipar tidário e a idéia associada de partidos cuja fun ção é oporse ao governo Estes podem ser enca rados como os componentes da idéia geral de PLURALISMO Concentrase este no conceito de pluralidade de grupos políticos ver INTERESSE GRUPO DE bem como de partidos como impor tante tanto para fornecer fontes de poder alter nativo ao governo e limitadora deste quanto para criar escolhas para o eleitorado Até bem recentemente a democracia liberal era contestada por sistemas alternativos a res peito dos quais seus defensores diziam ter um direito superior a formas de democracia Estes eram os sistemas unipartidários do mundo co munista e de muitos países do Terceiro Mundo a variante comunista e a variante subdesen volvida de democracia nãoliberal Mac pherson 1966 No primeiro caso os sistemas eram chamados de democracias populares e em certa medida serviram de modelo para os do segundo A pretensão a serem democráticos repousava sobre a idéia de que o partido gover nante único expressava a real vontade do povo melhor do que este próprio poderia fazêlo Isso tinha semelhanças com a idéia de vontade geral formulada por JeanJacques Rousseau 171278 o famoso filósofo político francês No caso das democracias populares fazia parte também a noção leninista do partido comunista de vanguarda como capaz de discernir o real interesse de classe e daí inferindo a vontade real do proletariado ver LENINISMO Parte das alegações em favor das democracias popu lares era o argumento de que nas democracias liberais o poder do povo era corrompido pelas maquinações do capitalismo Depois da Segunda Guerra Mundial a demo cracia unipartidária representou um poderoso desafio à democracia liberal até os aconte cimentos dramáticos de 198990 Então a der rubada dos sistemas comunistas na Europa oriental implicou a rejeição geral da idéia de democracia unipartidária em favor da de demo cracia liberal e as democracias unipartidárias do Terceiro Mundo estão sendo afetadas também hoje são amplamente rejeitadas na teoria e com bastante freqüência na prática Isso se nota particularmente na África onde a democracia unipartidária foi amplamente adotada no perío do póscolonial É verdade que ainda existem alguns regimes unipartidários ao estilo antigo o caso mais notável é o da China e que ainda não está muito claro o que irá acontecer na exUnião Soviética No entanto está sim bastante claro que a teoria da democracia uni partidária sofreu um golpe mortal e que pe lo menos por enquanto a democracia liberal emergiu como a única forma reconhecível de democracia Desenvolveramse teorias de democracia li beral no final do século XVIII e no sécuo XIX embora elas fossem muito influenciadas pela filosofia política de John Locke 16321704 Essas teorias costumam ser reunidas num só bloco e chamadas de teoria democrática tra dicional embora existam na verdade algu mas diferenças importantes entre elas Pode mos usar um grupo fundamental dessas diferen ças para distinguir dois tipos principais de teoria tradicional a teoria democrática convencio nal e a teoria democrática radical No tipo de sistema apoiado pela primeira o povo de sempenha um papel passivo e se limita a esco Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar democracia 181 lher negativamente entre o que os candidatos têm a oferecer E os representantes uma vez eleitos têm um grande volume de arbítrio em bora a exigência de eleições subseqüentes sig nifique que eles se encontram subordinados em última análise aos eleitores Os teóricos demo cratas convencionais mais importantes foram James Madison 17511836 na América do Norte e John Stuart Mill 180673 na Grã Bretanha Em contraste no modelo de demo cracia da teoria radical o povo tem um papel positivo propulsor os candidatos respondem a iniciativas políticas do povo e não ao contrário Além disso não se espera dos representantes eleitos que usem o arbítrio mas apenas que executem as instruções de seus eleitores em suma eles não passam de delegados Entre os principais teóricos democráticos radicais contamse Tom Paine 17371809 e Thomas Jefferson 17431826 e os utilitaristas ingleses ver UTILITARISMO Jeremy Bentham 1748 1832 e James Mill 17731836 Rousseau também tem um lugar importante embora te nha sido o teórico da democracia continental e não da teoria democrática liberal da corrente predominante Holden 1988 Neste século se afirmou que a teoria tradi cional ou mais precisamente a radical deve ria ser superada por teorias mais realistas e modernas de democracia que reconhecessem a complexidade dos sistemas políticos modernos e a falta de conhecimento e de interesse dos eleitores A teoria democrática elitista incor porando aspectos da teoria das elites ver ELITES TEORIA DAS destacase nesse aspecto É impor tante ainda a teoria democrática pluralista Em algumas das obras do mais conhecido teó rico moderno Robert Dahl as duas se combi nam por exemplo Dahl 1956 1961 Os teó ricos democráticos elitistas porém viramse eles próprios sujeitos a crítica da parte dos teóricos participativos os quais afirmam que os primeiros não são em absoluto teóricos realmente democráticos e aquilo de que a de mocracia precisa para existir é uma ampla PAR TICIPAÇÃO por parte de todo o povo Pateman 1970 Há aqui bem nítidos ecos da teoria democrática radical mas existe a dimensão adi cional de uma crença na DEMOCRACIA INDUS TRIAL a participação de massa deveria ampliar se para além do sistema político como se con cebe habitualmente chegando ao local de tra balho e à economia de maneira geral Até mes mo Robert Dahl hoje defende essa democracia econômica 1985 Se pode ou não haver um fundamento racio nal para o julgamento hoje tão amplamente referendado de que a democracia é o melhor sistema de governo essa é uma questão contro vertida não obstante argumentos que muitos encaram como irrefutáveis vêm sendo tradicio nalmente apresentados em apoio a essa idéia Holden 1988 Dahl 1989 E hoje a democra cia está sendo mais amplamente constituída na prática bem como aprovada na teoria ainda existem muitos sistemas nãodemocráticos no mundo mas o recente ressurgimento da demo cracia parece ter tornado obsoleta a afirmação de Dahl de que ela é a exceção ao longo da história documentada Leitura sugerida Dahl RA 1989 Democracy and its Critics Gould CC 1988 Rethinking Democracy Holden B 1988 Understanding Liberal Democra cy Macpherson CB 1977 The Life and Times of Liberal Democracy Pennock JR 1979 Democratic Political Theory Sartori G 1987 The Theory of De mocracy Revisited BARRY HOLDEN democracia industrial Este conceito de signa a idéia e a prática da cooperação entre o capital e o trabalho para funcionarem em em preendimentos comuns A democracia indus trial visa superar a divisão social do trabalho isto é as diferenças hierárquicas no processo de produção Num sentido mais amplo tem de estar ligada ao processo geral de PARTICIPAÇÃO e democratização da sociedade Lauck 1926 A expressão também tem de estar associada a democracia econômica e às vezes tem senti do idêntico a esse Naphtali 1928 Carnoy e Shearer 1980 A idéia de democracia industrial remonta aos socialistas pioneiros ou utópicos do início do século XIX sendo o protagonista mais fa moso Robert Owen que fundou em 1800 uma comunidade industrial em New Lanark na Es cócia Owen 181216 É fruto das sociedades industriais que criaram a moderna divisão entre capital e trabalho assim como a classe dos assalariados Desde o início duas escolas de pensamento social tentaram superar os confli tos e infortúnios que acompanharam a infância dessa sociedade A primeira é dos pensadores e praticantes humanistas religiosos e filantrópi cos que tentaram integrar o proletariado à so Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 182 democracia industrial ciedade para evitar revoluções e insurreições As duas igrejas protestante e católica estimularam muitos debates e atividades Na Alemanha o padre católico Adolf Kolping criou na segunda metade do século XIX um amplo movimento social que resultou num do cumento de fundo social a encíclica Rerum Novarum do papa Leão XIII de 1891 A segun da escola está ligada ao movimento operário em suas diferentes expressões como SOCIALISMO SINDICALISMO e SINDICATOS Nesta a democracia industrial pode ser compreendida como parte de um processo que vai da alienação passando pela participação até a autodeterminação O MOVIMENTO COOPERATIVO é uma forma específi ca de democracia industrial na medida em que abrange cooperativas de produtores Em 1916 a Inglaterra introduziu o gerencia mento conjunto sob a forma dos conselhos de Whitley Certamente como em outros países a situação de guerra facilitou uma abertura demo crática no que vinham sendo até então estrutu ras decisórias predominantemente autoritárias quase militares na economia O gerenciamento conjunto também foi reintroduzido na econo mia norteamericana durante a Segunda Guerra Mundial Depois da Segunda Guerra Mundial a legis lação trabalhista baseada em conceitos de de mocracia industrial foi introduzida em muitos países A OCDE e a Organização Internacional do Trabalho também entraram em atividade A própria OIT pode ser encarada como o órgão internacional da democracia industrial Sob seus auspícios foram publicados inúmeros re latórios e bibliografias e seu Instituto Interna cional de Pesquisa Trabalhista realizou ele pró prio inúmeros estudos OIT 1981 Monat e Sarfate 1986 A democracia industrial pode ser como foi interpretada como um movi mento contra o gerenciamento científico que alienava as pessoas ainda mais do seu produto do que o capitalismo já havia feito antes Os tipos principais de democracia industrial podem ser diferenciados de várias maneiras OIT 1981 King e van de Vall 1978 mas as formas que se seguem podem ser apontadas como tendo se desenvolvido histórica e geogra ficamente Gerenciamento participativo é uma forma que se desenvolveu com o movimento de re lações humanas desde os anos 30 e a partir dessa ocasião foram introduzidas novas formas de organização do trabalho Ela em geral as sume a forma de democracia industrial mas continua a ser unilateral e limita a participação quase sempre ao nível do local de trabaho com a palavra final reservada à gerência Não obs tante pode ser encarada como uma resposta gerencial às crescentes demandas de mais de mocracia no local do trabalho por parte da força de trabalho portanto como promissora para o futuro da democracia Desenvolvimento orga nizacional sistemas sóciotécnicos Emery e Thorsrud 1969 e círculos de qualidade são alguns dos métodos usados Negociação coletiva é a forma mais difun dida de participação industrial Consiste em negociações regulares sobre salários condições de trabalho benefícios sociais e assim por diante que podem ocorrer no nível de escritório ou departamento empresa indústria ou até na cional Nos países anglosaxões essa é em geral a única forma de democracia industrial aceita e praticada No final do século passado Sidney e Beatrice Webb 1897 desenvolveram a estru tura geral dessa abordagem ver SOCIALISMO FABIANO Embora exista uma compreensão pluralista dos interesses econômicos divergen tes na base do modelo da negociação coletiva este tende a nunca questionar o sistema econô mico como tal e portanto não é revolucionário Derber 1970 Okamoto 1981 A presença de delegados sindicais como uma forma de democracia industrial desenvol vese na Inglaterra Essa é uma estrutura demo crática de origem popular em que o repre sentante eleito de um serviço negocia direta mente com a direção sobre diferentes questões da vida profissional Pode ser encarada como um complemento do sistema de negociação coletiva Coates e Topham 1975 Propriedade operária é uma forma que sempre teve certa importância O capitalismo popular tentou integrar os operários à compa nhia eou à economia através de projetos de participação acionária e participação nos lu cros Recentemente o chamado Employee Stock Holding Programme ESOP Progra ma de Participação Acionária dos Emprega dos nos Estados Unidos foi muito discutido e cientificamente estudado Mas em geral esses projetos de participação não incluem o direito de voto e ainda não mudaram fundamental mente as relações de trabalho International Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar democracia industrial 183 Handbook of Participation in Organizations vol1 1989 e vol2 1991 O socialismo gremial é uma forma que está ligada ao nome de GDH Cole o qual formu lou esse conceito da Primeira Guerra Mundial em diante Em Selfgovernment in Industry 1917 ele desenvolveu os princípios básicos que podem ser resumidos da seguinte maneira em primeiro lugar as constituições das agre miações têm de alcançar uma autêntica autono mia individual em segundo lugar devem com binar eficiência e liberdade O meio é a descen tralização ao ponto máximo isto é a democra cia industrial Ele abriu polêmica contra os coletivistas isto é os comunistas afir mando que a utopia destes era um mundo de cartéis públicos enquanto a utopia das agre miações era um mundo de uniões de produtores todos trabalhando pelo interesse comum As cooperativas de consumidores para ele nunca foram democráticas uma vez que a democracia direta era a única DEMOCRACIA autêntica Desen volveu um sistema que ainda garante a unidade em toda uma confederação de agremiações com um escritório central A codeterminação foi caracterizada como a forma alemã típica de democracia industrial É o resultado da conciliação histórica entre capi tal e trabalho em 1920 depois do fracasso da Revolução do Conselho de 191819 e se ba seia no CONSELHO DE TRABALHADORES que é geralmente controlado pelos sindicatos Mas existe uma divisão de tarefas ente o conselho fabril como é chamado na Alemanha e os sindicatos Os sindicatos são responsáveis por negociações coletivas enquanto os conselhos fabris são voltados para a companhia Desde 1951 têmse introduzido diferentes esquemas de participação no quadro diretor das compa nhias ou na nomeação do diretor de cada fábrica responsável pelas questões pessoais e sociais Bruegmann 1981 É na maior parte um sis tema de democracia industrial codificado legal mente e existem vários graus dependendo da indústria e do tamanho da empresa Estendeuse também ao setor público Para muitos o relati vo sucesso da economia alemã depois da Se gunda Guerra Mundial seu Wirtschaftswunder milagre econômico depende em grande parte do seu sistema de participação também chama do de Sozialpartnerschaft parceria social Es se conceito elaborado em 1928 por Fritz Naph tali foi visto como algo que poderia levar a um sistema geral de democracia econômica que incluiria um sistema de conselho para todas as indústrias até o nível nacional Embora esse aspecto tenha sido incorporado à Constituição de Weimar a partir de 1919 e no Programa Fundamental da Federação dos Sindicatos Ale mães DGB de 1949 ainda não foi aplicado Naphtali emigrou para a Palestina e lá realizou a maior parte de suas idéias na Histadrut Fe deração Sindical O controle operário foi algo muito discutido nos anos 60 e 70 na GrãBretanha e também no continente europeu Coates e Topham 1975 Mandel 1970 Nessa concepção a colabora ção com o capital em todas as formas de esque mas de participação tais como a codetermina ção foi radicalmente rejeitada como colabora ção com a economia capitalista A autogestão tem dois significados dife rentes no debate teórico e na prática ver AUTO GESTÃO Um deles está ligado à teoria e prática na Iugoslávia conforme foi formulado em opo sição ao stalinismo a partir de 1950 principal mente por Edvard Kardelj 1978 e é geral mente concebida como autogestão dos operá rios A pesquisa empírica demonstrou pelo menos até os anos 70 que o sistema iugosla vo dava aos operários a maior parte dos direi tos de gerenciamento não apenas de jure mas também de facto Adizes 1971 IDE 1981 King e van de Vall 1978 O outro sentido foi desenvolvido especialmente na França como autogestão geral Bourdet 1970 A introdu ção da democracia industrial na França é enca rada como secundária diante de uma transfor mação geral da sociedade onde todos os setores são autodeterminados As experiências polone sas e outras parecem ter demonstrado que ten tativas isoladas de democracia industrial plena não conseguem sobreviver É preciso que exista uma estrutura política geral em nível nacional ou até mesmo internacional Não há dúvida nenhuma de que a democra cia industrial tem sido uma das principais idéias e práticas sociais no século XX em pratica mente todos os países industrializados e esses projetos também foram introduzidos em muitos países do Terceiro Mundo Um relatório da OIT relaciona grande número deles Monat e Sar fate 1986 Com a perestroika os países so cialistas da Europa Oriental também começa ram a democratizar a economia depois de um longo período de gerenciamento centralizado e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 184 democracia industrial posterior estagnação O futuro da democracia industrial no início do século XXI parece estar em aberto Existe um amplo debate a respeito do final da sociedade industrial e o início da pósmodernidade O gerenciamento participa tivo temse difundido cada vez mais Slater e Bennis declararam em 1964 na Harvard Business Review que a democracia é inevitável e que aquilo que os socialistas afir maram durante mais de 100 anos ou seja que a democracia política deve ser complementada pela democracia econômica para a realização da democracia plena parece ter recebido apoio também das gerências Com a dissolução final do stalinismo os últimos defensores do taylo rismo foram expulsos também Novos concei tos de produção Kern e Schumann 1984 baseados numa conciliação histórica entre ge renciamento e trabalho parecem garantir pro dutividade e redução de custos A parceria so cial sob a liderança capitalista por um lado e o socialismo democrático de outro incorporam ambos a democracia industrial como a base social da economia Leitura sugerida Cole GDH 1917 1972 Selfgo vernment in Industry IDE Industrial Democracy in Europe International Research Group 1981 Industrial Democracy in Europe International Handbook of Participation in Organizations 198992 4 vols King Charles D e van de Vall Mark 1978 Models of Industrial Democracy Consultation CoDetermina tion and Workers Management Monat Jacques e Sar fate Hedva 1986 Workers Participation a Voice in Decisions 198185 Széll György 1988 Participa tion Workers Control and SelfManagement Ο org 1992 Concise Encyclopedia of Participation and Co Management Unesco 1984 Industrial democracy participation labour relations and motivation Interna tional Social Science Journal 36 196402 Webb Sid ney e Webb Beatrice 1897 Industrial Democracy Woodworth Warner Meek Charles e Whyte William F orgs 1985 Industrial Democracy Strategies for Community Revitalization GYÖRGY SZÉLL demografia Descrevendo o estudo das po pulações humanas essa palavra abrange um volume muito grande de trabalho mas em seu cerne existem três preocupações maiores 1 O tamanho e a composição das popu lações de acordo com diversos critérios idade sexo estado civil educação e assim por diante Em suma os perfis cruzados de uma população em um mo mento fixo no tempo 2 Os diferentes processos que influen ciam diretamente a composição das po pulações fertilidade mortalidade nup cialidade MIGRAÇÃO e assim por diante 3 A relação entre esses elementos es táticos e dinâmicos e o ambiente social econômico e cultural dentro do qual eles existem Embora não exista uma divisão rigorosa costumase estabelecer um contraste entre de mografia formal ou técnica por um lado e demografia social ou estudos populacionais por outro A primeira preocupase principal mente com a coleta e análise de dados enquanto a última implica um quadro mais amplo de referência valendose de trabalhos de campo relacionados Desde suas origens nos estudos atuariais a demografia tem sido impulsionada por toda uma variedade de motivações Grande parte da pesquisa realizada no início do século XX tinha elos estreitos com a eugenia ver EUGENIA CIÊN CIA DA com os estudiosos buscando descobrir as dimensões quantitativas da diferenciação so cial e racial No rastro da Segunda Guerra Mun dial e do abuso da pesquisa eugênica pelo na zismo a motivação caiu muito No entanto a ascensão da SOCIOBIOLOGIA nos anos 70 levou a uma retomada de interesse pelos estudos demo gráficos da biologia humana Durante os anos 30 a fertilidade em muitas sociedades desenvolvidas caiu a níveis sem precedentes Isso inspirou tanto desenvolvi mentos técnicoanalíticos tais como o cálculo das taxas brutas e líquidas de reprodução visan do quantificar de forma precisa a escala do de clínio da fertilidade quanto tentativas de com preensão mais ampla do fenômeno tais como a Real Comissão Britânica sobre População nos anos 40 Glass 1956 Mas os temores de des povoamento nos países ocidentais tornaramse obsoletos nos anos 50 quando a fertilidade cresceu substancialmente durante o chamado baby boom Dos anos 50 em diante a atenção dos demó grafos passou para a população do Terceiro Mundo onde o progresso acelerado na questão da mortalidade e uma fertilidade elevada persis tente produziram taxas extremamente altas de crescimento populacional A preocupação com o rápido crescimento da população e em parti cular o desejo de promover a redução da ferti Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar demografia 185 lidade nos países em desenvolvimento tem si do uma importante subcorrente da pesquisa demográfica na segunda metade do século A controvérsia tem reinado de maneira geral entre teorias rivais sobre a mudança social e demo gráfica com os teóricos disputando a atenção dos governos e dos organismos provedores de fundos Hodgson 1988 O baby boom não durou muito e no mundo desenvolvido a atenção novamente se concen trou na questão da baixa fertilidade em seguida a rápidas quedas nas taxas de nascimentos desde o final dos anos 60 A preocupação temse concentrado particularmente no fenômeno do envelhecimento da população à medida que as sociedades enfrentam o crescimento das popu lações idosas Tanto a demografia formal quanto a social têm desenvolvido várias idéias ou modelos de importância fundamental no decorrer do século XX Na demografia formal uma idéia crucial vem sendo a busca da análise em termos de grupos em vez de períodos A análise de grupos que considera a experiência dos indivíduos no decorrer do tempo tem muitas vantagens teóri cas sobre a análise de eventos ocorrendo num dado período Isso é particularmente válido on de os eventos em questão se encontram em grande parte sob controle individual como acontece com a fertilidade e a nupcialidade e onde a experiência passada desempenha um papel na determinação do comportamento cor rente Ryder 1968 Sem dúvida a principal contribuição da de mografia à ciência social quantitativa foi o qua dro estatístico das médias de vida life table uma descrição detalhada da mortalidade de uma população dando a probabilidade de morte e várias outras estatísticas a cada idade Esse quadro é um instrumento poderoso para a aná lise da mortalidade ou qualquer outro fenômeno sem possibilidades de recorrência Ele tem encon trado aplicações difundidas em muitas áreas das ciências sociais bem como nas ciências naturais e na estatística Shryock e Siegel 1976 As técnicas estatísticas empregadas pelos demógrafos são relativamente poucas em nú mero e em geral muito diretas embora com o advento dos computadores se tenha passado a utilizar métodos estatisticamente mais sofis ticados Para a maioria dos demógrafos o cerne da questão reside na análise da mortalidade da fertilidade e da nupcialidade com a migração sendo encarada como subdisciplina distinta Is so pode ser parcialmente atribuído a diferenças no material de pesquisa e consulta e parcial mente ao papel bem maior dos geógrafos em qualquer forma de análise espacial A demografia matemática tem sido uma subdivisão muito ativa da disciplina desenvol vendo vários modelos que combinam elegância formal com considerável utilidade prática Dentre estes o mais importante é a teoria das populações estáveis Formulada pela primeira vez no século XVIII por Leonard Euler a teoria da população estável foi reinventada e popula rizada pelo demógrafo norteamericano Alfred Lotka 1939 Essa teoria permite que se calcule a estrutura etária da população em consonância com qualquer dada combinação de mortalidade e fertilidade um aspecto inestimável para a compreensão da dinâmica de uma população Por exemplo vem sendo possível demonstrar que o envelhecimento demográfico é resultado prin cipalmente de baixa fertilidade mais que da maior sobrevivência individual Coale 1972 O conceito mais influente em demografia social é o de transição demográfica Conforme as palavras de Demeny 1972 em sociedades tradicionais a mortalidade e a fertilidade são elevadas Em sociedades modernas a fertili dade e a mortalidade são baixas No meio destas se encontra a transição demográfica A teoria da transição demográfica foi desenvolvida pela primeira vez por demógrafos norteamericanos nos anos em torno da Segunda Guerra Mundial e era uma forma das teorias de modernização mais gerais então correntes Notestein 1945 Davis 1945 De maneira geral a teoria pode ser divida em três partes 1 uma descrição de mudanças na fertili dade e na mortalidade no decorrer do tempo 2 a construção de modelos teóricos causais explicando essas mudanças 3 previsões de tendências futuras espe cialmente no Terceiro Mundo A atenção temse concentrado especialmen te nos fatores responsáveis pelo declínio da fertilidade com diferentes teóricos defendendo diferentes mecanismos causais Os primeiros trabalhos enfatizavam a urbanização e a indus trialização como motivos básicos mas isso pas sou a ser questionado em seguida à descoberta de que mudanças nesses fatores não tinham Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 186 demografia correlação estreita com a mudança na fertili dade em populações européias históricas Além do mais muitos países asiáticos e latinoameri canos haviam passado por significativas quedas de fertilidade com um desenvolvimento sócio econômico concorrente apenas limitado Freedman 1982 Como resultado o trabalho recente tem tendido a enfatizar os fatores cultu rais como desempenhando um papel social Cleland e Wilson 1987 Muitas outras áreas do pensamento social foram influenciadas por idéias demográficas A pesquisa da FAMÍLIA teve de levar em conta as restrições demográficas dentro das quais ocor rem todos os relacionamentos de família e pa rentesco enquanto análises do casamento e do divórcio buscam apoio na demografia para suas bases quantitativas A demografia histórica tem tido muita influência no desenvolvimento da história social e econômica e a utilização de métodos demográficos na ANTROPOLOGIA tem crescido rapidamente nos anos recentes Leitura sugerida Pressat R 1985 The Dictionary of Demography org por C Wilson Ross JA org 1982 International Encyclopedia of Population Woods R 1979 Population Analysis in Geography CHRISTOPHER WILSON dependência A teoria da dependência é uma matriz intelectual neomarxista que surgiu na ciência social latinoamericana em finais dos anos 60 Segundo Theotonio dos Santos 1970 uma relação de interdependência tornase uma relação dependente quando alguns países são capazes de se expandir através do autoim pulso enquanto outros só podem expandir se como reflexo da expansão dos países domi nantes Embora a palavra possa ser encontrada em textos marxistas anteriores a Lenin como em Otto Bauer foi Lenin quem lhe deu des taque especialmente depois de seu panfleto de 1916 sobre o imperialismo como o último estágio do capitalismo Na verdade a teoria da dependência é basicamente uma retomada do conceito leninista de imperialismo transferin do o foco para os seus efeitos aos quais Lenin deu muito pouca atenção sobre as economias subdesenvolvidas Kwane Nkrumah o líder ga nense ecoou Lenin conscientemente quando disse que o neocolonialismo é o último estágio do capitalismo A idéia de dependência nasceu como reação às interpretações dualistas do atraso latino americano Tendo origem na teoria da MODERNI ZAÇÃO o dualismo costumava distinguir entre um setor moderno e progressista da economia e da sociedade e divisões ou regiões estagnadas e tradicionais que eram rotuladas de précapi talistas Os teóricos da dependência em con traste viam DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOL VIMENTO como posições funcionais dentro da economia mundial em vez de estágios ao longo de uma escala de evolução Anteriormente o pensamento econômico latinoamericano era dominado por uma perspectiva identificada com a CEPAL Comissão Econômica das Na ções Unidas para a América Latina Seu men tor o economista argentino Raul Prebisch acre ditava que o subdesenvolvimento da América Latina refletia sua posição periférica na econo mia mundial e resultava da adoção de políticas de livre comércio enquanto as exportações de bens da região sofriam um declínio secular em seus preços Os produtores primários do Tercei ro Mundo ao contrário dos produtores de grãos em áreas de colonização branca no século XIX não estavam a longo prazo colhendo grandes lucros do livre comércio A teoria da depen dência concordava com o diagnóstico de Pre bisch mas rejeitava sua receita keynesiana uma industrialização de substituição de impor tações ISI protecionista fomentada pelo es tado que se tornou a ideologia desenvolvimen tista predominante Os primeiros trabalhos de um economista da CEPAL o brasileiro Celso Furtado 1964 serviram de transição concei tual a partir de Prebisch ao enfatizar que nos países subdesenvolvidos o tamanho reduzido do mercado doméstico restringe a formação de capital e ao perceber o estado como um meio de combater engarrafamentos estruturais Um golpe severo nas crenças dualistas e no refor mismo nacionalista foi desferido quando um sociólogo mexicano Rodolfo Stavenhagen de nunciou as várias teses equivocadas sobre a América Latina 1968 atacou a idéia do pingapinga de que a industrialização difun de um progresso geral afirmando que ao con trário se algum progresso existia este ocorrera à custa das áreas atrasadas e negou a que as burguesias nacionais fossem inimigas dos se nhores de terras b que os operários tivessem interesses comuns com os camponeses e c que as classes médias fossem empreendedoras e progressistas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar dependência 187 A teoria da dependência também transfor mou os pontos de vista latinoamericanos sobre o imperialismo Até o período entreguerras co mo no pensamento de Haya de la Torre a po sição antiimperialista predominante ao sul dos Estados Unidos atribuía o subdesenvolvimento à exploração estrangeira mas não ao capitalis mo como tal A teoria da dependência porém preferiu seguir a importante reversão feita por Lenin da concepção marxista do capitalismo Enquanto Marx o encarava como uma ten dência histórica fundamentalmente progressis ta ainda que condenada Lenin passou a enca rar o capitalismo em seu estágio imperialista como um processo decadente parasitário que se havia tornado um obstáculo ao progresso econômico e social Esse ponto de vista foi ado tado também por teóricos linhadura da de pendência como André Gunder Frank 1969 Theotonio dos Santos Rui M Marini e Samir Amin 1970 Uma abordagem mais soft ao estilo de Gramsci foi logo desenvolvida por um sociólogo de São Paulo Fernando Henrique Cardoso com uma linha estruturalista mais mo derada reformista liderada por Furtado e o economista chileno Osvaldo Sunkel Gunder Frank iniciou a escola da depen dência propriamente dita em 1967 assumindo a tese de Paul Baran em A economia política do desenvolvimento 1957 de que a exploração do Terceiro Mundo não só continuou firme depois do fim do domínio colonial como se tornou bem mais eficiente sendo o subdesenvolvimento o resultado da tomada econômica de áreas atrasa das por um capitalismo metropolitano avança do Frank cunhou uma frase capciosa para esse processo O desenvolvimento do subdesen volvimento Para ele desenvolvimento e sub desenvolvimento não são apenas relativos e quantitativos mas relacionais e qualitativos porque estruturalmente diferentes os mes mos mecanismos capitalistas geram tanto o de senvolvimento no centro quanto o subdesen volvimento na periferia Áreas feudais no jargão dualista são apenas as que mais sofreram nesse processo Assim as partes mais arcai cas da América Latina como as terras altas do Peru ou o Nordeste brasileiro tinham sido an teriormente os centros da dinâmica econômica e comercial da região A análise de Frank foi rapidamente contes tada E Laclau 1977 criticouo por definir modos de produção tal como Paul Sweezy e os dualistas em termos de sua relação com o mer cado em vez de se ater à ênfase marxista clás sica na estrutura de classes e nas relações so ciais O mesmo argumento foi mais tarde apre sentado por Robert Brenner 1977 em sua crí tica a Immanuel Wallerstein um historiador neomarxista do capitalismo que fundiu habil mente a perspectiva de Frank com a explicação de teor geográfico dada por Fernand Braudel para a economia mundial moldada pelo ca pital moderno inicial ver Wallerstein 1974 Frank e Wallerstein tornaramse as fontes mais conhecidas da teorização da dependência ver também SISTEMAMUNDO A teoria da dependência na ciência política ver ODonnell 1973 tentou relacionar a as censão do autoritarismo à exaustão da ISI En quanto a primeira ISI se concentrava na indús tria leve de trabalho intensivo com baixo nível de tecnologia e custos de investimentos e uma produção visando consumidores de baixa ren da a ISI posterior produz bens de capital ou bens de consumo duráveis e caros que exi gem alta tecnologia e investimentos custosos Conseqüentemente o crescimento do consumo passa a estar engrenado com as classes médias superiores e a repressão política é convocada para impedir as classes inferiores de impor um padrão mais distributivo através do voto A dependência entrou em cena por meios das companhias multinacionais as maiores forne cedoras de capital e tecnologia na ISI posterior A obra de Cardoso e Enzo Faletto 1969 foi principalmente uma tipologia germinal das bur guesias classificadas segundo seu grau de auto nomia visàvis a economia de exportação e as multinacionais em vários contextos nacionais Cardoso fez restrições severas às doutrinas ori ginais de Frank enfatizando a dialética entre forças de mercado estruturas de classe e tra dições políticas nacionais Mas o resultado final de sua reformulação penetrante da teoria da dependência foi confundirlhe os contornos co mo hipótese causal o que se ganhou no sentido de contexto foi perdido em poder explanatório cf Jaguaribe 1973 A grande pergunta sem resposta da teoria da dependência é como é possível que alguns países dependentes possam ser tão afluentes A economia canadense é tão dependente do comércio com os Estados Unidos quanto a do México e muito mais impregnada do que este pelo capital norteamericano e no entanto o Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 188 dependência Canadá é um país desenvolvido e o México um país em penoso desenvolvimento É claro que o atoleiro da dívida externa lançou muitas nações em desenvolvimento nas garras de uma aguda dependência financeira Não obstante enquan to a causa imediata da dívida foram as taxas de juros estratosféricas da era Reagan nos Estados Unidos sua causa mais profunda foram os em préstimos maciços e livres ditados pela decisão de manter economias em desenvolvimento co mo as do Brasil e do México o mais autárquicas possíveis uma vez que a saída alternativa de atrair mais investimentos estrangeiros poderia ter mantido suas dívidas externas num nível significativamente mais baixo Em certa medi da portanto o atual problema da dívida longe de refletir uma situação original de dependên cia pode ser considerado como a nêmese da vocação autárquica Leitura sugerida Amin Samir 1970 Laccumulation à léchelle mondiale Cardoso Fernando Henrique e Faletto Enzo 1969 Dependência e desenvolvimento na América Latina Frank André Gunder 1969 1971 Capitalism and Underdevelopment in Latin America Historical Studies of Chile and Brazil Furtado Celso 1964 Dialética do desenvolvimento Larrain Jorge 1989 Theories of Development Santos Theotonio dos 1970 The structure of dependence American Economic Review 60 maio JOSÉ GUILHERME MERQUIOR depressão clínica Um diagnóstico desse es tado clínico envolve mais que um estado de espírito deprimido por mais persistente e grave que este seja é preciso que esteja presente um certo número de sintomas característicos tais como perda de interesse sentimentos de culpa perturbações do sono e do apetite planos suici das lentidão de movimentos e incapacidade de sentir prazer Mas a depressão não é um fenô meno unitário A depressão maníaca ou estado bipolar por exemplo pode ser distinguida por implicação genética recorrência clínica em geral implicando episódios maníacos e reações a tratamentos específicos No entanto outras divisões diagnósticas mostraramse mais difí ceis de fazer e palavras como reativa e neu rótica em contraste com endógena ou psi cótica podem confundir se tomadas literal mente Está claro hoje por exemplo que es tados endógenos definidos pelo que se acre dita serem sintomas característicos e que alguns crêem surgir espontaneamente dentro do in divíduo podem na verdade ser provocados por crises tais como um aborto ou separação conjugal As explicações biológicas recentemente têm tido destaque em especial variações sobre formulações com respeito a deficiências nas aminas neurotransmissoras do cérebro Tam bém ficou claro que situações psicossociais ten sionantes particularmente com respeito a per das e decepções parecem estar freqüentemente envolvidas na provocação de todas as formas de depressão deixando de lado o relativamente raro estado bipolar e que fatores como o apoio psicossocial oferecem certa proteção Com ba se nos indícios atuais se tomarmos o âmbito amplo dos estados depressivos incluindo os que não chegam a ser examinados por um psi quiatra nem diagnosticados por um clínico ge ral os fatores psicossociais provavelmente de sempenham um papel muito importante no co meço e no decorrer desses estados e ajudam muito a explicar as grandes diferenças de classe social geralmente presentes nos cenários ur banos Mais ainda certos tipos de experiên cias adversas prematuras particularmente im plicando rejeição e abuso por parte de um dos pais também podem levar a um risco mais elevado de depressão na vida adulta Feliz mente nada existe de inevitável nesses efeitos de vez que uma experiência positiva pos terior particularmente em termos de um casa mento incentivador ou de uma nova oportuni dade pode reduzir enormemente os riscos Os psiquiatras atendem relativamente pou cos dos membros da população geral que viven ciam um episódio depressivo e a tarefa de se ajustar intelectualmente àquilo que examinam é complicada de várias maneiras Boa parte da disfunção indubitavelmente biológica que se torna presente uma vez que a pessoa está depri mida poderia ser conseqüência de eventos ex ternos embora possa haver pouca dúvida de que alguma depressão tem origem essencial mente biológica O mais comum é os psiquia tras atenderem pacientes que se encontram em estado de depressão particularmente profundo o que é bastante compreensível Além disso os pacientes em geral têm mais do que uma depres são pura e simples Os que apresentam um comportamento teatral como gestos suici das têm mais probabilidades de serem levados a psiquiatras bem como os que apresentam alcoolismo abuso de substâncias químicas e doenças físicas da mesma forma que os casos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar depressão clínica 189 em que o paciente ajudou a provocar a crise imediatamente responsável por sua depressão De fato com o uso crescente de drogas antide pressivas na medicina geral os psiquiatras po dem muito bem atender relativamente poucas depressões comuns Dada a natureza seletiva da depressão atendida por psiquiatras é com preensível um certo ceticismo por parte destes em reação a simples explicações etiológicas Ao mesmo tempo cabe a eles reconhecer a pos sibilidade de que o fenômeno depressivo como um todo pode não se mostrar tão complexo em suas origens quanto pareceria a partir da pers pectiva da prática psiquiátrica Ver também PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL Leitura sugerida Goldberg D e Huxley P 1992 Common Mental Disorders a Biosocial Model Herbst K e Paykel E 1989 Depression an Integra tive Approach GEORGE W BROWN depressão econômica Há muito tempo se admite que as flutuações na atividade econômi ca das economias capitalistas são de caráter cíclico mas as explicações apresentadas para os ciclos econômicos contrariamente a sua des crição continuam a ser áreas de grande con trovérsia A expressão depressão econômica é correspondentemente imprecisa referindose em geral ao ponto mais baixo dos ciclos que por algum motivo são de âmbito mais grave e internacional ao contrário das recessões econômicas que são mais localizadas menos graves e de duração mais curta Outra utilização comum distingue a recessão na qual a taxa de crescimento cai a um nível mais baixo do que a tendência normal mas permanece positivo da depressão em que a taxa de crescimento cai abaixo de zero provocando uma queda na pro dução real Os ciclos econômicos nas economias capi talistas são todos qualitativamente semelhan tes mas quantitativamente diferentes O pri meiro aspecto inicia a possibilidade de uma teoria geral sem restrição alguma a tempo ou lugar em particular e sem necessidade alguma de se apoiar em características políticas ou ins titucionais particulares o segundo aspecto in dica que qualquer teoria precisa estar capacita da a levar em conta eventos históricos exclusi vos Dividemse as explicações sobre o que enfatizar se as depressões econômicas deve riam ser incorporadas a uma teoria do ciclo de longo prazo ou se são o resultado contingente de acontecimentos únicos e aleatórios Divi demse também quanto à ênfase atribuída às causas reais versus as causas monetárias da depressão Em uma investigação empírica feita nos anos 20 ND Kondratiev sugeriu a possibili dade de ciclos longos de aproximadamente 50 anos de duração nos quais ele situava as depres sões de cerca de 1815 a 1850 e da década de 1870 à de 1890 Ao mesmo tempo em que chamava a atenção para a qualidade deficiente dos dados anteriores a 1850 e para o pequeno número de ciclos sugeria com cautela uma ex plicação endógena em termos da provisão de capital fixo de custo muito elevado e de longa duração cujas substituição e expansão se fa ziam de forma acumulada e descontínua Suas sugestões foram incorporadas à explicação ela borada por JA Schumpeter no final dos anos 30 mas a causalidade de Schumpeter seguia no sentido oposto ênfase no papel da inovação tecnológica exógena que ele supunha ocorrer em acúmulos determinados pelas avaliações empresariais de risco e retorno Os acúmulos de inovação fazem subir o investimento o que acelera o crescimento e as depressões ocorrem quando o crescimento se desacelera pela falta de investimento em função da exaustão de um surto de inovação Entre os exemplos de inves timento devido a surtos de inovação em épocas variadas incluemse o estabelecimento das in dústrias ferroviária do aço e da eletricidade Com o longo surto de desenvolvimento do pós guerra a teoria do ciclo saiu de moda mas a idéia de ciclos longos ressurgiu durante a reces são internacional que teve início no princípio dos anos 70 Houve também quem destacasse uma nova onda de inovação na microeletrônica a qual previase lançaria as bases para um surto de investimentos e uma nova subida no ciclo longo por volta do final do século XX embora as implicações da tecnologia microeletrônica no que se refere a emprego continuem a ser controvertidas Muitos negam porém que os ciclos longos sequer existam As provas empíricas são na melhor das hipóteses apenas indicativas e as ligações causais nas explicações teóricas são especificadas de forma bastante frouxa À luz de tamanha imprecisão as depressões econô micas são para alguns não parte de um padrão endógeno de desenvolvimento capitalista mas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 190 depressão econômica meramente o resultado de acontecimentos ca suais Uma posição extrema é o peso atribuído pelos economistas norteamericanos Milton Friedman e A Schwartz à morte fortuita de Benjamin Strong do Federal Reserve Bank de Nova York em 1928 a cuja ausência talvez se pudessem atribuir os erros do Fed em política de investimentos entre 1929 e 1933 Existe também a questão de se a palavra depressão tem algum sentido Por exemplo o período 19337 nos Estados Unidos marcou a mais longa expansão em tempos de paz registrada até os anos 60 os ganhos dos trabalhadores cresce ram sem interrupção pelo qual era difícil falar em depressão mas o desemprego esteve sem pre acima de 14 pelo qual por isso era difícil falar de surto História semelhante poderia ser narrada a respeito do Reino Unido nos anos 80 É difícil para teorias que se fundamentam numa noção de equilíbrio econômico assimilar flutuações econômicas a não ser encarando essas flutuações como parte do próprio proces so de equilíbrio Ver ECONOMIA NEOCLÁSSICA Por outro lado existem variedades na teoria marxista todas as quais enfatizam o caráter endógeno e funcional dos ciclos para o desen volvimento capitalista Ver por exemplo RE GULAÇÃO Para ambas permanece o desafio explicar teoricamente como a queda de um ciclo leva às vezes a uma depressão econômica mas somente às vezes Ver também CICLOS DE LONGO PRAZO CICLO ECONÔMICO CRESCIMENTO Leitura sugerida Bernstein MA 1987 The Great Depression Delayed Recovery and Economic Change in America 19291939 Brunner K org 1981 The Great Depression Revisited Day RD 1976 The theory of long waves Kondratiev Trotsky Mandel New Left Review 99 6782 Fearon P 1987 War Prosperity and Depression the US Economy 191745 Mandel E 1980 Long Waves of Capitalist Develop ment the Marxist Interpretation Rosenberg N e Frischtak CR 1984 Technological innovation and long waves Cambridge Journal of Economics 8 724 SIMON MOHUM desacordo Ver DISSENSO desconstrução Este tornouse o termo de uso mais corrente para descrever o trabalho do filósofo francês Jacques Derrida nascido em 1930 e dos que se descrevem ou são encara dos como seus seguidores apesar das reservas do próprio Derrida a respeito dessa palavra enquanto desconstrucionismo é usado exclu sivamente por críticos desse trabalho Na ver dade não existe nenhuma escola ou institui ção unificada de pensamento derridiano embo ra este tenha inspirado um grande volume de obras especialmente na teoria literária e na filosofia A desconstrução ainda é uma área de pensamento em violenta disputa e Derrida se viu envolvido em inúmeras polêmicas espe cialmente com Michel Foucault HansGeorg Gadamer Jürgen Habermas Jacques Lacan e John Searle Podese demonstrar que grande parte do material crítico escrito a respeito de Derrida se apóia em uma compreensão inadequada Mas sua obra é suficientemente difícil para inspirar diferenças de interpretação muito básicas até mesmo entre supostos especialistas Está em moda e é muito conveniente apontar que exis tem duas recepções opostas a Derrida sejam estas favoráveis ou críticas uma como essen cialmente um filósofo que pode de modo ape nas incidental ter algumas coisas a dizer a respeito de estudos literários Jonathan Culler Rodolphe Gasché Christopher Norris e a ou tra como quase um antifilósofo atacando a filosofia a partir do ponto de vista de algo semelhante à literatura Habermas Geoffrey Hartman Richard Rorty Esse tipo de caracte rização pode ser exposto como fundamental mente equivocado Bennington no mínimo porque se apóia numa representação binária ver adiante em um contexto em que o binaris mo é possivelmente o objeto básico de suspeita Derrida toma como seu objeto nada menos que a totalidade daquilo a que ele se refere como no rastro de Heidegger metafísica ou ontoteologia ocidental Sua afirmação ainda seguindo Heidegger é de que essa tradição pelo menos desde Platão tentou determinar o ser como presença mas que tal determinação é dogmática apoiandose em uma decisão éti coteórica e não em alguma demonstração teórica e sempre pode ser exposta como falha em toda uma variedade de maneiras No ponto de vista de Derrida o pensamento ocidental tem avançado habitualmente num sentido de oposi ção propondo pares binários de conceitos dos quais alguns dos mais difundidos e gerais talvez sejam dentrofora bommau puroimpuro pre sençaausência Ao mesmo tempo em que apresenta esses pares como neutros e descriti vos o pensamento ocidental está na verdade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar desconstrução 191 determinando um desses termos como primário ou privilegiado e o outro como secundário derivado inferior ou parasitário com respeito ao primeiro Os primeiros trabalhos de Derrida tentam demonstrar isso de forma improvável seguindo a orientação fornecida pela compre ensão tradicional da relação entre fala e escrita em Husserl Platão Rousseau Saussure Hegel entre outros Derrida demonstra num primeiro momento de exegese como a fala é tradicional mente valorizada em relação à escrita fazendo reverter para si mesma todos os valores de presença enquanto a escrita é desqualificada como corporificando exterioridade materiali dade morte e ausência Em um segundo mo mento Derrida afirma que mesmo em seus próprios termos os autores em questão não conseguem deixar de expor apesar de seus argumentos mais patentes que os predicados habitualmente usados na descrição da escrita são na verdade predicados essenciais da lin guagem em geral e portanto também da fala Os filósofos parecem querer demonstrar que a fala é básica e a escrita derivativa terminam demons trando contra sua própria vontade que a fala é ela própria na verdade uma espécie de escrita O cerne da argumentação é o seguinte a escrita é tradicionalmente representada como implicando o funcionamento repetível de um signo na ausência da minha intenção animadora por exemplo depois de minha morte mas sem a possibilidade a possibilidade essencial da repetição descontextualizada se necessário depois de minha morte mesmo das coisas que eu falo e que tenho a plena intenção de dizer a linguagem não funcionaria em absoluto A pos sibilidade da repetição como o mesmo mas repetido e nessa medida não idêntico é defi nidora da linguagem como um todo e não pode ser confinada à escrita A desconstrução da oposição clássica aqui falaescrita implica a retenção polêmica do termo previamente des valorizado aqui escrita para nomear uma es trutura mais geral que inclui o termo previa mente valorizado aqui fala Esse termo es crita sofreu um deslocamento ou reinscri ção nesse processo e rompeu a oposição bi nária em que era tradicionalmente definido Esse deslocamento imediatamente desqualifica todo um âmbito de reações textualistas a Derrida sejam elas de apoio ou de crítica as quais assumem que o termo conserva o seu sentido antigo Além disso o conceito desloca do de escrita assim elaborado funciona ao mesmo tempo como a condição da possibili dade da LINGUAGEM e como a condição de im possibilidade de ela jamais alcançar seu tradi cional telos de autoobliteração no interesse do pensamento Esse exemplo de desconstrução indica imediatamente inúmeras e importantes conse qüências metodológicas 1 textos até mesmos os textos filosóficos não são simples e unificados mas habitual mente implicam ao lado do conteúdo ou doutrina mais obviamente proposto recur sos mais ou menos óbvios que funcionam contra esse conteúdo ou doutrina 2 o funcionamento desses recursos pode ser demonstrado independentemente de qualquer alegação quanto ao que o autor pretendia 3 a desconstrução não é essencialmente uma atividade crítica posta em ação pelo leitor a partir de uma posição de fora do texto mas em certo sentido já está no texto 4 na medida em que os textos fogem ao controle de qualquer leitura internamen te proposta item 1 acima então eles tampouco se desconstroem simples mente isso mais uma vez desqualifica todo um âmbito de reações a Derrida tanto elogiosas quanto críticas A des construção ocorre em algum ponto en tre digamos Derrida e Platão mas não pode ser localizada dentro dos esquemas históricos de nenhuma história da filoso fia ou das idéias Essas conseqüências talvez fossem de im portância apenas limitada afetando por exem plo o historiador ou leitor de filosofia mas não o que faz filosofia não fosse por uma nova afirmativa extraída dessa descrição sobre como a linguagem em geral pode funcionar A des construção tende a demonstrar como é incoe rente qualquer tentativa de definir conceitos ou significados como autosuficientes e como de saba qualquer tentativa de determinar as conse qüentes relações entre conceitos como opositi vas ou por extensão dialéticas Uma das afirmações mais significativas da desconstru ção é que as explicações binárias e dialéticas ainda funcionam no sentido de uma unidade indiferenciada a presença da metafísica para Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 192 desconstrução sermos precisos Numa interpretação descons trutiva esse relação deve ser concebida como diferencial mas não opositiva ou como impli cando uma diferença que contrariamente a He gel não precisa tornarse oposição ver DIALÉ TICA Significados ou efeitos disso pois Der rida acredita tão pouco em significados quan to Quine ou Wittgenstein resultam da rede multiplamente diferencial em que os termos são definidos unicamente por suas interrelações Essa rede é intrinsecamente histórica na medi da em que os termos só estão presentes atra vés de sua repetibilidade como o mesmo mas não idêntico e portanto é inerentemente tradi cionalista Os únicos meios para o pensamento são herdados com essa rede e é ingenuidade esperar que alguém seja capaz de pensar sem recorrer a ela No campo da conceitualidade filosófica essa historicidade da rede implica que qualquer uso de um conceito filosófico e na verdade de qualquer conceito envolve uma leitura pelo menos implícita da tradição que assim não pode ser ignorada Essa dívida ambivalente e inevitável para com a tradição é também o motivo pelo qual Derrida conserva o nome do antigo conceito aqui escrita em vez de tentar simplesmente introduzir um nome novo para aquilo que ele está tentando pensar Em outros pontos a lógica desse argumento traduzse nos hábitos de Der rida de tomar emprestados os operadores lógi cos de seus argumentos dos textos sob discus são negando assim a possibilidade de qualquer demarcação clara de objetolinguagem e meta linguagem Essa recusa da tradicional fantasia filosófica de se obter um ponto de observação fora do ponto do campo da investigação no entanto não obriga Derrida a uma posição de pura imanência certos termos pharmakon su plemento parergon e até mesmo o notório neo logismo différance tentativa de dar nome ao tornarse diferente da rede diferencial ver ESTRUTURALISMO através de uma modifica ção jocosa da noçãochave de diferença ga nham um valor sempre limitado nos textos den tro dos quais não obstante permanecem embu tidos esse status quase transcendental tal como formalizado especialmente por Rodolphe Gasché implica um estágio intermediário entre o imanente e o transcendente que talvez capte melhor a posição desconstrutiva Uma das conseqüências dessa situação que já não é mais filosófica no sentido tradicional da palavra é que nada existe fora da rede assim radicalmente histórica de diferenças interrela cionadas multiestratificadas ou no que se tor nou uma formulação notória que nada existe fora do texto Différance significa que as dife renças nunca são absolutas uma leitura errônea comum de Derrida implica a assimilação de sua différance à diferença absoluta de Hegel na tentativa de mostrar como ela deve reverter a identidade absoluta e nem o são portanto as identidades Essa situação radicalmente não teleológica é uma ofensiva ao racionalismo ver RACIONALIDADE E RAZÃO mas não signi fica que a desconstrução seja por isso ir racionalista ou niilista as razões precisam ser apresentadas e Derrida escreve muita coisa que pode ser reconhecida dentro das normas da argumentação filosófica pace Habermas mas seu valor nunca é estabelecido A desconstrução não diz que tudo é de valor igual mas que estabelecer valores como iguais ou desiguais permanece sendo sempre uma questão ela não diz que existe um número infinito de interpre tações ou significados mas sim que não existe uma interpretação ou um significado ver HER MENÊUTICA Ao contrário do pensamento biná rio a desconstrução assim abrese para uma multiplicidade ou disseminação radical que permanecerá sendo sempre desorganizada ou caótica Essa multiplicidade implica que a desconstrução tenta conceder aos eventos uma singularidade que lhes é negada na filosofia metafísica Devido a essa multiplicidade os eventos em sua singularidade são indecidíveis nunca absolutamente classificáveis ao modo binário clássico e portanto segundo Derrida exigem decisões infundadas que são da ordem do que se encara tradicionalmente como políti ca Mas se a filosofia política tradicional tenta domesticar essa dimensão indecidível a desconstrução a afirma e nessa medida não pode ser anexada a programas ou teorias políti cas reconhecíveis A indecidibilidade torna possível a tomada responsável de decisões sem ela a ética e a política seriam reduzidas a administração e burocracia mas torna impos sível sua fundamentação teórica ou doutrinária segura Nessa medida ela é ao mesmo tempo o recurso e o desespero da política em geral Leitura sugerida Bennington Geoffrey e Derrida Jacques 1991 Jacques Derrida Culler J 1982 On Deconstruction Theory and Criticism after Structura lism Derrida Jacques 1967 De la grammatologie Ο Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar desconstrução 193 1967 Lécriture et la différence Ο 1972 Positions Gasché Rodolphe 1986 The Tain of the Mirror De construction and the Philosophy of Reflection GEOFFREY BENNINGTON desemprego Desemprego indica a existên cia dentro de uma sociedade área geográfica ou grupo social de quantidades significativas de adultos buscando trabalho remunerado as sim como a permanência dessa situação Vem sendo uma característica crônica das socieda des modernas que se baseiam no emprego re munerado Com exceção do período de 30 anos que se seguiu à Segunda Guerra Mundial essas sociedades normalmente não têm fornecido su ficiente trabalho remunerado para a população adulta O desemprego tem sido a causa de fre qüentes conflitos sociais e políticos bem como de considerável inquietação social e psicológi ca A controvérsia social e política a respeito das causas e efeitos do desemprego e dos remédios contra ele foi especialmente intensa nos anos 20 e 30 bem como nas décadas de 70 e 80 ambos períodos de alto desemprego No decor rer das últimas décadas a atenção temse trans ferido para considerações sobre todo o futuro do trabalho remunerado O desemprego não era problema nas socie dades baseadas na caça e na coleta nem era admitido como problema em regimes do tipo soviético onde sua existência não era oficial mente reconhecida Em sociedades tribais o desempenho das atividades de subsistência re queria relativamente pouco tempo não propor cionava status ou remuneração especial e não era encarado como uma esfera isolada da vida Estados do tipo soviético também não reco nheciam uma área distinta da sociedade civil uma economia em que os trabalhadores são empregados distintamente do estado Daí não reconhecerem a existência de desemprego em bora várias formas de desemprego oculto ver adiante fossem muito difundidas Somente com o surgimento de sociedades de emprego baseadas no TRABALHO remunerado organi zado em grande escala com base no MERCADO DE TRABALHO e ligado à produção agrícola fa bril e de serviços é que o desemprego as sume o significado social econômico e político que tem hoje ver SOCIEDADE INDUSTRIAL Sob pressões de uma atividade fabril e do rápido desenvolvimento novas e mais rigorosas for mas de especialização no trabalho e de discipli na na fábrica urbanização acelerada ensino compulsório para as crianças e exclusão das mulheres do mercado de trabalho a capacidade dos indivíduos de subsistir através da movi mentação geralmente em base sazonal entre o mercado de trabalho formal e o setor informal compreendendo instituições não de mercado tais como o lar declinou rapidamente Em conseqüência nas últimas décadas do século XIX encontrar e manter trabalho remunerado regular e o seu inverso o desemprego tornaramse um aspecto crucial das vidas da maioria das pessoas e uma condição necessária à manutenção das rendas domésticas Os efeitos de estar desempregado são em geral traumáticos profundamente pessoais e não se restringem à perda de rendimentos e do poder de consumo São também altamente va riáveis de acordo com personalidade sexo idade classe tipo de ocupação anterior his tórico de vida e grau de desemprego dentro da localidade imediata eou da família Não obs tante vários estudos ver Pilgrim Trust 1938 Jahoda et al 1932 Kelvin e Jarrett 1985 têm destacado os aspectos gerais de grave perturba ção psicológica social e física vivenciada por pessoas que ficam desempregadas Entre os efeitos psicológicos identificados como ligados ao desemprego incluemse resignação auto estima negativa desespero vergonha apatia depressão desesperança sensação de futilida de perda de objetivo passividade letargia e indiferença Entre os efeitos sociais incluemse pobreza perda de status perda de disciplina temporal e rotina diária isolamento social de sagregação da vida em família incluindo o divórcio mudanças na divisão sexual do traba lho e várias formas de comportamento antiso cial incluindo roubo e vandalismo Entre os efeitos físicos incluemse várias formas de doença insônia tensão e ansiedade resultando às vezes em tentativa de suicídio embriaguez intermitente e de curto prazo violência intrafa miliar e maustratos a crianças A filosofia pública predominante no século XIX e que permaneceu na verdade até os anos 40 deste século dizia que o desemprego era inevitável basicamente de curto prazo e re sultante de maneira característica das inade quações pessoais dos desempregados ou da sua falta de esforço e iniciativa ou seguindo Malthus de sua tendência a produzir famílias grandes Essa visão refletiuse no pensamento Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 194 desemprego econômico clássico e neoclássico que as eco nomias capitalistas tinham uma tendência na tural ao pleno emprego porque segundo a Lei de Say a oferta cria sua própria demanda isto é criar produção vai gerar automaticamente a demanda À medida que crescesse o desempre go produzindo uma oferta excessiva de mão deobra ociosa os salários cairiam permitin do que mais trabalhadores fossem empregados Marx porém contestou de maneira explíci ta a idéia de que o desemprego nas sociedades capitalistas era um fenômeno temporário Em O capital ele afirma tratarse de um problema estrutural básico ligado aos processos de acu mulação de capital e exploração capitalista do trabalho Em uma sociedade capitalista sujeita a crises recorrentes e cada vez mais graves não havia nenhuma tendência automática garantin do o equilíbrio do pleno emprego conforme afirmavam os economistas clássicos e neoclás sicos As sociedades capitalistas precisam de um exército de trabalho industrial de reserva que mantenha a força de trabalho sob pressão permanente Quando se expande a demanda econômica a demanda por trabalho aumenta reduzindo com isso o exército de reserva e inflacionando o preço da mãodeobra Quando os salários sobem tanto a taxa de lucro da acumulação de capital quanto o próprio nível de acumulação caem reduzindo a demanda agregada retraindo a atividade econômica e aumentando o exército de reserva A existência contínua de um exército de reserva garante assim que os salários mesmo quando em aguda ascensão não ameacem os lucros Marx dife renciou três elementos no exército de trabalho de reserva trabalhadores industriais flutuantes que passam de um emprego a outro um bolsão latente de trabalhadores em áreas agrícolas e uma população estagnada de trabalhadores eventuais que estão muito perto da miséria Autores marxistas recentes como Braverman 1974 demonstraram que esse tradicional exér cito de reserva vinha sendo crescentemente su plementado no decorrer das últimas décadas por mulheres e imigrantes que entravam para o mercado de trabalho em base temporária como era o caso dos Gastarbeiter os operários hós pedes na Alemanha Com as recorrentes recessões econômicas depois da década de 1870 e sob a pressão dos SINDICATOS emergentes o desemprego logo se tornou uma importante questão pública Por volta do final do século XIX um corpo cres cente de opinião social e política reformista reclamava garantias de pleno emprego por parte do estado ao mesmo tempo em que rejeitava explicitamente as interpretações tanto ortodoxa quanto marxista do problema As soluções pro postas variavam consideravelmente Muitos defendiam o protecionismo ou o recrutamento naval e militar outros garantias públicas do direito ao trabalho criação direta de empregos pelo estado e taxação progressiva combinada com obras públicas contracíclicas Mas nenhu ma teoria geral alternativa para o desemprego se mostrou disponível até os anos 30 e 40 deste século Impelido pelo desemprego maciço dos anos 20 e 30 JM Keynes desenvolveu os conceitos de demanda econômica agregada e deficiên cia de demanda ver KEYNESIANISMO e sua teo ria do desemprego foi habilmente sintetizada em um programa socialdemocrata para um estado de bemestar e de pleno emprego por William Beveridge em Full Employement in a Free Society 1944 Nesse influente relatório Beveridge defendia garantias governamentais de pleno emprego do trabalho e do capital atra vés da regulamentação do mercado de trabalho pelo ESTADO DE BEMESTAR como parte de um programa social e político bem mais amplo para a criação de uma sociedade que garantisse jus tiça e liberdade para todos A argumentação de Beveridge em favor de um estado de bemestar e de pleno emprego estabeleceu efetivamente os parâmetros para a discussão pública do des emprego nas sociedades capitalistas durante os 30 anos que se seguiram A criação de estados de bemestar e de pleno emprego em muitos países capitalistas coinci diu com um período depois da Segunda Guerra Mundial de prolongado crescimento econômi co pleno emprego masculino crescimento dos salários e baixa inflação Sempre que pare cia necessário os governos desses países às vezes dentro do quadro de um planejamento econômico indicativo e de extensa propriedade por parte do estado como na França contro lavam seus próprios gastos e impostos para garantir um nível consistentemente elevado de demanda econômica e de emprego A maioria dos comentaristas e dos implementadores de programas econômicos chegou à conclusão de que uma vez que os governos usando as técni cas keynesianas de administração da demanda Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar desemprego 195 eram capazes de manter o desemprego em ní veis baixos e conservar a prosperidade esses programas deviam portanto garantir tais con dições favoráveis Vários autores afirmaram com o benefício da visão em retrospecto que o pleno emprego do pósguerra dependeu de uma conjuntura de muitos outros fatores econômi cos sociais e políticos mais importantes polí ticas de livre comércio nas finanças e no comér cio internacional estabilidade de preços reser va de crescimento e de desenvolvimento tecno lógico potencial que economias mais bemsu cedidas podiam explorar e também as políti cas keynesianas ver por exemplo Matthews 1968 O pleno emprego era também a política oficial de estados do tipo soviético como parte de estratégias econômicas socialistas criadas para se atingir uma rápida industrialização e lançar as bases de uma sociedade socialista Era típico desses estados que tais estratégias abandonadas por muitos deles no início dos anos 90 sacrificassem deliberadamente a eficiência econômica não reconhecessem a existência do desemprego ou de um mercado de trabalho e alocassem os números excessivos de trabalhadores em projetos e indústrias dirigi dos pelo estado escondendo assim diversas formas de desemprego oculto Com o retorno do desemprego em massa na maioria dos países da Europa Ocidental e na América do Norte nos anos 70 a visão social democrata de Beveridge passou a sofrer um ataque contínuo por parte da Nova Direita cujo pensador mais destacado na questão das causas do desemprego é o economista Milton Fried man ver ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO De senvolvendo uma linha de pensamento que re monta a Herbert Spencer e outros autores do ultimo quartel do século XIX Friedman insiste em que o apoio no estado burocrático para garantir o bemestar dos indivíduos tornouse um fim em si mesmo contradizendo com isso o objetivo original de maximizar a liberdade individual e a igualdade de oportunidades O pleno emprego não pode ser alcançado através dos meios de um estado de bemestar devido ao tipo de planejamento e regulamentação esta tais recomendados por Beveridge e Keynes os quais distorcem os mecanismos de mercado para a determinação de salários preços inves timentos e a distribuição do trabalho remune rado Especificamente Friedman afirma que qualquer política monetária ou fiscal que tente colocar a taxa de desemprego abaixo do que eles chamam de taxa natural só conseguirá em última análise acelerar a taxa de inflação Em vez disso os governos deveriam dar um passo decisivo no sentido de estabelecer e man ter um controle rigoroso sobre o meio circulante a fim de controlar a inflação deviam seguir uma estratégia de emprego de livre mercado visando reduzir a rigidez estrutural dentro da economia e no comércio internacional reduzin do drasticamente a intervenção estatal na eco nomia e cortando o tamanho e o custo do estado de bemestar burocrático Assim a livre con corrência garantirá um nível elevado e prolon gado de emprego Ver Friedman 1977 Fried man e Friedman 1962 e 1980 As abordagens de livre mercado para o de semprego exerceram substancial influência so bre as políticas governamentais nos anos 80 especialmente na GrãBretanha e nos Estados Unidos mas tal como o estado de bemestar e de desemprego esses países enfrentaram mui tos problemas para reduzir os altos níveis de desemprego Importantes fatores econômicos que explicam essas dificuldades foram a DESIN DUSTRIALIZAÇÃO e a nova divisão internacional do trabalho que aumentou o desemprego es sencial ou estrutural diferente do desem prego cíclico ou keynesiano e tendências demográficas que aumentaram o número de trabalhadores particularmente mulheres e imi grantes na demanda por emprego Os altos níveis de desemprego nos anos 70 e 80 levaram muitos autores a questionar a viabilidade de se retornar ao pleno emprego assim como todo o futuro do trabalho remune rado Segundo André Gorz em seus Farewell to the Working Class 1980 1982 e Paths to Paradise 1984 as últimas décadas do século XX estão testemunhando o surgimento de so ciedades de desemprego de massa permanente À medida que o trabalho remunerado vem sen do cada vez mais substituído por sistemas mi croeletrônicos e de telecomunicações na re volução da robótica bens e serviços podem ser produzidos com menos investimento menos matériasprimas e menos mãodeobra É pro vável portanto que essas sociedades venham a passar por um crescimento sem emprego isto é o crescimento econômico pode ocorrer mas não estará associado a expansões equivalentes do emprego Esse desenrolar dos acontecimen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 196 desemprego tos não só virá a gerar desemprego em massa conclui Gorz como também alterará a estrutura de classes sócioeconômicas das sociedades de emprego Sob a pressão de acelerar a MUDANÇA TECNOLÓGICA os trabalhadores se verão dividi dos em três substratos uma aristocracia privi legiada de trabalhadores com estabilidade fortemente sindicalizados com emprego inte gral e dois substratos formando uma nãoclas se de nãotrabalhadores compreendendo os permanentemente desempregados condenados à pobreza e à ociosidade e um número cres cente de trabalhadores temporariamente em pregados em ocupações de baixa especializa ção sem nenhuma segurança no emprego e nenhuma identidade de classe definida ver CLASSE OPERÁRIA O único meio desejável de se evitarem essas divisões sociais agudas e o des emprego em massa permanente é separar o ter o emprego do receber uma renda e desenvolver uma sociedade democrática pósemprego na qual o trabalho socialmente necessário se veja reduzido a um mínimo e seja distribuído eqüi tativamente a fim de fazermos mais coisas por nós próprios em nosso tempo livre Gorz 1984 Leitura sugerida Bottomore Tom 1990 The Socia list Economy Theory and Practice Harris J 1982 Unemployement and politics a study in English Social Policy 18861914 Hawkins K 1984 Unemployment Jahoda M 1982 Employment and Unemployment A SocialPsychological Analysis Keane J e Owens J 1986 After Full Employment Kumar K 1984 Unemployment as a problem in the development of industrial societies the English experience Sociologi cal Review 32 185233 Moggridge DE 1976 Keynes Pahl RE 1984 Divisions of Labour Ste wart M 1967 Keynes and After Warr P 1987 Work Unemployement and Mental Health Winch D 1969 Economics and Policy a Historical Study JOHN E OWENS desenvolvimento e subdesenvolvimento Esta expressão indica a conquista do progresso econômico e social desenvolvimento através da transformação do estado de subdesenvolvi mento baixa produção estagnação pobreza em países designados de forma variada como pobres subdesenvolvidos menos desen volvidos ou em desenvolvimento O CRESCI MENTO ECONÔMICO é uma condição necessária ainda que insuficiente para o progresso social representado pela satisfação de necessidades básicas tais como nutrição saúde e habitação adequadas superação da pobreza absoluta ao que se podem acrescentar ainda outras con dições de uma existência humana plena tais como o acesso universal à educação liberdades civis e participação política superação da po breza ou privação relativa Depois de 1945 o mapa internacional foi redesenhado por movimentos anticolonialistas e pelo fim do império colonial bem como pela hegemonia dos Estados Unidos no mundo ca pitalista e sua rivalidade com a União Soviética na busca de aliados entre os estados indepen dentes da Ásia e da África Nesse contexto global o desenvolvimento no sentido transfor mador e transitivo acima sublinhado tornouse um objetivo maior de governos e de organismos internacionais como as Nações Unidas e o In ternational Bank for Reconstruction and Deve lopment Banco Internacional para a Recons trução e o Desenvolvimento o chamado World Bank Banco Mundial e surgiu nas ciências sociais como um campo de especialização Uma intensa controvérsia continua a cercar as causas do subdesenvolvimento e os modos de alcançar o desenvolvimento refletindo pon tos de vista radicalmente diferentes sobre a natureza do desenvolvimento ocidental e ja ponês capitalista industrial sobre a econo mia internacional que ele criou e sobre como esse desenvolvimento condiciona as perspec tivas de desenvolvimento no TERCEIRO MUNDO bem como a respeito das pretensões rivais das soluções capitalista socialista e nacionalista para os problemas do desenvolvimento A teo ria social dedicada ao desenvolvimento e sub desenvolvimento tem portanto âmbito his tórico mundial em sua abrangência e com plexidade mas vários temas capitais são abor dados nos muitos debates que ela tem gerado Fatores globais e societais Um dos conjuntos de questões que per meiam todos os debates diz respeito à natureza e à avaliação dos fatores internos societais e externos globais na explicação da estagnação e da mudança Nas teorias da MODERNIZAÇÃO dos cientistas sociais norteamericanos em par ticular sociedade ou cultura tradicional é na verdade sinônimo de subdesenvolvimento ver também TRADIÇÃO E TRADICIONALISMO Abs tratamente tradição e modernidade são deli neadas pelas variáveis padrão de Talcott Par sons 1951 que descrevem a modernização Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar desenvolvimento e subdesenvolvimento 197 como a evolução de sistemas sociais com alto grau de diferenciação funcional e estrutural e mecanismos correspondentes de integração A diferenciação abrange uma complexa divisão social do trabalho e uma racionalidade que produz inovação e crescimento enquanto a in tegração e seu sistema normativo garantem a estabilidade social Os países subdesenvolvidos caracterizam se por uma estrutura dual de setores sociais crenças e práticas tradicionais e modernas O motor da transformação é psicocultural uma revolução de expectativas crescentes promo vendo a difusão da modernidade dos países desenvolvidos para os subdesenvolvidos e dentro destes últimos dos setores modernos para os tradicionais A mensagem subjacente é sigam os passos do Ocidente e nós os auxi liaremos através da ajuda e dos investimentos externos da transferência de tecnologia e assim por diante Os problemas surgem quando uma mudança sócioeconômica não consegue satis fazer as expectativas crescentes dando lugar a frustrações cada vez maiores que exigem fortes elites modernizantes capazes de simultanea mente induzir um desenvolvimento acelerado e manter a ordem As teorias da modernização dessa maneira formulam o desenvolvimento como um proces so de difusão adoção e adaptação a partir de um ambiente externo favorável e explicam o subdesenvolvimento através das barreiras da tradição que são intrínsecas aos países pobres As pressuposições e receitas da modernização etnocêntricas às vezes implicitamente racis tas em geral explicitamente anticomunistas têm sofrido um desafio vigoroso por parte das posições que enfatizam os fatores globais na explicação do subdesenvolvimento Um lema histórico desse desafio foi o de senvolvimento do subdesenvolvimento cu nhado por André Gunder Frank 1969 para sustentar seu ponto de vista de que o subdesen volvimento não é uma situação original ou re sidual tradição mas foi ativamente criado pela incorporação do Terceiro Mundo à econo mia mundial formada pela expansão européia a partir do final do século XV Essa economia capitalista mundial consiste em uma cadeia de relações metrópolesatélite entre países e entre regiões dentro deles atra vés das quais as metrópoles dominantes se apro priam do excedente econômico dos satélites subordinados enriquecendo as primeiras e em pobrecendo os últimos criando e reproduzindo com isso o seu subdesenvolvimento Ao que tudo indica formas sociais tradicionais ou pré capitalistas em países e regiões satélites são portanto na realidade capitalistas em conse qüência de sua integração ao mercado mundial Os principais mecanismos de escoamento de excedentes são uma troca desigual no comér cio internacional a expatriação de lucros por parte de um investimento estrangeiro e de juros sobre empréstimos no exterior dentro de uma divisão internacional do trabalho que sistema ticamente favorece as metrópoles Esse retrato de um sistema global gerando o desenvolvimento e o subdesenvolvimento co mo dois lados da mesma moeda tem exercido uma influência enorme Também tem sido con testado e modificado de várias formas con forme aconteceu com a receita principal de Frank que era de autarquia para os países do Terceiro Mundo seu desengajamento da eco nomia mundial como uma condição necessária ao desenvolvimento Transcendendo o modelo estagnacionista de Frank as possibilidades e restrições do desen volvimento dependente foram formuladas por intelectuais latinoamericanos Cardoso e Fa letto 1969 e em seguida generalizadas para todo o Terceiro Mundo Tal como acontece com muitas palavras associadas ao desenvolvimen to dependência é uma noção elástica mas que reconhece a possibilidade de crescimento econômico rápido cujos padrões e limites ainda são determinados principalmente pela depen dência externa em especial a dependência das corporações multinacionais para a tecnologia e dos bancos internacionais para os financia mentos dramatizada na atual crise da dívida do Terceiro Mundo Outra abordagem para a teorização da rela ção entre fatores internos e externos é a articu lação dos modos de produção Aqui a idéia chave é que em vez de destruir outros modos de produção o capitalismo em geral os conser va ou até mesmo os cria articulandoos ou combinandoos com o seu próprio funciona mento a fim de obter bens baratos para sus tentar a acumulação Esses bens compreendem tanto os da produção camponesa e artesanal quanto os da força de trabalho que são baratos porque seu valor de troca é subsidiado por uma produção de subsistência nãopaga For Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 198 desenvolvimento e subdesenvolvimento mas sociais contemporâneas pré ou nãocapita listas portanto nem representam uma tradição residual nem se tornam capitalistas simples mente por suas ligações com a economia mun dial Frank Essa abordagem teórica foi desenvolvida de forma mais sistemática por antropólogos fran ceses que trabalhavam na África em especial Rey 1976 e Meillassoux 1975 embora de bates independentes sobre modos de produ ção com agendas um tanto diversas e concen trados na questão agrária também tenham ocor rido na América Latina Bartra et al 1976 e na Índia Patnaik 1990 Formulada no âmbito de uma análise marxista do capitalismo particu larmente conforme interpretado na teoria de Rosa Luxemburgo sobre o imperialismo 1913 a articulação explica o subdesenvolvimento através da necessária reprodução dentro do capitalismo global de formas précapitalistas servindo de base a um exército de trabalho de reserva em áreas e classes empobrecidas Essa idéia também se destaca no projeto eclético de um sistema mundial de Waller stein 1979 que por sua vez também deve muito a Frank e até mesmo a Parsons segundo críticos da explicação funcionalista de Waller stein para sistema Ao contrário de Frank Wallerstein contrapõese explicitamente ao marxismo com o argumento de que a proletari zação crucial à sua explicação do desenvolvi mento capitalista foi excepcional e não univer sal no sistema mundial moderno que atrela toda uma variedade de formas de trabalho nem totalmente transformadas em mercadoria nem livres aos imperativos do acúmulo de capital Adicionalmente Wallerstein substitui o dualis mo estático da estrutura metrópolesatélite de Frank por uma hierarquia de localizações cen trais semiperiféricas e periféricas no sistema mundial indicando que os países podem alterar sua localização em momentos particulares de mudança da DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABA LHO Outra reação ao rápido crescimento econô mico em partes da América Latina e dos PRJs países recémindustrializados do Leste asiáti co foi virar de cabeça para baixo os argumentos das abordagens globais radicais em nome de se reviver um marxismo ortodoxo Numa polê mica importante Bill Warren 1980 afirmou que o capitalismo desenvolve de fato o Terceiro Mundo póscolonial exceto onde isso é inibido por políticas socialistas nacionalistas ou popu listas derivadas de noções equivocadas de im perialismo originárias de Lenin 1916 e de pendência Warren promoveu a volta completa a uma explicação interna do fraco desempe nho econômico apontando que a integração no mercado mundial deve ser estimulada em vez de reprimida e que a construção socialista é prematura enquanto o estágio de transforma ção capitalista não estiver completo Estados planos mercados A posição de Warren converge em parte com o atual neoliberalismo que destaca um outro conjunto de questões a permear os debates o que diz respeito a estados planos e mercados na promoção do desenvolvimento Desenvolvi mento capitalista e estados economicamente ativos são claramente compatíveis Gerschen kron 1962 sugeriu que para os retardatários relativos do desenvolvimento o estado desem penha um papel central no estabelecimento das condições de acúmulo de capital ou adotandoo em setores estratégicos o que faz lembrar a tese da infância da indústria do economista na cional alemão do século XIX Friedrich List 1841 O desenvolvimento econômico do pós guerra foi sem dúvida encarado como respon sabilidade dos estados sob influência do plane jamento abrangente inaugurado na União So viética e do gerenciamento econômico ociden tal em tempo de guerra seguido pela recons trução européia como o Plano Marshall e por políticas influenciadas pelo KEYNESIANISMO O próprio JM Keynes participou do estabeleci mento em Bretton Woods do sistema de ins tituições destinado a regulamentar a economia internacional incluindo o Banco Mundial que teve um envolvimento crucial na promoção do planejamento Waterston 1965 até sua con versão a uma estratégia neoliberal igualmente ambiciosa de reforma estrutural nos anos 80 A extensão e a natureza do papel do estado no investimento no gerenciamento econômico e na provisão social e suas relações com as atividades do capital privado nacional e inter nacional é tema amplo e complexo em si mes mo que se manifesta na própria variedade de resultados do desenvolvimento conduzido pelo estado em países tanto capitalistas quanto so cialistas do Terceiro Mundo As complexidades dessas diferentes experiências e do que é exigi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar desenvolvimento e subdesenvolvimento 199 do para analisálas foram reduzidas pelos suces sos ideológicos ainda que não práticos da doutrina neoliberal de reduzir o estado Isso combina um núcleo seletivo de idéias da eco nomia neoclássica com uma política agressiva que inclui a rejeição da disciplina da economia desenvolvimentista com base no keynesianis mo e no estatismo intrínsecos Lal 1983 Além disso o neoliberalismo apropriouse em parte da bandeira do amplo descontentamento popu lar com a ineficiência econômica do estado sua incapacidade de satisfazer necessidades bási cas sua corrupção e seu autoritarismo em mui tos países do Terceiro Mundo e ganhou novo ímpeto com o dramático colapso do socialismo estatal do Leste Europeu considerado alterna tiva ao capitalismo As atuais condições e perspectivas bem co mo a história econômica lançam dúvida sobre a simplista explicação neoliberal de mercados virtuosos e estados viciosos Ainda que o pla nejamento seja reduzido que as empresas e funções do estado sejam privatizadas e desre gulamentadas e que o comércio externo e inter no seja liberalizado o estado mais magro prescrito tem de ser muito mais eficiente tanto como tecnocracia quanto como agente de con trole social do que vem acontecendo até então no Terceiro Mundo Isso levanta questões a respeito da constituição e das condições dos estados em relação às divisões profundas de classe sexo região e cultura das sociedades cujo desenvolvimento eles tentam orientar bem como em relação às poderosas forças exter nas do sistema mundial Nação classe e sociedade civil Um terceiro conjunto de questões que per meiam o debate portanto diz respeito aos pro cessos sociais e políticos de nação classe e sociedade civil que exercem um efeito crítico sobre a forma como as variáveis macroeconô micas padrão dos programas de desenvolvi mento funcionam na prática sejam elas regimes de taxas cambiais e comércio exterior níveis de poupança prioridades de investimento setorial ou papel do setor público As razões iniciais no Terceiro Mundo para a primazia do estado no desenvolvimento foram a experiência do colonialismo e o temor da dominação neocolonial depois da indepen dência Estado e nação eram quase sinôni mos no momento profundamente nacionalista da descolonização A criação de uma nação coesa ou soerguimento nacional era encara do como tarefa vital para o estado na promoção do desenvolvimento ou inseparável dele Na medida em que as contradições herdadas do subdesenvolvimento foram persistindo de pois do momento triunfal da independência e em que surgiram novas contradições de desen volvimento desigual a análise de classe tornou se mais crucial em geral concebendo a es trutura de classe no capitalismo periférico por meio de seus desvios do capitalismo clássico ou central burguesias dependentes ou burocrá ticas em vez de nacionais massas semipro letarizadas ou marginais em vez de classes operárias Outras abordagens visam transcen der essa concepção um tanto mecanicista abor dando as especificidades e complexidades his tóricas da formação de classes e o modo como esta se entrelaça com outras divisões da socie dade civil em especial as divisões de gênero O feminismo tem exercido um impacto substancial na análise do desenvolvimento e subdesenvolvimento investigando e demons trando os modos pelos quais seus processos constituintes incluindo a formação e repro dução de classes são influenciados pela di ferença de gênero Agarwal 1988 Tem contri buído também para um repensar geral por parte de alguns estudiosos da agenda da teoria e prática do desenvolvimento provocado inter alia pela crítica convergente ao estado de es querda e de direita A agenda que surge centra lizase em questões de agenciamento social que transcendem o dualismo convencional de orientação por parte do estado desacreditada e a alternativa neoliberal do individualismo de mercado para explorar formas de habilitação e de ação pública que expressem e desenvol vam as capacidades de classes e grupos oprimi dos Assim há indícios de uma busca de novas soluções para problemas persistentes de desen volvimento e subdesenvolvimento enraizados nas estruturas patentemente desiguais da eco nomia mundial capitalista e dos diferentes tipos de sociedades que ela abrange Leitura sugerida Cardoso FH e Faletto E 1969 Desenvolvimento e subdesenvolvimento na América Latina Drèze J e Sen A 1989 Hunger and Public Action Edwards C 1985 The Fragmented World Elson D org 1991 Male Bias in the Development Process Kay C 1989 Latin American Theories of Development and Underdevelopment Patnaik P org Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 200 desenvolvimento e subdesenvolvimento 1986 Lenin and Imperialism Post K e Wright P 1989 Socialism and Underdevelopment Sklair L 1991 Sociology of the Global System Toye J 1987 Dilemmas of Development Reflections on the Counter revolution in Development Theory and Policy Wolpe H org 1980 The Articulation of Modes of Production HENRY BERNSTEIN desigualdade Ver IGUALDADE E DESIGUAL DADE desindustrialização Referindose à retra ção da produção eou do emprego no setor fabril da economia esse fenômeno tem recebido aten ção particular no Reino Unido a partir do final dos anos 70 embora um debate mais recente nos Estados Unidos aborde as mesmas ques tões Ainda não se deu o valor suficiente à existência de uma literatura bastante diversa sobre os efeitos desindustrializantes da incor poração dentro dos grandes impérios europeus dos séculos XIX e XX Deixando isso de lado a principal característica da recente discussão sobre desindustrialização tem sido uma confu são generalizada Isso resulta do fato de dois significados serem negligentemente superpos tos De um lado a desindustrialização é encara da como conseqüência natural da mudança de uma sociedade industrial inicial para outra tar dia ou talvez pósindustrial ver SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL O setor terciário deve crescer caso as economias avançadas queiram conser var sua margem competitiva fazendo com que suas indústrias avancem no ciclo de produtos isto é orientandose para bens de tecnologia cada vez mais elevada Nada existe de errado nesse movimento Uma fatia menor do Produto Interno Bruto fornecida pela indústria fabril representa um declínio relativo e não absoluto ou seja a desindustrialização não significa per da de afluência De forma semelhante não há motivo em princípio para que uma redução do emprego no setor secundário não possa ser compensada no setor terciário Por outro lado a desindustrialização refere se a economias que estão se saindo pior do que poderiam devido a causas estruturais variadas A economia britânica sofreu um declínio abso luto na atividade fabril de 1979 a 1987 e exis tem amplos indícios demonstrando que seu de clínio relativo se deveu a outros fatores que não uma industrialização bemsucedida em outros centros Se a GrãBretanha tinha de decair a questão então passa a ser se ela tinha de decair tão abaixo do nível da França da Alemanha e da Itália questões semelhantes estão sendo hoje colocadas a respeito dos Estados Unidos Em geral a explicação para esse mau desempenho resulta de uma combinação de fatores às vezes a criação de vantagem comparativa por meio de ação do estado em outras partes recebe a culpa o mais freqüente é que se dê atenção ao proble ma de tipos variados de rigidez social interna Provavelmente não é por acidente que o declí nio na GrãBretanha e na América do Norte tenha sido tão agudo ambas as nações têm a mesma aversão anglosaxônica pela política industrial e ambas tendem a favorecer as finan ças acima da indústria A esquerda política temse mostrado parti cularmente preocupada com a desindustrializa ção O que tampouco é de surpreender qual quer das formas aqui identificadas reduz a im portância da classe operária manual em cujas atividades tendem a repousar as esperanças pro gressistas A maioria dos planos para reverter a desindustrialização porém é imperfeita por não distinguir entre os dois sentidos aqui des tacados isto é fazemse em geral planos para reconduzir a indústria fabril ao seu antigo auge de glória sem tomar consciência do fato de que um pouco de desindustrialização é inevitável talvez até seja desejável Ver também MUDANÇA TECNOLÓGICA Leitura sugerida Bell D 1974 The Coming of Post Industrial Society Blackaby F org 1979 Deindus trialization Gershuny R e Rowthorn R orgs 1986 The Geography of Deindustrialization Singh A 1977 UK industry and the world economy a case of deindustrialization Cambridge Journal of Econo mics 12 1136 JOHN A HALL despotismo oriental Referindose a uma forma de organização política na qual uma bu rocracia centralizada controla o fornecimento de água e os sistemas de irrigação esse conceito tornouse famoso através de Karl Wittfogel que escreveu um livro exatamente com esse título 1957 mas sua história é complexa e sua refe rência bem mais ampla A palavra despotismo é muito antiga mas em geral se considera que Montesquieu 1749 foi o primeiro a usála sistematicamente para traçar uma diferença entre monarquia e des potismo Enquanto o primeiro sistema de go Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar despotismo oriental 201 verno compreendia certo número de níveis hie rárquicos este último que se acredita caracte rístico da Ásia apresentava um abismo entre o déspota governante e o povo cujos compo nentes eram todos semelhantes no fato de serem nada Muitos outros autores do século XVIII mos traramse interessados pelas sociedades asiáti cas Adam Smith 1776 por exemplo afirmou que o despotismo ligado mais à agricultura do que ao comércio era um tipo de sociedade em estágio inferior de evolução e em grande parte em situação estacionária No século XIX o cen tro da atenção passou do governo e do gover nante para as comunidades aldeãs supostamen te autosuficientes e em grande parte isoladas que constituíam as unidades individuais da so ciedade oriental Com Karl Marx a sociedade oriental tor nouse o sistema asiático É difícil reconstituir o desenvolvimento desse conceito dentro da tradição do marxismo tanto porque as idéias de Marx sobre a evolução das formações sociais mudaram ao longo do tempo quanto porque seus próprios textos sobre esse tópico só se foram tornando disponíveis gradualmente e mesmo assim aos pedaços Em um raciocínio inicial Marx e Engels 18456 propuseram o ponto de vista de que existem vários estágios na divisão social do trabalho que correspondem a formas específicas de propriedade O primeiro estágio é a comuna primitiva na qual toda e qualquer propriedade é possuída comunal mente Disso brota o desenvolvimento de idéias sobre propriedade privada e o contraste entre cidade e campo e entre homem livre e escravo que está ligado à distinção entre o trabalho industrial e comercial e o trabalho agrícola e daí ao surgimento da antiga cidadeestado O terceiro estágio da propriedade é a posse feudal Como isso não implica a concentração da po pulação em cidades porém é discutível se o feudalismo sucede a antiga cidadeestado ou se é um caminho alternativo de saída da comuna primitiva O próximo estágio é o capitalismo emergindo das contradições econômicas do feudalismo Depois de dez anos de novas e intensas pesquisas Marx modificou essa versão de pe riodização histórica Em uma parte dos Grund risse 18578 publicados pela primeira vez so mente em 1953 e publicados em inglês como Precapitalist Economic Formations 1964 Marx estabeleceu um tratamento mais elabora do dessa questão Nele o sistema asiático não mencionado no esquema anterior tornouse um dos três caminhos de saída alternativos da co muna primitiva ao lado dos sistemas antigo e germânico Aqui Marx também chamou a aten ção para uma diferença entre as formações so ciais que resistem e as que favorecem a evolu ção histórica Hobsbawn 1964 p33 sendo a sociedade oriental um exemplo claro do pri meiro caso A essa altura portanto é evidente que Marx já não nutria uma simples teoria unilinear da evolução Na comuna primitiva a terra fornece os meios e os materiais do trabalho e os homens encaramse como seus proprietários comu nais Marx Grundrisse p69 Em semelhante forma social os frutos da natureza constituem uma precondição da existência mas não são eles próprios o produto do trabalho antes afi guramse como uma precondição natural e di vina concebida como uma espécie de unidade sobre e acima do grupo O sistema asiático encarado como a forma mais elementar de es tado está apenas um passo além da comuna primitiva pois a unidade divina assume a forma substancial de um déspota governante tido co mo representante ou reencarnação do divino A unidade mais elevada assim assume o lugar do pai das comunidades menores e se revela como o único proprietário a quem o excedente do trabalho é doado como tributo Objetiva mente na medida em que a propriedade ainda é possuída comunalmente a forma asiática é um estado sem classes ou pelo menos sem o efeito corrosivo das classes ver Bloch 1985 p112 e daí estagnado Os estados asiáticos podem decair e reformarse no nível mais ele vado mas a organização social das comuni dades de aldeia permanece imune à turbulência das mudanças nas dinastias governantes Com a adoção na União Soviética de um materialismo histórico simplista e unilinear no qual as várias formas de sociedade eram tidas como sucedendo umas às outras através da dinâmica da luta de classes a noção de um despotismo oriental estagnado sociedade asiá tica colocava um importante problema teórico e político Boa parte dos primeiros trabalhos dos pensadores soviéticos foi dedicada à rein terpretação dessa forma social como realmente uma versão do feudalismo e o fato de Engels não haver mencionado a sociedade asiática em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 202 despotismo oriental A origem da família da propriedade privada e do estado 1884 tornou a tarefa desses pensa dores um pouco mais fácil Despotismo oriental de Karl Wittfogel co mo uma teoria da sociedade hidráulica afir ma que as condições ecológicas especiais da Ásia tornam a irrigação em grande escala por meio de canais e os sistemas de água a base necessária da agricultura o que também exige a interferência de uma burocracia centraliza da para coordenar o controle da água Isso se consolida em sistemas políticos despóticos nos quais a elite governante se apropria de um excedente dos produtores primários e possui o monopólio do poder militar Nesses sistemas as comunidades aldeãs locais permanecem ato mizadas e culturalmente distantes de seus suse ranos Despotismo oriental também é digno de no ta por sua ampla polêmica contra a Rússia stalinista Segundo Wittfogel tanto Lenin quanto Stalin ignoraram e suprimiram o concei to do sistema asiático mesmo Marx o tendo enfatizado pois tinham consciência de que a Rússia se encontrava ela própria em semelhante estágio de evolução e não queriam dar destaque à possibilidade de que um estado comunista pudesse assumir o caráter de despotismo No que dizia respeito a Wittfogel Stalin não pas sava de mais um na longa linhagem de déspotas orientais Embora muito influente o trabalho de Witt fogel tem sido amplamente criticado Um pro blema óbvio é que existem muitos estados do Sudeste Asiático baseados na produção do arroz por irrigação mas aos quais faltam burocracias efetivas e centralizadas Outra crítica é que a ligação de uma forma específica de sociedade a uma área geográfica particular e a um tipo de cenário ecológico parece limitar a aplicação universal da teoria marxista sobre a evolução das formações sócioeconômicas Com a recente publicação dos Grundrisse e outras das obras tardias de Marx o debate no Ocidente concentrase hoje em dia nas questões a respeito das condições para o surgimento de estados a natureza das classes nas sociedades précapitalistas e o simbolismo do poder do estado Mais recentemente a idéia de que a sociedade oriental constitui um objeto de es tudo específico e coerente passou a sofrer um questionamento intenso Said 1978 Ver também ESTADO MODO DE PRODUÇÃO Leitura sugerida Bailey AM e Llobera JR 19745 The Asiatic mode of production Critique of Anthro pology 2 95103 45 16576 Ο 1979 Karl Wittfogel and the Asiatic mode of production a reppraisal Sociological Review 27 54159 Geertz G 1980 Negara The Theatre State in NineteenthCentury Bali Hindess B e Hirst P 1975 Precapitalist Modes of Production Krader L 1975 The Asiatic Mode of Production Mitchell W 1973 The hydraulic hypo thesis a reappraisal Current Anthropology 14 5324 Service E 1975 The Origins of the State and Civili zation Steward J 1977 Evolution and Ecology Winzeler R 1976 Ecology culture social organiza tion and state formation in Southeast Asia Current Anthropology 17 62340 LEO HOWE determinismo Esta noção é normalmente compreendida como a tese de que para tudo que acontece existem condições tais que uma vez dadas nenhuma outra coisa poderia ter aconte cido Na influente formulação filosófica articu lada por David Hume e JS Mill isso aparece como teoria da regularidade determinista ou seja de que para cada evento x existe um con junto de eventos y1 yn tais que se conjugam regularmente sob algum conjunto de descri ções Neste século pelo menos até bem recente mente assumiuse de maneira geral que isso continua sendo válido na natureza com exce ção da mecânica dos quanta onde tudo indica ser impossível determinar simultaneamente a posição e o momentum de partículas elemen tares No entanto PT Geach e GEM Ans combe nos anos 60 expressaram reservas a esse respeito Nos anos 70 de forma mais sis temática o mesmo foi feito por R Bhaskar Este afirmou que uma reflexão sobre as condições em que os resultados deterministas são efetiva mente possíveis a partir do que o determinis mo como tese metafísica deriva a sua plausi bilidade indica que com exceção de uns pou cos contextos fechados especiais estabe lecidos de forma experimental ou ocorrendo naturalmente as leis estabelecem limites impõem restrições ou funcionam como ten dências em vez de prescreverem resultados fixados de forma única Em particular têm um caráter nãoempírico e de norma e são consis tentes com situações de controle dual e múlti plo determinação múltipla e plural complexi dade surgimento e intermediação humana por exemplo na atividade experimental A partir dessa perspectiva as leis não são efetivas ou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar determinismo 203 contingentes mas necessárias e reais pro priedades de mecanismos e não conjunções de eventos E o único sentido no qual a ciência pressupõe o determinismo é o sentido nãohu meano nãolaplaciano de determinismo da ubiqüidade isto é a ubiqüidade de causas reais mas talvez não necessariamente inteligíveis incluindo causas de diferenças e daí a pos sibilidade por mais remota que seja de expli cações estratificadas O determinismo como normalmente compreendido pode portanto ser considerado uma noção que repousa em uma ontologia ingênua e factualista de leis e em particular no erro de se supor que um evento porque foi levado a acontecer estava destina do a acontecer antes de ter sido causado uma confusão entre determinação ontológica e predeterminação epistemológica Nem é o caso de dizer que as relações de geração natural são logicamente transitivas Assim não é o caso de se dizer que porque S1 produziu S2 e S2 produziu S3 S1 produziu S3 se por exem plo S2 possui poderes emergentes ou o sistema em que S3 se formou é aberto ou o processo é estocástico O desenvolvimento da teoria da catástrofe e do caos representou mais um golpe no determinismo de regularidade ilustrando que sistemas dinâmicos nãolineares podem produzir resultados altamente irregulares caó ticos e imprevisíveis Ver também PREVISÃO A relativa raridade de resultados determinis tas e a complexidade de agentes têm impli cações para a questão do livrearbítrio A posi ção predominante na primeira metade do século era a compatibilista segundo a qual o livre arbítrio pressupõe o determinismo Sob a in fluência de Gilbert Ryle John Austin o último Wittgenstein F Waismann P Strawson e S Hampshire a visão do senso comum de que o determinismo representa uma ameaça aos nos sos conceitos normais de mediação ver AÇÃO E MEDIAÇÃO escolha e responsabilidade costu mava de maneira geral reconciliarse com um contínuo compromisso com o determinismo no nível físico na doutrina de que os conceitos anteriores funcionavam em um nível lógico estrato lingüístico ou jogo lingüístico diferente Mas uma vez descartado o factualismo a pos sibilidade de uma rejustificação naturalista da mediação humana da CAUSALIDADE de motivos e a potencial aplicabilidade do atributo livre aos agentes suas ações e situações está mais uma vez aberta Tem havido muita controvérsia no século XX a respeito de o marxismo ser uma teoria determinista no sentido de que toma os resulta dos como sendo a inevitáveis eou b previ síveis eou c predestinados Isso não tem co mo ser discutido aqui ver o verbete determi nismo em Bottomore et al 1983 a não ser para observar que existem bons motivos filosó ficos e históricos para não se tratar o programa de pesquisa marxista como determinista em nenhum desses sentidos Leitura sugerida Anscombe GEM 1971 Causality and Determination Bhaskar Roy 1975 1978 A Realist Theory of Science 2ªed Kamminga H 1990 Understanding chaos New Left Review 181 Mel den AI 1961 Free Action Polanyi M 1967 The Tacit Dimension ROY BHASKAR dialética Em seu sentido mais geral dialética passou a significar qualquer processo mais ou menos intricado de conflito interconexão e transformação conceitual ou social no qual a geração interpenetração e conflito de oposi ções levando à sua transcendência em um mo do mais pleno ou mais adequado de pensamento ou forma de vida desempenha um papel cru cial Mas a dialética é um dos conceitos mais antigos complexos e contestados em todo o pensamento filosófico e social A controvérsia no século XX contudo tem girado em torno de duas figuras do século XIX Hegel e Marx Existem duas inflexões da dialética em He gel a como processo lógico b em sentido mais restrito como o dínamo desse processo a Em Hegel o princípio do idealismo a compreensão especulativa da realidade como espírito absoluto une duas antigas correntes de dialética a idéia eleática de dialética como razão e a idéia jônica de dialética como proces so na noção de dialética como processo da razão autogerador autodiferenciador e auto particularizante Esse processo se efetiva alie nandose e restaura sua autounidade através do reconhecimento dessa alienação como nada além de sua própria livre expressão ou manifes tação processo que é recapitulado e comple tado no próprio Sistema Hegeliano b O motor desse processo é a dialética concebida de maneira mais restrita o segundo momento essencialmente negativo de pensa mento efetivo a que Hegel chama a apreen são de opostos em sua unidade ou do positivo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 204 dialética no negativo Esse é o método que permite ao comentarista dialético observar o processo atra vés do qual categorias noções ou formas de consciência brotam umas das outras para for mar totalidades cada vez mais inclusivas até que o sistema como um todo esteja completo Para Hegel a verdade é o todo e o erro reside na unilateralidade na incompletude e na abs tração seu sintoma são as contradições que ele gera e sua cura é a incorporação dessas tradições a formas mais plenas mais ricas mais concretas e altamente mediadas No decorrer desse pro cesso observase o famoso princípio de subla ção à medida que a dialética se desdobra ne nhuma percepção parcial jamais se perde De fato a dialética hegeliana avança de dois modos básicos trazendo à luz o que está implícito mas não explicitamente articulado em alguma no ção ou remediando alguma falta insuficiência ou inadequação dessa noção O pensamento dialético em contraste com o reflexivo ou analítico apreende formas conceituais em suas interconexões sistemáticas e não apenas em suas diferenças determinadas e concebe cada desenvolvimento como o produto de uma fase prévia menos desenvolvida da qual ele é a necessária verdade ou o necessário cumprimen to de forma que existe sempre alguma tensão ironia latente ou surpresa incipiente entre qual quer forma e o que se encontra no processo de vir a ser No início do século os idealismos absolutos de FH Brandley e J McYaggart na GrãBreta nha e de J Royce nos Estados Unidos exerce ram grande influência Benedetto Croce desen volveu uma forma de hegelianismo na Itália durante os anos do entreguerras As leituras humanísticas de A Kojève e Jean Hyppolite especialmente da Fenomenologia do espírito de Hegel nos anos 30 ajudaram a formar toda uma geração de intelectuais franceses em par ticular incluindo JeanPaul Sartre J Findlay nos anos 50 e Charles Taylor na década de 70 foram importantes na preparação do caminho para uma rerecepção de Hegel no apogeu e na seqüência da hegemonia filosófica positivista no mundo de língua inglesa Quatro grandes questões têm dominado a controvérsia intelectual a respeito da dialética na tradição marxista 1 a diferença entre as dialéticas de Marx materialista e de Hegel 2 o papel da dialética na obra de Marx e de forma mais ampla em qualquer ciência social marxis ta 3 a compatibilidade da dialética com a LÓGICA formal o materialismo a prática cientí fica e a racionalidade de modo geral e 4 o status da tentativa de Engels de estender a dia lética de Marx para além do âmbito social a fim de abranger a natureza e a totalidade do ser de maneira geral As três ênfases mais comuns do conceito na tradição marxista são quanto a a o método de maneira mais geral o método científico ilus trando a dialética epistemológica b um con junto de leis ou princípios governando algum setor ou o todo da realidade a dialética ontoló gica e c o movimento da história dialética relacional Todas as três podem ser encontradas em Marx Mas seus paradigmas são os comen tários metodológicos de Marx em O capital a filosofia da natureza exposta por Engels no AntiDühring e o hegelianismo superando He gel do primeiro György Lukács em História e consciência de classe textos que podem ser encarados como os documentos fundadores da ciência social marxista do MATERIALISMO DIALÉTICO e do marxismo ocidental respec tivamente Existe uma consistência notável nas críticas de Marx a Hegel de 1843 e 1873 Essas voltam se formalmente contra as inversões sujeito predicado de Hegel seu princípio de identidade implicando a redução do ser a pensamento e seu misticismo lógico implicando a redução da ciência a FILOSOFIA e substantivamente contra a impossibilidade de Hegel de sancionar a autonomia da natureza e a historicidade das formas sociais Mas uma reavaliação positiva definida da dialética hegeliana ocorre a partir do momento dos Grundrisse 185758 Infeliz mente Marx nunca realizou o seu desejo de tornar acessível à inteligência humana co mum em duas ou três folhas impressas aquilo que é racional no método que Hegel descobriu e ao mesmo tempo mistificou Todos os in dícios no entanto parecem deixar claro que Marx achava possível extrair parte da dialética hegeliana sem ser comprometida pelo idealis mo de Hegel contrariando tanto a visão neofichteana dos Jovens Hegelianos e de En gels de que uma extração completa de método a partir de sistema é viável quanto a posição de críticos de orientação positivista de Eduard Bernstein a Lucio Colletti de que a dialética é inseparável do idealismo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar dialética 205 Marx compreendia a sua dialética como científica pois ela se determinava a explicar as contradições no pensamento e as crises da vida sócioeconômica em termos das relações es senciais particulares e contraditórias que as geravam como histórica pois estava ao mes mo tempo enraizada em mudanças nas próprias relações e circunstâncias que descrevia e era um agente delas de forma condicional como crí tica pois demonstrava as condições históricas de validade e os limites de adequação das cate gorias doutrinas e práticas que explicava e como sistemática pois buscava reconstituir as variadas tendências e contradições históricas do capitalismo até certas contradições estrutural mente constitutivas do seu modo de produção Dentre estas as mais importantes são as contra dições entre o valor de uso e o valor de mercado e entre os aspectos útil e concreto e social e abstrato do trabalho que a mercadoria incorpo ra Essas contradições junto com as outras con tradições estruturais e históricas que elas fun damentam são tanto a oposições inclusivas reais no sentido de que os termos ou pólos das contradições pressupõem existencialmente uns aos outros quanto b relacionadas interna mente a uma forma mistificadora de aparên cia Essas contradições dialéticas não violam o princípio de nãocontradição pois podem ser descritas de forma consistente nem tampouco são cientificamente absurdas pois a noção de representação errônea e invertida ou mistifi cadora de um objeto real gerada pelo objeto em questão é prontamente acomodada dentro de uma ontologia nãoempirista estratificada na qual o pensamento é incluído dentro da realidade e não hipostasiado As três posições mais comuns sobre a dialé tica são a de que ela é uma tolice ininteligível de que é universalmente aplicável e de que é aplicável ao domínio natural eou social mas não ao domínio natural Engels imprimiu sua autoridade à segunda posição a universalista Não existe problema a esse respeito para Hegel para quem a realidade é pensamento e a lógica dialética ontológica Mas parece que qualquer equação desse tipo deve ser problemática para um realista comprometido com a noção da exis tência da natureza independente do pensamento e para um materialista comprometido com a noção de sua primazia causal No entanto En gels sobrescrevendo ambos esses compromis sos conseguiu levar a dialética em seu sentido essencialmente hegeliano e buscou aplicála ao ser como um todo Se Marx por um lado nunca repudiou a cosmologia de Engels sua própria crítica da economia política não pressupõe nem acarreta uma dialética da natureza e sua crítica do apriorismo implica o caráter a posteriori e específico do sujeito das afirmações a respeito da existência de processos dialéticos bem co mo de outros tipos de processos na realidade A própria suposição de uma dialética da natureza pareceu a toda uma linha de críticos de Lukács a Sartre categoricamente equivoca da na medida em que implica antropomorfica mente e portanto idealisticamente uma retro jeção na natureza de categorias tais como con tradição e negação que só fazem sentido no âmbito humano Tais críticas não negam que a ciência natural como parte do mundo sócio histórico possa ser dialética o que está em questão é se pode haver uma dialética da natu reza por si só Obviamente existem diferenças entre as esferas natural e social Mas seriam essas diferenças específicas mais ou menos im portantes do que suas semelhanças genéricas Na verdade o problema da dialética da natureza reduzse a uma variante do problema geral do NATURALISMO o modo como esse problema é resolvido dependendo de a dialética ser conce bida de forma suficientemente ampla e o mundo humano de forma suficientemente naturalista para tornar plausível sua extensão à natureza Mesmo então não se deve esperar necessaria mente uma resposta unitária pode haver polaridades dialéticas e oposições inclusivas na natureza mas não inteligibilidade ou razão dia léticas Tanto em Engels quanto em Lukács a his tória foi efetivamente esvaziada de substância em Engels ao ser interpretada de forma objetivista em termos das categorias de um processo universal em Lucáks ao ser concebi da de forma subjetivista como tantos momen tos ou mediações de um ato de autorealização finalizante e incondicionado que era o seu fun damento lógico Apesar dessas falhas originais as tradições tanto do materialismo dialético quanto do marxismo ocidental têm produzido no século XX algumas figuras dialéticas notá veis Dentro do marxismo ocidental além da própria dialética de Lucáks de autoconsciência histórica ou dialética sujeitoobjeto existem as contradições teoriaprática de Antonio Grams ci essênciaexistência de Herbert Marcuse e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 206 dialética aparênciarealidade de Colletti todas de prove niência mais ou menos diretamente hegeliana Em Walter Benjamin a dialética representa a descontinuidade e o aspecto catastrófico da his tória em Marc Bloch é concebida como fanta sia objetiva em Sartre está enraizada na inteli gibilidade da atividade totalizante do próprio indivíduo em Henri Lefèbvre significa o obje tivo da humanidade desalienada Entre os mar xistas ocidentais mais antihegelianos incluin do Colletti a dialética de Della Volpe consiste essencialmente em um pensamento nãorígido nãohipostasiado enquanto a dialética de Althusser representa a complexidade préfor mação ou sobredeterminação das totalida des Equilibrado entre os dois campos Theodor Adorno enfatiza por um lado a imanência de toda a crítica e por outro o pensamento de nãoidentidade Enquanto isso dentro da tradição materia lista dialética a terceira lei de Engels a negação da negação foi retirada sem a menor cerimônia por Stalin da ideologia oficial da União Sovié tica e a primeira lei a transformação de quan tidade em qualidade e viceversa foi relegada por Mao Tsétung na China a um caso especial da segunda a interdependência de opostos a qual a partir de Lenin aliviou propriamente a maior parte da carga da dialética É certo que havia boas credenciais materialistas bem como motivos políticos para esses movimentos A negação da negação é o meio pelo qual Hegel dissolve um ser determinado na infinidade Por outro lado como destacou Maurice Godelier os materialistas dialéticos raramente aprecia ram as diferenças entre a unidade de Marx e a identidade de opostos hegeliana Dentro dessa tradição Mao é digno de nota por uma série potencialmente frutífera de distinções entre contradições antagônicas e nãoantagônicas contradições principais e secundárias aspectos principais e secundários de uma contradição e assim por diante e por enfatizar como Lenin e Trotsky a natureza combinada e desigual de seu desenvolvimento Através de sua história longa e complexa cinco correntes básicas de significado se des tacam na dialética todas ocupando o primeiro plano em diferentes ocasiões no século XX 1 contradições dialéticas implicando oposições inclusivas ou forças de origens nãoindependentes 2 argumentação dialética orientada para a busca de ideais fundamentáveis 3 razão dialética que abrange todo um leque de conotações indo do pensamen to imaginoso e conceitualmente flexível que sob a disciplina de restrições empí ricas lógicas e contextuais desempenha um papel tão crucial no desenvolvimento científico através do esclarecimento e da desmistificação até a racionalidade pro funda da PRÁXIS emancipatória 4 processo dialético implicando um es quema de unidade original disjunção histórica e eventual retorno que é um motivo recorrente e profundamente en raizado no pensamento ocidental 5 inteligibilidade dialética compreenden do a apresentação de origem tanto teleo lógica em Hegel quanto causal em Marx de formas sociais e culturais in cluindo crenças e sua crítica explanató ria Leitura sugerida Adorno Theodor 1966 1973 Ne gative Dialetics Althusser Louis 1965 1969 Pour Marx Anderson Perry 1976 Considerations on Western Marxism Bhaskar Roy 1992 Dialetic Col letti Lucio 1975 Marxism and the dialetic New Left Review 93 Lukács György 1923 1971 History and Class Consciousness Rosen Michael 1982 Hegels Dialetic and its Criticism Stedman Jones Gareth 1973 Engels and the end of classic German philo sophy New Left Review 79 Taylor Charles 1975 Hegel ROY BHASKAR dialético materialismo Ver MATERIALISMO DIALÉTICO diferenciação social O conceito referese ao reconhecimento e à constituição como fatos sociais de diferenças entre grupos ou categorias particulares de indivíduos Nem todas as ca racterísticas individuais são diferenciadas dessa maneira mas muitas o são de diversos modos em diferentes sociedades e com variados graus de rigor às vezes codificados em lei Entre os tipos mais significativos de diferenciação en contramse aqueles entre os sexos entre grupos etários especialmente importantes nas socie dades tribais primitivas entre grupos étnicos e lingüísticos entre categorias profissionais e en tre classes e grupos de status Em escala mun dial através da história as distinções entre gru pos tribais comunidades políticas distintas im Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar diferenciação social 207 périos e estadosnações modernos bem como entre adeptos das principais religiões mundiais ou das inúmeras crenças menores que delas brotaram têm sido uma força poderosa na união dos grupos humanos e ao mesmo tempo em separálos de outros grupos freqüentemente levandoos a conflitos entre si Embora a diferenciação social dentro de sociedades ou tipos de sociedades particulares seja há muito tempo tema de comentário por parte de filósofos mestres religiosos por exemplo em explicações das origens do sistema de castas hindu ou da hierarquia feudal e pensadores políticos ela só foi estudada sistematicamente a partir do final do século XVIII e mais particu larmente no século XIX quando passou a estar cada vez mais ligada ao desenvolvimento eco nômico e à especialização das profissões As sim Adam Smith expôs não apenas as conse qüências econômicas da expansão da divisão do trabalho mas também os seus efeitos na deter minação das características dos estilos de vida dos indivíduos e Herbert Spencer pos teriormente concebeu a divisão do trabalho como o elemento básico na diferenciação so cial fazendo remontar seu desenvolvimento à especialização de funções em todas as áreas da vida social De forma semelhante Karl Marx baseou sua teoria das classes em uma análise da divisão do trabalho em diferentes modos de produção ao mesmo tempo distinguindo entre uma divisão social do trabalho implicando a propriedade ou a nãopropriedade dos meios de produção e uma divisão técnica do trabalho dentro do processo produtivo ver MARXISMO Por um outro aspecto Émile Durkheim 1893 enfatizou a importância da divisão do trabalho como a fonte do individualismo que caracteriza as sociedades modernas Sem dúvida o tipo de sistema econômico e a divisão do trabalho são fatores importantes na criação da diferenciação social dentro de socie dades e em muitos casos entre elas como por exemplo na atual relação entre os países indus triais avançados e o Terceiro Mundo mas se reconhece de maneira geral que estão longe de ser os únicos fatores O autor que destacou de maneira mais clara a complexidade da dife renciação social nas sociedades modernas foi Georg Simmel Em seu volume de ensaios über soziale Differenzierung 1890 e em outras obras ele examinou a grande variedade de in fluências que contribuíram para o crescimento do individualismo e a diversificação de grupos sociais nos países da Europa Ocidental durante o século XIX o rápido desenvolvimento de uma economia monetária o crescimento das cidades a mobilidade dos indivíduos e o surgi mento de novos interesses sociais e culturais Em particular a vida na cidade fornecia o es tímulo de perspectivas intelectuais e culturais diversas e competitivas das quais novos tipos de diferenciação podiam novamente surgir en quanto o crescimento do número de associações e círculos sociais de todos os tipos permitia aos indivíduos desenvolver aspectos específi cos de seu caráter e propósitos No século XX esses processos têm tido con tinuidade ainda que sendo afetados em certo grau por tendências opostas surgidas a partir do desenvolvimento da SOCIEDADE DE MASSA Ao mesmo tempo dois outros tipos de diferencia ção social os de sexo e os de raça origem étnica ou nacionalidade têm adquirido proe minência bem maior no pensamento social Em todas as sociedades humanas homens e mu lheres têm sido tratados de forma diferente em geral sem eqüidade e muitos cientistas sociais do século XIX entre eles Marx e Spencer apontaram que a divisão econômica do trabalho começou com a divisão de tarefas entre os sexos fonte de muitas diferenças sociais e cul turais posteriores incluindo o domínio mascu lino na vida política Nas novas sociedades industriais do século XIX ainda eram negados às mulheres muitos direitos sociais e políticos básicos embora esses direitos fossem sendo lentamente adquiridos em sociedades mais mo dernas persistem formas variadas de diferen ciação injusta ver GÊNERO A diferenciação por raça ou origem étnica é também uma característica importante das so ciedades modernas e distinções semelhantes ocorrem em muitas sociedades póscoloniais e multitribais do Terceiro Mundo Nos países industriais porém em parte como legado do colonialismo mais particularmente no período do pósguerra como conseqüência da imigra ção em grande escala essa diferenciação está freqüentemente associada a uma substancial desigualdade econômica e social e a manifes tações de RACISMO A diferenciação em termos de sexo ou raça está ligada a diferenças bioló gicas como acontece com a diferenciação por grupo etário mas as distinções sociais que são feitas surgem de forma independente e onde se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 208 diferenciação social enfatizam os fatores biológicos isso visa sem pre estabelecer ou reforçar algum tipo de desi gualdade Nacionalidade no sentido de língua e cultura características é um importante fator de diferenciação nos estadosnações que incor poram minorias nacionais e também nesse caso isso em geral implica desigualdade de trata mento mas é igualmente uma fonte de movi mentos separatistas Os casos que acabamos de considerar reve lam como importante aspecto da diferenciação social o fato de ela estar quase que invariavel mente associada à ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL As desigualdades de poder riqueza e prestígio so cial em suas diversas formas são aspectos fundamentais do processo de diferenciação ver ELITES TEORIA DAS e precisam ser considerados em relação ao individualismo das sociedades modernas A esse respeito a análise da dife renciação social contribui grandemente para a compreensão da relação entre indivíduo e so ciedade Os indivíduos com toda a sua série de qualidades pessoais não ocupam posições neu tras e desestruturadas na sociedade mas nas cem dentro de grupos e categorias particulares e distintos que em muito contribuem para de terminar seu caráter e perspectiva ou suas opor tunidades e realizações O grau em que cada indivíduo é capaz de moldar um estilo de vida pessoal e satisfatório depende em grande parte como Simmel Durkheim e Marx afirmaram cada qual à sua maneira do sistema de dife renciação social e de suas mudanças especial mente na esfera econômica Leitura sugerida Durkheim Émile 1893 1984 The Division of Labour in Society North CC 1926 So cial Differentiation Simmel Georg 1890 Über so ziale Differenzierung soziologische und psycholo gische Untersuchungen Tönnies Ferdinand 1887 1955 Community and Association TOM BOTTOMORE dinheiro Este fenômeno cotidiano é o fato social supremo da sociedade moderna Apesar disso a teoria social do dinheiro é negligencia da pela maior parte dos cientistas sociais Esse descaso ocorre porque o dinheiro foi reduzido a um instrumento racional visto alternadamen te como meio de troca ver ECONOMIA NEOCLÁS SICA ou como meio de comunicação ver ESCO LA AUSTRÍACA DE ECONOMIA O desenvolvimen to histórico as formas de existência e os modos de operação do dinheiro foram reduzidos às suas funções econômicas e sociais sendo a sua função básica identificada convencionalmente com o seu papel como meio de troca Embora divirjam na especificação dessas funções e no relacionamento hierárquico proposto entre elas as várias teorias sobre o dinheiro têm em co mum a dissolução da especificidade deste como fenômeno social reduzindoo a um meio de representação de fenômenos nãomonetários No entanto ao enfatizar a simetria de relações de troca como base da racionalidade instrumen tal do dinheiro essas teorias deixam de lado a assimetria social das relações de dominação através das quais o dinheiro se afirma não como mero símbolo mas como força social autôno ma A concepção predominante do dinheiro re monta pelo menos a Aristóteles que explicou seu surgimento em termos da inconveniência do escambo ou da permuta definindo sua fun ção básica pelo seu papel como meio de troca mas reconhecendo também suas funções deri vativas como a medida de valor e pelo menos implicitamente também como reserva de va lor O desenvolvimento posterior da teoria mo netária acrescentou notavelmente pouco à aná lise de Aristóteles O debate principal foi trava do entre os que insistiam em que o dinheiro devia ter ele próprio um valor e os que afirma vam que as formas primitivas de dinheiro como mercadoria podiam ser substituídas por formas puramente simbólicas cujo valor seria determi nado por convenção e para alguns endossado pelo estado Esse debate superpôsse àquele entre os que seguem Aristóteles encarando a função dos meios de troca como básica e os hereges que atribuíam primazia a outras fun ções do dinheiro O significado político do de bate concentrase na teoria quantitativa do di nheiro se a função básica do dinheiro é como meio de troca um aumento em sua oferta levará a preços mais elevados Se sua função básica é como valor de reserva um aumento na sua oferta levará a uma queda nas taxas de juros Adam Smith 1776 seguindo David Hume 1752 lançou as bases da economia moderna ao reafirmar a ortodoxia aristotélica contra a heresia mercantilista que encarava a função básica do dinheiro no seu papel como reserva de valor A teoria estatal do dinheiro de Knapp 1905 enfatizava a primazia da função deste como meio de pagamento validada por seu status de moeda legal Keynes 1930 se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar dinheiro 209 guiu Knapp enfatizando a primazia da moeda de cálculo sobre o dinheiro como meio de troca No entanto nem os mercantilistas nem Knapp desenvolveram uma teoria sistemática do dinheiro que contestasse a ortodoxia clás sica enquanto Keynes não desenvolveu as im plicações de suas percepções indubitáveis res tringindose à análise dos motivos para se ter o dinheiro como a base da sua teoria dos juros e do emprego 1936 Assim a teoria de Keynes foi logo reabsorvida na ortodoxia clássica sob a forma da síntese neoclássica a primazia da função do dinheiro como valor de reserva ex pressa na teoria keynesiana da preferência pela liquidez sendo reduzida a um desvio irracional do funcionamento normal do sistema monetá rio baseado na primazia do dinheiro como meio de troca Os economistas não foram tão ingênuos ao ponto de acreditar que sua teoria é adequada à realidade cotidiana de uma sociedade em que o dinheiro é de forma transparente não apenas um instrumento racional mas também tanto substância quanto o símbolo de riqueza de status e de poder Não obstante a irraciona lidade associada a um sistema monetário desen volvido é tratada como fenômeno patológico distinguível em princípio da normalidade in corporada no sistema ideal das teorias dos eco nomistas a ser explicado por sociólogos e psi cólogos sociais ou até mesmo por teólogos e filósofos morais Tal irracionalidade explicase não em termos da irracionalidade objetiva da sociedade capitalista mas em termos da ir racionalidade subjetiva dos agentes sociais que é convocada a explicar todos os males da socie dade moderna o ciclo comercial o desem prego em massa a pobreza persistente a desi gualdade crescente o abuso de poder o con flito industrial e a decadência urbana tudo isso resulta da impossibilidade dos seres humanos de viverem à altura dos ideais de racionalidade incorporados nas teorias dos economistas A sociologia apesar de toda a sua preocupa ção com as dimensões nãoracionais da ação social não representou um desafio efetivo à or todoxia dos economistas Weber 192122 concordou sem questionamentos com a concepção dos economistas do dinheiro como o instrumento e meio de expressão da raciona lidade econômica Parsons 1967 foi além encarando a concepção do dinheiro pelos eco nomistas como um modelo para a análise de outros subsistemas sociais considerados como sistemas de troca simbólica abordagem que foi ainda mais desenvolvida na concepção pós modernista da sociedade como rede de comu nicações Habermas 1981 Luhmann 1983 1984 cf Ganssmann 1988 ver MODERNISMO E PÓSMODERNISMO na qual dinheiro é análogo ao signo lingüístico concepção que leva a teo ria do dinheiro a dar a volta completa uma vez que a teoria do signo de Saussure 1916 ins pirouse na concepção do dinheiro apresentada pelos economistas Os sociólogos não têm ignorado os aspectos irracionais do dinheiro nem se contentado com a concepção psicológica dos economistas sobre tal irracionalidade Não obstante os sociólogos seguiram os economistas ao encarar tal irra cionalidade como fenômeno patológico como instituição social cuja função básica de servir como instrumento racional adquire significa dos secundários que podem subverter seu pro pósito original A Filosofia do dinheiro 1907 de Simmel a única contribuição sociológica séria à teoria do dinheiro é um estudo brilhante da influência permeadora do dinheiro na vida social mas a irracionalidade de uma sociedade dominada pelo dinheiro é atribuída a uma me tafísica universal o processo psicológico atra vés do qual meios e fins acabam sendo inverti dos Assim o aspecto essencial do dinheiro numa sociedade capitalista o de poder servir como um meio apenas por ser o fim supremo é atribuído a um processo psicológico mis terioso que precisa ser invocado devido à desig nação original e errônea do dinheiro como o instrumento da razão O único teórico social a contestar sistema ticamente a concepção ortodoxa do dinheiro foi Karl Marx Até recentemente as interpretações da teoria do dinheiro estabelecida por Marx permaneceram dentro do quadro funcionalista insistindo em geral em que a função básica do dinheiro reside em seu papel como a forma de valor independente e portanto como capital Essa concepção do dinheiro está de acordo com a concepção marxista do capitalismo como uma sociedade baseada não na troca e na comuni cação mas na EXPLORAÇÃO e no domínio cujo desenvolvimento é determinado não pelas ne cessidades e aspirações humanas mas pela acu mulação de capital Essa teoria leva os marxis tas a afirmar que a irracionalidade substantiva da sociedade capitalista é inseparável de sua Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 210 dinheiro racionalidade formal e mais fundamental do que esta No entanto isso não define uma teoria do dinheiro caracteristicamente marxista va lidando a visão ortodoxa de Marx como um herege menor cujas teorias monetárias eram derivativas e cheias de falhas Dentro da interpretação funcionalista de Marx o dinheiro permanece sendo um ins trumento não um instrumento da razão mas do capital A irracionalidade do dinheiro não é inerente ao dinheiro mas reside fora de si mes ma nas relações sociais que o dinheiro serve para simbolizar O que fica implícito e nisto se agarrou o movimento reformista no bloco soviético é que o dinheiro é socialmente neutro e pode servir como instrumento de pla nejamento socialista da mesma forma como serve de instrumento de exploração capitalista A publicação das primeiras obras de Marx e dos Grundrisse abriu o caminho para uma in terpretação alternativa e mais radical da teoria marxista que atribui um papel crucial à sua crítica do dinheiro Essa abordagem representa uma convergência da análise da formavalor que teve como pioneira a Alemanha e do di nheiro como modo de dominação que teve como pioneiro o movimento italiano de auto nomia no início dos anos 70 Backhaus 1969 Negri 1972 Essa interpretação reverte a rela ção convencional entre forma e função en carando as funções do dinheiro como derivadas das propriedades do dinheiro enquanto forma social particular Essa abordagem rejeita a dis tinção analítica entre o sistema real e o sis tema monetário a qual marca tanto a economia ortodoxa quanto o marxismo ortodoxo e que surge de forma invertida nas teorias pósmo dernistas O dinheiro não simboliza uma rela ção real que esteja por trás dele E menos ainda constitui a economia como um campo pura mente simbólico É somente com o desenvolvi mento do capitalismo que o dinheiro dissolve todos os laços préhistóricos de forma que as relações entre os indivíduos só podem cons tituirse como relações sociais e assim adquirir um determinado caráter social através da forma do dinheiro Em uma sociedade capitalista de senvolvida o dinheiro não é portanto mera mente um símbolo mas é o elemento mediador básico entre o indivíduo e a sociedade Essa observação aparentemente banal tem conse qüências bastante fundamentais pois implica que a teoria do dinheiro longe de ser uma economia técnica tem de estar no próprio cerne da teoria da sociedade capitalista Merrington e Marazzi 1977 Negri 1979 Lição 2 Clarke 1982 Capítulos 3 e 4 Clarke 1988 Capítulos 4 e 5 Ganssmann 1988 cf Aglietta e Orlean 1982 que desenvolvem uma teoria antropoló gica do dinheiro comparável mas nãomarxis ta Leitura sugerida Aglietta M e Orlean A 1982 La violence de la monnaie Backhaus HG 1969 1980 On the dialectics of the valueform Thesis XI 1 94120 Clarke S Simon 1982 1991 Marx Mar ginalism and Modern Sociology Ganssmann H 1988 Money a symbolically generalized medium of communication Economy and Society 173 185316 Knapp GF 1905 1924 The State Theory of Money ed resumida Luhmann N 1983 Das sind Preise ein soziologischsystemtheoretischer Klärungsver such Soziale Welt 342 15370 Ο 1984 Die Wirt schaft der Gesellschaft als autopoietisches System Zeitschrift für Soziologie 134 30827 Merrington J e Marazzi C 1977 Notes on money crisis and the state CSE Conference Papers Negri A 1979 1984 Marx Beyond Marx Simmel Georg 1907 1990 The Philosophy of Money SIMON CLARKE direita nova Ver NOVA DIREITA direito Ver LEI POSITIVISMO JURÍDICO direitos e deveres Para que alguém tenha um direito um dever correspondente deve ca ber a um outro ou outros específicos ou gené ricos O direito pode ser o de fazer algo de conservar a posse de algo ou de receber algo incluindo uma abstração como o respeito O dever respectivo seria tolerar a atividade não interferir com a posse do bem ou oferecer o benefício ou a reação Os direitos legais isto é aqueles reconhecidos pelo direito ver LEI ser vem de modelo para os direitos extralegais ou morais Os que invocam estes últimos em apoio a suas pretensões deixam implícito que estas seriam apoiadas por um tribunal moral imaginário e de forma típica buscam mudar a lei de forma a efetiválas Colocase então a questão das justificativas com que os direitos podem ser postulados A resposta tradicional é que os seres humanos têm direitos naturais John Locke afirmou que mesmo em um estado natural os indivíduos são seres morais e ao abandonarem esse estado natural concederam apenas limitados poderes de coerção ao governo que então estabelecera Quando este ultrapassa tais limites viola os Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar direitos e deveres 211 direitos naturais de seus súditos A Carta de Direitos anexada à Constituição dos Estados Unidos exemplifica com limpidez esse modo de pensar Em meados do século XX porém as alegações quanto à existência de tais direitos sofreram ataques das mais variadas procedên cias Alguns refletindo uma perspectiva positi vista lógica a qual nega que os julgamentos morais possam ser verdadeiros ou falsos enca ram essas alegações mais como decisões ou como uma tomada de posição MacDonald 19478 p49 Outros ao mesmo tempo em que aceitam serem válidos os julgamentos morais encaram as entidades coletivas a nação a classe como os únicos repositórios de valor Em uma veia mais prática Mabbott 1958 ao mesmo tempo em que encara as entidades co letivas com extremo ceticismo e propõe o ba nimento da palavra sociedade a fim de que seja possível pensar com lucidez p83 rejeita os direitos naturais como indeterminados e caprichosos p58 e como uma arma política invariavelmente utilizada pelos oponentes de reformas p62 Na parte final do século os direitos volta ram a se impor no pensamento político embora em seguida à Segunda Guerra Mundial e à pos terior denúncia do holocausto nazista grande parte da ênfase em todo mundo se tenha concen trado no que foi chamado de direitos huma nos Ao se delinearem esses direitos o debate não foi tanto a respeito de que direitos os in divíduos um dia tiveram ou teriam em um estado natural mas sim quanto a que direitos todos deveriam ter no mundo tal como ele é hoje Além disso enquanto os direitos naturais tendem a ser encarados como ativos isto é opções que os que os detêm poderiam escolher exercer ou não em qualquer dada situação os direitos humanos ampliam o conceito para abranger igualmente os direitos passivos isto é os direitos que impõem deveres sobre outros independentemente da escolha daquele que tem os direitos Assim é possível dizer que uma criança tem direito à educação sem estar im plícito que ela deveria ter a opção de se recusar a receber educação Os direitos podem ser específicos ou univer sais Enquanto um direito universal é aquele que todos deveriam reconhecer um direito es pecífico só é devido por parte de um outro ou conjunto de outros específico e surge ou de compromissos explícitos que estes últimos te nham assumido ou do relacionamento entre eles Assim Melden 1959 sustenta que um pai tem o direito de esperar respeito do filho e por analogia alguns avançam até a reivindicação de que um grupo tem um direito específico à lealdade de seus membros e um estado à dos seus cidadãos No entanto não é característico dos teóricos dos direitos naturais defender os direitos de coletividades contra indivíduos Ao contrário os direitos são encarados como baseados na liberdade Hart e a liberdade é definida nega tivamente como a ausência de coerção Crans ton 1953 Berlin 1958 A afirmação de Jean Jacques Rousseau de que somos forçados a ser livres é tida como um abuso de linguagem Nas palavras de Hart se existe algum direito moral seguese que deve existir pelo menos um direito natural o direito igual de todos os homens a ser livre pelo que qualquer ser humano adulto capaz de fazer uma escolha 1 tem o direito de estar livre por parte de todos os outros do uso da coerção ou da repressão contra ele salvo para impedir a coerção ou repressão e 2 tem a liberdade de exercer isto é não estar sob a obrigação de se abster de qualquer ação que não seja coercitiva repressiva ou que vise a causar mal a outras pessoas Hart 1955 p154 Esse não é do ponto de vista de Hart um direito absoluto mas seria preciso que se apre sentassem motivos muito bons para suprimilo Milne em contraste seguindo Green 1941 e Bosanquet 1951 encara a liberdade como positiva Concorda com Hart em que o direito a estar livre de coerção arbitrária é uma con dição necessária para se terem quaisquer outros direitos mas sustenta que isso só é possível numa sociedade livre cujos membros estejam substancialmente de acordo a respeito do cará ter fundamental do seu modo de vida Milne 1968 p177 Ele considera que a moralidade estabelecida de uma tal sociedade poderia auto rizar restrições por outros motivos que não os mencionados por Hart a segurança nas estradas poderia ser um exemplo O que distingue uma sociedade livre é que cada membro participa da responsabilidade de mantêla e determinarlhe o rumo e deve portanto ser autônomo aos olhos da lei Os direitos afirma têm um caráter es sencialmente social Ao pressupor a autonomia de cada membro a sociedade livre depende de que cada um aja no espírito mais do que apenas na letra de sua MORALIDADE estabelecida Deve Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 212 direitos e deveres portanto conferir a cada pessoa a oportunidade de exprimir suas próprias percepções quanto às questões públicas e assim preservar a liber dade de expressão de todos Além disso naqui lo que chama de perspectiva humanista críti ca os membros de uma sociedade podem ava liar o nível de compreensão que predomina em sua sociedade e buscar melhorálo Os direitos de associação de participação política e de ação política nãoviolenta tenderão a facilitar esse processo De acordo com Mabbott 1948 p57 os direitos naturais devem ser autoevidentes e também absolutos para poderem ser considera dos como direitos Milne ao ligar os direitos naturais à concepção de uma sociedade livre demonstrou que eles não precisam ser autoevi dentes e tanto ele quanto Hart reconhecem que eles às vezes têm de ser suprimidos Esse último reconhecimento porém lança os teóricos dos direitos naturais numa ladeira escorregadia Se os direitos pudessem ser supri midos apenas por motivos utilitários isto é sempre que a sua supressão viesse a promover a maior felicidade ou maior bem do maior número eles seriam destituídos de valor De acordo com Waldron seguindo Dworkin um indivíduo tem um direito quando existe um mo tivo para lhe atribuir algum recurso liberdade ou oportunidade mesmo apesar do fato de que normal mente as considerações decisivas sobre o interesse geral ou outros objetivos coletivos falariam contra essa concessão Waldron 1984 p17 Os utilitaristas em contraste estão neces sária e profundamente comprometidos em trocar os interesses de vida e liberdade de um pequeno número de pessoas por uma soma maior de interesses menores de outros ibid p189 Para preservar essa diferenciação os defen sores dos direitos naturais contestariam em pri meiro lugar que mesmo que um direito não fosse absoluto seria preciso apresentar um ar gumento extremamente convincente para que ele pudesse ser suprimido o que poderia signi ficar exigir que os que buscassem suprimilo não poderiam agir simplesmente segundo seu próprio critério mas teriam de convencer um tribunal independente da necessidade de fazê lo e em segundo lugar que ao suprimir um direito a infringência seria mantida em nível mínimo o direito seria restaurado assim que a necessidade de suprimilo houvesse passado e se pagaria uma indenização por essa transgres são Também se tem afirmado que alguns direi tos são absolutos Gewirth 1984 propõe que o direito de uma mãe de não ser torturada até a morte pelo próprio filho seria um desses Assim mesmo que terroristas fizessem a ameaça ve rossímil de destruir uma grande cidade com armas nucleares a não ser que essa tortura acontecesse seria errado o filho fazêlo O filho seria responsável pela tortura que estaria in fligindo mas não pelas ações letais dos terroris tas em represália a sua recusa a infligir a tortura O pensamento de Gewirth porém parece preocupado basicamente com o direito do filho mais que com os direitos da mãe Desta última dificilmente se poderia dizer que teria sido me nos violentada caso tivesse sido torturada até a morte por alguma outra pessoa Para fazer eco a Hart se é que existem direitos naturais o direito de não ser torturado ou de não ser abandonado a uma perspectiva de tortura é com toda certeza absoluto As teorias do direito especialmente dos di reitos naturais ou ativos em geral represen tam o indivíduo como tudo e a sociedade como nada Conforme demonstra Milner isso é um exagero que o conceito mais amplo de direitos humanos incorporando direitos passivos tais como os direitos a alimentação abrigo cuidados médicos e educação em certa me dida corrige pelo menos em princípio Afirmar que existem limites além dos quais a liberdade e o bemestar do indivíduo possam não estar subordinados àquilo que um governo encara como o bem comum dificilmente seria discutí vel hoje em dia embora a consideração contrá ria apresentada pelo argumento de Mabbott indique que também deveria haver limites quanto ao grau em que um governo deveria ser impedido de promover fins autenticamente co muns por indivíduos que invocam seus direitos Não obstante é difícil discordar da afirmação de que neste século e particularmente desde o ápice do LAISSEZFAIRE da Grande Depressão de 1929 em diante os ultrajes mais terríveis contra a humanidade se originaram levandose tudo em conta mais do excesso que da deficiência de poder dos governos Admitido isto a reto mada da ênfase na questão dos direitos e de veres representa uma tendência salutar Ver também JUSTIÇA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar direitos e deveres 213 Leitura sugerida Dworkin R 1978 1990 Taking Rights Seriously ed rev Gostin L org 1988 Civil Liberties in Conflict Hart HLA 1955 Are there any natural rights Philosophical Review 64 17591 MacDonald M 194748 Natural rights Procee dings of the Aristotelian Society 3555 Melden AI 1977 Rights and Persons Milne AJM 1968 Free dom and Rights Waldron J org 1984 Theories of Rights RODERICK C OGLEY discurso Com grande freqüência este con ceito é associado a linguagem em uso levan do em consideração o textotextos que ocorrem efetivamente em um contexto comunicativo ge nuíno O discurso assim tem desempenhado um papel em várias disciplinas e subdisciplinas da LINGÜÍSTICA na lingüística textual como um meio de descrever o modo como as proposições se unem para formar uma unidade lingüística coesa maior que uma sentença ver Beaugrande e Dressler 1981 Halliday e Hasan 1976 na lingüística sistêmica ver SEMIÓTICA como um meio de ligar a organização lingüística do dis curso a componentes sistemáticos particulares de tipos situacionais na psicolingüística para dar conta das estratégias cognitivas que os usuá rios da linguagem empregam em COMUNICA ÇÃO incluindo a ativação do conhecimento or dinário ver Van Dijk e Kintsch 1983 Uma vez que o discurso se ocupa do significado do que se expressa mais que da sentença ele está relacionado à pragmática embora a prag mática lingüística não possa explicar todos os aspectos do discurso em seu sentido mais am plo Assim os conceitos de discurso vão da mais estrita descrição lingüísticatextual em que discurso é simplesmente um período con tínuo de linguagem maior do que a senten ça Crystal 1985 p96 que pode ser falado ou escrito ou ambos e é de autoria única ou dialógico até macroconceitos que tentam de finir teoricamente formações ideológicas ou discursivas que organizam sistematicamente o conhecimento e a experiência e reprimem alternativas através de seu domínio ver Fou cault 1969 Nesse contexto surgem questões a respeito de como os discursos podem ser contestados a partir de dentro e de como emer gem discursos alternativos Esses debates conti nuam em muitos campos incluindo o feminis mo e o pósestruturalismo Discurso tornouse uma das palavras mais amplas e em geral mais confusamente utiliza das em teorias recentes no âmbito das artes e nas ciências sociais sem um único conceito unificador claramente definível Discurso e tex to costumam ser usados alternadamente Onde se faz uma distinção esta é às vezes de pers pectiva metodológica texto produto mate rial discurso processo comunicativo ou en tão para explicar a interligação de textos no diálogo Beaugrande e Dressler 1981 tornam o texto coincidente com o discurso na medida em que seja produzido por um único indivíduo mas se referem igualmente ao discurso como a soma de textos interligados Para definir o texto como ocorrência comunicativa eles propõem sete padrões de textualidade Coesão e coerên cia são os chamados critérios textocentrados Ambos referemse a formas gramaticais que marcam as ligações entre sentenças dentro de um texto e aos elos conceituais através de pro posições conexas que não surgem necessaria mente em formas gramaticais específicas Além disso existem critérios usuáriocentrados intencionalidade aceitabilidade informativi dade situacionalidade e intertextualidade Jun tos esses sete padrões são constitutivos da co municação textual Os padrões usuáriocentra dos têm de explicar o fato de o significado do discurso não estar contido dentro das formas lingüísticas como tais mas os leitores ou ou vintes terem de construir ativamente o signifi cado através de inferências Levinson 1983 cap6 limita a análise do discurso à formulação de regras para a estrutura do discurso conforme expresso em gramáticas de textos ver Van Dijk 1972 e em teorias baseadas no discursoação Labov e Fanshel 1977 Coultrard e Montmogery 1979 e opõem isso à análise conversacional praticada por et nometodologia de forma estritamente empírica Sacks et al 1974 Schenkein 1978 Um con ceito de discurso de base mais ampla porém subordinaria a ANÁLISE CONVERSACIONAL ver CONVERSACIONAL ANÁLISE e outras abordagens sociológicas à interação comunicativa como um dos métodos de abordagem do discurso ver Gumperz 1982 Na teoria literária o conceito de discurso representa um meio de romper as divisões entre textos literários e nãoliterários O status espe cial do texto poético é substituído por um conti nuum de práticas lingüísticas que são mais ou menos dependentes de contexto A diferença entre discurso na vida e discurso na poesia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 214 discurso Volosinov 1926 tornase assim uma questão de grau e não um absoluto Segundo Volosinov o discurso é ideológico no sentido de que surge entre indivíduos socialmente organizados e não pode ser compreendido fora do seu contexto O discurso tomado como fenômeno de comunicação cultural não pode ser com preendido independentemente da situação so cial que lhe deu origem ibid p8 A natureza ideológica do discurso fica mais transparente no discurso autoritário o qual exige nossa submissão incondicional O discurso autoritário portanto não permite que se jogue com o contexto que o enquadra Está indissoluvelmente fundido com sua autori dade com um poder político uma instituição uma pessoa e tanto se mantém quanto cai junto com essa autoridade Bakhtin 19345 p343 O conceito de discurso de Volosinov Bakh tin e outros autores do círculo de Bakhtin bem como conceitos relacionados em textos recen tes de semiótica social fornece assim um elo com macroversões de discurso encontradas na definição de Bourdieu de capital lingüístico 1977 e especialmente com as formações discursivas de Foucault 1969 Leitura sugerida Beaugrande R de e Dressler W 1981 Introduction to Textlinguistics Foucault M 1969 Larcheólogie du savoir Gumperz J 1982 Discourse Strategies Halliday MAK e Hasan R 1976 Cohesion in English Schenkein J org 1978 Studies in the Organization of Conversational Interac tion Van Dijk T e Kintsch W 1983 Strategics of Discourse Comprehension Volosinov VN 1926 1983 Discourse in life and discourse in poetry In Bakhtin School Papers Russian Poetics in Translation vol10 org por Ann Shukman ULRIKE MEINHOF dissenso O verbo dissentir referese a ati vidades que divergem ou discordam da maioria em termos de crença e opinião A palavra dis sidente referese a uma pessoa que adota tal comportamento e sustenta pontos de vista dis sentâneos O verbo e a palavra foram usados original mente para designar organizações religiosas e seus adeptos que divergiam da doutrina e dos ensinamentos da Igreja Anglicana Batistas metodistas quacres e seitas e denominações protestantes similares fora da Igreja Anglicana foram historicamente discriminados depois da Restauração de 1660 sendolhes recusado o acesso a posições estratégicas na GrãBretanha A maior parte dessas restrições foi abolida no século XIX mas a longa história de discrimi nação levou membros de seitas dissidentes a assumirem posições impopulares em campos nãoreligiosos tanto quanto no domínio es pecificamente religioso Foi nesse espírito que Edmund Burke se referiu aos colonizadores norteamericanos às vésperas da revolução co mo os protestantes do protestantismo ou seja os dissidentes do dissenso O outro contexto importante em que a pala vra dissenso aparece com freqüência é o do direito especialmente o do direito consuetudi nário Nesse caso a palavra referese aos mem bros de um júri ou aos juízes num processo jurídico que divergem da opinião de seus cole gas Uma vez que as opiniões dissentâneas são freqüentemente formuladas com muito cuidado e exibem um elevado grau de sofisticação jurí dica têm em geral a orientação de advogados ou juízes em processos mais recentes e sua influência sobre decisões judiciais posteriores pode ser tão grande ou maior do que a decisão majoritária à qual inicialmente se dirigiam Os dissensos de ontem podem muito bem tornarse as verdades estabelecidas de hoje Ver também CONSENSO Exceto no contexto religioso ou jurídico a palavra é usada com infreqüência nas ciências sociais mas outras quase sinônimas aparecem com regularidade Robert K Merton por exem plo faz uma diferença entre o comportamento desviante assumido com vistas ao lucro pessoal que ele chama de comportamento aberrante e o comportamento nãoconformista assu mido por indivíduos ou grupos que rejeitam as normas e valores predominantes em nome de orientações alternativas de conduta para me lhorar a qualidade de vida e o bem comum Ele afirma que a freqüente falta de diferenciação entre essas categorias de atividades todas elas classificadas simplesmente como desviantes leva à impossibilidade de se distingüir analiti camente entre um ladrão de estradas comum e Jesus Cristo Merton e Nisbet 1961 cap1 Enquanto analistas conservadores tendem a considerar o dissenso como uma doença do corpo social liberais e radicais têm mais proba bilidades de concebêlo como um motor fun damental da mudança social Afirmam que es truturas sociais que dependem do precedente e do hábito estão destinadas a se fossilizar e a não conseguir responder ao desafio do novo Sem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar dissenso 215 as virtudes do dissenso afirmam as modernas sociedades burocráticas provavelmente segui rão o caminho do antigo Egito e da China imperial Leitura sugerida Coser Lewis A 1988 The func tions of dissent In A Handful of Thistles Collected Papers in Moral Conviction Erikson Kai T 1966 Wayward Puritans a Study in the Sociology of De viance Merton Robert K e Nisbet Robert orgs 1961 1976 Contemporary Social Problems 4ªed Mori son Samuel Eliot et al 1970 Dissent in Three Ameri can Wars LEWIS A COSER ditadura A ditadura costuma ser compreen dida hoje em dia como uma forma altamente opressora e arbitrária de governo estabelecida por meio da força ou da intimidação e que permite a uma pessoa ou grupo monopolizar o poder político em detrimento da sociedade em geral No entanto essa definição muito geral quase coloquial capta apenas um dos significa doschave da palavra É verdade que ditadura ressoa com idéias de ilegalidade domínio go verno de MILITARES e totalitarismo Mas tam bém tem sido empregada com freqüência em cenários democráticos para caracterizar por exemplo a ascendência e a força do Poder Executivo e a incapacidade do Congresso em controlála Para que esse duplo significado seja compreendido é necessário entender as raízes e o contexto histórico da palavra Na constituição da República Romana c50931 aC uma ditadura não era algo a quem alguém se arrogasse mas era conferida a essa pessoa como função extraordinária embo ra perfeitamente legal Jolowicz 1967 p535 A ditadura era uma magistratura cujo titular em geral um excônsul era nomeado pelo Senado para fins de administração de crises particu larmente em períodos de guerra no estrangeiro ou de luta civil quando se exigia uma ação decisiva e quando o governo de uma pessoa era encarado como mais bem adaptado para enfren tar a emergência do que um sistema de governo colegiado de movimentos mais tolhidos cf Maquiavel 1531 1965 p18990 O ditador recebia um poder temporário acompanhado de um vasto âmbito de prerrogativas civis e mili tares Rossiter 1948 p1528 Por exemplo ele estava liberado das restrições representadas pelo veto tribunício podia por sua própria autoridade levantar mais de quatro legiões direito negado em tempos normais a um co mandante militar sem a autorização expressa do Senado e tinha em geral imensos direitos de prisão e execução No entanto os poderes investidos na ditadura nunca eram absolutos ou incondicionais O im perium do ditador autoridade militar e juris dicional com amplo poder discricionário de suspensão ou reiteração de penas Brunt e Mo ore 1967 p835 era normalmente limitado a um período de seis meses de duração ele não tinha nenhuma autoridade para interferir em questões civis declarar guerra ou alterar a cons tituição ao mesmo tempo em que por volta de 300 aC os poderes do ditador se haviam tor nado sujeitos ao provocatio o direito de um cidadão de apelar contra uma sentença capital Oxford Classical Dictionary 1970 p8923 A legalidade constitucional da ditadura ro mana junto com sua duração e jurisdição cla ramente definidas levou alguns autores a serem cautelosos ao aplicar o conceito a condições incidentes no século XX Assim Roy Medve dev 1981 p41 observou que os regimes variados de Mussolini Hitler Salazar Fran co Somoza Duvalier e Stroessner não recebem o nome de tirania despotismo ou fascismo mas o de ditaduras Todos eles incidentalmente evitaram qualquer limitação temporal Alguns eram transferí veis hereditariamente de pai para filho e embora as ditaduras de Hitler Mussolini SalazarCaetano e Somoza não tenham continuado para sempre chega ram ao fim não porque o próprio ditador tenha abdi cado na expiração do período especificado mas porque este foi derrubado por guerra ou revolução No entanto como Medvedev diz em segui da a fusão dessas palavras tirania despotismo fascismo não surpreende dada a violência e os poderes excepcionais que acompanhavam o go verno ditatorial romano Da mesma forma é importante lembrar que em 202 aC a ditadura em sua forma original já estava efetivamente morta Jolowicz 1967 p55 Figuras poste riores como Sulla c13878 aC e César 10044 aC podem ter assumido o título de ditador por motivos de legitimação ou conve niência mas governaram como autocratas de facto Nos anos finais da República o cargo de ditador era uma impostura constitucional em pregada para disfarçar a ambição excessiva e sancionar a virtual onipotência de soberanos militares É esclarecedor observar que segun do Plínio o Velho cit por Gelzer 1969 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 216 ditadura p284 1192 mil pessoas morreram nas guer ras travadas por César e esse número exclui os cidadãos romanos que tombaram Esse pano de fundo histórico permitenos localizar e tornar compreensíveis as duas cor rentes principais e um tanto entrelaçadas da utilização da palavra no século XX uma valen dose da dimensão usurpatória coercitiva e mi litarista da ditadura conforme se encontra por exemplo no período quase ininterrupto de César no cargo de 49 aC até seu assassinato em 44 aC a outra referindose ao sentido e à substância mais antigos de ditadura implican do legalidade ou legitimidade mesmo que combinadas com o exercício de poderes consi derados de certa forma extraordinários em seu âmbito e intensidade O primeiro uso é evidente nas correntes de pensamento social que contrastam ditadura com democracia e que associam enfaticamente ditadura a militarismo politização da SOCIE DADE CIVIL extirpação do império da lei e su bordinação do indivíduo ao princípio de lide rança A partir dessa perspectiva a ditadura pode ser estudada como um dos caminhos his tóricos para a modernidade manifestada no digamos FASCISMO alemão e japonês Barring ton Moore 1967 especialmente p43352 ou o conceito pode ser aplicado aos regimes mili tares do pósSegunda Guerra da semiperiferia parlamentar emergentes na Argentina em 1967 na Grécia em 1967 e no Chile em 1973 Mouzelis 1986 especialmente p97 ver também Poulantzas 1976 As sociedades do tipo soviético também têm recebido o rótulo de ditadura ou em conjunção com o fascismona zismo ditadura totalitária Neumann 1957 p24356 cf Arendt 1958 e Shapiro 1972 No entanto ambas as designações são controverti das ver TOTALITARISMO e assim foram até o programa de liberalização de Gorbachov e as revoluções de 1989 na Europa CentroOriental Dessa forma vários autores têm insistido que as sociedades de tipo soviético deviam ser en caradas como um modo de dominação único na história humana por exemplo como uma di tadura sobre as necessidades Fehér Heller e Márkus 1983 ou como um sistema póstota litário conformista atomizado mecânico manipulativo e construído sobre o autoengano e a máfé sistemáticos que a noção clássica de ditadura é demasiado insuficiente para ex primir Havel 1987 Na segunda principal corrente de pensamen to sobre nosso tema a ditadura é retratada como compatível com a democracia definida de vá rias maneiras contestadas até mesmo como uma parte integrante ou condição necessária desta última Essa variante tem pelo menos quatro permutações Uma delas fica evidente nas descrições de regimes bonapartistas e cesa ristas os quais embora repressores em certos aspectos não obstante alegam extrair sua auto ridade diretamente do Povo soberano e buscam a aclamação deste através de plebiscitos de massa ver BONAPARTISMO CESARISMO POPULIS MO e também Weber sobre democracia ple biscitária 1978 p268 Outra é a leitura leni nista da idéia de Marx de ditadura do proleta riado com a diferença de que o conceito de democracia importante para Marx tende a ser tragado pelo de ditadura de classe tornando ilusória a própria distinção Marx 1850 p123 carta de Marx a Weydemeyer in Marx e Engels Selected Correspondence 1975 p64 Lenin 1918 p4467 ver também Medvedev 1981 Uma terceira permutação sobre o tema de mocraciaditadura mais próxima do clássico sentido romano surge da análise de ditaduras constitucionais Rossiter 1948 Enquanto a ditadura do proletariado seja sua concep ção marxista ou leninista sempre foi encara da como instrumento de transformação revolu cionária este terceiro sentido de ditadura con centrase nos atributos potencialmente restau radores reconstituintes das crises de regime particulares Nessa utilização do termo ditadu ras constitucionais surgem durante períodos de rebelião guerra e depressão econômica para conduzir a legítima ordem social e política du rante a emergência Os drásticos poderes as sumidos por esses regimes para enfrentar si tuações extremas são na maioria abandonados uma vez passada a crise Cf o contraste de Schmitt entre ditaduras soberanas e comis sionárias in Schmitt 1928 especialmente p2 1379 Os três usos de ditadura que acabamos de citar em um contexto democrático dividem uma característica notável todos eles descre vem sociedades que se estão confrontando com circunstâncias excepcionais Em contraste nos so quarto e último sentido de ditadura referese ao funcionamento mais normal e rotineiro de um governo democrático Nunca esse uso foi mais evidente do que nas descrições da auto Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar ditadura 217 cracia de gabinete britânica Hobson 1909 p12 com o gabinete do primeiroministro no ápice Os extensos poderes do primeirominis tro no que se refere à nomeação para cargos públicos a possibilidade de reduzir o Parlamen to a um carimbo de aprovação de políticas decididas em outros lugares e a relação plebis citária com as massas através da máquina partidária muitas vezes no nosso século foram identificados como ditatoriais De fato esse epíteto liga o pensamento político de autores do início do século XX como Low 1904 p156 8 Hintze 1975 p266 e Weber Política como Vocação in Weber Gerth e Mills orgs 1970 p1067 ao comentário mais recente sobre ditadura eletiva Hailsham 1976 cf Ash 1989 p288 e Hirst 1989 p82 Correspondendo aos dois principais trata mentos analíticos divergentes de ditadura aci ma destacados existe também uma diferença na força de locução exercida pela palavra No primeiro caso ditadura geralmente se ex prime com aversão e horror No segundo o tom pode ser de condensação porém com a mesma freqüência de resignação ou aprovação Leitura sugerida Baehr P 1989 Weber and Wei mar the Reich President proposals Politics 9 205 Birch AH 1964 Representative and Responsible Government an Essay on the British Constitution Bobbio N 1989 Democracy and Dictatorship the Nature and Limits of State Power Bracher KD 1971 The German Dictatorship the Origins Structure and Effects of National Socialism Cobban A 1939 Dic tatorship its History and Theory Conquest R 1971 The Great Terror Stalins Purge of the Thirties Cros smann RHS 1963 Introduction In W Bagehot The English Constitution p157 Keane J 1988 Dictatorship and the decline of parliament Carl Schmitts theory of political sovereignty In Democra cy and Civil Society p15389 Medvedev R 1981 The dictatorship of the proletariat In Leninism and Western Socialism Neumann Franz 1957 Notes on the theory of dictatorship In The Democratic and the Authoritarian State org por H Marcuse p23356 Schmitt C 1928 Die Diktatur PETER BAEHR divisão do trabalho Basicamente esta ex pressão referese à diferenciação de tarefas im plícita na produção de bens e serviços e à alo cação de indivíduos e de grupos para realizá las Uma distinção comumente empregada é aquela entre a divisão técnica e a divisão social do trabalho a primeira referindose a tarefas especializadas no processo de produção a últi ma à diferenciação na sociedade como um todo No decorrer do século XX tem havido uma preocupação particular no pensamento social com a análise do impacto da crescente espe cialização sobre 1 a experiência de trabalho e as reações dos trabalhadores manuais confinados a ta refas repetitivas que não necessitam de habilidade e privados da oportunidade de conhecimento e controle relacionados ao processo de trabalho tema geralmente designado como ALIENAÇÃO do operário 2 as formas em que o trabalho dividido e especialmente o desenvolvimento da profissionalização se relacionam com a distribuição social do conhecimento e assim contribuem para relações de poder e dominação ver PROFISSÕES LIBERAIS 3 a estrutura de classes especialmente por meio da crescente importância da dis tinção entre trabalho mental e ma nual SohnRethel 1978 e do cresci mento de uma nova classe média de trabalhadores de colarinho branco pro fissionais liberais e administrativos ver CLASSE 4 a crescente burocratização da adminis tração econômica e política processo que surge em parte da necessidade de coordenar e administrar sociedades e or ganizações caracterizadas por complexi dade e interdependência cada vez maio res ver BUROCRACIA 5 as possibilidades de autogestão e con trole dos trabalhadores sobre o processo de produção ver CONSELHO DE TRABA LHADORES 6 a divisão sexual do trabalho e as relações de dominação e subordinação entre ho mens e mulheres ver GÊNERO Na GrãBretanha desde a Segunda Guerra Mundial tem havido uma crescente concentra ção nos processos através dos quais as práticas racistas exclusivistas contra imigrantes e ope rários da segunda geração de minorias étnicas vêm levando a uma racialização da divisão do trabalho ver RACISMO e à formação de uma subclasse distinta e de frações racializadas de outras classes Miles 1982 A questão do impacto específico da racialização sobre as operárias das minorias étnicas também tem sido Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 218 divisão do trabalho abordada Phizacklea 1983 e continuam os debates sobre como esses processos se relacio nam à articulação de raça classe e gênero Anthias e YuvalDavis 1983 Ultimamente debates importantes têmse concentrado na re composição da classe operária em uma fase pósindustrial do capitalismo nas possibili dades de uma nova divisão do trabalho baseada na minimização do tempo despendido no traba lho num socialismo pósindustrial Gorz 1980 1982 Hyman 1983 e em novas formas da DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO No entanto existe confusão no uso da ex pressão porque ela combina variadamente tare fas divididas trabalhadores especializados hie rarquias de autoridade no local de trabalho setores diferenciados na economia e complexi dade estrutural geral nas sociedades industriais A isso se sobrepõem divergências quanto a até que ponto a subdivisão de tarefas e a diferen ciação de estruturas de controle relacionadas é basicamente resultado de processos neutros de desenvolvimento tecnológico ou de carac terísticas biológicas no caso da divisão sexual do trabalho e ao grau em que eles resultam do planejamento dos processos de trabalho com vis tas a perpetuar relações de dominação social e política que são suscetíveis de transformação em especial sob condições de produção socialista As principais contribuições do século XX para a compreensão da divisão do trabalho estão relacionadas de modos complexos aos textos dos antigos gregos dos autores da Ilustração escocesa do século XVIII especialmente Adam Smith e Adam Ferguson e a figuras do século XIX como Karl Marx e Auguste Comte Rat tansi 1982 Neste século as principais contri buições têm vindo 1 do marxismo 2 de Émile Durkheim 3 da sociologia funcionalis ta e 4 do feminismo Marxismo O conceito de divisão do trabalho é crucial no marxismo devido à importância atribuída ao trabalho como categoria sublinhando a signifi cação da atividade produtiva transformadora da natureza como fundamento sobre o qual repou sa a criação de riqueza a existência de classes sociais e do estado o funcionamento das ideo logias e a promessa futura de abolição da escas sez O trabalho dividido aumenta a produtivi dade e disso surgiriam os excedentes que são apropriados por uma classe dominante que pos sui e controla os meios de produção No entan to tendo origem em parte nas diferenças entre os primeiros e os últimos textos do próprio Marx sobre o assunto Rattansi 1982 e tam bém no desenvolvimento estrutural de socie dades capitalistas e socialistas de estado o pen samento social marxista temse caracterizado por significativas divisões de pontos de vista quanto aos efeitos do desenvolvimento da divi são do trabalho Alguns a encaram basicamente em termos de uma tendência a polarizar a es trutura de classes do capitalismo entre uma massa de trabalhadores manuais em grande par te nãohabilitados e uma pequena classe de proprietários e o modo como a transformação capitalista da divisão do trabalho faz surgir uma nova classe média mais ou menos permanente Carter 1985 outros a encaram basicamente como resultado do desenvolvimento tecnológi co em lugar de processos de dominação de classe a visão mais tecnologicamente deter minista vindo à tona por exemplo na tentativa de Lenin na Rússia dos anos 20 de importar aquilo que ele encarava como técnicas neutras em termos de classe de gerenciamento cientí fico para aumentar a produtividade enquanto um ponto de vista contrário está incluído na influente análise de Braverman 1974 dando continuidade a noções vislumbradas pela pri meira vez em O capital de Marx segundo a qual o gerenciamento científico é um epítome da tendência da classe capitalista a estruturar os processos de trabalho de uma forma que nega à maioria dos operários a capacidade de exercer controle ou de possuir habilidades intelectuais ver TRABALHO PROCESSO DE Os marxistas também discordam a respeito do grau em que é possível abolir a divisão de trabalho no que a confusão a respeito dos vários significados da expressão se torna particularmente eviden te Rattansi 1982 Não obstante o marxis mo ocidental em particular temse unido na preocupação de contestar a perda de contro le dos operários que é endêmica no planeja mento e operação de processos fragmentados de trabalho dominados por pequenos grupos de trabalhadores técnicos e de nível gerencial seja em sociedades capitalistas ou socialistas es tatais Em comum com a maioria dos modos nãofeministas de pensamento a teorização marxista temse mostrado especialmente débil na captação do significado da dominação mas culina na divisão do trabalho embora se tenham Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar divisão do trabalho 219 feito várias tentativas de fornecer explicações marxistasfeministas da divisão sexual do tra balho Barrett 1988 Émile Durkheim 18581917 O primeiro livro de Durkheim Da divisão do trabalho social 1893 que se valeu de temas constantes na obra de Comte continuou a ser crucial para o seu pensamento e tem sido uma fonte influente para a análise sociológica da divisão do trabalho em especial para as análises funcionalistas da diferenciação estru tural ver ESCOLA SOCIOLÓGICA DE DURKHEIM Ele utilizou a expressão para incluir todas as formas de especialização de função social am pliando assim o seu significado para muito além da esfera econômica Durkheim via as formas de divisão do trabalho como intrinsecamente relacionadas a tipos de ordem social ou soli dariedade Contrapôs à solidariedade mecâ nica baseada na simples divisão do trabalho das sociedades mais elementares a solidarie dade orgânica das sociedades industriais ba seada no individualismo e em laços de depen dência e de troca criados por uma complexa diferenciação funcional na qual um número muito grande de instituições econômicas polí ticas e culturais especializadas estavam envol vidas O crescimento da população e o contato intersocial foram identificados como os princi pais motores da mudança rumo a formas mais complexas Durkheim lutou continuamente com o problema do que chamou formas anor mais da divisão do trabalho relacionadas à falta de solidariedade e de regulação moral para orientar o comportamento Em especial escre veu sobre as divisões anômica e forçada do trabalho estados de transição conseqüentes da rápida industrialização nos quais devido à falta de uma regulamentação econômica política e moral adequada para a divisão do trabalho e as relações de troca a economia se viu sujeita a flutuações o conflito de classes se intensificou a especialização e as desigualdades não es tavam relacionadas aos talentos naturais e os operários envolvidos em tarefas especializadas eram incapazes de compreender como seu tra balho era essencial à manutenção da sociedade como um todo Durkheim prescreveu a inter venção do estado na economia e a abolição de privilégios herdados no acesso a posições na divisão do trabalho ou aquilo que agora seria chamado de igualdade de oportunidades Ele enfatizou cada vez mais o papel das corpo rações ou associações profissionais como me diadoras entre o indivíduo e o estado e na criação de tipos de regulamentação econômica e moral exigidos por uma divisão do trabalho técnica e social muito complexa No entanto existem divergências quanto ao grau em que Durkheim vislumbrou a possibilidade de uma transformação fundamental da divisão do traba lho em alguma forma de sociedade socialista Gane 1984 e Pearce 1989 enfatizaram o radicalismo potencial de sua visão política en quanto outros Gouldner 1962 interpretaram seus pontos de vista como permitindo apenas possibilidades limitadas Sociologia funcionalista Seguindo Comte Durkheim e outros a ên fase nessa tradição sociológica se dá na divisão do trabalho como DIFERENCIAÇÃO SOCIAL ligada à especialização evolutiva de função em es pecial como conseqüência da industrialização Um número limitado de funções exigidas para a reprodução da sociedade tais como a so cialização e a produção de bens de serviço é tido como sendo realizado por um âmbito cres cente de instituições especializadas enquanto instituições antes multifuncionais como a fa mília que nas sociedades préindustriais execu tava as funções tanto de socialização quanto de produção econômica se viram confinadas à socialização dos filhos Uma importante fra queza das explicações funcionalistas da divisão do trabalho é seu determinismo tecnológico aliado a um descaso quanto às relações entre a divisão do trabalho a dominação de classe e a subordinação das mulheres Feminismo Aqui uma alegação crucial é a de que gran de parte do pensamento social ao se concentrar no domínio público e ao definir trabalho co mo emprego pago deu como certas as desigual dades sexuais na divisão do trabalho Stacey 1981 não conseguindo analisar o TRABALHO DOMÉSTICO das mulheres e sua relação com a subordinação destas na ordem econômica e po lítica Algumas análises feministas encaram a dominação masculina como tendo raízes basi camente nas relações familiares enquanto ou tras afirmam que as práticas exclusivistas mas culinas no local de trabalho fornecem a chave para a compreensão sexual do trabalho Walby Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 220 divisão do trabalho 1986 Outros debates têmse concentrado nos benefícios para a acumulação privada de capi tal para o estado e para os homens individual mente do trabalho feminino de cuidado das crianças e de reprodução do trabalho no lar e na segregação das mulheres em empregos de meio expediente e baixa remuneração bem co mo no grau em que a divisão sexual do trabalho é um efeito das relações de dominação de classe e portanto exige a abolição das classes sociais antes de permitir uma transformação maior nas desigualdades sexuais Os reducionismos bio lógicos feministas e nãofeministas que retra tam a divisão sexual do trabalho como uma ramificação natural das diferenças homem mulher têm sido um alvo importante dentro da maioria dos feminismos os quais vêm sus tentando ser a dominação masculina dentro da divisão sexual do trabalho basicamente o resul tado de relações sociais de controle masculino sobre a fertilidade e a força de trabalho das mulheres Leitura sugerida Abercrombie N e Urry J 1983 Capital Labour and the Middle Classes Beechey V 1987 Unequal Work Giddens A e Mackenzie G orgs 1982 Social Class and the Division of Labour Gorz A org 1973 Critique de la division du travail Horton J 1964 The dehumanization of alienation and anomie a problem in the ideology of sociology British Journal of Sociology 15 283300 Larson Ma gali Sarfatti 1977 The Rise of Professionalism Littler C e Salaman G 1984 Class at Work the Design Allocation and Control of Jobs Lukes S 1967 Alie nation and anomie In Philosophy Politics and Socie ty org por P Laslett e WG Runciman Ο 1973 Émile Durkheim Rueschemeyer D 1986 Power and the Division of Labour Westwood S e Bhachu P orgs 1988 Enterprising Women Ethnicity Economy and Gender Relations Wilson W 1980 The Declining Significance of Race Blacks and Changing American Institutions 2ªed ALI RATTANSI divisão internacional do trabalho Nesta escala os princípios da DIVISÃO DO TRABALHO se ampliam do nível nacional para o nível global O desenvolvimento das comunicações interna cionais reduz o custo das trocas e permite que muitas atividades sejam controladas a partir de um único centro Isso significa interdependência crescente primeiro entre comunidades locais para criar estadosnações e depois entre es tadosnações para criar sistemas internacionais Em sociedades baseadas na divisão do traba lho os bens e serviços são produzidos e dis tribuídos por meio da especialização e da troca Em sociedades baseadas na autosuficiência eles são produzidos dentro da família de forma que a especialização é muito limitada As dife renças entre essas sociedades são de importân cia fundamental para se explicarem aspectos básicos da estrutura social e da capacidade eco nômica e política Dessa forma muitos teóricos têm associado o surgimento de sistemas econômicos e sociais baseados na divisão do trabalho ao próprio processo de modernização As sociedades tra dicionais eram vistas como altamente autosu ficientes de forma que cada indivíduo ou famí lia produzia sua própria comida suas roupas e sua habitação educava os próprios filhos e tomava parte diretamente nos processos po líticos culturais e outros implícitos na vida em comunidade Nessas sociedades ativida des econômicas complexas são impossíveis e o grau de interação e cooperação entre os in divíduos só pode ser muito limitado Dizse então que as sociedades modernas se baseiam em uma complexa e ampliada divisão do trabalho na qual os indivíduos executam papéis cada vez mais especializados e insti tuições diferenciadas surgem para realizar as funções necessárias à manutenção da coopera ção social Assim na esfera econômica os in divíduos se especializam na produção de bens em particular e os trocam por todas as outras coisas necessárias à vida muitos indivíduos podem então ser reunidos para produzir cada bem cada um deles sendo responsável por ape nas um aspecto do processo de produção As sim diferenciação de funções e especialização de tarefas caminham lado a lado com a neces sidade de níveis de troca cada vez mais elevados e formas de organização cada vez mais com plexas Nessas comunidades o princípio é aplica do não apenas aos processos econômicos mas também a todos os outros As organizações políticas culturais religiosas e de todos os ou tros tipos são criadas e dirigidas por especialis tas que dedicam suas vidas profissionais à exe cução das tarefas necessárias em benefício do restante da comunidade que então passam a depender deles para a satisfação de suas neces sidades sociais Assim sociedades baseadas na divisão do trabalho exigem níveis mais eleva dos de capacitação autonomia e cooperação do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar divisão internacional do trabalho 221 que as baseadas na subsistência e na autosufi ciência No nível internacional a expressão costuma ser aplicada com mais freqüência na esfera econômica para descrever o processo pelo qual produtores em países particulares decidem ou podem ser obrigados a decidir especiali zarse na produção de bens particulares para os quais seu meio ambiente ou seus recursos se mostrem mais adequados aqueles nos quais eles têm uma vantagem comparativa Assim alguns países estão envolvidos principalmente na exportação de bens manufaturados outros de produtos primários enquanto os mais desen volvidos estão agora passando a se especializar na troca de serviços de vários tipos Esse processo implica a troca de bens e serviços através de fronteiras nacionais por parte de produtores independentes mas tam bém veio a envolver uma crescente tendência entre os próprios produtores a se organizarem como companhias globais e a operarem em escala internacional Todos os de maior porte operam entre fronteiras nacionais com subsi diárias em muitos países Eles exercem um impacto poderoso sobre os níveis de atividade econômica nos países que os recebem e são em geral capazes de dominar mercados estrangei ros e eliminar a competição no plano domés tico Está associada a isso uma GLOBALIZAÇÃO de processos e possibilidades tecnológicos Em um mercado mundial cada vez mais unificado todos os produtores devem adotar a nova tecno logia mais eficiente a fim de sobreviver en quanto os produtores maiores são capazes de promover seus produtos internacionalmente levando à homogeneização de padrões de con sumo bem como de processos de produção O lado econômico da divisão do trabalho é predominante no plano internacional devido à facilidade com que bens e dinheiro podem atra vessar fronteiras mas está também associado ao desenvolvimento de organismos culturais e políticos especializados desse nível O início do capitalismo esteve ligado a uma extensão glo bal do controle político por parte dos principais países responsável pelo sistema imperial Mais recentemente a autoridade política foi devolvi da a antigas possessões mas houve uma proli feração de organismos internacionais especia lizados criados para permitir que um sistema de intercâmbio local cada vez mais denso e interdependente fosse administrado A existência de uma divisão do trabalho pode ser identificada nas mais antigas crônicas sobre a interação social da humanidade mas está ligada especialmente à rápida expansão da produção e do comércio induzida pela revolu ção capitalista a partir do século XVI Isso levou a uma grande desigualdade em nível global os 12 países mais ricos controlam mais de 80 do comércio mundial e a uma intensa concor rência entre companhias países e regiões Isso por sua vez produziu fortes resistências locais à penetração econômica e política estrangeira bem como tentativas por parte de estados nações de limitar a liberdade de comércio e de afirmar os direitos soberanos em oposição aos de outros países ou organismos internacionais Foi gerada ainda uma revolta política con tra a forma capitalista predominante assumida pela divisão internacional do trabalho manifes ta no desenvolvimento do bloco socialista a começar com a Revolução Russa em 1917 e cobrindo a Europa Oriental a China e vários países menos desenvolvidos Mas o intercâm bio internacional continuou entre ambos os blo cos de forma que isso limitou e alterou essa tendência sem no entanto bloqueála por com pleto Esses países não foram capazes de pro duzir bens de qualidade comparável aos produ zidos no Ocidente nem de gerar níveis equiva lentes de produção e de consumo Essa falha desempenhou um papel importante no recente colapso desses sistemas estatizantes e também na atual tentativa de integrar plenamente essas economias na divisão internacional do trabalho Assim apesar dessas tendências cruzadas o período do pósguerra tem testemunhado um imenso crescimento na interdependência glo bal uma ampliação da influência de organi zações internacionais como o Fundo Monetário Internacional o Banco Mundial e a Comunidade Européia bem como um correspondente enfra quecimento da capacidade de países ou comuni dades em particular de se isolarem do poderoso impacto da divisão internacional do trabalho Ver também RELAÇÕES INTERNACIONAIS DE SENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO Leitura sugerida Brett EA 1985 The World Econo my since the War Grubel HG 1981 International Economics Mill JS 1900 Principles of Political Economy livro 3 cap17 EA BRETT Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 222 divisão internacional do trabalho divórcio Como um dos vários e diferentes meios pelos quais o CASAMENTO pode acabar o divórcio difere de suas alternativas aban dono e morte no sentido de ser a dissolução legal dos laços matrimoniais como uma anula ção nenhuma das partes tem obrigações a não ser talvez financeiras para com o adulto deixa do para trás Embora o divórcio tenha sido permitido em vários tempos e locais foi só no século XX que ele se tornou o meio comum de se dissolver um casamento na maior parte do Ocidente a Irlanda é uma exceção ainda não permite o divórcio Em contraste Murdock 1950 encontrou em seu estudo clássico de sociedades nãoocidentais a maioria delas pequenas e ágrafas que as taxas de divórcio superavam historicamente as do Ocidente Na maioria dos cenários préindustriais o divórcio é disponível igualmente para mulheres e ho mens Whyte 1978 Em muitas comunidades tribais da Índia o divórcio é comum sendo realizado simplesmente pelo ato de um indi víduo caminhar publicamente em direção a um homem ou mulher que não o seu próprio côn juge Hoje nas sociedades muçulmanas onde as taxas de divórcio eram extremamente altas um homem pode divorciarse de uma de suas esposas simplesmente repetindo três vezes Eu me divorcio de você diante de testemunhas fidedignas a lei islâmica não concede à mulher o mesmo direito ao divórcio Mas em muitos cenários fora dos Estados Unidos e da Europa Ocidental seja em Bangladesh ou na Indonésia na Colômbia ou no México na exUnião Sovié tica ou na China o divórcio está em ascensão Pela primeira vez na história do Ocidente em meados dos anos 70 nos Estados Unidos e na Inglaterra o número de casamentos que terminaram em divórcios superou os que termi naram na viuvez Se por um lado sempre acon teceu de cônjuges viverem separados só recen temente essa separação foi legitimada através do aparato legal do divórcio O divórcio dife rentemente da separação significa que os que o obtêm podem legalmente assumir outro côn juge Hoje isso se tornou fácil na maior parte do mundo Andrew Cherlin 1982 demógrafo americano especializado em família avalia que se as tendências recentes persistirem cerca de metade das pessoas que estão se casando hoje verá esses casamentos terminarem em di vórcio Lawrence Stone 1977 historiador da família estima que na Inglaterra mais de 13 dos atuais casamentos vai terminar nos tribunais de divórcio e não na casa funerária A Ingla terra e os Estados Unidos têm as mais elevadas taxas de divórcio do mundo ocidental com exceção da Escandinávia A partir dos anos 70 nos Estados Unidos os cônjuges obtiveram o direito de declarar mutuamente nofault ne nhuma culpa no tribunal e ao fazêlo encer rar seus laços matrimoniais embora não os de família Muitos afirmam que essa nova fundamen tação de nenhuma culpa não só tornou o divórcio mais fácil como criou maiores dificul dades para as mulheres deixadas para trás Os maridos que as deixaram tinham agora sua ino cência declarada pelo estado a cujos olhos a ausência de erro moral está ligada à ausência de obrigação financeira Os maridos divorciados podiam agora buscar uma nova esposa sem qualquer obrigação financeira para com a anti ga Isso deixou muitas mulheres em situação de pobreza contribuindo para o que alguns cha maram de uma nova feminização da pobreza Ao criar tanto empobrecimento de mulheres e filhos o divórcio ressaltou a permanência da base econômica do casamento que muitos acreditavam ter perdido a força Essa situação tem levado vários analistas a afirmar que de fato o casamento finalmente se tornara um contrato voluntário a ser abando nado de acordo com a vontade de um dos côn juges Por sua vez afirmam o divórcio já não é mais estigmatizado mas uma experiência bastante comum que tem muito a ver com o próprio ato do casamento O divórcio porém ainda é estigmatizado se por estigmatização queremos dizer que seus participantes podem ser excluídos de atividades comunitárias e leva dos a se sentirem acusados por viverem separa dos Além disso tal como a morte o divórcio ainda provoca muitas vezes um trauma psico lógico Esse trauma é ainda mais intenso para os que se divorciam pois muitas vezes é ines perado e privado em vez de previsto e público Ao contrário da morte o divórcio não tem ritual nenhum evento comunitário para confir málo Ocorre nos tribunais e nas mentes dos participantes e não no palco mais amplo da vida social Tanto o exmarido quanto a exes posa buscam uma explicação uma história para justificar a si mesmos e aos outros o que aconteceu e por quê Ao fazêlo tendem a des cobrir que o que em geral se acredita ser um Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar divórcio 223 conjunto de problemas particulares acaba se revelando como tendo sido sempre um assunto público A experiência do divórcio tal como a do próprio matrimônio é moldada tanto pelas di ferenças de gênero quanto pelas de raça Tal como existe um dele e um dela no casa mento o mesmo existe também no divórcio As mulheres brancas tendem a sofrer economica mente quando perdem o cônjuge as mulheres negras menos ainda que isso se deva ao fato de dependerem menos dos maridos para a renda familiar Porém os homens brancos e negros sofrem da mesma forma social e emocional mente Enquanto as mulheres que perdem os maridos em geral perdem o provedor do pão diário que tornava possível seu modo de vida material os homens que perdem a esposa per dem não apenas uma parceira numa divisão do trabalho mas também uma companheira e con fidente que os liga a outros amigos e parentes Com a crescente onda de divórcios alguns afirmam hoje que o casamento está chegando ao fim que os indivíduos já não buscam o apoio da Igreja para legitimar suas ligações pessoais que estamos finalmente assistindo à extinção da FAMÍLIA pelo menos como a conhecíamos até agora Está certo que família e casamento são hoje diferentes daquilo que foram durante o século anterior De fato essas instituições estão mudando mais rapidamente do que qualquer um havia previsto Permanece porém a per gunta estão desaparecendo Pelo menos por enquanto poucos dariam uma resposta afirma tiva Ao contrário demógrafos sociólogos psi cólogos e economistas ainda que por moti vos muito diferentes apontam que os in divíduos já não buscam necessariamente o apoio da Igreja para legitimar seus compromis sos obrigações ou laços pessoais Mas buscam e devem buscar o apoio do estado Sem o apoio do estado não há casamento sem casamento não há divórcio E o divórcio como o casamen to ainda está bem perto de nós Nas palavras de um crítico Na saúde ou na doença ele chegou para ficar Leitura sugerida Cherlin Andrew 1982 Marriage Divorce Remarriage Murdock George 1950 Fami ly stability in nonEuropean cultures Annals of the American Academy of Political and Social Science 5227 195201 Stone Lawrence 1977 The Family Sex and Marriage Whyte Martin Kin 1978 The Sta tus of Women in Preindustrial Societies NAOMI R GERSTEL doença Ver SAÚDE PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL doença mental Ver PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL doméstico trabalho Ver TRABALHO DOMÉS TICO dominação Ver AUTORIDADE Durkheim escola sociológica de Ver ESCOLA SOCIOLÓGICA DE DURKHEIM Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 224 doença E ecologia Tendo sua origem etimológica tal como a palavra economia no grego oikos ou habitação morada a palavra ecologia tem seu uso moderno creditado em geral a Ernst Haeckel evolucionista alemão do século XIX Esse conceito no entanto já estava presente no século XVIII na idéia de uma economia da natureza Segundo esse ponto de vista cada espécie viva tinha determinado seu lugar pró prio na natureza seu próprio tipo específico de alimento âmbito geográfico e população ou seja seu habitat dentro de um padrão har monioso de interdependência entre as diferen tes espécies O reconhecimento do difundido fenômeno da extinção levou no século XIX a um enfraquecimento da idéia de desígnio da providência e de harmonia racional enquanto o conceito de Darwin de seleção natural apoia vase no pressuposto de uma luta competitiva pela existência tanto entre os organismos quan to entre eles e suas condições físicas de vida Não obstante a idéia de uma economia har moniosa da natureza não estava inteiramente perdida em Darwin uma vez que o mecanismo de seleção natural tinha como resultado uma adequação ou adaptação ainda mais estreita entre os organismos e suas condições de vida Embora Darwin e outros biólogos evolucionis tas do século XIX tenham efetivamente realiza do detalhados estudos das associações entre espécies interdependentes os estudos do pró prio Darwin sobre a polinização das orquídeas por insetos são um exemplo famoso houve poucas tentativas de integrar sistematicamente esses estudos numa especialização disciplinar antes dos anos 1890 O trabalho pioneiro de E Warming A Schimper e outros na sintetização da geografia vegetal com a fisiologia levou a uma concen tração na ecologia das comunidades vegetais e sua sucessão através do tempo Entre os primei ros trabalhos notáveis sobre ecologia vegetal incluíramse os estudos da ecologia das prada rias por grupos de Nebraska e Chicago nos Estados Unidos e a ecologia botânica de AG Tansley na GrãBretanha Apesar de a ecologia fisiológica animal ter sido criada antes 1881 pelo alemão KC Semper e da concentração ainda mais antiga da polinização pelos insetos o desenvolvimento geral da economia animal avançou a passos mais lentos do que a ecologia vegetal O reconhecimento como uma percep ção capital da ecologia de padrões mais ou menos estáveis de associação entre populações de diferentes espécies de animais e plantas junto com condições geológicas topográficas e climáticas obrigou a uma abordagem holística tanto dos estudos de campo quanto das explica ções teóricas O controvertido conceito de FE Clements de um ecossistema como um super organismo não é defendido hoje em dia dentro da ecologia científica mas várias formas de abordagens holísticas de sistemas foram con servadas A ecologia moderna está preocupada principalmente com os ciclos dos nutrientes através dos ecossistemas e com padrões de fluxo e intercâmbio de energia A metáfora econômica de acordo com a qual são clas sificadas as funções de diferentes grupos de organismos dentro de um ecossistema pro dutores principalmente os vegetais consu midores herbívoros e seus predadores e degra dantes principalmente microorganismos tem uma clara ressonância da noção mais antiga de economia da natureza Temse desenvol vido cada vez mais o reconhecimento de que os diferentes ecossistemas estão eles próprios in terrelacionados De importância fundamental para o pensamento social contemporâneo a res peito da ecologia humana foi a síntese Cole 1958 do conceito da biosfera a totalidade de todos os seres vivos sobre a Terra com o de ecossistema para transmitir o conceito de ecosfera o planeta considerado como um 225 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar sistema global imensamente complexo de ecossistemas Esse conceito fornece a base para um estudo da atividade social e econômica humana do ponto de vista de suas condições e de seus impactos ecológicos globais A ênfase nos séculos XVIII e XIX na ma leabilidade e perfectibilidade humanas per mitiu influências reconhecidamente ecológicas no pensamento social e político europeu Mon tesquieu atribuiu um papel significativo aos fatores geográficos e climáticos na formação da diversidade social e cultural e da variedade de formas de governo enquanto Malthus utilizou a idéia de uma carência de meios de subsistên cia relativa à força de crescimento populacio nal como uma arma contra propostas de mudan ça social radical O industrialismo ocidental do século XIX e início do século XX fez surgirem sucessivas ondas de nostalgia romântica por uma harmonia com a natureza que se havia perdido e muitos autores socialistas encaravam a transformação das relações com a natureza como crucial para o futuro póscapitalista As tradições predominantes no pensamento social ocidental no século XX têmse funda mentado numa oposição dualista entre natureza e sociedade ou cultura Mas buscando resistir ao DARWINISMO SOCIAL e a outras formas de determinismo biológico essas tradições de pensamento também se isolaram de um con fronto potencialmente produtivo com os des dobramentos mais recentes nas ciências da vi da especialmente a ecologia Uma antiga e importante exceção foi a sociologia da Escola de Chicago nos anos 20 e 30 A obra de RE Park e EW Burgess em especial tinha como premissa uma oposição entre as forças em fun cionamento na e sobre a vida social indepen dente da consciência e mediação de agentes sociais e o significado atribuído a essas forças e processos pelos agentes envolvidos Valendo se explicitamente do trabalho de Warming e Clements com a ecologia vegetal e o do ecolo gista animal pioneiro C Elton Park e Burgess referiramse à antiga classe de forças sociais como uma ordem ecológica Essa analogia entre ecologia vegetal e animal e a dimensão inintencional de vida social humana foi mais plenamente desenvolvida e aplicada no campo da sociologia urbana em que Park e Burgess analisaram os efeitos da competição por recur sos escassos entre indivíduos e grupos bem como as resultantes pressões seletivas as reações de adaptação e as diversificações do trabalho Nesses termos puderam ser compre endidos os padrões e distribuições cambiantes de sucessão temporal de grupos étnicos sub culturas atividades especializadas e assim por diante como entre áreas ou zonas naturais geograficamente definidas na cidade A mudança de uma aplicação metafórica para uma aplicação direta literal dos conceitos ecológicos à vida social humana só foi estabe lecida nos anos 60 em seguida à globalização da perspectiva ecológica na forma do conceito de ecosfera As advertências dramáticas de vigília ecológica de Paul Ehrlich Edward Goldsmith autores de Limits to Growth e outros textos do final dos anos 60 e início da década de 70 foram resultado de tentativas de ex trapolar as tendências globais então correntes no que dizia respeito a população poluição e esgotamentos de recursos para o futuro con trastandoas com o reconhecimento ecológico de uma capacidade de sustento global finita A primeira onda de política ecológica em geral designada de forma um tanto enganosa como neomalthusianismo logo deu lugar a uma multiplicidade de tentativas de incorporar uma perspectiva ecológica à teoria social e política B Commoner A Gorz e outros ten taram reconstruir a crítica marxista do capitalis mo em termos de suas conseqüências ecologi camente destrutivas enquanto feministas como C Merchant ligaram a ciência moderna o pa triarcado e a destruição ecológica em uma tradi ção peculiar de ecofeminismo Na filosofia social ambiental traçouse uma diferenciação entre ecologia superficial e profunda Naess 1989 No primeiro caso a preocupação com o ambiente baseiase num reconhecimento esclarecido da sua importância para o bemestar humano enquanto no segundo se atribui um valor intrínseco ao meio ambiente independen te de quaisquer interesses humanos específicos Movimentos sociais presumivelmente reacio nários e misantrópicos podem ser ligados à ecologia profunda Ver também AMBIENTALISMO MOVIMENTO ECOLÓGICO Leitura sugerida Bahro R 1982 Socialism and Sur vival Bramwell A 1989 Ecology in the 20th Cen tury a History Enzenberger HM 1988 A critique of political ecology In Dreamers of the Absolute Gorz A 1980 Ecology as Politics Lowe PD e Rudig W 1986 Political ecology and the social scien Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 226 ecologia ces the state of the art British Journal of Political Science 16 51350 Matthews Fred H 1977 Quest for an American Sociology Robert E Park and the Chicago School Meadows DH et al 1972 The Li mits to Growth Merchant C 1980 The Death of Nature Women Ecology and the Scientific Revolution Ryle M 1988 Ecology and Socialism TED BENTON econometria Encarada normalmente como a aplicação de técnicas estatísticas a dados eco nômicos a fim de investigar problemas econô micos a econometria numa definição mais inclusiva abrangeria todo o rol de problemas de mensuração em economia Essa definição poderia incluir problemas de operacionalização de um conceito de teste de uma teoria de coleta de dados e de construção de modelos específi cos ver MODELO Embora a palavra tenha sido usada pela primeira vez no século XX por pra ticantes pioneiros como Ragner Frisch a tradi ção de uma abordagem estatísticomatemática para os fenômenos sociais remonta à aritmética política do século XVII A origem da econome tria neste século está ligada a esforços para resolver as discussões teóricas entre os mar ginalistas e seus críticos recorrendo ao teste empírico da teoria de produtividade marginal da distribuição por economistas como HL Moore Este tentou demonstrar a validade da teoria dos salários de JB Clark usando os métodos de correlação Desses primeiros passos ainda toscos a eco nometria evoluiu para uma disciplina rigorosa através dos esforços de pioneiros como R Fris ch e J Tinbergen na Europa e pesquisadores da Cowles Foundation nos Estados Unidos Depois da Segunda Guerra Mundial o campo se expandiu rapidamente com a invenção do computador de alta velocidade Hoje em dia é mais adequado falar dos vários ramos da eco nometria do que da econometria como um úni co campo A econometria teórica tradicionalmente temse concentrado na construção de modelos estatísticos adequados ao teste de teorias eco nômicas O modelo de regressão linear clássico foi ampliado através da investigação da viola ção dos vários pressupostos com respeito ao error term Contribuição específica dos econo metristas foi o desenvolvimento de modelos simultâneos de equação Um trabalho mais re cente sobre variáveis qualitativas dependentes atrasos distribuídos modelos dinâmicos e vá rios outros tópicos ampliou o repertório da eco nometria teórica Usando esses instrumentos em contínua evolução muitas propostas teóricas em todas as áreas da CIÊNCIA ECONÔMICA têm sido submeti das a testes empíricos Estes vão da teoria de demanda do consumidor e de hipóteses eficien tes de mercado em macroeconomia até o teste das teorias sobre a determinação da taxa de câmbio na economia internacional Outra área importante no desenvolvimento da econometria foi a formulação e a corrobora ção de modelos macroeconométricos Come çando com o trabalho pioneiro de Elmer Wor king na identificação das curvas de demanda e oferta a partir de dados econômicos o trabalho de Frisch e Tinbergen na Europa fez avançar consideravelmente as fronteiras da econome tria Um trabalho posterior na Cowles Foun dation dirigido por J Marschak e TC Koop mans resultou num sólido fundamento analíti co para a avaliação de modelos de equação simultânea A efetiva apreciação desses mode los para uma economia real teve como pionei ros Klein e Goldberger 1955 e continua de formas cada vez mais sofisticadas com grande número de equações em muitos países Inter nacionalmente essa abordagem resultou no projeto LINK um grupo de estudos interna cional e cooperativo iniciado em 1968 com a finalidade de criar um sistema de modelos Os modelos LINK consistem em modelos de co mércio nacional regional e mundial Recentemente RE Lucas destacou que os parâmetros desses modelos sempre mudarão em conseqüência de declarações ou anúncios de programas e políticas Teoricamente o argu mento é bastante válido embora sua relevância para um modelo macroeconométrico na prática continue a ser uma questão empírica Muitos modelos recentes incorporam a pressuposição de expectativas racionais introduzida por JF Muth e RE Lucas Uma abordagem diferente defendida por CA Sims é usar técnicas empi ristas tais como métodos de autoregressão vetora De forma diferente econometristas ingleses como DF Hendry reconhecem os problemas dos pressupostos de exogeneidade na solução das questões de identificação de modelos ma croeconométricos No entanto Hendry ainda reconhece o valor da econometria para testar teorias econômicas Seu trabalho nessa área Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar econometria 227 enquadrase na rubrica dos procedimentos de seleção de modelos Na área da seleção de modelos e na abor dagem da econometria em geral a bayesiana vem sendo uma contendora das abordagens clássicas descritas acima Em contraste com a abordagem clássica freqüentista a proposta bayesiana preocupase com o modo como uma nova informação modifica as crenças do pes quisador a respeito dos valores dos parâmetros Ela também foge da necessidade de justificar os procedimentos de avaliação apelando para o desastrado conceito clássico de desempenho do avaliador em amostras hipotéticas repetidas Filosoficamente porém a aceitação da abor dagem bayesiana implica uma visão subjetivis ta de probabilidade que se choca com a visão objetivista tal como esta emerge de aspectos do mundo independentes do observador Portanto as abordagens clássica e bayesiana têm com promissos ontológicos distintos e opostos Dada a diversidade de contribuições e pon tos de vista na econometria moderna qualquer visão sumária está sujeita a ser enganosa No momento vários novos desdobramentos têm começado a reconhecer a necessidade de maior geração de dados mais testes de diagnóstico inclusão de graus de crença e uso de modelos que reconheçam limitações de dados Ao mes mo tempo está sendo dada mais ênfase a uma construção de modelos nãolinear e dinâmica Leitura sugerida Aigner D e Zellner A orgs 1988 Causality Journal of Econometrics 39 12 Hendry DF 1987 Econometrics methodology a personal perspective In Advances in Econometrics Fifth World Congress vol2 org por TF Bewley Klein L e Goldberger A 1955 An Econometric Model of the United States 19291952 Leamer EE 1987 Eco nometric metaphors In Advances in Econometrics Fifth World Congress vol2 org por TF Bewley Pe saran MH 1987 The Limits to Rational Expectations Sims CA 1987 Making economics credible In Advances in Econometrics Fifth World Congress vol2 org por TF Bewley Tinbergen J 1939 Statis tical Testing of Business Cycle Theories 2 vols Zell ner A 1983 Statistical theory and econometrics In Handbook of Econometrics vol1 org por Z Griliches e MD Intriligator HAIDER ALI KHAN economia Ver CIÊNCIA ECONÔMICA economia processos evolucionários na Ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA ECONOMIA economia socialização da Ver SOCIALIZA ÇÃO DA ECONOMIA economia neoclássica O desenvolvimento da economia neoclássica data do rompimento com a economia clássica ocorrido no último terço do século XIX Todas as escolas de eco nomia ver CIÊNCIA ECONÔMICA buscam expli car a seus diferentes modos a disjunção entre o valor de uso e o valor de troca A escola clássica teve a teoria de valor do trabalho como seu principal modo de explicar o valor de dife rentes bens as taxas às quais eles são troca dos Houve muitas anomalias com essa teoria especialmente no que diz respeito à dificuldade de valorizar coisas raras obrasprimas e bens em cuja produção o capital durável de sempenhava um papel importante A teoria do trabalho apoiavase no papel do tempo de traba lho despendido na produção de um bem para explicar sua taxa de troca por outro bem O valor de uso a utilidade do bem não desempenhava nenhum papel ativo nessa ex plicação Quase que simultaneamente embora de mo dos diferentes três autores defenderam a subs tituição da teoria clássica por uma teoria basea da em considerações tanto subjetivas como ob jetivas ou de custo de recursos O valor de uso ou utilidade tornouse um lado da equação que explica o valor de troca Leon Walras 1834 1910 William Stanley Jevons 18351882 e Carl Menger 18401921 a espaços de três anos um do outro propuseram uma abordagem anticlássica O trabalho deles passou a ser co nhecido como a revolução marginal pois usaram a noção de utilidade marginal como explicação para os valores de troca ver ESCOLA ECONÔMICA MARGINALISTA A revolução mar ginal é geralmente encarada como sinônimo de economia neoclássica mas essa é uma concep ção equivocada Os pioneiros marginalistas em especial Jevons e Menger eram explicitamente anticlássicos Foi Alfred Marshall 18421924 que cons cientemente buscou enfatizar a continuidade em vez da ruptura com os antigos economistas ingleses e que criou a economia neoclássica como a sucessora legítima da economia clás sica Ele incorporou o marginalismo ao corpo principal da economia mas também o integrou com teorias clássicas de renda e de comércio internacional Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 228 economia A economia neoclássica surge assim como um resultado consciente dos esforços de Mar shall para propagar uma mistura sintética e bemacabada de economia clássica embora sem a teoria do valor trabalho e marginalismo Mas a economia moderna especialmente nos anos 60 e a partir de então tem uma diferença importante com relação à economia marshallia na Marshall pensou em mercados distintos em equilíbrio parcial Walras propusera anterior mente um equilíbrio geral simultâneo como modo de teorizar a respeito de economia A economia moderna seguiu muito mais as linhas walrasianas Proposições básicas 1 Individualismo metodológico O con sumidor isoladamente é o ponto de partida e de chegada da economia neoclássica Ele en caremos a realidade é ele maximiza sua utili dade e sua obtenção de um optimum fornece o critério para a avaliação de alternativas econô micas O produtor ou a firma tomado isolada mente só infere sua base racional como em última análise consumidor ou propriedade de consumidores 2 Racionalidade econômica O consumi dor busca otimizar A otimização envolve maxi mizar uma função objetiva utilidade sujeita a restrições A renda ou os recursos em geral funciona como uma restrição O consumidor encara toda uma multiplicidade de fins porém com meios escassos o que o leva a otimizar 3 Escolha e substituição Defrontado com a otimização como tarefa o indivíduo é ajudado pelo fato de ter uma escolha Fora a restrição dos recursos não há outras restrições que ele deva idealmente enfrentar Assim o âmbito de bens e de oportunidades disponíveis em geral é tal que ele pode escolher um em vez de outro bem Os bens substituemse uns aos outros ou na satisfação de uma única neces sidade ou porque as necessidades estão concor rendo e se não uma outra pode ser satisfeita Em geral não existe hierarquia de preferência ou necessidades Do lado da produção do mes mo modo a tecnologia é tal que os meios alternativos de produzir um bem ou se não de substituir elementos que são colocados nos bens ou ainda de substituir bens finais estão sempre disponíveis Se por algum motivo essas substituições não estão disponíveis e o bem escasso é único então um aumento suficiente do seu preço estimulará uma busca de subs titutos e essas buscas terão sucesso 4 Equilíbrio A otimização por um con sumidor é bemsucedida e define para ele um equilíbrio O equilíbrio é uma situação tal que na ausência de novas informações o indivíduo não tem motivo para mudar o seu compor tamento O mesmo aplicase aos produtores 5 Concorrência Ao chegar à sua decisão o consumidor individual encara o preço de um bem como um dado o consumidor é parte muito pequena da economia total para exercer algum poder em virtude de suas ações por exemplo para influenciar o preço Os produ tores só se encontram em situação semelhante em estruturas industriais perfeitamente com petitivas Estas são desejáveis mas não univer sais Em situações nãocompetitivas os produ tores individuais e muito raramente os consu midores exercem poder no mercado e influen ciam o preço ao qual vendem ou compram A situação competitiva é a norma 6 Desobstrução do mercado Na ausên cia de restrições arbitrárias externas um mundo de consumidores e produtores individuais irá agir de tal forma que o mercado para a mer cadoria em questão em equilíbrio parcial e para todas as mercadorias em equilíbrio geral será desobstruído isto é as demandas igualarão as ofertas Não haverá portanto nem excesso de demanda nem excesso de oferta de natureza involuntária 7 Máximo de bemestar Em situações de equilíbrio geral competitivo o bemestar do consumidor chegará ao máximo Isso pode ocorrer sobre bases utilitaristas que permitirão a soma das utilidades dos diversos consumi dores ou pelo critério de Pareto o qual afirma que uma situação é ótima no sentido de que ninguém pode sairse melhor sem que pelo menos uma pessoa se saia pior Em qualquer dos cálculos um equilíbrio competitivo é uma situação de máximo de bemestar Em torno dessas proposições básicas a eco nomia neoclássica ampliou e enriqueceu sua capacidade de modelar um número crescente de atividades humanas dentro da sua estrutura Assim crime casamento criação de filhos e escolha do tamanho da família foram todos estudados bem como as atividades econômicas mais estreitamente definidas tais como escolha de profissão investimento consumo produção Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar economia neoclássica 229 e assim por diante Dado o ponto de partida metodológico individualista a economia neo clássica tem dificuldade em teorizar sobre rela cionamentos agregados macroeconômicos A agregação sobre indivíduos firmas ou mer cadorias leva a problemas internos de coerên cia A busca de microfundamentos da macroe conomia é portanto endêmica e parte insolú vel da economia neoclássica Seus detratores criticam a economia neo clássica por ser estática excessivamente orien tada para o equilíbrio fazendo pressuposições irreais ignorando dados institucionais e cul turais e também por desprezar o poder ou o conflito de classe Seu predomínio contínuo na economia no entanto sustentase não ape nas por sua hegemonia institucional nas univer sidades mas também pelo compromisso de seus praticantes com uma adesão vigorosa ao pequeno número de proposições básicas e a ativos e ferozes mecanismos críticos internos que tentam garantir que pelo menos por seus próprios padrões internos só sejam aprovados trabalhos rigorosos e de alta qualidade Leitura sugerida Blaug M 1962 1985 Economic Theory in Retrospect 4ªed Boland LA 1985 The Foundations of Economic Method Hahn F 1984 Equilibrium and Macroeconomics Hey J e Winch D orgs 1990 A Century of Economics Stigler GJ 1965 Essays in the History of Economics MEGHNAD DESAI economia política Esta designação adqui riu uma variedade de significados dos quais nem todos são mutuamente compatíveis Em termos históricos a palavra economia refe riase à administração do orçamento doméstico Quando a residência era a do monarca essas preocupações econômicas eram evidentemente políticas Daí a economia política terse ori ginado como o estudo dos problemas relativos às rendas oriundas de impostos e empréstimos e despesas com a corte a administração civil o exército e a marinha do monarca numa época em que os estadosnações estavam co meçando a se consolidar e o enfraquecimento da moeda era comum Em particular a inflação européia no século XVI ligada ao influxo de prata do Novo Mundo inspirou questões rela tivas aos determinantes da balança entre rendas e despesas e sua ligação com o comércio a produção e de maneira mais geral a riqueza da nação Os mercantilistas do século XVII loca lizavam as origens da riqueza na aquisição de metais preciosos através de excedentes comer ciais refletindo o capitalismo mercantilista pre dominante na época Essa doutrina foi superada no século seguinte pela dos fisiocratas que localizavam a fonte de toda riqueza na agricul tura refletindo o lento crescimento do capi talismo agrícola Mais tarde ainda as origens da riqueza foram buscadas por Adam Smith na década de 1770 na ampliação da divisão do trabalho refletindo o incremento da atividade econômica que levaria à Revolução Industrial No início do século XIX durante a Revolução Industrial David Ricardo e um pouco depois Karl Marx há o reconhecimento de que as origens da riqueza se encontram de maneira mais geral na produção O foco concentrase em particular no modo como um excedente econômico isto é o que excede a reprodução de uma situação estacionária de subsistência é produzido e distribuído o que a relação dessa produção e distribuição representa para o cres cimento econômico e o conflito de classes en tre senhores de terras e capitalistas para Ricar do entre capitalistas e operários para Marx e quais são as implicações para preços lucros salários e empregos Marx fez distinção ainda entre a economia política clássica que investigava a real es trutura interna das relações burguesas de produ ção e que ele encarava portanto como cien tífica e as atividades de economistas vulga res que se confundem com a estrutura apa rente dessas relações sistematizando de for ma pedante e proclamando como verdades eter nas as idéias banais e complacentes que os agentes de produção burgueses têm sobre seu próprio mundo que para eles é o melhor mundo possível O capital volI 1867 1976 p174 n34 Para Marx a ruptura ocorreu em 1830 a conquista do poder político pela burguesia na França e na Inglaterra e seu conflito de classe com um proletariado em rápido crescimento marcaram o fim de qualquer possibilidade de novos desenvolvimentos da economia política científica depois disso só seriam possíveis uma apologética do status quo economia política vulgar ou uma crítica científica sua própria obra Sucessores mais convencionais de Ricardo passaram cada vez mais a achar insatisfatória a fundamentação da teoria deste numa teoria do valor trabalho e na década de 1870 sua teoria Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 230 economia política da renda fora generalizada com sucesso para outros chamados fatores de produção tais que em equilíbrio competitivo cada fator recebe o equivalente monetário de sua contribuição para a produção Seguiramse imediatamente várias conseqüências Primeiro questões de cresci mento e de atividade econômica agregada fo ram substituídas por preocupações com a aloca ção de recursos Segundo o conflito de classes foi substituído por uma concentração do in teresse na maximização promovida pelos in divíduos consumidores maximizando a utili dade e produtores maximizando o lucro com dadas dotações iniciais e dadas tecnologias de produção ambas questões de história e dadas preferências questão de psicologia Terceiro desapareceu a própria noção de excedente eco nômico E quarto a expressão economia po lítica foi substituída pela palavra economia Ver VALOR Enquanto os marxistas achavam esses desdobramentos vulgares e continua vam a usar a expressão economia política clás sica para descrever a obra de Ricardo e seus antecessores cada vez mais outros economistas seguiam o uso de JM Keynes da expressão economia clássica para descrever a ortodoxia econômica no século posterior a Ricardo tra tando Marx como um seguidor de Ricardo e anterior à Teoria geral do próprio Keynes de 1936 A expressão economia política só sobre viveu na ortodoxia nãomarxista em dois sen tidos Primeiro ocorre como expressão ocasio nal na teoria das finanças públicas óbvia referência a suas origens históricas Segundo foi apropriada por um crescente conjunto de trabalhos com origem em grande parte nos Estados Unidos nos anos 70 que investigam a interação de processos políticos democráticos e as relações econômicas de troca de mercado rias em mercados livres Os primeiros são en carados como estorvos às segundas exigindo reestruturação e subordinação a elas Mais uma vez fica clara a referência às origens históricas da expressão Ao mesmo tempo em que economistas co mo Paul Baran e Paul Sweezy nos Estados Unidos e Maurice Dobb e Ronald Meek no Reino Unido mantinham uma tradição marxis ta no século XX foi a conjunção do movimento de direitos civis nos Estados Unidos com o maciço envolvimento norteamericano no Viet nã que levou a uma retomada das preocupações da economia política clássica Hymer e Roo sevelt in Lindbeck 1977 descrevem as con seqüências do uso da razão do conhecimento técnico de manobras jurídicas e de políticas de reforma eleitoral por ativistas estudantis nos anos 60 e início dos anos 70 Eles descobriram pessoalmente a violência apoiada pela lei e pelo governo que era usada contra os negros em países subdesenvolvidos viram as elites governantes colaborando com os negócios interna cionais para obstruir as reformas mais obviamente necessárias viram que os administradores de suas universidades resistiam a exigências mínimas com incrível tenacidade viram como os programas de bemestar social e as prisões aterrorizavam e degra davam as pessoas as quais deveriam promover e melhorar e na política os jovens descobriram que mesmo conseguindo levantar uma onda gigantesca contra a guerra e forçar um presidente a renunciar isso não fez a guerra parar A partir dessa experiência começaram a se perguntar se não existe algo fun damentalmente errado no próprio sistema p121 Esse questionamento levou à construção de uma visão de mundo alternativa à da ortodoxia econômica predominante rejeitando a concen tração desta última em padrões eficientes de alocação de recursos produzidos pelas ativi dades otimizadoras de indivíduos racionais e em geral oniscientes em favor de muitas das preocupações da tradição da economia política clássica que havia culminado na obra de Marx Em particular os economistas da Nova Esquer da como vieram a ser chamados não negaram a ênfase na concorrência e na troca voluntária nos mercados tão cruciais para a ortodoxia econômica mas afirmaram que essa concentra ção de foco era unidimensional demais para representar a realidade do capitalismo de uma forma que não fosse enganadora O que seria necessário acrescentar era primeiro um reco nhecimento das relações de poder coerção e hierarquia características tanto do local de tra balho quanto do mercado numa sociedade ca pitalista e segundo o reconhecimento de que as sociedades capitalistas não se encontram em equilíbrio estático e nem sequer dinâmico mas sim em constante mudança sendo essa mudan ça produzida por sua existência sistêmica A ênfase no aspecto do poder é particular mente importante A explicação das desigual dades da sociedade capitalista em termos do comportamento otimizador dos indivíduos é para os economistas políticos radicais parti cularmente ociosa uma vez que constrói repre sentações da sociedade capitalista que são na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar economia política 231 melhor das hipóteses enganadoras e o que é mais típico totalmente míticas A economia política em vez disso concentrase em agrega dos de indivíduos em como as relações de poder distribuem recursos entre esses agrega dos e em como essas distribuições de recursos mantêm relações de dominação e subordinação Esse tipo de análise de relações distributivas tem sido amplamente utilizado em análises da pobreza em sociedades com estratificação de classes em análises das diferenças entre os sexos e das relações patriarcais entre homens e mulheres em análises de conflitos raciais nos países capitalistas mais ricos e numa ampla variedade de análises da situação com que se defrontam os países subdesenvolvidos em ter mos tanto de seu meio ambiente doméstico quanto de sua entrada num mercado mundial dominado pelos países capitalistas mais ricos Mas não é somente no que diz respeito a relações de poder entre agregados na distribui ção que a economia política radical se diferen cia da ortodoxia econômica O próprio Marx achava que as relações de dominação e subor dinação no processo de produção em si mesmo eram particularmente importantes para a aná lise do capitalismo Mas os escritos de Marx desenvolveram pouco esse setor e no século XX essas preocupações marxistas foram bas tante negligenciadas Foram porém revividas e na verdade atingiram um público muito mais amplo com a publicação em 1974 da obra de Braverman sobre o processo de trabalho ca pitalista ver TRABALHO PROCESSO DE que ten tava aplicar a análise de Marx ao local de traba lho moderno e a sua evolução no século XX Grande número de estudos empíricos foi buscar sua inspiração na obra de Braverman tentando entender a evolução de uma ampla variedade de situações no local de trabalho Nisso existe certa ligação com as preocupações da teoria da REGULAÇÃO Um foco de atenção relacionado ainda que distinto foi uma análise das corpora ções do século XX uma linha de análise apóia se na escola institucionalista norteamericana de Thorstein Veblen a JK Galbraith outra relaciona a evolução da corporação multina cional às teorias marxistas sobre imperialismo Esse itinerário da redescoberta das preo cupações teóricas do passado descobriu simul taneamente como a obra de muitos economistas influentes pode ser lida e interpretada sob uma luz diversa de como essas obras foram apropria das pela ortodoxia econômica Um exemplo de destaque é a obra de Keynes enquanto a in terpretação ortodoxa encara a economia keyne siana em termos de situações de equilíbrio Joan Robinson e seus colegas sempre insistiram em afirmar que isso significa distorcer os processos de desequilíbrio com os quais Keynes se preo cupava Assim Nell por exemplo afirma que a ortodoxia econômica deturpa a natureza da circulação e da distribuição 1980 pXI uma compreensão mais precisa no caso exige um retorno à teoria keynesiana sobre demanda efe tiva e sua ampliação para ligar decisões sobre preços e investimentos ver PÓSKEYNESIANIS MO Entre outros exemplos incluemse a in terpretação de Piero Sraffa da economia de Ricardo e a redescoberta da economia marxista como algo mais que uma variante menor na tradição ricardiana As preocupações da economia política radi cal são assim heterogêneas unidas pela hos tilidade à ortodoxia econômica predominante elas continuam ecléticas em parte complemen tares e em parte competitivas entre si Nos Estados Unidos a Union for Radical Political Economics URPE que publica a Review of Radical Political Economics é a principal or ganização a abrigar economistas dissidentes no Reino Unido existe uma análoga Conference of Socialist Economists CSE com sua publica ção Capital Class mas as preocupações da economia política permeiam inúmeras outras publicações incluindo Cambridge Journal of Economics Critical Social Policy e Race and Class num testemunho de sua influência na contestação da ortodoxia econômica Leitura sugerida Bowles S e Edwards R 1985 Un derstanding Capitalism Competition Command and Change in the US Economy Edwards RC Reich M e Weisskopf TE 1978 The Capitalist System 2ªed Green F e Sutcliffe B 1987 The Profit System Lindbeck A 1977 The Political Economy of the New Left An Outsiders View 2ªed Nell EJ org 1980 Growth Profits and Property Essays in the Revival of Political Economy SIMON MOHUN economia socialista Ver SOCIALISTA TEORIA ECONÔMICA SOCIALISTA CÁLCULO SOCIALISMO DE MERCADO econômica história Ver HISTÓRIA ECONÔ MICA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 232 economia socialista educação e teoria social Se usarmos SO CIALIZAÇÃO para nos referirmos à soma de prá ticas pelas quais novos indivíduos são transfor mados em membros de sociedades existentes então educação é o subconjunto de práticas que têm como resultado pretendido tipos par ticulares de formação De forma ainda mais estrita a palavra educação é usada como sinônimo de escolaridade medida institucional específica para a transmissão de conhecimentos e habilidades o desenvolvimento de competên cias e crenças Há uma pressuposição básica que permeia o pensamento social do século XX de que a socialização é o meio certo de caracterizar o que transpira entre novos indivíduos e suas socie dades e de que os indivíduos são maleáveis a um número indefinido de tipos de formação Contra esse pano de fundo os sociólogos pare cem ter a tarefa descritiva direta de caracterizar como diferentes sociedades socializam os in divíduos e em que elas os socializam Mas se existem falhas de socialização e elas existem fica mais difícil sustentar a idéia de plas ticidade cf Hollis 1977 Wrong 1977 Por exemplo se os indivíduos de fato diferem bio logicamente em termos de inteligência isso limitará o possível sucesso de qualquer sistema de escolaridade que proporcione a igualdade de tratamento na expectativa de que este venha a produzir uma igualdade de resultados Os compromissos políticos de conseguir a igualdade de oportunidades de tratamento eou de resultados têm inspirado e fundado inúme ros programas e projetos de pesquisas na socio logia do século XX ver também IGUALDADE E DESIGUALDADE Por exemplo em um compro misso com a idéia de que a escolaridade deveria permitir a mobilidade social identificando ta lento eou esforço independentemente de ori gens sociais dessa forma tornando talento e esforço disponíveis como mérito como dis criminadores identificáveis para a seleção pro fissional tem havido grande número de es tudos sobre o motivo por que origens e destinos continuam obstinadamente ligados apesar dos compromissos meritocráticos pelo menos for mais É possível distinguir três tipos de explica ções resultantes que podem ser rotuladas de determinista desmistificadora e voluntarista Essas explicações não são mutuamente exclu sivas ainda que geralmente sejam apresentadas como tal Explicações deterministas Há dois tipos de deterministas Primeiro os que afirmam que os indivíduos diferem biologicamente em inte ligência eou que grupos negros mulheres em contraste com brancos homens diferem na média em termos de inteligência biologicamen te determinada e que isso explica as diferenças nos resultados A literatura sobre esse tipo de determinismo é ao mesmo tempo ampla e amplamente superestimada uma vez que muito poucas se é que alguma conclusões quanto a políticas e programas podem ser dela derivadas com clareza qualquer que seja a verdade nessa questão Por exemplo supo nhamos que algumas crianças simplesmente sejam mais espertas do que outras O que se segue a respeito de sua educação e da educa ção das que são menos espertas Absoluta mente nada uma vez que a questão con seqüente mais óbvia é esta as que são mais espertas deveriam receber maismelhor edu cação para beneficiar indiretamente os res tantes ou menos uma vez que não preci sam E nada no mero fato das diferenças ajuda a resolver essa questão A maioria dos sistemas educacionais reconhece tacitamente a diferença e gasta mais tanto com as que são mais espertas como com as que são particular mente menos capazes e identificadas como ten do necessidades educacionais especiais O segundo tipo de determinista fala a partir da sociedade e não da biologia demonstrando como as crianças chegam à escola com a van tagem ou com o peso de sua formação social classe educação status Conseqüentemente o sucesso e o fracasso relativos na escola são determinados pelos trunfos ou cargas que as crianças trazem consigo e a escolaridade em si mesma não pode contrabalançar a sociedade a escola é um agente menos possante do ponto de vista causal do que o lar ou a comunidade ver Halsey et al 1980 Os mecanismos efetivos de determinação social são muitos e variados Se em casa não há livros não há lugar para estudar nem proces sador de texto para produzir trabalhos elegan tes mamãe e papai estão sempre discutindo o bebê não dorme e seus colegas estão sempre batendo à porta chamando para jogar futebol bem quais são as chances de a criança fazer uma boa prova de história Ver também PRIVA ÇÃO RELATIVA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar educação e teoria social 233 Explicações desmistificadoras As próprias escolas são instituições sociais contando com professores cuja classe ou status social precisos têm sido objeto de considerável debate ver Ozga e Lawn 1981 A realidade das escolas pode divergir e de fato diverge de sua retórica Assim por exemplo um compromisso formal com a igualdade de oportunidades não garante que um professor trate meninas e meninos de modo tal que ambos tenham iguais oportunida des de sucesso na sala de aula desse professor Na verdade os indícios apontam de forma surpreendente que os professores homens e mulheres são discriminadores no tratamen to que dedicam a meninos e meninas de modos educativamente significativos Stanworth 1983 Além disso as escolas são moldadas como instituições através das exigências for mais dos governos nacionais e locais e infor malmente pelas pressões exercidas por pais diretores e o comércio e indústria locais A conjunção de exigências formais e pressões informais na verdade conspira para garantir que o reconhecimento e a recompensa do mérito individual sejam apenas um dos vários objeti vos conflitantes perseguidos pelas escolas As escolas também têm um currículo oculto Snyder 1971 o qual reconhece e recompensa o conformismo a suas normas de bom compor tamento e de autoapresentação aceitável ver Ball 1990 Essas normas não são neutras no que se refere aos grupos mas ao contrário discriminam de forma sistemática por classe e sexo Assim para usarmos um exemplo menos que óbvio no nível secundário a norma da caligrafia clara indicaria um favorecimento sis temático das meninas embora a recompensa seja na verdade a capacitação para funções de baixas recompensas e status moderado tais co mo empregos de funcionárias e secretárias Ne nhuma menina com a cabeça no lugar deveria permitirse ter uma bela caligrafia Em geral diz o sociólogo desmistificador as escolas não são locais sociais neutros impotentes diante de determinações sociais externas Suas próprias práticas institucional mente embutidas formam resultados diferen ciados por classe sexo e outros discriminadores irrelevantes como etnia Explicações voluntaristas Tanto o determinista quanto o desmistificador estão na verdade as sumindo não apenas a plasticidade como tam bém a passividade do aluno de escola Mas é possível que as próprias crianças se mostrem ativas na formação de seus próprios destinos e desde a tenra idade Elas têm suas próprias percepções quanto a suas origens e aspirações por distinção social querem ser médicos enfer meiras e estrelas pop Querem ou não querem seguir o papai ladeira abaixo Nesse contexto os professores podem ou não representar um status ou conjunto de valores com os quais os alunos podem identificarse ou aos quais pos sam vir a aspirar E isso é importante porque pode formar uma orientação para todo o proces so de aprendizado Em um estudo influente Paul Willis 1977 afirmou que parte da ex plicação para o fato de filhos da classe operária conseguirem empregos de classe operária é simplesmente que eles querem esses empregos rejeitam decididamente a CULTURA mais cola rinho branco da escola que não é a de suas famílias de origem O modo como os profes sores se comportam e vivem objeto de certo fascínio para a maioria dos alunos não os im pressiona como algo a ser copiado ou buscado Qualquer que seja a mistura de explicações certa os filhos da classe operária conseguem empregos de classe operária e as meninas aca bam realizando trabalho de mulher A mobi lidade social e sexual é sempre muito menor do que aquilo que satisfaria qualquer pessoa com prometida com a igualdade de oportunidades Trabalhos sociológicos detalhados sobre a re produção de uma força de trabalho estratificada podem ser encontrados dentro da tradição bri tânica em Halsey et al 1980 e numa perspec tiva marxista norteamericana em Bowles e Gintis 1976 Alguns têm procurado garantir que a es colaridade se torne uma influência mais pode rosa do que a origem por exemplo ampliando o período de escolaridade compulsória cuidan do para que cada escola receba alguns alunos com todos os níveis de habilidade e rebaixando a cultura de conhecimento inútil latim e grego por exemplo para cuja aquisição o principal motivo é ou deveria ser o desejo de marcar uma distinção social ver Bourdieu 1979 Outros tornaramse críticos da própria ins tituição da escolaridade Na NOVA ESQUERDA Ivan Illich afirmou numa obra muito influente Deschooling Society Sociedade desescolari zante 1971 que as escolas privilegiam o di ploma sobre a efetiva competência restringem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 234 educação e teoria social irracionalmente o domínio daquilo que conta como valendo a pena aprender e prescrevem modos de aprendizado restritivos e inúteis enquanto escrevo esta última frase ocorreme que amanhã minha filha colocará um colarinho e uma gravatinha novos sem os quais jamais lhe será permitido aprender coisa alguma É seu primeiro dia numa escola inglesa comum A NOVA DIREITA adaptou a seus próprios ob jetivos alguns dos temas da crítica da Nova Esquerda à escolaridade expressa como a idéia de controle exercido pelo produtor os profes sores prepararam suas próprias agendas para as escolas quando deveriam ser os pais a prepara rem agendas para os professores A Nova Direi ta então manifestase a favor do rompimento dos monopólios escolares e da libertação do consumidor Tanto o pensamento da Nova Esquerda quanto o da Nova Direita conflitam com as concepções centrais socialdemocratas e libe raldemocratas como a de John Dewey 1966 que encaram a escolaridade como uma instituição com um papel de liderança na criação de uma sociedade justa democrática e unificada E dentro da tradição marxista An tonio Gramsci expressa uma aprovação decidi da ao tipo de sistema escolar tradicional de que ele foi um beneficiário individual Entwistle 1979 O caso de Gramsci também deveria ser vir para nos tornar conscientes de que se os sociólogos em geral têmse ocupado em ex plicar por que as crianças fracassam na escola existe também outra interessante questão de pesquisa que deseja saber por que certas crian ças que deveriam por todos os padrões socio lógicos efetivamente fracassar tiveram sucesso nas circunstâncias mais improváveis Existem muito poucos sistemas de escolaridade que não tenham como se orgulhar de seus meninos po bres que obtiveram sucesso e uma abordagem biográfica do estudo do seu sucesso pode fazer ressaltar fatores desprezados nas abordagens macrossociológicas do estudo da educação Para usos bem diferentes de uma abordagem biográfica ver Hoggart 1957 e Lacey 1970 Leitura sugerida Bowles Samuel e Gintis Herbert 1976 Schooling in Capitalist America Halsey AH Heath A e Ridge JM 1980 Origins and Destinations Family Class and Education in Modern Britain Il lich Ivan 1971 Deschooling Society Willis Paul 1977 Learning to Labour TREVOR PATEMAN elites teoria das A palavra élite foi usada na França no século XVII para descrever bens de qualidade particularmente superior Um pouco mais tarde foi aplicada a grupos sociais supe riores de vários tipos mas só viria a ser am plamente empregada no pensamento social e político por volta do final do século XIX quan do começou a ser difundida pelas teorias socio lógicas das elites propostas por Vilfredo Pareto 191619 e de forma um pouco diferente por Gaetano Mosca 1896 Pareto começou com uma definição muito geral de elite como as de pessoas que têm os índices mais elevados de capacidade em seu ramo de atividade qualquer que seja a sua natureza mas em seguida con centrou sua atenção naquilo que chamou de elite governante em contraste com as massas nãogovernantes Essa concepção devia algo a Mosca o primeiro a tentar a construção de uma nova ciência da política baseada na distin ção entre elite e massas que resumiu sua concepção geral dizendo que em todas as so ciedades um fato óbvio se destaca o de sur girem duas classes de pessoas uma classe que governa e uma classe que é governada As teorias das elites eram dirigidas contra o socialismo especialmente o socialismo mar xista e em certa medida muito em especial no caso de Pareto contra as idéias democráticas Contestavam o conceito marxista de classe dominante cujo poder político se concentrava na propriedade dos meios de produção afir mando que os grupos dominantes se carac terizavam por terem capacidades superiores e por serem minorias organizadas cujo domí nio sobre a maioria desorganizada é inevi tável Mosca 1896 p50 Essa argumentação foi levada mais adiante com a negação de que uma sociedade sem classes conforme prefi gurada pela maioria dos socialistas ou uma democracia no sentido de governo exercido pelo povo pudesse vir a ser atingida um dia Mosca porém acabou desenvolvendo uma teo ria mais complexa na qual reconhecia a impor tância da posse da propriedade na constituição da minoria organizada ou classe política a influência sobre o governo de forças sociais diversas representando diferentes interesses na sociedade a importância para a estabilidade política de uma subelite compreendendo na prática a nova classe média e a possibilida de numa democracia parlamentar de que a maioria desorganizada através de seus repre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar elites teoria das 235 sentantes viesse a exercer algum controle sobre a política governamental As obras de Pareto e Mosca tiveram uma influência penetrante Max Weber de modo parecido rejeitou a idéia de governo exercido pelo povo e redefiniu a democracia como a competição pela liderança política no que foi mais tarde seguido por JA Schumpeter 1942 Em seus argumentos contra o socialismo We ber enfatizou a independência relativa do poder político afirmando ser mais provável que uma revolução socialista estabelecesse a ditadura do funcionalismo do que a ditadura do proletariado Weber 1918 A partir de outro aspecto Robert Michels que trabalhava numa ligação muito estreita com Weber em seu estudo sobre os partidos políticos afirmou que todos eles in cluindo os partidos socialistas inevitavelmente desenvolviam uma estrutura oligárquica resul tando na dominação por parte dos líderes par tidários Tanto Weber quanto Michels atribuíam importância capital na liderança política às elites bem como aos indivíduos carismáticos Beetham 1981 Mommsen 1981 e suas idéias exerceram considerável influência sobre o pensamento social posterior Raymond Aron 1950 tentou uma síntese da teoria de classes com a teoria das elites através da análise da relação entre DIFERENCIAÇÃO SOCIAL e hierarquia política nas sociedades modernas e seguiu We ber ao afirmar que a desigualdade em termos de poder político não é de forma alguma elimi nada ou reduzida pela abolição das classes pois é absolutamente impossível que o governo de uma sociedade esteja nas mãos senão de uns poucos Nesse texto e em outros Aron 1964 ele também usou o conceito de elite para es tabelecer uma distinção entre a pluralidade de elites nas sociedades capitalistas democráticas e a elite unificada nas sociedades sem clas ses mais especificamente na União Soviéti ca Esses textos foram uma importante con tribuição para as controvérsias a respeito do surgimento de uma nova classe governante ou elite dominante nos países socialistas C Wright Mills 1956 muito influenciado por Weber também usou a expressão elite do po der preferencialmente a classe governante que ele achava implicar com excessiva facili dade que uma classe econômica tem o domínio político mas ao contrário de Aron concebeu essa elite como unindo três grupos distintos na sociedade norteamericana os chefes das corporações empresariais os líderes políticos e os chefes militares e sua análise parecia levar à reafirmação de forma limitada da força de terminante definitiva que era a posse da proprie dade Grande parte da extensa pesquisa sobre as elites desde a Segunda Guerra Mundial temse preocupado com a arregimentação e o papel social de grupos elitistas particulares líderes políticos executivos de empresas especial mente em grandes corporações funcionários de alta hierarquia chefes militares e intelectuais em sociedades diferentes e esse tem sido um elemento importante nos estudos sobre a mobi lidade social Heath 1981 De maneira mais geral as teorias das elites têm ocupado o centro das controvérsias a respeito da relação entre elites e democracia Karl Mannheim que ori ginalmente ligara as teorias das elites ao fascis mo e às doutrinas antiintelectualistas de ação direta afirmou mais tarde que democracia e elites não eram necessariamente incompatíveis numa sociedade democrática haveria um no vo modo de seleção da elite e uma nova auto interpretação desta juntamente com uma re dução da distância entre a elite e a massa Man nheim 1956 p200 Nos anos 60 porém os movimentos esquerdistas radicais renovaram o ataque ao elitismo em sua defesa da democra cia participativa e embora alguns desses mo vimentos tenham declinado no decorrer da úl tima década suas críticas ao domínio da elite ainda exercem influência sobre os partidos ver des e entre os defensores da autogestão No pensamento social do pósguerra a teo ria das elites tornouse menos uma alternativa à teoria de classe do que um complemento a essa teoria em especial na análise da natureza do domínio político nos países socialistas eles próprios envolvidos desde o final dos anos 80 em um processo de mudança radical em que tanto as classes quanto as elites desempenham um papel O que hoje parece mais importante é a relação das elites com a democracia assim como as novas questões colocadas por versões mais recentes da teoria das elites para concep ções da ulterior evolução da democracia nas sociedades industriais avançadas Albertoni 1987 parte 2 Leitura sugerida Albertoni Ettore A 1987 Mosca and the Theory of Elitism Aron Raymond 1950 1988 Social structure and the ruling class In Po wer Modernity and Sociology Bottomore Tom 1964 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 236 elites teoria das 1966 Elites and Society Mannheim K 1956 Es says on the Sociology of Culture Michels Robert 1911 1949 1962 Political Parties Mills CW 1956 The Power Elite Mosca Gaetano 1986 1939 Elementi di scienza politica 2ªed rev e ampl 1983 A versão inglesa organizada por Arthur Livingston sob o título The Ruling Class reúne essas duas edições Pareto V 191619 1963 The Mind and Society a Treatise on General Sociology 2 vols Schumpeter Joseph A 1942 1987 Capitalism Socialism and De mocracy 6ªed TOM BOTTOMORE emancipação Usadas no século XIX para se referir à abolição de restrições jurídicas aos judeus europeus aos servos russos e aos es cravos americanos as palavras emancipação e libertação mantiveram seus laços com a imagística da escravidão Ao lado de motivos tirados da Revolução Francesa e dos movimen tos operários essas palavras formaram a retóri ca dos movimentos de libertação nacional anticolonialistas ver Fanon 1961 Mary Wollstonecraft 1792 chamou a aten ção para as semelhanças entre a condição das mulheres e a dos escravos e os movimentos feministas têm usado tradicionalmente as pala vras emancipação e libertação Fora desses movimentos também a mulher emancipada era associada a um estilo de vida anticonven cional Ver também MOVIMENTO DE MULHERES Em outras áreas do pensamento radical es sas palavras costumam ser usadas como alter nativas ou complementos de um vocabulário da revolução social especialmente na teoria crítica ver ESCOLA DE FRANKFURT O Ensaio sobre a libertação 1969 de Herbert Marcuse am pliou as tradicionais concepções socialistas de libertação para poder incorporar idéias dos mo vimentos estudantil e hippie bem como dos movimentos de libertação feminina e gay O conceito mais austero de Jürgen Haber mas de um interesse na emancipação orientado pelo conhecimento caracterizando ciências críticas como a psicanálise e a crítica marxis ta da ideologia exerceu também extrema in fluência como alternativa ao ideal de liberdade de valores ver VALORES No modelo de Haber mas as ciências emancipatórias combinam o estudo de processos causais a serem encon trados na ciência empírica com a transformação de nossa compreensão de nós próprios a ser obtida a partir da HERMENÊUTICA eles envolvem a identificação e remoção de obstáculos causais para a compreensão como blocos psicológicos e ideologias sociais dominantes Os vínculos existentes entre ciência e dominação e a possí vel contribuição da ciência incluindo a ciência social para a emancipação humana têm sido um importante tema nas teorias críticas da ciên cia da LIBERDADE Leitura sugerida Bhaskar Roy 1986 Scientific Rea lism and Human Emancipation Marcuse Herbert 1969 An Essay on Liberation WILLIAM OUTHWAITE empirismo Esta palavra indica um conjunto de teorias de explicação definição e justifica ção de nossos conceitos eou conhecimento no sentido de que estes são derivados dos sentidos ou da introspecção eou podem ser explicados eou justificados em termos da experiência destes É típico dos empiristas terem assumido que o conhecimento deve ser estabelecido por indução a partir de ou testado em oposição a relatos de observações incorrigíveis ou pelo menos nãodeduzidos Isso sempre levantou problemas a respeito do status das proposições matemáticas questionado por JS Mille no final do século XX por David Bloor para ser mos empíricos princípios a priori aparente mente sintéticos tais como a uniformidade da natureza que Bertrand Russell admitiu ser um limite ao empirismo e do próprio empirismo seria ele analítico e portanto na expressão de John Locke trivial como Wittgenstein es tava disposto a admitir ou meramente empírico e portanto sujeito à dúvida indutiva Além do mais em sua forma canônica humeana o empirismo leva prontamente a um ceticismo a respeito a dos objetos independentemente da nossa percepção a seu respeito e b da neces sidade natural isto é conexões necessárias na natureza e daí a um problema a respeito do status das leis Característico do POSITIVISMO em geral o empirismo tem sido a epistemologia e a teoria da ciência predominantes durante a maior parte deste século mas também estendeu sua influência à ética como emotivismo à lingüística à psicologia como comportamen talismo e à ciência social de maneira geral Em sua fase possivelmente mais influente assumiu a forma do empirismo lógico do círculo de Viena dos anos 20 e 30 que inicialmente uniu a epistemologia sensacionalista de Ernst Mach com o atomismo lógico de Russell e Wittgens Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar empirismo 237 tein e cujos membros mais importantes foram M Schlick R Carnap e Otto Neurath A estrutura da epistemologia empirista no século XX baseiase substancialmente em P1 o princípio de invariânciaempírica isto é que as leis são ou dependem de regularidades empíricas e P2 o princípio de confirmação ou refuta ção pelo evento ou seja de que as leis são confirmadas ou refutadas por seus eventos A definição dos eventos pode ser ostensiva ou operacional PW Bridgman e se osten siva fisicalista Neurath ou fenomenalista a resposta predominante ao problema a no qual objetos eram analisados como dados dos sentidos efetivos ou possíveis mas que sofreu muito com as críticas dos wittgensteinianos e da escola oxfordiana da FILOSOFIA DA LINGUA GEM liderada por John Austin e Gilbert Ryle depois de meados do século P1 é suscetível às interpretações descritivista e instrumentalista Ryle e à interpretação idealista transcenden tal bem como à estritamente empirista P2 é suscetível às interpretações indutivista Car nap e refutacionista Karl Popper e à conven cionalista bem como à positivista De P1 e P2 brotam teorias sobre a explicação de eventos leis teorias e ciências dedutivismo sobre a simetria de explicação e precisão sobre o desenvolvimento da ciência como monista so bre confirmação ou corroboração e refutação e sobre racionalidade científica ver Bhaskar 1975 apêndice ao cap2 A filosofia da ciência durante o terceiro quartel do século colocou em questão a suficiência de P1 e P2 enquanto que no último quartel do século o trabalho de Bhas kar questionou igualmente a necessidade de P1 e P2 substituindo a subjacente ontologia do realismo empírico pela ontologia estratificada e diferenciada do realismo transcendental e proporcionando uma contraposição realista ao problema empirista b numa defesa da idéia da necessidade e universalidade analisada co mo transfactualidade nãoempírica das leis O realismo transcendental tornou possível uma supressão nãokantiana do empirismo e do ra cionalismo na qual ficava demonstrado o modo como no desenvolvimento da ciência se podia chegar a ter um conhecimento de necessidade natural a posteriori Vale a pena examinar com um pouco mais de detalhe a extinção do empirismo no século XX Em certa medida o empirismo lógico de sabou sob o peso de sua própria dúvida sis temática interna ver CONHECIMENTO TEORIA DO NR Campbell nos anos 20 já se havia manifestado contra a suficiência da teoria de dutivista da explicação sustentando que os mo delos eram indispensáveis à inteligibilidade da ciência Seu legado foi assumido por filósofos como Scriven que lançou um importante ataque à idéia da simetria de explicação e pre visão SE Toulmin MB Hesse e em es pecial Rom Harré o qual afirmou que os mo delos eram capazes de indicar mecanismos ge radores e estruturas causais que poderiam vir a ser empiricamente estabelecidos por um cri tério perceptual direto ou causal indireto como reais suposição prontamente apoiada pe la história de ciências como a física e a química Ao mesmo tempo o trabalho de Popper Tho mas Kuhn I Lakatos e P Feyerabend minou a credibilidade da correlata teoria monista do de senvolvimento científico registrando a magni tude das mudanças científicas que haviam ocor rido no século XX O reducionismo e o atomis mo implícitos na teoria da linguagem científica que necessariamente se seguiu sofreram ata ques de WVO Quine W Sellars NR Hanson e outros Estes afirmaram haver predicados de observação ligados ao mundo prático de um modo muito mais complicado nãoisomórfico e dependente da teoria do que os empiristas haviam tipicamente presumido Nesse meio tempo os paladinos da her menêutica de maneira especial talvez HG Gadamer e P Winch questionavam a aplica bilidade do modelo empirista ao domínio so cial Tanto a teoria quanto a prática da ciência social empirista foram criticadas por autores antinaturalistas e naturalistas antiempiristas preocupados em enfatizar a especificidade das ciências humanas Nesse ponto exerceu in fluência particular a argumentação de Jürgen Habermas de que o positivismo em sua preo cupação com o observável e o manipulável refletia uma forma de prática técnicoinstru mental que incorporava apenas um interesse humano limitado Ao mesmo tempo naturalis tas críticos como Bhaskar afirmaram que o modelo empirista havia levado hermeneutas e dualistas como Habermas a exagerar as dife renças entre as ciências sociais e naturais Deu se particular atenção aos limites da mensuração e das investigações quantitativas nas ciências Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 238 empirismo sociais e aos efeitos do empirismo por exem plo ao gerar retrocessos interacionistas e redu cionistas na busca de um término sobre as ciências sociais A psicologia comportamenta lista viuse debaixo de fogo de variadas proce dências incluindo Erving Goffman a etnome todologia de Harold Garfinkel e a psicologia social formada dentro de um molde wittgens teiniano e vygotskiano O modelo empirista de aprendizado da linguagem associado particu larmente a BF Skinner e a linguagem em geral sofreram um ataque pesado da lingüística racio nalista e profundamente estruturalista de Noam Chomsky A recepção internacional nos anos 70 às idéias de Volosinov e Bakhtin formula das pela primeira vez nos anos 20 e o desen volvimento do estruturalismo de Ferdinand de Saussure a Claude LéviStrauss levaram ao surgimento da semiótica ou ciência estrutu ral dos signos nas mãos de praticantes tão variados quanto Roland Barthes e M Pêcheux Tudo isso foi observado como envolvendo uma crítica da identidade sujeitoobjeto do isomor fismo ou da correspondência assumida pelo empirismo Nos anos 80 houve um ressurgimento par cial do empirismo nas obras de autores como B van Frassen e N Cartwright De maneira mais geral o empirismo tendeu a sofrer uma mutação Outhwaite 1987a Cap2 para certa forma de convencionalismo de pragmatismo conforme representado por Richard Rorty ou mesmo de superidealismo como nas variedades de pós estruturalismo e pósmodernismo em geral em cujos critérios de objetividade verdade e neces sidade humana tendeu a se perder por completo Nesse meio tempo um produto da análise rea listacrítica do empirismo foi a reavaliação da obra de Marx como antiempirista mas não contrariamente à característica interpretação marxista ocidental antiempírica e do materia lismo dialético como implicando ele próprio uma forma de empirismo objetivista À medida que o século se aproxima do final entre os tópicos sob investigação encontramse as con dições da possibilidade e os efeitos do empiris mo em si mesmo com sua reificação dos fatos e sua tácita personificação humanização das coisas a quebra das distinções fatovalor e teoriaprática pelo menos no domínio social com que o empirismo de forma característica sempre foi associado e a renovada possibilida de de realismo na ética Leitura sugerida Bhaskar Roy 1975 1978 A Rea list Theory of Science 2ªed Bloor David 1976 Knowledge and Social Imagery Chomsky Noam 1959 Review of BF Skinners Verbal Behaviour Language 35 Habermas Jürgen 1968 1971 Know ledge and Human Interests Harré R e Madden E 1975 Causal Powers a Theory of Natural Necessity Lovibond Sabina 1983 Realism and Imagination in Ethics Scriven M 1962 Explanation prediction and laws In Minnesota Studies in the Philosophy of Science vol3 org por H Feigl e G Maxwell Volo sinov VN 1929 1973 Marxism and the Philosophy of Language ROY BHASKAR empresarial função Uma consciência alerta às oportunidades de puro lucro é a essência da função empresarial Ao falar de função em presarial não nos estamos referindo a in divíduos específicos isto é empresários mas antes à função do empresariado e sua importân cia analítica na compreensão da natureza do processo do mercado competitivo O homem econômico e o homo agens A ação humana consiste na tentativa con tínua de substituir o atual estado de coisas in satisfatório por um imaginado estado futuro melhor Os seres humanos precisam ajustar e reajustar de maneira mais eficaz seus meios de alcançar os fins a que perseguem A noção de economia isto é a alocação de meios escassos entre fins concorrentes capta apenas um peque no aspecto da ação humana Há um elemento de ação humana que não pode ser analisado dentro do modo econômico e maximizante e que foge à nossa compreensão quando o anali samos dessa forma Esse elemento é o aspecto empresarial de toda ação humana Dentro do modelo padrão de comportamen to econômico o homem econômico racional homo oeconomicus maximiza sua utilidade dentro de um quadro de fins e meios dados Essa racionalidade instrumental mecânica porém limita a análise ao problema de alocação que se segue à justaposição de meios escassos e fins concorrentes Dentro dessa perspectiva o pro cesso da realização de escolhas é simplesmente um problema de matemática aplicada A ação humana porém abrange muito mais que a com putação da solução de um problema de maxi mização Abrange também a percepção do qua dro de fins e meios dentro do qual a atividade econômica vem a surgir O homo agens o agente humano não apenas tem a propensão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar empresarial função 239 a perseguir objetivos de forma eficaz uma vez claramente identificados fins e meios como possui também a consciência alerta ou pers picácia para identificar que fins devem ser perseguidos e que meios estão disponíveis Só dentro de um quadro de meios e fins em aberto é que podemos começar a compreender a natureza do elemento empresarial evidente em toda ação humana bem como o processo de mercado empresarial que se segue Por outro lado se encaramos as escolhas humanas sim plesmente dentro de um dado quadro de meios e fins como grande parte da economia neoclás sica no século XX tendeu a fazer então o papel empresarial não é tanto incompreendido quanto simplesmente ignorado e a visão do mercado é de um estado de equilíbrio estático e não a do processo de mercado dinâmico que em primei ro lugar buscávamos compreender e explicar Num equilíbrio competitivo geral não existe por definição papel para a função empresarial Na medida em que os economistas concen tram sua atenção na alocação mecânica de meios escassos entre fins concorrentes dentro de um quadro dado a natureza dinâmica da atividade de mercado lhes fugirá à compreen são O papel empresarial só se torna importante para nossa compreensão da vida econômica num mundo de incerteza e mudança contínua um mundo fora do equilíbrio Duas visões da função empresarial Existem basicamente duas visões da função empresarial na atividade econômica Uma de las ligada a Joseph Schumpeter afirma que a função empresarial é catalisadora da inovação na vida econômica O empresário inovador per turba o equilíbrio existente dá início à mudança e cria novas oportunidades Embora o sistema se estabeleça em um novo equilíbrio depois de cada explosão de inovação empresarial o em preendedor schumpeteriano é fundamental mente uma força desequilibradora na atividade econômica Assim na análise de Schumpeter o empreendedor é introduzido como uma força exógena de mudança para estimular a passagem da economia de um equilíbrio a outro A outra visão ligada a Ludwig von Mises e seu aluno Israel Kirzner enfatiza o papel equi librador do empresário na vida econômica O mundo real de ignorância disseminada incer teza e mudança é incapaz de se estabelecer numa posição de equilíbrio Qualquer análise da competição de mercado não deve presumir o que se determinou a explicar a saber a tendência ao equilíbrio A análise econômica padrão do equilíbrio competitivo porém faz exatamente isso ao postular um estado de equi líbrio que uma explanação adequada do proces so competitivo deveria explicar como conse qüência desse processo Se por outro lado estudarmos o mercado dinâmico como um pro cesso competitivo de aprendizado e descoberta então o papel crucial da função empresarial na coordenação econômica poderá ser compreen dido O empresário reage à atual situação de desequilíbrio caracterizada pela perda de opor tunidades de uma forma que estimula o sistema ao ajuste e coordenação mútuos de elementos previamente discordantes Dessa maneira o empresário exercita a perspicácia para as opor tunidades de puro lucro e ao fazêlo empurra o sistema em direção ao hipotético estado de equilíbrio É claro que antes que o sistema atinja esse estado de equilíbrio mudanças na realidade econômica subjacente revelam novas ineficácias Mas somente por reconhecer a pro pensão humana a aprender com a experiência do mercado a ajustar expectativas e a alterar planos de acordo com isso é que podemos co meçar a responder às perguntas cruciais com respeito às forças que provocam mudanças nas decisões de compra venda produção e consu mo que compelem a multidão de indivíduos dentro da sociedade econômica a agir de co mum acordo uns com os outros A própria existência de ineficácias atuais motiva o processo de mercado empresarial Es tando alerta para possíveis oportunidades de melhor ajustar ou reajustar recursos para satis fação dos fins o empresário coordena a ativi dade econômica O empresário é uma força endógena dentro do mercado que elimina a ineficiência A discrepância entre o elenco exis tente de preços ineficazes e o imaginado elenco futuro motiva agentes econômicos alertas na busca de puro lucro a descobrir meios melhores e mais eficientes de satisfazer consumidores ou alcançar fins O processo de mercado com petitivo é um processo de aprendizado e des coberta e sua lógica depende de forma crucial da compreensão do papel coordenador da fun ção empresarial Ver também COMPETIÇÃO ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA SOCIALISTA CÁLCULO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 240 empresarial função Leitura sugerida Baumol WJ 1968 Entrepreneur ship in economic theory American Economic Review 58 Buchanan JM 1979 What Should Economists Do Kirzner I 1973 Competition and Entrepreneur ship Ο 1979 Perception Opportunity and Profit Ο 1985 Discovery and the Capitalist Process Schum peter JA 1911 1961 The Theory of Economic Deve lopment Ο 1942 1987 Capitalism Socialism and De mocracy Von Mises Ludwig 1949 1966 Human Action a Treatise on Economics 3ªed rev PETER J BOETTKE Escola Austríaca de Economia Este títu lo indica um modo característico de raciocínio econômico ou agenda de pesquisa Durante as décadas de 70 e 80 a escola austríaca de eco nomia ganhou destaque como uma entre várias escolas rivais de pensamento econômico des confiadas da corrente econômica predominante ver PÓSKEYNESIANISMO Chamase austría ca porque sua linhagem remonta ao triunvirato original constituído por Carl Menger Eugen Bohm von Mawerk e Friedrich von Wieser que ensinavam na Universidade de Viena durante o crepúsculo do Império Habsburgo A escola austríaca ou vienense constituiu uma corrente importante ao lado das tradi ções britânica marshalliana e de Lausanne walsariana do que se tornou conhecido mais tarde como economia neoclássica em oposição à economia política clássica ou ES COLA ECONÔMICA MARGINALISTA Se por um lado estavam em amplo acordo com essas outras correntes de pensamento no que diz respeito à perspectiva geral os austríacos destacaramse desde o princípio por uma elaboração mais inflexível do ponto de vista subjetivista na eco nomia A teoria austríaca do valor é um exem plo em contraste com as idéias clássicas va lor não era algo que se pudesse objetivamente medir como o comprimento de uma mesa não se apoiava em uma quantidade física inerente aos bens mas antes era visto como estando no cerne de uma relação entre os tomadores de decisões de avaliação e o objeto dessa avalia ção Conceber o valor como um conceito sub jetivista abriu o caminho para um redireciona mento no foco de atenção da economia Em concordância com um afastamento geral da atenção dos problemas de produção tecnolo gia isto é criação de riqueza rumo às questões de demanda o indivíduo que escolhe que faz economia começou a ocupar o centro do palco na análise econômica Essa mudança acarretou uma preocupação com a os processos de de cisão individual envolvidos nas incertezas do tempo e da ignorância e b a ligação dessas decisões com uma explicação do surgimento de uma complexa rede de relações de troca in terligadas constituindo a ordem do mercado A identidade da contribuição austríaca pas sou a receber maior atenção em resultado de várias controvérsias ferozes com a escola his tórica alemã no chamado METHODENSTREIT com os teóricos do AUSTROMARXISMO no debate sobre cálculo socialista ver SOCIALISTA CÁL CULO com os defensores do socialismo de mer cado e com os adeptos do novo KEYNESIANISMO No início dos anos 40 a ascendência intelec tual e política da revolução keynesiana em particular havia desacreditado a escola aus tríaca de economia a tal ponto que ela parecia haverse tornado um capítulo encerrado na his tória do pensamento À parte Ludwig von Mises e Ludwig Lachmann não havia praticamente ninguém que abraçasse uma posição explicita mente austríaca FA Hayek abandonara a teo ria econômica pela filosofia social A situação mudou de forma drástica porém quando a ampla insatisfação com a deriva generalizada da economia que começara a se afirmar no final dos anos 60 e início da década de 70 estimulou uma grande atividade introspectiva entre os economistas e o ressurgimento de idéias e tradi ções antes desacreditadas A retomada do in teresse pela escola austríaca de economia co meçou gradualmente como um gênero muito reduzido nos Estados Unidos em seguida di fundiuse para partes do Reino Unido e do continente europeu e até para a América do Sul Hoje em dia encontrase na vanguarda das idéias sobre reforma econômica em países do Leste Europeu como a Polônia Os que estão comprometidos com a escola austríaca de economia professam sua adesão ao INDIVIDUALISMO metodológico e político sua preocupação maior é com a natureza dos pro cessos de mercado impulsionados pela função empresarial e pela rivalidade e não com a aná lise dos estados de equilíbrio desprovidos des ses processos ver COMPETIÇÃO e EMPRESARIAL FUNÇÃO enfatizam os aspectos de descoberta de mercados e subscrevem uma teoria sobre o surgimento de instituições econômicas políti cas e culturais como fruto de uma evolução espontânea resultados imprevistos de buscas individuais nãoguiadas pelo bem comum Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar Escola Austríaca de Economia 241 Leitura sugerida Kizner I 1973 Competition and Entrepreneurship Lachmann Ludwig M 1986 The Market as an Economic Process Lavoie Don 1985 Rivalry and Central Planning the Socialist Calculation Debate Reconsidered Littlechild Stephen org 1990 Austrian Economics 3 vols ODriscoll Jr Gerald P e Rizzo Mario J 1985 The Economics of Time and Ignorance STEPHAN BOEHM Escola de Frankfurt A teoria crítica da es cola de Frankfurt ocupa lugar de destaque em meio às tentativas feitas entre as duas guerras mundiais de desenvolver o pensamento marxis ta O que inicialmente a distinguia não eram tanto os seus princípios teóricos mas os seus objetivos metodológicos que foram resultado de um reconhecimento sem reservas das ciên cias empíricas Uma de suas metas básicas era a incorporação sistemática de todas as discipli nas de pesquisa social científica em uma teoria materialista da sociedade facilitando assim a mútua fertilização entre a ciência social acadê mica e a teoria marxista A idéia de uma extensão interdisciplinar do marxismo amadureceu durante os anos 20 no pensamento de Max Horkheimer que reco nhecia o valor das ciências empíricas Korthals 1985 Quando sucedeu a Carl Grünberg como diretor do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt em 1930 utilizou seu discurso de posse para introduzir publicamente um progra ma de teoria crítica da sociedade Horkheimer org por Brede 1972 Nos anos que se segui ram veio a elaborar essa abordagem com Her bert Marcuse no Zeitschrift für Sozialfor schung periódico fundado em 1932 que veio a formar o foco intelectual do trabalho do Ins tituto até 1941 A idéia fundamental da teoria crítica era lançar uma ponte sobre o abismo que separava a pesquisa substantiva e a filosofia fundindo esses dois ramos do conhecimento em uma única forma de reflexão modelada na filo sofia hegeliana da história Para que isso pudes se ser alcançado era evidentemente necessário dispor de uma teoria da história capaz de deter minar os efetivos poderes da razão que residem no próprio processo histórico As pressuposi ções básicas de tal concepção da filosofia da história foram extraídas tanto por Horkheimer quanto por Herbert Marcuse da tradição do pensamento marxista ver MARXISMO Já nos anos 30 Horkheimer e Marcuse ainda defendiam a versão clássica da teoria marxista da história segundo a qual se pressupõe que o desenvolvimento das forças produtivas seja o mecanismo central do progresso social Hor kheimer 1932 e que a teoria crítica deveria ser agora incorporada a essa sucessão histórica de eventos como uma medida do conhecimento da sociedade a respeito de si mesma Conforme as palavras de Marcuse inspirandose em Hor kheimer a teoria crítica deveria tornar eviden tes as possibilidades para as quais a própria situação histórica havia amadurecido 1937 p647 Ao mesmo tempo porém Horkheimer e Marcuse não acreditavam mais que a raciona lidade corporificada nas forças de produção na sociedade contemporânea também se expres sasse na consciência revolucionária do proleta riado Suas obras estavam impregnadas da consciência do fato de que devido à crescente integração da classe operária ao sistema capita lista tardio uma teoria baseada em Marx havia perdido o seu grupo social alvo Para Horkhei mer o ponto de referência de toda a atividade de pesquisa do Instituto era a questão de como ocorrem os mecanismos psíquicos que tornam possível que as tensões entre as classes sociais que são forçadas a se transformar em conflitos devido à situação econômica permaneçam la tentes 1932 p136 A realização particular de Horkheimer foi determinar o programa de pes quisa do Instituto ao exprimir a questão abran gente das novas formas de integração do capi talismo em termos de sua relevância específica para as disciplinas empíricas O programa que orientou o trabalho do Instituto baseavase num nexo de três disciplinas uma análise econômi ca da fase pósliberal do capitalismo realizada por Friedrich Pollock uma investigação socio psicológica da integração de indivíduos através da socialização por Erich Fromm e uma aná lise cultural dos efeitos da cultura de massa que vieram a se concentrar na recémsurgida indús tria cultural por Theodor W Adorno e Leo Lowenthal No entanto a idéia de pesquisa social inter disciplinar só exerceu uma influência vital e formativa sobre o Instituto até o início dos anos 40 Os sinais de mudança geral de orientação já estavam patentes nos ensaios que Horkheimer escreveu para o volume final do Zeitschrift für Sozialforschung Horkheimer 1941a e 1941b Essa mudança afetou não apenas as premissas da teoria crítica baseadas na filosofia da his tória mas também sua percepção a respeito de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 242 Escola de Frankfurt seu próprio papel e objetivos políticos Durante os anos 30 apesar da resignação diante do fascismo o Instituto conservou a esperança de progresso inerente à concepção marxista da história e ainda que a idéia de um proletariado necessariamente revolucionário tivesse sido há muito abandonada a idéia de revolução con tinuou a fornecer um vago pano de fundo para a compreensão política por parte da teoria crí tica de seu papel e de suas metas Dubiel 1978 1985 A1 Horkheimer ainda concebia o tra balho de pesquisa do Instituto como uma forma intelectual de reflexão ligada ao movimento operário pois se agarrava a uma concepção positiva do domínio da natureza como uma condição para a emancipação permitindo que as forças de produção fossem liberadas da for ma capitalista de sua organização No final dos anos 30 esse mundo idealizado veio final e definitivamente abaixo em termos de política prática através da experiência do fascismo do stalinismo e da cultura de massa do capitalismo juntando forças para formar um todo totalitário em termos de teoria através da mudança de um modelo positivo para um outro negativo de trabalho social A visão produtivista do pro gresso abriu caminho a uma crítica da razão que criticava o progresso e colocava em ques tão a própria possibilidade de se mudarem as relações sociais por meio de uma revolução política Foi Theodor Adorno quem se tornou o rep resentante mais destacado dessa nova concep ção da teoria crítica Seu pensamento fora profundamente marcado pela experiência his tórica do fascismo como um produto catas trófico da civilização o que desde o princípio o tornara cético quanto às idéias de progresso do materialismo histórico Além disso seu desen volvimento intelectual fora tão fortemente mol dado por interesses artísticos que ele não pode ria deixar de vir a ter dúvidas a respeito do nacionalismo estreito da tradição teórica marxista sob a influência de Walter Benjamin fez suas primeiras tentativas de tornar os méto dos estéticos de interpretação frutíferos para a filosofia materialista da história BuckMorss 1977 p4380 Dialética do esclarecimento que ele escreveu com Horkheimer no início dos anos 40 Horkheimer e Adorno 1947 é uma expressão desse novo motivo intelectual em uma filosofia negativa da história O totalitaris mo não podia ser explicado como o resultado do conflito entre forças de produção e relações de produção mas foi concebido como surgindo da dinâmica interna de formação da consciência humana Horkheimer e Adorno partiram da es trutura fornecida pela teoria do capitalismo e agora pressupunham o processo civilizatório em sua totalidade como o sistema de referência que servia de apoio a sua argumentação Nesse contexto o fascismo surgia como o estágio histórico final de uma lógica de decadência que é inerente à forma original de existência da própria espécie O processo civilizatório as sumiu a forma de uma espiral de crescente REIFICAÇÃO que era posta em movimento pelos atos originais da natureza subjugante e atingia sua conclusão lógica no fascismo Uma con clusão a que nos força Dialética do escla recimento Habermas 1985 cap5 é a negação de qualquer dimensão de progresso na civiliza ção que não seja o que fica manifesto numa intensificação das forças de produção Uma segunda conclusão é que toda forma de práxis política é ação orientada para o controle de modo que era preciso excluíla em princípio do rol de alternativas positivas O círculo básico de pesquisadores do Instituto viuse assim pri vado de uma vez por todas da possibilidade de situar sua própria atividade de pesquisa numa política real Uma alternativa a esses modelos teóricos negativistas teria sido a abordagem de Franz Neumann e Otto Kirchheimer que pertenciam com Walter Benjamin e mais tarde Erich Fromm a um grupo que esteve apenas tem porária ou indiretamente ligado ao Instituto Essa abordagem poderia ter colocado em ques tão a imagem de uma sociedade totalmente administrada que levava necessariamente ao beco sem saída da abstenção política Durante seu período de exílio em Nova York Neumann e Kirchheimer colaboraram com o trabalho do Instituto realizando pesquisas sobre a teoria jurídica e as teorias do Estado e propuseram uma análise do fascismo cuja força explanatória era superior à da teoria do capitalismo de estado Wilson 1982 Reconheciam que a integração social não ocorre apenas através do cumpri mento persistentemente inconsciente dos impe rativos funcionais da sociedade mas antes atra vés da comunicação política entre grupos so ciais A participação ativa nos conflitos de clas se que caracterizaram a República de Weimar levouos a uma avaliação realista do coeficien Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar Escola de Frankfurt 243 te de poder dos interesses sociais viram que o potencial do poder que evoluiu a partir do con trole capitalista privado dos meios de produção não tinha como ser superestimado Finalmente o contato com o AUSTROMARXISMO deulhes consciência de que as ordens sociais como um todo são caracterizadas pelo compromisso As estruturas institucionais de uma sociedade de vem ser compreendidas como fixações momen tâneas de acordos realizados dentro dela pelos vários grupos de interesses em consonância com seus respectivos potenciais de poder Tudo isso formava um modelo de sociedade em cujo centro ficava o processo abrangente de comu nicação entre os grupos sociais Quando o Instituto foi reaberto em Frank furt no ano de 1950 retomou sua atividade de pesquisa sem qualquer continuação direta da perspectiva sociofilosófica dos anos 30 e 40 Wiggershaus 1986 p479520 Foi nesse ponto que a teoria crítica deixou de ser uma escola de pensamento unificada e filosofica mente homogênea No entanto a idéia de um mundo totalmente administrado inicialmente ainda representou um ponto de referência para o seu trabalho em filosofia social Essa idéia percorre como um leitmotif toda a crítica da civilização nos estudos de Horkheimer Adorno e Marcuse Nada partiu das premissas filosófi cas desse diagnóstico da sociedade contem porânea até uma nova abordagem vir a ser for mulada por Jürgen Habermas o qual embora fosse um produto do Instituto tinha formação e orientação teóricas muito diferentes No desenvolvimento do pensamento de Habermas a antropologia filosófica a HERMENÊUTICA o PRAGMATISMO e finalmente a análise lingüística trouxeram ao primeiro plano correntes teóricas que sempre haviam sido encaradas como estra nhas na verdade até mesmo hostis pela geração mais velha em torno de Adorno e Horkheimer Não obstante os trabalhos de Habermas leva ram gradualmente à formação de uma teoria que era inequivocamente motivada pelos obje tivos originais da teoria crítica e se fundamen tava numa percepção da intersubjetividade lin güística da ação social Habermas chegou a essa premissa central através de sua preocupação com a filosofia hermenêutica e com a análise da linguagem feita por Wittgenstein com a qual aprendeu que os sujeitos humanos sempre es tiveram ligados uns aos outros pelo nível de compreensão através da linguagem Esta é por tanto um prérequisito fundamental e ines capável para a reprodução da vida social Foi através desse caminho que ele chegou também a uma crítica do marxismo cujo resul tado foi uma concepção da história que se am pliou para incluir a dimensão de uma teoria de ação Se a forma de vida do ser humano se distingue pelo nível de compreensão através da linguagem então a reprodução social não pode ser reduzida à dimensão isolada do trabalho conforme fizera Marx em seus textos teóricos Em vez disso além da atividade de dominar a natureza a prática de uma interação lingüis ticamente mediada deve ser encarada como uma dimensão igualmente fundamental do de senvolvimento histórico Habermas 1968 O passo decisivo que levou à teoria da so ciedade do próprio Habermas porém só seria tomado quando trabalho e interação os dois conceitos de ação foram associados a dife rentes categorias de racionalidade Nos subsis temas de ação intencionalracional em que se organizam as tarefas de trabalho social e admi nistração política a espécie evolui através do acúmulo de conhecimento técnico e estraté gico enquanto que dentro da estrutura ins titucional em que se reproduzem as normas socialmente integradoras a espécie evolui atra vés da libertação de todas as coerções que ini bem a comunicação Habermas 1968 Todas as ampliações dessa teoria que Habermas reali zou no decorrer dos anos 70 seguem as linhas desse modelo de sociedade no qual os sistemas de ação organizados de acordo com critérios intencionalracionais se distinguem de uma es fera de prática comunicativa cotidiana Em Theory of Communicative Action 1981 esse programa era pela primeira vez apresentado de forma sistemática Nele os frutos dos vários estudos são consolidados em uma única teoria na qual a racionalidade da ação comunicativa é reconstruída na estrutura de uma teoria do ato da fala ainda mais desenvolvida como base para uma teoria da sociedade através da revisão da história da teoria sociológica de Max Weber a Talcott Parsons e finalmente transformada no ponto de referência de um diagnóstico crítico da sociedade contemporânea Os resultados da discussão que esse trabalho provocou decidirão o futuro da teoria crítica Honneth e Joas 1991 Leitura sugerida Arato A e Gebhardt E orgs 1978 The Essential Frankfurt School Reader Benhabib S Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 244 Escola de Frankfurt 1986 Critique Norm and Utopia Bottomore Tom 1984 The Frankfurt School BuckMorss S 1977 The Origin of Negative Dialetics Held D 1980 In troduction to Critical Theory Horkheimer Max 1968 1972 Critical Theory Horkheimer to Haberms Jay Martin 1973 The Dialectical Imagination a History of the Frankfurt School and the Institute of Social Resear ch 192350 Wellmer Albrecht 1969 1974 Critical Theory of Society AXEL HONNETH escola econômica de Chicago Essa esco la representa um modo próprio de encarar a economia e a política econômica dando grande ênfase aos mercados livres como descri ção e prescrição que tem sido associado à Universidade de Chicago desde pelo menos os anos 30 Nem todos os economistas relaciona dos à Universidade de Chicago foram membros da escola econômica de Chicago Nem todos os membros dessa escola tiveram relação com a Universidade de Chicago Mas Chicago é sem dúvida a igreja matriz de um modo de pensar cujos fundadores ensinaram em Chicago e cu jos posteriores sumossacerdotes lá estudaram eou ensinaram A doutrina não foi constante no decorrer do tempo nem houve um momento em que todos os membros se encontrassem em posição igual mente ortodoxa No entanto os dogmas co muns até 1989 podem ser resumidos da se guinte forma 1 A economia diz respeito ao comporta mento de indivíduos plenamente infor mados buscando maximizar sua utilida de em mercados de troca competitivos ver também MERCADO Outras explica ções do comportamento humano não são econômicas Além disso provavelmente não existe outra teoria geral útil 2 Se o mundo fosse organizado do modo como a economia o descreve certos re sultados benéficos importantes se segui riam Num mundo assim cada in divíduo conseguiria de seus recursos tanto quanto pudesse obter sem for çosamente privar a outrem 3 O mundo real funciona dentro de uma aproximação razoavelmente satisfatória do MODELO dos economistas e con cretiza os benefícios que o modelo prevê 4 As decisões governamentais tal como as decisões no âmbito da economia pri vada são tomadas por indivíduos que buscam maximizar seus próprios ga nhos Não se pode portanto contar com o governo para alcançar qualquer obje tivo em particular tal como eficiência ou eqüidade a não ser os objetivos dos funcionários envolvidos 5 A quantidade de dinheiro é o fator chave que influencia o comportamento do ní vel de preços e a estabilidade da produ ção agregada ver também MONETARIS MO Os fundadores da escola econômica de Chicago nos anos 30 foram os professores Frank H Knight Lloyd Monts Henry C Si mons e Jacob Viner embora Viner negasse ser membro dessa escola Através de seus en sinamentos os alunos adquiriram grande res peito pelo livre mercado como método de or ganização econômica O ensino da economia nos anos 30 porém dava grande atenção a aspectos nos quais o mundo real podia divergir do modelo e não seria ideal mesmo que se conformasse a este Não se poderia dizer que os anos 30 tenham sido uma época para se pensar que o sistema econômico tal como existia estivesse dando resultados ideais As implicações políticas da lacuna entre o modelo de bom funcionamento e o mundo cla ramente visível foram expressas principalmen te nos textos de Henry Simons Três aspectos eram básicos 1 Um mercado adequadamente competi tivo com participantes beminforma dos podia não existir e não era possível contar com que viesse a existir esponta neamente O governo tinha portanto um papel na promoção da concorrência e do fluxo de informações 2 O mercado privado podia gerar um grau inaceitável de desigualdade na distribui ção da renda e o governo tinha um papel adequado na correção disso 3 Os mercados privados não garantiam a estabilidade da demanda agregada significando basicamente estabilidade do nível de preços Era respon sabilidade do governo utilizar suas po líticas fiscais e monetárias para es tabilizar a economia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escola econômica de Chicago 245 Assim digamos até 1940 o pensamento de Chicago dava um espaço considerável embora limitado para a ação do governo Depois da Segunda Guerra Mundial a lide rança da escola econômica de Chicago passou para uma nova geração na qual Milton Fried man e George Stigler ganharam maior destaque e Aaron Director e Ronald Coase foram tam bém muito importantes Já nos anos 70 era possível identificar uma terceira geração com Gary Becker e Robert Lucas entre seus líderes Depois da Segunda Guerra Mundial a escola econômica de Chicago evoluiu de três formas principais Primeiro tal como a economia na maioria dos lugares tornouse mais empírica e quantitativa apoiandose menos em deduções lógicas a partir de proposições autoevidentes e observações banais e mais em dados históricos e estatísticos coletados de forma sistemática Segundo tornouse mais pura Descobriu que muitas das qualificações para a eficiência dos mercados livres até então aceitas não eram vá lidas ou não tinham importância O número de competidores necessário para se alcançarem os resultados benéficos da concorrência foi deter minado como sendo pequeno O que antes se encarava como ineficácias causadas por infor mações inadequadas passou a ser visto como adaptações eficientes ao custo da obtenção da informação Descobriuse que as falhas de mer cado que se alegava existir em casos nos quais agentes particulares não tinham qualquer incen tivo para levar em consideração os efeitos sobre outros eram corrigíveis por meio de contratos entre as partes Na abordagem da macroeconomia também entrava em cena um processo de purificação Descobriuse que o mercado privado era menos inerentemente estável do que se achava nos anos 30 O papel positivo do governo na es tabilização da economia foi depurado de uma combinação ad hoc de medidas fiscais e mone tárias para a manutenção de uma taxa constante de crescimento do meio circulante Calculouse que os possíveis efeitos benéficos até mesmo da política monetária sobre o emprego e a pro dução reais eram muito temporários e em al gumas versões inexistentes Em terceiro lugar a escola econômica de Chicago tornouse na expressão de George Stigler imperialista Ela chegou a aplicar suas hipóteses e métodos à sociologia ao direi to e à ciência política Essa aplicação ao direito e à ciência política tendem particularmente a apoiar a argumentação em favor de mercados livres através da demonstração de que uma interpretação correta de direitos legais aumen taria a eficiência dos mercados bem como da inconfiabilidade do processo político como cor retor das falhas do mercado caso estas existis sem É provável que apenas uma minoria dos economistas norteamericanos tenha um dia se considerado membro de uma escola de Chica go Mas a influência de Chicago sobre o pen samento econômico foi profunda Até mesmo economistas que não foram tão longe quanto os de Chicago sentiram a necessidade de uma análise mais aberta e mais sutil do modelo de mercado como explicação e prescrição do que a que se praticava até então Da mesma forma economistas que não eram monetaristas vie ram a concordar com a importância do dinheiro e com a necessidade de buscar melhores es tratégias para administrálo Alguns membros da escola de Chicago vê emse impedidos de alegar qualquer influência sobre políticas e programas públicos uma vez que acreditam que a política é feita por in divíduos ou grupos movidos pelo autointeres se que possuem todos a informação que des ejam Mas dentro de uma visão menos res tritiva seria possível observar uma importante influência do pensamento de Chicago durante os anos 70 e 80 na redução da regulamentação governamental na flutuação do dólar em novos rumos da política antitrustes e na política mo netária Leitura sugerida Friedman M 1953 Essays in Posi tive Economics Knight FH 1935 The Ethics of Competition Patinkin D 1981 Essays on and in the Chicago Tradition Reder MW 1987 Chicago School In The New Palgrave Dictionary of Econo mics vol1 org por J Eatwell M Milgate e P New man p4138 Simons HC 1948 Economic Policy for a Free Society Stigler GJ 1988 Memories of an Unregulated Economist HERBERT STEIN escola econômica marginalista Esta ex pressão é usada para descrever o tipo de análise econômica que depois de 1870 superou gra dualmente as doutrinas dos economistas clás sicos ingleses A análise marginalista e em particular os conceitos de utilidade marginal e custo marginal dedicaramse basicamente às Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 246 escola econômica marginalista questões da alocação eficiente de recursos por parte de consumidores e empresas isolados Utilidade marginal ou custo marginal é o acréscimo à utilidade total ou custo total de se consumir ou produzir mais uma unidade de um bem A necessidade de um conceito do fenômeno marginalista pode ser encontrada nos dois princípios ou leis fundamentais do retorno decrescente e da utilidade decrescente O princípio de retorno decrescente ou da pro dutividade marginal decrescente como seria mais tarde redescrito de forma mais precisa foi formulado explicitamente pela primeira vez pe lo grande economista e administrador francês ARJ Turgot 17271781 e desempenhou pa pel importante no sistema teórico dos econo mistas clássicos ingleses que dominaram o te ma nos dois primeiros terços do século XIX Em sua forma original o princípio de retorno decrescente foi aplicado apenas à produção agrícola quando sucessivas unidades de traba lho eram empregadas em uma área de terra fixa O princípio exprimia então que o produto ou retorno adicional de cada sucessiva unidade de trabalho iria declinando à medida que unidades adicionais fossem sendo aplicadas Era neces sário portanto distinguir entre a produção mé dia de uma unidade de trabalho e a produção marginal de uma unidade adicional À parte porém a produção agrícola havia pouco âmbito para os conceitos marginalistas na teoria clássica inglesa A utilidade e o prin cípio de utilidade decrescente desempenhavam um papel bastante reduzido ao mesmo tempo em que no que diz respeito à produção indus trial presumiase em geral que os custos eram constantes e os mercados competitivos Não havia portanto papel para os conceitos de custo marginal ou receita marginal uma vez que estes eram necessariamente iguais ao custo médio e à receita média A necessidade dos conceitos marginalistas surgiu quando foi preciso distin guir entre custo médio e custo marginal ou entre utilidade média e utilidade marginal ou entre receita média e receita marginal de ven das Um papel parcial para os conceitos mar ginalistas começou a surgir nas décadas centrais do século XIX quando os problemas de produ ção e preços de monopólios de utilidades públi cas como as estradas de ferro vieram para o primeiro plano com seus custos médios caindo de forma marcante e caindo portanto de forma ainda mais marcante os custos marginais Foi com esses problemas que se preocuparam pioneiros importantes da análise marginal co mo AA Cournot 18011877 e J Dupuit 18041866 A concepção marginalista assumiu pela pri meira vez um papel geral central e fundamental com o desenvolvimento da teoria neoclássica do valor baseada na utilidade marginal no iní cio da década de 1870 seguindo as obras semi nais de WS Jevons 18351882 na Inglaterra C Menger 18401921 na Áustria e L Walras 18341910 em Lausanne Estes autores abor daram o problema do valor e do preço pelo ângulo da utilidade e da demanda de bens e não pelo ângulo dos custos ou do trabalho como haviam feito seus antecessores os economistas clássicos ingleses Havia agora portanto um papel vital para o princípio de utilidade decres cente e daí para o de utilidade marginal De acordo com o princípio de utilidade decrescen te a utilidade esperada de cada sucessiva uni dade de um bem consumível digamos a utili dade marginal do consumo de sucessivas fatias de pão cai a cada fatia adicional consumida embora a utilidade total de todas as fatias con sumidas deva continuar a crescer até se atingir o ponto de saturação quando o consumo de ainda mais uma fatia não traz nenhuma utili dade e o de fatias subseqüentes traz uma desuti lidade O consumidor racional preocupado em conseguir o máximo de utilidade possível de recursos limitados buscará igualar a utilidade marginal de consumir uma fatia adicional ao custo que lhe cabe ou ao preço dessa fatia ou à utilidade que foi antecipada pagando o preço dessa fatia marginal A análise das decisões do consumidor de senvolvida a partir do início da década de 1870 foi complementada nos anos 80 deste século pela análise da produtividade marginal das de cisões das empresas com respeito a quanto dos diferentes fatores de produção terra trabalho e capital se devia empregar Foi proposta a fór mula de que a empresa buscando minimizar seus custos e maximizar os lucros contrataria unidades dos variados fatores de produção até o ponto em que o acréscimo a sua receita oriun do da produção de mais uma unidade de um fator igualasse o custo de se empregar essa unidade adicional É possível observar que o adjetivo mar ginal só entrou em uso geral depois do final da década de 1880 e no início da de 1890 seguin Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escola econômica marginalista 247 dose sua adoção por P Wicksteed 18441927 e A Marshall 18421924 e na Alemanha Grenznutzen por F von Wieser 18511926 Por volta da década de 1890 com o marginalis mo desempenhando um papel capital essencial mesmo construiuse uma análise da lógica da escolha e da alocação racional de recursos es cassos por lares e empresas a qual embora às vezes tenha início a partir da análise altamente simplificada de um indivíduo isolado tal como Robinson Crusoé possuía uma aplicabilidade bastante ampla Embora baseada em abstrações e simplificações extremas e de conteúdo muito tênue essa análise marginal podia ser aplicada à valorização e alocação de recursos escassos por consumidores e produtores isoladamente bem como por entidades de utilidade pública e planejadores do governo Posteriormente com o desenvolvimento sistemático por Keynes e outros da economia monetária e da macroeconomia isto é a análise da economia como um todo e da renda e nível de emprego nacionais a concepção marginalista foi aplicada à análise de agrega dos como tendo a propensão marginal a consu mir medida pela percentagem de uma unidade adicional de renda nacional gasta em consumo ou como tendo a propensão marginal a importar de uma economia nacional Agora portanto seria ilusório aplicar a expressão marginalista simplesmente à análise neoclássica e microeco nômica de lares e empresas individuais Seria ainda mais errôneo deixar implícito que o uso da teoria necessariamente ou geralmente im plica a aprovação de quaisquer pressupostos éticos ou políticos em particular Ver também ECONOMIA NEOCLÁSSICA Leitura sugerida Howey RS 1960 The Rise of the Marginal Utility School 18701889 Hutchison TW 1953 A Review of Economics Doctrines 18701929 Marshall A 1890 1920 Principles of Economics Schumpeter JA 1954 A History of Economics Ana lysis Stigler GJ 1941 Production and Distribution Theories the Formative Period Wicksteed PH 1933 The Common Sense of Political Economy and Selected Papers and Reviews on Economic Theory org por Lionel Robbins TW HUTCHISON escola sociológica de Chicago Lançando as fundações sobre as quais se construiu grande parte da sociologia norteamericana no século XX o Departamento de Sociologia da Univer sidade de Chicago foi criado por Albion W Small historiador e sociólogo que antes fora diretor de um pequeno ginásio no Maine A nova Universidade de Chicago amplamente financiada por John D Rockefeller encarava como missão competir com as universidades mais antigas da Costa Leste dos Estados Unidos e demonstrar que o MeioOeste era capaz de nutrir e promover um centro de ensino que nada ficasse devendo a qualquer outro O Depar tamento de Sociologia participava das ambi ções da Universidade e Small o construiu num nível de primeira classe O departamento de Chicago não era o pri meiro a ensinar sociologia já havia cursos sendo oferecidos nas Universidades Brown Ya le e Columbia mas foi a primeira iniciativa cuja oferta de cursos e cujo programa de pesquisa não refletiam a visão pessoal de uma figura central sendo antes um empreendimento cole tivo Os membros mais destacados do depar tamento antes e depois da Primeira Guerra Mundial além de Albion Small o presidente eram WI Thomas Robert Park e Ernest Bur gess O novo departamento também mantinha relações estreitas com o Departamento de Filo sofia no qual John Dewey e George Herbert Mead desenvolveram uma filosofia pragmática com inclinação reformista que era simpática aos membros do Departamento de Sociologia e permitia a seus alunos fácil acesso à filosofia pragmática em geral e à psicologia social em particular Conforme observou Martin Blumer a es cola de Chicago apresentou o primeiro progra ma norteamericano bemsucedido de pesquisa sociológica coletiva 1984 pXV Nos primeiros anos o Departamento de So ciologia ainda oferecia cursos e aceitava teses de doutoramento inspirados pelo pensamento social cristão reformista ou pelos impulsos mais seculares de reformadores como Jane Addams Nesses primeiros anos dissertações como The Influence of Modern Social Relations upon Ethical Concepts de Cecil North não eram de forma alguma atípicas Mas imediatamente an tes da Primeira Guerra Mundial e novamente depois dela o departamento abandonou um pouco do seu zelo reformista e sob a orientação de WI Thomas e mais tarde de Robert Park voltouse para a investigação empírica em ce nários urbanos Encarava a cidade de Chicago como seu laboratório Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 248 escola sociológica de Chicago O departamento de Chicago foi muitas vezes acusado de negligenciar a teoria sociológica e defender um empirismo intelectualmente va zio Mas não era esse o caso Tanto Thomas quanto Park haviam estudado na Alemanha com alguns dos eruditos mais famosos daquele país Park escreveu sua tese sob a orientação do destacado filósofo neokantiano Wilhelm Win delband Mas é um fato que os sociólogos de Chicago em contraste com a maioria de seus colegas de outros centros enfatizavam que a sociologia só poderia desenvolverse na Amé rica do Norte caso se dedicasse ao estudo dos muitos problemas sociais que confrontavam a América urbana na rápida onda de urbanização industrialização e expansão capitalista subse qüentemente à Guerra Civil Os membros do departamento estudaram os dancings da cidade garçonetes vagabundos os valores dos terre nos locais delinqüentes juvenis ladrões e as relações raciais em Chicago Esperavase dos alunos de Chicago que lidassem com problemas e questões sociais concretos não apenas em suas teses mas também em suas carreiras poste riores E à medida que exalunos começaram a dominar novos departamentos de sociologia no MeioOeste e em outros locais foram dando a estes o colorido característico de Chicago A orientação de Chicago dominou a socio logia norteamericana até os anos 30 O depar tamento publicava o American Journal of So ciology que durante muito tempo manteve uma posição de monopólio entre as publicações so ciológicas e colonizou departamentos mais no vos da mesma forma como a antiga Atenas no período clássico havia colonizado novas ci dades no Mediterrâneo oriental O domínio de Chicago foi derrubado nos anos 30 quando Harvard Columbia e outras universidades do Leste começaram a institucionalizar a sociolo gia mas fora exercido durante tanto tempo que mesmo depois disso ainda costumava ser visto como o próprio epítome da pesquisa sociológi ca empírica norteamericana Leitura sugerida Blumer Martin 1984 The Chicago School of Sociology Institutionalization Diversity and the Rise of Sociological Research Faris Robert EL 1967 Chicago Sociology 19201932 Kurtz Lester R 1984 Evaluating Chicago Sociology a Guide to the Literature with an Annotated Bibliography Matthews Fred H 1977 Quest for an American Socio logy Robert E Park and the Chicago School LEWIS A COSER escola sociológica de Durkheim Este é o nome atribuído aos colaboradores e discípulos de Emile Durkheim cujas atividades flores ceram na França entre o final da década de 1890 e a Segunda Guerra Mundial Começaram co mo um grupo de pesquisa de uma eficiência extraordinária aplicando refinando desenvol vendo e às vezes modificando as idéias de Durkheim ao longo de uma ampla variedade de disciplinas Organizavamse em torno de um periódico notável o Année Sociologique do qual foram editados 12 volumes entre 1898 e 1913 Este publicava resenhas monografias e notas editoriais cobrindo um âmbito bastante amplo todo esse material escrito na maior parte pelos durkheimianos mas não de forma ex clusiva o Année também publicava Georg Sim mel Conforme Marcel Mauss um dia viria a relembrar Um bom laboratório depende não apenas da pessoa encarregada mas também da existência de partici pantes confiáveis ou seja antigos e novos amigos cheios de idéias com conhecimentos extensos e hipóteses viáveis e que ainda mais importante es tejam prontos a compartilhar teses uns com os outros participar do trabalho dos membros mais antigos e promover as obras dos recémchegados Éramos um grupo assim In Besnard 1983 p140 O Année Sociologique consolidou o que veio a ser chamado de escola sociológica fran cesa Depois da Primeira Guerra Mundial que dizimou os durkheimianos e da morte do pró prio Durkheim em 1917 os sobreviventes con tinuaram a produzir muitas obras individuais significativas embora já não mais como um grupo de trabalho apesar de o Année ter sido publicado duas vezes nos anos 20 e os Annales Sociologiques por breve período nos anos 30 Vieram a ocupar posições importantes na edu cação superior francesa na Sorbonne Céles tin Bouglé Paul Fauconnet Maurice Halb wachs Georges Davy no Collège de France Mauss François Simiand Halbwachs na École Normale Supérieure Bouglé e na Aca démie de Paris Paul Lapie Influenciaram toda uma geração de especialistas em diversas dis ciplinas e por algum tempo conseguiram exer cer alguma influência sobre o treinamento de professores para as escolas secundárias de toda a França Em 1920 Paul Lapie editor e colabo rador do Année e diretor de educação primária na França introduziu como parte de um novo programa para as Écoles Normales Primaires Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escola sociológica de Durkheim 249 um curso intitulado sociologia aplicada à mo ral e à educação Sua meta era introduzir os professores ao estudo objetivo dos fatos so ciais o que afirmava Lapie indica uma apre ciação de seu valor e conseqüentemente longe de levar a uma forma de indiferença termina por justificar com solidez as nossas práticas morais cit in Besnard 1983 p121 Mas o curso veio a ser muito atacado e seu conteúdo foi diluído Em 1930 a ideologia dos durkhei mianos já estava fora de moda Além disso eles não sobreviveram como escola Outras in fluências intelectuais incompatíveis como o marxismo a fenomenologia e o existencialis mo predominaram na França depois da Segun da Guerra Mundial embora houvesse uma con tinuidade marcante dentro da antropologia so cial ao mesmo tempo em que as idéias dur kheimianas eram adotadas em outros centros em especial na antropologia social e na SOCIO LOGIA anglosaxônica A preocupação motora de Durkheim era es tudar a vida social como realidade objetiva em todos os seus aspectos na época dividida em disciplinas acadêmicas embora todas fossem abordáveis ele achava pelo modo sociológico de investigação Isso exigia um método com parativo implicando a classificação de socie dades em tipos e uma insistência na busca de causas sociais em oposição às individuais psi cológicas ou materiais até mesmo na ver dade talvez especialmente para o que pode ria parecer menos suscetível de tal explicação daí seu famoso estudo do suicídio e seu interes se na sociologia da religião do conhecimento e da moral Implicava também uma concentração no que ele chamou de répresentations collec tives crenças e sentimentos coletivos que predominam num dado meio social De acordo com isso o segundo volume do Année declara em seu prefácio o princípio geral de que fenô menos religiosos jurídicos morais e econômi cos devem estar sempre ligados a um meio social em particular devendo suas causas ser sempre buscadas nos aspectos constitutivos do tipo de sociedade a que pertence esse meio Durkheim 18581917 p348 Os durkheimianos buscaram seguir esse programa imperialista ao longo das disciplinas das ciências sociais incluindo a história in corporando conforme as palavras de Marcel Mauss fatos dentro de uma estrutura socioló gica e simultaneamente organizandoos e dis secando os dados brutos fornecidos pelos ramos descritivos das nossas ciências in Besnard 1983 p143 mas sempre através de um intenso engajamento com a erudição então corrente e em geral em combate com as tradições acadê micas predominantes Seu objetivo era dissol ver barreiras arbitrárias entre campos acadêmi cos e fundar uma nova perspectiva sobre sua matéria Quem perguntou Durkheim até re centemente haveria de supor que existem rela ções entre fenômenos econômicos e religiosos entre adaptações demográficas e idéias morais entre formas geográficas e manifestações cole tivas e assim por diante Durkheim 1960 p348 Eram racionalistas e positivistas acre ditavam no poder explicativo de idéias claras e distintas aplicadas metodicamente através da divisão do trabalho acadêmico Defendiam uma visão inspirada pela Ilustração da reorganiza ção de todos os variados ramos especializados do conhecimento cientificamente estabelecido que forneceria então uma sólida base para o progresso social o que eles interpretavam como significando um movimento no sentido de uma ordem social industrial planejada ancorada em crenças e sentimentos comuns esclarecidos pela ciência social Eram na maior parte socialistas simpáticos a Jean Jaurès nãorevolucionários e certamente nãomarxistas mas traçaram uma nítida linha divisória entre seu trabalho científico e seu trabalho político Tal como os comteanos e os saintsimonianos antes destes os durkheimia nos achavam que as religiões propunham uma explicação mistificadora do mundo social que a ciência social transmitiria de maneira clara mas não se encaravam nem como os sacerdotes de uma nova religião secular nem como os empreendedores práticos de um novo industria lismo Eram antes e acima de tudo cientistas sociais praticantes que buscavam através de sua pesquisa e de seus ensinamentos fortalecer a ideologia secular e reformista da Terceira República francesa Como o próprio Durkheim eram na maioria evolucionistas caracterizados pelo otimismo relativamente cegos aos ele mentos da vida social que weberianos e marxis tas enfatizavam acima de tudo os mecanis mos de dominação e os conflitos de interesses Tampouco se mostraram atentos às forças de moníacas irracionais que uma sociedade mo derna podia abrigar e que entraram em erupção na Alemanha nazista Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 250 escola sociológica de Durkheim Três figuras centrais contribuíram de forma mais importante com o Année Sociologique tanto como editores quanto como colabora dores Durkheim Marcel Mauss e Henri Hu bert Mauss era sobrinho de Durkheim e o mais próximo a ele tendo dado uma contribuição importante para O suicídio 1897 e As formas elementares da vida religiosa 1912 deste úl timo Especialista em etnologia e história das religiões editou com Hubert a seção de so ciologia religiosa e escreveu importantes estu dos de sistemas classificatórios primitivos com Durkheim Durkheim e Mauss 1903 sacrifí cio e magia com Hubert Hubert e Mauss 1899 Mauss e Hubert 1904 um estudo notá vel sobre a prece a reciprocidade e a doação de presentes Mauss 1925 e também sobre a própria noção da pessoa ou eu em 1938 ver Carrithers et al 1985 De todos os durkhei mianos Mauss foi sem dúvida a figura mais importante e influente Seu trabalho passou pela prova do tempo e continua fundamental acima de tudo o Essai sur le don Além disso foi um professor que transmitia inspiração e do qual se dizia que a partir de suas idéias outros escreviam teses e livros Dedicou grande parte de sua energia cheia de vivacidade à colabora ção e à publicação dos trabalhos de colegas que morreram na Primeira Guerra Mundial Tragi camente depois da Segunda Guerra Mundial Mauss perdeu a saúde mental Hubert além da sua colaboração com Mauss publicou um importante estudo sobre a representação do tempo na religião e na magia tendo escrito também sobre a teoria da religião popular e sobre arqueologia histórica Stefan Czarnowski aluno polonês de Hubert também fez importantes contribuições à sociologia das religiões populares em especial seu estudo so bre São Patrício e o culto dos heróis nas lendas celtas Robert Hertz escreveu estudos brilhantes sobre a concepção coletiva da morte em socie dades primitivas 1907 e sobre o dualismo simbólico de direita e esquerda 1909 que exer ceram considerável influência posterior mas investigou também o culto alpino de SaintBes se numa obra que é de todos esses estudos durkheimianos a mais próxima do campo de trabalho da etnografia bem como histórias folclóricas recolhidas de soldados da infantaria na Primeira Guerra Mundial que lhe tirou a vida Maurice Halbwachs não somente am pliou a teoria de Durkheim sobre o suicídio de modos muito interessantes como também in vestigou a estrutura social da memória Halb wachs 1980 e examinou os determinantes so ciais de padrões de vida diferenciados e das variadas definições de necessidades em rela ção à classe social bem como padrões de or çamento e de consumo Célestin Bouglé era o encarregado da seção de sociologia geral e mostrou particular in teresse pelo lugar da psicologia no estudo dos fenômenos sociais Estudou também as precon dições sociais do crescimento das idéias iguali tárias a evolução dos valores e o sistema in diano de castas Bouglé 1908 Paul Fauconnet o qual com Durkheim editou as seções de sociologia criminal e estatística moral e o estudo de regras morais e jurídicas realizou um exame das formas de responsabilidade co mo socialmente determinadas analisando suas condições natureza e funções Os irmãos Hubert e Georges Bourgin editaram a seção de sociologia econômica François Simiand o economista do grupo investigou as determi nantes de salários e preços flutuações econô micas e valor do dinheiro bem como a origem evolução e papel do dinheiro além de ter escrito extensamente sobre a metodologia das ciências sociais Henri Beuchat que trabalhou com ar queologia e filologia americana também cola borou com Mauss no importante estudo de am bos a respeito do impacto da morfologia ou estrutura social sobre a vida jurídica moral doméstica e religiosa dos esquimós que variava sazonalmente Mauss e Beuchat 1906 en quanto Georges Davy estudou o surgimento e a evolução do contrato e com o egiptólogo Ale xandre Moret publicou um estudo das origens da civilização egípcia dos clãs aos impérios Houve também Gaston Richard cujos primei ros trabalhos foram sobre as origens sociais da idéia de direito mas que acabou se tornando um crítico virulento da sociologia durkheimiana e Paul Lapie cujo trabalho sobre sociologia edu cacional e em particular sobre as determi nantes do sucesso na educação escolaridade e delinqüência e educação e mobilidade social foi pioneiro e estava muito adiante do seu pró prio tempo ver Besnard 1983 Depois da dissolução efetiva do grupo in divíduos do círculo de Durkheim e próximos a ele transportaram a influência desse círculo pa ra os seus respectivos campos Entre eles o grande lingüista comparativo Antoine Meillet Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escola sociológica de Durkheim 251 o eminente sinólogo Marcel Granet Granet 1922 os juristas Emmanuel Lévy e Paul Hu velin o estudioso pioneiro do direito grego antigo Louis Gernet o arabista Eduard Doutté os historiadores Georges Bourgin George Le febvre Albert Mathiez Marc Bloch e Lucien Febvre através de Bloch e Febvre os durkhei mianos influenciaram de maneira poderosa a escola dos Annales ver ANNALES os psicó logos Charles Blondel Georges Dumas e Henri Wallon o geógrafo econômico e social Albert Demangeon o filósofosociólogo Lucien Lé vyBruhl e toda uma geração de etnólogos fran ceses que estudaram com Marcel Mauss ou por ele foram influenciados especialmente Claude LéviStrauss e Louis Dumont Leitura sugerida Besnard P org 1983 The Sociolo gical Domain the Durkheimians and the Founding of French Sociology Durkheim Emile 1960 Emile Dur kheim 18581917 A Collection of Essays with Trans lations and a Bibliography org por K Wolf Dur kheim Emile e Mauss M 1903 De quelques formes primitives de classification In Textes Hertz R 1907 1960 Contribution à une étude sur la répresentation collective de la mort Hubert H e Mauss M 1899 1964 Sacrifice Its Nature and Function Mauss M 1925 Essai sur le don Mauss M e Hubert H 1904 1972 A General Theory of Magic STEVEN LUKES escolha pública As pessoas comportamse de modo praticamente idêntico quer estejam agindo nos mercados em um cargo político ou no serviço público elas buscam seus próprios interesses Essa é a premissa contundente de uma teoria que tenta unir política e economia proporcionando o que às vezes também se co nhece como uma teoria econômica da política Essa aplicação do modelo da escolha racional tem exercido poderoso impacto tanto sobre a teoria quanto sobre a prática da política moder na Em especial tem estimulado discussões sobre a ampliação dos limites constitucionais dos governos através de sua análise da falha do governo A teoria da escolha pública começou com uma retomada do interesse pelos sistemas elei torais ver Downs 1957 Black 1958 Duas percepções em particular tornaramse pedras fundamentais da escola da escolha pública Pri meiro a possibilidade de ciclos em sistemas eleitorais foi redescoberta e isso ajudou a minar a idéia tradicional de que a ação do governo refletia a vontade do povo ver ESCO LHA SOCIAL e a exposição sobre o Teorema da Impossibilidade de Arrow Em parte como conseqüência disso os teóricos da escolha pú blica hoje adotam uma versão da abordagem contratualista dos governos Buchanan 1974 Assim afirmam haver apenas indivíduos dife rentemente de uma mentalidade de grupo ou de um bem geral que um governo poderia refletir e a autoridade do governo ocorre quan do indivíduos se determinam a resolver suas diferenças como parte de um ajuste constitucio nal que lhes permita viver juntos de forma vantajosa Em segundo lugar reconheceuse que o cus to da aquisição da informação é elevado Essa percepção combinase significativamente com o pressuposto de que os agentes políticos bus cam os seus próprios interesses produzindo a perspectiva de falha do governo isto é o governo não consegue comportarse como uma instituição de vantagem mútua Por exemplo os políticos tentam maximizar suas possibilida des de reeleição mostrandose sensíveis a elei tores que dados os custos de aquisição de in formação estão mais conscientes de questões diretamente relevantes aos seus interesses co mo programas de gastos em particular e níveis de impostos do que de questões de interesse mais indireto e menos imediato como a situa ção das finanças públicas e o futuro serviço da dívida O resultado na ausência de um freio constitucional é a inclinação para os gastos elevados os baixos impostos e os déficits pú blicos ver Buchanan e Wagner 1977 Da mes ma forma o fraco conhecimento que os políti cos têm das ações de seus burocratas deixa espaço para a busca dos autointeresses destes que têm grande probabilidade de se verem bem servidos dentro dos sistemas de remuneração da maioria dos serviços públicos através do cres cimento de seus departamentos ver Tullock 1965 Daí que a informação inadequada nesse caso estimula um crescimento burocrático ex cessivo e isso por sua vez interage com o fenômeno antes observado para criar uma cres cente clientela de eleitores cujos interesses ime diatos também favorecem um amplo setor pú blico Assim está montado o cenário para um moderno Leviatã que não tem nem a capaci dade nem a inclinação para satisfazer as neces sidades de seus cidadãos encontrase fora de controle e a necessidade de controle é ainda Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 252 escolha pública mais premente uma vez que o crescimento do governo também estimula a atividade de busca de receita As receitas nesse sentido são cria das por exemplo através de ações governa mentais que por sua vez criam monopólios de um tipo ou de outro tal como quando certas atividades são licenciadas pelo governo ou quando o pagamento público excede o equiva lente privado Essas receitas estimulam os in divíduos a investir recursos perdulariamente em ações projetadas para aumentar suas chan ces de adquirir os títulos a elas Existe uma solução óbvia a restrição constitucional das ações do governo Especificamente por exem plo deveria haver exigências para o equilíbrio do orçamento assim como uma constituição monetária e as burocracias deveriam ser sub metidas às forças da concorrência através de menor interferência do estado privatização e outros processos semelhantes Alguns podem mostrarse relutantes quanto a pressuposições de informação muito precisas e ao apoio no modelo de indivíduos que maxi mizam a utilidade ver também UTILITARIS MO Mas poucos duvidam de que o reconhe cimento da falha do governo se mostrou um importante corretivo de uma visão comum pe lo menos em economia a qual simplesmente afirmava que o governo agiria no sentido de compensar qualquer falha de mercado uma vez identificada Não obstante não se deve esquecer de que os mercados efetivamente fa lham de modo que as perguntas reais na teoria da escolha pública hoje em dia se relacionam a como diferentes regimes constitucionais afe tam a incidência relativa e as proporções das falhas do mercado e do governo Leitura sugerida Black D 1958 The Theory of Commitees and Elections Buchanan JM 1975 The Limits of Liberty Between Anarchy and Leviathan Buchanan JM e Wagner R 1977 Democracy in Deficit The Political Legacy of Lord Keynes Downs A 1957 An Economic Theory of Democracy Tullock G 1965 The Politics of Bureaucracy SHAUN P HARGREAVES HEAP escolha racional teoria da O aspecto ca racterístico desta abordagem é a visão de que a vida social deve ser explicada por meio de modelos de ação individual racional Raciona lidade pode significar muitas coisas diferentes no pensamento social moderno ver RACIONALI DADE E RAZÃO Neste caso é compreendida em termos utilitários como uma questão de maximizar a satisfação das preferências do in divíduo ver UTILITARISMO Modelos de com portamento maximizante são amplamente uti lizados na economia contemporânea e a teoria da escolha racional pode ser compreendida co mo uma proposta de ampliação dessa abor dagem econômica a outras áreas da vida so cial Ela pretende ser rigorosa e capaz de gerar explicações convincentes com base em poucos e relativamente simples pressupostos Fora da economia propriamente dita é possível encon trar exemplos influentes na literatura sobre es colha pública e cada vez mais na ciência política e sociologia contemporâneas e até mesmo den tro do marxismo acadêmico O pressuposto da racionalidade individual não implica a racionalidade do comportamento coletivo Em primeiro lugar Arrow 1951 de monstrou que preferências individuais não po dem ser normalmente agregadas em uma es trutura de preferência coletiva bem definida Nesse caso pode não haver nenhum resultado do qual seja possível dizer que maximiza pre ferências coletivas Em segundo lugar o com portamento coletivo implica a interação estra tégica de indivíduos racionais ver JOGOS TEO RIA DOS Cada qual agirá com base nos cálculos dos efeitos das ações posssíveis dos outros Em uma situação de dilema do prisioneiro carac terizada pela ausência de comunicação efeti va imaginemse dois prisioneiros interrogados em separado por um crime que cometeram jun tos o agente racional teme o pior dos outros e age no sentido de minimizar os danos Cada qual portanto evita o pior resultado possível mas coletivamente eles não conseguem obter o melhor O problema do free rider carona é outro exemplo A não ser que exista algum mecanis mo como a taxação compulsória para fazer com que os indivíduos contribuam para a pro visão de um bem coletivo os indivíduos racio nais deixarão a contribuição para os outros O free rider obtém os benefícios de um bem cole tivo sem incorrer nos custos da sua provisão Se existirem free riders em excesso o bem coleti vo não poderá ser absolutamente alcançado Olson 1965 desenvolveu esse argumento para indicar que só porque todos os membros de um grupo partilham um interesse comum não se segue necessariamente que eles se organizarão na busca desse interesse Uma ação coletiva por Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escolha racional teoria da 253 parte de grandes grupos depende da existência de incentivos seletivos para os ativistas e às vezes de um elemento compulsório Grupos com poucos membros como no caso de um oligopólio normalmente se encontram em me lhor posição para organizar e chegar a um acor do sobre uma linha de ação ótima A teoria da escolha racional não exige que seus modelos de ação racional sejam inteira mente realistas Sua pretensão antes de tudo é fornecer previsões com sucesso em muitos ca sos e na possibilidade de falha na previsão fornecer meios de identificar o lugar de elemen tos nãoracionais na ação humana O compor tamento eleitoral é um exemplo citado com freqüência Na maioria dos casos o voto de uma pessoa pouco efeito terá sobre o resultado e a diferença que o resultado fará para essa pessoa será igualmente pequena O pressuposto de um comportamento racional orientado para o auto interesse portanto exibe uma explicação no toriamente frágil para o comportamento eleito ral uma vez que indica que praticamente nin guém iria votar voluntariamente nas digamos eleições nacionais norteamericanas Isso aju danos a compreender por que metade dos ame ricanos qualificados não votam mas pouco adianta no sentido de nos ajudar a compreender a outra metade Hardin 1982 p11 Provas de irracionalidade significativa no comportamento humano portanto pouco pre juízo causam às pretensões da teoria da escolha racional Questões críticas mais sérias relacio namse primeiro ao caráter e localização da racionalidade e segundo ao seu papel na ex plicação Críticos têm afirmado que a teoria da escolha racional tem uma visão excessivamente simples do agente por exemplo que não leva na devida conta o altruísmo e outros engaja mentos que a racionalidade humana é uma questão de projetos de autoedificação a longo prazo e não apenas de maximização a curto prazo e que as capacidades cognitivas dos seres humanos são demasiado limitadas para que suas decisões sejam totalmente racionais em todos os casos Essas posições críticas apontam uma ques tão mais geral para o individualismo metodoló gico da teoria da escolha racional Existem dois sentidos bastante diferentes em que a raciona lidade pode ser atribuída aos indivíduos huma nos Ela pode referirse ao que se costumava chamar de faculdade da razão a generalizada capacidade de desenvolver uma cadeia bem ligada de raciocínio ou argumentação Pode referirse também à consistência das próprias cadeias de raciocínio e aos conceitos e outros mecanismos intelectuais horóscopos jogos de dados análises de custosbenefícios emprega dos em sua construção e por extensão a linhas de ação e tipos de comportamento par ticulares A suposição de que os indivíduos humanos são normalmente dotados da facul dade da razão e que são portanto capazes de desenvolver cadeias de raciocínio nada nos diz sobre o caráter dos mecanismos conceituais que eles podem empregar nesse processo Uma vez que a maior parte dos mecanismos conceituais disponíveis para um agente será culturalmente adquirida existe um sentido importante no qual a racionalidade ou não da ação individual de penderá de condições culturais e sociais exter nas ao agente em pauta Por fim existe a questão do papel explica tivo da suposição de racionalidade Ela nos leva a esperar certa consistência no comportamento dos indivíduos mas nada nos diz a respeito de suas motivações As explicações de aspectos significativos da vida social como resultantes das ações racionais de indivíduos portanto dependem de suposições auxiliares com res peito ao conteúdo de suas explicações outro aspecto em que o individualismo patente da teoria da escolha racional em geral implica uma referência disfarçada a condições culturais e sociais supraindividuais Existem aqui mais duas questões Primeiro a validade dessas su posições quanto a motivos pode muito bem ser questionada A explicação acima quanto à razão por que tantos norteamericanos não votam nas eleições nacionais simplesmente lhes atribui uma motivação presumida da qual se segue então a decisão de não votar Mas não é com patível com os resultados de um recente estudo de seus motivos para não votar FoxPiven e Cloward 1988 Em segundo lugar é discutível que a suposição rigorosa da racionalidade acrescente muita coisa à força explanatória das próprias suposições auxiliares Simon 1986 Ver também ESCOLHA SOCIAL Leitura sugerida Barry B e Hardin R orgs 1982 Rational Man and Irrational Society Elster J org 1986 Rational Choice Hardin R 1982 Collective Action Hindess B 1988 Choice Rationality and So cial Theory Hollis M 1987 The Rise of Reason Journal of Business 59 1986 4 Parte 2 The beha Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 254 escolha racional teoria da vioural foundations of economics theory Olson M 1965 The Logic of Collective Action Sen A 1987 On Ethics and Economics BARRY HINDESS escolha social Como os governos e outros organismos públicos decidem e como deve riam decidir suas ações Existem várias ex plicações sobre o modo como os governos to mam decisões ver por exemplo DEMOCRACIA ELITES TEORIA DAS mas é um pressuposto bási co da democracia liberal que os governos de vem agir no interesse dos seus cidadãos O interesse público por assim dizer não pode ser definido independentemente dos interesses dos indivíduos dos quais os governos recebem sua autoridade Essa fórmula democrática funciona bastante bem quando a ação pública é no in teresse de todos Mas existem inevitavelmente situações em que a escolha da ação a ser tomada implica um conflito com o interesse de um ou outro indivíduo ou grupo São esses casos difí ceis que determinam a agenda para a discussão sobre escolha social Não é de surpreender que com a ascensão da democracia e o crescimento do setor público sob várias formas essas dis cussões raramente tenham estado longe dos centros do debate tanto na política quanto na economia Há duas importantes abordagens modernas para a questão da origem dos princípios que deveriam ser utilizados nos casos difíceis Uma implica o apelo às urnas Constitui uma exten são natural da política das idéias de escolha individual encontradas na economia ver ECO NOMIA NEOCLÁSSICA ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA E também tem sido muito influente no caso de algumas discussões sobre a forma como os governos efetivamente tomam decisões ver por exemplo Downs 1957 Riker 1982 e ES COLHA PÚBLICA Presumese que os indivíduos tenham preferências quanto aos resultados pos síveis às vezes chamadas de preferências éti cas na medida em que se referem aos resultados para a sociedade e podem implicar um juízo ético a respeito de que interesses e de quem devem ser favorecidos Uma constituição en tão agrega essas preferências através de algum mecanismo de voto para produzir um ordena mento social dos resultados possíveis Assim tal como consumidores agindo de acordo com suas preferências sobre bens em mercados pro duzem uma valorização social de diferentes mercadorias na forma de um grupo de preços relativos também os indivíduos votam de acor do com preferências éticas e as urnas produ zem um ordenamento social de resultados e com isso um julgamento a respeito de que in teresses favorecer Isso é atraente porque oferece uma solução de procedimento que evita qualquer compro misso com a forma moral da boa vida Arrow 1951 porém demonstrou um resultado de impossibilidade que lança dúvidas sobre a coe rência dessa abordagem Quando as preferên cias individuais satisfazem os axiomas regu lares da teoria da escolha nenhum sistema de agregação dessas preferências pode garantir a produção de um ordenamento social que satis faça um conjunto de condições aparentemente mínimas Especificamente não pode evitar in consistências do tipo x é preferido a y e y é preferido a z mas z é preferido a x e ao mesmo tempo satisfazer condições simples como a nãoditadura e a condição ótima de Pareto o princípio de Pareto neste contexto implica que se todos os indivíduos preferem a a b então a deve ser preferido a b no ordenamento social A mais simples intuição por trás desse resultado de impossibilidade é que Arrow está generali zando o famoso paradoxo de votos de Condor cet Para entender esse paradoxo suponhase que existam três indivíduos com a seguinte ordem de preferência em relação a três resul tados xyz xyz yzx zxy Então o uso de um simples sistema de voto da maioria para decidir entre comparações aos pares de xyz resultará em que x é preferido a y uma vez que o primeiro e o terceiro indivíduos su peram o voto do segundo y é preferido a z mas a maioria também prefere z a x Esse resultado foi imensamente influente para a teoria democrática mas também tem sido objeto de ásperas críticas a sua fundamentação utilitária da economia Sen 1982 Embora a abordagem de Arrow rejeite explicitamente as comparações interpessoais de utilidade que possam exigir uma escolha social utilitária para apoiar a tortura caso esta resulte em mais utili dade para o torturador do que em desutilidade para a vítima ela ainda assim se baseia em uma representação ordinal de utilidade dos indiví duos e é capaz de gerar um tipo semelhante de problema porque notoriamente a maioria po derá sempre votar para impor a tirania sobre grupos minoritários O que parece estar faltan Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escolha social 255 do é um reconhecimento de que os indivíduos são mais do que feixes de preferências mini mamente que eles têm direitos que precisam ser respeitados Esses direitos são cruciais para a abordagem alternativa contratualista da escolha social A marca característica do contratualismo é um argumento que justifica um resultado através da demonstração de como indivíduos dotados de direitos tais como liberdades básicas teriam concordado com esse arranjo caso tivessem partido de alguma posição hipotética original de contrato É um argumento atraente porque parece que haveria pouco motivo de queixa quanto a ações do governo quando se pudesse demonstrar que indivíduos dotados da opor tunidade de negociar teriam concordado com elas Não obstante seu apelo pode ser engano so Ele não resolve muitas das controvérsias fundamentais nessa área pois existem vários meios de especificar a posição original de con trato e os posteriores acordos hipotéticos são extremamente sensíveis a essas especificações ver também CONTRATO SOCIAL Por exemplo os que seguem Rawls 1971 podem supor que a escolha social nos casos difíceis em que conflitos de interesses envol vem uma questão de justiça e uma vez que a justiça deve ser imparcial a posição original para a derivação desses princípios de justiça deveria ser caracterizada por um véu de ig norância Os indivíduos deveriam decidir que resultado social preferem sem saber entre ou tras coisas a posição individual que virão a ocupar Formalmente os indivíduos devem de cidir sob essas condições de incerteza e Rawls afirma que a regra adequada de decisão é maxmin uma vez satisfeita uma condição de liberdades básicas iguais Isso significa que os resultados sociais são julgados de acordo com o bemestar da pessoa menos favorecida com um conseqüente pressuposto a favor da igual dade De fato indivíduos sob essa regra só escolhem um resultado social em que haja des igualdade quando o membro mais des favorecido sob essa disposição é levado a ficar melhor do que seria o caso sob um resultado com maior igualdade Assim uma abordagem rawlsiana da justiça quando aplicada à escolha social parece sancionar em geral atividades intervencionistas do estado destinadas a promo ver a igualdade Essa é uma implicação controvertida Em primeiro lugar não é óbvio que o princípio de maximin se recomende como a regra apropria da de decisão para condições de incerteza Há uma forte alegação na literatura econômica ou na teoria da escolha racional para uma regra de maximização da utilidade esperada e seu uso poderia restaurar uma espécie de utilitarismo Harsanyi 1955 Em segundo lugar ela pre sume que os governos devam decidir que in teresses favorecer quando surgem conflitos Em outras palavras presume que a justiça exija algum tipo de intervenção do estado quando foi notoriamente sustentado por Robert Nozick 1974 que um sistema de justiça baseado em direitos não exige nada desse tipo A posição original de Nozick é definida por um estado lockeano de natureza grosso modo um estado em que os indivíduos podem fazer valer os seus direitos a sua propriedade incluin do o seu trabalho na medida em que isso não infrinja os direitos de outrem e ele afirma que os indivíduos farão contratos uns com os outros para formar um estado que sustente os direitos à propriedade porém não mais do que isso Especificamente qualquer tentativa por parte do governo de seguir um programa redistribu tivo irá contrariar o direito fundamental dos indivíduos de disporem de seu tempo e proprie dade conforme acharem adequado Isso seria subverter ou desfazer as ações que os indiví duos tomaram livremente e assim constitui uma infringência dos direitos desses indiví duos Dessa forma a abordagem contratualista não resolveu as diferenças na escolha social uma vez que seus argumentos podem permitir tanto um estado intervencionista quanto um estado mínimo Não obstante o que ficou reve lado pela recente mudança contratualista de argumento é a sensibilidade da escolha social tanto ao pressuposto modelo de tomada de de cisão individual quanto ao que é encarado como a relação relevante entre indivíduos em alguma posição original Leitura sugerida Arrow K 1951 1963 Social Choice and Individual Values Buchanan JM 1986 Liberty Market and the State Downs A 1957 An Economic Theory of Democracy Hamlin A 1986 Ethics Economics and the State Harsanyi JC 1955 Cardinal welfare individualistic ethics and interper sonal comparisons of welfare Journal of Political Economy 63 30921 Nozick R 1974 Anarchy State Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 256 escolha social and Utopia Rawls J 1971 A Theory of Justice Ri ker WH 1982 Liberalism against Populism Sen A 1982 Choice Welfare and Measurement Sugden R 1981 The Political Economy of Public Choice SHAUN P HARGREAVES HEAP esfera pública Embora as diferenças entre público e privado remontem aos tempos da Grécia e da Roma antigas os conceitos de esfera pública e de publicidade estão intima mente ligados a concepções do século XVIII a respeito de SOCIEDADE CIVIL O pensamento so cial do século XX continuou a se preocupar com o que é encarado como privatismo excessivo ver PRIVACIDADE e um correspondente declínio da vida pública Jürgen Habermas 1962 afirmou que a publicidade como princípio crítico a aber tura das questões públicas à discussão por cida dãos interessados deu lugar a uma opinião públi ca manipulada enquanto Richard Sennett 1978 diagnosticou O declínio do homem público O FEMINISMO tanto tem documentado o viés de gênero na distinção entre homem público e mulher privada Elshtain 1981 quanto questionado a própria distinção públicopriva do O lema feminista de que o pessoal é polí tico tem sido complementado por pesquisas demonstrando por exemplo que não apenas faltava privacidade à esfera privada do século XIX como esta era também uma área importan te de atividade econômica Davidoff 1979 e que as mulheres não são tão desinteressadas pela vida pública ou política quanto excluídas dela e quando estão presentes negligenciadas Siltanen e Stanworth 1984 Tal como Marx deixou implícito na sua crítica a Hegel as pa tologias das esferas pública e privada podem mais reforçar do que abrandar uma à outra como quando uma esfera privada politizada que é transformada em objeto de pânicos morais e legislação Donzelot 1977 coexiste com uma esfera política personalizada e degradada cujas insatisfações são por sua vez aliviadas nos nichos da vida privada Esses modos de pensar sobre a relação entre público e privado são influenciados também por um reco nhecimento tardio da importância da COMUNI CAÇÃO DE MASSA Thompson 1990 sobretudo p23848 Leitura sugerida Elshtain J 1981 Public Man Pri vate Woman Habermas J 1962 1989 The Struc tural Transformation of the Public Sphere Keane J 1984 Public Life and Late Capitalism Sennett Richard 1978 The Fall of Public Man Siltanen J e Stanworth M 1984 Women and the Public Sphere WILLIAM OUTHWAITE esquerda nova Ver NOVA ESQUERDA estado Há uma grande concordância entre os cientistas sociais quanto a como o estado deve ser definido Uma definição composta incluiria três elementos Primeiro um estado é um con junto de instituições estas são definidas pelos próprios agentes do estado A instituição mais importante do estado é a dos meios de violência e COERÇÃO Segundo essas instituições encon tramse no centro de um território geografi camente limitado a que geralmente nos referi mos como SOCIEDADE De modo crucial o es tado olha para dentro de si mesmo no caso de sua sociedade nacional e para fora no caso de sociedades mais amplas entre as quais ele precisa abrir seu caminho seu comportamento em uma área em geral só pode ser explicado pelas suas atividades na outra Terceiro o estado monopoliza a criação das regras dentro do seu território Isso tende à criação de uma CULTURA política comum partilhada por todos os cidadãos É preciso enfatizar que a condição de estado é em geral mais uma aspiração do que uma realização efetiva Por um lado a maioria dos estados históricos teve grande dificuldade em controlar suas sociedades civis e em particular em estabelecer seus próprios monopólios dos meios de violência e o que era válido no caso dos estados feudais é igualmente válido no caso do Líbano nos dias de hoje Por outro lado a busca por parte de um estado da sua meta principal a da segurança fica normal e neces sariamente incompleta devido à presença de sociedades maiores que ele não pode controlar Uma dessas sociedades é o sistema de estados presente durante mil anos na história européia e hoje característica daquilo que é genuinamen te uma sociedade mundial organizada Uma segunda sociedade desse tipo é a do CAPITALIS MO que tem nitidamente suas próprias leis de movimento Um trabalho muito interessante e importante está sendo realizado atualmente na ciência social a respeito das interrelações entre capital e estado tanto no nível doméstico quan to no internacional A contestação do estado A natureza do estado tem sido tema de de bate intelectual e da política de poder no século Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estado 257 XX É possível identificar dois campos opostos principais a saber o do liberalismo anglosa xão e o de uma escola menos nítida mais referida como a do realismo germânico Ao mesmo tempo em que existem muitas versões de liberalismo a maioria demonstra suspeitas com relação às atividades do estado Tudo que é virtuoso é encarado como fazendo parte da sociedade com as forças do estado sendo vistas como obstáculos que precisam ser reduzidos O papel mais ativo para o estado na visão de alguns liberais é o de um vigia notur no protegendo uma estrutura dentro da qual as forças de mercado podem então operar de acor do com a sua própria lógica Essa é a filosofia do LAISSEZFAIRE suas explicações são mais baseadas na sociedade do que centradas no estado pois não se atribui uma realidade fun damental ao estado como corporificação da sociedade organizada A visão que o liberalismo tem das relações internacionais é de um des prezo surpreendente pelo poder do estado A escola de Manchester do liberalismo de lais sezfaire tinha a esperança de que nada menos que a paz pudesse ser garantida pela crescente interdependência da economia mundial de for ma igualmente importante consideravase ago ra o comércio e não a conquista territorial como o caminho do progresso e da prospe ridade Outros liberais seguindo o exemplo de Immanuel Kant apontaram que a era da paz dependerá não apenas do comércio mas de outros estados reconhecerem os princípios do nacionalismo e da democracia A Alemanha foi criada como resultado das ações do seu estado e não surpreende que tenha demonstrado o maior apreço para com a reali dade do PODER do estado Internamente essa tradição encara o estado como um agente por direito próprio capaz de representar o direito geral Externamente o estado é visto como aquele que garante a sobrevivência Esse reco nhecimento da lógica de um mundo asocial de competição entre estados foi especialmente fácil para os alemães O pensamento social em geral foi maciçamente influenciado pela longa paz entre 1815 e 1914 na qual a brusca trans formação social da industrialização parecia su mamente importante Mas os alemães alcan çaram a condição de estado em parte devido à guerra e também não surpreende descobrir que pensadores como Max Weber Ludwig Gum plowicz Gustav Ratzenhofer Otto Hintze e Franz Oppenheimer tenham todos atribuído grande peso ao impacto da transformação geo política sobre a vida social A Alemanha começou duas guerras mun diais e as potências anglosaxãs saíram vitorio sas Isso significou em conseqüência que du rante um longo período ela foi considerada indigna de consideração Desde os anos 70 porém isso felizmente tem mudado Uma fonte dessa mudança foi o moderno MARXISMO OCI DENTAL Combater um inimigo é algo que in fluencia a sua própria mente e o marxismo em última análise se parece com o liberalismo com o qual tem em comum embora tendo em mente uma escala de tempo bastante diversa as esperanças tanto de paz universal quanto de desaparecimento do estado ao apresentar ex plicações baseadas na sociedade em vez de centradas no estado Não obstante a tentativa de especificar o modo como um estado rela tivamente autônomo poderia servir aos in teresses do capital proporcionandolhe a infra estrutura necessária levou a que se fizessem perguntas que rapidamente fugiram ao próprio paradigma dos marxistas De maneira mais ge ral a perspectiva histórica é hoje tal que nin guém pode negar que a história do desenvol vimento econômico tão amada pelos liberais foi rudemente interrompida por conflitos geo políticos entre 1914 e 1945 nem que esse pe ríodo transformou profundamente a vida social A diferente organização da estrutura de classes nas então Alemanha Oriental e Ocidental para dar apenas um exemplo foi resultado mais de um arranjo geopolítico do que de qualquer ló gica interna às classes por si mesmas Tudo considerado não há dúvida de que o estado está de volta A ciência social tem no entanto o hábito lamentável de se encantar com novas abordagens em vez de garantir que elas realmente nos ajudem a compreender o mundo Felizmente o interesse renovado no estado tem levado a avanços no nosso conhecimento a especificação de alguns desses avanços com preende o restante deste verbete O paradoxo do poder do estado Chegamos a uma compreensão em parte devido ao trabalho de Michael Mann 1988 de que existem duas faces ou dimensões no poder do estado A teoria tradicional preocupavase com o alcance dos poderes discricionários do estado na verdade foi estabelecida por ele Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 258 estado isto é a oposição polarizadora entre regimes despóticos e constitucionais No entanto es tudos de estados agrários mostram que as alega ções de poder universal eram mais pretensão do que realidade uma vez que o estado tinha pou cos servidores para poder penetrar na vida so cial e organizála Daí uma segunda dimensão de poder do estado merece ser chamada de infraestrutural Disso resulta um paradoxo A força do es tado é em geral resultado de até que ponto ele pode colaborar com agrupamentos da socie dade civil e essa colaboração é normalmente garantida por alguma limitação dos poderes despóticos do estado Assim no século XVII o estado absolutista francês pode ter sido autôno mo no sentido de ser livre de restrições par lamentares mas não obstante era mais fraco conforme ficou demonstrado no teste da guerra do que sua rival constitucional a GrãBreta nha Nesse estado o acordo entre as classes superiores e os agentes do estado permitia níveis mais elevados de taxação e maior eficiência geral o estado britânico era livre para fazer muito mais Esse paradoxo aplicase igualmente bem ao mundo moderno a mobilização de guer ra da GrãBretanha na Segunda Guerra Mundial superou a da Alemanha enquanto recentes es tudiosos do estado japonês têm enfatizado que sua grande força resulta de uma política de aquiescência recíproca Estados e mercados Está hoje disponível traçado em perspectiva comparativa um quadro bem mais nítido do papel do estado no surgimento do dinamismo econômico capitalista do Nordeste da Europa o qual permitiu que esta dominasse o mundo Dois aspectos teóricos são de especial importância Primeiro é necessário distinguir entre os diferentes tipos de estado no mundo préindus trial Falando de maneira bastante grosseira as civilizações orientais tinham estados que eram a um tempo poderosos demais e fracos demais isto é despoticamente poderosos mas infra estruturalmente fracos para permitir o sur gimento de qualquer dinâmica capitalista Tais estados buscavam controlar todas as forças so ciais que tinham a capacidade de mobilizar as pessoas com o argumento de que qualquer força independente poderia rapidamente minar seu próprio domínio isso levou repetidas vezes ao bloqueio de forças capitalistas Por outro lado tais estados tendiam a não colaborar com as suas próprias classes superiores sendo por isso impedidos de receber uma significativa renda em impostos isso demonstrava que dis punham de fundos insuficientes para poder pro porcionar um quadro de expectativas racionais em questões de dinheiro e justiça do qual um capitalismo emergente se teria beneficiado Em contraste a civilização ocidental viu surgirem estados que eram poderosos e fracos nos lugares certos para o surgimento do capitalismo Os limites à discricionariedade significavam que o estado não podia controlar de maneira definiti va os agentes capitalistas enquanto que o au mento da receita do estado resultante da cola boração com as classes superiores funcionando através dos parlamentos permitiu que se pro porcionasse uma justiça regularizada e com o tempo dinheiro decente Esse padrão europeu é parcialmente expli cável em segundo lugar como resultado de forças externas a qualquer estado isolado Os estados europeus eram duradouros e em con seqüência envolvidos em incessante concor rência uns com os outros Nessas circunstân cias tornouse racional não matar a galinha dos ovos de ouro isto é os governantes acabaram entendendo que um comportamento predatório para com os seus capitalistas levaria à fuga destes e conseqüentemente a um aumento na receita de seus rivais geopolíticos Em grande medida o comportamento decente para com o capitalismo que então nascia explicase pela simples afirmação de que o capitalismo tinha estados houvesse a Europa revertido ao domí nio imperial depois de queda de Roma e nada teria havido que impedisse os governantes de mais uma vez exercerem controle sobre a mo bilização social que resultava de se conceder à sociedade civil uma certa autonomia Esses padrões de poder do estado são igual mente úteis para se compreenderem os modos como o estado prospera economicamente na era industrial Parece ser cada vez mais o caso de se dizer que a capacidade de um estadonação de se inserir nas sociedades capitalistas está relacionada com a sua capacidade de colaborar com os capitalistas nacionais e de fornecer uma maciça infraestrutura social de educação e de conciliação de classes que permita flexibilidade diante dos padrões cambiantes do comércio internacional Assim o estado em muitos países do Leste Asiático é relativamente e cada vez Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estado 259 mais fraco do ponto de vista despótico mas muito poderoso do ponto de vista infraestrutu ral o fato de o oposto tender a ser válido no caso da América Latina ajuda a explicar seus fraquís simos resultados em termos de desenvolvimen to econômico Além disso está hoje bastante evidente que o planejamento socialista só fun ciona no estágio de industrialização inicial a continuação do sucesso econômico das socie dades socialistas parece depender da mudança que elas possam vir a promover em seus pa drões de controle estatal Vale a pena levantar uma última questão a respeito dos mercados internacionais Esses mercados são criados geopoliticamente E isso foi particularmente válido depois da Segunda Guerra Mundial quando foi criado um sistema norteamericano cujas instituições estabiliza ram o mundo avançado ao custo provável do desenvolvimento do Terceiro Mundo Uma teo ria importante a respeito desses assuntos sobre a qual a história ainda não estabeleceu um julgamento definitivo indica que a sociedade capitalista necessita de um estado em posição de liderança para organizar o capitalismo como um todo isto é para fornecer uma moeda fundamental e para insistir no livre mercado Com toda a certeza os Estados Unidos têm desempenhado esse papel embora seja duvido so que a GrãBretanha um dia o tenha feito Mas uma questão tão importante para o final do século XX quanto a da liberalização das socie dades socialistas de estado ver SOCIALISMO é saber até que ponto um declínio norteamerica no pode levar a um conflito renovado entre as principais potências capitalistas Estados e política Conforme se observou os desenvolvimen tos políticos internos às sociedades nacionais resultam em geral de forças geopolíticas O que foi válido para as mudanças no comportamento de classe é igualmente válido para a revolução social As revoluções tendem a ocorrer em re gimes que foram debilitados por participação excessiva ou por efetiva derrota na guerra As derrocadas do estado dão às elites revolucioná rias a sua oportunidade Além disso os cientistas sociais cada vez mais percebem que a forma dos movimentos sociais resulta em geral das características do estado com o qual eles interagem Dois exem plos merecem ser observados primeiro as clas ses operárias tendem a se tornar militantes quando um estado as exclui de participação na sociedade civil isto é os operários enfrentam o estado quando são impedidos de se organizar industrialmente e de discutir com seus oponen tes capitalistas imediatos Assim um estado liberal com plena cidadania não assiste a ne nhum movimento revolucionário da classe ope rária enquanto regimes autoritários e autocrá ticos assistem ao surgimento de movimentos operários de inspiração marxista esse princípio ajuda a explicar a diferença no comportamento das classes operárias nos Estados Unidos e na Rússia czarista no final do século XIX O mes mo princípio de que a exclusão política provoca a militância parece em segundo lugar explicar a incidência de revoluções no Terceiro Mundo desde 1945 As sociedades centroamericanas dividem um determinado modo de produção mas somente umas poucas testemunham revoluções A possibilidade de participação na Costa Rica desacelera o conflito social sua ausência na Nicarágua de Somoza levou à criação de uma elite revolucionária com apoio popular Leitura sugerida Aron Raymond 1962 Paix et guer re entre les nations Gilpin R 1981 War and Change in World Politics Hall J e Ikenberry J 1989 The State Katzenstein P 1985 Small States in World Markets Maier C 1988 In Search of Stability Mann M 1988 States War and Capitalism Poggi G 1978 The Development of the Modern State Skoc pol T 1979 States and Social Revolutions Tilly C org 1975 The Formation of National States in Western Europe Waltz K 1959 Man the State and War JOHN A HALL estado de bemestar Tendo origem na Grã Bretanha e sendo usada em geral de maneira livre esta expressão tornouse amplamente di fundida tanto nos círculos jornalísticos quanto acadêmicos depois da Segunda Guerra Mun dial Visava descrever um estado que em con traste com o estado do vigia noturno do sécu lo XIX preocupado basicamente com a prote ção da propriedade ou com o estadopotência do século XX preocupado basicamente duran te a Segunda Guerra Mundial com a vitória total utilizaria o aparato do governo para con ceber implementar e financiar programas e pla nos de ação destinados a promover os interesses sociais coletivos de seus membros Destruiria aquilo que William Beveridge que não gostava da expressão chama de os cinco males gigan Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 260 estado de bemestar tes a escassez a doença a ignorância a miséria e a ociosidade O estado no futuro interviria deliberadamente para limitar ou modificar as conseqüências da livre operação das forças de mercado em circunstâncias nas quais indiví duos e famílias fossem confrontados com con tingências sociais consideradas como demasia damente fora de seu controle em especial o desemprego a doença e a velhice Seria mais porém do que o que passara a ser chamado antes da Segunda Guerra Mundial de um es tado de serviço social pois em relação a todo um rol convencionado de serviços sociais em particular os que diziam respeito a saúde e educação esse estado ofereceria de forma abrangente a todos os cidadãos os melhores serviços que estivessem disponíveis sem dis tinção de status ou classe Através dos impostos haveria nisso portanto um aspecto redistribu tivo As origens do estado de bemestar podem remontar à criação de serviços sociais for necidos pelo estado na esteira da industrializa ção do século XIX sendo dada ênfase particular à Alemanha de Bismarck e à GrãBretanha do início do século XX Havia obviamente muitas tendências diversas até contrastantes na his tória incluindo o paternalismo conservador o novo liberalismo o fabianismo e algumas outras qualidades de socialismo e ainda não menos importante o feminismo No entanto foi quando se mobilizaram cidadãos durante a Se gunda Guerra Mundial e quando houve uma estreita ligação entre o esforço de guerra e a preocupação com o bemestar que os serviços sociais deixaram de ser considerados como uma forma de ajuda aos pobres Havia também um elevado grau de consenso potencial então e depois da guerra quanto ao fato de que a mudança era para melhor de forma que em 1949 um manifesto do Partido Conservador britânico The Right Road for Britain afirmava que os serviços constituíam um sistema coope rativo de ajuda mútua e de autoajuda propor cionado pelo todo da nação e destinado a pro porcionar a todos o mínimo básico de seguran ça habitação oportunidade emprego e padrões de vida abaixo dos quais somos impedidos pelo nosso dever uns para com os outros de permitir que alguém desça A defesa acadêmica do estado de bemestar foi feita de modo mais incisivo pelo sociólogo TH Marshall o qual afirmou que enquanto as políticas de serviço social haviam sido encara das até então como programas remediadores para tratar aos poucos dos problemas da socie dade e não dos seus andares superiores o es tado de bemestar havia agora começado a re modelar o edifício inteiro O estado de bemes tar era a culminação de um longo processo que havia começado com a afirmação dos direitos civis passando pela luta pelos direitos políticos e terminando com a identificação e o estabele cimento de direitos sociais Marshall acreditava que ao explicar a ascensão do estado de bem estar era mais importante a ampliação do ideal de cidadania do que o aumento do âmbito de poder do estado Essa era uma perspectiva britânica e a ex pressão estado de bemestar nem inspirou consenso em todos os outros países especial mente nos Estados Unidos nem sempre trouxe consigo ressonâncias históricas agradáveis em especial na Alemanha com sua longa história de sozialpolitik A expressão podia sempre ser usa da de forma tanto pejorativa quanto favorável tal como acontecia com as palavras isoladas que a compunham bemestar e estado O conceito no entanto passou a ser encarado como universal fora dos países comunistas até mesmo em regiões que não haviam passado pelo processo de industrialização em grande escala Se por um lado o estado de completo bemestar não existia escreveu Piet Thoenes sociólogo holandês em 1962 elementos dele podiam ser encontrados em uma forma mais isolada na França na Itália na Alemanha Oci dental e nos Estados Unidos contemporâneos Uma lista um pouco mais completa teria in cluído a Suécia e a Nova Zelândia Durante a Segunda Guerra Mundial uma Conferência Internacional do Trabalho realiza da em Filadélfia observou o desejo profundo dos povos de toda parte de se libertarem do medo da escassez e afirmou que depois da guerra a relevância da expressão sociedade internacional seria julgada em termos de be nefício e bemestar humanos E seis anos depois em 1950 a Organização Internacional do Trabalho registrou que àquela altura já havia um movimento por toda parte a fim de criar uma nova organização para a segurança social que só pode ser descrita como um serviço pú blico para os cidadãos no seu todo Já no final dos anos 50 porém havia amplos indícios dos problemas ligados à economia e à Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estado de bemestar 261 política do estado de bemestar bem como dos princípios de críticas acadêmicas ao próprio conceito da esquerda e da direita Em 1951 o governo trabalhista britânico estabeleceu tetos para os gastos com o bemestar e embutiu tri butos nos preços de óculos e dentaduras e em uma coletânea de ensaios publicados em 1958 Richard Titmuss que fizera um estudo deta lhado sobre mudanças na política social britâ nica na Segunda Guerra Mundial afirmou que os programas do pósguerra que não haviam chegado a um ponto decisivo tinham beneficia do as classes médias mais do que qualquer outro setor da sociedade Durante os dez anos que se seguiram a crítica tanto ao conceito quanto à prática foi aguçada à medida que se destacavam questões gerenciais e a base econômica de gastos com um bemestar abrangente era ameaçada A ameaça transformouse em reação durante os anos 70 quando a inflação fez subir as despesas e se realizaram esforços para cortar os gastos públicos O resultado foi a chamada crise do estado de bemestar uma crise tanto de valores quanto de finanças ou gerenciamento Nas pa lavras de um documento do governo britânico sobre segurança social 1988 o suprimento por parte do estado desempenhou um papel importante em apoiar e sustentar o indivíduo mas não deve desestimular a autoconfiança ou colocarse no caminho do suprimento ou da responsabilidade individuais Ver também PLANEJAMENTO SOCIAL Leitura sugerida Beveridge WH 1943 The Pillars of Security Birch RC 1974 The Shaping of the Welfare State Clarke J Cochrane A e Smart C orgs 1987 Ideologies of Welfare From Dreams to Disillusion Jallade JP org 1988 The Crisis of Redistribution in European Welfare States Marshall TH 1950 1992 Citizenship and Social Class Mi shra R 1984 The Welfare State in Crisis Social Thought and Action Mommsen Wolfgang J org 1981 The Emergence of the Welfare State in Britain and Germany Thoenes P 1962 1966 The Elite in the Welfare State Titmuss RM 1958 Essays on the Welfare State ASA BRIGGS estatística Estatística é a ciência de operar informações quantitativas Preocupase com o modo de como os dados devem ser coletados e analisados e com a maneira como conclusões podem ser legitimamente tiradas dessa análise É especialmente relevante em contextos nos quais os padrões básicos dos dados são obs curecidos por variações externas que surgem de fatores fora de controle instrumentos insufi cientes de mensuração ou efeitos de amos tragem Os métodos estatísticos assim encon tram um papel a desempenhar em praticamente todos os ramos da pesquisa humana embora sua importância varie consideravelmente de acordo com o grau de quantificação que é pos sível A própria palavra estatística tem vários outros significados específicos É usada com freqüência por exemplo como sinônimo um tanto pretensioso de números No singular referese a qualquer número tal como uma média calculada a partir dos membros de uma amostra Também está ligada a uma grande série de adjetivos indicando campos de aplica ção dos quais o agrícola o biológico o atuarial o comercial e o médico são exemplos típicos A estatística matemática é o ramo da matemática que formaliza idéias e procedimentos estatís ticos e se preocupa particularmente com a deter minação dos melhores procedimentos Estatística no sentido moderno é uma pa lavra que não surgiu pronta mas foi gerada a partir de inúmeras correntes diferentes que co meçaram a se unir por volta do século XIX e início do século XX Uma delas remonta às primeiras tentativas nos tempos bíblicos de contar o povo para fins militares ou outros À medida que as funções de governo se foram tornando mais centralizadas e complicadas a necessidade de uma boa informação quantitati va a respeito da condição do povo tornouse mais premente No século XIX isso levou à formação de sociedades estatísticas em espe cial em 1834 a Statistical Society of London que se tornaria mais tarde a Royal Statistical Society Entre seus fundadores incluíamse pes soas eminentes na vida pública como o mar quês de Lansdowne o bispo de Londres e pen sadores como Charles Babbage e TR Malthus Estavam unidos em sua preocupação de con seguir fornecer informações factuais fidedignas a respeito de todos os aspectos da sociedade Esse movimento cresceu passando a incluir estudos públicos e privados de assuntos como a situação dos pobres conforme descrito em Bartholomew 1988 Ver também ESTATÍSTICA SOCIAL A maior parte desses primeiros estudos seria hoje qualificada de estatística descritiva seu ob Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 262 estatística jetivo principal tendo sido condensar e apresen tar os aspectos destacados de uma grande massa de números em uma forma geralmente qua dros ou mapas em que seu significado pudes se ser prontamente apreendido Essa continuou sendo a espinha dorsal da estatística oficial mas os aspectos metodológicos se arrastaram até o advento de computadores possantes Estes per mitiram que quantidades muito grandes de da dos fossem manipuladas e tornaram possível pela primeira vez explorar o interrelaciona mento de muitas variáveis diferentes Isso é hoje encarado às vezes como uma atividade distinta chamada de análise de dados A segunda corrente principal da estatística moderna tem sua origem em problemas de jo gos de dados e outros que deram origem à teoria da probabilidade no século XVII ver também JOGOS TEORIA DOS Sua relevância para a interpretação de dados é que dá expres são formal à inevitável incerteza que acompa nha qualquer tentativa de generalização Um exemplo simples e familiar do que isso significa é fornecido pela pesquisa de opinião Suponha mos que nos digam que uma pesquisa feita entre cerca de 1500 pessoas mostra que 48 diga mos dos pesquisados votariam pela volta do atual governo caso houvesse uma eleição Es tamos sendo implicitamente convidados a acre ditar que exatamente a mesma percentagem de toda a população de eleitores se comportaria como essa amostra O propósito da estatística inferencial é fornecer um quadro dentro do qual essas generalizações possam ser feitas e jus tificadas É o equivalente formal do jogo de dados e do sorteio de membros de uma amostra o qual permite que a descrição matemática de um processo seja aplicado ao outro ver tam bém AMOSTRA SOCIAL O reconhecimento de que a teoria da proba bilidade era a chave para a dedução ou inferên cia concretizou o elo entre a tradição descritiva e a inferência transformando a primeira em um instrumento de inferência científica Sir Ronald Fisher 18901962 talvez o maior estatístico de todos os tempos exemplifica essa síntese Ele pôde ampliar o trabalho dos que como sir Francis Galton 18221911 e Karl Pearson 18571936 buscavam quantificar os proces sos biológicos da seleção natural e da heredita riedade os quais haviam sido postos em des taque pela teoria evolucionista de Charles Dar win Esse trabalho exerceu uma influência im portante sobre o movimento de eugenia no en treguerras A maior parte do século XX no que se refere à estatística foi tomada pela elaboração das implicações dessas idéias seminais num âm bito de aplicações sempre em expansão Uma mudança de ênfase ligada especialmente a Abraham Wald 190250 e Jerzy Neyman 18941981 passou a encarar a inferência co mo uma questão de tomada de decisão diante da incerteza e buscou incorporar as conseqüên cias da ação a ser tomada na avaliação de es tratégias de inferência Ver também DECISÃO TEORIA DA LJ Savage 191771 em seu Foundations of Statistics mais uma vez mu dou o campo das probabilidades objetivas ex pressas como freqüências para probabilidades pessoais vistas como guias para um compor tamento coerente diante da incerteza Seu traba lho foi descobrir inspiração em um teorema de Thomas Bayes 170261 ministro presbiteria no do século XVIII cujo nome hoje se dá a essa escola de inferência Se a introdução de idéias de probabilidade na estatística marcou a primeira revolução no tema a segunda é inquestionavelmente o resul tado do poder do computador Este não se limi tou simplesmente a permitir que conjuntos de dados muito mais amplos fossem manipulados mais rapidamente mas tem exercido um efeito de longo alcance sobre que análise é feita e quem a faz Permitiu que pesquisadores inves tigassem a interdependência de muitas variá veis e daí construíssem modelos mais realistas de fenômenos reais especialmente nas ciências sociais Hoje quando bibliotecas de softwares de computação se encontram amplamente dis poníveis os pesquisadores podem executar suas próprias análises sem ter de recorrer aos conselhos de especialistas Isso acabou sendo um benefício ambíguo uma vez que não apenas leva a que se façam análises inadequadas como também estimula a proliferação de estudos me diocremente concebidos e um conseqüente des perdício de recursos escassos Muitos sistemas biológicos e sociais evo luem no tempo com um grau acentuado de acaso interno Coisas como a mutação e a com petição em populações de organismos ou a livre escolha de indivíduos em questões como compras ou eleições tornam a evolução desses sistemas uma questão altamente incerta A teo ria dos processos aleatórios foi desenvolvida Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estatística 263 para lidar com sistemas desse tipo e o for necimento de métodos estatísticos para tais sis temas é uma das áreas mais difíceis e desafia doras da pesquisa atual Apesar da ubiqüidade da incerteza e da va riabilidade e do grau em que as idéias estatís ticas impregnaram trabalhos científicos de to dos os tipos a influência do pensamento estatís tico na cultura ocidental de maneira mais geral ainda é limitada As escolas ensinam estatística elementar mas em geral de uma forma técnica estreita que não consegue inculcar os modos de pensar necessários para a vida num mundo altamente incerto O desejo de certeza e a crença profundamente enraizada em um modo deter minístico de operação no mundo são difíceis de erradicar Não obstante já se pode discernir alguma mudança É raro atualmente que al guém diga como certa vez disse Malcolm Mug geridge jornalista de TV que é absurdo supor que as respostas de umas poucas centenas de pessoas possam dizernos o que milhões pen sam A experiência se não a teoria nos tem ensinado que existe um elo mensurável entre o que descobrimos numa amostra feita de forma adequada e a população da qual provém essa amostra Os cientistas lamentam com freqüên cia que embora os frutos da pesquisa científica estejam sendo desfrutados por toda parte a maneira de pensar que lhes dá origem ainda é estranha para a vasta maioria conforme de monstra a predominância da superstição e do interesse pelo oculto Os estatísticos não estão numa situação melhor e a sociedade é que mais se prejudica por não conseguir apreender e divul gar as percepções que a estatística proporciona Leitura sugerida Clogg CC 1992 The impact of sociological methodology on statistical methodology Statistical Science 7 Federer WT 1991 Statistics and Society 2ªed Kotz S Johnson NL e Read CB orgs 1988 Encyclopedia of Statistical Sciences 9 vols Pearson ES org 1978 The History of Statis tics in the 17th and 18th Centuries Sprent P 1988 Taking Risks the Science of Uncertainty Ο 1988 Un derstanding Data Stigler SM 1986 The History of Statistics the Measurement of Uncertainty before 1900 DJ BARTHOLOMEU estatística social Essas compilações de in formação quantificada a respeito de pessoas populações propriedades e assim por diante têm origem muito recuada no tempo Os aspec tos de contagem e registro do mundo social começaram na Antigüidade e existem exemplos notáveis através da história Na Idade Média havia o Domesday Book um catálogo da pro priedade de terras na Inglaterra feito para fins de impostos por ordem de Guilherme o Con quistador em 1086 No século XVI a estatística demográfica descrevendo batismos e enterros começou a ser registrada nas igrejas paroquiais da GrãBretanha e da França No início do século XVII a difusão do capitalismo mercantil favoreceu a pesquisa empírica sistemática e estimulou a reunião de fatos demográficos e econômicos a fim de informar programas go vernamentais por exemplo determinando re cursos humanos e materiais disponíveis para as forças militares e avaliando os custos do auxílio aos pobres No início do século XIX na Grã Bretanha e na França e no final desse mesmo século na Alemanha e na América do Norte o advento do capitalismo industrial fez brotar um interesse renovado na coleta sistemática de es tatísticas econômicas e demográficas a fim de orientar as políticas de governo Foram estabe lecidas agências governamentais centralizadas para coordenar a coleta do que hoje é conhecido como estatística oficial Por exemplo o General Register Office para o registro civil de estatís ticas demográficas foi criado em Londres em 1836 Nissel 1987 É hoje conhecido como Office of Population Censuses and Surveys OPCS Outros países ocidentais instituíram agências semelhantes durante o século XIX e os censos nacionais por decênios tiveram início mais ou menos no mesmo período Além dos registros do estado a estatística social pode ser coletada por meio de uma AMOS TRA SOCIAL Essas amostras foram muitas vezes os instrumentos dos reformadores sociais Por exemplo a burguesia do século XIX em diver sos países preocupada com o destino da recém urbanizada classe operária industrial e com sua própria posição na sociedade formou socie dades estatísticas Seus propósitos eram organi zar amostragens em grande escala e publicar periódicos eruditos em apoio às reformas que acreditavam estabilizariam a sociedade Uma segunda fase de amostras sociais patrocina das pelo setor privado teve início na Inglaterra durante a depressão econômica do final do sé culo XIX com o fim de documentar os níveis de pobreza entre os habitantes das cidades A amostragem feita por Charles Booth dos pobres de Londres na virada do século é de todas essas a mais conhecida Booth 189297 A ela se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 264 estatística social seguiram muitas mais que se foram tornando pouco a pouco tecnicamente mais sofisticadas tanto no uso de amostragens quanto de ESTATÍS TICA inferencial a fim de generalizar os resul tados para as populações mais amplas das quais eram tiradas as amostragens bem como no uso de técnicas multivariadas para determinar as magnitudes das relações entre os fatores inves tigados como a influência de idade e sexo sobre o voto Na GrãBretanha o estado também começou a realizar amostras sociais de amplo alcance com o que é hoje a Social Survey Division da OPCS surgindo da Amostra Social de Guerra estabelecida durante a Primeira Guerra Mundial As críticas à estatística social são de dois tipos Primeiro críticas técnicas sobre a qualidade dos dados registrados e o modo com que estes são apresentados Por exemplo a mensuração da ren da das pessoas deveria basearse em suas declara ções para o imposto quando se sabe que existe uma substancial economia paralela de ganhos nãodeclarados e deveria a média de renda ser apresentada utilizandose o modo ou a média Segundo há críticas dizendo que um status espúrio científico ou objetivo é atribuído à estatística social simplesmente porque se trata de números Irvine Miles e Evans 1979 Essas críticas afirmam que só porque a estatística social é quantitativa não se deve esquecer que é um produto sendo influenciada pelos méto dos de produção e pelos interesses dos que a produzem tal como qualquer outra criação so cial A informação numérica não é mais neutra nem livre da opinião política do que as explica ções mais qualitativas do mundo social A lição a se tirar dessas críticas é que é fácil mentir com estatísticas sociais Huff 1954 e elas devem portanto ser avaliadas com cautela per guntandose como os aspectos do mundo social que elas registram foram definidos e medidos Leitura sugerida Abrams P 1968 The Origins of British Sociology Bulmer M org 1985 Essays on the History of British Sociological Research Lazars feld PF 1961 Notes on the history of quantification in sociology trends sources and problems Isis 52 277333 Oberschall A org 1972 The Establishment of Empirical Sociology Studies in Continuity Discon tinuity and Institutionalization Shaw M e Miles I 1979 The social roots of statistical knowledge In Demystifying Social Statistics org por J Irvine I Miles e J Evans Slattery M 1986 Official Statistics PETER HALFPENNY estereótipo Ver ROTULAÇÃO estética Em seu sentido moderno a estética é mais freqüentemente compreendida como uma disciplina filosófica que é uma filosofia dos fenômenos estéticos objetos qualidade experiências e valores uma filosofia da arte da criatividade da obra de arte e da sua per cepção uma filosofia da crítica da arte tomada de maneira ampla metacrítica ou por fim uma disciplina que tem uma preocupação filo sófica com todas essas três esferas conjunta mente A reflexão estética é muito mais antiga do que a expressão em si mesma A história da estética ocidental começa geralmente com Pla tão cujos textos contêm uma reflexão sistemá tica sobre a arte e uma teoria especulativa so bre o belo Nem Platão nem seu grande dis cípulo Aristóteles porém trataram conjunta mente desses dois grandes temas da estética A palavra estética foi introduzida na filo sofia apenas em meados do século XVIII por um filósofo alemão Alexander Gottlieb Baum garten 171462 Discípulo de Christian Wolff 16791754 seguidor de Leibniz Baumgarten concluiu que o sistema de disciplinas filosófi cas estava incompleto e exigia uma ciência paralela à lógica a qual era uma ciência de cognição clara e organizada atingida pelo in telecto A nova ciência deveria ser a estética uma ciência da cognição clara e confusa reali zada pelos sentidos Esse ponto de vista foi expresso pela primeira vez por Baumgarten em sua tese Meditationes philosophicae de nonnu lis ad poema pertinentibus de 1735 e de forma conclusiva 15 anos depois em sua Aes thetica Contrariando as expectativas que a palavra aesthetica poderia indicar do grego aistheticos perceptivo essa obra não se ocupava da teoria da cognição sensorial tratando em vez disso da teoria da poesia e indiretamente de todas as artes como uma forma de cognição sensorial para a qual o principal objeto da per cepção é o belo A combinação das duas a reflexão sobre a arte e a reflexão sobre o belo definiu o posterior desenvolvimento desse recémsurgido ramo da filosofia mas isso aca bou se tornando a fonte tanto de suas realiza ções quanto de suas incessantes dificuldades teóricas e metodológicas Sem dúvida foi um acontecimento de significação histórica mar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estética 265 cando o início de um novo período no desen volvimento da filosofia da arte em particular por ter coincidido com a conclusão da antiga busca pelo denominador comum de todas as artes alcançada por um teórico da arte francês Charles Batteux em seu Traité des beaux arts réduit à un même principe em 1746 Batteux reconheceu o aspecto comum das artes e a beleza própria a todas elas que portanto po diam ser chamadas de beaux arts belasartes O nome estética levou algum tempo para ser aceito Immanuel Kant 17241804 começou com uma crítica a Baumgarten por sua falta de consistência e na sua Crítica da razão pura de 1781 e 1787 utilizou a expressão estética transcendental significando uma ciência filo sófica da percepção sensorial No entanto em sua Crítica do juízo de 1790 ele utilizou a palavra estética para definir a reflexão sobre beleza e juízos de GOSTO O significado tradi cional de estética tornouse popular no século XIX pela influência de Hegel 17701831 cu jas palestras sobre a filosofia das belasartes em 18209 foram publicadas postumamente como Vorlesungen über die Ästhetik em 1835 Kant Schelling e Hegel foram os primeiros filósofos de destaque para os quais a estética constituía uma parte inerente de seus sistemas filosóficos Para Kant estética era antes de tudo a teoria do belo do sublime e dos juízos es téticos Para Hegel estética era principalmente a filosofia das belasartes Os dois modelos de plasmar a estética ou como uma filosofia do belo mais tarde dos valores estéticos e da experiência estética ou como uma filosofia da arte tornaramse predominantes na es tética do século XIX e do início do século XX O mais freqüente era as duas variantes serem reunidas sendo os resultados bastante diversificados No decorrer dos anos porém a idéia da estética como filosofia da arte pareceu tornarse mais popular No século XIX houve a primeira tentativa de se ir além da filosofia nas con siderações estéticas e criar uma estética cien tífica Em seu Vorschule der Aesthetik de 1876 o psicólogo alemão Gustav Theodor Fechner tentou criar uma estética experimental sobre a base da psicologia e o século XX também testemunhou uma tentativa de se criar uma estética psicológica pelos representantes da psi cologia da Gestalt Rudolf Arnheim e Leonard Meyer e da psicologia profunda Ernst Kris e Simon Lesser Entre outras evoluções incluí ramse a estética matemática George Birkhoff e Max Bense a estética da informática Abra ham Moles a estética semiótica e semiológica Charles Morris Umberto Eco Yuri Lotman e a estética sociológica JM Guyau P Francas tel Pierre Bourdieu Janet Wolff No domínio filosófico o projeto de criar uma estética cien tífica foi introduzido por Etienne Souriau e Thomas Munro A estética porém não deixou de ser um ramo da filosofia Desde a virada do século tem havido um interesse crescente nas dificuldades metodoló gicas da estética a qual começou a levar em conta dúvidas e argumentos dirigidos contra seu status científico e o próprio sentido de se criarem teorias estéticas Nesse ponto são de relevância particular as idéias ainda populares de Max Dessoir 1906 e Emil Utitz 191420 Esses pensadores introduziram uma distinção entre estética e uma ciência geral da arte enfa tizando que as duas disciplinas se cruzam mas não se sobrepõem as funções da arte não po dem ser reduzidas a funções estéticas apenas enquanto que os méritos estéticos podem ser encontrados em objetos que não são absoluta mente obras de arte tais como fenômenos na turais e produtos extraartísticos feitos pelo ho mem Eles afirmam também que a ciência geral da arte difere metodologicamente da estética e deveria evoluir para um ramo independente fora da filosofia A estética também deveria ultrapassar as fronteiras da filosofia e utilizar bem mais os resultados produzidos por outras ciências em particular a psicologia e a socio logia ver também SOCIOLOGIA DA ARTE O primeiro esteta que não apenas sistemati zou as objeções contra a estética mas também tentou superálas foi Edward Bullough em suas palestras de 1907 sobre a concepção moderna de estética in Bullough 1957 Ele organizou as objeções levantadas contra a estética em dois grupos populares e teóricas ambos os tipos sendo redutíveis às afirmativas de que 1 As tentativas de se criar uma teoria de fenômenos tão específicos relativos subjetivos e mutáveis quanto beleza efeitos estéticos e o prazer e desprazer a eles relacionados são fúteis Esses fenômenos não podem ser racionaliza dos e verbalizados só podem ser vi venciados Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 266 estética 2 As definições de belo e outros fenôme nos estéticos são excessivamente abs tratas e gerais e assim completamente inúteis e praticamente desnecessárias Não ajudam ninguém a desfrutar da be leza e da arte 3 Tanto os artistas quanto os entusiastas da arte ficam preocupados e aborrecidos com o fato de regras de criação e percep ção serem definidas e impostas aos ar tistas e ao público e ainda por cima apresentadas com um pedantismo absurdo e insolente A obra de Bullough foi a primeira autocrítica que resumiu as efetivas dificuldades metodoló gicas internas da estética e as objeções vindas de fora as quais embora nem sempre plena mente justificadas não deixavam de ter alguma razão Segundo Stefan Morawski 1987 a obra de Bullough deu início ao terceiro período na his tória da estética o período de autoconhecimen to crítico do seu status de pesquisa e do desen volvimento da sua autoreflexão metodológica Esse processo atingiu o auge em 1954 com a publicação da famosa antologia de W Elton Aesthetics and Language e dos igualmente fa mosos ensaios de M Weitz The role of theory in aesthetics 1956 e de WE Kennick Does traditional aesthetics rest on a mistake 1958 que continuaram e desenvolveram as idéias lançadas na coletânea de Elton Essas três obras foram por sua vez inspiradas pelas idéias de Wittgenstein em Investigações filosóficas 1953 e criticavam a estética filosófica tradi cional de maneira penetrante e profunda por sua falta de precisão lingüística vacilação con ceitual e pressupostos teóricos e metodológicos errôneos que ficavam mais evidentes nas ten tativas fracassadas de criar uma teoria filosófica da arte Pressupostos errôneos levavam natural mente ao fracasso das teorias filosóficas da arte até então propostas O primeiro pressuposto errôneo identificado foi a alegação essencialista de que a arte possui uma natureza universal ou uma essência abso luta que é tarefa da estética entender e definir A arte afirmavase agora é um fenômeno in cessantemente mutável ao qual falta uma es sência universal e as noções de arte obra de arte experiência estética e assim por diante são portanto conceitos abertos Weitz 1959 que não podem ser definidos Em segundo lu gar os representantes da estética tradicional deixaram escapar uma outra verdade básica de que toda obra de arte é valorizada em seu caráter único e por sua originalidade irrepetível não havendo lugar portanto para nenhuma regra geral de criação e avaliação de tal obra Os estetas porém foram persistentes nas suas ten tativas de descobrir ou de estabelecer essas regras gerais ainda que qualquer generalização a respeito de arte seja dúbia e injustificada Os argumentos dos estetas eram análogos aos da ética mas qualquer analogia demonstrava ser enganosa Na ética as generalizações são pos síveis e necessárias enquanto que na estética a situação é bem diversa Quando em estética se passa do particular para o geral o que se está fazendo é viajar na direção errada S Hamp shire in Elton 1954 Em terceiro lugar a es tética seguiu a filosofia no pressuposto errôneo de que os fatos podem ser desvendados e in terpretados enquanto que na verdade sua ta refa adequada não é desvendar os fatos mas esclarecer os significados das palavras Pala vras conceitos e expressões são usados de inú meras maneiras nem sempre apropriadas Uma solução de problemas filosóficos consiste em reconhecer como certas palavras são usadas apropriadamente O problema básico da es tética não é responder à pergunta O que é a arte mas Que tipo de conceito é arte Weitz A crítica da estética pela filosofia analítica porém não resultou na morte da estética nem numa vitória duradoura do minimalismo cog nitivo ou no abandono de novas tentativas de criar uma teoria da arte Seria possível até de fender o ponto de vista de que a crítica anties sencialista da estética resultou em sua recupera ção e retomada de interesse nos anos 70 e 80 Ao mesmo tempo porém a estética continuou a ser criticada de fora e os estetas continuaram com sua autoreflexão metodológica o que em parte respondia à crítica externa e em parte resultava das necessidades inerentes da estética Não obstante os estetas rejeitaram todas as objeções básicas articuladas pelos filósofos analíticos A estética deve e na verdade pode ser praticada com maior precisão lógica e lingüís tica mas ao mesmo tempo não pode ser redu zida à análise de conceitos e dos modos como estes são usados Nesse respeito a situação da estética não diverge substancialmente da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estética 267 de outros ramos das humanidades É um equí voco aplicar à estética as exigências aplicadas à ciência ou à matemática Além disso mesmo nas ciências naturais não existe nenhum para digma único e universal de exatidão científica É preciso darse conta de que quaisquer generalizações com respeito a fenômenos tão diversos e mutáveis quanto a arte e a experiên cia estética são muito arriscadas mas não há necessidade de abandonar por completo essas generalizações Evitar definições essencialistas e antihistóricas da estética tradicional não sig nifica abandonar as tentativas de criar uma teo ria da arte e dos fenômenos estéticos Con siderações normativas que ameaçam a liber dade de criação e que são notoriamente atribuí das à estética não são de forma alguma carac terísticas da estética ocorrendo com muito maior freqüência na crítica da arte É verdade porém que a maioria das teorias estéticas efe tivamente contém elementos de avaliação Também aí porém os aspectos axiológicos são típicos de qualquer disciplina e formam uma parte orgânica da cognição não podem nem devem ser eliminados da ciência Ao mesmo tempo é possível criar teorias da arte puramente descritivas Dickie 1971 Ao rejeitar a crítica abrangente da estética por parte dos filósofos analíticos os próprios estetas periodicamente tomam nota de críticas e reservas dirigidas contra sua disciplina e ex pressam suas próprias dúvidas quanto a seu status de pesquisa Na maioria dos casos po rém eles defendem seu valor embora alguns prefiram buscálo de uma forma total ou par cialmente modificada Vale a pena destacar pelo menos três tentativas de equilibrar os argumen tos pró e contra apresentados pelos próprios estetas nas três últimas décadas A primeira foi feita em 1960 por Jerome Stolnitz em Aesthetics and Philosophy of Art Criticism p719 A segunda por Stefan Mo rawski em duas obras publicadas em polonês 1973 1987 As conclusões de Morawski po rém divergem nas duas obras na primeira ele defende a relevância da estética enquanto na outra abandona essa defesa e afirma que ela hoje se encontra em declínio O terceiro autor que relacionou as objeções levantadas e de fendeu a estética contra elas é Göran Her meren que dedicou o último capítulo de seu Aspects of Aesthetics 1983 p22460 a essa questão Um número considerável de dúvidas e reser vas a respeito da estética se repete Existem também novas críticas surgidas no decorrer do desenvolvimento da cultura moderna e em par ticular da arte de vanguarda da cultura de massa e da comunicação de massa A crítica recente tem dois aspectos principais Em primeiro lu gar as reservas maiores ainda dizem respeito ao status da estética como campo de pesquisa Os críticos afirmam que a estética é cognitivamen te fútil anacrônica e inadequada e seus méto dos antiquados e baseados em princípios meto dológicos inadequados Conseqüentemente mesmo que tenha feito algum sentido no pas sado a estética parece ser completamente im potente diante das mais recentes manifestações de vanguarda na arte e dos fenômenos mais significativos de cultura de massa Ela então os ignora uma atitude desqualificante ou tenta descrevêlos interpretálos e avaliálos usando seus métodos e categorias tradicionais e abso lutamente irrelevantes o que leva a seu fracasso e humilhação Esse modo de crítica pode ser encontrado nos ensaios de T Binkley em The Art of Time 1969 de Michael Kirby e nas obras mais recentes de Stefan Morawski Kirby afirma que a estética filosófica tradicional deveria ser dei xada de lado em favor de uma estética histórica ou situacional Binkley alega que a estética poderia sobreviver se reduzisse o âmbito de seus interesses a uma reflexão sobre os fenôme nos estéticos e abandonasse a criação de teorias da arte uma vez que a estética não pode explicar a arte de vanguarda a qual como tal rejeita o paradigma estético de arte caso continue pre sumindo que a natureza da arte é estética Mo rawski afirma que a estética está em declínio não somente devido à arte de vanguarda mas também porque a arte perdeu parte da sua relevância e a continuação de sua existência está ameaçada A estética então deveria dar lugar ou a uma poiética como a teoria da criatividade ou à antiestética compreendida em termos de uma reflexão crítica sobre a crise da cultura e da arte do nosso tempo 1987 p77 Não é a metodologia a responsável pelo declínio da estética é a desintegração do seu principal objeto a arte A estética porém é criticada não apenas por sua impotência diante da arte de vanguarda mas também devido às atitudes ahistóricas às aspirações à totalidade Werckmeister Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 268 estética 1971 ao essencialismo e à criação de regras abstratas independente do fato de que a arte é uma síndrome dinâmica Adorno 1984 e de que a própria arte e sua percepção são produzi das por um processo histórico Bourdieu 1979 Se a estética quer sobreviver tem de se transfor mar e tornarse uma estética dialética Adorno ou uma estética sociológica Bourdieu O outro tipo de argumento contra a estética consiste em afirmar que ninguém precisa real mente dela A estética não ajuda os receptores comuns da arte moderna a encontrarem seu caminho no caos dos fenômenos artísticos mais recentes Alguém que tenha um interesse sério em estética faria melhor reportandose a obras sobre a história e a teoria de esferas particulares da arte ou sobre a psicologia da arte a sociolo gia da arte a filosofia da CULTURA a teoria da comunicação de massa a semiótica e assim por diante É difícil prever o futuro da estética As teses a respeito de sua morte ou declínio porém são tão frágeis quanto as teses sobre a morte ou o declínio da arte Mas a estética tem de mudar levando em conta as transformações do seu objeto e as realizações de outras disciplinas preocupadas com a arte e com os fenômenos estéticos Talvez se devesse retornar à idéia de duas disciplinas na veia de Dessoir e Utitz a filosofia da arte e a filosofia dos valores e experiências estéticos Não há dúvida porém de que o desenvolvimento da psicologia da sociologia da semiótica e de outras disciplinas que se ocupam da arte não erradica os proble mas estritamente filosóficos axiológicos me todológicos cognitivos e ontológicos da arte e dos fenômenos estéticos Essa é a inquestio nável raison dêtre da estética Ver também FILOSOFIA DA LINGUAGEM MODERNISMO E PÓSMODERNISMO Leitura sugerida Adorno Theodor W 1984 Aes thetics Theory Barrett Cyril org 1965 Collected Papers on Aesthetics Beardsley Monroe 1958 Aes thetics Problems in the Philosophy of Criticism El ton William org 1954 Aesthetics and Language In garden Roman 1985 Selected Papers in Aesthetics Margolis Joseph org 1987 Philosophy Looks at the Arts Shusterman Richard org 1989 Analytic Aes thetics Sparshott Francis 1963 The Structure of Aesthetics Tatarkiewicz W 19704 History of Aes thetics 3 vols Werckmeister Otto 1971 Ende der Ästhetik Wolff Janet 1983 Aesthetics and the Socio logy of Art BOHDAN DZIEMIDOK estratégicos estudos Dedicados ao papel do poder militar na política internacional os estudos estratégicos podem concentrarse em microquestões relacionadas ao desenvolvimen to das forças armadas sua escolha e obtenção de equipamento e também em macroquestões tais como a eficiência do poder militar em comparação com os meios econômicos e diplo máticos na consecução dos objetivos dos es tados A ênfase principal é na distribuição e emprego de meios militares para alcançar os fins da política Isso inclui a dissuasão da guer ra o reforço de alianças e o envolvimento em negociações de controle armamentista tanto quanto a condução da guerra O que implica examinar não apenas que atividades militares poderiam apoiar naturalmente objetivos par ticulares mas também como os fins podem precisar ser alterados para estar de acordo com os meios militares disponíveis além de exami nar as conseqüências inesperadas Os estudos estratégicos têm um caráter in terdisciplinar e no período do pósguerra se beneficiaram das contribuições tanto da eco nomia quanto da engenharia bem como das contribuições mais previsíveis da história e da política Têm também um caráter inevita velmente aplicado no sentido de que grande parte ainda que não a totalidade do trabalho nesse campo tenha sido realizada de forma deliberada para influenciar ou apoiar políti cas nacionais O ponto de partida intelectual para a maior parte do pensamento sobre estratégia é a obra clássica de Carl von Clausewitz Sobre a guer ra que enfatizava a importância de se encarar a guerra como uma continuação da política Desde então muitos o seguiram na tentativa de desenvolver uma teoria sistemática que servisse de apoio ao desenvolvimento da estratégia na prática No século XX um teórico predominan te foi Basil Liddell Hart Até a era nuclear houve pouco trabalho erudito nessa área O desafio colocado aos conceitos tradicionais de poder militar com o advento de meios de des truição maciça numa época de grave antago nismo LesteOeste acabou sendo um estímulo ao desenvolvimento intelectual da teoria es tratégica Grande parte disso se realizou nos Estados Unidos incluindo o trabalho em think tanks como a Rand Corporation houve traba lhos no International Institute of Strategic Stu dies na GrãBretanha e também estudos im Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estratégicos estudos 269 portantes por parte de eruditos isolados entre eles Raymond Aron 1962 Considerada a necessidade de se evitar a catástrofe de uma guerra total dissuasão tor nouse o conceito crítico As teorias sobre dis suasão abordaram questões tais como se seria possível dissuadir através da mera ameaça de que um conflito pudesse fugir completamente ao controle através do fenômeno da escala da ou se quaisquer ameaças visando à dis suasão deveriam ser secundadas por opções militares verossímeis e ainda se fosse esse o caso se ataques nucleares punitivos pode riam de alguma forma ser factíveis se o inimi go tivesse a capacidade de retaliar à altura A análise dessas questões inicialmente fez uso substancial de metodologias como a TEORIA DOS JOGOS Os anos mais recentes têm testemu nhado uma ênfase maior na análise política à medida que foi ficando mais patente que não existem remédios técnicos para os dilemas bá sicos da dissuasão nuclear e que os levantes nos antigos países do Pacto de Varsóvia na Europa Oriental alteraram as questões básicas da se gurança européia Os conceitos inicialmente desenvolvidos para a consideração da estratégia nuclear tam bém foram aplicados à estratégia convencional Isso não teve pleno sucesso na medida em que os conflitos em questão tenderam a ser muito mais complexos do que se supunha na esfera nuclear Há também uma tradição vigorosa e distinta de teorização sobre a guerra de GUERRI LHA incluindo o estudo de figuras como TE Lawrence e Mao Tsétung Ver também GUERRA Leitura sugerida Aron Raymond 1962 Paix et guer re entre les nations Baylis John et al 1987 Contem porary Strategy 2 vols Clausewitz Carl von 1832 1976 On War Freedman Lawrence 1989 The Evo lution of Nuclear Strategy 2ªed Liddell Hart BH 1967 Strategy The Indirect Approach Paret Peter org 1986 Makers of Modern Strategy from Machia velli to the Nuclear Age LAWRENCE FREEDMAN estratificação social Em todas as socieda des complexas o suprimento total de recursos valorizados é distribuído desigualmente com os indivíduos ou famílias mais privilegiados desfrutando de um volume desproporcional de propriedade poder ou prestígio Embora fosse possível construir uma exaustiva ordenação graduada dos indivíduos com base no controle que têm sobre esses recursos a abordagem escolhida pela maioria dos estudiosos é iden tificar um conjunto de classes sociais ou estratos sociais que reflita as divisões mais importantes da população A função da pes quisa de estratificação é especificar a forma e os contornos desses grupamentos sociais des crever os processos através dos quais se faz a alocação dos indivíduos em diferentes resultados sociais ver MOBILIDADE SOCIAL e revelar os me canismos institucionais por meio dos quais são geradas e mantidas as desigualdades sociais Formas de estratificação Tornouse convencional entre os teóricos contemporâneos estabelecer uma diferenciação entre os sistemas de classe modernos e as posições ou castas originalmente encon tradas em sociedades agrícolas adiantadas ver Mayer e Buckley 1970 Svalastoga 1965 Neste verbete o quadro apresentado adiante define essas formas de estratificação em termos de suas vantagens fundamentais coluna 1 de seus grupamentos sociais mais importantes co luna 2 e da estrutura de suas oportunidades de mobilidade coluna 3 Devese ter sempre em mente é claro que os sistemas acima serão mais bem encarados como tipos ideais do que como descrições de sociedades existentes We ber 192122 De fato os sistemas de estratifi cação das sociedades humanas são complexos e multidimensionais no mínimo porque as for mas institucionais de seu passado tendem a sobreviver em conjunção com formas novas e emergentes ver Wright 1985 para uma tipo logia relacionada ver também Lenski 1966 Runciman 1974 A primeira linha do quadro relaciona alguns dos princípios básicos subjacentes às castas étnicas ver CASTA Como se indica na coluna 1 as castas da Índia podem ser classificadas de acordo com um continuum de pureza étnica ficando as posições mais elevadas dentro do sistema reservadas às castas que proíbem ativi dades ou comportamentos considerados cons purcadores tais como comer carne ou varrer ruas Em sua forma típicaideal um sistema de castas não dá espaço a qualquer tipo de mobi lidade individual ver linha 1 coluna 3 a crian ça recémnascida recebe em caráter permanente a filiação de casta de seus pais Embora um sistema de castas desse tipo seja visto geralmen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 270 estratificação social te como o caso limite de estratificação é preciso observar que os sistemas feudais ver FEUDALISMO também se baseiam em um rígido sistema de grupos quase hereditários ver linha 2 coluna 3 O aspecto distintivo do feudalismo é a instituição da servidão pessoal Bloch 1940 isto é os servos eram obrigados a viver em uma propriedade feudal e a pagar aluguéis de vários tipos por exemplo a corvéia uma vez que o senhor feudal detinha os direitos legais à sua força de trabalho Se um servo fugia para a cidade isso não passava de uma forma de roubo o servo estava roubando uma porção de força de trabalho que pertencia a seu senhor Wright 1985 p78 Seria possível dizer en tão que a força de trabalho era uma das vantagens principais em um sistema feudal ver linha 2 coluna 1 A evolução de maior impacto da era moder na foi o surgimento das ideologias igualitárias ver linha 3 Isso pode ser observado por exemplo nas revoluções dos séculos XVIII e XIX em que os ideais da Ilustração foram dirigidos contra os privilégios hierárquicos e o poder político da aristocracia No final essas lutas eliminaram os últimos resíduos de privi légio feudal mas também tornaram possível o surgimento de nova formas de desigualdade e estratificação Costumase afirmar que no pri meiro período industrial se desenvolveu um sistema de classes sendo os estratos prin cipais desse sistema definidos em termos pre dominantemente econômicos Existe é claro uma controvérsia considerável quanto aos con tornos e fronteiras dessas classes econômicas ver adiante Conforme indicado na linha 3 um modelo simples ao estilo de Marx poderia con centrarse na divisão entre capitalistas e operá rios enquanto outros modelos representam a estrutura de classes como uma gradação con tínua de riqueza e renda monetárias Mayer e Buckley 1970 p15 A questão importante porém é que essas posições em um sistema de classes são distribuídas de maneira formal mente competitiva ver linha 3 coluna 3 Embora os resultados de levantamentos con temporâneos indiquem que as profissões são freqüentemente passadas adiante de pais para filhos Goldthorpe 1980 isso reflete a operação de mecanismos indiretos de herança socialização treinamento no trabalho e as sim por diante em vez de sanções legais que proíbam diretamente a mobilidade Fontes de estratificação O anteriormente esboçado deixa claro que surgiu no decorrer da história humana toda uma série de sistemas de estratificação Natu ralmente então a questão que se coloca é se alguma forma de estratificação seria uma carac terística inevitável das sociedades humanas Ao abordar essa questão é útil começar com a análise funcional de Davis e Moore 1945 uma vez que nela vamos encontrar um esforço ex plícito para compreender a necessidade uni versal que provoca estratificação em qualquer sistema social p242 ver também Davis 1953 Moore 1963 O ponto de partida para essa abordagem é a premissa de que todas as sociedades devem criar alguns meios de moti var seus trabalhadores mais competentes a pre encher as funções mais difíceis e importantes Esse problema de motivação pode ser abor dado em toda uma variedade de formas mas a solução mais simples é criar uma hierarquia de recompensas tais como prestígio proprie dade poder que privilegie os encarregados de tarefas funcionalmente importantes Con forme observado por Davis e Moore 1945 p243 isso representa estabelecer um sis tema de desigualdade institucionalizada um sistema de estratificação com a estrutura de tarefas servindo como um conduto através do qual se distribuem recompensas e privilé gios Seguese que o sistema de estratificação pode ser encarado como um mecanismo que evoluiu inconscientemente e por meio do qual as sociedades garantem que as posições importantes sejam conscientemente preen chidas pelos indivíduos mais qualificados ibid Vantagens maiores estratos principais e processo de mobilidade para três formas de estratificação social Sistema de estratificação Vantagens maiores 1 Estratos principais 2 Processo de mobilidade 3 1 Sistema de castas Pureza étnica Castas Hereditário 2 Sistema feudal Terra e força de trabalho Reis senhores e servos Hereditário 3 Sistema de classes Meios de produção Capitalistas e operários Competitivo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estratificação social 271 Essa abordagem tem sido criticada por ne gligenciar o elemento de poder nos sistemas de estratificação Wrong 1959 p774 ver tam bém Huaco 1966 para uma recensão abran gente Há muito se afirma que Davis e Moore deixaram de observar que os encarregados de tarefas funcionalmente importantes têm o poder não apenas de insistir no pagamento de recompensas esperadas como também de exi gir recompensas ainda maiores Wrong 1959 p774 ver também Dahrendorf 1957 Nesse particular o sistema de estratificação pode ser encarado como autoreprodutor os trabalha dores em funções importantes podem utilizar seu poder para influenciar a distribuição de recursos e preservar ou ampliar seus próprios privilégios Seria difícil por exemplo explicar plenamente as vantagens dos senhores feudais sem referência à sua possibilidade de fazer va ler suas pretensões por meio de sanções morais jurídicas ou econômicas De acordo com essa linha de raciocínio a distribuição de recompen sas reflete não apenas as necessidades laten tes da sociedade mais ampla como também o equilíbrio de poder entre grupos rivais e seus membros Collins 1975 A estrutura da estratificação moderna A história recente da teorização sobre es tratificação é em grande parte uma história de debates sobre os contornos da desigualdade em sociedades industriais avançadas Embora es ses debates venham sendo travados numa am pla variedade de frentes para os nossos objeti vos bastará distinguir entre modelos marxis tas e weberianos de desigualdade É prova velmente justo dizer que a maioria dos teóricos contemporâneos tem suas raízes intelectuais em alguma combinação dessas duas tradições Marxistas e neomarxistas Os debates nos cam pos marxista e neomarxista têm sido especial mente acirrados não apenas porque freqüen temente se encontram embutidos em disputas políticas mais amplas mas também porque a discussão de classe em O capital Marx 1894 revelase fragmentária e assistemática No final do terceiro volume de O capital vamos encon trar o hoje famoso fragmento sobre as classes Marx 1894 p8856 mas este é interrompido exatamente no ponto em que Marx parecia pronto a propor uma definição formal da ex pressão Fica claro não obstante que seu mo delo abstrato de capitalismo era decididamente dicotômico com o conflito entre capitalistas e operários constituindo a força motriz por trás de novos desenvolvimentos sociais O modelo simples de duas classes pretendia captar as ten dências de desenvolvimento do capitalismo no entanto sempre que Marx efetuava uma análise concreta dos sistemas capitalistas exis tentes reconhecia que a estrutura de classes era complicada pela persistência de classes transi cionais como os senhores de terras grupa mentos formando quase classes camponeses e fragmentos de classe o lumpemproletaria do Era somente com o progressivo amadure cimento do capitalismo que Marx esperava que essas complicações desaparecessem à medida que as forças centrífugas da crise e da luta de classes lançassem todas as dritte Personen em um ou outro campo Parkin 1979 p16 A história recente do capitalismo moderno indica que a estrutura de classes não evoluirá de maneira tão precisa e metódica A velha classe média de artesãos e lojistas decresceu em tama nho relativo é claro mas ao mesmo tempo uma nova classe média de administradores pro fissionais liberais e trabalhadores nãomanuais se expandiu ocupando o espaço recémvago Os últimos 50 anos de teorização neomarxista podem ser encarados como a debandada in telectual dessa evolução com alguns comen taristas buscando minimizar suas implicações e outros propondo uma revisão do mapeamento da estrutura de classes que acomode a nova classe média em termos explícitos No primeiro campo a tendência principal é alegar que os setores inferiores da nova classe média se en contram num processo de proletarização uma vez que o capital sujeita os trabalhadores nãomanuais às formas de racionalização ca racterísticas do modo de produção capitalista Braverman 1974 p408 Essa linha de ra ciocínio indica que a classe operária pode gradualmente expandirse em tamanho nu mérico e com isso reconquistar seu antigo poder Na outra extremidade Poulantzas 1974 afirmou que a maioria dos membros do novo estrato intermediário se enquadra fora da classe operária propriamente dita uma vez que está envolvida em trabalho improdutivo de vários tipos ver Wright 1985 para um levantamento abrangente des sas posições Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 272 estratificação social Weberianos e neoweberianos A ascensão da nova classe média revelase menos proble mática para os estudiosos que trabalham dentro de uma perspectiva weberiana De fato o mo delo de classe proposto por Weber sugere uma multiplicidade de divisões de classe pois equi para a classe econômica dos operários a sua situação de mercado Weber 19212 p926 40 Esse modelo implica que os ricos proprie tários se encontram numa situação de classe privilegiada de fato membros dessa classe po dem superar os operários na obtenção de mer cadorias de valor no mercado de bens tal como podem também converter sua riqueza em capi tal e com isso monopolizar as oportunidades empresariais Entretanto Weber enfatizou que os operários especializados também são privi legiados no capitalismo moderno uma vez que os serviços que executam têm alta demanda no mercado de trabalho O resultado final então é que uma nova classe média de operários es pecializados intervém entre a classe capitalista positivamente privilegiada e a massa de ope rários desqualificados negativamente privile giada ibid p9278 Ao mesmo tempo o sistema de estratificação é complicado ainda mais pela existência de grupos de status en carados por Weber como formas de filiação social que geralmente competiam com formas de organização baseadas em classe Embora uma classe econômica seja meramente um agregado de indivíduos em uma situação de mercado semelhante Weber definiu um grupo de status como uma comunidade de indivíduos que partilham do mesmo estilo de vida e que interagem como iguais em termos de status a nobreza uma casta étnica e assim por diante Em algumas circunstâncias as fronteiras de um grupo de status podem ser determinadas por critérios puramente econômicos mas Weber observa que a honra do status não precisa estar necessariamente ligada a uma situação de clas se ibid p932 Os nouveaux riches por exemplo nunca são imediatamente aceitos na alta sociedade mesmo quando sua riqueza os coloca claramente na classe econômica mais elevada p9367 O que fica implícito então é que os sistemas de classe e status são formas potencialmente independentes de estratifica ção Essa abordagem foi refinada e ampliada por sociólogos que buscavam compreender a for ma norteamericana de estratificação Durante as décadas do pósguerra o modelo de classe marxista foi tipicamente desprezado pelos so ciólogos norteamericanos como patentemente simplista e unidimensional enquanto o modelo weberiano era encarado como estabelecendo a distinção adequada entre as inúmeras variáveis que Marx fundira em sua definição de classe ver por exemplo Barber 1968 Nas versões mais extremas dessa abordagem as dimensões identificadas por Weber são desagregadas em uma multiplicidade de variáveis de estratifica ção tais como renda educação etnia e então se demonstrou que as correlações entre essas variáveis eram fracas o suficiente para gerar várias formas de inconsistência de status isto é um milionário de pouca instrução um médi co negro e assim por diante O quadro geral que surgiu indicava um modelo pluralista de es tratificação isto é o sistema de classes era representado como intrinsecamente multidi mensional com grande número de filiações que se entrecruzam produzindo uma complexa miscelânea de divisões internas de classe É bom observar que as forças concorrentes de ETNICIDADE e GÊNERO parecem especialmente importantes na ação de minar formas de solida riedade baseadas em classe ver Hechter 1975 Firestone 1970 De fato dada a ascensão dos movimentos feministas e nacionalistas em todo o mundo moderno seria possível argumentar que grupos baseados em etnia e gênero se tor naram mais eficazes do que as classes econô micas na mobilização de seus membros para a busca de objetivos coletivos Leitura sugerida Bendix Reinhard e Lipset Sey mour M orgs 1966 Class Status and Power Botto more Tom 1965 1991 Classes in Modern Society Dahrendorf R 1957 1959 Class and Class Conflict in Industrial Society Giddens Anthony 1973 The Class Structure of the Advanced Societies Gold thorpe J 1980 1987 Social Mobility and Class Struc ture in Modern Britain 2ªed rev Lenski G 1966 Power and Privilege a Theory of Stratification Os sowski S 1957 1963 Class Structure in the Social Consciousness Parkin Frank 1979 Marxism and Class Theory A Bourgeois Critique Weber Max 19212 1978 Economy and Society vol2 ed em 2 vols Ο 1946 Class status and party In From Max Weber Essays in Sociology org por HH Gerth e CW Mills Wright EO 1985 Classes DAVID B GRUSKY estruturação Referências à estruturação apa recem na ciência social em língua inglesa já em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estruturação 273 1927 e em um esquema teórico mais abrangen te na obra de Georges Gurvitch 1955 1962 parte 2 cap4 que também introduziu os con ceitos úteis de desestruturação e reestrutura ção mas a palavra hoje se refere principalmen te à teoria ontológica da vida social exposta por Anthony Giddens 1976 1979 1984 que se desenvolve sobre a percepção de que todos os elementos da vida social estão constituídos no hábil desempenho de práticas sociais A ONTOLOGIA estruturacionista proporciona pressupostos genéricos com respeito ao tema da ciência social mas contrariamente a suposi ções identificáveis em ontologias clássicas Thomas Hobbes Adam Smith JeanJacques Rousseau teorias funcionalistas Talcott Par sons e teorias teleológicas de evolução Emile Durkheim Karl Marx ela não postula inevita bilidades necessidades ou mecanismos de mu dança transhistóricos Em vez disso aborda as capacidades ímpares que permitem aos agentes sociais instituir manter e alterar a vida social de variadas formas As restrições e capacitações sociais bem como a forma e a direção da mu dança social estão constituídas nas práticas sociais que podem diferir em execução e resul tado de um domínio histórico para outro A teoria da estruturação portanto proporciona à ciência social uma ontologia de potenciais em vez de uma ontologia de traços sociais fixos ver Cohen 1989 Como esses potenciais po dem ser realizados em toda uma variedade de modos não há conceitos ou explicações his toricamente específicos que possam ser dedu zidos da ontologia estruturacionista Os estudos de Giddens sobre a modernidade ver por exemplo 1990 ilustram a utilidade propedêu tica de postulados na teoria da estruturação Como a teoria da estruturação atribui um papel central na constituição da vida social ao desempenho das práticas sociais ela questiona a validade ontológica da divisão profundamen te arraigada entre as tradições coletivista e in dividualista no pensamento social Diferente mente das teorias coletivistas ela trata os pa drões e propriedades dos grupos sociais como realidades produzidas através de práticas roti nizadas e não como realidades sui generis Diferentemente das explicações individualis tas o exercício da intermediação é por ela tra tado como logicamente anterior a uma preo cupação com as escolhas subjetivas ou com as interpretações de práticas sociais do agente Seguese que exemplos amplamente semelhan tes de uma prática institucionalizada podem ser reproduzidos pela intermediação de muitos agentes diferentes estendendose além de um dado grupo ou geração Seguese também que os agentes não precisam embora possam reco nhecer que seu exercício de intermediação re produz ou altera uma prática institucionalizada A teoria de Giddens sobre o sujeito agente é talhada para complementar a centralidade da PRÁXIS na teoria da estruturação Embora não se despreze a consciência reflexiva discursiva muitas práticas sociais podem ser reproduzidas na base da consciência tácita prática dos agen tes quanto às habilidades envolvidas Giddens fundamenta uma motivação difusa para par ticipar da vida social junto com elementos de desenvolvimento da personalidade humana em um sentido inconsciente de segurança ontoló gica mantido no desempenho de rotinas fami liares No entanto restalhe ainda abordar a constituição da vontade humana bem como questões importantes com respeito às neces sidades e aos interesses humanos Embora a teoria da estruturação conceba o desempenho hábil de práticas sociais mais ou menos à maneira de Erving Goffman e Harold Garfinkel ver Giddens 1977 cap4 1987 uma ênfase nos aspectos transituacionais dessas práticas é introduzida na explicação inovadora de Giddens sobre a dualidade da estrutura Nes sa explicação o conhecimento com respeito ao desempenho de práticas em companhia de ou tros sujeitos apropriados em cenários adequa dos é tratado como condição necessária à re produção dessas práticas Por sua vez o desem penho dessas práticas reforça a consciência dos participantes quanto à constituição de suas cir cunstâncias sociais O conhecimento assim re generado serve para estruturar a reprodução continuada de modos de vida rotineiros As propriedades estruturais das práticas sociais po dem ser analiticamente decompostas em regras e recursos Ambas porém estão inextricavel mente interrelacionadas na realidade concreta dos modos de vida institucionalizados Inspirada por desenvolvimentos na geogra fia temporal a teoria da estruturação altera substancialmente explicações correntes sobre padrões sistêmicos na vida social ao concebê los como interações institucionalizadas e rela ções articuladas através do tempo e do espaço ver Giddens 1987 cap6 A força e a per Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 274 estruturação meabilidade das fronteiras sistêmicas depen dem de como se produzem as articulações na práxis social As interações entre agentes co presentes são institucionalizadas em sistemas de todos os tipos mas os sistemas extensos que têm um alto grau de distanciamento espaço temporal também implicam relações institu cionalizadsa entre agentes em cenários remo tos Articulações de todos os tipos comunicam transmitem ou transportam resultados a várias práticas A estruturação isto é reprodução ou altera ção de relações sistêmicas através do tempo e do espaço pode ocorrer exclusivamente através de conseqüências nãointencionais da práxis ou implicar a administração intencional através de tempo e espaço Diferentemente de teorias políticas pluralistas e elitistas a teoria da es truturação postula uma dialética de controle em sistemas de todos os tipos Enquanto grupos dominantes têm acesso a recursos superiores para alcançar resultados através dos feitos de outrem aos grupos subordinados nunca faltam de todo recursos para resistir ao controle domi nante ou redirecionálo As relações sistêmicas de poder portanto estão constituídas em equi líbrios institucionalizados ou disputados de au tonomia e controle Giddens 1981 cap2 1985 cap1 Leitura sugerida Bryant CGA e Jary D 1990 An thony Giddens Clark J Modgil S e Modgil C orgs 1990 Anthony Giddens Consensus and Con troversy Cohen Ira J 1989 Structuration Theory Anthony Giddens and the Constitution of Social Life Held D e Thompson J orgs 1990 Social Theory of Modern Societies Anthony Giddens and his Cri tics Kiessling B 1988 Kritik der giddensschen Sozialtheorie ein Beitrag zur theoretischmethodis chen Grundlegung der Sozialwissenschaften IRA J COHEN estruturalismo Este método de indagação ou paradigma tornouse proeminente e influen te durante os anos 60 e 70 embora tenha tido vários antecedentes em períodos anteriores Na análise sociológica o conceito de estrutura em variadas formulações durante muito tempo ocupou um lugar central Bottomore e Nisbet 1978 cap14 e vários comentaristas Piaget 1968 Kolakowski 1971 Schaff 1974 obser varam que esse conceito foi um elemento de importância maior na perspectiva filosófica e científica geral dos anos 30 importância essa refletida na influência que o conceito adquiriu em campos como a matemática a biologia a lingüística e a psicologia da Gestalt O mo vimento estruturalista mais recente porém te ve pretensões mais amplas enfatizando a im portância fundamental de identificar e analisar as estruturas profundas que estão na base e que geram os fenômenos observáveis e a esse respeito o movimento tem afinidades com a moderna filosofia realista da ciência Bhaskar 1975 e ampliando a abordagem estruturalis ta mais amplamente para as ciências sociais e humanas Tendo origem na lingüística onde seus princípios podem ser encontrados nas teses delineadas pelo Círculo Lingüístico de Praga em 1929 Robey 1973 Introdução o estru turalismo penetrou em seguida na crítica literá ria na teoria estética e em algumas das ciências sociais particularmente na antropologia através da obra de Claude LéviStrauss na so ciologia principalmente sob a forma do marxis mo estruturalista de Louis Althusser e na his tória onde a idéia de história estrutural na obra da escola dos ANNALES estava relacionada em certos aspectos a concepções estruturalistas mais gerais Review 134 1978 Como ampla abordagem teórica nas ciên cias sociais o estruturalismo pode ser distin guido por sua oposição ao humanismo ao his toricismo e ao empirismo É antihumanista no sentido de que as ações conscientes e delibera das de indivíduos e grupos sociais são am plamente excluídas da análise e suas próprias proposições explanatórias são concebidas em termos de causalidade estrutural Esse ponto de vista foi expresso com clareza por Maurice Godelier 1966 quando este diferenciou dois tipos de condições para o surgimento funcio namento e evolução de qualquer sistema social atividade intencional e propriedades nãoin tencionais inerentes às relações sociais e atribuiu uma importância decisiva a estas úl timas afirmando que a razão ou base extrema para as transformações sociais será encontrada na compatibilidade ou incompatibilidade entre estruturas e no desenvolvimento de contradi ções dentro de estruturas A oposição humanis taestruturalista fica evidente também na dis cussão contrastante de razão dialética e ana lítica travada por Claude LéviStrauss 1962 cap9 e por JeanPaul Sartre 1960 As inves tigações metodológicas de Sartre visavam es clarecer a relação entre condições estruturais e ações intencionais os projetos de in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estruturalismo 275 divíduos bem como a introduzir num marxis mo esclerosado algo da perspectiva indivi dualista e humanista do existencialismo O antihistoricismo fica manifesto na obra de LéviStrauss por meio de uma preferência geral pelas investigações sincrônicas em vez das diacrônicas com o objetivo de descobrir as características estruturais universais da socie dade humana e mais remotamente relacionar essas características às estruturas universais da mente humana Nesse ponto o estruturalismo demonstra sua afinidade muito estreita com a moderna teoria lingüística Lyons 1970 p99 Alguns estruturalistas marxistas em especial Hindess e Hirst 1975 Conclusão expres saram uma visão antihistoricista com par ticular energia negando que o marxismo seja ou pudesse ser uma ciência da história uma vez que todas as tentativas de formular explicações históricas surgem como doutrinas teleológicas e não como teorias científicas O estruturalismo é também antiempirista no mesmo sentido da filosofia realista da ciência em virtude de sua insistência na eficácia causal de uma estrutura profunda subjacente à aparência superficial imediatamente dada dos eventos Esse aspecto foi exposto claramente por Godelier 1973 1977 p35 em sua crítica do funcionalismo empírico clássico o qual ele afirmava ao confundir estrutura social com relações sociais externas está condenado a permanecer pri sioneiro das aparências dentro do sistema social estudado não havendo possibilidade alguma de se revelar uma lógica sob a superfície Um dos aspectos destacados do movimento estruturalista foi sua estrita conexão com o marxismo LéviStrauss considerava Marx co mo o ponto de partida para o seu próprio pen samento e o estruturalismo tornouse o prin cipal veículo para transmitir uma orientação marxista significativa à antropologia Godelier 1973 Bloch 1975 Seddon 1978 Em socio logia bem como em antropologia o marxismo estruturalista de Althusser muito próximo da orientação geral do pensamento estruturalista mas concentrando a atenção nos elementos que eram essenciais na teoria de Marx os modos e as relações de produção as relações entre diferentes níveis de vida social econômica política e ideológica e contradições estruturais exerceu ampla influência em especial sobre os estudos de diferentes formas de sociedade estado e classes sociais A abordagem estruturalista foi criticada num primeiro estágio por adeptos de outros pontos de vista metodológicos nas ciências sociais por exemplo Leach 1967 e em sua forma marxis ta por pensadores de outras escolas de pen samento marxista No final dos anos 70 sua influência começou a diminuir e na década seguinte foi eclipsado pela ascensão do póses truturalismo ou pósmodernismo ver MODER NIDADE em que a idéia de uma estrutura fixa e objetiva de significado ou relações sociais é abandonada Eagleton 1983 cap4 De modo menos extremo outros teóricos sociais têm reintroduzido na discussão metodológica essas questões a respeito da relação entre estrutura e mediação humana ou estrutura e mudança his tórica que são temas recorrentes do pensamen to social Leitura sugerida Bottomore Tom e Nisbet Roberts orgs 1978 A History of Sociological Analysis Eagle ton Terry 1983 Literary Theory an Introduction Leach ER org 1967 The Structural Study of Myth and Totemism LéviStrauss Claude 1958 Anthro pologie structurale Lyons J 1970 Chomsky Pia get Jean 1968 Estruturalisme Robey David org 1973 Structuralism An Introduction Schaff Adam 1974 Structuralisme et marxisme TOM BOTTOMORE estrutura social Embora este seja um dos conceitos mais importantes nas ciências so ciais em geral é difícil uma vez que a maioria dos cientistas sociais não define os termos de maneira precisa diferenciálo em sua utiliza ção de expressões alternativas como organiza ção social e sistema social A primeira utiliza ção explícita da expressão estrutura social foi feita provavelmente por Herbert Spencer 1858 No entanto o conceito de estrutura so cial data de um período muito mais antigo e é capital para Ibn Khaldun em seu livro Muqa dimmah escrito no final do século XIV Estrutura pode ser definida como um corpo organizado de partes mutuamente ligadas Na estrutura social as partes são relações entre pessoas e o corpo organizado das partes pode ser considerado coincidente com a sociedade como um todo Está também implícito no con ceito de estrutura social que existe um certo grau de permanência no decorrer do tempo Nesse ponto a ênfase será dada aos teóricos cujas carreiras profissionais começaram ou ter minaram no século XX O pensamento no século XX porém tem uma dívida para com a reflexão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 276 estrutura social de pessoas que viveram nos séculos anteriores A contribuição destas não pode ser ignorada Na seqüência deste verbete vou concentrarme em duas questões básicas a respeito da natureza da estrutura social que têm sido de importância extrema para os teóricos sociais No que diz respeito a cada uma das duas ainda não se conseguiu chegar a um acordo acadêmico A primeira questão diz respeito ao grau em que a estrutura social se baseia primordialmente no consentimento ou na coerção Em 1858 Her bert Spencer uniu a palavra estrutura à palavra função Ao fazêlo invocou uma metáfora da sociedade como semelhante ao organismo hu mano Essa analogia implica que todas as partes da sociedade são integradas e que cada uma delas serve para sustentar o todo existente Uma vez que não há espaço para o conflito em tal analogia seguese também que a base da exis tência de sociedade é o CONSENSO e não a COER ÇÃO A teoria de Karl Marx 184546 1848 proposta em meados do século XIX opõese diretamente a essa visão da sociedade Para Marx cada forma existente de sociedade como feudalismo ou capitalismo se baseava na coer ção exercida pela classe dominante sobre as classes subordinadas Não obstante o conflito na teoria de Marx desapareceria depois da revolução proletária e do estabelecimento do socialismo Entre os teóricos do século XX a importância do consenso foi enfatizada ener gicamente por Emile Durkheim 1893 AR RadcliffeBrown 1952 e Talcott Parsons 1951 Por outro lado uma visão de conflito da sociedade é apresentada na obra de Ralf Dahrendorf 1957 Diversamente de Marx Dah rendorf enfatizou que o conflito estará presente tanto na sociedade capitalista quanto na socialista A maior parte dos teóricos sociais acreditava que a estrutura social se baseia em parte no consenso e em parte na coerção No século XX entre os teóricos dessa linha in cluíramse Max Weber 1922 Vilfredo Pareto 191619 e Robert Merton 1949 Uma pala vra de Merton disfunção denota explicitamen te que certos elementos da estrutura social po dem funcionar contra a manutenção dos outros Todos os teóricos sociais têm reconhecido que no decorrer do tempo ocorrem mudanças na estrutura social No entanto a natureza de tais mudanças tem sido motivo de debate Al guns teóricos encararam a mudança na estrutura social como cíclica Outros afirmaram que a mudança social ocorre numa direção linear e abraçaram teorias evolucionistas Ibn Khaldun 1377 foi o primeiro dos teó ricos cíclicos Com base em suas observações empíricas das sociedades árabes no Norte da África medieval ele postulou a existência de dois tipos de sociedade uma sociedade pastoril nômade em que era forte a solidariedade social e uma sociedade urbana com um nível relativamente baixo dessa solidariedade Ele descreveu um ciclo em que a sociedade pastoril conquistava a urbana e estabelecia um novo estado No entanto a solidariedade social decrescente na sociedade urbana levava gradualmente a sua desintegração e finalmen te a sua conquista por outra sociedade pastoril No século XX os dois teóricos cíclicos mais destacados foram Oswald Spengler 191822 e PA Sorokin 193741 Spengler em uma obra publicada pouco depois do final da Primei ra Guerra Mundial rejeitava a idéia de progres so e via a civilização como um ciclo contínuo de crescimento decadência e morte a civiliza ção ocidental contemporânea particularmente era encarada como moribunda Sorokin numa obra publicada pouco antes da Segunda Guerra Mundial encarava a sociedade como passando por um ciclo com três estágios o ideacional religioso o idealista e o sensato De acordo com seu princípio de mudança imanente cada tipo lançava as sementes de sua própria destrui ção e a transição de um estágio a outro era acompanhada pela guerra e pela crise social A idéia de que a mudança na estrutura social ocorre em uma direção única foi apresentada pela primeira vez por Henri de SaintSimon no início do século XIX e foi elaborada por seu protégé Comte 183042 que postulou três estágios no desenvolvimento da estrutura so cial o teológico o metafísico e o positivo Marx também acreditava que a mudança na estrutura social evoluía em uma única direção e atribuiu ao modo econômico de produção o papel de força propulsora dessa mudança Spencer tam bém se interessou bastante pelos estágios da evolução humana particularmente no que dizia respeito à família ao estado e à religião Spen cer 187696 Em 1911 Franz Boas criticou as tentativas de se fazerem descrições excessivamente pre cisas sobre a evolução da estrutura social Boas 1911 Talvez devido a sua influência durante o restante da primeira metade do século se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estrutura social 277 reduziu o interesse entre os estudiosos pelo modo como a estrutura social poderia vir a evoluir no tempo Esse interesse renasceu de pois da Segunda Guerra Mundial particular mente em seguida à publicação de um livro de Walter Goldschmidt 1959 detalhando cinco estágios da sociedade como dependentes de níveis de tecnologia Parsons 1966 em uma de suas últimas obras examinou a evolução da estrutura social em termos do processo de dife renciação tanto da estrutura quanto da função de uma forma que fazia lembrar Spencer Ver também ESTRUTURALISMO Leitura sugerida Leach ER 1968 Social structure the history of the concept In International Encyclope dia of the Social Sciences org por DL Sills vol14 Moore WE 1963 Social Change Moseley KP e Wallerstein I 1978 Precapitalist social structures Annual Review of Sociology 4 25990 Smelser NJ 1988 Social structure In Handbook of Sociology org por NJ Smelser Udy SH 1968 Social struc ture social structural analysis In International En cyclopedia of the Social Sciences org por DL Sills vol14 DAVID M HEER ética Em seu sentido mais amplo ética re ferese à avaliação normativa das ações e do caráter de indivíduos e grupos sociais É em geral usada alternadamente com MORALIDADE para se referir às obrigações e deveres que governam a ação individual No entanto há motivos para afirmar que a moralidade nesse sentido é uma instituição peculiarmente mo derna e que a palavra ética deveria ser com preendida de maneira mais ampla Williams 1985 A ética pode surgir na teoria social em três níveis diferentes 1 diferentes sistemas de crença e conduta éticas podem formar o objeto de estudo da teoria social 2 as teorias sociais podem fazer alegações metaéticas quanto ao status lógico e epistemológico de manifesta ções éticas e 3 as teorias sociais podem com prometerse com pontos de vista éticos substan tivos Ver VALORES Os debates metaéticos em teoria social têm se concentrado na relação entre asserções éticas e descritivas Os defensores da liberdade de valor afirmam que as asserções descritivas e éticas são logicamente independentes e se com prometem com a posição de valor de que ao mesmo tempo em que faz ciência social o teórico social não deve fazer alegações éticas Weber 1904 Os críticos da liberdade de valor ou rejeitam essa posição de valor Gouldner 1964 ou negam a independência lógica de fato e valor Strauss 1953 A discussão ética substantiva dentro da teo ria social tem sido dominada por duas amplas perspectivas éticas a ética utilitarista Glover 1990 Sen e Williams 1972 Smart e Williams 1973 e a ética baseada em direitos ver LEI com fundamentos kantianos ou contratualistas O utilitarismo clássico tem dois componen tes o conseqüencialismo a justeza de uma ação deve ser julgada por suas conseqüências e o hedonismo a única coisa boa em si mesma é a felicidade concebida como prazer e ausência de dor A melhor ação é aquela cujas conseqüências maximizam a felicidade Algu mas variedades posteriores de utilitarismo re jeitaram o componente hedonista da doutrina clássica A variedade mais influente é o utilita rismo de preferência de acordo com o qual a melhor ação é a que maximiza a satisfação de preferência das partes envolvidas Esse prin cípio ético surge à guisa de um princípio de eficiência na moderna Teoria econômica do bemestar ver BEMESTAR TEORIA ECONÔMICA DO Tanto na economia neoclássica quanto na economia austríaca os valores são tratados co mo expressões de preferências subjetivas ver VALOR Numa análise de custosbenefícios os pesos dessas preferências são tidos como men suráveis pela disposição de uma pessoa de pa gar pela sua satisfação O critério padrão de eficiência empregado é o critério potencial de melhoria de Pareto uma proposta é eficiente se a satisfação de preferência é maior que a insatis fação de preferência de forma que os que ga nham ficam em posição de compensar os que perdem e ainda se saem melhor Kaldor 1939 Hicks 1939 Esse critério de eficiência cor porifica uma posição ética substantiva o utili tarismo de preferência a mais eficiente de um grupo de propostas é a que maximiza a satisfa ção de preferência sobre a insatisfação No entanto afirmase que ele é compatível com uma doutrina central de boa parte da recente teoria política liberal a de que o estado deveria ser neutro entre diferentes concepções do que é bom Uma vez que toma os valores como expressões de preferências e toma estas como dadas ele permanece neutro entre valores diferentes Embora o utilitarismo permaneça crucial para a teoria econômica liberal na teoria polí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 278 ética tica o liberalismo tendeu a ser de uma variedade deontológica Afirmar uma ética deontológica é negar o conseqüencialismo e pretender que as razões morais estão fundamentadas em certos deveres como o dever de não torturar Onde o utilitarista permite que o bemestar de um in divíduo seja posto de lado caso isso leve à maximização da felicidade ou da satisfação de preferência o liberal deontológico afirma que os indivíduos têm direitos que incorporam exi gências morais as quais não podem ser assim postas de lado Os direitos individuais são trun fos na argumentação ética e política Dworkin 1977 pXI Uma ética baseada em direitos dá primazia a princípios de JUSTIÇA que o utilitaris mo como princípio agregador trata como de rivativos O conflito entre as perspectivas éticas utilitária e baseada em direitos domina os de bates tanto teóricos quanto de políticas de ação Para um bom exemplo deste último ver Glover et al 1989 A ética baseada em direitos apela para sua fundamentação ou a uma concepção kantiana de respeito pelas pessoas de acordo com a qual as pessoas devem ser tratadas sempre como fins em si mesmas e nunca meramente como meios ou a uma explicação contratualista dos princípios éticos de acordo com a qual prin cípios éticos defensáveis são aqueles com que indivíduos movidos pelo autointeresse concor dariam em condições ideais ou como é o caso com John Rawls a ambas as fundamentações Para Rawls 1971 princípios de justiça defen sáveis são aqueles com que indivíduos movidos pelo autointeresse concordariam em condições de ignorância com relação a sua posição social características capacidades e concepções par ticulares sobre o que é bom Os agentes sob um véu de ignorância chegariam a dois princípios básicos o princípio de Igualdade de acordo com o qual cada um tem direitos iguais a liber dades básicas e o princípio de Diferença se gundo o qual as desigualdades sociais e econô micas só são justificadas se os que estão em pior condição se encontram melhor do que estariam em condições de igualdade O primeiro prin cípio tem prioridade sobre o segundo Outro influente proponente de um liberalismo basea do em direitos é Nozick 1974 que simples mente parte do pressuposto de que os indiví duos têm certos direitos e segue defendendo um estado minimalista dentro de uma economia de livre mercado Ver também Gauthier 1986 Uma explicação da ética que não utiliza a idéia de contrato mas divide com Rawls uma herança kantiana e um engajamento com prin cípios de justiça neutra entre diferentes concep ções do bom é a de Jürgen Habermas 1986 p170 Este tenta fundamentar a ética na razão comunicativa Ao executar um ato discursivo aquele que fala se empenha com a significati vidade de sua expressão e com as asserções de que ela é verdadeira em que está sendo sincero e em que tem o direito de falar como fala Enquanto atos discursivos particulares geral mente não se mostram à altura das asserções que implicitamente fazem estas devem ser em princípio justificáveis ou redimíveis Invo cam afirma Habermas uma situação discur siva ideal caracterizada como aquela em que indivíduos chegam ao consenso sem força ou trapaça e onde cada um tem os meios e a opor tunidade de participar do diálogo pelo qual se chega ao consenso Os princípios normativos pressupostos pelos atos comunicativos forne cem a Habermas a base de uma ética kantiana reconstituída Ver Habermas 1981 e 1983 Benhabib e Dallmayr 1990 Tanto os utilitaristas quanto os kantianos partilham da suposição comum de que a avalia ção ética se fundamenta em princípios que são universais isto é se aplicam a todos e impar ciais ou seja se baseiam no preceito de que os indivíduos ou seus interesses devem receber igual respeito Essa suposição tem sido ques tionada por concepções particularistas da ética as quais afirmam que tais princípios são in capazes de explicar a avaliação ética que ocorre no contexto de relações particulares com ou tros Essa questão está no cerne da crítica co munitária do liberalismo a qual afirma que o liberalismo pressupõe uma visão do eu como desembaraçado de compromissos particulares com outros indivíduos tradições práticas e concepções do que é bom Contra essa visão o comunitarista afirma que a identidade de um agente é constituída por esses compromissos específicos que formam o ponto de partida para a avaliação e o debate éticos MacIntyre 1981 Sandel 1982 Taylor 1975 parte 4 Crítica semelhante surgiu a partir de uma direção diver sa na obra de Gilligan sobre uma ética feminina Gilligan 1982 Kitay e Meyers 1987 A obra de Gilligan originase de uma crítica à explica ção piagetiana de Lawrence Kohlberg para o desenvolvimento moral que concebe a criança Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar ética 279 como rumando para um estágio pósconven cional de maturidade moral caracterizada em termos kantianos A maturidade moral é com preendida em termos de uma perspectiva de justiça na qual a moralidade consiste na aplica ção de princípios universais imparciais e abs tratos Gilligan afirma que a obra de Kohlberg descreve um caminho especificamente mas culino de desenvolvimento ético e indica ha ver um padrão caracteristicamente feminino de desenvolvimento no qual a maturidade mo ral é compreendida em termos de uma pers pectiva de zelo em que a ética consiste no cuidado com indivíduos específicos em relação aos quais o agente se encontra em relação par ticular por exemplo como amigo filho pai Alguns defensores de uma concepção par ticularista da ética de forma mais destacada MacIntyre também rejeitaram uma segunda suposição partilhada tanto por utilitaristas quanto por kantianos a de que a ética se preo cupa basicamente com as ações dos agentes e responde à pergunta como devo agir Contra essa suposição os proponentes de uma ética das virtudes fizeram reviver a clássica visão aristotélica da ética segundo a qual a avaliação ética se preocupa basicamente com o caráter dos agentes e responde à pergunta que tipo de pessoa devo ser As virtudes compreendidas como disposições de caráter que são condições necessárias a uma vida boa para os indivíduos substituem os deveres como os conceitos ava liadores centrais do vocabulário ético A ques tão do que seja levar uma vida boa ou próspera que em boa parte dos discursos liberais é tratada como questão de preferência pessoal recon quista o centro das atenções no debate ético Pontos semelhantes podem ser encontrados em trabalhos recentes sobre a ética marxista Estes abordam um paradoxo crucial nos textos de Marx sobre a moralidade o de que por um lado ele condena a moralidade como ideo lógica e ilusória afirmando que os comunistas não pregam nenhuma moralidade enquanto por outro lado sua obra é abundante em críticas éticas ao capitalismo A solução mais promis sora desse paradoxo é o argumento de que quando Marx critica a moralidade não está rejeitando todas as asserções éticas sobre a vida humana mas sim uma forma característica de argumentação e avaliação ética que apela para os conceitos morais quase legais de direitos e deveres Seus próprios argumentos éticos con tra o capitalismo em especial o da alienação e exploração que o capitalismo implica apelam para um conjunto de bens nãomorais que são necessários para que os indivíduos levem uma vida humana próspera Versões diferentes des se argumento são defendidas por Lukes 1985 Miller 1984 Skillen 1977 ver também Niel sen e Patten 1981 Geras 1985 Um trabalho recente sobre ética ambiental lançou mais um desafio às visões utilitarista kantiana e contratualista da ética Cada uma dessas perspectivas pressupõe um argumento particular a respeito do limite da classe de ser à qual se deve uma consideração ética direta Os adeptos das visões kantiana e contratualista es tendem a considerabilidade ética às pessoas O utilitarismo clássico estendea ainda mais a to dos os seres capazes de sentir dor e prazer e portanto inclui em seu contingente ético os animais sensíveis nãohumanos Singer 1977 Os proponentes de uma ética ambiental afir mam que os seres nãohumanos têm valor in trínseco e ampliaram as fronteiras da conside ração ética a fim de incluir por exemplo coisas vivas nãosensíveis e ecossistemas Goodpas ter 1978 Naess 1973 Routley e Routley 1979 Essa ampliação do contingente da preo cupação ética exigiria uma revisão radical da teoria ética existente Leitura sugerida Gilligan C 1982 In a Different Voice Goodpaster K 1978 On being morally con siderable Journal of Philosophy 75 Gouldner A 1964 Antiminotaur the myth of valuefree sociolo gy In The New Sociology org por I Horowitz Habermas Jürgen 1981 1984 1989 The Theory of Communicative Action volI Hicks JR 1939 The foundations of welfare economics Economic Journal 49 Kaldor N 1939 Welfare comparisons of econo mics and interpersonal comparisons of utility Econo mic Journal 49 Lukes S 1985 Marxism and Mora lity MacIntyre A 1981 1985 After Virtue 2ªed Naess A 1973 The shallow and the deep longran ge ecology movement a summary Inquiry 16 Nash R 1989 1990 The Rights of Nature Nielsen K e Patten S orgs 1981 Marx and Morality Canadian Journal of Philosophy Supp vol7 Rawls John 1971 A Theory of Justice Smart J e Williams B orgs 1973 Utilitarism For and Against Taylor C 1975 Hegel Weber M 1904 1949 The Methodolo gy of the Social Sciences Williams B 1985 Ethics and the Limits of Philosophy JOHN ONEILL ética protestante tese da A tese de Max Weber sobre a relação entre o puritanismo e o Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 280 ética protestante tese da espírito do capitalismo publicada pela pri meira vez em 1904 gerou uma discussão entre os estudiosos que continua até o dia de hoje No entanto grande parte da controvérsia sempre disse respeito à compreensão correta da tese e em particular a se Weber pretendia alegar que o CAPITALISMO era efeito do puritanismo ou mais especificamente do calvinismo Esse de bate deveria ser compreendido em termos da preocupação constante do século XX com as questões de método histórico e com a gênese da MODERNIDADE A tese deriva de três textos os ensaios de Weber em A ética protestante e o espírito do capitalismo 19045 seu ensaio sobre as seitas protestantes na América do Norte 1906 e suas réplicas de 1910 a Karl Fischer e Felix Rachfahl in Winckelmann 1968 O primeiro livro de senvolve três observações Em primeiro lugar que nos séculos XVI e XVII a maior parte dos países economicamente desenvolvidos era pro testante e dentro deles as burguesias economi camente mais avançadas estavam associadas à Reforma Em segundo lugar que o novo es pírito do capitalismo diferia do mero enriqueci mento ou da ganância em geral que são ubí quos no sentido de que o espírito capitalista era definido por uma conduta de vida eticamente regulada e pela busca do acúmulo de capital como um fim em si mesmo Ver também ÉTI CA Em terceiro lugar que havia uma afinidade entre a teologia do puritanismo especialmente seu conceito de chamamento e o espírito secular do capitalismo conforme proposto por autores como o moralista norteamericano Ben jamin Franklin A essência do argumento de Weber é que um movimento teológico fundamentado na Refor ma teve a conseqüência não pretendida de con tribuir para o ethos mundano e materialista do capitalismo O elo entre os dois é reconstruído através da doutrina calvinista da predestinação Se Deus determinou o padrão da Criação pela eternidade então os salvos os eleitos e os condenados já estavam também predetermina dos Isso deve ter criado para os calvinistas uma solidão íntima sem precedentes uma vez que a salvação não podia ser alcançada por exemplo através dos sacramentos ou das boas obras Weber afirma que essa questão serei eu um dos eleitos devia surgir mais cedo ou mais tarde para cada crente forçando todos os outros interesses para um segundo plano Weber 19045 1974 p110 Os calvinistas buscaram a prova da eleição pelo sucesso na atividade mundana pois ser próspero na vida era ter sido escolhido como um dos intendentes de Deus No entanto os calvinistas condenavam o gozo relaxado da vida e isso impedia que os lucros fossem gastos num consumo conspícuo Assim o comércio veio a ser regulado por disposições motivacionais que nunca antes haviam existido Seja prudente diligente nunca ocioso pois tempo é dinheiro cultive um bom nome no crédito seja pontual no pagamento de emprés timos e frugal no consumo A recompensa do esforço tornouse a sensação irracional de ter cumprido bem o seu dever p71 Essa tese oferece uma explicação do motivo por que o capitalismo se desenvolveu especifi camente no Noroeste da Europa ainda que precondições tais como trabalho assalariado mercados tecnologia ou distinção entre o lar e a produção tenham existido em outras partes No entanto isso também representa uma afirma ção sobre modernidade racionalidade e his tória O capitalismo é racional como sistema de contabilidade e planejamento mas seu valor central a acumulação como um fim em si mesma é tão irracional quanto qualquer ou tra meta Assim Se este ensaio vier a represen tar alguma contribuição que seja a de destacar a complexidade do conceito apenas superficial mente simples do racional Weber 19045 1974 p194 Além disso Weber afirmou que a transposição da idéia de chamamento de um âmbito religioso para um âmbito secular foi totalmente imprevista para a teologia A história segue uma lógica de conseqüências involun tárias governada por afinidades acidentais e não poderia portanto seguir o tipo de leis de desenvolvimento proposto pelo materialismo histórico Questões como a gênese do capitalismo e a natureza da explicação histórica também preo cupavam contemporâneos de Weber como Werner Sombart Karl Fischer Felix Rachfahl e Ernst Troetsch e a publicação de A ética protestante incitou um debate que continuou durante todo o século XX Weber foi em geral mal compreendido como tendo afirmado que o capitalismo em oposição ao ethos capitalista era efeito do puritanismo Assim RH Tawney em Religion and the Rise of Capitalism que em alguns sentidos fazia eco à crítica de Rachfahl de 1909 afirmou que o capitalismo em Veneza Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar ética protestante tese da 281 e Florença no século XV foi anterior ao purita nismo que teóricos políticos como Maquiavel deram ímpeto ao espírito capitalista e que o calvinismo em si mesmo era anticapitalista O protestantismo concluiu Tawney foi o terreno ideológico no qual o capitalismo se afirmou Em The Quintessence of Capitalism 1913 Sombart afirmou que o catolicismo não im pedia a atividade lucrativa e que o ímpeto para o capitalismo havia derivado de grupos mar ginalizados como os judeus e de comerciantes aventureiros Esses argumentos sobre cronolo gia e influência causal não se limitaram ao debate no início do século XX mas surgem ainda hoje como indica a obra de Pellicani 1988 A resposta de Weber a críticos como Ra chfahl Sombart ou Fischer na qual ele teve o apoio de Troetsch foi reafirmar que não havia alegado mais que uma afinidade eletiva entre o puritanismo e o espírito do capitalismo É evidente que havia comerciantes aventureiros alheios à teologia puritana No entanto era o espírito da acumulação como parte de um estilo de vida ascético que diferenciava a atividade capitalista nos séculos XVI e XVII do enrique cimento em geral Era esse espírito que corpo rificava a congruência entre a teologia da Refor ma e as motivações econômicas do capitalismo Weber 1910 Além do mais Weber já previra as acusações de idealismo quando observou é claro que não é minha intenção substituir uma interpretação causal da cultura e da história unilateral e espiritualista por uma outra igual mente unilateral materialista Ambas são igual mente possíveis Weber 19045 1974 p183 No entanto esse desmentido já é uma suges tão do tipo de ambigüidades da tese que têm alimentado sete décadas de debates Será que Weber realmente só queria sugerir uma afini dade eletiva entre o puritanismo e o ethos capi talista Se for esse o caso então a alegação é sugestiva impelindo CP Hill e Robert Merton a examinar os elos entre puritanismo e ciência natural por exemplo mas não é forte Além do mais que é que ela significa em termos de se escrever a história se cada explicação é igual mente possível Karl Löwith um marxista sim pático ao projeto de Weber interpretou como querendo dizer que ambas são igualmente im possíveis Löwith 1932 p103 daí as ex plicações históricas deverem ser multilaterais p104 No entanto a tese da ética protestante também implica uma renúncia da história como narrativa estruturada tal como expõe o ma terialismo histórico em favor de conexões múl tiplas em meio ao caos das conseqüências ines peradas Os valores puritanos descobriram afi nidades com um sistema materialista que em sua forma desenvolvida teria horrorizado os teólogos da Reforma É possível detectar aqui uma idéia da história e da modernidade com fenômenos trágicos no sentido também apon tado por um colega de Weber Georg Simmel A cultura moderna é trágica quando as forças que a destroem são conseqüências necessárias de propriedades essenciais ao fenômeno em si mesmo No entanto isso não está explicitamen te afirmado na obra de Weber Apenas indica o tipo de inferência mais ampla que a tese admite e que tem ocupado estudiosos em todo o decor rer deste século Leitura sugerida Eldridge JET org 1972 Max Weber Fischoff E 1944 The Protestant ethic and the spirit of capitalism the history of a controversy Social Research 11 6177 Green RW org 1959 Protestantism and Capitalism the Weber Thesis and its Critics Hennis W 1988 Max Weber Essays in Reconstruction Marshall G 1982 In Search of the Spirit of Capitalism An Essay on Max Webers Protes tant Ethic Thesis Mommsen Wofgang J 1977 Max Weber as critic of Marxism Canadian Journal of Sociology 2 37398 Poggi G 1983 Calvinism and the Capitalist Spirit Ray LJ 1987 The Protestant ethic debate In Classic Disputes in Sociology org por RJ Anderson JA Hughes e WW Sharrock Schlu chter W 1981 The Rise of Western Rationalism Max Webers Developmental History Sprinzak E 1972 Webers thesis as an historical explanation History and Theory 11 294320 LJ RAY etnicidade Esta é uma das principais carac terísticas socialmente relevantes dos seres hu manos Para compreendêla precisamos de monstrar como ela deve ser distinguida de RA ÇA classe status ver ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL e posição mas também como interage com estes na formação de grupos e sistemas sociais É importante distinguir a etnicidade de dife renciação racial Enquanto esta última ocorre em termos de diferenças físicas que se acredita serem biologicamente herdadas a diferencia ção étnica se dá em termos de diferenças cul turais que têm de ser aprendidas Essa distinção é confundida na teoria racista nãocientífica a qual presume que o comportamento cultural Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 282 etnicidade tanto quanto as características físicas é biolo gicamente herdado Uma das características da etnicidade e dos grupos étnicos para cuja for mação ela contribui é porém que as peculiari dades étnicas são comuns aos que são parentes biológicos O processo de aprendizagem atra vés do qual se adquire a cultura ocorre entre pais e filhos biológicos portanto não surpreende que raças e grupos étnicos às vezes se sobrepo nham Uma raça pode ser também um grupo étnico e um grupo étnico pode constituirse exclusivamente de indivíduos da mesma raça Não obstante as raças são grupos bem mais amplos e os grupos étnicos implicam diferenças sutis de comportamento de forma que dentro de qualquer uma das principais raças ou subra ças do mundo pode haver grande número de diferenças étnicas internas É também possível que indivíduos de raças diferentes se tornem membros do mesmo grupo étnico na medida em que o comportamento cultural de um grupo étnico pode em princípio ser aprendido não dependendo da herança biológica Os judeus na Alemanha foram erroneamente representados pelos ideólogos nazistas como constituindo uma raça enquanto na verdade eram um grupo étnico com uma cultura característica de base religiosa As classes sociais são coletividades cujos membros individuais estão unidos em primeiro lugar por interesses comuns Nesse aspecto são diferentes dos grupos étnicos para os quais um interesse comum não é uma característica defi nidora básica Para que as classes se tornem agentes coletivos porém é necessário que se tornem unidas pelos elos de uma organização comum de uma cultura comum e de uma cons ciência comum Pode acontecer de uma clas se capaz de contar com o vínculo étnico vir a ser mais forte e mais capaz de ação coletiva do que uma outra que desenvolve uma nova or ganização e uma nova consciência em torno de um interesse comum Por outro lado os grupos étnicos podem ser transformados por sua intera ção com um sistema de interesses Com fre qüência os laços de etnicidade estão latentes e podem até não levar à formação de um grupo a não ser que os indivíduos sejam ativados pela existência de interesses comuns Os grupos de status tal como os grupos étnicos baseiamse nas características culturais comuns de seus membros Ao contrário dos grupos étnicos porém é na natureza dos grupos de status que as características culturais defini doras do grupo se baseiam numa distinção hostil entre um grupo e outro Como diz Weber em Economia e sociedade os grupos de status baseiamse na distribuição diferencial da hon ra Um único grupo de status não pode existir por si próprio tem de fazer parte de um sistema hierárquico de grupos Embora os gru pos étnicos possam tornarse grupos de status quando os indivíduos comparam e avaliam suas próprias características culturais em contrapo sição às de outros grupos e embora a etnicidade possa ser uma das características avaliadas em um sistema de status esse tipo de ordenação de status não é da essência da etnicidade Na prá tica o que em geral encontramos porém é o funcionamento combinado de uma ordem étni ca e de status Deve observarse também que tanto etnicidade quanto status podem ser trans mitidos em grupos de parentesco de pais para filhos Contudo não são tão vigorosamente determinados por herança quanto os grupos raciais É possível que indivíduos de parentes cos diversos sejam unidos pela etnia e em um sistema de status é possível a mobilidade de um grupo de status para outro Um sistema de ordens é uma forma mais complexa de organização social uma forma com a qual a etnicidade pode estar envolvida Tal como um sistema de status implica a dis tribuição diferencial da honra mas tem os as pectos adicionais da especialização funcional pelas diferentes ordens e da desigualdade jurí dica e política entre elas tal como no sistema clássico de ordens da Europa medieval e nas sociedades coloniais No caso colonial os gru pos diferencialmente incorporados podem mui to bem ser grupos étnicos Sociedades desse tipo caracterizadas pela incorporação diferen cial de diferentes grupos étnicos são o que sociólogos chamam de sociedades plurais Smith 1963 e 1974 De acordo com a termi nologia aqui adotada sociedade plural é aquela em que diversos grupos étnicos estão organiza dos em um sistema de ordens Etnicidade e constituição de grupos étnicos ao que parece baseiamse na diferenciação cul tural dos indivíduos e na criação de laços sociais entre os que partilham de uma CULTURA comum Num sentido típico ideal é possível pressupor uma sociedade que consista em tais grupos e somente neles Na prática porém a etnicidade tornase envolvida na interação de raças clas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar etnicidade 283 ses grupos de status e ordens e se evidencia através deles Portanto não surpreende que ao se fazerem tentativas de definir etnicidade se tenha feito referência não às características de etnicidade em si mas aos grupos e diferencia ções estruturais dentro dos quais ela se expressa As tentativas clássicas dos antropólogos de definir a etnicidade dividiramna em teorias primordiais associadas ao nome Clifford Geertz 1963 e teorias situacionais associa das ao nome de Frederick Barth 1969 Segun do Geertz a etnicidade e a constituição de grupos étnicos são fatores primordiais no sentido de serem dados nas próprias condições da existência humana Esses dados incluem aquilo que ele chama de contigüidade e liga ção de vida isto é ligações derivadas da proxi midade territorial ou do parentesco mas além desses o dado que se origina de se ter nascido em uma comunidade religiosa particular falan do uma língua particular ou mesmo um dialeto de uma língua e seguindo práticas sociais par ticulares Geertz continua Essas continuidades de sangue fala costumes e as sim por diante exercem uma conseqüência inex primível e às vezes esmagadora sobre e a partir deles mesmos Uma pessoa está ligada a um parente a um vizinho a um companheiro de crença ipso facto como resultado não apenas da atração pessoal da necessidade tática do interesse comum ou da obriga ção moral contraída mas ao menos em grande parte em virtude de alguma significação absoluta e inex plicável atribuída ao próprio elo em si 1963 p109 Aqui Geertz desenvolve um tipo ideal de etnicidade em si mesma Ele a diferencia com bastante clareza de classe e de grupos ao estilo de classe que se baseiam na necessidade táti ca e no interesse comum do gosto e da aversão e talvez da honra e da desonra carac terísticos dos sistemas de status e das obriga ções intergrupais que talvez caracterizem os sistemas de ordem Mas inclui o parentesco biológico em sua lista de fatores primordiais e parecia a princípio estar confundindo raça e etnicidade Podese argumentar porém que os aspectos físicos passam a ser valorizados ao lado dos puramente culturais e assim se tor nam parte da cultura O que é mais interessante a respeito da definição de Geertz no entanto e o que acrescenta alguma coisa ao que já foi dito acima é que certas características valorizadas do aspecto e do comportamento humanos o são não como questão de escolha arbitrária mas como parte das próprias condições de existên cia As teorias situacionais sobre a etnicidade relacionamna estreitamente à busca de interes ses Os fatores primordiais a que Geertz se refere são encarados como permanecendo la tentes a não ser que a situação os torne relevan tes para a consecução de fins Nesse caso po dem ser recursos importantes para a cooperação necessária à consecução de fins Por outro lado os vários fatores envolvidos na etnicidade po dem constituir um estigma e um risco em rela ção à consecução de fins Nesse ponto parece que os teóricos situacionais estão chamando a atenção para as necessidades táticas e os in teressses comuns que Geertz exclui Eu também os excluí do tipo ideal de etnicidade embora observando que no mundo real os grupos étni cos vêm a se entrelaçar profundamente com as formações de classe social Ao mesmo tempo a noção de estigma chama a atenção para o desenvolvimento de distinções hostis à medida que um sistema de grupos étnicos se vai en trelaçando com a ordem de status Tudo somado podemos ver que a etnici dade compreendida como primordial no sen tido de Geertz é um fator entre os vários envol vidos na ordenação e na estrutura básicas da sociedade humana Dito de outra maneira po demos afirmar que etnicidade pura é um tipo ideal uma abstração analítica dos cientistas sociais Esses tipos ideais porém são essen ciais à ciência social e não há como uma ex plicação completa da estrutura social possa ser apresentada ignorandose o elemento da etnici dade Leitura sugerida Barth Frederick 1969 Ethnic Groups and Boundaries Geertz Clifford 1963 Old Societies and New States the Quest for Modernity in Asia and Africa Smith Michael Garfield 1963 The Plural Society in the British West Indies Ο 1974 Corpo rations and Society Warner W Lloyd 1936 Ameri can class and caste American Journal of Sociology 42 setembro Weber Max 192122 1967 Economy and Society vol2 cap9 JOHN REX etnometodologia Este campo da sociologia investiga o funcionamento do conhecimento produzido pelo senso comum e do raciocínio prático em contextos sociais Em contraste com as perspectivas que encaram o comportamento humano em termos de fatores causais externos ou de motivações internalizadas a etnometodo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 284 etnometodologia logia enfatiza o caráter ativo racional e cog nitivo da conduta humana Seu fundador e prin cipal teórico Harold Garfinkel afirmou que uma teoria da ação e da organização sociais estaria incompleta sem uma análise do modo como os agentes sociais compartilham o co nhecimento e o raciocínio produzidos pelo sen so comum na condução de seus assuntos co muns Pois sem tal análise seria impossível demonstrar como os membros do mundo social se comprometem com linhas de ação realistas e pactuadas Sua inovação crucial foi estabe lecer uma explicação das propriedades do conhecimento produzido pelo senso comum das compreensões compartilhadas e da ação social ordinária que pode ser desenvolvida em um programa coerente de pesquisa em pírica A etnometodologia desenvolveuse nos anos 60 a partir dos textos fenomenológicos de Alfred Schutz 196266 o qual afirmava que o conhecimento produzido pelo senso comum é fragmentado e incompleto articulado de uma forma tipificada aproximada e corrigível e que as compreensões partilhadas entre pessoas são realizações contingentes baseadas nesse conhe cimento Utilizando uma série de procedimen tos semiexperimentais conhecidos como ex periências de ruptura para criar desvios bási cos a partir de expectativas sociais tidas como certas Garfinkel 1967 foi capaz de demons trar o alcance dessas idéias Os desvios ex perimentais criaram profunda confusão e indig nação moral nos objetos da experiência In dicaram que as compreensões partilhadas as ações sociais e em última análise as institui ções sociais são sustentadas por um complexo corpo de suposições admissões tácitas e méto dos de inferência em suma um conjunto de métodos ou metodologia que informa a produção de objetos e ações culturalmente sig nificativos e também a compreensão destes São esses métodos de raciocínio do senso co mum e suas propriedades que constituem o objeto de pesquisa da etnometodologia Os métodos de raciocínio do senso comum são fundamentalmente adaptados ao reconheci mento e à compreensão de eventosemcontex to Na análise de Garfinkel as compreensões comuns são o produto de um processo circular no qual um evento e seu pano de fundo são dinamicamente ajustados um ao outro para for mar uma Gestalt coerente Garfinkel descreveu esse processo seguindo Karl Mannheim como o método documental de interpretação e afir mou que ele é um aspecto ubíquo do reco nhecimento de todos os objetos e eventos desde os aspectos mais mundanos da existência coti diana até as mais recônditas realizações artís ticas ou científicas Nesse processo reúnemse as ligações entre um evento e seu pano de fundo físico e social usandose uma série variada de suposições e procedimentos inferenciais O mé todo documental incorpora a propriedade da reflexividade mudanças na compreensão do contexto de um evento provocarão alguma mu dança ou elaboração da apreensão do evento central e viceversa Quando empregado num contexto temporalmente dinâmico que é uma característica de todas as situações de ação e interação social ele forma a base para com preensões de ações e eventos entre os par ticipantes compartilhadas e atualizadas A inerente contextualidade do método do cumental está associada a outras propriedades do raciocínio e da ação práticos Uma proposi ção fundamental da etnometodologia é que to dos os objetos e produtos do raciocínio prático conceitos descrições ações e assim por diante têm propriedades de indexação Isso significa que o sentido desses objetos é elabo rado e particularizado pelos contextos em que eles aparecem Embora essa propriedade seja um obstáculo reconhecido para a análise formal da linguagem e da ação e seja assim tratada na literatura sobre lógica da qual deriva a noção de indexação não é um obstáculo à condu ção da ação prática De fato os agentes sociais planejam regularmente sua conduta de forma a utilizar contextos locais para elaborar e par ticularizar o sentido daquilo que dizem e de suas ações Assim exploram as propriedades de in dexação da ação e do raciocínio prático Inver samente porém essas particularidades não po dem sustentarse fora de contexto Existe uma adequação inerentemente aproximada entre eventos particulares e suas representações mais gerais em descrições e em formulações mate máticas e essa adequação só pode ser avançada através de uma série de atividades interpre tativas aproximadoras que Garfinkel chama de práticas ad hoc Essas práticas são portanto cruciais para o processo pelo qual os agentes sociais sustentam a coerência a normalidade e a sensatez de suas circunstâncias e atividades cotidianas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar etnometodologia 285 O programa etnometodológico de pesquisa baseiase nessas observações essenciais Sua dinâmica fundamental tem origem no ponto de vista de que as compreensões compartilhadas de todos os aspectos do mundo social se apóiam em um corpo altamente complexo de métodos tácitos de raciocínio que são socialmente parti lhados e que têm caráter de procedimento Tal como esses métodos de raciocínio são utiliza dos para reconhecer objetos eventos e pessoas e para compreender descrições de todos estes também são igualmente usados para produzir aspectos do mundo social que são reconhecí veis e descritíveis ou para usar a palavra de Garfinkel responsáveis O fato de o mesmo conjunto de procedimentos de raciocínio ser empregado tanto para reconhecer eventos so ciais quanto para produzilos é a base elementar sobre a qual os membros de uma cultura podem vir a habitar um mundo social fundamental mente compartilhado A teorização fundamental de Garfinkel tem sido empregada num corpo diferente de estudos sociológicos empíricos Entre estes foi impor tante uma série de investigações da construção simbólica e prática de mundos sociais particu lares e circunscritos Wieder 1974 bem como do raciocínio básico pelo qual se obtém e se sustenta o senso conjunto das pessoas de uma realidade compartilhada Pollner 1987 Ou tros estudos têmse voltado para o tema da adequação aproximada entre descrições e even tos do mundo real De destaque nesse contexto têm sido as investigações sobre a criação or ganizacional dos dados estatísticos nos quais muitos estudos sociológicos se apóiam Nesse caso temse afirmado particularmente em relação a estatísticas sobre crime transgressão suicídio e assim por diante que o raciocínio prático das equipes de organizações construiu pressupostos teóricos sobre as causas desses fenômenos tão mergulhados em dados estatís ticos que os resultados são inúteis para a pes quisa sociológica Cicourel 1968 Atkinson 1978 Outros produtos significativos do pro grama etnometodológico têm abrangido estu dos de interação social mais destacadamente a análise conversacional ver CONVERSACIONAL ANÁLISE e iniciativas importantes na sociolo gia da ciência Lynch 1985 No decorrer do seu desenvolvimento a etno metodologia temse alternado entre tendências construtivas e desconstrutivas Nesse pro cesso criaramse novos campos de pesquisa na sociologia e em disciplinas correlatas e sur giram novas perspectivas sobre áreas tradicio nais de problemas Além contudo das áreas específicas nas quais a etnometodologia tem sido uma importante fonte de inovação está claro que ela também vem exercendo um im pacto importante e contínuo tanto sobre a teoria sociológica básica quanto sobre os modos pelos quais se abordam muitos tipos de problemas de pesquisa empírica Essa influência ampliouse para os campos adjacentes da PSICOLOGIA SO CIAL da LINGÜÍSTICA e da INTELIGÊNCIA ARTIFI CIAL Em todas essas direções a influência da etnometodologia é uma força dinâmica no pen samento social contemporâneo Leitura sugerida Atkinson JM 1978 Discovering Suicide Studies in the Social Organization of Sudden Death Cicourel AV 1968 The Social Organization of Juvenile Justice Garfinkel H 1967 Studies in Ethnomethodology Heritage J 1984 Garfinkel and Ethnomethodology Lynch M 1985 Art and Ar tifact in Laboratory Science Pollner M 1987 Mun dane Reason Reality in Everyday and Sociological Discourse Schutz Alfred 196266 Collected Papers 3 vols Wieder DL 1974 Language and Social Rea lity JOHN HERITAGE etologia Konrad Lorenz e Niko Tinbergen são normalmente encarados como os fundado res da moderna etologia a abordagem biológica do estudo do comportamento Por suas realiza ções pioneiras eles dividiram o Prêmio Nobel com Karl von Frisch em 1973 Lorenz e Tinber gen trataram o comportamento do mesmo mo do que qualquer outro aspecto de um animal no sentido de que os padrões de comportamento em geral têm uma regularidade e uma consis tência que se relacionam com necessidades ób vias do animal Além disso o comportamento de uma espécie geralmente difere de forma marcante do de outra Essa percepção foi um passo crucial para fazer com que o estudo do comportamento entrasse na síntese darwiniana que estava sendo forjada nos anos 30 Uma vez que seu pensamento estava impregnado da teo ria darwiniana da evolução os etologistas es pecularam repetidas vezes sobre a relevância em termos de adaptação das diferenças entre as espécies O interesse pela função biológica levou a muitos estudos excelentes de animais em con dições naturais Um animal em cativeiro geral Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 286 etologia mente se encontra demasiado constrangido por seu ambiente artificial para fornecer uma com preensão completa das funções da grande varie dade de atividades que a maior parte dos ani mais é capaz de executar Os estudos em con dições naturais de animais e cada vez mais de seres humanos têm sido um aspecto importante da etologia e desempenhado papel de destaque no desenvolvimento de métodos característicos e eficazes de observação e mensuração do com portamento Mesmo assim seria um engano descrever os etólogos como nãoexperimentais e preocupados meramente com a descrição Tinbergen foi um mestre em elegantes ex periências de campo e a excelente tradição que ele firmou continua até os dias de hoje Grava ções em fita de predadores ou congêneres tais como filhotes ou companheirosas potenciais são tocadas para animais livres a fim de des cobrir como estes reagem Da mesma forma foram usados bonecos e imitações de diferentes formatos para medir a reação a uma forma ou cor em particular tais como as bicadas que filhotes de gaivotas dão em diferentes objetos mais ou menos parecidos com os bicos de seus pais Esses e muitos outros exemplos demons tram que até mesmo o campo predominante da etologia implica muito mais que a mera obser vação passiva Além disso muitos etólogos têm dedicado a maior parte de suas vidas profis sionais a estudos de laboratório do controle e desenvolvimento do comportamento Na ver dade algumas das descobertas etológicas mais impressionantes tais como o imprinting em pássaros foram feitas em condições artificiais e influenciaram de modo marcante a forma co mo o comportamento vem sendo interpretado Quando observada em pássaros em cativei ro a elaborada seqüência envolvida na constru ção de um ninho não é facilmente explicada em termos de uma série de ações aprendidas cada qual desencadeada por um estímulo particular do meio ambiente Não obstante a disposição a considerar qual poderia ser um padrão de comportamento particular no ambiente natural sempre foi característica dessa matéria Quando essa abordagem era associada a comparações entre animais a fácil suposição de que todos os animais resolvem o mesmo problema da mes ma forma foi rapidamente revelada como falsa A abordagem comparativa continua a ser uma característica importante da etologia em geral Tinbergen destacou quatro problemas am plos porém isolados levantados pelo estudo biológico do comportamento A questão de co mo um padrão de comportamento é controlado tem a ver com os fatores internos e externos que regulam sua ocorrência e com o modo como funcionam os processos básicos O estudo do desenvolvimento do comportamento ocupase das influências genéticas e ambientais sobre a montagem de um padrão de comportamento no período de vida do indivíduo e com o modo como funcionam os processos de desenvol vimento O problema da função comportamen tal diz respeito ao modo como o padrão de comportamento ajuda a manter o animal vivo e a propagar seus genes na geração seguinte Finalmente os estudos evolucionistas do com portamento dizem respeito à história ancestral e aos modos pelos quais um padrão de compor tamento evoluiu Essas quatro áreas de pesquisa são distintas No entanto a posição etológica é a de que não devem ser severamente divor ciadas umas das outras Ao colocar uma questão em particular num contexto conceitual mais amplo alcançase maior compreensão qual quer que possa ter sido a questão central A abordagem funcional com toda a certeza tem ajudado os que se interessam pelo estudo do mecanismo e o estudo do desenvolvimento e da integração de comportamento tem propor cionado importantes percepções das pressões e coerções que vêm funcionando no decorrer da evolução Certos conceitos e teorias fundamentais es tiveram ligados em certo momento à etologia Já não formam uma parte tão central do pen samento etológico embora tenham sido impor tantes em seu desenvolvimento Dois conceitos básicos foram o estímulo do sinal e o padrão fixo de ação A idéia de estímulo do sinal tal como o peito vermelho de um tordo norteame ricano desencadeando um ataque por parte de um oponente foi produtiva por levar à análise dos caracteres de estímulo que incitam seletiva mente fragmentos particulares de comporta mento Os padrões fixos de ação ou padrões modais de ação como talvez seja sua melhor descrição proporcionaram unidades úteis para a descrição e a comparação entre espécies Ca racteres comportamentais têm sido usados na taxonomia e a preocupação zoológica com a evolução levou a tentativas de se formularem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar etologia 287 princípios para a derivação e a ritualização de movimentos que servem como sinais Tanto o conceito de estímulo do sinal ou desencadeador quanto o padrão fixo de ação desempenharam papéis importantes nas pri meiras tentativas etológicas de desenvolver modelos de sistemas de comportamento O mo delo do reservatório lavatory cistern de Lorenz era um fluxograma em mais de um sentido e forneceu a toda uma geração de etó logos um meio de integrar seu pensamento sobre a causalidade múltipla do comportamen to a partir tanto de dentro quanto de fora No entanto esse modelo era seriamente enganoso e em alguns sistemas de comportamento es pecialmente a agressão o desempenho do com portamento torna a repetição mais provável e não menos como prevê o modelo Outro mo delo de sistemas saiuse bem melhor na prova do tempo Foi desenvolvido por Tinbergen e dizia respeito à organização hierárquica do comportamento Aqui porém mais uma vez seu papel mais importante não foi tanto o poder de previsão quanto ajudar os etólogos a reunir indícios que de outra forma poderiam parecer desconectados Uma preocupação etológica clássica foi com o caráter inato de grande parte do compor tamento e esse tema esteve fortemente ligado ao desenvolvimento de uma teoria do instinto No entanto até mesmo os fundadores dessa temática não negaram a importância do apren dizado Ao contrário deram destaque a proces sos de desenvolvimento tal como o imprinting o qual especifica o que um animal trata como mãe ou companheiroa e o aprendizado do canto que especifica o modo como um pássaro macho canta um dialeto diferente do de outro macho da sua própria espécie Ainda assim Lorenz encarava o comportamento adulto co mo implicando a intercalação de elementos aprendidos e instintivos distintos e discer níveis Poucas pessoas ainda compartilham desse ponto de vista e o trabalho dos etólogos orientados para o desenvolvimento tem sido importante por ilustrar como os processos de desenvolvimento implicam uma interação entre fatores internos e externos Depois das primei ras e fracassadas tentativas de classificar o com portamento em termos de instintos a atenção concentrouse cada vez mais nas faculdades ou propriedades de comportamento que unem as categorias funcionais convencionais tais co mo alimentação namoro cuidado com os fi lhotes e assim por diante Conseqüentemente atribuise uma ênfase cada vez maior aos me canismos comuns de percepção armazenamen to de informação e controle de output À medi da que isso ocorre os interesses de muitos etó logos estão coincidindo em medida cada vez maior com as preocupações tradicionais da PSICOLOGIA O trabalho moderno também destruiu outra crença dos etólogos clássicos a de que todos os membros da mesma espécie e da mesma idade e sexo hão de se comportar do mesmo modo Já se foi o tempo em que uma pessoa em trabalho de campo podia supor com confiança que uma boa descrição de uma espécie obtida em um habitat podia ser generalizada para a mesma espécie em outro conjunto de condições am bientais As variações de comportamento den tro de uma espécie podem é claro refletir a penetração e difusão dos processos de apren dizado No entanto alguns modos alternativos de comportamento são provavelmente mais de sencadeados do que aprendidos pelas condições ambientais predominantes No caso do babuíno gelada por exemplo muitos machos adultos são bem maiores que as fêmeas e uma vez que assumem um grupo de fêmeas defendemnas das atenções de outros machos Outros machos por sua vez são do mesmo tamanho das fêmeas e conseguem surrupiar uma cópula quando um macho grande não está olhando O benefício compensatório para os machos pequenos é que eles têm vidas reprodutivas bem mais longas do que os machos grandes Parece provável que qualquer macho pode seguir qualquer um des ses dois caminhos e o caminho particular em que cada um deles se desenvolve depende das circunstâncias Exemplos como esse estão le vando a um crescente interesse por táticas alter nativas sua relevância funcional e a natureza dos princípios de desenvolvimento nelas im plícitos A etologia moderna reúne tantas disciplinas diferentes que desafia uma definição simples em termos de um problema comum ou de uma literatura comum Ela se sobrepõe extensamen te aos campos conhecidos como ecologia com portamental e SOCIOBIOLOGIA Além disso os que hoje em dia se dizem etólogos vão ser encontrados trabalhando ao lado de neurobió logos psicólogos antropólogos e psiquiatras sociais e desenvolvimentistas entre muitos ou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 288 etologia tros Os etólogos estão acostumados a pensar de maneiras que refletem sua experiência com sis temas de livre funcionamento que ao mesmo tempo influenciam muitas coisas à sua volta e por elas são influenciados Essas habilidades permitiramlhes compreender a dinâmica dos processos comportamentais e são valorizadas pelos que com eles colaboram Houve época em que a etologia parecia prestes a sucumbir a suas disciplinas irmãs No entanto ela ressurgiu co mo matéria importante que continuará a desem penhar um papel integrador igualmente sig nificativo no impulso de compreender para que servem os padrões de comportamento como evoluíram e como são controlados Leitura sugerida Alcock J 1989 Animal Behaviour 4ªed Hinde RA 1982 Ethology Immelmann K e Beer C 1989 A Dictionary of Ethology Jaynes J 1969 The historical origins of ethology and com parative psychology Animal Behaviour 17 6016 McFarland D 1985 Animal Behaviour Manning A e Dawkins M 1992 An Introduction to Animal Behaviour Martin P e Bateson P 1986 Measu ring Behaviour Slater PJB 1985 An Introduction to Ethology Slater PJB org 1986 The Collins En cyclopedia of Animal Behaviour PATRICK BATESON eugenia ciência da Descrevendo uma ciên cia aplicada que busca melhorar a herança ge nética da raça humana essa expressão referese também a um movimento social que busca po pularizar os princípios e práticas dessa ciência A palavra foi adaptada do grego no final do século XIX pelo cientista inglês Francis Galton 1883 p17 Antes de sua apropriação pelos nazistas nos anos 30 a idéia de eugenia desfrutou de amplo apoio em círculos tanto liberais quanto conser vadores em muitos países Isso refletia uma complexa mistura de influências e preocupa ções Em parte era reflexo do crescimento do pensamento racionalista e do interesse cada vez maior pelo planejamento social Refletia tam bém a consciência de que certas formas de incapacidade social tinham base hereditária E finalmente era um reflexo da influência das teorias raciais ver RACISMO Nas primeiras décadas do século os propo nentes da eugenia concentravam sua preocupa ção nos custos que representavam para a socie dade o retardo e a doença mentais e a degenera ção moral Isso levou à defesa da esterilização como meio de impedir que os portadores dessas características as transmitissem às gerações fu turas Nos Estados Unidos mais de 60 mil indivíduos foram esterilizados de acordo com leis estaduais que estipulavam a esterilização compulsória dos mentalmente insanos ou retar dados Na Alemanha nazista um sistema de tribunais especiais de saúde e eugenia ordenou a esterilização de mais de meio milhão de in divíduos considerados portadores de deformi dades físicas retardos mentais esquizofrenia epilepsia e outras doenças Como a ciência da genética na época mal dava os primeiros pas sos e como as teorias raciais pareciam manifes tamente legítimas para muitos defensores da eugenia as minorias raciais e étnicas foram desproporcionadamente visadas para a esterili zação Em seguida às revelações da enormidade dos crimes cometidos sob a influência da ideo logia nazista as teorias raciais foram repudia das pela maioria dos intelectuais do Ocidente e o movimento da eugenia devido a sua ligação com essas teorias entrou em eclipse As leis de esterilização compulsória foram repelidas e os esforços para melhorar a raça humana através do princípio da procriação seletiva foram prati camente abandonados Hoje em dia essas leis só estão em vigor em umas poucas áreas isola das como por exemplo partes da China Apesar do desaparecimento do movimento da eugenia em sua forma original os esforços para melhorar a herança genética da raça huma na têm sido retomados de uma forma radical mente diversa Durante a segunda metade do século XX a ciência da genética tem feito avanços extraordinários e uma conseqüência disso foi a descoberta de que muitas doenças humanas graves são geneticamente transmiti das por exemplo diabetes e anemia falcifor me Casais de risco são hoje estimulados a fazer exames genéticos e a levar em considera ção a possibilidade de permanecer sem filhos ou de abortar um feto que tenha tido o diagnós tico de alguma falha genética séria Comparandose as fases antiga e recente do movimento da eugenia observase uma mu dança de ações involuntárias para voluntárias com relação aos indivíduos afetados e de uma preocupação com incapacidades mentais mal compreendidas para um grupo limitado de in capacidades físicas claramente entendidas De vido a essas mudança o apoio público ao novo movimento de eugenia tem crescido nos últi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar eugenia ciência da 289 mos anos mas muitos continuam cautelosos e alguns são até mesmo ativamente hostis a quaisquer esforços para alterar a herança gené tica de nossa espécie Ver também DARWINISMO SOCIAL Leitura sugerida Haller M 1963 Eugenics Heredi tarian Attitudes in American Thought Kelves DJ 1985 In the Name of Eugenics Genetics and the Use of Human Heredity Ludmerer KM 1972 Genetics and American Society a Historical Appraisal Os born F 1951 Preface to Eugenics Pickens DK 1968 Eugenics and the Progressives Searle GR 1976 Eugenics and Politics in Britain 19001914 GERHARD LENSKI evolução No sentido mais geral evolução é um processo ampliado de mudança ou transfor mação de populações ou sistemas em que es tágios posteriores de uma entidade se desenvol vem gradualmente a partir de estágios anterio res As evoluções social e cultural portanto são casos especiais de um fenômeno muito mais geral Em todas as suas variadas manifestações a evolução é geralmente concebida como um processo irreversível embora raras exceções possam ocorrer O conceito de evolução é hoje em dia a base de importantes paradigmas em ciências que vão da astrofísica à zoologia e é aplicado a en tidades que vão desde o próprio cosmo até populações de organismos microscópicos O astrofísico ID Novikov 1983 pXIII por exemplo define a cosmologia como o estudo da estrutura e evolução do universo No uso prédarwiniano evolução significa va um processo de desdobramento ou de de senvolvimento por meio do qual os sucessivos estágios de uma entidade eram predetermina dos por atributos ou potencialidades inerentes como quando uma flor desabrocha ou um or ganismo se desenvolve do feto à condição adul ta Os biólogos hoje em dia porém referemse a tal processo como desenvolvimento reser vando a palavra evolução para processos que envolvem populações de organismos e nos quais o resultado é produto de uma interação entre uma população e seu meio ambiente co mo nas transformações intergeracionais de po pulações de plantas e animais Nas ciências sociais porém as palavras evolução e desen volvimento costumam ser usadas alternativa mente A primeira tende a ser usada quando se faz referência a mudanças no decorrer de sécu los ou milênios envolvendo a população huma na inteira e a última no decorrer de períodos mais curtos envolvendo sociedades tomadas isoladamente Embora o conceito de evolução se refira basicamente a um processo de mudança ele incorpora um reconhecimento do fato da con tinuidade Isso porque se baseia na suposição de que as entidades que mudam são populações ou sistemas feitos de múltiplos componentes Assim embora tais entidades possam ser dras ticamente alteradas a longo prazo como os mamíferos que são descendentes de organis mos unicelulares muitos componentes persis tem imutáveis durante períodos extensos por exemplo os códigos genéticos de todas as es pécies ao que tudo indica empregam pares dos mesmos quatro nucleotídeos há bilhões de anos A curto prazo ademais a continuidade é em geral bem mais evidente do que a mudan ça Essa capacidade de sintetizar dois aspectos do mundo empírico tão fundamentais mas apa rentemente tão contraditórios é obviamente um dos grandes atrativos do conceito evolucionista nas várias ciências O conceito evolucionista é atraente também porque dirige a atenção para os elos importantes entre passado presente e futuro René Dubois 1968 p270 destacado biólogo expressou isso muito bem quando escreveu O passado não é história morta é matéria viva com a qual o homem forja a si mesmo e constrói o futuro Apesar de seus atrativos o conceito de evo lução não deixou de ter críticos Entre estes se incluem não apenas os criacionistas que rejei tam a evolução com bases teológicas mas tam bém muitos cientistas sociais Os cientistas sociais apresentaram pelo me nos quatro motivos para justificar sua rejeição ao evolucionismo Primeiro muitos presumem que o conceito implique a crença em um pro gresso moral e em uma inevitável melhoria da condição humana Segundo muitos rejeitam a idéia de evolução com base em que ela implica certa forma de reducionismo biológico Ter ceiro os cientistas sociais com pendor huma nista rejeitam qualquer explicação generalizan te da história humana e insistem na importância dos fatores contingentes na formação das con seqüências de qualquer evento Finalmente muitos rejeitam o evolucionismo devido a sua eventual associação com o DARWINISMO SOCIAL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 290 evolução Embora tenha havido uma justificativa so cial para essas objeções no passado o pen samento evolucionista mais recente vem res pondendo de maneira geral aos problemas le vantados Assim o evolucionismo mais recente nega explicitamente tanto a inevitabilidade quanto a universalidade do progresso moral e da melhoria da condição humana Lenski e Lenski 1987 p399406 O progresso ou di recionalidade é visto na história humana ape nas em questões moralmente neutras tais como o crescimento da armazenagem de informações culturais úteis da escala de organização da diferenciação inter e intraorganizacional do poder do ser humano de manipular o meio ambiente biofísico Mesmo nessas questões o progresso só é evidente na população humana considerada como um todo não em cada socie dade tomada isoladamente Em segundo lugar o evolucionismo mais recente rejeita explicitamente o determinismo biológico identificando a cultura como o me canismo dinâmico na mudança social Embora o novo evolucionismo afirme que todas as cul turas refletem a herança genética de nossa es pécie ele encara essa herança como capaz de explicar apenas as características mais básicas do processo evolutivo tais como o uso univer sal de sistemas de símbolos e não as específi cas Isso é muito diferente do reducionismo simplista de parte do antigo evolucionismo e de boa parte da sociobiologia contemporânea Em terceiro lugar as teorias evolucionistas mais recentes são formuladas em termos de probabilidades e não do modo determinista a que os críticos humanistas se opõem Seu obje tivo é definir e descrever a natureza do campo das forças que influenciam as ações de indiví duos e sociedades sob condições específicas e com isso fornecer uma base para estimativas da probabilidade de vários resultados não pre visões nem explicações de resultados em casos individuais Finalmente apesar da associação do pen samento evolucionista com o darwinismo so cial a ligação parece em grande parte fortuita Basta lembrar o grande apreço de Marx pela obra de Darwin ou o panegírico feito por Engels à beira do túmulo do amigo para entender a natureza diversificada das implicações políticas do evolucionismo Berlim 1939 p2478 Har ris 1968 p68 Seria de supor que seus críticos acabarão por entender que o evolucionismo social não fornece base firme para qualquer agenda política isolada Ver também NEODARWINISMO PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA ECONOMIA PROCESSOS EVO LUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE SELEÇÃO NATURAL Leitura sugerida Calvin M 1969 Chemical Evolu tion Molecular Evolution towards the Origin of Living Systems on the Earth Dobzhansky T 1962 Mankind Evolving the Evolution of the Human Species Harris M 1968 The Rise of Anthropological Theory Hol land H 1984 The Chemical Evolution of the Atmos phere and Oceans Laszlo E 1987 Evolution the Grand Synthesis Lenski G e Lenski J 1987 Human Societies an Introduction to Macrosociology 5ªed Lewontin RC 1968 The concept of evolution In International Encyclopedia of the Social Sciences org por DL Sills vol5 p20210 Mayr E 1982 The Growth of Biological Thought Novikov ID 1983 Evolution of the Universe Simpson GG 1949 The Meaning of Evolution a Study of the History of Life and of its Significance for Man Tax S org 1960 Evolution After Darwin the University of Chicago Centennial vol1 The Evolution of Life vol2 The Evolution of Man Tax S e Callender C orgs 1960 Evolution After Darwin the University of Chicago Centennial vol3 Issues in Evolution GERHARD LENSKI evolucionário processo Ver PROCESSOS EVO LUCIONÁRIOS NA ECONOMIA PROCESSOS EVOLU CIONÁRIOS NA SOCIEDADE existencialismo Influente filosofia européia do século XX derivada da FENOMENOLOGIA a doutrina característica do existencialismo é de liberdade humana radical A palavra foi cunha da durante a Segunda Guerra Mundial para as idéias então em surgimento de JeanPaul Sar tre e Simone de Beauvoir O rótulo estendeuse primeiro a amigos do casal como Maurice Mer leauPonty sendo em seguida aplicada à obra de outros filósofos em especial Martin Heideg ger e Karl Jaspers que haviam influenciado Sartre Poucos dos que foram chamados de existencialistas gostaram disso ficando preo cupados o que é compreensível em serem associados de modo excessivamente estreito com os pontos de vista particulares de Sartre O existencialismo como filosofia deve ser distin guido do culto disseminado entre a juventude parisiense nos anos 40 e 50 que tomou empres tado o título Esse existencialismo de café pode ter sido apenas uma manifestação da de sordem espiritual do pósguerra usando a ex pressão criada por The Oxford Companion to Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar existencialismo 291 French Literature 1959 p261 enquanto as pretensões filosóficas são de relevância perene O existencialismo é uma fusão de dois te mas a idéia que remonta a Kierkegaard de que a existência humana é de natureza ímpar e as percepções essenciais da fenomenologia A existência humana se distingue primeiro pela capacidade singular das pessoas para a auto consciência e o autointeresse O ser humano é uma questão para si mesmo Heidegger 1927 p67 ele é um ser para si mesmo em oposição ao ser em si mesmo das meras coi sas Sartre 1943 pLXIII Em segundo lugar e de modo relacionado o que uma pessoa se torna não pode ser explicado por uma dada constituição ou por características essenciais mas somente pelas escolhas que a pessoa faz para resolver a questão da sua vida Assim a existência de uma pessoa precede a sua es sência Sartre 1946 p28 ou na colocação de Ortega existência é o processo de realizar as aspirações que somos 1941 p113 Uma importante percepção herdada da feno menologia diz respeito à prioridade do que Edmund Husserl chamou de Lebenswelt o mundo para todos nós sobre os mundos especializados abstraídos pelos cientistas Nós nos relacionamos com o mundo fundamental mente não como objetos naturais interagindo com outros de forma causal mas intencional mente isto é encarandoo como uma rede de sentido e significado somente através da qual as coisas podem sobressair para nós Os existencialistas porém afastamse essencial mente de Husserl ao insistirem em que não somos egos puros desincorporados mas ativos seres no mundo que vivenciam esse mundo como um equipamento Heidegger 1927 p97 como um mundo de tarefas e proje tos Sartre 1943 p199 Os dois temas estão intimamente relaciona dos É porque estamos sempre a caminho de realizar aspirações que o mundo se revela como um campo de sentidos como obstáculos e oportunidades digamos E é porque nos rela cionamos com as coisas intencionalmente e não estamos no mundo da maneira natural das pedras ou dos peixes que nos devemos reconhecer como criaturas para as quais as coi sas importam e cuja existência pode tornarse uma questão Esses temas convergem para produzir a ex posição radical que Sartre faz de LIBERDADE que é um conceito ao mesmo tempo metafísico e moral Ela denota primeiro a independência absoluta da escolha com relação a restrições causais uma liberdade diretamente vivenciada ao que ele alega num estado de espírito de Angst Meu caráter meus motivos e minha si tuação não podem forçar minhas escolhas uma vez que são parcialmente constituídos por esco lhas e interpretações Minha fadiga por exem plo é um motivo para parar e não para me forçar à frente com um esforço extra apenas à luz de ambições que eu tenha ou não adotado Uma vez que os valores que uso para justificar minhas ações são também projetados através de minhas aspirações não sendo fornecidos nem pela Natureza nem por Deus então minha liberdade é também moral Minhas decisões não levam em conta quaisquer fundamentos objetivos conclusivos daí o senso de absur do a que Sartre se refere 1943 p479 Liber dade nesses aspectos significa que uma pessoa é totalmente responsável por suas ações Não pode desculparse delas alegando compulsão nem tentar impingir os valores que informam suas escolhas como qualquer outra coisa além de seus próprios comprometimentos Resta po rém um imperativo moral de autenticidade o reconhecimento pleno vivenciado da própria responsabilidade cuja antítese é a máfé que a maioria de nós se permite na maior parte do tempo como quando por exemplo atribuímos nossas falhas a alguma força inexorável chama da caráter O existencialismo penetra no pensamento social em diversos pontos Em primeiro lugar fornece uma importante versão da visão de que pace o FUNCIONALISMO o comportamento social só é inteligível em termos da percepção e com preensão pelas próprias pessoas de suas situa ções Em segundo lugar ele se envolve com questões de ALIENAÇÃO A sensação que as pes soas têm de um mundo estranho desencan tado devese basicamente à incapacidade de entender a percepção fenomenológica de que o nosso é um mundo humano do qual o univer so neutro do cientista é uma abstração artificial Os existencialistas têm uma consciência nítida no entanto de que a ênfase na liberdade de escolher e recusar ameaça alienar o indivíduo de seus companheiros pois como diz Jaspers posso e devo levantar resistência íntima ao social que impus a mim mesmo 1932 vol2 p30 Isso leva em terceiro lugar a discussões Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 292 existencialismo das relações com o Outro que são encaradas pela maioria dos existencialistas como poten cialmente inimigas do alcance da autenticidade Para Heidegger o anônimo Eles Das Man seduz ou tranqüiliza o indivíduo à aceitação passiva dos hábitos e opiniões medianos De les 1927 p222 enquanto para Sartre o peri go vem do Olhar le regard do Outro seu poder de me categorizar e reificar 1943 p263 cf a exposição de Simone de Beauvoir em O segundo sexo 1949 de como o Outro na forma de homens consegue constituir a compreensão que as mulheres têm de si mesmas O inferno são os outros escreve Sartre não porque sejam o mal mas porque podem privarme do sentido de minha liberdade 1947 p182 As relações pessoais portanto tendem inerente mente ao agônico com cada pessoa tentando reduzir a liberdade da outra por meio de um ataque preventivo contra a ameaça que esta representa Em seus momentos mais otimistas porém Sartre concebe uma comunidade em que as pessoas entendem que o opressor opri me a si próprio e que o único caminho para um autêntico autoconhecimento é o do firme reco nhecimento do caráter recíproco da liberdade entre os seres humanos 1983 p443 Sua Cri tique de la raison dialectique 1960 1986 também se engaja fundamentalmente com o marxismo ao desenvolver uma teoria da ação política Leitura sugerida Baldwin Thomas 1986 Sartre Existentialism and Humanism In Philosophers An cient and Modern org por G Vesey p287307 Co oper David E 1990 Existentialism a Reconstruction Heidegger Martin 1927 1962 1970 Being and Time Jaspers Karl 1932 196971 Philosophy 3 vols MerleauPonty Maurice 1945 La phénoméno logie de la perception Sartre JeanPaul 1943 Lêtre et le néant Ο 1946 Lexistencialisme est un humanisme Ο 1983 Cahiers pour une morale Sprigge TLS 1984 Theories of Existence Warnock Mary 1970 Existentialism DAVID E COOPER expectativas racionais hipótese das De acordo com esta hipótese as expectativas de um indivíduo com relação a eventos futuros não deveriam sofrer de erros sistemáticos O motivo é simples a pessoa tem de ser capaz de aprender os componentes sistemáticos dos seus erros e existem todos os incentivos para fazêlo uma vez que ela só lucrará com a sua eliminação Assim é a tendência do agente proficuamente racional a tirar o melhor partido das opor tunidades ver ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA que é responsável pela geração de expectativas racionais E não surpreende que tenha sido lou vada como a hipótese natural a se usar na ECO NOMIA NEOCLÁSSICA De fato junto com a cha mada hipótese da taxa natural de desemprego ela constituiu um dos principais esteios da NOVA ECONOMIA CLÁSSICA extremamente influente Além disso simplificou enormemente a esti mativa de relações em econometria A formulação original de Muth 1961 sobre a hipótese das expectativas racionais tinha um enunciado ligeiramente diverso As expectati vas seriam as de que previsões da teoria eco nômica relevante ou de maneira mais geral a distribuição subjetiva de probabilidades de resultados devem tender à distribuição obje tiva de probabilidade e resultados Esse modo de colocar a hipótese possivelmente revela bem mais sobre as dificuldades que vieram a estar associadas a ela Os indivíduos podem querer evitar cometer erros sistemáticos mas atraves sar o abismo entre o subjetivo e o objetivo não é um exercício simples no mundo social Não é apenas uma questão de deixar o tempo passar como seria para alguém fazendo expec tativas a respeito da paisagem quando a neblina desaparecer Não há resultados objetivos nes se sentido pois os resultados no mundo social dependem das expectativas subjetivas que fazemos quanto a eles Essa interdependência gera dois problemas principais para a hipótese e eles se combinam para indicar que essa ex plicação da formação de expectativas permane cerá incompleta a não ser que seja suplemen tada por algum sentido adicional de intermedia ção individual O primeiro problema diz respeito à carac terização do processo de aprendizagem à medi da que um indivíduo passa de expectativas não racionais para racionais Formalmente uma vez que a recompensa de uma pessoa em particular por se ater a um conjunto de expectativas em vez de outro depende dos resultados efetivos e uma vez que esses resultados dependem das expectativas de outros uma pessoa encontrase na verdade em um jogo com outros ver JOGOS TEORIA DOS Nesse jogo um equilíbrio de Nash constitui uma expectativa racional e é o comportamento fora de equilíbrio de agentes nesse jogo que corresponde a um processo de aprendizado No entanto hoje se aceita de ma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar expectativas racionais hipótese das 293 neira geral que a análise desse comportamento fora de equilíbrio tem de recorrer a uma noção de intermediação racional que difere do sim ples senso de utilidade normalmente presumido na economia neoclássica Em segundo lugar há toda uma variedade de cenários sociais nos quais essa dependência dos resultados em relação às expectativas pro duz múltiplos equilíbrios de expectativas racio nais Isto é existem muitas expectativas que se amplamente nutridas se reproduziriam exceto pela ação de interferências geradas por erros aleatórios os erros têm um valor esperado de zero e não são serialmente correlatos Mais uma vez isso levanta um problema para o senso útil normal de racionalidade que expectativa deve ser nutrida quando muitas satisfazem po tencialmente essa condição de ser uma expec tativa racional Esse dilema é característico de situações em que existe autêntica incerteza ver DECISÃO TEORIA DA Assim a hipótese das expectativas racionais tem contribuído enormemente para nossa com preensão de como os indivíduos formam expec tativas quanto ao futuro Em particular se ela um dia prometeu preencher o hiato de informa ções na explicação instrumental da racionali dade na verdade serviu para sublinhar a neces sidade de suposições adicionais de racionali dade caso desejemos compreender a ação em condições de incerteza Leitura sugerida Attfield CLF Demery D e Duck NW 1985 Rational Expectations in Macroeco nomics Begg DKH 1982 The Rational Expecta tions Revolution in Macroeconomics Bray M 1985 Rational expectations information and asset pricing Oxford Economic Papers 37 16195 Frydman R e Phelps ES 1983 Individual Forecasting and Aggre gate Outcomes Hahn F 1980 Money and Inflation Haltiwanger J e Waldman M 1985 Rational ex pectations and the limits of rationality American Eco nomic Review 75 32640 Hargreaves Heap SP 1989 Rationality in Economics Muth JF 1961 Ra tional expectations and the theory of price movements Econometrica 29 31535 SHAUN O HARGREAVES HEAP explicação Este conceito implica relacionar o que deve ser explicado o explanandum a alguma outra coisa o explanans mas é improvável que até mesmo uma definição tão geral como essa possa abranger a ampla varie dade de explicações que achamos aceitáveis em nossas buscas cotidianas e científicas Em parte a variedade surge das visões alternativas a res peito da natureza do explanans e da natureza da relação que liga o explanans e o explanandum Os pontos de vista a respeito do explanans se encaixam de maneira ampla em dois tipos primeiro algumas exigências psicológicas ar ticuladas por exemplo de que o explanans seja conhecido ou familiar ou previamente admiti do pelo recipiente da explicação O que é co mum aqui é que o explanans seja selecionado de forma a eliminar a perplexidade entre os que recebem a explicação o sucesso explanatório é relativo aos seus recipientes que devem ver a explicação antes que se possa considerar que eles a tenham Em segundo lugar existem pon tos de vista a respeito do explanans que en fatizam as exigências lógicas por exemplo de que ele inclua um axioma ou uma verdade patente ou uma descrição empiricamente ver dadeira de uma seqüência invariável de even tos Aqui a ênfase é nas condições formais para o sucesso explanatório e conseqüentemente os recipientes podem ser considerados como tendo uma explicação ainda que não possam vêla Entre os pontos de vista a respeito da relação que liga o explanans e o explanandum também se incluem alguns que enfatizam exigências formais por exemplo que a relação seja de vínculo em que seria autocontraditório aceitar a verdade do explanans mas rejeitar a do expla nandum Outros insistem em que a relação deva ser causal isso introduz ainda mais diversidade na noção de explicação devido à variedade de caracterizações da conexão causal ver CAUSA LIDADE No século XX as tentativas de analisar a explicação têmse concentrado amplamente nas condições formais a serem atribuídas ao explanans e à relação de ligação especialmente quando se consideram as explicações nas ciên cias naturais que atraíram muita atenção por que parecem ser especialmente abalizadas O modelo dedutivonomológico ou baseado em uma lei abrangente de Hempel e Oppenheim 1948 exerceu influência particular Segundo este um fenômeno é explicado quando sua descrição se deduz de um explanans que con tém a expressão de um conjunto de condições iniciais junto com uma lei ou leis nomos sendo a palavra grega para lei Para usar um dos exemplos de Hempel 1965 o motivo pelo qual a parte de um remo reto que fica debaixo dágua parece quebrada para cima se explica Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 294 explicação com referência às leis de refração e à condição inicial de que a água é oticamente mais densa que o ar O esquema dedutivonomológico enfrenta críticas consideráveis de três tipos Primeiro dificuldades internas por exemplo as leis no explanans devem ser universais caso queiram garantir a explicação mas existem dificuldades tanto práticas quanto lógicas para se estabele cerem verdades empíricas universais Segundo argumentos no sentido de que o esquema não pode dar conta de todos os tipos de explicação nas ciências naturais por exemplo explicações estatísticas em que existe apenas probabilidade e não certeza de que o evento descrito no ex planandum venha a ocorrer tal como a proba bilidade de que um fumante realmente invete rado venha a contrair câncer do pulmão e ex plicações realistas em que as ocorrências se explicam pela identificação dos mecanismos básicos que têm a responsabilidade causal por elas tal como o movimento dos ponteiros em torno do mostrador de um relógio é explicado revelandose a mola e as engrenagens que o impulsionam ver REALISMO Terceiro críticas afirmando que o esquema não pode ser esten dido às ciências sociais e mais além em que as explicações intencionais que explicam ações apelando a intenções razões motivos e assim por diante dos agentes envolvidos são em geral mais apropriadas e em que as explicações funcionais que explicam ações e instituições pela identificação do papel que desempe nham na manutenção de toda a sociedade são também importantes Se as explicações rea listas podem ser estendidas das ciências na turais para as ciências sociais e se as explica ções intencionais e racionais são diferentes das explicações causais continua a ser moti vo de discussão na FILOSOFIA DA CIÊNCIA SO CIAL Se o esquema dedutivonomológico po de abranger as explicações causais incluindo as realistas continua a ser questão de debate na FILOSOFIA DA CIÊNCIA Leitura sugerida Halfpenny P 1982 Positivism and Sociology Explaining Social Life Harré R 1970 The Principles of Scientific Thinking Taylor C 1964 The Explanation of Behaviour Van Parijs P 1981 Evolutionary Explanation in the Social Sciences Wright GH von 1971 Explanation and Understan ding PETER HALFPENNY exploração Embora se possa referir também ao modo como as pessoas usam os recursos naturais as situações políticas ou os argumen tos morais exploração é uma palavra aplica da com mais freqüência a relações entre pes soas ou grupos de pessoas nas quais um grupo ou indivíduo se encontra estruturalmente numa posição que lhe permite tirar vantagem de ou tros Exploração tem sempre alguma conotação de injustiça no entanto as escolas de pensamen to variam quanto ao que constitui uma van tagem injusta e sob que condições estruturais esta ocorre Para o marxismo exploração é uma relação entre classes Em qualquer sociedade em que nem todo o tempo de trabalho disponível é necessário para o provimento das necessidades diretas de consumo da população as classes se desenvolvem em torno da produção e do con trole do tempo de trabalho excedente Uma classe é explorada porque produz mais do que consome enquanto uma outra exploradora ou dominante mantém o seu poder através do controle desse produto excedente Os diferentes modos de produção e as classes dentro deles são definidos pelo modo específico como ocorre a exploração Assim para o marxismo explora ção é a relação básica de qualquer época his tórica em torno da qual as próprias classes são definidas ver MODO DE PRODUÇÃO Sob o capitalismo a exploração é ocultada pela liberdade e igualdade aparentes do proces so de troca no qual os trabalhadores vendem livremente sua capacidade de trabalho sua for ça de trabalho por um salário de valor equi valente Marx 1867 Não obstante os traba lhadores são explorados porque a jornada de trabalho é mais longa do que o necessário para produzir seus salários e o restante de seu dia é passado produzindo um excedente como lucro para o seu empregador capitalista Isso ocorre porque a liberdade de troca é uma faca de dois gumes uma vez que os trabalhadores não têm nenhum outro acesso aos meios de produção só podem escolher entre a liberdade de vender sua força de trabalho a algum empregador ou a liberdade de morrer de fome No entanto não é a relação de troca que é exploradora sob o capitalismo pois os trabalhadores recebem o valor de sua força de trabalho mas sim o fato de que tendo comprado essa força de trabalho os empregadores podem então utilizála para produzir mais do que têm de pagar por ela De Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar exploração 295 fato esse é o motivo para que sejam empre gados pois sem a exploração os empregadores não teriam lucros Assim para Marx a explora ção ocorre na produção e é a condição comum de todos os trabalhadores empregados por fir mas capitalistas Em contraste na ECONOMIA NEOCLÁSSICA a exploração só ocorre se os trabalhadores rece bem menos do seu empregador do que a sua produção de renda marginal o acréscimo mar ginal em lucros que o seu emprego torna pos sível Uma firma buscando maximizar os lucros empregará trabalhadores até o ponto em que o custo marginal de seu emprego iguale sua pro dução de renda marginal Uma firma enfrentan do um mercado de trabalho competitivo não poderá influenciar os níveis de salários por isso seu custo marginal para empregar um traba lhador extra será exatamente igual ao salário e a maximização do lucro implica simplesmente garantir que os trabalhadores produzam uma renda marginal igual ao seu salário A explora ção no sentido neoclássico é portanto uma impossibilidade para uma firma plenamente competitiva ver por exemplo Gravelle e Rees 1981 p382 No entanto uma firma com poder monopo lista de compra no mercado de trabalho será capaz de influenciar os níveis de salários seu nível de emprego maximizador dos lucros será portanto aquele no qual os trabalhadores são contratados por salários mais baixos do que a sua produção de renda marginal resultando em sua exploração Assim para a economia neo clássica exploração não é a situação comum de toda a classe operária mas uma característica específica de alguns trabalhadores tomados isola damente os que trabalham para firmas com poder monopolista de compra no mercado de trabalho Além disso em vez de ser uma característica das relações capitalistas de produção é um atributo de condições particulares de mercado Mais recentemente a escola do marxismo analítico tem utilizado alguns dos métodos da economia neoclássica para investigar um pouco mais as condições sob as quais pode ocorrer a exploração Roemer 1988 mostra que a ex ploração marxista é um resultado da dis tribuição desigual de recursos produtivos mais que das relações específicas de produção Para ele isso significa que o marxismo deveria en carar a desigualdade mais que a exploração como sua crítica básica do capitalismo Suas críticas ver por exemplo Lebowitz 1988 porém usam esse resultado em vez de demons trar como seus métodos não conseguem captar as diferenças essenciais entre as abordagens marxista e neoclássica que para a primeira a exploração depende de relações de produção e está intimamente ligada à existência das duas classes principais do capitalismo enquanto que para a outra é uma relação contingente entre indivíduos dependentes de condições especí ficas de mercado A exploração também tem sido usada em várias críticas sociais radicais para se referir às relações entre outros grupos na sociedade Por exemplo algumas feministas descrevem as re lações entre homens e mulheres como de ex ploração Pode ser que por analogia direta com o conceito marxista os maridos seus emprega dores ou até mesmo o sistema capitalista como um todo se beneficiem das mulheres que traba lham mais do que é necessário para prover o seu próprio consumo ou em sentido mais nebulo so as práticas sexuais ou reprodutivas podem ser encaradas como de exploração Leitura sugerida Braverman H 1974 Labor and Monopoly Capital the Degradation of Work in the Twentieth Century Lebowitz M 1988 Analytical Marxism Science and Society 522 Marglin SA 197475 What do bosses do The origins and function of hierarchy in capitalist production Review of Radi cal Political Economics 62 60112 71 2037 Marx K 1867 1976 O capital vol1 Roemer J 1988 Free to Lose an Introduction to Marxist Economic Philosophy SUSAN F HIMMELWEIT Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 296 exploração F fabianismo Ver SOCIALISMO FABIANO família Embora muitos historiadores e an tropólogos tenham chamado a atenção para a notável variação entre as formas de família outros têm buscado não obstante identificar as suas características universais Em 1949 o an tropólogo George Murdock arriscou uma defi nição assim universal baseada em sua análise de cerca de 500 sociedades e afirmou que a família era um grupo social caracterizado pela residência a cooperação econômica e a reprodução Ela inclui adultos de ambos os sexos pelo menos dois dos quais mantêm um relacionamento sexual socialmente aprovado e um ou mais filhos próprios ou adotivos dos adultos que coabitam sexualmente Murdock 1949 p1 Durante muitos anos a definição de Murdock foi a padrão citada em inúmeros manuais e ensaios eruditos aplaudida por ser aplicável tanto a países em desenvolvimento quanto ao Ocidente moderno Ironicamente essa definição já não pode mais ser aplicada com precisão sequer ao Ocidente Hoje em dia embora Murdock ainda seja amplamente citado existem novos indícios tanto sobre normas de família quanto formas de lares para contestálo com relação a cada critério que ele propôs Pelo menos desde os anos 60 em grande parte do Ocidente moderno e no mundo em desenvolvimento a forma de família de Murdock dá conta apenas de uma minoria dos lares A família alegam os críticos de Murdock em geral consiste em um único genitor o típico é que seja a mãe e filho ou adultos coabitando sem filhos Ver também DIVÓRCIO Ou os casais se privam voluntaria mente da paternidade em geral para buscar outros objetivos São conforme se costuma dizer sem filhos Não há dúvida de que tanto para mulheres quanto para homens e filhos a família continua a ser uma instituição baseada na dependência econômica Apesar da entrada mundial e sem precedentes de esposas na força de trabalho a maioria das mulheres continua a depender fi nanceiramente dos maridos A despeito da apa rente independência financeira dos maridos a maioria depende das esposas não apenas para o trabalho invisível e sem pagamento no lar mas também pela renda proporcionada pelo contracheque da esposa Apesar da crescente afirmação de independência dos filhos a maior parte deles ainda depende dos pais para a atual e a futura posição de classe uma vez que cada vez mais conseguem empregos em dois setores da economia que se encontram em expansão o de serviços e o informal e dividem sua renda em casa No entanto embora a divisão do traba lho ligue marido a mulher e filhos a pais as ideologias transformam e mistificam a relevân cia econômica desses intercâmbios moldando os em termos de amor e companheirismo Nessa ideologia a cooperação econômica tornouse voluntária e a divisão de trabalho trivializada Assim o adesivo econômico sobre o qual Mur dock escreveu parece estar em processo de dis solução Outros indicam que ao aplicar sua defini ção aplicamos uma ideologia claramente ten denciosa que não caracteriza nem a função das famílias modernas nem a sua estrutura Um grande corpo de pesquisa nos Estados Unidos e na GrãBretanha no final dos anos 50 e durante a década de 60 mostrou que até mesmo a classe média já vivia de forma atípica em famílias ampliadas e modificadas Litwak 1965 e não na família nuclear isolada que Talcott Parsons havia proposto Parsons e Bales 1955 Em todo o mundo indivíduos modernos de manei ra geral se mantêm em contato com parentes mesmo com os que vivem a alguma distância A moderna tecnologia proporcionalhes a opor tunidade de fazêlo Geralmente devido a suas 297 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar carreiras independentes algumas esposas seja nos Estados Unidos no Japão ou na China até passam boa parte de seu tempo em resi dências separadas em vez de dividirem um único lar Deixam de lado as reivindicações não apenas a uma família residencialmente intac ta mas também à proximidade geográfica de uma mesma comunidade e vizinhança Mesmo então contudo valemse das novas tecnologias que tornam possíveis novas defini ções e compreensões a respeito da família Côn juges geograficamente próximos já não são mais sine qua non para a vida em família Da mesma forma como os cônjuges de clas se média geograficamente afastados transfor mam as nossas noções de família também os pobres urbanos o fazem Tanto Liebow quanto Stack descrevem como negros pobres nos Es tados Unidos transformam amigos em paren tes fictícios pois se supõe que a família seja mais confiável do que a amizade ver também PARENTESCO Amigos tornamse parentes por que é possível contar com eles para a troca de dinheiro bens e serviços e não simplesmente de amor A partir de sua pesquisa etnográfica em uma grande cidade norteamericana Stack desenvolve uma nova definição de família Por fim defini família como a menor rede organi zada e durável de parentes e nãoparentes que inte ragem diariamente provendo as necessidades do mésticas dos filhos e garantindolhes a sobrevivên cia A rede familiar difundese por vários lares com base no parentesco Uma imposição arbitrária de definições amplamente aceitas sobre a família a família nuclear ou a família matrilocal bloqueia o caminho para se compreender como as pessoas em suas casas descrevem e organizam seu mundo Stack 1974 p31 Aqui família tornase uma rede local não um lar nem uma vizinhança Mais importante ainda a família tornase subjetiva é a unidade que permite a sobrevivência e que organiza o mundo da pessoa Gerstel e Gross 1987 No todo portanto os laços econômicos das famí lias negras pelo menos entre os pobres diferem dos das famílias brancas pelo menos entre a classe média Os homens negros desprivilegia dos são por quaisquer que sejam os motivos incapazes de proporcionar segurança econômi ca às mulheres Wilson 1988 No entanto isso não equivale a dizer que os laços econômicos entre as famílias negras desaparecem totalmen te Em vez disso reconstituemse em sentidos diferentes enfatizando parentescos ampliados e fictícios em vez de laços conjugais Esses padrões de ampliação dos laços familiares têm muito em comum com estratégias de sobrevi vência fora do Ocidente moderno Conforme Pine 1982 descobriu a respeito da área urbana de Gana os membros dos casais de baixa renda tendem muito mais do que as classes alta e média a viver separadamente em geral com parentes e a se envolver em relacionamentos recíprocos do diaadia com estes Conforme ela escreve sobre a África Ocidental Podese muito bem dizer que em muitas sociedades complexas com desenvolvimento econômico desi gual a família nuclear como unidade econômica e doméstica na qual os membros são interdependentes é uma alternativa viável ou pelo menos desejável basicamente para as classes média e alta Para as mulheres especialmente as que têm filhos um ho mem desempregado ou com emprego apenas es porádico pode ser muito mais um problema do que uma vantagem enquanto as parentes podem oferecer umas às outras ajuda mútua companheirismo e tra balho Em termos de família e parentesco é mais útil examinar as relações de parentesco mais amplas ente os povos urbanos do que se concentrar em variações de unidades conjugais ou na falta destas p401 Assim como indicou Rapp o debate a res peito do valor e do futuro da família baseiase em experiências que variam com raça e classe A feminista do Terceiro Mundo que defende a família e a feminista da classe média que é de opinião de que esta deveria ser abolida não estão falando sobre as mesmas famílias Rapp 1978 p278 É lógico que uma direita politicamente po derosa em muitas sociedades industriais avan çadas busca restaurar a hegemonia do casal heterossexual permanentemente unido pelo matrimônio no qual o marido é o principal ou melhor ainda o único ganhapão e cabeça da família a esposa é mãe e donadecasa ver também TRABALHO DOMÉSTICO e os filhos sempre há alguns estão sujeitos ao controle dos pais especialmente o paterno Mas o pro grama da direita é pouco mais que reativo nem representa a visão majoritária nem aborda as tendências estruturais predominantes e mun diais na vida da família A transformação de realidades empíricas e políticas porém não foi o único desafio ao conceito monolítico de família Igualmente im portante foi o fato de estudiosas feministas te Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 298 família rem contestado a crença de que qualquer ar ranjo familiar específico é natural biológico ou funcional de uma forma atemporal Thorne e Yalom 1982 p2 Mais importante ainda es tudos recentes apontam que a busca de uma família universal esconde mudanças histó ricas ao estabelecer uma ideologia da família que obscurece a diversidade e a realidade da experiência familiar em qualquer tempo e local particulares Por exemplo na América do Norte colonial a participação na família era definida em termos de contribuição produtiva e filiação ao lar As sim empregados que viviam e trabalhavam em uma casa mas não tinham parentesco de san gue eram em geral encarados e tratados como membros da família pelos com que eles divi diam esse lar Forneciam seu trabalho tal como aprendiam habilidades produtivas doutrinas religiosas e valores morais Eram membros da família porque partilhavam um lar e estavam sujeitos à autoridade do chefe desse lar não porque fossem tratados com proteção afeição ou amor Inversamente como indica um crítico recente já no final da Idade Média a língua alemã não tinha nenhuma palavra para designar os grupos particulares de pais e filhos que eram então compreendidos como família Mitterauer e Sieder 1982 Muitos estudiosos afirmam que as características definidoras da família mo derna no Ocidente com raízes no século XIX são totalmente diferentes essa família moderna é formada na base da afeição e do amor fun ciona em benefício da personalidade para for necer segurança psicológica e capacidade de lidar com tensões e seus cônjuges são compa nheiros da mesma forma que seus genitores especialmente as mães são protetores e se autosacrificam Mais ainda enquanto a família colonial um pouco comunitária era quase in distinguível da comunidade os estudiosos apontam que a família moderna se tornou cada vez mais privatizada silenciosa e reclusa As relações dentro da família tornamse mais ín timas e valorizadas na mesma medida em que as relações fora dela ficam mais remotas es pecializadas e tênues Conforme escreve um analista recente De fato tornouse cada vez mais claro que família e conceitos domésticos relacionados tais como os conhecemos são desenvolvimentos relativamente recentes Muitos dos aspectos característicos do dis curso familiar contemporâneo em particular as noções de privacidade e sentimentos eram antes dos últimos séculos ausentes do discurso de relações sociais primárias ou sem importância para ele Gu brum e Holstein 1990 p17 Alguns estudiosos respeitados chegam a in dicar que somente a partir do século XV é que podemos encontrar o surgimento de um novo conceito o conceito de família O arranjo es tava presente afirmou Ariès em seu trabalho pioneiro mas a família existia em silêncio não despertava sentimentos fortes o bastante para inspirar o poeta ou o artista Temos de reco nhecer a importância desse silêncio não se dava muito valor à família 1960 1962 p342 Dados esses novos significados muitos pre tendem hoje em dia o direito ao título de famí lia Gays e lésbicas por exemplo exigem que o Estado e a Igreja legitimem suas uniões por que eles também dividem esses laços emocio nais modernos Genitores solteiros afirmam que eles e seus filhos são família porque estão ligados não apenas pelo sangue porém mais importante ainda pela emoção Casais que co abitam com e sem filhos exigem os direitos do matrimônio porque partilham as emoções de cônjuges Ao mesmo tempo a retórica da direi ta utiliza os laços protetores e íntimos que pas samos a associar à família Mas esses grupos quer à esquerda ou à direita obscurecem as efetivas condições das famílias modernas Afirmam que família é uma questão de amor Enquanto o Ocidente moderno passou a en fatizar o significado emocional da família po demos ter mudado as condições que poderiam sustentar tal ênfase O próprio conceito a família portanto não pode captar a extensão e a diversidade de experiência que muitos hoje definem como sua A família na realidade muitas famílias diferentes veio para ficar A família é uma elaboração ideológica e social Quaisquer tentativas de definila como uma instituição delimitada com características uni versais em qualquer local ou tempo neces sariamente fracassarão Leitura sugerida Ariès Philippe 1960 Historie so ciale de lenfant et de la famille Gerstel Naomi e Gross Harriet orgs 1987 Families and Work Gu brum Jaber e Holstein James A 1990 What is Fami ly Litwak Eugene 1965 Extended family relations in an industrial society In Social Structure and the Family Generational Relations org por S Shanas e G Strieb Mitterauer Michael e Sieder Reinhard 1982 The European Family Murdock George 1967 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar família 299 Ethnografic Atlas Parsons T e Bales R 1955 Fami ly Socialization and Interaction Patterns Pine Fran ces 1982 Family structure and the division of labor female roles in urban Ghana In Introduction to the Sociology of Developing Societies org por Hamza Alavi e Teodor Shanin Rapp Rayna 1978 Family and class in contemporary America notes toward an understanding of ideology Science and Society 542 278300 Stack Carol 1974 All our Kin Thorne Barrie e Yalom Marilyn orgs 1982 Rethinking the Family Wilson W 1987 The Truly Disadvantaged NAOMI R GERSTEL fascismo Usado de maneira genérica fascis mo é uma palavra que designa um gênero sin gularmente multiforme de política moderna inspirado pela convicção de que um processo de renascimento nacional palingênese se tor nou essencial para pôr fim a um prolongado período de DECADÊNCIA social e cultural e ex pressandose ideologicamente em uma forma revolucionária de NACIONALISMO integral ul tranacionalismo Restrito a textos de divulga ção e a grupos de ativistas à margem da vida política antes da deflagração da Primeira Guer ra Mundial e depois do final da Segunda o fascismo proporcionou a base racional para as formações e partidos políticos de ultradireita que surgiram para combater o liberalismo o socialismo e o conservadorismo em pratica mente todos os países europeus entre 1918 e 1945 Registraramse movimentos fascistas de destaque na Áustria Bélgica GrãBretanha Finlândia França Alemanha Hungria Itália Romênia e Espanha bem como fora da Europa na África do Sul e no Brasil Embora alguns destes tenham temporariamente conseguido abrir caminho e se tornar núcleos de movimen tos populares ou desempenhar um papel em regimes colaboracionistas sob o NACIONALSO CIALISMO somente na Itália e na Alemanha con junções particulares de eventos permitiram que o fascismo tomasse o poder de forma autônoma através de uma combinação de legalidade e violência fazendo surgir o Estado Fascista de Mussolini 192543 e o Terceiro Reich de Hit ler 193345 Esses dois regimes exibiam os contrastes marcantes tanto na ideologia de superfície quanto no potencial para uma brutalidade im piedosa na busca de implementar suas políticas interna e externa que distinguem diferentes tipos de fascismo No entanto seu ímpeto de regenerar a nação inteira através de um redes pertar popular colocou ambos à parte generica mente dos muitos estados contemporâneos au toritários de ultradireita que embora adotando muitas das exterioridades da Itália e da Alema nha nazista se opunham essencialmente à revo lução social imaginada pelo fascismo pelo que são mais bem definidos como regimes fascis tóides ou parafascistas por exemplo a Áus tria socialcristã de Dolfuss ou o Estado Novo de Salazar em Portugal A dimensão anticon servadora do fascismo tornase particularmente obscurecida pela ampla conivência com elites de poder tradicionais como o exército a Igreja indústria que tanto o fascismo quanto o nazis mo foram forçados a exercitar por motivos pragmáticos ver Blinkhorn 1990 Da mesma forma o populismo autêntico e intrínseco a sua ideologia se perde facilmente de vista devido à extensa manipulação social implicando pro paganda intensa e terror de estado necessária na prática quanto à promessa de transformar em realidade a utopia de uma comunidade nacional homogênea e revitalizada Qualquer revolução fascista está destinada ao fracasso uma vez que é o exemplo mais notável de um movimento político moderno palingenético ou regenera cionista com um pequeno contingente natural buscando funcionar como o exclusivo sistema de verdade para toda uma sociedade pluralista Quando tal ideologia se torna a base de um regime leva inevitavelmente à desumanidade e ao TOTALITARISMO sistemáticos A definição de fascismo é inevitavelmente controvertida uma vez que se trata de um TIPO IDEAL que até agora tem resistido às tentativas dos acadêmicos de transformálo em categoria social científica a cujo respeito prevaleça um consenso viável comparar as definições em Bottomore 1983 Sternhell 1987 Wilkinson 1987 O que distingue a presente abordagem é que ela localiza o minimum fascista num mito central da nação renascida que se pode expres sar em um vasto âmbito de racionalizações e transformações Historicamente houve um alto nível de acordos entre diferentes fascismos quanto a que forças ameaçam o bemestar da nação a saber o marxismoleninismo o ma terialismo o internacionalismo o liberalismo e o individualismo porém houve também con siderável variação quanto a detectar que forças são apresentadas como remédio e ao grau de violência imperialista e racista proposta a fim de impôlo Sendo de inspiração ultranaciona Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 300 fascismo lista cada fascismo irá inevitavelmente beber na história e na cultura do país em que surge de forma a legitimar sua investida contra o status quo conforme exemplificado na visão nazista da Alemanha como um Terceiro Reich ariani zado ou na pretensão fascista de que a Itália estaria renovando sua herança romana No pas sado os fascismos incorporaram elementos do militarismo da tecnocracia do ruralismo do imperialismo do neoclassicismo da arte de vanguarda do sindicalismo do nacionalsocia lismo do neoromantismo do cristianismo po litizado do paganismo do ocultismo do racis mo biológico do ANTISEMITISMO do volun tarismo do DARWINISMO SOCIAL ou mais recen temente elementos da cultura alternativa por exemplo da New Age e do movimento verde Nos anos 80 houve uma convenção de neofascistas italianos em Camp Hobbit e um neofascista britânico apresentouse como can didato da Onda Verde Embora o caráter excessivamente eclético do fascismo torne arriscadas quaisquer genera lizações a respeito de seu conteúdo ideológico específico o teor geral de todas as suas manifes tações colocamno na tradição da revolta do fim do século XIX contra o liberalismo e o positi vismo o que o leva a atribuir uma ênfase muito forte à primazia do vitalismo e da ação sobre o intelecto e a teoria Em coerência com a com plexidade ideológica do fascismo a base social desses movimentos tomados isoladamente é altamente heterogênea e de forma alguma res trita às classes média baixa ou capitalista ver Mühlberger 1987 apesar de se pressupor per sistentemente o contrário O fascismo também se vale da tradição da Teoria das elites ver ELITES TEORIA DAS embora as autonomeadas vanguardas ativista e paramilitar de suas va riantes no período entre as duas grandes guerras estivessem convencidas de sua missão de revo lucionar a sociedade não apenas a partir de cima mas também a partir de baixo através de um movimento de massa capaz de transfor mar os pretensos caos e degeneração da socie dade moderna em uma COMUNIDADE nacional coordenada e saudável Desde a guerra praticamente todos os países ocidentalizados assistiram ao surgimento de grupos pequenos e em geral efêmeros que to mavam por modelo o nazismo ou o fascismo a fim de atrair a atenção pública para versões grosseiras do racismo e do chauvinismo no que se poderia chamar de fascismo mimético Talvez de forma ainda mais significativa sur giram inúmeros partidos que mesmo quando oficialmente dissociados do fascismo do perío do entre as duas guerras mundiais fazem cam panha por uma versão palingenética do ultrana cionalismo adaptado às condições do pósguer ra como por exemplo o MSI Movimento So ciale Italiano e os Republicanos Alemães Na França a Frente Nacional de Le Pen com seu sucesso espetacular tem alguns seguidores fas cistas mas sua plataforma oficial é uma per versão racista do liberalismo conservador mais do que um credo revolucionário Em termos do seu impacto direto sobre a corrente predomi nante da política talvez a formação fascista mais significativa dos anos 90 tenha sido a Afrikaner Weerstandsbeweging na África do Sul O período do pósguerra também testemu nhou o surgimento de novas bases nacionais para o ultranacionalismo palingenético Ente estas as mais influentes são a visão pósnietzs chiana de uma revolução conservadora pre gada por De Benoist em nome da Nova Direi ta francesa que não deve ser confundida com o neoliberalismo angloamericano e a fusão tradicionalista de pseudociência hinduísta e ocultista proposta por Jullius Evola e adotada por muitas correntes da Direita Radical ita liana ver Sheehan 1981 ambas as quais exer ceram influência sobre o neofascismo contem porâneo na GrãBretanha ver por exemplo o periódico Scorpion Uma característica de boa parte do neofascismo europeu é o tema de uma nova Europa construída por uma liga de nações regeneradas agindo como um bastião contra as duas superpotências decadentes a América do Norte e até 1990 a Rússia tema já explorado por alguns elementos do fascismo do entre guerras A tenacidade do nacionalismo nãoli beral mesmo nas democracias liberais mais estáveis ver Maoláin 1987 e exemplares atuais de Searchlight torna provável que o fas cismo e o neofascismo venham a ser um in grediente perene da política moderna e era de se esperar que depois do outono de 1989 mi núsculos movimentos neonazistas e neofascis tas viessem à tona em várias das novas demo cracias por exemplo o Pamyat na Rússia Não obstante a conjuntura de forças estruturais que permitiu ao fascismo e ao nazismo conquis tar poder de estado já não existe mais e está Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar fascismo 301 condenada a levar uma existência altamente marginalizada dentro de um futuro previsível ver Cheles 1991 Em termos da contribuição do fascismo ao pensamento social alguns de seus teóricos em especial na Alemanha Itália e França introdu ziram teorias relativamente elaboradas a res peito de temas como o conceito orgânico do estado o princípio da liderança economia cor porativismo estética direito educação tecno logia raça história moralidade e o papel da Igreja Embora todos negligenciem princípios metodológicos liberais e marxistas funda mentais oferecem importantes estudos conjun turais na aplicação do mito nacionalista irracio nal a discursos acadêmicos como uma con tribuição à legitimação e à normalização de políticas revolucionárias Quanto à luz que o pensamento social ortodoxo lança sobre o fas cismo o conceito durkheimiano de ANOMIA o conceito weberiano de política e liderança ca rismáticas a pesquisa em sociologia antro pologia social e psicologia social sobre a dinâ mica complexa das revoluções ditaduras pes soais movimentos de juventude e autoritaris mo tudo isso tem alguma relação com o fascis mo Da mesma forma os estudos que inves tigam a dimensão mítica do nacionalismo e o componente utópico em todas as ideologias revolucionárias sem confundilas com o mile narismo religioso Leitura sugerida Griffin RD 1991 The Nature of Fascism Laqueur W org 1979 Fascism a Readers Guide Mosse George L org 1979 International Fascism New Thoughts and Approaches Payne SG 1980 Fascism Comparison and Definition ROGER GRIFFIN favelas O deslocamento de pessoas para as cidades nas primeiras décadas da Revolução Industrial levou à criação de grande áreas ha bitacionais de construção inferior com falta de serviços essenciais e imensamente populosas Essas favelas contrastavam com os bairros das cidades préindustriais e com as aldeias rurais no fato de ricos e pobres serem rigorosamente segregados Como resultado as conotações pe jorativas do termo foram transpostas para os habitantes dessas favelas Eram retratados pelos mais ricos como pessoas que haviam rejeitado as normas e valores dominantes de sua socie dade em vez de haver lutado para preserválos Assim surgiu a distinção entre pobres dig nos e indignos estes últimos sendo cha mados também de pobres desonrosos Matza 1966 classes perigosas Chevalier 1973 e na literatura marxista lumpenproletariat En tre as características estereotípicas dos habitan tes das favelas incluíamse o rompimento da estrutura familiar e a falta de organização co munitária A conseqüente apatia levou a altos níveis de criminalidade e violência desestrutu rada As explicações desse comportamento têm variado das atribuições de fraqueza moral in dividual a ser corrigida por meio de educa ção eou punição até imperfeições na situa ção da sociedade a serem remediadas pela refor ma social Waxman 1977 A inevitabilidade da transmissão dessas características compor tamentais entre gerações foi popularizada no conceito de Lewis 1967 da subcultura da pobreza Ele afirmou que na maioria das con dições de POBREZA as crianças eram socializa das em tenra idade dentro dos valores de seus pais o conceito de ciclos de privação in dicava que a multidão de problemas interli gados que os muito pobres encaravam tornava sua fuga da pobreza quase que impossível Am bas as abordagens têm sido amplamente criti cadas ver Leacock 1970 Coffield et al 1980 Quando os bairros favelados do século XIX foram limpos e reconstruídos foram também substituídos por outras formas de habitação de baixo custo prédios de apartamentos e assim por diante que por sua vez foram rotulados com as mesmas características estigmatizantes Essa imagem da favela gerada pelo desen volvimento industrial ocidental do século XIX não se mostrou inteiramente adequada ao cres cimento do Terceiro Mundo na segunda metade do século XX Lá taxas de crescimento anuais de 10 se mostraram comuns devido tanto à migração maciça das áreas rurais quanto a uma elevada taxa de natalidade em conseqüência da juventude dos migrantes Alguns desses mi grantes encontram residência em imóveis dila pidados em áreas centrais das cidades outros em casas de cômodos construídas exatamente para esse fim Mas a oferta desse tipo de habita ção é de longe superada pela demanda a vasta maioria dos migrantes recentes viuse obrigada a construir suas próprias casas nas periferias das cidades Essas áreas chamadas de favelas ci dadessatélites ou toda uma multidão de expres Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 302 favelas sões de acordo com o local hoje abrigam me tade da população total de muitas cidades A população favelada tende a ser carac terizada pelos mais ricos de sua sociedade com os mesmos atributos pejorativos acima citados Estudos dessas áreas revelaram no entanto atributos muitos diversos e levaram à diferen ciação entre favelas de esperança e favelas de desespero Stokes 1962 Típicos das pri meiras são os imigrantes rurais que aspiram a uma vida melhor aderindo o mais possível aos valores sociais dominantes em geral envol vidos em vigorosa atividade comunitária em contraste encontramse as últimas lares dos que se encaram como em decadência social não tendo conseguido enfrentar os problemas da vida urbana e que demonstram as caracterís ticas de apatia associadas a essa forma de po breza extrema A equiparação de cidadessaté lites com favelas de esperança e de áreas cen trais das cidades com favelas de desespero não é necessariamente válida pois conforme Tur ner 1967 demonstrou para o caso de algumas cidades latinoamericanas o imigrante típico se estabelece primeiro em acomodações alugadas no interior das cidades a fim de estabelecer uma cabeçadeponte e em seguida consolida sua posição construindo sua própria habitação em uma cidadesatélite em desenvolvimento O contraste agudo entre a degradação da favela clássica e a orientação para o progresso encontrada na cidadesatélite é sem dúvida exa gerado Tal como há muitos habitantes da pri meira que não tinham os atributos associados de forma estereotipada à extrema pobreza as sim também existem muitos habitantes das ci dadessatélites que os possuem de fato As ex tremas variações no sucesso em encontrar em prego urbano contribuem para diferentes pa drões de vida e atitudes sociais Dentro da ci dadesatélite a diferenciação social resulta da comercialização do mercado habitacional na medida em que os primeiros residentes que tiveram sucesso se tornam pequenos senhorios com seus inquilinos então ficando incapazes de acumular economias suficientes para a cons trução de suas próprias casas As favelas não se tornaram os pontos de eclosão de inquietação civil conforme foi tão amplamente previsto no final dos anos 60 Mas as tensões que brotam da pobreza esta própria manifesta na habitação inferior certamente existem embora sejam freqüentemente diluí das pelo clientelismo político a organização comunitária e os laços de etnia tornando inade quado o rótulo da maioria dos pobres urbanos como desonrosos ou classes perigosas Ver também URBANISMO Leitura sugerida Chevalier L 1973 Labouring Classes and Dangerous Classes Lloyd P 1979 Slums of Hope Rutter M e Madge N 1976 Cycles of Disadvantage Waxman CI 1977 The Stigma of Poverty PETER LLOYD federalismo Esta palavra designa a divisão de poderes dentro de uma estrutura legal entre governos central e subsidiários e de tal forma que diferentemente do que acontece no caso da delegação o centro não pode mudar a divisão sem procedimentos especiais e difíceis Todos os pensadores políticos modernos enfrentam o dilema de que se um estado é forte demais virá a ameaçar as liberdades de seu povo mas se é fraco pode não ser capaz de ajudálo e protegê lo JeanJacques Rousseau 1762 afirmou que o poder soberano só podia ser exercido com justiça em um estado pequeno mas se for muito pequeno não virá a ser subjugado Não mostrarei em seguida como a força externa de um grande povo pode combinar com o governo livre e a boa ordem de um pequeno estado E uma nota de pé de página prometia uma con tinuação que ele nunca escreveu sobre o tema das confederações Esse tema é inteiramente novo e seus princípios ainda estão por ser es tabelecidos A constituição federal norteamericana de 1787 estabeleceu esses princípios expostos com clareza no polêmico arrazoado para a sua adoção The Federalist Papers Hamilton e Madison 17878 O governo federal era um novo governo central estabelecido sobre 13 estados existentes excolônias reais todos com constituição mas os poderes desse organismo central eram limitados por lei e sujeitos a revi são judicial Os tóris ingleses da época zom baram dessas propostas como inerentemente instáveis tão profundamente acreditavam que um estado soberano era essencial à ordem polí tica Mas o jovem Jeremy Bentham devolveu a ironia Vocês acham que os suíços não têm governo 1776 Os governos federais hoje em dia são co muns Até mesmo a constituição de Stalin pro clamava a União Soviética como uma federa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar federalismo 303 ção embora os elementos nacionais pareces sem apenas uma fachada Mas com a derrocada do poder comunista no final dos anos 80 reve louse uma realidade de poderes divididos E é preciso lembrar que as colônias americanas ha viam desfrutado de um grau considerável de autogestão antes da federação Não há exemplo no mundo de um estado unitário escolhendo transformarse em federação o federalismo al tamente bemsucedido da Alemanha Ocidental no pósguerra por exemplo foi imposto pela conquista Por trás desses diversos arranjos institucio nais encontramse diferenças profundas de teo ria política Pensadores modernos tão diversos quanto Lenin Sidney e Beatrice Webb bem como apologistas da soberania do Parlamento na GrãBretanha fazem fila atrás de Thomas Hobbes na crença de que sem um estado cen tral e soberano na melhor das hipóteses a ine ficácia irá grassar e na pior a guerra civil se torna latente Olhem o que aconteceu com a queda do poder soviético Mas outros contes tam o próprio conceito de soberania Para John Adams 1774 soberania é a própria tirania E pensadores pluralistas modernos afirmam que o próprio conceito de soberania é uma ilusão perigosa todos os poderes se apóiam em um consenso de algum tipo e têm diferentes limitações que se originam na sociologia na cultura e nas tradições das diferentes sociedades ver PLURALISMO O federalismo então se torna uma teoria geral de sociedades complexas e não simplesmente um conjunto escolhido de instituições Harold Laski certa vez disse que todo poder é federal 1925 Ver também REGIONALISMO Leitura sugerida Forsyth M 1989 Federalism and Nationalism King P 1982 Federalism and Federa tion Vile MJC 1967 Constitutionalism and the Se paration of Powers BERNARD CRICK feminismo O feminismo pode ser definido como a defesa de direitos iguais para mulheres e homens acompanhada do compromisso de melhorar a posição das mulheres na sociedade Ele pressupõe portanto uma condição básica de desigualdade seja esta concebida como do minação masculina patriarcado ver PATRIAR QUIA desigualdade de gênero ou os efeitos sociais da diferença sexual Em 1938 Virginia Woolf descreveu de forma provocadora a pala vra feminista como um termo vicioso e cor rupto que causou muitos males no seu tempo e hoje está obsoleto uma manifestação extre mada que ilustra as desavenças sobre política que ocorrem até mesmo entre os que apóiam a causa das mulheres Na GrãBretanha e nos Estados Unidos a tradição feminista mais antiga é a do feminismo democrático liberal dirigido à obtenção de direitos e oportunidades iguais para as mu lheres Os textos básicos dessa tradição são A Vindication of the Rights of Women de Mary Wollstonecraft publicado em 1792 e o ensaio de John Stuart Mill The Subjection of Woman de 1869 Uma útil discussão moderna sobre essa tradição pode ser encontrada em Phillips 1987 No século XIX boa parte desse trabalho se concentrou na remoção de barreiras educa cionais e profissionais e o ímpeto por trás dessas campanhas reformistas era em geral de forte militância O auge dessa militância por direitos iguais ocorreu com a luta violenta das sufragistas do início do século XX pelo direito de voto documentada no contexto britânico por Ray Strachey em The Cause 1928 Áreas mais recentes de contestação nos contextos norte americano e europeu têm sido os direitos de emprego o pagamento igual e a igualdade em termos de benefícios sociais impostos e assim por diante As sociedades ocidentais desde o final dos anos 60 têm testemunhado a ascensão e o declínio de movimentos feministas com um cunho mais radical propondo algum tipo de estremecimento político revolucionário da so ciedade mais que uma redistribuição de direi tos e recursos e insistindo em afirmar que a opressão das mulheres está enraizada em pro cessos psíquicos e culturais profundos e que os objetivos feministas a partir daí exigem uma mudança fundamental e não superficial Um foco particular dessas campanhas tem sido a luta pelo controle das mulheres sobre seus pró prios corpos especialmente na questão do direito da mulher de escolher a respeito do aborto e a rede de grupos e refúgios or ganizados para proteger as mulheres e seus filhos de homens violentos Embora a ascensão dessa chamada segunda onda do feminismo esteja em geral ligada à política que surge do movimento norteamericano pelos direitos ci vis nos anos 60 as raízes dessas idéias mais radicais encontramse mais obviamente em tra Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 304 feminismo dições políticas nativas da Europa socialismo utópico anarquismo libertarianismo marxis mo e assim por diante Outras importantes fon tes de idéias foram a obra de Frantz Fanon sobre a internalização do colonialismo e a abordagem da consciência política por Mao Tsétung Du rante os anos 80 e nos anos 90 esse tipo de feminismo voltado para uma ampla mudan ça cultural tem estado ativo em torno de questões que dizem respeito à masculinidade e à guerra por exemplo a campanha de paz em Greenham Common GrãBretanha contra ar mas nucleares assim como ao florescente ecofeminismo que liga as mulheres a uma preocupação particular com a preservação do planeta Entre os textos básicos dessa segunda onda feminista ocidental estão O segundo sexo 1949 de Simone de Beauvoir Three Guineas 1938 de Virginia Woolf Sexual Politics de Kate Millett A dialética do sexo de Shulamith Firestone e A mulher eunuco de Germaine Greer todos de 1970 No contexto britânico seria o caso de apresentar Hidden from History 1975 de Sheila Rowbotham e Women The Longest Revolution 1974 de Juliet Mitchell A segunda onda feminista ocidental tem co locado muitas questões em discussão e pode ajudar ao localizar seu contexto no pensamento social e político do século XX na abordagem de duas dessas questões 1 o separatismo feminista e 2 o relacionamento do feminismo com o pensamento e a política socialistas 1 As utopias feministas em geral têm des crito comunidades de mulheres onde as carac terísticas violentas militaristas hierárquicas e autoritárias atribuídas aos homens se encon tram graciosamente ausentes Essa corrente do pensamento feminista inclinase ao pessimis mo na questão de melhorar a brutalidade mas culina e aconselha o estabelecimento de comu nidades femininas e o fortalecimento dos laços das mulheres entre si Historicamente essa tra dição tendeu a implicar uma sentimentalização mais que uma erotização dos relacionamentos entre as mulheres Na segunda onda feminista a articulação política do lesbianismo como op ção tem sido marcante embora de forma al guma necessariamente separatista O Movi mento de Libertação das Mulheres ocidentais dos anos 70 e 80 em certos pontos ligouse a uma política liberacionista mais geral em torno da sexualidade particularmente na defesa dos direitos dos gays 2 A relação do feminismo com as idéias e com a política socialistas tem sido tema de muitas discussões ver Barrett 1988 Com a derrocada do bloco soviético e com o declínio do marxismo como força intelectual no Ociden te é provável que essa relação venha a se erodir Vale a pena observar que as sociedades que tentaram implementar uma transição para o socialismo conseguiram embora possam ter fracassado no geral atribuir um peso conside rável à emancipação das mulheres Daí por exemplo a reunificação da Alemanha em 1991 ter implicado uma perda de direitos e de recursos para as mulheres da antiga RDA Da mesma forma seria possível observar que os regimes socialistas de estado ofereceram às mu lheres oportunidades infinitamente superiores às de regimes inspirados por programas islâmi cos ou de outras religiões fundamentalistas É possível afirmar que o feminismo no Oci dente em suas formas tanto do século XIX quanto do século XX tendeu a oscilar entre fazer pressão pela igualdade e daí talvez por uma uniformidade de mulheres e homens androginia ou partir da posição de que mu lheres e homens são essencialmente diferen tes uns dos outros quer se compreenda isso biológica cultural ou socialmente e portanto forçar uma reavaliação da contribuição especí fica das mulheres Evidentemente que existe tensão no pensamento e na política feministas do Ocidente quanto a essa questão que tem surgido em muitos contextos específicos A le gislação protetora do século XIX proibindo que as mulheres fossem expostas a certas con dições de trabalho tais como o trabalho subter râneo em minas ou os turnos da noite pode por exemplo ser interpretada a partir de uma posição de diferença como proteção adequa da à reprodução da espécie ou de uma posição de igualdade como providência cínica des tinada a excluir as mulheres de posições van tajosas na força de trabalho Decisões quanto a lutar para repelir tal legislação ou deixála em vigor têm implicado assumir uma posição nesse debate sobre igualdade ou diferença Dilemas semelhantes surgem com respeito a provisões para a maternidade políticas de ação afirma tiva disposições para manutenção e custódia de filhos depois do divórcio para não mencionar questões mais polêmicas como a maternidade de aluguel ou as novas tecnologias de reprodu ção Os debates políticos sobre essas questões Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar feminismo 305 na GrãBretanha nos Estados Unidos e na Aus trália são discutidos em Bacchi 1990 De for ma mais profunda afirmouse Scott 1990 que a tradicional oposição binária entre igualdade e diferença é desqualificante e que o feminis mo contemporâneo deveria rejeitála em vez de continuar a trabalhar com ela A igualdade não precisa implicar a eliminação da diferença Os pressupostos teóricos característicos da segunda onda feminista ocidental de grande influência nos anos 70 abriram caminho hoje em dia a um conjunto de idéias mais dispersas e heterogêneas O que se poderia chamar de feminismo dos anos 70 presumia ser possível especificar uma causa da opressão das mu lheres embora muitas feministas divergissem quanto ao que poderia ser essa causa controle masculino sobre a fertilidade feminina neces sidade do capitalismo de uma força de trabalho dócil e assim por diante Nas taxonomias tão apreciadas nesse período havia vários pacotes de respostas feministas liberais socialis tas ou radicais a essas questões um exame em retrospecto permite ver que a diversidade dessas respostas acabou escondendo um eleva do grau de consenso quanto a quais eram as questões certas a serem colocadas Assumiuse também que todas as mulheres eram oprimidas ou subordinadas e que a dinâmica dessa opres são se encontrava nas estruturas sociais deter minantes Os argumentos enfatizando a impor tância da biologia da natureza dos hormônios ou da genética foram todos postos de lado confiantemente como biologismo enquanto se afirmavam as causas sociais e culturais das atitudes sexistas A diferença social e a especial relevância de ter e criar filhos para as vidas tanto de mulheres quanto de homens foram ampla mente ignoradas O rompimento desse consenso poderia ser atribuído a três fontes principais 1 a crítica ao feminismo ocidental por tentar universalizar a experiência de mulheres brancas em geral de classe média em países capitalistas avançados 2 a perda de confiança no modelo sociológico de GÊNERO implícito nessa abordagem e a con comitante reafirmação da diferença sexual como um importante fenômeno psíquico e cul tural e 3 a incorporação de idéias deses tabilizantes de proveniência pósestruturalista e pósmodernista 1 É importante observar aqui que as femi nistas negras lançaram uma crítica eloqüente ao fracasso do feminismo branco em se engajar nas questões do racismo e do etnocentrismo En quanto esse problema era imputado ao feminis mo ocidental afirmavase também que o cará ter conspícuo do feminismo ocidental havia ele próprio reduzido a consideração das lutas das mulheres em outros lugares do mundo ver MOVIMENTO DE MULHERES É evidentemente vá lido dizer que as prioridades políticas variam significativamente e que a agenda feminista é muito diferente em sociedades nãoocidentais As tentativas de feministas ocidentais de abor dar essas questões em um contexto comparativo por exemplo Sisterhood in Global 1984 de Robin Morgan foram compreensivelmente criti cadas por reproduzir essas diferenças de poder subjacentes 2 A diferença sexual passou a ser encarada como mais intransigente mas também mais positiva do que fora permitido no auge da segunda onda feminista a qual tendeu a fazer eco à visão de Beauvoir 1949 de que a femi nilidade era não apenas uma realização cul tural mas também uma redução ou distorção do potencial humano das mulheres Essa mu dança ficou marcada no crescente interesse pe las explorações psicanalíticas da diferença e da identidade sociais sendo um texto influente Psychoanalysis and Feminism 1975 de Juliet Mitchell e pela análise da maternidade maci çamente desenvolvida após a publicação em 1978 de The Reproduction of Mothering de Nancy Chodorow Um aspecto importante des se processo foi a reapropriação pelo feminismo da identidade da mulher e uma percepção de que o impulso para a androginia ou igual dade era apenas mais uma capitulação à norma masculina de negar a relevância de sexo e gê nero 3 A relação do pensamento feminista com as correntes teóricas do pósestruturalismo e do pósmodernismo é complexa e deve sêlo ne cessariamente se forem consideradas as raízes históricas do feminismo como doutrina liberal humanista Vários autores que abordaram esse tema Hekman 1990 Pollock 1992 Barrett 1992 concluem que o feminismo se localiza em ambos os lados da divisão modernida depósmodernidade ver MODERNISMO E PÓS MODERNISMO É assim difícil ligar o feminis mo como movimento político histórico de qualquer maneira óbvia a posições pósestru turalistas embora tenham sido muitas as ten Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 306 feminismo tativas nesse sentido por exemplo Weedom 1987 Riley 1988 examina as implicações problemáticas para o feminismo de uma des construção pósestruturalista da categoria de mulher A teoria feminista na Europa Amé rica do Norte e Austrália enfatiza atualmente as implicações das idéias pósestruturalistas para a conceitualização de qualquer projeto feminis ta e daí as possibilidades de uma política fe minista Uma questão final pode ser apresentada com respeito à idéia de pósfeminismo que des fruta atualmente de alguma popularidade no Ocidente Muitos jovens em sociedades ociden tais avançadas parecem ter uma visão mais progressista e aberta das escolhas de vida dis poníveis às mulheres do que a geração de seus pais e em certa medida isso pode ser cor retamente atribuído ao trabalho do movimento feminista ativo dos anos 70 e 80 Não obstante a idéia de que o feminismo é hoje obsoleto e de que predomina uma cultura de escolha pós feminista simplesmente não é corroborada por nenhuma investigação sociológica ou política de desigualdade de gênero e poder nas socie dades contemporâneas Leitura sugerida Bacchi Carol Lee 1990 Same Di fference Feminism and Sexual Difference Barrett M e Phillips A org 1992 Destabilizing Theory Contem porary Feminist Debates Beauvoir Simone de 1949 Le deuxième sexe Hirsh M e Keller Evelyn Fox orgs 1990 Conflicts in Feminism Millett Kate 1970 Sexual Politics Morgan Robin 1984 Sisterhood is Global the International Womens Movement An thology Phillips Anne org 1987 Women and Equa lity Rowbotham Sheila 1973 Hidden from History Woolf Virginia 1938 Three Guineas MICHÈLE BARRETT fenomenologia Em filosofia tratase a da pura descrição dos fenômenos da experiência humana tal como se apresentam em direta con sideração independente da história da particu laridade da causalidade e do contexto social dessas experiências e b do movimento filo sófico europeu do século XX associado em particular a Edmund Husserl 18591938 de fendendo esse método de investigação em vá rias formas Em segundo lugar em sociologia e em particular com inspiração nos textos de fenomenologia social de Alfred Schutz 1899 1959 é o estudo dos modos como as pessoas vivenciam diretamente o COTIDIANO e imbuem de significado as suas atividades Em terceiro lugar na psicologia da percepção é uma escola influenciada pelo filósofo Maurice Merleau Ponty 19081961 a qual afirma que o corpo e o comportamento são portadores imediatos e prélingüísticos de significado na experiência Shapiro 1985 ver PSICOLOGIA Este verbete concentrase na fenomenologia em filosofia e sociologia A fenomenologia é um ramo abstrato rigo roso e especializado da filosofia com várias escolas e tradições nacionais No entanto não é incorreto dizer em oposição ao REALISMO cien tífico que todos os fenomenólogos têm dado prioridade à descrição da experiência de vida Erlebnis no mundo da vida humana cotidiana Lebenswelt Os membros do movimento in fluenciados pelo EXISTENCIALISMO como Jean Paul Sartre ou Maurice MerleauPonty en fatizaram mais a experiência de sujeitos huma nos localizados concretos vivendo juntos en quanto os que estavam na tradição do raciona lismo cartesiano como Husserl partiram da experiência do Ego individual e tentaram des cobrir os fundamentos essenciais do conheci mento As pesquisas fenomenológicas em geral não têm a intenção de produzir afirmações fac tuais mas sim reflexões filosóficas nãoem píricas ou transcendentais sobre conheci mento e percepção e sobre atividades humanas como a ciência e a cultura Husserl visava es tabelecer nada menos que a pura VERDADE in dependente de tempo lugar cultura ou psi cologia individual Não estava interessado na percepção de objetos particulares concretos mas sim no percebido como tal que ele cha mou de noema Para chegar a tais essências abstratas dos objetos Husserl defendeu um pro cedimento que chamou de redução transcen dental ou epoché por meio do qual as ques tões de ONTOLOGIA eram mantidas em estado de suspensão Através de uma mudança de atitude a crença no mundo efetivo da existência huma na em qualquer sociedade comunidade ou pe ríodo histórico foi suspensa ou posta entre colchetes Colocandose assim os objetos so ciais ou naturais concretos e individuais entre colchetes era possível acreditava ele variar muitos exemplos de coisas para descobrir os aspectos essenciais que qualquer coisa dada deve possuir a fim de ser reconhecida como um exemplo dessa coisa Em fenomenologia esse Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar fenomenologia 307 método é conhecido como a abordagem eidéti ca Husserl Ideas 1931 A doutrina da intencionalidade é importante em Husserl e na fenomenologia em geral e deriva de Franz Brentano professor de Husserl A característica mais fundamental da consciên cia é tida como sendo o fato de ela ser sempre consciência de alguma coisa Independente do status existencial do objeto em questão a cons ciência é dirigida Os indivíduos destacam entidades em sua experiência para a sua atenção e assim as constituem em objetos Mas do fato de um ato consciente ser dirigido a alguma coisa não se pode inferir que essa coisa exista Para Husserl todo ato é dirigido porque mesmo que não tenha um objeto óbvio será dirigido a um noema Durante o procedimento artificial da epoché atos intencionais como esperança expectativa ou temor tornamse importantes para se estabelecer a essência da percepção como tal Husserl Cartesian Meditations 1931 Husserl seguindo esse raciocínio e usando o método da epoché esperava demonstrar que era possível atingir uma esfera de consciência purificada ou subjetividade transcendental tida como sendo uma esfera autosuficiente de experiência fora do tempo e do espaço O mé todo produziria verdades nãoempíricas apodí ticas a priori que seriam universalmente váli das e livres de pressupostos Estas proporciona riam um sólido baluarte contra a dúvida céptica o historicismo o relativismo e o irracionalismo político A esse respeito a fenomenologia era também uma WELTANSCHAUUNG humanista cu ja natureza Husserl explicitou em sua última obra The Crisis of European Sciences and Transcendental Phenomenology 1937 A fenomenologia social de Alfred Schutz deixa de lado o projeto de uma filosofia sem pressupostos e evita o resultante problema hus serliano de como o Ego transcendental que ele foi forçado a postular para evitar o idealismo subjetivo se constitui no Ego empírico in dividual Schutz pressupõe de saída que as pes soas se defrontam umas com as outras em um Lebenswelt já constituído significativo e inter subjetivo que é a realidade suprema para os seres humanos e defende o estudo dos modos como as pessoas vivenciam esse Lebenswelt cotidiano A característica postura de senso co mum que as pessoas assumem nessa esfera é chamada por Schutz de atitude natural A existência de outros é dada como certa na vida cotidiana uma vez que assumimos uma reci procidade de perspectivas O conceito de si multaneidade descreve a idéia de que nossa experiência do Outro ocorre no mesmo presente em que o Outro está tendo a experiência de nós As pessoas orientamse usando tipificações tais como concorrente comercial norteameri cano tipo jovial através das quais se efetua uma interação significativa Schutz 1932 Schutz participava da crença humanística de Husserl que ele havia estabelecido em Crisis no primado do Lebenswelt como ponto de refe rência extremo e base de significado para toda a experiência bem como para as teorias cien tíficas que os seres humanos constroem Al tamente influente para a ETNOMETODOLOGIA e a metodologia sociológica foi a insistência de Schutz de acordo com aquele princípio em evitar a REIFICAÇÃO os constructos de segunda ordem criados em ciência social deveriam ba searse nos de primeira ordem já em uso no Lebenswelt cotidiano A ciência social como um contexto de significado só era possível e humanamente legítima se efetuasse uma tradu ção de ida e volta entre si própria e o cabedal de conhecimento disponível e em uso nos contextos de significado do Lebenswelt Uma versão dessa idéia aparece como a dupla her menêutica nos influentes textos de teoria so ciológica de Anthony Giddens 1976 ver HERMENÊUTICA Schutz disse que se deviam observar ações e eventos significativos típicos e coordenálos com modelos construídos de agentes típicos ou homunculi Em ciência social era assim possível construir como todas as ciências o fazem sistemas conceituais analí ticos nesse caso de ação social de anonimi dade máxima mas baseados em experiências reais e por meio do diálogo de ida e volta mantendo laços com a singularidade dos in divíduos comuns A controvérsia continua dentro e em torno da fenomenologia Dois focos recorrentes de debate são os seguintes 1 Problemas que surgem do status trans cendental das reflexões fenomenológi cas Nas versões sociológicas existe uma relação ambígua entre as categorias transcendentais e o mundo real descrito pela ciência social empírica Essa relação é sempre o calcanhardeaquiles de qual quer pesquisa transcendentalmente in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 308 fenomenologia formada incluindo a fenomenologia Kilminster 1989 Ver NEOKANTISMO Rigorosamente falando Schutz estava delineando apenas as precondições para a pesquisa na ciência social humanista e não tentando uma descrição empírica de qualquer sociedade nem fornecendo con ceitos para uso direto em pesquisa social Conforme as palavras de Thomas Lu ckmann 1983 pviiiix a fenomenolo gia social é uma protosociologia que revela as estruturas universais e inva riáveis da existência humana em todos os tempos e lugares Mas essa pretensão à universalidade baseada como era unica mente no raciocínio filosófico sempre foi contestável De onde deriva o catálo go abstrato de estruturas básicas do Le benswelt Que evidência empírica se é que existe poderia mudálas Estarão sendo subrepticiamente introduzidos valores e preconceitos a respeito da na tureza humana Além do mais a natureza esclarecedora a priori do empreendimento que os fenomenólo gos haviam reunido para si próprios significava que como eles mesmos reconheceram não eram competentes para fazer quaisquer afirma ções concretas sistemáticas a respeito das ur gentes questões de poder e dominação social em sociedades específicas Tal tarefa científico social estava fora de sua esfera Sua principal pretensão à fama portanto tornouse a crítica humanista do objetivismo e do POSITIVISMO on de estes existiam na corrente dominante da ciência social Uma vez que os sociólogos ab sorveram esse corretivo a fenomenologia foi gradualmente perdendo o seu apelo 2 O foco egológico da fenomenologia teve importantes repercussões para as variantes tanto social quanto filosófica Esse molde individualista é óbvio em Husserl mas também fica claro na visão que Schutz tem da sociedade como con sistindo em círculos concêntricos em tor no de si próprio Com referência a Nós cujo centro sou eu outros se destacam como Você e com referência a Você que se refere de volta a mim terceiros se destacam como Eles Meu mundo social com os alter egos nele incluídos está arrumado em torno de mim como centro em associados Unwelt contemporâneos Mitwelt predecessores Vorwelt e sucessores Fol gewelt com o que eu e minhas diferentes atitudes para com outros instituímos esses relacionamentos múltiplos Tudo isso é feito em variados graus de intimidade e anonimidade Schutz 1940 p181 Esse ponto de partida nominalista para a ciência social tem sido alvo de consideráveis críticas em sociologia de Karl Marx e Emile Durkheim em diante e recentemente de forma notável no trabalho teórico e empírico de Nor bert Elias em que foi encarado como uma forma inaceitável de monadologia Elias 1978 e 1991 O mesmo egoísmo significou que as versões filosóficas particularmente a de Husserl sem pre foram assoladas pelo fantasma do solipcis mo Sua solução a autoexperiência univer sal do ego transcendental foi atacada pelos fenomenólogos existenciais Sartre 19367 MerleauPonty 1945 Estes tentaram evitar tal perigo mudando a ênfase para a ontologia Cria ram conceitos como o estarnomundo da humanidade para tentar descrever a união pré teórica das pessoas em sociedade O movi mento antisubjetivista e antihumanista do ESTRUTURALISMO no pensamento social euro peu nos anos 50 e 60 foi também em parte uma reação às formas mais individualistas de fenomenologia Em fenomenologia o sujeito individual ou Ego empírico sempre teve um status analítico embora explicitamente se assumisse ser ele um indivíduo adulto A referência ao desenvolvi mento desse indivíduo era feita de maneira formal por exemplo na distinção de Husserl entre gênese ativa e passiva do Ego Car tesian Meditations 1931 seção 38 Em suas primeiras obras Schutz descreveu explicita mente o agente individual tido em suas análises como o adulto plenamente consciente Essa suposição estatística é corrigida em sua obra póstuma The Structures of the Lifeworld Schutz e Luckmann 1974 que contribuiu para desenvolver o que ficou conhecido como fenomenologia genética Nessa obra foi ple namente reconhecido o fato de os adultos terem sido crianças que aprenderam a partir de uma cultura preexistente através da socialização Es se ponto de vista pode ser encontrado de forma sofisticada na influente obra de metateoria de Berger e Luckmann intitulada The Social Cons truction of Reality 1961 No entanto de acor do com o caráter transcendental da análise fe nomenológica em geral a gênese é inevitavel Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar fenomenologia 309 mente tratada aqui também de modo formal abstrato como parte de uma estrutura universal de orientação subjetiva para as ciências sociais com o mundo de gênese real empírica coloca do entre colchetes Os sociólogos têm chamado a atenção para o fato de a fenomenologia ser um produto proe minente do egocentrismo da filosofia européia tradicional de Descartes a Kant e Husserl Essa tendência foi convincentemente explicada pelo desenvolvimento de complexos estadosnações ocidentais com paz interna Pode ser vista co mo expressão da autoexperiência do indivíduo moderno eminentemente autocontrolado ca racterístico dessas sociedades Elias 1939 A direção predominante que surge nas pesquisas contemporâneas da sociologia da individua lidade afastase do transcendental rumo às in vestigações empíricas de forma simultânea nas duas frentes do que Norbert Elias chamou de psicogênese e sociogênese Burkitt 1991 Leitura sugerida Elliston Frederick e McCormick Peter orgs 1977 Husserl Expositions e Appraisals Hammond Michael Howard Jane e Keat Russell 1991 Understanding Phenomenology Landgrebe Ludwing 1966 Major Problems in Contemporary Eu ropean Philosophy from Dilthey to Heidegger Lu ckmann T org 1978 Phenomenology and Sociology Natanson Maurice org 1970 Phenomenology and Social Reality Essays in Memory of Alfred Schutz Pivcevic Edo 1970 Husserl and Phenomenology Spiegelberg Herbert 1970 The Phenomenological Movement 2 vols 3ªed rev e amp Thomason Burke C 1982 Making Sense of Reification Alfred Schutz and Constructivist Theory RICHARD KILMINSTER fetiche Ver MERCADORIA FETICHISMO DA feudalismo O interesse moderno por esse an tigo sistema de organização social não ocorre apenas por si próprio A combinação de in dividualismo e hierarquia encontrada no feuda lismo europeu foi fonte da liberdade política do capitalismo e da ciência todos os três basea dos na competição seja de governantes recur sos ou idéias Duas condições da competição a ausência de capacidade coerciva central e a independência dos participantes fornecem cha ves para o contexto e o conteúdo do feudalismo Podemos encontrar governos nãocentrali zados ao longo de toda a história na antiga Mesopotâmia durante o período cassita no Egito durante o Médio Império em Bizâncio entre os séculos X e XII na China durante as dinastias Xu Han tardia e Tang tardia no Japão entre os séculos IX e XVIII e muitos mais No decorrer do tempo a autoridade governamental foi fragmentada entre jurisdições locais com mais freqüência e durante períodos mais longos do que foi centralizada Somente na Europa medieval porém é que uma economia e uma sociedade nãocentralizadas geram elementos competitivos suficientemente fortes para sobre viverem à recentralização Foi nessa Europa que surgiu durante o sé culo X dC um sistema eclético de governo e organização econômica em grande parte a par tir da necessidade mútua de defesa contra in vasores da Escandinávia Sob o feudalismo eu ropeu o coletivismo subordinação do interesse individual ao interesse do grupo associado a antigas formações políticas hierárquicas com binouse com rudimentos de individualismo político oriundos das relações entre os líderes tribais germânicos e seus seguidores entre os séculos VI e IX Por volta do século VI dC quando todos os vestígios da administração imperial romana do Ocidente haviam desaparecido no Norte da Eu ropa um governo limitado como o que ainda existia se tornou privatizado A defesa comum e a manutenção da lei e da ordem cabiam aos bispos locais e aos proprietários de terras que eram descendentes de invasores germânicos Os guerreiros vassalos das forças de defesa dos chefes locais prestavam serviço voluntário em troca apenas da camaradagem diária e da subsistência perpétua na casa de seus senhores Os fracos reis merovíngios e carolíngios des cendentes desses chefes recompensavam seus vassalos com extensas doações de terras em troca de 40 dias de serviço armado por ano e com a situação instável que se seguiu às in vasões do século IX a vassalagem adquiriu função política Uma relação entre quase iguais fruto da obrigação mútua evoluiu para uma hierarquia adaptada às necessidades de governo e defesa militar locais No vácuo criado pela queda da monarquia carolíngia no século IX cada vassalo assumiu autoridade para governar todos os que viviam em seu feudo Ele exercia a justiça recolhia impostos construía estradas e pontes e mobili zava um exército particular formado entre os residentes Podia exigir trabalho dos campo neses e tinha direito a todo o produto agrícola Assim praticamente sem distinção entre auto Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 310 fetiche ridade particular e pública a administração dos serviços e instalações públicos tornouse in diferençável da administração da propriedade feudal privada Por mais independente que cada vassalo pudesse ter sido de fato a obrigação tradicional de fornecer forças de defesa sustentou os laços simbólicos com o doador das terras Por volta do século X quando os títulos de propriedade o poder político e o status social correspondente à escala de posses podiam ser herdados as mútuas obrigações defensivas de sucessivas ge rações de proprietários de terras foram sendo formalizadas em um contrato feudal Os her deiros dos feudos maiores ficavam perto do ápice da pirâmide social superiores em uma nobreza feudal emergente Em uma cerimônia conduzida pela Igreja o vassalo jurava fidelidade ao seu senhor prome tendo fornecer cavaleiros armados para uma força de defesa em tempo de guerra e guardar o castelo do senhor em tempo de paz O senhor por sua vez resolveria as disputas entre os vassalos e forneceria ajuda militar caso as terras de um vassalo fossem atacadas Para cumprir sua obrigação de fornecer cavaleiros armados um vassalo de amplas posses as dividia en tregando o uso da terra a associados de posição inferior e estes por sua vez subdividiam ainda mais suas propriedades até que depois de uma sucessão de partilhas a propriedade menor per tencia a um cavaleiro Com a subenfeudação como esse processo é hoje chamado cada nível da hierarquia jurava fidelidade prometendo fornecer cavaleiros armados ao suserano dire tamente acima dele até que nos níveis mais elevados os principais vassalos deviam direitos feudais à coroa A subenfeudação estabilizou o relaciona mento feudal um vassalo principal hesitaria em violar seu contrato feudal com o rei pois suas ações serviriam de exemplo desfavorável aos homens que lhe deviam serviço feudal A lei consuetudinária feudal então emergen te estabilizou ainda mais as relações hierárqui cas protegendo os direitos dos senhores nas transferências entre gerações A regra da primo genitura a herança para o filho mais velho garantia que terra títulos e posição na socie dade feudal passassem intactos aos herdeiros Se o herdeiro do vassalo era incompetente o poder de reversão do senhor feudal permitialhe confiscar um feudo e redistribuílo Através do exercício do poder de tutelagem quando uma criança herdava um feudo um senhor podia exercer o controle até que a criança tivesse idade suficiente para fazer o juramento de fide lidade O senhor tinha o direito de aprovar o novo casamento de uma viúva e de aprovar os noivos para as filhas de seus vassalos Final mente o poder em aberto delegado permitia a um doador retomar um feudo caso seu detentor não conseguisse atender suas exigências Tal vez esses poderes indicassem meios pelos quais os vassalos tentavam fugir às suas obrigações O poder individual sob o feudalismo era limitado em dois aspectos importantes Ne nhum notável local em exercício do governo poderia controlar todos ou a maioria dos outros assim como nenhum senhor isolado poderia manter sua autoridade sem os recursos for necidos pelos subordinados cada um dos quais governava independentemente sua terra dentro do domínio mais amplo do suserano Embora as relações hierárquicas sociais e econômicas persistissem dentro de cada domí nio individual onde a terra podia ser trabalhada por escravos e arrendatários vinculados ser vos completamente dependentes do senhor das terras para a sobrevivência umas poucas famílias camponesas em especial no continen te possuíam terras em propriedade livre e alo dial e estavam isentas dos deveres feudais Por volta do século XII com o desaparecimento da escravidão e a compra da liberdade pelos ser vos que se mudavam para as cidades as regras da hierarquia passaram a controlar áreas cada vez mais reduzidas da vida Não existiu nenhuma autoridade temporal forte ao longo da Idade Média os monarcas feudais do medievo tardio governavam reinos descentralizados No final da Idade Média po rém elementos de interdependência permea vam as relações entre os senhores feudais À medida que coalizões entre quase iguais se formavam eram dissolvidas e depois reinicia das para se obterem vantagens mútuas o pro cesso de barganha que passou a se desenrolar enfraqueceu o coletivismo A barganha em que a autoregulamentação substituía a autoridade é característica do individualismo comumente associado ao capitalismo Lentamente à medida que senhores feudais fracos assumiram a autoridade dos notáveis locais de ministrar a justiça e administrar a defesa foise negociando uma combinação viá Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar feudalismo 311 vel de individualismo e coletivismo A hierar quia acabou dominando a formação política No entanto sua estrutura formal coexistia com elementos de individualismo e no decorrer do tempo esses elementos foram se tornando cada vez mais fortes Ver também ESTADO Leitura sugerida Bloch Marc 1940 La societé féo dale Ο 1974 The rise of dependent cultivation and seignorial institutions In Cambridge Economic His tory of Europe vol1 cap4 Duby Georges 1973 Guerriers et paysans essai sur la première croissance économique de lEurope Lyon Bruce 1972 The Ori gins of the Middle Ages Pirennes Challenge to Gibbon Stephenson Carl 1969 Medieval Feudalism caps 1 2 e 5 Strayer Joseph R 1971 The two levels of feudalism In Medieval Statecraft and the Perspectives of History Webber Carolyn e Wildavsky Aaron 1986 Finance in private governments of medieval Europe poor kings In A History of Taxation and Expenditure in the Western World CAROLYN WEBBER E AARON WILDAVSKY filosofia No século XIX foi impossível para o pensamento filosófico do fin de siècle evitar as conseqüências do desenvolvimento da ciên cia moderna As reações de Nietzsche dos neo kantianos naturalistas e evolucionistas mar xistas pragmatistas e idealistas cada qual a seu modo obtiveram sucessos desiguais Os menos bemsucedidos foram os idealistas cujos esfor ços para compreender o mundo como cons tituído por um sistema de idéias já não eram mais convincentes Na Alemanha o hegelianismo já havia sido superado Não tanto nos Estados Unidos e na GrãBretanha Nos Estados Unidos Josiah Royce e na GrãBretanha TH Green FH Bradley e Bernard Bosanquet estavam propor cionando fortes bases metafísicas para o cris tianismo liberal Embora variedades de idealis mo personalista promovidas pelo norteame ricano GH Howinson e pelos filósofos de Cambridge JE Mctaggart e James Ward rejei tassem o absolutismo como oriental todos esses filósofos idealistas tinham em comum a rejeição aos compromissos empiristas com o nominalismo o atomismo e as relações exter nas a idéia de que as coisas conservam suas identidades independentemente das rela ções em que se encontram Pelo menos desde Parmênides os filósofos têmse confrontado com o duplo problema da relação entre o um e o múltiplo e entre pen samento e realidade Bradley 18461924 ca racteristicamente tentou uma solução que co meçava com a experiência imediata e afir mava que todos os julgamentos incluindo os da ciência são cheios de contradições Para Bra dley o pensamento só pode ser verdadeiro quando o intelecto se encontra plenamente satisfeito e este não pode estar plenamente satisfeito enquanto o pensamento contiver con tradições Conforme escreve John Passmore 1957 Em parte alguma a não ser no Abso luto essa autoconsistência pode ser encon trada Para os idealistas o mundo em sua infinita complexidade era em última análise uma unidade O idealismo praticamente desapareceu com a Primeira Guerra Mundial De fato todas as elaborações de maior sucesso no século XX incluindo o marxismo a ele se opunham Na América do Norte o PRAGMATISMO e uma série de realismos os novos realismos por exemplo de EB Holt e RB Perry Holt 1912 e os realismos críticos de AO Lovejoy e RW Sellers Drake 1920 eram reações diretas ao idealismo O mesmo acontecia na GrãBretanha com as figuras predominantes de Bertrand Russell e GE Moore Na Alemanha e na Áustria a FENOMENOLOGIA de Husserl a filosofia da existência de Heidegger e o POSITI VISMO de Viena também movimentos de imen so sucesso foram esforços para superar o im passe do final do século XIX entre idealistas e realistas Em resposta aos ataques materialistas ao socialismo científico Engels tentou um tan to tardiamente fornecer uma filosofia da ciên cia para o marxismo Seguindoo o livro Ma terialismo e empíriocriticismo 1908 de Le nin tornouse a fonte do que se transformaria com Stalin no MATERIALISMO DIALÉTICO a filo sofia oficial do marxismo O chamado mar xismo ocidental a cujo respeito mais se dirá em seguida seria uma reação recente a isso O pragmatismo não era uma coisa única Os textos de Charles S Peirce William James Georges Herbert Mead e John Dewey talvez sejam tão diferentes quanto semelhantes Todos são corretamente pragmatistas na aceitação da crítica de Kant à metafísica mas também na rejeição de seu móvel transcendental Peirce 18291914 chegou mais próximo do realismo tradicional Havia um mundo externo de existência independente que era Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 312 filosofia não apenas dotado de leis próprias mas também inteligível Peirce 1877 reagiu à inquietação cartesiana afirmando que o problema era en contrar o modo preferido de estabelecer a cren ça na comunidade Este era claro o método científico preferido porque como público e falível somente ele era autocorrigível A famosa máxima pragmática de Peirce 1878 de que nossa concepção dos efeitos prá ticos de uma idéia dá a ela todo o seu significado foi mal utilizada por posteriores teorias verifi cacionistas do significado Sua obra sobre se miótica e lógica continua atual especialmente considerandose que proporciona uma alter nativa radical aos pontos de vista predominan tes de FregeRussell O pragmatismo de James 18421910 tinha a intenção de colher benefícios tanto dos idea listas quanto dos realistas a fim de incluir não apenas fatos e princípios mas ciência e religião Para conseguir isso James desmiti ficou ambas Ciência e religião brotam do sen timento de racionalidade 1878 e ambas vi sam relações ideais e interiores que não po dem em nenhum sentido inteligível que seja ser reproduções da ordem da experiência exter na A definição de James para verdade 1908 escandalizou os epistemólogos uma vez que parecia conceder que uma condição suficiente para verdade era que uma crença fosse útil De forma semelhante seu empirismo radical caiu nas graças de defensores de pontos de vista mais recentes amplamente opostos Por um la do magnífico autor de obras em prosa James tinha pouco interesse tanto em problemas filo sóficos estritamente concebidos quanto em atender aos padrões da recente filosofia técnica Sua característica principal era insistir em que o mundo é plural relacional e em produção De acordo com isso as crenças só têm valor como afirmações da verdade na medida em que atendam a necessidades carências objetivos e interesses específicos O instrumentalismo de Dewey era um naturalismo que implicava dessencializar Aris tóteles e ignorar a epistemologia tradicional em favor de uma franca admissão do método cien tífico Mas embora Dewey 18591952 mos trassese confortavelmente abstrato a respeito do que isso significava ele não era científico Ao contrário buscou humanizar a ciência e trazer seus métodos para as questões cotidianas incluindo uma política democrática Uma vez que a democracia era a própria idéia de comu nidade e comunidade exige que relaciona mentos face a face tenham conseqüências que geram uma comunidade de interesses uma par ticipação nos mesmos valores 1927 o pro blema da democracia era precisamente estabe lecer as condições em que é possível identificar conseqüências e estabelecer valores conjunta mente Superar uma série de dualismos corpo e mente experiência e natureza e muito impor tante fato e valor era crucial para o projeto de Dewey No seu ponto de vista esses dualis mos e com eles as principais divisões da filosofia moderna cresceram em torno do pro blema epistemológico da relação geral de sujei to e objeto 1917 A indagação era a idéia central da sua teoria do conhecimento e sua abordagem em muitos sentidos comparável à de Marx era começar com a prática concre ta levantar questões quanto à autenticidade sob as atuais condições da ciência e da vida social dos problemas da filosofia e então articular os problemas dos homens em termos passíveis de indagação Dewey está passando atualmente por um renascimento tanto como pensador pósmoderno prematuro ao modo de Richard Rorty quanto como um pensador cuja filosofia continua viável para a reconstrução modernista Enquanto Dewey se furtava a muitos dos problemas tradicionais da filosofia GE Moore 18731958 insistia em que estes resultavam da falta de clareza Seu ensaio The refutation of idealism 1903a demonstra isso e dá o tom para a concepção posterior da filosofia como análise lingüística Para Moore o conceito de uma coisa existente exigia que ela estivesse externamente relacionada a uma outra coisa O idealismo comprometido com relações inter nas não podia ser expresso de forma coerente Moore 1903b usou essa mesma tática contra a ética naturalista afirmando que os pontos de vista que tentavam definir o que era bom em termos de alguma propriedade natural tal como a utilidade cometem uma falácia Mes mo que seja certo ele insistiu que algo é útil ainda podemos perguntar Mas é bom Russell 18721970 um gigante da lógica moderna não se contentou em buscar soluções para problemas na teoria lógica e na matemáti ca Em vez disso ao empregar técnicas geradas no seu esforço de construir a matemática a partir Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar filosofia 313 da lógica logicismo ele pôde afirmar que todo problema filosófico quando submetido à análise e à purificação necessárias demonstra não ser realmente filosófico de forma alguma ou então ser no sentido em que estamos usando a palavra lógico 1941a Ele deveu a sua metafísica platônica inicial a Moore Mas dada a noção dúbia de Moore de que percebemos dados dos sentidos que eram presumivelmente as superfícies das coi sas Russell foi forçado a concluir que os obje tos comuns eram inferências a partir dos dados dos sentidos Com o princípio de que sempre que possível as construções lógicas devem substituir as entidades inferidas 1914b ele pôde afirmar que objetos comuns como núme ros podiam tornarse construções lógicas Mas ao mesmo tempo em que defendia o ato mismo lógico ele admitiu que fatos gerais não podiam ser analisados como fatos mole culares Russell 1918 Por exemplo todos os cisnes são brancos não se reduzia a este cisne é branco e aquele cisne é branco etc Em 1948 seu otimismo já havia desaparecido Com toda a engenhosidade do mundo o empirismo não podia sustentarse A ciência não apenas exigia o princípio indutivo que ele não conseguia encontrar meio de fundamentar como precisa va do postulado de quase permanência coisas À medida que a ciência se industrializava vários cientistas físicos do século XIX se tor naram filósofos da ciência ver FILOSOFIA DA CIÊNCIA Tinham em comum a rejeição à meta física e como parte disso insistiam em que a ciência não visava explicar por que as coisas acontecem de determinada maneira Explica ção se é que era possível significava dedução subsunção à lei Havia no entanto algumas diferenças importantes entre eles GR Kirchhoff 1874 Ernst Mach 1886 e Karl Pearson 1892 ofereceram uma versão fenomenalista e descritivista da ciência Henri Poincaré 1902 e Pierre Duhem 1906 insis tiram numa posição mais convencionalista afirmando que leis e teorias eram definições disfarçadas Finalmente Heinrich Hertz 1894 aluno de um pensador de inclinação mais realista Herman Helmholtz forneceu uma resposta neokantiana na qual as teorias eram representações do mundo na forma de modelos matemáticos Bilder Esses filósofos estabeleceram o Weltans chauung para o positivismo lógico talvez o movimento mais influente do século Os Prin cipia Mathematica 191011 de Russell e Whitehead e o Tractatus LogicoPhilosophi cus 1921 de Ludwig Wittgenstein foram porém os recursos imediatos Wittgenstein 18891951 parece ter seguido Hertz ao afir mar que a linguagem precisava de um modelo abrangente Ele voltouse de acordo com isso para a obra de G Frege e Russell Mas o esforço de Wittgenstein parece ter se destinado a não demonstrar que o discurso nãocientífico era cognitivamente destituído de sentido No seu ponto de vista é precisamente aquilo a cujo respeito precisamos calar que constitui tudo que realmente importa na vida De qualquer manei ra a filosofia se havia colocado contra a parede Aliviados da responsabilidade de dizer o que deveria ser os filósofos voltaramse para a me taética A Theory of Justice 1971 de John Rawls seria o primeiro tratado filosófico sig nificativo dentro da corrente principal sobre ética normativa e filosofia política em possivel mente duas gerações A história do positivismo mais recente já está um pouco batida não apenas com respeito às frustrações do programa mas também hoje quanto ao esclarecimento sobre o que ele era Por exemplo WVO Quine ele próprio pro fundamente envolvido no movimento e um de seus críticos mais atentos afirmou que The Logical Structure of the World 1928 de Ru dolf Carnap foi um esforço rigoroso porém fracassado de executar o programa de Russell de 1914 que visava explicar o mundo externo como um constructo lógico de dados dos sen tidos Carnap mais tarde afirmaria que a obra tinha um objetivo mais geral ou seja demons trar a possibilidade de traduzir afirmações cien tíficas em um sistema construcional ontolo gicamente neutro no qual a linguagem fenome nalista não era a privilegiada Nesse ponto de vista Carnap já estava comprometido com a idéia de estruturas lingüísticas pragmaticamen te justificadas com a verdade definida relativa mente a estas Isso viria a se tornar um tema da filosofia analítica posterior como por exem plo na obra de Donald Davidson A redução fenomenalista foi um tema principal do influente Language Truth and Lo gic 1936 de AJ Ayer cuja formulação do famoso princípio da verificabilidade in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 314 filosofia troduziuo a um número incontável de leitores Em seus termos o significado de uma proposi ção é dado pelo seu método de verificação Esse princípio teve problemas instantanea mente Assim se não era uma tautologia nem uma generalização empírica verificável qual era então o seu estatuto Em 1936 pelo menos a verificabilidade tinha se transformado em confirmabilidade e já não havia esperança alguma para a redução fenomenalista Carnap 1936 Assumindo um realismo ingênuo o pro blema tornouse o estatuto dos termos teóricos Estes eram dotados de significado parcial por meio de sentenças de redução por exemplo caso desafiado se alguém está apreensivo fica irrequieto É clara a relação com definição operacional e comportamentalismo Mas sem receber muita atenção por parte dos cien tistas sociais cuja afeição por essas idéias não se deixava perturbar com facilidade logo ficou claro para Carnap que sentenças de redução não seriam suficientes Em 1956 ele havia pas sado para regras de correspondência liber tandose consideravelmente do apoio no em pírico Carnap 1956 Houve também o problema persistente de uma lógica de confirmação o esqueleto no armário do empirismo lógico Carnap e CG Hempel reconheceram que o que se precisava era de uma lógica indutiva que como os Prin cipia nos permitisse discriminar entre prognós ticos válidos e sem validade Outros foram menos confiantes incluindo Karl Popper 1934 Este mordeu a isca humeana e insistiu na falsificabilidade baseado na regra deduti va do modus tollens Conjecturas arrojadas são a essência da ciência conjecturas que são em seguida testadas tentandose falsificálas De acordo com isso a nãofalsificabilidade de finiria a nãociência Mas conforme já obser vado por Duhem ficou muito pouco claro dado o caráter holístico das teorias se a falsificação foi possível em algum momento Por volta dos anos 50 a crítica interna já havia corroído todos os pilares principais do positivismo Goodman 1947 demonstrou que nenhuma análise extensional podia enfrentar satisfatoriamente os problemas intimamente re lacionados de indução confirmação e análise da lei científica Quine 1951 demonstrou que tanto a verificabilidade quanto a distinção ana líticasintética não podiam ser sustentadas Hempel 1958 reconheceu que se os termos teóricos fossem compreendidos à maneira dos positivistas não poderiam desempenhar o pa pel que se esperava que desempenhassem Han son 1950 afirmou que era impossível estabe lecer a distinção entre termos na linguagem de observação e na linguagem teórica Seria pos sível continuar mas talvez tenha sido Structure of Scientific Revolutions 1962 de TS Kuhn que levou essas questões ao extremo A con clusão principal foi que se Kuhn estivesse no mínimo aproximadamente correto a ciência efetiva não se conformava em nenhum sentido à reconstrução que era promovida pela filo sofia empirista da ciência Deixando de lado autores mais antigos e marginalizados como Cassirer 1923 White head 1925 e Bachelard 1934 surgiram duas alternativas para o ponto de vista padrão a saber o anarquismo metodológico de Paul Feyerabend 1971 e o realismo de Rom Har ré 1970 e outros Para Feyerabend Kuhn era insuficientemente radical para Harré uma vez eliminado o mito do dedutivismo seria pos sível entender a prática científica de formas despercebidas pelas filosofias anteriores O empirismo lógico foi uma corrente na postura predominantemente analítica da filo sofia angloamericana A outra com Moore ao fundo e o Wittgenstein tardio no primeiro plano foi a análise da linguagem ordinária ver FI LOSOFIA DA LINGUAGEM Conseguir acompa nhar o Wittgenstein das Philosophical Investi gations 1953 não é fácil Mas o slogan o significado é o uso rapidamente passou a ca racterizar análises que até mesmo para a velha guarda wittgensteiniana pareciam ser exercí cios aos quais faltava conseqüência filosófica até mesmo conseqüências do tipo terapêuti co antimetafísico que presumivelmente mo tivara a obra tardia de Wittgenstein Dois dos mais conhecidos analistas da lin guagem ordinária foram os filósofos de Ox ford Gilbert Ryle 190076 e JJ Austin 1911 60 Ryle 1949 analisou os conceitos men tais e concluiu que a mente não era um fantasma na máquina Ryle que deu início à filosofia da mente estava no entanto próxi mo a Carnap e a BF Skinner ao sustentar que os conceitos mentais eram mais bem analisados de modo disposicional como proposições hipo téticas que fazem referência ao comportamen to Austin juntouse ao ataque ao fenomenalis mo 1962 e identificou 1962 uma diferença Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar filosofia 315 crítica entre enunciados preformáticos por exemplo eu os declaro marido e mulher e enunciado de constatação como hoje é segundafeira Somente este último tem con dições de verdade A análise discursoação de Austin levou a filosofia analítica a um repensar da relevância do social Mas precisamos voltar aqui a uma resposta totalmente diversa ao amadurecimento da ciên cia Edmund Husserl 18591938 como Frege Russell Peirce e Dewey considerava a lógica como uma teoria da ciência mas que precisava ser considerada transcendentalmente A lógi ca deveria fornecer uma elucidação a priori sobre as condições de possibilidades da ciência Husserl 1900 Com essa finalidade desen volveu uma FENOMENOLOGIA sem pressupos tos A idéia era começar com a situação cog nitiva total não analisada conforme viven ciada e então através de descrição rigorosa explicar a igualdade de significados e sua re ferência a uma objetividade seja real ou fictícia em seu caráter Dessa maneira questões sobre a existência de objetos comuns como sobre espaço e tempo são postas entre parênteses de forma que o método é ostensivamente neutro entre realismo e idealismo A objetividade en tão não é constituída nos conteúdos primá rios ou seja conteúdos dos sentidos mas sim nos caracteres de apreensão significativa e nas leis que pertencem à essência desses carac teres Mas Husserl continuou afirmando que os objetos só podem ser no sistema de co nhecimento Isso claro é idealismo As filosofias da existência de Martin Hei degger 18891976 e JeanPaul Sartre 1905 80 ver EXISTENCIALISMO devem muito à feno menologia mas não apenas a ela Kierkegaard 181355 e Nietzsche 18441900 cada qual reagindo a Hegel viam a razão como algo que ameaçava engolir a humanidade O tema cen tral de Heidegger tornouse o estranhamento do homem em relação ao Ser 1927 Ele bus cou então descrever sem pressupostos o que é a existência humana Tentando solapar a subje tividade cartesiana o Dasein é o campo da existência humana o nome para pessoas em relação a outras e seu ambiente Para Heidegger a verdade não diz respeito a proposições mas seguindo a etimologia grega alethea ou des velamento diz respeito a compreender numa condição primordial da existência Esse é um tema de abordagens hermenêuticas por exemplo a de Georg Gadamer 1960 Ver HERMENÊUTICA Ao mesmo tempo em que Hitler atraía Hei degger também espantava incontáveis filóso fos dignos de nota para a Inglaterra e a América do Norte entre eles membros da ESCOLA DE FRANKFURT Herbert Marcuse Theodor Adorno e Max Horkheimer tentaram uma revisão do projeto de Iluminismo de HegelMarx de en contrar razão na história Se a classe operária não proporcionava uma perspectiva privilegia da então a razão estava sem a sua condição de possibilidade Jürgen Habermas continua a ser uma voz poderosa nesse esforço De fato o acontecimento filosófico decisi vo na França do pósguerra foi a redescoberta da DIALÉTICA de Hegel Isso deveu muito a Alexander Kojève e Jean Hypollite Juntos ensinaram a toda uma série de intelectuais fran ceses incluindo Raymond Aron Maurice Mer leauPonty Jacques Lacan Michel Foucault Gilles Deleuze Louis Althusser e Jacques Der rida Conforme informou Simone de Beauvoir falando tanto por si mesma quanto por Sartre nós havíamos descoberto a realidade e o peso da história No primeiro romance de Sartre a náusea é a existência revelando a si mesma 1938 O ser e o nada 1943 desenvolveu um existen cialismo radical que se concentrava na liber dade mas que naufragou no rochedo do soli psismo Em 1947 Sarte já havia confrontado o marxismo e o stalinismo Sartre 1947 O resul tado a Crítica da razão dialética concluída em 1960 foi uma assimilação que recebeu críticas tanto dos estruturalistas incluindo Claude LéviStrauss 1962 quanto de colegas íntimos como Albert Camus 1951 e Maurice Merleau Ponty 1955 que nos deram a expressão MAR XISMO OCIDENTAL Como Herbert Marcuse François Lefèbvre e G Della Volpe Sartre enfatizou os textos recentemente descobertos do jovem Marx Para os estruturalistas isso reintroduzia a metafísica a bête noire da filosofia do século XX Assim LéviStrauss defendeu um kantis mo sem objeto e Louis Althusser 1965 em bora comprometido com uma forma vigorosa de realismo defendeu a história sem agentes No seu ponto de vista Marx havia efetuado um corte epistemológico rejeitando seus antigos humanismo e historicismo Mas Althusser Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 316 filosofia partilhava com Sartre a rejeição do diamat e a busca de redefinir a filosofia para o MARXISMO A reação ao estruturalismo o pósestrutu ralismo caracterizase por um antirealismo ontológico e por uma ansiedade nietzschiana quanto à vontade de poder Embora Foucault 1966 rejeitasse a idéia de Sartre de que a totalização podia responder à crítica nietz schiana do conhecimento objetivo ele parecia admitir um tipo de crítica imanente expondo através de genealogias compreensões alter nativas de práticas atuais Ao mesmo tempo em que é improvável que Derrida 1967 viesse a aproválo epígonos do desconstrucionismo tenderam a reduzir a filosofia a gêneros retóri cos obliterando no caminho a própria idéia de verdade Mas o pósmodernismo ver MODER NISMO E PÓSMODERNISMO é possivelmente um fenômeno demasiado difuso para ser carac terizado em breves linhas A filosofia então encontrase numa condi ção bastante diversa daquela em que estava quando o século começou Não tanto pelo fato de o debate idealismorealismo ter desapareci do Tratase antes de seus termos terem mu dado Possivelmente tão importante quanto is so a incapacidade dos empirismos antimetafí sicos de extrair sentido da ciência e menos ainda do nosso mundo tem forçado a filosofia recente a rejeitar tanto as soluções fáceis quanto suas aspirações fundacionistas O resultado ainda não ficou claro Leitura sugerida Ayer A J org 1959 Logical Posi tivism Barrett William 1958 1962 Irrational Man a Study in Existential Philosophy Callinicos A 1990 Against Postmodernism Caton Charles E org 1963 Philosophy and Ordinary Language Farber Marvin 1943 1967 Foundation of Phenomenology Flower Elizabeth e Murphey Murray G 1987 A History of Philosophy in America vol2 Passmore John 1957 A Hundred Years of Philosophy Poster Mark 1975 Existential Marxism in Postwar France from Sartre to Althusser Suppe Frederick org 1974 The Structure of Scientific Theories Tiles JE 1988 Dewey Tiles Mary 1991 Mathematics and the Image of Reason Toulmin S e Janik A 1973 Wittgensteins Vienna Urmson JO 1956 Philosophical Analysis Its Development Between the Two World Wars PETER T MANICAS filosofia analítica Ver FILOSOFIA FILOSOFIA DA LINGUAGEM filosofia da ciência Este ramo de investiga ção abrange questões a respeito de ciência em geral tais como será que pelo menos algumas entidades teóricas seriam reais de grupos particulares de ciências tais como os objetos sociais podem ser estudados da mesma forma que os objetos naturais o problema do NATURALISMO e de ciências isoladas tais como quais são as implicações da teoria da relativi dade para os nossos conceitos de espaço e tem po A filosofia da ciência surgiu como dis ciplina distinta da Teoria do conhecimento ver CONHECIMENTO TEORIA DO de caráter mais ge ral em meados do século XIX mais ou menos na mesma época em que diferentes ciên cias com nomes como física química e biologia estavam se profissionalizando As principais figuras de sua primeira geração foram Auguste Comte inventor do rótulo po sitivismo bem como de sociologia o ultra empirista JS Mill o qual achava que até as proposições matemáticas eram empíricas e o historiador kantiano da ciência William Whe well Boa parte da história posterior da filosofia da ciência pode ser encarada como uma con tinuação da controvérsia entre Mill e Comte por um lado e Whewell por outro com hege monia dos primeiros até cerca de 1970 A visão predominante da ciência baseavase firmemen te no empirismo humeano que tinha sua epí tome na alegação de E Mach 1844 p192 de que as leis naturais não passavam da reprodu ção mimética de fatos no pensamento cujo propósito é substituir e poupar o incômodo da experiência nova Assim o final do século XIX assistiu a triunfos tão espetaculares para o campo empirista quanto a construção por Ben jamin Brodie de uma química sem átomos que foram amplamente encarados como sendo nas palavras de Alexander Bain meras ficções representativas O POSITIVISMO lógico do círculo de Viena dos anos 20 e 30 uniuse ao reducionismo e ao empirismo epistemológico de Mach Pearson e Duhem com as inovações lógicas de Frege Russell e Wittgenstein para formar a espinha dorsal da visão predominante da ciência em meados do século Seus membros originais fo ram M Schlick R Carnap O Neurath F Waismann e H Reichenbach CG Hempel E Nagel e AJ Ayer estavam intelectualmente próximos Ludwig Wittgenstein e Karl Popper circulavam na periferia O formalismo e o lin güisticismo eram características do círculo Es te partilhava as idiossincrasias do lingüisticis Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar filosofia da ciência 317 mo com o convencionalismo que crescera na França sob a influência de H Poincaré e E Le Roy na primeira década do século e que viria a ser radicalmente historicizado por G Ba chelard e G Canguilhem a partir dos anos 30 Contra a corrente o legado de Whewell foi assumido por NR Campbell nos anos 20 defendendo a necessidade de modelos na ciên cia Fora da corrente principal estavam as cos mologias de inspiração biológica produzidas por HL Bergson S Alexander e AN White head mais ou menos na mesma época e o materialismo dialético que estava sendo sis tematicamente codificado e disseminado na União Soviética sob Stalin A visão positivista da ciência girava em torno do eixo de uma teoria monista do desen volvimento científico e de uma teoria dedutivis ta da estrutura científica A primeira sofreu ataques de três fontes principais Primeiro de Popper e de expopperianos como I Lakatos e P Feyerabend Estes afirmavam que era a falsificabilidade e não a verificabilidade o marco da ciência e que era precisamente nos avanços revolucionários como os associados a Galileu ou Einstein que residia a sua relevância epistemológica Segundo de Kuhn e outros historiadores como A Koyré e sociólogos como L Fleck da ciência Eles concederam escrupulosa atenção aos processos sociais reais implícitos na reprodução e transformação do conhecimento científico no que viria a ser chamado de dimensão transitiva epistemológi ca ou históricosociológica da filosofia da ciên cia Finalmente de wittgensteinianos como NR Hanson SE Toulmin e W Sellars que se agarraram ao caráter nãoatomista dependente de teorias e mutável dos fatos em ciência Um problema que surgiu nos primeiros tem pos do debate sobre a transformação científica dizia respeito à possibilidade e na verdade segundo gente como Kuhn e Feyerabend ao caráter efetivo da variação de significado bem como da inconsistência da mudança científica Kuhn e Feyerabend apontaram que podia vir a suceder que não houvesse nenhum sentido co mum entre uma teoria e a sua sucessora Isso parecia tornar problemática a idéia de uma es colha racional entre tais teorias incomensurá veis e até estimulava um ceticismo super idealista quanto à existência de um mundo independente de teoria No entanto se a relação ente as teorias é mais de conflito que meramente de diferença isso pressupõe que sejam explica ções alternativas do mesmo mundo e se uma teoria pode explicar fenômenos mais sig nificativos em termos de suas descrições do que a outra o pode em termos das suas então existe um critério racional para a escolha da teoria e a fortiori um possível sentido para a idéia de desenvolvimento científico ao longo do tempo A teoria dedutivista da estrutura científica inicialmente sofreu ataques de Michael Scri ven Mary Hesse e Rom Harré pela falta de suficiência dos critérios humeanos para a cau salidade e a lei dos critérios hempelianos para a explicação e dos critérios nagelianos para a redução de uma ciência a outra mais básica Sua crítica foi então generalizada por Roy Bhaskar para incorporar também a falta de necessidade para eles Bhaskar afirmou que o positivismo não podia confirmar a necessidade ou a univer salidade e em particular a transfactualidade tanto em sistemas abertos quanto fechados das leis Nem uma ontologia no que carac terizou como a dimensão intransitiva da filoso fia da ciência que não identificasse os domí nios do real do efetivo e do empírico É de certa relevância que o ataque ao dedutivismo tenha sido tanto iniciado quanto levado a cabo por filósofos com forte interesse nas ciências huma nas onde o que um autor chamou de ortodoxia da explicação da lei Outhwaite 1987b nunca foi sequer remotamente plausível Donagan 1966 A trava de segurança do dedutivismo era a teoria da explicação de PopperHempel segun do a qual a explicação seguia por meio de subsunção dedutiva sob leis universais in terpretadas como regularidades empíricas Destacouse porém que é típico da subsunção dedutiva não explicar mas meramente genera lizar o problema por exemplo de por que este x faz o para por que todo x faz o O que se exige para uma explicação genuína é conforme insistiram Whewell e Campbell a introdução de novos conceitos que não estivessem contidos no explanandum modelos descrevendo meca nismos geradores plausíveis e coisas do gênero Mas os novos realistas críticos ou transcen dentais romperam com o kantismo de Cam pbell admitindo que sob certas condições es ses conceitos ou modelos poderiam indicar ní veis novos e mais profundos de realidade e a ciência era encarada como algo que seguia por meio de um processo de movimento contínuo e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 318 filosofia da ciência reiterado partindo dos fenômenos manifestos através de modelos e experiências criativos até a identificação de suas causas geradoras que se tornavam então os novos fenômenos Além do mais afirmouse que as leis que a ciência iden tificou sob condições experimentalmente fe chadas continuavam a valer porém transfac tualmente não como regularidades empíricas de modo extraexperimental fornecendo assim uma base racional para um trabalho prático e aplicado seja explicatório diagnóstico explo ratório etc Nos anos 80 I Hacking A Chalmers e outros aduziram novos argumentos em favor do realismo científico Mas houve também um parcial ressurgimento do positivismo no em pirismo construtivo de B van Fraasen que mais uma vez restringiria a imputação de reali dade aos observáveis e no atualismo de N Cartwright no qual as leis da física na medida em que não são empiricamente verdadeiras literalmente jazem Ao mesmo tempo realistas críticos começaram a explorar a questão no que foi chamado de dimensão metacrítica das condições da possibilidade tanto do positi vismo quanto do REALISMO por exemplo a identificação empírica permitida pela tecnolo gia do século XX das novas entidades e estratos identificados por palavras como átomos elétrons radiação estelar genes Dessa forma eles estabeleceram um elo com o pro grama forte na sociologia do conhecimento associada a Barry Barnes David Bloor e a escola de Edimburgo A partir daqui o século parece pronto a se encerrar na filosofia da ciência com uma nota pluralista e ecumênica ficando plausivelmente as grandes questões do realismo e do naturalismo resolvidas e dan dose talvez mais atenção aos problemas meta críticos metateóricos e conceituais colocados por ciências em particular Leitura sugerida Bhaskar Roy 1975 1978 A Rea list Theory of Science 2ªed Chalmers Alan F 1982 What is this Thing called Science 2ªed Feyerabend P 1971 Against Method Hacking I 1983 Representing and Intervening Harré R e Mad den E 1975 Causal Powers Kuhn Thomas S 1962 1970 The Structure of Scientific Revolution 2ªed Nagel E 1961 The Structure of Science Popper Karl 1959 Conjectures and Refutations ROY BHASKAR filosofia da ciência social As ciências so ciais sempre existiram em relação mais íntima com suas metateorias ou filosofias do que as ciências naturais quer dizer recorrendo à útil distinção de G Bachelard a filosofia diurna dos cientistas esteve nesse ponto mais impregnada da filosofia noturna produzida por seus filóso fos Além disso cada ciência social e cada escola dentro dela tem tido problemas ontoló gicos epistemológicos metodológicos e con ceituais que lhe são peculiares Mas um impor tante contraste pode ser traçado entre um posi tivismo naturalista forte em ciência econômi ca psicologia e sociologia nos moldes de Emile Durkheim e Talcott Parsons e proeminente nos países anglófonos e a hermenêutica antinatura lista forte nas ciências sociais e na sociologia de orientação mais humanista na veia de Max Weber e proeminente no mundo germânico Esse contraste supera a linha divisória marxis tanãomarxista Assim o tradicional materia lismo dialético da espécie de Friedrich Engels G Della Volpe e Louis Althusser pode ser co locado de um lado György Lukács JeanPaul Sartre e a ESCOLA DE FRANKFURT do outro Só em data relativamente recente ganhou destaque uma terceira alternativa um naturalismo crítico ou limitado baseado em uma descrição realista nãopositivista da ciência Este verbete vai in teressarse principalmente por algumas das questões que têm surgido na filosofia das ciên cias sociais no século XX Explicação e previsão O modelo positivista canônico de EXPLICA ÇÃO sustenta que explicar um acontecimento etc é deduzilo de um conjunto de leis univer sais somado a condições iniciais Infelizmente exemplos de explicações em conformidade com esse modelo estão completamente ausen tes nas ciências sociais Isso fornece o mais forte argumento negativo para a hermenêutica O modelo dedutivista postula uma simetria en tre explicação e PREVISÃO mas a ciência social funcionando como deve ser em sistemas aber tos tem uma ficha preditiva notoriamente ruim E por estranho que pareça foi um dos prin cipais expoentes do modelo dedutivonomoló gico de explicação Karl Popper quem se mos trou mais virulento em seu ataque ao que cha mou de historicismo isto é a elaboração de profecias históricas incondicionais É evidente que a falsidade disso não quer dizer que as ciências sociais não possam fazer previsões condicionais sujeitas a uma cláusula ceteris Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar filosofia da ciência social 319 paribus Mas a ausência de sistemas fechados significa que situações de teste decisivas são em princípio impossíveis pelo que as ciências sociais devem confiar em critérios exclusiva mente explicativos para confirmação e refuta ção Quanto à explicação os novos critérios realistas postulam uma distinção entre explica ções teóricas e aplicadas As primeiras proce dem por descrição de características significan tes retrodução para causas possíveis elimina ção de alternativas e identificação dos mecanis mos geradores ou da estrutura causal em ação a qual se torna agora a nova explicação a ser explicada DREI as segundas por resolução de um evento complexo etc em seus com ponentes redescrição teórica desses compo nentes retrodicção de possíveis antecedentes e eliminação de causas alternativas RRRE Entendimento O mais forte argumento positivo em favor da hermenêutica é que sendo os fenômenos sociais singularmente significativos ou gover nados por regras a ciência social deve estar precisamente interessada na elucidação do sig nificado do seu objeto de estudo ou por imersão nele como na inspirada explicação de Wittegenstein por P Winch ou pela dialógica fusão de horizontes ou estruturas de significa do como na explicação heideggeriana de HG Gadamer Podese objetar a isso que a con ceitualidade da vida social é suscetível de ser reconhecida sem se admitir 1 que tais conceitualizações esgotam o ob jeto de estudo da ciência social con sideremse os estados sociais de fome guerra ou prisão ou os psicológicos de ira coragem ou isolamento 2 que tais conceitualizações são incorrigí veis pelo contrário sabemos desde Marx e Freud que elas podem mascarar reprimir mistificar racionalizar obscu recer ou de alguma outra forma oblite rar a natureza das atividades em que es tão implicadas ou 3 que o reconhecimento da conceitualida de do ser social exclui a sua compreensão científica pelo menos uma vez que se abandone a restritiva ontologia empirista de esse est percipi O paradigma hermenêutico é coerente po rém com a metateoria realista da ciência Além disso os realistas críticos insistem tipicamente em que a Verstehen deve ser o ponto de partida para a investigação social Razões e causas A posição hermenêutica é freqüentemente reforçada pelo argumento de que as ciências humanas estão interessadas nas razões do com portamento dos agentes e de que tais razões não podem ser analisadas como causas Com efeito em primeiro lugar as razões não são logicamen te independentes do comportamento que ex plicam Além disso em segundo lugar operam em um diferente nível de linguagem F Wais mann ou pertencem a um jogo de linguagem Sprachspiel Wittgenstein que é diferente das causas Mas os eventos naturais podem do mesmo modo ser redescritos em função de suas causas por exemplo toast as burnt torrado como queimado Além disso a menos que as razões sejam causalmente eficazes na produção de uma e não de outra seqüência de movimentos corporais sons ou sinais fica difícil ver como pode haver bases para se preferir uma explica ção da razão a uma outra e na verdade toda a prática de dar explicações da razão deve final mente acabar parecendo desprovida de fun damento lógico ver também MATERIALISMO Estrutura e mediação Tanto o positivismo como a hermenêutica foram ligados ao individualismo e coletivismo ou ao holismo e os positivistas pelo menos acentuaram ou a mediação humana ou a es trutura social Mas os novos realistas apontam um paradigma relacional para sobretudo a so ciologia e uma resolução da antinomia de es trutura e mediação na teoria da estruturação Anthony Giddens ou no modelo transfor macional de atividade social Roy Bhaskar De acordo com isso a estrutura social é a con dição onipresente e o resultado continuamente reproduzido da mediação humana intencional Assim as pessoas não se casam para reproduzir a família nuclear nem trabalham para sustentar a economia capitalista No entanto é essa a conseqüência nãopremeditada e o resultado inexorável da atividade delas assim como também é uma condição necessária dessa ativi dade Relacionada com isso está a controvérsia acerca de tipos ideais Para os realistas críticos a base da abstração reside na estratificação real e na profundidade ontológica da natureza e da sociedade Não são classificações subjetivas de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 320 filosofia da ciência social uma realidade empírica nãodiferenciada mas tentativas de apreender por exemplo em defi nições reais de formas de vida social já enten didas de modo précientífico precisamente os mecanismos geradores e as estruturas causais que explicam em todas as suas complexas e múltiplas determinações os fenômenos con cretos da história humana Estreitamente ligado a isso está uma reavaliação de Marx como pelo menos em O capital realista científico ao contrário das interpretações marxistas e não marxistas existentes Também na sua esteira ocorre uma reavaliação de outras figuras maio res nas ciências sociais como Durkheim e We ber na medida em que combinam aspectos de um método realista e de um ou outro método e ontologia nãorealistas Fatos e valores O positivismo sustenta a existência de um abismo intransponível entre o fato e os enun ciados de valor A impregnação de valor do discurso factual socialcientífico parece fato patente Está claramente vinculado ao caráter impregnado de valor da realidade social que as ciências sociais estão procurando descrever e explicar Marx e Engels estavam simplesmente errados ao não ver isso De modo menos óbvio Bhaskar apontou que a ciência social tem im plicações de valor Na medida em que podemos explicar essa necessidade de consciência sis tematicamente falsa comunicação distorcida etc acerca dos fenômenos sociais então pode mos passar ceteris paribus às avaliações nega tivas dos objetos que tornam essa consciência necessária e às avaliações positivas das ações racionalmente planejadas para transformálas A crítica de economia política de Marx é neste ponto um óbvio paradigma Essa concep ção de ciência social como crítica explicativa e por conseguinte emancipadora está ligada aos primeiros trabalhos de Jürgen Habermas sobre o interesse cognitivo emancipador bem co mo ao seu mais recente projeto de uma ciência reconstrutiva necessariamente cf Outhwaite 1987 realista de competência comunicativa Naturalismo Os novos realistas postulam uma série de diferenças ontológicas epistemológicas rela cionais e críticas entre ciências sociais e natu rais ver NATURALISMO O pano de fundo natu ral para esse contraste tem sido a física e a química suas concepções clássicas Mais re centemente porém vários autores recomen daram com insistência diferentes disciplinas para comparação por exemplo biologia Ted Benton teatro Rom Harré e PF Secord dan do seguimento à obra de Erving Goffman e Harold Garfinkel Quando o século se avizinha de seu término parece haver mais que o sufi ciente para manter os cientistas sociais falando Leitura sugerida Benton T 1977 Philosophical Foundations of the Three Sociologies Bhaskar Roy 1979 1989 The Possibility of Naturalism 2ªed Giddens A 1984 The Constitution of Society Ha bermas Jürgen 1968 1971 Knowledge and Human Interests Harré R 1979 Social Being Keat R e Urry J 1981 Social Theory as Science Manicas Peter 1987 A History and Philosophy of the Social Sciences Outhwaite William 1987 New Philoso phies of Social Science Sayer D 1979 Marxs Me thod ROY BHASKAR filosofia da história Ver HISTÓRIA HIS TORICISMO TELEOLOGIA filosofia da linguagem Esta é uma expres são um tanto enganosa dando a entender que se trata de uma filosofia lingüística Na ver dade a expressão é usada na maioria das vezes e melhor com relação a um certo movimento filosófico que se cristalizou em Cambridge sob a liderança de Ludwig Wittgenstein 1889 1951 durante os anos imediatamente anteriores à Segunda Guerra Mundial Esse movimento veio a dominar o cenário filosófico da Inglaterra e em menor extensão outros países de língua inglesa durante as décadas imediatamente pos teriores à guerra Embora tendo origem em Cambridge seu quartelgeneral depois da guer ra localizouse em Oxford sob a liderança de Gilbert Ryle 190076 e JL Austin 191160 Era às vezes chamada de filosofia de Oxford A idéia central do movimento não era a de que a filosofia poderia iluminar a linguagem mas sim que a linguagem poderia iluminar a filosofia Os problemas filosóficos eram tidos como sendo num sentido importante espúrios surgiam não porque houvesse realmente um problema a resolver ou uma pergunta a respon der mas porque pessoas acometidas pela per plexidade filosófica expressão muito utiliza da eram tomadas sem percebêlo de forma clara ou consciente por idéias equivocadas a respeito da natureza da linguagem Essas idéias Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar filosofia da linguagem 321 equivocadas manifestavamse para elas sob a forma de uma inquietação conceitual a qual levava os tomados por essa inquietação a fazer perguntas caracteristicamente filosóficas Di ziase desse diagnóstico que era aplicável a toda a filosofia A tentativa de responder a perguntas filosó ficas e pior ainda de tentar substanciar essas respostas era inerentemente desorientada O procedimento correto de acordo com esse pon to de vista era descrever o costume lingüístico que comanda o uso das expressões cruciais relacionadas ao alegado problema Isso leva ria a pessoa tomada pela perplexidade a com preender o real funcionamento das palavras relevantes e a partir disso a se libertar da tentação de fazer e de responder a pergunta espúria Foi essa receita para lidar com proble mas filosóficos que levou todos os que abraça ram tal posição à prática de observações deta lhadas embora um tanto impressionistas do uso das palavras acompanhadas da convic ção de que esse é o único método adequado de fazer filosofia O movimento garantiu uma influência pos sante sobre a geração mais jovem de filósofos que entrou na profissão depois da guerra in fluência que não sofreu nenhum desafio sério até cerca de 1960 O movimento na época não se encarava como uma posição entre outras mas sim como uma revelação definitiva revo gando todo pensamento anterior e como o ápi ce de toda a filosofia até então existente Seus adeptos tinham de curar os rivais de seus autoenganos tácitos em vez de discutir com eles como iguais Tudo isso estava destinado a levar ou à eutanásia final da filosofia ou ao nascimento de uma disciplina totalmente nova Quais eram os pressupostos errôneos com respeito à linguagem que tiveram o poder de assolar a humanidade durante tanto tempo e na verdade de engendrar toda uma disciplina e uma profissão cultas Os erros podem ser divididos em um grande erro genérico por um lado e erros específicos por outro O erro ge nérico era achar que a linguagem não faz senão uma coisa e esse único papel ou função é de referência ao mundo As anteriores teorias em píricas da linguagem em geral davam isso como certo e em particular o Tractatus LogicoPhili sophicus 1921 obra juvenil do próprio Witt genstein se baseara nesse pressuposto Foi a derrubada desse pressuposto que fez surgir a nova revelação Tais visões da linguagem não negavam evidentemente que ela também é usada para toda uma variedade de outros fins sociais tais como o ritual mas eles descartavam implicitamente esses papéis tratandoos como irrelevâncias e excrescências de menor monta que não modificavam a real essência da lin guagem Esse era o grande erro Os erros específicos eram em certo sentido apenas exemplos concretos especiais do erro geral Por exemplo existe a interpretação errô nea da avaliação como a atribuição de traços característicos ou disposicionais como as pectos diretamente observáveis Dizer que al go é frágil significa dizer que está sujeito a se quebrar e não que tenha alguma característica perceptível neste exato momento A hipótese subjacente à filosofia da lin guagem de Wittgenstein era a de que sempre que se formulam problemas ou teorias filosófi cos o que está realmente acontecendo é que o pensador não se deu conta dessa verdade geral a respeito da diversidade de função da lin guagem e está tentando impor um modelo ho mogêneo sobre o material lingüístico que é inerentemente heterogêneo Sem esse pressu posto errôneo a questão não se colocaria Por exemplo os teóricos morais tentam assimilar o discurso moral ao discurso descritivo ou cien tífico os que propõem teorias sobre a mente não conseguem ver que o discurso com respeito a um desempenho inteligente se refere a uma ampla variedade de capacidades e não a uma única zona distinta e observável e assim por diante Durante o auge do movimento essa hipótese era encarada como uma revelação de vidamente estabelecida na prática era usada como uma definição Era uma parte inerente e central da posição madura de Wittgenstein que a teorização a explicação e a justificação não tinham lugar na filosofia e deveriam ser substituídas pela des crição do costume lingüístico Formas de vi da com o que ele parecia querer referirse ao costume lingüístico efetivo de comunidades dotadas de um discurso concreto estavam aci ma tanto da explicação quanto da justificação Essa estratégia portanto se autojustificava Dessa maneira estranha uma filosofia que ne gava o papel tradicional da justificação ou da validação para a filosofia acabava praticandoa ela própria de uma forma oblíqua E de manei ra curiosamente nova indiscriminada e genera Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 322 filosofia da linguagem lizada foi o que ela fez todos os estilos de pensamento atualmente em existência eram vá lidos Apenas a tentativa de buscar um ponto de vista externo e de justificar ou condenar a prática existente não era válida Essa filosofia ignora o fato de que a busca transcendente do costume de qualquer comunidade dada é ela própria um aspecto importante e difundido da história intelectual humana todos os tipos de platonismo a religião transcendente a Refor ma a Ilustração a tradição filosófica cartesiana buscando um fundamento para o conhecimen to tudo isso o exemplifica O relativismo in discriminado e o imanentismo lingüístico de Wittgenstein condenariam todos à desgraça A primeira onda de filósofos da linguagem profundamente convictos e nãocríticos não praticou esse relativismo implícito de nenhum modo consistente ou por assim dizer generali zante eles se concentraram no seu próprio costume conceitual a linguagem ordinária esforçandose por demonstrar que as teorias filosóficas eram leituras equivocadas disso e podiam ser curadas prestandose a devida atenção às suas nuanças A tentativa mais deter minada e célebre de pôr em prática essa es tratégia foi The Concept of Mind 1949 de Gilbert Ryle que alegava resolver ou dissol ver o problema mentecorpo e no pacote o problema das outras mentes Provavelmente o praticante mais influente desse método tenha sido JL Austin o qual tentou demonstrar em Sense and Sensibilia que o problema do co nhecimento conforme previamente apresenta do pelos teóricos do conhecimento era mal orientado ver também CONHECIMENTO TEORIA DO Quando nossa pretensão ao conhecimento se via submetida a uma dúvida geral não havia segundo ele nada o que responder Esse tipo de filosofia wittgensteiniana clás sica posta em prática dentro da filosofia e em um espírito marcadamente insular o uso do inglês ordinário para demonstrar que as an tigas filosofias não passavam de feixes de con fusão acabou fenecendo depois de duas ou três décadas de entusiasmo A posterior influên cia de Wittgenstein tendeu a se dar mais entre pensadores com uma consciência mais clara de seu relativismo cultural Esses homens sen tiamse positivamente atraídos pelo relativismo geral A formulação notável dessa posição é The Idea of a Social Science 1958 de Peter Winch Tais pensadores já não a encaravam como o diagnóstico e o auge terminal de toda a filosofia mas como uma filosofia entre outras porém melhor e mais generosa em seu endosso de todas as culturas Neste tipo de interpretação o que se valoriza em Wittgenstein não é tanto a sua revogação da filosofia anterior como uma presumida incompreensão da linguagem mas sua defesa do igual valor dignidade e autono mia de todas as visões culturais Sob essa forma Wittgenstein continua a exercer grande influên cia em campos mais amplos tais como os es tudos literários ou a antropologia cultural Leitura sugerida Austin JL 1962 Sense and Sen sibilia How To Do Things with Words Gellner Ernest 1959 Words and Things Magge Bryan 1971 Modern Britsh Philosophy Ryle Gilbert 1949 The Concept of Mind Winch Peter 1958 1976 The Idea of a Social Science and its Relation to Philosophy Wittgenstein Ludwig 1953 1967 Philosophical Investigations ERNEST GELLNER forças armadas Ver MILITARES fordismo e pósfordismo A palavra fordis mo foi cunhada nos anos 30 pelo marxista italiano Antonio Gramsci e pelo socialista belga Henri de Man para se referir a uma interpreta ção dos textos de Henry Ford o fabricante de automóveis como formuladores das premissas para uma importante transformação da civiliza ção capitalista Nos anos 60 a palavra foi redes coberta por inúmeros marxistas italianos R Panzieri M Tronti A Negri e em seguida pela escola francesa da regulação M Aglietta R Boyer B Coriat A Lipietz como o nome para o modelo de desenvolvimento econômico efe tivamente estabelecido nos países capitalistas avançados depois da Segunda Guerra Mundial Ford havia insistido em duas questões impor tantes Primeiro enfatizou o paradigma indus trial que havia implementado em sua fábrica onde não apenas desenvolveu os princípios do gerenciamento científico inicialmente pro postos por F Taylor a sistematização através da criação de métodos do que fosse o melhor meio de se executar cada tarefa produtiva ele mentar a divisão nítida entre essas tarefas ele mentares e a especialização de cada função de modo padronizado como também acrescen tou a busca da automação através de uma me canização cada vez mais intensa ver também RACIONALIZAÇÃO O outro aspecto do fordis mo de Ford era a defesa dos salários mais elevados cinco dólares por dia para o que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar fordismo e pósfordismo 323 apresentou dois motivos Salários elevados eram a recompensa pela disciplina e a estabili dade da força de trabalho em uma empresa racionalmente organizada Mas também caso essa prática se tornasse generalizada fornece riam o mercado comprador necessário para a produção em massa Em ambos os casos a classe operária era convidada a se beneficiar da sua própria submissão à autoridade gerencial dentro da firma Gramsci enfatizou o aspecto microcorporativista desse tipo de concessão mútua dentro de cada empresa enquanto Henri de Man concentrouse na possibilidade de um macrocorporativismo no nível da so ciedade ver também CORPORATIVISMO Era a época da Grande Depressão quando fascistas socialdemocratas e comunistas criti cavam a anarquia do mercado capitalista ou como disse Karl Polányi o domínio de um mercado autoregulado sobre a sociedade O macrocorporativismo estava na agenda de todas essas tendências antiliberais e na verdade Hen ri de Man terminou como fascista Mas depois da Segunda Guerra Mundial a solução social democrática e o modo de vida americano tornaramse hegemônicos no Ocidente sob o domínio dos exércitos de libertação do pre sidente Roosevelt Através do New Deal nos Estados Unidos do Front Populaire na França da implementação do Relatório XX na Grã Bretanha dos sucessos da socialdemocracia na Escandinávia o macrocorporativismo foi es tabilizado pela formalização da mútua conces são fordista entre gerência e sindicatos sob os auspícios do estado A legislação social foi sis tematizada o estado de bemestar ampliado a negociação coletiva generalizada Essa conci liação resultou em 20 anos de forte expansão da produtividade do investimento e do poder de compra O fordismo é assim uma espécie de holis mo hierárquico A sociedade garante a todos a participação no trabalho coletivo e divide os benefícios entre todos Mas essa sociedade é organizada por gerentes particulares ou pú blicos construindo o mundo de acordo com sua ciência Nesse aspecto o fordismo ligase à modernidade como um estilo burocrático em termos de governo e como um estilo racionalis ta em termos de urbanismo No entanto ao contrário do stalinismo ou do fascismo a glória do fordismo não reside em suas realizações coletivas mas no acesso geral ao consumo par ticular de massas Donde ele abriu o caminho para a SOCIEDADE AFLUENTE uma forma de in dividualismo generalizado controlado pela pro paganda e pela regulamentação Nos anos 70 a crise econômica do fordismo teve origem tanto em seu aspecto taylorista quanto em seu aspecto regulado Os prin cípios tayloristas mostraramse menos eficazes com as novas tecnologias de informação e a internacionalização da economia tornou mais difícil para o estado exercer o seu papel regula dor Daí nos anos 80 a busca de um pósfor dismo concebido a princípio como inversão do fordismo especialização por tarefa em vez de taylorismo e produção em massa flexibili dade em vez de regulamentação rigorosa Essa é a concepção da especialização flexível Piore e Sabel 1984 do pósfordismo que inspira alguns pensadores de esquerda no mun do anglosaxão e também os estilos e ideolo gias pósmodernistas ver também MODERNIS MO E PÓSMODERNISMO Mas isso é veemen temente criticado por abandonar os direitos que o trabalho havia conquistado sob o fordismo No continente europeu enfatizase que as ta refas especializadas implicam rigidez do con trato salarial e que a flexibilidade fomenta a desqualificação Assim existem concepções opostas quanto à saída para a crise do fordismo vários pósfordismos A história ainda está em aberto no final do século XX mas os países capitalistas mais flexíveis GrãBretanha Es tados Unidos parecem ser industrialmente do minados pelos mais organizados e habilita dos Japão Alemanha Ver também CAPITALISMO Leitura sugerida Hall S e Jacques M orgs 1991 The Changing Face of Politics in the 1990s Harvey D 1989 The Condition of Postmodernity an Enquiry into the Origins of Cultural Change Lipietz A 1987 Mirages and Miracles the Crises of Global Fordism Ο 1991 Choosing Audacity an Alternative for the XXIst Century Piore M e Sabel C 1984 The Second In dustrial Divide Possibilities for Prosperity Polányi K 1944 The Great Transformation the Political and Economic Origin of our Time ALAIN LIPIETZ formalismo Os grupos de jovens escritores artistas e críticos russos progressistas que co meçaram a desafiar os valores culturais e as teorias estéticas dos realistas e românticos tra dicionais tornaramse conhecidos pejorativa mente como formalistas O Círculo Lingüístico Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 324 formalismo de Moscou foi formado em 1915 e incluía Roman Jakobson Osip Brik e Boris Tomas hevsky O grupo complementar de São Peters burgo que fundou a Sociedade para o Estudo da Linguagem Poética Opoiyaz em 1916 ti nha entre seus membros Viktor Chklovsky Bo ris Eichenbaum e Vladimir Maiakóvsky Os grupos formalistas participavam do projeto maior de estabelecer uma poética rigorosamen te científica começando pela demolição de al guns princípios e abordagens críticos padroni zados Não podia haver mais lugar para o con ceito do artistacomogênio para noções de controle expressividade ou presença intuitiva autoral Os estudos biográficos e psicológicos bem como os filosóficos e impressionistas tor naramse irrelevantes As obras não podiam ser identificadas em termos de idéias pensamen tos proposições ou temas A tarefa que os formalistas se autoestabele ceram era especificar através de análise deta lhada o que exatamente vinha a constituir um fato literário distinguindo a literatura de qualquer linguagem falada ou nãoliterária en carada como automatizada cheia de clichês embotada e rígida Não propunham uma única posição ou doutrina fixa mas todos partilhavam esse pressuposto básico a respeito da linguagem poética Ela é bem diferente da linguagem na tural da fala do diaadia e não deve ser tomada como mera variação É um sistema autosuficiente completo em si mesmo com suas próprias formas códigos e leis de auto regulação Uma qualidade característica excep cional é sua autoreferencialidade seu poder de chamar a atenção sobre si mesma Todos os componentes da escrita poética suas unidades padrões formas e técnicas se dirigem para esse jogo de linguagem uma consciência de expres são que se autodeleita e à qual todos os outros aspectos estão subordinados A função estética não se identifica com a função comunicativa sendo prioritária e superior a esta O comen tário de Jakobson sobre o Soneto 129 de Sha kespeare exemplifica de forma brilhante essa abordagem A pesquisa da literalidade havia produzi do alguns belos resultados na poesia Formulan do uma estilística a partir desse trabalho os críticos de Moscou e Petersburgo passaram ousadamente a aplicar seus princípios à prosa A Teoria da prosa de Chklovsky publicado em 1929 foi o manifesto O ataque de toda a crítica da linguagem dirigirase é claro contra a mi mese contra todas as noções de representação da linguagem como transparente como media dora direta de uma realidade externa A aplica ção dos princípios formalistas à prosa narrativa pode ser vista na obra de Eichenbaum e Shklovsky Contos de Gogol como O capote são tratados como um sofisticado jogo de estilos discrepantes um desnudamento dos recursos que entram em função no processo artístico A extensa análise de Tristam Shandy de Laurence Sterne e do Don Quixote de Cervantes feita por Viktor Shklovsky leva o método de Eichen baum aos seus limites Paradoxalmente Sterne é dado como tendo composto o romance mais típico da literatura mundial uma vez que li teratura sem tema é a definição dos formalistas para o que se qualifica como literatura De forma semelhante o humor os contrastes de personagens os acontecimentos divertidos o patético e as soluções dos romances de Cervan tes têm de ser vistos como produzidos quase que inadvertidamente como incidentais à denúncia parodista do romance de cavalaria A explicação dos formalistas para a evolu ção literária atribui a mudança a tendências em desenvolvimento dentro da própria LITERATURA bem como à passagem do tempo Nessa ex plicação a sucessão não é particularmente cau sal uma vez que formas iniciais mais antigas podiam retornar com o mesmo efeito de pertur bar as formas estabelecidas ou canônicas O que é válido para a evolução do gênero também o é para a criação formal interna do texto particular Do processo de desfamiliarização surge a cons ciência peculiar e incomparavelmente nova que rompe com as reações e hábitos convencionais de percepção Os textos que causam esse cho que do novo têm a qualidade de literalidade Chklovsky conclui Arte é um meio de revi venciar a criação de objetos mas objetos já prontos não têm importância para a arte O caráter fugidio do objeto coisa conteúdo ou tema nas explicações formalistas é semelhante ao do nãoobjeto da literalidade a qualidade extrema que precisa ser definida Na medida em que as convenções e as formas literárias são o alvo o conceito tende a se estetizar ver ESTÉTI CA a se confinar a construções literárias Na medida em que são idéias atitudes e valores os alvos são objetos extraliterários ideologias a própria compreensão o conteúdo volta para se vingar e a forma é restituída ao social ao cul Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar formalismo 325 tural ao histórico e ao imediatamente contem porâneo A desfamiliarização mesmo quando limitada a códigos e convenções literárias de monstra ter paradoxos semelhantes Na medida em que normas e cânones literários têm de ser necessariamente subvertidos o próprio con ceito é essencialmente relativo ao que será tor nado estranho Na medida em que a nova produção se transforma por sua vez na norma aceita não há nenhum grupo ou série de formas estáveis em equilíbrio histórico a partir das quais as qualidades que definem a literalidade possam ser inferidas e articuladas O objetivo extremo recua e o processo é autoinvalidante Leitura sugerida Bann S e Boult JE orgs 1973 Russian Formalism Bennet Tony 1979 Formalism and Marxism Jameson Fredric 1972 The Prison House of Language a Critical Account of Structura lism and Russian Formalism Lemon LT e Reis MJ orgs 1965 Russian Formalist Criticism Four Essays Matejka L e Pomorska K orgs 1971 Rea dings in Russian Poetics Formalist and Structuralist Views Pike Chris org 1979 The Futurists the For malists and the Marxist Critique FRANK GLOVERSMITH Frankfurt escola de Ver ESCOLA DE FRANK FURT funcionalismo Este ramo de análise em ciências sociais referese a uma orientação me todológica e teórica em que as conseqüências de um dado conjunto de fenômenos empíricos em vez de suas causas constituem o centro da atenção analítica A palavra tem sido aplicada a toda uma variedade de abordagens divergentes mas o elemento que estas têm em comum é a concentração nas relações de uma parte da so ciedade com outra e talvez com maior freqüên cia de uma parte da sociedade com a sociedade inteira Análise causal e análise funcional são duas abordagens distintas que não precisam competir uma com a outra A análise funcional surgiu da tentativa de usar em análise social noções desenvolvidas inicialmente na esfera biológica Esse modo de raciocínio metodológico teve como pioneiros Emile Durkheim na França e Herbert Spencer na GrãBretanha A corrente durkheimiana foi desenvolvida pelos antropólogos AR Radclif feBrown e Bronislaw Malinowski na Grã Bretanha e por Talcott Parsons Robert K Mer ton e seus discípulos nos Estados Unidos O funcionalismo dominou a sociologia norte americana dos anos da guerra até meados da década de 60 mas desde então se viu submetido a variados ataques que levaram à perda de seu anterior predomínio nunca mais tendo assu mido uma importância maior na Europa Uns poucos exemplos demonstrarão a natu reza dessa abordagem Se alguém deseja anali sar os padrões conjugais na sociedade ociden tal é possível tentar explicálos através de uma análise digamos das idéias cristãs de matrimô nio tal como se desenvolveram desde o tempo de São Paulo até os pronunciamentos do atual papa Mas é possível também levantar um tipo diferente de questão por que sistemas de casa mento monogâmico têm predominado no mun do ocidental durante tão longo tempo Nesse caso uma resposta satisfatória deve não apenas concentrar sua atenção na história do sistema familiar ocidental moderno mas além disso explicar sua persistência durante um longo pe ríodo da história ocidental Essa questão será mais bem abordada comparandose esse sis tema familiar com outros e investigando suas conseqüências para a estrutura mais ampla da sociedade ocidental e para elementos específi cos dentro dela A busca sistemática das conseqüências so ciais de um dado conjunto de fenômenos deve ser distinguida de outra noção prospectiva nas ciências sociais a de propósito Enquanto esta última se refere a motivações conscientes de um ou mais agentes a primeira é usada para investigar conseqüências das quais o ator pode não ter consciência Tal distinção foi formulada pela primeira vez por Robert K Merton quando apresentou uma distinção entre funções ma nifestas e latentes isto é inconscientes como nos exemplos que se seguem Todas as socie dades têm regras de herança que determinam quem deve herdar o quê A análise funcional não está interessada no desenvolvimento his tórico dessas regras mas volta o foco de sua indagação para uma consideração sobre o im pacto societal diferencial dos diferentes sis temas de herança Investiga por exemplo as conseqüências patentes do sistema de primoge nitura e dos sistemas que favorecem a partilha igual entre filhos e filhas ou de sistemas que prevêem a sucessão através da linhagem pater na ou da linhagem materna ou da vontade do testante Cada um desses diferentes sistemas de herança tem fortes conseqüências estruturais na medida em que leva por exemplo à concen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 326 Frankfurt escola de tração ou à dispersão da riqueza familiar O conceito de função latente leva a atenção para além do problema de saber se o comportamento atinge o propósito dos agentes dirigindoa para séries de conseqüências do comportamento das quais os agentes não têm consciência e que não haviam previsto Em particular comportamen tos que dão ao observador a impressão de ir racionais e sem sentido podem resultar à luz da análise funcional como tendo importantes con seqüências Se as danças da chuva não têm probabilidade de mudar o tempo podem muito bem contribuir para elevar o moral de um grupo que está desmoralizado por um longo período de seca Muitos cientistas sociais antropólogos em particular têm concentrado suas maiores aten ções nas conseqüências de um fato social par ticular para a estrutura mais ampla no qual ele está embutido Parece no entanto que uma estratégia analítica igualmente frutífera seria fazer remontar as conseqüências de uma dada instância para outra instância como essa dentro de um todo mais amplo Essa perspectiva in dica por exemplo haver probabilidades de que seja frutífero analisar o impacto de uma depres são sobre a taxa de natalidade ou as conseqüên cias do uso de drogas para os padrões de mobi lidade de uma minoria em particular Tem havido entre alguns analistas funcio nais a tendência infeliz a presumir que qualquer instância que contribua para a manutenção de um todo mais amplo é por isso mesmo um fator positivo Mas somente aqueles com uma inclinação conservadora presumem que o que existe é necessariamente desejável Essa in clinação conservadora pode ser evitada se for destacado que é possível concentrarse em al ternativas que podem ter funções positivas para uma instância e no entanto não estarem amar radas a um conjunto de conseqüências indese jáveis Assim se a magia pode dar aos agentes uma sensação de segurança em um ambiente imprevisível também é verdade que apólices de seguro podem ter as mesmas conseqüências quando a pessoa passa de uma sociedade tribal para uma sociedade moderna A atenção a fun ções alternativas impede que a análise seja amarrada a uma ideologia conservadora Outra inclinação conservadora pode ser in troduzida na análise funcional caso a atenção analítica se limite a funções positivas Merton distingue entre funções e disfunções Ele de monstra além disso que determinados itens sob análise podem ter conseqüências funcionais ou disfuncionais para diferentes partes de um sistema social Por exemplo os padrões de mobilidade individual em uma sociedade in dustrial podem ser reforçados pela assistência financeira a jovens promissores das classes in feriores permitindolhes atingir os cursos se cundários ou a faculdade Mas essa extração do melhor ente os estudantes promissores das classes inferiores provavelmente esvaziará as reservas de líderes capazes para um partido operário ou um sindicato Quando a disfunção de uma instância em particular tornase óbvia isso pode estimular cientistas sociais voltados para as reformas bem como leigos a imaginar modos alternativos de organização Como costuma ser o caso na história da ciência quando uma nova abordagem método ou teoria é publicado os que a ela são in troduzidos parecem sentir que a nova coisa é capaz de explicar tudo que existe sob o sol Os primeiros freudianos tendiam a ver simbolismo sexual nos zepelins ou nos charutos havana e os primeiros analistas funcionais acreditavam que tudo devia ter necessariamente uma função Essa fé tão simples tem hoje poucos seguidores Tal como a medicina está consciente de que existem partes da anatomia tais como o apên dice que não possuem quaisquer funções dis cerníveis também a maioria dos funcionalistas hoje sabe que existem partes do organismo social que não parecem ter mais uma função ou que podem até nunca haver tido uma Outra abordagem da análise funcional a noção de prérequisitos funcionais desfrutou de bastante atenção uma década ou duas atrás mas desde então parece ter sido deixada de lado A noção de prérequisito sugere que qualquer sistema social precisa atender a certas funções indispensáveis caso queira sobreviver A aten ção aqui se concentra nas precondições e pré requisitos funcionais para uma sociedade Essa parece ser uma noção valiosa Infelizmente porém tal proposição irrepreensível foi seguida em geral pela idéia de que um item particular existente é um prérequisito funcional e essa é uma noção altamente questionável Não so mente se desvia a atenção das estruturas alter nativas como também se afirma que itens cul turais específicos devem ser operantes caso o sistema queira sobreviver Assim por exemplo afirmouse que a religião era um requisito fun Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar funcionalismo 327 cional para a manutenção da solidariedade nu ma sociedade Tal proposição só pode ser man tida afirmandose que instituições culturais for malmente nãoreligiosas são na verdade de ca ráter religioso por exemplo que o comunismo é na verdade uma religião ou que a religião é de fato uma instituição indispensável insubs tituível o que até hoje não se demonstrou ser o caso Os analistas que raciocinam segundo essa linha de pensamento nunca estabeleceram de forma convincente que a religião é o cimento insubstituível que une a sociedade Além do mais muitas listas compiladas por autores que afirmam esse ponto de vista acabam depois de um exame demonstrando não serem muito mais do que listas de itens tais como a produção de alimentos e a regulação sexual que de fato são parte da sociedade por definição Parece de valor limitado insistir em que as pessoas devem realmente ter algo para comer caso a sociedade queira sobreviver A análise funcional encontrase no presente momento muito na defensiva nos Estados Uni dos e também na Europa No entanto também é um fato que muitos textos sociológicos con tinuam a usar a lógica e o raciocínio funcionais embora não explicitamente Monsieur Jour dain o personagem de Molière não sabia que estivera sempre falando em prosa e muitos membros da corporação sociológica não sa bem ou não querem que seus leitores saibam que na realidade estão usando a análise fun cional Somente o futuro dirá se a análise funcional é de fato um requisito de uma sociologia sofis ticada Ver também ESTRUTURALISMO TELEOLOGIA Leitura sugerida Davis Kingsley 1949 Human So ciety Demerath NJ e Peterson RA orgs 1967 System Change and Conflict Durkheim E 1895 Le régles de la méthode sociologique Giddens A 1977 Functionalism après la lutte In Studies in Social and Political Theory Kluckhohn Clyde 1944 Navaho Witchcraft Malinowski B 1944 The functional theory In A Scientific Theory of Culture and Other Essays Merton Robert K 1949 1968 Social Theory and Social Structure ed rev Parsons T 1951 The Social System RadcliffeBrown AR 1952 On the concept of function in social science In Structure and Function in Primitive Society Stinchcombe Arthur 1968 Constructing Social Theories LEWIS A COSER fundamentalismo Tendo começado a exis tir com referência a uma variedade de protes tantismo conservador mais particularmente nos Estados Unidos essa palavra teve seu uso contemporâneo ampliado um tanto livremente para incluir variedades do islamismo e do judaísmo conservadores e deveria abranger o tipo de catolicismo militante e dogmático en contrado no movimento Opus Dei O fundamentalismo cristão originalmente tinha a ver com fundamentos de crença especi ficamente designados que incluíam a infalibili dade da Bíblia bem como a concepção imacu lada do Filho pela Virgem e a expiação dos pecados Como movimento o fundamentalis mo representa uma importante reação ao pro testantismo liberal Os protestantes liberais aceitavam uma abordagem altamente crítica da Bíblia e adotavam uma hermenêutica flexível com tudo que isso implica a respeito de moder nização e relativização Do ponto de vista libe ral a cristandade havia deixado de ser uma revelação única e final entregue à humanidade na Bíblia sendo antes uma consciência do di vino em evolução lado a lado com outras fontes espirituais geradas por outras modalidades de fé Um liberalismo desse tipo estava neces sariamente em movimento em geral numa dire ção cada vez mais afastada da ortodoxia en quanto o fundamentalismo se via como um defensor da fé revelada de uma vez por todas aos santos Era típico dos fundamentalistas aterse à verdade literal e à historicidade precisa da Bí blia e bem assim à autoria mosaica do Pen tateuco como de certa forma indissoluvelmente ligado ao literalismo Rejeitavam Darwin bem como as modernas explicações científicas sobre as origens do cosmo e a compreensão habitual dos registros dos fósseis Boa parte do protes tantismo inglês mesmo o de tipo conservador absorveu a evolução e a moderna cosmologia ainda que tenha havido algumas tragédias in telectuais como por exemplo a do destacado biólogo marinho Philip Gosse que teve de der rubar com o uso de astúcia suas próprias pro vas Mas nos Estados Unidos se desenvolveu uma interpenetração mais estreita especial mente no Sul de conservadorismo moral fun damentalismo e defesa da moralidade Talvez isso se devesse em parte a haver mais espaço nos Estados Unidos para a criação de redes de instituições fora dos centros educacionais im Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 328 fundamentalismo portantes controlados pela intelligentsia liberal e seus aliados no clero liberal Assim embora a causa fundamentalista tenha sofrido um revés em 1925 devido à publicidade adversa que se seguiu ao julgamento de John Scopes por en sinar ilegalmente a teoria da evolução ela con seguiu reforçar suas defesas institucionais e ressurgiu mais ou menos uma geração depois em aliança com diversas variedades de conser vadorismo moral teológico cultural e político Em algumas áreas os fundamentalistas ganha ram influência suficiente para garantir que o criacionismo fosse ensinado nas escolas ao lado de outras explicações O próprio criacio nismo é muito variado indo desde a visão pa drão de Deus como Criador até uma periodiza ção baseada no Livro do Gênese chegando a uma adesão rigorosa às narrativas do Gênese I e II Vale a pena enfatizar que o perfil do público e a coesão interna do fundamentalismo têm sido reforçados por transmissões religiosas em televisão e rádio e por escolas cristãs que ajudam a criar uma estrutura de plausibili dade capaz de tudo abranger Uma influência como a que os fundamentalistas alcançaram através da participação na Maioria Moral im plicou alianças inéditas com conservadores de outros tipos de fé Muitos comentaristas encaram o fundamen talismo como apenas uma reação e como uma instância daquilo que Steve Bruce chamou de calças curtas culturais 1990 No entanto essa visão é excessivamente parcial para com a compreensão liberal da questão Os conser vadores religiosos podem estar engajados em uma forma de luta cultural mas operam com facilidade no mundo comercial e técnico sem que seus vizinhos notem qualquer estranheza ou atraso marcante De qualquer forma a prin cipal denominação conservadora os Southern Baptistes Batistas Sulistas dos Estados Uni dos está se expandindo onde as denominações mais liberais estão diminuindo e o pentecos talismo é parte de um movimento universal que faz um progresso espantoso na América Latina comparese aqui TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO no Caribe em partes da África na Coréia do Sul e na chamada Faixa do Pacífico É interes sante que o pentecostalismo seja apenas in cidentalmente fundamentalista em vez de par tir da premissa fundamentalista Os pentecos tais tratam a Bíblia de maneira conservadora mas sua raison dêtre gira em torno dos dons do Espírito Santo da cura e do exorcismo O fundamentalismo na Europa também pa rece ser apenas incidental quer seja parte do pentecostalismo ou de formas mais antigas de pietismo evangelismo e revivalismo Isso sig nifica haver camadas de conservadorismo reli gioso por exemplo no Oeste da Noruega no Nordeste da Holanda no Norte da Jutlândia no Norte da Escócia e na Irlanda do Norte que não colocam o fundamentalismo na linha de frente de sua luta cultural Existe um centro intelectual com ramificações internacionais na Universidade Livre de Amsterdam e existem partidos políticos pequenos em boa parte do Norte da Europa dedicados à MORALIDADE reli giosa tradicional Movimentos paralelos de conservadorismo religioso têm surgido em anos recentes dentro da maioria das igrejas estabele cidas e alguns destes têm ênfase carismática Mais uma vez porém seu conservadorismo está mais ligado à atitude devocional e à dis ciplina moral do que a um ponto de vista da Bíblia rigidamente conservador Evidentemente o fundamentalismo cristão é apenas um elemento em um movimento ma ciço no sentido das versões conservadora e evangélica da fé Corre paralelo a um movimen to comparável no mundo islâmico mais par ticularmente entre os xiitas Em um certo sen tido o ISLAMISMO é inerentemente fundamen talista dada a ênfase na perfeição da Palavra da Deus corporificada de forma definitiva no Co rão Ao lado disso como um dos fundamen tos do islamismo encontrase a promoção do islã e da lei islâmica como um modo de vida completo abrangendo o estado onde quer que o poder e os números o permitam As ambições teocráticas do islã formam um contraste agudo com a modesta atividade dos grupos de pressão dos protestantes conservadores No uso con temporâneo um muçulmano fundamentalis ta ou está ligado a um dos movimentos con servadores ou então se caracteriza simplesmen te pela militância e o fanatismo Com toda certeza esse tipo de militância é parte de uma reação à libertação de muitas sociedades cristãs em relação ao colonialismo muçulmano prin cipalmente otomano e ao avanço da cultura e do colonialismo ocidentais incluindose nesse avanço a secularidade e o pluralismo através das fronteiras do mundo islâmico Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar fundamentalismo 329 Leitura sugerida Bruce S 1990 A House Divided Protestantism Schism and Secularization Marsden George 1982 Fundamentalism and American Culture the Shaping of Twentiethcentury Evangelicalism 18701925 Martin David A 1990 Tongues of Fire the Explosion of Conservative Protestantism in Latin America DAVID A MARTIN futurologia No início do século XX estava evidente que uma rápida mudança nas capaci dades e nos modos de vida humanos tinha todas as probabilidades de continuar Inúmeros ana listas influentes insistiram em que se fizessem esforços para sistematizar a nossa maneira de pensar a respeito do futuro Especialmente HG Wells que havia usado a ficção científica tanto para provocar questões a respeito de perspec tivas sociais quanto para fornecer uma platafor ma para a apresentação da ciência popular con clamou à criação de uma nova disciplina aca dêmica que tivesse em seu cerne esses esforços Esses apelos tiveram pouca resposta imedia ta e boa parte da especulação a respeito do futuro nas primeiras décadas do século pode hoje ser vista como um ensaio da Primeira Guerra Mundial e como visando alertar líderes e populações para a suposta ameaça represen tada por outras potências mundiais O período entre as duas guerras mundiais testemunhou desdobramentos de fatos importantes tais co mo uma série de livros publicados pela editora Kegan Paul no Reino Unido que convidavam intelectuais famosos a especular sobre o futuro Nos Estados Unidos os relatórios de William F Ogburn sobre tendências sociais e suas con seqüências lançaram grande parte das bases para o trabalho posterior sobre extrapolação de tendências indicadores sociais e avaliação de tecnologia tudo isso associado a estudos mais recentes sobre o futuro Mas foi só nos anos 60 que começou a surgir um corpo de trabalho em harmonia Boa parte desse trabalho derivou dos es tudos realizados em vários think tanks dos Estados Unidos O Exército norteamericano quase que na própria conclusão da Segunda Guerra Mundial estabeleceu uma série de pre visões tecnológicas de longo alcance que leva ram organizações multidisciplinares como a RAND Corporation a se tornarem centros onde acadêmicos podiam trocar idéias com membros do complexo industrialmilitar Os esforços pa ra avaliar contingências militares e geopolíticas levaram ao desenvolvimento de inúmeras e in fluentes abordagens da previsão tais como o método Delphi e a análise de impacto cruzado métodos mais sofisticados de extrapolação de tendências debate de idéias em grupo e análise de seqüências imaginárias de eventos Prova velmente o único acréscimo substancial desde os anos 60 a esse arsenal de métodos é a simulação por computador Descobriuse que essas abordagens eram úteis para grandes em presas e de fato para uma ampla série de outros organismos preocupados com a incerteza sobre os ambientes futuros em que poderiam estar operando Foram popularizadas também atra vés de livros de grande vendagem escritos pelo controvertido Herman Kahn e outros pesquisa dores Ecos mais acadêmicos viriam a ser en contrados nos trabalhos de Daniel Bell e outros autores que escreveram sobre a SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL De fato a sondagem do futuro através de métodos futurológicos e da aplicação de instrumentos de planejamento tais como análises de sistemas era encarado como um dos meios com que as sociedades pósindustriais orientariam seu próprio progresso e evitariam as crises econômicas e políticas de formações sociais mais antigas Na Europa esse período foi igualmente marcado por esforços para a consolidação do pensamento sobre o futuro com a criação de grande número de novos organismos e a prepa ração de relatórios importantes Em contraste com o trabalho da corrente predominante nos Estados Unidos o movimento futurológico europeu era bem mais questionador quanto à forma que o futuro poderia assumir por exemplo os autores europeus que escreviam sobre a sociedade pósindustrial tendiam a ter bem menos confiança na ausência de conflitos sócioeconômicos e no fim das ideologias A palavra futurologia foi introduzida por Ossip Flechtheim pesquisador alemão que se preocu pava em criar visões de um futuro diferente dos representados pelo capitalismo norteamerica no e pelo socialismo soviético Ironicamente os estudos futurológicos que vieram da antiga União Soviética são em muitos aspectos um verdadeiro espelho dos que foram feitos nos Estados Unidos nos anos 60 partilhando seu otimismo social e tecnológico mas invertendo os papéis das superpotências como forças pro gressistas e reacionárias Os estudos do Leste Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 330 futurologia Europeu em contraste tendiam a uma atitude mais comedidamente crítica A palavra futurologia foi amplamente uti lizada para descrever os esforços pioneiros no sentido de se pensar sistematicamente a res peito do futuro a longo prazo e foi essa palavra que entrou na consciência do público Outras expressões são estudos futuros e pesquisas futuras enquanto nas tradições francesas ge ralmente se usam as expressões futuríveis e estudos prospectivos e a literatura alemã em geral se refere a prognósticos A palavra fu turologia apesar de ser a mais conhecida do público em geral costuma ser rejeitada pelos que trabalham nesse campo É encarada como um termo que transmite pretensões espúrias a uma compreensão científica do futuro ex pressões como estudos futuros em contraste dão mais o sentido de haver futuros alternati vos de as questões não estarem prontas e em brulhadas meramente à espera de serem des cobertas por meios racionais ou técnicos de um campo que está aberto a nãocientistas Talvez também futurologia seja encarada como exces sivamente ligada aos pesquisadores norteame ricanos dos anos 60 que estabeleceram esse campo Vale a pena notar que os dois principais organismos profissionais atuando na área a World Futures Society e a World Futures S tudies Federation não usam a expressão futurologia as publicações principais são Fu tures Futures Research Quarterly e Futuribles juntamente com o mais popular The Futurist Qualquer que seja o rótulo que lhes seja aplicado no entanto normalmente se faz uma distinção entre essas abordagens e as previsões mais convencionais A previsão é encarada co mo tipicamente de curto prazo preocupada com a extrapolação de tendências e outros des dobramentos livres de surpresas tentando prever ou planejar algum aspecto do futuro Talvez ainda mais importante seja vista como limitada a observar aspectos específicos e redu zidos do desenvolvimento econômico ambien tal social ou tecnológico Um dos elementos chave dos estudos futuros em contraste é tido como sendo o seu esforço para fornecer avalia ções mais holísticas reunindo o conhecimento sobre desenvolvimentos de muitos tipos dife rentes e levando em conta sua interação Assim a análise de eventos futuros hipotéticos a des crição de futuros alternativos em termos de grande números de características é uma das principais ferramentas desse trabalho A onda de entusiasmo pela futurologia nos anos 60 e início da década de 70 época durante a qual se estabeleceram muitos grupos e as sociações de pesquisa recuou um pouco duran te as décadas seguintes O campo do futuro tornouse um centro de debates em que pontos de vista opostos discutem com crescente sofis ticação mas poucos sinais de concordância a respeito de tópicos como a degradação do meio ambiente global e as implicações libertadoras ou opressoras das novas tecnologias A impor tância de buscar pontos de vista de longo prazo e de relacionar dimensões de mudança ver também MUDANÇA SOCIAL que tendem a ser compartimentalizadas umas em relação às ou tras nas tradicionais especializações acadêmi cas e de elaboração de políticas públicas no entanto não diminuiu À medida que se aproxi ma o milênio fica evidente um renovado in teresse pela pesquisa do futuro às vezes chamada de Estudos do Século XXI Leitura sugerida Coates JF e Jarrat J orgs 1992 The Future Trends into the TwentyFirst Century Nú mero especial de Annals of the American Academy of Political and Social Science 552 julho Fowles J org 1978 Handbook of Futures Research IAN D MILES Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar futurologia 331 G gênero Representando o aspecto social das relações entre os sexos gênero é um conceito que se distingue do conceito biológico de sexo A questão de se e até que ponto os aspectos biológicos dos sexos são pertinentes à com preensão do gênero é popularmente controver tida mas dentro das ciências sociais a questão é encarada de maneira ampla como resolvida a organização social é considerada o fator esmagadoramente preponderante O gênero se constrói e se expressa em muitas áreas da vida social Inclui a cultura a ideologia e as práticas discursivas mas não se restringe a elas A divisão do trabalho por gênero no lar e no trabalho assalariado a organização do es tado a sexualidade a estruturação da violência e muitos outros aspectos da organização social contribuem para a construção das relações de gênero As teorias sociais variam em suas ex plicações sobre a importância relativa atribuída a várias instituições sociais na construção das relações de gênero As relações de gênero assumem formas di ferentes em diferentes sociedades períodos his tóricos grupos étnicos classes sociais e gera ções Não obstante têm em comum a diferen ciação entre homens e mulheres apesar da imensa variabilidade social da natureza da di ferença Um aspecto muito comum é que a diferença de gêneros se associa à desigualdade de gênero com os homens exercendo poder sobre as mulheres alguns afirmam que uni versalmente outros que quase universalmente Uma palavra relacionada é PATRIARCADO que conceitualiza a desigualdade de gênero co mo socialmente estruturada Teorias de gênero O pensamento social costuma identificar três perspectivas principais para se abordar a questão de gênero embora haja muitas mais especialmente se forem incluídas subcategorias e sínteses parciais entre as perspectivas do FE MINISMO As três tradicionais são o feminismo radical o feminismo socialista e o liberalismo Entre as categorias adicionais incluemse o conservadorismo por exemplo a SOCIOBIOLO GIA o pensamento feminino negro o pósmo dernismo a teoria dos sistemas duais o ecofe minismo e o feminismo materialista Alguns dividem a categoria do feminismo socialista separando as correntes marxistas mais orto doxas das que se valem mais do feminismo radical como em uma divisão entre marxismo e feminismo socialista Algumas perspectivas dentro do pensamento social é claro abstêmse na área de gênero O que se segue representa um resumo de algumas das principais divergências teóricas No entanto devese observar que esta visão geral por sua própria natureza é esquemática e muitos textos isolados desafiam uma catego rização tão simples Feminismo radical As análises feministas radicais indicam que a diferenciação de gênero é basicamente uma questão de desigualdade entre os gêneros sen do o masculino o dominante Os homens são encarados como os principais beneficiários da opressão das mulheres A subordinação das mu lheres é tida como autônoma em relação a ou tras formas de desigualdade social Enquanto todos os aspectos de vida das mu lheres são encarados como influenciados pelo domínio masculino as feministas radicais têm analisado com mais freqüência as questões da violência masculina para com as mulheres e do abuso por parte dos homens da sexualidade das mulheres bem como temas relacionados ao problema da reprodução Essa perspectiva é em geral criticada por não levar suficientemente em conta outras formas de desigualdade social mas essa falha é um 332 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar aspecto mais contingente do que necessário desse tipo de análise e algumas feministas ra dicais têmse mostrado sensíveis à questão Ou tra crítica comum é que o feminismo radical tem uma tendência ao reducionismo biológico Mais uma vez se essa é uma característica de algumas pensadoras não é um aspecto univer sal dessa escola de pensamento Feminismo socialista A análise feminista socialista também se concentra na desigualdade de gênero como um aspecto importante da diferenciação de gênero No entanto a desigualdade de gênero é en carada não como um sistema autônomo de relações sociais mas como intimamente ligada às relações de classe Isso significa que o capi tal tanto quanto os homens e às vezes com a exclusão dos homens é tido como o bene ficiário da subordinação das mulheres As feministas socialistas freqüentemente se têm concentrado mais nos diferentes aspectos da subordinação das mulheres do que as femi nistas radicais Em particular desenvolveram análises do trabalho tanto do trabalho assala riado quanto do TRABALHO DOMÉSTICO embora questões de cultura e sexualidade também te nham sido abordadas a última geralmente em combinação com a psicanálise O debate entre feminismo socialista e femi nismo radical temse concentrado com freqüên cia na importância relativa dos homens como agentes ativos na opressão das mulheres as feministas radicais considerando que isso é su bestimado pelas socialistas Também existe di vergência sobre a relevância relativa dos di ferentes locais de desigualdade de gênero Liberalismo Em comparação com as duas primeiras pers pectivas os pontos de vista liberais sobre gêne ro são em geral menos estruturais As análises dentro dessa perspectiva tendem a incluir al guns fenômenos de menor escala e a não se integrar a uma macroteoria das relações entre os gêneros Entre os tópicos aqui abrangidos incluemse em geral questões como educação e representação nos campos políticos normais como parlamentos por exemplo A crítica a essa abordagem concentrase na falta de con siderações sistemáticas sobre a interrelação de aspectos das relações de gênero Estruturas O patriarcado pode ser considerado como constituído pelas seis estruturas seguintes O lar O lar familiar é a instituição que vem sendo mais freqüentemente analisada por seu papel na produção tanto da diferenciação quanto da de sigualdade de gênero No entanto a própria e considerável variação de formas de lar entre diferentes culturas e épocas torna a generaliza ção arriscada As análises funcionalistas susten tavam tradicionalmente que a família era um local de diferenciação mais que de desigual dade de papéis entre homens e mulheres Muitas análises feministas têm afirmado que ao contrário as mulheres são subordinadas aos homens na família e que isso é crucial para outros aspectos de sua opressão Barrett 1980 A expropriação do trabalho doméstico das mu lheres é um aspecto central das teorias de muitas feministas socialistas e materialistas como Delphy 1984 Essa desigualdade no tempo despendido no trabalho doméstico foi confir mada por análises de orçamento de tempo Gershuny 1983 No entanto o modelo da família como composta de um maridoprovedor do sustento e de uma esposadonadecasa em tempo integral mais os filhos é um fenômeno não tão comum hoje em dia Em parte porque isso é etnicamente específico por exemplo essa forma foi raramente encontrada entre os povos de ascendência africana De fato essa variação étnica é crucial para a análise de al gumas feministas negras tais como Hooks 1984 a qual afirma que grande parte da teoria feminista partiu para uma generalização ilegíti ma das experiências das mulheres brancas para todas as mulheres A forma do lar familiar tra dicional é incomum também entre as famílias brancas hoje em dia em parte devido ao aumen to na proporção de mulheres casadas em em pregos assalariados no período do pósguerra e ao aumento dos lares chefiados por um único genitor Não obstante a entrada das mulheres na força de trabalho assalariada não produz como resultado típico uma divisão igualitária do trabalho doméstico O aumento do número de lares chefiados por mulheres resulta em parte da crescente taxa de DIVÓRCIO e em parte do aumento da natalidade fora do casamento Essa última tendência contudo tem sido acompa nhada por um crescimento da proporção de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar gênero 333 casais nãocasados e vivendo em coabitação ver CASAMENTO Emprego O emprego das mulheres difere do dos ho mens em dois aspectos principais Primeira mente é típico que as mulheres recebam paga mento inferior ao dos homens cerca de 34 do saláriohora dos homens na GrãBretanha Em segundo lugar as mulheres em muitas socie dades estão menos integradas do que os ho mens no trabalho assalariado e mais no trabalho doméstico nãoremunerado Uma divisão importante nas explicações dessas diferenças e desigualdades é a que se formou entre por um lado os que enfatizam a importância dos compromissos domésticos da mulher na redução de sua capacidade de par ticipar efetivamente do trabalho assalariado e por outro os que enfatizam as estruturas dis criminatórias dentro do mercado de trabalho e do estado Teóricos sociais mais próximos do marxis mo tendem a enfatizar o papel do capital e da família na subordinação das mulheres no mer cado de trabalho Beechey 1977 Os econo mistas das correntes predominantes também tendem a se concentrar na relevância das con dições domésticas da mulher mas diferente mente dos marxistas articulam isso como resul tado da opção livre e racional das mulheres de se engajarem no trabalho doméstico A ênfase nas estruturas discriminatórias do mercado de trabalho e do estado originase caracteristicamente dos teóricos dos sistemas duais e das feministas liberais Os autores de textos sobre sistemas duais combinam uma aná lise feminista radical das tentativas dos homens de subordinar as mulheres com uma análise socialista do capital Aqui a estruturação do mercado de trabalho representada na segrega ção empregatícia por sexo é encarada como o resultado de uma luta entre capital trabalha dores homens organizados e mulheres Har tmann 1979 As feministas liberais de manei ra típica concentramse nos problemas da cul tura masculina no local de trabalho e nas difi culdades em obter a igualdade de direitos Sexualidade A relevância da sexualidade para as relações de gênero tem sido tema de muitos debates Algumas feministas radicais encaram a sexua lidade como o terreno mais importante da do minação das mulheres pelos homens As mu lheres às vezes sofrem violentos abusos sexuais por parte dos homens e outras vezes são coop tadas por projetos patriarcais através de cons truções particulares da heterossexualidade Por um lado os homens violentam e representam as mulheres pornograficamente como objetos dos desejos masculinos e por outro a ideologia do amor romântico seduz as mulheres para o que é efetivamente uma heterossexualidade com pulsória A sexualidade é encarada como um espaço onde os homens forçam ou manipulam as mulheres a ter relações íntimas com homens O lesbianismo é encarado com freqüência como uma alternativa desejável A psicanálise forneceu os conceitos que al gumas feministas marxistas desejavam para co adjuválas na análise da sexualidade Elas têm tentado descartarse das partes sexistas da aná lise de Freud e utilizar conceitos centrais como o do inconsciente Mitchell 1975 A sexuali dade é vista como intimamente ligada à iden tidade de gênero e como crucialmente formada por experiências da primeira infância Outras têm usado uma crítica de Freud como base de explicações radicalmente diferentes da sexuali dade particular das mulheres Irigaray 1985 Os conceitos que Foucault 1976 introduz são outro caminho pelo qual os teóricos sociais têm buscado fornecer uma explicação da sexua lidade Esta é mais uma vez encarada como socialmente construída agora como um discur so Violência A consciência da extensão e do significado da violência masculina contra as mulheres é um dos produtos da recente onda feminista Fe ministas radicais têm analisado essa violência como uma forma de controle social sobre as mulheres Destacam de forma típica o sig nificado e a crescente incidência desses atos As feministas socialistas têm tido muito menos a dizer sobre essa violência As análises liberais têm destacado as falhas do estado na proteção das mulheres e levantado questões sobre como reformar esse estado de coisas Cultura A cultura tem sido encarada tradicionalmen te como de importância capital na construção das diferenças de gênero A teoria da socializa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 334 gênero ção tem sido popular em suas explicações de como meninos e meninas são tratados de forma diferente desde a tenra idade e conseqüente mente crescem com diferentes características sociopsicológicas A educação é encarada como parte importante desse progresso atraindo me ninos e meninas para diferentes atividades e realizações Análises mais recentes de gênero e cultura têmse valido extensamente da teoria literária com o desconstrucionismo de Derrida 1967 ver DESCONSTRUÇÃO e também da análise do DISCURSO de Michel Foucault A ênfase passou da experiência de aprendizado do indivíduo para a criação dos textos representações ou discursos que constroem nossas noções de gê nero Weedon 1987 Essa obra fala com fre qüência da diferença tanto entre homens e mu lheres quanto também entre as mulheres De fato alguns trabalhos que enfatizam as diferen ças entre as mulheres chegaram a problematizar o próprio conceito de mulher como categoria unitária Estado O estado costuma ser analisado como ele mento contribuinte para a diferenciação e des igualdade de gênero Por exemplo as feminis tas radicais têm analisado a falta de intervenção do estado quando os homens cometem atos de violência criminosa contra mulheres Hanmer e Saunders 1984 enquanto as feministas so cialistas têm examinado o modo como o estado de bemestar reproduz a forma tradicional de lar familiar McIntosh 1978 As mulheres têm buscado com freqüência mudar sua posição no mundo e temos tido inúmeras ondas de atividade feminista As duas mais conhecidas são as de 18501918 e a atual que começou no final dos anos 60 nos Estados Unidos e um pouco mais tarde na GrãBretanha ver MOVIMENTO DE MULHERES Não existe um movimento monolítico mas antes uma mul tiplicidade de estratégias feministas e uma cor respondente complexidade nas reações antife ministas motivadas por gênero Por exemplo às vezes as feministas afirmam que o melhor ca minho para o progresso das mulheres é lutar pelos mesmos direitos e privilégios e por serem tratadas do mesmo modo que os homens en quanto outras afirmam que as mulheres devem exigir atenção especial às especificidades de sua condição devendo reconhecer em vez de negar a diferença Leitura sugerida Cockburn C 1983 Brothers Ei senstein H 1984 Contemporary Feminist Thought Hooks B 1984 Feminist Theory From Margin to Center Jaggar A e Rothenberg PS orgs 1978 1984 Feminist Framework 2ªed Kelly L 1988 Surviving Sexual Violence Oakley A 1985 Subject Woman Spender D 1983 Women of Ideas Stan worth M org 1986 Reproductive Technologies Walby S 1990 Theorizing Patriarchy Weedon C 1987 Feminist Pratice and Poststructuralist Theory SYLVIA WALBY genocídio Este conceito foi cunhado por Ra phael Lemkin 1944 para se referir ao objetivo principal da política populacional alemã na Se gunda Guerra Mundial exterminar completa mente os judeus o principal alvo de persegui ção durante todo o domínio alemão e os ciganos além de dizimar e reduzir seletivamen te algumas nações eslavas Embora o genocídio tenha ocorrido no decorrer da história ele cha mou a atenção contemporânea devido à a sua utilização calculada e repetida no século XX e à sua justificação por meio de ideologias totali tárias b à racionalização de sua utilização e c ao crescimento e à especificação de normas de direitos humanos O crime de genocídio foi uma especificação dos crimes contra a humanidade um crime internacional de acordo com a Convenção de Haia de 1907 que constituiu uma das acusa ções contra os líderes nazistas no Tribunal Mi litar Internacional de Nurembergue em 1946 Genocídio e conspiração para cometêlo são hoje um crime de acordo com a lei interna cional em tempo de paz ou de guerra em prática doméstica ou entre nações sob a Con venção da ONU sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio UNGC que entrou em vigor em 1951 No entanto nenhum genocídio foi julgado de acordo com a UNGC apesar da citação de mais de 18 casos por estudiosos advogados e organizações de direitos humanos ver Fein 1990 Harff e Gurr 1990 A impos sibilidade de as Nações Unidas e de nações isoladas abrirem processos por genocídio tem se relacionado a a falhas estruturais da ONU b ao paradoxo jurídico da convenção e c às muitas utilizações políticas que os estados en contraram para o genocídio no século XX Con forme escreveu um observador em relação a a e c O estado territorialmente soberano ar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar genocídio 335 vorase como parte integrante de sua soberania o direito de cometer genocídio ou de se envol ver em massacres genocidas contra povos sob o seu domínio e as Nações Unidas para todos os fins práticos defende esses direitos Kuper 1981 p161 A ONU nunca instalou uma corte penal internacional e a imposição de sanções depende do consenso entre as grandes potências Assim e este é um exemplo de b embora exista a possibilidade teórica de tal corte penal a UNGC conta principalmente com os estados signatários para abrir processos por genocídio apesar do fato de o estado ser com maior freqüência aquele que perpetra o geno cídio O estudo de genocídios específicos prin cipalmente a Solução Final da Questão Judai ca de 193945 ver ANTISEMITISMO e o geno cídio armênio de 1915 juntamente com o estudo comparativo de genocídios que come çou nos anos 70 sofreu um crescimento ex ponencial nos anos 80 Existe discordância en tre os estudiosos a respeito da definição e dos melhores métodos de explicação e análise As discordâncias quanto à definição concentram se na utilidade e justificativa da definição de genocídio da UNGC especialmente a noção de intenção e a inclusividade de grupos de vítimas estipuladas De acordo com a UNGC genocí dio é qualquer dos seguintes atos começando com o assassinato de membros de grupos co metido com a intenção de destruir no todo ou em parte um grupo nacional étnico racial ou religioso como tal Muitos estudiosos hoje utilizam o termo genocídio para se referir ao extermínio delibe rado de qualquer grupo incluindo grupos polí ticos e nãoviolentos e classes sociais Uma nova definição pretende seguir paralela aos ter mos da definição da UNGC Genocídio é a ação sistemática e intencional por parte de um perpetrante para destruir uma coletividade di reta ou indiretamente através da interdição da reprodução biológica e social de membros do grupo mantida independentemente da rendição ou falta de ameaça oferecida pelas vítimas Fein 1990 As explicações de genocídio recorrem a vá rios tipos de análise histórica estrutural e so ciopsicológica O genocídio é encarado por Chalk e Jonassohn 1990 como surgindo pri meiramente da prática de impérios buscando a eliminar uma ameaça real ou potencial b difundir o terror entre inimigos reais ou poten ciais e c conseguir riqueza econômica Sin tetizando a formulação desses dois autores e as tipologias de outros podemos distinguir quatro tipos retaliatório despótico desenvolvimen tista e ideológico Tanto os teóricos estruturais quanto os so ciopsicológicos em geral concordam em que uma precondição necessária mas não suficien te para a vitimização é a preexistente defini ção da vítima como fora do universo da obriga ção ou responsabilidade Fein 1979 cap1 um estranho ou estrangeiro um inimigo ou intruso um grupo de párias ou uma comunidade nacional identificada como estrangeira sem ne nhum estadonação estrangeiro protetor para apoiála e povos indígenas que nunca foram concebidos como fazendo parte da sociedade organizada Os estruturalistas concentramse na interação de condições prévias que fazem do genocídio um resultado provável Entre estas incluemse crises de declínio e de legitimidade do estado a subida ao poder de regimes revo lucionários e totalitários as implicações de ideologias exclusivas nacionalistas fascistas e comunistas a disputa pelo poder entre grupos em novos estados e a abertura de novas terras para o desenvolvimento ou a mera pilhagem Finalmente existem em geral condições co muns que facilitam ou permitem o genocídio guerras que tornam as vítimas menos visíveis e improvável se não impossível que outros es tados tentem protegêlas e o apoio de impor tantes potências mundiais e regionais aos per petradores Fein concebe o cálculo do genocí dio como uma escolha racional depois de levar em conta todas as outras precondições en carando o fator precipitador como sendo a mu dança nos custos e benefícios previstos do ge nocídio isso brota de uma crise ou oportuni dade considerada como causada ou impedida pela vítima Fein 1990 As teorias sociopsicológicas concentramse nos estados e nos motivos íntimos dos per petrantes que interagem com os eventos exter nos para leválos a culpar os grupos de vítimas pelos seus problemas a seguir líderes autoritá rios e a matar sem culpa nem pudor para uma análise em níveis múltiplos ver Staub 1989 O genocídio tem tido maior incidência no mundo do pósguerra nos novos estados es pecialmente estados com governos comunistas ou autoritários Antes de 1950 a maior parte dos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 336 genocídio perpetrantes no século XX foi composta de estados totalitários incluindo importantes po tências européias principalmente a Alemanha nazista e a União Soviética É possível relacio nar padrões recentes de genocídio tanto ao âm bito das opções dos estados multiétnicos no sentido de reestruturar suas sociedades ex pulsão e eliminação são um modo radical de evitar a resolução de um conflito quanto ao uso crescente da repressão e do terror como meio de controle social em estados da Ásia África e Américas Central e Latina Dois interesses recorrentes unem muitos cientistas sociais que se preocupam com a ques tão do genocídio o reconhecimento dos geno cídios passados e a prevenção dos futuros Em anos recentes cientistas sociais começaram a ponderar sobre como medir e monitorar in dicadores de graves violações dos direitos hu manos incluindo assassinatos políticos e pa drões de discriminação que possam ser um prefácio ao genocídio a propor sistemas de alarme antecipados e a avaliar os estados e as minorias em risco Gurr e Scarritt 1989 Ver também EUGENIA Leitura sugerida Chalk F e Jonassohn K 1990 The History and Sociology of Genocide Charny IW org 1988 Genocide a Critical Bibliographic Review Fein H 1979 Accouting for Genocide Ο 1990 Ge nocide a sociological perspective Current Sociology 381 Gurr T e Scarrit J 1989 Minorities at risk a global survey Human Rights Quarterly 11 3 375 405 Harff B e Gurr T 1990 Victims of the state genocides politicides and group repression since 1945 International Review of Victimology 1 119 Kuper Leo 1981 Genocide its Political Use in the Twentieth Century Lemkin R 1944 Axis Rule in Occupied Europe Staub E 1989 The Roots of Evil HELEN FEIN geografia humana Em seu estudo da ocu pação humana da superfície da Terra os esfor ços empíricos dos geógrafos humanos no de correr do século XX têm sido extremamente heterogêneos mas quase sempre estiveram as sociados a três temas subjacentes e que freqüen temente se sobrepõem o papel dos seres huma nos na transformação da natureza na modifica ção física da superfície da Terra a organização do espaço por unidades societais e o impacto da organização espacial sobre a interação social e econômica e as atividades humanas ou aspec tos da paisagem construída que caracterizam cidades regiões ou outras áreas delimitadas Uma característica comum crucial a esses te mas a conduta situada da prática por agentes humanos operando dentro de constelações es pecíficas de relações sociais ficou muito tempo sem ser reconhecida e ajudou a resultar em um discurso disciplinar que em sua maior parte se esquecia da teoria social ainda que Vidal de la Blache e seus companheiros pra ticantes de la géographie humaine encarassem os genres de vie os modos de vida caracterís ticos de regiões junto com as interações de seres humanos com seu meio físico como fe nômenos antes de tudo sociais Os adeptos do determinismo ambiental o ponto de vista mais amplamente predominante durante o século XX ignoraram a existência de relações sociais e insistiram em que as práticas de vida as características culturais os atributos físicos e as habilidades mentais humanas varia vam geograficamente devido a diferenças no ambiente natural e ao fazêlo legitimaram a persistência do imperialismo europeu e norte americano A geografia cultural tal como desenvolvida por Carl Sauer e seus seguidores a partir de meados dos anos 20 evitava o social adotando a visão superorgânica de CULTURA proposta por Alfred Kroeber e outros antropó logos atribuindo à cultura um status ontológico e determinativo independente removendoa do âmbito da intervenção e do conflito humano e permitindolhe gerar magicamente suas pró prias formas Nos anos 40 e 50 os que buscaram o que Richard Hartshorne chamou de diferen ciação areal abandonaram a teoria social atra vés de uma concentração na arealmente ímpar interrelação de fenômenos direta ou indireta mente ligados à terra embora enfatizando o variável e o diferente e também através de uma desatenção a estruturas e processos sociais geo graficamente extensos Finalmente a revolu ção quantitativa do final dos anos 50 e dos anos 60 trouxe consigo um novo e rigoroso empiris mo agora concentrandose no estatistica mente mensurável em vez do que podia ser observado em campo uma preocupação con siderável com modelos originada na clássica teoria da locação e na economia neoclássica a busca de uma ordem geométrica a preocupação com a forma espacial mais que com o processo um desprezo positivista por teorias que lidavam com relações inquantificáveis e como resul tado de tudo isso pouca atenção a questões teóricas de caráter cultural e social Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar geografia humana 337 No contexto da Guerra do Vietnã e da cas cata de movimentos sociais populares em paí ses capitalistas altamente industrializados sur giu uma crítica interna da geografia humana predominante que finalmente veio a enfrentar a dimensão social teórica da temática dessa dis ciplina através da introdução de uma perspec tiva marxista Durante os anos 70 seguindo os esforços pioneiros de David Harvey uma cres cente minoria de geógrafos humanos começou teórica e empiricamente a reinterrogar o mun do da organização espacial e da diferenciação regional em termos da economia política do desenvolvimento desigual e da lógica do capi tal Começaram a explorar o impacto do capi talismo contemporâneo sobre muitos dos fenô menos urbanos e rurais muitas das relações homemterra que eram tradicionalmente objeto de escrutínio disciplinar e começaram de forma em geral combativa a examinar a dimensão geográfica das questões de justiça social que anteriormente estavam acima do âm bito de uma indagação aceitável Na medida em que os estudiosos inspirados em Marx se tornaram alvo de crítica na dis ciplina e se abriram ao debate interno e em que o próprio Harvey 1982 se expandiu ele pró prio até os limites do capital indo além de Marx ao enfatizar a espacialidade do capital e conclamar um materialismo históricogeográ fico inúmeros geógrafos humanos tornaram se diretamente engajados em desenvolvimentos sociais teóricos mais amplos Eles embarcaram na reformulação da teoria social e um novo discurso começou a tomar forma especialmen te nas páginas das revistas Antípode e Society and Space e em uma onda de livros importantes dos quais apenas uns poucos aparecem na lei tura sugerida abaixo Às vezes apelando para figuras disseminadas tão populares quanto Pier re Bourdieu Michel Foucault e Anthony Gid dens os geógrafos humanos críticos que par ticipam desse discurso têm de várias formas afirmado que a história não deve mais ser pri vilegiada nas análises sociais que a geografia e a história têm igual status ontológico que o espacial o temporal e o social são sempre in separáveis que tudo que é social está situado em chão firme e dentro de um contexto depen dente que a dinâmica histórica dos sistemas sociais deve ser vista em um contexto geográ fico concreto que as condições ou estruturas sociais que capacitam e restringem a atividade humana são elas próprias produtos sociais que no desenrolar da história as estruturas sociais e espaciais interagem mutuamente de forma constante Ao fazêlo e quando de um modo ou de outro reconhecem a interação transformado ra de intermediação e estrutura proporciona ram um novo conjunto de significados para a famosa frase de Marx de que as pessoas fazem sua própria história mas não exatamente como lhes agrada não a fazem sob circunstâncias escolhidas por si mesmas mas sob circunstân cias diretamente encontradas dadas e trans mitidas do passado Com sensibilidades epistemológicas des pertadas pela postura céptica dos filósofos pós modernistas para com padrões absolutos de verdade muitos dos que contribuem para o novo discurso geográfico humano em questão seguindo as posições de Keat e Urry 1975 e Sayer 1984 tornaramse adeptos do REA LISMO devido à sua afirmação de que a ciência é possível e necessária à sua alegação de que as estruturas com suas relações e forças causais impalpáveis existem para serem identificadas e às indicações que o realismo fornece para evitar conclusões causais injustificadas no estudo em pírico de sistemas sociais abertos e complexos O novo discurso resultou em inúmeros es tudos teoricamente informados e elegantes Al guns dos mais importantes examinam as ar ticulações cambiantes do local e do global sob o capitalismo do final do século XX e os modos como as relações entre os sexos as relações de classe outras relações de poder os detalhes da vida cotidiana e elementos da cultura são rees truturados localmente na medida em que dife rentes formas de capital são inexoravelmente reestruturadas em termos globais Avanços par ticularmente significativos foram feitos no âm bito da geografia industrial em que houve uma nova concentração na reestruturação e nos mer cados de trabalho regionais nos complexos de produção concentrados resultantes da acumula ção flexível e no papel central de uma indus trialização geograficamente específica em cres cimento sob o capitalismo Massey 1984 Scott e Storper 1986 Storper e Walker 1989 Atra vés de todas essas evoluções a geografia huma na crítica não tem escapado ao questionamento pósmodernista da linguagem e representação como resultado de questões repetidamente le vantadas por Gunnar Olsson desde 1980 Ols son 1980 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 338 geografia humana Leitura sugerida Cosgrove D 1985 Social For mation and Symbolic Landscape Gregory D e Urry J orgs 1985 Social Relations and Spatial Structures Gregory D e Walford R orgs 1989 Horizons in Human Geography Harvey D 1985 Consciouness and the Urban Experience Harvey D 1989 The Con dition of Postmodernity an Enquiry into the Origins of Cultural Change Peet R e Thrift N orgs 1989 New Models in Geography the PoliticalEconomy Perspec tive 2 vols Pred A 1990 Making Histories and Producing Human Geographies the Local Transfor mation of Pratice Power Relations and Consciousness Soja Edward EW 1989 Postmodern Geographies The Reassertion of Space in Critical Social Theory Thrift N 1983 On the determination of social action in space and time Society and Space 1 2357 Watts MJ 1985 Silent Violence Food Famine and Peasan try in Northern Nigeria ALLAN PRED gerência Ver ADMINISTRAÇÃO CIÊNCIA DA RE VOLUÇÃO GERENCIAL gestalt psicologia da O movimento de ges talt em psicologia teve origem na Alemanha na primeira parte do século Os psicólogos da ges talt afirmavam que o todo psicológico é maior que a soma de suas partes os psicólogos deve riam analisar a experiência em termos de pa drões totais de estímulos ou gestalts em vez de buscar dividilos em partes componentes Embora muitas de suas idéias fossem contes tadas pelos comportamentalistas elas atual mente estão integradas à moderna ciência cog nitiva As três figuras mais importantes no movi mento da gestalt foram Max Wertheimer 1880 1943 Kurt Koffka 18841941 e Wolfgang Köhler 18871967 Köhler explicou o termo teórico básico gestalt além da conotação de forma como atributo das coisas a palavra tem o significado de uma entidade concreta per se que tem ou pode ter uma forma como uma de suas características Köhler 1947 p104 A teoria da gestalt indicava que o sistema de percepção registra as formas inteiras dos obje tos em vez de seus elementos Os gestaltistas freqüentemente ilustravam esse princípio com o exemplo da música É possível reconhecer uma melodia ainda que tocada numa tonalidade pouco familiar As notas separadas não podem ser reconhecidas pois não foram ouvidas antes Portanto é o padrão geral ou gestalt que é reconhecido Os gestaltistas atribuíramse a tarefa de for mular as leis da percepção através das quais séries de estímulos são espontaneamente agru padas em padrões significativos Essas leis in cluem princípios como construção fechada e boa gestalt por meio dos quais as partes que faltam em uma série de estímulos são automa ticamente preenchidas por aquele que per cebe Os gestaltistas afirmavam que essas leis da percepção não são aprendidas e a esse res peito suas idéias entravam em conflito com os dogmas do COMPORTAMENTALISMO As teorias de aprendizado da gestalt também diferiam das dos comportamentalistas Os ges taltistas enfatizavam o papel da percepção afir mando que os problemas são resolvidos quando captados em sua totalidade Köhler ilustrou es sas idéias em seu clássico estudo dos chimpan zés Colocavamse bananas imediatamente fora de alcance mas os chimpanzés repentinamente apreendiam o problema ou viam a gestalt total eles então usavam varetas para alcançar os ob jetos distantes Köhler 1925 Embora as noções básicas da psicologia da gestalt tenham sido formuladas na Alemanha os três principais gestaltistas iriam terminar suas carreiras nos Estados Unidos Werthei mer e Koffka como judeus fugiram da Ale manha nazista Köhler foi um dos pouquís simos psicólogos alemães nãojudeus a se oporem publicamente ao nazismo Em 1935 ele pediu demissão de seu cargo no Instituto de Psicologia da Universidade de Berlim e partiu para a América As idéias gestaltistas têm exercido um efeito direto sobre o desenvolvimento da PSICOLOGIA SOCIAL Idéias a respeito da estrutura das ati tudes e da influência destas sobre a percepção tornaramse influentes no estudo psicológico do PRECONCEITO e da dinâmica de grupo Em anos recentes as noções de gestalt foram reto madas por cientistas cognitivos Existe uma afinidade entre as idéias dos gestaltistas e as de David Marr 19451980 que analisou o modo como os que percebem selecionam séries de estímulos em esboços primários Marr 1982 Há uma conexão lingüística entre a psi cologia da gestalt e uma forma de terapia co nhecida como terapia gestáltica No entanto os conceitos frouxamente definidos da terapia gestáltica com seus temas anticientíficos pou ca relação têm com as idéias da psicologia da gestalt Henle 1986 Ver também PSICOLOGIA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar gestalt psicologia da 339 Leitura sugerida Ellis WD org 1938 A Source book of Gestalt Psychology Koffka K 1935 Prin ciples of Gestalt Psychology Köhler W 1967 The Task of Gestalt Psychology MICHAEL BILLIG globalização Este é o processo pelo qual a população do mundo se torna cada vez mais unida em uma única sociedade A palavra só entrou em uso geral nos anos 80 As mudanças a que ela se refere têm alta carga política e o conceito é controvertido pois indica que a cria ção de uma sociedade mundial já não é o projeto de um estadonação hegemônico e sim o resul tado nãodirecionado da interação social em escala global Desse modo ela enquadra na mesma discussão os temas da SOCIEDADE PÓSIN DUSTRIAL e do DESENVOLVIMENTO E SUBDESEN VOLVIMENTO A palavra firmouse em campos tão diversos quanto a economia a geografia o marketing e a sociologia o que indica que seu uso é mais que uma questão de moda pas sageira Críticos desse conceito destacam o fato de que as idéias de seres humanos pertencendo a uma única espécie habitando um único mundo ou compartilhando princípios universais não são novas Temos à nossa disposição os regis tros de milhares de anos de contato entre os grandes impérios da história e um sistema eco nômico envolvendo a maior parte da população do mundo pode remontar a várias centenas de anos Ao mesmo tempo em que aceitam esses fatos os preponentes do conceito afirmam que ocorreu uma mudança qualitativa nos últimos 30 anos de história do mundo O universalismo no pensamento social o INTERNACIONALISMO no pensamento político o comércio mundial o imperialismo as guerras mundiais podem ser encarados como preliminares a um processo que é mais abrangente e penetrante O uso da palavra global é um indicador da mudança ocorrida Nos anos 60 ela passou a ser usada para significar pertencente ao mundo ou mundial O Dictionary of Modern English Usage de Fowler 1965 consideroua um neo logismo desnecessário sugerindo mundial como alternativa Mas o dicionário Webster o Oxford English e o Larousse francês aceitaram na já no início dos anos 70 O Oxford cita sua utilização mais famosa feita por Marshall Mc Luhan 1962 num conceito que se tornou em blemático o de aldeia global A perspicácia de MacLuhan foi captar uma propriedade da cultura moderna ou seja a possibilidade de comunicação global e afirmar que a recepção instantânea de imagens e vozes distantes muda va o conteúdo da cultura Sua idéia pressagiou uma nova concentração de interesse na comu nicação mundial como um fator transformador da vida local de relevância semelhante ao im pacto dos mercados capitalistas A teoria mar xista do desenvolvimento do capitalismo tal como desdobrada por Immanuel Wallerstein 1974 em sua teoria do SISTEMA MUNDO teve como imagem fundamental um centro ou cerne estendendo seu poder sobre regiões periféricas e ao mesmo tempo ligandoas A imagem de in fluência na idéia de cultura global parecese muito mais com a da precipitação decorrente de uma explosão Ela dá um ímpeto extra aos que encaram a cultura como um fator independente na criação de um mundo único Robertson 1990 Cultura e mercado juntaramse nos anos 70 nas atividades das corporações multinacionais que buscavam maximizar as vendas mundiais de seus produtos através da publicidade global No caso talvez mais famoso a CocaCola ofe receu a imagem de uma reunião de pessoas de todas as nações e de todas as cores cantando uma música que falava de perfeita harmonia A globalização tornouse conhecida como estratégia de mercado logo depois embora con tinue a haver controvérsia quanto a exatamente até que ponto uma estratégia global leva em conta as diferenças culturais Ao nível de corpo ração a multinacional com seu centro geral mente nos Estados Unidos e suas filiais em todo o mundo dá lugar à transnacional em que ex patriados de muitos países dedicamse às ativi dades de uma única corporação em toda a Terra Para os economistas globalização é uma palavra que ficou associada à dissolução das barreiras nacionais à operação de mercados de capital que teve início no começo dos anos 80 Isso resultou em negócios simultâneos nos prin cipais mercados de Nova York Londres Tó quio e Frankfurt de tal forma que o movimento dos mercados se encontra evidentemente fora do âmbito do controle de qualquer agência na cional O futuro do sistema capitalista já não pode ser visto como ligado ao destino de uma nação modernizante em particular os Estados Unidos Isso indica uma mudança qualitativa a partir de um processo encarado de forma varia da como MODERNIZAÇÃO ou imperialismo ru Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 340 globalização mo a uma transformação abrangente na qual novos agentes da mudança social global estão potencialmente ativos em qualquer parte do mundo Os países do Extremo Oriente o mundo islâmico ou a Europa podem ocupar o centro do palco a qualquer momento produzindo reper cussões para as vidas das pessoas em áreas do mundo totalmente distantes Em última análise são os efeitos transfor madores da globalização sobre as vidas dos indivíduos e suas relações entre si que cons tituem o teste de utilidade do conceito Esses efeitos por sua vez estão diretamente relacio nados aos argumentos sobre o pósmodernismo e a possibilidade de se compreender a idéia de cultura pósmoderna Um dos aspectos fre qüentemente observados no pósmodernismo é a justaposição de fragmentos de várias fontes étnicas e históricas dentro de uma mesma es trutura cultural seja em arquitetura música moda ou culinária mas ainda se discute se esse tipo de colagem cultural deve ser visto como uma reação ao caráter racional da modernidade ou como um estágio em direção a uma nova síntese global Ver também MODERNISMO E PÓS MODERNISMO A globalização é atacada pelos que a en caram como uma nova forma de homogeneiza ção da cultura uma extensão da CULTURA DE MASSA que aplainou a variedade de culturas locais européias do século XIX Ela está ligada claramente contudo ao avanço do multicul turalismo à demanda por pluralismo cultural em estados unitários e a movimentos de auto determinação nacional O processo que resul tou em estadosnações trabalhando no sentido da formação de agências supranacionais como as Nações Unidas e de acordos intergover namentais como o Acordo Geral sobre tarifas e Comércio General Agreement on Tariffs and Trade GATT ou os acordos da Eco 92 no Rio de Janeiro facilitou as viagens por todo o mundo ajudou os fluxos migratórios e colocou em destaque questões sobre direitos de mino rias A sensação de um destino comum para a humanidade é aumentada pelo reconhecimento de questões sobre o meio ambiente global e o ativismo político cada vez mais cruza as fron teiras nacionais com a mobilização mundial de movimentos sociais O supranacionalismo portanto opera no plano do engajamento in dividual com valores globalistas em um ex tremo e na formação de uma classe internacio nal de capitalistas gerentes burocratas astros da mídia e dos esportes no outro Todos esses fatores levam ao reconhecimento de que temos que ultrapassar a interação do econômico do cultural e até mesmo do político e visualizar claramente a globalização como um processo de transformação social no mais amplo sentido possível O tratamento mais substancial do te ma até o momento foi dado por Anthony Gid dens 1990 Leitura sugerida Albrow M e King E orgs 1990 Globalization Knowledge and Society Featherstone M org 1990 Global Culture Nationalism Globaliza tion and Modernity Giddens A 1990 The Conse quences of Modernity King A 1990 Global Cities Postimperalism and the Internationalization of Lon don Sklair L 1991 Sociology of the Global System MARTIN ALBROW golpe de estado Definido de forma restrita por Henry R Spencer como uma mudança de governo efetuada pelos detentores do poder governamental em desafio à constituição legal do estado 1963 p508 o conceito de golpe de estado tenderia assim a abranger apenas a categoria dos golpes executivos Conforme su blinhado por MN Hagopian 1975 p6 a desvantagem de tal definição é excluir os golpes fomentados por grupos nãopertencentes à elite do poder golpes paramilitares ou que apesar de serem parte do aparelho do estado não de têm necessariamente o poder político golpes militares Diferentemente das revoluções ou das insur reições militarizadas que também visam a mu dança do governo ver REVOLUÇÃO um golpe de estado jamais convoca a mobilização das massas Essa característica básica não exclui uma eventual interdependência empírica dos fenômenos um golpe que pode muito bem ocorrer no início de uma revolução ou durante ela Chazel 1985 p637 A segunda caracte rística reside na sua forma de execução prepa rado e executado por um número pequeno de pessoas um golpe de estado exige acima de tudo segredo e ação rápida Dessa forma ocorre a infiltração de um segmento pequeno porém crítico do aparelho de estado que é usado para afastar o governo do controle do restante Lutt wak 1969 p12 A ênfase colocada na mudan ça institucional limitada nem sempre é um fator pertinente O que é válido para as sociedades tradicionais onde os golpes em geral são cen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar golpe de estado 341 trados em rivalidades pessoais estes não são tanto golpes executivos mas antes revoluções palacianas não o é necessariamente para outras sociedades o golpe de estado no Chile em 1973 foi acompanhado por um significativo estreitamento da arena política Em outros lo cais ainda que a habilidade estratégica segredo e ação rápida do sedicioso seja essencial para o deslocamento dos detentores do poder ela não é suficiente em si mesma para garantir o sucesso do golpe de estado o putsch de Kapp na Alema nha em 1920 fracassou em resultado de uma greve geral No entanto o elo entre os golpes de estado e a capacidade civil de mobilização continua a ser muito complexo uma vez que não é raro que golpes militares ponham freio a situações violentas imputáveis em países em desenvolvimento a um súbito ímpeto na par ticipação das massas Neste caso a ideologia e a organização dos militares contrastam em ge ral com o baixo nível de institucionalização dos regimes políticos que caracterizam as socie dades pretorianas devido à ausência ou fra queza de instituições políticas efetivas forças sociais defrontamse abertamente e cada qual emprega meios que refletem as suas capaci dades os ricos subornam os estudantes se amotinam os operários fazem greve a turba faz manifestações de protesto e os militares gol peiam Huntington 1968 p196 No entanto seria exagero dizer que os golpes militares le vam apenas a regimes autoritários o golpe de 1974 em Portugal é testemunha do fato de que um putsch pode às vezes abrir o caminho para a democracia Leitura sugerida Chazel F 1985 Les ruptures révo lutionnaires In Traité de science politique org por J Leca e M Grawitz Hagopian MN 1975 The Phe nomenon of Revolution Huntington SP 1968 Poli tical Order in Changing Societies Luttwak E 1969 Coup dÉtat a Pratical Handbook Spencer HR 1963 Coup dÉtat In Encyclopedia of the Social Sciences org por Edwin RA Seligman e Alvin John son vol34 50810 Touraine Alain 1988 La parole et le sang PATRICE MANN gosto A capacidade de julgar e apreciar o que é belo excelente bom ou perfeito e a propensão a produzir ou consumir objetos como por exemplo obras de arte que materializam essa capacidade constituem os dois aspectos do gos to Embora a noção tenha um extenso e ilustre passado no pensamento social ocidental que de Kant remonta a Platão passando por Hume ela tem sido surpreendentemente negligenciada pelas ciências sociais Com efeito até data re cente salvo pelas considerações de Max Weber sobre estilização da vida e pela teoria do consu mo conspícuo de Thorstein Veblen o gosto era a província quase exclusiva de filósofos e es pecialistas em história ou crítica de arte Osbor ne 1970 para não mencionar os biólogos em suma era relegado ao domínio da alta cul tura ou da natureza Assim o verbete sobre gosto na International Encyclopedia of the So cial Sciences Wenzel 1968 trata o gosto a par do cheiro exclusivamente como um fenômeno físicoquímico e não contém uma só linha a respeito de suas dimensões sociais A atitude da moderna ciência econômica é típica do tradicional desprezo socialcientífico pelo gosto Ao atribuir às preferências o status de variável exógena a teoria neoclássica evi ta a necessidade de estudar sua gênese social estrutura e mudança e reduz o gosto ao resul tado de um processo inteiramente individual de aprendizagem interna como na hipótese de cultivação de Tibor Scitovsky Em seu céle bre artigo De gustibus non est disputandum Gosto não se discute Stigler e Becker 1977 chegam ao ponto de sustentar a irrelevância total do gosto para a análise social de toda a conduta humana afirmando que as diferenças em comportamento se explicam melhor em ter mos estritamente de variações em preços e rendas Até mesmo fenômenos baseados no gosto co mo o vício o comportamento habitual a publici dade e a moda dizem esses autores podem ser mais bem estudados à luz da hipótese das pre ferências estáveis e uniformes Incumbia à filosofia e à ESTÉTICA portanto explorar o gosto e seus contornos O pensamen to filosófico do século XX sobre o tópico está apoiado no tratamento de Kant e pode ser carac terizado como uma busca da essência transhis tórica do gosto Na primeira metade de sua Crítica do juízo 1790 dedicada ao juízo es tético Kant formulou assim o problema do gosto como podemos emitir juízos que pre tendam ter validade universal quando sua base determinante é essa resposta estritamente privada aos objetos do mundo que se chama prazer Ou é possível ao gosto brotando espon taneamente de nossos sentimentos subjetivos excluir a decisão mediante prova e ainda assim obter a necessária concordância de ou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 342 gosto tros A resposta de Kant foi separar o gosto puro do prazer vulgar de modo a isolar a disposição desinteressada para diferençar e apreciar a beleza Cohen e Guyer 1982 esta última rejeita a fácil submissão dos sentidos ao comum e ao vulgar das Vulgäre para celebrar a finalidade da forma É certo que nem todos os filósofos adotaram a noção kantiana de uma faculdade pura de apreciação e distinção Wittgenstein Lectures and conversations sd p8 por exemplo assinalou claramente uma concepção antropológica de gosto por oposi ção a uma carismática quando insistiu em que para descrever o que se entende por gosto cultural devese descrever uma cultura Somente nas duas últimas décadas a pes quisa na área da sociologia da CULTURA quebrou o monopólio da estética filosófica e literária substituindo a noção essencialista de gosto des ta última por uma concepção relacional que vincula firmemente o gosto à dinâmica da de sigualdade de CLASSE Enquanto o propósito básico da estética pura foi ontologizar o gosto na busca de uma entidade platônica com his tória própria a sociologia esforçase por his toricizálo Para Norbert Elias 1939 os nossos padrões de gosto são o produto histórico de um secular processo civilizatório que envolve a progressiva multiplicação de restrições e proi bições impostas às funções físicas do corpo comer e evacuar dormir sexo e violência A transformação da sensibilidade européia regis trada por esses padrões ocorreu primeiro nas cortes reais antes de vazar aos poucos da aris tocracia para as classes média e trabalhadora em virtude do estabelecimento de fortes estados uni ficados e da conseqüente pacificação física da sociedade Corbin 1982 desenvolveu argumento análogo no domínio do cheiro ao revelar como as modificações nos padrões olfativos o que é considerado fétido e aromático que odores são considerados toleráveis que grupos são conside rados repugnantes na França do século XIX expressaram o crescente conflito entre classes na apropriação e adaptação do espaço na cidade em processo de industrialização De fato as próprias categorias que usamos para estabelecer hierarquias de gosto como in telectual versus simplório têm sua origem no processo histórico de sacralização da cultura pelo qual os assuntos e hábitos artísticos das classes privilegiadas foram instituídos em câ none universal de juízo estético Levine relata em detalhe a demorada luta que se travou nos Estados Unidos para estabelecer padrões es téticos para separar a verdadeira arte da pura mente vulgar de modo que na virada deste século o gosto que prevalecia era o de um segmento do espectro social e econômico que se convenceu e convenceu a nação em geral de que o seu modo de ver entender e apreciar música teatro e arte era o único legítimo Levine 1988 p231 Criar consumidores culturais como uma co leção de pessoas que reagem individualmente ao desempenho com discreto bom gosto exi gia um trabalho ativo de fragmentação sujeição e segregação de públicos atores estilos e gêne ros o que redundou no sistemático descrédito do entretenimento e da diversão populares O gosto em arte converterase em um meio de separação social ligado à ascensão das novas classes média e superior Mas é em La distinction critique sociale du jugement que encontramos uma resposta radi calmente sociológica ao enigma kantiano do gosto Pierre Bourdieu 1979 efetua nessa obra uma revolução copernicana na ciência do gosto ao romper com três princípios centrais da pers pectiva dominante Em primeiro lugar aboliu a fronteira sagrada que faz da cultura legítima um universo distinto ao repatriar o consumo es tético para a esfera dos consumos cotidianos o mesmo conjunto de disposições a que Bour dieu chama habitus determina a escolha de cada um em matéria de música e esporte pin tura e penteado teatro e alimento Em segundo lugar contra a ideologia carismática Bourdieu observa não só que as necessidades e capaci dades culturais são um produto de criação e educação de classe mas também que existe uma homologia entre a hierarquia de bens e a hierarquia de consumidores de tal modo que as preferências estéticas refletem em sua organi zação a estrutura do espaço social Por conse guinte o gosto só pode ser apreendido relacio nalmente dentro de um sistema de oposições e complementaridades entre estilos de vida e en tre correspondentes posições sociais na estrutu ra de classes Em questões de gosto mais do que em qualquer outra área qualquer determinação é negação os gostos são sem a menor dúvida acima de tudo aversões repugnância provocada por horror ou intolerância visceral do gosto de outros Bourdieu 1979 p56 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar gosto 343 Assim o gosto de liberdade da classe alta que confere primazia à maneira sobre a matéria com base em uma distância eletiva da neces sidade econômica definese pela recusa em se entregar a impulsos primários que ela con sidera ser o gosto das classes trabalhadoras Estas evidenciam um gosto de necessidade o qual expressa um ethos de classe e não cons titui propriamente falando uma estética na medida em que se recusa a separar arte e vida e a subordinar a função à forma Entre eles o gosto da pequena burguesia é manifestação de boa vontade cultural determinada pelo hiato entre seu elevado reconhecimento da legitimi dade da cultura burguesa e sua baixa capacidade de se apropriar dela A terceira inovação de Bourdieu consiste em mostrar que a maneira como o código específico necessário para deci frar obras culturais é adquirido através da imersão imperceptível no meio ambiente fami liar ou via ensino explícito na escola sobre vive no modo como é usada e afeta profun damente todas as práticas culturais De suma importância quando assume a forma de cate gorias cognitivas que parecem individuais e no entanto são desigualmente distribuídas entre grupos esse código fornece automaticamente lucros de distinção social funciona como capi tal cultural ao naturalizar diferenças de classe Portanto longe de ser o repositório final da individualidade espontânea o gosto resulta ser a forma por excelência do destino social amor fati uma cultura de classe convertida em na tureza isto é corporificada Bourdieu 1979 p190 e destinada a operar como código de poder Ao revelar o gosto como simultaneamen te arma e prêmio nas lutas de classificação pelas quais os grupos procuram manter ou melhorar suas posições na sociedade impondo seu estilo de vida como a única legítima art de vivre Bourdieu traz o Homo aestheticus de volta ao mundo do lugarcomum do cotidiano e do contestado ou seja de volta ao âmago da ciência social Ver SOCIOLOGIA DA ARTE Leitura sugerida Bourdieu Pierre et al 1966 La mour de lart Ο 1987 The historical genesis of a pure aesthetics Journal of Aesthetics and Art Criticism edição especial sobre estética analítica 20110 Gam boni Dario 1983 Méprises et mépris éléments por une étude de liconoclasme contemporain Actes de la Recherche en Sciences Sociales 49 228 Gans Her bert 1974 Popular Culture and High Culture an Ana lysis and Evaluation of Taste Gombrich EH 1963 Meditations on a Hobby Horse and other Essays on the Theory of Art Schusterman Richard org 1989 Ana lytic Aesthetics LOÏC J D WACQUANT governo Ver ESTADO grupo Um grupo social pode ser definido como um agregado de seres humanos no qual 1 existem relações específicas entre os in divíduos que o compreendem e 2 cada in divíduo tem consciência do próprio grupo e de seus símbolos Em suma um grupo tem pelo menos uma estrutura e organização rudimen tares incluindo regras e rituais e uma base psicológica na consciência de seus membros Uma família uma aldeia uma associação es portiva um sindicato ou um partido político são cada qual um grupo nesse sentido No entanto existem também grupamentos mais amplos de indivíduos uma tribo uma nação ou um império e os sociólogos em geral sempre fizeram distinção entre essas entidades concebidas como sociedades inclusivas e os grupos menores existentes dentro delas Alguns autores também identificaram uma terceira ca tegoria de quase grupos caracterizada por relações mais tênues entre os membros menor consciência de grupo e talvez uma existência mais fugaz indicando como exemplos desse fenômeno multidões ou turbas agregados por idade ou sexo e classes sociais Mas a fronteira entre grupos e quase grupos não é uma coisa fixa ou claramente marcada e a observação de Max Weber sobre as classes de que embora em si mesmas não sejam comunidades são com freqüência uma base para a ação comunal pode ser aplicada de forma mais ampla Assim as multidões podem evoluir para movimentos de protesto as diferenças etárias às vezes se cristalizam em movimentos de grupos etários ou de juventude a diferença entre os sexos fez surgir os movimentos femininos e as distinções de status social que produzem quase grupos tais como as profissões liberais ou as intelec tuais podem tornarse a fonte de grupos mais organizados na forma de associações profis sionais ou de elites especializadas Os grupos sociais em sentido estrito são extremamente variados no seu caráter Tönnies 1887 em obra que exerceu influência con siderável sobre o pensamento social posterior estabeleceu uma ampla distinção entre dois ti pos de grupo Gemeinschaft comunidade e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 344 governo Gesellschaft sociedade ou associação em ter mos da natureza da relação entre os membros Em uma comunidade os indivíduos encon tramse envolvidos como pessoas integrais e estão unidos por um acordo de sentimento ou idéia e Tönnies dá como exemplos a família ou o grupo de parentes a vizinhança a aldeia rural e o grupo de amigos Os membros de uma associação por outro lado entram na relação de uma forma mais calculada e deliberada visando satisfazer objetivos específicos e parciais e es tão unidos por um acordo racional de interesses os principais exemplos dados são os dos grupos preocupados com interesses econômicos Tön nies deve se observar de passagem também aplicou essa tipologia a sociedades inclusivas basicamente num contraste entre o feudalismo e o capitalismo moderno No que diz respeito a grupos dentro da sociedade a sua distinção tem algumas semelhanças com a que fez Cooley 1909 entre grupos primários e outros fre qüentemente chamados grupos secundários por sociólogos posteriores sendo grupos pri mários os caracterizados pela associação ín tima face a face e pela cooperação o que resulta em uma certa fusão de individualidades em um todo comum Muitos estudos posteriores sobre grupos Homans 1948 e as pesquisas sociométricas de Moreno 1934 concentraramse nesses grupos primários ou pequenos e embora se tenha reconhecido de maneira geral que eles são apenas um elemento na estrutura social alguns autores tenderam a adotar a visão do próprio Cooley de que tais grupos são primários acima de tudo pelo fato de serem fundamentais para a formação da natureza social e dos ideais do indivíduo Contra isso podese afirmar de forma convincente que os grupos pequenos são for mados pela sociedade inclusiva muito mais do que a formam conforme fica bastante evidente no impacto da moderna sociedade industrial sobre os grupos a família e a aldeia rural Redfield 1955 em seu estudo da pequena comunidade reconheceu a importância dessa questão e a estudou minuciosamente sobretudo com referência às sociedades tribais às relações diversas que existem entre pequenos grupos e à sociedade mais ampla em que eles funcionam Uma tipologia de grupos muito mais elabo rada foi esboçada por Gurvitch 1958 vol1 seção 2 cap1 que propôs 15 critérios de clas sificação conteúdo tamanho duração ritmo proximidade dos membros base de formação voluntária e assim por diante acesso aberto semifechado fechado grau de organização função orientação relação com a sociedade inclusiva relação com outros grupos tipo de controle social tipo de autoridade grau de uni dade Isso leva em conta todas as principais diferenças entre os grupos e a diversidade de suas relações entre si e com a sociedade in clusiva Assim abrange por exemplo questões como as levantadas por Georg Simmel em um conhecido ensaio 1902 que examinou o rela cionamento entre o número de membros de um grupo e a sua estrutura e em outro estudo 1903 que mostrava como a concentração de população em cidades transformava a natureza das relações sociais De maneira mais geral a tipologia de Gur vitch proporciona um ponto de partida mais adequado para uma investigação sistemática das maneiras pelas quais os grupos sociais for mam uma rede de relações na SOCIEDADE CIVIL que interagem com essas tendências e as modi ficam no sentido da criação de uma SOCIEDADE DE MASSA onde indivíduos relativamente isola dos se defrontam com um estado cada vez mais poderoso Por outro lado também torna pos sível uma análise das condições em que grupos sociais específicos tais como elites ou classes dominantes organizadas ver ELITES TEORIA DAS podem eles próprios adquirir um poder descomedido A partir de variados pontos de vista portanto o estudo de grupos pode lançar luz sobre algumas questões fundamentais do pensamento social com respeito à relação entre indivíduo e sociedade às fontes de solidarie dade e estabilidade social e aos prérequisitos de uma ordem democrática Ver também PSICOLOGIA SOCIAL Leitura sugerida Homans GC 1948 The Human Group Redfield R 1955 The Little Community Tönnies Ferdnand 1887 1955 Community and As sociation TOM BOTTOMORE guerra O confronto violento de unidades so ciais organizadas que é a guerra pode ser abor dado a partir de várias e diferentes perspectivas Anatol Rapoport 1968 p14 identifica três delas a política a cataclísmica e a escatológica A primeira exemplificada por Clausewitz e ainda corrente no século XX especialmente entre os estrategistas trata a guerra como um Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar guerra 345 modo de COERÇÃO um ato de violência com a intenção de forçar nosso oponente a cumprir nossa vontade Numa perspectiva escatoló gica em contraste a própria guerra incluindo a revolução violenta tornase o desdobrar de algum desígnio grandioso o enfraquecimento e derrubada do capitalismo para os marxistas a inauguração do domínio de mil anos sobre o mundo pelo Terceiro Reich pelos nazistas ou mais tarde o redespertar do Jihad ou Guerra Santa islâmica particularmente conforme pre gada pelo aiatolá Khomeini do Irã Os adeptos desses desígnios grandiosos tendem a não se deter diante dos custos em geral dando como privilégio morrer pela causa e assim tornarse parte de um dos momentos decisivos da história A filosofia de guerra mais característica do século foi a cataclísmica Desde a Primeira Guerra Mundial em que 9 milhões de homens morreram em batalha a guerra vem sendo en carada amplamente como uma desgraça da so ciedade humana análoga aos acidentes de es trada ou às epidemias Nessa perspectiva a tarefa é compreender suas causas de forma a abolila ou pelo menos reduzir sua incidência e gravidade Para muitos expoentes desse ponto de vista o modelo é a ciência e seus dois pioneiros foram Lewis Fry Richardson 1960a e 1960b e Quincy Wright 1942 As investiga ções de Richardson sobre a guerra só publica das em forma de livro postumamente fizeram extenso uso da matemática Um dos seus obje tivos foi mapear a incidência da guerra de ma neira objetiva Ele não via nenhuma base firme para se distinguir entre guerra e guerra civil rebelião motim tumulto ou até mesmo assas sinato encarando tudo isso como sendo essen cialmente contendas fatais que ele classifi cou por magnitude conforme o número de mortos ficasse geometricamente mais perto de 1 10 100 1000 10000 100000 1000000 ou 10000000 Limitandose aos de magnitude 4 e acima 317 ou mais mortes relacionou 289 dessas contendas entre 1820 e 1949 A contribuição de Wright foi ver a guerra moderna em perspectiva como um fenômeno relacionandoo à guerra entre os animais entre as sociedades précultas e à guerra histórica conforme manifesta nas civilizações cultas até o Renascimento Também fez a crônica de suas flutuações em termos de freqüência e inten sidade No geral enfatizou a defasagem em plano global e continental entre os efeitos do progresso tecnológico e os ajustes políticos sociais e psicológicos que a raça humana faz com relação a eles A Segunda Guerra Mundial bem como a rapidez com que foi seguida pela confrontação de alianças nuclearmente armadas conhecida como Guerra Fria estimulou muitas pesquisas inspiradas pela filosofia cataclísmica para o que o Journal of Conflict Resolution lançado em 1957 tornouse um centro proeminente Waltz 1959 classificou proveitosamente todos esses esforços de acordo com uma das três imagens de relações internacionais que eles pressupunham isto é se localizavam as raízes da guerra na natureza e comportamento do homem p17 na organização interna dos estados p81 ou no caráter anárquico do sistema de estados p160 Uma vez que qual quer grupo de estados ou de outros agentes podia para fins analíticos ser encarado como um sistema essa terceira imagem podia ser ampliada a fim de incluir todas as influências para a guerra emanando de fora do par belige rante e uma quarta imagem a diádica podia ser observada em explicações da guerra que enfatizavam as características e padrões de in teração exibidos pelo próprio par beligerante a díade como um par As explicações da guerra pela primeira ima gem tendem a vir de psicólogos psiquiatras etólogos e numa veia mais pessimista teólo gos A guerra tem sido encarada como um re flexo da necessidade dos indivíduos de AGRES SÃO ou de sua inclinação a ela como manifes tação de territorialidade como conseqüência de suas atitudes etnocêntricas e percepções distor cidas Klineberg 1957 ou de sua obediência incondicional à autoridade Milgram 1974 Destas somente a última contribui diretamente para explicar a guerra e a perpetração de atro cidades em cumprimento a ordens na guerra e na paz nem mesmo ela porém explica as decisões de ir à guerra ou de dar tais ordens caso devam ser dadas As outras repousam no pressuposto de que populações menos agres sivas e menos tipologicamente imaturas ten dem a produzir menos governos inclinados à guerra ou pelo menos a controlar as propensões belicosas de seus governos de forma mais efi caz do que as mais agressivas e imaturas Le vandose em consideração o papel menor e em geral pouco direto que a política externa tende a desempenhar nas eleições nacionais é pos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 346 guerra sível duvidar da veracidade desse pressuposto Além do mais como demonstra Waltz as per cepções das explicações da primeira imagem não são facilmente aplicadas Tornar a popula ção de um país ou pelo menos um segmento substancial dela menos agressiva ou chauvinis ta em geral exige ação do governo e assim leva a análise para a esfera da política o desar mamento psicológico unilateral ele afirma é análogo ao PACIFISMO e pode ser arriscado em seus efeitos Embora Waltz aqui ignore em que medida até mesmo sociedades cujos governos deveriam desejar mantêlas fechadas podem ainda estar abertas à influência transnacional isso não invalida totalmente sua objeção As personalidades dos líderes isolados ge ralmente parecem exercer influência sobre a gênese da guerra como sem dúvida foi o caso de Hitler na Segunda Guerra Mundial mas sem analisar as forças políticas e sociais que propor cionam a essas personalidades o campo de ação e o apoio de que precisam para ganhar o poder dificilmente seria possível prevenirse contra o surgimento de líderes igualmente perturbados no futuro É evidente que existe um elo entre a guerra e a natureza humana mas este é tênue e é apenas parte da história Os pensadores da segunda imagem diver gem radicalmente entre si quanto a que tipos de estado são mais inclinados à guerra do que outros Os marxistas atribuíam a guerra e na verdade a própria divisão do mundo em estados à natureza essencialmente competitiva do capi talismo ambos desapareceriam uma vez alcan çado o sucesso da Revolução Quando as revo luções marxistas em vez de unir produziram regimes distintos e às vezes mutuamente an tagônicos em diferentes estados essa alegação tornouse insustentável Os indícios históricos apóiam de maneira enfática uma visão alternativa para a segunda imagem a de que os estados democráticos libe rais são menos inclinados à guerra do que as ditaduras pelo menos em suas relações uns com os outros Doyle 1983 observa que não houve um único exemplo de guerra entre quaisquer dois estados liberais embora o uso da força por parte dos Estados Unidos ainda que indireta mente para depor o governo marxista de Allen de democraticamente eleito no Chile em 1973 esteja perto de constituir o único exemplo Es tados liberais no entanto certamente usaram a força para criar e manter impérios ou uma do minação quase colonial para resistir a mudan ças revolucionárias e para impor sua vontade sobre os vizinhos justificando amplamente a restrição de Doyle de que apesar de seu impres sionante sucesso na criação de uma zona de paz o liberalismo foi um fracasso igualmente im pressionante na orientação da política externa fora do mundo liberal p323 A inclinação para a guerra também pode ser vista como conseqüência de características do sistema de tomada de decisões de um estado e particularmente da parcela desse sistema que se ocupa com a política externa A abordagem cibernética de Karl Deutsch é o exemplo notá vel disso ver RELAÇÕES INTERNACIONAIS Ou tros afirmaram que sob condições de depressão econômica ou de disputas políticas domésticas os governos precisam e buscam inimigos ex ternos para manter o seu poder Embora boa parte da investigação estatística não tenha con seguido corroborar o elo implícito entre con flito interno e externo Patrick James 1988 demonstrou que se um estado houvesse passado recentemente pelo agravamento de um conflito doméstico e em seguida se envolvido numa crise com um estado mais fraco tinha mais probabilidades de entrar em guerra com esse outro estado do que um que não tivesse essa experiência recente de conflito interno A terceira imagem conforme Waltz original mente a concebeu concentravase na anarquia internacional a ausência de governo e de uma lei aplicável entre estados como uma causa permissiva da guerra Conforme Claude 1962 demonstrou essa é uma visão desmasiado sim plista A existência de um governo não deu paz à Etiópia ao Líbano ou ao Sudão nem a ausên cia de um governo comum colocou as relações entre Canadá e Estados Unidos ou entre Norue ga e Suécia sob perpétua ameaça de guerra As explicações posteriores para a guerra de acordo com a terceira imagem foram mais sutis visando delinear características dos sis temas internacionais que influenciam a incidên cia da guerra em geral como parte de um exame mais amplo das propriedades desses sistemas O substancial projeto de David Singer Cor relatos da Guerra na Universidade de Michi gan Ann Arbor permitiu hipóteses a respeito dos efeitos sobre a guerra de aspectos sistê micos tais como a polarização o nível de con centração de poder e o grau em que os estados que formam o sistema se agregam em alianças Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar guerra 347 a fim de serem rigorosamente testados contra dados para todas as guerras enquadrandose em sua definição entre 1816 e 1965 EH Carr 1939 propôs outra explicação plausível da guerra pela terceira imagem embora menos rigorosamente testada contrapondo que o sistema econômico internacional de laissezfaire e o multilateralismo dos anos 20 ao acentuar a debilidade dos econo micamente mais fracos ajudou a criar o naciona lismo belicoso dos anos 30 que veio a deflagrar a Segunda Guerra Mundial Os principais tipos de explicações da guerra pela quarta imagem são adequadamente re sumidos no título de outra obra de Rapoport Fights Games and Debates 1960 Numa lu ta a ação de A para se defender de B é vista por B como ameaçadora e viceversa Richar dson demonstrou que esse processo pode den tro de certos pressupostos explodir numa cor rida armamentista desenfreada em que a pri meira parte achandose incapaz de aumentar suas defesas de maneira adequada provavel mente se decidirá pela guerra antes que a cor relação de forças se volte irrevogavelmente contra ela Uma escalada com probabilidade de luta também pode ocorrer numa disputa em que ambas as partes tenham feito investimento demais para desistir ver Teger 1980 Analisar a guerra em termos de um jogo implica que ela seja encarada como uma opção a sangue frio escolhida quando vantajosa Em bora utilizada de maneira geral e às vezes de forma falaciosa a serviço da filosofia política de guerra ou da coerção militar a Teoria dos jogos pode contribuir para a compreensão da guerra ajudando a demonstrar por que numa dada situação ela parece vantajosa a uma ou ambas as partes Ver JOGOS TEORIA DOS Debates isto é situações em que as partes divergem marcantemente a respeito de como é o mundo ou do que deveria ser feito e em que não se chega a um acordo sobre procedimentos para uma resolução ou administração do con flito podem facilmente levar à guerra a seleti vidade da percepção implícita em todo e qual quer aprendizado tende a ser reforçada em geral mutuamente pela cegueira do envol vimento Aspectos da primeira segunda e quarta ima gens podem ser incorporados a uma fórmula sugerida por Rosen 1970 o qual no espírito da Teoria dos jogos caracterizou a guerra como um instrumento de decisão uma parte defron tada com a escolha entre ter de ceder numa questão ou ir à guerra por isso escolherá a última hipótese caso Ct vezes p ultrapasse C sendo Ct o custo da tolerância da parte envolvida para o tópico em questão em outras palavras o quanto a parte envolvida estaria preparada para perder ou sofrer a fim de fazer valer a sua posição p é uma fração representando sua probabilidade subjetiva de ganhar uma guerra caso esta venha a ocorrer e C é o custo que a parte envolvida no caso de guerra efetivamen te esperaria ter Assim para partes racionais os valores subjetivos de p serão compatíveis chegando a somar 1 e as estimativas de C realistas A guerra será mais provável se o tópi co for de elevado valor para ambas as partes e inerentemente refratário a uma conciliação co mo por exemplo o regime a ser instalado em um terceiro estado importante para ambas os custos da guerra relativamente baixos ou o re sultado incerto um perdedor garantido caso seja racional cederá sem luta A fórmula de Rosen pode então ser ligada à primeira e segun da imagens supondose que determinadas ati tudes ou estados de espírito populares ou uma dada estrutura política interna possam dispor um ou ambos os lados ao excesso de confiança superestimando p à supervalorização de um objetivo periférico Ct incomumente elevado ou um descaso incomum pelo custo de uma guerra por exemplo quando a parte envolvida se vê pagando dividendos políticos em nível doméstico O que o modelo de Rosen não prevê é a guerra por acidente ou por má interpretação das intenções de um oponente A introdução de armas nucleares e outros meios de destruição total na guerra e nos prepa rativos de guerra liquidou em grande parte a glorificação da guerra total entre estados avan çados Não eliminou na verdade aumentou muito as duas possibilidades omitidas no modelo de Rosen E hoje em dia a guerra quase universalmente repudiada como instru mento político assumiu formas mais subrep tícias tais como a guerra por procuração ou a ajuda externa a movimentos de guerrilha ver GUERRILHA Ironicamente enquanto nas ex plicações para a guerra do início do século XX a soberania nacional era encarada em geral como a responsável na era nuclear grande parte da guerra contemporânea é vista como oriunda da fraqueza dos estados mais que de suas forças Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 348 guerra Leitura sugerida Aron Raymond 1962 Paix et guer re entre les nations Blainey G 1971 The Causes of War Doyle MW 1983 Kant liberal legacies and foreign affairs Philosophy and Public Affairs 12 205 34 32352 James P 1988 Crisis and War Ogley RC 1991 Conflict under the Microscope Rapoport A 1960 Fights Games and Debates Rosen S 1970 A model of war and alliance In Alliance in Inter national Politics org por JR Friedman C Bladen e S Rosen Singer JD 1981 Accouting for Inter national war the state of the discipline Journal of Peace Research 18118 Singer JD e Small M 1972 The Wages of War Waltz KN 1959 Man the State and War Wright Q 1942 A Study of War RODERICK C OGLEY guerrilha A origem da palavra no seu sen tido de guerra pequena remonta à interven ção de Napoleão na Espanha 180812 Mas suas táticas são tão antigas quanto a própria história A guerra de guerrilha é usada por tropas irregulares cujos componentes costumam cha mar a si próprios de guerrilheiros e se baseia na surpresa e no tormento de hostilidades suces sivas para enfraquecer um exército regular A guerra de guerrilha foi geralmente usada como forma de resistência à ocupação estrangeira romana otomana napoleônica mais tarde foi amplamente praticada contra a expansão colo nial européia na Ásia e na África A guerra de guerrilha mais uma vez ocupou um papel importante durante e após a Segunda Guerra Mundial Grécia Iugoslávia China Com Mao Tsétung as táticas de guerrilha transformaramse em esforço de guerra revolu cionário instrumento militar visando à tomada do poder político ver MAOÍSMO A inovação de Mao não foi militar mas política Ele usou o partido de vanguarda originalmente criado por Lenin para organizar o proletariado urbano a fim de mobilizar o campesinato Esse modo baseado em propaganda amplamente difundi da organização e uso do terrorismo seletivo visa construir o apoio popular e acima de tudo uma infraestrutura subterrânea Foi usado com sucesso pelo Viet Minh na luta contra o colo nialismo francês e as tropas vietnamitas con seguiram vencer a batalha de Dien Bien Phu Mais tarde o mesmo modelo foi também adota do por movimentos nãomarxistas de libertação nacional Quadros médios são uma ajuda essen cial para a conquista do apoio de segmentos da população através da agitação e da propagan da sendo o objetivo criar uma nova ordem que conteste a legitimidade do estado Do início ao fim os problemas militares encontramse es treitamente relacionados e subordinados a ob jetivos políticos Embora diversas insurreições tenham sido derrotadas na Grécia nas Filipinas na Malá sia no Quênia muitas conseguiram depois de longas guerras de atrito às vezes com a simpatia da opinião pública no país colonial ganhar a independência através de uma vitória política As democracias concordaram em ne gociar uma vez que para elas nada havia de vital em jogo As ditaduras por outro lado não ne gociam e somente uma vitória militar na maior parte das vezes contra um estado fraco con segue pôr fim ao conflito Este foi o caso em Cuba 1959 e 20 anos depois na Nicarágua A Guerra do Vietnã 196573 confirmou a capacidade dos fracos de resistirem aos fortes Mas nos anos 60 todas as guerrilhas latinoame ricanas a que faltava o apoio popular foram derrotadas Guevara na Bolívia 1967 Hoje em dia há uma variedade cada vez maior de guerrilhas guerrilhas marxistas visando à tomada do poder para efetuar a mudança social como no Peru El Salvador Filipinas contra a ocupação estrangeira como no Afeganistão onde as tropas soviéticas depois de nove anos de intervenção 197988 recuaram guerrilheiros lutando pela autonomia ou a independência de uma minoria étnica ou religiosa Eritréia Sri Lanka os curdos no Oriente Médio guerrilhas antimarxistas ajudadas pri meiro pela África do Sul UNITA em Angola e Renamo em Moçambique em seguida pelos Estados Unidos Contras na Nicarágua A guerra de guerrilha não vai desaparecer pois as condições que a deflagram ainda se encontram presentes Mas com a inquietação urbana a megalópole cada vez mais populosa está se tornando mais e mais o epicentro de tumultos e insurreições Ver também GUERRA Leitura sugerida Beaufre André 1972 La guerre re volutionnaire les forces nouvelles de la guerre Chaliand Gérad 1979 1984 Stratégies de la guérilla Ellis John 1975 A Short History of Guerrilla Warfare Laqueur W 1977 Guerrillas a Historical and Cri tical Study Sarkissian Sam S org 1975 Revolutio nary Guerrilla Warfare GÉRARD CHALIAND Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar guerrilha 349 H hegemonia O uso desta palavra no século XX reúne e amplia utilizações anteriores Ela tradicionalmente indicava o domínio de um país ou governantes sobre outros Em segundo lugar também significava o princípio em torno do qual um grupo de elementos era organizado Hoje em dia ela se aplica não apenas às relações internacionais em que ainda significa domínio mas principalmente sob a influência do pen sador marxista italiano Antonio Gramsci que desenvolveu o conceito de forma significativa 192935 também passou a indicar o prin cípio organizador de uma sociedade na qual uma classe se impõe sobre as outras não apenas através da força mas também mantendo a sujei ção da massa da população Essa sujeição é conseguida tanto por meio de reformas e con cessões nas quais se levam em conta os interes ses de diferentes grupos como também pela influência sobre o modo como as pessoas pen sam Se a princípio Gramsci 192126 utilizou a palavra do mesmo modo que outros marxistas como Lenin Bukharin e Stalin com respeito à liderança de uma classe sobre outras em um sistema de alianças ao ampliar o termo ele ultrapassou o conceito marxista habitual de PO DER do estado como o instrumento de uma classe que empregava um monopólio da força afirmando que o estado no período moderno só podia ser compreendido como força mais aqui escência Esse enriquecimento do significado de he gemonia está relacionado à crescente comple xidade da sociedade moderna na qual o terreno da política mudou fundamentalmente Na era das organizações de massa como partidos po líticos e grupos de pressão quando a expansão do sufrágio exige de qualquer estado por mais restritas que sejam as liberdades democráticas que tente manter a aquiescência dos governados e com o desenvolvimento do nível educacio nal e cultural da população suas idéias práticas e instituições a área da ação do estado se amplia e as esferas pública e privada da socie dade se entrelaçam cada vez mais Nesse con texto o próprio sentido de liderança ou domínio político mudou na medida em que os gover nantes precisam alegar que estão governando no interesse dos governados a fim de permane cerem no poder Cada vez mais as exigências e necessidades da sociedade passaram a ser con sideradas como responsabilidade dos governos quando antes podiam ser relegadas à esfera privada definida como exterior à política As idéias a cultura e o modo como as pessoas vêem a si mesmas e suas relações com as outras e com as instituições são de importância capital para a forma como uma sociedade é governada e organizada e justificam a natureza do poder quem o detém e de que maneiras Assim na medida em que a própria natureza da política mudou o significado de hegemonia como lide rança domínio ou influência por sua vez tam bém evoluiu A palavra hoje implica liderança intelectual e moral e se relaciona à função de sistemas de idéias ou ideologias na manutenção ou contestação da estrutura de uma sociedade em particular Conseqüentemente é útil não apenas na continuação do status quo mas na maneira como uma sociedade se transforma Leitura sugerida Anderson P 19767 The antino mies of Antonio Gramsci New Left Review 100 Bo cock R 1986 Hegemony BuciGlucksmann C 1982 Hegemony and consent In Approaches to Gramsci org por AS Sassoon Femia JV 1981 Gram scis Political Thought Hegemony Consciousness and the Revolutionary Process Mouffe C 1979 Hege mony and ideology in Gramsci In Gramsci and Mar xism Theory org por C Mouffe Sassoon AS 1980 1987 Gramscis Politics 2ªed ANNE SHOWSTACK SASSOON hermenêutica Esta área da atividade e da indagação filosófica diz respeito à teoria e à prática da compreensão em geral e à interpreta 350 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar ção do significado de textos e ações em par ticular Visão geral Nas duas décadas que se seguiram à publica ção de Verdade e método de Hans Georg Ga damer em 1960 a hermenêutica passou a rep resentar um tópico central na filosofia e na análise cultural justificando com isso a afirma ção contida nessa obra seminal com respeito à universalidade do problema hermenêutico A posição de Gadamer é axial na hermenêutica contemporânea Trabalhando a partir de dentro da tradição da ontologia de Heidegger ele pôde apreender e desenvolver criticamente formula ções anteriores do problema hermenêutico e fornecer as bases para a posterior aplicação das percepções hermenêuticas a um amplo campo Nas ciências sociais a influência da her menêutica tem sido penetrante Debates com respeito por exemplo ao status científico das ciências sociais à relação de sujeito e objeto ao significado de objetividade à formulação de métodos apropriados à constituição signifi cativa do objeto foram todos crucialmente mol dados pela hermenêutica e hoje continuam em grande parte no seu terreno A influência semi nal da obra de Gadamer também pode ser detec tada num amplo âmbito de disciplinas fora da filosofia e das ciências sociais indo da medici na aos estudos de administração e à arquitetura na verdade onde quer que se reflita sobre a constituição dialógica do significado Como metodologia A hermenêutica encarada como a metodo logia das ciências humanas Geisteswissen shaften aplicavase às disciplinas ancilares da teologia da jurisprudência e da filologia que tentavam conhecer regras e linhas mestras para a interpretação de textos A palavra seria cunha da apenas no século XVII mas seu campo a ars interpretandi remonta ao início do pensamento ocidental Foi em particular em épocas de convulsão social e cultural que a hermenêutica se viu incumbida da tarefa de esclarecer o auto entendimento de uma época em relação à es trutura de significados tradicionais É quando concepções tidas como certas são abaladas que entra em jogo a interpretação do significado como sua apropriação metodicamente orien tada A teoria hermenêutica conforme se desen volveu antes do século XIX isto é como um conjunto de regras práticas é em princípio incapaz de proporcionar uma base teórica para a interpretação do significado O que se exige para esse fim é nada menos que a contribuição que Kant deu à fundamentação e justificação das ciências naturais A esse respeito a Crítica da razão histórica de Wilhelm Dilthey ver Dilthey 1927 representa uma ampliação da Crítica da razão pura de Kant ao levar em conta a dimensão histórica no desenvolvimento do pensamento humano A tentativa de Dilthey de fornecer a base para as ciências humanas prosseguiu neste sé culo com Emilio Betti que se atribuiu a tarefa de recolher a abundância de pensamento her menêutico até então acumulada e fazer dela um bom uso metodológico Uma importante atração da perspectiva ob jetivoidealista de Emilio Betti no estudo do significado reside na promessa de se obter uma exposição da possibilidade de verstehen aqui usada no sentido de uma forma de compreensão baseada em métodos que levam a resultados objetivos Betti introduz a sua teoria geral da interpre tação através de uma consideração da relação sujeitoobjeto na interpretação de formas sig nificativas O objeto das ciências humanas é constituído por valores éticos e estéticos Eles representam uma objetividade ideal que segue infalivelmente sua própria legitimidade Betti 1955 p9 A objetividade ideal dos valores espirituais só pode ser compreendida con tudo através da real objetividade das formas significativas Essas formas contêm valores que Betti encara como algo absoluto isto é como contendo dentro delas mesmas a base de sua própria validade Estão portanto afastadas da arbitrariedade subjetiva do que as percebe e como existentes objetivamente são acessíveis à verificação intersubjetiva Filosofia hermenêutica A obra de Betti representa uma exposição sofisticada da teoria hermenêutica como a me todologia da interpretação da mente objetiva A filosofia hermenêutica em contraste muda o foco da atenção da hermenêutica do problema de verstehen para a constituição existencial de uma compreensão possível a partir do ponto de vista da existência ativa especialmente em re Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar hermenêutica 351 ferência a nosso embebimento na tradição e na linguagem Heidegger Na obra tardia de Edmund Husserl a figura central no desenvolvimento da FENOMENOLO GIA o Lebenswelt o mundo da vida cotidiana que aceitamos sem crítica como nosso mundo fornecia a base ontológica para qualquer experiência possível Husserl 1937 A fenomenologia hermenêutica de Martin Heidegger desenvolve esse tema no sentido de uma análise do Dasein o seraí humano no mundo caracterizado pela busca de significado e por uma existência significativa Heidegger 1927 O significado de Dasein só pode ser abor dado por um esforço de interpretação her menêutico portanto tornase o conceito cen tral em análises existenciais A teoria herme nêutica sobre essa base não pode ser mais que um derivativo da hermenêutica mais funda mental do Dasein em que nos engajamos no esclarecimento de uma forma já existente de compreensão do nosso mundo da vida cotidia na Mas o verstehen metodicamente discipli nado não apenas é um derivativo da compreen são existencial como é também dirigido por esta última A interpretação de algo como algo isto é como estrutura de compreensão ba seiase na anteestrutura de compreensão A circularidade de argumento patente na concep ção da interpretação como um elemento dentro da anteestrutura de compreensão é a do Círculo hermenêutico ou existencialontológico A teoria hermenêutica enfatizou o movi mento da parte para o todo e viceversa no processo de compreensão Esse procedimento interpretativo metodologicamente orientado é hoje visto como um derivativo da estrutura existencial de nosso Sernomundo Na expli cação de Heidegger não é uma questão de sair desse Círculo como na busca de descobertas objetivas mas de entrar nele adequadamen te uma vez que ele contém a possibilidade de uma percepção original Gadamer A teoria hermenêutica concebe a compreen são como um ato que reside na capacidade do intérprete de se envolver com formas significa tivas Na visão de Gadamer porém a com preensão não deve ser concebida tanto como um ato da subjetividade mas como o colocarse dentro de uma tradição na qual passado e pre sente estão constantemente fundidos A reunião de passado e presente no ato da compreensão é descrita por Gadamer como a fusão de hori zontes Com a compreensão o horizonte do intérprete se amplia para abranger o objeto a princípio pouco familiar e nesse processo for ma um horizonte novo ampliado É nesse pon to no convergir de posições inicialmente diver gentes que pode surgir o verdadeiro signifi cado O significado constituise na formação dialógica de um acordo Somente nessa ex periência comunicativa é que chegamos a com preender e a conhecer mais plenamente aquilo que antes permanecia como uma parte obscura do nosso préentendimento do nosso horizonte inicial A ênfase na historicidade da compreensão na localização do intérprete dentro de uma tra dição ativa já foi qualificada em termos da anteestrutura do conhecimento Gadamer le va esse raciocínio ainda mais longe nos termos de uma précompreensão e na inevitabilidade do Vorurteile que pode significar tanto precon ceito quanto prejulgamento Esse aspecto tem sido encarado por her meneutas críticos como uma reabilitação do preconceito e como tal um retrocesso em relação ao questionamento de pressupostos in justificados que caracteriza a tradição do Ilumi nismo Nesse ponto porém essa percepção da estrutura préajuizadora da compreensão pode ser desenvolvida ainda mais na forma de um argumento em favor da universalidade do pro blema hermenêutico com base na ênfase de Gadamer quanto à condição niilista do nosso Ser A linguagem não é meramente um instru mento do pensamento mas ela própria trabalha para nos revelar um mundo nós nos movimen tamos dentro dele e com base nele Em última análise é a linguagem que forma a tradição a précompreensão que gera nossa compre ensão de nós mesmos e de nosso mundo Pósestruturalismo A ênfase de Gadamer mais na natureza pro dutiva do que na meramente reprodutiva da interpretação forma um paralelo com uma mu dança no pensamento filosófico literário fran cês no sentido de uma posição pósestrutura Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 352 hermenêutica lista Uma corrente em geral chamada de tex tualista é de particular interesse aqui em es pecial considerandose que seu principal repre sentante Jacques Derrida entabulou um diálo go com Gadamer ver por exemplo Derrida 1967 Ver também DESCONSTRUÇÃO A figura da fusão de horizontes que repre senta a constituição dialógica do significado surge no pensamento pósestruturalista como intertextualidade Essas palavras referemse também a uma relação ativa entre leitor e texto a uma interação e um desempenho em vez de um consumo passivo ou de uma análise distan ciada de um significado fixo Esse movimento ao mesmo tempo forma o ponto central de partida do ESTRUTURALISMO e da semiologia ver SEMIÓTICA com sua ênfase no signo como construção fechada O pósestruturalismo afastase da herme nêutica porém em sua negativa radical de qual quer fundamento de conhecimento no sentido de pressupostos funcionais no que diz respeito a uma base autoevidente de pretensões ao co nhecimento Por essa tradição é impossível usar noções como chegar a um consenso ou chegar a uma verdade sem se ver preso a um movimento circular e autocontraditório de pen samento A hermenêutica como crítica A figura do círculo hermenêutico foi usada por Gadamer para rejeitar o objetivismo ine rente na Geisteswissenschaften hermenêutica Quando desafiado por Betti a julgar a exatidão ou verdade de interpretações apresentadas Ga damer respondeu que só se preocupava em mostrar o que estava sempre acontecendo quan do compreendemos A referência de Gadamer ao embebimento da interpretação numa tradição foi vista por Betti como uma recaída no subjetivismo Para a hermenêutica crítica isso não apenas impede a hermenêutica de adquirir qualquer relevância metodológica mas também e talvez ainda mais importante representa a perda de um grau de autonomia conquistado com dificuldade em relação às forças da tradição que o pensamento do Iluminismo havia garantido Na obra de filósofos sociais trabalhando dentro da órbita mais ampla da ESCOLA DE FRANKFURT como KarlOtto Apel e Jürgen Ha bermas tentase uma integração da filosofia hermenêutica com outras tradições como a fe nomenologia o pragmatismo a filosofia lin güística e a análise freudiana Ambas visam uma integração das análises de Gadamer com preocupações sociopolíticas e com a formula ção de uma ciência social que possa ajudar a libertar uma prática social reprimida Aderindo ao projeto do Iluminismo Ha bermas busca desenvolver uma ciência social crítica que reconstrói possibilidades de eman cipação suprimidas Como uma ciência social críticodialética a hermenêutica profunda de Habermas tenta ser mediadora entre a objetivi dade das forças históricas e a subjetividade dos agentes Uma vez que seu objetivo é liberar o potencial de emancipação através da reconstru ção de processos de repressão não surpreende que Habermas usasse a psicanálise como mo delo Como a repressão ocorre na e através da linguagem a estrutura teórica exigida por tal programa assume a forma de uma cogitada teoria da competência comunicativa As ideologias fornecem uma explicação ilusória das sociedades que se caracteriza pelo domínio de uma seção sobre outra O consenso em tais condições tem todas as possibilidades de ser falso ou distorcido isto é o resultado de uma comunicação sistematicamente deformada Em condições de desigualdade o consenso só pode ser um pressuposto contrafactual o ob jetivo previsto da interação social em vez de sua inquestionada precondição Pósmodernismo A ética discursiva de Habermas centrada na idéia de diálogo livre de domínio tem sido rejeitada pelos filósofos que buscam sua ins piração em Heidegger e mais longe ainda em Nietzsche A intenção universalista do pensamento do Iluminismo bem como seu programa eman cipador é hoje encarada na melhor das hipó teses como ilusória porém mais provavelmen te como repressora ela própria Tal projeto im plica uma justificação filosófica na expressão de JeanFrançois Lyotard uma grande nar rativa ou metanarrativa 1979 cuja função é impor uma concepção unilinear monológica do objeto e legitimar suas próprias regras de procedimento Esta grande narrativa é representada pela hermenêutica de significado e caracteriza a posição pósmoderna de nos termos tornado Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar hermenêutica 353 incrédulos com relação a ela Essa atitude tem origem no reconhecimento valorizado da hete rogeneidade da pluralidade e da determinação local e leva Lyotard a rejeitar a unanimidade de mentes buscada na formação do consenso como não apenas irrealista mas até perigosa ter rorista No que diz respeito à preocupação filosófica e práticopolítica com a formação do consenso é necessário afirmar que a constituição dialógi ca do significado e o esforço por um acordo racional alcançado comunicativamente não tem relação com a imposição monológica de um jogo de linguagem particular Mais pertinente ainda a hermenêutica crítica preocupase com a formulação das condições da possibilidade de pluralidade É só com base em normas con sensuais que posições divergentes podem ser livremente desenvolvidas e receber uma aten ção imparcial A hermenêutica crítica busca ampliar esse espaço através da ajuda a se iniciar uma prática emancipadora que remova obs táculos no caminho da formação de um consen so autêntico Conclusão O pensamento hermenêutico destaca a loca lização de toda atividade dentro de uma es trutura particular de interpretação Como tal chama nossa atenção para os pressupostos e limitações de todas as formas de pensamento e prática social O objetivo dos que o propõem tem sido fomentar a interação comunicativa e com isso facilitar o desenvolvimento de formas humanitárias e autenticamente racionais de co existência social Ver também CONHECIMENTO TEORIA DO Leitura sugerida Bauman Z 1978 Hermeneutics and Social Science Bleicher J 1980 Contemporary Hermeneutics Ο 1982 The Hermeneutic Imagination Dallmayr F e McCarthy T orgs 1977 Understan ding and Social Inquiry Gadamer HansGeorg 1960 1975 Truth and Method Habermas Jürgen 1967 1988 On the Logic of the Social Sciences Hekman SJ 1986 Hermeneutics and the Sociology of Know ledge Hoy DC 1982 The Critical Circle Literature History and Philosophical Hermeneutics Ricoeur P 1969 Le conflit des interprétations Essais dhermé neutique Wachterhauser BR 1986 Hermeneutics and Modern Philosophy Warnke G 1987 Gadamer Hermeneutics Tradition and Reason JOSEF BLEICHER hinduísmo e teoria social hindu Hinduísmo é o nome geralmente atribuído às crenças e práticas que se desenvolveram no decorrer de muitos séculos no subcontinente indiano Essas crenças e práticas são variadas mas se asseme lham umas às outras como uma família Três tradições BUDISMO jainismo e sikhismo surgiram como religiões distintas porém cog natas A palavra ocidental hinduísmo deriva de uma palavra sânscrita para o rio Indo e variantes da palavra hindu foram usadas por mais de 2 mil anos por estrangeiros que queriam descrever o povo da Índia Os hindus chamam o seu modo de vida de darma sanatana eterno O darma em geral traduzido como reli gião é um conceito fundamental que não tem equivalente em nossa língua e inclui a noção de moralidade Designa a conduta apropriada à casta ao sexo e à idade de um indivíduo A vida humana é encarada como uma oportunidade para se atingir a moksha libertação do ciclo de nascimento e renascimento da alma Os hindus acreditam que o sofrimento e a boa fortuna podem ser explicados através do carma a lei cósmica de causa e efeito operando no decorrer de muitas vidas A teoria social hindu é a visão da sociedade que surge da análise da história e da cultura hindu conforme articulada por pensadores hin dus e por analistas da sociedade hindu O hin duísmo não tem um único fundador nem um único livro que seja encarado como uma Es critura Suas raízes podem provavelmente re montar ao período da civilização do vale do Indo 25001500 AEC antes da Era Cristã e às muitas religiões tribais locais do subcon tinente Os textos mais antigos os Vedas pro vavelmente escritos por volta de 1000 AEC no Norte da Índia registram os hinos de sacrifícios dos arianos palavra que adquiriu conotações de pureza racial ou de hinduísmo puro porém que mais precisamente indica os falantes de uma língua indoeuropéia que provavelmente teve origem mais ao Ocidente Os arianos adora vam deuses masculinos como Indra Nos Upanixades compostos cerca de 500 anos depois surge a crença caracteristicamente hindu na transmigração da alma e na unidade da atimã a alma individual com o bramã o absoluto impessoal que a tudo permeia A ex periência mística assumia grande importância e posteriormente surgiram sistemas de controle Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 354 hinduísmo e teoria social hindu físico e mental para favorecêlos ioga que são prefigurados no Bhagavad Gita O propósito da Artaxastra uma exposição do século IV AEC sobre as relações sociais é a preservação do poder de um rei Realpolitik combinase com princípios Subjacente à sociedade hindu encontramse os conceitos gêmeos de Varna ver CASTA e ashrama estágio de vida A sociedade é com preendida como uma hierarquia de elementos interdependentes porém desiguais caracteri zados mais pela harmonia do que pela competi ção A vida de um homem das castas duas vezes nascidas era encarada como uma se qüência de estágios O bramachari estudante celibatário casavase tornandose um grihasta chefe de família casado Quando lhe nascia um neto e sua linhagem ficava assegurada ele podia tornarse um eremita da floresta varna prasta antes de renunciar a todos os laços com o mundo como saniasi renunciante Esse pa drão persiste na sociedade hindu como um ideal básico da vida de família dando lugar a uma preocupação sem obstáculos com as ocupações religiosas Do Rig Veda das epopéias Maha barata e Ramaiana e dos códigos de leis Dar machastra surge uma visão elaborada da so ciedade A principal preocupação dos teólogos e filó sofos não era a teoria social mas a compreensão da derradeira realidade Shankara c800 EC pregou o advaita nãodualismo Em outras palavras todas as aparências de dualidade por exemplo entre Deus e a matéria eram ilusórias Para os místicos medievais como Kabir e Ra vidas a experiência mística não deixava lugar para a divisão em castas mas seria um ana cronismo descrevêlos como reformadores so ciais ou teóricos no sentido moderno A Índia do século XIX governada pelos ingleses e sensível tanto ao pensamento oriental quanto ao pensamento cristão pôs de lado os pensadores hindus com programas para a trans formação da sociedade Em Bengala a Brahma Samaj Sociedade Brâmane fundada por Ram Mohan Roy 17721833 promoveu reformas sociais especialmente no campo dos direitos das mulheres Em seu pensamento uma forma de monismo teísta era defendida pelo raciocínio filosófico de tipo ocidental Um asceta de Gu jurati Swami Daiananda Saraswati 182483 exortou os hindus a voltarem à sua concepção de uma pura sociedade védica expurgada das camadas supersticiosas dos séculos posteriores Ele e o movimento que criou Arya Samaj enfatizaram a filosofia hindu em lugar da ocidental lutaram para eliminar a intocabili dade estimularam a educação das mulheres e permitiram às viúvas que voltassem a se casar Swami Vivekananda 18621902 pregou um monismo místico acoplado a reformas sociais sem eliminar as castas ou a adoração de ima gens Bal Gangdhar Tilak 18561920 promoveu a consciência social e o nacionalismo político Ele defendia a antigüidade da cultura ariana e afirmava que o Bhagavad Gita devia ser com preendido como exortação ao serviço despren dido Mahatma Gandhi 18691948 lutou para concretizar uma sociedade livre da dominação estrangeira e caracterizada pela nãoviolência na qual todos os indivíduos fossem igualmente valorizados Ele não via justificativa no hin duísmo para a intocabilidade Seu princípio de sarvodaia elevação universal esposado por Vinoba Bave 18951982 e outros gandhianos significa uma ação prática para melhorar a qua lidade de vida dos mais necessitados Na filo sofia do exativista político Sri Aurobindo Ghose 18721950 a evolução substitui maya ilusão como princípio fundamental da socie dade e do universo Para Jawaharlal Nheru 18891964 primei ra pessoa a ocupar o cargo de primeiroministro da Índia a sociedade deve corporificar a demo cracia o socialismo e o secularismo isto é lealdade à unidade básica da Índia em vez do comunalismo o autointeresse de comuni dades divididas segundo linhas religiosas Sar vapelli Radakrishnan 18881975 filósofo e presidente da Índia viu um Idealismo indiano como potencial salvador da civilização em vista da exploração pela tecnologia comercial do Ocidente Conforme definido por Radakrish nan o secularismo não significa a falta de reli gião nem o ateísmo mas enfatiza valores es pirituais que podem ser alcançados de toda uma variedade de modos A harmonia mais que a competição era o ideal incorporado no sistema de castas tal como ele o expôs Radakrishnan 1927 O pensamento social hindu no século XX temse caracterizado por uma crescente tensão entre os princípios do secularismo e do Hin dutva revivalismo hindu no qual Bharat a Índia é emotivamente identificada com o hin Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar hinduísmo e teoria social hindu 355 duísmo Isso desenvolveuse em conjugação com o movimento para unir os hindus de todas seitas castas e regiões O objetivo da Rashtriya Swayamsevak Sanch União Voluntária Nacio nal fundada em 1925 pelo Dr Keshav Baliram Hedgevar 18891940 era fazer renascer a autoconfiança dos hindus e seu senso de obriga ção civil em grande parte através do envol vimento dos jovens num serviço social dis ciplinado Em 1964 era fundada a Vishwa Hin du Parishad Organização Hindu Mundial com o mesmo espírito de unificação dos hindus Muitos hindus enfurecidos ao perceberem que o governo indiano estava buscando satisfazer as minorias resolveram afirmarse de modo mais militante unidos na luta por um templo em vez de uma mesquita para marcar o lugar do nas cimento de Rama em Aiodia Esse ativismo inspirado pela idealização do passado hindu é representado politicamente pelo Partido Bhara tiya Janata Analistas da sociedade hindu compreen demna em termos de uma variedade de proces sos por exemplo a relação interativa entre a Grande e a Pequena Tradição PanÍndia e for mas locais de hinduísmo Srinivas postulou a sanscritização o processo pelo qual as castas inferiores mudam seu comportamento para fa zêlo assemelharse ao que é característico das castas brâmanes Entre outros processos in cluise a secularização pela qual o que é iden tificavelmente religioso tal como a crença no sobrenatural desempenha um papel menos sig nificativo nas vidas das pessoas a moderniza ção a industrialização a urbanização na me dida em que milhões se mudam das aldeias para a cidade num movimento sem precedentes e a ocidentalização indicando uma mudança no sentido por exemplo do consumo de carne e álcool comportamento incompatível com a sanscritização Leitura sugerida Basham AL 1954 The Wonder that was India Beteille A 1966 Caste Class and Power Changing Patterns of Stratification in a Tanjo re Village Dumont L 1967 Homo hierarchicus Dumont L e Pocock D orgs 195769 Con tributions to Indian Sociology vols19 Lannoy R 1971 The Speaking Tree a Study of Indian Culture and Society Radakrishnan S 1927 The Hindu View of Life Srinivas MN 1967 Social Change in Modern India ELEANOR M NESBITT história O convite a escrever um breve en saio sobre história para um dicionário do pen samento social no século XX é igualmente um convite a chegar a uma decisão visando esse ensaio sobre o que é o século XX Para esse fim ele será aqui um século XX curto os 75 anos entre 1914 e 1989 do início da Primeira Guerra Mundial ao múltiplo colapso do comu nismo como realidade objetiva e como ideolo gia em todo o mundo Nesse século de 75 anos a escrita da história sofreu três tipos de mudança de importância capital diferençáveis entre si mas também mutuamente interrela cionados As fontes às quais os historiadores dedicaram sua atenção profissional mudaram o tema sobre o qual os membros da profissão escreveram mudou e a estrutura na qual defi niram sua disciplina mudou Nesse século passado os historiadores ga nharam acesso a todo um repertório de informa ções até então fora do seu alcance por falta de tecnologia ou de técnicas para explorálas ou por falta da perspectiva que lhes desse sentido histórico Pela primeira vez os historiadores usaram sistematicamente fontes tais como le vantamentos aéreos fotográficos ou fotogra métricos de terrenos registros de nascimentos batismos casamentos e óbitos mensurações físicas de homens recrutados para os exércitos catálogos de empresas de vendas pelo correio registros de matrículas em escolas e univer sidades listas telefônicas Esses detritos da vida humana haviam sido reunidos pelos povos e moldados em forma manuseável em algum mo mento em algum lugar para algum propósito Esses propósitos eram outros que não os dos historiadores do século XX os quais em última análise remodelaram os dados sobreviventes para seu próprio uso A característica comum a esses tipos de dados era só terem relevância para os historiadores quando agregados Era da própria natureza das coisas que os tipos de avanço do conhecimento histórico a que essas fontes se prestavam fossem quantitativos Um segundo tipo de dados que atraiu a atenção dos historiadores profissionais com formação acadêmica no século XX foi a massa de informação que durante 250 anos ou mais antiquários locais vinham reunindo assistema ticamente nas publicações de sociedades erudi tas do mesmo âmbito Os historiadores profis sionais durante muito tempo tiveram desprezo por essas atividades de antiquariato Esse des Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 356 história prezo era bem merecido dada a inépcia de alguns desses esforços e a trivialidade ou me diocridade de boa parte do resto No século XX os historiadores profissionais remexeram as la tas de lixo da história local e em meio a muitos detritos sem significado descobriram artefa tos preciosos de um passado até então inex plorado Aos novos dados quantitativos acres centaram as cartas diários registros de casa mento e testamentos aluguéis e arrendamen tos de homens e mulheres obscuros e em ambos os casos a história se viu enriquecida por esse incremento Ambas as espécies de novas fontes históri cas forneceram dados sobre os tipos de pessoas a quem os historiadores profissionais só haviam dedicado até aquele momento uma atenção muito passageira trabalhadores agrícolas cam poneses operários soldados servidores do mésticos mulheres crianças com efeito a maior parte da humanidade desde que a vida humana começou a existir Assim no século XX pela primeira vez se tornou possível e logo depois já se tornara prática comum para os historiadores profissionais escrever de forma coerente a respeito de fenômenos com os quais os antigos historiadores tiveram poucos meios e ainda menos disposição para se preocupar dieta saúde força hidráulica fontes e aplica ções de energia alfabetização população pro dutividade epidemias Ver também HISTÓRIA SOCIAL Os historiadores que se dedicaram a abrir novos campos de investigação fizeram acompanhar seus esforços pioneiros do clangor adequadamente alto de trompetes e com menos felicidade de pretensões territoriais que fize ram com que as dos 13 estados originais dos Estados Unidos em comparação parecessem modestas A transferência do interesse para pessoas que os historiadores das gerações anteriores haviam negligenciado ou desprezado fez im plodir uma complacência que os membros da profissão tinham até então cultivado A recon cepção do histórico às vezes multifacetada a ponto de parecer caótica havia alterado a prá tica visível dos historiadores profissionais com uma série de choques sísmicos cuja força máxi ma foi difícil de mensurar quando o século terminou em 1989 No período de fundação de sua profissão de cerca de 1815 até 1914 os historiadores com formação acadêmica haviam dedicado a maior parte de sua atenção aos feitos passados de líderes dos homens brancos adultos uma ínfima minoria das pessoas que haviam até então vivi do sobre a Terra A intensidade de sua dedicação pode ter sido subestimada e seus motivos para essa dedicação mal compreendidos por muitos de seus sucessores no século XX Ainda assim a generalidade com que os historiadores do século XIX todos homens brancos e adultos se dedicaram ao estudo das lutas pelo poder na guerra e na paz de homens adultos brancos especialmente é conspícua A revelação de in dícios sobre como a maioria esmagadora dos seres humanos que não era nem branca nem masculina nem adulta havia vivido e morrido no passado humano resultou em um amplo e confuso tumulto a respeito do que conta como o passado significativo e de como contálo É evidente que no decorrer dos quatro séculos e meio entre 1492 e 1942 os homens brancos adultos vieram a dominar a ter hegemonia so bre a Terra Para alguns historiadores no século XX até para alguns que não se pode acusar com facilidade de visão paroquial ou limitada por antolhos era óbvio que a ascensão do Ocidente era A História desses 450 anos no mesmo sentido em que a Segunda Guerra Mundial foi A Historia dos seis anos de 1939 a 1945 era a história ou texto coerente em que a maioria dos outros feitos humanos dentro desse intervalo podia ser encarada como contexto ou pano de fundo Esse modo de olhar para o passado é evidentemente mais antigo que o Ocidente mo derno Teve suas origens nas literaturas de duas culturas antigas a grecoromana e a judaico cristã as quais os governantes e autores do Ocidente haviam considerado conveniente e adequada bem antes da descoberta da América A história da ascensão do Ocidente assim aco moda confortavelmente as duas tradições nar rativas com as quais os homens de letras do Ocidente estavam mais familiarizados antes de 1492 e que praticamente todos os fundadores da profissão histórica no século XIX aceita vam como um dado Não surpreende que muitos dos historia dores do século XX que tomaram parte na descoberta da história de baixo para cima considerassem essa velha história narrativa uma prova da anterior sujeição de outras raças outras classes outros grupos etários e do outro sexo à hegemonia dos homens brancos E ela foi também um instrumento dessa servidão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar história 357 A desvalorização das pessoas individual mente como os centros das histórias históricas e a desvalorização das histórias como a forma natural da história portanto acomodam com conforto os tipos de provas que os novos gêne ros de fontes forneceram no século XX Todo esse conjunto de provas proporcionou respostas a muitas perguntas históricas que nenhum his toriador até então havia feito Não proporcio nou respostas aos tipos de perguntas que ha viam sido a preocupação maior dos historia dores do século XIX e de seus sucessores que continuaram a partilhar de suas preocupações Numa cultura que durante 200 anos havia atri buído um valor honorífico sem precedentes à inovação era de se esperar que os inovadores do século XX viessem a menosprezar o valor dos tipos de história narrativa que suas práticas não estavam mais aptas a produzir do que um bateestacas estava apto a produzir uma gravu ra Isso não é dito com a intenção de comparar invejosamente o valor de um com o do outro não são comparáveis Assim o tipo inovador de trabalho histórico do século XX marginalizou os autores de his tória narrativa Marginalizou também as pes soas humanas ou efetivamente as desintegrou transformando em nãoentidades históricas os efetivos atores dessas histórias multifacetadas do passado que haviam sido a maior parte do que a maioria dos historiadores escrevera a respeito durante os 100 anos anteriores No século XXI começando em 1989 os historiadores podem vir a querer examinar a confluência das novas fontes da escrita histórica do século XXI seus novos temas e as concep ções na verdade as idées fixes que haviam conquistado as mentes dos historiadores mais influentes da época Quanto mais tempo es perarem mais a passagem do tempo reduzirá sua capacidade de empatia com o fascínio du radouro feito tanto de atração quanto de repulsa para os historiadores do século XX desse conjunto particular de idéias ao qual em breve retornaremos A confluência de fontes idéias e eventos ocorreu entre 1914 e 1945 Seu cenário foram duas guerras terríveis geradas na Europa que em 30 anos deixaram desolada aquela civiliza ção violenta em meio às cinzas de sua própria loucura Os primeiros anos do século XX por tanto testemunharam um holocausto das ex pectativas esperanças e aspirações do século XIX expectativas da difusão por todo o planeta da civilização dos estados da Europa mais avançados em termos de ciência tecnolo gia e alfabetização esperanças de PROGRESSO contínuo no caminho da liberdade e da demo cracia aspiração pela paz universal Na Europa desde Waterloo tinha havido ocasionais e curtos episódios de luta armada Mas dos Urais ao Atlântico ao norte do Danúbio pela primeira vez desde que os estados da Europa alcançaram a coesão necessária para conflitos entre estados não tinha havido nenhuma guerra longa e im portante entre as grandes potências É preciso lembrar que pelo menos com a vantagem da visão em retrospecto atribuímos aos historia dores que oscilam à beira do século mais odioso da história a qualidade da idiotice moral política ou ambas No conflito armado da Primeira Guerra Mundial o maior conflito de recursos humanos da história da Europa esse fácil otimismo de um século afundou Deixou apenas como carga lançada ao mar o sorriso idiotizado do ingênuo gigante transatlântico os Estados Unidos que fez o seu vôo de besouro sobre o campo de batalha apenas por tempo necessário para deter minar o resultado militar imediato tartamu deou uma fórmula ritual Garantam um mundo seguro para a democracia e em seguida se retirou para seu habitual isolamento tanto espiritual quanto geográfico Nos anos do pósguerra numa situação de dificuldade e de abandono os melhores intelec tos da Europa voltaramse para os poucos pro fetas do infortúnio os quais em meio à promes sa do século XIX haviam percebido sinais de desgraça iminente Muitos voltaramse espe cialmente para aquela sucessão de profetas que embora percebendo em seu próprio tempo a ameaça de catástrofe mundial enxergaram va gamente no horizonte os sinais de uma aurora vermelha que surgiu no início dos anos 20 uma nova luz no Leste a primeira sociedade socialista Um após outro os objetivos socialistas pro clamados por Karl Marx em 1848 foram alcan çados na União Soviética a abolição da propriedade privada a liquidação de uma es trutura de classes arcaica a ditadura do prole tariado a destruição daquele ópio do povo a religião organizada e com apenas 12 anos da fase russa da revolução mundial a introdu ção do planejamento econômico e assim final Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 358 história mente uma sociedade organizada de modo ra cional para atingir seu objetivo declarado Nun ca a capacidade persuasiva do fazer foi mais eficaz do que naqueles primeiros anos da ex periência comunista na Rússia Essa capaci dade criava um contraste agudo com os cegos tropeços do Ocidente nos dez anos anteriores à Segunda Guerra Mundial De um lado a mar cha firme através do socialismo rumo a uma sociedade comunista na União Soviética De outro a Grande Depressão o desemprego ma ciço o colapso dos regimes pseudodemocráti cos da Itália e da Alemanha do préguerra no fascismo e no nazismo a paralisia das econo mias capitalistas e a aparente agonia do im perialismo e da ordem mundial burguesa Antes da Primeira Guerra Mundial a pala vra marxista fora aplicada a um conjunto poli cêntrico de seitas e facções políticas com dois traços em comum O primeiro era uma aversão às estruturas políticas econômicas ou sociais em meio as quais viviam e a convicção de que essas estruturas eram tão exploradoras e opres soras da maior parte da humanidade que deve riam ser substituídas através de quaisquer meios viáveis O segundo era a convicção de que Karl Marx havia efetivamente analisado o modo como a humanidade tinha chegado ao transe por que passou em 1914 ele havia des coberto também o caminho que ela iria e deve ria seguir no futuro o caminho chamado socia lismo rumo ao objetivo chamado comunismo Em 1914 os seguidores dos ensinamentos de Marx da Rússia à península Ibérica viviam em múltiplo desacordo a respeito do que era a verdadeira filosofia marxista e da linha de ação que deles se exigia naquele momento Todos os marxistas concordavam porém em que os en sinamentos de Marx exigiam que seus segui dores aplicassem sua doutrina fosse ela qual fosse na esfera da ação ela fornecia uma lei científica da vida Especialmente através de seu impacto sobre o marxismo os acontecimentos da Primeira Guerra Mundial produziram um efeito de dis torção nas percepções dos historiadores o qual até quase o final desse breve século XX viria a formar ou distorcer a história escrita durante suas sete décadas e meia Nos últimos anos da Primeira Guerra Mundial a Musa da História pregou uma peça amarga no marxismo e em todas menos uma de suas principais seitas No início mesmo de sua magnum opus O capital 1867 Karl Marx determinava a condição pré via básica para uma sociedade comunista o tipo de sociedade que ele havia prefigurado no Ma nifesto comunista de 1848 Essa condição era a abolição da propriedade privada Tendo a socie dade capitalista passado da maturidade para uma decadência senil o proletariado numa revolução socialista derrotaria uma burguesia obsoleta e colocaria a sociedade no rumo de sua meta comunista Isso deveria ser atingido atra vés da exploração capitalista da classe operária pela burguesia antes que uma sociedade es tivesse pronta para a revolução socialista No final de 1917 porém sob a liderança de Lenin uma pequena facção comunista tomou o poder na Rússia Nos cinco anos que se seguiram o Partido Comunista russo conseguiu pela pri meira vez na história abolir a propriedade pri vada dos meios de produção Também con solidou seu próprio domínio sobre quase todo o território na Europa e na Ásia antes subme tido aos czares da Rússia um território até então encarado pelos europeus marxistas ou não co mo atrasado e asiático A época o lugar e a substância do triunfo comunista na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas antes o Império Russo conferiu uma inclinação peculiar e ímpar ao que ocorreu no mundo nos 75 anos seguintes É portanto adequado iniciar a história do século XX com o surgimento do socialismo marxista soviético e terminála entre 1989 e 1992 quando por ação oficial a exUnião das Repúblicas Socia listas Soviéticas transformouse na Comuni dade dos Estados Independentes As implica ções dessa mudança não foram animadoras para o marxismo e para o comunismo foram cala mitosas Assim o século XX mais curto foi o Século Marxista Durante 75 anos a União So viética da qual Marx e Lenin eram os ícones oficiais apresentou à humanidade a primeira encenação de socialismo no cenário mundial Em momentos isolados desse século a Grã Bretanha os Estados Unidos a Alemanha na zista o Japão e a China maoísta juntaramse à União Soviética no centro do palco A União Soviética primeira grande sociedade explicita mente fundada em princípios e preceitos mar xistas esteve no entanto desde seu início cons tantemente em um dos pólos da visão corrente que a humanidade tinha do mundo tal como ele era e deveria ser Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar história 359 Para pessoas moderadamente observadoras durante as três primeiras décadas do século XX parecia que no mais rigoroso teste humano para uma pretensão científica o teste da experiência o marxismo havia feito valer a sua afirmativa de que era a verdadeira ciência da sociedade humana ou pelo menos o local onde essa pre tensão estava sendo experimentalmente testa da As primeiras previsões marxistas sobre o colapso iminente do capitalismo estavam sendo confirmadas pelos acontecimentos no mundo inteiro Na Europa a Guerra de Trinta Anos entre culturas imperialistas chacais capitalistas e hienas fascistas parecia estar rumando para uma conclusão de destruição mútua garantida Durante quase todo o século XX a Revolu ção Comunista e o sucesso ou sobrevivência da União Soviética foram os eventos decisivos no avivamento da imaginação dos historiadores profissionais não apenas na Rússia mas em todo o mundo Foi esse o caso não apenas com historiadores explicitamente marxistas mas também com historiadores descompromissa dos os quais inibidamente ou não encaravam a história como uma das ciências da política visando a melhoria do ser humano Para eles ela era potencialmente uma fonte de informa ções cientificamente verificada que apontava para o rumo correto das ações sociais econô micas e políticas Tiveram de ponderar se a União Soviética estava marcando infalivelmen te o caminho que outras sociedades deviam seguir ou um caminho ao qual deveriam resistir e que precisariam reverter Mesmo nos poucos países onde até 1945 a vocação dos historiado res não esteve sujeita a uma orientação irresis tível por parte do acima mencionado muitos historiadores sentiramse atraídos pelo poder exercido na União Soviética em nome da ciên cia Outros ficaram hipnotizados pela comple xidade intelectual e pela grandiosidade abran gente que o marxismo atingiu em suas missões simultâneas de abarcar o mundo e promover a quadratura do círculo Seria possível levantar boa quantidade de provas históricas sérias adaptáveis a formas congruentes com o marxismo O mesmo acon teceu com o populoso cinturão da terra do Elba ao Adriático em sua fronteira ocidental se guindo até o oceano Pacífico e sul do mar da China na fronteira oriental O fascínio teórico juntouse a um triunfo político que tudo in dicava ser iminente Isso deu à visão histórica de Marx um sabor picante particular para in telectuais das poucas democracias livres sobre viventes Muitos dos mais articulados desses intelectuais inclinaramse com graus variados de agudeza ao marxismo Os que não se sen tiram inclinados mais do aqueles que se sen tiram vieram a descobrir que o ônus da prova nada invejável estava caindo em seus ombros Alguns deles despenderam muita energia tal vez energia demais na demonstração dos seus motivos para não serem marxistas Isso im plicou afirmar que do ponto onde se encon travam não viam a inevitável Aurora Vermelha ou aliás qualquer outra nuança de aurora inevitável de um novo dia para a humani dade o que não era a mensagem que a humani dade achava mais animadora Despenderam um esforço considerável insistindo na incapacida de dos marxistas e quase marxistas de enfrentar os dilemas paradoxos e contradições inerentes ao marxismo desde o princípio Esses historia dores criticaram em geral os pressupostos mar xistas que punham de lado arbitrariamente como indignos de consideração ou secundários nãobásicos ou sem importância a longo pra zo eventos e processos para os quais o marxis mo não era capaz de oferecer uma explicação científica adequada Num mundo palpavelmen te voltado para o mergulho no naufrágio e na ruína a rejeição da esperança marxista nem sempre foi popular entre os intelectuais nem plausível para estes Agora com a vantagem da visão retrospec tiva na aurora do século XXI a preocupação dos historiadores do século anterior com uma visão da natureza e do destino do homem tão palpavelmente falha em seus fundamentos quanto a dos marxistas pode parecer misteriosa ou profundamente ridícula Quando isso acon tecer como com toda certeza acontecerá os historiadores presentes e futuros devem ten tar ver o mundo do início do século XX tal como os que nele viviam Até 1989 ninguém nem leigo nem especialista previu o fim do sé culo XX tal como acabou acontecendo a im plosão da estrutura soviética de poder e junto com ela da ideologia com que ela estava com prometida No momento em que este artigo está sendo escrito ninguém ainda foi capaz de fazer uma estimativa plausível da devastação provo cada pelo colapso interno das estruturas ins titucionais comunistas em boa parte do mundo e de sua provável e iminente desarticulação na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 360 história China a única área de grande vulto onde essas estruturas sobreviveram Lá elas são mantidas vivas apenas pelas manhas de um punhado de homens todos com oitenta e poucos anos o que vai acontecer quando esses homens morrerem o que ocorrerá em breve não pode ser adivinhado Não é das menores ironias do século XX o fato de as catástrofes ao seu final terem sido catástrofes do marxismo a estrutura intelectual que ganhou predomínio no início deste século e das estruturas institucionais as do comunismo soviético através de cuja mediação esse domí nio foi em grande parte mantido O que esse vazio nas estruturas institucionais irá acarretar é algo que os historiadores podem começar a supor pelo menos até o nível de imaginar uma série limitada de alternativas para elas e de realizar movimentos exploratórios visando a compreensão dessas alternativas Como revisar e substituir de forma eficaz a IDEOLOGIA predominante do século XX é algo que confronta os historiadores com um proble ma ainda mais desconcertante Estruturas de idéias são muito mais duráveis do que estruturas institucionais os seus guardiães são mais con servadores e têm interesses muito mais profun damente arraigados em preserválas A neces sidade de uma rápida remoção de instituições que soltam emanações sufocantes e no final não produzem mais do que lixo fraqueza sofrimen to e morte não é mais difícil de perceber e a demolição tende a ser evidente para os que estão presos nas ruínas Sendo intangíveis as ideolo gias agarramse com mais persistência e são mais difíceis de limpar Para um historiador como para qualquer intelectual que tenha inves tido sua vida na aquisição de uma especialidade cujo conteúdo o rumo dos acontecimentos isto é a mudança histórica transformou num peixe invendável a disposição para registrar mais ainda para anular o valor final de uma vida de trabalho não é algo fácil Já nos últimos 30 anos à medida que o crédito e a credibilidade das experiências soviéticas iam afundando histo riadores que investiram a maioria de seus trun fos intelectuais no comunismo começavam a buscar meios de reduzir seus prejuízos Era raro haver um historiador marxista que dissesse Desperdicei minha vida tentando abrir cami nho num beco sem saída Leitura sugerida Barraclough G 1964 An Introduc tion to Contemporary History Braudel F 1977 Écrits sur lhistoire Carr EH 1961 What is History Collingwood RG 1946 The Idea of History Hex ter JH 1961 Reappraisals in History Ο 1971 The History Primer Le Roy Ladurie E 1973 Le territoire de lhistorien JH HEXTER história econômica Descrita por um de seus primeiros praticantes como não tanto o estudo de uma classe especial de fatos quanto o estudo de todos os fatos da história de uma nação a partir de um ponto de vista especial WJ Cunningham a história econômica não tem fronteiras rigidamente definidas espalhandose pela história social e política bem como pela economia Suas maiores preocupações no en tanto são a análise do crescimento do declínio econômico e a relação entre a transformação econômica e o bemestar social Origens Essa disciplina tem suas raízes no período em que a importância do fator econômico para a força política das nações foi pela primeira vez sinceramente percebido o período do mer cantilismo Essa nova preocupação criou sua nova literatura escrita pelos chamados aritmé ticos políticos da qual o exemplo inglês mais conhecido foi Natural and Political Observa tions on the State and Condition of England de Gregory King publicado em 1688 O Iluminismo com sua crença de que os sistemas e as questões humanas seguiam as regras da natureza fez surgir uma abordagem mais teórica Nessa evolução os textos dos fisiocratas fisiocracia significando literal mente governo da natureza na França e dos participantes do Iluminismo Escocês se des tacam em particular Os primeiros deram prio ridade à agricultura em sua teoria afirmando que era ela a única fonte de produto líquido e classificando a indústria como uma arte es téril Suas figuras de proa foram François Quesnay 16941774 e ARJ Turgot 1727 81 O Tableau économique de Quesnay publi cado em 1758 ajudou muito na difusão da idéia fisiocrática de que a economia funcionava de acordo com regras naturais Turgot juntou os papéis de teórico econômico e de político es crevendo uma obra Sobre a história universal em 17501 que introduzia uma nova base para a divisão da história em períodos determinados em termos de estágios econômicos tendo che gado à posição de tesoureirogeral em 1774 na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar história econômica 361 qual tentou sem sucesso remodelar a econo mia francesa a partir de princípios fisiocráticos John Millar 17351801 e Adam Smith 172390 foram os dois participantes do Ilumi nismo escocês cuja obra teve maior relevância para o desenvolvimento da matéria Smith em A riqueza das nações 1776 reagiu contra o excessivo dedutivismo e a inclinação agrícola dos fisiocratas Tal como eles acreditava que havia um padrão natural ideal segundo o qual uma economia se desenvolvia e no qual a agri cultura tinha a primazia mas seu conhecimento de história e suas observações na própria Es cócia e em suas viagens lhe haviam demons trado que esse padrão era raramente seguido Embora tradições nacionais distintas te nham sido detectadas no Iluminismo sua carac terística dominante foi uma excepcional uni dade internacional na prioridade que ela atri buiu à razão e em seu otimismo com respeito ao futuro As substanciais divisões nas tradições intelectuais nacionais podem ser mais bem ob servadas portanto como tendo suas fontes nas duas revoluções ocorridas no período 1780 1815 Estas marcariam a história econômica tal como o fizeram com outras disciplinas acadê micas Primeiro a Revolução Industrial des truiu alguns dos pressupostos básicos da teoria de Smith sobre o crescimento econômico em particular a sua crença de que havia um teto natural para o processo estabelecido pelos re cursos naturais de uma sociedade Também fez surgir a curto prazo um aumento na desigual dade econômica com a GrãBretanha alcan çando extraordinária liderança sobre o resto do mundo em torno de 1850 o que tornou um consenso internacional sobre teoria e história econômica muito mais difícil de ser alcançado Curiosamente foi no país cuja história eco nômica era mais interessante que a matéria sofreu o seu mais sério revés O próprio sucesso econômico da Inglaterra combinado com o fato de a história haverse transformado diante do desafio do racionalismo da Revolução Fran cesa no braço direito do conservadorismo con tribuiu para o desenvolvimento e a aceitação da economia dedutiva e ahistórica de David Ri cardo 17721823 Burrow 1966 p5964 A abordagem histórica sofreu uma experiência inversa na França O nível de ruptura social e política refletiuse na história e gerou a preo cupação de se estabelecer uma nova base para o consenso social Foi essa a tarefa que o posi tivismo se atribuiu visando reconciliar a abor dagem científica com as exigências da ordem social A história econômica desempenhou um papel nisso SaintSimon 17601825 desen volveu as percepções iniciais de Turgot e Con dorcet 17431794 numa teoria materialista da história incorporando um elemento revolucio nário e antecipando Marx mas seu papel foi subordinado O papel de SaintSimon ao con trário do de Smith não era basicamente for necer um modelo para o crescimento econômi co mas sim para o político o de induzir à aceitação de um novo tipo de sociedade domi nada por industriais e cientistas O momento decisivo foi menos marcante na Alemanha onde a ênfase de Herder 1744 1803 no caráter nacional já contrastava com o universalismo ahistórico dos autores do Ilu minismo mas por outro lado reforçou clara mente a tendência então existente a ênfase de Ranke 17951886 em encarar o passado a partir de dentro em seus próprios termos foi considerada como tendo fornecido a base para uma revolução berlinense nos estudos his tóricos Marwick 1970 p3440 A combina ção dessa tradição histórica com o relativo atra so e a divisão política da Alemanha que a levou a ter dificuldades em conseguir cedo a indus trialização a partir de uma situação de livre comércio fez surgir uma escola de economia histórica com ênfase na relação entre o estudo da economia e o desenvolvimento dos sistemas econômicos Os contextos nacionais não eram totalmente impermeáveis mas eles efetivamente se tor naram as influências predominantes no desen volvimento da história econômica até depois de 1945 É preciso portanto traçar várias trajetó rias para a matéria antes de se descrever o impacto do recente e mais intenso intercâmbio intelectual A tradição alemã O precursor da economia histórica alemã foi Friedrich List 17981846 militante em favor da unidade nacional alemã e autor de O sistema nacional de economia política publi cado em 1841 que apresentou uma argumenta ção com base na infância da indústria contra a teoria do livre comércio Seus primeiros pra ticantes foram Bruno Hildebrand 181278 Wilhelm Roscher 181749 e Karl Knies 182198 podese dizer que ela surgiu como Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 362 história econômica uma escola específica sob a influência de Gustav von Schmoller 18381917 e seus dis cípulos entre os quais se incluíam Werner Som bart 18631941 e Max Weber 18641920 Distinguiase pelo engajamento político de seus membros com a reforma social e rejeitava tanto a tradição comteana francesa quanto o compro misso inglês com o laissezfaire Sua posição política era o conservadorismo social Seus mé todos eram ecléticos valendose de toda a série de ciências sociais e ela promoveu uma extensa pesquisa histórica particularmente em arquivos políticos Na medida em que desen volveu uma teoria econômica esta foi de um tipo predominantemente pragmático baseada na análise de exemplos históricos Embora S chmoller viesse a publicar uma obra teórica de síntese a relativa fraqueza desse lado teórico do trabalho da escola serviu de motivo ao METHODENSTREIT durante a década de 1880 Essa disputa porém pouco conseguiu sacudir a hegemonia da economia histórica Schmol ler havia desenvolvido uma posição institucio nal impossível de contestar dirigindo as prin cipais séries de publicações sobre ciências so ciais na Alemanha e intervindo na maioria das indicações para postos acadêmicos em econo mia Isso deteve o desenvolvimento da teoria econômica na Alemanha mas também a longo prazo contaminou a história econômica depois da Primeira Guerra Mundial houve uma reação e a matéria tem sofrido muitos anos de ostracis mo a história limitandose ao estudo do político JA Schumpeter 1954 p50110 A tradição francesa A tradição francesa veio a se desenvolver mais tarde ainda do que a alemã teve maior duração e veio a exercer enorme influência Sua origem reside numa reação ao conservadorismo da história em termos de sua concentração puramente nos eventos políticos e em sua pe netração por atitudes historicistas alemãs tal como ela foi estudada na França durante a Terceira República A principal influência in telectual por ela sofrida foi a do positivismo o pensamento de Augusto Comte com sua ên fase na semelhança das ciências humanas com as ciências naturais e daí na possibilidade de generalização e explicação e acima de tudo o de Emile Durkheim com sua rejeição das ex plicações psicológicas para a mudança social em detrimento do estudo dos fatos sociais e sua crença de que a objetividade era alcançável através do tratamento destes como coisas Não era tanto a história econômica que se estava estabelecendo mas uma nova definição da his tória como matéria na qual o econômico con jugado com o social e o cultural recebia impor tância particular e o evento político ficava em segundo plano Em 1900 foi fundada a Revue de Synthèse Historique e foi em suas páginas que Lucien Febvre 18781956 e Marc Bloch 1886 1944 os principais promotores da nova his tória encontraram um primeiro veículo para suas idéias A tese de Lucien Febvre Philippe II et le FrancheComté de 1912 forneceu o primeiro exemplo de um aspecto dessa abor dagem a mudança rumo a uma história total na qual se revela não só a vida social cultural e econômica de uma região mas tam bém sua vida política Les caractères originaux de lhistoire rurale française de Marc Bloch 1931 é ainda mais claramente durkheimiano usando a mais concreta das provas os padrões de campo tirados de velhos levantamentos ca dastrais bem como a fotografia aérea como sua fonte principal Em 1929 era fundado o perió dico Annales dHistoire Économique et Socia le que viria a fornecer um nome para a nova abordagem a escola dos ANNALES Esse pe riódico foi rebatizado como Annales Econo mies Sociétés Civilisations em 1946 e a es cola que tivera origens em universidades de província ganhou uma base de poder em 1947 com o estabelecimento da Sexta Seção da École Pratique des Hautes Études um centro interdis ciplinar para o ensino e a pesquisa em ciências sociais A liderança dessa seção e com isso da escola foi assumida na morte de Febvre em 1956 por Fernand Braudel 190285 A tese de Braudel O Mediterrâneo e o mundo mediter râneo na época de Filipe II 1949 exerceu influência na promoção de uma forma de deter minismo geográfico pelo modo como diferen ciava entre conceitos diversos de tempo e em sua atitude de rejeição aos eventos Os melhores praticantes da abordagem dos Annales foram Emmanuel Le Roy Ladurie e Pierre Goubert cujas formações como historiadores como a de muitos dos Annales residem na história regio nal no caso a do Languedoc e a do Beauvaisis Mais recentemente tem sofrido críticas par ticularmente de François Furet por sua falta de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar história econômica 363 teoria e por sua negligência em relação à polí tica Iggers 1975 p4379 A tradição britânica A força da reação à abordagem histórica foi tal que sua reintrodução a partir do continente se tornou necessária Os principais agentes dis so foram John Stuart Mill 18061873 e HS Maine 18221888 influenciados respectiva mente pela visão progressista de Comte com respeito ao processo histórico e pela filosofia alemã Collini et al 1983 p21011 Foi o estabelecimento da história como matéria uni versitária que proporcionou as primeiras aber turas para a história econômica Esta foi en sinada e examinada como parte das novas pro vas de história em Oxford inicialmente junto com a economia política mais tarde isolada mente Recebeu o impulso adicional quando os próprios historiadores ampliaram sua aborda gem para incluir questões econômicas jurídi cas e sociais Harte 1971 pxviiixix Kadish 1989 p313 Uma vez estabelecida seu pro gresso foi rápido Pôde beneficiarse de uma tradição de histórias industriais bem como de uma compilação de dados estatísticos que nun ca fora interrompida e logo viria a experimen tar uma crescente demanda popular por seus produtos por parte de um público necessitado de qualificações profissionais para as quais o estudo da história econômica se mostrava par ticularmente adequado Era evidentemente uma atividade prática e também relevante num país cuja história havia sido tão fortemente marcada pelo aspecto econômico Essa iden tificação popular com o tema viria a permanecer como seu principal esteio Harte 1971 pxxiii xxiv A matéria subiu a uma posição proeminente em conseqüência de um methodenstreit in glês no qual as situações eram o inverso das da Alemanha com a economia teórica como a abordagem estabelecida e a abordagem his tórica como a desafiante Seus principais defen sores foram Arnold Toynbee 185283 WJ Ashley 18601927 e WJ Cunningham 1849 1919 Todos foram influenciados pela escola alemã usando sua técnica de realizar estudos históricos de diferentes épocas a fim de minar as pretensões da economia clássica à univer salidade Esse ataque em última análise fracas sou principalmente devido ao fato de Alfred Marshall 18421924 ter reformulado de ma neira brilhante a teoria econômica em seu Prin ciples of Economics 1890 ampliando sua de finição para incluir boa parte do que preocupava os economistas históricos Collini et al 1983 p26771 O fracasso com respeito a sua ambi ção maior porém favoreceu efetivamente o desenvolvimento da história econômica como disciplina uma vez que seu estudo havia ganho suficiente ímpeto para lhe garantir uma posição como matéria universitária independente O en sino da história econômica teve destaque na London School of Economics fundada em 1895 Seu primeiro diretor WAS Hewins 18651931 era um historiador econômico e a primeira função de palestras específicas sobre história econômica foi criada nessa mesma es cola em 1904 A primeira cátedra da matéria foi estabelecida em Manchester no ano de 1910 Seguiramse outras em Londres 1921 Cam bridge 1928 e Oxford 1931 Outros marcos foram a fundação da Economic History Society e do periódico The Economic History Review em 1926 Harte 1971 pxxivxxx Coleman 1987 p94 Perfil da matéria Uma quarta e importante tradição da matéria é a marxista A crença de Marx em que es truturas econômicas herdadas eram a influência determinante sobre todos os níveis da existên cia humana e que a competição entre classes sociais era o motor da história evidentemente dava prioridade ao estudo da economia A teoria de Marx porém era a única abordagem na qual a história econômica ganhava o status de maté ria básica Nas outras conforme destacado aci ma seu status era evidentemente subordinado sendo seu desenvolvimento um subproduto de forças intelectuais ou políticas mais amplas e seu perfil era caraterizado por isso Assim na Alemanha a subordinação da matéria ao desejo de uma economia histórica e a ligação desta com o nacionalismo provocaram uma ênfase particular em diferentes formas de sistema eco nômico Na França seu desenvolvimento den tro de uma corrente positivista opondo o papel dos indivíduos e os eventos políticos ao mesmo tempo em que lhe deu o status de possivelmente a mais importante instância cau sal em um processo histórico total fez com que ela negligenciasse o problema do desenvol vimento econômico em favor da ênfase nas continuidades não surpreende que os me Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 364 história econômica lhores estudos dos Annales tenham sido sobre a economia préindustrial Finalmente o foco central da abordagem inglesa tendeu a ser de início predominantemente parcial voltado pa ra destacar o que a matéria encarava como os abusos particulares do capitalismo de laissez faire Também nos Estados Unidos onde a matéria havia surgido por volta do final do século XIX ela se desenvolvia em conexão com questões de particular relevância nacional Frederick Jackson Turner 18611932 de senvolveu a tese da fronteira como uma ex plicação de características específicas da socie dade norteamericana e Charles A Beard 18741948 defendeu o caráter decisivo dos interesses econômicos para o perfil da cons tituição americana e da política do século XIX A partir dos anos 30 a história econômica nos Estados Unidos e na GrãBretanha utilizou ainda mais a teoria econômica No caso inglês JH Clapham 18731946 e TS Ashton 1889 1968 foram os principais arquitetos da mudan ça A partir de meados dos anos 50 os laços haviam se tornado ainda mais estreitos com o desenvolvimento da nova história econômi ca ou cliométrica nos Estados Unidos on de a história econômica tendia a ser ensinada em departamentos de economia e se fazia cam panha por uma utilização mais explícita da teoria econômica e de métodos quantitativos na matéria Essa abordagem difundiuse para a Inglaterra nos anos 60 e de forma ainda mais ampla posteriormente McCloskey 1987 p7784 Com a preocupação cada vez maior com o crescimento econômico desde 1945 bem como uma expansão geral na educação superior e no estudo das ciências sociais a matéria tem cres cido rapidamente nos últimos anos Na década de 70 havia cerca de duas dúzias de professores catedráticos de história econômica e aproxima damente o mesmo número de departamentos de história econômica em universidades britâni cas e a filiação à Economic History Society havia subido para mais de 5 mil membros A American Economic History Association teve uma taxa de crescimento semelhante depois de 1945 chegando a 3600 membros em meados dos anos 70 Harte 1971 pxxivxxx Cole man 1987 p94 Além disso a matéria difun diuse internacionalmente com a fundação em 1953 da Scandinavian Economic History Re view de uma outra australiana em 1967 e de um desenvolvimento particularmente rápido no Japão O padrão ímpar de industrialização no Japão e sua preocupação em sair o mais rapida mente possível do atraso provocaram desde cedo o interesse pela matéria havia quase mil estudiosos se especializando nela em meados dos anos 80 SinIchi Yonekawa 1985 p107 A fundação da Associação Internacional de História Econômica em 1960 criou uma or ganização especificamente comprometida com a difusão da matéria Ela tem organizado con ferências internacionais a intervalos quadrie nais e estas bem como a intensificação geral nos contatos internacionais entre intelectuais e o estímulo comum de um recurso maior à eco nomia resultaram numa crescente interação en tre as diferentes abordagens nacionais Exem plos disso são a colaboração de Fernand Brau del com Immanuel Wallerstein economista de senvolvimentista que passou a trabalhar com a história econômica do primeiro período moder no Isso influenciou a abordagem de Braudel em seu Civilization and Capitalism 15th18th Centuries 3 vols 1967 1979 19814 e deu origem à fundação do Fernand Braudel Center for the Study of Economies Historical Sys tems and Civilizations na Universidade de Birmingham em 1977 Influenciou também a introdução na Inglaterra de técnicas francesas de pesquisa demográfica com a fundação do Cambridge Group for the Study of Population and Social Structure nos anos 60 Além disso várias publicações pioneiras sobre o tema têm contribuído para derrubar fronteiras Entre estas estão Stages of Economic Growth 1960 de WW Rostow uma teoria da história provoca dora e rival da de Marx e que embora julgada errônea deu origem à difusão geral de expres sões como autosuficiência econômica e era de elevado consumo de massa bem como a estudos imitativos Economic Backwardness in Historical Perspective 1962 de A Gers chenkron que lançou a história econômica comparada através do desenvolvimento de um modelo que explica sistematicamente o caráter contrastante da industrialização em diferentes países e Peaceful Conquest The Industrializa tion of Europe 17601960 1981 de Sidney Pollard que minava as próprias fundações da abordagem nacional afirmando que a indus trialização européia foi um processo internacio nal em que a dinâmica do crescimento ocorreu no plano regional É a extensão dessa abor Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar história econômica 365 dagem comparativa que garantirá que as reali zações da história econômica dentro de es truturas nacionais sejam consolidadas e sirvam de base para novos crescimentos e que a maté ria venha a ser útil em um mundo mais do que nunca necessitado de um ponto de vista his tórico Leitura sugerida Blaug M 1986 Economic History and the History of Economics Burke P 1990 The French Historical Revolution the Annales School 192989 Cannadine D 1984 The past and the present in the English Industrial Revolution 1880 1980 Past and Present 10313172 Coleman DC 1987 History and the Economic Past an Account of the Rise and Decline of Economic History in Britain Harte N org 1971 The Study of Economic History Collected Inaugural Lectures 18931970 Iggers G 1975 New Directions in European Historiography Koot GM 1987 English Historical Economics 18701926 the Rise of Economic History and Neomer cantilism Schumpeter JA 1954 A History of Econo mic Analysis Tribe K 1988 Governing Economy the Reformation of German Economic Discourse 1750 1840 Tuma EH 1971 Economic History and the Social Sciences Problems of Methodology JKJ THOMSON história social Este ramo da história surgiu altamente fortalecido à medida que o estudo profissional da história foi se tornando mais especializado no século XX Recebeu muitas e diferentes definições desde história com a política excluída até história econômica com a política incluída No início do século o conteúdo da história social costumava ser comparado às vezes favo ravelmente outras vezes não com o da história constitucional política e militar Ao contrário destas afirmavase que ela lidava não com detentores do poder nem com ações do estado nem com batalhas mas com as pessoas co muns e com seus modos de vida cotidianos Para os críticos o passado estava sendo trivia lizado para os portavozes dessa abordagem da história particularmente os historiadores britâ nicos que seguiam os passos de JR Green era correto substituir tambores trompetes e espa das por facas e garfos O passado ganhava vida mais animada quando os historiadores se con centravam na história do povo Quando GM Trevelyan publicou seu famoso Social History em plena guerra no ano de 1942 estava mais interessado em descrever cenas narrar reviver climas e inspirar os leitores do que em explicar ou teorizar sobre o motivo por que a sociedade mudava Essa abordagem continuou popular particularmente nos países de língua inglesa onde durante 20 anos oficinas e laborató rios de história exploraram o que EP Thom pson e outros historiadores do século XX cha maram de história a partir de baixo A história social está diretamente relaciona da com a experiência e a percepção que dela se tem do mesmo modo que com a comunicação No entanto houve variedades óbvias de abor dagem à medida que a busca de provas se ampliava para incluir paisagens construções máquinas artefatos e objetos efêmeros além de documentos e literatura e que a teoria era in jetada na explicação Alguns historiadores so ciais concentraramse em temas limitados ge ralmente locais Outros mostraramse prepara dos para fazer comparações que atravessavam o espaço e o tempo Havia portanto um con traste entre micro e macrohistória Já no início do século XX ficaram claras diferentes tendências na prática da disciplina em diferentes países e se fizeram tentativas ambiciosas de teorização e explicação Karl Marx abordou a ciência da sociedade através da história Isso estimulou uma visão da história social que a concebia não em termos de ramos particulares da história o que veio a ser en carado como crescente especialização como subhistórias mas sim como uma história sin tetizante Isso era macrohistória tendo como tema toda a história das sociedades em diferen tes estágios de desenvolvimento Houve preo cupação semelhante com o desenvolvimento histórico de vulto nos textos de Max Weber As interpretações marxistas têm continuado in fluentes no final do século XX não apenas em relação às lutas da classe operária tal como Marx as identificava mas também a análises mais gerais de estrutura social e de mudança social Nas abordagens tanto marxista quanto não marxista da história social a matéria era geral mente equiparada com a história econômica e o estudo dos modos de vida com o dos padrões de vida O modo como era equiparada porém era uma questão de discussão que se concen trava não apenas no conteúdo mas na metodo logia e na ideologia A diferença entre infraes trutura e superestrutura era básica para a his tória marxista tal como a noção de luta através de fases No entanto houve variedades de mar xismo e a influência do marxista italiano An Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 366 história social tonio Gramsci foi considerável conforme foi crescendo o interesse na relação entre história social e história cultural incluindo a história da cultura popular A metodologia nãomarxista tornouse mais quantitativa no mesmo período com os desenvolvimentos da DEMOGRAFIA in fluenciando uma ampla variedade de estudos da história da família à história das cidades Qualquer quer fosse a ideologia a economia como matéria marxista ou nãomarxista in fluenciou a história econômica mais do que a sociologia como matéria influenciou a história social De fato parte da discussão a respeito do papel acadêmico da história particularmente na Alemanha disse respeito ao relacionamento entre história e sociologia a primeira sendo geralmente considerada idiográfica tratando do particular e do ímpar e a última como no motética tratando do geral e do repetitivo A distinção era inútil já que na prática os his toriadores sociais costumavam generalizar por exemplo quando escreviam a respeito de feu dalismo capitalismo ou industrialismo enquanto os sociólogos em geral tendiam à particularização Outro tema da discussão dizia respeito ao uso de tipos e modelos Traçar linhas divisórias entre a história so cial e a SOCIOLOGIA mostrouse menos atraente para a maior parte dos historiadores sociais praticantes do que buscar uma parceria operan te É difícil distinguir entre sociologia histórica e história social No entanto a parceria nunca foi simplesmente um caminho de mão dupla Outras ciências sociais também foram incluídas no que se veio a encarar como uma abordagem científicosocial da história A antropologia e a psicologia particularmente a primeira têm exercido grande influência sobre as operações de um grande número de historiadores sociais desde os anos 60 Na França a geografia o fizera com freqüên cia no passado a escola dos ANNALES de his toriadores sociais formada em 1929 e assim chamada em homenagem ao seu influente pe riódico desenvolveu uma história conscien temente nova Esta voltavase para as ciências sociais tanto para conceitos quanto para técni cas ampliando o repertório dos historiadores sociais ao se concentrarem em problemas mais que em eventos e estados de espírito conforme expressos no comportamento humano A his tória dos eventos foi separada do movimento da história a longo prazo e foram feitos esforços em especial por Fernand Braudel para chegar a novas sínteses aspirando a apresentar a his tória total Não obstante para Marc Bloch que explorou muitos períodos da história e se valeu dos mais variados tipos de provas a história era uma pequena ciência conjectural Fora da França houve exploradores ávidos do passado inteiro especialmente Gilberto Freire no Brasil o qual integrou arte e literatura à sua história social das fazendas e da cidade mas insistindo em que ao lidar com o passado humano é preciso deixar espaço para a dúvida e até para o mistério Leitura sugerida Abrams P 1982 Historical Socio logy Bloch Marc 1954 The Historians Craft Brau del F 1977 Écrits sur lhistoire Briggs Asa 1966 History and society In A Guide to the Social Scien ces org por Norman MacKenzie Burke Peter 1980 Sociology and History ASA BRIGGS historicismo A ênfase na variabilidade his tórica de sistemas de idéias e práticas sua su bordinação a processos de mudanças mais am plos foi uma das principais características do pensamento do século XIX em especial no mundo de língua germânica A abordagem con textualizante do direito e da economia por parte das respectivas escolas históricas e sua crítica dos sistemas abstratos com pretensão à univer salidade ocuparam o centro de importantes con trovérsias históricas ver METHODENSTREIT que continuaram no início do século XX quando as palavras historismus e historizismus entra ram em uso geral À medida que foi declinando a virulência dessas disputas e o historicismo foi eclipsado pelo surgimento do POSITIVISMO e da FENOMENOLOGIA pensadores como Ernst Troel tsch 18651923 e Friedrich Meinecke 1862 1954 ofereceram avaliações críticas retrospec tivas para o historicismo para Troeltsch ver 1922 O princípio de relacionismo de Karl Mannheim tentou fazer justiça a diferenças his tóricas e outras em perspectiva sem cair num completo RELATIVISMO Sempre houve uma corrente mais especula tiva de pensamento historicista que compreen dia a ênfase na mudança e no desenvolvimento não como uma cautela contra a generalização mas como um convite a construir grandes es quemas de desenvolvimento e progresso his tóricos ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SO CIEDADE Karl Popper usou historicismo nes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar historicismo 367 se sentido em sua crítica da profecia em teoria social particularmente no MARXISMO Essa uti lização que como Popper reconheceu se opõe diretamente à primeira tornouse predominan te nas discussões de língua inglesa levando muitos escritores incluindo o tradutor do livro de Meinecke a preferir a palavra historismo A crítica de Popper ao historicismo marxista tal como a crítica posterior de JeanFrançois Lyotard às grandes narrativas 1979 deu origem a uma discussão considerável dentro da tradição marxista Aqui no entanto a palavra também é usada para indicar uma ênfase no enraizamento histórico e daí na mutabilidade do próprio pensamento marxista em oposição a versões mais científicas do marxismo tais como a defendida durante algum tempo por Louis Althusser o qual popularizou esse novo uso em sua crítica de marxistas como Lukács e Gramsci Althusser 1965 O historicismo ou historismo no sentido básico tem sido um aspecto importante ainda que não explícito da filosofia e da teoria social das últimas décadas do século XX Peter Winch 1958 enfatizou a necessidade de compreender culturas estrangeiras em seus próprios ter mos tornando explícita a sua identificação com esse princípio historicista central com uma ci tação de Nestroy na folha de rosto de seu livro Quentin Skinner enfatizou a importância de compreender os textos de teoria política no contexto de suas tradições ver Skinner 1978 e também Tuloy 1988 e essa preocupação histórica tem afinidades com as abordagens contextualistas na teoria política moderna as quais apresentam argumentos em favor de uma abordagem holística das formas concretas de vidas e das tradições mais que da implementa ção de princípios morais e políticos distintos Uma valorização mais geral da diversidade ou diferença tem sido um tema muito difundido no recente pensamento ocidental à medida que o legado do imperialismo dá lugar a uma cons ciência menos etnocêntrica e mais multicul tural Mais recentemente o rótulo novo his toricismo tem sido aplicado a estudos literá rios e culturais que em oposição à teorização mais abstrata dos anos 70 e início dos anos 80 se envolvem estreitamente com textos históri cos mas com uma concentração nos modos como são produzidos e nas complexas media ções através das quais temos acesso a eles Nesses modos variados e díspares o legado do historicismo sobrevive e o que era indicado pela palavra no século XIX e início do século XX passa a parecer junto com abordagens mais sistematizantes e universalistas e em oposição a elas um permanente pólo de atração em filo sofia e teoria social Leitura sugerida Mannheim Karl 1952 Histori cism In Essays on the Sociology of Knowledge Mei necke Friedrich 1946 1972 Historism The Rise of a New Historical Outlook Popper Karl 1957 The Po verty of Historicism Schnädelbach Herbert 1984 Philosophy in Germany 18311933 cap2 Veeser HA org 1989 The New Historicism WILLIAM OUTHWAITE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 368 historicismo I IA Ver INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL idade Ver SENECTUDE identidade Derivada da raiz latina idem que implica igualdade e continuidade essa palavra tem uma longa história filosófica que examina a permanência em meio à mudança e a unidade em meio à diversidade mas no período moder no está estreitamente ligada à ascensão do IN DIVIDUALISMO e considerase que sua análise tem início com os textos de John Locke e David Hume É só no século XX porém que ela entra em uso popular reforçado especialmente desde os anos 50 na América do Norte com a publica ção de livros como The Lonely Crowd Riesman et al 1950 e Identity and Anxiety Stein et al 1960 Estes ao lado de muitas outras obras de literatura e teatro documentavam a crescente perda de significado na SOCIEDADE DE MASSA e a posterior busca de identidade e durante esse período a palavra tornouse amplamente utili zada em descrições dessa busca de determinar quem a pessoa realmente é Tratando inicial mente das crises enfrentadas por negros judeus e minorias religiosas ela foi em última análise generalizada para o todo da sociedade moderna Nos anos 70 Robert Coles podia afirmar que a palavra era o mais puro dos clichês Gleason 1983 p913 Nas ciências sociais as discussões sobre identidade assumem duas formas mais impor tantes a psicodinâmica e a sociológica A tradi ção psicodinâmica surge com a teoria de Sig mund Freud sobre a identificação através da qual a criança vem a assimilar ou introjetar pessoas ou objetos externos geralmente o su perego de um dos genitores A teoria psicodi nâmica enfatiza o cerne de uma estrutura psí quica como tendo uma identidade contínua embora em geral conflitante Para Lichtens tein essa continuidade é a capacidade de per manecer a mesma em meio a uma mudança constante 1977 p135 Foi porém o psico historiador Erik Erikson quem mais desenvol veu a idéia Ele viu a identidade como um processo localizado no cerne do indivíduo e contudo também no cerne de sua cultura comu nal um processo que estabelece na verdade a identidade dessas duas identidades 1968 p22 Ele desenvolveu a expressão crise de identidade durante a Segunda Guerra Mundial com pacientes que haviam perdido o senso de igualdade pessoal e de continuidade histórica p17 e posteriormente generalizoua para abranger todo um estágio de vida como parte de seu modelo epigenético de estágio de vida os oito estágios do homem Aqui a juven tude é identificada como um período universal de crise de potencial confusão de identidade que pode em última análise ser resolvido atra vés do engajamento em uma ideologia social mais ampla existe uma necessidade psicoló gica universal de um sistema de idéias que proporcione uma imagem do mundo convin cente p31 Crise pessoal e momento his tórico estão aqui fortemente ligados Posterior mente a expressão crise de identidade entrou para a linguagem comum como de fato acon teceu com o conceito posterior de crise da meia idade cunhado nos anos 70 através dos traba lhos de Gail Sheehey 1976 e Daniel Levinson 1978 A tradição sociológica da teoria da iden tidade está ligada ao INTERACIONISMO SIMBÓLICO e surge a partir da teoria pragmática do eu discutida por William James 1892 cap3 e George Herbert Mead 1934 Para James a identidade se revela quando podemos dizer Este é o verdadeiro eu cit in Erikson 1968 p19 O eu é uma capacidade caracteristica mente humana que permite às pessoas ponderar de forma reflexiva sobre sua natureza e sobre o mundo social através da comunicação e da lin guagem Tanto James quanto Mead encaram o 369 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar eu como um processo com duas fases o Eu que é sabedor interior subjetivo criativo de terminante e inescrutável e o Eu Mesmo que é a fase mais conhecida exterior determinada e social Como diz Mead O Eu é a reação do organismo à atitude de outros o Eu Mesmo é o conjunto de atitudes organizadas dos outros que a pessoa assume ela mesma Mead 1934 p175 É o Eu Mesmo que está mais ligado à identidade ao modo pelo qual chegamos a nos tomar a nós mesmos como objeto através do ato de vermos a nós mesmos e aos outros Identificação aqui é um processo de outorgação de nome de nos colocarmos nós mesmos em categorias socialmente construídas e a lingua gem nesse processo tornase crucial Strauss 1969 Nas obras tardias de Erving Goffmann e Peter Berger a identidade é evidentemente en carada como socialmente outorgada social mente sustentada e socialmente transformada Berger 1966 p116 As pessoas constroem suas identidades pessoais a partir da cultura em que vivem Tanto a abordagem sociológica quanto a abordagem psicodinâmica visam ligar o mundo interior com o exterior mas suas ênfases dife rem Para ambas no entanto o esforço para definir o ego está ligado ao modo como uma comunidade constrói concepções das pessoas e da vida No mundo moderno ambas as perspec tivas indicam que a comunidade bem dividida compartilhada em grande parte se dissolveu deixando as pessoas modernas sem um claro senso de identidade ver também ANOMIA Esse dilema deu origem a uma enorme literatura incluindo muitas peças e romances em que o tema básico é a busca da identidade ou o colapso do eu Essas narrativas têm versões tanto otimistas quanto pessimistas e podem ge rar considerável ambivalência Waterman 1985 Para os otimistas o mundo moderno trouxe consigo uma crescente individualidade bem como um maior âmbito de escolhas de identidades Assim as pessoas têm maiores probabilidades de se autoatualizar Maslow 1987 de descobrir um eu interior que não seja imposto artificialmente por tradição cultura ou religião de embarcar na busca de maior in dividualidade autocompreensão flexibilidade e diferença É a democratização da pessoa Clecak 1983 p179 Em contraste os pes simistas retratam uma cultura de massa do es tranhamento a tradição psicodinâmica destaca a perda de fronteiras entre eu e cultura e a ascensão da personalidade narcísica enquanto os sociólogos vêem uma tendência para a frag mentação a falta de lar e a falta de significado e lamentam a perda de autoridade no mundo público com o crescimento do autocentramento e do egoísmo Lasch 1978 Berger et al 1973 Bellah et al 1985 Tudo isso é captado de forma mais popular no rótulo atribuído aos anos 60 de Década do Eu Wolfe 1976 Qualquer que seja a análise feita a maioria concorda em que houve um deslocamento profundo no eu moderno tornandoo mais individualista e im pulsivo do que em tempos anteriores À parte o modo como as idéias sobre iden tidade se formaram tendo por base um grande volume de prática terapêutica elas também fi zeram surgir uma forma característica de polí tica A política da identidade tornouse cada vez mais proeminente dos anos 60 em diante e está particularmente ligada a minorias étnicas e re ligiosas bem como a movimentos feministas lésbicos e gays Ele usa tacitamente o modelo de Marx de consciência de classe no qual um grupo subordinado desenvolve uma percepção autoconsciente de sua posição e se galvaniza para a ação política a diferenciação de Marx entre uma classe em si e uma classe para si Existe aqui um claro movimento de uma polí tica com base nas classes para um conjunto mais amplo de alianças Experiências como as da opressão a negros homossexuais ou mulheres ganham destaque como o foco central para se criar uma identidade grupal distinta como a dos negros dos gays ou das feministas Em torno desta se desenvolve uma forte cultura de apoio e uma análise política começa a tomar forma Ver também CONTRACULTURA Existe a partir daí uma dialética de cultura política e identidade que promove a mudança social ver Weeks 1985 Perto do final do século XX alguns comentaristas pósmodernistas têm per cebido as políticas de identidade como um padrão para o futuro ver MODERNISMO E PÓS MODERNISMO As tradicionais distinções es querdadireita parecem estar se dissolvendo à medida que novos alinhamentos vão sendo for jados Leitura sugerida Baumeister RF 1986 Identity Cultural Change and the Struggle for Self Erikson EH 1968 Identity Youth and Crisis Lichtenstein H 1977 The Dilemma of Human Identity Mead GH 1934 1962 Mind Self and Society Riesman D Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 370 identidade Glazer N e Denny R 1950 1966 The Lonely Crowd Strauss A 1969 Mirrors and Masks the Search for Identity Wiegert AJ Teitge JS e Teitge D 1986 Identity and Society KEN PLUMMER ideologia Referindose literalmente a uma ciência ou logos de idéias a palavra foi usada nesse sentido pelo filósofo francês Destut de Tracy em seu livro Eléments didéologie publi cado em 1801 As idéias derivam exclusiva mente de percepções sensoriais acreditava ele A inteligência humana é um aspecto da vida animal e ideologia é portanto parte da zoo logia Tracy e seus colegas achavam que atra vés dessa análise reducionista no sentido de atividades mentais serem atribuídas a causas fisiológicas subjacentes haviam chegado à ver dade científica e exigiram que se fizessem reformas educacionais com base nessa nova ciência ver ILUMINISMO Quando Napoleão era general aceitara com orgulho sua indicação para membro do Institut National formado pe las sociedades cultas e como os idéologues visitava o salão filosófico de Mme Hel vétius Mas uma vez no poder Napoleão quis defender a religião contra seus detratores Daí denunciou Tracy e seu círculo como metafísi cos nebulosos e sua ciência de idéias como uma ideologia perigosa esses inimigos do povo francês queriam basear uma legislação nas causas primeiras que alegavam haver des coberto e daí abolir as leis do coração humano e as lições da história Desde então a palavra ideologia tornouse inseparável da implica ção pejorativa de que idéias estariam sendo usadas para obscurecer a verdade e manipular as pessoas através do engano ver também PRO PAGANDA Nesse episódio histórico encon tramse reunidos todos os significados associa dos a ideologia uma ciência de idéias a noção de que as idéias se originam de alguma base fundamental extraideacional fisiologia classe luta pelo poder e assim por diante a denúncia de idéias como visionárias e subver sivas e daí a associação de doutrinas ou mitos a algum grupo ou movimento inclinado a pôr em ação algum plano político ou cultural peri goso O significado pejorativo de ideologia tor nouse um recurso habitual nas lutas políticas durante o século XIX quando a política dos notáveis deu lugar ao desenvolvimento de par tidos políticos com seus apelos às massas As questões públicas eram até então preocupação de uns poucos privilegiados que partiam do princípio de que sabiam o que era melhor para seus inferiores A seus próprios olhos o privi légio de sua posição social dispensava a neces sidade de justificarem suas ações Era típico que conservadores dessa facção acusassem seus oponentes de serem visionários ideológicos que subvertiam a ordem social através de maquina ções abstratas fora de contato com a realidade Liberais e radicais por outro lado sustentavam que as questões públicas eram uma preocupa ção do povo e organizavam clubes ou partidos políticos para promoverem seus objetivos Já por parte destes era típico acusar os poucos privilegiados de explorarem o povo sob o falso pretexto da benevolência No entanto liberais e radicais também se acusavam uns aos outros pois cada grupo achava que seus oponentes escondiam objetivos sectários sob o disfarce de identificálos com o bem público A conseqüên cia foi que o uso pejorativo de ideologia se tornou universal levando Thomas Carlyle a gracejar dizendo que ortodoxia é o meu credo heterodoxia é o credo alheio Era o velho paradoxo do mentiroso um homem diz que todos os homens usam idéias para enganar ele é homem logo sua própria afirmação também é enganosa Eis aí um motivo para a enorme atração do MARXISMO que só agora está diminuindo Marx e Engels denunciaram seus oponentes como ideólogos e além disso elaboraram uma teoria da verdade histórica que afirmava que seus próprios pontos de vista eram científicos A história é uma história de lutas de classe afir maram brotando da organização da produção e afetando todos os aspectos da consciência Mar x diferencia sucessivas estruturas sociais tais como feudalismo e capitalismo em termo das classes e da consciência a que elas dão origem E identifica a VERDADE com o papel histórico da classe que pelo fato de ter sido subjugada no passado tem o futuro progressista em suas mãos O domínio reacionário de uma classe a aristocracia no feudalismo a burguesia no ca pitalismo recente leva a defesas ideológicas do status quo o papel progressista de uma classe a burguesia no feudalismo o proletariado no capitalismo é a fonte da verdade no sentido do acesso à compreensão correta de toda a presente alienação e da emancipação humana no futuro Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar ideologia 371 No passado os filósofos apenas interpretaram o mundo e produziram reflexões ideológicas de relações de classe desumanizantes por mais abstratamente que fosse No presente e no futu ro tratase de destruir de uma vez por todas as condições desumanizantes Isso só pode ser feito por uma unidade de teoria e prática tal que na crise final do capitalismo e devido a essa crise os que se identificam com a classe ope rária poderão e irão compreender teoricamente o movimento histórico como um todo Na sociedade socialista do futuro o véu místico da religião e todas as outras distorções ideológicas da real condição do homem irão finalmente desaparecer porque as relações práticas da vida cotidiana não oferecem ao homem senão relações perfeitamente inteligíveis e racionais com respeito a seus semelhantes e à natureza Essas referências Teses sobre Feuerbach 1845 O manifesto comunista 1848 O capital 1867 mostram que ao longo de sua carreira Marx colocou sua própria obra no centro de sua distinção históricomundial entre ideologia e verdade A idéia de estar do lado certo e portanto científico da história do mundo dis tingue o marxismo de todas as outras teorias sociais e políticas Desde Marx várias outras concepções de ideologia foram desenvolvidas embora fre qüentemente em relação aos seus pontos de vista Essa tendência persistente no pensamento ocidental devese ao pressuposto básico de que as idéias não podem nem devem ser tomadas pelo seu significado manifesto mas analisadas em termos das forças que estão por trás delas Entre elas estão as lutas de classe de Marx a vontade de poder de Nietzsche a constituição libidinal da natureza humana de Freud ou uma preferência geral por explicações genéticas Não o que uma pessoa diz mas o motivo por que ela o diz é que se tornou o principal centro de atenção de forma que um fim da ideologia não se encontra à vista Leitura sugerida Barrett M 1991 The Politics of Truth Larrain J 1979 The Concept of Ideology Thompson J 1984 Studies in the Theory of Ideology REINHARD BENDIX idiográfico método A diferença entre mé todo idiográfico e método nomotético foi traça da pela primeira vez pelo filósofo Wilhelm Windelbrand 18481915 Uma abordagem idiográfica preocupase com os fenômenos iso lados como na biografia e grande parte da história enquanto seu oposto a abordagem no motética busca formular proposições ou leis em grego nomos gerais Wildelbrand e Hein rich Rickert distinguiram o método idiográfico da história e de outras ciências culturais da abordagem nomotética da economia e da so ciologia que classificaram como ciências natu rais Reconheceram porém que essas classifi cações têm de ser entendidas como tipos ideais ver TIPO IDEAL A biologia evolucionista por exemplo é em grande parte idiográfica e uma abordagem idiográfica historicamente especí fica da economia e do direito foi defendida pelas escolas históricas correspondentes na Alemanha do final do século XIX ver HIS TORICISMO METHODENSTREIT Na maior parte do século XX as abordagens idiográficas foram um tanto depreciadas sob a influência do POSITIVISMO e do ESTRUTURALIS MO embora tenham continuado a predominar no campo de trabalho etnográfico ver ANTRO POLOGIA e sido formalizadas na metodologia da ciência social como o método do estudo de caso Estudos de casos etnográficos e his tóricos têm desempenhado recentemente um papel cada vez mais importante na sociologia e em especial na SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA e na sociologia da educação Abordagens idiográfi cas ou de história de vida também estão atraindo considerável atenção Leitura sugerida Bertaux Daniel org 1981 Biogra phy and Society Hamel Jacques org 1992 The case study method Current Sociology 40 Rickert Hein rich 1902 1986 The Limits of Concept Formation in Natural Science ed resumida WILLIAN OUTHWAITE igualdade e desigualdade A crença de que as sociedades deveriam aspirar a tratar seus membros de maneira mais igualitária no sen tido tanto formal quanto material ocupa uma posição central no pensamento desenvolvido no século XX A idéia de que os seres humanos são fundamentalmente iguais entre si é em contraste muito antiga Mas durante séculos essa idéia encontrou expressão basicamente na crença religiosa na noção de que todos são iguais aos olhos de Deus Foi só quando as hierarquias sociais relativamente rígidas do an cien régime desabaram dando lugar a socie dades mais frouxas e fluidas centradas na eco nomia de mercado que a igualdade tornouse Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 372 idiográfico método um ideal social com força prática Nos séculos XVIII e XIX o ideal manifestouse na exigência de direitos iguais diante da lei e direitos iguais de participação na política No século XX esses tipos de igualdade já eram dados como certos na teoria ainda que nem sempre na prática em todas as sociedades avançadas e a atenção se concentrou numa nova exigência a igualdade social Por igualdade social entendese a idéia de que as pessoas devem ser tratadas como iguais em todas as esferas institucionais que afetam suas oportunidades de vida na educação no trabalho nas oportunidades de consumo no acesso aos serviços sociais nas relações domés ticas e assim por diante Mas que significa ser tratado com igualdade Falando de maneira ampla houve duas respostas a essa pergunta altamente controvertida que podemos rotular respectivamente de igualdade de oportunida des e igualdade de resultados A igualdade de oportunidades sustenta que todos deveriam ter igual possibilidade de alcan çar os vários benefícios e recompensas que uma sociedade torna disponíveis que não deveria haver barreiras artificiais a algumas pessoas nem privilégios especiais dando a outras uma vantagem injusta A posição a que uma pessoa chega numa sociedade o trabalho que essa pessoa tem a renda que ela aufere a pessoa com quem ela se casa deveria depender apenas dos esforços das capacidades e da livre escolha dessa pessoa Isso de saída elimina a dis criminação formal tal como o impedimento do acesso de pessoas de determinado sexo raça ou religião a carreiras ou cargos públicos Mas muitos acham que a igualdade de acesso formal não basta para garantir uma genuína igualdade de oportunidades As pessoas devem receber um ponto de partida igual especialmente atra vés de um sistema educacional comum que dê a cada criança igual oportunidade de desenvol ver seus talentos Além do mais as barreiras podem assumir a forma de preconceitos tácitos e expectativas psicológicas que impedem pes soas pertencentes a uma categoria particular de por exemplo concorrer a vagas numa univer sidade ou ingressar em alguma carreira Uma questão que é objeto de um aceso debate é se as políticas de ação afirmativa ou compensatória que buscam estimular as mulheres e as minorias raciais a aproveitar tais oportunidades e em alguns casos fazer pesar as exigências de acesso em seu favor são incompatíveis com a igual dade de oportunidades ou são os melhores meios de alcançála A igualdade de oportuni dades nada diz diretamente a respeito de quão amplo ou estreito deveria ser o âmbito de resul tados que as pessoas podem alcançar embora radicais como RH Tawney tenham afirmado que isso é algo que não pode ser concebido adequadamente sem que haja antes maior igual dade de condições Tawney 1931 Voltandonos agora para a igualdade de re sultados existem três aspectos que precisam ser considerados O primeiro é igualdade de quê se as pessoas devem tornarse materialmente iguais em que respeitos a sua situação deve ser igualada O segundo é a questão de medida como devemos julgar o quanto uma distribui ção particular de benefícios é igualitária ou não O terceiro é a questão ética devemos valorizar a igualdade de resultados e caso de vamos por quê A maior parte da pesquisa empírica sobre igualdade temse concentrado na igualdade de ganhos e de riqueza bem como na igualdade de acesso aos serviços sociais ver por exemplo Atkinson 1983 Le Grand 1982 O objetivo é comparar sociedades diferentes quanto a isso e em particular observar até que ponto os programas governamentais têm tido sucesso em promover maior igualdade material ver BEMESTAR SOCIAL De um ponto de vista mais teórico porém esse enfoque está aberto a críticas duas pessoas podem ter a mesma renda mas se uma tem necessidades ou responsabili dades especiais que a outra não tem serão elas realmente iguais no sentido que de fato conta Isso indica que devemos procurar ver por trás dos recursos externos para saber se as pessoas desfrutam de igual bemestar Mas fora os sé rios problemas práticos que fazer comparações interpessoais de bemestar implica isso tam bém está aberto a objeções a igualdade de bemestar exigiria que déssemos aos que cul tivaram gostos dispendiosos recursos extras pa ra satisfazer esses gostos para uma exposição a respeito ver Dworkin 1981a 1981b Miller 1990 Uma terceira indicação é de que as pes soas deveriam desfrutar de capacidades básicas iguais os recursos seriam distribuídos de tal forma que cada pessoa seria capaz de exercer o mesmo conjunto de capacidades por exemplo ter mobilidade física ser capaz de se alimentar e de se vestir Sen 1982 Essa proposta tem a vantagem de ser sensível às diferenças de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar igualdade e desigualdade 373 necessidades dos indivíduos mas não aos seus gostos não consegue porém oferecer uma concepção abrangente de igualdade no sentido de estabelecer um padrão mínimo que todos deveriam atingir em vez de identificar uma distribuição geral Parece que não existe acordo quanto à res posta à pergunta Em que respeito as pessoas devem ser julgadas mais ou menos iguais O mesmo se aplica à questão da medida Suponha se que devamos escolher qual de duas distribui ções de renda é a mais igualitária que critério deveríamos usar Deveríamos considerar o âm bito a distribuição a partir da média etc Para um exame do tema ver Sen 1973 Em par ticular em que medida se é que alguma essa mensuração deveria refletir a nossa preocupa ção com as implicações de bemestar da des igualdade deveríamos dar maior peso às des igualdades na extremidade inferior da distribui ção do que às situadas na extremidade superior com o motivo de as primeiras importarem mais que as últimas Isso demonstra que a questão da medida não é meramente técnica mas reflete discordância a respeito da idéia precisa de igualdade que qualquer medida proposta deva captar Embora a igualdade de oportunidades seja um ideal amplamente compartilhado no pen samento do século XX as diferenças ocor rendo menos a respeito do ideal em si mesmo do que quanto às políticas necessárias para al cançálo a igualdade de renda em qualquer de suas versões é inerentemente controvertida Os críticos conservadores alegam que a busca da igualdade é incompatível com a LIBERDADE que ela destrói os incentivos sobre os quais se apóia a economia de mercado e que é em última análise fútil uma vez que novas formas de desigualdade inevitavelmente surgirão para substituir as que foram suprimidas ver Flew 1981 Letwin 1983 Os liberais dão maior peso à igualdade de oportunidades e em geral só endossam a igualdade de renda na forma de um nível mínimo de provisão ao qual cada pessoa tem direito embora possa haver diferentes pon tos de vista sobre os modos de estabelecer esse mínimo ver POBREZA e PRIVAÇÃO RELATIVA Foi só dentro da tradição socialista que a igualdade de renda se tornou um valor fundamental Mas mesmo aqui é preciso haver cautela Muitos socialistas têm argumentado em favor da maior igualdade de situação material e muito poucos em favor da completa igualdade Na verdade essa última idéia é parte integrante do COMUNIS MO Em sua forma mais amadurecida as idéias comunistas só foram praticadas no século XX dentro de pequenas comunidades e nunca no âmbito do estadonação Os exemplos mais co nhecidos são os kibutzim de Israel cuja or ganização interna é marcantemente igualitária a renda é distribuída igualmente e os membros recebem todo um âmbito de bens e serviços em comum Em contraste mesmo as sociedades formalmente comprometidas com o comunis mo como um objetivo a longo prazo incluindo a exUnião Soviética e seus satélites nunca buscaram quer na prática quer na teoria elimi nar todas as desigualdades materiais Embora suas distribuições de renda não espelhassem exatamente as encontradas nas sociedades capi talistas ocidentais tipos diferentes de trabalho atraíam pagamentos mais elevados o nível geral de desigualdade de renda era aproximada mente o mesmo A justificativa apresentada para isso era que uma sociedade socialista devia re compensar as pessoas de acordo com o valor do seu trabalho Stalin por exemplo em manifes tação que se tornou famosa descartou a igual dade como uma idéia pequenoburguesa Os socialistas das democracias ocidentais também têm sido um tanto cautelosos na sua defesa da igualdade Seu objetivo tem sido res tringir a distribuição de renda e de riqueza em vez de nivelála completamente Pode ser mais proveitoso encarar esse igualitarismo modesto como oriundo de duas fontes por um lado ele surge de uma preocupação com a JUSTIÇA e da tentativa de evitar a EXPLORAÇÃO os socialistas alegariam que um capitalismo sem reformas logo promove um conjunto de desigualdades que não podem ser justificadas em termos dos diferentes esforços e capacidades das pessoas Por outro lado brota de uma preocupação com a comunidade ou a fraternidade uma sociedade marcada por amplas disparidades nos padrões de vida também é inevitavelmente uma socie dade em que as pessoas se encontram divididas entre si por barreiras de classe e impedidas de compreender e sentir solidariedade pela situa ção umas das outras De acordo com essa leitu ra a rigorosa igualdade de renda não é um valor fundamental sequer para os que têm uma pers pectiva extremamente igualitária Podem em vez disso sentirse comprometidos com um Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 374 igualdade e desigualdade ideal de igualdade social que tem os seguintes elementos as diferentes recompensas que as pessoas recebem devem corresponder a reais diferenças de esforço e capacidade ninguém deve ter um padrão de vida abaixo de um míni mo prescrito e o âmbito da desigualdade não deve ser tão grande a ponto de dar origem a divisões de classe Continua a haver a questão de se até mesmo uma idéia moderada de igualdade desse tipo é viável em uma sociedade industrial avançada Presumindose que o mercado continue a de sempenhar um papel central na produção e distribuição de bens e serviços parece inevitá vel que desigualdades substanciais continuem a surgir dos relativos sucessos e fracassos das pessoas na concorrência do mercado e é muito difícil controlar diretamente tais desigualdades A estratégia mais viável pode ser a indicada pela idéia de Michael Walzer de igualdade com plexa Walzer 1983 afirma que uma socie dade moderna incorpora certo número de es feras de distribuição em que diferentes bens são alocados cada qual de acordo com seu próprio critério independente Contanto que as fron teiras entre as esferas sejam respeitadas o des taque de uma pessoa na esfera digamos do dinheiro pode ser compensado pelo prestígio social mais elevado de outra e pelo sucesso de uma terceira no exercício de um cargo político Dessa forma o pluralismo social pode levar a um tipo de igualdade em que nenhuma pessoa supere decisivamente qualquer outra O proble ma prático aqui é conter a influência da posição econômica a qual nas sociedades atuais exer ce realmente uma influência marcante sobre a capacidade de uma pessoa obter os outros bens constantes do catálogo de Walzer tais como reputação poder político educação e assistên cia de saúde ver ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL Mas se seguirmos a sugestão de Walzer a causa da igualdade social pode ser hoje mais bem pro movida não por ataques diretos às desigual dades econômicas baseadas no mercado mas reforçandose as instituições públicas e priva das que alocam bens a partir de uma base diferente Leitura sugerida Baker J 1987 Arguing for Equality Berlin I 1978 Equality In Concepts and Catego ries Gutmann A 1980 Liberal Equality Le Grand J 1982 The Strategy of Equality Redistribution and the Social Services Letwin W org 1983 Against Equality Lukes S 1974 Socialism and equality In The Socialist Idea org por L Kolakowski e S Ham pshire Miller D 1990 Equality In Philosophy and Politics org por GMK Hunt Phelps Brown H 1988 Egalitarianism and the Generation of Inequality Weale A 1979 Equality and Social Policy DAVID MILLER Iluminismo Mais que um movimento o Ilu minismo foi um modo de pensar Falando de maneira geral foi uma conseqüência da revo lução científica do final do século XVII que havia transformado a concepção que a maior parte das pessoas instruídas tinha a respeito do mundo por elas habitado Em primeiro lugar achavase que a Natureza era regulada por um sistema encadeado de leis universais das quais a gravitação era um exemplo básico Até então ela fora encarada como um conjunto de fenô menos nãorelacionados em geral produto da intervenção divina e daí como fonte de lições morais para o Homem Em segundo lugar o Homem apesar de possuir uma alma imortal em que a maioria dos autores do Iluminismo continuou a acreditar era em todos os outros aspectos uma parte da Natureza A sociedade humana era portanto regulada por leis gerais como as da economia ou da sociologia que correspondiam às leis científicas que con trolavam o universo material A compreensão pelo Homem de si mesmo e da sociedade só podia ser alcançada pelos métodos científicos da observação e da dedução que lhe permitiam captar os princípios que governavam o compor tamento da matéria O Homem era reconheci damente excepcional por possuir uma inteli gência altamente desenvolvida que lhe permitia dedicarse ao pensamento abstrato e até imagi nar a respeito dele mas conforme John Locke alegava ter demonstrado as idéias não eram produto de uma percepção especial ou da ins piração divina Eram induzidas pela capacidade do Homem de processar a informação que re cebia através dos sentidos O Iluminismo foi portanto tanto libertador quanto restritivo Oferecia a perspectiva de ex pansão indefinida do conhecimento ao mesmo tempo em que negava a metafísica O que não se podia observar cientificamente só poderia ser objeto de especulação e conjectura Uma supo sição básica do Iluminismo era que o universo fora criado por uma Providência benéfica que as leis científicas haviam sido criadas visando a felicidade humana A ação racional portanto significava conformidade a um sistema que era Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar Iluminismo 375 moralmente autolegitimado A mão invisível da Providência garantia que a busca individual de um autointeresse iluminista conduziria sempre ao bemestar da sociedade como um todo ver também UTILITARISMO A ciência que sustentava essas crenças era principalmente a física em outras palavras o estudo das forças que agiam num presente atemporal A biologia com sua ênfase no crescimento e na mudança só começaria a fazer progressos substanciais na segunda metade do século XVIII O pensamen to do Iluminismo conseqüentemente tendeu a ser um tanto estático em sua preocupação com o modo como as coisas funcionavam e não com o modo como haviam chegado a ser o que eram O Ensaio sobre o homem de Alexander Pope publicado em 1733 oferece um sumário con veniente do conjunto de atitudes que eram se guidas pela maioria dos homens do Iluminismo Essas suposições comuns assumiram for mas diferentes quando pensadores do Iluminis mo abordaram os problemas das sociedades específicas em que viviam e nas quais eram bem recebidos ou de onde eram proscritos Isso fica particularmente claro na questão da religião Independentemente de qualquer outra coisa que ela pudesse implicar o Iluminismo defendia a tolerância religiosa e a suposição de que qual quer coisa que conduzisse à felicidade humana estava também de acordo com a vontade de Deus No todo as igrejas protestantes assimila ramse ao que então tendia a se tornar uma nova ortodoxia Nesse processo a concepção de Deus e do lugar do Homem no mundo susten tada pelo clero evoluiu de maneiras que ten deram a reduzir a distância entre o secular e o espiritual Isso foi especialmente verdadeiro no caso da Alemanha luterana e da Inglaterra an glicana Na Escócia as atitudes iluministas do laicato instruído e anglicizado tiveram de travar uma luta mais difícil contra a doutrina calvinista Na Europa católica por outro lado o Iluminismo entrou em choque com uma igreja mais dogmática e com regimes políticos mais inclinados a relacionar estabilidade política com uniformidade intelectual e religiosa Embora as atitudes iluministas indicassem algumas conclusões gerais por exemplo o liberalismo econômico e a crença de que o tipo de governo mais adequado a um estado em particular era determinado por seu tamanho estrutura econômica e situação geográfica os proponentes do Iluminismo eram às vezes bem recebidos pelos seus governos outras ve zes encarados como ameaça a eles Isso por sua vez afetou as conclusões políticas que tiravam de suas teorias Montesquieu e Burke tinham muito em comum mas o primeiro foi um dos oráculos da Revolução Francesa e o outro um de seus principais oponentes intelectuais A crença de que era melhor deixar as ques tões econômicas nas mãos benéficas das leis da Providência inspirou a concepção quase univer sal de que o liberalismo econômico era uma lei científica No que dizia respeito à política não havia tal consenso Em certa medida isso se deveu a pontos de vista divergentes sobre a natureza humana que enfatizavam a racionali dade das pessoas ou o grau em que eram con dicionadas pela sociedade em que cresciam O Iluminismo podia optar pelo domínio autocrá tico de um governo dedicado à implementação de programas científicos o que se assumiu ser o caso na Prússia de Frederico II ou por fazer com que o poder político refletisse as opiniões e crenças da população como um todo ou pelo menos dos proprietários de bens e terras como se acredita ter acontecido na GrãBretanha Durante a segunda metade do século XVIII o Iluminismo foi contestado por uma repulsa ao que era visto como uma concepção mecanicista do universo uma negação das verdades da per cepção e da emoção e uma fuga ao conflito entre inclinação e dever JeanJacques Rousseau em particular embora partilhasse alguns dos pres supostos do Iluminismo baseou sua teoria da soberania popular em um conceito de regenera ção moral do indivíduo pela sociedade que tirava o seu dinamismo da consciência e de uma moralidade intuitiva Embora o Iluminismo não se tenha identificado em parte alguma com um programa de revolução política ele contribuiu para a crença de que todos os problemas políti cos admitiam soluções racionais Os homens que se viram no controle da França em 1789 em sua esmagadora maioria partilhavam dos seus pressupostos A história posterior da Re volução Francesa culminando no Reinado do Terror foi amplamente se não de forma total mente lógica tomada por seus oponentes como sendo o castigo à presunção humana Como ortodoxia predominante o Iluminismo expirou durante o período revolucionário e napoleôni co dando vez a concepções mais coletivistas das sociedades socialistas ou idealistas a um movimento romântico que substituiu as ver Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 376 Iluminismo dades da razão pelas da emoção e a uma reto mada da religião tradicional Ver também RACIONALIDADE E RAZÃO Leitura sugerida Becker CL 1932 The Heavenly City of the Eighteenth Century Philosophers Cassirer E 1951 The Philosophy of the Enlightenment Gay P 1967 1969 The Enlightenment an Interpretation 2 vols Hampson N 1968 The Enlightenment Ha zard P 1935 1953 The European Mind Ο 1946 1954 European Thought in the Eighteenth Century Yolton John W et al orgs 1991 Blackwell Com panion to the Enlightenment NORMAN HAMPSON imigrantes Ver MIGRAÇÃO imperialismo O conceito de imperialismo foi introduzido no início do século XX com o objetivo de tratar na teoria e na prática do inesperado desenvolvimento da economia mundial capitalista Tanto o pensamento liberal quanto o pensamento socialista do século XIX haviam suposto que a ordem mundial estabele cida de livre comércio sob a hegemonia britâ nica na primeira metade do século havia che gado para ficar e que no decorrer do tempo essa ordem iria reforçar a tendência à anulação das rivalidades entre estados por questões de território Nas décadas finais do século ocorreu em vez disso um importante ressurgimento das lutas por território entre as grandes potências do sistema de estados que ameaçou destruir a pró pria unidade do mercado mundial O conceito de imperialismo foi introduzido pela primeira vez por um economista político liberal Hobson 1902 mas com algumas no táveis exceções por exemplo Schumpeter 1919 o pensamento social liberal quase sem pre ignorou ou desprezou sua relevância Os pensadores socialistas que trabalharam na tradi ção estabelecida por Marx em contraste aloca ram esse conceito no centro de suas análises e debates O motivo é bastante simples O ressur gimento de rivalidades territoriais entre estados minou continuamente a solidariedade do prole tariado mundial jogando seu variados com ponentes em alinhamentos nacionais antagôni cos sob a hegemonia de suas respectivas clas ses dominantes Confrontados com as alter nativas igualmente desagradáveis de se agarrar aos princípios do internacionalismo proletário porém perdendo o apoio de seus eleitorados ou seguir as predisposições nacionalistas desses eleitorados e abandonar os princípios do inter nacionalismo proletário os seguidores de Marx foram forçados a questionar a suposta predomi nância de um mercado mundial unificado sob a ação do estado e a se envolver em uma revisão de grande monta das teorias e doutrinas con sagradas As teorias marxistas do imperialismo in variavelmente se concentraram na relação entre o ressurgimento de rivalidades territoriais entre estados e o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial Não obstante todas as suas diferenças as teorias marxistas do imperialis mo tinham uma tesehipótese em comum o imperialismo era o resultado do desenvolvi mento capitalista e uma expressão da sua ma turidade As discordâncias diziam respeito à questão de como e por que o desenvolvimento capitalista havia gerado o imperialismo se o imperialismo era o último ou o penúltimo estágio do desenvolvimento capitalista e que conclusões políticas deveriam ser tiradas da hipotética relação entre capitalismo e imperia lismo Mas independente das divergências ha via o consenso subjacente de que o ressur gimento de rivalidades territoriais entre estados era uma conseqüência necessária da maturidade do capitalismo As duas principais variantes das teorias mar xistas sobre o imperialismo foram as de Rudolf Hilferding 1910 e Rosa Luxemburgo 1913 Hilferding foi buscar as origens do imperialis mo numa mutação fundamental nos processos de acumulação devido a três tendências inter relacionadas a crescente concentração e cen tralização do capital a difusão de práticas mo nopolistas e o domínio orgânico do capital financeiro sobre o capital industrial Em certo estágio de seu desenvolvimento afirmouse essas tendências fizeram crescer as rivali dades territoriais entre estados Não obstante ao centralizar o controle do aparato industrial nas mãos de umas poucas instituições finan ceiras também criaram as condições organiza cionais para uma tomada socialista de econo mias nacionais Em contraste com essa teoria Rosa Luxem burgo viu a incorporação à força de povos e territórios em processos de acumulação de ca pital como um aspecto constante da própria acumulação do capital devido às tentativas dos agentes dessa acumulação de superar tendên cias crônicas à superprodução À medida que o desenvolvimento capitalista se aprofundava e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar imperialismo 377 se ampliava a pressão para incorporar sempre novos povos e territórios aumentou mas a dis ponibilidade de povos e territórios ainda não incorporados diminuiu O imperialismo foi as sim concebido como a expressão política da acumulação de capital em sua luta competitiva pelo que ainda resta disponível do meio am biente nãocapitalista Luxemburgo 1913 Os debates políticos do início do século XX entre marxistas sobre o que esperar e o que fazer nas circunstâncias sistêmicomundiais criadas pelo ressurgimento de rivalidades ter ritoriais entre estados vieram a se concentrar em torno da teoria de Hilferding dando pouca ou nenhuma atenção à de Rosa Luxemburgo As posições assumidas por Karl Kautsky 191314 e Lenin 1916 nesses debates basea ramse na teoria de Hilferding Para Kautsky as tendências conjuntas à concentração de capital a difusão das práticas monopolistas e a domina ção orgânica do capital financeiro sobre o capi tal industrial levariam no decorrer do tempo à eliminação das rivalidades territoriais entre es tados e ao desenvolvimento do que ele chamou de ultraimperialismo Somente nesse estágio ultraimperialista do capitalismo é que estariam ótimas as condições para a transformação so cialista do mundo Para Lenin 1916 em contraste essas mes mas tendências não se desdobravam num vácuo político Em vez disso desenvolviamse sob tal tensão com tal ritmo com tamanhas con tradições conflitos e convulsões não apenas econômicos mas também políticos nacionais etc etc que antes que os respectivos capitais financeiros nacionais tenham formado uma união mundial do ultraimperialismo o imperialismo inevitavelmente explodirá o ca pitalismo se transformará no seu oposto pre fácio de Lenin 1915 a Imperialismo e econo mia mundial de Bukharin Somente através de uma intervenção ativa nessas contradições conflitos e convulsões ao mesmo tempo sus tentando os princípios do internacionalismo proletário é que os partidos marxistas poderiam ter a esperança de conservar e expandir seus eleitorados nacionais e dar início à transforma ção socialista do mundo O sucesso das estratégias leninistas de revo lução socialista entre 1917 e 1949 foi encarado de maneira geral pelos marxistas como forte indício em apoio à validade da teoria do im perialismo a que tais estratégias estavam as sociadas Em certa medida esse é um ponto de vista legítimo Em particular não pode haver muita dúvida de que no decorrer da primeira metade do século XX a reconceitualização da teoria de Hilferding sobre o imperialismo feita por Lenin proporcionou um guia de ação polí tica muito melhor que qualquer uma das con ceitualizações e teorizações rivais No entanto isso não significa que a teoria do imperialismo de HilferdingLenin explicasse com precisão todas as conexões relevantes entre capitalismo e imperialismo ou que conservasse toda a sua relevância e validade uma vez efetivamente aplicada na luta antiimperialista Ao contrário a evolução da economia mun dial capitalista desde a Segunda Guerra Mun dial tem demonstrado as limitações históricas da teoria do imperialismo de LeninHilferding e tornado todo o conjunto do pensamento mar xista do início do século XX sobre esse assunto cada vez mais irrelevante para a compreensão e ainda mais para a transformação deliberada do atual SISTEMAMUNDO Ironicamente essa crescente irrelevância das teorias marxistas do imperialismo na segunda metade do século XX foi ao menos em parte resultado de seu sucesso como guia para a política na primeira metade do século Como Lenin previu os conflitos interimperialistas criaram de fato oportunida des únicas para que movimentos socialistas e de libertação nacional assumissem poderes de estado por todo o planeta ver também MOVI MENTO DE LIBERTAÇÃO COLONIAL e nos anos imediatamente posteriores à Segunda Guerra Mundial o capitalismo mundial de fato parecia estar a ponto de se transformar no seu oposto É claro que a revolução socialista não con seguiu deitar raízes nos centros de desenvol vimento capitalistas mundiais como era es perado de maneira geral por Lenin e a maioria dos marxistas no início do século XX Mas mesmo nesses centros o poder e a influência de organizações das classes operárias no final da Segunda Guerra Mundial tiveram seu maior apogeu em todos os tempos Sob essas circunstâncias o capitalismo so breviveu descartandose de seus trajes imperia listas A tendência a rivalidades territoriais entre estados que havia inspirado a introdução do conceito de imperialismo foi revertida numa onda de descolonização sem precedentes acompanhada pela deslegitimação do expan sionismo territorial e a reconstrução do mer Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 378 imperialismo cado mundial No decorrer do tempo ficou ab solutamente claro que o capitalismo mundial podia sobreviver e expandirse ainda mais sem estar associado ao tipo de rivalidade territorial entre os estados capitalistas mais importantes que os marxistas presumiam ser o resultado neces sário do pleno desenvolvimento capitalista Essa capacidade do capitalismo de sobrevi ver ao imperialismo é o que todas as teorias marxistas não conseguiram prever Até mesmo a previsão de Kautsky de um estágio ultraim perialista do capitalismo mundial que pode parecer ter chegado perto do que aconteceu depois da Segunda Guerra Mundial não con seguiu no mínimo tanto quanto outras pre visões marxistas rivais antecipar o curso da história capitalista no século XX Por um lado o que passou a existir depois da Segunda Guerra Mundial não foi o tipo de estrutura altamente centralizada de monopólio mundial imagina da pelo ultraimperialismo de Kautsky mas sim uma economia mundial altamente competitiva Mais importante ainda se ultraimperialista ou não a ordem mundial capitalista estabelecida sob a hegemonia dos Estados Unidos não foi o resultado de um desenvolvimento automático do acúmulo de capital Em vez disso foi o resultado de 30 anos de agudos conflitos e convulsões no sistema mundial e da interven ção ativa nesses conflitos e convulsões das van guardas revolucionárias socialistas o que Kautsky não previu nem advogou A verdade da questão é que as teorias mar xistas sobre o imperialismo em geral e a mais influente delas isto é a de Hilferding em particular baseavamse todas na experiência histórica da Alemanha do final do século XIX e início do século XX presumindo que essa experiência fosse prototípica do capitalismo tardio Na realidade porém a relevância e a validade da análise exemplar de Hilferding so bre o capital financeiro e o imperialismo limi tavamse à Alemanha e outros estados da Euro pa continental no período de transição da hege monia britânica para a americana Nem mesmo a imaginação mais fértil poderia dizer que ela dava conta da relação entre capitalismo e ex pansionismo territorial conforme evidenciada na experiência do poder hegemônico em declí nio o Reino Unido ou do poder hegemônico em ascensão os Estados Unidos Desse ponto de vista a pioneira análise do imperialismo feita por JA Hobson era bem menos limitada que as de Hilferding e de Rosa Luxemburgo Sua conceitualização era mais bem adequada para captar tendências de longo prazo no plano do sistema do que a de seus equivalentes marxistas Ele definiu o imperia lismo como uma de várias formas do expan sionismo e fez remontar a forma particular que o expansionismo assumiu no final do século XIX às políticas e à estrutura social do poder hegemônico em declínio Ainda que Hobson tenha antecipado em muitos aspectos tanto Hilferding quanto Lu xemburgo ao fazer remontar o imperialismo ao desenvolvimento capitalista ele teve o cuidado de eliminar qualquer conexão necessária entre capitalismo e o expansionismo territorial gene ralizado do final do século XIX Em sua análise a ligação era meramente contingente da dis tribuição de riqueza e poder entre os estados e dentro da potência mundial dominante Daí a ligação podia ser cortada através de maior de mocracia política e igualdade econômica no Reino Unido eou por uma mudança na lideran ça mundial do Reino Unido para um estado menos oligárquico O aparato conceitual de Hobson pode ser ampliado sem grandes distorções para abranger tanto os sérios conflitos entre estados típicos da primeira metade do século XX quanto a descolonização e recomposição de conflitos en tre estados típicos da segunda metade deste século Nessa estrutura hobsoniana ampliada o imperialismo tal como originalmente concebi do pelo pensamento liberal e marxista surge não como o mais elevadomais recente estágio do capitalismo mas como uma fase de um longo ciclo de hegemonia mundial caracteriza da por forte tendência evolutiva no sentido da eliminação do expansionismo territorial nas re lações entre estados Arrighi 1983 Se essa caracterização for corroborada pelas futuras tendências da economia mundial capitalista a tese de Schumpeter de que no prazo muito longo a correlação entre expansionismo ter ritorial e capitalismo é negativa mais do que positiva pode vir a merecer maior crédito do que os marxistas se têm mostrado dispostos a admitir Até agora porém os marxistas vêm de monstrando pouca predisposição para um en volvimento em revisões importantes das teorias consagradas sobre o imperialismo Sua prin cipal reação à reversão do expansionismo ter Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar imperialismo 379 ritorial depois da Segunda Guerra Mundial foi redefinir o imperialismo a fim de incluir as formas de dominação capitalista mundial que foram ressuscitadas ou recriadas sob a hegemo nia dos Estados Unidos Imperialismo nos textos marxistas passou portanto a designar o desenvolvimento do subdesenvolvimento e ou tros aspectos internacionais do capitalismo O resultado foi uma confusão semântica e um impasse analítico Sutcliffe 1972 p3134 que nunca foram resolvidos As preocupações tradicionais das teorias so bre imperialismo foram assumidas nos últimos tempos pela análise do SISTEMAMUNDO e pela economia política internacional Dentro dessas perspectivas a noção de imperialismo foi su perada pelos conceitos de hegemonia e política mundial Só se pode esperar que o que continua relevante e válido no antigo pensamento social sobre o imperialismo não se perca nesse proces so Ver também COLONIALISMO DIVISÃO INTER NACIONAL DO TRABALHO Leitura sugerida Arrighi G 1983 The Geometry of Imperalism Hilferding Rudolf 1910 1981 Finance Capital Hobson JA 1902 1968 Imperalism a S tudy Kautsky K 191314 Der Imperialismus Neue Zeit 32 p290822 Lenin VI 1916 1964 Imperalism the Highest Stage of Capitalism Luxem burgo Rosa 1913 1951 The Accumulation of Capital Schumpeter JA 1919 1951 The sociology of imperalisms In Imperalism and Social Classes org por Paul Sweezy Sutcliffe B 1972 Conclusion In Studies in the Theory of Imperialism org por R Owen e B Sutcliffe GIOVANNI ARRIGHI incerteza Ver DECISÃO TEORIA DA inconsciente A noção de inconsciente tem uma longa história envolvendo pensadores co mo GW Leibniz Arthur Schopenhauer Frie drich Nietzsche e Karl von Hartmann Ela só ganha realmente destaque no entanto com a obra de Sigmund Freud 18561939 Este é geralmente saudado se não como o descobridor absoluto da noção pelo menos e de qualquer forma como o homem que a colocou no centro de uma técnica terapêutica e de uma teoria que era original e surpreendente e que rapidamente se tornou a base de uma nova visão dos seres humanos ver PSICANÁLISE A noção freudiana de inconsciente distingueo do mero subcons ciente o qual possui conteúdos mentais que não estão presentes na consciência O inconsciente tem um conteúdo que resiste sistematicamente a ser trazido à consciência Acreditase que essa repressão contínua do conteúdo do inconsciente desempenha um papel importante na organiza ção interna do psiquismo e em particular na etiologia de boa parte das doenças mentais O modelo popularizado por Freud é o de que a mente reprime certos conteúdos mentais no inconsciente que alguns dos conteúdos assim reprimidos engendram perturbações mentais e que uma cura ou melhora pode ser provocada trazendose esse conteúdo à luz da consciência Faz parte da noção freudiana de inconsciente o fato de seus conteúdos serem acumulados desde os primeiríssimos momentos da vida de um indivíduo Em algumas versões propostas por membros do movimento mais amplo esse acú mulo chega a preceder o nascimento Os ar gumentos que Freud propôs em Totem e tabu também parecem implicar que alguns dos con teúdos são transmitidos de geração em geração de forma que conteúdos adquiridos em uma geração são passados para as gerações pos teriores Freud foi criticado por essa visão im plicitamente lamarckiana da hereditariedade assim aplicada ao inconsciente como incom patível com a genética moderna Deixando de lado a doutrina freudiana que deu destaque ao conceito e partindo do sentido inerente à palavra seria possível distinguir di ferentes tipos de inconsciente 1 Qualquer processo que ocorra dentro da pessoa humana mas não seja acessível à consciência A maior parte dos processos psicológicos enquadrase nesta catego ria 2 Princípios comandando práticas que só se tornam acessíveis à consciência em resultado de uma busca séria e possivel mente árdua Por exemplo a maioria dos seres humanos fala sem consciência da orientação gramatical ou de outras re gras do seu discurso 3 Um inconsciente coletivo tal como foi proposto por CG Jung 18751961 pa recido com o de Freud e historicamente influenciado por suas idéias mas diferin do deste por ser partilhado por toda uma comunidade ou raça Sendo assim seus conteúdos devem é claro ter sido reuni dos de maneira diferente da acumulação individual de um inconsciente freudiano Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 380 incerteza com exceção é claro dos elementos lamarckianos 4 Um tipo diferente de inconsciente cole tivo reprimido não individualmente nem racialmente nem comunalmente mas por uma unidade política as regras da novilíngua tais como descritas por George Orwell 190350 em 1984 têm o objetivo de tornar certas idéias ou afir mações simplesmente inexprimíveis nu ma dada linguagem O inconsciente freudiano que provavel mente constitui o sentido mais freqüentemente usado da palavra difere destes pelo fato de os conteúdos do inconsciente serem perfeitamente acessíveis em princípio e não serem proscritos nem pela linguagem nem pela autoridade polí tica Eles são portanto reprimidos individual mente em reação a situações particulares do indivíduo em geral com conseqüências patogê nicas Uma possível crítica à concepção freu diana do inconsciente é de que ele se inspira muito fielmente no modelo familiar da mente consciente cuja gênese e funcionamento pare cem ser tidos como nãoproblemáticos a psi cologia freudiana limitase a acrescentar um parceiro oculto mais desregrado acompanhan doa e dominandoa manifestando seus efeitos de forma característica em sonhos atos fa lhos e sintomas neuróticos É importante também enfatizar que a noção freudiana do inconsciente desempenha um pa pel dominante no sistema freudiano total de idéias terapia e organização da corporação psi canalítica Esse papel ultrapassa em muito o mero acréscimo de um item importante ao in ventário de nosso equipamento psíquico Im plícito na noção e no papel a ele atribuído o inconsciente constitui barreira permanente a um julgamento sólido a não ser que seus segre dos sejam penetrados pela técnica ímpar pres crita pela teoria freudiana as pretensões cog nitivas de um dado indivíduo são suspeitas e presumivelmente pouco sólidas Sendo assim a noção do inconsciente desvaloriza implicita mente as pretensões cognitivas de seres huma nos que não tenham sido liberados pelo rite de passage da psicanálise da maneira aprovada pela corporação dos seus praticantes Assim indireta mas inescapavelmente a noção tal como ocorre dentro desse sistema enquadra tanto os seres humanos quanto seus pontos de vista ela constitui um programa social e heurís tico implícito Ela invalida não apenas qualquer teoria que se proponha criticar seus critérios mas também todo o resto Pois na medida em que se diz que o inconsciente interfere com os indícios referentes à sua própria existência e às suas próprias práticas somente a técnica sin gular pode contraporse a seus artifícios e se encontra em posição de decodificar e avaliar concretamente o indício Dessa maneira a teo ria freudiana do inconsciente garante a sua pró pria verdade Essa teoria propõe um mundo tal que dentro dele somente a própria teoria pode realmente pronunciarse sobre o que é verda deiro e o que é falso Assim a teoria freudiana do inconsciente fica aberta à suspeita de ser amplamente circular Leitura sugerida MacIntyre AC 1958 The Uncons cious ERNEST GELLNER individualismo Esta palavra abrange várias idéias doutrinas e atitudes cujo fator comum é a atribuição de centralidade ao indivíduo Ela teve origem no início do século XIX na França pósrevolucionária onde significava a dissolu ção dos laços sociais o abandono pelos in divíduos de suas obrigações e compromissos sociais Em terras alemãs seu significado era diferente estava ligada ao romantismo e tendia a significar o culto do caráter singular e da originalidade do indivíduo assim como o flo rescer da individualidade Na Inglaterra seu significado era mais uma vez distinto contras tava com coletivismo e de maneira típica servia para se referir às virtudes da autoconfian ça e da iniciativa celebradas por Samuel Smiles na esfera moral e estava associado ao LIBE RALISMO nas esferas econômica e política Outra influente utilização no século XIX foi a de Jacob Burckhardt para quem o Renascimento italiano havia engendrado o individualismo pe lo que ele se referia entre outras coisas ao reconhecimento do caráter distinto de indiví duos singulares e ao cultivo da PRIVACIDADE Burckhardt 1860 Todos esses significados sobreviveram até a nossa época Talvez a maior influência sobre seu uso no século XX tenha sido a de Alexis de Tocque ville o qual escreveu que se tratava de uma nova expressão nascida a partir de uma nova idéia um sentimento deliberado e pacífico que dispõe cada cidadão a se isolar de seus Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar individualismo 381 companheiros e a se apartar com sua família e amigos abandonando a sociedade mais am pla primeiro minando as virtudes da vida pública em seguida atacando e destruindo todas as outras acabando por ser absorvido por um puro egoísmo Tocqueville 183540 livro 2 parte 2 cap2 Esse uso tem exercido influência entre os modernos teóricos das socie dades de massa e os críticos sociais e culturais norteamericanos Ele contrasta com uma outra utilização na qual a palavra foi um lema para a livre empresa o governo limitado a liberdade social e as atitudes formas de comportamento e aspirações que se acredita sustentarem todas essas coisas Essa utilização foi exemplificada no famoso discurso de campanha de Herbert Hoover em 1928 louvando o sistema norte americano de forte individualismo Outras e variadas doutrinas têm um caráter mais abstrato Uma delas é o individualismo metodológico Tratase de uma doutrina a res peito da explicação que afirma que nenhuma explicação em ciência social ou história pode ser adequada ou em outra versão minima mente possível a não ser que se expresse em termos que enfatizem plenamente aspectos dos indivíduos suas propriedades objetivos crenças e ações As totalidades sociais ou pa drões agregados de comportamento devem ser explicadas sempre ou essencialmente em ter mos de indivíduos Essa doutrina assumiu mui tas formas e nunca deixou de ser controversa em geral de maneira apaixonada Karl Popper e Friedrich von Hayek encararam a sua defesa como essencial à defesa liberal de uma socie dade livre Outros de Emile Durkheim em diante encararam a sua rejeição como o primei ro degrau para a compreensão sociológica de realidades que são independentes e limitadoras dos indivíduos No entanto outros encaram as controvérsias a respeito dessa doutrina como algo que combina advertências e perseguições úteis com exageros enganosos Assim seus de fensores sensatamente previnem contra a hipós tase de entidades sociais e forças coletivas e insistem sabiamente em que a macroexplicação exige microfundamentos mas afirmam com freqüência que os fatos sociais são na realidade ficções e que as totalidades sociais são meras construções de indivíduos Inversamente seus oponentes afirmam com justiça que as es truturas impessoais e o comportamento de co letividades podem ter força explicatória inde pendente porém separamnas com excessiva facilidade de uma teoria plausível da ação in dividual Uma outra doutrina diz respeito à delibera ção prática é às vezes chamada de atomismo Afirma que os fins das ações são todos in dividuais e assim que os bens sociais não passam de concentrações de bens individuais Dessa forma não existem bens irredutivelmen te sociais constituídos em parte ou inteiramente por ações e significados comuns O UTILITARIS MO e o que hoje pode se chamar de welfaris mo exemplificam esse ponto de vista afirman do que a relativa boa qualidade de um estado de coisas deve basearse exclusivamente nas vá rias utilidades individuais que ela contém e ser tida como função destas Charles Taylor viu o atomismo como enraizado nas tradições filo sóficas que começaram com a postulação de um sujeito sem extensão epistemologica mente uma tabula rasa e politicamente um detentor de direitos sem pressupostos Taylor 1985 p210 Otto Gierke identificouo com os pensadores da Lei Natural de Hobbes a Kant para os quais todas as formas de vida social eram a criação de indivíduos e meramente o meio para se alcançarem objetivos individuais Gierke 18681913 p106 111 Fora estas ainda podem ser mencionadas diversas outras variedades O individualismo epistemológico coloca a fonte do conhecimento dentro do indivíduo Ele foi afirmado de modos diferentes por Descartes e por várias versões do EMPIRISMO O individualismo ético encara a moralidade como essencialmente orientada pa ra o indivíduo seja na forma do egoísmo ético de acordo com o qual o único objeto moral da ação de um indivíduo é o seu próprio benefício ou na de um outro e mais radical conjunto de idéias de que descende o EXISTEN CIALISMO de acordo com o qual o indivíduo é a própria fonte dos princípios morais o árbitro supremo dos valores morais e outros Finalmente há um complexo de idéias que pode ser rotulado de individualismo político o qual propõe várias conexões entre o indiví duo e o governo primeiro uma visão de go verno tal como baseada no consenso de seus cidadãos apresentado individualmente sua au toridade derivando desse consenso segundo uma visão da representação política não de ordens estados classes ou funções sociais mas de interesses individuais e terceiro uma visão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 382 individualismo dos propósitos do governo como limitados a possibilitar que os propósitos dos indivíduos sejam satisfeitos e que seus direitos sejam pro tegidos permitindolhes um máximo de espaço de ação na busca de seus interesses A primeira idéia tem raízes nas teorias do contrato social mas mesmo onde essas teorias são abandona das é o centro de justificação para a democracia liberal embora anarquistas desde Henry David Thoreau dela tenham tirado conclusões mais subversivas A segunda foi crucial para a elabo ração da Constituição dos Estados Unidos e para as propostas dos utilitaristas de reforma política e de constitucionalismo moderno em geral A terceira que remonta a John Locke fala fundo ao coração do liberalismo político Leitura sugerida Hayer FA 1948 1980 Individua lism and Economic Order Lukes S 1973 In dividualism ONeill J org 1973 Modes of Indivi dualism and Collectivism Taylor C 1985 Atomis m In Philosophical Papers v2 Tocqueville A de 183540 De la démocratie en Amérique Especialmen te livro 2 parte 2 cap2 STEVEN LUKES indivíduo socialização do Ver SOCIALIZA ÇÃO indústria Ver DEMOCRACIA INDUSTRIAL OR GANIZAÇÃO INDUSTRIAL RELAÇÕES INDUSTRIAIS SOCIEDADE INDUSTRIAL SOCIEDADE PÓSIN DUSTRIAL DESINDUSTRIALIZAÇÃO industrialização Chamase de industriali zação o processo pelo qual as sociedades adqui rem o equipamento a organização e as capa citações necessárias para se dedicarem à produ ção em massa utilizando tecnologia mecânica ou eletroeletrônica Anteriormente a expressão revolução industrial era em geral utilizada Os cientistas sociais hoje em dia encaram essa expressão como enganosa uma vez que ela implica uma descontinuidade abrupta E o re gistro estatístico não apóia tal suposição As economias préindustriais uma vez que a maior parte da sua produção tem origem na agricul tura têm poucas probabilidades de passar por um súbito ímpeto de crescimento a inércia de seu setor predominante é grande demais as descontinuidades ocorrerão se ocorrerem em setores como a manufatura que são inicialmen te muito menores É a esses setores que se deveriam aplicar expressões como decola gem ou surtos de crescimento A tendência moderna é pensar na indus trialização como um modo de crescimento eco nômico em vez de um evento ou um pequeno período de tempo Sua característica essencial é o uso cada vez mais amplo da energia inani mada Ela tem suas origens numa fase anterior de protoindustrialização ocorrendo em so ciedades em que a agricultura e o comércio ainda predominam O sucesso da industrializa ção sofre uma influência marcante das acumu lações de capital que essa primeira fase de crescimento facilita dos tipos de força de traba lho e de capacitações que ela faz surgir dos lucros com comércio exterior que ela cria e dos valores culturais e estruturas políticas que ela propicia Além disso os cientistas sociais hoje em dia não presumem que a industrialização tenha um final definido no tempo Expressões como DESINDUSTRIALIZAÇÃO ou sociedade pós industrial referemse à ascensão dos setores da sociedade baseados nos serviços e na informa ção não implicam que os processos de indus trialização se tenham encerrado Os historiadores datam convencionalmente o primeiro surgimento da industrialização em torno de meados do século XVIII a maioria dos locais importantes ficava na GrãBretanha O processo difundiuse rapidamente depois disso primeiro para regiões da Europa Ocidental da América do Norte e da Rússia mais tarde para outras partes do mundo No século XX já se havia tornado quase que sinônimo de desenvol vimento econômico Particularmente nos no vos estados que conquistaram a independência nacional depois da Segunda Guerra Mundial a propensão a padrões de vida mais elevados é essencialmente uma propensão à industrializa ção Poucos desses estados estão dispostos a basear suas esperanças de autonomia política e de padrão mais elevado unicamente na produ ção de matériasprimas As tecnologias de crescimento industrial mudaram no decorrer do tempo e continuam mudando Bem antes do século XVIII a força do vento e da água era usada para suplementar a energia dos seres humanos e outros animais mas o uso difundido do carvão para derreter o ferro e gerar energia a vapor aumentou imen samente o volume de energia utilizado Um maior aporte de energia era fundamental para posteriores aumentos de produção O carvão a energia a vapor e o ferro já não desempenham o papel crítico que um dia tiveram no cres Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar industrialização 383 cimento industrial mas a essência do processo continua inalterada a industrialização implica a exploração de fontes de energia inanimada numa escala sempre crescente A energia huma na passa a ser usada basicamente para fins de controle O uso crescente de recursos energéticos ina nimados foi de importância crítica pelo que isso significou para a produtividade homem hora Os lucros reais estão estreitamente ligados à produtividade e a industrialização devido ao uso da energia inanimada é um meio garantido de aumentar a produtividade Não é o único meio A produtividade também pode ser au mentada através de melhores mercados melhor informação melhor organização e melhor divi são do trabalho A industrialização na verdade exige melhorias nesses dispositivos sociais Sé rios erros de planejamento podem surgir da ênfase apenas na mudança tecnológica quando se ignoram as mudanças institucionais que de vem acompanhála Não é possível alterar dras ticamente o modo de produção sem da mesma forma transformar a estrutura social em que este ocorre e em certo grau a cultura em que ele está embutido Disso brotam muitos dos empecilhos a uma industrialização bemsucedida A resistência à industrialização tem origem não na rejeição da sua perspectiva de padrões de vida material mais elevados mas na oposição a seus custos sociais culturais e políticos Tal como se difun diu a industrialização difundiuse igualmente uma constante avaliação desses custos Eles incluem em primeiro lugar uma atitude ex ploradora para com o mundo natural e uma propensão a desprezar os danos ecológicos e ambientais que o crescimento industrial pode provocar Os custos que não aparecem nos li vros de contabilidade das corporações ou nos gabinetes governamentais de onde se dirige o processo de industrialização tendem a ser ig norados pois não incorrem sobre os que tomam as decisões Em segundo lugar no passado a industrialização esteve associada a uma atitude exploradora com relação ao trabalho Sob um regime de capitalismo industrial o trabalho passa a ser tratado como mercadoria e as ati tudes que comandam a exploração de mer cadorias são transferidas para os seres huma nos Disso brota um agravamento do conflito de classes que em geral ocorre durante as fases iniciais de industrialização fases em que a infraestrutura social de habitação urbana edu cação e saúde pública é inadequada em que a taxa de crescimento populacional entra em ace leração e em que os trabalhadores ainda estão aprendendo a influenciar os níveis salariais e as condições de trabalho Em terceiro lugar é típico ocorrer uma queda no senso de comuni dade e uma ascensão da ALIENAÇÃO e da ANO MIA A industrialização rompe formações so ciais tradicionais transforma papéis sociais tra dicionais e mina fontes de autoridades tradicio nais Chamado às vezes de ascensão do in dividualismo esse processo seria mais bem qualificado como de despersonalização e nesse sentido ele é tão válido para as industrializações dirigidas pelo estado no século XX quanto para as industrializações marcadas pelo laissezfaire do século XIX A tecnologia da industrialização é a tecnologia da padronização da uniformi dade e dos papéis intercambiáveis isso em geral se aplica tanto a consumidores e operários quanto a processos e produtos Na esperança de superar esses obstáculos a industrialização no final do século XX tem sido empreendida geralmente não através da toma da de decisões por empresários privados mas através da direção do estado Os grupos em preendedores não são empresários e corpora ções privadas mas políticos funcionários pú blicos e tecnocratas O impulso é entrar depres sa na industrialização dar o salto de gigante para a modernização em uma geração ou me nos Em parte isso ocorre por questões de or gulho nacional Em parte na crença de que os obstáculos só podem ser superados com um forte empurrão E em parte na esperança de que o crescimento da produção venha a ul trapassar a previsível explosão populacional na medida em que restrições tradicionais à forma ção da família vão cedendo Esses são os problemas com que hoje se defrontam muitas sociedades em processo de industrialização Ao mesmo tempo muitas na ções que fizeram mais cedo a transição para o crescimento industrial estão descobrindo que suas indústrias mais antigas enfrentam uma competição muito forte com sociedades de ou tras partes do globo que se industrializaram posteriormente A tendência dessas economias maduras é empregar uma proporção crescen te da força de trabalho no setor terciário ou de serviços em que os aumentos de produtivi dade são difíceis de conseguir e uma proporção Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 384 industrialização decrescente na produção primária ou manufa tureira à qual as tecnologias mais antigas se aplicam mais prontamente A produção dessas economias está se tornando concentrada na in formação em vez de nos recursos ou na mão deobra Alguns analistas chamam a isso de ascensão da sociedade pósindustrial Uma al ternativa seria dizer que a base tecnológica da industrialização está mudando como sempre esteve No final do século XIX ela passou do complexo carvão ferro e energia a vapor para o complexo combustíveis hidrocarbônicos ele tricidade plásticos e ligas leves Agora no final do século XX a base tecnológica para a nova industrialização parece encontrarse nas indús trias da informação baseadas na eletrônica e no computador ver AUTOMAÇÃO INFORMAÇÃO TEORIA E TECNOLOGIA DA Leitura sugerida Chenery HB Robinson S e Syr quin M 1986 Industrialization and Growth a Com parative Study Kemp Tom 1978 Historical Patterns of Industrialization Kuznets Simon 1966 Modern Economic Growth Rate Structure and Spread Lan des David S 1969 The Unbound Prometheus Techno logical Change and Industrial Development in Western Europe from 1750 to the Present Mumford Lewis 1934 1963 Technics and Civilization Rostow W W 1978 The World Economy History and Prospect HUGH G J AITKEN informação teoria e tecnologia da Uma vez que se tornou possível a digitalização da informação através da linguagem comum do código binário voz dados e vídeo puderam tornarse fluxos de informação digitalizada ca paz de ser armazenada manipulada e trans mitida de forma barata e em grande velocidade pelos computadores digitais Ao mesmo tempo a indústria eletrônica da computação e a das telecomunicações convergiram para se torna rem uma indústria global de tecnologia de in formação TI tendência observada mais de uma década atrás Nora e Minc 1978 Barron e Curnow 1979 Muitos autores encaram a TI como uma tecnologia crucial e difusa pelo menos tão importante quanto a eletricidade ou a energia a vapor e portanto provavelmente o mais im portante desenvolvimento tecnológico deste sé culo A importância crucial da TI tem origem no fato de que ao contrário de outras tecno logias os decréscimos no custo do tamanho dos componentes eletrônicos foram acompa nhados por acréscimos em sua potência velo cidade e sofisticação Assim computadores muito possantes hoje se acomodam com sim plicidade em mesas de trabalho individuais enquanto 25 anos atrás máquinas com a mesma potência de processamento enchiam uma sala imensa A palavra revolução é aplicada com fre qüência à TI e a revolução da TI costuma ser comparada em relevância social à Revolução Industrial de dois séculos atrás As implicações econômicas sociais e políticas da revolução da TI hoje em curso são tema de contínuas pes quisas e debates mas evidentemente estão ocorrendo algumas mudanças muito importan tes na sociedade em especial no local de traba lho para não mencionar os lares e escolas Gui le 1985 Miles et al 1988 Um trabalho recen te porém lançou dúvidas sobre a importância revolucionária da TI e alguns a encaram como parte da contínua evolução das tecnolo gias de controle que teve início no século pas sado Beniger 1986 A vantagem em produti vidade da TI também está sendo seriamente questionada Forester 1989 Alguns autores têm aproveitado a oportuni dade para proclamar novos tipos de sociedade que estariam surgindo a partir da revolução da TI com a sociedade da informação Bell 1979 Masuda 1980 substituindo a sociedade pósindustrial na posição de vanguarda Am bas as noções têm sido submetidas ao exame crítico ver Lyon 1988 e levantam questões importantes a respeito das mudanças de para digmas do processo de desenvolvimento so cial do determinismo tecnológico e da impor tância da indústria manufatureira em oposição ao setor de serviços Cohen e Zysman 1987 Os comentadores da revolução da TI tal como acontece com a questão da tecnologia e da sociedade em geral tendem a se dividir amplamente em otimistas Bell 1979 Toffler 1980 e Kranzberg e pessimistas Weizenbaum 1976 Roszak 1986 e Win ner 1989 embora os três últimos possam ser chamados mais adequadamente de here ges pois se opõem fortemente ao ponto de vista ortodoxo de que a computadorização trará efeitos benéficos em geral para a sociedade Ver também INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Leitura sugerida Forester Tom org 1985 The Infor mation Technology Revolution Ο 1987 HighTech So ciety the Story of the IT Revolution Forester Tom e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar informação teoria e tecnologia da 385 Morrison Perry 1990 Computer Ethics Cautionary Tales and Ethical Dilemmas in Computing TOM FORESTER informática Ver INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL intelectuais Esta palavra tem sido objeto de muitas discussões desde que surgiu na França no final do século XIX durante os debates entre os defensores e os adversários do capitão Drey fus no famoso Caso Dreyfus Para muitos os intelectuais são sonhadores pouco práticos in capazes de se ajustar às realidades mundanas da sociedade e do estado Para outros são os de fensores básicos dos valores e padrões morais e cognitivos que sustentam os sistemas políti cos democráticos ou liberais Certos analistas eruditos tenderam a reunir sob o rótulo de intelectual todas as pessoas envolvidas na esfera da cultura isto é no mun do dos símbolos Mas outros objetaram que essa seria uma definição demasiado ampla pois in cluiria em seu âmbito ganhadores do Prêmio Nobel por um lado e professores e jornalistas por outro toldando a necessária distinção entre os criadores de cultura e os que a distribuem ou aplicam Além disso cortaria as possibilidades de avaliar e calcular o status e a influência dos criadores de idéias em oposição a grupos ou estratos relacionados Torna impossível deter minar se os criadores de idéias têm um peso social diferente do atribuído a outras categorias de utilizadores de símbolos Sob essas circunstâncias parece mais razoá vel definir os intelectuais de maneira mais res trita e ver neles os homens e mulheres em dadas sociedades que embora numericamente pou cos são ainda assim quantitativamente impor tantes como criadores de símbolos que pos suem atributos não encontráveis no grupo numericamente bem mais amplo de pessoas engajadas nas artes nas ciências nas profissões liberais e na religião Acadêmicos ou membros das profissões liberais não são necessariamente intelectuais O intelecto diferentemente da in teligência exigida nas artes e nas ciências pre sume uma capacidade de distanciamento das questões imediatamente pertinentes uma mo bilidade que ultrapassa as tarefas pragmáticas do momento e um compromisso com valores centrais que transcendem o envolvimento profissional ou ocupacional Enquanto a maior parte das pessoas envol vidas nas profissões liberais e em outras ocupa ções tende a se absorver na busca de respostas concretas a problemas específicos os intelec tuais com maior probabilidade se envolverão com esferas mais gerais de significado e de valores com o cerne sagrado da cultura Como tal buscam proporcionar padrões morais e manter símbolos comuns significativos Os in telectuais modernos são descendentes dos guar diães sacerdotais da tradição sagrada tal como também se relacionam aos profetas bíblicos cuja mensagem era muito distante dos valores morais e espirituais da corte e da sinagoga criticando asperamente os senhores do poder pela malignidade de seus costumes Os que encaram os intelectuais dessa manei ra irão contrapor também tratarse de pessoas que jamais parecem satisfeitas com as coisas como elas são nem com os hábitos e costumes predominantes que questionam a verdade do momento em termos de uma verdade mais ele vada que eles se consideram os depositários especiais de idéias abstratas tais como verdade ou justiça e se encaram como guardiães dos padrões morais quando estes são alvo de ataque tanto no mercado quanto na sede do poder Os intelectuais não são apenas zeladores de idéias e mananciais de ideologias mas diferen temente dos eclesiásticos medievais ou dos mo dernos fanáticos políticos tendem ao mesmo tempo a manter uma atitude crítica São in divíduos que pensam de forma diferente e ten dem a ser perturbadores da complacência e da acomodação Foi somente depois do declínio da Idade Média depois de a Reforma e o Renascimento haverem fragmentado a visão unificada e mo nopolista de mundo da Igreja que os intelec tuais puderam começar a erguer uma voz in dependente somente quando foram surgindo múltiplos poderes religiosos e seculares no ce nário social passando a disputar a adesão dos indivíduos que pôde aparecer um estrato de homens e mulheres cujas idéias já não mais se prendiam à Igreja ou aos patronos seculares Com o surgimento de toda uma variedade de centros de poder e influência com o der retimento de uma cultura até então congelada nasceram conflitos de idéias mantidos por por tavozes independentes de correntes de pen samento e tendências doutrinárias diversas Alguns intelectuais ainda se encontravam em parte dependentes de patronos para pode rem sustentarse até surgir no século XVIII Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 386 informática um público letrado de amplo âmbito mas eles tinham pelo menos a possibilidade de escolher os patronos Do século XVIII em diante porém um contingente leigo começou a proporcionar um público receptivo aos homens de letras A partir desse ponto o estudo dos intelectuais precisa dar atenção cuidadosa à complicada rede de relações entre eles e o mercado de idéias além de instituições como a universida de ou as academias nacionais É preciso dar atenção aos dispositivos sociais como cafés salões periódicos censura burocracias gover namentais todos os quais invadem seja de forma positiva ou negativa a vida do espírito no mundo da modernidade Os intelectuais no mundo moderno seja no Oriente ou no Ociden te têm assumido posições estratégicas cruciais São em geral cortejados mas também freqüen temente perseguidos pelos senhores do poder bem como por interesses econômicos escusos Em certas ocasiões sua posição parece razoa velmente bem firmada em outras porém ainda parecem uma espécie ameaçada No entanto em última análise são o que Ezra Pound um dia chamou de as antenas da raça Ver também ILUMINISMO Leitura sugerida Coser Lewis A 1965 Men of Ideas A Sociologists View Hofstadter Richard 1963 Antiintellectualism in American Life Mannheim Karl 1929 1960 Ideology and Utopia an Introduction to the Sociology of Knowledge Shils Edward 1972 The Intellectuals and the Powers and Other Essays Znaniecki Florian 1940 The Social Role of the Man of Knowledge LEWIS A COSER inteligência teste de Tal como muitos con ceitos em psicologia o de inteligência pode ser mais fácil de reconhecer do que de definir ou medir Santo Tomás de Aquino propôs que fosse a capacidade de combinar e separar nos anos 20 Charles Spearman propôs a capacidade de inferir relações e correlações O problema é que a inteligência é inferida a partir do compor tamento e o comportamento é sempre relacio nal A inteligência portanto é mais bem con siderada como uma propriedade emergente dos indivíduos em relação a contingências de seus ambientes natural e social Isto é um compor tamento que é inteligente em determinado con texto pode ser totalmente inadequado em outro Além disso é essencial uma perspectiva desen volvimentista A inteligência de uma criança não é meramente a inteligência de um adulto em tamanho pequeno o desenvolvimento não consiste em simplesmente preencher a crian ça até o nível adulto a metáfora da jarra de um litro Por exemplo um bebê recémnascido manifesta um reflexo enraizado por meio do qual ele suga o leite à medida que a criança cresce esse reflexo é substituído pelo de mas tigar transformação qualitativa de uma forma de comportamento adequado em outra No en tanto uma forte tradição em psicologia que remonta pelo menos a Francis Galton na década de 1860 encara a inteligência ou para Galton a capacidade mental como uma propriedade individual fixa que cresce linearmente com a idade até a vida adulta e é expressiva de uma constituição em grande parte herdada Galton e seu protégé Karl Pearson lutaram para criar métodos de medir essa capacidade mental Em 1904 o governo francês pediu a Alfred Binet que descobrisse meios de detectar crianças mentalmente deficientes O resultado foi uma série de testes consistindo em peque nos problemas concebidos para examinar a me mória a facilidade verbal e assim por diante O resultado de uma criança nesses testes era usado para definir a sua idade mental descobrindose a média de idade das crianças cujo resultado nos testes se equipara Os testes foram levados para os Estados Unidos por Henry Goddard em 1908 e revistos por Lewis Terman em Stanford em 1912 para formar os testes StanfordBinet so bre os quais todas as versões posteriores se basearam Terman popularizou a abreviatura QI ou Quociente de Inteligência significando a relação entre a idade mental de uma criança e sua idade cronológica vezes 100 O QI médio da população de crianças de uma deter minada idade ou na versão adulta de toda a população adulta é 100 Os testes de QI assim operacionalizam a definição de in teligência reduzindoa a o que medem os tes tes de QI Originalmente destinados nas mãos de Binet a prever o desempenho escolar e identificar para uma educação corretiva crian ças que estavam tendo um desempenho abaixo de sua idade mental esses testes nos anos 20 e 30 nas mãos dos psicólogos norteamericanos e de seus colegas da GrãBretanha em especial Cyril Burt assumiram um caráter cada vez mais reificado Spearman usouos para deduzir que subjacente a todo o desempenho nos testes existia um fator de inteligência geral unitário Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar inteligência teste de 387 que ele chamou de g implicando com isso que esse fator tinha algo do caráter absoluto de uma constante nas ciências físicas Outros es tabeleceram uma distinção entre inteligência fluida e inteligência cristalizada a primeira encarada como a capacidade de novo apren dizado conceitual e a outra como conhecimento e habilidades adquiridos Ao mesmo tempo se fizeram esforços para desenvolver testes que fossem culturalmente justos ou independen tes de fatos e habilidades aprendidos No entan to como esses testes eram eles próprios padro nizados de acordo com o StanfordBinet não podiam deixar de partilhar muitas de suas pro priedades A aplicação em massa dos testes começou a ser feita nos recrutas do exército e pretendentes a imigrantes nos Estados Unidos e mais tarde em escolares no Reino Unido Revelaramse fortes tendenciosidades étnicas e de classes nos resultados dos testes filhos da classe operária tendiam a ter resultados mais baixos que os da classe média imigrantes e negros resultados mais baixos que os da população branca natural dos Estados Unidos As diferenças de gênero evidentes nas primeiras versões dos testes fo ram eliminadas por meio de uma revisão das perguntas em que surgiam as diferenças de resultado mas as diferenças étnicas e de classe foram amplamente encaradas como indicativas de reais diferenças de inteligência Afirma ções como as de Burt ostensivamente baseadas na mensuração do QI em gêmeos idênticos criados separados que nos anos 70 se revela ram ser totalmente fraudulentas de que as variações de inteligência ou pelo menos de resultado no teste de QI eram em grande parte geneticamente determinadas deram uma base racional para as preocupações eugênicas amplamente difundidas de que os diferenciais de imigração e de classe nas taxas de natalidade levariam a um declínio da inteligência nacio nal Ver EUGENIA CIÊNCIA DA Depois de 1945 as diferenças de grupo nos resultados de QI passaram a ser atribuídas de forma geral a fatores ambientais e com a difu são da oferta de educação abrangente a crianças de capacidades mistas a confiança nos testes relacionados ao QI para fazer discriminação entre crianças e para limitar perspectivas edu cativas se reduziu A questão do QI voltou a ganhar proeminência depois de 1969 quando Arthur Jensen nos Estados Unidos seguido por seu divulgador Hans Eysenck na GrãBreta nha ressuscitou as pretensões à determinação genética das diferenças de QI não apenas entre indivíduos mas também entre grupos em es pecial brancos e negros vivendo nos Estados Unidos Seguiuse um vigoroso debate no qual as bases empíricas e teóricas dessas pretensões foram intensamente discutidas Nos anos 80 surgiram provas de que no decorrer dos últimos 40 anos houve um substancial aumento na média dos resultados de QI em grandes grupos de crianças no Japão Nova Zelândia Países Baixos e Reino Unido Como tal aumento não pode ser explicado por meio de nenhum modelo genético conhecido esse debate pode ser enca rado como finalmente concluído Os avanços nas ciências neurológicas significam que não se considera mais plausível falar de comporta mento inteligente ou sequer do resultado de uma pessoa num teste de QI como dependente de uma única propriedade fundamental e her dada a dialética dos ambientes biológico so cial e natural durante o desenvolvimento sig nifica que propriedades complexas como a in teligência não podem de uma forma que faça sentido ser divididas em frações genéticas e ambientais distintas Ver também CIÊNCIAS COGNITIVAS Leitura sugerida Blum FM 1978 Pseudoscience and Mental Ability Evans B e Waites B 1981 IQ and Mental Testing an Unnatural Science and its Social History Rose Steven et al 1984 Not in our Genes STEVEN PR ROSE inteligência artificial Esta expressão des creve o que é realizado por uma máquina quan do esta tenta imitar desempenhos humanos cog nitivamente sofisticados As calculadoras me cânicas começando com os relógios medi dores do século XVII e até mesmo os robôs mecânicos dos séculos XVIII e XIX podiam ser encarados como exemplos dos primeiros veícu los mas foi na programação de computadores do século XX que a inteligência artificial come çou a ser identificada como um campo de es tudos Pratt 1987 A expressão entrou em uso em seguida a sua utilização no título de uma conferência realiza da em 1956 no Darmouth College New Ham pshire apresentada por John McCarthy MacCorduck 1979 Ela serviu para definir um conjunto de projetos que tentavam explorar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 388 inteligência artificial o potencial do computador eletrônico que nas cera na Segunda Guerra Mundial e no início dos anos 50 estava surgindo no mundo civil Entre os principais projetos da época in cluíramse tentativas de fazer com que máqui nas jogassem cartas e xadrez resolvessem pro blemas de geometria e de lógica reconheces sem padrões e entendessem o inglês comum Feigenbaum e Feldman 1963 Esses projetos refletiam dois tipos de interesse que se reuniram na formação do novo campo e que persistem até os dias de hoje Um é o interesse nos processos psicológicos humanos o outro o de conseguir que as máquinas façam coisas cada vez mais sofisticadas e portanto para seus usuários hu manos mais convenientes Alguns dos primei ros programas de Inteligência Artificial IA por exemplo os que criavam provas em lógica foram concebidos como um meio de estudar a tomada de decisões pelos seres humanos Outros particularmente programas que joga vam xadrex e cartas o foram como estudos de aprendizado Ultimamente a perspectiva que encara o cérebro como um processador de informações criou a psicologia cognitiva não tanto um novo ramo de uma velha disciplina mas uma proposta para substituíla e a partir desse ponto de vista a tentativa de conseguir imitar o comportamento ou desempenho huma no através da programação da máquina cons titui uma sólida técnica de pesquisa Anderson 1980 Os estudos sobre reconhecimento de pa drões começaram com a outra motivação com os programadores querendo equipar suas máquinas com a capacidade de ler datilografia de forma a que fosse possível alimentar progra mas no computador usando esse meio Des cobriram que por exemplo uma letra do alfa beto não deve ser definida por uma configura ção coordenáveldefinível de pontos mas que um número indefinido dessas configurações pode ser identificável pelo olho humano como a mesma letra o que o computador tinha de ser levado a identificar era o padrão no qual se encaixam as diferentes configurações Esse projeto em particular se concretizou e passou a ser utilizado em mecanismos ópticos de reco nhecimento de caracteres de grande importân cia humana mas o problema de reconhecimen to de padrões em toda uma variedade de outros campos continua significativo e difícil Fischler e Firscheim 1987 O projeto de ensinar ao computador o inglês isto é a linguagem natural começou igual mente sua longa e até agora inconclusa carreira com uma tentativa de tornar a máquina mais vantajosa para o usuário e o programador É um projeto cuja importância ganhou aceitação mesmo no momento em que sua dificuldade se fazia sentir sobre os que nele trabalhavam Al len 1987 Gazdar e Mellish 1989 Existe uma concepção de que a percepção visual é mediada através dos conceitos da linguagem natural e é também bastante possível que o conhecimento seja articulado e memorizado utilizandose es truturas lingüísticas Winograd 1983 Num grau surpreendente a maior parte des ses projetos fundamentais tem continuado a absorver interesse e a desafiar uma solução completa Novos projetos também têm sido adotados Durante a segunda década de existên cia da IA concentrouse grande atenção nos robôs com a tentativa de equipar aparelhos mecânicos com refinados controles motores e com a capacidade de utilizar dados visuais ob tidos do ambiente em torno para lhes permitir movimentarse nesses ambientes manipular objetos ou ambas as coisas Esse trabalho resul tou nas linhas de montagem automatizadas que hoje se tornaram lugar comum Engelberg 1980 Ultimamente a grande preocupação da IA vem sendo compreender de que modo o co nhecimento humano poderia ser armazenado na máquina de tal forma a tornar facilmente aces sível esse conhecimento bem como quaisquer implicações que ele possa ter para a solução de problemas cotidianos É o esforço para cons truir sistemas especializados que tomariam o lugar de especialistas humanos de vários tipos professores procuradores consultores finan ceiros ou pelo menos lhes dariam assistência O futuro provavelmente assistirá ao desen volvimento de uma retomada do interesse no potencial de aprendizado das redes nervosas uma pluralidade de processadores ligados mul tiplamente entre si Hinton e Anderson 1981 Rompendo com a estrutura que se tornou a norma para o computador a qual canaliza toda a ação através de um único processador a alter nativa da rede nervosa tenta chegar mais perto da estrutura do tecido nervoso orgânico idéia perseguida sem sucesso por uma precur sora da IA a cibernética nos anos 50 A atual esperança é de que as novas estruturas possam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar inteligência artificial 389 vir a proporcionar orientação quanto ao com portamento futuro de sistemas complexos não elaborando as várias leis que comandam em conjunto mas fazendo com que a rede capte o padrão de comportamento passado e o projete no futuro Ciência da conexão é uma expres são às vezes usada para definir essa perspectiva Rumelhart et al 1986 Zeidenberg 1989 A idéia de uma heurística originalmente aplicada na esfera da busca de provas matemá ticas é uma noção importante que tem sido desenvolvida no decorrer de vários projetos de IA As soluções para certos problemas podem ser descobertas em princípio repassandose uma lista finita de possibilidades Por exemplo num jogo como o xadrez existe em qualquer ponto um número finito de movimentos abertos a um jogador e além disso cada possível se qüência de movimentos resultará em algum ponto numa de três conclusões a vitória para um ou para o outro jogador ou o empate Teo ricamente portanto uma abordagem seria tra balhar com um conjunto completo de conjec turas do tipo e se Infelizmente ou feliz mente o xadrez é um belo jogo mesmo uma máquina que não levasse mais que 11000000 de segundo para calcular cada posição possível num jogo de 40 movimentos exigiria 1095 anos para descobrir um primeiro movimento Shan non 1954 O que é necessário a um programa prático para um jogo de xadrez são meios de melhorar a geração sistemática porém cega de movi mentos a serem executados meios de eliminar sem consideração possibilidades improváveis se não de positivamente escolher as prováveis Seria possível por exemplo ignorar todos os movimentos rumo a casas desprotegidas O mé rito de gerar sistematicamente todas as pos sibilidades é que com a suficiente perseveran ça todas são abrangidas É esse mérito que tais atalhos ou tal heurística sacrificam em lu gar da certeza a longo prazo conseguese algo menos que a certeza dentro de um espaço de tempo mais aceitável Mesmo com a ajuda da heurística a solução de problemas pela IA freqüentemente implica a conferência de grande número de possibilida des e isso colocou em destaque a necessidade de se armazenar a informação de modo a maxi mizar a eficiência da busca Uma estrutura de árvore ramificada foi nesse caso um resul tado influente Outra técnica não exatamente nova como a IA mas que recebe no trabalho da IA a articulação precisa que a programação exige é decompor o problema que deve ser solucionado em problemas com componentes mais simples e estes por sua vez em problemas mais simples ainda e assim por diante até se atingir um nível em que seja possível encontrar as soluções Newell e Simon 1972 A IA também concedeu particularmente em seus primeiros anos o substancial patrocínio à idéia de que conceitos e proposições devem ser tratados como listas de símbolos cujos mem bros possam ser tomados e manipulados Uma linguagem de computador a LISP LISt Proces sor foi inventada para facilitar a execução desses processos na máquina e acabou sendo útil de forma tão geral para os projetos a que se dedica a comunidade da IA que sua utilização quase que serve para definir o campo McCar thy 1963 Desde os primeiros momentos os que traba lham com IA perceberam a relevância da LÓGI CA para as suas preocupações Ser capaz de raciocinar parece ser um aspecto da posse da inteligência e um meio de se pensar a lógica é como a tentativa de articular as regras do racio cínio válido as regras que nos permitem con cluir a partir de uma lista de coisas que temos como estabelecidas que certas outras coisas também devem ser verdadeiras Se a máquina pudesse ser levada a manipular proposições de acordo com essas regras supondose que sou bessem o que eram isso não apenas eliminaria o papel do lógico e do matemático humanos pois sua função é demonstrar que tal e tal proposição pode ser provada mas também representaria uma ajuda considerável em todos os tipos de empreendimentos humanos em que o raciocínio a partir de um conhecimento es tabelecido desempenha algum papel Para certo tipo de raciocínio em resultado dos esforços dos lógicos ao longo dos séculos as regras já foram determinadas Prior 1962 São fáceis de representar no computador e portanto representálos foi um dos primeirís simos projetos da IA Aplicada ao domínio particular do conhecimento médico por exem plo a implementação dessa parte da lógica resultou em um programa capaz de oferecer um diagnóstico de condições médicas O conhe cimento médico é incorporado ao programa sob a forma de regras que expressam as ligações conhecidas entre sintomas e possíveis doenças Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 390 inteligência artificial O paciente é convidado a informar os sintomas de que está efetivamente sofrendo e o programa então utiliza as regras da lógica que lhe foram dadas para descobrir que diagnóstico está im plícito Shortliffe 1976 Sistemas desse tipo não deixam de ter valor prático embora o fato de poderem simular um tipo restrito de raciocínio seja uma limitação grave É o tipo formulado no que se conhece por cálculo proposicional e a limitação é não poder representar o raciocínio que depende da estrutura interna das proposições Por exem plo o cálculo proposicional considera o racio cínio do médico Se Fulano está com febre deve estar doente como tendo a forma Se p então q onde p representa a proposição Tom está com febre e q deve estar doente Mas há um grande volume de raciocínio que depende da estrutura interna das proposições por exem plo Se todo número tem um sucessor então não existe nenhum número que seja maior do que todos os outros números Os lógicos no entanto também têm tido sucesso com esses outros tipos de raciocínio inspirados pelo trabalho de Gottlob Frege perto do final do século XIX desenvolvendo o que se conhece como o cálculo predicativo Kneale e Kneale 1962 Por motivos revelados em famosa obra matemática por Kurt Gödel e ou tros Davis 1965 não pode haver certeza pré via de que uma representação mecânica do cálculo predicativo vá resultar na determinação de toda e qualquer indagação legítima a ele apresentada Ao concluir a máquina está dando a resposta sim à indagação feita essencial mente será que tal e tal proposição do cálculo predicativo se segue a partir da informação disponível Mas antes que a tenha completa do o usuário não sabe se isso se dá porque a resposta é não ou porque a resposta nunca será determinada Isso cria um grau indesejável de incerteza mas se imaginaram meios de lidar com essa limitação que não obstante deixam as máqui nas de cálculo predicativo com um bom volume de potencial utilitário Shepherdson 1983 Um fruto deste trabalho foi a elaboração da linguagem de computador chamada PROLOG de programação em lógica que aplica as regras do cálculo predicativo para descobrir que proposições se seguem dos fatos apresentados ao sistema consideradas em conjunto com a base de conhecimento com que o sistema foi previamente alimentado Kowlski 1979 Outro foi a construção de uma nova geração de expert system programs cuja promessa po rém até o presente momento ainda não foi concretizada Ver também CIÊNCIA COGNITIVA Leitura sugerida Beardon C 1989 Artificial In telligence Terminology Boden MA 1986 Artificial Intelligence and Natural Man 2ªed Michie D 1974 On Machine Intelligence Minsky M 1967 Compu tation Finite and Infinite Machines OShea T e Ei senstadt M orgs 1984 Artificial Intelligence Sha piro S Eckroth D e Vallasi G 1987 Encyclopedia of Artificial Intelligence Sharples M Hogg D Hut chison C Torrance S e Young D 1989 Computers and Thought Simon HA 1970 The Sciences of the Artificial Turing AM 1954 Can a machine think In The World of Mathematics vol3 org por JR Newman VERNON PRATT interação Na linguagem cotidiana interação significa atos ações atividades e movimentos interrelacionados de dois ou mais indivíduos mas também de animais e objetos como as máquinas Em geral a palavra significa uma influência recíproca ativa Nas ciências sociais e humanas o conceito de interação é usado de maneira nãouniforme embora seja um dos temas centrais Na literatura sociológica e psi cológica a palavra interação é usada nos seguintes contextos Interação social O comportamento interrelacionado de in divíduos que influenciam uns aos outros pela comunicação é chamado de interação social Na literatura interação e comunicação são usadas em geral como sinônimos Watzlawick Beavin e Jackson 1967 definem a interação como uma seqüência recíproca de comunicações isto é mensagens entre dois ou mais indivíduos A expressão padrões de interação existe para as unidades mais complexas da comunicação hu mana A interação social é por vezes chamada de comunicação interativa Segundo Hare in teração significa todas as palavras símbolos e gestos com que as pessoas reagem umas às outras 1976 p60 Na PSICOLOGIA SOCIAL re cente a comunicação nãoverbal expressões faciais troca de olhares movimento corporal comportamento espacial comportamento ex tralingüístico e assim por diante é considerada de grande importância para a compreensão da interação social Argyle 1975 Weick 1985 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar interação 391 As teorias sociológicas e psicológicas sobre a interação não serão tratadas aqui em detalhe Deve ser suficiente mencionar a teoria do inter câmbio social e o INTERACIONISMO SIMBÓLICO A teoria do intercâmbio ver Thibaut e Kelley 1959 explica a interação social em termos de recompensas e custos A teoria dos resultados da interação de ThibautKelley trata principal mente de relações entre duas pessoas A intera ção entre duas pessoas interação dual forma o paradigma básico para a maior parte das teorias sobre a interação Com respeito ao estudo em pírico dos processos de interação de grupo os métodos de observação até agora desenvol vidos começam na verdade com análises de interações entre duas pessoas A teoria do in teracionismo simbólico ver Blumer 1969 é uma influente teoria sociológica sobre a intera ção relacionada principalmente ao filósofo e sociólogo George Herbert Mead Fazse refe rência a ela aqui porque essa teoria e a estratégia de pesquisa a ela relacionada têm passado por um certo ressurgimento na psicologia social no decorrer dos últimos anos Os pressupostos bá sicos implicam que os indivíduos se comportam na base do significado que vem das interações sociais O significado é constantemente modifi cado por um processo contínuo de interpretação dos indivíduos que participam da interação Blumer 1969 O eu é encarado como resultado da interação o comportamento interativo só pode ser compreendido na base de atos recípro cos de interpretação entre os parceiros que in teragem em um certo contexto histórico cultural e situacional Na psicologia social européia de dicase maior atenção à interação social entre membros de diferentes grupos comportamento intergrupal relações intergrupais ver especial mente a teoria da identidade social Tajfel 1978 em que o papel da filiação ao grupo e da identidade social para comportamento intergru pal e o autoconceito constitui o tema central Análise de interação Baseada na definição de interação acima apresentada a análise de interação significa a coleta o registro a análise e a interpretação sistemáticos da COMUNICAÇÃO Comunicação aqui não se refere apenas à comunicação verbal mas também à nãoverbal Desenvolveuse uma série de procedimentos de observação ver Simon e Boyer 1974 e mecanismos de regis tros Krüger et al 1988 para classificar a comunicação verbal e a nãoverbal De acordo com a orientação passada esses procedimentos dizem respeito principalmente à codificação de interações verbais em grupos de duas pessoas ou pequenos grupos ver Hare 1976 A Análise do Processo de Interação APIIPA desenvolvida por Bales 1950 um dos fun dadores da pesquisa de pequenos grupos é ainda considerada o protótipo de um sistema de codificação baseado na observação Esse sis tema consiste em 12 categorias e visa revelar padrões de interação em grupos de solução de problemas sem liderança bem como descrever esses processos no decorrer do tempo fases do desenvolvimento de grupo As categorias se guem um modelo de seqüência de solução de problemas A dupla central de uma categoria ilustra os problemas de coleta de informação na fase inicial categoria 6 Dá Orientação cate goria 7 Pede Orientação As categorias 5 Dá Opinião e 8 Pede Opinião referemse à ava liação da informação as categorias 4 Dá Su gestão e 9 Pede Sugestão referemse ao pro blema do controle As áreas de problemas se guintes são tomada de decisões categoria 3 Concorda 10 Discorda regulação da tensão categoria 2 Demonstra Alívio de Tensão 11 Demonstra Tensão e na fase final enfrentar problemas sócioemocionais categoria 1 Pa rece Amistoso 12 Parece Inamistoso O de senvolvimento ulterior da abordagem da API que levou ao mais recente sistema SYMLOG Sistema para a Observação de Grupos em Múl tiplos Níveis ligou as categorias a um modelo espacial obtido através da análise de fator e do exame do conteúdo das mensagens Bales e Cohen 1979 A codificação SYMLOG da in teração permite descrever os processos de co municação em três níveis o nível de compor tamento verbal e nãoverbal observável o nível de imagens comunicadas e finalmente o nível de julgamento de valor que o agente comunica através das imagens que expressa As imagens podem ser então distribuídas em seis níveis Eu Outros Grupo Situação Sociedade Fantasia O comportamento demonstrado e o conteúdo expresso podem ser localizados e interpretados em um espaço tridimensional dimensões do minação versus submissão positivo versus ne gativo orientação para tarefas versus expressão de emoções Os dados que também podem ser processados com a ajuda de programas de com Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 392 interação putação são apresentados graficamente como diagramas de campo Um sistema de codificação da interação de base teórica TEMPO que parece fácil de aprender e aplicável a um vasto âmbito de situações de desempenho de tarefas em grupo foi recentemente introduzido por Futuron Kel ley e McGrath 1989 A maioria dos métodos de observação publicados é feita de sistemas de observação de salas de aula como Flanders 1969 Em psicodiagnóstico há um duplo âm bito de conceitos e procedimentos que recebem o nome de diagnóstico de interação Nesse qua dro de referência o comportamento interativo é provocado por meio de técnicas experimentais testes tarefas de provocação de problemas e conflitos situações de desempenho de papel e analisado com a ajuda de sistemas de codificação da interação ver McReynolds e DeVoge 1978 Interação estatística Em pesquisa estatística a palavra interação está ligada ao método de pesquisa estatístico da análise fatorial de variação Nesse caso re ferese a uma possível fonte de variação a que se deve à ação conjunta isto é à interação de duas ou mais variáveis independentes ver Kerlinger 1973 Interacionismo A palavra referese a um grupo de teorias que tratam de efeitos interativos por exemplo a relação entre corpo e mente indivíduo e so ciedade organismo e meio ambiente Isso pode ser ilustrado nos exemplos que daremos a se guir Segundo Drever o interacionismo é uma teoria da relação entre a mente e o corpo que presume interação ou causalidade recíproca en tre os dois que a mente age sobre o corpo e o corpo sobre a mente como solução para o problema psicofísico 1964 p142 No campo da psicologia diferencial e da psicologia da PERSONALIDADE uma coletânea de artigos pu blicados por Enfler e Magnusson 1976 levou ao chamado debate pessoasituação durante o qual o interacionismo foi defendido como um modelo mais apropriado para a teoria e a pes quisa da personalidade Esse ponto de vista presume que o comportamento efetivo é deter minado por uma interação contínua e multidi recional entre variáveis de pessoa e variáveis de situação ibid 1976 Uma avaliação provisó ria e otimista desse persistente debate é apresen tada por Kenrick Funder 1988 Leitura sugerida Bales RF 1968 Interaction pro cess analysis In International Encyclopedia of the Social Sciences vol7 org por DL Sills p4657 Danzinger K 1976 Interpersonal Communica tion Duncan S e Fiske W 1977 FacetoFace In teraction Goffman E 1959 The Presentation of Self in Everyday Life Homans GC 1961 1974 Social Behavior its Elementary Forms ed rev Jaffe J e Feldstein S 1970 Rhythms of Dialogue Jones EE e Gerard HB 1967 Foundations of Social Psychology Parsons T 1968 Social interaction In Internatio nal Encyclopedia of the Social Sciences vol7 org por DL Sills p42941 JOHANN F SCHNEIDER interacionismo simbólico Ramo da socio logia norteamericana o interacionismo sim bólico é um produto da ESCOLA SOCIOLÓGICA DE CHICAGO Durante décadas foi uma oposi ção leal à teoria predominante de Talcott Par sons ver FUNCIONALISMO e às abordagens em píricas mais quantitativas Nos anos 60 o in teresse pelo interacionismo simbólico tornou se quase moda e esteve ligado de modo pouco claro à abordagem fenomenológica e a outras Hoje em dia essa teoria continua por um lado relativamente intacta enquanto que por outro lado existem tendências em primeiro lugar a superar a concentração nos fenômenos micros sociológicos e em segundo lugar conseguir uma compreensão histórica de si mesma A expressão interação simbólica foi cunhada por Herbert Blumer em 1937 Indica que esse ramo da sociologia e da psicologia social se concentra em processos de INTERAÇÃO ação social imediata reciprocamente orien tada e tem um conceito básico de interação que lhe enfatiza o caráter simbolicamente me diado Não se deve pensar aqui em relações sociais nas quais a ação seja mera concretização de regras preestabelecidas mas naquelas em que definições comuns e recíprocas da relação são propostas e estabelecidas As relações so ciais então não surgem como determinadas de uma vez por todas mas como abertas e depen dendo de constante aprovação em comum Esse princípio básico do interacionismo simbólico explica a sua afinidade metodológica com os chamados métodos qualitativos particular mente a abordagem da observação participante e a utilização de dados biográficos No nível do conteúdo processos de interação familiar pro Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar interacionismo simbólico 393 cessos de surgimento e definição de compor tamento desviado e subcultural foram abertos como campos de pesquisa No entanto seria insuficiente descrever essa abordagem apenas através de uma vaga carac terização de seus pressupostos básicos Acima de tudo é preciso observar que o programa de Blumer é uma condensação mais ou menos simplificadora da complexa obra teórica de GH Mead lida com um interesse psicológico social Sem utilizar a expressão Mead elabora o conceito de interação simbolicamente media da no quadro de uma teoria antropológica da comunicação por exemplo numa compara ção de modos de comunicação e sociabilidade animais e humanos enfatizando o signifi cado da autopercepção e da previsão do com portamento e demonstrando como essas coisas transformam meras expressões vocais em sím bolos significativos Sobre essa base ele in troduz uma visão transformada da estrutura da personalidade e um novo conceito de mente A capacidade do indivíduo de indicar algo a si próprio e de interagir consigo mesmo é crucial em ambos os casos Seguese então uma análise da origem e evolução ontogenética e filogené tica do eu do pensamento reflexivo e da ação intencional Mead considera a integração do comportamento individual na atividade de gru pos através de meios de mútua previsão de comportamento em vez de padrões biológicos fixos como o aspecto característico da sociabi lidade humana A crítica do interacionismo simbólico di rigese principalmente ao programa metodoló gico de Blumer afirmando 1 uma pretensa redução dos fenômenos sociais a formas de relação interpessoais imediatas 2 desatenção aos aspectos de poder e dominação 3 uma conceitualização de processos macrossociais em termos de meros horizontes para mundos da vida 4 total descaso pela dominação humana sobre a natureza e pela crescente independência dos processos sociais em relação às intenções e orientações de agentes individuais e coletivos Muitas dessas objeções ao programa de Blumer e a seus seguidores podem ser justificadas pelo menos em parte mas parecem estranhas quan do se leva em conta o âmbito total das contribui ções teóricas e empíricas dessa abordagem por exemplo incluindo a obra de Everett Hughes e sua escola com relação à sociologia do trabalho e das profissões liberais A importância e a potencialidade do intera cionismo simbólico só podem ser compreen didas no contexto da velha Escola de Chicago a que o interacionismo simbólico sucedeu mas que também limitou Num determinado sen tido ele marca o declínio da livre rede interdis ciplinar de teóricos pesquisadores sociais e reformadores da Universidade de Chicago que possuíam certa unidade embora a coerência íntima dos vários elementos nunca tenha sido elaborada e sequer reconhecida durante lon go tempo Essa coerência tem de ser compreen dida como resultado primeiro de uma concep ção da ordem social guiada por idéias democrá ticas segundo da primazia da sociabilidade derivada de uma teoria da ação e terceiro do conceito de ação desenvolvido pelo pragmatis mo Mas é preciso admitir que a análise de problemas sociais nos Estados Unidos nessa época produziu por exemplo na obra de RE Park um dualismo de tipos de ordem social uma dominada pela concorrência a ou tra pela COMUNICAÇÃO É importante para reconstrução da história do interacionismo simbólico verificar se esse dualismo foi dissolvido ou meramente disfar çado registringindose a pesquisa ao segundo tipo a ordem social criada de forma comunica tiva A produtividade dessa tradição para além dos fenômenos microssociológicos foi demonstrada na análise da divisão do trabalho no caso de organizações profissionais e na análise do comportamento coletivo e de movi mentos sociais Isso já seria motivo suficiente para dar a essa abordagem sociológica que durante décadas sofreu a falta de uma teoria uma abor dagem teórica e autocompreensiva coerente que contribuiria para os atuais debates teóricos Leitura sugerida Becker H 1963 Outsiders Study in the Sociology of Deviance Blumer H 1937 So cial psychology In Man and Society org por EP Schmidt Ο 1969 Symbolic Interactionism Perspective and Method Glaser B e Strauss A 1967 The Dis covery of Grounded Theory Strategies for Qualitative Research Hughes E 1971 The Sociological Eye Selected Papers Joas H 1985 GH Mead a Con temporary Reexamination of his Thought Mead GH 1934 1962 Mind Self Society org por CW Morris Ο 1964 Selected Writings org por AJ Reck Park RE 1967 On Social Control and Collective Behavior Selected Papers Thomas WI e Znaniecki F 1918 1974 The Polish Peasant in Europe and America 2 vols HANS JOAS Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 394 interacionismo simbólico interesse grupo de Um grupo de interesse é uma organização particular que busca reunir os valores e preferências que seus membros têm em comum e articulandoos tenta influenciar tanto a opinião pública quanto os planos gover namentais A expressão genérica grupo de interesse abrange organizações que existem basicamente para representar os interesses econômicos de seus membros como as associações de em pregados e as que buscam promover uma causa particular que reflete atitudes comuns de seus membros diante da vida Enquanto os grupos de interesse econômicos são geralmente descritos como os que defendem interesses setoriais e até mesmo egoístas os grupos promocionais são invariavelmente considerados como engajados na defesa desprendida de uma causa promovida no interesse de todos por exemplo os grupos ambientais Embora os termos divirjam a cate gorização dos grupos de interesse nesses dois tipos é característica da literatura acadêmica Embora se diferenciem dos partidos políti cos por tentarem influenciar o governo em vez de constituílo grupos de interesse têm agido como geradores de partidos políticos assim o Partido Trabalhista britânico tem origem no movimento sindical Além disso a diferença entre grupos econômicos e defensores de cau sas nem sempre é muito clara no mínimo por que os primeiros se identificam com causas mais abrangentes do que os interesses particu laristas de seus membros No século XX a preocupação com os grupos de interesse como campo de estudo tem origem em grande parte nos Estados Unidos Deita raízes numa tradição de textos sobre o sistema político norteamericano que sempre interpre tou sua pletora de grupos como um testemunho tanto da energia de seu povo quanto da vitali dade de sua democracia Nos Estados Unidos Truman 1951 La tham 1952 e um pouco mais tarde no Reino Unido Mackenzie 1955 Beer 1956 Finer 1958 e Europa Ocidental Lapalombara 1964 a adoção de uma abordagem centrada no grupo veio na esteira de Bentley 1908 Este havia proposto o estudo de grupos e suas intera ções com o governo como chave para a com preensão dos processos políticos mais amplos Embora libertasse os estudiosos da preo cupação exclusiva com constituições e institui ções políticas a moda dos estudos de grupos foi criticada por alguns por negligenciar ou com preender erroneamente os motivos dos indiví duos Olson 1965 e por subordinar o papel de instituições políticas mais tradicionais Crick 1959 Outros Bachrach e Baratz 1962 Lukes 1974 discordaram dos que como Dahl 1961 interpretaram a existência tão difundida de gru pos de interesse em competição aberta para influenciar planos de ação oficiais como indício da difusão do poder ver também PLURALISMO Contestaram essa análise pluralista afirmando que o poder se concentra nas mãos de relativa mente poucos grupos os quais se envolvem com o governo devido a seu papel econômico estratégico Mills 1956 Lindblom 1977 O revigoramento do debate intelectual sobre o conceito de PODER é um resultado direto do estudo de grupos de interesse A literatura sobre grupos de interesse es pecialmente em relação à elaboração de políti cas públicas Kimber e Richardson 1974 Wil son 1981 Marsh 1983 levou a um conheci mento mais completo tanto da dinâmica quanto da substância das ações governamentais Além disso seu estudo colocou em destaque a neces sidade de instituições mediadoras entre o cida dão e o governo proporcionando aos indiví duos tanto a oportunidade quanto o motivo para uma representação e uma PARTICIPAÇÃO políti cas através de outros meios que não os partidos políticos Por esses motivos e devido à questão de eles promoverem ou prejudicarem um go verno democrático os grupos de interesse tor naramse um elemento integrante na análise dos sistemas políticos Ver também MOVIMENTO SOCIAL Leitura sugerida Bentley AF 1908 1967 The Process of Government org por P Odergard Berger SD org 1981 Organizing Interests in Western Eu rope Pluralism Corporatism and the Transformation of Politics Dahl R 1961 Who Governs Democracy and Power in an American City Jordan AG e Richardson JJ 1987 Britsh Politics and the Policy Process Olson M 1965 The Logic of Collective Ac tion RA WILFORD interesses Dizer que uma ação uma política ou um estado de coisas existe no interesse de um indivíduo ou da coletividade é indicar que isso promoveria seu bemestar de alguma forma significativa A atribuição de interesses pode servir a fins normativos ou explanatórios num caso é usada para recomendar ou justificar uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar interesses 395 ação tomada em benefício de outrem por exem plo por governos pais ou assistentes sociais no outro é usada para explicar ou prever com portamentos O uso normativo propõe questões sobre as condições físicas psicológicas e sociais que contribuem para o bemestar da coletividade ou do indivíduo em questão Uma vez que há pontos de vista diferentes sobre quais poderiam ser essas condições a atribuição de interesses geralmente fica aberta ao debate Não há moti vo para supor que indivíduos ou coletividades precisem estar cônscios dos interesses que su postamente têm Antes a questão é que sua situação social supostamente identifica um in teresse visàvis outras coletividades ou indiví duos relevantes os interesses de uma criança em contraste com os de seus pais da classe operária em oposição aos da burguesia de dife rentes categorias de contribuintes do Imposto de Renda da comunidade como um todo em vez de interesses meramente setoriais e assim por diante A atribuição de interesses nesse aspecto implica pouco mais que um argumento plausível relacionando seu bemestar a alguma política ou estado de coisas Nada precisa dizer sobre o que está motivando o indivíduo ou coletividade em questão O uso explanatório propõe questões de or dem diferente Jürgen Habermas apontou que a experiência humana se organiza em termos de interesses cognitivos a priori No entanto a compreensão mais habitual dos interesses é como propriedades contingentes mas relativa mente estáveis de indivíduos ou coletividades diferente de vontades ou desejos transitórios que lhes fornecem os motivos efetivos ou po tenciais para a ação Muitos autores concor dariam com a afirmação de Connolly de que toda teoria explanatória da política inclui pressupostos sobre as pessoas e seus reais in teresses 1983 p73 Os interesses já foram encarados como uma fonte elementar de con flito social e de diferenças nas filosofias ou visões políticas de diferentes classes e como explicação de aspectos importantes da cultura e do conhecimento Tem havido muitas mudanças no modo co mo se pensa que os interesses se relacionam a outras fontes de motivação mas no período moderno a busca de interesses é normalmente comparada com o comportamento nãomotiva do pelo autointeresse Max Weber por exem plo trata os interesses e valores materiais como fontes independentes de motivação for necendo motivos diferentes e às vezes con flitantes para a ação O PLURALISMO norteame ricano analisa a vida política como uma questão de interações de grupos organizados que se associam para a defesa ou promoção de seus interesses Esse ponto de vista indica que as organizações aglutinam e expressam interesses existentes de forma independente mas hoje se reconhece de maneira geral que as próprias organizações desempenham um papel impor tante na determinação dos interesses que são efetivamente representados na vida política Os interesses às vezes são encarados como passíveis de causar efeitos mesmo quando não são conscientes para os que agem motivados por eles Uma manobra comum é desmascarar o que parece ser um comportamento despren dido de interesses afirmando revelar seus ver dadeiros fundamentos em termos de interesses Em O 18 Brumário de Luís Bonaparte Marx insiste em afirmar que o que distinguia as fac ções legitimista e orleanista dentro do monar quismo francês não era nenhum dos chamados princípios mas suas condições materiais de existência dois tipos diferentes de propriedade 1852 p118 Aqui as condições mate riais dão origem a interesses que explicam as conseqüentes idéias e ações Os interesses dis tintos das duas facções monarquistas explicam suas diferenças políticas bem como as convic ções os artigos de fé e coisas do gênero que elas usam para justificar suas ações Os interesses em questão nessa manobra de desmascaramento são por vezes descritos como objetivos significando que sua existência e efi cácia não dependem necessariamente de ne nhuma consciência subjetiva por parte dos que têm esses interesses No uso normativo não existe problema maior em tratar os interesses como objetivos nesse sentido No entanto se a atribuição de interesses deve servir a um propó sito explanatório esses interesses devem for necer algum agente ou agentes com motivos para a ação Essa condição cria várias dificul dades Primeiro interesses que são objetivos nesse sentido podem muito bem não ser reco nhecidos pelos que se acredita agirem a partir deles Nesse caso sua significação explanatória é obscura a não ser que se pressuponha que os interesses em questão são inconscientes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 396 interesses Em segundo lugar atribuemse interesses objetivos a indivíduos ou coletividades em vir tude de algum aspecto significativo de sua colo cação social como classe etnia ou sexo No exemplo acima Marx nos reporta às formas de propriedade que distinguem os interesses de legitimistas e orleanistas O conceito de interes se parece então fornecer um elo explanatório entre as colocações de indivíduos ou coletivi dades dentro de uma estrutura de relações so ciais por um lado e suas ações por outro suas colocações lhes proporcionam interesses que por sua vez lhes fornecem motivos para a ação Diferentes aspectos da estrutura social podem muito bem ser usados para especificar conjuntos diferentes e às vezes conflitantes de interesses A análise desses interesses conflitantes e de seus efeitos tem sido um tema importante em várias tradições da análise política por exem plo na argumentação sobre o operário afluen te dos anos 60 e em tratamentos mais recentes de contraditórias colocações de CLASSE Finalmente o ponto de vista de que a loca lização social dá origem a interesses objetivos coloca um problema de explicação no caso dos que não agem a partir dos interesses que esse ponto de vista lhes atribui O marxismo conven cionalmente atribui à classe operária o interesse pelo socialismo mas as classes operárias nas sociedades capitalistas avançadas em sua maioria não reconhecem tal interesse e nem agem a partir dele O problema consiste então em explicar o fracasso do suposto elo entre localização e ação social e com freqüência se dá uma resposta em termos de operação de poder falsa consciência e ideologia Leitura sugerida Barry B 1965 Political Argument Berger SD org 1981 Organizing Interests in Wes tern Europe Braybrooke D 1987 Meeting Needs Connolly WE 1983 The Terms of Political Discourse Habermas Jürgen 1968 1971 Knowledge and Hu man Interests Hirschman AO 1977 The Passions and the Interests Mannheim K 1929 1960 Ideolo gy and Utopia Moe TM 1980 The Organization of Interests Incentives and the Internal Dynamics of Po litical Interest Groups BARRY HINDESS internacionalismo A insistência em que os problemas sociais e políticos devem ser con siderados a partir de um ponto de vista que transcenda o de qualquer estado isolado não é novo Hinsley 1963 começa sua história das teorias internacionalistas com o De Monarchia de Dante que se acredita datar de 1310 No século XX o internacionalismo tomou três ca minhos diferentes embora relacionados a pro moção da ação interfronteiras nacionais pelos que têm opiniões e INTERESSES semelhantes o que é às vezes chamado de transnacionalis mo a oposição na tradição de J Bentham a políticas de estado estreitamente nacionalistas como o protecionismo e o apoio à criação sustentação e reforço de instituições interna cionais Eticamente a principal discussão se dá entre os que afirmam que o estado é fundamental mente um nexo de obrigação especial e geral Paskins 1978 p163 e os que afirmam que a sociedade internacional devia ser estruturada de forma a expressar os direitos e deveres que cada membro da humanidade pode racional mente pretender ter com relação aos outros Linklater 1982 p9 e encarar todos os mo ralismos particularistas como formas de en tendimento humano a serem superadas com o tempo à medida que os homens apreendam a natureza de sua capacidade para a autodeter minação ibid p137 O caminho transnacionalista é exemplifi cado pelo MARXISMO o qual em sua forma original afirmava que o estado era mero ins trumento da burguesia e que o operário não tem pátria mas a própria ocorrência da Primei ra Guerra Mundial demonstrou a insuficiência da solidariedade proletária internacional Quando a Revolução de Outubro de 1917 na Rússia fracassou no intento de provocar uma insurreição de operários por todo o sistema capitalista o internacionalismo da Segunda In ternacional fundada em 1889 e suas suces soras se tornou pragmático em vez de radical e a representação direta dos operários dentro de delegações nacionais na Organização Inter nacional do Trabalho deu aos socialistas algum espaço para a cooperação transnacional Em contraste a Terceira Internacional fundada por Lenin tornouse um canal através do qual a União Soviética controlava os partidos comu nistas do resto do mundo até que as interven ções soviéticas na Hungria em 1956 e mais escandalosamente na TchecoEslováquia em 1968 liberaram a maioria dos marxistas oci dentais dessa subserviência Entre as manifes tações nãomarxistas de transnacionalismo no final do século XX incluemse instituições be neficentes e movimentos como o Oxfam o Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar internacionalismo 397 Desarmamento Nuclear Europeu END a Anistia Internacional e o Greenpeace O segundo caminho o benthamista viu se cada vez mais contestado neste século e no seu aspecto econômico não só por parte de nacionalistas Entre as duas guerras mundiais os repetidos apelos vindos de conferências da Liga das Nações por reduções gerais de tarifas exemplificou o utopismo denuncia do por EH Carr 1939 ver RELAÇÕES INTER NACIONAIS Seguidores do KEYNESIANISMO tam bém encaravam o livre comércio e o multilate ralismo como equivocados na ausência de uma economia internacional gerenciada dotada de mecanismos adequados para sustentar uma de manda efetiva ponto de vista nominalmente incorporado nas instituições criadas em Bretton Woods para gerir a economia internacional de pois da Segunda Guerra Mundial e que JM Keynes ajudou a negociar Outro aspecto dessa forma de internacionalismo o princípio da li berdade de movimento através de fronteiras também tem precisado empreender uma ação de retaguarda contra controles da imigração cada vez mais restritivos e obstáculos cada vez maiores à concessão de asilo a refugiados Na primeira parte do século os que tomaram a via institucional para o internacionalismo ver Angell 1908 Woolf 1916 em geral fize ram da paz o seu objetivo embora conforme assinalado acima os organismos recémcriados comumente assumissem outras tarefas Com a entrada de novos estados quase todos subde senvolvidos nas Nações Unidas depois de 1950 os internacionalistas também buscaram esses organismos para promover o desenvol vimento e corrigir as pretensas idiossincrasias do sistema econômico vigente ver também DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO Na parte final deste século o internacionalismo institucional acrescentou a suas preocupa ções a defesa mundial dos direitos humanos a proteção do meio ambiente e o controle dos recursos do mar encarados como herança co mum da humanidade Leitura sugerida Carr EH 1939 1964 Twenty Years Crisis Dower N 1983 World Poverty Hins ley FH 1963 Power and the Pursuit of Peace Lin klater A 1982 Men and Citizens in the Theory of International Relations Paskins B 1978 Obliga tion and the understanding of international relations In The Reason of States org por M Donelan RODERICK C OGLEY invenção A criação de novas estruturas prá ticas ou objetos institucionais bem como qual quer alteração significativa que estas sofram é um aspecto permanente da história humana Por inúmeros motivos no entanto no século XX invenção tem sido uma palavra amplamente reservada para descrever desenvolvimentos científicos e tecnológicos ver MUDANÇA TECNO LÓGICA Acrescentese a isso que as teorias com base determinista seja econômica biológica psicológica ou tecnológica presumem que mu danças institucionais ou de atitude são funções de exigências sistêmicas Mas uma teoria que atribui à própria invenção um caráter indepen dente admite pressupostos mais prometéicos com respeito à capacidade das pessoas de al terarem radicalmente seu meio ambiente De acordo com esse ponto de vista o soneto e o botão foram ambos invenções uma cultural e a outra tecnológica ambas representando tipos diferentes de criatividade por parte dos in divíduos em reação a necessidades detectadas White 1963 p114 As teorias sobre a invenção concentrando se em atos criativos tanto tecnológicos quanto sociais econômicos culturais e políticos en focam ao mesmo tempo as origens e a natureza dos atos inventivos e dos padrões de difusão Muitos autores enfatizam o fato de as invenções raramente resultarem de um único ato criativo mas em geral de uma série de respostas inova doras por vezes no decorrer de muitos anos à necessidade de se resolver um problema Bell só pôde inventar o telefone devido à sua própria falta de especialização uma vez que o inventor viu possibilidades para o instrumento como aparelho de transmissão da fala que os especia listas em telegrafia não conseguiram enxergar Hounshell 1975 A invenção arquitetônica resulta da inclusão lúdica de imagens e estilos culturais disparatados Venturi et al 1977 Alguns autores apontam que o desenvolvimen to de certos tipos de invenções pode remontar ao Weltanschauung de diferentes períodos his tóricos Robert Nisbet afirma que a Idade Média foi rica na criação de invenções sociais a guil da o mercado o mosteiro a universidade enquanto no século XX há escassez de inven ções sociais e preocupação com invenções tec nológicas 1975 Outros autores afirmam que a invenção ocorre mais freqüentemente em pe ríodos de convulsão política particularmente revoluções Georges Sorel referindose à poe Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 398 invenção sia social da atividade revolucionária discute a criação de mitos de uma sociedade futura como expressões da vontade 1906 Hannah Arendt afirma que as revoluções modernas pro duziram regularmente instituições representati vas inventadas que até agora não conseguiram sobreviver 1965 O papel das fontes institu cionais de invenção também tem sido examina do como no caso do impacto dos laboratórios de pesquisa sobre a invenção tecnológica e no das estruturas ideológicas sobre as invenções políticas Se importantes mudanças culturais tecnológicas e políticas podem ser concebidas como invenções surgem importantes questões adicionais quanto à natureza da interação entre invenções e sobre se é possível categorizar in venções em geral Alguns autores afirmam que as recentes invenções na tecnologia eletrônica permitem a invenção de novas práticas demo cráticas Barber 1984 Outros afirmam que a invenção tecnológica atravanca outras formas inventivas pela dependência cultural em rela ção a um jeito tecnológico de resolver proble mas As próprias invenções têm sido categori zadas por seu impacto sobre a sociedade e de umas sobre as outras ou em termos de sua propensão a gerar ou impedir a libertação hu mana Leitura sugerida Abbott Philip 1987 Seeking New Inventions The Idea of Community in America Hughes Thomas 1989 American Genesis a Century of Invention and Technological Enthusiasm Illich Ivan 1978 Toward a History of Needs Nisbet Robert 1976 Sociology as an Art Form Pool Ithiel de Sola org 1977 The Social Impact of the Telephone PHILIP ABBOTT islamismo Religião monoteísta mundial o islamismo combina lei divina revelação profé tica e um texto sagrado para formar uma tradi ção religiosa detalhada e abrangente Embora existam várias versões do islamismo há tam bém um cerne ortodoxo que ainda representa autoridade Do ponto de vista ortodoxo o islamismo é atemporal Como fé baseada na total submissão à vontade de Alá o islã não tem princípio nem fim O islamismo é autosuficiente no sentido de não ter dependido de nenhuma outra religião mas é também a última religião que aperfeiçoa todas as outras versões de monoteísmo De um ponto de vista sociológico o islamismo é uma religião abraâmica que participa de muitas crenças e instituições do cristianismo ver CRIS TÃ TEORIA SOCIAL e do JUDAÍSMO tais como um livro sagrado o Corão um profeta ético Mao mé uma tradição normativa a Suná uma doutrina da salvação individual e uma visão do islã como uma comunidade social a Umá que é essencial para que os muçulmanos pratiquem plenamente sua religião As diferenças prin cipais que representam controvérsia entre os eruditos são que o islã tem um senso mais forte da natureza indivisível da lei e da religião não tem sacerdote sacramental e seu cerne ortodoxo dá pouca atenção ao ritualismo sacramental O islamismo ortodoxo não tem tradição de batis mo eucaristia ou confissão Onde esse tipo de ritualismo se desenvolveu no islamismo foi associado a tradições mais populares ou a dis sidências como o sufismo De uma perspectiva histórica o islamismo surgiu na Arábia no século VII nas cidades de Medina e Meca como conseqüência da prega ção de Maomé 570632 O profeta recebeu o Corão na forma de versos ou capítulos surat inspirados que conclamavam todas as pessoas a aceitarem Alá como o deus uno e único renunciarem a todos os aspectos de suas reli giões locais e se unirem em uma comunidade a Nação Islâmica a fim de praticarem cor retamente sua religião A partir dessas primeiras práticas desenvolveuse um núcleo de prática ortodoxa chamado os Cinco Pilares do islã a renúncia à heresia politeísta pela proclamação de que há um só Deus Alá e Maomé é o seu Profeta Shahadá o jejum durante o mês de Radamã a peregrinação a Meca Haji a doa ção de esmolas Zaká e a prece diária Salá O islã desenvolveuse num nicho geopolíti co entre dois impérios em declínio o bizan tino e o sassânida Tendo superado com sucesso a oposição a suas prédicas a simplicidade da mensagem de Maomé funcionou como impor tante elo social que enquanto ele viveu uniu as tribos nômades fissíparas O islã difundiuse rapidamente pelo Oriente Médio e o Norte da África Houve muita controvérsia quanto às causas da conversão ao islamismo As críticas enfatizam a importância da guerra santa Jihad e os benefícios econômicos tanto da conversão quanto da proteção O islamismo é encarado em geral como uma religião guerreira que se difundiu pela força mas é importante reco nhecer que a expansão islâmica dependeu em grande parte da expansão do comércio e dos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar islamismo 399 laços comerciais como as rotas ao longo das quais se disseminaram os missionários islâmi cos O islamismo é essencialmente uma religião urbana de mercadores não uma fé de nômades do deserto Depois da morte do Profeta o islamismo dividiuse em uma maioria sunita e um movi mento minoritário xiita O sunismo tornouse a ideologia oficial do califado a instituição cen tral da sociedade islâmica organizada Em con traste o xiismo que até veio a se tornar a religião oficial da Pérsia baseavase na idéia de uma sucessão carismática de líderes religio sos imãs cuja legitimidade era determinada por descenderem do Profeta Seu ethos religio so dava maior ênfase ao sofrimento e ao mar tírio o sunismo continuou sendo uma prática mais sóbria e ascética Esses dois ramos do islamismo acabaram por desenvolver diferen tes características jurídicas e religiosas O su nismo desenvolveu quatro ritos principais hanafita maliquita xafiita e hanabalita Uma vez a lei sagrada xariá plenamente desenvol vida por essas quatro escolas afirmouse que nenhuma outra ou nova interpretação dela era possível a porta do julgamento ijtihad estava fechada Intelectualmente o islamismo entrou então num longo período do século X ao XIX de fossilização oficial durante o qual qualquer mudança nas doutrinas essenciais enfrentava uma oposição impiedosa Embora o islamismo continuasse a se expandir pela criação de novos centros culturais e políticos na Espanha na Índia na Pérsia e na Turquia cientistas sociais afirmaram que o fato de ele não conseguir manter uma vantagem técnica e militar na Eu ropa tem sua origem nessa rígida oposição à inovação Depois de uma série de encruzilhadas decisivas para o islã a perda da Espanha em 1492 as derrotas militares fora dos portões de Viena em 1529 e 1683 e a derrota da marinha otomana na batalha de Lepanto em 1571 o Ocidente capitalista adquiriu uma estratégica vantagem econômica e militar dentro do sis tema mundial Com a expansão do capitalismo e do COLONIALISMO ocidental pela África Índia e Ásia o território islâmico se viu cercado Quando chegou o século XIX o islamismo es tava decididamente na defensiva contra o im perialismo ocidental na medida em que muitas sociedades muçulmanas vieram a ficar sob o controle europeu e portanto cristão direto ou indireto Muitos líderes muçulmanos do século XX como o coronel Muammar alKadafi da Líbia encaram a expansão territorial do século XIX como o último estágio das Cruzadas Entre a expedição egípcia de Napoleão e a Primeira Guerra Mundial o islamismo passou por três importantes transformações sociais A primeira foi o declínio político do Império Oto mano em relação à expansão ocidental resul tando em seu desmembramento depois de 1918 em segundo lugar as economias dos vários estados muçulmanos foram incorpora das ao capitalismo global em uma base de de pendência e em terceiro lugar houve impor tantes reações a esses desenvolvimentos secu lares sob a forma de movimentos religiosos O movimento Wahabi fundado por Muhammad ibn Abd alWahab 170387 buscava criar um retorno fundamentalista aos princípios islâmi cos Reações liberais por parte da intelligentsia urbana particularmente no Egito tentaram in tegrar uma reforma do islamismo com prin cípios ocidentais de democracia parlamentar e educação secular A reação islâmica à penetra ção econômica e cultural do Ocidente foi assim intensamente ambígua oscilando entre a aceita ção pura e simples da ocidentalização secular e o violento nacionalismo anticolonialista No século XX esses dilemas sociais e cul turais continuaram apesar do bemsucedido processo de descolonização que ocorreu depois da Segunda Guerra Mundial Imediatamente depois da guerra as sociedades islâmicas es tavam sendo significativamente influenciadas por várias formas de NACIONALISMO secular dos quais a mistura egípcia criada por Nasser de nacionalismo e PANARABISMO constitui um exemplo significativo Na Argélia o movimen to de libertação teve forte ligação tanto com o nacionalismo quanto com o SOCIALISMO marxis ta Na Indonésia a luta contra o colonialismo ocidental especificamente o holandês adotou uma mistura de universalismo islâmico paga nismo nacionalismo e culto à personalidade de Sukarno No Irã o líder intelectual Ali Xariati 193377 criou uma mistura revolucionária de marxismo e xiismo a fim de inspirar o movi mento de massa para o qual a palavra de Alá era a voz do povo Esses movimentos anticolonialistas radi cais que combinaram o nacionalismo secular com os princípios sociais islâmicos têm sido lenta porém gradualmente desafiados no final Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 400 islamismo do século XX por uma profunda ênfase no FUNDAMENTALISMO que rejeita a MODERNIZAÇÃO tanto capitalista como socialista e a religiosi dade popular tradicional das ordens sufitas No Egito Hassan alBanna 190649 fundou a Ikhwan alMuslimun a Irmandade Muçulma na para combater o imperialismo promover a unidade islâmica e desafiar os governos islâmi cos que colaborassem com o controle ocidental A Ikhwan opunhase aos aspectos secularistas do nasserismo tentou obrigar Sadat a promover a total islamização da vida social egípcia e têmse oposto renhidamente a qualquer proces so de paz com os israelenses Como a Ikhwan tem uma massa de adeptos e amplo apoio no exército permanece como força de oposição significativa No Paquistão Maulana Abul Ala Mawdudi 190379 criou em 1941 a JamaatiIslami que originalmente tinha objetivos estritamente reli giosos No entanto os textos de Mawdudi foram assumindo uma direção cada vez mais política pois ele condenava o nacionalismo como uma idéia ocidental que dividia a comunidade muçulmana Conclamou à criação de um estado islâmico que deveria basearse em princípios exclusivamente religiosos Nos anos 70 a Ja maat desempenhou papel importante na luta contra o secularismo do Partido do Povo do Paquistão do presidente Bhutto e exerceu pressão sobre o general Zia ul Haq para ins taurar o NizameMustafá o sistema islâmico No Irã a oposição à dinastia Pahlavi e às políticas econômicas ocidentais do xá Reza encontrou apoio considerável nos grupos fun damentalistas que acabaram se reunindo sob a liderança do aiatolá Ruholla Musavi Khomeini 190289 Khomeini contestou o governo de todos os países muçulmanos por não terem conseguido manter a Xariá por aceitarem in fluências estrangeiras e por descuidarem dos direitos de seus cidadãos muçulmanos A queda do xá 197879 resultou no triunfo dos juristas e do clero os mulás no que dizia respeito à regulamentação do cotidiano e à imposição de práticas e crenças religiosas especialmente no retorno simbólico do véu ao vestuário feminino As idéias de Khomeini continuam a ter muitos seguidores xiitas leais no Iraque no Líbano e nos estados do Golfo Mudanças religiosas semelhantes embora menos espetaculares têm ocorrido por todo o mundo islâmico Na Argélia um levante ocor rido em 1988 no qual o fundamentalismo islâ mico desempenhou seu papel forçou o regime a adotar reformas sociais de inspiração religiosa e a legalizar o partido islâmico de oposição a Frente Islâmica do Salut No Sudão um golpe militar contra SadiqalMahdi foi desfechado em 1989 por oficiais próximos à Ikhwan Na Tunísia grupos islâmicos de oposição conse guiram 17 dos votos populares em 1989 Nas áreas ocupadas da Palestina as forças islâmicas têm sido influentes na luta de Intifada contra as forças israelenses As causas do fundamentalismo islâmico são complexas Ele representa uma reação aos fra cassos das tentativas capitalistas de elevar o padrão real de vida das massas e também às tentativas políticas de se impor o comunismo secular A mensagem igualitária islâmica de luta revolucionária tem tido sucesso na mobili zação das massas rurais e urbanas contra gover nos que se mostram simpáticos a influências ocidentais e contra outros que buscaram o apoio soviético O protesto popular contra as elites urbanas encontrou uma liderança natural nos mulás enquanto as mesquitas se tornaram pontos estratégicos de reunião da oposição que pouquíssimos governos têm ousado atacar Duas outras mudanças ocorridas no século XX foram cruciais O desenvolvimento de um sistema de comunicação mundial permitiu à comunidade muçulmana em todo o mundo transformarse numa força política global mais unida A peregrinação a Meca tornouse um aspecto crucial da globalização islâmica Em segundo lugar a presença do islã tornouse uma força política na Europa em parte como con seqüência da extensa migração para a Grã Bretanha a França e a Alemanha e em menor medida no que era o bloco socialista soviético Esses conflitos chegaram a uma crise no caso Salman Rushdie que envolveu um protesto de massa em 1989 contra o prosseguimento da publicação do livro Os versículos satânicos Essa luta é um aspecto de uma campanha mais ampla por escolas muçulmanas currículo islâmico o direito de usar trajes muçulmanos em público e o reconhecimento da lei pessoal islâmica O islamismo em resultado de sua ligação com os estados produtores de petróleo também tem desempenhado um importante papel eco nômico no desenvolvimento de sociedades mu çulmanas especialmente no Terceiro Mundo No entanto a proibição islâmica da usura mui Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar islamismo 401 tas vezes tem forçado líderes comerciais islâmi cos a dependerem de intermediários ocidentais Esse relacionamento teve algumas conseqüên cias desastrosas como no caso da derrocada do BCCI em 1992 Por fim o aparente triunfo do fundamenta lismo tem sido contestado contudo por inúme ros intelectuais liberais de destaque no islã e existe considerável oposição por parte de mu lheres muçulmanas radicais que rejeitam a tra dicional reclusão das mulheres o uso do véu e a prática dos casamentos combinados Leitura sugerida Arkoun M 1984 Pour une critique de la raison islamique Cragg K 1965 Islamic Sur veys Counsels in Contemporary Islam Esposito JL org 1980 Islam and Development Religion and Socio political Change Hodgson Marshall GS 1974 The Venture of Islam Hourani AH 1962 1983 Arabic Thought in the Liberal Age 17981939 Roff WR org 1987 Islam and the Political Economy of Meaning Comparative Studies of Muslim Discourse Shariati A 1980 On the Sociology of Islam Smith WC 1957 Islam in Modern History Turner Bryan S 1974 Weber and Islam a Critical Study Watt WM 1988 Islamic Fundamentalism and Modernity BRYAN S TURNER Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 402 islamismo J jogos teoria dos Um grupo de indivíduos está tomando parte em um jogo sempre que o destino de um deles depende não apenas de suas próprias ações mas também das ações do res tante do grupo O xadrez é o exemplo típico Se as brancas ganham perdem ou empatam isso depende não só dos movimentos feitos pelas brancas mas também dos movimentos feitos pelas pretas O bridge e o pôquer são outros exemplos com o interesse adicional de que a falta de informações relevantes complica os problemas de decisão dos jogadores A palavra jogo é natural para os exemplos dados acima Mas para jogos realmente interessantes não seria costumeiro usar a pala vra jogo na linguagem comum Considerem se por exemplo a guerra as discussões de um tratado internacional a competição pela sobre vivência entre animais ou por status entre seres humanos eleições negociações salariais ou a operação de uma economia de mercado Todas essas atividades se enquadram na nossa defini ção de jogo Esse uso não tem intenção de implicar que as guerras são divertidas ou que a economia é uma boa distração Simplesmente reflete a descoberta feita por John Von Neu mann e Oskar Morgenstern em seu livro monu mental The Theory of Games and Economic Behavior 1944 de que tanto os jogos de salão quanto os jogos da vida real colocam problemas semelhantes e que uma análise capaz de funcio nar para aqueles pode portanto muito bem ser relevante para estes Isso não significa que os jogos de salão e os da vida real sejam semelhantes em todos os aspectos A analogia observada por Von Neu mann e Morgenstern entre os jogos da vida real e os jogos de salão reside unicamente em seus aspectos estratégicos Seria inteligente por par te de uma pessoa que desempenha o papel de jogador em um jogo da vida real pensar em reduzir o problema com que se defronta aos seus fundamentos essenciais descartando todo e qualquer detalhe que não seja de imediata relevância Esses detalhes na melhor das hipó teses são uma distração e na pior podem obs curecer de tal forma as coisas que não se consiga fazer nenhum progressoUma vez afastados to dos os detalhes irrelevantes o jogador fica com um problema de decisão abstrato A observação de Von Neumann e Morgenstern é que a es trutura básica desses problemas de decisão é a mesma independente de ser derivada de jogos de salão ou de jogos da vida real O surgimento do livro de Von Neumann e Morgenstern despertou grandes esperanças que só viriam a ser concretizadas consideravelmen te mais tarde O livro introduziu duas aborda gens do tema uma abordagem nãocooperati va e uma abordagem cooperativa A aborda gem mais bemsucedida e satisfatória é a pri meira uma vez que busca tirar suas conclusões da teoria sobre a tomada racional de decisões por parte de indivíduos agindo isoladamente No entanto a análise nãocooperativa de Von Neumann e Morgenstern só se aplicava a jogos de duas pessoas em que o total de perdas iguala o total de ganhos e nos quais não importa o que um jogador ganhe o outro perde Sua teoria minimax para esses jogos é merecidamente cé lebre Não obstante poucos jogos da vida real têm essa equivalência de perdas e ganhos Sua abordagem cooperativa preocupavase com a formação de coalizões Eles formularam axio mas plausíveis sobre as estruturas de coalizão com possibilidades de sobreviver a um exame racional por parte de jogadores movidos por interesse próprio e exploraram suas conse qüências Embora a abordagem cooperativa seja me nos satisfatória sustentouse até período relati vamente recente uma vez que se mostrou muito difícil o progresso com a teoria nãocooperati va No entanto no decorrer dos últimos 15 anos 403 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra J Produção Textos Formas Para Ed Zahar foram feitos grandes avanços na teoria nãoco operativa Estes apoiaramse na idéia de equilí brio Nash introduzida por Nash 1951 As estratégias usadas pelos jogadores constituem um equilíbrio Nash quando a estratégia de cada jogador é a melhor reação possível às estraté gias dos outros Esses avanços revolucionaram a teoria eco nômica ver CIÊNCIA ECONÔMICA Também se avançou muito na teoria da concorrência imper feita Tirole 1988 na teoria da negociação Binmore e Dasgupta 1987 e na economia da informação Rasmusen 1989 Houve progres sos igualmente na biologia evolucionista May nard Smith 1984 Em outras áreas das ciências sociais a influência de novas idéias na teoria dos jogos foi mais tangencial No entanto o estudo de como pode surgir a colaboração entre indivíduos movidos pelo autointeresse é um tema que vem se mantendo em pauta Axelrod 1984 Hoje em dia é difícil sequer contemplar essa questão sem recorrer à teoria de jogos repetidos Ver também DECISÃO TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA Leitura sugerida Aumann RJ e Hart S orgs 1992 The Handbook of Game Theory Binmore K 1990 Essays on the Foundations of Game Theory KEN BINMORE judaísmo Um sistema de crença que em tempos remotos surgiu com uma idéia única o monoteísmo e no decorrer do tempo elaborou essa idéia construindo imperativos éti cos primeiro para o Deus único e depois atra vés da aliança e da revelação um conjunto de leis atemporais a Torá que o povo de Israel exaltado através das experiências da libertação e do êxodo endossou e em seguida ampliou para uma literatura eterna a Bíblia Com o Deus único e a Torá única surgiu simultânea e inse paravelmente o senso de pertencer a um povo de ser o povo eleito ou melhor o povo que elegia e a identificação de uma região como a única a prometida a Terra Santa Tempo e espaço assim validavam os sonhos efêmeros de nômades do deserto Em uma ingênua dialética de ambição hu mana e justiça social sofisticação política e força bruta aprendizado ascético e prazer sen sual as pessoas viamse divididas por e entre o poder exterior e a luta interior guiadas censu radas e eventualmente consoladas por esse fe nômeno exclusivamente judaico o Profeta fervoroso aterrador intransigente mas sempre proclamando uma ética racional ensi nando à humanidade segundo Max Weber os primeiros passos rumo ao desencanto do mun do Em uma nação de dissidentes onde até o ateísmo é resolvido através da lei os conflitos de princípios as contendas entre conceitos as lutas a respeito de questões tendiam a ter prece dência sobre as realidades terrenas e a disciplina política O preço que pagaram foi elevado Isso deu a Israel sua primeira provação do exílio mas deixou intacto o impulso criativo do povo Na Babilônia o templo foi substituído pela sinago ga e as preces diárias tomaram o lugar do culto sacrificial Apesar de todo o papel central de sempenhado pela história na visão de mundo judaica ela não protegeu a iniciativa judaica de cair uma segunda vez na armadilha da derrota e da dispersão através da dissensão interna e do antagonismo entre irmãos o que incluiu o sur gimento de Jesus e o nascimento da cristandade Não obstante a unidade conceitual de DeusTo ráPovoTerra foi mantida e preservada e os transmissores do judaísmo os judeus tornaramse de acordo com a previsão da Torá objeto de desprezo entre as nações A segunda dispersão mais total e mais ex tensa do que a primeira colocou o judaísmo em contato ainda que limitado e muito mal tolera do com uma série de outras religiões e sistemas de crença resultando em muitas mudanças es truturais no judaísmo freqüentemente devidas ao impacto catalisador das culturas hospedei ras Sacerdotes e profetas deram lugar a um judaísmo rabínico com os rabinos como professores e guardiães da lei judaica no qual as codificações de uma lei oral em oposição à lei escrita revelada ofereciam uma fonte inesgotável de adaptação social e intelectual Isso estabeleceu um contínuo de tradição e progresso que permitiu ao povo con ciliarse com praticamente todas as variantes sociais econômicas ou políticas Embora obs tinadamente intolerante para com o ateísmo e todas as formas de culto pagão o judaísmo teve mais facilidade em se acomodar às duas reli giões predominantes na diáspora países da dis persão o cristianismo e o islamismo do que estas tiveram em se acomodar à religião matriz O judaísmo rabínico descobriu meios de incorporar problemas teológicos e filosóficos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra J Produção Textos Formas Para Ed Zahar 404 judaísmo do Ocidente cristão e o pensamento científico e matemático do Oriente árabe sem em ambos os casos sacrificar sua orientação expressamente judaica As freqüentes hostilidades manifes tadas contra judeus foram utilizadas para criar comunidades isoladas e muito coesas lideradas por rabinos com os pés bem firmes na terra e apoiadas pela autonomia espontânea que uma segregação imposta criava Assim como a men sagem profética era deliberadamente racional o mesmo acontecia com o ensino rabínico sobre questões práticas e metafísicas a liberdade é uma precondição do judaísmo mas só pode existir sob o domínio da lei a igualdade não é meramente social e econômica mas também espiritual não pode haver fortes reverências eclesiásticas a salvação é ela própria uma so lução racional do conflito humano do que re sulta que o Messias não é esperado para a salvação individual seu papel sendo nacional em primeira instância mas só podendo ser na cional em um contexto universal O judaísmo aceita mas não convida os prosélitos os con vertidos Não tem nenhuma doutrina de ver dade única a não ser a da unidade de Deus e insiste em que a virtude a integridade é uma aspiração humana e não judaica Durante quase 2 mil anos os judeus viveram como minorias mais ou menos toleradas na Europa e na Ásia da Escócia e Noruega no Norte até o Marrocos e a Espanha no Oci dente e a Pérsia e o Iraque no Oriente Viveram durante a maior parte do tempo em um mundo judaico cujas fronteiras externas raramente se estendiam além dos limites regulamentares e fiscais do país hospedeiro Por mais problemá tica que possa ter sido a existência material do povo o judaísmo desfrutou de um longo perío do de consolidação e de inovação criadora que enriqueceu o livro de orações e intensificou o discurso interno mas foi se deslocando cada vez mais no sentido de um intelectualismo ra cional que fez surgir os dois movimentos dis sidentes em seu interior O primeiro deles teve início na Palestina onde os judeus então repre sentando uma minoria muito pequena e muito mal tolerada buscaram consolo em uma abor dagem de Deus mais profunda secreta e menos formal O misticismo judaico encontrou ex pressão na Cabala a literatura da tradição mís tica e deu início a uma nova perspectiva na tradição judaica Um pouco mais tarde o mesmo racionalismo rigoroso agora em marcante con traste com o misticismo emocionalmente mais satisfatório fez surgir uma crescente alienação nos judeus social e economicamente desprivile giados da Europa Oriental Isso levou ao desen volvimento do hassidismo movimento de ju deus fervorosamente religiosos que colocavam o serviço de Deus antes do estudo de sua lei Embora a criação desses dois movimentos resultasse em considerável conflito e tensão comunitária não representou um verdadeiro desafio às principais normas e valores do ju daísmo estabelecido nem alterou os padrões existentes da vida judaica Foi diferente com o próximo grande ímpeto de mudança que dessa vez veio de fora e ameaçou engolir todo o sistema judaico A Revolução Francesa visava reestruturar toda a sociedade em todos os ní veis no espírito das novas noções de igualdade social defendidas pelo Iluminismo O judeu também deveria receber os direitos e privilégios da cidadania em uma Europa na qual a maior parte deles se encontrava confinada em guetos e limitada por restrições mesquinhas que lhes garantiam a subserviência Havia uma expecta tiva de que em troca dos direitos civis eles desistiriam dos maus hábitos dos tempos an tigos e se adaptariam às exigências da nova era Nem os judeus nem os povos dos países hos pedeiros se mostraram ansiosos em aceitar essa mudança Para os rabinos era uma ameaça à sobrevivência dos judeus como judeus Isso levou a divergentes escolas de pensamento com aqueles que se agarravam ao judaísmo tradicio nal formando um movimento ortodoxo enquan to os que viam a necessidade de se conformar aos padrões do meio gentio desenvolveram um movimento de reforma que se inspirava tanto no culto cristão quanto em suas raízes judaicas Para alguns judeus a nova era exigia uma reação mais radical Eles observaram a cres cente secularização da sociedade a hostilidade depressivamente constante das nações hospe deiras e o interesse cada vez maior em uma ou outra forma de socialismo por toda a Europa De uma forma ou de outra reagiram a um dois ou todos os três fatores de maneiras variadas abandonando totalmente o judaísmo formando um judaísmo nacionalista eou socialista ou buscando preservar as antigas lealdades sob uma aparência moderna através de um huma nismo judaico A revolta contra a emancipação dos judeus na Europa que levou ao extermínio de 6 milhões deles ver ANTISEMITISMO conso Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra J Produção Textos Formas Para Ed Zahar judaísmo 405 lidou as correntes tanto religiosa quanto secular do judaísmo Isso levou ao retorno dos judeus à sua antiga terra natal a uma forte polarização entre judeus religiosos e nãoreligiosos e no espírito de uma Europa reformada a um plura lismo judaico que pode ser um primeiro passo rumo à tão desejada era messiânica e que tam bém reflete a tolerância que a maior parte das nações hospedeiras hoje demonstra para com os transmissores da tradição judaica Enquanto muitos de seus adeptos se assimilam a suas culturas hospedeiras o judaísmo assimila ele próprio boa parte do que é melhor nessas cultu ras ganhando assim uma vitalidade e uma flexi bilidade que lhe têm permitido sobreviver em um mundo essencialmente hostil Leitura sugerida Seleta de uma vasta literatura Bul ka Reuven P 1983 Dimensions of Orthodox Judaism Encyclopedia Judaica 1971 vol10 Fackenheim Emil 1987 What is Judaism An Interprtetation for the Present Age Glatzer NN org 1968 Martin Buber Humanism Levin Nora 1978 Jewish Socialist Move ments 18711917 Meyer Michael A 1988 Response to Modernity a History of the Reform Movement in Judaism Rabinowicz H 1970 The World of Hasi dism Scholem Gershom G 1961 1973 Major Trends in Jewish Mysticism Spero Shubert 1983 Morality Halakha and the Jewish Tradition Urbach EE 1975 The Sages their Concepts and Beliefs 2 vols JULIUS CARLEBACH justiça As avaliações das instituições sociais e políticas básicas particularmente com res peito às conseqüentes distribuições de benefí cios e ônus são expressas normalmente em termos de justiça ou injustiça Em seu sentido mais geral o conceito de justiça exige que cada indivíduo receba o que lhe é mais devido Den tro dessa fórmula podemos distinguir entre justiça formal e material A justiça formal exige distribuições que es tejam de acordo com os critérios ou regras existentes ou aceitos É geralmente identificada com a justiça jurídica ou individual Isso impli ca padrões de justiça processual rigor proces sual ou justiça natural orientados para a eqüidade e a precisão na aplicação das regras Acarreta a igualdade formal caso se assuma que todas as pessoas em uma sociedade ou grupo devem ser tratadas de acordo com as mesmas regras A justiça material ou substantiva diz res peito à identificação dos critérios distributivos adequados tais como direitos merecimento necessidade ou escolha que constituem con cepções rivais de justiça A justiça material pode justificar desigualdades substantivas de renda ou redistribuição entre diferentes grupos sociais É em geral identificada com a justiça social A justiça é tida em geral como o valor social prioritário que supera todas as outras conside rações normativas tais como a utilidade pelo menos no que diz respeito às instituições bási cas de uma sociedade Rawls 1971 p3 Isso torna a escolha dos critérios específicos da dis tribuição justa uma questão de controvérsia normativa Miller 1976 p151ss Se a priori dade normativa da justiça não é tida como certa então a escolha de uma dessas concepções ri vais de justiça é em grande parte uma questão de conveniência conceitual Campbell 1988 p6ss No entanto os critérios de justiça subs tantiva estão normalmente limitados a caracte rísticas ou propriedades dos indivíduos Honore 1970 p63 De forma mais restritiva podese dizer que os critérios de justiça sempre ou prin cipalmente se referem de um modo ou de outro aos méritos dos que são afetados pela distri buição em questão Sadurski 1985 cap5 Críticos do conceito de justiça social afir mam que a idéia de distribuição de acordo com um padrão um padrão tal que o grau e a natu reza das posses de uma pessoa dependam do grau e da natureza das suas características é equivocada porque alcançar tais padrões impli ca uma injustificável restrição às liberdades dos indivíduos Um modelo de justiça alternativo de habilitação Nozick 1974 parte 2 consi dera justas as posses se são resultado de com portamento legítimo A justiça é então o resul tado de aquisições e transações que não violam os preexistentes direitos morais dos indivíduos ou que corrigem as conseqüências de aqui sições ou transferências ilegítimas do passado ver DIREITOS E DEVERES A idéia de justiça socialista é controvertida no sentido de que a justiça particularmente se associada a merecimento pode ser encarada como um valor burguês baseado em idéias er rôneas a respeito de responsabilidade indivi dual No entanto uma concepção de justiça radicalmente igualitária pode ser formulada em termos de distribuição de acordo com a neces sidade de forma que a justiça substantiva favo rece resultados em que indivíduos ou grupos se encontram em posição de igualdade material ver Buchanan 1982 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra J Produção Textos Formas Para Ed Zahar 406 justiça A mais influente das teorias contemporâ neas sobre justiça busca combinar vários crité rios de justiça material sob a idéia geral de contrato John Rawls 1971 afirma que os prin cípios para determinar as instituições básicas de uma sociedade que seriam escolhidas em uma situação processualmente justa a posição ori ginal e que são endossadas por nossas mais firmes intuições reflexivas quanto àquilo que é justo são 1 cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema total de liber dades básicas compatível com um sis tema semelhante de liberdade para todos p250 e 2 as desigualdades sociais e econômicas devem ser dispostas de tal forma que sejam ao mesmo tempo a para o maior benefício dos menos privilegiados e b ligadas a cargos e posições abertos a todos sob condições de justa igualdade de oportunidades p83 Recentes teorias comunitárias afirmam que os critérios de justiça dependem da esfera em que as distribuições estão sendo considera das de forma que por exemplo a justiça eco nômica e a justiça política são coisas distintas Walzer 1983 p235 e os padrões de justiça são sempre relativos às compreensões e expec tativas correntes em sociedades específicas Leitura sugerida Ackerman BA 1980 Social Jus tice in the Liberal State Barry B 1989 A Treatise on Social Justice Vol1 Theories of Justice Buchanan AE 1982 Marx and Justice Campbell TD 1988 Justice Honore A 1970 Social justice In Essays in Legal Philosophy org por RS Summers p6194 Nozick R 1974 Anarchy State and Utopia Rawls John 1971 A Theory of Justice Sadurski W 1985 Giving Desert its Due Social Justice and Legal Theory Sandel MJ 1982 Liberalism and the Limits of Jus tice Walzer M 1983 Spheres of Justice TOM D CAMPBELL juventude Ver CULTURA DA JUVENTUDE MO VIMENTO DA JUVENTUDE MOVIMENTO ES TUDANTIL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra J Produção Textos Formas Para Ed Zahar juventude 407 K kantismo Ver NEOKANTISMO keynesianismo Em seu sentido mais amplo o keynesianismo é uma abordagem das ques tões políticas sociais e econômicas do capita lismo avançado que torna válido o estado as sumir um papel de liderança na promoção do crescimento e do bemestar material e na regu lação da sociedade civil O keynesianismo tem também um sentido mais preciso como um corpo de teoria econômica que serve de base a políticas macroeconômicas Ambos os concei tos de keynesianismo derivam dos textos de John Maynard Keynes no final dos anos 20 e dos programas que ele tentou implementar a partir do interior dos círculos oficiais britânicos nessa época bem como durante a Segunda Guerra Mundial e a reconstrução do pósguerra A idéia fundamental do pensamento keyne siano é que as economias capitalistas sistema ticamente fracassam no que se refere a gerar crescimento estável ou utilizar plenamente os recursos humanos e físicos os mercados que são os principais mecanismos econômicos de autoregulação e ajuste da sociedade civil não conseguem eliminar as crises econômicas o desemprego e nem em versões posteriores a inflação No entanto o significado do keynesia nismo seja no sentido amplo ou estreito encon trase aberto a interpretações e é tema de contí nua controvérsia tal como sua validade Keynesianismo em sentido amplo A idéia de que o estado tem um papel es pecial na promoção do crescimento e do bem estar material antecede Keynes em muitos sé culos mas o keynesianismo forneceu uma base intelectual racional para um tipo de projeto de estado nunca antes tentado sob o capitalismo Nesse projeto o pleno emprego ganhava prio ridade como um direito do cidadão que uma vez que não se podia contar com a própria empresa privada devia ser concedido pelo es tado diretamente pela promoção de investi mentos ou através do gerenciamento dos mer cados a fim de induzir as empresas a investir Esse projeto ganhou ímpeto político e social a partir de um desemprego em massa aparente mente insolúvel nos anos 20 culminando na crise dos anos 30 que colocou em dúvida a legitimidade da ordem capitalista e pareceu ameaçála de cair no barbarismo ou dar lugar ao socialismo O keynesianismo pareceu ofere cer uma terceira via entre o capitalismo de LAISSEZFAIRE e o SOCIALISMO a qual transfor mando a sociedade capitalista iria reforçála e preservála Os programas de obras públicas inves timento direto do estado em infraestrutura que Keynes encarava como um meio de promo ver o pleno emprego estavam na agenda do debate político e haviam sido em parte imple mentados no NEW DEAL de Franklin D Roose velt nos Estados Unidos antes de Keynes publi car sua principal obra teórica The General Theory of Employment Interest and Money Eles ilustram a amplitude do keynesianismo pois em vez de as obras públicas serem apenas um recurso técnico de economia a adoção des ses programas exigia uma reconstrução das for ças políticas Nos Estados Unidos isso incluiu a formação da duradoura coalizão do Partido Democrata com a classe operária industrial as classes médias liberais os grupos étnicos po bres e os interesses sulistas e sua implementa ção implicou uma expansão das autarquias exe cutivas com sede em Washington Na GrãBre tanha a pressão por obras publicas financiadas através do crédito foi uma luta contra os interes ses arraigados representados politicamente pelo ponto de vista do Tesouro Os programas de obras públicas sofreram oposição geral por parte dos interesses bancá rios tanto na América do Norte quanto na Grã 408 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra K Produção Textos Formas Para Ed Zahar Bretanha e a adoção de outros elementos dos programas econômicos keynesianos tais como baixas taxas de juros para estimular o inves timento privado exigiram igualmente uma reo rientação política que reduzia o poder dos finan cistas A construção de um estado corporativista liberal com laços institucionalizados entre sin dicatos organizações de empregados e autar quias estatais foi uma mudança política que parecia compatível com o keynesianismo mas as obras públicas e a hostilidade à atividade bancária também podiam ser encontradas em estados fascistas construídos sobre um tipo ra dicalmente diverso de CORPORATIVISMO Na GrãBretanha os movimentos rumo a uma co operação corporativista dos quais as conver sações MondTurner foram os mais famosos estavam em fermentação nos anos que prepara ram o caminho para a promulgação por Key nes de sua estratégia econômica nas audiên cias de 1930 da Comissão Macmillan mas não fizeram nenhum progresso significativo até a Segunda Guerra Mundial Então o crescimento de organizações operárias socialdemocratas e comunistas criou a base para uma reconstrução do estado no pósguerra baseada nos direitos ao pleno emprego e à previdência social no controle sobre as instituições e mercados finan ceiros na posse e no investimento do setor público em indústrias de maior monta Ao mes mo tempo foi construída uma ideologia política do keynesianismo predominante partilhada pelos principais partidos e mantida sem contes tação efetiva durante três décadas Embora o pleno emprego organizado por meio de gastos públicos e medidas para gerir o investimento privado fosse o objetivo em torno do qual se construíram esse consenso e essas disposições corporativistas sua quase consecu ção fez com que se desse renovada atenção ao controle da inflação a qual como M Kalecki havia prevenido em 1943 seria usada como um argumento contra os programas de pleno em prego Isso impulsionou o keynesianismo em uma nova direção Na crença de que o pleno emprego havia sido irrevogavelmente atingido seu dogma principal tornouse a realização do crescimento nacional com baixa inflação e as disposições corporativistas foram cada vez mais usadas para gerir o mercado de trabalho em tentativas de restringir a inflação salarial através de programas de rendimentos e contratos sociais impostos ou combinados Embora o keynesianismo esteja mais es treitamente identificado com as agendas inter nas pós1945 dos Estados Unidos e da Europa Ocidental especialmente com o ESTADO DE BEM ESTAR da GrãBretanha ele alcançou uma forte dimensão internacional no Plano Marshall e na construção do sistema de Bretton Woods em torno do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial Esse sistema baseouse origi nalmente nas idéias keynesianas de gerência governamental das finanças internacionais e das taxas de câmbio e de controle sobre as operações dos banqueiros A capacidade de Keynes como estadista na construção do sis tema visava facilitar o gerenciamento interno das taxas de juros e das finanças do governo para promover programas de investimento no pleno emprego mas politicamente representou um realinhamento internacional com o geren ciamento econômico norteamericano da or dem capitalista Keynesianismo em sentido restrito A ampla agenda política do keynesianismo tinha raízes na revolução técnica que Keynes e seus seguidores acreditavam ter ele alcançado na teoria econômica Embora várias idéias cen trais estivessem contidas em seu Treatise on Money publicado em 1930 a exposição defi nitiva de Keynes foi The General Theory of Employment Interest and Money publicado em 1936 Esse livro pretende demonstrar que ao contrário do raciocínio ortodoxo da teoria clássica o sistema capitalista deixado por sua própria conta em geral não produzirá o pleno emprego A chave para essa revolução teóri ca foi o desenvolvimento de dois conceitos o de preferência pela liquidez e o de demanda efetiva Preferência pela liquidez é um modelo alta mente simplificado do funcionamento dos mer cados financeiros que forneceu uma base para a conclusão de que estes podem sistematica mente fazer com que as taxas de juros se encon trem em um nível alto que reduza o inves timento das indústrias privadas Sua apresenta ção formal como a idéia de que a demanda pela reserva de moeda depende da taxa de juros é hoje parte integrante de toda a economia mo derna embora a conclusão keynesiana daí de rivada não o seja Demanda efetiva é a idéia de que a demanda agregada e daí a poupança depende da renda Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra K Produção Textos Formas Para Ed Zahar keynesianismo 409 disponível conseqüentemente o pleno empre go pode ser insustentável porque seu nível de produção não é igualado pela demanda agrega da Isso contrasta com o ponto de vista clás sico ou mais precisamente neoclássico de que o mecanismo de preços se ajusta automatica mente para garantir a igualdade entre deman da e oferta pois em vez de a demanda reagir apenas aos preços ela reage à venda Encaixando esses conceitos no arcabouço dos conceitos de renda e produção agregada que se tornaram então a base keynesiana para a moderna contabilização da Renda Nacional o teorema keynesiano afirmava que os planos de investimento comercial agregados não iguala rão em geral a poupança agregada na produção em pleno emprego Em seu cerne encontrase a incapacidade da taxa de juros de se ajustar automaticamente para restaurar a igualdade in vestimentopoupança condição exigida para o equilíbrio Conseqüentemente com os planos de investimentos reduzidos produção e renda têm de estar a um nível achatado com o desem prego em massa como sintoma para achatarem a poupança ao mesmo nível Embora tenha permanecido como o cerne do modelo keynesiano esse modelo de equilíbrio do desemprego foi ampliado de várias manei ras Aplicandose o princípio da demanda efe tiva e a idéia de que a taxa de juros não deter mina a reserva de capital desejada das empre sas Roy Harrod e Evsey Domar demonstraram que em uma economia em crescimento o pleno emprego não é o caso geral Seu modelo tornou se a base do planejamento de desenvolvimento para o Terceiro Mundo ocupando posição de destaque até quatro décadas depois do surgi mento da General Theory No entanto na ma croeconomia ocidental a ampliação mais signi ficativa do modelo keynesiano ocorreu nos anos 60 quando foi acrescentada a idéia de uma relação entre o desemprego e a taxa de inflação a Curva de Phillips Dentro da teoria econô mica a Curva de Phillips prometia corrigir o silêncio do modelo central quanto ao modo como se determina o nível de preços enquanto em uma perspectiva keynesiana mais ampla ela fornecia uma base para políticas de renda Divergências sobre o keynesianismo A agenda keynesiana mais ampla tinha sido atacada desde os seus primeiros dias como so cialista embora seu papel confesso fosse a pre servação do capitalismo mas em última aná lise ela foi minada mais pela mudança de cir cunstâncias do que pelos ataques políticos que recebeu A hegemonia keynesiana construída depois da Segunda Guerra Mundial perdeu sua coesão no final dos anos 70 quando a ordem internacional ancorada pelo dólar norteameri cano deu lugar a uma finança internacional sem regulação e o consenso social de política interna em países capitalistas avançados foi fragmen tado pelo fenômeno de uma inflação elevada coexistindo com alto desemprego Foi derruba da como agenda oficial quando Margaret That cher subiu ao poder na GrãBretanha e Ronald Reagan nos Estados Unidos embora porém elementos importantes tenham sobrevivido Na GrãBretanha a opinião da maioria manteve sua fidelidade ao cerne do estado de bemestar keynesiano enquanto os Estados Unidos viviam um longo período de expansão gerado pelo financiamento de tipo keynesiano do déficit de gastos do estado e na Europa Ocidental os tipos keynesianos de gerenciamento do estado pro moviam o crescimento e a modernização Não obstante o objetivo que lhes era fundamental de eliminar de forma permanente o desemprego em massa se perdeu nesse período Na teoria econômica a interpretação do mo delo keynesiano que dominou as primeiras duas décadas e meia do pósguerra foi fundamental mente contestado por um lado pelos próprios teóricos keynesianos e por outro pelo MONETA RISMO e pela nova teoria clássica A interpre tação predominante da teoria de Keynes a sín tese neoclássica inaugurada por JR Hicks em 1937 e desenvolvida por AC Pigou F Modi gliani e D Patinkin tentara basear suas con clusões na teoria neoclássica dos mercados na qual os preços mais que as quantidades como renda e produção eram os mecanismos de ajuste Nessa interpretação o funcionamento azeitado da economia era a norma e o desem prego surgia como um caso especial resultante da rigidez de salários em contraste com a teoria geral de desemprego do próprio Keynes na qual o pleno emprego era visto como exceção Uma escola crítica neokeynesiana surgiu nos anos 70 enfatizando a importância das quantidades sempre que quaisquer preços no sistema eram menos do que perfeitamente flexí veis e demonstrando que o desemprego é geral mente possível enquanto o equilíbrio de pleno emprego é apenas uma de muitas possibilida Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra K Produção Textos Formas Para Ed Zahar 410 keynesianismo des Essa escola conserva embora corrija os fundamentos teóricos de escolha da síntese neo clássica Em contraste o PÓSKEYNESIANISMO tenta retornar ao verdadeiro Keynes enfati zando os fenômenos complexos que minam esses fundamentos Essa escola dá especial atenção ao papel das expectativas comerciais inquantificáveis à falta de conexão entre a taxa de juros e a produtividade do capital ao caráter endógeno do meio circulante e não a seu controle pelo banco central à importância do crédito e de toda a estrutura das finanças em vez do dinheiro e à influência da distribuição de renda sobre desenvolvimentos macroeconô micos As críticas monetaristas exprimidas por Mil ton Friedman e sua escola durante muitos anos assumiram uma linha nova e vigorosa no final da década de 60 ao interpretar a teoria keyne siana como dependente da Curva de Phillips Friedman deu a esta uma fundamentação neo clássica introduzindo expectativas de inflação em um modelo de determinação de salários e obteve o resultado antikeynesiano de que a longo prazo o desemprego por mais alto que seja se encontra em sua taxa natural refletindo a escolha dos trabalhadores em vez de ser involuntário e não é influenciado por progra mas de gerenciamento de demanda keynesia nos Como o próprio modelo keynesiano pre dominante baseavase em princípios neoclás sicos seus defensores foram incapazes de apre sentar argumentos efetivos contra essa amplia ção apesar de sua conclusão antikeynesiana Essa crítica do modelo keynesiano foi levada mais além pelos novos autores clássicos os quais demonstraram que em um modelo em que as expectativas são expectativas racio nais o desemprego é voluntário e está em sua taxa natural em todos os momentos não pe nas no equilíbrio a longo prazo Embora essa refutação das conclusões keynesianas confunda o bom senso e a experiência a versão neoclás sica sintética predominante da teoria keynesia na foi incapaz de apresentar uma alternativa importante da forma como Keynes tentou En quanto o desemprego nos níveis que antecede ram a guerra retornava a teoria keynesiana predominante aceitava o conceito de taxa natu ral de desemprego e se preocupava apenas com a velocidade com que a economia a alcançava Leitura sugerida Keynes JM 1936 The General Theory of Employment Interest and Money Leijo nhufvud A 1968 On Keynesian Economics and the Economics of Keynes Moggridge DE 1976 Keynes LAURENCE HARRIS keynesianismo pós Ver PÓSKEYNESIANISMO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra K Produção Textos Formas Para Ed Zahar keynesianismo pós 411 L labelling Ver ROTULAÇÃO laissezfaire Esta expressão francesa signifi ca deixem fazer A maioria das explicações atribui o slogan carregado de conotações polí ticas laissezfaire laissezpasser que signi fica deixem as pessoas fazerem tal como esco lheram deixem passar as mercadorias a Vin cent de Gournay Esse slogan tornouse a pala vra de ordem entre os defensores do livre co mércio como Jacques Turgot e outros fisiocra tas e foi rapidamente sistematizado em An Inquiry into the Nature and Causes of the Weal th of Nations de Adam Smith como parte do sistema óbvio e simples da liberdade natural Smith 1776 livro 4 cap9 Smith e outros economistas clássicos ampliaram a noção de laissezfaire de um programa de livre comércio internacional para uma ampla filosofia social Nas palavras de Smith Todo homem na medida em que não viole as leis da justiça deve ter plena e perfeita liberdade para buscar seus próprios interesses a seu próprio modo e para concorrer tanto com seu esforço quanto com seu capital com os de qualquer outro homem ou cate goria de homens O soberano fica totalmente dis pensado de um dever se na tentativa de executálo é obrigado a estar sempre exposto a inúmeros enga nos e se para a adequada execução desse dever nenhuma sabedoria ou conhecimento humanos ja mais são suficientes o dever de supervisionar a atividade de particulares e de direcionála para os empregos deve adequarse ao interesse da sociedade Ibid Os deveres do governo seriam então limita dos à defesa nacional à administração da jus tiça e à provisão de certos bens públicos O apelo liberal clássico por um sistema de MERCADO sem entraves e por um governo limi tado nunca foi contudo realizado na prática O estado capitalista não conseguiu reduzirse Na virada do século XX defensores contemporâ neos do laissezfaire como Herbert Spencer 187992 eram considerados adeptos ultrapas sados de um INDIVIDUALISMO e um DARWINISMO SOCIAL toscos e sua idéia de que mercados competitivos e sem restrições promoveriam o crescimento e a estabilidade da economia foi destroçada pela Grande Depressão dos anos 30 Desde então têm surgido novas interpre tações dos ciclos e depressões econômicos Da da a ideologia da época a da Era do Progresso a Depressão foi considerada o resultado da inér cia inerente do mercado No entanto desde en tão estudiosos têm afirmado que a Grande De pressão pode ter tido origem na política mone tária irresponsável do Federal Reserve System o Tesouro NorteAmericano Friedman e Sch wartz 1963 Rothbard 1972 ver MONETARIS MO A alegação de que a intervenção governa mental pode em grande parte explicar graves doenças sócioeconômicas como a Grande De pressão ajudou a reabilitar a posição do laissez faire entre alguns círculos intelectuais e a NOVA DIREITA As redefinições contemporâneas da filoso fia social do laissezfaire vão do neoconserva dorismo de Milton Friedman 1962 e James Buchanan 1975 passando pelo libertarianis mo de Robert Nozick 1974 e FA Hayek 1973 1976 1979 até o anarcocapitalismo de Murray Rothbard 1973 Embora idéias de laissezfaire tenham ajudado a colorir a retórica de políticos da Nova Direita no Ocidente bem como de reformistas do mercado nos estados socialistas do Leste Europeu em transformação ainda resta ver se governo mínimo e mercados desimpedidos são uma real alternativa política ao estatismo do século XX Recentes críticas marxistas à intervenção do estado como a de Claus Offe 1984 sustentam que ainda que o estado intervencionista do bemestar quebre a ordem do mercado desmontálo criaria uma desordem econômica e social ainda maior e 412 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar portanto a intervenção do estado por proble mática que seja é irreversível O debate sobre os limites práticos das ações do estado por certo continuará durante o próxi mo século Ver também COMPETIÇÃO LIBERALISMO Leitura sugerida Eatwell John Milgate Murray e Newman Peter orgs 1989 The Invisible Hand Fus feld Daniel R 1990 The Age of the Economist 6ªed Hofstadter Richard 1945 Social Darwinism in Ame rican Thought 18601915 Lepage Henri 1982 To morrow Capitalism the Economics of Economic Free dom Prychitko David 1900 The welfare state what is left Critical Review 4 DAVID L PRYCHITKO lazer Ver ÓCIO legitimidade A legalidade de uma ordem social ou política sua pretensão ao apoio em vez da mera aquiescência por parte dos que a ela estão sujeitos é evidentemente um tema que impregna toda a teoria política geralmente formalizado em teorias da obrigação política O pensamento social no século XX além de dar continuidade a essa tradição normativa e pres critiva em relação à JUSTIÇA liberdade igual dade etc preocupouse muito com a legitimi dade como conceito empírico ou comporta mental de acordo com o qual um regime é legítimo se a população interessada acredita que ele seja legítimo Essa linha de pensamento que relembra O príncipe 1513 de Maquiavel o Discurso sobre a servidão voluntária 1575 de La Boétie e no século XX as Reflexões sobre a violência 1906 de Georges Sorel foi dominada durante todo o século pela distinção clássica de Max Weber 19212 entre três tipos puros de autoridade legítima Embora a dominação ou autoridade possa basearse diz Weber no costume no interesse em motivos emocionais ou racionais com relação a valor uma ordem segura em geral se caracteriza por uma crença em sua legitimidade Esta pode basearse na tradição no CARISMA dos gover nantes ou em uma aceitação racional da legalidade e da ordem Como sempre ocorre com os tipos ideais de Weber essas formas puras de legitimidade são encontradas em dife rentes combinações mas seria possível tomar a Arábia Saudita a Alemanha nazista e a Suíça como ilustrativas dos respectivos tipos Como em outras áreas da vida social o carisma tende a se tornar rotinizado ou objetificado trans formandose em domínio tradicional ou cons titucional ou em alguma combinação dessas duas formas O paradigma weberiano dominou a ciência política ocidental nas décadas centrais do sécu lo Proporcionou um quadro útil para os estudos de CULTURA POLÍTICA embora alguns críticos tenham atacado as implicações paradoxais e conforme encaravam cínicas de que a polícia secreta e a propaganda podiam contribuir para a legitimidade nesse sentido livre de va lores de um regime Schaar 1969 Pitkin 1972 p2806 Jürgen Habermas em sua clás sica obra programática 1973 apontou que as sociedades capitalistas avançadas sofriam de crises de legitimação resultantes do desloca mento de tendências à crise econômica para as esferas da política do estado e da motivação individual A análise de Habermas ao contrário da de Weber fundamentase em uma concepção normativa em que a legitimidade de um regime depende de ele ser aquilo com que os interes sados teriam concordado em resultado de uma discussão livre plenamente informada e exaus tiva ver Habermas 1981 A distinção entre a legitimidade e uma lealdade de massa com freqüência vista como manipulada tornouse popular na teoria crítica ver ESCOLA DE FRANK FURT e de maneira mais geral No extremo mais conservador do espectro político um modelo de legitimação através de procedimentos cons titucionais e de outros procedimentos formais Luhmann 1969 dá continuidade a um dos motivos centrais de Max Weber Essa oposição entre as ênfases constitucionalprocessual e ra dicaldemocrática foi mitigada nos anos 90 em resultado de dois desdobramentos a derrubada dos regimes socialistas estatais e sua substi tuição em alguns países por democracias cons titucionais e um novo interesse entre radicais e socialistas do Ocidente em especial na Grã Bretanha e na Alemanha pela reforma cons titucional O século XX tem assistido à consolidação de uma noção que no início do século era ainda bastante revolucionária a de que a legitimidade de um regime depende de forma mais fun damental do apoio expresso através do voto da maioria de toda a população adulta embora poucos partidos efetivamente atinjam esse ideal Em sentido mais amplo a idéia de que toda AUTORIDADE exercida sobre adultos sãos precisaria ser justificada em discussão e debate Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar legitimidade 413 está ganhando mais destaque na prática cotidia na de muitos países às vezes até em seus exércitos Líderes políticos e outras figuras de autoridade estão achando mais difícil do que no passado evitar dar entrevistas à imprensa cole tivas ou exclusivas para justificar seus progra mas de ação embora os especialistas em re lações públicas tenham se tornado correspon dentemente hábeis na transformação desses debates em rituais manipulados e propagan dísticos Ver também LEI POSITIVISMO JURÍDICO Leitura sugerida Connolly William org 1984 Legi timacy and the State Habermas Jürgen 1973 1975 Legitimation Crisis Merquior JG 1980 Rousseau and Weber a Study in the Theory of Legitimacy Schaar John 1969 Legitimacy in the modern state In Power and Community org por P Green e S Levin son também in Connolly 1984 acima WILLIAM OUTHWAITE lei O uso contemporâneo exige que a noção de lei receba uma dupla definição Em seu sentido mais amplo que deriva historicamente das tradições teológicas clássicas mas é usado hoje em dia também na psicanálise a palavra referese a qualquer forma de injunção abso luta a lei é a lei do pai seja ele o Deuspai ou o mandado do inconsciente Em termos mais pragmáticos mas não obstante relacionados a tradição legal secular em geral define a lei de maneira técnica e em parte tautológica como as normas emanadas da hierarquia legal exis tente ou por ela institucionalmente reconhe cidas Nessa última definição profissional as regras da lei ou normas legais são os elementos substantivos de um sistema legal nacional e sua autoridade ou validade legal deriva imediata mente dessa participação no sistema e só pos teriormente da legitimidade constitucional de sua efetiva enunciação ou conteúdo As duas definições apresentadas correspondem em ter mos históricos à diferença entre uma concep ção de lei natural a lei dada externamente de Deus da natureza da razão do soberano ou de alguma outra fonte absoluta e a concepção secular de lei positiva de uma lei artificial criada pelos seres humanos Este artigo traçará a complexa relação entre essas duas concepções de lei que competem historicamente relação essa que afeta os debates contemporâneos quanto à natureza e à função da ordem legal A história do conceito de lei no século XX é a do aparente desaparecimento das concepções teológicas ou naturalistas da ordem legal em favor de uma ciência mundana da lei positiva A repressão da tradição doutrinária mais antiga tradição que até meados do século XIX sim plesmente definia a lei comum como um des dobrar da razão semblable reason semblable ley o que parece ser racional parece ser lei é a chave para qualquer compreensão das ca racterísticas tanto filosóficas quanto políticas dos sistemas legais contemporâneos Quer no continente europeu onde as tradições legais nacionais se baseiam em leis ou códigos escri tos que têm seu modelo final na jurisprudência romana Watson 1981 quer na tradição legal angloamericana baseada historicamente na lei nãoescrita ou direito consuetudinário estabe lecido pelos tribunais Goodrich 1990 o sécu lo XIX foi em termos legais uma era de secu larização Impelidos de forma mais explícita pelo código napoleônico ou Code Civil de 1804 os sistemas legais da Europa transforma ram sua formação histórica comum no texto universal do direito romano o Corpus Iuris Civilis e traduziram em vernáculo a tradição latina em códigos nacionais de direito O código deveria agora representar o espírito do povo de uma forma escrita abalizada e acessível que submeteria seus administradores e juízes à von tade popular Apesar das diferenças de tradição e de forma do direito comum angloamericano mais particularmente sua falta de referência explícita a fontes romanas e sua resistência à codificação o século XIX foi também uma época de reforma e de lei escrita em que os dispositivos estatutários passaram a predomi nar e os registros legais e a legislação foram traduzidos do direito latino e do direito francês para uma forma do vernáculo Na parte final do século XIX o direito consuetudinário desenvol veu igualmente um sistema de interpretação também conhecido como precedente legal stare decisis de acordo com o qual decisões anteriores dos tribunais deveriam ser impostas a todos os futuros tribunais de jurisdição ampla ou local e a partir daí buscou transformar a tradição particularista da lei estabelecida como precedente em um sistema de normas conhe cidas e com força de obrigação Acompanhando a reescritura radical das dis posições legais européias do século XIX houve um movimento correspondente para elaborar os Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 414 lei detalhes de uma disciplina plenamente científi ca a respeito do predomínio legal da suprema cia da lei em oposição à supremacia de in divíduos Dentro da tradição continental essa ciência foi baseada nas faculdades de direito das universidades e nelas desenvolvida e seu pro pósito era de maneira mais ampla manter a tradição hermenêutica específica e a autoridade profissional da instituição jurídica em uma épo ca secular e revolucionária O estudo do direito deveria voltarse mais uma vez para o estudo do texto e nada além do texto sendo o currículo inteiro dos estudos jurídicos uma iniciação complexa na designação e na interpretação aba lizadas das leis escritas Perelman 1976 A autoridade da ciência jurídica reside em um conhecimento íntimo dos detalhes textuais combinado com um conhecimento bem mais clássico das máximas de procedimento e de interpretação adequadas à construção e ao argu mento legais Em termos de doutrina a letra da lei dominava todas as causas jurídicas e a ciên cia textual desse dispositivo literal era o lega do de jurisprudência do século XIX um legado mais bem expresso no POSITIVISMO JURÍDICO do século XX e na Teoria Pura do direito Dentro da tradição do direito consuetudiná rio uma herança semelhante data da segunda metade do século XIX e de seu surgimento nas universidades nas quais até 1750 o estudo erudito do direito era o estudo do direito canô nico e do direito romano O movimento para se fundar uma ciência do direito consuetudinário fora das práticas educativas desordenadas da própria profissão tomou emprestados métodos do continente europeu e se formou sobre a tradição dos tratados institucionais Cairns 1984 A tradição que surgiu foi a de uma juris prudência de manual daquilo que era chamado de leis em letras góticas O princípio subja cente a essa nova disciplina de estudo jurídico era basicamente o do empirismo Para conven cer as universidades de que o direito era um tema adequado para o estudo acadêmico em oposição ao estudo vocacional e simultanea mente convencer os membros da profissão de que ao contrário da prática tradicional o estudo jurídico acadêmico podia contribuir para a for mação de advogados competentes o direito substantivo existente tinha de ser formalizado de maneira incontroversa Twining 1986 O resultado foi uma tradição arcana porém limi tada de escrita de tratados na qual as divisões e categorias de prática jurídica existentes foram sistematizadas de forma exaustiva mas conven cional sem o desenvolvimento de uma teoria explícita sobre a lógica de classificações históricas tais como contrato delito civil direito público ou privado isso sem mencionar os direitos deveres interesses ou políticas que havia dominado de forma pragmática o desenvolvimento da tradição do direito consuetudinário Samuel 1990 O di reito devia ser compreendido como o corpo exis tente de regras substantivas de lei e nada mais uma visão bem exposta na prática dos autores de tratados e posteriormente apresentada como ju risprudência positivista na obra de HLA Hart 1961 e elaborada com algumas revisões por Ronald Dworkin 1978 A principal conseqüência teórica da tradição do século XIX foi a aceitação pela jurispru dência de uma crença metafísica implícita na unidade ou homogeneidade da ordem jurídica como um sistema de regras uma crença que evocava mais as antigas tradições do direito natural e da fé nas escrituras do que alguma ciência mais moderna Kantorowicz 1957 Definida basicamente em termos de sua fonte fosse no Código ou nas diversas enunciações abalizadas do direito consuetudinário a expo sição doutrinária do sistema legal não seria unificada por um princípio mais convincente do que a referência à coletânea de textos estatutos e relatórios jurídicos De forma não muito dife rente a sociologia do direito tendeu a aceitar a definição profissional ou científica de direito e a traduzila em uma concepção igualmente uni ficada de prática social em termos empíricos o direito era simplesmente o que os advogados faziam enquanto que em termos teóricos jul gavase que o sistema jurídico exprimia certos aspectos estruturais da ordem social fossem estas relações de propriedade produção de bens racionalidade burocrática hegemonia ideológica ou simplesmente controle social ver Renner 1904 Kamenka e Tay 1980 Uma crença implícita na competência técnica e no conhecimento profissional deixou em seu lugar a definição doutrinária do direito como um sistema de regras sancionadas unificadas por referência a fontes exclusivamente jurídicas Se por um lado a teoria social podia esforçarse por ligar as normas jurídicas a circunstâncias his tóricas ou políticas por examinar os interesses sociais subjacentes a áreas específicas de regu lamentação por avaliar o impacto das normas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar lei 415 jurídicas sobre a prática social ou por criticar os preconceitos de classe ou de gênero nas regras jurídicas a autoevidência de um sistema jurí dico unitário raramente foi contestada Hunt 1978 Teorias sociológicas do direito mais re centes continuam timidamente a tentar descre ver uma sistemática do direito firmada no con ceito de um sistema jurídico autoreferencial ou autocriativo Em suma a noção de uma fonte absoluta do direito herdada da tradição clássica e traduzida em teorias jurisprudentes sobre a soberania da legislatura ou do povo permane ceu e em certo grau permanece no lugar na teoria do direito o rei ainda precisa ser decapi tado Foucault 1975 O rompimento do paradigma doutrinário do direito na teoria jurídica recente tem sido um produto da influência de tendências teóricas externas aos estudos jurídicos mais especi almente na antropologia na lingüística na crí tica literária na semiótica e na filosofia Dentro da tradição angloamericana essa influência teórica tem sido quase que exclusivamente uma tradução a partir de fontes do continente euro peu Em termos filosóficos um ressurgimento do interesse pelo pragmatismo levou das pri meiras e limitadas obras dos realistas jurídicos norteamericanos passando pelo ressurgimen to da retórica jurídica no continente a teses sobre a indeterminação de normas lingüísticas e jurísticas que se encontram atualmente as sociadas ao pósestruturalismo e à descons trução ver MODERNISMO E PÓSMODERNISMO A primeira figura importante a exercer influência no sentido dessa mudança de paradigma foi sem dúvida Foucault em seu importante es tudo histórico Vigiar e punir 1975 O principal impacto dessa obra sobre a jurisprudência re side na perspicácia de conceitualizar o direito como parte integrante de um conjunto muito mais amplo de formas institucionais de norma tização que abrangia o asilo o hospital a escola a fábrica e a prisão como formas variantes de discurso disciplinar ou como ele mais tarde veio a chamar de governamentalidade Rose 1989 Em termos mais literários a obra grama tológica de Jacques Derrida e a dos feminismos franceses por ele influenciados bem como em particular a elaboração do conceito de descons trução levaram a um ceticismo mais amplo com respeito à construção profissional de um texto jurídico hermético distinto do jogo de aspectos intertextuais Para o movimento críti co dos estudos jurídicos que teve origem no continente europeu nos anos 60 como critique du droit e na América do Norte no início dos anos 70 como a conferência crítica de estudos jurídicos a referência metafisicamente deter minada dos termos jurídicos e as pretensões doutrinárias mais gerais quanto à objetividade da regulamentação textual e do conhecimento jurídico viriam a ser criticadas como compo nentes de um paradigma antiquado e hoje ex tinto da verdade jurídica No lugar da ciência positivista do direito ou de sistemáticas legais a erudição jurídica con temporânea concentrase em reconstruções his tóricas e particulares de áreas substantivas da regulamentação da lei e daquilo que se designa como direito informal a saber o exercício do controle normativo em áreas concebidas tradi cionalmente como fora do domínio da regula mentação legal formal No domínio da teoria a jurisprudência se abriu em grau considerável ao esforço de investigação de outras disciplinas em particular da antropologia da história da lingüística da contabilidade da geografia e da semiótica como intrínsecas ao estudo de áreas substantivas da regulamentação jurídica Assim também outras disciplinas passaram a estudar o direito tanto como regulamentação positiva quanto como a injunção derivada do lugar do pai Em termos substantivos o rompimento do paradigma unitário da ordem legal acompanha mudanças significativas nos domínios e nas formas de procedimento da regulamentação le gal contemporânea Ao mesmo tempo que seria impossível relacionar todos os parâmetros do crescimento e da correspondente fragmentação das áreas e formas substantivas de intervenção legal certas observações gerais podem ser to madas como indicativas A tendência principal da regulamentação legal nas jurisdições industrializadas tem sido o crescimento do direito público O século pas sado foi a era do direito estatutário e a principal característica substantiva desse direito era bu rocrática e reguladora As novas áreas de direito público que se desenvolveram em grande parte de maneira informal em reação à intervenção do estado nos âmbitos público e privado do social são imensas Numa ordem conceitual frouxa a primeira área dessa invenção jurídica foi o desenvolvimento do direito administrativo e da categoria jurídica da revisão judicial atra vés do que os tribunais criaram o poder de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 416 lei decidir judicialmente sobre a racionalidade de uma ação administrativa Anterior ou simulta neamente a esse desenvolvimento houve toda uma série de inovações legislativas criando uma variedade de regulamentações estatutárias e organismos de controle da segurança na fábri ca da remuneração dos operários da saúde pública da proteção ao meio ambiente da esco laridade e do policiamento Essa tendência à garantia social através do direito público assis tiu mais tarde à emergência de organismos de controle estatutário de relações sexuais rela ções raciais promoção do bemestar relações industriais lesões criminosas danos à proprie dade indenizações por acidentes automobilís ticos serviços ou utilidades públicas transporte aéreo indústria de diversões e ainda outras incursões ao direito privado regulamentando relações contratuais lesões nãocriminosas propriedade privada e padrões comerciais Em certo sentido essa nova forma reguladora do direito evocada apenas ligeiramente na rela ção acima era uma politização direta de padrões tradicionais de regulamentação legal Não apenas os tribunais deviam julgar sobre a arbitrariedade ou não de praticamente todas as formas de relações individuais com o estado como todos os mecanismos da lei que presidiam tais decisões eram com maior freqüência o produto de uma legislação delegada o que sig nifica regras criadas internamente por departa mentos do governo ou organismos semigover namentais Com o papel cada vez mais ativo dos tribu nais numa ampla variedade de áreas controver tidas das relações sociais foise tornando cada vez mais difícil manter a visão científica tradi cional de que o direito estava de certa forma livre do discurso político ou de outras formas de discurso Tendo em vista também o vasto âmbito dos domínios substantivos de interven ção legal da negociação de um divórcio ao julgamento de litígios industriais a noção de unidade formal do direito foi igualmente abs traída a partir da experiência da prática legal O fato de que a teoria social devia agora explicar a regulamentação legal em termos de um amál gama de discursos normativos rivais e de fun ções amplamente políticoadministrativas em determinado nível simplesmente reflete o cres cimento de um direito público substancialmen te preocupado com o controle demográfico e atuarial das populações Isso tem também a interessante conseqüência de que mesmo den tro dos limites tradicionais da jurisprudência as formas clássicas de discurso legal estão cada vez mais subordinadas a formas de especia lização psicológica médica atuarial política e econômica sendo esses os discursos que in fluenciam diretamente os temas substantivos da intervenção legal Ewald 1986 Resta concluir que essa inversão da ordem dos discursos tem colocado em jogo toda uma variedade de teorias sobre o fim do direito Com toda a certeza se por direito queremos referir nos aos procedimentos tradicionais de clas sificação temática de acordo com fontes legais de validade então a forma de regulamentação jurídica ou de supremacia da lei característica do Iluminismo já morreu A verdade sociológi ca é que toda uma variedade de tipos formais e informais de controle normativo e de solução de litígios é muito mais vantajosa e de maior significação social do que o recurso aos tribu nais que é desgastante caro e consome um tempo infinito O boicote econômico por exemplo é de significado prático bem maior em termos das relações comerciais multinacio nais do que as leis de contratos jamais foram ou puderam ser A crença no direito para vol tarmos ao nosso ponto de partida deve ser compreendida hoje como crença na razão in dustrial e no dogmatismo da regulamentação econômica Legendre 1988 O que resta dos procedimentos classificatórios jurídicos tradi cionais é uma série disparatada de formas prag maticamente orientadas de intervenção legal em discursos e práticas nos quais o direito for mal está subordinado a formas mais amplas de regulamentação e manipulação econômica geopolítica e discursiva Em outras palavras o direito não mais reside em seus hábitos discur sivos tradicionais Se o direito é definido em termos de injunção absoluta isto é em termos da fidelidade das coisas ao seu lugar então deverá ser encontrado naqueles discursos ins titucionais da verdade responsáveis pela políti ca demográfica e pelo controle atuarial Leitura sugerida Cairns John 1984 Blackstone an English Institutist Oxford Journal of Legal Studies 4 318 Dworkin R 1978 Taking Rights Seriously Ewald François 1986 LÉtat Providence Foucault Michel 1975 Surveiller et punir Goodrich Peter 1990 Languages of Law from Logics of Memory to Nomadic Masks Hart HLA 1961 The Concept of Law Hunt Alan 1978 The Sociological Movement in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar lei 417 Law Kamenka Eugene e Tay Alice ErhSoon 1980 Socialism anarchism and law In Law and Society the Crisis in Legal Ideals org por Kamenka et al Kantorowicz Ernst 1957 The Kings Two Bodies Legendre Pierre 1988 Le désir politique de Dieu étude sur les montages de létat et du droit Perelman Chaim 1976 Logique juridique nouvelle rhétorique Renner Karl 1904 1949 The Institutions of Private Law and their Social Functions org com introdução e notas de Otto KahnFreund Rose N 1989 Gover nance of the Soul Samuel Geoffrey 1990 Science law and history Northern Ireland Legal Quarterly 41 121 Twining William 1986 Legal Theory and Com mon Law Watson Alan 1981 The Civil Law Tradi tion PETER GOODRICH leninismo Essa expressão referese tanto às idéias de VI Lenin fundador e teórico do bol chevismo russo quanto às inúmeras organi zações e grupos que têm pretendido possuir direito sobre elas e que têm sido por elas ins pirados Essa dupla referência marcou o leni nismo com uma ambigüidade particular Como o pensamento de um homem foi um corpo de idéias e de obras em desenvolvimento adaptá vel a diferentes circunstâncias e à luz de neces sidades e preocupações políticas cambiantes Como setor organizado do socialismo interna cional por outro lado muitas vezes se enrijeceu na forma de uma doutrina sectária inflexível e de uma prática rígida Isso tem acontecido es pecialmente onde ele se junta ao seu ismo paterno na dupla marxismoleninismo significando geralmente uma continuidade que remonta a Lenin através do STALINISMO Mas isso também tem sido válido às vezes para grupos politicamente opostos ao stalinismo ver TROTSKISMO Em seu primeiro sentido o leninismo se desenvolveu necessariamente através de um processo de permanente acréscimo à medida que Lenin ia enfrentando os problemas do mo vimento socialista na Rússia Desde um primei ro estágio seu nome ficou ligado a uma aborda gem característica das questões de organização partidária e do relacionamento partidoclasse Isso logo se fundiu com a visão estratégica de uma projetada revolução russa caracterizada por um certo paradoxo interno Mais tarde à beira da guerra mundial Lenin propôs uma visão do capitalismo moderno que iria contri buir em 1917 para alterar aquela primeira e paradoxal concepção Também delineou uma teoria do estado capitalista do meio necessário da revolução socialista contra ele e do tipo de instituições de transição que concebia no cami nho para uma sociedade sem classes O pensamento de Lenin sobre a organização revolucionária tomou forma nos primeiros anos do século em conexão com a campanha do jornal Iskra para fundar um partido russo unifi cado e com a ruptura que então dividiu esse partido ainda nascente nas facções bolchevique e menchevique A visão que Lenin tinha do tipo de partido necessário era de uma organização centralizada tendo em seu núcleo um grupo de revolucionários profissionais e de tempo inte gral cuja formação teórica e treinamento políti co permitiriam ao partido agir como vanguarda da classe operária Essa visão elaborada em Que fazer 1902 e Um passo à frente dois passos para trás 1904 foi explicada e defen dida em termos de quatro teses principais Primeiro o partido devia ser guiado pela teoria mais avançada conforme Lenin escre veu Sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário Segundo os im pulsos e esforços espontâneos das massas da classe operária não produziriam por si próprios uma consciência revolucionária de classe de vendo permanecer inevitavelmente confinados nos limites sindicais Terceiro a consciência socialista só podia ser trazida para a luta dos operários a partir de fora Lenin deu a essa tese dois significados diferentes a fonte da teoria socialista afirmou era um setor da intelligent sia burguesa e o verdadeiro âmbito dessa teoria era muito mais amplo que a perspectiva do sindicalismo implicando uma apreensão geral das relações da sociedade burguesa particular mente como enfocadas através do estado Quar to a fim de realizar essa tarefa o partido preci sava ser centralizado e disciplinado Os mem bros individualmente deviam estar submeti dos às decisões democráticas da organização e as seções locais e outros organismos coordena dos pela liderança central em alinhamento com um programa de ação convencionado Essas normas vieram mais tarde ser conhecidas sob a rubrica do centralismo democrático Não há dúvida de que algumas das ênfases de Lenin se deveram ao contexto político e polêmico particular Ele próprio posterior mente reconheceu isso A tese a respeito dos limites sindicais da espontaneidade proletária e seus argumentos em favor de um partido mais estreito clandestino viriam a se modificar em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 418 leninismo tempos mais revolucionários Esse conjunto de teses de qualquer forma fez surgir julgamentos grandemente diversos com respeito à significa ção do projeto leninista original Seria simples mente uma tentativa de fornecer um enfoque organizacional e uma direção ao axiomático objetivo marxista da autoemancipação prole tária criando um efetivo partido da classe operária sua própria ferramenta de análise crí tica e luta Ou seria antes um projeto de tute lagem o partido aquilo em que tantos preten sos partidos leninistas viriam a se transformar como o árbitro final da verdade marxista e essa vanguarda da classe na verdade uma elite disposta a tomar o poder para si própria em nome da classe Mais uma vez seria o projeto em uma interpretação intermediária de ambição saudável libertadora mas portador também de potenciais mais negativos que aca bariam prevalecendo Tudo isso fez parte de uma discussão mais ampla ao longo do século XX até que ponto o leninismo foi o responsável por Stalin e pelo stalinismo Com a visão leninista do partido um dos dois principais pilares do início do bolchevismo estava colocado no lugar O outro foi moldado durante o levante de 1905 a concepção da revolução russa defendida por Lenin em Duas táticas de socialdemocracia na revolução de mocrática Em essência essa revolução segun do ele viria a ser uma revolução burguesa executada pelo proletariado em aliança com o campesinato Sua natureza burguesa era um pressuposto que ele tinha em comum com os mencheviques as principais tarefas eram lim par o terreno para o livre desenvolvimento do capitalismo e criar um estado democrático re publicano No entanto contra os menchevi ques Lenin insistia em que o proletariado e não as forças burguesas teria de liderála sendo a burguesia demasiado fraca e politicamente tímida para qualquer transformação radical completa Com base na mesma premissa Leon Trotsky por sua vez chegou à tese da REVOLU ÇÃO PERMANENTE a idéia de que os operários russos ultrapassariam os objetivos burgueses da revolução e iniciariam a transição para o socia lismo Lenin resistiu a essa idéia Nas condições russas era impossível ele pensava passar do primeiro estágio revolucionário burguêsde mocrático para o segundo proletáriosocialis ta Sua visão portanto em suma era do prole tariado tomando o poder político com o campe sinato somente para ter de entregálo no devi do tempo à burguesia Em 1917 Lenin viria a abandonar essa con cepção de dois estágios diferentes e diante da oposição de muitos bolcheviques a alegar en faticamente que uma revolução proletária es tava afinal de contas na ordem do dia Seu próprio pensamento sobre essa questão veio a coincidir com o de Trotsky Um fator que o levou a mudar de idéia foi provavelmente a análise do capitalismo mundial que ele se viu impelido a realizar pelo deflagrar da guerra Em Imperialismo o último estágio do capitalismo 1916 afirmou que a ordem capitalista con temporânea era marcada pelo domínio de gran des monopólios a fusão do capital bancário e industrial e uma feroz competição territorial entre as maiores potências capitalistas por par tes do globo levadas pela necessidade de ga rantir um campo para a exportação de capital Nessa perspectiva de um sistema internacional sacudido pela instabilidade competitiva pela guerra e pela crise a revolução russa era agora vista por Lenin como uma ruptura da corrente capitalista no seu elo mais fraco a primeira de uma série de revoluções proletárias em uma luta global pelo socialismo No entanto onde o leninismo do próprio Lenin conseguiu acomo dar uma mudança de idéia tão significativa os marxismosleninismos derivativos posteriores fizeram tudo que puderam para obscurecêla Preocupada em fazer com que Lenin estivesse certo a respeito de tudo a tradição leninista stalinizada congelou os seus pontos de vista incluindo os que ele havia deixado para trás em uma unidade rígida tal como ergueu estátuas do homem e até lhe embalsamou o cadáver A guerra mundial e a revolução na Rússia induziram a uma reconsideração mais geral por parte de Lenin Isso implicou uma crítica ao marxismo ortodoxo de Karl Kaustsky a qual simbolizou o racha histórico que então se abria entre a socialdemocracia e o movimento co munista mundial em que o bolchevismo e seu apoio internacional logo se transformariam ver COMUNISMO SOCIALISMO A crítica de Lenin concentrouse em afirmações enfáticas a res peito da natureza do estado burguês e da ordem transicional a ditadura do proletariado que deveria substituílo Uma efetiva estratégia socialista afirmou ele em Estado e revolução 1917 não podia basearse em uma simples tomada das instituições do estado burguês exis Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar leninismo 419 tente Antes estas deviam ser destruídas e algo radicalmente diferente ser criado em seu lugar Pois o estado representativoparlamentar e sua máquina executiva praticamente excluíam a classe operária da influência do poder enquanto o socialismo por sua própria natureza exigia para a sua construção instituições muito mais diretamente democráticas do tipo dos conse lhos operários Essa era a concepção de Le nin do governo proletário a de um estado de um novo tipo mais democrático que qual quer outro antes dele uma democracia ativa participativa para as massas operárias Se seus pontos de vista sobre a organização do partido foram muitas vezes encarados como elitistas a argumentação de Estado e revolução em contraste é às vezes tida como próxima de um tipo de anarquismo embora Lenin mais tarde viesse a se opor vigorosamente dentro da Internacional Comunista à visão de estilo anar quista dos chamados comunistas esquerdis tas segundo a qual a classe operária e suas organizações deviam absterse totalmente da participação na política parlamentar mesmo em circunstâncias nãorevolucionárias De qualquer forma o espírito democrático participativo do panfleto de Lenin escrito na véspera da revolução bolchevique viuse rapi damente submetido a todas as pressões com que se defrontava o novo regime no poder da guerra civil da intervenção estrangeira do desloca mento econômico e social da oposição política e do descontentamento Nessa situação o go verno bolchevique sob a orientação de Lenin começou a se fechar em um monopólio auto crático do poder Outros partidos foram bani dos alguns mas não todos em revolta aberta e violenta contra a nova ordem política As fac ções dentro do próprio partido de Lenin foram então proibidas o que nunca havia ocorrido até então Se essas medidas eram apenas expe dientes temporários e desesperados ou se em vez disso estavam perfeitamente em harmonia com a lógica substitucionista do projeto le ninista isso mais uma vez faz parte da discussão de décadas a respeito da relação entre leninismo e stalinismo O fato de o leninismo no poder ter lançado algumas das bases para a ascensão de Stalin é algo que não se pode negar com facilidade Ele o fez institucionalmente ainda que sob intensa pressão ao eliminar os possíveis espaços de um pluralismo político E o fez também doutrina riamente transformando a necessidade em virtude como na famosa frase de Rosa Luxem burgo camuflando em polêmica autojus tificativa a diferença entre governo proletário e do partido Mas igualmente o fato de o próprio Lenin não ter sido capaz de continuar com isso muito menos de presidir a isso o que transpirou com o triunfo de Stalin também ficou absolutamente claro Pouco antes de mor rer Lenin ficou alarmado com as formas de poder arbitrário em processo de desenvolvi mento à sua volta buscou controlálas e conse guir que Stalin em particular fosse removido da forte posição de influência que havia alcan çado O esforço veio tarde demais e foi em vão Hoje em dia as estátuas de Lenin estão sendo derrubadas naquilo que foram as terras do mar xismoleninismo Faz parte da complexa rea lidade que evoluiu sob o rótulo derivado de seu nome e é uma ironia pouco observada nos comentários recentes o fato de que o próprio Lenin só poderia ter aplaudido a sua derrubada uma renúncia ao culto enrijecido e autoritário em que foram transformados o seu projeto re volucionário e a sua modesta pessoa individual Qualquer que pudesse ser o seu julgamento a respeito dos eventos relacionados o seu aplau so à derrubada dessas estátuas pelo menos parece uma certeza bastante razoável Leitura sugerida Carr EH 1950 1966 The Bolshe vik Revolution 19171923 vol1 p15111 Colletti L 1972 From Rousseau to Lenin p21927 Harding N 1977 1981 1982 Lenins Political Thought 2 vols reunidos Lenin VI 196070 Collected Works Lewin M 1967 Le dernier combat de Lénine Lieb man M 1973 Le léninisme sous Lénine Luxembur go R 1970 Organizational questions of Russian so cial democracy In Rosa Luxemburg Speaks org por MA Waters p11430 Ο 1970 The Russian revolu tion In Rosa Luxemburg Speaks org por MAWaters p36795 Mandel E 1977 The Leninist theory of organization In Revolution and Class Struggle a Rea der in Marxism Politics org por R Blackburn p78 135 Meyer AG 1962 Leninism Miliband R 1983 Class Power and State Power p15466 NORMAN GERAS liberalismo A doutrina política conhecida como liberalismo afirma que o propósito do estado como associação de indivíduos indepen dentes é facilitar os projetos ou a felicidade dos seus membros Os estados não devem im por os seus próprios projetos Tal como seu parceiro doutrinário o CONSERVADORISMO o li Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 420 liberalismo beralismo é uma versão da tradição política ocidental e ambos os termos são empregados de forma um tanto confusa em sentido tanto genérico quanto específico Em sentido genérico liberalismo refere se a toda a moderna tradição ocidental de pen samento e comportamento em contraste com as tradicionais formas de ordem encontradas na Ásia e na África Críticos do mundo ocidental moderno como os marxistas ou vários tipos de fundamentalistas religiosos atacam o liberalis mo como o aspecto doutrinário do capitalismo Liberalismo nesse sentido referese à liberta ção dos desejos de um indivíduo e de muitas das restrições de uma ordem tradicional Mas den tro da efetiva política da Europa e da América liberalismo referese a um conjunto específico de idéias que de tempos em tempos destacam seus adeptos dos conservadores e dos socialis tas Exatamente o que constitui essa forma es pecífica de liberalismo muda de uma geração para a seguinte No século XIX por exemplo o liberalismo incorporou idéias como o livre comércio a democracia e a autodeterminação nacional Perto do final desse século no entan to surgiu um novo liberalismo enfatizando que o estado devia ser responsável por suprir as necessidades materiais dos pobres de forma que estes pudessem exercer de maneira mais efetiva a liberdade de que deveriam desfrutar Essa mediação rumo ao socialismo era eviden temente incompatível com o estado mínimo que muitos dos primeiros liberais haviam con cebido como a única garantia de liberdade Esse liberalismo clássico de meados do século XIX foi vigorosamente revivido durante os anos 70 e em geral encontrou abrigo em partidos que se autoclassificavam como conservadores Deve ficar claro que qualquer tentativa de definir liberalismo é como buscar um alvo mó vel O significado de liberalismo muda não apenas com o seu nível de abstração e com o passar do tempo mas também de país a país O anticlericalismo por exemplo foi um impor tante componente do liberalismo francês do século XIX enquanto que o sentimento antire ligioso foi na melhor das hipóteses intermi tente na GrãBretanha e na América do Norte Todas essas ênfases mudam constantemente A história das idéias liberais A palavra liberalismo que hoje conhe cemos entrou na política britânica vinda da Espanha e da França na década de 1830 quan do se tornou corrente a maioria dos rótulos da política moderna Ela descrevia o velho Partido Whig cujas raízes remontavam ao republica nismo clássico do século XVII A fluidez dessas idéias políticas pode ser ilustrada a partir do apelo de Edmund Burke na década de 1790 dos novos whigs simpáticos às doutrinas francesas dos direitos naturais aos velhos whigs que se pautavam na visão de Burke pela tradição do acordo de 1688 A fundamen tação doutrinária de Burke para o pensamento conservador britânico revela bastante a respeito dos aspectos em que ele se distingue do libera lismo Ele concordava em que a sociedade era um contrato mas rapidamente dissolveu os efe tivos contratos dos homens racionais no gran de contrato primevo da sociedade eterna que deixava muito menos ao ativo arbítrio destes Os liberais em contraste mostramse mais dis postos a adotar as regras e disposições de uma associação civil de forma a estar de acordo com o que atualmente se considera racional Confor me as palavras de Tom Paine crítico e contem porâneo de Burke nenhuma geração tem o direito de comprometer suas sucessoras Em suas versões de CONTRATO SOCIAL o li beralismo explorou toda uma esfera de escolhas privadas incluindo a consciência a opinião e a família que os governos não devem invadir Muitos desses temas tornaramse explícitos na Reforma protestante do século XVI e uma certa tensão entre liberalismo e catolicismo foi um aspecto reconhecido da vida política até as úl timas décadas do século XX Uma expressão clássica dessa atitude é a censura de John Mil ton em Areopagitica 1644 ao domínio moral de seus rebanhos por parte dos padres católicos Mas há muito ficou geralmente convencionado que os princípios essenciais do liberalismo fo ram expressos pela primeira vez no Second Treatise of Government 1690 de John Locke Nessa obra Locke afirma que o governo é uma espécie de custódia estabelecida por indivíduos que se juntaram para formar uma sociedade cujo sentido é garantir a ordem e proteger a proprie dade Propriedade para esses fins inclui vida liberdade e posses e seu gerenciamento é um dever a nós imposto por Deus Os governos exer cem sua prerrogativa de acordo com a lei e os contornos mais amplos de seus deveres e seus limites são dados pelo que a razão nos diz a respeito da natureza humana e dos direitos natu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar liberalismo 421 rais A autoridade resulta da aquiescência do governado e o povo tem o direito como último recurso de derrubar o governante que viole essas condições O Second Treatise de Locke foi uma obra altamente partidária disfarçada de argumenta ção filosófica e os historiadores das idéias hoje acreditam que identificála com a doutrina mui to posterior do liberalismo é praticar história ao estilo dos whigs no qual os personagens his tóricos são compreendidos como animados por idéias de liberdade que só emergiriam em um período posterior Um problema ainda mais sério é que o lugar central designado à lei natural na argumentação de Locke limitava se veramente o âmbito da divergência política possível Mas é da essência de uma sociedade liberal caracterizarse por uma divergência bá sica a respeito de todas as questões substantivas A partir desse ponto de vista o pensamento de Thomas Hobbes descartado por muitos críticos posteriores como absolutista na verdade vir tualmente totalitário começa a nos dizer um pouco mais a respeito do liberalismo A questão central é que o Leviatã 1651 de Hobbes leva profundamente a sério o fato da divergência entre os membros de um estado moderno Tal divergência ameaça as associa ções humanas de violência e rompimento re sultado que só pode ser evitado investindose autoridade em um soberano cujas decisões em questões de lei e negócios públicos incluindo doutrina pública devem ser encaradas como conclusivas Em vez de basear o estado na razão como fez Locke Hobbes apoiouse na autoridade O súdito de um estado moderno está preso a regras que ele pode achar que não são racionais nem desejáveis e sua liberdade se encontra nas áreas que Hobbes assume serem um continente imenso a cujo respeito a lei se cala O pensamento liberal posterior enfatizou o fato de que é o caráter lógico das regras que são abstratas e hipotéticas que facilita a liberdade Tais modificações adverbiais de comportamento para usar uma metáfora ade quada que tem origem em Michael Oakeshott dão oportunidade para o engenho e a imagina ção na busca dos desejos As leis restringem as ações mas não as impõem nem as dominam O segredo do dinamismo dos estados liberais modernos reside em um contínuo diálogo entre um governo legislador e uma cidadania recep tiva guiada por um conjunto de regras abs tratas O próprio Hobbes comparou as leis às cercas e aos muros que impedem as pessoas de vagar pela propriedade privada Conforme ob servou Oakeshott sem ser ele próprio um li beral Hobbes tinha em si mais da filosofia do liberalismo do que a maioria dos seu professos defensores A concepção liberal da vida política A essência do liberalismo reside em seu reconhecimento do desejo individual como fato básico de uma associação civil moderna Não há valores ou normas preponderantes a que o homem esteja completa e permanentemente obrigado Mas essa forma é freqüentemente mal compreendida Não se deve pensar por exem plo que um desejo é o mesmo que um impulso uma inclinação ou um capricho O desejo do pensamento liberal tal como a felicidade dos teóricos utilitários ver UTILITARISMO é alta mente racionalizado A identidade da pessoa no pensamento liberal deve ser descoberta não em algum aspecto natural como raça ou classe nem em algum relacionamento social como status ou condição mas em uma estrutura de desejos coerentes ou racionalizados Somente uma pessoa assim pode ser considerada res ponsável por suas ações Tais formulações in dicam é claro que cada indivíduo em um es tado liberal é um paradigma de autocriação Todos os estados existentes é claro estão im pregnados por uma tessitura viva de sentimen tos patrióticos e ligações morais e religiosas herdadas do passado O avanço do liberalismo no entanto reduziu a condição de autoridade das religiões e abriu as ligações patrióticas à concorrência das ligações universalistas e cos mopolitas Essa dissolução de ligações herda das que segundo os conservadores geralmente afirmam no futuro irá mostrarse fatal para as modernas sociedades ocidentais baseouse em grande parte no crescimento das sociedades modernas como economias nas quais todos os membros em vez dos tradicionais cabeças de família do passado participam do que Adam Smith chamou de troca permuta e intercâm bio De fato uma das versões mais convin centes do liberalismo a proposta por FA Hayek 1960 consiste em uma alegação de que a economia deveria em substância estar fora do âmbito da interferência política Os críticos do liberalismo geralmente o acu sam de falsear a realidade social e política Tal Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 422 liberalismo crítica com freqüência se baseia em um equívo co A ênfase individualista da teoria do contrato social por exemplo é amiúde atacada como uma forma de atomismo que não reconhece ser o homem um animal social Quando o cidadão de um estado liberal é caracterizado como bur guês por exemplo nas doutrinas marxistas em geral é concebido como isolado e em confli to com seus companheiros Na verdade a teoria liberal não tem nenhuma dificuldade em reco nhecer as relações sociais e um dos aspectos das sociedades liberais que mais impressionam é a criatividade flexível e fluente de sua coope ração social da qual a famosa pletora de associações voluntárias nas sociedades anglo saxônicas é um bom exemplo Mais uma vez a semelhança entre o individualismo liberal e a teoria das relações econômicas racionais levou alguns críticos a concluir que o egoísmo e a ambição estão na base das sociedades liberais Essa confusão entre o egoísmo que é uma falha moral e o autointeresse que é um critério formal de comportamento racional é ao mesmo tempo comum e perniciosa A melhor maneira de refutála é destacar o fato de que tanto no nível individual quanto no governamental as sociedades liberais sempre foram entre todos os grupos da história as mais espetacularmente inclinadas a fazer donativos aos menos afortu nados As reais deficiências do pensamento liberal só surgem quando ele desemboca em uma es pécie de racionalismo que presume terem todos os seres humanos o mesmo caráter racionali zante Os autores do final do século XIX cujo liberalismo foi fermentado pelo vinho inebrian te do progresso iriam descobrir que a natureza humana no século XX os decepcionaria ter rivelmente O zelo religioso ideológico levou a conflitos ferozes que muitos liberais acharam e em geral ainda acham difíceis de compreen der Desdobramentos recentes O liberalismo foi um dos maiores beneficiá rios da retomada do pensamento político nor mativo a partir dos anos 60 As duas idéias morais básicas em termos das quais o liberalis mo é elucidado a dos direitos e a da utilidade foram engenhosamente desenvolvidas A ênfase liberal na escolha racional ver ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA fez reviver a conhecida questão do contrato social como podem tais criaturas gerar bens públicos Como podem ser motivadas a se comportar de forma comunitá ria se não é de seu interesse particular fazêlo Uma enorme literatura técnica nessa área tem se concentrado no dilema do prisioneiro e ou tras formas de teoria dos jogos A idéia de escolher princípios sociais básicos por trás de um véu de ignorância em A Theory of Jus tice de John Rawls 1971 tenta determinar uma estrutura de regras constitucionais inde pendentemente da parcialidade que ao que se presume exibimos na efetiva vida social e po lítica Nesses termos um estado liberal surge como o que é indiferente ou neutro entre os projetos e opiniões específicos preferidos por seus membros Essa idéia de procedimento do liberalismo foi recentemente expressa em termos da prioridade do certo sobre o bom Os problemas explorados nessa literatura filosófica são acadêmicos no sentido de que as sociedades liberaldemocráticas para dizer a verdade funcionam e de fato funcionam muito bem Mas os críticos geralmente afirmam que a liberdade e a neutralidade que os liberais alegam existir em seu estado são ilusórias É por certo verdade que os crentes religiosos inteira mente convencidos de que somente eles são os donos da verdade das coisas podem muito bem achar o pluralismo de uma sociedade liberal intolerável e na verdade a conseqüência de séculos de tal controvérsia na maioria das igre jas cristãs foi induzir a um ecumenismo tole rante que em geral abandona no nível da crença revelada literal a pretensão à verdade É assim provável que a discussão acadêmica sobre o liberalismo conclua que no fim do caminho li beral o que se encontra é o niilismo enquanto alguns sociólogos argumentaram que a ênfase liberal na liberdade é um ácido que dissolve os laços invisíveis por meio dos quais se mantém a ordem social Daniel Bell 1979 por exem plo afirmou que as sociedades capitalistas mo dernas exigem tanto uma ética protestante aus tera e parcimoniosa na área da produção quanto uma atitude hedonista para com o consumo uma propensão tende a destruir a outra Essas explorações dos meandros do perigo porém podem muito bem ser consideradas co mo parte da riqueza de recursos das modernas sociedades liberais que com certeza vivem pe rigosamente mas até agora têm demonstrado uma capacidade considerável para fazer ajustes que as salvarão do desastre É claro que não Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar liberalismo 423 existe garantia de que tudo isso vá continuar Mas esse perigo do ponto de vista liberal é um inevitável aspecto da aventura da modernidade Leitura sugerida Barry Norman P 1980 1986 On Classical Liberalism and Libertarianism Bell Daniel 1979 The Cultural Contradictions of Capitalism Gray John 1989 Liberalism Haakonssen Knud org 1988 Traditions of Liberalism Hayek FA 1960 The Constitution of Liberty Hobbes T 1651 1973 Leviathan Locke John 1690 1960 Two Treatises of Government org por Peter Laslett Mill John Stuart 1859 1991 On Liberty and Other Essays org por John Gray Milton John 1644 1925 Areopagitica In Miltons Prose a Selection Nozick R 1974 Anar chy State and Utopia Oakeshott Michael 1975 1991 On Human Conduct Ο 1975 Hobbes on Civil Association Rawls John 1971 A Theory of Justice Sandel M 1982 Liberalism and the Limits of Justice KENNETH R MINOGUE liberdade Este é um conceito que foi inter pretado de diversas maneiras em doutrinas so ciais extremamente variadas Uma distinção inicial pode ser feita entre o que se chamou de concepções negativa e positiva de liberda de individual Em seu sentido negativo liber dade significa a ausência de restrição desne cessária ou danos Lewis 1832 p154 ou de maneira mais ampla da interferência delibe rada de outros seres humanos em uma área em que não fosse isso eu poderia atuar Berlin 1958 p122 e disso se segue que a liberdade é maior onde existe menos restrição ou interfe rência Esse é o sentido básico em que a liber dade acima de tudo vis à vis os governos foi compreendida por pensadores liberais como JS Mill e Alexis de Tocqueville no século XIX e por seus sucessores no século XX Todos eles reconheceram porém que algumas res trições estabelecidas principalmente pela lei são necessárias no interesse da coesão da jus tiça e de outros valores sociais embora tenham divergido enormemente em seus pontos de vista a respeito de quanta restrição é necessária ou tolerável e os atuais libertários como Hayek 19739 defendem vigorosamente uma severa redução da legislação restritiva e das atividades do governo O sentido positivo de liberdade foi defen dido por Lewis p1512 como significando a posse de direitos cujo desfrute é benéfico para aquele que os possui e essa formulação tem uma ressonância bastante moderna pois dis cussões recentes sobre liberdade positiva têm invocado com freqüência a noção de CIDADA NIA implicando o estabelecimento de um amplo âmbito de direitos civis políticos e sociais O crescimento da liberdade é portanto concebido como uma evolução da cidadania Subjacente a tal concepção encontrase o ponto de vista de que se a liberdade não deve ser meramente uma noção abstrata e vazia então devem existir condições nas quais os indivíduos possam efe tivamente exercer sua liberdade a fim de alcan çarem o grau máximo de autorealização e au tocomando de que forem capazes Em relação a essas questões existe ainda uma distinção a ser feita entre liberdade in dividual e o que pode ser chamado de liberdade coletiva Os movimentos de libertação ou in dependência nacional os movimentos de clas se os movimentos das mulheres e outros bus cam garantir maior liberdade em um sentido específico para categorias inteiras de pessoas embora isso é claro esteja relacionado à conse cução de certos tipos de liberdade individual Tais fenômenos tornam evidente o fato de que liberdade em seu sentido mais universal de pende de um complexo de instituições sociais o qual constitui um tipo particular de ordem social Os seres humanos não nascem livres nascem dentro de uma rede preexistente de relacionamentos sociais como súditos de um império ou membros de uma tribo ou nação de uma casta ou classe de um gênero de uma comunidade religiosa e os limites de sua liber dade são condicionados por essas circunstân cias Mas não são totalmente determinados por isso pois indivíduos e grupos podem lutar e de fato lutam por maior liberdade com mais suces so na medida em que as forças produtivas hu manas e a riqueza da sociedade aumentam Nas sociedades modernas e particularmente no sé culo XX houve sem dúvida apesar de inúme ros movimentos retrógrados uma considerável ampliação da liberdade como resultado da aqui sição de direitos civis políticos e sociais em uma escala muito mais ampla Esses ganhos são o resultado de muitas lutas coletivas pelo su frágio universal pelos direitos econômicos e sociais das mulheres pela libertação do domí nio colonial e de várias formas de ditadura política Mas é possível também afirmar que a exten são dos direitos sociais em particular nos mo dernos estados democráticos de bemestar foi atingida ao custo de uma intervenção e uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 424 liberdade regulação governamental grandemente amplia das bem como do crescimento da burocracia que constituem em si mesmos novas limitações à liberdade do indivíduo Uma fonte principal para esses pontos de vista é a exposição feita por Max Weber dos processos de racionaliza ção e burocratização da vida nas sociedades industriais modernas que ele afirmou tenderem a minar a autonomia e a integridade do in divíduo ver Löwith 1932 Mommsen 1974 Essas não são porém as únicas questões que surgem ao se considerar como mudanças so ciais com intenção de promover a liberdade podem ao mesmo tempo que inicialmente atingem seus objetivos em uma esfera criar novas restrições em outras Revoluções e re formas radicais concebidas como emancipató rias levaram com freqüência a regimes ditato riais enquanto que em sociedades democráti cas existe sempre o perigo daquela tirania da maioria que Mill analisou De maneira mais geral é evidente que a liberdade de indivíduos ou grupos sempre im plica ou tem a probabilidade de implicar algu ma limitação da liberdade de outros sendo a expressão mais extrema dessa idéia a frase de JeanPaul Sartre O inferno são os outros A vida humana é necessariamente social e a liber dade pode ser mais bem concebida como um equilíbrio continuamente mutável entre as pre tensões rivais de indivíduos e grupos dentro de uma sociedade inclusiva cujas fronteiras podem também se expandir na medida em que os di reitos humanos sejam afirmados em escala glo bal Daí uma análise conceitual de liberdade necessita ser realizada dentro da estrutura de teorias sociais mais amplas em que tanto o sentido negativo de liberdade preocupado com as forças que restringem os indivíduos de modos e graus diferentes de acordo com sua posição social quanto seu sentido positivo das possibilidades de autorealização e auto comando igualmente variáveis de acordo com as circunstâncias sociais sejam examinados criticamente Leitura sugerida Berlin I 1958 1969 Two con cepts of liberty In Four Essays on Liberty Hayek FA 19739 1982 Law Legislation and Liberty Mill John Stuart 1859 1991 On Liberty In On Liberty and Other Essays Ryan A org 1979 The Idea of Freedom TOM BOTTOMORE libertação teologia da Ver TEOLOGIA DA LI BERTAÇÃO libertarianismo Afirmando que a liberdade individual é o valor político básico e a PROPRIE DADE privada a sua mais importante salvaguar da institucional essa palavra entrou em uso nos Estados Unidos da América depois da presidên cia de Franklin Delano Roosevelt 193345 cujos partidários se apropriaram da antiga pala vra liberalismo para o seu ramo de interven cionismo político e econômico Daí aqueles entre os seus oponentes que também rejeitavam o conservadorismo começaram a se chamar de libertários Encarandose como os legítimos herdeiros da tradição liberal clássica de John Locke e Adam Smith a maioria dos libertários acredita que a liberdade tem valor intrínseco segundo eles é um direito humano inalienável uma exigência da razão a condição natural do seres humanos Alguns são inspirados pelo indivi dualismo romântico do escritor Ayn Rand 1957 outros na esteira de Locke baseiam o direito à liberdade e à propriedade no princípio de que o indivíduo é dono de si próprio Alguns libertários porém defendem a liberdade em termos das boas conseqüências que dela pare cem fluir As duas posições não são mutua mente excludentes Acreditam que a liberdade é o único meio de enfrentar a diversidade de valores pontos de vista e estilos de vida in dividuais as pessoas podem concordar em dis cordar Além disso esses libertários muitos dos quais são influenciados pela ESCOLA AUS TRÍACA DE ECONOMIA ou pela ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO contrapõem que a liberdade de experimentar inovar e inevitavelmente come ter erros é um prérequisito necessário do pro gresso Outra divisão dos libertários é indicada por seus pontos de vista a respeito do governo Alguns como Murray Rothbard 1973 e David Friedman 1989 são anarquistas ou anarco capitalistas considerando o governo desneces sário ver ANARQUISMO Acreditam que os in divíduos podem pelo menos em princípio rea lizar através de colaboração voluntária todas as tarefas que são hoje exercidas pelo governo mesmo a previsão e a proteção da lei e da ordem e do dinheiro Apoiandose na moderna teoria dos preços economistas libertários produziram muitas e engenhosas soluções de livremercado Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar libertarianismo 425 para o problema dos bens públicos Outros li bertários como Robert Nozick 1974 são mi nimarquistas Segundo eles um estado mínimo limitado a proteger os direitos individuais e sustentado por impostos é necessário Todos os libertários concordam porém na oposição à redistribuição compulsória da renda em nome da justiça social Os libertários acham que a oposição à pros peridade privada em geral se origina de uma leitura equivocada da história Afirmam que as condições das classes operárias não foram pio radas pelo CAPITALISMO no início do século XIX ao contrário o capitalismo permitiu que vives sem muito mais pessoas do que teriam de ou tra forma sobrevivido Os libertários também acreditam que a Grande Depressão entre as duas guerras mundiais não é indício de nenhuma instabilidade inerente à ordem no mercado ela foi causada ou pelo menos grandemente agra vada por intervenção governamental Os liber tários assumem posições igualmente controver tidas a respeito de questões atuais o monopólio em geral mantido pelo governo é exagerado pelos inimigos da ordem no mercado os pro blemas ambientais às vezes podem ser resolvi dos através do mecanismo de preços não a ajuda ao desenvolvimento mas o livre comér cio e o fluxo irrestrito do capital permitirão às nações pobres fugir da prisão do subdesenvol vimento e assim por diante Conservadores e liberais clássicos concor dam com muitas dessas posições ver CONSER VADORISMO e LIBERALISMO Mas os liberais clás sicos como Friedrich A Hayek e Milton Fried man são capazes de conceber além das fun ções tradicionais do estado mínimo a impo sição da segurança social por exemplo uma rede de segurança ou uma renda mínima ga rantida para os mais pobres Os conservadores por outro lado se opõem à busca incessante de satisfação particular tolerada pelos libertários será que adultos permissivos podem realmente fazer o que bem entenderem uns com ou a os outros incluindo o tráfico de drogas e a pros tituição mediante apenas não violarem os di reitos de outras pessoas nesse processo Para os liberais clássicos os libertários respondem en fatizando a natureza coerciva da caridade públi ca diferentemente da particular e algumas de suas conseqüências indesejáveis porém invo luntárias No debate com os conservadores en fatizam a diferença entre aceitação e tolerância Leitura sugerida Barry Norman P 1980 1986 On Classical Liberalism and Libertarianism Block Wal ter 1976 Defending the Undefendable Friedman Da vid 1989 The Machinery of Freedom 3ªed Lepage Henri 1982 Tomorrow Capitalism Nozick Robert 1974 Anarchy State and Utopia Rand Ayn 1957 Atlas Shrugged Rothbard Murray 1973 1978 For a New Liberty the Libertarian Manifesto ed rev HANNES H GISSURARSON liderança Esta palavra corriqueira pode ser definida de forma bastante simples como a qualidade que permite a uma pessoa comandar outras Isso implica que a liderança é acima de tudo uma relação mútua entre líder e liderado indivíduo e grupo A palavra também indica ação O líder e o grupo fazem alguma coisa juntos Por fim liderança é evidentemente uma relação baseada em aquiescência não em coer ção o ladrão que aponta o revólver para as costas de uma pessoa não é líder desta Seguese então que uma investigação da liderança exige as percepções da teoria social e psicológica e é prérequisito para uma plena apreciação dos modos pelos quais se detém se legitima e se exerce o poder No entanto apesar da aparente simplicidade e fertilidade do quadro básico de definição ou talvez devido a isso o estudo da liderança embora volumoso tem sido marcado por gran de controvérsia e pouca concordância tanto que um conhecido comentarista concluiu com desânimo que o conceito de liderança como o de inteligência geral perdeu em grande parte o seu valor para as ciências sociais Gibb 1968 p91 Não obstante o tópico continua a fascinar os pensadores sociais e estimulou dois modos rivais de abordagem Os estudos clássicos da liderança concentravamse basicamente nas personalidades dos grandes homens retratan doos como figuras singulares e heróicas ca pazes de transformar seus discípulos através da pura força de vontade Entre os exemplos des ses gênios assoberbantes incluemse o Grande Legislador de JeanJacques Rousseau o Super Homem de Friedrich Nietzsche o Herói de Thomas Carlyle e o famoso Tipo Ideal do líder carismático ver CARISMA de Max Weber A idéia do líder carismático ativo dominan do um público passivo permaneceu básica no final do século XIX e início do século XX nos textos de Gustave Le Bon psicólogo das mul tidões francês que forneceu conselhos pragmá Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 426 liderança ticos para muitos detentores do poder poste riores e na obra de seu companheiro teórico Gabriel Tarde o fundador da moderna pesquisa de opinião pública e consulta política da mídia Um conceito semelhante também animou o trabalho de Sigmund Freud sobre a psicologia de massa Essencialmente esses pensadores en caravam a sociedade como sonambulamente à espera da voz de um líder hipnótico que fosse capaz de manipular a profunda ânsia humana por autoridade e direção ver SOCIEDADE DE MASSA Mas diferentemente de autores mais antigos na tradição heróica os líderes eram agora retratados não de forma positiva mas como figuras teatrais irracionais e carregadas de emoção caracterizadas por uma autoabsor ção monomaníaca Durante a Segunda Guerra Mundial o de bate entre os adoradores do herói e seus demo nólogos embora nunca resolvido foi deixado de lado em favor da mera concentração prag mática nas necessidades e estruturas do grupo e do contexto situacional que o cercava e na resultante dinâmica entre líderes e seguidores Essa nova ênfase refletia tanto a preocupação militar prática de descobrir e treinar líderes efetivos para o combate quanto uma repulsa aos estilos de liderança carismáticos personaliza dos de Hitler e Mussolini De acordo com esse ponto de vista é muito raro que líderes sejam intrinsecamente heróis ou extraordinários em vez disso como escre veu Cecil Gibb a liderança não é uma quali dade que um homem possua é uma função interativa da personalidade e da situação social 1951 p284 Na verdade alguns estudos in dicam que os líderes longe de serem incomuns eram em geral membros dos grupos mais próxi mos da média estatística cuja própria mediania lhes permitia fazer inovações ver Hollander 1958 Mas situações diferentes originavam ti pos menos desejáveis de líderes incluindo al guns que exibiam personalidades autoritárias conforme documentado em Fiedler 1964 Os pesquisadores portanto dedicaramse a desco brir a interrelação entre liderança e contexto com o objetivo pragmático de desenvolver os organizadores de tarefas mais eficientes e de encorajar estilos de liderança democráticos Mas apesar dos sucessos empíricos da perspec tiva interativa a ênfase na mudança de circuns tâncias e a negação de quaisquer características universais tanto nos grupos como nos líderes logo tornaram difícil dizer se os pesquisadores estavam falando a respeito de liderança ou simplesmente de gerenciamento Além disso logo se levantaram condições quanto ao efetivo propósito e caráter do grupo e às funções da autoridade Por exemplo Robert Bales 1953 afirmou que ao mesmo tempo que alguns grupos fazem surgir líderes proficientes cujas qualificações para o comando são habili dade e especialização outros têm líderes que são basicamente expressivos transmitindo aos membros um senso de participação emocional da comunidade A tarefa do líder nesse caso é simplesmente manter o grupo como grupo Ficou evidente também que mesmo os que ob viamente estão no comando não são neces sariamente líderes alguns são cabeças cujo poder deriva unicamente de sua posição em uma hierarquia rígida Os seguidores também puderam ser discri minados de acordo com várias premissas al guns eram ligados ao líder por causa de expec tativas utilitárias de lucro outros devido à cren ça nos valores do líder e outros por afeição pelo líder e pelo grupo Boa parte da literatura de sociologia e psicologia social sobre liderança tornouse assim um esforço para categorizar tipos de líderes e seguidores e para destacar as infinitas e problemáticas vicissitudes de suas interrelações em variadas situações Parcialmente em resposta à natureza cada vez mais técnica dos estudos situacionais e interativos houve um retorno à tradição heróica entre inúmeros autores de orientação psicológi ca e biográfica que aceitaram como um dado o comando pessoal do líder sobre seguidores pas sivos Mas na tradição de desencanto da psico logia de massa a atração do líder é retratada nesses estudos não como marca de carisma mas em vez disso como indício de distúrbio psi cológico O precursor dessa tradição é Harold Lasswell o qual afirmou que os líderes ti picamente deslocam necessidades psíquicas frustradas para a arena política 1930 Versões mais sofisticadas podem ser encontradas nas obras altamente influentes de Erik Erikson so bre Gandhi 1969 e Lutero 1958 embora Erikson se curve à escola interacionista na tenta tiva de demonstrar por que o público devia achar esses deslocamentos neuróticos atraentes mesmo assim as massas permanecem essencialmente pas sivas refletindo em vez de agir Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar liderança 427 Recentes estudos sobre liderança continua ram a seguir esses caminhos dicotômicos con centrandose ou na categorização de situações e em questões pragmáticas sobre a influência e a eficiência do líder ou na psicologia e nas motivações deste os esforços para conciliar essas tendências teóricas divergentes lamenta velmente continuam poucos e muito espaça dos embora haja indícios bemvindos de uma síntese por exemplo nas obras de Kracke 1978 Willner 1984 Tucker 1981 e outros que combinam uma percepção psicológica do caráter dos líderes e dos seguidores uma cons ciência do contexto sociocultural em que surge a liderança e um quadro comparativo que tenta ir além do tipológico Ver também AUTORIDADE Leitura sugerida Burns J 1979 Leadership Car lyle T 1904 1966 On Heroes HeroWorship and the Heroic in History org por C Niemeyer Freud S 1921 1959 Group Psychology and the Analysis of the Ego Friedrich C 1958 Authority Gouldner A 1950 Studies in Leadership Leadership and Democra tic Action Hook S 1943 The Hero in History a Study in Limitation and Possibility Le Bon G 1895 1975 Psychologie des Foules Nietzsche F 1901 1964 The Will to Power Paige G 1977 The Scien tific Study of Leadership Rousseau JJ 1762 1959 Du contrat social Tarde G 1903 1962 The Laws of Imitation Weber Max 1968 On Charisma and Ins titution Building coletânea org por SN Eisenstadt CHARLES T LINDHOLM linguagem As implicações desse tema são de âmbito tão grande e tão variadas que é possível dizer que a linguagem tem sido ao mesmo tempo central e marginal no pensamento social durante o século XX Central na medida em que concepções sobre a natureza da linguagem e as próprias linguagens forneceram idéias instigan tes ou pelo menos metáforas para se pensar sobre a natureza da sociedade A idéia de que a sociedade é como uma linguagem tem tentado a muitos Marginal na medida em que a sociologia da linguagem como subdis ciplina da sociologia e a SOCIOLINGÜÍSTICA co mo subdisciplina da lingüística raramente fo ram uma preocupação capital de sociólogos ou lingüistas profissionais Três exemplos mostram como concepções da linguagem podem ser capitais para o pensa mento social 1 Entre os principais pensadores sociais deste século apenas um teve uma educação na qual os estudos lingüísticos desempenharam papel importante Antonio Gramsci 1891 1937 Ferrucio Lo Piparo 1979 afirmou de forma convincente que as concepções sobre HEGEMONIA de Gramsci imensamente influen tes são em grande parte informadas pela com preensão que ele adquiriu como estudante da história do desenvolvimento do italiano como língua nacional A lingüística que Gramsci es tudou era ao mesmo tempo histórica e idealista em seu caráter Ela enfatizava o papel ativo dos indivíduos por exemplo escritores criativos em plasmar o desenvolvimento de uma lin guagem mas igualmente reconhecia que a he gemonia do italiano padrão como a lingua gem de uma Itália unificada foi resultado de uma ação coletiva do conflito e do exercício do poder político O próprio Gramsci na prisão escreveu a respeito da questão da linguagem ver Gramsci 1985 p16495 2 Mais comumente citada é a influência do ESTRUTURALISMO em lingüística sobre o des envolvimento do pensamento social e de fato sua interseção com importantes correntes da teoria social Pois não é como se a obra fun damental da lingüística estruturalista o pós tumo Curso de lingüística geral de Ferdinand de Saussure publicado em 1916 ver também Culler 1976 fosse intocado pelo vocabulário da teoria social Está cheio deste e tem sido uma questão bastante debatida saber se Saussure teria tirado seu vocabulário ou seus conceitos das Regras do método sociológico 1895 de Émile Durkheim Qualquer que seja a gênese das idéias de Saussure é verdade que no perío do pós1945 ele e outros lingüistas estruturalis tas em especial Roman Jakobson 18951982 proporcionaram aos antropólogos e sociólogos concepções razoavelmente precisas de es trutura e convenção e também distinções mais nítidas do que as até então disponíveis entre estados estruturais sincrônicos e processos e práticas históricos diacrônicos Nos anos 60 e 70 tornouse efetivamente comum pensar que a sociedade está estruturada como linguagem e que toda a ação social é como um discurso no sentido de uma prática conforme às regras ou violadora das regras possibilitada pelos recur sos que a estrutura social como uma espécie de gramática fornece Para uma discussão crítica ver Giddens 1979 Para uma análise filosoficamente profunda do conceito essencial de convenção ver Lewis 1969 e para um Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 428 linguagem estudo posterior o alentado On Social Facts 1989 de Margaret Gilbert 3 Objeto de comentários bastante fre qüentes mas raramente desenvolvida existe uma interseção entre a influente ênfase de Noam Chomsky na natureza em oposição à convenção como formadora das linguagens que usamos e a teoria social anarquista Como lingüista Chomsky que é também anarquis ta retrata a natureza humana como uma fonte tanto de ordem quanto de desordem lingüística É pelo fato de os seres humanos dividirem uma herança biológica tão rica que suas linguagens são tão semelhantes assim a natureza é uma fonte de ordem tal como no ANARQUISMO oti mista Mas igualmente a natureza é uma fonte de desordem como no anarquismo pessimista Pois com um sistema de gramática universal suficientemente elaborado é então verdadeiro que tanto um input limitado de linguagem basta para o desenvolvimento de capacidades lin güísticas individuais complexas e similares quanto pequenas mudanças de input podem levar a pelo menos superficialmente mudan ças radicais no sistema de linguagem resultante A percepção aqui é basicamente a mesma re centemente generalizada nas teorias do caos ou da catástrofe isto é teorias de mudança descon tínua originárias dos problemas dos meteorolo gistas com a previsão do tempo a longo prazo embora o antecedente histórico seja o debate entre catastrofistas e uniformitaristas na geolo gia do século XIX Para os temas de ordem e desordem na linguagem ver Chomsky 1986 e Bickerton 1981 as idéias são recolhidas e em seguida aplicadas na teoria da ideologia em Pateman 1987 Voltandonos agora para a sociologia da lin guagem não seria injusto dizer que grande parte do trabalho feito é metodologicamente desinteressante limitandose a explicar a dis tribuição das linguagens como o crescimento do inglês como linguagem mundial como o resultado multideterminado de causas econô micas políticas e culturais Igualmente exis tem trabalhos sobre a criação ou retomada de linguagens como elementos de uma identidade nacional como acontece com o gaélico irlan dês o hebraico ou o tok pisin da Papua Nova Guiné Um trabalho sociologicamente mais in teressante é sobre o modo como programas de padronização e planejamento centralizado de linguagens são objeto freqüente de resistência por exemplo em cenários educacionais Isso leva à percepção de que a linguagem tem um valor simbólico além do seu valor real pode ser empregada como marca arbitrária de identidade em acréscimo a seu uso como um meio de comunicação Tal abordagem é desen volvida por Pierre Bourdieu dentro do quadro de sua teoria do capital cultural ver de sua autoria Language and Symbolic Power 1991 Alguns trabalhos de sociolingüística têm na verdade preocupações semelhantes embora abordados de pontos de vista metodológicos bastante diferentes Nesse caso o estudo do discurso socialmente situado pode revelar co mo seu estilo ou registro varia sistematicamente com o cenário social ou o status social dos que falam e dos que ouvem Às vezes isso parece um reflexo passivo da operação das variáveis sociais independentes outras vezes parece um esforço ativo por parte dos agentes sociais para definir e reagir a situações sociais Ver o primeiro dos muitos estudos sociolingüísticos influentes e amplamente positivistas de Wil liam Labov The Social Stratification of Lan guage Use in New York City 1966 Na base de tal pesquisa fica mais fácil com preender alguns dos fracassos dos programas de educação em linguagem Nem todos os indi víduos de língua inglesa falam com a chamada Received Pronunciation RP a pronúncia con sagrada ou escrevem o Standard English o inglês padronizado não porque sejam burras ou tenham tido professores incompetentes mas porque se mostram ativas na definição de suas próprias identidades sociais e culturais e não desejam ser aquilo que são designadas para ser As pessoas não são dependentes culturais E nem precisam ser conseguem comunicarse precisamente bem bem até demais com ou sem a RP ou o Standard English Muitas das questões complexas nessa área da lingüística educacional são examinadas nos textos de Peter Trudgill começando com Accent Dialect and the School 1975 Embora boa parte dos trabalhos sociolin güísticos incluindo os de Labov e os de Trud gill tenham sido positivistas na letra e no es pírito e portanto dúbios para o sociólogo teori camente sofisticado houve trabalhos nãopo sitivistas sobre interação lingüística dentro das tradições da ETNOMETODOLOGIA em grande par te inspirados pela obra do falecido Harvey Sacks ver Sacks 1992 Esta busca extrair e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar linguagem 429 formalizar o conjunto completo das regras sin crônicas que governam as interações em deter minado domínio como as conversas telefôni cas ver também CONVERSACIONAL ANÁLISE Aqui se encontra portanto um elo com as tradições estruturalistas de análise embora os etnometodologistas tenham em geral insistido no caráter em última análise ad hoc o final aberto ou infinalização da interação social Esse é também um motivo dominante no atual mente influente dialogismo de Mikhail Bakhtin 18951975 e na lingüística de seu colega Valentin Volosinov 18951936 ver para introduções Holquist 1990 Morson e Emerson 1990 Volosinov 1929 Foge ao âm bito deste artigo entrar em diálogo com o dia logismo mas em todo caso ver também Pate man 1989 Leitura sugerida Bickerton D 1981 Roots of Lan guage Chomsky N 1986 Knowledge of Language Its Nature Origin and Use Saussure F 1916 Cours de linguistique générale Volosinov VN 1929 1973 Marxism and the Philosophy of Language TREVOR PATEMAN linguagem filosofia da Ver FILOSOFIA DA LINGUAGEM lingüística No início do século XX a lin güística poderia ser caracterizada como o estudo da forma e da função da linguagem deixando vaga a denotação de linguagem Is so podia incluir áreas como a teoria literária aspectos filosóficos psicológicos ou sociológi cos da linguagem e até mesmo a comunica ção animal Em seu uso moderno porém lin güística tout court passou a significar o es tudo das estruturas gramaticais das linguagens humanas Para alguns isso excluiria a pragmá tica a interpretação de elocuções em contexto e até mesmo a semântica No entanto estas são em geral incluídas na esfera da lingüística O tema sofreu imensas mudanças durante o século resultando em um considerável grau de especialização e no perceptível aguçamento do enfoque das perguntas de pesquisa Ao mesmo tempo o espaço comum entre a lingüística e outras áreas das relações sociais e da cognição humana tornouse sério objeto de indaga ção assistindo ao desenvolvimento de discipli nas hifenadas como a sociolingüística a psi colingüística e a neurolingüística bem como a lingüística matemática e a lingüística computa cional A lingüística também teve uma intera ção frutífera com a lógica formal a episte mologia a psicologia cognitiva a inteligência artificial e a ciência cognitiva em geral O principal interesse do século era o de senvolvimento histórico das linguagens ou a lingüística diacrônica Uma mudança de ênfase ocorreu em associação com Ferdinand de Saus sure 1916 Ele distinguiu a lingüística diacrô nica do estudo sincrônico isto é o estudo das estruturas de linguagem dos dias atuais En carando a linguagem como fenômeno essen cialmente social Saussure em uma distinção que ficou famosa diferenciou entre langue o sistema abstrato subjacente à linguagem e pa role o uso observado da linguagem cf a di cotomia psicológica de Noam Chomsky entre competência e desempenho Capital para o pensamento de Saussure foi a noção estrutu ralista de que a essência da organização da linguagem está em conjuntos de diferenças en tre termos abstratos em um sistema O estruturalismo floresceu na Europa e na América particularmente nos campos da fono logia estrutura do som e da morfologia es trutura da palavra em que os conceitos de fonema e de morfema o mínimo componente significativo de uma palavra foram desenvol vidos O conceito de fonema desempenhou um papel particularmente importante Ele é um som da fala concebido abstratamente como membro de um conjunto de sons contrastantes Assim o som de th de those aqueles é um fonema em inglês porque contrasta com outras consoantes incluindo o d de doze soneca No entanto em espanhol castelha no o mesmo som resulta simplesmente em uma variante do fonema d quando aparece entre duas vogais Esse som em espanhol portanto não é um fonema em si mesmo No trabalho da escola de Praga anterior à guerra em especial no de Roman Jakobson e no do conde Nikolai Trubetzkoy 1939 a teoria fonológica tornouse o estudo das diferenças fonéticas entre fonemas isolados como aspec tos distintivos Por exemplo o conjunto lmr se distingue de fns pelo aspecto isolado da articulação sonora O padrão de sons de uma linguagem portanto baseavase não em um inventário de fonemas mas no conjunto univer sal mais abstrato dos aspectos característicos com regras particulares da linguagem para combinálos em feixes representando sons Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 430 linguagem filosofia da individuais Essa visão da fonologia continua a exercer grande influência tendo sido incorpo rada à fonologia generativa Chomsky e Halle 1968 Nos Estados Unidos o estruturalismo foi dominado pelas opiniões de Bloomfield 1933 que defendeu uma abordagem comportamen talista da lingüística evitando o apelo a sínteses mentais O estruturalismo norteamericano de senvolveu a abordagem do constituinte imedia to ou da estrutura de frase para a sintaxe por meio da qual a estrutura da sentença é concebi da como um conjunto de frases encaixadas cada qual em última análise consistindo em palavras e em seguida em morfemas Assim as palavras da sentença Gatos pretos caçam ratos peludos podem ser agrupadas nas seguintes frases ou constituintes gatos pretos ratos peludos e caçam ratos peludos para dar ga tos pretos caçam ratos peludos Um aspecto do estruturalismo norteameri cano posterior foi a preocupação com os pro cedimentos de descoberta a alegação era que a análise lingüística tinha de seguir mecanica mente da fonologia à morfologia em seguida à sintaxe sem qualquer mistura de níveis de forma que digamos uma informação sobre estrutura sintática não pudesse influenciar de cisões quanto à estrutura morfológica O estruturalismo foi rapidamente substituí do como a abordagem dominante da lingüís tica pela teoria da gramática generativa que teve início com Noam Chomsky Chomsky 1957 1965 rejeitou a preocupação com os procedimentos de descoberta como metodo logicamente nãocientífica e afirmou que o objetivo da teoria lingüística devia ser a carac terização explícita do conhecimento gramatical tácito do falante nativo idealizado Esse co nhecimento é tecnicamente chamado de com petência diferenciado do efetivo comporta mento de linguagem desempenho tipi ficado por erros e imperfeições de vários tipos Para caracterizar tal conhecimento é necessário construir uma gramática ou um conjunto de regras que quando aplicadas algoritmicamen te exprimirão todas e somente as bemforma das gramaticais expressões da linguagem Dizse que tal gramática gera a as expressões da linguagem Chomsky 1957 proporcionou uma forma lização matemática da abordagem do consti tuinte imediato para a sintaxe desenvolvendo o conceito de uma gramática de estrutura da frase gef Uma gef é um conjunto de regras para a construção de frases em geral visualiza da como diagramas em árvore representando as estruturas hierárquicas implícitas pelas frases encaixadas Ele propôs teoremas demonstrando que uma gef é inadequada para descrever o inglês Afirmou que a teoria sintática deveria ser capaz de caracterizar formalmente relações tais como a que existe entre a afirmação O homem que é visto na foto é norteamericano e a pergunta correspondente É norteamericano o homem que é visto na foto Isso exige um instrumento analítico mais poderoso a trans formação sintática Em termos rudimentares essa é uma regra gramatical que movimenta apaga ou acrescenta partes de árvores sintáticas No presente caso uma transformação movi mentaria o verbo ser é para a frente da sentença Uma gramática assim dotada chama se gramática transformativa O exemplo é digno de nota porque mostra que as transformações têm de apelar à estrutura nesse caso o fato de a seqüência o homem que é visto na foto ser uma frase funcionando como sujeito da sentença A ocorrência do é no interior dessa frase não pode ser passada para a frente mostrando que a transformação se opera sobre mais do que apenas uma seqüência de palavras Em um re finamento posterior Chomsky 1965 uma gef gera estruturas básicas de períodos chamadas estruturas profundas expressão freqüente mente confundida como se referindo à lingua gem e não a períodos que são em seguida modificadas por transformações A abordagem da linguagem de Chomsky é totalmente mentalista como fica claro em sua famosa refutação do comportamentalismo skinneriano Chomsky 1959 Chomsky enca ra a lingüística como uma janela particular mente importante para a mente humana afir mando que as linguagens humanas são singu lares entre os sistemas de comunicação dos animais por permitirem um conjunto ilimitado de mensagens usando meios finitos ou seja um vocabulário finito e um conjunto finito de re gras gramaticais Ele distinguiu três tipos de adequações uma gramática é adequada do ponto de vista da observação se gera todos os dados certos e nenhum dado errado onde da do significa simplesmente uma seqüência de palavras morfemas ou fonemas é adequada de um ponto de vista descritivo se gera as Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar lingüística 431 descrições estruturais apropriadas isto é es truturas que não são incompatíveis com o que se sabe sobre a organização da linguagem ou das linguagens em geral tal como a estrutura de árvore correta para um período é adequa da do ponto de vista explicativo se incorpora uma explicação sobre como tais estruturas po dem ser adquiridas pela criança que aprende a língua A adequação do ponto de vista explica tivo é o mais importante de todos esses objeti vos superando os outros como uma questão de fato metodológico pragmático daí uma gra mática que parece explicativa mas capta er radamente alguns fatos não deveria ser neces sariamente rejeitada caso haja bons motivos para se supor que futuros progressos técnicos permitirão que esses fatos sejam devidamente explicados Esse movimento coloca a aquisi ção da linguagem na linha de frente Uma questão básica de pesquisa para a lin güística é o problema lógico da aquisição da linguagem como as crianças aprendem gramá tica rapidamente e sem esforço apesar da com plexidade formal da tarefa Uma questão rela cionada é o motivo por que qualquer criança pode aprender qualquer língua com mais ou menos a mesma facilidade apesar das diferen ças gramaticais superficialmente ilimitadas en tre as línguas A abordagem padrão desse pro blema na gramática generativa é apelar para proposições universais propriedades organiza cionais altamente abstratas partilhadas por to das as linguagens humanas Além disso pre sumese que essas proposições universais se jam inconsciente e inatamente conhecidas por todos os seres humanos sendo em última aná lise parte do legado genético A teoria lingüís tica portanto tem de formular essas propo sições universais e dar conta de sua interação com propriedades particulares da linguagem Surge um problema com a antiga abordagem da gramática generativa sob a qual o objeto a ser adquirido pela criança é um conjunto de regras bastante complexo pois resulta que tal sistema de regras tem propriedades formais ou seja matemáticas que as tornam difíceis de aprender Ultimamente Chomsky 1981 1986 a ênfase nas regras foi deixada de lado e subs tituída por uma concepção da aquisição da lin guagem como o crescimento de um tipo de órgão mental a faculdade da linguagem com base na experiência ativadora obtida através das elocuções a que o aprendiz se vê exposto A criança conhece de forma inata um conjunto de princípios universais que governam as gramá ticas da linguagem humana mas esses princí pios estão sujeitos a uma variação sistemática fazendo surgir as diferenças de estrutura grama tical encontradas nas linguagens do mundo tais como a ordem básica das palavras ou se a linguagem permite a omissão do sujeito da frase Essa variação é chamada de parametri zação e aprender uma gramática é uma ques tão de fixar valores para esses parâmetros As incursões mais significativas no estudo do significado da palavra foram motivadas por discussão filosófica sobre a natureza da VER DADE analítica e sintética e a natureza de tipos naturais propriedades essenciais e questões de DEFINIÇÃO Em particular Putnam 1962 afir ma que uma vez que os tigres não têm proprie dades essenciais uma palavra como tigre só pode referirse a um estereótipo da condição de tigre a palavra em si mesma escapa à definição A semântica dos períodos é geralmente es tudada dentro do quadro criado por lógicos formais como G Frege Bertrand Russell A Tarski e R Carnap Os lingüistas foram es pecialmente influenciados pela abordagem teó rica modelo de Richard Montague 1974 O objetivo principal desses modelos é especificar condições sob as quais as frases expressam proposições verdadeiras ou falsas Um proble ma representativo diz respeito à noção da pró pria verdade confrontada digamos com des crições definidas nãoreferenciais tais como o atual rei da França de Russell Afirmações a respeito de semelhante nãoentidade podem ser verdadeiras ou falsas ou temos de dizer que possuem algum valor de verdade intermediá rio Dedicouse um esforço considerável à se mântica das palavras que exprimem quanti dade como todos alguns muitos As abordagens do significado baseadas na verdade têm dificuldade em lidar com aspectos funcionais da linguagem tais como fazer per guntas ou dar ordens Essas funções ou atos de fala são a província do campo em brotação da pragmática Além disso a pragmática lida com o modo como transmitimos conteúdo implícito em uma elocução Por exemplo em resposta à pergunta Aceita uma xícara de café a réplica Café sempre me tira o sono poderia ser toma da implicitamente como recusa da oferta ou aceitação dependendo do contexto Igualmen te uma afirmação como Parece que caiu uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 432 lingüística bomba no seu escritório seria de maneira habitual literalmente falsa mas em geral inter pretada não como mentira mas como hipér bole Na verdade a maioria dos discursos se desvia dessas formas de estrita afirmação da verdade Lingüistas e filósofos da linguagem como JL Austin John Searle e especialmente Paul Grice 1975 têm investigado essas ques tões em detalhe Grice afirma que os falantes respeitam certas máximas conversacionais tais como fale aquilo que você acredita ser ver dade ou seja relevante mas que essas máxi mas podem ser transgredidas para efeito espe cial Assim uma afirmação aparentemente irre levante a respeito de café zomba da máxima referente à relevância mas quando essa zom baria é interpretada pelo ouvinte como deli berada pode ser usada para transmitir significa do implícito Mais recentemente D Sperber e D Wilson 1986 afirmaram que a máxima da relevância junto com outros pressupostos so bre o modo como se processa a informação poderá explicar todos os casos reunidos no con junto original de Grice e com base nisso pro põem uma explicação geral da interpretação e cognição do que se fala a Teoria da Relevância Leitura sugerida Anderson SR 1985 Phonology in the Twentieth Century Atkinson RM 1992 Chil drens Syntax Chomsky N 1980 Rules and Repre sentations Culler J 1976 1986 Sausurre Lyons J 1977 Semantics 2 vols Newmeyer FJ org 1988 Linguistics the Cambridge Survey 4 vols Partee BH Meulen A e Wall R 1990 Mathematical Meth ods in Linguistics PiatelliPalmarini M org 1980 Language and Learning the Debate between Jean Pia get and Noam Chomsky Robins RH 1979 A Short History of Linguistics ANDREW SPENCER literatura Todos os livros impressos cons tituem literatura no sentido irrestrito Mas em uso mais restrito essa palavra se refere a um corpo circunscrito de textos escritos com ima ginação dentro de uma dada língua nação período de tempo ou mais amplamente como no conceito de literatura mundial que são considerados particularmente dignos de apreço por sua beleza formal seu poder emocional ou pelas verdades que expressam Três tipos amplos de definição são sempre encontrados nos textos sobre literatura em ter mos de certas qualidades distintivas do texto literário que o destacam de outros tipos de texto em termos de uma reação estética por arte do leitor e em termos de sua função social Os formalistas russos das primeiras décadas do século XX buscaram no texto o literário que é instantaneamente reconhecível por seu afas tamento da linguagem cotidiana ver FORMALIS MO A linguagem comum convida o leitor a enxergar através das palavras seus significa dos e referentes enquanto a linguagem literária é autoreflexiva conduzindo a suas próprias qualidades formais como linguagem e ao fazê lo deslocando ou tornando estranha a com preensão cotidiana do mundo por parte do lei tor Por esse ponto de vista o estudo apropria do da teoria literária é a estrutura da forma literária sua organização e seus mecanismos Matejka e Pomorska 1971 No entanto a especificação da literatura em termos de qualidades intrínsecas ao texto lite rário foi considerada insuficiente devido a sua incapacidade de fornecer uma demarcação sa tisfatória entre literatura e outros tipos de texto Até agora não se propôs nenhuma qualidade definidora que não tenha o efeito de excluir o que é normalmente incluído e viceversa As sim a ênfase formalista no jogo lingüístico e na reflexividade incluiria piadas e até mesmo pa lavras cruzadas mas excluiria a literatura rea lista Finalmente a abordagem formalista não registra a dimensão avaliadora seletiva do ter mo que atravessa tipologias de forma literária para fazer juízos de bom e mau separando os textos que merecem um lugar na história literá ria dos que serão excluídos apesar de pertence rem a um gênero literário de texto Mesmo nas abordagens que desprezam a avaliação crítica em favor da erudição como a que prevaleceu na escola inglesa de Oxford Bergonzi 1990 existe um julgamento crítico embutido na deter minação dos objetos dignos de estudo erudito A tentativa de encontrar a marca caracterís tica da literatura na reação estética provocada pelo texto no leitor ou na adoção por este de uma atitude estética com relação ao texto não se sai muito melhor Pois a atitude estética pode ser tomada com relação a praticamente qual quer tipo de texto além do que a reação estética pode nem sempre produzirse em todos os lei tores e pode ser produzida em alguns deles por textos que não são normalmente identificados como literatura Mas o papel desempenhado pelo leitor na determinação de significados tex tuais tem sido um tema recorrente na teoria Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar literatura 433 literária do século XX que também viu a auto ridade do autor ser fundamentalmente contes tada em várias abordagens da interpretação li terária Teóricos da receptividade valendose da HERMENÊUTICA Iser 1978 Fish 1980 de ram primazia ao momento da leitura destacan do a pluralidade de significado em literatura ênfase partilhada de uma perspectiva teórica muito diferente pela obra de Barthes 1970 A literatura como prática social O terceiro tipo de definição em termos de funções sociais indica a literatura como prática social institucionalizada e historicamente va riável Entre as instituições da literatura in cluemse as do mercado literário o trabalho editorial a venda de livros as resenhas os periódicos especializados os prêmios literá rios as igrejinhas e assim por diante Suther land 1978 Constitui o que foi chamado de mundo artístico Becker 1982 um mundo que foi obrigado a se posicionar em relação a uma outra prática institucional poderosa a da edu cação A academia tem desempenhado um pa pel mais vital em relação ao mundo artístico da literatura do século XX do que qualquer outra instituição devido ao papel central que o ensino das literaturas nacionais veio a desempenhar no currículo Mathieson 1975 A seleção de textos dignos de inclusão no currículo envolve um processo múltiplo de de finição Primeiro a própria tradição literária é selecionada definida e perpetuada Nada fixa mais vigorosamente um texto dentro do cânone literário do que sua inclusão como objeto de estudo em um currículo educativo nacional Na GrãBretanha o texto nívelA e os textos es tudados nos departamentos de literatura em instituições de ensino superior constituem jun tos o núcleo do cânone literário O aforisma de Roland Barthes de que literatura é aquilo que é ensinado tem ressonância nesse caso Em segundo lugar como o processo seletivo é avaliador ele define o bom gosto literário que está sempre enraizado na classe social A fami liaridade com a literatura é parte do que o sociólogo francês Pierre Bourdieu chama de capital cultural 1979 Bourdieu afirma que os valores literários relacionados à classe social são transmitidos ao longo das gerações através do acesso seletivo à cultura literária dominante à medida que se adquire uma série de referên cias literárias Outros como Raymond Wil liams 1977 e Georg Lukács 1970 situam a literatura em termos de classe mas reconhecem funções e valores que transcendem essas ori gens Existem tradições populares também que falaram aos interesses do leitor da classe operária autores ingleses como Shakespeare Milton Bunyan Dickens e Hardy Essa litera tura sempre foi gênero de primeira necessidade na educação dos adultos da classe operária Finalmente a seleção de uma literatura nacio nal através do processo de seleção do cânone literário desempenha um papel significativo na definição da nação Doyle 1989 Teorias marxistas da literatura Esse envolvimento da literatura na insti tuição educacional significa que ela é um agen te de SOCIALIZAÇÃO e dentro da terminologia marxista IDEOLOGIA a produção e reprodu ção de relações sociais de poder Mas Williams afirma que a redução da literatura a suas fun ções ideológicas coloca tantos problemas quan tos resolve a assimilação da literatura à ideologia representou na prática pouco mais que chocar um conceito inadequado con tra outro 1977 p52 Na verdade tem havido marcante resistên cia a esse reducionismo na história da crítica marxista A crença romântica na literatura e na arte como redutos de oposição ao capitalismo industrial foi assumida por marxistas humanis tas como Lukács cuja estética do realismo tinha raízes no romantismo de esquerda prémarxis ta Ele situava na grande literatura um repositó rio de aspirações e valores humanos autênticos criados durante o período da burguesia como classe histórica progressista até 1848 mas que seria tarefa histórica do socialismo e da classe operária concretizar Para Lukács a grande literatura em si mes ma não tinha qualquer necessidade de transfor mação radical Esse conservadorismo foi con testado por Bertolt Brecht 1938 e em um registro diferente pelos autores da ESCOLA DE FRANKFURT para os quais uma arte capaz de dizer não ao capitalismo e de resistir aos seus poderes de cooptação tinha de ser intransigen temente radical ao ponto da quase total inaces sibilidade Theodor Adorno buscou uma arte que fosse nãoafirmativa na vanguarda e isso mostrouse mais atraente para os modernos teó ricos literários marxistas do que a adesão de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 434 literatura Lukács ao realismo do século XIX Adorno 1967 Mas era o estruturalismo que viria a trans formar o marxismo de meados do século XX A crítica estruturalista valendose da lingüís tica moderna e do trabalho dos formalistas rus sos analisava o significado de cada parte da obra em termos de seu lugar no todo Estrutu ralistas como Roland Barthes Tzvetan Todo rov 1973 e Gérard Genette 1982 aspiravam a produzir uma ciência do texto Mas o apelo estruturalista à autoridade da ciência foi de saprovado por teóricos pósestruturalistas e desconstrucionistas como Jacques Derrida 1967 e Michel Foucault 1969 que rejeita ram qualquer distinção entre discurso científico e ideológico ver ESTRUTURALISMO DISCURSO DESCONSTRUÇÃO O desconstrucionismo pode ser compreen dido como uma tentativa de viver com a verti gem estonteante que resulta de um relativismo tão completo Sua estratégia é olhar para as margens para aquilo que um texto recusa dis farça ou acha impossível dizer Não há dúvida de que essa abordagem tem sido extremamente produtiva em termos de análise textual O des construcionista hábil produz leituras do texto inesperadas contra a corrente e também um maior grau de consciência da forma em toda uma série de textos fora daquilo que é geral mente considerado literatura Mas o sucesso do desconstrucionismo depende de nunca ficar pa rado o suficiente para poder ser por sua vez desconstruído movimentarse como uma bor boleta picar como uma abelha O produtor literário sofisticado reage produzindo um texto intencionalmente feito para ser desconstruído Seguese um jogo sofisticado dentro das fron teiras da crítica literária acadêmica e se por um lado suas regras básicas são muito diferentes das de regimes críticos mais familiares do New Criticism norteamericano Lentricchia 1978 e dos seguidores ingleses de FR Leavis Mu lhern 1979 postos de lado por essas teorias mais recentes como humanistas por outro ela não é mais capaz de se colocar fora acima e intocada pelo mundo social à sua volta do que foi o humanismo romântico A literatura engajada Alguns desafios interessantes dentro da teo ria e prática literária foram feitos por membros de grupos que se viram excluídos ou margina lizados ou a cujos textos se negou reconhe cimento como literatura Como seria de se es perar a historia da literatura foi vasculhada em busca de obras perdidas de membros de gru pos marginais e nesse processo a tradição lite rária predominante viuse questionada Apre sentaramse alegações que ligam manifesta ções alternativas como estratégias narrativas estilos de texto etc à situação e à identidade do grupo e então esses estilos adquirem um valor moral e político No passado era o REALISMO que com mais freqüência se via assim valoriza do num apelo por imagens culturais mais realistas ou positivas Mas o realismo saiu de moda e muitos teóricos radicais desde o final dos anos 60 o identificaram com a cultura do minante e alinharam os textos de grupos mar ginais com estilos de texto que desafiam e implodem o realismo Hoje quando se alega haver uma afinidade entre uma certa catego ria marginalizada de escritor lésbicas por exemplo Zimmerman 1985 ou negros Gates 1984 e um estilo característico de texto o mais provável é que seja um estilo experimental ver MODERNISMO E PÓSMODER NISMO A literatura no século XX tem oscilado entre uma prática que se autocoloca à parte e outra profundamente preocupada com seu próprio relacionamento com a sociedade e a política JeanPaul Sartre foi o mais famoso expoente do engajamento em literatura no século XX Sar tre 1948 Ou mais precisamente em prosa ele excluiu a poesia que classificou junto com a música Todo texto em prosa ele afirmou era uma forma de ação secundária com efeitos reais O homem de letras deve tomar partido colocando conscientemente seu texto a serviço de uma liberdade que para Satre estava pres suposta no próprio ato de escrever e de ler Somente em uma sociedade sem classes exis tiriam as condições perfeitas para escrever e ler em total liberdade Na ausência disso os graus de engajamento literário radical variam em di ferentes épocas históricas O distanciamento do escritor fin de siècle era impossível para a gera ção de Sartre porque esta foi profundamente situada pela experiência da guerra Como o engajamento consciente do escritor deve ser sempre com a liberdade o escritor engajado foi colocado do lado do operário do súdito colo nial do grupo racialmente oprimido ver EXIS TENCIALISMO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar literatura 435 A literatura marginal Sob o impacto de teorias que questionaram o status da literatura o interesse voltouse para um âmbito mais amplo de formas escritas in cluindo a autobiografia de classe operária Vin cent 1981 Porém fora do contexto da educa ção de adultos o relacionamento da classe ope rária com o texto literário tem sido em grande parte de exclusão René Balibar 1974 afirma que na França o nível educacional alcançado determina habilidades lingüísticas diferenciais A familiaridade com o francês literário diferen cia os níveis superiores a que poucos filhos da classe operária têm acesso Assim o francês literário desempenha seu papel na reprodução das relações de classe sociais e culturais A relação das mulheres brancas e de classe média com a literatura também tem sido ana lisada em termos das relações das mulheres com a linguagem e o texto A ginocrítica norte americana o estudo dos textos das mulheres na tentativa de identificar uma estética femi nina tem enfatizado as dificuldades enfren tadas pelas mulheres quando tentaram a litera tura na Inglaterra vitoriana e na América do Norte Showalter 1978 Gilbert e Gubar 1979 É uma abordagem que caracteriza a cultura dominante como uma cultura que é produzida por homens e que nega às mulheres sua subje tividade de forma que ao se sentarem para escrever as mulheres assumiram essas subjeti vidades culturais alheias A ginocrítica situa a separação das esferas pública e privada no período vitoriano como uma causa principal da dificuldade enfrentada pelas mulheres em assumir a identidade do escritor profissional acima e além da margina lização do feminino na linguagem e na cultura O novo feminismo francês a partir dos anos 70 demonstra pouco interesse pelas circunstâncias sociais sob as quais as mulheres escrevem mas participa da identificação da ginocrítica do feminino na linguagem e na cultura como mar ginal embora a compreensão da linguagem seja mais rigorosa e teórica Marks e Courtivron 1980 Moi 1987 Julia Kristeva Luce Irigaray 1974 e Hélène Cixous valeramse da reelabo ração lacaniana da psicanálise de Freud Lacan Mitchell e Rose orgs 1982 Ao contrário das críticas norteamericanas elas recusaram vali dade a qualquer busca da identidade das mu lheres no texto Para Cixous e Kristeva a mulher não pode ser definida A subjetividade humana é produzida na linguagem e na cultura e está sempre em processo nunca fixada Ci xous 1975 1976 Kristeva 1986 A preocupa ção era menos com o texto das mulheres do que com o que Cixous chamou de écriture feminine uma forma de escrever fluida móvel lúdica A écriture feminine como a semiótica de Kris teva não é exclusiva das escritoras e essas autoras recémcitadas notoriamente deram na verdade mais atenção a textos escritos por ho mens O texto só é identificado como femini no na medida em que tanto a semiótica quanto o feminino são marginais à linguagem e à cultura Embora as críticas feministas norteameri cana e francesa tenham tido raízes teóricas mui to diferentes a primeira mostrouse aberta à influência desta de um modo paralelo à forma como o desconstrucionismo de Derrida atraves sou o Atlântico de Man 1979 vindo a ocorrer uma síntese Jardine 1985 Curiosamente a marginalidade da mulher e do feminino na linguagem e na cultura foi transformada em uma vantagem sob a influência do feminismo francês por suas prestigiosas formas vanguar dista modernista e pósmodernista reivindi cadas como formas femininas O que está ausente de ambos os termos da síntese é a identificação e a localização da lite ratura dentro de um contexto material e his toricamente específico Para as feministas fran cesas um texto que rompe as estruturas da linguagem falocêntrica é em si mesmo revo lucionário e gerase uma associação entre tal texto de vanguarda e uma variedade de outros marginalizados dentro da sociedade e da cultura mulheres minorias étnicas o Terceiro Mun do a classe operária No entanto a relação das mulheres brancas e de classe média com a literatura e o texto é em geral muito diferente da relação entre ho mens e mulheres da classe operária O gênero estrutura a relação com o texto e a leitura de forma diferente da classe Na sala de aula as meninas se sentiam em casa A escola primária exalta as qualidades que unem as mulheres mas isso não coloca as meninas em desvantagem educacional Na verdade como fará qualquer confirmação do eu conhecido isso efetivamen te ajuda o processo de aprendizado Steedman 1982 p4 Habilidades verbais e literárias são tradicionalmente esperadas e recompensadas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 436 literatura nas meninas e assim reforçadas Então o sexo per se não é uma barreira à escrita e à leitura do mesmo modo que a classe e as mulheres foram e continuam a ser agentes fundamentais mes mo que subordinados no processo de transmis são da cultura literária Lovell 1987 Ellen Moers 1978 chamou a atenção para os modos como as mulheres na qualidade de mães com a responsabilidade pelo cultivo das mentes dos filhos ou como professoras e preceptoras po diam escrever com considerável autoridade Essa autoridade vinda de dentro da cultura do minante pode ser ligada à estreita associação das mulheres com a ascensão do romance como forma Spencer 1986 Armstrong 1987 A relação dos escritores negros com as ins tituições de produção e consumo literários acrescenta maior complexidade uma vez que os textos dos negros são diferenciados por gê nero e viceversa O rótulo de negro como o de Terceiro Mundo reúne pessoas cujos úni cos atributos culturais comuns podem derivar do racismo ou do domínio imperialista que sofrem conjunta e variadamente Esse rótulo não obstante foi conscientemente escolhido em um ato político historicamente importante de solidariedade oposicionista nos Estados Unidos e outros centros Gates 1984 Spivak 1988 Said 1983 A crítica negra e a crítica feminista têm paralelos e divergências interessantes Mesmo antes do desenvolvimento de teorias que tor nam a política de identidade tão problemática havia menos probabilidade de a crítica negra escorregar para formas ahistóricas de essen cialismo Críticos como Edwards 1984 que discerniram continuidades entre as literaturas africana afroamericana e caribenha mostra ram claramente que essas continuidades são culturais e que atributos comuns da literatura negra variadamente identificados na figuração Gates 1984 na antifonia Bowen 1982 ou em um topos de indenominação Benston 1984 são uma função de posicionamento cul tural e social Esse posicionamento produziu de forma típica uma literatura de dupla voz assevera Gates valendose de e falando de dentro de mais de uma tradição cultural A crítica negra tem defendido o restabelecimento das tradições vernacular e oral negras além das formas européias dominantes Mas como no caso do texto das mulheres o efeito do pós estruturalismo e do desconstrucionismo foi di recionar a crítica negra para a consciência da diferença e da diversidade em vez da identi dade Leitura sugerida Bennett Tony 1979 Formalism and Marxism Bloch Ernst et al 1977 Aesthetics and Politics Eagleton Terry 1983 Literary Theory an Introduction Gates Henry Louis Jr org 1984 Black Literature and Literary Theory Jameson Fredric 1972 The PrisionHouse of Language Lodge David org 1988 Modern Criticism and Theory a Reader Seldon Raman 1989 Practising Theory and Reading Literature an Introduction Showalter Elaine org 1986 The New Feminist Criticism Essays on Women Literature and Theory Williams Raymond 1983 Writing and Society TERRY LOVELL lógica Esta é uma disciplina antiga Tal como concebida por seu fundador Aristóteles no sé culo IV aC a lógica não era uma ciência teórica como a matemática ou a física mas uma ciência criadora um organon ou um instru mento para a ciência que estabeleceria os cri térios para um pensamento científico adequado Aristóteles também chamou de lógica a uma indagação mais restrita sobre a natureza dos argumentos dedutivos onde as conclusões se guemse necessariamente às premissas a qual passou a ser conhecida como lógica pro priamente dita em oposição à idéia de lógica no sentido amplo de uma investigação sobre a natureza e o método do conhecimento em geral Os argumentos que exibem essa característica para Aristóteles são silogísticos envolvendo proposições afirmativas ou negativas da forma de sujeito e predicado quantificadas com ex pressões como todos e alguns Silogística é o estudo sistemático desses argumentos e dos meios de provar suas formas válidas através de variadas figuras e modos ou padrões de premissas e conclusões A lógica tradicional ou a lógica de termos dominou o currículo durante a Idade Média e foi refinada através dos séculos sem qualquer mudança de maior monta O lugar da lógica na teoria do conhecimento ver CO NHECIMENTO TEORIA DO foi contestado a partir do século XVI quando o advento da ciência moderna tornou dúbio o seu uso para a desco berta e a sistematização de verdades científicas A renovação da disciplina ocorreu no século XIX quando matemáticos como George Boole em seu Laws of Thought 1854 tentaram fazer derivar as leis da lógica silogística das leis da álgebra tentativa prefigurada por Leibniz Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar lógica 437 Mas o advento da lógica moderna data dos Begriffsschrift 1879 de G Frege em que pela primeira vez a tradicional forma sujeitopredi cado da preposição foi substituída pela dis tinção matemática entre argumento e função fornecendo uma nova análise de expressões de quantificação que podia explicar um número bem maior de inferências do que a lógica tradi cional e em particular a expressão de conceitos matemáticos tal como o conceito de número Frege e logo em seguida Bertrand Russell ten taram derivar conceitos matemáticos a partir de axiomas lógicos de acordo com o ponto de vista conhecido como logicismo que foi co dificado nos Principia Mathematica 191011 de Russell e Whitehead O programa logicista porém mostrouse difícil de ser executado Russell descobriu uma contradição no sistema de Frege o paradoxo de Russell e sua pró pria teoria de tipos lógicos moldada para evitar a contradição não foi suficiente para permitir que se derivasse a matemática a partir de leis puramente lógicas Um dos principais aspectos da lógica de Frege e de Russell é que a lógica é universal van Heijenoort 1967 é uma linguagem que expressa tudo que existe e não um cálculo no qual as relações entre o simbolismo e o mundo ou as relações dentro do simbolismo não podem ser explicitamente representadas Ao contrário os lógicos a partir dos anos 20 colocaram questões metassiste máticas e surgiu a distinção entre a teoria da prova e a semântica David Hilbert e sua escola tentaram provar a consistência da aritmética caracterizando a lógica apenas em termos de axiomas e regras de inferências ou teoria da prova sem usar noções semânticas como ver dade e validade essa visão é conhecida como formalismo A principal noção da lógica mo derna é a de um sistema formal composto de um vocabulário de expressões primitivas de um aparato dedutivo de axiomas eou regras de inferências e de uma semântica estabelecendo as interpretações das expressões primitivas A formulação precisa de uma semântica como uma teoria de verdade para linguagens formais foi dada por Tarski 1930 Em 1930 Gödel provou o caráter completo da parte principal da lógica moderna a teoria da quantificação es tabelecendo a coincidência entre o conceito de dedução semântico e o teórico da prova Em 1931 ele provou seu célebre teorema da incom pletude para a teoria elementar dos números de acordo com o qual a consistência da aritmética não pode ser demonstrada Isso arruinou as esperanças do programa de Hilbert mas abriu o caminho para novas evoluções na matemática e nos fundamentos da matemática do ponto de vista tanto teórico da prova quanto semântico teórico do modelo Outra importante reali zação da lógica contemporânea é o estudo das funções recursivas e da computabilidade o qual com autores como Émile Post Alonzo Church e Allan Turing viria a fazer surgir nos anos 40 a teoria dos algoritmos e autômatos e levaria ao nascimento da ciência da computação Embora a lógica moderna não pudesse cum prir sua promessa de servir de fundamentação para a matemática os filósofos não demoraram a perceber sua relevância para a teoria do co nhecimento e a FILOSOFIA DA CIÊNCIA e tenta ram tratar a lógica como um novo organon Frege Russell e mais tarde a escola vienense de positivismo mostraram como a lógica podia ajudar a reformular o programa kantiano da verdade a priori O Tractatus logicophiloso phicus 1921 de Ludwig Wittgenstein assi milava verdades lógicas a tautologias que nada dizem a respeito do mundo em oposição a afirmações que descrevem fatos Isso levou à formulação do critério empirista lógico de si gnificado de acordo com o qual uma afirmação só é significativa se for verdadeira a partir do significado dos seus termos apenas analítica ou se puder ser verificada por sua relação com a experiência ou se puder ser deduzida a partir de afirmações empíricas apenas Isso é conhe cido como a teoria lingüística das verdades lógicas pois afirmações lógicas de acordo com esse ponto de vista são verdadeiras apenas por convenções lingüísticas De acordo com a filo sofia positivista da ciência de autores como Carnap Schlick ou Reichenbach a lógica serve não apenas para demarcar a ciência empírica da nãoempírica mas também para fornecer os critérios para a análise de teorias científicas ver também POSITIVISMO De acordo com a visão neopositivista clássica uma teoria científica tem uma estrutura dual compõese de um vo cabulário teórico parcialmente interpretado consistindo em leis fundamentais que têm um status axiomático ou de postulação a partir do qual se derivam teoremas ou previsões empíri cas e de um vocabulário de observação con sistindo em termos verificáveis As duas lingua gens estão relacionadas por regras de corres Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 438 lógica pondência que nos permitem interpretar empi ricamente os axiomas ou postulados Mas o ideal positivista da completa substituição da linguagem teórica por essa linguagem observa cional pura de previsões empíricas a partir dos axiomas nunca pôde ser realizado pois logo se admitiu que os termos teóricos não podiam ser eliminados através de qualquer procedimento lógico O próprio Rudolf Carnap nunca renun ciou ao seu projeto de fornecer uma análise puramente lógica da linguagem da ciência e de formular uma nítida distinção entre afirmações analíticas e sintéticas Em seu Logical Foun dation of Probability 1950 buscou definir a indução a partir de uma base puramente lógica Mas essas esperanças positivistas se mostraram impossíveis de realizar Por um lado a distinção analíticasintética e a teoria do significado sobre a qual ela se apóia vieram a se tornar dúbias através da crítica de WVO Quine 1952 e a doutrina convencionalista da verdade lógica foi assim devidamente contestada Por outro lado a idéia de dar um algoritmo para o método científico na forma de uma lógica de confir mação ou de indução enfrenta dificuldades tão grandes Goodman 1955 que o programa parece virtualmente inviável A frustração das esperanças positivistas na teoria do conhecimento não implica no entan to que a lógica deixe de desempenhar um papel na formação de hipóteses a respeito da natureza da racionalidade cognitiva ou da racionalidade da ação Esse papel é principalmente normati vo no sentido de que a lógica estabelece certos padrões de interpretação do comportamento humano sem os quais esse comportamento não pode ser absolutamente interpretado A princi pal questão é se essas normas podem ser abso lutas ou se são principalmente relativas Desde o início do século XX os lógicos têm demons trado um crescente interesse pela construção de uma lógica nãoclássica tal como lógica modal a intuicionista a do quantum a da relevância a trivalorizada e assim por diante que se apóiam todas em vários pontos de partida dos princí pios lógicos clássicos tais como a bivalência o meio excluído ou a extencionalidade De acor do com a doutrina conhecida como absolutis mo que era tipicamente a de Frege e Russell existe apenas uma lógica aplicável a todas as formas de discurso ou áreas de indagação e as lógicas desviantes ou nãoclássicas não são realmente lógica De acordo com a doutrina oposta conhecida como RELATIVISMO existem tantas lógicas legítimas quanto são as áreas de discurso suscetíveis de serem estudadas a partir do ponto de vista das inferências que elas per mitem Esse problema da variedade dos cânones de inferência passíveis de serem descritos como lógica manifestase em muitos domínios co mo a semântica lingüística em que a complexi dade da linguagem natural parece validar uma variedade de modelos de lógica formal aplicá veis a seus fragmentos McCawley 1981 De sempenham um papel central também na psico logia em que se tem questionado se os seres humanos seguem as leis da lógica e nesse sentido são racionais De acordo com a doutri na da lógica mental a capacidade lógica hu mana deve suas características a um meio inato ou adquirido Piaget e Inhelder 1955 co dificado no cérebro sob a forma de regras de inferência Mas o fato de os seres humanos cometerem erros lógicos e ainda por cima sis temáticos Kahneman et al 1982 Wason 1968 torna dúbia essa doutrina Alguns au tores preferem renunciar à hipótese da lógica mental e tentar explicar o raciocínio sem regras moldadas de acordo com cálculos lógicos pa drão JohnsonLaird 1983 A objeção comum ao caráter normativo da lógica é que a maior parte do raciocínio humano não se conforma aos padrões ideais de racionalidade estabele cidos pelas normas da lógica clássica comum Alguns autores Stich 1985 Nisbett e Ross 1980 preferem concluir que a avaliação da racionalidade dos seres humanos é uma questão empírica Outros Cohen 1986 querem con servar o status normativo da lógica como teoria ideal da capacidade humana que pode no en tanto ser revista de acordo com um método reflexivo de equilíbrio comparável à concep ção semelhante de John Rawls 1971 sobre a revisão dos padrões normativos morais Proble mas semelhantes podem ser encontrados em INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL uma vez que os sis temas de IA são construídos de acordo com certas regras de inferência lógica que só simu lam os desempenhos inteligentes naturais até certo grau A maioria dos pesquisadores de IA acha nesse ponto que a lógica dedutiva clás sica é de pouca utilidade fazendo amplo uso da lógica nãoclássica nesse particular a lógica nãomonotônica Turner 1984 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar lógica 439 Nas ciências sociais o papel normativo da lógica pode ser considerado a partir de dois pontos de observação O primeiro é a formula ção de hipóteses a respeito da racionalidade da ação de acordo com os padrões das teorias dos jogos da decisão e da utilidade von Neumann e Morgenstern 1944 Jeffrey 1965 Em sua parte normativa a lógica da decisão e a lógica da preferência estabelecem padrões de raciona lidade ideal que foram utilizados em particular por economistas para definir modelos de otimi zação do comportamento racional A adequação descritiva desses modelos foi contestada tendo sido proposta uma teoria de racionalidade li mitada ou restrita Simon 1957 para lidar com as situações mais da vida real de escolha individual e coletiva Os notórios paradoxos da teoria da decisão o dilema do prisioneiro o problema de Newcomb servem aqui como ins trumentos para a formulação o teste e as re visões da hipótese geral de racionalidade em butida nos modelos padrão Nesse ponto o papel de uma lógica da ação individual ou coletiva não é impor rígidos padrões ou esque mas de explicações mas permitir o estudo dos pontos de partida que esses padrões podem proporcionar Em particular um estudo da ir racionalidade no comportamento individual e coletivo pode decorrer da análise de diferentes critérios de racionalidade Elster 1983 O segundo ponto de observação é o estudo antropológico dos significados das crenças cul turais Em antropologia a atitude racionalista de autores como Lucien LévyBruhl que atri buiu às sociedades primitivas uma mentalidade prélógica foi amplamente contestada por um relativismo transcultural segundo o qual a racionalidade e a logicidade são relativos ape nas a esquemas de compreensão próprios de determinadas culturas Para filósofos como Quine 1960 tais debates só podem ser avali ados no contexto de uma adequada teoria de tradução e significado Mas o estudo de nossos critérios de tradução mostram que nem o pleno racionalismo nem o relativismo podem ser con sistentemente mantidos ao criar um ma nual de tradução para uma linguagem desconhecida precisamos apoiarnos na hipótese geral o princípio da benevolência de que os que a falam são no todo racionais coerentes e não sustentam crenças contraditórias Nesse sen tido a prélogicidade é um traço infundido por maus tradutores Quine Mas o relativismo e em particular o relativismo lingüístico também falha pois a própria coerência da afirmação de que pode haver pessoas tendo esquemas con ceituais radicalmente diferentes dos nossos próprios pressupõe que podemos impor um gru po de coordenadas comum uma pressuposição geral de racionalidade e coerência a fim de avaliar a divergência cultural Davidson 1974 Isso não significa que divergências culturais não possam ser avaliadas em termos psicológi cos e sociológicos mas que só podem ser ava liadas dentro de certos limites Nesse sentido também a lógica estabelece certas restrições mínimas a uma teoria da racionalidade humana Ver também RACIONALIDADE E RAZÃO Leitura sugerida Cohen LJ 1986 The Claims of Reason Elster J 1983 Sour Grapes Studies in the Subversion of Rationality McCawley JD 1981 Everything that Linguists Have Always Wanted to Know about Logic Stich S 1985 Is a man a rational ani mal Notes on the epistemology of rationality Syn thèse 64 11535 PASCAL ENGEL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 440 lógica M maoísmo Esta palavra referese ao pensa mento e à prática revolucionários de Mao Tse tung 18931976 que chefiou o triunfo em 1949 de uma revolução comunista de base camponesa na China resultando na criação da República Popular e que em seguida orientou o desenvolvimento do novo estado durante a maior parte dos seus primeiros 25 anos de exis tência O maoísmo portanto abrange dois as pectos em primeiro lugar a estratégia singular de Mao Tsetung da revolução prolongada em um país economicamente atrasado dominado pelo imperialismo estrangeiro apoiandose em bases nas áreas rurais e no Exército Vermelho camponês e em segundo lugar sua tentativa de promover uma via chinesa para o socialismo uma vez alcançado o poder político depois de 1949 O primeiro aspecto serviu de inspiração para líderes radicais do TERCEIRO MUNDO nos anos 50 e 60 que lutavam para alcançar a independên cia nacional de seus atuais ou antigos senhores coloniais e a seus aliados internos ver MOVIMEN TO DE LIBERTAÇÃO COLONIAL enquanto o último aspecto despertou a admiração dos radicais oci dentais particularmente nos anos 60 Mao Tsetung que vinha de uma próspera família camponesa e recebera educação secun dária foi um dos membros fundadores do Par tido Comunista Chinês PCC em 1921 Entre 1923 e 1927 alinhado com a indicação de Moscou de que os partidos comunistas recém criados no mundo colonizado deveriam forjar alianças com partidos nacionalistas burgueses o PCC entrou para uma frente unida com o muito mais amplo Partido Nacionalista Ku omintang de Sun Yatsen cujo objetivo era derrotar os militaristas e reunificar o campo Foi durante esse período que Mao em contraste com a maioria da liderança do PCC começou a enfatizar a importância do campesinato na revolução Ao afirmar que era do sistema se mifeudal dos senhores de terras que depen diam os déspotas militares e o imperialismo estrangeiro Mao tentou transferir o enfoque da revolução das cidades para o campo Ele criti cou a timidez da liderança do Partido por sua atitude negativa para com os excessos dos camponeses e insistiu em afirmar que um cam pesinato mobilizado com ou sem liderança partidária poderia varrer todas as forças reacio nárias Day 1975 p33947 Quando a Frente Unida se dissolveu em 1927 e a liderança do PCC entrou para a clan destinidade em Xangai Mao recuou para o campo e deu início a um processo de esta belecimento de uma base rural e da criação de um Exército Vermelho recrutado entre cam poneses pobres trabalhadores agrícolas anda rilhos e até mesmo exbandoleiros Refletindo o aspecto voluntarista de seu pensamento Mao insistia em que tal Exército Vermelho não obs tante suas origens de classe se tornaria prole tarizado através do próprio ato da revolução A liderança do partido ainda assumindo que a revolução se ergueria entre as fileiras da classe operária urbana criticou a mentalidade cam ponesa de Mao e seu aventureirismo militar pequenoburguês O fracasso de uma série de ataques armados às cidades em 192730 po rém só fez convencer Mao de que a revolução precisaria ser prolongada com as áreas rurais de base acabando por cercar as cidades Durante o início dos anos 30 no soviete rural que estabeleceu na província sulista de Xiangxi Mao formulou suas teorias sobre a guerra de GUERRILHA e sublinhou a necessidade de elos estreitos entre o exército e o povo enfatizou o papel de liderança das associações de camponeses pobres nas aldeias mas subli nhando ao mesmo tempo a necessidade de con quistar os camponeses médios os que pos suíam a terra que cultivavam e de adotar uma atitude flexível para com os camponeses ricos e exortou os quadros a se manterem em estreito 441 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar contato com a opinião das bases abordagem de liderança definida mais tarde em 1943 como a linha de massa Ao criticar a abordagem dogmática dos ri vais treinados em Moscou e ao afirmar sua liderança tanto ideológica quanto militar e po lítica Mao referiuse à sinificação do marxis mo a necessidade de adaptar o marxismo às condições chinesas Esse conceito desempe nhou um papel significativo na campanha de retificação que Mao lançou em 1942 para con firmar sua liderança ideológica no partido a lém de refletir a determinação de Mao de afir mar a independência do PCC em relação a Moscou A campanha também ilustrou a ên fase maoísta na remodelagem ideológica um processo de pequenos grupos de estudo e de autocrítica para provocar mudanças nas atitu des subjetivas e no estilo de trabalho O forma lismo e o burocratismo excessivos foram con denados e os quadros partidários de nível supe rior receberam a enfática recomendação de i rem para o campo xiafang a fim de trabalhar e viver entre os camponeses Ao mesmo tempo a campanha exigia maior disciplina central so bre os membros do partido A iniciativa local deveria sempre ser contrabalançada pelo con trole do centro o que Mao chamou de cen tralismo democrático Dos escritores tam bém esperavase agora que se submetessem a uma supervisão mais minuciosa do partido re fletindo a ambivalência que Mao demonstrou durante toda a sua vida para com os intelectuais A fim de enfrentar a ameaça japonesa e combater o bloqueio econômico imposto à sua área de base de Yanan pelo Kuomintang a segunda frente unida se rompera em 1940 Mao enfatizou a necessidade da independência de meios que implicava iniciativa econômica local e a necessidade de mobilizar a população inteira em uma genuína guerra popular Mao em seus últimos anos viria a evocar com me lancolia o espírito de Yanan que para ele ficara ligado ao engajamento ideológico aos ideais igualitários e aos elos estreitos forjados entre o partido e o povo A constituição do PCC de 1945 proclamou oficialmente o pensamento de Mao como guia de ação do partido Isso foi acompanhado pelo desenvolvimento de um culto maoísta que bus cou elevar sua personalidade e suas idéias aci ma das de seus colegas Wylie 1980 Com as forças comunistas do interior rural preparadas para tomar as cidades mantidas pelo Kuomin tang na guerra civil do final dos anos 40 os líderes do PCC também exaltaram a estratégia maoísta da revolução rural prolongada como um modelo para as regiões colonizadas da Ásia e da África implicando assim que a União Soviética não deveria ser encarada como a úni ca fonte de orientação para os movimentos comunistas mundiais Muitos dos aspectos do maoísmo tal como ele se desenvolvera até 1949 como a fé populis ta nas massas rurais ver POPULISMO a ênfase voluntarista na vontade humana um antibu rocratismo arraigado e uma suspeita em relação aos intelectuais continuariam em evidência de pois de 1949 quando Mao buscou desbravar a via chinesa para o socialismo Circunstâncias internas e externas porém levaram a República Popular a adotar inicialmente o modelo sovié tico de desenvolvimento No início dos anos 50 portanto deuse ênfase à centralização do pla nejamento à indústria pesada e à especialização técnica Tal como em 1940 Mao estava firmemente disposto a distinguir a revolução chinesa da soviética Ele se referiu ao novo regime em 1949 como uma Ditadura Democrática Popu lar uma aliança de várias classes revolucioná rias operários camponeses pequena bur guesia e burguesia nacional isto é aquela não associada ao capital estrangeiro lideradas pelo PCC que exerceria a ditadura sobre as classes reacionárias dos remanescentes do Kuo mintang senhores de terras contrarevolucio nários e direitistas Mao também pretendia rea lizar uma transição gradual para o socialismo A reforma agrária 19502 por exemplo ao mesmo tempo que eliminava os senhores de terras como classe sócioeconômica e redis tribuía a terra aos camponeses pobres permitia que os camponeses ricos conservassem a terra que cultivavam Nas cidades o setor privado continuou a existir até 1956 Em meados da década de 50 estava claro que Mao não se encontrava satisfeito com o modelo soviético O planejamento centralizado havia produzido ministérios econômicos pode rosos e burocracias do estado e do partido cada vez mais diferenciadas simbolizadas por ela boradas escalas de pagamento a ênfase na es pecialização técnica diluiu o fervor ideológico e ameaçou criar uma elite técnica e gerencial divorciada das massas e a prioridade dada ao Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 442 maoísmo desenvolvimento da indústria pesada levou ao esgotamento dos escassos recursos agrícolas a fim de financiála Seria no campo porém que o maoísmo em seu contexto pós1949 iria exercer o primeiro impacto Preocupado com a crescente desigualdade nas aldeias e a influên cia preponderante dos camponeses ricos Mao em 1955 estimulou a aceleração do processo de coletivização Rejeitou o argumento deter minista ver DETERMINISMO dos planejadores do partido de que uma coletivização em escala integral tinha de esperar a prévia mecanização e o deslanche industrial isto é a ascensão das forças produtivas e insistiu em que a transição para novas formas socialistas e um aumento da produção tinham de avançar juntos A segunda iniciativa que Mao tomou pas sando por cima de seus colegas do partido revelava o impulso antiburocrático do maoís mo Na União Soviética a denúncia de Stalin por Kruschev em 1956 levantara a questão da relação entre partido e povo e foi com a preo cupação de que o PCC estava se tornando uma elite burocrática fortemente arrraigada que Mao no mesmo ano conclamou os intelectuais a expressarem suas críticas no que se tornou conhecido como a Campanha das 100 Flores derivada do slogan Que 100 flores possam desabrochar que 100 escolas de pensamento possam competir A falta de entusiasmo de monstrada por seus colegas de partido impeliu Mao no início de 1957 a renovar seu apelo a uma retificação a portas abertas do partido em um discurso feito fora dos canais parti dários Advertiu que contradições nãoantagô nicas em uma sociedade socialista como as que ocorrem entre líderes e liderados poderiam tornarse antagônicas caso o partido não per mitisse a crítica externa a seus equívocos Um pressuposto maoísta capital na base da campa nha era a idéia de que a luta de classes con tinuaria em uma sociedade socialista embora viesse a ser uma luta de classes entre ideologias rivais e não entre classes sócioeconômicas No ponto de vista de Mao o elitismo do partido e seu afastamento das massas eram uma expres são da ideologia das velhas classes explora doras Somente expondose à crítica por parte do povo que presumia Mao apoiava ampla mente o socialismo o Partido poderia ser reti ficado Conforme acabou sucedendo Mao e seus colegas tiveram de encerrar a campanha quando as críticas do intelectuais ultrapassaram os limites exigidos e começaram a questionar o próprio socialismo O rompimento definitivo com o modelo so viético ocorreu em 1958 quando Mao lançou uma campanha ambiciosa a do Grande Salto para a Frente a fim de acelerar a transição do SOCIALISMO para o COMUNISMO e promover o rápido progresso econômico O fundamento ra cional dessa campanha era o conceito maoísta de REVOLUÇÃO PERMANENTE a idéia de que a consecução do comunismo só poderia ocorrer através de ondas de luta incessante nas quais o avanço ideológico radical acompanhava ou mesmo era a precondição para um aumento na produção econômica No que foi descrito como uma abordagem utópica Meisner 1982 Mao também afirmou que o próprio atraso da China era uma vantagem muito positiva uma vez que proporcionava mais âmbito para o en tusiasmo e a iniciativa das massas outra indica ção da sua fé voluntarista na vontade humana Tal entusiasmo acreditava Mao poderia ser mais bem canalizado utilizandose incentivos morais apelando às virtudes do desprendimen to pessoal do ascetismo e da preocupação com o bemestar coletivo em vez de incentivos materiais O membro ideal dos quadros do par tido deveria ser agora ao mesmo tempo ver melho e especialista combinando a correta perspectiva ideológica com a especialidade téc nica ou administrativa Ao mesmo tempo as comunas estabelecidas durante o Grande Salto ajudariam a transpor o abismo entre cidade e campo através da promoção da industrialização rural e a expansão de instalações educacionais e de saúde no campo O abismo igualmente iníquo do ponto de vista de Mao que separava o trabalho mental do manual deveria ser elimi nado fazendose com que os funcionários qua lificados e os intelectuais fossem mandados para o campo por um lado e por outro crian dose escolas e universidades em regime de metade trabalho metade estudo para permitir às massas nas palavras de Mao tornaremse mestres da tecnologia em vez de perma necerem dependentes de uma elite tecnocrática O Grande Salto teve conseqüências desas trosas Catástrofes naturais um sistema de transportes ineficaz a canalização do trabalho camponês para obras de irrigação em massa e projetos irrealistas de industrialização levaram a um declínio na produção agrícola e em última análise à fome em grande escala Houve tam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar maoísmo 443 bém hostilidade dos camponeses diante das tentativas de funcionários do partido de impor uma sociedade comunista através da instituição de um sistema de livre suprimento da criação de refeitórios e creches comunais e do confisco de todos os bens particulares No início dos anos 60 Mao foi obrigado a se retirar da liderança ativa enquanto seus colegas de partido pros seguiam na modificação dos programas do Grande Salto Restabeleceuse o planejamento centralizado reduziramse as funções sócio econômicas da comuna e restauraramse a pro priedade particular de terras e os mercados ru rais livres redirecionaramse os recursos para as cidades e as escolas e clínicas rurais foram fechadas ser especializado ganhou prioridade sobre ser vermelho Mao criticou essas tendências como re visionistas e avisou que a restauração das clas ses reacionárias era uma possibilidade na socie dade socialista Em 1965 frustrado em suas tentativas tanto de fazer reviver um espírito coletivista entre o povo e o partido quanto de desenraizar o revisionismo no campo cultural Mao passou a alegar que indivíduos dentro da liderança do partido estavam tomando a via capitalista Foi nesse contexto que Mao lançou a Revolução Cultural em 1966 Afirmando que a ideologia burguesa havia contaminado a superestrutura ver BASE E SUPERESTRUTURA Mao convocou as massas a investir contra todas as formas de autoridade O principal alvo de Mao era o próprio partido mas ele também atacou as autoridades acadêmicas e culturais as quais em seu ponto de vista haviam favorecido um sistema educacional dividido que enfati zava os critérios acadêmicos sobre os políticos além de encorajar idéias burguesas reacionárias elitismo especialização neutralidade ideoló gica e redução da importância da luta de clas ses Em um sentido imediato a Revolução Cul tural foi o resultado de uma luta de liderança intrapartidária entre Mao e seus oponentes O culto maoísta fanático que foi deliberadamente cultivado nessa ocasião atribuindo ao pensa mento de Mao um poder quase sobrenatural era também a culminação grotesca de um pro cesso iniciado nos anos 40 que buscava instalar uma sabedoria onisciente na pessoa do próprio Mao Em um sentido mais amplo a Revolução Cultural viria a ser um processo de autoliberta ção com as massas confrontando e lutando contra estruturas hierárquicas na tentativa de fazer reviver um ethos socialista e rejuvenescer a organização do partido Foi esse aspecto que atraiu intelectuais e estudantes radicais do Oci dente Mao particularmente representava um forte apelo para os jovens uma vez que em seu ponto de vista estes eram mais receptivos a mudar o status quo a experiência da luta tam bém os qualificaria a se tornarem dignos su cessores revolucionários Estudantes secundá rios e universitários entraram para a Guarda Vermelha e foram estimulados a atacar todos os vestígios do passado descritos como os quatro velhos idéias cultura costumes e hábitos bem como as influências burguesas pernici osas do presente Como tal não apenas líderes do partido mas também escritores intelectuais e professores viramse sujeitos a críticas e hu milhações Na esfera da cultura a filosofia do CONFUCIONISMO e a arte ocidental foram igual mente condenadas A experiência de Mao na criação de uma nova cultura socialista terminou quando um caos e uma violência crescentes o obrigaram a convocar o exército 19678 para restaurar a ordem e supervisionar a reconstrução do par tido Desde a morte de Mao em 1976 e es pecialmente desde 1980 seus sucessores têm rejeitado implicitamente muitos aspectos do maoísmo a luta de classes é hoje oficialmente proclamada como concluída e a possibilidade de uma contradição antagônica vir a se desen volver entre o partido e o povo é negada a ênfase hoje colocase no desenvolvimento das forças produtivas a economia de uma forma que utiliza incentivos materiais e permite dis paridades de riqueza entre indivíduos e entre regiões a educação busca criar elites técnicas e gerenciais e a independência de meios deu lugar a maiores laços econômicos com o mundo capitalista Essa rejeição teve como paralelo uma crescente desilusão com o maoísmo no Ocidente É importante observar porém que o maoís mo foi e ainda é influente em outras partes do mundo Nos anos 50 Ho Chi Minh no Vietnã Frantz Fanon na Argélia e Amílcar Cabral na GuinéBissau para citar apenas alguns utiliza ram as idéias maoístas de guerra popular de apoio no campesinato e de uma abordagem voluntarista da revolução enquanto o movi mento do Sendero Luminoso no Peru de hoje Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 444 maoísmo se autoqualifica explicitamente como de ori entação maoísta Leitura sugerida Chen J 1970 Mao Papers Com pton B 1952 Maos China Party Reform Documents 19421944 Mao Tsetung 1986 The Writings of Mao Zedong vol1 org por M Kau e J Leung Meisner M 1982 Marxism Maoism and Utopianism Ο 1986 Maos China and After Schram S 1969 The Political Thought of Mao Tsetung ed rev Ο 1989 The Thought of Mao Tsetung Ο org 1974 Mao Tsetung Unrehear sed Schwartz B 1979 Chinese Communism and the Rise of Mao ed rev Starr J 1979 Continuing the Revolution Wylie R 1980 The Emergence of Maoism PAUL BAILEY marginalista escola econômica Ver ESCO LA ECONÔMICA MARGINALISTA marketing Ver CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO REVOLUÇÃO GERENCIAL marxismo Corpo de teoria social e doutrina política derivado da obra de Karl Marx e de seu íntimo colaborador Friedrich Engels Somente depois da morte de Marx é que o marxismo se desenvolveu como uma visão do mundo de amplo alcance e como a doutrina política carac terística de muitos partidos socialistas inicial mente pelo trabalho de Engels que expôs a visão marxista do mundo como a perspectiva da classe operária comparando seu papel ao da filosofia clássica alemã em relação à burguesia Engels 1888 embora ao mesmo tempo tenha enfatizado seu caráter científico Através de seus textos e de sua correspondência Engels exerceu forte influência sobre a primeira gera ção de pensadores marxistas e no final do século XIX o marxismo estava firmemente es tabelecido em grande parte fora das institui ções acadêmicas como teoria social e doutrina política de grande importância assimilado em alguns casos a um sistema filosófico geral Na teoria social é possível distinguir três elementos principais Primeiro uma análise dos principais tipos de sociedade humana e sua sucessão histórica em que se dá lugar de des taque à estrutura econômica ou modo de pro dução na determinação da forma completa da vida social O modo de produção da vida material determina o caráter geral dos processos sociais políticos e espirituais da vida Marx 1859 Prefácio O próprio modo de produção é definido em termos de dois fatores as forças produtivas a tecnologia disponível e as rela ções de produção o modo como a produção é organizada e em particular a natureza dos gru pos que possuem os instrumentos de produção ou simplesmente contribuem com seu trabalho para o processo produtivo A partir dessa aná lise surgiram duas idéias fundamentais da teo ria marxista uma periodização da história con cebida como um movimento progressivo atra vés dos modos de produção antigo asiático feudal e capitalista moderno e uma concepção do papel das classes sociais na constituição e transformação das estruturas sociais O segundo elemento é um esquema expla natório que abrange as mudanças de um tipo de sociedade para outro no qual dois processos têm importância crucial Por um aspecto as mudanças são provocadas pelo progresso da tecnologia e o próprio Marx enfatizou isso quando escreveu 1847 cap2 seção 1 que o moinho manual nos dá uma sociedade com senhores feudais o moinho a vapor uma so ciedade com capitalistas industriais ou no vamente mais tarde nos Grundrisse 185758 p5924 em que examinou mais amplamente as conseqüências do rápido avanço da ciência e da tecnologia para o futuro do capitalismo Por um outro aspecto porém as transformações sociais são resultado de lutas de classe cons cientes mas os dois processos estão intima mente relacionados uma vez que o desenvol vimento das forças produtivas está preso à as censão de uma nova classe e a classe dominan te existente tornase cada vez mais um obs táculo a um maior desenvolvimento O terceiro elemento é a análise do capitalis mo moderno à qual Marx e marxistas pos teriores dedicaram a maior parte de sua atenção O capitalismo é concebido como a forma final da sociedade de classes em que o conflito entre burguesia e proletariado se intensifica conti nuamente junto com as contradições econômi cas do capitalismo que se manifesta em crises recorrentes e o processo de SOCIALIZAÇÃO DA ECONOMIA é acelerado pelo desenvolvimento de cartéis e trustes Essa análise e o crescimento de partidos socialistas de massa levaram neces sariamente a uma preocupação com as formas que poderia assumir uma transição para o so cialismo e à elaboração de uma doutrina políti ca marxista que ajudaria a integrar e orientar o movimento da classe operária Desde um estágio inicial no entanto houve diversas interpretações do legado de Marx e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar marxismo 445 desacordos quantos a seu ulterior desenvol vimento Na Alemanha em grande parte sob a influência de Karl Kautsky o marxismo foi concebido basicamente como uma teoria cien tífica da evolução social sendo fortemente en fatizadas suas afinidades com o darwinismo e seus aspectos mais deterministas pareciam ser confirmados pelo desenvolvimento do capita lismo e pelo rápido crescimento do movimento socialista Na Rússia por outro lado onde o capitalismo mal havia começado a se desenvol ver e não havia movimento socialista de massa o marxismo foi uma doutrina exposta por pe quenos grupos de revolucionários e em es pecial por Plekhanov como uma visão de mun do filosófica a partir da qual Lenin desenvol veu a idéia de uma consciência socialista levada de fora para a classe operária e esta posteriormente se tornou um elemento central na ideologia do partido bolchevique e do estado soviético Essa divisão entre interpretações mais deter ministas e mais voluntaristas percorre toda a história posterior do marxismo em incessantes revisões e reformulações da teoria social e da prática política que pelo menos em parte dela derivou Na primeira década do século XX o marxismo foi também confrontado por uma crescente discussão crítica tanto vinda de fora nos textos por exemplo de Max Weber Émile Durkheim e Benedetto Croce quanto de dentro em especial na exposição de Bernstein 1899 sobre os resultados de seu esforço para deixar claro exatamente onde Marx está certo e onde está errado que o levou a criticar vários aspec tos da ortodoxia marxista incluindo a visão de colapso econômico para o fim do capitalismo e a idéia de uma crescente polarização da socie dade entre burguesia e proletariado e em textos posteriores a afirmar que o movimento socialis ta exigia uma doutrina ética tanto quanto uma teoria social ver REVISIONISMO Entre os marxistas que reagiram às críticas feitas ao marxismo como ciência social e de maneira mais geral a novas concepções em filosofia e economia os austromarxistas ga nharam uma nítida influência através de sua elaboração dos princípios de uma sociologia marxista e de sua pesquisa inovadora em novos campos de investigação entre os quais se in cluíram os estudos do nacionalismo do direito e do mais recente desenvolvimento do capitalis mo em seu estágio imperialista ver AUSTRO MARXISMO Lenin e os bolcheviques porém com a parcial exceção de Bukharin 1921 deram pouca atenção a teorias sociais alter nativas e reagiram às críticas de Bernstein iden tificando o revisionismo com o REFORMISMO e com o abandono dos objetivos revolucionários Suas versões do marxismo concentramse em grande parte na criação de um partido revolu cionário disciplinado capaz de liderar a classe operária e seus aliados especialmente no caso russo o campesinato rumo a uma bemsucedi da conquista do poder Desse modo o marxis mo foi convertido em uma doutrina que en fatizava a vontade política e a liderança do partido como os fatores cruciais para a mudança social A revolução russa que instalou os bolche viques no poder criou condições inteiramente novas para o desenvolvimento do pensamento marxista O leninismo e posteriormente o s talinismo estabeleceramse como uma ideolo gia oficial dogmática que adquiriu grande in fluência internacional com a fundação de par tidos comunistas dentro do modelo soviético em outros países enquanto o Partido Social Democrata alemão profundamente dividido e enfraquecido em resultado da guerra e da der rota dos levantes revolucionários de 191819 perdeu sua antiga proeminência como centro de teoria e prática marxista Nos anos do entre guerras e por algum tempo depois da Segunda Guerra Mundial o marxismo tornouse am plamente identificado na mente do público com o marxismo soviético embora tenha havido de fato uma profunda cisão no pensamento mar xista em parte coincidindo com a divisão do movimento internacional da classe operária en tre a versão soviética e o que seria mais tarde chamado de marxismo ocidental Mas este último era ele próprio bastante diversificado Em algumas de suas formas e especialmente na obra dos austromarxistas continuou a se desen volver como um campo de investigação cien tífica analisando as mudanças na sociedade capitalista depois da Primeira Guerra Mundial a ascensão do fascismo e o desenvolvimento de uma ditadura política e de uma economia estatal totalitária na União Soviética Outros marxistas ocidentais porém que se tornaram membros dos recémformados par tidos comunistas rejeitaram a concepção do marxismo como sociologia científica e adota ram dele uma visão mais leninista como uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 446 marxismo consciência revolucionária incorporada em um partido da classe operária embora tenham exis tido ou surgido diferenças consideráveis entre os principais expoentes desse ponto de vista Korsch 1923 Lukács 1923 e Gramsci 192935 Korsch mais tarde 1938 rejeitou toda essa perspectiva dizendo que a principal tendência do materialismo histórico não é mais filosófica mas sim a de um método científico empírico e as análises de Gramsci do estado e da sociedade civil continham muitos elemen tos que poderiam ser e foram incorporados a uma teoria sociológica Lukács também mudou suas idéias e no prefácio a uma nova edição de sua antiga obra 1923 1971 referiuse de forma autocrítica a seu messianismo revolu cionário utópico e expressou dúvidas quanto ao conteúdo e à validade metodológica do tipo de marxismo que ele havia então proposto Os primeiros textos de Korsch e Lukács porém também ajudaram a promover outra forma do pensamento marxista com a criação do Ins tituto de Pesquisa Social de Frankfurt em 1923 que mais tarde nos anos 60 floresceu de forma exuberante na teoria crítica da ESCOLA DE FRANK FURT Os problemas práticos de se construir uma sociedade socialista na Rússia pósrevolucio nária em um país principalmente agrário e devastado pela Primeira Guerra Mundial pela guerra civil e pela intervenção estrangeira cria ram dificuldades de outro tipo para a teoria marxista A maioria dos primeiros marxistas como o próprio Marx de qualquer maneira pouca atenção dera à questão de como uma economia socialista e novas instituições sociais e políticas seriam efetivamente organizadas limitandose a descrições gerais como o modo associado de produção ou uma sociedade de produtores associados embora Kautsky 1902 e os austromarxistas tenham de fato examinado mais amplamente algumas das questões implícitas Na União Soviética as di ficuldades do desenvolvimento socialista fo ram aumentadas pela necessidade urgente de restauração da economia destroçada e da pro moção da rápida industrialização e esse tor nouse o ponto central dos intensos debates dos anos 20 sobre as políticas e programas do pe ríodo de transição debates que foram final mente encerrados pela ditadura de Stalin e a imposição impiedosa da industrialização e da coletivização da agricultura Os marxistas ocidentais no período do en treguerras tiveram de enfrentar uma série de problemas o fracasso dos movimentos revolu cionários nos países capitalistas avançados a ascensão do fascismo o caráter mais totalitário do regime soviético e ataques críticos a toda a idéia de uma economia socialista planejada iniciados por von Mises 1920 1922 que tive ram seqüência em uma alentada controvérsia entre economistas conservadores como Hayek 1935 e do lado do marxismo especialmente Lange Lange e Taylor 1938 Não obstante a influência do pensamento marxista predomi nantemente em uma forma leninistastalinista cresceu durante os anos 30 em grande parte devido ao contraste entre o desenvolvimento bastante rápido e prolongado da economia so viética e as condições de crise econômica e depressão no mundo capitalista bem como ao reconhecimento da União Soviética como gran de oponente dos regimes fascistas Mas entre os próprios marxistas a crítica ao socialismo tota litário continuou e houve também dúvidas crescentes mais vigorosamente expressas pe los pensadores da Escola de Frankfurt a res peito do papel político revolucionário da classe operária na sociedade capitalista Esses temas continuaram a dominar o pen samento marxista depois de Segunda Guerra Mundial A extensão do sistema soviético pela Europa Oriental seguida por uma sucessão de levantes contra os novos regimes dos anos 50 aos 80 produziu recentes críticas ao que era chamado de socialismo real e seus defensores ortodoxos e a influência do marxismo soviético foi se reduzindo incessantemente Ao mesmo tempo a série variada de teorias e doutrinas conhecida como marxismo ocidental adquiriu influência bem maior incluindo a exercida so bre movimentos dissidentes na Europa Orien tal mas em condições muito diversas das que predominaram nos anos do entreguerras De pois da Segunda Guerra Mundial o capitalismo entrou em fase de crescimento econômico ex cepcionalmente acelerado e prolongado acom panhado na Europa Ocidental sob a influência de movimentos socialistas que estavam agora mais fortes do que nunca por uma ampliação da propriedade pública certo grau de plane jamento econômico e o desenvolvimento do que veio a ser chamado de estado de bemes tar Na Europa Oriental movimentos de revol ta especialmente na Hungria em 1956 e na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar marxismo 447 Tchecoslováquia em 1968 e o rumo intei ramente diverso tomado pela Iugoslávia a par tir de 1951 na construção de um sistema de autogestão operária pareceram indicar que se acabaria alcançando naquela parte da Europa uma forma de sociedade socialista democrática De qualquer forma contribuíram para um no tável reavivamento do pensamento marxista que agora se tornava amplamente difundido em países ocidentais não apenas na história na sociologia e na ciência política onde há muito tinha um tipo de presença mas na economia e na antropologia na filosofia e na estética O marxismo assim tornouse um ponto focal de importantes controvérsias que o colocaram em novo relacionamento com outras correntes do pensamento social Mas esse renascimento também aumentou a diversidade de concepções marxistas influen ciada também por uma difusão mais ampla de alguns dos textos menos conhecidos do próprio Marx como os Manuscritos econômicos e filo sóficos 1844 e os Grundrisse 185758 A Escola de Frankfurt através dos textos de Theo dor Adorno Max Horkheimer e Herbert Mar cuse ganhou ampla influência como crítica cultural da sociedade burguesa concebida co mo dominada pela racionalidade tecnológica e por uma correspondente orientação positivis tacientificista das ciências sociais em vez de o ser por uma classe capitalista Contra isso o marxismo estruturalista de Louis Althusser for mado em parte pelo movimento estruturalista mais amplo ver ESTRUTURALISMO afirmou a importância de se analisarem as estruturas pro fundas das sociedades humanas especialmente seus modos de produção e retratou o marxismo como uma nova ciência dos diferentes níveis de prática social da qual o sujeito humano como ser autônomo ativo foi eliminado Em outra direção o grupo Praxis de filósofos e sociólogos iugoslavos concentrou sua atenção nos problemas de alienação nas sociedades tan to capitalista quanto socialista estatal bem co mo no desenvolvimento e nas perspectivas do socialismo autogestionário autogerenciado e seus textos exerceram um impacto particular nos intelectuais da Europa Oriental O pensamento marxista desse período divi diuse não apenas entre um vigoroso marxismo ocidental e um moribundo marxismo soviético como uma breve incursão do maoísmo como doutrina política que cativou alguns estudantes radicais mas entre duas concepções alterna tivas que podem ser amplamente categorizadas como humanista e científica Bottomore 1988 Introdução Os marxistas da primeira categoria enfatizaram o conteúdo humanista democrático ou emancipatório da economia marxista e as ações conscientes e intencionais de indivíduos e grupos sociais enquanto os da segunda estavam basicamente preocupados com seu caráter científico explanatório e com o esquema conceitual e a teoria do conhecimen to característicos que lhe estão subjacentes Ambas as orientações envolveram pensadores marxistas em controvérsias muito mais amplas sobre todo o campo das ciências sociais da história e da filosofia a respeito de estrutura e mediação humana na vida social da impor tância relativa de fatores culturais ou ideológi cos e sociais no desenvolvimento da sociedade e de questões metodológicas fundamentais e eles próprios deram contribuições substanciais a esses debates Embora o marxismo tenha conservado um lugar mais importante no pensamento social do que ocupara no início do século tornouse me nos influente nos anos 80 do que na década anterior e teve de enfrentar problemas impor tantes Um destes é fornecer alguma análise convincente da estabilidade e crescimento do capitalismo no pósguerra e à luz dessa análise reconsiderar a natureza ou de fato a possi bilidade de uma transição para o socialismo como até agora concebido nos países industriais avançados levando em conta especialmente o aparente declínio de políticas especificamente de classe operária e a ascensão de várias formas de políticas nãoclassistas nos novos tipos de MOVIMENTO SOCIAL Problema ainda maior é representado pelas mudanças nos países de so cialismo real que culminaram no final dos anos 80 na derrubada dos regimes comunistas na maior parte da Europa Oriental e na acelera ção de mudanças fundamentais na União Sovié tica em direção a uma economia mais orientada para o mercado e a um sistema político mul tipartidário Uma vez que a maioria dos países da Europa Oriental embarcou então em uma restauração do capitalismo é evidente que a teoria marxista da história que não previu se melhante transição inversa do socialismo para o capitalismo fica necessitando de uma revisão drástica e é uma resposta singularmente inade quada dizer que os países envolvidos não eram Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 448 marxismo realmente socialistas O que se exige é uma análise muito mais fundamental do desenvol vimento do capitalismo e do socialismo no século XX e uma reorientação da teoria mar xista se isso é possível de ser básica ou até exclusivamente uma análise da ascensão de senvolvimento e prevista superação do capi talismo para uma análise que dê igual ou maior destaque aos estudos do surgimento e desenvol vimento do socialismo e das contradições e crises que podem ocorrer dentro de uma econo mia e uma sociedade socialistas Se essa reo rientação de idéias virá a ser acomodada dentro de um esquema de pensamento que ainda seja reconhecivelmente uma forma de marxismo clássico ou se marca o início de uma era pósmarxista é algo que só o futuro dirá É óbvio pelo menos que no decorrer das poucas últimas décadas o marxismo já se havia desen volvido de tal modo que seu caráter era menos o de uma única e bem amarrada teoria e mais o de um amplo embora ainda característico paradigma dentro do qual diversos tipos de explicação e interpretação são possíveis e é evidente também que nesse processo seu papel como doutrina política distinta da doutrina do socialismo em geral foi grandemente atenuado de forma que no futuro é muito provável que partidos marxistas venham a ser uma espécie de raridade Leitura sugerida Avineri Shlomo 1968 The Social and Political Thought of Karl Marx Bottomore Tom org 1983 1991 A Dictionary of Marxist Thought Kolakowski L 1978 Main Currents of Marxism Lichtheim George 1961 Marxism an Historical and Critical Study McLellan David org 1983 Marx The First Hundred Years TOM BOTTOMORE marxismo austro Ver AUSTROMARXISMO marxismo ocidental Considerase em geral que esta modalidade de teoria marxista abrange autores tão diversos quanto Georg Lukács Er nst Bloch Karl Korsch Antonio Gramsci membros da Escola de Frankfurt e pensadores franceses de JeanPaul Sartre em sua obra tar dia a Louis Althusser e a primeira parte da obra ainda em evolução de Jürgen Habermas Como tal ela cobre todo um corpo teórico iniciado em torno de 1920 e encerrado por volta de 1970 Nunca significou simplesmente marxismo no Ocidente ou marxismo vindo do Ocidente para se opor à ortodoxia marxista na União Soviéti ca Nem um teórico trotskista como Ernest Mandel nem o famoso dissidente Rudolf Bahro são marxistas ocidentais no sentido filosófi co Por outro lado muitos empreendimentos neomarxistas que se afirmaram a partir dos anos 60 como a história revisionista de Perry Ander son 1976 a economia de esquerda sraffiana isto é neoricardiana da escola de Cambridge e o marxismo analítico de Jon Elster e John Roemer deveriam ser incluídos sob a rubrica do marxismo ocidental Qual é então a differentia specifica do mar xismo ocidental O melhor meio de abordar a questão é examinar o contexto histórico de suas idéias Ele foi antes e acima de tudo um repú dio ao marxismo da Segunda Internacional So cialista A teoria marxista depois da morte de Marx havia assumido uma posição cada vez mais determinista A partir da década de 1890 surgiu a doutrina de que as leis econômicas objetivas eram a força motriz da história e que a consciência não passava de um reflexo da realidade física e social Nos anos 20 essas idéias ainda eram sustentadas por teóricos in fluentes como Karl Kautsky e Nicolai Bukha rin tal como de fato o eram em alguns contex tos pelo próprio Lenin Mas esses foram apai xonadamente contestados por jovens leninistas do Ocidente Lukács Bloch Korsch e Gramsci Este último chegou ao ponto de saudar a ascen são do comunismo ao poder em 1917 como uma revolução contra O capital com o que quis dizer que fora um triunfo da história sobre o determinismo histórico A expressão de Gramsci indicava a principal motivação da revolta do marxismo ocidental contra a Segunda Internacional radicalismo impaciente inflamado pela luz de outubro e ditado por esperanças messiânicas de redenção humana e não apenas social através da revolu ção Politicamente falando os fundadores do marxismo ocidental o quarteto acima men cionado partiram de variadas formas de es querdismo extremo tais como o anarcosin dicalismo ou o comunismo de conselho para a disciplina leninista a posição final tanto de Lukács quanto de Gramsci ainda que diferen temente definida A política leninista só seria abandonada bem mais tarde na Escola de Fran kfurt do pósguerra com seu principal herdeiro e reformador Habermas Originalmente o marxismo ocidental era o leninismo político sem o materialismo deter Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar marxismo ocidental 449 minista rudimentar da filosofia leninistasta linista Não demorou a manifestar uma epis temologia humanista insistindo no contraste estranho igualmente a Marx Engels Kautsky e Lenin entre a critique e a ciência social Já não concebia a análise marxista como uma crítica da economia burguesa mas sim como uma alternativa ao ponto de vista científico com orgulho de sua dialética plenamente de senvolvida Tanto Kautsky quanto Bukharin haviam tacitamente remodelado o marxismo como uma sociologia histórica naturalista mais ligada ao evolucionismo do que à dialética e daí mais próxima de Ernst Haeckel do que de Hegel Mas os que iniciaram o marxismo oci dental eram todos neoidealistas tão baseados em Fichte e acima de tudo Hegel quanto os austromarxistas ver AUSTROMARXISMO em Kant e sua inclinação filosófica lembrava vi vamente o hegelianismo de esquerda das déca das de 1830 e 1840 A redescoberta de fontes idealistas acompa nhou empréstimos tomados da cultura burguesa e enquanto o jovem Lukács devia muito a Georg Simmel Wilhelm Dilthey e Max Weber Gramsci era influenciado por Benedetto Croce e os teóricos italianos da elite e os pensadores da Escola de Frankfurt combinavam o tema da alienação com elementos nietzschianos pers pectivas freudianas e motivos modernistas Quanto ao marxismo francês a enorme sombra de Heidegger assomava sempre ao fundo Esse ecletismo funcionava em um espírito idealista e o mais comum era que fosse aplicado à análise de problemas culturais em vez de políticoeco nômicos embora Gramsci se tenha especia lizado em cultura política Tanto assim que é possível dizer da maior parte do marxismo oci dental que é um marxismo da superestrutura ver BASE E SUPERESTRUTURA Lukács Walter Benjamin Theodor Adorno e Sartre estão entre os críticos literários e estetas mais notáveis de nossa época A conjunção de tema cultural e epistemologia humanista aproxima o marxismo ocidental da tradição hermenêutica como uma busca neoidealista mais de significados do que de causas e a maior parte dela é intencional mente interpretativa e não explanatória Um último aspecto geral do marxismo oci dental notavelmente ausente porém em Kors ch Gramsci ou Althusser foi a hostilidade à civilização moderna O jovem Lukács Bloch e mais especialmente a Escola de Frankfurt in jetaram no marxismo forte dose de Kulturkritik uma recusa baseada em princípios morais dou trinária e indiscriminada à cultura da MODER NIDADE Sentiamse profundamente constran gidos com o industrialismo indiferentes à de mocracia liberal e bastante hostis à ciência e à ideologia Essa síndrome ideológica não era de forma alguma predominante nas divergências anteriores por mais arrojadas que fossem do marxismo clássico como no revisionismo fin desiècle de Eduard Bernstein ou um pouco mais tarde no pensamento de Georges Sorel ou nas pesquisas seminais dos austromarxistas Ora o próprio Marx como Hegel fora grande admirador da modernidade de forma que o marxismo ocidental a esse respeito re presenta uma enorme inversão de perspectiva histórica dentro do campo marxista A lógica da tese histórica como o materialismo foi por água abaixo O marxismo ocidental nasceu em forma de livro com os ensaios coligidos por Lukács em História e consciência de classe como jus tificativa da revolução de Lenin e em Marxis mo e filosofia de Korsch ambos publicados em 1923 O herói conceitual de ambos os livros é um sujeito social a consciência revolucionária do proletariado A objetificação simplesmente reflete os hábitos do sujeito assim enquanto a reificação má objetificação reflete o mau su jeito isto é o capitalismo e a cultura burguesa o paraíso revolucionário se instalará tão logo o proletariado atinja uma apreensão da totali dade O ponto de vista da totalidade é para Lukács a própria essência do marxismo muito mais importante que os temas econômicos O senso de totalidade é uma PRÁXIS consciente e a totalidade como práxis é autovitalizante é um sujeito histórico global E o sentido fun damental do presente é revolucionário porque o trabalho alienado compreende diretamente a reificação isto é a desumanização como a alma do capitalismo Na verdade o proletariado pode ou não exi bir consciência da totalidade porém se não o faz não importa pois Lukács achava que havia uma vontade coletiva destinada a fazer surgir a real liberdade o Partido Comunista Os primeiros trabalhos de Lukács haviam exposto uma mística ética como saída para a decadência e ao abraçar o marxismo ele preservou um moralismo messiânico Max Weber de quem ele se tornou amigo em Heidelberg descreveu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 450 marxismo ocidental o como um caso perfeito de ética da convic ção muito longe do realismo responsável A revolução foi quase separada das preocupações materiais enquanto o comunismo era levado a personificar uma idéia elevada da cultura como o reino de uma vida significativa Conforme o próprio Lukács mais velho reconheceu a obra inteira estava permeada de um anticapitalismo romântico O romance do marxismo com a Kulturkritik continuou com os herdeiros de Lukács os filó sofos de Frankfurt Max Horkheimer e Theodor Adorno O livro que escreveram juntos Dialé tica do esclarecimento 1947 tornouse o se gundo evangelho do marxismo ocidental O programa de Horkheimer era filosofia social uma teorização da mentalidade empírica em bora diferente da ciência social positivista em seu compromisso lukácsiano com a apreensão do todo Mas os pensadores de Frankfurt dei xaram de lado o utopismo de Lukács bem como sua metafísica do sujeito e com ela o mito do proletariado revolucionário Nos anos 40 es tudaram o antisemitismo em conexão com o fascismo e a personalidade autoritária e de pois da guerra abstiveramse da análise de clas se concentrandose em uma condenação abran gente da cultura moderna como traição da razão A razão como instrumento a ciência foi acusada de trocar a emancipação pela re pressão no sentido instintual freudiano e o papel da teoria crítica tornouse uma espécie de resistência pessimista à cultura de massa tanto ao capitalismo quanto ao socialismo Pos teriormente esses dois regimes seriam equacio nados como formas repressivas unidimensi onais de sociedade por Herbert Marcuse Nas mãos de Adorno a dialética tornouse a epítome de um marxismo arcano em seu livro Dialética negativa 1966 Surgiu um estranho marxis mo sem proletariado desprovido de luta de classes e de otimismo histórico O fim de Hor kheimer foi um retorno a Schopenhauer e à religião O radicalismo marxista ocidental no entan to não havia morrido Já o talentoso ensaísta Walter Benjamin combinava ou alternava uma política radical com uma epistemologia irracio nalista e o mais profundo pessimismo histórico indisfarçado em suas Teses sobre a filosofia da história 193940 in Benjamin 1955 Nos anos 60 enquanto JeanPaul Sartre tentava uma fusão do existencialismo com o marxismo Marcuse começava a flertar com a rebeldia estudantil e os movimentos da contracultura Os exilados da Escola de Frankfurt haviam trans formado o marxismo ocidental em mais um romantismo do desespero Sartre e Marcuse estavam determinados a reanimálo como um romantismo da revolta A onda seguinte a do marxismo estruturalis ta ver ESTRUTURALISMO liderada por Louis Althusser reagiu asperamente ao primado da consciência em Lukács e Sartre mas acabou produzindo um fundamentalismo altamente es colástico em torno do ideal da história como ciência Duas evoluções neomarxistas o de bate anglofrancês sobre modos de produção e o anglogermânico sobre a natureza do estado capitalista começaram como derivações de categorias althusserianas Politicamente falan do enquanto Sartre e Marcuse eram esquer distas os althusserianos eram em geral maoís tas e o próprio Althusser foi um dos últimos marxistas que renunciaram à ditadura do prole tariado Gramsci era muito diferente e seus Cader nos do cárcere escritos de 1929 a 1935 contêm peças soberbas ainda que necessariamente fragmentadas de sociologia política analisan do de forma sutil a influência recíproca entre mudança política e estrutura de classe As ob servações de Gramsci sobre hegemonia de clas se e coligações de classe sobre tipos de revolu ção e modernização e sobre o papel dos intelec tuais são revigorantemente livres do rude deter minismo econômico do marxismo vulgar sem caírem na teorização árida de grande parte do marxismo ocidental Ao mesmo tempo que par ticipava de sua rejeição ao determinismo e ao historicismo ele foi diferente dos pensadores alemães por estar isento do pathos da Kul turkritik e embora leninista tentou seriamente orientar o comunismo em uma direção nãosec tária protodemocrática misturando socialismo e cultura popular Suas posições viriam a ins pirar o eurocomunismo meio século depois de sua morte em seguida a um longo período de cárcere nas mãos do regime fascista Tanto o espírito democrático quanto a eli minação da Kulturkritik também destacam os textos copiosos do principal pensador da Escola de Frankfurt Jürgen Habermas O âmago da sua reconstrução da teoria crítica é uma tentativa de garantir o conhecimento como emancipação através de uma ética comunicativa O paradig Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar marxismo ocidental 451 ma não é mais a observação mas o diálogo A teoria crítica sofre uma virada lingüística si milar à do último Wittgenstein ou à hermenêu tica de Gadamer Diferentemente desses auto res Habermas não é nenhum relativista na verdade ele é hoje em dia o principal contes tador do pensamento arquirelativista e cético de pensadores pósestruturalistas como Fou cault Derrida e Lyotard Em sua obra recente 1981 o marxismo ocidental do abandonar os últimos vestígios da luta de classes diluise em um neoevolucionismo enciclopédico centra do na macrohistória da ação comunicativa Leitura sugerida Anderson P 1976 Considerations on Western Marxism Geuss Raymond 1981 The Idea of a Critical Theory Habermas and the Frankfurt School Held D 1980 Introduction to Critical Theo ry Horkheimer to Habermas Jacoby Russell 1981 Dialectic of Defeat Contours of Western Marxism Jay Martin 1973 The Dialectical Imagination a History of the Frankfurt School and the Institute of Social Research 192350 Merquior JG 1986 O marxismo ocidental JG MERQUIOR massa cultura de Ver CULTURA DE MASSA massa sociedade de Ver SOCIEDADE DE MAS SA materialismo Em seu sentido mais amplo o materialismo afirma que qualquer coisa que exista é apenas matéria ou pelo menos depende dela Em sua forma mais geral ele pretende que toda a realidade seja essencialmente mate rial em sua forma mais específica que a reali dade humana assim é Na tradição marxista o materialismo normalmente é do tipo nãoredu tivo mais fraco O materialismo pode ser en carado como uma operação de contenção contra formas de idealismo que afirmem a exis tência de entidades abstratas tais como valores universais a não ser que identificados como propriedades de coisas materiais seres ou mentes sobrenaturais a não ser que identifica dos com ou pelo menos baseados em proces sos corpóreos e contra explicações que in voquem tais entidades Os materialistas assim excluem a possibilidade da existência incor pórea e são metafisicamente orientados contra o dualismo Neste artigo considerarei primeiro o materialismo na esfera da filosofia da mente antes de passar ao materialismo marxista Opondose ao cartesianismo clássico o COMPORTAMENTALISMO de início e meados do século XX afirmava que a mente consiste em ações ou mesmo movimentos externos No ter ceiro quartel do século ficou claro que o com portamentalismo aproveitouse para dizer o mínimo de uma confusão entre significado e fundamentos empíricos A forma predominante de materialismo o materialismo do estado cen tral MEC defendido por D Armstrong UT Place e JJC Smart implicava três estágios 1 a análise de afirmações mentais prima facie tais como estou pensando agora como to picamente neutras isto é nada dizendo a res peito da natureza do processo envolvido 2 a definição de um estado mental tanto em oposi ção à visão clássica como arena interna quanto ao comportamentalismo como ato externo co mo um estado real de uma pessoa apta à produção de certos tipos de comportamento físico de forma que a mente é vista como uma arena interna identificada por suas relações cau sais com o ato externo e 3 a identificação especulativa desses processos internos com os procedimentos físicoquímicos do cérebro ou mais completamente do sistema nervoso cen tral O MEC é mais plausivelmente interpretado como um princípio regulador ou programa de pesquisa apoiado por comprovações neurofi siológicas Mas a comprovação da redução im plícita no estágio 3 é suspeita e afirmouse que o MEC enfrenta dificuldades insuperáveis de análise bem como para sustentar a causalidade e a interação social Bhaskar 1979 1989 cap4 seções 4 e 5 O materialismo eliminató rio M El possivelmente defendido de forma mais convincente por P Churchland inves tigando em maior profundidade os textos de P Feyerabend WVO Quine e R Rorty rejeita a análise topicamente neutra estágio 1 não oferecendo uma análise revisionista de termos mentalísticos prima facie mas negando que as afirmações nas quais eles ocorrem possam ser verdadeiras Mas não fica claro que o M El possa ser coerentemente expresso Outros filó sofos realistas opondose às implicações deter ministas e reducionistas tanto do MEC quanto do M El contrapuseram a isso uma visão das mentes como formas de matéria causalmente e taxonomicamente irredutíveis porém de pendentes Por exemplo na posição do ma terialismo de poderes emergentes sincrônicos MPES apresentada por R Bashkar a mente é concebida não como uma substância seja material ou imaterial mas como um complexo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 452 massa cultura de de forças Isso tem analogias com o funciona lismo de H Putnam As teorias de duplo aspecto revividas por P Strawson costumam ser encaradas como espécies de materialismo devido a elas men te e matéria são dois modos de uma única substância Mas sofrem de um compromisso ontológico ambivalente Se os atributos men tais são reais irredutível e causalmente efi cazes então representam MPES se não MEC Por outro lado se a questão é evitada então não existe nenhum critério nãosubjetivo para a atri buição de quaisquer estados mentais O epi fenomenalismo às vezes ainda apoiado tem dificuldades em fazer justiça ao fenômeno de nossa mediação Foi isso que o primeiro Marx enfatizou ao elaborar seu materialismo prático MP afir mando o papel constitutivo da mediação trans formadora humana na reprodução e transforma ção de formas sociais O materialismo histórico MH afirmando a primazia causal do MODO DE PRODUÇÃO dos seres humanos e de seu ser natu ral físico ou do processo de trabalho de ma neira mais geral no desenvolvimento da his tória humana consiste em uma elaboração substantiva do MP Tem raízes no materialismo ontológico MO afirmando a dependência unilateral do ser social sobre o ser biológico e mais geralmente físico o surgimento do pri meiro a partir do último e a subseqüente eficácia causal do primeiro sobre o último cf MPES E pressupõe um materialismo realista cientí fico ou materialismo epistemológico ME afirmando a existência independente e a eficá cia transfactual de pelo menos alguns dos obje tos do pensamento científico Só podemos tratar aqui com algum deta lhamento do MP A Primeira Tese sobre Feuerbach ver Marx Early Writings 1975 p4212 implica uma distinção entre α obje tividade ou externalidade como tal e β obje tificação como a produção de um sujeito ou na terminologia do realismo científico moderno entre os objetos intransitivos do conhecimento e a atividade transitiva da produção do co nhecimento A Sexta Tese ibid p423 acar reta uma distinção entre β a atividade inten cional humana e γ a reprodução ou transfor mação das formas historicamente sociais e pre viamente existentes dadas como condições e veículos dessa atividade mas reproduzidas ou transformadas somente nela Adequadamente a incapacidade de distinguir α e β como dois aspectos da unidade de objetos conhecidos le vou a tendências tanto ao idealismo episte mológico redução de α a β de Georg Lu kács e Antonio Gramsci a Leszek Kolakowski e Alfred Schmidt quanto à reversão ao ma terialismo contemplativo tradicional redução de β a α de Engels e Lenin a Della Volpe e os expoentes contemporâneos da teoria da re flexão E adequadamente a incapacidade de distinguir β e γ como dois aspectos da uni dade da atividade transformadora ou como a dualidade de práxis e estrutura resultou tanto em individualismo e voluntarismo sociológico redução de γ a β como em por exemplo JeanPaul Sartre quanto em determinismo e reificação redução de β a γ como em por exemplo Louis Althusser O marco da tradição materialista dialética ver também MATERIALISMO DIALÉTICO foi a combinação de uma dialética da natureza com uma teoria reflexionista do conhecimento Am bas foram rejeitadas por Lukács no texto semi nal do marxismo ocidental História e cons ciência de classe 1923 em que também se afirmava que eram mutuamente incompatíveis Em geral quando o marxismo ocidental foi simpático a motifs dialéticos foi hostil ao ma terialismo Por outro lado quando o marxismo ocidental apregoou seu materialismo este era em geral de um tipo exclusivamente episte mológico como em Althusser Della Volpe e Lucio Colletti e onde foram abordados tópicos ontológicos como na reenfatização por S Tim panaro do papel da natureza na vida social a discussão era em geral comprometida por um irrefletido realismo empírico Em qualquer discussão do materialismo es preita o problema de uma definição de matéria Para o MP de Marx que se restringe à esfera social incluindo é claro a ciência natural e no qual materialismo deve ser entendido como prática social não surge nenhuma dificul dade Mas de Engels em diante o materialismo marxista teve pretensões mais globais e surge então a dificuldade de que se uma coisa mate rial é encarada como um ocupante duradouro de espaço capaz de ser perceptivamente iden tificado e reidentificado os muitos objetos do conhecimento científico embora dependentes de coisas materiais para sua identificação são imateriais Fica claro que quando se distingue entre ontologias científicas e filosóficas tais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar materialismo 453 considerações não necessitam conforme viram tanto Bertrand Russell quanto Lenin refutar o materialismo filosófico Mas qual é então o seu conteúdo Alguns materialistas aderiram à idéia da cognoscibilidade exaustiva do mundo pela ciência Essa parece uma presunção ex traordinariamente antropocêntrica até mes mo idealista Por outro lado a suposição mais fraca de que qualquer coisa cognoscível deve ser cognoscível pela ciência se não é tautoló gica apenas desloca a verdade do materialismo para a viabilidade do NATURALISMO em domí nios particulares Por tais motivos seria possível sentirse ten tado a tratar o materialismo mais como prise de position do que como conjunto de teses quase descritivas e mais especificamente como a uma série de negativas em grande parte lem brando que Hegel pôde plausivelmente afirmar que a história da filosofia é a história do idealis mo de afirmativas da filosofia tradicional com respeito à existência de Deus almas formas idéias dados sensoriais deveres o absoluto e assim por diante ou a impossibilidade ou s tatus inferior da ciência ou da felicidade ter rena e b como base indispensável para tais negativas um compromisso com sua explica ção científica como modos de consciência ou ideologia falsos ou inadequados No entanto tal orientação ainda pressupõe alguma explicação positiva da ciência ideologia etc Na verdade pode ser mais fácil justificar o materialismo como explicação da ciência e do cientificismo do que justificálo per se e talvez apenas essa explicação e essa defesa específicas do materialismo sejam compatíveis com a crítica de Marx ao pensamento hipostasiado e abstrato por exemplo na Segunda Tese sobre Feuer bach ibid p422 É significativo neste pon to que uma explicação realista transcendental do materialismo seja congruente com uma emergente orientação naturalista para os po deres A importância dessa última consideração é que desde Marx e Engels o marxismo tem conduzido uma dupla polêmica contra o idea lismo e contra um materialismo vulgar redu cionista ou nãodialético isto é mate rialismo contemplativo Marx ou mecânico Engels E o projeto de elaborar uma explica ção ou crítica materialista satisfatória de al gum tema caracteristicamente louvado pelo idealismo na prática tem significado em geral uma tentativa de evitar o reducionismo sem reverter ao dualismo Isso normalmente provo cou uma guerra de posições em duas frentes contra variados tipos de objetivismo e contra variados tipos formalmente contrapostos mas efetivamente complementares ou interdepen dentes de subjetivismo Bhaskar 1989 p1312 Seria então a intenção do materialis mo marxista transformar a problemática co mum colocando dessa forma em destaque tanto os erros quanto as percepções parciais da velha simbiose Leitura sugerida Armstrong D 1968 A Materialist Theory of Mind Bhaskar Roy 1979 1989 The Pos sibility of Naturalism 2ªed Churchland P 1979 Scientific Realism and the Plasticity of Mind Labica G 1976 Le statut marxiste de la philosophie Putnam H 1976 The mental life of some machines In The Philosophy of Mind org por J Glover Rorty R 1980 Philosophy and the Mirror of Nature parte 1 Soper Kate 1981 On Human Needs Timpanaro S 1976 On Materialism ROY BHASKAR materialismo dialético Elaborada pela pri meira vez por Lenin e G Plekhanov no contex to da luta revolucionária na Rússia para desig nar a filosofia marxista essa expressão é tam bém usada para identificar as partes da filosofia marxista que lidam com a ontologia a metafí sica e a teoria do conhecimento mas excluindo o materialismo histórico filosofia social a estética e a ética Houve ainda uma utilização ritualística da expressão como um selo afixado a textos aprovados pelas ou pretendendo a aprovação das autoridades na União Soviética na República Popular da China e nos países socialistas do Leste Europeu o que era ofi cial ou aprovado variava de país a país e no correr do tempo Os dogmas básicos do ma terialismo dialético são o materialismo filosó fico a possibilidade do conhecimento a aceita ção do desenvolvimento e assim a aceitação de propriedades emergentes e da irredutibili dade de algumas diferenças O materialismo presume que a matéria ou corpo tem primazia em relação à mente ou espírito Primazia significa que as mentes não são capazes de existir sem corpos enquanto estes podem existir sem serem continuamente dependentes das mentes como condição neces sária a sua existência Marx atribuiu o pen samento à categoria das atividades corpóreas o pensamento sendo a atividade do cérebro en Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 454 materialismo dialético quanto o caminhar envolve outras partes do corpo As expressões matéria e realidade objetiva são plenamente intercambiáveis Aceitamse as relações de retroalimentação en tre corpos e idéias O materialismo é tido como um pressuposto básico da ciência moderna e considerase que o sucesso das utilizações tec nológicas das ciências naturais fornece motivos básicos para o apoio ao materialismo A aceita ção do primado da matéria sobre a mente é visto como resultado não apenas de uma prova mas também de uma escolha pessoal que logica mente precede o raciocínio filosófico Os marxistas utilizam as palavras agnos ticismo e ceticismo para designar filosofias que negam a possibilidade do conhecimento Muitos marxistas ocidentais descrevem sua própria posição como uma variedade de realis mo enquanto filósofos soviéticos não aplica ram qualquer rótulo para descrever sua própria posição dentro da teoria do conhecimento ver CONHECIMENTO TEORIA DO A posição da maio ria era de que tudo pode ser conhecido em princípio contanto que haja evidências dis poníveis mas o conhecimento absoluto é ina tingível por indivíduos particulares Considera se que a prova dessa proposição é alcançável fora da esfera do pensamento A capacidade humana de usar uma teoria para produzir al guma coisa prevista por essa teoria significa que alguns aspectos desta constituem conhecimen to de seus objetos Desenvolvimento é em geral compreen dido com a ajuda de conceitos dialéticos cha mados de categorias de dialética diferença oposição conflito contradição qualidade e quantidade essência e aparência condição e causa efetivo e possível e assim por diante O conjunto de categorias é um conjunto aberto Geralmente se incluem conceitos discutidos por Aristóteles e Hegel mas os filósofos estão constantemente tentando acrescentar novos conceitos As categorias são encaradas como correspondentes a alguns aspectos da realidade assim falase de dialética objetiva desenvol vimento no mundo real dialética subjetiva desenvolvimento de idéias e dialética como teoria um modo de entender o desenvol vimento A palavra metafísica é às vezes usada como um nome para modos de pen samento que reduzem o desenvolvimento a mu dança ou não aceitam mudança alguma ou não aceitam que as distinções estabelecidas pelo pensamento humano entre objetos do pensa mento sejam ao mesmo tempo relativas e reais O conceito de desenvolvimento não é neces sariamente aplicado ao mundo como um todo e não há necessidade de se aceitar uma história unilinear do desenvolvimento Ninguém efetivamente conseguiu produzir uma teoria específica e sistemática que una de maneira não trivial dialética e materialismo Georg Lukács Della Volpe e muitos filósofos da União Soviética apresentaram razões hege lianas para tal teoria M Cornforth interpretou o materialismo dialético como um programa de pesquisa ou um conjunto de restrições e condi ções capacitantes paradigmáticas Alguns mar xistas britânicos e soviéticos opuseramse à dialética da natureza e às vezes restringiram o materialismo dialético à filosofia social Es sas posições implicam que as filosofias po dem ser dialéticas e materialistas mas que não pode haver um materialismo dialético Assim algumas filosofias analíticas podem ser rotula das como dialéticas e materialistas enquanto outros textos analíticos podem ser dialéticos e idealistas à parte os casos limítrofes e o ecletis mo Muitos tratados soviéticos sobre dialética restringiramse a dar exemplos de aplicação para algum conceito dialético embora esse uso seja publicamente condenado até pelos que o praticam Karl Marx tentou em 184344 substituir o idealismo hegeliano por uma filosofia mate rialista Por volta de 1845 ou 1846 começou a atribuir a filosofia à ideologia isto é uma forma de pensamento usada para discutir ques tões reais como questões dentro daquela forma de pensamento a substituição é feita incons cientemente As formas ideológicas eram as únicas disponíveis à humanidade antes do ca pitalismo Marx agora alegava que a ideologia tinha de ser substituída pela ciência empírica Nem Marx nem seu principal colaborador En gels estavam interessados em construir uma teoria sistemática do conhecimento e não acha vam que esta fosse uma parte importante da filosofia Foram autores russos do final do século XIX e início do século XX Plekhanov AM Debo rin Lenin que desenvolveram o materialismo dialético e depois da revolução bolchevique passou a haver ocupações pagas para filósofos que aceitassem o materialismo dialético de modo que seus textos se tornaram mais nume Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar materialismo dialético 455 rosos Entre 1930 e 1955 as discussões filosó ficas entre marxistas eram reprimidas a pu blicação de livros e artigos tornouse prati camente inexistente e o ensino da filosofia na União Soviética foi grandemente reduzido A filosofia soviética reemergiu da obscuridade entre 1955 e 1970 A teoria do conhecimento tornouse parte importante da filosofia e evo luiu para uma espécie de realismo pragmático lidando com a ciência moderna Outros temas importantes foram o status ontológico da men te as relações mentecorpo e o significado e âmbito da dialética Os autores soviéticos mais influentes foram Kedrov Kopnin Lektorski Ilienkov Filósofos poloneses e alemães orien tais desempenharam papel importante nesses desdobramentos Schaff e G Klaus foram os mais notáveis do Leste Europeu Textos italia nos franceses e ingleses desenvolveramse des de 1945 com algumas exceções raramente eram conhecidos na União Soviética ou na Eu ropa Oriental Autores britânicos e norteame ricanos tentaram produzir uma teoria analítica e materialista dialética do conhecimento MW Wartofsky R Bhaskar A Callinicos O hegelianismo era forte na União Soviéti ca enquanto Bachelard e Michel Foucault são populares entre os que superaram a visão de que Hegel fornece o paradigma ideal de como se deve fazer filosofia Na União Soviética e na Polônia a teoria do conhecimento era em geral analítica usando a lógica como instrumento mais importante Houve numerosas críticas aos filósofos nãomarxistas Para os filósofos dos países socialistas essas críticas em geral pro porcionavam um meio de substituir a filosofia supostamente sob crítica pelo materialismo dia lético O marxismo analítico ocidental tem tido um desenvolvimento importante desde os anos 70 Ele deixou de lado o essencialismo dialéti co e o apoio nos conceitos tradicionais de dia lética Só é dialético no sentido amplo em que toda a filosofia analítica moderna é dialética Leitura sugerida Callinicos A 1983 Marxism and Philosophy Cornforth M 1980 Communism and Phi losophy Contemporary Dogmas and Revisions of Mar xism Della Volpe G 1950 1980 Logic as a Positive Science Graham LR 1987 Science Philosophy and Human Behaviour in the Soviet Union Scanlan JP 1985 Marxism in the URSS A Critical Study of Current Soviet Thought Wartofsky MW 1979 Models Rep resentation and the Scientific Understanding EERO LOONE mediação Ver AÇÃO E MEDIAÇÃO medicina Todas as sociedades têm meios de interpretar e compreender o fenômeno da doen ça Fatores tão diversos quanto os astros os pecados o tempo e a constituição de uma pes soa foram usados no passado como base para arcabouços explanatórios mas a explicação predominante no século XX no Ocidente e cada vez mais em todo o mundo baseiase em uma teoria da doença que apareceu pela primeira vez no final do século XVIII nos hos pitais parisienses Ackerknecht 1967 Se por um lado a perspectiva médica an terior havia sustentado que uma característica importante da doença era o seu movimento a nova medicina dos hospitais fazia a afirmação radical de que ela podia ser localizada em ano malias específicas de estruturas anatômicas as chamadas lesões patológicas dentro do corpo e a elas atribuída Essa análise ao mesmo tempo justificava a hospitalização do paciente ou seja colocação do corpo em um cenário neutro para que médicos profissionais pudes sem praticar suas recémdescobertas habilida des no exame clínico a localização da lesão e na autópsia que permitia que a verdade sobre a lesão se revelasse aos olhos do médico Fou cault 1963 Esse novo modelo de doença foi extraor dinariamente bemsucedido sistemas rivais de medicina foram rapidamente eliminados en quanto se construíam hospitais por toda a Eu ropa e América do Norte e a profissão médica organizava sistemas de credenciamento pelo estado para marginalizar e eliminar os inqua lificados no tratamento dos doentes Starr 1982 Assim no início do século XX uma forte biomedicina como é geralmente chamada com base na patologia estava firmemente esta belecida e em posição de se beneficiar do e norme aumento de recursos dedicados à assis tência e saúde durante o resto do século em particular através do empenho dos governos em programas públicos de assistência de saúde pa ra suas populações ver SAÚDE Apesar da continuidade e do predomínio de uma abordagem biomédica da doença por todo o século XX com seu olhar estreito voltado para a lesão patológica bem no fundo do corpo surgiu um interesse paralelo pelo mundo social e psicológico do paciente Armstrong 1983 Durante meados do século XIX o mo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 456 mediação vimento de saúde pública havia obtido sucesso em melhorar as condições de vida da população através de medidas voltadas para a higiene am biental tais como saneamento inspeção dos alimentos e descontaminação da água potável De fato chegouse a afirmar que os progressos nas condições de saúde da população desde meados do século XIX são resultado desses programas de ação social mais que das ações dos médicos tomadas isoladamente McKe own 1979 Depois de sua idade de ouro a saúde pública rotinizouse e foi negligenciada foi porém revivida nos primeiros anos do século XX com a descoberta do social como um novo espaço no qual a doença podia manifestarse O reconhecimento de um elo entre fatores so ciais e enfermidades tais como a tuberculose e as doenças venéreas formou a base dessa nova medicina social Em sua forma mais recente geralmente chamada de nova saúde pública a ênfase é atribuída à regulação de estilos de vida através de atividades para a promoção da saúde e há uma crença em que os indivíduos deveriam começar a assumir a responsabilidade pela manutenção de sua própria saúde Martin e McQueen 1989 Paralelamente ao surgimento de preocupa ções com a saúde geral da população a medi cina clínica começou a reconhecer a importân cia do mundo psicossocial do paciente como indivíduo Essa mudança pode ser observada particularmente na psiquiatria que se afastou de sua preocupação exclusiva com a insani dade conforme ocorria no século XIX voltan dose para os problemas de superação das difi culdades cotidianas como encontrados nos problemas clínicos da ansiedade e da depressão ver PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL DEPRESSÃO CLÍNICA A ampliação da medicina para áreas da vida social através tanto da medicina social quanto das preocupações de uma medicina clínica cada vez mais orientada para o psicossocial provo cou inúmeras reações Uma delas foi a boa acolhida da mudança de ênfase como huma nizante e libertadora Em vez de objetificar os pacientes como nada além de corpos físicos o reconhecimento dos aspectos psicossociais da doença significa que os pacientes têm sua auto nomia e sua dignidade respeitadas a identifica ção no final do século XX do paciente como consumidor é apenas um componente dessa visão mais orientada para o paciente Outros comentaristas têm se mostrado mais críticos Se uma medicina dos corpos podia ser censurada por objetificar esses mesmos corpos então uma medicina que monitora o funcio namento psicossocial do paciente tem efeitos análogos sobre a totalidade do paciente Em suma a medicina permanece acusada de medi calizar a vida social reduzindo os sentimentos as cognições e o comportamento a apenas ou tros fatores que necessitam de adequada orientação e tratamento Arney e Bergen 1984 Por um lado dizse que isso retira a responsabilidade dos pacientes autônomos convencendoos a buscar o conselho médico e a se tornarem dependentes deste para todos os aspectos da vida Illich 1978 e por outro lado a mudança no sentido de enfatizar a autores ponsabilidade pela saúde significa uma carga adicional de estigmatização quando as pessoas fracassam nessa tarefa Crawford 1977 Uma terceira reação à expansão da esfera da medicina para o mundo psicossocial do paciente foi tratála como nem libertadora nem repressiva mas como refletindo outra faceta da relação multíplice entre medicina e sociedade Desde o significado das doenças médicas tais como o câncer e a tuberculose como metáforas no pensamento leigo Sontag 1979 até o impacto dos modelos orgânicos de equilíbrio na teoria social as idéias médicas têm alimen tado o social As influências na direção oposta são mais sutis porém mais profundas Vão do reconhecimento de que grande parte do que passa por conhecimento esotérico e técnico na verdade se baseia no conhecimento leigo Hughes 1977 até a afirmação de que todo o conhecimento médico incorpora representa ções sociais Assim a categoria de doença que a medicina lê como fenômeno biológico é ela própria um artefato social a diferença entre normal e anormal na medicina fisiologia e patologia precisa estar enraizada em afirma ções normativas sobre como o corpo deve fun cionar Nesse sentido todas as doenças apesar de sua manifestação biológica codificam ava liações sociais do que deve contar como normal em qualquer sociedade particular Uma amplia ção adicional dessa abordagem é o argumento de que não apenas a fronteira entre o normal e o anormal tem derivação social como o próprio conteúdo da patologia reflete um modo his toricamente posicionado de ler a natureza do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar medicina 457 corpo Armstrong 1983 e da mente Rose 1990 Durante o final do século XX a medicina tem mantido uma ascendência sobre uma cada vez mais complexa divisão do trabalho pela saúde de muitas maneiras a mudança para as áreas psicossociais pode ser encarada como parte de uma estratégia de manutenção da he gemonia sobre a província da doença Não obs tante já se vêem sinais de independência por parte de outros profissionais de assistência de saúde como as enfermeiras e uma utilização crescente por parte do público de médicos alternativos e complementares ao mesmo tem po a biomedicina está tendo de enfrentar de safios à sua efetividade e eficiência Cochrane 1972 bem como restrições importantes em seu futuro financiamento Tomadas em conjunto essas observações indicam um crescente de safio ao quadro predominante da medicina no qual a doença é conceitualizada Leitura sugerida Armstrong D 1983 The Political Anatomy of the Body Medical Knowledge in Britain in the Twentieth Century Arney WR e Bergen BJ 1984 Medicine and the Management of Living Taming the Last Great Beast Foucault M 1963 Naissance de la clinique Illich Ivan 1978 Medical Nemesis The Expropriation of Health Starr P 1982 The Social Transformation of American Medicine DAVID ARMSTRONG meios de comunicação Ver COMUNICAÇÃO DE MASSA mensuração Afirmações tais como A é mais X do que B ou A é n vezes mais X do que B parecem fundamentadas quando se de finem os procedimentos adequados de men suração graças aos quais um conjunto A B C de objetos pode ser comparado com res peito a X Assim é possível dizer que uma vareta A é mais comprida que B uma vez definida uma medida de comprimento e apli cada a A e B Da mesma forma uma sociedade A será considerada socialmente mais móvel uma vez definida uma medida de mobilidade social A mensuração é uma operação corrente nas ciências sociais tanto quanto nas naturais Sem mensuração é impossível responder a pergun tas sociológicas descritivas tão simples quanto as taxas de suicídio são maiores hoje no país A do que 20 anos atrás A desigualdade social está aumentando ou diminuindo na sociedade A A desigualdade social é maior no país A do que no B A mobilidade social intergerações vem aumentando ou decrescendo no país A na última década Enquanto essas perguntas demonstram que as ciências sociais não têm como evitar a men suração ilustram também as dificuldades de mensuração nessas ciências Etnometodólogos e fenomenólogos têm afirmado com razão que medir digamos taxas de suicídio pode ser uma coisa sem sentido uma vez que a definição social de suicídio varia no tempo e no espaço e registrar uma morte como suicídio é uma decisão social influenciada por muitos fatores Essas objeções no entanto deveriam ser relativi zadas se por um lado é verdade que medidas como as das taxas de suicídio não devem ser aceitas pelo que de imediato pareçam ser podem proporcionar afirmações comparativas fracas confiáveis como em as taxas de suicídio pare cem aumentar do tempo 1 para o tempo 2 São maiores no país A do que no país B Uma segunda dificuldade metodológica é ainda mais crucial Comprimentos podem ser medidos em polegadas ou centímetros se uma vara parece tão comprida quanto outra em po legadas será mais comprida também em cen tímetros No entanto essa propriedade de medi das físicas alternativas de acordo com a qual elas são monotonicamente relacionadas uma à outra em geral se perde no caso das medidas usadas nas ciências sociais Assim a mobili dade social pode ser medida pelo chamado índice Glass pelo índice Yasuda ou por muitos outros índices Boudon 1973 Da mesma for ma a igualdadedesigualdade de renda a igual dadedesigualdade educacional e assim por di ante podem ser medidas de várias maneiras Ora é teoricamente possível que digamos uma sociedade A pareça mais móvel ou mais igual do que B com respeito a alguma variável quan do se usa uma medida enquanto que o oposto será verdadeiro com outra medida Isso significa que conceitos como mobili dade social ou desigualdade são na verdade muito mais ambíguos do que comprimento ou temperatura os vários índices disponí veis correspondem na verdade a várias in terpretações dessas noções Na prática porém essas variadas medidas em geral parecem con vergentes Ver também ESTATÍSTICA SOCIAL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 458 meios de comunicação Leitura sugerida Douglas J 1967 1970 The Social Meanings of Suicide Pawson Ray 1989 A Measure for Measures RAYMOND BOUDON mercado Como a instituição social na qual as pessoas trocam livremente mercadorias bens recursos e serviços em geral usando como meio o dinheiro o mercado pressupõe uma divisão social do trabalho ver DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO e pelo menos de facto a propriedade privada dos meios de produção A natureza do sistema de mercado tem sido objeto de muitos debates no decorrer do século XX com respeito tanto ao papel teórico do mercado na coordenação da atividade econômica quanto à possibilidade prática de melhorar o sistema de mercado através de políticas monetárias e fis cais do governo ou de planejamento econômico totalmente abrangente Podemos identificar três escolas de pensamento a esse respeito O mercado como inerentemente dominado por crises A idéia de que o sistema de mercado é fundamentalmente anárquico e essencialmente dominado por crises encontra sua expressão mais completa no MARXISMO Os marxistas afir mam que a forma mercantil da troca em mer cado na qual bens são produzidos por trabalho assalariado e vendidos por capitalistas com in tenção de garantir o lucro monetário aliena os operários e promove o conflito de classes Além do mais uma vez que o dinheiro funciona como um nexo de pagamento que separa a produção de mercadorias de suas utilizações finais as crises periódicas são inevitáveis Os capitalis tas isoladamente que não estejam plenamente informados a respeito das demandas do consu midor podem ser forçados a vender seus bens a preços de mercado que estejam abaixo de seus valores Conforme afirmou Karl Marx 1885 e explicou mais tarde Rudolf Hilferding 1910 isso pode levar a amplas desproporções entre oferta e demanda dentro de várias indústrias e a uma queda na taxa média de lucros ver CICLO ECONÔMICO As falências aumentarão e o nú mero de desempregados crescerá No decorrer do tempo a crise se tornará mais grave e aco plada com uma alienação e um conflito de classes crescentes as condições acabarão pro pícias a uma revolução proletária De acordo com alguns teóricos marxistas a intervenção governamental destinada a mani pular e melhorar o sistema de mercado não será suficiente para impedir as recessões e depres sões Somente a abolição total da propriedade privada da produção de mercadorias e do di nheiro em suma o abandono de todo o sistema de mercado resolverá Em vez de concorrência de mercado as atividades econô micas serão coordenadas através de um pla nejamento econômico abrangente ver PLANE JAMENTO ECONÔMICO NACIONAL O mercado como estado final A escola de ECONOMIA NEOCLÁSSICA prin cipal escola de pensamento econômico do sé culo XX levanta a hipótese de que o sistema de mercado funciona como um mecanismo que tende a um equilíbrio econômico geral no qual todas as ofertas e demandas de bens e serviços escassos são perfeitamente coordenadas Em vez de encarar o mercado como anárquico cheio de conflitos e inerentemente sujeito a crises os economistas neoclássicos tendem a explicar os mercados de forma estática newto niana como se todos os participantes dele pro dutores consumidores operários dispusessem de plena e completa informação e fossem guia dos por preços que igualam as ofertas de mer cado com as demandas O modelo de equilíbrio geral formal já não é considerado pelos prin cipais economistas neoclássicos como Frank Hahn 1973 como uma descrição precisa dos mercados no mundo real ou sequer como pos sibilidade prática Em vez disso a explicação neoclássica padrão para os mercados é hoje compreendida como uma construção imaginá ria de equilíbrio econômico como tal não se referindo à efetiva operação de mercados que realmente existam A variante keynesiana da economia neoclás sica Keynes 1936 Samuelson 1976 difere no sentido de explicar o mercado através da inte ração de variáveis agregadas macroeconômi cas em oposição a variáveis decompostas mi croeconômicas ver KEYNESIANISMO A abor dagem keynesiana tenta explicar a falha ma croeconômica do mercado principalmente o fenômeno da depressão econômica como uma falha da Lei de Say A teoria keynesiana critica o argumento de Jean Baptiste Say 1803 de que a oferta cria a sua própria demanda em um sistema de mercado desimpedido As expectativas dos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar mercado 459 participantes do mercado quanto aos futuros eventos econômicos conforme mostradas atra vés de decisões de poupança e investimento não precisam sempre combinar Devido à in flexibilidade institucional dos salários em di nheiro particularmente a indisposição dos ope rários a aceitarem reduções no dinheiro dos salários além do potencial dos indivíduos a en tesourar dinheiro os keynesianos afirmam que a demanda agregada pode vir a ser menor que a oferta agregada e o mercado pode atolarse na depressão um equilíbrio de desemprego por assim dizer a DEPRESSÃO ECONÔMICA dos anos 30 é considerada exemplar Os keynesianos não vão tão longe quanto os marxistas no que diz respeito a programas de ação eles receitam uma mistura de programas monetários e fiscais para afinar a economia de mercado em vez de um planejamento abrangente O mercado como processo Uma visão alternativa do mercado só veio a ganhar força a partir de meados do século XX Basicamente ligada a Ludwig von Mises 1949 e FA Hayek 1948 a ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA afirma que o mercado funciona como um processo competitivo de descoberta pro cesso que é posto em movimento pela miríade de planos e atividades de produtores e consu midores que colaboram e concorrem sob a di visão social do trabalho O processo de mercado é o resultado de todas as atividades de seus participantes mas não é produto nem do desíg nio nem da deliberação de ninguém em par ticular Em vez disso a ordem do mercado é uma conseqüência involuntária da busca pelos indivíduos de seus próprios interesses A noção de que o mercado é um processo nãodeliberado e dinâmico difere marcantemente da idéia de ser ele um estado final de equilíbrio A partir dessa perspectiva a economia de mercado nem começa em equilíbrio geral nem poderá jamais alcançálo Em vez disso provê espontanea mente uma ordem sempre em evolução um padrão discernível de acontecimentos ver PRO CESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA ECONOMIA Como a complexidade da ordem do mercado está acima do que qualquer mente pode dominar é impos sível para qualquer pessoa conhecer todas as utilizações alternativas dos recursos Os par ticipantes do mercado portanto devem apoiar se nos preços do mercado livre para expor mer cados relativos e promover um ajuste dos planos de produção e consumo De acordo com a ex plicação do processo de mercado um sistema de mercado desimpedido dissemina o conheci mento a respeito da relativa escassez de bens e serviços entre os participantes do mercado que usam cálculos econômicos monetários e con tabilidade de partida dobrada para interpretar a informação embutida em preços competitivos ver COMPETIÇÃO Sem um sistema de mercado a sociedade não seria capaz de calcular racio nalmente os valores de bens escassos Os que propõem a visão de que o mercado é um processo espontâneo e ordenado admitem que o mercado é essencialmente anárquico no sentido nãopejorativo de que não se encontra sob o con trole deliberado de ninguém Em geral explicam os colapsos no sistema de mercado incluindo recessões e depressões como conseqüências in voluntárias de intervenção do governo tais como controles de salários e preços crescimento exces sivo do meio circulante e políticas monetárias e fiscais keynesianas que distorcem os preços re lativos em vez de serem um aspecto inerente do sistema de mercado como tal Das três escolas de pensamento a abordagem do processo de mer cado tende a defender a instância extrema do LAISSEZFAIRE com respeito ao papel do governo na ordem do mercado Leitura sugerida Buchanan JM 1982 Order defi ned in the process of its emergence Literature of Liberty 5 5 Cowen Tyler 1982 Says law and Key nesian economics In SupplySide Economics a Criti cal Appraisal org por Richard H Fink Hayek FA 1978 Competition as a discovery procedure In New Studies in Philosophy Politics Economics and the His tory of Ideas org por FA Hayek Kirzner IM 1973 Competition and Entrepreneurship Lachmann Lud wig M 1986 The Market as an Economic Process Lavoie Don 1986 The market as a procedure for discovery and conveyance of inarticulate knowledge Comparative Economic Studies 28 119 ODriscoll Jr Gerald P e Rizzo Mario J 1985 The Economics of Time and Ignorance Offe C 1985 Disorganized Ca pitalism org por John Keane Roberts Paul Craig e Stephenson Matthew A 1971 Marxs Theory of Ex change Alienation and Crisis Weintraub Sidney org 1977 Modern Economic Thought DAVID L PRYCHITKO mercado socialismo de Ver SOCIALISMO DE MERCADO mercado de trabalho Este é um conceito abstrato usado para descrever os variados ar ranjos institucionais que comandam a alocação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 460 mercado socialismo de e os preços dos serviços de trabalho nas econo mias capitalistas Os economistas em geral u sam a analogia de um mercado de frutas para elaborar a estrutura e o funcionamento do mer cado para o trabalho Tal como maçãs e pêras o trabalho é dado como comprado e vendido sob concorrência e seus salários estabelecidos pela interação de oferta e demanda Simples de compreender e notavelmente duradoura como ponto de referência conceitual essa aborda gem no entanto esconde vários aspectos dis tintivos da transação de trabalho O mais crucial é que os salários são trocados pelas capacidades mentais e físicas do traba lhador e não por uma quantidade e uma quali dade definidas de produto acabado A produti vidade do trabalho é socialmente determinada através de um processo de trabalho coletivo depois que as capacidades humanas foram de vidamente obtidas Dizendo de outra maneira a relação entre salários e trabalho é determi nada não no mercado mas no local de trabalho dentro de um conjunto específico de relações sociais que transcendem as forças de oferta e demanda O mais comum é que a organização do local de trabalho seja hierarquicamente es truturada com os empregadores exercendo controle e autoridade sobre seus trabalhadores As comparações com o mercado de frutas também tendem a obscurecer o fato de que as instituições do mercado de trabalho são his toricamente específicas Em sociedades pré capitalistas o comércio dos produtos do traba lho era bem estabelecido mas o mercado para os serviços de trabalho só veio a surgir quando a ordem feudal e suas respectivas restrições à mobilidade do trabalho foram progressivamen te desmontadas O trabalho assalariado desen volveuse rapidamente a partir do século XVI nos crescentes centros rurais e industriais ur banos Seu crescimento foi acelerado pelo mo vimento de contenção que negava ao grosso da população o acesso direto à terra e aos meios de subsistência daí tornandoa dependente para sua sobrevivência do emprego pago dentro do sistema fabril emergente Esse desenvolvimento histórico dos mer cados de trabalho tem sido condicionado pela interação de estado trabalho e instituições em pregadoras Com as Factory Acts Leis Fabris em meados do século XIX o estado por exem plo buscou regular os termos de acordo com os quais os empregadores contratavam e utiliza vam trabalhadores restringindo o uso do traba lho infantil e feminino e a duração da jornada de trabalho Entre outros e mais recentes exem plos de intervenção do estado nos mercados de trabalho incluemse as tentativas de formar o processo de determinação de salários através de programas de renda e as relações de poder entre trabalhadores e empregadores através da decre tação de leis sobre o emprego e os sindicatos Um aspecto institucional vital da relação saláriotrabalho no século XX foi o surgimento do mercado de trabalho interno Descrição dos geralmente elaborados sistemas de emprego salário e promoção comumente encontrados em grandes organizações o mercado interno de senvolveuse primeiro nas empresas dos Esta dos Unidos para impedir o crescimento do sin dicalismo Os empregados recebiam ofertas de carreira dentro de suas organizações e de me lhoras constantes no pagamento e no status em troca de um nível mais elevado de compromisso e lealdade As funções essenciais do mercado de trabalho foram em outras palavras progres sivamente internalizadas resultando em uma redefinição das fronteiras entre o mercado e a organização hierárquica A crescente significa ção do mercado de trabalho interno para os sistemas de emprego foi extensamente docu mentada na literatura de pesquisa e hoje forma o ponto de partida para a análise do DESEM PREGO da desigualdade e da discriminação no mercado de trabalho e do gerenciamento e de senvolvimento de pessoal Leitura sugerida Dobb M 1946 Studies in the De velopment of Capitalism Doeringer P e Piore M 1971 Internal Labor Markets and Manpower Analysis Williamson O 1975 Markets and Hierarchies Ana lysis and AntiTrust Implications PETER NOLAN mercadoria fetichismo da Uma caracte rística da sociedade capitalista identificada pe la primeira vez por Marx Em uma sociedade baseada na propriedade privada na qual predo minam as relações de mercado os processos de produção são independentes uns dos outros separados e privados É somente no mercado que os trabalhos executados nesses processos são mensurados uns em relação aos outros através da redução ao padrão comum do di nheiro desse modo o trabalho privado é tornado social Mas a relação entre trabalho privado e social surge como propriedade obje Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar mercadoria fetichismo da 461 tiva da própria produção da mercadoria como em uma frase do tipo esta mercadoria vale 10 libras As relações sociais estabelecidas em processos historicamente específicos de produ ção de coisas desaparecem de vista e ressur gem em vez disso como algo diferente como relações entre indivíduos ahistóricos aquisiti vos e as mercadorias que eles buscam adquirir como consumidores As relações de produção dissolvemse em relações de mercado as rela ções de classe dissolvemse em um individua lismo de maximização da utilidade e os produ tos inanimados do trabalho parecem possuir as propriedades animadas dos que os produziram bem como exercer domínio sobre eles Marx interpretou isso como uma inversão do sujeito em objeto produzida pela alienação ou separa ção dos produtores com relação aos produtos de seu trabalho na sociedade capitalista e con siderou qualquer análise que reproduzisse essa inversão personificando coisas e objetificando pessoas como algo que necessariamente apóia o capitalismo em vez de criticálo O fato de o mundo social do capitalismo constituirse de um conjunto de aparências que são diferentes da realidade subjacente é ob viamente o fundamento para qualquer teoria da IDEOLOGIA Conseqüentemente o fato de a apa rência ou forma ser diferente da essência ou substância implicava para Marx um esforço científico através de um processo de abstração para livrar a essência das impressões sensoriais produzidas pela aparência Finalmente ele con siderou que quando as relações de produção fossem socializadas de forma a não haver pro priedade privada dos meios de produção o contraste entre essência e aparência desapare ceria as relações sociais não seriam mais me diadas através das relações de mercado mas imediatamente transparentes na coordenação democrática e consciente da atividade do traba lho O século XX viu isso ser questionado de três maneiras diferentes Primeiro os positivistas negaram a existência de qualquer distinção sig nificativa entre essência e aparência As aparên cias da realidade são exatamente aquilo que a realidade é e as únicas ilusões ou equívocos que existem são ou invenções de teóricos sociais mal orientados ou confusões psicológicas do observador social No entanto baseandose em premissas diferentes essa crítica não se ajusta com o realismo filosófico do marxismo e daí a noção de diferença sistêmica em vez de apenas perceptiva entre essência e aparência Uma segunda abordagem também questio na se a realidade é constituída por um conjunto de aparências que podem ser removidas para revelar sua essência interior mas a partir de um ponto de vista racionalista que insiste na distin ção entre o objeto do conhecimento e o objeto real e na apropriação cognitiva deste último pelo primeiro através da prática Mas simul taneamente os indivíduos que em um nível são apenas os portadores de estruturas sistêmicas também subjetivamente vivenciam e se rela cionam com as suas condições de existência fazem isso através de um sistema de representa ções e esse processo os transforma em sujeitos O contraste entre essência e aparência é assim nega do e em seu lugar se coloca um contraste entre existência sistêmica e experiencial No entanto esta última deve ser uma propriedade de qualquer sociedade em contraste com a restrição da primei ra à sociedade capitalista Uma abordagem bastante diversa surge da reflexão sobre a experiência soviética Primei ro e de fato se lá os fenômenos de mercado têm formas e funções diferentes de suas contrapar tidas na sociedade capitalista várias gerações de experiência soviética pós1917 não parecem ter erradicado a ALIENAÇÃO característica do fetichismo da mercadoria Segundo e em teo ria ao reformar o planejamento centralizado no sentido de alguma variante do socialismo de mercado uma questão é se o fetichismo da mercadoria surgiria necessariamente como um produto de maior apoio nas forças de mercado Em parte isso depende de as relações de mer cado poderem ser desligadas das relações de propriedade privada isto é se um mercado socializado faz sentido no conceito ou na prá tica Isso tem implicações óbvias para qualquer teorização sobre o que o socialismo pode sig nificar na medida em que o século XX chega ao fim Leitura sugerida Geras N 1971 Essence and ap pearence aspects of fetishism in Marxs Capital New Left Review 65 6986 Marx K 1867 1976 Capital vol1 especialmente caps 1 6 19 23 24 Rubin II 1928 1973 Essays on Marxs Theory of Value SIMON MOHUN messianismo Aguardase a vinda de um re dentor que transformará a presente ordem substituindoa por um reino de harmonia e bem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 462 messianismo aventurança universal Essa idéia messiânica é crucial para o complexo cultural que surge da história mediterrânea O messianismo embora tendo origem na Mesopotâmia assumiu di ferentes formas nos contextos judaico cristão e islâmico e diferentes significados nos tempos modernos Os livros proféticos do Velho Testamento contêm os aspectos da expectativa messiânica a centralidade da própria profecia uma atitude ativa em vez de contemplativa a percepção das condições presentes como insuportáveis cati veiro ou exílio uma visão linear da história em que o sofrimento presente olha para o pas sado em busca de harmonia e para o futuro em busca de redenção a natureza visível e coletiva dessa transformação a ampliação de seu âm bito para limites universais envolvendo todas as pessoas amigas ou inimigas e toda a natu reza selvagem ou doméstica terrena ou cós mica a afinidade entre o messianismo e a lite ratura apocalíptica posterior simbolizando as passagens traumáticas desta para a outra ordem de mundo a redenção como um feito extraor dinário que transcende as capacidades humanas em todos os sentidos a natureza pessoal do significado extremo da realidade enquadrado entre a soberania divina e a inquietação huma na a personalização da palavra e do ato da redenção tornado real pela chegada do Mes sias A tradição judaica projeta a Sua vinda para o fim dos tempos quando todas as nações reco nhecerão o Deus de Israel Os cristãos acredi tam que o Messias já esteve entre nós e con tinua a conviver conosco através de meios sa cramentais e carismáticos ver também CARIS MA A humanidade está portanto eternamente dividida entre o reconhecimento e a ignorância ou negação de Sua presença vivendo um tem po de transição entre Seus primeiro e segundo adventos quando todas as divisões serão supe radas O islã sublinha o elemento profético dessa tradição incluindo e subordinando a memória judaica e cristã como parte de uma revelação que atinge seu ponto extremo com e após Mao mé O juízo universal no final da história é reafirmado e dramatizado nas lutas atuais Ji had Guerra Santa entre os fiéis e os que não querem curvarse ao único e verdadeiro Deus O elemento messiânico comum à cultura islâ mica é particularmente desenvolvido pelo ramo xiita O racionalismo moderno contestou a trans cendência O simbolismo religioso foi portanto traduzido em termos imanentes e supostamente conceituais No entanto a expectativa messi ânica não foi esquecida Em vez disso foi rein terpretada e reintegrada nas ideologias carac terísticas da modernidade formando o horizon te histórico de nações raças e classes sociais A expansão planetária da cultura moderna generalizou esse horizonte que se tornou refra tado em uma grande variedade de tradições locais Viajantes missionários mercadores e antropólogos deram notícias de movimentos messiânicos em outros povos tais como o culto da carga da Melanésia ou a terra sem mal dos guaranis na América do Sul A idéia messiânica foi assim expandida para incluir crenças de uma dimensão transhistórica e transcultural Esse uso mais generalizado da palavra contudo ocorreu em um contexto dis cursivo trazido por viajantes carregado de lembranças e expectativas ocidentais Embora fundamental o messianismo nunca dominou inteiramente a cultura da qual é parte Lei e tradição por um lado contemplação e magia por outro sempre formaram contrapon tos fundamentais à expectativa messiânica Sa cerdotes legisladores mercadores e filósofos tradicionalmente se mostram desconfiados da profecia Mesmo hoje a maior parte dos cien tistas sociais estuda o messianismo como uma idiossincrasia polêmica recordando os resul tados catastróficos que podem advir das pro messas radicais de redenção imediata Esse tipo de crítica é tão antigo quanto o próprio mes sianismo Leitura sugerida Cohn Norman 1970 The Pursuit of the Millennium ed rev e ampl Sachedina AA 1980 Islamic Messianism The Idea of the Mahdi in Twelver Shiism ed rev e ampl Scholem Gershom G 1961 1973 Major Trends in Jewish Mysticism ed rev Wallis Wilson D 1943 Messiahs their Role in Civilization Worsley Peter 1957 1970 The Trumpet Shall Sound a Study of Cargo Cults in Melanesia RUBEM CÉSAR FERNANDES Methodenstreit Formalmente a discussão sobre o método data da crítica de Carl Menger à economia histórica alemã tal como exposta em seu Untersuchungen über die Methode der Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar Methodenstreit 463 Sozialwissenschaften 1883 e da resenha des se livro por Schmoller 1883 junto com Ein leitung in die Geisteswissenschaften de Dil they que foi publicado no mesmo ano ver Dilthey 1923 Menger chamou a atenção em seu livro para a ausência de uma apreciação metodológica sistemática da ECONOMIA POLÍTI CA especialmente na Alemanha Parte impor tante de sua obra foi dedicada a críticas es pecíficas da economia histórica alemã e foi esse aspecto do livro que veio a caracterizar a natureza da discussão A crítica de Menger e a rápida resposta de Schmoller deram início a uma discussão sobre a natureza e relação do conhecimento teórico e prático nas ciências sociais discussão essa que se prolonga até hoje Menger afirmou no prefácio a sua crítica que a economia política contemporânea se carac terizava por uma pluralidade de métodos que era derivada da incapacidade de distinguir de forma consistente entre os preceitos da ECONO MIA teórica e os métodos a serem seguidos na investigação prática das formas econômicas Como conseqüência havia uma falta de clareza e de acordo com respeito à natureza e propósito da economia política que estava se tornando cada vez mais problemática Seu tratado bus cava corrigir isso através de uma crítica sis temática da concepção de que os princípios da economia podiam ser desenvolvidos com base em um estudo prático das economias nacionais ou como afirmara Wilhelm Roscher em 1843 que as leis da economia podiam ser reve ladas através de um estudo da formação dos sistemas econômicos Menger chamou a aten ção para o fato de haver uma falta de simetria entre o método histórico tal como praticado no direito e o método tal como praticado na eco nomia Expoentes do primeiro eram capazes de identificar princípios claros que persistente mente escapavam a expoentes do último como Schmoller Roscher e Karl Knies Em muitos aspectos é claro as linhas de sua argumentação recapitulam aspectos do debate metodológico desde o início do século mas Menger não situa seu argumento por meio de referência aos de bates francês e inglês sobre economia política indutiva versus dedutiva debates esses li gados aos nomes de David Ricardo Thomas Malthus e Richard Jones Schmoller em sua resenha rejeitou a idéia de que uma Nationalökonomie teórica pudesse de fato aspirar à revelação de princípios econô micos gerais Os fenômenos econômicos são resultado de desejos econômicos individuais e devem portanto ser considerados a partir desse ponto de vista afirmou Esse enfoque de alto interesse era necessariamente um enfoque com pleto identificado somente dentro do tecido da atividade social Apenas nessa base prática concreta e historicizante era possível avançar se para princípios firmes que permitiriam então um grau de raciocínio dedutivo sobre as formas Schmoller afirmou ainda que a reforma propos ta por Menger devia muito à lógica científica natural de John Stuart Mill apontando uma dimensão da controvérsia que viria a se desen volver na década seguinte Uma dificuldade na avaliação das questões levantadas pelas contendas entre Menger e S chmoller é que o primeiro não se parece em nenhum aspecto com nossas idéias modernas preconcebidas de um economista abstrato en quanto a economia histórica do último é al tamente difusa Além do mais como autores posteriores destacaram enquanto Roscher co mo fundador da escola histórica alemã de eco nomia afirmou claramente sua crença na exis tência de leis de desenvolvimento econômico Schmoller às vezes negou tal regularidade eco nômica Menger foi capaz de montar uma críti ca epistemológica precisa à maneira como his tória e economia se combinavam na obra de Schmoller mas jamais Schmoller formulou u ma defesa tão concisa do método histórico Se por um lado isso pode ser atribuído a uma falta de clareza do próprio Schmoller com res peito à natureza do método histórico econômi co por outro a defesa lógica do método his tórico é uma tarefa formidável Max Weber confessouse ele próprio mem bro da escola histórica mais jovem da econo mia alemã no início da década de 1890 mas o princípio metodológico da VERSTEHEN que ele viria a desenvolver em seus textos deve mais aos princípios adotados por Menger do que a qualquer compreensão histórica da ação social A atual falta de uma exposição detalhada da economia alemã no final do século XIX torna difícil apreciar os aspectos mais refinados da controvérsia mas é possível julgar os seus efei tos tal como foram transmitidos através da obra de Weber bem como pela existência de uma tradução da crítica original de Menger Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 464 Methodenstreit Leitura sugerida Hasbach W 1895 Zur Geschichte des Methodenstreites in der politischen Ökonomie In Jahrbuch für Gesetzgebung Verwaltung und Volkswir tschaft NF Jg 19 46590 751808 Hutchison TW 1981 Carl Menger on philosophy and method In The Politics and Philosophy of Economics Menger C 1883 1985 Investigations in the Method of the Social Sciences with Special Reference to Economics Sch moller G 1883 Zur Methodologie der Staats und SozialWissenschaften In Jahrbuch für Gesetzge bung Verwaltung und Volkswirtschaft NF Jg 7 97594 KEITH TRIBE metodologia Esta noção que descreve a ati vidade crítica dirigida pelos cientistas para os procedimentos teorias conceitos eou desco bertas produzidos pela pesquisa científica não deve ser confundida com tecnologia isto é a atividade de lidar com as técnicas dispositivos e fórmulas utilizados pela pesquisa científica A metodologia é importante por um simples motivo nas ciências humanas e sociais bem como nas ciências naturais ela representa um caminho essencial embora é claro não ex clusivo através do qual se efetua o progresso científico É possível conseguirse uma melhor compreensão do mundo à maneira de Karl Popper gerando teorias e tentando tornálas o mais compatíveis possível com dados da obser vação Mas essa compreensão também pode ser obtida através de uma visão crítica reflexiva dirigida pelo cientista para a sua própria ativi dade Assim a teoria especial da relatividade provavelmente nasceu em parte do fracasso da experiência MichelsonMorley mas também da análise crítica da noção de simultaneidade por Albert Einstein Enquanto anteriormente a maioria das pessoas tratava essa noção como nãoproblemática Einstein percebeu que ela só era clara e sem ambigüidades na medida em que não ocorressem eventos em corpos móveis a fastandose ou aproximandose um dos outros a uma velocidade significativa em rela ção à velocidade da luz Essa análise crítica de uma noção familiar produziu como bem se sabe uma revolução em nossa representação do mundo físico Entre os sociólogos clássicos Max Weber bem como Émile Durkheim deu grande aten ção à metodologia e dedicou textos importantes a esse campo P Lazarsfeld entre os sociólogos modernos insistiu com ênfase particular na importância da metodologia para o desenvol vimento das ciências sociais Em diversas pu blicações especialmente no volume que or ganizou em colaboração com M Rosenberg The Language of Social Research ele tentou ilustrar e institucionalizar a metodologia In felizmente a própria noção de metodologia é em geral mal compreendida e isso pode ser prontamente confirmado pelo fato de em mui tos lugares os cursos de metodologia serem na verdade cursos de tecnologia Uns poucos exemplos demonstrarão que a metodologia pode efetivamente exercer um im pacto importante sobre as ciências sociais As sim o estudo do desenvolvimento sócioeconô mico tomou novo rumo quando o significado das médias agregadas do chamado produto na cional foi criticado e esclarecido e quando se percebeu que o PNB de um país cresceria tre mendamente dado o modo como essa quan tidade é definida se cada cidadão limpasse o carro do vizinho em vez do seu próprio Da mesma forma mostrouse que a desigualdade de renda pode ser medida de várias maneiras e que não há nenhuma garantia de que todas as medidas levem à mesma conclusão Enquanto a vareta A será sempre mais longa do que a vareta B independentemente do modo como as duas varetas são medidas as rendas podem parecer mais desigualmente distribuídas na so ciedade A do que na sociedade B quando se usa um dado índice enquanto parecem mais igual mente distribuídas em A com relação a outro índice aceitável Na medida em que não se percebe este aspecto muitas conclusões mal fundamentadas podem ser tiradas das medidas de desigualdade ver MENSURAÇÃO Uma das questões metodológicas desenvol vidas por Lazarsfeld tornouse particularmente famosa que uma correlação entre x e y pode ser espúria isto é não corresponder a nenhuma influência causal entre x e y Na verdade po demse mencionar vários estudos importantes cujo impacto deriva do fato de terem demons trado o caráter espúrio de correlações que ha viam sido interpretadas de maneira causal As sim a controvérsia pósweberiana sobre A ética protestante demonstrou que enquanto Weber via uma influência direta do ethos puritano sobre o desenvolvimento do espírito capitalista essa correlação deveria ser antes interpretada como o produto de vários efeitos indiretos Autores como H Lüthy e HR Trevor Roper demonstraram por exemplo que os países que foram receptivos à nova fé foram também mais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar metodologia 465 abertos aos negócios O próprio Weber já havia reconhecido que os huguenotes franceses eram ativos nos negócios porque outras oportuni dades profissionais especialmente culturais ou políticas lhes estavam fechadas oficialmente ou na prática Como no caso da noção de simultaneidade em física a metodologia pode em geral assumir a forma de uma análise crítica das noções atual mente usadas nas ciências sociais Assim Dur kheim não estava satisfeito com a noção de mentalidade primitiva usada por LévyBruhl para explicar as crenças na magia provavel mente porque nela detectou um caráter ad hoc e circular De qualquer forma ele desenvolveu a sua própria teoria próxima da de Weber em que tentou demonstrar que a magia podia ser explicada por bons motivos sem se pressupor que o primitivo seguia regras lógicas e pro cedimentos mentais diferentes dos nossos Essa crítica pode ser generalizada muitos autores contemporâneos mostramse críticos para com as visões irracionais supersocializadas do homem dos agentes sociais e do comportamen to social e propuseram seguindo nesse aspecto a tradição weberiana interpretar comportamen to e crenças como inspirados por motivos pelo menos na medida em que não se possa apresen tar nenhuma prova em contrário Na verdade a importância da sociologia da religião de Weber é acima de tudo metodológica sua principal inovação reside no fato de ela demonstrar atra vés de muitos exemplos que até mesmo crenças aparentemente as mais estranhas podem ser explicadas como inspiradas por motivos As sim os funcionários públicos romanos tinham bons motivos para se sentirem atraídos pelo culto de Mitra este incluía valores hierárquicos próximos da própria administração romana A metodologia pode assumir a forma de uma crítica sistemática das noções conceitos infe rências a partir de dados estatísticos ou qualita tivos ou modelos de comportamento compos tos pelas ciências sociais Pode também discutir a própria natureza da explicação nas ciências sociais Assim para alguns autores as ciên cias sociais deveriam considerarse interpreta tivas mais do que explanatórias ver VERSTE HEN Para outros construir ou gerar modelos é uma importante atividade das ciências sociais bem como das naturais e define a própria noção de explicação Ver também FILOSOFIA DA CIÊNCIA FILOSOFIA DA CIÊNCIA SOCIAL Leitura sugerida Boudon Raymond 1979 Genera ting models as a research strategy In Qualitative and Quantitative Social Research org por R Merton et al Durkheim Émile 1895 1982 Les règles de la mé thode sociologique Lazarsfeld PF e Rosenberg Morris 1955 The Language of Social Research Paw son Ray 1979 A Measure for Measures Pellicani Luciano 1988 Weber and the myth of Calvinism Telos 75 primavera 5785 Weber Max 1922 1968 Gesammelte Aufsätze zur Wissenschaftslehre RAYMOND BOUDON mídia Ver COMUNICAÇÃO DE MASSA migração Os movimentos de povos de um lugar para outro são um fenômeno extrema mente antigo Invasões conquistas êxodos mudanças sazonais e estabelecimentos definiti vos em outros territórios e em diferentes socie dades pontuam a história humana Hoje em dia são muito poucas as sociedades que não foram formadas pela integração de grupos e culturas que vieram se agregando durante eras As so ciedades européias a Espanha do século XVI em seguida as sociedades industriais com exceção notável da França assistiram às primeiras migrações importantes para as terras virgens da América da Austrália e dos im périos coloniais Esses movimentos migrató rios para novas terras foram explicados pelos mesmos motivos que se adequam hoje a su perpopulação e a privação que predominavam em certas regiões da Europa como a Irlanda a Escócia ou o Sul da Itália e a desorganização das economias tradicionais devido a uma am pliação do mercado capitalista principalmente na GrãBretanha Ocasionalmente as imigra ções resultavam de causas políticas ou religio sas minorias oprimidas por motivos políticos étnicos ou religiosos fogem dos regimes que as ameaçam Para minorias de judeus e protestan tes para armênios refugiados políticos e ou tros os novos países são símbolo tanto de liber dade quanto de riqueza A sociologia das migrações dedicase essen cialmente à imigração ao processo de integra ção e assimilação de uma comunidade estran geira na sociedade que a recebe Não surpreen de que os Estados Unidos sejam o país no qual essa sociologia pela primeira vez se desenvol veu uma vez que a imigração coincidiu com o próprio nascimento da sociedade norteameri Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 466 mídia cana Na Europa desde meados deste século a tendência migratória foi a inversa com os pa íses originais de emigração na Europa industrial primeiro recebendo trabalhadores em seguida suas famílias vindos do Sul da Europa em seguida da África das Antilhas do Sudeste Asiático e da Indonésia e das antigas colônias Quando os fluxos migratórios começaram a se estabilizar e as populações a se estabelecer as economias européias entraram em período de dificuldades durante os anos 70 e os estudos econômicos demográficos culturais e políti cos da imigração se expandiram Nos anos 20 os sociólogos da ESCOLA SOCIO LÓGICA DE CHICAGO trataram a imigração em ter mos de integração urbana de mudança do modo de vida tradicional para o moderno Como é que as comunidades migrantes vindas do Sul ru ral a comunidade negra entre outras ou de várias partes do mundo se integram na cidade de maneira espacial e na modernidade de um ponto de vista cultural Robert Park e Ernest Burgess estudaram as trajetórias dos variados grupos no espaço urbano isolando ciclos e processos regulares que vão da segregação à integração através de um processo transicional de relações de progressiva reciprocidade com a sociedade que os recebe Esses estudos provam que o padrão do cadinho de raças e culturas a mistura na cultura norteamericana admite ex ceções bastante numerosas acontece de alguns imigrantes fracassarem em seus planos de se estabelecerem e voltarem então a sua terra natal outros não conseguem colocar um ponto final na segregação e no obstáculo do PRECON CEITO outros ainda permanecem em um espaço comunitário fechado e finalmente alguns se incorporam à cidade moderna Com o passar dos anos os sinais de segregação urbana nas cidades norteamericanas muito pouco muda ram e a segregação dos variados grupos prin cipalmente entre os grupos negros e brancos ainda é a regra padrão A imigração pode ser encarada como um processo de transformação cultural como uma provação sofrida pelo agente que vê as normas valores e identificações de seu grupo de origem desaparecendo sem contudo adotar os padrões da sociedade que o recebe e sem se sentir aceito O famoso estudo de Thomas e Znaniecki The Polish Peasant 1918 sobre as histórias de vida de emigrantes poloneses que chegaram a Chicago no início do século descreve os me canismos de aculturação e de transformação cultural sofridos pelo migrante que tem de mu dar de uma sociedade rural para uma sociedade urbana de uma comunidade estruturada por seus valores religiosos para a diversidade da cidade do reconhecimento para o anonimato A ruptura violenta de laços tradicionais o i solamento e as incertezas normativas podem transformar a imigração em uma experiência de desorganização social levando aos compor tamentos de desvio e marginalidade em geral associados à imigração Mas o migrante nem sempre está sozinho uma vez que pode também pertencer a uma comunidade que ainda mantém coerência em seu novo lugar é capaz de receber bem os recémchegados de lhes oferecer recursos um senso de segurança e de continuidade na sua identidade e de fazer com que a provação da mudança cultural seja mais fácil para ele Na verdade a assimilação total de um grupo à cultura hospedeira ainda na segunda ou terceira geração é coisa rara e muitas sociedades reve lamse uma miscelânea de comunidades cujas relações de reciprocidade transformam pouco a pouco a cultura da sociedade hospedeira A imigração deve ser encarada como um processo de progressiva assimilação durante o qual as identidades dos agentes que se encontram pre sentes estão mudando e se misturando sem jamais fundirse totalmente e não faltam es tudos históricos que revelam a natureza dinâmi ca e enriquecedora de todo esse trabalho cul tural O processo de assimilação no entanto nem sempre se dá de modo mais ou menos har mônico Grupos de migrantes mesmo os que são hoje os mais bem assimilados e integrados defrontaramse praticamente todos com a hos tilidade de movimentos racistas ou xenófobos com variados graus de violência dependendo de circunstâncias econômicas e políticas Em tempos de dificuldade econômica os imigran tes podem ser vistos como perigosos concorren tes econômicos que tomam empregos dos ope rários no país que os recebe e grupos inseguros ou decadentes os usam como bodes expiatórios para suas próprias dificuldades culpandoos por ameaçarem a unidade do país ou da raça As políticas de estado variam de forma notável de acordo com essas circunstâncias indo de tentativas de atrair mãodeobra ou de aumentar a população até severas restrições à imigração Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar migração 467 sob a pressão de grupos xenófobos Nos Es tados Unidos desde o final do século passado e na Europa em anos recentes as comunidades imigrantes tentaram aumentar sua capacidade de negociação política e participação social De modo geral surgem três estratégias entre os movimentos de imigrantes Os imigrantes po dem entrar para os movimentos sociais existen tes e assim tomar parte na vida política do país estratégia geralmente escolhida por operários imigrantes que participam do sindicalismo Ou podem identificarse com movimentos demo cráticos que defendem os direitos civis e lutam contra o racismo Por outro lado podem lutar para alcançar o reconhecimento e o respeito por suas identidades culturais e em vez de en fatizarem sua semelhança com a sociedade que os recebe enfatizam suas diferenças e sua ETNI CIDADE uma etnia graças à qual podem ser reconhecidos e tornarse agentes políticos No final os grupos que são economicamente in tegrados porém conservam laços comunitários com um empreendimento comercial ou uma cultura étnicos podem formar lobbies em es pecial nos Estados Unidos Antiga terra de emigração a Europa Oci dental é hoje uma terra de imigração devido ao desequilíbrio entre países ricos e pobres assim os países europeus tornamse cada vez mais multiétnicos Em uma época em que a econo mia e a cultura transcendem seus limites nacio nais os movimentos migratórios participam de uma notável transformação do padrão europeu no qual o estadonação definia uma cultura um território e um quadro político Conseqüente mente o problema dos imigrantes é em geral um problema das sociedades que os recebem Leitura sugerida Brubaker WR org 1989 Immi gration and the Politics of Citizenship in Europe and North America Castles Stephen e Kosack G 1973 Immigrant Workers and Class Structure in Western Europe Duchac R 1974 La sociologie des migra tions aux États Unis Eisenstadt SN 1955 The Ab sorption of Immigrants Miles R 1982 Racism and Migrant Labour a Critical Text Myrdal G 1944 1962 An American Dilemma Noiriel G 1988 Le creuset français Park Robert E e Burgess RW 1929 Introduction to the Science of Sociology Rose AM 1970 Distance of migration and socioeconomic status of migrants In Readings in the Sociology of Migration org por CJ Jansen Thomas WI e Zna niecki F 1918 1958 1974 The Polish Peasant in Europe and America FRANÇOIS DUBET militares As definições dos militares são de âmbito bastante amplo Biderman 1971 es tipula que os militares são uma instituição es pecializada para a guarda e a segurança do valor extremo e mais sagrado da sociedade Hackett 1983 concentrase na função da profissão das armas a aplicação ordenada da força na solução de um problema social Em contraste a definição de Lasswell mais antiga identifica os militares com a direção e o controle da violência 1941 Convencionalmente a análise dos militares está ligada a três temas principais primeiro o status dos militares como organização segun do seu papel como profissão e finalmente sua relação com a sociedade a que pertencem Essa divisão baseiase em conceitos previamente postulados e cada área de interesse reflete face tas da teoria sociológica predominante van Doorn 1975 A avaliação dos militares como organização reconhece que as forças armadas são uma es trutura altamente complexa e burocratizada O quadro conceitual básico está ligado ao modelo do tipo ideal weberiano de BUROCRACIA Bem de acordo com isso uma permanente área de interesse é a estrutura dos militares São iden tificados três modelos básicos o exército de massa o exército de cidadãos e a força ex clusivamente de voluntários No entanto ape sar das diferenças de formato institucional dá se considerável ênfase aos aspectos estruturais comuns de todas as organizações militares Es tes identificam a estabilidade a continuidade e a homogeneidade de valores como sendo de importância crítica Também enfatizam o grau de centralização de autoridade a ser encontrado entre os militares O modelo é simples A hie rarquia apóiase sobre uma ampla base de re crutas essencialmente sem especialização sob o comando de um oficial assistido por alguns suboficiais de confiança para supervisionar a execução de ordens A cada sucessivo escalão ou grau existe um oficial de patente mais ele vada Essa estrutura de patentes cria a tradicio nal pirâmide hierárquica que é uma caracterís tica definidora de todas as organizações buro cratizadas Um dos problemas secundários que a sua existência propõe contudo é a complexa questão da relação entre esses detentores de postos oficiais e a equipe de especialistas neces sária para assistilos no controle das unidades subordinadas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 468 militares Esses especialistas são essencialmente pro fissionais Suas atividades refletem o papel dos militares como profissão plenamente desenvol vida que exibe três características identificado ras do modelo profissional de tipo ideal espe cialização espírito corporativo e responsabili dade Huntington 1957 Janowitz ao tratar os militares como sistema social enfatiza no en tanto que essas características profissionais têm mudado no decorrer do tempo O que é mais importante enfatiza que o conceito de profis sionalismo abrange normas e especializações que incluem porém excedem o papel básico dos militares isto é a direção e o controle da violência Ao mesmo tempo que reconhece as características que fazem dos militares uma profissão especialização longa instrução identidade de grupo ética e padrões de desem penho ele identifica a profissão não como um modelo estático mas como uma instituição dinâmica que muda no decorrer do tempo em resposta a mudanças de condições Essa visão reconhece até que ponto a forma das organiza ções militares existentes e dos quadros oficiais profissionalizados foi ditada pelo impacto de amplas transformações sociais desde a virada do século Mais especificamente implica que as forças armadas estão vivenciando uma trans formação de longo prazo rumo à convergência com as estruturas e normas civis Janowitz 1960 O significado dessas mudanças é reconhe cido em inúmeros estudos Moskos enfatiza que os militares estão hoje passando de um formato organizacional predominantemente institucio nal para outro formato que está se tornando cada vez mais ocupacional 1988 O primeiro é legitimado em termos de valores e normas isto é de um propósito que transcende o inte resse próprio do indivíduo em favor de um pressuposto bem mais elevado Os membros são encarados como seguidores de um chamado identificado com palavras como dever honra país HarriesJenkins 1977 O modelo ocupa cional em contraste está identificado com a economia e os princípios do mercado A lei de oferta e demanda mais que um valor norma tivo é de suprema importância A prioridade do interesse próprio substitui o conceito de serviço altruísta Não obstante a significação de tais mudan ças a importância dos militares na sociedade a que pertencem continua inalterada Dotados praticamente do monopólio das armas possuin do uma sofisticada rede de comunicações e construídos como uma organização altamente consciente de seu propósito os militares con tinuam a ser um aspecto predominante na so ciedade contemporânea Dados o estado de es pírito a motivação e a disposição os militares podem interferir no domínio do poder civil De maneira mais geral continuam a ser um impor tante usuário de recursos escassos convidando com isso a discussões críticas sobre seu papel na sociedade contemporânea Ver também GUERRILHA Leitura sugerida Abrahamsson B 1972 Military Professionalization and Political Power Edmonds M 1988 Armed Services and Society Finer SE 1962 The Man on Horseback the Role of the Military in Politics HarriesJenkins G e Moskos CC 1981 Armed forces and society Current Sociology 29 1170 Janowitz M 1975 Military Conflict Essays in the Institutional Analysis of War and Peace Ο 1977 Military Institutions and Coercion in the Developing Nations Ο org 1981 CivilMilitary Relations Regional Perspectives Little RW org 1971 Handbook of Military Institutions Moskos CC 1976 The milita ry Annual Review of Sociology 2 5577 GWYN HARRIESJENKINS mito Narrativa sacra envolvendo seres sobre naturais e incorporando a conscience collective o mito é entretecido de crenças populares a respeito da humanidade e do mundo social bem como da natureza e significado do univer so As teorias do mito no século XX podem ser divididas em psicológicas funcionalistas es truturalistas e políticas Os antropólogos do século XIX interessados na EVOLUÇÃO e difusão de culturas buscaram descobrir as origens dos mitos interpretandoos como pensamento nãocientífico e registros in completos de eventos históricos As abordagens psicanalíticas desenvolvidas por Sigmund Freud ver PSICANÁLISE em vez disso ten deram a buscar no mito temas de conflito psí quico universal repressão tabu do incesto in veja dos irmãos complexo de Édipo ou ima gens arquetípicas brotando do inconsciente coletivo Jung 1964 A tradição antropológica funcionalista mais bem representada por Malinowski criticou es sas teorias por abstraírem os mitos de seu con texto social A partir de estudos empíricos dos ilhéus de Trobriand Malinowski afirmou que o mito preenche na cultura primitiva uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar mito 469 função indispensável é produto de uma fé viva que serve para codificar e reforçar normas grupais salvaguardar as regras e a moralidade e promover a coesão social 1948 p79 ver FUNCIONALISMO As abordagens contemporâneas incluindo as de Leach ver Leach e Aycock 1983 e Barthes 1957 têm sido fortemente influen ciadas pelo ESTRUTURALISMO e em particular por LéviStrauss 196472 Usando teorias de senvolvidas na psicanálise e na lingüística Lé viStrauss interpretou os mitos não como guias de ação fornecendo explicações ou legitimação para disposições sociais existentes mas como sistemas de signos uma linguagem cujo sen tido é codificado e se encontra sob a superfície narrativa Os mitos são um expediente cog nitivo usado para reflexão e resolução das con tradições e princípios subjacentes em todas as sociedades humanas cada mito sendo uma va riação sobre temas universais recombinando incessantemente os elementos simbólicos cons tituídos por grupos de oposições binárias mãepai naturezacultura fêmeamacho crucozido que supostamente refletem as ca tegorias fundamentais da mente humana As técnicas estruturalistas de LéviStrauss têm proporcionado percepções úteis dos motivos subjacentes aos mitos mas os críticos alegam que essa abordagem é reducionista uma es pécie de malabarismo verbal com uma fór mula generalizada que não nos pode mostrar a verdade Leach 1970 p82 Em ciência política o significado da palavra tem sido às vezes ampliado para a filosofia política a IDEOLOGIA e a religião O autor mais famoso nessa tradição foi Sorel para quem os mitos incluindo a Greve Geral e a Revolução Proletária eram imagens capazes de invocar instintivamente todos os sentimentos que per mitem a um povo partido ou classe colocar em jogo suas energias para a ação política Para Sorel 1906 todos os grandes movimentos sociais desenvolvemse através da busca de um mito que fornece o idealismo necessário para reunir e unir as pessoas atrás de uma causa A idéia do mito como elemento essencial urdido no tecido de uma ideologia geral teve eco na concepção mussoliniana do fascismo como uma fé viva O mito político é um recurso mobilizador uma celebração dos impulsos ir racionais cujo apelo aos fabricantes de mitos reside mais na visão lúcida e instigante de re denção e salvação do que em argumentos ba seados em princípios abstratos Tudor 1972 p130 Crucial para a maior parte das teorias é a idéia de que os mitos não estão relacionados com o espaço e o tempo comuns mas se encon tram fora deles Era uma vez a Idade de Ouro a Aurora dos Tempos ou o fim da história tudo isso implica eventos passados ou futuros que não estão diacronicamente ligados ao presente Nesse aspecto os mitos têm sido interpretados como fenômenos liminares contados em épocas ou lugares que ficam em um grau intermediário entre os estados nor mais do ser Turner 1968 p578 Assim segundo Eliade 1957 1968 p34 os que participam do mito são transportados tempo rariamente do mundo cotidiano para um plano onde o tempo é considerado sacro concen trado e de intensidade ampliada Leitura sugerida Barthes Roland 1957 Mithologies Eliade M 1957 Mythes rêves et mystères Leach ER 1970 LéviStrauss Leach ER e Aycock Alan 1983 Structural Interpretations of Biblical Myth Lé viStrauss C 196472 197078 Mythologiques 3 vols Malinowski B 1925 1948 Magic Science and Religion and Other Essays Sorel Georges 1906 Reflexions sur la violence Tudor H 1972 Political Myth Turner Victor 1968 Myth and symbol In International Encyclopedia of the Social Sciences org por D Sills vols 910 CRIS SHORE mobilidade social Os movimentos de pes soas que passam da condição de membros de uma categoria social para outra os mais típicos são os movimentos entre classes sociais têm sido estudados pelos sociólogos sob a rubrica da mobilidade social Embora tenha havido um interesse anterior por esses movi mentos como uma faceta da análise de classes particularmente em reação à proposta de Vilfre do Pareto de uma circulação de elites Botto more 1964 foi a publicação de Social Mobi lity de Sorokin em 1927 que trouxe o primeiro tratamento conceitual sistemático Sua visão ampla de um complexo de movimentos através de muitas e diferentes dimensões sociais foi depois reenfocada de maneira mais restrita na mobilidade através da educação e do emprego através da obra fundamental empreendida pela London School of Economics LSE e publica da em 1954 como Social Mobility in Britain Glass 1954 Essa obra estabeleceu um para Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 470 mobilidade social digma para posteriores análises da mobilidade estimulou estudos comparáveis em outras na ções e proporcionou a prova empírica para sub seqüentes avaliações das fronteiras de classe da rigidez da hierarquia social e da mobilidade entre classes na GrãBretanha ver também CLASSE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL ESTRUTURA ÇÃO Também promoveu o uso da expressão mobilidade social na linguagem popular e na retórica política Levantamentos sociais de grande monta realizados na GrãBretanha nos anos 70 fizeram reviver o interesse por esse campo introduzindo novas técnicas de pes quisa gerando novos dados e estimulando a renovação do debate a respeito das causas ta xas conseqüências e formas de mobilidade ver Goldthorpe 1980 Payne 1987 1989 Glass e seus colegas tinham dois interesses principais Primeiro quais eram as característi cas sociais dos funcionários públicos mais gra duados que podiam ser encarados como uma poderosa elite na sociedade britânica Segun do até onde a reforma na educação a Lei de Educação de 1944 e a crescente importância da qualificação educacional para a obtenção de empregos produzem a igualdade de oportuni dades permitindo com isso que os filhos da classe operária obtenham melhores empre gos de classe média nos quais seus talentos sejam plenamente utilizados Comparando as posições dos pais com as de seus filhos agora adultos o estudo da LSE mostrou pouco movi mento ascendente dos setores inferiores da hie rarquia social embora tenha havido considerá vel mobilidade de pequeno alcance As desco bertas implicavam que a classe média alta esta va socialmente fechada aos de baixo e que a reforma na educação levaria algum tempo para alterar as desigualdades sociais estruturadas e xistentes na GrãBretanha do pósguerra No decorrer dos 25 anos seguintes essa abordagem básica foi desenvolvida de três mo dos principais AH Halsey Jean Floud John Westergaard e outros demonstraram que as re formas do sistema de bemestar social benefi ciaram tanto os filhos da classe média quanto os da classe operária e que a mudança para o sistema de credenciais educativas em si mesma não igualou as oportunidades Autores como Tom Bottomore Ralph Miliband Frank Parkin Anthony Giddens e Westergaard usaram as evi dências empíricas de Glass para elaborar mode los de uma estrutura de classes com bloqueios substanciais à ascensão social No exterior no vos estudos acenderam o debate a respeito da abertura da sociedade americana e outras bem como dos padrões de mobilidade associados à socialdemocracia e ao capitalismo liberal Na GrãBretanha praticamente não se coletou ne nhum dado empírico novo os resultados dos estudos Oxford e Aberdeen só se tornaram reco nhecidos no final dos anos 70 Payne 1989 Esses e outros estudos apontam taxas mais elevadas de mobilidade incluindo movimentos do fundo para bem perto do topo da hierarquia profissional lançando dúvidas sobre a confia bilidade dos dados originais de Glass Uma simples contagem de pessoas em processo de mobilidade por exemplo mostra 28 em as censão no estudo de Glass 40 no estudo Oxford e 42 no estudo Essex de 1984 A classe média alta ou de serviços tem 19 28 e 33 recrutados entre os filhos de trabalhadores manuais nesses mesmos três estudos Payne 1989 p4767 No entanto seria enganador concluir a partir desses dois exemplos entre as muitas mensu rações disponíveis de mobilidade inter e in trageracional que um novo consenso considera mais aberta a sociedade britânica Goldthorpe em particular afirmou que a medida importan te de mobilidades não é o número de pessoas nesse processo mobilidade absoluta mas as oportunidades relativas de mobilidade para pessoas de origens diferentes O motivo disso é que ele deseja examinar a mobilidade como um produto de relações de classe e reformas de bemestar enquanto as crescentes taxas ab solutas de mobilidade devem mais à expansão estrutural dos novos empregos de colarinho branco característica das sociedades pósin dustriais Sua posição tem sido contestada pela Nova Direita Saunders 1990 afirma que Gold thorpe minimiza as altas taxas absolutas de mobilidade devido a um desejo politicamente tendencioso de apoiar uma visão negativa do capitalismo Afirma também que os padrões de vida cresceram como resultado uma compara ção entre gerações mostrando imobilidade na classe operária pode significar melhora mate rial até mesmo para os que não conseguem a ascensão social Ao mesmo tempo que existem fallhas consideráveis na argumentação de Saunders é possível mostrar que mesmo as taxas de mobilidade relativas estão mudando no Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar mobilidade social 471 sentido de maior igualdade de oportunidades enquanto em 1972 os filhos de homens da classe de serviços tinham chances 35 vezes maiores de conseguir um emprego nessa mesma classe do que os filhos de trabalhadores manuais 12 anos depois esse número caíra para 3 Uma contestação mais substancial à visão de Goldthorpe tem vindo dos que desejam am pliar a definição de mobilidade na tradição de Sorokin Equipes de pesquisa em Cambridge Essex Surrey e Plymouth têm se apoiado nas idéias de MERCADO DE TRABALHO grupo fami liar herança material mudança ocupacional e estudos de gênero para questionar se é adequada a concepção da mobilidade como movimento em termos de uma idéia nãodiferenciada de classe social A ausência de uma relação estreita entre a experiência da mobilidade e o compor tamento e as atitudes políticas ou de classe é considerada uma prova em apoio dessa visão O surgimento de uma nova obra irá em certa medida retificar a outra limitação importante à compreensão da mobilidade social a saber a virtual ausência das mulheres nos relatórios dos estudos mais importantes Payne e Abbott 1991 Leitura sugerida Heath A 1981 Social Mobility Marshall G Newby H Rose D e Vogler C 1988 Social Class in Modern Britain Payne G 1987 Em ployment and Opportunity Ο 1991 Competing views of contemporary social mobility and social divisions In Class and Consumption org por R Burrows e C Marsh Payne G e Abbott P 1991 The Social Mobi lity of Women Westergaard J e Resler H 1975 Class in a Capitalist Society GEOFF PAYNE modelo Interpretação de um sistema formal eou representação normalmente por analogia mas às vezes por metáfora ou mesmo metoní mia de uma coisa por alguma outra coisa por exemplo para fins heurísticos explanatórios ou de teste O século inaugurouse com um ataque contundente de Pierre Duhem em seu La Théo rie physique son objet sa structure ver Du hem 1906 aos modelos mecânicos e às men tes ilustrativas amplas porém superficiais dos físicos ingleses como James Clark Max well lorde Kelvin e Oliver Lodge em apoio a sua própria concepção cartesiana de ciência A teoria deve amarrar as leis experimentais mas qualquer modelo associado ao sistema de axio mas parcialmente interpretado é lógica e epis temologicamente redundante Concordando com a posição de Duhem de que uma teoria consistia em uma estrutura dedutivamente or ganizada de leis empíricas Norman Campbell não obstante afirmou em seu Physics the Ele ments 1920 que para ser intelectualmente satisfatória ou capaz de crescer uma teoria deve também implicar uma relação nãodedutiva de analogia com algum campo conhecido de fenômenos Assim do ponto de vista de Cam pbell não é apenas a consideração de que a lei de Boyle a lei de Charles e a lei de Graham eram todas conseqüências dedutivas da teoria cinética dos gases mas é o modelo corpuscular associado a essa teoria em virtude do qual se imagina que as moléculas de gás sejam em certos aspectos a analogia positiva como bo las de bilhar ricocheteando umas nas outras e passando adiante seu impulso através do impac to o que garante a nossa concordância in telectual com ela Na teoria o aspecto no qual as moléculas de gás são diferentes das bolas de bilhar isto é cor e tamanho a analogia negati va é simplesmente ignorado enquanto os as pectos em que não sabemos se as moléculas de gás são ou não como as bolas de bilhar a analogia neutra são usados como fonte de sig nificado excedente ou ilimitado para apontar maneiras pelas quais a teoria pode ser refinada No positivismo que caracterizou a FILOSOFIA DA CIÊNCIA até o final dos anos 60 a abordagem de Duhem foi triunfante Além do mais houve dificuldades substanciais com a posição do pró prio Campbell Assim Braith afirmou que a natureza intelectualmente satisfatória dos mo delos não podia justificar a escolha de qualquer modelo em particular Além disso a noção im plícita de explicação como redução do es tranho ou desconhecido ao familiar é suspei ta Pois revoluções científicas podem implicar transformações na nossa concepção do que é plausível No cerne desses problemas encontra se o contínuo REALISMO e dedutivismo empírico de Campbell e em particular sua relutância em admitir os modelos conforme insistiram Max Black Mary Hesse Rom Harré e Roy Bhaskar como exposições possíveis ou hipotéticas de uma realidade desconhecida porém passível de ser conhecida e em conseqüência ver a ciência como essencialmente em desenvolvimento As sim o realismo transcendental de Bhaskar en cara a dedutibilidade como não sendo nem ne cessária nem suficiente para a explicação e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 472 modelo admite que no processo científico até mesmo a analogia positiva pode ser subvertida Qualquer modelo de um objeto possui uma fonte que pode ser ela própria um modelo Os modelos podem ser convencionalmente dividi dos entre aqueles em que o tópico é o mesmo que a fonte os homeomorfos e aqueles em que é diferente os paramorfos Uma boneca é o modelo de um bebê modelado a partir de um bebê Os homeomorfos podem ser classificados em modelos em escala representantes de classe idealizações e abstrações Mas é clara mente a construção paramórfica de modelo isto é a construção de um modelo utilizando recur sos cognitivos anteriormente disponíveis os empréstimos científicos de Bachelard para um tópico desconhecido cuja realidade pode acabar sendo empiricamente verificada o que é extremamente importante na ciência criativa ampliadora de conhecimentos Tais modelos podem basearse em uma mais de uma ou apenas em aspectos de uma fonte isto é para morfos individualmente ligados multipla mente ligados e semiligados respectivamente conforme exemplificado pelas teorias cinética darwiniana e freudiana Assim Darwin traba lhou a teoria da seleção doméstica e a teoria de Malthus sobre a população junto com os fatos da variação natural formando uma nova teoria sobre um novo tipo de processo a seleção natural Harré afirmou que paramorfos multi plamente ligados devem levar à postulação de novos tipos de entidades ou processos Mas a construção imaginosa de modelos tão essencial à ciência está sempre sujeita a rigoroso teste empírico Leitura sugerida Bhaskar Roy 1975 1978 A Rea list Theory of Science 2ªed especialmente cap3 se ção 2 Campbell NR 1953 What is Science Du hem P 1906 1962 The Aim and Structure of Physical Theory Harré R 1970 The Principles of Scientific Thinking especialmente cap2 Hesse MB 1966 Models and Analogies in Science Losee J 1980 A Historical Introduction to the Philosophy of Science especialmente cap9 ROY BHASKAR modernidade Este é um conceito de con traste Extrai seu significado tanto do que nega como do que afirma Daí a palavra poder apa recer em diferentes épocas com significados amplamente diversos dependendo do que está sendo negado e em contraste do que está sendo afirmado Para Santo Agostinho no século V dC a palavra latina tardia modernus expres sava a rejeição do paganismo e a inauguração da nova era cristã Os pensadores do Renas cimento recuperando o humanismo clássico fundiramna com cristandade para fazer a dis tinção entre estados e sociedades antigos e modernos O Iluminismo do século XVIII não apenas interpôs medieval entre antigo e moderno como fez a identificação cru cial do moderno com o aqui e agora Isso acres centou nova fluidez ao conceito Daí em diante a sociedade moderna era a nossa sociedade o tipo de sociedades em que vivíamos fosse no século XVIII ou no século XX A sociedade ocidental como fortemente contrastante com sociedades anteriores ou outras sociedades as duas coisas passaram a parecer sinônimas tornouse o emblema da modernidade Essa evolução determinou os contornos da moder nidade Modernizar era ocidentalizar A sociedade moderna portanto carrega os marcos da sociedade ocidental desde o século XVIII Foi industrial e foi científica Sua forma política foi o estadonação legitimado por al gumas espécies de soberania popular Atribuiu um papel sem precedentes à economia e ao crescimento econômico Suas filosofias de tra balho eram o racionalismo ver RACIONALIDADE E RAZÃO e o UTILITARISMO Em todas essas formas ela rejeitava não apenas o seu próprio passado mas todas as outras culturas que não se mostravam à altura de sua autocompreensão É errado dizer que a modernidade nega a his tória na medida em que o contraste com o passado uma entidade constantemente em mudança permanece como um ponto de referência necessário Mas é verdade que a modernidade sente que o passado não tem li ções para ela seu impulso é constantemente em direção ao futuro Ao contrário de outras socie dades a sociedade moderna recebe bem e pro move a novidade É possível dizer que ela in ventou a tradição do novo A modernidade a moderna SOCIEDADE INDUSTRIAL recebeu uma análise abrangente dos principais teóricos sociais do século XIX Hegel Marx Tocqueville Weber Simmel e Durkheim Suas análises permanecem relevan tes em muitos aspectos para as sociedades dos dias atuais Marx incluído apesar do fracasso do socialismo de estado em várias partes do mundo Mas o crescimento de certos aspectos em nosso tempo a globalização da econo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar modernidade 473 mia o declínio do estadonação as grandes migrações populacionais levaram alguns pensadores a postular o fim da modernidade tal como esta sempre foi em geral compreendida Geoffrey Barraclough propôs história contem porânea como algo diferente de história mo derna outros foram mais além e anunciaram a era pósmoderna Nenhuma dessas alegações transmite con vicção É possível demonstrar que quase todas as evoluções escolhidas têm suas raízes fir memente cravadas na modernidade clássica Isso é particularmente válido para a renovada ênfase na transitoriedade na fragmentação e na perda de um senso de significado do processo histórico Pensadores como Baudelaire Nietzs che e Burckhardt já haviam observado essas tendências em sua época O último homem de Nietzsche já vivenciava as dificuldades e dilemas do homem pósmoderno A modernidade nunca foi toda da mesma espécie como Max Weber e Georg Simmel em particular se esforçaram por enfatizar Seu di namismo constantemente jogava suas partes em conflito umas com as outras a sociedade politicamente organizada contra a economia a cultura contra a racionalidade utilitária Boa parte do que aparece como pósmodernidade encontrou sua primeira expressão na revolta cultural contra a modernidade que marcou o movimento do modernismo na virada do sé culo ver MODERNISMO E PÓSMODERNISMO O modernismo certamente fez eco à modernidade em sua ênfase no funcionalismo e na sofistica ção tecnológica mas da mesma forma em cor rente como o surrealismo e o dadaísmo ele subverteu certos dogmas da modernidade ao abraçar as alegações do princípio do prazer contra as do princípio da realidade É inegável que a sociedade moderna de hoje de várias maneiras não é a sociedade moderna do tempo de Marx ou Weber Mas a moder nidade não é a sociedade ocidental em nenhuma de suas fases particulares Ela é o princípio da sociedade ocidental como tal O compromisso com o crescimento e a inovação contínuos exige que as formas existentes sejam encaradas como provisórias É portanto inteiramente de se esperar que surjam novos aspectos A questão importante é até que ponto o dinamismo essen cial do industrialismo foi contido ou redirecio nado A difusão mundial do modo de vida in dustrial é um testemunho da continuidade de sua força Ao mesmo tempo o industrialismo está ameaçando os sistemas de apoio à vida do planeta É nesse ponto que o industrialismo pode esbarrar em seus limites e o repensamento e redirecionamento que isso implicaria pode muito bem desmontar algumas das correntes fundamentais da modernidade Se isso nos le varia para além da modernidade é algo que ainda não podemos dizer Leitura sugerida Berman Marshall 1983 All that is Solid Melts into Air the Experience of Modernity Bradbury Malcolm e McFarlane James orgs 1976 Modernism 18901930 Frisby David 1988 Frag ments of Modernity Giddens A 1990 The Con sequences of Modernity Habermas Jürgen 1990 The Philosophical Discourse of Modernity Kumar K 1988 The Rise of Modern Society KRISHAN KUMAR modernismo e pósmodernismo Modernis mo como termo geral na história cultural in dica um conjunto ricamente variado de rupturas estéticas com a tradição realista européia de meados do século XIX em diante O realismo tem suas premissas em uma identidade entre a obra de arte e a natureza ou a sociedade externa com a qual ela lida identidade que é secre tamente garantida pela metáfora do espelho que se encontra no próprio cerne da ESTÉTICA realis ta A obra de arte realista propõese modes tamente refletir a realidade que se coloca diante dela não lhe acrescentando nem lhe subtraindo coisa alguma A metáfora do re flexo no espelho busca garantir a objetividade e a impessoalidade da obra evitando as distor ções potenciais do capricho pessoal ou da ten dência de classe por parte do autor Os artistas modernistas a partir de toda uma variedade de posições rejeitaram esses dogmas realistas básicos A estética reflexionista argu mentaram era inaceitavelmente passiva redu zindo a obra de arte a um eco ou fantasma vazio de processos sociais mais fundamentais exaurindoa e ressecandoa de qualquer subs tância distintiva própria Essa substância em seu ponto de vista residia não no conteúdo da obra que necessariamente lhe vinha de outro ponto história natureza psicologia mas em sua forma na rearrumação estilística ou técnica de suas matériasprimas A forma é portanto a palavra central da estética modernista com o FORMALISMO russo muito adequadamente sendo uma de suas principais escolas e é a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 474 modernismo e pósmodernismo ênfase prática e teórica na forma que garante a autonomia da obra de arte aquela dimensão irredutivelmente estética que a impede de ser um mero documento histórico romance realis ta ou expressão emocional poema lírico ro mântico Mas assim que começamos a tentar datar as origens da virada para a forma modernista vemos que esse não é um simples debate interno sobre teoria estética mas em si mesmo uma complexa reflexão de ansiedades sociais pro fundas ver também SOCIOLOGIA DA ARTE Se Charles Baudelaire e Gustave Flaubert forem tomados como pioneiros então as origens do modernismo podem ser atribuídas como em geral têm sido por críticos marxistas ao ano politicamente sangrento de 1848 a repressão brutal das revoluções daquele ano é vista como lançando o pretenso universalismo do texto clássico ou realista em uma crise terminal Al ternativamente é possível buscar as origens em movimentos em vez de indivíduos e ver o modernismo como só se pondo verdadeiramen te a caminho com a série acelerada de ex perimentalismos vanguardistas da década de 1880 em diante naturalismo simbolismo cu bismo expressionismo futurismo surrealis mo construtivismo e outros Os fatores sociais que formam a matriz desse grande carnaval de experiências estéticas incluiria então a ascensão da cultura de massa a militância e a revolução da classe operária a agitação política feminista as novas tecnologias da segunda Revolução Industrial a guerra imperialista entre 1914 e 1918 e colocando tudo isso sob um intenso foco de experiência o dinamismo e a aliena ção da vida nas grandes cidades européias Paris Londres Berlim Viena São Petersburgo A história é um pesadelo do qual estou tentando despertar diz Stephen Dedalus em Ulisses de James Joyce que data de 1922 Para a maior parte dos modernismos a história con temporânea é de uma forma ou de outra hor ripilante como um pesadelo ou em outra cate goria essencial da estética modernista inau têntica e a obra de arte busca despertar dela para um modo de ser mais autêntico ou até utópico No entanto essas ênfases gerais podem ser postas a descoberto em detalhe de modos violentamente contraditórios A história pode ser vista como sufocada pela mão morta da tradição por um conservadorismo social e es tético que pesa como um pesadelo sobre o cérebro dos vivos A obra modernista deve en tão através de imenso esforço de imaginação tecnológica erguerse dessa turba de estilos passados mortos inautênticos e purgálos atra vés do rigor impiedoso de seu funcionalismo Tal é a lógica estética da arquitetura modernista de Le Corbusier e do Estilo Internacional ou de Walter Gropius e sua Bauhaus Alternativamen te o artista modernista pode buscar forças de dinamismo já em funcionamento dentro da so ciedade e alinharse com elas na tentativa de liquidar as teias de aranha sufocantes do passa do cultural e político Tal é o projeto do futuris mo italiano e russo que celebra as vastas ener gias da ciência e da produção contemporâneas transatlânticos aeroplanos automóveis fábri cas e arranhacéus metralhadoras e tanques Essas prodigiosas forças de produção bran didas pela raça nova e dinâmica dos homens e mulheres modernos que a vida urbana estava gerando liquidaria as relações de produção sociais claustrofóbicas que os restringiam na sociedade burguesa Tal estética é evidente implica imediatamente uma política revolucio nária mas o futurismo na pessoa de Filippo Marinetti pôde servir à causa da contrarevolu ção fascista tão entusiasticamente quanto serviu através de Vladimir Mayakovsky e outros ao projeto socialista bolchevique Se com o futurismo e a arquitetura do Estilo Internacional é possível julgar o presente como inautêntico em nome do futuro então isso também é possível em nome do passado longín quo A história contemporânea para essa outra ala do modernismo é um pesadelo em seu cínico racionalismo e em sua crassa cultura de massa e contra esse presente tão degradado a obra de arte deve tanto no tema quanto na forma reativar as forças da memória Esse pro jeto assume muitas e variadas formas espe cíficas A obra pode apelar a um passado pes soal um temps perdu proustiano ou uma in tegralidade perdida através da qual possa con denar um presente adulto desenraizado ou po de como no caso das representações das cate drais góticas medievais em alguns dos grandes textos do período voltar o olhar para um pas sado cultural perdido uma época de sensi bilidade unificada e comunidade orgânica ou Gemeinschaft antes da queda no individu alismo burguês De forma alternativa pequenos focos de memória de um ser autêntico podem ainda existir residualmente no presente capi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar modernismo e pósmodernismo 475 talista em cantos geograficamente remotos da terra em dimensões negligenciadas de nossa experiência física ou em um inconsciente co letivo junguiano informado pelo mito a que a obra modernista em virtude de seus deslo camentos da forma pode recorrer A forma deslocada perceptível pode então representar tanto o dinamismo do futuro quanto o inquietante retorno do passado arcaico mas a forma perceptível também caracteriza outra corrente do modernismo que repudia qualquer revestimento ideológico da inovação técnica Para essa veia do modernismo de Gustave Flaubert e Henry James em diante a história é um fluxo caótico que deve ser redimido através das simetrias formais da obra de arte Em vir tude de seu intenso artesanato sua busca obses siva pelo mot juste ou a complexidade cons ciente da trama a obra transcende a história construindo uma esfera de autonomia estética que não tem relação alguma com passado pre sente ou futuro Tal estética transcendental às vezes chamada de esteticismo ou auto modernismo veio a contrastar com a van guarda histórica futurismo surrealismo da daísmo que busca romper esse reino hermético de valor estético e devolver a estética à vida cotidiana ver Bürger 1984 Se o modernismo é mais um fenômeno múl tiplo do que unitário então o pósmodernismo do final dos anos 50 ou início dos anos 60 em diante não será menos polissemântico sua for ça em qualquer contexto particular vai depen der precisamente de qual versão do modernis mo ele presume negar O conceito de pósmo dernismo surgiu em primeiro lugar na arquite tura mas desde então se generalizou para pra ticamente todos os campos da cultura A arqui tetura pósmoderna é um ataque acima de tudo ao Estilo Internacional Se não repudia a ênfase na inovação tecnológica encontrada em Le Cor busier ou Walter Gropius efetivamente proble matiza alguns dos valores essenciais ligados ao avanço tecnológico na arquitetura modernista universalismo elitismo formalismo As facha das brancas austeras e retilíneas e os telhados planos característicos do Estilo Internacional pretendem ser formas arquitetônicas univer sais aderindo aos cânones de uma razão pura científica independente das idiossincrasias de qualquer tempo ou lugar em particular O pós modernismo acha essas pretensões arrogantes ou até mesmo autoritárias e em vez disso investe pesadamente no localismo no parti cularismo no regionalismo reinventando os estilos tradicionalistas e vernáculos e construin do com materiais que a estética modernista havia jogado na lata de lixo da história As superfícies brancas e os telhados planos da Ra zão universal podem satisfazer o arquiteto de vanguarda mas não são objeta o pósmoder nismo nem um pouco agradáveis para mais ninguém incluindo os que têm de viver neles Alguns dos mais famosos manifestos pósmo dernistas incluindo Learning from Las Vegas de Robert Venturi nos anos 70 e From Bauhaus to Our House de Tom Wolfe publicado em 1982 lançam assim um ataque populista ao elitismo da arquitetura no Estilo Internacional e esse ataque implica não apenas a defesa dos estilos tradicionalistas de construção dos quais por acaso as pessoas gostam mas também o louvor ao espírito e à vitalidade dos estilos comerciais da cultura de massa A obra pós moderna insiste Venturi deve aprender com essas formas incorporandoas com satisfação a sua própria substância em vez de negálas com austeridade Essa dissolução da rígida distinção modernista entre cultura elevada e CULTURA DE MASSA que se manifestou pela primeira vez na arquitetura encontra equivalência em mui tos outros campos culturais e é na verdade citada com freqüência como a característica central da cultura pósmoderna O elitismo da arte modernista reside na difi culdade de suas formas aquela violência or ganizada sobre a linguagem comum ou sobre as convenções que para Roman Jakobson defi niam o modernismo como tal Qualquer ataque a seu elitismo é em conseqüência necessa riamente uma crítica a sua obsessão com a forma Nesse sentido a arte pósmoderna pode ser encarada como o retorno do conteúdo um conteúdo que era ou radicalmente subordinado pela preocupação modernista com a forma ou ocasionalmente por ela totalmente abolido Tal modelo extrapolado a partir das evoluções na arquitetura é excelentemente desenvolvido por Linda Hutcheon em A Poetics of Postmoder nism 1988 Ela definiu o romance pósmoder no exemplificado por autores como Gabriel García Márquez Günter Grass John Fowles EL Doctorow e outros como metaficção his toriográfica Esses romances voltam a ques tões de enredo história e referência que um dia pareceram ter explodido em função da preo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 476 modernismo e pósmodernismo cupação da ficção moderna com a autonomia textual e a consciência de si mesma mas sem simplesmente abandonar essas preocupações metaficcionais Esse modelo sugestivo pode ser prontamente ampliado para outras áreas incluindo o retorno da representação e do corpo na pintura e assim por diante O ataque ao universalismo ao elitismo e ao formalismo modernistas constitui o que pode ríamos chamar de momento atraentemente ecológico do pósmodernismo sua abertura descentralista a estilos ou experiências reprimi dos e à cultura do Outro do Diferente mu lheres gays negros Terceiro Mundo No en tanto construir um chalé com telhado de sapê ou narrar uma história de amor vitoriana em 1990 não é o mesmo que montar esses artefatos no século XVII ou XIX Tratase na verdade de construir uma imagem ou simulacro de tais entidades e esse é o ponto em que as reservas a respeito da cultura pósmoderna tendem a vir para o primeiro plano A obsessão modernista com o tempo dá lugar no pósmoderno a uma preocupação com o espaço e a geografia com as diferenças sincrônicas em vez das diacrôni cas Existe nisso muita coisa que é liberadora uma vez que a modernidade ocidental abandona sua arrogância imperialista para com as culturas primitivas que a cercam mas também pode haver um congelamento da história uma per da de imaginação e assim da possibilidade prática de mudança social radical Os estilos do passado podem ser agradavelmente reinven tados mas talvez apenas como imagens uni dimensionais na indústria da herança de um eterno presente Em um mundo dominado pela comunicação de massa e pelas tecnologias da reprodução cultural o sonho modernista de u ma experiência utópica autêntica para além da cultura de massa desaparece Saturados co mo estamos desde o nascimento pelas ima gens estereótipos e paradigmas narrativos de uma cultura de massa ubíqua há muito tempo vivemos a morte do sujeito que o póses truturalismo recentemente articulou no plano da teoria Mais uma vez existem dimensões progressivas para esse desenvolvimento jun tamente com o sonho da autenticidade o des prezo do modernismo pela gente comum tam bém desapareceu Mas se não podemos mais apelar para a Natureza ou o inconsciente para a autêntica sexualidade lawrenciana ou para redutos précapitalistas no Terceiro Mundo contra o Primeiro Mundo assolado de imagens no qual vivemos qual é então a base da crítica política acima de tudo na esteira do colapso de um projeto comunista que parece ter par ticipado justamente do universalismo e elitismo da própria cultura modernista Tais ambivalências a respeito do valor da cultura pósmoderna também se infiltram em qualquer tentativa de esboçar a matriz social da qual ela emerge Por consenso geral o pós modernismo começa a existir quando o ca pitalismo passa de seu momento fordista para o pósfordista ver FORDISMO E PÓSFORDISMO dos produtos padronizados das linhas de produção monolíticas em fábricas gigantescas para o uso descentralizado de uma tecnologia da informa ção sofisticada o suficiente para permitir uma especialização flexível Essa mudança do Um para o Muitos dentro do próprio capitalis mo portanto coloca novas questões a respeito das tendências ao pluralismo e à diferença que observamos na cultura pósmoderna Serão passos autênticos no sentido de uma democra tização do absolutismo inaceitável de algu mas formas de modernismo ou serão antes talvez apenas os mais recentes ardis de um sistema econômico global que tendo se livrado de seu antagonista comunista agora nos tem em seu poder mais firmemente do que nunca Leitura sugerida Berman Marshall 1983 All that is Solid Melts into Air the Experience of Modernity Bradbury Malcolm e McFarlane James orgs 1976 Modernism 18901930 Bürger Peter 1984 Theory of the AvantGarde Connor Steven 1989 Postmoder nist Culture an Introduction to Theories of the Contem porary Harvey D 1989 The Condition of Postmo dernity Jameson Fredric 1991 Postmodernism or The Cultural Logic of Late Capitalism Lyotard JF 1979 La condition postmoderne Williams Raymond 1989 The Politics of Modernism TONY PINKNEY modernização Processo de mudança econô mica política social e cultural que ocorre em países subdesenvolvidos na medida em que se direcionam para padrões mais avançados e complexos de organização social e política Foi minuciosamente estudado e definido nas teorias sociológicas norteamericanas do pósguerra que partem da referência implícita ou explícita a uma dicotomia entre dois tipos ideais a socie dade tradicional que em algumas versões tam bém pode ser chamada de rural atrasada ou subdesenvolvida e a sociedade moderna ou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar modernização 477 urbana desenvolvida industrial Esses tipos de estrutura social estão de certa forma historicamente ligados por meio de um con tínuo processo evolutivo que segue certas leis gerais A idéia é que todas as sociedades seguem um caminho histórico semelhante de crescente diferenciação e complexidade e de um tipo polar a outro Como algumas sociedades já se industri alizaram elas se tornam a base sobre a qual podem ser construídos o paradigma da socie dade moderna e o processo de transição típico ideal Algumas teorias enfatizam a natureza endógena do processo de mudança Rostow 1960 Hoselitz 1965 Parsons 1951 enquanto outras enfatizam a importância de fatores hexó genos tais como a difusão de valores tecnolo gia especializações e formas de organização de nações avançadas do Ocidente para nações po bres do Terceiro Mundo Lerner 1958 Mas de qualquer forma supõese que as sociedades tradicionais sigam o mesmo padrão de mudan ças por que passaram antes as nações desenvol vidas As teorias da modernização portanto buscam identificar na organização eou história dos países industriais as variáveis sociais e os fatores institucionais cuja mudança foi crucial para o seu processo de desenvolvimento a fim de facilitar esse processo nos países em desen volvimento recente Uma classificação conveniente das teorias da modernização é a que distingue as versões sociológica econômica e psicológica As ver sões sociológicas dão destaque ao papel de uma ampla variedade de variáveis sociais e insti tucionais no processo de mudança Assim Ger mani 1965 descreve o processo em termos de mudanças de ações prescritivas a ações eleti vas da institucionalização do tradicional para a institucionalização da mudança e de uma con junção de instituições relativamente indiferen ciadas para sua crescente diferenciação e es pecialização A maioria dessas versões foi in fluenciada por Max Weber através da inter pretação dada por Talcott Parsons a suas idéias e usa as VARIÁVEIS PADRÃO para descrever a estrutura social típica ideal das sociedades tra dicionais e modernas afetividade versus neutralidade afetiva atribuição versus reali zação difusão versus especificidade particu larismo versus universalismo e orientação para os interesses coletivos versus orientação para os interesses privados As versões psicológicas enfatizam fatores internos e motivos psicológicos como as forças motoras da transição Assim McClelland 1961 propõe a necessidade de realização um desejo de fazer bem como motivação cru cial que difundindose entre os empresários de um país leva ao desenvolvimento econômico Essa motivação não é inata nem hereditária e pode ser desenvolvida em um país em transição para a modernidade por meio da educação A versão econômica é bem representada por Rostow 1960 e sua teoria de estágios do cres cimento econômico Ele afirma que todas as sociedades passam por cinco estágios socie dade tradicional precondições para o desenvol vimento autosustentado desenvolvimento au tosustentado o caminho para a maturidade e a era do elevado consumo de massa Rostow acredita que o processo de desenvolvimento que ocorre no momento na Ásia América Lati na África e Oriente Médio é análogo aos es tágios de precondições e de desenvolvimento autosustentado vividos nas sociedades ociden tais no final do século XVIII e durante o século XIX As teorias da modernização têm sido criti cadas de inúmeras maneiras As mais importan tes são as acusações de abstração e falta de perspectiva histórica Primeiro é um erro tratar o subdesenvolvimento como situação original universal como falta de desenvolvimento em geral como um estágio pelo qual todos os paí ses desenvolvidos passaram um dia Segundo as análises da modernização tendem a assumir um caráter prescritivo e em vez de estudar historicamente o contexto estrutural dos aspec tos específicos das sociedades subdesenvolvi das buscam apenas estabelecer se esses aspec tos seguem ou partem do modelo ocidental ideal que supostamente é a norma Terceiro está implícita em todas as teorias da moderniza ção a idéia de que os países em desenvolvimen to dos tempos atuais deveriam passar pelos mesmos estágios e processos pelos quais os países desenvolvidos passaram anteriormente Mesmo quando reconhecem a existência de algumas diferenças históricas Germani 1965 e Rostow 1960 as reconhecem recusamse a aceitar que possam alterar essencialmente o padrão de mudança A história pode ser repeti da os países em desenvolvimento podem in dustrializarse do mesmo modo que países in dustriais mais antigos e em certo aspectos têm Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 478 modernização até mais vantagem em fazêlo Mal existe uma discussão sobre a ordem internacional como um sistema dominado e manipulado por certos paí ses industriais em seu próprio interesse As teorias da modernização assumem que o pro cesso da modernização e industrialização é ine vitável e que os países em desenvolvimento recente têm as mesmas se não melhores opor tunidades de se industrializar Conforme as pa lavras de Hoogvelt transformaram a história abstraída e generalizada do desenvolvimento europeu em uma lógica Hoogvelt 1982 p116 Ver também DESENVOLVIMENTO E SUBDESEN VOLVIMENTO Leitura sugerida Eisenstadt SN 1961 Essays on Sociological Aspects of Political and Economic Deve lopment Frank AG 1972 Sociology of develop ment and underdevelopment of sociology In Depen dence and Underdevelopment org por JD Cockcroft AG Frank e DL Johnson Larrain J 1989 Theories of Development Smelser NJ 1964 Toward a theory of modernization In Social Change org por A Etzio ni e E Etzioni JORGE LARRAIN modo de produção De acordo com a maior parte das compreensões do MARXISMO no século XX a história pode ser dividida em períodos conforme diferentes modos de produção cada qual com sua própria dialética interna de luta de classes Essa concepção materialista da his tória foi esboçada em A ideologia alemã Marx e Engels 18456 e desenvolvida em obras posteriores tanto por Marx quanto por Engels embora eles nem sempre tenham usado o con ceito de modo de produção dessa maneira No século XX tornouse o conceito central do que ficou conhecido como materialismo dialéti co e a adesão a alguma versão desse conceito continua a distinguir o pensamento marxista de outras formas de pensamento social ver MA TERIALISMO Segundo essa visão da história a diferença fundamental entre tipos de sociedade ocorre no modo como se dá a produção O modo de produção de qualquer sociedade consiste em dois elementos suas forças produtivas e suas relações de produção As forças produtivas re feremse às capacidades produtivas da socie dade não apenas em sentido tecnológico mas também em sentido social e incluem não ape nas os meios materiais de produção mas tam bém as capacidades humanas tanto físicas quanto conceituais As relações de produção referemse às relações sociais sob as quais a produção é organizada como os recursos e os trabalhos são alocados como o processo de trabalho é organizado e como os produtos são distribuídos É a combinação específica tan to das forças produtivas quanto das relações de produção que define o padrão de relações de classe em qualquer sociedade e assim sua di nâmica interna No marxismo as classes são definidas por sua relação com o processo de produção em particular com a produção de um sobreproduto Um sobreproduto é produzido em qualquer mo do de produção no qual nem todo o tempo de trabalho disponível é necessário para atender às necessidades diretas de consumo da população e alguns membros da sociedade trabalham mais horas do que as necessárias para produzir seus próprios meios de subsistência Se os produ tores do sobreproduto e os que controlam o seu uso são diferentes tais sociedades terão pelo menos duas classes A classe dominante de qualquer modo de produção é aquela que tem o controle do sobreproduto possuindo parte dele mas também usandoo de outras maneiras para aumentar seu próprio poder e incrementar o seu processo de extração ou EXPLORAÇÃO O modo específico como o sobreproduto é extraído pela classe dominante é que define um modo de produção em particular Por exemplo no capitalismo a propriedade dos meios de produção pela burguesia permitelhe empregar operários por menos do que o valor do seu produto e assim extrair um sobreproduto sob a forma de lucro Esse método de extração do sobreproduto é portanto puramente econômi co baseado em regras de troca aparentemente justas Em outros modos de produção como o feudalismo o método de extração do sobrepro duto inicialmente o trabalho direto nas terras do senhor mais tarde o pagamento de um alu guel é devido ao direito consuetudinário a poiado quando necessário no uso da força Todos os modos de produção de classe ou criadores de sobreproduto trazem dentro de si as sementes de sua própria destruição Relações particulares de produção serão adequadas a um estágio particular de desenvolvimento das for ças produtivas Um modo de produção será relativamente estável quando suas forças pro dutivas e relações de produção são adequadas umas às outras permitindo sua mútua reprodu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar modo de produção 479 ção No entanto através da existência de um sobreproduto e assim do potencial de mudan ça as forças produtivas se desenvolverão em todos os modos de produção por mais len tamente que seja Em última análise será alcan çado um ponto no qual as relações de produção existentes se tornarão um obstáculo à ulterior expansão das forças produtivas e o modo de produção será derrubado para dar lugar a um outro novo sob o qual essas últimas poderão continuar a se desenvolver O processo através do qual isso ocorre é a luta de classes As classes definidas no sentido marxista como existentes apenas onde existe um sobreproduto a ser disputado são ineren temente antagônicas e travam uma luta pelo nível e controle desse sobreproduto Isso for nece a dinâmica interna dos meios de produção uma dinâmica interna que acaba levando à re volução quando uma classe anteriormente su bordinada derruba as relações de produção e xistentes para se estabelecer como a nova classe dominante baseada em um novo modo de pro dução mais adequado ao ulterior desenvolvi mento das forças de produção Assim por e xemplo a classe capitalista em ascensão porém subordinada derrubou as relações feudais de produção quando suas restrições ao mercado de trabalho detiveram o desenvolvimento de mé todos capitalistas mais eficientes de extração de sobreproduto A exposição acima bastante determinista da concepção materialista da história só se tor nou moeda corrente no século XX A Segunda Internacional a organização internacional dos partidos socialdemocratas que se desfez em estilhaços nacionalistas em 1914 promulgou um marxismo oficial que influenciado pelas interpretações de Engels tendeu ao economi cismo De acordo com essa visão oficial o modo de produção formava uma base econô mica que determinava todos os outros aspectos superestruturais da sociedade ver também BASE E SUPERESTRUTURA Essa visão foi adota da também pela Terceira Internacional ou Comintern fundada para unir os nascentes par tidos comunistas depois da Revolução Russa e reafirmada por Stalin 1938 como a com preensão correta tornandose assim o funda mento do Diamat de materialismo dialéti co Embora haja evidências nos textos de Marx em apoio a essa leitura particular do processo histórico sua própria utilização da expressão modo de produção era mais varia da e sua exposição da história menos rígida Existem vários problemas com a versão ofi cial Primeiro ela pode ser criticada por seu determinismo tecnológico Embora mediado por uma consideração das relações de produ ção e pela classe o desenvolvimento das forças produtivas por si só constitui a força motriz definitiva da história e parece que a revolução é não apenas possível mas inevitável no es tágio apropriado do seu desenvolvimento A história do início do século XX com o sucesso da revolução em uma Rússia atrasada mas com o seu fracasso na Alemanha avançada deveria lançar dúvidas a esse respeito embora os eventos na União Soviética mais perto do final do século possam ser interpretados como a poiando a visão de que a revolução em um país atrasado estaria em última análise condenada ao fracasso De forma mais fundamental porém a im previsibilidade do processo revolucionário le vou a um questionamento de todo o papel do econômico isto é das relações de produção e das forças produtivas na exposição acima Pois não pareceu possível mapear o processo de luta de classes no nível das mudanças no modo de produção de forma tão nítida quanto a analogia basesuperestrutura implicaria Em particular parece que o papel da consciência foi às vezes crucial e que os fatores aparentemente supe restruturais da ideologia e da política podem afetar o econômico a ponto de provocar ou impedir uma transformação do modo de produ ção Uma tentativa altamente influente de en frentar esse problema foi feita nos anos 60 pelos marxistas estruturalistas franceses Althusser e Balibar 1966 1970 que tentaram descobrir um meio de conservar a centralidade do con ceito de modo de produção ao mesmo tempo dispensando o modelo rudimentar de basesu perestrutura Em sua visão uma formação so cial é reproduzida em certo número de níveis diferentes ideológico e político bem como econômico Eles substituíram a noção de deter minação pela de causalidade estrutural entre níveis na qual os níveis nãoeconômicos são também necessários à reprodução da formação social inteira incluindo o seu modo de produ ção No entanto no interior de tal totalidade estruturada interdependente o econômico es tabelece limites dentro dos quais os outros ní Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 480 modo de produção veis podem ser apenas relativamente autôno mos pois têm de funcionar de formas que reproduzem o modo de produção A revolução ocorre quando esse processo se torna sobre determinado as contradições entre os ní veis mais do que no interior do econômico apenas fornecem o motor da mudança Mas essa formulação foi criticada por lhe faltar o elemento dialético da concepção ma terialista da história de Marx ao exagerar uma separação conceitual entre o modo de produção o nível econômico e as condições nãoeco nômicas de sua reprodução Clarke 1980 Tornar os níveis relativamente autônomos não poderia resolver o problema do determinis mo econômico porque todos os outros níveis permaneciam restritos a um nível econômico privilegiado e nem isso apreendia a idéia mar xista da dialética como consistindo em elemen tos interconectados pois os níveis eram des conectados Na noção de nível econômico de Althusser e Balibar o modo de produção era definido como consistindo em dois conjuntos de rela ções os da real apropriação da natureza rela ções de produção e os da expropriação do produto as relações de propriedade e as de distribuição Assim nessa formulação a pro dução é hipostasiada para consistir apenas em relações com a natureza enquanto o âmbito das relações sociais é encontrado apenas no modo de expropriação do produto as relações de pro priedade e distribuição Mas isso de acordo com seus críticos é não perceber o que Marx fundamentalmente percebeu que não apenas as relações de distribuição são socialmente es pecíficas mas que o próprio processo de traba lho forma o cerne das relações sociais do modo de produção capitalista e na verdade de uma forma diferente de qualquer outro modo de produção Leitura sugerida Althusser L e Balibar E 1966 Lire le Capital Banaji J 1977 Modes of production in a materialist conception of history Capital and Class 2 Bettelheim C 1974 Les luttes de classes en URSS Brenner Robert 1977 The origins of capita list development a critique of neoSmithian Marxism New Left Review 104 Clarke Simon 1980 Althus serian Marxism In One Dimensional Marxism Al thusser and the Politics of Culture Cohen GA 1978 Karl Marxs Theory of History a Defence Colletti L 1972 From Rousseau to Lenin SUSAN F HIMMELWEIT monarquia Se monarquia é a instituição do governo de um estado pelo chefe de uma família hereditária monarquismo é a doutrina que es tabelece ser isso o melhor Monarquia ou reale za é um dos mais antigos tipos de governo e até este século o mais comum A mais antiga alega ção de direito à AUTORIDADE é ou que o rei é descendente de um deus ou que o cargo é sagra do Isso faz da obediência um direito natural Mas o poder dos reis não era considerado abso luto ou soberano Até o século XVII não havia nenhuma idéia nítida de soberania absoluta pois se a monarquia era uma instituição divina os próprios reis estavam obrigados a obedecer às leis de Deus Os monarcas medievais na Europa eram encarados como administradores ou guardiães do reino em nome de Deus A cristandade havia mesmo introduzido uma complicação potencialmente civilizada para as pretensões simples a uma autoridade absoluta Cristo havia pregado que algumas coisas eram de César e outras de Deus A teologia era dualista a Igreja arrogavase um alto grau de autonomia mas até leigos se poderosos po diam questionar se o poder secular estava sendo corretamente utilizado Sob a monarquia havia sempre algumas justificativas para a rebelião e algumas am bigüidades quanto à sucessão Tanto no mundo cristão quanto no muçulmano um filho mais velho incompetente podia ser preterido em fa vor de outro membro da família imediata No califado a sucessão era em geral determinada por assassinato ou guerra limitada entre irmãos ou primos reais No século XVII tornouse comum a idéia formulada mais rigorosamente por Thomas Hobbes de que em benefício da paz e para evitar a guerra civil uma entidade abstrata chamada de ESTADO deveria exercer todo o poder e ser o objeto exclusivo da lealdade Não mais obra em nome do rei mas em nome do estado A doutrina do direito divino dos reis foi uma tentativa tardia e em grande parte malsucedida de reclamar essa soberania para a pessoa do monarca Luís XIV podia dizer que LÉtat cest moi mas se tratava de um para doxo consciente Pois a essa altura a monarquia em toda parte já começava a ser vista como um cargo a ser exercido mediante conselho e de maneira prudente e não como a propriedade disponível de uma pessoa ou dinastia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar monarquia 481 A lealdade a pessoas era a grande virtude pregada pelos apologistas da realeza mas nos tempos modernos isso se mostrou mais fácil quando os poderes dessas pessoas foram limi tados Walter Bagehot 1867 fez uma distinção famosa entre os poderes solenes da rainha Vitória e seus poderes efetivos que ele acre ditava serem poucos Os poderes solenes sim bólicos ou rituais eram um foco de lealdade e continuidade para a nação de resto difícil de situar em um sistema partidário competitivo especialmente em um estado multinacional Nos Estados Unidos a própria Constituição é o símbolo da unidade e não o presidente eleito Umas poucas monarquias constitucionais sobrevivem nenhuma delas exercendo real po der político mas algumas como a britânica servindo para legitimar uma ordem social hie rárquica outras como na Holanda Dinamarca e Noruega buscam parecer mais democráticas em estilo e são mais burguesas que aristo cráticas Os teóricos sociais modernos demons tram um interesse surpreendentemente peque no em entender por que perduram esses aparen tes anacronismos Leitura sugerida Cannadine D 1983 Context per formance and meaning of ritual the British monarchy and the invention of tradition c18201977 In The Invention of Tradition org por E Hobsbawm e T Ranger Martin K 1937 The Magic of Monarchy Ο 1962 The Crown and the Establishment Nairn T 1988 The Enchanted Glass Britain and its Monarchy Shils Edward e Young M 1953 The meaning of the coronation Sociological Review 1 6381 BERNARD CRICK monetarismo Este é o nome moderno da tando de 1968 para várias doutrinas econômi cas antigas ligadas à teoria quantitativa do dinheiro bem como para o projeto político e social a elas associado A proposta básica do monetarismo é que a taxa de crescimento do meio circulante em uma economia determina a taxa de inflação dos pre ços essa é a proposta da teoria quantitativa cujas origens podem remontar pelo menos aos ensaios de David Hume de 17502 Posterior mente a idéia e seus fundamentos foram refina dos e desenvolvidos em especial nos primeiros 40 anos do século XIX David Ricardo através da escola da circulação nos primeiros 30 anos do século XX especialmente K Wicksell AC Pigou e I Fisher e no quarto de século a partir de 1956 tendo início com Milton Friedman ver também ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO Essa proposta da teoria quantitativa está li gada à idéia de que a quantidade de produção ou volume de atividade não varia em reação a aumentos do meio circulante pois senão o efei to deste último aumentaria em parte o volume de bens produzidos em vez de se fazer sentir completamente sobre os seus preços a quanti dade de bens pode ser tratada como se fosse sempre igual à quantidade produzida com pleno emprego do trabalho Essa idéia a Lei de Say raramente foi sustentada em forma absoluta e ao resgatar a teoria quantitativa da demolição da Lei de Say feita por Keynes a reexposição de Friedman em 1956 deixoua explicitamen te de lado afirmando que o meio circulante afeta ou a produção ou o nível de preços No entanto um trabalho posterior de Friedman e seus sucessores utiliza a relação direta moeda preço tão freqüentemente quanto a idéia mais geral de que a moeda afeta ou os preços ou a produção Essas idéias servem de base à concentração monetarista no controle da inflação através do controle do meio circulante que é geralmente contraposta ao enfoque keynesiano de controle do desemprego através de uma política fiscal orçamentária ver KEYNESIANISMO Essa polí tica característica leva o monetarismo a ser amplamente identificado com os programas de flacionários que induzem à recessão mas os economistas monetaristas aplicam suas crenças em ambas as direções por exemplo estudos monetaristas seminais dos anos 30 concluíram que a depressão poderia ter sido evitada através de políticas voltadas para reverter uma queda na emissão do meio circulante Não obstante em política o rótulo moneta rista está ligado a governos de direita cujos programas têm uma inclinação deflacionária em geral fortemente deflacionária Sua ideolo gia de controle da inflação está ligada a uma crença na redução dos gastos e empréstimos do estado que pretende ter duas bases intelectuais primeiro a idéia de que o controle dos emprés timos do estado produz controle do meio cir culante e segundo a idéia de que reduzir os gastos e empréstimos por parte do estado libera o dinamismo do capital privado em esferas expandidas Uma vez que o controle do meio circulante se mostrou uma quimera nas sociedades ca Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 482 monetarismo pitalistas avançadas o projeto monetarista vem sendo cada vez mais definido em termos resi duais como hostilidade aos gastos do estado especialmente aos gastos do estado de bemes tar promoção do capital privado sem regula ção e hostilidade às organizações trabalhistas Dessas maneiras o monetarismo tem definido os pontos de vista estratégicos de muitos gover nos e elites políticas durante longos períodos desde 1975 Não obstante a base racional ar ticulada para isso especialmente pelo Fundo Monetário Internacional durante longo período continua a depender do controle do meio cir culante apesar da impraticabilidade de tais con troles em uma economia complexa e em cres cimento Leitura sugerida Friedman M 1968 Quantity theo ry In International Encyclopedia of the Social Scien ces vol10 p43247 Friedman M e Schwartz A 1963 A Monetary History of the United States 1867 1960 Mayer T org 1978 The Structure of Mone tarism LAURENCE HARRIS monopolista capitalismo Ver CAPITALISMO MONOPOLISTA moralidade Em seu sentido prescritivo a moralidade é aquela consideração ou conjunto de considerações que fornece os motivos mais fortes para se viver de certo modo especificado em seu sentido descritivo tal consideração ou conjunto de tais considerações que alguma pes soa ou grupo reconhece ou ao qual adere Ver também VALORES Assim se assumirmos que os Dez Man damentos são uma interpretação correta das exigências da moralidade a moralidade pres critiva exige de nós que vivamos sem matar uns aos outros que observemos o dia de sábado e assim por diante ao mesmo tempo que mes mo se assumimos que o Decálogo é um equívo co podemos descrevêlo como constituindo a moralidade descritiva de qualquer pessoa que o reconheça ou que viva por suas regras O trabalho a respeito da moralidade des critiva neste século temse concentrado no conteúdo e explicação das crenças morais Os antropólogos continuaram a documentar os sis temas morais de outras culturas e subculturas Um deles Turnbull 1973 descreveu a aparen te ausência de moralidade entre o povo Ik Os historiadores das idéias tentaram explicar de que modo ideologias morais particulares como a da Alemanha nazista puderam desenvolver se enquanto sociólogos tentaram explicar e analisar a moralidade em geral Durkheim 1925 afirma que existem três elementos na moralidade um aspecto de caráter imperativo a ligação a grupos sociais e a auto nomia dos agentes morais cf a ética da res ponsabilidade de Max Weber Como Durk heim Westermarck 1906 buscou uma expli cação nãoindividualista para a origem das crenças morais sendo influenciado também por William Sumner Ferdinand Tönnies e Vilfredo Pareto na ênfase atribuída à importância dos sentimentos As idéias morais têm suas raízes no costume e se desenvolvem à luz da razão Autores modernos têmse concentrado na mo ralidade da modernidade ver por exemplo a visão de P Berger B Berger e H Kellner 1973 de que a moralidade moderna deve ser compreendida em termos da pluralização de mundos da vida Também se apresentaram explicações de por que os seres humanos tendem a desenvolver crenças morais Freud 1923 afirmou que a moralidade consiste na internalização de ordens paternas na forma de demandas feitas pelo su perego Ele supôs um desenvolvimento da me ra obediência a essas ordens até a moralidade reflexiva do ideal do ego LéviStrauss 1949 enfatizou a importância da reciprocidade e do intercâmbio no desenvolvimento de institui ções como o casamento que são parcialmente constituídas por expectativas e crenças morais Defensores da teoria dos jogos colocaram no centro noções de cooperação muitas institui ções morais como as promessas podem ser encaradas como soluções sociais para proble mas de coordenação e colaboração tais como o Dilema do Prisioneiro ver Elster 1989 O trabalho filosófico sobre a moralidade prescritiva pode ser categorizado grosso modo como de segunda ordem metaético ou de pri meira ordem Ver ÉTICA A metaética tem se ocupado de três questões principais o valor de veracidade dos julgamentos morais a natureza da realidade moral e a epistemologia moral AJ Ayer 1936 introduziu o positivismo lógico do círculo de Viena ver VIENA CÍRCULO DE na corrente predominante da filosofia nor teamericana De acordo com sua posição e motivista os julgamentos morais não têm valor algum como verdade sendo meras expressões de atitudes a teoria da vaia e do aplauso Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar moralidade 483 Através dos textos de RM Hare 1981 o prescritivismo a visão de que os julgamentos morais são essencialmente de natureza impera tiva ganhou influência JL Mackie 1977 afirmou que todos os julgamentos morais são falsos uma vez que não existe uma realidade moral objetiva que lhes sirva de referência A visão de Mackie demonstra a interligação dos três temas metaéticos mencionados A dis cussão sobre a natureza da realidade moral gi rou em torno da chamada distinção entre fato e valor GE Moore 1903 afirmou que os fatos sujeitos a avaliação são diferentes dos fatos que constituem a matéria das ciências naturais Certamente ser uma boa coisa é uma propriedade nãonatural da coisa Um ponto de vista mais comum era que não havia fatos su jeitos a avaliação o mundo é neutro do ponto de vista avaliativo e deve ser descrito em termos científicos Essa visão é claro proporcionou o ímpeto para a consideração dos julgamentos morais como não sendo basicamente categóri cos como o emotivismo Na América do norte houve um recente redespertar do naturalismo realista de acordo com o qual os fatos morais são fatos naturais do mesmo tipo genérico di gamos dos fatos químicos ou biológicos ver Brink 1989 A discussão em epistemologia moral tem girado em torno da questão de como seria pos sível dizer que conhecemos fatos morais bem como da natureza do conhecimento moral O intuicionismo predominou depois de Moore Considerase que possuímos um senso moral que nos permite intuir o caráter correto ou bom de particulares concretos ou de certos prin cípios morais fundamentais ver Ross 1939 Essa é uma forma de fundacionalismo moral De acordo com o coerentismo o conhecimento moral consiste no conjunto mais consistente e coerente de crenças morais ver Brink 1989 Na ética de primeira ordem foram levan tadas questões sobre a natureza da moralidade com uma relação mais óbvia a como devería mos viver Uma questão central foi a do RELA TIVISMO existe uma moralidade autenticamente universal ou serão as moralidades relativas talvez por se fundamentarem em práticas so ciais ou formas de vida específicas Ver MacIntyre 1981 E também que importância têm considerações morais especificamente concernentes a outros em oposição a digamos considerações de interesse próprio ou de es tética Williams 1985 A moderna filosofia moral de primeira or dem foi dominada pelo desenvolvimento de teorias morais segundo as quais a moralidade consiste em uma consideração pertinente ou em um pequeno número delas De acordo com o utilitarismo conforme abraçado por exemplo por Moore e Hare a única consideração di retamente relevante à questão de como viver é a maximização geral do bemestar As teorias nãoutilitárias tenderam a se en raizar na obra de Kant Tais teorias têm sido descritas como deontológicas do grego deon é preciso deve ser feito Um exemplo é o de Ross o qual achava que devíamos por e xemplo cumprir promessas por motivos in dependentes do bemestar Desde a publicação do artigo Modern mo ral philosophy de Elizabeth Anscombe 1958 surgiu uma nova corrente na teoria mo ral dando maior ênfase à natureza do caráter moral e às virtudes ver French et al 1988 Devido ao predomínio da metaética os filó sofos da primeira metade deste século dedica ram pouca atenção acadêmica a problemas mo rais práticos de primeira ordem Desde a Guerra do Vietnã isso tem mudado e as discussões sobre temas como o aborto a guerra e o meio ambiente são hoje amplamente difundidas ver Singer 1986 Ver também JUSTIÇA NORMA DIREITOS E DE VERES Leitura sugerida Anscombe GEM 1958 Modern moral philosophy Philosophy 33 119 Hare RM 1981 Moral Thinking MacIntyre A 1981 After Vir tue Mackie JL 1977 Ethics Moore GE 1903 Principia Ethica Ross WD 1939 Foundations of Ethics Singer P org 1986 Applied Ethics Wester marck E 1906 The Origin and Development of the Moral Ideas Williams B 1985 Ethics and the Limits of Philosophy ROGER CRISP movimento cooperativo Associações de pessoas trabalhando juntas para a produção e distribuições de bens as cooperativas assumi ram uma variedade de formas em diferentes contextos nacionais A International Coopera tive Alliance representando quase 600 milhões de membros em todo o mundo destacou seis princípios essenciais filiação voluntária e aber ta controle democrático rendimento limitado sobre o capital ganhos excedentes pertencendo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 484 movimento cooperativo aos membros educação e cooperação entre as cooperativas Comissão da ICA 1967 O con trole democrático é a diferença essencial entre as formas de propriedade capitalista e coopera tiva Ao contrário da empresa acionária cada membro tem os mesmos direitos de voto in dependente do número de quotas que possua a PARTICIPAÇÃO é poder e não a posse individual do trabalho abstrato e fossilizado de outras pes soas Uma característica comum sempre foi o im pulso ético idealista Desde o início a coopera ção foi encarada como um meio de construir uma alternativa ao capitalismo de baixo para cima substituindo o INDIVIDUALISMO burguês por uma sociedade baseada na reciprocidade e na solidariedade social Um cooperativista in glês em 1907 definiu o ideal da seguinte ma neira Por meio da associação mútua eliminar o atual sistema industrial e substituir o bem comum pela Cooperação mútua como base de toda a sociedade humana Webb 1904 p2 O movimento teve origem na GrãBretanha durante o desenvolvimento do capitalismo in dustrial no final do século XVIII foram fun dadas manufaturas cooperativas a partir da dé cada de 1790 indício do confronto entre a economia moral dos trabalhadores pobres e a ideologia e prática do LAISSEZFAIRE Thom pson 1991 O início do século XIX foi en tremeado por ondas de experiência cooperativa durante as agitações dos luddistas em 181113 criaramse cooperativas que tiveram curta dura ção lojas owenistas e chartistas cartistas fo ram fundadas a partir da década de 1820 e durante toda a década de 1830 Embora o so cialista utópico Robert Owen tenha sido geral mente encarado como o pai do movimento cooperativo essas iniciativas não foram nem inspiradas nem irrestritamente apoiadas pelo paternalista Owen que preferia modos de trans formação social impostos a partir de cima Tay lor 1983 p120 Em 1844 tecelões de inspiração owenista formaram a Rochdale Society of Equitable Pio neers Essa sociedade redistribuía o excedente comercial entre os membros de acordo com o valor de suas aquisições o chamado dividen do embora o objetivo extremo ainda fosse a fundação de uma colônia autosuficiente de interesses unidos Webb 1904 p69 A socie dade expandiuse a um ritmo fenomenal e de monstrou a utilidade dessa forma de associação da classe operária em uma época em que o confronto direto com o estado capitalista come çava a se tornar menos factível Mulheres ope rárias tiveram grande medida de controle sobre as estratégias de consumo e conseqüentemente conseguiram grande destaque dentro do mo vimento desde o início e no decorrer de sua história posterior A natureza essencialmente contestadora da cooperação tornouse evidente desde essa fase inicial Até cerca de 1848 cooperação comunismo e socialismo eram palavras in tercambiáveis e carregavam uma ênfase an ticapitalista semelhante Bestor 1948 Esses conceitos têm sido campos de batalhas com plexas e prolongadas durante os dois últimos séculos Reformadores burgueses em toda a Europa Ocidental tentaram separar coopera ção do que era encarado como modos mais revolucionários de mudança social especial mente depois das revoluções de 1848 Socialis tas cristãos de classe média como EV Neale e JM Ludlow foram defensores fervorosos das cooperativas de produtores e da divisão de lu cros acreditando que essas formas humaniza riam o operário e harmonizariam as relações capitaltrabalho Backstrom 1974 Ludlow minutou a Lei das Sociedades Industriais e Previdenciais de 1852 que regulava no sentido de proteção e contenção as relações entre o estado e as cooperativas Essa tentativa de ajus tar o significado de cooperação foi contestada com eficácia pelos CWS ingleses e escoceses estabelecidos em 1863 e 1868 que articu laram uma ambição neoowenista baseada no princípio da cooperação de consumidores Yeo 1987 p231 Essa estratégia teorizada por Charles Gide na França continha as suas pró prias contradições e a constante tensão entre os direitos e deveres de produtores e consumidores marcou a posterior ideologia e prática coopera tiva na GrãBretanha e em outros centros Em 1914 a cooperação já se enraizara pro fundamente nas comunidades de classe operá ria particularmente no Norte da Inglaterra U ma contracultura compreendendo um amplo repertório de formas educativas e recreativas cresceu em torno do movimento foi um e quivalente da construção cultural que carac terizou o Partido SocialDemocrata alemão antes da Primeira Guerra Mundial Gurney 1989 O desmantelamento dessa cultura faz parte daquela história social do século XX que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento cooperativo 485 nunca foi escrita O movimento teve que lutar não apenas com o seu próprio projeto mas também contra poderosas forças externas for madas contra ele Mudanças no modo capitalis ta de consumo Aglietta 1976 em particular o desenvolvimento do capitalismo de consumo em seu sentido mais amplo prejudicaram o progresso cooperativo na GrãBretanha e no Ocidente de maneira geral O estado capitalista foi freqüentemente hostil e houve repetidas ten tativas de taxar o excedente para os críticos lucros cooperativo Em 1933 associações mu tualistas foram assimiladas a empresas acioná rias e reservas cooperativas foram taxadas da mesma forma que as firmas capitalistas Kil lingback 1988 Essa hostilidade foi patente mesmo quando o poder político esteve nas mãos do Partido Trabalhista o antagonismo entre diferentes alas do movimento trabalhista foi um constante fator incapacitante resultado das identidades fragmentadas dos operários co mo produtoresconsumidores homensmu lheres voluntaristasestatistas O movimento britânico inspirou um desen volvimento cooperativo através da Europa e América do Norte Surgiram vigorosos mo vimentos nacionais na França Alemanha Áus tria Suécia Dinamarca Bélgica e Itália cada qual com suas peculiaridades As cooperativas de crédito desempenharam papel importante no movimento alemão e seu fundador Schulze Delitsch considerava a cooperação como um antídoto para a socialdemocracia marxista O movimento francês influenciado pelas idéias do socialista utópico Charles Fourier e mais tarde pelo anarquismo de Pierre Proudhon e o socialismo moderado de Louis Blanc foi mol dado pela experiência revolucionária de 1848 e 1871 As cooperativas agrícolas predominaram na Rússia e desempenharam um papel vital na Revolução de 1917 antes da coletivização sob Stalin Carr 1952 Hoje em dia mais de 100 milhões de pessoas pertencem a cooperativas na Europa e América do norte A experiência mais promissora desde a Segunda Guerra Mundial é o complexo de Mondragon na região basca do Norte da Espa nha Fundado em 1958 por Arizmendi um pa dre socialista consiste atualmente em mais de 100 cooperativas empregando mais de 19 mil operáriosproprietários e provêem serviço ban cário habitação educação bemestar social e bens de consumo um exemplo vivo ainda que isolado da eficácia de uma cultura coope rativa Isso levou alguns comentaristas a des crever Mondragon como um novo fenômeno na história cooperativa Thomas e Logan 1982 p76 Os princípios de filiação voluntária e con trole democrático servem amplamente para jus tificar que não se incluam nessa discussão for mas de empreendimento coletivo desenvolvi das por estados socialistas e comunistas Sua generalizada falta de sucesso indica a incom patibilidade entre a cooperação e as formas estatistas de transformação social Isso fica bem ilustrado pelo kolkhoz ou fazenda coletiva rus sa que sofreu um fracasso espetacular na ten tativa de resolver os problemas da produção agrícola na antiga União Soviética O mesmo se pode dizer da aldeia de Ujamaa na Tanzânia imposta de cima por Julius Nyerere nos anos 60 No entanto essa regra não deixa de ter a sua exceção as iniciativas de AUTOGESTÃO de ope rários na exIugoslávia e a comuna chinesa podem ser encaradas sob luz mais favorável As comunas formadas tanto nos distritos rurais quanto urbanos depois do Grande Salto para a Frente em 1958 organizaram e regularam a produção o consumo a defesa e a educação Alguns comentaristas as encararam como a rea lização parcial de uma utopia comunista Mel nyk 1985 p43 Os ganhos positivos represen tados por essas experiências correm o perigo de se perderem na medida em que a Europa Orien tal e a China buscam modos ocidentais de mo dernização capitalista Dois dos mais promissores movimentos a tuais podem ser encontrados na Índia e no Ja pão Existem cooperativas em praticamente to das as aldeias da Índia Mais de 14 de milhão de sociedades com 140 milhões de membros têm alcançado grande sucesso particularmente em granjas leiteiras e na produção de açúcar e fertilizantes Fundado inicialmente pelos britâ nicos e usado para escorar o poder colonial no campo o movimento continua a sofrer do seu legado de corrupção Os partidos políticos têm interferido com freqüência nas questões coope rativas e indicado líderes contra os desejos dos associados O resultado tem sido alienar o mo vimento de seus membros Sharma 1989 Em contraste o movimento japonês que teve ori gem no final do século XIX desenvolveu uma forte estrutura democrática com sua base cen trada no Han ou grupo comunitário Fundado Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 486 movimento cooperativo no final dos anos 50 o Han é um pequeno grupo de consumidores dez ou 12 famílias que as sina contrato com os fornecedores através da cooperativa dos consumidores locais e regula a qualidade e a distribuição Essa forma garantiu alta participação dos membros e junto com o boom econômico posterior à Segunda Guerra Mundial ajuda a explicar o crescimento do movimento o Japão tem hoje a maior organiza ção cooperativa de consumidores do mundo com mais de 11 milhões de membros e um movimento próximo dos 13 milhões de dólares em 1986 Hasselman 1989 Muitos defensores da cooperação conti nuam a encarála como uma alternativa viável tanto ao socialismo de estado quanto ao ca pitalismo monopolista daí a importância atri buída à regeneração do movimento russo pelo presidente Gorbachev no final dos anos 80 Gorbachev 1988 O setor foi conseqüente mente revitalizado durante a perestroika mas em conseqüência do fracasso desta iniciativa é improvável que ele venha a desempenhar o papel transformador um dia vislumbrado A longo prazo os problemas que hoje confrontam o sistema econômico mundial podem de ma neira geral servir para destacar novamente a relevância das formas cooperativas sociais e econômicas Leitura sugerida Bonner A 1961 British Coopera tion Cole GDH 1945 A Century of Cooperation Desroche H 1964 Coopération et développement mouvements coopératifs et strategie du développe ment Furlough E e Strikwerda C orgs no prelo Consumer Cooperation in Europa and America Jones B 1894 Cooperative Production Laidlaw AF 1981 Cooperation in the Year 2000 Sapelli G org 1981 Il movimento cooperativo in Italia Wat kins WH 1970 The International Cooperative Alliance 18951970 Webb C 1927 The Woman with the Basket PETER GURNEY movimento da juventude Envolvendo a ten tativa organizada e consciente por parte de jovens entre o final da adolescência e o início da idade adulta de promover mudanças sociais e políticas ou resistir a elas o movimento da juventude pode surgir quando as instituições tradicionais não conseguem atender às neces sidades de um grupo etário na sociedade e quando um número crítico de jovens toma cons ciência de suas dificuldades comuns e sente que algo pode ser feito para aliviar seus problemas A discrepância entre as necessidades ou aspira ções individuais da geração mais jovem e as condições sociais culturais e políticas existen tes estão na raiz da inquietação juvenil ver MOVIMENTO SOCIAL Os movimentos da juventude não são mera mente formas aleatórias de comportamento co letivo mas sim reações diretas a eventos e forças históricos A atividade política juvenil tem mais probabilidade de ocorrer em países que passam por transformação rápida onde por toda uma variedade de motivos a mistura par ticular de circunstâncias põe à prova a capaci dade do sistema político de executar funções e serviços necessários As sociedades que sofrem de instabilidade institucional juntamente com enfraquecimento da legitimidade e da eficácia proporcionam o ambiente ideal para um com portamento de protesto Além dos protestos políticos os movimentos da juventude podem assumir outras formas incluindo movimentos estudantis movimentos culturais literários artísticos musicais movimentos religiosos e de base étnica movimentos ambientais movi mentos de pazantibélicos e movimentos con traculturais ver MOVIMENTO ESTUDANTIL CULTU RA DA JUVENTUDE PAZ MOVIMENTO PELA CON TRACULTURA Se o problema da rebeldia dos jovens e de suas manifestações contra a sociedade adulta pode remontar à Antigüidade os movimentos organizados da juventude como forças cons cientemente mobilizadas para a mudança são um fenômeno relativamente recente na his tória moderna que teve origem com a tendência ao nacionalismo Desde o início do século XIX houve cinco períodos destacáveis de extraor dinária atividade de movimento da juventude Jovem Europa 1815 a 1848 1860 a 1890 PósVitoriano 1890 a 1910 Grande Depres são 1930 a 1940 Geração 60 1960 a 1970 e Geração 80 1980 a 1990 O que começou como uma erupção sem precedentes de mo vimento da juventude quase dois séculos atrás nos anos 60 já havia atingido uma escala global Braungart e Braungart 1990b Esler 1971 Os movimentos da juventude são lutas de geração que incluem formas de conflito tanto inter quanto intrageracionais O conflito in tergeracional implica dois processos dinâmi cos Primeiro jovens denunciam instituições adultas por suas falhas e fraquezas Em seguida baseados em sua capacidade de mobilização Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento da juventude 487 jovens autorizam sua própria geração a promo ver a mudança desejada A existência do con flito intergeracional como força desestabiliza dora na sociedade aumenta a probabilidade do conflito intrageracional que ocorre quando u nidades de geração dentro da mesma geração competem pelo poder e o controle Mannheim 1952 Essas unidades de geração rivais podem ser espontâneas iniciadas pelos próprios jo vens ou promovidas por organizações adultas As unidades de geração representam o espectro de orientações políticas indo da esquerda à direita e de grupos moderados a grupos radicais ver também NOVA ESQUERDA NOVA DIREITA As explicações para os movimentos da ju ventude têm vindo de diferentes disciplinas As explicações psicológicas sociais concentramse nas características de desenvolvimento dos jo vens que promovem conflitos com base etária e orientações políticas discrepantes nas histó rias familiares específicas e nos traços de per sonalidade de jovens ativistas políticos bem como nas atitudes e comportamentos de parti cipantes de um movimento da juventude O motivo fundamental pelo qual os jovens são tão receptivos a formar movimentos da juventude e se engajar neles envolve as tendências de ciclo de vida do final da adolescência e início da idade adulta particularmente os avanços no pensamento cognitivo uma recémadquirida consciência social e política a busca de iden tidade o desejo de autodeterminação e inde pendência e a necessidade de coerência entre crença e comportamento Erikson 1968 Ke niston 1971 As explicações sociológicas para os movi mentos da juventude enfatizam a importância da socialização política especialmente família companheiros escola e meios de comunica ção as experiências vividas em comum por um grupo de jovens crescendo juntos em uma so ciedade em rápida transformação e as condi ções de sociedade e estruturas de oportunidade que facilitam a formação de movimentos da juventude Heberle 1951 Jenkins 1987 De forma semelhante as explicações históricas concentramse na natureza única e eruptiva dos movimentos da juventude e identificam algu mas de suas características cíclicas Cientistas sociais e historiadores têm observado igual mente que os movimentos da juventude tendem a surgir quando um grupo de jovens relati vamente grande sente que tem um conjunto de valores e experiências em comum que os tor nam uma geração excepcional e quando en frentam certas descontinuidades históricas e têm oportunidade de mobilização Esler 1971 Moller 1968 Um quadro interativo substan cial para o estudo e comparação de movimentos da juventude inclui a considerações dos efeitos de ciclo de vida grupo e período histórico e o modo como essas forças se combinam Braun gart e Braungart 1989 Estudos empíricos dos movimentos da ju ventude e seus participantes ganharam a aten ção mundial durante os anos 60 atenção que tem continuado desde então Algumas das prin cipais descobertas são que o desenvolvimento do curso de vida dos jovens a direção de seus pontos de vista políticos e se são radicais ou mais moderados é fortemente influenciado por experiências de socialização política em família Além disso os valores geracionais os laços sociais e as orientações políticas expres sas durante seus anos juvenis como ativistas têm probabilidades de continuar pela vida adul ta em vez de mudar ou desaparecer com o tempo Braungart e Braungart 1990a Whalen e Flacks 1989 O estudo dos movimentos da juventude be neficiase da abordagem interdisciplinar e in terativa que tenta descobrir como os efeitos do curso de vida do grupo e do período se com binam para produzir a atividade do movimento da juventude A análise pode ser realizada em inúmeros níveis histórico internacional na cional local grupal e individual São adequa das tanto a metodologia quantitativa quanto a qualitativa e recomendadas as metodologias qualitativas As investigações de pesquisa in dicam que os movimentos da juventude surgem em parte devido à incapacidade dos regimes políticos e da sociedade adulta de resolver ve lhos problemas e de se adaptar a novas condi ções O significado histórico e a difusão global dos movimentos da juventude são o testemunho da persistência dos jovens como força crítica e renovadora na história moderna Leitura sugerida Altbach PG 1989 Student Politi cal Activism an International Reference Handbook Braungart RG e Braungart MM 1986 Lifecour se and generational politics Annual Review of Socio logy 12 20531 Ο 1989 Generational conflict and in tergroup relations as the foundation for political gene rations In Advances in Group Process vol6 org por EJ Lawler e B Markovsky p179203 Eisenstadt Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 488 movimento da juventude SN 1956 From Generation to Generation Feuer Lewis S 1969 The Conflict of Generations Lipset SM e Altbach PG orgs 1969 Students in Revolt RICHARD G BRAUNGART E MARGARET M BRAUNGART movimento de libertação colonial Em par te alguma o governo colonial proporcionou al guma reconstrução radical da sociedade Os que estavam na base da pirâmide tenderam a afun dar ainda mais enquanto os benefícios da nova ordem iam para os que já se encontravam em melhor situação Fundaramse universidades abrindo oportunidades para os que podiam en trar nelas mas pouco se fez no campo da educa ção primária Em todas as colônias o anal fabetismo continuou a ser o destino comum as mulheres continuaram a ser em grande parte o segundo sexo Novas elites ocupando o pri meiro plano derivavam em grande parte das antigas embora como no Japão em processo de modernização não de suas camadas mais elevadas e fossilizadas Mesmo assim houve mudanças reais afe tando todas as classes Novos meios de trans porte e comunicação aceleraram a difusão de idéias A educação ocidental abriu muitas jane las ainda que a princípio apenas para uns pou cos os povos coloniais foram colocados em contato mais estreito uns com os outros bem como com a Europa Surgiram novos tipos de atividade comercial novas profissões como o direito ao estilo ocidental a medicina e o jor nalismo fizeram surgir uma intelligentsia mo derna Dentro de suas fileiras pôde nascer uma consciência nacional inspirando interesse pela história a língua e a cultura de uma nação A Índia rapidamente demonstrou um gênio es pecial para o pensamento jurídico uma de monstração de quanta capacidade mental jazia sem uso na Ásia com culturas requintadas e vida política semibárbara Os advogados viriam a desempenhar um papel imenso nos movimen tos nacionais do tipo mais pacífico Na Índia Gandhi Nehru e Jinnah eram todos formados em direito A idéia nacional teve origem na Europa Ocidental e daí por diante sempre houve como ainda há europeus lutando por uma independência nacional Quando patriotas em terra distante começaram a examinar o seu pró prio mundo encontraram uma ideologia pronta para ser assumida e heróis para serem emula dos como Guilherme Tell ou Garibaldi Alguns de seus países herdaram pelo menos um senso incipiente de nacionalidade como fez o Vietnã com suas lembranças tenazes de ataques chi neses repelidos muitos anos atrás Outros como a Índia e muitos países da África tinham pouca ou nenhuma consciência desse tipo embora a ocupação britânica da Índia tivesse sido obriga da a superar uma rígida resistência regional O governo ocidental gerava descontentamentos por um lado ambições por outro Ambas as coisas podiam levar à convicção de que o que era necessário a um povo era transformarse em nação e rumar para a liberdade Tal idéia só podia surgir a princípio em mentes com acesso à educação e ao exemplo estrangeiros para reunir força ela precisava expandirse muito mais Os líderes potenciais tinham que convencer seu povo de que o so frimento de muitos de seus membros se devia à injustiça estrangeira O que era conhecido nos círculos nacionalistas indianos no início deste século como a teoria do sorvedouro criada em parte por simpatizantes britânicos ensinava que a Índia era pobre devido ao tributo car regado ano após ano para a GrãBretanha Esse argumento e seus muitos paralelos em outros lugares tinha base em fatos bem como alguns exageros disfarçava o que era igualmente ver dade o fato de muitíssimos indianos e outros serem explorados por seus próprios conterrâ neos Se evidentemente esses conterrâneos to mavam o lado do estrangeiro quando de alguma luta decisiva sua má conduta social e sua ati tude impatriótica poderiam muito bem receber a devida ênfase Os ressentimentos assumiam muitas formas específicas todas ampliadas pelo impacto psi cológico do governo estrangeiro da arrogância do homem branco e de sua indisfarçada crença na inferioridade dos que se encontravam sob sua por vezes áspera autoridade Muitos dos que tinham qualificações modernas maiores ou menores tinham de competir por cargos no governo que eram sempre muito poucos à falta de outro tipo de emprego Os mais qualificados queriam que colocações melhores civis e mili tares lhes fossem abertas em vez de serem reservadas aos brancos Desejavam uma par ticipação no governo a princípio bastante mo desta Conseguiam encontrar aliados entre os empresários de tipo mais novo aprendendo os métodos dos negociantes e industriais estran Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento de libertação colonial 489 geiros aspirando em seguida a com eles rivali zar tal como fizeram nos anos 20 na indústria de juta em Bengala Era uma queixa cada vez mais insistente a de que a indústria nativa não era protegida por tarifas como acontecia nas nações industrializadas do Ocidente Em nível inferior e freqüentemente irrom pendo em pequenas revoltas ou distúrbios lo cais em geral totalmente isoladas de qualquer movimento nacional organizado havia protes tos contra impostos rurais pagos por campo neses ou em algumas colônias africanas im postos individuais a erosão dos direitos con suetudinários sobre as terras incultas ou nas florestas o trabalho compulsório e em alguns impérios especialmente o francês o recruta mento para os exércitos que todos os impérios formavam em suas colônias e geralmente usa vam no exterior até mesmo durante as duas guerras mundiais na Europa A decisão de modificar e por fim encerrar o domínio colonial podia seguir um caminho ba sicamente pacífico constitucional ou recor rer à força O caminho tomado dependia tanto da história da estrutura social e da cultura de um país quanto da atitude da potência gover nante As táticas de Gandhi com seu colorido emocionalmente religioso foram peculiares à Índia hindu só seriam praticáveis sob um re gime comparativamente liberal e moderado como o britânico Um vicerei francês ou ale mão em Déli teria dado ao Mahatma uma res posta bem mais rude A oficialidade britânica tinha de procurar estar em harmonia com a corrente de opinião da Inglaterra dando um pouco de tempo ao tempo Já tinha havido deslizes graves antes na Irlanda em 1798 na Índia em 18578 durante o Motim na Jamaica em 1865 É preciso acrescentar que os ingleses estavam contaminados mais que a maioria dos europeus pelo preconceito racial Mesmo as sim depois de 1858 só por uma vez no Punjab em 1919 em um caso de histeria de fim de guerra os ingleses e a Índia tiveram uma con frontação feroz O temperamento francês era mais militarista A autoridade francesa na In dochina apoiavase de modo demasiadamente pesado na Legião Estrangeira no Norte da Áfri ca essa autoridade notoriamente pertencia mais ao exército de ocupação do que ao governo em Paris Uma oposição séria só poderia assumir uma forma a da insurreição A explosão de 1857 pertenceu mais a uma Índia antiga do que à nova e não conseguiu espalharse para além do vale do Ganges Ela efetivamente reuniu muçulmanos e hindus e neste século foi encarada como o ponto de partida para o nacionalismo indiano A maior parte das províncias no entanto permaneceu quieta durante longos períodos depois de sua conquista de forma que o governo britânico pôde assumir um aspecto de naturalidade e permanência Uma geração depois do Motim agitavase um sentimento de um novo tipo po lítico a princípio dentro de uma elite que rece bera educação britânica nutrida pelos anais históricos ingleses de Hampden a Gladstone Em 1885 fundouse o Congresso Nacional In diano com algum estímulo britânico A prin cípio não passava de uma associação de mem bros da pequena elite profissional tomada de espírito público com educação e idéias ingle sas que se reunia anualmente para discutir as necessidades do país pouco a pouco essa pe quena elite aprendeu a mobilizar um amplo apoio popular para suas propostas e cresceu transformandose em partido político regular primeiro e maior da Índia A reação oficial foi providenciar cautelosas válvulas de segurança Uma delas foi a publicação de um jornal tole rado embora atentamente vigiado Estabele ceramse corpos governamentais locais eleitos para um âmbito reduzido de atuação e aos quais mais tarde se concedeu maior margem opera cional estes proporcionaram a políticos mui tos deles advogados sua primeira plataforma Os ministros da Coroa foram deixando tácito embora sem assumir compromisso algum que a Índia estava sendo treinada para se autogover nar em algum futuro não especificado Esse reformismo moderado respeitado por ambas as partes do lado indiano foi acompa nhado por manifestações eloqüentes e nãoin sinceras de lealdade à ligação com a GrãBreta nha Não obstante a impaciência crescia Todas as colônias britânicas de população branca já se autogovernavam foi um processo paralelo à ampliação dos direitos de voto na Inglaterra e a revolução norteamericana servira de aviso contra as postergações Mas os indianos não podiam deixar de perguntar por que nesse as pecto tinham de ser preteridos aos africânderes bem poucos anos depois da Guerra dos Bôeres quando estes já haviam sido denunciados como piores do que bárbaros Bengala a mais antiga Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 490 movimento de libertação colonial província britânica foi a primeira a começar a se insurgir nos anos anteriores a 1914 com um boicote às mercadorias britânicas e alguma ati vidade terrorista limitada Nesse caso a Irlanda foi o modelo No período 191418 o Congresso Nacional tanto se expandiu quanto assumiu feição mais radical Isso foi um reflexo das pressões do tempo de guerra sobre a Índia Economicamente houve um boom que for taleceu os setores comercial e industrial ao mesmo tempo que os preços altos e a escassez infligiam graves sofrimentos ao povo Poli ticamente falavase muito do lado aliado que aquela era uma guerra pela liberdade e o pro gresso nacionalistas de muitos países tão dis tantes até quanto a Coréia imaginaram que o estabelecimento ao final da guerra da Liga das Nações era o arauto de uma nova era Gandhi era agora o espírito mobilizador no Congresso com sua tática de mobilização de massas combinada à nãoviolência e à de sobediência civil Essas táticas tiveram mais apelo junto às classes médias operários e cam poneses estavam se organizando dentro de li nhas diferentes com liderança parcialmente co munista e os pontos críticos em suas lutas não coincidiam com os do movimento nacional Para esse movimento isso era uma fraqueza mas ao mesmo tempo preservou o congresso da divisão de classes interna e da contaminação socialista Empresários ricos sempre avessos ao nacionalismo de esquerda não tardaram portanto a oferecer apoio financeiro Tinham muitas esperanças na independência Outra de ficiência do Congresso era que permanecendo de vários modos como um organismo social mente conservador tinha uma ala direitista so lidamente hindu e antimuçulmana Jawaharlal Nehru com suas simpatias socialistas queria que o Congresso atraísse as massas muçul manas atendendo as suas queixas sociais e econômicas isso era algo que o Congresso não podia fazer pois essas queixas se dirigiam con tra os hindus mais ricos bem como contra os britânicos A partir do final dos anos 30 os comunalistas muçulmanos que pregavam a se paração começaram a ganhar terreno Durante os anos da guerra a Liga Muçulmana enca beçada por Jinnah teve plena liberdade para difundir sua propaganda enquanto o Congresso ficava na oposição e seus líderes depois da derrota do Levante de Agosto de 1942 es tavam na prisão Depois da guerra a independência era inevi tável no mínimo porque a Inglaterra estava cansada e não podia mais contar com a lealdade das agora enormes forças armadas indianas O governo trabalhista eleito em 1945 teve sen sibilidade suficiente para reconhecer esse fato e a independência veio em 1947 mas vieram também as divisões e os massacres comunais em uma escala horrenda o mergulho em um derramamento de sangue que a política gan dhiana havia sido criada para impedir Com a perda da Índia seguiramse necessariamente a Birmânia e o Ceilão Os ministros trabalhistas demoraram a perceber que a África estava des pertando mas em 1960 quando a Nigéria foi libertada os tóris ingleses também concorda ram em que não havia alternativa Fizeram uma exceção para as colônias onde ocorrera o es tabelecimento de populações brancas Na Áfri ca Ocidental o clima e as doenças haviam impedido que isso acontecesse No Quênia e na Rodésia travaramse guerras de guerrilha Por toda parte no mundo colonial os anos de colapso em torno de 1930 foram uma época calamitosa e intensificaram o desagrado com relação ao domínio ocidental Na Indonésia e na Indochina houve tentativas de levantes ar mados Depois de 1945 os holandeses lutaram em vão para recuperar o controle da Indonésia onde o partido nacionalista se havia ampliado como na Birmânia sob o patronato japonês Desacreditado pela queda da França durante a guerra o império francês não conseguiu res tabelecerse nem através de massacres na Ar gélia e em Madagascar nem por meio da inau guração em 1946 de uma União Francesa que do império só diferia no nome No Vietnã havia muitos motivos de descontentamento en tre eles a tomada da terra a ser transformada em plantações pelos colonos franceses e os maus tratos impostos aos trabalhadores A restaura ção do poder francês sofreu resistência imedia ta no Norte a iniciativa foi rapidamente toma da por Ho Chi Minh e os comunistas os quais tal como na Malaísia haviam combatido os japoneses enquanto os franceses se haviam submetido a eles Eram recrutados principal mente entre o campesinato mas como em mui tos países receberam a adesão de estudantes e de forma mais gradual de boa parte da in telligentsia desatualizada e predominantemen te rural Operações de guerrilha levaram em estágios à criação do exército que em 1954 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento de libertação colonial 491 derrotou e capturou um exército francês em DienBienPhu Os franceses desistiram e se retiraram mas seu lugar foi rapidamente tomado pelos norte americanos que até 1972 persistiram na ten tativa terrivelmente destrutiva de esmagar o movimento nacional Nesse intervalo poucos meses depois de DienBienPhu prorrompeu a revolta argelina liderada pela FLN Frente de Libertação Nacional Os argelinos também ha viam sido privados de grande parte de sua terra para dar lugar a fazendeiros franceses ou cos mopolitas A Argélia era na teoria ou na ficção legal parte da França não uma colônia e os colonizadores apoiados pelo exército vetaram qualquer idéia de retirada Em 1958 caiu a Quarta República do pósguerra e De Gaulle voltou ao poder Em 1961 ele por sua vez foi quase derrubado pelo exército mas em 1962 estava suficientemente forte além de suficien temente racional para abandonar o conflito A luta não havia ultrapassado o nível da guerrilha mas já havia infligido um dano imenso ao povo argelino Em 1919 a Terceira Internacional ou Inter nacional Comunista foi estabelecida em Mos cou com um programa de atividade nas colô nias bem como no Ocidente O socialismo geralmente em sua forma comunista tornouse fator de agitação nacionalista praticamente por toda parte especialmente quando havia luta envolvida Eralhe possível assumir o primeiro plano ou porque como no Vietnã e na China os partidos de classe média não conseguiam mostrar as qualidades necessárias ou porque não existiam essas classes ou partidos como na África portuguesa Dentro de vários movimen tos nacionalistas havia uma controvérsia crôni ca quanto a se a filiação ou colaboração co munista deveria ser aceita e dentro dos partidos comunistas quanto a se deviam colaborar com nacionalistas burgueses ou se manter à parte e organizar a classe operária e o campesinato separadamente Na Índia os comunistas foram sempre encarados com suspeita pelos conser vadores do Congresso e seus aliados capitalis tas bem como pelos zelotes religiosos e eles próprios encaravam o Congresso e Gandhi pes soalmente como timidamente reformistas e conciliadores Ficaram de fora do levante de 1942 quando o Congresso esteve mais perto de adotar táticas revolucionárias como as deles próprios pois isso seria prejudicial ao esforço de guerra e conseqüentemente à União Sovié tica Com isso perderam boa parte do respeito do público Muito do valor dos movimentos de liberta ção colonial reside no efeito que tiveram sobre estruturas sociais arcaicas sacudindoas mais intensamente que o governo colonial em alguns sentidos fossilizante conseguira fa zer As mulheres por exemplo assumiram pa pel considerável nas atividades tanto políticas quanto militares O esforço armado exigia que as energias populares fossem plenamente recru tadas Onde ele triunfou os colaboradores na tivos do regime colonial foram varridos junto com o próprio regime embora uma guerra tão devastadora quanto a do Vietnã possa deixar um país exaurido demais para qualquer espécie de recuperação rápida Por outro lado quanto mais superficial o esforço mais probabilidades de o governo imperial ser trocado apenas por um governo neoliberal As colônias que se vi ram sozinhas sem preparo algum como as da África subsaariana largadas por De Gaulle ou o Congo pela Bélgica ficaram em estado de estagnação ou de caos A Malaísia permaneceu sonolenta desde que os britânicos depois de derrotarem um levante de guerrilha por parte da metade chinesa da população confiaram o po der aos malaios nativos e a seus chefes cau telosamente conservadores Quando a Índia se tornou livre o serviço público treinado pelos ingleses que se mos trara leal até o último momento aos antigos senhores foi assumido inalterado por seus su cessores mas sua inércia foi contrabalançada pela perspectiva radical de Nehru e da ala mais progressista do Congresso A Índia permaneceu fiel ao modelo britânico de governo parlamen tar Depois de conflitos armados como na Chi na e em Cuba o resultado mais provável era alguma forma de ditadura de esquerda Onde não houve nenhuma luta popular significativa como nas Filipinas no Paquistão ou no Congo o resultado foi uma ditadura de direita Ver também COLONIALISMO Leitura sugerida Betts Raymond F 1985 Uncertain Dimensions Western Overseas Empires in the Twen tieth Century Davidson Basil 1955 The African A wakening Fanon Frantz 1961 1983 The Wretched of the Earth Gupta Partha Sarathi 1975 Imperialism and the British Labour Movement 191464 Hodgkin Thomas 1981 Vietnam the Revolutionary Path Kier nan VG 1982 From Conquest to Collapse European Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 492 movimento de libertação colonial Empires from 1815 to 1960 Mansfield Peter 1971 The British in Egypt Sarkar Sunit 1989 Modern In dia 18851947 Seal Anil 1968 The Emergence of Indian Nationalism Wolf Eric R 1971 Peasant Wars of the Twentieth Century VG KIERNAN movimento de mulheres Evocando uma co letividade de mulheres que se mobilizam para protestar ou para sair em busca de objetivos em comum essa descrição é usada em geral simultaneamente com movimento feminista mas os movimentos de mulheres antecedem o FEMINISMO e podem ser diferentes dele São movimentos sociais que exibem uma heteroge neidade de objetivos e formas de associação ou de organização ver também MOVIMENTO SO CIAL Os movimentos de mulheres têm surgido em todas as regiões do mundo e são mencionados na maior parte da história documentada O Co rão referese a um levante de mulheres no Sul da Arábia as quais segundo os estudiosos estavam protestando contra a proibição por Maomé de que as mulheres exercessem o co mércio A história da América Latina e da Áfri ca coloniais contém exemplos de escravas e camponesas rebelandose contra as leis ou prá ticas do estado imperial ou mobilizandose para defender seus interesses econômicos Na Europa do século XVIII mulheres formaram suas próprias associações algumas das quais participaram da Revolução Francesa Mais tar de no tumulto revolucionário da década de 1840 os movimentos de mulheres se desenvol veram e foi fundado um jornal em defesa dos direitos das mulheres Les Voix des Femmes As Vozes das Mulheres Embora houvesse com parativamente poucos desses primeiros movi mentos e eles tenham permanecido isolados e esporádicos sua incidência volume e ímpeto cresceram nos séculos XIX e XX à medida que a sociedade civil se desenvolvia e que as restri ções que inibiam as mulheres de entrar na vida social e política iam se enfraquecendo Foi no século XIX que mulheres de muitas regiões do mundo começaram a se organizar contra as desigualdades baseadas no sexo e a exigir reformas jurídicas visando remover os controles patriarcais na família e na sociedade em geral Algumas dessas iniciativas foram to madas por indivíduos ou grupos independentes algumas elaboradas em associação com mo vimentos mais amplos por mudanças sociais algumas com partidos políticos As idéias de emancipação das mulheres eram particular mente atraentes àqueles inspirados pelas idéias do Iluminismo Movimentos nacionalistas libe rais socialistas e modernizantes foram forças importantes em apoio a mudanças jurídicas e sociais na posição das mulheres tendo atraído muitas ativistas para suas fileiras Apesar de todas as suas diferenças ideológicas elas ti nham em comum um amplo compromisso com a construção de uma sociedade moderna na qual as estruturas tradicionais da sociedade patriar cal e as formas de estado associadas à opressão das mulheres seriam substituídas por uma for ma de administração civil mais racional justa e igualitária Embora idéias e textos feministas possam ser encontrados em muitos séculos anteriores foi também no século XIX que o feminismo pela primeira vez surgiu como força ideológica e política influente A palavra feminista foi usada por militantes pelos direitos das mulheres não apenas nos Estados Unidos e na Europa mas também em países como Japão Turquia Rússia Argentina Filipinas e Índia Embora abrigasse divergências em seus objetivos e es tratégias e portanto estivesse aberto a uma variedade de interpretações o feminismo em diferentes contextos regionais e culturais es tava associado a um compromisso com o fim da desigualdade sexual e a emancipação das mulheres da opressão Os primeiros movimen tos feministas como a Associação Feminista Filipina fundada em 1905 ou o Seito Meia Azul estabelecido no Japão em 1911 fizeram campanha pelo voto e o acesso à educação ao mesmo tempo em que se opunham à discrimi nação baseada no sexo e buscavam melhorar a situação jurídica das mulheres Essas associa ções de mulheres buscavam seus objetivos a partir de uma variedade de diferentes pontos de vista Alguns como a Sociedade das Mulheres Persas de 1911 enfrentaram atitudes e leis religiosas profundamente entranhadas outros trabalharam dentro do contexto de estados libe rais por maior igualdade jurídica e pelo voto outros ainda ligaram sua luta por igualdade a uma revolução socialista Em regiões menos desenvolvidas do mundo como Turquia Índia China e Egito as associações feministas viam seus interesses representados dentro do projeto de um nacionalismo modernizante enquanto outras permaneciam independentes dos parti Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento de mulheres 493 dos políticos comprometidas com uma inter pretação mais radical da idéia de libertação das mulheres que ia além da igualdade dos direitos para abraçar questões de sexualidade e relações interpessoais A história do feminismo dividese em dois períodos amplos A primeira onda como às vezes é chamada é a do período de 1860 a 1920 É representada acima de tudo por direitos iguais e movimentos reformistas os maiores e mais bemsucedidos dos quais foram os dos Estados Unidos e GrãBretanha A primeira convenção pelos direitos das mulheres na América do Nor te foi realizada em 1920 de julho de 1848 em Seneca Falls e é às vezes encarada como o momento fundador do feminismo ocidental Na GrãBretanha a primeira onda feminista alcan çou sua mobilização mais significativa no iní cio do século XX com as lutas pelo sufrágio feminino que culminaram com a vitória em 1918 O segundo período de maior força organiza cional do feminismo começou no final dos anos 60 Brotou do clima de radicalismo estudantil na Europa e nos Estados Unidos fez parte do movimento pelos direitos civis O feminismo da segunda onda ergueuse a partir das percep ções de algumas das primeiras teóricas como Simone de Beauvoir e gerou maior diversidade de abordagens teóricas objetivos e estratégias do que seus predecessores Os movimentos fe ministas desse período são convencionalmente divididos em duas correntes principais uma tipificada como movimento reformista preocu pavase principalmente em obter direitos iguais e em eliminar a discriminação contra as mu lheres a outra caracterizada como a tendência de libertação das mulheres preocupavase em realizar um programa mais radical de mudança social e continha correntes radicais e revolucio nárias Enquanto a primeira corrente típica da tendência dominante nos Estados Unidos es tava ligada a uma maior integração e influência sobre o sistema político e à realização de uma série substancial de reformas jurídicas a última mais característica dos movimentos europeus mostravase mais crítica quanto às medidas reformistas e defendia iniciativas de autoajuda local dentro de uma forma de associação an tielitista e descentralizada Ambas as varieda des porém partilhavam uma perspectiva co mum com relação a algumas questões e certos objetivos e em ambos os casos a campanha pelo aborto voluntário se tornou uma questão mobilizadora tão importante quanto havia sido o sufrágio para a primeira onda feminista A segunda onda feminista foi um dos movi mentos sociais mais importantes do período do pósguerra tendo sido capaz de mobilizar gran de número de mulheres Em 1985 nos Estados Unidos a National Organization of Women NOW reformista tinha em seu quadro 14 de milhão de associadas enquanto que na Grã Bretanha Itália e França as manifestações de mulheres em campanhas por questões especí ficas podiam atingir 34 de milhão Fora do mundo anglosaxão as feministas também co meçaram a se organizar a partir do início dos anos 70 surgiram grupos feministas na Iugos lávia México Peru Índia e até na União Sovié tica Algumas dessas iniciativas evoluíram para movimentos sociais significativos nos anos 80 Foi só em tempos comparativamente recen tes em seguida ao advento da segunda onda feminista que os movimentos de mulheres começaram a receber a atenção dos estudiosos Analistas de fenômenos políticos como movi mentos sociais urbanos revoluções e levantes populares tendiam a concentrar a atenção na dinâmica de classe e a ignorar de maneira geral o conflito quanto às linhas de gênero e etnia Como resultado raramente reconheciam a pre sença de mulheres nesses movimentos ou con sideravam as características específicas con feridas por sua participação e pelos próprios esforços independentes de organização das mu lheres Historiadoras e cientistas sociais femi nistas encarregaramse de reparar essa ausên cia a fim de recuperar o que na expressão de Sheila Rowbotham havia sido escondido da história O crescente interesse pelos movimentos de mulheres tem gerado estudos dos vários tipos de ação coletiva feminina que têm ocorrido e isso vem revelando a amplitude de atividades políticas em que as mulheres se engajam Essa atividade variou dos movimentos espontâneos de protesto de tipos variados até campanhas feministas por direitos iguais e nos anos 80 mobilizações conservadoras ou fundamentalis tas de mulheres nos Estados Unidos e no mundo islâmico Tal variedade de mobilizações de monstra que as mulheres não apenas foram agentes políticos significativos como também se mobilizaram coletivamente na busca de uma ampla variedade de objetivos às vezes a prio Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 494 movimento de mulheres ridade era alcançar maior igualdade sexual em outras ocasiões era dar apoio a objetivos políti cos mais amplos e em outras ainda era apoiar mudanças jurídicas que por motivos religio sos exigiam uma definição e às vezes como no caso dos movimentos antiaborto uma restri ção de seus direitos anteriores Esse trabalho de descoberta tem levado a uma reavaliação da participação política das mulheres e ajudado a minar a visão comumente aceita de que as mulheres não são agentes polí ticos e de que sua esfera adequada de influência é dentro do domínio natural da esfera privada Se estudiosas feministas reconheceram a mas culinização do espaço político e a exclusão his tórica das mulheres desse espaço também des tacaram que o feminismo ampliou o significado da própria política passando a incluir resistên cia e confronto com respeito a relações de poder tanto no âmbito privado quanto na sociedade como um todo Em geral a análise dos movimentos de mulheres tem levado alguns autores a propor que eles representam acima de tudo desafios informais à corrente política pre dominante Tal como outros novos movimen tos sociais o desafio representado pelos mo vimentos de mulheres se estende também às concepções ortodoxas sobre o conteúdo e do mínio apropriado da política contido no slogan feminista O pessoal é político A variedade e o caráter do movimento de mulheres têm colocado várias questões analíti cas ainda por resolver A primeira diz respeito à necessidade de diferenciação entre os varia dos graus de ação social coletiva de tal forma que movimento significa um avanço qualitativo e quantitativo com respeito a formas de solida riedade ou de associação que podem ser peque nas em escala dispersas e relativamente de pouco poder Essas últimas formas que pode riam surgir com base em uma acanhada cultura de mulheres incluem redes de comunicação clubes e círculos literários Se por um lado elas podem marcar o início de um movimento ou formar uma parte dele são analiticamente dis tintas dele com respeito a força numérica poder organizacional e impacto social Uma segunda questão é se o feminismo pode ou deve gerar objetivos capazes de ter uma aplicação universal Virginia Woolf escreveu Como mulher não tenho pátria Como mulher não tenho necessidade de uma pátria O slogan de Robin Morgan nos anos 70 A irmandade é global foi criticado por feministas negras e do Terceiro Mundo por presumir que mulheres de todas as classes e de todas as religiões neces sariamente partilhavam interesses e laços de solidariedade comuns Elas propunham uma visão mais diferenciada dos interesses das mu lheres como sendo formados por fatores tais como classe e etnia de modo que podiam levar a relações de dominação e subordinação entre mulheres Seguiuse que os objetivos do femi nismo estariam sujeitos a alguma variação e diferentes movimentos formularam suas priori dades de acordo com isso Embora tal reco nhecimento não precisasse negar que seria pos sível criar alguma base para a ação coletiva e objetivos comuns significava que a solidarie dade entre mulheres não era dada somente pelo fator do gênero Embora a diversidade de lutas feministas dentro de um dado país ou região do mundo torne enganosas as generalizações simples cer tas diferenças têm destacado a variedade oci dental da maior parte das outras variedades de feminismo incluindo seu maior compromisso com a autorealização individual dentro do qual questões de sexualidade linguagem e cul tura têm sido postas em destaque Em contraste muitas feministas das regiões póscoloniais do mundo formularam seus objetivos dentro de uma estratégia geral que dá prioridade ao traba lho entre os pobres à independência nacional e à mudança econômica e social Uma terceira questão correlata gira em tor no dos objetivos que os movimentos de mu lheres em oposição aos confessadamente femi nistas têm tendido a buscar Historicamente e em uma perspectiva transcultural uma forma recorrente de movimento de mulheres surgiu com base nos papéis das mulheres na família Esses movimentos tipicamente implicam lutar pela provisão de necessidades básicas ou por direitos de CIDADANIA Tais movimentos têm duas características principais Estão estreita mente identificados com construções sociais particulares de feminilidade e maternidade e estão ligados a essas identidades de modo im portante As mulheres que participam desses movimentos ou ações em geral encaram seu envolvimento político como uma extensão na tural de seus papéis na família e como baseado em sentimentos primordiais intrinsecamente femininos Em segundo lugar como função disso as participantes dessas formas de luta Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento de mulheres 495 tendem a formular o objetivos de suas ações em termos amplamente altruístas e não em termos destinados a promover seus interesses pessoais como mulheres Na maioria dos casos seus interesses se identificam estreitamente com o lar o bemestar de seus membros e suas condi ções de existência na comunidade Exemplos de tais movimentos baseados no papel da mu lher são as mobilizações de mulheres nas gran des favelas da América Latina exigindo como didades básicas e os movimentos de mães surgidos de forma atípica porém nãoexclu siva em regiões onde a maternidade desfruta de um status social especial conferido pela religião e pela cultura Movimentos de mães como as Madres de la Plaza de Mayo na Argentina ou iniciativas em favor da paz como as Mulheres de Luto que surgiram em inúmeros países incluindo Israel são essencialmente movimen tos de protesto contra a violência do estado e seus membros tendem a ser arregimentados entre parentes em geral mães e avós de víti mas da repressão ou da guerra Tais movimen tos de protestos têm surgido em geral em contextos onde a repressão ou violência de estado esmagou outras formas de oposição or ganizada Essas formas de mobilização feminina an teriormente consideradas a antítese do feminis mo autoconsciente sofreram certa reavaliação nos anos 80 A pluralização dos pontos de vista a respeito de como caracterizar os interesses das mulheres foi acompanhada por um questio namento dos modelos de libertação das mu lheres visando eliminar diferenças entre os pa péis sociais de mulheres e homens Em vez de as mulheres se adaptarem aos papéis dos ho mens algumas feministas defenderam a reco locação e a reavaliação da feminilidade e dos papéis tradicionais das mulheres dentro da fa mília Uma conseqüência foi o fortalecimento da convicção dentro de algumas correntes do feminismo de que algumas mulheres eram do tadas de atributos especiais seja pela natureza ou pela socialização e que estes estavam ligados à condição de mãe atividade que pre dispunha as mulheres à criação e explicava suas preocupações políticas com questões como paz vida social e democracia Um dos indícios mais claros dessa tendência foi o Manifesto das Mães emitido por uma sessão do Partido Verde alemão ocidental em 1987 que exigia o reco nhecimento da importância política da condi ção de mãe e incluía exigências tais como a revisão do planejamento urbano o pagamento de pensões para as que tomavam conta da casa emprego flexível maior tempo de lazer e faci litação da atividade política para as mães Embora se afirme às vezes que movimentos desse tipo com base no papel das mulheres são os exemplos extremos da política de mulheres existe um recurso ao NATURALISMO em sua ca racterização das mulheres como mais éticas que os homens mais dispostas a conciliar mais democráticas e mais amantes da paz Essa abor dagem tem sido criticada por idealizar e essen cializar atributos de gênero em geral também exclui uma consideração da construção social desses atributos e de outras formas de participa ção política feminina que não se conformam ao modelo comportamental o mesmo o contradi zem plenamente Leitura sugerida Jayawardena Kumari 1986 Femi nism and Nationalism in the Third World Rowbo tham Sheila 1974 Women Resistance and Revolution MAXINE MOLYNEUX movimento ecológico Formada no final dos anos 70 a Aliança Política Alternativa alemã ocidental ou Partido Verde foi amplamente saudada como um importante novo caminho na política européia O movimento reuniu rema nescentes das radicalizações estudantis dos anos 60 alguns elementos da esquerda marxista extraparlamentar iniciativas dos cidadãos lo cais e novos movimentos sociais como o dos ativistas pelos direitos dos homossexuais eco logistas feministas e militantes antinucleares e pela paz junto com elementos mais conser vadores e libertários No final dos anos 80 havia partidos políticos verdes em praticamente todos os países euro peus incluindo o Reino Unido onde o minús culo Ecology Party mudou o nome para Green Party Partido Verde em 1985 Até agora a conquista eleitoral mais destacada dos verdes britânicos foi seu resultado nas eleições de 1989 para o parlamento europeu quando seus can didatos receberam um total de 325 milhões de votos Embora as manifestações mais visíveis do movimento verde sejam os partidos verdes e os grupos de pressão dos ambientalistas radicais é importante ter em vista certa distinção entre o movimento e suas expressões políticas Muitos verdes continuam desconfiados e até hostis com Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 496 movimento ecológico relação aos partidos políticos mesmo nos casos em que o partido proclama ser um tipo de partido radicalmente novo Também as conces sões de estrutura e dos programas partidários impostas pelas vicissitudes da política eleitoral levaram alguns partidos verdes a se afasta rem das concepções verdes radicais de muitos de seus membros e defensores mais funda mentalistas O tema unificador do movimento é uma inquietação profunda quanto às con seqüências ambientais do fornecimento de pa drões de crescimento econômico em escala glo bal Diferentemente dos ambientalistas que buscam a reforma os verdes não fazem fé em avanços tecnológicos nem em melhorias do gerenciamento ambiental Para eles a crise am biental demanda nada mais nada menos que uma profunda transformação da vida política social e econômica a criação de uma sociedade sustentável Existe muita coisa em comum en tre os verdes mas é questionável se determina do programa político decorre dessas preocupa ções e é verdade que é possível encontrar par tidos com pretensão o rótulo de verde abra çando programas tradicionalmente associados com a esquerda e a direita do espectro político O Partido Verde alemão tem sido um dos mais bemsucedidos e também tem exercido muita influência como modelo para partidos verdes em outros países Seu programa político relaciona uma transformação econômica ecolo gicamente necessária com questões de justiça social direitos das mulheres paz autonomia regional e local liberdades civis e democracia radical Tentando combinar ação extraparla mentar com política eleitoral os verdes es tabeleceramse como um partido político de âmbito federal na Alemanha Ocidental em 1980 Seus primeiros desempenhos nas urnas foram irregulares refletindo diferenças locais em termos de consciência popular e do preexis tente equilíbrio de forças bem como divisões entre facções de esquerda e de direita dentro dos próprios verdes Depois da saída dos principais grupamentos de direita os verdes consolidaram e expandiram seu apoio eleitoral rompendo a barreira dos 5 para entrar no parlamento fe deral nas eleições de 1983 Sua base eleitoral tem sido ampla embora conseguida despropor cionalmente entre os setores mais jovens mais bem instruídos de classe média e profissionais liberais Nas questões sociais e econômicas os defensores do Partido Verde ficam em geral à esquerda do Partido SocialDemocrata SPD e se não são eleitores pela primeira vez prova velmente têm uma história de apoio ao SPD Refletindo os valores democráticos radicais dos membros do movimento verde o Partido Verde partiu para ser um partido de novo tipo com uma constituição criada para manter um con trole popular descentralizado sobre programas de ação liderança representantes parlamen tares e alocação de recursos e também para garantir plena participação por parte dos mem bros femininos Os programas dos verdes são uma concilia ção entre as diferentes tradições políticas reuni das no movimento No campo da defesa a oposição às armas nucleares combinase à visão de uma Europa nãoalinhada e ao rompimento dos principais blocos militares O programa econômico dos verdes favorece a descentraliza ção a autogestão dos trabalhadores e uma reo rientação da produção para atender a neces sidades de acordo com os mecanismos autore guladores da natureza O compromisso pura mente quantitativo com o crescimento mantido tanto pelo regime socialista de estado quanto pelo capitalista é rejeitado em favor de uma abordagem seletiva ligada à necessidade à sus tentatibilidade e à qualidade da vida Esses valores democráticos e igualitários são evi dentes também no apoio dos verdes aos objeti vos feministas à ampliação das liberdades civis e aos movimentos de libertação do Terceiro Mundo Werner Hülsberg distinguiu quatro tendên cias principais dentro dos verdes da Alemanha Ocidental Os ecosocialistas favorecem a consolidação dos verdes como força política à esquerda do SPD insistem no apoio às lutas defensivas dos trabalhadores e defendem um socialismo de orientação ecológica construído sobre uma nova base técnicomaterial Os fun damentalistas defendem a necessidade de uma revolução cultural ou espiritual em que as falsas necessidades de consumo engendradas pelo capitalismo sejam abandonadas em favor de um modo de vida qualitativamente diferente Comunidades pequenas autogeridas e de gran de sociabilidade seriam responsáveis pelo aten dimento de suas próprias necessidades básicas e a vida seria sustentada com um nível muito menor de consumo material O pensador mais influente dessa tendência é Rudolf Bahro Os ecolibertários são um grupamento diverso Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento ecológico 497 que favorece as propostas em favor de uma renda básica nãorelacionada com o trabalho e de uma economia dual que permitiria aos indivíduos mais liberdade para o autodesenvol vimento o estudo e o trabalho autônomo No decorrer dos anos 80 os verdes da Alemanha Ocidental serviram de modelo para os movi mentos verdes que foram surgindo em toda a Europa Ocidental e existem paralelos estreitos bem como laços diretos entre esses movimen tos e os movimentos ambientais de protesto da Europa Oriental Embora sejam até agora um fenômeno predominantemente europeu exis tem movimentos verdes comparáveis nos Es tados Unidos Austrália Nova Zelândia Japão e em inúmeros países do Terceiro Mundo Ver também AMBIENTALISMO Leitura sugerida Bahro R 1984 From Red to Green Capra F e Spretnak C 1984 Green Politics Hüls berg W 1988 The German Greens Parkin S 1989 Green Parties an International Guide Porritt J 1984 Seeing Green Ryle M 1988 Ecology and Socialism TED BENTON movimento estudantil Se os recentes mo vimentos de base estudantil surgiram em es treita relação com problemas internos da uni versidade logo se concentraram de maneira crítica em aspectos mais gerais da sociedade Durante os anos 60 os movimentos estudantis tornaramse um fenômeno social maciço A campanha da Livre Expressão em 1964 no campus de Berkeley na Califórnia deflagrou o movimento e a inquietação e o ativismo es tudantis se difundiram por universidades em todos os Estados Unidos Europa Extremo Oriente e América Latina Os movimentos es tudantis desenvolveram novas formas de pro testo sitins piquetes em massa greves de braços cruzados happenings e reuniões de mas sa eram ocorrências quase que diárias Os estu dantes envolveramse profundamente no mo vimento pelos direitos civis dos negros or ganizaram reuniõesmonstro em oposição à Guerra do Vietnã e se manifestaram em apoio a movimentos de libertação nacional do Terceiro Mundo Na França o governo de Charles de Gaulle foi substituído na esteira do movimento estudantil de maio de 1968 Em outros centros Londres Roma Berlim Ocidental Tóquio o protesto estudantil em geral desempenhou um papelchave na vida política e social e corpori ficou formas importantes de renovação cul tural Os movimentos estudantis porém foram suprimidos ou desintegrados depois de uma década de protestos e desde essa ocasião não se impuseram sobre a sociedade de forma tão conspícua Não obstante lançaram as funda ções sobre as quais os futuros movimentos dos anos 70 e 80 viriam parcialmente a se erguer ver MOVIMENTO SOCIAL Tanto os teóricos sociais como os agentes estudantis têm apresentado diferentes interpre tações para o protesto estudantil concebido como expressão ao mesmo tempo de crise e de conflito A crise da universidade A análises funcionalista buscou uma ex plicação para o emergente movimento estudan til basicamente em termos de uma crise ins titucional da universidade A mudança de fun ção das universidades de instituições educacio nais da elite para a produção em massa e o profissionalismo Jencks e Riesman 1968 acarretou problemas internos na universidade disfunções e declínio da comunidade acadêmi ca o que foi usado para explicar a inquietação estudantil Os estudantes criticaram a institui ção universitária por suas estruturas tecnocráti cas em grande escala e suas burocracias impes soais que dificilmente se mostravam in clinadas a satisfazer as preocupações de educa ção e pesquisa por seu mandarinato intelec tual e suas atitudes antidemocráticas Lipset e Wolin 1965 No todo a crise da universidade foi vista como algo provocado por um processo de modernização da educação superior O significado social do protesto estudantil Nos anos 60 muitas discussões acaloradas tanto entre estudantes quanto entre os teóricos sociais relacionavamse à questão do tipo de agentes sociais que eram os estudantes Deviam ser considerados em termos de classe social Seriam agentes revolucionários Essas contro vérsias marcaram profundamente a chamada Nova Esquerda no movimento estudantil Para alguns os estudantes eram vistos como aliados do movimento operário Amplos setores do mo vimento estudantil obtiveram sua autocons ciência a partir das análises teóricas neomarxis tas que os consideravam agentes revolucioná rios engajados em uma luta anticapitalista an tiestado e antiimperialista O movimento es Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 498 movimento estudantil tudantil não suplantou o movimento operário mas agiu como sua vanguarda tornandose o guardião da consciência proletária derivando sua significação social do fato de lutar em nome do proletariado com vistas ao rompimento total com as instituições e a cultura burguesas Ou tros viam os estudantes como um elemento periférico potencialmente revolucionário O pressuposto da teoria crítica ver ESCOLA DE FRANKFURT era que devido à ciência e à tecno logia a desgraça social fora amplamente redu zida e as condições que de forma objetiva moti vam uma revolução se esvaíram Altamente in tegrada manipulada e dominada por estruturas tecnocráticas em grande escala a sociedade ca pitalista avançada permitia que seus críticos po tenciais se originassem apenas nas periferias do sistema integrado Estes podiam ser estudantes hippies minorias sexuais e outros grupos sociais marginais Escapando em certa medida à do minação total sua recusa subjetiva às estruturas e à dependência em relação a necessidades exis tentes os transformava em categorias potencial mente revolucionárias Marcuse 1964 Criticando as interpretações acima o movi mento estudantil foi colocado em vez disso no reino do simbólico no sentido de ser visto como criador de novas sensibilidades e ampliador do espaço público O protesto estudantil foi com preendido como altamente significativo por motivos simbólicos contanto que permaneces se nãoviolento e os ativistas estudantis não se confundissem como sendo agentes diretamente revolucionários Habermas 1969 Finalmente o protesto estudantil foi inter pretado como um movimento social Essa abor dagem teórica afirmava que as sociedades mo dernas estavam entrando em um estágio pósin dustrial em que não era mais a fábrica e sim áreas culturais como educação saúde comu nicação de massa informação que se estavam tornando o ponto central do conflito social Foi essa perspectiva que conferiu um significado social potencialmente crucial aos movimentos estudantis O protesto estudantil foi portanto examinado para se descobrir nele a possível presença de um novo movimento social vale dizer perguntar se ele implicava conflito entre adversários sociais pelo controle de um campo cultural Análises minuciosas de dados sobre o movimento de maio na França mostraram no entanto que o movimento estudantil conser vava uma significação múltipla Não satisfazia as condições de um movimento social na medi da em que não designava a tecnocracia como seu principal componente não desenvolvia uma visão clara de sua própria identidade e não considerava o conhecimento produzido em uni versidades como base principal do conflito Touraine 1968 O movimento estudantil como crítica cultural Vários teóricos consideraram o movimento estudantil como um protesto contracultural em oposição a certos aspectos culturais e estru turais das sociedades contemporâneas Dessa forma encaravase uma nova cultura política como iniciada pelo movimento estudantil dos anos 60 A democracia direta tornouse a pala vra de ordem Estar pessoalmente preocupado engajarse na participação popular eram meca nismos essenciais sobre os quais se baseava a nova cultura política Por meio de formas de ação extrainstitucional como sitins desobe diência civil e solidariedade os movimentos estudantis tentaram democratizar a vida social e política através da conquista da atenção do público Estavam comprometidos com novos modos de fazer política fora dos canais ins titucionais A nova cultura política tinha uma relação estreita com o protesto cultural denunciando atitudes autoritárias e estruturas sociais O mo vimento estudantil tentou alterar as relações sociais existentes na vida cotidiana As muitas críticas levantadas contra a natureza opressora das estruturas autoritárias de família da repres são sexual da subordinação das mulheres dos valores do trabalho e da sociedade industrial tinham em geral um fundamento psicanalítico O protesto antiautoritário pretendia romper com o modelo patriarcal de cultura que dava destaque aos valores masculinos de sociedade e a estruturas sociais hierárquicas Além disso o movimento estudantil afirma va que as universidades tinham de reconhecer sua responsabilidade social e não deviam per der o interesse nas aplicações sociais do co nhecimento científico e criticava a apropriação ilegítima das universidades pelo estado o es tablishment militar e as grandes organizações Leitura sugerida Bergmann O Dutschke R Lefeb vre W e Rabehl B 1968 Rebellion der Studenten oder die neue Opposition Flacks Richard 1967 The libe rated generation an exploration of the roots of student Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento estudantil 499 protest Journal of Social Issues 235275 Keniston Kenneth 1965 The Uncommitted Alienated Youth in American Society Morin Edgar Lefort C e Coudray JM 1968 Mai 68 la brèche Touraine Alain 1972 1974 The Academic System in American Society KARIN D RENON movimento operário Ver SINDICATOS movimento social A maioria dos teóricos sociais concorda em que este modo de ação coletiva engloba um tipo específico de relação socialmente conflitiva O tipo clássico é o mo vimento operário que marcou a sociedade in dustrial do século XIX ao início do século XX Mais recentemente nos anos 60 a maioria dos países do Ocidente vivenciou importantes mo vimentos sociais tais como o MOVIMENTO ES TUDANTIL os movimentos pelos direitos civis e os movimento pela paz enquanto que em países do Terceiro Mundo surgiram movimentos de libertação nacional Durante os anos 70 e início dos anos 80 um grande número de movimentos sociais proliferou através da América do Norte e da Europa movimentos de mulheres eco lógicos antinucleares e pela paz bem como movimentos por autonomia regional Em outras partes surgiram movimentos fundamentalistas enfatizando a especificidade cultural A China em 1989 passou por um movimento de de mocratização que foi reprimido e na Europa Oriental movimentos populares derrubaram os regimes comunistas Muitos movimentos so ciais desafiam estruturas institucionais modos de vida e de pensar normas e códigos morais Na verdade os movimentos sociais estão in timamente ligados à mudança social e vários aspectos das sociedades contemporâneas são provavelmente conseqüências das ações dos movimentos sociais De um ponto de vista teórico também os movimentos sociais se colocam no centro da discussão científica social Herbert Blumer 1939 já havia afirmado que comportamento coletivo e movimentos sociais são conceitos centrais da teoria sociológica tal como afirma hoje Alain Touraine O fato de o uso atual da expressão ser bastante impreciso mesmo na literatura profissional pode deverse em grande parte à excessiva variedade de fenômenos em píricos aos quais essa noção potencialmente se aplica Poderão todos os diversos movimentos que acabamos de mencionar ser abrangidos pelo mesmo conceito Empregar essa noção em nível descritivo é bastante conveniente mas é de se recomendar um uso conceitual mais res tritivo Tal como a maioria das noções das ciências sociais a de movimento social não descreve parte da realidade mas é um elemento de um modo específico de construir a realidade social Os paradigmas teóricos dos movimentos so ciais podem ser considerados sob diferentes rubricas Além do paradigma neomarxista as abordagens teóricas predominantes até o início dos anos 70 são a concepção interacionista do comportamento coletivo e dos movimentos so ciais da Escola de Chicago e o modelo es truturalfuncional Este último paradigma com suas muitas variantes foi a perspectiva mais amplamente adotada para os movimentos so ciais naquela época Nos anos 70 as teorias da mobilização de recursos propõem uma abor dagem neoutilitarista racionalista para o es tudo dos movimentos sociais São porém se veramente criticadas por abordagens de orien tação mais hermenêutica que tentam concei tualizar o que é novo nos novos movimentos sociais E a abordagem da sociologia da ação acrescenta uma perspectiva teórica abrangente ao estudo dos movimentos sociais Neomarxismo A importante influência das abordagens marxista e neomarxista para o estudo dos mo vimentos sociais é bastante conhecida e será examinada aqui apenas resumidamente ver MARXISMO NOVA ESQUERDA A teoria marxista afirma que na sociedade industrial os mo vimentos sociais e a revolução brotam da con tradição estrutural central entre capital e traba lho Os principais agentes dos movimentos so ciais classes sociais antagônicas são de finidos por essa contradição sistêmica funda mental No entanto são também considerados agentes históricos e como tal devem tornarse conscientes de seu papel e destino históricos Por esse motivo as pesquisas sociais são exigi das não apenas para se estudarem as condições objetivas mas também para explicar processos mais subjetivos através dos quais surgem os movimentos sociais Interacionismo Der Streit o conflito foi compreendido por Simmel 1908 como um processo de interação Nos anos 20 teóricos do INTERACIONISMO SIM Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 500 movimento operário BÓLICO da Escola de Chicago adotaram uma abordagem semelhante para o estudo do com portamento coletivo e dos movimentos sociais Partindo do pressuposto de que indivíduos e grupos de pessoas agem com base em com preensões e expectativas comuns afirmaram que os movimentos sociais surgem em situa ções nãoestruturadas Estas são situações em que faltam linhas mestras culturais comuns ou em que essas linhas mestras foram rompidas e devem ser novamente redefinidas Os mo vimentos sociais são a expressão de tais recons truções coletivas de situações sociais são em preendimentos coletivos para estabelecer uma nova ordem de vida Blumer 1939 A abordagem interacionista simbólica para o estudo dos movimentos sociais sofre do fato de seu paradigma teórico permanecer insufi cientemente desenvolvido No total essa abor dagem ainda está recebendo crescente atenção pois enfatiza aspectos sociopsicológicos da a ção coletiva tais como emoção sentimentos de solidariedade comportamento expressivo e co municação por um lado enquanto por outro coloca o surgimento dos movimentos sociais dentro de um processo em desenvolvimento de relações e interações sociais Estruturalfuncionalismo Três variantes podem ser distinguidas den tro do modelo estruturalfuncional de movi mentos sociais Embora muito diferentes em sua abordagem básica da lógica dos movimen tos sociais baseada na interação esse modelo não está contudo tão distante quanto pode parecer do marxismo em seu modo analítico ainda que proponha uma visão bastante diversa da vida social As teorias de massa da sociedade postulam o indivíduo atomizado Kornhauser 1959 De senraizado pela rápida mudança social a ur banização e a perda de elos tradicionais isolado das relações de grupo e de grupos de referência normativa o indivíduo na sociedade de massa está ao mesmo tempo livre e disposto a par ticipar de novos tipos de grupos sociais tais como movimentos sociais que portanto encon tram nas sociedades de massa um solo fértil para se desenvolver As teorias da tensão estrutural encontram o motivo principal para o surgimento de movi mentos sociais no equilíbrio distorcido de sis temas sociais Smelser 1962 A nãocorres pondência entre os valores e as práticas efetivas da sociedade o bloqueio do funcionamento institucional elementos disfuncionais desa fiando a sobrevivência do sistema todos esses são aspectos que podem colocar o sistema so cial em desequilíbrio e provocar tensões es truturais que por sua vez deflagram movimen tos sociais As teorias da privação relativa são uma espécie de variante sociopsicológicas das teo rias da tensão A tensão não é dada objetivamen te por discrepâncias estruturais mas é uma condição sentida subjetivamente as pessoas sentemse desprivilegiadas com relação às suas expectativas Não há correspondência entre a satisfação de necessidades esperada e a que efetivamente ocorre A melhora de condições econômicas e políticas acarretando crescentes expectativas em alguns grupos é particular mente favorável ao surgimento de movimentos sociais quando a realidade parece não acompa nhar as expectativas A insatisfação e a frustra ção logo se seguem levando à formação de movimentos sociais Apesar do fato de o modelo estruturalfun cional alegadamente proporcionar uma teoria causal sobre o surgimento de movimentos so ciais ele não dá nenhuma explicação precisa sobre como ocorre a passagem do isolamento tensão e frustração para a ação do movimento Não se pode presumir que essa passagem seja automática Mobilização de recursos As abordagens neoutilitaristas no estudo dos movimentos sociais surgiram nos anos 70 e desde então se expandiram rapidamente Seu pressuposto básico é que os movimentos sociais se desenvolvem na esteira de uma atividade organizacional consciente se conseguem mobilizar recursos materiais simbólicos que lhes estão disponíveis tais como dinheiro o tempo das pessoas e a legitimidade Os movi mentos sociais são portanto explicados em termos de oportunidades estratégias modos de comunicação formas sofisticadas de organiza ção e competição com grupos e autoridades que têm interesses opostos Tal raciocínio acrescen ta alguns indícios para a compreensão de como surgem os movimentos sociais mas dificilmen te consegue elucidar o significado que as mo bilizações sociais coletivas podem ter Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento social 501 As diferentes variantes Olson 1965 Oberschall 1973 Tilly 1978 dentro da pers pectiva da mobilização de recursos têm uma lógica em comum consideram que os movi mentos sociais empregam um raciocínio es tratégicoinstrumental cálculos de custosbe nefícios e buscam seus objetivos e interesses racionalmente Têm em comum ainda outro aspecto importante para elas os movimentos sociais não são ocorrências anormais mas parte da vida social normal que é encarada como cheia de conflitos potenciais Por esse motivo rejeitam a idéia de que a tensão ou o desconten tamento possa explicar o surgimento de movi mentos sociais ao contrário são os movimen tos sociais que colocam em evidência a tensão e o descontentamento Se o movimento será capaz de fazer isso vai depender porém de suas capacidades organizacionais Novos movimentos sociais Vários teóricos sociais atualmente usam a expressão novos movimentos sociais para se referir à grande variedade de movimentos de protesto durante os anos 70 e início dos anos 80 no Ocidente Falando de maneira ampla esses movimentos formam uma rede informal de con testação e de estilos de vida alternativos mas também entraram na política oficial ver MO VIMENTO ECOLÓGICO O que constitui a novidade dos novos mo vimentos sociais A maioria dos teóricos os concebe em termos de comportamento coletivo conflitivo que abre espaços sociais e culturais São encarados como instituições politizantes da sociedade civil dessa forma redefinindo as fronteiras da política institucional Claus Offe oferecendo através de sua própria existência um modo diferente de designar o mundo e desafiar os códigos culturais predominantes so bre bases simbólicas Alberto Melucci crian do novas identidades que compreendem exi gências inegociáveis Jean L Chen expres sando processos de aprendizado coletivo evo lutivo Klaus Eder constituindo novas arti culações sociais que cristalizam novas expe riências e problemas em comum na esteira de uma desintegração geral da experiência basea da na classe econômica Ulrich Beck O sig nificado geral que as formulações acima con ferem aos novos movimentos sociais é que eles ganharam maior consciência de sua capacidade de produzir novos significados e novas formas de vida e ação social Um esboço sistemático dessa crescente reflexividade dos movimentos sociais pode ser encontrado no paradigma da racionalidade comunicacional O processo de racionalização comunicacional do mundo da vida é proposto aqui como um aspecto cons pícuo da modernidade correndo paralelo a pro cessos de racionalização sistêmica Habermas 1981 Dentro dessa estrutura teórica os movi mentos sociais são colocados em dupla pers pectiva Como expressão de racionalização co municacional os novos movimentos sociais co locam em questão a validade dos padrões exis tentes do mundo da vida tais como normas e legitimidade e posteriormente ampliam o es paço público Simultaneamente como movi mentos defensivos oferecem resistência à in trusão patológica em um mundo de vida que está sendo colonizado por mecanismos sistêmi cos de racionalização econômicos e políticos que anulam processos de comunicação Sociologia da ação Uma perspectiva teórica elaborada e com plexa sobre os movimentos sociais é proposta pela sociologia da ação que busca integrar várias abordagens em uma representação geral da vida social definida como a autoprodução conflitiva Touraine 1973 Nessa visão o pró prio centro da vida social é a luta permanente pelo uso de novas tecnologias e pelo controle social das próprias capacidades de transforma ção da sociedade Por esse motivo os movi mentos sociais considerados agentes essen ciais de conflito são a importante preocupação dos cientistas sociais Daí os movimentos sociais são conceituali zados como agentes sociais envolvidos em um conflito pelo controle social dos principais pa drões sociais que são conhecimento inves timento e ética Três componente I identida de O oponente T totalidade fornecem o paradigma que descreve analiticamente o cam po de conflito que é portanto compreendido em termos relacionais Vale dizer que os adversá rios que se opõem entre si IO partilham não obstante um campo cultural comum consistin do no que está em jogo em seu conflito T Em outras palavras o conflito social não deve ser separado das orientações culturais na análise de movimentos sociais Além do mais é necessário diferenciar entre variados tipos de conflitos sociais e colocálos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 502 movimento social em diferentes níveis de análise Movimentos que defendem exigências econômicas agem em um nível organizacional grupos de pressão po lítica e movimentos em defesa de minorias agem em um nível político o nível mais eleva do é o de sistema de ação histórica no qual os movimentos sociais agem tanto contestando quanto criando padrões culturais A ação his tórica ou historicidade é então a capacidade das sociedades de desenvolver e alterar suas próprias orientações de gerar sua normativida de e seus objetivos por meio de um conflito social central do qual os movimentos sociais são a principal expressão Touraine 1981 Um método específico de intervenção sociológica foi desenvolvido para avaliar esses diferentes significados que são sempre combinados em um movimento empírico concreto e para cal cular até que ponto um dado movimento pode ser considerado um movimento social definido nos termos acima Leitura sugerida Boschi R 1988 A arte da associa ção Hobsbawm EJ 1959 Primitive Rebels Nel kin Dorothy e Pollak Michael 1981 The Atom Besie ged Oberschall Anthony 1973 Social Conflict and Social Movements Scott Alan 1990 Ideology and the New Social Movements Social movements Social Research 52 1985 660890 Tilly C 1978 From Mobilization to Revolution Touraine Alain 1984 Le retour de lacteur Turner R H e Killian M 1957 Collective Behavior Zald Mayer N e McCarthy John D orgs 1979 The Dynamics of Social Move ments KARIN D RENON mudança social O século XX tem assistido a uma mudança social maciça e não surpreende descobrir que esse conceito vem denominando boa parte da moderna investigação social Hou ve certa ambivalência no modo como a mudan ça foi encarada No fundo das mentes da maio ria dos teóricos por um lado estava a expansão prometéica de poder coletivo do século XIX ocasionada pela Revolução Industrial isso le vou à suposição implícita de que mudança é bom e até natural de tal forma que as ordens sociais que não a permitem são vistas como de certa forma falhas Mas houve por outro lado um número considerável de teóricos que duvi daram das virtudes da mudança em grande parte porque a estabilidade bemfirmada é um valor igualmente apreciado e que também vale a pena defender Esse ponto de vista teve um apelo particular para os membros da intelligen tsia moderna que se sentiram deslocados com a chegada de uma era de alfabetização maciça a perda de prestígio resultante estimulou aspira ções românticas e ingênuas por vários tipos de estabilidade comunitária A maioria dos trabalhos na área de mudança social tem buscado explicar as causas a natu reza e o rumo da mudança social É possível conseguir alguma indicação dos debates mais importantes examinandose primeiro os teóri cos fundamentais do século XX em seguida os avanços teóricos recentes e finalmente e o mais crucial a mudança social fora do mundo indus trial avançado Muitos conceitos de mudança social têm sido apresentados durante o século XX a aten ção dirigese variadamente à aculturação à difusão à inovação tecnológica à DEMOGRAFIA e à MIGRAÇÃO como causas fundamentais de mudança social Alguns desses elementos sem dúvida fazem sentido sendo impossível por exemplo compreender a criação de Israel sem se considerar o fenômeno da migração ou pre ver o seu futuro sem dar atenção às taxas dife renciais de fertilidade Não obstante o conceito de mudança social é mais bem abordado quando se examina em ordem cronológica aproximada um punhado de teorias gerais importantes O estudo da mudança social foi e provavel mente continua sendo dominado por pressu postos evolucionistas Isso não é de surpreen der dado que boa parte do pensamento moder no ainda tem sua semente no Iluminismo No liberalismo otimista de pensadores como LT Hobbhouse e JA Hobson o curso da evolução social garantiria a paz a prosperidade e a difu são da racionalidade Essas esperanças foram gravemente contundidas pelos conflitos geopo líticos do período de 1914 a 1945 Em contraste as idéias marxistas que partilham grande parte das esperanças liberais com a exceção crucial de presumir que paz e prosperidade só se se guem em conjunção com o modo socialista de produção ganharam mais crédito durante a primeira metade do século XX especialmente quando períodos de crise econômica pareciam indicar que a União Soviética podia ser capaz de promover uma prosperidade que escapava ao capitalismo O marxismo de qualquer forma tem uma vantagem sobre a maioria das teorias evolucionistas uma vez que pode especificar o mecanismo o do conflito de classes por meio do qual ocorre a mudança social Os anos do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar mudança social 503 entreguerras também testemunharam o sur gimento de outra grande força revolucionária o fascismo Em princípio essa teoria especial mente na obra de Oswald Spengler opunhase à mudança social ou mais precisamente encarava toda mudança como meramente cícli ca sem contribuição desenvolvimentista Na prática no entanto o fascismo era um moder nismo reacionário buscando combinar a cer teza ideológica préindustrial com a tecnologia moderna Foi uma mistura poderosa e instável A vida intelectual depende de eventos geo políticos Depois de 1945 o estudo da mudança social foi dominado por categorias norteame ricanas e marxistas O pensamento norteame ricano conforme exemplificado por Talcott Parsons dava espaço para a reforma incremen tadora mas tinha pouco a dizer a respeito da mudança social fundamental embora muito a desaprovar quanto a ela Isso levou ao sur gimento de várias sociologias de conflito mui tas vezes influenciadas por Marx porém de maneira mais geral em dívida com a obra de Max Weber No entanto a estabilidade da era do pósguerra significou não haver nenhum grande avanço no estudo da mudança social Hoje em dia estão sendo feitos avanços con ceituais O primeiro diz respeito ao impacto das forças políticas A mudança social nem sempre como presumem tanto os evolucionistas libe rais quanto os marxistas emana de condições sócioeconômicas antes os eventos políticos são capazes de forçar a sociedade a mudar Assim a derrota geopolítica na guerra levou à democratização tanto da Alemanha quanto do Japão De maneira mais geral estamos come çando a compreender que o caráter dos movi mentos sociais em geral resulta do regime com que estão em contato existem poucas revolu ções dentro do capitalismo mas as que existem seja em circunstâncias agrárias ou industriais parecem causadas pela exclusão política O se gundo avanço diz respeito ao capitalismo A maior parte do pensamento social foi produzida em oposição à economia política e buscou ul trapassála Mas a velocidade da mudança den tro do capitalismo e a extensão do seu alcance social são sempre e cada vez mais surpreenden tes As relações entre sociedade capitalista e estadonações estes últimos de forma cru cial tendo de descobrir um modo de viver dentro da sociedade mais ampla da primeira constitui a agenda dos estudos de mudança social no presente momento A mudança social fora do continente euro peu e seus rebentos culturais isto é a busca por parte de países do Terceiro Mundo especial mente desde 1945 do desenvolvimento e da segurança é de importância histórica mundial inquestionada A fundação de tais países foi resultado do nacionalismo provavelmente a mais notável força de mudança isolada no sé culo XX ainda que a notável manutenção das fronteiras estabelecidas em 1945 seja resultado tanto do impasse das superpotências quanto do acordo generalizado no tocante à norma de nãointervenção Tem havido muitas discus sões quanto a se as economias avançadas con trolam o Terceiro Mundo através de meios eco nômicos informais Que essa teoria da depen dência não pode ser verdadeira em nenhum sentido completo é algo que fica claro dada a notável ascensão do industrialismo no Leste Asiático Mas existe muita verdade nessa visão geral precisamente porque tão poucos países escaparam à DEPENDÊNCIA as exceções cujas extraordinárias credenciais sociais estão sendo agora investigadas confirmam a regra Não obstante a fraqueza econômica da maior parte dos estados do Terceiro Mundo não significa que eles não venham a efetuar a mudança social em grande escala Tais países em breve pos suirão armas nucleares isso fatalmente influen ciará os arranjos econômicos Leitura sugerida Collins Randall 1975 Conflict So ciology Gellner E 1983 Nations and Nationalism Hoffer E 1963 The Ordeal of Change Mann M 1986 The Sources of Social Power Vol1 A History of Power from the Beginning to 1760 AD Smith AD 1973 The Concept of Social Change JOHN A HALL mudança tecnológica A alteração experi mental do meio ambiente através da solução científica de problemas sempre fez parte do esforço humano Mas o âmbito a taxa e a difusão de mudança tecnológica têm sido tão impressionantes no século XX particularmen te nas áreas do bemestar da engenharia civil dos transportes da comunicação e da medicina que alguns autores propuseram teorias distintas para explicar e avaliar esse tipo particular de alteração Um elemento predominante nessas teorias é o determinismo tecnológico O deter minismo tecnológico afirma que a mudança Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 504 mudança tecnológica tecnológica explica mudanças na cultura na política e na economia Uma versão modificada dessa teoria é o interacionismo tecnológico o qual afirma que há uma relação mútua entre mudança tecnológica e social Thorstein Ve blen por exemplo afirmou que a mudança tecnológica é modificada e restringida por cren ças e estruturas sociais defasagem cultural Quando porém uma inovação ou invenção é introduzida em uma outra sociedade ela se vê livre de restrições culturais e altera outras ins tituições e práticas Veblen 1914 p135 Os autores que aceitaram uma ou outra des sas teorias tendem a se dividir em dois grupos na sua avaliação do mérito da mudança tecno lógica Uma posição questiona o valor dessas mudanças a partir de um padrão utilitário ou moral Um dos críticos mais severos da mudan ça tecnológica foi o filósofo alemão Martin Heidegger que traçou uma nítida distinção en tre a natureza da mudança tecnológica antiga e medieval por um lado e a moderna por outro A característica central desta última era a trans formação do mundo inteiro em um objeto de reserva disponível para manipulação em que os seres humanos são eles próprios enquadra dos em um sistema Heidegger 1954 Assim para Heidegger o Reno é transformado sob imperativos tecnológicos modernos de paisa gem em fonte de energia Outros autores tam bém enfatizaram a natureza autônoma e isolada dos sistemas tecnológicos como coleções de laboratórios de pesquisas públicos e privados que criam incessantemente mudança após mu dança sem levar em consideração as conse qüências Os críticos assim enfatizam os efei tos inesperados da mudança tecnológica es pecialmente em termos do meio ambiente na tural do dano negligenciado por exemplo das doenças iatrogênicas do impacto psicológico e cultural de uma mudança rápida e constante do uso da especialização tecnológica como fonte de isolamento da avaliação e do controle demo cráticos Alguns pedem a dissolução dos sis temas tecnológicos além de medidas para inter romper a mudança tecnológica Berry 1977 Avaliações mais positivas enfatizam a natu reza racional da mudança tecnológica e seu impacto libertador Livre das restrições da cul tura e da tradição a produção econômica pode ser organizada de forma mais racional e eficien te aliviando assim a pobreza e proporcionando oportunidades mais amplos de lazer além de assegurar a melhoria da saúde A mudança tec nológica conhecida como progresso foi um pressuposto de pensadores do século XIX como SaintSimon e Marx e é um axioma para figu ras tão diversas quanto VI Lenin Frederick Taylor Le Corbusier e BF Skinnner no século XX Um grupo um tanto diferente de defensores da mudança tecnológica enfatiza os aspectos positivos de algumas mudanças tecnológicas chamadas variadamente de tecnologia dos po vos tecnologia soft ou tecnologia inter mediária Esses autores entre os quais se in cluem Marshall McLuhan EF Schumacher e Buckminster Fuller apóiam a introdução e o desenvolvimento de mudanças tecnológicas que permitam um uso pessoal e inesperada mente criativo tais como rádios transistoriza dos e computadores pessoais e afirmam que a mudança tecnológica adequadamente direcio nada pode concretizar as visões democráticas e utópicas de Gandhi e Jefferson Ver também INFORMAÇÃO TEORIA E TECNO LOGIA DA INVENÇÃO REVOLUÇÃO CIENTÍFICOTEC NOLÓGICA Leitura sugerida Boorstin Daniel 1978 The Repu blic of Technology Ellul Jacques 1954 1965 The Technological Society Hughes Thomas A 1989 American Genesis A Century of Invention and Techno logical Enthusiasm Mumford Lewis 1934 1963 Technics and Civilization Ο 1967 The Myth of the Ma chine Teich Albert H org 1977 Technology and Mans Future PHILLIP ABBOTT mundo sistema Ver SISTEMAMUNDO música Ao mesmo tempo em que a relação entre a música e a sociedade foi estudada por musicólogos etnomusicólogos e sociólogos o progresso nessas três abordagens foi em maior ou menor extensão fragmentário e caracteriza do por problemas teóricos fundamentais A musicologia e a análise musical concen trandose no estudo da música erudita ociden tal foram orientadas para a explicação das pro priedades formais inerentes à obra musical Es sa preocupação com a estrutura levou a uma concepção da obra musical como divorciada de seu contexto social ou cultural Conseqüen temente o pesquisador social deve estabelecer algum elo explicativo ou analítico entre as es truturas musicais e a sociedade ou redefinir e marginalizar o conceito da música autônoma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar música 505 O estudo histórico da música tem sido in fluenciado pelo formalismo da musicologia A música é apreendida através de um desenvol vimento estilístico de tal forma que a obra de qualquer dado período é compreendida em ter mos de um estilo que está formalmente relacio nado ao estilo do período anterior o qual desen volve logicamente A referência à história social diz respeito apenas às condições ambientais em que ocorreu a criação musical com pouca ou nenhuma consideração para com qualquer elo explicativo entre a sociedade e o produto musi cal Só recentemente houve uma mudança sig nificativa de ênfase afastandose do formalis mo e voltandose para a consideração da música dentro de uma teia de cultura Tomlinson 1984 A história social da música é encarada cada vez mais em termos do objetivo de recupe rar o significado de uma dada peça musical por meio da consideração dos valores culturalmente específicos que lhe informaram a produção o consumo e a disseminação Se a análise formal não é abandonada a ênfase muda para o reco nhecimento dos valores e significados atribuí dos à música em uma CULTURA específica A etnomusicologia dividese entre inclina ções mais ou menos explícitas pela musicolo gia e como tal pela análise da estrutura inerente das músicas nãoocidentais e pela antropolo gia e assim pela consideração da música dentro de seu contexto cultural Essa última aborda gem levou a se desafiar a universalidade das concepções ocidentais da música De uma preo cupação inicial com a comparação de música de diferentes culturas apresentaramse explica ções cada vez mais sofisticadas em termos dos usos a que a música é submetida por grupos e das funções que exerce para a sociedade como um todo Mais recentemente e em harmonia com os desenvolvimentos na história social a música tem sido interpretada como parte inte grante de uma cultura simbolicamente expres sa Ampliouse portanto o âmbito para a in terpretação da música em oposição à sua ex plicação causal ou funcional A sociologia da música tem se inclinado a se preocupar com uma documentação positi vista das condições sociais da atividade musi cal Nesse ponto a definição formalista de mú sica é mais ignorada do que contestada No que tem de mais fraco a preocupação se dá ex clusivamente com os fenômenos sociais ex tramusicais que ocorrem na presença da música ou que determinam sua produção consumo e distribuição A música em si mesma não é nem explicada nem interpretada Um compromisso com o formalismo ocorre de forma mais profunda embora não exclusiva na obra de Max Weber e Theodor Adorno Weber utilizou a música para ilustrar e explorar as limitações da RACIONALIZAÇÃO O sistema musical de uma dada cultura é examinado em termos do grau em que ele manifesta uma ra cionalização dos fenômenos musicais naturais Adorno de forma semelhante rompeu com a abordagem formalista apontando que a música tanto é autônoma quanto é um fato social O desenvolvimento aparentemente autônomo da música mapeado pela história musical ortodo xa é sociologicamente decodificado através do reconhecimento da base social dos materiais e formas de pensamento que a música utiliza ainda que esta manifeste um desenvolvimento desse material autonomamente dos objetivos econômicos abrangentes da sociedade capita lista A FENOMENOLOGIA a SEMIÓTICA e o ESTRUTU RALISMO têm exercido uma crescente influência sobre a sociologia da música permitindo aná lises mais sofisticadas do significado social em termos de sua construção social dentro de situa ções específicas e de sua determinação através de códigos culturalmente específicos Mais recentemente lançouse um ataque mais organizado contra os pressupostos da mu sicologia tradicional Direta ou indiretamente a etnomusicologia e a sociologia levaram a um novo questionamento dentro da musicologia do pressuposto da autonomia estética da obra musical A música é cada vez mais vista como produzida e definida dentro de um contexto social indicando que as noções de autonomia não passam de construções ideológicas Leitura sugerida Adorno Theodor W 1976 Intro duction to the Sociology of Music Frith S 1978 The Sociology of Rock Leppert R e McClary S orgs 1987 Music and Society the Politics of Composition Performance and Reception Nattiez JJ 1983 Chro nologie et dialogue sur la musique Nettl B 1983 The Study of Ethnomusicology Supicic I 1987 Music in Society a Guide to the Sociology of Music Weber Max 1958 The Rational and Social Foundations of Music ANDREW EDGAR Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 506 música N nação Não há e provavelmente não pode haver uma definição universalmente unânime neutra por assim dizer para este termo A na tureza inerentemente contestada da definição é conseqüência da natureza complexa complica da mesmo da matériaprima a que o termo se aplica A humanidade subdividese em mui tas e diversas culturas grupos que se diferen ciam por linguagem costumes fé e assim por diante e em diversas unidades políticas gru pos comprometidos com a ajuda mútua divi dindo uma estrutura de autoridade e assim por diante Nem as fronteiras culturais nem as po líticas são em geral nítidas traços culturais como linguagem devoção religiosa ou costume popular freqüentemente se entrecruzam As ju risdições políticas podem constituirse em múl tiplas camadas de forma que a obediência a uma autoridade local em alguns contextos pode coexistir para outros fins com a submissão a uma autoridade superior mais geral As frontei ras políticas e culturais raramente são conver gentes É impossível aplicar o termo nação a todas as unidades que são cultural ou politicamente caracterizáveis e existe muito pouco interesse em fazêlo Se fosse esse o caso um número ex cessivo de nações e indivíduos em demasia teriam múltiplas identidades nacionais A ques tão é quais dos grupamentos cultural ou politi camente caracterizáveis são de fato plausivel mente chamados de nações A mera existência de uma unidade política não dá origem na maioria dos casos ao pres suposto de que suas fronteiras definem uma nação É característico que muitas unidades políticas históricas sejam menores ou maiores do que aquilo que se chama normalmente de nações os impérios são multinacionais as ci dadesestados ou segmentos tribais são me nores do que uma nação Não obstante uni dades políticas que são evidentemente deseja das e avalizadas por seus membros podem às vezes ser chamadas de nações mesmo quando multiculturais é natural falar da nação suíça apesar das diferenças lingüísticoculturais den tro dela ou da presença no interior da sociedade organizada de subgrupos politicamente signi ficativos os cantões Da mesma forma não corresponderia à efe tiva utilização que se faz aceitar que qualquer diferenciação cultural dada defina uma nação Os dialetos árabes divergem ao ponto da inin teligibilidade mútua mas isso por si só nem prejudica a idéia de uma nação árabe nem trans forma automaticamente os que falam um diale to caracterizável em uma nação Qual é então a resposta Em tempos prémodernos essa pergunta era não apenas desprovida de uma resposta geral mas o que é mais significativo raramente feita Os seres humanos eram membros de gru pos de parentesco ou de organizações locais súditos de dinastias adeptos de tipos de fé em geral ligados a uma legitimação política mem bros de estratos sociais ritual ou juridicamente definidos e assim por diante A identificação cultural e a lealdade política eram complexas e variáveis A pergunta sobre a nação raramente era feita e só se torna difundida e insistente no contexto de um tipo especial de organização sociopolítica que por sua vez se tornou difun dido a partir da virada do século XVIII para o XIX É característico desse tipo de sociedade a substituição de uma base econômica agrária por outra industrial As pessoas que trabalham a terra tornamse minoria às vezes muito peque na e além disso já não mais marcadamente di ferenciável do restante da população Boa parte do trabalho é semântico envolvendo a manipu lação de significados e pessoas em vez de objetos físicos A mobilidade ocupacional é a norma Tanto a natureza do trabalho implican 507 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar do comunicação constante e anônima com mui tas pessoas principalmente estranhos quanto a natureza de todo o contato social pressupõem a alfabetização quase universal e uma boa pro porção de educação formal Tal educação deixa de ser um privilégio e se torna em vez disso a precondição da efetividade aceitabilidade e utilidade sociais Nessas circunstâncias uma cultura comum a todos e padronizada baseada na educação tornase efetivamente o principal critério de identidade social um dos princi pais papéis do estado é a manutenção e a prote ção de tal cultura Os seres humanos identifi camse com sua cultura erudita e os estados protegem tais culturas O estado por sua vez é legitimado ao dar proteção a uma cultura nacio nal e os símbolos que ele basicamente emprega são mais nacionais do que dinásticos ou religio sos Nesse tipo de mundo uma nação é uma população ampla anônima que tanto partilha uma CULTURA comum quanto tem ou aspira a ter seu próprio espaço político ver também ESTADO A identidade nacional tornase preo cupação geral e critério de legitimidade políti ca Tanto o critério exterior de uma cultura compartilhada quanto o critério subjetivo da vontade política estão presentes nessa defi nição embora seu peso relativo possa variar Os suíços conforme já observado definemse mais por uma tendência compartilhada do que por uma cultura o mesmo critério também transforma em escoceses os habitantes das Ter ras Altas da Escócia de língua gaélica não obstante sua peculiaridade lingüística As aplicações dessa definição continuam polêmicas As discordâncias não são por falha da definição mas inerentes à situação A ques tão é que no caminho para a fundação de es tadosnações cada qual proporcionando um es paço político isolado para uma cultura comum isolada ocorrem conflitos em geral de enorme gravidade com respeito a exatamente quais culturas preexistentes devem ter direito a um estado ou quais unidades políticas preexisten tes devem ter direito a uma cultura como sua proteção e sua raison dêtre Se de um pon to de vista teórico é essencial distinguir entre nações modernas por um lado e meras tribos castas dialetos minorias religiosas por outro isso não nos diz quais dessas múltiplas diferenciações prémodernas devem ter per missão de se transformar em nação moderna Somente o destino histórico e não algum crité rio independente pode resolver essa questão A palavra nação ocorre efetivamente em contextos prémodernos descrevendo por exemplo corporações de estudantes com bases regionais nas universidades medievais ou a totalidade da pequena nobreza em uma dada unidade política Polônia Mas no interesse da ordem lógica é melhor restringir o termo ao fenômeno moderno de uma ampla popula ção anônima tanto compartilhando uma cultura erudita quanto dotada da tendência de possuir uma única autoridade política embora às vezes um ou outro desses dois elementos possa pre dominar Essa definição não pode proporcio narnos a capacidade de dizer antes do fato exatamente que grupamentos prémodernos te rão ou não sucesso em se tornar nações Os nacionalistas imbuídos de um forte senso da justiça de sua causa tendem a achar que sua cultura realmente objetivamente define uma nação ver NACIONALISMO mas essa idéia engendra a realidade histórica da nação em vez de ser como supõe o nacionalista seu reflexo Leitura sugerida Armstrong John 1982 Nations be fore Nationalism Bauer Otto 1907 1924 Die Natio nalitätenfrage und die Sozialdemokratie 2ªed ampl com novo prefácio Gellner E 1983 Nations and Nationalism Smith AD 1991 National Identity ERNEST GELLNER nacionalismo Essa doutrina exige que o gru po político e o grupo étnico sejam congruentes De forma mais específica e concreta o nacio nalismo sustenta que o estado nacional identi ficado como uma cultura nacional e comprome tido com a sua proteção é a unidade política natural e que é um escândalo que grandes números de membros da comunidade nacional sejam obrigados a viver fora das fronteiras do estado nacional O nacionalismo também não se mostra muito bemdisposto para com a pre sença dentro das fronteiras do estadonação de grandes números de nãonacionais Mas a situa ção política que escandaliza de maneira muito especial os nacionalistas é aquela em que o estrato governante de uma unidade política per tence a um grupo étnico outro que não o da maioria da população ver também NAÇÃO O princípio do nacionalismo conforme aqui esboçado é sustentado muito amplamente e o que é ainda mais comum dado como certo no mundo moderno Para uma proporção muito Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 508 nacionalismo grande de nossos contemporâneos parece sim plesmente óbvio e autoevidente que as pessoas prefiram viver em unidades políticas com com panheiros da mesma nacionalidade ou cultu ra e acima de tudo que achem o governo por parte de estrangeiros uma coisa afrontosa A unidade nacional e política é aquela que repre senta e expressa a vontade da maioria de uma nação protege seus interesses e garante a per petuação de sua cultura Sob o impacto do nacionalismo o mapa tanto etnográfico quanto político da Europa e de forma diferente o do resto do mundo vieram a ser redesenhados Os princípios que haviam governado o traçado do mapa da Europa em 1815 depois das guerras napoleônicas eram dinásticos ou religiosos pouca atenção se dava se é que se dava alguma a harmonizar a nacio nalidade de súditos e governantes Em muitas partes da Europa isso teria sido de qualquer forma impossível o mapa étnico de boa parte do continente era extremamente complexo e implementar os princípios nacionalistas para respeitálo teria exigido que o mapa político se parecesse com um quebracabeça de ar mar Além do mais era em geral impossível projetar as fronteiras étnicas em um mapa territorial os grupos étnicos culturais e reli giosos estavam freqüentemente separados não por território mas por sua posição em uma estrutura social Em geral habitavam o mesmo território mas o seu papel na socie dade era diferente É importante observar que os estilos de tra çar fronteiras políticas que respeitavam elos dinásticos religiosos ou de comunidade mas que ignoravam o princípio da nacionalidade eram naquela época e nas épocas anteriores considerados óbvios Raramente eram contes tados ou considerados afrontosos Colocase a questão do motivo por que um princípio antes amplamente ignorado ou fraco veio no decor rer dos séculos XIX e XX a se tornar tão absolutamente forte e efetivo Propuseramse inúmeras respostas para essa pergunta impor tante e crucial 1 Existe nos seres humanos um impulso instintivo atávico que os leva a querer estar perto de outros do mesmo sangue ou cultura ou ambos e a ocupar ter ritório juntos e que também os leva a detestar os que consideram estranhos a se ressentir de sua proximidade espe cialmente em grandes números e ainda mais fortemente do governo de estran geiros O redespertar desses impulsos pode ser atribuído a várias causas tais como o declínio da fé religiosa as des agregações da vida moderna ou uma ten dência geral ao retorno a uma visão na turalista dos seres humanos 2 O impacto do nacionalismo devese à formulação e disseminação da ideologia nacionalista elaborada por vários pensa dores na virada do século XVIII para o XIX em seguida ainda mais elaborada e posteriormente disseminada O principal proponente desta teoria é Elie Kedourie 3 Uma teoria sustentada por muitos mar xistas no sentido de que o verdadeiro conflito subjacente à história ocorre entre classes de forma que o conflito interét nico é uma irrelevância apesar disso ganha importância porque as classes do minantes estimulam o sentimento nacio nalista a fim de distrair a atenção da queles a quem dominam dos seus verda deiros interesses O nacionalismo é uma conspiração para impedir os oprimidos de combater seus reais inimigos Mas ver também Bauer 1907 4 O nacionalismo surge no decorrer do desenvolvimento econômico isto é durante a difusão do industrialismo in terpretandose essa palavra amplamente como uma economia baseada em uma tecnologia muito possante e de rápido crescimento A difusão de tal economia leva a que áreas atrasadas e suas popu lações sejam incorporadas à economia industrial em termos desvantajosos para elas tanto econômica quanto socialmen te A fim de se proteger precisam orga nizarse com vistas a criar suas próprias unidades políticas unidades essas capa zes de orientar seu desenvolvimento eco nômico especialmente durante seus pri meiros e mais frágeis estágios 5 O nacionalismo é um subproduto de con dições predominantes no mundo moder no quando a maioria das pessoas não mais vive em comunidades aldeãs fecha das quando o trabalho é semântico e não físico e exige a capacidade de se comu nicar em um idioma e uma escrita co Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar nacionalismo 509 muns razoavelmente livres de contexto quando a estrutura empregatícia muda rapidamente e não pode tolerar com fa cilidade uma divisão étnica do trabalho e quando o contato com grandes burocra cias tanto políticas quanto econômicas e a dependência em relação a elas per meiam todos os aspectos da vida Nessas condições a alfabetização geral e o uso de códigos padronizados tornamse a norma O domínio de tal código por uma pessoa tornase seu trunfo mais impor tante e também seu mais importante meio de acesso ao emprego à participa ção social e política à aceitabilidade e à dignidade Somente o estado pode prote ger e manter a homogeneidade cultural exigida e o princípio um estado uma cultura tende a entrar em funcionamento Tornase então de grande interesse para qualquer indivíduo que o estado em cujo território esse indivíduo reside use a mes ma cultura em que o indivíduo em ques tão está engajado Os indivíduos se esfor çarão para que se alcance essa congruên cia seja assimilandose à cultura domi nante seja tentando transformar a sua própria cultura na cultura dominante Hão de se esforçar por criar novos es tados em torno dessa cultura preferida eou modificar as fronteiras políticas existentes Este autor inclinase a acreditar que a ver dade da questão pode ser encontrada em uma combinação das posições 4 e 5 A objeção à teoria atávica é que os obscuros impulsos instintivos dos seres humanos por mais pode rosos que sejam não impediram no passa do uma intensidade de ódio e homicídio entre membros do mesmo sangue ou do mesmos grupos culturais Não há um bom motivo para se acreditar que o apelo do Blut und Boden sangue e terra se tenha tornado mais pos sante em nossa época A explicação ideológi ca não consegue explicar por que exatamente essas idéias em uma época de superprodução de idéias teriam mais apelo que suas rivais estas últimas em geral difundidas por pensa dores e autores mais zelosos e talentosos Algu mas teorias marxistas sobre o nacionalismo como manobra ardilosa das classes dominantes parecem ter pouco apoio nos fatos No entanto a questão não está de forma alguma fechada e os indícios empíricos ou históricos são mais do que ambíguos As teorias preferidas por este autor aplicamse melhor à Europa do que a grande parte do Terceiro Mun do onde o nacionalismo certamente levou a um forte movimento anticolonial ver MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO COLONIAL NACIONAL POPULAR REGIME mas onde posteriormente as fronteiras coloniais foram em medida notável perpetua das e mantidas Sociedades organizadas plurais e multiétnicas também sobreviveram tal como sobreviveu uma proliferação de estados parti lhando a mesma cultura estados árabes e his panoamericanos A ligação da proeminência política da nacionalidade com a era industrial também foi contestada por exemplo por um dos mais ativos e sérios estudiosos do naciona lismo Anthony Smith Leitura sugerida Anderson Benedict 1983 Imagined Communities Reflections on the Origin and Spread of Nationalism Armstrong John 1982 Nations be fore Nationalism Breuilly J 1982 Nationalism and the State Deutsch KW 1966 Nationalism and So cial Communication 2ªed Hobsbawm EJ 1990 Nations and Nationalism since 1780 Kedourie Elie 1960 Nationalism Kohn H 1962 The Age of Natio nalism Renan Ernest 1945 Questce quune na tion In Ernest Renan et lAllemagne org por Émile Bure SetonWatson Hugh 1977 Nations and States Smith AD 1971 Theories of Nationalism Ο 1979 Nationalist Movements in the Twentieth Century Ο 1991 National Identity ERNEST GELLNER nacionalização Ver SOCIALIZAÇÃO nacional popular regime Um sistema de governo que extrai sua legitimidade de afir mações de apoio popular de massa e da defesa dos interesses nacionais ao mesmo tempo que não segue com extrema rigidez as regras da democracia liberal pode ser considerado um regime nacional popular Países em processo de desenvolvimento na maior parte da Ásia Áfri ca e América Latina como também foi o caso da Europa Ocidental antes da Segunda Guerra Mundial estão especialmente sujeitos a esse tipo de governo Suas origens podem ser basi camente de dois tipos Em alguns casos sis temas políticos conservadores ou sob domínio estrangeiro são derrubados por um golpe vio lento promovido por setores alienados da elite em geral militares que usam o aparelho de estado para reorientar as políticas de ação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 510 nacionalização econômica e social e conquistam o apoio das massas Em outros casos os movimentos de massa são organizados a partir de baixo e so mente depois de longo período de política opo sicionista seja reformista ou revolucionária é que têm acesso ao poder No primeiro caso isto é quando o regime nacional popular foi instaurado a partir de cima o resultado é em geral de tipo altamente autori tário com um acréscimo de manifestações de massa oficialmente controladas Muitos países do Oriente Médio vêm seguindo esse padrão desde a Segunda Guerra Mundial o mesmo tendo acontecido em menor extensão com a Turquia desde os tempos de Mustafá Kemal Ataturk nos anos 20 O componente de massa do regime geralmente assume a forma de parti do único oficial Na Turquia porém o regime acabou gerando um sistema de partidos compe titivos em um lento processo de liberalização marcado por constantes intervenções militares É difícil avaliar o grau de apoio popular obtido por regimes nacionais populares uma vez que isso não é testado com veracidade em eleições livres Em geral esse apoio também está presente em particular no início dos pri meiros períodos de consolidação como resul tado de programas nacionalistas revolucioná rios ou radicalmente reformistas e do monopó lio ou quase monopólio da comunicação de massa A opinião pública é em geral polarizada por esses programas de ação e um amplo setor das classes anteriormente dominantes é atirado na oposição ou no exílio enquanto se forma uma nova classe dominante com base na de mocracia nos militares e nos novos capitalistas No segundo caso considerado isto é quan do um regime nacional popular tem origem em insurreições a partir de baixo a política de massa assume um caráter um tanto diferente devido à natureza mais autêntica ou espontâ nea do partido que representa a revolução No entanto restrições estruturais determinam uma convergência na natureza desses regimes com a dos que se originam a partir de cima No México onde se pode considerar que a revolu ção de 1910 gerou depois de uns poucos anos de guerra civil o primeiro regime nacional popular do século XX a formação de um parti do dominante levou quase duas décadas e foi compatível com a existência de partidos de oposição bem menores O regime desenvolveu se em uma direção claramente capitalista e o partido dominante foi se tornando cada vez mais conservador enquanto a oposição tanto de direita quanto de esquerda foi crescendo e se tornando capaz de desafiar o regime Como resultado é possível observar tendências à con solidação de um sistema político mais compe titivo e livre a menos que um golpe militar interrompa esse processo Na Argélia o regime estabelecido em 1962 baseouse em uma bemsucedida insurreição nacional que teve de travar prolongada luta contra o colonialismo francês A conseqüente legitimidade dos combatentes pela liberdade deulhes amplo crédito por parte das massas e das novas elites e lhes permitiu estabelecer reformas importantes e elementos de uma eco nomia socialista No Irã a revolução islâmica fundamentalista de 1979 entronizou uma ver são religiosa e altamente belicosa de regime nacional popular ao que tudo indica bastante capaz de receber apoio popular contínuo ainda que arregimentado Os regimes nacionais populares particular mente os que se originam a partir de baixo podem evoluir em uma direção socialista ou no mínimo adotar uma fraseologia socialista na tentativa de conservar o apoio das massas ou dos setores médios radicalizados e da intelli gentsia Alguns regimes socialistas revolucio nários como os de Cuba e de 1979 a 1990 o da Nicarágua subiram ao poder com um padrão complexo de apoio social e compartilham al guns traços dos regimes nacionais populares incluindo o culto da personalidade e a preferên cia pelo sistema de partido único Alguns exemplos de regimes nacionais po pulares são uma mistura dos dois tipos polares antes considerados os que se originam a partir de cima e os que se originam a partir de baixo Na Argentina o golpe militar de 1943 com Juan D Perón como figura de proa estabeleceu um regime com características nacionais popu lares Forçado pela oposição a garantir eleições livres o partido político formado por Perón revalidou suas credenciais de representante das massas As conseqüentes presidências constitu cionais de Perón 194655 assistiram a uma progressiva deterioração do sistema liberal de mocrático recentemente restabelecido termi nando em um golpe militar em 1955 O pero nismo na oposição conservou seu caráter de partido de massa e desde então se tornou um aspecto permanente do sistema político argen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar nacional popular regime 511 tino Em outros países latinoamericanos da mesma forma governos que tiveram origem a partir de cima ou de uma combinação de forças civis e militares como o de Vargas em 1930 evoluíram rumo a se tornarem a base de partidos populares capazes de manter a sua força em um regime democrático reconstituído Na Europa Oriental entre as duas guerras mundiais vários governos exibiram as caracte rísticas aqui atribuídas aos regimes nacionais populares bem como as do fascismo Os re gimes nacionais populares ou seus partidos po pulistas associados foram rotulados com fre qüência de fascistas É verdade que em alguns deles os elementos fascistas estão presentes mas as características dos dois sistemas são bem diversas No entanto não é provável que seja coincidência o fato de os componentes fascistas dos regimes nacionais populares serem maiores em países relativamente mais desenvolvidos tais como a Argentina o Brasil e países da Europa Oriental A presença de características autoritárias e de mobilização de massas não é suficiente para caracterizar um regime como fascista uma vez que esses traços estão pre sentes também em países comunistas Eles es tabelecem na verdade um contraste com a de mocracia liberal mas a experiência latinoame ricana demonstra que os herdeiros desses re gimes podem tornarse participantes permanen tes de um processo político competitivo no qual ocupam uma posição mais próxima da esquerda do que da direita Ver também POPULISMO NACIONALISMO Leitura sugerida Almond Gabriel e Coleman James S orgs 1960 The Politics of Developing Areas Apter DE 1965 The Politics of Modernization Dahl RA org 1973 Regimes and Oppositions Linz Juan e Stepan Alfred orgs 1978 The Breakdown of Demo cratic Regimes ODonnell Guillermo Schmitter Phillipe e Whitehead Lawrence orgs 1986 Tran sitions from Authoritarian Rule Prospects for Demo cracy TORCUATO S DI TELLA nacionalsocialismo A confiança inicial nas explicações gerais do nacionalsocialismo como movimento ideologia e regime político tem sido minada pelo progresso da pesquisa detalhada e o surgimento de paradigmas pós modernistas As teorias do hitlerismo do TO TALITARISMO do FASCISMO ou o Sonderweg ale mão ver Grebing 1986 Blackbourn e Eley 1984 hoje parecem úteis apenas pela luz que lançam sobre aspectos particulares ou como incentivos a novas reflexões e análises Parece problemático hoje em dia saber se o nacional socialismo dos anos 20 tal como desenvolvido sob a liderança de Adolf Hittler na Alemanha capitalistaindustrial o qual estabeleceu uma ditadura 193345 que trouxe sofrimento a grande parte da humanidade através da Segun da Guerra Mundial e dos programas de exter mínio em massa pode ser classificado sim plesmente sob a categoria geral de fascismo mesmo estando historicamente associado a ele ver Larsen et al 1980 Uma das raízes do nacionalsocialismo na história européia pode ser encontrada nos esfor ços intelectuais e políticos mesmo antes da virada do século na França e na Europa Central no sentido de unir um nacionalismo belicoso a uma política de massa na primeira fase de de mocratização e também a concepções socialis tas Embora esse novo nacionalismo ainda não plenamente realizado por partidos tão di versos quanto o Partido Social Cristão dos Operários de Adolf Stoecker em Berlim ou os pangermânicos de Georg von Schönerer em Viena seja em geral assimilado no pensamento político tradicional à extrema direita ele na verdade como o fascismo de maneira genérica escapou a esse esquema de esquerdadireita ver OSullivan 1983 caps 2 e 3 Essa atitude ambivalente também explica por que persistiu entre cientistas sociais e historiadores a contro vérsia quanto a se o nacionalsocialismo devia ser encarado como revolucionário ou reacioná rio passadista ou modernizante ver Prinz e Zitelmann 1991 como uma tentativa de alcan çar a estabilidade social por meios reacionários ou como uma modernização involuntária da economia e da sociedade obtida por uma re volução política conservadora ver Schoen baum 1966 Em contraste com o fascismo mediterrâneo e da Europa Ocidental o nacionalsocialismo começou a partir de uma cultura nacional que se caracterizava por concepções de uma ascen dência mítica comum de sangue e terra da raça e do Volk Outro elemento essencial foi o ANTISEMITISMO moderno baseado em tra dições cristãs Esses elementos uniramse de modo característico na Alemanha desde a época da unificação nacional a partir de cima em 1871 A crença no Volk alemão expressa através de monumentos nacionais festivais pú Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 512 nacionalsocialismo blicos romances e textos populares e das óperas de Wagner estabeleceuse como uma espécie de religião secular em muitos setores da so ciedade alemã ver Mosse 1964 Essa ideo logia alemã foi comunicada em símbolos e formas litúrgicas como uma política teatral Essa foi uma outra e ainda mais importante fonte do nacionalsocialismo e ao mesmo tem po uma precondição para sua difusão quando a sociedade alemã se viu sacudida pelas crises econômicas e sociais dos anos do entreguerras Os precursores do nacionalsocialismo tan to no nome quanto na organização surgiram antes de 1918 nas lutas nacionalistas na Boê mia alemã dentro do império multinacional dos Habsburgo 1903 assistiu à fundação do Partido Operário Alemão e depois da Primei ra Guerra Mundial ressurgiram na Áustria na Tchecoslováquia e na Alemanha O movimento nacionalsocialista foi a princípio apenas um partido dissidente dos operários völkisch na Munique do pósguerra mas logo encontrou em Hitler um notável propagandista e afinal um líder miticamente transfigurado Como Par tido NacionalSocialista dos Trabalhadores Alemães NSDAP adotou em 1920 um pro grama no qual pretensões nacionalistas e im perialistas radicais bem como exigências de uma revisão da ordem internacional e domés tica do pósguerra se uniram a questões anti semíticas de longo alcance e a exigências so ciais e de classe média tais como a nacionali zação dos trustes a participação no lucro das grandes empresas a comunalização dos dis tribuidores atacadistas e a divisão das grandes propriedades de terra agregadas sob a noção abrangente de uma comunidade do povo des tituída de classes O caráter heterogêneo desse programa foi de fato constantemente enfatizado por contemporâneos e por historiadores e pou co significado se atribuiu a ele na prática polí tica do nacionalsocialismo Não obstante o programa permitiu ao NSDAP apresentarse como nãoengajado com grupos sociais especí ficos e durante a crise econômica mundial reagir a elementos contraditórios de insatisfa ção e protesto unindoos em um movimento de massa A visão de mundo de Hitler exposta em 1925 em Mein Kampf que se formou na Viena do final da monarquia Habsburgo e se refinou no clima contrarevolucionário da Munique do pósguerra serve em certa medida aos historia dores como a formulação principal da ideologia nacionalsocialista Seus princípios básicos são a luta pela existência ver DARWINISMO SOCIAL a crença na superioridade da raça ariana e uma visão elitista dos indivíduos Os principais objetivos estabelecidos são a conquista de es paço vital no Leste e uma radical remoção dos judeus da sociedade o que na prática se mis turou à luta contra o bolchevismo judeu Di ferentemente dos românticos rurais do nacio nalsocialismo Richard Darré 18951953 e Heinrich Himmler 190045 Hitler que acei tava a existência da propriedade privada embo ra desejandoa subordinada a uma comuni dade do povo concebeu a Alemanha futura mente transformada como uma sociedade altamente industrializada e tecnologicamente avançada ver Zitelmann 1987 Kershaw 1991 cap1 e conclusão Os princípios de uma liderança carismáti ca da violenta agitação antidemocrática e an timarxista e de uma política paramilitar o exército privado das SA e mais tarde a polí cia particular das SS foram aperfeiçoados pelo NSDAP depois do fracassado Putsch da Cervejaria de Munique em 1923 embora a liderança do partido contivesse muitas tendên cias combativas revolucionárias entre seus membros militantes e evitasse qualquer aparên cia de tentativa de tomada inconstitucional do poder Os quadros do partido e os que o apoia vam nas urnas no início dos anos 30 davam a impressão de um partido do povo moderno ainda que assimétrico muito mais que um par tido de classe média ou pequenoburguês o que muitos marxistas e teóricos liberais do fascismo enfatizavam Igualmente dúbias são as supo sições quanto ao financiamento da ascensão do NSDAP principalmente pelo alto capital mas a tomada e a consolidação do poder em 1933 dificilmente podem ser concebidas sem um apoio das elites nacionais e conservadoras da recentemente extinta República de Weimar a aristocracia agrária prussiana os líderes mi litares e os altos funcionários O estabelecimento do domínio nacionalso cialista levanta questões fundamentais a res peito de sua estrutura e funcionamento Em particular os historiadores alemães debateram nos anos 80 se o Terceiro Reich dependia de fato da vontade de ver Hitler como líder onipo tente ou se era uma poliarquia de líderes e burocracias subordinados e rivais a qual em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar nacionalsocialismo 513 última análise pode ser reduzida à dicotomia estrutural de fatores de estado e de partido na estrutura de poder da ditadura nazista es tado dual ver Fraenkel 1941 e Neumann 1942 No mesmo contexto diferentes respos tas foram dadas à pergunta quanto a se no regime nazista é possível perceber uma reali zação direta do programa nacionalsocialista ou do de Hitler ou se a realidade brutal do Ter ceiro Reich à falta de adequada fundamenta ção em uma ideologia característica foi conse qüência de um processo nãoplanejado de auto radicalização resultante de tendências latentes na sociedade alemã ou em qualquer sociedade moderna Acima de tudo ao explicar as origens da solução final para a questão judaica esse debate deu margens a avaliações diametralmen te opostas e politicamente diversas às quais correspondem diferentes avaliações da reali dade cotidiana do sistema nacionalsocialista como uma ditadura totalitária terrorista à qual toda a população estava sujeita Arendt 1951 ou como um regime de consenso parcial resis tência popular e grau significativo de latitude na vida privada que ficava de fora dos rituais públicos de consentimento e dos eventos hor ríveis de perseguição de oponentes políticos e judeus bem como durante longo tempo dos efeitos da guerra Esses limites apontados à penetração tota litária da sociedade alemã pelo nacionalsocia lismo criaram a impressão depois da derrota de 1945 de que mal houvesse existido nacional socialistas convictos mas apenas companhei ros de viagem oportunistas e indivíduos desilu didos A desnazificação do pósguerra im plementada pelos Aliados ocupantes foi limi tada na Alemanha Ocidental e superficial na Oriental mas houve poucos ressurgimentos de idéias nacionalsocialistas no sentido mais cor reto As organizações e partidos neonazistas exerceram pouca influência exceto por breve período no final dos anos 60 com o surgimento do Partido NacionalDemocrata Alemão que não era neonazista em sentido pleno e mais recentemente desde 1990 embora os republi canos sejam mais nacionalistas de direita do que neonazistas ver Benz 1989 Leitura sugerida Baldwin Peter 1990 Social inter pretations of Nazism Journal of Contemporary His tory 25 537 Bracher K D 1970 The German Dic tatorship Broszat Martin 1981 The Hitler State Jäckel Eberhard 1972 Hitlers Weltanschauung Kershaw Ian 1989 The Nazi Dictatorship 2ªed Mayer Arno J 1988 Why Did the Heavens Not Darken Mosse George L 1975 The Nationaliza tion of the Masses Noakes Jeremy e Pridham G orgs 19838 Nazism 19191945 a Documentary Rea der 3 volsvol4 no prelo Peukert Detlev 1987 Inside Nazi Germany GERHARD BOTZ naturalismo No presente século naturalis mo indica usualmente três idéias afins 1 a dependência em que a vida social e mais genericamente humana se encontra em relação à natureza isto é o materia lismo 2 a suscetibilidade dessas idéias a uma ex plicação formulada essencialmente do mesmo modo isto é em termos cientí ficos 3 o caráter cognato de enunciado de fato e de valor e em particular a ausência de um abismo lógico intransponível entre eles do gênero sustentado por David Hume Max Weber e GE Moore isto é o naturalismo ético Este verbete está interessado principalmente no segundo sentido Foi a questão dominante na filosofia e uma questão controvertida na prática das ciências humanas Nesse sentido cumpre distinguir o naturalismo de suas duas espécies extremas a saber o cientificismo que se diz possuidor de uma completa unidade e o reducionismo que afirma uma identidade con creta de objeto de estudo entre as ciências na turais e sociais Três amplas posições podem ser delineadas a um naturalismo mais ou menos irrestrito usualmente associado ao POSITIVISMO domi nante na filosofia e prática das ciências sociais pelo menos no mundo anglófono até cerca de 1970 b o antinaturalismo baseado em uma distinta concepção do caráter ímpar da reali dade social isto é como dotada de um caráter préinterpretado conceptualizado e lingüístico a HERMENÊUTICA a oposição oficial ao positivismo forte no mundo germânico e na prática das humanidades e c mais recente mente um naturalismo crítico limitado fun damentado em uma concepção essencialmente realista de ciência e em uma concepção trans formativa da atividade social a qual começou a adquirir destaque no último quartel do século ver REALISMO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 514 naturalismo O positivismo encontra expressão na tradi ção sociológica durkheimiana e no behavioris mo no funcionalismo e no estruturalismo Seus antecedentes filosóficos imediatos situamse na obra de David Hume JS Mill Ernst Mach e do Círculo de Viena fornecendo a espinha dor sal da concepção ortodoxa de ciência A an cestralidade filosófica imediata da hermenêuti ca deriva de Wilhelm Dilthey Georg Simmel Heinrich Rickert e Max Weber Estes fundiram as distinções kantianas e hegelianas de modo a produzir um contraste entre o mundo fenome nal da natureza e o mundo inteligível da liber dade fundamentando distinções entre explica ção causal Erklären e entendimento interpre tativo Verstehen o nomotético e o idiográfico ver IDIOGRÁFICO MÉTODO o repetível e o úni co os domínios da física e da história Isso encontra expressão na tradição sociológica we beriana e nos estudos fenomenológicos etno metodológicos e interpretativos em geral Uma discriminação deve ser feita dentro desse se gundo campo entre os que procuram sintetizar ou combinar princípios positivistas e herme nêuticos como Weber ou Jürgen Habermas e os dualistas que negam ao positivismo qualquer aplicabilidade na esfera humana como HG Gadamer ou P Winch A terceira tradição na turalista crítica baseiase imediatamente na fi losofia realista da ciência desenvolvida por Rom Harré EH Madden Roy Bhaskar e ou tros e na concepção de atividade social inde pendentemente proposta por Pierre Bourdieu Anthony Giddens e Bhaskar Foi adotada e desenvolvida por numerosos autores incluindo Russell Keat Ted Benton William Outhwaite e Peter Manicas A maioria desses autores loca liza uma primeira expressão sociológica dessa concepção em certos aspectos da obra de Marx e mais recentemente em uma teoria social marxista e nãomarxista que visa aproximar as tradições estruturalista e verstehende de um modo geohistórico e ecologicamente in formado Não é fácil caracterizar a obra de pensadores pósestruturalistas e mais geral mente pósmodernistas Em sua maioria adotam uma perspectiva epistemológica nietzscheana sobre uma base ontológica hu meana ou positivista Enquanto os positivistas basearam seu natu ralismo em uma teoria epistemológica relativa mente apriorística os hermeneutas fundamen taram seu antinaturalismo em considerações ontológicas que dizem respeito em particular ao caráter significativo ou governado por regras da realidade social Além disso ao passo que os positivistas insistem em que as hipóteses acerca de tais características devem submeter se aos procedimentos normais de qualquer ciên cia empírica os hermeneutas por seu lado podem corretamente apontar para a completa ausência de leis e explicações em conformidade com o cânone positivista Em resposta a isso os positivistas alegam que o mundo social é muito mais complexo que o mundo natural ou que as leis que o governam só podem ser identificadas em algum nível mais básico por exemplo o nível neurofisiológico Positivistas e herme Sociedade Sociedade Indivíduo Indivíduo 1 O estereótipo weberiano Voluntarismo 2 O estereótipo durkheimiano Reificação Sociedade socialização Indivíduos reproduçãotransformação 3 O modelo transformativo de atividade social Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar naturalismo 515 neutas aceitaram uma descrição fundamental mente positivista da ciência natural Se isso é falso como afirmam os realistas então os positivistas têm de formular argumen tos especiais que justifiquem por que o positi vismo deveria ser aplicável de modo singular e sumamente implausível no domínio humano e os hermeneutas por sua parte têm de reava liar seus contrastes Assim os dois principais argumentos de Winch são parasitas de uma ontologia positivista Conjunções constantes de eventos não são necessárias nem suficientes para o entendimento científico natural ou para o social ambos estão igualmente interessados na descoberta de conexões inteligíveis em seu objeto de estudo O conceitual e o empírico tampouco esgotam conjuntamente o real O realismo pode admitir que a conceitualidade é característica da vida social sem supor que a esgota Além disso os realistas afirmaram que os temas positivistas transpostos ingressam di retamente nas metateorias substantivas dos her meneutas A defesa do naturalismo crítico gira em tor no da extensão em que uma análise indepen dente dos objetos de conhecimento social e psicológico é compatível com uma teoria realis ta da ciência Assim enquanto que na tradição weberiana os objetos sociais são vistos como resultados do ou constituídos pelo comporta mento intencional ou significativo inclinando se para o voluntarismo ver figura 1 e na tradição durkheimiana os objetos sociais são considerados detentores de vida própria exter nos em relação ao indivíduo e coercivos para este com tendência à reificação ver figura 2 na concepção naturalista crítica por seu turno a sociedade é considerada não só uma condição preexistente e transcendente e causalmente necessária para a mediação intencional intui ção de Durkheim mas que além disso tem existência e consistência unicamente em vir tude dela ver figura 3 Nessa concepção portanto a sociedade é a condição e o resultado de mediação humana a dualidade de estrutura e a mediação humana produz e reproduz ou transforma a sociedade a dualidade de estrutura Nesse modelo em contraste com a perspectiva hermenêutica as explicações dos atores são corrigíveis e limita das pela existência de condições irreconheci das conseqüências nãopremeditadas habili dades tácitas e motivações inconscientes mas em oposição ao ponto de vista dos positivistas as exposições dos atores formam o indispen sável ponto de partida da investigação social O modelo transformativo assinala que a vida so cial possui um caráter recursivo e nãoteleoló gico uma vez que os agentes reproduzem e transformam as próprias estruturas que utilizam e pelas quais são coagidos em suas atividades substantivas Também indica uma concepção relacional do objeto de estudo da ciência social em contraste com as concepções metodológicas individualistas e coletivistas características das tradições utilitária e weberiana e durkheimia na de teoria social Certas características visíveis dos sistemas sociais que na invocação de um critério causal para descrever a realidade podem ser conside radas como limites ontológicos do naturalismo são imediatamente deriváveis desse modelo Podemos descrevêlas sumariamente como de pendência de conceito dependência de ativi dade e maior especificidade espaçotemporal de estruturas sociais A interdependência causal entre a ciência social e seu objeto de estudo especifica um limite relacional enquanto que a condição pela qual os sistemas sociais são intrinsecamente abertos o importantíssimo limite epistemológico explica a ausência de cruciais ou decisivas situações de teste em prin cípio requerendo confiança em critérios exclu sivamente explicativos nãopreditivos para a avaliação racional da teoria Embora sujeitas a essas restrições e poderseia argumentar jus tamente em virtude disso as modalidades ca racterísticas de explicação teórica e prática que os realistas especificam ver FILOSOFIA DA CIÊN CIA SOCIAL mostramse possíveis tanto na esfe ra social quanto na natural No naturalismo crítico portanto as ciências sociais podem ser ciências exatamente no mesmo sentido que as naturais mas de maneiras que são tão dife rentes e específicas quanto os seus objetos de estudo Uma quarta diferença crítica requerida pela consideração de que o objeto de estudo da ciência social inclui não só objetos sociais mas também crenças acerca desses objetos torna possível uma crítica explicativa da consciência e do ser a qual envolve juízos de valor e de ação sem paralelo no domínio das ciências na turais justificando uma forma modificada de naturalismo ético substantivo ou seja o sentido 3 acima Entretanto parece vital ver tal crí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 516 naturalismo tica e a ciência social de um modo geral con dicionada pela dependência dos seres humanos da ordem natural que é materialismo ou natu ralismo no sentido 1 acima Leitura sugerida Benton T 1981 1985 Realism and social science In A Radical Philosophy Reader org por R Edgley e P Osborne Bhaskar Roy 1989 The Possibility of Naturalism 2ªed Giddens A 1976 New Rules of Sociological Method Harré R e Secord P 1972 The Explanation of Social Behaviour Keat R 1971 Positivism naturalism and antinatu ralism in the social sciences Journal for the Theory of Social Behaviour 13 Outhwaite William 1983 Con cept Formation in Social Science ROY BHASKAR natureza humana Há muitas definições ri vais desta noção Cada definição não só assume determinada posição mas também reivindica para si uma perspectiva excepcionalmente pri vilegiada que exclui todas as alternativas Esse zelo nada tem de acidental porquanto alguma noção de natureza humana é um componente indispensável do pensamento social As mais significativas contribuições do século XX po dem ser divididas em dois grupos principais o científico e o humanístico Interpretações científicas Sociobiologia EO Wilson define a natureza humana como uma miscelânea de adaptações genéticas em um meio ambiente largamente desaparecido o mundo do caçador e coletor da Idade Glacial 1978 p196 Em SOCIOBIOLO GIA a finalidade é estudar a natureza humana como uma área das ciências naturais mediante a criação de uma rede internamente coerente de explicação causal entre ciências biológicas e sociais O ponto nodal dessa rede é a noção de regras epigenéticas Toda a sociedade é gover nada por essas regras as quais cobrem tudo desde sua política econômica até seus princí pios morais e suas práticas de puericultura Wil son e Lumsden 1981 Etologia Os autores dessa escola como K Lorenz 1966 e I EiblEibesfeldt 1971 con centramse no fato de o genótipo humano com partilhar 99 de sua história com o do chim panzé A aparente exigüidade dessa diferença significa que a espécie biológica Homo sapiens só recentemente surgiu no tempo evolutivo Os etologistas sustentam que os padrões de com portamento dos primatas agressividade hie rarquias e territorialidade por exemplo têm suas contrapartes na sociedade humana ver ETOLOGIA Comportamentalismo Embora os autores dessa escola não questionem os princípios do neodar winismo seu enfoque recai diretamente sobre o comportamento humano Esse comportamen to como qualquer outro fenômeno natural tem causas antecedentes que determinam necessa riamente certos efeitos Na terminologia de BF Skinner 1971 o comportamento humano está sujeito ao condicionamento operante Uma conseqüência disso acredita Skinner é que muitas instituições e práticas sociais correntes como a punição para crimes são obsoletas e deveriam ser substituídas por uma apropriada tecnologia do comportamento ver COMPORTA MENTALISMO O que a posição de Skinner revela e que também está presente nas outras duas escolas é a convicção de que enunciados supostamente científicos têm significativas implicações tanto sociais quanto morais e políticas Todas as três pressupõem que a natureza humana é um objeto apropriado de estudo científico e também que qualquer pensamento social que não seja com patível com as descobertas desses estudos é insustentável Apesar do grande prestígio des frutado pela ciência a exatidão de todo esse conjunto de suposições tem sido severamente impugnada No âmago dessas impugnações es tá a convicção contrária de que é a humanidade da natureza humana e não a sua natureza que deveria ser o objeto de investigação Interpretações humanistas Contextualismo De acordo com essa descri ção a natureza humana é especificada ou con cretizada pelo contexto em que necessariamen te se encontra Fora desse contexto só são possíveis generalizações abstratas e nãoinfor mativas como o número de cromossomos Nenhuma distinção significativa pode ser feita entre os seres humanos e suas culturas espe cíficas uma vez que como escreveu Clifford Geertz os seres humanos são artefatos cultu rais 1972 p50 Simbolismo Ernst Cassirer define o homem como animal symbolicum 1944 p26 O modo de entender o que é essencialmente humano consiste em examinar o que é característico e o que está implícito no fato de só os seres huma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar natureza humana 517 nos serem seres lingüísticos A realidade huma na não é a dos padrões de comportamento mas a da ação simbólica manifesta em mitos arte religião etc Grandes questões estão envolvidas nas dife renças entre as várias concepções científicas e humanistas de natureza humana É claro ne nhuma dessas posições nega o papel desempe nhado pelas outras e uma das explicações mais importantes e de maior alcance do século XX pode ser interpretada como um empreendimen to para anular as diferenças A premissa da explicação psicanalítica da natureza humana de Freud 191517 1923 diz que os seus compo nentes básicos só podem ser revelados por uma descrição científica do modo como o Incons ciente funciona Mas todo o esforço de Freud é no sentido de desvendar patologias nesse fun cionamento e de fornecer remédios que me lhorem a vida individual e social a religião por exemplo é por ele considerada uma relí quia neurótica 1927 p72 ver PSICANÁLISE Todos os pontos de vista examinados até aqui aceitam que a natureza humana é um con ceito significativo Talvez o ponto de vista mais característico do século XX sobre este tópico tenha sido um ataque desfechado contra essa significação A mais famosa versão é a do EXIS TENCIALISMO de Sartre 1946 De acordo com Sartre a natureza humana não existe porque nada há fora dela como seja Deus para lhe conferir uma natureza ou essência Nos seres humanos a existência precede a essência ao contrário dos objetos naturais que meramente existem os seres humanos decidem existir Ou tra crítica do conceito é que ele somente existe no interior de certos discursos historicamente específicos de modo que M Foucault 1966 está apto a afirmar que o conceito só surgiu no final do século XVIII e não é por conseguinte uma idéia transhistórica universal No âmbito dos discursos do século XX a natureza humana desempenha papel de des taque na argumentação ideológica Por exem plo um aspecto essencial no que se refere às diferenças entre as concepções socialista e libe ral de boa sociedade é apurar o que é verda deiramente central na natureza humana se a cooperação ou a competição De modo menos aberto a diferença entre as explicações cientí fica e humanista é analogamente polêmica Por exemplo a alegação científica de que o altruís mo é impossível porque o egoísmo é um fato inevitável da natureza humana é criticada por se tratar antes de uma defesa ideológica do status quo uma vez que exclui futuros huma namente possíveis Esses exemplos ilustram por que é impossível qualquer definição incon troversa Leitura sugerida Benthall J org 1973 The Limits of Human Nature Berry CJ 1986 Human Nature Forbes I e Smith S orgs 1983 Politics and Human Nature Hollis M 1977 Models of Man Jaggar A 1983 Feminist Politics and Human Nature Midgley M 1978 Beast and Man Platt JR org 1965 New Views of the Nature of Man Rothblatt B org 1968 Changing Perspectives on Man Stevenson L 1974 Seven Theories of Human Nature Trigg R 1982 The Shaping of Man CHRISTOPHER J BERRY necessidades Termo para designar exigên cias humanas essenciais requisitos indispen sáveis à subsistência as necessidades só se tornaram realmente objeto de teoria no século XX Anteriormente os filósofos tinham argu mentado que a necessidade era um conceito essencialmente contestado ou que não havia distinção essencial entre necessidades e carên cias Pensadores tão antigos quanto Platão e Aristóteles postularam as necessidades huma nas como a base da cidade polis agregado social cujo alicerce econômico era a troca no mercado Mas tão indefinido era o conceito grego de necessidade que se traduzia freqüen temente como demanda Autores estóicos e epicuristas do período helenístico usaram as necessidades como critério para distinguir entre vidas virtuosas e corruptas promovendo o ideal do homem de poucas necessidades Pensa dores como Epicteto e Sêneca provaram que as necessidades têm uma elasticidade tal que lhes permite proliferar se a vontade moral não inter vier para refreálas Foi essa a linha de pensa mento adotada por pensadores do Iluminismo como JeanJacques Rousseau que nos seus Pri meiro e Segundo Discursos acompanha Sêneca ao afirmar que a análise do declínio da civiliza ção gravita em torno da distinção entre neces sidades naturais e artificiais Os psicólogos ambientalistas e os primeiros socialistas fran ceses do final do século XVIII e começos do XIX como Helvétius Holbach e La Mettrie extraíram uma conclusão óbvia dessa distinção que a boa sociedade depende da apropriada formação de necessidades no indivíduo com parar com SOCIEDADE AFLUENTE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 518 necessidades A ruptura entre os antigos tratamentos mo ralistas e assistemáticos das necessidades e o uso do conceito de um modo quase técnico ocorreu com Hegel na Filosofia do direito Influenciado sem dúvida pelos economistas políticos escoceses Hegel definiu a sociedade civil como um sistema de necessidades re ferindose à função econômica da sociedade como provedora do necessário à subsistência através do mecanismo de trocas mercantis Em bora essa opinião remonte a Aristóteles que na Política já fizera a distinção entre valor de uso e valor de troca Hegel produziu uma concepção mais ampla da sociedade como um tecido de instituições e estruturas criadas no processo da satisfação de necessidades Marx que tanto devia a Hegel ampliou essa noção no conceito de modo de produção base da sociedade sobre a qual se erigem as superestruturas institucio nais de acordo com o que as necessidades im põem Entretanto Marx também deixou de de finir as necessidades ou de lhes dar uma aten ção específica Nos Manuscritos de 1844 por exemplo ele faz uma distinção rousseauniana entre necessidades humanas e nãohumanas ao passo que em O capital se refere às neces sidades como indistinguíveis das demandas acrescentando que não importa se são neces sidades reais ou se brotam da imaginação em termos de seu efeito no sistema Springborg 1981 cap6 No século XX o enfoque das necessidades humanas foi instigado por duas considerações problemas na teoria marxista e questões nas políticas públicas Os marxistas clássicos ti nham que explicar a inesperada longevidade do capitalismo previsto para desmoronar em con seqüência da superprodução e do subconsumo Alguns revisionistas marxistas casando noções freudianas de desejos instintivos com obser vações acerca do papel da mídia por teóricos da sociedade de massas propuseram uma explica ção em termos de falsas necessidades Co meçando com Erich Fromm que foi o primeiro a expor essa idéia nos anos 30 e incluindo Wilhelm Reich Herbert Marcuse e membros da escola de Frankfurt esses pensadores argumen taram que o capitalismo tem uma capacidade inigualável de introjetar na psique de seus súdi tos as necessidades que ele precisa que eles tenham a fim de que o sistema sobreviva Um segundo estímulo à discussão teórica das necessidades foi o desenvolvimento dos estudos de políticas públicas Teóricos da edu cação urbanistas assistentes sociais e servi dores públicos dedicamse a políticas públicas baseadas na necessidade Os limiares das ne cessidades e os critérios para discriminar entre necessidades conflitantes impõem a atenção em suas teorias A distinção entre verdadeiras e falsas necessidades tal como formulada pelos neomarxistas é hoje vista de modo geral como essencialmente moralista e nãocientífica ser vindo de esteio à ditadura sobre as neces sidades Fehér et al 1983 estabelecida pelas economias de comando dos países socialistas Com a obra imaginativa de Michael Ignatieff 1984 os teóricos concentraramse uma vez mais no problema das necessidades dos pobres aqueles para quem as instituições de proprie dade privada não deixam espaço público es premidos pelo ônus da dívida criada pelo con luio das economias capitalistas do Primeiro Mundo com as ditaduras do Terceiro Mundo O ESTADO DE BEMESTAR cuja legitimidade assenta em sua afirmação de que garante a subsistência e a seguridade não pode deixar de abordar os problemas criados pelo pobres e os semteto cujas necessidades são desesperadoras Leitura sugerida Heller A 1976 The Theory of Need in Marx Ignatieff M 1984 Needs of Strangers Leiss W 1976 The Limits to Satisfaction an Essay on the Problem of Needs and Commodities Soper Kate 1981 On Human Needs Open and Closed Theo ries in a Marxist Perspective Springborg P 1981 The Problem of Human Needs and the Critique of Civiliza tion PATRICIA SPRINGBORG neoclássica economia Ver ECONOMIA NEO CLÁSSICA neocolonialismo Ver COLONIALISMO neodarwinismo A teoria sintética da evolu ção Huxley 1974 combinando as idéias de Charles Darwin sobre SELEÇÃO NATURAL com as de Gregor Mendel sobre genética constitui a base do neodarwinismo o qual oferece predo minantemente através das técnicas estatísticas de genética de populações uma descrição da adaptação de organismos a meios ambientes O neodarwinismo é um avanço sobre a pró pria teoria da evolução de Darwin a qual de pendia dos conceitos de variação e herança que no seu tempo eram sofrivelmente entendidos Os resultados de Mendel forneceram uma base Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar neodarwinismo 519 para distinguir entre a constituição de um orga nismo genótipo e seus traços fisiológicos e comportamentais fenótipos assim como para o nosso entendimento da recombinação genéti ca durante a reprodução hoje reconhecida co mo a fonte primária da variação transmissível da qual dependem os processos seletivos Cumpre distinguir o neodarwinismo das teorias neolamarckistas de EVOLUÇÃO efêmera e tragicamente dominantes na Rússia Medve dev 1969 de acordo com as quais a má adap tação do organismo ao meio ambiente provoca uma resposta pelo organismo que resulta em sua aquisição de um traço que se ajusta melhor ao seu meio ambiente e que será herdado por sua progênie De acordo com essa descrição o meio ambiente instrui o organismo Essa idéia é repudiada no neodarwinismo segundo o qual os processos de recombinação e mutação pro duzem aleatoriamente variantes de todos os tipos melhores e piores do ponto de vista da adaptação dentre as quais são selecionadas as que melhor ajustam o organismo ao meio ambiente Maynard Smith 1958 cap2 Três equívocos comuns da evolução foram elucidados pelo neodarwinismo Em primeiro lugar a seleção natural não otimiza o ajustamento organismomeio ambi ente mas tende meramente a melhorálo Por tanto muito mais correto do que o grau ótimo de aptidão preconizado por Herbert Spencer seria a sobrevivência dos mais aptos expressa em termos comparativos A evolução não alcan ça a otimização em parte porque só pode sele cionar a partir de variantes que ocorrem na realidade as quais é improvável que incluam a variante otimamente adaptativa Simon 1983 cap2 Em segundo lugar o neodarwinismo não afirma que todos os traços tenham sido selecio nados por sua superioridade adaptativa Traços distintos podem estar geneticamente engata dos permitindo que traços neutros ou de adap tação defeituosa recebam carona de traços de valor adaptativo positivo Gould 1983 cap3 Em terceiro lugar a evolução não é neces sariamente uma luta pela sobrevivência en volvendo competição direta entre organismos algumas espécies podem estabelecer ou ocupar nichos ambientais até então desocupados e evi tar assim o conflito com outras Hutchinson 1965 Questões importantes acerca do neodarwi nismo incluem o seu status científico Ruse 1973 seção 32 e sua adequação particular mente em relação à SOCIOBIOLOGIA para expli car disposições geneticamente baseadas para o comportamento altruísta Maynard Smith 1975 cap12 Leitura sugerida Dawkins R 1986 1988 The Blind Watchmaker Simpson GG 1949 The Mea ning of Evolution FRED DAGOSTINO neokantismo O termo pode ser aplicado a qualquer filosofia ou teoria social que se inter prete a si própria como desenvolvimento e re visão dos métodos analíticos propostos por Im manuel Kant 17241804 ou como resposta aos problemas por exemplo de epistemologia e ética por ele expostos O termo é usado com extrema precisão em referência a um movimen to no seio da filosofia alemã anterior à Primeira Guerra Mundial Esse movimento consistiu em duas principais escolas sediadas em Marburgo e em Heidelberg sendo esta última significativa por sua influência sobre Max Weber Outros sociólogos como Georg Simmel e Émile Durk heim embora não se apresentassem explicita mente como neokantianos podem ser conside rados promotores de uma sociologia cujo de senvolvimento refletiu as tentativas de desco brir na sociedade as precondições para as regras a priori de Kant O retorno a Kant na década de 1860 foi uma resposta ao evidente fracasso das filosofias ide alista e materialista póskantianas Foi uma ten tativa de reconstrução da filosofia não através da imitação servil de Kant mas procurando reinterpretálo à luz das gerações precedentes de críticos kantianos As escolas neokantianas caracterizamse tanto pelo que rejeitam quanto pelo que adotam em Kant Hermann Cohen 18421918 e Paul Natorp 18541924 foram as principais figuras da es cola de Marburgo Sua obra está centralmente interessada na epistemologia e especificamente na construção do domínio objetivo das distintas ciências naturais Entretanto isso acarreta um movimento de distanciamento da análise trans cendental de Kant no sentido da formação de uma lógica geral A investigação transcendental envolve a explicação das precondições neces sárias à possibilidade de experiência Para Kant as regras a priori determinaram a síntese de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 520 neokantismo sensações em objetos de experiência Por con seguinte só quando uma sensação subjetiva é legitimamente subordinada a particulares e ca tegorias apriorísticas de acordo com o que Kant designa por esquemas ela passa a ser objetiva e somente assim o sujeito adquire conhecimento da realidade objetiva Portanto a análise transcendental pressupõe que as regras a priori são necessariamente aplicadas na expe riência Mas a lógica formal ou geral que Cohen e Natorp procuraram desenvolver é explicada independentemente da experiência Tratase mais de metodologias para a conceitualização dos objetos de ciências particulares e assim não são aplicáveis à experiência em geral Além disso essa lógica é apresentada como um con junto de regras a priori mais desejáveis do que necessárias Isso leva à tarefa interminável de aperfeiçoar a constituição do domínio do objeto científico até que o pensamento conceitual pas se a corresponder à coisaemsi Ding an sich Os principais representantes da escola de Heidelberg ou Baden são Wilhelm Windel band 18481915 e Heinrich Rickert 1863 1936 Ao conferirem primazia à Crítica da razão prática de Kant eles ofereceram uma análise da constituição do conhecimento fun damentada em valores Windelband afirmava que todos os juízos em lógica ética e estética são guiados pela pressuposição do sujeito dos valores universais de verdade bondade e bele za Os próprios valores não podem ser aprova dos na medida em que estão como sustentava Kant para além da jurisdição da razão teórica Portanto o sujeito empírico não é visto como criador de valores pois os valores são pos tulados por uma consciência transcendental pa ra além de qualquer consciência empírica É mantida a divisão kantiana entre razão prática e teórica mas transformada na medida em que se faz dos valores a precondição transcendental da razão teórica A escola de Heidelberg concentrouse na metodologia das ciências culturais Rickert em uma tentativa de superação do dualismo fato valor inerente à filosofia de Windelband pos tula um terceiro domínio da cultura no qual estão contidos tanto o fato quanto o valor Atra vés do juízo prático os sujeitos criam bens culturais Isso significa que objetos sensíveis e por conseguinte objetos acessíveis à razão teó rica são colocados em relação a valores e rece bem assim uma dimensão axiológica Por outro lado o sujeito não cria valores pois a cultura como sistema de valores predominantes é a precondição transcendental da possibilidade de apreender bens culturais Rickert procura escla recer a sua posição distinguindo entre os juízos de valor de um ator histórico e a atividade do historiador O ator é guiado pelo que acredita que deve ser O historiador contudo só res ponde a valores na medida em que estes são realmente aceitos pelos atores Isso serve de fato para abalar a natureza transcendental do argumento de Rickert A comparação com a constituição da natureza fracassa pois o sujeito histórico assim como o teórico cria ativamente valores Desse modo a constituição da cultura ocorre de modo empírico não de modo trans cendental Weber desenvolve os argumentos de Ri ckert mas no contexto de uma sociologia em pírica Weber não aceita que o ator social apenas crie ativamente valores mas vai além para afir mar que no racionalizado e desencantado mun do moderno os atores geram uma proliferação de valores concorrentes Na medida em que a racionalização pode ser vista como o predomí nio da razão teórica deixam de existir os meios comumente aceitos de avaliação de valores concorrentes A metodologia de Weber do TIPO IDEAL pode ser considerada um desenvolvimen to da análise de Rickert da atividade do his toriador Um tipo ideal é heurístico e portanto sem significação transcendental Ele cons titui porém o significado do fenômeno cultu ral para o teórico O valor é dado ao fenômeno cultural somente através do reconhecimento dos valores que são realmente aceitos pelos atores Elementos neokantianos também podem ser vistos na obra de Simmel Ele responde ao problema da constituição transcendental da so ciedade com uma teoria de formas de socializa ção Simmel reconhece que a unidade da socie dade é constituída pelos atores sociais e não meramente pelo teórico O seu conceito de for mas referese portanto à multidão de tipos gerais que os atores usam para constituir uma totalidade estruturada a partir da diversidade da vida social e ao entendimento que o sociólogo adquire desses tipos como processos que origi nam a consciência de socialização dos atores Entretanto a relação entre processos transcen dentais e empíricos tornase mais uma vez am bígua Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar neokantismo 521 Finalmente a sociologia de Durkheim e em especial a sociologia da religião é um exemplo da tentativa de alicerçar as categorias a priori de entendimento de Kant em algum substrato so cial Durkheim na esteira de Kant aceita a realidade de categorias e valores mas procura definir as condições de sua possibilidade na sociedade como uma realidade sui generis As sim a sociedade tornase uma força moral dotada de uma objetividade transcendental Com essa abordagem Durkheim pode descre ver variações nas categorias de entendimento mediante referência a variações concretas entre sociedades Leitura sugerida Arato A 1974 The neoidealist defence of subjectivity Telos 21 10861 Coples tone F 1963 A History of Philosophy 9 volsVol7 Fichte to Nietzsche p36173 Durkheim É 1912 1968 Les formes élémentaires de la vie religieuse Habermas Jürgen 1968 1971 Knowledge and Hu man Interests Rickert H 1962 Science and History a Critique of Positivist Epistemology Rose G 1981 Hegel Contra Sociology Simmel Georg 1959 Georg Simmel 18581918 a Collection of Essays with Trans lations and a Bibliography org por KH Wolff We ber M 1904 1949 Methodology of the Social Scien ces org e trad por EA Shils e HA Finch ANDREW EDGAR New Deal Conjunto de medidas de política econômica tomadas nos Estados Unidos entre 1933 e 1940 sob a liderança do presidente Franklin Roosevelt com a finalidade de produ zir a recuperação da Grande Depressão e cor rigir defeitos no sistema que se acreditava terem sido por ela revelados Não há uma teoria única subjacente nas medidas tomadas Todas as es pécies de coisas foram experimentadas Muitas medidas foram descartadas porque as condi ções a que se destinavam tinham sido ultrapas sadas por terem fracassado ou por se revelarem inconstitucionais Entre as mais duradouras mudanças políticas estavam 1 Substancial libertação da política mone tária das restrições do padrãoouro e maior aceitação da responsabilidade da política monetária para a estabilização da economia 2 Crescente confiança na política orça mentária governamental para levar a ca bo e manter altos níveis de emprego Isso ocorreu primeiro pragmaticamente na forma de programas de obras públicas e outros programas de emergência e foi depois racionalizado em termos teóricos pela ciência econômica keynesiana ver KEYNESIANISMO 3 O começo do ESTADO DE BEMESTAR nos Estados Unidos em nível federal Os seus principais ingredientes foram a o sistema de seguridade social for necendo benefícios de aposentadoria para trabalhadores bo sistema de segurodesemprego c o fornecimento de auxílio financeiro a famílias pobres com filhos depen dentes 4 Intervenção do governo para controlar preços e produção na agricultura 5 Promoção governamental da organiza ção sindical 6 Novo ou ampliado controle governa mental de preços tarifas ou outros as pectos dos transportes energia comuni cações e indústria financeira 7 Movimento no sentido de uma política mais liberal de comércio internacional As medidas fiscais e monetárias ajudaram a realizar a recuperação da economia norteame ricana embora as medidas fiscais fossem dé beis e vacilantes Algumas das outras medi das provavelmente retardaram a recuperação ao elevarem os custos e aumentarem a incerteza na comunidade empresarial A recuperação ain da estava incompleta e o desemprego ainda era grande quando a Segunda Guerra Mundial se tornou um fator dominante na economia Todas as medidas do New Deal foram con testadas com veêmencia na época principal mente com base em se tratar de interferências impróprias na liberdade econômica Por outro lado havia queixas de que o New Deal estava sustentando um sistema basicamente imperfei to que necessitava de reestruturação mais radi cal Mas as medidas foram avassaladoramente populares como evidenciado pelos êxitos elei torais de Roosevelt Cinqüenta anos depois a política norteame ricana foi muito além do New Deal em quase todos os aspectos mais regulamentação mais pagamentos de transferência para a segu ridade social segurodesemprego e assistência médica e uma política fiscal e monetária mais ativa Mesmo os que estão sumamente preocu pados com o crescente poder do governo na economia considerariam um retorno ao New Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 522 New Deal Deal como um retorno ao governo pequeno e limitado Na perspectiva da década de 90 a queixa a respeito do New Deal se é que signi fica uma queixa não se refere às medidas toma das na década de 30 mas ao caminho pelo qual o governo federal então enveredou Leitura sugerida Lehergott S 1984 The Americans an Economic Record p45365 Stein H 1969 The Fiscal Revolution in America Ο 1988 Presidential Eco nomics the Making of Economic Policy from Roose velt to Reagan and Beyond p2764 HERBERT STEIN New Left Ver NOVA ESQUERDA New Right Ver NOVA DIREITA nomenklatura Este sistema de nomes de sempenhou um papel muito importante nos mé todos de controle de socialismo tipo monolítico e stalinista ver também TOTALITARISMO sua revisão e mudança radical tornaramse os prin cipais problemas nos esforços para realizar re formas democráticas De acordo com as decisões de órgãos diri gentes a nomenklatura incluía uma lista de cargos ou postos de diferentes órgãos nos quais as mudanças de pessoal nomeações processos disciplinares etc eram decididas pelo Partido em diferentes níveis das instituições locais às de mais alto nível Os mais importantes cargos cobertos pela nomenklatura eram os da cadeia funcional através da qual os líderes a serem eleitos pelos órgãos do Partido em níveis infe riores eram determinados pelo nível superior seguinte Isso deu à democracia de partido úni co um caráter puramente formal o qual durante as crises políticas que precederam as mais re centes varreduras de regimes de partido único provocou a revolta de alguns membros do Par tido Hungria em 1956 e 1988 Polônia em 1956 e 1980 Tchecoslováquia em 1968 As nomeações para várias funções estatais e econômicas também eram decididas por órgãos do Partido Com freqüência requisitos racio nais habilitações e proficiência eram preteridos em favor da confiabilidade política Na vida do Estado e na vida econômica essa contrasele ção pelo aparelho reduziu a eficiência da eco nomia Assim era natural que um objetivo das reformas econômicas fosse libertar a liderança econômica da pressão da nomenklatura Os líderes nomeados e eleitos das organi zações de massa também pertenciam à nomen klatura incluindo os dos sindicatos organiza ções da juventude associações de escritores e movimento oficial pela paz Isso significava que os líderes dessas agremiações não depen diam de seus próprios movimentos ou organi zações mas de várias instituições partidárias O renascimento da SOCIEDADE CIVIL que está ocor rendo nos países do Leste Europeu libertou os líderes dessas organizações da velha estrutura da nomenklatura e desse modo surge a opor tunidade de os líderes serem eleitos democrati camente e de as organizações obterem sua pró pria independência A nomenklatura também desempenhou um papel altamente significativo na cultura e nos meios de comunicação de massa por causa do típico bloqueio de informação do sistema sta linista ver também ELITES TEORIA DAS Isso era mais importante que os diferentes serviços de censura Todos os líderes de instituições que formavam a opinião pública dependiam para sua existência de diferentes órgãos partidários os quais impediam em grande parte a aspiração dos intelectuais à glasnost Arrojadas conclusões teóricas têm sido de senvolvidas a respeito da nomenklatura como importante componente do STALINISMO mono lítico De especial importância entre elas é a obra intitulada Nomenklatura de Vozlensky que considera os pertencentes à nomenklatura como a classe dominante dessas sociedades Tratase na realidade da concretização da teo ria de Milovan Djilas da nova classe que se desenvolveu em tais sociedades Tais teorias porém ignoram as principais características dos detentores do poder pelo que pode ser questionado o uso do termo clas se para designar essas camadas É precisa mente a sua inclusão na nomenklatura que in dica que a sua existência depende do órgão qualificado do partido e se quem perde a con fiança deste é destituído da situação de poder Um desses contraargumentos é que em con traste com as classes dominantes em outras formações sócioeconômicas a posição não po de ser passada à geração seguinte embora os filhos dos que pertencem à nomenklatura come cem na vida com melhores oportunidades Com freqüência a tendência destes é evitar empre gos pertencentes à nomenklatura Em vez disso escolhem profissões que proporcionem mais independência e maior renda Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar nomenklatura 523 Leitura sugerida Deutscher I 1954 The Prophet Ar med Trotsky 18791921 Djilas M 1957 The New Class an Analysis of the Communist System Lozovs ky S 1925 Lenin i professional noe dvizhenie Voz lensky Michail 1985 Nomenklatura ANDRÁS HEGEDÜS norma Em sua acepção mais geral a idéia de norma é a de um modelo ou padrão São duas as principais maneiras como essa idéia foi de senvolvida em teoria social quando as normas sociais constituíram o foco de interesse Em primeiro lugar há a idéia de norma como mo delo real de comportamento como o que é normal no sentido de ser regular ou modelar mente feito por membros de uma população Os rótulos hábitos sociais e uso são em pregados a respeito de alguns de tais modelos Em segundo lugar há a idéia de norma como padrão prescrito como o que é considerado ser em uma dada população a coisa a fazer Os rótulos convenção regra social e LEI são usados a respeito de certos padrões nessa cate goria As normas sociais são freqüentemente asso ciadas a expectativas Cumpre distinguir duas diferentes espécies de expectativa as expecta tivas preditivas acerca do que será efetivamente feito por membros de uma população e as ex pectativas normativas ou deônticas As norma tivas envolvem a crença em que o comporta mento esperado deve ocorrer em algum sen tido mais do que meramente preditivo Os pa drões reais são suscetíveis de se associar a expectativas preditivas e os padrões prescritos a expectativas normativas O próprio termo norma é relativamente recente no uso da teoria social corrente Os termos mais estabelecidos costume tradi ção convenção lei etc tendem a ser usa dos para tipos específicos de normas Todos têm sido definidos de variadas maneiras por dife rentes autores em sociologia filosofia e outras áreas Em todo caso podemos fazer muitas distinções entre normas Por exemplo há os padrões prescritos que são vistos como espe ciais para o grupo e o tipificam como o que fazemos ou o nosso modo costumes e os que são considerados típicos do grupo em vir tude de uma longa história passada de submis são e conformidade tradições WG Sumner distinguiu e examinou uma ampla variedade de tipos de norma em Folk ways A Study of the Sociological Importance of Usages Manners Customs Mores and Mo rals 1906 Sublinhou a variedade de conteú dos que as normas podem ter e a diferença em importância que pode ser atribuída a diferentes normas assim somente as leis recebem a san ção específica do grupo quando politicamente organizado p56 As normas podem relacionarse a qualquer área da vida humana desde as saudações coti dianas e o vestuário até a conduta sexual e os processos políticos Em Les règles de la mé thode sociologique 1895 Durkheim assinalou a existência de uma continuidade entre as nor mas fixas da lei escrita e normas nãocodifi cadas e até efêmeras como as da etiqueta Em Le suicide 1897 enfatizou a importância das normas como quadro de referência para a vida humana Muitos têm sublinhado a necessidade de alguns padrões prescritos como um modo de produzir e manter a ordem social em um contex to em que os impulsos instintivos são insufi cientemente restringidos como em problemas de coordenação ver adiante ou quando os de sejos das pessoas estão em conflito como no tipo de situação do dilema do prisioneiro Em Le suicide Durkheim usou o termo ANOMIA para descrever um estado da sociedade em que havia relativamente poucas normas nítidas Tal estado conjecturou ele pode causar um aumen to na taxa de suicídios de uma sociedade As normas são pois importantes para o bemestar psicológico humano Uma forma de reduzir a taxa de suicídios apontou Durkheim é fortale cer os vínculos do indivíduo com grupos me nores como a família conjugal e os grupos profissionais As normas podem é claro carac terizar sociedades em grande escala e grupos pequenos como o casal marital ou a guilda medieval Em Les règles Durkheim propôs que em bora as normas sociais estejam associadas a sanções externas que vão desde a crítica in formal e o ostracismo por outros até as penas legais por conduta desviante um fator impor tante para produzir a submissão a normas é o processo de SOCIALIZAÇÃO por meio do qual os indivíduos passam a internalizar normas a obe diência à norma convertese em uma segunda natureza e as coações externas da sociedade só continuam atuando relativamente raras vezes Max Weber embora diferindo de Durkheim em muitos aspectos da teoria social também enfatizou a importância das normas em seu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 524 norma exame de conceitos sociológicos fundamentais 19212 p2936 Weber distinguiu costu mes e uso de convenção quando a submis são é considerada tão vinculatória para o in divíduo quanto no caso de uma lei Com a convenção qualquer membro da população pertinente pode aplicar sanções por conduta desviante Com a lei esperase que um qua dro limitado de pessoas administre as sanções sejam elas físicas ou psicológicas Mais recen temente Parsones defendeu o papel crucial das normas e valores em sociedade em especial habilitam as pessoas a predizer o que outras farão o que se reveste de enorme importância prática Haverá numerosas normas sociais em qual quer grupo social Durkheim Parsons e outros enfatizaram a importância para o funciona mento da sociedade da harmonia ou integração entre essas normas Muitas questões podem ser suscitadas acer ca das normas em geral e de tipos de norma em particular As normas podem mudar e mudam com o decorrer do tempo ou deixam de existir Qualquer teoria da mudança social precisará explicar como isso ocorre Por vezes como no caso de algumas normas que regem os papéis do gênero necessidades importantes de um grupo na sociedade podem ser negligenciadas ou ignoradas pelas normas vigentes A consci ência disso pode acarretar pressões por mudan ças as quais serão bemsucedidas ou não Os fatores envolvidos em tais processos de mudan ça serão complexos Outros tópicos importan tes incluem o desvio em relação às normas estabelecidas com que freqüência ocorre quem é desviante e por quê o conflito entre as normas e a gênese de normas Subsiste a questão da melhor maneira de compreender a noção de modelo ou padrão prescrito Na filosofia jurisprudência e ciência econômica recentes tem se prestado cuidadosa atenção às questões afins de como analisar as noções cotidianas de convenção social e de regra social A abordagem teórica do jogo é exemplifica da pela influente obra de Lewis 1969 que adota uma sugestão de Schelling 1960 Lewis concentrase em um tipo especial de situação envolvendo mais de uma pessoa e afirma que quando uma situação desse tipo se repete em uma população podese esperar que daí resulte um efetivo padrão de comportamento Aos pa drões que surgem desse modo o autor referese como convenções Ao tipo de situação em questão chama Lewis um problema de coor denação Tais problemas são comuns na vida social humana Um exemplo em pequena escala é o de duas pessoas cujo telefonema foi cortado Quem deve voltar a ligar Em tais situações as pessoas podem chegar a um desfecho bemsu cedido por mero acaso no começo depois serão propensas a repetir o que funcionou da última vez ou a esperar que outros o façam Assim pode surgir um sistema autoperpetuante de expectativas de submissão preferências para submissão e submissão por todos a uma certa regularidade como voltar a ligar o que foi o autor da ligação original Lewis p42 Lewis aponta que uma crença geral em que essa regu laridade deve ser obedecida é suscetível de sur gir nesse caso p97 Entretanto ele viu o apa recimento de um padrão de comportamento como o fenômeno básico a prescrição geral de conformidade ou submissão é meramente uma conseqüência provável Lewis não faz com que qualquer espécie de prescrição seja parte de sua definição de convenção Os críticos afirmaram que Lewis não captou o conceito vernáculo de convenção social co mo havia esperado Entre outras coisas não parece que as convenções somente surjam no contexto de problemas anteriores de coordena ção a questão de etiologia não é antecipada por definição Além disso uma convenção parece envolver uma prescrição em seu âmago Que é para um grupo ter uma regra ou pres crição acerca da ação De acordo com Hart 1961 os membros devem adotar certa ati tude reflexiva crítica em relação a algum pa drão de comportamento Devem considerálo uma norma a que todos os membros se sujeita rão Hart sublinha que a maioria dos membros deve acreditar pessoalmente que tem o direito de se criticar mutuamente por desvio da norma e que lhe cumpre exigir submissão se houver ameaça de conduta desviante Apresentase então a questão de qual é a base para tal crença Não seria obviamente justificada pelo simples fato de cada membro acreditar pessoalmente que todos os membros deviam sujeitarse à norma por exemplo Por certo o direito de chamar alguém à ordem por conduta desviante não decorre diretamente da norma ou da sua própria aceitação por alguém Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar norma 525 A descrição de Gilbert dos princípios con juntamente aceitos 1989 a especialmente p373ss mostra como um tipo especial de acei tação de uma norma pode gerar diretamente o direito a criticar outros por desvios A aceitação conjunta de uma norma ou princípio envolve um processo semelhante a um acordo em vir tude do qual os envolvidos se entendem mutua mente obrigados a manter a norma e por conse guinte submeterse a ela Quem se desvia da norma viola as suas obrigações para com ou trem Isso dá ao outro base para queixas ou críticas Parece que o acordo explícito não é essencial para esse processo O que é necessário é que as partes indiquem umas às outras estarem dispostas a se comprometer de um modo perti nente ou seja de um modo substancialmente análogo ao dos compromissos envolvidos em um acordo explícito Uma forma de fazer isso é concordar com as críticas e exigências do tipo descrito por Hart Comparar com Williams 1968 p207 Um modo plausível de analisar a idéia de que um grupo tem uma regra é portan to em termos da aceitação conjunta dessa regra Gilbert 1990 ver também 1989b afirmou que algo semelhante a um acordo é requerido para o surgimento de uma regularidade estável no comportamento entre os agentes puramente racionais da teoria clássica dos jogos quando existe um problema recorrente de coordenação Os agentes que são levados à ação na base de razões para agir em contraste com o instinto ou hábito não podem recorrer à existência de um precedente bemsucedido nem à proeminência de uma dada solução uma vez que estes não fornecem por si mesmos razões para a escolha da opção precedente ou proeminente Na medi da em que os seres humanos funcionam como agentes racionais os princípios conjuntamente aceitos são passíveis de constituir portanto uma importante força na organização da vida deles em sociedade Ver também VALORES Leitura sugerida Gibbs JP 1965 Norms the pro blem of definition and classification Ο American Journal of Sociology 70 58694 Parsons T 1937 The Structure of Social Action Raz J 1975 Practical Reason and Norms UllmanMargalit E 1977 The Emergency of Norms MARGARET GILBERT Nova Direita New Right Esta expressão originalmente esquerdista foi adotada de ma neira geral na década de 80 para assinalar uma vasta reação entre intelectuais ocidentais ao SOCIALISMO ideologia que fora antes subscrita por muitos deles e que em forma diluída ins pirou o consenso democrático no pósguerra A designação porém é enganadora sobretudo na simetria que sugere com a NOVA ESQUERDA Em primeiro lugar a Nova Direita é ainda mais diversa que o socialismo como um todo Em segundo lugar embora com uma inclinação ideológica característica a que deve o seu êxito intelectual não é um movimento autocons ciente e está unido por poucos artigos de fé para além de uma antipatia comum pelo socialismo Em terceiro lugar poucos neodireitistas aceita riam esse título ou o considerariam útil em contraste com a Nova Esquerda termo auto atribuído por seus adeptos Finalmente a maior parte do pensamento da Nova Direita não é nova nem particularmente direitista Os rivais históricos do socialismo são o CONSERVADORISMO e o LIBERALISMO e o pensa mento da Nova Direita é usualmente um ou outro ou uma mistura deles Há quatro escolas principais Neoliberalismo ou liberalconservadorismo De todas as doutrinas da Nova Direita o neoliberalismo tem sido de longe a mais in fluente nos governos mesmo em alguns gover nos socialistas e comunistas Figuras eminen tes incluem FA Hayek Karl Popper e Milton Friedman que também manifesta tendências libertarianistas ver adiante Todos apreciam a ordem espontânea supostamente exemplifi cada nos mercados livres no direito consuetu dinário e os mais conservadores acrescenta riam na tradição e deploram qualquer política mormente o socialismo que alegue um co nhecimento definitivo das necessidades huma nas Tal conhecimento absoluto não é acessível a nenhum observador central e por conseguin te a nenhum governo Não obstante ele existe mas somente difundido na miríade de transa ções imprevisíveis entre indivíduos que vivem em uma SOCIEDADE ABERTA ou livre Portanto o maior número possível de decisões deve ser transferido para o mercado o qual em uma opção maximizante é a única democracia ge nuína Quando insuficientemente restringida por lei ou disposições constitucionais a demo cracia formal convertese em um mercado po Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 526 Nova Direita lítico no qual os votos são negociados contra benefícios de bemestar subsídios privilégios sindicais etc e o custo na forma de excessiva tributação ou inflação ou ambas recai conjun tamente sobre os membros mais produtivos e os mais fracos e politicamente menos organizados da sociedade Ver também ECONOMIA NEOCLÁS SICA Neoconservadorismo Este título denota duas abordagens um tanto divergentes 1 o conservadorismo representado no Rei no Unido pela Salisbury Review dirigida por Roger Scruton a qual não obstante abre espaço para quase todos os matizes de opinião da Nova Direita e nos Estados Unidos pela National Review dirigida por William F Buckley Burkeano e antiindividualista ele destaca não os di reitos ou a liberdade abstrata e irrestrita mas o dever a autoridade a moralidade a religião a tradição a cultura a socie dade e a identidade nacional Essas coi sas resistem à tradução para conveniên cias de mercado e são assim objetos adequados de preocupação política es tando sob ameaça tanto por parte do ca pitalismo desenfreado e das doutrinas liberais que o promovem quanto do so cialismo Sobretudo nos Estados Unidos alguns pensadores desse cunho como Russell Kirk idealizam a pequena COMU NIDADE agrária sob governo patrimonial ou aristocrático 2 O ethos do jornal judaico Commentary de Nova York que é anticomunista fe rozmente patriótico falcão em ques tões internacionais sobretudo no que se refere a Israel e geralmente liberal ou socialdemocrata em questões internas Descendentes com freqüência de imi grantes desesperadamente pobres os membros desse círculo têm compreensi velmente uma perspectiva urbana escas sa nostalgia pela tradição e grande res peito pelo capitalismo em virtude da ri queza e mobilidade social que este gera Nos intervalos de seus experimentos econô micos que têm sido predominantemente neoli berais os recentes governos norteamericanos e britânicos têm recorrido até agora a muito da retórica neoconservadora mas a pouco de sua orientação política Libertarianismo ou anarcocapitalismo Esta engenhosa doutrina está largamente confinada aos Estados Unidos Exceto em ciên cia econômica a sua influência sobre o governo tem sido mínima Isso não surpreende uma vez que os libertários consideram que a maior parte da ação do estado salvo fazer respeitar os direi tos de propriedade é desnecessária ou ilegíti ma As seguintes prescrições são típicas aboli ção de todas as restrições estatutárias referentes a planejamento poluição segurança industrial drogas e sexo a ação pertinente estará a cargo das partes interessadas privatização de toda a propriedade e infraestrutura pública como as estradas privatização da previdência social lei e ordem e defesa a serem fornecidas através de seguros privados e de agências de proteção O libertarianismo é o INDIVIDUALISMO em sua for ma extrema e sublinha eqüitativamente a liber dade e a responsabilidade pessoal pelas pró prias ações Seus santos padroeiros são John Locke e Ludwig von Mises e seu princípio fundamental é o slogan do romancistafilósofo norteamericano Ayn Rand Hands off Ti rem as mãos A máxima também se aplica à política externa libertária que é isolacionista Outras figuras representativas são Murray Ro thbard e Robert Nozick Anticomunismo francês e europeu oriental Há numerosos elos entre essas duas con cepções 1 o existencialismo continental 2 a experiência do marxismo ou como antigos crentes ou como seus súditos 3 a influência de Alexandre Soljenitsyn especialmente O ar quipélago Gulag Os nouveaux philosophes franceses como BH Lévy e A Glucksmann são em sua maior parte antigos estudantes radicais de 1968 que ao rejeitarem Marx Sartre e a tradição revolucionária francesa aderiram um tanto ingenuamente a um misto do neolibe ralismo e do neoconservadorismo descritos aci ma A Nova Direita da Europa Oriental pode ser dividida entre os mais velhos excomunistas emigrés como o filósofo polonês Leszek Ko lakowski e o escritor Czeslaw Milosz que hoje são em sua maioria neoliberais ou sociaisde mocratas e os dissidentes mais jovens Estes últimos são predominantemente neoconserva Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar Nova Direita 527 dores de simpatias mais populares do que aris tocráticas que depois da derrocada do império soviético obtiveram quase todos posições de considerável poder em seus diversos países Talvez o mais notável deles seja o dramaturgo Václav Havel que se tornou presidente da Tchecoslováquia Preocupados com questões culturais e religiosas eles desconfiam visceral mente de toda a política instrumental dirigida para determinadas metas embora seja duvidoso se as condições recémdemocráticas em que vivem lhes permitirão continuar a fazêlo por muito tempo Para eles a política dirigida para metas inclui não só o comunismo mas também a sociedade de consumo ocidental e até o mis ticismo eslavófilo que Soljenitsyn quanto ao mais uma figura admirada promove contra ambos Essas várias doutrinas constituem o credo positivo de apenas uma minoria e ainda são com muita freqüência insultadas especial mente por littérateurs nãofamiliarizados com os minuciosos argumentos usados para sus tentálas No obstante a Nova Direita de mo mento arrebatou completamente a iniciativa ao socialismo e logrou por fim esvaziar as su posições seculares e antes inexpugnáveis que constituíam parcela não pequena de seus atrati vos Mas apesar de tudo isso os fatores real mente cruciais no eclipse do socialismo foram os seus antecedentes históricos A Nova Direita ainda tem que passar por esse teste ou mesmo enfrentálo abertamente apesar do fato de mui tas de suas prescrições políticas já terem tido dramáticas e discutíveis conseqüências a cur to prazo Leitura sugerida Friedman M e Friedman R 1962 Capitalism and Freedom Havel Václav et al 1967 Václav Havel or Living in Truth org por J Vladislaw Hayek FA 1944 1962 The Road to Serfdom Ο 1960 The Constitution of Liberty Kirk Russell org 1982 The Portable Conservative Reader Nozick R 1974 Anarchy State and Utopia Oakeshott Michael 1962 1974 Rationalism in Politics and Other Essays Popper Karl R 1945 1966 The Open Society and its Enemies Scruton Roger 1980 1984 The Mea ning of Conservatism Ο org 1988 Conservative Thought Essays from the Salisbury Review ROBERT GRANT nova economia clássica Na esteira da revo lução marginalista da década de 1870 a es trutura da ortodoxia econômica constitui um conjunto de indivíduos com determinadas pre ferências determinados dotes iniciais e acesso a determinada tecnologia cada um dos quais otimizou seus objetivos utilidade pública ou lucro em mercados competitivos na base de preços paramétricos Os próprios preços eram então determinados pela interação de todos os indivíduos em conjunto ou seja pela oferta e procura Se os mercados são competitivos se portanto oferta e procura não estão equilibra das as flutuações nos preços levarão indivíduos otimizantes a alterar suas ações e por conse guinte ofertas e procuras Somente quando a oferta e a procura estão equilibradas é que os preços deixam de flutuar em tal situação os preços são preços em equilíbrio e considera se que estabilizam o mercado A teoria eco nômica baseada em indivíduos otimizantes e preços de concorrência em estado de equilíbrio estacionário foi chamada por JM Keynes de economia clássica para designar a concep ção da qual ele estava tentando escapar na década de 30 Também é conhecida como teoria prékeynesiana e teoria walrasiana Uma implicação desse corpo teórico é que produção emprego e salários reais são determi nados pelo mercado de trabalho Um empresá rio que pretenda maximizar o lucro contratará mãodeobra até o ponto em que a receita obtida com a venda do produto fabricado pela última pessoa contratada seja igual ao salário pago a essa pessoa o produto marginal iguala o salário real um indivíduo maximizando a utilidade fornecerá mãodeobra até que sua taxa psico lógica de câmbio entre lazer e horas trabalhadas corresponda exatamente ao que é ganho em termos de mercadorias pelo trabalho de uma hora extra taxa marginal de substituição de lazer por consumo igual ao salário real Em um mercado de trabalho competitivo as flutuações no salário real ordenarão o mercado e o equilí brio na demanda e oferta de mãodeobra é então suficiente para determinar a produção agregada obtida Finalmente dadas as insti tuições e disposições monetárias vigentes com a produção determinada no mercado de traba lho a oferta de dinheiro serve para determinar o nível de preços e a taxa de juros iguala a oferta e procura de fundos emprestáveis Esta é a dicotomia clássica as variáveis reais são deter minadas no mercado de trabalho e as variáveis monetárias pela teoria quantitativa de moeda E talvez a sua mais impressionante implicação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 528 nova economia clássica seja que todo desemprego é necessariamente voluntário Keynes rejeitou essa análise na década de 30 e a substituiu por uma macroeconomia com mercados interdependentes em que as quanti dades se ajustavam mais depressa do que os preços e com intervenção governamental para impedir um equilíbrio com desemprego invo luntário ver também KEYNESIANISMO Embora os detalhes teóricos continuem sendo objeto de contínua controvérsia a era do pósguerra foi de evidente sucesso keynesiano em adminis tração macroeconômica Entretanto o fim do boom do pósguerra coincidiu com o fim desse sucesso e as inovações keynesianas começa ram a ser questionadas Particularmente im portante foi o divórcio entre a macroeconomia keynesiana convencional e qualquer funda mentação no comportamento de indivíduos no nível microeconômico Este último foi crescen temente enfatizado no final da década de 60 e durante toda a década de 70 Dois caminhos foram adotados para os fun damentos microeconômicos da macroecono mia Ambos retiveram o ponto de partida de indivíduos otimizantes mas um deles conside rou esses indivíduos operando em mercados imperfeitamente competitivos nos quais os pre ços de mercado em equilíbrio estacionário não eram necessariamente estabelecidos enquanto que o outro fez uma virtude dos pressupostos walrasianos clássicos de concorrência perfeita e nenhuma transação fora do equilíbrio portan to com ajustes instantâneos para o pleno equi líbrio A essa última abordagem chamase no va macroeconomia clássica macroeconomia walrasiana ou por vezes de forma ligeiramente equívoca macroeconomia de expectativas ra cionais ver também EXPECTATIVAS RACIONAIS HIPÓTESE DAS e está especialmente associada à obra de Robert E Lucas e Thomas J Sargent nos Estados Unidos A abordagem tem muitas e óbvias seme lhanças com a teoria prékeynesiana mas é muito rigorosa e com freqüência matematica mente exigente em sua análise detalhada Três proposições se destacam A primeira é a crítica de Lucas à modelação econométrica ver ECO NOMETRIA Se os indíviduos otimizam então deve serlhes permitido levar em conta as mu danças na política do governo e assim no novo equilíbrio conseqüente de uma mudança de po lítica o comportamento não será o que era antes da mudança Por conseguinte não se pode es perar que os parâmetros dos modelos macroe cônomicos permaneçam invariantes quando a política muda e assim os modelos existentes não podem ser usados para avaliar os efeitos de tais mudanças A influência dessa crítica alcan ça todas as escolas da macroeconomia contem porânea de base micro A segunda proposição é o resultado da inva riância política Como os indivíduos otimizam e se presume o pleno equilíbrio as alterações previsíveis na oferta de dinheiro não podem ter efeito na produção ou emprego reais cujo com portamento não é afetado por qualquer política contracíclica previsível das autoridades mone tárias Somente movimentos imprevistos no es toque monetário podem afetar a produção eles criam flutuações aleatórias na produção em torno do nível de pleno emprego A dicotomia clássica é assim reproduzida A terceira proposição referese ao modo co mo se entende o DESEMPREGO Os indivíduos otimizantes formulam juízos sobre se as mu danças de preços percebidas são temporárias ou permanentes No primeiro caso existem opor tunidades de arbitragem que serão exploradas Logo os indivíduos especulam intertemporal mente e assumem mais lazer quando o preço deste é inferior O chamado desemprego invo luntário é apenas uma substituição intertempo ral maximizante da utilidade do trabalho pelo lazer A nova teoria clássica foi muito influente nas décadas de 70 e 80 em suas implicações de LAISSEZFAIRE e ênfases do lado da oferta predo minantes nos países capitalistas avançados Mas os resultados da nova economia clássica são crucialmente dependentes da suposição walrasiana de equilíbrio estacionário do merca do e do ponto de partida de indivíduos otimi zantes Os economistas de outras correntes do minantes rejeitam a primeira e os economistas marxistas e de outras tendências radicais tam bém rejeitam o segundo Leitura sugerida Begg DKH 1982 The Rational Expectations Revolution in Macroeconomis Blan chard OJ e Fischer F 1989 Lectures on Macroeco nomics Hahn FH 1984 Equilibrium and Macroeco nomics caps1516 Lucas RE 1981 Studies in Business Cycle Theory Sargent TJ 1987 Macroeco nomic Theory 2ªed Sheffrin SM 1983 Rational Expectations SIMON MOHUN Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar nova economia clássica 529 Nova Esquerda New Left Expressão des critiva aplicado de modo mais ou menos impre ciso a uma grande variedade de doutrinas polí ticas e movimentos sociais que surgiram no final da década de 50 depois da insurreição de 1956 na Hungria em seguida registraram forte desenvolvimento durante a década de 60 so bretudo em oposição à intervenção norteame ricana no Vietnã e à ocupação militar da Tche coslováquia por países do Pacto de Varsóvia A Nova Esquerda juntou em uma aliança irrequie ta diversos movimentos sociais estudantes radicais setores do movimento pacifista e os primeiros movimentos feministas e ecológicos com intelectuais de origens e orientações extremamente variadas incluindo comunistas dissidentes anarquistas socialistas de esquerda e críticos culturais Uma grande riqueza de idéias floresceu nes ses movimentos entre elas duas que tinham um atrativo mais ou menos universal democracia participativa e crítica radical do que era cha mado o sistema Eram idéias estreitamente relacionadas uma vez que a democracia parti cipativa significava o pleno e contínuo envol vimento de todos os indivíduos na tomada de decisões que afetassem suas vidas enquanto que o sistema que estava sendo contestado era elitista e excluía os que lhe estavam subordina dos de qualquer papel efetivo no controle ou determinação de suas políticas A universali dade dessas idéias era ilustrada de forma im pressionante por sua difusão tanto nos países de socialismo real quanto em países capitalistas refletindo o fato de em ambos os tipos de socie dade prevalecerem formas elitistas de domina ção quer a das grandes empresas e do com plexo militarindustrial quer a dos funcioná rios e burocratas do Partido com exclusão de qualquer participação genuína dos cidadãos co muns Somente na Iugoslávia e por curto pe ríodo na China onde as comunas agrícolas e a revolução cultural foram vistas por alguns como a materialização da política de envolvi mento popular na tomada de decisões seriam observados elementos de democracia participa tiva no sistema de autogestão e a experiência iugoslava tal como foi interpretada e discutida principalmente pelo grupo Praxis de filósofos e sociólogos Markovic e Cohen 1975 tor nouse importante influência em alguns setores da Nova Esquerda Ao mesmo tempo houve um renascimento geral do pensamento marxista em filosofia e ciências sociais influenciado pelos primeiros escritos de Georg Lukács e Antonio Gramsci agora redescobertos e amplamente lidos pe lo novo marxismo estruturalista de Louis Althusser e pelas idéias da ESCOLA DE FRANK FURT de teoria crítica Estas últimas exerceram provavelmente a maior influência através dos escritos de Herbert Marcuse nos Estados Uni dos Theodor Adorno Max Horkheimer e na segunda geração Jürgen Habermas na Alema nha Suas obras ventilaram muitos dos mais agudos problemas enfrentados pelos movimen tos radicais nos anos 60 o papel político da classe trabalhadora em relação aos novos mo vimentos sociais que não tinham por base uma classe o poder da cultura e da ideologia de massa na sustentação das estruturas de domina ção e sua conexão com a orientação científica e tecnológica das sociedades modernas e a ne cessidade de uma análise crítica da base do socialismo autoritárioburocrático Mas a pró pria crítica se tornou mais multiforme e entre a geração mais velha de pensadores cada vez mais pessimista e nãopolítica engajada em uma desesperada crítica cultural em que as esperanças de surgimento de uma contracultu ra eram cada vez mais tênues Seja como for o marxismo em suas formas revividas e diver samente reconstruídas foi apenas uma das influências intelectuais sobretudo entre os estudantes da Nova Esquerda a par do anar quismo do socialismo utópico e das novas idéias da ecologia e do feminismo A Nova Esquerda alcançou o apogeu de seu desenvolvimento nos Estados Unidos no final da década de 60 no movimento pelos direitos civis e na oposição à guerra do Vietnã na Europa em 1968 com a generalização dos pro testos estudantis especialmente o movimento de maio na França e com a primavera de Praga na Tchecoslováquia Depois a sua in fluência diminuiu gradualmente sendo o come ço de seu declínio marcado pelo fracasso dos movimentos estudantis na França Alemanha Ocidental e em outros países em levar a efeito substanciais mudanças sociais e pela supressão do movimento de reforma tchecoslovaco em agosto de 1968 embora as suas idéias tenham contribuído para o êxito final dos movimentos de oposição na Europa Oriental em 1989 A sua ulterior desintegração nos países capitalistas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 530 Nova Esquerda ocidentais durante a década de 80 teve co mo contrapartida um forte restabelecimento de doutrinas conservadoras na NOVA DIREITA Não obstante embora a Nova Esquerda como amplo movimento tivesse deixado de existir alguns dos seus elementos componentes continuaram a se desenvolver sob outras formas em particu lar através dos movimentos pacifistas feminis tas e ecológicos e a idéia central de democra cia participativa está longe de ter esgotado a sua influência sobretudo nos partidos verdes que cresceram rapidamente na Europa Ociden tal durante a década passada e surgiram mais recentemente na Europa Oriental Leitura sugerida Caute David 1988 SixtyEight the Year of the Barricades Habermas Jürgen 19689 1970 Toward a Rational Society Jacobs Paul e Landau Saul orgs 1966 The New Radicals a Report with Documents Marcuse Herbert 1964 OneDi mensional Man Markovic Mihailo e Cohen Robert S 1975 Yugoslavia the Rise and Fall of Socialist Humanism Touraine Alain 1968 Le communisme utopique Le mouvement de mai TOM BOTTOMORE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar Nova Esquerda 531 O observação participante Neste método o investigador está envolvido no sistema de re lações na comunidade ou na organização que estuda Os esforços do sociólogo para participar das experiências dos atores levamno a se as sociar a eles em suas vidas cotidianas e ocasio nalmente a se tornar um deles A maioria dos estudos antropológicos recorre a esse método visto ser importante que o pesquisador seja aceito e reconhecido pelos que são estudados e que pertencem a uma diferente cultura Por vezes é um membro do próprio grupo estudado que se torna um sociólogo Na vasta esfera de influência da ESCOLA SOCIOLÓGICA DE CHICAGO algumas importantes monografias de sociolo gia concederam um lugar de destaque à obser vação participante Por exemplo FW White pôde descrever e analisar a vida de gangues de adolescentes ao participar da vida dos habi tantes de um subúrbio italiano pobre de uma cidade norteamericana Além disso tentou de rivar alguns princípios gerais a partir desse método como preferir poucos informantes re gulares não pretender a total assimilação e evitar qualquer intervenção direta nos assuntos do grupo O método tem sido usado em vários campos Os primeiros estudos de sociologia do trabalho na fábrica da Western Eletrics utiliza ram esse método Na década de 60 novos mo vimentos teóricos empenhados em compreen der a interação social e o processo de ROTULA ÇÃO insuflaram novo ímpeto no método de observação participante HS Becker estudou alguns tipos de comportamento marginal com partilhando a experiência de certo número de grupos e Erving Goffman principalmente re novou a análise e descrição da interação e do espetáculo sociais quando se tornou um membro pleno na vida cotidiana das trocas O status metodológico da observação parti cipante está longe de ser óbvio Por um lado a observação participante é essencial para o so ciólogo na medida em que o pesquisador tem que estar em contato com os objetos de estudos e compreender suas orientações e sensibilida des Qualquer investigação dessa natureza en volve o pesquisador em uma relação com as pessoas ou a sociedade sob observação e isso é também um relacionamento social Por outro lado a observação participante não fornece os meios para controlar as técnicas que o pesqui sador usa ou as mudanças no objeto de estudo introduzidas pela própria presença do pesquisa dor Este com freqüência tem status social superior ao dos atores estudados e a busca de um relacionamento estreito não impede neces sariamente os preconceitos etnocêntricos Ou o sociólogo pode identificarse como os atores e ser convertido em seu defensor e ideólogo mais ou menos manipulado pelo grupo A observa ção participante pode apresentarse como uma fase necessária do estudo mas sem ser um método idôneo para o todo uma vez que não é independente da sociologia espontânea dos su jeitos e das distorções que isso introduz que ela é incapaz de avaliar ou controlar Entretanto apesar desses pontos fracos me todológicos muitas das mais convincentes obras de sociologia usam esse método de pes quisa como base Nesses casos o sociólogo ou antropólogo empreendeu a análise e crítica de seus próprios valores e antecedentes culturais e empregou o método com talento e sobretudo com o desejo de se considerar também a si próprio como o objeto da pesquisa Ver também ETNOMETODOLOGIA ANTROPOLO GIA SOCIOLOGIA Leitura sugerida Becker HS 1963 Outsiders Stu dies in the Sociology of Deviance Goffman E 1961 Asylums Essays on the Social Situation of Mental Patients and Other Inmates Ο 1967 Interaction Ritual Essays in FacetoFace Behavior Lewis O 1961 The Children of Sanchez Autobiography of a Mexican Family Roethlisberger FJ e Dickson WJ 1939 532 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 1961 Management and the Workers an Account of a Research Program Conducted in the Western Eletrics Company Hawthorne Works Chicago Whyte WF 1943 1965 Street Corner Society the Social Structure of an Italian Slum Ο 1951 Observational fieldwork methods In Research Methods in Social Relations with Special Reference to Prejudice org por Jahoda p496501 FRANÇOIS DUBET ócio Mesmo no pensamento grego a noção de ócio estava articulada à de trabalho para Aristóteles o ócio era um assunto deveras sério Realizamos negócios a fim de poder desfrutar do ócio escreveu ele Nesse sentido o ócio é um estado ideal a que o cidadão pode aspirar no qual viver uma vida de ócio pressupõe redu zir ao mínimo as necessidades e assegurar o máximo possível de tempo livre Barrett 1989 p14 O TRABALHO a partir do século XIV estava ficando mais estritamente definido como tempo pago como tarefa medida e contratada me diante salário e as atividades de tempo ocioso eram vistas como as espécies de atividade a que uma pessoa poderia dedicarse longe das obri gações de trabalho Mas no decisivo período de transição que criou os alicerces da moderna sociedade industrial na GrãBretanha pelo menos era evidente que a relação entre trabalho e ócio podia estar bem longe de ser harmoniosa e para muitos adeptos fervorosos da nova ordem industrial o ócio era um problema potencial Se os novos trabalhadores industriais exibissem inicialmente os costumes recreativos e ociosos da cultura préindustrial as formas desejadas da nova disciplina de trabalho poderiam muito bem estar ameaçadas Foi esse o motivo pelo qual a supressão e a marginalização das for mas recreativas tradicionais foram um dos re quisitos preliminares da nova ordem industrial Thompson 1967 Considerouse que novas formas de trabalho e de existência cotidiana exigiam novas formas de ócio para os traba lhadores a recreação racional formas respei táveis e com freqüência edificantes de ativi dade não ligada ao trabalho foi desenvolvida pelas classes reformadoras como uma resposta Bailey 1978 para a burguesia vitoriana emer gente havia possibilidades cada vez mais am plas no crescente mercado de consumo Camp bell 1987 Entretanto a atividade ociosa no começo do período industrial moderno era sem dúvida uma esfera de luta social cultural e política Os verdadeiramente ociosos eram os que não tinham necessidade de trabalhar a elite privilegiada para quem uma vida de ócio era um sério projeto de vida e a faculdade de exercer uma atividade quando lhe for mais conve niente era sinal de status Esse sentido de ócio como meio de consumo conspícuo informou o primeiro tratado genuinamente sociológico so bre ócio a satírica obra de Thorstein Veblen A teoria da classe ociosa 1989 O problema do ócio tem sido regular mente redescoberto em geral durante perío dos de agitação potencialmente disseminada ou DESEMPREGO Na década de 20 uma gama fasci nantemente ampla de autores norteamerica nos esteve preocupada com o ócio Hunnicutt 1988 descreve uma figura conservadora como a que considera o ócio o mais sério problema educacional e social da década de 20 e cita outro comentarista da época Alfred Lloyd um sociólogo da Universidade de Michigan pen sou que o ócio era essencialmente um caminho para a cultura democrática p104 Esses re formadores bemintencionados enxertaram um idealismo humanista no modelo de recreação racional Outros como Hunnicutt também ob serva 1988 p130 viram o ócio como criati vidade A sociedade tinha que fornecer aos indíviduos a oportunidade de serem criativos e de encontrarem um modo prático de dirigir os impulsos sexuais para formas criativas O ócio ofereceu essa oportunidade Na GrãBretanha o movimento trabalhista nessa época viu o ócio mais em tensão com o dinheiro do que com os impulsos sexuais Cross 1986 Nos anos 20 os sindicalistas dos Correios perceberam a distribuição de ócio e o aperfeiçoamento da vida como mais vitais que o dinheiro Os gráficos adotaram o mesmo ponto de vista e os pintores defenderam um pacto tripartite prolongada educação antes do ingresso no mercado de trabalho semana de trabalho mais curta e férias pagas Jones 1986 No período que se seguiu ao fim da Primeira Guerra Mundial o sindicalismo obtivera para seus membros consideravelmente mais tempo livre e em 1920 7 milhões de trabalhadores na GrãBretanha tinham conseguido uma redução de seis horas e meia na semana de trabalho enquanto que a 15 milhão de trabalhadores era Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar ócio 533 concedido o direito a férias pagas A legislação sobre férias pagas foi promulgada em 1938 O declaradamente desocupado sempre foi alvo de alguns reformadores sociais O cres cente desemprego na GrãBretanha na década de 80 provocou apreensões e foram desenvol vidos programas de lazer que pudessem com pensar a falta de trabalho e até promover formas de responsabilidade social e comunitária En tretanto raramente se concretizaram as esperanças de confiar a implementação de programas a líderes desempre gados pagos ou voluntários Os desempregados se gundo parece têm coisas mais importantes a fazer com o seu tempo livre ou levam umas vidas tão amorfas que se sentem incapazes de assumir qual quer espécie de compromisso Glyptis 1989 p157 Na esfera educacional os jovens da classe trabalhadora têm sido freqüentemente vistos como um problema potencial Clark e Critcher 1985 p129 em resposta para os dirigentes preocupados a edu cação para o ócio tem como objetivo ampliar a mente dos jovens apresentandolhes oportunidades para um ócio construtivo e fornecer as aptidões sociais necessárias para tirar proveito das possibilidades existentes A retórica do ócio tem sido freqüentemente individualista mas ironicamente a preocupa ção com o ócio levou os comentaristas liberais a adotar com freqüência o tom paternalista do moralismo crítico David Riesman apontou pa ra os melhores dos nossos estudantes univer sitários como exemplos de um admirável uso do tempo de lazer em seu sério interesse por questões correntes por leitura e companhei rismo e freqüentemente um forte interesse pela música teatro literatura e natureza Riesman 1964 p1901 Uma importante ênfase sociológica na rela ção trabalhoócio incentivou considerável so ma de debates e pesquisas Parker 1976 Ro berts 1981 e poucos especialistas discorda riam da afirmação de que o estudo do tempo de ócio deve ser abordado dentro do contex to da redução da semana de trabalho assim como das normas sociais que lhe estão as sociadas e do desejado equilíbrio entre trabalho família e lazer Pronovost 1989 p57 Al gumas das mais inovadoras análises sociais do ócio foram feitas desde um ponto de vista feminista desafiando freqüentemente as pró prias categorias empregadas por sociólogos do sexo masculino McIntosh 1981 p93 ss Wimbush e Talbot 1988 e de perspectivas críticas Horne et al 1987 Rojek 1989 Afirmouse convincentemente que os teóri cos sociais formativos da era moderna estavam preocupados não apenas com o capitalismo e o processo de trabalho mas também embora de forma implícita com a natureza do ócio Rojek 1985 Os debates sobre pósmodernismo e glo balização focalizam o ócio o consumidor con temporâneo constrói o apropriado estilo ocioso de vida à sua moda fragmentadamente livre Rojek 1990 no lar ou em qualquer parte do mapa turístico do mundo Urry 1990 As indústrias do lazer e da cultura são na verdade um grande negócio que desafia os cientistas sociais a reverem velhos modelos da dinâmica produçãoconsumo e em particular o processo de consumo Tomlinson 1990 e 1991 Warde 1990 Ver também SOCIEDADE DE CONSUMO CULTURA DE MASSA Essas questões também cristalizam debates sobre liberdade e coerção mediação e estrutura Seria o ócio uma esfera em que temos liberdade de escolha Caso não seja qual é a natureza das coerções sobre as nossas escolhas O estudo do ócio pode ser uma forma de análise tanto política quanto social elucidando processos e relações de poder e privilégio A ordem social não é mantida coesa ameaçada ou negociada exclusivamente no lo cal de trabalho mas também no ócio Elias e Dunning 1986 em que novas identidades po dem ser procuradas e a autonomia cultural local pode expressarse Finnegan 1989 Bishop e Hoggett 1986 Willis et al 1990 em que podem ajustarse transações entre interesses contestados e grupos contestadores em que desigualdades podem ser reproduzidas e for mas de autoridade reafirmadas Leitura sugerida Barrett Cyril 1989 The concept of leisure idea and ideal In The Philosophy of Leisure org por Cyril Barrett e Tom Winnifrith Clarke John e Critcher Chas 1985 The Devil Makes Work Leisure in Capitalist Britain Finnegan Ruth 1989 The Hid den Musicians Musicmaking in an English Town Rojek Chris org 1989 Leisure for Leisure Critical Essays Wimbush Erica e Talbot Margaret orgs 1988 Relative Freedoms Women and Leisure ALAN TOMLINSON oligarquia Tal como originalmente definido por Platão e Aristóteles esse termo para desig nar o governo por poucos baseado em geral na posse de riqueza era contrastado com monar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 534 oligarquia quia governo por uma única pessoa e demo cracia governo pelo povo No pensamento social moderno o termo foi amplamente deslo cado pelo de elite ver ELITES TEORIA DAS em bora referências a tendências oligárquicas ainda sejam feitas ao se analisar a estrutura de poder em organizações de vários tipos O uso mais conhecido do termo do pensa mento social do século XX é por Robert Mi chels 1911 o que afirmou a partir do seu estudo do Partido SocialDemocrata alemão que uma nítida distinção entre os principais dirigentes e a militância resultando no governo por poucos se desenvolveu necessariamente em todas das grandes organizações inclusive socialistas Esse ponto de vista formulado co mo a lei de ferro da oligarquia está clara mente relacionado com a proposição de Gaeta no Mosca segundo a qual a minoria organiza da sempre dominará a maioria desorganizada e Michels passa depois a examinar as causas técnicas e administrativas que produziram tal dominação A concepção de Michels foi ampla mente derivada dos teóricos das elites e se desenvolveu depois em uma forma particular mente antidemocrática quando ele se tornou adepto de Mussolini e do movimento fascista invocando a noção de Max Weber do líder carismático para explicar a sua nova adesão Mommsen 1981 A lei de ferro da oligarquia tem sido contes tada de várias maneiras pelos numerosos críti cos das teorias das elites com destaque para os pensadores marxistas cuja teoria das classes considera a criação final de uma sociedade sem classes e por outros que concebem a possibilidade de uma ampliação da democracia ou mesmo de uma democracia participativa de grande extensão a qual manteria em cheque as tendências elitistas e oligárquicas das gran des organizações Entre os últimos alguns co mentadores da lei de Michels questionaram a opinião de que a organização se faz necessa riamente acompanhar pela oligarquia sobretu do no caso dos partidos socialistas Beetham 1981 e chamaram a atenção para a existência de forças contraatuantes de modo que é pos sível em alguns casos falar de uma lei de ferro da democracia e de modo mais geral de um fluxo e refluxo das tendências oligárquicas e democráticas em organizações políticas e ou tras Brym 1980 cap3 É em relação com tais tendências antagônicas e sobretudo com as conseqüências do crescimento da administra ção burocrática que ocorreram os recentes es tudos críticos da oligarquia e mais freqüente mente das elites Leitura sugerida Beetham David 1981 Michels and his critics European Journal of sociology 221 8199 Brym Robert J 1980 Intellectuals and Poli tics Michels Robert 1911 1962 Political Parties a Sociological Study of the Oligarchical Tendencies of Modern Democracy Mommsen WJ 1981 Max Weber and Robert Michels an asymmetrical partner ship European Journal of Sociology 221 10016 TOM BOTTOMORE ontologia Podemse atribuir ao termo dois sentidos distintos ou 1 o ramo da filosofia que trata da natureza da existência ou do ser como ser independentemente de quaisquer objetos existentes ontologia filosófica ou 2 as enti dades postuladas ou pressupostas por alguma teoria científica substantiva ontologia científi ca O sentido 2 está relativamente livre de problemas e pode ser generalizado para contex tos extracientíficos A ontologia filosófica tra dicional refletiuse sobre a natureza e as re lações entre diferentes espécies de existentes o sentido em que por exemplo se poderia dizer que números mentes e qualidades existem Im manuel Kant e David Hume criticaram tais investigações como tentativas necessariamente indecidíveis ou mesmo inexpressivas de trans por os limites da experiência possível e propu seram uma rejeição da ontologia não apenas nos estilos praticados por Leibniz ou John Locke mas de um modo geral Na corrente predominante da filosofia ana lítica a proibição imposta à ontologia tem sido geralmente sustentada ao longo do século XX Mas trabalhando no interior dessa tradição Roy Bhaskar afirmou recentemente que a onto logia filosófica não precisa ser dogmática e transcendente mas pode ser condicional e ima nente uma vez que adota como objeto de estudo não um mundo distinto daquele que a ciência investiga um domínio noumênico platônico ou lockeanoleibnizeano mas justamente esse mundo desde o ponto de vista do que pode ser estabelecido a seu respeito por a priori con dicional ou argumento transcendental Bhaskar afirmou ademais que qualquer teoria do co nhecimento ver CONHECIMENTO TEORIA DO pressupõe uma ontologia do que o mundo deve parecer para que o conhecimento de acordo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar ontologia 535 com as descrições que lhe são feitas pela teoria seja possível Assim a teoria humeana de leis causais pressupõe nas palavras de JS Mill que o que acontece uma vez acontecerá de novo sob um suficiente grau de similaridade de cir cunstâncias ou seja que existem conjunções constantes ou casos paralelos na natureza Dessa perspectiva o dogma póshumeano de que os enunciados sobre o ser podem ser sempre analisados como declarações acerca do nosso conhecimento do ser é um equívoco aquilo que Bhaskar chama a falácia epistê mica Tratase porém de um equívoco com conseqüências No primeiro caso limitase a comentar a criação de uma ontologia implícita no dominante no século XX caso humea no de eventos atomísticos e sistemas fechados e a fortiori de um realismo implícito nesse caso de um realismo empírico Em segundo lugar esconde uma estranha inclinação antro pocêntrica em filosofias da ciência nãoexpli citamente realistas subjacentes às quais está o que podemos chamar a falácia antropomórfica a análise do ser em termos do ser humano Em terceiro lugar coexiste com uma naturali zação esotérica do conhecimento por exem plo no caso humano através da reificação de fatos e do fetichismo de suas conjunções ou seja com a determinação compulsiva do ser pelo ser na falácia ôntica recíproca Final mente transposto para o domínio social e em tom hermenêutico se não lingüistificado o co lapso do que os realistas críticos chamam a dimensão intransitiva ou ontológica assu me a forma da análise do ser em termos de nosso discurso sobre o ser a falácia lingüística Com efeito a falácia lingüística é a forma na qual em linguagem comum ou FILOSOFIA DA LINGUAGEM por um lado e no pensamento pós estruturalista e mais geralmente pósmoder nista por exemplo na análise do discurso por outro a falácia epistêmica é mais caracteris ticamente cometida Em termos substantivos na ontologia realis ta transcendental o mundo apresentase como estruturado diferenciado e cambiante Aplica da ao domínio social essa ontologia requer como naturalismo crítico uma elaboração adi cional por exemplo incorporar o que foi deno minado a dualidade de estrutura e práxis e uma concepção relacional do objeto de estudo da ciência social No programa de pesquisa realista crítica a ontologia transcendental está apenas em sua infância e muita coisa resta por fazer em outras categorias tais como negação ou reflexividade nos pressupostos teóricos de no vas ciências e nos das práticas sociais além da ciência Fora da tradição analítica o filósofo do ser foi Martin Heidegger Em um de seus primeiros escritos Sein und Zeit 1927 O ser e o tempo Heidegger argumentou que a ontologia fun damental ou a ciência do ser como inves tigação do ser era ela própria dependente do ser humano ou Dasein As filosofias tradicionais esqueceram as características salientes do ser humano como sernomundo desde a nossa manipulação de ferramentas até a autenticidade a respeito da nossa finitude Em suas obras subseqüentes Heidegger transitou de um in teresse pela ontologia para o que se poderia chamar uma metaontologia por exemplo por que é que existe ser em vez de nada e para uma metahistória das épocas do ser co meçando com os meros vestígios de ser nos présocráticos e culminando na era contempo rânea de niilismo e tecnologia Nesse ponto a sua crítica coincide em grande parte com as tradições teóricas lukácsianas e críticas do mar xismo ocidental Há aí interessantes conexões históricas Heidegger conhecia a obra de Lu kács e Jürgen Habermas iniciou a sua carreira filosófica fortemente influenciado por Heideg ger apesar de todo o seu ulterior desdém pela ontologia Leitura sugerida Bhaskar Roy 1975 1978 A Realist Theory of Science 2ªed Ο 1989 Reclaiming Reality Habermas Jürgen 1971 1976 Theory and Practice Heidegger Martim 1927 1962 1970 Being and Time Ο 1947 1971 Letter on humanism In Poetry Language and Thought Lukács G 1923 1971 History and Class Consciousness ROY BHASKAR operacional pesquisa Ver CIÊNCIA DA AD MINISTRAÇÃO operariado Ver CLASSE OPERÁRIA e SINDICA TOS opinião Entre as muitas e diferentes defi nições dois elementos são comumente encon trados que as opiniões giram em torno de as suntos controversos ou discutíveis e que são capazes de justificação racional O primeiro aspecto crítico é que não se pode ter uma opinião acerca de um assunto de ver Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 536 operacional pesquisa dade ou falsidade demonstrável Não se pode ter a opinião de que os três ângulos de um triângulo são iguais a dois ângulos retos nem se pode legitimamente sustentar a opinião de que a Austrália não existe Isso não é tão simples quanto possa parecer Deparamonos regular mente com a natureza conjectural e probatória do conhecimento porquanto o universo não é o lugar determinado e infalível que muitos su põem ser Mesmo dentro de um contexto es paçotemporal específico em que um conjunto de fatos estabelecidos não é seriamente con testado e portanto não constitui matéria de opinião as circunstâncias mudam de tal modo que o que estava estabelecido pode tornarse discutível Muitos fatos outrora supostamente incontestáveis por exemplo a indivisibili dade do átomo provaram estar errados Pode muito bem desenvolverse uma controvérsia sobre se uma questão antes indiscutível é agora controversa Muitos que sustentam pontos de vista sobre matérias controversas negam firme mente a existência de qualquer coisa que seja sequer remotamente questionável ou discutí vel a respeito de suas convicções É questão de opinião se um assunto é ou não questão de opinião Em uma sociedade cada vez mais so fisticada quando a mais antiga e mais homogê nea ordem de coisas passa a ser desafiada ampliase consideravelmente a gama daquelas sobre as quais podemos ter opiniões Todas as novas áreas de pensamento todos os reexames de ortodoxia suscitam questões de opinião O segundo elemento propõe que as opiniões são os modos de ver capazes de serem aceitos como verdadeiros pela mente racional Isso não significa indicar que cada opinião proposta por cada indivíduo tem um fundamento logica mente racional As opiniões podem ser adquiri das de muitas maneiras dentre as quais as de duções lógicas a partir de premissas objetivas ou observações empíricas constituem por ve zes apenas um fator Muitos sustentam suas opiniões por hábito ou as aceitam com base na autoridade de outros O requisito essencial é que em seu conteúdo interno elas sejam com patíveis com alguma interpretação defensável de dados públicos e que possam ser obtidas pelos processos normais da razão Sejam formuladas ou adquiridas as opi niões têm suas raízes no conceito afim de ati tudes Uma opinião pode de fato ser descrita como uma atitude expressa talvez modificada pela necessidade de lhe dar um expressão irre torquível A própria atitude é outra idéia com plexa na qual certos elementos comuns partici pam de dezenas de definições detalhadas O primeiro ponto é que atitudes são estados men tais internos refletidos na inclinação a respon der a estímulos externos de maneira favorável ou desfavorável As atitudes consubstanciam uma avaliação básica do mundo uma com binação de crenças acerca da realidade em conjunto com julgamentos morais de aprova ção ou desaprovação simpatias e aversões Não existe correlação exata entre o conjunto de atitudes de um indivíduo e a sua opinião expressa a respeito de uma situação específica Isso porque a opinião pronunciada pode derivar de duas atitudes possivelmente conflitantes uma em relação ao próprio estímulo e a outra às circunstâncias em que deve ser expressa Ver também IDEOLOGIA PROPAGANDA Leitura sugerida Childs HL 1965 Public Opinion Nature Formation and Role Lippmann Walter 1922 Public Opinion Petty RE e Cacioppo JT 1981 Attitudes and Persuasion Qualter TH 1985 Opinion Control in the Democracies TERENCE H QUALTER organização O ponto de partida para essa noção cada vez mais freqüentemente usada nas ciências sociais é a analogia entre organismos animados e sociedade Em biologia o organis mo é uma entidade produtora de seres seme lhantes a ele próprio enquanto que em socie dade a organização apresentase como uma uni dade de pessoas e grupos separados pela divisão de trabalho mas também cooperando mutua mente As organizações que emergem na sociedade podem ser classificadas de muitas maneiras diferentes e a classificação a ser adotada pode ser decidida na base das exigências de uma abordagem de pesquisa específica Ferdinand Tönnies estabeleceu uma diferenciação clás sica entre dois tipos de organização social que ainda estão em uso Gemeinschaft que é carac terizado por se nascer em alguma coisa e nela se viver a vida por exemplo as comunidades aldeãs e as subculturas étnicas e Gesellschaft um tipo de organização que existe por vontade consciente dos participantes onde a filiação é normalmente decidida pela livre decisão das pessoas interessadas ver também ESTRUTURA SOCIAL Uma característica essencial das socie Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar organização 537 dades modernas é a diversidade dessas organi zações as quais se propagam cada vez mais por toda a vida social Também podem ser clas sificadas de numerosos pontos de vista e isso constitui um tema importante da teoria da orga nização As mais importantes diferenciações são as seguintes Organizações militares uma forma de orga nização muito antiga na história na qual se afirma uma estreita relação de liderança e su bordinação embora em tempos recentes a com petência profissional esteja ganhando terreno e paralelamente com isso os elementos funcio nais estejam sendo reforçados a par da cadeia linear de comando Organizações de trabalho das quais um tipo principal é a empresa hierarquicamente estrutu rada ver CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO Esta for ma é predominante na vida econômica e como resultado de vários esforços reformistas está assumindo um caráter cada vez mais humano perdendo gradualmente sua rigidez original Partidos políticos e organizações políticas Nas sociedades ocidentais o parlamentarismo promoveu à categoria da mais importante orga nização das sociedades civis os partidos políti cos os quais na base de eleições gerais gozam de maior ou menor participação no poder Al guns deles não têm a chance de adquirir poder efetivo mas como instituições para manter o executivo sujeito à prestação de contas podem ter um papel relevante na sociedade Esse papel foi especialmente importante no processo de reforma dos países socialistas onde a introdu ção do parlamentarismo se defrontou com obs táculos muito sérios na constelação do poder Organizações de proteção de interesse pro fissional das quais a mais típica forma é a dos SINDICATOS organizados por profissão Eles de sempenham um importante papel não só na proteção dos interesses dos trabalhadores mas também como mediadores entre os detentores do poder e as massas Na URSS o stalinismo enfatizou somente o papel de mediador dos sindicatos mas no decorrer de recentes refor mas o papel de proteção de interesses está au mentando e contra a organização na base de setores econômicos adquire maior destaque o princípio de organização profissional Organizações de proteção de interesses lo cais as quais estão freqüentemente ligadas à conservação de monumentos históricos na base do patriotismo local Mais recentemente entre tanto está crescendo nessas organizações o sig nificado da proteção ambiental e a eliminação dos problemas causados pela crise ecológica ver também SOCIEDADE CIVIL Organizações religiosas as quais são orga nizadas em parte no seio das igrejas oficiais e em parte fora delas Especialmente importantes entre as últimas são as comunidades de base como indicadoras de um possível futuro da religião É claro esta lista poderia prolongarse e dentro de cada categoria novas subcategorias poderiam distinguirse Em vez disso é mais útil sublinhar aqui a significação de dois as pectos das organizações através dos quais elas podem ser classificadas e analisadas Em pri meiro lugar o grau de burocratização da orga nização ver também BUROCRACIA Três grupos principais podem ser diferenciados a a orga nização burocrática que é claramente governa da por subordinação burocrática b a organi zação dicotômica onde os principais órgãos burocráticos são operados por pessoas leigas c a organização totalmente administrada por pessoas leigas autogerência Em segundo lu gar o relacionamento entre a organização e o poder do Estado Três tipos principais podem ser também diferenciados neste caso a orga nização subordinada ao poder do Estado e iden tificada com ele b organização em oposição ao poder do Estado c organização neutra no tocante ao poder do Estado Ver também FORDISMO E PÓSFORDISMO ORGA NIZAÇÃO INDUSTRIAL COMPORTAMENTO ORGANI ZACIONAL ORGANIZACIONAL TEORIA SISTEMA TEORIA DE Leitura sugerida Simpson RL 1959 Vertical and horizontal communication in formal organizations Administrative Science Quarterly 4 Tönnies Ferdinand 1887 1955 Community and Association Whyte WH 1960 The Organization Man ANDRÁS HEGEDÜS organização industrial Esta denominação engloba a análise sistemática das empresas co merciais ou industriais e os agrupamentos de tais empresas Essa análise inclui grosso modo 1 aquisição organização e apresentação de dados 2 teoria econômica freqüentemente expressa em uma forma matemática ou elegan temente literária ou geométrica e 3 análise estatística ou econométrica ver ECONOMETRIA envolvendo testes dessa teoria econômica sobre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 538 organização industrial os dados requeridos Um sinônimo comum para organização industrial é economia industrial a qual deixa claro que o objeto de estudo é a indústria estudada do ponto de vista do eco nomista O estudo de uma indústria envolve a busca de regularidades no comportamento tanto de cada empresa em suas múltiplas formas quan to do conjunto de tais empresas que constitui uma indústria Ou seja interessase pela firma no nível individual e pelas variedades de com petição no nível de grupo Tal análise não está confinada às economias industrializadas ou ca pitalistas mas abrange também as economias central ou indicativamente planejadas em vá rios estágios do desenvolvimento econômico O espectro das formas industriais examinadas é amplo variando do tipo fortemente descen tralizado quase exclusivamente orientado pelo mercado até o tipo altamente centralizado pre dominantemente burocrático Dado o permanente interesse no controle e monitoração da indústria no âmbito da política econômica em todos os tipos de economia os dados de organização industrial são em geral ricos e bem sustentados por órgãos governa mentais A classificação industrial padronizada standard industrial classification SIC é am plamente aceita no plano internacional e for nece uma abrangente divisão de indústrias des de os vastos agrupamentos como transporte e serviços até os agrupamentos restritos de alta qualidade baseados em limitadas gamas de produtos Entretanto tais dados nem sempre estão em uma forma perfeita para testar teorias econômicas da indústria e a coleta de dados de fontes primárias tem sido sempre uma impor tante atividade dos economistas industriais so bretudo dos que são favoráveis à abordagem de estudo de casos por exemplo Fisher et al 1983 A teoria da organização industrial concen trase na firma e na competição Ao passo que nas formas mais abstratas de teoria econômica o tipo de firma pode não ser especificado na teoria da organização social ele é crucial As sim a pequena firma dirigida por um empresá rio ver EMPRESARIAL FUNÇÃO é analisada de modo diferente cf Reid e Jacobsen 1988 de uma grande sociedade anônima cf Jensen e Meckling 1976 A competição assume uma variedade imensa de formas na prática mas na teoria da organização social ela é freqüente mente analisada de acordo com duas dimen sões a saber o grau de diferenciação do produto isto é na medida em que os produtos produzi dos são homogêneos ou se distinguem por pe quenas variações de design embalagem ou lo calização e a extensão e natureza das inter ações entre firmas Assim a competição perfei ta diz respeito a situação em que muitas firmas todas produzindo um artigo homogêneo não estão em interação significativa O oligopólio heterogêneo diz respeito a situações em que poucas firmas produzindo produtos diferença dos estão em interação significativa Natural mente os métodos empregados para analisar a primeira são mais simples do que para o segun do e o progresso da teoria da organização in dustrial do século XX ocorreu desde as mais antigas e rigorosas análises de competição per feita como em Knight 1921 Hicks 1939 e Debreu 1959 até as mais recentes e não me nos rigorosas análises de oligopólio como em Fellner 1960 Telser 1972 e Shubik 1984 Ao observarem as estruturas mais complexas dos oligopólios onde surgem considerações estratégicas os teóricos da organização indus trial trabalharam extensamente com os instru mentos matemáticos da teoria dos jogos ver JOGOS TEORIA DOS A comprovação das teorias da organização industrial engloba muitos métodos que variam do estudo de caso a uma abordagem economé trica de sistema de equações Durante todo o seu desenvolvimento a organização industrial deste século distinguiuse de muitas áreas da inves tigação econômica por sua adesão a um método científico nãodegenerado o qual insistiu sem pre em que a teoria deve ser cotejada com as provas Um sistema básico e sumamente in fluente para o teste de teorias foi o de estrutura conduta e desempenho SCP tal como desen volvido por Mason 1939 e codificado por Scherer e outros Scherer e Ross 1990 Em sua forma mais simples sustenta que a estrutura como número de firmas grau de diferenciação do produto determina a conduta como ma ximização do lucro extensão do conluio a qual por sua vez determina o desempenho por exemplo fornecimento de bens de qualidade e as quantidades determinadas por preferências do consumidor Essa abordagem simples pode ser ampliada e modificada para abranger for mas mais complexas de causalidade incluindo feedback e efeitos bidirecionais e uma grande Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar organização industrial 539 variedade de tipos de estrutura conduta e de sempenho A flexibilidade explica a sua dura bilidade e adequadamente modificada pode aplicarse às modernas teorias da indústria e da firma do final do século XX incluindo as resul tantes da teoria matemática dos jogos e da abordagem especialmente associada a William son 1985 a qual enfatiza os custos de transa ções Entretanto o quadro de referência SCP embora largamente usado e respeitado não exerce uma influência dogmática sobre a inves tigação empírica na organização industrial cujo enfoque continua sendo eminentemente plu ralista Leitura sugerida Davies S et al 1988 Economics of Industrial Organization Krause CG 1990 Theo ry of Industrial Economics Reid GC 1987 Theories of Industrial Organization Scherer FM e Ross D 1990 Industrial Market Structure and Economic Per formance 3ªed Schmalensse R e Willig R orgs 1989 Handbook of Industrial Organization GAVIN C REID organizacional comportamento Ver COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL organizacional teoria Agregado interdisci plinar de conhecimentas com estreitos vínculos com a sociologia a psicologia a ciência política e a ciência econômica Originouse principal mente nos Estados Unidos França e Alemanha no período que se seguiu ao final da Primeira Guerra Mundial em parte como resposta à ne cessidade de conhecimentos tanto práticos e profissionais quanto teóricos dos gerentes e administradores em setores públicos e priva dos A contribuição americana concentrouse em problemas de organização industrial e cres cimento do estado administrativo depois de 1933 a francesa na organização industrial co mo área de problemaschaves da divisão social de trabalho na esteira da obra de Émile Dur kheim e a alemã no fenômeno da burocracia como a encarnação organizacional do que Max Weber chamou a autoridade legalracional do estado e da grande empresa Essas três linhas de investigação estudo e aconselhamento profissional a gerentes e ad ministradores só começaram a se conjugar em uma forma relativamente coesa depois da Se gunda Guerra Mundial e alcançaram pleno re conhecimento como campo distinto de pesqui sa ensino e treinamento em meados da década de 50 A partir de 1970 a teoria organizacional fragmentouse em certo número de diferentes áreas de estudo incluindo COMPORTAMENTO OR GANIZACIONAL e estudos interpretativos e radi cais da organização Enquanto o comportamen to organizacional é mais empírico e menos formal e prescritivo do que a teoria organi zacional os estudos interpretativos e radicais da organização focalizam respectivamente a construção da realidade do ponto de vista do ator e a organização como um locus de luta política exploração do trabalho e dominação e controle de classe Tradicionalmente a teoria organizacional tem se preocupado com o relacionamento ou ajustamento entre a personalidade individual a estrutura da autoridade a organização do trabalho e o papel da tecnologia assim como com questões relacionadas com o pequeno gru po metas motivação liderança comunicação tomada de decisões sistemas organizacionais e suborganizacionais e o meio ambiente das organizações Presente em todas essas preocu pações está a questão de apurar se a personali dade o papel ou a capacidade decisória cons titui a melhor base conceitual para levar a efeito a pesquisa e teoria no campo Mais recente mente revistas importantes na área da teoria e do comportamento organizacionais começaram a tratar ambas as áreas como formas de teoria e pesquisa social derrubando assim em muito maior extensão do que ocorreu nos anos 50 as fronteiras entre a teoria organizacional e o es tudo de problemas relacionados com as es truturas e processos sociais econômicos e po líticos Essa tendência intensificouse a partir do final da década de 70 em conseqüência da as censão do neoconservadorismo da retirada do governo e do setor público de funções tradicio nais e estabelecidas de serviços e atividade reguladora e o conseqüente recrudescimento de estratégias de privatização de várias espé cies especialmente nos Estados Unidos Grã Bretanha e Austrália Seja qual for a razão essas tendências parecem constituir um retorno ao foco em que desde o início a França e a Alema nha foram pioneiras pois em ambos os casos o estudo de organizações formais ou complexas estava intimamente relacionado a preocupa ções de natureza mais ampla no tocante à orga nização social ao estado e à economia como alienação anomia racionalidade classe e con flito de classes poder autoridade e controle Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 540 organizacional comportamento Nesse meio tempo a teoria da administração outrora parte central da teoria organizacional continua constituindo um corpo distinto de co nhecimento apesar de lhe ter sido também re querido que se mostre sensível a preocupa ções sociais políticas e econômicas relaciona das com a globalização a responsabilidade so cial e a ética Ver também CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO Leitura sugerida Burrel Gibson e Morgan Gareth 1979 Sociological Paradigms and Organizational Analysis Etzioni Amitai 1969 A Sociological Reader on Complex Organizations Krupp Sherman 1961 Pattern of Organization Analysis March James e Si mon Herbert 1958 Organizations Perrow Charles 1967 A framework for the comparative analysis of organizations American Sociological Review 32 Thompson James 1967 Organizations in Action Thompson Victor 1961 Modern Organization HT WILSON orientalismo Termo que entrou recentemente em voga por causa da obra de Anouar Abdel Malek 1963 e Edward Said 1978 orienta lismo referese à perspectiva peculiar sobre o Leste de estudiosos do Oriente representando as antigas potências coloniais A visão dos ori entalistas clássicos era dirigida do centro para a periferia uma visão do Oriente como o outro a caça e a presa do Ocidente triun fante e civilizador Said 1978 p222 mostrou muito bem como o Oriente era visto pelos orien talistas usando esse termo tecnicamente para se referir aos estudiosos do Oriente como um campo para o especialista cujo papel na socie dade era interpretálo para compatriotas Uma extensa linha de pensamento desde as histórias de viagens escritas por cavalheiros europeus até os eruditos tratados de missionários jesuítas e obras representativas do Iluminismo ocidental contribuíram para essa imagem muito precon ceituosa do Oriente O que nada tem de sur preendente porquanto o apogeu do orientalis mo coincide com o poderio do COLONIALISMO no seu auge De fato é possível mostrar que a noção do Oriente como terreno de caça do Ocidente e como o outro remonta à Antigüidade clássica nos comentários de Aristóteles sobre os servis asiáticos na Política e nas especulações de filósofos e oradores gregos sobre o Grande Rei persa e o motivo por que ele governava os seus súditos como escravos Embora fosse evidente que para os gregos a antiga Pérsia o Egito a Mesopotâmia e a Síria representavam culturas veneráveis e respeitadas com as quais se viam competindo não era incomum que eles reescre vessem a história de tal modo que nas lutas entre os gigantes e os bárbaros eles eram sempre os vencedores Por exemplo Platão no Timeu e no Crítias que narram a história da lendária Atlântida hoje identificada ao que se presume com Creta cuja civilização foi des truída pela erupção do Tera a que Platão se refere em termos alegóricos inverte claramente o resultado da batalha entre os exércitos do egípcio Ramsés III e os gregos em favor destes últimos Platão que consta ter viajado para o Egito e lá ter permanecido talvez por três anos faz ao mesmo tempo numerosas referências favoráveis àquele país como tendo inventado número e cálculo geometria e astronomia para não falar do jogo de damas e de dados e sobretudo a escrita Fedro 27cd Filebo 18b d e por já mostrar 10 mil anos de continuidade em religião arte e direito na época em que ele escreveu Leis 6567 O Egito de fato afirma ele preservou melhor os registros históricos gregos do que os próprios gregos em virtude das devastações que se seguiram à erupção do Tera Timeu 223 Heródoto a nossa principal autoridade antiga sobre Egito e Mesopotâmia sustentou que a Grécia adquiriu seus deuses e práticas de culto do Egito como o repositório da sabedoria antiga Heródoto Histórias 2445 Embora a opinião de Heródoto fosse depois desacreditada por Plutarco que se referiu de preciativamente a ele como o pai das menti ras ou um amante de bárbaro que atribui a nãogregos mais qualidades do que a qualquer grego o próprio Plutarco em seu Ísis e Osíris Moralia Livro 5 e outras obras mostrouse familiarizado com as culturas altamente desen volvidas do Egito e da Pérsia e revelou certa admiração por elas No período de restauração da cultura clás sica o Renascimento europeu dos séculos XIV e XV não encontramos como se poderia es perar uma transferência das atitudes xenófobas gregas Isso explicase em parte porque o Re nascimento italiano foi de inspiração mais ro mana do que grega o que não surpreende uma vez que se tratava também de um movimento nacionalista O Oriente estava tão longe de ser estigmatizado como despótico no Renasci mento europeu período que mostrou fascínio pelo poder em todos os seus modos que temos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar orientalismo 541 de fato numerosas indicações de que ele foi pelo contrário uma fonte de inspiração e de modelos políticos Com efeito o papel do Oriente em regenerar o Ocidente foi um con ceito repetido que com o tempo se consolidou até chegar a ser por exemplo um sonho do romancista Gustave Flaubert em seus últimos anos Nicolau Maquiavel foi segundo parece representativo dos humanistas florentinos re nascentistas em sua admiração pelos antigos impérios do Leste e pelos esforços de Alexan dre o Grande para os conquistar e depois re constituir O humanismo florentino do Quattro cento ficou devendo muito aos eruditos bizan tinos responsáveis pela reintrodução da língua e dos textos clássicos gregos alguns deles em especial Gemistus Pletho versado nos comen tários árabes tal como o humanismo medieval tinha devido aos árabes sua rica fonte de textos clássicos gregos A segunda fase na ascensão do orientalis mo como fenômeno específico data precisa mente do surgimento dos estadosmães oci dentais a partir do século XVI e da tradição da teoria republicana clássica em termos da qual eles se legitimavam É peculiar façanha dessa tradição da teoria política ocidental ter conse guido caracterizar as grandes monarquias agrá rias da Europa Ocidental como essencialmente democráticas e as políticas orientais as quais tinham muito provavelmente sido pioneiras no estabelecimento de formas sociais republicanas assembléia bicameral votação por escrutí nio e por sorteio lista de magistraturas válidas por um ano a liturgia e o sistema judicial ba seado no direito consuetudinário e sujeito à ju risdição dos tribunais como essencialmente despóticas Desde Thomas Hobbes James Harrington e John Locke até Jean Bodin Jean Jacques Rousseau e Montesquieu embora fos se muito diferente o conteúdo específico da obra de cada um desses teóricos políticos o resultado líquido foi petrificar as fronteiras en tre Ocidente e Oriente como sendo entre re gimes representativos e despóticos respectiva mente ver também DESPOTISMO ORIENTAL A luta pelo manto da autoridade na pólis tornouse a arena na qual se levou a efeito a formação do estado ocidental Entre as condições propícias estava a circunstância fortuita de que a Igreja ela própria uma instituição cujas fontes estavam no Oriente e responsável pela função educacio nal no Ocidente tinha alimentado as elites na tivas com uma literatura exótica desde a Grécia e Roma até o antigo Oriente Próximo A litera tura clássica constituiu o repertório de exem plos dos quais eram extraídos os modelos e nessa base as primeiras facções dinâmicas mo dernas nos estados da Europa Ocidental persua diram os seus monarcas alguns sob pressão a converter os conselhos de clãs aristocráticos em assembléias representativas de acordo com os modelos grego e romano O fato de terem êxito em fazêlo deveuse em não pequena medida às ameaças constantes dos muçulmanos es pecialmente dos temidos mouros que na bata lha de Poitiers foram rechaçados do próprio coração da Europa e cujas tradições e ins tituições eram consideradas a própria antítese de tudo o que a Europa Ocidental defendia e simbolizava As alegações contra o Oriente são clara mente apresentadas nos escritos de James Har rington e Edward Gibbon que compararam a indolente efeminação dos sírios e egípcios à feroz independência dos germanos e caledô nios recorrendo ao celebrado louvor de Tácito à probidade teutônica Montesquieu por sua parte usa o turco como bichopapão a fim de advertir a corte de Luís XIV contra os riscos do despotismo Na maré montante de um etnocen trismo de base fisiológica que produziu o mo delo ariano como o instrumento decisivo para a divisão entre gregos e bárbaros essa antiga gigantomaquia atingiu novas alturas Teorias climatológicas teorias sobre os movimentos migratórios de povos e as origens da civilização na estepe iraniana combinaramse para favore cer as culturas indoeuropéias em oposição às semíticas Bernal 1987 Aqui temos o contex to para o orientalismo como disposição aca dêmica profissional em relação ao Oriente teo rizada como o modo de produção asiático por pensadores do século XIX e começos do atual tão influentes quanto James Mill em The His tory of British India JS Mill em Dissertations and Discussions Karl Marx e Antonio Grams ci A crença em que as cidades orientais dife riam das cidades ocidentais antigas ou medie vais por serem fundadas a partir do acampa mento militar e em que à sociedade oriental exemplificada pela Índia faltava história em sua imutabilidade Karl Marx in Grundrisse e O capital combinou idéias de atraso e imobi lidade que favoreciam a sociedade ocidental em termos de darwinismo social então em voga Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 542 orientalismo legitimando os empreendimentos coloniais das potências do século XIX Não há dúvida de que os estereótipos ori entalistas contaminaram boa parte da literatura do desenvolvimento que analisa as políticas do Terceiro Mundo em relação ao Primeiro Mundo como se evidencia pelo próprio concei to de subdesenvolvimento disposição para atribuir traços de caráter nacional ao diagnós tico de fraquezas sistêmicas e para a trans posição em bloco de instituições ocidentais co mo panacéias políticas e econômicas ver tam bém DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMEN TO O orientalismo é uma forma de racismo que nos séculos XIX e XX tal como no apogeu do imperialismo romano teve forte apoio institu cional nas estruturas administrativas coloniais e neocoloniais Assim departamentos como o Ministério das Colônias que outrora susten taram o White Mans Burden Fardo do Homem Branco foram substuídos por organismos de ajuda internacional fortemente comprometi dos com uma missão civilizadora que inclui o desenvolvimento ou seja a educação oci dental o crescimento econômico e político a difusão da cultura e dos valores ocidentais e a integração de economias nãoocidentais no mercado mundial Leitura sugerida AbdelMalek Anouar 1963 1981 Civilization and Social Theory Bernal Martin 1987 Black Athena the AfroAsiatic Roots of Classical Civi lization Said E 1978 Orientalism Springborg P 1986 Politics primordialism and orientalism Marx Aristotle and the myth of Gemeinschaft American Political Science Review 80 185211 Ο 1992 Western Republicanism and the Oriental Prince Turner Bryan 1978 Marx and the End of Orientalism Ο 1984 Orien talism and the problem of civil society In Orientalism Islam and Islamists org por Asaf Hussain et al Witt fogel KA 1957 Oriental Despotism PATRICIA SPRINGBORG Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar orientalismo 543 P pacifismo O prolongado morticínio da Pri meira Guerra Mundial deu renovado impulso à velha doutrina de que o recurso à guerra mesmo em resposta a uma agressão é sempre um erro Os seus adeptos do século XX têm enfrentado porém dilemas particularmente agudos Em face de ameaças concretas ou potenciais de regimes brutalmente ditatoriais capazes em alguns casos de genocídio surge a interro gação como pode um estado que se priva de seu arsenal militar sobreviver ou cumprir suas obrigações para com seu próprio povo e os outros E se não sobrevive como pode o seu povo preservar seus valores No século XX a guerra tornouse uma obscenidade moral mas o mesmo pode ser dito com freqüência das alternativas a ela Salvo os que obedecem à injunção bíblica de não guardar pensamentos para o dia se guinte os pacifistas respondem a isso de duas maneiras Em primeiro lugar afirmam ser im provável que alguém ataque um estado ma nifestamente indefeso Em segundo lugar sus tentam que se tal ataque viesse a ocorrer a população poderia preservar os valores de sua sociedade e em última instância induzir o in vasor a se retirar por meio de uma resistência nãoviolenta organizada É possível citar casos em abono da primeira alegação A Costa Rica sobrevive há muito tempo sem exército e a Áustria embora por certo não seja pacifista deve sua sobrevivência e segurança desde o Tratado de 1955 mais ao seu reconhecido status de país neutro não agressivo e construtivo do que à sua capacidade de se defender das alianças militares tanto da OTAN no Ocidente quanto do Pacto de Varsó via no Leste mas dado o destino da Dinamarca em 1940 da Tchecoslováquia em 1968 e de Granada em 1983 não se pode manter de forma convincente que o fato de não representar amea ça militar é suficiente para assegurar a imuni dade Assim a viabilidade do pacifismo depende muito da eficácia da nãoviolência As campa nhas de desobediência civil de Gandhi contra o domínio britânico na Índia nos anos entre as duas guerras mundiais e os desafios organiza dos pela National Association for the Advance ment of Colored Peoples sob a liderança de Martin Luther King contra a segregação e a privação dos direitos civis dos negros no sul dos Estados Unidos pareceram mostrar que a não violência pode por vezes conseguir mudar a mentalidade de adversários poderosos e fre qüentemente brutais embora outros fatores es tivessem sem dúvida atuando e em cada caso os ativistas pudessem apelar para uma opinião pública democrática que em última instância exercia o controle sobre os seus opressores Pessoalmente Ghandi não era um pacifista mas suas campanhas que fizeram muito uso de greves de fome renunciaram sistematicamente à violência e desautorizaram qualquer ato vio lento a que seus declarados adeptos recorres sem Seus ensinamentos baseavamse sobretu do nos textos religiosos hindus O caminho do espírito é o do desprendimento da autoab negação de ficar livre de todo o desejo ver Gandhi 1951 p26 Gene Sharp 1971 relatou ter identificado 125 formas diferentes de nãoviolência repar tidas em três categorias principais protesto nãocooperação e intervenção e distinguiu três mecanismos de mudança conversão acomodação e coerção Dado que os resistentes são capazes de explicar as razões de sua resis tência que Sharp vê como um sine qua non a nãoviolência deles e o respeito que obtêm por sua disposição para sofrer se necessário às suas convicções farão com que os seus adversários afirma o autor se mostrem mais dispostos a reconsiderar sua política Alternativamente tal 544 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar resistência pode induzir a acomodação em um adversário que embora não convencido ainda na justiça da causa deles está preparado para ceder às exigências dos ativistas porque o pro blema não vale os inconvenientes e dissabores causados pela luta p156 A COERÇÃO pode ser aplicada quando a resistência está suficien temente difundida e prolongada de modo a conseguir conter direta ou indiretamente as necessárias fontes do poder político do gover nante Thomas Schelling 1971 p179 que em seus escritos anteriores tinha analisado fria mente a lógica da coerção violenta admitiu que o potencial de nãoviolência é enorme com implicações para a paz a guerra a estabilidade o terror a confiança e a política interna que ainda não são fáceis de avaliar O pacifismo nuclear o qual sustenta que o uso de armas nucleares é sempre um erro mes mo em retaliação e exige portanto a sua re núncia unilateralmente se necessário oferece uma perspectiva menos drástica Tais armas não voltaram a ser usadas desde a fase final da guerra contra o Japão em 1945 e não se pode afirmar que estados que não estão habilitados a confiar em seu próprio potencial nuclear ou no de seus aliados são impotentes O Vietnã por exemplo não dispunha de tal potencial mas isso não o impediu de derrotar a mais avançada potência nuclear do mundo A oposição ao seu uso invoca hoje com freqüência a teoria da guerra justa por meio da qual para que a força militar seja legítima não só o objetivo deve ser bom e alcançável mas a violência deve ser restringida aos que estão realmente resistindo a essa força ou seja os combatentes Leitura sugerida Bondurant JV org 1971 Conflict Violence and NonViolence Ceadel M 1987 Thin king about Peace and War Hinton J 1989 Protests and Visions Roberts A org 1967 The Strategy of Civilian Defence Sharp G 1973 The Politics of Non Violent Action RODERICK C OGLEY padrão variáveis Ver VARIÁVEIS PADRÃO padrão de vida Ver QUALIDADE DE VIDA panafricanismo Pode ser definido como um sentimento de solidariedade entre africanos e povos de ancestralidade africana Essa cons ciência de identidade compartilhada foi por vezes intelectualizada em uma teoria ou tradu zida para a ação política Em seu grau mais ambicioso o panafricanismo procura criar um governo único para toda a África combinado a fortes vínculos econômicos e políticos com pes soas de ascendência africana em outras partes do mundo O panafricanismo pode adotar a forma de emoções idéias ou ações Quando afroameri canos irromperam no Conselho de Segurança das Nações Unidas em 1961 interrompendo a sessão para protestar contra o assassinato do expremier Patrice Lumumba no Congo hoje Zaire esse irado protesto constituiu emoções panafricanas traduzidas em ação política Quando um ativista dos direitos civis o reve rendo Jesse Jackson recomendou em 1989 que a expressão negro americano fosse substi tuída por afroamericano essa foi uma idéia panafricana que não tardou a ser amplamente adotada como norma política por muitas ins tituições públicas nos Estados Unidos Na pró pria África as manifestações panafricanas têm variado desde os protestos de estudantes nige rianos contra o assassinato do líder da cons ciência negra Steve Biko na África do Sul até experiências econômicas regionais como a ex tinta Comunidade do Leste Africano EAC e a mais recente Comunidade Econômica da Áfri ca Ocidental Ecowas O panafricanismo po de ser primordialmente subsaariano concen trandose principalmente nos africanos negros ao Sul do Saara como quando na década de 80 o presidente Mobutu Sese Seko do Zaire reco mendou a criação de uma organização que con tivesse somente estados africanos negros ou transaariano visando a união da África negra com a África árabe ou transatlântico solida riedade entre africanos e negros do hemisfério ocidental ou global sentimento de identidade compartilhada entre pessoas de ascendência africana em todo o mundo Os descendentes de africanos que estão localizados fora da África constituem o que é freqüentemente chamado a diáspora africana ou a diaspóra negra História do panafricanismo Na virada do século os povos negros es tavam sofrendo opressão política exploração econômica e degradação social sob o COLONIA LISMO e a sistemática discriminação racial Com exceção da Etiópia do Haiti e da Libéria go vernados por negros as vidas de pessoas de origem africana estavam sob o controle de eu ropeus A dominação paneuropéia promoveu a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar panafricanismo 545 crença em que a libertação dos negros dependia de sua unidade política Além disso os movi mentos pan estiveram em moda desde mea dos do século XIX até a eclosão da Segunda Guerra Mundial dentre eles destacaramse o paneslavismo o pangermanismo o panara bismo o panturanismo o panislamismo e o panasianismo ver também NACIONALISMO Em 1900 teve lugar em Londres a primeira Conferência PanAfricana organizada pela African Association fundada por Henry Sylves ter Williams A sessão preparatória em 1899 contou com a presença entre outros de Booker T Washington A conferência teve cerca de 60 participantes dos Estados Unidos Caribe Grã Bretanha e África incluindo WEB Du Bois e o bispo Alexander Walters As resoluções trata ram de escravatura trabalho forçado segrega ção e outras violações dos direitos humanos Em apelo às nações do mundo a conferência declarou O problema do século XX é o problema da fronteira da cor a questão de saber até que ponto as diferenças de raça irão constituir a base para negar a mais de metade do mundo o direito a compartilhar até o limite de suas capacidades das oportunidades e privilégios da humanidade moderna Geiss 1974 p190 Depois da Primeira Guerra Mundial come çou o movimento do Congresso PanAfricano Deu origem a uma série de reuniões celebradas em 1919 Paris 1921 Londres Bruxelas e Paris 1923 Londres e Lisboa 1927 Nova York 1945 Manchester e 1974 DaresSa laam O instigador e principal organizador das conferências nos anos entre as duas guerras foi WEB Du Bois A mais importante delas foi o V Congresso PanAfricano de Manchester em 1945 muitos dos que participaram por exem plo Obafemi Awolowo Hastings Banda Jomo Kenyatta e Kwame Nkrumah tornaramse im portantes figuras políticas na África pósin dependência As resoluções de Manchester es tabeleceram a agenda para a corrente principal do pensamento panafricano daí em diante As principais posições dos anteriores Congressos PanAfricanos tinham sido promover o bem estar e a unidade dos povos de origem africana exigir a sua autodeterminação insistir na abo lição da discriminação racial e condenar o ca pitalismo O Congresso de Manchester também declarou A luta pelo poder político dos povos coloniais e subjugados é o primeiro passo e o necessário requisito preliminar para a completa emancipação social econômica e política Le gum 1976 p137 Essa mudança para o an ticolonialismo foi particularmente importante para a África e o Caribe que ainda estavam sob domínio imperial A obtenção da independência de Gana em 1957 reforçou essa dramática mudança para uma luta anticolonial e um enfoque continental no pensamento panafricano Como conse qüência a AllAfrican Peoples Organization criada por Kwame Nkrumah de Gana a qual se reuniu pela primeira vez em Acra em 1958 e depois teve reuniões em Túnis e no Cairo limitou a participação plena a residentes da África As AllAfrican Peoples Conferences não estavam restritas a governos mas incluíam movimentos de libertação e sindicalistas Suas resoluções propiciaram um novo avanço no pensamento panafricano tinha que haver a personalidade africana em questões interna cionais e o neocolonialismo devia ser com batido A maior ambição do panafricanismo conti nental era criar um supraestado africano A criação da Organização da Unidade Africana OAU em 1963 foi um modesto meiotermo porque em parte a sua carta inclui as seguintes estipulações nãointerferência nos assuntos in ternos dos estadosmembros assim como res peito pela soberania e integridade territorial de cada estado Essa organização intergoverna mental não realizou progressos significativos no rumo da criação dos Estados Unidos da África Com efeito no seio da OAU existe a tensão adicional entre o panafricanismo e o panarabismo Podese traçar uma distinção entre panafri canismo de libertação e panafricanismo de integração O panafricanismo de libertação é uma solidariedade em busca de liberdade e autodeterminação O panafricanismo de inte gração é uma solidariedade em busca de inte gração regional econômica e política O pan africanismo de libertação é uma história de sucesso uma voz africana unida pelo anticolo nialismo e o antiapartheid ajudou a mobilizar o resto do mundo O panafricanismo de inte gração ainda é como assinalamos um fracasso O panafricanismo transatlântico declinou na segunda metade do século XX Não obs tante WEB Du Bois dos Estados Unidos e George Padmore do Caribe tornaramse cida Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 546 panafricanismo dãos ganenses depois da independência Mal colm X e outros muçulmanos negros eram com freqüência panislamistas e panafricanos O movimento dos direitos civis nos Estados Uni dos tinha vinculações com a política de desco lonização na África O movimento Rastafari na Jamaica identificouse com a Etiópia como a Terra Prometida e Hailé Selassié como o Rei Divino O panafricanismo cultural na diáspora tem variado desde a adoção de rituais religiosos africanos até a popularidade do estilo de cabe leiras africanas desde a adoção de nomes pes soais africanos até a proclamação de um subs tituto africano para o Natal o festival afroame ricano do Kwaanza baseado em uma palavra suaíle que significa o começo O panafri canismo transatlântico incluiu no campo das artes os festivais periódicos de artes e culturas que têm sido realizados na África e na diáspora O mais famoso desses eventos artísticos foi o Festac realizado em Lagos Nigéria em 1976 Cantores dançarinos poetas teatrólogos per cussionistas e outros convergiram para Lagos Depois de um interregno de quase 30 anos uma convocação para o VI Congresso Pan Africano foi divulgada por intelectuais radi cais da diáspora que tinham ficado desencanta dos com o panafricanismo continental Mais de 500 delegados e observadores reuniramse em DaresSalaam em 1974 Foi o primeiro congresso realizado na África e embora consis tisse predominantemente em funcionários go vernamentais incluiu também movimentos de libertação e destacados intelectuais africanos e da diáspora Foi assim o mais abrangente de todos os Congressos PanAfricanos O congres so foi uma importante tentativa de atualização do pensamento panafricano Enquanto que o V Congresso PanAfricano em 1945 tinha resul tado na redução do foco panafricano ao conti nente africano em vez do mundo negro como um todo o VI Congresso em 1974 ampliou o número de elementos participantes de modo a abranger os povos oprimidos de qualquer parte do mundo Em DaresSalaam o panafricanis mo estava tentando converterse na pedra angu lar do panhumanismo Um debate central foi se classe era mais importante do que raça na luta global contra a opressão e a exploração Movimentos panafricanos O panafricanismo raramente foi um movi mento de massa é principalmente um mo vimento de elites A principal exceção a isso na diáspora foi o movimento de Marcus Garvey Garvey era jamaicano seus seguidores eram principalmente centenas de milhares de afro americanos Os objetivos do movimento eram panafricanos mas fora dos Estados Unidos não havia uma filiação maciça O panafricanismo no sentido continental também não logrou tornarse um movimento de massa A inspiração do panafricanismo nesse sentido não reside na solidariedade nacional mas continental entretanto por essa mesma razão o impacto do panafricanismo continen tal foi contrariado pela diversidade cultural econômica e política entre os vários estados africanos que se manifestou depois da indepen dência Para a maioria dos nigerianos etíopes e zambianos para mencionar apenas alguns o panafricanismo estava destinado a ser uma prioridade secundária em relação à construção nacional de cada estado Isso contudo leva a um outro problema o panafricanismo e esse gênero de construção da nação conflitavam mu tuamente Como disse Nyerere A verdade é que à medida que cada um de nós desenvolve o seu próprio estado erguemos um nú mero cada vez maior de barreiras entre nós Conso lidamos diferenças que herdamos do período colo nial e desenvolvemos outras novas Sobretudo de senvolvemos um orgulho nacional que poderá facil mente ser hostil ao desenvolvimento de um orgulho pela África Nyerere 1968 p211 O panafricanismo nunca foi um movimento unificado pois além das divisões já menciona das sempre houve versões liberais e radicais representando diferentes organizações Há tam bém a divisão diásporanativo Sempre houve o divisor de águas negroárabe e a divisão fran cófonoanglófono Com exceção do VI Con gresso PanAfricano realizado em DaresSa laam em 1974 todas as outras tendências in cluindo as que culminaram na formação da OAU têm manifestado essas tensões Não obs tante inúmeras pessoas identificamse com os ideais do panafricanismo sem aderir a qualquer das organizações panafricanas O panafricanismo como ideologia O panafricanismo é menos que uma ideo logia plena por não ser uma explicação sis temática de fenômenos políticos nem um pro grama específico para mudanças políticas Ne nhum teórico forneceu um conjunto de princí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar panafricanismo 547 pios e definições interligados que organize con ceitualmente de forma sistemática a condição dos africanos e dos da diáspora Nem sempre WEB Du Bois apesar de todos os seus escri tos sobre o panafricanismo fornece tal ideolo gia Também existe discordância sobre o que é o panafricanismo Alguns afirmaram que os seus conceitos constituintes são os seguintes a África como verdadeira pátria de todas as pes soas de origem africana onde quer que elas estejam agora solidariedade entre pessoas de origem africana crença em uma distinta per sonalidade africana reabilitação do passado da África e respeito pela cultura africana a África para os africanos em termos de sobera nia e a esperança de uma África unida Entre tanto com base nas resoluções dos Congressos PanAfricanos poderseia justificadamente afirmar que existem apenas quatro componen tes essenciais do panafricanismo 1 preocupação com os problemas comuns de todos os povos africanos onde quer que estejam 2 autodeterminação para todos os povos africanos 3 orgulho de ser africano e pelas coisas africanas e 4 insistência em que o sistema econômico que governa os povos africanos seja so cialista Existe significativamente maior consenso em torno de 1 2 e 3 do que de 4 Embora o panafricanismo não seja ainda uma ideologia completa constitui já um conjunto de idéias e valores interligados suficientemente abran gente para contribuir para uma cosmovisão em busca de um teórico Leitura sugerida Ajala A 1973 PanAfricanism Evolution Progress and Prospects Du Bois WEB 1965 The World and Africa an Inquiry into the Part which Africa has Played in World History Geiss I 1974 The PanAfrican Movement a History of Pan Africanism in America Europe and Africa Legun C 1976 PanAfricanism a Short Political Guide Maz rui AA 1977 Africas International Relations the Diplomacy of Dependency and Change Nkrumah K 1963 Africa Must Unite Nyerere J 1968 Freedom and Socialism Padmore G 1972 PanAfricanism or Communism Resolutions and Selected Speeches from the Sixth PanAfrican Congress 1976 Thompson VB 1969 Africa and Unity the Evolution of the Pan Africanism ALI A MAZRUI e A M SHARAKIYA panarabismo Como ideologia o panara bismo é um desenvolvimento do NACIONALISMO árabe o qual se manifestou inicialmente como fenômeno literário e político nas províncias árabes do Império Otomano em fins do século XIX O próprio nacionalismo árabe surgiu em parte como conseqüência do movimento de renovação literária e lingüística conhecido co mo nahda o qual começou na Grande Síria Uma onda de redescobertas compilação e pu blicação de textos árabes clássicos assim como de atividade lexicográfica encorajou os inte lectuais árabes a refletir sobre a sua passada grandeza e sua presente fraqueza sob a domina ção otomana No início do século XX a legitimidade do domínio otomano sobre as províncias árabes estava começando a ser contestada por muçul manos e cristãos indistintamente Certo número de escritores e pensadores muçulmanos cada vez mais conscientes do relativo atraso do mun do islâmico e mais especificamente do Impé rio Otomano em face da Europa aferrouse à noção de que o declínio e a decadência do ISLAMISMO se deviam à usurpação do califado pelos turcos Para que o islã fosse revitalizado pensavam alguns o califado tinha que ser res tituído aos árabes e mais tarde por extensão as terras árabes deviam ser libertadas dos gri lhões do domínio turco Por sua vez certo número de intelectuais cristãos na companhia de alguns muçulmanos de mentalidade mais secular acreditava que os ideais de liberdade e igualdade nos quais imaginavam basearse a prosperidade e o progresso da Europa do seu tempo eram francamente incompatíveis com o estilo e a substância do domínio otomano Na teoria e em considerável grau na práti ca o Império Otomano era um estado islâmico teocrático no qual o grupo majoritário os mu çulmanos sunitas gozava de um status privile giado difícil de ser contestado em face da ideo logia religiosa do império Se em vez da reli gião a linguagem a etnicidade e a coresidên cia passassem a ser os critérios de associação os árabes poderiam associarse politicamente entre si em termos iguais para além das fron teiras de religião e seita e dar origem a uma sociedade secular na qual nenhum grupo teria superioridade intrínseca em relação a qualquer outro Como previa uma sociedade em que não seriam inferiores em status a quem quer que fosse essa noção era particularmente atraente Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 548 panarabismo para os cristãos árabes sobretudo os ortodoxos gregos da Grande Síria que se consideravam em certo sentido mais autenticamente árabes do que seus correligionários maronitas e cató licos uma vez que a intimidade da associação destes últimos com a França como sua prote tora era vista como comprometendo sua in dependência e seu arabismo Quando a Primeira Guerra Mundial se tor nou iminente ficou claro que alguns árabes estavam preparados para buscar a ajuda de po tências ocidentais a fim de realizarem seu obje tivo de independência dos otomanos parado xalmente no Egito que tinha estado sob ocu pação britânica desde 1882 muitos nacionalis tas tinham querido angariar a ajuda dos otoma nos para obter a independência da GrãBreta nha Vale a pena mencionar aqui que nessa fase a noção de uma nação árabe estava geral mente circunscrita à Grande Síria assim a um egípcio que quis participar do primeiro Con gresso Nacional Árabe realizado em Paris em 1913 foi recusada a permissão a contribuir para os debates O Império Otomano desmoronou no final da Primeira Guerra Mundial mas embora muitos árabes tivessem lutado ao lado da GrãBretanha na Revolta Árabe contra os otomanos supondo que ganhariam em conseqüência disso alguma independência política esse objetivo não seria alcançado por várias décadas Além disso em vez de ser criada uma única entidade política nas antigas províncias árabes do Império Oto mano como alguns árabes esperavam que acontecesse o acordo de paz deu origem aos estados que hoje são o Iraque a Síria o Líbano IsraelPalestina e Transjordânia hoje Jordânia Esses territórios receberam a designação de mandatos e forma confiados à tutela da Grã Bretanha e da França sob a supervisão geral da Liga das Nações Assim com a exceção da Arábia Saudita e do Iêmen do Norte todo o mundo árabe estava agora sob controle euro peu o Egito embora não fosse um território sob mandato era governado pela GrãBretanha de modo bastante semelhante enquanto que a Lí bia era colônia italiana desde 1910 o Marrocos e a Tunísia protetorados franceses desde 1881 e 1912 e a Argélia fora anexada à França em 1848 Somente a partir do período entre as guerras predominantemente sob a influência dos es critos do pedagogo e publicista Sati alHusri 18821968 é que a idéia de nação árabe talvez o mais importante princípio da ideologia panárabe começou a ganhar forma É impor tante sublinhar isso uma vez que certas carac terísticas do pensamento nacionalista árabe fo ram implantadas nas mentes de gerações sub seqüentes como se fossem verdades axiomáti cas e quase eternas de modo a obscurecer o caráter recente de sua origem Conseqüente mente o panarabismo ao postular a existência a priori de uma só nação árabe foi formulado precisamente no momento em que nasceu o sistema de estado árabe moderno Os princípios básicos do panarabismo são que o mundo árabe do Atlântico ao golfo da Arábia formam uma NAÇÃO que essa nação foi artificialmente dividida primeiro pelos otoma nos e mais recentemente pelo imperialismo árabe Na formulação de alHusri os árabes são definidos nos seguintes termos um tanto totalitários Todas as pessoas que falam árabe são árabes Todas as que estão intimamente relacionadas com essas pessoas são árabes Se não sabem disso ou se não nutrem com desvelo o seu arabismo então devemos estudar as razões que as levam a tal posição Pode ser fruto da ignorância nesse caso devemos contar lhes a verdade Talvez seja porque não têm consciên cia disso ou foram iludidas nesse caso devemos despertálas e tranqüilizálas Pode ser resultado do egoísmo então devemos trabalhar para limitar o seu egoísmo Evidentemente a noção de que os árabes constituem uma só nação é mais uma asserção do que a expressão de uma realidade histórica Independentemente do fato de que a nação como idéia não antecede o último quartel do século XVIII mesmo no apogeu do império árabe medieval existe apenas uma acepção muito limitada em que essa região pôde ser considerada uma só entidade política O mais superficial relance por um atlas histórico ou manual cronológico mostra a ascensão e queda de numerosas dinastias com base territorial em áreas tais como o Maghreb Túnis Egito Síria etc É claro que como têm indicado todos os analistas contemporâneos do naciona lismo a historiografia nacionalista comprome tida nesse caso a historiografia nacionalista árabe deve ser vista mais como contribuição à formação de um mito do que como parte de um discurso histórico objetivo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar panarabismo 549 Talvez as duas manifestações mais visíveis do panarabismo tenham sido o nasserismo e o baathismo Jamal Abd alNasir Nasser o líder dos Oficiais Livres que tomou o poder no Egito em 1952 e se tornou subseqüentemente o presidente do país até sua morte prematura em 1970 tinha profunda desconfiança dos partidos políticos e não estimulou a criação de quaisquer organizações panárabes formais mas os fun dadores do Partido Baath na Síria na década de 40 viram a sua organização como genuina mente panárabe e nas décadas de 50 e 60 sucursais do partido foram estabelecidas em cada país árabe ou região da nação árabe no jargão do partido O atrativo de Nasser foi provavelmente menos puro do ponto de vista ideológico na medida em que o apoio que atraiu provinha de suas façanhas como o pri meiro líder árabe a apresentar um significativo desafio ao Ocidente ele era sobretudo um populistanacionalista fundindose com a na ção simultaneamente egípcio e árabe A mais completa expressão política de panarabismo foi a República Árabe Unida do Egito e da Síria que durou de 1958 a 1961 no início criada precipitadamente como um desesperado expe diente do Baath sírio que temia o efeito da popularidade comunista na Síria sobre o seu próprio destino a RAU converteuse rapida mente em artifício usado pelo Egito para explo rar economicamente o seu parceiro menor e em conseqüência tornouse profundamente impo pular na Síria Apesar do slogan baathista Uma nação ára be com uma missão eterna a realidade foi muito diferente O Partido Baath cindiuse em 1966 e suas duas facções têm estado no poder em Damasco desde então e em Bagdá desde 1968 As décadas de 70 e 80 caracterizaramse por uma acirrada batalha em torno da legitimi dade ideológica entre as duas facções rivais em um importante sentido a legitimidade de uma era definida em função da ilegitimidade da outra De fato o único destino lógico para os dois estados em termos da ideologia que cada um professava teria sido a fusão Em ambos os casos o poder político foi tomado por pequenas facções políticas bem organizadas cujos mem bros compartilhavam elementos de uma ideo logia comum mas cuja preocupação principal era a conquista do poder Assim que o conse guiram tanto em Damasco quanto em Bagdá apressaramse em montar partidos políticos de massa a fim de se atribuírem legitimidade A ideologia do panarabismo é suficientemente vaga para ter habilitado ambos os regimes a justificarem em seus termos uma grande varie dade de ações políticas a tal ponto que tanto a incursão da Síria no Líbano em 1976 como a invasão do Irã pelo Iraque em 1980 puderam ser caracterizadas como objetivando preservar a integridade da nação árabe Em nível popular a idéia de unidade árabe tem exercido considerável atração no mundo árabe uma vez que a grande maioria da popu lação fala o árabe é muçulmana e compartilha uma vasta gama de pressupostos culturais e atitudes sociais comuns Em termos práticos entretanto a fraqueza a falta de legitimidade e a natureza profundamente antidemocrática ou nãodemocrática de quase todos os regimes árabes conjugadas com o fato de os estados nacionais existentes se encontrarem em está gios muito diferentes de desenvolvimento só cioeconômico e político significavam que por mais imediatamente desejável que a idéia possa ser a realização prática do panarabismo está hoje tão distante quanto estava nos anos 20 quando alHusri a formulou pela primeira vez Além disso é provavelmente verdadeiro dizer que a busca ou a desculpa do panarabismo tem tido um efeito geralmente negativo no mundo árabe uma vez que este se tem mostrado propenso a concentrar a atenção em um distante inimigo externo e não nos flagrantes problemas de pobreza desigualdade e ausência do domí nio da lei dentro dos estados existentes Além disso uma das características mais visíveis dos desenvolvimentos políticos na re gião nas últimas décadas sublinhada pela crise do Golfo de 199091 é a gradual adoção de políticas mais autônomas e mais autocentra das por parte de todos os regimes árabes não obstante os sonoros protestos públicos em con trário Os acontecimentos em um estado árabe já não assumem necessariamente o caráter de assuntos de fundamental preocupação para os outros estados árabes a menos que estes consi derem estar em jogo os seus próprios interesses vitais com o resultado de que prioridades mais nacionais do que árabes passaram a ocupar a maior parte da arena política indicando que os estadosnações artificiais do mundo árabe estão convertendose gradualmente em enti dades distintas como os estados sulameri canos e cada vez mais separadas em vez de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 550 panarabismo mais unidas Somente a essa luz é que se pode compreender a debilidade da resposta árabe à invasão israelense do Líbano em 1982 as atitudes ambíguas dos estados árabes em relação à Pales tina e aos palestinos e as reações geralmente racionais e políticas dos vários estados árabes à invasão do Kuwait por Saddam Hussein Embora alguns escritores políticos árabes defendam o conceito de panarabismo este de ve ser encarado como uma força amplamente esgotada a Liga Árabe fundada em 1944 é mais um fórum para a discussão de assuntos de interesse comum do que um mecanismo para a integração árabe O apogeu do panarabismo chegou ao fim em junho de 1967 quando o balão da retórica nacionalista foi maciçamente perfurado pela devastadora derrota imposta por Israel ao Egito Jordânia e Síria Talvez a Pales tina seja o símbolo quintessencial do fracasso do panarabismo no sentido de fornecer um constante lembrete da contínua incapacidade dos estados árabes em apresentar uma frente comum ou unida que pudesse colocar as ques tões no caminho de uma resolução A razão desse fracasso não é difícil de apontar por mais artificiais que fossem as fronteiras traçadas antes e depois da Primeira Guerra Mundial elas já existem há cerca de 70 anos e conjuntos de interesses egoístas avolumaramse tanto em torno delas que fazem a manutenção da exis tência de um Líbano separado ou de uma Jor dânia separada para não mencionar um Ku wait separado ter precedência sobre o esfor ço para dar expressão concreta à idéia de um vasto superestado Se esse fenômeno é para ser deplorado ou aplaudido é menos importante do que o fato de que deveria ser reconhecido como tendo lugar ou mais exatamente como ten do tido lugar Leitura sugerida Ajami Fuad 1981 The Arab Predi cament Arab Political Trought and Practice since 1967 Antonius G 1938 1969 The Arab Awakening Haim S 1962 1976 Arab Nationalism an Antho logy Hourani AH 1962 1983 Arabic Thought in the Liberal Age 17981939 Ο 1991 A History of the Arab Peoples Tibi B 1981 Arab Nationalism a Critical Enquiry Zubaida S 1988 Islam the People and the State PETER SLUGLETT papel social Assinalando seqüências de com portamento expressas por indivíduos que ocu pam ou procuram ocupar determinada posição em uma situação social o conceito de papel foi é claro adotado da literatura e em séculos mais recentes do teatro Como tal os indivíduos são vistos como intérpretes que orquestram seus gestos de acordo com um script no palco diante de um público formado por outros que julgam e avaliam seu desempenho Conforme exami nado adiante cada elemento desse retrato de papéis teatrais atores assumindo persona gens orquestrando seus gestos em uma repre sentação seguindo um script atuando em um palco e para uma platéia tem sido um ponto de debate entre cientistas sociais Expresso em termos mais positivos cada um desses elemen tos tem sido alvo de considerável elaboração conceitual e investigação empírica refinando assim o conceito muito além de suas conotações mais literárias e teatrais Qual é a natureza dos indivíduos que de sempenham papéis Numerosas tradições inte lectuais utilitarismo COMPORTAMENTALISMO pragmatismo interacionismo e FENOMENOLO GIA têm influenciado a conceituação das capacidades comportamentais dos indivíduos que são cruciais para desempenhar papéis O retrato compósito que emerge produz uma ima gem dos indivíduos como 1 possuidores de capacidades calculadoras deliberativas e mani puladoras 2 desejosos de recompensas e evi tando custos 3 tentando ajustarse e adaptar se a situações 4 usando reservas implícitas de informação acerca de pessoas e situações para assim proceder e 5 mantendo uma concepção de si próprios como certas espécies de indiví duos Essas imagens apresentamse em toda a teoria e pesquisa de papéis embora alguns ele mentos sejam mais enfatizados do que outros por vários investigadores JH Turner 1991 Qual é a natureza dos personagens que os indivíduos assumem Essa pergunta envolve o problema da força ou forças que coagem os indivíduos a atuar de certas maneiras Para al guns Parsons 1951 Liston 1936 p28 o indivíduo é visto como alguém que se comporta dos modos apropriados à incumbência em uma posição de status em um sistema de posições interligadas que constituem uma estrutura so cial trabalhador pai professor estudante etc Para outros os indivíduos são vistos como conduzindose ainda quando ocupam uma clara posição de status de forma a obter recompen sas evitar custos e sustentar o próprio eu e por conseguinte os indivíduos são conceituados mais como criadores ativos de um personagem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar papel social 551 do que como tendo meramente assumido um que lhes é atribuído em virtude de ocuparem determinada posição RH Turner 1974 e 1962 Strauss 1978 Como o papel é tipica mente considerado o ponto de interface entre a pessoa individual e a estrutura social mais am pla a postura assumida nessa questão subenten de concepções muito diferentes sobre os seres humanos e a sociedade Handel 1979 Se o papel é o comportamento associado à incum bência e ditado por ela nas posições da es trutura social então os seres humanos são me nos espontâneos e criativos ao passo que o poder da estrutura social é preoeminente Em contrapartida se o papel é o comportamento expresso em negocição com o eu com as neces sidades ou utilidades idiossincrásicas e as pres crições posicionais de outros então os in divíduos são ontologicamente mais significati vos do que a estrutura social Quais são as dinâmicas dos gestos Foram os filosófos pragmatistas americanos que reali zaram os importantes avanços iniciais nesse tópico Em particular George Herbert Mead 1934 reconheceu que os gestos assinalam dis posições sentimentos e prováveis rumos de ação das pessoas Para Mead portanto um papel é uma seqüência de gestos que denotam e realçam as disposições e ações de um in divíduo Mead apresentou o conceito de atribui ção de papéis roletaking para enfatizar que quando os seres humanos lêem os gestos uns dos outros assumem a perspectiva de orienta ção recíproca e por conseguinte estão mais aptos a prever as ações mútuas O fenomenólo go Alfred Schutz 1932 realizou observações semelhantes acerca da leitura mútua de sinais e gestos significativos de seres humanos para se obter um sentido de intersubjetividade Mas como reconheceram todas essas figuras das pri meiras décadas do sculo XX um indivíduo reage e interpreta os gestos de outro prisma do seu próprio eu das necessidades e reservas de conhecimento acumulado Por conseguinte a adoção de papéis é sempre um tanto reflexiva Os indivíduos não só adotam e assumem papéis mas nos termos de Ralph H Turner 1962 também os criam Ou seja orquestram gestos a fim de sustentar um papel em uma situação que satisfaz suas necessidades e afirma suas concepções sobre si próprios Esse proces so ocorre até em situações altamente estrutura das em que indivíduos em posições de status tentarão criar para si mesmos um gênero parti cular de papel o bom estudante a mãe sen sível o trabalhador incansável etc Tal capaci dade de criação de papéis pressupõe que os indivíduos os que criam e adotam papéis possuem concepções de síndromes de gestos que marcam certos gêneros de papéis e os indivíduos em INTERAÇÃO buscam reciproca mente descobrir o papel subjacente caracteriza do pelos gestos de outros Há certa discordân cia porém sobre se os papéis nesses inventá rios envolvem a compreensão de seqüências delicadamente harmonizadas de gestos ou op tem por Gestalten mais livremente estruturadas de gestos que denotam significados mais gené ricos e imprecisos a serem finalizados no decor rer da criação de papéis ver JH Turner 1988 RH Turner 1962 Qual é a natureza do script que guia o com portamento do papel Alguns estudiosos do assunto Parsons 1951 Linton 1936 afirmam haver normas expectativas de comportamento apropriado ligadas a cada posição de status em uma estrutura social e assim os papéis são simplesmente o comportamento de pessoas em determinadas posições de acordo com um script normativo Outros RH Turner 1962 Turner e Colomy 1987 Handel 1979 não contes tariam a existência de normas guiando o com portamento mas sustentariam que as normas são apenas amplos parâmetros dentro dos quais os indíviduos criam papéis que confirmam o eu e satisfazem suas necessidades E se há um script para a interação é mais provável que se inspire nos inventários de papéis que os in divíduos levam consigo e usam na criação e adoção de papéis Ainda outros Blumer 1969 iriam mais longe e veriam as normas como um dos muitos objetos em uma situação que os indivíduos podem ou não levar em conta quan do planejam em detalhe uma linha de conduta Uma das últimas e importantes idéias teóri cas de Erving Goffman 1974 foi a noção de molduras que são demarcações cognitivas à semelhança do material físico que cerca uma pintura usadas pelos indivíduos para delimitar o alcance e o tipo de respostas em seus papéis A interação envolve afirmou Goffman a orien tação e reorientação isto é o ordenamento e depois o reordenamento de uma interação mu dando os papéis a serem desempenhados à me dida que é mudada a moldura Por exemplo quando uma conversa passa de um diálogo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 552 papel social polido e convencional para um nível pessoal mais íntimo dáse uma mudança de molduras que por sua vez reescreve o script para cada ator em seus respectivos papéis Outros amplia ram as idéias de Goffman de maneiras que postulam certos tipos básicos de molduras e processos de orientação JH Turner 1988 Qual é natureza do palco A partir do exame do ritual religioso por Émile Durkheim no co meço do século XX 1912 numerosos pensa dores ampliaram a análise de como a copresen ça per se influencia o curso da interação nor mal Erving Goffman 1959 1967 foi o primei ro a reconhecer que a distribuição de atores no espaço seu posicionamento seus movimentos nos palcos sociais e seu uso de acessórios físicos determinam que papéis as pessoas desempe nham e como querem apresentarse às outras Mais recentemente Randall Collins 1988 p2236 e 1975 recorreu a Durkheim 1912 e Goffman 1959 para enfatizar que o compor tamento ritual em cenários de interação normal é primordialmente influenciado pela densidade dos indivíduos copresentes no palco e por pa drões de desigualdade em seus respectivos re cursos por exemplo quanto maiores a densi dade e a desigualdade entre indivíduos mais os rituais cotidianos são formais explícitos es tereotipados e de curto prazo Qual é a natureza do público Obviamente os indivíduos copresentes em uma situação constituem um público e dependendo dos re quisitos de montagem cênica influenciam o comportamento do papel adoção de papel criação de papel moldura ritual e consciência de normas Entretanto em uma tendência con vergente com a análise da consciência coletiva por Durkheim 1893 George Herbert Mead 1934 afirmou que os indivíduos representam papéis não só com outros que estão presentes em uma situação mas também com outros que não estão presentes e além disso com comuni dades de atitudes ou outros generalizados Es ses outros específicos que não estão fisicamente copresentes e esses outros generalizados que personificam as perspectivas apropriadas a uma situação constituem parte importante do públi co para autoavaliações dos indivíduos e repre sentação de papéis no palco Essas idéias pro moveram uma grande tradição de pesquisa so bre grupos de referência que são os tipos variá veis de agrupamentos que os indivíduos empre gam como quadros de referência para a auto avaliação e o planejamento detalhado de cursos de ação Hyman e Singer 1968 Assim o trabalho científico social sobre papéis tem acompanhado a analogia com a dramaturgia e o teatro talvez mais do que freqüentemente se reconhece Além desse tra balho sobre os processos do papel social nor mal uma vasta tradição de pesquisa teórica examina os processos de papel social proble mático e desviante Os primeiros trabalhos Goode 1960 Merton 1957 focalizaram si tuações problemáticas sobretudo as que envol vem tensões do papel dificuldades em satisfa zer as expectativas do script para um papel e conflito de papéis exigências incompatíveis entre os vários papéis que os indivíduos re presentam Outra grande tradição de pesquisa concentrouse em papéis sociais desviantes crime doença mental e condutas sexuais por exemplo que violam normas institucionais ge rais a respeito do comportamento apropriado Algumas pesquisas nessa área enfatizam as for ças estruturais e culturais que impelem os in divíduos para papéis desviantes Merton 1938 Quinney 1979 enquanto outras obras exami nam o modo como microinterações podem ro tular e canalizar as pessoas para papéis des viantes Lemert 1951 Goffmam 1961 Scheff 1966 Em suma o conceito de papel é pois um dos construtos mais centrais na ciência social moderna É considerado o ponto onde as es truturas sociais mais abrangentes incidem sobre os indivíduos e reciprocamente uma força cen tral na construção de comportamentos que pro duzem reproduzem ou mudam as estruturas sociais O trabalho sobre os processos do papel social está presente em todas as áreas das ciên cias sociais embora seja mais proeminente em pesquisas sociológicas e de psicologia social Em bora as conotações leigas de um conceito ainda influenciem o modo como os papéis são concei tuados e investigados na ciência social o conceito ampliouse de forma considerável para além de seus usos literários e teatrais originais Ver também INTERACIONISMO SIMBÓLICO Leitura sugerida Bandon M 1965 Roles an Intro duction to the Study of Social Behavior Biddle BS 1979 Role Theory Expectations Identities and Beha vior Heiss J 1981 Social Roles In Social Psycho logy Sociological Perspectives org por M Rosemberg e RH Turner Stryker S 1980 Symbolic Interactio nism Turner JH 1988 A Theory of Social Interac Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar papel social 553 tion Ο 1991 The Structure of Sociological Theory 5ªed caps1823 Turner RH 1968 Role sociolo gical aspects In International Encyclopedia of the Social Sciences vol13 org por David L Sills Ο 1979 Strategy for developing an integrated role theory Humboldt Journal of Social Relations 7 11422 JONATHAN H TURNER paradigma Definido geralmente como mo delo exemplar ou padrão este conceito é im portante para o pensamento social do século XX em dois contextos 1 no desenvolvimento dos argumentos baseados em casos paradig máticos como passaram a ser chamados 2 por sua centralidade no livro imensamente in fluente de TS Kuhn intitulado The Structure of Scientific Revolutions 1962 Os argumentos de casos paradigmáticos fo ram usados pela escola de Oxford de FILOSOFIA DA LINGUAGEM em meados do século e se pode sustentar que eles ou parentes próximos deles também se encontram na obra do último Wittgenstein O argumento inferese do fato de que uma palavra é ensinada por referência a casos claros paradigmáticos de que devem exis tir exemplos da coisa ou estado tais como objetos materiais livrearbítrio designado por essa palavra Parece vulnerável à objeção óbvia de que o nosso jogo lingüístico pode estar ba seado em mistificação ou ilusão como no caso do uso da palavra bruxa no século XVII O uso por Kuhn da palavra paradigma em The Structure of Scientific Revolutions foi sub metido a uma exaustiva análise por Margaret Masterman que diferencia 21 sentidos do ter mo na primeira edição do livro No seu póses crito para a segunda edição 1970 o próprio Kuhn distingue dois significados principais a a constelação inteira de crenças valores téc nicas etc compartilhados pelos membros de determinada comunidade ou seja uma matriz disciplinar e b uma espécie de elemento dessa constelação as soluções concretas de quebracabeças que empregadas como mode los ou exemplos podem substituir regras explí citas como base para a solução dos restantes quebracabeças da ciência normal ou seja um exemplar Exemplos desse último significado são os Principia Mathematica 1687 de Isaac Newton e New System of Chemical Philosophy 1808 de John Dalton Essas obras fornecem os paradigmas para o trabalho da ciência normal recursos a serem explorados não hipóteses a serem testadas na elaboração e desenvol vimento da tradição disciplinar Finalmente quando aparecem suficientes anomalias ocorre uma crise e se inicia então um período de ciên cia revolucionária até que se forma um novo paradigma em torno do qual a comunidade científica ora mudada poderá uma vez mais manterse coesa O relato de Kuhn gerou vasta literatura secundária na qual se afirmou inter alia que a ciência normal estava longe de ser tão monolítica quanto Kuhn a descreveu que as suas afirmações acerca da incomensurabili dade dos paradigmas eram exageradas que as revoluções eram ou pelo menos podiam ser assuntos muito racionais não conversões quase religiosas e que sua obra sofria de um siste mático equívoco realistasuperidealista Só disponho aqui de espaço para tratar das últimas duas questões Kuhn usa em muitos lugares de modo deliberadamente paradoxal a metáfora dos cientistas que depois de uma convulsão revolucionária ficam trabalhando em diferentes mundos Ora parece claro que depois de uma convulsão revolucionária faz sentido falar de cientistas trabalhando em um diferente mundo cognitivo ou social na ter minologia do realismo crítico moderno na di mensão transitiva mas procurando ainda explicar para a maioria o mesmo mundo obje tivo ou natural ou seja na dimensão intran sitiva O fato de Kuhn não ter efetuado essa distinção é que estava na origem do seu para doxo Em segundo lugar Kuhn formula em vários lugares critérios para julgamento ulte rior de um novo paradigma incluindo o núme ro de problemas solucionados a exatidão das predições etc mas se abstém de qualificálo de melhor Isso parece duplamente errado Em primeiro lugar ignora a possibilidade de regres são histórica Em segundo lugar passa por alto a consideração de que o relativismo epistêmico poderia conjugarse especialmente se associa do ao realismo ontológico com o racionalismo assertivo conforme sustentado pelos realistas críticos Os critérios de Kuhn para a ulteriori dade histórica são de fato pelo contrário crité rios parciais para a escolha racional Leitura sugerida Austin John 1961 Philosophical Papers Bhaskar Roy 1989 Reclaiming Reality es pecialmente cap3 Gellner E 1959 1968 Words and Things Kuhn Thomas S 1962 1970 The Structure of Scientific Revolutions Lakatos I 1970 Falsification and the methodology of scientific re search programmes In Criticism and the Growth of Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 554 paradigma Knowledge org por I Lakatos e A Musgrave Mas terman M 1970 The nature of a paradigm In Criti cism and the Growth of Knowledge org por I Lakatos e A Musgrave ROY BHASKAR parentesco Um interesse predominante dos antropólogos desde o final do século XIX o parentesco continua sendo uma pedra angular para a compreensão das sociedades e um ins trumento através do qual é possível examinar questões teóricas tais como a evolução humana a organização social e o pensamento primiti vo Também é um tópico de interesse em ou tros campos incluindo a psicologia a sociolo gia e a história econômica e social O final do século XIX A importância do parentesco no final do século XIX estava relacionada com o seu sig nificado para a teoria da evolução social Um dos primeiros debates desenrolouse em torno da precedência histórica da organização social patrilinear descendência através dos homens versus matrilinear descendência através das mulheres Alguns autores do século XIX apre sentaram argumentos favoráveis à primazia da descendência patrilinear tal como é encontra da por exemplo na antiga Roma na fundação da sociedade Outros afirmaram que o casamen to no grupo e a organização social matrilinear e até matriarcal com a autoridade nas mãos das mulheres precederam o desenvolvi mento de grupos patrilineares e as regras de herança Entre os principais pensadores que sustentaram esse ponto de vista estavam John F McLennan e Lewis Henry Morgan A versão de McLennan 1865 da teoria baseavase na suposição de que as pessoas conheciam seu relacionamento com as respectivas mães antes de entender o papel desempenhado pelos pais na concepção Isso argumentou ele levou à poliandria o casamento de uma mulher com mais de um homem depois à captura da noiva e finalmente à exogamia casamento fora do grupo Morgan concordava com McLennan sobre a precedência da descendência matrili near mas apontou erros na linha de raciocínio de McLennan Preferiu sustentar que a melhor prova para as formas primitivas de organização social será encontrada através do estudo da classificação de parentes Morgan 1871 e 1877 A sua suposição era de que as termino logias de relacionamento são conservadoras e refletem formas de estrutura social que se ex tinguiram Propõe a sua tese com uma vasta coleção de dados etnográficos coligidos no mundo inteiro por instigação sua e a partir do seu próprio conhecimento em profundidade do iroquês povo matrilinear nativo do Estado de Nova York As idéias de McLennan sobre exogamia res surgiram no século XX como fundamento da teoria da aliança ver adiante As idéias de Morgan e em especial o seu interesse pelas terminologias de relacionamento permanece ram importantes nos estudos de parentesco du rante todo o século seguinte Entretanto adqui riram um significado mais amplo porque ele considera o desenvolvimento da propriedade privada a mais importante causa da evolução social principalmente na mudança da descen dência matrilinear para a patrilinear Isso inte ressou a Karl Marx e Friedrich Engels que ajudaram a popularizar as idéias de Morgan fora do domínio dos estudos de parentesco ver em especial Engels 1884 Teoria da descendência No século XX os interesses voltaramse para a compreensão de determinados sistemas de parentesco O evolucionismo declinou entre os antropólogos quando a nova geração se empe nhou diretamente na pesquisa de campo prática seguida por poucos pensadores do século XIX Esse fato somado ao impacto das abordagens sincrônicas ahistóricas que estavam ganhan do destaque tanto em lingüística e sociologia quanto em antropologia levou ao desenvolvi mento da idéia do parentesco como o alicerce da organização social e até mesmo do pensa mento indígena dos povos que os antropólogos estudaram Nas tradições americana e britânica as idéias teóricas básicas que informaram a geração seguinte de estudos do parentesco ori ginaramse com a escola funcionalista A idéia central dessa escola especialmente o seu ramo estruturalfuncionalista era a de que uma sociedade se compunha de sistemas econômico político religioso e de parentesco por exemplo RadcliffeBrown 1952 p4989 17887 Os sistemas de parentesco passaram a ser considerados essenciais para o funciona mento da sociedade em geral na medida em que as instituições sociais no interior do sistema de parentesco afetavam a estrutura das que es tavam fora desse domínio Por exemplo o pre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar parentesco 555 ço da noiva pagamento usualmente em gado feito por um noivo à família da noiva tem implicações para as relações políticas no seio de e entre grupos de parentes que trocam bens e pessoas em casamento O tema dominante que resultou dos estudos nessa tradição passou a ser conhecido mais tarde como a teoria da descendência em oposi ção à teoria da aliança a qual se desenvolveu nas décadas seguintes ao fim da Segunda Guer ra Mundial Os teóricos da descendência es tavam primordialmente interessados nas rela ções dentro dos grupos de parentesco Subli nharam a idéia dos grupos como unidades autô nomas ou proprietárias de bens Tal proprie dade podia assumir várias formas bens mó veis terras locais sagrados status rituais ou simplesmente um nome de grupo e sua exclu siva identidade A filiação do grupo podia deri var da descendência através do pai da mãe de ambos ou de um outro acarretando neste últi mo caso um elemento de escolha individual As pessoas poderiam ser incorporadas ao grupo ou permanecer membros de seus grupos natais segundo o costume Os grupos podiam ser lo calizados ou largamente dispersos Essas va riações foram de grande importância para os pesquisadores de campo desde a década de 20 até começos dos anos 60 Isso era especial mente verdadeiro para os que na tradição bri tânica realizavam suas pesquisas entre povos patrilineares do continente africano por exem plo Fortes 1949 EvansPrintchard 1951 Teoria da aliança Enquanto a teoria da descendência domina va o pensamento antropológico sobre parentes co na GrãBretanha e países na Comunidade a teoria da aliança estava se desenvolvendo na França e em certa medida na Holanda onde os scholars tinham antevisto a tendência através de estudos em profundidade dos sistemas de parentesco das Índias Orientais Na França Claude LéviStrauss era pensador de maior pro jeção principalmente através do seu influente livro Les Structures élémentaires de la parenté 1949 LéviStrauss e seus discípulos estrutu ralistas sublinharam o significado da aliança marital dandolhe preferência sobre a forma ção de grupos de descendência A própria pala vra aliança tem simplesmente o significado de casamento Na teoria da aliança é aceito inferir relações através do casamento entre gru pos e categorias e as implicações dessas re lações para o ordenamento das estruturas so ciais e cosmológicas Na raiz da aliança estão o tabu do incesto e a idéia de exogamia As sociedades de especial significação para os teóricos da aliança eram aquelas em que de fato a aliança ordena em grande medida tais relações Incluem as da Austrália aborígene América do Sul e partes da Índia onde se requer dos indivíduos que se casem com parentes e uma categoria especificada que inclui membros de ambos os lados da família ver por exemplo Dumont 1975 Essa categoria é geralmente a do primo cruzado filho do irmão da mãe ou da irmã do pai e de equivalentes terminológicos mais distantes como primos em segundo grau Em algumas dessas sociedades por exemplo as da Austrália aborígene a aliança marital é freqüentemente parte de um sistema de ordem mundial mais vasto definido em termos in dígenas no qual se considera que as relações entre grupos aparentados duplicam as relações entre animais seres míticos e elementos do cosmo tais como o sol e a lua Maddock 1973 Outras sociedades de interesse para os teó ricos da aliança encontramse em regiões do Sul e Sudeste Asiáticos onde se exige dos indiví duos que se casem com parentes de um deter minado lado da família A forma típica é uma em que um homem se casa com um membro da categoria classificatória que influi a filha do irmão da mãe Tal sistema é propício à geração e manutenção da hierarquia social na medida em que define relações absolutas entre grupos aparentados como tomadores de esposas e doadores de esposas a respeito um do outro Nas sociedades hindus os tomadores de es posas são considerados inferiores Em outras sociedades os doadores de esposas são fren qüentemente vistos como superiores Quando o preço da noiva é pago acumulase nas mãos dos grupos de parentes que dão suas irmãs em ca samento em troca dessa riqueza por exemplo Leach 1961 p54104 11423 Uma terceira possibilidade lógica envolve ria o casamento de um homem com um membro da categoria da filha do irmão de seu pai Essa possibilidade não foi amplamente testada na literatura etnográfica em parte porque lhe falta a lógica do sistema simétrico de casamento de primos cruzados que promove o igualitarismo e a do sistema assimétrico de casamento da filha do irmão da mãe que promove as relações Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 556 parentesco hierárquicas Por motivos formais o repetido casamento da filha da irmã do pai resultaria em relações assimétricas dentro de qualquer nível genealógico dado mas em relações simétricas entre quaisquer dois grupos ao longo do tempo Needham 1962 p10126 Entretanto mere ceu o interesse dos teóricos sobretudo de Lé viStrauss precisamente por ser uma possibili dade lógica e não prática Um interesse mais recente dos teóricos da aliança incidiu sobre os sistemas incluindo a maior parte deles no mundo que definem as categorias com que um indivíduo não deve casarse por exemplo a de parentes próximos Esses sistemas mais complexos são vistos em oposição aos elementares onde existe menos escolha Héritier 1981 p13767 Finalmente sistemas conhecidos como semicomplexos ou CrowOmaha do nome de duas tribos norteamericanas envolvem proibições tão ex tensas que foram descritos como constituindo um tipo intermedário Héritier 1981 p73 136 Ironicamente a existência de sistemas semicomplexos na América do Norte e na Áfri ca facilitou o pedido de LéviStrauss 1966 de reconhecimento de todos os sistemas reais de parentesco como sendo apenas aproximações dos seus tipos ideais Isso precipitou um áspero confronto entre ele e os empiristas que nas décadas de 50 e 60 adotaram a abordagem da teoria de aliança Terminologias de relacionamento Nos Estados Unidos o interesse dominante no século XX não foi a descendência nem a aliança mas o estudo de terminologias de pa rentesco ou relacionamento Não obstante houve ausência de acordo quanto à natureza das estruturas da terminologia de relacionamento AL Kroeber 1909 afirmou que elas repre sentam não a sociologia mas a psicologia com o que quis referirse às propriedades for mais do pensamento humano Nesse sentido e em certa medida ele antecedeu LéviStrauss Entretanto os seus mais diretos descendentes intelectuais eram os praticantes da análise com ponencial e transformacional das décadas de 50 e 60 Os analistas componenciais como Goo denough 1956 basearamse em idéias da lin güística para desenvolver métodos com que analisar os componentes semânticos de termos de relacionamento A palavra uncle em inglês por exemplo compreende os componentes masculino o que distingue uncle tio de aunt tia colateral o que distingue uncle tio de father pai e primeira geração ascendente o que distingue uncle tio de cousin primo e nephew sobrinho Analistas transformacio nais como Scheffer e Lounsbury 1971 adota ram abordagem muito diferente Caracterizada pela premissa de que alguns pontos genealógi cos de referência são mais fundamentais do que outros para a definição de uma categoria Por exemplo nos sistemas CrowOmaha do tipo Crow a irmã do pai a filha da irmã do pai e a filha da filha da irmã do pai todas membros do grupo matrilinear da irmã do pai podem ser designadas por um único termo de parentesco Esse termo pode ser simplesmente rotulado como irmã do pai pelo analista que deve então explicar com lógica pseudomatemática o mecanismo pelo qual o termo é ampliado Para os que adotam essas abordagens o lugar da estrutura social na determinação da clas sificação de parentes era uma questão discutível ou em alguns casos considerada simplesmente irrelevante Outros antropólogos norteamericanos su blinharam a variedade de formas de classifica ção acima de suas propriedades formais O principal deles foi George Peter Murdock que tal como Morgan antes dele viu nas teorias de relacionamento um reflexo da evolução social Murdock 1949 identificou seis tipos de es trutura de terminologia de relacionamento De nominouos de acordo com entidades tribais ou geográficas em alguns casos não muito acura damente mas a sua intenção em todo caso era que os nomes fossem considerados mais como exemplares do que como totalmente abrangen tes Por exemplo a estrutura havaiana clas sifica todos os irmãos do mesmo sexo e todos os primos do mesmo sexo por um dado termo único diferentemente digamos da estrutura esquimó tanto a da língua inglesa quanto a das línguas inuit ou esquimó a qual distingue irmão e irmã de primo e prima O tipo havaia no estruturalmente o mais simples é encon trado não só no Havaí mas também por exem plo na África Ocidental Para Murdock e seus seguidores cada tipo representava uma estru tura terminológica que podia refletir determina do estágio ou estágios da evolução humana mas não implicava necessariamente uma ori gem lingüística ou cultural comum de todos os povos que a possuem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar parentesco 557 Desenvolvimentos recentes No final do século XX a tendência tem sido para sínteses das abordagens do passado e para o refinamento de idéias teóricas com os para digmas de descendência aliança e terminolo gia Os teóricos da aliança em particular ten taram atacar o problema da relação entre os mo delos altamente teóricos apresentados por Lé viStrauss e os dados etnográficos por exem plo Needham 1973 e 1986 Good 1981 Outros desenvolvimentos incluíram o inte resse nas implicações sociais da fertilização in vitro por doador mãe de aluguel e adoção ver FAMÍLIA Todas essas preocupações de natureza prática refletem um interesse teórico em expli car a variação transcultural no conceito de pa rentesco e em compreender a área cinzenta que separa a natureza da cultura ver HéritierAugé 1985 Ver também ANTROPOLOGIA Leitura sugerida Barnard A e Good A 1984 Re search Practices in the Study of Kinship Bohannan P e Middleton J orgs 1968 Kinship and Social Orga nization Dumont L 1971 Introduction à deux théo ries danthropologie sociale Fox R 1967 Kinship and Marriage an Anthropological Perspective Goo dy JR org 1971 Kinship Selected Readings Ο org 1973 The Character of Kinship Graburn N org 1971 Reading in Kinship and Social Structure Nee dham R org 1971 Rethinking Kinship and Marriage Schneider DM 1984 A Critique of the Study of Kinship ALAN BARNARD participação Conceito ambíguo nas ciên cias sociais participação pode ter um significa do forte e fraco No primeiro significa que em virtude das dimensões e da complexidade das sociedades de massa contemporâneas da cen tralização do poder político do crescimento da burocracia e da concentração do poder econô mico as garantias tradicionais da democracia precisam ser fortalecidas protegidas e amplia das a fim de contrabalançar a tendência para um número cada vez maior de decisões a serem tomadas por pequenos grupos e que afetam a vida das pessoas esses grupos são freqüente mente remotos e não facilmente identificáveis ou responsabilizados uma vez que atuam em nome do estado de uma autoridade local ou de alguma grande empresa comercial ou indus trial Ver também PARTICIPAÇÃO POLÍTICA Nesse sentido e no que diz respeito à polí tica o princípio da participação é tão antigo quanto a própria democracia mas se tornou imensamente mais difícil em conseqüência da escala e abrangência do governo moderno bem como pela necessidade de decisões precisas e rápidas cuja omissão é motivo de protesto por parte dos que exigem maior participação No período do pósguerra a tendência foi para estender a participação a outros campos além do político por exemplo à educação supe rior onde era a principal exigência de todos os protestos estudantis no final da década de 60 e de novo no final dos anos 80 e de muito maior importância e alcance à indústria à atividade comercial e a partir do final da década de 70 aos governos locais Foi nessa fase que o sig nificado fraco de participação começou a se desenvolver A prática pela qual os empregados assumem uma participação maior nas decisões administrativas foi introduzida na década de 50 pelo governo federal na Alemanha Ocidental ela propagouse sob várias formas a outros países da Europa Ocidental uma decisão seme lhante na Itália data do começo dos anos 70 e na França do final dos anos 80 e foi adotada como um objetivo ainda não inteiramente al cançado pela Comunidade Européia a fim de expressar o que esta chama de imperativo democrático definido como o princípio se gundo o qual os que serão substancialmente afetados por decisões tomadas por instituições sociais e políticas dever ser envolvidos na for mulação dessas decisões No Reino Unido o muito influente Relatório Bullock sobre DEMO CRACIA INDUSTRIAL propondo uma variante do sistema alemão do Mitbestimmung foi rejeita do pelos empregadores Desde então os sin dicatos têm fracassado redondamente nos es forços para se chegar a uma política comum Outras formas de participação por exemplo o recrudescimento do interesse em cooperativas e em programas de participação nos lucros e de propriedade compartilhada superaram a inicia tiva da Comunidade Européia Dentro da CEE o conceito de parceiros sociais tentou forne cer uma plataforma para a participação em to dos os níveis Mais recentemente uma participação mais ampla dos trabalhadores na mudança tecnoló gica apresentouse como solução realista para os numerosos conflitos que estavam sendo ge rados pela vasta adoção de tecnologias de informação A fim de prevenir ou reduzir a importância do conflito desenvolveramse Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 558 participação métodos participativos de mudança tecnoló gica variando de acordo com as diferentes con dições sócioeconômicas e com a força dos sindicatos na Europa Estados Unidos e Japão assim esquema participativo e participação em escolhas tecnológicas converteramse em expressões cabalísticas largamente usadas mas de conteúdo e significado extremamente vagos para a grande maioria As soluções propostas para evitar as esperadas conseqüências da mu dança tecnológica podem dividirse em duas categorias processuais e substantivas As pri meiras são mais um conjunto normativo de regulamentações baseadas em legislação nor mas e regras defendidas sobretudo pelos sin dicatos e preocupadas com os métodos de intro dução de novas tecnologias As questões subs tantivas relacionamse mais com as condições operacionais uma vez implementadas as mu danças tecnológicas O objetivo fundamental dos métodos participativos é estabelecer um forte consenso em torno da mudança tecnológi ca para tanto prometese a elaboração de um processo mais democrático de tomada de de cisões e o fornecimento de informação aos sin dicatos em uma etapa inicial do processo mui to antes de ser tomada a decisão final e enquanto ainda for possível influenciar a escolha criam se câmaras setoriais em que sindicatos e patrões discutem negociam e fiscalizam as mudanças com a possibilidade de consultar especialistas independentes e estimulase o envolvimento dos usuários no planejamento da futura organi zação e em parte no uso da tecnologia As questões substantivas são orientadas para a proteção do status do salário e das qualifi cações existentes e para garantir que o mesmo nível de emprego será mantido os deslocamen tos internos só serão permitidos se associados a programas substanciais de treinamento e reci clagem Apesar de resultados significativos em es pecial a redução do número e da intensidade de conflitos sociais concretos e visíveis eviden ciase que os métodos participativos revela ram alguns problemas novos de solução mais difícil Leitura sugerida Pateman Carole 1970 Participa tion and Democratic Theory Poole Michael 1978 Workers Participation in Industry MARCO DIANI participação política Significa o número e a intensidade de indivíduos e grupos envolvidos na tomada de decisões Desde o tempo dos antigos gregos consistiu idealmente no encon tro de cidadãos livres debatendo publicamente e votando sobre decisões de governo A teoria mais simples sempre foi que o bom governo depende de altos níveis de participação Mas isso é difícil de conseguir fora de pequenas unidades pelo que a participação ocorre em modos indiretos a distinção entre DEMOCRA CIA representativa e direta e em modos mí nimos como a votação simples em eleições ocasionais A grande maioria das decisões dos governos é tomada independentemente dos de sejos dos seus cidadãos Para tentar superar esse gigantesco abismo entre o poder do estado e a autenticidade do indivíduo JeanJacques Rous seau propôs a sua famosa doutrina da Vontade Geral uma pessoa só pode ser verdadeiramente um cidadão com todos os direitos e deveres pertinentes quando quer o bem geral não o seu bem particular Embora essa doutrina seja de mocrática no sentido de que qualquer ser huma no por mais ignorante que seja pode expressar a vontade geral ela não faz a virtude constar da prova Os teóricos liberais do século XIX fizeram da educação o teste de competência para a participação no século XX o poder democráti co tem requerido simplesmente a instrução pri mária e secundária compulsória Embora a cres cente participação popular fosse vista como a força do governo representativo alguns preo cupavamse com o fato de tal participação das massas estar cada vez mais vulnerável à mani pulação pelas elites ver ELITES TEORIA DAS A antiga autocracia seguiu o adágio ou teoria de governo deixem quieto o cão adormecido nada mais era necessário além da obediência passiva mas os líderes políticos modernos tan to de esquerda quanto de direita exigiram en tusiasmo positivo mobilizando as massas pa ra criar um poder sem precedentes com vistas à transformação social Assim as teorias da par ticipação adotaram formas totalitárias e formas democráticas Robert Michels 1911 postulou uma lei de ferro da oligarquia acima de toda a base de mocrática situavase uma hierarquia burocráti ca Outros afirmavam que isso não é neces sariamente antidemocrático desde que essas elites sejam competitivas circulem ou sejam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar participação política 559 penetráveis Sindicalistas socialistas corporati vos anarquistas e pluralistas todos eles entre tanto negaram a premissa de que as sociedades são simples hierarquias de líderes e massas vendoas mais como uma pluralidade de grupos que constituem comunidades participativas e parcialmente sobrepostas Alguns pensadores especialmente os da tra dição federalista americana sustentam que a participação deve ser limitada por controles institucionais que só as normas legais e uma estrutura constitucional criam uma SOCIEDADE CIVIL justa Outros especialmente os da tradi ção revolucionária francesa defendem que a sociedade civil nada mais é que uma evolução desembaraçada da participação popular A necessidade de uma classe trabalhadora qualificada e instruída nas modernas socieda des industriais força as classes governantes a tolerar e até a encorajar altos níveis de partici pação seja ela controlada por um movimento de massa de partido único ou por movimentos abertos voluntários e habituais Alguns ainda afirmam porém que altos níveis de apatia po lítica denotam estabilidade social mas essa idéia é duvidosa e as estatísticas que pretendem provála medem usualmente a participação através dos partidos políticos formais e não em toda a gama de grupos sociais em que as taxas de participação são mais elevadas Ver também AUTOGESTÃO PARTICIPAÇÃO Leitura sugerida Keane J org 1988 Democracy and Civil Society Kornhauser W 1959 The Politics of Mass Society Michels Robert 1911 1962 Politi cal Parties Pateman Carole 1970 Participation and Democratic Theory Schumpeter JA 1942 1987 Capitalism Socialism and Democracy BERNARD CRICK partido político Para cumprir seus objeti vos de conquistar o poder ou de impedir que outros o tomem os partidos políticos montam tipicamente grandes organizações com ramifi cações por todo o país adotam programas que são propostos ou impostos à população e recru tam futuras gerações de políticos Os partidos políticos constituem essencial mente uma inovação do século XIX Existiram antes espasmodicamente mas em certos tipos de comunidades politicamente organizadas co mo a República romana as cidades do Renas cimento italiano ou a Inglaterra dos Stuart e dos Hanover Sua expansão na Europa Ocidental e América do Norte oitocentistas coincidiu com o surgimento de sistemas políticos baseados na soberania popular quando era necessário um vínculo entre governantes e governados Quan do a política tem lugar exclusivamente no âm bito de uma elite fechada que não é responsável perante o restante da população os partidos não existem onde pelo contrário existe alguma forma de representação mesmo que muito li mitada ou reprimida surgem os partidos Eles desenvolvemse plenamente porém quando se preenchem três condições as quais tendem a estar presentes por quase toda parte no mundo contemporâneo A primeira condição é a exis tência de segmentações sociais étnicas religio sas ou baseadas em classe por exemplo pois caso contrário os partidos tendem a ser coteries pessoais e caudilhescas a segunda condição é que o governo se baseie no apoio popular mes mo que este se dê mais por palavras do que por atos e a terceira é que precisa haver a crença em que a vitória só será obtida se a massa da população ou pelo menos uma substancial pro porção dela estiver organizada pequenas conspirações portanto são tidas por inadequa das Essas três condições não foram preenchidas na maior parte da Europa Ocidental na primeira parte do século XIX Por isso a tendência dos partidos era para serem dominados por peque nas facções ou por membros da antiga elite social eram partidos de cadre Sob a pressão da ampliação do sufrágio as organizações partidá rias começaram a se expandir adquiriram filia dos e nomearam substanciais contingentes de funcionários recrutados cada vez mais nas fi leiras da classe média comum e até da classe trabalhadora tornaramse partidos de massa dos quais os melhores exemplos foram os par tidos trabalhistas ou sociaisdemocratas fun dados no final do século XIX Eram ostensiva mente democráticos na medida em que seus programas de ação política eram oficialmente decididos por congressos que representavam os filiados na prática os líderes exerciam consi derável poder e eram freqüentemente acusados de praticar um controle burocrático A fim de combater com eficácia os seus novos adversá rios os partidos da direita e do centro adotaram gradualmente muitas das características de or ganização dos seus concorrentes A era do par tido de massa parecia ter chegado com o século XX Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 560 partido político Ao mesmo tempo contudo outro tipo de partido político com finalidade um tanto dife rente começou a ganhar raízes primeiro na Europa Oriental e Central e depois de 1945 em muitos estados recémindependentes do Tercei ro Mundo Esse tipo de partido foi criado para servir de esteio a governos que queriam impor seu domínio autoritário ou mesmo totalitário quer de direita sendo o fascismo e o nazismo os casos mais claros quer de esquerda o co munismo mas também as várias formas de populismo do Terceiro Mundo Nesses re gimes o partido único era o instrumento da ditadura porquanto fornecia um meio de divul gação da mensagem dos governantes por todo o país A finalidade era essencialmente mobi lizar a população e controlála embora esses esforços precisassem tipicamente ser combi nados com a popularidade de um líder caris mático ver CARISMA Entretanto mesmo nes ses casos o sucesso do partido único foi fre qüentemente efêmero e raras vezes verdadeira mente duradouro a queda dos regimes comu nistas na Europa Oriental e União Soviética depois de muitas décadas de poder aparente mente inabalável mostrou a fraqueza intrínseca do sistema de partido único Os sistemas de partidos competitivos pare cem mais estáveis de modo geral pelo menos na Europa Ocidental e na América do Norte Alastraramse para outras partes do mundo com variáveis graus de sucesso tendo a Amé rica Latina em particular conhecido intermi tentemente períodos de política competitiva se guidos de períodos de governo militar Com efeito mesmo na Europa Ocidental os sistemas de partidos competitivos têm sido objeto de importantes críticas e reavaliações Está em questão a estabilidade do partido de massa com o declínio da identificação partidária e o cres cimento da independência do eleitorado Os programas partidários perderam muito de sua clareza quando começaram a levar cada vez mais em conta as exigências feitas por grupos que apresentam novas questões pósmoder nas sobretudo a respeito do meio ambiente Esses desenvolvimentos têm redundado no questionamento do papel dos partidos Sua fun ção programática parece estar encolhendo eles são às vezes postos de lado por apelos diretos às pessoas através de referendos a personaliza ção de líderes instigada pela mídia em parti cular pela televisão significa que as elites par tidárias intermédias e as estruturas partidárias em geral estão ficando redundantes Enquanto isso está ocorrendo no Ocidente o colapso de muitos sistemas de partido único e em especial da maioria dos sistemas de partido único comu nista constitui um severo golpe no prestígio dos partidos como organizações mobilizadoras Entretanto não existem substitutos reais para os partidos no mundo contemporâneo quer nos países industriais quer nos países em desenvol vimento Algum relacionamento entre o povo e o governo tem que existir ainda que os vínculos estejam ficando menos apertados também tem que haver um lugar onde programas e políticas sejam formalmente adotados e divulgados e onde as exigências de grupos possam ser apre sentadas e discutidas e tem que haver um canal através do qual futuros políticos possam ser recrutados Por todas essas razões os partidos continuarão desempenhando um importante papel na vida política de nossas sociedades mesmo que o entusiasmo que caracterizou os primeiros tempos de seu desenvolvimento te nha cedido lugar a um apoio carente de entu siasmo e até a contínuas críticas Leitura sugerida Castles FC org 1982 The Impact of Parties Duverger M 1951 Les partis politiques Janda K 1980 Political Parties a CrossNational Survey Michels Robert 1911 1949 Political Par ties Randall V org 1988 Political Parties in the Third World Sartori G 1976 Parties and Party Sys tems Wolinetz S org 1988 Parties and Party Systems in Liberal Democracies J BLONDEL patriarquia As mulheres são sistematica mente prejudicadas na sociedade do século XX na maioria das arenas da vida social A patriar quia é um sistema social em que os homens dominam oprimem e exploram as mulheres É um conceito que enfatiza a interrelação entre os vários modos em que os homens têm PODER sobre as mulheres Considerase que as relações sociais através das quais os homens dominam as mulheres incluem a reprodução a violência a sexualidade o trabalho a cultura e o estado Walby 1990 Outros preferem considerar que o conceito de patriarquia não é a melhor forma de teorizar sobre a desigualdade de GÊNERO A abordagem tradicional da patriarquia ca racterizavaa como baseada na posição do ho mem como dono da casa e chefe de família Um uso mais recente inclinouse embora não ex Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar patriarquia 561 clusivamente para a ampliação do significado de patriarquia de modo que essa abordagem em termos de família é meramente vista como um dos aspectos ou formas do sistema Todas as teorias da patriarquia consideram existir uma fundamental divisão de interesses entre a maio ria dos homens e a maioria das mulheres como resultado da estruturação social das relações de gênero Algumas delas fazem referência aos aspectos biológicos da reprodução por exem plo Firestone 1970 mas isso é incomum principalmente em escritos mais recentes Uma característica mais freqüente de tais análises é o controle das mulheres através da sexualidade com referência à instituição da heterossexuali dade Rich 1980 e a fenômenos tais como a pornografia Dworkin 1981 A violência mas culina como base do controle da mulher pelo homem é o enfoque adotado por algumas aná lises da patriarquia Brownmiller 1976 Daly 1978 Outras análises têm uma ênfase mais materialista com o exame do modo como os homens se beneficiam da mãodeobra femini na como trabalho doméstico nãoremunerado e mãodeobra mal paga no mercado de traba lho Essas análises são freqüentemente integra das com outras estruturas de desigualdade so cial como o capitalismo em um estudo abran gente da patriarquia Hartmann 1979 O conceito de patriarquia é controvertido Alguns críticos por exemplo apontavam que ele leva a uma depreciação de outras formas de desigualdade social como classe e raça Isso é rebatido por autores como Hartmann que combina uma análise da patriarquia com a do capitalismo em uma teoria de sistemas mistos Essencialismo falso universalismo e ahis toricismo são outras críticas a indicar que o termo não permite uma apreciação adequada da variedade de formas das relações de gênero entre culturas grupos étnicos e diferentes pe ríodos históricos Em resposta desenvolveram se estudos que analisam a variedade das formas de patriarquia e como elas mudam com o passar do tempo A utilidade do conceito está em fornecer um foco para teorizar as relações de gênero que leva em conta a interligação dos diferentes aspectos da opressão das mulheres pelos homens Leitura sugerida Daly Mary 1978 GynEcology The Metaethics of Radical Feminism Mies Maria 1986 Patriarchy and Accumulation on a World Scale Women in the International Division of Labour Rich Adrienne 1980 Compulsory heterosexuality and les bian existence Signs 54 63160 Walby S 1990 Theorizing Patriarchy SYLVIA WALBY paz Uma estrita concepção de paz como a antítese de GUERRA a transformação de es padas em relhas de arados é intelectualmente mais fecunda do que uma que dilate o seu significado ao ponto de fazêla sinônimo de utopia Grande parte do pensamento do século XX sobre a paz assumiu a forma de receitas para a criação ou transformação de instituições inter nacionais em resposta às duas guerras mun diais Inis Claude 1956 relacionou seis abor dagens da paz através da organização interna cional solução pacífica de disputas segurança coletiva desarmamento o solene debate cu radoria e funcionalismo Mais tarde na terceira edição do seu livro ele acrescentou uma sétima abordagem a diplomacia preventiva A solução pacífica envolve a tarefa de persuadir os estados a adiarem respostas violentas a situações de alta tensão para que se possam esfriar as paixões investigar imparcialmente os fatos e ponderar as soluções alternativas A segurança coletiva mais ambiciosamente sublinha a indivisibili dade da paz prometendo dissuadir os atos de agressão donde quer que provenham mediante o compromisso de todos os estados de que resistirão a eles O desarmamento pressupõe que as corridas armamentistas ameaçam a paz na medida em que nutrem e favorecem a beli gerância e em uma era nuclear tornam mais provável uma guerra nãopremeditada Claude é cético quanto a essas três abordagens as quais remontam todas à criação da Liga das Nações e até antes Ele vê mais potencial nas outras O valor do solene debate sintetizado pelas atas da Assembléia Geral das Nações Unidas reside em dotar os estados de feedback acerca dos modos como suas ações políticas são vistas pelos outros induzindo assim a ajustamentos e concessões mútuas A curadoria tal como Claude a define inclui todas as tentativas desde a Liga em diante de supervisão internacional do domínio colonial A sua avaliação das nota velmente bemsucedidas pressões das Nações Unidas em prol da descolonização como pos sivelmente a última oportunidade ao alcance da civilização européia de expiar o seu passado sombrio no trato com povos nãoeuropeus pa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 562 paz rece agora excessivamente otimista A descolo nização não trouxe por certo a paz em sua esteira O funcionalismo exposto por David Mitrany 1946 sustenta que se for permitido a especialistas de várias nacionalidades livres da interferência dos responsáveis pela política externa dos governos colaborarem na solução de problemas econômicos e sociais internacio nais entre outros eles estabelecerão mais cedo ou mais tarde as fundações de uma paz mais duradoura gerando novas lealdades internacio nais nas populações pertinentes para substituir a tendência dissentânea das antigas lealdades nacionais Finalmente a diplomacia preventiva representa a inovadora resposta da ONU a crises através do envio de forças missões e representantes e a intervenção ativa do secretá riogeral depois do dramático precedente cria do durante a crise de Suez em 1956 Diferentemente de federalistas mundiais co mo Emery Reeves 1945 Claude acredita cla ramente que a paz é possível sem a tentativa de criação de um estado mundial Esse ponto de vista recebeu o forte apoio de um estudo reali zado por Karl Deutsch e seus colegas 1957 que examina o crescimento e a desintegração de comunidades na área do Atlântico Norte desde a Idade Média Eles procuram identificar comunidades de segurança caracterizadas pela capacidade de garantir por um extenso período expectativas fidedignas de que os pro blemas sociais serão resolvidos sem se recorrer à força física em grande escala e mostram que a fusão incluindo a federação não é necessária nem suficiente para o estabelecimento de tais comunidades Assim o Canadá e os Estados Unidos formam uma comunidade de seguran ça pluralista e os países escandinavos e talvez agora a maior parte da Europa Ocidental incluindo nãomembros da Comunidade Euro péia uma outra Os elementos cruciais são redes de comunicação múltiplos pontos de contato e instituições e práticas que sejam confiáveis e flexíveis Outros teóricos da paz têm se dedicado aos processos pelos quais ela pode ser instaurada em situações internacionais e intercomunais extremamente tensas O recurso de John Burton da comunicação controlada bem articulado por Mitchell 1981 aborda o conflito humano como fenômeno essencialmente subjetivo e portanto dinâmico e maleável Os represen tantes das partes em um conflito específico são reunidos em particular e cada um deles infor malmente encorajado a expressar as suas pró prias alegações escutar o que a outra parte tem a dizer e finalmente formular sugestões não para um compromisso mas para uma reso lução Essa ênfase sobre uma negociação in tegrativa promove uma abordagem criativa para a solução de conflitos mas seria uma noção desnecessariamente rigorosa desta últi ma a que negasse qualquer papel à negociação distributiva no processo de pacificação Ver também PACIFISMO RELAÇÕES INTERNA CIONAIS Leitura sugerida Claude IL 1956 1964 Swords into Plowshares 3ªed Curle A 1971 Making Peace Deutsch KW Burrell SA Kann RA Lee M Lichterman M Lindgren RE Loewenheim FL e Van Wagenen RW 1957 Political Community and the North Atlantic Area Hinsley FH 1963 Power and the Pursuit of Peace Mitchell CR 1981 Peacema king and the Consultants Role Mitrany D 1946 A Working Peace System RODERICK C OGLEY paz movimento pela Algo que pode ser iden tificado como um movimento pela paz existe na Europa há pelo menos dois séculos se não mais Entretanto ao contrário de outros movi mentos como o movimento trabalhista por exemplo ou o liberalismo o movimento pela paz não tem memória coletiva ver também AÇÃO COLETIVA Baseouse sempre nas ener gias de voluntários e com a respeitável exceção dos quacres nunca teve instituições perma nentes Cada novo surto de protestos pacifistas teve que descobrir para si mesmo suas idéias métodos e slogans Há muito pouca coisa em termos de uma tradição pacifista contínua O surgimento do movimento pacifista coin cidiu com a ascenção do capitalismo e a cons trução de um sistema de estados europeus As sim como a ciência econômica e a política passaram a ser esferas de atividades distintas também durante esse período o conceito de paz se tornou nitidamente diferenciável do conceito de guerra A guerra passou a ser uma atividade social distinta em dois aspectos Em primeiro lugar tornouse uma atividade externa dirigida contra outros estados Foi um período em que se eliminaram os exércitos particulares res tringiuse cada vez mais a violência nas rela ções sociais internas e as forças armadas foram profissionalizadas e monopolizadas pelos es tados Em segundo lugar a guerra transformou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar paz movimento pela 563 se em atividade temporária exceção estado de coisas anormal Com o aumento de toda a es pécie de relações e tratados regulamentos acei tos congressos etc entre os estados europeus o que se tornou conhecido como o direito público da Europa as guerras foram se tornando menos freqüentes alternandose com longos períodos de PAZ Foi a partir dessa expe riência de paz internamente e por períodos prolongados que uma série de atividades dis cussões e campanhas que poderiam ser chama das de movimento pela paz se conjugaram para trabalhar pelo que Kant chamou a paz perpé tua Entretanto embora seja possível identificar um interesse comum em evitar a guerra em geral ou guerras particulares a expressão mo vimento pela paz engloba vasta gama de opi niões tendências teorias e até assuntos De modo geral podemse distinguir duas linhas de pensamento no movimento pela paz Uma delas relacionase com a política governamental pro jetos planos ou normas a serem executados ou seguidos por governos a fim de se desenvolve rem mecanismos pacíficos para regular as re lações entre os estados Essa abordagem remon ta à época dos projetos de paz internacional do fim do século XVIII e início do século XIX apresentados por pensadores como Immanuel Kant Abbé St Pierre Emeric Crucé ou Jeremy Bentham para mencionar apenas alguns todos eles contemplavam a ampliação da sociedade civil e do governo da lei à arena internacional O estabelecimento da Liga das Nações depois da Primeira Guerra Mundial e das Nações Uni das depois da Segunda deve muito a essas pro postas Durante o século XX essa linha de pensa mento pacifista concentrouse cada vez mais no desarmamento A expansão quase infinita da capacidade de destruição em conseqüência da aplicação da ciência e da tecnologia a fins mi litares concentrou as atenções dos que se opõem à guerra nas corridas armamentistas e na natu reza ameaçadora do potencial de destruição O crescimento da pesquisa pacifista depois da Segunda Guerra Mundial foi amplamente dedi cado ao estudo de armamentos e métodos para limitálos A segunda linha de pensamento do movi mento pela paz preocupouse muito mais com o que se poderia descrever como cultura pacifis ta a noção de que por mais engenhosos ou ambiciosos que sejam os projetos de paz inter nacional não podem ser implementados a me nos que os seres humanos como indivíduos e animais sociais adquiram uma mentalidade mais apreciadora da paz A partir dessa pers pectiva a construção da paz seja no interior das nações ou em nível internacional não é tanto conseqüência do estabelecimento de alguma espécie de autoridade governamental ou inter governamental responsável por assegurar a paz e a segurança tem muito mais a ver com valores individuais e relações sociais Essa linha de pensamento inclui a tradição do PACIFISMO absoluto ou seja o compromisso individual com a nãoviolência que vamos en contrar nos cristãos primitivos nos quacres cujo movimento foi fundado durante a Guerra Civil inglesa nos objetores de consciência e em organizações como a War Resisters Internatio nal e foi apresentada por autores como Lev Tolstoi e Mahatma Gandhi Também inclui vas ta gama de teorias ou crenças que põem em foco as causas sociais da guerra e o militarismo No início do século XIX o movimento pela paz era freqüentemente sinônimo do movimen to de livre comércio Era uma proposição larga mente sustentada que a eliminação dos ves tígios de feudalismo as classes guerreiras eli minaria também a guerra Viagens comércio e democracia erradicariam as causas dos desen tendimentos internacionais Entretanto a ascen são do nacionalismo e do militarismo no final do século XIX questionou essas suposições Antimilitaristas de tendência socialista autores como Rosa Luxemburgo ou Karl Liebknecht atribuíram as guerras e as corridas armamentis tas às rivalidades capitalistas e à corrida por mercados e fontes de matériasprimas Espera vase que a vitória das classes operárias garan tisse a paz Sabem o que é proletariado perguntou o socialista francês Jean Jaurés em 1912 Massas de homens que coletivamente amam a paz e abominam a guerra O surgimento do movimento das mulheres pela paz no século XX introduziu outro ele mento nessa linha de pensamento do movimen to pacifista a noção de que as causas da guerra tinham raízes na divisão de gêneros da socie dade moderna e em particular de que podiam estar ligadas à violência doméstica isto é en contrarse no seio da família O chamado novo movimento pela paz que surgiu na Europa Ocidental e em menor exten Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 564 paz movimento pela são na América do Norte Japão e Australásia durante a década de 80 talvez não tivesse pre cendentes em sua escala e natureza transnacio nal Embora valha a pena notar que o movi mento pela paz sempre foi internacional con gressos europeus regulares foram realizados em meados do século XIX Cerca de 5 milhões de pessoas protestaram contra a introdução de uma nova geração de armas nucleares na Europa no outono de 1981 e de novo em 1983 Um movi mento pela paz desenvolveuse também na Eu ropa Oriental e iria desempenhar importante papel nas revoluções pacíficas de 1989 que derrubaram os regimes comunistas e marcaram o fim da Guerra Fria Mas o movimento pela paz no Ocidente foi muito diferente do movimento pela paz no Les te O primeiro era principalmente um movi mento pródesarmamento um movimento anti nuclear Pertencia à primeira linha acima citada de pensamento do movimento pela paz e seu interesse primordial estava voltado para a ação política em nível internacional Talvez se possa dizer que durante o período do pósguerra a separação entre guerra e paz tornouse rígida A sociedade ocidental apresentavase abertamen te menos militarizada havia menos ênfase no patriotismo na disciplina ou na educação mili tar As bases de mísseis eram escondidas bem longe no campo A guerra tornouse remota e abstrata em parte porque a guerra na Europa era impensável e em parte porque a guerra na Terceiro Mundo algo concreto e onipresente tornouse uma espécie de espetáculo para ser visto na televisão e difícil de distinguir de um filme de ficção Os ativistas ocidentais pela paz estavam protestando contra uma realidade ex terna a qual não era obviamente de importân cia imediata para a vida cotidiana Isso não quer dizer que não houvesse interesse no desenvol vimento de uma cultura da paz mas sob a rubrica do antinuclearismo De especial impor tância era o papel desempenhado por mulheres que instalaram um acampamento a longo prazo fora da base de mísseis em Greenham Com mon elas foram pioneiras de uma nova forma de protesto Em contraste os movimentos que surgiram na Europa Oriental como Espadas em Ara dos na Alemanha Oriental Liberdade e Paz na Polônia o grupo Diálogo na Hungria e a Associação Independente pela Paz na Tchecos lováquia estavam muito mais interessados em questões internas imediatas o militarismo imperante em suas sociedades educação mili tarpatriótica serviço militar obrigatório brin quedos e jogos de guerra a nãoviolência e o vínculo entre paz e democracia Para eles a preocupação com a guerra nuclear tinha todo o aspecto de um luxo abstrato tinham menos receio de morrer do que de viver sob o totalita rismo que consideravam inseparável da guerra e do militarismo Criticavam os movimentos pacifistas ocidentais pela excessiva preocupa ção com sintomas como os armamentos e não com as causas Nesse sentido podiase dizer que os movimentos do Leste Europeu tinham redescoberto algumas das tradições do movi mento pela paz do século XIX No final da década de 80 o diálogo entre setores dos movimentos pela paz no Leste e no Oeste culminou em algumas abordagens co muns Por um lado parcelas do movimento ocidental pela paz deram ênfase crescente à détente de baixo para cima ao diálogo entre os movimentos de cidadãos do Leste e no Oeste e à necessidade de apoiar os movimentos demo cráticos como forma de terminar a Guerra Fria e iniciar um processo de desarmamento Por outro lado os movimentos pela paz e partes dos movimentos pela democracia no Leste com destaque para a Carta 77 na Tchecoslováquia interessaramse por abordagens alternativas pa ra a segurança européia pelo conceito de se gurança comum e pelas propostas para forta lecer a Conferência sobre Segurança e Coope ração na Europa mais conhecida como o Pro cesso de Helsinque Isso porque os projetos de paz européia desse tipo ofereciam potencial mente um quadro de referência no qual os es forços para transformar a sociedade e lutar pela democracia podiam ser protegidos de uma rea ção militar punitiva No rescaldo da Guerra Fria as energias em prol da paz ficaram exauridas Entretanto ape sar do fim do confronto LesteOeste e do come ço de um processo de desarmamento a paz perpétua não brotou nem mesmo na Europa A ascensão do nacionalismo do populismo e do fundamentalismo a guerra de 1991 no Golfo e os conflitos na Iugoslávia parecem anunciar uma era turbulenta Será que podemos esperar uma fusão das idéias de paz como resultado da abertura da Europa Oriental que seja capaz de fornecer uma base conceitual para futuros pro Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar paz movimento pela 565 testos Ou as idéias da década de 80 serão esquecidas uma vez mais Leitura sugerida Brock P 1968 Pacifism in the Uni ted States Carter April 1992 Peace Movements In ternational Protest and World Politics since 1945 Gallie WB 1978 Philosophers of War and Peace Hinton J 1989 Protests and Visions Peace Politics in Twentieth Century Britain MARY KALDOR penal instituição Ver PUNIÇÃO personalidade Há muito pouca diferença entre um homem e outro homem disse Wil liam James no começo deste século mas ape sar de pouca é muito importante Esse aspecto muito importante é a personalidade Compõe se de atributos e processos biológicos e psico lógicos cada um deles quanto tomado isolada mente compartilhado com todos ou apenas com alguns outros seres humanos mas singular no indivíduo em sua configuração global Os teóricos da personalidade deparamse portan to com uma vasta gama de abordagens podem concentrarse na estrutura da configuração ou selecionar da enorme quantidade possível de atributos e processos os que consideram signi ficativos para a compreensão de diferenças in dividuais O fato de eles terem aproveitado plenamente essa liberdade de escolha foi docu mentado por Gordon Allport 1937 que iden tificou quase 50 concepções diferentes de per sonalidade então em uso Há porém uma abordagem que tem domi nado o pensamento sobre a personalidade ao longo de todo o século a de Sigmund Freud 1923 por exemplo Não que tenha sido uma abordagem universalmente aceita pelo contrá rio poderseia defender a tese de que sua du radoura influência se deve tanto aos seus detra tores como Eysenck 1947 1982 quanto aos seus proponentes Impregnou as humanidades e freqüentemente em forma vulgarizada toda a cultura Em todo caso dificilmente se encon trará uma abordagem sistemática do pensamen to sobre personalidade que não se refira positi va ou negativamente à concepção global de Freud A essência dessa abordagem reside em sua noção de uma tríplice estrutura da persona lidade a qual é uma classificação abrangente de processos psicológicos continuamente interatu antes processos do ego ou seja transações com o mundo real incluindo percepção aprendiza gem memória pensamento e desempenho as sim como mecanismos de defesa inconscientes processos do id incluindo as necessidades bio lógicas busca do prazer e experiências reprimi das todas inconscientes e processos do super ego ou seja a aplicação a si mesmo de padrões morais interiorizados Essa concepção da es trutura da personalidade é uma reminiscência da classificação de Aristóteles dos objetivos básicos nas ações humanas como proveito pra zer e moralidade Em sua interação dinâmica os três tipos de processos podem impulsionar em direções diferentes e explicar assim a expe riência de conflito interior bem como os dis túrbios de personalidade As idéias básicas de Freud sobre estrutura da personalidade foram elaboradas e modificadas parcialmente por ele próprio mas também em grande parte por seus seguidores incluindo sua filha Anna que identificou mecanismos de de fesa adicionais por Heinz Hartmann que pos tulou a autonomia dos processos do ego e por Erik Erikson que colocou o desenvolvimento do ego em seu contexto social e descreveu as suas fases ao longo do ciclo de vida Alfred Adler e Carl Jung dois dos primeiros seguidores mas depois críticos de Freud desen volveram seus próprios conceitos de personali dade Adler pai da expressão complexo de inferioridade entendeu a personalidade como a maneira habitual adquirida desde muito cedo pela criança a fim de superar o seu inevitável sentimento de inferioridade experiência que tende a se repetir em face de novos encontros sociais e exigências externas Em contraste com o pessimismo de Freud Adler considerava o impulso para conquistar uma posição de supe rioridade a vontade de poder como a raiz de todos os progressos nos assuntos humanos Jung desviouse um pouco menos que Adler no conceito básico de Freud embora o seu novo e imaginativo vocabulário para os processos psicológicos matizado com idéias místicas conseguisse disfarçar as semelhanças Adicio nou ao modelo de Freud a noção de um incons ciente coletivo transmitido dos nossos ances trais compartilhado por todos e contendo os arquétipos do pensamento e da emoção Tam bém introduziu os termos extroversão e in troversão na psicologia da personalidade os quais começaram mais tarde a desempenhar um importante papel em uma abordagem muito diferente Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 566 penal instituição Muitas outras modificações do modelo psi codinâmico foram e ainda estão sendo propos tas Não obstante as diferenças e com freqüên cia os antagonismos entre eles os seus propo nentes participam de algumas características e suposições comuns tratam da pessoa como um todo não de aspectos isolados admitem que a personalidade tem mais profundidade do que parece desenvolvem suas idéias depois de pro longado contato com os indivíduos a maior parte deles enfatiza o componente social na constituição da personalidade são terapeutas praticantes e funcionam à margem das ins tituições acadêmicas A oposição intelectual ao modelo psicodinâ mico cresceu dentro e fora da psicologia e dentro e fora do establishment acadêmico ba seada em dois principais argumentos objeções ao determinismo desde a mais tenra infância e aos processos inconscientes por um lado e objeções aos métodos nãocientíficos da psi canálise por outro As primeiras deram origem à psicologia hu manista considerada por algum tempo a ter ceira força em psicologia entre a PSICANÁLISE e o COMPORTAMENTALISMO Sob a influência do existencialismo de JeanPaul Sartre e da feno menologia de Martin Heidegger a idéia de inconsciente foi rejeitada em favor da admissão do livrearbítrio da mediação do sernomun do e do viraser como aspectos centrais da personalidade Ludwig Binswanger na Suíça Carl Rogers e Abraham Maslow nos Estados Unidos e Ronald Laing na GrãBretanha foram os principais expoentes dessa concepção se ela sobreviverá à morte deles é uma questão em aberto Objetar às concepções psicodinâmicas por serem nãocientíficas pressupõe a adesão a uma idéia particular de ciência que exclui o pensamento sistemático a menos que este leve a hipóteses que possam ser experimentalmente testadas Embora não haja dúvida é claro de que a experimentação oferece um rigoroso teste de idéias na prática algumas das idéias de Freud foram testadas em centenas de experi mentos as abordagens básicas são notoria mente difíceis quando não impossíveis de tes tar experimentalmente Henry Murray 1959 e Gordon Allport 1961 deram significativas contribuições aos pressupostos básicos acerca da estrutura da per sonalidade e também aos métodos Ambos con centraramse em pessoas normais no seu habitat natural com seus interesses e preocupações naturais ambos consideraram a motivação o centro em torno do qual a personalidade é orga nizada Murray reconhecendo influências de Freud e Jung rejeitou dois motivos básicos de Freud as pulsões de vida e de morte como excessivamente limitados Propôs cerca de 20 necessidades com origens no cérebro as quais interatuam com premências isto é proprie dades do meio ambiente social que realçam ou estorvam a satisfação de necessidades Allport foi muito mais crítico do modelo freudiano Considerou a personalidade motivada por tra ços relativamente duradouros e intenções racio nais a cuja organização combinada chamou o proprium com o que quis significar um sis tema psicofísico que tende para a autonomia funcional de motivos independente da motiva ção infantil Ambos os teóricos da personalidade cons truíram métodos engenhosos para coletar pro vas empíricas A contribuição de Murray nessa área foi sobretudo o Teste de Apercepção Te mática TAT e a de Allport a defesa e prática de métodos ideográficos embora ele também fosse inventivo na criação de métodos nomoté ticos A influência desses dois teóricos da perso nalidade sobre os seus estudantes foi profunda mas suas idéias a respeito da estrutura da per sonalidade não foram mais desenvolvidas Em vez disso construíramse e padronizaramse inventários e escalas de personalidade em gran de número Existem hoje instrumentos para muitos atributos de personalidade como extro versãointroversão ansiedade depressão ma quiavelismo anomia julgamento moral va lores preconceito e outros mais São ampla mente usados para comparações entre grupos com menos freqüência para comparações du rante um certo período de tempo embora pos sam ajudar a esclarecer idéias sobre a natureza duradoura ou flexível de tais disposições Os que postulam um grande componente hereditário na personalidade satisfazemse é claro com uma medida definitiva a ênfase por eles atribuída à determinação biológica do tipo de personalidade tomou diferentes rumos Wil liam Sheldon 1942 viu a personalidade como determinada pela estrutura do corpo Hans Ey senck 1982 pelo sistema nervoso Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar personalidade 567 Seguindo uma tradição que remonta a Hipó crates Sheldon considerou o temperamento a essência da personalidade postulou a sua de pendência em relação ao tipo somático de uma pessoa e encontrou de fato correlações muito grandes entre essas duas variáveis Para Ey senck a essência da personalidade é determina da por processos cerebrais ainda não muito bem entendidos cujo resultado pode contudo ser medido por quatro dimensões contínuas que são mutuamente independentes São elas extrover sãointroversão neuroticismo psicoticismo e inteligência As escalas de Eysenck para três dessas dimensões são hoje largamente usadas em pesquisa mesmo pelos que não comparti lham sua abordagem geral O principal compêndio sobre teorias da per sonalidade Hall et al 1985 apresenta muitos outros colaboradores incluindo vários teóricos da aprendizagem entre os quais se destaca BF Skinner É discutível porém se ele e outros behavioristas deram uma contribuição ao pen samento sobre personalidade por mais impor tante que ela tenha sido em outros contextos eles certamente não têm pretensões a isso Su por uma organização interna que explique a interpretação do mundo externo como cumpre aos teóricos da personalidade parece contradi zer toda a forma de pensar de Skinner No final do século XX não existe portanto uma abordagem geralmente aceita para com preender a personalidade A principal divisão é entre os modelos psicodinâmicos com sua su posição de eventos mentais inconscientes e os outros modelos embora haja controvérsia tam bém dentro de cada lado Esforços para superar o grande hiato foram periodicamente envidados ao longo do século fracassaram O mais recente esforço nessa direção Westen 1985 é uma demonstração da compatibilidade dos resulta dos da rigorosa pesquisa empírica com as idéias psicodinâmicas realizada por uma pessoa que é qualificada em ambas as áreas Se será mais bemsucedido do que os seus precursores é o que ainda resta ver Leitura sugerida Hall C Lindzey G Loehlin JC e Manosevitz M 1985 Introduction to Theories of Personality Westen D 1985 Self and Society MARIE JAHODA planejamento econômico Ver PLANEJAMEN TO ECONÔMICO NACIONAL planejamento econômico nacional Os eco nomistas clássicos no passado e os economistas neoclássicos em termos modernos interessa ramse principalmente pelo comportamento e as interações de dois grupos de protagonistas econômicos as empresas e as famílias Presu miase tipicamente que os protagonistas procu rariam maximizar benefícios privados lucros e serviços públicos respectivamente Eles inter atuam negociando bens e serviços privados em termos determinados em mercados competiti vos macroeconômicos ou internacionais Básico para a defesa tradicional do planeja mento econômico nacional é o reconhecimento de que independentemente dos bens privados interesses privados e preferências individuais também existem e em qualquer sociedade mo derna ainda com mais motivos bens nãopriva dos interesses comuns e preferências sociais Os mercados para tais bens ou não existem ou podem ser de flagrante ineficiência As decisões acerca dos recursos econômicos necessários pa ra satisfazer esses interesses comuns devem portanto ser tomadas de modo diferente Os responsáveis pelo planejamento nacional são ou se supõe que sejam os representantes de tais interesses atuando em nome da sociedade co mo um todo Esses representantes formam o terceiro grupo de protagonistas econômicos Eles são ou deveriam ser os representantes elei tos da sociedade atuando em seus papéis de alocação de recursos através das várias agências do governo nacional Essas agências burocráti cas e o processo de negociação que os planeja dores nacionais iniciam e presidem constituem as contrapartes respectivamente das institui ções do mercado e da competição de mercado As regulamentações e as decisões de alocação direta de recursos das agências são o que se pode chamar a mão visível da burocracia ou o mecanismo de coordenação burocrática a con traparte da mão invisível do mecanismo de preção de Adam Smith ou o mecanismo de coordenação do mercado Kornai 1980 Ao longo do século XX excetuandose a década de 80 e provavelmente a de 90 a ten dência mundial foi no sentido de os governos dedicarem uma crescente proporção dos recur sos nacionais ao fornecimento de bens públicos tais como a defesa nacional o transporte públi co lei e ordem e ao suprimento de bens de qualidade como saúde educação e habitação Os planos nacionais embora de tipo limitado Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 568 planejamento econômico são necessários para o fim de se chegar a de cisões sobre o tamanho e a composição das verbas correntes e para investimentos nessas áreas no decorrer do tempo Entretanto um avanço verdadeiramente es petacular do planejamento econômico nacional ocorreu nos países socialistas com economias centralmente administradas e em menor grau em países recémindustrializados com econo mias baseadas no mercado As origens desse avanço podem ser atribuídas em grande parte à propagação da doutrina socialista durante o século XX promovendo a propriedade nãopri vada como socialmente superior e defendendo o novo papel das autoridades estatais como empresários ecléticos ou paralelamente aos em presários privados ou em sua substituição ou na ausência deles Gomulka 1986 cap1 O planejamento nacional nesses países tornouse também macroeconômico preocupado não apenas com setores ou regiões individuais mas com o desenvolvimento da economia em seu todo levando em conta as mútuas relações in tersetoriais e intertemporais Os planejadores socialistas nacionais tenderam a considerar que os mercados fracassaram na mobilização de adequadas poupanças financeiras e de recursos humanos para o desenvolvimento e favorecen do um comportamento míope e errático dos investidores redundando em subinvestimentos potencialmente sérios sobretudo em atividades em que os benefícios sociais excedem os lucros privados Um importante impulso para a expan são do planejamento nacional em economias de mercado foi dado também pela Grande Depres são da década de 30 e pelo envolvimento direto e bemsucedido dos governos do lado da oferta das economias durante a Segunda Guerra Mun dial Nos países onde prevalece a propriedade do estado o âmbito os fins e os instrumentos do planejamento nacional dependem predominan temente da autonomia do poder decisório das empresas estatais e da extensão em que as pre ferências da comunidade na verdade preferên cias dos planejadores predominam sobre as preferências dos consumidores individuais na determinação das demandas de uma economia aberta Sob o tradicional sistema do tipo sovié tico a União Soviética entre 1928 e 1990 grande parte da atividade de produção e inves timento era planejada e administrada a partir do centro enquanto que a soberania dos consumi dores e a autonomia das empresas sofriam for tes restrições Em contraste com as economias de mercado em que ofertas e demandas estão intimamente relacionadas em qualquer econo mia centralmente administrada ECA a direção de causalidade tende a fluir dos recursos para as ofertas e daí para as demandas Em particular as ofertas ao consumidor refletiriam as prefe rências dos planejadores e poderiam desviarse consideravelmente dos níveis em que existi riam se fossem livremente determinadas pelo mercado Subsídios e preços administrados te riam sido usados para colocar os níveis de demanda de consumo mais próximos dos de oferta Kuchnirsky 1982 Os planos nacionais em uma ECA variam em função dos períodos de tempo que cobrem e em função do grau de agregação Os planos anuais são os mais operacionais e os mais desa gregados Esses planos eram subdivididos em trimestrais e mensais Os planos a médio prazo usualmente para períodos de cinco anos eram mais agregados e com freqüência mais indica tivos do que obrigatórios Puramente indicati vos e sumamente agregados eram os planos nacionais a longo prazo Para facilitar a tarefa de formulação do plano e sua subseqüente im plementação as empresas estatais que produ zem bens semelhantes agrupavamse tipica mente para formar uma associação de produ ção várias associações formavam um departa mento chefiado por um ministro e as ativi dades das indústrias eram coordenadas pela autoridade de planejamento central Essas em presas negociavam com suas autoridades supe riores os planos de produção que especificavam as metas mínimas de produção output e as quotas máximas de investimento input in cluindo novas inversões de capital Esses pla nos específicos por empresas são elaborados em função de um limitado número de produtos variando no total entre 5 mil e 50 mil no nível da associação e entre 200 e 2 mil no nível cen tral A maioria desses produtos é formada por grandes grupos de artigos similares usual mente expressos nos termos físicos toneladas metros quadrados etc e de valor O objetivo imediato dos planejadores centrais é selecionar de um conjunto de alternativas exeqüíveis os volumes de demandas e ofertas específicas de tais produtos por empresa de um modo que assegure o equilíbrio no nível da economia aberta para cada um dos produtos O objetivo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar planejamento econômico nacional 569 adicional e mais exigente é obter o equilíbrio nacional de modo a que os outputs finais ou líquidos da economia maximizem algum tipo de índice do bemestar nacional ou de qualquer forma que esses outputs satisfaçam os objeti vos dos planejadores de maneira considerada satisfatória Manove 1971 Heal 1973 Ell man 1979 Crucial para o funcionamento eficiente de tal economia planejada é o comportamento das empresas Uma vez que as metas de produção e as quotas de investimento são tipicamente grandes agregados um plano específico para a empresa imposto de cima pode ser visto como representativo de um conjunto de restrições de recursos de demanda e financeiras que defi nem o conjunto de opções ainda acessível à empresa A escolha de seu próprio plano de empresa agente depende por sua vez do sis tema de incentivos imposto pelo centro dire tor sobretudo da credibilidade de suas amea ças disciplinadoras Schaffer 1989 Os termos do plano imposto e do sistema de incentivo são específicos para cada empresa e portanto aber tos à barganha entre a empresa e o centro O trunfo nas mãos da empresa para a negociação está no limitado acesso à informação sobre as suas verdadeiras possibilidades de produção por parte do centro Portanto no processo de barganha as empresas estão em uma posição que lhes permite desejar maiores quotas de investimento do que lhes é necessário e metas de produção mais baixas do que lhes é possível atingir Também estão tipicamente mais bem situadas pelo fato de não revelarem possibili dades concretas de produção uma vez que essa informação pode ser usada pelo centro para aumentar as futuras metas de produção Essa prática de planejamento pela qual os níveis alcançados de desempenho são usados como ponto de partida para determinar novas metas é conhecida como a aplicação do princípio de catraca Berliner 1976 Cave e Harem 1981 Quando muitos bens dessemelhantes são in cluídos em metas compósitas de produção es sas metas têm que se expressar em termos de valor O produtor tem interesse nesse caso dado o princípio de customais da formação de preço em usar inversões dispendiosas a fim de minimizar o esforço necessário para implemen tar um dado plano Isso leva a uma propensão nas ECAs a fabricar produtos com elevado emprego de material ver Gomulka e Ros towski 1988 para uma estimativa da propen são A maioria dos preços de produtos nas ECAs era rígida e imposta pelo estado reagindo pouco aos desequilíbrios do mercado Tais pre ços ad hoc são passíveis de diferir substan cialmente do custo social marginal de produ ção Para reduzir o seu papel alocativo e como resposta ao comportamento das empresas de minimizar o esforço os planejadores centrais fixavam tipicamente elevadas metas de produ ção e baixas quotas de investimento de modo a que o leque de opções de uma empresa fosse pequeno Essa prática de planejamento rígido tenta pôr em evidência o papel alocativo das quantidades que para os planejadores são signi ficativas e diminuem o papel dos preços Entre tanto preços inflexíveis acarretam persistentes e generalizados desequilíbrios microeconômi cos e isso gera por sua vez o fenômeno da substituição forçada de artigos escassos por artigos excedentes Dada a pobre qualidade dos preços não se podia confiar nos lucros como medida de desempenho Essa caracterís tica das ECAs levou à prática de tolerar a pro dução de perdas Essa tolerância ajudou a des envolver e foi ela própria instigada por ati tudes paternalistas do centro em relação às empresas Kornaim 1980 Apesar da presença generalizada de dese quilíbrios e ineficiência microeconômicos os planejadores centrais socialistas eram de forma geral capazes de manter o controle macroeco nômico Mantiveram os salários baixos e isso garantiu que as margens de lucro fossem excep cionalmente altas pelos padrões internacionais Esses lucros eram usados para financiar uma grande atividade de investimento e assegurar fundos para as despesas correntes do orçamento do estado uma considerável proporção das quais era representada por subsídios ao consu mo Exceto na Iugoslávia os planejadores cen trais também puderam controlar bem o cresci mento dos salários e outras rendas e desse modo limitar a inflação de preços a taxas tipi camente inferiores a 10 ao ano Wiles 1980 Entretanto em alguns países e em certos perío dos esse controle foi seriamente erodido ou quase perdido Polônia em 19501 19801 e 19889 União Soviética 198991 redundando em surtos do que Kolodko e McMahon 1987 chamam inflação de escassez shortageflation Tentativas politicamente motivadas de manter os preços controlados pelo estado abaixo dos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 570 planejamento econômico nacional níveis de compensação do mercado levaram por seu turno ao recrudescimento dos mer cados negros e ao fenômeno da poupança for çada Os primeiros reformadores das ECAs na busca da combinação de eficiência econômica com princípios socialistas não advogaram a redução da propriedade do estado nem o plane jamento central mas meramente a abolição de planos específicos para cada empresa Por con seguinte as empresas seriam independentes do ponto de vista financeiro e gerencial Para obter melhor desempenho era vital que elas funcio nassem também em um ambiente de mercado competitivo Entretanto de acordo com os re formadores os preçoschaves os critérios de desempenho e os incentivos seriam fixados pe lo centro para induzir as empresas a produzir embora não mais individualmente mas em con junto o que o centro queria que produzissem Nessa economia socialista planejada com um mercado regulado Brus 1961 a intenção era usar o mecanismo de mercado competitivo co mo instrumento para implementar os planos centrais Malinvaud 1967 propôs uma pos sível implementação dessa idéia em um modelo matemático inteiramente desenvolvido para um levantamento de possíveis implementa ções ver Heal 1973 Essa idéia de planeja mento central indireto ou paramétrico estava no âmago da reforma húngara entre 1958 e 1990 da reforma polonesa de 1982 a 1989 e da refor ma chinesa iniciada em 1982 Sob a égide des sas reformas os problemas de escassez foram reduzidos e a flexibilidade de preços aumentou Entretanto os mercados competitivos não fo ram estabelecidos persistindo paternalistas e intervencionistas as atitudes do estado proprie tário em relação às empresas e em resultado de antigas deficiências inalterados a ineficácia particularmente elevada e o baixo índice de inovação Esse fracasso das reformas no inte rior do sistema levou ulteriormente na Europa Oriental e na antiga União Soviética a um ataque frontal contra os pilares gêmeos do pró prio sistema o planejamento central e a proprie dade do estado Na Europa Oriental e na ex União Soviética o planejamento central foi abandonado no período 198992 Os argumen tos originais de von Mises 1935 contra a viabilidade do cálculo econômico racional na Comunidade Socialista parecem ter sido jus tificados ver Lavoie 1985 para uma recente crítica desses argumentos Houve uma mudança paralela nas econo mias de mercado desenvolvidas da Europa Oci dental e do Japão assim como na maioria dos países em desenvolvimento recémindustria lizados do mundo inteiro distanciandose do ativo e extensivo planejamento central indica tivo Brada e Estrin 1990 Em muitos países a política de privatização reduziu também o tamanho do setor público Entretanto o papel econômico mais tradicional das autoridades centrais no fornecimento de bens públicos e de mérito assim como a administração as regula mentações e a execução da estabilização ma croeconômica permanecem amplamente intac tos tanto no Leste quanto no Oeste Ver também SOCIALISTA TEORIA ECONÔMICA SOCIALIZAÇÃO DA ECONOMIA Leitura sugerida Cave J e Hare P 1981 Alternative Approaches to Economic Planning Ellman M 1979 Socialist Planning Gomulka S 1986 Growth Inno vation and Reform in Eastern Europe Heal GM 1973 The Theory of Economic Planning Johansen L 1978 Lectures on Macroeconomic Planning vols1 e 2 Kuchinsky FI 1982 Soviet Economic Planning 196580 STANISLAW GOMULKA planejamento social Existem muitas inter pretações do planejamento em geral e do plane jamento social em particular Na abordagem mais simples planejamento social é planeja mento aplicado a instituições e recursos sociais Pode referirse a objetivos globais ou parciais Pode abranger o planejamento para todo um sistema social ou referir apenas ao planejamen to de aspectos específicos de um projeto em uma agência de serviço social O próprio plane jamento tem que ser descrito com maiores deta lhes para evitar a circularidade nessa definição De acordo com HJ Gans Em seu sentido genérico planejamento é um método de tomada de decisões que propõe ou identifica metas ou fins e determina os meios ou programas que realizam ou se pensa que realizam esses fins o que ocorre mediante a aplicação de técnicas analíticas para descobrir a adequação entre os fins e os meios e as conseqüências da implementação de fins e meios alternativos Gans 1968b p129 A racionalidade é uma das características do planejamento ver também ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA Na abordagem do planejamento racionalidade e cálculo são de primordial im Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar planejamento social 571 portância A elaboração sensível de políticas e planejamento significa projetar um sistema pelo qual a sociedade pode ponderar racional mente os custos e benefícios das alternati vas Owen e Schultze 1976 p10 Em uma perspectiva sociológica a racionalidade do planejamento depende porém da natureza do alvo e da sociedade em que o plano funciona A tomada de decisões em matérias sociais cons titui um processo político em que os valores e interesses dos participantes desempenham um papel predominante se bem que nem sempre ostensivo Além disso a realização do plano é um processo social que raras vezes é totalmente guiado se é que alguma vez o foi pelas in tenções dos planejadores Vários atores sociais operando em outros níveis de intencionalidade participam desses processos O resultado por tanto dependerá do vigor e da solidez das ações não planejadas e as chamadas conseqüências nãopremeditadas ocorrerão inevitavelmente Da perspectiva do planejador elas podem ser vistas como espontâneas A divergência entre plano e resultado depende de certo número de fatores Alguns dos mais importantes são a complexidade do sistemaalvo as contradições internas e os conflitos entre componentes do sistemaalvo o impacto de forças exteriores como as naturais ou a natureza estocástica dos vínculos intrasistêmicos em uma sociedade Sztompka 1981 Níveis e atores do planejamento Teoricamente todos os atores sociais podem tomar decisões mais ou menos racionais acerca de sua própria ação e conduta futura Assim planos podem ser feitos por famílias firmas e outras organizações comunidades locais e uni dades dotadas de governo próprio até o corpo central dos responsáveis pelas decisões Es tamos interessados aqui no planejamento que vai além das fronteiras de uma unidade autôno ma autosuficiente como uma família ou fir ma e em especial no planejamento em nível global implicando a sociedade como um todo Nas sociedades de mercado o planejamento surgiu como resposta a vários fracassos do mer cado Por um largo período de tempo manteve se parcial ou orientado para programas especí ficos como é ilustrado pelo planejamento urba no que apareceu em alguns países no final do século XIX Os planos em níveis macro quatro ou cinco anos originaramse depois da crise mundial de 1929 em algumas socie dades capitalistas principalmente nãodemo cráticas como a Alemanha nazista em 1933 Madge 1968 Um planejamento mais abran gente foi desenvolvido depois da Segunda Guerra Mundial Uma tendência descrita pela primeira vez por Chandler 1977 é a crescente coordenação entre as grandes companhias cor porations de tal modo que a sua produção e distribuição hoje em dia são cada vez mais determinadas não por forças do mercado mas pelo planejamento e a coordenação admi nistrativa Himmelstrand 1981 p201 A ou tra tendência foi o surgimento do planejamento estatal funcionando em nível macro Kahn 1969 Nas antigas sociedades de socialismo de estado a tendência foi invertida Os planos globais em níveis macro elaborados pelos ór gãos centrais predominaram desde o início ver também PLANEJAMENTO ECONÔMICO NACIONAL Planos parciais iniciados de baixo para cima foram inexistentes Em conformidade com princípios ideológicos o mercado foi abrupta mente substituído pelo planejamento central o primeiro plano qüinqüenal teve início em 1928 na União Soviética O planejamento propôsse eliminar a operação espontânea do mercado e substituir pela racionalidade central todas as outras iniciativas e racionalidades em todos os campos da vida social O papel exclusivo do planejamento central foi questionado por várias vezes por reformadores econômicos desde o início da década de 20 mas sem sucesso dura douro O colapso final do socialismo de estado em 198990 pode ser atribuído em grande me dida ao planejamento central que impôs racio nalidade exclusivamente política em todos os subsistemas sociais e assim prejudicou a racio nalidade e a eficiência os princípios básicos da democracia política etc Tipos de planejamento Existem formas de planejamento mais rigo rosas e mais moderadas mais imperativas ou mais liberais Rostow 1962 p22 Na prática do socialismo de estado o planejamento por ordens diretas foi predominante por largo pe ríodo de tempo Nesse caso inputs outputs e todas as condições de atividade de todas as unidades eram centralmente fixados Nos últi mos 20 anos apareceu o planejamento indireto Este ainda significa metas centralmente defini das mas as ordens diretas foram substituídas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 572 planejamento social por reguladores fiscais e outros Esse método foi seguido por países que tinham aceito como a Hungria de 1968 em diante o mercado regu lado pelo plano Brus 1961 Na realidade sob as condições políticas dadas o mercado continuou sendo um mercado simulado e não poderia produzir o resultado esperado A mu dança do sistema político traz a promessa de libertação dos subsistemas sociais incluindo aí o mercado Como reação às práticas anteriores todas as formas de planejamento tornaramse ilegítimas nessas sociedades Nas sociedades de mercado capitalistas o estado pode aceitar alguma forma de planejamento indicativo su blinhando metas sem insistir em meios especí ficos por exemplo a França ou adotar apenas objetivos amplos e políticas vagamente defi nidas que os encaminharão segundo se espera na direção geral desejada Kahn 1969 p44 Técnicas de planejamento As etapas de planejamento podem ser defi nidas como o desenvolvimento de uma política a implementação dessa política e sua avaliação Rein 1968 Em todas as etapas é de suma importância um adequado conhecimento das condições e relações afetadas pelo plano bem como uma fluxo contínuo de informação Desde o começo da década de 70 o aperfeiçoa mento da administração e a avaliação de proje tos atraíram considerável atenção e grande so ma de verbas Meyers 1981 Uma das técnicas é o sistema planejamentoprogramaçãoprovi são orçamentária sppp o qual serve simulta neamente para a fixação e a avaliação de metas Kahn 1969 p43 Os estudos de avaliação tornaramse um ramo praticamente autônomo da pesquisa social A partir de finais da década de 70 análise de custosbenefícios método ba seado na lógica da teoria econômica do bemes tar ver também BEMESTAR TEORIA ECONÔMICA DO é cada vez mais usada em decisões acerca de projetos sociais e na avaliação de seus resul tados Todos esses instrumentos parecem ser úteis no caso de projetos parciais que estão bem circunscritos mas não se adaptam tão bem aos programas abrangentes de nível macro Cum pre lembrar também que esses métodos não podem resolver o problema político de conflitos de valor e interesses divergentes As decisões sobre os fatores a incluir em várias análises ou a excluir destas continuam sendo influenciadas por considerações sociais e políticas Planejamento social Quando o planejamento social se caracteriza por suas vastas ambições pode ser denominado planejamento societal O planejamento so cietal ocupase da avaliação de metas sociais e do desenvolvimento em linhas gerais dos tipos de programas adequados à realização das metas escolhidas Gans 1968b p129 Planejamen to parcial planejamento urbano ou comunitá rio planejamento de projetos de bemestar têm sido de há muito as principais formas de plane jamento social em sociedades de mercado Esse tipo de planejamento tem sido freqüentemente discutido incluindose os problemas de coor denação a concorrência para a obtenção de verbas e a maquinaria de planejamento Gans 1968a Rein 1968 Kahn 1969 O surgimento do ESTADO DE BEMESTAR e ainda mais a idéia de uma sociedade de bem estar colocaram em pauta questões mais abran gentes Nesse caso o planejamento social pode ou deve tornarse o processo de desenvolvi mento implementação e avaliação de políticas sociais sendo a sua essência a determinação de prioridades sociais Em outras palavras o pla nejamento social tem que se ocupar da dis tribuição de bemestar e da formação de re lações estruturais Walker 1984 p3 Essa questão é do ponto de vista social bastante controvertida de modo que pelo menos para parcelas da intelligentsia e da oposição o pla nejamento social se converteu em um campo de luta ideológica por meio da qual tentaram descobrir os meios de superar as desigualdades promovidas pelo desenvolvimento econômico Jobert 1981 p238 Nas antigas sociedades socialistas o plane jamento econômico estatal costumava ser pre dominante O pressuposto ideológico era que o desenvolvimento econômico acarretaria auto maticamente o progresso social e a realização de objetivos socialistas como a elevação do nível de bemestar do povo a melhoria do estilo e da qualidade de vida a redução da diferencia ção entre classes e grupos o aperfeiçoamento das relações sociais e finalmente a criação das condições necessárias para o desenvolvimento pessoal multiforme oferecido a todos os cida dãos Zalavskaya 1981 p192 Apesar das metas sociais ambiciosas e fre qüentemente radicais em ambos os tipos de sociedade o planejamento social se manteve Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar planejamento social 573 não raras vezes estreitamente burocrático cen tralizado insensível às reais necessidades e su bordinado à política e ao planejamento econô micos Walker 1984 O abismo entre metas e realidade costumava ser particularmente pro fundo na maioria das sociedades de socialismo de estado Essa falha tinha muitas razões A razão técnica era que no caso do planejamento direto as metas tinham que ser numérica e exatamente definidas Portanto o planejamento social estava restrito a metas que pudessem ser definidas desse modo como o número de leitos hospitalares ou de vagas nos jardins de infância desprezando a qualidade dos serviços ofereci dos A razão ideológica era a ênfase no desen volvimento econômico que se supunha acar retar automaticamente o desenvolvimento so cial A principal razão política ou estrutural era porém o próprio sistema político O planeja mento bemsucedido para mudanças e o plane jamento para necessidades têm que se basear na participação democrática do planejamento e no seu controle ou seja em direitos sociais e eco nômicos O necessário mesmo que não seja o suficiente requisito prévio desses direitos é a existência de direitos civis e políticos Como estes são subdesenvolvidos ou ausentes nos sistemas totalitários o planejamento represen tou de fato uma ditadura sobre as neces sidades A ausência de democracia política retirava toda a legitimidade do planejamento e de seus resultados mesmo que o padrão de vida ou os seus componentes tivessem objetivamen te melhorado De modo mais amplo desde a crise do so cialismo no Leste Europeu e a propagação do neoliberalismo o planejamento em geral e o planejamento social em particular perderam grande parte de sua legitimidade e atração an teriores Johnson 1987 A negação do plane jamento pode contudo intensificar as deficiên cias de mecanismos sociais automáticos co mo o mercado As mudanças tecnológicas por exemplo parecem acarretar desemprego em grande escala com graves conseqüências para a distribuição de renda Em geral as estruturas sociais hierárquicas e desiguais se deixadas a si mesmas reproduzemse de modo automático e espontâneo usualmente com o aumento das desigualdades o fortalecimento das hierarquias e o agravamento da situação dos grupos mais fracos da sociedade Isso é verdadeiro até mes mo em nível internacional As recentes ten dências mundiais parecem acentuar as desi gualdades de desenvolvimento entre os três mundos As conseqüências espontâneas tinham de ser enfrentadas para se evitar o recudrescimento das tensões em nível tanto nacional quanto internacional Nas condições políticas corren tes é muito pouco provável que isso ocorra Os planos sociais são ainda mais discutíveis que o planejamento econômico em parte porque as intervenções em questões sociais são especial mente suspeitas de dirigismo e em parte porque os riscos são grandes os resultados podem afetar diretamente muitos indivíduos sociais A eficácia dos planos sociais dependerá de as sociedades poderem encontrar formas de democratizar e descentralizar os processos de planejamento e implementação de poderem envolver os cidadãos nesses processos pode rem em suma construir um sistema de plane jamento de baixo para cima Leitura sugerida Balogh T 1965 Planning for Pro gress a Strategy for Labour Booth TA org 1979 Planning for Welfare Gans HJ 1968a People and Plans Hall P 1981 Great Planning Disasters Him melstrand U org 1981 Spontaneity and Planning in Social Development Kahn AJ 1969 Theory and Practice of Social Planning Marris P 1982 Commu nity Planning and Conceptions of Change Mayer RH 1972 Social Planning and Social Change Paris C org 1982 Critical Readings in Planning Theory Walker A 1984 Social Planning ZSUZSA FERGE pluralismo A mesma palavra designa três grupos muito diferentes de idéias nas ciências sociais Um deles pode ser tratado de forma bastante breve o pluralismo nessa primeira acepção referese a um padrão institucional em uma sociedade préindustrial nãoocidental sob domínio colonial ou póscolonial Socie dade plural é um conceito proposto por JS Furnivall 1948 e ulteriormente desenvolvido por L Kuper e MG Smith 1969 Em tal sociedade grupos sociais autoregulados e fe chados vivem lado a lado mas cada um tem uma existência comunitária distinta Esses gru pos estão externamente ligados pelo estado e pelo mercado Tal padrão de pluralismo não subentende igualdade de influência ou impor tância entre os grupos pelo contrário são típi cas as relações de hierarquia ou dominação Relações comunalistas desse gênero são um Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 574 pluralismo obstáculo ao desenvolvimento do moderno es tadonação ou da moderna economia integrada Pluralismo norteamericano O segundo sentido de pluralismo é sem dúvida o mais influente e o que melhor se conhece uma vez que as referências à aborda gem pluralista ou ao pluralismo significam quase invariavelmente a teoria pluralista norte americana da democracia política Essa teoria pretende desenvolver os insights proporciona dos por certo número de fontes prémodernas do pensamento político The Federalist Papers de 178788 são freqüentemente citados mas o mais importante precursor é Alexis de Tocque ville o qual afirmou em De la démocratie en Amérique 183540 que um governo democrá tico é sustentado por uma sociedade em que as condições de influência política plural estejam asseguradas e perpetuadas Ou seja a democra cia no sentido de oportunidades amplas e com partilhadas de modo relativamente uniforme para influenciar a opinião pública e a tomada de decisões governamentais depende menos de mecanismos constitucionais formais como eleições representativas do que da existência de uma pluraridade de associações secundárias na SOCIEDADE CIVIL separadas do estado e não controladas por este Tal dispersão social de opinião e influência tais organizações rivais de cidadãos impedem a democracia majoritária de se tornar tirânica ou o estado de exercer o controle exclusivo das vidas e lealdades dos cidadãos As idéias de Tocqueville estão em direta oposição às de JeanJacques Rousseau o qual sustentou que todas as organizações que intervieram entre o estado e o cidadão indivi dual perverteram a democracia majoritária e asseguraram o domínio de facções movidas por interesses egoístas Que a Revolução Francesa e o Terror tinham interferido é claramente um fato de extrema relevância Tocqueville viu que se a sociedade política for composta de mino rias competindo entre si nenhuma delas apta a prevalecer em toda e qualquer questão sobre as demais ela estará relativamente segura contra a tirania Esses pontos de vista foram desenvolvidos mais formalmente por cientistas políticos norte americanos sobretudo a partir da década de 40 Notáveis teóricos pluralistas foram Talcott Par sons 1969 e David Truman 1951 A formu lação mais rigorosa é a de RA Dahl em A Preface to Democratic Theory 1956 Nas mãos de Dahl o pluralismo tornase uma teoria da competição política estável e relativamente aberta e das condições institucionais e norma tivas que a sustentam Poder e influência só se dispersam sob condições sociais e políticas de finidas a participação política deve incluir pelo menos potencialmente todos os cidadãos adul tos que gozem dos mesmos direitos formais a formação de grupos de interesses e partidos concorrentes independentes do controle do es tado não deve ser sistematicamente monopo lizada por um grupo minoritário Além disso a maioria dos grupos concorrentes que almejam controlar ou influenciar a tomada de decisões deve subscrever as normas de uma cultura po lítica democrática ou seja aceitar a alternância de poder o direito de outros grupos à existência e os limites dos métodos de competição política ver INTERESSE GRUPO DE As modernas socie dades industriais ocidentais e alguns países do Terceiro Mundo como a Índia tendem a satis fazer essas condições em grau suficiente para que possam ser classificadas como exemplos de uma poliarquia funcionando satisfatoria mente É pouco provável que algum estado logre cumprir todas as condições ideais típicas de uma democracia funcionando plenamente A democracia existe sob condições modernas na forma de poliarquia ou seja a influência plural e sucessiva de grupos de interesse As democracias modernas são formadas por cons telações concorrentes de tais grupos não o go verno formal dos representantes das opiniões de uma maioria de cidadãos individuais O plura rismo é o governo das minorias No mínimo cada uma dessas minorias tem alguma influên cia sobre as questões que lhe interessam Na medida em que isso é verdadeiro que os grupos consideram que a disputa por influência é sufi cientemente aberta para valer a pena competir e que nenhum deles busca ou adquire um mono pólio de influência então o sistema é pluralista O pluralismo não requer a absoluta igualdade de influência para todos os grupos nem supõe que a política seja isenta de conflitos tenta provar que a desigualdade e o conflito têm que ser confinados abaixo de um limiar definido para que o sistema seja poliárquico Portanto é perfeitamente possível a um sistema pluralista fracassar na dimensão da inclusividade quando passa então a ser um sistema oligárquico ou na dimensão da competição quando se converte Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar pluralismo 575 em uma hegemonia inclusiva ou seja o po der é monopolizado por um grupo minoritário específico Dahl é o mais explícito dos pluralistas no sentido de construir um modelo teórico das condições que uma comunidade política deve satisfazer para garantir um mínimo de compe tição democrática para influência e exercício de funções O papel desse modelo consiste em mostrar o grau em que as sociedades concretas se aproximam das condições típicas de uma poliarquia O pluralismo e a obra de Dahl em particular tem sido alvo de muitas críticas hos tis por parte de radicais como C Wright Mills 1956 e de marxistas como R Miliband 1969 Afirmam eles que o pluralismo é uma apologia sistemática das sociedades capitalistas ociden tais que os pluralistas proclamam erradamen te que o poder e a influência estão amplamente distribuídos e cometem grave equívoco ao sus tentar que não existe desigualdade sistemática no acesso à competição política Mills e Mili band afirmam que o poder está de fato mono polizado e que uma minoria está apta a controlar todas as decisões importantes que influam em seus interesses Bachrach e Baratz 1962 sus tentam que o grupo dominante é suficiente mente poderoso para poder definir a agenda política de tal modo que questões importantes para outros grupos simplesmente nunca che gam a ser máterias formais de decisão política De fato que nos seja permitido discordar dos críticos tudo que os pluralistas precisam afirmar é que uma poliarquia existe se grupos menos bemsucedidos ainda considerarem va ler a pena competir e que com o passar do tempo o sistema mostra uma tendência a se tornar mais inclusivo e mais abertamente com petitivo Dahl aponta que em ambos os as pectos as sociedades ocidentais se mostram minimamente pluralistas Cita o crescimento da influência dos partidos e movimentos trabalhis tas na Europa tendo sido previamente excluí dos concorreram e chegaram ao poder e pas saram a exercer influência e nos Estados Unidos a inclusão dos negros no sistema polí tico e a destruição do sistema de segregação no Sul De modo geral tem faltado aos críticos radicais e marxistas a sofisticação metodológi ca necessária para construir um sério teste em pírico do modelo pluralista enquanto que Dahl em especial apresentara poderosas críticas ao modelo de Mills de uma elite do poder Dahl 1958 assim como às abordagens marxistas da democracia 1948 A sabedoria convencional dos radicais da década de 60 dizia que o plura lismo era uma ideologia obsoleta pelo contrá rio o pluralismo sobreviveu até os anos 80 e se conservou melhor do que as idéias de seus críticos A crítica radical e marxista do pluralismo é compreensível no contexto da Guerra Fria O pluralismo era freqüentemente usado com com placência como apologia e endosso das demo cracias ocidentais A exploração ideológica de uma teoria pode claramente comprometer o seu valor explicativo Rigorosamente especificada a teoria pluralista permitenos ver até que ponto muitas democracias ocidentais estão distantes de uma poliarquia em pleno funcionamento Cumpre dizer que com a exceção das mais recentes obras de Dahl 1982 1985 ela rara mente foi usada dessa maneira Quando usado em comparações com a União Soviética o plu ralismo pôde mostrar que as democracias oci dentais têm exibido incomparavelmente maior influência política e competitividade política aberta Entretanto isso encorajou e criou um alvo fácil para os críticos hostis todos eles por demais conhecedores dos limites do funciona mento democrático do Ocidente Acrescentese que o pluralismo é rigoroso somente como teoria específica da competição política e no como abordagem geral da ciência política Possui de fato importantes limitações explicativas sendo a principal delas a de tender a tratar o estado e órgãos governamentais como se nada mais fossem do que um veículo através do qual grupos influentes são capazes de con cretizar seus objetivos Assim o estado é uma rede intermediária através da qual grupos con correntes lutam por influenciar a ação política e a tomada de decisões refletindo ele em suas ações os objetivos do interesse organizado pre dominante em qualquer questão Isso poderia ser chamado de modo um tanto irreverente a teoria do estado como central telefônica É ex tremamente difícil acomodar na teoria pluralis ta as proposições de que o estado é uma ins tituição sumamente exclusiva e de que os gru pos e agências dentro dele têm distintos interes ses e objetivos próprios Entretanto a teoria da classe dominante ou a teoria marxista da classe dominante não é em absoluto um substitutivo eficaz uma vez que se trata de teorias genera lizantes que por sua vez subestimam o papel Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 576 pluralismo da competição política e da influência política plural Elas por sua vez consideram o estado impermeável e homogêneo demais bem como subserviente demais em relação ao grupo social minoritário dominante o complexo industrial militar ou a classe capitalista Embora o plura lismo desafie corretamente a concepção de so mazero do poder como quantidade fixa tende a ignorar a rigidez institucional do governo que impede que a influência seja infinitamente pro longável Uma importante área de pesquisa empírica pluralista foi a análise do poder da comunidade Pluralistas e neoelitistas argumentaram pró e contra a proposição de que o poder em regiões e cidades americanas está largamente difundi do sendo de Dahl 1961 a declaração pluralista clássica e de Floyd Hunter 1953 a declaração clássica da monopolização do poder Para um levantamento geral desse debate ver Nelson W Polsby 1963 e Arnold M Rose 1967 Pluralismo político inglês O terceiro sentido de pluralismo é o do pluralismo político inglês Essa corrente em teoria política foi muito influente na GrãBreta nha e internacionalmente no primeiro quartel deste século após o que sofreu um rápido e radical eclipse O pluralismo nesse sentido é menos uma doutrina da competição política como a norteamericana do que uma crítica da estrutura do estado e da base da autoridade deste Os pluralistas ingleses desafiaram a teo ria da ilimitada soberania do estado e a concep ção de um estado unitário centralizado corporificando tal poder soberano em uma hie rarquia de autoridade exclusivamente controla da Os pluralistas ingleses atribuíram um papel central a associações voluntariamente forma das de cidadãos na sociedade civil mas seu propósito básico a esse respeito era normativo ou seja sustentar que o estado soberano res tringiu e inibiu o crescimento e a liberdade de tais associações que o estado era um obstáculo à existência de associações plurais autônomas e portanto devia ele próprio ser pluralizado a fim de corresponder mais de perto às neces sidades das associações livres em uma socie dade livre O pluralismo americano pelo con trário sustenta que a difusão de poder é um fato e presta pouca atenção à estrutura do estado Os principais pensadores pluralistas ingle ses foram o historiador do direito FW Mait land seu colaborador o ministro da igreja an glicana John Figgis e os intelectuais socialis tas GDH Cole e Harold J Laski Maitland e Figgis foram diretamente influenciados pelo teórico alemão do direito Otto von Gierke e sua teoria das associações 1900 Eles desafiaram a ficção teórica da personalidade jurídica e a concepção concessionista do direito legal de associações Tais concepções promanaram da opinião de que as últimas organizações legíti mas na sociedade são o estado representando a vontade do povo e os indivíduos como porta dores de direito A concessão de personalidade jurídica é dependente do estado e a classe assim formada é limitada em seu poder por seus ar tigos de associação Figgis em sua princi pal obra Churches in the Modern State 1913 sustentou vigorosamente que esse ponto de vis ta deve inibir o livre desenvolvimento dos in divíduos e a democracia interna das associa ções Afirmam que os indivíduos só podem esforçarse por concretizar algumas de suas mais importantes liberdades e desfrutar delas em associação com outros e que o ponto de vista concessionista inibiu a autonomia de as sociações com governo próprio como igrejas e sindicatos A noção de soberania do estado foi desafiada por todos os pluralistas Por soberania enten deram eles que uma determinada corporação política tipicamente uma legislatura reivindi cava para si mesma a plenitude do poder e o direito a exercer o controle e a promulgar leis para todas as pessoas agências e circunstâncias dentro de um território definido Soberania é um conceito defectivo visto que nenhuma cor poração pode realmente possuir tal plenitude de poder e que ao pretender reinvidicála a sua tendência era no sentido de atacar as fontes plurais de poder influência e administração em uma sociedade Laski 1921 resumiu bem essa oposição ao sustentar que nas sociedades mo dernas todo poder e toda organização são ne cessariamente e de facto federativos O estado deve pois conceder autonomia e independên cia às agências e associações mais apropriadas ao desempenho de determinada tarefa afir mou aquele autor que como as estradas de ferro são tão reais quanto o Lancashire deveria serlhes consentido que conduzissem seus pró prios negócios pelo menos da mesma forma que se permite ao condado cuidar dos dele Cole e Laski defenderam com veemência a participa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar pluralismo 577 ção dos trabalhadores na gestão de suas indús trias e a criação por estas em moldes federati vos de padrões de codeterminação e colabora ção mútua que fossem reputados necessários e apropriados Cole ligou explicitamente a plura lização da autoridade do estado à administração da indústria pela Guilda Socialista em Guild Socialism Restated 1920 Os pluralistas acreditavam na dispersão do poder do estado em domínios de autoridade distintos e funcionalmente autônomos Por cau sa disso opuseramse fortemente à legitimação democrática representativa do estado centrali zado à pretensão de que somente tal organiza ção poderia representar a vontade do povo sendo outras organizações parciais e egocên tricas Cole em especial desafiou veemente mente esse ponto de vista afirmando ser impos sível a representação das vontades reais de tão multiforme e diversa massa de cidadãos Os pluralistas negaram que a sociedade pudesse dar origem a uma vontade geral afirmando pelo contrário que os interesses dos cidadãos eram específicos e diversos Embora todos os pluralistas acreditassem que o poder do estado centralizado deveria ser disperso e que as as sociações deveriam gozar da maior medida de liberdade compatível com a liberdade de outros não concordavam sobre a natureza do poder público restante em tal sistema Cole em parti cular favoreceu claramente a substituição do sistema de democracia representativa por um sis tema de democracia funcional baseado nas guil das industriais Laski era favorável a uma com binação do sistema territorial representativo com o autogoverno funcional O pluralismo declinou depois de meados da década de 20 O colapso financeiro de 1929 desferiulhe o golpe de misericórdia quando os radicais advogaram mais uma vez de menos ação estatal central para revitalizar a economia Cole e Laski entre eles Está retornando à proeminência intelectual agora quando a cen tralização está perdendo apoio e a devolução de poder parece mais atraente nos países ociden tais Para uma excelente exposição sobre o plu ralismo inglês ver Nicholls 1975 Leitura sugerida Dahl RA 1956 1966 A Preface to Democratic Theory Hirst PQ org 1989 The Pluralist Theory of the States Selected Writings of GDH Cole JN Figgs and HJ Laski Hunter F 1953 Community Power Structure Kuper L e Smith MG orgs 1969 Pluralism in Africa Nicolls D 1975 The Pluralist State Polsby NW 1980 Com munity Power and Political Theory 2ªed Rose AM 1967 The Power Structure PAUL QUENTIN HIRST pobreza O uso deste conceito em vez de diminuir cresceu com o passar dos anos É um dos conceitos organizadores para declarações sobre a condição social quer se aplique a sociedades ricas ou pobres e neste final do século XX a coerência de significado em todas as sociedades tornouse uma questão científica crítica Os livros sobre a pobreza no Terceiro Mundo durante esse período foram mais críti cos e teoricamente mais radicais do que os escritos a respeito da pobreza no Primeiro Mun do As divergências de significado produziram ou refletiram divergências na metodologia nos modos de explicação e nas estratégias de me lhoramento O conceito tem atraído interesse intelectual e político durante muitos séculos ver Himmel farb 1984 Woolf 1987 na medida em que os governos e as classes dominantes acabaram ainda que relutantemente sentindose obriga dos a definir as necessidades dos pobres em relação à renda destes Assim na GrãBretanha e boa parte da Europa os responsáveis por pe quenas áreas como paróquias desenvolveram formas de auxílio a indigentes em asilos ou fora deles muito antes da Revolução Industrial mas as economias recémbaseadas na indústria ma nufatureira e no sistema de incentivo salarial criaram novos problemas de regulação dos montantes a serem recebidos pelo pobres tanto fora quanto dentro das instituições de assis tência social Os custos de manutenção das instituições e de seus internados tinham causa do preocupações aos grupos dominantes e na formulação de um novo programa para admi nistrar a pobreza a partir de 1834 na GrãBreta nha por exemplo o princípio de menos elegi bilidade desempenhou um papel crucial no pensamento dos políticos e dos responsáveis por investigações científicas Reportof the Poor Laws 1834 p228 Havia pressão para definir as necessidades mínimas dos internados institucionais e dos pobres fisicamente capazes fora de instituições e os primeiros trabalhos de nutricionistas na Alemanha Estados Unidos e GrãBretanha fo ram dedicados a tais questões Para a Alema nha ver por exemplo Leibfried 1982 Leib Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 578 pobreza fried e Tennstedt 1985 para os Estados Unidos Aronson 1984 Durante o século XX três concepções alter nativas de pobreza foram desenvolvidas como base para um trabalho internacional e compara tivo Elas dependem principalmente das idéias de subsistência necessidades básicas e priva ção relativa Na GrãBretanha o padrão de subsistência veio à luz em duas etapas pri meiro em conjunção com pesquisas levadas a efeito por empresários como Rowntree 1901 e 1918 e depois nos anos de guerra 193945 por meio de um relatório sobre segurança social redigido por Beveridge 1942 Como resultado de um trabalho incentivado por nutricionistas as famílias foram então definidas em situação de pobreza quando suas rendas não eram sufi cientes para a manutenção da mera eficiência física Rowntree 1901 p86 Uma família era tratada como pobre se a sua renda menos alu guel ficasse abaixo da linha de pobreza Embora se fizesse um abatimento na renda para ves tuário combustível e alguns outros itens esse abatimento era muito pequeno e a alimentação era responsável pela maior parcela da subsis tência A formulação de Rowtree AL Bowley e outros durante a década de 1890 e as primeiras décadas do século XX teve poderosa influência tanto sobre a prática científica quanto sobre as políticas nacionais e internacionais sendo exemplos disso as medidas estatísticas adotadas para descrever as condições sociais em cada país e mais tarde utilizadas por organismos internacionais como o Banco Mundial A inter pretação pessoal de Beveridge de subsistên cia foi mantida depois de 1945 como forma de justificar os baixos índices de assistência nacio nal e seguridade nacional então adotados A idéia de subsistência também foi livremente exportada para estadosmembros do antigo Im pério Britânico Pillay 1973 Maasdorp e Hum phreys 1975 Nos Estados Unidos subsis tência continua sendo a palavrachave das me didas governamentais em relação à pobreza US Departament of Health Education and Welfare 1976 O uso de subsistência para definir a pobreza tem sido maciçamente critica do Rein 1970 Townsend 1979 sobretudo com base no fato de as necessidades humanas serem interpretadas como sendo predominante mente necessidades físicas isto é de alimen to moradia e vestuário em vez de neces sidades sociais Uma segunda formulação a de neces sidades básicas foi adotada na década de 70 embora estritamente a idéia tivesse uma história mais extensa Drewnowski e Scott 1966 Considerouse que as necessidades bá sicas incluem dois elementos Em primeiro lugar incluem certas exigências míni mas de uma família no tocante ao consumo privado alimentação moradia e vestuário adequados assim como certo mobiliário e utensílios domésticos Em segundo lugar incluem serviços essenciais forneci dos pela e para a comunidade em geral como água potável saneamento transporte público e serviços de saúde educacionais e culturais Organização Inter nacional do Trabalho 1976 p245 ver também ibid 1977 Esse conceito tem desempenhado um papel proeminente em uma sucessão de planos nacio nais Ghai et al 1977 Ghai e Lisk 1979 e em relatórios internacionais Unesco 1978 Bran dt 1980 A expressão é claramente uma am pliação do conceito de subsistência A ênfase recai sobre os serviços mínimos requeridos por comunidades locais como um todo e não ape nas necessidades individuais e familiares para a sobrevivência e a eficiência físicas Entretanto os proponentes do conceito tiveram grande di ficuldade em produzir critérios aceitáveis para a escolha e definição dos itens incluídos Um dos atrativos do conceito de subsistência para alguns pensadores foi o seu âmbito limitado e portanto suas limitadas implicações para a re forma das estruturas sociais bem como sua mais fácil conciliação com a forte ênfase atri buída ao individualismo dentro do pluralismo liberal Um dos atrativos intelectuais do concei to de necessidades básicas por outro lado foi a sua ênfase no estabelecimento de pelo menos algumas das condições prévias para a sobrevi vência e a prosperidade das comunidades em todos os países Por tais razões alguns cientistas sociais vol taramse para uma terceira formulação social mais abrangente e rigorosa do significado de pobreza a de PRIVAÇÃO RELATIVA Townsend 1979 1985 e 1992 Chow 1982 Bokor 1984 Mack e Lansley 1984 Ferge e Miller 1987 Desai e Shah 1988 Luttgens e Perelman 1988 Listner 1991 As sociedades passam por mu danças tão rápidas que qualquer padrão criado em alguma data histórica no passado dificil Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar pobreza 579 mente se justifica em novas condições As pes soas estão sujeitas a novas leis e obrigações e consomem diferentes bens e serviços Portanto as rendas não podem ser ajustadas por um ín dice de preços A pobreza pode ser mais bem entendida como referente não apenas aos que são vítimas da má distribuição de recursos porém mais exatamente àqueles cujos recur sos não permitem em primeiro lugar satisfazer as refinadas exigências e normas sociais impos tas aos cidadãos dessa sociedade Esse é um critério que se presta a observações medições e análises científicas A motivação que impulsionou a apresenta ção da pobreza como privação relativa pode ria considerarse científica e internacional Há aspectos em que o conceito de subsistência minimiza a amplitude e a profundidade da ne cessidade humana tal como o conceito de ne cessidades básicas está basicamente restrito aos serviços de utilidade pública das comuni dades do Terceiro Mundo As pessoas sofrem uma privação relativa se não podem obter re gime alimentar confortos padrões e serviços que lhes permitam desempenhar os papéis participar das relações e ter o comportamento habitual que se espera delas como membros da sociedade As pessoas podem sofrer privações em qualquer ou em todas as principais esferas da vida no trabalho onde são ganhos os meios que determinam predominantemente as posições ocupadas em outras esferas no lar na família e na comunidade nas viagens em uma gama de atividades sociais e individuais fora do trabalho do lar ou da comunidade no desempe nho de uma variedade de papéis em cumpri mento de obrigações sociais Tal como em qualquer formulação há pro blemas na definição da pobreza em termos ope racionais Sob o enfoque da privação relativa concebese um limiar de renda de acordo com o tamanho e o tipo de família abaixo do qual a retirada ou exclusão da participação ativa na sociedade tornase desproporcionalmente acentuada Se esse limiar existe depende das provas científicas que podem ser reunidas em seu favor para uma apresentação da controvér sia ver Townsend 1979 cap6 Desai e Shah 1988 Desai 1986 Sen 1983 e 1985 e Townsend 1985 Uma detalhada e abrangente observação científica é necessária para demonstrar a extensão e a severidade da não participação entre as pessoas de baixa renda e que sofrem de escassez pois os indivíduos desempenham diferentes papéis durante suas vidas e podem ter complexos padrões de as sociação Estamos em uma etapa relativamente pre coce do reconhecimento das necessidades so ciais dos indivíduos e os efeitos sociais plenos da baixa renda ainda estão por ser sistematica mente descritos e cientificamente investigados mas essa não é uma etapa desconhecida na evolução da definição e da teoria científicas Ver também ESTADO DE BEMESTAR ESTATÍS TICA SOCIAL NECESSIDADES Leitura sugerida Atkinson A 1989 Poverty and So cial Security George V 1988 Wealth Poverty and Starvation Sen A 1981 Poverty and Famines An Essay in Entitlement and Deprivation Townsend P 1979 Poverty in the United Kingdom Ο 1992 The In ternational Analysis of Poverty PETER TOWNSEND poder Em seu significado mais genérico po der é a capacidade de produzir ou contribuir para resultados fazer com que ocorra algo que faz diferença para o mundo Na vida social podemos dizer que poder é a capacidade de fazer isso através de relações sociais é a capa cidade de produzir ou contribuir para resultados que afetem significativamente um outro ou ou tros Essas amplas definições gerais oferecem um quadro de referência para caracterizar algu mas das principais diferenças no modo como o poder tem sido visto em debates no século XX Focalizando o poder social podemos formular várias questões Em primeiro lugar quem ou o que possui poder Muitos viram o poder como uma capa cidade de agentes individuais ou coletivos embora haja quem o considere uma propriedade impessoal a capacidade dos sistemas sociais de realizar objetivos coletivamente vinculatórios Talcott Parsons ou de reduzir a complexidade Niklas Luhman ou dos mecanismos sociais de disciplinar indivíduos modelando seu dis curso seus desejos a bem dizer a sua própria subjetividade Michel Foucault Mas é des necessário falar de tais estruturas impessoais como tendo poder todas essas concepções estruturalistas são reformuláveis como enun ciados de várias condições que facilitam ou reduzem o poder de agentes para atuar seja como indivíduo seja coletivamente ver AÇÃO E MEDIAÇÃO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 580 poder Em segundo lugar que resultados contam como efeitos do poder Muitos concordam com Bertrand Russel e Max Weber que insistiram em que os resultados sejam intencionais Para Russell poder é a produção de efeitos preten didos 1938 p25 para Weber é a probabi lidade de que um ator em uma relação social esteja em posição de levar a efeito a sua von tade independentemente da base em que essa probabilidade assenta 19212 Mas a inten ção é suficiente Que dizer se à semelhança dos estóicos quero somente o que posso obter ou à semelhança de um conformista somente o que os outros querem ou à semelhança de um sicofante somente o que penso eu os outros querem que eu queira Sou poderoso em opo sição a você se os efeitos que posso intencio nalmente produzir são produzidos porque você me ameaçou ou induziu ou porque previ que você faria isso ou se posso apenas produzilos a um enorme custo digamos sacrificando a minha vida ou o que lhe dá valor ou se nada posso produzir além de efeitos triviais E as intenções são reais ou hipotéticas O poder não é também a capacidade de realizar o que pode ria mas realmente não quero E a intenção é necessária Todos os efeitos do poder devem ser intencionais Será que o poder pode não ser exercido de forma rotineira ou irrefletida como quando ao tomar decisões de investimento privo pessoas desconhecidas de trabalho ou o proporciono a elas Talvez mais exatamente os resultados do poder devam ser identificados como os que afetam os interesses dos poderosos e daqueles que o poder destes afeta Que os primeiros só são promovidos à custa dos segun dos é uma suposição injustificadamente res tritiva encontrada em grande parte da literatura existente sobre poder embora essa seja clara mente uma possibilidade apenas Em terceiro lugar que distingue as relações de poder De que maneiras podem os poderosos afetar significativamente outros para produzir ou contribuir para resultados Alguns ainda como Weber concentraramse nas relações de dominação no poder sobre um outro ou outros na garantia de submissão por meios que podem ir desde a VIOLÊNCIA e a força passando pela manipulação até a AUTORIDADE e a persua são racional embora seja discutível se esta última é uma forma de poder e dependa de você pensar ou não que ao me persuadir minha mente foi alterada por você ou pelas razões que me ofereceu Outros como Hannah Arendt vêem as relações de poder como essencial mente cooperativas definindo o poder como a capacidade humana de atuar em harmonia em contraste com a violência e a força e com a relação comandoobediência o poder nessa concepção pertence a um grupo e continua existindo somente enquanto o grupo se manti ver coeso 1970 p44 40 Outros tentam com binar ambos os aspectos em uma concepção mais abrangente sublinhando tanto a necessidade dos poderosos de atrair a cooperação e formar co alizões quanto a de evitar ou superar a oposição Em quarto lugar como é concebida a capa cidade em questão O poder identifica o que um agente pode fazer sob várias condições ou somente nas condições realmente existentes Na primeira hipótese são poderosos os que podem produzir os resultados apropriados em uma vasta gama de circunstâncias possíveis na segunda só se as circunstâncias vigentes lhes permitirem assim proceder por exemplo uma determinada configuração de preferências de voto habilita a pessoa a decidir o resultado A primeira alternativa identifica uma capacidade que pode ser desenvolvida em uma série de contextos ao passo que na segunda é identifi cado o que pode ser feito em um tempo e lugar específicos Uma concepção adicional comum entre sociólogos adeptos da estratificação in cluiria como parte do poder o acesso a ou a capacidade de controlar resultados desejados como recursos ou privilégios seja o que for que o agente faça Nessa concepção o poder pode ser visto como a capacidade de obter vantagens sem esforço Mas outros consideram que é preferível conceber isso mais como ques tão de sorte do que de poder Finalmente em quinto lugar como é pos sível identificar ou medir o poder Robert Dahl e seus seguidores analisaram o que prevalece em uma tomada de decisões quando há interes ses conflitantes Peter Bachrach e Morton Ba ratz recomendaram um enfoque adicional na composição da agenda 1970 e Steven Lukes apontou ainda que o poder pode envolver a formação de crenças e desejos os quais por seu turno podem não ser deliberados 1974 Al guns concentraramse na posse de recursos co mo um índice de poder outros na capacidade de criar uma diferença decisiva como um pi vô nas deliberações por voto outros na medi ção dos custos de oportunidade da tentativa de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar poder 581 assegurar submissão em contraste com os cus tos do fracasso dessa tentativa Simplesmente a resposta a essa última questão depende de como respondemos todas as outras Leitura sugerida Arendt Hannah 1970 On Violence Dahl RA 1961 Who governs Democracy and Po wer in an American City Lukes S 1974 Power a Radical View Morris P 1987 Power a Philosophi cal Analysis Weber Max 19212 1978 Economy and Society trad e org por G Roth e C Wittich esp cap10 STEVEN LUKES polícia Quer em referência à função de man ter o controle social na sociedade policiamen to ou à instituição estabelecida para executar essa função a polícia estamos lidando com uma questão complexa controversa e suma mente emocional Embora sejamos todos poli ciados de algum modo a sociedade requer para persistir um mínimo de organização e confor midade a questão de quem é policiado por quem de que maneiras e com que justificação ou justificações está no cerne dos debates acerca dos processos sociais e políticos ver ESTADO PODER SOCIEDADE O policiamento po de ser formal ou informal público ou privado aberto ou secreto local ou centralmente contro lado reativo ou proativo pacífico ou violento baseado na comunidade ou paramilitar por consentimento ou a despeito de oposição e re sistência Tradicionalmente o policiamento foi legitimado ver LEGITIMIDADE pela necessidade de controlar a criminalidade e prender o trans gressor da lei Entretanto muito trabalho poli cial não está relacionado com o crime e a polícia também desempenha um papel central na manutenção da ordem pública e no controle da dissidência política Histórica e transculturalmente existem va riações em termos de estruturas poderes e desempenho policiais Nas sociedades préin dustriais o controle da criminalidade tendia a ser executado por toda a comunidade sem uma força policial organizada Com a crescente di ferenciação ver INDUSTRIALIZAÇÃO funcioná rios específicos são nomeados para manter a ordem o que redunda na proliferação de forças especialistas Como acontece com qualquer grupo detentor de considerável poder há o pe rigo onipresente de corrupção violência e ra cismo e isso forma um importante foco de debates sobre o policiamento A tendência do policiamento é de gerar culturas reacionárias defensivas e centrífugas resistindo à crítica e à reforma Tipicamente a polícia é uma força armada uniformizada e masculina Não chega a surpreender que as teorias sobre a polícia estejam intimamente relacionadas com ideologias políticas mais amplas ver IDEO LOGIA Podemos distinguir três abordagens a uma visão conservadora focaliza a polícia como formada de combatentes contra o crime enfati zando e implicitamente apoiando o papel in tegrativo que ela desempenha na promoção da harmonia social b uma visão radical como o marxismo encara a polícia como uma agência repressora do estado funcionando necessaria mente nos interesses da classe dominante no controle da resistência da classe trabalhadora contra a exploração ou seja a polícia é vista como um inimigo a ser abolido c uma abor dagem orientada para um programa de ação política que surgiu mais recentemente aceita a necessidade do policiamento e examina vários estilos e métodos de policiamento de modo mais empírico utilizando critérios como efi ciência eficácia e aceitação pelo público Mor gan e Smith 1989 Dois desenvolvimentos em curso indicam possíveis fontes de mudança Em primeiro lu gar os valores masculinos predominantes na polícia enfatizando a rudeza a agressão o machismo a bebida o brio etc estão sendo agora desafiados por feministas que destacam que os interesses e as preocupações das mu lheres na polícia e em serem policiadas são vergonhosamente negligenciados Entretanto com mais mulheres alistandose na polícia per manece em aberto a questão de se a imagem do policial tradicional estará prestes a mudar fundamentalmente Chassyne 1989 p20 ou se as mulheres simplesmente se integrarão à cultura machista dos tiras que se encontra arraigada no mundo todo Em segundo lugar recentes mudanças radicais na organização so cial e política na Europa Oriental podem muito bem ter aberto o caminho para um estilo mais democrático e responsável de policiamento em países até aqui dominados pela repressão Isso pode desafiar pressupostos convencionais so bre a relativa abertura do policiamento no Oci dente e acrescentar um novo e interessante ru mo aos debates sobre poderes responsabilidade e aceitabilidade Ver também CRIME E TRANSGRESSÃO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 582 polícia Leitura sugerida Benyon J e Burne C orgs 1986 The Police Powers Procedures and Proprieties Du nhill C org 1989 The Boys in Blue Womens Chal lenge to the Police Hanmer J Radford J e Stanko EA orgs 1989 Women Policing and Male Violence International Perspectives Morgan R e Smith DJ orgs 1989 Coming to Terms with Policing Reiner R 1985 The Politics of the Police Roach J e Thoma neck J orgs 1985 Police and Public Order in Europe CHARLES R M WILSON política Ver CIÊNCIA POLÍTICA CULTURA POLÍ TICA ECONOMIA POLÍTICA SOCIOLOGIA POLÍTICA TEORIA POLÍTICA política participação Ver PARTICIPAÇÃO PO LÍTICA PARTIDO POLÍTICO política científica No plano da formulação de programas de ação política a política cien tífica é usualmente definida como o conjunto de medidas projetadas para influenciar a aloca ção de recursos destinados às atividades de natureza científica e técnica a comprovação da eficácia de tais alocações e suas conseqüências sociais No que diz respeito à pesquisa acadê mica pode ser definida como o estudo dessas atividades apoiado na história na ciência eco nômica na sociologia e na filosofia da ciência assim como na observação e análise contempo rânea do processo de formulação de políticas Não há coerência de uso no tocante à tecnolo gia Alguns autores e alguns governos limitam a expressão política científica exclusiva mente à ciência stricto sensu Outros usamna englobando toda a política pública nos campos da ciência e da tecnologia É nesse último sen tido que a expressão é aqui usada Tentativas frustradas foram feitas em várias épocas para introduzir outras designações como ciência da ciência Goldsmith e Mackay 1964 mas em geral elas caíram em desuso A maioria dos envolvidos quer na análise teórica quer na formulação prática de planos de ação não se sente à vontade com expressões que possam veicular uma impressão demasiado forte de certeza e coerência em uma área de tanta incer teza e controvérsia O surgimento da política científica como área distingüível e significativa da formulação de programas e de interesse acadêmico relacio nouse intimamente com a profissionalização e o crescimento de várias atividades científicas e técnicas especialmente a pesquisa e desenvol vimento P D Já nos séculos XVII e XVIII havia é claro organizações como a Royal So ciety academias de ciência e outras sociedades e revistas científicas florescentes Price 1963 Algumas delas eram reconhecidas como de im portância nacional e havia formas embrionárias de patrocínio e de assistência governamental mesmo antes do século XVII A promoção de invenções através da legislação sobre patentes e as tentativas de limitação da transferência de knowhow técnico também remontam a muitos séculos Mas foi na parte final do século XIX que a profissionalização das atividades de P D e seu rápido crescimento levaram à pressão por um processo mais consistente e metódico de formulação de políticas nos principais países industriais sobretudo na Alemanha e na Grã Bretanha Poole e Andrews 1972 documenta ram esse crescimento do envolvimento gover namental no período de 1875 a 1939 de um modo particularmente esclarecedor usando material original colhido em fontes seleciona das De especial interesse é o 8º Relatório da Royal Commission on Scientific Instruction and Advancement of Science que em 1875 recomendou o estabelecimento de um Minis tério da Ciência e fez várias outras propostas que tiveram de esperar entre 30 e 90 anos antes de sua implementação Entretanto o envolvimento governamental com a ciência continou aumentando antes du rante e depois da Primeira Guerra Mundial instigado pela concorrência industrial e pela rivalidade militar O estabelecimento de labo ratórios de P D privados primeiro na indús tria química alemã na década de 1870 mas depois disso em muitas outras empresas indus triais intensificou a competição tecnológica e acelerou o crescimento do profissionalismo em uma vasta gama de atividades científicas e téc nicas Ao mesmo tempo os departamentos de ciências das universidades e as escolas técnicas tornaramse objetos de crescente interesse in dustrial e governamental em função de seu duplo papel como promotores de pesquisas e fonte de técnicos e profissionais científicos pre parados Esse novo complexo em rápido crescimen to de atividades científicas governamentais industriais e universitárias é que foi o tema do livro pioneiro de JD Bernal Social Function of Science 1939 Sem dúvida foi esse o mais influente livro sobre política científica na pri meira metade do século XX O livro está divi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar política científica 583 dido em duas partes que combinaram os interes ses científicos do autor e o seu compromisso como marxista com a ação política O que a ciência faz e O que a ciência poderia fazer Na primeira parte Bernal realizou uma tentati va de medição da escala de todas as atividades de P D na GrãBretanha nessa época So mente na década de 50 é que os governos es tabeleceram as primeiras medidas oficiais de P D as quais se tornaram desde então uma característica regular das estatísticas sociais e um importante instrumento de análise em gran de parte da pesquisa sobre política científica Na segunda parte o autor propôs um aumento maciço na escala de P D e atividades cientí ficas afins e um redirecionamento dos recursos transferindoos da área militar para objetivos de bemestar e humanísticos As suas propos tas para aumentar a escala de P D em pelo menos uma ordem de grandeza embora na época parecessem ambiciosas e inviáveis fo ram de fato implementadas na maioria dos países industriais depois da Segunda Guerra Mundial As suas propostas fundamentais para a reorientação e reorganização das atividades científicas ainda aguardam implementação e continuam sendo tema de profunda controvér sia indo das metas de P D industrial em grandes empresas até o planejamento da ciência e os perigos da tecnocracia passando pela res ponsabilidade social dos cientistas As idéias de Bernal foram fortemente criti cadas ver por exemplo Baker 1942 por causa da sua defesa do planejamento e sua admiração incondicional pela política soviética para a ciência Entretanto a sua insistência na neces sidade de o governo desempenhar um impor tante papel na política científica e sua visão um tanto utópica da enorme contribuição potencial da ciência para derrotar a pobreza e o subdesen volvimento permaneceram como influência du radoura na pesquisa sobre política científica As pavorosas realizações da pesquisa científica du rante a Segunda Guerra Mundial marcaram o reconhecimento universal de que a ciência era agora uma das mais poderosas influências na sociedade de modo geral e levaram à aceitação de um papel altamente ampliado da política científica papel esse que teria sido muito difícil de conseguir no clima de idéias predominante na maioria dos países antes da guerra Conselhos e comissões de assessoria e con sultoria proliferaram nas décadas de 50 e 60 e não tardou muito para que ministérios da Ciên cia de Educação e Ciência ou de Ciência e Tecnologia passassem a ser uma característica bastante normal dos governos Organizações internacionais como a Unesco e mais ainda a Organização para a Cooperação e Desenvolvi mento Econômico OCDE desempenharam um papel muito importante na padronização das estatísticas OCDE 1963a no estímulo à pes quisa sobre programas de ação política visando o progresso científico e no intercâmbio de ex periências em reuniões governamentais ver por exemplo OCDE 1963b Também organi zaram um reexame periódico da política cientí fica de vários paísesmembros conduzido por especialistas de fora formuladores de políti cas governamentais e investigadores acadêmi cos conferindo assim a essa política parte da atenção normalmente dedicada às políticas eco nômica social e externa dos governos O recrudescimento da pesquisa sobre políti ca científica acompanhou e interagiu com esse rápido crescimento da P D e das instituições dedicadas à política para essa área Esse esforço foi e é realizado por scholars de várias discipli nas por exemplo Merton 1973 Nelson 1987 Price 1963 e cada vez mais por grupos de pesquisa multidisciplinar em universidades e outras instituições ver por exemplo Spiegel Rösing e Price 1977 Enquanto que boa parte do impulso inicial proveio de físicos como JD Bernal ou biólogos como Julian Huxley os cientistas sociais têm se envolvido cada vez mais freqüentemente em grupos de pesquisa multidisciplinar como a Science Policy Re search Unit estabelecida na Universidade de Sussex em 1965 ou em instituições similares em Manchester Lund Heidelberg Karlsruhe no MIT em Limburg Tóquio e outros centros Entre as muitas correntes de pesquisa que floresceram nas décadas de 70 e 80 registram se as crescentes tentativas de usar os chamados indicadores de output de ciência e tecnologia incluindo indicadores bibliométricos de publi cação e citação estatísticas de patentes e ci tações de patentes medidas de inovação e difu são Obviamente tais indicadores são suscetí veis de muitos abusos e interpretações equivo cadas ao mesmo tempo em que fornecem pistas valiosas para ajudar na formulação de políticas Portanto uma grande soma de pesquisa é dedi cada à avaliação crítica e ao desenvolvimento desses indicadores ver por exemplo Research Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 584 política científica Policy 1987 Com o seu amadurecimento a pesquisa sobre política científica também co meçou a ter maior influência recíproca sobre outras disciplinas como por exemplo na refor mulação da teoria econômica através dos fa tores econômicos da mudança técnica Dosi e outros 1988 Ver também PLANEJAMENTO SOCIAL REVOLU ÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA Leitura sugerida Annerstedt J e Jamieson A 1988 From Research Policy to Social Intelligence Essays for Stevan Dedijer Bernal JD 1939 The Social Func tion of Science Dickson D 1984 The New Politics of Science Freeman C 1987 Technology Policy and Economic Performance Lessons from Japan Krauch H 1970 Prioritäten für die Forschungspolitik La koff SA 1966 Knowledge and Power Essays on Science and Government Mowery DC e Rosenberg N 1989 Technology and the Pursuit of Economic Growth Nelson RH 1987 Understanding Technical Change as an Evolutionary Process Poole JB e Andrews K 1972 The Government of Science in Bri tain Ravetz J 1971 Scientific Knowledge and its Social Problems SpiegelRösing I e Price D de Solla 1977 Science Technology and Society a Cross Disciplinary Perspective CHRISTOPHER FREEMAN política e terrorismo Cumpre distinguir dois tipos principais de comportamento terrorista Em primeiro lugar o terrorismo pode ser uma método de ação que um agente usa para realizar objetivos precisos Nesse caso a violência é pragmática mais ou menos sob controle do agente que pode se as circunstâncias muda rem abandonar esse método e recorrer a outras estratégias não necessariamente violentas O terrorismo como método de ação é um fenôme no especificamente político situado no interior de uma fronteira que pode circunscrever um país ou delimitar um espaço internacional geo político Pode ser obra de grupos ou movimen tos mas também de governos Em segundo lugar o terrorismo pode ser uma lógica de ação não mais o último ou conjuntural meio de ação de um agente político mas uma combinação política e ideológica de pensamento e ação um fenômeno no qual a classe dos letrados tem um papel concreto na organização de ações terroristas Nesse caso a violência inverte os meios e os fins e o agente parece ser colhido em uma reação em cadeia que é interminável a menos que seja detido por repressão prisão ou morte Esse agente nasceu em um espaço politicamente limitado mas o abandona depois de um processo de inversão Wieviorka 1988 p95118 envolvendo a sua ideologia e o seu relacionamento com aqueles de quem pretende ser parte As ideologias ter roristas não prolongam diretamente uma ideo logia anterior alteramna consideravelmente como pode ser visto nos numerosos grupos em todo o mundo que desde a década de 60 preten dem ser marxistasleninistas mas romperam com o pensamento de Lenin ou mesmo com as do comunismo clássico A comunidade a que tais terroristas se referem é um paraíso artificial a própria referência é um sonho como se pode observar em certos casos de terrorismo nacio nalista que perdeu todas as raízes e todo público significativo na comunidade de re ferência Isso também é válido a respeito de um terrorismo de extrema esquerda que usualmente deixou a classe trabalhadora se é que essa classe em defesa da qual as ações são executa das realmente existe indiferente quando não hostil De acordo com uma tese corrente inspirada no funcionalismo o terrorismo surge quando existe uma crise sobretudo uma crise política Numerosos autores propuseramse explicar o surgimento de um processo terrorista pela crise de um estado esfacelado citando o Líbano corrupto citando a Itália ou excessivamente repressivo citando a Alemanha Ocidental Outros formularam argumentos baseados na observação de que o sistema político está blo queado como aconteceu na Itália durante a década de 70 em virtude do compromisso histórico entre os Partidos Democrata Cristão e Comunista Essas explicações devem ser consideradas mais seriamente do que aquelas que sem provas evidentes consideram o ter rorismo o resultado de manipulações condu zidas por potências distantes Têm a vantagem de explicar as condições propícias ao surgimen to de lógicas terroristas de ação mas deixam de lado um importante aspecto qual seja o traba lho de intenção gestora que os agentes políticos ou intelectuais desempenham com referência a uma realidade social ou comunitária que é de fato indefinível O terrorismo afeta o sistema político e seus efeitos são ainda mais espetaculares sempre que ataca uma democracia Seja interno ou interna cional o terrorismo altera o equilíbrio dentro de cada um dos três ramos executivo legislativo e judiciário de governo e também causa tensão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar política e terrorismo 585 entre eles Em especial torna mais difícil para cada um dos poderes manter a autonomia A menos que ocorra uma crise geral do estado a principal conseqüência do terrorismo é reforçar o poder do executivo à custa principalmente do judiciário que pode ser forçado a assumir uma posição muito subordinada Por essa razão o terrorismo é um desafio para as democracias Dror 1983 Como pode um governo reagir Essa ques tão quase não foi explorada ainda pela ciência social ou pela ciência política Fazer cumprir a lei é o meio essencial para lidar com ameaças internas da extrema esquerda da extrema direi ta ou de grupos separatistas Apóiase em nu merosos métodos de comprovada eficiência alguns dos quais são universais infiltração po licial e fichário de suspeitos enquanto outros podem não ser aceitos em certas culturas polí ticas Por exemplo o que na Alemanha Ociden tal se considera uma ação cívica a participação da população em descobrir e denunciar sus peitos é tido na França como coisa de alca güete ou dedoduro Medidas econômicas sociais e políticas também podem ser úteis para privar os terroristas de uma base popular ou das possibilidades de manipulação das condições que geram a VIOLÊNCIA Em resposta ao terrorismo internacional os governos têm se mostrado espontaneamente propensos desde longa data a assumir uma posição aparentemente firme aos olhos da opi nião pública internacional mas tíbia nos bas tidores Em anos recentes desenvolveuse con siderável esforço no sentido de reforçar a co operação internacional e alguns países sobre tudo Estados Unidos e GrãBretanha têm pres sionado seriamente os governos acusados de encorajar e até mesmo praticar o terrorismo O terrorismo desencadeiase esporadica mente e o próprio evento pode precipitar uma crise geral em um país Se isso ocorre uma variedade de atores autoridades políticas funcionários da justiça e polícia mas também partidos políticos opinião pública e mídia é afetada Suas complexas interações são deter minadas sobretudo pela capacidade do gover no de controlar a situação Quanto menos o governo consegue fazer mais a mídia amplia o evento mais autônoma a polícia se torna mais rígida e tomada de pânico se mostra a opinião pública e cada vez menos compatíveis são as exigências formuladas pelas forças políticas Wieviorka e Wolton 1987 Todos esses problemas definem um consi derável campo de pesquisa nas ciências sociais Entretanto poucos investigadores têm se debru çado sobre esse tema e a maioria das pesquisas tem sido de caráter jornalístico com base prin cipalmente na informação policial ou nos depoi mentos de antigos terroristas e líderes políticos Leitura sugerida Crenshaw M org 1983 Terrorism Legitimacy and Power Della Porta D e Pasquino G 1983 Terrorismo e violenza politica Fetscher I e Rohrmoser G 1981 Ideologien und Strategien Ana lysen zum Terrorismus vol1 Hacker F 1976 Crusa ders Criminals Crazies Terror and Terrorism in our Time Laqueur W 1977 Terrorism OSullivan N org 1986 Terrorism Ideology and Revolution Wie viorka M 1988 Sociétés et terrorisme Wieviorka M e Wolton D 1987 Terrorisme à la une MICHEL WIEVIORKA política social Não existe uma definição universalmente aceita de política social As des crições baseadas na prática e no âmbito his toricamente variáveis das políticas sociais po dem completarse e complementarse mutua mente As explicações com pensamento ideo lógico podem oferecer enunciados conflitantes As próprias abordagens podem ser agrupadas de diferentes modos Abordagens pragmáticas A política social pode ser concebida como um campo de ação que consiste em instituições e atividades que afetam positivamente o bem estar dos indivíduos O âmbito da ação é usual mente limitado a serviços de bemestar publi camente fornecidos isto é à intervenção do estado no domínio da distribuição ou redis tribuição De acordo com TH Marshall por exemplo a política social é a política de go vernos relativa à ação que tem um impacto direto no bemestar dos cidadãos ao dotálos de serviços ou renda Marshall 1967 p6 Inclui em geral o fornecimento pelo estado de segu ridade social moradia saúde serviços sociais pessoais e educação Walker 1984 p15 A esses setores considerados o âmago da política social alguns outros acrescentam os serviços de emprego e outros ainda o tratamento do crime Equiparar a política social com a divisão admi nistrativa formal dos serviços do estado é a tradição predominante na administração social Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 586 política social britânica freqüentemente qualificada como a definição de compêndio de política social A abordagem descritiva pode ser útil na análise do funcionamento de uma lógica admi nistrativa e pode promover a análise em profun didade de várias instituições Entretanto é pos sível criticála em muitos terrenos como subli nharam Titmuss 1958 e Townsend 1975 Assim é modelada pela tradição e portanto insensível a novos desenvolvimentos como por exemplo a crescente importância de servi ços jurídicos gratuitos Não revela o seu pró prio fundamento lógico subjacente Não expli ca por exemplo por que deixa de fora a inter venção indireta do estado na distribuição de recursos por meio da política fiscal ou por que se concentra no bemestar individual deixando de fora todas as atividades centrais ou locais no estado que afetam a qualidade de vida das co munidades como todos os serviços comunitá rios desde a construção de estradas até o forne cimento de água ou mais recentemente a polí tica ambiental Não esclarece por que ignora todos os esforços nãoestatais para influir no bemestar dos cidadãos ou de suas comuni dades desde o bemestar ocupacional até as atividades de agências voluntárias A abordagem funcionalista Os proponentes desta abordagem concen tramse nos problemas que em qualquer mo mento dado têm perturbado a reprodução regu lar de sistemas sociais sobretudo depois do advento do capitalismo Segundo George e Wil ding 1976 p7 mudanças no sistema indus trial perturbam o equilíbrio existente entre as várias partes do sistema social e econômico daí resultando que medidas de política social se tornam necessárias para restabelecer a estabili dade e o equilíbrio O defeito nessa abordagem é a suposição subjacente de que o estado normal de coisas é o equilíbrio social e que a ins tabilidade e os desequilíbrios são sinais de de sorganização e desvio sociais ibid É útil no entanto na medida em que vê a política social como um elemento sistêmico que opera no contexto da reprodução social e econômica e em que prova que todas as sociedades tiveram problemas sociais e por conseguinte pos suíram todas alguma espécie de política social Além disso a ênfase na mudança favorece a análise da política social em perspectiva his tórica identificando as variações na natureza dos problemas sociais e nas respostas que lhes foram dadas Podem ser assim identificadas as diferentes etapas da evolução da política social Períodos históricos A política social das sociedades précapita listas não tem sido sistematicamente estudada mas existem muitas análises úteis das diferentes instituições de assistência social como a Igreja Católica ver Troeltsch 1912 ou instituições feudais ver Bloch 1940 ou de tratamento da pobreza em geral Mollat 1978 Um quadro de referência teórico para uma possível tipologia é oferecida pelos padrões de integração de Karl Polányi 1944 os quais nos ajudam a com preender o acesso à satisfação de necessidades em sociedades primitivas em função de recipro cidade ou redistribuição ou produção para o próprio uso de cada um Há mais concordância sobre as etapas de desenvolvimento depois do advento da socie dade de mercado De um modo geral concor dase em que o estado passou a intervir depois da desintegração das redes feudais e locais e que a sua intervenção serviu simultaneamente a fins de policiamento e de ajuda dissuasão e terapia Pinker 1971 Nesse primeiro perío do a ação estatal concentrouse unicamente nos pobres e se manteve fragmentária marginal e com muita freqüência desumana Essa política da POBREZA foi de modo geral predominante até meados do século XIX A rápida industrialização acarretou o surgi mento da classe trabalhadora e seus movimen tos políticos e sociais pressionaram o estado para que agisse contra novas formas de miséria e infelicidade e novas incertezas Além disso o funcionamento aceitável do novo sistema tor nou necessário pelo menos algum nível de saúde pública educação pública moradia pú blica etc A mais importante instituição de bem estar criada nesse período foi com toda probabilidade o seguro social ou seguridade social Os dispositivos de política social propa garamse consideravelmente dando cobertura na maioria dos países europeus a uma percen tagem entre um terço e metade de toda a popu lação A Segunda Guerra Mundial criou uma Eu ropa dividida O ESTADO DE BEMESTAR desenvol veuse nas economias de mercado ocidentais graças ao efeito de certo número de fatores A guerra forjou novas solidariedades O desafio Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar política social 587 do bloco socialista no Leste deflagrou a com petição no campo do bemestar Os partidos socialistas ou trabalhistas aumentaram sua in fluência na política por vezes como maioria parlamentar E da maior importância as eco nomias passaram por um período de crescimen to econômico sem precedente durante os glo riosos 30 anos entre o fim da guerra e o pri meiro choque do petróleo O estado de bemes tar transformou muitos dos anteriores disposi tivos assistenciais de natureza seletiva ou cor porativa em serviços universais Sistemas de saúde pública e redes de educação pública subs tituíram amplamente as soluções de mercado ou de comprovação de carência de meios de sus tento As sociedades aceitaram em grande esca la o direito à existência ou seja o direito viável a um mínimo social Em meados da década de 70 os países do Ocidente indus trializados gastaram de 15 a 30 de seu Produto Interno Bruto em bemestar social estatal OCDE 1988 A partir da crise do petróleo registrouse uma diferenciação entre os países ocidentais Em alguns deles a crise de legitimi dade do bemestar tornouse aguda e o neolibe ralismo se converteu na ideologia dominante Em outros as novas ideologias ainda não acar retaram qualquer mudança significativa Em apenas alguns deles a idéia de uma sociedade do bemestar desenvolveuse caracterizada por uma combinação de descentralização par ticipação pluralismo de bemestar Johnson 1987 e compromisso do estado com as medi das de bemestar Wiman 1987 Nos países socialistas da Europa Oriental a política social foi largamente inserida no fun cionamento da economia por meio do pleno emprego formal dos preços subsidiados etc Os dispositivos sociais também foram aí conside ravelmente expandidos se bem que na maioria dos países com a defasagem que sempre existiu entre as promessas ideológicas e a realidade Com o colapso do socialismo ficou evidente que as práticas totalitárias retiraram ao sistema toda a legitimidade e praticamente anularam todas as suas realizações Novas soluções têm de ser agora encontradas Um importante ele mento das mudanças esperadas é a emancipa ção das políticas econômica e social do domínio da política e a criação de uma esfera autônoma de política social a par de um mercado autôno mo Construções ideológicas e teóricas Existem profundas divisões na percepção do papel da política social que são formadas por valores e ideologias conflitantes George e Wil ding 1976 distinguem os anticoletivistas que rejeitam toda a interferência no mercado em nome da liberdade e da eficiência os coleti vistas relutantes que se apercebem da im possibilidade de um mercado autoregulador e aceitam alguma intervenção estatal na redução das principais injustiças e ineficiências os so cialistas fabianos que estão comprometidos com os três valores socialistas centrais igual dade liberdade e solidariedade e atribuem um papel positivo ao estado na otimização de sua ação recíproca de um modo democrático e gradual e alguns marxistas que participam dos valores socialistas mas rejeitam a possibilidade de uma reforma pacífica da sociedade De outra perspectiva há a distinção feita por Wilensky e Lebeaux entre duas concepções do bemestar social a residual e a institucional A primeira sustenta que as instituições de bem estar social só deveriam intervir ante a falência das estruturas normais de oferta A segunda em contraste considera os serviços de bemestar funções normais de primeira linha da moder na sociedade industrial 1965 p138 Um dos importantes debates interessase pe la relação entre a política social e a economia A política social pode ser diferenciada da eco nomia ou estar mais ou menos integrada com ela Mishra 1981 Em outro enfoque o inte resse econômico pode dominar o interesse so cial ou pode adquirir de forma geral uma posição de igualdade se houver suficiente apoio social para limitar a extensão do mercado ou os interesses no lucro O predomínio do interesse social sobre a economia tem se mantido até hoje apenas como possibilidade teórica pressupon do a substituição da racionalidade econômica formal por uma economia guiada pelos mais elevados valores humanos ou economia subs tantiva preocupada essencialmente com a sa tisfação de necessidades Polányi 1944 Four nier e Questiaux 1979 Abordagens estruturais As abordagens pragmática e funcionalista não têm considerado em grande parte os pro cessos sociais que deflagram as mudanças na política social As tensões e os conflitos sociais sempre desempenharam importante papel nos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 588 política social processos de definição das necessidades a se rem cobertas por procedimentos alheios ao mercado e em especial na enfatização da im portância de que se reserva à redução das desi gualdades sociais Em conseqüência dessas lu tas a caridade foi transformada em direitos A existência de direitos civis e políticos ajudou a formular os direitos sociais os direitos a ren das habitação saúde e cultura decentes Mars hall 1965 Os direitos sociais relacionamse com as necessidades dos consumidores e po dem ser satisfeitos pela intervenção na esfera da distribuição Os direitos econômicos expres sam as necessidades dos produtores não só de um trabalho socialmente aceitável mas tam bém de participar na vida econômica no nível da firma a chamada democracia industrial ou no nível macro democracia econômica Mas essa extensão do campo de elementos nãomer cadológicos na política social de reprodução social e econômica é convertida em política societal ou estrutural Ferge 1979 Todas essas lutas podem ser vistas como tendo por objetivo a descomodificação decommodification das necessidades EspingAnderson 1985 A política social descrita em termos estrutu rais significa que As políticas sociais são as que determinam a distribuição de recursos sta tus e poder entre diferentes grupos Walker 1984 p39 A natureza dual e contraditória da política social também se torna evidente se forem levadas em conta as forças estruturais a política social é não só um dos meios da ordem social vigente É também o locus onde tensões e injustiças relacionadas com essa ordem são reveladas da maneira mais evidente Jobert 1981 Ver também PLANEJAMENTO SOCIAL Leitura sugerida Beveridge WH 1942 Social Insu rance and Allied Services Cmnd 6404 Evers A e Wintersberger H 1988 Shifts in the Welfare Mix George V e Wilding P 1984 The Impact of Social Policy Greffe X 1975 La politique du social Klein R e OHiggins M 1985 The Future of Wel fare Miller SM e Riessman F 1968 Social Class and Social Policy Piven FF e Cloward RA 1971 Regulating the Poor Rein M 1979 Social Policy Rimlinger GV 1971 Welfare Policy and Industria lization in Europe America and Russia Titmuss RM 1968 Commitment to Welfare ZSUZSA FERGE população A transformação da questão dos números humanos de um elemento exógeno para um endógeno nos sistemas de pensamento social caracteriza a maioria dos novos insights relacionados com a população neste século As influências sociais na população e as influên cias demográficas na sociedade ver também DEMOGRAFIA repartemse entre três subcate gorias gerais concentradas em nascimentos mortes e MIGRAÇÃO Influências sociais sobre a população As forças sociais que formam as taxas de mortalidade constituem a mais antiga dimensão do pensamento social sobre determinantes po pulacionais datando da obra de John Graunt 1662 há mais de três séculos No século XX essa herança teórica foi ampliada e aplicada a uma gama cada vez mais ampla de tendências e diferenciais específicos de mortalidade A teoria da transição epidemiológica Omran 1971 ilustra essa integração da mortalidade em uma perspectiva teórica social Prossegue tam bém a busca de um entendimento mais claro das raízes sociais dos diferenciais de mortalidade entre sexos raças grupos profissionais denominações religiosas residentes urbanos e rurais regiões geográficas dentro de nações e diferentes nações do mundo O século XX mudou fundamentalmente o lugar da migração humana no pensamento so cial não tanto a partir de novos insights ou debates teóricos quanto de mudanças no pró prio fenômeno demográfico O início do século XX separa mais ou menos as eras de migração livre e controlada Fronteiras fechadas con troladas por uma multiplicidade de estados nações reduzem o volume de migração e mu dam o seu caráter para um pingapinga de dois extremos refugiados e mãodeobra qualifica da Essa mudança reforça a direção caracterís tica do pensamento social no século XX no que diz respeito à população enfatizando o controle da sociedade sobre os fluxos migratórios O entendimento socialmente baseado da re produção é sem dúvida a maior mudança e contribuição para as teorias da população no século XX Para Thomas Malthus 1798 assim como para Johann Süssmilch 176162 antes dele e para Karl Marx 1867 depois a fertili dade humana era um fato da natureza As conse qüências de um contínuo caudal de bebês po diam ser louvadas ou lamentadas mas o caudal em si fluía de um inconteste manancial situado em algum ponto para além do domínio das Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar população 589 interações sociais Kingsley Davis e Judith Blake 1956 forneceram a mais sucinta revisão dessa deficiência no pensamento social feita no século XX As altas taxas de natalidade assim como as baixas devem ser agora explicadas como resultados sociais como produtos de di ferentes constelações de forças sociais Influências demográficas sobre a sociedade As conseqüências das baixas taxas de mor talidade sobretudo as taxas de mortalidade in fantil figuram de maneira proeminente no pen samento social do século XX Philippe Ariès 1960 1962 atribuiu assim um papel crucial ao declínio da mortalidade na transformação da instituição da família O declínio da mortali dade em conjunto com a fertilidade inalterada gera um rápido crescimento populacional e uma estrutura etária mais jovem Esses dois resulta dos assumem lugar de destaque nas teorias da modernização da mudança social e da estabili dade das sociedades A migração e os migrantes figuram no pen samento social do século XX em duas interpre tações muito diferentes Robert Park 1928 considerou a posição social marginal dos mi grantes como uma fonte de inovações poten ciais de transformação e progresso nas socie dades Outros scholars levam mais adiante essa visão basicamente positiva dos migrantes como catalisadores de transformação societal Por ou tro lado Oscar Handlin 1951 e outros apre sentam um quadro de migrantes e migração como fontes de desorganização social desvio anomia crime e doença mental Ambas as tra dições sublinham o papel marginal dos mi grantes mas traçam conclusões diferentes so bre o impacto dessa marginalidade sobre a so ciedade como um todo e sobre os próprios migrantes Para grande parte do mundo o crescimento populacional devido às taxas de natalidade con tinuamente elevadas e às taxas declinantes de mortalidade cria um sério problema social As teorias sociais enfatizam geralmente os resulta dos positivos esperados de taxas de natalidade mais baixas menor consumo por jovens depen dentes menos dependentes por adulto produti vo menos restrição às atividades das mulheres e crescimento populacional mais lento Para além dessa perspectiva predominante contudo outro debate teórico de longa data diz respeito às conseqüências para a sociedade do enve lhecimento demográfico devido a baixas taxas de natalidade Alguns estudiosos temem uma possível ausência de flexibilidade seja em ter mos de idéias de mobilidade de mãodeobra ou outros em sociedades em processo de enve lhecimento ver também SENECTUDE e consi deram as baixas taxas de natalidade e o enve lhecimento da população problemas sociais que necessitam de remédios A população como ameaça ou patrimônio Em todas as suas manifestações a popula ção continua figurando no pensamento social em duas interpretações contrastantes Um pon to de vista sustenta com Jean Bodin que só nos homens existe riqueza e força e defende o crescimento populacional como um meio para vários fins que se congregam sob a designação geral de progresso O outro ponto de vista sus tenta com Malthus que o crescimento popula cional constitui um obstáculo ao progresso pro vocando dificuldades que devem necessaria mente ser sentidas com severidade por vasta parcela da humanidade Ambas as abordagens tratam a população seu tamanho dispersão ou concentração estrutura etária etc não como um fim em si mas um parâmetro a ser manipu lado com vistas a outras metas Em certa medi da essas duas concepções de população tam bém refletem a distinção clássica do filósofo francês Auguste Comte entre estática social e dinâmica social A opinião de que o progresso é mais bem servido restringindose a população ganhou po pularidade em todo o mundo durante o século XX Esse elemento restritivo no pensamento social referese principalmente aos aspectos di nâmicos da população ao sustentar que taxas elevadas de crescimento populacional geram numerosos problemas O outro ponto de vista sublinha as vantagens de uma população numerosa como maior divi são de trabalho mercados econômicos mais vastos ou até maior potencial humano para fins militares Essa visão estática da população não está usualmente interessada nos papéis que cul minam em grandes agregações de pessoas mas o crescimento populacional também foi pos tulado por alguns teóricos do século XX como um motor de transformação social Boserup 1965 Clark 1968 O equilíbrio entre essas duas orientações em face da população depende da posição de cada Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 590 população um na sociedade e da estrutura dessa sociedade Os governantes absolutos e as elites dominan tes isolados de suas populações súditas res saltam mais freqüentemente os aspectos positi vos dos grandes contingentes populacionais e ignoram os custos sociais do rápido crescimen to populacional Na medida em que tais elites isoladas são substituídas por estruturas sociais mais abertas pluralistas ou democráticas o pensamento social passa a dar maior atenção aos custos do crescimento populacional e me nor apoio à maximização das quantidades de pessoas Esse deslocamento do equilíbrio for nece uma chave para a compreensão de boa parte da retórica cambiante a respeito de popu lação no século XX Leitura sugerida Ariès P 1960 Histoire sociale de lenfant et de la famille Boserup Ester 1965 The Conditions of Agricultural Growth Davis Kingsley e Blake Judith 1956 Social Structure and fertility an analytic framework Economic Development and Cul tural Change 4 2113 Handlin Oscar 1951 The Uprooted Malthus Thomas 1798 1970 An Essay on the Principle of Population Omran A 1971 The epidemiologic transition a theory of the epidemiology of population change Milbank Memorial Fund Quar terly 49 50938 Park Robert 1928 Human migra tion and the marginal man American Journal of So ciology 33 88193 Süssmilch Johann 17612 Die göttlich Ordnung in den Veränderungen des mensch lichen Geschlechts aus der Geburt dem Tode und der Fortpflanzung desselben Erwiesen 2ªed ELWOOD CARLSON populismo Os movimentos políticos com al ta capacidade de obter apoio popular mas sem os traços típicos do socialismo europeu rece beram o nome de populistas especialmente na América Latina durante o século XX O que eles têm em comum é o seguinte 1 a presença de uma massa socialmente mobilizada com pouca ou nenhuma or ganização autônoma de classe 2 uma liderança predominantemente ori unda de setores da classe alta ou média e 3 um tipo carismático de ligação entre lí deres e adeptos As alterações demográficas resultantes da rápida expansão urbana adiantandose com folga ao crescimento industrial e os efeitos da revolução das expectativas crescentes coli dindo com a mentalidade das elites fizeram com que esse tipo de expressão política se tornasse altamente provável em países no es tágio de desenvolvimento usualmente encon trado na América Latina Na Ásia e na África o populismo como forma de organização polí tica livre e competitiva é menos comum que na América Latina embora alguns traços sejam encontrados em um regime nacional popular ver NACIONAL POPULAR REGIME A revolução mexicana iniciada em 1910 foi um dos primeiros exemplos de rebelião com extensa massa de seguidores e apoio de várias classes acompanhada por uma ideologia eclé tica que incluía elementos de liberalismo na cionalismo e socialismo O Partido Aprista pe ruano fundado por Victor Raúl Haya de la Torre no exílio em 1924 foi parcialmente inspirado pela experiência mexicana e é usualmente con siderado um dos principais exemplos de popu lismo Em oposição a Lenin Haya argumentou que em países tipicamente do Terceiro Mundo o imperialismo é o primeiro e não o último estágio do capitalismo por conseguinte uma estratégia peculiar tem que ser usada a fim de utilizar as potencialidades econômicas deste ao mesmo tempo em que se impedem as suas tentativas de dominação política Propôsse uma aliança explícita entre as classes médias o campesinato e os trabalhadores manuais em contradição uma vez mais com a fórmula mar xista para os países desenvolvidos que enfati zava o papel do protelariado urbano O ramo peruano do que se esperava que fosse uma Internacional LatinoAmericana foi fundado em 1930 e não tardou a adquirir um importante contingente de seguidores entre sindicalistas e comunidades indígenas embora sua espinha dorsal fosse formada pelas empobrecidas clas ses médias provincianas Depois das tentativas de violenta derrubada dos regimes autoritários freqüentemente militaristas em vários países o aprismo tornouse mais moderado depois da Segunda Guerra Mundial e em 1985 alcançou a presidência no Peru Outros partidos com características similares ao aprismo são a Acción Democrática da Venezuela a Libera ción Nacional da Costa Rica o Revolucionario Dominicano da República Dominica e um pou co mais distante o Movimiento Nacionalista Revolucionario da Bolívia No Brasil em 1930 um movimento civil militar levou Getúlio Vargas ao poder onde permaneceu durante 15 anos Tinha sido um governador pragmático de um dos estados do regime anterior eminentemente federativo e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar populismo 591 pragmático continuou Obteve o apoio de um importante grupo de jovens oficiais conhecidos como os tenentes empenhados em reformas com uma mistura de convicções ideológicas que iam do liberalismo ao nacionalismo e ver sões locais do fascismo considerado um regime desenvolvimentista adequado para países em processo de transição de uma sociedade predo minantemente rural para uma sociedade urbana e industrial Vargas governou o país com mão de ferro promulgando em 1937 uma cons tituição inspirada no CORPORATIVISMO de Mus solini Nos anos finais da Segunda Guerra Mun dial o Brasil conheceu um importante avanço em sua industrialização e Vargas aproveitou a oportunidade para apelar à massa de novos participantes da força de trabalho urbana ini ciando a fase populista de seu governo Isso redundou em uma reação conservadoramilitar contra ele em 1945 mas depois de cinco anos Vargas retornou ao poder em eleições livres Com Vargas os sindicatos obtiveram legislação favorável e apoio do estado embora à custa do controle administrativo e de se verem submeti dos a uma liderança corrupta Na Argentina o populismo expressase no peronismo um movimento político lançado pe lo então coronel Juan D Perón enquanto minis tro do Trabalho no regime militar nacionalista de 194346 Teve êxito em forjar uma aliança entre militares alguns setores industriais e as classes populares entre as quais grandes con tingentes de novos migrantes do interior rural que tinham chegado às grandes cidades embo ra obtivesse também a adesão de alguns antigos líderes sindicais O peronismo combinou ele mentos ideológicos da intelligentsia católica e da direita nacionalista incluindo alguns com simpatias claramente fascistas em conjunto com elementos socialistas pragmáticos ou tradicionais e alguns políticos centristas oriundos do Partido Radical O movimento passou por um período de radicalização e violência na década de 70 gerando em seu próprio seio uma formação guerrilheira os Montoneros finalmente expulsos em 1974 Em 1989 depois de muitos anos de mudanças internas e de democratização o peronismo recuperouse do impacto causado pela morte de seu líder e chegou à presidência com um programa de reforma moderada e respeito às liberdades civis No Chile o movimento da classe traba lhadora provou ser razoavelmente imune ao populismo Desde os seus primeiros dias orga nizouse em partidos marxistas baseados na atividade da militância e com pouca ou ne nhuma burocracia A esquerda no Chile é pois claramente associacionista em vez de mobiliza cionista mas em outros países latinoamerica nos o socialismo sobretudo o de credo leninis ta pode assumir também formas populistas como em Cuba sob o comando de Fidel Castro Em alguns países da área o populismo tem perdido considerável parcela de sua ascendên cia sobre a classe trabalhadora permitindo que uma esquerda marxista cresça em seus flancos Por outro lado com a aculturação em modos de vida urbanos e industriais padrões sociaisdemo cráticos de organização e ideologia tendem a se desenvolver no seio dos partidos populistas Leitura sugerida Di Tella Torquato S 1989 Latin American Politics a Theoretical Approach Germani Gino 1978 Authoritarianism Fascism and National Populism Ionescu Ghita e Gellner Ernest orgs 1969 Populism its Meaning and National Charac teristics Laclau Ernesto 1977 1979 Política e ideo logia na teoria marxista Murmis Miguel e Portantie ro Juan Carlos 1971 Estudios sobre los orígenes del peronismo Weffort Francisco 1978 O populismo na política brasileira TORCUATO S DI TELLA pósindustrial sociedade Ver SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL positivismo De um modo muito parecido com o conceito de ideologia que também co meçou tendo amplo curso e aceitação mais ou menos no mesmo período a noção de positivis mo vangloriase de uma controversa e irônica trajetória Originandose como autodesignação positiva nos escritos de Auguste Comte ofere cido como uma filosofia para acabar com to das as filosofias pelo círculo de Viena ver VIENA CÍRCULO DE e equiparada à ciência tout court pelos defensores do FUNCIONALISMO e do COMPORTAMENTALISMO nos Estados Unidos do pósguerra o positivismo tornouse um termo de acusação polêmica quando não insultuoso na ciência social contemporânea muito pou cos sociológos reivindicariam ou acolheriam com agrado o rótulo de positivistas E tal como a ideologia assumiu uma multiplicidade de significados de modo que existem quase tantas definições de positivismo quantas as críticas de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 592 pósindustrial sociedade que é alvo Halfpenny 1982 por exemplo distingue nada menos que 12 subespécies A dispersão e a inversão da carga semântica da palavra são indicativas das mudanças que trans formaram a FILOSOFIA DA CIÊNCIA desde a década de 60 e desafiaram a longa hegemonia do posi tivismo na investigação social ao suscitar uma vez mais a questão do dualismo das ciências naturais e culturais Habermas 1967 Em seu mais amplo sentido filosófico o positivismo referese à teoria do conhecimento proposta por Francis Bacon John Locke e Isaac Newton a qual afirma a primazia da observação e a busca da explicação causal por meio da generalização indutiva Kolakowski 1966 Nas ciências sociais ficou associado a três prin cípios afins o princípio ontológico do fenome nalismo de acordo com o qual o conhecimento só pode fundamentarse na experiência beiran do a fetichização dos fatos como imediata mente acessíveis à percepção sensorial o prin cípio metodológico da unidade do método cien tífico o qual proclama que os procedimentos da ciência natural são diretamente aplicáveis ao mundo social com o objetivo de estabelecer leis invariantes ou generalizações semelhantes a leis sobre fenômenos sociais e o princípo axio lógico da neutralidade que se recusa a conce der aos enunciados normativos o status de conhecimento e mantém uma rígida separação entre fatos e valores Três amplas tradições sucessivas do posi tivismo podem ser esquematicamente distin guidas a francesa a alemã e a americana A linhagem francesa originase com Auguste Comte e o seu mentor SaintSimon que por sua vez era devedor de Condorcet e está exemplificada da melhor maneira pela socio logia de Émile Durkheim A ambição de Comte era fundar uma ciência naturalista da sociedade capaz de explicar o passado da espécie humana e predizer o seu futuro aplicando os mesmos métodos de investigação que tinham provado ser tão bemsucedidos no estudo da natureza a saber observação experimentação e compa ração No seu Cours de philosophie positive Comte 6 vols 183042 ele sustentou que o espírito humano tinha evoluído através de três fases necessárias Na fase teológica ou fictí cia os fenômenos são explicados pela inter venção de entidades sobrenaturais na fase me tafísica ou abstrata mediante referência a abs trações na fase científica ou positiva a busca das causas últimas dos fatos é abandonada em favor do estabelecimento de suas leis ou seja as relações invariáveis de sucessão e seme lhança que os ligam Comte criou o termo sociologia para designar a ciência que sinte tizaria todo o conhecimento possível desven daria os mistérios da estática e da dinâmica da sociedade e orientaria a formação do governo positivo Durkheim abandonou a substância da filo sofia de Comte mas reteve o seu método insis tindo na continuidade lógica entre as ciências sociais e naturais e na aplicação à sociedade do princípio de causalidade natural O nosso prin cipal objetivo escreveu ele em Les règles de la méthode sociologique Durkheim 1895 seu manifesto revolucionário em prol da explicação sociológica científica é estender o racionalis mo científico à conduta humana Aquilo a que chamam o nosso positivismo nada mais é que uma conseqüência desse racionalismo Para estabelecer a independência definitiva da sociologia de toda a filosofia e assim a sua autonomia como campo científico distinto Durkheim propôs uma concepção da sociedade como uma realidade objetiva sui generis cujos componentes estrutura e funcionamento obe decem a regularidades que se impõem aos in divíduos como necessidades inelutáveis in dependentes de sua volição e consciência Tam bém propôs um conjunto de princípios metodo lógicos condensados na famosa recomendação de tratar os fatos sociais como coisas rejeitar as preconcepções comuns em favor de defi nições objetivas explicar um fato social so mente por outro fato social distinguir a causa eficiente da função e os estados sociais normais dos patológicos etc Esses princípios foram convincentemente ilustrados em Le suicide modelo inegável do positivismo francês no qual Durkheim 1897 se absteve de analisar o significado do suicídio em favor da revelação de seus tipos e causas sociais via uma análise estatística dos correlatos e variações de seu grupo A tradição germanoaustríaca de positivis mo encontra suas raízes no METHODENSTREIT conflito sobre método o qual envolveu eco nomistas neoclássicos e históricos e filósofos neokantianos desde a década de 1880 em torno da questão de apurar se a vida social é passível de explicação causal ou apenas de entendi mento interpretativo como na filosofia da VER Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar positivismo 593 STEHEN O grupo de filósofos matemáticos e cientistas analíticos entre eles Moritz Schlick Ernest Mach Rudolf Carnap Carl Hempel e Otto Neurath que se tornou conhecido como o Círculo de Viena nos anos de 192336 tomou o partido da explicação e unidade da ciência Sua finalidade era efetuar uma síntese de empirismo humano positivismo comteano e análise lógica que livrasse para sempre a filosofia das ocas especulações da metafísica ao fundamentar fir memente todo o conhecimento na experiência Ayer 1959 De acordo com esse positivismo lógico o conhecimento científico assenta em uma sólida base de fatos formulada por meio de sentenças protocolares Mach que fornecem um registro genuíno porque imediato da expe riência sensorial ou elaborada através de re gras de correspondência Carnap formando uma ponte entre a linguagem teórica e a lingua gem da observação À parte as proposições analíticas da lógica os únicos enunciados signi ficativos são os que podem estar sujeitos ao princípio de verificação ou seja ser compro vados por observação Em oposição frontal à idéia de Geisteswissenschaften pressuposta em um cisma entre as ciências da natureza e as culturais o Círculo de Viena afirmou que a explicação científica em sociologia ou história obedece à mesma lei explanatória ou modelo dedutivonomológico que as ciências natu rais Hempel 1965 em que um explanandum é deduzido de uma combinação de condições iniciais e de uma lei e explicação universais sinônimas de previsão Nos Estados Unidos uma compreensão se melhante da ciência social evoluiu para o que Bryant 1985 chama o positivismo instrumen tal tradição incrementalista naturalista da pes quisa social empenhada em atingir padrões de rigor comparáveis aos da física ou biologia Baseada em uma concepção nominalista e vo luntarista da sociedade como mero agregado de indivíduos essa tradição reinou absoluta desde a década de 30 até a de 60 englobando uma variedade de orientações teóricas e continua impregnando a sociologia norteamericana Distinguese por sua preocupação com ques tões de método e de mensuração incluindo o refinamento de técnicas estatísticas a ênfase na operacionalização e na verificação Zetterberg 1954 e a prioridade que confere a projetos experimentais levantamentos quantitativos e pesquisas por equipe É instrumental na me dida em que os instrumentos de investigação determinam as questões formuladas a defini ção de conceitos através da construção de in dicadores empíricos e assim o conhecimento produzido com a testabilidade a replicabili dade e a viabilidade técnica suplantando a teoria como guias idôneos da prática e da avaliação científicas O positivismo instrumental foi inicialmente articulado por George Lundberg que adaptou da física a doutrina de operacionalismo de PW Bridgman a qual sustenta que o significa do de uma variável é definido pelas operações necessárias para medila e por William F Og burn 1930 que equiparou a sociologia cientí fica à verificação e acumulação quantitativas de pequenos fragmentos e peças de novo co nhecimento e orgulhosamente vaticinou que todos os sociólogos seriam um dia estatísticos Mas coube a um scholar vienense no exílio Paul Lazarsfeld institucionalizar o positivismo na universidade americana Lazarsfeld não só introduziu na sociologia uma série de inovações metodológicas análise multivariada amostra gem em bola de neve e análise de estrutura latente entre outras e técnicas adotadas da pesquisa de mercado como os estudos de pai nel mas inventou o veículo organizacional que promoveria a profissionalização burocratiza ção e comercialização da pesquisa social posi tivista nos Estados Unidos e seus países saté lites o escritório de pesquisa aplicada Pol lack 1979 A ascensão e o domínio do positivismo en frentaram críticas e oposição de duas espécies a antipositivista e a póspositivista Os dis sidentes antipositivistas sustentaram há muito que as ciências naturais e humanas são ontoló gicas e logicamente discrepantes e que a própria idéia de uma ciência explicativa da sociedade é insustentável Winch 1958 Os proponentes da HERMENÊUTICA e da sociologia interpretati va recentemente reforçados pelos defen sores do pósmodernismo e da DESCONSTRUÇÃO sustentam que descrições causais do com portamento social não podem ser construídas porque as práticas instituições e crenças huma nas são inerentemente significativas ou me lhor constituídas pelos entendimentos que os participantes têm delas Taylor 197 Portanto a tarefa dos estudos humanos não pode ser a especificação de leis invariantes do comporta mento humano mas fazer com que esse com Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 594 positivismo portamento seja inteligível mediante a sua in terpretação em relação com intenções subjeti vas Para Gadamer 1960 além disso todas essas interpretações envolvem uma projeção de preconceitos culturais baseados em uma rede ou horizonte de expectativas e suposições constitutivas de uma tradição cultural Seguese que a meta da sociologia interpretativa não pode se duplicar ou confirmar pesquisas pré vias mas rever preconceitos pela elucidação de novas dimensões de um fenômeno As críticas feministas do positivismo que proliferaram na década de 80 aderem a esse ataque mas por uma razão diferente Afirman do que a ciência é uma instituição afetada pelo gênero que reflete o ponto de vista truncado e opressivo dos homens as feministas evoluíram de uma perspectiva reformista que procurava realizar a paridade de gêneros no campo cientí fico para uma postura revolucionária que visava proceder a uma revisão geral dos próprios ali cerces da ciência a fim de erradicar o seu an drocentrismo constitutivo Harding 1984 Essas críticas percorrem toda uma gama que vai do empirismo feminista para o qual o sexismo pode ser corrigido pela imposição mais rigorosa dos ditames metodológicos padronizados da investigação científica ao ponto de vista epis temológico o qual sustenta que a subjugação das mulheres as coloca em situação privilegiada para produzir o verdadeiro conhecimento e ao feminismo pósmoderno que questiona as pró prias noções de universalidade e razão que ser vem de base à ciência Para Sandra Harding os princípios aceitos de imparcialidade neutra lidade dos valores e objetividade são instru mentos de controle social que estão a serviço dos homens em seu projeto de fazer da ciência uma prerrogativa masculina A genuína objeti vidade sustenta ela não decorre da adesão à idéia patriarcal da unidade do método cientí fico mas de um compromisso com os valores participantes do antiracismo do anticlassis mo e do antisexismo Portanto não é a ciência mas a discussão moral e política que fornece um paradigma para a investigação racional Em vez de o rejeitar abertamente os ex poentes do póspositivismo procuraram refor mar o entendimento recebido de ciência Os ataques de WVO Quine Karl Popper Thomas Kuhn Paul Feyerabend e Imre Lakatos conver giram para abalar as próprias fundações da fi losofia positiva da ciência natural Chalmers 1982 ao demonstrarem que as teorias científi cas não são construídas indutivamente nem tes tadas individualmente na base exclusiva da evi dência fenomenal pois se há coisa que não existe é a observação teoricamente neutra Nem é o seu julgamento formulado estritamente em bases racionais na medida em que teorias rivais são sempre escoradas por dados e participam geralmente de paradigmas ou amplos qua dros de referência científicos cujos critérios de avaliação são incomensuráveis Giddens 1978 O REALISMO de Bhaskar 1975 também repudia o fenomenalismo e o verificacionismo diferenciando três níveis de realidade o real o efetivo e o empírico e afirmando a existência de estruturas e mecanismos ocultos que podem funcionar independentemente do nosso conhe cimento deles mas cujos poderes e respon sabilidades são não obstante empiricamente investigáveis O racionalismo aplicado de Pierre Bourdieu resultante da importação pela sociologia da epistemologia historicista de A Koyré G Bachelard e C Canguilhem derruba também a estrutura epistemológica do positivismo ao postular que os fatos científicos são conquistados construídos e constatados Bourdieu et al 1968 através da ruptura com o senso comum de leigos e eruditos a aplicação sistemática de conceitos relacionais e o con fronto metódico do modelo construído com as provas geradas por diferentes metodologias A teoria crítica da ESCOLA DE FRANKFURT combina elementos das críticas antipositivista e póspo sitivista na rejeição do CIENTIFICISMO a idéia de que somente a ciência produz conhecimento na fusão de explicação com previsão por meio de leis universais e na dicotomização de fatos e valores ao mesmo tempo em que combate porém o idealismo da hermenêutica e se recusa a abandonar as pretensões à VERDADE científica Assim Habermas 1968 afirma que para não se tornar cúmplice da racionalidade que sus tenta o positivismo e o converte em outro ins trumento ideológico de dominação a ciência social não pode aterse a uma análise das re lações causais externas Sendo o universo social um mundo préinterpretado cabelhes expli car também as relações internas de significado e propósito e portanto reconstruir o conceito de objetividade legado pelas ciências naturais de um modo que recupere a dimensão crítica da ciência como instrumento para a emancipação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar positivismo 595 Eclipse não é morte o positivismo pode ter sido desacreditado como filosofia da ciência mas ainda informa ativamente e podese até dizer domina os projetos e a implementação de pesquisas sociais empíricas E promete sobre viver se não prosperar como um contraste e uma subreptícia epistemologia operante en quanto o projeto de Max Weber de colocar a interpretação e a explicação sob um só teto não for plenamente realizado na prática cotidia na dos cientistas sociais Leitura sugerida Adorno T Albert H Dahrendorf R Habermas J Pilot H e Popper KR 1969 1976 The Positivist Dispute in German Sociology Alexan der JC 1982 Theoretical Logic in Sociology vol1 Positivism Presuppositions and Current Controver sies Apel KO 1979 1984 Understanding and Explanation a TranscendentalPragmatic Perspective Fuller Steve 1988 Social Epistemology Giddens A org 1974 Positivism and Sociology Harding San dra e Hintinkka Merrill orgs 1983 Discovering Rea lity Feminist Perspective on Epistemology Methodo logy and Philosophy of Science Keat R e Urry J 1978 Social Theory as Science Outhwaite William 1987 New Philosophies of Social Science Realism Hermeneutics and Critical Theory Philips DC 1987 Philosophy Science and Social Inquiry Simon Walter M 1963 European Positivism in the Nineteenth Century LOÏC JD WACQUANT positivismo jurídico O termo referese a qualquer filosofia do direito dirigida para a descrição isenta de valor das instituições jurí dicas ocidentais em termos de um sistema dis tinto de regras sociais ver LEI Em sua defini ção mais ampla o positivismo jurídico está associado à crença na possibilidade de uma ciência do direito classicamente uma geome tria da ordem jurídica e a uma correspondente adesão à separação metodológica de questões de fato e questões de valor da lei e da morali dade As raízes dessa filosofia doutrinal do direito residem na distinção medieval entre direito di vino ou natural e direito secular ou positivo sendo este último denominado ius positum di reito por posição ou mais pragmaticamente direito estabelecido por um soberano humano Nessa descrição genérica a ordem do direito positivo é identificada como um sistema dis tinto de regras por referência à sua fonte supre ma o direito positivo era direito que emanava do monarca do Leviatã da comunidade ou mais recentemente da legislatura Em sua definição inicial o positivismo jurí dico está associado na tradição inglesa aos es critos de Thomas Hobbes e mais tarde dos filósofos do direito do século XIX Jeremy Ben tham e John Austin O positivismo desses pen sadores consistia em definir a lei muito simples mente como a ordem do soberano e uma vez isolada essa única fonte ou oráculo do direito nacional podiam sustentar que a tarefa ou pro víncia da jurisprudência era a determinação científica da linhagem e coerência lógica da ordem jurídica estabelecida A filosofia positi vista do direito era assim um discurso sis tematizador um discurso que considerava o conteúdo da lei como dado ou axiomático e estava meramente interessado em organizar as fontes e instituições do sistema jurídico em uma ordem normativa formalmente definida ou domínio da lei Na jurisprudência européia continental uma tradição igualmente dogmática de filosofia po sitivista do direito remonta à assimilação do direito romano Corpus Iuris Civilis na Europa do final do século XI Para a tradição continental ou civil havia um só direito e uma só fonte de direito para toda a Europa a saber a coleção das leis codificadas no início do século XI pelo imperador Justiniano Admi tida tal fonte unitária e universal do direito a tradição civilista da jurisprudência dogmática podia facilmente adotar uma filosofia jurídica positivista ao sustentar a coincidência do direito e da razão nos textos a razão escrita ratio scripta do código As ulteriores codifica ções européias dos séculos XVIII e XIX assis tiram em geral a um ressurgimento do positi vismo jurídico da crença na disponibilidade de todo o direito no código no mundo lógico e distinto do Texto O positivismo jurídico moderno apresenta uma versão freqüentemente simplificada e con sideravelmente mais abstrata da filosofia dos advogados tradicionais do direito secular O seu principal proponente filosófico no continente europeu embora ulteriormente domiciliado nos Estados Unidos foi um filósofo neokantia no do direito o austríaco Hans Kelsen Em uma série de obras altamente influentes Kelsen ten tou construir uma teoria pura do direito ou ciência estrutural da ordem jurídica Substi tuindo a única e soberana fonte do direito pelo pressuposto lógico da norma básica ou Grundnorm como fundação unitária de qual Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 596 positivismo jurídico quer sistema jurídico Kelsen postulou as con dições de qualquer ciência jurídica positivista em função do estudo exclusivo da coerência interna da ordem normativa Os problemas ju rídicos deviam ser estudados como problemas normativos como questões estruturais de or dem e desse modo a ciência jurídica podia ser separada das disciplinas précientíficas co mo a sociologia a psicologia a história a eco nomia ou a ética que combinavam o estudo de regras jurídicas com o estudo de valores ques tões do que é com questões do que deve ser Uma ciência do direito propriamente positivista estudaria a linhagem da autorização formal da norma jurídica ou em termos mais pragmá ticos estudaria o texto da lei mas simplesmente em função de sua participação no sistema No mundo do direito consuetudinário o po sitivismo jurídico moderno baseiase na obra de Kelsnen mas está principalmente associado à obra do filósofo do direito analítico e jurista Herbert Hart e seu livro The Concept of Law publicado em 1961 Em um trabalho ampla mente sintético Hart elaborou uma filosofia jurídica positivista em termos do estudo do direito como o estudo de um sistema distinto de regras primárias e secundárias A separação da ordem jurídica de outros sistemas normativos é na versão de Hart do positivismo jurídico atribuída a uma regra de reconhecimento por meio da qual os funcionários do sistema jurídi co identificam e aceitam a fonte e as caracterís ticas distintas das regras jurídicas Essas regras são estudadas como conhecimento oficial ou profissional e podem ser formalmente identifi cadas e analiticamente descritas sem refêrencia a quaisquer considerações de avaliação contex tual nãonormativa ou outras A existência da lei para o positivista jurídico é uma coisa seu mérito ou demérito é algo inteiramente distinto Em termos críticos o positivismo jurídico pode ser descrito como a filosofia inata ou de senso comum da profissão jurídica Nesse sen tido é uma fisolofia dogmática que procura legitimar um conhecimento profissional na ba se da autorepresentação da profissão Cumpre assinalar a esse respeito que o positivismo jurídico procura isolar o direito de seus contex tos políticos e administrativos Estuda o direito como atividade à parte dos outros fenômenos sociais e como um discurso incomparavel mente livre de quaisquer características subje tivas ou intertextuais que possam ameaçar o valor supremo do domínio da lei Ver também POSITIVISMO Leitura sugerida Austin John 1885 1955 The Pro vince of Jurisprudence Determined and the Uses of the Study of Jurisprudence Bentham Jeremy c178082 1970 Of Laws in General Goodrich Peter 1986 Reading the Law Hart HLA 1961 The Concept of Law Hobbes T 1651 1973 Leviathan Kairys David org 1982 The Politics of Law Legendre Pier re 1983 Lempire de la vérité Moles Robert 1987 Definition and Rule in Legal Theory PETER GOODRICH póskeynesianismo Termo que engloba uma variedade de tentativas de construir uma alter nativa à microeconomia e à macroeconomia ortodoxas o póskeynesianismo não é uma escola unificada de pensamento mas um amál gama de elementos extraídos de diferentes tra dições em economia política com seus propo nentes freqüentemente divergindo sobre que elementos destacar Comuns a todos os proponentes são a rejei ção da análise de equilíbrio em favor de consi derações de crescimento desequilibrado e por conseguinte uma postura política mais inter vencionista do que de LAISSEZFAIRE e uma rejeição das explicações microeconômicas de determinação de preço em termos de oferta e demanda Portanto a teoria ortodoxa da dis tribuição funcional de renda determinada por programas de oferta e demanda criados por decisões de otimização individuais e por con seguinte envolvendo geralmente considera ções de produtividade marginal é rejeitada em favor de uma teoria macroeconômica da dis tribuição de renda relacionada com o cresci mento da demanda agregada e do produto na cional aforisticamente os trabalhadores gas tam o que ganham e os capitalistas ganham o que eles os capitalistas gastam Do mesmo modo qualquer entendimento do mercado de trabalho em termos de análise de oferta e de manda é rejeitado pelo que se explica o nível de desemprego não em função da mãodeobra forçar uma alta de salários que a coloca fora do mercado mas em relação com o volume ma croeconômico de produção e sua incidência é explicada em termos de uma força de trabalho que está segmentada pela estrutura industrial de um núcleo oligopolístico e portanto protegido e de uma periferia competitiva e portanto ex posta No âmbito de tal estrutura os preços são Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar póskeynesianismo 597 determinados pela remarcação oligopolística para cima estando o tamanho da remarcação relacionado com a necessidade de obter lucros suficientes para financiar futuros investimentos em um mundo de inerente incerteza Final mente a ortodoxia é criticada por sua aborda gem do sistema econômico em termos de es cambo os póskeynesianos consideram es sencial integrar a moeda na teoria do funciona mento da economia desde o começo No nível macro a oferta de moeda é considerada en dógena ajustandose passivamente a qualquer nível que seja necessário para sustentar os ní veis correntes de produção A inflação não é pois interpretada como o resultado de uma excessiva expansão da oferta de dinheiro mas é vista antes como o resultado da luta entre classes contendoras em torno da divisão do produto nacional em salários e lucros Grande parte do póskeynesianismo remon ta sua ancestralidade a JM Keynes mas enfa tizando o enfoque de Keynes da incerteza e instabilidade como o ponto de partida de sua análise A ulterior ciência econômica keynesia na ver KEYNESIANISMO tendeu a desprezar esse ponto de partida e por essa razão de acordo com os póskeynesianos interpretou erroneamente a importância da análise de Keynes Essa ênfase em um futuro incerto aliase portanto a uma análise de investimento e lucratividade adota da em grande parte da obra de M Kalecki o investimento corrente determina a taxa de cres cimento enquanto que o futuro investimento é determinado pelos lucros que as firmas ante vêem através da apropriada remarcação de pre ços acima de seus custos Acrescentese a isso uma explicação sociológica de conflito de clas ses inspirada na tradição marxista mas reduzi da a um conflito em torno de salários e lucros como uma luta que tem por fulcro a distribuição do que é excedente em relação aos requisitos de uma exata reprodução da economia em estado estacionário O póskeynesianismo não é pois uma abor dagem singular e rigorosa mas uma coleção de temas que os proponentes consideram enfatizar a esterilidade e a irrelevância da ciência econô mica ortodoxa em contraste com o realismo e a aplicabilidade das alternativas póskeynesia nas Mas o próprio ecletismo destas últimas é também uma importante fraqueza porquanto é duvidoso se os interesses marxistas e keynesia nos podem ser aliados com tanta facilidade a menos que os divorciemos das estruturas teóri cas em que estão implantados e das quais deri vam seu significado Leitura sugerida Eichner AS org 1979 A Guide to PostKeynesian Economics Harcourt GC 1982 PostKeynesianism quite wrong andor nothing new Thames Papers in Political Economy verão Kalecki M 1971 Selected Essays on the Dynamics of the Capitalist Economy Minsky H 1975 John May nard Keynes SIMON MOHUN pósmodernismo Ver MODERNISMO E PÓS MODERNISMO pragmatismo É este o nome usualmente atribuído ao movimento filosófico clássico nos Estados Unidos Surgiu nas últimas décadas do século XIX e alcançou certa hegemonia na vida intelectual do país durante e imediatamente após a chamada Era Progressiva 18961914 A partir da década de 30 e ainda mais depois de 1945 foi largamente suplantado por outras correntes de pensamento em filosofia nas ciên cias sociais e no discurso político público O pragmatismo americano também atraiu consi derável atenção na Europa especialmente em torno de 1910 embora a exposição e a discus são crítica do pragmatismo mostrassem o pre domínio de interpretações equivocadas e a ten dência a depreciálo reduzindoo a uma expres são de alegadas características nacionais norte americanas O sentido cotidiano do termo pragmático certamente contribuiu para esses equívocos su gerindo uma espécie de confusão bemsucedi da que é orientada para a satisfação de neces sidades imediatas ignora princípios teóricos ou morais e trata as características dadas da situa ção simplesmente como parte de um cálculo O termo pragmatismo tem a mesma raiz grega de PRÁXIS prático etc O fundador do pragmatis mo Charles Sanders Peirce 18391914 criou o termo em conseqüência de suas reflexões sobre o uso por Kant dos adjetivos pragmáti co e prático As conferências e os escritos de Peirce por volta de 1878 são hoje considerados os documentos originais do pragmatismo No começo ficaram conhecidos apenas por um es treito círculo de intelectuais de Cambridge Massachusetts e só obtiveram maior notorie dade uns 20 anos depois quando William James 18421910 realizou conferências sobre o Pragmatismo Peirce acabou distanciandose Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 598 pósmodernismo do pragmatismo de James e deu à sua própria filosofia o nome de pragmaticismo A par de Peirce e James o núcleo central do pragmatismo inclui usualmente John Dewey 18591952 e George Herbert Mead 1863 1931 As diferenças entre todos esses pensa dores eram tão evidentes pelo menos para os próprios pragmatistas que a sua reunião em uma única escola ou movimento tem sido cons tantemente questionada O ponto de vista mais amplamente aceito contudo é que apesar das diferenças existe um núcleo de idéias comuns suficiente para justificar que se fale do prag matismo como uma orientação filosófica dis tinta Quais são os temas básicos do pragmatis mo A abordagem de Peirce começa com sua crítica do princípio metodológico da dúvida radical de Descartes e do programa resultante de fazer da certeza de si mesmo do ego pensante o sólido alicerce de uma nova filosofia O prag matista questiona a significação da dúvida car tesiana não a fim de defender as autoridades indiscutíveis contra a pretensão emancipadora do ego pensante mas para argumentar em favor de uma dúvida mais substancial ou seja o assentamento da cognição em situações proble máticas reais No pragmatismo a idéiaguia do ego dubitativo é substituída pela idéia de uma busca cooperativa da VERDADE para superar os reais problemas da ação ver AÇÃO E MEDIAÇÃO A dúvida real ocorre na ação concebida como uma sucessão cíclica de fases Assim toda e qualquer percepção do mundo e toda e qualquer ação nele realizada estão radicadas em uma crença irrefletida nas condições autoevidentes e nos hábitos bemsucedidos Mas esses modos habituais de atuar defrontamse constante mente com a resistência do mundo que é consi derada a fonte da destruição das expectativas irrefletidas A fase resultante de dúvida real leva a uma reconstrução do contexto interrompido A per cepção deve apreender aspectos novos ou dife rentes da realidade a ação deve ligarse a outros elementos do mundo ou reorganizar a sua pró pria estrutura Essa reconstrução é uma realiza ção criativa do ator Se tiver êxito através de uma mudança na percepção de uma atuação diferente e retomar assim a iniciativa então algo de novo ocorreu no mundo uma nova maneira de atuar que pode ser institucionaliza da e se converte em uma rotina seguida de forma irrefletida Assim os pragmatistas vêem toda a ação humana na oposição entre hábitos de ação irrefletidos e realizações criativas Isso significa também que a criatividade é vista nesse caso como o que caracteriza realizações em situações que exigem uma solução mais do que como a criação irrestrita de algo novo sem um background constitutivo em hábitos irrefle tidos Desse modelo básico de pragmatismo no qual ação e cognição se combinam de um modo particular podemos derivar as outras reivin dicações centrais do pragmatismo Na metafí sica do pragmatismo a realidade não é determi nística pelo contrário permite e exige uma ação criativa Na epistemologia do pragmatis mo o conhecimento não é a reprodução da realidade mas um instrumento para tratála com êxito A semântica do pragmatismo locali za o significado de conceitos nas conseqüências práticas para a ação resultantes de seu uso ou de sua diferença em relação a outros conceitos Assim na teoria da verdade do pragmatismo a veracidade de sentenças só pode ser determina da por meio de um processo de concordância sobre o êxito da ação nelas baseada e não digamos na sua correspondência com uma rea lidade nãointerpretada A incompreensão do pragmatismo quando o consideram um movi mento que visa principalmente a destruição do ideal de conhecimento verdadeiro resultou so bretudo do isolamento de certas sentenças co mo os enunciados de William James acerca da verdade de todo o complexo de pensamento pragmatista Os principais representantes do pragmatis mo contribuíram para diferentes campos de investigação Peirce estava principalmente in teressado no desenvolvimento de uma teoria geral do conhecimento científico e em uma teoria amplamente concebida dos signos ou SEMIÓTICA Sua obra multifacetada que é difícil de resumir inclui importantes pensamentos so bre o uso intersubjetivo de signos e sobre a produção criativa de hipóteses abdução Es sa teoria dos signos especialmente em sua ên fase no discurso dos cientistas em uma comu nidade experimental foi de importância decisi va para o discurso ético desenvolvido por KarlOtto Apel e Jürgen Habermas ver DISCUR SO ÉTICA e para a teoria da ação comunicati va de Habermas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar pragmatismo 599 William James trabalhou principalmente na área da psicologia na qual viu a perspectiva de uma saída do dilema entre a crença de base religiosa no livrearbítrio do agente moral e a imagem científica do mundo como um universo governado por processos causais A solução para James reside na funcionalidade para a sobrevivência do organismo humano em seu meio ambiente que ele viu na capacidade hu mana de prestar atenção deliberada a impres sões perceptivas e escolher entre cursos alter nativos de ação Uma psicologia funcionalis ta ver FUNCIONALISMO podia avançar pelo entendimento de todas as realizações mentais em termos de sua função para o domínio ativo pelo organismo do seu meio ambiente John Dewey cujo pensamento de início se desenvolveu independentemente dos primeiros pragmatistas abandonou sua anterior aborda gem neohegeliana e procurou cada vez mais ligarse aos aspectos epistemológicos e psico lógicos do pragmatismo tal como foram desen volvidos por Peirce e James Seu intuito era construir uma filosofia que estendesse as idéias centrais do pragmatismo a todos os domínios tradicionais da filosofia metafísica lógica éti ca e estética e em particular ao campo da filosofia social e política Deu ênfase mais ex plícita do que os outros a uma versão radical de democracia como núcleo normativo do prag matismo George Herbert Mead amigo de Dewey empenhouse ao máximo em desenvolver a es tratégia de James na tradução de temas pragma tistas para o programa de uma ciência social empírica de base biológica A sua contribuição decisiva para o teoria social consiste em sua teoria das características específicas da comu nicação humana e como sua decorrência na tentativa de tematizar a constituição das es truturas da personalidade na dinâmica das re lações interpessoais Mead atacou a suposição de um eu self substancial présocial e a subs tituiu por uma teoria da gênese do eu em que até a interação de uma pessoa consigo mesma é conceituada como o resultado de estruturas sociais Mead também explorou essa linha de pensamento na direção dos problemas do de senvolvimento cognitivo tais como a constitui ção de objetos permanentes na experiência e a constituição de estruturas de tempo Alguns dos conceitos e modelos de Mead formaram a base da escola de INTERACIONISMO SIMBÓLICO em sociologia A influência dos ou tros pragmatistas sobre a sociologia fora da escola de Chicago e do interacionismo simbó lico tem sido até agora relativamente escassa apesar de algumas exceções espetaculares co mo C Wright Mills e Jürgen Habermas O inequívoco renascimento do pragmatismo em filosofia não tem até o momento paralelos igualmente impressionantes em sociologia Leitura sugerida Joas H 1985 GH Mead a Con temporary Reexamination of his Thought Ο 1993 Pragmatism and Social Theory Mead GH 1934 Mind Self and Society Smith John E 1978 Purpose and Thought the Meaning of Pragmatism Thayer Horace S 1981 Meaning and Action a Critical History of Pragmatism 2ªed HANS JOAS práxis A definição 1 em Aristóteles é a de atos desempenhados como um fim em si mes mos no interesse deles próprios distinguese de poiesis que significa a atividade produtiva dedicada à realização de fins bem como de theoria ou contemplação São essas as três ati vidades ou ocupações básicas dos seres huma nos Lobkowicz 1967 O significado 2 em Marx e nos escritos de numerosos filósofos no âmbito do MARXISMO OCIDENTAL é a um tipo de atividade prática criativa peculiar dos seres humanos por meio da qual eles constroem seu mundo uma idéia básica no modelo de Marx de NATUREZA HUMANA b uma categoria epis temológica que descreve a atividade prática constitutiva do objeto dos indivíduos humanos em seu confronto com a natureza que Marx denominou a atividade prática do senso huma no Marx 1845 p83 e c como práxis re volucionária Marx ibid o suposto ponto de transição social fundamental de acordo com o qual se diz que na prática as circunstâncias sociais objetivas do proletariado coincidem com o completo entendimento delas Embora os três sentidos marxistas distintos tenham ficado estabelecidos no moderno pen samento social o conceito permanece de modo geral impreciso obscuro e elástico em sua aplicação Em parte isso é porque ele foi as sociado aos slogans da NOVA ESQUERDA em tem pos recentes e também em parte porque as suas origens se situam nas obscuridade da filosofia da ação elaborada pelos Jovens Hegelianos da década de 1840 como Arnold Ruge August von Cieszkowski Moses Hess e o próprio Marx Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 600 práxis Stepelevich 1983 Além disso os primeiros escritos de Marx sobre esse assunto foram predominantemente rascunhos nãopublica dos e uma série de importantes passagens sobre o tópico está sujeita a interpretação Por vezes afirmase que a expressão a unidade de teoria e prática é o significado do conceito de práxis e ela parece de fato apreen der ainda que de forma imprecisa o significado especulativo 2c Com efeito a expressão é empregada no MARXISMO ortodoxo e se refere às seqüências concorrentes da teoria política organizada do marxismoleninismo na antiga União Soviética A idéia de práxis por outro lado sobretudo no sentido 2a foi proe minente nos países socialistas da Europa Orien tal como parte do arsenal ideológico das críti cas dos dissidentes desses regimes Markovic 1974 O uso 2a relacionase com a imagem dos seres humanos ou modelo da natureza humana que encontramos em Marx a atividade livre e consciente é a qualidade característica da es pécie humana e Ao criar um mundo objetivo por sua atividade prática o homem prova que é um ser consciente de sua espécie Marx 1844 p171 A práxis nesse sentido está vin culada à ALIENAÇÃO como um processo his tórico geral em que os seres humanos em sua criação da história e da sociedade humanas se tornaram sucessivamente divorciados da natu reza e dos produtos objetivos de sua práxis de trabalho A categoria da práxis 2b como ação huma na constituinte do objeto nos primeiros escritos de Marx em especial 1844 1845 e 18456 pode ser interpretada em uma visão a pos teriori como contribuição à epistemologia ver CONHECIMENTO TEORIA DO em especial para a superação do idealismo e materialismo e para uma abordagem sociológica Kilminster 1982 Marx viu que o materialismo tradicional era implicitamente individualista e subentendia uma visão passiva dos seres humanos ao passo que o idealismo de Hegel sublinhava a dimen são ativa histórica e cultural do saber humano mas restringia essa atividade ao domínio da consciência A versão social do materialismo em Marx realizou uma nova síntese Os seres humanos são parte integrante da natureza e a objetividade do seu mundo social é resultado de sua atividade prática dotada de sentido coleti vo na apropriação da natureza nãohumana através do trabalho produtivo ao longo de mui tas gerações Ao trabalharmos a natureza a fim de satisfazer nossas necessidades acabamos por conhecêla mas somente em uma forma humanizada Assim a natureza adquiriu um cunho social e ao mesmo tempo tem um papel autônomo nos assuntos humanos Kolakowski 1971 A teoria social científica do conhecimento que Marx desenvolveu a partir dessas reflexões abstratas foi o modelo de BASE e SUPERESTRU TURA da consciência social Apesar de suas pri meiras ambições esse modelo está viciado por uma ONTOLOGIA dualista e também sofre em virtude da excessiva ênfase nas relações econô micas e Marx também projetou no COMUNISMO não só a superação das principais antinomias epistemológicas mas também soluções práti cas para todos os outros problemas teóricos Marx 1844 p95 102 114 Não obstante foi esse um esforço pioneiro Ao transferir o pro blema do conhecimento para o campo da ati vidade social prática estruturada retirandoo do individualismo da tradicional epistemologia sujeitoobjeto Marx contribuiu para a crescente compreensão da natureza social do processo de conhecimento ver SOCIOLOGIA DO CONHECIMEN TO A práxis revolucionária 2c constitui a di mensão mais especulativa envolvendo não só o conhecimento mas também a ÉTICA A teoria de Marx sobreviveu em sua forma nãocor rigida e mais mitológica nos extravagantes flo reios milenaristas de marxistas posteriores co mo György Lukács Karl Korsch e Antonio Gramsci na década de 20 Kilminster 1979 Para eles em várias versões a consciência da classe proletária derruba a objetividade da pró pria sociedade Também identificaram erro neamente toda a ciência social com o POSITIVIS MO concebido como a articulação da experiên cia social dominante em uma sociedade capita lista e alienada Portanto as leis sociais podiam ser falsificadas pela ação de massa ou por mu danças culturais e políticas cumulativas Existe alguma evidência de que a idéia da Esquerda Hegeliana de realizações da filosofia na prática foi um importante motivo na forma ção das idéias de Marx Os radicais hegelianos compararam a realidade social tal como é com o que idealmente deve ser mas Marx pensava que isso era um radicalismo verbal infrutífero que não mudava coisa alguma e recomendou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar práxis 601 em seu lugar uma atividade práticacrítica ou seja o projeto de trazer a realidade para o que ela deve ser na prática Para nós o comunismo não é um estado de coisas que tem de ser estabelecido um ideal ao qual a própria realidade terá que se ajustar Chamamos comunismo ao movimento real que suprime o pre sente estado de coisas Marx e Engels 184546 p48 O comunismo seria efetivamente uma socie dade que não precisaria mais de ética porque deixaria de haver na realidade das vidas das pessoas qualquer discrepância significativa en tre o modo como viviam e o modo como pen savam que poderiam idealmente viver Na ver são materialista de Marx da filosofia da história de Hegel não havia necessidade de desenvolver uma justificativa ética distinta para o socialis mo ou o comunismo A teoria econômica cien tífica que descreve os estágios históricos do desenvolvimento humano e a conveniência mo ral do estágio final do comunismo são essen cialmente a mesma coisa Só os direitos e a moralidade burgueses é que eram ideológicos Lukes 1985 Mais tarde a teoria de Marx prestouse a sustentar o poder das elites burocráticas na antiga União Soviética e na Europa Oriental onde as dissidências eram sufocadas procla mandose que essas elites não só tinham sua política baseada em uma correta análise cien tífica marxista mas também estavam por definição moralmente corretas Em oposição a essas pretensões o modelo de Marx de homemcomopráxis foi enfatizado como a consubstanciação da autêntica visão mar xista da vida humana A morte da idéia da inevitabilidade histórica do socialismo somada à experiência do TOTALI TARISMO no século XX teve importantes conse qüências O fundamento das questões morais não podia continuar sendo descartado pela in clusão de sua futura solução em um necessário movimento histórico ou antes disso na infali bilidade científica política e moral do Partido Essa compreensão constitui o ponto de partida para o projeto neomarxista de teoria crítica Habermas 1974 e depois do colapso do co munismo na Europa Oriental em 1989 e da fragmentação da União Soviética a questão da boa sociedade volta a figurar em posição de destaque na ordem do dia Leitura sugerida Habermas Jürgen 1971 1976 Theory and Practice Kilminster Richard 1979 Praxis and Method a Sociological Dialogue with Lu kács Gramsci and the Early Frankfurt School Ο 1982 Theory and Practice in Marx and Marxism In Marx and Marxisms org por GHR Parkinson Kolakows ki L 1971 Karl Marx and the classical definition of truth In Marxism and Beyond Lobkowicz Nicholas 1967 Theory and Practice History of a Concept from Aristotle to Marx Lukes S 1985 Marxism and Mo rality Markovic Mihailo 1974 From Affluence to Praxis Philosophy and Social Criticism Roten streich Nathan 1965 Basic Problems of Marxs Philo sophy Stepelevich Lawrence S org 1983 The Young Hegelians an Anthology RICHARD KILMINSTER preconceito Definido aqui como um julga mento prévio rígido e negativo sobre um in divíduo ou grupo o conceito deriva do latim prejudicium que designa um julgamento ou decisão anterior um precedente ou um prejuízo As conotações básicas incluem inclinação par cialidade predisposição prevenção No uso moderno o termo veicula muitos significados variantes Comuns à maioria deles contudo são as noções de julgamento prévio desfavorá vel efetuado antes de um exame ponderado e completo e mantido rigidamente mesmo em face de provas que o contradizem Por causa de seu amplo alcance e de suas conotações complexas na linguagem comum o termo deve ser sempre interpretado no contexto específico em que é usado ver Williams 1964 p289 Na ciência social moderna o uso típico referese a julgamentos categóricos antecipa dos que têm componentes cognitivos crenças estereótipos componentes afetivos antipatia aversão e aspectos avaliatórios ou volitivos como as disposições para políticas públicas ver Blalok 1967 p7 Klineberg 1968 p439 As definições de preconceito são necessaria mente definições com certo limite de variação selecionadas de um leque mais amplo de outras características Por exemplo algumas autorida des especificam que os preconceitos são não apenas desfavoráveis e categóricos mas tam bém inflexíveis rígidos e baseados em conhe cimento inadequado ou falso juízo Assim All port 1967 p5156 sustenta que os precon ceitos são atitudes supergeneralizadas e errô neas concepções equivocadas que não se revertem em função de novos conhecimentos Por outro lado Klineberg 1968 p440 afirma que a reversibilidade devido a novos conheci Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 602 preconceito mentos não é um critério apropriado de precon ceito Assim parece preferível considerar a re versibilidade como um correlato para estudo empírico e não como parte de uma definição formal do conceito Numerosos dados de pesquisas mostram que as atitudes usualmente rotuladas como pre conceitos na fala comum podem ser específicas para um grupo ou generalizadas para muitos podem ser primordialmente cognitivas afetivas ou avaliatórias podem referirse unicamente a interações sociais pessoais ou dirigirse a am plas políticas públicas e podem ser importantes ou periféricas para o ator individual Diante dessas variações a pesquisa de ciência social concentrouse de modo geral em orientações desfavoráveis dirigidas a grupos ou categorias deixando outras características correlatas para serem investigadas com fins particulares Wil liams 1964 p2277 Klineberg 1968 p439 As provas acumuladas por pesquisas estabele ceram um grande número de generalizações empíricas referentes ao preconceito nesse sen tido Entre as mais importantes conclusões es tão as seguintes 1 Tais preconceitos negativos embora ge neralizados não são universais 2 O preconceito não é monopólio desta ou daquela sociedade desta ou daquela cul tura 3 O preconceito não é inato mas deve ser aprendido 4 Os preconceitos em relação a diferentes grupos tendem a andar juntos as pessoas que manifestam preconceito para com um grupo étnico mostram tipicamente atitudes semelhantes para com outros grupos de fora 5 Os indivíduos variam imensamente na in tensidade e espécie de seus preconceitos 6 Os preconceitos encorajam os comporta mentos discriminatórios e as orientações dadas às políticas públicas e são por eles gerados 7 Preconceitos e comportamento não pre cisam ser congruentes situações espe cíficas podem afetar consideravelmente a conduta apesar de atitudes generaliza das ver também Pettigrew 1976 p525 Etnocentrismo Um conceito estreitamente relacionado com o preconceito é o etnocentrismo Em suas for mas menos intensas o etnocentrismo pode sig nificar tãosomente uma atitude positiva em relação ao próprio grupo a que se pertence e às suas formas de conduta De modo geral porém o termo também implica alguns sentimentos de superioridade do grupo em comparação com outros grupos a que não se pertença Nos dois casos o etnocentrismo varia muito em intensi dade e em especificidade Levine e Campbell 1972 Não obstante há uma acentuada ten dência empírica para que o etnocentrismo se torne generalizado no caso extremo o nosso próprio grupo é superior a todos os outros em todos os aspectos importantes ver Williams 1964 p228 Em geral os estudos históricos e comparativos indicam que quanto mais pre ponderantes e intensas em uma sociedade são as crenças na superioridade do grupo a que se pertence maior será a probabilidade de se res ponsabilizar os membros de outros grupos por quaisquer condições ou acontecimentos indese jáveis Quanto mais o etnocentrismo se torna rígido incondicional e emocionalmente inten so maior é a possibilidade de conflito com outros grupos tais conflitos por sua vez refor çam e acentuam o etnocentrismo Desse modo o etnocentrismo difuso convertese freqüente mente em forte preconceito Os objetos do etnocentrismo e do preconceito As categorias étnicas e raciais são cons truções sociais ver também ETNICIDADE RACIS MO Desenvolvemse reciprocamente com a diferenciação social e a interação entre pessoas que segundo se presume se tornaram inicial mente distintas por parentesco comunidade geográfica ou modos de subsistência As inte rações entre pessoas ligadas por redes de paren tesco e casamento e vivendo em estreita proxi midade produzem inevitavelmente caracterís ticas culturais distintas Quando tais grupos entram em contato com outros que diferem deles de maneiras evidentes está lançada a base para as relações étnicas Quando o comércio a grande distância as conquistas militares as migrações e outros movimentos populacionais se desenvolvem a gama de diferenças sociocul turais potencialmente evidentes se amplia e quando as populações que entram em contato diferem em cultura e em características físicas óbvias há a possibilidade de que as relações étnicas se definam como raciais Assim as chamadas relações raciais modernas são decor Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar preconceito 603 rência da expansão mundial do comércio e das interações políticas depois das viagens de des cobrimento dos séculos XV e XVI Williams 1977 Fontes de preconceito Quando grupos étnicos e raciais distintos entraram em contato a COMPETIÇÃO econômica estimulou o preconceito Do mesmo modo as fronteiras entre grupos e as atitudes negativas são acentuadas por lutas pelo poder político ou pela conquista de prestígio e deferência sociais Portanto as ameaças a interesses egoístas em valores tão escassos são potentes estímulos para o conflito entre grupos Numerosas pesquisas revelaram processos psicológicos frustração deslocamento racionalização entre eles que são importantes no desenvolvimento e manu tenção do preconceito em indivíduos LeVine e Campbell 1972 Simpson e Yinger 1952 Mas deixando de lado as fontes psicológicas que condições sociais afetam a extensão e a intensidade dos preconceitos categóricos O preconceito negativo e a discriminação reforçamse mutuamente Sejam quais forem as causas o aumento das hostilidades os estereó tipos negativos e as atitudes de distanciamento social levam ao recrudescimento da discrimina ção incluindo a exclusão e a segregação impos ta Na seqüência recíproca o aumento da dis criminação leva a um preconceito mais profun do e mais intenso A experiência nos Estados Unidos tem sido que a discriminação reduzida contra pessoas negras principalmente através de ações jurídicas e políticas é freqüentemente seguida por reduzido preconceito Em suma a discriminação gera e reforça o preconceito o preconceito cria uma base para a discriminação e sua racionalização ver também IDEOLOGIA Uma vez formado determinado preconceito étnico como um complexo conjunto de cren ças valores e sentimentos pode difundirse e tornarse normativo em uma população através dos processos comuns de SOCIALIZAÇÃO e con formismo Através da doutrinação e do exem plo as crianças aprendem preconceitos como parte do repertório cultural total absorvido em família e em outros grupos a que pertencem Quando tais preconceitos passam a ser norma tivos as expectativas e exigências encadeadas de autoridades e de pares criam pressões e induções ao conformismo Dessa forma uma tradição cultural de preconceito pode adquirir grande força e persistência Leitura sugerida Blalock HM Jr 1982 Race and Ethnic Relations Ehrlich HJ 1973 The Social Psy chology of Prejudice Francis EK 1976 Interethnic Relations an Essay in Sociological Theory Rex J 1983 Race Relations in Sociological Theory Van der Berghe Pierre Louis 1981 The Ethnic Phenomenon Williams RM 1977 Mutual Accomodation Ethnic Conflict and Cooperation ROBIN M WILLIAMS JR préhistória Ver ARQUEOLOGIA E PRÉHISTÓ RIA pressão grupo de Ver INTERESSE GRUPO DE previsão Como a determinação dos estudos futuros de um sistema físico ou social a previ são é uma importante questão epistemológica porque a capacidade de produzir previsões acu radas e idôneas é considerada com freqüência o critério definitivo pelo qual a ciência deve distinguirse de outros tipos de atividade inte lectual É inegável que previsões podem ser e fre qüentemente são feitas com êxito nas ciências sociais assim previsões a curto ou médio prazo de emprego de taxas de natalidade ou mortali dade ou de oportunidades educacionais são na maioria das vezes fidedignas ver também ES TATÍSTICA SOCIAL De modo geral as ciências sociais desenvolveram com êxito uma dimen são atuarial A distinção crucial entre previsão e profecia contudo nem sempre é feita com clareza pelas ciências sociais No começo deste século W Sombart previu que um poderoso movimento socialista se desenvolveria nos Es tados Unidos Em meados da década de 80 muitos sociólogos e cientistas políticos previ ram longa vida para os regimes comunistas nos países do Leste Europeu Como Anthony Gid dens 1990 mostrou muito bem as previsões de Karl Marx e Max Weber sobre sociedades modernas devem ser seriamente relativizadas No passado recente os cientistas sociais ad quiriram uma consciência cada vez maior das dificuldades com que se defronta a previsão nas ciências sociais Isso pode ser visto no fato de os futurólogos já não pretenderem dizernos que são capazes de prever com precisão mudan ças sociais e optarem em vez disso por desen volver plausíveis roteiros alternativos sobre futuros estágios de sistemas sociais Essa ati Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 604 préhistória tude mais modesta em relação à possibilidade de previsão devese principalmente ao declínio do positivismo nas ciências sociais e ao pro gresso da idéia de que os fatos sociais são o produto de ações comportamentos e ou cren ças individuais Enquanto que alguns sistemas de interação são tão previsíveis quanto os sis temas físicos outros não o serão Assim os jogos de cooperação são exatamente previsí veis ao passo que as estruturas de interação do repetido dilema do prisioneiro ou da do jogo da galinha chiken game são altamente im previsíveis Boudon 1986 Boudon e Bour ricaud 1989 Por outro lado a investigação sobre mudança social levou à noção de que fatores contingentes não podem ser ignorados Além disso muitas profecias apresentamse co mo essencialmente autodestrutivas se é feita a previsão de que alguma catástrofe social é imi nente algo será provavelmente feito para evi tála de modo que ela talvez não venha a ocor rer De modo geral a antiga tendência a definir a ciência por sua capacidade de previsão é hoje considerada ingênua o objetivo da ciência é principalmente adquirir conhecimento e com preensão do mundo e só secundariamente pre ver seus estados futuros É importante saber digamos que uma dada estrutura de interação é imprevisível ou que o curso de determinado processo pode ser afetado por contingências embora esse conhecimento torne impossível a previsão Ver também CAUSALIDADE MENSURAÇÃO Leitura sugerida Boudon Raymond 1986 Theories of Social Change Ferkiss Victor 1977 Futurology Giddens A 1990 The Consequences of Modernity RAYMOND BOUDON privação relativa Este conceito adquiriu des taque primeiro em termos subjetivos e mais tarde objetivos com significados alternati vos mas muito distintos As pessoas podem sentirse privadas em relação a outras e também em relação às suas condições ou situações ob servadas Alternativamente as pessoas podem ser privadas em relação a outras suas condições são comprovadamente piores que as de outras Em primeiro lugar os sentimentos das pessoas ou o seu comportamento decorrente desses sen timentos podem provocar surpresas e até pare cer irracionais Privação relativa é uma ex pressão que foi originalmente criada para aju dar a explicar por que motivo alguns soldados objetivamente em boa situação no exército americano estavam descontentes Stouffer et al 1949 p125 A expressão foi aproveitada por psicólogos sociais sociólogos e cientistas políticos Merton 1949 é um exemplo a fim de chamar a atenção para as diferenças de sen timento entre grupos e para as diferenças entre sentimento e realidade Sentimentos de priva ção relativa diante de alguma condição ou si tuação percebida como atingível ou realizável independentemente das condições ou da situa ção real das pessoas eram claramente impor tantes para grande parte da vida social A dis tinção ajudou a explicar variações de opinião mas também protestos espontâneos e a organi zação de ações coletivas Runciman 1966 p10 e 1989 especialmente p36 e 97 aplicou o termo rigorosamente aos problemas de es trutura de classe status de minorias e variação entre culturas Em segundo lugar surgiu subseqüentemen te a necessidade de se usar o termo em um sentido objetivo e não apenas em um sentido individual ou coletivamente subjetivo A pes quisa sobre hierarquia social classe mobili dade social distribuição de renda pobreza e padrões de doença na população dirigiu as aten ções para a importância de medir por exemplo a distância social as condições materiais e so ciais de diferentes grupos e classes na popula ção e a disjunção entre necessidades satisfeitas e nãosatisfeitas Nesse processo o próprio si gnificado de privação foi alvo de uma inves tigação mais minuciosa Ela foi diferenciada de idéias como POBREZA sendo aplicada mais di retamente às inadequações materiais e sociais do que indiretamente às baixas rendas que po dem ou não estar na base dessas inadequações Alguns autores distinguiram entre formas obje tivas de privação material e social assim como entre formas subjetivas de privação individual e coletiva por exemplo Townsend 1979 p46 53 e 1987 Devese elucidar contexto social ou estrutu ra de referência objetiva para a determinação e compreensão de queixas e ressentimentos in dividuais e grupais da espécie preferida pelos estudos dos sentimentos de privação Assim um grupo de trabalhadores manuais qualifica dos pode sentirse destituído em relação a um grupo de funcionários administrativos Antes de se concluir precipitadamente que os estados subjetivos e objetivos são discordantes devem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar privação relativa 605 se coletar detalhadas informações a respeito de salários mas também de muitas outras caracte rísticas sumamente importantes na vida de tra balho e social E isso pode envolver uma inves tigação muito mais ampla das condições de trabalho segurança de emprego perspectivas de promoção benefícios adicionais e posição social do que podem sugerir as descobertas originais sobre sentimentos de privação A aná lise da história do conceito mostra que a impor tância da privação subjetiva ou coletiva como variável explicativa não pode ser avaliada in dependentemente da privação real Leitura sugerida Runcinam WG 1989 A Treatise on Social Theory vol2 Substantive Social Theory Townsend P 1979 Poverty in the United Kingdom PETER TOWNSEND privacidade Um modo de entender este con ceito é como o laboratório de um alquimista alojando os minúsculos processos criativos que marcam o COTIDIANO os quais contribuem para a diversão do eu e para a manutenção de um sentido de IDENTIDADE sem o qual a resilição e a resistência pessoais seriam impossíveis Esse fenômeno ressalta claramente de uma pesquisa realizada com jovens Ao analisar a chamada emigração interna a pesquisa pôs em relevo o modo como indivíduos buscam nichos no tempo que lhes permitam períodos diários de afastamento do mundo à sua volta Duvignaud 1975 p233 Poderseia ampliar essa análise mostrando como ainda que suas manifestações não sejam previsíveis em detalhe esses nichos privados são uma constante em todas as es truturas sociais Subjacente na tradição de smucke dei heim decore o seu lar dos países nórdicos nos jardins de trabalhadores ou na predileção pelo Kitsch que foram extensamen te estudados para não mencionar o gosto por velhos casarões rurais convertidos podese per ceber a mesma busca inclusive no refúgio ute rino do reino noturno G Durand de uma privacidade que persiste apesar de ou em des afio a qualquer espécie de mitologia progres sista Ver também MODERNISMO E PÓSMODER NISMO Essa regeneradora retirada do mundo é bom lembrar está ligada ao que poderia chamarse a volta à floresta Ernst Jünger a qual apre senta uma ilustre linhagem que vai desde Ro bin Hood até os muitos grupos de resistência clandestina da história moderna e culmina nas guerrilhas urbanas dos dias atuais Essas formas extremas de comportamento social colocam em relevo a verdade sobre muitas outras mais co muns Exibem um mecanismo por meio do qual indivíduos que se retiraram para uma concha particular de inércia são capazes de se reunir e realizar uma identidade coletiva com o objetivo de enfrentar as múltiplas invasões promovidas pela realidade externa É dentro da trama da vida cotidiana imune à esfera da política com todos os seus slogans e jogos de poder que se localiza a soberania social Poderseia até afir mar que ela deriva todo o seu vigor do fato de permanecer escondida de ser uma força oculta que nada tem a ver com a aparência de poder Outro exemplo de privacidade pode ser visto na cultura do pobre descrita com tanta pers picácia por Richard Hoggarth 1957 O vasto repertório de chistes provérbios máximas adágios e gírias teatro satírico ou literatura popular tem sido corretamente apresentado por muitos observadores como um espaço social que preserva uma efetiva tradição de resistência ver também CULTURA DE MASSA Acrescente se que tal resistência funciona precisamente porque os seus gestos de desafio só podem ser executados com alguma significação em um nível simbólico onde atuam como fatores de socialização São as senhas através das quais se dá o reconhecimento mútuo Reconhecimento de si mesmo via reconhecimento pelo grupo Tratase de fato de uma antiga realidade antro pológica os etnólogos documentaram o que o shalako dos índios Zuni o candomblé Bahia o Kula Melanésia para mencionar apenas alguns exemplos representam em suas respec tivas estruturações sociais Existe no uso da palavra por Gaston Bache lard uma poética da privacidade que embora nunca tenha sido oficialmente reconhecida sancionada ou canonizada continua sendo um valioso gerador de socialização Tal poética é composta de todas aquelas triviais atividades sociais viagens para visitar alguém conversas de botequim faça você mesmo cozinhar passear sair para comprar roupas etc através das quais os indivíduos se reconhecem como pertencentes a um dado grupo social Esse reco nhecimento ou sentimento de identidade longe de ser homogêneo e estável está em constante fluxo mas não obstante constitui para além da pluralidade de suas expressões uma densa trama tão variada em textura e colorido quanto Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 606 privacidade os fios que em suas múltiplas urdiduras for mam o resistente tecido da realidade familiar cotidiana Em A alma e as formas 1910 Lu kács na tentativa de inventariar essa volátil mas intensa comunidade fala de uma socialidade interna que se manifesta no lirismo das re lações humanas O lirismo encontrado nas canções pop na ficção escapista e nas estórias das revistas para adolescentes é muito esclarecedor a esse res peito Não é o conteúdo de tal lirismo que conta mas o seu significante O que está sendo dito não é tão importante desde que seja algo que possa dar estrutura à comunidade uma forma de estruturação para o qual o discreto nicho uterino da pequena comunidade local ou da aldeia é particularmente propício Assim podese perceber que o recurso à privacidade é extremamente comum e repre senta a renovação dos vínculos com a comuni dade que pode ser assinalada ao longo de toda a história humana e sem a qual não poderia ocorrer nenhuma das cristalizações específicas da vida social tais como as civilizações os costumes as instituições e os governos Mas enquanto que essas cristalizações deram origem a uma historiografia capaz de as articular a privacidade que as alicerça não tem outra ga rantia de sobrevivência além de sua própria persistência É a força do abismo o reino das sombras a via negativa a tenebrosa noite da alma o buraco negro da astrofísica Seja qual for o nome que lhe é dado por diferentes séculos e mitologias esse substrato constantemente re primido da vida social continua fazendo com que pensadores lúcidos e exigentes se defron tem com novas metamorfoses que são simples mente tão poderosas quanto sempre foram Hoje em dia parece que estamos presenciando uma outra e vigorosa ressurreição do privado fato que não pode deixar o sociólogo indife rente Ver também ESFERA PÚBLICA SOCIEDADE CI VIL Leitura sugerida Durand G 1969 Les structures an thropologiques de limaginaire Duvignaud J 1975 La planète des jeunes Hoggart R 1957 The Uses of Literacy Lukács G 1910 1974 The Soul and the Forms Maffesoli M 1976 Logique de la domina tion MICHEL MAFFESOLI problema social Pode ser definido como uma condição danosa identificada por um número significativo de pessoas e reconhecida politica mente como necessitando de melhoria O dano ocorre em muitas formas os interesses econô micos das pessoas seus interesses políticos seus valores morais o meio ambiente e um incontável número de outros fenômenos podem ser afetados Em todo caso para ser expresso como um problema social o dano deve consistir em uma situação factual cujas dimensões inter nacionais históricas psicossociais e outras possam ser observadas de modo sistemático e objetivo Os fatos são importantes porque for necem uma base realista para a ação Além disso a ignorância pode ser custosa visto que o que as pessoas não sabem pode ainda serlhes nocivo Merton 1961 Não obstante mostrar meramente a natureza danosa de um fenômeno não é suficiente em si mesmo para identificar um problema social Condições que envolvem pouco dano como as mortes por uso de drogas cerca de 4 mil por ano nos Estados Unidos são freqüentemente definidas como problemas sociais ao passo que condições envolvendo grandes danos como as mortes em acidentes de automóvel cerca de 50 mil por ano não são assim definidas Além do dano um número significativo de pessoas deve identificar um problema social e debatêlo politicamente Spector e Kitsuse 1987 Embora tenha havido uma controvérsia sobre quanto seria significativo essa questão pode ser resolvida notandose o feedback entre o número de pessoas que afirmam que uma dada condição é prejudicial e a sua localização na sociedade Por vezes uma situação é identifi cada como danosa por grupos de cidadãos por vítimas ou por indivíduos influentes e outros respondem tratando a questão politicamente De modo distinto por vezes a pesquisa revela uma condição que suscita clamor público e a causa é assumida por defensores politicamente significativos Para fins de identificação de um problema social não importa por que razão uma questão é considerada prejudicial ou quem ori gina a preocupação a seu respeito as pessoas podem ser motivadas por valores morais inte resses econômicos ou outros fatores Entretanto os motivos das pessoas são im portantes uma vez que não existem critérios científicos para decidir que uma condição da nosa é um problema social mas uma outra não Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar problema social 607 é A vida pública pelo menos em sociedades democráticas é um processo competitivo em que indivíduos e grupos rivalizam para atrair a atenção dos líderes políticos e dos cidadãos comuns A tarefa envolve a transformação dos dilemas prejudiciais vivenciados por indiví duos como dissabores privados em questões públicas em problemas sociais que podem ser melhorados Mills 1959 Esse processo polí tico significa que os problemas sociais mudam com o tempo freqüentemente sem referência a mudanças na extensão do dano Por vezes uma condição conhecida aceita em determinado ponto tornase posteriormente inaceitável e por conseguinte um problema social Por exemplo a desigualdade que é intrínseca em casamentos tradicionais passou recentemente a ser um pro blema social Às vezes uma condição conheci da definida como prejudicial em um momento dado tornase mais tarde aceitável por exem plo o uso da maconha Finalmente uma con dição prejudicial previamente desconhecida ganha notoriedade em virtude de novos dados científicos e se converte por isso em um pro blema social como o aquecimento global Os exemplos apontam o dinamismo subentendido na identificação de problemas sociais Essa contínua atividade reflete uma crença na possibilidade de aperfeiçoamento Na cultu ra ocidental as pessoas tendem a ser otimistas a alimentar o sentimento de que suas vidas e a sociedade em geral podem melhorar e a crença em que esse progresso ocorreu Nisbet 1969 A ciência social pode ser imensamente útil nes se contexto pois pode fornecer análises razoa velmente objetivas das dimensões de uma con dição danosa avaliar as conseqüências poten ciais para os indivíduos e as sociedades das várias estratégias para resolver o problema e indicar os possíveis efeitos colaterais de uma redução concreta do dano A sabedoria contu do não se segue necessariamente ao conheci mento e nenhuma garantia existe de que as análises científicas sociais conduzam à me lhoria de um problema social Rule 1978 Em parte isso acontece porque muitas condições danosas são resultados involuntários não pre meditados do progresso histórico e proporcio nam benefícios a certos segmentos da popula ção Por conseguinte as pessoas discordam so bre o que significa melhoria e dependendo de seus interesses econômicos ou valores mo rais a solução de uma pessoa é com freqüência o problema de outra Merton 1961 Um problema social pode ser estudado de pelo menos três ângulos O primeiro é a SOCIO LOGIA DO CONHECIMENTO o processo pelo qual a realidade é socialmente construída Berger e Luckmann 1966 Nesse caso a tarefa consiste em entender como e por que uma condição danosa e não outra é identificada como proble ma social Spector e Kitsuse 1987 propuseram um modelo para o estudo desse processo que se concentra nas reclamações que as pessoas fa zem a respeito dos danos causados por alguma condição e no debate político que se segue A segunda perspectiva é a da PSICOLOGIA SOCIAL o modo como as pessoas interagem como in fluenciam os grupos a que pertencem e são influenciadas por grupos Assim é possível es pecificar como os pais e amigos de indivíduos e outros que são importantes para eles os in fluenciam para ficarem pobres usarem drogas conseguirem um aborto ou praticarem qualquer ação identificada como problema social A ter ceira abordagem é em termos da ESTRUTURA SOCIAL o modo como a organização social in fluencia os índices de comportamento Por exemplo a elevada taxa de pobreza nos Estados Unidos reflete o impacto da estrutura do proces so eleitoral a política macroeconômica e outros fatores que têm pouco a ver com os motivos pelos quais os indivíduos empobrecem Bee ghley 1989 De modo mais geral é possível mostrar como a estrutura social influencia a taxa de uso de drogas de abortos ou de qual quer outra questão definida como problema social Uma abordagem estrutural de um pro blema social é útil como meio de descobrir suas dimensões ocultas especialmente a dis tribuição de interesses e benefícios confli tantes em uma sociedade Merton 1949 Quando se reúnem os insights oriundos de todos os três ângulos de visão surge um quadro relativamente completo de um proble ma social Leitura sugerida Beeghley L 1989 The Structure of Social Stratification in the United States Merton RK 1949 1968 Manifest and latent functions In Social Theory and Social Structure org por RK Mer ton Mills CW 1959 The Sociological Imagination Spector M e Kitsuse JI 1987 Constructing Social Problems LEONARD BEEGHLEY Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 608 problema social problemática O conceito referese à confi guração de conceitos teóricos pressupostos em um texto ou discurso A problemática define o campo de questões que podem ser formula das e as formas que as respostas devem adotar Também exclui a apresentação de certas ques tões torna alguns problemas impensáveis e al guns objetos invisíveis O conceito surgiu no final da década de 40 na obra do historiador e filósofo da ciência francês Gaston Bachelard Nela o conceito foi usado em oposição ao ponto de vista dos conceitos científicos e seus referentes no mundo real Sustentavase que os conceitos científicos adquirem seu significado específico a partir do lugar que ocupam dentro de um todo teórico estruturado assumindo os avanços científicos a forma de reorganizações fundamentais de problemáticas teóricas O conceito obteve ampla circulação nos de bates sociais e teóricos das décadas de 60 e 70 através de sua utilização pelo filósofo marxista francês Louis Althusser que fez uso das afini dades entre o conceito de problemática e as abordagens estruturalistas então em voga na lingüística e na psicanálise ver ESTRUTURALIS MO Na obra de Althusser o uso primordial do conceito é para realizar uma periodização dos escritos de Marx em termos de transformações subjacentes em suas problemáticas Central nessa periodização é o contraste entre as pro blemáticas humanistas dos primeiros escritos de Marx e a problemática científica do mate rialismo histórico que foi constituída de 1845 em diante Correspondências verbais entre os primeiros e os últimos textos podem ser conci liadas com essa tese de um corte epistemoló gico na condição de que seja empregada uma leitura sintomal a superfície empírica de um texto não expõe imediatamente a sua pro blemática A obra teórica tendo por modelo uma investigação psicanalítica tem que ser realizada para expor as determinantes teóricas freqüentemente contraditórias subjacentes nos textos Althusser e seus colegas também empre garam o conceito de problemática como forma de representar a estrutura lógica da própria crí tica de Marx em O capital à economia política clássica Leitura sugerida Althusser Louis 1965 Pour Marx especialmente o verbete do glossário TED BENTON processos evolucionários na economia O surgimento e a destruição de relações econô micas podem ser descritos como evolucionários se forem resultantes da retenção seletiva de inovações Modelos evolucionários inspirados na biologia começam a atrair a atenção de eco nomistas como alternativas viáveis às abstra ções nada realistas dos modelos de equilíbrio Estes últimos sustentam que a um certo preço a oferta e a demanda se equilibrarão mas não podem explicar como acontecem realmente os preços de equilíbrio A possibilidade de preços de equilíbrio depende de muitos pressupostos que com freqüência só são implicitamente formulados todos os participantes da economia devem ter perfeito conhecimento e completa antevisão das circunstâncias futuras precisam maximizar lucros e vantagens e tem que haver uma competição ilimitada Quando os modelos de equilíbrio foram assentes em uma rigorosa base matemática e esses pressupostos implíci tos se tornaram explícitos a aplicação de tais modelos a sistemas econômicos concretos re sultou menos esclarecedora do que a maioria dos economistas tinha esperado Hahn 1981 As precondições um tanto improváveis para a existência de um equilíbrio econômico impõem severas limitações a uma aplicação significati va de modelos de equilíbrio Ao inverter todo o quadro de referência teórico os modelos evolucionários abordam de outro modo o problema básico da ordem eco nômica Eles incorporam a informação incom pleta e a antevisão incerta como axiomas e prescindem da idéia clássica do homem econô mico como agente maximizante de lucro e van tagens Em artigo pioneiro 1950 AA Al chian esboçou os princípios básicos de um mo delo evolucionário Ele identifica as contra partes econômicas dos mecanismos biológicos da evolução mutação seleção natural e he reditariedade genética como inovação rea lização de lucros positivos e imitação Alchian concentrase no mecanismo seletivo da econo mia como um sistema social em que as moti vações individuais deixaram de ser essenciais Seja qual for a natureza da motivação indivi dual e mesmo que as decisões econômicas se jam completamente aleatórias só os partici pantes que realizarem lucros positivos conti nuarão no processo econômico Enquanto tal comportamento econômico for considerado aleatório ou fruto de tentativa e erro não poderá Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar processos evolucionários na economia 609 explicar mais do que variações cegas Que va riação acabará sendo por fim uma inovação seja ela deliberadamente obtida ou não só pode ser descoberto quando ela tiver sido bemsuce dida As inovações só podem ser identificadas a posteriori depois de terem sido selecionadas Trabalhando com variação e seleção Alchian incorporou a esse modelo mais um mecanismo a fim de explicar a uniformidade observada entre as variações selecionadas e bemsucedi das na economia Esse mecanismo pode ser considerado o adequado para a retenção Fun ciona na base da imitação A imitação dos pa drões de ação associados a êxitos pretéritos parece servir como boa estratégia para os atores que enfrentam um meio ambiente incerto e demasiado complexo Em uma veia semelhante HC White 1981 apontou que a diferenciação de merca dos pode ser entendida em termos da observa ção e imitação do comportamento bemsucedi do Essa espécie de orientação gera paneli nhas de firmas autoreprodutoras Um merca do deixa então de ser entendido e definido como um conjunto de compradores mas pode ser visto como uma estrutura historicamente for mada de papéis distribuídos entre um conjunto estável de firmas produtoras ou como uma ecologia de nichos em meio a uma multidão de organismos concorrentes White 1981 p526 Qualquer inovação dentro de tal contex to destruirá pelo menos em parte a ecologia de nichos existente e lhe dará novo formato As inovações tornamse bemsucedidas através de um processo evolucionário de destruição cria tiva Schumpeter 1942 Os processos evolu cionários em economia são processos de deriva que formam sua própria história mediante a seleção de variações aleatórias Não pode haver garantia antecipada de que algumas delas não redundem em desastre Entretanto embora se jam construídos nos terrenos precários do alea tório esses processos fornecem não obstante estruturas temporariamente estáveis e idôneas que podem orientar o comportamento econômi co Observar a economia como um sistema es truturado por processos evolucionários tem a vantagem de uma apreensão mais completa dos aspectos cruciais da vida econômica do que a maioria dos outros modelos de equilíbrio pode ria manipular Até recentemente essa vantagem só podia ser obtida ao preço da imprecisão verbal mas isso é agora compensado em grau crescente pela construção e teste de modelos de computador que visam simular os processos estocásticos da evolução econômica Ver também CRESCIMENTO ECONÔMICO ESCO LHA RACIONAL TEORIA DA EVOLUÇÃO DIVISÃO DO TRABALHO Leitura sugerida Nelson Richard R e Winter Sid ney G 1981 An Evolutionary Theory of Economic Change KAY JUNGE processos evolucionários na sociedade São as mudanças causadas no interior da es trutura social por uma retenção seletiva de va riações aleatórias desviantes A explicação dos processos evolucionários passou a ser um empreendimento interdisciplinar muito abran gente na ciência moderna Nas ciências sociais só recentemente se libertou de uma noção pro videncialista unilinear da história humana que dominou o pensamento social do século XIX Auguste Comte Karl Marx Herbert Spencer Essa espécie de evolucionismo tinha a ambição por vezes manifesta de vir a ser uma nova forma de religião secular Ainda hoje o termo evolução é usado embora com menos fre qüência em seu sentido prédarwiniano como sinônimo de desenvolvimento e progresso e quase todos os críticos pensam em tais aborda gens como sendo seu alvo Nisbet 1986 Para evitar semelhantes críticas as mais recentes tentativas pósdarwinianas concebem um pro cesso evolucionário que se desenrola de modo mais limitado e operacionalmente especificado Toulmin 1972 p31956 Para observar um processo evolucionário cumpre distinguir en tre um mecanismo de variação cega e um me canismo de retenção seletiva Só essa distinção nos permite reconhecer o caráter evolucionário de um processo social e não meramente algum tipo de desenvolvimento autoexpansivo A maioria dos sociólogos restringese hoje a sistemas de significado e à sua realização comunicativa Eles mostramse extremamente cautelosos a respeito da mais ampla interação possível entre a evolução biológica e a social e consideram essas matérias irrelevantes para a análise da sociedade Entretanto isso foi certa mente diferente durante os mais recuados es tágios da evolução humana e alguns biólogos e antropólogos começaram a focalizar em maior detalhe a coevolução e a conjugação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 610 processos evolucionários na sociedade estrutural entre os sistemas de herança ou níveis de seleção genética e cultural Boyd e Richer son 1985 Os processos evolucionários em um certo mas freqüentemente subestimado grau não podem ser calculados de antemão Qual quer teoria sociológica que tente observálos pode no máximo avaliar o âmbito de futuras possibilidades e tipos de avanços decisivos po tenciais enquanto que o desfecho definitivo será necessariamente uma questão de acaso Eles podem criar uma nova ordem temporaria mente estável baseada na seleção de tais va riações aleatórias enquanto essa nova ordem muda de novo e talvez aumente a probabilidade de uma seleção de eventos que antes dessa ordem existir tinha que ser considerada inteira mente impossível Toda a seleção de uma nova variação condiciona a gama de futuras pos sibilidades admissíveis Um processo evolucio nário não é necessariamente direcional e nunca é unidirecional A evolução não subentende a inevitável seleção do mais complexo Axelrod 1984 nem tende para a adaptação ambiental Não existe controle de padrões pelos quais ela possa ser aferida de antemão embora tais pa drões possam existir nos olhos do observador ou ser sobrepostos aos dados ex post facto Weick 1979 Luhmann 1982 A evolução acelerada da sociedade no mun do moderno pode ser avaliada considerandose a crescente diferenciação entre os mecanismos básicos da própria evolução ou seja a separa ção de variação seleção e retenção Luhmann 1982 Essa evolução da evolução dentro da sociedade isto é dentro de um sistema de co municação não pode ser adequadamente enten dida contandose com pessoas ver DARWINISMO SOCIAL ou idéias como os elementos de sele ção Uma variação no processo de comunicação deve ser uma diferença que tem importância no contexto de novas comunicações Pode ser identificada como uma comunicação desviante isto é que não obedece ao padrão de expectati vas vigente Esses atos podem ser caracteriza dos como cegos ou aleatórios porque a sua justificação sempre ocorre somente depois de terem sido gerados e testados Weick 1979 p123 Usualmente tais atos serão punidos mas a experiência de atos desviantes de comu nicação também poderia causar uma mudança na estrutura de expectativas e ser finalmente incorporada a ela Toda e qualquer comunicação pode ser ne gada e uma comunicação desviante em es pecial corre o risco de ser rejeitada A aceitabi lidade de comunicações desviantes ou seja a sua seleção para serem integradas no padrão geral de expectativas é altamente improvável em uma estrutura social que esteja limitada pelas restrições da interação face a face Essas limitações dissolveramse historicamente com a expansão das possibilidades comunicativas para além do âmbito de tal interação como resultado da invenção da escrita dos sistemas de escrita fonética ou seus equivalentes da imprensa e em grau ainda não observável da invenção da mídia eletrônica Esses recursos tornaram possível um desligamento do meca nismo evolucionário de variação e estimularam a evolução de meios de comunicação simboli camente generalizados com novos mecanismos de seleção Esses meios por exemplo dinheiro poder simbólico verdade científica ou amor romântico tornaram a comunicação desviante aceitável desde que adira aos padrões específi cos de comportamento definidos por um dos diferentes códigos desses meios Sendo assim podese então esperar que por exemplo o có digo monetário venha a ter êxito apesar de costumes locais e advertências morais que o poder político estabeleça os seus próprios pa drões éticos independentemente de preocupa ções religiosas que a verdade científica se li berte da influência política imediata que o amor triunfe a despeito das obrigações de status etc Tais códigos facilitam a autonomia de sub sistemas específicos da sociedade na medida em que impõem sua reprodução recursiva Es ses subsistemas adquirem novos graus de liber dade que lhes eram inacessíveis antes da ocor rência desse processo de desligamento evolu cionário A diferenciação da sociedade em vá rios subsistemas mais ou menos autônomos estabiliza os procedimentos seletivos de seus diferentes meios e os adota desse modo com um mecanismo de retenção Desde o seu desligamento evolucionário os muitos subsistemas da sociedade no mundo moderno tornaramse cada vez mais autônomos e imprevisíveis não só em relação uns aos outros mas até para eles mesmos Os processos evolucionários em sociedade diferenciamse e aceleramse e com essa evolução da evolução a sociedade moderna perde um centro e se torna cada vez menos conservadora O que uma teoria Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar processos evolucionários na sociedade 611 da evolução social tem a oferecer é um melhor entendimento desses processos evolucionários que formam a sociedade do mundo moderno Ela pode demonstrar a improbabilidade de sua deriva evolucionária e refletir os numerosos riscos de distinções diferentes que poderiam funcionar como diretrizes para a autodescrição da sociedade Entretanto a evolução prosse guirá como um processo indirigível Ver também DIFERENCIAÇÃO SOCIAL EVOLU ÇÃO HISTORICISMO SOCIEDADE ABERTA Leitura sugerida Luhmann N 1982 The differen tiation of society In The Differentiation of Society p22954 Schmid Michael e Wuketits Franz orgs 1987 Evolutionary Theory in Social Science KAY JUNGE profissões liberais Não existe uma única definição geralmente aceita de profissão liberal Na verdade há uma considerável literatura freqüentemente citada como a perspectiva de traço ou de atribuição que consiste na tentativa em grande parte estéril de identificar os elementos comuns a todas essas ocupações Greenwood 1957 Millerson 1964 A des peito das dificuldades envolvidas em se chegar a um acordo sobre o que é uma profissão liberal reconhecese geralmente que o século XX foi marcado por um grande aumento no número de profissões que reivindicam o status de liberais desejando assegurarse monopólios jurídicos de título e exercício e tentando criar sistemas de controle de colegas sobre a admissão e o treina mento Também se concorda que esse processo de profissionalização vem adquirindo impulso desde o começo do século XIX em associação com a crescente complexidade da DIVISÃO DO TRABALHO A literatura está porém profunda mente dividida em torno da questão do poder profissional Há os que como Daniel Bell 1974 identificaram os profissionais liberais com os novos e poderosos detentores de co nhecimentos da sociedade pósindustrial en quanto outros Haug 1973 assinalaram o de clínio em status e poder dos profissionais libe rais em uma era cada vez mais burocrática e cética Duas questões têm caracteristicamente regi do o pensamento social a respeito das profissões liberais modernas Em primeiro lugar em que medida as profissões liberais constituem um produto ímpar da divisão do trabalho Weber 192122 por exemplo viu a profissionaliza ção como um processo crucial para o surgi mento da sociedade moderna com a ascensão de profissões caracterizadas por critérios ra cionais de recrutamento e desempenho Essa questão está inserida também na abordagem de traço da análise das profissões A segunda e fértil questão apresentou o problema as profis sões liberais desempenham um papel ou função especial na sociedade moderna As implica ções gerais dessa questão foram exploradas por Émile Durkheim 1950 o qual afirmou que em sociedades em processo de industrialização cada vez mais fragmentadas por uma divisão forçada do trabalho a corporação profis sional era a única instituição social capaz de gerar uma nova ordem moral mediando entre a regulamentação burocrática do estado moder no e o indivíduo anômico Uma vez mais po rém essa questão viuse freqüentemente redu zida à busca de alguma qualidade essencial compartilhada por todos os profissionais libe rais com seu altruísmo coletivo ou sua orienta ção para o serviço Parsons 1951 Essa pers pectiva indica que os níveis relativamente ele vados de status e poder de que desfrutam os profissionais liberais explicamse por sua auto ridade e competência e que o reconhecimento dessa superioridade de saber torna o cliente vulnerável e explorável Do mesmo modo o altruísmo coletivo de uma profissão liberal pode ser observado no fato de o cliente estar protegido a comunidade servida e os privilé gios do profissional justificados em última aná lise pelos códigos de ética de conduta impostos pelos colegas A visão altruísta ou funcional das pro fissões ver FUNCIONALISMO tem raízes na obra de Durkheim sobre a divisão do trabalho 1893 e em The Professions de CarrSaunders e Wil son publicado em 1933 mesmo ano em que saía a primeira edição em inglês de De la divi sion du travail social de Durkheim com o título de The Division of Labour in Society Durkheim procurou encorajar o desenvolvi mento de associações profissionais em todas as áreas de trabalho fragmentado e especializado substituindo assim o parentesco como a princi pal fonte de solidariedade social CarrSaunders e Wilson consideraram as profissões liberais inglesas igualmente fundamentais para o bem estar da sociedade democrática identificando em seus códigos de ética e suas formas de autoridade corporativa em contraste com a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 612 profissões liberais burocrática a melhor defesa contra as forças grosseiras que ameaçam a constante e pacífica evolução da sociedade a saber o estado e os exploradores da opinião pública Esses temas funcionalistas foram ainda mais desenvolvidos no período posterior à Se gunda Guerra Mundial por sociólogos norte americanos que enfatizaram as funções positi vas desempenhadas por associações de colegas profissionais para assegurar que os sistemas de conhecimento que exerceram um poderoso controle sobre a natureza e a sociedade Bar ber 1963 p672 fossem mobilizados no inte resse da comunidade e do indivíduo Também se sustentou que como só os profissionais libe rais entendiam plenamente as implicações de sua própria prática também era natural que lhes fosse atribuído um papel predominante no con trole do seu exercício e os recompensassem generosamente em termos materiais e de status por assim procederem Entretanto a partir de meados da década de 60 tem havido uma perda de fé no altruísmo profissional um crescente foco sobre o poder profissional monopolístico como força de ex ploração e um ceticismo quanto aos efeitos benéficos do profissionalismo como estratégia para o avanço ou mobilidade ocupacional cole tiva Essa perspectiva radical tem se concen trado nos efeitos disfuncionais do profissiona lismo como mecanismo de dominação do mer cado e como produto de um relacionamento conspiratório entre o estado e o profissional liberal gerando estruturas de controle social Gilb 1966 Navarro 1976 Uma fonte in fluente dessa tradição alternativa é o liberalis mo clássico de Adam Smith com sua hos tilidade a todos os clubes corporações igreji nhas cabalas e cartéis que ameaçavam o livre funcionamento do mercado uma tradição expressa nos escritos de economistas como Milton Friedman 1962 assim como na políti ca da década de 80 associada ao thatcherismo no Reino Unido e ao reaganismo nos Estados Unidos O ceticismo também tem caracterizado o pensamento sociológico mais recente sobretu do com o surgimento do que se designou como teoria da dominação ou do monopólio Es sa literatura identifica o profissionalismo como uma estratégia coletivista para o controle mo nopolístico de jurisdições profissionais Lar son 1977 e um sistema de práticas exclu dentes mais significativas na formação da di visão do trabalho do que um produto dela parte do processo mais amplo de formação de classes Parkin 1979 Embora os teóricos do monopólio concor dem geralmente com os funcionalistas em que uma estratégia de profissionalismo bemsu cedida está associada a uma reivindicação ocu pacional de conhecimentos e qualificações es peciais exigindo muito anos de estudo e treina mento eles tendem a discordar quanto à direção do vínculo causal Ou seja enquanto os fun cionalistas sustentam que conhecimento eso térico e escassa eficiência prática são as con dições primárias para garantir o privilégio pro fissional os teóricos do monopólio invertem a asserção sustentando que o poder profissional de controlar o mercado freqüentemente com apoio do estado levou à aceitação pública do conhecimento básico e à legitimação de quali ficações jurisdicionais Abbott 1988 As im plicações de tal perspectiva levaram a uma focalização no egoísmo inerente à estratégia de profissionalização assim como no potencial para uma relação de exploração entre o profis sional liberal e o cliente Em face de discordâncias tão fundamentais a ausência de uma definição unanimemente aceita de profissão liberal não causa surpresa A tentativa mais bemsucedida de superar as aparentes contradições encontrase na obra de Eliot Freidson que em sua análise da profissão médica norteamericana afirma ser possível a uma profissão liberal permanecer autônoma mesmo quando se submete à custódia proteto ra do estado 1970 p24 pois os estados modernos sejam quais forem as suas incli nações ideológicas deixam uniformemente nas mãos dos profissionais liberais o controle dos aspectos técnicos de seu trabalho ver também TECNOCRACIA Por conseguinte a intervenção estatal em medicina não abala a autonomia do julgamento profissional Entretanto embora a maioria dos analistas aceite que a medicina e o direito são profissões autônomas clássicas na acepção de Freidson há pouca unanimidade para além desse ponto As dificuldades são encontradas quando se pre tende equiparar o profissionalismo liberal ver dadeiro com o ethos comercial do farmacêuti co os locais de trabalho burocrático do conta bilista a submissão do arquiteto ao patrocínio do seu cliente ou o papel de funcionário público Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar profissões liberais 613 do servidor civil Por conseguinte desenvol veuse toda uma gama de conceitos para lidar com o problema das semiprofissões das pro fissões marginais e burocráticas das sub profissões e das pseudoprofissões Tais ter mos têm sido aplicados à maioria das ocu pações híbridas que têm reivindicado o status de profissão liberal ao longo do século XX Os teóricos do monopólio reagiram afirmando que a identificação de uma ocupação como profissão liberal tem menos a ver com a reali dade de uma divisão do trabalho em que uma associação de classe controla efetivamente as suas próprias práticas profissionais do que com a estratégia coletiva de profissionalismo como meio de promoção ocupacional Johnson 1984 Leitura sugerida Abbott Andrew 1988 The System of Profession an Essay on the Division of Expert Labor Bell D 1974 The Coming of Postindustrial Society a Venture in Social Forecasting CarrSaunders AM e Wilson PA 1933 1964 The Professions Durk heim Émile 1950 Leçons de sociologie Physique des moeurs et du droit Freidson Eliot 1970 Profession of Medicine a Study in the Sociology of Applied Know ledge Greenwood E 1957 Attributes of a profes sion Social Work 3 4455 Haug MR 1973 De professionalization an alternative hypothesis for the future Sociological Review Monograph 20 195211 Johnson Terry 1972 Professions and Power Kar son Magali Sarfatti 1977 The Rise of Professionalism a Sociological Analysis Parsons J 1949 The pro fessions and social structure In Essays in Sociological Theory Pure and Applied TERRY JOHNSON progresso Saltos à frente têm ocorrido ao longo de toda a experiência humana Mesmo na Idade Média que por muito tempo se pensou ter sido um período de quase estagnação foram realiza dos importantes avanços em tecnologia Houve por exemplo os grandes progressos na arquitetura e engenharia requeridos para cons truir as catedrais góticas Francis Bacon citou três deles ocorridos antes do seu tempo as invenções da bússola da pólvora e da imprensa Mas ocorreram por assim dizer inconsciente mente Nenhum deles foi pensado como pro gresso eram simplesmente engenhosos ex pedientes criados por pessoas na maior parte anônimas para satisfazer necessidades imedia tas A filosofia o raciocínio acerca das leis da natureza não tinha qualquer participação e os seus criadores eram artesãos ou mecânicos Faltava a idéia de progresso por exemplo a idéia de que o esforço intencional concentrado freqüentemente de um grupo organizado guia do pelo conhecimento crescente da natureza pudesse realizar metas definidas de melhoria da condição humana de forma objetivamente mensurável e de que tal esforço é de grande valor moral e espiritual Essa idéia a par das instituições de governo representativo baseadas no sufrágio universal tem sido a força de mais duradoura influência no mundo moderno O progresso como idéia e ideal surgiu de súbito no século XVII na Inglaterra e seu formulador clássico foi sir Francis Bacon que em A nova Atlântida obra publicada de 1627 exigiu um grande empreendimento mobilizan do oficinas laboratórios etc que propiciasse à espécie humana um conhecimento da natureza altamente ampliado e corrigido e pusesse fim à estagnação de muitos séculos Então a infeliz humanidade como uma herdeira por largo tem po rejeitada ganharia seu próprio rumo e sua independência poder e domínio absoluto da humanidade em geral sobre o universo inteiro A solução para tudo está concentrada em uma operação coerentemente planejada e dirigida Um corolário significativo é que esses em preendedores diferentemente de seus humildes predecessores de eras passadas tornarseiam com efeito heróis culturais Bacon enfaticamente não considerou esse grande empreendimento como parte de qual quer padrão de história em movimento ascen dente fosse ocorrido no passado ou em direção ao futuro Postulou ciclos altos e baixos tanto para as nações quanto para os indivíduos mas diferentemente da noção medieval de fortuna a sua teoria supôs que os ciclos podiam ser controlados por esforço consciente Não podia haver qualquer garantia de que a grande mudan ça por ele entrevista duraria para sempre so mente a vigilância constante pode impedir o retrocesso Por outro lado a sua investigação da natureza não é o que chamaríamos ciência pura Com efeito os filósofos naturais da Idade Mé dia com uma atitude aristocrática em relação a seus estudos e limitados pela autoridade para lisante de Aristóteles tinham sido excessiva mente puros mantendose isolados das preo cupações práticas da sociedade O teste do es forço científico é pragmático o que é mais útil em funcionamento esse é o conhecimento mais verdadeiro Essa visão das possibilidades do progresso humano obtida por intermédio de Thomas Hobbes tornouse a inspiração da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 614 progresso Royal Society fundada em 1660 Foi predo minante no Iluminismo que na verdade contri buiu muito para criála A idéia de progresso representa uma das grandes mudanças na cons ciência humana em todos os tempos entretanto teria sido inconcebível em qualquer lugar em qualquer época antes da GrãBretanha seiscen tista E o seu domínio em nações desenvolvi das é a mais importante diferença entre elas e as outras Os imensos benefícios que essa idéia pro porcionou indiretamente são tão evidentes que os problemas que ela também originou tendem a ser obscurecidos entretanto situamse entre os mais importantes do final do século XX O progresso tornouse o ideal que expulsa todos os outros como a espiritualidade e o aprimora mento pessoal O fato de que deve ser determi nado por padrões objetivos inevitavelmente quase quantitativos é de extrema importância Produziu um culto da mudança ver também MUDANÇA SOCIAL MUDANÇA TECNOLÓGICA im portante fonte de alienação entre as nações oci dentais e outras para as quais a preservação de herança de um modo de vida divinamente re velado é o objetivo primordial A invocação do mundo mágico contém a sua própria justifica ção assim partidos políticos apropriaramse da palavra progressista pois sua presença nos nomes deles era garantia automática da exce lência e legitimidade de seus programas e metas de governo A sua preponderância acarretou o desprezo até mesmo a rejeição do passado Tal atitude estendeuse inclusive a campos em que a mudança e os padrões objetivos de avanço não são os critérios principais como progres so em poesia progresso em religião Essa idéia de progresso promovida pelo Ilu minismo deveria distinguirse claramente de outro conceito de progresso com o qual é usual mente confundida a noção de um inevitável progresso através da história ou mesmo do cos mo rumo a uma utopia terminal O mestre escola Deasey no Ulisses de James Joyce pro clama que toda a história humana caminha para uma grande meta a manifestação de Deus Essa idéia é também moderna teria sido inconcebível em qualquer época anterior aos tempos recentes A sua raiz não está na idéia baconiana de progresso como possibilidade apenas mas nos padrões apocalípticos da his tória O Livro do Apocalipse que supostamente prevê o futuro com base na autoridade divina tem sido o mais influente de todos os livros da Bíblia na maior parte da cristandade Pensouse que predizia o constante recrudescimento do mal e o declínio geral até a intervenção divina com o julgamento após o que a história cessaria e a Terra seria transformada Esse modelo linear da história do mundo substituiu o modelo clás sico de uma interminável sucessão de ciclos e mudanças sem significado O padrão linear apocalíptico foi substituído depois da Refor ma por outro modelo linear dessa vez na dire ção oposta que Deus está julgando e guiando os eventos históricos em uma progressiva eli minação dos males até que se estabeleça en fim uma era milenar de paz prosperidade e justiça A Reforma e a Guerra Civil americana foram interpretadas por muitos protestantes co mo dois grandes exemplos da ação de Deus na história Esquemas de interpretação histórica que são nãoreligiosos ou até opostos à religião como o comtismo o hegelianismo e o marxis mo devem dois elementos essenciais a essa mudança de interpretação histórica Em primei ro lugar a história é vista como linear seguindo um rumo ascendente Em segundo lugar as teorias apocalípticas consideram os grandes acontecimentos predeterminados cabendo ao indivíduo a obrigação de desempenhar o papel que lhe foi destinado no grande drama Confli tos de várias espécies como as grandes batalhas do Apocalipse são os motores desse progresso universal Ver também HISTORICISMO Por fim a idéia de progresso propriamente dito tampouco deve ser confundida com pro gresso através da EVOLUÇÃO Assim Erasmus Darwin na Zoonomia escrita em 179496 de lineou um determinado movimento evolutivo ascendente ao longo da Grande Cadeia do Ser Embora seu neto Charles abalasse de maneira eficaz essa visão de otimismo com a sua teoria da seleção natural a idéia de evolução progres siva perdurou culminando na filosofia de Tei lhard de Chardin que vê o universo caminhan do para um Ponto Ômega a fusão da consciên cia do indivíduo com a do Cristo Entretanto por diferentes que sejam essas concepções de progresso elas têm em comum a atmosfera de otimismo que emergiu no século XVII com a fé no valor supremo da mudança As duas idéias de progresso acima definidas dominaram a história do século XX A limitada baconiana foi empregada com efeito inú Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar progresso 615 meras vezes produzindo imensos avanços em áreas que vão da medicina à guerra Pode ser uma das razões principais do grande sucesso tecnológico nas nações da Europa Ocidental e nos Estados Unidos em contraste com outras que só recentemente depararam com essa idéia A fé no progresso teleológico histórico teve em contraste uma influência determinante e geralmente negativa na história do século Está no âmago das grandes ideologias Destino Manifesto comunismos nacionais nazismo todas baseadas em alguma noção de movimen to predeterminado rumo a uma UTOPIA por muito que as concepções dessa utopia possam variar Essas metanarrativas dominando e de terminando todos os aspectos da sociedade e da cultura são em essência variantes do original padrão apocalíptico como por exemplo o Reich nazista feito para durar mil anos é uma versão do Milênio Essas ideologias con templam o padrão fixo de ações destinadas inevitavelmente ao sucesso mas suscetíveis de serem estorvadas e retardadas por pessoas ou grupos malévolos como os judeus na Alema nha os burgueses e a religião nos países comunistas etc Tais indivíduos e grupos devem ser eliminados pois estão impedindo a realiza ção da gloriosa culminação da história com suas infinitas vantagens para todos A profunda desilusão do pósmodernismo com a narrativa grandiloqüente é em grande parte uma rejei ção aos esquemas tirânicos do progresso ver MODERNISMO E PÓSMODERNISMO A influência do progresso teleológico his tórico em um país democrático é demonstrada pelo fato de ele ter sido incorporado ao direito constitucional estadunidense Em decisão re cente a Suprema Corte dos Estados Unidos mencionou a evolução dos padrões de decên cia que marcam o progresso de uma sociedade em amadurecimento Hudson v McMillan 1992 Assim parece pressuporse que o pro gresso moral acompanha o envelhecimento de uma sociedade representando cada fase um refinamento da sensibilidade em relação às an tecedentes pressuposto que é passível de questionamento como a história da Alemanha neste século indicaria O colapso da ideologia do progresso inevi tável deixou um enorme vazio cujo preenchi mento talvez seja a principal tarefa do próximo século Leitura sugerida Bury JB 1923 The Idea of Pro gress Giuberg Achsch 1986 The Map of Time Se venteenth Century English Literature and Ideas of Pat terns in History Jones Richard Foster 1961 1982 Ancients and Moderns a Study in the Rise of the Scien tific Movement in Seventeenth Century England Ku mar K 1987 Utopia and AntiUtopia in Modern Times Nisbet Robert 1980 History of the Idea of Progress Rossi Paolo 1968 Francis Bacon from Magic to Science Tuveson Ernest Lee 1949 1964 Millen nium and Utopia a Study in the Background of the Idea of Progress Ο 1968 Redeemer Nation the Idea of Ame ricas Millennial Role Webster Charles 1975 The Great Instauration ERNEST TUVESON propaganda Pode ser definida como a tenta tiva deliberada de uns poucos de influenciar as atitudes e o comportamento de muitos pela manipulação da comunicação simbólica Em inglês em maior grau do que em outras línguas européias a palavra propaganda tem uma conotação pejorativa que torna a sua análise objetiva extremamente difícil Suas origens na organização seiscentista da Igreja Católica Romana responsável pelas ati vidades missionárias no Novo Mundo e pela defesa da fé no Velho Mundo foram predomi nantemente neutras Mas na Inglaterra protes tante a promoção do catolicismo tinha matizes sinistros Assim quando a propaganda come çou a atrair a atenção durante a Primeira Guerra Mundial tanto como atividade institucionaliza da em grande escala quanto como tema de estudo acadêmico foi fácil concentrar o foco sobre suas associações sombrias Embora a GrãBretanha tivesse durante algum tempo um Departamento para Propaganda em Países Inimigos não se tardou em adotar a política de conceder ao inimigo o uso exclusivo do termo Contra a propaganda dele disseminaríamos informação e verdade Hoje a propaganda ainda é amplamente considerada um expedi ente para abalar a credibilidade dos adversários Seus argumentos desacreditados pelo rótulo de propaganda não merecem refutação racional Podem ser simplesmente desprezados por de finição como desonestos e inválidos Quando somos acusados de propagandistas passamos logo à defensiva tentando refutar essa alega ção Outra dificuldade resulta da permanente imagem idealista da política democrática libe ral a qual combina a liberdade para persuadir com o receio de ser persuadido Apesar das Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 616 propaganda provas evidentes fornecidas pela conduta de todas as campanhas eleitorais em todas as de mocracias liberais pelo menos nos últimos 100 anos os inocentes ainda sonham com um mun do político perfeito no qual as escolhas são decididas pela avaliação racional da informa ção objetiva isenta de pressões As definições mais populares concentram se na tentativa de distinguir a verdade que sustentamos das falsidades ou propaganda do outro lado É invariavelmente um exercício fú til pois verdade e falsidade não são as dicoto mias objetivas que muitos acreditam serem Em sua maior parte as asserções de fato oferecidas em toda a boa fé são asserções de opiniões ou crenças sobre fatos que outros igualmente de boa fé poderiam discutir Além disso os fa tos raramente são o mesmo que a verdade Muito depende dos conhecimentos de quem fala e de quem ouve Uma afirmação incorreta feita por alguém que acredita sinceramente ser essa a verdade não é uma mentira Uma decla ração objetivamente verdadeira feita com a intenção de enganar por alguém que a julgava falsa pode muito bem sêlo Há ainda uma outra dificuldade uma pessoa pode aderir estrita mente aos fatos e ser mesmo assim mentirosa Ao apresentar apenas alguns dos fatos ignorar os contrafatos incômodos exagerar ou mini mizar o significado dos fatos ou afirmar como atributos exclusivos de um lado fatos que são comuns a ambos a pessoa pode distorcer ou enganar totalmente embora não diga nada que seja na realidade inverídico Dois elementos parecem ser necessários para uma mentira devese acreditar que a declaração é falsa à luz dos conhecimentos correntemente disponíveis e ela deve ser feita com a intenção de enganar Essas condições fazem com que seja extrema mente difícil determinar se um locutor é menti roso ou não O mesmo gênero de objeções pode ser feito às tentativas de descrever a propaganda em função de declarações irracionais contro versas ou disfuncionais Uma séria conseqüência da tentativa de identificar a propaganda por algum elemento do seu conteúdo uma mentira um expediente capcioso ou um exagero é a suposição de que se pode tornála ineficaz expondo os seus ardis Mas a propaganda envolve muito mais que o conteúdo da mensagem É uma comunicação persuasiva situada em determinado contexto O efeito da propaganda decorre da interação de uma comunicação e de um público através de um veículo específico em determinado am biente cultural e ideológico em um tempo e um lugar determinados Parece haver cinco elementoschaves que são comuns a toda a propaganda seja qual for a sua inclinação ideológica ou a causa defen dida seja qual for a tática ou os níveis de honestidade duplicidade ou irracionalidade en volvidos e independentemente da nobreza ou torpeza de seus objetivos É primeiro algo consciente ou deliberadamente feito para atin gir determinadas metas Todos os propagandis tas estão tentando influenciar um público Ne nhum deles tem o monopólio de qualquer téc nica ou virtude especial Qualquer ato de pro moção pode ser propaganda e será propaganda na medida em que for parte de uma campanha deliberada para influenciar o comportamento Em segundo lugar a propaganda tenta afetar o comportamento através da modificação de ati tudes em vez de recorrer ao emprego direto da força à intimidação ou ao suborno Busca a aparente complacência de seus ouvintes E pre sume que embora cada indivíduo possa ter um conjunto singular de atitudes que lhe são pró prias o background nacional cultural social ou econômico comum fará com que ele comparti lhe suficientes atitudes coletivas para responder de forma significativa a estímulos orientados para o grupo Em terceiro lugar é o comporta mento que constitui a principal preocupação Atitudes e opiniões só são importantes porque se presume estarem na raiz da ação É o que as pessoas fazem não o que elas pensam o que importa em última instância Em quarto lugar a propaganda é de interesse político e socio lógico por ser essencialmente um fenômeno elitista É a tentativa de uns poucos que têm acesso à mídia como disseminadores de in fluenciar os muitos que só têm acesso a ela como público ouvinte Finalmente o vínculo entre o propagandista e o público se estabelece através de símbolos objetos que podem ser percebidos pelos sentidos para além de sua pró pria existência física significados que lhes são atribuídos por seus usuários Os símbolos incluem todas as formas de linguagem todas as repre sentações gráficas música exposições arte e de modo geral tudo que pode ser percebido O em prego deliberado de símbolos com o propósito de se obter algum efeito pretendido pode ser chama do a manipulação de símbolos Todos esses ele Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar propaganda 617 mentos estão contidos na definição que encabe ça o presente verbete Ver também OPINIÃO Leitura sugerida Altheide DL e Johnson JM 1980 Bureaucratic Propaganda Chandler RW 1981 War of Ideas the US Propaganda Campaign in Vietnam Choukas M 1965 Propaganda Comes of Age Ellul Jacques 1965 Propaganda the Forma tion of Mens Attitudes Jowett GS e ODonnell V 1986 Propaganda and Persuasion Qualter TH 1962 Propaganda and Psychological Warfare Ο 1985 Opinion Control in the Democracies TERENCE H QUALTER propriedade Como instituição social regu lamentada pelo direito eou pelo costume a propriedade tem assumido formas muito diver sas em diferentes tipos de sociedade De acordo com Hobhouse 1913 p6 a propriedade deve ser concebida em termos do controle do homem sobre coisas um controle que é reconhecido pela sociedade mais ou menos permanente e exclusivo e pode ser propriedade privada in dividual ou coletiva ou comum pública Em todas as sociedades existe alguma propriedade privada pessoal e como observou Lowie 1950 cap6 em um estudo em que usou material comparativo de sociedades tribais e de socie dades mais recentes organizadas em estados a propriedade pessoal entre as primeiras pode incluir coisas como nomes danças mitos in sígnias cerimoniais presentes armas e utensí lios domésticos Por outro lado os principais recursos econômicos e em especial a terra são propriedade comum em muitas sociedades tri bais mas com o desenvolvimento da agricul tura e ainda mais em tempos modernos com o crescimento da indústria e o surgimento do capitalismo a propriedade privada passa a pre dominar A distinção entre propriedade pessoal que nas sociedades industriais avançadas no final do século XX pode ser considerável para gran de parcela da população e propriedade privada dos meios de produção por uma pequena mino ria de pessoas tem sido central nas doutrinas dos partidos socialistas e na controvérsia política desde o século XIX influenciando profunda mente o pensamento e a política sociais Os sistemas de propriedade anteriores mostrou Hobhouse 1913 diziam respeito principal mente à propriedade para o uso e mesmo onde a propriedade privada estava muito desenvolvi da subsistia um grau significativo de controle e responsabilidade comunitários ao passo que a propriedade para o poder e a ilimitada aquisi ção de riqueza individual atingiram o auge na Europa e na América do Norte capitalistas do século XIX Durante o século XX contudo novas restrições e limitações foram impostas à propriedade privada e de várias maneiras Uma delas é através do desenvolvimento da cidadania democrática e a expansão dos direitos sociais que dotam a população toda com um mínimo básico de controle sobre os recursos para consumo pessoal Outra é a redistribuição de recursos através da tributação progressiva e da transferência de alguns meios de produção importantes da propriedade privada para a pú blica ver SOCIALIZAÇÃO DA ECONOMIA Acom panhando essas mudanças houve um envolvi mento geralmente crescente do estado em ní vel local regional e nacional na regulamenta ção da economia para realizar vários objetivos políticos entre eles a limitação da desigualdade econômica As economias industriais modernas e os movimentos políticos a que deram origem transformaram o contexto no qual a idéia de propriedade era debatida e como apontou um historiador Schlatter 1951 p273 Os direitos de propriedade não podem continuar sendo definidos como uma relação entre o indivíduo e os objetos materiais que ele criou devem ser definidos como direitos sociais que determinam as relações dos vários grupos de proprietários e não proprietários com o sistema de produção e prescre vem qual será a participação de cada grupo no pro duto social Não obstante apesar das medidas de redis tribuição e do recrudescimento dos serviços de bemestar social tem persistido e sob alguns aspectos aumentado a grande desigualdade na distribuição de propriedade nas sociedades in dustriais Há uma concentração maciça de ca pital produtivo em grandes companhias e gran de parte desse capital é detido ou controlado por um pequeno número de indivíduos e famílias possuidores de grandes fortunas a propriedade da terra continua muito desigual em alguns países e de maneira notória na GrãBretanha e ser ou não ser proprietário ainda determina grandes diferenças nos padrões de vida ver IGUALDADE E DESIGUALDADE Assim no pensa mento social do século XX as controvérsias sobre propriedade têm envolvido sobretudo um confronto entre CAPITALISMO e SOCIALISMO co mo formas alternativas de organização econô Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 618 propriedade mica e social e esse confronto ficou mais inten so quando se estabeleceram sociedades socia listas primeiro na Rússia e depois de 1945 em outros países do Leste Europeu na China e alhures Mas essas sociedades desenvolveram se subseqüentemente na base de métodos envolvendo ditadura e repressão políticas pla nejamento autoritário e com freqüência ine ficiente e formação de novos grupos privile giados e dominantes que suscitaram genera lizada oposição popular culminando finalmen te na Europa Oriental no colapso de tais re gimes e como conseqüência concepções mais individualistas de direitos de propriedade en fatizando a liberdade de mercado e a iniciativa privada têm sido vigorosamente reafirmadas a partir da década de 80 Portanto na década final do século XX os termos em que os direitos de propriedade são analisados e debatidos alteraramse de forma significativa De acordo com alguns pensado res a propriedade pública mostrou ser um fra casso não só econômica mas também social mente na medida em que engendra novas e por vezes mais onerosas estruturas de poder mas outros sustentam que em sistemas políticos democráticos certo grau de propriedade públi ca e de investimento público em serviços infra estruturais básicos tem obtido resultados mani festamente benéficos e que uma sociedade tec nologicamente avançada de fato depende de modo substancial de um alto nível de forneci mento de tais serviços muito especialmente no campo da educação As questões apresentadas em recentes discussões sobre a propriedade en volvem pois a natureza de um desejável e efetivo equilíbrio entre propriedade pública e privada em alguma forma de economia mista o grau tolerável de desigualdades de riqueza e poder em uma sociedade democrática e sobre tudo na década passada a necessidade de maior regulamentação pública do uso da propriedade produtiva a fim de salvaguardar o meio am biente natural Leitura sugerida Hegedüs A 1976 Socialism and Bureaucracy cap6 Hobhouse LT 1913 The his torical evolution of property in fact and in idea In Property its Duties and Rights org por Charles Gore bispo de Oxford Ryan A 1984 The Political Theo ry of Property Schlatter Richard 1951 Private Pro perty the History of an Idea Scott John 1982 The Upper Classes Property and Privilege in Britain TOM BOTTOMORE psicanálise Como um dos movimentos inte lectuais mais significativos do século XX é defensável a tese de que a psicanálise é supera da somente pelo marxismo na amplitude do seu impacto sobre o pensamento e a linguagem do mundo ocidental A elaboração e formulação das idéias desse movimento foram em grande parte obra de um homem Sigmund Freud 18561939 Embora o freudismo diferente mente do marxismo nunca se tornasse o credo oficial de nenhum estado é concebível que a sua influência possa sobreviver à do marxismo Os ancestrais intelectuais de Freud que pre nunciaram suas idéias gerais foram Arthur Schopenhauer 17881860 e Friedrich Nietz sche 18441900 Se Freud realmente os es tudou e foi diretamente influenciado por seus escritos ou se como ele próprio afirmou se manteve deliberadamente distante deles o que não impediria uma influência indireta através do clima intelectual eis uma questão que nunca ficou bem esclarecida Schopenhauer en sinou que a realidade subjacente do mundo a coisaemsimesma sobre cuja natureza o seu predecessor Kant indicou ser agnóstica era uma Vontade sombria cega inacessível à razão e que nunca recebe qualquer satisfação real Por vezes a Vontade gravita em torno de si mesma mas não se pode esperar salvação alguma quer cedendo ou se opondo a ela O pessimismo de Schopenhauer combinava elementos extraídos da biologia da filosofia indiana da teoria kan tiana do conhecimento e do esteticismo ociden tal Nietzsche aceitou o quadro geral de Scho penhauer mas inverteu a avaliação se a Vontade era tudo por que não endossála em vez de a condenar Nietzsche relacionou o tema da Von tade que gravita em torno de si mesma com uma descrição mais histórica do surgimento dos princípios morais da resignação e da submissão que ele viu no cristianismo primitivo e no que considerou ser a sua moderna continuação se cular os ideais humanitários socialistas Toda a tradição de Schopenhauer e Nietzsche ofere ceu sobretudo uma sensibilidade para a natu reza irracional dominada pelo instinto e ator mentada por conflitos e para a superficialidade e inadequação das visões complacentes e oti mistas que prometem contentamento na base da razão fraternidade ou prosperidade A imagem freudiana ou psicanalítica dos seres humanos abalou de vez qualquer otimis Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psicanálise 619 mo mais fácil e perpetuou esse reconhecimento sombrio de realidades implacáveis mas tam bém os dotou de uma nova e inconfundível direção a qual lhes propiciou um público in comparavelmente mais vasto Schopenhauer e Nietzsche eram meramente escritores e filóso fos mas Sigmund Freud era médico e professor de medicina e adotava além disso uma visão bastante materialista positivista ou científica do mundo Ademais suas idéias não eram apre sentadas em termos abstratos mas no contexto de uma técnica terapêutica definida visando o tratamento e a cura de distúrbios neuróticos específicos Freud não disse meramente que os seres humanos eram vítimas de impulsos vio lentos poderosos e inconscientes ele descre veu os alegados mecanismos dessas operações e a técnica de exploração era ao mesmo tempo apresentada como a técnica da cura Freud descobriu uma nova técnica que pre tendia penetrar nas defesas da esfera do INCONS CIENTE no interior do qual se forja nosso destino psíquico e oferecer um acesso aos seus segre dos garantindo assim a obtenção de resultados terapêuticos o paciente executa a livre as sociação sem ter que enfrentar idealmente constrangimentos ou embaraços de qualquer espécie na presença do analistaterapeuta que depois de certo tempo lhe propõe interpre tações a título probatório Quando essas inter pretações ou algumas delas recebem final mente a concordância e a aceitação por parte do analisando está a caminho uma cura O pro cesso é intensivo e demorado uma hora cin co vezes por semana estendendose por cinco anos é considerado bastante normal Acres centese que durante os primeiros anos do mo vimento as análisesiniciações eram com fre qüência muito mais breves que nenhuma data terminal pode ser dada antes da conclusão e que tanto na teoria quanto na prática se verifica freqüentemente que a psicanálise não tem con clusão Freud não se limitou a inventar uma nova técnica investigativa e terapêutica que é o que psicanálise principalmente significa também criou de fato uma nova e importante organiza ção em torno dela a qual constitui efetiva mente a corporação de psicanalistas profis sionais como tal qualificados e reconhecidos A mais significativa e interessante caracterís tica dessa corporação é a maneira como se impõe a iniciação Embora métodos pedagógi cos convencionais estejam presentes no treina mento de um analista seminários conferên cias leituras é indiscutível que o lugar cen tral e crucial é ocupado pela análise didática a análise a que o candidato se submete com um analista mais antigo O pressuposto inerente na doutrina é que o que faz um analista não é a informação fria e abstrata adquirida mas a transformação de sua própria psique obtida por sua própria e bemsucedida análise Tendo pe netrado em seu próprio Inconsciente e não mais vítima das ilusões que ele impunha o analista adequadamente treinado é agora capaz de evitar erros autoinduzidos e de ajudar os seus pa cientes por seu turno a alcançarem finalmente um esclarecimento análogo Indiscutivelmente pressuposto em psicanálise embora nunca de clarado ou defendido formalmente é o fato de existir nela uma teoria do conhecimento muito clara a saber a aquisição da verdade não é basicamente problemática pelo menos nas es feras psíquicas desde que não haja interferên cia dos ardis e estratagemas do Inconsciente A remoção desses obstáculos leva ao reconheci mento da verdade e a verdade liberta a psique do sofrimento desnecessário Por conseguinte o segredo é evitar esses erros intimamente im postos e o resto será daí por diante pura bo nança Essa excêntrica teoria do conhecimento po de ser também apresentada como uma nova versão da abordagem socrática adaptada não mais a uma visão racionalista do homem mas a uma visão irracional e mais plausível sob múltiplos aspectos O método socrático de per guntas e respostas baseavase na suposição de que a verdade não será obtida por uma inves tigação externa mas extraída do íntimo de cada um as perguntas e respostas por assim dizer trazem à luz mediante um partejo lógico os conceitos que sempre estiveram presentes A variante freudiana do partejo não faz surgir a verdade mediante um interrogatório preciso mas pela livre associação irrestrita um antino mismo cognitivo mais adequado a um Incons ciente que é apaixonado e indisciplinado Os sinais característicos da verdade finalmente desvendada são o reconhecimento emocional e o êxito terapêutico em vez da irrefutabilidade lógica Seja qual for a eficácia terapêutica ou inves tigativa desse método matéria sumamente con troversa não pode haver dúvidas quanto à Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 620 psicanálise verdade de uma doutrina psicanalítica específi ca a saber a da transferência A técnica tera pêutica descrita produziria um poderoso víncu lo emocional entre os dois parceiros nela envol vidos Em uma vasta proporção de casos parece ser isso o que realmente ocorre Tudo indica que a transferência assim produzida também se ria portanto o vínculo social da organização produzida por Freud Entretanto sustentase plausivelmente que a transferência pode ser positiva e negativa tanto em sucessão quanto simultaneamente O movimento psicanalítico é marcado correspondentemente não só pela po derosa coesão mas também por uma série de cisões igualmente características acompanha das de mútuas denúncias O fato de a teoria fazer a verdade depender não de critérios ex ternos e públicos mas da posse de uma psique pura e esclarecida por assim dizer significa que as críticas mútuas tendem a ser construídas mais em função dos defeitos e imperfeições íntimos dos adversários do que recorrendo à lógica ou às provas evidentes As cisões que ocorreram no movimento foram de duas espécies ou re dundaram no permanente divórcio da seita dis sidente secessão de Carl Jung e de Alfred Adler ou em um sectarismo mais ameno conti do no interior de uma igreja mais vasta por exemplo a existência de um grupo freudiano ortodoxo um grupo kleiniano e um grupo in termediário dentro da corporação psicanalítica britânica continuando a trabalhar no seio da mesma organização na base do entendimento de que nenhum dos três segmentos será o do minante As várias guildas nacionais pelo me nos um país os Estados Unidos tem mais de uma estão vagamente ligadas em uma associa ção internacional Uma das questões práticas que dividem o movimento é se os analistas devem ser médicos ou é possível permitir a existência de analistas leigos À parte as corporações psicanalíticas razoa velmente disciplinadas e bemorganizadas es forçandose nem sempre com êxito por reter o monopólio do título de psicanalista há também um mundo enorme volátil fluido maldefinido e ainda largamente desconhecido de psicoterapeutas e conselheiros organiza dos em vários agrupamentos grandes ou pe quenos por vezes independentes e misturando a doutrina em várias formas e proporções com outros sistemas de idéias existencialismo fe nomenologia religião convencional etc As idéias e técnicas centrais contudo permane cem devedoras da inspiração freudiana mesmo quando a modificam de vários modos Não pode haver dúvida de que esses movimentos encamparam uma parte deveras importante do que poderia ser chamada a missão pastoral em uma sociedade industrial instável e agnóstica A influência das idéias é ainda mais penetrante na literatura na linguagem corrente nas huma nidades e nas ciências sociais É correto afirmar que a terminologia freudiana se tornou a lingua gem na qual as pessoas discutem suas psiques e relações pessoais Não existe um modo simples de avaliar as asserções da doutrina psicanalítica e a prática terapêutica Sua capacidade de persuasão não é a mesma em todas as esferas e talvez seja melhor examinar separadamente vários aspec tos Idioma A psicanálise não conquistou mera mente a nossa linguagem mas se poderia dizer fêlo corretamente O reconhecimento simultâ neo da importância das pulsões instintivas e da complexidade e tortuosidade das formas se mânticas em que elas se apresentam na cons ciência parece fazer jus à verdade Teorias específicas As doutrinas mais especí ficas encontradas dentro da psicanálise são di fíceis de avaliar por causa da superdotação do sistema com práticas evasivas quando se de fronta com evidente falsificação A vaga e até destacável operacionalização de seus concei tos a pronta e eficaz acessibilidade de evasões ad hoc fazem com que essas teorias sobrevivam com grande desenvoltura a refutações evi dentes Sucesso terapêutico Pesquisas realizadas não corroboram de fato a idéia de que a técnica é terapeuticamente eficaz ou mesmo de que seja preferível a nenhum tratamento Embora o impacto inicial da psicanálise estivesse relacio nado com seu envolvimento clínico e sua plau sível promessa terapêutica as pretensões nessa esfera estão agora mudas e cuidadosamente confinadas Teoria do conhecimento e método Estão não só em discrepância com os padrões consagrados em outras esferas da investigação científica mas são excessivamente estranhos e pouquís simo defensáveis quando submetidos a uma investigação imparcial Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psicanálise 621 Ontologia A imagem subjacente dos seres hu manos sublinhando a importância das pulsões instintivas e a extrema complexidade tortuosi dade e simulação de sua expressão consciente pode ser considerada muito mais convincente do que os seus modelos rivais disponíveis co mo a psicologia associacionista Não está claro se esse modelo é também uma boa base para uma psicologia mais genuinamente expla natória Utilidade pastoral Em uma sociedade compe titiva fluida atomizada em que as relações pessoais são extremamente importantes não sendo fornecidas ou preparadas de antemão nem prescritas por uma estrutura social estável e onde são objeto de grande ansiedade a técnica psicanalítica de encorajar as pessoas a falar livremente para um atento ouvinte profissional na expectativa de que a interação proporcione esclarecimento e uma direção de propósito in teriormente sancionada parece mais atraente ou de qualquer modo ter um atrativo mais amplo que qualquer alternativa existente Leitura sugerida Gellner Ernest 1985 The Psychoa nalytic Movement Jones Ernest 1963 The Life and Work of Sigmund Freud ed condensada org por Lio nel Trilling e Steven Marcus MacIntyre AC 1958 The Unconscious Magee Bryan 1983 The Philoso phy of Schopenhauer Malcolm Janet 1982 Psychoa nalysis the Impossible Profession Rycroft Charles 1966 Psychoanalysis Observed Sulloway Frank J 1980 Freud Biologist of the Mind ERNEST GELLNER psicologia O termo é usado para descrever tanto uma disciplina acadêmica quanto uma atividade profissional Os psicólogos acadêmi cos dedicamse ao estudo do comportamento eou da vida mental Têm usado grande varie dade de teorias e metodologias para esse fim Embora a maioria dos psicólogos acadêmicos tenha procurado conferir um status científico à sua disciplina têm ocorrido discordâncias fun damentais sobre a natureza da investigação psi cológica Os psicólogos profissionais têm es tado envolvidos em diferentes atividades desde o diagnóstico e tratamento de problemas men tais ou comportamentais até a seleção de in divíduos para fins industriais e educacionais Tipicamente os psicólogos profissionais estu daram psicologia acadêmica possuem normal mente outras qualificações profissionais que os habilitam a trabalhar por exemplo como psi cólogos clínicos ou educacionais A maioria dos psicólogos acadêmicos não foi treinada para a prática profissional A psicologia como disciplina acadêmica e como atividade profissional estabeleceuse fir memente durante o século XX Hoje em dia a maior parte das universidades do mundo oci dental oferece cursos de graduação em psicolo gia no entanto no começo do século havia pouco ensino formal da matéria O número de pessoas que se intitulavam psicólogos au mentou consideravelmente Por exemplo a American Psychological Society fundada em 1892 cresceu de uma pequena sociedade eru dita para uma organização que conta atual mente com mais de 55 mil filiados em concor dância com a natureza dual da psicologia esses membros incluem tanto os que exercem a ativi dade na área acadêmica como os que a adotam como profissão na vida prática Também há pessoas sem as qualificações oficiais concedi das pelas organizações profissionais mas que se intitulam psicólogos e oferecem serviços ao público contra pagamento Na primeira parte deste século os psicólogos acadêmicos estiveram empenhados em criar uma disciplina independente que fosse separa da da filosofia Os psicólogos proclamaram estar examinando cientificamente matérias que até então haviam sido objeto apenas de es peculação filosófica Apesar da concordância em que a ciência empírica deveria substituir o filosofar havia escasso acordo quanto ao perfil da nova ciência Nessa época a psicologia aca dêmica caracterizavase pelas profundas divi sões entre escolas concorrentes tais como o associacionismo o comportamentalismo a eu geniapsicometria e a psicanálise Cada uma dessas escolas afirmava ter descoberto os prin cípios básicos da psicologia mas havia profun da discordância acerca de tais princípios Em suma elas possuíam diferentes filosofias da psicologia Associacionismo Dominante na Alemanha no começo do sé culo o associacionismo concentrouse na aná lise do conteúdo da vida mental Usando técni cas de laboratório os psicólogos associacionis tas estavam interessados em investigar as ima gens e os estados mentais observados sob dife rentes condições experimentais Estavam es pecialmente empenhados em descobrir os ele Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 622 psicologia mentos da experiência e sobretudo em decom por a experiência perceptiva em seus compo nentes básicos Os pressupostos teóricos dos associacionistas foram vigorosamente questio nados pelos psicólogos gestaltistas Estes em bora concordassem quanto à importância do estudo da experiência especialmente através de experimentos de laboratório sublinharam a ne cessidade de considerar o padrão total de per cepção em vez de decompor a experiência em seus elementos individuais ver GESTALT PSICO LOGIA DA Comportamentalismo Em reação ao associacionismo os compor tamentalistas negaram a validade do estudo da experiência Afirmaram que os psicólogos cien tíficos deveriam interessarse apenas pelo com portamento exteriormente observável e rejeita ram o estudo da experiência interior como in trinsecamente nãocientífica Todos os concei tos mentalísticos seriam rigidamente excluídos do vocabulário do psicólogo comportamenta lista Nos Estados Unidos essa posição foi de fendida primeiro por John B Watson 1878 1958 e mais tarde por BF Skinner n1904 Um programa nãomentalista similar foi desen volvido na União Soviética por Ivan Pavlov 18491936 Ambos os programas atribuíam grande ênfase ao estudo experimental da apren dizagem com Watson mais que Pavlov des tacando o papel das recompensas e punições Comportamentalismo e pavlovianismo afirma ram ter descoberto através de cuidadosa expe rimentação os princípios fundamentais para se modificar o comportamento Afirmouse que esses princípios forneciam a base não só para a psicologia científica mas também para a solu ção de problemas sociais se os princípios da aprendizagem fossem descobertos então have ria possibilidades ilimitadas de mudar o com portamento mediante a alteração do meio am biente ver COMPORTAMENTALISMO Eugeniapsicometria Essa escola de pensamento ficou devendo muito à obra pioneira de Francis Galton 1822 1911 e teve grande impacto no desenvolvi mento da psicologia britânica Diferentemente do comportamentalismo partiu do princípio de que as possibilidades de mudança de compor tamento estavam estritamente limitadas pela herança genética Não só se pressupunha que as características psicológicas eram herdadas mas se pensava também que eram mensuráveis Atribuiuse grande ênfase à psicometria ou construção de testes para medir diferenças in dividuais na personalidade inteligência apti dões vocacionais etc Com base nos resultados de testes psicólogos como Charles Spearman afirmaram que o QI quociente de inteligên cia era predominantemente herdado e Ray mond Cattell produziu argumentos semelhan tes para os traços de personalidade Além do argumento de que alguns indivíduos eram cons titucionalmente mais inteligentes do que ou tros havia também temas raciais alegouse haver algumas raças mais ou menos inteli gentes do que outras Essa escola de psicologia foi menos otimista que o comportamentalismo em sua abordagem de questões sociais presu mindose que as características psicológicas eram em sua maior parte geneticamente fixa das os problemas sociais não seriam solucio nados mudandose o meio ambiente Alguns psicólogos defenderam a eugenia sugerindo políticas que restringissem os padrões de pro criação dos menos aptos e encorajassem os mais aptos a se reproduzirem Esses temas em conjunto com os de diferenças raciais e individuais foram adotados na década de 30 pelos políticos fascistas ver EUGENIA CIÊNCIA DA INTELIGÊNCIA TESTE DE Psicanálise Esta escola de psicologia está associada à obra de Sigmund Freud 18561939 que em Viena na virada do século formulou uma teoria da mente e uma prática terapêutica Tal como o associacionismo a psicanálise interessouse mais pela vida mental dos indivíduos do que pelos padrões manifestos e mensuráveis do comportamento Entretanto os psicanalistas sustentaram que os elementos mais importantes da vida mental eram os inconscientes De acor do com a teoria psicanalítica a mente está fundamentalmente dividida o inconsciente a parte instintiva da mente o id está em per pétuo conflito com o ego os elementos cons cientes racionais e com o superego o senti mento de consciência Distúrbios psicológicos como neuroses e lapsos de memória podem ser atribuídos ao conflito entre as forças instintivas inconscientes principalmente a sexualidade e as do ego e do superego A terapia psicanalítica visa dar ao paciente um insight sobre a sua vida Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psicologia 623 mental inconsciente Freud também propôs uma psicologia social psicanalítica a qual ten tou explicar o crescimento da civilização em função dos sentimentos reprimidos da criança em relação aos pais Ver PSICANÁLISE Essas quatro escolas de pensamento repre sentaram visões concorrentes do que a psicolo gia deveria ser Embora concordassem em que a psicologia devia ser uma ciência propuseram métodos muito diferentes para a condução da pesquisa psicológica Além disso cada uma indicou que os psicólogos deveriam estudar fenômenos diferentes experiência consciente comportamento aptidões genéticas sentimen tos inconscientes Propuseram ainda tipos mui to diferentes de treinamento para psicólogos profissionais e consideraram papéis desseme lhantes para eles no seio da sociedade No mundo da psicologia acadêmica o pe ríodo de 1930 a 1960 testemunhou o contínuo triunfo da escola comportamentalista especial mente nos Estados Unidos As principais revis tas de psicologia refletiram uma crescente preo cupação com a experimentação comportamen tal e com os processos de aprendizagem A análise da experiência era considerada cada vez mais obsoleta até précientífica quando o que os psi cólogos queriam era descobrir experimentalmen te as respostas comportamentais aos estímulos Uma vez que o objetivo era construir uma psico logia geral estímuloresposta pouco importava se os sujeitos experimentais eram humanos ou não Houve um considerável incremento da experi mentação animal com os psicólogos acumulando vastas quantidades de dados laboratoriais sobre a freqüência com que ratos famintos acionavam alavancas em busca de alimento O triunfo do comportamentalismo não foi de maneira alguma absoluto ou universal A tradição psicométrica permaneceu forte espe cialmente na GrãBretanha e em partes dos Estados Unidos onde AR Jensen continuou sustentando que os afroamericanos eram gene ticamente menos inteligentes que os brancos Os testes psicométricos tinham grande procura por parte de educadores industriais e autori dades militares que queriam dispor de procedi mentos convenientes e cientificamente garanti dos para classificar grande quantidades de pes soas Além disso esse período assistiu à publi cação de algumas obras clássicas da psicologia da Gestalt as quais analisaram diretamente a experiência e criticaram a filosofia do compor tamentalismo Durante o apogeu comportamentalista a psicanálise era um interesse predominantemen te periférico dentro das universidades Entre tanto a propensão dos psicanalistas era para ganhar a vida mais como terapeutas do que como professores universitários e eles estabe leceram suas próprias organizações profissio nais Durante a década de 30 o movimento psicanalítico americano foi consideravelmente aumentado com a chegada de grande número de eminentes refugiados judeus escapando às perseguições nazistas na Alemanha e na Áus tria Apesar de preconceitos intelectuais e ou tros esses refugiados lograram transferir o prin cipal foco da psicanálise da Europa para os Estados Unidos O crescimento da psicologia comportamen talista coincidiu com outro desenvolvimento na psicologia o qual assegurou que a longo prazo nenhum sistema nem o comportamentalismo nem qualquer outro obteria a completa hege monia Houve um crescimento e uma separação de especialidades Estas incluíam a psicologia fisiológica apoiandose nos novos progressos da neurologia e da bioquímica e procurando identificar os mecanismos fisiológicos subja centes nos processos psicológicos o desenvol vimento infantil que teve como pioneiro o psi cólogo suíço Jean Piaget 18961980 cuja obra foi predominantemente dedicada à análise das etapas do desenvolvimento mental das crian ças e a psicologia social intelectualmente mais próxima das ciências sociais que das ciências biológicas Novas revistas foram lançadas para essas subdisciplinas e se desenvolveram voca bulários técnicos Deixou de ser possível a um só indivíduo tomar conhecimento e familiari zarse com todos os desenvolvimentos em psi cologia muito menos entendêlos À medida que a psicologia se tornava mais difusa as probabilidades de criação de uma disciplina integrada unificada em torno de uma única perspectiva teórica tornaramse mais remotas Algumas das especialidades em desenvol vimento foram diretamente influenciadas por idéias nãocomportamentalistas Havia uma pronunciada influência gestaltista na psicologia social porquanto os investigadores procura vam descobrir a estrutura e função de atitudes valores e papéis ver PSICOLOGIA SOCIAL Foi mais a lingüística do que a teoria psicológica Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 624 psicologia tradicional que forneceu boa parte do impulso para o estudo da linguagem que se desenvolveu na década de 60 e a ênfase incidia mais sobre o estudo dos processos mentais do que sobre o comportamento manifesto Miller 1981 Não obstante a maioria das novas especialidades compartilhava um compromisso com a meto dologia experimental e os estilos comporta mentalistas de investigação eram freqüente mente retidos Nesse sentido havia mais uni dade metodológica na disciplina da psicologia acadêmica do que unidade teórica A partir dos anos 60 esse compromisso me todológico com o experimento de laboratório se enfraqueceu Houve certo número de ataques diretos Os psicólogos humanistas queixa ramse de que a abordagem experimental re dundara na trivialização da psicologia e na de sumanização do seu objeto de estudo Shotter 1975 Alguns psicólogos sociais e do desen volvimento também reagiram ao compromisso com a experimentação laboratorial Insistiam em que o comportamento devia ser estudado em seu contexto social Harré e Secord 1972 com especial atenção ao estudo da conversação na tural Potter e Wetherell 1987 O maior enfraquecimento da tradição com portamentalista não foi provocado por críticos às margens da disciplina mas por uma mudança central de interesse Os últimos 15 anos assis tiram ao desenvolvimento da psicologia cogni tiva dedicada ao estudo dos processos de pen samento Neisser 1976 Muitos termos men talistas que os comportamentalistas tinham de sejado erradicar do vocabulário psicológico são hoje lugarcomum e foram até incorpora dos aos seus escritos pelos neocomportamen talistas O crescimento da psicologia cognitiva foi estimulado pelos desenvolvimentos na tec nologia da informação Construíramse mode los de pensamento sendo o cérebro humano visto como uma forma de processamento de informação em computador embora um computador muitíssimo mais complexo do que qualquer um criado por mãos humanas Newell e Simon 1972 Marr 1982 Um número signi ficativo de psicólogos cognitivos preferiu pro jetar e criar modelos computadorizados de pen samento em vez de realizar os tradicionais ex perimentos de laboratório Winograd 1972 É questão controvertida se tais modelos revelam os processos mentais que realmente ocorrem quando as pessoas pensam ou se o valor prin cipal deles é auxiliar na construção de máquinas que possam reconhecer padrões ou ler docu mentos ver INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL A influência direta das idéias psicológicas sobre a teoria social não tem sido tão grande quanto se poderia esperar Embora alguns teó ricos sociais de esquerda tenham adotado no ções psicanalíticas ver ESCOLA DE FRANK FURT outros sociólogos preferiram criar sua própria psicologia social em vez de recorrer em massa às obras de psicólogos ver INTERACIONIS MO SIMBÓLICO Por outro lado a influência das idéias piagetianas sobre a teoria e a prática educacionais foi muito ampla Além disso a psicologia tem tido grande influência na socie dade como um todo através das atividades dos profissionais dessa área e do treinamento de educadores gerentes de pessoal e publicitários Acima de tais influências diretas houve o im pacto mais difuso de noções psicológicas nas formas correntes nãoespecialistas de pensar Esse impacto é ilustrado pela maneira como frases e expressões técnicas entraram para o vocabulário leigo extrovertido QI neurótico ato falho etc Tais conceitos podem não ser elementos na espécie de teoria científica unifi cada em que os primeiros psicólogos tinham posto suas esperanças mas agora pertencem ao senso comum do século XX e isso demonstra por si só o significado social da psicologia Leitura sugerida Ash MG e Woodward WR orgs 1987 Psychology in Twentieth Century Thought and Society Freud S 1933 1964 New Introductory Lectures on PsychoAnalysis In Standard Edition of the Complete Psychological Works of Sigmund Freud vol22 org por J Strachey Hearnshaw LS 1987 The Shaping of Modern Psychology Köhler W 1947 Gestalt Psychology Norman DA org 1981 Pers pectives on Cognitive Science Pavlov Ivan 1932 1958 Experimental Psychology and Other Essays Piaget J e Inhelder B 1955 Le développement des quantités physiques chez lenfant Skinner BF 1953 Science and Human Behaviour Spearman CE 1927 The Abilities of Man MICHAEL BILLIG psicologia da Gestalt Ver GESTALT PSICOLO GIA DA psicologia social Em termos gerais a tarefa central da psicologia social é o estudo sistemá tico da relação entre fenômenos individuais e coletivos Essa impressionante tarefa coincide em parte com a de outras ciências sociais em particular a SOCIOLOGIA Entretanto a corrente Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psicologia social 625 dominante da psicologia social mostra clara mente sua origem na psicologia Tal como a sua disciplinamãe encara a ciência como um em preendimento hipotéticodedutivo interpreta a sua tarefa central psicologicamente como o es tudo de indivíduos sob a influência da presença real implícita ou imaginada de outros Seu fenomenal incremento em produtividade come çou na década de 30 quando o centro geográ fico de toda a psicologia se transferiu da Europa para os Estados Unidos Lá a concentração nos indivíduos foi ainda mais fortalecida pelo in dividualismo ideológico da cultura americana Desde os seus começos a corrente principal da psicologia social adotou uma orientação cognitiva O conceito central da disciplina é a atitude já reconhecida em 1935 como indis pensável para o pensamento sóciopsicológico Allport 1935 A atitude é definida como uma combinação de crenças sentimentos e intera ções de agir em face de aspectos do mundo externo ou do próprio eu Embora todas as ciências sociais usem esse conceito foi a psico logia social que o esclareceu e o tornou mensu rável e estudado por si mesmo não como com plemento de outros interesses Como as atitudes em relação a grupos mino ritários sobretudo o preconceito de cor e o antisemitismo eram uma característica tão perturbadora da cena social não só nos Estados Unidos mas também nos regimes totalitários da Europa o seu estudo tornouse e continua sendo um dos principais focos da pesquisa sóciopsicológica A estrutura das atitudes sua origem influência sobre o comportamento propensão e relutância para mudar foram exaustivamente documentadas A mais conhe cida contribuição substantiva ao estudo de ati tudes imbuídas de preconceito é The Authori tarian Personality Adorno et al 1950 Essa obra influente mas também muito criticada concebeu as atitudes autoritárias como mani festações de personalidade e não apenas como opiniões superficiais não inatas mas inculcadas em famílias autoritárias que por sua vez refletem aspectos da cena social O pensamento corrente nesse campo am pliou a abordagem em duas direções há uma crescente percepção de que aspectos da es trutura social em cujo seio se mantêm tais ati tudes devem formar parte de sua explicação Hewstone e Brown 1986 Em segundo lugar a identificação com o grupo a que um indivíduo pertence e por conseguinte o favoritismo em relação aos interesses e atitudes do próprio gru po foram colocados em uma base mais ampla Henri Tajfel 1981 postulou ser essa uma pre disposição cognitiva universal sejam quais fo rem os atributos definidores do grupo a que se pertence ou dos membros dos outros grupos Ver também GRUPO Uma segunda linha de interesses desenvol veuse sob a poderosa influência de Kurt Le win o estudo de pequenos grupos A dinâmica de grupo investigou a influência de estilos de liderança sobre a produtividade e a coesão de grupos identificou padrões de comunicação comparou juízos individuais com decisões de grupo documentou o surgimento regular de papéis informais na continuidade de grupos e outros aspectos estruturais A repetida demons tração experimental de que a pressão do grupo pode induzir indivíduos a negarem a evidência fornecida pelos seus próprios sentidos Asch 1952 fez do conformismo um tema muito es tudado Durante certo tempo o interesse pelo estudo experimental do funcionamento do gru po declinou embora a aplicação de tudo o que tinha sido aprendido frutificasse em áreas como o treinamento e a terapia de grupo O interesse ressurgiu agora no estudo de liderança e em duas questões antes negligenciadas a polariza ção de opiniões em um grupo em contraste com a ênfase anterior no consenso grupal e o poder de uma minoria determinada de influenciar a maioria Em virtude do compromisso da corrente principal da psicologia social com os procedi mentos hipotéticodedutivos o trabalho sobre essas linhas principais e muitas linhas secun dárias é guiado em geral por teorias de alcance médio formuladas especificamente para tópi cos da psicologia social embora as principais teorias da PSICOLOGIA geral comportamenta lismo teorias da aprendizagem psicologia da Gestalt e psicanálise também tenham forne cido hipóteses As teorias predominantes na psicologia social têm duas características co muns seu objeto de estudo é a busca de equilí brio quando diante de informação discordante e em segundo lugar a sua origem comum reside na obra fecunda de Fritz Heider 1958 que analisou a psicologia do senso comum e nela descobriu uma tendência a evitar contra dições e relações assimétricas Existem nume rosos modelos de busca de coerência equilí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 626 psicologia social brio conformidade e trocas simétricas os quais diferem uns dos outros mais em terminologia do que em substância As teorias da dissonância e da atribuição criaram um dos mais volumosos conjuntos de trabalho experimental A teoria da dissonância cognitiva Festinger 1957 propõe que quando se defrontam com duas informações mutuamente contraditórias as pessoas sentemse constrangidas inquietas e procuram por conseguinte eliminar tais senti mentos desconsiderando uma das informações ou minimizando o seu significado Numerosos experimentos engenhosamente planejados de monstram ser isso o que de fato ocorre com a maior parte dos sujeitos experimentais A teoria da atribuição Kelley 1967 refere se à maneira como as pessoas analisam eventos sociais e lhes atribuem razões ou causas Essa é a abordagem teórica atualmente predomi nante está em contínuo desenvolvimento e é usada na investigação de uma grande variedade de tópicos Deve a sua posição no campo ao nível relativamente elevado de abstração em que está formulada Teorias mais específicas como a da sociedade justa que explica a tendência a culpar a vítima ou a teoria do desvalimento aprendido podem facilmente ser incluídas na atribuição de causas ou razões para qualquer estado de coisas dado O progressivo refinamento da teoria da atri buição foi estimulado em parte por vozes dis sidentes no seio da disciplina que se ergueram não só nos Estados Unidos mas também na Europa Depois de meados do século essas vozes ganharam ímpeto e iniciaram um auto exame crítico em ambos os continentes A cor rente dominante da psicologia social enfatizou se nesse amplo debate tinha sublinhado de forma preponderante os processos cognitivos individuais e negligenciara o contexto social apoiarase quase que exclusivamente em expe rimentos realizados em ambiente de laborató rio restringindo assim o lado social da discipli na e tinha pressuposto a universalidade cultural e temporal de suas descobertas Os eventos que tiveram lugar na maioria das universidades du rante os últimos anos da década de 60 deram força à exigência de reorientação e a corrobo raram De modo geral essa autocrítica foi salutar A corrente principal da psicologia social tor nouse muito mais pertinente para a compreen são da vida cotidiana e ampliou seu repertório de métodos As matérias substantivas agora se baseiam menos em situações sociais hipotéticas e são mais freqüentemente estudadas onde são na realidade vivenciadas A teoria da atribuição orienta agora a pesquisa em uma vasta gama de circunstâncias com pessoas oriundas de muitas profissões e condições de vida A distinção entre o conceito biológico de sexo e o concei to sóciopsicológico de gênero está produzin do um corretivo necessário nos resultados das pesquisas Algumas áreas de investigação que sempre tinham sido estudadas em seu ambiente natural como a psicologia social da doença e da saúde ou do emprego e desemprego rece beram novo impulso Paralelamente a essa florescente corrente principal está hoje ganhando destaque um no vo e radical pensamento acerca de algumas questões fundamentais da psicologia social Embora a maioria dessas abordagens contem porâneas ainda tenha que provar seu valor con tribuindo com conhecimentos substantivos acerca da interação em mão dupla entre in divíduos e o mundo social as idéias que elas propõem encontram adeptos sobretudo na Eu ropa mas também nos Estados Unidos e dão origem a muita discussão e controvérsia Em geral afastamse da corrente dominante da psi cologia social e passam às formulações progra máticas Kenneth Gergen 1973 sustenta que a cor rente dominante é insensível à passagem do tempo as teorias são formuladas como se apon tassem para regularidades eternas mas as ob servações empíricas que as sustentam estão ine vitavelmente vinculadas ao tempo da inves tigação e não podem reivindicar validade trans histórica Segundo Gergen a psicologia social é portanto uma disciplina histórica e nãocien tífica Isso está em nítido contraste com a disci plinamãe a qual se propõe descobrir univer sais no funcionamento de organismos humanos e animais Tal como ocorre com a despreocupação com o tempo afirmam outros também a despreocu pação com a cultura necessita de correção a psicologia social americana em particular é freqüentemente acusada de um provincianismo que se identifica de forma equivocada com uma conduta à margem da cultura Uma vez mais é questão de saber se os psicólogos sociais podem aspirar à descoberta de universais ou terão que arranjarse com específicos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psicologia social 627 De diversas áreas chega o pedido de que se mude a maneira de teorizar na disciplina Ori ginandose na Escola de Frankfurt está sendo defendida a construção de uma teoria crítica denominada gerativa nos Estados Unidos ou seja uma teoria não sobre o que é mas sobre o que poderia ser na versão de Frankfurt para todas as ciências sociais na formulação ameri cana por e para psicólogos sociais A relativa negligência largamente reconhe cida do contexto social na corrente principal da psicologia social está sendo agora desafiada de várias maneiras Alguns psicólogos sociais es tão finalmente eliminando a distância entre os ramos psicológicos e sociológicos da discipli na O estudo das representações sociais ou seja idéias valores e regras compartilhados por um grupo ou cultura que são a tal ponto poderosos que os indivíduos os consideram incontestá veis tornouse centro de uma nova abordagem Talvez as representações sociais mais larga mente compartilhadas estejam condensadas em uma linguagem comum estudos modernos de monstraram que os hábitos lingüísticos grama ticais e semânticos podem explicar alguns fe nômenos psicológicos Outra abordagem do estudo das influências sociais sobre as atitudes e o comportamento dis tingue níveis de explicação cada um deles le gítimo por sua autoridade própria mas só produzindo pleno entendimento quando se con sideram todos os níveis Os fenômenos psico lógicos podem ser explicados em pelo menos quatro níveis por atributos pessoais pela situa ção real em que o fenômeno psicológico é estudado por referência à posição social das pessoas e pelas ideologias ou sistemas de cren ças a que elas aderem O modo como a comple mentaridade em vez do conflito entre as explica ções nesses níveis pode ser conseguida em tra balho empírico é ainda uma questão em aberto Embora esses e outros desenvolvimentos recentes não sejam necessariamente compatí veis entre si todos eles possuem características e funções comuns Todos eles transcendem uma definição estreita de psicologia social todos requerem que seus proponentes sejam versados em uma ou mais disciplinas vizinhas sobretudo a sociologia e a psicologia cognitiva mas tam bém a ANTROPOLOGIA a ciência política a filo sofia ou a lingüística todas elas contribuem para a vitalidade intelectual do campo em todos os seus ramos Se o debate entre elas levará a uma psicologia social mais unificada ou a maior separação somente o tempo nos dirá Leitura sugerida Brown R 1986 Social Psycholo gy 2ªed Israel J e Tajfel H 1972 The Context of Social Psychology MARIE JAHODA psicológica depressão Ver DEPRESSÃO CLÍ NICA psiquiatria e doença mental A psiquiatria uma forma de definir e de tratar a doença men tal tem conhecido importantes mudanças desde a Segunda Guerra Mundial em sua prá tica e em suas raízes intelectuais Isso inclui um papel consideravelmente reduzido para o pen samento psicanalítico ver PSICANÁLISE sobre tudo nos Estados Unidos onde ele fora uma influência dominante Com isso assistiuse a um interesse crescente pelas origens biológicas da ampla gama de distúrbios que constituem a prática psiquiátrica Durante os últimos 20 anos voltou a complexa tarefa de sua classificação em conjunto com a sua perspectiva biológica ao centro das atenções psiquiátricas como se viu na altamente influente terceira edição em 1980 do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders DSMIII da American Psy chiatric Association A conjunção de nosologia classificação de doenças com biologia foi par cialmente estimulada sem a menor dúvida pe lo êxito de tratamentos farmacológicos e a es perança de que provassem ser específicos para certos diagnósticos O DSMIII reflete ampla mente mais a experiência clínica do que os dados obtidos em pesquisas e é possível encon trar nele descritos estados bemreconhecidos como graves doenças mentais psicoses mor mente a esquizofrenia e a psicose maníaco depressiva as neuroses e perturbações emocio nais menos graves os distúrbios psicossomá ticos os estados orgânicos de demência o re tardamento mental e as anomalias de compor tamento como os vícios Mas existem com plexidades em todos os pontos Os estados neu róticos por exemplo podem na prática gerar sérios inconvenientes e desvantagens durante um longo período ao passo que a esquizofrenia pode representar um episódio passageiro de loucura com uma completa recuperação Há também uma inquietante preocupação essen cialista no pensamento do DSMIII Por exem plo a sua definição de esquizofrenia requer Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 628 psicológica depressão sinais contínuos de distúrbio durante pelo me nos seis meses mas isso elimina a possibili dade de estabelecer possíveis fatores ambien tais que redundem em um episódio breve Além disso pressupõe que algo tenha sido realmente estabelecido acerca da natureza da entidade patológica envolvida Isso não é certamente o que se verifica embora haja uma razoável soma de conhecimentos a respeito do grupo um tanto díspar de condições correntemente classifica das como esquizofrênicas Mas deixando de lado essas questões técni cas de definição os distúrbios psicóticos envol vem em sua maioria formas particularmente desagradáveis de sofrimento e na medida em que podem ser encarados como um exagero das reações comuns de natureza afetiva e emocio nal às experiências da vida representam uma importante via para a compreensão da socie dade em geral algo é claro reconhecido por Émile Durkheim em seu clássico estudo O sui cídio publicado no final do século XIX Entre tanto essa continua constituindo uma área de controvérsia não sendo uma das menores cau sas o fato de as provas que evidenciam influ ências psicossociais tenderem inevitavelmente para distanciar um pouco a psiquiatria do seu tradicional papel médico É significativo que os psiquiatras se qualifiquem primeiro em medici na e passem considerável parte do seu treina mento subseqüente envolvidos na assistência e tratamento de estados graves em um ambiente de hospital psiquiátrico Embora a etiologia de estados nucleares como a esquizofrenia e a depressão maníaca permaneça um tanto indefi nida a sua peculiar gravidade encoraja uma perspectiva biológica O fato de sintomas simi lares poderem ser produzidos por drogas tu mores epilepsia e mudanças metabólicas e hor monais só estimula os apetites médicos para mais do que os freqüentemente excitantes de senvolvimentos em neurociência e tratamento físico A expressão modelo médico nesse contexto é usada com maior freqüência por cientistas sociais do que por médicos uma vez que o agrupamento de sintomas e indícios em síndromes que podem então ser correlacionadas com presumidos distúrbios biológicos é a tal ponto intrínseco na prática clínica que raras vezes é explicado Entretanto os pacientes vistos por psiquia tras vêm mudando muito e é bem maior o número dos que são examinados em clínicas ambulatoriais muitos dos quais nunca teriam tido contato com um psiquiatra nem mesmo uns 40 anos atrás Isso somado ao reconhecimento de que há ainda mais pacientes potenciais na clínica geral particular e na medicina geral hos pitalar deixou claro que os pacientes de hos pitais psiquiátricos formam apenas uma peque na minoria dos que poderiam ser classificados como portadores de distúrbio psiquiátrico clini camente pertinente em especial a depressão ou a ansiedade Essa variedade diagnóstica e o fato de cada psiquiatra poder ter a experiência de apenas uma amostra selecionada de paci entes potenciais permitiram o surgimento de idéias muito diversas acerca da etiologia embora a maioria delas possa ser formulada em termos biológicos ou psicodinâmicos Uma perspectiva social sobre esses assuntos nunca foi central em psiquiatria mas os desenvolvi mentos ocorridos desde o final da Segunda Guerra Mundial tornaram mais difícil ignorá lo Os primeiros esforços consistiram predomi nantemente em especulações de autores de orientação psicodinâmica as quais embora in fluentes por vezes careciam de base empírica A noção de mãe esquizofrenicogênica por exemplo considerada por alguns nas décadas de 40 e 50 fundamental na etiologia da esqui zofrenia não sobreviveu a uma verificação sistemática Felizmente tem havido desenvol vimentos um pouco mais sólidos Um deles teve origem nas óbvias deficiên cias dos grandes hospitais psiquiátricos A cres cente população dos hospitais psiquiátricos seguindose ao declínio nas taxas de mortali dade por infecções supervenientes em meados do século provocou uma superlotação envol vendo em especial a internação a longo prazo de pacientes esquizofrênicos e as terríveis re velações sobre os campos de concentração eu ropeus talvez tenham provocado um certo im pacto na opinião pública Na década de 50 al guns superintendentes médicos no Reino Unido iniciaram uma política de alta antecipada e começaram a desenvolver idéias de como o hospital poderia ser uma comunidade genuina mente terapêutica Com a introdução das mais importantes drogas tranqüilizantes em meados da década de 50 essas mudanças propagaram se a outros hospitais psiquiátricos O movi mento iniciouse muito mais tarde nos Estados Unidos Nesse clima o movimento antipsi quiátrico liderado por figuras como RD Laing Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psiquiatria e doença mental 629 teve um importante impacto sobre a opinião pública em geral e sobre a acadêmica em parti cular Entretanto suas excessivas pretensões e a quase total ausência de preocupação com provas acarretaram um impacto limitado sobre a própria psiquiatria Não obstante tudo pon derado é possível perceber que uma mensagem foi importante que mesmo aqueles com as mais graves doenças mentais ainda continuam sendo seres humanos e responder a essa huma nidade pode influenciar de maneira importante o curso de suas enfermidades Com efeito é uma experiência extraordinária ver um paciente que antes era uma pessoa gravemente incapaci tada agindo agora com confiança e algum dis cernimento apesar de contínuas vozes e de lírios em um ambiente dedicado a encorajar a independência o orgulho e as atividades voca cionais Não obstante a preocupação durante esse período de muitos nas ciências sociais em pôr em dúvida a pertinência de rótulos diagnós ticos e em demonstrar o seu provável efeito pernicioso contrariou totalmente a crescente preocupação de psiquiatras em melhorar e sis tematizar o seu uso diagnóstico Lamentavel mente um dos efeitos foi aumentar a distância entre a corrente dominante da ciência social e a psiquiatria Outro desenvolvimento do pósguerra foi o interesse em registrar as taxas de distúrbio psi quiátrico em amostras da população geral Sur preendentemente as primeiras pesquisas in dicaram elevadas taxas sobretudo entre popu lações da classe trabalhadora Apesar de boa dose de ceticismo dentro da psiquiatria o inte resse persistiu Introduziramse novas entrevis tas do tipo clínico em vez de questionários as quais podiam ser usadas na população geral em conjunto com medidas mais refinadas para in vestigar o papel de fatores sociais Quanto às últimas houve interesse em tratar do signifi cado da experiência algo que era ignorado pela epidemiologia tradicional e isso acarretou maior sensibilidade para a medição do estresse Os estudos realizados em hospitais mentais concentraramse na questão do impacto da or ganização sobre o curso da doença e os estudos realizados fora sobretudo sobre o papel da família consideraram os fatores que influen ciavam a deflagração e o curso Duas coisas se destacaram Primeiro que condições que são quase com certeza essencialmente biológicas como a esquizofrenia sofrem importantes in fluências do ambiente externo e em particular da qualidade dos vínculos interpessoais nu cleares A questão da crise original permanece mais obscura A importância de considerar os fatores sociais em função do curso da doença foi confirmada por estudos transculturais em que o resultado a longo prazo da esquizofrenia parece ser mais favorável nos países em desen volvimento Dada a eficácia um tanto aleatória dos tratamentos físicos incluindose os efeitos iatrogênicos a longo prazo a significação des sas conclusões tem sido cada vez mais reco nhecida bem como a necessidade de utilizar tal conhecimento na prática clínica cotidiana Uma segunda conclusão que surgiu é que os dis túrbios afetivos que constituem a grande maio ria das condições psiquiátricas são comuns na população geral e fatores sociais incluindo ex periências adversas na infância e adolescência desempenham provavelmente um papel impor tante na deflagração e no curso da patologia Também há com freqüência uma ligação com a classe social baixa por exemplo nas áreas centrais de Londres quase 15 das mulheres de classe operária com filhos em casa parece sofrer de um distúrbio psiquiátrico clinicamente im portante dentro do espaço de um ano e a maioria delas tem um significativo componente depres sivo ver DEPRESSÃO CLÍNICA Embora alguns discutam determinados as pectos de tais afirmações já existe uma concor dância bastante ampla dentro da psiquiatria acerca da importância do mundo social e da necessidade de uma perspectiva genuinamente biopsicossocial Alguns deprimidos por moti vos sociais podem ainda responder à terapia farmacológica e não há razão em tais circuns tâncias para que as probabilidades de início e de um curso deteriorante não sejam também influenciadas por fatores biológicos subjacen tes O impulso em prol de uma perspectiva biopsicossocial foi sublinhado pelas idéias de John Bowlby sobre a importância do sistema de apego na gênese dos distúrbios afetivos e de como o sistema embora muito influenciado pela experiência pretérita tem essencialmente uma base evolutiva e biológica Ficou claro que os sistemas biológico e social servem para criar significado e freqüentemente o fazem em mú tua dependência Somada a essa conjugação de perspectivas díspares há uma crescente percep ção de que é possível adquirir de maneiras Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 630 psiquiatria e doença mental muito diferentes o que na verdade constitui o mesmo distúrbio É claro que tais desenvolvimentos têm im plicações para a prática clínica Se as alegações correntes sobre o papel das influências psicos sociais forem comprovadamente corretas de modo geral os métodos de intervenção basea dos na população estarão muito além dos li mites da psiquiatria propriamente dita Também ficou claro que a tão debatida política de assis tência comunitária foi predominantemente um assunto de conversa Com exceção de meia dúzia de impressionantes iniciativas locais os procedimentos para enfrentar a decadência dos hospitais psiquiátricos têm sido ad hoc e sem o menor planejamento resultado de pressões por uma reforma liberal mudança dos regimes de tratamento e decisões mal coordenadas no tocante a um plano de ação de nível superior Isso teve sérias conseqüências para os porta dores de deficiências a longo prazo Ainda ca recemos de serviços baseados em princípios razoavelmente bemfundamentados focalizan do as vulnerabilidades de determinadas classes de pacientes e serviços que sejam capazes de permanecer em contato com indivíduos se ne cessário por longos períodos de tempo Es tamos ainda mais distantes de quaisquer meios efetivos de ajuda a grandes quantidades de pes soas sofredoras na população geral sobretudo as submetidas a estados crônicos muito poucas das quais recorrem a psiquiatras e provavel mente metade das quais é reconhecida por um médico como psiquiatricamente perturbada A psiquiatria requer sem dúvida o apoio da ciência social felizmente essa colaboração es tá fadada a ser útil à própria ciência social É difícil levar a efeito investigações etiológicas nessa área sem enfrentar rapidamente questões teóricas fundamentais digamos acerca da natureza do apoio social ou da pertinência de conceitos tradicionais como integração ou alie nação É duvidoso se a extrema ênfase atual sobre a base biológica da psiquiatria se manterá por muito tempo uma vez que uma parte es pecialmente importante dela proveio de um determinado clima político nos Estados Uni dos Os processos biológicos de possível re levância estão se revelando de extraordinária complexidade e benefícios importantes são mais prováveis a longo do que a curto prazo Os resultados da pesquisa social corrente embora modestos em termos do que precisa ser co nhecido são suficientemente seguros para for mar uma base propícia à expansão e há também alguns indícios de que o enfoque limitado e o paroquialismo das disciplinas pertinentes da ciência social poderiam declinar Há uma per cepção crescente de que cada uma tem que fazer mais do que desenvolver sedutoras e esti mulantes idéias para consumo pelos seus pró prios estudantes As idéias precisam ser testadas no contexto da prática psiquiátrica Até agora sempre que isso foi feito provou ser difícil sustentar idéias unilaterais que foram tão popu lares em disciplinas individuais como a ênfase em sociologia no papelchave da rotulação em produzir distúrbios mentais Entretanto cum pre reconhecer que existe considerável inércia se não oposição no tocante à espécie de ten dências integrativas que foram descritas em linhas gerais e é muito possível que se tenha atribuído um peso excessivo ao provável im pacto sobre o pensamento e a prática psiquiátri cas de generalizações empíricas razoavelmente bemestabelecidas A atração da receita de um remédio para um médico muito atarefado conti nuará sendo considerável Mas ao mesmo tem po a psiquiatria ao longo de toda a sua história tem sido a mais aberta das especialidades mé dicas às idéias sociais e por hora não existem razões para um pessimismo declarado sobre o desenvolvimento de uma perspectiva social efetiva no âmbito da psiquiatria Leitura sugerida Bebbington P e McGuffin P 1988 Schizophrenia the Major Issues Gelder M Gath D e Mayou R 1986 Oxford Textbook of Psychiatry Newton J 1988 Preventing Mental Illness GEORGE W BROWN pública escolha Ver ESCOLHA PÚBLICA pública esfera Ver ESFERA PÚBLICA punição Punir é impor uma pena em resposta à violação de uma regra ou em condenação de quem assim procedeu O processo de punição é pois a imposição deliberada de alguma forma de tratamento duro inflexível e a estigmatiza ção de um agente responsável pela violação de uma norma As penas a que falta qualquer ele mento de condenação como no caso das multas não são stricto sensu punições Nem medidas como a detenção preventiva impos tas com base mais na previsão da conduta futura do que em delitos passados O status das medi das compulsórias de assistência e tratamento Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar punição 631 quando estas são impostas em resposta a uma conduta desviante por exemplo por um juizado de menores é ambíguo Tais medi das podem ser experimentadas como punitivas e estigmatizantes por causa do seu contexto ou uso embora se proponham fornecer ajuda ou terapia ao receptor A punição ocorre em uma variedade de con textos sociais e de um modo ou de outro é provavelmente uma propriedade intrínseca de todas as formas estabelecidas de associação humana Famílias escolas locais de trabalho círculos de amizade ou até estadosnações to dos punem seus membros desviantes de tempos em tempos usando sanções que podem ir de uma reprimenda moderada a uma ofensiva mi litar em grande escala Entretanto o processo central de punição na sociedade moderna é a punição judicial o processo jurídico pelo qual os violadores do direito penal recebem sanções de acordo com regras e procedimentos jurídicos especificados em códigos e se subme tem a uma punição administrada por funcioná rios do estado Assim a punição judicial é que constituiu o foco de atenção da maior parte do pensamento moderno sobre punição embora os efeitos benéficos da punição em outros contex tos fossem objeto de muita pesquisa psicológi ca A filosofia da punição Como a punição judicial acarreta a delibera da cominação de danos por funcionários do estado a cidadãos individuais é uma prática social suscetível de críticas e que necessita de legitimação Copiosa literatura filosófica de senvolveuse em torno dessa questão expondo argumentos justificativos em favor da institui ção identificando circunstâncias em que o po der penal deve ser exercido e descrevendo os propósitos apropriados que as punições devem almejar Neste ponto o principal debate tende a ser entre as abordagens utilitária e deontoló gica do problema A primeira sustenta que a punição é em si mesma um mal e só se justifica quando e na medida em que pode produzir efeitos úteis como a defesa social ou a pre venção de futuros crimes ver também CRIME E TRANSGRESSÃO Coibição incapacitação refor ma e denúncia são pois objetivos aceitáveis nessa concepção e devem ser usados na medida em que se possa mostrar a sua eficácia Contra isso a posição rival sustenta que a punição é justificada como a resposta adequada a certos malefícios pois a justiça ou o direito natural ou o contrato social exige que os crimes sejam vingados e que se imponha o devido castigo Portanto a finalidade da punição deve ser as segurar o apropriado ou merecido castigo sendo tais medidas retaliatórias moralmente imperativas quer se possa ou não provar que são instrumentalmente proveitosas Na prática medidas e instituições penais pretendem usualmente atingir muitos desses objetivos simultaneamente embora as inves tigações empíricas indiquem que somente os propósitos mais negativos retaliação denún cia incapacitação podem ser perseguidos com alguma probabilidade de êxito As tentativas de alcançar fins reformativos por meio de sanções penais só têm tido êxito em uma pequena mi noria de casos De modo análogo embora a existência de um sistema penal que faz respeitar as normas sociais produza um básico efeito dissuasivo em comparação com a sua inobser vância os efeitos dissuasivos de sanções es pecíficas ou níveis específicos de punição pa recem deveras limitados Os delinqüentes ra cionais calculistas que acreditam na possibili dade de serem detidos e punidos e para quem esse risco é inaceitável são os melhores alvos para a dissuasão A prática da punição Durante boa parte do século XX os sistemas penais adotaram em maior ou menor grau a ideologia da reabilitação a qual insistia em que os delinqüentes deveriam ser tratados de modo positivo com propósitos de reforma adaptando medidas de tratamento e treinamen to às necessidades individuais e pondo de lado preocupações punitivas De modo caracterís tico houve a introdução de modalidades mais refinadas de avaliação e classificação de delin qüentes um repertório ampliado de instituições especializadas legislação para permitir o julga mento com sentença indeterminada e o empre go de peritos em pontoschaves do sistema Essa abordagem de bemestar penal nunca desalojou completamente preocupações mais antigas com punições e castigos merecidos nem mesmo na esfera da justiça juvenil onde as filosofias de tratamento estavam mais conso lidadas A partir de 1960 verificouse um acen tuado afastamento da abordagem da reabilita ção e um ressurgimento do interesse explícito Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 632 punição pelos métodos de retaliação e dissuasão por parte de legisladores políticos e criminologis tas Ver também CRIMINOLOGIA Os sistemas contemporâneos de punição uti lizam uma gama diversificada de sanções for necendo uma hierarquia de medidas que per mite uma escala de severidade em conjunto com uma série horizontal de alternativas adap tadas a diferentes tipos de delinqüentes Esses sistemas incluem multas prestação de serviços à comunidade e várias formas de supervisão as quais podem ser orientadas para o aconselha mento e apoio ou para a vigilância e controle ordens psiquiátricas sentenças custodiais de um tipo de ou de outro e em algumas juris dições a execução judicial Há grande diversi dade nos padrões de sanção e níveis de punição vigentes em países que em outros aspectos incluindo as taxas de criminalidade são muito semelhantes As taxas de prisão por exemplo estão sujeitas a enorme variação entre estados e dentro da mesma jurisdição no transcurso do tempo Do mesmo modo os níveis de punição considerados apropriados para determinados delitos podem variar de forma acentuada de um país para o outro A sociologia da punição A pesquisa sociológica e histórica temse empenhado em explicar essas variações nos padrões penais examinando usualmente as fun ções sociais e determinantes da punição e os modos como as instituições penais estão rela cionadas com configurações sociais mais am plas Émile Durkheim sustentou que a punição representa uma resposta coletiva a atos que transgridem os sentimentos e valores comparti lhados pela sociedade É uma reação veemente que expressa sentimentos coletivos e ao mes mo tempo reafirma a força de costumes e prá ticas sociais Os rituais de punição constituem pois um meio pelo qual se sustenta a ordem moral se reforça a solidariedade social e se retraça a fronteira entre conduta aceitável e ina ceitável embora como sublinhou GH Mead essa forma de solidariedade se baseie na hos tilidade e possa promover a intolerância Na opinião de Durkheim a punição constitui um importante elemento no âmbito moral da socie dade e a forma e intensidade das sanções penais serão determinadas pelo caráter da vida moral da sociedade As sociedades avançadas carac terizandose por uma extensa divisão do traba lho códigos morais diversificados e um com promisso com os valores do individualismo liberal são assim mais propensas a desenvolver sistemas de punição mais clementes organiza dos em torno da privação da liberdade indivi dual Em contraste as interpretações marxistas retratam a punição como um instrumento de controle pelo estado funcionando repressiva e ideologicamente a fim de preservar o domínio da classe governante e sendo configurada pri mordialmente pelo MODO DE PRODUÇÃO A cen tralidade da multa na penalidade moderna a ênfase no trabalho nas prisões o princípio de menos aceitabilidade o qual insiste em que as condições prisionais devem ser fixadas abaixo das classes mais pobres da sociedade a própria idéia de que os delitos devem ser cam biados por uma pena equivalente medida em unidades abstratas de tempo todas essas características são citadas como provas evi dentes de que a punição é modelada tanto pela estrutura da sociedade de mercado quanto pelas exigências de controle do crime A mais recente interpretação de punição desenvolvida por Michel Foucault enfatiza os aspectos disciplinares e normalizadores dos modernos métodos penais e salienta os modos pelos quais um aparelho penal cada vez mais sagaz está apto a exercer modalidades mais profundas e mais positivas de controle sobre os que são apanhados pelo sistema A punição nesse caso é vista como uma forma de poder e autoridade atuando por meio de prin cípios detalhados de vigilância inspeção e in dividuação em que a preocupação é menos punir delinqüentes do que moldarlhes o comportamento e dominar os riscos que eles coletivamente representam O regime panóp tico da prisão moderna o qual submete os reclusos à vigilância contínua a fim de identifi car e corrigir qualquer desvio das normas ins titucionais é considerado representativo de um modelo das espécies de relações de poder conhecimento que preponderam na sociedade contemporânea É amplamente reconhecido que como téc nica de controle a punição tem sérias limi tações Os psicólogos sublinham que os refor ços positivos são com freqüência meios mais eficazes de modelar a conduta que os efeitos da punição são freqüentemente efêmeros e que os punidos tendem a desenvolver uma resistência Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar punição 633 à punição Na mesma linha os criminologistas sustentam que a capacidade do sistema penal de transformar indivíduos ou reduzir taxas de cri minalidade está seriamente restrita Os críticos da punição afirmam que a justiça penal devia confiar menos em uma resposta punitiva e mais em métodos alternativos de lidar com os confli tos sociais e os indivíduos inconvenientes co mo a mediação a reparação e a prevenção do crime O fato de tais críticas terem tido tão pouco impacto nos modernos sistemas penais é uma das razões pelas quais tanta atenção está sendo dada atualmente à dinâmica social sub jacente na instituição da punição Leitura sugerida Christie N 1982 Limits to Pain Cohen S 1985 Visions of Social Control Durk heim É 1893 De la division du travail social Fou cault M 1975 Surveiller et punir Garland D 1980 Punishment and Modern Society Mead GH 1918 The psychology of punitive justice American Jour nal of Sociology 23 577602 Rusche G e Kirch heimer O 1968 Punishment and Social Structure Sharpe JA 1990 Judicial Punishment in England Walker N 1980 Punishment Danger and Stigma DAVID GARLAND Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 634 punição Q QI Ver INTELIGÊNCIA TESTE DE qualidade de vida Supõese geralmente que a justificativa para atividades que visam ao desenvolvimento econômico é a melhoria do bemestar da população Por seu turno o desen volvimento econômico é avaliado por meios como o Produto Nacional Bruto PNB e a comparação dos níveis de PNB ou de PNB per capita tornouse prática estabelecida como base primária para uma estimativa do desempenho e do progresso comparativo dos países ao longo do tempo Entretanto o PNB é uma medida de atividade da economia formal assalariada e não foi originalmente construído como medida de bemestar Não trata da IGUALDADE E DESI GUALDADE social da produção econômica in formal da sustentabilidade ambiental nem de uma série de outros aspectos igualmente impor tantes do bemestar Os conceitos de nível de vida e qualidade de vida referemse às condições de populações e subgrupos de populações e estão refletidos em estatísticas que procuram indexálas direta mente em vez de inferilas da atividade econô mica Tais ESTATÍSTICAS SOCIAIS são tipicamente obtidas por investigação direta através de pes quisas de porta em porta e de censos Conven cionalmente interessamse por questões co mo renda familiar condições de moradia por exemplo se existe acesso a um banheiro e no caso afirmativo se este se localiza dentro ou fora de casa posses materiais como a proprie dade de equipamentos domésticos e práticas de consumo incluindo os alimentos que estão sen do consumidos É prática comum que muitas estatísticas de tal natureza sejam rotineiras e freqüentemente produzidas na maioria dos paí ses industrializados não sendo esse o caso porém nas regiões mais pobres do mundo Também nos países menos industrializados as questões específicas formuladas podem ser um tanto diferentes por exemplo o acesso à água corrente e potável pode ser um problema para grande parte da população e a composição precisa da cesta básica alimentar pode ser me nos importante que a distância a que se encon tram os indivíduos de um padrão nutricional básico A qualidade de vida é comumente usada em referência às reais condições de vida em bora em meados da década de 50 uma comissão de especialistas das Nações Unidas recomen dasse o uso para esse fim de nível de vida Qualidade de vida referirseia portanto às aspirações ou expectativas das pessoas no to cante às suas condições de vida A literatura técnica às vezes aceita essa distinção mas a sua omissão é muito mais freqüente entretanto es tudos estatísticos por vezes colocam em con traste os níveis reais de renda com os requeridos para satisfazer determinadas exigências de ali mentação habitação etc e os níveis de consu mo são freqüentemente contrastados com um dado padrão tipicamente um nível mínimo se bem que por vezes o nível médio ou a situação em um grupo social ou país de referência O foco central de tais dados pode ser consi derado ainda excessivamente economístico e não têm faltado as tentativas de desenvolver conjuntos de indicadores que englobem aspec tos mais amplos das condições de vida como o acesso à educação e aos serviços de saúde a expectativa de vida a mobilidade e até as opor tunidades culturais Entretanto o mais comum é que a qualidade de vida se restrinja ao pa drão de bemestar material e seja indexada em termos de posse de bens e de acesso a confortos básicos Vários outros termos foram introduzidos no esforço para ir além desses índices sobretudo nestas últimas décadas do presente século de modo a incluir dimensões ambientais das con dições de vida como a exposição a várias for 635 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra Q Produção Textos Formas Para Ed Zahar mas de poluição e degradação do meio am biente substâncias químicas radiação lixos ruído etc O termo qualidade de vida é facil mente o mais usado É freqüentemente contra posto a padrão de vida com o intuito explícito de sublinhar que existe na vida muito mais que a mera acumulação de bens materiais Nesse papel o seu significado positivo em oposição às críticas dos limites da perspectiva econômi ca permanece muito aberto e sem restrições previamente estabelecidas Em alguns países o termo foi associado a certos movimentos polí ticos por exemplo as campanhas contra os excessos da SOCIEDADE DE CONSUMO em outros significa a ênfase de grupos religiosos em ques tões espirituais etc Apesar desse campo propí cio ao equívoco e ao malentendido tem havido um trabalho substancial no desenvolvimento de conjuntos mais amplos de indicadores sociais e ambientais que possam captar uma visão abran gente das maneiras de viver das pessoas As questões que preocupam os estudos convencio nais do padrão de vida ainda estão represen tadas em tais compilações porquanto não dimi nuiu a importância fundamental do bemestar material em nossas vidas Algumas das preocu pações mais novas como os danos do meio ambiente também podem muito bem ter um impacto sobre o bemestar material a longo prazo e muitas delas podem levarnos a repen sar uma leitura simplista dos dados quantitati vos a qual indica que ter mais de uma merca doria por exemplo vários automóveis é ne cessariamente melhor Leitura sugerida Ekins P e MarxNeef M orgs 1992 RealLife Economics Miles I 1985 Social In dicators for Human Development Moll Peter 1991 From Scarcity to Sustainability Future Studies and the Environment IAN D MILES Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra Q Produção Textos Formas Para Ed Zahar 636 qualidade de vida R raça Este conceito tal como tem sido popu larmente usado em política teve profundos efeitos na história mundial recente Os nacio nalsocialistas na Alemanha acreditavam na existência de uma raça superior ariana assim como na existência de raças inferiores Também consideravam os judeus uma raça e se empe nharam na tentativa de exterminálos Na Áfri ca do Sul em tempos recentes o domínio polí tico dos brancos era justificado em termos de uma doutrina de superioridade racial deles so bre os negros Em muitos outros países houve evoluções semelhantes ainda que menos dra máticas em que a luta entre grupos étnicos propiciou o surgimento de teorias segundo as quais esses grupos são raças A implicação do uso do termo raça em todos esses casos é que as desigualdades efetivas existentes entre gru pos são inevitáveis porque são naturalmente dadas Tais concepções contudo estão em con flito com o conhecimento científico Em 1950 a Unesco convocou uma reunião de especialistas a fim de proceder a uma reca pitulação de tudo o que era cientificamente conhecido sobre raças e indicar como o termo raça deveria ser usado de modo científico ver Montagu 1972 Essa comissão de especialis tas chegou às seguintes conclusões 1 Todos os seres humanos pertencem à mesma espécie Homo sapiens também são provavelmente originários do mes mo tronco As diferenças que existem entre grupos de seres humanos se devem ao isolamento à deriva e à fixação alea tória de partículas materiais que con trolam a hereditariedade os genes a mudanças na estrutura dessas partículas à hibridização e à seleção natural 2 O Homo sapiens é constituído por certo número de populações cada uma das quais diferindo das outras na freqüência da ocorrência de um ou mais genes 3 As maiores populações distinguíveis fo ram designadas como raças e há razoável concordância entre os antropólogos em que a humanidade pode ser dividida em três grupos principais a o mongolóide b o negróide e c o caucasóide Os mongolóides têm cabelo escorrido e pê los corporais relativamente ralos A pele tem um tom amarelado e na maioria dos casos há uma dobra de pele dobra epi cântica acima da abertura do olho Os negróides têm pele castanhoescura O cabelo é do tipo crespo e densamente encaracolado Possuem bem poucos pê los corporais Suas cabeças tendem a ser oblongas o nariz é freqüentemente acha tado com narinas largas os lábios são usualmente espessos e revirados e há uma ligeira projeção para diante do ma xilar superior Os caucasóides têm gran de variedade de formas capilares Os pê los no rosto e por todo o corpo são bem desenvolvidos A cor da pele varia do branco ao castanhoclaro O nariz é es treito e os lábios delgados 4 Dentro desses grupos principais podem distinguirse muitos subgrupos mas há muito menos concordância entre os an tropólogos sobre as suas características específicas 5 Ao estabelecerem essas classificações as únicas características que os antropó logos usam como base para a classifica ção são físicas e fisiológicas De acordo com os conhecimentos atuais não há prova de que os grupos humanos difiram em suas características mentais inatas tanto no que se refere à inteligência quan to no que diz respeito ao temperamento 6 As diferenças sociais e culturais entre os grupos não são geneticamente determi nadas e os desenvolvimentos sociais e 637 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar culturais são independentes de mudanças na constituição inata 7 Os diferentes grupos raciais são capazes de cruzamentos entre si e de produzir proles férteis Além disso não há provas de que os cruzamentos interraciais pro duzam resultados adversos do ponto de vista biológico Entretanto a conclusão final e de suma im portância é enunciada nos seguintes termos Todos os seres humanos normais são ca pazes de aprender a participar de uma vida comum de entender a natureza do serviço mú tuo e da reciprocidade e de respeitar obrigações e contratos sociais As diferenças biológicas existentes entre membros de diferentes grupos étnicos não têm a menor relevância para os problemas de organização social e política vida moral e comunicação entre os seres humanos in Montagu 1972 Está muito claro portanto que não existe justificação alguma na ciência biológica para o uso popular do termo raça Não devemos falar de alemães franceses e britânicos ou de árabes e judeus ou de protestantes muçul manos ou israelitas como raças Tratase de fato de grupos nacionais étnicos ou religiosos ver ETNICIDADE ligados pela organização polí tica e a cultura comum Não obstante mesmo que não tenha jus tificação a existência do uso popular do termo raça suscita problemas para o sociólogo Há uma diferença entre as situações em que grupos étnicos e nacionais simplesmente interatuam uns com outros e aquelas em que essa interação é vista como racial Nessas últimas situações está presente um elemento de RACISMO Numerosos sociólogos têm procurado expli car o uso popular do termo raça e a existência de racismo definindo relações raciais ou situa ções de relacionamento racial O primeiro deles é van den Berghe 1978 que vê as relações raciais como uma das bases em que os sistemas sociais fazem distinções odiosas entre indivíduos Es sas distinções odiosas e injustas levam ao sur gimento dos sistemas de status As relações raciais existem onde as distinções odiosas se baseiam em diferenças de fenótipo aparência física Rex 1983 1986 por outro lado aponta que uma situação de relações raciais pode ocorrer não apenas entre grupos que se distinguem pelo fenótipo mas entre quaisquer grupos em certas situações de conflito se as diferenças forem explicadas em função de teorias racistas As sim ele sustenta que uma situação de relações raciais tem três aspectos 1 a situação é de acirrada competição ex ploração opressão ou discriminação in do muito além da que se observa em situações de livre mercado sendo os li vres mercados vistos aqui como produ tores de situações de relacionamento mais de classe do que de raça 2 as relações que existem são entre grupos fechados e é impossível ou pelos menos muito difícil para um indivíduo mudar sua filiação de um grupo para outro 3 todo o sistema é justificado por grupos dominantes em termos de algum gênero de teoria determinística usualmente de natureza biológica Assinalese neste ponto que tanto na defini ção das espécies de grupos envolvidos quanto nas teorias a que se refere na terceira parte Rex não se restringe aos fatores genotípicos ou mes mo biológicos O que ele procura fazer é en fatizar que as teorias determinísticas e em especial as teorias racistas do gênero biológico surgem quando o relacionamento do grupo bá sico é seriamente conflitante Isso chama a aten ção para um importante aspecto do uso popular do termo raça a saber que ele surge em situações de conflito e é usado para justificar o domínio exercido por um determinado grupo Essa definição de uma situação de relações raciais envolve contudo uma ênfase delibera damente exagerada a fim de reunir todas as numerosas espécies de situação que popular mente se pensa estarem baseadas em raça In clui a situação dos judeus na Alemanha antes da guerra e a que prevalece entre católicos e protes tantes na Irlanda do Norte não por aceitar que os grupos envolvidos sejam raças na acepção cien tífica mas porque eles são popularmente des critos por vezes como raças no último caso na própria Irlanda do Norte e as situações conflitan tes entre grupos distinguidos pelo fenótipo Esclarecido este aspecto porém e com o reconhecimento de que as situações de relacio namento racial envolvem sempre séria com petição conflito exploração opressão ou dis criminação a questão poderia não obstante ficar ainda mais clara se fosse reconhecido que podem estar envolvidos dois tipos de grupos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 638 raça um que se distingue por características cul turais O aspecto essencial sublinhado por Rex foi que as situações de relacionamento social sempre se referiam mais a situações de conflito do que de cooperação harmoniosa O ponto de vista geral entre os sociólogos porém seria que é proveitoso distinguir as situações em que o fenótipo está envolvido como as verdadeiras relações raciais e reconhecer uma categoria dis tinta de situações de conflito étnico Mas dito isso devese ainda mencionar que tanto as situações de relacionamento racial quanto as situações de relacionamento étnico podem ser justificadas por grupos dominantes em termos de teorias determinísticas incluindo as raciais O que o uso popular do termo raça faz é precisamente ampliar esse uso para incluir situações baseadas em diferenças culturais De um ponto de vista sociológico é importante reconhecer a existência de um grupo de situações conflitantes que é mar cado pelo racismo São situações de relaciona mento racial embora os grupos envolvidos não sejam em um sentido científico raças Em uma reunião mais recente de especialis tas convocada pela Unesco foi reconhecido que um dos principais tipos de situação propiciado ra de definições racistas é o que deriva do colonialismo as duas declarações da Unesco de 1953 e de 1967 in Montagu 1972 Tais definições são particularmente evidentes no que Furnivall 1939 e Smith 1963 denomina ram sociedades plurais Tais sociedades de acordo com Furnivall envolvem grupos cul turalmente distintos que só se reúnem no campo dos negócios de modo que enquanto as rela ções entre indivíduos dentro de qualquer grupo são harmoniosas e cooperativas as relações entre os grupos são brutais e opressivas Por outro lado segundo Smith cada grupo tem um quase completo sistema institucional em si mesmo mas a instituição política liga todos eles sob o domínio de um grupo São os gêneros de situações a que Rex se refere como sendo mar cadas por severa competição conflito explora ção opressão e discriminação e quase sempre dão origem a definições racistas que produzem situações de relacionamento racista Se o colonialismo é peculiarmente produtor de racismo não é porém a única circunstância sob a qual ele pode ocorrer Outra situação comum tem lugar quando sociedades com sis temas vigentes de classes e conflito de classes atraem imigrantes que ingressam na sociedade em condições menos favoráveis do que a mais baixa classe nativa Esses imigrantes podem então formar o que é por vezes chamado uma subclasse e ser submetidos a uma exploração e opressão mais severas do que a sofrida no mer cado de trabalho pelos trabalhadores do próprio país ver MIGRAÇÃO Com muita freqüência nessas circunstâncias os imigrantes podem ser definidos como racialmente diferentes pelos grupos dominantes Tais distinções podem ba searse no reconhecimento de diferenças físi cas mas também ocorrem quando as distinções são culturais assentes na falsa suposição de que as características mentais e culturais são biolo gicamente herdadas Finalmente há outras si tuações em que um grupo racial ou étnico não é uma subclasse mas desempenha um papel de pária impopular na sociedade como no caso clássico dos judeus na Europa medieval e dos comerciantes secundários indianos ou libane ses em sociedades coloniais Em épocas de tensão política econômica e social um desses grupos pode converterse em bode expiatório para os males da sociedade Se isso ocorrer mesmo que se trate de um grupo étnico e não de uma população racialmente distinta ele po derá ficar sujeito a uma definição racista e a situação de bode expiatório se converte em uma situação de relacionamento racial conforme foi acima definido Foi isso que aconteceu no caso dos judeus europeus na Alemanha nazista Em suma o que se pode ser dito para a definição do termo raça é que corretamente usado em um sentido científico é um termo taxonômico de limitada utilidade É irrelevante para a explicação de diferenças políticas entre seres humanos O uso popular de terminologia racista significa porém que existem muitas situações em que grupos física e culturalmente distinguíveis são definidos como raças e quan do tais definições são adotadas temos o que se pode chamar situações de relacionamento ra cial mesmo que os grupos envolvidos não se jam raça em um sentido científico Leitura sugerida Furnivall John Sydenham 1939 Netherlands India a Study of Plural Economy Mon tagu Ashley 1972 Statement on Race Rex J 1983 Rare Relations in Sociological Theory Ο 1986 Race and Ethnicity Smith Michael Garfield 1963 The Plu ral Society in the British West Indies van den Berghe Pierre Louis 1978 Race and Racism a Comparative Perspective JOHN REX Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar raça 639 racionalidade e razão Os pensadores do Ilu minismo declararam que a mente e a sociedade humanas são tão racionais quanto as outras operações da natureza e tão sujeitas quanto estas à razão científica A história das ciências sociais poderia ser escrita como um interminá vel debate em torno da verdade dessa conjec tura Definições de racionalidade e de ra zão seriam parte do debate e portanto não podem ser proveitosamente apresentadas no início deste verbete A conjectura é racionalista em três sen tidos muito diferentes Em primeiro lugar en volve uma ampla asserção a de que a natureza é um sistema racional no sentido de ordenado de causas e efeitos regido por leis que um método científico Razão pode descobrir Seja qual for o processo exato pelo qual essa causa lidade é construída ele exclui o significado e o propósito das operações da natureza e absolve a ciência de pensar nesses termos mais antigos acerca dos desígnios de Deus Também exclui o acaso mas há campo para um relutante meio termo através da teoria da probabilidade a qual permite um elemento limitado de imprevisi bilidade O positivismo como o termo é usa do nas ciências sociais aplica essa ampla filo sofia da natureza e da ciência ao mundo social Aos filósofos porém positivismo sugere positivismo lógico uma forma bemdefinida de empirismo e por conseguinte oposta ao racionalismo Nesse segundo sentido os racio nalistas pensam as leis causais em termos de forças e necessidades ocultas no espírito dos sistemas cartesiano e newtoniano do século XVII A razão é o poder da mente de penetrar no véu da percepção e o seu modelo é a mate mática Os empiristas replicam que a observa ção o experimento e as generalizações estatís ticas fornecem as únicas garantias da ciência e por conseguinte as leis causais são projeções da experiência sustentadas pela experiência Essa disputa prossegue nas ciências sociais com em termos gerais as abordagens sis têmicas estruturais e fortemente funcionais do lado racionalista e os enfoques comportamen tais e estatísticos do lado empirista Analisese porém ser possível discordar de ambas as par tes Por exemplo Quine ver a título ilustrativo 1951 afirmou que a experiência não pode ser descrita sem invocar uma teoria prévia e que o modo como a teia teórica é tecida é uma questão de convenção A afirmação de Kuhn 1962 de que o pensamento científico é governado por paradigmas sugere um tema semelhante para uma sociologia do conhecimento Em terceiro lugar há um racionalismo que se baseia na suposição de que o comportamento humano é racional O principal exemplo é o da microeconomia em que os agentes são racio nais na medida em que calculam sempre o modo mais eficaz de satisfazer suas preferên cias Eles são os maximizadores da utilidade na teoria da decisão na teoria da escolha racional e na teoria dos jogos agentes cuja racionalidade é de uma espécie instrumental meiospara dadosfins Agir racionalmente é maximizar uma função objetiva sujeita a coações A supo sição de racionalidade é freqüentemente in terpretada como se indicasse que os agentes são egoístas preocupados com seus interesses pes soais Entretanto isso apenas significa estrita mente que eles buscam realizar seus próprios objetivos de um modo maximizador ou satis fatório sistemático deixando em aberto se são ou não egoístas ver ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA O poder e a elegância das teorias econômi cas baseadas em pressupostos de racionalidade têm atraído outras ciências sociais Existem teorias econômicas por exemplo da demo cracia das relações internacionais das relações raciais da doação de presentes da amizade e do casamento todas tratadas como transações en tre negociantes racionais Essas teorias são in dividualistas e em seu nível mais ambicioso tentam explicar o surgimento das instituições em cujo seio ocorrem as transações O mais impressionante exemplo é a teoria do contrato social rejuvenescida recentemente por Rawls 1971 a qual analisa o próprio ser da sociedade como normas que para os indivíduos é racional criar ou aceitar para sua vantagem mútua Alternativamente porém o comportamento humano pode ser considerado racional no sen tido diferente de se submeter às regras e proce dimentos institucionais Foi assim que Max Weber viu os sistemas racionaisjurídicos do mundo moderno e em especial as atividades dos burocratas Também suscita a sugestão re lativista de que toda cultura ou instituição é racional em seus próprios termos e deve por tanto ser entendida mediante a identificação de suas regras de dentro para fora Discussões sobre se se deve tomar a ação racional como instrumental ou governada por regras ou se se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 640 racionalidade e razão deve dar campo ou não para ambas as leituras estão notavelmente vivas em antropologia mas também se encontram em outras áreas mesmo na ciência econômica Sustentase usualmente que a leitura eco nômica é coerente com o positivismo e por conseguinte permite o comportamento inten cional nos seres humanos sem ameaçar a uni dade do método científico A outra leitura inicia uma disputa entre positivismo e hermenêutica ou interpretação como chave para o enten dimento da ação a qual desafia o alcance da explicação causal no mundo social Podese perceber um corte entre natureza e cultura e concomitantemente entre as ciências natu rais e as sociais Assim sendo a razão tem que estar vinculada à interpretação para a com preensão social Para um ponto de partida ver Weber 192122 sobre a adequação no nível do significado e a adequação causal As questões de método científico são distin tas das questões historicamente específicas so bre as formas e os limites da racionalidade humana tal como foram tratadas no século XX por exemplo pela psicanálise freudiana o com portamentalismo de BF Skinner a lingüística chomskyana ou os modelos computacionais da mente Talvez o mais vasto de todos seja o problema de Weber da modernidade e se a expansão da ordem racionaljurídica neces sária ao capitalismo pode sustentarse em um mundo totalmente secular Pode ser que apurar se a mente e a sociedade humanas são tão racionais quanto as outras operações da nature za dependa de os seres humanos as fazerem ou não assim um pensamento perturbador que coloca a discussão abstrata das definições de racionalidade e razão abruptamente no ter reno das realidades práticas Leitura sugerida Chomsky N 1966 Cartesian Lin guistics a Chapter in the History of Rationalist Thought Hollis M e Lukes S orgs 1982 Ratio nalism and Relativism Kuhn Thomas S 1962 1970 The Structure of Scientific Revolutions Quine WVO 1951 1963 Two dogmas of empiricism In From a Logical Point of View Rawls John 1971 A Theory of Justice Weber M 192122 1979 Econo my and Society Wilson BR org 1970 Rationality MARTIN HOLLIS racionalização É um conceito fartamente am bíguo englobando todo um mundo de coisas diferentes Weber 190405 A sua am bigüidade equiparase à dos conceitos afins de razão racionalidade e racionalismo da qual é reflexo ver RACIONALIDADE E RAZÃO Por causa dessa ambigüidade é impossível dar uma definição geral de racionalização Dois grupos de significado podem contudo ser iden tificados refletindo o que chamaríamos as con cepções especial e geral de racionalização Uma terceira concepção de racionalização sem vínculos com as duas primeiras não será aqui tratada a racionalização como explicação ou justificação falsa ou egoísta das crenças ou práticas de um indivíduo ou grupo A concepção especial de racionalização res trita ao domínio econômico desenvolveuse na Alemanha no final da década de 20 Raciona lização tornouse palavra de ordem muito po pular durante esses anos de recuperação e reor ganização econômicas espetaculares usada pa ra caracterizar e promover o desenvol vimento de novas instâncias de coordenação integração padronização e planejamento inter firmas por um lado e a sistemática exploração institucionalizada da pesquisa conhecimentos técnicas métodos e atitudes científicos na pro dução administração distribuição e finanças por outro Logo ficou claro porém que o que era racional de um ponto de vista poderia ser irracional de outro A racionalização técnica podia ser economicamente irracional a racio nalidade administrativa do planejamento coor denado podia ser irracional do ponto de vista da eficiência do mercado a racionalização orga nizacional para reprimir a capacidade excessiva podia ser socialmente irracional Talvez por causa dessa inevitável ambigüidade passou ra pidamente a voga da racionalização como ponto de convergência programática O termo foi adotado em outros países mas nunca teve a mesma aceitação de que desfrutava na Alema nha Em inglês o termo tem tido geralmente um significado mais estreito referindose so bretudo a mudanças organizacionais que visam reduzir a ineficiência o desperdício ou o exces so de capacidade A concepção geral de racionalização tem um quadro de referência mais amplo As forças de racionalização ciência e tecnologia mer cados e burocracias disciplina e autodisciplina são entendidas como algo que impregna todas as esferas da vida a cultura a sexualidade e a própria personalidade tanto quanto a produ ção a guerra o direito e a administração Essa ampla concepção civilizatória da racionaliza Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar racionalização 641 ção deve quase tudo a Weber cuja obra pode ser toda lida como uma tentativa de caracterizar e explicar em perspectiva histórica mundial o racionalismo específico e peculiar da moder na civilização ocidental 19045 Como Weber demonstrou em detalhe modos extremamente variados de racionalização têm existido em to das as esferas da vida e em todas as grandes civilizações Além disso em qualquer domínio que se aborde observamse modos concorren tes de racionalização orientados para diferentes fins e valores Por exemplo Weber sublinhou o racionalismo do confucionismo e do protestan tismo mas assinalou que o primeiro impunha o ajustamento racional ao mundo e o segundo o domínio racional do mundo Weber 1951 p248 O interesse de Weber portanto não era con trapor a racionalização no Ocidente à sua ausên cia alhures mas especificar e explicar o caráter distinto do modelo ocidental de racionalização Esse modelo distinto envolve seis processos sociais e culturais fundamentais e largamente ramificados 1 o desencanto e a intelectualização do mun do e a resultante tendência a ver o mundo como um mecanismo causal sujeito em princípio ao controle racional 2 o surgimento de um ethos de realização secular impessoal historicamente alicer çado na ética puritana da vocação 3 a crescente importância do conhecimen to técnico especializado em economia administração e educação 4 a objetificação e despersonalização do direito da economia e da organização política do estado e o conseqüente recru descimento da regularidade e da calcula bilidade da ação nesses domínios 5 o progressivo desenvolvimento dos meios tecnicamente racionais de contro le sobre o homem e a natureza e 6 a tendência ao deslocamento da orienta ção da ação tradicional e assente em va lores racionais wertrational para a ação puramente instrumental zweckrational Apesar de suas diferentes raízes históricas esses processos estão ligados pelo fato de todos eles favorecerem mais a racionalidade formal do que a substantiva Ou seja eles estimulam a calculabilidade da ação enquanto permanecem indiferentes aos seus fins ou valores informa tivos O que é específico e peculiar no modelo ocidental de racionalização é portanto o fato de o fim em função do qual a ordem social é racionalizada calculabilidade máxima não ser realmente um fim mas um meio gene ralizado que facilita indiscriminadamente a busca deliberada de todos os fins substantivos Em suas investigações do racionalismo e da racionalização Weber reformula em termos so ciológicos um problema pertencente original mente à filosofia da história Assim fazendo ele rompeu decisivamente com a fé do Iluminismo e com a de Hegel na realização da razão na história O sonho da razão apontou Weber poderia redundar em pesadelo a racionalização poderia engendrar um mundo sem significado sem caritas sem liberdade dominado por po derosas burocracias e pela jaula de ferro da economia capitalista É esse estado de espírito de pessimismo cultural representando por certo apenas um aspecto da resposta profun damente ambivalente de Weber ao moderno racionalismo ocidental que vai imbuir o subseqüente desenvolvimento da concepção geral de racionalização na obra de Max Hork heimer e Theodor Adorno Mais recentemente Jürgen Habermas empreendeu uma reconstru ção sistemática das noções de racionalidade e racionalização visando ligar a preocupação fi losófica normativa com a razão e a preocupação históricosociológica empírica com a raciona lização Baseando essa reconstrução na distin ção entre racionalidade cognitivoinstrumental e racionalidade comunicativa Habermas chega a uma avaliação mais diferenciada e menos pessimista do curso da racionalização oci dental do que a dos teóricos da ESCOLA DE FRANKFURT embora retendo e ampliando a crí tica por eles feita à razão instrumental Ver também MODERNIZAÇÃO REVOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA Leitura sugerida Brandy R 1933 The Rationaliza tion Movement in German Industry Brubaker R 1984 The Limits of Rationality an Essay on the Social and Moral Thouhgt of Max Weber Habermas J 1981 1984 1989 The Theory of Communicative Action 2 vols Horkheimer Max 1947 The Eclipse of Reason Levine DN 1985 Rationality and freedom in veterate multivolcals In The Fight from Ambiguity Essays in Social and Cultural Theory Weber Max 192122 1978 Economy and Society org por G Roth e C Wittich Ο 1920 1946 From Max Weber Essays in Sociology WILLIAM ROGERS BRUBAKER Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 642 racionalização racismo Qualquer conjunto de crenças que classifique a humanidade em coletividades dis tintas definidas em função de atributos naturais eou culturais e que organize esses atributos em uma hierarquia de superioridade e inferiori dade pode ser descrita como racista Sob con dições sociais e políticas que lhes sejam favo ráveis essas crenças são associadas a conjuntos de práticas e instituições discriminatórias que favorecem determinada coletividade em detri mento de outra de acordo com a suposta dife rença e superioridade O racismo é uma noção européia que en trou em uso na década de 30 para designar as crenças e práticas do regime nazista da Alema nha baseadas na suposta superioridade da raça ariana na importância da pureza racial e na conseqüente política de purificação que cul minou nos horrores do Holocausto ver ANTI SEMITISMO NACIONALSOCIALISMO Nesse caso o racismo era dirigido principalmente mas não exclusivamente contra os judeus As idéias subentendidas nessa hostilidade formaram um sistema de classificação de raças na base de constituições biológicas supostamente distin tas as quais por sua vez estavam ligadas a distintas qualidades morais e culturais Sub seqüentemente o racismo foi generalizado para designar outras idéias sobre diferenças sistemáticas de superioridadeinferioridade en tre grupos mais comumente as que dizem res peito às relações entre brancos e negros na África do Sul Estados Unidos e Europa Oci dental O racismo é claro está ligado à noção de RAÇA como princípio de classificação da huma nidade Essa noção tem sido altamente variável em conteúdo de acordo com os contextos polí ticos e culturais de seu uso Nos períodos mais antigos da história européia anteriores ao sécu lo XVIII raça referiase geralmente à es tirpe nacional digamos os franceses distintos dos ingleses uns e outros tendo atributos cos tumes e tradições próprios Só se pode falar de racismo nesse contexto em termos gerais e vagos de orgulho nacional Sobrepondose a essa diferenciação entre nações européias havia a distinção na base da religião entre o cristão e o pagão O principal adversário nãocristão era o mundo do islã Como tal os estereótipos negativos de outros eram formulados na base da diferença religiosa e dos pressupostos de superioridade e inferioridade moral e cultural resultantes dessa diferença Entretanto a principal noção moderna de raça desenvolveuse nos séculos XVII e XIX baseada na idéia de tipos de humanidade biolo gicamente distintos Os exploradores geográfi cos e europeus e depois a expansão colonial aumentaram a curiosidade e o interesse por povos diferentes O período ulterior dessa ex pansão coincidiu com a intensificação da ativi dade científica e o crescente prestígio da ciên cia Sistemas de classificação e mais tarde teorias da evolução marcaram as ciências bio lógicas A classificação de raças humanas foi vista como uma extensão desse esforço cien tífico Com base nos critérios de classificação desenvolveramse categorias ordenadas em uma escala de superioridadeinferioridade em que os europeus naturalmente se viam como superiores As classificações porém não para ram por aí e acabaram se estendendo ao interior das diferentes nações européias Por exemplo o estereótipo negativo do irlandês na Inglaterra do século XIX foi incorporado nessa classifica ção racista de diferença e atribuição de in ferioridade Foi essa idéia biológica de hierarquia racial que animou o ímpeto racista do nazismo e do fascismo na Europa nas décadas de 20 e 30 As atrocidades cometidas por esses regimes de acordo com a orientação de suas ideologias racistas alertaram o mundo liberal para os peri gos dessas crenças e como vimos levaram à formulação do próprio conceito de racismo Depois da derrota nazista a opinião do mundo liberal preocupouse em garantir que esses con ceitos nunca mais voltariam a ser empregados para fins políticos Com esse propósito durante as décadas de 50 e 60 a Unesco tomou a inicia tiva de realizar quatro reuniões de cientistas eminentes da biologia e ciências sociais para que se pronunciassem sobre o status científico do conceito de raça As suas conclusões fo ram pela inexistência de base científica para as teorias raciais Essa posição foi facilitada pelos desenvolvimentos da ciência biológica espe cialmente da genética em função dos quais as classificações baseadas em características fe notípicas como a cor da pele são arbitrárias Montagu 1972 As reações aos horrores nazistas conver teram o racismo em um estigma de reprova ção moral e política O quase consenso da opi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar racismo 643 nião científica sobre a invalidade do conceito de raça abalou a credibilidade assim como a respeitabilidade das teorias e crenças racistas Para alguns autores que trataram do tema isso significou o fim do racismo biológico e portan to do racismo como tal mas não do etnocen trismo Banton 1970 p312 Outros discor daram dessa conclusão Miles 1989 p428 Em primeiro lugar a extinção de classificações biológicas nos níveis intelectual e oficial não acarretou seu desaparecimento nos níveis da cultura popular e dos conhecimentos ditados pelo senso comum Em segundo lugar o ra cismo biológico não é a única forma possível existem muitas crenças e ideologias no mundo moderno que classificam pessoas e as avaliam na base de diferenças culturais e étnicas Sus tentase que essas crenças funcionam de manei ras semelhantes às crenças biológicas se a hos tilidade aos judeus e aos negros se baseia na crença em sua inferioridade biológica ou em sua inferioridade étnicocultural pouca dife rença faz Com efeito os termos raça e relações raciais continuam gozando de am pla aceitação Por outro lado afirmouse que esse uso mais amplo de racismo não o distingue de etnocentrismo ou até mesmo de nacionalismo A discussão gravita pois em torno de uma escolha de definições bem como da necessidade de se distinguir entre conceitos estreitamente relacionados e em todo caso fluidos Um importante contexto sociopolítico para a atuação de idéias racistas é constituído atual mente pelas sociedades da Europa Ocidental que contêm comunidades afroantilhanas asiá ticas norteafricanas e do Sul da Europa origi nadas pelas ondas de mãodeobra migrante na história recente Conflitos políticos e tensões comunitárias em torno desse fenômeno expuse ram uma vasta gama de idéias racistas Dadas as conotações política e moralmente negativas do racismo apenas alguns grupos de extrema direita geralmente desacreditados reconhece riam ser racistas A maioria das formas de hostilidade ou discriminação contra esses gru pos étnicos são disfarçadas ou encobertas so bretudo quando praticadas por governos e or ganismos oficiais Um bom exemplo são os controles britânicos de imigração notoriamen te considerados racistas em seus efeitos mas que não obstante não usam categorias raciais ou étnicas explícitas em suas especificações legais ou administrativas Sem embargo uma nova forma de idéias explícitas sobre relações raciais que alguns consideram racistas está sendo cada vez mais expressa por setores res peitáveis da Nova Direita Essas idéias afir mam a propensão comum das pessoas a preferir o intercurso com as de sua própria espécie o que é definido em termos culturais e nacionais Seguese que é desejável segregar cultural e etnicamente diferentes populações nos inte resses da paz e da harmonia Os proponentes dessas idéias negariam peremptoriamente que são racistas classificam diferenças de humani dade mas sem afirmar a superioridade ou in ferioridade de diferentes categorias meramen te a conveniência de sua segregação Foram essas contudo as justificativas explícitas para o apartheid na África do Sul hoje universal mente condenado Explicações do racismo Por que sentimentos e ações hostis são diri gidos contra certos grupos sob condições par ticulares com base em sua suposta inferiorida de ou nocividade natural ou cultural Várias explicações têm sido propostas Explicações psicológicas Estas são estruturadas em função de padrões de reações emocionais por determinados tipos de personalidade qua lificados em um conjunto de estudos da década de 50 como a personalidade autoritária Adorno et al 1950 com efeito um tipo de psicopatologia gerado por certos padrões de experiências infantis Sejam quais forem os méritos dessa explicação ela não pode explicar situações como a da Alemanha nazista em que toda uma cultura política a qual deve incluir muitos tipos diferentes de personalidade é ori entada para levar a efeito violentas campanhas racistas Explicações em termos de tensões sociais Neste ca so a idéia é que o racismo deriva de deter minados conflitos e tensões sociais que geram a necessidade de bodes expiatórios As frus trações sociais levam à agressão generalizada a qual não pode ser dirigida contra as fontes de frustração porque estas são poderosas demais ou não são claramente identificáveis A agres são é então dirigida contra grupos minoritários vulneráveis acusados de responsáveis por ma les econômicos e sociais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 644 racismo Explicações estruturais Se certos grupos mino ritários estão regularmente sob ataque em toda uma gama de diferentes situações então afir mase devem existir processos sociais sistemá ticos que ativem e institucionalizem esses sen timentos e ações A inferiorização de comuni dades negras e asiáticas nos Estados Unidos e na Europa Ocidental sublinhase é o produto de uma longa história de dominação européia primeiro em situações coloniais em que as po pulações nativas eram exploradas depois nos próprios países metropolitanos para onde elas foram importadas como conveniente mãode obra por vezes como escravos e mais recen temente como mãodeobra migrante barata A frágil posição econômica e política dessas mi norias tornaas vulneráveis à categorização ra cial e à situação de bodes expiatórios Isso serviria portanto para legitimar sua exploração e desvantagem na sociedade dominante Os críticos dessa linha de pensamento enfatiza ram que os grupos em questão não constituem categorias econômicas ou sociais uniformes mas ocupam posições variadas que vão desde os trabalhadores mal pagos até prósperos ho mens de negócios que são por vezes os pa trões e senhorios dos indivíduos mais pobres Uma análise mais complexa do racismo combinando classe com fatores comunitá rios é advogada por alguns autores para uma exposição dessas questões ver Miles 1982 1989 Um exame da ampla e variada gama de situações históricas e modernas do racismo in dicaria que não se trata de um fenômeno unifor me suscetível de uma explicação comum Exis tem muitos e diferentes fenômenos de racismo caracterizados pelos fatores sócioeconômicos e culturais dos quais formam uma parte As explicações do racismo devem resultar da aná lise de cada situação Leitura sugerida Adam Heribert 1971 Modernizing Racial Domination Banton M 1987 Racial Theories Benedict R 1983 Race and Racism Castles S Booth H e Wallace T 1984 Here for Good Western Europes New Ethnic Minorities Fanon Frantz 1961 1983 The Wretched of the Earth Husband C org 1982 Race In Britain Continuity and Change Miles R 1982 Racism and Migrant Labour a Critical Text Ο 1989 Racism Mosse George L 1978 Toward the Final Solution a History of European Racism Rex J 1983 Race Relations in Sociological Theory Zubaida S 1970 Race and Racialism SAMI ZUBAIDA radicalismo A palavra é de origem latina e significa literalmente de ou pertencente a uma raiz ou a raízes Não surpreende que o seu significado tenha sido ampliado para aludir ao que é central essencial fundamental primário ou à fonte e origem de qualquer fenômeno Coerentemente com essa ampla conotação a palavra adquiriu significados técnicos em ma temática geometria filologia música botânica e química A palavra e seus derivados passaram a ser aplicados também em política ao que era per cebido como reformas de grande alcance e de natureza fundamental aos que as desejavam e à sua defesa como sistema de crenças mais ou menos ordenado Esse uso originouse na polí tica inglesa em fins do século XVIII e começos de XIX durante a efervescência provocada pela Revolução Francesa e se tornou mais tarde proeminente também na França No início o radicalismo referiase unicamente à esquerda política ou seja a propostas programas e ideo logias que defendiam mudanças nas institui ções e práticas vigentes a própria distinção esquerdadireita teve origem na política da Re volução Francesa Radical pode ser usado para caracterizar o conteúdo das mudanças desejadas ou os mé todos recomendados para realizálas métodos que se considera irem muito além das normas convencionais que regulam o conflito político ou ambas as coisas em combinação contem plando uma transformação totalística da or dem política ou social a ser obtida através da luta armada ou a REVOLUÇÃO violenta Nesse sentido radical distinguese de moderado convencional e até de legal termos que também podem ser aplicados aos fins e aos meios adotados por um movimento político Portanto falta ao radicalismo um conteúdo substantivo específico Descreve uma proprie dade abstrata de uma crença ou programa a de se opor e desejar substituir características de uma origem vigente que são vistas como cen trais e até definitivas Radicalismo assemelhase a rótulos polí ticos como esquerda direita conserva dor progressista na medida em que iden tifica um ponto de vista político somente por sua atitude em face de mudanças ou sua relação com outras posições políticas Radicalismo in dica um compromisso mais extremo absoluto e intransigente além disso é abrangente en Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar radicalismo 645 globando grande número de questões concretas na órbita de sua condenação ou adesão Assim entendido o radicalismo situase em contras te com rótulos como liberalismo socialis mo comunismo ou anarquismo os quais possuem um conteúdo definido apontando para concepções substantivas de uma ordem política ou social desejável por mais distorcidas e am bíguas que essas concepções possam ter ficado no decorrer de quase dois séculos de contesta ção política a respeito do seu significado Uma vez que radical como rótulo é vazio não trans mitindo qualquer imagem concreta da ordem institucional que procura instaurar enquanto que simultaneamente indica a rejeição extre ma da ordem existente seja ela qual for rara mente foi adotado como nome autosuficiente por partidos e movimentos desejosos de poder Nisso difere de outros rótulos para todos os fins igualmente nãoespecíficos como progressis ta populista ou democrático o primeiro indicando não mais que uma predisposição ge ral para a mudança os outros dois meramente refletindo a vontade do povo ou de uma maio ria Esses termos são com freqüência os favo ritos de partidos em busca de votos na política democrática precisamente por causa de sua vacuidade e capacidade de significar todas as coisas para todas as pessoas ao passo que nuan ças tanto de extremismo quanto de elitismo aderem inevitavelmente ao radicalismo exce to talvez em tempos de crise social aguda Não obstante o Partido Radical mais tarde Partido Socialista Radical foi o principal par tido político da Terceira República francesa e sobreviveu até a Quarta República Partidos semelhantes com o mesmo nome e o mesmo ponto de vista existiram em muitos países eu ropeus menores na primeira metade do presente século Os radicais franceses reivindicaram pa ra si a herança jacobina do REPUBLICANISMO Eram fortemente anticlericais opostos às elites conservadoras tradicionais e também ao capita lismo em grande escala e ao coletivismo socia lista Embora constituíssem basicamente um partido conservador na década de 20 os radi cais franceses participaram do governo de es querda da Frente Popular em 19367 Apesar de sua restrição original à esquerda certas tendências políticas que não são em sentido algum esquerdistas foram também des critas como radicais em reconhecimento da ver dade da sentença segundo a qual les extrèmes se touchent os extremos se tocam Movi mentos reacionários ou de direita assemelha ramse ocasionalmente à esquerda revolucioná ria em sua vigorosa rejeição do status quo sua disposição de favorecer novos métodos de avanço político até mesmo extralegais e sua inclinação para ver os seus projetos políticos como expressões de ideologias ou Weltans chauungen universais que se propõem explicar a natureza a sociedade e a história humanas Os movimentos fascistas do entreguerras foram chamados radicais o que não surpreende uma vez que adotaram por modelo em grande parte os movimentos de massa da esquerda radical e foram freqüentemente liderados por renegados esquerdistas O termo direita radical entrou em uso na década de 50 quando foi aplicado por numerosos e bemconhecidos sociólogos políticos e intelectuais americanos ao macartis mo a exploração indiscriminada pela ala conservadora e isolacionista do Partido Repu blicano do sentimento anticomunista como ar ma contra os democratas no poder e contra a esquerda em geral Quando foi citada por Seymour Martin Lip set a expressão direita radical possuía a res sonância de um oxímoro Ela refletia porém o sentimento geral antes e imediatamente depois da Segunda Guerra Mundial de que movimen tos como o fascismo e o comunismo e até reflexos mais pálidos deles como a tendência macartista nos Estados Unidos tinham traços comuns que transcendiam as normais divi sões de interesses esquerdadireita da política democrática Portanto o radicalismo passou a simbolizar certo estilo de política que se carac teriza por imagens extremas e conspiratórias do inimigo e pela disposição de recorrer a métodos nãodemocráticos de conflito político e a outros de discutível legalidade Depois da década de 50 as mais antigas implicações basicamente esquerdistas do ra dicalismo foram restabelecidas Com efeito era o objetivo dos movimentos da NOVA ESQUER DA nas principais democracias ocidentais rein tegrar a divisão esquerdadireita como o eixo principal do conflito político e expurgar o rótulo radical das implicações totalitárias que ele adquirira na era fascista e no início da Guerra Fria No final da década de 80 contudo o colapso do comunismo voltou uma vez mais a dar ao termo um caráter ambíguo pois alguns dos adversários do domínio comunista na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 646 radicalismo União Soviética e na Europa Central foram freqüentemente descritos e se descreveram como radicais ou esquerdistas embora desejassem estabelecer em seus próprios países governos democráticos e economias de merca do capitalistas de acordo com o modelo ociden tal Apesar de sua natureza abstrata e formal a tendência do radicalismo foi sempre a de adqui rir certa coloração ideológica proveniente dos principais eventos históricos de um período O seu significado em uso por conseguinte sem pre foi propenso a ser altamente relativo e de pendente do contexto Leitura sugerida Bell Daniel org 1963 The Radical Right Lasky MJ 1976 Utopia and Revolution Lipset SM 1960 1981 Political Man ed ampliada Mannheim Karl 1929 1960 Ideology and Utopia DENNIS H WRONG razão Ver RACIONALIDADE E RAZÃO realismo De modo geral o realismo em filosofia afirma a existência de alguma espécie controvertida de entidade como universais ob jetos materiais leis causais proposições nú meros probabilidades estrutura social fatos morais Mas os três tipos historicamente mais importantes de realismo são 1 realismo predicativo afirmando a exis tência de universais independentemente Platão ou como propriedades Aris tóteles de certas coisas materiais 2 realismo perceptivo afirmando a exis tência de objetos materiais no espaço e no tempo independentemente de sua percepção e 3 realismo científico afirmando a existên cia e a operação de objetos de investiga ção científica absoluta em sua maioria na ciência natural ou relativamente em sua maior parte na ciência social in dependentes da investigação ou de mo do mais geral da atividade humana O moderno realismo científico final do sé culo XX acarreta mas é irredutível a posições realistas em 1 e 2 Este verbete estará interes sado principalmente em 3 e na FILOSOFIA DA CIÊNCIA em geral Mas ver também FILOSOFIA DA CIÊNCIA SOCIAL NATURALISMO Mas na pri meira metade do século atual era 2 que estava em primeiro plano no debate filosófico Assim a virada do século assistiu ao início de uma reação aos idealismos reinantes na GrãBretanha especialmente na obra de GE Moore e por algum tempo Bertrand Russell e nos Estados Unidos na de William James Moore ao defender o realismo do senso co mum prefigurou o devastador ataque ao feno menalismo fornecido em meados de século pelo último Wittgenstein e pela Escola de Oxford de FILOSOFIA DA LINGUAGEM liderada principal mente por J Austin G Ryle e F Waismann Mas a forma teoricamente dominante de realis mo perceptivo na primeira metade do século era o realismo representativo o qual postulava uma cadeia causal entre objeto e produto mental da percepção mediada pela sensação ou sensa em virtude da qual alguns produtos mentais da percepção percepts eram como os seus obje tos Isso sofria do defeito de ser inverificável uma vez que no realismo representativo não havia como objeto e produto mental da percep ção poderem ser diretamente comparados Por essa razão a epistemologia dominante o POSI TIVISMO era normalmente formulada em termos fenomenalistas ou seja os objetos materiais eram analisados como dados sensoriais reais ou possíveis embora recebesse ocasionalmen te declinações fisicalistas por exemplo por O Neurath ou operacionalistas por exemplo por PW Bridgman O fenomenalismo contudo era pelo menos tão insustentável quanto o rea lismo representativo pois não havia outro mo do de definir os dados sensoriais a não ser em termos de objeto material Pareceme estar vendo ou Estou percebendo agora um elefante corderosa Uma saída para esse impasse parecia ter sido fornecida no entender de muitos realistas do final do século pela teoria da percepção ecológica de JJ Gibson e sua escola De acordo com essa teoria os seres humanos eram organismos que procuravam ati vamente invariantes como recursos propor cionados por exemplo este queijo como co mestível em seu meio ambiente Muitos sau daram isso como um revolução darwiniana em 2 O moderno realismo científico separase da crítica do positivismo lógico dos anos 20 e 30 que constituiu a base da noção admitida de ciência até o final dos anos 60 Um dos primei ros ataques decisivos contra isso foi desen cadeado por WVO Quine que criticou as dis tinções canônicas analíticoempírico e teo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar realismo 647 riafato para uma concepção holística do co nhecimento como com efeito um campo de força cujas condições limítrofes são a experiên cia Apoiandose nisso Mary Hesse e outros afirmavam que a linguagem científica deve ser vista como um sistema dinâmico em constante crescimento por força da extensão metafórica da linguagem natural Os predicados obser vacionais não são isomorfos de objetos físicos sensuais ou instrumentais mas nós que pren dem a rede ao mundo objetal de maneira mutá vel e dependente da teoria Isso foi poderosamente reforçado por uma crescente consciência induzida pela obra de Karl Popper TS Kuhn I Lakatos PK Feye rabend e na França G Bachelard e A Koyré da realidade da mudança científica As teorias eram construções sociais oferecendo descri ções e explicações rivais de um mundo in dependente da teoria Rom Harré invocando a tradição de W Whewell e NR Campbell cha mou a atenção para o papel de modelos no crescimento da teoria Entidades e processos teóricos inicialmente postulados de modo imaginativo como explicações plausíveis de fenômenos observados puderam vir a ser es tabelecidos como reais através da construção de equipamentos de extensão sensorial ou de ins trumentos de detecção dos efeitos dos fenôme nos teóricos nesse último caso invocando um critério causal para atribuição de realidade Tudo isso apontou fortemente um realismo teórico vertical o qual veio a ser corroborado pelas teses lingüísticas de Saul Kripke e H Putnam segundo as quais o uso de termos de espécie natural como ouro e água pres supõe que essas substâncias tenham essências reais embora não necessariamente do nosso conhecimento Pouco depois Roy Bhaskar apresentou em seu sistema de realismo transcendental ou crí tico um argumento favorável a um realismo transfactual ou nômico horizontal a par do realismo teórico já estabelecido Sustentou ele que é uma condição da possibilidade de ativi dade experimental e aplicada que os objetos de investigação científica leis causais mecanis mos gerativos coisas estruturadas não só exis tam mas atuem independentemente dessa ati vidade transfactualmente sem distinção al guma entre sistemas abertos e sistemas ex perimentalmente ou de algum outro modo fechados Tanto o realismo teórico quanto o transfactual envolvem o que um autor recente chamou na esteira de Mandelbaum de trans dição isto é a inferência para na prática e em princípio o inobservável Manicas 1987 p10 muitos saudaram isso como uma revolu ção copernicana em 3 Os argumentos para 3 podem ser divididos em três tipos gerais a argumentos transcen dentais decorrentes da possibilidade de práticas sociais especificadas como as de Bhaskar b argumentos indutivos decorrentes dos êxitos das ciências e c reductiones ad absurdum de posições irrealistas nãorealistas Um exem plo de b é o argumento de Putnam e Boyd de que o caráter cumulativo do crescimento cien tífico indica fortemente que as teorias são ten tativas falíveis de descrever estados e estru turas reais tal como se sucedem umas às outras a fim de fornecer melhores mais completas descrições de uma realidade independente da teoria Putnam 1978 p25 rejeita agora esse argumento baseandose na possibilidade de uma desastrosa metaindução resultante da falta de referência em alguns casos reais por exemplo o flogisto Hesse também o criticou com o fundamento de que a história da ciência não revela convergência Outro exemplo é o argumento de Harré e Aronson decorrente do resultado determinado de buscas de seres presumidos por hipótese para um realismo de orientação pragmática Exemplos de c são os paradoxos antinomias e aporias em que caem as filosofias irrealistas como é o caso do pro blema da indução ver CONHECIMENTO TEORIA DO Um tipo de problema pode ser especifica mente mencionado Se o realismo é transcen dental e axiologicamente necessário isso sig nifica que as explicações irrealistas pressupõem se na prática alguma ontologia e por conseguin te um ou outro tipo de realismo por exemplo um realismo empírico ou um realismo concei tual subjetivo ou objetivo Além disso se é necessária uma forma particular de realismo como o realismo transcendental isso indica que filosofias realmente geradas e historicamente eficazes adotarão sempre a forma de formações de compromisso internamente inconsistentes Nesse ponto a filosofia ao empreender sua crítica deve aliarse à sociologia do conheci mento empiricamente fundamentada Até data muito recente a maioria dos debates sobre realismo girou mais em torno da questão epistemológica da verdade do nosso conhe Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 648 realismo cimento do que da questão ontológica da reali dade de estruturas e coisas conforme foi defi nida no início deste verbete Mas os realistas críticos sustentaram que o realismo ontológico é compatível com o relativismo epistemológico e que este último não acarreta o relativismo judicativo Conhecemos o mesmo mundo mas sob descrições irredutivelmente históricas e melhores ou piores Uma palavra final sobre objetos sociais Bhaskar 1989 p47 afirmou que embora os processos do desenvolvimento do conhecimen to e seus objetos sejam causalmente interdepen dentes os últimos devem ainda ser vistos como existencialmente intransitivos pelo que o rea lismo nessa acepção modificada se apresenta como condição a priori de qualquer investiga ção independentemente do domínio Assim ele aplicase por exemplo até à dúvida car tesiana ibid p922 Leitura sugerida Bhaskar Roy 1986 Scientific Rea lism and Human Emancipation Gibson JJ 1966 The Senses Considered as Percentual Systems Harré Rom 1986 Varieties of Realism Hesse M 1974 The Structure of Scientific Inference Isaac J 1900 Rea lism and reality some realistic considerations Journal for the Theory of Social Behaviour 201 Outhwaite William 1900 Realism naturalism and social beha viour Journal for the Theory of Social Behaviour 204 Putnam H 1983 Philosophical Papers vol3 Quine WVO 1952 1963 From a Logical Point of View ROY BHASKAR reformismo Inicialmente um debate no seio do SOCIALISMO ocidental em fins do século XIX e começos do atual acerca dos métodos mais apropriados e desejáveis para se efetuar a trans formação do CAPITALISMO e a transição para o socialismo o reformismo adotou a idéia de um roteiro pacífico Como Karl Marx 181883 não tinha deixa do uma teoria clara ou peremptória explicando os processos sociais pelos quais o socialismo substitui o capitalismo foi inevitável a con trovérsia política Entretanto havia em linhas gerais dois pontos de vista opostos Os marxis tas ortodoxos como Rosa Luxemburgo 1871 1919 e Karl Kautsky 18541938 afirmavam que o capitalismo só poderia ser finalmente destruído por métodos revolucionários violen tos A revolução era necessária para o estabe lecimento da ditadura do proletariado a destrui ção do estado capitalista e o fim do direito burguês Luxemburgo apoiou a estratégia da greve de massa para desenvolver uma consciên cia revolucionária Os que adotaram o reformis mo como Eduard Bernstein 18501932 afir mavam que a transição para o socialismo podia ser conseguida por meios pacíficos por exem plo pela vitória eleitoral da classe operária organizada no seio da democracia liberal Depois da morte de Marx o MARXISMO tor nouse a ideologia oficial do Partido SocialDe mocrata SPD o qual representava a classe operária alemã Sob a influência de Bernstein a ala reformista do SPD aceitou gradualmente a posição de que uma crise da economia capi talista deixara de ser eminente ou inevitável e que poderia haver uma reforma evolutiva do capitalismo resultando no socialismo Berns tein publicou uma série de importantes artigos em Die Neue Zeit Sozialdemokrat e Justice na década de 1890 abordando os problemas gerais do socialismo Assinalou que como o capitalis mo se tornava um sistema social mais complexo e diferenciado as divisões de classe social ti nham ficado igualmente complexas Por con seguinte a probabilidade de uma violenta luta de classes entre capitalistas e trabalhadores se tornara mais remota As classes médias estavam prosperando o padrão de vida dos operários tinha melhorado e a classe dominante aceitava relutantemente o papel de uma oposição so cialista no sistema parlamentar Bernstein sus tentou que o marxismo era um conjunto de guias úteis mas probatórios para a ação e em vez de desempenhar um papel científico o so cialismo tinha de fornecer liderança moral para neutralizar os efeitos negativos das condições de fábrica sobre as vidas da classe operária Em suma o programa de Bernstein para a reforma social do sistema capitalista estava também associado ao REVISIONISMO pois rejeitava o de terminismo econômico A questão do reformismo que dominou os debates socialistas no período de 18901918 não está em absoluto resolvida Questões aná logas ressurgiram depois da Segunda Guerra Mundial na socialdemocracia e no euroco munismo A integração política e econômica da Europa produziu uma importante elevação nas rendas reais tornando assim cada vez mais remotas as possibilidades de insurreição ar mada contra o estado capitalista Em uma de mocracia liberal o comunismo só podia ganhar votos adotando uma estratégia mais reformista Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar reformismo 649 legalista e por conseguinte deslocandose para uma posição mais central Muitos cientistas sociais passaram a acreditar que o ABURGUESA MENTO dos trabalhadores os afastaria cada vez mais do socialismo O ESTADO DE BEMESTAR era uma alternativa à revolução pois transformava as relações de exploração entre capital e traba lho o operário já não se via diante da escolha entre fome e emprego A gradual desestalinização da Europa Ori ental as crises da Hungria e da Tchecos lováquia a cisão entre as versões chinesa e russa de socialismo e os problemas contínuos do planejamento econômico centralizado na década de 60 contribuíram para o surgimento da NOVA ESQUERDA a qual rejeitou a tradição da violência política revolucionária pela qual à classe operária caberia a responsabilidade ex clusiva de destruir o capitalismo através de um ataque direto A reforma progressiva do capi talismo exigiria de fato a participação de todos os grupos sociais oprimidos negros mu lheres e estudantes e não apenas dos traba lhadores militantes O evidente colapso das economias de co mando do bloco soviético a erosão da legitimi dade do Partido Comunista e a restauração da democracia multipartidária em 198990 trans formaram uma vez mais o caráter do debate político A idéia de que o capitalismo poderia ser destruído pela violência revolucionária deixou de estar em pauta Os reformadores sociais da Europa Oriental preferiram retornar à tarefa de recuperação da vitalidade da socie dade civil enquanto que no capitalismo ociden tal as tentativas de reforma da sociedade são freqüentemente enunciadas em termos de uma revitalização dos princípios liberais de CIDADA NIA como fundamento essencial dos direitos ao bemestar tais reformas deixaram de ser per cebidas como passos necessários no rumo do socialismo Entretanto os críticos do capitalis mo ainda continuam afirmando que as reformas fundamentais da sociedade em termos de saú de educação e bemestar não podem ser reali zadas sem um ataque radical à desigualdade subjacente de propriedade e poder que carac teriza o sistema de livre mercado Os críticos radicais afirmam que a expansão da cidadania e do bemestar é meramente uma cooptação da discordância e do nãoconformismo radical e que portanto o estado do bemestar não é de fato uma importante reforma da economia do laissezfaire Embora essas críticas sejam ob viamente contestadas é importante comparar diferentes modelos de reforma social pois há dentro do capitalismo consideráveis diferenças entre por exemplo a Suécia a GrãBretanha o Japão e os Estados Unidos em termos da relação entre desigualdade crescimento econômico e gastos com o bemestar Leitura sugerida Anderson P 1976 Considerations on Western Marxism Mann M 1988 Ruling class strategies and citizenship Sociology 21 33954 Ma ravall JM 1979 The limits of reformism parliamen tary socialism and the Marxist theory of the state British Journal of Sociology 30 26790 Marshall TH 1981 The Right to Welfare and Other Essays Schram SG e Turbett JP 1983 Civil disorder and the welfare explosion a twostep process American Sociological Review 48 40814 Tudor H e Tudor JM orgs 1988 Marxism and Social Democracy the Revisionist Debate 18961898 Turner Bryan S 1986 Citizenship and Capitalism the Debate over Reformism BRYAN S TURNER regionalismo Este termo é usado para in dicar um movimento sociopolítico inspirado pela cultura de determinada região e que tem por objetivo impedir que a identidade local venha a submergir na homogeneidade nacional assim como tornar a região mais independente do governo central O regionalismo é um fenômeno particular mente forte e recorrente nos países em que a formação do estadonação Tilly 1975 não obliterou diversas identidades culturais regio nais mas antes alimentou estratégias do go verno centralizado de reprimir ou subordinar essas identidades aos padrões nacionais unifor mes e unificados Os movimentos regionalistas são ampliados pelo relativo isolamento geográ fico como no caso de grandes ilhas como a Córsega e a Sardenha ou distritos montanhosos como a Savóia ou o vale de Aosta ou por específicos fatores religiosos Irlanda do Nor te Kossovo Azerbaijão socioculturais ou sócioétnicos Catalunha o País Basco Que bec ou étniconacionais os movimentos dos curdos ou armênios em vários países do Oriente Médio Em muitos casos em que há uma acumulação de condições de diversidade regional é difícil distinguir entre a identidade regional e um movimento nacional separatista sobretudo em nações que historicamente en globaram regiões com diferentes tradições reli Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 650 regionalismo giosas lingüísticas e culturais são exemplos o País Basco e sobretudo a maioria dos estados locais que formavam antes as repúblicas fede rais da Iugoslávia e da União Soviética Recen tes acontecimentos nestas últimas mostram co mo é difícil traçar uma linha divisória entre o regionalismo e o separatismo à parte os desen volvimentos históricos concretos que testemu nharam pelo menos nas repúblicas bálticas uma rápida transição do regionalismo para os movimentos separatistas nacionais Quando o conflito entre regionalismo e go vernos nacionais não adquire implicações sepa ratistas as organizações políticas regionalistas reivindicam como seu objetivo a devolução de amplos poderes governamentais a um nível in termediário entre o nível nacional de um lado e os níveis provincial e municipal de outro ver Rousseau e Zariski 1987 Os movimentos regionais são com freqüên cia ampliados também por acentuados dese quilíbrios resultantes do desenvolvimento eco nômico ver Holland 1967 Isso aplicase tan to a regiões menos desenvolvidas como a Itália meridional quanto às que são afetadas por forte crescimento econômico e acabam vendo o cen tralismo nacional como um limite às suas pró prias perspectivas de desenvolvimento como no caso da Eslovênia Períodos ou tendências altamente desequilibradas de desenvolvimento regional podem dar origem a casos de regiona lismo até mesmo em contextos em que a hete rogeneidade cultural é limitada como na Fran ça ou em que é forte a autonomia regional federativa como nos Estados Unidos ver tam bém FEDERALISMO Embora esse fenômeno traga mais freqüen temente à idéia os países industrializados tam bém é verificado em muitos países subdesen volvidos sobretudo na Ásia e na África Neles a formação de estadosnações sob a dominante influência do colonialismo levou à agregação de entidades locais extremamente diversas em frágeis estados centralizados continuamente assediados por dificuldades econômicas veja se por exemplo a Índia o Paquistão ou as Filipinas onde o mapa regional coincide com profundas divisões étnicas religiosas lingüís ticas e culturais Leitura sugerida Holland Stuart 1976 Capital ver sus the Regions Rousseau Mark O e Zariski Raphael 1987 Regionalism and Regional Devolution in Com parative Perspective Tilly C org 1975 The For mation of National States in Western Europe ENZO MINGIONE regulação A perspectiva da regulação para a análise do capitalismo contemporâneo deriva de um grupo díspar de marxistas franceses que escreveram em finais da década de 70 e começo da de 80 As economias são analisadas como combinações estruturais mais ou menos coesas de sistemas produtivos bissetoriais meios de produção e meios de consumo uma relação salarial uma relação monetária e uma estrutura bancária e uma relação estatal tudo isso envol vido por uma divisão internacional do trabalho de produção e finança Primordialmente a teoria da regulação iden tifica os regimes de acumulação como exten sivos ou intensivos e as formas de regulação como competitivas ou monopolísticas Essas distinções têm interpretações mais estreitas ou mais amplas Assim em uma interpretação es treita um regime extensivo de acumulação é aquele em que a acumulação não altera a tecno logia de produção pelo menos no setor de bens de consumo e em que o crescimento da produ tividade é lento ao passo que um regime inten sivo altera continuamente as organizações téc nica e social do trabalho em busca de um rápido crescimento da produtividade E ainda em uma interpretação estreita as formas de regulação referemse às práticas predominantes de forma ção de preços a livre flutuação de preços admi nistrados são características da forma monopo lística de regulação Interpretações mais amplas desses termos também são usadas para des crever a estrutura social como um todo Nessa base a história capitalista é periodi zada com especial ênfase nas mudanças que ocorrem na organização do trabalho e no modo como o sistema de salários facilita a realização de produtos de atividade laboral Assim desde meados do século XIX até 1914 temos um regime extensivo de acumulação com regula ção competitiva O período entre as guerras é uma fase de transição na qual uma organização do trabalho conhecida como administração científica ou taylorismo é generalizada nos Estados Unidos e parcialmente adotada na Eu ropa Além disso acontece a incorporação de forma embrionária de princípios tayloristas aos sistemas automáticos de produção conhecidos como fordismo Mas as rápidas taxas de cres Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar regulação 651 cimento da produtividade engendradas desse modo não foram estendidas ao poder de compra do salário cujo crescimento era comparativa mente modesto Daí as crises econômicas que caracterizaram o capitalismo mundial depois de 1929 não serem vistas em termos do conven cional ciclo de negócios mas antes como um colapso estrutural o desenvolvimento do re gime intensivo de acumulação não pôde es tabelecerse apropriadamente na base da regu lação competitiva mas exigiu uma política de regulação ativa da própria relação salarial Isso foi realizado pela reconstrução pós1945 e pelo prolongado boom subseqüente os métodos for distas de produção de massa puderam estabele cerse como a organização de trabalho prepon derante devido ao consumo de massa concedido à classe operária pela variedade de formas ins titucionais que constituem coletivamente a re gulação monopolística Particularmente impor tantes nesse ponto foram os acordos salariais coletivos apoiados pelas disposições atinentes à seguridade social e ao segurodesemprego do ESTADO DE BEMESTAR e pelo gigantesco recru descimento das intervenções econômicas do estado consideradas não tanto em termos de política de gastos públicos keynesiana mas sobretudo do gerenciamento monetário e da reprodução da força de trabalho Assim a acu mulação intensiva a generalização do fordismo na produção e a regulação monopolística a administração do consumo de massa através do estabelecimento do estado de bemestar e da incorporação parcial dos sindicatos à gerência econômica caracterizam a idade de ouro do capitalismo nas décadas de 50 e 60 Finalmente os problemas da década de 70 são vistos como o colapso dessa época dourada o fordismo está em processo de ceder à especialização flexível do pósfordismo Isso requer uma organização do consumo que está em curso de elaboração nas décadas de 8090 através da alteração do papel econômico do estado da privatização do desemprego em massa e da reestruturação da força de trabalho assim como da alteração da estrutura legislativa que define a atividade sin dical e os limites e esfera de ação do estado de bemestar Há também uma dimensão internacional A era pré1914 está caracterizada pela hegemonia britânica e a era de transição entre as guerras pela rivalidade internacional e o isolacionismo norteamericano a idade de ouro até 1970 é dominada pelos Estados Unidos e na era de transição pós1970 nem os Estados Unidos nem a Comunidade Européia nem o Japão são capazes de regular sem ambigüidade a econo mia mundial através do domínio econômico internacional que exercem A teoria da regulação é totalmente abrangen te É mais forte na descrição do que na análise pois é difícil conceber uma única descrição analítica da ampla variedade de diferentes ex periências nacionais e suas formas institucio nais Portanto é mais bem entendida como agenda indicativa ou sugestiva de pesquisa do que como teoria polida e acabada Cabe à pes quisa detalhada confirmar ou invalidar as pre missas e conclusões da teoria da regulação e essa tarefa ainda está em sua infância Leitura sugerida Aglietta M 1976 1979 A Theory of Capitalist Regulations the US Experience Ο 1982 World capitalism in the eighties New Left Review 136 542 Boyer R 1979 Wage formation in his torical perspective the French experience Cambridge Journal of Economics 32 99118 De Vroey M 1984 A regulation approach interpretation of contem porary crisis Capital Class 23 4566 Lipietz A 1986 Behind the crisis the exhaustion of a regime of accumulation a regulation school perspective on some French empirical works Review of Radical Po litical Economics 18 112 1332 SIMON MOHUN reificação Este termo referese ao processo pelo qual os produtos da ação subjetiva de seres humanos passam a se apresentar como objeti vos e portanto autônomos em relação à huma nidade Entretanto podem ser identificados dois amplos usos do termo Na tradição marxista o termo é usado criticamente para descrever um processo que é específico do capitalismo e que serve para manter as desigualdades de uma sociedade capitalista mediante a ocultação dos processos reais de exploração Na tradição não marxista e em especial nas abordagens feno menológicas ver FENOMENOLOGIA a reificação é apresentada como característica inevitável de todas as sociedades como parte da construção social da realidade Dentro do marxismo o termo reificação ocorre como a tradução normal do alemão Ver dinglichung que foi introduzido por Lukács 1923 p83222 e não ocorre nos escritos de Marx A teoria de reificação de Lukács é uma generalização da teoria de Marx do fetichismo da mercadoria ver MERCADORIA FETICHISMO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 652 reificação DA Para Marx o processo de troca dos produ tos do trabalho humano em um mercado de mercadorias faz com que as relações sociais entre pessoas se pareçam com uma relação entre coisas Marx 1867 p1635 Lucáks tenta am pliar a análise econômica de Marx estendendo a à vida total da sociedade Consegue fazêla através da referência à análise de Weber do crescimento da racionalidade A racionalidade instrumental é essencial ao desenvolvimento da economia capitalista e reflete além disso o processo de troca de mercadorias na medida em que facilita a equiparação de diferentes ob jetos Para Lukács essa equiparação só fun ciona ao se enfatizarem as características quan titativas do objeto à custa das qualitativas Lu kács sugere que esses aspectos qualitativos são as propriedades incomparavelmente humanas do objeto e daí serem sistematicamente escon didas pela reificação Embora a reificação seja amplamente refe rida em escritos marxistas a teoria foi desen volvida com extrema precisão por Theodor Adorno A reificação convertese em uma teoria da determinação social da linguagem e do pen samento Isso enfatiza a relação entre conceitos e os objetos a que eles se referem Na medida em que os conceitos são produtos de processos sociais não se pode pressupor que correspon dam totalmente aos seus objetos Sob a reifica ção os conceitos servem ou para atribuir pro priedades ao objeto que estão ausentes como por exemplo o conceito de liberdade ou para esconder ou distorcer propriedades existentes de modo a que pareçam mais objetivas do que subjetivas Adorno 1966 p18392 Enquanto que a tradição marxista vê a reifi cação como um fenômeno historicamente es pecífico que é de imediato indesejável mas potencialmente aberto a mudanças a tradição nãomarxista usa o termo para se referir a um processo mais geral pelo qual os seres humanos chegam a esquecer a autoria humana do mundo social Como tal a reificação não está unica mente situada em relação à teoria de Marx do fetichismo da mercadoria Pelo contrário afir mase que toda a realidade social é construída por atores sociais e que a reificação é meramen te um passo extremo no processo de objetifica ção Berger e Luckmann 1967 p89 Além disso podese afirmar que somente na medida em que os seres humanos esquecem que a rea lidade social é construída é que essa realidade consegue atingir alguma permanência Assim a reificação tornase uma característica neces sária da sociedade em vez de ser algo indese jável Leitura sugerida Adorno Theodor W 1966 1973 Negative Dialectics Berger PL e Luckmann Tho mas 1961 The Social Construction of Reality a Trea tise in the Sociology of Knowledge Lukács G 1923 1971 History and Class Consciousness Studies in Marxist Dialetics Rose G 1978 The Melancholy Science an Introduction to the Thought of Theodor W Adorno Thomason Burke C 1982 Making Sense of Reification Alfred Schutz and Constructionist Theory ANDREW EDGAR relações industriais A expressão deriva prin cipalmente da obra de um grupo de inves tigadores norteamericanos Clark Kerr John T Dunlop Frederick Harbison e Charles A Myers na década de 50 eles empreenderam com o apoio financeiro da Fundação Ford um vasto programa de pesquisas sobre relações de trabalho The InterUniversity Study of Labor Problems in Economic Development A importância dessa abordagem tem que ser entendida através da pesquisa da escola de rela ções humanas levada a efeito por Elton Mayo e seus colegas com experimentos e observa ções em grande escala sobre a Western Electric Company a partir de 1927 Entre os seus prin cipais resultados esses pesquisadores sublinha ram a importância das relações entre operários e supervisores Mayo e seus colegas também descobriram que os operários eram propensos a restringir a produção mesmo que seus salários fossem baseados no nível de produção o grupo de modo informal fixava a produção para cada operário e construía um sistema de controle social Esse sistema protegendo os operários de fora para dentro e de dentro para fora fun cionava como um poder informal contra o po der formal dos gerentes Mayo 1933 e 1945 Esses dados diferem consideravelmente da idéia de FW Taylor de administração cien tífica de acordo com a qual a principal motiva ção dos operários era a maximização da renda Os estudos da escola de relações humanas con tudo suscitaram muitos comentários e críticas Em comparação com a escola de relações humanas os investigadores de relações indus triais estão orientados para o efeito do meio ambiente extraorganizacional sobre as atitudes de operários e patrões Para eles as condições do negócio têm uma influência direta sobre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar relações industriais 653 matérias como rotatividade absenteísmo e exi gências trabalhistas A abordagem de relações industriais considera os operários não só como membros de grupos de trabalho tal como a abordagem de relações humanas mas também como membros de outros grupos sociais mor mente os grupos profissionais as famílias e os grupos econômicos ou políticos Esse sistema de relações tem efeito sobre as atitudes dos operários em relação ao seu trabalho em rela ção aos gerentes ou à organização Os teóricos das relações industriais criticam a concepção da empresa como sistema social global proposta pela escola de relações huma nas Na opinião deles isso ignora o conflito e glorifica uma estrutura monolítica na qual se presume que a indústria forneça aos indivíduos uma ordem social integrada Kerr e Fischer 1957 J Dunlop assinala as interrelações dos ato res no sistema social e mostra que as caracterís ticas tecnológicas do local de trabalho são fre qüentemente comuns a indústrias inteiras a setores econômicos inteiros por vezes para além de fronteiras nacionais características que se revestem de primordial importância Para esse autor a distribuição de poder na sociedade contribui para a estruturação das próprias rela ções industriais Dunlop concebe os sindicatos como uma espécie de equivalente das firmas com líderes sindicais que têm de se adaptar ao mercado de trabalho a fim de maximizar melhor os ganhos dos operários Dunlop 1950 e 1958 Dunlop e Whyte 1950 Os estudos de relações industriais mostram que as atitudes dos operários dependem de fa tores muito além do controle dos empregadores e que os protestos dos operários têm um impac to positivo no processo de industrialização Kerr et al 1960 Eles discordam da concep ção de um movimento trabalhista como respos ta ao capitalismo e consideram esse movimento como um todo oferecendo uma análise muito mais ampla que os seus predecessores Anali samno como uma resposta à INDUSTRIALIZA ÇÃO em suas dimensões econômicas e sociais Assim os meios de ação e organização dos movimentos trabalhistas têm de ser entendidos em função de diferentes aspectos da indus trialização como o mercado de trabalho as fontes de investimentos o ritmo de desenvol vimento ou os tipos de governantes Os estudos de C Kerr e seus colegas deram origem à teoria da convergência na qual o mundo era percebido como ingressando na era da industrialização total As obras de E Mayo deram lugar a outras críticas e desenvolvimentos teóricos Por um lado a sociologia das organizações é uma ten tativa de explicar as relações complexas entre estrutura organizacional e informal por exem plo Gouldner 1954 Etzioni 1961 Crozier 1964 Por outro lado há a sociologie du travail sociologia do trabalho francesa na qual o trabalho passa a ser uma manifestação das rela ções sociais Friedmann e Naville 19612 Em uma análise mais ampla o conflito convertese em um dos principais temas com os atores sociais lutando pelo controle do desenvolvi mento social o campo aberto para a negociação é ilimitado Touraine 1965 Ver também COMPORTAMENTO ORGANIZACIO NAL Leitura sugerida Dunlop John T 1958 Industrial Relations Systems Etzioni Amitai 1961 A Compa rative Analysis of Complex Organizations On Power Involvement and their Correlates Gouldner AW 1954 Patterns of Industrial Bureaucracy Kerr Clark Dunlop John T Harbison Frederick e Myers Charles A 1960 1973 Industrialism and Industrial Man the Problems of Labour and Management in Economic Growth Mayo Elton 1933 1946 The Human Pro blems of an Industrial Civilization 2ªed Ο 1945 The Social Problems of an Industrial Civilization SYLVAINE TRINH relações internacionais Todos os fenôme nos sociais não confinados em um único estado as relações mútuas entre estados as ações de entidades não estatais como organizações in ternacionais empresas multinacionais e mo vimentos religiosos e o impacto de abstrações como a economia internacional enquadram se no âmbito das relações internacionais O seu estudo foi estimulado no presente século por acontecimentos como as duas guerras mun diais a Revolução Russa e suas repercussões globais o colapso econômico de 1931 a inven ção de armas nucleares em 1945 e seu aparen temente interminável refinamento a descoloni zação da Ásia África e outros lugares o sub seqüente confronto entre Norte e Sul e a mul tiplicação de novas formas de organização in ternacional global e regional incluindo a Co munidade Européia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 654 relações internacionais Durante e após a Primeira Guerra Mundial as relações internacionais como objeto de es tudo foram freqüentemente vistas como ser vidoras do INTERNACIONALISMO encarregado de ajudar os estados a civilizarem a conduta de suas relações mútuas e a evitarem guerras futu ras Nessa perspectiva que veio a ser conhecida como racionalismo ou utopismo conferia se muita ênfase à necessidade de sustentar e ampliar as regras e procedimentos da Liga das Nações Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e pouco depois da Guerra da Coréia em que 16 estados sob a bandeira das Nações Unidas se alinharam à República da Coréia Coréia do Sul o racionalismo viuse alvo de fulminantes ataques desfechados pelos rea listas e em particular por EH Carr e Hans Morgenthau Carr vinha insistindo há muito em que as regras de conduta política e econômica da Liga refletiam não a harmonia subjacente de interes ses entre estados mas simplesmente as dos que eram mais fortes e satisfeitos desde o início Quando os que antes eram fracos adquiriram força passaram naturalmente a desafiar essas regras Para os satisfeitos a sabedoria estava não em tratar todo e qualquer desafio como um crime mas em decidir a quem resistir e com quem acomodarse uma política externa bem sucedida deve oscilar entre os pólos eviden temente opostos da força e do apaziguamento 1939 cap13 Para Hans Morgenthau 1951 a necessidade política e o dever moral di tavam que o único guia para a política externa devia ser o interesse nacional Na Guerra da Coréia seduzidos pela noção de agressão nor tecoreana e da suposta obrigação de resistir a ela os Estados Unidos sustentou Morgenthau tinham posto de lado essa verdade central Assim os realistas promoveram a ênfase mais nos estados do que nas organizações inter nacionais ou em outros atores nãoestatais mais nos interesses daqueles do que nas suas doutrinas ou as crenças dos seus líderes na normalidade da força e por conseguinte na importância de considerações estratégicas na distribuição de poder no sistema internacional e na necessidade de obter ou manter um equi líbrio Nas décadas que se seguiram todas essas facetas do realismo foram vigorosamente desafiadas Inicialmente porém o debate em torno da substância foi ofuscado por outro sobre o mé todo Em vez de substituírem um conjunto de dogmas e prescrições por outro afirmouse os especialistas deveria investigar a realidade das relações internacionais aplicando as técnicas e a filosofia da ciência de acordo com as quais as teorias se mantêm ou caem de acordo com o peso das evidências empíricas pró ou contra elas e os conceitos são definidos tão rigoro samente que antes de se iniciar uma investiga ção já está claro que conclusões se consideram favoráveis a uma dada teoria ou hipótese e quais lhe são contrárias de modo que outros possam reproduzir a investigação As relações inter nacionais também foram amplamente conside radas como nada mais que um caso especial de relações humanas ao qual deviam aplicarse as conclusões adequadamente modificadas de ou tras ciências sociais com destaque para a ciên cia econômica a sociologia e a psicologia A abordagem científica faz muito uso de modelos ou seja tentativas de retratar o processo causal subentendido em uma teoria de forma abstrata e com freqüência matemática e assim pôr em foco os pressupostos empíricos em que se as senta A obra de Lewis Fry Richardson sobre a GUERRA foi uma precursora desse modo de in vestigação e sua publicação póstuma em forma de livro coincidiu com o aparecimento de mui tas obras novas e importantes nessa mesma linha Kaplan 1957 Rapoport 1960 Boul ding 1962 Na subseqüente controvérsia me todológica cujo tom é bem captado em Knorr e Rousseau 1969 o estudo de Hedley Bull International theory the case for a classical approach publicado naquele volume foi um manifesto ponto de reagrupamento para os tra dicionalistas Em conjunto os cientistas ven ceram pelo menos na medida em que os méri tos de suas contribuições sobre o assunto foram reconhecidos e aceitos Um notável campo para isso foi o dos sis temas internacionais em cujo funcionamento a estabilidade ou instabilidade os teóricos de tectaram os efeitos de atributos holísticos deri vados das tendências comportamentais das uni dades que os compõem tal como os economis tas vêem o mercado para uma dada mer cadoria como um fato holístico derivado me diante a agregação das reações prováveis dos clientes da mercadoria Kaplan 1957 especi ficou o que em sua concepção eram as diferen ças cruciais entre o sistema de equilíbrio de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar relações internacionais 655 forças do século XIX e o impreciso sistema bipolar pós1945 e examinou mais quatro sis temas que poderiam concebivelmente surgir Deutsch e Singer 1964 afirmaram que em geral os sistemas multipolares tinham maiores possibilidades de serem estáveis e pacíficos do que os bipolares Waltz 1979 cap8 sustentou o inverso Embora difícil é possível e instrutivo descrever os diferentes pressupostos que levam a tais conclusões diametralmente opostas A substância do realismo foi alvo de ataques provenientes de quatro áreas principais Primei ro as teorias da sociedade internacional entre elas a de Bull 1977 afirmaram existir mais nas relações entre estados do que uma incessan te luta pelo poder Bull seguindo uma clas sificação que Martin Wight tinha usado em suas aulas na London School of Economics deli neou três tradições de pensamento acerca de relações internacionais a hobbesiana corres pondente ao realismo a kantiana uma concep ção revolucionária baseada na centralidade dos vínculos transacionais que tornam os po vos como povos parte da comunidade huma na e a grociana do jurista do século XVII Hugo Grotius afirmando a existência de uma socie dade de estados ligada por um conjunto de normas manifestas no direito internacional e na diplomacia Embora reconhecendo que ele mentos de todas as três tradições eram discer níveis no mundo contemporâneo Bull conside rou que a concepção grociana era a predomi nante De uma perspectiva um tanto diferente Keohane e Nye 1977 reforçaram essa crítica do realismo ao mostrar que os regimes inter nacionais as regras aceitas como aplicáveis a um dado conjunto de questões internacionais não refletiram simplesmente as preferências dos mais poderosos Um segundo alvo foi a asserção de que os estados são e no futuro previsível continuarão sendo os atores centrais das relações internacio nais Para atacála Herz 1959 usou um axio ma realista na verdade hobbesiano que diz que as lealdades políticas somente são dadas em troca de segurança Uma vez que a guerra eco nômica a penetração ideológica o bombardeio aéreo e finalmente a invenção de armas nu cleares tinham tornado o estado vulnerável e indefensável Herz proclamou a sua extinção Como ele próprio admitiu mais tarde esse obi tuário foi prematuro De fato os estados tinham se tornado vulneráveis a movimentos separatis tas violentos e ao terrorismo transnacional mas em grande medida sobreviveram não porque fossem defensáveis mas em parte porque as redes organizacionais que os sustentavam per maneciam em plena atividade capazes de cor tar as asas da maioria dos atores alternativos e também em parte em função daquilo que os cidadãos da maioria dos estados têm em comum cultura religião língua raça ou até um senso puramente subjetivo de identidade comum O defeito está na premissa hobbesiana Não obstante embora a substituição de es tados territoriais por um governo mundial não esteja nem remotamente à vista eles passaram a dividir seus poderes em significativa medida com outros organismos Enquanto que outrora os tratados só podiam ser concluídos entre es tados a Lei da Convenção Marítima das Nações Unidas por exemplo teve que ser franqueada para assinatura não apenas por membros da Comunidade Européia mas também pela pró pria Comunidade em função das Normas de Direito de Pesca em Águas Internacionais que eram centralmente administradas pela última Também quase todas as partes signatárias da Convenção Européia sobre Direitos Humanos no que uma geração antes teria parecido um cerceamento inconcebível de sua soberania aceitaram o direito de seus cidadãos de apelar para um organismo internacional capaz de der rubar decisões dos supremos tribunais de seus respectivos países e até mesmo de anular legis lações nacionais incompatíveis com a Conven ção O interesse nacional foi o alvo do terceiro desafio ao realismo A abordagem cibernética de Karl Deutsch 1963 tentou uma explicação mais fundamental da política estatal À seme lhança de outros atores os estados quando reagem a circunstâncias em constante mudan ça necessitam manifestamente de combinar a receptividade a novos interesses e a novos va lores com a fidelidade aos antigos O seu de sempenho como o dos motoristas depende substancialmente das redes de comunicação à disposição dos detentores do poder decisório de até onde podem enxergar à sua frente dire ção com que rapidez suas decisões são im plementadas defasagem quanto dados con correm para atrair sua atenção carga com que eles podem ser empregados na direção desejada ganho uma forma refinada de poder e com que rapidez e precisão podem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 656 relações internacionais avaliar os resultados de suas decisões feed back O estado que não pode enfrentar o seu meio ambiente é o que apresenta maiores pro babilidades de recorrer à força em sua forma mais rudimentar a capacidade de não ter que aprender Inversamente os estados cujos cida dãos estão ligados entre si em uma grande variedade de redes compactas oficiais e não oficiais podem criar comunidades de seguran ça no interior das quais a PAZ esteja assegurada Os estados retêm enormes arsenais mili tares mas são menos preponderantes do que eram ou do que o realismo postulava Suas funções e seu poder estão sendo crescentemente circunscritos por outras camadas de autoridade intragovernamentais nãogovernamentais e lo cais freqüentemente em um relacionamento desordenado Bull advertiu que se o padrão grociano de uma sociedade de estados fosse assim posto de lado o que pensava ser im provável isso poderia dar origem à condição possivelmente mais violenta de um novo me dievalismo O quarto ataque ao realismo partiu dos mar xistas que procuraram retratar a sociedade hu mana incluindo a sociedade global da perspec tiva dos pobres e dos fracos na qual as unidades básicas são as classes não os estados ou nações Os acontecimentos porém não corroboraram algumas asserções marxistas fundamentais es pecialmente sobre a guerra e as explicações do imperialismo e outros aspectos da política externa em função dos interesses econômicos não foram de modo geral convincentes mas a profecia marxista da crescente concentra ção do poder econômico sob o capitalismo foi confirmada pela aparente falta de limite na tural para o tamanho das empresas e é difícil imaginar que tal poder não acarrete um cres cente poder político sobretudo no Terceiro Mundo Temse verificado assim que o realismo simplificou excessivamente a complexidade das relações internacionais mas o mesmo ocor re com a maioria das abordagens alternativas A mais fértil contraparte para isso talvez prove ser a cibernética a qual nos ensina a avaliar os sistemas políticos e outros em função de sua capacidade de identificar problemas globais e responderlhes de modo adequado Qualquer lista de tais problemas a qual incluiria fomes epidemias riscos ambientais a exaustão de re cursos e os constantes perigos de guerra con vencional ou mesmo nuclear é inevitavelmen te incompleta o que sublinha a insistência de Deutsch em que o primeiro requisito preliminar de tais sistemas é a transparência Leitura sugerida Aron Raymond 1962 Paix et guer re entre les nations Bull H 1977 The Anarchical Society Carr EH 1939 1964 Twenty Years Crisis Claude IL 1962 Power in International Relations Deutsch KW 1963 The Nerves of Government Ka plan MA 1957 System and Process in International Politics Keohane RO e Nye JS 1977 Power and Independence Knorr K e Resenau JN orgs 1969 Contending Approaches to International Politics Linklater A 1982 Men and Citizens in the Theory of International Relations Wight M 1979 Power Poli tics RODERICK C OGLEY relativismo Se a crença verdadeira é defini da como uma crença que condiz com uma rea lidade independente o relativismo nega que as crenças possam ser ou possam ser conhecidas como sendo verdadeiras nesse sentido O que é verdade de um lado dos Pireneus é erro do outro lado observou Pascal secamente em seus Pensamentos V294 ao comentar a diver sidade das crenças morais O apotegma serve também para captar um relativismo mais am plo o qual afirma a relatividade de toda a cognição No entanto vale a pena começar pelas alegações em defesa do relativismo mo ral A verdade ética dentro das sociedades e entre elas é um fato inegável que embora não prove a inexistência de uma verdade absoluta ou objetiva na ética tende a sugerila A ascen são da ciência acarretou uma nítida distinção fatovalor a qual parece resultar na frustração das crenças morais As ciências sociais ofere cem modos de explicar sua variedade como função de sistemas sociais correspondentemen te variados A filosofia pôs em dúvida a própria idéia de conhecimento moral em termos depre ciativos por Nietzsche ou analíticos pelo emotivismo Em suma as tradicionais preten sões à verdade em ética foram vítimas naturais da modernidade com a Razão abalando ago ra o que antes costumava apoiar Entretanto mesmo na ética o relativismo nem sempre teve o intuito de subverter toda a objetividade Tal como no caso dos utilitaristas ele pode pedir apenas que as preferências locais sejam respeitadas quando se está decidindo o que é certo fazer Assim cumpre distinguir um relativismo limitado o qual com efeito injeta Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar relativismo 657 um elemento de perspectiva no que pretende continuar sendo um ponto de vista objetivo de um ceticismo mais radical o qual contextualiza todo e qualquer ponto de vista a fim de negar que exista seja o que for de objetivo ou universal sob o sol O primeiro é sintomático do pen samento social no espírito do Iluminismo o qual trata as crenças e relações humanas como objetivos de estudo científico O segundo atraente para os críticos do racionalismo ilu minista ver RACIONALIDADE E RAZÃO não será meramente destrutivo se abrir caminho para a hermenêutica ou para várias formas de pós modernismo A questão crucial é se um rela tivismo limitado pode encontrar um lugar de fensável de contenção A tese da relatividade de toda cognição é mais bem examinada em três estágios O pri meiro é o relativismo conceitual que parte da enorme diversidade de esquemas classificató rios e explicativos Os fatos da experiência nunca determinam plenamente o que é racional acreditar a respeito da ordem na ou subjacente à experiência Classificar ou explicar é aplicar os conceitos em uso local Assim o conceito de yakt dos Karam agrupa os morcegos com a minoria dos pássaros mas exclui os casuares Bulmer 1967 a física emprega conceitos co mo éter ou flogisto em dado momento e os abandona em outro Cada esquema de clas sificação impõe uma grade escorada por con ceitos teóricos que em última instância se ba seiam em conceitos categóricos como tempo deidade causação de mediação Esse não é um pensamento subversivo desde que a ciência possa ser distinguida e se demonstre que ela é progressiva O pensamento subversivo diz que os conceitos categóricos são essencialmente contestáveis dentro do seu próprio esquema conceitual e que os esquemas conceituais são incomensuráveis por exemplo porque se apóiam em pressupostos absolutos Collin gwood 1940 ou paradigmas Kuhn 1962 os quais têm o status de mitos A existência de quaisquer fatos de experiên cia dados é negada em segundo lugar pelo relativismo perceptivo Quine 1960 sustenta que algo como notícias puras sem adornos é coisa que não existe Mesmo para descrever temos que interpretar com a ajuda de teorias e em uma linguagem impregnada de teoria As sim segundo parece o mundo real é em grande medida construído com base nos hábi tos de linguagem do grupo Sapir 1929 su bentendendose talvez que os que têm teorias ou linguagens profundamente diferentes habi tam mundos diferentes Kuhn 1962 cf Win ch 1958 Em terceiro lugar um irrefreável relativismo epistêmico contextualiza até os critérios de ver dade e lógica Se podem existir lógicas fun damentalmente alternativas então os princípios básicos da lógica aristotélica perdem seu título de serem as leis do pensamento Se a verdade é em última instância um exército móvel de metáforas metonímias e antropomorfismos e as verdades são ilusões a cujo respeito es quecemos que isso é que elas são Nietzsche 1873 então é impossível a existência de aces sórios cognitivos básicos A questão é encora jada tanto por disputas filosóficas acerca da verdade as quais perturbam assim a possibili dade de um critério neutro quanto pelas provas antropológicas de que poderíamos dizer ecoan do Pascal o que é uma boa razão para qualquer crença ou ação de um lado dos Pireneus é uma péssima razão em qualquer outro lado Sendo assim toda cognição é ao fim e ao cabo sus tentada por si mesma sem ajuda alguma de fora Ao contextualizar ou internalizar o pensa mento estamos tornandoo relativo a quê As respostas dividemse de modo geral em mate rialistas e idealistas As primeiras relacionam a cognição a algo exterior a ela condiciona mento comportamental ou neural talvez ou estrutura ou relações sociais construídas in dependentemente de quaisquer crenças que elas determinem As segundas relacionam a cogni ção com ela própria à maneira de uma rede internalizando com efeito as relações sociais ou até mesmo a natureza também para a rede Talvez diferentes linguagens sejam em última análise diferentes redes Talvez o que tem de ser aceito o dado seja por assim dizer formas de vida Wittgenstein 1953 As respostas ma terialistas envolvem um lugar para pausa para que o observador científico possa estabelecer aí uma perspectiva relativista presumivelmente uma que isente o pensamento propriamente científico da contextualização As respostas idealistas tendem a recusar isenções e assim conduzem facilmente por exemplo à substitui ção de toda objetividade tradicional por uma conversação de humanidade pósmoderna Rorty 1980 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 658 relativismo Por um lado se existe sob o sol alguma coisa universal isso está longe de ser óbvio Por outro a variedade nunca é em si mesma uma prova de que todos os pontos de vista são igual mente válidos e se o fossem um relativismo global não seria mais válido do que a sua nega ção As disputas continuam proliferando uma vez que uma distinção entre o cognitivo e o social com o propósito de explicar um em termos do outro não é fácil de traçar nem de defender Leitura sugerida Bernstein R 1983 Beyond Objec tivism and Relativism Bulmer R 1967 Why is the cassowary not a bird Man NS 2 Collingwood RG 1940 An Essay on Metaphysics Hollis M e Lukes S orgs 1982 Rationality and Relativism Kuhn Thomas S 1962 1970 Structure of Scientific Revolution Nietzsche F 1873 1954 On truth and lie in an extramoral sense In The Portable Nietzsche org por W Kaufman Quine WVO 1960 Word and Object Rorty R 1980 Philosophy and the Mirror of Nature Sapir E 1929 The status of linguistics as a science Language 5 Winch Peter 1958 1976 The Idea of a Social Science Wittgenstein Ludwig 1953 Philosophical Investigations MARTIN HOLLIS religião Ao se referir a experiências senti mentos e idéias que indicam a possibilidade de existir uma dimensão cotidiana ou terrena a religião interessase de modo inconfundível por questões de significação fundamental co mo o sentido da vida do sofrimento e da morte e os meios adequados para se manter a esperan ça em um futuro melhor Essa outra dimensão ou dimensão adicionada adota formas am plamente diferentes em diferentes culturas e está sujeita é claro a diferentes sensibilidades e interpretações dos indivíduos Não são me nores as variações nas formas sociais em que a dimensão religiosa se concretiza A sedimenta ção desses significados adicionados em formas culturais vivenciais e sociais durante longos períodos de tempo ajudou a estabelecer a reli gião como instituição poderosa e duradoura em virtualmente todas as sociedades conhecidas embora não seja necessário que os indivíduos a compreendam e aceitem Em outras palavras a religião é uma qualidade potencial da experiên cia humana para a qual nenhum limite pode ser fixado por definição Pelo contrário tem lógica pensar a seu respeito em função de graus variá veis de coisas tais como inteligibilidade sig nificação formalidade possibilidade alcance proeminência aplicabilidade coerência con sistência sistematização emocionalidade e in tegração com outros fenômenos sociais Judaísmo cristianismo e islamismo tendem a dicotomizar o religioso e o secular tratando os como domínios categoricamente distintos Mas o hinduísmo o budismo o xintoísmo e numerosas culturas tribais ou populares con sideram a religião uma qualidade imanente de toda a existência Não obstante todas as reli giões simbolizam e administram os pontos de disjunção ou continuidade entre os registros secular e religioso do significado por meio de mito símbolo ritual texto sagrado e conceitos de espaço sagrado tempo comunidade e ser Se for objetado que esse modo abrangente e relativista de conceituar a religião corre o risco de confundir a experiência religiosa com outras espécies de experiências intensas ou profundas a resposta será que a atribuição de significado religioso é ela própria uma variável cultural e por conseguinte irá variar com a extensão em que os significados religiosos tenham sido iden tificados simbolizados e codificados em qual quer cultura particular Assim os significados religiosos de por exemplo dar à luz um filho ou ir para a guerra não são fixados mas depen dendo do contexto podem ser mais ou menos salientes sistemáticos ou característicos Isso quer dizer que não há justificação para confinar o termo religião a determinadas crenças ou experiências se bem que em coerência com o cânone do agnosticismo metodológico se deva admitir a possibilidade de que poderes ou agen tes nãohumanos afetem diretamente os sig nificados atribuídos a eventos humanos Uma das principais contribuições do século XX ao entendimento da religião é o reconheci mento de que uma única definição do fenômeno não pode se adequada para todos os fins Em contraste com as presunçosas caracterizações da religião produzidas por muitos pensadores ocidentais do final do século XIX tem havido no século atual uma tendência a preferir defini ções mais nuançadas e mais sensíveis ao cres cente volume de conhecimento adquirido sobre culturas que não são as dominadas pelo cris tianismo o judaísmo ou islamismo e sobre as variedades de expressão religiosa em diferentes níveis de cultura Assim enquanto as gerações fundadoras da antropologia e da sociologia pa receram contentarse em reduzir a religião a uma questão de teoria geral do mundo Karl Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar religião 659 Marx crença em seres espirituais E Taylor ou propiciação ou conciliação de poderes supe riores aos humanos J Frazer é hoje comum entre os cientistas sociais a adoção de uma abordagem mais relativista e menos intelec tualista A força do pensamento evolucionista racio nalista e organicista declinou lentamente neste século mas não existe unanimidade entre os pensadores do século XX O pensamento cor rente enquadrase de modo geral em duas categorias Por um lado há pensadores que insistem na necessidade de conceber a religião em termos substantivos de crença em certas espécies de espíritos divindades ou outras for mas transcendentes A definição de Robertson é representativa dessa abordagem Cultura religiosa é o conjunto de crenças e símbolos e valores que derivam diretamente daí pertinentes à distinção entre uma realidade empírica e uma su perempírica transcendente os assuntos do ser trans cendente sendo subordinados ao nãoempírico 1970 p47 Por outro lado há uma longa tradição de pensamento sobre a religião em termos de suas pretensas funções ou propósitos Exemplo in fluente dessa abordagem é a afirmação de que a religião é um sistema de crenças e práticas por meio das quais um grupo de pessoas enfren ta os problemas essenciais da vida humana Yinger 1957 p9 Embora a abordagem substantiva ofereça a vantagem de parecer aterse estritamente ao que muitas pessoas relatam sobre religião também é vulnerável à crítica de que enfatiza arbitraria mente a crença ou o conhecimento cria uma fronteira artificial entre religião e magia e é insensível às diferenças transculturais entre re ligiões Em contraste a abordagem funcionalis ta beneficiase de sua aplicabilidade transcul tural e de sua abstração do nível de detalhe empírico mas também incorre em custos que segundo os seus críticos anulam seus benefí cios Em particular tende a atrair críticas por atribuir teleologia a disposições de caráter so cial e cultural por reduzir o significado da religião às suas conseqüências e por dar a en tender que tudo que existe deve somente por essa razão preencher uma função As forças e fraquezas relativas dessas abordagens básicas são analisadas em Spiro 1966 Berger 1974 e Bellah 1970 O século XX presenciou a fruição de dis ciplinas acadêmicas que representaram a reli gião de maneiras muito distintas As disciplinas mais antigas como história das religiões teo logia e religião comparada tendem a conceder prioridade aos aspectos filológicos históricos filosóficos e doutrinários Mas a crescente in fluência do pensamento fenomenológico na dé cada de 30 inspirou estudos mais intuitivos da experiência religiosa do sagrado ritual e da santidade ver Otto 1950 van der Leeuw 1938 Wach 1958 Eliade 1958 Sharpe 1975 Nes se meio tempo as abordagens psicológicas e psicanalíticas viramse favorecidas mormente entre os especialistas dessas áreas envolvidos no treinamento de profissionais religiosos para funções litúrgicas de aconselhamento e de as sistência social ver Rieff 1966 A influência do pensamento sociológico aumentou espeta cularmente na década de 60 quando denomina ções liberais americanas estavam no caminho de perder parte de sua popularidade Berger 1961 e quando inesperadamente igrejas con servadoras e novos movimentos começaram a crescer em tamanho e impacto público Kelley 1972 Wilson 1976 Mas foi a voga do es truturalismo nas ciências humanas o que deu provavelmente um destaque superlativo ao es tudo da religião nas formas de mito ritual simbolismo e processos de sacralização Final mente os estudos religiosos como abordagem deliberadamente interdisciplinar começaram a proliferar na década de 70 e promoveram em especial uma atitude mais crítica em relação a questões metodológicas assim como uma pos tura orientada mais para os aspectos políticos no contexto cada vez mais multicultural e etni camente diversificado das sociedades indus triais avançadas e para a redescoberta pelas excolônias de sua herança religiosa Quanto às contribuições que as religiões deram às principais correntes de pensamento do século XX cumpre reconhecer que elas não estão provavelmente entre as influências mais formativas Quer no nível das ideologias que deram forma a estadosnações e a conflitos internacionais como o fascismo clerical a de mocracia cristã o nacionalismo hindu ou ja ponês e o antiimperialismo islâmico quer no nível das modas cambiantes em filosofia como a fenomenologia católica o existencialismo cristão ou as teologias da libertação as con tribuições das idéias e sentimentos religiosos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 660 religião foram em alguns casos importantes mas raramente decisivas E pelo menos no mundo ocidental os temas religiosos têm inspirado relativamente poucas realizações artísticas de notório mérito no século XX Esses desenvolvimentos harmonizamse com as interpretações dominantes da moder nidade a saber que a religião deixou de servir como o pálio sagrado para a existência mo derna Berger 1967 como o principal ins trumento de integração cultural e social Wil son 1982 ou como a forma de o sistema social elaborar reflexões sobre a sua própria integri dade Luhmann 1977 Por outro lado a reli gião que não é orientada por uma igreja pode estar ainda implícita em processos básicos de socialização Luckmann 1967 e pode fun cionar como uma metalinguagem que transcen de o domínio dos fatos objetivos Bellah 1989 ou que permite que coisas sérias sejam ditas de modo direto Fenn 1981 Com efeito quando o século se avizinha do seu fim há indícios de que o pensamento e o sentimento religiosos podem estar reafirman dose em relação à possibilidade de comunica ção e destruição genuinamente globais Robert son 1985 e de que temas religiosos estejam voltando à superfície em movimentos sociais preocupados com questões de escala global como a paz os direitos humanos o genocídio e a proteção do meio ambiente natural Beckford 1989 p14365 A religião também está pro vando ser um veículo notavelmente duradouro e eficaz para o cultivo e a expressão de iden tidades étnicas e nacionais em países tão dife rentes quanto a Polônia a Nicarágua o Irã e o Sri Lanka Dependendo das circunstâncias his tóricas os resultados podem ser integradores ou desintegradores Ver também CRISTÃ TEORIA SOCIAL TEOLO GIA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO Leitura sugerida Berger PL 1967 The Sacred Ca nopy Elements of s Sociological Theory of Religion Bowker J 1973 The Sense of God Durkheim Émile 1912 1968 Les formes élémentaires de la vie reli gieuse Glock CY e Hammond PE orgs 1973 Beyond the Classics Essays in the Scientific Study of Religion Smart N 1973 The Science of Religion and the Sociology of Knowledge Waardenburg J org 197374 Classical Approaches to the Study of Religion Aims Methods and Theories of Research 2 vols Wilson BR 1982 Religion in Sociological Perspec tive JAMES A BECKFORD republicanismo A expressão romana res pu blica subentende que as coisas que são públicas devem ser de interesse público quem deve gerir o estado são os cidadãos ativos não os reis as oligarquias aristocráticas ou mesmo um par tido Os cidadãos tratamse mutuamente como iguais A cultura pública da política é muito diferente da tomada particular de desisões em autocracias Mas o corpo de cidadãos até o presente século sempre excluiu as mulheres e os escravos e usualmente excluiu os devedores os criados e os analfabetos O republicanismo não é necessariamente democrático mas é mais participativo no espírito do que o liberalismo individualista Maquiavel forneceu a teoria clássica do re publicanismo em seus Dircorsi ed inglesa Crick Discourses 1970 Um estado é mais forte se pode confiar armas a uma classe de cidadãos Liberdade significa tolerar conflitos sociais mas o conflito se bem administrado se conduzido mediante concessões mútuas pode ser uma fonte de energia e de poder confere vigor à vida política Essa reformulação realista de um quadro renascentista idealizado da repú blica romana foi imensamente influente sobre tudo na República holandesa na Suécia In glaterra e Escócia das guerras civis nas colô nias britânicas da América do Norte e sobretu do na Revolução Francesa Antonio Gramsci produziu uma variante comunista em parte pa ra refutar a obsessão de Lenin com o estado e o partido sustentando que a cooperação partici pativa do trabalhador industrial qualificado era agora a chave para a ascensão e queda das sociedades em lugar dos cidadãos armados de Maquiavel O republicanismo era muito forte no início dos Estados Unidos onde a ideologia da demo cracia jeffersoniana se baseava no culto da CI DADANIA ativa fazendo com que a simplicidade de maneiras a fala despretensiosa e clara e as virtudes da sinceridade se universalizassem pe lo exemplo pessoal O nome do moderno Par tido Republicano nos Estados Unidos é en ganoso como é também o caso do IRA Exér cito Republicano Irlandês exceto no sentido estrito de se oporem à Coroa Britânica Em uma Monarquia o termo tem essa conotação mais estreita Mas o republicanismo não é neces sariamente antimonárquico é essencialmente aristocrático O republicanismo vermelho na tradição jacobina é ferozmente igualitário e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar republicanismo 661 populista no espírito em deliberado contraste com o republicanismo burguês que cuida me nos da soberania popular e mais do domínio da lei e da constituição Mas nenhum deles desenvolveu como o socialismo uma teoria econômica distributiva ambos aceitaram a ciência econômica liberal porque historica mente ela tinha substituído a política mercan tilista aristocrática O republicanismo é compatível com o socia lismo democrático e o liberalismo radical mas é mais bem entendido por contraste com o gênero de liberalismo que vê o estado como garantia dos direitos do indivíduo a levar uma vida privada protegida por salvaguardas jurídicas tanto do pró prio estado quanto de terceiros O espírito repu blicano diz que essas leis devem ser feitas e mudadas por cidadãos ativos trabalhando em har monia o preço da liberdade não é simplesmente a eterna vigilância mas também a perpétua ativi dade cívica Entre o estado e o indivíduo existe o criativo tumulto da SOCIEDADE CIVIL Leitura sugerida Bock G Skinner Q e Viroli M orgs 1990 Machiavelli and Republicanism Crick BR 1992 In Defense of Politics 3ªed Keane J org 1988 Democracy and Civil Society McWilliams WC 1973 The Idea of Fraternity in America Pocock JGA 1975 The Machiavellian Moment Florentine Political Thought and the Atlantic Republic Tradition Williams GA 1989 Artisans and SansCullotes Po pular Movements in France and Britain during the French Revolution 2ªed BERNARD CRICK revisionismo Termo que foi introduzido no pensamento marxista no final do século XIX em referência às reavaliações e reformulações críticas das idéias de Marx e em particular das que diziam respeito ao desenvolvimento do capitalismo e à natureza de uma transição para o socialismo Obteve grande voga no debate revisionista iniciado pelos artigos de Eduard Bernstein escritos entre 1896 e 1898 depois ampliados em livro 1899 sobre os problemas do socialismo nos quais ele tentou tornar claro simplesmente onde Marx está certo e onde está errado Os principais alvos das críticas de Ber nstein eram a teoria do fim do capitalismo pelo colapso econômico e a idéia de uma crescente polarização da sociedade entre burguesia e pro letariado acompanhada pela intensificação do conflito de classes Contra essas doutrinas que tinham passado a ser parte integrante da or todoxia marxista ele afirmou que a par da concentração de capital em grandes compa nhias havia um surto de novas empresas de pequeno e médio porte o aumento da difusão da propriedade de bens de raiz a elevação do nível geral de vida o aumento de número de membros da classe média o surgimento de um sistema mais complexo e diferenciado de estra tificação na sociedade capitalista e a diminuição na escala e intensidade das crises econômicas No decorrer desse debate o revisionismo acabou identificado com o REFORMISMO e com o abandono das metas revolucionárias ou mes mo de qualquer compromisso forte com a rea lização do socialismo Mas os adversários do revisionismo também estavam eles próprios di vididos com Kautsky e os austromarxistas ten tando incorporar vários fenômenos novos à vi são marxista ortodoxa de desenvolvimento do capitalismo enquanto Rosa Luxemburgo e Le nin expunham uma doutrina política revolucio nária em cujos termos alguns outros críticos do revisionismo eram igualmente tratados eles próprios como revisionistas A denúncia do revisionismo como contra revolucionário atingiu o auge com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914 e o colapso da Segunda Internacional e esse uso do termo como injúria foi perpetuado pela consolidação do bolchevismo como nova ortodoxia na União Soviética e logo depois de 1945 na Europa Oriental Em finais da década de 80 contudo era a própria ortodoxia bolchevista que entrava por sua vez em colapso totalmente em sua forma stalinista e em grande medida na forma leninista e em perspectiva histórica o revi sionismo pode ser visto agora como uma suces são de modificações da teoria da sociedade de Marx e de suas implicações para a prática polí tica resultante de importantes mudanças nas sociedades capitalista e socialista de deter minadas circunstâncias históricas e de altera ções nos conhecimentos e nas idéias O que outrora era chamado revisionismo é hoje mais bem descrito como o desenvolvimento de numerosas e diversas escolas de pensa mento marxista e de modo mais geral de pensamento socialista em resposta a várias mudanças de condições ou seja como carac terística normal no interminável esforço para compreender através de conceitos de teoria social uma realidade histórica em permanen te mudança Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 662 revisionismo Leitura sugerida Bernstein Eduard 1899 1961 Evolutionary Socialism Gay Peter 1952 The Dilem ma of Democratic Socialism Kolakowski L 1978 Main Currents of Marxism vol2 cap4 Labedz L org 1962 Revisionism TOM BOTTOMORE revivalismo A idéia de que as tradições reli giosas tendem para a entropia a menos que sejam periodicamente revitalizadas seja pelo retorno a verdades primitivas ou pela injeção de novas verdades é central para muitos signifi cados de revivalismo especialmente em cul turas afetadas pelo cristianismo As renovações como buscas coletivas de um mundo radical mente melhor provêm portanto de razões re ligiosas para a insatisfação comum com o atual estado de coisas Podem adotar formas tão va riadas quanto os movimentos milenaristas messiânicos proféticos nacionalistas evan gélicos ou carismáticos mas em cada caso a ênfase incide sobre os processos por meio dos quais a vitalidade e a criatividade são instiladas em uma tradição supostamente declinante ou ameaçada Também foi dito que os movimentos religiosos revivalistas anunciam períodos de reformas sociais de grande alcance e no caso dos Great Awakenings Grandes Despertares americanos prolongados ciclos de renovação espiritual e reconstrução social McLoughlin 1978 Na elaboração dessas idéias Barkun 1974 interpretou os movimentos milenaristas como respostas a desastres enquanto Lanternari 1963 e Worsley 1957 sustentaram que as renovações quiliásticas em sociedades préin dustriais são respostas criativas à exploração e à opressão sócioeconômicas Outras teorias sublinharam a privação relativa a busca de caminhos mais curtos para se alcançar rapida mente o poder mágico e curativo a psicologia do verdadeiro crente a dissonância cognitiva e a paranóia coletiva Entretanto parece haver concordância entre essas interpretações concor rentes em que a renovação bemsucedida requer o enfraquecimento de velhos significados e compromissos antes de ocorrer a transição para novos valores e identidades Burridge 1969 Exceto em sociedades tribais de pequena es cala o revivalismo religioso raramente trans forma uma sociedade inteira sendo mais pro vável que fique confinado a determinados mo vimentos ordens seitas ou igrejas Exemplos disso incluem as renovações metodistas na Grã Bretanha do século XVIII e a série de movimen tos revivalistas que transformaram várias igre jas protestantes do Estado de Nova York na primeira metade do século XIX Cross 1950 Nas sociedades industriais avançadas onde o cristianismo tem sido a forma dominante de religião o revivalismo do século XX tem se limitado a movimentos ocasionais de elevada emoção sentimentos intensificados de culpa e expressões espontâneas de fé pessoal no poder de Jesus Cristo de redimir o pecado e curar mentes e corpos Pregadores itinerantes reu niões campais e arautos das chamas do inferno para os pecadores foram todos precursores do moderno revivalismo protestante e as inova ções atuais incluem a renovação carismática o televangelismo e a Maioria Moral A Igreja Católica teve renovações lideradas pelos bene ditinos e os cistercienses e Dolan 1978 docu mentou a forma especificamente católica de revivalismo nos Estados Unidos do século XIX Estudos de atuais campanhas para reafirmar o poder do islã em alguns países também mos tram que os ativistas tendem a ter recuperado em vez de adquirido pela primeira vez suas fortes convicções religiosas Além disso os efeitos transformadores do moderno revivalis mo tendem a ser efêmeros Não obstante e diferentemente da maioria das expectativas a respeito da modernização as renovações cole tivas do fervor islâmico têm desenvolvimentos sociais e políticos poderosamente configura dos por exemplo no Irã no Sudão no Paquis tão e na Malásia em um passado recente Es posito 1980 O revivalismo hindu também se tornou fator importante na política indiana e as renovações budistas marcaram a história de muitas nações na Ásia Meridional Ver também FUNDAMENTALISMO Leitura sugerida Barkun M 1974 Disaster and the Millennium Burridge K 1969 New Heaven New Earth McLoughlin W 1959 Modern Revivalism Ο 1978 Revivals Awakenings and Reform JAMES A BECKFORD revolução No pensamento político o termo referese à tomada ilegal usualmente violenta do poder que produz uma mudança fundamen tal nas instituições de governo Entretanto o conceito de revolução tem sido usado de muitas maneiras com algumas variações de signifi cado Revolução usase por vezes para des crever qualquer mudança fundamental quer Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar revolução 663 seja ou não violenta ou súbita Nesse sentido falamos de Revolução Industrial ou de revo lução científica Mudanças fundamentais do governo que ocorrem através de eleições em lugar de conquistas violentas do poder também são por vezes descritas como revoluções por exemplo a revolução nazista na Alemanha em seguida à vitória eleitoral de Hitler em 1933 Na maioria das revoluções a tomada do poder depende de sublevações por multidões urbanas ou por camponeses concentrados em áreas rurais É a essas insurreições a que nos referimos quando mencionamos revoluções Em alguns casos contudo os grupos populares fazem muito pouco ao passo que um indivíduo ou um pequeno grupo da elite toma o poder e implementa amplas mudanças políticas como na revolução turca liderada por Atatürk em 1921 ou na revolução egípcia sob a liderança de Nasser em 1952 Tais eventos são freqüen temente descritos como revoluções das elites ou revoluções de cima para baixo Trimber ger 1978 As revoluções variam em sua amplitude As que mudam somente as instituições governa mentais são denominadas por vezes revolu ções políticas As que também mudam a dis tribuição da riqueza e do status em uma socie dade por exemplo destruindo as vantagens de uma nobreza são freqüentemente chama das de revoluções sociais ou grandes revolu ções Quando grupos que pretendem realizar mudanças fundamentais tentam a tomada do poder mas essa tentativa fracassa falamos de revoluções frustradas como no caso da revolução de 1848 na Alemanha Um ataque a um governo com o único objetivo de mudar os governantes ou a política dominante mas sem tentar qualquer mudança fundamental nas ins tituições é usualmente considerado uma rebe lião em vez de revolução A revolução é propriamente falando mais um processo do que um evento Há um período inicial em que se avolumam as críticas ao estado e em que os adversários do governo se esforçam por obter o máximo de apoio Seguese então um período de confronto entre o governo e seus adversários isso pode acarretar uma prolon gada guerra de guerrilhas ou redundar em uma súbita explosão de tumultos populares Se o governo fracassa seguese um período em que os líderes revolucionários disputam o poder entre si e com os adeptos do antigo regime esse período inclui comumente guerras civis e inter nacionais e com freqüência um período de terror interno contra os inimigos da revolu ção Uma revolução vitoriosa leva então à con solidação do poder e à construção de novas instituições políticas Como esse processo pode levar décadas a datação das revoluções é fre qüentemente imprecisa Entretanto por ques tão de comodidade as revoluções são tipica mente datadas do ano em que cai o antigo regime portanto a Revolução Francesa de 1789 a revolução comunista chinesa de 1949 muito embora as lutas revolucionárias e a reconstrução do estado possam continuar ainda por várias décadas depois dessas datas O conceito de revolução como mudança fundamental é estritamente um desenvolvimen to moderno Da Grécia antiga ao Renascimento revolução significou um movimento cíclico como a revolução ou rotação dos planetas Em política o termo revolução também suben tendia portanto um padrão cíclico um mo vimento da aristocracia rumo à democracia e à tirania e de volta em um círculo interminável Somente no século XVIII sobretudo depois da Revolução Francesa de 1789 é que o termo revolução passou a se referir a uma mudança permanente e fundamental em vez de cíclica Avaliações morais O conceito de revolução é freqüentemente usado com implicações tanto morais como des critivas Muitos pensadores sobretudo os ins pirados em Karl Marx usam o termo revolu ção para assinalar uma mudança que seja va liosa e progressiva Em política isso significa usualmente reduzir a desigualdade e propor cionar maior justiça em outros campos quer simplesmente dizer progresso no conhecimento ou na produtividade como nos casos de revolução agrícola ou revolução da infor mática Esses pensadores consideram as revo luções necessárias para se realizar o progresso social com efeito sustentam freqüentemente que a revolução é o único caminho para der rubar idéias ou instituições estabelecidas Outros porém usam o termo para indicar um período de caos de luta desenfreada pelo poder com conseqüências destrutivas Vêem a revolução como um violento e perigoso afas tamento do curso normal da vida política Esses pensadores consideram que as revoluções são algo a ser evitado advogam que a desejada Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 664 revolução mudança social deve ser conseguida através de uma reforma gradual Essa discussão vem de longa data e está longe de ser decidida Diferentes autores con tinuam vendo as revoluções com otimismo ou pessimismo dependendo de sua avaliação in dividual sobre se os benefícios resultantes da mudança revolucionária compensam os custos Debates adicionais sobre a natureza das revolu ções têm se concentrado em duas questões por que ocorrem revoluções O que foi que elas realizaram Causas de revolução Pensar sobre as causas de revolução tornou se mais refinado ao longo do século XX Os primeiros pensadores concentraramse princi palmente nas multidões considerando a revolu ção o produto de um incontrolado e espontâneo entusiasmo popular Essa ação da multidão po dia ser deflagrada por um surto de penúria econômica ou por um ato particularmente fla grante de corrupção ou opressão governamen tal Nas décadas de 50 e 60 havia grande preo cupação com a possibilidade de que revoluções fossem desencadeadas em países que estavam mudando de padrões mais tradicionais para ou tros mais modernos de vida econômica e polí tica As populações apanhadas no meio entre os velhos estilos de vida e os recémimplan tados eram consideradas incomumente vulne ráveis à frustração e ao entusiasmo populares em função da rápida mudança Havia também preocupação em torno de ideologias como o comunismo que pudessem levar multidões a adotar um comportamento extremista e violen to As raízes da revolução eram apontadas na modernização e na subversão ideológica Mas na década de 70 sobretudo em resul tado da obra de Charles Tilly 1978 os es tudiosos da matéria tinham adquirido consciên cia de que o comportamento da multidão revo lucionária não era simplesmente espontâneo ou emocional Pelo contrário constatouse que a atividade revolucionária requeria liderança or ganização e mobilização na luta pela realização de objetivos políticos Esse conceito de mo bilização de recursos levou os scholars a pro curarem as causas das revoluções em mudanças de recursos entre grupos politicamente ativos Além disso Theda Skocpol 1979 e Jack Goldstone 1990 chamaram a atenção dos es tudiosos para os recursos do estado Sublinha ram que os próprios recursos do estado pode riam ser exauridos pelos custos da guerra ou do desenvolvimento econômico debilitando o es tado e criando oportunidades para os seus opo sitores Além disso assinalaram que os con flitos no seio da elite política e econômica eram freqüentemente cruciais na redução da eficácia do estado em se defender e no fornecimento da liderança para grupos adversários A noção que predomina atualmente sobre as causas da revolução está consubstanciada na teoria estrutural Essa propõe uma atenção combinada à mobilização de recursos e aos recursos do estado De acordo com essa concep ção as revoluções só ocorreriam quando uma combinação de fatores criasse uma situação estrutural favorável à revolução Tal situação inclui um governo enfraquecido elites inter namente divididas e alienadas e uma oposição dotada de liderança recursos incluindo o apoio popular e organização Considerase que as ideologias revolucionárias as quais pode riam incluir o comunismo o liberalismo ou o fundamentalismo islâmico só são capazes de obter ampla adesão quando surge uma situação estrutural que favorece a revolução Conseqüências da revolução O pensamento sobre as conseqüências da revolução está menos avançado que pensamen tos sobre suas causas Apenas duas conclusões parecem bem estabelecidas Primeiro as revo luções produzem geralmente um recrudesci mento do poder do estado porquanto a tendên cia dos regimes pósrevolucionários é de atacar o problema da fraqueza do estado dotandoo com um exército e uma burocracia muito maio res que no regime prérevolucionário Segundo as revoluções aumentam geralmente a proba bilidade de guerras internacionais uma vez que a mudança de regime em geral resulta na mudança de alianças internacionais Isso leva com freqüência a testes para avaliar a força e a solidez do novo regime ou das novas alianças através de uma agressão internacional que pode ser iniciada tanto pelo novo regime quanto por seus adversários Sobre um grande número de outras questões importantes tais como se as revoluções podem criar democracias estáveis reduzir a desigual dade ou incentivar o desenvolvimento econô mico as indicações são sumamente ambíguas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar revolução 665 O estudo sistemático dessas matérias está ape nas começando As metas no tocante às conseqüências são o que diferencia as rebeliões das revoluções Nas rebeliões as metas dos adversários do es tado não vão usualmente muito além da retifica ção de um determinado motivo de queixa ou de forçar uma mudança do pessoal ou da polí tica do estado Nas revoluções porém os opo sitores do estado são motivados por uma ideo logia que descreve as instituições vigentes co mo fundamentalmente defeituosas ou perver sas necessitando de total substituição ou re construção Embora as causas da rebelião e da revolução possam ser semelhantes fraqueza do estado divisões na elite e mobilização po pular o impacto da ideologia revolucionária sobre a promoção de metas e conseqüências radicais torna as revoluções distintas Perspectivas futuras de revolução Do início até meados do século XX quando as revoluções eram consideradas o produto de uma reação emocional popular às tensões gera das pela modernização esperavase que as revoluções se tornassem menos comuns à me dida que o mundo fosse ficando mais racional e desenvolvido Entretanto a percepção de que as revoluções estão baseadas na busca racional de realização de objetivos políticos e surgem quando ocorrem transferências de poder entre estados elites e grupos populares alterou essa expectativa As mudanças em tecnologia polí tica internacional e economia mundial colocam novos recursos nas mãos de vários grupos ao mesmo tempo em que fortalecem alguns es tados e enfraquecem outros Tais mudanças foram particularmente acentuadas nos países seriamente envolvidos na competição estratégi ca entre os Estados Unidos e a União Soviética Assim revoluções e tentativas de revolução têm sido freqüentes no final do século XX no Irã Nicarágua Afeganistão Polônia Filipi nas e provavelmente continuarão a ser uma característica recorrente da política mundial Ver também AÇÃO COLETIVA MARXISMO RE VOLUÇÃO PERMANENTE Leitura sugerida Dix R 1983 Varieties of revolu tion Comparative Politics 15 28193 Eckstein S 1982 The impact of revolution on social welfare in Latin America Theory and Society II 3394 Golds tone JA Gurr TR e Moshiri F orgs 1990 Revolu tions of the Late 20th Century Paige J 1975 Agra rian Revolution Walton J 1984 Reluctant Rebels JACK A GOLDSTONE revolução científicotecnológica Uma das transformações mais significativas da era mo derna foi a revolução na ciência e tecnologia no século XX Representa uma transformação fun damental na ciência na ligação entre ciência e tecnologia e nas relações entre ciência e socie dade As diferenças em relação a épocas an teriores incluem os mecanismos sociais de apoio à pesquisa os ambientes em que os pes quisadores trabalham os métodos pelos quais se procede ao seu recrutamento a organização da pesquisa científicotecnológica a maneira como os problemas são formulados escolhidos ou designados e as estruturas de recompensa que orientam em grande parte a busca de conhecimentos Em essência as relações entre ciência e sociedade foram substancialmente al teradas neste século e um aspecto disso está nos crescentes esforços para ligar a ciência mais estreitamente à tecnologia na tentativa de rea lizar metas econômicas ou outros objetivos na cionais Como ocorre com a maioria das transforma ções que afetam a esfera intelectual transcor rerá ainda algum tempo antes que toda a impor tância e todo o significado da revolução sejam reconhecidos e interpretados Entretanto mes mo antes que ela tenha concluído seu curso é evidente que não só a ciência e a tecnologia foram afetadas mas também todo o processo pelo qual o pensamento social adquire forma e na verdade talvez a própria substância do futuro pensamento social A revolução científica anterior no começo da era moderna fornece uma útil base de com paração A revolução dos séculos XVI e XVII foi uma revolução cognitiva Transformaram se os modos de pensar sobre a natureza os tipos de perguntas formuladas e os métodos de buscar respostas válidas Antes dos cientistas dessa era a escolástica reinava como senhora absolu ta com seu culto do pensamento clássico antigo e seu desdém pelo trabalho empírico Com essa revolução científica veio a formula ção de teorias idealmente expressas em termos matemáticos testáveis por observações em píricas obtidas onde possível a partir de ex perimentos A obra de Galileu no século XVII foi uma contribuição pioneira que estimulou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 666 revolução científicotecnológica materializou e definiu essa revolução científica Mudanças políticas acompanharam essa revo lução cognitiva e em última instância a ciência ganhou alguma independência em relação à supervisão do estado na época da Igreja Depois surgiram ou amadureceram ciências mais novas mas embora pudessem ter variado de perspectiva ou abordagem em relação às ciências anteriormente estabelecidas cada uma delas era formada em conformidade com o padrão de teoriaobservação cada uma delas era um produto da revolução anterior Exem plos incluem a epidemiologia a ciência médica e a ecologia O mesmo pode ser dito da aplica ção de métodos científicos ao estudo da socie dade incluindo o uso de experimentos delibe radamente planejados de natureza social ou econômica Nesse caso são feitas suposições simplificadoras acerca da natureza dos atores sociais e o pressuposto é que a pesquisa social orientada por padrão teoriaobservação ade quadamente adaptado pode levar a um melhor entendimento da ação social em média e da sociedade Em contraste a recente revolução científica e tecnológica teve um caráter inteiramente di ferente Sob o confuso frenesi de descobertas e invenções aparentemente infindáveis houve uma revolução na organização O que mudou mais radicalmente neste século foi a organiza ção social da ciência e é isso o que constitui uma transformação fundamental Muitas das tendências que culminaram na atual revolução como a maior especialização a ligação mais estreita entre ciência e estado vinham sendo visíveis há algum tempo No século atual po rém mudanças interligadas de natureza cumu lativa produziram um efeito de limiar uma revolução em ciência e tecnologia Em sua forma geral essa nova revolução foi conseqüência do impulso pela racionalidade que foi uma força motivadora da ascensão do Ocidente em especial desde a Reforma pro testante ver também ÉTICA PROTESTANTE TESE DA Os métodos de contabilidade que tornaram possível a empresa capitalista foram ampliados e aplicados inicialmente à tecnologia e depois à ciência Conceitos que antes se pensava per tencerem ao mundo dos negócios contratos orçamentos de tempo e gerência de tempo pro dutividade fluxos de produção propriedade etc passaram a figurar com destaque na administração agora gerência da ciência e da tecnologia Além disso em muitas sociedades a relevância especialmente a relevância para a prosperidade econômica dos que contribuem para o financiamento de pesquisas através de seus impostos cujo grau de satisfação pode determinar o destino dos governos em socie dades democráticas tornouse um critério de alguma importância na avaliação da ciência A incansável busca de racionalidade econô mica em parte alguma foi mais evidente do que na burocratização da pesquisa Para os cientis tas no plano individual isso significou uma transformação de exploradores independentes em empregados bemposicionados na escala hierárquica de carreiras em grandes organiza ções de profissionais ecléticos de amplo espec tro em especialistas cada vez mais restritos e de participantes pessoais em comunidades auto reguladoras em membros anônimos de grandes associações Ver também BUROCRACIA Historicamente numerosos fatores têm aju dado a alimentar essa revolução Por exemplo o reconhecimento sobretudo a partir do co meço do século XX de que a tecnologia e a ciência podiam ser utilizadas para a produção de armas forneceu um estímulo à revolução e em considerável medida orientou o seu curso subseqüente Quando cientistas ou engenhei ros estudando a natureza da matéria ou de materiais puderam fornecer um expertise útil para projetar e criar armas vencedoras de guer ras tornouse necessário pouco esforço para convencer governos a prover a amplo finan ciamento Além disso a crença de que a ciência e a tecnologia podiam elevar consideravelmen te o bemestar das nações definido em termos materiais e medido com indicadores econômi cos serviu de estímulo adicional para a trans formação da ciência e da tecnologia Ver tam bém CRESCIMENTO ECONÔMICO O resultado foi que a ciência e a tecnologia têm recebido mais apoio financeiro do que nun ca e que a pesquisa tem sido executada em laboratórios industriais ou governamentais em uma extensão muito maior do que antes fre qüentemente com sua direção determinada de antemão por decisões organizacionais ou em cumprimento de obrigações contratuais A pes quisa dentro e fora das universidades conver teuse em grande parte em pesquisa de equipe e o empreendimento científicotecnológico jus tificouse em termos de produção de patentes de publicações de pessoal O foco da pesquisa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar revolução científicotecnológica 667 transferiuse do problema científico para o ar tigo ou ensaio publicado ou para a patente Enquanto que em tempos passados um cientista ou tecnólogo um pensador independente podia debaterse com um único problema du rante alguns anos as exigências de prestação de contas impostas às organizações e aos seus empregados e as aspirações de carreira dos homens e mulheres de ciência e tecnologia combinaramse para assegurar a ampla aceita ção dos números de publicações ou patentes eou contagem do total de páginas ou pedidos de bolsas bemsucedidos ou contratos ou cita ções ou estudantes por ano como indicadores válidos de adequadas taxas de produção Qualquer consideração da revolução cien tíficotecnológica do século XX deve reconhe cer uma de suas principais características seu evidente sucesso Quer os problemas tenham sido indicados por grandes empresas capitalis tas ou pelo estado ou escolhidos por sua per tinência para os interesses do momento dis ciplinares ou sociais a ciência e a tecnologia têm se mostrado no seu todo notavelmente capacitadas a oferecer soluções aceitas pela grande maioria Uma questão crítica porém é se essa or ganização social presente permitirá as espécies de transformações no pensamento científico e social associadas a cientistas pioneiros da es tirpe de Copérnico Kepler Galileu Newton Faraday Snow Darwin Mendel Pasteur e Einstein ou a Adam Smith Marx Durkheim Weber e outros fecundos cientistas sociais Como está claro que a organização social da ciência e da tecnologia usualmente não esti mula na verdade desencoraja com freqüên cia o trabalho realmente inovador uma tese sombria vem à tona Em termos simples como a população humana crescendo em números e em consumo material exerce uma pressão cada vez maior sobre os limites da capacidade do ecossistema planetário surgem problemas sérios e aumenta a pressão para que a ciência e a tecnologia produzam soluções Como resul tado da revolução científicotecnológica do sé culo XX mecanismos traduzem essa pressão em exigências de maior racionalidade econô mica mais responsabilidade mais eficiência mais produtividade no uso de recursos alo cados pela sociedade para pesquisa Podem resultar níveis mais elevados de produtividade científicatecnológica quando medidos por in dicadores contemporâneos de desempenho mas também resultariam inevitavelmente taxas inferiores de descobertas científicas e inova ções tecnológicas significativas Ao fim e ao cabo acompanhando a transformação de sua organização social a ciência e a tecnologia não podem produzir suficientes obras de qualidade para sustentar a sociedade industrial Em essên cia a sociedade moderna contém em seus va lores fundamentais as sementes de sua própria extinção Encarada historicamente a mesma raciona lidade que possibilitou a Revolução Industrial no Ocidente propagouse de seu foco inicial predominantemente comercial para todas as outras áreas da sociedade Nenhuma área es capou à sua influência Entretanto levada ao seu extremo a racionalidade econômica con duz ao consumo sem possibilidade de reno vação dos próprios recursos que possibilita ram a sociedade moderna as contribuições de cientistas engenheiros pensadores indepen dentes impelidos por irrefreável curiosidade por um interesse em idéias motivado pelo sim ples amor às idéias por uma paixão por com preender ou por outras motivações irracio nais semelhantes as pessoas com tais motiva ções não desapareceram mas a revolução do século XX na organização social afetando laboratórios empresariais e governamentais institutos de pesquisa e universidades de fine a maioria das pessoas com esses tipos de motivações como improdutivas não merece doras de séria consideração ou de apoio fi nanceiro e na melhor das hipóteses as marginaliza Em última análise a questão consiste em saber se a organização social da ciência e tec nologia e da criação de conhecimento de modo mais geral permitirá qualquer contribui ção efetiva para a revolução no pensamento social e nos valores da sociedade que será re querida com vistas à sobrevivência a longo prazo da espécie humana com uma razoável qualidade de vida dentro de seu meio ambiente natural Como a ciência e tecnologia estão cada vez mais solidamente submetidas à maquinaria de produção do capitalismo atual como as ca pacidades críticas de cientistas engenheiros e de modo mais geral intelectuais estão cada vez mais anestesiadas muitas vezes por suas próprias ambições pessoais de êxito ou necessidades de sobrevivência dentro do atual Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 668 revolução científicotecnológica sistema como as sociedades em todo o planeta se esforçam ao máximo por imitar os modelos de consumo de massa do Ocidente materialista assim se fecham as janelas de oportunidade possivelmente restantes Ver também MUDANÇA TECNOLÓGICA RACIO NALIZAÇÃO SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA TECNOCRA CIA Leitura sugerida Bernard C 1865 1961 An Intro duction to the Study of Experimental Medicine Harré R 1981 Great Scientific Experiments Twenty Experi ments that Changed our View of the World Internatio nal Sociological Association 1977 ScientificTechnolo gical Revolution Social Aspects Kanigel R 1986 Appendice to Genius The Making of a Scientific Dynas ty Kuhn Thomas S 1961 The Structure of Scientific Revolutions Latour Bruno e Woogar Steve 1979 Laboratory Life The Construction of Scientific Facts Lemaine G Darmon G e Nemer S 1982 Noopolis les laboratoires de recherche fondamentale de latelier à lusine Martin BM Baker CMA Manwell C e Pugh C 1986 Intellectual Suppression Australian Case Histories Analysis and Responses Merton RK 1973 The Sociology of Science Theorical and Em pirical Investigations Pirsig R 1974 Zen and the Art of Motorcycle Maintenance an Inquiry into Values SzentGyorgyi A 1971 Lookin back Perspectives in Biology and Medicine 15 15 ALDEN S KLOVDAHL revolução gerencial A expressão referese lato sensu ao processo pelo qual a propriedade e o controle da indústria teriam passado em tese de empresários e famílias para gerentes profissionais assalariados também tem sido usada em referência a mudanças na base do domínio político em termos de classes Nessa última acepção designa o processo pelo qual uma classe capitalista dominante é substituída por uma nova classe dominante de gerentes financeiros e técnicos A mais antiga formulação da tese geral da revolução gerencial na indústria pode ser en contrada na obra de Berle e Means 1912 Esse livro nasceu de uma preocupação nos círculos liberais norteamericanos a respeito do poder industrial exercido por banqueiros de Nova York Tal preocupação expressouse na idéia de um truste monetário através do qual financis tas como JP Morgan estavam controlando a indústria na base de grandes participações acio nárias empréstimos e diretorias interligadas Adolf Berle advogado independente e Gar diner Means economista foram mais otimistas a esse respeito considerando que era apenas uma fase no movimento de afastamento do tradicional controle pelo dono e de encami nhamento para um sistema de controle geren cial em que as atividades de negócios pode riam ser mais facilmente submetidas ao interes se público Em 1933 Roosevelt iniciou o New Deal a sua política econômica e social des tinada a superar os problemas econômicos pre cipitados pelo colapso financeiro de 1929 Ber le foi recrutado para o brain trust grupo organizado pelo presidente para realizar es tudos e solucionar problemas e que apresentou numerosas idéias e políticas aproveitadas por Roosevelt desse modo a tese da revolução gerencial passou a ter um significativo impacto no pensamento oficial e empresarial nos Es tados Unidos Berle e Means sustentaram que a escala crescente da empresa comercial e industrial significava que as companhias teriam que re correr a pools mais vastos de capital para finan ciar suas atividades Por conseguinte a proprie dade das ações das companhias ficaria cada vez mais dispersa Os donos de uma companhia possuiriam uma percentagem decrescente das ações e deixariam de poder exercer a espécie de controle que era possível quando detinham a propriedade pessoal do empreendimento como um todo Eles poderiam exercer inicialmente o controle majoritário mas quando sua par ticipação acionária ficasse abaixo de 50 pas sariam a exercer somente um controle minori tário Finalmente seus valores mobiliários se tornariam tão diminutos que eles desaparece riam na massa de pequenos acionistas Nessa situação o capital é subscrito por um grande número de indivíduos cada qual com uma per centagem muito pequena do total e nenhum acionista possui suficientes ações para exercer o controle da companhia Os diretores e prin cipais executivos a gerência deixam de ser coagidos pelos interesses dos seus acionistas e é concretizado o controle gerencial A obra de James Burnham 1941 deu uma inclinação mais radical a essa tese ao con siderála a base da ascensão ao poder de uma nova classe dominante Burnham afirmou que o crescimento da empresa era mais que uma simples questão de escala Havia também uma crescente complexidade técnica dos meios de produção e o autor sustentou que o controle sobre a indústria estava se transferindo dos grupos dependentes da estrutura da propriedade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar revolução gerencial 669 e lucratividade privadas acionistas e financis tas para os que possuem as necessárias quali ficações e os conhecimentos indispensáveis pa ra dirigir os novos meios de produção Qualifi cações organizacionais e conhecimentos técni cos constituíam a base do poder gerencial Bur nham considerou que a base de conhecimento dos gerentes está expressa na nova CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO O poder dos gerentes na indús tria conferelhes um papel de destaque na so ciedade como agentes de um sistema de pro priedade estatal em evolução o seu poder na indústria corresponde ao crescente poder dos gerentes no estado As vastas e complexas burocracias do estado moderno sustentou ele exigiam administradores altamente qualifica dos que suplantassem cada vez mais os políti cos eleitos no preenchimento de cargos Portan to a revolução gerencial foi o processo pelo qual os gerentes na indústria e no estado con solidaram seu poder e se tornaram uma nova classe governante Burnham escrevendo na dé cada de 40 percebeu que isso tinha sido reali zado na União Soviética na Itália fascista e na Alemanha nazista A GrãBretanha e os Estados Unidos afirmou ele caminhariam em breve na mesma direção No período do pósguerra a tese de Burnham foi especialmente influente entre os analistas dos estados comunistas emergentes encontran do sua expressão em várias noções de totalita rismo e na conceituação por Djilas 1957 da nova classe burocrática da Europa Oriental Entre os autores sobre o capitalismo ocidental contudo foi a formulação de Berle e Means a mais influente de todas Essa concepção estava associada porém à afirmação de que a revolu ção gerencial estava transformando a sociedade industrial e criando uma nova sociedade em que não haveria divisões de classe Os gerentes na opinião de autores tão diversos quanto Bell 1961 e Galbraith 1967 eram meramente os ocupantes atuais de posições em um sistema aberto e meritocrático Elevadas taxas de mobi lidade social asseguravam que eles não for mariam uma classe social fechada e seu isolamento das exigências de propriedade e lucro garantiam que iriam atuar no interesse social geral Essa concepção da SOCIEDADE PÓS INDUSTRIAL tornouse na maior parte das déca das de 50 e 60 a principal perspectiva socioló gica sobre a sociedade moderna A tese da revolução gerencial conforme expressa nas teorias da sociedade pósindus trial tem sido alvo de consideráveis críticas nos últimos 20 anos Provouse que era infundada a crença em que a participação acionária estava se tornando irrelevante para o controle A situa ção observada por Berle e Means no início da década de 30 foi na melhor das hipóteses um período transitório Desde essa época tem se registrado um maciço crescimento das carteiras acionárias de instituições financeiras ban cos companhias de seguro e fundos de pensões A posse de ações tornouse mais concentrada não mais disseminada Isso aumentou o poder de diretores das principais instituições finan ceiras que compreendem um círculo restrito de líderes empresariais Zeitlin 1989 Useem 1984 As pesquisas também indicaram que o evolucionismo e a inevitabilidade da posição gerencialista devem ser questionadas e se deve dar mais atenção às variações entre países em suas respectivas experiências de desenvolvi mento da administração empresarial Scott 1985 Leitura sugerida Berle AA e Means GC 1932 The Modern Cooperative and Private Property Bur nham J 1941 The Managerial Revolution Florence PS 1951 Ownership Control and Success in Large Companies Gordon D 1945 Business Leadership in Large Corporations Herman EO 1981 Corporate Control Corporate Power Mintz B e Schwartz M 1985 The Power Structure of American Business Scott John 1985 Corporations Classes and Capita lism 2ªed Ο 1986 Capitalist Property and Financial Power Useem M 1984 The Inner Circle Zeitlin MR 1989 The Large Corporation and Contemporary Classes JOHN SCOTT revolução permanente Esta expressão pas sou a representar a conjunção em um processo contínuo de dois tipos de transformação revo lucionária De origem obscura foi introduzida no pensamento marxista pelo próprio Karl Mar x Mas a teoria completa da revolução per manente está associada ao nome de Leon Trots ky que desde 1905 até sua morte em 1940 desenvolveu defendeu e sistematizou a idéia dessa transformação revolucionária dupla para países em estágio inicial de desenvolvimento capitalista A própria expressão não é inteiramente ade quada para o significado que adquiriu parecen do apontar antes uma perspectiva de inter Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 670 revolução permanente minável convulsão política e social ou de mudança radical Exceto quando caricaturada por adversários contudo a expressão não foi proposta com esse sentido O exame por Marx das perspectivas da Alemanha em meados do século XIX indica os temas principais Uma REVOLUÇÃO meramente democrática ou de mocráticoburguesa ou seja uma revolução dirigida contra a autocracia política e as rela ções econômicas précapitalistas era pen sava ele problemática naquele país uma vez que ao principal beneficiário de tal revolução parcial a burguesia faltava a vontade política para levála adiante por causa do medo que sentia da classe abaixo dela o proletariado Este último como a única classe verdadeiramente radical podia e devia tomar a iniciativa lutar embora não apenas pela revolução democrática que era necessária para uma Alemanha ainda atrasada libertarse da herança da Idade Média mas para uma emancipação mais completa envolvendo a abolição da propriedade privada e das classes Foi a junção dessas duas etapas revolucionárias a democráticoburguesa e a socialista em um processo mais ou menos ininterrupto que constituía a permanência da revolução Marx também previu que os esforços políticos do operariado alemão seriam ajudados por uma vitória do proletariado na França Apesar da presença desses temas na obra de Marx foi um ponto de vista diferente que também pode ser nela encontrado que veio a definir a ortodoxia marxista e concomitan temente a expectativa comum dos marxistas russos nos primeiro anos do século XX Esse ponto de vista dizia que antes de as relações econômicas existentes poderem ser substituí das por outras mais avançadas já deviam ter amadurecido as forças e condições materiais apropriadas O socialismo deve basearse em um alto nível de progresso capitalista Assim as duas principais correntes no interior do mo vimento socialista russo embora discordassem acerca do papel do proletariado em uma futura revolução russa os bolcheviques vendoo em um papel de liderança os mencheviques em um papel meramente coadjuvante estavam uni das em pensar que essa revolução só podia ser democráticoburguesa no conteúdo seus obje tivos em um país atrasado e predominantemen te agrário tinham que ser a democracia política e um período de desenvolvimento econômico e social capitalista como uma etapa distinta an terior a qualquer revolução socialista Nessa relativa harmonia uma única voz pro jetou uma nota discordante O que para Marx fora apenas uma linha ocasional de pensamento recebia agora uma base independente fornecida pelo jovem Trotsky a resultante teoria da revo lução permanente serviulhe como diretriz para o resto da vida Formulada inicialmente depois da derrotada revolução russa de 1905 seu ponto de partida foi o que Trotsky chamaria mais tarde a lei do desenvolvimento combinado e de sigual O grau e o ritmo desiguais do desen volvimento capitalista em países diferentes em conjunto com a tendência do capitalismo a transpor fronteiras nacionais levando consigo seus produtos seus métodos sua tecnologia e suas comunicações tinham o efeito em regiões economicamente menos desenvolvidas susten tou ele de produzir uma distinta combinação histórica de arcaicas estruturas sociais e políti cas précapitalistas por um lado com um rela tivamente avançado embora pequeno setor de indústria capitalista por outro A Rússia estava nesse caso lá o capitalismo tinha sido promo vido pelo próprio estado e acelerado pelo inves timento estrangeiro que ele encorajava Os mais modernos métodos de produção tinham sido projetados subitamente em um meio economi camente atrasado em vez de se desenvolverem organicamente com a evolução mais gradual de uma classe empresarial nacional Por conse guinte a burguesia e o liberalismo russos eram fracos e temerosos de uma revolução popular enquanto que a classe operária estava altamente concentrada era politicamente militante e au toconfiante Embora pequena essa classe teria sustentava Trotsky que liderar os camponeses contra o czarismo o campesinato era extrema mente heterogêneo e estava geograficamente disperso demais para poder ele próprio assumir a liderança Foi a partir dessa hipótese da liderança po lítica proletária na Rússia que Trotsky derivou a então heterodoxa projeção de que a primeira revolução anticapitalista poderia muito bem ocorrer fora do mundo capitalista avançado Pois se os representantes da classe operária chegassem ao poder através da revolução eles não poderiam limitarse a realizar os objetivos de um programa democráticoburguês A dinâ mica da luta de classes oporia importantes for ças burguesas até mesmo a esse programa mí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar revolução permanente 671 nimo compelindo a classe operária a atacar as próprias bases da riqueza e do poder capitalis tas se a revolução não quisesse fracassar em seus mais elementares objetivos Não haveria portanto qualquer divisão estrita entre as etapas democráticoburguesa e socialista O conteúdo das duas revoluções iria fundirse em um só Se a Rússia contudo podia iniciar a transi ção para o socialismo não poderia completála sozinha Nesse ponto Trotsky sustentou a tese marxista ortodoxa de que o socialismo requer uma estrutura internacional e um alto nível de desenvolvimento das forças produtivas A me nos que a revolução na Rússia fosse logo segui da como ele confiantemente esperava que ocorresse de revoluções em outros países chaves europeus produzindo conjuntamente um projeto internacional de transição socialista o novo estado dos trabalhadores na Rússia es taria condenado ao fracasso em curto espaço de tempo Esse era o segundo componente da teo ria da revolução permanente a insistência na urgência de vitórias socialistas em outros paí ses Menos saliente antes de 1917 do que a discussão em torno da fusão das etapas revolu cionárias tornouse nas décadas de 20 e 30 um dos temas principais na oposição à defesa por Stalin do socialismo em um só país Apesar de alguns paralelos entre suas pró prias concepções sobre a Rússia e as de outros pensadores Rosa Luxemburgo por exemplo acerca da questão crucial da dinâmica anticapi talista da iminente revolução russa Trotsky permaneceu sozinho entre os marxistas durante mais de uma década Rejeitando a sua teoria até 1917 Lenin e o Partido Bolchevista que o apoiava adotaram então uma perspectiva idên tica em todos os aspectos essenciais à de Trots ky como o programa da Revolução de Outubro Isso tem sido negado freqüentemente pelos apologistas do stalinismo e de modo geral na tradição do COMUNISMO ortodoxo mas a nega ção carece de credibilidade intelectual A perspectiva de revolução permanente foi em um aspecto notavelmente presciente an tecipando em linhas gerais o que estava real mente para acontecer na Rússia em face de uma forte e rígida ortodoxia que teria parecido absurdo prever Nessa perspectiva ao mesmo tempo como no marxismo clássico em ter mos genéricos a facilidade e a rapidez com que a revolução socialista poderia propagarse de uma arena nacional para outras foram cla ramente superestimadas Trotsky por outro la do subestimou a capacidade de um regime pósrevolucionário na Rússia sobreviver isola do tendo preconizado inicialmente a sua queda iminente viria mais tarde a se referir em rela ção ao governo de Stalin à prolongada degene ração do regime Mas se a ausência de revolu ções socialistas no mundo capitalista avançado deixa de certo modo um ponto de interrogação geral sobre a teoria da revolução permanente como na verdade sobre uma expectativa mar xista clássica central os acontecimentos que se desenrolam agora na exUnião Soviética e na Europa Oriental podem de outra maneira con firmar tardiamente a teoria se levarem ao pleno restabelecimento do capitalismo nesses países Ver também TROTSKISMO Leitura sugerida Deutscher I 1954 The Prophet Ar med Trotsky 18791921 Geras N 1976 The Legacy of Rosa Luxemburg KneiPaz B 1978 The Social and Political Thought of Leon Trotsky Löwy M 1981 The Politics of Combined and Uneven Develop ment Marx K 1843 1975 Contribution to the critique of Hegels philosophy of law introduction In K Marx e F Engels Collected Works vol3 p17587 Trotsky L 1906 1930 1962 The Permanent Revo lution and Results and Prospects Ο 1922 1972 1905 Ο 1932 1977 History of the Russian Revolution NORMAN GERAS riqueza No moderno pensamento social o conceito econômico de riqueza qualquer PROPRIEDADE que tenha um valor negociável ou valor de troca tem sido normalmente tratado como uma dimensão importante e fundamental da desigualdade social ou econômica e fre qüentemente discutido ou empregado por críti cos esquerdistas do capitalismo ou da ordem social existente Para os marxistas as concen trações privadas de posses de riquezas são parte integrante do processo de controle pela classe burguesa dos meios de produção distribuição e troca e eles em geral têm considerado a questão da posse de riquezas no contexto da propriedade do capital produtivo por uma classe minimi zando a importância de outras formas de patri mônio Radicais nãomarxistas como RH Tawney 18801962 e Anthony Crosland 191877 conferiram maior ênfase ao papel da posse de riquezas especialmente as concentra ções significativas de riqueza herdada na ma nutenção da desigualdade política e social das modernas sociedades capitalistas Uma terceira corrente representada por cientistas sociais co Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 672 riqueza mo Thorstein Veblen 18571929 Joseph Schumpeter 18821950 e C Wright Mills 191662 examinou a categoria social das pes soas ricas especialmente aquelas com substan cial patrimônio herdado Veblen foi o primeiro a pôr em relevo a exibição vulgar de consumo conspícuo entre os ricos Schumpeter exami nou os efeitos pretensamente deletérios da ri queza herdada sobre a capacidade empresarial entre os herdeiros de selfmade men Mills for mulou o conceito de elite do poder para en globar a superposição de pessoal entre o grande empresariado o governo os militares e outros elementos que discerniu na América pós1945 Economistas e outros trabalhando a partir de um quadro de referência neoclássico ou key nesiano têm se dedicado cada vez mais a exa minar questões de concentração e distribuição de renda e riqueza sob aspectos de relevância para a teoria social Na década de 50 Simon Kuznets expôs a teoria verificada ao que tudo indica por pesquisadores subseqüentes como Lee Soltow Jeffrey Williamson e Peter Lindert de que a concentração de renda e por implicação de riqueza em mãos particula res se torna mais desigual durante e imediata mente após o período de industrialização de uma nação e em seguida cada vez mais igua lizada em contraste com a teoria marxista clás sica No tocante à GrãBretanha a pesquisa empírica revelou que a má distribuição de renda atingiu o seu ponto máximo no período entre 1870 e 1914 e que a renda foi ficando progres sivamente distribuída de forma menos desigual desde o final da Primeira Guerra Mundial O grau de concentração de posse de riqueza me dida pelo registro de sucessões acompanhou o de rendas em se tornar mais igual depois ob viamente do intervalo de uma geração Não está esclarecido se isso ocorreu por causa de processos econômicos naturais a criação de uma sociedade afluente de consumo de mas sa ou especificamente em função de medidas tributárias redistribucionistas e atividades sin dicais Os historiadores sociais também têm exami nado com crescente freqüência os ricos como categoria social assim como a evolução da posse de riqueza em sociedades modernas prin cipalmente por meio dos registros de sucessões e outros dados tributários que permitem adqui rirse o conhecimento da identidade e nível de riqueza de pessoas falecidas O debate em torno da ascensão da pequena nobreza rural a gen try no período inicial da Inglaterra moderna levado a efeito por RH Tawney Lawrence Stone JH Hexter Hugh TrevorRoper e ou tros examinou com detalhes as fortunas econô micas da aristocracia e da gentry na GrãBreta nha desde 1800 empreendido por WD Ru binstein mostrou que na mais importante área industrial da GrãBretanha se adquiria muito mais riquezas nas finanças e no comércio es pecialmente na City de Londres do que em manufaturas isso ocasionou um debate sobre as implicações do capitalismo dividido pela geografia na GrãBretanha Outros estudos das classes médias inglesas empregando fontes pa trimoniais semelhantes foram publicados por Leonore Davidoff Catherine Hall e Robert Morris ao lado de uma literatura em constante aumento sobre os ricos nos Estados Unidos França Alemanha e outros países Leitura sugerida Daumard Adeline 1973 Les for tunes françaises au XIXe siècle Davidoff Leonore e Hall Catherine 1986 Family Fortunes Lundberg Ferdinand 1968 The Rich and the SuperRich Mills CW 1956 The Power Elite Pessen Edward 1973 Riches Class and Power before the Civil War Ο org 1974 Three Centuries of Social Mobility in America Ο org 1980 Wealth and the Wealthy in the Modern World Rubinstein WD 1986 Wealth and Inequality in Bri tain Schumpeter JA 1942 1987 Capitalism So cialism and Democracy Stone Lawrence e Stone Jeanne Fawtier 1984 An Open Elite England 1540 1880 Veblen Thorstein 1899 1953 The Theory of the Leisure Class WD RUBINSTEIN ritual político Como atividade formal ou padronizada tipicamente desempenhada em certos momentos e locais específicos o ritual difere dos hábitos e costumes por ser simbólico e com freqüência dramático expressando e comunicando não só idéias mas também pode rosos sentimentos Isso é feito através de cenas atos e palavras simbólicas que reúnem idéias diversas Um único símbolo pode freqüente mente representar muitas idéias e a interpreta ção do simbolismo ritual é muitas vezes am bígua Os rituais políticos ocorrem tipicamente diante do público o que eles expressam e co municam diz respeito ou ajuda a configurar interesses centrais dos que neles participam e dos que os observam Desse modo podem con tribuir para determinar o que é politicamente significativo em uma comunidade representan Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar ritual político 673 do o seu passado e o seu futuro bem como as relações sociais dentro dela Ver também CUL TURA POLÍTICA Os efeitos do ritual político são difíceis de avaliar mas é provável que sejam cognitivos e emocionais veiculando certa imagem estereo tipada do mundo social e político e das iden tidades dos que o habitam por um lado e por outro fortes sentimentos associados a essa ima gem induzindo ou reforçando freqüentemente sólidas lealdades e por vezes hostilidades Ver também IDENTIDADE O resultado pode ser so cialmente coesivo ou divisivo Os rituais polí ticos podem ser integrativos um meio de legi timação inculcando e consolidando uma reli gião civil como digamos se presume que ocor ra em cerimônias de coroação ou no Memorial Day quando os americanos comemoram os seus mortos em guerras ver Warner 1959 ou conflitantes como quando por exemplo os Apprentice Boys protestantes desfilam em áreas católicas da Irlanda do Norte ou os es tudantes chineses erguem uma Estátua da Li berdade na Praça Tienannen podem ainda ser vir para marcar e assim reforçar divisões em uma sociedade plural como nos desfiles étnicos ou nos desfiles comemorativos do 1º de Maio em sociedades capitalistas Dizer que os rituais políticos são expres sivos não é negar que possam ser instrumental ou estrategicamente usados seja para consoli dar o poder ou resistir a ele ou a fim de expres sar uma oposição limitada à ordem social exis tente Além disso a sua interpretação é com freqüência motivo de contestação até mesmo de luta Tampouco se suponha que ritual políti co é meramente ritual uma ilusão essencial mente irrelevante para as questões concretas da política Tanto ditadores quanto revolucio nários têm acreditado claramente no grande poder de seus efeitos até mesmo os líderes racionalistas da Revolução Francesa pensaram ser importante estabelecer requintados rituais da Razão obliterando assim o simbolismo do passado católico ver o capítulo de L Hunter in Alexander 1988 Os rituais políticos podem ser ocasiões tanto solenes como festivas como coroações ou des files Podem ser atividades de aparência nãori tual como as eleições que são interpretadas então como rituais políticos E podem ser consi derados aspectos de atividades políticas or dinárias como quando se observa digamos um aspecto ritual no processo orçamentário Leitura sugerida Edelman M 1971 Politics as Sym bolic Action Kertzer DI 1988 Ritual Politics and Power Moore SE e Myerhoff BG orgs 1977 Secular Ritual STEVEN LUKES rotulação Em um contexto sociológico ou criminológico a palavra deveria ser usualmen te lida como referência a um conjunto especial de idéias sobre a interação entre linguagem e o eumesmo self na formação da identidade em particular da identidade desviante Cumpre ain da assinalar que os mais destacados teóricos da rotulação não manifestam realmente grande apreço pelo termo e o associam às simplifica ções criadas por seus críticos A própria teoria da rotulação pode ser tratada como um elemento da sociologia interacionista e fenomenológica simbólica ver FENOMENOLO GIA INTERACIONISMO SIMBÓLICO que foi inserido nas análises de desvio e controle em 1938 por Crime and the Comunity de Tannenbaum em 1951 por Social Pathology de Lemert e em 1963 por Outsiders o livro sumamente impor tante de Becker É fruto da preocupação in teracionista com o eumesmo que resultou de uma resposta filosófica a Hegel formulada por CS Peirce J Dewey W James e GH Mead ver PRAGMATISMO O eumesmo sustentam os interacionistas é um processo reflexivo na consciência uma divisão da subjetividade em fases ligadas um voltarse a mente para si mesma de modo a que se torne simultaneamente observadora e obser vada Eu e a mim Manifestase na conduta As pessoas falam sobre si mesmas e sobre as atividades em que estão envolvidas Podem recordar e reverse como eram no passado pro jetarse em novas situações apurar algo de mo do a que outros as vejam ensaiar suas próprias respostas a esses outros e antever o que estes por sua vez podem voltar a lhes dizer Serão definidas por outros e assumir o papel do outro é uma atividade substitutiva que permite uma perspectiva sobre as identidades social mente situadas de cada um As pessoas tornam se sociais nesse processo entrelaçandose na ação projetada de outros incorporando as pers pectivas dos outros nas suas próprias No que foi chamado o gesto significativo elas podem assumir múltiplas identidades interatuantes que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 674 rotulação são encenadas ao longo do tempo elas mesmas e os outros estão contracenando em um ato que se desenrola por toda parte Assim os eusmes mos criam outros eusmesmos e por eles são criados são construídos de modo cooperativo com outros importantes que ajudam a definir quem e o que cada um é em um dado momento Os eusmesmos são objetos simbólicos e o principal veículo de objetificação é a lingua gem A linguagem separa classifica generali za anonimiza registra e preserva Permite aos usuários desligaremse de sua própria subjeti vidade coisificandoa Permite à pessoa reagir a si mesma como reagiria a uma outra O caráter de um eumesmo é fixado pela linguagem observou Peirce A minha linguagem é a soma total de mim A pessoa pode adotar tantas posturas em relação a si mesma quantos nomes existam e assumir um novo nome induzirá na pessoa uma transformação de si mesma O be bedor pode tornarse um alcoólatra o magro um anoréxico o comedor um glutão Os títulos dão forma ao eumesmo contudo a mera oferta de um título não obriga ninguém a aceitálo uma pessoa é repetidamente bombardeada com ofertas de identidade por parte de associações partidos ocupações críticos e amigos e não aceita todas elas O que conta é possuir um senso dos limites da plausabilidade e das pos sibilidades dos caracteres que se apresentam tanto em nós mesmos quanto nos outros são os efeitos que a mudança pôde operar no mundo social de cada um a vinculação de cada um à pessoa ou grupo que faz a oferta e a capacidade de cada um de resistir ou se modificar a simes mo Existe outro modo em que a organização de um eumesmo espelha a linguagem Os in teracionistas adotaram a conversação como modelo de sua própria lógica de explicação ver CONVERSACIONAL ANÁLISE A conversação avança à medida que vai produzindo indicações que captam criam e ordenam a vida social reage a essas indicações apóiase nelas funde se diluise nelas e fabrica a sua própria e dis tinta realidade simbólica A fala de diferentes pessoas pode combinarse ao longo do tempo tornandose uma forma de propriedade coleti va Pode reportarse e responder a si mesma constituindose reflexivamente Por sua vez o interacionismo descreve a vida social como sendo ativamente mediada por processos con versacionais que são interativos dialéticos e emergentes Examina a interação dentro de si mesmo entre o eu e o a mim analisaa como diálogo Uma pessoa pode ser ouvida interrogandose a si mesma elogiandose mos trandose em comunhão consigo mesma de mo do conversacional É uma pessoa falando com outras Como em todas as conversações uma pes soa raramente recebe uma resposta completa o conhecimento de si mesma é incompleto me diado e situado Está sendo interminavelmente descoberto A pessoa tenta estabelecer quem é e o que está fazendo captando um relance de seus próprios gestos e as reações que os outros têm a eles O eumesmo é uma inferência uma questão de conjectura baseada em uma rápida suposição ou suspeita e em uma rudimentar descrição operacional E como qualquer outra inferência não necessita ser correta verídi ca ou penetrante A compreensão que uma pessoa tem de si mesma e dos outros é freqüen temente fornecida por categorias que possuem mais de caricatura e estereótipo do que de deta lhe ou nuança O a mim é uma reificação confrontandose e trabalhando com outros que foram analogamente reificados Um relaciona mento social não pode ser um encontro entre pessoas reveladas em toda a plenitude de seus verdadeiros eus Ele é mediado por interpre tações que se desenvolvem e interatuam e que ostentam as marcas dos participantes De modo geral faltam às pessoas o tempo e a curiosidade para aprofundar muito a sua própria história e as dos outros seus motivos e ambições Há uma tendência a fornecer tãosomente os detalhes suficientes para manter viva a interação A vida está baseada em rótulos rudimentares e prontos A teoria da rotulação é na realidade pouco mais que uma extensão dessa idéia do eumes mo à arena da violação de regras e do controle social ver também CRIME E TRANSGRESSÃO Tornarse transgressor é um processo transfor mativo que gravita em torno da aquisição de nomes significados motivos e perspectivas É mediado pela linguagem e pelas identidades e interpretações que a linguagem confere É as sistido e por vezes forçado pelos outros sig nificativos que povoam os ambientes onde se movimenta o transgressor emergente O trans gressor em suma está profundamente implica do em definições negociadas de pessoas e com portamentos As reações à transgressão dãolhe organização simbólica e identidade pública No Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar rotulação 675 enunciado central de sua tese Becker 1963 disse Os grupos sociais criam a transgressão ao for mularem regras cuja infração constitui transgressão e ao aplicar essas regras a determinadas pessoas que passam a ser rotuladas como marginais Desse ponto de vista a transgressão não é uma qualidade do ato que a pessoa comete mas antes uma conseqüência da aplicação por outros de regras e sanções a um infrator O transgressor é alguém a quem esse rótulo foi aplicado com êxito comportamento transgressor é comportamento que as pessoas assim rotularam O que torna singular a transgressão é que se trata de um status moralmente desvalorizado acompanhado pela imposição real ou ameaçada de sanções Importantes instituições são dedi cadas à descoberta policiamento investigação e punição de transgressores Os que se tornam delinqüentes podem muito bem desejar escapar à pena tornandose foragidos A maioria dos transgressores consegue es capar às atenções Contudo mesmo quando passam despercebidos ou são tolerados ainda farão conjecturas acerca do significado de suas ações e de si mesmos recorrendo a tipificações públicas mais amplas de conduta e formulando intenções em trocas com cúmplices amigos parentes e vítimas A transgressão foi com parada ao comportamento cujo roteiro foi ela borado em interação Quando os transgressores não escapam a rotulação pode ser insinuada publicamente a fim de operar importantes transformações de identidade Tribunais polícia e prisões são in vestidos de um terrível simbolismo eles dra matizam o mal na frase de Tannenbaum Tor narse publicamente um transgressor pode ser deveras funesto No mínimo imporá a neces sidade de fazer uma acomodação com a reação pública suscitada pela violação das regras em bora a acomodação possa assumir diferentes formas e nem todas as reações ampliem o con flito De fato alguns rótulos têm realmente o efeito irônico de preservar o amorpróprio do transgressor as mães solteiras descritas por Rains 1971 eram encorajadas a se imaginarem como mulheres virtuosas que tinham sucum bido e é útil aos credores fazer com que seus devedores acreditem que ainda são honestos Alguns transgressores tornamse penitentes ou aceitam um papel de doente no qual se mos tram temporariamente inválidos As identidades desprezadas também podem mudar seus eus O rótulo formal de transgressor tende a ser indesejável reifica e supercatego riza os seus sujeitos as características sin gulares de uma pessoa ou fenômeno ficarão toldadas ou perdidas e materiais putativos serão adicionados As pessoas poderão resistir prefe rindo descreverse por outros nomes e a suposi ção de identidade desviante será freqüentemen te forçada e por conseqüência teatral acar retando o que Harold Garfinkel chamou uma cerimônia de degradação de status a qual culmina na recomposição coercitiva do eu mesmo De modo muito típico a transgressão tornase ainda mais pronunciada em tal obra dramatúrgica adquirindo centralidade simbóli ca tornandose exagerada em sua denúncia constituindo o status dominante de uma pes soa e fechando o acesso a outros eus e papéis Muitas características desviantes podem realmente ser explicadas pela forma e conteúdo do processo de rotulação Assim Schur 1971 sustentou que a identidade dos usuários de dro gas é formada tanto pelo controle social quanto pelas qualidades intrínsecas das próprias dro gas ilícitas Goffman 1961 descreveu a loucu ra como um papel que recebe definição nas estratégias de administração dos manicômios e Scott 1969 escreveu sobre a cegueira como incapacidade aprendida Não é suficiente des crever as características do transgressor e o ato desviante per se os interacionistas manteriam ser imprescindível também o reconhecimento dos componentes e conseqüências simbólicos da experiência de transgressão Leitura sugerida Becker H 1963 Outsiders Ο org 1964 The Other Side Goffman E 1961 Asylums Lemert E 1951 Social Psychology Plumer K 1979 Misunderstanding labelling perspectives In Deviant Interpretations org por D Downes e P Rock Rains P 1971 Becoming an Unwed Mother Schur E 1971 Labelling Deviant Behaviour Scott R 1969 The Making of Blind Men Tannenbaum F 1938 Crime and the Community PAUL ROCK Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 676 rotulação S saúde Em 1948 a Organização Mundial da Saúde promulgou uma definição da saúde co mo estado de completo bemestar físico men tal e social não meramente a ausência de doen ça ou enfermidade Essa definição amplamen te usada embora muitas vezes criticada como superabrangente e de difícil realização chama a atenção para a importante mudança que teve lugar na segunda metade do século XX a subs tituição de um modelo estritamente biomédico de saúde por um conceito mais holístico e so cial Isso não é novo sendo como é um eco do clássico modelo platônico de saúde como har monia ou do conceito de Galeno de doença como perturbação do equilíbrio Algumas ra zões para o seu reaparecimento em países de senvolvidos durante este século contudo se riam a maior importância da doença crônica em populações idosas a erradicação de muitas doenças calamitosas e a melhoria geral das condições de vida o que dá mais ênfase à QUALIDADE DE VIDA do que à simples sobrevi vência O movimento da ecologia humana tam bém é relevante encorajando o foco sobre a saúde como um estado de equilíbrio entre os seres humanos e seu meio ambiente Outro elemento no desenvolvimento de conceitos holísticos foi o crescente conhecimento das ligações mentecorpo no começo enfatizava se o lugar de fatores psicossociais na causa de doença mais recentemente conceitos de es tresse integração social capacidade de en frentamento sentido de coerência Anto novsky 1987 ou suscetibilidade generali zada Marmot Shipley e Rose 1984 foram considerados não só como causas de saúde precária mas como partes integrantes do con ceito de saúde social Assim a saúde é hoje concebida de modo geral como multidimen sional englobando a ausência de doença mas não se confinando a esta Doença Os próprios conceitos de doença mudaram com um desafio às suposições principais a definição de doença como desvio da normali dade a doutrina da etiologia específica a uni versalidade da taxonomia da doença a neutra lidade científica da ciência médica que ti nham dado forma à medicina moderna durante o século XIX Dubos 1961 A convicção de que o universo da doença é finito e de que para toda doença existem uma causa única e uma cura a ser encontrada foi abalada pelo advento de novas doenças como a Aids e pelo reconhe cimento das causas múltiplas e interativas de muitas formas de enfermidade Além disso apontase que a definição e a categorização da doença constituem um processo tanto social quanto científico e que a normalidade pode ser apenas um conceito relativo A influência de Michel Foucault argumentando contra a ingê nua aceitação dos modelos teóricos da ciência do homem foi muito forte na criação da con cepção segundo a qual o conhecimento médico não menos que a prática médica é socialmente construído e vinculado aos mais amplos desen volvimentos do pensamento social ele não po de simplesmente ser aceito como um dado in contestável Enfermidade Do mesmo modo a experiência da enfermi dade envolve significados culturais e relações sociais Uma importante questão abordada em considerável número de pesquisas nas áreas da antropologia social e da sociologia médica nos últimos 30 ou 40 anos diz respeito à percepção e ao significado de saúde e enfermidade entre os que as conhecem por experiência própria Estados e mudanças corporais são interpretados de modos diferentes em culturas e períodos di ferentes como observou Mary Douglas 1970 o corpo social condiciona o modo como o corpo 677 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar físico é percebido Muitos estudos na esteira da obra pioneira de Claudine Herzlich 1973 têm mapeado o conceito de saúde alimentado por pessoas leigas Foram vários os que apuraram uma divisão tripla saúde como aptidão positiva ou bemestar como reserva ou equilíbrio saúde como ter saúde como capacidade de funcionar ou desempenhar papéis sociais saúde como fazer e saúde simplesmente como ausência de sintomas de enfermidade saúde como ser O conceito mais positivo de saúde encontrase geralmente associado a melhor educação ou circunstâncias sociais mais favoráveis Uma característica de todos esses estudos é o forte significado moral comprova damente associado ao conceito de saúde Promoção da saúde e comportamento saudável Crescentes expectativas públicas têm sido associadas a uma acentuada tendência nas so ciedades ocidentais a enfatizar os aspectos po sitivos da saúde e da promoção da saúde A partir de meados do século a pesquisa tem envolvido fortemente comportamentos pes soais fumo dieta falta de exercício como agentes na causa de doenças crônicas Conju gandose com a profunda noção de saúde como questão moral promoveramse novos concei tos de doença como autoinfligida e de saúde como responsabilidade pessoal A medicina marginal e alternativa e os movimentos de autoajuda prosperam nesse ambiente assim como a comercialização da promoção da saúde As críticas à medicalização da sociedade Il lich 1975 alimentaram essa tendência o mes mo ocorrendo de diferentes perspectivas com as críticas à eficácia da medicina Cochrane 1972 McKeown 1976 Nas décadas de 70 e 80 houve porém alguma reação ao modelo de promoção da saúde que enfatiza unicamente a mudança de estilo de vida e o comportamento voluntário O movimento de responsabilidade pessoal afirmouse pode conferir poderes ao indivíduo mas também pode reforçar a culpa e favorecer a censura à vítima Crawford 1977 Assim a pesquisa recomeçou a enfatizar as limitações sociais e ambientais em função das quais o comportamento saudável é determina do O conceito de desigualdade social em saúde ressurgiu com força na GrãBretanha e em outros países da Europa DHSS 1980 Em certo sentido isso representa uma volta ao mo vimento de saúde pública dos primeiros anos do século com sua ênfase em causas específi cas de enfermidades no meio ambiente físico e social mas agora informado pelas teorias mais complexas dos modelos holísticos Ver também PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL Leitura sugerida Armstrong D 1983 The Political Anatomy of the Body Bury MR 1986 Social cons tructionism and the development of medical sociolo gy Sociology of Health and Illness 8 13769 Fou cault Michel 1963 Naissance de la clinique Fox J org 1989 Health Inequalities of European Countries Sontag S 1979 Illness as Metaphor MILDRED BLAXTER secularismo A doutrina pode ser definida como a tentativa de estabelecimento de um conjunto de princípios relativos ao comporta mento humano baseados mais no conhecimento e na experiência racionais do que na TEOLOGIA ou no sobrenatural Procura essencialmente melhorar a condição humana apenas por meios materiais e registrou o seu maior triunfo na GrãBretanha do século XIX depois da pro mulgação do Reform Bill de 1832 Foi um movimento de protesto adotando uma teoria positivista do conhecimento vinculada a uma filosofia utilitarista e reagindo contra a hege monia da riqueza e da religião institucionaliza da que prevaleceu nos anos intermédios do século O seu principal proponente foi GJ Holyoake 18171906 que embora criado em uma família religiosa de artesãos tornouse um missionário social owenista e agnóstico confesso com estreitas ligações com o Movi mento Cooperativo Waterhouse 1920 Como doutrina o secularismo não era ateís ta embora parte do seu êxito ulterior se devesse às suas associações com os movimentos anti religiosos do final do século XIX através da obra de Charles Bradlaugh Em certos aspectos é preferível considerálo como parte da tese de desoficialização proveniente da Reforma Há estreitas semelhanças com o conceito francês da laicização resultante do Iluminismo e da Revolução Francesa Bosworth 1962 Igreja e estado tornaramse claramente entidades dis tintas com o estado mantendo uma posição de neutralidade religiosa em vez de promover uma filosofia antireligiosa Na França a separação constitucional da Igreja e do ESTADO só se completou no início do século atual A instrução religiosa em escolas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 678 secularismo do estado tinha sido abolida em 1882 subs tituída pela instrução moral Ocorrências seme lhantes tiveram lugar em outros países incluin do alguns do terceiro mundo Smith 1971 a Turquia Beckes 1964 o Japão Bellah 1970 e é claro os Estados Unidos Parsons 1958 O secularismo visto como laicização é concebido portanto como uma doutrina de completa liberdade e nãointerferência das reli giões Em outros lugares contudo o secularismo estava mais intimamente associado a tentativas deliberadas de substituição da religião pela con fiança nos ditames da razão e da experiência humanas Isso pode ser comprovado por exem plo na obra de SaintSimon e Auguste Comte em fins do século XIX que desenvolveram uma nova religião da humanidade e viram a socie dade reorganizada segundo princípios racionais positivistas Max Weber considerou que o de senvolvimento tecnológico estava transfor mando não só o mundo físico do espaço e da matéria mas os próprios seres humanos Esse desencanto do mundo significa que os indiví duos passaram a dominar o seu meio ambiente sem recorrer ao sobrenatural Tal processo de racionalização é antireligioso parte inexorável do desenvolvimento de uma sociedade enraiza da na tradição judaicocristã A sociedade atual ainda possui os seus des crentes os seus céticos que não querem expe rimentar o sagrado nem se sentir submetidos à autoridade deste Em que medida eles são um fruto direto do movimento secularista do século anterior é uma questão mais difícil de apurar Movimentos seculares como o comunismo têm sido citados como exemplos de manifestações modernas de secularismo Glock 1971 Camp bell 1971 Entretanto a semelhança funcional entre tais exemplos e a religião de que são uma forma secularizada torna mais difícil decidir se a irreligião e a descrença são verdadeiramente as herdeiras do legado de Holyoake Ver também RACIONALIZAÇÃO SECULARIZA ÇÃO Leitura sugerida Campbell C 1971 Towards a So ciology of Irreligion Caporale R e Grumelli A orgs 1971 The Culture of Unbelief Holyoake GJ 1986 The Origin and Nature of Secularism PETER S GLASNER secularização Este conceito tal como é con vencionalmente definido descreve os proces sos através dos quais o pensamento a prática e as instituições religiosas perdem seu significa do social Wilson 1966 Essa definição pres supõe a existência de um ponto na história em que tais aspectos desempenharam um papel significativo na vida social Também subenten de não ser mais esse o caso Muitos autores sobretudo os sociólogos da religião têm co mentado a respeito das dificuldades de se usar tal conceito uma vez que ele está necessária e intimamente relacionado com as definições de religião e de mudança religiosa em torno das quais há muita divergência De fato a seculari zação passou a ser vista como um conceito multidimensional que engloba a grande varie dade de formas do envolvimento religioso na sociedade em uma estrutura classificatória uni ficada Dobbelaere 1981 A maioria das definições de religião enqua drase em uma de três categorias institucio nal normativa ou cognitiva as quais forne cem uma base para se analisar a variedade de significados incluídos no processo de seculari zação Assim um exemplo de religião definida em termos basicamente institucionais é o loca lizado na tradição judaicocristã e designado como igreja Muitas das religiões místicas do Oriente por outro lado baseiamse em regras normativas de comportamento As definições cognitivas de religião permitem que conceitos como o de sagrado forneçam a base para orga nizações religiosas Os processos de seculariza ção relacionados com essas três diferentes concepções de religião também irão variar pro porcionando uma base para as alegações apre sentadas desde longa data no sentido de se prescindir totalmente do conceito por causa das confusões que ele gera Martin 1969 Outra alegação diz respeito aos duvidosos suportes metodológicos do conceito idealização do pas sado pressupostos sobre a homogeneidade re ligiosa dentro da sociedade e uma preocupação com as categorias históricas da experiência re ligiosa Glasner 1977 Numerosas formas de secularização pro vêem de uma definição de religião em termos primordialmente institucionais incluindo a convencional definição de declínio acima men cionada As principais variáveis usadas para discutir o processo incluem normalmente as práticas religiosas formais o denominacionis mo o ecumenismo e o movimento litúrgico Entendese por prática religiosa a que inclui Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar secularização 679 aspectos do cristianismo convencional como batismo crisma casamento freqüência à esco la de catequese comunhão pascal filiação e freqüência regular à igreja Esses aspectos são usados como indicadores para se elaborar o quadro do declínio geral da prática religiosa a partir da Revolução Industrial O denominacio nismo se bem que possivelmente constituísse um sinal de revitalização religiosa no seu come ço fornece pelo menos na GrãBretanha um exemplo do processo de secularização iniciado com a Reforma Como as organizações fracas não as fortes são as que buscam a fusão o movimento ecumênico é mais um exemplo do processo de secularização combinado com o apelo pela volta aos padrões profissionais tra dicionais de culto exemplificados no movimen to litúrgico Outra forma de secularização baseada na religião institucionalmente definida relaciona se com a dicotomia de igreja e SEITA examinada pela primeira vez por Max Weber 190405 e Ernst Troeltsch 1931 A igreja é definida no caso limite como parte integrante da ordem social vigente Isso é tipicamente rejeitado pela organização sectária a qual objeta com vee mência à necessária rotinização que a organiza ção eclesiástica subentende Autores mais re centes ampliaram essa tipologia para apontar que as seitas são as menos secularizadas e as igrejas e denominações as mais secularizadas formas de organização religiosa Herberg 1955 Uma visão mais evolucionista do processo de secularização considera que esta é uma for ma de diferenciação à medida que a sociedade se desenvolve e se torna mais complexa Afir mase que quando a sociedade se moderniza a organização religiosa fica menos hierárquica o simbolismo fica mais variado o individualismo mais significativo e por conseguinte a religião institucional acaba se atrofiando Bellah 1964 Subjacente a esse exame da evolução da sociedade estava a idéia de que as comunidades social e religiosa outrora idênticas tornaram se diferenciadas de modo que os aspectos se culares da vida se apresentam com uma nova ordem de legitimação religiosa Um ponto de vista semelhante cobre o pro cesso de secularização desenvolvido a partir de uma definição de religião com raízes na esfera normativa concentrase mais na ampliada ge neralidade da dimensão religiosa na sociedade do que em sua diferenciação institucional As sim dizse que as normas e valores religiosos exercem prescrições específicas de baixo nível a respeito do comportamento social em socie dades tradicionais quando quase tudo desde os detalhes dos cosméticos até o vestuário usado por pessoas comuns era julgado em termos religiosos Em sociedades modernas seculari zadas é mais apropriado um sistema generali zado abrangente e integrativo que reconheça a diferenciação e a diversidade Assim uma igre ja universal unificada é substituída por uma religião civil Bellah 1967 ou nos Estados Unidos por um sistema trifé protestantecató licojudeu Herbert 1955 Outras formas de sistemas normativos abrangentes têm sido usadas para ilustrar um processo de secularização baseado na transfor mação de valores religiosos alicerçados no po der divino em valores especificamente mun danos A emancipação do capitalismo do con trole ético é apenas um exemplo quando a força propulsora da ética puritana deu origem a uma vida sóbria e metódica dedicada à acumulação e ao investimento de riqueza ver ÉTICA PROTES TANTE TESE DA A ênfase protestante na liber dade individual e na independência de pensa mento transforma a autoridade religiosa so bre aspectos da vida como a educação a mo ralidade e o trabalho em um estado secular Troeltsch 1912 A secularização que se origina de definições de religião com base cognitiva é um processo de mudança que usa talvez a mais elaborada distinção nessa área do pensamento social a sociedade é vista como deixando de ser basica mente sagrada no seu caráter com elementos associados de ritualismo tradição participação em interesses comuns e harmonia para ser pri mordialmente secular ou profana passando a reinar a individualidade a racionalidade e a especificidade Essa distinção está ligada a um contínuo de Gemeinschaft para Gesellschaft Tönnies 1887 de vínculos de solidariedade mecânica para orgânica Durkheim 1912 e de sociedade tradicional para urbana Redfield 1947 Entretanto nenhuma sociedade exibe um tipo polar com exclusão de todos os outros de modo que diferentes equilíbrios e misturas dão origem à diversidade empírica observada na história do mundo É claro portanto que a secularização não é em absoluto um conceito unitário no pensa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 680 secularização mento social do século XX Suas várias mani festações decorrem de seu relacionamento com as diferentes definições de religião e das limi tações metodológicas apresentadas pela tenta tiva de operacionalizála O cuidadoso uso do termo de um modo genérico baseado em um amplo sistema de classificação poderia forne cer contudo a base para a sua inclusão perma nente por cientistas sociais em seu arsenal con ceitual Ver também PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE RACIONALIZAÇÃO SECULARISMO Leitura sugerida Bellah RN 1970 Beyond Belief Essays on Religion in a PostTradicional World Dob belaere K 1981 Secularization a multidimensional concept Current Sociology 292 Fenn RK 1978 Toward a Theory of Secularization Glasner PE 1977 The Sociology of Secularization a Critique of a Concept Luckmann T 1967 The Invisible Religion the Problem of Religion in Modern Society Martin David A 1978 A General Theory of Secularization Wilson BR 1976 Contemporary Transformations of Religion PETER E GLASNER seita Na raiz da maioria dos usos do termo seita no século XX está a noção de uma coletividade voluntária que se separou da cor rente principal de idéias religiosas ou políticas e que ciosamente preserva a sua exclusividade social cultural e ideológica O contraste implí cito é usualmente com a posição mais extensa abrangente e universalista do tipo igreja com a denominação representando um ponto inter mediário entre seita e igreja Igreja seita e denominação com refinamentos tais como a seita e o culto institucionalizados formaram o quadro de referência conceitual para numerosos estudos da dinâmica organizacional e ideológi ca dos grupos religiosos Max Weber 18641920 salientou o fato de que a filiação a uma seita era não só voluntária mas também condicionada à exibição de quali ficações específicas O papel dos líderes caris máticos em algumas seitas religiosas também formou uma ponte para a sua teorização acerca do funcionamento de todas as organizações sociais E em combinação com os seus proce dimentos rigorosos para preservar a pureza Weber 1920 creditou o tipo seita de organiza ção protestante com a capacidade de instilar o gênero de ascetismo secular que tinha forte afinidade com o espírito do capitalismo em geral e com a ética dos pequenos negócios americanos em particular Ernst Troeltsch co lega de Weber preferiu enfatizar a capacidade do tipo sectário de coletividade religiosa em promover certas espécies de doutrinas sociais 1912 que eram distintas das do tipo igreja e do misticismo Esse foco na interação entre os aspectos sociológico doutrinal e ético de cole tividades religiosas inspirou subseqüentemente muitos estudos das relações entre o exclusivis mo das seitas religiosas e o background social os gostos culturais e as disposições políticas de seus membros ver por exemplo Niebuhr 1929 Wilson 1961 Beckford 1975 Também houve tentativas de explicar a permanente po pularidade de seitas como Testemunhas de Jeo vá e Adventistas do Sétimo Dia não só na Europa Ocidental e na América do Norte mas também na América Latina no Japão e na Áfri ca ao sul do Saara em função de suas ofertas de certeza ética e doutrinária em uma época de ampla indiferença religiosa Wilson 1976 ou em função de suas formas fortemente comuni tárias de organização e atividade Lalive dEpi nay 1969 Por extensão OToole 1977 tentou expli car a dinâmica interna e as relações externas de algumas organizações políticas extremistas em função de suas características sectárias e Jones 1984 observou tendências sectárias em alguns grupos psicoterapêuticos Assim embora o contraste implícito com o tipo igreja e com o misticismo tenha perdido muito de sua perti nência em sociedades secularizantes o concei to de seita ainda pode servir como útil ponto de referência em estudos de organizações religio sas políticas e ideológicas exclusivistas A uti lidade do conceito foi ainda mais ressaltada pela especificação de Wilson 1970 de nada menos de sete subtipos de seitas e pelas tentativas de compreensão dos processos pelos quais apenas alguns tipos de seita parecem perder seu exclu sivismo e tornarse suficientemente pluralistas e tolerantes para justificar o rótulo de denomi nação Yinger 1970 Entretanto a partir da década de 70 notouse uma tendência a aplicar os termos culto e novo movimento religio so a grupos que se afastam da corrente reli giosa principal sem exibirem necessariamente elevados graus de exclusivismo social doutri nário ou ético ver por exemplo Wallis 1975 e 1976 Westley 1983 Não obstante nas so ciedades industriais avançadas em que a reli gião organizada perdeu muito do seu antigo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar seita 681 poder as atividades de grupos sectários dinâmi cos e em alguns casos intolerantes têm provo cado reações hostis e vigorosos esforços para os controlar As atenções sociológicas têm se concentrado em particular nas formas como a mídia retrata os movimentos de natureza sectá ria e nos dilemas com que se defrontam os órgãos de estados supostamente seculares que intervêm em controvérsias religiosas Wallis 1976 Beckford 1985 Esse novo enfoque para estudos do tipo seita enfraquece os vínculos conceituais com a teologia e com a ética O conceito de seita também tem sido aplica do a outras formas de religião além do cris tianismo mas os resultados são imprecisos Por um lado os conceitos podem servir como úteis sínteses de complicadas configurações de dou trinas éticas e formas de organização Mas por outro lado introduzem ilicitamente pressupos tos cristãos na análise de culturas que assentam na realidade em bases muito diferentes Assim embora existam sem dúvida características sec tárias como o separatismo e o exclusivismo em alguns movimentos de reforma no hinduísmo Bhatt 1968 e no budismo Ling 1980 seria enganoso esperar que eles se ajustassem em outros aspectos ao tipo ideal de uma seita cristã Ver também RELIGIÃO REVIVALISMO Leitura sugerida Beckford JA 1975 The Trumpet of Prophecy a Sociological Study of Jehovahs Witnes ses Ο 1985 Cult Controversies the Societal Response to the New Religious Movements Wallis R 1976 The Road to Total Freedom a Sociological Analysis of Scientology Ο org 1975 Sectarianism Wilson BR 1970 Religious Sects Ο 1976 Contemporary Transfor mations of Religion Ο org 1967 Patterns of Sectaria nism JAMES A BECKFORD seleção natural De acordo com o NEODAR WINISMO a seleção natural é o mecanismo pri mário em função do qual se explica a adaptação dos organismos ao seu meio ambiente Depen de de três mecanismos subsidiários variação herança e COMPETIÇÃO Os organismos indi viduais variam em muitos de seus traços estan do algumas variantes mais adaptadas no meio ambiente do que outras Dada a competição por recursos escassos os indivíduos mais adapta dos prevalecerão sobre os menos adaptados e se a variante superior for transmissível passará a ser mais comum em gerações sucessoras e a espécie a estar mais adaptada ao seu meio am biente Alguns desenvolvimentos notáveis no pen samento social recente mostram sinais da in fluência da idéia de seleção natural A ecologia cultural explora antropologicamente a adapta ção ao meio ambiente da ideologia e de outros aspectos da cultura Sahlins e Service 1960 e tira partido analogicamente da idéia de sele ção como no caso da teoria de Talcott Parsons 1966 associada ao seu funcionalismo a qual descreve a promoção a um nível superior de adaptação via diferenciação ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE A idéia de adaptação via variação e seleção forneceu um modelo para o COMPORTAMENTA LISMO como BF Skinner reconhece 1971 cap1 e é citada por FA Hayek 1973 para explicar o desenvolvimento do mercado ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA ECONOMIA e jus tificar a SOCIEDADE ABERTA Essa idéia que tam bém forneceu inspiração para a epistemologia evolucionista de Karl Popper 1972 tinha an teriormente servido de base ao PRAGMATISMO de John Dewey 1938 e no domínio biológico proporcionou as fundações teóricas para a SO CIOBIOLOGIA e a ETOLOGIA Idéias sobre adaptação através da seleção foram invocadas pelos defensores do DARWINIS MO SOCIAL para sustentar as desigualdades ge radas pela competição econômica irrestrita e pelos defensores da eugenia para justificar pro gramas de reprodução restritiva A mais importante influência a longo prazo da idéia de seleção natural talvez seja sua con tribuição para o processo de SECULARIZAÇÃO Com efeito para a explicação da adaptação de organismos ao seu meio ambiente e uns aos outros a seleção fornece uma alternativa ao criacionismo associado ao fundamentalismo religioso Cumpre assinalar um equívoco comum a respeito da seleção natural Os processos de evolução impulsionados pela seleção não estão orientados para uma meta final e não necessi tam gerar qualquer seqüência fixada de estágios no qual o PROGRESSO seja manifesto Assim a teoria da seleção natural opõese ao HISTORICISMO com o qual é freqüentemente identificada Leitura sugerida Darwin Charles 1859 The Origin of Species Gould SJ 1980 Ever Since Darwin Maynard Smith J 1958 1975 The Theory of Evolu tion FRED DAGOSTINO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 682 seleção natural semiótica O termo foi cunhado por John Locke a fim de captar uma longa tradição do pensamento ocidental sobre significação que remonta à filosofia grega No pensamento mo derno a semiótica referese especificamente às teorias do século XX de signos e sistemas de signos bem como ao seu papel na COMUNICA ÇÃO Embora alguns autores incluam na semi ótica o estudo dos sinais naturais zoosse miótica para a comunicação animal e até fitos semiótica para redes de plantas e animais de ligação ver Sebeok 1976 Krampen 1981 discussão em Deely 1990 caps5 e 6 a semiótica concentrase usualmente no estudo dos sistemas de comunicação humana A esse respeito a semiótica confere prioridade à lin guagem ou ao código lingüístico o qual é usado como paradigma para outros signos nãolin güísticos de microfenômenos e macrofenôme nos culturais largamente diferentes de nature za específica ou geral Assim transpõe as fron teiras entre as artes e as ciências sociais criando um quadro de referência abrangente para o estudo de sistemas de signos que à parte a lingüística também incluem por exemplo a linguagem dos gestos da dança da moda da música do cinema dos sinais de trânsito da arquitetura das rinhas dos sistemas de paren tesco etc ver por exemplo as diferentes aná lises semióticas de Roland Barthes Umberto Eco Claude LéviStrauss Clifford Geertz e outros Eco 1976 diferencia entre semiótica específica e geral A semiótica específica pro põese produzir a gramática de um sistema específico de signos um dado campo de fe nômenos de comunicação regido por um sis tema de significação A semiótica geral em contraste procuraria apurar leis sistemáticas comuns para todas as semióticas específicas Uma semiótica geral é simplesmente uma fi losofia da linguagem que sublinha a abordagem comparativa e sistemática das linguagens ex plorando os resultados de investigações mais locais Eco 1976 Introdução Existem atualmente três principais tendên cias na semiótica com parcela considerável de superposição em especial entre as duas primei ras A semiótica na tradição do filósofo norte americano CS Peirce é parte integrante da lógica e da filosofia ver PRAGMATISMO Peirce e Morris Morris 1971 postulam um triângulo semiótico de signo objeto e interpretante Os signos são diferençados como símbolo uma convenção para um tipo como uma expressão verbal índice por exemplo fumaça como ín dice de fogo ou ícone um mapa ou diagrama que tem semelhança estrutural com o objeto que representa Como sistema total a semiótica ligaria os signos naturais e os artificiais A semiologia referese usualmente a uma tradição européia baseada na obra do lingüista suíço Saussure ver LINGÜÍSTICA ESTRUTURALIS MO Saussure postulou embora não a desen volvesse ele próprio uma nova ciência da se miologia que estudaria os sistemas de signos em sociedade Ver a edição de 1974 de Saus sure baseada em suas lições de 1906 a 1911 Para Saussure a semiologia era parte portanto da psicologia social Os termos semiótica e semiologia são fre qüentemente usados de forma intercambiável ambas as palavras se baseiam no vocábulo gre go para signo semeion embora difiram no papel prioritário que Saussure mais do que Peirce confere ao paradigma lingüístico na for mulação de leis comuns O signo lingüístico de Saussure dividese em duas partes o signifiant usualmente traduzido como significantesom imagemexpressão e o signifié traduzido co mo significadoconceitoconteúdo Os signos são arbitrários isto é a conexão entre signifi cante e significado não é motivada e se baseia em convenção não em uma ligação natural entre forma e significação ver FORMALISMO A crítica da suposta independência do signo lingüístico em relação ao seu contexto parte especialmente da semiótica social um desen volvimento angloaustraliano baseado na lin güística hallidaiana ver por exemplo Halli day 1978 Hodge e Kress 1988 A semiótica social explora mais fortemente o papel do con texto a interconexão entre o sistema social e o modo como é realizado em linguagem texto ou outros signos semióticos Uma realidade social ou cultura é ela própria um edifício de significações uma construção semióti ca Nessa perspectiva a linguagem é um dos sistemas semióticos que constituem uma cultura um sistema que é distinto na medida em que também serve como sistema codificador para muitos dos outros embora nem todos a linguagem como semiótica social significa interpretar a linguagem dentro de um contexto sociocultural no qual a própria cultura é interpretada em termos semióticos como um sis tema de informação Halliday 1978 p2 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar semiótica 683 A semiótica social descreve a correspon dência entre sistema social e discursotexto em que este último é visto como a realização siste mática de um significado potencial ver DIS CURSO Em anos recentes a semiótica social foi influenciada pela obra de V Volosinov e sua crítica do objetivismo abstrato isto é es truturalismo a qual data de 1929 mas só se tornou acessível em inglês em 1973 ele insiste pelo contrário na natureza ideológica do signo Hodge e Kress 1988 Leitura sugerida Deely J 1990 Basics of Semiotics Eco U 1976 1984 A Theory of Semiotics Halli day MAK 1978 Language as Social Semiotic Peirce CS 193158 Collected Papers Saussure F de 190611 1974 Cours de linguistique générale Volosinov VN 1929 1973 Marxism and the Philo sophy of Language ULRIKE MEINHOF senectude Como a pesquisa antropológica tem demonstrado cada sociedade divide a du ração da vida em certo número de fases inseri das na cultura Atribui um significado a essas fases e define para os indivíduos as condições de transição de uma fase para a seguinte durante o curso da vida ou seja a duração da vida socialmente organizada A senectude designa a última fase e assim tem que ser entendida co mo uma construção social continuamente rea justada Não pode ser reduzida a uma realidade biológica de decrepitude e invalidez resultante do envelhecimento Durante cada época de sua história uma sociedade reinterpreta as diferen ças cronológicas e biológicas entre os indiví duos de modo a organizar o curso da vida e atribuir status e papéis sociais específicos a cada grupo etário Balandier 1974 Os his toriadores mostraram como os papéis e o status dos idosos têm flutuado Laslett 1976 Minois 1987 Aos idosos em sociedades préindus triais não se atribuía sistematicamente um sta tus prestigioso nem um valor estava sempre ligado à sua sabedoria e à experiência Embora a industrialização mostrasse uma tendência a reduzir o status social dos idosos isso não é igualmente verdadeiro para todas as classes sociais Por exemplo ficar velho em nossa so ciedade processo caracterizado pelo ingresso na população economicamente inativa assim como pela perda do papel parental e de vínculos sociais ocorre em diferentes idades cronológi cas dependendo da classe social Menor inte gração social papéis reduzidos e até morte social podem ocorrer mais cedo na classe tra balhadora do que nas classes superiores uma vez que as pessoas destas últimas podem tirar proveito de seus recursos sociais contatos edu cação etc a fim de prolongar os papéis e funções que assumiram na maturidade Guille mard 1982 A par do crescimento da sociedade indus trial os sistemas de pensão foram estabelecidos e ampliados com a conseqüência de que a idade de aposentadoria se tornou um limiar significa tivo para o ingresso na senectude A aposenta doria configura assim essa última fase da vida a qual foi gradualmente dividida em velhice e senectude extrema categorias que refletem tanto a consideravelmente mais longa duração da vida na França a expectativa de vida aos 60 anos de idade é de cerca de 20 anos quanto o fato de a velhice ser considerada um problema social e não apenas um assunto privado fami liar As intervenções crescentes do ESTADO DE BEMESTAR e da sociedade em favor dos idosos acarretaram a distinção entre uma velhice de pendente de instituições sociais e médicas e uma velhice autônoma e apoiada por programas de serviço social que visam a integração Guil lemard 1983 As políticas sociais têm parte ativa na redefinição do curso da vida e da velhice Medidas que provêem uma retirada mais cedo da força de trabalho as quais foram adotadas na maioria dos países industriais du rante a última década estão transformando a velhice e abaixando o seu limiar pela cons trução de uma categoria de velhice ocupacio nal que começa antes da idade de aposentado ria e com freqüência já aos 55 anos Kohli e outros 1991 Por conseguinte a senectude está sendo cada vez mais socialmente definida como uma época de inutilidade social quando os idosos podem tornarse tutelados depen dentes e proscritos sociais Guillemard 1986a 1986b Leitura sugerida Balandier Georges 1974 Anthro pologiques Guillemard AnneMarie 1982 Old age retirement and the social class structure toward an analysis of the structural dynamics of the later stage of life In Ageing and the Life Course org por T Hareven Ο 1986a Le déclin du social formation et crise des politiques de la vieilesse Ο 1986b State society and oldage policy in France from 1945 to the current cri sis Social Science ad Medicine 23 131926 Ο org 1983 Old Age and the Welfare State Kohli Rein et al 1991 Time for Retirement Comparative Studies of Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 684 senectude Early Exit from the Labor Force Laslett Peter 1976 Societal development and ageing In Handbook of Ageing and the Social Sciences org por R Binstock e D Shanas Minois Georges 1987 1989 History of Old Age From Antiquity to the Renaissance ANNEMARIE GUILLEMARD sexo O termo referese a sexualidade reações motivos e comportamentos erotossexuais e suas representações culturais ver também GÊNERO No século XIX era concebido como um impul so instintivo cujas raízes mergulhavam na bio logia reprodutiva e só externamente era regula do por normas sociais e culturais A sexologia contemporânea é porém um campo multidis ciplinar uma espécie de triângulo eqüilátero que une perspectivas médicobiológicas socio culturais e psicológicas Diferentes disciplinas enfatizam aspectos específicos do sexo fisioló gicos evolutivos antropológicos etológicos socionormativos cognitivos motivacionais semióticos etc Essas abordagens são comple mentares apesar da velha oposição entre o re ducionismo biológico e o construtivismo socio lógico A sexualidade humana não é um simples dado biológico que pode ser explicado em ter mos de biologia reprodutiva Mesmo entre os animais superiores o sexo é um comportamen to multifuncional pressupondo alguma espécie de socialização aprendizagem social etiqueta Até algumas reações sexuais elementares co mo a ereção ou a exibição do pênis podem servir a fins nãosexuais significando relações de poder agressão amizade etc A sexualidade humana é uma espécie de construto histórico e sociocultural Suas formas e seu conteúdo sig nificativo só são compreensíveis ao contexto de uma cultura socionormativa como um todo incluindo a estratificação de gênero os estereó tipos de masculinidade e feminilidade a lingua gem das emoções as representações do corpo e as regras de decência verbal A distinção entre motivos e ações erotossexuais e nãosexuais em nível tanto individual quanto social é con vencional dependendo dos valores gerais de uma sociedade A oposição rígida de atrações sexuais e nãosexuais ou de amor e amizade é em considerável grau função de uma tradicio nal atitude antisexual tentativa de isolar os ignóbeis sentimentos e experiências eróticos tabus dos outros aspectos da vida Não só a sexualidade pode apresentarse sob disfarce nãosexual como é tão plausível examinar o comportamento sexual por sua capacidade de expressar e servir a motivos nãosexuais quanto o inverso Gagnon e Simon 1973 p17 Todas as sociedades estabelecem alguma espécie de diferença entre o tipo certo e o errado de sexo Essas prescrições normativas são freqüentemente formuladas em linguagem médicobiológica de modo que a conduta ou orientação moral ou socialmente desaprovada é rotulada de anormal e patológica Mas al guns padrões de comportamento que são obvia mente disfuncionais ou incorretos em um con texto por exemplo o contexto de reprodução ou de manutenção das relações de família po dem ser inteiramente funcionais e úteis em outro contexto digamos proporcionar satisfa ção emocional sensação de bemestar Por trás de quaisquer definições normativas de sexuali dade certa e errada estão sempre ocultas relações de poder tais como o controle social dos homens sobre as mulheres dos pais sobre os filhos do estado sobre os indivíduos A luta em torno dessas regras e definições é o cerne de toda a história da sexualidade Essa luta está sendo particularmente acerba nos dias atuais A revolução sexual da segun da metade do século XX é resultado de várias tendências macrossociais incluindo o colapso de um sistema tradicional de estratificação dos gêneros baseado no domínio masculino mu danças nos estereótipos de masculinidadefe minilidade e nas correspondentes prescrições e expectativas do papel sexual maior instabili dade e psicologização das relações conjugais novas atitudes liberais em relação ao corpo e às emoções um aumento geral da tolerância social a diferenças e ao inconformismo individuais o enfraquecimento do controle parental escolar e do grupo de pares sobre a sexualidade adoles cente o amadurecimento sexual mais precoce dos adolescentes o progresso das técnicas anti concepcionais especialmente a invenção da pí lula de controle da natalidade libertando a mu lher do temor da gravidez indesejada o progres so da pesquisa e da educação sexuais Todas essas tendências têm uma profunda influência sobre as atitudes e o comportamento sexuais Em todos os países industrializados os jovens estão começando agora sua vida sexual mais cedo do que as gerações mais velhas As atitudes em relação à sexualidade prémarital passaram a ser mais tolerantes e na maioria dos casos tais relações são consideradas social e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sexo 685 moralmente aceitáveis A satisfação sexual tor nouse um dos mais importantes fatores no êxito e na estabilidade conjugais As técnicas sexuais estão ficando mais sofisticadas e diver sificadas as pessoas mostramse mais exigen tes e têm maiores expectativas e preocupações acerca da qualidade de sua vida sexual As mudanças na sexualidade das mulheres são especialmente importantes As diferenças de idade no começo da vida sexual de rapazes e moças foram consideravelmente reduzidas ou desapareceram por completo As mulheres con denam com veemência o duplo padrão de moralidade sexual Em resultado de atitudes sociais mais liberais verificase um contínuo declínio nas taxas de frigidez sexual e de anor gasmia feminina A sexualidade está se tornan do um importante aspecto da nova identidade social e pessoal feminina A nova tolerância está gradualmente mu dando o status social das minorias sexuais A homossexualidade em vez de ser tratada como vício moral ou mais recentemente como doen ça incurável é agora considerada sobretudo um estilo de vida específico e seja qual for a causa dessa orientação sexual não deve ser usada como razão para discriminação social ou moral nem para instauração de processo jurídi co Na maioria dos países europeus as leis contra homossexuais foram revogadas e surgi ram organizações de gays e lésbicas lutando por seus direitos humanos Considerado no seu todo esse processo sig nifica a individualização e a personalização da sexualidade bem como a passagem do controle social externo para o autocontrole moral inter no Mas essas mudanças não são unilaterais e são muito contraditórias Os roteiros sexuais têm importantes variações genéricas étnicas culturais e de grupo entre outras O enfraque cimento da regulamentação social da sexuali dade combinado com informações e conhe cimentos inadequados tem muitas conseqüên cias sociais e psicológicas indesejáveis o recru descimento em alguns países da taxa de gravi dez adolescente e de aborto o abuso sexual e epidemias de doenças sexualmente transmis síveis A erótica comercializada ajuda a mani pular a sexualidade humana e extensos conta tos sem amor nem envolvimento emocional estão transformando a liberdade sexual em alie nação sexual Os perigos do sexo irrestrito são fortemente enfatizados pela epidemia de Aids a qual revitalizou muitos dos antigos temores e ansiedades sexuais provocando uma situação de pânico moral As pessoas conservadoras consideram a libertação sexual um estado de desorganização moral que leva à autodestruição da cultura e da sociedade A alternativa para esses temores é o desenvolvimento da autore gulamentação moral e a promoção de uma ade quada educação sexual Leitura sugerida Foucault Michel 1976 Histoire de la sexualité vol1 La volonté de savoir Freud S 1905 1949 Three Essays on the Theory of Sexuality Geer JH e ODonohue WT orgs 1987 Theories of Human Sexuality Kon I 1985 Einführung un die Sexologie Money J e Masaph H orgs 1977 Han dbook of Sexology Reiss IL 1986 Journey into Se xuality an Exploratory Voyage Weeks J 1985 Sexuality and its Discontents IS KON sindicalismo Era característico dos sindica listas subordinarem a teoria à ação celebravam a espontaneidade e com freqüência eram os tensivamente antiintelectuais As origens dou trinárias do sindicalismo foram ecléticas e sua dinâmica central era tipicamente negativa uma reação às deficiências percebidas da corrente principal do movimento trabalhista um protes to contra as novas formas de alienação e priva ção que afligiam a classe trabalhadora Assim como as forças precipitantes diferiam de país para país também o próprio sindicalismo era internacionalmente variável Na França o syndicalisme révolutionnaire designava comumente os princípios e objetivos expostos por Fernand Pelloutier 18671901 secretário da Fédération des Bourses du Travail e a política adotada pela Confédération Géné rale du Travail CGT depois da fusão das duas organizações sindicais em 1902 Se é possível extrair um pensamento coe rente do programa da CGT ele envolve a insis tência em que os sindicatos se mantenham dis tantes de qualquer envolvimento com partidos políticos encorajem a iniciativa localizada das suas bases e desafiem o capitalismo através de uma crescente e aguerrida militância incluindo atos de sabotagem A espontaneidade e a vio lência tendo como pontadelança uma mi noria combativa somadas ao mito de uma greve geral revolucionária foram celebradas nos escritos de Georges Sorel 18471922 embora a sua ligação com o movimento sin dicalista não fosse estreita nem duradoura Seus Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 686 sindicalismo escritos influenciaram especialmente a esquer da italiana alguns de cujos membros com destaque para Mussolini depois se voltariam para o fascismo ver Roberts 1979 O apogeu do sindicalismo como conjunto de idéias internacionalmente influentes foi nos anos que antecederam de imediato a eclosão da guerra em 1914 Isso coincidiu com transfor mações sociais e econômicas em muitos países envolvendo o deslocamento das tradicionais relações de produção de camponeses e artesãos a imposição das novas disciplinas do trabalho fabril em grande escala e a ascensão de gigan tescos trustes e cartéis capitalistas com íntimas vinculações com o estado Ao mesmo tempo o próprio êxito obtido por sindicatos e parti dos sociaisdemocratas parecia com freqüên cia significar a burocratização e a perda de sua dinâmica radical Beetham 1987 O sindicalismo parecia fornecer uma alter nativa à classe trabalhadora variando o seu significado de acordo com as circunstâncias locais Envolveu freqüentemente uma forte ori entação ouvriériste uma hostilidade para com o que era visto como a influência maligna de intelectuais burgueses dentro do movimento trabalhista atitude vigorosamente expressa por Victor Griffuelhes 18741923 secretário da CGT de 1902 a 1908 Ligavase a isso a rejeição do parlamentarismo considerado fonte de carreirismo e acomodamento e dos partidos políticos ou pelo menos daqueles primordialmente comprometidos com a ação parlamentar Em vez disso os sindicalistas enfatizavam a luta em defesa dos interesses da classe trabalhadora ao mesmo tempo em que denunciavam a disseminação dos pacíficos convênios coletivos ver SINDICATOS para eles a militância industrial era essencial para a defe sa dos interesses econômicos dos trabalhadores enquanto estimulavam a confiança destes na preparação de um desafio planejado ao capita lismo através da greve geral revolucionária O próprio SOCIALISMO era concebido mais em ter mos de controle dos trabalhadores do que de administração por um estado centralizado Fi nalmente a maioria dos sindicalistas opunhase radicalmente ao militarismo e ao nacionalismo Em 1914 o sindicalismo revolucionário tor narase a posição oficial de setores significati vos do movimento sindical principalmente em países com tradições de ANARQUISMO Joll 1964 Woodcock 1963 com substancial base artesanal e poucos antecedentes de negociação coletiva institucionalizada Assim como a CGT na França exemplos notáveis foram a Confe deración Nacional de Trabajo na Espanha Payne 1970 e a Unione Sindicale Italiana Onde os sindicalistas estavam em minoria eles lideraram freqüentemente a oposição à política e às práticas sindicais oficiais Na GrãBreta nha a Industrial Syndicalist Education League foi formada em 1910 por ativistas como Tom Mann 18561941 eles rejeitavam a negocia ção coletiva centralizada e proclamavam os slogans da solidariedade e da ação direta Nos Estados Unidos o termo syndicalism foi rara mente usado mas o Industrial Workers of the World IWW mostrou muitos paralelos com o sindicalismo revolucionário da Europa Du bofsky 1969 Em grande parte da Europa Setentrional o significado predominante do sindicalismo era a rejeição da necessidade de um partido socialis ta A socialdemocracia tornarase burocrática corrompida pelo parlamentarismo disposta a transigir com o estado burguês a classe traba lhadora devia retornar ao campo de batalha industrial Uma posição intermediária era ex pressa pela facção do IWW liderada por Daniel de Leon 18521914 por seus seguidores bri tânicos e com destaque pelo irlandês James Connolly 18701916 Embora insistindo em que a luta industrial era de primordial importân cia deramse conta de que havia um papel para um partido revolucionário e também aceita vam a necessidade de uma organização centra lizada condensada no ideal de grande união Em 1913 a tentativa de formação de uma Internacional Sindicalista abortou Westergard Thorpe 1978 com a eclosão da guerra muitos antigos sindicalistas abandonaram seu anterior antipatriotismo Os que mantiveram uma posi ção antiguerra estiveram freqüentemente na li derança das lutas industriais nos tempos de guerra em alguns casos ajudando a desenvolver as teorias de uma indústria socialista baseadas no princípio do CONSELHO DE TRABALHADORES Mas a revolução na Rússia provocou nova crise no movimento Já em 1907 Lenin tinha atacado o sindicalismo por perpetuar a política eco nomicista que ele denunciara anteriormente O modelo bolchevique de organização revolu cionária e produção socialista contradizia o sin dicalismo em muitos princípios básicos e de pois de 1917 muitos sindicalistas eminentes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sindicalismo 687 mostraram sua adesão ao exemplo russo repu diando a antiga orientação infantil Algumas finalidades específicas do sindicalismo de antes e durante a guerra organização no nível da fábrica unionismo industrial ação direta foram na verdade transferidas para os novos partidos comunistas Mas as teorias subjacentes de socialismo de baixo para cima e de gestão pelos trabalhadores expressas na própria Rús sia pela Oposição de Trabalhadores foram sis tematicamente erradicadas Os sindicalistas que se recusaram a aderir ou que romperam com a posição do Comintern tenderam a rejeitar o modelo de Moscou de estado dos trabalhadores assim como a concep ção leninista do partido O ANARCOSIN DICALISMO passou a dominar cada vez mais os movimentos sindicalistas sobreviventes os quais se associaram em uma Internacional Sin dicalista em 1922 Mas com as múltiplas der rotas da classe operária na década de 20 o sindicalismo deixou de ser um sério rival pelo menos fora da Espanha Portugal e América Latina das ortodoxias socialista comunista e trabalhista É possível apontar algumas conti nuidades entre as idéias sindicalistas iniciais e as mais recentes teorias de controle dos traba lhadores Mas até na esquerda o próprio sin dicalismo passou a ser pouco mais que um termo injurioso Será que o colapso do comu nismo ortodoxo pode acarretar agora uma aten ção renovada à tradição sindicalista Leitura sugerida Cole GDH 1956 1967 A His tory of Socialist Thought vol3 Geary Dick 1981 European Labour Protest Holton RJ 1976 British Syndicalism 19001914 Ridley FF 1970 Revolutio nary Syndicalism in France Stearns Peter 1971 Re volutionary Syndicalism and French Labour RICHARD HYMAN sindicalismo anarco Ver ANARCOSINDICA LISMO sindicatos Organizações coletivas de traba lhadores existentes na GrãBretanha desde o final do século XVIII e conhecidas como trade societies ou unions Sidney e Beatrice Webb em uma definição clássica 1920 p1 declara ram que uma trade union tal como enten demos o termo é uma associação contínua de assalariados com o fim de manter ou melhorar as condições de suas vidas de trabalho A ortodoxia econômica com seu paradigma de transações individuais considerou o sin dicalismo tradeunionista incompreensível e freqüentemente inconveniente A sociologia teve dificuldade em conceituar a combinação de organização formal das trade unions com a coletividade mais informal e espontânea As mais extensas tentativas de aplicação da análise social ao sindicalismo foram desenvolvidas por partidários e em particular no âmbito da tradi ção marxista Uma preocupação central consis tiu em apurar em que medida e sob que con dições os sindicatos promovem ou inversa mente inibem a causa da revolução proletária As obras de Marx e Engels não fornecem uma teoria sistemática ou consistente dos sindicatos e os marxistas do século XX elaboraram muitas perspectivas conflitantes Uma abordagem deriva do opúsculo de Le nin Que fazer 1902 Em parte influenciado pela leitura da obra de Webb Lenin afirmou que a luta econômica travada pelos sindicatos nunca poderia converterse espontaneamente em um movimento político abrangente para isso a consciência sindicalista requeria a di reção de um partido revolucionário A proposi ção de que os sindicatos podem ser agências efetivas de resistência às relações sociais ca pitalistas na esfera do emprego mas só podem contribuir para uma transformação social mais radical sob a liderança do partido tornouse central para a ortodoxia comunista Outro argumento conhecido e por vezes complementar sustenta que os sindicatos co mo instituições formais desenvolvem carac terísticas inerentemente conservadoras exibin do o que Robert Michels 1911 qualificou co mo lei de ferro da oligarquia Em diferentes variantes desse tema líderes e altos funcioná rios desenvolveram interesses pessoais em con flito com os das bases enredaramse em acor dos barganhados com os patrões e por conse guinte comprometeramse na defesa da lega lidade industrial Gramsci 191020 ou resis tiram à militância sindical através da excessiva preocupação com a estabilidade organizacional do sindicato Várias estratégias foram sugeridas para su perar essa tendência Sindicalistas intimaram sindicatos a rechaçar acordos com emprega dores e a se esforçar por realizar uma greve geral revolucionária ver Ridley 1970 antes de 1914 as possibilidades de greve em massa também foram encaradas com otimismo por marxistas mais ortodoxos como Rosa Luxem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 688 sindicalismo anarco burgo 1906 Outros tentaram reconstruir sin dicatos tradeunionistas como órgãos indus triais abrangentes aptos a assumir o controle do funcionamento da indústria o exemplo mais notável foi o Industrial Workers of the World ou Wobblies formado nos Estados Unidos em 1905 sob a influência das teorias de De Leon ver Dubofsky 1969 Durante o período de 191418 outro modelo alternativo foi fornecido pela formação na maioria dos países belige rantes de organizações do local de trabalho relativamente independentes da estrutura sin dical formal e capazes de questionar e disputar o controle da produção modelo esse que foi analisado com extrema sensibilidade por Gramsci e desenvolvido por outros como Pan nekoek como base para uma teoria do comu nismo de conselho Smart 1978 Depois da formação da Internacional Comunista um im portante elemento na estratégia esquerdista foi a criação de movimentos de base de oposição dentro dos sindicatos oficiais Mais recente mente essa tática tem sido adotada por vários grupos trotskistas Desde a revolução soviética o papel dos sindicatos na sociedade socialista tem provoca do discussões entre os marxistas No famoso debate sindical de 19201 Trotsky sustentou que os sindicatos deviam ficar formalmente subordinados ao estado enquanto que a Oposi ção dos Trabalhadores insistia em que deveriam manterse como força independente dentro da esfera econômica Lenin levou a melhor em bora formalmente independentes os sindicatos tinham que obedecer à liderança do partido como correias de transmissão entre o Partido Comunista e as massas Ironicamente durante o regime de Stalin o modelo de controle estatal de Trotsky foi efetivamente implementado ver Deutscher 1950 e depois de 1945 se esten deu aos novos regimes comunistas na Europa Oriental Muito mais tarde surgiram pressões em favor de maior autonomia sindical O colap so do comunismo no bloco oriental foi precedi do na maioria dos países pela asserção de independência pelos antigos sindicatos oficiais e em muitos casos pela ascensão de movimen tos de oposição com destaque para o Solida riedade na Polônia Hoje em dia o modelo de correia de transmissão foi abandonado até nos países em que o regime comunista subsiste No Ocidente industrializado os sindicatos têm procurado freqüentemente escapar aos par tidos políticos Em grande parte da Europa con tinental o sindicalismo de massa foi o produto da ascensão da socialdemocracia na virada do século mas os líderes sindicais não tardaram em insistir no desenvolvimento de suas próprias prioridades estratégicas Na Europa Meridio nal onde os vínculos sindicatopartido têm sido de grande importância na era do pósguerra tendências semelhantes mostraramse eviden tes em anos recentes Nos Estados Unidos a maioria dos sindicatos rechaçou tradicional mente os vínculos políticos comuns na Europa posição agressivamente defendida no final do século XIX pelo presidente da American Fede ration of Labor AFL Samuel Gompers com sua filosofia de sindicalismo puro e simples Essa concepção obteve depois o apoio intelec tual do escritor Selig Perlman 1918 o qual afirmou que os sindicatos confinariam natural mente suas atividades a matérias relacionadas com o trabalho a menos que seduzidos pela intervenção de intelectuais Argumentos seme lhantes foram recentemente desenvolvidos por escritores norteamericanos Lester 1958 Ross e Hartman 1960 Kerr et al 1960 que insis tiram todos eles em que os sindicatos madu ros abandonam tipicamente os objetivos polí ticos radicais e se concentram na negociação de convênios coletivos Uma terceira concepção das relações entre sindicatos e política foi oferecida pelos teóricos do corporativismo ver Goldthorpe 1984 O uso moderno dessa noção alude aos sistemas fascistas em especial ao italiano e ao espanhol de organização dirigida pelo estado envolven do empregadores e empregados em uma retóri ca de unidade funcional Nas sociedades oci dentais modernas afirmase o estado é cada vez mais um ator central nas relações econômi cas e industriais e isso forneceu o desenvolvi mento de acordos tripartites integrando com freqüência os sindicatos institucionalmente na maquinaria do planejamento e administração da economia nacional Para alguns autores o neocorporativismo serve para subordinar os sindicatos às exigências de um estado capitalis ta convertendoos em agências voltadas para disciplinar seus membros em troca de vanta gens nominais e organizacionais Outros po rém identificam um sistema de permuta polí tica pelo qual os sindicatos obtêm reais bene fícios materiais para os seus filiados moderando a sua militância econômica em troca da influên Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sindicatos 689 cia no tocante a decisões de política macroeco nômica a Áustria e a Suécia do pósguerra são freqüentemente citadas como exemplos A ló gica de ambas as interpretações é que o simples sindicalismo de resultados como o modelo americano é muitas vezes chamado deixou de ser viável pelo menos em muitos contextos nacionais Ainda outra concepção de sindicalismo é como movimento social Essa concepção deri vou com freqüência do pensamento social ca tólico que mudou no começo do século do antisindicalismo derivado do antisocialismo para uma visão mais positiva dos sindicatos como meio de promover a coesão e a harmonia sociais O anticomunismo forneceu subseqüen temente um poderoso motivo para a interven ção católica no sindicalismo inspirando por vezes a formação de sindicatos cristãos sepa rados Em alguns países do Terceiro Mundo contudo a teologia da libertação encorajou o apoio ao sindicalismo populista radical em sua mobilização contra o capital multinacional e os regimes políticos repressivos Isso pode ser vis to como reflexo de uma lógica situacional onde o estado é poderoso e a sociedade civil rela tivamente subdesenvolvida os sindicatos são uma das poucas organizações capazes de coor denar uma ação social independente em escala nacional Ao mesmo tempo os sindicatos que são incapazes de concretizar relações estáveis de negociação de convênios coletivos ou de adquirir uma substancial filiação formal dese jam provavelmente mobilizar e representar um contingente de trabalhadores muito maior do que essa filiação por si só Está claro que o significado social do sin dicalismo é um foco de disputa e emulação dentro e entre os próprios sindicatos e o seu papel é igualmente controverso para governos e movimentos de oposição política É possível que o fim da Guerra Fria e a internacionalização do capital e das práticas de emprego levem a uma maior homogeneidade das características dos sindicatos Ver também SINDICALISMO Leitura sugerida Banks JA 1974 Trade Unionism Clegg Hugh 1976 Trade Unions under Collective Bargaining Crouch Colin 1982 Trade Unions Flanders Allan 1952 Trade Unions Hyman R 1972 Marxism and the Sociology of Trade Unionism Ο 1989 The Political Economy of Industrial Relations McCarthy WEJ 1985 Trade Unions 2ªed Mar tin Ross 1989 Trade Unionism Mills CW 1948 The New Men of Power Munck Ronaldo 1988 The New International Labour Studies Sturmthal Adolf 1972 Comparative Labor Movements Webb Sidney e Webb Beatrice 1897 Industrial Democracy RICHARD HYMAN sistemamundo Tratase de um conceito re lativamente novo Sem dúvida a expressão foi usada de tempos em tempos no passado em sentidos diversos e não muito precisos Mas o seu uso corrente hifenizado para indicar que é um conceito deve ser relacionado com a invenção do termo économiemonde por Fer nand Braudel O próprio Braudel diz que o tomou do uso particular feito por Fritz Rörig em 1933 da palavra Weltwirtschaft mas foi principalmente via Braudel sem dúvida que o conceito se tornou conhecido A língua francesa e outras línguas neolati nas permite uma distinção em formas lingüís ticas que é impossível em alemão e difícil em inglês Os economistas falam desde longa data de uma economia mundial termo que eles são propensos a usar como sinônimo de economia internacional Referese primordialmente à es trutura dos fluxos comerciais e financeiros entre estados soberanos fluxos que se refletem no nível estatal em certos indicadores padroniza dos como os termos de comércio ou o balanço de pagamentos Nesse uso a palavra internacio nal referese aos fluxos entre nações ou seja estados soberanos e o termo mundial alude ao fato de os economistas estarem analisando fluxos no globo inteiro Em francês a tradução comum de world economy é économie mondiale Braudel contu do inventou um termo diferente para o que desejava descrever Usou économiemonde Quis indicar com esse termo em primeiro lugar que não estava referindose ao mundo mas a um mundo e em segundo lugar que não se referia às relações econômicas entre unidades políticas constituídas dentro desse mundo mas aos processos econômicos dentro desse mundo em sua totalidade Fui eu quem tentou estabelecer essa dis tinção em tradução inglesa entre économie mondiale e économiemonde mediante o uso do hífen Como world economy já estava em uso corrente como o equivalente de économie mon diale usei worldeconomy com o hífen como o equivalente de économiemonde Uma econo miamundial foi definida inicialmente como a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 690 sistemamundo entidade dentro de cujas fronteiras havia uma única e abrangente divisão de trabalho mas que de fato incluía certo número de estruturas estatais distintas Pensando bem era evidente que tinham existido historicamente outras grandes entida des sobre as quais se poderia afirmar que tinham tido uma única divisão de trabalho mas não contiveram dentro de suas fronteiras estrutu ras estatais distintas Tal parecia ser o caso dos antigos impérios como digamos o de Roma ou o da China Por paralelismo lingüístico com worldeconomy criouse o termo worldempire a fim de caracterizar esse último caso sendo ambos considerados variedades de uma enti dade chamada worldsystem sistemamundo Desde o início da década de 70 quando se completou esse exercício conceitual preliminar considerável soma de trabalhos empíricos e teóricos foi empreendida a respeito de sistemas mundo A maior parte desse trabalho tem se relacionado com o estudo de um sistemamun do particular o sistemamundo moderno também conhecido como economiamundial capitalista Além disso porém alguns arqueó logos tentavam utilizar o conceito de sistema mundo para analisar as várias situações prémo dernas em que eles têm estado sobremodo inte ressados indicando que suas reconstituições a partir dos dados deveriam levar à observação de zonas espaciais mais vastas do que era previa mente feito e que essas zonas mais vastas eram de fato sistemasmundo Recentemente se registrou ademais o início do interesse no es tudo comparativo de diferentes espécies de sis temasmundo Todo e qualquer conceito especialmente quando novo é um exercício de polêmica É importante sublinhar contra que conceitos alter nativos estava dirigido o conceito de sistema mundo Três importantes elementos estavam envolvidos na polêmica O primeiro dizia res peito à unidade de análise Sustentar que o mundo moderno devia ser pensado em termos de um sistemamundo ou de uma economia mundo capitalista é sustentar que a unidade primária significativa de coerção social e de poder decisório social é mais esse sistemamun do do que as unidades de estadosnações que têm sido tradicionalmente usadas como uni dades de análise Dessa primeira premissa decorre natural mente a segunda As unidades que se desen volvem ao longo do tempo não eram conside radas os chamados estadosnações mas antes o sistemamundo como um único sistemamun do Isso era um argumento contra o desenvol vimentismo ou teoria da MODERNIZAÇÃO o qual supunha a existência de estadosnações paralelos cada qual realizando esforços parale los de desenvolvimento linear embora com sucesso desigual até a data Além disso a teoria da modernização tendia a ser uma teoria da homogeneização final a tendência da análise a partir de uma perspectiva de sistemamundo é enfatizar a polarização da estrutura sistêmico mundial ao longo do tempo O terceiro elemento da polêmica envolveu portanto o modo de análise ou a postura ado tada a respeito de questões epistemológicas tradicionais As análises que usavam o estado nação como unidade de análise e teorizavam a partir de uma perspectiva desenvolvimentista tendiam a ser nomotéticas buscando enuncia dos apropriados semelhantes a leis que pudes sem explicar os processos observados A epis temologia de uma perspectiva de sistemas mundo baseavase na noção de que os sis temasmundo são sistemas históricos Os sis temas históricos são simultaneamente sis têmicos com estruturas que determinam pro cessos em curso predominantemente cíclicos e históricos ou seja desenvolvemse ao longo do tempo têm início e fim Isso levou a análise dos sistemasmundo a duas importantes con clusões epistemológicas Uma delas foi uma postura de rejeição das metodologias nomo téticas e idiográficas em favor de uma aná lise dos conjuntos particulares de regras ge rais que governam determinados tipos de sis temasmundo A segunda foi uma simpatia pela teorização nas ciências que rejeita a di nâmica linear newtoniana e favorece um mo delo de processos nãolineares que subse qüentemente se bifurcam O conceito de sistemamundo é um dos que se prestam à controvérsia no pensamento do século XX Tende a ser contrário aos pontos de vista da corrente dominante definida quan titativa e socialmente Evidentemente despido de sua bagagem polêmica esse conceito pode ria ser facilmente incluído em quase toda teori zação típica sobre comportamento social mas assim despido estaria viciado e dificilmente acrescentaria algum insight significativo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sistemamundo 691 Ver também GLOBALIZAÇÃO DIVISÃO INTER NACIONAL DO TRABALHO RELAÇÕES INTERNACIO NAIS Leitura sugerida Braudel Fernand 1967 Civilisation matérielle économie et capitalisme XVXVIIIs 3 vols Wallerstein Immanuel 197489 The Mo dern WorldSystem 3 vols Ο 1991 Unthinking Social Science IMMANUEL WALLERSTEIN sistemas teoria de O termo sistemas inclui máquinas organismos e sistemas sociais e psi cológicos em contraste com ações e peças in dividuais Os sistemas são complexos de ele mentos e relações separados por fronteiras dos seus respectivos meios ambientes os quais são sempre mais complexos que os próprios sis temas ver Hall e Fagen 1968 Allport 1968 Para Niklas Luhmann essa diferença de com plexidade entre o sistema e o meio ambiente em que ele está localizado é o problema fun damental para a teoria de sistemas o ponto final de referência de qualquer análise funcional Luhmann 197090 vol2 p210 ver também FUNCIONALISMO Os sistemas sociais podem ser interações organizações ou sociedades inteiras Os sis temas sociais à semelhança dos sistemas psi cológicos podem caracterizarse pelo seu uso do significado Seus elementos porém não são pessoas seres humanos ou sujeitos mas ações intersubjetivas ou comunicativas ver COMUNI CAÇÃO Os sistemas sociais coordenam ações Não são contudo mundos vitais nem formas socioculturais de vida caracterizados pelo fato de coordenarem as intenções dos atores de tal maneira que estas se apresentam na perspectiva dos próprios atores a perspectiva participante como um contexto significativo e interpretável Os sistemas sociais não são como tais com preensíveis nem incompreensíveis nem a ex pressão de um consenso antecedente nem a implementação de um consenso consciente Os sistemas sociais coordenam as conseqüências de ações as quais constituem um todo funcional a partir da perspectiva de um observador ou de um sistema observante Os atos econômicos por exemplo que são significativos e portanto interpretáveis de uma perspectiva participante são combinados pelos mercados em um sistema em que eles se suce dem uns aos outros O que determina o elo e a seqüência de ações no espaço e no tempo é contudo não a intenção significativa mas tão somente se o comprador tem dinheiro ou não e se o gasta ou não O mecanismo monetário é cego a intenções e a quaisquer crenças progra mas idéias e interesses Tudo o que conta são as conseqüências das decisões de comprar O sistema da ciência opera de modo semelhante não são os programas concretos de pesquisa nem as multiformes implicações das pesquisas como o seu valor social que são decisivos mas sim se o que é produzido é verdadeiro ou falso O sistema da ciência como tal é cego a tudo mais em especial à complexa e significativa relação entre ciência e mundo O mais impor tante efeito da diferenciação funcional é que os soldados marcham os escritores escrevem e os ministros governam quer isso lhes interesse ou não em uma dada situação Luhmann 1970 90 vol2 A sociologia anterior tinha uma des crição unilateral desse progresso como um pro cesso de burocratização baseado no modelo de ação racionalintencional A teoria de sistemas é propensa a tratar o mesmo processo tão uni lateralmente quanto um ganho de liberdade re sultante da remoção do fardo da responsabili dade individual cf Luhmann 1976 p287ss Fazer uma abstração das perspectivas e ori entações dos atores tem importantes conse qüências para o status metodológico da teoria de sistemas Como teoria ela está interessada na explicação não na compreensão Não pode porém formular qualquer pretensão ou na melhor das hipóteses só o pode de forma muito limitada a oferecer explicações causais A teoria sociológica de sistemas pelo menos re conciliouse com a sua virtual incapacidade de fornecer explicações causais a par de conceitos fortemente empíricos observabilidade etc En tretanto explica a imprecisão e a circularidade de suas explicações funcionais não pela pecu liaridade ontológica do seu domínio do objeto simbolicamente estruturado ou como a socio logia Verstehende pela impossibilidade de es capar do círculo hermenêutico mas pela com plexidade e opacidade das estruturas do sis tema as quais em princípio não são passíveis de análise causal Os sistemas autopoiéticos autoformantes alteramse quando descobrem estruturas completamente novas de maneira imprevisível A própria teoria de sistemas con tudo adere agora cada vez mais ao seu próprio método e explica os limites de seu poder expli cativo causal por sua função social e pelas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 692 sistemas teoria de condições funcionais de sua própria autorepro dução como teoria científica Maturana 1982 Schmidt 1987 Luhmann 1988 A interpretação de complexos de significa do tal como praticada por W Dilthey ou Max Weber não é rejeitada pela teoria de sistemas pelo contrário é pressuposta por ela Niklas Luhmann tal como Talcott Parsons parte do fato de que por exemplo nas culturas protes tantes a ação econômica foi estruturada por diferentes significados e visões de mundo em relação ao católico ortodoxo ou às regiões fun damentalistas islâmicas Somente onde a ação forma um mundo inteligível é que um sistema econômico moderno pode coordenar ações ex clusivamente por meio dos efeitos de fluxos monetários sobre as conseqüências da ação Nessa medida as sociedades são sempre com plexos sistemicamente estabilizados de ação de grupos socialmente integrados Habermas 1981 vol2 Entretanto em uma sociedade moderna funcionalmente diferençada já não importa mais de onde alguém vem Comunidade reli gião e consciência coletiva origem histórica status social e lugar na hierarquia tradicional laços de família e obrigações de parentesco são irrelevantes embora se pressuponha ainda sua força socialmente integradora A única coisa que conta em um sistema de mercado juridica mente institucionalizado livre e de igual acesso é se alguém pode pagar ou não Através de sua institucionalização jurídica os mercados livres desligaramse dos laços de parentesco e das ordens de privilégio da família e da estra tificação assim como da esfera política Como Marx já reconheceu a ordem dos estratos e classes sociais perdeu sua antiga autonomia e se tornou quase totalmente dependente da auto organização autopoiética do sistema econômi co Apoiandose principalmente na teoria de Max Weber das esferas de valor Talcott Parsons 1966 1971 desenvolveu uma teoria de MO DERNIDADE em termos de diferenciação funcio nal Esse processo converte os componentes individuais da ação valores constitutivos latentes normas integradoras motivos delibe rados recursos adaptativos que estão inte grados na ação comunicativa em performances especializadas de sistemas funcionais diferen çados Tanto no nível do sistema de ação geral quanto no do sistema social e do subsistema integrador de sistema de ação os sistemas que assumem as tarefas internas do processamento de informação inovação e reprodução simbó licocomunicativa de valores e normas distin guemse inteiramente dos que asseguram a adaptação do sistema de ação e do sistema social aos ambientes externos O processo de mudança evolutiva ver PRO CESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE que le vou ao desenvolvimento do sistema das socie dades modernas pode então ser explicado pela mudança de estratificação social para diferen ciação funcional A ascensão de instituições culturais autônomas possibilitou por intermé dio da generalização de valores a legitimação de normas concretas que são obrigatórias para a comunidade social Sistema educacional pós tradicional a economia autoorganizada arte autônoma e religião individualizada a ética protestante são os mais importantes exemplos históricos Mediante uma influência generali zada a integração social pode ser organizada como a formação inclusiva e aberta à participa ção irrestrita de associações livres em um sis tema de comunidades sociais A comunidade societal de Parsons juridicamente institucio nalizada na CIDADANIA é o lugar da liberdade associativa tal como foi entendida por Tocque ville Poderíamos também descrever a autoor ganização da comunidade social como a união sócioreflexiva de nível superior das uniões sociais descrita por John Rawls Na permuta intersistemas isso fornece ao sistema político um apoio leal através de sua influência sobre os cidadãos enquanto o sistema políticoadmi nistrativo dota a comunidade social do neces sário poder através da sanção jurídica da liber dade de associação em uma base igualitária O desligamento do poder político da in fluência da ação comunicativa em associações sociais dá portanto à esfera política a liberdade necessária para impor a diferenciação funcional e implementar de maneira intencionalracio nal as estruturas jurídica e administrativa cor respondentes estas são necessárias por exem plo para separar a moderna organização de trabalho do oïkos a residência difusamente fun cional da família camponesa mas também para por exemplo proteger a função socializante da família da mobilização econômica de seus membros individuais Um sistema econômico liberto por maciça intervenção política de todos os compromissos de valor restrições normati Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sistemas teoria de 693 vas e tarefas políticas pode concentrarse na maximização do desempenho e desenvolver as forças produtivas sem as quais faltaria ao sis tema das sociedades modernas toda a sua força motriz Esse modelo de diferenciação funcional so fre de uma dificuldade básica Para Parsons toda e qualquer espécie de formação de sistema por meio de diferenciação funcional apresenta se como uma destinação que de modo geral não é problemática do sistema nem do mundo não é problemática apenas porque ele só concebe o mundo em termos de tradicionalis mo particularismo prolixidade e coletivismo afetivo Para Parsons diferenciação funcional é a emancipação dos limites da natureza e das formas tradicionais de sociação Assim por exemplo ele pôde descrever o desenvolvimen to da União Soviética mesmo no final da déca da de 60 como uma progressiva modernização rumo ao sistema ocidental de sociedades mo dernas atrasada apenas em certos domínios Essa interpretação unilateralmente otimista do desenvolvimento soviético sem base em qual quer preconceito ideológico a favor do comu nismo deveuse a uma cegueira categorial O conceito de diferenciação funcional permite uma análise adequada da transformação moder na e da dissolução de formas tradicionais de socialização mas não se pode apresentar sequer a questão de existirem processos de moderniza ção como o terror stalinista que destroem não só as formas tradicionais de socialização mas a própria possibilidade desta Sendo assim a teoria do sistema funcionalista não pode esca par à acusação de consubstanciar uma filosofia oculta da história Pelo menos é como se as teorias de sistemas fossem aparentemente for çadas por suas categorias a uma certa cegueira às possíveis patologias da modernização As angústias de Habermas vão nessa direção e as polêmicas análises do discurso propostas por Michel Foucault adquirem considerável força como um corretivo para o otimismo unilateral da visão de modernidade apresentada pela teo ria de sistemas Leitura sugerida Habermas J 1981 1984 1989 The Theory of Communicative Action vol2 Parsons T 1951 The Social System Ο 1966 Societies Evolutio nary and Comparative Perspectives HAUKE BRUNKHORST socialdemocracia As doutrinas e ações po líticas cobertas por este termo podem ser escla recidas se considerarmos o que a socialdemo cracia é e o que não é Alemanha França Grã Bretanha Áustria Nova Zelândia Austrália Bélgica Holanda Espanha Suécia e os outros países escandinavos todos têm fortes tradições e partidos sociaisdemocratas que podem cha marse partidos socialistas sociaisdemocratas ou trabalhistas ver SOCIALISMO e alguns des ses partidos têm constituído governos em várias épocas sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial Diversas gerações de programas de bemestar e reformas sociais legisladas deixa ram marcas permanentes afetando não só a formação do estado mas também as atitudes predominantes acerca da responsabilidade so cial A Rússia também teve um importante mo vimento socialdemocrata no começo deste sé culo depois suprimido pelos bolcheviques e a socialdemocracia foi influente em menor me dida em países tão diversos quanto a Argentina o Canadá a Irlanda do Norte o Partido Social Democrata e Trabalhista a Índia e o Japão onde continua forte apesar do virtual monopó lio do poder pelo Partido Liberal e recebe considerável apoio das mulheres assim como dos agricultores e da classe média Originalmente socialista sindicalista e anti capitalista a socialdemocracia compartilha uma origem comum com outros movimentos da classe trabalhadora no século XIX que lutavam contra diferentes versões da repressão estatal bismarckiana militarista bonapartista anti Dreyfusard ver adiante clerical católica e protestante ou outras ver MARXISMO OCIDEN TAL Quanto mais êxito obtiveram nas eleições e mais organizados se mostravam como parti dos políticos e na medida em que algumas das mudanças sociais pelas quais se bateram foram realizadas no ESTADO DE BEMESTAR mais os sociaisdemocratas tenderam a se deslocar da esquerda para o centroesquerda Tal flexibili dade é em parte resultado do caráter híbrido da socialdemocracia como doutrina política Faltandolhe um único fundador um John Lo cke um Adam Smith ou um Karl Marx a sua linhagem inclui o marxismo o socialismo utó pico e a forma de revisionismo inspirada pela intuição de Engels na década de 1890 de que a ação política evolucionária apoiandose no direito de voto e no parlamentarismo era mais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 694 socialdemocracia suscetível de favorecer as lutas da classe traba lhadora do que os meios revolucionários Os primeiros sociaisdemocratas participa ram de um compromisso comum com o prole tariado como a classe do futuro diferindo de jacobinos e revolucionários mais em função de método do que de princípio Acreditavam que o proletariado como classe tomaria o poder econômico e político por meios como o sufrá gio universal a democracia parlamentar e o controle sobre o ramo executivo do governo Uma vez o proletariado no poder a nacionali zação e o planejamento eliminariam o ciclo de alternância de períodos de prosperidade e de pressão econômica a guerra seria abolida e o colonialismo acabaria Com algumas variações doutrinárias os sociaisdemocratas comparti lham uma visão igualitária secular e científica uma versão socialmente responsável da tradi ção do Iluminismo Os sociaisdemocratas ainda favorecem um forte estado democrático em nítido contraste com o minimalismo político dos liberais Ainda rejeitam o mercado como único árbitro da jus tiça e continuam situando a esfera pública aci ma da particular Mas distanciaramse do socia lismo revolucionário e virtualmente todos os partidos sociaisdemocratas romperam decisi vamente com o comunismo depois de 1919 Desde a Segunda Guerra Mundial muitos deles acabaram aceitando ou mesmo favorecendo os mercados acima do planejamento a empresa privada acima da pública e uma política do tipo cresça primeiro e redistribua depois Hoje em dia como principal alternativa do bemestar social a socialdemocracia compar tilha com esta crença no pluralismo cujo mo delo poderia ser denominado a política de um equilíbrio móvel somada à política de gestão responsável de controles reguladores eleições e leis e o relacionamento interativo entre o público e o particular mas enfatiza o contínuo reequilíbrio entre o econômico e o político no âmbito de um duplo mercado Na teoria social democrata o mundo econômico é menos uma questão de propriedade do que de um mecanis mo fornecedor de informações com base nas quais consumidores e produtores realizam es colhas e opções acerca de necessidades e carên cias materiais Por sua vez o domínio político funciona para fornecer informações com base nas quais os líderes podem ser selecionados de acordo com prioridades de ação com decisões tomadas de acordo com programas e preferên cias Como individualmente os cidadãos são ao mesmo tempo consumidores e eleitores o pon to importante de tal modelo é que as desigual dades observadas na primeira esfera podem ser compensadas na segunda servindo o setor pri vado para impedir concentrações de poder no setor público e servindo este para evitar concen trações de riqueza naquele O que distingue os sociaisdemocratas dos proponentes do estado de bemestar ver BEM ESTAR SOCIAL é uma ênfase maior na igualdade e nas disposições institucionais que facilitam esse objetivo Para eles uma deficiência do estado de bemestar é que ele resulta em com binações ad hoc de natureza temporária con sistindo em estratégias improvisadas e práticas legislativas de caráter tão contrafeito tão relu tante que o seu desfecho mais provável é o fracasso Em suma os sociaisdemocratas vê em as reformas de bemestar social como en xertos no estado liberal que objetivam melhorar os piores efeitos das desigualdades em vez de eliminar radicalmente as suas causas Em con trapartida o programa socialdemocrata pro põese em um grau ou em outro alterar ou reduzir substancialmente as concentrações de riqueza privada indústria e capital Com efeito de acordo com os sociaisdemocratas elas são tão poderosas e o papel dos negócios é tão privilegiado que quando programas compen satórios e de reforma são estabelecidos em um estado de bemestar eles impedem que o duplo mercado econômico funcione muito bem Portanto os sociaisdemocratas assumem uma forte posição em favor do igualitarismo e da necessidade de eliminar as causas das desi gualdades sociais Também acreditam que o equilíbrio não será obtido sem a intervenção do estado em favor dos que são penalizados ou especialmente desfavorecidos incluindo mino rias étnicas religiosas raciais lingüísticas e classes Em anos recentes porém a experiência mostrou que a intervenção pode burocratizar o estado tornandoo politicamente mais insensí vel Assim os sociaisdemocratas passaram a se interessar por experiências com formas múl tiplas e pluralistas de representação democra cia no local de trabalho e autogestão esperando através de tais mecanismos suplantar o conflito entre grupos competitivos e transformálo em cooperação A moderna teoria pluralista e em especial as teorias de democracia participativa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialdemocracia 695 e poliarquia desenvolveram o lado político da socialdemocracia nos últimos 30 anos ver por exemplo Dahl 1956 1961 Polsby 1963 Ba chrach 1967 Pateman 1970 Lukes 1974 Gould 1988 Ao mesmo tempo os sociaisde mocratas reconheceram que as reivindicações de eqüidade precisam ser contrapostas às neces sidades de desenvolvimento e os sociaisde mocratas holandeses austríacos alemães neo zelandeses e escandinavos deram mostras de considerável inventiva em suas políticas de ha bitação de baixo custo conselhos de traba lhadores e modernos programas educacionais Os sociaisdemocratas têm estado próximos dos partidos verdes em questões ambientais sobretudo na Alemanha embora divididos em matéria de energia nuclear e armamento ver MOVIMENTO ECOLÓGICO Hoje em dia quando a filiação e as clientelas eleitorais passaram a ser mais de classe média alguns partidos também passaram a moderar seus programas de proprie dade pública e a enfatizar mais a reforma do que a circunscrição das responsabilidades do estado no tocante ao bemestar Hindess 1971 À semelhança do estado de bemestar a socialde mocracia foi muito influenciada pelo KEYNESIA NISMO embora favorecendo os que mostravam uma propensão maior a consumir do que a poupar De modo geral os sociaisdemocratas são favoráveis à coletivização do risco ao pas so que os defensores do estado de bemestar favorecem a individualização do risco Para alguns sociaisdemocratas o estado atua como um estabilizador econômico e político esti mulando o crescimento e impedindo a recessão como uma forma de gerenciamento de crises Offe 1984 p148 O modo como funcionam esses princípios talvez possa ser mais bem ilustrado por alguns exemplos Embora não exista uma teoria social democrata definitiva nem um estado socialde mocrata exemplar Alemanha Áustria Suécia Holanda e alguns outros países como a Aus trália podem servir de modelos O caso alemão ilustra particularmente bem a transformação da socialdemocracia de uma doutrina esquerdista em uma doutrina de centroesquerda No início da década de 1860 operários de inspiração libe ral associações educacionais e corporações profissionais começaram a angariar apoio para a reforma constitucional a unificação nacional o sufrágio universal masculino a educação pro fissionalizante as instituições de poupança programas cooperativos e cooperativas de pro dutores O liberalismo inicial logo cedeu o lugar ao socialismo e duas importantes associações operárias surgiram na década de 1860 a As sociação Geral de Trabalhadores Alemães ins pirada e liderada por Ferdinand Lassalle e o Partido dos Trabalhadores SociaisDemocra tas liderado por August Bebel e Wilhelm Liebknecht que tinham estreitos vínculos com Marx e Engels Guttsman 1981 cap1 Um período de radicalização ocorreu no rescaldo da Guerra FrancoPrussiana Os dois partidos existentes foram unidos em 1875 como o Partido SocialDemocrata da Alemanha SPD o qual no prazo de dois anos já contava com 12 deputados no Reichstag e recebia mais de meio milhão de votos Tal como outros par tidos socialistas e sociaisdemocratas na Fran ça e em outros países o SPD afirmava a priori dade da solidariedade da classe trabalhadora sobre as filiações nacionais e em 1878 as orga nizações de trabalhadores foram proibidas pela Lei AntiSocialista Quando a lei expirou em 1890 o SPD desenvolveuse rapidamente Kocka 1986 p278351 obteve cerca de 15 milhão de votos nas eleições desse ano e man dou 35 deputados para o Reichstag Braunthal 1961 p2001 Seu programa incluía o corpo rativismo lassalliano tal como encarnado no Programa Gotha de 1875 para enfatizar o so cialismo de estado os meios políticos legais as liberdades civis e a democracia mas como conseqüência direta da legislação bismarckiana repressiva contra as organizações da classe tra balhadora também incluía agora um apelo à ação proletária radical uma tendência marxista e revolucionária anunciada em seu programa Erfurt de 1891 Entretanto sua doutrina marxis ta tinha diversos componentes que se esten diam desde o marxismo revolucionário de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht através do centrismo de Karl Kautsky até o REVISIONIS MO de Eduard Bernstein Todos os partidos sociaisdemocratas reuni dos na Internacional Socialista opuseramse fir memente à guerra mas apesar dessa oposição regularmente reafirmada em seus congressos os socialistas franceses na Câmara dos Deputa dos e o SPD alemão no Reichstag votaram a favor de créditos de guerra em 1914 montando o cenário para uma divisão decisiva entre socialistas e sociaisdemocratas e entre socia lismo revolucionário e bolchevismo Braun Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 696 socialdemocracia thal 1961 cap21 O marxismo revolucionário continuou sendo uma força poderosa no SPD até 1920 quando a ala esquerda do partido se separou para formar o Partido Comunista KPD As relações entre o SPD predominan temente revisionista e o KPD tornaramse cada vez mais ásperas com a ascensão do nacional socialismo e a transformação do KPD em par tido stalinista ver COMUNISMO Durante o pe ríodo nazista membros de ambos os partidos foram perseguidos e muitos de seus adeptos acabaram sendo mortos ou encarcerados Re constituído depois da Segunda Guerra Mundial o rejuvenescido SPD abandonou oficialmente até mesmo uma versão diluída do marxismo em seu congresso de Bad Godesberg em 1959 aceitando um liberalizado sistema de mercado Hoje em dia o SPD defende essencialmente a livre concorrência econômica mas em uma economia de mercado social e rejeita de modo geral a propriedade dos meios de produ ção pelo estado Lipset 1990 Um dos problemas ao se examinar a social democracia é que a maioria dos partidos so ciaisdemocratas usa rótulos socialistas Na França por exemplo os socialistas realizaram esforços determinados para evitar a socialde mocracia preferindo a ascendência revolucio nária e a retórica de uma original herança jaco bina Sua tendência esquerdista derivou do marxismo revolucionário de Jules Guesde o qual se opunha ao programa de Paul Brousse mais reformista ou possibilista Onde os so ciaisdemocratas alemães favoreciam os meios eleitorais para se chegar ao socialismo alguns socialistas franceses eram favoráveis à greve geral considerada uma arma de reforma pací fica em contraste com a ação revolucionária Proudhonistas marxistas blanquistas gues deístas sorelianos em sua origem o caso Drey fus de 1894 ajudou a reunir todos esses grupos socialistas sob a liderança de Jean Jaurès de modo que em 1903 os socialistas receberam 600 mil votos elegeram mais de 50 deputados para o Parlamento e possibilitaram a Alexandre Millerand tornarse o primeiro ministro socia lista Os guesdeístas dedicaram especial aten ção à reforma municipal e obtiveram cadeiras em numerosos conselhos municipais Depois se deu a inevitável cisão entre sociaisdemocratas e comunistas no Congresso de Tours em 1919 Léon Blum Jean Longuet e Paul Faure res tabeleceram o Partido Socialista em torno do jornal de Longuet Le Populaire enquanto os comunistas se organizaram em torno do diário de Jean Jaurès Lhumanité A socialdemocra cia associada ao efêmero governo da Frente Popular do premier Léon Blum em 1936 de clinou daí por diante até a década de 70 quando começou a reviver em grande parte à custa do Partido Comunista Mas continuou fora do po der até a presidência de François Mitterand em 1981 A Suécia é claro tem sido considerada des de longa data um estado socialdemocrata exemplar representando a terceira via ou a do meio fundada em 1899 sob a liderança de Hjalmar Branting um marxista razoavelmente ortodoxo que se tornou o primeiro premier so cialista o Partido SocialDemocrata conso lidouse rapidamente como importante força política À semelhança da socialdemocracia alemã a sua posição original era a extrema esquerda mas foi o principal responsável pelo estabelecimento do neutralismo permanente da Suécia Apesar de ter sido favoravelmente in fluenciado pela Revolução Russa sucessivos governos sociaisdemocratas sofrendo apenas breves interrupções a partir da década de 30 preferiram o pragmatismo à ideologia e o cres cimento à igualdade uma posição muito forte sobre essa questão foi adotada na famosa confe rência de Zimmerwald em 1915 Uma conse qüência é que embora a Suécia possua de há muito os melhores programas de bemestar so cial de qualquer estado moderno tem o mais baixo imposto de renda de pessoa jurídica de todos os países da OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico mas também taxas muito elevadas de imposto de renda da pessoa física seguridade social e imposto sobre valor adicionado Lipset 1990 Continua favorecendo programas voltados para a participação de operários na tomada de de cisões industriais embora estes tenham prova do ser menos bemsucedidos do que original mente se previa Tingsten 1973 Meidnerm 1978 Olsen 1992 O Partido SocialDemocrata austríaco tal vez tenha sido mais doutrinário Formado em 1888 tinha recebido em um período de 10 anos 13 dos votos depositados e estava com 87 membros no parlamento e o AUSTROMARXISMO representou uma alternativa significativa ao LE NINISMO Durante a Primeira Guerra Mundial o partido dividiuse entre Victor Adler o líder Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialdemocracia 697 partidário que favorecia mais o proletariado austríaco do que o apoio ao proletariado inter nacional e seu filho Friedrich que assumiu uma ativa posição antiguerra Depois da guerra os sociaisdemocratas chegaram ao poder em várias cidades importantes e Viena em espe cial tornouse uma vitrine de programas extre mamente bemsucedidos em educação saúde pública fornecimento de instalações para ativi dades recreativas e novos projetos habitacio nais para a classe operária Na década de 20 era o maior partido de oposição e depois da Segun da Guerra Mundial tornouse o mais poderoso partido nacional A União SocialDemocrata holandesa foi formada em 1878 sob a liderança de Romela Nieuwenhuis que em 1888 foi eleita para os Estados Gerais O partido registrou um cons tante sucesso com a filiação que galgou de 13 mil votantes e três representantes parlamentares em 1897 para 144 mil votantes e 19 repre sentantes parlamentares um ano depois mas o partido se recusou a integrar um governo de coalizão alegando que isso significaria um compromisso com o capitalismo Depois da Segunda Guerra Mundial a socialdemocracia holandesa foi responsável por tão requintados programas de bemestar social e se preocupou a tal ponto com os menos favorecidos que hoje em dia a Holanda mais que a Suécia poderia ser considerada o estado socialdemocrata pro totípico O Partido Trabalhista britânico é um caso diferente e um pouco mais complicado Suas origens diferem substancialmente das dos par tidos sociaisdemocratas europeus Alguns às vêem no autêntico radicalismo evangélico do século XVII os Levellers ou niveladores os Diggers ou cavadores outros nos movimentos owenista cartista e capelista Sua organização mais nitidamente de classe trabalhadora foi o Partido Trabalhista Independente sob a lide rança de Keir Hardie que teve nos mineiros de carvão a maior parte do seu apoio original Em um sentido concreto contudo a moderna so cialdemocracia britânica está mais bem con substanciada na Sociedade Fabiana Fundada em 1883 e não filiada oficialmente a partido algum seus membros desempenharam um pa pel político sem paralelo Os documentos pro gramáticos que publicaram em considerável número basearamse em extensa pesquisa em pírica sobre condições fabris administração lo cal finanças públicas política habitacional si tuação dos pobres educação colonialismo e outras matérias similares ver SOCIALISMO FABIA NO Influenciaram de modo significativo a po lítica do Partido Trabalhista e o programa sobre Trabalhismo e Nova Ordem Social publicado logo após o término da Primeira Guerra Mun dial forneceu um quadro de referência básico que se manteve fundamentalmente inalterado até data relativamente recente Grande parte desse programa foi convertido em lei incluindo o salário mínimo nacional a nacionalização das minas estradas de ferro serviços de utilidade pública e seguros a redistribuição de exce dentes para o bem comum e um imposto de renda acentuadamente progressivo Linhas menos significativas incluíram a Li ga Socialista de William Morris semianar quista e a Federação SocialDemocrata de HM Hyndman organização marxista fundada em 1885 cujo objetivo era a propriedade cole tiva dos meios de produção um estado demo crático e a igualdade social e econômica entre os sexos entre os seus membros estava Eleanor a filha de Karl Marx Beer 1948 Desde a sua primeira coalizão parlamentar de 1906 com os liberais a LibLab o Partido Trabalhista foi comparado com os sociaisde mocratas europeus eminentemente prático e pragmático em vez de doutrinário e ideológico Teve um desempenho um tanto melancólico antes da Segunda Guerra Mundial tendo che gado pela primeira vez ao poder com Ramsay MacDonald na eleição cáqui de 1924 Mas depois da guerra a socialdemocracia consoli douse com tanto êxito que sucessivos governos conservadores foram incapazes de alterar a si tuação até a implantação do programa de pri vatização e devolução do governo Thatcher na década de 80 De 1975 em diante a polarização política entre esquerda e direta intensificouse no seio do Partido Trabalhista culminando em 1981 em um dissidente Partido SocialDemo crata que formou aliança com o Partido Liberal Depois de alguns êxitos iniciais contudo esse partido declinou sem ter estabelecido uma níti da base de poder tornandose mais um partido da mídia do que qualquer outra coisa Pridham 1988 p22956 Alguns antigos partidos comunistas na Eu ropa Oriental seguiram o exemplo dos comu nistas italianos e espanhóis que depois de se terem tornado eurocomunistas aderiram à so Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 698 socialdemocracia cialdemocracia Em nítido contraste com os Estados Unidos onde declinou constantemente depois de 1912 Weinstein 1967 a socialde mocracia tem sido extremamente importante na Austrália e no Canadá ocidental Na Rússia depois de ser a principal influência radical antes da divisão entre bolcheviques e mencheviques a socialdemocracia foi eliminada depois de 1922 Que futuro a aguarda no atual caos da Europa Oriental e da exUnião Soviética é algo difícil de prever Embora não haja uma experiência socialde mocrática definitiva com o seu movimento em direção ao centro do espectro político a social democracia produto de uma longa evolução política no radicalismo europeu universalizou se agora como a principal alternativa ao Estado de BemEstar Leitura sugerida Braunthal J 1961 1963 1966 1967 History of the International 18641914 2 vols Gould CC 1980 Rethinking Democracy Freedom and Social Cooperation in Politics Economy and So ciety Guttsman WL 1981 The German Social De mocratic Party 18751933 Harrington M 1989 The New Left the History of the Future Judt T 1986 Marxism and the French Left Lindblom CE 1977 Politics and Markets Meidner Rudolf 1978 Em ployee Investment Funds an Approach to Collective Capital Formation Miliband R 1989 Divided So cieties Class Struggle in Contemporary Capitalism Offe C 1976 Industry and Inequality Olsen Greg 1992 The Struggle for Economic Democracy in Sweden Panitch L 1976 Social Democracy and Industrial Militancy Pelinka A 1983 Social Democratic Par ties in Europe Ross G Hoffman S e Malzacher S 1987 The Mitterand Experiment Schumpeter J 1942 1987 Capitalism Socialism and Democracy Tingsten Herbert 1973 The Swedish Social Demo crats Weinstein James 1967 The Decline of Socia lism in America 19121925 DAVID E APTER socialismo As idéias socialistas em várias formas expressaramse em séculos anteriores mas o socialismo como doutrina e movimento característicos só apareceu na década de 1830 quando o próprio termo entrou em uso corrente Logo se propagou rapidamente pela Europa sobretudo depois das revoluções de 1848 e no final do século grandes partidos socialistas já se tinham desenvolvido em numerosos países mormente na Alemanha e na Áustria ao mesmo tempo em que o pensamento socialista era lar gamente difundido em todo o mundo Na Europa continental o MARXISMO era o principal alicerce intelectual do socialismo combinando uma teoria da sociedade que expli cava o desenvolvimento do CAPITALISMO mo derno a divisão da sociedade em duas classes principais e o surgimento e crescimento do próprio movimento socialista com uma doutri na sociopolítica a respeito da organização ob jetivos e táticas dos partidos socialistas Em outros lugares porém e em especial na Grã Bretanha e nos Estados Unidos o marxismo teve menos influência e concepções alternati vas de socialismo foram formuladas por exem plo pela Sociedade Fabiana 1889 ver Shaw org 1931 Não obstante havia elementos co muns em todas as versões do pensamento so cialista oposição ao individualismo capitalista consubstanciada na própria palavra socialis ta a qual enfatizava a comunidade e o bemes tar da sociedade como um todo um compro misso com a igualdade e com a idéia de uma futura sociedade sem classes e uma confir mação do caráter do movimento socialista co mo continuação do movimento democrático dos séculos XVIII e XIX Com efeito todos os partidos europeus estiveram particularmente ativos nas campanhas pelo sufrágio universal para cuja conquista colaboraram de forma de cisiva e alguns deles adotaram o nome social democrata a fim de expressar seu propósito de ir além da democracia social para estabelecer a democracia econômica e industrial No começo do século XX contudo com o desenvolvimento contínuo do capitalismo ma nifestarase uma diversidade maior de idéias socialistas em vários países Nos partidos mar xistas europeus deflagrouse uma viva contro vérsia em torno do REVISIONISMO em decor rência da publicação do estudo de Bernstein 1899 em que este sustentava que o desenvol vimento recente do capitalismo tornava neces sária uma reavaliação da teoria de Marx no tocante às crises econômicas à polarização de classes e à intensidade do conflito de classes levando especialmente em conta o crescimento das classes médias e a elevação geral do padrão de vida A divisão de opinião sobre essas ques tões resultou no devido tempo em uma dife renciação de duas tendências principais rotula das de reformista e revolucionária se bem que houvesse também alguns centristas re presentados sobretudo por Kautsky e os aus tromarxistas as quais ficaram anda mais cla Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialismo 699 ramente marcadas depois do surgimento do bolchevismo como tendência distinta no Se gundo Congresso do Partido SocialDemocrata Trabalhista russo em 1903 Na GrãBretanha prevaleceu uma doutrina socialista principal mente reformista e gradualista fortemente in fluenciada por idéias fabianas quando o Partido Trabalhista que no começo se denominava Co mitê de Representação Trabalhista foi fundado em 1900 ao passo que nos Estados Unidos o movimento socialista nunca se estabeleceu co mo força política importante Sombart 1906 atingindo o seu ponto culminante com a vota ção obtida pelo Partido Socialista da América na eleição presidencial de 1912 e declinando continuamente daí por diante Weinstein 1967 Laslett e Lipset 1974 A Primeira Guerra Mundial teve um efeito profundo sobre o movimento socialista como um todo O internacionalismo tinha sido uma característica central da doutrina socialista so bretudo depois de fundada a Primeira Interna cional Associação Internacional de Trabalha dores em 1864 e no final do século diante da crescente ameaça de guerra entre as maiores potências imperialistas os partidos socialistas se haviam tornado também antimilitaristas Quando eclodiu a guerra contudo a maioria dos partidos europeus foi engolfada pela onda avassaladora de fervor nacionalista estimulada por seus respectivos governos embora peque nos grupos minoritários mantivessem uma pos tura antiguerra Lenin e os bolcheviques por outro lado foram vigorosos adversários da guerra desde o começo e depois da Revolução Russa de 1917 tornaramse a principal força em um movimento socialista revolucionário alternativo A divisão entre esse movimento e os antigos partidos sociaisdemocratas da Se gunda Internacional consolidouse então de for ma organizacional com a fundação da Terceira Internacional Comunista em 1919 e a criação de partidos comunistas distintos em muitos países A partir desse ponto o desenvolvimento de idéias e movimentos socialistas foi dominado pela divisão e o antagonismo entre bolchevismo e SOCIALDEMOCRACIA que passaram por várias fases e geraram muitos problemas novos A tentativa de estabelecer uma sociedade socialis ta na Rússia ocorreu em circunstâncias nunca imaginadas por Marx pela maioria dos marxis tas subseqüentes incluindo Lenin e outros lí deres bolcheviques que tinham sérias dúvidas sobre se essa sociedade poderia ter êxito sem uma revolução em um ou mais dos países capi talistas desenvolvidos ou pelos socialistas de modo geral um país primordialmente agrário com uma classe trabalhadora industrial muito pequena e um vasto campesinato devastado pela guerra por uma prolongada guerra civil e pela intervenção estrangeira carente de uma burocracia eficiente ou da experiência de ins tituições democráticas e cercado de estados hostis A necessidade mais imperiosa era de reconstrução econômica e rápida industria lização que veio a ser identificada com socia lismo Essas condições somadas a algumas tradições do Partido Bolchevique forneceram campo fértil para o surgimento de uma ditadura e de um sistema totalitário que Stalin final mente implementou em uma forma extrema O desenvolvimento ulterior de uma econo mia socialista na União Soviética com planifi cação altamente centralizada e ampla proprie dade pública também suscitou questões que os socialistas haviam em grande parte negligen ciado sobre se tal economia poderia na reali dade funcionar eficazmente na prática e essas questões foram centrais no debate sobre cálculo socialista ver SOCIALISTA CÁLCULO nas déca das de 20 e 30 Durante os anos 30 contudo a controvérsia acabou sendo ofuscada pela indus trialização da União Soviética em grande parte bemsucedida o que se refletiu em elevadas taxas de crescimento econômico em uma época em que o mundo capitalista estava sofrendo severa depressão e pela ascensão do fascismo que constituiu um novo perigo tanto para a União Soviética quanto para os países capitalis tas democráticos A própria Segunda Guerra Mundial criou uma atitude mais simpática para com a União Soviética como um aliado e im portante contribuinte à custa de imensos sacri fícios para a derrota da Alemanha nazista e os partidos comunistas do Ocidente beneficiaram se dessas mudanças de percepção No final da guerra a União Soviética emer giu como a segunda superpotência industrial e militar capaz de impor um sistema totalitário nos países da Europa Oriental e de aumentar substancialmente a sua influência na política mundial Em parte como conseqüência dessa influência soviética o socialismo também se tornou uma força importante em alguns países recémindependentes e em desenvolvimento Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 700 socialismo na Índia e em muitos países africanos em uma forma principalmente socialdemocrata na China em uma forma comunista mas com suas próprias e distintas variações incluindo a intro dução ao longo da década passada de um sis tema econômico mais liberal que tem evitado alguns dos problemas da economia soviética embora resistindo ainda à democratização do sistema político Na Europa Ocidental a influência dos par tidos socialistas e em alguns países dos parti dos comunistas também aumentou imensa mente e na GrãBretanha o governo trabalhista eleito em 1945 com ampla maioria iniciou a construção de um ESTADO DE BEMESTAR ampliando a propriedade pública e continuan do ao mesmo tempo com alguns elementos do planejamento do tempo de guerra Em graus variáveis tais mudanças ocorreram por toda a Europa Ocidental dando origem a um novo tipo de capitalismo de bemestar social o qual foi bemsucedido durante mais de duas décadas em realizar taxas excepcionalmente elevadas de crescimento econômico pleno emprego e pa drões de vida em constante ascensão Essas mudanças do pósguerra não supera ram contudo a divisão no movimento socialis ta entre bolcheviques e socialistas democráti cos Pelo contrário embora os regimes bolche viques se tornassem lentamente menos duros e terroristas depois da morte de Stalin em 1953 o monopólio do poder pelos partidos comunis tas e as características básicas de TOTALITARISMO prosseguiram provocando uma série de insur reições populares nas décadas de 50 e 60 e movimentos de oposição em grande escala nos anos 80 Os socialistas sociaisdemocratas con tinuaram manifestando suas críticas a esses re gimes reafirmando seus pontos de vista de que o socialismo é inseparável da democracia e de que só pode ser alcançado através de um demo crático e gradual processo de mudança no qual a criação de um estado de bemestar representa uma nova fase na ampliação de uma vasta gama de direitos sociais a todos os cidadãos Essas críticas aos regimes do Leste europeu e à sua ideologia monolítica adotaram uma forma ca racterística na ampla corrente de pensamento que passou a ser conhecida como MARXISMO OCIDENTAL boa parte do qual foi assimilado em certa medida pelos movimentos de oposição interna O colapso dos regimes bolcheviques a partir de 1990 apagou do mapa político e intelectual uma forma de pensamento e prática socialista que por mais de 70 anos dividiu profundamente o movimento socialista e na opinião da maioria dos socialistas distorceu de forma a deixálas irreconhecíveis muitas das idéias funda mentais do socialismo Mas esse mesmo colap so propôs muitas questões novas ao pensamen to socialista Como os regimes bolcheviques eram identificados com a ampla propriedade do estado como forma específica de propriedade social e a planificação central que a maioria dos regimes sucessores vem abandonando em favor de alguma forma de economia capitalista embora sacrificando ao mesmo tempo alguns dos importantes direitos sociais que eram uma realização sumamente positiva de seus prede cessores a discussão sobre os princípios bási cos de uma economia socialista viável Nove 1983 Breitenbach et al 1990 tornouse mais intensa As críticas anteriores formuladas no debate sobre o cálculo socialista foram reno vadas Lavoie 1985 enquanto que as idéias do SOCIALISMO DE MERCADO envolvendo alguma combinação de planejamento e mercados e uma economia mista de empresas privadas e públi cas que despertaram tanto interesse e apoio nas décadas de 70 e 80 na Europa Ocidental e Oriental têm sido submetidas a uma inves tigação mais crítica Brus e Laski 1989 O pensamento socialista atual é assediado pois por considerável soma de incertezas Para alguns pensadores as antigas idéias socialistas de uma sociedade igualitária coletivamente planificada e autodirigida são incrivelmente utópicas um belo sonho mas ainda e apenas um sonho na medida em que ignoram as limitações da natureza humana e realidades como a burocracia a ânsia de poder e a cor rupção As reais possibilidades do socialismo estão reduzidas portanto à implementação de um tipo mais avançado de estado de bemestar dentro de uma economia basicamente capitalis ta Esses pensadores também observam que o crescimento econômico do pósguerra nos paí ses capitalistas criou mais prósperas sociedades de consumo de massa e uma estrutura de classes muito diferente na qual os anteriores conflitos e antagonismos de classes diminuíram subs tancialmente ver CLASSE em um processo para o qual Bernstein 1899 talvez só tenha atraído prematuramente a atenção Contra esses pontos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialismo 701 de vista outros afirmam que os problemas e deficiências fundamentais do capitalismo o caráter cíclico do desenvolvimento econômico com fases de expansão seguidas de depressão e desemprego em grande escala maciças des igualdades de riqueza e renda instabilidade e incerteza gerais ainda persistem e continua rão gerando concepções de uma ordem econô mica e social alternativa na qual tudo isso possa ser superado Resta ver se as atuais discordân cias dentro do pensamento e dos movimentos socialistas serão finalmente resolvidas em algu ma nova e coerente formulação do socialismo para o século XXI Ver também LENINISMO Leitura sugerida Brus Wlodzimicrz e Laski Kazi micrz 1989 From Marx to the Market Socialism in Search of an Economic System Cole GDH 1953 60 A History of Social Thought 5 vols Kolakowski L e Hampshire S orgs 1974 The Socialist Idea a Reappraisal Schumpeter SA 1942 1987 Capita lism Socialism and Democracy 6ªed TOM BOTTOMORE socialismo de mercado Em seu sentido pri mário tratase de um conceito teórico modelo de um sistema econômico em que os meios de produção capital são de propriedade pública ou coletiva e a alocação de recursos obedece às regras do mercado produto trabalho e merca dos de capital Ao mesmo tempo o termo tem sido aplicado de um modo menos preciso para cobrir os projetos de reforma do sistema econô mico nos países de socialismo real países comunistas afastandose do planejamento de comando ver PLANEJAMENTO ECONÔMICO NA CIONAL na direção da regulamentação de mer cado Iugoslávia em meados da década de 50 Hungria depois de 1968 China Polônia União Soviética e Bulgária na década de 80 Por motivos ideológicos a designação socialismo de mercado foi porém largamente evitada em alguns dos países em questão com preferência pela fórmula de mercado socialista que se pensou ser mais aceitável para os marxistas A economia política de Marx tinha sido interpretada por muito tempo como sustentan do que o socialismo era incompatível com o mercado O socialismo torna o mercado redun dante e supera suas deficiências como mecanis mo de alocação ao expor a natureza social do trabalho atribuindolhe diretamente ex ante um determinado papel no processo econômico através da mão visível do planejamento a qual assegura a plena utilização de recursos especialmente recursos humanos livres de flu tuações cíclicas Depois da Revolução Russa de 1917 qual quer aplicação do mecanismo de mercado era apresentada nos documentos programáticos co munistas como apenas uma concessão tempo rária ao subdesenvolvimento Programa da In ternacional Comunista 1929 cap4 Ao mes mo tempo porém a ala socialdemocrata do marxismo começou a reconhecer a relevân cia do mercado em uma economia socialista Kautsky 1922 Os debates teóricos sobre o socialismo de mercado adquiriram nova dimensão no período do entreguerras especialmente depois da ree dição por FA Hayek 1935 de um artigo de L von Mises publicado originalmente em 1920 em que este negava de forma categórica a pos sibilidade de cálculo econômico racional no socialismo pois as relações de troca entre os bens de produção e por conseguinte os seus preços só poderiam ser estabelecidos na base da propriedade privada Entre as muitas tentativas de refutação desse ponto de vista Taylor 1929 Dickinson 1933 Landauer 1931 Heimann 1932 provavelmente a mais conhecida é a de Oskar Lange 193637 Idéias semelhantes ti nham sido desenvolvidas no mesmo período por Abba Lerner 1934 1936 1937 daí ser freqüentemente usada a designação de solução LangeLerner Lange não só negou a validade puramente teórica da posição de Mises assinalando a de monstração de Barone 1908 da possibilidade de tratar a questão através de um sistema de equações simultâneas mas tentou apresentar uma solução positiva Esta consistia em um procedimento por tentativa e erro no qual um órgão de planejamento central desempenha as funções do mercado onde não existe mercado no sentido institucional da palavra Nessa capa cidade o órgão de planejamento fixa preços assim como salários e taxas de juros de modo a equilibrar oferta e demanda por mudanças apropriadas em caso de desequilíbrio e instrui os gerentes a seguirem duas regras 1 minimi zar o custo médio de produção pelo uso de uma combinação de fatores que igualariam a produ tividade marginal do seu valor em unidade mo netária 2 determinar a escala de produção em um ponto de igualização do custo marginal e do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 702 socialismo de mercado preço fixado pelo órgão de planejamento cen tral A maioria dos relatos subseqüentes do de bate do entreguerras reconheceu a validade do argumento teórico apresentado por Lange e aceitou que Hayek retrocedesse à posição de afirmar a impossibilidade prática de conciliar o socialismo com o cálculo econômico racional Isso pode ser verdadeiro quando se segue como Lange parece ter feito o tipo de modelo de equilíbrio geral estático conforme desenvol vido por Walras 1954 Entretanto o aspecto sublinhado de modo cada vez mais convincente por novos estudiosos do debate do entreguer ras como Lavoie 1985 é que o desafio MisesHayek é oriundo das posições da ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA com a ênfase nas pro priedades dinâmicas do processo de competi ção cuja figura central é o empresário Isso deixa sem resposta a questão de os atores eco nômicos que não são empresários operando por sua própria conta e risco mas agentes empre gados por um órgão público serem realmente capazes de ter um comportamento empresarial Assim a solução competitiva de Lange tinha o mérito de apresentar a idéia de uma alternativa ao planejamento de comando bem como de mostrar a indispensabilidade de preços de escassez para a alocação racional de recursos sob o socialismo Ao mesmo tempo contudo não pôde fornecer uma base teórica adequada para a mudança quando reformas orientadas para o mercado foram colocadas na agenda prática em países de socialismo real A primeira tentativa de aplicar na prática as idéias de socialismo de mercado aconteceu no começo da década de 50 na Iugoslávia depois do rompimento StalinTito O Partido Comu nista iugoslavo buscava maior eficácia econô mica e simultaneamente legitimidade ideoló gica em face do stalinismo Esta última foi encontrada na autogestão e como as unidades econômicas autogeridas devem ser autônomas isso provocou o processo de substituição do sistema de comando pela coordenação do mer cado embora esta não fosse conduzida de modo consistente Nos países do bloco soviético o principal motivo para o impulso de reforma foi a insatis fação com o desempenho da economia de co mando quando esta passou a ser abertamente discutida depois da morte de Stalin Na Polônia um plano relativamente abrangente de mudan ças sistêmicas foi elaborado em 195657 idéias semelhantes na Hungria foram reprimidas em conseqüência da supressão da insurreição po pular de 1956 A partir de então uma longa série de tentati vas de reformas econômicas com diversos graus de consistência mas todas orientadas na mesma direção de aumento do papel do merca do ocorreu na Europa Oriental a Tchecoslo váquia em 1958 e em 196768 o Novo Sistema Econômico na República Democrática da Alemanha em 1963 a chamada reforma Kos siguin de 1965 na União Soviética e sua imi tação búlgara o Novo Mecanismo Econômico NME húngaro introduzido em 1968 repeti das tentativas de reforma na Polônia No come ço da década de 80 porém de todas essas tentativas somente o NME húngaro se manti nha basicamente operante nos demais casos o que aconteceu foram meras modificações se cundárias dentro da estrutura do sistema de comando Por outro lado a tendência a mudan ças na direção do mercado persistiu sob a clara pressão de uma progressiva deterioração do desempenho econômico a qual atingiu pro porções de crise na maioria dos países comunis tas na década de 80 Em 197879 a China juntouse às fileiras reformistas e a partir de 1985 a reforma econômica radical conver teuse em um dos elementos fundamentais da perestroika de Gorbachev na União Soviética As razões das dificuldades em executar re formas econômicas orientadas para o mercado são vistas Brus 1979 como 1 resistência política da elite dominante 2 interesses egoís tas do aparelho administrativo assim como de alguns setores dos trabalhadores que podem sentirse ameaçados na segurança de seus em pregos 3 obstáculos substantivos para enxer tar um mecanismo de mercado nas estruturas existentes de planificação e gerência direitos de propriedade e monopólio do poder do parti do comunista Disso resulta que países que fizeram alguns progressos no processo de refor ma Iugoslávia Polônia Hungria encontram se não só em dificuldades econômicas piores do que as daqueles Tchecoslováquia Alemanha Oriental que não abandonaram o antigo sis tema embora fatores nãosistêmicos devem ser levados em conta em quaisquer comparações mas também não conseguiram em realidade transpor o limiar entre coordenação adminis trativa e coordenação de mercado da economia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialismo de mercado 703 A esse respeito o exame do NME húngaro levou à conclusão de que apesar da abolição das metas obrigatórias de produção e alocação física de bens de produtos o efeito global da reforma em meados da década de 80 consistiu meramente na mudança da coordenação buro crática direta para indireta Kornai 1986 A experiência parece ter comprovado a ina dequação dos anteriores modelos de reforma baseados na idéia de combinar a planificação central com um mercado regulamentado que limitava a regulamentação principalmente ao mercado de produto Brus 1961 assim como na aceitação da posição dominante da proprie dade pelo estado dos meios de produção No decorrer da década de 80 os projetos de mudan ça orientada para o mercado em países co munistas sofreu acentuada radicalização a ne cessidade de um mercado de capitais na forma tanto de bancos comerciais quanto de negocia ção de títulos foi amplamente reconhecida Tardos 1986 Lipowski 1988 assim como a necessidade de um mercado de trabalho embo ra por vezes não abertamente com esse nome Além disso o sucesso de uma reforma econô mica orientada para o mercado tornouse es treitamente vinculado à transformação funda mental da estrutura de propriedade Abalkin 1988 Um dos fatores que evidentemente con tribuíram para a reconsideração da questão da propriedade foi a experiência de resultados muito mais favoráveis de reformas sistêmicas fora do setor estatal cooperativas empresa pri vada na Hungria e em especial o espetacular sucesso inicial da responsabilidade de produ ção familiar na agricultura chinesa O reco nhecimento da necessidade de uma mudança profunda na estrutura da propriedade refletiu se no final da década de 80 em uma série de medidas jurídicas em vários países comunistas Na União Soviética houve a legislação acerca de arenda arrendamento de terras edifícios e equipamentos com a intenção de manter a po sição do estado como proprietário livre e alo dial mas abrindo o caminho para o empresaria do a coletividade de trabalhadores parcerias ou até indivíduos Em alguns outros países Polô nia Hungria foi adotado o princípio de uma economia mista com a intenção de que empre sas estatais cooperativas e empresas privadas estas últimas sem limitações de tamanho e emprego concorressem em termos iguais Esse desenvolvimento conceitual e em cer ta medida prático apresentou com renovada força a questão da ligação entre transformações econômicas e políticas Por um lado a merca dização ao envolver maior liberdade de inicia tiva sobretudo quando acompanhada por mu danças de propriedade aumentou as aspirações políticas das pessoas que se sentiram menos subjugadas ao onipresente e tentacular estado Por outro lado em vista da resistência das elites dominantes e suas camadas de sustentação o pluralismo político tornouse instrumento in dispensável para efetuar a transição do antigo para o novo sistema econômico assim como para preservar a existência deste último Uma negação dessa ligação baseada em exemplos de economias de mercado bemsucedidas com regimes políticos autoritários como alguns dos países recémindustrializados da Ásia foi rejeitada pelos reformadores em países comu nistas por não reconhecer a verdadeira natureza dos problemas que estavam enfrentando A busca sistemática do socialismo de mer cado mercados de capital e de trabalho reestruturação da propriedade pluralismo polí tico pode ser considerada uma forma de encobrir as habituais distinções entre capitalis mo e socialismo e por conseguinte de negar ao socialismo o caráter de um sistema obrigatoria mente sucessor do capitalismo Brus e Laski 1989 Isso não equivale necessariamente ao abandono dos objetivos políticos básicos do socialismo pleno emprego igualdade de oportunidade assistência social como tam pouco da intervenção do governo como método para realizálos O que parece subentender po rém é o abandono do conceito de socialismo como um grandioso projeto que requer a total substituição do quadro de referência institucio nal do passado Em outras palavras abandono da filosofia da ruptura revolucionária em favor da continuidade da mudança Desse ponto de vista podese dizer que o socialismo de merca do como objetivo de transformação consistente dos países de socialismo real possui certas características comuns com o socialismo de mercado tal como percebido por alguns parti dos sociaisdemocratas ocidentais ver também SOCIALDEMOCRACIA incluindo o Partido Tra balhista britânico Sociedade Fabiana 1986 e ver SOCIALISMO FABIANO mas qualquer analo gia deve ser conjectural reconhecendo as dife renças na posição inicial e as condições profun Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 704 socialismo de mercado damente diferentes de luta para se alcançar o objetivo desejado assim como as implicações ideológicas Leitura sugerida Brus W 1961 1972 The Market in a Socialist Economy Ο 1979 East European econo mic reforms what happened to them Soviet Studies 312 Brus Wlodzimierz e Laski Kazimierz 1989 From Marx to the Market Socialism in Search of an Economic System Fabian Society 1986 Market So cialism Whose Choice A Debate panfleto 516 Hayek FA org 1935 Collectivist Economic Plan ning Kornai J 1986 The Hungarian reform process vision hopes and reality Journal of Economic Lite rature dezembro Lange Oskar e Taylor FM 1938 1964 On the Economic Theory of Socialism Lavoie D 1985 Rivalry and Central Planning the Socialist Calculation Debate Reconsidered W BRUS socialismo fabiano Esta expressão identifi ca uma defesa não tanto da conveniência moral do socialismo quanto de seu status como a seqüência lógica e histórica dos princípios já visíveis na direção existente de governo e polí tica O socialismo viria a ser uma extensão da democracia da esfera política para as esferas social e econômica e foi assim resumido na expressão SOCIALDEMOCRACIA Essa visão do socialismo foi desenvolvida pela Fabian Socie ty Sociedade Fabiana e em particular por seus três membros principais Beatrice Webb Sidney Webb e George Bernard Shaw entre 1884 e a deflagração da Segunda Guerra Mun dial A sociedade deveria ser organizada de forma coletiva para o bem geral pelo estado em âmbito nacional e local agindo em benefício de um povo com plena franquia A expectativa e o método fabianos característicos eram resumi dos na expressão a inevitabilidade do gradua lismo Críticos do fabianismo ativeramse à segunda parte da expressão mas a primeira era igualmente importante Trabalho árduo per suasão e pesquisa em vez de guerra de classes iriam lenta mas inevitavelmente dar continui dade ao movimento da sociedade numa direção socialista No estado fabiano ideal a inteligên cia instruída desempenharia um papel essen cial e seu reconhecimento e uso em um serviço público meritocrático seria uma das caracterís ticas que diferenciaram o socialismo do capita lismo Longe de as hierarquias do capitalismo serem substituídas pela igualdade de poder elas seriam refinadas por um sistema de elites de mocraticamente responsáveis compostas pelos mais capazes enquanto que as elites do capita lismo foram compostas apenas pelos mais ricos Costumava haver aqui um elevado tom moral louvando a dedicação ascética do profissional e desprezando com ares condescendentes o homem de senso mediano A alta responsabi lidade atribuída à inteligência instruída na po lítica nacional seria exportada no fabianismo para se tornar uma defesa do direito e dever das nações industriais avançadas da Europa Oci dental de administrar as partes menos desenvol vidas do mundo e trazêlas para as mesmas alturas socialistas que deveriam ser atingidas no plano doméstico O fabianismo encarava a democracia como o exercício da função política do povo como um todo em sua categoria universal de consumi dores Dentro dessa estrutura os indivíduos participariam em seus variados papéis como cidadãos operários e assim por diante con tribuindo através de seus esforços para o bem comum do qual se beneficiariam Formas de poder popular direto tais como plebiscitos ou iniciativas legislativas eram condenadas como promotoras da descontinuidade e da irraciona lidade e o que era considerado como o autogo verno setorial e potencialmente egoísta de gru pos organizados na base da produção em varia das formas de controle operário foi contestado como incompatível com a democracia A ênfase do fabianismo no coletivo e no público levouo a ignorar problemas como a natureza do traba lho ou as divisões de gênero Leitura sugerida McBriar AM 1966 Fabian Socia lism and English Politics 18841914 McKenzie N e McKenzie J 1977 The First Fabians Pimlott B org 1984 Fabian Essays in Socialist Thought Shaw GB org 1889 1931 1962 Fabian Essays in Socia lism Webb Sidney e Webb Beatrice 1920 A Cons titution for the Socialist Commonwealth of Great Bri tain RODNEY BARKER socialista cálculo Expressão usada em re ferência às controvérsias das décadas de 20 e 30 sobre se em uma economia caracterizada por extensa propriedade pública e planificação cen tral tal como a que estava sendo construída na União Soviética seria possível o cálculo eco nômico racional O debate foi iniciado por Lud wig von Mises 1920 ao afirmar que em uma economia desenvolvida e complexa tal cálculo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialista cálculo 705 requer um mercado livre que estabeleça o valor de troca de todos os bens A autoridade planifi cadora em um estado socialista afirmou ele pode determinar quais bens de consumo são mais urgentemente necessários mas não pode estabelecer uma avaliação precisa dos meios de produção pelo que as decisões de investimento dependem quando muito de vagas estimati vas e conclui sucintamente que onde não existe mercado livre não existe mecanismo de fixação de preços sem um mecanismo de fixa ção de preços não existe cálculo econômico O argumento foi explorado depois por FA Hayek 1935 em um volume de ensaios que incluiu o artigo de von Mises e outros A principal resposta a essa crítica proveio de Oskar Lange com colaborações de Abba Ler ner e Fred M Taylor Lange e Taylor 1938 Dessa vez Lange defendeu uma forma de SO CIALISMO DE MERCADO em que haveria um mer cado propriamente dito para bens de consumo e serviços laborais mas nenhum mercado para bens de capital e recursos produtivos com ex ceção da mãodeobra cujos preços seriam sim plesmente indicadores de alternativas existen tes fixados para fins contábeis Depois o debate se esgotou no final da década de 30 com ambos os lados em condições de reivindicar certo grau de sucesso Hayek concedeu que o cálculo eco nômico racional em uma economia socialista planificada não era em princípio impossível pelo uso de preços contábeis mas manteve que isso era uma impossibilidade prática em função da grande massa em constante mudan ça de dados envolvidos ao que Lange respon deu expondo um método de estabelecimento de tais preços por tentativa e erro Entretanto Hayek 1940 afirmaria mais tarde que o que ele chamava a solução competitiva para a organização de uma economia socialista havia abandonado boa parte da pretensão original de superioridade da planificação na medida em que a sociedade planificada confiaria agora em grande medida na competição para a direção de suas indústrias Esse debate ou pelo menos um aspecto dele foi reanimado vigorosamente na década de 80 sobretudo na GrãBretanha e nos Estados Uni dos como importante elemento nas doutrinas sociais e políticas da NOVA DIREITA de exaltação das virtudes da iniciativa privada e dos merca dos livres O próprio debate original foi reinter pretado Lavoie 1985 em termos da noção de rivalidade econômica a qual dá preponde rância ao estar atento a novas oportunidades à futuridade e à dispersão do conhecimento e concebe a função da rivalidade como sendo dispersar a informação descentralizada e depois ordenála através de preços de mercado para realizar a coordenação global da economia O colapso dos regimes comunistas do Leste Europeu no final de 1989 e os problemas econômicos da antiga União Soviética os quais também foram fortemente afetados porém por vários fatores nãoeconômicos bem como em outra direção as dificuldades econômicas da GrãBretanha e dos Estados Unidos em parti cular conferiram nova importância às questões levantadas por esse debate especialmente a respeito do papel do PLANEJAMENTO ECONÔ MICO NACIONAL do MERCADO e da COMPETIÇÃO na promoção do desenvolvimento econômico e na difusão de seus custos e benefícios Leitura sugerida Bottomore Tom 1990 The Socia list Economy Theory and Practice Brus Wlodzi mierz e Laski Kazimiers 1989 From Marx to the Market Socialism in Search of an Economic System Hayek FA org 1935 Collectivist Economic Plan ning Critical Studies on the Possibilities of Socialism Ο 1940 1948 The competitive solution In In dividualism and Economic Order Lange Oskar e Taylor FM 1938 1964 On the Economic Theory of Socialism Lavoie D 1985 Rivalry and Central Plan ning the Socialist Calculation Debate Reconsidered von Mises Ludwig 1920 1935 Economic calcula tion in the socialist commonwealth In Collectivist Economic Planning org por FA Hayek TOM BOTTOMORE socialista teoria econômica No século XIX havia duas principais escolas de pensamento a respeito de como funcionaria uma economia socialista Uma era a dos socialistas utópicos como Robert Owen e William Morris que ten taram construir elementos detalhados do as pecto que poderia ter uma nova sociedade re correndo à razão e ao princípio socialista A outra era a dos comunistas como Karl Marx e Friedrich Engels que evitaram de modo ge ral tais construções e favoreceram um exame do capitalismo do seu tempo Ambas as escolas entendiam que uma economia socialista era a que se caracterizava pela propriedade e o con trole sociais e não privados dos meios de pro dução Dado que no século XIX tal economia só existia na teoria e não na prática a teoria econômica socialista era basicamente especu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 706 socialista teoria econômica lativa e Marx chamou de idealistas utópicos os que tentaram construir projetos para o socia lismo afirmando que este só poderia desenvol verse a partir de circunstâncias históricas pre cisas as quais não podiam ser vaticinadas de antemão Os seus comentários pessoais acerca do socialismo limitaramse geralmente primei ro a polêmicas que visavam o que ele via como falsas idéias de outros programas políticos e segundo observações feitas no decorrer de sua análise do capitalismo as quais enfatizavam sua transitoriedade histórica em conjunto com as potencialidades expostas para um desenvol vimento maior das forças produtivas caso as relações privatizadas da produção fossem so cializadas Com a revolução bolchevique de 1917 na Rússia tais abordagens deixaram de ser sufi cientes Mas enquanto a organização de uma economia socialista passou a ser uma questão de importância prática as abordagens para teo rizar a base de tal organização diferiam de acordo com o maior ou menor grau de simpatia pelo projeto socialista e com o maior ou menor grau de identificação deste com a organização da economia soviética depois de 1917 Isso ficou particularmente caracterizado em um importante debate iniciado em 1920 por Ludwig von Mises Sustentou ele que se os meios de produção deixassem de ser proprie dade privada passando a ser detidos e contro lados coletivamente em algum sentido então não poderia haver mercados em que negociá los visto que sem uma atribuição de direitos de propriedade a indivíduos comprar e vender se tornaria impossível Por conseguinte não poderia haver preços para meios de produção Isso por sua vez significaria que os custos de produção não poderiam ser calculados e von Mises concluiu que nessas circunstâncias seria impossível o cálculo econômico racional O projeto socialista estava em princípio con denado em função da inevitável falta de crité rios econômicos para uso racional dos meios de produção e von Mises interpretou o caos da guerra civil na Rússia nos anos que se seguiram imediatamente à Revolução como testemunho em favor do seu argumento Que von Mises estava errado está implícito nos primeiros escritos de Vilfredo Pareto e En rico Barone mas só em meados dos anos 30 é que a teoria que serve de sustentação a esses escritos foi explicitamente usada para refutar os seus argumentos Isso foi feito por Oskar Lange 193637 partindo do princípio de que as pes soas podiam exercer livre escolha no consumo e na profissão pelo que os mercados de bens de consumo e os mercados de trabalho funciona riam livremente Quanto aos meios de produ ção Lange desenvolveu um algoritmo interati vo de determinação de preços da seguinte ma neira os gerentes das unidades de produção seriam instruídos para escolherem a combina ção de insumos que minimizasse o custo médio de qualquer produto dado e para produzirem a quantidade de produto em que o custo marginal a edição aos custos de se produzir uma unidade a mais igualasse o preço a edição à receita de se produzir uma unidade a mais A minimiza ção do custo é o critério da eficiência técnica na produção A formação do preço de custo mar ginal maximiza o lucro e na medida em que os preços medem com precisão os custos de opor tunidade os custos do melhor uso alternativo dos recursos em questão a formação do preço de custo marginal é socialmente eficiente no sentido de que nenhum outro uso dos recursos poderia gerar um resultado mais desejável Os preços que formam a base desses cálculos se riam determinados pelo mercado no caso dos insumos de mãodeobra labour inputs e dos bens de consumo produzidos consumer goods outputs e por um órgão de planejamento cen tral CPB no caso dos meios de produção seja como input ou como output Ou seja o CPB anunciaria um conjunto de preços os vários cálculos seriam executados e as quantidades de insumos inputs e produtos outputs determi nadas e comunicadas ao CBP Então o CBP elevaria baixaria os preços de bens em exces so de demanda oferta anunciaria um novo conjunto de preços e o procedimento continua ria até serem encontrados os preços em que a demanda igualasse a oferta para cada artigo Assim o argumento de von Mises estava er rado confundindo a determinação do preço por mercados com a determinação de preço som bra implícita nas permutas que estão embuti das em qualquer conjunto de preferências de consumo e tecnologias de produção Como o CPB imita o perfeitamente competitivo me canismo de mercado a abordagem de Lange tornouse conhecida como a solução competi tiva Mas Lange reivindicou vantagens para a sua abordagem sobre a economia livremente competitiva Em primeiro lugar a taxa de inves Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialista teoria econômica 707 timento e portanto de crescimento seria deter minada socialmente em lugar da busca anár quica de lucro privado eliminando assim uma importante causa de ciclos alternados de pros peridade e depressão no comércio e na indús tria Em segundo lugar a distribuição de renda não estaria vinculada à desigualdade inerente na propriedade ou exclusão dos meios de produção como no capitalismo mas estaria baseada na justiça social determinada pelo tra balho executado mais um dividendo social Em terceiro lugar os preços refletiriam verdadeira mente os custos de oportunidade permitindo desse modo uma solução dos problemas am bientais que os preços de mercado ao refletirem unicamente custos privados não podiam admi nistrar E em quarto lugar seriam evitados os desperdícios da competição imperfeita e do monopólio inerentes ao capitalismo O modelo de Lange de SOCIALISMO DE MER CADO não tardou muito a ser criticado tanto pela direita quanto pela esquerda se bem que em alguns aspectos as críticas tivessem um tema comum Pois enquanto o modelo socialis ta de mercado se baseava na clássica teoria microeconômica da alocação ótima de recur sos boa parte das críticas concentravase em apurar se qualquer descrição razoável da dinâ mica poderia ser incorporada nesse quadro de referência estático Pela esquerda Dobb 1939 pôs em dúvida se a alocação descentralizada de recursos de investimento era compatível com a realização de qualquer taxa de crescimento desejada Su ponhase que a oferta de fundos de investimento fosse determinada pela lucratividade da produ ção de bens de consumo Então quando as indústrias de bens de investimento se expan dem a oferta de bens de consumo cai o que empurra seu preço para cima uma vez que a demanda não caiu o que os torna mais lucra tivos aumentando a taxa de investimento o processo cumulativo que se segue tornaria im possível igualar a demanda e a oferta de fundos de investimento à taxa de juros previamente adotada A única saída seria tributar os lucros excessivos das indústrias de bens de consumo mas isso exigiria uma diferenciação muito pre cisa de impostos entre diferentes unidades de produção o que seria com efeito muito com plicado para administrar com o requerido grau de precisão Dobb concluiu que em vez de tentar a influência indireta sobre os gerentes de produção via taxa de juros e impostos e subsí dios visto que o processo cumulativo também pode funcionar em sentido inverso seria pre ferível a alocação direta de fundos de inves timento pelo CPB Isso porém é frontalmente contrário ao modelo de descentralização de Lange Tal dinâmica fazia parte de um argu mento mais geral exposto por Dobb ao refletir sobre a experiência soviética segundo o qual uma estática alocação ótima de recursos confli tará geralmente com os típicos esforços pósre volucionários para transformar a estrutura só cioeconômica e realizar aumentos no cresci mento Além disso o fundamento lógico para se usar um mecanismo descentralizado como no modelo de Lange é reduzir o peso das responsabilidades do CPB que de outro modo se defrontaria com uma quantidade enorme de alternativas complicadas mas Dobb afirmou que essa era uma descrição deturpada da situa ção O CPB não enfrentaria tipicamente um número insuportavelmente grande de pequenos problemas pelo contrário teria de escolher en tre um pequeno número de alternativas tecno lógicas envolvendo requisitos de insumos que não estavam sujeitos à variação marginal Es pecialmente em sociedades que requerem im portantes transformações estruturais em que o crescimento econômico tem prioridade Dobb concluiu que um mecanismo de planificação centralizada era provavelmente superior a qual quer variante descentralizada As mais importantes críticas vindas da direi ta foram feitas por FA Hayek 1940 1945 Elas gravitam em torno das questões de es trutura institucional carga de informação dinâ mica e compatibilidade do incentivo Em pri meiro lugar Hayek questionou se as unidades de produção poderiam manter qualquer espécie de independência em relação ao centro se hou vesse fortes preferências centrais por exemplo pela maximização do crescimento para que elas atuassem de um modo determinado E identificou outro problema institucional na falta de especificidade quanto a quem assumiria a responsabilidade pelas conseqüências que se apresentassem inesperadamente Em segundo lugar se o CPB se comportasse como um mer cado perfeito teria que solucionar milhões de equações com milhões de incógnitas tarefa computacional tão pesada e exigindo tantas informações precisas que o planejamento eco nômico racional embora possível em princí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 708 socialista teoria econômica pio seria impossível na prática Com o rápido desenvolvimento recente dos computadores a força desse argumento a respeito da tarefa com putacional é hoje muito menor obviamente do que era em meados do século XX e o foco das críticas transferiuse para as dificuldades em obter as informações requeridas como base para os cálculos Por isso em terceiro lugar Hayek assinalou a ausência de incentivos para reduzir os custos de produção no nível de fábrica e para introduzir inovações tecnológicas E no que se refere ao centro pôs em dúvida se qualquer CPB poderia reagir às mudanças de condições com a rapidez e a precisão exigidas para que o mecanismo funcionasse Esses argumentos acerca da ineficiência econômica do socialismo estavam embutidos em termos mais gerais a respeito da incompatibilidade de qualquer es pécie de planejamento com liberdade indivi dual Mas houve um argumento econômico que adquiriu crescente importância com o passar do tempo no modelo de Lange nada existia para motivar os gerentes de produção a obedecerem às regras do jogo interativo preçosombra que é proposto Enquanto a controvérsia socialista era de batida no Ocidente a União Soviética depois de 1929 estava desenvolvendo um sistema de comando hierárquico de planificação altamente centralizado ver PLANEJAMENTO ECONÔMICO NA CIONAL Isso foi interpretado pelos adeptos e também por alguns adversários como uma ten tativa em condições reconhecidamente adver sas de pôr em prática princípios marxistas clás sicos Assim a divisão de trabalho foi regula mentada ex ante os coeficientes de input foram determinados diretamente oferta e demanda foram igualadas em unidades físicas poupan ças e decisões de investimento foram centrali zadas e a distribuição foi determinada de acor do com índices salariais centralmente determi nados em conjunto com um dividendo social em espécie baixo custo de moradia educação assistência médica etc Entretanto isso era uma caricatura grosseira do marxismo clássico O sistema implantado por Stalin e sua burocra cia administrou um processo de industrializa ção que transformou implacavelmente a mão deobra camponesa em operários fabris na base de uma réplica maciça do equipamento de ca pital norteamericano e alemão importado no início da década de 30 Foram impostas as tradicionais divisões de trabalho industrial es tabelecidas as desigualdades de acesso a bens de consumo individual e coletivo abolidas as tradicionais liberdades burguesas de associa ção expressão publicação e organização e instalado um vasto aparelho estatal repressivo com uma ideologia de emancipação e uma prá tica de cultivo da opressão Com as tradicio nais aspirações socialistas convertidas assim em uma piada cruel a oposição ao status quo inspirouse geralmente nos Estados Unidos ou no czarismo prérevolucionário sendo por isso fácil representála como contrarevolucionária Mas o sistema econômico estabelecido era ex tremamente ineficiente A produtividade era baixa em relação a outras economias em níveis semelhantes de desenvolvimento a formação de filas era uma forma largamente difundida de racionamento de bens de consumo em perpétua escassez limitado sortimento e sofrível quali dade moradia educação e assistência à saúde eram de um nível medíocre quando aferidas pelos padrões internacionais as taxas de inova ção eram baixas com longos períodos de ges tação para os projetos de investimento de tal modo que os equipamentos já eram freqüente mente obsoletos na época em que eram ins talados e havia predisposições comuns e ridí culas em quantidade e qualidade de produção de acordo com as unidades de medição usadas no plano A partir de 1962 permitiuse que propostas de reforma fossem abertamente discutidas na União Soviética De modo geral elas envolve ram ou métodos mais sofisticados de coleta e processamento de dados ou a descentralização de áreas significativas da tomada de decisão para a unidade de produção Mas poucas refor mas foram realmente postas em prática visto que grande número de grupos dentro da buro cracia tinha interesse especial em defender o status quo Em particular qualquer descentrali zação parcial tendia a opor as unidades de pro dução aos planificadores centrais desse modo encorajando a adoção de medidas de recentra lização por parte dos planificadores ansiosos por recuperar o controle que as reformas os tinham forçado a ceder No início da década de 80 o desempenho da economia soviética tinha piorado acentuadamente a tal ponto que existia o reconhecimento geral de que o sistema vi gente não poderia continuar conjugado com o escasso consenso sobre o que fazer A intelli gentsia estava advogando a descentralização Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialista teoria econômica 709 virtualmente completa para uma economia de mercado quer de acordo com o quadro de refe rência de Lange quer de acordo com a orienta ção da socialdemocracia escandinava os bu rocratas stalinistas estavam relutantes em con siderar o desmantelamento de sua própria razão de ser os trabalhadores opunhamse à amplia ção dos diferenciais salariais implícitos em uma dependência maior em relação às forças do mercado mas todos estavam de acordo sobre a necessidade de melhorar os padrões de vida Considerações derivadas do marxismo clássico praticamente desapareceram no que parecia ser uma triunfante justificação de tudo o que os críticos do socialismo vinham dizendo o tempo todo A única discordância partiu dos que à es querda sempre se haviam oposto ao stalinismo sobretudo os de tradição trotskista A revolução socialista em uma economia tão atrasada quan to a Rússia de 1917 só poderia ser considerada um projeto viável de acordo com os cânones clássicos do materialismo histórico se a revo lução fosse internacionalizada Com o fracasso desta última em 1923 não havia maneira como uma economia isolada em um ambiente hostil pudesse atingir níveis de produtividade que suplantassem os realizados em uma ordem ca pitalista internacional O fato de a ditadura bu rocrática ter resultado do isolamento da União Soviética fora trágico e fatal para milhões mas não viciara o projeto socialista O que se requeria para a implementação deste último era a espécie de democratização revolucionária ana lisada por Marx em suas reflexões sobre a Co muna de Paris de 1871 e endossada por Lenin em 1917 em seu Estado e revolução junta mente com a sua extensão internacional Mas isso era um anátema tanto para a burocracia soviética quanto para o capitalismo ocidental Anátema ou não uma influente polêmica iniciada por Alec Nove 1983 também afirmou que essa combinação de planejamento central e ampla democracia não podia funcionar As razões aduzidas por Nove eram os problemas comuns de informação e incentivos Além dis so ele enfatizou que as ligações econômicas em um sistema centralmente planejado eram ne cessariamente verticais e hierárquicas somente as ligações horizontais estabelecidas por re lações de mercado qualquer que fosse a manei ra como fossem regulamentadas eram compa tíveis com a democracia Embora isso fosse negado por Mandel 1986 1988 por exemplo outros socialistas encararam de maneira dife rente o desafio apresentado pelas reflexões de Nove sobre a experiência soviética Apoiando se em elementos do modelo de Lange Devine 1988 procurou preservar a visão socialis ta através de procedimentos de coordenação administrada entre diferentes níveis democrati zados da hierarquia de planejamento sendo as decisões implementadas pelo uso do mecanis mo de mercado E Elson 1988 começou a teorizar sobre como o próprio mercado podia ser socializado libertando a força de trabalho do status de mercadoria As duas tentativas foram motivadas pelo entendimento de que o socialis mo de mercado de Lange fornecia poucos dos benefícios de planejamento que os socialistas tinham tradicionalmente defendido Embora permaneça o desafio de inserir esses benefícios em um quadro de democracia socialista autên tica o colapso do stalinismo no final da década de 80 e começos da de 90 forneceu o impulso para um pensamento mais criativo do que o que existiu nessa área durante o meio século prece dente Ver também SOCIALISTA CÁLCULO Leitura sugerida Bergson A 1966 Socialist econo mics In Essays in Normative Economics cap9 Ο 1967 Market socialism revisited Journal of Poli tical Economy 75 65573 Devine P 1988 Democra cy and Economic Planning Elson D 1988 Sociali zation of the market New Left Review 172 344 Gregory PR e Stuart RC 1986 Soviet Economic Structure and Performance 3ªed Hayek FA 1940 Socialist calculation the competitive solution Eco nomics nova série 7 12549 Ο 1945 The use of knowledge in society American Economic Review 35 51930 Lange O 19367 1964 On the econo mic theory of socialism In On the Economic Theory of Socialism org por BE Lippincott Mandel E 1986 In defence of socialist planning New Left Re view 159 538 Ο 1988 The myth of market socia lism New Left Review 169 10821 Nove A 1983 The Economics of Feasible Socialism Ο 1987 Mar kets and socialism New Left Review 161 98104 Nove A e Nuti DM orgs 1972 Socialist Economics Trotsky L 1937 1972 The Revolution Betrayed Von Mises Ludwig 1920 1972 Economic calcula tion in the socialist commonwealth In Socialist Eco nomics org por A Nove e DM Nuti SIMON MOHUN socialização Os processos pelos quais os se res humanos são induzidos a adotar os padrões de comportamento normas regras e valores do seu mundo social são denominados socializa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 710 socialização ção Começam na infância e prosseguem ao longo da vida A socialização é um processo de aprendizagem que se apóia em parte no ensino explícito e também em parte na aprendizagem latente ou seja na absorção inadvertida de formas consideradas evidentes de relaciona mento com os outros Embora estejamos todos expostos a influências socializantes os indiví duos variam consideravelmente em sua abertu ra deliberada ou involuntária a elas desde a mudança camaleônica em resposta a toda e qualquer situação nova até a completa inflexi bilidade No início do século o estudo sistemático desses processos concentrouse na infância e na puberdade Psicólogos antropólogos sociais e sociólogos foram forçados pela natureza do processo a recorrer a conceitos e abordagens uns dos outros mas conservaram seus pontos de vista específicos Os psicólogos enfatizaram os processos de interação em particular as re lações mãefilho os antropólogos sociais con centraramse na transmissão da cultura em so ciedades pequenas e relativamente homogê neas e os sociólogos estudaram instituições e subculturas em sociedades complexas como agentes de socialização As diferentes tradições intelectuais dessas disciplinas constituem uma das razões pelas quais não existe uma teoria unitária da socialização embora muitos estudos realizados sob cada rótulo disciplinar fossem até meados do século muito influenciados pela teoria psicanalítica Mais recentemente os es tudos da socialização expandiramse para in cluir processos na idade adulta e são guiados por teorias menos globais que utilizam grande variedade de abordagens Outra razão para a ausência de uma teoria unificadora é a própria amplitude do termo o qual abrange processos tão diversos quanto a puericultura a escolari dade ver também EDUCAÇÃO E TEORIA SOCIAL a aquisição de um ethos ocupacional ou profis sional propaganda e lavagem cerebral A preponderância inicial do pensamento psicanalítico levou a uma certa concordância sobre o grande poder da socialização primária na família Em culturas pequenas e isoladas e em sociedades grandes e complexas os padrões de criação dos filhos são investigados e usados como explicação para semelhanças no compor tamento social entre pessoas expostas às mes mas práticas Existe na Universidade de Yale um arquivo de culturas que contém entre outros assuntos descrições de práticas de puericultura em cerca de 300 culturas Estudos baseados nesse material como Whitting e Child 1953 estabeleceram relações sistemáticas entre essas práticas e os sistemas projetivos religião cos mologia dessas culturas também assinalaram as semelhanças no funcionamento psicológico por exemplo a disposição para assumir res ponsabilidade Em sociedades complexas existe considerável variedade na socialização primária em várias subculturas especialmente as classes sociais isso está vinculado a va riações sistemáticas entre elas por exemplo a tolerância específica de uma classe à frustração ou diferenças nas perspectivas temporais Esses estudos demonstram que a socializa ção primária está inextricavelmente unida à formação da personalidade embora se trate de processos conceitualmente distintos a primeira está interessada na aquisição de padrões co muns a segunda nas diferenças individuais A combinação dos dois processos levou a certa altura à elaboração de explicações hoje rejei tadas de diferenças nacionais inteiramente em termos de socialização primária Em meados do século a influente mas con trovertida abordagem da socialização de Talcott Parsons manteve essa distinção em mente ao definir a socialização como o processo pelo qual as pessoas aprendem a cumprir os papéis que lhes são prescritos pelo sistema social Um componente normativo está implícito no pen samento desse autor a socialização realizada em um dado sistema social é sempre positiva mente avaliada Parsons et al 1955 A esse respeito Robert K Merton 1949 foi além de Parsons em sua análise da ANOMIA a socializa ção para os objetivos de sucesso dominantes em uma sociedade é disfuncional para a parcela da população a que se negam os meios institucio nais adequados para a obtenção desses mesmos objetivos A dificuldade em distinguir entre formação da personalidade e socialização deixa sem res posta a questão seguinte em que medida os resultados da socialização primária podem ser desfeitos ou revertidos Nos casos em que as primeiras influências resultaram em comporta mento individual ou socialmente destrutivo as profissões assistenciais aplicaram sua gama de métodos com resultados muito variáveis em esforços para reverter hábitos precocemente ad quiridos ver CRIME E TRANSGRESSÃO Não há Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialização 711 dúvida porém de que influências ulteriores podem aumentar o repertório de comportamen to social de uma pessoa Depois da família as principais agências socializantes nas sociedades ocidentais são a escola e os grupos de pares o ingresso na vida econômica a exposição aos veículos de comu nicação de massa o estabelecimento de uma família e o casamento a participação na vida comunitária organizada e finalmente as con dições de aposentadoria Uma vasta quantidade de estudos tratou da influência de cada uma dessas agências Outros estudos partiram do produto final da socialização por exemplo a motivação para a realização pessoal em uma sociedade competitiva McClelland 1961 ou a identidade de gênero e procuraram descobrir as agências medidoras que pudessem produzir tais resultados Ainda outros estudos observa ram os receptores de pressões de socialização como agentes ativos que efetuam escolhas de liberadas Willis 1977 por exemplo demons trou que a resistência ativa inteligente e racio nal às metas da socialização escolar levou um grupo de escolares subprivilegiados a contri buir ativamente para a sua socialização em empregos nãoespecializados e insatisfatórios Esse estudo e sua interpretação por Anthony Giddens 1984 exemplificam as tendências correntes nos estudos de socialização ocupam se predominantemente de adultos e são com freqüência realizados em situações de trabalho A noção outrora largamente aceita de um pro cesso todopoderoso resultante no homem or ganização é agora substituída por estudos de processo de interação e conflito entre neces sidades individuais e pressões externas com a finalidade de identificar possíveis mudanças na agência socializante em vez de em indivíduos ver Balyn 1989 O estudo da socialização e das agências socializantes relacionase com questões con troversas tão importantes nas ciências sociais quanto a natureza da natureza humana o debate naturezaaprendizagem e o lugar dos valores na pesquisa social Nenhuma soma de provas em píricas pode resolver em última instância essas perenes questões mas as provas podem eluci dar e elucidam a variedade dos processos que induzem as pessoas a compartilhar regras e normas com algumas mas não com outras A socialização é um conceito básico no enten dimento da vasta diversidade do mundo social Leitura sugerida Giddens A 1984 The Constitution of Society Graumann GF org 1972 Handbuch der Psychologie vol7 p6611106 MARIE JAHODA socialização da economia Esta concepção do desenvolvimento do capitalismo foi delinea da em primeiro lugar por Karl Marx nos manus critos dos Grundrisse 185758 e no terceiro volume de O capital 186179 publicado em 1894 Nos Grundrisse Marx relacionou a so cialização com o rápido progresso da ciência e da tecnologia e com o advento da produção automatizada afirmando que a criação de ri queza real tinha passado a depender não do tempo de trabalho físico mas da aplicação da ciência à produção e que nessa transformação reside a compreensão da natureza pelo ser humano e o domínio deste sobre ela em virtude de sua existência como entidade social em uma palavra o desen volvimento do indivíduo social que se apresenta agora como o grande alicerce da produção e da riqueza Nesse processo o conhecimento social ge ral tornouse uma força direta de produção e as condições do processo de vida social foram submetidas ao controle do intelecto geral 18578 p7046 Em O capital vol3 caps 23 e 27 Marx enfatizou outro aspecto em sua observação de que o capital monetário assume um caráter social com o crescimento do crédi to enquanto o mero gerente desempenha to das as funções reais do capitalista investidor como tal e concluiu que isso é a abolição do modo de produção capitalista dentro da própria produção capitalista ver também MODO DE PRODUÇÃO A concepção de Marx foi mais tarde desen volvida por Rudolf Hilferding 1910 p366 o qual afirmou que o capital financeiro põe cada vez mais o controle da produção social nas mãos de um reduzido número de grandes associações capitalistas separa a gerência de produção da propriedade e socializa a produção na medida em que isso é possível sob o capitalismo Subseqüentemente 1927 ele analisou o capitalismo organizado do período que se seguiu ao final da Primeira Guerra Mundial como uma economia planejada e intencional mente dirigida a qual favorece em muito maior grau a possibilidade da ação consciente da sociedade através do estado Entretanto não Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 712 socialização da economia foram somente os pensadores marxistas que adotaram essa concepção JA Schumpeter 1942 p219 indubitavelmente influenciado por Hilferding assim como por Marx observou que grande parte de sua tese sobre o desenvol vimento do capitalismo pode resumirse na proposição marxista de que o processo econô mico tende a socializar a si mesmo Depois da Segunda Guerra Mundial a idéia de uma socialização gradual da economia rece beu novo impulso com o acelerado crescimento das grandes empresas o papel destacado das instituições financeiras uma internacionaliza ção mais completa da economia capitalista e uma nova onda de inovação científica e tecno lógica tudo isso acompanhado pelo mais exten so envolvimento do estado na economia in cluindo várias formas de planejamento econô mico e um nível muito mais elevado de gastos sociais nos novos estados de bemestar Em grau inteiramente desconhecido em períodos anteriores os padrões de vida e o bemestar geral passaram a depender de verbas públicas e a ser matéria de debate e de políticas públicos Esses desenvolvimentos podiam ser vistos co mo o foram por Schumpeter como tendentes a uma economia socialista e também eram com patíveis com concepções mais amplas do que Touraine 1973 chamou a autoprodução de sociedade quer dizer o reconhecimento consciente de que as sociedades são o produto de suas relações de trabalho e sociais Mas a socialização da própria economia po de ter resultados muito diferentes dependendo do contexto de relações sociais e de ação polí tica em que ela tem lugar Hilferding sustentou que o capitalismo organizado prepara o cami nho para uma economia socialista em que as principais decisões econômicas seriam toma das pelo estado democrático enquanto que Schumpeter ao analisar a obsolescência do empresário quando as funções de inovação e decisão estão sendo cada vez mais assumidas por uma forma racionalizada e burocrática de gestão vaticinou o provável surgimento de um sistema socialista em que o controle dos meios de produção e o processo de produção estariam nas mãos de uma autoridade central Durante o século XX contudo o crescimento das grandes empresas a intervenção do estado e as tentati vas de criação de economias socialistas central mente planificadas produziram tipos muito di versos de sistemas econômicos Estão entre eles o que se pode descrever como o corporativis mo Panitch 1980 caracterizado por um mis to de produção privada e pública regulado por negociação e acordo entre o estado as grandes empresas capitalistas e os sindicatos uma eco nomia de estado totalitária como a que se im plantou na União Soviética e nos países do Leste Europeu um novo gênero de capitalismo em que o papel do estado na gestão econômica se limita tanto quanto possível à manutenção das condições favoráveis à iniciativa privada ao mesmo tempo em que assegura um nível básico de bemestar social e em pequena es cala tentativas como na Iugoslávia de combi nar a planificação central com a autogestão de empresas Assumindo diferentes formas e concebida de diversos modos no pensamento social a idéia de uma progressiva socialização da eco nomia também tem sido rejeitada ou excluída de consideração pelos que enfatizam a ação individual e a evolução nãoplanejada da socie dade através da experiência acumulada Hayek 19739 O que é evidente em todo o caso é que nenhum processo de socialização criou até agora em grande escala uma consciência pú blica da economia como empreendimento so cial nem formas de ação que correspondam a tal consciência embora talvez isso esteja mu dando em conseqüência da crescente preocupa ção com o meio ambiente humano Leitura sugerida Habermas Jürgen 1973 1976 Le gitimation Crisis Hilferding Rudolf 1927 1978 Die Aufgaben der Sozialdemokratie in der Republik Trad ingl em AustroMarxism org por Tom Botto more e Patrick Goode Panitch L 1980 Recent theo rizations of corporatism British Journal Sociology 31 TOM BOTTOMORE sociedade Provavelmente o mais freqüente uso da palavra é nos dias de hoje em referência à totalidade dos seres humanos na terra em conjunto com suas culturas instituições capa cidades idéias e valores Mas uma considerável diversidade de usos chegou até o século XX Por exemplo sociedade animal sociedade pri mitiva sociedade civil sociedade nacional so ciedade política Sociedade Protetora dos Ani mais alta sociedade e assim por diante Há também o uso comum cujo intuito é sublinhar a oposição entre indivíduo e sociedade o que se reduz com freqüência ao conflito entre o genético e o social ou cultural O denominador Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade 713 comum da maioria dos usos da palavra socie dade é o fato da associação animal ou humana Existe uma sociedade de amebas mas não uma sociedade de rochas No pensamento social do século XX dis tinguemse dois usos da palavra Em um deles sociedade tem um matiz negativo até pejorati vo no outro laudatório No primeiro socie dade é contrastada depreciativamente com CO MUNIDADE No segundo sociedade é contrapos ta ao poder soberano do estado político O livro de Ferdinand Tönnies Gemeinschaft und Gesellschaft de 1887 traduzido comu mente como Comunidade e sociedade baseou se no primeiro uso Comunidade representa relações estreitas e coesas enraizadas na famí lia no lugar e na tradição Sociedade por outro lado subentende relações de caráter prepon derantemente econômico e contratual indeter minadas impessoais geralmente urbanas do tadas de mobilidade mas também individualis tas A distinção entre comunidade e sociedade tal como feita por Tönnies e outros é mais que classificatória é também a base de uma tipolo gia histórica e do desenvolvimento Tönnies sir Henry Maine Fustel de Coulanges Graham Wallas John Dewey e Walter Lippman apre sentaram todos a sociedade ocidental em ter mos da crise envolvida na ampla substituição dos antigos e tradicionais vínculos comunitá rios pelos novos mais impessoais e segmenta dos vínculos da democracia de massa industrial e urbana e pelo individualismo secular Em The Great Society livro dedicado por seu autor Graham Wallas ao jovem americano Walter Lippman fezse um contraste odioso entre a comunidade e a grande sociedade indicando se que a última continha as sementes do colapso ou erosão social por causa de sua falta de vín culos sociais profunda e intimamente sentidos Nos Estados Unidos John Dewey em The Public and its Problems 1927 na esteira de Wallas escreveu O nosso interesse neste mo mento é expor o modo como a idade da máqui na ao desenvolver a Grande Sociedade invadiu e parcialmente desintegrou as pequenas comu nidades de épocas passadas sem gerar uma Grande Comunidade Esse foi o poderoso te ma em obras literárias e filosóficas do século XX começando com especial vigor imediata mente depois da Primeira Guerra Mundial O pensamento utópico do século XX adotou de forma irresistível o caminho da celebração das coesões e mutualidades interpessoais da socie dade familiar em contraste com as relações mais vastas impessoais e heterogêneas da ci dade da fábrica e de outros laços característicos da Grande Sociedade moderna A busca de comunidade que encontramos em tão grande parte do pensamento político e social do século tem a sociedade como sua adversária A par do significado pejorativo de socie dade deparamonos com um outro no pensa mento do século XX que focaliza a diferencia ção entre ESTADO e sociedade bem como a necessidade vital de manter esta última tão livre quanto possível das invasões pelo estado no interesse da liberdade tanto do indivíduo quanto do grupo social Nos escritos dos pluralistas desde Johannes Althusius até Maitland e JN Figgis o problema da liberdade tem sido for mulado em primeiro lugar em termos das re lações entre estado e sociedade em que esta última palavra consubstancia especialmente as associações e os grupos menores na ordem social e só secundariamente em termos do indivíduo contra o estado Escreveu Figgis em 1911 Está cada vez mais claro que a mera liberdade do indivíduo contra um Estado oni potente pode não ser muito melhor do que escravatura é cada vez mais evidente que a verdadeira questão da liberdade em nossos dias é o problema da vida de uniões menores dentro do Estado Quando o totalitarismo irrompeu estrepito samente em cena no século XX desafiando expressões mais antigas de despotismo monar quia ou ditadura autores como Ortega y Gasset Hermann Rauschning Emil Lederer e um pou co mais tarde e de modo definitivo Hannah Arendt enxergaram a essência do estado total na absorção pelo estado político em seu próprio poder soberano de todas as autoridades que compõem a sociedade como família igreja comunidade local sindicato etc Vale destacar que Edmund Burke em certa medida e Alexis de Tocqueville de modo mais abrangente an teviram quase nesses mesmos termos as poten cialidades despóticas da democracia popular ou seja a progressiva absorção pelo estado da sociedade em suas formas tradicionais Talvez o mais famoso capítulo de A democracia na América de Tocqueville seja Que espécie de despotismo as nações democráticas têm que temer A sua resposta a lenta e implacável burocratização da existência humana através da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 714 sociedade substituição do estado e depois assimilação de todas as autoridades sociais No momento atual quando o totalitarismo comunista deu provas de inexorável recuo na antiga União Soviética e em países do Leste Europeu como Polônia Hungria exAlemanha Oriental e Tchecoslováquia a idéia de socie dade ou de sociedade civil ganhou evidência São nações em que sob os auspícios do socia lismo ou do comunismo a sociedade in cluindo economia educação igreja família e outras unidades componentes foi calculada mente enfraquecida ou até destruída por vezes A pergunta do momento é esta podem os países da Europa Oriental e os da antiga União Sovié tica despojarse a tal ponto do poder político tentacular e burocratizado que se torne possível uma volta à sociedade civil e seus mecanismos e autoridades inerentes Se o estado e o partido ficarem privados dos poderes e funções que detiveram de maneira despótica por tantas dé cadas para que entidades serão estes transferi dos Pelo restante do século será este o drama central os processos pelos quais se efetuará a transferência do estado para a sociedade sem um colapso paralisante no qual nenhuma es pécie de ordem poderá reinar Ver também SOCIEDADE CIVIL Leitura sugerida Hayek FA 1960 The Constitution of Liberty Jouvenel Bertrand de 1948 Du pouvoir histoire naturelle de la croissance Maine Henry 1961 Ancient Society Mertz JT 1914 History of European Thought in the Nineteenth Century 4 vols Vol4 On Society Nisbet Robert 1953 The Quest for Community Polanyi K 1944 The Great Transforma tion Tönnies Ferdinand 1887 1955 Community and Association Tocqueville A de 1854 1955 LAncien Régime et la révolution In Oeuvres Com plètes ROBERT NISBET sociedade processos evolucionários na Ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE sociedade aberta Esta expressão entrou no vocabulário da ciência política sendo corrente mente empregada por escritores e políticos emi nentes embora raras vezes seja ouvida na boca de pessoas comuns É usualmente usada para assinalar uma sociedade em que nenhuma ideo logia ou religião goza de monopólio em que existe um interesse crítico por novas idéias seja qual for a sua origem em que os processos políticos estão abertos ao exame e à crítica públicos em que há liberdade para viajar em que as restrições ao comércio com outros países são mínimas e em que a finalidade da educação é transmitir conhecimentos em vez de imbuir doutrinas sectárias Durante muito tempo a União Soviética sintetizou a antítese de uma sociedade aberta mas sob a política de glasnost os países que a substituíram parecem estar se afastando desse extremo negativo O termo sociedade aberta assim como o seu antônimo sociedade fechada obteve am pla aceitação por causa de um famoso livro de Karl Popper A sociedade aberta e seus inimi gos 1945 Como ele próprio reconheceu esse par de vocábulos tinha sido apresentado antes por Henri Bergson 1932 As concepções des ses dois pensadores de uma sociedade fechada tinham muito em comum Ambas a viram como uma comunidade pequena compacta de rela cionamento face a face Segundo Bergson é uma sociedade centralizada estática nãopro gressista sua religião é autoritária sua morali dade absolutista e seus costumes rígidos Pop per sublinhou sua perspectiva anticientífica mágica tribalista Um aspecto assinalado por Bergson mas não por Popper foi que a guerra com as sociedades vizinhas será usualmente considerada pela liderança de uma sociedade fechada como uma forma desejável de promo ver a lealdade tribal e a unidade coletiva Entretanto suas concepções de sociedade aberta divergiram consideravelmente Para Bergson uma sociedade aberta só surgirá quan do a multiplicidade de sociedades fechadas der finalmente lugar a uma sociedade mundial em que o progresso e a diversidade sejam encora jados e o dogma religioso e a moralidade auto ritária dêem lugar à intuição mística e à espon taneidade Para Popper em contrapartida a caracterís tica essencial de uma sociedade aberta não é a intuição mística mas o uso irrestrito da razão crítica E essa sociedade pode ser muito peque na deu como exemplo a sociedade ateniense ao tempo de Péricles quando os escravos não eram considerados parte integrante dela E a realização da sociedade aberta não é uma meta situada em um futuro distante Com efeito afirmou Popper lances bemsucedidos no pas sado em direção a maior abertura sobretudo no Ocidente geraram entre alguns pensadores in fluentes com destaque para Platão na antiga Grécia um veemente desejo de regresso a uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade aberta 715 sociedade fechada Pois a vida em uma socie dade aberta pode ser árdua e as pessoas não são necessariamente mais felizes do que seriam em uma sociedade fechada Elas poderão sofrer do que Popper chamou a tensão da civilização Algumas pessoas renunciariam com satisfação ao peso da responsabilidade individual trocan doo pelo calor e a segurança imaginados de uma sociedade fechada Popper contudo concordou com Bergson quanto à prioridade temporal de uma sociedade fechada em relação a uma sociedade aberta segundo Popper a primeira ocorreu por assim dizer naturalmente ao passo que sempre se teve que lutar para conseguir a segunda Ele apresentou duas razões para isso 1 Para ser aberta uma sociedade também tem que ser em considerável grau o que ele chamou de sociedade abstrata nesta as re lações cara a cara com pessoas conhecidas dão lugar ao trato impessoal com indivíduos anôni mos que desempenham papéis E a transição para tal sociedade será um desenvolvimento tardio 2 É natural que as pessoas encarem os tabus e costumes rígidos de uma sociedade fechada como naturais e inalteráveis como se fossem leis da natureza Assim a passagem para uma sociedade aberta requer também o reco nhecimento revolucionário do caráter artificial e convencional das instituições sociais outro desenvolvimento tardio Em seu livro Popper 1945 atacou várias doutrinas que são hostis à idéia de uma socie dade aberta Uma delas era o sonho de organi zação utópica sintetizada na idéia de Platão de que o filósoforei deveria começar por limpar a sua tela Isso é um sonho impossível que mais não seja pelo fato de o limpador da tela e o instrumento para limpar serem parte do quadro a ser apagado Quanto mais uma liderança po lítica revolucionária se aproximar desse ideal impossível mais destruição causará Ver tam bém TOTALITARISMO A alternativa é a organi zação gradual esta permite reformas em larga escala mas requer que elas se processem passo a passo tornando assim possível monitorar o processo e verificar as hipóteses sociológicas a que se recorreu Um erro pode ter acontecido nestas daí resultando que o objetivo pretendido não seja alcançado ou então seja acompanhado de conseqüências que não eram as esperadas e que são indesejáveis A vigilância crítica torna se impossível quando um grande número de reformas está em curso na mesma área Ver também SOCIALDEMOCRACIA Uma idéia afim de Popper 1945 é o utili tarismo negativo isso quer dizer que os gover nos devem ter como alvo não aumentar direta mente a felicidade global mas reduzir o sofri mento conhecido Outra doutrina que Popper considerou hostil à sociedade aberta foi o HISTORICISMO e a dou trina afim do futurismo moral O que será está certo Popper recomendou uma metodologia individualista ver INDIVIDUALISMO Alguns críticos têm posto em dúvida se as mais remotas sociedades humanas seriam fe chadas Charles Darwin 1871 enfatizou como a capacidade inventiva e imitativa foi impor tante para ajudar os seres humanos primitivos a adquirir ascendência sobre os outros primatas Isso depõe a favor de uma abertura para a novidade que era estranha à inclinação mental característica de uma sociedade fechada Ver também LIBERDADE Leitura sugerida Levinson Ronald B 1953 In De fense of Plato Magee Bryan 1973 Popper caps 6 e 7 OHear Anthony 1980 Karl Popper cap8 Pop per Karl 1976 Unended Quest cap24 Schilpp Paul Arthur org 1974 The Philosophy of Karl Popper 2 vols p820924 JWN WATKINS sociedade afluente Sociedade onde existe suficiente riqueza para garantir a contínua sa tisfação das necessidades básicas particular mente atendidas da maioria da população co mo alimento e vestuário com o resultado de que indivíduos empregam suas rendas dispo níveis para satisfazer necessidades efêmeras e insaciáveis ao mesmo tempo em que verbas insuficientes podem ser dirigidas para a satisfa ção de necessidades publicamente assistidas como saúde e educação A expressão ficou famosa com a publicação por Kenneth Galbraith do seu livro The Affluent Society em 1958 Tratase de uma poderosa crítica do modelo de alocação de recursos então vigente nos Estados Unidos e por extensão a algumas economias nacionais da Europa Oci dental e envolve três asserções principais Em primeiro lugar que os aumentos de capacidade e eficiência produtivas resultaram em uma eco nomia capaz de fornecer uma grande abun dância affluence sem precedentes à grande Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 716 sociedade afluente maioria das pessoas Como observa Galbraith nos Estados Unidos contemporâneos grande número de mercadorias é comparativamente abundante aspecto que ele ilustra assinalando o fato de mais pessoas morrerem a cada ano por comer demais do que por comer de menos p102 Em segundo lugar o autor afirma que a sabedoria econômica convencional não levou em conta esse desenvolvimento continuando a se identificar com a antiga e anacrônica suposi ção de que novos aumentos anuais de produção devem ser necessariamente desejados O que em especial está superado é a prioridade conce dida à produção sempre crescente de bens no setor privado o que leva a uma situação em que a abundância privada é contraposta à misé ria pública O grande e abrangente contraste entre a solicitude e o estímulo prodigalizados à produção de bens privados e as severas res trições que são impostas aos que devem surgir do setor público é o que constitui para Gal braith a mais singular característica da socie dade afluente p155 Em terceiro e último lugar a estimulação de necessidades artificiais através da publicidade conjugada com um excessivo suprimento de crédito é indispensável para manter um alto nível de demanda agora que deixaram de exis tir quaisquer necessidades urgentes a serem satisfeitas O termo introduzido por Galbraith ainda é largamente encontrado uma vez que se conso lidou no uso popular Entretanto a crítica do pensamento econômico convencional está ha bitualmente ausente nesse uso bem como o contraste implícito entre abundância privada e miséria pública enquanto que o clima econô mico mais duro dos anos 80 resultou também em a expressão ser usada de um modo mais irônico do que o pretendido por Galbraith O cerne do significado que permanece é portanto a idéia de que os cidadãos de uma tal sociedade experimentam um estado de abundância gene ralizada e sem precedentes com a conseqüência de que os recursos econômicos são predomi nantemente empregados na gratificação perdu lária de necessidades triviais em vez da satis fação imprescindível de necessidades funda mentais As teses de Galbraith foram largamente cri ticadas A sua terceira tese em especial foi ferozmente atacada com base em que desacre dita a escolha de consumo não distingue entre o condicionamento cultural geral da necessi dade e da influência específica exercida pelos produtores e ignora as provas empíricas refe rentes aos efeitos da publicidade Hayek 1967 Riesman 1980 O seu famoso contraste entre abundância privada e miséria pública também foi criticado predominantemente com base em que a sua abordagem envolve uma compreen são errônea da declinante utilidade marginal dos bens ao mesmo tempo em que subestima a natural prodigalidade dos governos Rothbard 1970 Apesar disso até os seus mais veementes críticos tendem a aceitar que é correto descrever os modernos países da América do Norte e da Europa Ocidental como sociedades afluentes Friedman 1977 p13 Por conseguinte pode se dizer que a tese central de Galbraith encon trou aceitação geral e exerceu importante in fluência sobre o moderno pensamento social e econômico A esse respeito também é especial mente importante assinalar que a sua denúncia da natureza pretensamente incontestável da sabedo ria da busca de níveis sempre crescentes de pro dução e o seu ataque à noção convencional de que se deve conceder supremacia aos valores de mer cado participaram sem dúvida do subseqüente surgimento das críticas ambientalistas e anticres cimento da sociedade moderna Ver também SOCIEDADE DE CONSUMO CRESCI MENTO ECONÔMICO Leitura sugerida Beckerman W 1974 In Defence of Economic Growth Hession CH 1972 John Kenneth Galbraith and his Critics Riesmann David 1980 Galbraith and Market Capitalism Sharpe Myron E 1973 John Kenneth Galbraith and the Lower Econo mics COLIN CAMPBELL sociedade civil Tratase de uma expressão antiga comum no pensamento político europeu até o século XVIII Nesse uso tradicional era uma tradução mais ou menos literal do romano societas civilis e por trás dela do grego knoi nonia politiké Ou seja era sinônimo de estado ou sociedade política Quando Locke falava de governo civil ou Kant de bürgerliche Ge sellschaft ou Rousseau de état civil todos eles se referiam simplesmente ao estado visto como englobando à semelhança da pólis grega todo o domínio do político A sociedade civil era a arena do cidadão politicamente ativo Também comportava o sentido de uma socie Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade civil 717 dade civilizada uma sociedade que ordenava suas relações de acordo com um sistema de leis em vez dos caprichos autocráticos de um dés pota A ligação de CIDADANIA com sociedade civil nunca se perdeu por completo Forma parte da associação que empresta seu atrativo às mais recentes restaurações do conceito Mas houve uma inovação decisiva na segunda metade do século XVIII que rompeu a equação histórica da sociedade civil e com o ESTADO O pensa mento social britânico foi especialmente in fluente nesse capítulo Nos escritos de John Locke e Tom Paine Adam Smith e Adam Fer guson estava elaborada a idéia de uma esfera da sociedade distinta do estado e dotada de formas e princípios próprios O crescimento da nova ciência da economia política também uma realização predominantemente britânica foi sobremaneira importante para o esta belecimento dessa decisão A maioria desses autores continuou usando a expressão socie dade civil em seu sentido clássico como no Essay on the History of Civil Society 1767 de Adam Ferguson mas o que eles estavam efeti vamente fazendo era estabelecer a distinção analítica que não tardaria a transformar o signi ficado do conceito É a Hegel que devemos o moderno signifi cado do conceito de sociedade civil Na Filoso fia do direito 1821 a sociedade civil é a esfera da vida ética interposta entre a família e o estado Na esteira dos economistas britânicos Hegel vê o conteúdo da sociedade civil larga mente determinado pelo livre jogo de forças econômicas e indivíduos egoístas Mas a socie dade civil também inclui instituições sociais e cívicas que inibem e regulam a vida econômica levando por um processo inevitável de educa ção à vida racional do estado Assim a particu laridade da sociedade civil transferese para a universalidade do estado Marx embora reconhecendo sua dívida para com Hegel estreitou o conceito de sociedade civil para tornála equivalente simplesmente do domínio autônomo da propriedade privada e das relações de mercado A anatomia da sociedade civil disse ele deve ser procurada na economia política Essa restrição ameaçou a sua utilidade Que necessidade havia do con ceito de sociedade civil quando a economia ou simplesmente a sociedade vista como o conteúdo efetivo do estado e da vida política em geral fornecia os seus principais termos Em seus escritos ulteriores o próprio Marx aban donou a expressão preferindo em seu lugar a simples dicotomia sociedadeestado Tam bém outros autores e não só os influenciados por Marx encontraram cada vez menos razões para reter o conceito de sociedade civil A so ciedade civil em A democracia na América 183540 de Alexis de Tocqueville reviveu o sentido anterior de sociedade civil como educa ção para a cidadania mas o exemplo de Toc queville pouco fez para restaurar o prestígio de um termo que era cada vez mais considerado obsoleto Na segunda metade do século XIX sociedade civil caiu em desuso Coube a Antonio Gramsci nos escritos com pilados como Cadernos do cárcere 192935 resgatar o conceito na primeira parte deste sé culo Gramsci embora retendo uma orientação basicamente marxista retornou a Hegel para revitalizar o conceito Na verdade foi mais longe do que Hegel ao desligar a sociedade civil do econômico e ao enquadrála no estado A sociedade civil é a parte do estado que se preo cupa com a elaboração do consentimento não com a coerção ou o domínio formal É a esfera da política cultural As instituições da socie dade civil são igreja escolas sindicatos e outras organizações através das quais a classe domi nante exerce sua hegemonia sobre a socie dade Também é pela mesma ordem de idéias a arena onde essa hegemonia é passível de contestação Nas décadas radicais de 60 e 70 foi o conceito de sociedade civil de Gramsci o favorito dos que tentaram oporse às estruturas dominantes da sociedade não pelo confronto político direto mas travando uma espécie de guerra de guerrilha cultural Cultura e educação eram as esferas onde a hegemonia seria contes tada e extinta Nova vida foi também insuflada no conceito pelas céleres mudanças registradas na Europa Central e Oriental desde finais da década de 70 e ao longo da de 80 Os dissidentes da região acudiram ao conceito de sociedade civil como uma arma contra as pretensões globalizantes do estado totalitário O exemplo do movimento Solidariedade na Polônia indicou um modelo de oposição e regeneração que evitou o con fronto suicida com o estado através da formação de instituições da sociedade civil como uma sociedade paralela Na esteira das revoluções vitoriosas de 1989 em toda a região o conceito Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 718 sociedade civil de sociedade civil ganhou imensamente em popularidade Para muitos intelectuais conti nha a promessa de um caminho privilegiado para a sociedade póscomunista pluralista ver PLURALISMO embora eles não fossem muito precisos quanto aos detalhes Também os inte lectuais ocidentais voltaram a se entusiasmar com o conceito Para eles indicava uma nova perspectiva sobre velhas questões de democra cia e participação em sociedades onde essas práticas pareciam ter ficado moribundas A sociedade civil é claro renovou o seu atrativo Tal como no século XVIII parecemos sentir uma vez mais a necessidade de definir e distinguir uma esfera da sociedade que esteja separada do estado A cidadania parece depen der para o seu exercício da participação ativa em instituições nãoestatais com a base neces sária para a participação em instituições políti cas formais Foi essa a posição de Tocqueville a respeito da democracia americana é uma lição que o resto do mundo parece estar agora muito ansioso por levar a sério Leitura sugerida Arato Andrew e Cohen Jean 1992 Civil Society and Democratic Theory Gellner E 1991 Civil Society in historical context Internatio nal Social Science Journal 43 495510 Gouldner A 1980 Civil society in capitalism and socialism In The Two Marxisms Keane J org 1988 Civil Society and the State New European Perspectives Lewis Paul org 1992 Democracy and Civil Society in Eas tern Europe Riedel M 1984 State and civil so ciety linguistic context and historical origin In Be tween Tradition and Revolution The Hegelian Trans formation of Political Philosophy KRISHAN KUMAR sociedade corporativa Ver CORPORATIVISMO sociedade de consumo Ao caracterizar uma sociedade organizada mais em torno do consu mo do que da produção de bens e serviços essa expressão entrou em uso geral ao longo da última década É comumente empregada para designar um conjunto interligado de tendências sócioeconômicas e culturais que se considera característico das sociedades industriais avan çadas da América do Norte Europa Ocidental e Orla do Pacífico e parece distinguilas das anteriores sociedades producionistas do sé culo XIX assim como das nações em desenvol vimento do Terceiro Mundo O uso popular contém freqüentemente a inferência de que os membros de tais sociedades identificam altos níveis de consumo com sucesso social e felici dade pessoal e por conseguinte escolhem o consumo como seu objetivo de vida prepon derante Como tal a expressão está freqüente mente associada a uma crítica da busca de status do materialismo e hedonismo que se pressupõe serem os valores predominantes em tais sociedades O uso acadêmico tem buscado cada vez mais rechaçar essas implicações ava liatórias embora retendo o insight de que a chave para a compreensão da modernidade re side no reconhecimento da centralidade das atividades de consumo e suas atitudes e valores associados A expressão sociedade de consu mo é empregada para condensar esse ponto de vista e subentende usualmente uma economia que está orientada para satisfazer novas carên cias e não meramente as necessidades recor rentes dos consumidores A idéia de que as mudanças sociais e cultu rais que ocorrem nas economias mais avança das da América do Norte e da Europa Ocidental devem ser entendidas como primordialmente associadas a uma transferência de foco da pro dução para o consumo foi apresentada pela primeira vez na década de 50 por David Ries man Nathan Glazer e Reuel Denny em The Lonely Crowd 1950 e desde então tem sido retomada por outros e mais recentes intérpretes da sociedade moderna como Daniel Bell 1976 Bernice Martin 1981 e Colin Camp bell 1987 Nessas obras a transição de uma sociedade de produção para uma sociedade de consumo não é considerada um simples fruto do surgimento de um mercado de massa para artigos de luxo mas é vista como concomitante de uma mudança fundamental em termos de valores e crenças Por conseguinte a análise da natureza e origem da sociedade de consumo está ligada às tentativas de explicação do declí nio da ética do trabalho protestante e seu deslo camento por um ethos expressivo hedonís tico ou romântico ver ÉTICA PROTESTANTE TESE DA Essa preocupação com a análise da mudança cultural significou que o exame da sociedade de consumo se cruza com outros debates em torno da natureza da sociedade con temporânea ver COMUNICAÇÃO DE MASSA MO DERNISMO E PÓSMODERNISMO Entretanto a suposição de que existe um claro divisor de águas no passado recente se parando as sociedades modeladas pelas forças de produção das que são determinadas pelas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade de consumo 719 forças de consumo tem sido cada vez mais questionada por historiadores e sociólogos Fernand Braudel 1949 1973 afirmou que o entendimento do desenvolvimento da moderni dade no Ocidente requer uma apreciação de como as mudanças no comportamento de con sumo no período prémoderno levou a um au mento da demanda de bens enquanto McKen drick Brewer e Plumb 1982 identificam a revolução do consumo que anunciou o ad vento da sociedade de consumo como tendo ocorrido na Inglaterra na segunda metade do século XVIII Outros autores buscaram suas origens na Europa dos séculos XV e XVI Mu kerji 1983 e na França de meados do século XIX MB Miller 1981 Williams 1982 Todas essas pesquisas imprimiram novo im pulso ao debate sobre a melhor maneira de entender a atividade de consumo Nesse con texto a negligência do consumo dentro da ciência econômica neoclássica e o viés pro ducionista manifesto nos escritos de Karl Marx e Max Weber são freqüentemente apon tados como uma acentuada deficiência no âm bito do pensamento social ocidental A teoria do consumo conspícuo de Thornstein Veblen 1899 é a mais comumente citada no esforço para preencher esse vazio embora a reelabora ção por Pierre Bourdieu 1979 dos tradicionais temas veblenescos de gosto e esnobismo social esteja sendo cada vez mais mencionada como importante fonte de inspiração teórica Outras tentativas recentes de desenvolver uma teoria de consumo característica que possa servir de base a uma teoria da sociedade de consumo incluiriam as de Appadurai 1986 Campbell 1987 e Daniel Miller 1987 Ver também SOCIEDADE AFLUENTE Leitura sugerida Campbell Colin 1987 The Roman tic Ethic and the Spirit of Modern Consumerism McCracken Grant 1988 Culture and Consumption New Approaches to the Symbolic Character of Consu mer Goods and Activities McKendrick N Brewer J e Plumb JH 1982 The Birth of a Consumer Society the Commercialization of EighteenthCentury England COLIN CAMPBELL sociedade de massa Termo usado para des crever a condição das sociedades modernas em que formas tradicionais de associação como comunidade classe etnicidade e religião decli naram e em que a organização social é predo minantemente de grande escala e burocratiza da pelo que as relações sociais são relativa mente impessoais Em formulações mais extre mas a sociedade de massa é retratada como uma sociedade em que a população é uma mas sa indiferenciada sem raízes na comunidade na tradição e na moralidade consuetudinária incapaz de discriminação em matéria de gosto cultural e de política e por conseguinte sujeita a ondas de emoção e moda fácil presa de ma nipulações por parte de inescrupulosos líderes carismáticos A teoria da sociedade de massa foi particu larmente influente no segundo quartel do século XX como diagnóstico dos males culturais e políticos que produziram o FASCISMO e o bolche vismo e nas décadas de 50 e 60 como crítica de uma sociedade americana que era vista co mo conformista e politicamente desmoraliza da Em anos recentes tornouse impopular por que o seu pessimismo cultural elitista parece injustificado à luz das provas de um continuado e possivelmente crescente pluralismo social e cultural e também porque foi associada a uma política conservadora que não entendeu a mu dança que desde meados da década e 60 vinha ocorrendo na natureza da PARTICIPAÇÃO POLÍTI CA Entretanto a perspectiva da sociedade de massa não é em absoluto uma novidade do século XX A ameaça que as massas urbanas sem cultura decadentes ou desesperadas repre sentam para as elites de talento ou virtude tem sido um tema recorrente em filosofia política desde a Antigüidade clássica mas foram acon tecimentos do final do século XVIII e começos do XIX que intensificaram essas preocupações e criaram as bases para o moderno conceito de sociedade de massa A Revolução Francesa var reu de forma tão precipitada os regimes aris tocráticos tradicionais de um extremo a outro da Europa que até pensadores que nada tinham de reacionários como JS Mill temeram que a democratização equivalesse à incorporação po lítica de pessoas insuficientemente instruídas para assumir de modo responsável as obriga ções da cidadania Assim a democracia poderia significar um nivelamento por baixo em que as paixões da massa se sobrepusessem à razão da elite educada e levassem à intolerância da dis sidência e do inconformismo O outro fator importante nesse processo foi a transformação de sociedades predominante mente agrárias pelos processos interligados de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 720 sociedade de massa INDUSTRIALIZAÇÃO burocratização e urbaniza ção A teoria da sociedade de massa apóiase substancialmente nas obras dos teóricos do sé culo XIX sobretudo Alexis de Tocqueville Ferdinand Tönnies Émile Durkheim e Max Weber que identificaram essas mudanças e que ao mesmo tempo se preocuparam com as suas implicações para a coesão social e a ordem política Assim como as relações características da sociedade préindustrial foram transforma das pela industrialização também a ordem po lítica foi ameaçada pelo colapso da ordem mo ral antecedente e pelo relaxamento das coerções mecânicas que tinham até então ajudado a man ter as sociedades coesas Mas os sociólogos clássicos diferentemente dos teóricos da sociedade de massa que depois se apoiariam em sua obra não supuseram o caráter absoluto das tendências que identifica ram As várias versões da polaridade comuni dadesociedade pretendiam ser projetos heu rísticos e eram consideradas mais como di mensões de processos sociais em curso do que como estados finais Durkheim em particu lar percebeu que se o desenvolvimento social acarretava a destruição de formas tradicionais de comunidade e moralidade também havia não obstante possibilidades de inovação O equívoco dos teóricos da sociedade de massa estava no fato de a nostalgia os cegar a ponto de não enxergarem o desenvolvimento de novas formas de comunidade e moralidade mesmo em sociedades dominadas por modernas for mas de associação É como contribuição à sociologia política que a perspectiva da sociedade de massa atinge a sua mais clara especificação teórica Korn hauser 1959 sublinha o impacto desintegrador da rápida mudança social econômica e política mas atribui posição central às associações se cundárias do pensamento de Tocqueville tão importantes para a saúde e a estabilidade da democracia liberal Na ausência de tais associa ções intermédias a massa sofrivelmente inte grada da população era suscetível de mobiliza ção por elites políticas enquanto que as pró prias elites eram perigosamente vulneráveis às pressões da opinião da massa O resultado era a vulnerabilidade à volatilidade e ao extremis mo políticos O livro de Kornhauser pode ser lido como uma tentativa de generalização a partir das ex plicações da ascensão de movimentos extre mistas e sociedades totalitárias nas décadas de 20 e 30 especialmente as apresentadas por Emil Lederer Hannah Arendt e Franz Neu mann A maior atenção concentrouse com preensivelmente na Alemanha nazista O co lapso da Alemanha no nazismo foi atribuído ao caráter recente e à rapidez da transformação da Alemanha em uma sociedade democrática de massa Tão rápida foi essa mudança que as antigas associações de comunidade classe e religião tinham desmoronado deixando massas anômicas e desenraizadas à mercê das manipu lações de políticos que dispunham de meios caracteristicamente modernos de organização e comunicação Embora plausível como explicação da as censão do nazismo a teoria da sociedade de massa foi prejudicada pelas fortes provas que contradizem a sua proposição central Com efeito a Alemanha era uma sociedade que so frera rápida e desarticuladora mudança mas essa mudança fora mais política do que primor dialmente social e antes da subida dos nazistas ao poder não era uma sociedade em que a organização social intermédia fosse fraca pelo contrário era mais forte do que em sociedades como a França onde a sedução do fascismo foi relativamente limitada A teoria da sociedade de massa atingiu o seu ponto mais baixo quando aplicada aos novos movimentos sociais das décadas de 60 e 70 pois no caso de tais movimentos havia abun dância de provas de que não se tratava de in divíduos anômicos socialmente pulverizados os que eram mais propensos a adotar uma ação política radical mas pelo contrário pessoas que estavam relativamente bem integradas no plano social e mais do que usualmente motiva das por seu compromisso com sólidos princí pios morais Na verdade são essas provas as que têm efeitos mais nocivos para a teoria da sociedade de massa Apesar de essa rápida mu dança ser perturbadora e com freqüência poli ticamente desestabilizadora não são usualmen te as pessoas mais perturbadas pela rápida mu dança as que se mostram mais propensas a assumir uma ação política radical e para as que a assumem o caráter do seu envolvimento po lítico parece quase sempre ser mais um reflexo dos valores com que estavam previamente so cializadas do que uma reação impulsiva às no vas circunstâncias Ver também COMUNICAÇÃO AÇÃO COLETIVA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade de massa 721 Leitura sugerida Giner S 1976 Mass Society Ha lebsky S 1976 Mass Society and Political Conflict Kornhauser W 1959 The Politics of Mass Society CA ROOTES sociedade industrial As características mais freqüentemente usadas para definir a sociedade industrial são 1 Uma mudança na natureza da economia de tal forma que um setor primário muito pequeno pode alimentar uma população envolvida nos setores secundário e ter ciário 2 A preponderância da produção mecânica nas fábricas 3 A urbanização da sociedade ver URBA NISMO 4 O crescimento da alfabetização de mas sa 5 A aplicação do conhecimento científico à produção 6 O recrudescimento da regulamentação burocrática de todos os aspectos da vida social Outras características são ocasionalmente citadas Isso é compreensível a teoria social tentou entender o capitalismo e o industria lismo e não chega a surpreender que algumas características do primeiro fossem atribuídas ao segundo Uma coisa porém está absolutamen te clara o surgimento da sociedade industrial assinala uma mudança profunda nos assuntos humanos O maciço prometéico aumento dos poderes humanos em resultado de todo esse processo significou que os seres humanos já não estavam mais à mercê da natureza na ver dade talvez a natureza esteja agora muito mais à mercê dos seres humanos do que deveria Os primeiros teóricos da sociedade indus trial estavam conscientes de que eram testemu nhas do nascimento de um novo mundo As raízes do conceito encontramse no pensamento iluminista de Turgot e Condorcet Mas a formu lação mais notável da idéia veio no começo do século XIX pelas penas de Henri de SaintSi mon e de Auguste Comte SaintSimon acredi tava que a indústria mudaria a tal ponto a vida social que a tradicional luta política poderia ser inteiramente deslocada em lugar de haver escolhas entre diferentes fins na vida o que teria muito maior importância seria a administração da máquina industrial As idéias de SaintSi mon tiveram considerável impacto prático so bre a sociedade francesa sobretudo em suas profissões de natureza técnica Mas o pensa mento de Comte provou ser ainda mais impor tante com destaque para a sociologia cujo próprio nome foi criação dele Comte era um pensador tão antipolítico quanto SaintSimon mas adicionou duas importantes glosas à sua obra de professor Em primeiro lugar afirmou que a criação de abundância acarretaria o fim das guerras entre nações Em segundo lugar acreditava que a idade industrial uma vez que as falsas idéias incutidas pela religião tivessem sido destruídas pela ciência possuiria as suas próprias crenças positivas a que ele deu o nome de religião da humanidade Ver tam bém SECULARIZAÇÃO O otimismo de Comte sobre esse último assunto não foi mantido pela maioria dos teóri cos sociais dos séculos XIX e XX Os romancis tas investiram contra o materialismo crasso e a vacuidade moral da vida moderna e autores mais acadêmicos fizeram eco a essas caracteri zações Assim Karl Marx atacou a alienação causada pelo capitalismo industrial em termos um tanto semelhantes Émile Durkheim afir mou que a falta anômica de integração moral da vida moderna era responsável pelo aumento do número de suicídios o que dificilmente se pode considerar um indício de alguma espécie de progresso universal Não deixa de ser inte ressante o fato de Marx e Durkheim pensarem embora por caminhos muito diferentes que a moderna sociedade industrial podia combinar se com preceitos e regras morais ou seja ambos escreveram em última análise no espírito de Comte Isso não ocorreu com Max Weber o maior de todos os teóricos da sociedade indus trial O motivo não foi apenas ter ele corre tamente previsto contra Marx que a versão socialista de estado da sociedade industrial seria mais burocrática do que o modelo capitalista Weber insistiu além disso em que haveria na sociedade industrial custos de oportunidade a que seria impossível escapar O conhecimento pode acarretar abundância em sua opinião mas os princípios que inspiram o trabalho da ciência chocamse inteiramente com a certeza moral assim a abundância é adquirida à custa de uma certa medida de desencanto ou seja com a perda de anteriores diretrizes morais estabele cidas pela crença religiosa É importante as sinalar contudo que o seu trágico pessimismo sobre esse tema não foi endossado por mui Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 722 sociedade industrial tos outros pensadores Heidegger por exemplo procurou caminhos nos quais se podia criar certa moralidade real de tal modo que a mera tecnologia fosse devidamente mantida no seu lugar O conceito de sociedade industrial recebeu uma reformulação fundamental nas duas déca das subseqüentes ao final da Segunda Guerra Mundial O conceito sustentou o otimismo de Talcott Parsons e estava subentendido na insis tência de muitos pensadores sendo Clark Kerr o mais importante deles em que o desenvolvimento se tornava a questão funda mental desta era Na pior das hipóteses essa reformulação do conceito levou à crença um tanto simplista de que as idéias e instituições do socialismo de estado e do capitalismo liberal acabariam simplesmente por convergir Mas era possível ser muito mais sofisticado do que isso e foi a grande proeza de Raymond Aron produzir uma síntese judiciosa da teoria da sociedade industrial Essa síntese foi notável por prestar atenção adequada ao político ou seja por se recusar a aceitar que todas as mu danças resultaram de variáveis sócioeconômicas Isso foi visto com particular clareza em seus vários volumes sobre a lógica autônoma do conflito geopolítico e em sua obraprima Democracy and Totalitarianism a qual descreveu os diferentes sistemas políticos pelos quais os sistemas indus triais podiam ser administrados Podemos entender melhor as forças e fra quezas do conceito de sociedade industrial con siderando quatro áreas de debate que ele oca sionou Origens Tem havido muita discussão primeira mente em torno das origens da sociedade in dustrial e do grau em que podemos estar agora transitando para uma nova era A sociedade capitalista chegou antes é claro do surgimento da sociedade industrial e temos algum conhe cimento do caráter singular da Europa um padrão histórico de famílias nucleares a des truição das extensas redes de parentesco um sistema estatal multipolar agricultura de chuva as heranças da Antigüidade que facilitou a sua ascensão O industrialismo apareceu pri meiro na base desses antecedentes comerciais de um modo gradual Exatamente por que esse processo ocorreu na Inglaterra em vez de diga mos na Holanda continua sendo motivo de muita discussão com a mais recente explicação de Wrigley salientando a importância das reser vas de carvão e de um alto nível de demanda resultante da revolução agrária anterior O que é certo é que a industrialização ou desenvolvi mento do Terceiro Mundo não pode acontecer hoje dessa mesma forma gradual As vantagens e a necessidade geopolítica da industrialização fizeram desta algo que as elites do estado dese jam realizar o mais depressa possível isso tende a encorajar o autoritarismo dos regimes políti cos Tudo isso quer dizer que muita coisa ainda está por se explicar para que se obtenha uma compreensão cabal da história da ascensão da sociedade industrial Em contrapartida o con ceito de SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL proposto por Daniel Bell 1974 e Touraine 1968 tem pouco a recomendálo como foi convincente mente demonstrado por Kumar 1978 Embora seja verdade que o conhecimento é sempre mais importante na sociedade moderna isso equi vale mais a intensificar do que a substituir os princípios básicos que presidem o funciona mento da sociedade moderna Não significa porém que não tenha acontecido nenhuma mu dança socialmente significativa durante a era industrial A diminuição do tamanho da classe trabalhadora manual é certamente um fator im portante assim como também o é a crescente relevância política da mãodeobra recente mente instruída Capitalismo e industrialismo Uma segunda área geral de discussão diz respeito às respectivas virtudes do conceito de CAPITALISMO em contraste com o de industria lização Os marxistas têm certamente muito a seu favor quando insistem no maior poder co gnitivo do primeiro conceito Os teóricos da sociedade industrial tendem a ver a estratifica ção social em termos funcionais até meritocrá ticos Os marxistas estão certos em sublinhar que as oportunidades na vida são determinadas de fato pela posição dos pais de um indivíduo no sistema de classes Isso não significa porém que o paradigma marxista seja em tudo superior ao conceito de sociedade industrial Assim em bora a classe operária certamente exista não dá sinais de desempenhar o papel histórico que lhe foi atribuído pelo marxismo mais importante ainda a caracterização pelo marxismo da natu reza da sociedade industrial socialista de estado está longe de ser tão plausível quanto a ofereci Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade industrial 723 da pelos teóricos da sociedade industrial Vale a pena assinalar en passant que o conceito de capitalismo é porém em um aspecto pouco reconhecido nitidamente superior ao de indus trialismo Os teóricos da sociedade industrial apontavam que uma vez alcançada a abun dância tudo o que restava fazer era relaxar e desfrutar dela sob esse prisma foram até dis cutidos os benefícios de uma sociedade de cres cimento zero De fato é impossível permanecer imóvel dentro da economia do mundo porque ela está organizada de acordo com diretrizes capitalistas parar ficar inativo significa o de clínio se outros insistirem em realizar maiores lucros A sociedade capitalista internacional mantémse agitada irrequieta e anárquica de um modo que é estranho ao espírito da teoria da sociedade industrial Industrialismo e guerra Este tema geral pode ser elucidado levando se em conta um terceiro debate A esperança de que a era de abundância reduzisse a guerra mostrou ser ilusória como duas guerras mun diais tragicamente provaram Grande parte des se conflito pode ser entendido em termos tradi cionais ou seja como resultado de ação racio nal por parte de estados no âmbito da socie dade associal de concorrência entre estados Isso é extremamente importante Significa que vivemos em estadosnações que têm de sobre nadar tanto dentro da sociedade mais vasta da competição entre estados quanto na sociedade capitalista internacional A geopolítica afetou a natureza da mudança social tanto quanto o ca pitalismo com efeito é a interação entre am bos ainda não adequadamente entendida que proporciona o dinamismo para a moderna mu dança social Posto em termos negativos não entendemos corretamente a nossa posição se dizemos simplesmente que vivemos dentro da sociedade industrial Isso não significa porém que classe e nação não tenham sido afetadas pela era industrial O fato de não ter havido guerras entre as maiores potências mundiais desde 1945 é a conseqüência do equilíbrio de terror que resultou da aplicação de princípios industriais à condução da guerra Modernidade e ideologia Se a sociedade industrial não trouxe a paz em sua esteira a quarta área de discussão re ferese à muito debatida questão sobre se ela poderia dar origem a uma era livre de grandes ideologias Estaria certo Max Weber ao apontar que a disseminação da ciência era incompatível com a retenção de sistemas de crenças antigos ou modernos que procuravam fornecer dire trizes para a vida social Na década de 30 a sua asserção pareceu decididamente improvável dado que o ritmo da vida política era fixado pelo bolchevismo e pelo fascismo a renovação islâ mica no mundo atual representa igualmente uma tentativa de inserir a tecnologia da moder nidade em um sistema de crenças abrangente e total Mas esses credos são atraentes tal como a força visceral do nacionalismo para socie dades em transição da era agrária para a indus trial A verdadeira questão é se a ideologia pode manter sua proeminência ao longo do tempo em regimes que se fundaram em uma pretensão de conhecimento da verdade A evolução da União Soviética com Gorbachev indica que a asserção de Weber pode conter certa dose de verdade mas o assunto é extremamente complexo em seu todo e é preferível dizer que a história ainda não pronunciou seu veredicto sobre a matéria Conclusão A título de conclusão podese oferecer um resumo das forças e fraquezas do conceito de sociedade industrial Não há dúvida para co meçar por sublinhar a utilidade do conceito de que o surgimento do industrialismo marca uma mudança qualitativa nos assuntos humanos é nada menos que um momento de evolução social As nossas vidas são determinadas por esse modo de produção Entretanto o motor da mudança dentro da ordem do mundo moderno não pode ser derivado simplesmente de alguma espécie de lógica do industrialismo A dinâ mica do mundo moderno continua sendo aquela criada pela interação de nação e capital O industrialismo criou barreiras dentro dessa in teração mas não a substituiu Leitura sugerida Aron Raymond 1962 Paix et guer re entre les nations Ο 1965 Démocratie et totalitarisme Bell D 1974 The Coming of PostIndustrial Society Gellner E 1974 Legitimation of Belief Kerr C Dunlop JT Harbison FH e Myers CA 1960 1973 Industrialism and Industrial Man Kumar K 1978 Prophecy and Progress Polanyi K 1944 The Great Transformation SaintSimon H 1953 Selec ted Writings org por FMH Markham Wrigley AM 1988 Continuity Chance and Change the Cha racter of the Industrial Revolution in England JOHN A HALL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 724 sociedade industrial sociedade pósindustrial O termo socieda de pósindustrial parece terse originado com Arthur Penty membro da Liga Socialista britâ nica e seguidor de William Morris no começo do século Penty preconizava a criação de um estado pósindustrial baseado na pequena ofi cina artesanal e em unidades descentralizadas de governo O conceito só viria a ser adotado de forma significativa no final da década de 60 quando lhe foram atribuídas características in teiramente novas Em seu significado atual o termo foi criado quase simultaneamente nos escritos de Daniel Bell e Alain Touraine a fim de descrever as novas estruturas e movimentos sociais que marcam a evolução das sociedades industriais na parte final do século XX Em anos mais recentes muitos dos usos mais comuns do termo pósindustrial também incluíram ou fo ram definidos lado a lado com um conceito de sociedade contemporânea como sociedade pós moderna por exemplo por JeanFrançois Lyo tard ver MODERNIDADE MODERNISMO E PÓSMO DERNISMO Economicamente a sociedade pós industrial é marcada pela mudança de uma eco nomia produtora de bens para uma economia de serviços no plano ocupacional pela proemi nência da classe de profissionais liberais e de técnicos e na tomada de decisões pela difusão muito ampla da tecnologia intelectual Bell especialmente em The Coming of Post Industrial Society 1974 definiu o princípio axial da sociedade pósindustrial como sendo a centralidade do conhecimento teórico como a fonte de inovação e de elaboração de políticas para a sociedade Afirmou que esse tipo de sociedade difere tanto da SOCIEDADE INDUSTRIAL clássica quanto esta da sociedade préindustrial agrária Está principalmente interessada na pro dução mais de serviços do que de bens a maio ria de sua força de trabalho está em profissões de colarinho branco em vez de manuais e mui tos de seus trabalhadores são profissionais de nível superior empregados em funções execu tivas gerenciais ou técnicas A antiga CLASSE OPERÁRIA está desaparecendo e com ela muitas das características e dos conflitos da sociedade industrial Novos alinhamentos baseados em status e consumo estão suplantando os que tinham por alicerce o trabalho e a produção A sociedade pósindustrial sustentaram Bell e Touraine é também uma sociedade altamente instruída e a idéiachave de uma sociedade de conhecimento é central para todas as várias versões teóricas Se a sociedade industrial fun cionou na base do conhecimento material e prá tico a sociedade pósindustrial depende muito mais de conhecimentos imateriais e teóricos tais como os desenvolvidos em universidades centros de pesquisa e novos tipos de locais de trabalho Não só conta com o conhecimento teórico para muitas de suas indústrias caracte rísticas como as indústrias de computadores química e aerospacial mas também aplica uma parte crescente dos recursos nacionais no de senvolvimento desse conhecimento financian do a educação superior a pesquisa e as ativi dades ligadas ao desenvolvimento Essa mu dança de ênfase refletese no aumento da im portância de uma classe caracterizada pelo saber composta de cientistas profissionais de nível superior e instituições eruditas É evidente que o exame da sociedade pós industrial tem representado nos últimos 20 anos uma importante e radical renovação do pensa mento social a respeito da mudança em grande escala nas sociedades modernas Kumar 1976 p441 e outros afirmaram que no mínimo a teorização pósindustrial marca uma bemvin da renovação de um dos princípios centrais do período formativo da sociologia o de que o estudo do ser e o do viraser estão indissolu velmente ligados O advento da sociedade pósindustrial deflagrou com efeito uma guerra terminológica muito especial a qual reflete algumas confusões ou pelo menos os diferentes vislumbres a obter da abordagem do assunto da sociedade pósindustrial desde o ponto de vista das novas classes e dos novos conflitos que surgem ou se desenvolvem para lelamente Três definições principais podem distinguirse Trabalhadores de colarinho branco são aqueles cujo trabalho é agora exe cutado em condições e circunstâncias vizinhas das condições de fábrica e que obedecem a padrões de trabalho altamente estruturados Funcionários de escritório são os que com o incremento da automação e da inteligência ar tificial em ambientes comerciais e adminis trativos necessitam de maior soma de conheci mentos para operar e interatuar com tais equi pamentos nesse sentido o termo não abrange apenas em absoluto as pessoas que trabalham em condições de escritório Como termo traba lhadores da informaçãoconhecimento suplan ta a rigidez dos censos e das classificações estatísticas mas no uso prático está impregna Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade pósindustrial 725 do de implicações otimistas que impedem com freqüência a melhor compreensão das mudan ças na natureza do trabalho e na estrutura das organizações Touraine 1968 1971 e Bell estão de inteiro acordo sobre a importância central das univer sidades da pesquisa e do papel da classe co nhecedora para a engrenagem geral produtiva e gerencial da nova sociedade Mas diferem no tocante aos seus resultados previsíveis En quanto Bell vê a promessa de maior integração social e de harmonia política e institucional Touraine mais alarmado por seu potencial de manipulação e claramente sensibilizado pelas idéias de maio de 1968 e pela generalização dos movimentos sociais na Europa antevê o aprofundamento do conflito entre aqueles pro fessores e estudantes que defendem os valores humanistas da educação liberal e uma casta diferente de seus pares que guarnecem a ma quinaria tecnocrática dedicada ao objetivo do crescimento econômico Nesse sentido o con ceito de sociedade pósindustrial tem sido am plamente usado por outros pensadores sociais que enfatizam diferentes características por exemplo a busca pelos jovens de um mundo para além do materialismo ou o deslocamento da classe operária em conseqüência da MUDAN ÇA TECNOLÓGICA do papel que os marxistas lhe atribuíram como agente histórico de mudança na sociedade moderna Embora as sociedades industrial e pósin dustrial não estejam simplesmente ligadas pelas mudanças fundamentais na natureza do TRABA LHO da tecnologia e das classes sociais cinco áreas problemáticas podem ser indicadas as quais constituem o desafio central para todos os atores sociais envolvidos cientistas e produ tores especialistas ergonômicos e usuários to dos se defrontam com a arquitetura da com plexidade de mudanças fundamentais e novi dades sem precedentes que vão além dos méto dos e ferramentas teóricas convencionais da sociedade industrial Eles estiveram no âmago de todos os debates teóricos acerca da sociedade pósindustrial e mais recentemente pósmo derna 1 Símbolos sem decisão A tecnologia da informação e a INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL tornam cada vez maior a possibili dade de formalizar o conhecimento e favorecer a integração de um programa que possa coman dar uma máquina ou uma série de máquinas Por conseguinte quanto mais atividades são planejadas de antemão e contidas em processos de informação menos necessidade existe de um sistema de decisão em cada um dos níveis de trabalho seja em sua formalização seja em sua execução Ver também INFORMAÇÃO TEORIA E TECNOLOGIA DA Além disso o uso de máqui nas de informação acarreta um aumento de no vos símbolos os quais não só são difíceis de aprender mas também exigem um esforço es pecial a ser corretamente atribuído ao que eles convencionalmente designam O problema re side no fato de que de momento possuímos apenas novos símbolos mas não uma nova linguagem esta poderia acontecer somente se ao criar máquinas de informação levássemos em consideração novos padrões de comporta mento e novas culturas coletivas Portanto o trabalho pósindustrial apesar de suas possibi lidades tecnológicas tornase uma atividade de tipo binário com reações a estímulos e regras de informação a pôr em prática as quais já estão contidas no programa de informação Em todos os níveis de poder responsabilidade e integra ção do sistema de trabalho gerentes técnicos e empregados vêemse ocupados com o controle de trabalho em que a tomada de decisões está cada vez menos em evidência 2 Abstração e solidão A tecnologia de informação torna abstrata e imaterial a maioria das operações e gestos no trabalho Assim símbolos números e lingua gens de uma natureza variada tornamse o fator mediador essencial entre trabalhadores trabalho conhecimento prévio e comunidade de trabalho Assim além de distinções de cate goria e diferenças de salário status da compa nhia ou carreira o centro de gravidade está se transferindo para uma série de funções que exigem intensa atividade mental a mediação cognitiva do trabalho e de seu contexto social e organizacional Além disso a imagem estereo tipada de uma atividade inteligente criativa e gratificante por um lado e de uma tarefa repe titiva e intelectualmente enfadonha por outro está dando lugar agora a uma visão que é o produto hídrido da revolução da informação apesar do status ocupacional e das diferenças culturais existe hoje em dia uma série de tarefas que são marcadas pelos mesmos padrões que usam a mesma mediação simbólica e que criam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 726 sociedade pósindustrial o mesmo sentido de perda de identidade ao lidar com os processos inteligentes da máquina 3 A recomposição involuntária e paradoxal do trabalho Não se trata apenas de os procedimentos relativos à máquina e ao trabalho exigirem certa soma de empenho mental que pode variar com a complexidade das máquinas e os conheci mentos e experiência do operador mas na so ciedade pósindustrial um novo componente é adicionado a carga organizacional ou seja o componente que trata dos efeitos das variáveis que definem a organização das relações sociais e do trabalho no local de trabalho No centro de um número cada vez maior de atividades na sociedade pósindustrial encontramos o proces samento a verificação e por vezes a análise dos dados simbólicos e da informação media dora produzidos por sistemas baseados na in formação A linha fronteiriça entre ocupações e suas respectivas culturas fica enevoada dando lugar a um grupo muito mais vasto de atividades em que o trabalho é executado em condições semelhantes com processos da mesma espécie conteúdo e inteligibilidade e sobretudo em contextos organizacionais similares Essa re composição do trabalho acarreta contudo pe lo menos uma conseqüência importante as con dições de trabalho e o peso da organização uma vez que o seu lado mecânico e material desaparece perdemse de vista enquanto que a abstração inerente às novas condições de tra balho muda o sentido psicológico que o in divíduo possui do próprio trabalho Com as no vas tecnologias da informação o trabalho pode de fato recomporse mas o significado de cada atividade tornase mais sombrio e inacessível para os indivíduos e para a organização 4 Pressão cognitiva e ritmos acelerantes Ao contrário da crença geral esse processo de abstração simbólica e mediação do trabalho não é uma conseqüência inesperada mas um elemento intrínseco da tecnologia da informa ção A alteração da experiência conteúdo e finalidade de uma ocupação ocorre indepen dentemente do modo como o tipo pósindustrial de trabalho é concebido planejado e apresenta do Talvez o exemplo mais espetacular seja a rapidez de acesso à informação e a velocidade de seu processamento o que possibilita um considerável incremento no número de ope rações e leva a uma intensificação dos ritmos de trabalho 5 Modificações na vida social dos locais de trabalho A sociedade pósindustrial introduziu pro fundas mudanças na vida social do local de trabalho na medida em que afeta a identidade de indivíduos e grupos Uma das bases fun damentais da ideologia do trabalho poderia re duzirse portanto a nada mais que um mito vazio a comunidade o grupo de trabalho que era central e absolutamente necessária para o funcionamento eficiente da sociedade indus trial está sendo separada da base tecnológica em que todo local de trabalho assenta A forma de organização coletiva herdada da sociedade industrial baseada na necessidade de reunir gerência máquinas e trabalhadores no mesmo espaço estava agora basicamente comprometi da pela possibilidade de automação Que acon tecerá no local de trabalho portanto se os em pregados por exemplo não precisarem mais ou não tiverem a oportunidade de se misturar no lugar de trabalho ou se não tiverem mais qual quer controle do significado mais profundo do trabalho individual e coletivo Em tal contexto os novos problemas transferiramse dos mitos positivos ou negativos da automação e se con centraram em como planejar e gerir uma orga nização e um trabalho que se tornaram abstratos para todos os três níveis mais importantes o individualcognitivo o social e o gerencial Se algumas das principais características das novas tecnologias que distinguem a sociedade pósindustrial são a sua penetração e adaptabili dade então o trabalho de escritório tornase a forma estrutural de trabalho predominante A rápida mudança tecnológica do trabalho media do pelo homem ou pela máquina para o trabalho mediado pelo computador leva a mudanças no modo como os trabalhadores se adaptam ao seu ambiente específico de trabalho Em paralelo com essas mudanças tecnológicas temos as trans formações sociais e culturais refletindo as mu danças de uma sociedade baseada na manufatura e produção de bens materiais para uma socie dade baseada em uma economia de serviços Nessas novas condições o estudo da socie dade pósindustrial tornase uma operação mais complexa e multidisciplinar do que no passado recente resultando da pesquisa interdisciplinar com contribuições provenientes de muitas dis Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade pósindustrial 727 ciplinas diferentes incluindo engenharia infor mática psicologia e sociologia industrial ergo nomia avaliação tecnológica ciência da admi nistração ciência econômica ciência dos sis temas história social e econômica ciência po lítica e ainda outras provavelmente A tarefa consiste em administrar a arquitetura de com plexidade que é o elemento mais importante e vulnerável de uma sociedade dominada pelo trabalho mediado por computador Leitura sugerida Bell D 1974 The Coming of Post Industrial Society a Venture in Social Forecasting Diani Marco 1992 The Immaterial Society Design Culture and Technology in the Postmodern World Ku mar K 1976 Industrialism and postindustrialism reflections on a putative transition Sociological Re view 243 agosto 43978 Ο 1978 Prophecy and Progress the Sociology of Industrial and Postindus trial Society Lyotard JF 1979 La condition post moderne Rose Margaret A 1991 The Postmodern and the Postindustrial a Critical Analysis Touraine Alain 1968 1971 The PostIndustrial Society MARCO DIANI sociobiologia Uma importante mudança de ênfase na biologia comportamental ocorreu em meados da década de 70 Essa mudança foi assinalada de modo sumamente óbvio pela pu blicação do livro de EO Wilson Sociobiology The New Synthesis 1975 o qual reuniu os insights derivados da ecologia e da biologia da população com os obtidos da ETOLOGIA e da psicologia comparada Na década anterior os frutos de numerosos estudos de campo de ani mais tinham começado a apontar explicações coerentes para as formas como o comportamen to social poderia estar relacionado com as con dições ecológicas Com o uso cada vez mais poderoso da teoria evolucionista de Charles Darwin um grande volume de provas aparen temente sem qualquer relação entre si e até contraditórias adquiriu um sentido e o objeto de estudo pareceu excepcionalmente promissor O termo sociobiologia vem sendo usado desde o final da década de 40 com efeito a atual Animal Behavior Society dos Estados Unidos resultou do desenvolvimento conside rável registrado por uma seção da Ecological Society of America denominada Animal Be havior and Sociobiology Entretanto a mais importante influência no nascimento da moder na sociobiologia em 1975 foi provavelmente a publicação uma década antes de uma elegante teoria de WD Hamilton 1964 Esta explicava a evolução do comportamento altruísta e de modo mais geral a concessão de benefícios a outros parentes que não a sua própria prole a um custo pessoal para o doador Hamilton for malizou as condições em que um gene que era necessário para tal padrão de comportamento podia propagarse deixando de ser incomum para ser muito difundido Quando as condições são satisfeitas qualquer caráter que melhore as probabilidades de sobrevivência da família pode aumentar em freqüência porque os pa rentes são suscetíveis de conter os genes neces sários à expressão desse caráter As idéias de Hamilton foram importantes porque repararam o que parecia ser um defeito na teoria evolucionista de Darwin Este propôs um processo que envolvia alguns indivíduos sobrevivendo e procriando mais facilmente do que outros Se os que sobreviveram e procria ram mais facilmente fossem portadores de uma certa versão do caráter este seria mais forte mente representado em gerações futuras A teo ria da seleção familiar de Hamilton explicou como o desfecho do processo evolutivo compe titivo é com freqüência a cooperação social Na verdade foi uma extensão do fato intuitiva mente óbvio de que os animais muitas vezes correm riscos e fazem coisas que são ruins para a sua saúde na produção e nos cuidados com a prole Outra explicação evolucionista da coopera ção desenvolvida por sociobiólogos modernos é que todos os participantes se beneficiam dire tamente Os indivíduos cooperativos não são necessariamente aparentados mas cada um deles tem maiores probabilidades de sobreviver e de se reproduzir se trabalhar com outros Em muitas espécies os indivíduos limpamse uns aos outros A ajuda mútua pode ser oferecida na caça de modo que todos obtenham mais para comer por exemplo os membros cooperativos de uma alcatéia dividemse entre os que es pantam as renas e as obrigam a correr espa voridas e os que se mantêm de tocaia para interceptálas Os pingüins imperadores amon toamse em tropel para conservar o calor O gado comprimese entre si para reduzir a super fície exposta às mordidas de insetos Robert Trivers 1971 apontou que em animais alta mente complexos a ajuda pode ser retribuída em uma ocasião subseqüente Com efeito se um babuíno macho ajuda um outro a rechaçar os competidores por uma fêmea em certo dia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 728 sociobiologia esse favor será retribuído em outra oportuni dade Ambos os machos se beneficiam do traba lho em colaboração A ênfase nas necessárias condições genéti cas para a expressão do comportamento social explícita na obra de Hamilton deu origem à mais famosa parábola da biologia moderna a saber a do gene egoísta Na obra de Richard Dawkins 1976 a evolução foi pensada em termos de genes com intenções de conseguir o melhor para si mesmos Sem dúvida esse modo de abordar a evolução ajudou um grande núme ro de pessoas a entender a complexa dinâmica desse processo A ênfase genética também está subenten dida em muitas das outras propostas clássicas que foram feitas pelos que passaram a ser co nhecidos como sociobiólogos Robert Trivers 1972 propôs que em espécies que se reprodu zem sexualmente a composição genética de um filhote não é idêntica à de nenhum de seus pais os quais também são geneticamente diferentes um do outro Nessa base não se esperaria que os filhotes harmonizassem seu comportamento com o de seus pais uma vez que os filhotes só colhem benefícios da continuada e solícita as sistência parental ao passo que os pais podem estar em posição de maximizar seu êxito repro dutivo poupando esforços para atender aos fi lhos subseqüentes Por essa razão os pais po deriam começar a retirar sua assistência a um filho em uma época em que este ainda se bene ficiaria de tais cuidados As modernas provas empíricas obtidas com mamíferos indicam que os conflitos comportamentais em torno do des mame são menos pronunciados do que seria de esperar com base na teoria dos interesses confli tantes Isso se explicaria por que é crucial para o seu próprio desenvolvimento que os filhos acompanhem cuidadosamente o estado de quem zela por eles Trivers 1974 desenvolveu argumentos aná logos aos usados em sua teoria do conflito paisfilhos para explicar as diferenças de sexo no comportamento parental Poderseia espe rar que o pai e a mãe empregassem métodos diferentes para maximizar seu sucesso reprodu tivo de modo que enquanto um ainda estava dispensando intensos cuidados à sua prole o outro buscaria oportunidades de se acasalar de novo Uma vez mais foi apresentada a idéia explícita de uma permuta entre exigências con flitantes de cuidar dos filhos existentes e de produzir mais sendo diferente para os dois sexos a conduta tida como ótima Mesmo com base nesse argumento contudo podese es tabelecer um equilíbrio entre egoísmo esclare cido e egoísmo nu e cru Em muitas espécies de pássaros nas quais ambos os sexos cuidam normalmente dos seus filhotes e um dos pais morre ou desaparece o pai remanescente aumenta o tempo e a energia que devota para dar assistência aos filhotes Isso sugere que cada pássaro es tabelece um equilíbrio ótimo que maximiza o seu próprio sucesso reprodutivo A cooperação obser vada quando ambos os pais estão presentes é mais bem explicada em termos sociobiológicos como egoísmo esclarecido Os argumentos da otimização desempenha ram um papel central em muitos outros desen volvimentos da sociobiologia Um deles foi a introdução da teoria dos jogos para explicar por exemplo a mistura aparentemente incompatí vel de comportamento agressivo de falcão e comportamento dócil de pombo Os modelos simples mostraram ser possível formar combi nações estáveis de estratégias evolutivas es táveis Se um tipo de comportamento se tornou mais freqüente que o ótimo por acaso o outro tipo estaria em vantagem e no decorrer da evolução ulterior retornaria à sua anterior pro porção no ótimo John Maynard Smith foi a mais destacada figura nesses desenvolvimentos teóricos Esses modelos formularam pressupos tos simplificadores muito substanciais tais co mo a reprodução assexuada e distintos repertó rios comportamentais ouou mas ajudaram a esclarecer o pensamento sobre os modos como o comportamento poderia ter evoluído A busca de soluções ótimas para a atividade forrageira tem sido uma das principais preocu pações da ECOLOGIA comportamental assunto que passou a estar intimamente associado à sociobiologia Por exemplo que deve fazer um animal depois de ter comido regularmente em um lugar quando o alimento nessa área começa a se esgotar Em que ponto o provável benefício de sair em busca de uma área muito mais abas tecida supera o benefício em constante declínio de permanecer onde se está A natureza bem focalizada do problema acarretou uma abun dância de modelos matemáticos Os modelos tinham a grande virtude de proporcionar expec tativas precisas a respeito do que os animais fariam Esses modelos podiam então ser tes tados em cotejo com o que os animais fazem na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociobiologia 729 prática Realizar um bom trabalho em termos de planejamento técnico depende de o animal ter acesso a informações apropriadas acerca do seu meio ambiente da sua capacidade de reali zar os cálculos e do tempo disponível para executar os cálculos necessários Os modelos também pressupõem é claro que a função bio lógica do comportamento seja conhecida É perfeitamente possível que modelos de caráter muito diferente gerem o mesmo resulta do Assim embora os cientistas possam pensar que especificaram os requisitos para um projeto correto o comportamento do animal pode mui to bem estar adaptado para uma atividade muito diferente O modelo menos plausível em termos biológicos pode ser o mais adequado em termos matemáticos A longo prazo não haverá real mente nenhum substituto para uma boa intuição biológica e os teóricos terão que trabalhar de mãos dadas com pessoas que são boas observa doras de animais O comportamento sexual como sempre continua sendo um assunto de absorvente inte resse Que é que os animais procuram quando escolhem parceiros para se acasalarem Que é que a escolha de parceiros tem a ver com a dinâmica da evolução Por que ter sexos de qualquer modo Eis algumas interrogações evolutivas que continuam excitando e provo cando as pessoas sendo muito provável que assim prossigam no próximo século Faltam usualmente provas diretas para o comporta mento fornecidas pela história pelo que os biólogos começam tipicamente com tentativas de distinguir entre hipóteses acerca do uso cor rente Se uma resposta será ou não um substituto para a história é um ponto discutível uma vez que um sistema comportamental adaptado a algum outro uso poderia ser cooptado para a sua atual função Não obstante as deduções acerca do uso corrente fornecem um modo indireto de extrair conclusões acerca do papel modelador dos processos evolutivos darwinianos sobre o comportamento no passado Outra abordagem indireta foi usar o conhecimento comparativo de muitas espécies diferentes e de seus habitats para analisar a forma como diferentes carac teres evoluíram a ordem em que surgiram e o significado funcional da mudança evolutiva No livro que deu à moderna sociobiologia o seu nome e o seu caráter EO Wilson tentou incorporar um vasto campo de pesquisas em biologia comportamental sob uma única ban deira As imaginações foram empolgadas pela revitalização da grande teoria evolucionista de Darwin e pelo modo como os estudos do com portamento tinham sido conjugados de forma atraente com a biologia da população Mesmo assim o novo objeto de estudo nasceu em am biente de controvérsia em parte porque o es tudo do desenvolvimento e da integração do comportamento que tinha sido de interesse central para a etologia e a psicologia compara da era considerado irrelevante ou destituído de interesse para a nova abordagem As opiniões estavam polarizadas sobretudo pela tentativa de injetar uma determinada classe de biologia nas ciências sociais e na filosofia moral As lacerações resultantes do conflito acadêmico e político que se seguiu levaram muito tempo para sarar e durante anos Sociobiologia foi um grito de guerra ou um termo de desaforo As reivindicações foram gradualmente moderadas e as disputas esmoreceram Quando isso acon teceu a agenda da sociobiologia fundiuse com a ecologia comportamental e pouco difere hoje dos objetos de estudo que se presumia terem sido por ela deslocados Leitura sugerida Dawkins R 1976 The Selfish Gene Hamilton WD 1964 The genetical evolution of social behaviour I II Journal of Theoretical Biology 7 152 Trivers BL 1971 The evolution of recipro cal altruism Quarterly Review of Biology 46 3557 Ο 1972 Parental investment and sexual selection In Sexual Selection and the Descent of Man 18711971 org por BG Campbell Ο 1974 Parentoffspring conflict American Zoologist 14 24964 Ο 1985 So cial Evolution Wilson EO 1975 Sociobiology the New Synthesis PATRICK BATESON sociolingüística Como o seu nome dá a en tender referese às áreas de estudo que ligam a linguagem à sociedade Como interface entre esses dois enormes campos de investigação com interesses teóricos e metodológicos oriun dos de uma vasta gama de disciplinas incluindo a lingüística a sociologia e a antropologia a sociolingüística ainda não pode ser definida de qualquer modo estritamente teórico Tampouco existe muita concordância quanto às várias li nhas de demarcação entre diferentes expoentes das teorias e metodologias sociolingüísticas A incerteza a respeito de sua natureza precisa e a discordância acerca do seu status teórico não diminuíram porém a sua popularidade como objeto de estudo acadêmico Publicações que se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 730 sociolingüística referem diretamente ou em seus subtítulos à sociolingüística têm sido abundantes nas duas últimas décadas com substanciais dife renças de conteúdo segundo o ponto de vista adotado pelo autor quanto à natureza da disci plina As referências que apresentaremos a se guir são apenas pequenas seleções da extensa gama de compêndios e monografias introdutó rios cf Hymes 1974 Trudgill 1974 Dittmar 1976 Hudson 1980 Downes 1984 Fasold 1984 e 1990 coletâneas de ensaios cf Giglio li 1972 Pride e Holmes 1972 Gumperz e Hymes 1972 estudos sociolingüísticos de de terminadas comunidades lingüísticas cf La bov 1970 Trudgill 1978 eou das variações dentro de uma linguagem clássica para a sociolingüística do alemão ver por exemplo Barbour e Stevenson 1990 Clyne 1984 Alguns autores traçam uma linha divisória entre duas grandes subdivisões no campo da sociolingüística reservando uma para a LINGÜÍSTICA e a outra para a sociologia Nesse contexto a primeira das subdivisões começa com a linguagem considerando que forças so ciais a influenciam e contribuem para a sua compreensão enquanto que a segunda adota a sociedade como o ponto de partida básico e a linguagem como um problema e recurso social Fasold 1984 Introdução Semelhante divisão reflete o que outros autores veriam como uma separação entre a sociolingüística propriamen te dita com objetivos predominantemente lingüísticos e uma sociologia da linguagem Fishman 1968 com objetivos amplamente sociológicos A primeira compreenderia cen tralmente a obra de e no estilo de uma das figuraschaves no desenvolvimento da socio lingüística William Labov que demonstrou co mo a variação no sistema lingüístico em uma determinada comunidade de fala está funcio nalmente relacionada com a ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL desse mesmo grupo O isolamento de variáveis sociolingüísticas como por exem plo a estratificação de classe do r final ou préconsonantal na fala dos adultos naturais de Nova York cf Labov 1966 ou 1970 o que é visto como prestigioso nessa comunidade per mite predições formuladas como regras variá veis acerca da provável ocorrência dessa forma de acordo com a atenção que os locutores pres tam à sua fala Existe pois diferenciação social e estilística quanto mais atenção um locutor presta à fala como por exemplo na leitura de listas de palavras em vez da fala espontânea mais provável é a ocorrência da variável de prestígio Labov infere disso uma interdepen dência de variedades funcionais da fala e níveis culturais como a percepção da norma Labov 1970 p190 Ele também admite como prova de uma mudança consciente em curso a existência de variações de estilo entre formas mais ou menos prestigiosas e as concomitantes hipercorreções dos locutores de classe infe rior ao tentarem ajustarse à forma mais pres tigiosa Aitchison 1981 cap4 Esse exemplo deixa claro por que até mesmo no nível mais microlingüístico da sociolingüística se deve apagar a separação dos interesses macrolingüís ticos de uma sociologia da linguagem dado que esta última envolve crucialmente as ati tudes do locutor em relação às variedades de linguagem e como isso influencia a escolha da linguagem sua perda ou manutenção e seu planejamento embora neste último caso a ên fase resida mais em um nível social Além de classe e região outras importantes variáveis sociolingüísticas incluem gênero raça e ida de com os investigadores apontando com fre qüência controvérsias na interpretação da cor relação entre a categoria lingüística e a socioló gica para excelentes discussões disso a respeito de gênero ver Cameron 1985 Coates 1986 Óbvias preocupações sociolingüísticas em nível macro incluem entre outras 1 a catego rização de sociedades ou nações como bilín gües ou multilíngües de acordo com o número de diferentes línguas faladas dentro de suas fronteiras independentemente do reconheci mento oficial dessas línguas como idiomas na cionais 2 o papel político e social de línguas minoritárias 3 o estudo da diglossia que se refere à estrita diferenciação funcional de varie dades lingüísticas dentro de uma comunidade de fala de acordo com uma alta A ou baixa B variedade que usualmente corresponde a domí nios públicos A e privados B exemplos famosos incluem a diglossia entre o árabe clás sico e o vernáculo entre o alemão corrente e o alemão da Suíça mas também a mudança entre o espanhol A e o guarani B no Paraguai ver Ferguson 1959 Fishman 1967 para um resu mo Fasold 1984 cap2 4 a definição e o estudo de línguas francas pidgins e criou las Fasold 1990 cap7 Barbour e Stevenson 1990 cap7 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociolingüística 731 A análise e a descrição da situação sociolin güística em determinada comunidade socie dade ou nação no tocante à sua fala dependem do modo como são definidas certas categorias cruciais Por exemplo há discordância sobre se a variedade comum de uma língua conta como um dialeto no mesmo nível de outras variedades sociais e regionais igualmente sistemáticas e governadas por regras e sobre se uma simples divisão em língua clássica e dialeto é suficiente para cobrir os muitos e diferentes níveis de variação regional e social em diferentes países ver Trudgill 1974 Barbour e Stevenson 1990 cap5 A definição de uma língua como a entidade abrangente que contém dialetos mu tuamente compreensíveis também é problemá tica se considerarmos a compreensibilidade mútua entre locutores de diferentes línguas como o norueguês e o dinamarquês ou os locu tores de dialetos locais na fronteira holande saalemã Trudgill 1974 em contraste com a ausência de tal compreensibilidade entre os locutores dos numerosos dialetos alemães As controvérsias também cercam as generaliza ções de Labov na base da abstração empirica mente inidônea de uma comunidade de fala Romaine 1982 Além dessas preocupações com a definição de seu próprio objeto de estudo a sociolingüís tica está centralmente interessada na metodolo gia Em contraste com o trabalho em lingüística o qual aceita a intuição do locutor ou pesquisa dor e freqüentemente confia nela sobre ques tões de gramaticalidade de determinada forma ou frase a sociolingüística baseiase firmemen te no comportamento da fala concreta de pre ferência espontânea Grande parte da metodo logia sociolingüística interessase pois em su perar dificuldades na obtenção de tais dados Isso não é verdadeiro apenas para o trabalho relacionado com variáveis sociolingüísticas como a famosa evocação de Labov dos rs nas lojas de departamentos de Nova York quando fez os balconistas incluírem fourth floor quar to andar em suas respostas É também aplicá vel ao trabalho substancial sobre atitudes lin güísticas quando já não se considera suficiente perguntar às pessoas se gostam ou não de deter minado dialeto sotaque ou variante de fala mas cumpre descobrir tais preferências através de métodos indiretos como as diferentes varia ções de formas combinadas Notemse por exemplo os engenhosos métodos que Giles e Bourhis empregaram para descrever atitudes de ingleses com sotaque de Birmingham e num outro estudo com sotaque galês em contraste com a pronúncia recebida PR medindo como os ouvintes responderam a comentários e pedi dos feitos em diferentes sotaques Giles e Bou rhis 1976 Bourhis e Giles 1976 excelente resu mo em Fasold 1984 cap6 À luz das amplas áreas de interesse na inter relação de linguagem e sociedade assim como da gama de métodos empregados alguns au tores preferem ver a sociolingüística tal como é definida post hoc pelos tópicos e áreas de in vestigação abordados por lingüistas antropólo gos sociólogos e psicólogos sociais nas várias interseções entre linguagem e sociedade Fa sold 1990 Introdução Isso priva a socio lingüística de momento de uma rigorosa teoria própria mas tem a vantagem de não restringir a gama de linhas fecundas de investigação a um certo conjunto de métodos Não impede que Hymes descreva a sua concepção da socio lingüística como uma tentativa de repensar as categorias e pressupostos percebidos em rela ção às bases do trabalho lingüístico e ao lugar da linguagem na vida humana Hymes 1974 pvii mas ela poderia ser vista em vez disso como um degrau para se chegar a essa teoria Uma abordagem alternativa com vistas a uma teoria unificada do lugar da linguagem na vida social e no processo social teoria essa que não poderia continuar sendo parte de um subramo hifenizado da lingüística com sua ênfase no comportamento regido por leis ou de um sub conjunto da sociologia pode ser encontrada na obra de Halliday sobre gramática sistêmica Halliday 1978 1985 1987 embutida em uma semiótica social geral Ver também DISCURSO Leitura sugerida Barbour S e Stevenson P 1990 Variation in German Fasold R 1984 The Sociolin guistics of Society Ο 1990 The Sociolinguistics of Lan guage Giglioli PP org 1972 Language and Social Context Pride JB e Holmes J orgs 1972 Sociolin guistics Trudgill P 1974 Sociolinguistics ULRIKE MEINHOF sociologia Uma retardatária entre as ciências sociais acadêmicas a sociologia não obstante teve suas origens no século XVIII nas filosofias da história nas primeiras pesquisas sociais e nas idéias gerais do Iluminismo Em suas fases iniciais e mormente nos escritos de Auguste Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 732 sociologia Comte que foi quem deu nome à nova ciência a sociologia tinha uma orientação geralmente evolucionista e positivista Essas características persistiram durante a maior parte do século XIX nas obras de Herbert Spencer e de modo muito diferente nas de Karl Marx ligando a disciplina de várias maneiras à teoria darwiniana ver DARWINISMO SOCIAL às teorias do progresso e aos projetos de reforma ou revolução social No final do século contudo a sociologia assumiu uma forma diferente e lentamente se estabele ceu como disciplina acadêmica através das obras de dois importantes pensadores Max We ber e Émile Durkheim que podem ser conside rados em conjunto com Marx cuja obra deu origem a uma característica sociologia marxista ver MARXISMO os fundadores da disciplina em sua concepção moderna Embora fossem pro fundamente diferentes em suas idéias e aborda gens esses pensadores tinham em comum uma nova e mais precisa concepção da sociedade como objeto de estudo a ser claramente dis tinguido do domínio do estado e do político de uma vaga história universal da humanidade e das histórias particulares de povos estados ou civilizações e dispuseramse a definir e demonstrar os princípios e métodos dessa nova ciência da sociedade Também concentraram primordialmente suas atenções nos problemas específicos da estrutura e desenvolvimento do moderno capitalismo ocidental respondendo às profundas mudanças na vida social que ele provocou ao crescimento do movimento da classe operária e à propagação das idéias socia listas A análise de Marx da economia capitalis ta e da estrutura de classes teve uma influência profunda em Durkheim e Weber especialmente no último cujos conceitos e interpretações fo ram elaborados em grande medida em oposi ção crítica ao marxismo Löwith 1932 De modo mais geral uma considerável parte do pensamento sociológico europeu nas primeiras décadas do século XX veio a se centrar em um confronto entre a teoria marxista e todas as outras Ao mesmo tempo porém a sociologia tam bém tinha acentuadas características nacionais e regionais Em primeiro lugar estava larga mente confinada à Europa Ocidental e à Amé rica do Norte isto é às regiões onde o capita lismo industrial se desenvolvera com maior rapidez mas dentro dessas regiões adquiriu características diferentes em determinados países Nos Estados Unidos alguns dos primei ros sociólogos especialmente WG Sumner foram fortemente influenciados pelas idéias de Spencer sobre individualismo laissezfaire e sobrevivência dos mais aptos Hofstadter 1955 mas um ponto de vista oposto e uma reorientação do pensamento social saíram a lume na virada do século White 1957 soció logos como Lester F Ward EA Ross Albion Small e Thorstein Veblen influenciados em certa medida por idéias marxistas reafirmaram a associação da disciplina com os movimentos de reforma social e advogaram um aumento da intervenção do estado perspectiva que era es pecialmente evidente no trabalho do Departa mento de Sociologia da Universidade de Chi cago criado por Small o qual dominou a socio logia norteamericana durante duas décadas até meados dos anos 30 ver ESCOLA SOCIOLÓGI CA DE CHICAGO Na GrãBretanha a teoria evo lucionista de Spencer foi remodelada por LT Hobhouse em um esquema de pensamento mais coletivista e orientado para a reforma associa do a uma teoria do progresso Collini 1979 a qual continuou a dominar a matéria até depois da Segunda Guerra Mundial em grande parte através da obra de Morris Ginsberg A sociolo gia contudo ocupava um lugar muito secun dário nas universidades britânicas embora a influência do marxismo como teoria econômica ou sociológica também fosse mínima e apenas na segunda metade do século é que a disciplina ficou firmemente estabelecida em formas que foram muito influenciadas por idéias america nas e européias A situação em alguns países do continente europeu era bem diferente Na Alemanha e na Áustria a teoria social marxista que no começo se desenvolveu principalmente à margem das universidades reteve um lugar importante des de o começo do século até os primeiros anos da década de 30 e exerceu grande influência na obra de outros sociólogos Os principais temas da sociologia de Weber as origens do capi talismo moderno os problemas de interpreta ção histórica economia e sociedade classe e status poder político foram todos decorrên cia direta do seu encontro com o pensamento marxista Mas durante a sua reflexão sobre o marxismo e influenciado por debates mais am plos sobre a natureza da análise e explicação social Weber também suscitou questões mais gerais a respeito da explicação histórica dos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia 733 problemas da objetividade em relação a orien tações de valor e do papel da explicação causal em contraste com o entendimento interpreta tivo em sociologia e outras ciências sociais Outhwaite 1975 Não só os escritos metodo lógicos de Weber mas também a sua crítica do marxismo e sobretudo a sua conceitualização do desenvolvimento da sociedade moderna co mo um processo de racionalização do mundo Brubaker 1984 tiveram profunda influência na sociologia subseqüente Raymond Aron e C Wright Mills adotaram embora no contexto de diferentes orientações políticas a distinção de Weber entre estrutura de classe e sistema de poder político e Aron em particular elaborou um esquema de pensamento em que o papel das elites ver ELITES TEORIA DAS foi analisado em relação à estratificação social e empreendeu comparações entre a pluralidade de elites nas sociedades ocidentais e a elite unificada na União Soviética Aron 1950 De modo geral ele desenvolveu uma sociologia histórica que devia muito a Weber em sua concepção do surgimento da sociedade industrial moderna como fenômeno ímpar inicialmente ocidental que marcou uma ruptura radical na evolução das sociedades humanas Aron 1966 1967 Mais recentemente o tema central de Weber a racionalização foi reexaminado em termos críticos por Habermas 1981 em um estudo abrangente de diferentes abordagens teóricas do assunto que ele concluiu distinguindo dois tipos principais de sociedade racionalizada no mundo atual o capitalismo organizado e o so cialismo burocrático Na França a sociologia de Durkheim foi também desenvolvida em parte em oposição à teoria marxista na sua descrição da divisão do trabalho e das relações de classe 1893 em suas aulas sobre o socialismo 1928 e na rejei ção do materialismo histórico em seu estudo das causas e funções sociais da religião 1912 mas recebeu igualmente grande influência das concepções positivistas e neokantianas de ciên cia e de sua visão crítica da filosofia evolucio nista de Comte Mas Durkheim tal como We ber também ventilou questões mais amplas acerca do âmbito e do alcance da teoria socio lógica Lukes 1973 Nisbet 1974 expostas de forma sumamente sistemática no seu livro so bre o método sociológico 1895 em que traçou um esquema de análise causal e funcional e procedeu à importante distinção com notável acuidade entre explicação sociológica e expli cação psicológica As suas concepções socioló gicas foram amplamente difundidas na França no período entre as duas guerras mundiais atra vés da revista por ele fundada LAnnée Socio logique em torno da qual se criou uma ESCOLA SOCIOLÓGICA DE DURKHEIM essas concepções também se tornaram influentes em outros paí ses mormente na antropologia social britânica e de forma diferente na sociologia norteame ricana como fator importante no desenvolvi mento da escola funcionalista a qual adotou como principal objetivo da sociologia a análise das formas como instituições e grupos diferencia dos contribuem para a integração e a persistência de toda uma sociedade ver FUNCIONALISMO Outras contribuições européias de grande influência foram feitas por Vilfredo Pareto 191619 e Gaetano Mosca 1896 sobretudo em suas teorias das elites desenvolvidas em oposição à teoria marxista das classes as quais deram origem a continuadas controvérsias so bre elites e democracia e a relação entre elites e classes Bottomore 1964 A obra de Pareto também teve uma influência mais geral através da distinção por ele traçada entre ação lógica e nãológica tratando de algumas das mes mas questões abordadas por Weber em sua aná lise dos tipos de ação social e da sua tese de que a maior parte da ação humana é decidida mente nãológica resultado de impulsos e sen timentos a que chamou resíduos freqüente mente camuflados em doutrinas e sistemas teó ricos denominados derivações ver IDEOLO GIA SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO Também na Rússia nos primeiros tempos houve interesse pela sociologia e depois da Revolu ção Bukharin 1921 expôs um sistema de sociologia marxista mas a subida de Stalin ao poder pôs fim a tais desenvolvimentos e a so ciologia foi substituída por uma doutrina oficial de materialismo histórico apresentada em sua maior parte na forma de uma rudimentar teoria evolucionista isolada de qualquer espécie de reflexão crítica ou comprovação empírica Na década de 30 a sociologia estava conso lidada sob diversas formas em muitos dos prin cipais países industriais Nos Estados Unidos onde a disciplina era mais amplamente ensina da nas universidades ela tinha um caráter pre dominantemente empírico e orientado para a reforma exemplificado na obra da ESCOLA SO CIOLÓGICA DE CHICAGO mas recebeu uma cres Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 734 sociologia cente influência das teorias européias as quais forneceram o ponto de partida para a importante obra teórica de Talcott Parsons 1937 embora a teoria da ação social por ele exposta viesse a ter sua maior influência depois da guerra Na Alemanha e na Áustria a sociologia foi forte mente influenciada por Weber mas também pela obra de Georg Simmel 1908 cuja con cepção da disciplina como uma nova aborda gem que envolvia a análise da sociação ou interação como formas distintas do conteúdo histórico foi elaborada por Leopold von Wiese 1933 em uma sociologia sistemática geral e ainda por uma sociologia marxista formulada em termos sumamente rigorosos no AUSTRO MARXISMO Mas esse variado e vigoroso de senvolvimento foi sufocado depois de 1933 pelo regime nacionalsocialista Na França a disciplina era dominada por concepções dur kheimianas embora estas fossem desafiadas por críticos marxistas e alguns seguidores de Durkheim Halbwachs 1938 em seus es tudos de classes sociais e Simiand 1932 em sua sociologia econômica se aproximassem mais da sociologia marxista ao enfatizar a im portância primordial dos fenômenos econômi cos Só depois da Segunda Guerra Mundial po rém e sobretudo na década de 60 teve lugar uma rápida expansão da sociologia e a matéria se estabeleceu como importante ciência social acadêmica pela primeira vez em escala verda deiramente internacional Inicialmente a in fluência da sociologia americana por causa da escala da disciplina nos Estados Unidos do nível de desenvolvimento da investigação em pírica e da disponibilidade de verbas para pes quisa foi de suprema importância na revitaliza ção da sociologia na Europa Ocidental e na sua propagação a outras regiões do mundo e isso se manifestou em duas direções diferentes no rápido crescimento de pesquisas empíricas mais sofisticadas e também comparativas e transnacionais e no impacto da teoria da ação de Parsons sobre o pensamento sociológico tanto maior na medida em que Parsons se apoia va extensamente na construção de sua própria teoria em concepções anteriores na obra de Pareto Durkheim e Weber Essa teoria em sua versão original levantou entre outras questões e tentou resolver a antiga controvérsia em torno da relação entre a ação individual ou mediação humana e a estrutura social abrangente con forme tinha sido postulada por Simmel e We ber mas na obra ulterior de Parsons a ênfase passou a incidir sobre a análise da estrutura social ou do sistema social 1951 e dos processos de evolução social 1966 e a sua teoria madura foi considerada por alguns críti cos como claramente pertencente à categoria de uma sociologia determinística de siste mas sociais oposta a uma sociologia da ação social que destacaria a construção do mundo social por seus membros como seres ativos decididos e criativos Dawe 1978 Durante duas décadas contudo a teoria dos sistemas de Parsons também conhecida como estruturalfuncionalismo modificada de vá rias maneiras por RK Merton 1949 forneceu em certa medida e mais particularmente na so ciologia americana um paradigma dominante para a teoria sociológica Mas foi sempre con testada a partir de outras perspectivas não só pelos que atribuíram maior importância à me diação humana mas também por sociólogos de mentalidade mais histórica marxistas ou webe rianos por muitos que continuaram trabalhan do em um quadro de referência positivista empirista e por pensadores radicais que critica vam o que entendiam como o conservadorismo político implícito nesse paradigma O declínio do paradigma funcionalista co meçou na década de 60 quando ocorreu uma grande transformação da sociologia Conflitos internacionais em especial a Guerra do Vietnã o aparecimento de novos movimentos sociais o crescimento da dissidência e da oposição nos países ocidentais e na Europa Oriental a am pliação da distância entre nações ricas e pobres tudo isso provocou uma reorientação radical do pensamento social Mudança e conflito social em vez de integração e regulação da vida so cial mediante normas compartilhadas ou um suposto sistema de valores comuns passaram agora a ser questões centrais para análise Como Weber tinha escrito em seu ensaio sobre a ob jetividade 1904 Chega um tempo em que a atmosfera muda A luz dos grandes proble mas culturais seguiu em frente Também a ciên cia se prepara então para mudar o seu ponto de vista e o seu aparelhamento conceitual A so ciologia floresceu nesse novo clima intelectual enquanto a influência do pensamento marxista ocidental ver MARXISMO OCIDENTAL aumenta va rapidamente chegando a se alastrar de modo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia 735 significativo na Europa Oriental à medida que a ortodoxia stalinista se desintegrava Essa reorientação e essa expansão da disci plina foram acompanhadas da crescente es pecialização e da proliferação de áreas novas ou redefinidas de pesquisa por exemplo no contexto social do crescimento econômico no vas formas de imperialismo o papel da força na vida social gênero grupos étnicos e movimen tos sociais muitas das quais colocaram a sociologia em uma relação mais estreita com outras ciências sociais especialmente a ciência econômica a antropologia e a ciência política Ao mesmo tempo porém a multiplicidade de paradigmas também tendia a aumentar e a di visão da disciplina em escolas concorrentes de pensamento que sempre existiu tornouse mais pronunciada O pensamento marxista que se poderia ter presumido ser capaz durante o período de sua maior influência de promover certo grau de unificação teórica tornouse ele próprio mais diferenciado em conseqüência de múltiplas reinterpretações e reconstruções das idéias de Marx sendo as posições extremas representadas pelo marxismo estruturalista de Louis Althusser ver ESTRUTURALISMO e pela teoria crítica da ESCOLA DE FRANKFURT Existem é claro controvérsias que resistem ao tempo em todas as ciências sociais acerca de abordagens teóricas fundamentais mas na so ciologia que pretendia e com maior ou menor convicção ainda pretende formular os princí pios de uma ciência social geral elas sempre foram excepcionalmente agudas e nitidamente expressas Estão envolvidas três questões prin cipais A primeira diz respeito à relativa impor tância na vida social da estrutura social padrões estabelecidos de comportamento ins tituições formais e das ações conscientes intencionais de indivíduos ou grupos de in divíduos se e em que medida a sociedade deve ser concebida como resultante dessas ações ou se pelo contrário as intenções e possibilidades de ação de indivíduos e grupos devem ser vistas como produto da sociedade O problema tem sido apresentado e debatido desde as origens da disciplina até o momento presente por Marx 1852 em sua observação de que os seres humanos fazem a sua própria história mas não a fazem simplesmente a seu belprazer por Simmel 1908 em sua formulação de duas caracterizações logicamente contraditórias do ser humano como produto e conteúdo da so ciedade e como ser autônomo por Berger e Luckmann 1966 em seu enunciado de três aspectos fundamentais da vida social A So ciedade é um produto humano A Sociedade é uma realidade objetiva O Homem é um produ to social e por muitos sociólogos recentes que estão comprometidos com o determinismo social em versões estruturalistas ou outras ou pelo contrário com concepções de ação in dividual em especial ação racional ver ESCO LHA RACIONAL TEORIA DA e com a interpretação da interação entre indivíduos na vida cotidiana Wolff 1978 ver também FENOMENOLOGIA ou que tentam transcender essa oposição através de concepções como desestruturação e rees truturação Gurvitch 1958 ver ESTRUTURA ÇÃO ou a autoprodução da sociedade Tou raine 1973 Uma segunda e importante questão é a que se refere à relação entre estrutura social e mu dança histórica A espécie de estruturalismo introduzido na antropologia social por Lévi Strauss 1958 e depois difundido em sociolo gia em parte em uma versão marxista era geralmente nãohistórico e com freqüência re jeitou completamente a possibilidade ou impor tância da explicação histórica entrando assim em conflito com as teorias sociológicas da mu dança e desenvolvimento social quer fossem weberianas marxistas ou evolucionistas No caso da teoria marxista o problema talvez pu desse ser resolvido invocandose a idéia de contradições estruturais Godelier 1966 mas a tendência geral do pensamento estru turalista era questionar o valor das explicações históricas e considerálas construções ideológi cas mais ou menos arbitrárias Goldmann 1970 contudo descreveu em linhas gerais um estruturalismo genético e sustentou que des se ponto de vista as estruturas que constituem o comportamento humano não são fatos univer salmente dados mas fenômenos resultantes de uma gênese passada cuja transformação prenuncia uma evolução futura ver também Piaget 1968 A terceira questão importante que coincide em parte com as outras duas diz respeito à natureza geral da explicação sociológica e em particular à noção de CAUSALIDADE na vida social Existe nesse caso uma clara divisão entre os adeptos da explicação causal em for mas positivistas ou realistas ver POSITIVISMO REALISMO os comprometidos com uma expli Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 736 sociologia cação em termos de estados finais funcionalis mo e os que distinguindo com nitidez entre ciências naturais e ciências sociais rejeitam a idéia de uma explicação causal dos processos sociais em favor de interpretações do significa do da ação humana ver HERMENÊUTICA Todos os principais sociólogos têm se debruçado so bre essa questão Marx em cuja obra alguns discerniram um positivismo latente Well mer 1969 outros um método realista ou dia lético ver DIALÉTICA ou fenomenológico We ber cuja visão complexa da natureza da socio logia justapôs a explicação causal e a com preensão do significado sendo ambas neces sárias para o pleno entendimento da vida social e Durskheim que defendeu a explicação causal e a funcional embora a última predominasse em seus estudos Apesar desses problemas e discordâncias fundamentais a sociologia tem tido uma in fluência profunda no pensamento social moder no com efeito em parte por causa dessa preo cupação com a natureza e os primeiros princí pios de uma ciência social ela tornouse um ponto focal para debates que se não resolveram os problemas elucidaram indubitavelmente de muitas maneiras as dificuldades específicas da generalização e explicação no domínio dos eventos e processos sociais Outhwaite 1987 Mas o pensamento sociológico também tem sido influente em outros aspectos ao incutir em disciplinas mais especializadas uma percepção do contexto social mais amplo Muitos dos estudos sociológicos mais interessantes foram realizados em conjunto com outras disciplinas por exemplo na sociologia econômica em que uma antiga tradição de economia política foi revivida e investigações como as de Weber 1921 e Schumpeter 1942 foram reavaliadas como ponto de partida para novos estudos na sociologia política em que as descrições de instituições políticas formais foram gran demente ampliadas por estudos de partidos eleições grupos de pressão e movimentos so ciais assim como por análises de conceitos como democracia burocracia e cidadania na considerável expansão da pesquisa em história social concebida em alguns acasos como uma história de estruturas sociais Burke 1980 e em numerosos estudos de desenvolvimento do Terceiro Mundo nos quais sociólogos antropó logos economistas e cientistas políticos parti ciparam e por vezes cooperaram Em outro domínio a sociologia também teve algum im pacto sobre a POLÍTICA SOCIAL e econômica do pósguerra através da pesquisa sobre o desen volvimento do estado de bemestar em países industriais Marshall 1970 e subseqüente mente em países recémindependentes em pro cesso de industrialização e sobre a natureza dos problemas sociais e a eficácia das medidas para enfrentálos Wootton 1959 Merton e Nisbert 1961 As realizações da sociologia nessas dife rentes esferas são reais e substanciais ao am pliarem a gama de conhecimentos sistematica mente ordenados da vida social e ao proporcio narem em certa medida uma base empírica e racional para a formulação de políticas públi cas Não obstante há um profundo desconten tamento com as contínuas divisões e fragmen tações no seio de uma disciplina que parece espraiarse à vontade em um vasto campo des de a filosofia da ciência até a detalhadíssima investigação microscópica de alguma forma bizarra de atividade humana que pode elucidar ou não a condição humana geral É questão em aberto se acabará por surgir finalmente uma disciplina mais unificada e intelectualmente coerente satisfazendo parte da esperança e pro messa originais de uma só ciência paradigmá tica da sociedade ou se a crescente especia lização será acompanhada de nova proliferação de modelos e disputas intensificadas entre os proponentes de teorias alternativas Para o fu turo previsível a segunda alternativa parece mais provável mas as conseqüências não de vem em absoluto ser deploradas a controvér sia ajudará pelo menos a assegurar que a so ciologia continua sendo uma disciplina viva e crítica não uma celebração do status quo e que novas idéias surgirão as quais terão um impac to revigorante sobre o pensamento social e so bre as formas de vida social Ver também EDUCAÇÃO E TEORIA SOCIAL HIN DUÍSMO E TEORIA SOCIAL HINDU CRISTÃ TEORIA SOCIAL Leitura sugerida Abercrombie N Hill S e Turner BS orgs 1984 The Penguin Dictionary of Sociology Aron Raymond 1965 1968 Main Currents in Socio logical Thought 2 vols Bottomore Tom e Nisbet Robert orgs 1978 A History of Sociological Analysis Giddens A 1971 Capitalism and Modern Social Theory Nisbet Robert 1966 1967 The Sociological Tradition TOM BOTTOMORE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia 737 sociologia comparada O adjetivo compa radocomparada tem sido acrescentado a quase todas as ciências sociais ou campos es treitamente afins antropologia estudo de ci vilizações história direito lingüística política psicologia sociologia Entretanto ele sempre desempenhou um papel secundário dentro da organização do conhecimento O que não deixa de ser motivo de surpresa Existe uma razão simples freqüentemente observada Toda a pesquisa social envolve ne cessariamente uma comparação entre casos de algumas variáveis explícita ou implicitamente Por conseguinte toda pesquisa social é compa rada o que torna o adjetivo redundante Entre tanto apesar desse óbvio truísmo vários inte lectuais têm repetidamente defendido o uso do método comparativo em pesquisa social Mas sempre que grupos de intelectuais pareciam coligarse para apoiar o método comparativo em determinados campos de trabalho acaba ram por abandonar algum tempo depois o termo comparado com o argumento de que sua obra realmente era em certo sentido uma contribuição para a teorização geral sobre este ou aquele campo A explicação dessa aparente anomalia é que o conceito de pesquisa social comparada como subcampo especial não é intrínseco à lógica das ciências sociais mas constitui um recurso heu rístico para superar problemas organizacionais no âmbito das ciências sociais A sociologia comparada assim como a antropologia compa rada etc tende a se referir ao estudo das dife renças em estruturas e processos entre unidades de macronível como quer que sejam definidas Em outras palavras quando certos intelectuais ficam desconfiados de hipóteses baseadas em trabalhos empíricos usando como fundamento que o locus desses trabalhos empíricos seria uma zona espaçocultural específica freqüen temente afirmam que observar as relações de x e y nos contextos de unidades macro a e b forneceria provas sobre se a correlação perce bida de x e y é de fato universal ou se é específica para a unidade macro na qual foi originalmente observada Isso convertese em um apelo a comparar as unidades macro O problema organizacional que a demanda periódica por estudos comparativos reflete con siste no fato de a maioria das pesquisas sociais empíricas entre meados do século XIX e mea dos do século XX com por certo algumas notáveis e freqüentemente citadas exceções ter sido realizada no âmbito de uma única unidade macro Os que trabalharam nas chama das disciplinas nomotéticas ciência econô mica sociologia ciência política direito mostraramse propensos a efetuar seu trabalho empírico dentro das fronteiras de seu próprio país Isso foi justificado em grande parte sob a alegação do universalismo As relações de variáveis se sustentariam universalmente e portanto não seria urgente variar os locais onde elas eram coletadas Na prática esses locais resumiamse a alguns países da Europa Ociden tal e aos Estados Unidos De tempos em tempos céticos defendiam o estudo comparativo desses países Os intelectuais que se intitulavam historia dores tendiam a realizar seu trabalho nesses mesmos países e nos seus próprios Isso era justificado porém com a alegação oposta de particularismo Uma vez que cada situação his tórica era particular e complexa seu estudo exigia devoção total por parte do intelectual que procedia com extrema proficiência para obter os necessários conhecimentos sobre um país e dificilmente se mostrava capaz de domi nar o estudo de dois países Evidentemente alguns intelectuais estudaram a história de paí ses que não eram os deles como no caso de um investigador inglês da história alemã mas nes ses casos a tendência era de restringirem seu trabalho unicamente a esse outro país As con vocações a uma história comparada como as feitas por Marc Bloch caíam em ouvidos ainda mais surdos do que os apelos em prol da so ciologia comparada Os intelectuais que eram orientalistas foram igualmente envolvidos pela crença no particu larismo o que lhes tornava difícil adquirir de forma proficiente uma sabedoria que superasse os limites desse particularismo e os fazia resis tentes portanto ao estudo comparado de civi lizações Houve sem dúvida ousadias tanto por parte de intrusos como Max Weber quan to dos que estavam por dentro como Max Müller sobretudo na comparação de religiões mundiais mas a maioria dos orientalistas limi touse à esfera de sua competência e não se atreveu a ir além dela Os antropólogos eram os mais afetados por essa questão Na medida em que eram impeli dos em uma direção etnográfica ou seja ideo gráfica tendiam a se especializar em uma tri Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 738 sociologia comparada bo pelas mesmas razões pelas quais os his toriadores se especializavam em uma nação ocidental as dificuldades em adquirir um sa ber profundo em termos universais Mas na medida em que alimentavam pretensões nomo téticas não podiam dar o salto lógico de um economista que usa dados extraídos do seu próprio país ocidental e os considera repre sentativos de uma boa amostra do universo Os antropólogos só podiam validar suas pretensões nomotéticas através do que se passou a designar como estudos transculturais É impressionante porém como esse gênero de comparação de unidades do nível macro era raro antes de meados do século XX A era pós1945 veio a fornecer contudo um impor tante estímulo aos trabalhos comparativos so bretudo em sociologia e ciência política A cau sa foi o ingresso na consciência pública e na percepção esclarecida dos intelectuais do que passou a ser chamado de Terceiro Mundo Uma resposta institucional foi o crescimento de es tudos de área o que levou no mínimo ao estudo comparativo de diferentes países na mesma área como a América Latina o Oriente Médio e no máximo ao estudo comparativo de novas nações Depois do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética em 1956 o processo subseqüente de desestalinização no que fora anteriormente considerado nos países ocidentais um bloco monolítico redundou no estudo comparado do comunismo A maior parte desse trabalho foi realizado dentro do quadro de referência da teoria da MODERNIZA ÇÃO a qual pressupunha estágios paralelos de desenvolvimento para estadosnações e por conseguinte a possibilidade de uma compara ção sistemática Na era pós1968 a teoria da modernização entrou em eclipse como parte do abalo geral sofrido pela legitimidade do que tinha sido a corrente principal da ciência social na era pós 1945 Uma das maiores críticas desfechadas contra a teoria da modernização foi a de que ela era ahistórica A década de 70 assistiu em conseqüência a um considerável florescimento da sociologia histórica Entretanto como es sa obra pretendia ser sociologia e não mera mente histórica sua concepção nada tinha de ideográfica Assim implicitamente e com mui ta freqüência em termos francamente explíci tos a obra histórica era ao mesmo tempo comparativa Com efeito no âmbito da so ciologia os dois termos eram freqüentemente combinados na década de 80 como sociolo gia histórica comparada Assim a sociologia comparada sempre re presentou simultaneamente um certo número de vetores antietnocentrismo ver também SIS TEMAMUNDO interesse nos níveis macro e em estruturas complexas logo interesse no detalhe histórico A sociologia comparada não é um campo mas uma crítica de tudo o que parece estreito e reducionista em sociologia O desapa recimento do termo significará ou o grande sucesso ou o grande fracasso dessa crítica IMMANUEL WALLERSTEIN sociologia da arte Constitui a tentativa de entendimento da produção e consumo de arte como o efeito reflexo ou representação de um processo social geral Sem ser uma disciplina claramente definida ou ter uma metodologia unitária a sociologia da arte é vista de prefe rência como instrumento de certo número de disciplinas e áreas de investigação entre as quais está dispersa Nelas se incluem a his toriografia e a história da arte a antropologia social e o estudo de subculturas o estudo his tórico e sociológico de classes e grupos sociais a SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO a lingüística e a crítica de arte Embora essas ligações possam ser consideradas controversas Wolff 1981 a sociologia e a história da arte praticadas como forma de história social serão aqui agrupadas Com efeito um dos pioneiros indiscutíveis de ambas Pierre Francastel reuniuas na década de 40 Ele também argumentou Francastel 1965 p16 que o tema em si mesmo é carac terístico do período moderno do pensamento historicista autoconsciente e não teria um de senvolvimento muito além do que cumpria a uma função de valores exaustos A expressão sociologia da arte articula dois termos com histórias completamente dis tintas Se a palavra sociologia surgiu no sé culo passado como o nome para vários métodos de investigação da sociedade humana arte pelo contrário é usada desde a Antigüidade No transcurso de todo esse período designou ou qualificou vasta gama de fenômenos desde as habilidades práticas conceituais ou eróticas até a pintura de cavalete desde a arte de galeria até o estilo de vida A definição moderna de arte que o senso comum reconhece estar presente na pintura na escultura na impressão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia da arte 739 etc aceita a arte como sendo uma forma não artesanal de produção que combina a arte ma nual com o valor ético e estético e é realizada por um tipo especialmente dotado de pessoa Wittkower e Wittkower 1963 Essa categoria arte tal como consolidada e reproduzida através das práticas dos enten didos connoisseurs curadores e historiadores de arte entre outros funciona retrospectiva mente Agrupa para venda exibição ou crítica formal materiais de origens que são temporal geográfica ou socialmente díspares e descontí nuas Importantes museus galerias nacionais ou coleções do tipo configurado no século pas sado ou desde então como o Louvre em Paris incluem na rubrica de arte muitos objetos que não eram reconhecidos como tais na época ou lugar de sua produção Por implicação portan to a sociologia da arte é passível de estar lidan do com um objeto de conhecimento que neces sita ser constantemente problematizado à luz de uma série complexa de especificidades histó ricas Tal sociologia tende em princípio a se opor à aceitação de um ideal kantiano de arte como o objeto de qualquer julgamento estético desinteressado e categórico assim como está mais comprometida em explicar do que em concordar com a idéia de transcendência das condições sociais por parte da criatividade e personalidade artísticas Ambas devem ser vis tas como manifestações específicas do social sendo por esse motivo que nas palavras de Pierre Bourdieu 1980 p207 a sociologia e a arte não combinam muito bem É proveitoso portanto pensar em termos de uma linha de desenvolvimento que leva das reflexões de Marx e Engels 18456 sobre a economia política da cultura até a crítica de Bourdieu do julgamento kantiano à descons trução feminista da criatividade como categoria historicamente engendrada ou a rejeição pós colonial dos valores artísticos ocidentais Bourdieu 1979 Nochlin 1989 Pollock 1988 Said 1978 Tickner 1988 Um impor tante aspecto da sociologia da arte tem sido o seu relacionamento antagônico com o que ela considera uma ESTÉTICA conservadora quer se ja articulada através do racionalismo filosófico ou das exigências do mercado de arte Traba lhando a partir de um complexo e altamente diferenciado terreno político a sociologia da arte está empenhada em mostrar que a arte como categoria é sempre e de muitas maneiras superdeterminada Ao mesmo tempo continuou a estar interessada no problema ou a reservar o problema da especificidade da arte e das ques tões que isso apresenta para qualquer explica ção totalizadora dos significados da arte Wolff 1981 Francastel 1965 Duvignaud 1967 Ra phael 1968 O caráter fraturado do objeto é ainda mais enfatizado se for admitido que a arte inclui MÚSICA e LITERATURA Ora considerase que a base paradigmática para a sociologia da arte é inseparável da problemática mais geral de co mo teorizar o conjunto das modernas formas culturais Os comentários e teorias sobre a mo derna formação cultural desde o poeta Charles Baudelaire no século XIX até os escritos de Kracauer 1937 Bloch 1985 e Adorno 1963 têm focalizado a forma musical como um modelo de discurso artístico A obra de Lukács 1970 e Goldmann 1967 forneceu métodos para a estruturação e a análise contex tual da literatura de que a sociologia da arte derivou muitos dos seus princípios básicos As sim um historiador da arte como TJ Clark 1973 que em sua influente obra sobre Manet e Courbet colocou a teoria crítica como priori dade no programa da história da arte baseiase em um campo teórico em que as artes visuais têm sido amplamente marginais A concepção de arte é também estratifica da por noções tais como arte popular arte para o povo arte tradicional ou arte étnica para não mencionar a arte política ou a arte feminina Entender todas ou quaisquer dessas artes e as relações entre elas pode exigir uma variedade de métodos de investigação que com binaria a etnologia a psicologia ou a psicanálise com diferentes aspectos do método sociológi co A arte como elemento ritual no trabalho de campo ou práticas religiosas de longue du rée na obra de historiadores sociais é um objeto de análise diferente da arte que forma o ponto de acesso aos valores sociais ou de exclusão deles na sociologia de grupo de Bourdieu 1979 e Moulin 1967 Com efeito é bastante difícil conceber uma forma artística tradicional como o exvoto uma imagem oferecida como prova de gratidão do século XVIII na França Cousin 1980 como pertencente à mesma formação cultural que a arte de salon sua con temporânea já para não pensar nela nos mes mos termos que a pintura moderna de vanguar da De modo significativo porém devemos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 740 sociologia da arte supor que o estudo sociológico de qualquer dessas formas tratará o valor estético como parte do sistema de crenças que enquadra a obra individual Na obra dos historiadores sociais da arte Antal 1948 e Klingender 1968 entender a arte exigiu uma radical e sutil diferenciação de público mecenato e condições de produção para diferentes obras ou tipos de arte Floren tine Painting de Antal e Art and the Industrial Revolution de Klingender indicam tanto uma nova forma de história social quanto uma his tória da arte uma em que a arte desempenha um papel mais de significante do que de ilus tração As práticas artísticas na Florença do século XIV ou na GrãBretanha do século XIX tornaramse prova primordial de processos de formação e representação social Com Baxandall 1980 em sua obra sobre a escultura alemã do século XV até a função de autor passa a ser vista como um efeito das complexas e irregulares condições de produção e do conflito de interesses entre artista e cliente a que elas deram origem O escultor assina a obra para estabelecer a sua posição em uma relação desigual com o cliente que é quem detém os meios de produção A assinatura sig nifica mais uma tentativa de apropriação de poder do que o locus de criatividade A obra de Baxandall aponta assim as formas como as proposições teóricas de Foucault 1969 podem ser repensadas através de um processo histórico a longo prazo Mas também indica que a crítica histórica e sociológica da idéia do artista requer uma variedade de técnicas de inves tigação cuidadosamente inflectidas Um escul tor quatrocentista não pode ser enquadrado nos mesmos termos que um gênio louco do final do século XIX como Vincent van Gogh Mes mo que ambos venham a ser inseridos em um sistema moderno de crenças acerca da arte as especificidades de suas respectivas histórias assim como as desse mesmo sistema precisam ser cuidadosamente diferençadas Também se pode afirmar que um interesse amplamente sociológico pela arte precedeu o aparecimento da palavra sociologia e da mo derna idéia do artista Essa préhistória pode ser exemplificada nas discussões da Academia Real francesa onde era comum no século XVIII explicar a supremacia da antiga arte grega pela representação de Atenas como uma sociedade saudável e próspera Argumentos acadêmicos que recorriam a categorias extraes téticas como o clima a coesão da ordem social e a sabedoria do mecenato para explicar e definir a qualidade artística floresceram a par do relativismo e do materialismo culturais em Montesquieu ou Diderot No final do século o apologista teocrático Louis de Bonald também pôde apontar uma explicação da mudança artís tica que era por seu turno apropriada como justificação de uma necessidade de continui dade social Reedy 1986 Na década de 1840 quando a idéia do artista individual expressivo estava prestes a se tornar corrente cada obra de arte passou a ser inter pretada como socialmente sintomática quer co mo redenção quer como crítica Proudhon com Du principe de lart et de sa destination sociale 1865 destacouse como construtor de uma história da arte moderna em que a sua interpretação da obra de artistas como Jacques Louis David e Gustave Courbet articulou uma teoria social e política geral Em meados do século na França e na GrãBretanha podiam ser comumente lidas histórias da arte críticas de arte ou ensaios sobre arte popular assim como discussões em torno do progresso indus trial ou das Exposições Universais que desen volveram algum sistema de referência social na compreensão da arte como sinal do seu tempo É discutível que um conceito de arte como inerentemente social estivesse com efeito lar gamente difundido por volta da década de 1850 Não representam as próprias artes as tradições históricas a vida real dos povos Cumpre destacar porém que muitos textos que explicam a arte em termos sociológicos de modo geral não têm a elaboração de uma so ciologia da arte como objetivo primordial ou mesmo consciente Assim a obra de Champ fleury 1869 sobre a arte popular francesa ou a de Wagner 1849 sobre as origens do sentimen to e da expressão artísticos gravitam em torno do problema de definição de uma CULTURA na cional A preocupação com a arte como parte da formação da consciência nacional surge uma vez mais de ambos os lados do campo político nas décadas de 20 e 30 deste século Na Itália Gramsci 1985 entendeu o consumo popular de novelas de mistério e de ópera como in dicativo de uma fraqueza na formação da classe proletária enquanto que na Alemanha a idéia de arte moderna foi elaborada como sintoma de decadência Em qualquer ponto do seu desen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia da arte 741 volvimento a sociologia da arte é sobredeter minada por uma variedade de discursos a res peito da sociabilidade da arte De modo geral entendese que uma socio logia da arte potencialmente sistemática é apre sentada nos escritos de Marx e Engels assim como nas histórias da arte e da literatura de Hyppolite Taine Embora Taine conquistasse a notoriedade com sua fórmula determinística ambiente raça e momento Taine 1853 e seus ecos do século anterior sua influência na sociologia profissional ou na história social foi menos significativa que a do marxismo Em A ideologia alemã Marx e Engels procuram ex plicar o poder e a significação de um artista do Renascimento como Rafael em função de um complexo processo histórico que por si mesmo possibilitaria a sua pintura Rafael tanto quanto qualquer outro artista era deter minado pelos avanços técnicos feitos na arte antes dele pela organização da sociedade e pela divisão do trabalho em sua localidade e finalmente pela divi são do trabalho em todos os países com os quais a sua localidade tinha relações mútuas Marx e Engels estavam aí argumentando contra a idéia de um indivíduo único tal como propusera Max Stirner mas ao fazêlo começaram a organizar em detalhes um quadro de referência composto de relações sociais e econômicas que formam parte das estruturas conceituais da sociologia da arte até o nosso próprio tempo Também tentaram definir a arte como es pecífica para o seu modo de produção apontan do o surto de vendas da imprensa capitalista das décadas de 1830 e 1840 como a condição para o aparecimento do folhetim Em Teorias da maisvalia em que essa análise é desenvolvida eles expuseram mais dois parâmetros duradou ros Um deles é a preocupação com o artista como um tipo particular de operário que é essencialmente um trabalhador improduti vo O outro é a preocupação com a conversão da própria arte em mercadoria e a sua transfor mação pelo capitalismo do seu anterior status histórico em nada mais que um item de valor de troca quer essa noção seja interpretada como monetária ou como ideológica Marx e Engels 1976 Eis aqui uma vez mais um ponto de partida para discussões como as de György Lukács Theodor Adorno Walter Benjamin ou Pierre Bourdieu A sociologia da arte pode aca bar por se encontrar no centro do marxismo do século XX Mas o conceito de alienação ali mentará a disposição de Benjamin para aceitar o popular e a definição de Adorno de arte como necessariamente a negação das forças sociais que a produzem Recentemente na obra de Jacques Rancière a negatividade de Adorno foi usada para reava liar a estética kantiana Se o transcendente e o negativo podem ser lidos através um do outro então o desejo de arte deve ser entendido em função da negação da estrutura social Ran cière 1983 Desse ponto de vista a elaboração de Bourdieu da produção e consumo de arte como a confirmação e reprodução de status social resulta ser um enquadramento totalmente inadequado das complexidades da identidade social a sociologia da arte um empreendimento oco Analogamente os discursos feminista e póscolonial estruturam o social de forma a apontar que boa parte do que foi aceito como uma sociologia adequada e por implicação uma sociologia da arte precisa ser radicalmente repensado A construção da arte como forma de dominação ou como meio de acesso ao valor social é polimorfa e inexaurível sempre cons trangida e continuamente reelaborada em con dições historicamente específicas Em seu ensaio de 1923 On the interpreta tion of Weltanschuung Karl Mannheim deli neou prescientemente essas problemáticas em uma sociologia da cultura in Mannheim 1952 Rejeitando um procedimento redutivo da análise cultural derivado do modelo da ciên cia natural ele tentou demonstrar como um entendimento dos significados objetivo ex pressivo e documental de um objeto cultural levaria a um complexo levantamento das re lações paralelas mas não necessariamente cau sais de uma totalidade sociocultural É sus tentável a tese de que o fluxo e o entrelaçamento de métodos na exposição de Mannheim de um todo cultural requer os mesmos gêneros de habilidade que as análises iconológicas da esco la de Warburgo de História da Arte O estudo de uma pintura de Botticelli Wind 1958 por exemplo requer um conhecimento da sociabi lidade de diferentes níveis e cultura desde os fenômenos banais e cotidianos até os comentá rios humanistas sobre textos clássicos A obra de arte excepcional tornase um ponto no qual formas díspares de conhecimento e prática cul tural encontram uma articulação relativamente total Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 742 sociologia da arte Mas apesar do valor de abordagens que deduzem o significado de uma obra de arte a partir de dados sociais ou induzem a tessitura do social a partir da leitura da obra de arte a noção de objetos culturais como expressivos de uma totalidade ou como fatos sociais totais caiu em descrédito A obra de arte pode perten cer a qualquer um ou a mais de um de uma série de saberes Assim a construção do público para uma pintura pode ser como uma da categoria psicanalítica de voyeur implicada nos modos de escopofilia sem uma consideração primária pela estratificação social Ou pode ser como um grupo social com acesso ao mercado da arte e atento à avaliação do seu próprio prestígio atra vés da compra Dois pintores contemporâneos podem repartir uma posição em uma linguagem histórica comumente aceita de sinais visuais e no entanto pertencer a lugares muito diferentes no desenvolvimento da educação artística e nos sistemas de produção e distribuição A crítica de arte tanto pode ser lida em termos de sua relação com o discurso literário e político quan to em função do seu objeto declarado de aten ção A configuração e o desenvolvimento a futuros da história social e da sociologia da arte dependerão necessariamente do reconhecimen to dessa diversidade bem como dos problemas que ela apresenta Para ser verdadeiramente fecundo o trabalho interdisciplinar pode perfei tamente ter que aceitar que a diferença é mais estruturada do que a totalidade Leitura sugerida Adorno Theodor 1963 Quasi una fantasia Bourdieu Pierre 1979 La distinction Clark TJ 1973 The Absolute Bourgeois Artists and Politics in France 18481851 Duvignaud J 1967 Sociologie de lart Francastel Pierre 1965 Oeuvres II La Réalité figurative éléments structurels de socio logie de lart Hauser Arnold 1959 The Philosophy of Art History Mannheim K 1952 Essays on the Socio logy of Knowledge org por Paul Kecskemeti Marx K e Engels F 184546 1970 The German Ideology Moulin Raymonde 1967 Le marché de la peinture en France Proudhon PJ 1865 Du principe de lart et de sa destination sociale Wolff Janet 1981 The Social Production of Art ADRIAN D ROFKIN sociologia da ciência Este ramo de estudo explora o caráter social da ciência com especial referência à produção social do conhecimento científico ver SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO Na sociedade hodierna o termo ciência pos sui grande potência Ciência não só é mais ou menos equivalente a conhecimento válido mas também se funde com tecnologia ou seja a aplicação útil do conhecimento ver RE VOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA Por conse guinte as pessoas conhecidas como cientis tas são geralmente consideradas fornecedoras de um gênero superior de saber que representa o mundo real com um grau de precisão e confia bilidade que possibilita o amplo controle sobre os seus processos naturais Em tal contexto ser considerado nãocientífico é no domínio das idéias ser tachado de intelectualmente inepto e também de irrelevante para o mundo superior dos assuntos práticos A própria sociologia sur giu e se desenvolveu como uma pequena parte do movimento científico na sociedade moder na Apesar de muitas reservas e diferenças de opinião entre seus praticantes a sociologia ado tou geralmente a concepção de conhecimento que passou a estar associada às ciências físicas e biológicas avançadas Por conseguinte a sociologia da ciência tem necessariamente um elemento autoreferencial isto é a prática da sociologia inserese no seu campo de ação e as suas conclusões gerais a respeito do processo social de produção de conhecimento devem ser acolhidas como aplicáveis também à sociolo gia A sociologia da ciência é portanto uma área crítica de análise não só por lidar com a forma dominante de conhecimento em nossa sociedade mas também porque as suas desco bertas podem ter importantes implicações para a sua própria disciplina e para outros domínios de investigação social Durante as duas últimas décadas os sociólo gos têm examinado com profundidade cada vez maior a produção e aplicação social do co nhecimento científico Concentraramse ini cialmente nas ciências físicas mais avançadas como a física e a radioastronomia Depois se prestou muita atenção às ciências biológicas Essas disciplinas inequivocamente científicas foram escolhidas para estudo em parte porque pareciam ser as menos acessíveis a uma análise sociológica plenamente desenvolvida Desde longa data se aceita é claro que muitos as pectos da ciência são de caráter obviamente social por exemplo sua forma de organização seus padrões de comunicação sua hierarquia interna e sua atribuição de recompensas simbó licas com sua ênfase no compromisso coletivo dos cientistas em relação a determinados qua dros de referência intelectuais Mas a própria Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia da ciência 743 aceitação pelos sociólogos da crença de que a ciência é uma forma privilegiada de conhe cimento levounos a excluir os produtos inte lectuais da ciência de suas investigações Quan do os sociólogos aceitaram finalmente o desafio de tentar fazer uma análise sociológica do con teúdo do saber científico pareceu aconselhável começar pelos que pareciam ser os casos mais difíceis Pois se as ciências mais avançadas provassem admitila todas as outras disciplinas as seguiriam automaticamente A análise sociológica do conhecimento ci entífico recebeu grande parte do seu impulso inicial de fora da disciplina A tese histórica de Thomas Kuhn 1962 a respeito da ocorrência de convulsões revolucionárias na ciência ver Merton 1973 foi especialmente importante para libertar os sociólogos da tradicional supo sição de que o conhecimento científico é em sua maior parte independente de influências sociais A análise de Kuhn habilitou os sociólo gos a considerarem a possibilidade de fornecer uma interpretação social da mudança cognitiva em ciência Além disso do final da década de 60 em diante tem havido uma afluência de investigadores cientificamente treinados que se mostram aptos a enfrentar as grandes exigên cias intelectuais da cultura técnica da ciência Esses migrantes intelectuais contribuíram de forma significativa para a série de estudos deta lhados de áreas específicas da ciência natural concluídos durante a década de 70 usando en trevistas e fontes documentais Esses estudos de casos foram seguidos por uma onda de inves tigações antropológicas sobre as minúcias das práticas laboratoriais dos cientistas baseadas em extensos períodos de observação partici pante Como resultado desse conjunto de pesqui sas o tradicional modelo sociológico de co nhecimento científico e de METODOLOGIA da ciência foi radicalmente revisto Considerouse que o conhecimento científico não derivava da aplicação imparcial de claros critérios técnicos de adequação mas de fatores tais como os recursos retóricos dos praticantes e suas ade sões socialmente negociadas A observação cui dadosa de cientistas trabalhando parecia mos trar que o conhecimento científico não é uma representação objetiva e imparcial de um mun do natural independente mas pelo contrário uma criação ativa e comprometida desse mundo no transcorrer da interação social As conclu sões da ciência são formulações socialmente contingentes que foram consideradas adequa das por grupos específicos em determinadas situações culturais e sociais Na década de 80 tornouse claro que o fra casso anterior em compreender os processos sociais da ciência estava ligado ao uso flexível da linguagem dos cientistas Em ambientes acessíveis ao público os cientistas tendem a usar formas de discurso que descrevem suas ações e crenças como um veículo neutro através do qual as realidades do mundo são evidencia das Em contextos mais privados contudo os quais só recentemente se tornaram visíveis eles empregam com muita freqüência repertórios que lhes permitem fornecer descrições muito mais social e pessoalmente contingentes das atividades da ciência Nestes últimos anos al guns atores têm tentado examinar as impli cações de tais descobrimentos para a prática textual da sociologia Sustentam que os textos unívocos das ciências sociais modelados nas formas convencionais da literatura científica são inadequados para expressar a diversidade interpretativa do mundo social Afirmam que a linguagem unitária da análise sociológica enco bre a contingência social e a dependência con textual de suas próprias representações do mun do e que essa espécie de subterfúgio textual é imprópria em uma disciplina comprometida com uma perspectiva totalmente sociológica Começaram a criar agora formatos novos mul tivocais que se propõem dar maior voz à mul tiplicidade interpretativa do mundo social e colocar os sociólogos em diálogo ativo com seus objetos de estudo Essa nova forma de análise é uma tentativa de descobrir uma lin guagem alternativa com que escapar às res trições da Weltanschauung dominante da ciên cia em nossas abordagens do domínio social Leitura sugerida Ashmore M 1989 The Reflexive Thesis Wrighting the Sociology of Scientific Know ledge KnorrCetina KD 1981 The Manufacture of Knowledge an Essay on the Constructivist and Contex tual Nature of Science Latour Bruno 1987 Science in Action Mulkay M 1985 The Word and the World Explorations in the Form of Sociological Analysis Woolgar S org 1988 Knowledge and Reflexivity New Frontiers in the Sociology of Knowledge MICHAEL MULKAY sociologia do conhecimento A natureza do conhecimento tem sido um problema central da filosofia desde pelo menos os tempos greco Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 744 sociologia do conhecimento romanos Platão por exemplo no Teeteto adota uma abordagem científica do conhecimento e da cognição e sua ontologia dualística assenta em bases epistemológicas Os filósofos dos Ilu minismos francês e escocês reconheceram por sua vez que todas as diferenças sociais tinham origens sociais e eram pois o resultado de fatores submetidos ao controle humano Sa biam que uma vasta gama de fatores sociais econômicos e políticos dava forma à gênese estrutura e conteúdo da consciência humana antecipando assim uma das principais propo sições da sociologia do conhecimento propria mente dita De modo geral porém os filósofos procu raram antes demonstrar que uma sociologia do conhecimento não era possível nem desejável Assim Kant sustentou que embora não possa existir percepção sem concepção os compo nentes constitutivos da cognição permanecem a priori Analogamente empiristas de várias persuasões afirmaram que o conhecimento científico é justificado pela experiência direta não afetada por condições sociais No máximo esses filósofos concedem que fatores extrateó ricos influenciam a gênese das idéias mas não a estrutura e o conteúdo do pensamento Sob ou tros aspectos filosofias do pensamento muito diferentes compartilharam uma rejeição fre qüentemente explícita do RELATIVISMO socioló gico e tentaram superar dúvidas colocando o conhecimento em uma base sólida mesmo que se situe fora do domínio da experiência sócio histórica A sociologia do conhecimento em contras te investiga as interligações entre categorias de pensamento reivindicações do conhecimento e realidade social a Seinsverbundenheit soli dariedade existencial do pensamento Karl Mannheim Marx foi um significativo precur sor do campo com a sua teoria de que pelo menos em certas condições históricas as reali dades econômicas determinam em última ins tância a superestrutura ideológica por meio de vários processos sócioeconômicos Essa concepção continua sendo uma questão central na sociologia do conhecimento e inspirou di retamente algumas análises exemplares de pro blemas de produção cultural por exemplo nas obras de György Lukács Émile Durkheim é também um importante pioneiro da sociologia do conhecimento embo ra não desenvolvesse um modelo geral do pro cesso classificatório Sustentou ele especial mente em Les formes élémentaires de la vie réligieuse 1912 e em De quelques formes primitives de classification 1903 com Marcel Mauss que as categorias básicas que ordenam a percepção e a experiência espaço tempo causalidade direção derivam da estrutura so cial pelo menos em sociedades mais simples Durkheim Mauss e também Lucien Lévy Bruhl examinaram as formas de classificação lógica de sociedades primitivas e concluíram que as categorias básicas da cognição têm ori gens sociais Mas não estavam preparados para estender esse gênero de análise a sociedades mais complexas Seus pressupostos básicos fo ram maciçamente criticados mas muitos traba lhos sociológicos continuam adotando como ponto de partida a proposição durkheimiana de que a classificação de coisas reproduz a clas sificação de pessoas A sociologia do conhecimento deve o seu desenvolvimento decisivo à obra de Max Sche ler e Karl Mannheim na década de 20 Isso pode ser interpretado como a expressão intelectual sintomática de uma época de crise e o reco nhecimento de sua própria radicação na es trutura social e de sua determinação por fatores sociais talvez seja o seu traço mais caracterís tico O estado de espírito das ciências sociais e históricas na Alemanha durante o período em que a sociologia do conhecimento se desenvol veu naquele país pode ser descrito como de consciência trágica A visão de Georg Sim mel da tragédia da cultura assim como a asserção de Max Weber de que um inevitável processo de racionalização leva ao desencanto do mundo e a novas formas de servidão cons tituem expressões sintomáticas de um período em que historiadores filósofos e em especial cientistas sociais discutiram intensamente a respeito de questões suscitadas pelo historicis mo pelo relativismo pelo ceticismo filosófico e pela profunda desconfiança do Geist É nesse período que a sociologia do co nhecimento surge como análise das regulari dades dos processos e estruturas sociais que pertencem à vida intelectual e aos modos de conhecimento Scheler e como teoria da so lidariedade existencial do pensamento Man nheim Ambas as orientações distanciamse da crítica marxista da ideologia a qual vê as ideo logias como representações mistificadoras da realidade social e como disfarces dos interesses Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia do conhecimento 745 de grupos poderosos na sociedade A sociologia do conhecimento em contraste interessase pe las estruturas intelectuais e espirituais como inevitavelmente formadas de modo diferente em ambientes sociais e históricos distintos Mannheim Foi Max Scheler quem usou pela primeira vez o termo Wissenssoziologie sociologia do conhecimento no começo da década de 20 e em Problemas de uma sociologia do conhe cimento 1926 forneceu uma primeira apre sentação sistemática Ampliou a noção marxis ta de infraestrutura ver BASE E SUPERESTRU TURA mediante a identificação de diferentes fatores reais Realfaktoren que acreditava ele condicionam o pensamento em diferentes períodos históricos e em vários sistemas sociais e culturais de modo específico Esses fatores reais foram por vezes vistos como forças instintivas institucionalizadas e como represen tando um conceito ahistórico de infraestru tura A insistência de Scheler na existência de um domínio de valores e idéias eternos limita a utilidade da sua noção de fatores reais para a explicação da mudança social e cultural Foi Karl Mannheim quem forneceu a mais elaborada e ambiciosa base programática para uma análise sociológica da cognição Tal como Scheler ele ampliou o conceito de infraes trutura sugerindo que fatores biológicos ele mentos psicológicos e fenômenos espirituais poderiam tomar o lugar de relações econômicas primárias na infraestrutura mas justamente como a teoria dominante da ciência não pensou que o conhecimento científico e técnico pudes se estar sujeito à análise sociológica Conduziu pesquisas sobre as condições sociais associadas a diferentes formas de conhecimento e alguns dos seus estudos ainda são considerados exem plos de primeira categoria do gênero de análise de que é capaz a sociologia do conhecimento Além de Ideologia e utopia 1929 ed brasilei ra 1967 cumpre incluir ainda os seus estudos da competição como forma cultural do pensa mento conservador do problema das gerações e da ambição econômica Mannheim acreditava que a sociologia do conhecimento estava destinada a desempenhar importante papel na vida intelectual e política sobretudo em uma época de crise dissolução e conflito mediante um exame sociológico das condições que deram origem a idéias filosofias políticas ideologias e diversos produtos cultu rais concorrentes Explorou de modo persis tente a idéia de que a sociologia do conhe cimento é de qualquer forma central a toda estratégia que pretenda criar uma aproximação entre política e razão e essa busca é o denomi nador comum que liga os seus vários ensaios na sociologia do conhecimento Mannheim acre ditava plenamente que tal sociologia exerce um importante efeito transformador sobre os seus praticantes a sociologia do conhecimento con voca os intelectuais a cumprirem sua vocação maior que é a realização de síntese Muda o relacionamento deles com as partes conflitantes na sociedade na medida em que lhes propicia distanciamento e visão de conjunto Mas a con cepção de Mannheim dos modos específicos como tal sociologia poderia afetar o estado de conhecimento político flutuou e mudou Exis tem três versões principais 1 A sociologia do conhecimento como um modo pedagógico mas também políti co de enfrentar as outras forças que compõem o mundo político e agir sobre elas 2 A sociologia do conhecimento como instrumento de esclarecimento relacio nado com o processo dual de RACIONA LIZAÇÃO e individuação identificado por Max Weber e comparável à psicanálise age para emancipar homens e mulheres a fim de que realizem escolhas racionais e responsáveis libertandoos da subser viência a forças ocultas que eles não podem controlar 3 A sociologia do conhecimento como ar ma contra os mitos predominantes e co mo método para eliminar inclinações da ciência social para que ela possa domi nar os problemas públicos fundamentais da época e guiar uma conduta política apropriada A sociologia do conhecimento passou re centemente por uma reorientação na direção de uma análise da vida cotidiana e do conheci mento científico e técnico natural ambas negli genciadas pela sociologia clássica do conhe cimento A construção social da realidade 1966 de Peter Berger e Thomas Luckmann escrito na tradição da FENOMENOLOGIA de Alfred Schutz e da antropologia filosófica de Arnold Gehlen representa um claro afastamento da preocupação da sociologia clássica do conhe Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 746 sociologia do conhecimento cimento com questões de epistemologia e me todologia Tudo o que é considerado conheci mento na sociedade é agora aceito como legíti mo objeto de estudo para investigação socioló gica Inspirada por desenvolvimentos na história da ciência a sociologia do conhecimento enca minhouse também na direção de análises em píricas da construção social de fatos científicos freqüentemente por meio de estudos etnográfi cos de vida de laboratório Tal pesquisa sobre a manufatura do conhecimento naturalcientí fico levou a uma reavaliação de pressupostos tradicionais acerca da racionalidade ímpar do conhecimento científico Visto através das len tes do programa forte da sociologia do co nhecimento o conhecimento científico e o co nhecimento cotidiano são de fato extraordina riamente semelhantes em certos aspectos ver SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA Não há a menor dúvida de que o conheci mento sempre desempenhou um papel signifi cativo na vida humana A ação humana em maior ou menor grau sempre foi orientada pelo conhecimento O poder por exemplo nunca foi exclusivamente baseado na força física bruta mas também com freqüência nas vantagens decorrentes do saber Hoje porém o conheci mento está adquirindo um significado maior do que nunca As sociedades industriais avançadas podem ser até consideradas sociedades do co nhecimento A completa cientifização de todas as esferas da vida e da ação humanas a trans formação das estruturas tradicionais de domi nação e da economia assim como o crescente impacto e influência de especialistas tudo isso é indicação do rápido incremento do papel do conhecimento na organização das sociedades modernas Leitura sugerida Berger PL e Luckmann Thomas 1966 The Social Construction of Reality Latour Bru no e Woolgar Steve 1979 Laboratory Life Man nheim K 1929 1936 Ideology and Utopia Meja Volker e Stehr Nico orgs 1990 Knowledge and Poli tics the Sociology of Knowledge Dispute Stehr Nico e Meja Volker orgs 1984 Society and Knowledge Contemporary Perspectives in the Sociology of Know ledge Woolgar S org 1988 Knowledge and Reflexi vity New Frontiers in the Sociology of Knowledge VOLKER MEJA e NICO STEHR sociologia do corpo Em um breve artigo so bre jeans Umberto Eco demonstra a dialética entre profundidade e superfície que dita es sencialmente o estilo de vida em um dado mo mento da história Resumindo o seu argumento usado como um tipo de armadura o vestuário influencia o comportamento logo a morali dade externa da civilização Eco 1983 Além disso os exemplos que ele cita mostram que a moralidade per se por outras palavras os costumes é determinada pelo modo como o corpo se cobre Detenhamonos em dois aspectos impor tantes da análise de Eco a autoconsciência epidérmica por um lado ver também IDENTI DADE e o conceito do corpo como máquina de comunicação por outro Não é este o lugar adequado para aprofundar o papel crucial que Eco atribui ao fator de agregação ou seja o modo como diversos tipos de uniformes vieram a ser adotados por pessoas que vivem em uma civilização urbana O que é certo é que a es trutura antropológica constituída pelo corpo é causa e efeito da intensificação da atividade social A preocupação com a imagem do corpo que se expressa na moda na modelação corporal etc não é simplesmente um exibicionismo gra tuito ou superficial mas faz parte de um vasto jogo simbólico e expressa os modos como po demos tocarnos mutuamente formar relações e socializar isto é criar sociedade É essa a lição que a sociologia do corpo extrai da moda no vestuário e das várias maneiras de dotar o corpo de valor e significação Em conjunto criam o corpo social e constituem na mais simples acepção do termo a sua economia es pecífica Mostram como figura forma e ima gem apesar de suas conotações estáticas tam bém desempenham um importante papel na evolução social Assim o frívolo moda design estilo tudo o que expressa a corporalidade ambi ente prova em um exame mais minucioso ter profundidades insuspeitadas pois no ato de se exibir o corpo é sempre causa e efeito da socia bilidade dinâmica Ao mesmo tempo é uma manifestação clara e preeminente de estética no sentido etimológico da palavra o de partici par das mesmas emoções do mesmo ambiente dos mesmos valores para que os indivíduos possam finalmente absorverse em uma teatra lidade envolvente No âmago dessa abordagem do tópico en contrase um fato banal que ainda é importante não perder de vista a saber que a unidade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia do corpo 747 psicofísica que forma a nossa individualidade é também um corpo É como um invólucro que por sua vez está envolvido pelo mundo exter no Muitas análises filosóficas psicológicas e sociológicas insistem muito justamente nas profundas conseqüências etimológicas dessa banalidade Equivale a dizer que o corpo não pode ser identificado a menos que esteja deli mitado e situado Uma coisa é certa essa abor dagem situacional e para criar um termo o involucrismo que lhe é correlato permitem nos avaliar a profusão de práticas centradas no corpo observada pelos sociólogos de hoje mo delação do corpo cuidados com este dietética cosmética teatralidade De modo particular o corporalismo permitenos entender que to dos os vários tipos de aparência pertencem a um vasto sistema simbólico cujos efeitos sociais estão longe de ser desprezíveis Podese até ser tentado a sugerir que o papel cada vez mais dominante desempenhado pela COMUNICAÇÃO na sociedade contemporânea nada mais é que a versão atual desse sistema simbólico Esse in sight poderia projetar uma nova luz sobre todos os períodos da história geralmente concebidos como simplistas e crédulos mas que sobrevive ram intensamente à carga simbólicocomunica cional do involucrismo específico do próprio corpo ou do corpo social Poderseia acres centar que a preocupação e o cuidado com o corpo hoje tão evidentes as máscaras e as modas de vestuário que formam uma constante antropológica podem ser analisados como ain da outro modo de os seres humanos se relacio narem entre si Considerado nesse contexto o corpo tornase causa e efeito de comunicação em outras palavras da própria sociedade Ver também COTIDIANO Leitura sugerida Berthelot JM 1985 Les sociolo gies et le corps Current Sociology 332 Eco U 1983 1986 Faith in Fakes Guyau M 1911 Les pro blèmes de lesthétique contemporaine Maffesoli M 1982 1985 Lombre de Dionysos 2ªed Mauss M 1935 1973 Les techniques du corps Trad ing em Economy and Society 21 p7088 Turner JH 1986 The Body and Society MICHEL MAFFESOLI sociologia política Esta disciplina tem se in teressado primordialmente pelo estudo de par tidos sistemas eleitorais e comportamento do eleitor ao votar movimentos sociais liderança política e elites burocracia nacionalismo e for mação de estadosnações tipos de sistemas po líticos e mudança política Muitos estudos de partidos têm se concentrado em suas bases de classe e em particular na oposição entre parti dos burgueses e partidos da classe operária mas em outra direção a divisão dentro de todos os tipos de partidos entre os líderes e a massa de seus membros foi enfatizada e formulada em um estudo clássico Michels 1911 como a lei de ferro da oligarquia A liderança política também foi uma questão saliente na obra de Mosca 1896 Pareto 191519 e Max Weber 1918 1929 escrevendo da perspectiva da teo ria das elites ver ELITES TEORIA DAS Relacio nado com tais questões está o crescimento da BUROCRACIA em sociedades modernas que We ber no contexto das condições na Alemanha Imperial considerou responsável pela produ ção de uma supremacia burocrática assim co mo de uma racionalização geral da vida social O papel da burocracia em sociedades socialistas também tem sido uma preocupação dominante embora avaliado de maneiras muito diferentes por Weber e Schumpeter 1942 As diferenças de classe social têm sido des tacadas em análises do comportamento de voto ao passo que os próprios sistemas eleitorais começaram a ser estudados em maiores deta lhes em trabalhos recentes especialmente a respeito da representação proporcional a qual é considerada com freqüência a que expressa mais adequadamente a diversidade de opiniões políticas em democracias modernas Em décadas recentes tem se registrado um interesse crescente por movimentos sociais Scott 1990 inspirado em parte pelo surto de movimentos radicais da década de 60 embo ra movimentos nacionalistas e neofascistas também tenham voltado agora a se destacar Esses movimentos são vistos como importantes formas alternativas de ação política a par dos movimentos de classe previamente dominan tes Os vários movimentos podem contudo coincidir em certa medida e também podem dar origem a novos partidos o que freqüentemente acontece O NACIONALISMO e a criação de estados nações têm sido intensamente estudados por cientistas sociais de diferentes correntes de opi nião que enfatizaram a sua ligação com a ascen são da burguesia Bauer 1907 e o subseqüente surgimento do imperialismo com as lutas pela democracia Kohn 1967 ou com a industriali Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 748 sociologia política zação e a modernização Gellner 1983 As questões assim ventiladas retêm toda a sua im portância no final do século XX quando volta ram a se generalizar os movimentos pela in dependência nacional no interior de estados existentes Os sociólogos políticos também têm pres tado muita atenção às diferenças entre sistemas políticos e na segunda metade do século XX esse interesse se concentra predominantemente no contraste entre regimes democráticos e tota litários Aron 1965 e nos novos sistemas po líticos que surgiram em países em desenvolvi mento póscolonial Estes últimos estudos es tavam intimamente relacionados com teorias de mudança e conflito político englobando tam bém questões tão amplas quanto as origens e o desenvolvimento do capitalismo moderno as quais podem ser concebidas em termos marxis tas weberianos ou schumpeterianos ou ainda mais amplamente do moderno sistemamundo O conflito político envolve o choque de opiniões doutrinas e ideologias e muitas pesquisas têm se interessado pelos processos de formação das opi niões políticas assim como pelo papel dos inte lectuais e da mídia nesses processos No período do pósguerra o âmbito da so ciologia política foi muito ampliado de modo que hoje cobre virtualmente o mesmo território que a CIÊNCIA POLÍTICA As diferenças remanes centes parecem derivar principalmente de preo cupações tradicionais por um lado com a ma quinaria formal de governo e por outro com o contexto social de todo o pensamento e ação políticos mas essas diferenças também têm sido muito atenuadas especialmente na medida em que a própria ciência política se tornou mais sociológica Leitura sugerida Avineri Shlomo 1968 The Social and Political Thought of Karl Marx Barry Brian 1970 Sociologists Economists and Democracy Bot tomore 1979 Political Sociology Brym Robert J 1980 Intellectuals and Politics Mommsen Wolfgang J 1974 The Age of Bureaucracy Perspectives on the Political Sociology of Max Weber Runciman WG 1969 Social Science and Political Theory Scott Alan 1990 Ideology and the New Social Movements TOM BOTTOMORE soviete Ver CONSELHO DE TRABALHADORES stalinismo Iosif Vissarionovich Stalin no me verdadeiro Djugashvili 18791953 foi um político implacável que presidiu à transfor mação da Rússia campesina em uma superpo tência industrial aos horrores da fome e dos expurgos na década de 30 e à resistência russa à invasão nazista de 194145 É freqüentemente retratado como homem de intelecto medíocre mas a sua ideologia difusa que ficou conhecida como stalinismo desempenhou importante papel na formação do regime soviético e no movimento comunista mundial durante sua vi da e ainda por algumas décadas subseqüentes Já em 1924 ano da morte de Lenin a dou trina política de Stalin começara a revelar ca racterísticas distintas Ele insistiu em que o LENINISMO não era meramente uma versão do marxismo aplicável a um país camponês mas tinha validade mundial na era do imperialismo e da ditadura do proletariado e salientou as características autoritárias de um partido políti co leninista No mesmo ano declarou contra a ferrenha oposição de Trotsky que era possível completar a construção do SOCIALISMO na União Soviética sem uma revolução socialista em ou tros países ver TROTSKISMO Quando a União Soviética encetou à força a industrialização e a coletivização da agricultu ra no final da década de 20 Stalin modificou a doutrina leninista em importantes aspectos Em 1928 sustentou que a luta de classes não se extinguiria mas pelo contrário iria intensifi carse durante a transição para o socialismo e dois anos depois declarou que em virtude do cerco capitalista à União Soviética o estado não desapareceria mas se tornaria mais forte du rante essa transição No início da década de 30 a definição so viética de socialismo também foi mudada Os bolcheviques seguindo Marx tinham presumi do que o socialismo seria uma economia sem moeda mercadorias ou comércio mas a partir de meados dos anos 30 os marxistas soviéticos passaram a sustentar que o lote de terra pessoal do agricultor coletivo o mercado livre para alguns produtos agrícolas e um sistema iguali tário de salários na indústria faziam todos parte da economia socialista que devia continuar sendo uma economia monetária Por conseguinte Stalin enunciou em dezem bro de 1936 que o socialismo estava estabele cido em princípio na União Soviética Nessa época também desenvolveu sua doutrina de que não havia contradições antagônicas dentro da sociedade socialista pelo que todas as ações e crenças contrárias o que na prática signifi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar stalinismo 749 cava toda a crítica a Stalin eram devidas à influênca do hostil mundo capitalista Isso for neceu uma justificativa ideológica para as re pressões de 193638 Nos últimos anos que antecederam sua morte ele admitiu contudo que mesmo no seio da sociedade socialista po deriam desenvolverse certas contradições e sublinhou o valor do choque de opiniões mas essa mudança doutrinária não levou a qualquer abrandamento do seu rigoroso e despótico go verno Em 1956 Kruschev deflagrou seu ataque ao culto da personalidade e rejeitou a doutrina de Stalin da intensificação da luta de classes durante a transição para o socialismo Mas a definição soviética de socialismo continuou sa crossanta assim como o princípio de que o sistema devia ser controlado por um partido único Depois da nomeação de Gorbachev para secretáriogeral do Partido em 1985 a exis tência de uma distinta ideologia do stalinismo foi oficialmente admitida na União Soviética pela primeira vez e o stalinismo foi submetido a profundas críticas como uma distorção ou traição do socialismo Características do stali nismo vigorosamente condenadas como errô neas ou obsoletas incluíram sua ênfase no poder do estado e na propriedade deste como a forma suprema de propriedade social a substituição da democracia pela burocracia e o estabeleci mento do que Gorbachev designou como um sistema de comando administrativo de gestão do país pelo partidoestado Depois do colapso do comunismo soviético em agosto de 1991 os colaboradores mais íntimos de Ieltsin afirma ram que o stalinismo era essencialmente uma continuação do leninismo e até do marxismo e rejeitaram todo o curso do desenvolvimento soviético desde outubro de 1917 Leitura sugerida Carr EH 1958 Stalin In Socia lism in One Country 19241926 volI Davies RW 1989 Soviet History in the Gorbachev Revolution caps38 Lewin M 1985 La formation du système soviétique essais sur lhistoire sociale de la Russie dans le entredeuxguerres espec caps11 e 12 Rig by TH org 1966 Stalin Stalin Joseph V 195255 Works vols113 1972 The Essencial Stalin Major Theoretical Writings org por B Franklin Tucker RC 1973 Stalin as Revolucionary 18791929 Study in Personality and History Ο 1991 Stalin in Power the Revolution from Above 192841 RW DAVIES subdesenvolvimento Ver DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO subúrbio Nesta espécie de povoação situada nos arredores de uma cidade composta princi palmente de moradias e lojas de comércio e separada das zonas industriais não existe a concentração e a mistura de vários usos do território que é típica das cidades na era indus trial Além disso os subúrbios são geralmente habitados por grupos sociais homogêneos que são principalmente da classe operária ou da classe média Esses tipos de povoações já existiam em tempos préindustriais como indica o vocábulo francês banlieue referese ao espaço para além das muralhas da cidade medieval mas sob a jurisdição ban da cidade Subseqüentemente a onda de urbanização industrial e o desenvol vimento das redes de transporte e comunicação estimularam uma vasta expansão dos subúr bios um processo de suburbanização Wal ker 1981 As primeiras povoações suburbanas siste maticamente construídas remontam à segunda metade do século XIX na Inglaterra suburbia com a variação de cidadesjardins e nos Es tados Unidos Mumford 1966 Tratase de povoações destinadas às classes médias e que representaram um compromisso entre a neces sidade de viver perto da cidade industrial do local de trabalho e dos serviços de alta quali dade e uma cultura arcádica aspirando à repro dução de certos aspectos da vida rural e bucó lica moradias unifamiliares rodeadas de jardins particulares e parques públicos bem longe do caos urbano Como assinalou Ruth Glass 1955 o desenvolvimento desses subúrbios está ligado à influência sobre os estilos de vida e o planejamento urbano da cultura antiurbana inglesa e americana Neste século a urbanização ver URBANIS MO alterou substancialmente o subúrbio origi nal Bairros para operários e grupos de média e baixa renda têm proliferado sobretudo na Euro pa continental onde os grupos de alta renda com suas fortes tradições urbanas permanece ram principalmente nos antigos centros das grandes cidades Uma exceção a esse modelo de suburbanização são os bairros residenciais para jovens famílias abastadas com filhos pe quenos no período de máxima influência do estilo de vida americano entre 1945 e 1970 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 750 subdesenvolvimento Esses desenvolvimentos mudaram radical mente o modo de vida suburbano sobretudo nas periferias ocupadas pela classe operária as quais são dormitórios densamente povoados carentes de serviços e de espaços verdes Em muitos países industrializados os subúr bios de classe operária contêm principalmente os chamados bairros econômicos cuja cons trução foi planejada pelo estado com dinheiro público enquanto que em outros sobretudo nos Estados Unidos tem predominado a construção privada ver Ball et al 1988 Apesar dessa e de outras diferenças e do fato de na Inglaterra e nos Estados Unidos a cultura antiurbana tam bém ter influenciado o tipo de moradia nos subúrbios ao desencorajar os grandes condo mínios multirresidenciais com algumas exce ções como as famosas torres no Bronx em Nova York os bairros suburbanos de classe operária construídos nos arredores de grandes metrópoles industriais durante os anos do pós guerra são muito semelhantes no gênero e apre sentam os mesmos problemas A banlieue de Paris os novos bairros na periferia de Moscou Nova York e sul de Londres exibem todos as conseqüências da construção barata de alta den sidade a falta e a inadequação dos serviços e de modo geral uma vida social e familiar mar cada por todas as formas de privação urbana Estas vão desde o anonimato e a dificuldade de socialização até os elevados custos o conges tionamento e a poluição e não são compensa das pela usual vantagem de viver muito perto dos centros de serviços de qualidade e do po der econômico financeiro e político Podese acrescentar a isso o fato de que as privações envolvidas na mudança para subúrbios aumen taram à medida que as cidades cresceram em tamanho uma vez que os sistemas de transporte público não foram modernizados e o trânsito se tornou seriamente congestionado Daí que a palavra subúrbio originalmente positiva em seu significado acabou adquirindo agora uma conotação decididamente negativa As mais recentes tendências à descentraliza ção de fábricas e escritórios o acentuado declí nio do emprego na indústria manufatureira Mingione 1991 a reestruturação econômica e tecnológica Castells 1989 assim como o impacto de todas essas tendências sobre os sistemas urbanos Scott 1988 Soja 1989 es tão modificando por sua vez o significado da suburbanização mas em direções que ainda são demasiado controversas para permitir uma in terpretação clara Leitura sugerida Ball M Harloe M e Maartens H 1988 Housing and Social Change in Europe and the USA Castells Manuel 1989 The Informational City Glass Ruth 1955 1989 Urban sociology in Great Britain In Clichés of Urban Doom Mingione Enzo 1991 Fragmented Societies Mumford Lewis 1966 The City in History Scott Allen J 1988 Metropolis From the Division of Labor to Urban Form Soja Edward W 1989 Postmodern Geographies the Reas sertion of Space in Critical Social Theory Walker Richard 1981 A theory of suburbanization In Urba nization and Urban Planning in Capitalist Society org por MJ Dear e AG Scott ENZO MINGIONE suicídio A obra de Émile Durkheim 1897 continua sendo a mais completa abrangente e influente das teorias sociais sobre o suicídio Sustentou ele que a consistência das taxas de suicídio era um fato social explicado pelo grau em que os indivíduos eram integrados e regula dos pelas forças morais coagentes da vida cole tiva O suicídio egoísta e altruísta resultava respectivamente da subintegração e da supe rintegração do indivíduo pela sociedade en quanto que a anomia e o suicídio fatalista eram causados pela subregulação e pela superregu lação Durkheim usou correlações entre o sui cídio e várias taxas de associação externa para demonstrar a validade dos seus conceitos fun damentais Por exemplo as populações católi cas tinham taxas de suicídios inferiores às pro testantes porque a sociedade católica vincula o indivíduo mais rigorosamente à coletividade Segundo Durkheim o egoísmo e a ANOMIA crescentes estavam causando as taxas de suicí dio invariavelmente ascendentes das socieda des ocidentais Entretanto o egoísmo não é uma conseqüência necessária da sociedade indus trial Iga 1986 mostrou como a grande maioria dos suicídios no Japão moderno resulta da ver gonha dos indivíduos por fracassarem na reali zação dos objetivos que o grupo impõe a seus membros Obras sociológicas pósdurkheimianas em bora aprovando os esforços pioneiros de Dur kheim na definição da taxa de suicídios como objeto de investigação e correlacionandoa com uma gama de variáveis sociais mostraramse predominantemente céticas diante da sua tenta tiva de explicação de ambas em termos de forças morais reais mas invisíveis que incli Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar suicídio 751 nam os indivíduos ao suicídio Para esses soció logos de orientação empirista a noção de Dur kheim de uma ciência dos fenômenos morais era uma impossibilidade Assim a maior parte das obras sociológicas subseqüentes embora parecendo apoiar as descobertas de Durk heim limitaramse à relação entre taxas de suicídios e fatores sociais externos Dessa pers pectiva alguns dos estudos mais conhecidos ligaram positivamente o suicídio por exemplo à urbanização e ao isolamento Halbwachs 1933 Sainsbury 1955 Cavari 1965 à falta de integração de status Gibbs e Martin 1964 à falta de restrição externa Henry e Short 1954 Maris 1969 e à limitação em decorrência da cobertura da mídia Phillips e Carstensen 1988 Abordagens fenomenológicas ou subjetivas tendem a examinar o modo como indivíduos chegam a construir intenções suicidas para si mesmos ou para outros Esse último interesse foi desenvolvido e convertido em uma crítica de dados oficiais que vai além do interesse tra dicional pela exatidão das estatísticas Dou glas 1967 afirmou que as idéias alimentadas por diferentes culturas e subculturas a respeito de suicídios determinam o que as autoridades finalmente classificam como suicídio De senvolvendo as idéias de Douglas Atkinson 1978 e Taylor 1982 mostraram que um veredicto de suicídio só será pronunciado se as autoridades puderem encontrar provas compa tíveis com as idéias culturais aceitas sobre os motivos que levam as pessoas a se matar e o modo como tratam de fazer isso Assim tanto a regularidade das taxas de suicídios quanto a sua correlação sistemática com fatores tais co mo isolamento e perda podem ser funções do modo como se coletam os dados Os subjetivistas afirmam que as tentativas de compreender o suicídio devem basearse nos significados que os suicidas oferecem para jus tificar suas próprias ações Douglas 1967 Bae chler 1979 Douglas por exemplo ao rejeitar os dados estatísticos em favor dos etnográficos referese a estes últimos como concretos e observáveis Entretanto ao pressupor alguma espécie de acesso direto ao mundo através da observação ele aproximouse muito da tradi ção positivista que está criticando A teoria psicanalítica sobre o suicídio es timulada inicialmente por Wilhelm Stekel e Alfred Adler concentrouse na agressão deslo cada como motivo inconsciente para esse ato Freud 1917 comparando luto e melancolia afirmou que na segunda a libido livre retirase para o ego que estabelece uma identificação com o objeto perdido Se a animosidade para com a parte do ego com a qual o objeto perdido está identificado é bastante grande o ego age no sentido de destruir essa identificação e por conseguinte destróise a si mesmo A hipótese formulada mais tarde por Freud em Para além do princípio do prazer a de que o suicídio representa uma vitória precoce do instinto de morte tem sido menos influente mesmo entre psicanalistas Entretanto a idéia foi desenvol vida em um célebre livro de Menninger 1938 que interpretou uma série de comportamentos prejudiciais e potencialmente prejudiciais co mo suicídios parciais ou crônicos Para o suicí dio total o indivíduo tinha que ter não só o desejo de morrer mas também o desejo de matar e ser morto As teorias durkheimianas e freudianas têm muito mais em comum do que freqüentemente se percebe Umas e outras usam a análise teórica para tentar revelar as causas subjacentes da ação humana umas e outras explicam o suicídio em termos do desenvolvimento normal dos indiví duos e sociedades umas e outras exploram as tensões resultantes das precárias relações nas pessoas entre o animal e o ser social Em contraste a moderna suicidologia agora uma disciplina nos Estados Unidos com sua própria associação e revista tende a ser informada por uma epistemologia empirista com teorias so bre tendências particulares no suicídio emer gindo dos dados As teorias psicológicas e biológicas do sui cídio tendem a averiguar que fatores caracte rizam o indivíduo propenso ao suicídio ou são mais salientes nele A psicologia cognitiva por exemplo apontou que os suicidas são caracte rizados por processos de pensamento mais po larizados menos imaginativos e mais estreitos Neuringer 1976 Uma série de estudos de psicologia social identificou indivíduos suici das por suas pontuações mais altas em escalas de por exemplo desesperança hostilidade e baixa autoestima Entretanto a falta de con sistência e as dificuldades para estabelecer comparações decorrem do fato de tais escalas não serem medidas em qualquer sentido ob jetivo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 752 suicídio Fatores biológicos e genéticos oferecem po tencialmente indicadores mais objetivos Por exemplo numerosos estudos encontraram li gações entre o comportamento suicida e baixos níveis de ácido 5hidróxiindoleacético 5 HIAA metabólito de serotonina no líquido cé rebroespinhal Brown et al 1982 Entretanto as tentativas de explicar essas relações em vez de meramente documentálas defrontamse com o problema de relacionar medidas biológi cas cada vez mais refinadas com escalas psico métricas rudimentares Korn et al 1990 afir mam que sem se melhorar a medição de funções psicológicas a revolução biológica em psiquiatria pode na verdade parecer caóti ca Definir suicídio não tem sido geralmente visto como um problema O suicídio é um autocídio intencional Mas a pesquisa sobre a natureza de atos suicidas fatais ou nãofatais tem desafiado a noção convencional de que todas as mortes de suicidas autênticos têm por objetivo a morte e podem assim distinguirse de uma variedade de atos de falsos suicidas tais como os gritos por socorro quando a inten ção é viver Stengel foi um dos primeiros a mostrar que a maioria dos atos suicidas incluin do a maior parte dos que terminam em morte são manifestações de comportamento de acei tação de riscos empreendidas com um intui to ambivalente e caracterizadas pela incerteza quanto ao desfecho Stengel e Cook 1958 Alguns pesquisadores têm usado o termo pa rassuicídio a fim de descrever o comportamen to que embora se situe aquém de uma tentativa real de suicídio é mais porém do que um mero gesto manipulativo Essas observações têm im plicações para definir e teorizar acerca do sui cídio Stengel 1973 definiu o suicídio como qualquer ato deliberado de dano cometido por uma pessoa contra si própria e no qual ela não pode estar certa de sobreviver Talvez a ques tão fundamental para a pesquisa corrente não seja por que as pessoas se matam mas por que tantas mais possivelmente 100 mil por ano na Inglaterra e no País de Gales arriscam suas vidas no que Stengel comparou a um ordálio medieval A ética do suicídio tende a não continuar dirigindo o seu foco para a culpabilidade moral de quem atenta contra a própria vida O pensa mento do século XX tem compaixão pelo sui cídio mas fica intrigado com o mistério do que impele indivíduos a desejarem desligarse da boa sociedade No século XXI com uma popu lação envelhecendo e recursos em declínio o ressurgimento do suicídio como responsabili dade social até como dever não pode ser des prezado Ver também DEPRESSÃO CLÍNICA PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL Leitura sugerida Douglas J 1967 The Social Mea nings of Suicide Durkheim E 1897 1969 Le sui cide étude de sociologie Freud S 1917 1957 Mourning and Melancholia Lester D org 1990 Current Concepts of Suicide Menninger K 1938 Man Against Himself Stengel E 1973 Suicide and Attempted Suicide STEVE TAYLOR superestrutura Ver BASE E SUPERESTRU TURA surrealismo Movimento sócioartístico re volucionário que se propôs nada menos que efetuar uma mudança na sociedade através da revelação do maravilhoso oculto sob o cotidia no e da exploração metódica dos recursos do inconsciente O poeta Guillaume Apollinaire descreveu a sua peça Les mamelles de Tiresias de 1917 como um drama surrealista e a palavra foi adotada por certo número de poetas mais jovens associados à revista Littérature com destaque para André Breton Philippe Sou pault Louis Aragon e Paul Eluard de 1922 em diante Breton tornouse o indiscutível líder e teórico do grupo o qual com o tempo adquiriu o mecanismo de um partido político como filiados julgamentos expulsões e heresias e até com seu próprio dicionário Derivando inicialmente das atitudes niilistas e antiartísticas do movimento Dada o surrea lismo herdou dele as manifestações os mani festos as táticas de choque e o desejo de épater les bourgeois e adicionou a tudo isso um pro fundo interesse pelas descobertas de Sigmund Freud Os surrealistas foram buscar suas preo cupações com o acaso hasard objetif nas elegantes e filosóficas obras de antiarte de Mar cel membro do grupo Dada e seu método es tético em uma frase muito citada de Les chants de Maldoror de 1869 por Isidore Ducasse conde de Lautréamont tão belo quanto o ines perado encontro em uma mesa de dissecação de uma máquina de costura com um guarda chuva Essa justaposição de realidades con trastantes ou contraditórias para atingir um no Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar surrealismo 753 vo estado surreal foi associada por Breton à DIALÉTICA de Hegel e facilitada em particular pela relativamente nova idéia de collage a co lagem de elementos impressos ou fotográficos formando um conjunto A natureza faça você mesmo dessa técnica combinava com outra máxima de Lautréamont a poesia deve ser feita por todos A collage o uso sério de jogos de papel de crianças como o de conseqüências conhecido como cadavres exquis por causa das duas primeiras palavras obtidas por esse método o emprego de mate rial de sonhos e transes e de escrita automática e mais tarde a descoberta de objetos encontra dos propiciaram um movimento teoricamente democrático Novos veículos como a fotografia com Man Ray e o cinema com Luis Buñuel pareciam adaptarse perfeitamente à produção de realidades contrastantes A arte primitiva e naïve as novelas de sensacionalismo barato e os primeiros filmes de Hollywood foram des cobertos e aplaudidos É irônico em vista de tudo isso que os surrealistas sejam agora per cebidos predominantemente como um grupo de elite constituído de poetas e pintores Durante seus anos de máxima atividade na década de 30 à época da Frente Popular e da atividade antifascista em geral eles tentaram persistentemente aliarse ao Partido Comunista francês com resultados previsivelmente tragi cômicos tais espíritos livres por mais sinceros que fossem não tinham lugar em uma rígida hierarquia partidária Embora eles se considerassem tudo menos um movimento artístico também é irônico que o surrealismo seja mais conhecido hoje em dia como o viveiro de uma série de excepcionais pintores Max Ernst André Masson René Ma gritte Salvador Dali suas várias nacionalida des testemunham a difusão internacional do movimento Amor lamour fou e Mulher fornece ram a inspiração Violentamente anticlericais é como se os surrealistas adotassem a metafísica e nela substituíssem o amor divino pelo amor físico Um considerável número de suas mu sas tornouse artista por seu talento pessoal como Elsa Triolet Lee Miller Meret Oppen heim e outras que se descobriram através do movimento O surrealismo alcançou o seu apo geu nas grandes exposições de Londres 1936 e Paris 1938 embora se mantivesse até a morte de Breton em 1966 e tenha tido uma influência contínua sobretudo na Pop Art dos anos 60 Ver também SOCIOLOGIA DA ARTE Leitura sugerida Alquié F 1965 The Philosophy of Surrealism Cardinal Roger e Short Robert Sheart 1970 Surrealism Permanent Revelation Jean Mar cel 1970 Autobiographie du surréalisme Nadeau Maurice 1968 Histoire du surréalisme ADRIAN HENRI Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 754 surrealismo T teatro O teatro moderno começa exatamente em 1889 tomando en consideração alguns im portantes precursores O principal impulso que serviu de esteio ao novo teatro foi o estabeleci mento do poder da burguesia mercantil e indus trial mas as direções que o teatro adotou foram principalmente expressões de oposição aos va lores materialistas dessa classe Começando com o Naturalismo e o Théâtre Libre de Antoine em Paris um movimento reformista passou a documentar os males do capitalismo e a exigir alguma forma de reparação O teórico desse movimento foi Émile Zola o seu precursor foi Henrik Ibsen Vinculado a esse desenvolvimen to estava o interesse crescente em examinar o mundo cientificamente e o Naturalismo não tardou a ampliar o seu campo de investigação para além do imediatismo do mundo material adentrando as esferas sociológica e psicológica No decurso dessa investigação a forma es tabelecida dominante de teatro a peça dramáti ca começou a ser vista como inadequada O teatro dramático é baseado em cenas do tipo aquieagora compostas de diálogos em que os personagens se defrontam mutuamente e se imagina terem o poder de chegar a alguma forma de solução de seus conflitos ou dificul dades Os novos dramaturgos enfrentaram cer tos problemas para Ibsen o presente era perce bido como condicionado pelo passado o qual se intrometia no diálogo aquieagora ao passo que para Strindberg os conflitos tinham sede na psique individual a qual não podia ser dra matizada de acordo com métodos tradicionais A peça dramática estabelecerase durante a as censão da burguesia ao representar os valores e as lutas dessa classe no palco mas assim que lhe asseguraram a ascendência a situação mu dou Tchecov dramatizou o declínio da burgue sia rural enquanto outros abraçavam a causa da classe trabalhadora embora as tentativas de dramaturgos da classe média de apresentar a vida de trabalhadores raramente fossem bem sucedidas talvez porque se esquivassem de retratar conclusões revolucionárias A segunda linha de oposição começou pela criação de um teatro estético que não precisava de qualquer justificação social Os simbolis tas criaram mundos imaginários sensoriais em torno de monodramas hierofânticos Adolph Appia criou formas fluidas de encenação para as óperas de Wagner que complementariam as qualidades estimuladoras de emoção da música e Gordon Craig apresentou a idéia de um teatro governado por um artista e poeta supremo o diretor A partir desses experimentos e teorias de senvolveramse três importantes enfoques de performance Craig com o seu conceito de Übermarionette estabeleceu uma forma im pessoal de atuar na qual um ator atlético alta mente treinado estava apto a representar com grande habilidade expressiva a pedido e coman do do diretor cuja vontade e visão poética determinavam a natureza da apresentação Isa dora Duncan afirmou a primazia da expressão pessoal autêntica do artistadançarino resul tante do que chamou os estados da alma que ela localizou no plexo solar Stanislavsky co meçou por investigar os processos psicofísicos através dos quais o ator trabalha e acabou por apresentar o primeiro estudo científico do ator Outros avanços importantes registrados nes se período foram a fundação de teatros nacio nais como um importante instrumento de hege monia cultural burguesa e o movimento em prol da formação de algum gênero de teatro po pular Ver também SOCIOLOGIA DA ARTE Na França e na Alemanha em particular na virada do século houve movimentos para democrati zar os teatros os quais exerceram poderosa influência sobre futuros desenvolvimentos Na França sob a tutela de Romain Rolland regis trouse uma campanha em favor da instauração 755 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar de subsídio do governo para o estabelecimento de teatros nos subúrbios parisienses da classe operária os quais acabariam por se ampliar ao restante da França Em várias etapas essa idéia converteuse na política de descentralização do teatro que serviu de base para a política do pósguerra na França através dos Théâtres Po pulaires dos Centres Dramatiques e das Mai sons de Culture Merece ser assinalado que o estatuto do Arts Council da GrãBretanha apon ta como seu objetivo primordial a criação do mais amplo acesso possível para todas as cama das representativas em um corte transversal da população Na Alemanha o movimento do Volksbühne Teatro Popular começou a for mar em 1891 um vasto contingente de as sociados o que lhe possibilitou a compra de representações que seriam encenadas nas épo cas e a preços que os sócios predominante mente da classe trabalhadora julgassem conve nientes A partir daí o movimento progrediu ao ponto de financiar as suas próprias produções e de construir e administrar os seus próprios tea tros Esse princípio de financiamento de um teatro mediante a compra antecipada de lugares em bloco por organizações representativas de trabalhadores predominantemente sindicatos tornouse política estatal dos antigos estados socialistas na Europa Central e Oriental Isso assegurou que em toda a Europa o teatro fosse visto como um serviço social digno de receber verbas do estado desde que se responsabili zasse por promulgar a hegemonia da classe dominante ou a ideologia do estado Dentro do movimento Volksbühne desde o começo suscitaramse questões acerca do rela cionamento entre o teatro e seu público Deve o público ser politicamente educado através do teatro ou culturalmente através da participação no teatro como público Houve duas divisões cruciais A segunda delas foi ocasionada por Erwin Piscator em meados da década de 20 Piscator percebeu que todo o movimento no sentido da democratização do teatro se baseava no conceito de Teatro do Povo um conjunto de idéais tomadas do pensamento em torno da Revolução Francesa mas no final do século XIX a questão de quem era o povo ou a nação se mostrava muito controversa Pisca tor rejeitou aquelas tendências à reconciliação das classes antagônicas e apresentou o conceito de um teatro politicamente engajado cuja fina lidade seria servir aos objetivos dos setores mais avançados do proletariado Pouco depois da Primeira Guerra Mundial Piscator estabele ceu o Teatro Proletário que percorreu as salas de reuniões de trabalhadores de Berlim até ser interditado pela polícia Em uma série de pro duções para o Volksbühne para o Staatstheater e em duas revistas para o Partido Comunista ele desenvolveu um repertório de técnicas vol tadas para assegurar a significação política de qualquer obra teatral A sua arbitrariedade final forçou o Volksbühne a repudiálo e a declarar categoricamente que não tinha filiação ou in tenções políticas declaradas Piscator prosse guiu em seu caminho para definir e ampliar suas idéias no Teatro Político no que foi acompa nhado de perto por Bertolt Brecht O próprio Piscator foi cada vez mais sedu zido pelas inovações técnicas que ele próprio havia introduzido mas algumas delas tinham um valor significativo Especialmente o seu uso do filme para trazer a realidade ao palco ou para estabelecer o contexto global dentro do qual ocorrem as ações mais domésticas Ver tam bém CINEMA Ele proclamou a morte do teatro dramático articulada mais tarde por Brecht co mo decorrente da pura impossibilidade de en contrar protagonistas cuja experiência fosse re presentativa de qualquer grande grupo ou clas se e a morte do teatrólogo individual pois nenhum indivíduo possuía a necessária gama de aptidões para compreender todos os fatores complexos que influenciaram o mundo con temporâneo Ele estabeleceu cooperativas dra matúrgicas as quais incluíram economistas e ativistas políticos assim como escritores Brecht que era um membro da cooperativa encontrou um modo de envolver colaboradores embora retendo ele próprio o controle geral Ele seguiu Piscator ao rejeitar como moribundo o teatro dramático e ao estabelecer o teatro épico como a única forma capaz de articular o século XX Os métodos teatrais de Brecht foram pla nejados para colocar o público em uma dis posição de espírito mais questionadora do que passiva e ele tentou interpor mecanismos de estranhamento entre a ação no palco e o públi co a fim de bloquear sentimentos de empatia e despertar atitudes críticas Brecht viu que ao crescerem os dois braços do movimento mo dernista se haviam distanciado muito e conce beu a sua própria obra como uma união das funções didáticas e de entretenimento do teatro Seu teatro foi sempre político mas utilizou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 756 teatro todos os recursos formais e espetaculares que os teatros de arte haviam desenvolvido Como base na obra de Piscator com o Teatro Proletário e em um movimento paralelo na União Soviética os Blusas Azuis a forma predominante de teatro político converteuse em propaganda de agitação sendo a função do teatro educar o público quanto às realidades políticas e despertálo para a ação Uma visita dos Blusas Azuis à Alemanha por ocasião do 10º aniversário da Revolução Russa inspirou movimentos políticos no mundo inteiro a ado tarem agitprop como estilo teatral Por ironia isso aconteceu precisamente na época em que Stalin desmantelou o movimento dos Blusas Azuis e estabelecu a política da União Soviética como o realismo socialista a apresentação de figuras típicas em um ambiente típico A desintegração da União Soviética e dos outros estados socialistas na Europa tornou lar gamente redundante qualquer forma de teatro político baseado no princípio de contribuição para o fim do sistema capitalista e sua subs tituição pelo socialismo Entretanto as técnicas do agitprop e dos Blusas Azuis foram conside ravelmente refinadas e desenvolvidas em várias partes do mundo em desenvolvimento onde as condições e necessidades políticas e sociais gerais são diferentes O teatro tem sido usado para promover a alfabetização o controle po pulacional a reforma agrária e a resistência política Nessas campanhas o teatro tem sido usado por governos para manter o status quo e por grupos de oposição para o abalar O princi pal desenvolvimento nesse campo foi através da obra de Augusto Boal apoiada nas teorias educacionais de Paulo Freire e sua concepção do Teatro do Oprimido Embora o Teatro do Oprimido não possa ser reduzido a qualquer processo singular existe em seu cerne a idéia de que os povos oprimidos se libertam após ou durante um processo de conscientização através do qual são levados a objetivar sua opressão e exploração e a elaborar modos de alterar seu pensamento e sua ação para criar novas reali dades Esse gênero de teatro requer que mesmo a obra de Brecht seja rejeitada e que as barreiras entre ator e público sejam derrubadas em uma série de etapas que colocam o participante den tro da ação e em posição de ensaiar as possibi lidades de mudança revolucionária Com base em uma afinidade de propósitos com a TEOLO GIA DA LIBERTAÇÃO esse teatro é freqüentemente mencionado como Teatro de Libertação O segundo braço do movimento modernista no qual Brecht foi buscar suas idéias de espetá culo e entretenimento nunca esteve inteira mente separado do braço reformista De Strind berg em diante através do Expressionismo os sentimentos de ANOMIA não eram fáceis de dramatizar sem recurso a formas nãorealis tas de encenação Realizaramse experimentos com idéias surrealistas e deles surgiu a obra de Antonin Artaud rejeitada pelos surrealistas mais destacados mas formulando um Teatro da Crueldade que eliminaria as restrições do texto literário e os polidos refinamentos e inibições da sociedade moderna a fim de criar um teatro elementar trabalhando com imagens para res tabelecer o sentido de mistério e a dimensão metafísica que se perdera Artaud não estava sozinho em suas preocupações Craig Vas sily Kandinsky e Alexandre Scriabin tinhamno precedido mas iniciou um envolvimento com o teatro oriental que retorna uma e outra vez como fonte de nutrição para um teatro ocidental em perigo de perder sua potência A aplicação de métodos científicos a técni cas teatrais continuou durante todo o século XX sobretudo no campo do movimento e da DANÇA As idéias de Frederick Winslow Taylor foram uma importante influência no conceito de Meyerhold de biomecânica e tem havido uma corrente constante de novas abordagens e métodos para o treinamento físico de atores A obra de Rudolf von Laban refletiu a preocupa ção de Isadora Duncan em querer distinguir entre impulsos autênticos e inautênticos para o movimento e a dança e ele também estabeleceu a primeira categorização científica dos movi mentos em torno de tempo espaço e gravidade assim como inventou o primeiro sistema de notação de movimentos Oriundos do movi mento expressionista Oskar Kokoschka e Kan dinsky trabalharam para criar um teatro forma lista que complementasse as inovações nas ar tes gráficas A Bauhaus realizou experimentos com esses princípios estéticos e quando essa obra chegou aos Estados Unidos na década de 30 e foi adotada por John Cage e mais tarde Merce Cunningham começaram a ser postula das idéias sobre formas teatrais que utilizariam o acaso e nas quais os elementos constituintes não seriam coerentes mas contrastariam de maneira aleatória Paradoxalmente uma vez Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar teatro 757 que Brecht já tinha estabelecido que a imagem não precisa ilustrar o texto ou a ação mas pode servirlhes de contraste ou de comentário es tava aberto o caminho para libertar a imagem em uma grande variedade de maneiras Tem havido uma corrente constante de novos desen volvimentos que não condizem com os padrões tradicionais da dramaturgia mas utilizam o pró prio corpo e padrões de comportamento de cada artista bem como montagens puramente for mais de imagens e ações Estas converteramse na dança pósmoderna e recentemente no teatro pósmoderno na arte performática nos happenings e em toda uma série de cruzamen tos A obra de Robert Wilson é a mais complexa e juntamente com a de Heiner Müller a mais conhecida O conceito que surgiu mais recentemente foi o de Terceiro Teatro que se relaciona com companhias no mundo inteiro teve sua origem na obra do Living Theatre e de Jerry Grotowski Uma companhia do Terceiro Teatro não é pelo status quo nem se opõe a este uma vez que a oposição define a obra da companhia tão segu ramente quanto a aceitação Tampouco se trata de companhias experimentais de vanguarda embora seu trabalho seja experimental e inova dor Elas vivem e trabalham no mundo criando dentro de si mesmas o teatro como um modo de vida Buscam portanto modos de ganhar a vida mas não se permite que isso determine a natureza de seu trabalho ou lhe imponha res trições O principal teórico desse movimento é Eugenio Barba do Odin Theater que expôs o conceito das Ilhas Flutuantes Se cada um des ses grupos está em contato com os outros eles criam o seu próprio sistema de apoio e à seme lhança dos esbulhados incas que vivem em tapetes de junco flutuando no lago Titicaca acabarão criando sua própria identidade global e sua própria realidade política Na década de 60 houve um surto de interes se pela sociologia do teatro Erving Goffman começou a usar a linguagem do teatro para descrever relações em público e para descrever a interação social em termos de estratégias dra matúrgicas Ao mesmo tempo o próprio teatro foi submetido a minuciosa análise como ins tituição da sociedade e seus processos foram investigados de vários ângulos como os pro cessos de COMUNICAÇÃO as relações com o ritual e outras considerações antropológicas Victor Turner Richard Schechner e Eugenio Barba interessaramse todos pela antropologia teatral Schechner procurou ampliar a discipli na dos estudos teatrais de modo a incluir os estudos da performance dos quais o desempe nho teatral é apenas um pequeno constituinte Barba empreendeu um estudo de comparações e conexões transculturais em técnicas perfor máticas A obra de Jean Duvignaud sobre socio logia do teatro e depois sobre a sociologia do ator despertou interesse imediato Também fo ram iniciados estudos sobre a psicologia e re centemente a biologia do ator Os estilos e formas mais tradicionais de performance foram investigados a partir de pontos de vista estrutu ralistas e pósestruturalistas para estabelecer a SEMIÓTICA teatral Muito se fez nesse campo mas em última análise ele ofereceu muito pouco que seja suscetível de produzir qualquer avanço no teatro A abordagem semiótica fun ciona melhor quando a performance se baseia em um sólido texto literário que a própria abordagem tenta suplantar a fim de analisar as estruturas performáticas do teatro Em face de tudo isso seria possível afirmar que a longa história do teatro como serviço social está agora agindo contra o seu desenvol vimento O Novo Realismo rejeita esse con ceito e o teatro tem pouco mais em que se apoiar Em nenhuma época existiu tanto inte resse e atividade no estudo e análise dos proces sos teatrais enquanto que o próprio teatro como instituição parece correr o perigo de desapare cer Contra isso o surgimento de companhias do Terceiro Teatro e do Teatro em Desenvolvi mento que não igualam atividade teatral com subsídio é portador das melhores esperanças para o futuro Há indícios de contraargumentos favoráveis ao teatro como forma de arte e não como serviço e uma crescente reação do teatro didático ou político em favor de um ato de celebração Leitura sugerida Barba Eugenio 1986 Beyond the Floating Islands Boal Augusto 1967 Teatro do Opri mido Bradley D e McCormick J 1978 Peoples Theatre Brecht Bertolt 1964 1978 Brecht on Thea tre org por John Willett Epsepskamp CP 1988 Theatre in Search of Social Change Schechner Ri chard 1988 Performance Theory CLIVE BARKER tecnocracia A palavra subentende comando ou governo exercido por gerentes administra tivos depois de a propriedade legal ter sido Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 758 tecnocracia separada do controle efetivo que superinten dem e dirigem o pessoal mais jovem da carreira burocrática com treinamento técnico mais re cente Ao mesmo tempo o trabalho desses ge rentes é altamente político quer seja execu tado em organizações do setor público ou pri vado O termo também se refere ao efêmero movimento nos Estados Unidos entre 1931 e 1933 ver Layton 1956 baseado na tentativa de aplicar o pensamento de Thorstein Veblen especialmente o seu livro de ensaios The Engi neers and the Price System 1919 A palavra foi usada pela primeira vez em 1914 por WH Smyth um seguidor de Veblen depois de ter lido alguns ensaios que seriam publicados nesse livro Smyth definiua como a organização da ordem social baseada em princípios estabeleci dos por especialistas técnicos ecoando a longa tradição de pensamento positivista francês que começa com SaintSimon e inclui François Charles Fourier Auguste Comte Prosper En fantin e a École Polytechnique no período entre 1815 e 1860 Um importante pressuposto da tecnocracia que a definição de Smyth apenas serve para sublinhar é a existência de um fenômeno cha mado conhecimento objetivo o qual pode ser apreendido e aplicado diretamente a problemas sociais e econômicos assim como técnicos e a capacidade dos tecnocratas de combinar esse conhecimento com as aptidões organizacionais e gerenciais o que faz deles as pessoas em quem mais se pode confiar para realizar e manter esse tipo de ordem social Ver também RACIONALI DADE E RAZÃO No plano organizacional igno ra as sérias e constantes tensões entre subordi nados e dirigentes entre funcionários com co nhecimentos gerais e especialistas que é pos sível encontrar em todas as estruturas burocrá ticas estabelecidas seja em sociedades supos tamente capitalistas ou socialistas ou em organizações do setor público ou privado A tecnocracia e os que endossam seus objetivos e métodos tende também a minimizar ou igno rar as conseqüências de tal pensamento e a prática que se presume resultar dele para os interesses legítimos acerca da responsabilida de de funcionários não eleitos em face dos elei tos e da responsabilidade de funcionários eleitos para com os seus eleitores nas democra cias representativas que funcionam sob o impé rio da lei O que decorre com excessiva freqüência dos pressupostos e preferências tecnocráticos é a noção de que os problemas políticos são real mente de natureza administrativa e gerencial ou que idealmente deveriam ser reduzidos a isso a fim de manter a continuidade e resistir às tendências desestabilizadoras ocasiona das pelos partidos políticos pelas campanhas e pelas eleições Os tecnocratas preferem in freqüentes eleições plebiscitárias caracteriza das por curtas campanhas em que pelo menos uma outra equipe esteja a postos para assumir as posições simbólicas associadas ao governo democrático na eventualidade de o grupo de políticos existente ser derrotado A ordem social é compreendida no caso ideal como uma má quina ou sistema que pode operar de várias maneiras desde a máxima eficiência em um extremo até a crassa ineficiência no outro Além disso é uma máquina ou sistema que uma vez estabelecida de acordo com os cri térios preferidos só vai requerendo ao que se presume pequenos ajustes graduais para se manter A idéia de controlar o poder discricionário de funcionários nãoeleitos está irrecuperavel mente comprometida com o predomínio cres cente da noção favorecida por programas de treinamento empresarial e administrativo na América do Norte Europa Ocidental e Comu nidade Britânica de que existe um conhe cimento objetivo de que os especialistas po dem apreendêlo e de que é possível aplicálo diretamente a problemas sociais políticos e econômicos pela combinação adequada de ha bilidades técnicas gerenciais e políticas Em bora se pensasse inicialmente que o movimento desenvolvido nos Estados Unidos era de teor radical suas verdadeiras cores conservadoras rapidamente se manifestaram em linha com a tradição que vem de SaintSimon e dos que o ensinaram inspirados como foram por Edmund Burke Assim a tecnocracia tem sérias conse qüências não só para a democracia represen tativa e para o domínio da lei que ela pressupõe mas também para as propensões mais liberais das burocracias estabelecidas nesses países É por isso que os tecnocratas preferem partidos conservadores no poder e programas políti cos conservadores pois estes favorecem a esta bilidade a ordem a eficiência a privatização a desregulamentação e a despolitização Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar tecnocracia 759 Ver também BUROCRACIA CIÊNCIA DA ADMI NISTRAÇÃO REVOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGI CA Leitura sugerida Crozier Michael 1963 Le phéno mène bureaucratique Giddens A 1973 The Class Structure of the Advanced Societies Gurvitch G 1949 Industrialization et technocratie Habermas Jürgen 19689 Technology and science as ideology In Toward a Rational Society Hodges Donald 1980 The Bureaucratization of Socialism Layton Edwin 1956 The American engineering profession and the idea of social responsability Tese de doutorado não publicada Mannheim K 1940 Man and Society in an Age of Reconstrution Meynaud Jean 1965 Tecnocra cy Phillips Derek 1979 The Credential Society Thompson Victor 1961 Modern Organization Wi lensky HL 1967 Organizational Intelligence Wil son HT 1977 The American Ideology Science Te chnology and Organization as Modes of Rationality in Advanced Industrial Societies Young Michael 1958 The Rise of the Meritocracy HT WILSON tecnologia Ver MUDANÇA TECNOLÓGICA RE VOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA teleologia A palavra deriva do grego telos que significa finalidade O uso especulativo desse termo decorrente da filosofia hegeliana e de outras filosofias da história e atribuindo uma finalidade ou objetivo a toda a história humana perdeu crédito de modo geral ao lon go do século XX e foi atacado por autores como Popper 1957 e Lyotard 1979 ver HISTO RICISMO A EXPLICAÇÃO teleológica do compor tamento dos seres humanos e de outros animais superiores em termos de metas percebidas tor nouse porém mais amplamente aceita En quanto o POSITIVISMO e o COMPORTAMENTALISMO confiam essencialmente em explicações mecâ nicas em função de causas antecedentes a HER MENÊUTICA a teoria da escolha racional ver ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA e abordagens afins Sartre 1960 Taylor 1964 ressuscitaram a idéia de que a explicação das ações humanas deve incluir a referência a intenções e finali dades humanas eou a práticas culturais es tabelecidas Quanto ao REALISMO os modelos de CAUSALIDADE que se concentram nos poderes causais de entidades também colocaram em relação mais estreita as explicações de eventos naturais e de ações humanas Bhaskar 1979 Esses desenvolvimentos enfraqueceram o sentido de uma oposição global entre explica ção causal ou genética e explicação teleológica que impregnou a filosofia e o pensamento so cial do século XIX e começo do século atual sobretudo na Europa Central Adler 1904 Lu kács 1973 Subsiste a controvérsia porém em torno do visível esteio do FUNCIONALISMO em uma forma teleológica de explicação que atri bui finalidades como a estabilidade social ou o desenvolvimento das forças produtivas a enti dades supraindividuais como os sistemas so ciais ou a espécie humana invocando às vezes duvidosas analogias biológicas Leitura sugerida Taylor C 1964 The Explanation of Behaviour WILLIAM OUTHWAITE teologia A expressão incluindo a teologia natural conforme praticada digamos por Aris tóteles pode ser traduzida literalmente como discurso sobre Deus Essa é uma ampla des crição como Santo Tomás de Aquino sublinha na Summa onde escreve a teologia incluída na doutrina sagrada difere em espécie da teolo gia que é parte da filosofia Esse sentido lato incluiria também nos dias de hoje uma re flexão sobre as descobertas da sociologia sobre a RELIGIÃO comum ou popular Em uma acepção mais estrita a teologia pode ser definida como a reflexão metódica sobre a revelação divina a qual pode ser pas sada adiante usada em discurso racional e de fendida Nessa forma é o estudo do conteúdo de textos que são tratados como definitivos Em seu sentido mais estrito e foi esse o estilo dos manuais de teologia até meados deste século a teologia era um conjunto de correlações meto dicamente unificadas acerca da revelação divi na concatenadas a partir de uma harmonizado ra exegese bíblica e de uma versão de história doutrinal baseada em Denziger Enchiridion Symbolorum de H Denziger manual das de cisões doutrinárias da Igreja simboliza a teo logia neoescolástica que foi a chave para a estrutura da dogmática da Igreja Católica tradi cional Nessas definições mais estritas a teo logia é um exercício de esvaziamento do con teúdo de doutrinas sagradas e embora seja esse um significado legítimo não é o comumente indicado pela teologia hodierna Em geral se busca uma definição mais ampla Pluralismo Uma definição ampla é usada hoje em dia a fim de acomodar o pluralismo teológico que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 760 tecnologia passou a ser moda nos últimos 20 anos A filosofia a antropologia e a sociologia exis tencialistas por seu turno levaram os teólogos a reconhecer fatores nãoteológicos em ação na definição de ortodoxia A definição de teologia tornase pois mais ampla não só para incluir uma reflexão sobre elementos proposicionais contidos em escritos sagrados mas também interpretações de autocompreensão apreendi das direta ou historicamente por crentes Uma geração mais antiga de teólogos teria reivin dicado duas fontes de teologia as escrituras e a tradição Schillebeeckx 1977 por exemplo retém os dois esquemas originais mas diz que eles são por um lado toda a tradição experiencial do grande movimento judaicocristão e por outro as experiências humanas hodiernas compartilhadas por cristãos e nãocristãos A experiência inter pretativa é parte essencial do conceito de revelação Essa abordagem experiencial pode culminar no pólo extremo do pluralismo ou seja na extremidade oposta da definição mais estrita a que já nos referimos que é a constituída pelas versões privatizadas e voluntaristas de crença Exemplo notável desse gênero de literatura teo lógica é a recente obra de Hans Küng Theology for the Third Millenium na qual ele enuncia a tese de que a primeira constante o primeiro pólo de uma teologia ecumênica crítica é o nosso atual mundo de experiência com toda a sua ambivalência contingência e mutabilida de 1988 p166 Se isso quer dizer que tudo é compatível com a teologia cristã então fica difícil ver que significado inteligível pode ser atribuído à teologia O pluralismo e as novas formas de ecume nismo abrangem também as teologias de outros credos e religiões mundiais como a religião hinduísta baseada nas escrituras reveladas dos videntes védicos ver também HINDUÍSMO E TEORIA SOCIAL HINDU o BUDISMO baseado na roda dos ensinamentos do buda o darma que se apossa da comunidade a sangha o ISLA MISMO baseado no Corão revelado a Maomé e a religião judaica baseado na Tora ver JUDAÍS MO A teologia islâmica afirma a existência e a unicidade de Deus a missão profética de Mao mé e a necessidade de obedecer aos manda mentos básicos conhecidos como os pilares do islã As estruturas dogmáticas erguidas sobre esses três princípios não sofreram virtualmente mudança alguma desde o século VIII A teolo gia judaica baseiase também no monoteísmo na forma por certo de um monoteísmo ético relacionado com o sentido judaico de seu des tino histórico Pode ser descrito em certo sen tido como uma teologia da lei uma vez que a tradição rabínica preocupouse com discussões sutis e freqüentemente não resolvidas sobre a lei do Antigo Testamento e sua significação para a vida humana Mas esses enunciados ge rais não fazem jus à rica tradição da teologia judaica a qual fundamentalmente influenciada pelo holocausto começou a desenvolver for mas significativas de teologia da libertação Estilos teológicos O pluralismo em teologia também existe na forma aceitável de diferentes sistemas de teo logia ou no idioma contemporâneo em di ferentes estilos de teologização Em Logic of Theology 1986 Ritsch identificou dois tipos básicos o primeiro é o monotemático no qual a teologia está organizada em torno de um único tema central o segundo é o conglome rado no qual uma gama de tópicos apropria dos e necessários ao lado de temas parciais são reunidos num corpus teológico coerente Típi cos do primeiro estilo de teologia são Martinho Lutero justificação somente pela fé as teolo gias da libertação liberdade da opressão como assunto de importância religiosa universal Küng o ecumenismo que deixou de ver em todas as outras teologias e igrejas outros tantos antagonistas para as ver agora como parceiras as teologias pósmodernas o problema político é central para o empreendimento teológico Karl Barth a soberania de Deus Karl Rahner uma epistemologia em que a interpretação da autocompreensão é apreendida direta e histo ricamente no ato de existência O estilo conglomerado abrange a maior parte da teologia desde as Sentenças de Pedro Lombardo até a Summa de Santo Tomás de Aquino e a maioria dos escritos teológicos católicos e protestantes desde o século XVI até inícios do século XX e no caso da teologia católica até meados deste século Entretanto ambos os estilos de teologia estão sujeitos à objeção de que se trata de sistemas fechados dificilmente capazes de acomodar desenvolvimentos históricos mudanças para digmáticas ou intervenções proféticas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar teologia 761 Teologia como ciência A teologia pode ser e freqüentemente é definida como a ciência da fé se entendermos por fé uma reflexão metodológica de acordo com as diretrizes adequadas ao objeto de estudo de qualquer disciplina A tarefa da teologia é a exploração disciplinada do que está contido na revelação divina Isso inclui o exame detalhado de seu objeto especial de estudo o qual inclui as Escrituras e a Tradição assim como a expe riência cristã O compromisso total requerido é compatível com a reflexão crítica Assim a teologia do final do século XX reivindica ser científica em sua metodologia e ter sobrevivido a par de outras ciências humanas à crítica positivista de que nada mais é senão uma com binação de alegações morais e avaliatórias que expressam apenas opiniões e preferências Se ria difícil imaginar uma instituição acadêmica contemporânea que excluísse o discurso teoló gico como a Royal Society no século XVII excluiu a teologia e a política sob o argumento de não serem axiologicamente neutras A teologia e as outras ciências Até o século XX a FILOSOFIA era a única mediadora entre a autocompreensão humana e a teologia Agora existe grande número de ciên cias humanas antropologicamente significati vas que estão influenciando o empreendimento teológico A própria antropologia insiste em que as intuições teológicas supostamente di vorciadas das experiências humanas estão con dicionadas pela cultura e pelas estruturas de pensamento em que são apreendidas Pallin 1990 A sociologia criticou o individualismo da teologia ocidental clássica Para corrigir essa fraqueza duas influências se destacaram em primeiro lugar a teologia política alemã defi nida por Metz como um corretivo crítico à tendência da teologia contemporânea a se con centrar no indivíduo privado encorajou o de senvolvimento do sentimento cristão de res ponsabilidade no tocante às questões públicas e a TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO incentivou a recu peração do significado social das Escrituras pelos cristãos latinoamericanos que estão en gajados na luta por justiça Essas ciências são agora parceiras em diálogo com a teologia e cumpre reconhecêlas como influências fecun das Elas já começaram por exemplo a indicar modos em que a ciência da fé é uma ciência prática e introduziram termos como orto práxis a fim de indicar a significação parcial do ato de fé e de compromisso caso definido apenas em termos de ortodoxia A teologia do futuro influenciada pelos de senvolvimentos atuais na filosofia e nas ciên cias sociais será certamente modificada pelos estudos pósmodernos e feministas Milbank 1990 Rose 1992 Leitura sugerida Küng Hans 1988 Theology for the Third Millennium Milbank J 1990 Theology and Social Theory Beyond Secular Reason Pallin DA 1990 The Anthropological Character of Theology Ritsch A 1986 Logic of Theory Rose G 1992 The Broken Middle Schillebeeckx E 1977 Interim Re port FRANCIS P MCHUGH teologia da libertação Primeira construção teórica da fé cristã elaborada no Terceiro Mun do a teologia da libertação tem o objetivo de apresentar a liberdade com relação à opressão como assunto de importância religiosa univer sal De origem latinoamericana e datando da década de 60 a teologia da libertação combina conceitos oriundos das ciências sociais com idéias bíblicas e teológicas Em particular no seu uso da teoria social marxista e nãomarxis ta pode ser superficialmente lida por teólogos pouco perspicazes e sociólogos condescenden tes como uma forma de teoria social radical que incorpora uma ética secular de justiça Com efeito uma recente resposta oficial da Igreja Católica à teologia da libertação questiona o status epistemológico de uma teologia que in tegra elementos de teoria marxista Congrega ção para a Doutrina da Fé 1984 A forma híbrida da teologia da libertação cria um obstáculo inicial à definição Seria pos sível ir ainda mais longe e dizer que induz em erro o uso do substantivo no singular teolo gia para descrever o corpus da literatura da libertação como se fosse de qualquer modo comparável à teologia sistemática clássica Existem várias teologias da libertação teologia da libertação negra Cone 1969 teologia ju daica da libertação Ellis 1987 teologia da li bertação asiática Suh Kwangsun 1983 e teo logia da libertação latinoamericana Haight 1985 Além dessas há a chamada teologia política influenciada pela escola de Frankfurt de sociologia crítica a qual pode ser descrita como uma teologia da libertação para a socie dade capitalista ocidental Metz 1969 Em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 762 teologia da libertação outras palavras é mais correto falar de teolo gias da libertação do que de teologia da liber tação Mesmo que ainda não se disponha de uma descrição unívoca essas teologias podem ser reunidas sob um só título porque compartilham pressupostos sobre a necessidade de a teologia contemporânea ser orientada por três valores primeiro a análise da opressão e sua correspon dente forma de libertação segundo o emprego da análise e da teoria sociais como um corretivo para o modo privatizado da teologia tradicio nal e terceiro o uso do paradigma da libertação do Livro do Êxodo Opressão e libertação A forma distinta de teologização desenvol vida na teologia da libertação resultou da com binação da detalhada análise empírica de for mas de opressão e da análise sociológica e política dessas formas Na América Latina as teorias educacionais de Paulo Freire 1970 es timularam descrições da pobreza e da impotên cia da massa da população Percebeuse depois que a análise socioeconômica de Marx era efi ciente na identificação dessas formas de opres são como inevitáveis conseqüências da aliança da riqueza e do poder específica do capitalismo Os teólogos que estavam refletindo com o povo a respeito da experiência de pobreza começa ram a falar de estruturas de opressão e inter pretando teologicamente a situação adotaram o termo estruturas de pecado Não está claro se os teólogos da libertação estabeleceram ligações textuais entre o seu pró prio estilo de teologização e o usado por Marx na Crítica da filosofia do direito de Hegel mas as semelhanças são impressionantes Marx identifica a classe opressora por sua encarna ção de uma limitação que ofende de modo geral em termos de teologia da libertação essa poderia ser a estrutura pecaminosa que cria e propaga a pobreza ou pela deficiência de uma determinada esfera que se converte no notório crime de toda uma sociedade o que poderia descrever o lugar que o holocausto nazista ocu pa na teologia judaica de libertação ver Marx 1975 p254 A progressão de um entendimento pessoal e psicológico dos alicerces da teologia para uma interpretação sociológica da realidade é típica da teologia da libertação Por exemplo a reco mendação da Igreja Católica de um estilo de vida subjetivo de pobreza foi substituída na teologia da libertação por uma objetiva opção pelos pobres Como a Igreja tinha estado com prometida com a classe opressora detentora da riqueza tinha de se identificar agora com os pobres na luta pela libertação Essa recomen dação de uma opção fundamental pelos po bres reflete a idéia de Marx de que se uma classe é a classe da libertação por excelência então uma outra deve ser a classe da opressão ibid A conclusão de Marx com os seus próprios e estranhos ecos teológicos de que a opressão social desse gênero significa a perda total de humanidade a qual portanto só pode redimir se através da total redenção da humanidade ibid p256 apresenta em forma secular o tema escatológico da luta pelo estabelecimento do Reino Universal de Deus com suas conse qüências sociais e políticas que está no âmago da teologia da libertação Teoria social radical desprivatização da mensagem cristã O desenvolvimento e a natureza da teoria da libertação não podem ser entendidos sem que ela seja vista em parte como uma reação primeiro ao individualismo da teologia ociden tal clássica e segundo à abordagem teórica consensual do pensamento social católico tra dicional Duas influências atuaram para corrigir a primeira fraqueza a teologia política alemã definida por Metz como um corretivo crítico à tendência da teologia contemporânea a se con centrar no indivíduo privado 1968 p3 e o outro corretivo a recuperação do significado social dos Evangelhos pelos cristãos latino americanos engajados na luta por justiça A teoria da libertação tentou corrigir a segunda fraqueza apoiandose em contribuições marxis tas para demonstrar que a análise da opressão social acarreta uma teoria de conflito e da ação Procurou ser seletiva no uso de insights marxis tas em outras palavras tratou de evitar a aceitação do sistema marxista mas muitos co mentadores cristãos têm sérias dúvidas sobre se a análise pode ser usada sem que se aceite também a interpretação materialista da história O que distingue a abordagem da teoria da libertação de formas precedentes e o que é mais importante ainda o que constitui a sua epis temologia característica está resumido em seu uso do termo práxis Os teólogos ocidentais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar teologia da libertação 763 estavam treinados em uma tradição que deu pri mazia ao conhecimento teórico primeiro veio a verdade e depois a sua aplicação Os teólogos da libertação questionam essa ordem Eles dão primazia à ação a práxis vem antes da teoria a ortopráxis vem antes da ortodoxia Sem se ne gar a utilidade dessa abordagem para a teologia podese perguntar se esse uso da práxis não será idêntico ao de Aristóteles quando descreveu as matérias que se relacionam com a vida na pólis enquanto que em Marx práxis faz referência específica à ação que se liga às relações de produção Uma vez mais as conexões íntimas entre a noção de práxis no marxismo e a inter pretação materialista da realidade devem criar dificuldades para a interpretação teológica da história O paradigma do Êxodo Seria um equívoco contudo expor a teoria da libertação como se a sua coerência depen desse exclusivamente da correspondência exata com um marxismo definitivo especialmente em uma época em que o marxismo se vê cada vez mais incapaz de manter contato com a natureza universalista de suas proposições eco nômicas Neste ponto o marxismo pode ter algo a aprender com a teologia da libertação Em 1921 Ernst Bloch em sua original e independente interpretação do marxismo sus tentou contra Engels e outros que a linguagem usada por Thomas Münzer na Guerra Campo nesa de 1542 não disfarçava objetivos políticos seculares mas constituía uma expressão de ex periências religiosas profundamente sentidas as quais também favoreciam o compromisso político Na teologia da libertação o Livro do Êxodo ocupa um lugar central e paradigmático na promoção do esforço cristão para quebrar os grilhões da opressão Na história do Êxodo fé e política estão juntas o fato político e o evento teológico caminham unidos Encarado do ponto de vista do próprio processo de libertação o Livro do Êxodo identifica dois momentos li bertação da opressão do faraó e libertação para a Terra Prometida É esse paradigma que orienta grande parte da teologia da libertação Já em 1968 a Conferência dos Bispos da América Latina em seu famoso documento de Medellín o qual inaugurou oficialmente a temática da libertação fez referência à força revolucioná ria da reflexão sobre libertação no Êxodo e Gutierrez observa que ele continua vital e contemporâneo em virtude de experiências his tóricas semelhantes por que passou o povo de Deus 1973 p159 Ver também CRISTÃ TEORIA SOCIAL Leitura sugerida Boff L 1983 Igreja carisma e po der Boff L e Boff C 1986 Como fazer teologia da libertação Bonino J 1983 Towards a Christian Po litical Ethics Concilium 1987 parte 1 p83106 Gutierrez G 1983 A Theology of Liberation Politics and Salvation Institute of Jewish Affaire 1988 Chris tian Jewish Relations 211 monografia Lane D 1984 Foundations for a Social Theology Segundo JL 1973 The Community Called Church Sobrino J 1978 Spirituality of Liberation FRANCIS P MCHUGH teoria crítica Ver ESCOLA DE FRANKFURT teoria política Esta pode ser sucintamente definida como a reflexão sistemática sobre a natureza e os objetivos do governo envolvendo caracteristicamente uma compreensão das ins tituições políticas existentes e uma perspectiva sobre o modo como elas deveriam se é que deveriam ser mudadas Tratase de uma ativi dade intelectual com uma extensa genealogia que remonta pelo menos à Grécia antiga e está consubstanciada em uma série de obras clás sicas desde a República de Platão até as Consi derações sobre o governo representativo de John Stuart Mill Podese dizer que de modo geral ela não prosperou no século XX e pode mos começar indagando por quê Duas ten dências têm conspirado para desacreditar a teo ria política sendo uma delas o determinismo social e a outra o positivismo Ambas as ten dências contudo enfraqueceramse à medida que o século avançava e os últimos vinte anos têm testemunhado uma revitalização do assun to sobretudo nos Estados Unidos mas também em menor grau nas democracias européias O determinismo social cujas raízes mergu lham fundo no pensamento oitocentista abalou a teoria política de um modo óbvio Se a forma das instituições sociais e políticas era governa da por fatores à margem do controle humano então a especulação intelectual sobre a melhor forma de sociedade ou governo era manifes tamente uma atividade desprovida de propósi to Esboçaramse vários modelos de determi nismo social cada qual apontando um fator diferente como base das leis que governaram a evolução da sociedade humana a mudança tec nológica a propriedade dos meios de produção Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 764 teoria crítica as forças no interior da psique humana a evo lução genética e outras Em cada caso a impli cação foi que o curso de desenvolvimento da sociedade estava predeterminado de modo que o pensamento racional só podia registrar e em alguns casos prever esse curso embora fosse impotente para intervir caso fosse necessária uma mudança de sua direção Tais teorias porém raramente são postu ladas hoje em dia nas vigorosas formas que outrora prevaleceram Isso pode ser observado no caso da mais influente de todas as filosofias deterministas o MARXISMO O século XX assis tiu a um constante recuo dos marxistas que os distanciou cada vez mais da tese segundo a qual a estrutura econômica de uma sociedade exerce uma influência predominante sobre todos os outros componentes especialmente o seu sis tema político e a sua ideologia O mais influente pensador nesse capítulo foi o marxista italiano Antonio Gramsci que reconheceu que a cultura e a política de qualquer sociedade dada desen volviamse de modos que não estavam dire tamente governados por fatores econômicos Idéias semelhantes foram expostas pelos mem bros da ESCOLA DE FRANKFURT na Alemanha e pelos estruturalistas franceses liderados por Althusser ver ESTRUTURALISMO Se as insti tuições políticas e outras desfrutaram de tal medida de autonomia relativa então se poderia indagar de novo quais instituições eram pro gressistas em termos de necessidades e inte resses humanos em qualquer momento históri co Fazia sentido por exemplo organizar uma defesa da democracia liberal contra o fascis mo Assim os marxistas viramse envolvidos com questões tradicionais de teoria política embora cumpra acrescentar que o próprio mar xismo carece de recursos para oferecer quais quer respostas esclarecedoras a tais questões Outras versões de determinismo como a teoria freudiana que em um dado ponto amea çou reduzir todo o comportamento político ao jogo de instintos nãoracionais declinaram de maneira análoga Entretanto a tentativa de descobrir leis gerais de desenvolvimento social e em particular de explicar fenômenos políti cos em termos de fatores mais rudimentares imprimiu sua marca no pensamento político muito especialmente em uma forte tendência a ligar questões políticas stricto sensu a ques tões sociais mais amplas A linha de demarca ção entre teoria social e teoria política foi ero dida questões sobre a forma e a função do estado são agora tratadas normalmente em conjunto com questões sobre economia di visões de classes e étnicas etc O pressuposto é que não faz mais sentido especular sobre a forma ideal de governo em isolamento do meio ambiente social psicológico e cultural em que esse governo tem que funcionar O POSITIVISMO foi a segunda força que amea çou desviar a teoria política do seu rumo ao lhe destruir as credenciais intelectuais Por positi vismo entendo a noção de que as únicas formas autênticas de conhecimento são o conhecimen to empírico e o conhecimento formal o co nhecimento consubstanciado nas ciências em píricas derivado essencialmente por indução a partir de dados observacionais e o conhecimen to englobado na lógica e na matemática deri vado por raciocínio dedutivo Isso teve a impli cação imediata de que todos os juízos prescriti vos e de valor incluindo os juízos sobre dife rentes formas de sociedade e de governo ofere cidos pela teoria política eram de caráter sub jetivo na versão mais extrema eram conside rados simplesmente expressões de sentimento pessoal da pessoa que os formulava O positi vismo exerceu poderosa influência sobre a filo sofia e a ciência social em meados do século e levou a dois desenvolvimentos paralelos os filósofos desviaram sua atenção dos problemas de ética e teoria política para se concentrar na lógica na epistemologia na filosofia da ciência e mais tarde na filosofia da linguagem en quanto que os cientistas sociais procuraram de senvolver uma ciência puramente empírica do comportamento social livre de todos os ele mentos de avaliação Este último desenvolvi mento foi especialmente acentuado na ciência política em que os anos do pósguerra presen ciaram a chamada revolução do comporta mento a aplicação de métodos quantitativos a fenômenos políticos tais como o comportamen to eleitoral com a finalidade de criar uma ciên cia da política de acordo com uma orientação positivista O efeito combinado desses dois de senvolvimentos foi colocar em dúvida a viabi lidade permanente da teoria política como em preendimento intelectual preocupação resumi da no título de um ensaio de Isaiah Berlin Does political theory still exist A teoria política ainda existe 1964 Por motivos que eram em parte intelectuais e em parte políticos o domínio do positivismo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar teoria política 765 se enfraqueceu constantemente durante a déca da de 60 abrindo o caminho para uma impor tante recuperação da teoria política no final da década No mundo anglosaxão o mais impor tante evento foi a publicação de A Theory of Justice 1971 de John Rawls saudado por alguns comentaristas como a obra de pensa mento político mais significativa desde John Stuart Mill Mais ou menos à mesma época Jürgen Habermas 1968 desencadeou um ata que frontal ao modelo positivista e preparou o terreno sobretudo na Alemanha para o renas cimento da teoria crítica À semelhança do determinismo social con tudo o positivismo deixou uma herança para a teoria política na forma de uma persistente incerteza acerca dos critérios de validade em última instância como poderiam ser testadas as pretensões de uma teoria política Os teóricos subseqüentes podem ser divididos grosso mo do em fundacionalistas que mantêm ser pos sível encontrar bases objetivas e universais para aceitar ou rejeitar uma teoria e convencionalis tas que argumentam que uma teoria só pode ser testada em relação às crenças e atitudes predo minantes em determinada cultura e não pode pretender acudir a bases mais profundas do que essas Entre os fundacionalistas há por sua vez uma ampla divisão entre neoaristotélicos que procuram avançar das observações gerais sobre a natureza humana para asserções sobre o bem humano e daí para especificações da estrutura institucional mais adequada à promoção desse bem e os neokantianos que começam com afirmações mínimas a respeito da racionalidade e prosseguem sustentando que apenas certas instituições e práticas poderiam fazer jus ao apoio de toda e qualquer pessoa racional em uma situação de livre escolha Habermas e Rawls são neokantianos Procu ram derivar princípios políticos válidos recor rendo a um cenário artificialmente construído no qual só a razão funcionaria Habermas afir ma que normas legítimas são as que surgiriam consensualmente de uma situação de discurso ideal do qual a coerção e a dominação es tariam ausentes e em que os participantes teriam que se persuadir mutuamente pela força exclu siva dos argumentos Rawls recorre a uma po sição original em que se imagina que as pes soas ignoram por completo suas características gostos posições pessoais etc na sociedade princípios válidos de justiça são os que seriam escolhidos por indivíduos racionais colocados em tal posição A questão que ambos devem enfrentar é se quaisquer resultados determina dos podem ser derivados de tais experimentos intelectuais Neste ponto é significativo que Habermas e Rawls tenham recentemente recua do de suas audaciosas asserções originais Ago ra ambos admitem que seus eleitores ideais devem ser concebidos como portadores de cer tos traços culturalmente específicos para que surjam conclusões políticas substantivas da si tuação de discurso ideal ou da posição origi nal Isso equivale a uma redução da diferença entre fundacionalistas e convencionalistas Es tes últimos afirmam que a teoria política só pode proceder descrevendo e explicitando as crenças e ideais de determinada cultura não existe um ponto de observação externo a partir do qual essas crenças e ideais possam ser ava liados Dentre os teóricos recentes dessa cate goria incluemse Alasdair MacIntyre 1981 1988 e Michael Walzer 1983 MacIntyre ten tou diagnosticar a condição das modernas so ciedades liberais onde a discussão em torno de princípios de justiça distributiva por exem plo parece interminável contrastandoas com sociedades mais antigas dotadas de práti cas e tradições bem estabelecidas onde a justiça e outros valores possuíam critérios estáveis de aplicação Walzer sustenta que as sociedades modernas encarnam de fato uma concepção relativamente coesa de justiça mas radicalmen te pluralista Elas incluem certo número de esferas distintas no interior das quais dife rentes espécies de bens são distribuídos de acor do com diferentes critérios bemestar na base de necessidade emprego na base de igualdade de oportunidade etc O significado dos bens e seus critérios distributivos são socialmente constituídos e as críticas às práticas distributi vas de uma sociedade devem ocorrer do interior desse conjunto de entendimentos Para os que aspiram à grandiosa tradição da teoria política essas tentativas de erguer uma estrutura de argumento político sobre o que é reconhecido como uma base convencional po dem ser rejeitadas como puro e simples paro quialismo sucumbindo às ilusões da época como Marx teria dito Não obstante dado que o século XX não produziu uma obra de pensa mento político que se situe de forma inequívoca nessa tradição e dado o modo como os as Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 766 teoria política pirantes a fundacionalistas foram forçados a recuar de suas mais afoitas pretensões pode mos ter de concluir que alguma forma de con vencionalismo é a única opção viável para a teoria política no final do século XX Voltando nossa atenção das questões de mé todo para as de substância a principal caracte rística do pensamento político do século XX tem sido o predomínio do LIBERALISMO em seus vários aspectos Das principais ideologias do século XIX tanto o conservadorismo quanto o socialismo ou o anarquismo não geraram qual quer novo enunciado teórico importante em nosso período e a única ideologia indiscutivel mente nova o fascismo era inerentemente hostil à reflexão teórica Mais adiante vou referirme sucintamente ao feminismo Assim as principais linhas de debate foram desenvol vidas no seio do liberalismo concebido lato sensu nele podemos distinguir em termos ge rais elementos de direita centro e esquerda O liberalismo conservador de centrodirei ta recorre fundamentalmente a argumentos cé ticos que recomendam a limitação do poder dos governos com base na incompetência destes Nas décadas de 30 e 40 isso assumiu freqüen temente a forma de um ceticismo em relação às instituições democráticas citavamse as provas oriundas da psicologia das massas a fim de mostrar que as pessoas comuns eram incapazes de chegar a decisões políticas racionais razão pela qual o âmbito do poder decisório democrá tico deveria ser severamente limitado ver SO CIEDADE DE MASSA A obra mais influente nessa categoria foi a de Joseph Schumpeter 1942 o qual afirmou que o papel do povo deve confi narse à escolha entre elites concorrentes sendo então a equipe vitoriosa responsável por todas as decisões políticas no período seguinte Uma abordagem alternativa sustentou que os governos de qualquer matiz de opinião care cem de capacidade cognitiva para reformar a sociedade de maneiras radicalmente novas Isso adquiriu a forma de um ataque ao racionalismo entendido como a doutrina segundo a qual os processos sociais podiam ser entendidos cienti ficamente e transformados através de um ato de vontade política Destacaramse nesse movi mento no período do pósguerra Karl Popper 1945 1957 que atacou a idéia de leis his tóricas e de engenharia social utópica FA Hayek 19441960 que argumentou contra o planejamento central e a favor do livre merca do com base em que o conhecimento necessá rio para tomar decisões econômicas era sempre disperso e local e Michael Oakeshott 1962 que sustentou ser o conhecimento político um tipo de conhecimento prático consubstanciado na tradição e incapaz de ser vazado em forma científica Finalmente cumpre mencionar aqui as ten tativas no sentido de modelar a política em termos econômicos como o resultado nãopre meditado de atores empenhados em concretizar seus próprios interesses particulares financei ros ou outros Esse é o domínio da teoria da ESCOLHA PÚBLICA cujo principal expoente foi o economista político americano James Bucha nan O resultado da abordagem da escolha pú blica é que o governo não pode ser visto como o representante desinteressado da vontade co letiva por conseguinte é inútil fixarlhe tarefas como a de promover a justiça social Todas as correntes do liberalismo conservador conver gem nas três proposições seguintes 1 que o papel econômico do governo seja estritamente limitado com a maioria das tarefas deixadas à economia de mercado 2 que não se pode esperar dos procedimentos democráticos a rea lização de uma vontade popular autêntica 3 e que a essa luz os poderes do governo devem ser limitados por uma constituição formal que o incapacite de assumir tarefas para cuja execu ção ele é inerentemente inadequado O liberalismo centrista vê a sua tarefa como a de identificar o conjunto de instituições so ciais e políticas que melhor promovem a LIBER DADE pessoal prevê um papel mais positivo para o governo do que o liberalismo de direita especialmente na forma de regulamentação do mercado e de disposições atinentes à política de bemestar social Uma vez mais diferentes ca minhos podem conduzir a conclusões bastante semelhantes Começase com uma definição de liberdade que amplia a definição clássica a liberdade não é meramente a ausência de res trições externas à ação mas a capacidade posi tiva de realizar objetivos valiosos Neste capí tulo existe uma linhagem que vai desde a idéia da liberdade positiva usada por liberais do co meço do século XX como LT Hobhouse 1911 até os argumentos recentes sobre as condições para a autonomia pessoal como os expostos por Joseph Raz 1986 e Stanley Benn 1988 O que todos esses teóricos afirmam é que embora seja essencial para cada indivíduo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar teoria política 767 possuir uma ampla esfera de arbítrio na vida pessoal e econômica o estado é responsável pelas garantias que condicionam previamente a escolha efetiva Isso significa entre outras coi sas fornecer educação oportunidades culturais e segurança econômica Uma segunda linha de argumentação revive a idéia de um contrato social Indaga o que os indivíduos querem que o seu governo faça antes de saberem precisamente de que modo seriam afetados por suas operações A aborda gem do contrato tem sido usada para defender o liberalismo de direita e de esquerda mas o seu principal expoente é John Rawls 1971 cujas conclusões são centristas Rawls sustenta que a par dos conhecidos princípios liberais de igual liberdade e igualdade de oportunidade para to dos pessoas colocadas em um ambiente contra tual adequadamente definido a posição origi nal escolheriam o princípio da diferença o qual permite desigualdades sociais e econômi cas somente na medida em que atuem em bene fício dos membros menos favorecidos da socie dade Isso portanto permite a tributação pro gressiva as medidas de bemestar social a ge rência econômica e medidas similares a tarefa do estado é cuidar de que os seus membros menos afortunados tenham a melhor vida que seja possível proporcionarlhes Na prática o liberalismo centrista converge com a DEMOCRA CIA SOCIAL tal como esta passou a ser entendida no período do pósguerra O liberalismo de esquerda é uma tradição mais recente e menos desenvolvida Sua tese principal é de que a liberdade deve ser dis tribuída igualmente para todos e a ênfase que isso atribui ao componente igualitário do libe ralismo levao na prática a conclusões muito radicais Por exemplo os liberais de esquerda sustentarão muito provavelmente que a pro priedade capitalista dos meios de produção constitui uma barreira efetiva à liberdade de todos os que não são proprietários e isso exige um remédio mais forte do que a clássica pres crição liberal de proteção econômica aos em pregados por exemplo isso pode levar à defesa de uma forma de SOCIALISMO DE MERCADO no qual todas as empresas são de propriedade dos que nelas trabalham e por estes administradas De modo ainda mais radical podese questionar o pressuposto liberal de que cada pessoa tem o direito de saborear os frutos de seus talentos A tese neste caso é de que as nossas dotações genéticas e outras dotações naturais são características pelas quais não podemos reivin dicar nenhum crédito nem merecemos portan to receber qualquer recompensa ou prêmio Os liberais igualitários são levados pois a procu rar instituições que possam servir para anular os efeitos das vantagens naturais embora permitindo ainda que os indivíduos suportem as conseqüências de suas escolhas De modo geral isso aponta para algum esquema de dis tribuição igualitária dos recursos da sociedade com compensação para os que foram menos favorecidos na loteria genética Um desenvolvimento diferente embora não incompatível da posição liberal de esquerda acentua a liberdade política e a exigência de que ela seja igualmente acessível a todos Isso apon ta para uma forma de democracia participativa na qual as instituições existentes são reestrutu radas de tal modo que cada membro da socie dade tem a oportunidade de contribuir para a tomada de decisões públicas por exemplo atra vés de um sistema de assembléias primárias em cada localidade Subjacente a essa concepção está a afirmação anteriormente feita por Jean Jacques Rousseau e John Stuart Mill de que a participação política é uma condição prévia essencial da autodeterminação individual Teó ricos recentes são notáveis principalmente por seu engenho em apontar métodos em que essa mesma afirmação pode ser aplicada às circuns tâncias de uma sociedade industrial avançada A hegemonia do liberalismo em suas várias facetas não deveria surpreendernos dado que o pensamento político do século XX adquiriu forma em sociedades que são móveis e pluralis tas e nas quais a liberdade pessoal adquiriu status supremo como valor É também nesse contexto que devemos considerar a ascensão do pensamento feminista no período iniciado em 1970 Embora o FEMINISMO esteja convencio nalmente dividido em versões liberal radical e socialista sua noção central é que a exclusão das mulheres das liberdades direitos e oportu nidades de que gozam os homens é a última grande anomalia da sociedade liberal as ver sões concorrentes devem ser interpretadas de preferência como outras tantas ofertas de ex plicações sobre as condições em que se poderia converter em realidade e reivindicação das mu lheres de igual tratamento entre os sexos O feminismo gerou até agora certo número de obras pioneiras ver Millett 1970 Mitchell Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 768 teoria política 1974 Pateman 1988 algumas de natureza acentuadamente especulativa Estamos ingres sando agora em um período de consolidação mas é prematuro afirmar se ele é propício à criação de importantes obras de teoria política que conquistem um lugar na tradição clássica Leitura sugerida Barry B 1965 Political Argument Barry Norman 1981 An Introduction to Modern Po litical Theory Dunn J 1979 Western Political Theo ry in the Face of the Future Gamble A 1981 An Introduction to Modern Social and Political Thought Goodwin B 1987 Using Political Ideas Kym licka W 1990 Contemporary Political Philosophy Muller D e Siedentop L orgs 1983 The Nature of Political Theory Parekh B 1982 Contemporary Po litical Thinkers Plant R 1991 Modern Political Thought Runciman WC 1969 Social Science and Political Theory Skinner Q org 1985 The Return of Grand Theory in the Human Sciences DAVID MILLER terceiro mundo A expressão tiers monde foi usada pela primeira vez em agosto de 1952 pelo demógrafo francês Alfred Sauvy em um artigo do jornal parisiense LObservateur intitulado Trois mondes une planète Em um mundo do pósguerra dividido em dois campos cada qual liderado por uma das duas superpotências as colônias que obtiveram sua independência depois de 1945 pareciam assemelharse ao tiers ètat da França prérevolucionária um estado que não dispunha dos privilégios dos outros dois a nobreza e o clero Na França o termo agradou tanto a socialis tas quanto a gaullistas que estavam procuran do embora por caminhos muito diferentes uma terceira via entre Washington e Moscou A doutrina do neutralismo positivo um neu tralismo que não aspirava simplesmente a se manter fora das guerras mas estava comprome tido com a libertação nacional e o humanismo socialista também se manifestou em outros países da Europa Ocidental Em 1949 quando a Iugoslávia se retirou do bloco soviético o princípio de nãoalinhamento propagouse ao mundo comunista A noção de um Terceiro Mundo adquiriu porém significação global quando foi adotada na década de 50 por alguns países excoloniais importantes mormente a Índia de Nehru o Egito de Nasser e a Indonésia de Sukarno Na Europa a esquerda os via como nações prole tárias que assumiriam o papel da classe prole tária no mundo avançado como os coveiros do capitalismo Mas os novos estados impuseram se uma tarefa diferente a formação de um agrupamento nãoalinhado não um bloco de países afroasiáticos ao qual se juntaram os movimentos de libertação nas restantes colô nias A Conferência de Bandung de 1955 as sinalou a chegada desse novo agrupamento ao palco mundial Como excolônias a sua primei ra preocupação foi com a resistência a qualquer tentativa de preservar ou reimpor o controle político ocidental Entretanto a independência desses países era tão recente e frágil que mesmo os novos e numerosos regimes que se intitu lavam socialistas temiam igualmente cair nas garras da superpotência comunista O internacionalismo dos novos estados ma nifestouse na rejeição não só do controle polí tico e da hegemonia cultural da potência colo nial que os tinha governado mas também do colonialismo tout court Portanto os novos es tados apoiaram as lutas nas colônias remanes centes e contra os regimes racistas mormente na África do Sul Panafricanistas como Nkru mah também alimentavam a esperança de su perar a balcanização do continente produzida por rivalidades coloniais durante o período im perialista ver PANAFRICANISMO Na década de 70 embora o mundo capitalis ta sofresse importantes defecções revolucioná rias notadamente o Vietnã a maioria dos re gimes nãoalinhados mais radicais tinha desa parecido por via da desestabilização vítimas de golpes internos ou tornados impotentes em função da debilidade econômica A preocupa ção dominante da originalmente denominada de forma significativa Organização da Uni dade Africana passou a ser pois a preservação das fronteiras estabelecidas durante o período colonial uma vez que os novos estados conti nham comunidades étnicas culturalmente hete rogêneas com constituições précoloniais poli ticamente variadas enquanto que outros grupos étnicos estavam divididos e separados por fron teiras estatais O perigo de disputas de fronteiras e de movimentos de secessão interna bem co mo da manipulação dessas divisões por potên cias de fora era muito real portanto como mostrou a guerra de Biafra A construção da nação a criação de uma nova espécie de identidade cívica para neutralizar o que era designado por tribalismo tornouse por tanto um projeto importante dos governantes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar terceiro mundo 769 dos novos estados ver também NACIONAL POPU LAR REGIME A organização nãoalinhada desenvolveu se através de uma sucessão de conferências no Cairo Lusaka Argel Sri Lanka Havana etc assim como em outros fóruns das Nações Uni das como o movimento tricontinental patro cinado por Cuba Mas de modo crescente os problemas que eles tinham de enfrentar eram mais econômicos do que políticos não apenas o poderio dos estados ocidentais ou das ca da vez mais diversas formas de comunismo mas seus interesses econômicos comuns como países pobres agrários em um mundo domina do pelas empresas multinacionais e pelas ins tituições financeiras Ver DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO Alguns êxitos foram conseguidos 77 países subdesenvolvidos ganharam o apoio da ONU para a primeira Conferência Mundial sobre Co mércio e Desenvolvimento em 1962 De 1974 em diante também a ação conjunta do grupo de produtores de petróleo a OPEP para controlar a produção e os preços mundiais teve poderosos efeitos mesmo no Ocidente rico Em alguns países além disso incluindo os quatro pequenos tigres da Ásia Oriental Coréia do Sul Taiwan Hong Kong e Singapu ra tem havido maciços investimentos es trangeiros e a conseqüente industrialização Al guns concluíram que o Terceiro Mundo seguirá cada vez mais esse caminho Em seu todo porém os países subdesenvolvidos têm sido incapazes de escapar à dependência em relação ao Ocidente e até mesmo países em processo de industrialização recente como o Brasil e o México estão sobrecarregados com onerosas e maciças dívidas externas A África Negra so freu um real declínio na produção A designação de Frantz Fanon do Terceiro Mundo como os condenados da Terra ainda parece portanto bastante válida O termo não tem sido isento de críticas na época da Guerra Fria a União Soviética denun ciouo como tentativa de evasão em face da inevitável escolha entre capitalismo e comunis mo A noção de que a culpa pela situação sub desenvolvida e deserdada desses países podia ser atribuída ao Ocidente de que o desenvol vimento deles havia sido contido não con venceu muita gente que preferiu vêlos como nações jovens por vezes inerentemente ima turas irracionais ou mesmo inferiores Embora lentamente estavam desenvolvendose e acabariam por realizar novos progressos ou se isso não ocorresse teriam que culpar unica mente suas próprias deficiências internas desde instituições sociais tradicionais ver TRADIÇÃO E TRADICIONALISMO e heranças cultu rais até regimes ditatoriais Alguns economistas e teóricos do SISTEMAMUNDO têm afirmado que de fato se pode estabelecer uma ordem entre os países dos mais ricos aos paupérrimos mas que existe um só mundo com países ricos e pobres não um distinto e separado mundo pobre E as organizações de caridade ocidentais refor çam freqüentemente mesmo que não tenham essa intenção a popular noção de que as ondas de fome que devastam países tropicais são con seqüência de desastres naturais e não provoca das pelo próprio homem Críticos no interior do próprio Terceiro Mundo preferem o qualificativo nãoalinha do de vez que a palavra Terceiro parece aos olhos deles uma categoria residual subenten dendo alguma espécie de inferioridade em rela ção ao Primeiro e ao Segundo Mundos O termo contudo entrou em uso geral Leitura sugerida Fanon Frantz 1961 1983 The Wretched of the Earth Singham AW e Hune S 1986 NonAlignment in an Age of Alignments Wors ley Peter 1964 The Third World Ο 1984 The Three Worlds PETER WORSLEY terrorismo Ver POLÍTICA E TERRORISMO TI Ver INFORMAÇÃO TEORIA E TECNOLOGIA DA tipo ideal A classificação de fenômenos em tipos é um aspecto comum do trabalho científi co assim como da vida corrente e muitos con ceitos científicos envolvem um elemento de abstração da realidade concreta ou a idealiza ção em um sentido nãomoral por exemplo os conceitos de movimento sem atrito ou de mer cado perfeitamente competitivo Max Weber adotou do historiador político Georg Jellinek o termo Idealtypus tipo ideal para distinguir os conceitos analíticos da história e de outras ciências sociais dos conceitos meramente clas sificatórios O termo troca por exemplo po de ser usado simplesmente para se referir a um conjunto de fenômenos semelhantes com o que Wittgenstein chamaria mais tarde de seme lhanças familiares entre eles ou como um conceito analítico relacionado com julgamen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 770 terrorismo tos acerca da racionalidade econômica utili dade marginal etc Neste último caso afirma Weber o conceito é ideal típico no sentido de que se afasta da realidade empírica a qual só pode ser comparada ou relacionada com ele Weber 1904 p102 cf p934 Por conse guinte os tipos ideais não podem ser direta mente falsificados se a realidade empírica pa rece não se ajustar a eles sequer aproximada mente A descrição de Weber do tipo ideal é um aspecto de seu modelo mais amplo das relações entre as ciências sociais e os VALORES ou mais precisamente a referência de valor Não existe uma análise científica absolutamente objetiva da cultura ou de fenômenos sociais independente de pontos de vista especiais e unilaterais de acordo com os quais expres sa ou tacitamente consciente ou inconsciente mente eles são selecionados analisados e organizados para fins expositivos 1904 p72 As críticas à descrição de Weber integram se de modo geral em duas categorias a posi tivista e a hermenêutica Os positivistas têm sido propensos a assimilar os tipos ideais à classe geral dos conceitos teóricos destacando a possibilidade de medir até que ponto os fenô menos empíricos divergem do tipo puro e de proceder ao mapeamento de um contínuo entre tipos opostos A ciência afirmase avança de uma fase classificatória e tipológica um tanto primitiva pela qual Weber se interessava para um conjunto mais preciso de conceitos opera cionalizados e concatenados em leis A crítica hermenêutica inaugurada por Alfred Schutz 1932 sublinha que a construção de tipos exe cutada pelo cientista social é parasitária de pro cessos anteriores de tipificação realizados no mundo da vida Weber apressouse demais em substituir as tipificações do significado de fenô menos sociais pelos seus próprios tipos ideais sem se interessar suficientemente pelo ajus tamento entre eles o que Schutz chama de adequação Ambas as críticas compartilham o sentimen to de que os tipos ideais tal como Weber os apresenta são excessivamente arbitrários as decisões para os construir ou abandonar são deixadas ao critério a que Weber chama o tato de cada teórico Essa suspeita de con vencionalismo implícito na filosofia da ciência de Max Weber ver NEOKANTISMO levou racio nalistas e realistas a sustentarem uma concep ção mais ambiciosa de DEFINIÇÃO real que Weber contudo teria provavelmente acusado de essencialismo O atual estado de espírito na ciência social parece um tanto cético em rela ção ao mesmo tempo ao ideal positivista de precisão em mensuração e à contribuição radi calmente característica da forma fenomenoló gica e outras formas de teoria hermenêutica e assim o conceito de Weber do tipo ideal perma nece atraente Leitura sugerida Burger Thomas 1976 Max Webers Theory of Concept Formation History Laws and Ideal Types Outhwaite William 1983 Concept Formation in Social Science Papineau David 1976 Ideal types and empirical theories British Journal for the Philo sophy of Science 272 Schutz Alfred 1932 1972 The Phenomenology of the Social World Weber Max 1904 1949 Objectivity in social science and social policy In The Methodology of the Social Sciences WILLIAM OUTHWAITE totalitarismo Como termo taxonômico den tro das ciências sociais totalitarismo tem des frutado de considerável voga como modo de caracterizar um aspecto básico dos modernos regimes de partido único sob o domínio de ditadores pessoais ou oligarquias autocráticas O aspecto que é posto em relevo consiste em que em acentuado contraste com os estados ancien régime tais regimes buscam deliberada mente fabricar o CONSENSO em favor de uma pequena elite governante pela criação de orga nizações de arregimentação de massas pela monopolização de todos os meios de produção cultural especialmente os veículos de comuni cação de massa e pelo recurso a vários meca nismos de CONTROLE SOCIAL Estes incluem a PROPAGANDA uma política ritualista a fim de impor um requintado culto ao líder e à nação ver Kertzer 1988 e várias técnicas de COER ÇÃO que vão desde as restrições legais às liber dades básicas até o terror sistemático O objetivo declarado de tal estado é canali zar todas as energias sociais políticas econô micas e criativas para a realização da utopia identificada por dogmas oficiais embora os meios empregados para atingir essa meta criem inevitavelmente uma distopia A Rússia stali nista a Alemanha nazista e em menor grau a Itália fascista têm sido freqüentemente tratadas como paradigmáticas do totalitarismo nessa acepção mais estrita por exemplo Friedrich e Brzezinski 1956 Arendt 1958 e estudos de novos casos em suas variantes e nas barbari Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar totalitarismo 771 dades burocratizadas e atrocidades humanas que ele tende a gerar foram fornecidos pelo Camboja de Pol Pot a Romênia de Ceausescu e o Iraque de Saddam Hussein Como um tipo ideal até mesmo esse uso especializado do termo totalitarismo tem si do naturalmente motivo de controvérsia e alguns especialistas têm questionado a sua uti lidade ver Menze 1981 sobretudo se tiver mos em vista o modo como a Guerra Fria o reduziu a pouco mais que uma forma de vaiar as sociedades consideradas fechadas em vez de abertas ver Popper 1945 e às quais se negava por conseguinte participação no mun do livre Uma vez que o termo seja despojado de estritas conotações anticomunistas o totali tarismo pode ser atribuído a qualquer sistema sociopolítico se sua política e suas instituições tiverem tido o efeito combinado de esmagar de modo abrangente o que a tradição do Iluminis mo considera como liberdades humanas fun damentais De fato seria possível alegar a exis tência de um propósito totalitário em muitos regimes que ao longo dos tempos oprimiram seus súditos como a China Imperial ou subju garam implacavelmente culturas indígenas co mo a Espanha imperialista assim como no profundo conluio das modernas democracias liberais capitalistas com a colonização e a extensa apregoação de normas patriarcais ou capitalistas que resultam na profunda ALIENA ÇÃO de seus cidadãos ver por exemplo Mar cuse 1964 Apesar da tendência a se tornar sumamente impregnado de valor o termo totalitário ain da retém considerável utilidade heurística para a investigação dos aspectos estruturaisfuncio nais das muitas ditaduras pessoais militares e partidárias modernas disseminadas por todo o mundo e que se esforçam por criar em seus povos uma ilusão do dinamismo eficiência e popularidade de suas lideranças ver DITADU RA Há porém muitas advertências a ter em mente sempre que o termo é usado como fer ramenta de análise acadêmica Em primeiro lugar podem existir diferenças ideológicas e estruturais entre duas sociedades descritas co mo totalitárias tais como a Alemanha de Hitler e a Rússia de Stalin pelo que o semelhante raras vezes é comparado com o semelhante Em particular o grau em que tais regimes recorrem sistematicamente à coerção ao terror e ao mas sacre a fim de suprimir a dissidência pode variar de maneira considerável Em segundo lugar não se deve esquecer que o sonho totalitário de centralização abrangente do poder e controle sobre todos os aspectos da sociedade é uma quimera por mais impressionante que seja a sua fachada Qualquer regime manifestamente to talitário prova a um exame mais minucioso ser policrático corrupto e ineficiente Em especial seus esforços para supostamente mobilizar e insuflar energia nas massas redundam na exten sa despolitização e desmoralização destas ao passo que muitos dos que se instalaram no sanctum sanctorum do verdadeiro poder se rão oportunistas e carreiristas em vez de autên ticos ideólogos É por essa razão que o pluralis mo o individualismo e a criatividade florescem rapidamente sempre que a engrenagem estatal de doutrinação e repressão é finalmente des mantelada Em suma o abismo entre as pre tensões propagadas aos quatro ventos por um regime totalitário e as realidades a que ele pre side é pouco menos que total Gregor 1969 demonstrou para o caso do regime fascista que se vangloriava de ser o primeiro stato totalitario que uma considerá vel soma de sofisticação ideológica pode ser reunida no esteio doutrinário de um pretenso estado totalitário por seus apologistas oficiais e autonomeados teóricos Entretanto a marca dis tintiva de tal estado em seu aspecto público ou exotérico é a negação axiomática do diálogo autêntico e por conseguinte de todo pensa mento social autêntico Talvez as mais pene trantes exposições dos eufemismos e pensa mentos deliberadamente perversos que caracte rizam os regimes totalitários através dos quais estes procuram legitimarse ideologicamente assim como dos pensamentos e emoções retor cidos que inspiram naqueles a quem procuram subjugar ou doutrinar sejam encontrados não nas análises de cientistas sociais mas em obras de ficção romances como Admirável mundo novo de Aldous Huxley Trevas ao meiodia de Arthur Koestler 1984 de George Orwell A peste de Albert Camus Yawning Heights de A Zinoviev e o filme Brazil de Terry Gilliam Leitura sugerida Popper Karl 1945 1966 The Open Society and its Enemies 2 vols 5ªed Shapiro L 1972 Totalitarism Talmon JL 1952 The Rise of Totalitarism Democracy ROGER GRIFFIN trabalhadora classe Ver CLASSE OPERÁRIA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 772 trabalhadora classe trabalhadores conselho de Ver CONSELHO DE TRABALHADORES trabalho O conceito é ambíguo e disputado indicando diferentes atividades em diferentes sociedades e contextos históricos Em seu sen tido mais amplo trabalho é o esforço humano dotado de um propósito e envolve a transforma ção da natureza através do dispêndio de ca pacidades mentais e físicas Tal interpretação contudo conflita com o significado e a expe riência mais limitados do trabalho nas atuais sociedades capitalistas Para milhões de pes soas trabalho é sinônimo de emprego remune rado e muitas atividades que se qualificariam como trabalho na definição mais ampla são descritas e vivenciadas como ocupações em horas de lazer como algo que não significa verdadeiramente trabalho O TRABALHO DOMÉSTICO particular é um ex celente exemplo Embora essencial à sobrevi vência saúde e perpetuação da população hu mana o trabalho doméstico cozinhar limpar cuidar dos filhos pequenos etc tem baixo s tatus social é preponderantemente executado por mulheres e não é remunerado Que as mes mas atividades podem ser desempenhadas co mo trabalho pago em hotéis e firmas de cate ring por exemplo sublinha o fato de a fronteira entre trabalho remunerado e nãoremunerado ou trabalho e o chamado ÓCIO ser extrema mente vaga Como ela é determinada Dentro das ciências sociais existem nume rosas explicações concorrentes A ciência eco nômica pelo menos o paradigma neoclássico dominante sustenta que os valores relativos atribuídos a diferentes atividades produtivas e serviços e por conseguinte as recompensas e o status que resultam para os seus fornecedores são governados pelo efeito recíproco das forças de oferta e demanda no mercado O fato de muitas mulheres se especializarem no trabalho doméstico particular nãoremunerado é consi derado uma resposta racional à estrutura predo minante de recompensas relativas O trabalho doméstico produz um nível relativamente ele vado de satisfação para os seus consumidores a família mas faz jus a um baixo salário se fornecido como serviço através do mercado Por conseguinte mulheres e homens escolhem especializarse em diferentes atividades de mo do a maximizar a renda familiar satisfação com os homens optando por empregos com salários relativamente mais elevados e as mu lheres preferindo especializarse em tarefas do mésticas O espaço impede uma crítica detalhada des sa abordagem mas é claro que a argumenta ção é tautológica em particular supõese uma preexistente DIVISÃO DO TRABALHO por sexos a qual é usada depois para explicar a resultante divisão do trabalho entre homens e mulheres e entre trabalho remunerado e mãodeobra não remunerada em função dos preços relativos correntes Não se explica por que razão dife rentes espécies de trabalho atraem diferentes tabelas de remuneração como tampouco se explicam de modo decisivo as origens do sis tema de mãodeobra assalariada A abordagem da sociologia industrial é mui to diferente Sustentase que as definições de trabalho são historicamente específicas e refle tem os valores pressupostos e relações de poder dominantes na sociedade Assim o emprego remunerado ocupa uma posição especial dentro da divisão de trabalho no capitalismo em fun ção da natureza e estrutura específicas das re lações de produção nesse sistema Uma carac terística definidora do capitalismo é que o traba lho é realizado não a fim de satisfazer as neces sidades imediatas dos produtores diretos e de suas famílias mas antes para produzir merca dorias para troca no mercado A análise marxista que tem exercido pro funda influência sobre o estudo do trabalho e das relações no trabalho desenvolve esse in sight básico O trabalho de acordo com a pers pectiva marxista está subordinado ao propósito de reproduzir e expandir o domínio material e político da classe capitalista A massa da popu lação está separada dos meios de produção e subsistência e por conseguinte é compelida a ingressar no trabalho assalariado a fim de so breviver Através do sistema de trabalho as salariado os trabalhadores estão submetidos à exploração sistemática os salários são adianta dos para capacidades humanas e não para algu ma quantidade determinada de trabalho realiza do Dentro do processo de produção eles são encorajados e ardilosamente induzidos a traba lhar por certo período de tempo e com certo nível de intensidade de modo a assegurar que o valor com que contribuem exceda o valor de seus salários A diferença a maisvalia forma a base do lucro capitalista Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar trabalho 773 Embora nem todos os sociólogos aceitem o ponto de vista marxista de que o capitalismo é um sistema explorador que degrada a experiên cia de trabalho assim como as vidas dos traba lhadores a maioria aceitaria por certo a opi nião de Wright Mills de que o trabalho pode ser mera fonte de sustento ou a parte mais signifi cativa da vida interior de um ser humano pode ser vivenciado como expiação ou como exube rante expressão da própria personalidade como inelutável dever ou como desenvolvimento da natureza universal do homem Mills 1951 p215 De forma crucial o que importa são as relações sociais que regem o desempenho e a experiência de trabalho Mais recentemente o debate e a controvér sia centraramse na questão de apurar se sob novos imperativos tecnológicos e econômicos a organização do trabalho e as relações de traba lho estão sendo fundamentalmente transforma das Alguns ver Piore e Sabel 1984 afirmam que novas formas de padrões democráticos de trabalho estão suplantando os sistemas autori tários e hierárquicos que governaram o desen volvimento do sistema de produção em massa em países tanto capitalistas quanto socialistas Os roteiros pessimistas da década de 70 que se seguiram à publicação da sumamente influente exposição marxista de Braverman das tendên cias desumanizantes do processo de trabalho capitalista Braverman 1974 deram assim lu gar em alguns meios a uma descrição mais otimista dos aspectos potencialmente eman cipadores das novas e flexíveis organizações de trabalho Os trabalhadores afirmase estão sendo reabilitados no local de trabalho na me dida em que os empregadores desejam aprovei tar as suas capacidades criativas em sua busca de maior flexibilidade e eficiência de produção As avaliações das evidências existentes as quais ainda se apresentam gradualmente e fragmentadas estão divididas Os novos oti mistas ainda têm que demonstrar suas teses mas é indubitavelmente verdade que ao se avizinhar o século XXI os padrões de organi zação da produção e as estruturas de controle do local de trabalho estão se tornando mais diversificados Ver também CLASSE OPERÁRIA REVOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA Leitura sugerida Braverman H 1974 Labor and Monopoly Capital Handy CB 1984 The Future of Work a Guide to Changing Society Piore M e Sabel C 1984 The Second Industrial Divide PETER NOLAN trabalho divisão do Ver DIVISÃO DO TRABA LHO DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO trabalho mercado de Ver MERCADO DE TRA BALHO trabalho processo de Como definição ge ral a expressão referese aos métodos e proce dimentos pelos quais o trabalho humano utili zando ferramentas ou instrumentos de produ ção transforma as matériasprimas em produ tos úteis mas embora qualquer tipo de ativi dade laboral contemporânea ou histórica seja um processo de trabalho o termo deriva seu interesse de sua centralidade para a análise de Marx do capitalismo e dos modos como ela tem sido aplicada e desenvolvida na análise do tra balho no século XX de modo primordial mas não exclusivo na sociedade capitalista A análise de Marx enfatizou a subordinação do trabalho ao capital em processos de produ ção ver EXPLORAÇÃO que estavam sujeitos a transformações contínuas na busca de ganhos de produtividade Em tais transformações a mecanização fragmenta a atividade laboral em uma tarefa simples uniforme e repetitiva sob a rigorosa disciplina da fábrica as habilidades artesanais desaparecem e novas hierarquias de trabalho mental e manual são construídas com base no controle do capital sobre o trabalho Marx forneceu extensas ilustrações empíricas dessas teses extraídas principalmente de docu mentos oficiais de meados do século XIX Esses desenvolvimentos no âmbito dos pro cessos de produção não foram notados apenas por Marx Eles informaram a tentativa de Fre derick Taylor na virada do século de construir uma teoria da gerência científica O objetivo de Taylor era submeter as ações físicas dos traba lhadores aos mesmos princípios de otimização que governavam os fatores inanimados do pro cesso de produção Para que a atividade dos trabalhadores se tornasse mecânica desse mo do a gerência tinha que renunciar ao conhe cimento e à atividade discricionária que haviam caracterizado tradicionalmente as especializa ções artesanais Assim a ênfase de Taylor nessa extensão da divisão do trabalho recaía sobre o alcance do controle gerencial tanto no nível dos movimentos individuais quanto no do processo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 774 trabalho divisão do de produção como um todo Quando combina do com as tecnologias de manipulação e trans ferência em pleno desenvolvimento no período o taylorismo provou ser uma poderosa ideolo gia para a administração das indústrias de bens duráveis de consumo no tipo de mercado de massa baseado na produção em linha de mon tagem que teve como pioneira a Ford Motor Company Depois de 1945 a mecanização ampliouse cada vez mais da manipulação e transferência ao próprio processo de controle culminando até a data nas tecnologias de microprocessamento e suas amplas aplicações especialmente em processos de produção em pequenos grupos nãopadronizados e em indústrias que se es pecializam no manuseio e recuperação de infor mação Sustentase por vezes que isso caracte riza a transição da era fordista para o neofordis ta ver FORDISMO E PÓSFORDISMO CICLOS DE LON GO PRAZO REGULAÇÃO Dentro de um quadro de referência marxista a análise de Braverman 1974 provou ser especialmente influente ao enfatizar a importância no século XX da teoria de Marx para o entendimento das origens e desenvolvimento da hierarquia no local de tra balho para a evolução da composição das qua lificações da força de trabalho e da fragmenta ção do trabalho e para as formas como a ciência e a tecnologia são usadas em processos de produção cada vez mais mecanizados Em seu foco sobre as contínuas reorganizações do pro cesso de trabalho pelo capital e seus ataques a áreas de especialização e discricionariedade operária que impedem o detalhado controle capitalista Braverman também focalizou o la do oposto a crescente degradação do trabalho tal como vivenciada no processo laboral e a alienação associada que desse modo se engen dra As críticas a Braverman tendem a se con centrar na sua falha por não levar em conta os processos em que a resistência do trabalhador na ponta da produção pode dar forma a desen volvimentos no processo laboral e no seu fra casso em explorar os diferentes mecanismos de controle capitalista Em contraste com a abordagem marxista na qual a luta de classes determina o desenvolvi mento da tecnologia e de fato a própria noção de eficiência técnica essa é uma abordagem que vê o desenvolvimento da tecnologia como a força propulsora e a redução de custo atribuí vel às economias de produção em grande escala como determinantes do desenvolvimento da produção fabril Ver também MUDANÇA TECNO LÓGICA O controle hierárquico sobre o traba lho é analogamente atribuído às reduções de custos e às dificuldades incentivadoras dos pro cessos de trabalho cooperativo As questões da naturalidade da tecnologia e da eficiência técnica e sua relação com a organização do processo de trabalho fazem parte da contínua linha divisória entre as análises baseadas em uma abordagem de classe e as baseadas em um cálculo de maximização individual Leitura sugerida Braverman H 1974 Labor and Monopoly Capital the Degradation of Work in the Twentieth Century Edwards R 1979 Contested Ter rain the Transformation of the Workplace in the Twen tieth Century Landes D 1986 What do bosses real ly do Journal of Economic History 463 585623 Marglin SA 197475 What do bosses do The origins and function of hierarchy in capitalist produc tion Review of Radical Political Economics 62 60 112 71 2037 Nichols T org 1980 Capital and Labour Studies in the Capitalist Labour Process Stone K 1974 The origins of job structures in the steel industry Review of Radical Political Economics 62 11373 Thompson P 1983 The Nature of Work an Introduction to Debates on the Labour Process Williamson OE 1980 The organization of work Journal of Economic Behaviour and Organization 11 538 SIMON MOHUN trabalho doméstico O feminismo moderno e o desenvolvimento dos estudos relacionados com os sexos é que tornaram visível a atividade humana de trabalhos domésticos no âmbito do pensamento social Ela foi inicialmente realça da por marxistas influenciados pelo feminismo que desejaram desvendar a base material da opressão das mulheres no capitalismo A ante rior análise marxista das divisões por sexos ou a Questão da Mulher como ficou conhecida era propensa a localizar a opressão das mu lheres puramente em seu lugar desvantajoso no mercado de trabalho o que poderia explicarse pelas responsabilidades primordiais das mu lheres no lar Entretanto tais relações domés ticas tendiam a ser vistas como superestruturais com efeitos principalmente ideológicos e não portanto tão fundamentais quanto as relações de classe que derivaram do modo de produção e formaram assim parte integrante da base econômica ver MODO DE PRODUÇÃO MATERIA LISMO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar trabalho doméstico 775 Ao analisar o trabalho doméstico como um conjunto de relações de produção localizadas dentro da base econômica esperavase dar à opressão das mulheres um status comparável no âmbito do marxismo à exploração de classe Boa parte do debate girou em torno de qual das categorias de Marx usadas para a análise do trabalho assalariado era também aplicável ao trabalho doméstico Assim por exemplo al guns protagonistas sustentaram que o trabalho doméstico era outra forma de produção de mer cadoria pois seu produto era a mercadoria força de trabalho Outros porém afirmaram que o trabalho doméstico não produzia mercadoria alguma seus produtos eram valores de uso que nunca chegavam ao mercado e entravam dire tamente no consumo familiar só indiretamente ajudando na reprodução da força de trabalho Todos concordaram em que o trabalho do méstico não estava sujeito às mesmas relações de produção que a produção de mercadorias Em particular as formas de controle do trabalho doméstico eram diferentes em vez da lei do valor que se aplica à produção capitalista de mercadorias de acordo com a qual mercadorias semelhantes têm que ser produzidas em tempos comparáveis a fim de que permaneçam lucrati vas para os firmas que as produzem os padrões e as quantidades de tempo consumidas no traba lho doméstico podem variar amplamente A forma de controle é mais indireta as donas decasa estão no controle cotidiano de seu pró prio processo de trabalho mas têm que organi zar seu trabalho para se ajustar às necessidades dos outros membros da família e às exigências de outras instituições sociais cujos padrões estão disseminados em uma variedade de mo dos indiretos através da ideologia familiar por exemplo A situação contratual também é dife rente em vez de ser regulado por um contrato especificado de trabalho assalariado que é con cluído com relativa facilidade a alocação de trabalho dentro do lar é regida pelos papéis rotineiramente atribuídos aos dois sexos e em bora o contrato matrimonial já tenha deixado de ser visto como vinculatório para a vida inteira ele ainda é relativamente difícil de mudar Isso aplicase também à forma de remuneração aos trabalhadores assalariados se paga um salário que foi previamente estabelecido ao passo que no caso do trabalho doméstico nenhum salário é especificado e as donasdecasa têm que tirar a sua própria subsistência da renda monetária fornecida à família como um todo pelo seu próprio trabalho assalariado ou de outros mem bros de sua família Isso também tem efeitos sobre a organização do tempo de trabalho en quanto o assalariado trabalha em períodos de tempo claramente especificados e usualmente em um local distinto do seu lugar de lazer o trabalho da donadecasa literalmente nunca está feito e ela não tem separação física ou temporal entre o trabalho e o tempo de lazer Além disso diferentemente da produção capi talista de mercadorias o trabalho doméstico tende a ser feito em isolamento com pouca ou nenhuma especialização ou cooperação Outra área de debate dizia respeito ao papel que o trabalho doméstico desempenhou na re produção das relações de produção capitalista Teria ele produzido a sua própria maisvalia para que esta fosse apropriada pelo marido de uma donadecasa ou pelo patrão deste Ou teria contribuído para a produção de maisvalia indiretamente ao diminuir o salário com que os membros da família precisavam ser remunera dos a fim de manter seu padrão de vida habi tual Ou o seu papel na reprodução de relações capitalistas seria ainda mais indireto fornecen do os confortos no lar que tornavam suportável o trabalho nas condições capitalistas e absor vendo as áreas de produção de valor de uso como cuidar dos filhos pequenos que por algu ma razão não podiam ser inseridas na produção capitalista Teria o trabalho doméstico tornado um modo de produção distinto articulado com o modo capitalista ou a definição do modo capitalista de produção deveria ser ampliada para incluir as relações de produção domés ticas Himmelweit e Mohun 1977 efetuam um levantamento desses debates A par desses debates no interior do marxis mo foram realizados numerosos estudos empí ricos de donasdecasa e trabalhos domésticos ver por exemplo Oakley 1974 Fizeramse estudos históricos do desenvolvimento do tra balho doméstico e da tecnologia doméstica os quais compararam provisões de tempo para mostrar que embora o conteúdo do trabalho doméstico tenha mudado significativamente ao longo do último século o advento de dispositi vos destinados a economizar trabalho não havia reduzido em quase nada o montante de tempo nele consumido isso indicou que as explica ções marxistas menos economicistas sobre a persistência do trabalho doméstico podiam ter Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 776 trabalho doméstico mais conteúdo do que as que viam o seu papel puramente em termos de sua contribuição para a produção de maisvalia ver Bose 1979 Como parte do projeto teórico marxista de explicar a base material da opressão das mu lheres o debate sobre o trabalho doméstico deve ser considerado um fracasso As relações de produção específicas do trabalho doméstico foram analisadas através do debate e isso em conjunto com o subseqüente trabalho empírico tornou o trabalho doméstico e outras modali dades de trabalho informal não só mais visíveis dentro da ciência social mas também mais reco nhecidos no seio da sociedade por exemplo as companhias de seguros quantificam agora o valor do trabalho de uma donadecasa na ava liação de sua vida produtiva Entretanto o de bate não conseguiu explicar por que são predo minantemente as mulheres que trabalham sob essas relações de produção Em outras palavras é reconhecido que a sociedade capitalista de pende de uma divisão do trabalho entre produ ção remunerada de mercadorias e trabalho do méstico nãoremunerado mas não se explicou por que essa divisão coincidiu com uma divisão sexual do trabalho Isso não é surpreendente dado o fracasso em incorporar à análise outros conceitos além dos desenvolvidos por Marx para a análise do trabalho assalariado a qual era inteiramente alheia ao sexo Embora extensões tenham sido ulteriormente apontadas e nelas se tenham incorporado noções de patriarcado isso significa apenas adicionar outra estrutura que necessita ela mesma de explicação Sem reco nhecer que o trabalho doméstico é mais que apenas outra forma de trabalho possuindo uma conexão específica com a reprodução humana em que é claro as diferenças entre os sexos são cruciais o estudo do trabalho doméstico nunca poderá fornecer uma análise completa da opres são sexual Leitura sugerida Fox B org 1980 Hidden in the Household Womens Domestic Labour under Capi talism Himmelweit S e Mohun S 1977 Domes tic labour and capital Cambridge Journal of Econo mics 1 Molyneux M 1979 Beyond the domestic labour debate New Left Review 116 328 Oakley A 1974 The Sociology of Housework Seccombe W 1974 The housewife and her labour under capitalism New Left Review 83 324 SUSAN F HIMMELWEIT tradição e tradicionalismo Detendo um lu gar especial entre os costumes convenções idiossincrasias e estilos que são os pilares das culturas humanas a tradição é comumente re servada aos costumes que possuem considerá vel profundidade no passado e uma aura de sagrado A palavra tradição vem do verbo latino tradere que significa entregar transmitir legar à geração seguinte Embora o verbo pudesse referirse à transmissão de coisas triviais pas sou a ser gradualmente reservado para as mais importantes para os depósitos do passado que conservavam um valor incomum para o presente e presumivelmente para o futuro As tradições por longo uso pertencem às mais importantes esferas da vida humana como o PARENTESCO a religião a comunidade organi zada e aos níveis superiores da cultura como a literatura e a arte Falamos do cristianismo na Europa e da monarquia do patriarcalismo do constitucionalismo e da arte dos velhos mestres como tradicionais Para coisas menores é mais provável usarmos costumes ou folclore É um erro pensar nas tradições como ineren temente estáticas e sempre inclinadas à imobi lidade Migrações guerras e revoluções têm freqüentemente atrás delas na HISTÓRIA os dese jos de grupos de defender proteger ou até dis seminar tradições tidas em grande estima Re voluções e importantes movimentos de reforma nascem não só da percepção pragmática da injustiça reinante mas também do sentimento histórico de que antigas tradições estão sendo violadas Poder sustentar que práticas correntes representam um abandono de tradições res peitáveis no governo e na lei é acrescentar considerável profundidade à posição que a pes soa está assumindo Como aponta a história do marxismo os partidários da esquerda são tão desenvoltos quanto os da direita em falar do Marx real do verdadeiro em controvérsias doutrinárias e embora possam não usar a pa lavra tradição a substância está freqüente mente à vista de todos O mesmo pode ser dito em grande parte da religião A história do cris tianismo a partir da Reforma é preponderan temente uma história de seitas e cismas De modo quase invariável os autores e profetas de novas seitas insistem em que por mais radical que possa ser o cisma ele está baseado no desejo de voltar àquela religião dos velhos tempos ou dito com mais elegância à pura tradição de Jesus Cristo É difícil separar a história recente da idéia de tradição das correntes intelectuais agitadas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar tradição e tradicionalismo 777 na Europa Ocidental pelos que durante e após a Revolução Francesa intitulavam a si próprios tradicionalistas Refirome especialmente a Louis Gabriel de Bonald e Joseph de Maistre O uso de conservador como termo político só começa a ser corrente a partir da década de 1820 tanto na França como na Inglaterra Mas o tradicionalismo como filosofia política e co mo rótulo aparece em cena por volta de 1790 Mais que qualquer outra figura Edmund Burke foi o responsável por isso Curiosamente ele parece não ter usado tradição nem tradicio nalismo em suas Reflections on the Revolution in France mas empregou com afoiteza a pa lavra preconceitos e o seu argumento em favor do preconceito com a razão envolvida é um dos mais eloqüentes textos até hoje escri tos em prol da tradição e do tradicionalismo O que Burke e todos os tradicionalistas do começo do século XIX estavam atacando era a Revolução Francesa e suas idéias geradas pelo Iluminismo de razão individualismo liber dade e igualdade acolhidas para que toda a Europa as visse na legislação que sucessivos governos revolucionários promulgaram Ao di vulgar essas idéias a Revolução foi quase ne cessariamente obrigada a investir contra as ins tituições do Antigo Regime monarquia aris tocracia Igreja corporações comunidades al deãs etc O que a Revolução atacou os autodeclara dos tradicionalistas converteram em objetos de veneração Eram essencialmente valores e es truturas medievais não é por acidente que o medievalismo e o tradicionalismo registraram um surto simultâneo no século XIX Vemos isso nas artes e nas ciências sociais No primei ro campo destacamse figuras como Augustus Pugin William Morris e John Ruskin nas ciên cias sociais Friedrich Karl von Savigny e Hegel na Alemanha Auguste Comte e Pierre Le Play na França Alguns deles embora de modos diferentes foram pródigos nos elogios à Idade Média e vigorosos na adoção de instituições tradicionais como a família patriarcal a comu nidade aldeã a guilda e um sistema de classes sociais Foram igualmente condenatórios das forças do mundo moderno como o industria lismo e a tecnologia e também em alguns casos a democracia de massa e o igualitarismo que pareciam ser os agentes destruidores dos alicerces do tradicional É lícito dizer que o contraste entre Tradicional e Moderno tal como o encontramos desde o começo do século XIX até o presente momento na literatura ocidental é apenas uma variante dos temas análogos de Gemeinschaft e Gesellschaft status e contrato e dos tipos de solidariedade que Émile Dur kheim apresentou em De la division du travail social 1893 A distinção de Max Weber entre Tradicional e Racional também é pertinente Finalmente cumpre sublinhar que tradicio nalismo CONSERVADORISMO e direita política estão muito longe de ser a mesma coisa pelo menos desde o começo do século XIX quando as três palavras adquiriram suas atuais cono tações Os tradicionalistas por definição man têmse fiéis ao antigo e ao consagrado Entre tanto isso não os faz necessariamente conserva dores dado o caráter predominante do conser vadorismo na política ocidental contemporâ nea nem o tradicionalistmo pende obrigatoria mente para a direita em política Assim a reve rência do tradicionalista pelo parentesco a re ligião a classe social e o sagrado não se harmo niza necessariamente com a preferência do conservador contemporâneo pelo alto grau de individualismo o mercado livre o libertarismo a propriedade privada e o lucro irrestritos No tocante às relações com a direita política basta pensar em alguns dos grupos profunda e fana ticamente tradicionalistas do mundo moderno cuja fidelidade absoluta a uma ou mais tra dições os coloca por vezes mais próximos da esquerda revolucionária do que de qualquer coisa propriamente indicável como direita ou conservadora O Exército Republicano Irlandês IRA e os bascos são talvez ilustração sufi ciente mas no momento presente é provável que se pense primeiro no Oriente Médio e em certos rebeldes islâmicos eminentemente tradi cionalistas Ver também CULTURA Leitura sugerida Kuhn Thomas S 1962 1970 The Structure of Scientific Revolutions 2ªed Lerner Da vid 1958 The Passing of Traditional Society Lipp man Walter 1929 A Preface to Morals Lowes John Livingston 1922 Convention an Revolt in Poetry Nis bet Robert 1986 Conservatism Radin Max 1936 Tradition In Encyclopedia of the Social Sciences vol15 p627 Shils Edward 1981 Tradition ROBERT NISBET transgressão Ver CRIME E TRANSGRESSÃO troca social teoria da Essa teoria que se ocupa das intenções recíprocas envolvendo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 778 transgressão grupos e pessoas que trocam itens de valor social e simbólico dos quais se beneficiam desenvolveuse originalmente a partir das preo cupações de sociólogos franceses com as fon tes de solidariedade social na ciência anglo americana foi também elaborada como funda mento para a diferenciação de poder em re lações sociais Origens na sociologia francesa Em uma crítica da sociologia francesa no século XIX Durkheim 1900 atribuiu o res surgimento da disciplina a partir de então à crise que se seguiu à derrota da França na Guerra FrancoPrussiana de 1870 Isso levou os soció logos a procurar soluções na ordem social ten do acabado de ruir a fachada do sistema do estado imperial p12 Durkheim e seus dis cípulos ampliaram o seu leque de pesquisas a sociedades nãoindustriais que estavam sendo franqueadas ao estudo pelo imperalismo euro peu na crença metodológica de que os princí pios ganhos pela descoberta de como tais socie dades simples se mantinham unidas poderiam elucidar os mais complexos problemas de va lor no Ocidente Durkheim 1912 Durkheim e Mauss 1903 A perspectiva de mudança social surgiu como uma teoria fundamentada de soli dariedade social em resultado dessas investi gações Ver também ESCOLA SOCIOLÓGICA DE DURKHEIM Usando dados etnográficos provenientes de várias sociedades nãoocidentais incluindo es pecialmente a documentação de troca dos Kula nas ilhas Trobriand coletada por Malinowski 1922 Mauss 1925 efetuou um minucioso levantamento de evidências a respeito das tra dições de dádivas e trocas que o habilitassem a estabelecer conclusões de natureza moral so bre alguns dos problemas com que nos defron tamos em nossa atual crise econômica p2 Prosseguindo na mesma linha de pesquisa Lé viStrauss 1949 descobriu uma conexão entre as práticas de troca e a solidariedade social em seus estudos comparativos de regras de paren tesco e casamento a troca direta ou restrita na qual dois grupos dão e recebem um do outro A B gera a solidariedade mecânica ao passo que a troca indireta ou generalizada envolvendo uma rede de numerosos parceiros de troca que não dão àqueles de quem recebem por exemplo A B C D A promove a solidariedade orgânica ver Ekeh 1974 p37 77 Nesses estudos o indivíduo singular é in significante são os grupos não os indivíduos que formam as parcerias de troca Reações americanas individualismo e troca social Rejeitando a subordinação do indivíduo às necessidades sociais na teoria de LéviStrauss Homans e Schneider 1955 Homans 1961 propôs uma teoria da troca social individualista em que as interações estão limitadas a recipro cidades diretas Essa versão da teoria da troca social sublinha o significado do indivíduo único mediante o emprego de conceitoschaves em economia e psicologia como recompensas cus tos punição lucros e investimentos assim co mo os construtos emparelhados estímulo e res posta oferta e demanda A teoria de Homans proporcionou o ponto de crescimento para a teoria da troca social nos Estados Unidos En quanto Blau 1964 desenvolveu os seus as pectos econômicos em enunciados que valori zaram as relações macroestruturais emergentes embora ele viesse mais tarde a duvidar da validade de tais generalizações ver Blau 1987 os pontos de vista psicológicos foram elaborados por comportamentalistas que os li garam à psicologia skinneriana Burgess e Bus hell 1969 ChadwickJones 1976 Nos Estados Unidos a teoria da troca social tem tido sua principal aplicação na interpreta ção do PODER Embora isso possa ser atribuído à preocupação de Homans com as diferenças de status em interações sociais a extrapolação de Blau do poder de grupos pequenos e as ex tensões do fecundo ensaio de Emerson 1962 sobre relações de poderdependência à situação de troca têm sido dominantes em recentes dis cussões americanas sobre o assunto ver Cook 1987 Sua asserção central é que poder e de pendência resultam de relações de troca com o maior doador sendo compensado com o poder e o menor contribuinte reprimido com a depen dência Essa noção de poder tem sido atacada por sociólogos políticos como Birnbaum 1976 e filósofos políticos como Lively 1976 os quais sustentam que o poder tem uma base mais ampla em valores sociais e não pode ser derivado do imediatismo da situação de troca social Outros usos A versatilidade da teoria da troca social ha bilitoua a ser usada com perspectivas teóricas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar troca social teoria da 779 similares na interpretação de outras caracterís ticas várias do relacionamento social Os dois usos seguintes são particularmente dignos de menção Troca social e escolha racional A escolha ra cional revela ações motivadas por ganhos pes soais no decorrer de atividades econômicas que coagem os atores a realizar escolhas a partir de recursos escassos Desde os seus começos a espécie angloamericana de teoria da troca so cial usou argumentos de escolha racional ins pirados na ciência econômica e na teoria dos jogos a fim de conceituar os comportamentos de troca social em sociedades ocidentais e não ocidentais Heath 1976 Sahlins 1965 ver também ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA Embo ra refletindo o predomínio da argumentação econômica nos Estados Unidos e na GrãBreta nha tal redução da vida social à motivação econômica contrasta nitidamente com a con cepção extraeconômica da troca social na so ciologia francesa Troca social e justiça Os parceiros na troca social formulam juízos sobre as suas contri buições para os grupos em que participam e sobre os benefícios que deles colhem Também comparam seus custos e benefícios com os de outras pessoas com quem interatuam ver Thi baut e Kelley 1959 Esses atributos fazem da JUSTIÇA uma idéia de unidade central da teoria da troca social As considerações de justiça na troca social podem expressarse de acordo com suas duas principais variantes identificadas por Barry 1989 a justiça como imparcialidade enfatizando a distribuição de benefícios em bases comuns e assim não levando em conta o status privilegiado como margem de negocia ção e a justiça como vantagem mútua subli nhando os benefícios repartidos entre os parcei ros de troca Entretanto de acordo com as for mulações iniciais de Homans 1961 p715 os teóricos da troca social conservadoramente têm aceito o status como principal critério de justiça A teoria da troca social também pode ajudar a explicar a justiça de cidadania definida como a troca de deveres por direitos no relacio namento do indivíduo com o estado Marshall 1950 Conclusões Como aponta o ensaio de Gouldner 1960 sobre reciprocidade a perspectiva da troca so cial deriva a sua significação de um impulso humano básico para dar e receber em interações sociais com comportamentos contrários ten dendo a desestabilizar as relações sociais Esse pressuposto é amplamente compartilhado pelas ciências sociais e comportamentais tornando a teoria da troca social atraente para numerosas disciplinas Gergen et al 1980 Suas variantes francesa e angloamericana também ajudam a elucidar as premissas de valor que separam o pensamento social coletivista predominante na França das perspectivas individualistas que têm a primazia na ciência social angloameri cana Leitura sugerida ChadwickJones JK 1976 Social Exchange Theory its Structure and Influence in So cial Psychology Cook KS org 1987 Social Ex change Theory Ekeh PP 1974 Social Exchange Theory the Two Traditions Emerson RM 1962 Powerdependency relations American Sociological Review 27 3141 Gergen JG Greenberg MS e Willis RH orgs 1980 Social Exchange Advances in Theory and Research Gouldner AW 1960 The norm of reciprocity a preliminary statement Ameri can Sociological Review 25 16179 Heath A 1976 Rational Choice and Social Exchange a Critique of Exchange Theory PETER P EKEH trotskismo Referindose a uma ampla cor rente de pensamento assim como a um pequeno e organizado movimento dentro do socialismo internacional o termo deriva do nome de Leon Trotsky 18791940 e da influência histórica de suas idéias Em sua significação mais antiga antes de 1917 não representava mais que uma concepção heterodoxa da iminente Revo lução Russa Mas a partir de meados da década de 20 o trotskismo como a principal oposição marxista e crítica ao regime de Stalin na Rússia e internacionalmente ao movimento comunis ta stalinizado acabou adotando um conjunto mais amplo de teses procurando defender os valores do marxismo clássico contra o que ele considerava ser sua apropriação indébita O rótulo cobriu certa diversidade de concepção teórica e prática política Do ponto de vista intelectual a linha primor dial baseavase na teoria da REVOLUÇÃO PERMA NENTE Em primeiro lugar uma antevisão da possibilidade de que a atrasada Rússia pudesse enveredar pelo caminho da revolução socialista antes dos países capitalistas mais avançados A teoria também enfatizava e com insistência Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 780 trotskismo tanto maior uma vez que a revolução bolchevi que não tivera nenhuma seqüência imediata em qualquer outro país a necessidade de revo luções complementares no Ocidente para que o esforço da própria Rússia não redundasse em fracasso Era uma ênfase oposta ao projeto de Stalin de socialismo em um país nacional mente autosuficiente como sendo uma ambi ção falaciosa Uma análise do tipo de sociedade que tinha de fato surgido na União Soviética com a vitó ria política de Stalin formou um argumento complementar Não sendo mais capitalista uma vez que os principais meios de produção eram agora propriedade do estado tampouco o país era ainda socialista de acordo com Trotsky Era uma sociedade de transição na qual a burocra cia governante tinha usurpado o papel político da classe trabalhadora presidindo e benefician dose de vastas e injustificáveis desigualdades Embora não fosse uma classe econômica domi nante no sentido marxista não dispondo de propriedade direta dos recursos produtivos es sa burocracia era uma camada privilegiada e teria que ser derrubada por uma revolução po lítica se a Rússia pretendesse finalmente cum prir a sua transição para o socialismo apoiada por transformações socialistas no Ocidente Se isso falhasse a burocracia ameaçava converter se em veículo para a restauração do capitalismo na Rússia O próprio Trotsky embora fosse o seu críti co veemente não considerava que o regime da burocracia soviética fosse uma nova forma de domínio de classe ou capitalista Esta foi a corrente principal do trotskismo nos 50 anos transcorridos desde a morte de Trotsky que embora o regime stalinista fosse autoritário degenerado e na verdade freqüentemente criminoso preservou de certa forma a princi pal realização da Revolução de Outubro a sa ber a derrubada da propriedade capitalista Ou tras correntes que tiveram origem na tradição trotskista sustentavam pelo contrário que o grupo dominante soviético era de fato um novo tipo de classe capitalista de estado ou burocrática detentora efetivamente dos meios de produção através do controle do es tado Nesse ponto de vista a União Soviética não era em sentido algum intermediária entre capitalismo e socialismo Devido à sua perspectiva teórica quase fun damentalista a revolução permanente a tradição trotskista tem sido fortemente interna cionalista constituindo um dos seus impor tantes centros a Quarta Internacional fundada em 1938 A tradição principal também tem defendido um conceito intransigentemente re volucionário de estratégia socialista Para al guns trotskistas a idéia de um programa de transição tentando construir uma ponte entre exigências limitadas imediatas e metas revo lucionárias mais ambiciosas tem sido central O movimento trotskista considerase herdeiro direto do LENINISMO Nos piores casos foi as sociado a uma mentalidade impregnada de sec tarismo bizantino por vezes utópico Mas nos melhores casos alicerçouse na realidade his tórica do relacionamento singular e inconstante ora crítico ora convicto nunca reverente de Trotsky com a pessoa e a política de Lenin a fim de patrocinar a síntese de uma teoria polí tica socialista simultaneamente revolucionária e comprometida com a democracia e o pluralis mo Para além do mundo das organizações tro tskistas como tais o trotskismo tem tido uma difusa influência criativa sobre o debate intelec tual e o saber marxistas Leitura sugerida Deutscher I 1959 The Prophet Unarmed Trotsky 19211929 Ο 1963 The Prophet Outcast Trotsky 19291940 Frank P 1979 The Fourth International The Long March of the Trotskysts Geras N 1986 Literature of Revolution Mandel E 1979 Revolutionary Marxism Today Trotsky L 1937 1972 The Revolution Betrayed Ο 1938 1973 The Transitional Program for Socialist Revolution NORMAN GERAS Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar trotskismo 781 U urbanismo Usado geralmente como sinôni mo de urbanização este termo referese em particular aos efeitos socioculturais de uma par te crescente da população que vive em cidades especialmente nas grandes metrópoles Tam bém é usado para indicar os traços específicos da vida urbana em contraste com os que carac terizam a vida rural Nos Estados Unidos o mesmo termo é freqüentemente empregado co mo sinônimo de planejamento urbano town planning tal como a palavra francesa urba nisme Urbanização em países industrializados A urbanização tem sido um dos mais impor tantes fenômenos da idade industrial não só porque envolve o deslocamento de milhões de indivíduos mas também por significar radicais mudanças qualitativas nos modos e problemas da vida social Em linguagem técnica a urbani zação é o efeito de dois fenômenos distintos movimento para as cidades ou seja migração das áreas rurais para as urbanas e taxas mais elevadas de crescimento demográfico natural entre a população urbana do que entre a popu lação rural Enquanto nos países industriali zados a urbanização foi quase exclusivamen te impulsionada pela migração para as cida des em países subdesenvolvidos sobretudo na África e na Ásia a diferença nas tendências demográficas também desempenha seu papel Nos países industrializados uma primeira e substancial onda de urbanização e crescimento urbano teve lugar no século XIX A Weber 1899 Mumford 1966 No Reino Unido a população urbana subiu de 24 da total em 1800 para 77 em 1900 Manchester era uma aldeia com menos de 10 mil habitantes no co meço do século XVIII em 1801 havia um pouco mais de 70 mil e em 1851 mais de 300 mil Londres já era uma metrópole em 1900 com 5 milhões de habitantes e uma população extremamente heterogênea em termos de ori gem étnica e nacional Entretanto também na Alemanha França e Estados Unidos a urbani zação e o crescimento das grandes cidades no século XIX foram assombrosos Por exemplo a população de Berlim elevouse de cerca de 200 mil habitantes no início do século para 15 milhão em 1890 a de Paris de pouco mais de 500 mil em 1800 para 25 milhões no final do século Não obstante somente no século atual o urbanismo se converteu em uma experiência de escala mundial e atraiu a atenção crescente dos cientistas sociais Em países industriali zados 34 da população vivem agora em cidades com mais de 100 mil habitantes ou nas áreas suburbanas de grandes metrópoles de muitos milhões de pessoas enquanto se calcula que no final do século a maioria da população do mun do estará vivendo em áreas urbanas Hauser e Schnore 1965 Davis 1967 A migração para cidades envolveu primeiro a população rural das regiões circunvizinhas e depois com o crescimento dos modernos sis temas de transportes e comunicações adquiriu proporções nacionais e internacionais Conco mitantemente o aumento de tamanho das gran des cidades alterou radicalmente os problemas qualitativos da vida social ver também SUBÚR BIO comparados com as situações préindus triais baseadas em comunidades estáveis rela tivamente homogêneas e compactas Urbanismo e qualidade de vida social A escola de sociologia de Chicago ver ES COLA SOCIOLÓGICA DE CHICAGO Park e outros 1925 de caráter socioecológico formulou uma interpretação baseada na experiência ame ricana Não só sublinhou a diferença entre o modo de vida urbano e o rural mas também no primeiro salientou a distinção entre por um lado os bairros centrais densamente povoados caracterizados pela mobilidade populacional a 782 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar heterogeneidade social e a relativa deterioração das condições de vida das camadas de baixa renda e por outro lado os subúrbios mais homogêneos e estáveis privilégio das camadas de renda mais elevada A interpretação da Esco la de Chicago foi ainda mais desenvolvida por Wirth que concentrou sua atenção em fatores ambientais como a matriz fundamental para as diferenças entre a qualidade de vida urbana e rural e para as diferenças existentes entre várias espécies de cidades Podemos esperar que as características mais sali entes da cena social urbana variem de acordo com tamanho densidade e diferenças no tipo funcional de cidade Para fins sociológicos uma cidade pode ser definida como uma povoação relativamente gran de densa e permanente formada por indivíduos so cialmente heterogêneos Wirth 1938 p78 As características fundamentais da vida so cial urbana são identificadas como anonimato impessoalidade e superficialidade atribuídas mais à natureza do meio ambiente urbano do que às características sociais O surgimento de irrefutáveis provas empíri cas estimulou um vigoroso reexame da inter pretação da Escola de Chicago A experiência de cidades européias e o desenvolvimento de formas de suburbanização da classe trabalha dora também em cidades americanas lançam dúvidas sobre o levantamento socioecológico da Escola de Chicago Além disso a atenção es tá concentrada em variáveis sociológicas con trapondose às variáves ambientais identifica das por Wirth Por exemplo Gans sustenta que sob condições de transitoriedade e heteroge neidade as pessoas só interatuam em termos dos papéis segmentares necessários para a ob tenção de serviços locais Assim suas relações sociais exibem anonimato impessoalidade e superficialidade 1968 p103 Dado que a instabilidade residencial não é exclusivamente uma característica típica da cidade ou de algu mas cidades e está distribuída de forma desigual em várias áreas urbanas as diferenças de mo dos de vida e comportamento social são inter pretadas utilizandose variáveis sociais clás sicas tais como classes sociais ciclos vitais estruturas de família e emprego etc A partir dessas recentíssimas interpretações formula das pela nova sociologia urbana Saunders 1981 Lebas 1982 Mingione 1986 conside rase que o urbanismo está refletido em profun das mudanças sociais nas quais porém o meio ambiente atua meramente como indispensável pano de fundo para a mudança nas relações sociais e estratégias de vida O problema crucial nessa transformação é o progressivo enfraque cimento e adaptação de contextos e recursos recíprocos em conjunto com a expansão da eco nomia de mercado e a concentração de seções cada vez maiores da população em áreas urba nas ao lado do concomitante crescimento con traditório e desigual em recursos monetários e contextos associativos entre classes e grupos de interesses Esses fatores estão originando novas e importantes eclosões de conflito social desi gualdade e áreas sociais que são penalizadas e marginalizadas pelos novos métodos de dis tribuição de recursos sociais e de organização da representação de interesses políticos A per sistência da questão habitacional ou das áreas de pobreza e marginalização o surgimento de crescentes problemas ecológicos as dificulda des cada vez maiores em controlar dirigir e adaptar sistemas socialmente complexos de ser viços e transportes cada vez mais dispendio sos que abrangem áreas territoriais progressi vamente mais vastas são apenas outros tantos aspectos dessa transformação mais evidentes do que outros aspectos nas cidades contempo râneas mas que não podem ser principalmente ou apenas atribuídos a diferenças ambientais Urbanismo e desenvolvimento industrial Uma das questões básicas mais amplamente debatidas do urbanismo em países industria lizados é o grau em que esse fenômeno é um efeito praticamente exclusivo inevitável e pro gressivo do desenvolvimento industrial O pressuposto implícito do industrialismo é que o desenvolvimento industrial ocasiona econo mias de escala continuamente crescentes atra vés da progressiva concentração em grandes cidades A razão disso é que as últimas atraem recursos econômicos e mãodeobra para pro mover o crescimento da produção industrial e por seu turno o recrudescimento da população e da atividade econômica da cidade atua como base para atrair novos recursos e incentivar níveis cada vez mais elevados de crescimento e concentração Esse pressuposto é agora o alvo de toda uma série de críticas Observouse que em muitos casos as características do urbanis mo dependem de condições e fatores históri cos preexistentes ao desenvolvimento industri al como é o caso na maioria das cidades da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar urbanismo 783 Europa continental e de elementos amplamen te independentes de concentração industrial e crescimento de emprego na manufatura o caso de cidades capitais Em seguida é claro que existe toda uma série de limites técnicos sociais e econômicos à idéia de uma interliga ção progressiva entre a INDUSTRIALIZAÇÃO e o crescimento das grandes cidades Esses limites que variam consideravelmente em diferentes contextos e épocas são o custo e o tempo necessários para construir a rede de transportes a dificuldade de solucionar a congestão urbana e os problemas ambientais em cidades já super povoadas Por todas essas razões o desenvolvimento industrial pode ser considerado a mais impor tante fonte para a difusão do urbanismo mas sob condições variáveis e descontínuas e em conjunto com outros fatores Entre estes é im portante considerar as políticas de bemestar sobretudo as que se relacionam com habitação e transporte mas também a maior ou menor concentração de serviços em geral e a variabi lidade no tempo e no espaço de combinações socioeconômicas específicas depois há a per sistência de pequenas e médias empresas em contraste com as grandes concentrações indus triais e financeiras a diversificação da econo mia urbana em contraste com a presença de indústrias que pelo alto nível de especializa ção se mantêm únicas no mercado o impacto de estratégias de economia de mãodeobra e descentralização econômica em contraste com as economias de escala assim como o possível papel de condições ambientais como poluição tráfico congestão o elevado custo de moradia e de vida em geral Ao adotar abordagens mais requintadas que a do industrialismo é possível explicar as características que o urbanismo vem adquirindo nestas últimas décadas e a experiência de países sob o socialismo real No primeiro caso foi apresentada a idéia de contraurbanização Ber ry 1976 Perry et al 1986 uma vez que nas duas últimas décadas a população das áreas metropolitanas centrais esteve declinando ou aumentando mais lentamente do que nas ci dades de pequeno e médio porte e no interior Acreditase que esse fenômeno seja resultado da reestruturação industrial do declínio no sis tema de grandes indústrias manufatureiras e da nova fase de terceirização em que trabalha dores autônomos e pequenas firmas dotados de tecnologia atualizada mas também potencial mente emancipados da necessidade de se loca lizarem em grandes áreas urbanas estão adqui rindo crescente importância Castells 1989 Na realidade o declínio na importância e atra ção das grandes áreas metropolitanas não foi além de uma queda no emprego industrial e da descentralização de algumas indústrias para ci dades menores e países em processo de indus trialização Em contrapartida a fisionomia das cidades globais Sassen 1991 centros nervo sos para o controle das atividades políticas e econômicofinanceiras está se tornando o pa drão predominante Onde isso ocorre o custo dos terrenos nos centros das cidades aumenta continuamente porquanto estes constituem o ponto focal para a competição entre os vários usos reivindicados pela localização adminis trativa o setor terciário avançado e a homoge neização residencial em termos de classe social o estabelecimento de atividades econômicas e de supervisão avançadas e a presença de opor tunidades de trabalho tanto de elevada quanto de baixa renda assim como informais Nesse sentido a desurbanização é o efeito da expulsão das camadas de renda média ou baixa dos cen tros metropolitanos para a periferia e outras áreas menos dispendiosas e a crescente dificul dade com que se defrontam para sobreviver e resistir a essas forças nas áreas metropolitanas centrais Isso é contrabalançado contudo pelo fato de as grandes cidades estarem mantendo sua importância e ampliando sua influência a uma área cada vez mais vasta Quanto aos países de socialismo real fa lavase muito de síndrome de suburbanização Konrád e Szelényi 1977 desencadeada pela política redistributiva que favorecia o inves timento destinado à expansão industrial em de trimento de custosos programas de habitação e infraestrutura urbana Assim uma parcela im portante da população empregada nas novas indústrias e no setor terciário urbano foi incapaz de encontrar moradia e serviços nas grandes cidades e se viu forçada a viajar diariamente entre o local de trabalho e suas residências em pequenas cidadessatélites que podiam estar situadas a uma boa distância a inscrever seus nomes em extensas listas de espera em razão da insuficiente oferta de moradia nos bairros eco nômicos ou encontrar outras soluções insatisfa tórias que refletiam cada vez mais as desigual dades sociais Szelényi 1983 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar 784 urbanismo Urbanização e urbanismo em países subdesenvolvidos No século XX a urbanização e o gigantismo urbano assaltaram irresistivelmente quase to dos os países subdesenvolvidos onde hoje se localizam vastas áreas metropolitanas que ain da crescem de forma incontrolável Breese 1969 AbuLughod e Hay 1977 Gilbert e Gu gler 1982 Nesses países além da irreprimível migração para as cidades de gigantescas massas expelidas do campo pela agricultura extensiva de plantation a concorrência internacional e a crescente pressão pela racionalização da lavou ra há ainda o efeito de elevadas taxas de nata lidade urbana e das condições de higiene e saúde geral nas cidades as quais embora muito inferiores aos níveis médios dos países desen volvidos são superiores às do campo e se refle tem nos acentuados aumentos em termos de probabilidades e expectativas de vida O urbanismo em países subdesenvolvidos é caracterizado por dois fenômenos muito sa lientes O primeiro consiste na acentuada e incontrolável polarização entre um número li mitado de camadas de média e alta renda que desfrutam de condições de vida semelhantes às das camadas mais abastadas dos países indus trializados e de serviços fornecidos por uma população disponível para trabalho muito mal pago e uma enorme e heterogênea população com renda monetária extremamente baixa O segundo fenômeno é formado pelas estratégias de sobrevivência deste segundo grupo vivendo em sua grande maioria em condições miserá veis barracos e cortiços em terrenos ocupados ilegalmente e trabalhando no chamado setor informal um misto de serviços artesanato e ca melotagem mãodeobra nãoqualificada para a construção civil trabalhos domésticos e ou tras atividades legais e ilegais Hart 1973 Ger ry 1987 Mingione 1991 Seu estilo de vida urbano também leva para as grandes cidades do Terceiro Mundo numerosos elementos de es tratégias de subsistência rural desde a criação de animais domésticos até a importância do parentesco das redes étnicas e comunitárias e de uma solidariedade entre amigos e vizinhos que é indispensável à sobrevivência onde a renda individual é extremamente baixa Leitura sugerida AbuLughod JL e Hay R orgs 1977 Third World Urbanization Ball M Harloe M e Maartens H 1988 Housing and Social Change in Europe and the USA Berry BJL org 1976 Urba nization and Counterurbanization Bookchin Murray 1987 The Rise of Urbanization and the Decline of Citizenship Breese Gerald org 1969 The City in Newly Developing Countries Castells Manuel 1989 The Informal City Davis K 1967 The urbanization of the human population In Cities Gans H 1968 Urbanism and suburbanism as ways of life In Rea dings in Urban Sociology org por R Pahl Gilbert Alan e Gugler Josef 1981 Cities Poverty and Deve lopment Hauser Philip M e Schnor Leo F orgs 1965 The Study of Urbanization Mingione Enzo 1986 Urban sociology In The Social Reproduction of Organization and Culture org por Ulf Himmel strand Ο 1991 Fragmented Societies Mumford Le wis 1966 The City in History Park RC Burgess EW e McKenzie RT 1925 The City Perry R Dean K e Brown B 1986 Counterurbanization Sassen Saskia 1991 The Global City Saunders P 1981 Social Theory and the Urban Question Szelé nyi Ivan 1983 Urban Inequalities under State Socia lism Weber Alfred 1899 The Growth of Cities in the Nineteenth Century a Study in Statistics Wirth L 1938 Urbanism as a way of life American Journal of Sociology 44 124 ENZO MINGIONE utilitarismo A tradição em teoria moral po lítica e social que avalia a retidão de atos escolhas decisões e políticas por suas conse qüências em relação ao bemestar humano e possivelmente animal tem sido especialmente influente Associada há muito tempo aos nomes de Jeremy Bentham e John Stuart Mill ainda tem eminentes adeptos entre filósofos econo mistas e cientistas sociais e ocupa um lugar central na teorização moral política e social Mas talvez o maior testemunho do impacto do utilitarismo esteja no extraordinário número de críticos que tentaram e continuam tentando e de todas as maneiras possíveis refutálo ou de alguma forma livrarse dele A versão clássica de utilitarismo tal como exposta em Bentham e Mill era uma forma de utilitarismo do ato act utilitarianism de acor do com a qual um ato é correto se produz as melhores conseqüências ou seja conseqüên cias para o bemestar humano que sejam pelo menos tão boas quanto as de qualquer alterna tiva Embora os críticos com freqüência ainda se concentrem nessa versão de utilitarismo ou tras versões têm sido dela distinguidas como o utilitarismo da regra rule utilitarianism a ge neralização utilitária o utilitarismo de motivo e o utilitarismo cooperativo Até que ponto algumas dessas versões são realmente distintas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar utilitarismo 785 do utilitarismo do ato e até que ponto todas elas estão livres de dificuldades ainda é matéria de controvérsia De fato utilitarismo é o nome de um grupo de teorias que constituem variações sobre um tema do qual podemos distinguir três com ponentes Componente conseqüência De acordo com o componente conseqüên cia a retidão está vinculada de algum modo à produção de boas conseqüências À noção de que só as conseqüências tornam os atos certos ou errados dáse o nome de conseqüencialismo é o componente conseqüência do utilitarismo do ato e pode neste contexto ser tratado como a noção de que um ato é correto se acarreta melhores conseqüências O conseqüencialismo tem sido muito criticado pelos que favorecem diferentes explicações do que faz com que se jam certos os atos certos Por exemplo alguns sustentam que o conseqüencialismo evoca uma mente corrupta na medida em que não pode proscrever certos atos por exemplo mentir independentemente de suas conseqüências Se as conseqüências é que fazem dos atos certos ou errados então até mesmo o mais repreensí vel dos atos poderia em certas circunstâncias resultar correto Afirmam outros que uma preo cupação em produzir as melhores conseqüên cias em cada ocasião pode deixar de produzir as melhores conseqüências globais e portanto ser contraproducente Ainda outros sustentam que uma explicação impessoal de retidão como as melhores conseqüências pode não ser com patível com a realização pelo indivíduo de seus projetos compromissos e relações e assim em certa medida pode afastálo de sua própria integridade Em termos mais gerais as descri ções impessoais de retidão são acusadas de não considerar seriamente a distinção entre pessoas ou seja de não tratar as pessoas como indiví duos autônomos com suas individualidades projetos e méritos próprios Discutese até que ponto essa acusação procede é por exemplo vigorosamente refutada por RM Hare mas ela instigou o recente desenvolvimento de es quemas de direitos morais individuais para a proteção de pessoas Componente de valor De acordo com o componente de valor o caráter benévolo ou malévolo das conseqüên cias será avaliado por algum padrão de bondade intrínseca cuja presença no mundo tem que ser maximizada Esse bem no caso do utilitarismo do ato foi o bemestar humano em que deve exatamente consistir o bemestar humano con tudo tem provado ser uma questão controversa Por exemplo os primeiros utilitaristas eram hedonistas os mais recentes como GE Moore têm sustentado que outras coisas além do pra zer eou da felicidade são boas em si mesmas Uma tendência recente tem sido o afasta mento dos padrões de bondade que fazem refe rência a estados mentais e a preferência pelas concepções de bemestar humano que se ba seiam na satisfação de desejos e predileções Um problema neste caso consiste em isolar os desejos em que temos de nos concentrar A reflexão sobre as dificuldades em torno do que fazer com desejos atuais ou futuros forçou os teóricos na direção do seu esclarecimento isto é dos desejos que teríamos se estivéssemos plenamente esclarecidos despreocupados li vres das pressões do momento etc O pressupos to parece ser que sob condições apropriadas os desejos informados tornamse reais ao passo que aqueles de nossos desejos que não são aceitos como informados são abandonados ou pelo menos não são corretamente materializa dos Mesmo sem introduzir problemas relacio nados com a fraqueza da vontade os detalhes dessa troca de desejos em termos de psicologia moral individual permanecem um pouco obs curos Os críticos da teoria de valor utilitarista são inúmeros e certamente essa continua sendo uma área de imensa controvérsia não só quanto à natureza das coisas que aceitamos como do tadas de valor intrínseco mas até no que se refere à possibilidade de existirem VALORES im pessoais ou mediadores neutros Os valores sustentase cada vez mais são subjetivos no sentido de serem relativos ao agente são os valores dos agentes Entretanto o utilitarismo requer que os desejos sejam agregados ponde rados e equilibrados em termos de algum prin cípio mediador neutro relacionado por exem plo com o bemestar geral ainda que reste a esclarecer por que um agente qualquer tem razões para valorizar a busca do bemestar ge ral Se uma pessoa é abastada pode adquirir tal razão mas se lhe for requerido que não sendo abastada realize profundos e sistemáticos sa crifícios para maximizar o bemestar geral Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar 786 utilitarismo Componente de alcance De acordo com o componente de alcance o que tem de ser levado em conta na determinação da retidão são as conseqüências de atos que afetam a todos A menos que as conseqüências de um ato possam ser suprimidas a classe de todos os afetados pelo ato uma vez que as conseqüências se prolongam no futuro parece expandirse constantemente com possível efei to sobre a retidão Mas o principal problema que o componente de alcance apresentou aos utili taristas foi a exigência de para o êxito do utilitarismo sermos capazes de realizar compa rações interpessoais de prazeres e dores ou de sejar satisfações Só seremos capazes de maxi mizar a satisfação do desejo em todos os afeta dos pelo ato se pudermos comparar o efeito desse ato sobre os conjuntos de desejos de cada um dos envolvidos avaliar a extensão e a força desse efeito e comparar os diferentes resulta dos Os primeiros utilitaristas pensaram que poderíamos somar prazeres e dores em dife rentes pessoas mas essa idéia já deixou há muito de ser levada a sério Quanto à satisfação de desejo ou de preferência muitos economis tas e cientistas sociais escrevem como se as comparações interpessoais nada tivessem de problemáticas os críticos porém insistirão em que se faça o exame detalhado de suas teorias e de seus argumentos em apoio da bitola es pecífica que lhes permite comparações de satis fação de desejo em diferentes pessoas Utilitarismos indiretos Finalmente uma inovação recente foi o de senvolvimento de utilitarismos indiretos Por exemplo RM Hare desenvolveu uma explica ção em dois níveis do pensamento moral que é utilitarista de regra no plano da prática mas utilitarista de ato do domínio da teoria ou domínio de definições institucionais ou de nor mas O pensamento utilitarista de ato no campo da teoria selecionará os guias no plano da prá tica cuja aceitação geral nos dará a melhor oportunidade de produzir as melhores conse qüências Assim Hare afirma que a sua expli cação em dois níveis lhe permite evitar muitos dos problemas que os críticos dizem assediar o utilitarismo de ato em termos da prática Outros teóricos dos dois níveis cumpre assinalar consideram estar desenvolvendo uma forma plausível de utilitarismo e não montando novas alegações em defesa do utilitarismo de ato a cujo destino são indiferentes Ver também ÉTICA BEMESTAR SOCIAL Leitura sugerida Bentham J 1793 1948 An Intro duction to the Principles of Morals and Legislation org por J Harrison Brandt RB 1979 A Theory of the Good and the Right Hampshire S org 1978 Public and Private Morality Hare RM 1981 Moral Thin king Mill John Stuart 1863 1957 Utilitarianism Moore GE 1903 1959 Principia Ethica Regan DH 1980 Utilitarianism and Cooperation Schef fler S 1982 The Rejection of Consequentialism Sen A e Williams B orgs 1972 Utilitarianism and Beyond Smart JJC e Williams B orgs 1973 Uti litarianism For and Against RG FREY utopia A palavra descreve uma comunidade ideal livre de conflitos que incorpora um con junto claro de valores e permite a completa satisfação das necessidades humanas As uto pias envolvem normalmente um retrato sis temático da vida na sociedade imaginada ou por vezes a sua descrição em um romance No século atual o ritmo da mudança social política e tecnológica e as divisões políticas entre capi talismo e socialismo levaram a novos temas no pensamento utópico em que os proponentes de utopias se defrontaram por vezes com antiuto pias projetadas para desacreditar seus esquemas de aperfeiçoamento social O termo utopia do grego designando ne nhum lugar foi inventado por sir Thomas More 1516 Entretanto muitas formas de pen samento possuem um elemento utópico Des crições de uma idade de ouro remontam aos gregos se bem que diferentemente das utopias elas sejam localizadas no passado A noção cristã do milênio também apresenta um aspecto utópico enquanto que numerosos teóricos po líticos têm delineado constituições ideais De fato o pensamento contendo elementos utópi cos é muito mais comum do que a descrição coerente da própria utopia A análise sistemática da utopia como mo do de pensamento começou com a publicação de Ideologia e utopia Mannheim 1929 Karl Mannheim estabeleceu uma distinção entre o pensamento ideológico que descreve uma ver são idealizada da realidade corrente e o pensa mento utópico que almeja uma nova espécie de sociedade Entretanto o termo utopia vem sendo geralmente usado hoje em dia para abran ger esses dois significados Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar utopia 787 O pensamento utópico parece florescer em épocas de insegurança social e colapso da auto ridade estabelecida As utopias refletem fre qüentemente as fronteiras de possibilidade es tabelecidas por uma sociedade existente incluin do sua capacidade produtiva sua concepção do grau de maleabilidade da natureza humana e a ênfase relativa atribuída à ESFERA PÚBLICA em contraste com a particular As utopias também refletem a localização social do estrato cujo ideal está sendo representado Assim a utopia das auto ridades é geralmente uma utopia da ordem en quanto que a do povo é com freqüência a de uma terra de abundância e prazer O pensamento utópico do século XX tem se baseado na idéia de progresso que o século XIX incorporou à utopia ao lado da ciência A mais característica forma de utopia do século XX foi a idéia de socialismo embora o liberalismo também tenha uma dimensão utópica Apesar de seus protestos em contrário o pensamento de Marx e Engels é profundamente utópico Ollman 1977 A tradição utópica socialista foi desenvolvida no século XX em estilo fabia no nos numerosos livros de HG Wells que também ajudou a estabelecer a ficção científica como elemento importante do moderno pensa mento utópico Hillegas 1967 Outro aspecto importante do pensamento utópico do século XX pode ser encontrado na área da arquitetura e do planejamento urbano embora isso possa levarnos de volta ao ideal cristão da cidade celestial Fishman 1977 Antiutopia No século XX antiutópicos como George Orwell têm exercido considerável influência Eles descrevem sociedades de modos que espe lham o pensamento utópico ao refletirem uma imagem execrável dos efeitos de experimentos utópicos empreendidos em um nível dessas so ciedades Projetam um pesadelo em que grupos governantes estabelecidos perderam o controle do poder e foram substituídos por agentes bárbaros de uma nova ordem Em parte as antiutopias são uma resposta à ameaça do socialismo e aos im perfeitos experimentos socialistas do século atual O antiutopismo também tem se apoiado em pon tos de vista que enfatizam as raízes biológicas do comportamento tais como o freudismo que su blinha o papel dos fatores instintivos A SOCIOBIO LOGIA é a corrente mais recente de um gênero similar A utopia hoje Modelos gerais de funcionamento socioló gico político e econômico contêm com fre qüência elementos utópicos uma vez que re tratam a implementação abrangente de princí pios fundamentais Os exemplos incluem o mo delo funcionalista plenamente integrado do sis tema social vários modelos de democracia como o que foi desenvolvido pela escola plura lista e o modelo de mercado inteiramente auto regulador desenvolvido pela ciência econômica neoclássica Ver FUNCIONALISMO PLURALISMO MERCADO O período do pósguerra no Ocidente deu origem a um novo surto de pensamento utópico O prolongado boom econômico e o ritmo do avanço tecnológico serviram de esteio a uma nova versão da utopia científica na forma de SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL Kumar 1978 Es sas utopias antevêem uma transformação imi nente da sociedade em conseqüência do avanço científico e cada vez mais do desenvolvimento da informática ver INFORMAÇÃO TECNOLOGIA E TEORIA DA A disciplina da FUTUROLOGIA tam bém possui uma dimensão utópica O desenvolvimento da crise cultural do Oci dente nas décadas de 60 e 70 também originou um ressurgimento de elementos utópicos no pensamento Experiências utópicas como o mo vimento de comunas nos anos 60 foram uma resposta ver CONTRACULTURA Outra que ainda está em desenvolvimento é a ecotopia uma sociedade onde o homem e a natureza pode riam finalmente viver em harmonia ver ECO LOGIA Esta continua a tradição da utopia ba seada no conhecimento científico se bem que agora na forma de tecnologia alternativa ou utópica Uma dimensão utópica também está presente no seio do FEMINISMO Kumar 1981 ligada à crença em que o pessoal é político e à preocupação com o prefigurativo Isso des creve a idéia de que elementos de uma melhor sociedade podem ser estabelecidos aqui e agora para formar um modelo de relacionamento e de instituições no futuro Tem sido apontado que a utopia está agora ao nosso alcance Pode tomar a forma de uma solução puramente interior para as tensões da sociedade envolvendo o uso de drogas psico trópicas conforme descrito por Aldous Huxley em sua última obra A questão da utopia pode até ser dissolvida como na obra de Nozick Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar 788 utopia 1974 que indica já estar realizada a utopia do direito libertário Nessa utopia não existe uma só comunidade ou modo de vida que seja pres crito a utopia consiste simplesmente em uma sociedade onde cada um tem o direito de es tabelecer a forma de comunidade que escolheu seja ela qual for Leitura sugerida Bauman Z 1976 Socialism the Active Utopia Dickson D 1974 Alternativa Techno logy Fishman R 1977 Urban Utopias in the Twen tieth Century Hillegas MR 1967 The Future as Nightmare HG Wells and the AntiUtopians Kumar K 1978 Prophecy and Progress Ο 1981 Primitivism in feminist utopias Alternative Futures USA 4 617 Ο 1987 Utopia and AntiUtopia in Modern Times Mannheim K 1929 1960 Ideology and Utopia More Thomas 1516 1965 Utopia Nozick R 1974 Anarchy State and Utopia Ollman B 1977 Marxs vision of communism a reconstruction Criti que 8441 TOM BURDEN Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar utopia 789 V valor No século XVIII e início do XIX a teoria econômica estabeleceu a distinção entre valor de troca e valor de uso e tentou utilizar o primeiro para explicar as relações de troca ou preços relativos de mercadorias no MERCADO O fato de todas as mercadorias terem valor de troca era atribuído à substância criadora de valor comum a todas elas a qual consistia no trabalho diretamente envolvido em sua produ ção e o fato de as mercadorias terem tipica mente diferentes valores de troca era explicado pela facilidade ou dificuldade relativa de sua produção Essa teoria do valortrabalho enun ciou portanto que todo valor de troca podia ser atribuído ao trabalho quer empregado direta mente na produção ou indiretamente no forne cimento de matériasprimas e ferramentas com que a mãodeobra trabalha Essa teoria atingiu o apogeu na obra de David Ricardo nos anos posteriores a 1815 ver Ricardo 1817 Mas a teoria provou ser insatisfatória como teoria lógica do preço relativo por subentender que se os preços eram determinados por va lores de trabalho então diferentes mercadorias ganhariam diferentes taxas de lucro e se as forças de competição igualassem a taxa de lu cro então os preços não poderiam ser explica dos por valores de trabalho Depois de Ricardo a teoria econômica fragmentouse em diferen tes teorias de valor de acordo com o modo como essa dificuldade foi reconhecida e resolvida A abordagem que acabou sendo predomi nante na teoria econômica denominada ECONO MIA NEOCLÁSSICA negava qualquer significado à distinção entre valor e preço e procurava a explicação dos preços relativos em termos da quantidade de um bem que um indivíduo estaria preparado para sacrificar a fim de obter uma unidade de outro bem Em vez da ênfase recair em diferentes condições de produção a teoria pressupôs indivíduos otimizantes coagidos por suas dotações iniciais e as transações que es tavam preparados para realizar A teoria era assim orientada pela demanda uma teoria subjetivista de valor preço Com o adita mento da produção o preço é então determina do pela interação de demanda para saídas out puts e oferta de entradas inputs derivadas de decisões de agentes maximizadores de utili dade coagidos por dotações e renda e a oferta de saídas outputs e demanda de entradas in puts derivadas das decisões de agentes maxi mizadores de lucro coagidos por tecnologia e recursos iniciais Essa metodologia foi amplamente estabele cida na década de 1870 nas décadas de 30 e 40 deste século John R Hicks 1939 e em es pecial PA Samuelson 1947 mostraram como diferentes ramos da teoria tinham uma estrutura matemática subjacente comum e na década de 50 o trabalho realizado por certo número de economistas matemáticos culminando em um célebre livro de Gerard Debreu 1959 logrou formalizar muitas das intuições de equilíbrio geral da mão invisível de Adam Smith O preço que iguala demanda e oferta é chamado o preço de equilíbrio As questões então for muladas dizem respeito à identificação das cir cunstâncias em que um preço de equilíbrio existe em todos e em cada um dos mercados simultaneamente se tal conjunto de preços de equilíbrio é único e se é estável no sentido de ser restabelecido caso seja perturbado O foco incide pois sobre os indivíduos otimizantes que tomam decisões quantitativas na base de preços paramétricos e sobre a interação des sas decisões para determinar preços de equi líbrio A pesquisa corrente inclui a inves tigação de modelos agregativos e desagrega tivos em que os preços não são paramétricos os participantes do mercado têm acesso a diferentes somas de informação pertinente e as transações ocorrem a preços que não são de equilíbrio 790 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar Uma abordagem muito diferente foi adotada por Karl Marx nas décadas de 1850 e 1860 Ele manteve a distinção entre valor e preço mas reformulou a teoria de valor da força de trabalho de tal modo que ela compreendia duas propo sições primeiro que a força de trabalho abs trata é a fonte de todo valor e segundo que o valor adquire uma forma independente de exis tência como uma soma de DINHEIRO O modo como um conteúdo produz sua forma de apa rência é portanto uma questão imediata Marx adotou uma abordagem dialética na qual o desenvolvimento dos conceitos em sua análise apresenta contradições que são superadas so mente para serem reapresentadas de uma forma que para ele refletia as contradições de um mundo dividido em classes O preço é portanto a forma de aparência na troca do valor criado na produção Marx 1898 a forma como isso é realmente calculado por Marx e por autores subseqüentes na mesma tradição é matéria de considerável controvérsia As duas teorias de valor são incompatíveis entre si A teoria neoclássica de valor começa com a otimização por indivíduos atomísticos não vê diferença alguma entre valor e preço e se concentra em situações de equilíbrio A teoria marxista de valor começa com classes dis tingue o valor do preço e reflete um mundo contraditório em que o antagonismo de classes está sendo continuamente produzido e reprodu zido Ver também VALORES Leitura sugerida Arrow KJ e Hahn FH 1971 Ge neral Competitive Analysis Fine B 1989 Marxs Ca pital 3ª ed Foley DK 1986 Understanding Capital Koopmans TC 1957 Three Essays on the State of Economic Science Marglin SA 1984 Growth Dis tribution and Prices Rowthorn R 1974 NeoClas sicism neoRicardianism and Marxism New Left Re view 86 6387 Rubin II 1928 1973 Essays on Marxs Theory of Value Sweezy PM org 1940 Karl Marx and the Close of his System by Eugen von Böhm Bawerk 1896 and BöhmBawerks Criticism by Marx by Rudolf Hilferding 1904 SIMON MOHUN valores Na acepção de princípios morais e outras matérias de interesse os valores cons tituem um foco de discussão em três níveis principais da teoria social Em primeiro lugar apresentamse como objeto de investigação como nas recentes discussões de troca de valor dos valores materialistas para os pósmateria listas entre as populações de sociedades capita listas avançadas Em segundo lugar constituem uma categoria central para algumas perspec tivas teóricas em sociologia mormente o es truturalfuncionalismo Em terceiro lugar a teoria social trata o problema filosófico da rela ção entre enunciados factuais e avaliatórios em reflexões metodológicas que suscitam questões fundamentais em torno das relações entre teoria social sistemática e orientações e compromis sos normativos de várias espécies O estudo sistemático de valores como obje tos depende de um sentido de diversidade ani mado pela pesquisa sociológica e especialmen te antropológica bem como pela desconstrução filosófica de sua alegada universalidade Na Europa do final do século XIX Nietzsche era evidentemente a figura central nesse desenvol vimento mas outros pensadores com destaque para RH Lotze 181781 foram também cen trais para o surgimento de uma explicação da subjetividade de valores que se desenvolveu paralelamente às explicações subjetivistas de VALOR econômico Émile Durkheim continua sendo o exemplo paradigmático do estudo científico de valores como fatos morais o que ele chamou a cons cience collective implica a consciência e a per cepção do que se passa à nossa volta e esse duplo significado indica a centralidade que ele atribuiu aos valores na integração social Atra vés sobretudo da influência de Structure of Social Action 1937 de Talcott Parsons assim como da do conceito de estatuto social a idéia de que a integração é assegurada primordial mente por um sistema de valor compartilhado tornouse um lugarcomum do funcionalismo norteamericano Parsons passou suavemente de uma orientação normativa de ação no sentido trivial de que os atores têm de escolher entre fins alternativos e uma concepção em que para a ordem social ser assegurada o problema hobbesiano as ações devem ser predominantemente orientadas para um siste ma comum de valores normativos Seria pos sível conceber é claro a ocorrência da integra ção social de um modo mais automático sem referência ao consenso de valores como de monstrou o artigo clássico de David Lockwood 1964 e o que esse autor chamou de integração social distinguindoa do mero processo mecâ nico de integração sistêmica poderia ser en tendido como envolvendo mais argumentação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar valores 791 e a formação de consenso Jürgen Habermas do que a aceitação indiscriminada de um sis tema de valores trivial desprovido de toda ori ginalidade Na prática porém o FUNCIONALISMO se man teve e caiu baseado no postulado do consenso de valor como mecanismo central de integra ção A sua queda substancial começou com a demostração da variação subcultural em termos de valores na sociologia da transgressão e da juventude e foi completada com a ascensão na década de 60 das subculturas em movimentos de oposição política radical e do cultivo de estilos de vida alternativos Forçado a admitir a diversidade de valores o estruturalfunciona lismo esteve em recesso por algum tempo seu ressurgimento primeiro na Alemanha Ociden tal e agora de forma crescente nos Estados Unidos dáse em termos de modelos sistêmicos e cognitivistas mais sofisticados Entrementes a teoria social marxistaleninista oficial nas so ciedades socialistas estatais acolheu o tema de um sistema de valores comum ao mesmo tem po em que rejeitava é claro a teoria funciona lista e a ênfase idealista na primazia de va lores Esse contexto teórico formou o background para os numerosos estudos sociológicos e so ciopsicológicos de sistemas de valores cujo enfoque em dados subjetivos era perfeitamente adequado aos instrumentos da pesquisa explo ratória Mas na sociologia e na ciência política as generalidades sobre sistemas de valores por um lado e o registro detalhado de opiniões particulares por outro deixaram como que um hiato em que se poderia ter esperado encontrar uma autêntica sociologia de orientações éticas ou políticas Parte do atrativo da obra de Michel Foucault estava talvez no fato de que ele aca bou preenchendo esse hiato com seus estudos de punição e sexualidade e Pierre Bourdieu oriundo de uma tradição antropológica que sempre fora mais sensível a essas questões também deu uma importante contribuição ao reviver a noção do habitus um modo semi obrigatório de atuar ou de se comportar Um aspecto do estudo empírico de valores que merece menção especial é a tese desenvol vida por RF Inglehart de que as modernas sociedades avançadas e em especial os jovens membros dessas sociedades estão ficando mais atraídos para os valores pósmaterialistas como a livre expressão e a qualidade de vida à custa de questões mais tradicionais e prosaicas como crescimento econômico pleno emprego e pro gresso material Embora essa tese fosse muito discutida em seus detalhes parece apontar para uma diferença de valores políticos entre os mo vimentos da velha e da nova esquerda entre socialistas de classe média e de classe traba lhadora e entre socialistas e verdes De modo mais ambicioso Ulrich Beck e outros apos taram que os conflitos distributivos caracterís ticos das sociedades industriais e sintetizados no conflito sistêmico entre trabalhadores e ca pital tendem a ser deslocados pelo complexo e mutável produto do interesse individual e do perigo compartilhado ambiental Quanto ao papel metodológico dos valores no pensamento social e na ciência social o século XX assistiu a uma continuação das po sições fixadas no final do século XIX De um modo geral podese distinguir uma tradição comteanapositivista ver POSITIVISMO levada adiante por Durkheim na qual a ciência objeti va pode dizernos o que é normal ou patológico em nossas sociedades e como seus órgãos regu ladores remediariam quaisquer defeitos uma tradição weberiana que sustenta em teoria e ambiciona alcançar na prática científica uma nítida distinção entre enunciados factuais e ava liatórios embora reconhecendo o papel dos valores na orientação da investigação científi ca e uma ênfase marxista na unidade de aná lise e prescrição na crítica A posição positivista original sempre pade ceu da dificuldade de tornar plausíveis os seus diagnósticos na prática as intervenções tecno cráticas foram mais freqüentemente justifica das por uma versão simplificada da distinção fatovalor que considera os juízos de valor es tranhos à ciência e trata os valores como fatos a serem documentados e explicados em um cálculo descomplicado dos benefícios de resul tados políticos alternativos A posição de Max Weber era bem mais complicada Ele aceitou a noção de Heinrich Rickert de que o que caracteriza os fenômenos das ciências culturais em oposição às natu rais é mais a sua relação com os nossos valores do que com um conjunto de leis naturais Em bora modificasse consideravelmente a herança rickertiana ao longo de sua carreira e com o passar do tempo mudasse a sua visão da socio logia Weber reteve uma distinção entre concei tos ou usos de conceitos meramente classifica Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 792 valores tórios e idealtípicos O tipo ideal não era ideal em algum sentido avaliatório mas representava uma acentuação de fenômenos na realidade em relação com um ângulo específico e determi nado pelo valor do interesse nesses fenômenos Apesar ou por causa disso afirmou Weber ainda era possível distinguir entre enunciados científicos e expressões de valor que não têm lugar na ciência A ciência não pode dizernos o que devemos querer mas apenas talvez o que queremos e como poderíamos obtêlo e a que custo Se o custo vale a pena ser pago é também uma questão para a nossa própria de cisão Acreditar em outra coisa é não só conta minar a ciência com valores mas ainda mais importante abdicar da responsabilidade moral que cada indivíduo tem de escolher entre deuses e demônios alternativos os sistemas de valor alternativos com que os seres humanos se de frontam no mundo moderno E devemos reali zar essas opções liberdade de valores não sig nifica indiferença moral A posição de Weber em uma forma adequa damente simplificada talvez tenha sido a orto doxia dominante da ciência social do século XX embora seja mais fácil é claro proclamar que a ciência está livre de valores do que im plantar essa liberdade na prática como as teo rias da IDEOLOGIA deixam claro Até os cientis tas sociais mais comprometidos como o aus tromarxista Max Adler aceitaram a necessi dade de separar fatos e valores ver AUSTRO MARXISMO De um modo geral porém os mar xistas deixando de lado os que aceitam incon dicionalmente um princípio de partidarismo têm sido atraídos pela noção de uma unidade de ciência e propostas para a prática transforma dora consubstanciada na noção de Marx de crítica O capital por exemplo era ao mesmo tempo uma obra científica de economia políti ca uma crítica da economia política como um todo e uma crítica da economia e sociedade do capitalismo que acarretou ceteris paribus a bus ca de um melhor sistema A teoria crítica da ESCOLA DE FRANKFURT desenvolveu essa linha de argumentação su blinhando tal como fez Marx a inserção da atividade científica na esfera geral da prática humana e a impossibilidade assim como a indesejabilidade de a separar artificialmente desse contexto no que Habermas chamou um racionalismo positivamente bisseccionado A linha mais especificamente cognitiva de argu mentação recebeu de Roy Edgley e Roy Bhas kar um desenvolvimento recente apontando que se pode passar da demonstração da falsi dade de um conjunto de crenças sobre a socie dade para uma crítica das circunstâncias sociais que sustentam essas falsas crenças Quando o século se avizinha do seu término a discussão de valores parece sujeita a três influências que se contrariam Por um lado a possibilidade de se realizar uma rígida separa ção de enunciados factuais e avaliatórios so bretudo no pensamento social parece menos promissora do que foi nas áreas do mundo fortemente influenciadas pelo positivismo lógi co e suas conseqüências Por outro lado o marxismo e outras fontes de convicção e adesão política parecem estar em eclipse e um relati vismo pósmoderno atualmente em voga trata a discussão de valores como algo deselegante Entretanto dada a magnitude das crises com que a humanidade se defronta no final do século XX isso tem boas possibilidade de não passar de um fenômeno temporário Mais promissora é uma terceira tendência para a GLOBALIZAÇÃO de valores é quase impossível encontrar no mundo contemporâneo qualquer governo que se atreva a não tecer louvores mesmo que hipócritas à democracia ao domínio da lei e à preservação dos direitos humanos A erosão das ditaduras socialistas estatais por valores que eram talvez mais modernos do que clara mente democráticos capitalistas ou qualquer outra coisa é um sinal dessa tendência globali zante Tal é reconhecidamente o caso do fun damentalismo antimoderno em muitas partes do mundo mas isso talvez prove ser também um fenômeno relativamente efêmero O aban dono das esperanças de estabelecer valores uni versais não impede a tentativa mais modesta de encorajar a generalização dos que parecem vá lidos Ver também ÉTICA MORALIDADE NORMA Leitura sugerida Beck Ulrich 1992 Risk Society Bhaskar Roy 1986 Scientific Realism and Human Emancipation Inglehart RF 1977 The Silent Revo lution Changing Values and Political Styles among the Western Mass Publics Oakes Guy 1988 Weber and Rickert Concept Formation in the Cultural Sciences Ossowska Maria 1971 Social Determinants of Moral Ideas Rose G 1981 Hegel Contra Sociology cap1 Weber Max 1904 1949 The Methodology of the Social Sciences WILLIAM OUTHWAITE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar valores 793 vanguarda Derivado do francês avantgar de o termo significa literalmente a guarda avançada ou parte frontal de um exército Seu uso metafórico data de inícios do século XX embora a idéia a de LIDERANÇA política ou cultural por parte de uma elite esclarecida auto designada é em certo sentido pelo menos um século mais velha e em outro sentido tão antiga quanto a raça humana No uso angloamerica no o termo vanguarda é geralmente reserva do à liderança política como o partido de vanguarda no leninismo e o francês avant garde à liderança cultural e artística que é o aspecto que nos interessa aqui Assim esta última expressão pressupõe ou subentende o seguinte 1 Uma condição de permanente revolução cultural ou estética a ser iniciada articu lada ou dirigida por uma minoria avan çada usualmente de acordo com algum processo histórico pretensamente ima nente cf PROGRESSO 2 Relutância por parte dos liderados se jam eles as massas proletárias ou os filisteus burgueses em se submeter a esses líderes ver CULTURA DE MASSA 3 Um direito nãooutorgado da vanguarda para os liderar ou pelo menos os ins tigar insultar ou irritar ao se oferecer para exercer esse papel 4 Esse direito seria justificado se é que o seria pelas pretensões da vanguarda a representar de bom ou de mau grado as aspirações íntimas nãoreconhecidas dos excluídos dela cf a doutrina marxis ta de falsa consciência para o efeito de que sob arranjos sociais imperfeitos os nãoinstruídos são mantidos na ignorân cia de suas reais necessidades e dese jos que somente a vanguarda pode perceber Uma vanguarda não é constituída por deter minantes convencionais de status como rique za nascimento ou função administrativa mas unicamente por mérito pessoal ou talento es tético avaliado per se Em relação à cultura circundante situase na posição ambígua de dependência e ALIENAÇÃO simultâneas Embora tenham raízes no ILUMINISMO e no Romantismo cf a concepção de Shelley dos poetas como legisladores nãoreconhecidos as vanguardas são essencialmente um fenôme no modernista o qual coincide em grande parte com um outro o dos INTELECTUAIS Mesmo quando cultural e politicamente conservadoras como no caso de TS Eliot e muitos outros modernistas as vanguardas são radicais em suas expressões técnicas as quais serão delibe radamente obscuras afetadas irônicas erudi tas alusivas ou mesmo como no movimento dadaísta de Tristan Tzara e outros no começo do século XX intencionalmente vazias de sig nificado Tal como o modernismo de modo geral as vanguardas são em parte uma reação à demo cracia burguesa um aristocratismo dos déclas sés Por conseguinte elas têm dependido com freqüência da aristocracia tradicional para se sustentar Entretanto sua principal clientela hoje em dia especialmente em Londres e Nova York é a burguesia ávida de status fato que está provando ser fatal para a sua credibilidade Com efeito no momento em que escrevo estas linhas as vanguardas parecem estar em declínio por toda parte ao passo que o pósmodernismo e um tradicionalismo revivido florescem so bretudo na mais pública de todas as artes a arquitetura ver MODERNISMO E PÓSMODERNIS MO Leitura sugerida Butler Christopher 1980 After the Wake the Contemporary AvantGarde Kermode Frank 1971 Modern Essays Ortega y Gasset José 1964 1972 The Dehumanization of Art and Other Writings on Art and Culture and Literature Poggioli Renato 1968 The Theory of the AvantGarde ROBERT GRANT variáveis padrão São tipos de orientação para a ação papéis ou relações sociais que apresentam algumas escolhas dicotômicas es pecíficas antes que a situação tenha uma signi ficação determinada Parsons e Shils 1962 p7677 Foram originalmente propostas por Parsons 1951 p5867 que sistematizou re finou e ampliou a abordagem idealtípica we beriana à sociedade sustentando que as ações e os papéis sociais podem ser classificados em termos de cinco dimensões básicas que apre sentam alternativas polares Podem ser usadas para comparar culturas ou subsistemas e grupos dentro de uma sociedade mas uma de suas mais importantes e freqüentes aplicações tem sido a descrição da estrutura social idealtípica de so ciedades tradicionais e modernas ver MO DERNIZAÇÃO Particularismo versus universa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 794 vanguarda lismo é uma dessas variáveis padrão As ações particularísticas são executadas para ocupantes específicos de papéis em função de sua situação particular a qual não pode ser transferida ami zade relações de família As ações universalís ticas podem ser definidas para uma categoria mais geral de pessoas de acordo com critérios objetivos relação vendedorfreguês Uma se gunda variável padrão é difusividade versus especificidade Algumas relações são funcio nalmente difusas na medida em que abrangem uma série de dimensões nãoespecificadas amizade papéis de família Outras são funcio nalmente específicas na medida em que seu conteúdo é claramente definível e delimitado papéis burocráticos Uma terceira variável padrão opõe adscrição a desempenho Alguns papéis são acessíveis e conferem status de acordo com o desempenho e dele dependendo Outros advêm natural mente aos atores e lhes proporcionam status de acordo com seus atributos físicos e sociais não vinculados ao desempenho classe sexo idade família etc A quarta consiste em afetividade versus neutralidade afetiva Alguns papéis for necem satisfação imediata no próprio desempe nho de suas atividades esperadas ao passo que outros adiam a satisfação e se tornam pura mente instrumentais para um objetivo ulterior Finalmente há a orientação no sentido de interesses coletivos versus orientação no senti do de interesses individuais Alguns papéis são exclusivamente orientados para o interesse co letivo servidor público alguns outros acar retam a busca do interesse privado empresá rios Parsons 1951 p17677 afirma que em sociedades tradicionais os papéis tendem a ser adscritivos difusos particularistas e afetivos Em sociedades industriais pelo contrário pre dominam os papéis orientados para o desempe nho universalistas afetivamente neutros e es pecíficos A transição da sociedade tradicional para a sociedade industrial subentende de um modo geral a progressiva expansão da esfera de aplicação do segundo tipo de papéis e uma contração da esfera de aplicação do primeiro Parsons deixa de fora a última variável padrão provavelmente por causa de algumas dificul dades em formular uma argumentação muito clara em uma direção ou outra Hoselitz 1965 p40 assinalou que em sociedades subdesen volvidas a orientação para o interesse pessoal prevalece entre as elites dominantes ao passo que em sociedades avançadas é predominante a orientação para a coletividade Mas se pode igualmente sustentar que os ocupantes de pa péis em sociedades subdesenvolvidas tendem a se orientar mais para os interesses coletivos do que os ocupantes de papéis em sociedades in dustriais individualistas que tendem a buscar a realização de seus interesses privados Leitura sugerida Hoogvelt AMM 1976 The So ciology of Developing Societies Parsons T 1967 Pattern variables revisited a response to Robert Du bin In Sociological Theory and Modern Society JORGE LARRAIN verdade Este parece ser de imediato o mais simples e o mais difícil dos conceitos Afirmar que uma proposição é verdadeira é darlhe o nosso assentimento essa é a sua função primordial da qual as teorias de redundância e performáticas da verdade derivam seu po der Mas ficase assim comprometido com uma asserção sobre o mundo para o efeito grosso modo de que é assim que as coisas são a partir da qual desde os tempos de Aristóteles as teorias de correspondência da verdade obti veram sua aceitação Essa asserção contém a força normativa de acredite em mim aja de acordo com isso da qual as teorias pragmáti cas ganharam sua autoridade e influência ver PRAGMATISMO Ao mesmo tempo essa asserção se desafiada precisa ser fundamentada exigên cia que parece apontar na direção das teorias de coerência Assim um julgamento de verdade tipicamente contém ou subentende uma quá drupla dimensionalidade na medida em que possui aspectos expressivamente verazes des critivos evidenciais e imperativamente fiduciá rios Se o seu básico significado de expressão do mundo é simples o seu aspecto descritivo isto é como as coisas são no mundo é igualmente fácil ver que a fala verdadeira satis faz uma necessidade transcendentalaxiológi ca agindo como um mecanismo de direção para os usuários de uma linguagem encontrarem seu caminho no mundo Mas verdade é também o mais difícil dos conceitos dificilmente se encontra uma teoria que não contenha alguma cilada ardilosa mas na qual seja igualmente difícil não descortinar alguma verdade ou plausibilidade Isso tem ra mificações para teorias de significado referên cia percepção causalidade mediação experi mento e comunicação e assim de modo geral Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar verdade 795 para a sociologia filosófica e a ONTOLOGIA Uma distinção básica é entre teorias de signifi cado e critérios para a verdade Prima facie seria de esperar que os critérios para afirmações de verdade fossem tão variados quanto os con textos em que elas são formuladas As mais importante teorias históricas de ver dade no século XX foram as teorias de corres pondência coerência pragmáticas de redun dância performáticas de consenso e hegelia nas As teorias marxistas foram distribuídas ao longo desse espectro com o marxismo oci dental vendo tipicamente a verdade como a expressão prática de um sujeito em vez de uma representação teoricamente adequada de um objeto quer isso tenha sido na forma coerentista como em György Lukács pragmatista como em Karl Korch ou consensualista como em Antonio Gramsci ver Bhaskar 1991 As teorias de correspondência tiveram seu apogeu durante a supremacia em meados do século do POSITIVISMO lógico embora fossem também sustentadas por alguns críticos deste como JL Austin As mais influentes teorias de correspondência foram a teoria da repre sentação quadro ou pintura do primeiro Wittgenstein a teoria semântica de A Tarski e a teoria de Karl Popper da ciência como reve ladora da crescente verossimilhança ou pare cença da verdade Para os críticos das teorias de correspondência a objeção básica sempre foi que parece não haver um ponto de observação arquimediano a partir do qual se possa fazer uma comparação dos itens correspondentes As teorias de coerência em voga no começo do século sob o impacto residual do idealismo absoluto mas recentemente defendidas com vigor por N Rescher e alguns outros parecem mais plausíveis como explicação de um critério do que como o significado de verdade As teo rias hegelianas podem ser consideradas um ca so especial das teorias de coerência em que o que define a verdade é a conformidade de um objeto à sua noção em última análise à totali dade ou ao todo e não o inverso Mas quer nas declinações hegelianas ou nas mais tipicamente anglosaxônicas as teorias de coerência pare cem pressupor algo como uma explicação de correção inspirada na teoria de correspon dência No essencial as duas espécies mais influ entes de pragmatismo derivam respectivamen te da tradição americana de CS Peirce Wil liam James e John Dewey e do perspectivismo nietzschiano A primeira foi recentemente po pularizada por Richard Rorty para quem o úni co conceito viável de verdade é a assertividade justificada e neste ponto o pragmatismo har monizase com as teorias construtivistas e in tuicionistas das matemáticas Isso é claro é vulnerável à objeção de que uma proposição pode mostrarse justificadamente suscetível de asserção e ser no entanto falsa Para a tradição nietzcheana que informa o pósestruturalismo contemporâneo a verdade é em última análise um exército móvel de metáforas uma expres são arbitrária da vontade de poder que deve ser pensada simultaneamente como necessária e impossível sob rasura É difícil ver essa po sição quer em suas roupagens derrideanas ou foucaultianas sob qualquer outro prisma que não o da autoanulação As outras teorias devem ser tratadas de mo do mais breve A teoria da redundância formu lada inicialmente por FP Ramsey parece intro duzir subrepticiamente a verdade pela porta dos fundos ou então negar a necessidade axio lógica do predicado de verdade As teorias per formáticas do tipo defendido por PF Strawson RM Hare e John Searle parecem mais satisfa tórias a esse respeito mas não dão o devido relevo à extensão em que o predicado de ver dade necessita estar fundamentado fato recen temente acentuado por Kripke As teorias de consenso embora capazes de formulações ideaistípicas parecem vulneráveis à objeção óbvia de que 20 milhões de franceses podem estar errados Bhaskar desenvolvendo o seu realismo crí tico esboçou recentemente uma tetracomposi ção da verdade e uma dialética associada da verdade em que ela é vista como um conceito de muitas camadas O primeiro momento ou componente da tetracomposição vê a verdade como guia da ação action guiding e social como normativafiduciária O segundo compo nente a vê como adequante adequating jus tificadamente sustentável e na dimensão tran sitiva do discurso como relativa O terceiro componente vê a verdade como expressivare ferencial expressivereferential como duali dade epistêmicoôntica e as asserções de ver dade como absolutas dizer como as coisas são no mundo O quarto componente vê a verdade como aléctica como genuinamente ontológica e portanto objetiva como na dimensão in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 796 verdade transitiva as razões para as coisas e os fenôme nos do mundo Neste ponto estamos interessados na ver dade natureza propósito realização das coi sas incluindo pessoas não simplesmente das palavras E na dialética da ciência descrita pelo realismo crítico passamos da certeza subjetiva por parte de um grupo de cientistas a respeito de alguma proposição ou teoria à aceitação pela comunidade científica da faticidade inter subjetiva intersubjective facthood da proposi ção em questão A comunidade procura agora exumar e trazer à luz a razão tipicamente em um nível mais profundo da estrutura ou em uma totalidade mais vasta do fenômeno descrito por essa proposição Quando isso é feito atingimos o nível da verdade objetiva ou aléctica em que a verdade representa agora a descoberta ou revelação da razão para o fenômeno Na vida social uma forma de conhecimento mais vasta ou mais profunda pode freqüentemente criticar ceteris paribus uma forma menos desenvolvi da como é amplamente demonstrado pela ex tensa tradição da teoria crítica desde Marx até Habermas O compromisso do realismo crítico com o realismo moral abre novas possibilidades na teoria da verdade que não podem ser aqui ex ploradas exceto para dizer que Bhaskar sus tentou recentemente em uma linha paralela ao argumento de Habermas que todo e qualquer enunciado expressivamente verídico implica em última instância um compromisso com o projeto de emancipação humana universal Is so podese igualmente afirmar é como a liber dade e o bemestar uma condição para qualquer verdade subjetiva ou intersubjetiva Leitura sugerida Bhaskar Roy 1992 Dialetic Pit cher G 1964 Truth Popper Karl 1972 Objective Knowledge Ramsey FP 1931 The Foundation of Mathematics Rescher N 1973 The Coherence Theo ry of Truth Rorty R 1980 Philosophy and the Mirror of Nature Tarski A 1956 Logic Semantics and Ma thematics ROY BHASKAR verde Ver MOVIMENTO ECOLÓGICO Verstehen A palavra alemã para entendi mento passou a ser usada em um sentido mais limitado para se referir à compreensão de textos e outras realizações humanas tais como ações e fenômenos sociais e culturais quando a com preensão desses fenômenos é freqüentemente vista como sendo de algum modo semelhante ao entendimento de um texto escrito Usada originalmente no século XIX para designar a penetração imaginativa de textos religiosos e outros textos históricos ver HISTORICISMO a palavra foi usada pelo filósofo da história Jo hann Gustav Droysen 18381908 em seu ata que à concepção positivista de que a história deveria ter por objetivo descobrir leis como as das ciências naturais ver NATURALISMO Pode mos entender o espírito Geist de um modo diferente da natureza possuímos o que Droysen chamou uma compreensão imediata e subjeti vamente certa das questões humanas mas isso deve adquirir maior precisão e objetividade graças aos métodos da pesquisa histórica Essas idéias receberam um desenvolvimento ainda maior com o filósofo Wilhelm Dilthey 1833 1911 em sua tentativa de estabelecer as fun dações filosóficas das ciências humanas ou Geisteswissenschaften A obra de Dilthey exibe uma mudança de ênfase do entendimento do significado subjetivamente intencional do es critor ou ator para uma abordagem mais es trutural em que o significado é antes o produto de um sistema mais vasto como uma lingua gem natural ou um conjunto de convenções culturais e essa distinção entre significado sub jetivamente intencional e objetivo tendeu a dominar a discussão subseqüente As figuras centrais na sociologia verstehen de são Georg Simmel e Max Weber Primeiro Simmel tratou sistematicamente essas questões em Die Probleme der Geschichtsphilosophie 1892 Os problemas da filosofia da história Weber 19036 elogiou Simmel por distinguir claramente entre o entendimento objetivo do significado de uma expressão e o entendimento subjetivo ou interpretação dos motivos da pes soa que a proferiu No exemplo de Simmel um soldado que recebe uma ordem verbalmente ambígua pode formular uma hipótese sobre os motivos da pessoa que emitiu a ordem Este último processo insiste Weber é uma forma de conhecimento causal As explicações nas ciên cias sociais devem ter em vista a adequação significativa e causal No caso da muito co nhecida exposição de Weber da ética protes tante e do espírito do capitalismo 190405 a explicação das origens religiosas da inovação econômica protestante nos primórdios da Euro pa moderna deve fazer sentido em termos do que sabemos acerca da motivação humana e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar Verstehen 797 deve existir alguma demonstração de que essas idéias influenciaram de fato a conduta de em presários e trabalhadores protestantes A socio logia de Weber tende a enfatizar o significado subjetivamente pretendido ou um TIPO IDEAL de tal intenção sustentando que os significados objetivos ou corretos são do interesse de outras disciplinas como a filosofia ou o direito A sua categoria de entendimento direto ou imedia to aktuelles Verstehen contudo está perto do que tem sido usualmente entendido como signi ficado objetivo Alfred Schutz inaugurou o que veio a ser conhecido como sociologia fenomenológica com o livro traduzido para o inglês como The Phenomenology of the Social World 1932 Schutz sublinhou a dimensão cotidiana e de senso comum do entendimento e a cons trução de tipos ideais e a ETNOMETODOLOGIA continua nessa direção que por sua vez tem sido crescentemente assimilada à tendência domi nante da teoria social na obra de Anthony Gid dens e outros Em uma linha de desenvolvimento muito distinta os racionalistas têm sustentado que a ação racional é a sua própria explicação Hol lis 1977 p21 ver RACIONALIDADE E RAZÃO Enquanto a HERMENÊUTICA sublinha a recons trução imaginativa do que Wittgenstein cha mou de formas de vida ver Winch 1958 e 1964 os teóricos da ação racional em econo mia psicologia e mesmo em sociologia e antro pologia tendem a operar com uma explicação universalista da motivação humana e a prestar relativamente pouca atenção às autocompre ensões dos atores ao seu próprio senso do que estão fazendo e por quê Na última década do século XX as opo sições originais que Max Weber tentou superar entre Verstehen e explicação Erklären ou en tre EXPLICAÇÃO causal e teleológica passaram para segundo plano assim como as oposições afins entre teorias estruturalistas e individualis tas ou materialistas e idealistas A Teoria Crí tica ver ESCOLA DE FRANKFURT é apenas uma das maneiras como os teóricos sociais tentaram realizar uma síntese dessas oposições A mais saliente oposição é entre a teoria da ação racio nal individualista em ciência econômica e ou tras ciências sociais e as abordagens que com binam princípios estruturalistas e culturalistas em uma continuação da tradição da Verstehen Leitura sugerida Apel KO 1979 1984 Unders tanding and Explanation a TranscendentalPragmatic Perspective Dallmayr F e McCarthy T orgs 1977 Understanding and Social Inquiry Hollis M 1977 Models of Man MullerDoohm Stefan org 1992 Verstehen und Methoden Outhwaite William 1975 1986 Understanding Social Life 2ªed Winch Pe ter 1958 The Idea of a Social Science and its Relation to Philosophy Ο 1964 Understanding a primitive so ciety American Philosophical Quarterly 14 30724 Wright GH von 1971 Explanation and Understan ding WILLIAM OUTHWAITE vício O estado de imoderada fixação ou exa gerada inclinação referese usualmente a uma droga como o álcool ou a heroína embora o conceito tenha sido ampliado a outras condutas viciosas como os jogos de azar e a gula Uma descrição alternativa preferiu freqüentemente o termo dependência A Organização Mundial de Saúde 1981 propôs as seguintes caracterís ticas do viciado em drogas compulsão subjetiva a ingerir uma droga desejo de suspender o consumo embora a ingestão continue padrão estereotipado inflexível de in gestão adaptação dos sistemas nervosos afeta dos pela droga levando à tolerância dos seus efeitos e sintomas de supressão quando a droga é suspensa prioridade do comportamento de busca da droga sobre todas as outras atividades rápido restabelecimento da síndrome quando se quebra um período de abstinência Nem todas as características são mostradas por todas as drogas ou todas as pessoas afetadas No que diz respeito às causas a herança é um bode expiatório de escassa importância para a dependência do álcool As mais poderosas forças causadoras são potencialmente as mais capazes de remédio fatores socioeconômicos que determinam a aceitabilidade e acessibi lidade de compostos psicoativos Tais influên cias incluindo o custo do álcool explicam as diferenças na preponderância de vícios entre países raças religiões sexos e épocas As in terações geradoras de dependência entre as dro gas e o cérebro são mais bem entendidas no caso dos opiáceos os quais exercem efeitos seme lhantes aos das endorfinas substâncias en dógenas que atuam como neurotransmissores A dependência é ainda mais promovida por reações assimiladas de resposta a estímulos ex Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 798 vício ternos e internos pelo desejo incontrolável e a ingestão da droga O mais comum e o mais letal dos vícios é o fumo A dependência que é mantida pelo conteúdo de nicotina está diminuindo nas nações mais ricas e mais bem informadas mas aumentando nos países mais pobres A depen dência do álcool alcoolismo entrou em um ciclo decrescente nos países mais prósperos mas com o recrudescimento no marketing in ternacional de bebidas alcoólicas vem regis trando expansão em regiões menos ricas O uso ilícito de drogas sobretudo de heroína cocaína e anfetaminas gera preocupações crescentes por suas implicações sociais criminosas e para a saúde O uso do fumo é mais freqüente nas camadas de baixa renda e o uso de drogas ilegais em áreas urbanas desfavorecidas As conseqüências sociais do vício resultam em parte da intoxicação e da embriaguez com relações interpessoais perturbadas aciden tes declínio no desempenho profissional e por vezes de atividades ilícitas para financiar o consumo de drogas ver também CRIME E TRANS GRESSÃO Os danos físicos são mais salientes em conseqüência do fumo câncer de pulmão enfisema pulmonar distúrbios cardiovascula res e do álcool incluindo danos cerebrais e hepáticos Injeções de drogas contaminadas produzem infecções mormente com os orga nismos da hepatite virótica e da Aids As com plicações psicológicas do vício incluem depres são com risco de suicídio ansiedade e psicoses transitórias O ponto de vista de que o vício representa uma deficiência moral tem cruzado lanças ao longo dos séculos com o conceito de doença ver também MEDICINA O modelo médico im pôsse a partir da década de 30 e passou a ser desafiado por sua vez pela tese de que o vício é um estado condicionado suscetível de des condicionamento através de técnicas psicológi cas Os argumentos são em parte semânticos o que é uma doença em parte determinados por lutas de poder entre profissões Biologia medi cina psicologia sociologia antropologia eco nomia e religião todas contribuem para um entendimento da conduta viciosa e com fre qüência do seu tratamento e prevenção Os vícios possuem uma proporção espon tânea de remissões de modo que as dificul dades de avaliação conduzem ao debate sobre os méritos desta ou daquela terapia O aconse lhamento breve pode ajudar pessoas no começo da dependência alcoólica e auxilia bastante gente com o vício do fumo a extrair o maior benefício da intervenção de seus médicos Ou tras pessoas necessitam de ajuda mais prolon gada Organizações voluntárias ganham cada vez maior destaque Alcoólicos Anônimos fun dada em 1936 é o paradigma para grupos de autoajuda nos comportamentos viciosos as sim como em outras áreas de sofrimento e angústia Os meios preventivos estão divididos entre redução da oferta e redução da demanda de drogas A redução da oferta envolve o controle legal sobre a produção e distribuição de subs tâncias psicoativas lícitas e ilícitas Os adversá rios do cumprimento da lei a todo custo apon tam o seu fracasso em impedir o narcotráfico Os adeptos assinalam que as restrições nacio nais e internacionais limitam o mau uso e a dependência de drogas e podem citar êxitos resultantes de medidas legais A redução da demanda inclui o reconheci mento precoce e o tratamento de viciados a área menos tangível das melhorias nas condições sociais e a educação Embora os métodos de educação e até o seu valor sejam discutidos a redução do vício e dos danos do álcool e do fumo em numerosos países acompanhou o au mento da consciência pública Leitura sugerida Ghodse H e Maxwell G orgs 1990 Substance Abuse and Dependence an Introduction for the Caring Professions Jellinek EM 1960 The Di sease Concept of Alcoholism Marlatt A e Gordon J 1985 Relapse Prevention Oxford J 1985 Excessive Appetites a Psychological View of Addiction Royal College of Psychiatrists 1986 Alcohol Our Favourite Drug Ο 1987 Drug Scenes JOHN SPENCER MADDEN Viena círculo de Grupo de filósofos e cien tistas que nas décadas de 20 e 30 desempenhou papel crucial na formação do movimento filo sófico conhecido como positivismo lógico ou empirismo lógico Deu continuidade a uma tra dição de pensamento empirista em Viena cujo principal representante era o filósofocientista Ernst Mach nomeado em 1895 para a recém fundada cátedra de filosofia das ciências in dutivas na Universidade de Viena e que de fendeu vigorosamente um positivismo radical mente antimetafísico Em 1922 Moritz Schlick também filósofocientista foi nomea Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar Viena círculo de 799 do para essa cátedra e foi de um seminário liderado por Schlick que em 1923 surgiu o círculo de Viena Além de Schlick os mais importantes mem bros do círculo em termos de seu desenvolvi mento filosófico foram Rudolf Carnap e o eco nomista Otto Neurath Carnap tal como Schlick tinha formação em filosofia e em físi ca mas também estava profundamente familia rizado com os modernos desenvolvimentos em lógica Mudouse para Viena em 1926 e se tornou Dozent instrutor de filosofia na univer sidade virou rapidamente uma figura proemi nente nas discussões do círculo e se firmou como o mais notável expositor das idéias do positivismo lógico Ludwig Wittgenstein em bora não fosse membro do círculo de Viena influenciouo profundamente através do seu Tractatus Logicophilosophicus 1921 que foi intensamente discutido no círculo com efeito Wittgenstein era considerado pelos positivistas vienenses um dos três mais notáveis pioneiros da concepção científica do mundo que eles próprios sustentavam sendo os outros dois Al bert Einstein e Bertrand Russell No final da década de 20 o círculo de Viena apresentouse ao público como um novo movi mento com uma finalidade científica e educa cional abrangente Foi especialmente Neurath socialista ativo e hábil organizador quem insis tiu em que o grupo deveria atuar à maneira de um partido a fim de promover o esclarecimento oferecido pela concepção científica do mundo e por conseguinte servir ao desenvolvimento da sociedade Com esse objetivo foi fundada a Sociedade Ernst Mach No ano seguinte em 1929 divulgouse em Viena o manifesto Wis senchaftliche Weltauffassung Der Wiener Kreis A concecpção científica do mundo o Círculo de Viena Carnap et al 1929 no qual a rigorosa eliminação da metafísica do domínio do pensamento racional e o estabelecimento da ciência unificada Einheitswissenschaft por meio da redução lógica da ciência aos termos da experiência imediata foram anunciados co mo os objetivos básicos do novo movimento No mesmo ano o círculo organizou em conjun to com a Sociedade para a Filosofia Empírica grupo de Berlim com pontos de vista seme lhantes unido em torno de Hans Reichenbach um congresso realizado em Praga Seguiramse outros congressos e foi estabelecida a coopera ção com outros grupos e indivíduos que se dedicavam a propósitos afins Assim foi prin cipalmente em virtude das atividades do círculo de Viena que na década de 30 nasceu uma comunidade internacional de filosofia científi ca Em 1930 começou a ser publicada a revista Erkenntnis principal órgão do movimento O círculo também publicou várias séries de mo nografias tais como Schriften zur wissenschaft lichen Weltauffassung Estudos sobre a concep ção científica do mundo e Einheitswissen schaft Unidade da ciência O ataque dos positivistas vienenses à meta física pelo qual ganharam notoriedade baseou se na moderna lógica matemática tal como desenvolvida em especial na obra de Bertrand Russel e Alfred North Whitehead Principia Mathematica 191011 e no princípio de veri ficabilidade o qual estabelece que o significado de uma proposição factual reside no método de sua verificação experiencial que eles deriva ram de Wittgenstein A lógica moderna havia mostrado para satisfação deles que a matemá tica é parte da lógica e eles interpretaram as proposições da lógica uma vez mais na esteira de Wittgenstein como tautologias vazias per feitamente compatíveis com o princípio empirista central de que todo conhecimento genuíno isto é factual deriva da experiência assim todas as proposições sólidas são tautolo gias ou então enunciados empíricos Por outro lado asserções metafísicas como Deus existe ou Existem valores absolutos uma vez que não são tautológicas nem empíricas mas pretendem veicular informação factual in dependentemente da experiência constituem na realidade pseudoproposições desprovidas de significado embora possam ter significação emotiva com efeito as declarações metafísi cas podem ser ainda mais radicalmente infun dadas porquanto são capazes de violar até as regras da gramática lógica aspecto enfatizado em especial por Carnap desde A Estrutura lógi ca do mundo e Pseudoproblemas em filosofia ambos in Carnap 1928 Essa crítica contudo não se limitou à meta física tradicional incluindo na opinião do cír culo o apriorismo kantiano mas se aplicou também à teoria tradicional do conhecimento que discutiu tópicos como a realidade do mun do externo isto é a questão de saber se o verdadeiro é idealismo subjetivo ou o realismo Em sua Allgemeine Erkenntnislehre Teoria ge ral do conhecimento 1918 Schlick rejeitou a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 800 Viena círculo de metafísica tradicional mas ao defender refi nadamente o realismo ainda se movimentava dentro dos limites da teoria do conhecimento tradicional Nas obras de Carnap de 1928 po rém a questão idealismorealismo é exposta como mais um pseudoproblema em filosofia ponto de vista que foi então adotado também pelo próprio Schlick 1932 A rejeição da metafísica que veio a ser formulada com minúcia extrema por Carnap 1932 1950 seria complementada e reforça da pela exposição da unidade da ciência Neu rath em particular que tinha fortes inclinações marxistas opunhase radicalmente à divisão das ciências comum no mundo acadêmico ale mão em ciências naturais e ciências culturais Geistes ou Kulturwissenschaften como um foco gerador de metafísica A Estrutura lógica do mundo de Carnap foi o primeiro esforço sistemático dentro do círculo de Viena para dar conteúdo à tese da unidade da ciência ao tentar mostrar como todos os conceitos científicos podem ser reduzidos à corrente de experiência própria de cada indivíduo ou construídos a partir desta Esse era portanto o quadro que o círculo de Viena no final da década de 20 apresentava ao mundo à sua volta todos os enunciados empíricos como os únicos enuncia dos factuais significativos tinham que ser re construídos como enunciados cujos termos se referiam à experiência imediata sem implicar assim a pretensão metafísica de que somente tais experiências são reais e de modo corres pondente se presumia que eles eram verificá veis ou falsificáveis de forma conclusiva por enunciados primitivos expressando experiên cias imediatas enunciados esses que nesse ter reno se considerava fornecerem uma incor rigível e sólida base de conhecimento Logo porém ocorreram consideráveis mu danças e desenvolvimentos doutrinários quan do o quadro descrito em linhas gerais deu ori gem a certo número de problemas sérios Em primeiro lugar o princípio de verificabilidade ameaçava colocar a ciência no mesmo nível da metafísica uma vez que as leis naturais não podem ser verificadas de forma conclusiva Schlick 1931 propôs portanto que estas não fossem consideradas como enunciados mas tãosomente como regras que nos permitem inferir enunciados singulares verificáveis Mas essa iniciativa para salvar o princípio de verifi cabilidade não foi bemsucedida pois como sublinhou Carnap 1932 1934 os enunciados singulares da ciência são tão inverificáveis por meio de experiências quanto as leis gerais As sim a verificabilidade como critério para o conteúdo empírico de um enunciado foi subse qüentemente substituída pela noção mais tênue de confirmabilidade de fato já em 1932 Car nap falava de verificação apenas no sentido de uma tênue verificação isto é de confirmação Carnap 1932 1987 Outra dificuldade dizia respeito à nature za das proposições da filosofia científica Wittgenstein no Tractatus admitira que os seus próprios enunciados acerca da estrutura do mundo e de como a linguagem se relaciona com este embora sejam elucidações que ajudam nosso entendimento não são proposições real mente significativas pois não afirmam coisa alguma Enquanto Schlick 1930 aceitava a conclusão de Wittgenstein de que a filosofia não produz verdade alguma sendo apenas a atividade de esclarecimento de proposições Neurath 1932a protestava afirmando que a ciência unificada não tem a menor necessidade de uma metafísica de elucidações Carnap en frentou o problema estabelecendo a distinção entre o modo material e o formal sintático de discurso Carnap 1932 1934 A filosofia explicou ele em The Logical Syntax of Lan guage 1934 é investigação lógica da estrutura sintática da linguagem das linguagens Assim apresentar a tese ontológica de que os números são uma categoria fundamental de entidades ou de que eles constituem certas classes é expres sar no enganador modo material impregnado de contrasenso metafísico o que equivale no cor reto modo formal a formular a asserção sintá tica de que em uma linguagem as palavrasnú meros são primitivas e em outra são cons truídas como certas palavrasclasses As discus sões filosóficas do gênero indicado discussões de categoria reduzemse portanto a propor diferentes liguagens e como não há uma ques tão teórica envolvida em tais propostas elas devem ser tratadas apontou Carnap no espírito convencionalista do que ele chamou o princípio de tolerância Além disso Neurath foi desde o início críti co da concepção da ciência como sendo algo em última análise que se ocupa essencialmente de experiências privadas Sustentou persisten temente que a única forma de linguagem que se ajusta à intersubjetividade da ciência é a lingua Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar Viena círculo de 801 gem fisicalista intersubjetiva portanto o fisica lismo tinha que ser a moldura apropriada para a ciência unificada a qual abrangeria as ciên cias sociais na forma de um comportamenta lismo social Neurath acrescentou que os veri ficadores ou confirmadores da ciência a que ele deu o nome de declarações protocolares também devem ser parte da linguagem fisicalis ta caso pretendam ter alguma significação para a ciência intersubjetiva De compatível com isso negou que as declarações protocolares fossem incorrigíveis e em conjunto com a idéia de um fundamento absoluto do conhecimento rejeitou como destituída de sentido a noção de comparar uma declaração com a realidade se gundo ele as declarações só são comparáveis com outras declarações e nesse ponto conver giu para a abordagem sintática elaborada por Carnap Esse fisicalismo radical conforme ex posto in Neurath 1932a e 1932b impressionou profundamente Carnap que aceitou com mo dificações suas teses principais e abandonou a idéia de que as declarações protocolares são declarações incorrigíveis calcadas na experiên cia imediata É claro que a aceitação do fisica lismo era para ele uma questão não de as serção mas apenas de preferência por certa forma de linguagem e na mesma ordem de idéias ele afirmou que a questão da forma apropriada das declarações protocolares será resolvida por convenção Carnap 1932 1987 A explicação do conhecimento de Neurath Carnap alarmou Schlick que viu nela uma ameaça à própria essência do EMPIRISMO com efeito a afirmação de que declarações só po dem ser comparadas com declarações parecia reativar a teoria de coerência da verdade o que acreditava ele nos forçaria a considerar verda deira qualquer fábula arquitetada de modo coe rente Por conseguinte Schlick insistiu em manter um vínculo entre linguagem e realidade que ele considerou ser fornecido por relatos simultâneos de experiências imediatas que têm a forma de Aqui agora azul é nesses enun ciados de observação ou afirmações Kons tatierungen que linguagem e realidade se tan genciam Por causa de seu imediatismo as afir mações não podem ser motivo de dúvida mas pela mesma razão tampouco servem de base como as declarações protocolares para a cons trução de hipóteses científicas Assim elas não se apresentam no início do conhecimento co mo Schlick se expressou mas antes no seu término na medida em que completam os nos sos atos de confirmação e por conseguinte impedem que a nossa estrutura de conhecimen tos desmorone e se reduza a mero coerencis mo Schlick 1934 Assim dentro do círculo de Viena que na realidade nunca foi tão monolítico quanto in dicou por exemplo o manifesto de 1920 ti nham amadurecido diferenças profundas o ab solutismo conservador defendido por Schlick chocavase frontalmente com a linha radical de pensamento de CarnapNeurath A reação de Schlick a esta última provocou uma série de artigos em Erkenntnis e na recémfundada re vista britânica Analysis Mas enquanto pros seguia esse debate sobre os fundamentos do conhecimento o círculo de Viena já estava se desintegrando como grupo Em 1931 Herbert Feigl discípulo de Schlick e membro do círculo desde o começo tinha ido para os Estados Unidos onde se tornaria um eminente repre sentante do empirismo lógico Em 1934 faleceu o matemático Hans Hahn também um dos membros fundadores Carnap que em 1931 se mudara para Praga foi em 1935 para os Estados Unidos Além disso o clima político era cada vez mais hostil às aspirações do círculo Em 1934 o chamado regime cléricofascista na Áustria no decurso da supressão do Partido SocialDemocrata dissolveu a Sociedade Ernst Mach como clube de livrepensadores e Neu rath emigrou para a Holanda Em 1936 Schlick foi assassinado por um estudante tresloucado acontecimento que a imprensa governamental apresentou como um destino não inteiramente imerecido para um positivista Finalmente a ocupação nazista da Áustria em 1938 forçou a maioria dos membros remanescentes a optar pelo exílio Neurath fugiu em 1940 para a In glaterra O círculo de Viena havia deixado de existir mas a sua herança filosófica e os seus antigos membros que prosseguiram com sua obra no mundo anglosaxão continuaram a exercer profunda influência sobre o desenvolvimento subseqüente do Empirismo Lógico e da filoso fia científica em geral Ver também POSITIVISMO FILOSOFIA DA CIÊN CIA CONHECIMENTO TEORIA DO Leitura sugerida Ayer AJ org 1959 Logical Posi tivism Carnap R 1934 1937 The Logical Syntax of Language Ο 1963 Intelectual autobiography In The Philosophy of Rudolf Carnap org por PA Schilpp Ο Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 802 Viena círculo de 1928 1967 The Logical Structure of the World and PseudoProblems in Philosophy Carnap R Hahn H e Neurath O 1929 1973 Wissenschaftliche Wel tauffassung Der Wiener Kreis In O Neurath Empi ricism and Sociology org por M Neurath e RS Cohen Haller R 1988 Questions on Wittgenstein Han fling O 1981 Logical Positivism Ο org 1981 Es sencial Readings in Logical Positivism Joergensen J 1951 1970 The development of logical empiricism In Foundations of the Unity of Science vol2 org por O Neurath R Carnap e C Morris nova edição Schlick M 1918 1974 General Theory of Know ledge introd de AE Blumberg e H Feigl Ο 192536 1979 Philosophical Papers vol2 19251936 org por HL Mulder e BFB van der VeldeSchlick Ue bel TE org 1991 Rediscovering the Forgotten Vien na Circle WERNER SAUER violência Não existe uma definição consen sual ou incontroversa de violência O termo é potente demais para que isso seja possível Não obstante um entendimento do termo ditado pelo senso comum é grosso modo que a vio lência classifica qualquer agressão física contra seres humanos cometida com a intenção de lhes causar dano dor ou sofrimento Agressões similares contra outros seres vivos são também consideradas com freqüência atos de violên cia E é comum falarse também de violência contra certa categoria de coisas sobretudo a propriedade privada A concepção ditada pelo senso comum não está em absoluto isenta de problemas Consi derese em primeiro lugar a questão da inten ção A ênfase na intenção é importante uma vez que a cirurgia e a odontologia podem causar dor e há a probabilidade de envolverem a perda de partes do corpo mas o único propósito dessas inflições é o bemestar do paciente A tortura por outro lado é uma forma de violência uma vez que o sofrimento é deliberadamente infligi do na melhor das hipóteses para benefício de alguém ou alguma coisa em detrimento da víti ma Mas seria errôneo fazer da intenção o fator crucial para a definição embora os condutores de veículos raramente pretendam matar ou mu tilar alguém um acidente de trânsito poderia muito bem ser descrito como um ato ou pelo menos um incidente de violência sobretudo se causado por negligência ou irresponsabilidade culposa De modo mais fundamental os res ponsáveis pela colocação e o lançamento de bombas são capazes de afirmar que sua intenção ou propósito é apenas destruir propriedades usualmente alvos militares de alguma espécie Mas como é freqüentemente inevitável que pessoas também sejam mortas e feridas por esses ataques seria implausível sugerir que es ses não constituem atos de violência contra seres humanos simplesmente porque seu pro pósito ou intuito declarado é atacar coisas Se o sofrimento humano é uma inevitável concomi tante e conseqüência desses ataques então os seus responsáveis são conscientemente respon sáveis por atos de violência Em segundo lugar alguns comentadores sustentariam que a definição ou descrição aci ma oferecida é decididamente inadequada uma vez que só as agressões ilegais ou não autoriza das contra pessoas é que devem ser descritas como atos de violência Tais agressões quando executadas por digamos policiais no decorrer e em cumprimento de seus normais e neces sários deveres ou durante uma guerra reco nhecida são apropriadamente descritas como atos de força não de violência Assim o Oxford English Dictionary define violência como o uso ilegítimo da força Mas a questão da legitimidade moral ou legal de uma ação é algo diferente da natureza do próprio ato A violência justificada e todos exceto os pacifistas totais aceitam que a violência pode por vezes ser o menor de dois males ainda é violência Em todo caso não existe concordância no tocante a que estados ou outras organizações gozem da legitimidade que se presume converter a violência em uma força de ressonâncias menos ásperas Somente talvez no caso da propriedade é que a legitimidade ou legalidade é um elemento necessário na definição de violência Se decido destruir minha própria estufa para cultivo de plantas isso não seria qualificado como um ato de violência Mas se outros a destruírem contra a minha vontade e sem a minha permissão isso poderá ser perfeitamente descrito como um ato de violência contra a propriedade Por outro lado se em um acesso de fúria eu retalhar em pedaços uma valiosa pintura de que sou o pro prietário as pessoas poderão descrever isso co mo um ato de violência apesar do meu direito legal a destruir minha própria propriedade Um terceiro problema é suscitado pela no ção de agressão física É sobejamente sabido que algumas das mais requintadas formas de tortura moderna as quais produzem uma com pleta desorientação dos sentidos e podem cau Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar violência 803 sar danos duradouros na mente e no cérebro não envolvem qualquer agressão física direta às vítimas De modo um tanto semelhante o bom bardeio aéreo não envolve a agressão direta por indivíduos a outros Não deixa de ser um tanto estranho descrever o ato de apertar um botão que solta uma bomba ou um míssil como um ato de violência Mas o que essas dificuldades assinalam é simplesmente a extensão em que a moderna violência está mecanizada e industrializada en quanto que nossa maneira típica de imaginar a violência ou de pensar a seu respeito é traduzida em termos de confrontos diretos entre indiví duos ou pequenos grupos Tais confrontos ainda ocorrem é claro mas respondem apenas por uma proporção minúscula das mortes e prejuí zos causados por ataques deliberados a seres humanos cuja maioria é levada a efeito mais por estados do que por organizações indepen dentes ou ilegais e por indivíduos agressivos Por conseguinte a busca das raízes da vio lência na psicologia individual é largamente equivocada exceto talvez no caso do assas sino que age por conta própria A distância física entre os que infligem a morte a dor e o sofri mento e os que são as suas vítimas significa que o que o morticínio e a crueldade organizados em grande escala requerem geralmente não são quadros de sádicos e bandidos mas pelo con trário pessoas treinadas em hábitos de obediên cia à autoridade estabelecida que não se sentem pessoalmente responsáveis pelas próprias ações Esse conformismo isento de culpa é uma mentalidade que pode estenderse até bem perto do topo das organizações responsáveis como foi revelado entre outros casos pelo julgamen to de Eichmann Se a violência não envolve necessariamente uma agressão física no confronto direto de al gumas pessoas com outras então a distinção entre violência e outras formas coercivas de infligir danos dor e morte fica enevoada Uma política que deliberada ou conscientemente conduza à morte de pessoas pela fome ou doen ças pode ser qualificada de violenta Essa é uma razão por que slogans como pobreza é violên cia ou exploração é violência não cons tituem meras hipérboles Eles levantam a ques tão de saber se podemos plausivelmente dis tinguir entre os modos de infligir sofrimento e danos que são convencionalmente chamados violentos e aqueles que não são Também suscitam a questão da avaliação da violência Em termos convencionais a violên cia é considerada um dos piores males senão o pior de todos Uma vez que por definição envolve a inflição de dano ou sofrimento deve ser sempre um mal Mas se igual ou pior dano ou sofrimento pode ser deliberada ou conscien temente infligido por outros meios usualmente considerados nãoviolentos por que razão deve a violência ser vista como muito pior do que esses outros males Ver também COERÇÃO Leitura sugerida Ackroyd C Margolis K Rose nhead J e Shallice T 1977 The Technology of Politi cal Control Arblaster Anthony 1975 What Is Vio lence In The Socialist Register 1975 org por Ralph Miliband e John Saville Arendt Hannah 1970 On Violence Ο 1977 Eichmann in Jerusalem Honderich Ted 1980 Violence for Equality Milgram Stanley 1974 Obedience to Authority Moore Jr Barrington 1972 Reflections on the Causes of Human Misery Sorel Georges 1906 Réflexions sur la Violence Trotsky L Dewey J e Novack G 1973 Their Morals and Ours ANTHONY ARBLASTER visão de mundo Ver WELTANSCHAUUNG Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 804 visão de mundo W Weltanschauung Em alemão a palavra re ferese literalmente a uma visão Anschauung intuitiva do mundo Welt por conseguinte a visões do mundo ou aos valores ou princípios culturais subjacentes que definem a filosofia da vida ou a concepção do universo de uma socie dade ou grupo Popularmente o conceito tem sido usado para fazer referência a qualquer sistema geral de crença cristão liberal pagão etc Embora as visões do mundo assim identi ficadas sejam de modo sumamente caracterís tico nãoracionais em sua origem e ligadas às experiências comuns de um grupo o termo também tem sido empregado em referência a perspectivas científicas generalizadas por exemplo darwinianas ou marxistas Em con textos científicos o uso do conceito tem sido influenciado desde a década de 20 pela SOCIO LOGIA DO CONHECIMENTO que procura explicar as origens das visões do mundo em relação às localizações e interesses sociais dos atores Mas em seu contexto alemão original do final do século XIX a noção de uma teoria das visões do mundo Weltanschauungslehre foi identi ficada com uma teoria das ciências humanas a qual rejeitava a redução dos fenômenos cul turais às suas causas sociais Hoje em dia o termo Weltanschauung mantémse útil como designação mais ou menos vaga para concep ções gerais do mundo mas já não desempenha um papel significativo em discussões técnicas nas esferas da filosofia ou da sociologia da cultura não obstante a problemática a que ele se refere envolve muitas das questõeschaves da teoria cultural contemporânea A teoria da Weltanschauung está associada à tradição do HISTORICISMO do final do século XIX especialmente à teoria das ciências huma nas de Wilhelm Dilthey Geisteswissenschaf ten ver Dilthey 1931 p13354 Baseada em uma concepção essencialmente empática da in terpretação ou VERSTEHEN a qual influenciou a sociologia através de Max Weber e a psiquiatria pela obra de Karl Jaspers a teoria hermenêuti ca ver HERMENÊUTICA de totalidades culturais de Dilthey sublinhou as origens nãoracionais das visões do mundo em impulsos estéticos e religiosos mais profundos na vida e se opôs assim a qualquer explicação redutora e materialista de sua gênese social Ele também tentou sem êxito superar as implicações relativistas ver RELATIVISMO da pluralidade de visões do mundo concorrentes Desde a virada do século a ascensão da sociologia na Alemanha desafiou a abordagem das ciências humanas de Dilthey ao apontar que as visões do mundo não podiam ser inter pretadas independentemente de suas origens sociais Na década de 20 Karl Mannheim 1952 redefiniu o debate em termos metodoló gicos ao propor uma sociologia hermenêutica do conhecimento que criticava a teoria das vi sões do mundo a partir da perspectiva de uma concepção geral de IDEOLOGIA que evitava o dogmatismo do marxismo ortodoxo embora permanecesse relativista em suas implica ções Na França na década de 50 Lucien Goldmann 1956 desenvolveu uma sociolo gia da literatura em que visões do mundo vi sions du monde foram analisadas a partir da perspectiva de sua relação homóloga com as estruturas de classe Mais recentemente Jürgen Habermas 1968 atribuiu o fracasso da abordagem de Dilthey a uma hermenêutica objetivista com raízes em um vitalismo insustentável e irracional A ver são da teoria crítica do próprio Habermas ver ESCOLA DE FRANKFURT representa a mais ambi ciosa tentativa de resolver o problema histórico do relativismo Sua argumentação influencia da pela psicologia do desenvolvimento e pelo estruturalismo baseiase em parte em uma aná lise da evolução do que foi traduzido como visões do mundo 1976 p95129 embora 805 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra W Produção Textos Formas Para Ed Zahar no original alemão se faça referência às ima gens do mundo Weltbilder evidentemente para evitar qualquer associação com a aborda gem de Dilthey Leitura sugerida Hekman SJ 1986 Hermeneutics and the Sociology of Knowledge Jay Martin 1984 Marxism and Totality Makkreel RA 1975 Dilthey Philosopher of the Human Studies Mannheim K 1929 1960 Ideology and Utopia Outhwaite Wil liam 1975 1986 Understanding Social Life The Me thod Called Verstehen 2ªed Rickman HP 1988 Dilthey Today a Critical Appraisal of the Contempo rary Relevance of His Work Simonds AP 1978 Karl Mannheims Sociology of Knowledge RAYMOND A MORROW Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra W Produção Textos Formas Para Ed Zahar 806 Weltanschauung Apêndice Biográfico Adorno Theodor Wiesengrund n1903 Frankfurt m1969 Visp Suíça Filósofo e musi cólogo alemão estudou em Frankfurt e Viena Foi membro do Instituto de Pesquisa Social de Frank furt a origem da ESCOLA DE FRANKFURT de teoria crítica no qual ingressou em 1931 Estudou com posição e piano em Viena com Alban Berg e foi vigoroso defensor de Schönberg Deixou a Alema nha em 1934 indo residir primeiro na Inglaterra e depois se juntando ao Instituto em exílio nos Es tados Unidos De regresso a Frankfurt em 1950 tornouse diretor do Instituto em 1958 Suas obras incluem Dialektik der Aufklärung 1947 com Max Horkheimer Philosophie der neuen Musik 1949 The Authoritarian Personality 1950 Negative Dialectics 1966 e colaboração em Der Positivis musstreit in der deutschen Soziologie Einleitung 1969 Althusser Louis n1918 Birmandreis Argé lia m1990 Yvelines perto de Paris Comunista e filósofo francês estudou na École Normale Su périeure em Paris Influenciado pelo racionalismo e o estruturalismo franceses identificou um corte radical entre os escritos de Marx quando jovem e os de sua maturidade e a favor do último sus tentou o marxismo como ciência enfatizando o seu antihumanismo Suas obras Pour Marx 1965 e com Étienne Balibar Lire le Capital 1966 granjearamlhe um público vasto embora freqüentemente crítico Arendt Hannah n1906 Hanover m1975 Nova York Filósofa germanoamericana estu dou nas Universidades de Königsberg Marburgo Freiburg e Heidelberg tendo completado seu dou torado sob a orientação de Karl Jaspers Em 1933 fugiu para Paris e daí em 1941 foi para os Estados Unidos onde trabalhou na área editorial até 1963 e foi figura de destaque em organizações judaicas por exemplo como diretora de pesquisa da Confe rência sobre Relações Judaicas Nova York 1944 46 Em 1963 tornouse professora da Comissão sobre Pensamento Social e de 1967 até sua morte foi professora da New School of Social Research Suas principais publicações incluem The Origins of Totalitarianism 1958 The Human Condition 1958 On Revolution 1965 e On Violence 1970 Bakhtin Mikhail Mikailovitch n 1895 Orel ao sul de Moscou m1975 Moscou Filó sofo e teórico literário russo Estudou nas Univer sidades de Odessa Faculdade de Filologia e São Petersburgo Trabalhou durante 30 anos no Caza quistão em Saransk e em Moscou em relativa obscuridade Em 1957 foi nomeado diretor do Departamento de Literatura Russa e Estrangeira da Universidade de Moscou cargo que ocupou até sua aposentadoria em 1961 Publicou numerosos livros sob nomes de amigos seus O método formal na erudição literária foi atribuído a PN Medve dev 1928 e Marxismo e filosofia da linguagem a VN Volosinov 1929 Isso tem sido motivo de controvérsia mas em geral se acredita que Bakhtin foi o autor dessas obras Em 1929 publicou Pro blemas da poética de Dostoyevsky e em 1966 Rabelais e seu mundo Sua obra influenciou Julia Kristeva e o Grupo Tel Quel Barthes Roland Gérard n1915 Cherbourg m1980 Paris Escritor e crítico francês Estudou na Sorbonne e ocupou numerosos cargos na Hun gria antes de iniciar sua carreira na França onde foi diretor de Estudos e professor de sociologia dos signos símbolos e representações coletivas 1962 76 na École Pratique des Hautes Études de Paris e professor de semiologia literária no Collège de France Em 1953 ajudou a fundar a revista Théâtre Populaire e no mesmo ano publicou Le degré zéro de lécriture que ao lado de Mythologies 1957 o estabeleceu como um teórico póssaussureano Suas outras obras incluem Le plaisir du texte 807 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 1973 e o autobiográfico Roland Barthes par Roland Barthes 1975 Ver SEMIÓTICA Beauvoir Simone de n1908 Paris m1986 Paris Filósofa e romancista francesa Educada na École Normale Supérieure lecionou filosofia em liceus de Marselha Rouen e Paris Figura de proa do EXISTENCIALISMO e do FEMINISMO Simone de Beauvoir foi companheira de toda a vida de Sartre a quem conheceu em 1929 e com quem fundou e editou Les Temps Modernes 1944 Criticou a excessiva ênfase atribuída por Sartre à liberdade do indivíduo em face das normas sociais Em Le deuxième sexe 1949 desenvolveu essas idéias com referência à subordinação das mulheres Além de suas obras filosóficas escreveu numero sos romances três volumes de autobiografia e uma memória de Sartre Benjamin Walter n1892 Berlim m1940 Port Bou França Teórico e crítico literário Es tudou em Freiburg Berlim Munique e Berna Teve negado um cargo acadêmico quando sua tese foi rejeitada em Frankfurt no ano de 1925 embora fosse publicada em 1928 como Ursprung des deutschen Trauerspiels Amigo de Lukács Ador no Brecht e Bloch Benjamin voltouse para o marxismo ver ESCOLA DE FRANKFURT Em 1933 emigrou para Paris onde estudou Baude laire Quando a França foi derrotada e parcial mente ocupada em 1940 Benjamin fugiu para o Sul mas foi detido na fronteira francoespa nhola onde ante a perspectiva de ser entregue aos nazistas preferiu pôr fim à própria vida Alguns de seus últimos escritos foram reunidos em Illuminationen 1961 Bergson Henri Louis n1859 Paris m1941 Paris Filósofo francês Estudou na École Nor male Supérieure 187781 De 1881 a 1897 le cionou em liceus e escreveu Essai sur les donnéses immédiates de la conscience 1889 obra que consubstanciou a sua distinção crucial entre o tempo como duração contínua na vida cotidiana e o tempo tal como é representado pela ciência mecânico e descontínuo Em 1897 lecionou na École Normale Supérieure e subseqüentemente no Collège de France 190014 Entre 1912 e 1918 Bergson realizou missões diplomáticas na América e na Espanha e em 1927 foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura Suas principais obras incluem Lévolution créatrice 1907 na qual rejeitou as explicações mecânicas determi nistas e Les deux sources de la morale et de la religion 1932 Bernstein Eduard n1850 Berlim m1932 Berlim Político e cientista político alemão Ade riu ao Partido SocialDemocrata dos Trabalha dores Eisenachers em 1871 vindo a editar o órgão do partido Der Sozialdemokrat 188190 tornouse marxista mas durante seu exílio em Londres 18801901 foi também influenciado pe los fabianos ao mesmo tempo que se tornava amigo íntimo de Engels Baseada em artigos pu blicados em Die Neue Zeit 189698 sua princi pal obra revisionista Die Voraussetzungen des Sozialismus foi publicada em 1899 ver REVISIO NISMO Essencialmente favoreceu um enfoque gradualista para assegurar os direitos econômicos e sociais e finalmente o poder político para a classe trabalhadora em vez de esperar pela revo lução Bloch Ernst n1885 Ludwigshaven m1977 Tübingen Filósofo alemão Estudou em Muni que e Würzburg Foi influenciado pelo marxis mo o idealismo alemão e a teologia cristã e judai ca Enquanto esteve na Suíça escreveu seu pri meiro livro Geist der Utopie 1918 em que considerava a arte a poesia e a música como materializações do potencial de realização huma no Como escritor freelancer em Berlim na déca da de 20 fez amizade com Brecht Weill Benja min e Lukács e se filiou ao Partido Comunista Em 1933 deixou a Alemanha instalandose nos Estados Unidos em 1938 De regresso à Alema nha Oriental em 1949 exerceu a cátedra de filo sofia na Universidade de Leipzig mas caiu no desagrado das autoridades e se mudou para a Alemanha Ocidental como professor de Filosofia em Tübingen Brecht Bertolt n1898 Augsburgo m1956 Berlim Oriental Dramaturgo e poeta alemão es tudou medicina na Universidade de Munique e trabalhou por algum tempo em um hospital de Augsburgo Veemente adversário da Primeira Guerra Mundial Brecht recebeu a influência do marxismo e do TEATRO político de Piscator Suas peças refletiram essa influência e foram mais tarde colocadas na lista negra dos nazistas Em 1933 fugiu para a Suíça e finalmente viajou para os Estados Unidos onde foi citado pela Comissão de Investigação de Atos Antiamericanos durante a caça às bruxas liderada por McCarthy Em 1949 voltou a Berlim Oriental onde fundou o Berliner Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 808 Beauvoir Simone de Ensemble As obras de Brecht incluem Baal 1918 Mann ist Mann 1926 Die Dreigrosche noper 1928 e Mutter Courage und ihre Kinder 1939 Bukharin Nikolai Ivanovich n1888 Mos cou m1938 Moscou Revolucionário e teórico marxista russo aderiu ao Partido SocialDemocrata russo em 1906 e liderou os bolcheviques em Moscou no ano de 1908 Detido e enviado ao exílio interno escapou em 1911 para Viena onde assistiu às confe rências de BöhmBawerk familiarizandose com os austromarxistas escreveu uma crítica do marginalis mo austríaco Teoria econômica da classe ociosa 1914 e um estudo do imperialismo Imperialismo e economia mundial 191718 Regressou a Moscou em 1917 e foi eleito para o Comitê Central dos Bolcheviques tornandose também editor do Pravda Depois de 1922 Bukharin em contraste com Preo brajensky passou a defender concessões aos campo neses e o equilíbrio de crescimento econômico entre os setores agrícola e industrial Em 1928 opôsse a Stalin a respeito da coletivização e foi exonerado de seus cargos no Pravda e no Politburo Editou o Izves tia 193437 mas foi expulso do Partido Comunista em 1937 julgado por traição e executado em 1938 Carnap Rudolf n1891 RenâniaWestfália m1970 Califórnia Filósofo germanoamerica no Estudou em Freiburg e Jena obtendo formação em física e matemática Convidado a Viena por Schlick em 1926 tornouse figura destacada no CÍRCULO DE VIENA de positivismo lógico Em Der logische Aufbau der Welt 1928 sustentou que os conceitos científicos podiam ser construídos a par tir de um pequeno número de conceitos básicos os quais estão todos diretamente relacionados com a experiência dos sentidos Em 1930 fundou com Reichenbach a revista Erkenntnis órgão oficial do positivismo lógico Como professor de filosofia natural na Universidade Alemã de Praga a partir de 1931 publicou Der Logische Syntax der Sprache 1934 Em 1935 emigrou para os Estados Unidos onde lecionou na Universidade de Chiga go a partir de 1936 e posteriormente no Institute for Advanced Study Princeton 195254 e na UCLA 195461 Chomsky Avram Noam n1928 Filadélfia Lingüista filósofo e ativista político norteameri cano Estudou na Universidade da Pensilvânia Leciona no Massachusetts Institute of Technology MIT desde 1955 Tem escrito extensamente so bre LINGÜÍSTICA formulando uma nova concep ção da estrutura gramatical como inata em vez de aprendida e sobre teoria social área em que tem sido um crítico contundente da política externa norteamericana por exemplo American Power and the New Mandarins 1969 Deixou claro que esses dois domínios de sua obra dever ser tratados separadamente Croce Benedetto n1866 Percasseroli m1952 Nápoles Filósofo idealista italiano Croce foi um scholar independente que nunca exerceu um cargo acadêmico mas foi ministro da Educação do governo italiano em 19201 e de novo depois da Segunda Guerra Mundial Forte mente influenciado por Hegel desenvolveu uma filosofia do espírito que contém quatro tipos de experiência experiência cognitiva do particular e do universal o domínio da estética e da lógica respectivamente e experiência prática do particu lar e do universal o domínio da economia e da ética A história é a descrição da atividade do espírito nesses domínios a filosofia é uma expli cação da metodologia da história da qual é inse parável Croce também escreveu sobre a obra de outros pensadores incluindo Hegel Marx e Vico Derrida Jacques n1930 El Biar Argélia Filósofo e teórico literário francês Estudou na École Normale Supérieure Paris e Harvard Le cionou na Sorbonne 196064 e está na École Normale Supérieure desde 1965 Em 1962 con quistou o Prêmio Cavaillès por sua tradução de A origem da geometria de Husserl para a qual escreveu uma extensa introdução Seu estudo de Husserl faz parte de sua crítica de metafísica oci dental que desenvolveu em La voix et le phéno mène 1967 Lécriture et la différence 1967 e De la gramatologie 1967 A crítica de Derrida é dirigida contra a filosofia da presença dominante na filosofia ocidental desde Platão à qual opõe uma estratégia estrutural conhecida como DESCONSTRUÇÃO Dewey John n1859 Vermont m1952 No va York Filósofo pragmatista norteamericano Estudou na Universidade de Vermont e na Johns Hopkins Lecionou em Michigan 188494 Chi cago 18941904 e na Universidade de Columbia 190429 Conheceu George Herbert Mead e aju dou a criar a Escola de Chicago ver ESCOLA SOCIOLÓGICA DE CHICAGO O aspecto central no PRAGMATISMO de Dewey era que a filosofia devia interessarse pelos problemas e raciocínios as sociados ao cotidiano e também exercer uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Dewey John 809 crítica do mundo cotidiano não se limitando a uma atividade meramente contemplativa Mais tarde aplicou sua filosofia aos problemas morais os quais sustentou ele podiam ser julgados de modo prático segundo a maior ou menor eficácia que as máximas morais tivessem para resolver problemas humanos Dilthey Wilhelm n1833 Hesse m1911 Ti rol do Sul Áustria Filósofo hermeneuta alemão Estudou em Heidelberg e Berlim Lecionou em Basiléia 1866 Kiel 1868 e Breslau 1871 e foi professor de história e filosofia em Berlim 1882 Dilthey é mais conhecido por sua radical distinção entre análise científica natural e social a primeira tratando de eventos que podem ser incluí dos em leis ao passo que a segunda se ocupa de fenômenos que só são compreensíveis em função das intenções dos agentes Einleitung in die Geist eswissenschaften 1883 Essa posição antinatu ralista manifestouse originalmente como psicolo gismo científico social posição da qual Dilthey divergiu mais tarde Durkheim Émile n1858 Epinal m1917 Paris Sociólogo francês Estudou na École Nor male Supérieure Lecionou na Universidade de Bordéus até 1902 quando foi nomeado para uma cátedra na Sorbonne Suas principais publicações abordaram os métodos sociológicos as formas de solidariedade social e as funções sociais da reli gião Depois da fundação da influente revista LAnnée Sociologique 1898 Durkheim tornou se particularmente interessado no estudo de socie dades arcaicas bem como da religião e da organi zação social primitivas O tema dominante em toda a sua obra foi que a sociedade possui uma realidade acima da dos indivíduos que a com põem sendo estes compelidos por fatos sociais transcendentes na forma de crenças e sentimentos comuns Durkheim foi um dos fundadores da so ciologia moderna e em particular da teoria funcionalista Suas principais obras incluem De la division du travail social 1893 Les règles de la méthode sociologique 1895 Le suicide 1897 e Les formes élémentaires de la vie religieuse 1912 Einstein Albert n1879 Ulm m1955 Prin ceton Filósofo natural e físico teórico alemão Estudou matemática e física na Psicotécnica Fede ral Suíça em Zurique Influenciado por Hume e Mach Einstein deu contribuições fundamentais para a física teórica especialmente em sua teoria da relatividade 1916 Sua obra veio a desafiar a crença no empirismo que dominava a filosofia da física na primeira parte deste século Em seus últimos anos esteve ativo nos movimentos para limitar o desenvolvimento e a propagação de ar mas nucleares Elias Norbert n1897 Breslau m1990 Amsterdã Sociólogo alemão Formouse em me dicina filosofia e psicologia nas universidades de Breslau e Heidelberg após o que trabalhou com Karl Mannheim em Frankfurt Elias fugiu da Ale manha nazista em 1933 indo primeiro para a França e depois para a GrãBretanha onde foi professor de sociologia na Universidade de Lei cester 194562 exerceu funções docentes na Universidade de Gana 19624 e depois trabalhou no Zentrum für Interdisziplinäre Forschung em Bielefeld Alemanha Desenvolveu uma aborda gem a que deu o nome de sociologia figuracio nal a qual examina o surgimento de configu rações sociais como conseqüências nãopremedi tadas da interação social e foi descrita em seu livro O que é sociologia 1970 Sua obra mais co nhecida é o O processo civilizador 2 vols 1939 que analisa os efeitos da formação dos estados na Europa sobre os estilos de vida individuais a personalidade e as moralidades Engels Friedrich n1820 Barmen m1895 Londres Filósofo social e homem de negócios alemão Engels foi com Marx um dos fundadores do comunismo moderno Convencido de que a classe trabalhadora emergente da Revolução In dustrial seria o instrumento da transformação re volucionária seu livro A situação da classe ope rária na Inglaterra 1845 atraiu as atenções ge rais Publicou numerosas obras em colaboração com Marx incluindo o Manifesto do Partido Co munista 1848 e depois da morte deste traba lhou na organização a partir dos manuscritos dei xados por Marx e publicação do segundo e tercei ro volumes de O capital em 1885 e 1894 Embora minimizasse seu próprio papel sua obra em eco nomia política e no desenvolvimento da consciên cia de classe foram contribuições significativas para o marxismo e antes de 1914 era ele mais do que Marx o principal responsável pela difusão das idéias marxistas Fanon Frantz n1925 Martinica m1962 Washington Psiquiatra e filósofo social francês Formado em medicina e psiquiatria na Universi dade de Lyon na década de 50 Fanon foi para a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 810 Dilthey Wilhelm Argélia onde dirigiu o departamento psiquiátrico do Hospital BlidaJoinville 195356 e se tornou simpatizante dos rebeldes argelinos dando seu apoio à luta armada Pele negra máscaras bran cas 1952 é uma descrição da degradação psico lógica dos argelinos e dos colonos franceses em conseqüência do domínio colonial Em 1960 foi nomeado embaixador em Gana pelo Governo Pro visório da Argélia mas teve de viajar para a União Soviética e depois Washington a fim de se tratar de leucemia Fanon defendeu a revolução em todo o Terceiro Mundo em Os condenados da terra 1961 Foucault Michel n1926 Poitiers m1984 Paris Filósofo e historiador das idéias francês Estudou na École Normale Supérieure a partir de 1946 e mais tarde desempenhou funções acadêmi cas em várias instituições européias culminando com sua eleição para o Collège de France em 1969 Ofereceu novas perspectivas para a análise de uma série de disciplinas como psicologia psiquiatria medicina e filosofia e suas numerosas publicações refletem a ampla gama de suas investigações Es tava particularmente interessado no modo como os vários discursos do podersaber tais como medicina psiquiatria penalogia e sexualidade operam sobre o indivíduo Suas obras incluem Histoire de la folie à lâge classique 1961 nova ed 1972 Les mots et les choses 1966 e Lar chéologie du savoir 1969 Freud Sigmund n1856 Freiberg m1939 Londres Psicólogo austríaco fundador da psica nálise Formado em medicina em Viena especia lizouse em neurologia 187479 e em 18856 estudou com Jean Charcot em Paris Trabalhou no Hospital Geral de Viena 188285 e se tornou professor na universidade em 1885 estabelecendo no ano seguinte a sua clínica privada Em 1902 fundou a Sociedade Psicanalítica de Viena e em 1910 a Associação Internacional de Psicanálise Também fundou duas revistas Zeitschrift für Psy chanalyse und Imago e Jahrbuch der Psychoana lyse Em 1938 foi para a GrãBretanha como refu giado do nazismo Seus escritos estão coligidos na Standard Edition of the Complete Works of Sigmund Freud org por J Strachey 24 vols 195374 Fromm Erich n1900 Frankfurt m1980 Lo carno Psicólogo germanoamericano Estudou na década de 20 nas Universidades de Heidelberg e Munique e no Instituto da Sociedade Psicanalí tica Alemã Lecionou psicanálise no Instituto de Pesquisa Social Frankfurt 192932 onde trabal hou com outros membros da ESCOLA DE FRANK FURT e se dedicou a estabelecer uma relação entre psicanálise e marxismo Continuou sua associação com o Instituto no exílio na Universidade Colum bia 193438 Subseqüentemente foi professor de psicanálise na Universidade Nacional Autôno ma do México a partir de 1951 e em seus últimos anos dedicou grande parte do seu tempo ao estudo da agressão The Anatomy of Human Destructive ness 1973 assim como ao apoio ao movimento pacifista e aos socialistas democráticos dissidentes da Europa Oriental Gadamer HansGeorg n1900 Marburgo Filósofo hermeneuta alemão Estudou em Muni que e Marburgo e foi amigo e discípulo de Hei degger Foi professor de filosofia em Marburg 19379 Leipzig 193947 Frankfurt 19479 e Heidelberg 194968 após o que se aposentou Sua principal obra é Wahrheit und Methode 1961 em que descreve a sua abordagem da hermenêutica como um processo ativo criativo não meramente passivo mediado pela tradição cultural do intérprete Ver HERMENÊUTICA Gandhi Mahatma Mohandas Karamchand n1869 Porbandar m1948 Délhi Líder nacionalista e espiritual indiano Estudou na Índia e na GrãBretanha diplomandose como advoga do em Londres A partir de 1920 dominou o Con gresso Nacional Indiano convertendoo em um movimento de massa Famoso por sua defesa da resistência nãoviolenta Gandhi liderou os na cionalistas indianos em uma série de confron tações com o domínio colonial britânico optando pela força da verdade e da nãoviolência na luta contra o mal Ver HINDUÍSMO E TEORIA SOCIAL HINDU Gramsci Antonio n1891 Ales Sardenha m1937 Roma Ativista e teórico político marxis ta Em 1911 ganhou um bolsa de estudos para a Universidade de Turim e aderiu ao Partido Socia lista Italiano PSI mas abandonou os estudos sem se diplomar e se dedicou a ajudar na publicação dos jornais socialistas Avanti e Il Grido del Popo lo Em maio de 1919 ajudou no lançamento de um semanário LOrdine Nuovo sendo seu editor em 191920 e também o principal organizador dos conselhos de fábrica em Turim Um dos membros fundadores do Partido Comunista Italiano PCI tornouse seu líder em 1924 Detido em 1926 dois Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Gramsci Antonio 811 anos depois foi condenado à prisão onde passou os nove anos seguintes lá começou a escrever os Cadernos do cárcere sobre temas que vão da arte e da cultura à estratégia política e que influencia ram profundamente o pensamento marxista sub seqüente Ver HEGEMONIA Habermas Jürgen n1929 Düsseldorf Fi lósofo social e sociólogo alemão Estudou em Göttingen e Frankfurt lecionou em Heidelberg e Frankfurt e foi diretor do Instituto Max Planck em Starnberg 197182 Desenvolveu uma crítica da consciência tecnocrática que invade o mundo nas sociedades capitalistas tardias Sua teoria crí tica visa gerar uma consciência da dupla nature za da racionalidade como instrumental e comu nicativa The Theory of Communicative Action 1981 Mais recentemente tem sido um crítico contundente do pósmodernismo The Philoso phical Discourse of Modernity 1985 Ver ESCOLA DE FRANKFURT Hayek Friedrich August von n1899 Vie na m1992 Economista austríaco Estudou na Universidade de Viena Foi o primeiro diretor do Instituto de Pesquisa Econômica da Áustria 1927 31 De 1931 a 1950 foi professor de ciência econômica da London School of Economics Du rante esse período desenvolveu em numerosos livros por exemplo Prices and Production 1931 a chamada ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA As obras de Hayek no pósguerra tenderam à diversifi cação em filosofia política direito e epistemologia Sua análise da natureza do conhecimento na socie dade em Individualism and Economic Order 1949 constitui um elemento crucial em sua crítica do pla nejamento central Também desenvolveu uma crítica do POSITIVISMO The CounterRevolution of Science 1952 e deu importantes contribuições para a filoso fia política liberal Law Legislation and Liberty 197379 Dividiu com Gunnar Myrdal o Prêmio Nobel de Economia em 1974 Heidegger Martin n1889 Messkirch m1976 Messkirch Filósofo alemão Estudou em Freiburg aluno de Husserl e lecionou em Marburgo 192328 antes de ser nomeado reitor da Universi dade de Freiburg quando declarou sua adesão a Hitler Foi afastado do ensino depois da Segunda Guerra Mundial pelas forças de ocupação mas continuou exercendo grande influência sobre a filo sofia Sua obra magna é Sein und Zeit 1927 a qual fixou um programa para toda a obra subseqüente a que dedicou sua vida o exame do ser humano Dasein em seu caráter temporal Embora seu nome esteja associado ao EXISTENCIALISMO que recebeu sua influência Heidegger não se via nesses termos Hilferding Rudolf n1877 Viena m1941 Paris Economista marxista Estudou medicina em Viena e exerceu clínica médica até 1906 mas dedicou a maior parte do seu tempo ao estudo da economia política Ficou conhecido por suas fre qüentes colaborações sobre assuntos econômicos para Die Neue Zeit e por sua réplica publicada em 1904 à crítica de BöhmBawerk da teoria econô mica de Marx Em 1920 depois de se tornar cidadão prussiano foi nomeado para o Conselho Econômico do Reich foi membro do Reichstag de 1924 a 1933 e ministro das Finanças em dois governos 1923 e 192829 Depois da tomada do poder pelos nazistas foi para o exílio mas em 1941 cometeu suicídio ao cair em poder da Ges tapo Celebrizouse com seu livro O capital finan ceiro 1910 no qual analisou os mais recentes desenvolvimentos do capitalismo sobretudo o pa pel dos bancos o imperialismo e o perigo de guerra Ver AUSTROMARXISMO Husserl Edmund Gustav Albrecht n 1859 Prossnitz Morávia austríaca m1938 Freiburg Filósofo alemão fundador da FENOMENOLOGIA Formado em matemática em Leipzig Viena e Berlim procurou estabelecer os fundamentos da matemática e da lógica e depois das ciências tentando identificar as estruturas fundamentais da consciência A fenomenologia uma ciência das aparências mantém em suspenso questões sobre o status existencial dos objetos de consciência a fim de intuir as essências tal como são cons tituídas pelo ego transcendental Logische Unter suchungen 190001 Husserl lecionou em Halle Göttingen e Freiburg onde Heidegger foi seu aluno e o sucedeu A herança judaica de Husserl que ele tinha rejeitado em favor do protestantis mo resultou em sua perseguição pelos nazistas James William n1842 Nova York m1910 New Hampshire Psicólogo e filósofo norteame ricano Estudou em Harvard medicina onde veio a ser depois professor de filosofia e psicologia Era irmão do romancista Henry James Começou pu blicando obras na área da psicologia mas também escreveu sobre religião The Varieties of Religious Experience 1902 É um dos fundadores do PRAG MATISMO sob o argumento de que as idéias são instrumentos que devem ter valor monetário em termos de suas conseqüências para que possam ser Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 812 Habermas Jürgen consideradas de algum mérito Sua obra influen ciou George Herbert Mead Jaspers Karl Theodor n1883 Oldenburg m1969 Basiléia Filósofo suíçoalemão Forma do em direito em Heidelberg e Munique e em medicina em Berlim onde recebeu o doutorado Sua primeira obra foi de psicologia Psychologie der Weltanschauungen 1919 Foi filósofo exis tencialista e professor de filosofia em Heidelberg depois proibido de lecionar e de fazer conferências por Hitler bem como privado do seu título de professor em 1937 Crucial em sua filosofia é a distinção entre Dasein e Existenz Jung Carl Gustav n1865 Kesswil m1961 Lucerna Psiquiatra suíço Estudou em Basiléia 18951900 trabalhou na Clínica Psiquiátrica Burghölzli em Zurique 190513 e iniciou sua clínica privada em 1909 Professor de psicologia na Universidade Politécnica Federal de Zurique 193341 e de psicologia médica a partir de 1944 trabalhou com Freud cuja obra A interpretação dos sonhos 1900 tinha muito em comum com seu trabalho mas depois de 1913 Jung se tornou cada vez mais crítico de Freud acreditando que este último atribuía uma ênfase excessiva à repressão e aos traumas sexuais em seu esquema explicativo Os escritos de Jung foram publicados como The Collected Works of CG Jung org por H Read 19 vols 195379 Ver PSICANÁLISE Keynes John Maynard Lord n 1883 Cam bridge m1946 Tilton Sussex Economista in glês Tendo estudado em Eton e no Kings College em Cambridge Keynes permaneceu nessa cidade depois de formado a fim de estudar ciência econô mica com Alfred Marshall Depois de breve perío do no serviço público voltou a Cambridge para lecionar ciência econômica e se tornou editor do Economic Journal em 1911 Durante a Primeira Guerra Mundial trabalhou no Tesouro e foi o seu principal representante em Versalhes Na Segunda Guerra Mundial Keynes foi responsável pela ne gociação com os Estados Unidos do acordo de Empréstimo e Arrendamento e participou do acor do de Bretton Woods que estabeleceu o Fundo Monetário Internacional É especialmente conhe cido por seus escritos sobre economia com des taque para The General Theory of Employment Interest and Money 1936 Ver KEYNESIANISMO Kristeva Julia n1941 Bulgária Teórica li terária e cultural lingüista e psicanalista Influen ciada pelo FORMALISMO russo especialmente pela obra de Bakhtin mas também pelo marxismo e pela psicanálise Kristeva emigrou para a França em 1966 e agora leciona na Universidade de Paris VII Em A revolução da linguagem poética 1974 desenvolveu uma teoria da semiótica domínio da criança prélingüística que fica envolvida e reprimida pela linguagem e a raciona lidade impostas na vida subseqüente Está engaja da desde então em um feminismo de inspiração psicanalítica Kropotkin Piotr Alexeievitch n1842 Mos cou m1921 Moscou Teórico anarquista Es tudou em uma instituição de elite o Corpo de Pajens em São Petersburgo Abandonou uma car reira científica em 1871 para se dedicar à atividade revolucionária Preso em 1874 evadiuse em 1875 para o Ocidente permanecendo no exílio até 1917 quando voltou à Rússia Kropotkin construiu uma teoria científica da sociedade a ajuda mútua não a competição darwiniana era a lei funda mental da evolução na natureza e na sociedade Em vários livros criticou o estado centralizado pela produção em grande escala a divisão do trabalho e os poderes coercitivos acreditando que ele seria varrido por uma revolução Defendia uma sociedade de pequenas comunidades baseadas na cooperação voluntária o que permitiria o desen volvimento das capacidades do indivíduo Ver ANARQUISMO Kuhn Thomas Samuel n1922 Cincinatti Filósofo e historiador da ciência norteamericano Formado em física Kuhn voltou suas atenções para a história da ciência a fim de escrever um livro amplamente citado e controverso The Structure of Scientific Revolutions 1962 no qual contrastou o desenvolvimento histórico da ciência com a noção trivial de ciência como empreendimento puramente racional A prática científica sustentou ele é usualmente governada por um paradigma uma visão do mundo sancionada pela comunidade científica mas quando as anomalias se acumulam essa ciência normal pode ser derrubada por uma revolução em que o paradigma reinante é subs tituído por um novo Essa tese suscitou muito debate depois de sua publicação e desenvolvi mentos posteriores da obra de Kuhn têm se encaminhado freqüentemente em direções relativistas Ver SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA Lenin Vladimir Ilyich Vladimir Ilyich Ulya nov n1870 Simbirsk m1924 Gorki Estadista Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Lenin Vladimir Ilyich 813 revolucionário e teórico político russo Estudou por pouco tempo na Universidade de Kazan e depois se dedicou inteiramente às atividades revo lucionárias Regressou do exílio com o deflagrar da Revolução Russa e liderou a segunda fase desta bolchevique tornandose presidente do Conse lho de Comissários do Povo Em obras como Que fazer 1902 e Estado e revolução 1917 des creveu a natureza do estado socialista e imprimiu uma ênfase diferente à teoria da revolução de Marx ao sublinhar a centralidade da luta de classes lide rada por um partido rigorosamente organizado e em O imperialismo fase superior do capitalismo 1916 elaborou uma teoria do imperialismo co mo etapa final do capitalismo Através da Interna cional Comunista que ele inspirou suas idéias foram divulgadas no mundo inteiro Foi o mais influente líder político e teórico do marxismo no início do século XX mas a atração do LENINISMO declinou no transcorrer do século LéviStrauss Claude n1908 Bruxelas An tropólogo francês Estudou na Faculdade de Direi to em Paris e na Sorbonne Influenciado pelas abordagens de Saussure Trubetzkoy Jakobson e Mauss desenvolveu o que se tornou conhecido como antropologia estrutural suas principais publicações incluem As estruturas elementares do parentesco 1949 Tristes trópicos 1955 O pen samento selvagem 1962 e Mytologiques 1964 72 Sua obra também teve considerável impacto sobre outras ciências sociais e sobre algumas for mas de pensamento marxista Ver ANTROPOLOGIA ESTRUTURALISMO Lorenz Konrad Zacharius n1903 Viena Etologista austríaco Fundador da etologia moder na formouse na Universidade Columbia e em Viena onde estudou medicina Lecionou em Vie na 193740 e Königsberg 194042 criou um departamento de etologia comparada no Instituto Max Planck em Bulden e dirigiu o Departamento de Sociologia Animal do Instituto de Etologia Comparada da Academia de Ciências Austríaca 1973 Entre suas principais obras estão Zur Na turgeschichte der Aggression 1963 e Begrün dungen der Ethologie 1978 Lukács György Georg n1885 Buda peste m1971 Budapeste Filósofo e crítico lite rário Estudou na Universidade de Budapeste on de obteve o doutorado em 1906 Também tomou aulas particulares com Heinrich Rickert em Hei delberg 191215 Autor de muitos livros e en saios sua obra teórica mais conhecida e também uma de suas primeiras foi Geshichte und Klas senbewusstsein 1923 na qual desenvolveu a sua teoria da consciência de classe e reavaliou a signi ficação de Hegel para o marxismo elaborou uma teoria da alienação e da reificação muito antes de terem sido publicados os primeiros manuscritos de Marx sobre o assunto Líder do movimento comu nista húngaro esteve politicamente ativo na Co muna húngara de 1919 e de novo no êfemero governo instalado depois da revolta de 1956 Luxemburgo Rosa n1871 Zamosc Polô nia m1919 Berlim Socialista revolucionária polonesa Estudou matemática ciências naturais e economia política na Universidade de Zurique ajudou a criar o Partido SocialDemocrata da Po lônia e em seguida se mudou para a Alemanha Luxemburgo defendeu a causa da revolução e expôs sua oposição ao REFORMISMO em Reforma social ou revolução 1899 Em Greve de massas partido político e sindicatos 1906 propôs a gre ve de massas não a vanguarda organizada defen dida por Lenin como o mais importante instru mento da revolução proletária E em sua principal obra teórica A acumulação de capital 1913 identificou o IMPERIALISMO como uma luta com petitiva entre nações capitalistas que culminará no colapso do sistema capitalista Fundou com Karl Liebknecht a Liga dos Espartaquistas e ambos foram brutalmente assassinados na prisão por ofi ciais da extrema direita em 1919 depois da supres são de um malogrado levante em Berlim Malinowski Bronislaw n1884 Cracóvia m1942 New Haven Connecticut Antropólogo social Estudou na Inglaterra onde iniciou sua carreira Contribuiu para a transformação da AN TROPOLOGIA do século XIX em uma ciência mo derna baseada no trabalho de campo e para o estabelecimento de uma escola britânica de antro pologia social Autor de numerosas obras como Magic Science and Religion 1925 empreendeu extensos estudos de pequenas sociedades nãole tradas e foi um dos originadores da abordagem funcionalista para o estudo da cultura Ver FUNCIO NALISMO Mannheim Karl n1893 Budapeste m1947 Londres Sociólogo húngaro Estudou nas Uni versidades de Berlim Budapeste Paris e Freiburg Foi companheiro de Lukács na Comuna húngara de 1919 quando se viu obrigado a fugir para a Alemanha em 1919 e de novo agora da Alemanha Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 814 LéviStrauss Claude para a Inglaterra em 1933 Lecionou em Heidel berg em Frankfurt na London School of Econo mics e no Instituto de Educação Universidade de Londres Foi o fundador da chamada SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO que se propôs mostrar as raízes sociais do conhecimento Ideologie und Utopie 1929 e Essays on the Sociology of Know ledge 1952 e estava interessado primordial mente na possibilidade de transcender os pontos de vista parciais de várias facções sociais e políti cas a fim de se produzir um certo grau de consenso através da obra de intelectuais socialmente não comprometidos Mao Tsetung Mao Zedong n1893 Xao chan m1976 Pequim Revolucionário e estadis ta chinês foi o líder da Revolução Chinesa de 1949 e o arquiteto da nova China comunista Depositava grande fé no potencial revolucionário e na capaci dade criativa do campesinato e das massas em geral mas é grande o debate quanto à natureza e à originalidade de sua contribuição teórica para o marxismo Sua oposição à burocracia inspirou a Revolução Cultural de 196676 que causou uma década de caos e convulsão política na China Ver MAOÍSMO Marcuse Herbert n1898 Berlim m1979 Munique Teórico social e político Estudou filo sofia em Berlim e Freiburg e ingressou no Ins tituto de Pesquisa Social de Frankfurt em 1933 tornandose posteriormente uma figurachave na ESCOLA DE FRANKFURT Foi um proeminente por tavoz da NOVA ESQUERDA na década de 60 e início dos anos 70 e crítico da natureza da sociedade contemporânea Ideologia da sociedade indus trial 1964 Sua teoria social recorreu a numerosas fontes em especial ao Jovem Marx a Hegel Heidegger e Freud e sua natureza eclética está refletida em obras como Razão e revolução 1941 sobre Hegel e Eros e civilização 1955 sobre Freud Marshall Alfred n1842 Londres m1924 Cambridge Economista inglês Estudou na Mer chant Taylors School e no St Johns College de Cambridge diplomandose em matemática Em 1868 lecionou ciência moral em Cambridge pe ríodo durante o qual iniciou seu estudo de ciência econômica Voltou a Cambridge depois de ensi nar em Bristol como professor de economia polí tica em 1885 e se estabeleceu como a força domi nante na ciência econômica britânica com a publi cação de Principles of Economics 1890 A interven ção de Marshall foi fundamental para o es tabelecimento em 1903 de um novo exame de economia e política na Universidade de Cam bridge para a obtenção do título com distinção tendo ele próprio que o financiar em parte Ver CIÊNCIA ECONÔMICA ESCOLA ECONÔMICA MARGI NALISTA Marx Karl Heinrich n1818 Trier m1883 Londres Filósofo social e revolucionário alemão Formado nas Universidades de Bonn e Berlim Marx desenvolveu uma concepção materialista da história A ideologia alemã escrita com Engels 18456 e anteviu uma revolução global como a culminação do conflito entre os capitalistas e o proletariado a ser seguida pela construção de uma sociedade sem classes comunista O Manifesto comunista escrito com Engels 1848 foi um dos mais influentes panfletos políticos de todos os tempos e os três volumes de O capital 1867 1885 e 1894 apresentaram uma profunda análise do processo capitalista de produção Politicamente ativo Marx foi uma figura decisiva no estabeleci mento da Associação Internacional dos Traba lhadores em 1864 tornandose finalmente o seu líder É a mais importante figura na história do pensamento socialista e suas idéias mudaram pro fundamente a vida social e as ciências sociais no século XX Ver MARXISMO Mauss Marcel n1872 EpinalenLorraine m1950 Paris Sociólogo e antropólogo francês Estudou filosofia em Bordéus e história da religião na École Pratique des Hautes Études Durante toda a sua carreira esteve profundamente envolvido em trabalho de colaboração com Durkheim a noção de fatos sociais totais é atribuída a Mauss e outros e desempenhou importante papel na edição da revista LAnnée Sociologique Suas con tribuições teóricas provêm principalmente de ter aplicado e refinado a sociologia durkheimiana ver ANTROPOLOGIA ESCOLA SOCIOLÓGICA DE DUR KHEIM e seus estudos como Le don 1925 muito influenciaram os antropológos franceses subseqüentes entre eles LéviStrauss Mead George Herbert n1863 Massachu setts m1931 Chicago Filósofo e sociólogo norteamericano Estudou no Oberlin College em Harvard onde foi aluno de William James Leip zig e Berlim Passou a maior parte de sua vida ativa na Universidade de Chicago a partir de 1894 onde desempenhou um papel decisivo na formação da Escola de Chicago do PRAGMATISMO a qual teve Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Mead George Herbert 815 grande impacto no desenvolvimento do INTER ACIONISMO SIMBÓLICO Mead sustentava que o des envolvimento do Eu era um processo que só ocorria em interação social Mind Self and Society 1934 Mead Margaret n1901 Filadélfia m1978 Nova York Antropóloga e crítica cultural norte americana Estudou no Barnard College Nova York e na Universidade Columbia Ao longo de toda a sua carreira seus estudos antropológicos foram preponderantemente orientados para des afiar convenções aceitas sobretudo em termos de papéis de GÊNERO e no debate naturezacultura ela favorecia claramente a segunda Male and Female 1949 Além de sua obra antropológica também comentou sobre desarmamento feminis mo e cultura da juventude Ver ANTROPOLOGIA MerleauPonty Maurice n1908 Roche fortsurMer m1961 Paris Filósofo existen cialista francês Formado na École Normale Supé rieure lecionou em numerosos liceus e subse qüentemente na Universidade de Lyon 194548 na Sorbonne 194952 e no Collège de France 195261 Fundou e coeditou com Sartre e Si mone de Beauvoir a revista Les Temps Modernes 1944 Influenciado por Husserl MerleauPonty tentou não obstante afirmar a existência de um mundo que transcende a consciência mas só é acessível através da percepção La phénoménolo gie de la perception 1945 Tinha simpatia pelo marxismo mas era crítico dele e em Les aventures de la dialectique 1955 criticou o marxismo vul gar que impregnava o movimento comunista e refutou as idéias de determinismo histórico Tam bém foi crítico das teses de Sartre sobre a autono mia suprema do indivíduo Ver EXISTENCIALISMO FENOMENOLOGIA Pareto Vilfredo Federico Damaso n1848 Paris m1923 Genebra Economista e sociólogo italiano Formado no Instituto Politécnico de Tu rim e na Universidade de Turim onde estudou ciências matemáticas Trabalhou na indústria de engenharia mecânica durante 20 anos e só abraçou a carreira de economista na década de 1890 Em 1893 foi nomeado professor de economia política na Universidade de Lausanne Seu Cours deco nomie politique 1897 e o Manuale di economia politica 1906 são abundantes em metáforas me canicistas de ciência natural e nesses textos muito abstratos faz sua primeira aparição o Homo oeco nomicus Pareto voltou então as suas atenções cada vez mais para a sociologia afirmando que os homens em geral agem de um modo nãoló gico pelo que o mundo ideal do Homo oecono micus não era esclarecedor ao descrever o mundo real No Trattado di sociologia generale 1916 19 elaborou a categoria da ação nãológica e também uma influente teoria das elites Parsons Talcott n1902 Colorado Springs m1979 Munique Sociólogo norteamericano Estudou no Amherst College na London School of Economics e na Universidade de Heidelberg O tema comum de suas principais obras The Struc ture of Social Action 1937 The Social System 1951 é a sua crença em uma teoria funcionalista de acordo com a qual a vida social é regulada por normas e valores comuns Foi essa uma pers pectiva teórica dominante na sociologia americana durante as décadas de 40 e 50 e Parsons foi o sociólogo dominante desse período Piaget Jean n1896 Neuchâtel m1980 Ge nebra Psicólogo biólogo e filósofo suíço Trei nado como biólogo interessouse durante toda a sua carreira pelas origens e condições do conheci mento Estudou psicologia em Zurique 1918 e na Sorbonne 1919 Sua obra mais conhecida é sobre a psicologia do desenvolvimento da inteligência em crianças Exposta em livros como A gênese das estruturas lógicas elementares 1950 com Bärbel Inhelder e A psicologia da criança 1966 tem exercido uma influência maciça na psicologia do desenvolvimento cognitivo desde o começo dos anos 60 Mas também escreveu de modo mais geral sobre epistemologia e ESTRUTURALISMO Popper sir Karl Raimund n1902 Viena m1994 Inglaterra Filósofo da ciência Formado em matemática física e filosofia em Viena tinha contato com o CÍRCULO DE VIENA mas não foi um de seus membros Em seu primeiro livro Logik der Forschung 1934 Popper pretendeu resolver o problema de indução de Hume substituindo o critério do Círculo de Viena para a cientificidade o princípio de verificação pelo seu famoso prin cípio de falsificação Depois da guerra Popper mudouse para a Inglaterra e lecionou na London School of Economics Voltou suas atenções para o estudo da filosofia social e política desenvolven do uma crítica aos inimigos da SOCIEDADE ABERTA em particular Platão Hegel e Marx e ao HIS TORICISMO que ele definiu como a crença em que existem leis da história suscetíveis de serem des cobertas A sociedade aberta e seus inimigos 1945 A pobreza do historicismo 1957 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 816 Mead Margaret Poulantzas Nicos n1936 Atenas m1979 Paris Teórico político e social grego Formado em uma escola experimental ligada à Universi dade de Atenas e depois em um Institut Français Poulantzas ingressou então na Universidade de Atenas para estudar direito quando aderiu ao Par tido Comunista Grego Depois de cumprir o servi ço militar obrigatório foi estudar na Alemanha mas logo se mudou para a França onde lecionou subseqüentemente na Sorbonne e na Universidade de Vincennes O seu primeiro livro Pouvoir poli tique et classes sociales 1968 revelou tendên cias althusserianas ao sustentar que o estado es tava estruturado de tal modo que independente mente de seu quadro de pessoal agiria no interesse da burguesia Sua obras posteriores incluem Les classes sociales dans le capitalisme daujourdhui 1974 e LÉtat le pouvoir le socialisme 1978 RadcliffeBrown Alfred Reginald n1881 Birmingham m1955 Londres Antropólogo bri tânico formado no Trinity College Cambridge onde foi o primeiro aluno do antropólogo WHR Rivers RadcliffeBrown recebeu a influência de Durkheim e desenvolveu uma abordagem funcio nalista da antropologia ver FUNCIONALISMO Foi Fellow do Trinity College 190814 e depois lecionou nas Universidades de Londres 1909 10 Cidade do Cabo 192125 Sydney 1925 31 Chicago 193137 Oxford 193741 e 1945 46 e São Paulo 194244 Suas principais obras incluem The Andaman Islanders 1922 1948 Structure and Function in Primitive Society 1952 e A Natural Science of Society 1957 Rawls John Boardley n1921 Baltimore Filósofo moral norteamericano Formado em Prin ceton exerceu funções docentes nessa Universidade 195052 bem como em Cornell 195362 e Har vard desde 1962 É o autor de A Theory of Justice 1971 plano geral de inspiração kantiana e por conseguinte antiutilitarista de uma filosofia moral contemporânea na tradição contratariana e provavel mente a mais conhecida obra de filosofia moral desde a Segunda Guerra Mundial Russell Bertrand Arthur William n1872 Gwent m1970 Gwynedd Filósofo britânico Estudou no Trinity College Cambridge onde se formou com distinção em matemática e filosofia moral Lecionou no Trinity 18951916 onde Wittgenstein foi seu aluno tendo sido exonerado de suas funções por se opor à entrada dos britâni cos na Primeira Guerra Mundial Ingressou na NoConscription Fellowship organização contrá ria ao serviço militar obrigatório em 1915 e foi multado e preso Foi para os Estados Unidos de pois da guerra mas se viu impedido de ensinar em Nova York por suas idéias extremamente liberais sobre sexo educação e guerra Atuou no movi mento pacifista depois da Segunda Guerra Mun dial foi presidente da Campanha pelo Desarma mento Nuclear 195860 criou a Bertrand Rus sell Peace Foundation 1963 e foi um dos organi zadores do Tribunal Internacional para Crimes de Guerra 1966 do qual participou também Sartre entre outros Sua principal obra filosófica tratou de lógica e epistemologia Principia Mathematica com Alfred North Whitehead 191013 Human Know ledge 1948 mas também escreveu muito sobre questões sociais e políticas Ver FILOSOFIA Sartre JeanPaul n1905 Paris m1980 Pa ris Filósofo romancista e teatrólogo Estudou na École Normale Supérieure e em Freiburg Evitou a vida acadêmica convencional embora lecionas se por muitos anos em vários liceus Influenciado por Husserl e Heidegger Sartre expôs o seu EXIS TENCIALISMO em Lêtre et le néant 1943 Serviu no exército francês durante a guerra foi capturado em Padoux em 1940 mas fugiu em 1941 e depois da guerra se dedicou a escrever Fundou com Simone de Beauvoir e MerleauPonty a revista Les Temps Modernes e aderiu ao marxismo que considerava compatível com sua filosofia exis tencialista Critique de la raison dialectique 1960 Mas criticou vigorosamente o Partido Co munista Francês com o qual rompeu depois de 1968 Sua filosofia existencialista de esquerda modelou profundamente a cultura francesa por mais de uma década depois da guerra Saussure Ferdinand de n1857 Genebra m1913 perto de Genebra Fundador da lingüís tica moderna Estudou línguas indoeuropéias nas Universidades de Leipzig e Berlim O seu Cours de linguistique géneral 1916 é em geral conside rado a mais significativa obra de lingüística escrita neste século A influência de Saussure é também evidente no ESTRUTURALISMO da década de 60 essencialmente uma tentativa de aplicação da teo ria lingüística saussureana a outros temas e ativi dades além da própria linguagem Ver LINGÜÍS TICA SEMIÓTICA Scheler Max n1874 Munique m1928 Fran kfurt Filósofo e sociólogo alemão Estudou me dicina e filosofia nas Universidades de Berlim Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Scheler Max 817 Munique e Iena Embora não fosse um fenomeno logista ortodoxo grande parte de sua filosofia estava em concordância com a obra de Franz Brentano e Edmund Husserl ver FENOMENOLOGIA e na realidade foi além de Husserl que o criticou por isso Seu período fenomenológico durou até 1920 em 192024 depois de sua conversão ao catolicismo esteve interessado em filosofia reli giosa seguindose um período metafísico 1924 28 caracterizado pelo vitalismo e pelo panteísmo Suas principais contribuições para o pensamento social situamse no domínio da psicologia social e da SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO Schumacher Ernst Fritz n1911 Bonn m1977 Suíça Economista alemão Formado em Oxford foi um dos primeiros Rhodes Scholars alemães depois da Primeira Guerra Mundial Pas sou a maior parte da década de 30 na Inglaterra e nos Estados Unidos Em 1943 defendeu um sis tema de pagamentos internacionais semelhante ao de Keynes que se tornou uma parte central do sistema instaurado em Bretton Woods Foi conse lheiro da Comissão Britânica de Controle na Alemanha 194650 e da Comissão do Carvão britânica 195070 considerando o uso da ener gia nuclear extremamente hostil ao meio ambi ente Em 1955 visitou a Birmânia onde se conver teu ao budismo e escreveu Small is Beautiful 1973 escarnecendo dos padrões de vida ociden tais por terem sido alcançados à custa de uma cultura aviltada Ver AMBIENTALISMO Schumpeter Joseph Alois n1883 Triesch Morávia m1950 Connecticut Economista aus tríaco Formado na Universidade de Viena come çou a lecionar na Universidade de Graz em 1911 Foi ministro das Finanças do governo austríaco em 191920 antes de recomeçar o ensino em Bonn 192532 e Harvard 193250 Manifestou sim patia pelo marxismo pelo qual se interessou ainda quando estudante em Viena ao assistir aos debates entre economistas austríacos BöhnBawerke e von Mises e os austromarxistas Hilferding e Bauer Adquiriu renome internacional pela sua Teoria do desenvolvimento econômico 1911 por seus estudos dos ciclos econômicos utilizando a concepção de Kondratiev de ciclos de longo pra zo por seu livro Ciclos econômicos 1939 e por sua análise do provável declínio do capitalismo em Capitalismo socialismo e democracia 1942 Ver AUSTROMARXISMO Schutz Alfred n1899 Viena m1959 Nova York Sociólogo austríaco Formado em direito e ciências sociais na Universidade de Viena onde foi aluno de von Mises Mudouse em 1939 para Nova York onde se juntou à New School of Social Research mas também assumiu um emprego co mo bancário para aliviar provações financeiras Schutz usou conceitos husserlianos para ampliar a análise de Weber da ação social e investigou a constituição do mundo e a intersubjetividade em uma obra que influenciou consideravelmente a etnometodologia Seu principal quadro de referên cia analítica está apresentado em A fenomenologia do mundo social 1932 Simmel Georg n1858 Berlim m1918 Es trasburgo Filósofo e sociólogo alemão Estudou história psicologia antropologia e filosofia na Universidade de Berlim Empregou a metodologia de uma variedade de disciplinas para estudar fenô menos culturais como a religião a economia mo netária a ascensão da moralidade e a autopreser vação de grupos Provavelmente sua mais co nhecida aplicação dessa abordagem está no livro Philosophie des Geldes 1900 onde estudou o impacto da economia monetária sobre as relações sociais humanas Sorel Georges Eugène n1847 Cherburg m1922 BoulognesurSeine Paris Filósofo so cial francês Estudou na École Polytechnique de Paris onde se distinguiu na matemática e se diplo mou como engenheiro Exerceu a profissão até 1892 quando a abandonou para se concentrar no estudo de questões sociais e políticas Embora seu nome fosse freqüentemente associado aos de Mos ca e Pareto Sorel é muito mais conhecido como inovador em teoria marxista e metodologia das ciências sociais rejeitando as pretensões univer salistas das concepções positivistas de ciência favoreceu o pluralismo intelectual e metodoló gico A partir de 1896 iniciou uma reinterpreta ção do marxismo identificando os seus princípios centrais como mitos mormente o da greve geral capazes de inspirar a classe trabalhadora para ação fora da estrutura da democracia parla mentar Réflexions sur la violence 1906 Spencer Herbert n1820 Derby m1903 Brighton Filósofo e sociólogo britânico nunca freqüentou a escola secundária nem a universi dade Iniciou sua carreira como maquinista de trens antes de se dedicar a escrever e a estudar filosofia publicando o seu primeiro livro Social Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 818 Schumacher Ernst Fritz Statistics em 1851 Era um evolucionista antes de Darwin e foi ele quem criou a expressão sobrevi vência dos mais aptos Procurou traçar os princí pios da evolução em todos os ramos do conhe cimento em sua obra de vários volumes A System of Synthetic Philosophy cujo volume III Princi ples of Sociology 1896 foi o mais influente Em seu livro The Man Versus the State 1873 defen deu uma posição de laissezfaire atacando todas as formas de interferência do estado que violam a liberdade individual O que o tornou mais célebre talvez tenha sido a sua crença otimista no progres so humano através da evolução Ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE Teilhard de Chardin Pierre n1881 Sarce nat França m1955 Nova York Teólogo e pa leontólogo francês Educado como jesuíta na França e na Inglaterra 18931911 foi ordenado padre da Companhia de Jesus Em 191222 es tudou geologia no Institut Catholique onde sub seqüentemente lecionou 19203 e paleontologia no Museu de História Natural De 1923 a 1946 foi designado para um Colégio Jesuíta de Altos Es tudos na China Seus interesses eram tanto a teo logia quanto a ciência mas seus escritos científi cos tiveram sua publicação proibida por seus su periores jesuítas enquanto ele viveu Em Le phé nomene humain 1955 sustentou que tendo pas sado por uma fase divergente em que surgiram culturas de grande variedade a evolução humana ingressará em uma fase convergente em que cul turas díspares se reunirão em unanimidade Tönnies Ferdinand Julius n1855 Eider stedt SchleswigHolstein m1936 Kiel Schles wigHolstein Teórico social e filósofo alemão Estudou numerosas disciplinas em várias univer sidades até obter o doutorado em filologia clássica em Tübingen no ano de 1877 Lecionou na Uni versidade de Kiel de 1881 a 1933 quando foi demitido pelos nazistas Sua principal obra Ge meinschaft und Gesellschaft 1887 é um dos clássicos da sociologia e Tönnies adquiriu re nome de fato ao introduzir os termos Gemein schaft COMUNIDADE uma forma social carac terizada por relações pessoais intenso espírito emocional constituída por cooperação costume e religião e encontrada na família na aldeia e em pequenas comunidades urbanas e Gesellschaft sociedade uma organização de grande escala como cidade estado ou nação baseada em re lações impessoais interesses particulares direito e opinião pública Toynbee Arnold Joseph n1889 Londres m1975 Londres Historiador inglês Estudou no Balliol College Oxford 190711 e na Escola Arqueológica Britânica de Atenas 191112 Foi professor de língua literatura e história bizantinas e gregas na Universidade de Londres desde 1919 e também diretor de estudos do Royal Institute of International Affairs Londres 192555 Con quistou renome com a publicação de A Study of History volsIIII 1934 IVVI 1939 VIIX 1954 e XIXII 1961 o qual examinou 21 civili zações que segundo ele manifestam padrões se melhantes de crescimento e decadência Trotsky Leon Lev Bronstein n1879 Ya novka Ucrânia m1940 Coyoacán México Lí der militar e revolucionário comunista russo Em 1917 Trotsky aderiu aos bolcheviques tornando se um dos principais organizadores da vitoriosa Revolução de Outubro No primeiro governo so viético foi Comissário do Povo para as Relações Exteriores e negociou a Paz de BrestLitovsk 1918 pela qual a Rússia se retirou da Primeira Guerra Mundial Como Comissário do Povo para a Guerra 191824 formou o Exército Vermelho e sua direção durante a guerra civil russa salvou a revolução bolchevique Foi expulso do partido em 1927 e se exilou Pouco depois de fundar a Quarta Internacional 1937 para se opor ao stalinismo foi assassinado no México Era um internaciona lista dedicado à revolução mundial e adversário do socialismo em um país de Stalin Sua princi pal contribuição para o pensamento marxista foi a teoria do desenvolvimento desigual e combina do e a doutrina derivada da revolução perma nente Ver TROTSKYSMO Veblen Thorstein n1857 Manitowas Coun ty Wisconsin m1929 Menlo Park Califórnia Economista institucional e pensador social radical norteamericano Estudou nas universidades Johns Hopkins e Yale e se tornou uma figura iconoclasta em ciência econômica criticando a ortodoxia neoclássica por negligenciar questões sociais e culturais mais amplas pertinentes à eco nomia Em livros como The Theory of the Leisure Class 1899 e The Theory of Business Enterprise 1904 parcialmente influenciado por suas leitu ras de autores socialistas e marxistas introduziu conceitos como os de consumo conspícuo e desperdício ostensivo que se tornaram fami Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Veblen Thorstein 819 liares Lecionou em várias universidades mas seu excêntrico estilo de vida sua originalidade e sua descrição das universidades americanas em The Higher Learning in America 1918 alienaramno da corrente acadêmica predominante von Mises Ludwig Edler n1881 Lemberg ÁustriaHungria m1973 Nova York Economis ta austríaco Estudou na Universidade de Viena onde participou dos seminários do grupo de BöhmBawerk Foi economista da Câmara de Co mércio de Viena 190934 professor universitá rio e conselheiro do governo austríaco Deu contri buições teóricas para a teoria monetária A teoria da moeda e do crédito 1912 e iniciou o debate sobre o CÁLCULO SOCIALISTA ao sustentar que nenhum governo podia calcular suficientemente bem para planejar uma economia Planejamento econômico coletivista org por Hayek 1935 Em Ação humana 1949 forneceu um resumo clássico do subjetivismo austríaco em econo mia Ver ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA Weber Max n1864 Erfurt m1929 Muni que Sociólogo e economista alemão Formado em Heidelberg Estrasburgo Göttingen e Berlim onde estudou direito ciência econômica história e filosofia Exerceu as cátedras de economia polí tica em Freiburg e Heidelberg mas se retirou do ensino em 1898 depois de sofrer um colapso ner voso Foi o maior responsável pelo estabelecimen to da sociologia como disciplina acadêmica na Alemanha e a partir de 1904 editou uma impor tante revista de ciência social Archiv für Sozial wissenschaft und Sozialpolitik Escreveu sobre uma vasta gama de questões tomando como temas centrais o desenvolvimento do capitalismo e a RACIONALIZAÇÃO mormente em obras como A ética protestante e o espírito do capitalismo 19045 História econômica geral 1923 e Eco nomia e sociedade 1921 Também contribuiu substancialmente para discussões metodológicas a respeito da interpretação Verstehen e da ex plicação causal valores e objetividade A metodo logia das ciências sociais 1904 Webb Beatrice née Potter n1858 Glou cester m1943 Passfield Corner Hampshire Re formadora social e historiadora Educada no lar por governantas investigou pessoalmente as con dições sociais e industriais contribuiu para Life and Labour of the People of London 189297 de Charles Booth Publicou The Cooperative Move ment in GreatBritain 1891 Webb Sidney James barão de Passfield n1859 Londres m Passfield Corner Hamp shire Reformador social e historiador Estudou na Suíça e em MecklenburgSchwerin no Birk beck Institute e no City of London College Ingres sou na Sociedade Fabiana em 1885 e escreveu numerosos folhetos de propaganda fabiana Facts for Socialists 1887 Facts for Londoners 1889 e deu uma contribuição significativa para Fabian Essays in Socialism 1889 Eleito membro do Conselho do Condado de Londres para Deptford 18921910 Fundador da London School of Economics Autor de muitos livros com Beatrice Webb a firma dos Webb como esta a chamava e foi a seu lado uma figura eminente do movimento socialista Suas obras conjuntas in cluem The History of Trade Unionism 1894 1920 Industrial Democracy 1927 e Soviet Co munism A New Civilization 1935 Wittgenstein Ludwig Josef Johann n1889 Viena m1951 Cambridge Estudou em BerlimCharlottenburg Manchester e Trinity Col lege Cambridge onde foi aluno de Bertrand Rus sell Feito prisioneiro na Itália durante a Primeira Guerra Mundial enviou a Russell um rascunho do Tractatus LogicoPhilosophicus 1921 Depois da guerra abandonou a filosofia acadêmica e se tornou mestreescola na Áustria mas permaneceu em contato com os desenvolvimentos em filosofia através do CÍRCULO DE VIENA Em 1929 voltou a Cambridge e em 1939 sucedeu a GE Moore como professor de filosofia Durante a Segunda Guerra Mundial trabalhou no Guys Hospital co mo porteiro e foi ajudante no Laboratório de Pes quisa Clínica em Newcastle Suas cambiantes con cepções filosóficas durante as décadas de 30 e 40 foram predominantemente veiculadas em seminá rios e discussões e os manuscritos e notas desse período foram publicados depois de sua morte por exemplo Philosophical Investigations 1953 Wittgenstein foi a principal fonte da FILOSOFIA DA LINGUAGEM que floresceu na GrãBretanha nas primeiras décadas do pósguerra Este apêndice foi elaborado por PAUL HOPPER Universidade de Sussex MARK PEACOCK Wolfson College Universidade de Cambridge Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 820 von Mises Ludwig Edler BIBLIOGRAFIA Nota A convenção 1910 1987 indica um trabalho originalmente publicado em 1910 porém mais facilmente acessível em uma tradução em edição de 1987 à qual se referem os detalhes de publicação Abbott Andrew 1988 The System of Profes sion an 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autoria AbdelMalik Anuar 541 aburguesamento 1 ação coletiva 2 2534 282 494 ver também paz movimento pela movimento de mulheres ação direta 134 236 ação e mediação 35 448 516 580 734 735 e conseqüências 3 e determinismo 2034 e pragmatismo 599 e racionalidade 3 4 5 23940 293 43940 640 e estrutura social 3934 734 e sistema e sujeito 5 tipos de ação 4 5 e formação da vontade 3 ver também comunicação conversacional análise intenção Adams John 304 Adler Alfred 566 621 752 Adler Max 1 31 32 129 793 administração participativa 1834 científica ver fordismo e pósfordismo relações industriais administração ciência da 111 1834 538 6534 670 7745 ver também comportamento organizacional organização teoria da administração pública 825 Adorno Theodor 807 sobre arte 2679 7402 sobre civilização 889 e teoria crítica 447 448 530 sobre definição 1789 e dialética 207 450 sobre história 243 244 316 sobre literatura 434 sobre cultura de massa 169 170 243 sobre música 506 sobre racionalização 642 sobre reificação 653 e marxismo ocidental 450 afluente sociedade ver sociedade afluente Agostinho santo e individualismo 160 162 e modernidade 473 agressão 57 287 teorias do instinto de 5 7 como comportamento aprendido 7 valor da 7 e guerra 3459 AlHusri Sati 549 550 Alchian AA 609 alienação 7 9 166 448 742 772 794 e anomia 7 20 383 722 e desalienação 8 e existencialismo 7 8 292 e processo de trabalho 7 8 40 41 117 218 383 4612 722 774 e práxis 601 Allais paradoxo de 177 Allport Gordon 566 567 602 Almond Gabriel 170 171 Althusser Louis 807 sobre alienação 7 9 sobre cultura e sociedade 115 164 e dialética 206 319 453 e marxismo 88 275 276 316 368 449 451 sobre modo de produção 7 481 e teoria política 765 sobre problemática 609 como racionalista 129 como estruturalista 2756 316 451 4478 530 736 765 altruísmo 44 518 519 254 Ambedkar Babasaheb 65 ambientalismo 102 280 281 496 933 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar ver também ecologia ameaça coerção como 1002 amostra social 123 2645 635 pesquisa com vítimas de violências 1556 ver também estatística social analítica filosofia ver filosofia da linguagem filosofia anarcocapitalismo 14 16 17 412 425 449 527 ver também anarquismo sindicalismo anarcosindicalismo 134 129 687 anarquismo 147 individualista 14 15 38 39 93 428 526 e libertarianismo 425 pacifista 15 16 socialista 15 16 687 ver também anarcosindicalismo libertarianismo sindicalismo Anderson Perry 146 449 Annales 1720 252 363 364 367 275 anomia 201 302 369 711 757 e alienação 7 20 384 722 e cultura 20 21 e decadência 174 524 econômicoconjugal 20 Anscombe GEM 203 484 Antal Frederic 741 antisemitismo 212 300 335 405 450 512 639 643 e antisionismo 21 ver também judaísmo antropologia 227 187 e arqueologia 278 biológicafísica 22 246 estudos comparados de 224 738 relativismo cultural 24 440 e cultura 10 246 e evolução 226 555 e diversidade humana 226 social 22 24 25 377 747 e estruturalismo 275 276 735 e unidade da espécie humana 246 ver também parentesco Apel KarlOtto 34 353 599 aproveitadores problema dos 2 253 Aquino santo Tomás de sobre comunicação 113 sobre inteligência 387 sobre teologia 760 761 762 Arendt Hannah 89 807 sobre autoridade 379 sobre invenção 399 sobre poder 581 sobre estado e sociedade 714 721 Ariès Philippe 299 590 aristocracia 27 transmissão hereditária 27 papel político da 27 riqueza 27 672 ver também diferenciação social elites teoria das Aristóteles 455 sobre autoridade 379 e civilização 89 sobre comunicação 113 sobre lazer 533 e lógica 437 sobre dinheiro 209 sobre necessidades 518 e orientalismo 511 sobre política 81 sobre práxis 160 600 sobre racionalidade de ação 3 Armstrong D 452 Aron Raymond 236 270 316 723 734 arqueologia e préhistória 2731 novaprocessual 2930 Arrow Kenneth 423 77 79 253 255 arte ver estética dança arte sociologia da ver sociologia da arte artes dramáticas ver cinema dança música teatro Ashton TS 365 associação e comunidade 16 1157 422 577 664 714 associacionismo 622 atomismo 237 239 313 3812 422 atribuição teoria da 627 Austin JL 127 204 238 315 321 323 433 647 austromarxismo 313 e capitalismo 57 e classe 313 e epistemologia 128 e revisionismo 31 246 446 699700 e sociologia 734 790 autenticidade no existencialismo 292 autogestão 336 236 448 497 e democracia industrial 346 nacionalização e socialização 35 36 e democracia participativa 35 36 trabalhador 345 184 Iugoslávia 9 35 52 184 448 486 530 703 713 automação 367 ver também mudança tecnológica informação tecnologia e teoria da trabalho autonomia individual 39 autoridade 379 4134 427 581 no anarquismo 14 38 carismática 38 602 413 426 de jurede facto 38 legal 38 4167 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 934 Índice de nomes e assuntos no liberalismo 421 tradicional 38 123 124 481 avantgarde ver vanguarda Axelos Kostas 9 Ayer AJ 314 317 483 Bachelard G 315 318 319 473 595 606 648 sobre materialismo dialético 456 sobre a problemática 609 Bacon Francis 86 593 614 Bagehot Walter 482 Bahro Rudolf 449 Bakhtin Mikhail M 215 239 430 807 Bakhunin Michael A 16 Bales RF 392 427 Balibar René 436 480 Bandura A 6 Baran Paul 60 188 231 Barraclough Geoffrey 474 Barth Karl 162 761 Barthes Roland Gérard 239 434 435 470 683 807 base e superestrutura 402 443 e luta de classes 47980 compatibilidade 40 feedback 40 41 94 em Marx 402 92 93 366 601 e nãoreducionismo 40 em sociologia do conhecimento 745 Batteux Charles 266 Baudelaire Charles 474 475 740 Bauer Otto 31 33 187 Baumgarten Alexander Gottlieb 265 266 Bawerk Eugen Böhm 241 Baxandall Michael 741 Beard Charles 365 Bearle AA e Means GC 669 670 Beauvouir Simone de 316 494 808 como existencialista 291 293 como feminista 305 306 Becker Howard 139 342 532 674 sobre transgressão 152 153 675 behaviorismo ver comportamentalismo Bell Clive 44 Bell Daniel e sociedade de consumo 719 sobre a crise do capitalismo 157 669 723 762 sobre cultura 166 sobre transgressão 152 e o futuro 330 386 sobre sociedade pósindustrial 7256 sobre profissões liberais 612 Bell Vanessa 44 bemestar estado de ver estado de bemestar bemestar social 434 373 694 Benjamin Walter 808 sobre dialética 207 243 244 sobre sociologia da arte 742 e marxismo ocidental 4501 Bentham Jeremy 42 182 303 564 596 785 Bentley AF 395 Berger Peter 144 370 736 746 Bergson Abram 42 43 Bergson Henri Louis 318 7156 808 Berlin Isaiah 424 765 Bernal JD 583 584 Bernoulli Daniel 177 Bernstein Eduard 701 808 e reformismo 649 e revisionismo 446 450 649 662 696 699 Berr Henri 17 19 Besnard P 21 Betti Emilio 351 353 Beveridge William 195 196 324 579 260 Bhaskar R 128 793 sobre determinismo 203 sobre empirismo 238 sobre materialismo 452 456 sobre naturalismo 238 515 sobre ontologia 126 535 536 sobre realismo transcendental 127 318 472 515 595 648 649 796 modelo transformacional 3201 Bhave Vinoba 17 355 Biderman AD 468 Binet Alfred 387 Blache Videl de la 337 Blackstone William 149 Blauner Robert 8 9 Bloch Ernst 449 450 740 764 808 Bloch Marc 18 363 738 e dialética 207 e escola de Durkheim 252 e história social 367 Bloomfield L 431 Bloomsbury grupo de 445 Bloor David 237 319 Blumer Herbert 393 501 Blumer Martin 248 Boas Franz 10 277 corpo sociologia do ver sociologia do corpo sociologia do corpo 7478 ver também cotidiano bode expiatório 1234 467 Böhmer JF 67 bolchevismo ver leninismo Bonald Louis de 741 778 bonapartismo 457 67 ver também cesarismo ditadura fascismo Booth Charles 12 264 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 935 Bosanquet Bernard 212 312 Bottomore TB 93 471 Bouglé Célestin 249 251 Bourdieu Pierre 338 como promotor do realismo aplicado 595 sobre arte e estética 265 269 740 742 sobre classe 94 434 sobre linguagem 215 429 e naturalismo 515 sobre gosto e valores 140 Bourgin Georges 251 252 Bourgin Hubert 251 Bowles Samuel e Gintis Herbert 235 Bowley AL 12 579 Boyd W 648 Bradley FH 205 312 Braudel Fernand 92 e a Escola dos Annales 1720 29 sobre sociedade de consumo 720 e teoria econômica 363 365 367 sobre economia mundial 188 690 Braverman H 219 232 774 775 Brecht Bertolt 434 756 757 758 808 Brentano Franz 308 Bridgman PW 594 647 Buchanan James M 39 412 767 budismo 479 164 354 659 760 diversidade 47 e interdependência 49 e ativismo social 489 e mudança social 48 e virtudes sociais 48 Bukharin Nikolai Ivanovich 147 446 449 450 736 809 Bull Hedley 655 656 Bullough Edward 267 Burckhardt Jacob 381 474 Burgess Ernest 48 226 467 burguesia 4950 no bonapartismo 46 e teoria da dependência 1879 em Lenin 4 419 no marxismo 4950 92 479 6702 em Weber 92 93 94 ver também aburguesamento classe média Burke Edmund e conservadorismo 1324 421 778 sobre democracia 714 759 sobre revolução 215 376 Burnham James 669 burocracia 503 93 218 667 677 722 antiga 89 90 e sociedade civil 523 111 112 326 7135 748 e militares 468 no despotismo oriental 2023 socialista 513 780 ver também divisão do trabalho oligarquia organização Burt Cyril 387 388 ciclo econômico 67 6872 723 190 459 e keynesianismo 58 69 70 e hipótese das expectativas racionais 70 2934 ver também depressão econômica ciclos de longo prazo organização industrial 53840 cesarismo 678 217 ver também bonapartismo socialista cálculo 241 511 700 70710 cálculo socialista ver socialista cálculo Campbell NR 238 318 472 648 campesinato 547 310 419 e revolução 4412 443 444 671 ver também tradição e tradicionalismo Camus Albert 316 772 Canguilhem G 318 595 capital cultural 93 94 429 433 simbólico 945 capitalismo 579 e austromarxismo 35 58 e burguesia 49 93 166 e teoria do colapso 662 e colonialismo 1025 198 221 e comunismo 1179 35861 703 e conservadorismo 1324 consumidor 485 crises do 38 146 157 408 413 e democracia 181 e teoria da dependência 187 desenvolvimento do 578 202 25860 e teorias do desenvolvimento 1989 crítica ecológica do 226 e crescimento econômico 1458 e feminismo 3323 e sociedade industrial 7224 como irracional 211 em Lenin 5960 187 358 359 418 419 e liberalismo 420 e libertarianismo 4256 monopolista 5960 146 3778 organizado 32 58 60 7112 733 popular 183 e protestantismo 47 165 2802 465 797 de estado 5960 146 243 sobrevivência do 37780 412 5189 em Trotsky 671 e desemprego 194 e guerra 346 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 936 Índice de nomes e assuntos bemestar 58 60 700 e trabalho 7734 ver também mercadoria fetichismo da keynesianismo imperialismo divisão do trabalho trabalho processo de laissezfaire ciclos de longo prazo Marx Karl marxismo regulação estado Cardoso Fernando H 188 carisma 602 235 302 463 512 e autoridade 38 60 4268 ver também messianismo Carnap R 432 809 e unidade da ciência 8001 e círculo de Viena 126 238 4379 3145 317 592 799802 Carr EH 348 398 655 Cartwright N 239 319 casamento 623 483 556 ver também divórcio família Cassirer Ernst 315 517 casta 636 122 207 2701 355 ver também estratificação social causalidade 4 667 197 319 465 736 no austromarxismo 312 em Hume 66 67 126 536 e realismo 67 760 estrutural 275 ver também explicação teleologia centralismo democrático 129 418 4413 Chambliss W e Mankoff M 149 Chazel F 341 Cherlin Andrew 223 Childe V Gordon 28 29 30 Chodorow Nancy 306 Chomsky Avram Noam 127 239 429 431 432 809 ciclos de longo prazo 579 723 146 190 ver também ciclo econômico cidadania 734 157 261 424 650 6612 693 cidade e civilização 8892 518 5423 ciência filosofia da 1267 314 3169 4379 472 593 6479 e política científica 5835 ver também planejamento social revolução científicotecnológica sociologia da 158 286 372 7434 unidade da 8002 ver também ciência política ciência econômica 7580 231 antecedentes 76 em Cambridge 79 1478 desenvolvimentos atuais em 7980 desenvolvimento da 148 primeiros interesses da 767 histórica 3614 463 464 industrial 5389 e mão invisível 78 239 376 e revolução keynesiana 778 marginalista 757 79 2278 241 2468 neoclássica 293 52830 abordagem dos direitos de propriedade 108 socialista 79 70610 ver também socialista teoria econômica socialista cálculo análise estratégica 76 7980 temas em 7880 bemestar 423 78 278 5712 ver também Escola Austríaca de Economia escola econômica de Chicago história econômica keynesianismo ciência política 805 e governo 82 história 801 e relações internacionais 834 e liderança 813 metodologia 81 e comportamento político 834 e administração pública 845 e análise da política pública 834 ciência social filosofia da 1278 295 31921 ciências cognitivas 856 ver também inteligência artificial lingüística cientificismo 867 1289 514 595 cinema 878 755 ver também cultura de massa comunicação de massa Cixous Hélène 436 civilização 8892 168 e colonialismo 1026 Clapham JH 365 Clark TJ 740 classe 927 2703 701 no austromarxismo 313 e casta 635 classe média 93 979 ampliação da 97 pontos de vista marxistas 979 nova 4950 98 218 220 236 2723 proletarização da 1 978 pontos de vista weberianos 98 e estado de bemestar 2601 ver também burguesia classe profissões liberais classe operária 99100 no austromarxismo 313 no comunismo 1189 446 e conflito 123 e movimento cooperativo 485 e desindustrialização 197 201 218 e desenvolvimento 199200 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 937 e educação 233 e fordismo 3234 e literatura 433 435 437 e novos movimentos sociais 448 530 e participação política 99 559 6867 e populismo 592 e sociedade pósindustrial 725 redução na 97 723 e revolução 92 260 359 4189 447 64950 ver também classe aburguesamento exploração proletariado autogestão trabalhador sindicalismo Claude Inis 347 562 Clausewitz Carl von 269 345 Clemente FE 225 226 coerção 1002 131 277 544 635 77172 ver também poder violência guerra coerentismo 484 Cohen Anthony 116 Cohen GA 41 Cohen Hermann 520 521 Cohen S 139 151 Cole GDH 35 184 577 Coles Robert 369 coletiva ação ver ação coletiva coletivismo 16 381 516 coletivo 253 502 ver também ação coletiva movimento social cooperativo 119 e cultura 245 e instinto 287 682 organizacional 1112 político 83 84 93 ver também etologia gestalt psicologia da Colletti Lucio 205 207 453 Collingwood RG 126 Collins Randall 553 colonialismo 1026 400 769 efeitos do 104 545 643 motivos do 1023 neocolonialismo 1046 187 199 546 estilos de governo 1025 ver também imperialismo orientalismo competição 1068 239 702 704 monopolística 107 em seleção natural 682 perfeitaimperfeita 106 107 escassez e racionamento 106 ver também Escola Austríaca de Economia cálculo socialista escola econômica de Chicago conflito sociedade de consumo função empresarial comportamentalismo 10 10811 452 476 514 e natureza humana 517 e lingüística 430 e personalidade 5668 e psicologia 1101 238 6225 social 801 estímuloeresposta 10911 comportamento compreensão ver hermenêutica Verstehen computação ver inteligência artificial Comte Auguste sobre consenso 131 sobre divisão do trabalho 218 219 220 e evolucionismo 291 sobre sociedade industrial 722 influência de 363 317 e origens da sociologia 589 722 733 734 778 como positivista 592 593 679 sobre estrutura social 277 comunas 486 788 comunicação 1124 214 e ação 3 4 1134 2434 278 693 e o corpo 747 e processos evolucionários 610 global 340 e hermenêutica 3534 nãoverbal 3913 políticasocial 113 ver também discurso interação interacionismo simbólico comunicação de massa comunicação de massa 1145 252 e cultura 1678 169 ver também cinema comunidade 1157 300 369 estudos empíricos sobre 115 116 estudos teóricos sobre 1157 ver também associação grupo sociedade comunismo 1179 358 e anarquia 13 14 17 e capitalismo 57 117 118 64950 colapso do 35961 e colonialismo 102 103 conselho 129 419 649 688 e igualdade 373 e práxis 6002 primitivo 117 e revolução 118 443 6712 e socialismo 1178 443 comunitarismo 39 162 278 406 Condorcet MJANC 362 722 confiança e cooperação 14 15 11920 ver também consenso conflito 1203 canalização de 123 e competição 121 e interesses 395 entre gerações 487 fatores objetivossubjetivos e 122 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 938 Índice de nomes e assuntos e mérito pessoal 123 realistanãorealista 122 e estrutura social 121 122 277 571 722 teoria do 122 123 ver também agressão violência conflito de 92 957 243 383 4424 445 47980 578 774 confucionismo 47 1235 444 conhecimento e senso comum 285 286 28990 644 na sociedade pósindustrial 7256 conhecimento sociologia do 128 601 607 640 739 7447 805 conhecimento teoria do 1259 238 322 455 456 analíticoempírico 1257 745 765 e indução 1258 439 648 e lógica 438 e positivismo lógico 8002 marxista 1289 448 601 e ontologia 535 316 e pragmatismo 598 realistaidealista 1267 reflexionista 453 científico 1268 7434 Connolly WE 396 conselho de trabalhadores 12931 1834 218 687 e conselho democrático de 130 conselhos democráticos ver conselho de trabalhadores consenso 1312 277 e mudança 131 132 e conflito 120 121 131 no confucionismo 125 e democracia 47 170 e hermenêutica 3534 e totalitarismo 7712 ver também dissenso conseqüencialismo 2789 7856 conservadorismo 1324 ver também capitalismo historicismo consumo sociedade de ver sociedade de consumo contextualismo 367 517 ver também historicismo contrarevolução ver revolução contracultura 1347 164 167 168 370 526 788 e cristianismo 134 135 e Nova Esquerda estudantil 135 137 499 ver também movimento estudantil cultura da juventude contradição ver dialética contrato social 1378 e autoridade do direito 38 39 no liberalismo 382 421 422 640 768 concepções modernas de 1378 controle social 1389 582 771 799 convenção social 525 convencionalismo 125 126 201 238 314 317 7656 770 801 convergência teoria da 653 conversacional análise 13940 ver também interação socialização cooperação 146 11920 483 ver também consenso Cornforth M 118 455 corporativismo 1403 591 713 e capitalismo 58 324 4089 68890 e pluralismo 140 143 no estadosociedade 1402 cotidiano 144 533 567 604 626 745 e decadência 1746 ver também sociologia do corpo Cournot AA 247 crédito uniões de 4857 crença e ação 3 e cultura 1646 e conhecimento 126 e racionalismo 465 657 crescimento econômico 1449 365 473 capitalista 589 1447 custos do 11 149 497 como expansão da produção 188 e política nacional 227 socialista 1468 700 e desenvolvimento do Terceiro Mundo 1479 197 198 477 770 criatividade 27 2656 398 533 598 crime e transgressão 14953 e vício 799 e anomia 20 definição de crime 14950 definição de transgressão 1512 215 675 significados 150 e poder 150 papel do estado 149 150 ver também controle social rotulação lei polícia punição criminologia 1536 e explicação 154 e história natural 1534 e reforma penal 156 631 e penalística 154 517 positivista 149 154 e prevenção 155 632 radical 150 151 e reparação 156 pesquisa sobre vítimas 156 vitimologia 155 crise 15660 no cristianismo 156 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 939 como julgamento 1578 em Marx 157 158 159 459 conceito de filosofia da história 1578 como produtivadestrutiva 146 1589 conceito de ciência social 1578 e terrorismo 5856 cristã teoria social 1603 e tradições católicas 141 1602 desenvolvimento inicial 1601 tradições modernas 1613 tradições reformadas 1612 cristianismo 659 como contracultura 1345 e cultura 1656 e ecumenismo 7602 e messianismo 4623 e modernidade 473 ver também fundamentalismo religião crítica teoria ver Escola de Frankfurt Croce Benedetto 205 446 450 cultura 1636 alternativa 300 e anomia 20 21 abordagens da 1635 e arte 1656 e civilização 89 e classe 934 168 233 2823 e geografia cultural 337 e gênero 334 e globalização 3401 e idéias 165 massa ver cultura de massa e música 505 e pluralismo 341 política 80 81 1701 413 relativismo da 25 164 440 657 e religião 659 e ação social 1634 e significado social 163 sociologia da 342 742 subcultura 167 3023 variações de 24 25 26 da juventude ver cultura da juventude ver também contracultura tradição e tradicionalismo cultura de massa 16870 325 341 370 451 4756 606 e vanguarda 474 794 e Nova Esquerda 530 e pósmodernismo 4767 ver também cinema cultural 935 e desenvolvimento 199200 econômica 925 e exploração 92 117 2956 373 abordagens integrativasanalíticas 94 e interesses 3957 como detentora do conhecimento 94 7256 em Marx 49 57 92 2723 364 365 371 372 445 479 e nacionalismo 509 paradigma de 946 política de 935 e comportamento político 957 371 e doença psiquiátrica 62930 e revolução 66 de serviço 37 38 989 subclasse 218 639 ver também aburguesamento elites burguesia intelectuais revolução gerencial classe média mobilidade social nomenklatura estratificação social classe operária Cunningham WJ 361 364 Dahl RA sobre democracia 180 182 395 575 576 sobre poder 581 Dahrendorf R 93 272 277 dança 1723 ver também sociologia da arte teatro Darwin Charles 10 23 25 174 225 291 473 519 716 darwinismo ver evolução seleção natural neodarwinismo darwinismo social darwinismo social 23 174 226 290 291 412 542 e conflito 121 e fascismo 513 e seleção natural 174 682 Davidson D 3 4 314 Davis K e Moore WE 271 Davy Georges 249 251 De Man Henri 323 Debreu Gerard 77 540 790 decadência 741 1746 300 450 decisão teoria da 1768 262 293 440 ver também jogos teoria dos utilidade teoria da dedutivismo 3178 319 definição 1789 433 770 Della Volpe G 129 207 316 319 453 Demeny P 186 democracia 17982 313 conselho de 12930 e ditadura 217 direta 17980 183 498 559 683 econômica 38 179 182 e elites 182 e igualdade 179 liberal 17982 e governo da maioria 179 575 partido únicodo povo 1434 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 940 Índice de nomes e assuntos participativa 33 35 136 182 236 419 5301 573 767 720 pluralista 1812 575 787 teoria radical 181 representativa 136 17980 235 577 ver também consenso participação política socialdemocracia conselho de trabalhadores democracia industrial 34 35 1825 532 697 codeterminação 1835 convênio coletivo 183 323 68890 corporativo socialismo 34 184 577 560 gerenciamento participativo na 183 delegados sindicais na 183 participação acionária do trabalhador na 183 controle dos trabalhadores 184 ver também autogestão conselho de trabalhadores demografia1857 366 e arqueologia 29 análise de grupos na 185 formal 185 matemática 186 social 1856 teoria da transição 1867 ver também população dependência teoria da 1045 1879 198 503 depressão clínica 18990 630 ver também psiquiatria e doença mental dependência ver vício depressão econômica 1901 412 459 ver também ciclo econômico ciclos de longo prazo depressão psicológica ver depressão clínica Derrida Jacques 809 sobre desconstrução 1914 316 335 353 416 como pósestruturalista 129 316 435 452 desconstrução 1914 434 435 306 335 e o direito 415 desemprego 4101 1947 efeitos do 1945 oculto 194 196 e mercado de trabalho interno 461 e lazer 522 533 534 taxa natural de 196 293 4101 permanente 1967 voluntárioinvoluntário 40910 528 529 ver também trabalho desenvolvimento e subdesenvolvimento 54 789 197201 379 542 e civilização 8890 e teorias nucleares e periféricas 30 187 198 e internacionalismo 397 e teoria da modernização 30 198 1867 4778 nação classe e sociedade civil em 187 199 200 fatores sociais e globais do 197 199 340 estados planos e mercados em 1479 199200 desigualdade ver igualdade e desigualdade desindustrialização 196 201 383 despotismo oriental 68 90 2013 2589 541 Dessoir Max 266 269 Destutt de Tracy ALC 371 determinismo 2034 398 biológico 10 226 2334 283 290 308 638 ver também darwinismo social e causalidade 667 204 econômico 95 442 446 449 451 479 649 geográficoambiental 337 364 520 e regularidade 203 social 31 32 233 653 764 735 tecnológico 219 220 386 480 504 e ubiqüidade 204 Deutsch Karl 101 347 656 657 562 Dewey John 248 809 sobre educação 235 e interacionismo 674 sobre pragmatismo 10 129 248 313 316 599 600 682 796 e sociedade 714 dialética 193 2047 em Engels 2056 em Hegel 2045 206 316 754 em Marx 205 206 207 dialético materialismo ver materialismo dialético Dickinson G Lowes 44 Diderot Denis 89 741 diferenciação social 2079 219 235 693 ver também elites teoria das etnicidade raça estratificação social Dilthey Wilhelm 144 797 8056 810 e hermenêutica 351 515 692 e Methodenstreit 464 e Verstehen 797 dinheiro 20911 e irracionalidade 2101 como meio de troca 20910 como medida e reserva de valor 20910 211 7901 como pagamento 210 teoria da quantidade 210 245 4823 Direita Nova ver Nova Direita direito consuetudinário tradição do 4147 razão comum efeito da 177 direitos 2114 e autoridade do estado 39 e cidadania 73 e relativismo cultural 24 econômicos 607 e crescimento econômico 148 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 941 e ética 278 naturais 15 137 2114 e propriedade 618 sociais 261 588 701 ver também liberdade justiça direitos humanos ver direitos discurso 2145 434 536 e cultura 165 334 dissenso 85 106 2156 650 ver também consenso dissonância teoria da 67 trabalho divisão do ver divisão do trabalho ditadura 2168 constitucional 2178 e democracia 2178 eletiva 2178 no nacionalsocialismo 367 512 populista 68 217 511 romana 2167 tipo soviético 2178 709 e guerra 346 ver também bonapartismo cesarismo proletariado divisão do trabalho 21821 230 774 e alienação 9 2189 e anomia 20 e civilização 901 em Durkheim 219 220 na sociologia funcionalista 220 intelectual 389 249 e divisão internacional do 146 195 198 219 2213 no marxismo 9 2189 708 e profissões liberais 6124 sexual 62 2189 220 221 297 3323 476 773 social 1823 204 207 219 247 541 702 divórcio 2234 333 ver também casamento Djilas Milovan 523 670 Dobb Maurice 79 231 708 doença mental ver psiquiatria e doença mental doença 45658 677 678 Dohm Christian Wilhelm 22 Domar Evsey 147 148 410 dominação ver autoridade Douglas J 752 Douglas Mary 677 Doyle MW 347 Drever J 393 Droysen Johann Gustav 797 dualismo e teoria da modernização 1878 197 198 238 Dubos René 290 Duhem Pierre 314 315 317 472 Dumas Georges 252 Dunlop John T 653 Dupuit L 247 Durkheim Émile 139 144 428 810 sobre anomia 201 302 524 525 722 sobre conflito 1201 sobre consenso 277 sobre definição 1789 sobre divisão do trabalho 8 20 208 209 219 540 778 e funcionalismo 326 612 sobre individualismo 208 382 influência de 24952 363 e Kant 520 5212 e conhecimento 745 sobre marxismo 446 sobre sociedade de massa 721 sobre metodologia 465 sobre modernidade 473 sobre moralidade 483 sobre naturalismo 319 516 sobre normas 166 5245 como positivista 593 790 sobre profissões 612 sobre punição 633 sobre religião 166 250 553 e troca social 779 e sociologia 733 734 735 737 sobre suicídio 2501 524 593 629 722 751 752 sobre valores 7912 Dworkin Ronald 323 563 Eco Umberto 266 683 747 ecologia 11 29 148 2257 304 526 678 788 e sociobiologia 72830 ver também ambientalismo econometria 78 2278 529 538 293 economia alternativa 58 59 processos evolucionários na 60910 682 702 internacional 197 198200 2212 325 340 3789 712 socialização da 312 578 445 618 7123 ver também ciclo econômico depressão econômica planejamento econômico nacional sistemamundo economia neoclássica 106 199200 204 22830 240 278 proposições básicas 229 e consumo 71920 crítica 77 e exploração 295 e crescimento 187 e keynesianismo 77 209 40811 459 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 942 Índice de nomes e assuntos e sistema de mercado 228 459 e preferências 342 e papel do dinheiro 20911 e teoria do valor 757 228 e estado de bemestar 42 43 635 ver também Escola Austríaca de Economia escola econômica marginalista expectativas racionais hipótese das economia política 75 23032 338 364 4634 718 737 radical 2302 educação e teoria social 2335 no confucionismo 1056 e cultura 16870 507 710 teorias desmistificadoras 2334 teorias deterministas 233 teorias voluntaristas 234 Eichenbaum Boris 325 Einstein Albert 465 667 810 Eliade Mircea 470 Elias Norbert 92 117 310 343 810 Eliot TS 169 794 elites e classe 93 235 4434 e colonialismo 105 489 e fascismo 3001 e cultura de massa e sociedade 169 4757 720 socialista 1901 418 705 elites teoria das 121 182 2357 3445 559 734 748 7789 ver também aristocracia vanguarda diferenciação social oligarquia Elton W 267 emancipação 237 242 305 353 448 em Habermas 237 321 353 das mulheres 237 493 ver também liberdade emigração ver migração emotivismo 505 empirismo 2379 249 3134 316 337 e causalidade 667 e conhecimento 1257 237 743 8002 e linguagem 3213 e direito 415 lógico ver Viena círculo de e ciência 237 317 318 640 e estudos de suicídio 711 7513 enfermidade 6778 mental ver psiquiatria e doença mental Engels Friedrich 810 sobre base e superestrutura 402 sobre bonapartismo 456 sobre burguesia 49 sobre burocracia 51 sobre comunismo 1178 sobre dialética 205 206 207 e marxismo 312 445 e materialismo 319 453 454 479 e autogestão 35 sobre estrutura social 174 202 e economia socialista 706 e sociologia da arte 742 como utopista 788 sobre classe operária 1 epistemologia ver conhecimento teoria do Erikson Erik 152 369 427 566 Escola Austríaca de Economia 58 59 2412 278 45960 702 e libertarianismo 425 e o papel do dinheiro 209 teoria do valor 241 Escola de Frankfurt 89 179 2425 318 536 765 e arte 740 sobre capitalismo 228 498 e emancipação 237 e epistemologia 128 e história 242 243 316 influência da 447 530 e legitimidade 413 e literatura 434 e cultura de massa 169 170 530 e teoria política 765 e póspositivismo 767 e práxis 602 sobre racionalidade 642 e revolução 2323 sobre cientificismo 668 e psicologia social 628 e valores 778 e sociologia verstehende 797 e marxismo ocidental 31 242 447 44952 530 736 sobre classe operária 448 escola econômica de Chicago 2456 425 escola sociológica de Chicago 226 2489 467 500 532 733 734 e urbanização 782 ver também interacionismo simbólico escola sociológica de Durkheim 24952 515 7345 escolha econômica 229 pública 2523 254 767 social 42 43 79 252 2535 2556 escolha racional teoria da 15 82 178 252 2534 256 422 640 641 760 780 ver também jogos teoria dos racionalidade e razão escrita e fala 1923 esfera pública 257 494 678 788 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 943 estado 25760 e capitalismo 258 25960 e igreja 678 e sociedade civil 259 260 425 481 5767 7145 718 corporativismo 1404 e definição de crime 149 150 dual 142 e economia 32 58 59 78 219 2456 40811 4123 45960 522 652 7024 em teoria do gênero 335 hegemonia 350 concepção liberal de 15 2578 4203 e libertarianismo 527 e mercados 25960 461 no marxismo 46 512 mínimo 412 425 natureza do 2578 e pluralismo 5767 e política 260 poder do 257 259 rejeição do ver anarquismo papel no desenvolvimento 199200 e ciência 6667 sobrevivência do 656 74950 ver também nação polícia política social sociedade estado de bemestar estado de bemestar 100 2602 409 410 447 519 650 652 701 e cidadania 73 e emprego 1936 história do 261 323 587 e senectude 59 684 oposição ao 262 483 e planejamento 573 EUA 5223 estatística 2624 social 262 2645 584 635 técnicas de 123 2624 265 estereótipo ver rotulação estética 2659 325 e antropologia 223 e grupo de Bloomsbury 445 e o corpo 2658 crítica 2679 feminista 442 metodologia 2668 como filosofia da arte 265 269 e realismo 434 474 e ciência da arte 2667 e gosto 265 3424 transcendental 475 tipos de 260 ver também sociologia da arte modernismo pósmodernismo valores estratégicos estudos 26970 estratificação social 63 375 2703 e civilização 89 e classe 92 95 723 731 formas de 2701 no marxismo 272 fontes de 2712 em Weber 273 ver também diferenciação social etnicidade gênero raça estrutura social 2768 538 736 e mudança 277 e interesses 396 como linguagem 428 no naturalismo 1279 e problema social 6078 e psicologia social 626 estruturação 92 95 1289 2735 320 e conflito 1212 2778 502 ver também práxis estruturalismo 239 2756 317 335 353 e diferença 193 e parentesco 556 e linguagem 389 4302 e literatura 434 435 e marxismo 2756 4478 451 480 530 7356 e mito 46970 e naturalismo 515 e fenomenologia 309 e teoria política 7645 ver também lingüística pósestruturalismo sociologia estudantil movimento ver movimento estudantil ética 27880 e bem comum 73 deontológica 2789 discursiva 279 353 599 ambiental 280 feminina 279 280 individualista 382 marxista 280 6002 e metaética 314 e naturalismo 313 514 516 particularista 27980 e práxis 5089 e realismo 239 e relativismo 483 657 baseada nos direitos 279 e utilitarismo 278 279 280 484 virtudes éticas 280 ver também moralidade valores etnicidade 2824 603 e cultura 24 25 283 467 509 e grupos de status 283 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 944 Índice de nomes e assuntos teorias primordiais 284 teorias situacionais 284 ver também etnocentrismo raça racismo etnocentrismo 198 305 6024 643 etnografia ver antropologia social etnometodologia 239 2846 308 429 458 797 e análise conversacional 140 214 ver também observação participante etologia 5 24 2869 517 682 eugenia ciência da 10 26 185 262 28991 623 e inteligência 3878 ver também genocídio darwinismo social Euler Leonard 186 EvansPritchard EE 24 evolução 10 2901 e antropologia 22 26 469 e comportamento 2868 e desenvolvimento 290 291 e economia ver economia processos evolucionários na economia e préhistória 27 28 29 e progresso 23 24 25 250 251 290 291 611 614 694 social ver processos evolucionários na sociedade ver também seleção natural neodarwinismo sociobiologia existencialismo 128 2913 315 382 518 527 e alienação 7 8 9 292 e hermenêutica 351 354 e individualismo 382 e fenomenologia 128 291 352 30710 radical 316 e teologia 761 expectativas racionais hipótese das 70 227 2934 410 522 explicação 2945 319 4656 472 e causalidade 66 126 295 319 736 e marxismo 41 157 individualismo metodológico 277 e teoria de sistemas 692 e teleologia 760 e Verstehen 7978 exploração 210 2956 e classe 92 117 295 296 358 374 383 479 774 773 e raça 639 644 de mulheres 296 7756 Eysenck Hans 388 566 567 568 fabianismo ver socialismo fabiano fala e escrita 1923 família 297300 mudanças em 2979 590 no confucionismo 124 125 e pesquisa demográfica 187 e divórcio 224 e estruturas de gênero 333 334 495 e socialização 7101 ver também divórcio grupo parentesco Fanon Franz 305 444 770 8101 fascismo 32 3002 2423 469 643 503 772 e ditadura 217 e sociedade de massa 720 e regimes populares nacionais 511 e neofascismo 3012 e radicalismo 646 ver também bonapartismo Fauconnet Paul 249 251 favelas 3023 ver também urbanismo Fayol Henri 111 Febvre Lucien 17 18 252 363 Fechner Gustav Theodor 266 federalismo 16 3034 ver também regionalismo Fein H 335 336 feminismo 3047 e antropologia 22 23 e conflito 123 e desenvolvimento 200 e divisão do trabalho 220 e ecologia 226 304 igualdade e diferença 305 306 e família 298 299 e teoria do gênero 332 história do 4934 e lesbianismo 3046 e literatura 436 437 e casamento 62 63 e Nova Esquerda 530 e teoria política 768 e positivismo 595 e pósfeminismo 307 e esfera pública 257 e racismo 3057 radical 3324 e separatismo 3057 e socialismo 306 333 e utopismo 788 ver também movimento de mulheres fenomenalismo crítico 6478 ontológico 5923 595 fenomenologia 128 144 30710 458 652 674 752 crítica 316 e transgressão 1512 abordagem eidética 308 e existencialismo 128 291 307 309 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 945 e hermenêutica 351 como individualista 309 e lógica 126 315 e categorias transcendentais 3089 Ferguson Adam 89 219 718 feudalismo 202 271 3102 460 461 479 ver também campesinato estado Feuerbach Ludwig 8 Feyerabend P 127 238 315 318 452 595 648 Figgis John Neville 577 714 filosofia 3127 da história ver historicismo história teleologia da ciência 1267 314 3179 438 472 5923 6479 801 ciência como 205 295 da ciência social 1267 295 319 518 filosofia da linguagem 3213 647 e empirismo 126 237 238 317 438 e falácia lingüística 536 e análise da linguagem comum 315 argumentos baseados em casos paradigmáticos 446 Firestone Shulamit 305 562 Fischer Karl 281 Fisher Ronald 263 fisicalismo 647 801 Flaubert Gustave 475 476 542 Flechtheim Ossip 330 Ford Henry 323 fordismo e pósfordismo 146 183 219 3234 477 65152 774 formalismo 44 3246 4323 474 506 lógico 318 437 Forster EM 44 45 Foucault Michel 338 741 811 e desconstrução 191 335 e discurso 215 334 694 e doença 677 sobre a natureza humana 518 e materialismo 456 e normalização 416 como pósestruturalista 86 129 316 435 452 sobre poder 580 sobre punição 633 792 Fourier Charles 34 117 486 Fox R 6 Francastel Pierre 266 739 740 e hermenêutica 353 Frank André Gunder 30 188 198 199 Freeman C 73 Frege Gottlob 314 391 432 e lógica 4389 Freidson E 152 613 Freire Paulo 757 763 Freud Sigmund 61921 811 sobre civilização 89 163 e feminismo 334 sobre a natureza humana 5 372 427 518 sobre moralidade 483 sobre personalidade 5667 sobre suicídio 752 e teoria da identificação 369 sobre o inconsciente 4 5 3801 Friedman David 425 Friedman Milton e ciclo econômico 70 191 e escola econômica de Chicago 196 246 411 412 482 como neoliberal 526 613 Frisch Ragner 227 Fromm Erich 242 243 519 811 Fry Roger 44 função empresarial 50 51 59 23941 539 7023 712 e industrialização 383 477 em economia neoclássica 57 58 59 72 240 673 ver também Escola Austríaca de Economia cálculo socialista competição funcionalismo 292 3268 473 474 682 e antropologia 24 28 3089 401 e conservadorismo 326 e marxismo 210 e naturalismo 514 e paz 562 requisitos prévios do 3278 e movimentos sociais 498 5001 e sociologia 220 734 estrutural 7346 7912 e teoria de sistemas 6924 788 e valores 791 ver também estruturalismo teleologia fundamentalismo 32830 797 cristão 3289 islâmico 305 329 399402 511 ver também revivalismo Furnivall John Sydenham 574 639 Furtado Celso 187 futurologia 3301 604 788 ver também prognóstico Gadamer HansGeorg 811 sobre desconstrução 191 353 sobre hermenêutica 113 238 316 320 3513 sobre positivismo 515 595 Gallbraith JK 52 232 670 716 717 Gallie Duncan 179 Galton Francis 10 263 289 387 623 Gandhi Mohandas Karamchand Mahatma 811 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 946 Índice de nomes e assuntos sobre casta 64 65 355 e nacionalismo 489 490 491 492 e pacifismo 17 544 564 Gans HJ 571 573 783 Garfinkel Harold 274 285 321 e etnometodologia 239 2846 e rotulação 676 Gates Henry 437 Geertz Clifford 164 284 517 683 Geiger Theodor 1 GemeinschaftGesellschaft distinção entre 116 3445 537 680 714 778 819 gênero 3325 e divórcio 2234 e educação 2334 e feminismo 305 306 3324 496 e marxismo 775 776 e diferenciação social 2079 estruturas e 207 3334 teorias de 3323 ver também divisão do trabalho patriarcado sexo genética 289 genocídio 10 3357 ver também eugenia geografia humana 3379 cultural 337 industrial 338 nova geografia 30 338 George V e Wilding P 587 588 Gergen Kenneth 627 Gerschenkron A 199 365 gestalt psicologia da 33940 266 623 624 ver também comportamentalismo gesto ver papel social Gewirth A 213 Ghose Sri Aurobindo 355 Gibb Cecil 426 427 Gibbon Edward 542 Gibson JJ 647 Giddens A 96 338 604 798 sobre classe 93 98 471 e dupla hermenêutica 308 sobre globalização 3401 e socialização 515 712 e estruturação 128 2734 320 Gierke Otto 382 577 Gilligan C 279 280 Gitlin Todd 137 Glass DV 470 471 globalização 115 222 3401 473 793 Glyptis S 534 Gödel Kurt 391 438 Godelier Maurice 207 275 276 Godwin William 14 15 Goffman Erving 239 274 321 370 676 sobre molduras 552 e interação 140 370 532 552 676 sobre teatro 758 Goldmann Lucien 165 736 740 805 Goldstone Jack 665 471 Goldthorpe J 1 93 96 98 471 472 golpe de estado 45 67 3412 ver também revolução Goodman N 128 315 Gorbachev Mikhail 217 487 703 724 750 Gorz A 196 197 226 gosto 3424 3723 719 ver também sociologia da arte Gouldner Alvin 94 780 governo e ciência política 484 ver também estado Gramsci Antonio 8112 sobre arte 741 sobre sociedade civil 447 718 sobre cultura 164 171 dialética de 206 368 sobre educação 235 e fordismo 323 324 sobre hegemonia 350 428 718 sobre conhecimento 129 453 e marxismo 447 449 450 451 530 sobre orientalismo 542 sobre teoria política 765 sobre republicanismo 661 sobre práxis revolucionária 601 sobre história social 367 sobre sindicatos 688 689 sobre verdade 796 sobre conselhos de trabalhadores 130 Grant Duncan 44 Green TH 212 312 Greer Germaine 305 Grice Paul 433 grupo 3445 525 625 e identidade 370 liderança de 427 626 primáriosecundário 433 quasegrupo 434 grupos de status 94 95 283 284 ver também associação comunidade interesse grupo de liderança psicologia social Gubrum Jaber F e Holstein James A 299 guerra 120 269 3459 de guerrilha ver guerrilha e industrialismo 724 e relações internacionais 6545 justa 546 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 947 e liderança 346 e democracia liberal 346 ver também coerção pacifismo estratégicos estudos guerrilha 55 275 348 349 441 4912 ver também guerra Gurvitch Georges 274 345 Gutierrez G 764 Guyau JeanMarie 20 266 Haberler Gottfried 69 70 Habermas Jürgen 812 sobre comunicação 113 114 244 279 353 452 599 sobre consenso 792 sobre crise 158 159 413 sobre desconstrução 191 193 hermenêutica profunda 353 sobre emancipação 237 321 353 sobre ética 279 599 sobre interesses 396 sobre legitimação 39 413 e Nova Esquerda 316 530 sobre ontologia 536 sobre positivismo 238 515 595 766 e pósmodernismo 129 sobre vida pública 257 sobre racionalidade 642 734 793 sobre teoria de sistemas 694 e marxismo ocidental 449 452 e visões do mundo 805 Hagopian MN 341 Halbwachs Maurice 249 251 735 Halliday MAK 683 732 Halsey AH 234 471 Hamilton WD 728 729 Hampshire S 127 204 267 Hanson NR 127 238 315 318 Harbinson Frederick 653 Harding Sandra 595 Hare RM 391 484 786 787 796 Harré Rom 127 238 315 318 321 sobre realismo 238 Harrington James 542 Harrod Roy 147 148 410 Hart Basil Liddell 269 Hart H LA 212 213 415 526 597 Hartmann Heinz 562 566 Harvey David 338 Hayek Friedrich August von 812 sobre autoridade 39 sobre economia 70 241 412 422 447 460 682 sobre liberdade 382 424 como neoliberal 526 767 sobre propriedade privada 50 e darwinismo social 174 sobre cálculo socialista 702 706 708 sobre estado 15 426 Heckel Ernst 225 hedonismo 278 Hegel GWF sobre ação 3 4 sobre estética 260 sobre alienação 8 sobre autoridade 39 sobre sociedade civil 49 519 718 sobre dialética 2045 206 207 316 450 455 754 sobre direito e crise 158 159 sobre modernidade 473 478 sobre necessidades 5189 sobre verdade 795 796 ver também idealismo hegemonia 350 575 como dominação 350 379 em Gramsci 350 428 718 e imperialismo 350 Heidegger Martin 812 como existencialista 291 292 293 316 e hermenêutica 351 352 influência de 191 450 567 ontologia em 129 312 352 536 sobre mudança tecnológica 505 723 Heider Fritz 626 Hempel CG 128 294 315 317 318 594 sobre causalidade 4 127 hermenêutica 237 238 244 3504 760 805 como crítica 353 354 640 como desconstrução 193 e círculo hermenêutico 3513 692 e tipos ideais 7701 e literatura 433 e metodologia 3512 320 e naturalismo 127 31920 5146 594 filosofia 3512 e Verstehen 797 Hermeren Göran 268 Heródoto 541 Herz JH 656 Herzlich Claudine 678 Hesse MB 238 318 472 648 Hewins WAS 364 Hicks John 42 77 78 410 539 790 hierarquia e feudalismo 3102 e militares 468 no local de trabalho 775 Hilbert David 438 Hilferding Rudolf 812 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 948 Índice de nomes e assuntos e austromarxismo 31 32 sobre ciclo econômico 58 459 sobre imperialismo 102 377 378 379 sobre capitalismo monopolista 60 e socialização da economia 712 713 Hill Christopher 134 hinduísmo e teoria social hindu 3546 544 659 761 e budismo 47 354 e casta 635 207 355 e darma 354 história 35661 impacto sobre o comunismo marxista 3589 teoria marxista da 32 57 2423 244 338 366 368 371 445 448 479 480 e modernismo 4746 social 3567 3667 506 736 fontes 356 357 358 ver também Annales arqueologia e préhistória idiográfico método progresso história econômica 3616 367 tradição britânica 364 tradição francesa 363 tradição alemã 362 evolução da 3656 tradição marxista 364 origens da 3612 historicismo 69 128 133 317 363 3678 372 514 716 805 crítica 31920 2756 Hitler Adolf e nacionalsocialismo 512 513 514 Hobbes Thomas sobre a natureza humana 5 15 sobre lei 596 e liberalismo 422 sobre progresso 614 teoria social 162 137 542 sobre estado 15 303 304 481 Hobhouse LT 503 618 733 767 Hobson JA 70 102 377 379 503 Holyoake GJ 678 679 Homans GC 779 Horkheimer Max sobre civilização 89 e Escola de Frankfurt 242 243 244 316 448 sobre cultura de massa 114 115 170 530 sobre racionalização 642 e marxismo ocidental 448 451 Hubert Henri 251 Hull Clark L 109 110 111 Hume David sobre crença 163 sobre causalidade 66 126 203 535 sobre identidade 369 sobre oferta de dinheiro 482 e naturalismo 514 ontologia 535 Hunnicutt BJ 533 Husserl Edmund 158 812 817 e lógica 126 316 e fenomenologia 126 129 292 316 352 Hutcheon Linda 476 Huxley Julian 26 584 Hyner e Roosevelt 231 Hyppolite Jean 205 316 IA ver inteligência artificial Ibn Khaldun 91 276 277 idade ver senectude idealismo 3123 315 6478 crítica do 44 45 e cultura 163 164 1656 em Hegel 204 205 206 312 4534 e conhecimento 125 453 superidealismo 127 238 318 identidade 36971 606 6745 e o corpo 7478 e comunidade 116 36970 crise de 157 158 159 369 e nação 5078 6501 política 370 437 e religião 661 sexual 306 334 438 685 712 teoria da identidade social 392 e valores 164 ver também rotulação ideologia 3712 805 e cinema 88 e cultura 115 164 165 435 em Marx 92 455 462 e mito 469 ver também marxismo idiográfico método 17 19 367 372 515 567 691 7389 Ignatieff Michael 519 igualdade e desigualdade 3725 e classe 93 94 95 96 complexa 375 e democracia 179 e feminismo 305 e gênero 3324 global 2212 em saúde 678 de oportunidade 233 2345 3723 471 768 de resultado 3724 papel do estado na 245 372 e estratificação social 2703 de bemestar 3734 ver também privação relativa liberdade pobreza Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 949 Illich Ivan 234 Iluminismo 10 353 3757 477 e vanguarda 794 e conservadorismo 132 133 e historiografia 361 362 e progresso 516 imigração e trabalhadores imigrantes ver migração imperialismo 37780 400 656 e capitalismo 58 145 187 188 199 222 340 3779 e socialismo 377 ver também colonialismo divisão do trabalho divisão internacional do trabalho incerteza e teoria da decisão 176 178 2556 2624 294 inconsciente 45 334 3801 518 566 61920 623 individualismo 45 324 3813 e anarquia 14 15 16 382 no antigo Egito 90 91 e atomismo 3813 no pensamento social cristão 1601 e ação coletiva 2 e conservadorismo 1334 e cooperação 485 e divisão do trabalho 2078 epistemológico 126 382 ético 382 no feudalismo 3102 e identidade 36970 e industrialização 3835 instrumentalexpressivo 159 e laissezfaire 412 e liberalismo 381 421 423 579 e teologia da libertação 763 metodológico 229 241 254 382 516 715 político 241 382 453 e propriedade 618 e troca social 779 ver também libertarianismo indivíduo socialização do ver socialização e sociedade ver sociedade industriais relações ver relações industriais industrial democracia ver democracia industrial industrial organização ver organização industrial industrialização 3835 e colonialismo 1023 desindustrialização 201 383 e divisão do trabalho 20 220 384 e relações industriais 6534 e sociedade de massa 720 e modernização 478 e nacionalismo 510 e progresso 1878 e política social 604 soviética 1478 447 700 708 749 ver também automação informação teoria e tecnologia da urbanismo informação teoria e tecnologia da 71 3856 561 e mudança 58 723 324 477 7257 788 ver também inteligência artificial Inglehart RF 792 Innis Harold 115 instituição penal ver punição integração teorias de 122 intelectuais 3867 e vanguarda 794 e classe 93 94 e colonialismo 489 491 e cultura 168 papel na revolução 418 442 443 444 ver também Bloomsbury grupo de Iluminismo inteligência teste de 3878 528 ver também ciências cognitivas inteligência artificial 286 38891 625 726 e lógica 3901 437 439 redes nervosas 389 estudos de reconhecimento de padrão 389 busca da heurística 390 ver também ciências cognitivas intenção e ação 2 3 4 275 e comportamento 110 149 291 e discurso 214 em fenomenologia 308 e planejamento 572 e violência 8034 interação 286 3913 análise 140 392 e discurso 214 interacionismo 393 6746 e liderança 427 social 3912 429 445 estatística 393 tecnológica 5045 ver também conversacional análise interacionismo simbólico 152 392 3934 5001 600 674 e transgressão 152 e teoria da identidade 369 interesse grupo de 395 e elites 236 e hegemonia 350 e pluralismo 141 143 181 396 e partidos políticos 395 ver também corporativismo movimento social interesses 2523 3957 656 795 internacionais relações ver relações internacionais internacionalismo 340 3978 654 699 709 780 institucional 398 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 950 Índice de nomes e assuntos e oposição ao nacionalismo 3978 no Terceiro Mundo 76970 e transnacionalismo 377 378 379 397 interpretação ver hermenêutica intuicionismo 484 invenção 3989 715 involucrismo 748 islamismo 223 399402 548 65960 663 724 760 e fundamentalismo 306 3289 4001 511 e messianismo 463 xiismo 400 4012 463 sufismo 399400 sunismo 399 Jakobson Roman 325 428 430 476 James William 109 566 647 674 8123 como pragmatista 312 369 598 599 600 Janowitz M 385 Jaspers Karl 291 292 805 813 Jaurès Jean 250 564 697 Jefferson Thomas 182 Jellinek Georg 770 Jensen Arthur 388 624 Jevons Stanley 76 228 247 jogos teoria dos 823 4034 422 e teoria cooperativa 120 403 609 e teoria da decisão 176 177 293 e ciência econômica 80 e organização industrial 2812 e teoria nãocooperativa 176 177 403 e normas 5256 e sociobiologia 728 e guerra e coerção 100 101 705 ver também decisão teoria da escolha racional teoria da Jones Gareth Stedman 139 Jouvenel Bertrand de 38 judaísmo 4046 659 760 e messianismo 4623 ver também antisemitismo Jung Carl Gustav 380 566 621 813 justiça 137 4067 413 597 e igualdade 374 e ética 27880 na teologia da libertação 762 764 e teoria da troca social 77880 Kalecki M 409 598 Kant Immanuel sobre estética 266 342 343 7403 sobre sociedade civil 717 Crítica da razão pura 351 sobre ética 27980 484 sobre história 157 sobre intenção 3 sobre conhecimento 520 521 745 ontologia 535 sobre paz 564 sobre razão 1267 sobre contrato social 137 Kautsky Karl 31 419 696 sobre imperialismo 3789 e revisionismo 649 662 699 e marxismo ocidental 446 447 449 Kedourie Elie 509 Kelsen Hans 32 596 Kennick WE 267 Kerr Clark 6534 723 Keynes John Maynard 72 199200 4089 410 411 813 e grupo de Bloomsbury 445 e ciclo econômico 69 70 71 sobre econometria 79 sobre ciência econômica 7580 231 482 528 sobre dinheiro 20910 e capitalismo do bemestar 58 keynesianismo 71 146 200 232 241 40811 em sentido amplo 408 e administração de demanda 45 58 70 71 779 1945 398 discussões sobre o 4101 impacto do 522 e sistema de mercado 40810 459 em sentido restrito 40910 e democracia social 696 e incerteza 598 teoria do desemprego 410 5289 1945 ver também póskeynesianismo estado de bemestar Khomeini aiatolá Ruholá Musavi 346 401 402 Kierkegaard Soren 292 316 King Gregory 361 Kirchheimer Otto 243 Klaus Georg 40 Klineberg O 602 Klingender Francis D 741 Knapp GF 210 Knies Karl 362 464 Knight Frank H 245 540 Koffka Kurt 339 Kohlberg Lawrence 280 Köhler Wolfgang 339 Kohn ML 95 Kojève A 205 316 Kolakowski Leszek 453 527 593 Kolping Adolf 183 Kondratiev ND 72 146 190 Kornhauser W 721 Korsch Karl 129 130 447 449 450 601 796 Koselleck R 157 158 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 951 Koyré A 318 595 648 Kramer SN 90 Kripke Saul 128 648 796 Kristeva Julia 436 813 Kroeber AL 10 337 557 Kropotkin Piotr Alekseevitch 16 813 Kuhn Thomas 238 813 sobre crise 158 159 e positivismo 595 sobre conhecimento científico 127 315 318 554 640 648 744 Kumar K 723 725 Küng Hans 761 Kuper Leo 336 574 Labov William 429 731 732 Lacan Jacques sobre desconstrução 191 como pósestruturalista 129 316 436 e psicanálise 88 Laing Ronald 567 630 laissezfaire 15 146 257 348 4123 460 529 crítica 3645 ver também competição economia neoclássica mercado Lakatos I 127 238 318 595 648 Landis Paul 138 Lange Oskar 447 702 706 707 708 709 710 Lapie Paul 249 251 Laski Harold 304 577 Lasswell Harold 427 468 Lazarsfeld P 13 465 594 Leavis FR 169 435 Lefèbvre François 316 Lefèbvre Henri e dialética 207 sobre urbanismo 92 legitimidade 4134 582 587 lei 4148 autoridade da 39 e cidadania 157 e civilização 90 e colonialismo 104 489 e crime 149 movimento de estudos críticos da 4157 e dissenso 215 informal 416 natural 134 1601 317 382 414 415 4212 596 positivo 414 4167 596 como profissão 613 pública 4167 teoria pura do 414 596 sociologia da 32 4156 ver também crime e transgressão normas positivismo Lemert E 139 152 153 674 Lemkin Raphael 335 Lenin VI 41820 814 sobre base e superestrutura 40 41 e capitalismo 5960 187 188 359 418 419 sobre colonialismo e imperialismo 102 103 187 378 sobre democracia 181 e teoria da dependência 187 188 e dialética 207 sobre materialismo dialético 312 453 4545 sobre exploração 117 118 e marxismo 446 sobre revolução 418 419 662 6712 70910 e socialismo 700 sobre estado 304 420 sobre sindicalismo 12930 418 687 6889 sobre tecnologia 5045 sobre classe operária 118 119 418 4467 leninismo 41820 e comunismo 117 118 e partido 418 420 6456 e proletariado 181 41820 e revolução 419 749 7801 e stalinismo 41820 Lenski G 94 Lerner Abba 702 706 LéviStrauss Claude 175 252 814 e teoria da troca 779 e parentesco 556 557 558 sobre moralidade 483 sobre mito 470 e semiótica 683 e estruturalismo 239 316 2756 736 Levine Lawrence W 343 LévyBruhl Lucien 252 440 466 745 Lewin Kurt 112 626 Lewis D 525 Lewis GC 424 Lewis O 302 Lewis W Arthur 79 148 liberalismo 4201 e capitalismo 421 centrista 7668 e conservadorismo 132 133 4201 crítica ao 422 423 e democracia 180 181 55960 econômico 3767 e gênero 333 334 história do 421 e individualismo 381 382 421 422 578 e esquerda 768 e libertarianismo 425 426 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 952 Índice de nomes e assuntos e vida política 422 e teoria política 766 desenvolvimento recente do 4234 estado e sociedade no 15 16 257 420 421 liberdade 4245 693 7668 concepção anarquista de 16 no existencialismo 2913 história do conceito 90 individualcoletiva 4245 negativapositiva 424 como direito 212 ver também liberalismo teologia da libertação sociedade aberta libertação teologia da 162 690 7601 7624 e paradigma do Êxodo 764 opressão e libertação 763 e teoria social radical 763 764 libertarianismo 15 16 412 4256 527 788 Lichtenstein H 369 liderança 812 112 4268 748 794 e autoridade 38 533 e carisma 602 302 4267 512 535 681 e psicologia social 607 e guerra 704 ver também elites teoria das Liebknecht Karl 564 696 Lincoln Abraham 179 linguagem 42830 e comportamentalismo 111 e ação comunicativa 244 e desconstrução 192 e empirismo 239 802 em Gadamer 352 e identidade 429 langue língua e parole fala 430 e positivismo lógico 8012 sociologia da 429 731 ver também discurso formalismo lingüística sociolingüística lingüística 4303 diacrônica 4301 e discurso 2145 e etnometodologia 286 e gramática gerativa 431 e aquisição de linguagem 4323 estruturalista 2389 275 4301 ver também linguagem sociolingüística estruturalismo Linklater A 397 Lipset Seymour Martin 646 List Friedrich 199 362 literatura 4337 engajada 435 e formalismo 3256 marginal 436 teorias marxistas na 4345 pósmoderna 4767 como prática social 434 e sociologia da arte 740 livrearbítrio ver determinismo Locke John sobre sociedade civil 717 718 sobre democracia 181 sobre empirismo 237 sobre identidade 369 e liberalismo 383 4212 425 527 sobre casamenoto 623 sobre direitos naturais 15 211 e semiótica 683 sobre teoria social 137 138 sobre sociedade 15 542 Lockwood David 93 98 791 lógica 43740 absolutista 439 e inteligência artificial 349 3901 e logicismo 314 438 como normativa 43940 e fenomenologia 126 316 relativista 439 lógico positivismo ver Viena círculo de Lorenz Konrad 5 286 288 517 814 Lotka Alfred 186 Lowie RH 10 618 Löwith Karl 282 Lucas Robert E 70 227 246 529 Luckmann Thomas 144 309 736 746 Ludlow JM 485 Luhmann Niklas 580 692 Lukács György 368 814 sobre arte 740 742 sobre crise 159 e dialética 205 206 319 455 e conhecimento 129 453 745 sobre literatura 434 435 sobre marxismo 447 530 sobre ontologia 536 sobre práxis 450 601 sobre reificação 7 451 6523 sobre socialidade 607 sobre verdade 796 e marxismo ocidental 205 453 44952 Luttwak E 341 Luxemburgo Rosa 420 814 sobre imperialismo 199 377 378 564 sobre revolução 649 662 672 e socialdemocracia 696 sobre sindicatos 6889 sobre conselhos de trabalhadores 130 Lyotard JeanFrançois 452 760 sobre narrativa 353 368 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 953 sobre sociedade pósindustrial 725 Mabbott JD 212 213 Mach Ernst 109 317 e círculo de Viena 237 314 515 594 799 Machajski Jan Waclaw 93 94 MacIntyre Alasdair 159 279 484 766 Mackie JL 484 MacLuhan Marshall 115 340 505 Madison James 182 Maiakovski Vladimir 325 475 Maine HS 364 714 Maitland FW 577 714 Malinowski Bronislaw 24 63 791 814 sobre crime e transgressão 150 e teoria da troca 779 como funcionalista 326 469 Malthus Thomas Robert 226 262 464 473 58990 Mann Michael 166 258 Mannheim Karl 285 7456 805 8145 e elites 169 236 e relacionismo 367 e sociologia da arte 742 sobre utopia 691 maoísmo e Mao tsetung 305 4415 448 815 Revolução Cultural 444 530 sobre dialética 207 Grande Salto para a Frente 4434 e revolução 349 4412 e guerra revolucionária 270 4423 6702 e papel do partido 4413 e papel do campesinato 56 441 443 444 Maquiavel Nicolau 176 542 661 Marcuse Herbert 815 sobre civilização 89 sobre cultura 170 451 sobre dialética 206 sobre emancipação 237 e Escola de Frankfurt 170 242 316 448 519 influência de 530 sobre necessidades 519 marginalista escola econômica ver escola econômica marginalista Marr David 339 Marsh C 6156 Marsh Peter 6 7 Marshall Alfred 77 228 248 364 815 Marshall TH 73 261 586 Marx Karl 815 sobre alienação 7 8 9 4041 1178 4612 722 sobre bonapartismo 46 sobre burocracia 51 sobre capitalismo 57 5960 1456 188 3589 445 7123 sobre sociedade civil 718 sobre civilização 88 91 sobre classe 93 94 208 2723 364 3712 445 479 sobre ação coletiva 2 sobre colonialismo e imperialismo 104 377 sobre fetichismo da mercadoria 4612 sobre comunicação 113 sobre comunismo 1178 359 445 649 sobre crise 1467 157 158 159 sobre dialética 205 206 sobre história econômica 364 sobre ética 280 sobre natureza humana 9 sobre interesses 396 397 sobre conhecimento 745 sobre teoria do valor do trabalho 7901 sobre materialismo 239 453 454 455 601 sobre modernidade 473 sobre moeda 2101 sobre necessidades 519 sobre naturalismo 514 sobre despotismo oriental 202 5423 sobre população 589 sobre práxis 6001 problemática 609 sobre modos de produção 41 49 230 232 445 47981 518 sobre proletariado 33 50 56 57 1189 3589 sobre esferas públicaprivada 584 sobre religião 659 sobre revolução 1189 6634 6701 709 como realista científico 289 3201 sobre autogestão 334 e economia socialista 7067 sobre sociedade 31 174 277 610 694 7356 e sociologia 7323 736 742 sobre mudança tecnológica 5045 sobre desemprego 195 como utopista 9 788 e valores 321 793 ver também base e superestrutura burguesia história marxismo 4459 analítico 296 e autoridade 39 1112 e bonapartismo 46 67 68 e capitalismo 1989 35860 397 445 4489 657 699 e classe 1 978 723 críticas ao 3601 4467 e cultura 1145 1656 determinismovoluntarismo 204 446 764 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 954 Índice de nomes e assuntos e trabalho doméstico 7757 e história econômica 3645 e teoria das elites 2356 e exploração 2956 e ideologia 115 3712 e imperialismo 3779 657 e internacionalismo 377 378 3978 e direito 32 e teologia da libertação 7624 e mercado 459 460 e casamento 623 e partido 4467 e pluralismo 576 e práxis 601 teoria social do 4456 4478 5034 e socialismo 699 e sociologia 4467 7323 7356 7412 soviético 35860 4468 449 e intervenção do estado 4123 e sistema de valores 7913 e guerra 347 e riqueza 6723 e trabalho 7734 ver também austromarxismo base e superestrutura Escola de Frankfurt gênero história divisão do trabalho materialismo dialético marxismo ocidental 312 316 44952 701 e dialética 205 206 4545 e divisão do trabalho 21920 influência do 735 e materialismo 4534 e ontologia 536 e práxis 450 600 sobre sociedade e estado 2578 e marxismo soviético 4469 Maslow Abraham 112 567 materialismo 4524 estado central 452 e cultura 163 165 dialético 205 2389 312 317 319 453 4546 47980 teoria do duplo aspecto 4524 eliminatório 452 epistemológico 453 histórico 28 162 202 2423 3612 453 454 455 47980 734 ontológico 453 filosófico 453 454 455 prático 453 poderes emergentes sincrônicos 4523 454 Mauss Marcel 249 250 251 252 745 779 815 Mayhew Henry 153 Mayo Elton 112 653 654 McClelland D 478 McLenan John 555 McTaggart JE 205 312 Mead George Herbert 633 8156 sobre comunicação 113 sobre identidade 369 370 como pragmatista 10 248 599 600 sobre papel social 5523 sobre interacionismo simbólico 392 394 674 Mead Margaret 816 mediação ver ação e mediação medicina 4568 e modelo médico de vício 799 e medicalização da sociedade 4578 678 como profissão 6134 social 4568 Medvedev Roy 216 Meinecke Friedrich 367 368 Mendel Gregor 519 Menger Carl 76 228 241 247 463 464 mensuração 4589 465 ver também estatística social mente concepção computacional da 856 5356 689 mercado 45960 788 na escola econômica de Chicago 2456 no pensamento cristão 1612 fetichismo da mercadoria 4612 e inevitabilidade de crises 459 diferenciação de 60910 como estado final 459 equilíbrio do 58 758 91 1067 229 230 240 459 609 790 globalização do 3401 como mão invisível 78 de trabalho ver trabalho mercado de e marxismo 45960 e Nova Direita 5267 como processo 460 ver também competição laissezfaire socialismo de mercado mercado de trabalho 194 4601 472 participação feminina no 1945 3323 561 7756 interno 4601 no keynesianismo 409 mercadoria fetichismo da 8 4612 ver também reificação MerleauPonty Maurice 291 307 309 816 Merton Robert 282 sobre anomia 20 21 711 sobre transgressão 152 215 sobre funcionalismo 326 sobre estrutura social 277 735 messianismo 447 4623 ver também carisma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 955 Methodenstreit 18 241 363 364 367 4635 593 método idiográficonomotético ver idiográfico método metodologia 4656 744 ver também explicação Metz JB 762 763 Michels Roberto sobre oligarquia 33 236 536 559 688 sobre partidos políticos 52 236 748 mídia ver comunicação de massa migração 185 186 4668 473 58990 639 Milbank John 162 163 Miliband R 471 576 militares 341 4689 e ditadura 216 217 como ocupação 469 como profissão 468 como organização 4689 538 e sociedade 469 ver também guerrilha Mill James 182 542 Mill John Stuart sobre democracia 182 542 720 764 766 sobre determinismo 203 e historia econômica 364 464 sobre empirismo 237 317 e feminismo 304 sobre liberdade 424 425 e naturalismo 515 sobre ontologia 536 como utilitarista 785 Millar John 362 Miller James 136 Millett Kate 305 Mills C Wright 169 236 576 600 734 Milne AJM 212 213 Milton John 165 421 Mints Lloyd 245 Mitchell Juliet 305 306 Mitchell Wesley 71 mito 46970 Mitrany David 563 mobilidade social 236 2701 4702 669 e classe 96 e educação 233 2345 modelo 4723 econômico 70 2278 245 610 científico 3178 modernidade 450 4734 640 e comunicação 113 e fordismo 324 e industrialismo 724 e teoria de sistemas 6934 e tradição 1245 ver também sociedade de consumo modernismo 473 4747 e arte 166 4746 e vanguarda 475 476 794 e feminismo 306 e teatro 7557 ver também funcionalismo pósmodernismo modernização teoria da 3401 4779 e estudos comparativos 7389 e teoria da dependência 187 econômica 478 psicológica 478 rejeição da 4001 681 sociológica 197 198 478 e subdesenvolvimento 1979 477 ver também desenvolvimento e subdesenvolvimento modo de produção 41 4950 889 445 47981 e alienação 78 asiático 91 542 e classe 295 479 775 e desenvolvimento 198 e trabalho doméstico 7757 no materialismo histórico 453 47980 ver também capitalismo monadologia 309 monarquia 4812 540 541 661 Mondragon complexo de 486 monetarismo 410 4823 e ciclos econômicos 68 69 412 e escola econômica de Chicago 245 monopólio teoria do 613 monopólio e competição 1067 monopolista capitalismo ver capitalismo monopolista Montesquieu Charles de Secondat 170 201 226 376 543 741 Moore GE e grupo de Bloomsbury 44 45 e conhecimento do senso comum 126 144 466 sobre moralidade 484 como realista 126 312 313 647 como utilitarista 484 786 Moore HL 227 moralidade 4834 657 e corpo 747 no confucionismo 124 descritiva 483 e ética 278 4834 prescritiva 4834 e religião 328 329 ver também ética justiça norma direitos valores Morawski Stefan 267 268 Morgan Lewis Henry 23 555 557 Morgan Robin 306 495 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 956 Índice de nomes e assuntos Morgenthau Hans 655 Morris Charles 266 683 Morris William 698 706 725 778 mortalidade tabela de 186 Mortimer Raymond 44 Mosca Gaetano 39 734 sobre classe 93 94 sobre teoria das elites 121 2356 536 734 748 Moskos CC 469 movimento cooperativo 6872 182 4857 movimento de libertação colonial 104 378 441 48993 500 510 nas colônias britânicas 48991 nas colônias francesas 4913 movimento ecológico 4988 530 696 movimento estudantil 471 498500 530 como crítica cultural 499 análise funcionalista do 498 e Nova Esquerda 1346 significação social do 487 4989 movimento social 68 338 498 5003 e interacionismo 500 e neomarxismo 500 novo 448 496 5012 530 721 748 e mobilização de recursos 501 e ação social 502 e funcionalismo estrutural 501 ver também interesse grupo de estudantil movimento mulheres movimento de movimento verde ver ecologia ambientalismo mudança social 5034 7356 e conflito 1203 783 e dissenso 2156 e evolução 277 290 303 e previsão 331 e tecnologia da informação 58 e sociedade de massa 7201 e normas 524 e urbanismo 782 mudança tecnológica 385 398 445 5045 7745 e ciclo econômico 146 147 190 e participação 561 e classe operária 197 597 725 ver também desindustrialização informação teoria e tecnologia da invenção revolução científicotecnológica mulheres movimento de 334 4936 e emancipação 237 493 e história 492 4934 e movimento pela paz 5645 e racismo 3056 ver também feminismo mulheres no emprego 334 978 Müller Max 738 Murdock George 223 297 Murdock GP 557 Murray Henry 567 música 5056 740 Muthm JF 227 293 Myers Charles A 653 Myrdal Gunnar 89 nação 474 5078 5089 549 ver também regionalismo estado nacional regime popular 5102 591 769 770 ver também nacionalismo populismo nacionalsocialismo 300 5124 e sociedade de massa 7201 e raça 22 26 39 637 ver também fascismo totalitarismo nacionalismo 50810 565 748 árabe 54850 e arqueologia 28 e austromarxismo 32 e colonialismo 377 4892 545 769 e comunidade 116 508 e fascismo 300 301 302 e islamismo 400 e socialismo 700 e guerra 348 nacionalização ver socialização Nash equilíbrio de 404 Natorp Paul 520 naturalismo 313 316 321 4956 5147 crítico 1279 319 514 5167 537 e dialética 206 e empirismo 238 453 ético 313 514 516 e moralidade 4834 e positivismo 128 5146 592 rejeição 44 5146 no teatro 755 natureza humana 5178 no pensamento conservador 1334 em Durkheim 20 e Iluminismo 3756 em Hobbes 5 15 interpretações humanistas 5178 e linguagem 428 em Marx 8 9 6001 interpretações científicas da 517 e guerra 347 nazismo ver nacionalsocialismo necessidades 501 5189 57880 ver também sociedade afluente Nehru Jawarharlal 355 489 491 769 neoclássica economia ver economia neoclássica neocolonialismo ver colonialismo neoconservadorismo 527 541 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 957 neodarwinismo 5 26 517 51920 682 neokantismo 1267 129 5202 e ação 3 e austro marxismo 31 e filosofia da ciência 314 771 e teoria política 593 765 neoliberalismo 141 143 199200 526 573 587 neomarxismo e teoria de classe 96 272 e necessidades 519 e movimentos sociais 498 499 500 e marxismo ocidental 449 451 ver também Escola de Frankfurt dependência teoria da Neumann Franz 243 721 Neurath Otto 126 238 317 594 647 800 802 New Deal 3234 408 669 5223 Nietzsche F 144 179 316 372 influência 129 6190 sobre modernidade 474 sobre verdade 796 sobre o inconsciente 380 e valores 791 Nkrumah Kwame 187 546 548 769 nomenklatura 27 5234 nomotética abordagem 372 norma 164 1656 5246 e expectativa 34 524 553 aceitação conjunta 526 e lógica 439 e medicina 457 e prescrição 525 e socialização 138 233 524 7101 ver também valores Nova Direita New Right 59 5268 706 e anarcocapitalismolibertarianismo 167 527 anticomunismo 5278 e burguesia 50 e educação 235 e laissezfaire 412 e neoconservadorismo 527 541 e neoliberalismo 526 573 587 e racismo 644 e mobilidade social 471 e desemprego 1956 Nova Esquerda New Left 231 5301 646 650 e anarquia 167 e contracultura 1346 499 e educação 2345 498 e práxis 600 Nove Alec 118 710 Novikov LD 290 Nozick Robert sobre direitos 43 279 406 sobre contrato social 138 sobre estado 15 39 256 412 426 527 sobre utopia 788 Nyerere Julius 486 547 Oakeshort Michael 39 422 767 observação participante 24 393 532 ver também etnometodologia ócio 27 114 170 5334 e desemprego 522 533 534 ver também trabalho Ogburn William F 330 594 oligarquia 236 5345 575 688 748 Olson M 2 253 Olsson Gunnar 338 ontologia 127 128 129 312 5356 e desconstrução 1913 dualista 601 empirista 31920 existencialista 129 312 3512 536 materialista 453 e fenomenologia 3078 309 positivista 3179 5156 realista 2378 317 453 536 554 científica 535 estruturalista 2745 operações pesquisa de 72 73 operacionalismo 5945 6478 opinião 5367 ver também ideologia propaganda Oppenheim AL 294 ordem social e carisma 612 e comunicação 5 113 e compromisso 244 e cultura 1634 165 e divisão do trabalho 21920 e estado 145 organização 5378 industrial 53940 teoria da 5401 tipos de 538 ver também comportamento organizacional grupo partido político organizacional comportamento ver comportamento organizacional orientalismo 5413 738 Ortega y Gasset José 292 otimização 78 Owen Robert 34 182 485 706 pacifismo 17 347 5445 nuclear 544 545 564 ver também paz movimento pela padrão de vida 50 100 471 677 700 705 Paine Thomas sobre crise 157 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 958 Índice de nomes e assuntos sobre democracia 182 421 sobre estado 15 718 panafricanismo 5458 769 história do 5458 como ideologia 545 movimentos 545 panarabismo 400 545 546 54851 Pannekoek Anton 130 689 papel social 5513 674 794 ver também interação simbólica paradigma 554 parentesco 24 2979 5558 603 690 teoria da aliança 556 557 558 teoria da descendência 5556 terminologias de relacionamento 5578 e evolução social 555 ver também família Pareto Vilfredo 77 483 816 sobre classe 93 470 e decadência 175 e teoria das elites 39 93 121 2356 734 748 sobre estrutura social 277 sobre economia do bemestar 42 78 255 278 707 Park Robert 116 248 249 394 467 590 Parkin Frank 93 471 parlamentarismo democrático 51 Parsons Talcott 816 sobre teoria da ação 113 735 sobre comunidade e cultura 116 164 sobre conflito 121 sobre consenso 277 sobre transgressão 152 como funcionalista 326 393 682 sobre sociedade industrial 723 sobre casamento e família 63 297 e teoria da modernização 197 199 478 693 sobre dinheiro 210 sobre normas e valores 525 791 sobre variáveis padrão 478 794 795 e pluralismo 575 sobre positivismo 319 sobre poder 580 sobre mudança social 504 sobre controle social 139 sobre estrutura social 277 693 735 sobre socialização 711 sobre sociologia 735 participação 5589 720 e sociedade civil 131 7189 e movimento cooperativo 484 e democracia 136 180 181 559 575 e democracia industrial 345 1825 697 política 494 558 55960 720 767 participante observação ver etnometodologia particularismo em pesquisa social 24 738 7945 partido político 5601 748 quadro 560 controle central 418 4413 523 e classe 96 236 441 e democracia 181 6867 ambiental 11 497 o aproveitador 2 e grupos de interesse 395 em Lenin 418 420 446 de massa 5601 como organização 538 único 1812 561 e classe trabalhadora 99100 Paskins B 397 Passmore John 312 patriarcado 54 226 304 332 5612 776 estruturas do 3335 493 Pavlov Ivan Petrovich 110 623 paz 2578 5623 656 ver também pacifismo relações internacionais paz movimento pela 500 526 5636 Pearson Karl 10 263 314 317 387 Peirce CS sobre comunicação 113 e interacionismo 674 sobre conhecimento 125 como pragmatista 312 313 599 sobre semiótica 599600 683 Pelloutier Fernand 144 686 Penty Arthur 725 personalidade 5668 711 jurídica 577 e interacionismo 393 394 personalismo 160 313 Phillipes Anne 304 Piaget Jean 624 625 816 Pigou AC 410 482 Pine Frances 298 Pirenne Henri 50 92 Piscator Erwin 7567 planejamento econômico nacional 1467 250 56871 em economias de mercado 58 59 5101 reformas 113 5701 socialista 1467 199 442 443 447 459 56971 5723 7001 70710 ver também cálculo socialista teoria econômica economia socialização planejamento social 5714 níveis e participantes 572 técnicas de 5723 tipos de 572 ver também estado de bemestar Platão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 959 sobre estética 265 sobre conhecimento 126 128 745 sobre necessidades 518 e orientalismo 541 sobre política 81 Plekhanov GV sobre base e superestrutura 40 sobre materialismo dialético 454 455 pluralismo 5748 718 norteamericano 5756 e comunismo 704 e corporativismo 141 143 cultural 341 477 720 e democracia 180 182 788 político inglês 5778 e grupos de interesse 141 143 180 395 social 15 278 290 574 ver também interesse grupo de pobreza 57880 587 feminização da 223 e teoria da libertação 7624 e necessidades 5789 580 como subcultura 3023 como subsistência 579 580 no Terceiro Mundo 148 578 580 ver também privação relativa necessidades estado de bemestar poder 5802 e autoridade 38 e classe 93 95 244 e comunidade 576 e crime 151 633 e hegemonia 350 e grupos de interesse 395 em revolução gerencial 669 670 e economia política 2312 e sexualidade 685 e troca social 779 do estado 17 257 2589 ver também coerção patriarcado polícia Poincaré Henri 314 318 Polányi Karl 324 587 polícia 582 ver também crime e transgressão política e decadência 175 teoria econômica 2523 ver também ritual político terrorismo política ciência ver ciência política política sociologia ver sociologia política política teoria ver teoria política enfoque funcionalista 5867 história 587 construtos ideológicos e teóricos 588 política social 5869 736 enfoques pragmáticos 586 enfoques estruturais 588 ver também planejamento social Pollard Sidney 365 Pope Alexander 376 Poponoe D 63 Popper Karl 238 465 648 816 sobre explicação 318 319 382 sobre falsificabilidade 125 127 238 315 317 sobre historicismo 319 367 760 sobre individualismo 382 sobre conhecimento 125 126 682 como neoliberal 526 767 sobre sociedade aberta 7156 sobre positivismo 317 595 e darwinismo social 174 sobre verdade 796 população 58991 influência demográfica 590 influências sociais 58990 como ameaçapatrimônio 26 590 ver também demografia população estável teoria da 186 populismo 561 5912 e bonapartismo 46 e cesarismo 678 e fascismo 300 e maoísmo 442 e pósmodernismo 476 pósestruturalismo 129 306 307 316 317 477 e hermenêutica 3513 e idealismo 239 e direito 416 e literatura 4347 e ciência 86 pósindustrial sociedade ver sociedade pósindustrial póskeynesianismo 410 5978 pósmodernidade 474 pósmodernismo 129 238 3067 317 341 4767 e vanguarda 476 794 e hermenêutica 3534 e política de identidade 370 ver também modernismo positivismo 31 128 3145 364 514 5926 crítico 179 3189 5945 e história econômica 3623 e tipos ideais 7701 instrumental 5934 legal 415 416 5967 em lingüística 429 lógico ver Viena círculo de em filosofia da ciência 317 319 472 647 e teoria política 7646 e póspositivismo 5956 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 960 Índice de nomes e assuntos e ciência social 31920 3378 640 ver também criminologia empirismo explicação naturalismo Poulantzas Nicos 923 98 272 817 pragmatismo 238 243 598600 794 norteamericano 10 2489 312 598600 682 e conhecimento 129 e direito 415 práxis 6002 274 450 e dialética 243 454 601 revolucionária 6012 e teologia 1634 763 préhistória 2730 Prebisch Raul 79 187 preconceito 339 467 6024 626 778 e etnocentrismo 6023 643 fontes do 604 ver também etnicidade etnocentrismo racismo Preobrajensky E 147 pressão grupo de ver interesse grupo de previsão 204 254 319 6045 ver também causalidade mensuração estatística social prisioneiro dilema do 2 253 422 483 524 privação relativa 197 233 579 6056 e revolução 66 e movimentos sociais 502 ver também pobreza privacidade 257 381 6067 ver também sociedade civil esfera pública problema social 6078 problemática 609 profissões liberais 6124 e classe 934 97 218 abordagem funcionalista 612 e intelectuais 386 militares como 468 abordagem monopolista 612 614 e organizações 538 e ciência 583 progresso 6146 787 e vanguarda 794 e conservadorismo 1324 e industrialização 187 no marxismo 2424 e seleção natural 25 174 514 rejeição da idéia de 23 24 25 8991 277 291 358 ver também evolução historicismo teleologia utopia proletariado ditadura do 167 1179 129 217 2356 419 451 649 em Lenin 41820 em Marx 33 49 1178 198 358 459 6701 na socialdemocracia 694 no marxismo ocidental 242 44952 Pronovost Giles 534 propaganda 272 6168 771 agitadora 757 e guerra revolucionária 349 ver também opinião propriedade 6189 abolição da 8 358 no pensamento social cristão 1601 e elites 2356 no libertarianismo 15 425 e revolução gerencial 66970 privada 1078 202 247 4612 672 ver também propriedade comum propriedade comum no capitalismo 58 59 447 558 618 no movimento cooperativo 117 484 no socialismo 35 1178 56971 618 703 7056 ver também propriedade privada protestante tese da ética 47 2802 465 680 719 797 Proudhon Pierre Joseph 14 16 34 486 pseudocarisma 61 62 psicanálise 61922 6234 628 e gênero 334 e natureza humana 436 518 como modelo 353 e mito 46970 e socialização 7101 e suicídio 752 e o inconsciente 3801 psicologia 6225 e associacionismo 622 e behaviorismo 1101 239 6224 cognitiva 3889 6234 7523 de profundidade 2656 e eugeniapsicoletria 623 624 funcionalista 600 humanista 5667 metodologia 6245 e psicanálise 6235 ver também comportamentalismo gestalt psicologia da psicologia social 24850 238 286 339 488 6258 e teoria da atribuição 627 e comunicação 391 e teoria da dissonância 627 e problema social 6078 psiquiatria e doença mental 457 62831 punição 6314 filosofia da 632 prática da 632 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 961 sociologia da 633 Putnam Hilary 126 432 453 648 quacres 1356 564 qualidade de vida 6356 Quesnay François 3612 Quine WVO sobre behaviorismo 111 452 sobre conhecimento 126 647 sobre lógica 439 440 sobre positivismo 314 315 595 640 sobre linguagem científica 238 439 658 raça 2823 547 623 6379 643 e variação humana 25 ver também etnicidade eugenia nacionalsocialismo Rachfahl Felix 281 racionalidade e razão 6401 coletiva ver escolha racional teoria da comunicação 113 5012 642 e diferença 193 econômica 229 588 6668 e planejamento 5712 ver também ação e mediação Iluminismo racionalismo e estética 740 e relações internacionais 655 e conhecimento 1256 129 554 e liberalismo 422 767 e modernismo 473 492 racionalização 6412 733 7446 industrial 323 641 e música 5056 racionamento e competição 106 racismo 208 28990 301 467 638 6435 biológico 638 643 e classe 218 explicações 644 e feminismo 3056 e Nova Direita 644 ver também etnicidade etnocentrismo orientalismo RadcliffeBrown AR 24 277 326 817 Radhakrishnan Sarvapelli 355 radicalismo 576 6457 Ramsey FP 178 796 Rancière Jacques 742 Rapoport Anatol 345 348 Rapp Rayna 298 Rawls John 43 439 693 817 sobre justiça 279 314 407 e teoria política 766 768 e contrato social 39 1378 256 423 640 768 razão ver racionalidade e razão realismo 6479 e causalidade 66 760 críticotranscendental 1279 312 318 3191 454 472 536 554 595 6479 796 e definição 179 e empirismo 2379 453 472 e explicação 2945 em geografia humana 338 e relações internacionais 6557 e conhecimento 125 648 800 jurídico 415 e literatura 434 no marxismo 453 454 461 e modernismo 474 e naturalismo 514 516 e ontologia 237 316 453 5356 554 648 perceptivo 6478 político 39 predicativo 647 representativo 648 científico 128 275 320 6479 socialista 756 Reckless W 150 Redfield Robert 116 345 reducionismo 514 no marxismo 434 454 reformismo 14 99 446 64950 662 699 regionalismo 6501 ver também federalismo regulação 232 6512 e ciclos econômicos 146 191 Reichenbach Hans 317 438 800 reificação 308 450 516 6523 e alienação 7 em teoria crítica 170 243 e eu self 675 ver também mercadoria fetichismo da relações industriais 799 6534 e escola de relações humanas 112 653 ver também comportamento organizacional relações internacionais 83 257 346 6547 e marxismo 6567 e interesse nacional 656 e racionalismo 655 e realismo 6557 ver também paz relativismo 367 654 6579 805 conceitual 657 resposta conservadora ao 133 cultural 24 164 440 640 e decadência 175 e desconstrução 435 epistêmico 125 6579 745 e linguagem 322 440 e lógica 439 e moralidade 483 657 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 962 Índice de nomes e assuntos perceptivo 657 e realismo 201 religião 65961 e comunidade 538 e dissenso 215 e escola sociológica de Durkheim 24951 e Iluminismo 375 e funcionalismo 327 659 e racismo 643 e ordem social 1634 e estruturalismo 65960 e tradição 777 ver também cristianismo fundamentalismo hinduísmo islamismo judaísmo libertação teologia da messianismo revivalismo seita secularismo secularização teologia Renner Karl 31 32 33 98 republicanismo 46 646 6612 e orientalismo 541 revisionismo 99 228 446 450 650 662 696 e austromarxismo 31 446 662 699 chinês 443 revivalismo 663 revolução 6636 causas da 66 92 480 6645 e comunismo 1178 378 perspectivas futuras 6645 no leninismo 418 419 gerencial ver revolução gerencial maoísta 4412 avaliações morais 664 resultados 665 permanente 41920 670 780 ver também Trotsky Leon trotskismo e radicalismo 645 papel do proletariado 92 359 397 459 649 6702 científicotecnológica ver revolução científicotecnológica teoria estrutural 665 ver também ação coletiva golpe de estado marxismo revolução científicotecnológica 375 6669 ver também mudança tecnológica tecnocracia revolução gerencial 66970 Rex John 638 Ricardo David 230 231 232 362 464 482 teoria do valor do trabalho 230 790 Richardson Lewis Fry 346 348 655 Rickert Heinrich 372 515 521 792 Riesman David 369 534 riqueza 6723 herdada 27 672 e parentesco 5556 origens da 230 e poder político 94 ritual político 6734 771 Robinson Joan 79 232 robótica 37 Rochdale Society of Equitable Pioneers 485 Roemer J 93 296 449 romantismo e arqueologia 28 e vanguarda 794 e individualismo 381 Romieu A 67 Rorty Richard 127 129 239 452 796 Roscher Wilhelm 362 464 Rosen S 348 Rostow WW 365 478 Roszak Theodore 135 385 Rothbard Murray 16 412 425 527 rotulação 153 532 6746 ver também transgressão identidade Rousseau JeanJacques 212 sobre autoridade 39 sobre sociedade civil 303 376 542 717 sobre civilização 89 sobre democracia 181 575 768 sobre vontade geral 181 559 sobre natureza humana 5 8 sobre necessidades 518 sobre contrato social 137 Rowbotham Sheila 305 494 Rowntree BS 579 Roy Ram Mohan 355 Royce Josiah 205 312 Rudyard Sir B 157 Runciman WG 93 605 Russell Bertrand 342 697 817 e grupo de Bloomsbury 44 45 sobre empirismo 237 313 e logicismo 313 314 316 317 438 439 800 sobre materialismo 454 sobre poder 581 Ryle Gilbert 127 204 238 e behaviorismo 110 e filosofia da linguagem 315 321 323 647 Sacks Harvey 140 429 Said Edward 541 SaintSimon CH de R 117 505 759 e história econômica 362 e sociedade industrial 722 como positivista 593 679 Samuelson Paul 42 43 77 790 Santos Theotonio dos 188 189 Saraswati Swami Dayananda 65 355 Sargent Thomas 70 529 Sartre JeanPaul 425 453 518 817 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 963 e engajamento 435 e dialética 205 206 e existencialismo 291 292 307 316 317 567 e materialismo 319 e estruturalismo 275 e marxismo ocidental 129 449 451 saúde 6778 definição de 677 e doença 6778 promoção da 456 457 458 678 ver também psiquiatria e doença mental Sauer Carl 337 Saunders P 471 Saussure Ferdinand de 210 239 428 430 683 817 Savage LJ 178 263 Schegloff Emanuel 140 Scheler Max 745 746 818 Schelling FWJ von 266 Schelling TC 1001 525 545 Schillebeekx E 761 Schlater Richard 618 Schlick Moritz 126 238 317 438 594 799802 Schmitter Philippe 141 Schmoller Gustav von 18 363 464 Schopenhauer Arthur 380 451 61920 Schumacher Ernst Fritz 818 Schumpeter Joseph 818 sobre burocracia 748 sobre ciclos econômicos 57 70 723 190 sobre teoria das elites 236 767 sobre função empresarial 57 72 240 672 sobre capitalismo moderno 50 578 59 146 377 379 sobre socialização da economia 713 737 sobre riqueza 672 Schur Edwin 151 Schutz Alfred 144 285 552 771 818 e fenomenologia 307 3089 746 798 Schwendinger H e Schwendinger J 149 Scriven Michael 238 318 Searle John 191 433 796 secularismo 355 6789 ver também secularização secularização 67981 e cristianismo 1613 e industrialização 722 e islamismo 400 e direito 414 e seleção natural 682 ver também racionalização processos evolucionários na sociedade secularismo seita 215 67980 6812 ver também religião revivalismo seleção natural 63 225 473 520 682 e progresso 25 174 514 self ver identidade Sellars W 127 238 318 Sellin T 149 semiótica 238 353 599 6834 e discurso 214 e semiologia 684 social 684 e teatro 88 758 ver também comunicação lingüística Sen Amartya 42 senectude 590 684 sexo 6856 e comportamento 6 163 e relações de gênero 334 561 627 685 e casamento 62 identidade sexual 306 334 438 685 712 revolução sexual 6856 ver também gênero Sharp G 544 Shaw George Bernard 705 Sheldon William 567 Shils Edward 61 Shklovsky Viktor 325 significado e desconstrução 1923 e interação social 3912 subjetivoobjetivo 797 e verificação 3134 ver também hermenêutica semiótica simbólico interacionismo ver interacionismo simbólico simbolismo 517 726 ver também ritual político semíolica Simiand François 251 735 Simmel Georg 249 450 745 818 sobre crime 151 sobre grupos 345 e hermenêutica 515 sobre interação 500 734 e Kant 520 521 sobre modernidade 282 473 sobre dinheiro 2101 sobre diferenciação social 208 737 e sociologia verstehende 797 Simons Henry 245 sindicalismo 167 560 6868 6889 ver também anarcosindicalismo sindicatos sindicatos 68890 e burocracia 512 e movimento cooperativo 485 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 964 Índice de nomes e assuntos e corporativismo 1413 1834 522 529 68990 e free rider aproveitador 2 e relações industriais 558 653 e ócio 5334 no leninismo 418 687 688 como organizações 538 e autogestão 34 como movimento social 690 e estado 461 sob o socialismo 689 ver também sindicalismo sistemamundo 187 1989 340 3789 6902 770 ver também globalização trabalho divisão do divisão internacional do trabalho relações internacionais sistemas teoria de 29 6924 Skinner BF e behaviorismo 10910 239 315 517 568 623 682 e cultura 165 e tecnologia 5045 Skinner Quentin 368 Small Albion W 248 733 Smith Adam 219 422 sobre civilização 89 sobre despotismo 202 e história econômica 30 362 e laissezfaire 412 sobre o mercado 78 790 sobre profissionais 613 sobre diferenciação social 208 sobre estado 718 sobre riqueza 230 Smith Michael Garfield 574 639 Smyth WH 759 soberania 303 do indivíduo 16 do monarca 481 do povo 46 217 376 do estado 15 303 656 5768 social bemestar ver bemestar social social contrato ver contrato social social controle ver controle social socialdemocracia 179 6949 705 768 e burocracia 52 687 e comunismo 118 7023 697 história 694 6967 e keynesianismo 696 e participação 6956 e bemestar social 694 e socialismo 6968 699702 e estado 696 social escolha ver escolha social social mudança ver mudança social social teoria ver teoria social socialismo 699702 e anarquia 146 e burguesia 50 e capitalismo 57 704 e comunismo 1189 443 671 749 e crescimento econômico 1478 e teoria das elites 2356 705 e igualdade 374 e feminismo 3056 3323 334 e guilda 34 184 55960 578 e islamismo 400 e justiça 406 de mercado 7025 706 707 70810 768 e mercado socialista 462 702 real 63 100 447 448 530 784 científico 312 de estado 14 35 145 199 305 474 5723 696 7223 793 transição para o 448 526 649 749 781 utópico 7067 788 classe operária 134 397 6867 ver também austromarxismo cálculo socialista comunismo socialista teoria econômica socialismo fabiano leninismo marxismo socialdemocracia socialismo cristão 485 socialismo fabiano 188 6989 705 socialista teoria econômica 70610 socialização 7102 e conversão 140 e educação 435 7101 e gênero 335 e normas 138 524 711 e preconceito 604 e religião 6601 como controle social 1389 ver também educação e teoria social socialização da economia 7123 sociedade 7135 e comunidade 714 jurídica ver corporativismo processos evolucionários na 202 267 446 478 5034 555 557 6102 682 693 724 e indivíduo 15 16 24 31 309 3445 713 e informação 385 aberta 411 422 4301 ver também liberdade plural 16 144 375 5745 primitiva 23 e estado 147 32 257 714 718 variação 24 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 965 ver também sociedade afluente sociedade civil sociedade de consumo grupo sociedade industrial sociedade de massa sociedade afluente 143 324 7127 ver também sociedade de consumo crescimento econômico necessidades sociedade civil 661 7179 no bonapartismo 456 e burocracia 503 7145 e cidadania 734 e corporativismo 1403 na Europa oriental 523 e grupos 345 538 560 em Hegel 49 718 e paz 5635 politização 216 e o estado 25760 326 424 5767 7145 718 como sistema de necessidades 5189 ver também pluralismo esfera pública sociedade de consumo 71920 ver também sociedade afluente comunicação de massa modernismo e pós modernismo sociedade de massa 168 5002 7202 766 e alienação 7 369 e comunidade 116 345 7201 e liderança 4267 sociedade industrial 668 7224 725 e alienação 8 7224 e capitalismo 723 modernidade e ideologia na 473 724 origens da 723 e guerra 724 sociedade pósindustrial 201 340 383 3845 669 7257 788 abstração e solidão na 726 e pressões cognitivas 727 e futurologia 330 e novos símbolos 726 e recomposição do trabalho 130 727 e vida social nos locais de trabalho 727 sociobiologia 291 682 72830 788 e comportamento 111 288 370 520 730 e demografia 185 e evolução 72830 e natureza humana 174 517 sociolingüística 113 428 429 7302 ver também discurso linguagem lingüística sociologia comparada 250 7389 desenvolvimento da 246 7325 747 econômica 737 funcionalista 21920 734 735 histórica 733 735 739 questões de 7357 marxista 446 7323 734 política 81 141 451 7489 736 e história social 3667 estruturalista 2756 7356 ver também sociologia da arte corpo sociologia do escola sociológica de Chicago conhecimento sociologia do sociologia da ciência sociologia comparada 7389 sociologia da arte 266 73943 e estética 265 474 e cinema 878 e criatividade 7401 metodologia 740 e teatro 7558 solipsismo 126 309 316 Solow R 147 Sombart Werner 281 363 604 Sorel Georges 398 413 450 470 686 818 Sorokin Pitirim sobre classe 95 277 470 sobre decadência 176 soviete ver conselho de trabalhadores Spearman Charles 387 623 Spencer Henry R 341 Spencer Herbert 196 8189 e evolução 23 30 610 e funcionalismo 326 e laissezfaire 412 sobre diferenciação social 2078 sobre estrutura social 2767 e sociologia 7323 Spengler Oswald 89 158 277 504 Sraffa Piero 79 232 Srinivas MN 64 Stack Carol 298 Stalin J sobre base e superestrutura 40 480 e dialética 207 sobre igualdade 374 e nomenklatura 523 e socialismo num só país 672 74950 781 stalinismo 147 4467 538 74950 e leninismo 41820 e despotismo oriental 203 Steedman Carolyn 436 Stengel E 753 Stephen Sir Leslie 44 Stigler George 246 342 Stirner Max 15 742 Stolnitz Jerome 268 Stone Lawrence 223 673 Stoopol Theda 665 Stracheym Lytton 44 45 Strawson P 127 204 453 796 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 966 Índice de nomes e assuntos subdesenvolvimento ver desenvolvimento e subdesenvolvimento subúrbio 7501 suicídio 7513 e anomia 20 751 em Durkheim 250 251 524 593 629 722 751 ver também depressão clínica psiquiatria e doença mental Sumner WG 483 524 733 superestrutura ver base e superestrutura superinvestimento teorias de 70 surrealismo 473 7534 757 ver também sociologia da arte Swan T 147 148 Sweezy Paul 60 188 231 Taine Hyppolite 742 Tannenbaum F 676 Tappan Paul 149 Tarski Alfred 432 438 796 Tawney Frederick 281 373 672 Taylor Charles 159 205 382 Taylor Frederick 111 185 323 324 505 651 653 706 757 754 teatro 7558 da crueldade 757 democratização do 7556 dramático 755 7567 épico 757 e naturalismo 755 e neorealismo 758 do oprimido 757 político 7567 808 pósmoderno 758 e simbolismo 7556 Terceiro 759 tecnocracia 52 613 75860 e planejamento 5712 e movimentos sociais 4989 ver também burocracia administração ciência da revolução científicotecnológica tecnológica mudança ver mudança tecnológica Teilhard de Chardin Pierre 615 819 teleologia 7 31 274 616 760 tempo e espaço na Escola dos Annales 189 no pragmatismo 600 teologia 7602 pluralismo 760 política 1613 761 762 como ciência 762 como sociologia 162 estilos de 7612 ver também religião libertação teologia da teoria da troca ver troca social teoria da do conhecimento ver conhecimento teoria do ver também modelo filosofia da ciência teoria política teoria política 80 82 7649 e feminismo 7689 e liberalismo 7678 metodologia 7646 teoria social cristã ver cristã teoria social hindu ver hinduísmo e teoria social hindu Terceiro Mundo 76970 e estudos comparativos 7389 e democracia 171 181 estudos demográficos 1856 e teoria da dependência 1878 e crescimento econômico 789 145 1479 influência do maoísmo no 353 441 4423 e populismo 591 e pobreza 578 580 e mudança social 504 ver também desenvolvimento e subdesenvolvimento libertação teologia da orientalismo Terman Lewis 387 terrorismo 15 5856 656 ver também violência texto e leitor 353 434 e fala 1923 214 Thomas WI 248 467 Thompson FMI 139 366 Thoreau Henry David 383 ti ver informação teoria e tecnologia da Tilak Bal Gangadhar 355 Tinbergen Niko 2867 Tinbergen J 227 tipo ideal 270 300 320 372 7701 e ação 4 e autoridade 38 e etnicidade 284 e teoria do parentesco 555 em Weber 4 38 426 521 770 771 792 798 Titmuss RM 262 587 Tocqueville Alexis de sobre liberdade 424 sobre individualismo 381 sobre sociedade de massa 721 sobre modernidade 473 e pluralismo 575 sobre estado e sociedade 693 714 718 Tolman EC 109 110 Tolstói Leon 17 564 Tönnies Ferdinand 483 721 819 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 967 sobre definição 179 distinção entre Gemeinschaft e Gesellschaft 116 3445 538 714 totalitarismo 32 242 300 602 7712 e sociedade civil 17 718 e crime 14950 e ditadura 2167 e genocídio 3357 e perda de autoridade 38 e marxismo 447 e nacionalsocialismo 5134 e classe dominante 93 66970 e socialismo 700 Toulmin SE 127 238 318 Touraine Alain 723 7256 500 713 Townsend P 587 Toynbee Arnold 89 364 819 trabalhadores conselho de ver conselho de trabalhadores trabalhista movimento ver sindicatos trabalho 7734 fragmentação do 774 e lazer 533 534 773 na sociedade pósindustrial 36 7258 ver também trabalho doméstico trabalho mercado de revolução científicotecnológica trabalho processo de 232 460 7745 e alienação 78 41 1178 218 4612 722 774 em Marx 78 9 trabalho doméstico 220 298 333 561 773 7757 tradição e tradicionalismo 771 7778 794 e autoridade 38 no confucionismo 124 e dança 1723 no islamismo 399 no judaísmo 404 e teoria da modernização 1978 e Nova Direita 526 527 ver também cultura campesinato trangressão 138 1503 215 52425 definição 1513 675 ver também controle social rotulação punição TrevorRoper HR 465 673 Trivers Robert 728 troca social teoria da 392 77880 e individualismo 779 e justiça 780 e origens 779 e uso 77980 troca teoria da ver teoria da troca social Troelsch Ernst sobre teoria social cristã 162 sobre historicismo 367 sobre ética protestante 2812 sobre seitas 680 681 trotskismo 418 710 7801 Trotsky Leon 7881 207 419 819 e revolução permanente 6702 749 781 e sindicatos 130 689 Trudgill Peter 429 Turgot ARJ 247 361 412 722 Turner Frederick Jackson 303 365 Turner Ralph 552 Tylor EB 23 urbanismo 226 324 7825 e alienação 7 20 e civilização 88 902 e ambientalismo 102 e desenvolvimento industrial 7824 e industrialização 722 782 e migração 4667 e qualidade de vida social 7823 e países subdesenvolvidos 785 ver também favelas subúrbio utilidade princípio de ver escola econômica marginalista utilidade teoria da 1778 utilidade esperada hipótese de 177 utilitarismo 44 213 255 3756 7857 como atomístico 3812 e conseqüências 2789 786 e democracia 181 e ética 2789 280 484 indireto 787 e modernidade 473 negativo 716 preferência 253 2789 e alcance 787 e valor 786 ver também ética bemestar social Utitz Emil 266 269 utopia 450 486 6156 655 657 7879 e antiutopia 7889 e revolução 302 valor 7901 teoria austríaca 241 trocauso 76 228 742 790 teoria de trabalho 16 229 230 7901 em Marx 31 92 205 7901 no neokantismo 521 teoria subjetivista 790 valores 201 7913 estéticos 7 44 266 740 e comunidade 116 e cultura 164 erosão de 176 liberdade de valores 237 278 321 597 771 7923 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 968 Índice de nomes e assuntos e funcionalismo 792 globalização 793 teoria marxista 7913 e positivismo 792 como relativos 133 793 universais 521 teoria utilitarista 786 ver também ética moralidade norma vanguarda 88 268 4745 758 794 van Duijn J J 73 van Fraassen B 239 319 van Gelderen J 72 van Mises Ludwig 820 e Escola Austríaca de Economia 241 460 e função empresarial 240 e libertarianismo 527 e cálculo socialista 447 571 702 705 707 variáveis padrão 478 7945 Veblen Thorstein 232 733 81920 sobre consumo conspícuo 342 533 672 720 sobre tecnologia 759 sobre riqueza 672 Venturi Robert 476 verdade 7957 teorias de coerência 7956 8012 teorias de consenso 796 teorias de correspondência 795 e linguagem 432 lógica 4389 no marxismo 371 418 795 teorias performáticas 796 e fenomenologia 307 e positivismo 595 e pragmatismo 313 599 795 796 teoria da redundância 796 e relativismo 338 6589 Verstehen compreensão 4656 515 7978 e realismo crítico 320 e hermenêutica 3512 e positivismo 179 594 em Weber 4 51 317 464 7978 805 vício 342 7989 Viena círculo de 237 3145 640 799802 crítica 647 influência 4834 312 e conhecimento 125 126 e lógica 4379 e naturalismo 514 e positivismo 592 594 e verificabilidade 126 8001 Viner Jacob 245 violência 8034 e agressão 56 pelo estado 496 e coerção 101 2578 581 masculina 332 334 e os militares 468 ver também coerção terrorismo visão do mundo ver Weltanschauung vitalismo 144 301 Vivekananda Swami 355 Volosinov VN 215 239 430 684 voluntarismo 137 160 301 453 516 no maoísmo 441 442 443 444 von Neumann John e Morgenstern Oskar 177 178 403 vontade formação da 3 5 liberdade da 2034 geral 181 559 578 Waismann Friedrich 126 204 317 320 647 Waldron J 213 Wallas Graham 714 Wallerstein Immanuel e história econômica 365 teoria do sistemamundo 30 188 199 340 Walras Leon 76 77 247 703 Waltz KN 346 347 Walzer Michael 159 375 766 Warming E 225 226 Warren Bill 199 Watson John B 10 108 109 110 623 Webb C 485 Webb Sidney e Beatrice 52 183 304 688 705 820 Weber Max 820 teoria da ação 3 4 5 113 734 sobre autoridade 38 413 541 sobre burguesia 50 945 sobre burocracia 512 1112 425 681 721 748 sobre capitalismo 57 165 2802 465 sobre carisma 601 426 535 sobre civilização 889 91 sobre classe 924 2723 664 sobre ação coletiva 2 sobre comunidade 116 e sociologia comparada 738 sobre cultura 934 163 165 sobre definição 179 sobre ditadura 218 e história econômica 363 464 sobre teoria das elites 236 748 sobre tipo ideal 4 38 426 521 7701 792 793 798 sobre sociedade industrial 7223 724 influência de 450 sobre interesses 396 sobre judaísmo 404 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 969 e Kant 4 520 521 sobre marxismo 446 733 sobre significado 6923 sobre metodologia 466 sobre modernidade 159 474 641 sobre modernização 478 sobre dinheiro 210 sobre música 506 e naturalismo 319 514 516 sobre normas 5245 sobre poder 581 sobre profissões 612 sobre racionalidade 5 113 158 640 653 778 sobre racionalização 425 6701 733 746 sobre seitas 681 680 sobre secularismo 679 e história social 366 sobre estrutura social 277 e sociologia 7323 735 737 sobre estado 258 sobre grupos de status 945 273 283 sobre estilização da vida 342 sobre valores 521 693 771 793 e sociologia verstehende 4 51 464 7978 805 Weitz M 267 Wellmer A 3 Wells HG 330 788 Weltanschauung 308 314 398 646 8056 Wertheimer Max 339 Westermarck E 63 483 Whewell William 317 318 648 Whistehead AN 315 800 White HC 610 Whyte FW 532 Wieser Friedrich von 241 248 Wilensky HL e Lebeaux CN 588 Williams BAO 119 Williams Raymond 116 434 Willis Paul 234 712 Wilson EO 517 728 730 Winch Peter sobre autoridade 38 sobre cultura 165 164 e hermenêutica 320 238 e historicismo 367 e filosofia da linguagem 323 e positivismo 179 515 516 Windelband Wilhelm 249 372 521 Wirth Louis 116 783 Wittfogel Karl 201 203 Wittgenstein Ludwig 820 e behaviorismo 1101 sobre determinismo 204 sobre empirismo 127 128 237 317 e semelhança de família 770 e conhecimento 127 128 801 e linguagem 128 244 267 320 e filosofia da linguagem 314 315 321 322 438 554 sobre positivismo 179 sobre gosto 343 sobre verdade 796 e círculo de Viena 800 Wolfe Tom 476 Wolff Christian 265 Wolff Robert Paul 15 39 Wolff S 72 Wolfgang Marvin 155 Wollstonecraft Mary 237 304 Woolf Leonard 44 Woolf Virginia 44 45 304 305 495 Working Elmer 227 Worsley 61 663 Wright Q 93 98 Yinger J Milton 134 cultura da juventude 1678 movimento da juventude 167 4878 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 970 Índice de nomes e assuntos
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Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar DICIONÁRIO DO PENSAMENTO SOCIAL DO SÉCULO XX EDITADO POR William Outhwaite Tom Bottomore COM A CONSULTORIA DE Ernest Gellner Robert Nisbet Alain Touraine EDITORIA DA VERSÃO BRASILEIRA Renato Lessa Professor e diretorexecutivoIuperj Professortitular de ciência políticaUFF Wanderley Guilherme dos Santos Professor e pesquisadorIuperj Pesquisador do Laboratório de Estudos Experimentais LEEXFaculdades Candido Mendes Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar Título original The Blackwell Dictionary of TwentiethCentury Social Thought Tradução autorizada da primeira edição inglesa publicada em 1993 por Blackwell Publishers de Oxford Inglaterra Copyright 1993 Basil Blackwell Organização editorial 1993 William Outhwaite e Tom Bottomore Copyright da edição em língua portuguesa 1996 Jorge Zahar Editor Ltda rua México 31 sobreloja 20031144 Rio de Janeiro RJ tel 21 21080808 fax 21 21080800 editorazaharcombr wwwzaharcombr Todos os direitos reservados A reprodução nãoautorizada desta publicação no todo ou em parte constitui violação de direitos autorais Lei 961098 Todos os direitos reservados Este ebook foi publicado com a permissão de John Wiley Sons Ltd Tradução Álvaro Cabral e Eduardo Francisco Alves Capa Carol Sá e Sérgio Campante CIPBrasil Catalogaçãonafonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros RJ D546 Dicionário do pensamento social do Século XX editado por William Outhwaite Tom Bottomore com a consultoria de Ernest Gellner Robert Nisbet Alain Touraine editoria da versão brasileira Renato Lessa Wanderley Guilherme dos Santos tradução de Eduar do Francisco Alves Álvaro Cabral Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed 1996 Tradução de The Blackwell dictionary of TwentiethCentury social thought Inclui apêndice e bibliografia ISBN 9788571103450 1 Ciências Sociais Dicionários 2 Sociologia Dicionários I Outhwaite William II Bottomore Tom 19201992 CDD 3003 961102 CDU 3038 SUMÁRIO Prefáciovii Prefácio à edição brasileira viii Introduçãoix Colaboradoresxiii VERBETES AZ1 Apêndice biográfico807 Bibliografia geral821 Índice de nomes e assuntos 933 Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar PREFÁCIO UM DICIONÁRIO do pensamento social do século XX deve necessariamente cobrir um amplo espectro das ciências sociais à filosofia às teorias e doutrinas políticas às idéias e aos movimentos culturais além de considerar a influência das ciências naturais Foi esse vasto domínio que procuramos abranger ao convidar especialistas de diversas áreas para elaborar os verbetes da presente obra em primeiro lugar os conceitos fundamentais representados no pensamento social em segundo as principais escolas e movimentos e em terceiro aquelas instituições e organizações que se revelaram objetos privilegiados da análise social ou que forjaram doutrinas e idéias significativas Boa parte do dicionário é dedicada a determinados universos conceituais que exerceram influência neste século ciências sociais específicas escolas filosóficas doutrinas políticas estilos marcantes na arte e literatura Em cada um desses casos um extenso verbete geral é complementado por outros verbetes que desenvolvem certos aspectos das idéias e teorias envolvidas assim por exemplo o verbete sobre ciência econômica desdobrase em verbetes sobre as diversas concepções e escolas que se destacaram no pensamento econômico e analogamente o verbete sobre marxismo é complementado por verbetes sobre as várias formas que esse corpus teórico e doutrinário assumiu Na verdade todas as principais esferas do pensamento social desenvolveramse e proliferaram ao longo do tempo e foi nossa pretensão incorporar à obra esse aspecto histórico remontando em muitos casos às concepções de séculos anteriores Isolamos do corpo principal do dicionário informações biográficas relativas aos grandes teóricos do pensamento social já que cobririam com freqüência o mesmo terreno explorado nos verbetes sobre conceitos e teorias mas acrescentamos em apêndice uma seção de sucintas biografias sobre aqueles que deram importante contribuição ao pensamento social ou que sobre ele tiveram influência duradoura Encerrando o volume encontrase um índice geral para auxi liar o leitor a localizar conceitos escolas e pensadores específicos Cada verbete deste dicionário é seguido de uma lista de leituras sugeridas e além disso no final da obra há uma bibliografia geral compilando todos os livros e artigos mencionados no texto As referências bibliográficas autordata no texto referemse geralmente às primeiras edições das obras em questão as datas de edições subseqüentes são assinaladas entre parênteses em itálico sempre que oportuno Embora intrinsecamente cada verbete se pretenda autosuficiente as remissões a outros verbetes capazes de enriquecer o assunto em exame são assinaladas em VERSALETES no texto WILLIAM OUTHWAITE TOM BOTTOMORE Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar vii PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA TOM BOTTOMORE faleceu subitamente em 9 de dezembro de 1992 aos 72 anos de idade justo no momento em que a impressão da edição inglesa deste dicionário estava sendo concluída não pôde ver o resultado final desse projeto no qual viéramos trabalhando anos a fio Pouco antes de morrer começara a escrever um livro há muito planejado sobre democracia socialista mas este dicionário para todos os efeitos é sua última obra concluída durante quarenta anos de uma fecunda carreira como escritor Os inúmeros livros e artigos de Tom serviram e ainda servem como um guia de con fiabilidade ímpar para sucessivas gerações de estudantes e professores de sociologia e das demais ciências sociais sua clara e convincente concepção da sociologia e do marxismo e da relação entre ambos é um marco na sociologia da segunda metade do século XX Como editor deste dicionário Tom acabou contribuindo com mais verbetes do que o planejado à medida que a obra se aproximava da conclusão A meu ver e espero que os leitores concordem comigo os verbetes assinados por Tom constituem um dos sólidos esteios deste dicionário revelando em microcos mo a raríssima combinação de alcance intelectual clareza racionalidade e bom senso que caracterizou toda sua obra WO WILLIAM OUTHWATE leciona sociologia na School of European Studies Universidade de Sussex Inglaterra É autor de Understanding Social Life the Method Called Verstehen 2a ed 1986 Concept Formation in Social Science 1983 New Philosophies of Social Science Realism Hermeneutics and Critical Theory 1987 e Habermas a Critical Introduction 1994 Organi zou com Michael Mulkey o livro Social Theory and Social Criticism Essays for Tom Bottomore 1987 TOM BOTTOMORE 192092 foi autor de vasta e importante obra sendo mais conhecido do leitor brasileiro pelas diversas edições publicadas pela Zahar a partir da década de 60 Introdução à sociologia As classes na sociedade moderna Críticos da sociedade moderna o pensamento radical na América Latina As elites e a sociedade Karl Marx org A sociologia como crítica social Sociologia política História da análise sociológica org Grande sucesso editorial desfruta hoje o seu Dicionário do pensamento marxista publicado no Brasil pela mesma editora Bottomore lecionou na London School of Economics nas Universidades Simon Fraser e Dalhousie ambas no Canadá e na Universidade de Sussex Inglaterra de 1968 a 1985 quando deixou o magistério Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar viii INTRODUÇÃO NO FINAL DO SÉCULO XIX o termo social ainda era relativamente recente assim como o era de modo geral a noção de ciências sociais distintas As primeiras associações e publicações profissionais estavam apenas despontando e enquanto novas ciências sociais como a sociologia vinham conquistando reconhecimento a ciência econômica como disciplina mais antiga passava por um intenso desenvolvi mento tanto sob a forma neoclássica que lhe conferiram Carl Menger Léon Walras Alfred Marshall e outros como na vertente que dava peculiar ênfase aos trabalhos da escola histórica alemã Todas as ciências sociais sentiamse no direito de reivindicar precursores nos séculos XVIII e XIX ou ainda mais remotos no caso da ciência política e da história e as idéias de alguns desses pioneiros permaneceram influentes No século XX contudo as ciências sociais adquiriram maior consistência e autono mia exercendo maior impacto sobre o pensamento social como um todo As doutrinas políticas em geral e a crítica social em particular tornaramse mais tributárias das teorias da sociedade e muitas idéias do século XIX vieram a encontrar um substrato institucional O positivismo de forma ligeiramente distinta da versão comtiana original consolidouse como uma filosofia da ciência com notável influência entre os cientistas sociais O evolucionismo sobreviveu a todo tipo de ataques e assegurou seu lugar no pensamento social assumindo novas formas depois da II Guerra Mundial tanto no que diz respeito a concepções de modernização subdesenvolvimento e desenvolvimento quanto mais recentemente em relação a teorias sobre a evolução da condição moral e do pensamento humano como um todo A influência do marxismo como uma crítica da economia política uma teoria da sociedade e uma doutrina política intensificouse com regularidade durante a maior parte do século embora por caminhos cada vez mais ramificados isso se refletiu depois da Revolução Russa e mais ainda depois de 1945 na acentuada divisão entre o marxismoleninismo e o que veio a ser designado como marxismo ocidental este último extremamente diversificado em si mesmo Os dramáticos acontecimentos de 1989 puseram fim às ditaduras comunistas da Europa oriental e à influência mundial do leninismo mas embora o marxismo e em certa medida o socialismo encontremse atualmente em declínio na Europa póscomunista a questão não é assim tão evidente em outras regiões do mundo Por toda a parte entretanto observase uma grande tendência a repensar as doutrinas sociais e políticas que tiveram suas origens nos séculos XVIII e XIX florescendo no século atual em meio a um fundo de drásticas e bruscas mudanças na estrutura e na cultura das sociedades humanas A Revolução Industrial e as revoluções políticas na França e nos Estados Unidos haviam iniciado essa transformação ao inaugurar o movimento democrático e mais tarde o socialismo e as contradoutrinas do conservadorismo e do liberalismo mas as novas sociedades capitalistas industriais também se caracterizaram pelo nacionalismo e pela expansão imperialista Por conseguinte o século XX ao contrário das expectativas de Auguste Comte e Herbert Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar ix Spencer revelouse como um dos mais violentos da história humana com duas guerras mundiais extremamente destrutivas e bárbaras e inúmeros conflitos menores porém não menos brutais como perseguições e genocídios em grande escala Surgiram novas formas de expansionismo agressivo com os regimes fascistas na Europa que além disso instauraram ditaduras totalitárias de uma nova espécie embora tivessem um paralelo ou mesmo um precursor na Rússia stalinista e num estilo distinto mais militarista no Japão Subjacente à destrutividade da guerra moderna deuse o avanço sem prece dentes durante o século passado das ciências naturais e da tecnologia que transformou as condições e as formas de vida social Incessantes inovações tecnológicas nos países industrializados constituíram fator determinante no crescimento econômico e aspecto importante ao surgimento de gigantescas empresas corporations entre elas as multinacionais que cada vez mais dominam a economia mundial sobretudo nas últimas quatro décadas Ao mesmo tempo inovação e crescimento possuem um efeito desintegrador que não opera de maneira uniforme mas num ciclo de expansão e depressão marcado por períodos de desemprego em larga escala como na década de 1930 e novamente na de 1980 Tais circunstâncias colocaram em pauta o debate sobre métodos de regulamentação da economia para fins sociais um debate que até 1989 envolveu com freqüência o contraste entre economias capitalistas de relativamente livre comércio e as economias centralmente planejadas o que ainda suscita inter rogações sobre o papel do planejamento parcial prescritivo na gestão do sistema econômico O próprio desenvolvimento econômico gerou novas questões para os pensa dores sociais em primeiro lugar o contraste entre a crescente riqueza dos países industrializados no interior dos quais persistem contudo densas áreas empobrecidas e a miséria absoluta em certos casos crescente como em vastas regiões da África de grande parte do Terceiro Mundo em segundo lugar o impacto ambiental causado pelo próprio desenvolvimento No tocante à primeira questão não se mediram esforços no sentido de formular modelos de desenvolvimento para os países mais pobres além de planos de ação prática que superassem a divisão NorteSul mas as políticas efetivamente implementadas até agora não lograram o êxito esperado e no final da década de 1980 a transferência de recursos de países ricos para pobres através de programas de auxílio e outros meios havia se convertido em virtude da dívida acumulada num fluxo inverso dos pobres para os ricos Por conseguinte um contin gente cada vez maior de pensadores sociais vem confluindo para um debate crítico sobre como avaliar o desenvolvimento num contexto mundial ou para a concepção de uma nova ordem econômica internacional o que em grande parte permanece por ora um mero estereótipo Esse debate estendeuse a uma área suplementar cuja atenção está voltada para o meio ambiente De fato é a essa questão e aos movimentos ecológicos em franca expansão que uma considerável parcela do pensamento social tem se dedicado em décadas recentes A poluição e a destruição do habitat humano resultado da produção industrial e da demanda aparentemente insaciável de matérias primas afetaram não só as próprias sociedades industriais mas também os países do Terceiro Mundo onde são frequentemente ainda mais devastadoras podendo ainda ser agravadas pelos efeitos da explosão demográfica Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar x É contra um pano de fundo de convulsões sociais conflitos rupturas e dos novos problemas do século XX que o pensamento social seja o produzido pelos próprios ativistas sociais e políticos seja pelo crescente exército de scholars profissionais deve ser entendido Entretanto muitos de seus temas centrais permanecem os mesmos do início do século a natureza do trabalho o papel da naçãoestado a relação entre indivíduo e sociedade o efeito do dinheiro sobre as relações sociais o contraste entre Gemeinschaft comunidade e Geselschaft sociedade associação estratificação e igualdade a tensão entre sectarismo e liberdade de valores nas ciências sociais e até mesmo alguns rótulos como o próprio fin de siècle As mais recentes análises sobre a pósmodernidade ou sobre o pósindustrialismo assemelhamse incrivelmente às primeiras descrições da modernidade e do industrialismo e a moderna futurologia apesar da disponibilidade dos modelos informatizados não difere muito das previsões dos pensadores sociais do século XIX e do início do atual Entretanto esses antigos temas adquiriram em muitos casos um novo conteú do A natureza e o significado do trabalho têm agora de ser examinados no contexto de uma estrutura ocupacional radicalmente alterada em função da redução das horas de trabalho e da expansão do tempo disponível para atividades livremente escolhidas O estado tornouse de forma mais direta o provedor de serviços sociais vitais e da infraestrutura econômica essencial mas a experiência do fascismo e do stalinismo mostrou que o seu poder em certas circunstâncias pode ser usado para instaurar um sistema totalitário A democracia que no início do século era um produto relativamente recente e limitado vigorando em apenas uma escassa minoria de países em alguns deles para logo ser derrubada tornouse ao menos em teoria um parâmetro político quase universal embora seu efetivo campo de ação ainda seja ferrenhamente discutido entre os defensores da democracia liberal ou participativa e no contexto dos recentes debates em torno do significado de cidadania Estratificação e igualdade temas que ocuparam lugar central nos conflitos políticos entre esquerda e direita ao longo de todo este século tornaramse questões mais complexas nas últimas décadas quando outras formas de desigualdade de gênero raça e nacionalidade passaram a merecer ênfase mais forte por parte de novos movimentos sociais e quando as alegações das sociedades comunistas de que haviam eliminado as desigualdades de classe foram mais incisivamente contestadas por críticos internos e externos de suas rígidas estruturas hierárquicas Este dicionário pretende fornecer uma visão abalizada e abrangente dos princi pais temas do pensamento social e de seu desenvolvimento desde o início do século ou mesmo antes até bem perto de seu fim à luz do vasto e instável panorama social desta turbulenta era Provará ser assim esperamos uma valiosa fonte de referência para todos aqueles que de diferentes modos preocupamse com o desen volvimento futuro da sociedade humana quando nos preparamos para ingressar num nove século e num novo milênio WO TB Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xi Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar COLABORADORES Philip Abbott Wayne State University Nicholas Abercrombie Universidade de Lancaster Hugh GJ Aitken Amherst College Martin Albrow Roechampton Institute Londres David E Apter Universidade Yale Anthony Arblaster Universidade de Sheffield David Armstrong Guys Hospital Universidade de Londres Giovani Arrighi State University of New York at Binghamton Michael Bacharach Christ Church Oxford Peter Baehr Memorial University of Newfoundland Paul Bailey Universidade de Edimburgo E Digby Baltzell Universidade da Pensilvânia Lorraime F Baric Information Technology Institute Universidade de Salford Clive Barker Universidade de Warwick Rodney Barker London School of Economics Alan Barnard Universidade de Edimburgo Michèle Barrett City University Londres DJ Bartholomew London School of Economics Kaushik Basu Delhi School of Economics Patrick Bateson Universidade de Cambridge James A Beckford Universidade de Warwick Leonard Beeghley Universidade da Flórida Reinhard Bendix Geoffrey Bennington School of European Studies Universidade de Sussex Ted Benton Universidade de Essex Henry Bernstein Institute for Development Policy and Management Universidade de Manchester Christopher J Berry Universidade de Glasgow Roy Bhaskar Linacre College Oxford Michael Billig Loughborough University Ken Binmore Universidade de Michigan Mildred Blaxter School of Economic and Social Studies Universidade de East Anglia Josef Bleicher Queens University Glasgow J Blondel European University Institute Florença Stephan Boehm Universidade de Graz Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xiii Peter J Boettke New York University Tom Bottomore Gerhard Botz Institut für Geschichte Universität Salzburg Raymond Boudon Groupe dÉtude des Méthodes de lAnalyse Sociologique Universidade de ParisSorbonne Margaret M Braungart State University of New York Richard G Braungart Syracuse University EA Brett Institute of Development Studies Universidade de Sussex Asa Briggs Sussex George W Brown Royal Holloway and Bedford New College Rogers Brubaker Universidade da Califórnia Los Angeles Hauke Brunkhorst Institut für Grundlagen der Politik Freie Universität Berlin W Brus Wolfson College Oxford Alan Bryman Loughborough University Tom Burden Leeds Polytechnic Colin Campbell Universidade de York Tom D Campbell Australian National University Julius Carlebach Hochschule für Jüdische Studien Heidelberg Allan C Carlson Rockford Institute Illinois Elwood Carlson Universidade da Carolina do Sul Terrell Carver Universidade de Bristol Alan Cawson School of Social Sciences Universidade de Sussex Gérard Chaliand Paris Simon Clarke Universidade de Warwick Ira J Cohen Rutgers University Selma Jeanne Cohen Nova York David E Cooper Universidade de Durham Lewis A Coser Cambridge Massachussetts Bernard Crick Birkbeck College Universidade de Londres Roger Crisp St Annes College Oxford Ian Crowther Editor literário The Salisbury Review Fred DAgostino Universidade da Nova Inglaterra RW Davies Centre for Russian and East European Studies Universidade de Birmingham Meghnad J Desai London School of Economics Torcuato S Di Tella Buenos Aires Marco Diani Centre dAnalyse et dIntervention Sociologiques Paris James Donald Media Studies Universidade de Sussex François Dubet École des Hautes Études em Science Sociale Paris Bohdan Dziemidok Universidade de Gdansk Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xiv Andrew Edgar College of Cardiff Universidade do País de Gales S Eilon Imperial College of Science and Technology Londres Peter P Ekeh Universidade de Buffalo Pascal Engel Centre de Recherche en Épistémologie Paris Helen Fein Institute for the Study of Genocide Nova York Joseph V Femia School of Politics and Communication Studies Universidade de Liverpool Zsuzsa Ferge Instituto de Sociologia e Política Social Universidade Eötvos Loránd Budapeste Rubem César Fernandes Instituto de Estudos da Religião Rio de Janeiro Robert A Foley Universidade de Cambridge Tom Forester School of Computing and Information Technology Griffith University Queensland Murray F Foss American Enterprise Institute for Public Policy Research Washington DC Lawrence Freedman Kings College Londres Christopher Freeman Science Policy Research Unit Universidade de Sussex RG Frey Bowling Green State University Diego Gambetta Universidade de Oxford David Garland Universidade de Edimburgo Ernest Gellner Norman Geras Universidade de Manchester Naomi R Gerstel Department of Sociology and Social and Demographic Research Unit Universidade de Amherst Margaret Gilbert Universidade de Connecticut Storrs Hannes H Gissurarson Universidade de Reykjavik Peter E Glasner University of the West of England Frank Gloversmith Universidade de Sussex Jack A Goldstone Center for Comparative Research in History Society and Culture Universidade da Califórnia Davis Stanislaw Gomulka London School of Economics Peter Goodrich Birkbeck College Universidade de Londres Robert Grant Universidade de Glasgow SJD Green School of History Universidade de Leeds Roger Griffin Brooke University Oxford David B Grusky Stanford University AnneMarie Guillemard Universidade de Paris IV PanthéonSorbonne Peter Gurney Universidade de Glamorgan Peter Halfpenny Universidade de Manchester John A Hall McGill University Montreal Charles Hallisey Committee on The Study of Religion Universidade Harvard Norman Hampson Professor Emeritus Universidade de York Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xv Shaun P Hargreaves Heap Universidade de East Anglia Gwyn HarriesJenkins Universidade de Hull Laurence Harris School of Oriental and African Studies Universidade de Londres David M Heer Universidade da Califórnia do Sul Arnold Heertje Universiteit van Amsterdam András Hegedüs Budapeste Adrian Henri Liverpool John Heritage Universidade da Califórnia Los Angeles JH Hexter John M Olin Professor Emeritus of the History of Freedom Washington University Susan Himmelweit Open University Barry Hindess Australian National University Paul Quentin Hirst Birkbeck College Universidade de Londres Barry Holden Universidade de Reading Martin Hollis Universidade de East Anglia Axel Honneth Universität Konstanz Leo Howe Universidade de Cambridge TW Hutchison Professor Emeritus Universidade de Birmingham Richard Hyman Industrial Relations Research Unit Universidade de Warwick Marie Jahoda Sussex Hans Joas John F Kennedy Institut Freie Universität Berlin Terry Johnson Universidade de Leicester Kay Junge Instituto de Sociologia JustusLiebigUniversität Giessen Mary Kaldor Graduate Institute for Contemporary European Studies Universidade de Sussex Haider Ali Khan Graduate School of International Studies Universidade de Denver VG Kiernan Professor Emeritus Universidade de Edimburgo Richard Kilminster Universidade de Leeds Alden S Klovdahl Australian National University IS Kon Instituto de Etnografia e Antropologia Academia da Rússia Moscou Krishan Kumar Universidade de Kent Canterbury Jorge Larrain Universidade de Birmingham Gerhard Lenski Universidade da Carolina do Norte Charles T Lindholm Universidade de Boston Alain Lipietz Centre dÉtudes Prospectives dÉconomie Mathématique Appliquées à la Planification Paris Peter Lloyd Universidade de Sussex Eero Loone Universidade de Tartu Estônia Alfred Louch Claremont Graduate School Califórnia Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xvi Terry Lovell Universidade de Warwick Steven Lukes European University Institute Florença Francis P McHugh St Edmunds College Universidade de Cambridge John Spencer Madden The Countess of Chester Hospital Chester Michel Maffesoli Universidade de Paris V René Descartes Peter T Manicas Universidade do Havaí Manoa Patrice Mann Universidade de Bordeaux Peter Marsh MCM Research David A Martin London School of Economics Ali A Mazrui State University of New York at Binghamton Ulrike Meinhof Universidade de Manchester Volker Meja Memorial University of Newfoundland José Guilherme Merquior Ian Miles Programme of Policy Research in Engineering Science and Technology Universidade de Manchester David Miller Nuffield College Oxford Enzo Mingione Universidade de Messina Milão Kenneth R Minogue London School of Economics Simon Mohum Queen Mary and Westfield College Universidade de Londres Maxime Molyneux Birkbeck College Universidade de Londres Raymond A Morrow Universidade de Alberta Michael Mulkay Universidade de York Elcanor M Nesbitt Religious Education and Community Project Universidade de Warwick Robert Nisbet Albert Schweitzer Professor Emeritus Columbia University Peter Nolan School of Business and Economic Studies Universidade de Leeds Roderick C Ogley Emeritus Reader Universidade de Sussex John ONeill School of Social Sciences Universidade de Sussex Geoffrey Ostergaard William Outhwaite School of European Studies Universidade de Sussex John E Owens School of Social and Policy Sciences Universidade de Westminster Trevor Pateman Institute of Continuing and Professional Education Universidade de Sussex Geoff Payne Universidade de Plymouth Donald Peterson Cognitive Science Universidade de Birmingham Tony Pinkney Universidade de Lancaster Jennifer Platt School of Social Sciences Universidade de Sussex Ken Plummer Universidade de Essex Jonathan Powis Balliol College Oxford Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xvii Vernon Pratt School of Independent Studies Universidade de Lancaster Allan Pred Universidade da Califórnia David L Prychitko State University of New York Oswego Derek Pugh School of Management The Open University Terence H Qualter Universidade de Waterloo Ontário Ali Rattansi City University Londres LJ Ray Universidade de Lancaster Gavin C Reid Universidade de St Andrews Karin Renon Centre dAnalyse et dIntervention Sociologiques Paris John Rex Professor Emeritus Universidade de Warwick Adrian D Rifkin Universidade de Leeds Paul Rock London School of Economics CA Rootes Universidade de Kent Canterbury Steven PR Rose The Open University WD Rubinstein School of Social Sciences Deakin University Anne Showstack Sassoon School of Social Science Kingston University Werner Sauer Instituto de Filosofia KarlFranzensUniversität Graz Johann F Schneider Universität des Saarlandes John Scott Universidade de Leicester Teodor Shanin Universidade de Manchester AM Sharakiya State University of New York at Binghamton Andrew Sherratt Ashmolean Museum Universidade de Oxford Cris Shore GoldsmithsCollege Universidade de Londres Kazimierz M Slomczynski Instituto de Sociologia Universidade de Varsóvia Peter Sluglett Universidade de Durham Andrew Spencer Universidade de Essex Patricia M Springborg Universidade de Sydney Nico Stehr Universidade de Alberta Herbert Stein American Enterprise Institute for Public Policy Research Washington DC Rudi Supek Zagreb György Széll Fachbereich Sozialwissenschaften Universität Osnabrück Steve Taylor London School of Economics John B Thompson Jesus College Cambridge JKJ Thomson School of Social Sciences Universidade de Sussex Alan Tomlinson Universidade de Brighton Alain Touraine Centre dAnalyse et dIntervention Sociologiques Paris Peter Townsend Universidade de Bristol Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xviii Keith Tribe Keele University Sylvaine Trinh Centre dAnalyse et dIntervention Sociologiques Paris Bryan S Turner Universidade de Essex Jonathan H Turner Universidade da Califórnia Riverside Ernest Tuveson Universidade da Califórnia Berkeley John Urry Universidade de Lancaster Ivan Varga Kingston Ontário Loic JD Wacquant Society of Fellows Universidade Harvard Sylvia Walby London School of Economics Nigel Walker Professor Emeritus Instituto de Criminologia Universidade de Cambridge Immanuel Wallerstein State University of New York at Binghamton e Maison des Sciences de lHomme Paris JWN Watkins London School of Economics Carolyn Webber Survey Research Center Universidade da Califórnia Berkeley Wlodzimierz Wesolowski Instituto de Filosofia e Sociologia Academia Polonesa de Ciências Varsóvia Michel Wievorka Centre dAnalyse et dIntervention Sociologiques Paris Aaron Wildavsky Survey Research Center Universidade da Califórnia Berkeley RA Wilford The Queens University of Belfast Robin M Williams Jr Cornell University Christopher Wilson London School of Economics Charles RM Wilson Portsmouth Polytechnic HT Wilson York University Toronto Peter Worskey Londres Dennis H Wrong New York University Lucia Zedner London School of Economics Sami Zubaida Birkbeck College Universidade de Londres Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar xix Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar A aberta sociedade Ver SOCIEDADE ABERTA aburguesamento A expressão referese ao suposto processo segundo o qual setores da classe operária são incorporados à classe média ou burguesia O aburguesamento representa na verdade um conjunto de idéias e pode ser avaliado comparandose as situações da classe operária com as da baixa classe média de acor do com as três seguintes dimensões 1 Situação de mercado Como operam com parativamente níveis de pagamento horas de trabalho perspectivas de promoção bem como direitos de pensão e férias 2 Situação de trabalho Por exemplo os trabalhores manuais dispõem de um grau de autonomia semelhante ao de que desfrutam digamos os empregados de escritório 3 Aspirações status política e costumes Os membros da classe operária estão ado tando valores da classe média por exem plo Historicamente a última dessas dimensões é que tem despertado maior interesse Engels por exemplo referiuse ao modo pelo qual os operários ingleses aspiravam à respeitabilidade e pensavam politicamente da mesma forma que a burguesia Mais tarde nos anos 30 Max Adler deplorou a presença de ideais pequenobur gueses que faziam com que os operários aban donassem a perspectiva da transformação revo lucionária preferindo uma melhoria social gra dual Nesse mesmo sentido Theodor Geiger sustentou que a estrutura de classes do século XX estava mudando na medida em que os operários se tornavam cada vez mais pequeno burgueses em seus hábitos Mais recentemente a idéia de aburguesa mento foi discutida de modo amplo pela socio logia britânica no período posterior à Segunda Guerra Mundial sobretudo sob a influência do importante estudo The Affluent Worker Gold thorpe Lockwood Bechhofer e Platt 1969 Goldthorpe e seus companheiros resolveram pôr à prova a alegação de que à medida que os padrões de vida de muitos trabalhadores ma nuais melhoravam estes iam adotando cada vez mais hábitos e estilos de vida de classe média De um modo geral os autores não detectaram exatamente tal processo mas sim importantes áreas de experiência social em comum que eram caracteristicamente operárias Não obs tante o estudo também revelou um processo de convergência normativa entre certos grupos manuais e nãomanuais que significava para os primeiros um desvio de uma forma de vida social orientada para a comunidade conferindo maior importância à família conjugal uma de finição do trabalho em termos de recompensa material e uma certa retração da consciência de classe Apesar de o conceito de aburguesamento refe rirse especificamente à erosão dos limites entre os estratos superiores da classe operária e os ele mentos inferiores da classe média ele também é parte nítida de um debate mais amplo sobre o significado das fronteiras e da luta de classes nas sociedades avançadas Dessa forma o debate so bre aburguesamento está relacionado com o argu mento paralelo que diz respeito à suposta prole tarização de certas profissões de classe média tais como os trabalhos de escritório e de vendas no varejo Ironicamente alguns sociólogos marxis tas ao afirmarem que a situação dos funcionários dos escritórios está se tornando mais semelhante à da classe operária estão na verdade dizendo que as fronteiras de classe começam a se tornar menos bem definidas Ver também CLASSE Leitura sugerida Goldthorpe JH Lockwood D Bechhofer F e Platt J 1969 The Affluent Worker in the Class Structure Marshall G Newby H Rose 1 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar D e Vogler C 1988 Social Class in Modern Britain Wright EO 1985 Classes NICHOLAS ABERCROMBIE ação coletiva A literatura especializada pre ocupouse em determinar sob que condições indivíduos isolados admitem engajarse numa ação conjunta para fortalecer ou defender sua situação Apesar de muitos cientistas sociais terem discutido esta questão especialmente Karl Marx e Max Weber a referência básica no debate moderno é o texto de Olson 1965 e o conceito do aproveitador free rider Em conexão com essa obra inúmeras outras contri buições têm examinado como é possível chegar a resultados subótimos assumindo como ponto de partida indivíduos que buscam seus próprios inte resses e não o que seria do interesse coletivo Olson emprega o jogo do dilema do prisio neiro com a finalidade de analisar a natureza da ação coletiva A contradição do jogo é que se cada prisioneiro busca seu autointeresse isolado então todos terminam com um resulta do menos satisfatório do que se lhes tivesse sido possível colaborar uns com os outros e sacrifi car esses interesses individuais Olson genera liza essa situação para toda e qualquer organi zação que tente mobilizar um grande número de indivíduos movidos por interesse próprio Em situações nas quais o grupo a ser organizado é amplo e os benefícios são coletivos ou públi cos não podendo ser limitados a indivíduos específicos não haverá união ou cooperação entre os indivíduos a não ser que benefícios nãocoletivos sejam proporcionados Sem esses benefícios seletivos os indivíduos podem apro veitarse obtendo vantagens coletivas da or ganização caso alguma se concretize mas não incorrendo em nenhum dos custos de filiação ou engajamento Grandes grupos tais como SINDICATOS ou partidos políticos são mais vulneráveis ao aproveitador Neles a contribuição de cada indivíduo faz pouca diferença para o resultado e as intensas pressões que operam nos pequenos grupos que com probabilidade induzem o compromisso de seus membros estão au sentes Olson afirma que os membros de uma classe social estão particularmente propensos a tirar proveito uma vez que se beneficiarão com as ações da classe quer ou não participem de maneira efetiva Segundo Olson é perfeita mente racional furtarse a essas ações Vários requintes e aperfeiçoamentos têm sido acrescentados às afirmações um tanto in gênuas de Olson Primeiro muitas organiza ções existentes são de fato de natureza altruísta e não se baseiam absolutamente num interesse próprio tão óbvio Em segundo lugar é duvido so que benefícios seletivos como os propor cionados por sindicatos a membros isolados possam explicar a enorme diversidade e escala de organizações nas quais as pessoas ingressam na maioria das sociedades industrializadas Em terceiro lugar a vida social deveria ser encarada como interativa Em conseqüência indivíduos que racionalmente deveriam não cooperar po dem vir a aprender que existem benefícios co letivos que resultarão da busca de situações que aparecem como soluções nãoracionais do pon to de vista estritamente individual Através da interação contínua em determinados contextos as pessoas podem vir a se envolver e estar informadas umas sobre as outras transforman do seus padrões de preferência Em quarto lu gar é preciso dar atenção às ideologias pre sentes em diferentes sociedades ou em partes de uma mesma sociedade Onde estas enfatizam o INDIVIDUALISMO como nos Estados Unidos o problema do aproveitador tem probabilidade de ser mais agudo Por fim devem ser desen volvidas análises sobre como diferentes po sições estruturais tais como capital e trabalho assalariado têm distintas possibilidades de ação coletiva com um sentido próprio a cada uma delas O mundo social não compreende apenas indivíduos isolados mas também es truturas e recursos línguas e discursos e estes também são relevantes para as possibilidades de ação coletiva contrabalançando ou trans cendendo o problema do aproveitador Leitura sugerida Barry B e Hardin R orgs 1982 Rational Man and Irrational Society Elster J 1978 Logic and Society Harding R 1982 Collective Ac tion Lasch S e Urry J 1984 The new Marxism of collective action a critical analysis Sociology 18 3350 Offe C e Wiesenthal H 1980 Two logics of collective action theoretical notes on social class and organizational form Political Power and Social Theo ry 1 67115 Olson M 1965 The Logic of Collective Action JOHN URRY ação e mediação Alguém executa uma ação quando o que faz pode ser descrito como inten cional ver Davidson 1977 Ações são con clusões práticas derivadas de intenções e cren Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 2 ação coletiva ças ação e racionalidade são portanto conceitos interrelacionados As teorias socio lógicas da ação desde o tempo de Max Weber basearamse nessa relação para analisar a ação seus componentes e seus tipos Ações sociais são sempre parte de sistemas mais amplos e de processos de compreensão intersubjetiva o que introduz a questão do papel do agente media ção humana nos processos através dos quais as ações são coordenadas Racionalidade da ação Aristóteles em sua Ética a Nicômaco ob servou que a racionalidade de uma ação residia na conclusão oriunda de intenções ou normas e de avaliações tanto da situação quanto dos meios disponíveis para conseqüências imedia tas em termos de ação A ação é racional na medida em que segue premissas que sustentam e justificam sua realização Uma racionalidade mínima portanto deve ser pressuposta em qual quer ação em qualquer movimento corporal que se enquadre nessa definição Aristóteles enfatizou que até mesmo ações indisciplinadas que escapam ao controle racional tais como o consumo excessivo de doces podem ser pelo menos formalmente encaixadas no modelo da justificativa racional cf Davidson 1980 Wright 1971 Formação da vontade Um exemplo simples de formação intencio nalracional da vontade é fornecido pelo impe rativo técnico de Kant o imperativo de capa citação em que as intenções se estendem dos fins aos meios cf Wright 1971 Alguém que deseja fazer algo e sabe como isso pode ser obtido deve querer obtêlo através desses meios Mesmo os processos complexos de for mação da vontade social que chegam a uma decisão como conseqüência de deliberação co letiva podem ser descritos como um processo de inferência prática Isso implica a união de muitos pelo menos dois e no máximo todos agentes envolvidos com um propósito ou pro blema comum Se essa união não for promovida através de força ameaça ou propaganda deve sêlo através da livre compulsão da inferência argumentativa ou seja através de razões con vincentes cf Habermas 1971 Apel 1973 1979 Discursos práticos não dizem respeito ao alcance das intenções dos fins para os meios explicando ao agente por que é racional para ele tomar certas decisões mas sim se é possível generalizar os fins e deixar claro para todos por que eles deveriam seguir normas particulares ver NORMA O que Hegel Lógica chamou de conclusão do bom em que meios e fim são idênticos e a ação é boa em si mesma é uma questão a respeito do que é legítimo e jus tificável à luz de princípios compartilhados e livremente aceitos Wellmer 1979 p25ss Conseqüências das ações A conclusão de uma inferência prática é uma ação Do ponto de vista do observador a esco lha de meios disponíveis para determinados fins explica a ação Essa explicação tem também relevância prospectiva uma vez que contextos institucionais e normativos garantem que inten ções e crenças permaneçam estáveis e sejam regularmente reproduzidas cf Wright 1971 Mas desde que jamais se pode excluir a pos sibilidade de os agentes mudarem suas inten ções esquecendo o melhor meio de fazer as coisas ou encontrando inesperadamente novos meios de resolver um problema a ligação entre intenções crenças e comportamento futuro é contingente Só podemos porém identificar um dado comportamento como uma ação es pecífica se conseguirmos interpretálo com a perspectiva de um participante como a conse qüência de intenções e crenças racionalmente compreensíveis Interpretar um comporta mento como uma ação intencional é compreen dêlo à luz de uma intenção Wellmer 1979 p13 A perspectiva do participante e somente ela revela uma relação lógicosemântica semelhan te entre intenções e ações Para o agente a conclusão prática significa uma obrigação de executar uma ação futura Não há garantia em pírica de que alguém que promete chegar na hora o fará de fato mas alguém que assumiu es se compromisso precisará apresentar uma des culpa caso não venha a ser pontual A expecta tiva de que em circunstâncias normais alguém que prometeu chegar na hora muito provavel mente o fará não é apenas apoiada indutivamen te por regularidades comportamentais observa das Essa expectativa baseiase ainda mais no fato de que geralmente podemos confiar uns nos outros O Outro provavelmente chegará na hora porque o acordo tem validade recíproca cf Apel 1979 Essa não é uma relação em pírica e contigente entre intenções e atividades Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar ação e mediação 3 mas uma relação lógicopragmática Reconhe cemos a seriedade da intenção através de suas conseqüências para a ação A pessoa que não faz aquilo que quer podendo fazêlo chama mos de inconsistente Isso não é diferente do caso de alguém que afirma que a neve é toda branca e toda preta Assim como suspeitamos de fraqueza de vontade como sendo a causa de uma ação inconsistente podemos inferir que uma pessoa que de modo involuntário expressa contradições é cognitivamente débil Tal como as afirmações evidentemente contraditórias a ação evidentemente inconsistente tem em si algo irracional em sua essência de forma que tais agentes podem achar difícil reconhecerem a si mesmos em suas ações cf Davidson 1980 Tipos de ação Os transtornos da ação através de inconsis tências tão possantes que não conseguimos compreender nossa própria ação Não sei co mo pude fazer isso colocanos diante da co nexão interna entre ação e autoentendimento Max Weber e Sigmund Freud tiraram conclu sões opostas dessa relação Enquanto Freud se interessa pelas causas inconscientes do autoen gano Weber baseia sua sociologia em um TIPO IDEAL de ação significativamente orientada in teligível para o agente Sua conhecida tipologia da ação fundamentase nessa relação de auto evidência A ação social é um comportamento signi ficativamente voltado para o comportamento de outros Weber 192122 Um caso limite de ação social é a linha de ação tradicional completamente autoevidente convencional habitual e quase mecânica baseada no hábito internalizado Essa ação cotidiana tediosa mente habitual adaptada de modo plácido ao ambiente normativo do mundo da vida é levada à condição de reação emocional quando o am biente convencionalmente significativo da ação cotidiana desaba de súbito e confronta o agente com exigências problemas e conflitos excep cionais com os quais não está familiarizado Esse é o outro caso limite de ação social Falar de ação que é governada por afetos e emoções presentes significa que mesmo em reação de sinibida a um estímulo excepcional o agente conserva um âmbito de decisão sobre como reagir ou sobre se não deve reagir em absoluto e engolir sua emoção Mas Weber reserva a descrição racionalmente inteligível para o comportamento social que é plenamente cons ciente e baseado apenas em razões que o agente considere válidas e conclusivas Isso correspon de aos tipos ideais de ação racional referida a intenções e ação racional referida a valores Com essa distinção Weber remonta através do NEOKANTISMO à teoria aristotélica da ação En quanto uma ação racional referida a valores segue aquilo que Hegel chamou de conclusão do bom identificando meios e fins no valor em si mesmo não condicionado de um com portamento específico na ação racional refe rida a intenções só o que conta é a eficácia dos meios para um determinado fim Na concepção de Weber apenas esse tipo de ação pode ser plenamente racionalizado É portanto o verda deiro tipo ideal de comportamento significati vamente orientado que expressa a conclusão de ação de Hegel Somente aqui é possível dizer que se alguém fosse agir de maneira rigidamente racional referida a intenções pode ria fazêlo apenas dessa maneira e de nenhuma outra Weber 192122 Para Weber o entendimento racional ver VERSTEHEN da ação avança metodicamente a partir dessa pressuposição de racionalidade uni versal e contrafactual Isso torna possível expli car as ações concretas como um desvio de um padrão ideal O interesse de Freud em explicar a ação irracional é portanto complementar ao interesse de Weber em compreender a raciona lidade da ação consistente Em um mundo for mado pelo raciocínio causal a ação racional desse tipo só é possível quando os motivos do agente para uma ação em particular são causal mente eficazes como intenções e causam a ação cf Davidson 1980 Se uma ação real deve ser compreendida como a conseqüência de uma inferência racional por exemplo a argumenta ção racional os motivos devem ter uma força causal isto é racionalmente motivadora en quanto causas da açãoevento A força causal que uma vontade fundamentada transforman do razões em intenções dá a nossas ações é evidentemente conforme Davidson 1980 e Apel 1979 p189 demonstraram em suas crí ticas de CG Hempel uma causalidade sem leis causais O que Kant chamou de causalidade da liberdade na qual a vontade ou intenção que causa a ação conta com uma justificativa válida para ela não envolve leis causais mas princí pios de racionalidade normativouniversais Apel 1979 O caso do autoengano incons Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 4 ação e mediação ciente de que Freud se ocupa é aquele no qual uma ação ou um ato verbal é causada como um evento sem ser justificada por suas causas cf LöwBeer 1990 Nesse caso a ação ou ato verbal não é racionalmente motivada por uma seqüência válida de símbolos mas apenas em piricamente por meio de símbolos fendidos cf Habermas 1968 p246ss 1981 p8ss Mas como essa explicação em termos de mo tivos apenas empiricamente efetivos pressupõe a possibilidade de ação racional Freud conse gue reunir seu interesse metodológico a um interesse terapêutico na emancipação e na crí tica da ação que não é provocada por razões Esse interesse é claro está longe de satisfa zer os critérios de Weber a respeito de uma racionalidade intencional ideal A ação irracio nal de que Freud se ocupa é causada pela força latente de uma comunicação distorcida com pulsivamente integrada Explicála como uma ação que já não é mais inteligível para o agente não basta nem para postular um tipo ideal de ação racional referida a intenções nem para medir sua divergência O que se deve pressupor é antes um critério ideal de comunicação não distorcida cf Habermas 1968 Apel 1979 O que o agente necessitado da ajuda de um terapeuta acha ininteligível a respeito de sua própria ação são as rupturas no sistema de ra zões que pareceriam aceitáveis a uma comuni dade de sujeitos autônomos Os motivos que causam a ação e a fala do neurótico sem jus tificála nem fundamentála são causas que não podem contar como razões pois uma comuni dade de comunicação livre não poderia aceitá las como tal Ação sistema e sujeito A teoria da ação de Weber parece inadequa da num outro aspecto bastante diferente Ela subestima desde o princípio a complexidade da dupla contingência cf Parsons e Shils 1951 p14ss nas perspectivas recíprocas significati vamente orientadas de ego e alter bem como a hipercomplexidade de qualquer orientação sig nificativa A improbabilidade de um ato signi ficativamente guiado relacionado a uma mul tiplicidade ilimitada e inconcebível de possibi lidades alternativas que podiam ter sido ma terializadas aumenta mais ainda com a impro babilidade de que em ação social cada um saiba que pode agir ou não agir conforme o esperado Sem mecanismos para a redução dessa complexidade monstruosa e em princí pio incompreensível de ações significativa mente orientadas e sem mecanismos que inte grem de modo funcional as ações individuais independentemente da vontade e da consciên cia dos sujeitos a ordem social parece impos sível cf Luhmann 197090 vol2 p204ss 1981 p195ss A questão é então saber se a ordem social pode ser concebida inteiramente sem a formação de vontade coletiva e se ações sociais podem ser separadas de uma noção de mediação produzida pelos próprios sujeitos por meio de razões aceitáveis Leitura sugerida Brubaker Rogers 1984 The Limits of Rationality an Essay on the Social and Moral Thought of Max Weber Davidson D 1980 Essays on Actions and Events Parsons T 1937 The Structure of Social Action HAUKE BRUNKHORST administração ciência da Ver CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO administração científica Ver FORDISMO E PÓSFORDISMO RELAÇÕES INDUSTRIAIS afluente sociedade Ver SOCIEDADE AFLUENTE agressão Enquanto quase todas as teorias em vigor sobre a agressão se desenvolveram no século XX as questões conceituais básicas e os debates importantes têm raízes bem mais anti gas Discussões recentes sobre até que ponto a agressão está biologicamente enraizada na na tureza humana fazem reviver temas do Leviatã de Thomas Hobbes e da filosofia liberal de JeanJacques Rousseau Freud 1920 por exemplo restaura muitas das idéias originais de Hobbes sobre a brutalidade inerente do homem para com seus companheiros em uma moldura psicanalítica fornecendo um modelo posterior mente emulado em um campo bastante distinto o da etologia por Konrad Lorenz 1966 e os neodarwinistas Essas abordagens concentrandose em pressuposições bastante simplistas sobre meca nismos instintivos ao mesmo tempo em que são extensamente revistas em obras didáticas mais importantes estão amplamente excluídas das tentativas correntes de exlicar a agressão O aspecto da obra de Freud que se concentra na agressão é encarado com a vantagem do exame em retrospectiva como uma tentativa um tanto apressada de preencher lacunas evidentes em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar agressão 5 sua abordagem teórica que se apoiava exces sivamente no princípio do prazer para explicar os processos psicológicos e o comportamento humano A catástrofe sangrenta da Primeira Guerra Mundial exigia um modelo bastante diferente e assim surgiu thanatos ou o instinto de morte Como resultado de um pouco de especulação viemos a supor que esse instinto está em ação dentro de cada criatura viva lutan do para levála à ruína e para reduzir a vida à sua condição original de matéria inanimada Uma dificuldade particular com essas anti gas teorias do instinto era a idéia central de espontaneidade A agressão não apenas seria geneticamente préprogramada e portanto inerradicável como também assumiria a forma de um impulso que devia ser consumado cana lizado ou deslocado Expressões de agressão quer na forma de VIOLÊNCIA interpessoal ou em alguma forma menos direta eram portanto ine vitáveis O que se enfatizava era a necessidade de direcionar essa força hidráulica em vez dos meios de reduzila Esportes vigorosos e com petição física eram encarados como ingredien tes essenciais no controle da agressão máscula natural fornecendo boa parte das bases racio nais do sistema de ensino público britânico Embora essas perspectivas tal como aspec tos de muitas das primeiras teorias psicológicas tenham sido incorporadas a representações so ciais leigas da agressão e da violência as modernas explicações da agressão nas ciências sociais evitam praticamente todas as noções de fatores genéticos e substratos biológicos A am pla maioria dos trabalhos publicados a partir dos anos 50 dá ênfase ao papel do aprendizado das condições sociais e da privação O que se presume essencialmente é que a agressão seja uma forma de comportamento em vez de uma força psicológica primária e que como qual quer outro comportamento pode ser modifi cada controlada e até mesmo erradicada Isso também fica patente na obra com base em trabalhos de laboratório de psicólogos como Bandura 1973 e nas abordagens sociológicas de autores tão variados quanto Wolfgang e Wei ner 1982 e Downes e Rock 1979 Encon tramos semelhante ênfase na compreensão li beral da agressão na antropologia social do pósguerra com um grande esforço sendo de dicado à descoberta de sociedades totalmente pacíficas em que a agressão não existe ou não existiu desse modo desmascarando com fir meza a falsa presunção de um determinante genético Essas tentativas foram de modo ge ral inconvincentes De fato conforme destacou Fox 1968 as visões ingênuas dos bosquí manos do Kalahari como um povo livre de agressão erraram o alvo uma vez que foi pro vado que eles tinham uma taxa de homicídios mais elevada que a de Chicago Até certo ponto a rejeição das teorias bioló gicas da agressão devese não apenas à manifes ta inadequação dessa teorias mas também à gradual introdução do conceito de politica mente correto nos debates acadêmicos e nas ciências sociais Não se pode dizer que as pes soas são naturalmente agressivas porque isso significaria assumir que a violência e a des truição jamais poderiam ser erradicadas Isso ao contrário do que acontecia nas primeiras décadas do século não se enquadra absoluta mente no Zeitgeist intelectual contemporâneo Essa nova polarização e o acalorado debate naturezaeducação que ocupou a maior parte do século provavelmente depreciou mais do que qualquer outra coisa uma compreensão sen sata da agressão Marsh 1978 1982 susten tou que a discussão sobre se a agressão tem uma raiz biológica ou é aprendida é eminentemente irrelevante uma vez que a ela é indubitavel mente ambas as coisas e b os prognósticos de modificação de comportamento não são muito diferentes em ambos os casos Podese fazer aqui uma analogia com o comportamento se xual Seria tolice supor que a sexualidade hu mana não tem bases genéticas biológicas e hormonais Mas o comportamento sexual é em grande parte controlado por meio de quadros de regras culturais e sociais As pessoas no geral não consumam seus impulsos sexuais de forma aleatória e espontânea são obrigadas a seguir convenções sociais e a observar exigên cias rituais Todas as culturas desenvolvem so luções que maximizam as vantagens da sexua lidade e inibem suas conseqüências potencial mente negativas Tornouse cada vez mais fora de moda nas ciências sociais sugerir que a agressão tenha qualquer valor positivo De fato muitas defini ções correntes da agressão excluem tal pos sibilidade Em psicologia a definição predomi nante é a de comportamento intencional des tinado a ferir outra pessoa que está motivada a evitálo Em outros campos das ciências so ciais a agressão é com maior freqüência enca Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 6 agressão rada como um comportamento inadaptado ou como uma reação infeliz a condições sociais patológicas ver também CRIME E TRANSGRES SÃO Somente em campos como a sociologia marxista podemos encontrar o ponto de vista de que a agressão é uma forma de conduta racional e justificada No discurso ordinário no entanto fica claro que a agressão é encarada como tendo cono tações tanto positivas quanto pejorativas No mundo dos esportes é comum elogiarmos o atleta por fazer uma corrida agressiva ou ter mos em grande estima o zagueiro valente e agressivo Nessas arenas a agressão não é ape nas permissível Ela é um ingrediente essencial para a distinção Da mesma forma no mundo dos negócios a agressão é a marca do empreen dedor altamente considerado sem o qual tanto a GrãBretanha pósThatcher quanto o Estilo Americano do século XX poderiam definhar e morrer Não surpreende que autores como Bandura 1973 tenham classificado o campo da agres são como uma selva semântica Com muitas centenas de definições da agressão permeando as ciências sociais é inevitável que reine a confusão e que discussões desnecessárias do minem o debate As abordagens mais promis soras são as que deixaram para trás o debate naturezaeducação e se concentraram na com preensão de formas específicas de comporta mento agressivo e nos fatores que o influen ciam A análise dos quadros sociais que es timulam ou inibem exibições de agressão tam bém se mostrou fértil na explicação de fenô menos sociais como o vandalismo das torcidas de futebol Marsh 1978 a violência feminina Campbell 1982 a violência política extre mista Billig 1978 etc Trabalhos voltados para o papel de mecanismos fisiológicos es pecíficos como Brain 1986 também têm con tribuído para um debate mais racional em que existem bem menos obstáculos para se exami nar a interação complexa entre fatores biológi cos e sociais Quer encaremos a agressão como uma patologia evitável ou como um compo nente inevitável da condição humana nossa compreensão dos fenômenos só irá aumentar se o foco se concentrar em tentar saber por que certos indivíduos em certos contextos sociais demonstram extrema antipatia uns para com os outros a fim de atingirem metas específicas quer essas metas sejam causar dano a outrem ou desenvolver prestígio e status social Leitura sugerida Berkowitz L 1962 Aggression a Social Psychological Analysis Fromm Erich 1973 The Anatomy of Human Destructiveness Geen RG e Donnerstein EI orgs 1983 Aggression Theoretical and Empirical Reviews vol2 Issues in Research Sian G 1985 Accounting for Aggression PETER MARSH alienação Nos textos de Marx é o processo histórico por meio do qual os seres humanos vieram sucessivamente a se afastar da Natureza e dos produtos de sua atividade bens e capital instituições sociais e cultura que a partir de então se impõem às gerações posteriores como uma força independente coisificada ou seja como uma realidade alienada Marx concen trouse particularmente nos efeitos deletérios do trabalho alienado na produção industrial capitalista ver TRABALHO PROCESSO DE Em segundo lugar o termo referese a uma sensa ção de estranhamento da sociedade grupo cul tura ou do eu individual que as pessoas comu mente experimentam quando vivem em socie dades industriais complexas em particular nas grandes cidades A alienação evoca experiên cias como a despersonalização diante da buro cracia sensações de impotência para influir nos eventos e processos sociais e um senso de falta de coesão nas vidas pessoais O fato de a alie nação nesse sentido geral constituir um proble ma recorrente nas sociedades contemporâneas como a nossa própria é tema proeminente na sociologia da moderna experiência urbana ver SOCIEDADE DE MASSA URBANISMO ANOMIA Na Europa do entreguerras a dilemática situação da humanidade nas modernas socie dades seculares foi amplamente discutida por filósofos existencialistas psicanalistas teólo gos e marxistas como sendo o problema da alienação O debate foi ainda mais estimulado pela publicação em 1932 da análise de Marx sobre a alienação em seus Manuscritos de Paris econômicos e filosóficos 1844 A pala vra está geralmente ligada a REIFICAÇÃO que não foi usada por Marx mas pelo autor marxista György Lukács em seu influente História e consciência de classe 1923 que antecipava o tema da coisificação humana discutida nos Manuscritos Para Lukács a reificação é o pon to extremo de alienação dos seres humanos de seus produtos que surge do fetichismo da mer Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar alienação 7 cadoria ver MERCADORIA FETICHISMO DA nas sociedades capitalistas desenvolvidas Na GrãBretanha o conceito de alienação tornouse através do marxismo corrente na sociologia e em campos adjacentes nos anos 60 e 70 Posteriormente se difundiu uma contro vérsia a respeito do significado dos primeiros textos de Marx sobre esse tema para a nossa compreensão de sua obra como um todo Al guns marxistas como Louis Althusser 1965 afirmaram que Marx abandonou o conceito hu manista de alienação de seus primeiros textos em favor de uma análise científica dos modos de produção enquanto outros como István Mészáros 1970 e David McLellan 1980 sustentavam que o conceito era integral a todas as suas obras tanto as primeiras quanto as tardias Em Marx o processo histórico de alienação transformou cada vez mais os seres humanos de sujeitos criativos em objetos passivos de pro cessos sociais Hegel já havia descrito dentro de uma moldura metafísica semelhante proces so mas Marx insistia em que o fim da alienação devia ser alcançado na prática por pessoas reais e não apenas de modo aparente no reino da consciência ou da autopercepção tal como em Hegel ver PRAXIS O humanismo secular de Marx apoiavase fortemente na teoria mate rialista da religião de Ludwig Feuerbach na qual este alegava que os seres humanos haviam projetado sua própria essência e suas potencia lidades em Deus que em seguida os confronta em uma forma alienada Nos Manuscritos Marx sustentava que a alienação religiosa é apenas um aspecto da propensão dos seres hu manos a se alienarem em seus próprios pro dutos todos eles explicáveis como aspectos da alienação econômica Essa análise fundiuse em seguida com a política do comunismo em cuja sociedade fu tura Marx projetou o retorno completo do próprio homem como um ser social isto é humano um retorno tornado consciente e alcançado dentro de toda a riqueza do desenvol vimento anterior Marx 1844 A história é assim a simultânea perda dos seres humanos em seus próprios produtos e sua posterior re cuperação de si próprios Um processo real que Hegel havia simplesmente percebido de manei ra mistificada Na teoria de Marx sobre a his tória as forças de produção em desenvolvimen to conteúdo superam progressivamente suas relações formas numa série de modos his tóricos de produção como realização desse pro cesso Com a formação social do capitalismo a préhistória da sociedade humana congruen temente se encerra Marx 1859 A teoria socialcientífica de Marx sobre a gênese his tórica da alienação e sua superação prática via se então sob o peso da mesma teleologia que pesava sobre a teoria metafísica que ela tentava suplantar Em comum com Feuerbach e com ecos de JeanJacques Rousseau Marx assume que a essência ou gênero de ser da humanidade é ao contrário do que acontece com os ani mais inerentemente sociável e cooperativa E além disso sustenta que o trabalho também deveria ter um caráter comunal como a vida produtiva e criativa da espécie como um todo em sua necessária apropriação da Natureza O trabalho não apenas cria riqueza mas é também sua própria recompensa e o meio pelo qual a humanidade se ergueu acima do mundo animal e criou a história humana Para Marx portanto a organização da produção de bens em grande escala e o contrato de trabalho assalariado in dividualista das primeiras fábricas capitalistas de sua época constituíam uma paródia grotesca do caráter do gênero humano que o trabalho deveria ter se fosse organizado de modo real mente congruente com a assumida natureza do homem A alienação é assim um conceito crí tico usado como um instrumento de men suração para aferir os custos humanos da civi lização capitalista O trabalho alienado alienava os operários de 1 seu produto que não lhes pertencia 2 do próprio trabalho pois que passava a ser apenas um meio de sobrevivência algo que lhes era forçado a fim de poderem viver 3 de si pró prios pois que sua atividade não era deles mes mos resultando em sentimentos de autoin compatibilidade 4 das outras pessoas da fá brica pois que cada uma estava lá vendendo isoladamente sua força de trabalho como uma mercadoria Para Marx o egoísmo humano era produto do trabalho alienado tal como também o era a propriedade privada que não se fun damentava numa relação coletiva dos seres hu manos com a natureza Daí nenhum dos dois representava características duradouras dos se res humanos e de suas vidas em comum sendo produtos apenas de sociedades de classe na fase capitalista A abolição do trabalho alienado sig Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 8 alienação nificaria que o trabalho iria adquirir seu autên tico caráter humano Duas ordens de problemas têm dominado as discussões sobre alienação Em primeiro lugar o status do modelo de seres humanos no cerne da teoria Na terminologia contemporânea a análise de Marx é um exemplo de antropologia filosófica pois ele postula a priori uma ima gem atemporal da NATUREZA HUMANA Seu mo delo de Homo laborans isola o trabalho da experiência da atividade fabril dominante de sua época e o coloca como a característica humana definidora universal Em torno dessa idéia colocamse então inúmeras outras pres suposições a respeito da sociabilidade liber dade e controle humanos da autorealização e do trabalho coletivo como sua própria recom pensa Como todos os modelos do seu tipo este está aberto à acusação de arbitrariedade Em segundo lugar não cessou a contro vérsia sobre a viabilidade da desalienação Os existencialistas apontaram que se a alienação podia ser exacerbada sob a produção capitalista ela era basicamente sintomática de algo perene na condição socialnatural humana Marx pen sou que a alienação econômica era a base de todos os outros aspectos de forma que a supres são da propriedade privada marcaria o fim da expropriação pelos capitalistas e daí o fim de todas as alienações Mas como diz Axelos Marx não foi capaz de reconhecer a vontade de poder 1976 p305 e por isso não previu o surgimento de novas formas de expropriação a exploração das pessoas umas pelas outras e daí mais alienação A existência de poderosos sistemas comunistas nas sociedades socialistas da Europa Oriental e da exUnião Soviética onde a propriedade privada foi efetivamente abolida parecia corroborar isso E também eli minar a alienação na ponta da produção através da autogestão operária como na exIugoslávia deixa intocadas as esferas da distribuição e da troca como novas fontes de alienação A questão de até que ponto a alienação pode ser em última análise eliminada depende da viabilidade de se abolir a DIVISÃO DO TRABALHO numa sociedade complexa Em A Ideologia alemã Marx prevê sua abolição utópica sob o comunismo que também elimina a distinção entre trabalho físico e mental Dessa forma surgiria o ser humano universal capaz de caçar de manhã pescar de tarde cuidar do gado antes do anoitecer e fazer crítica após o jantar sem jamais se tornar caçador pescador pastor ou crítico Marx e Engels 184546 Mais tarde nos Grundrisse e no Capital de forma mais cautelosa Marx afirma que em qualquer socie dade mesmo numa sociedade socialista a na tureza como reino da necessidade não pode ser eliminada nem tampouco a superintendên cia a coordenação e a regulamentação do traba lho Em suma há que existir algum tipo de divisão do trabalho e portanto de alienação Para Émile Durkheim 18581917 em Da divisão do trabalho social e outros textos os aspectos negativos alienantes da divisão do trabalho são compensados em certo grau pelas crescentes oportunidades de autorealização in dividual que sua extensão torna possíveis Ele defendeu o desenvolvimento de associações ocupacionais para promover a solidariedade e uma nova moralidade que reconhecesse a cres cente interdependência das pessoas também presente nesse processo Robert Blauner 1964 dividiu o conceito de alienação em quatro di mensões possíveis de serem testadas impo tência falta de sentido isolamento e autoin compatibilidade no local de trabalho Em um estudo de vários estabelecimentos industriais nos Estados Unidos ele descobriu que alie nação e liberdade eram distribuídas desigual mente no moderno processo produtivo A alienação atingiu seu máximo na produção em massa e seu mínimo na produção artesa nal Alguns têm argumentado que a esse tipo de abordagem empírica falta a intenção críti cofilosófica do conceito de Marx enquanto outros têm dito que esse é o único meio de dar algum tipo de precisão a um conceito que é quase metafísico e inerentemente indetermi nado O interesse por esse conceito tal como utilizado por Marx tem decaído nos últimos anos Leitura sugerida Althusser Louis 1965 1969 Pour Marx Axelos K 1976 Alienation Praxis and Techne in the Thought of Karl Marx Blauner Robert 1964 Alienation and Freedom Durkheim Émile 1893 1984 The Division of Labour in Society Elster John 1985 Making Sense of Marx Ο Karl Marx an Introduc tion Gianotti José Artur Origens da dialética do trabalho Lukács György 1923 1971 History and Class Consciousness McLellan David 1980 The Thought of Karl Marx 2ªed Mészáros István 1970 Marxs Theory of Alienation RICHARD KILMINSTER Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar alienação 9 ambientalismo Em seu sentido mais amplo ambientalismo pode ser definido como qual quer perspectiva que enfatize ou valorize o papel das condições e forças externas em opo sição a processos e estruturas internos no cres cimento no desenvolvimento nas capacidades e nas atividades dos seres especialmente dos seres humanos As teorias biológicas da evolu ção por exemplo podem ser divididas entre as que representam o surgimento histórico de no vas espécies como um desdobrar de potenciais já presentes nas formas mais primitivas de vida em oposição às que como a de Darwin expli cam a formação de novas espécies como um efeito de condições externas de vida sobre po pulações de organismos A história da embrio logia marcouse por uma oposição relacionada entre as teorias préformacionistas e epigenéti cas A preocupação pósdarwiniana com o me canismo de herança biológica levou nas déca das em torno da virada do século atual a um intenso debate entre os defensores da nature za e os da educação na formação dos atribu tos individuais humanos Os pontos de vista hereditários defendidos por Francis Galton e Karl Pearson na GrãBretanha e por CB Da venport nos Estados Unidos foram fortalecidos pelo surgimento da moderna teoria genética da herança e rapidamente transformados em mo vimento popular em favor de programas eugê nicos de melhoria da raça Desigualdades econômicas e sociais que causavam muita con trovérsia eram explicadas e implicitamente jus tificadas em termos da inferioridade biológica das classes baixas das mulheres e das raças nãoeuropéias enquanto os talentos e o gênio das elites dominantes eram de modo idêntico atribuídos à superioridade hereditária Medidas para aumentar as taxas de reprodução da melhor cepa humana e reduzir as da inferior junto com um apoio aberto ao genocídio foram defen didas por muitos desses hereditaristas do início do século XX Manifestos ambientalistas mais ou menos simultâneos surgiram na antropologia na psi cologia e na filosofia na forma da antropologia cultural de Franz Boas GH Mead RH Lowie e AL Kroeber do behaviorismo de WB Wat son e da filosofia pragmática de John Dewey A filosofia de Dewey dá continuidade em sua ênfase na maleabilidade humana à ampla tra dição ocidental oriunda do Iluminismo Watson e os behavioristas concentraram suas baterias contra o conceito de instintos afirmando vi gorosamente o papel do aprendizado e do am biente no desenvolvimento individual enquan to os antropólogos culturais escolhiam proces sos especificamente sócioculturais como o fo co de interesse ambiental pertinente na forma ção de crenças valores e personalidade Apesar de essas controvérsias terem persis tido durante todo o decorrer de nosso século a palavra ambientalismo adquiriu conotações mais específicas a partir da Segunda Guerra Mundial Nesse sentido ambientalismo co bre todo um âmbito de movimentos sociais e políticos e de perspectivas de valor que parti lham da preocupação em proteger ou melhorar a qualidade dos contextos rural urbano domés tico ou de trabalho da moderna vida social A moderna angústia com a deterioração do meio ambiente pode ser relacionada aos processos históricos de industrialização e urbanização e em particular a sucessivas ondas de repug nância cultural romântica pelos seus efeitos Afirmase com freqüência que o fluxo e refluxo do apoio popular aos movimentos ambientalis tas está estreitamente ligado a padrões de ex pansão econômica Com níveis relativamente elevados de riqueza material a atenção voltase para questões tais como a preservação dos ambientes selvagens o apelo estético do campo e a sordidez física do meio ambiente urbano que refletem nosso interesse pela qualidade de vida Essa hierarquia de prioridades políticas segundo a qual a riqueza material a segurança racional e assim por diante devem ser garanti das antes que questões nãoprioritárias de po lítica ambiental possam entrar na agenda pú blica está ela própria ligada de modo estreito a uma visão bastante disseminada das necessi dades humanas como algo que também segue uma ordem hierárquica Somente quando as necessidades físicas e em seguida as emocio nais ou de relacionamento são satisfeitas é que se busca a autorealização através da estética e da experiência espiritual A valorização estética e espiritual da natu reza e a preferência por uma vida rural arcadia na em harmonia com o campo informou boa parte do ambientalismo do século XX Pelo menos até os anos 60 isso determinou um abismo profundo entre os conservacionistas ambientais por um lado e um amplo espectro de opinião favorável ao progresso que advo gava o avanço tecnológico o crescimento e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 10 ambientalismo desenvolvimento econômico e uma abordagem científicoracional da política por outro O am bientalismo era encarado por muitos como uma tentativa de proteger tanto um estilo de vida privilegiado quanto um conjunto de valores culturais elitistas Mas contra esse ponto de vista unilateral foi necessário estabelecer a con tribuição de um ambientalismo progressista o qual desde o século XIX denunciava a degrada ção ambiental das áreas residenciais da classe operária destacava as ligações entre poluição am biental pobreza e falta de saúde e pugnava por abordagens ambientalmente informadas para a arquitetura e o planejamento urbano A partir dos anos 60 os termos do debate sobre o meio ambiente têm sido radicalmente transformados por dois desdobramentos princi pais a integração da ECOLOGIA científica ao pensamento social e político e o reconheci mento do impacto global da atividade econômi ca e social humana como ameaça à sobrevivên cia Vários textos altamente influentes do início dos anos 70 fizeram com que essas questões ocupassem um lugar proeminente na agenda do debate público Tentouse mostrar que as taxas atualmente predominantes de esgotamento de recursos o impacto da poluição e o crescimento da população eram insustentáveis a longo pra zo dada a finitude da capacidade de sustento global A saturação econômica e populacio nal em todo o mundo e a conseqüente catástrofe seriam mais cedo ou mais tarde inevitáveis a não ser que fossem urgentemente implementa das mudanças radicais Ambientalismo pas sara a significar não apenas a preocupação com a perda das cercas vivas ou da tranqüilidade rural mas um pânico generalizado diante da perspectiva da aniquilação global Apesar da crítica metodológica a respeito dessa onda de tratados ambientalistas e de uma certa reafirmação de uma fé otimista em re médios tecnológicos para os efeitos colaterais do contínuo crescimento econômico global so bre o meio ambiente as questões ambientais não andam longe das manchetes desde o início dos anos 70 e os protestos ambientais e os grupos de pressão continuaram a crescer em tamanho influência e diversidade por todo o mundo Como força social organizada o ambienta lismo assumiu três formas principais a de ten dências ou grupos de pressão pugnando por reformas ambientais dentro de um ou outro dos partidos políticos dominantes a de partidos políticos por sua própria conta dando um papel fundamental à regulamentação e preservação ambiental através de todo o âmbito das questões políticas e como grupos de pressão nãoali nhados politicamente Estes últimos são muito diversificados alguns concentrandose em ações que chamam muito a atenção para des pertar consciências e mobilizar oposição aos abusos ambientais alguns buscando posições privilegiadas como conselheiros abalizados e especialistas em processos de planejamento oficial outros tentando impor uma perspectiva ambientalista a todo o espectro da atividade política como a agricultura a alimentação a saúde a energia o transporte e o desenvolvi mento industrial e alguns concentrandose em questões isoladas tais como os problemas de acesso ao campo a preservação da vida selva gem ou a saúde ambiental Essa continuada presença do ambientalismo na agenda política vem sendo sustentada por três condições principais Primeiro uma série de desastres ambientais específicos extrema mente conspícuos nas usinas de Bhopal e Seveso nos reatores nucleares de 3Mile Island e Chernobil bem como no vazamento do petro leiro Valdez da Exxon ao lado de uma crescente compreensão ambientalista de desas tres naturais tais como fome e inundações ligadas à desertificação e ao desmatamento Segundo o efeito sobre a qualidade de vida sentido por setores influentes cultos e arti culados da população nas sociedades ociden tais do impacto de um desenvolvimento indus trial rápido e desregulado industrialização e urbanização do idílio rural adulteração con taminação e envenenamento químico dos ali mentos barulho poluição e congestionamento pelo uso generalizado do carro particular e assim por diante A distribuição espacial e social desses custos é tal que eles não podem ser facilmente evitados com subterfúgios pelos ricos ou influentes tal como podia acontecer com subprodutos de fases anteriores do desen volvimento econômico Terceiro indícios cada vez mais divulgados de impactos ambientais globais da atividade humana presente ou pre visível o inverno nuclear o buraco de ozônio o aquecimento global e a chuva ácida Essas condições em geral não são percebidas por experiência direta mas são cada vez mais inteligíveis para públicos cultos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar ambientalismo 11 Podese estabelecer um elo entre todas essas formas de ambientalismo no seu reconheci mento comum da dependência dos seres huma nos para sua realização pessoal seu desenvol vimento físico moral intelectual e estético bem como sua mera sobrevivência de uma rede complexa de condições e processos sociais econômicos e biofísicos interrelacionados Os ambientalistas no sentido mais específico e recente do termo vêmse concentrando na ne cessidade de conscientemente regulamentar a atividade humana tendo em vista a sustentação de suas condições de existência com ênfase nas condições biofísicas Dependendo das outras perspectivas morais e políticas às quais o am bientalismo se associa a percepção dessa ne cessidade pode estar relacionada tanto a uma análise de condições para a mera sobrevivência quanto ao objetivo de se levar uma vida reali zada emancipada e de convívio comunitário ou a um engajamento ecológico profundo com o bemestar da biosfera como um valor em si mesmo Ver também MOVIMENTO ECOLÓGICO Leitura sugerida Carson R 1972 Silent Spring Cotgrove S 1982 Catastrophe or Cornucopia the Environment Politics and the Future Harrison RP 1992 Forests The Shadow of Civilization Meadows DH et al 1972 Limits to Growth Nash R Wil derness and the American Mind Ο The Rights of Nature ORiordan T 1981 Environmentalism 2ªed Pas smore J 1974 Mans Responsability for Nature Pep per D 1986 The Roots of Modern Environmentalism Rose S Kumin LJ e Lewontin RC 1984 Not in Our Genes Stocking GW 1968 Race Culture and Evolution TED BENTON amostra social Na primeira metade do sécu lo XX essa expressão referiase a um levanta mento de dados sociais em grande escala por vários meios geralmente a respeito de uma comunidade isolada tratada como uma uni dade Estava especialmente ligada a estudos sobre os pobres e ao desejo de melhorar as condições sociais Hoje em dia a expressão passou a significar a coletânea de dados padro nizados sobre um número relativamente amplo de casos através de perguntas seja em entrevis tas diretas ou por meio de um questionário que o entrevistado preenche Em geral não incide mais sobre uma comunidade e o método não está mais associado a qualquer tópico particu lar Se por um lado essa mudança não ocorreu em um ponto único do tempo a Segunda Guerra Mundial pode ser tratada em termos práticos como a linha divisória De início a amostra social era parte integran te de movimentos angloamericanos por refor mas sociais Nos Estados Unidos era parte do movimento progressista e do evangelho social enquanto na GrãBretanha alimentava a discus são sobre o estado da questão inglesa As contribuições britânicas mais importantes fo ram feitas pelos grandes estudos sobre a po breza o maciço Life and Labour of the People of London 189297 de Charles Booth e os estudos de York 1901 1941 de BS Rown tree AL Bowley especialista em estatística social também realizou um trabalho impor tante na aplicação da teoria da amostragem às pesquisas e demonstrando que informações so bre um número menor de pessoas se fossem escolhidas sistematicamente de acordo com um método apropriado poderiam dar uma boa es timativa dos números para toda uma população Bowley e BennetHurst 1915 Nos Estados Unidos desenvolveuse um movimento de amostra social no qual o modelo prescrevia que as comunidades estudassem a si próprias a fim de elaborar um plano de melhorias muni cipais coletivas ver Elmer 1917 Nos anos 30 esse movimento perde a importância apesar de sociólogos rurais das universidades subvencio nadas pelo governo federal de acordo com a Lei Morrill e do Ministério da Agricultura da quele país ainda continuarem a levar a efeito estudos semelhantes em áreas rurais Àquela altura porém esse já se havia torna do um dos elementos em desenvolvimento que acabariam por se combinar para produzir a amostra moderna Entre esses elementos in cluíamse pesquisas políticas pesquisas de mercado o censo e outros levantamentos de dados pelo governo Converse 1987 Come çaram a surgir os institutos de pesquisas por amostragem dispostos a executar essas pes quisas para quem quer que pudesse pagálas Como quer que se chamasse a amostra estava assim se profissionalizando Durante a Segunda Guerra Mundial os governos britânico e norte americano acharam oportuno coletar dados de amostra sobre suas populações civis a respeito de tópicos como a reação ao racionamento Nos Estados Unidos houve também estudos em grande escala das forças armadas e alguns re sultados desses estudos foram mais tarde publi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 12 amostra social cados nos famosos volumes de The American Soldier Stouffer et al 194950 Como resultado de toda essa atividade obti veramse significativos avanços técnicos mui tos deles ligados ao programa de desenvolvi mento e codificação de métodos de Paul La zarsfeld A expansão das ciências sociais no pósguerra significou que a amostra podia tor narse como de fato se tornou institucionali zada nas universidades onde é usada na maioria das disciplinas ligadas às ciências sociais assim como a governo e comércioO estereótipo da amostra social moderna baseiase numa amos tragem grande e representativa de indivíduos e coleta seus dados através de questionário com umas poucas perguntas em aberto que os entrevistados respondem com suas próprias pa lavras e outras mais restritas com um elenco fixo de alternativas entre as quais escolher O questionário é completado por um entrevis tador que terá recebido algum treinamento na técnica das entrevistas As respostas serão quantificadas com as que foram dadas às per guntas em aberto sendo codificadas clas sificadas em categorias para tornar isso pos sível e analisadas em computador Na prática existem muitas variações desse estereótipo Uma população inteira pode ser estudada e freqüentemente as amostras não se destinam a ser representativas de áreas As unidades podem ser organizações ou famílias em vez de in divíduos O questionário pode ter tantas per guntas em aberto a ponto de fazer com que resulte em uma entrevista intensa e não es truturada O questionário pode ser preenchido inteiramente pelo entrevistado com ou sem ajuda e a entrevista por telefone está se tornan do mais comum Não existe é claro resposta certa para a pergunta a respeito de onde a amostra termina e outros tipos de pesquisa começam C Marsh 1982 p6 redefiniu amostra como qualquer investigação social em que se tomam medidas sistemáticas num conjunto de casos e se analisa a covariação através dos casos em busca de padrões A função dessa redefinição é dirigir a atenção para a estrutura dos dados e o modo pelo qual estes podem ser analisados e afastála dos meios pelos quais foram coletados que são encarados como menos importantes Isso es timula a eficácia do pensamento mas é pouco convencional O método tem sido muito criticado Uma crítica fundamental é que a maioria das amos tras fornece relatórios sobre o comportamento em vez de uma observação direta desse com portamento No entanto não é provável que esse fato crie problemas sérios para todos os tópicos Devese ter em mente também que um relatório pode ser melhor do que nenhuma informação e que a observação direta especialmente de uma amostragem ampla é em geral impra ticável As amostras também têm sido criticadas como positivistas muitas vezes como parte de um ataque geral de um tipo que entrou em moda no final dos anos 60 a todo e qualquer tipo de quantificação Marsh 1982 cap3 res pondeu a essas críticas Registrese aqui apenas que as amostras diferem tão consideravelmente umas das outras que não é útil tratálas todas como iguais Além disso foram feitos avanços técnicos enormes em aspectos que vão das téc nicas de estatística às nuanças qualitativas do enunciado das perguntas Em geral os críticos do método raramente têm levado em conta esse âmbito ou demonstrado estar familiarizados com os padrões recentes de boa prática da amostra Ver também ESTATÍSTICA SOCIAL Leitura sugerida Converse JM 1987 Survey Re search in the United States Roots and Emergence 18901960 Marsh C 1982 The Survey Method The Contribution of Surveys to Sociological Explanation Moser CA e Kalton G 1971 Survey Methods in Social Investigation Rossi P Wright J e Andersen A orgs 1983 Handbook of Survey Research JENNIFER PLATT analítica filosofia Ver FILOSOFIA FILOSOFIA DA LINGUAGEM anarcosindicalismo Conforme o prefixo sugere tratase da variante anarquista do sin dicalismo o sindicalismo revolucionário A idéia central deste é que as organizações desen volvidas por operários para defender seus in teresses visàvis seus empregadores deveriam tornarse os instrumentos para a derrubada do capitalismo e em seguida constituir as uni dades básicas da sociedade socialista Através de ação direta principalmente na forma de greves culminando na greve geral social os sindicatos assumiriam o controle dos meios de produção e de todas as outras funções sociais necessárias expropriariam os proprietários ca pitalistas e destituiriam todas as instituições Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar anarcosindicalismo 13 burguesas estabelecendo dessa forma o autên tico socialismo da classe operária No movi mento trabalhista francês em que essas idéias tiveram ampla aceitação no período 18951914 os anarquistas em especial Fernand Pelloutier 18671901 foram os pioneiros na sua propa gação Mas na França e em outros países como Itália Rússia Estados Unidos Reino Unido Suécia e Argentina onde o sindicalismo se tornou uma ativa tendência dos movimentos trabalhistas nem todos os sindicalistas aceita ram as idéias anarquistas a abolição do es tado e uma organização radicalmente descen tralizada baseada no princípio federativo Os sindicalistas puros encaravam seu movimen to como suficiente em si mesmo viam o anar quismo como uma das várias ideologias políti cas concorrentes e deixavam em aberto a ques tão sobre se uma sociedade sindicalista deveria ser organizada como uma entidade política Por outro lado os anarquistas adotaram uma das três atitudes seguintes com relação ao sindi calismo Alguns encaravam as concepções sin dicalistas como excessivamente limitadas ou equivocadas e portanto se mantiveram à parte Outros encarando o sindicalismo como essen cialmente um meio de atingir uma sociedade anarquista estimularam a participação no mo vimento embora prevenindo contra a possibi lidade de se identificar o anarquismo com ele Outros ainda os anarcosindicalistas as sumiram o ponto de vista de que o sindicalismo era essencialmente a expressão de um anarquis mo maduro na sociedade capitalista contempo rânea Foi na Espanha com sua forte tradição anarquista que o anarcosindicalismo se tornou uma força significativa na formação da CNT Confederación Nacional de Trabajo organi zação que em 1936 reunia 1 milhão de membros e na qual militantes da FAI Federación Anar quista Ibérica exerciam influência preponde rante Foi na Espanha também na região da Catalunha que anarcosindicalistas durante os primeiros meses da guerra civil de 193639 tentaram com algum sucesso inicial mas de curta duração estabelecer um sistema de controle dos operários sobre a indústria Com exceção da Espanha as tendências sin dicalistas nos movimentos trabalhistas ociden tais foram enfraquecidas pelo fervor nacionalis ta desencadeado com a deflagração da guerra em 1914 Enfraqueceramse de forma ainda mais séria em seguida ao sucesso dos bolchevi ques na Rússia em 1917 o que levou muitos sindicalistas a abandonar sua concepção de re volução centrada nos sindicatos em favor do modelo leninista com sua ênfase no papel de vanguarda dos partidos comunistas Os sin dicatos e grupos com orientação sindicalista que se recusaram a seguir o caminho comunista formaram então em 1922 a Associação Inter nacional dos Trabalhadores na qual a CNT espanhola até 1939 era a maior seção nacional Suas 14 seções nacionais incluindo uma CNT renascida porém fraca e dividida continuam a ser nos anos 90 os veículos para a promoção das idéias anarcosindicalistas mas expres sas agora somente à margem de movimentos trabalhistas que são esmagadoramente refor mistas Ver também ANARQUISMO e SINDICALISMO Leitura sugerida Brenan G 1950 The Spanish La byrinth 2ªed Richards V 1983 Lessons of the Spa nish Revolution 3ªed Rocker R 1989 Anarcho Syndicalism GEOFFREY OSTERGAARD anarquismo O repúdio aos governantes é o cerne do anarquismo Ao desenvolver essa no ção negativa os anarquistas modernos clas sificáveis de modo mais amplo como indivi dualistas ou socialistas rejeitam o Estado afir mam que a ordem social é possível na ausência deste e advogam a passagem direta para a so ciedade sem Estado O primeiro a elaborar uma teoria do anarquismo foi Godwin 1793 mas Proudhon 1840 foi o primeiro a se intitu lar desafiadoramente anarquista Como movi mento social o anarquismo numa forma revo lucionária cristalizouse em oposição ao mar xismo no período da Primeira Internacional 186472 em parte no que diz respeito à ques tão de se os socialistas deveriam buscar a ime diata abolição do estado No século XX com o socialismo tornandose cada vez mais estatis ta o movimento anarquista declinou Mas suas idéias influenciaram outros movimentos e con tribuíram para a crítica das teorias e práticas estatizantes O anarquismo também continuou a ter interesse porque levanta questões fun damentais para a teoria social e política Uma dessas questões diz respeito à autori dade O anarquismo filosófico componente específico da vertente individualista rejeita a idéia de autoridade legítima particularmente o direito que qualquer um tem funcionário do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 14 anarquismo Estado ou não de exigir a obediência de outro A autonomia individual concebida moralmen te como o foi por Godwin e por Wolf 1970 exige que os indivíduos ajam de acordo com seus próprios juízos Concebida de forma egoís ta como por Stirner 1845 essa idéia implica que o ser único que realmente é dono de si mesmo não reconhece nenhum dever para com outros Dentro dos limites de seu poder ele faz o que é certo para ele mesmo Uma vez que o anarquismo filosófico tor na problemáticas a colaboração e a organização formal os anarquistas são com freqüência me nos radicais Apesar de geralmente desconfia dos da autoridade podem reconhecer a autori dade racional de especialistas dentro de seus campos de competência e a autoridade moral de normas sociais básicas tais como contratos devem ser honrados E no sentido em que a política ocorre em todos os grupos organi zados à falta de unanimidade podem reco nhecer até mesmo a autoridade política mas não de estado Assim decisões tomadas de modo participativo por membros de uma co muna ou cooperativa de trabalhadores podem ser consideradas moralmente impositivas Mas eles rejeitam a autoridade apoiada na força co ercitiva institucionalizada de modo pro eminente mas não exclusivo no ESTADO Os anarquistas rejeitam o estado moderno porque dentro de seu território ele divide as pessoas em governantes e governados mono poliza os principais meios de coerção física reivindica soberania sobre todas as pessoas e toda a propriedade promulga leis visando su primir todas as outras leis e costumes pune os que infrigem suas leis e apropriase à força através de impostos e de outras maneiras da quilo que é propriedade de seus subordinados Mais ainda com outros estados divide a socie dade humana contra si mesma em sociedades nacionais e periodicamente trava a guerra auto rizando com isso o assassinato em massa Para os anarquistas nem mesmo um estado demo crático tem legitimidade uma vez que não se baseia em nenhum sentido rigoroso de consen so e o relacionamento governantegovernado é apenas disfarçado Os anarquistas podem admi tir que às vezes o estado exerça funções úteis tais como proteger mas também violar os direitos humanos mas afirmam que essas funções poderiam e deveriam ser executadas por organizações voluntárias Ao rejeitar o estado os anarquistas negam o ponto de vista amplamente aceito e classica mente expresso por Thomas Hobbes 1651 de que na ausência de estado não há sociedade e a vida é solitária medíocre desagradável brutal e curta Os seres humanos acreditam eles são naturalmente sociais e não associais Até os primeiros estados se desenvolverem cerca de 5 mil anos atrás todos os seres humanos viviam em sociedades sem estado Os anarquistas as sumem o ponto de vista de John Locke de que a condição natural da humanidade na qual todos são livres e iguais ninguém tendo o di reito de exigir obediência dos outros constitui de fato uma sociedade Mas não aceitam a justificativa de Locke da aceitação do estado limitado como um artifício para a proteção dos direitos naturais especialmente o direito à propriedade uma visão do estado como sentinela associada a um liberalismo de laissez faire que ressurge na obra libertária de Nozick 1974 Mas apesar disso endossam o ponto de vista de Locke vividamente expresso mais tar de por Paine 17912 parte 2 cap1 e recente mente reafirmado por Hayek 1973 cap2 de que a ordem social existe independentemente do estado uma ordem gerada de forma es pontânea um produto da sociabilidade huma na O que distingue os anarquistas desses libe rais é sua crença de que essa ordem natural não necessita ser suplementada por qualquer tipo de ordem imposta a partir de cima Na linguagem da teoria da escolha racional apesar de a ordem social ser um bem público um bem caracte rizado pela indivisibilidade e pela nãoexclu são as pessoas nas condições previstas pelos anarquistas colaborarão voluntariamente pa ra a provisão desse bem Taylor 1982 Para os anarquistas ao contrário dos liberais clássicos o estado não é um mal necessário mas sim um mal positivo uma grande fonte como na guerra de desordem na sociedade huma na Eles defendem portanto a idéia de socie dade natural uma sociedade autoregulada pluralista na qual poder e autoridade estão radicalmente descentralizados Ao estabelecer uma distinção nítida entre sociedade e estado o anarquismo tanto in dividualista quanto socialista apóiase em fundamentos liberais O anarquismo individua lista pode ser encarado como um liberalismo elevado a uma conclusão extrema ou lógica O indivíduo é a unidade básica sociedade é Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar anarquismo 15 uma palavra coletiva para um agregado de in divíduos a LIBERDADE é definida negativamente como ausência de coerção e o objetivo é maxi mizar a liberdade individual de modos compa tíveis com a igual liberdade de outros Contra a reivindicação de soberania do estado opõem o princípio da soberania do indivíduo Do lado econômico a vertente individualista geral mente insiste na importância da propriedade ou posse privada favorece a produção individual condena todos os monopólios e louva o livre mercado Na crença de que suas propostas ga rantiriam às pessoas os frutos de seu próprio trabalho e não levariam à acumulação de posses através da exploração do trabalho alheio os anarquistas individualistas do século XIX às vezes se consideraram socialistas Mas seus sucessores atuais como Murray Rothbard 1973 tendo abandonado a teoria do valor trabalho descrevemse como anarcocapitalis tas Seu programa implica a privatização com pleta Afirmam que o livre mercado é capaz de fornecer todos os bens e serviços inclusive a proteção de pessoas e da propriedade ora su postamente fornecidos pelo monopólio político chamado estado O anarquismo socialista pode ser visto como uma fusão de liberalismo e socialismo Um valor muito grande é atribuído à liberdade in dividual mas esta é definida não apenas nega tivamente mas também como a capacidade de satisfazer as necessidades Insistindo na igual dade social e econômica como condição neces sária para a liberdade máxima de todos o anar quismo socialista rejeita a propriedade privada capitalista junto com o estado A solidariedade social expressa em ações de auxílio mútuo é enfatizada A sociedade é considerada uma rede de associações voluntárias mas o que é mais importante composta de comunidades locais A individualidade comunal é o ideal O anarquismo socialista foi em grande parte moldado pelas idéias de Proudhon a liberdade é a mãe e não filha da ordem todos os partidos políticos são variedades de despotismo o poder do estado e o do capital são sinônimos o pro letariado portanto não tem como se emancipar através do uso do poder de estado apenas atra vés de ação direta pacífica a sociedade de veria ser organizada na forma de comunidades locais autônomas e de associações de produ tores unidas pelo princípio federativo Não obstante seus sucessores Michael A Bakunin e Peter A Kropotkin na Rússia substituíram o mutualismo de Proudhon primeiro pelo co letivismo e depois pelo comunismo este último implicando o tudo pertence a todos e a distribuição de acordo com as necessidades Também sob a inspiração de Bakunin os anarquistas adotaram a estratégia de estimular insurreições populares no decorrer das quais previase a propriedade capitalista e fundiária seria expropriada e coletivizada e o estado abolido Em seu lugar surgiriam comunas au tônomas porém unidas federativamente uma sociedade socialista organizada de baixo para cima e não ao contrário Para fomentar o es pírito de revolta entre os oprimidos os anar quistas adotaram a tática de propaganda atra vés de ações na forma de primeiro insur reições locais exemplares e depois atos de assassinato e terrorismo Defrontados com a conseqüente repressão a seu movimento outros anarquistas adotaram uma estratégia alternativa associada ao SINDICALISMO A idéia era transfor mar os sindicatos em instrumentos revolucio nários da luta de classes e fazer deles em vez das comunas as unidades básicas de uma nova sociedade Foi através do sindicalismo que os anarquistas exerceram sua maior influência so bre os movimentos socialistas no período 1895 1920 Essa influência durou mais tempo na Espanha onde durante a guerra civil de 1936 9 os anarcosindicalistas com algum sucesso embora de pouca duração tentaram levar a termo sua concepção de revolução Na Espanha como antes na Rússia revo lucionária o anarquismo manteve sua rixa com o marxismo ainda que os anarquistas geral mente aceitassem boa parte da análise eco nômica de Marx enquanto os marxistas con cordavam em que a iminente sociedade co munista sem classes seria desprovida de estado As diferenças diziam respeito em parte aos meios para se chegar a esse fim Os anarquistas opunhamse à idéia marxista de que os ope rários deveriam organizarse em um partido político específico a fim de conseguir conces sões do estado burguês como um prelúdio à sua derrubada E opunhamse à idéia de um estado dos operários a ditadura do proletariado que supostamente se dissolveria à me dida que as relações de propriedade capitalistas fossem sendo abolidas Os anarquistas afirma vam que a primeira idéia levaria à degeneração do movimento dos trabalhadores e à sua co Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 16 anarquismo optação pelo estado burguês e que ainda que isso não acontecesse a segunda idéia levaria a uma ditadura sobre o proletariado e daí a uma nova forma de domínio de classe Mas subja centes a essas diferenças existem outras es pecialmente quanto à natureza do estado Se por um lado os anarquistas concordam em que as classes econômicas dominantes usam o es tado para manter seu domínio por outro lado acham que o estado incorpora um poder político que não pode ser reduzido mesmo em última análise a poder econômico Como o poder político tem raízes independentes o estado é uma organização com sua própria dinâmica e lógica A não ser que sofra resistência essa lógica leva ao domínio completo da sociedade pelo estado o TOTALITARISMO Em agudo contraste com o anarquismo re volucionário em seus métodos mas não em sua visão de uma nova sociedade socialista en contrase o anarquismo que deriva da tradi ção pacifista ver PACIFISMO A lei do amor expressa no Sermão da Montanha levou Leon Tolstoi o romancista russo a denunciar o es tado como violência organizada e a concla mar as pessoas a desobedecerem suas exigên cias imorais Esse apelo influenciou Gandhi no desenvolvimento de sua filosofia de nãovio lência na Índia Ele popularizou a técnica da resistência nãoviolenta de massa e deu origem à idéiachave do anarcopacifismo a revolu ção nãoviolenta descrita como um programa não para a tomada do poder mas para a trans formação dos relacionamentos Para ele a in dependência nacional era apenas o primeiro passo de tal revolução que Vinoba Bhave em campanha por um aldeamento voluntário da terra continuou em um esforço no sentido de concretizar o sonho de Gandhi de uma Índia composta de repúblicasaldeias autosuficien tes e autogovernadas Ostergaard 1982 Em um século que testemunhou por toda parte um vasto aumento do poder do estado sua militarização ainda maior e sua aceitação geral como a organização política normal das so ciedades nacionais o anarquismo esteve nitida mente contra a corrente Mas ainda existe e demonstra uma notável capacidade de sobre viver a movimentos anarquistas específicos Uma geração depois do eclipse do ANARCOSIN DICALISMO as idéias anarquistas ressurgiram às vezes de forma espetacular no contexto dos movimentos da Nova Esquerda dos anos 60 Sua influência ainda pode ser observada hoje em especial nos movimentos pela paz pelo feminismo pela libertação lésbica e gay pela ecologia social radical pela libertação animal e pelo autogerenciamento dos trabalhadores A ação direta a alternativa anarquista clássica à ação política convencional também se tornou popular No outro extremo do espectro político o anarquismo individualista renascido como anarcocapitalismo é uma tendência significa tiva na Nova Direita libertária O anarquismo que sobrevive e fertiliza ou tros movimentos não pede como fez Bakunin a abolição imediata do estado Pede em vez disso anarquia em ação aqui e agora e mu danças que promovam a anarquização e não a estatização da sociedade humana Além disso ele sobrevive como um protesto perma nente contra todos os relacionamentos de poder coercitivos por mais disfarçados que sejam e contra todas as teorias que neguem a percepção fundamental do liberalismo os seres humanos são naturalmente livres e iguais Ver também LIBERTARIANISMO Leitura sugerida Apter DE e Joll J orgs 1971 Anarchism Today Bookchin M 1982 The Ecology of Freedom Guérin D 1970 Anarchism Miller D 1984 Anarchism Pennock JR e Chapman JW orgs 1978 Anarchism Ritter A 1980 Anarchism Ward C 1982 Anarchy in Action Woodcock G 1963 1986 Anarchism 2ªed GEOFFREY OSTERGAARD Annales Esta escola de historiografia se de escola puder ser chamada pode com justiça reivindicar ser a mais destacada contribuição do século XX à historiografia Considerase em geral que suas origens remontam à fundação da Revue de Synthèse Historique por Henri Berr em 1900 Surgiu como resultado de um descon forto com na verdade um protesto contra o impulso ideográfico que veio a dominar a historiografia européia desde a revolução rankeana o apelo a se escrever a história empiricamente como ela de fato aconteceu com base em fontes primárias e que em particular se institucionalizou na França mais especificamente na Sorbonne e na Revue His torique fundada na década de 1870 Bem mais tarde em 1953 Lucien Febvre sugeriria que essa historiografia francesa tal como exempli ficada por figuras como Gabriel Monod e Émile Bourgeois era a história tal como escrita pelos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar Annales 17 derrotados em 1870 Ele afirmava que a ênfase na história diplomática era sustentada por um tipo de subtexto que dizia Ah se a tivéssemos estudado mais atentamente não estaríamos on de estamos hoje Febvre 1953 pVII Não que houvesse objeção à busca de dados empíricos nas chamadas fontes primárias O que se afirmava era a noção de que não havia história que valesse a pena ser escrita se não fosse sintética daí o título da publicação de Berr ou na formulação posterior de Fe bvre se não fosse histoire pensée ou histoire problème em oposição a histoire historisante Henri Berr buscou romper os limites es treitos de uma suposta disciplina abrindo seu periódico a outras disciplinas especialmente as novas ciências sociais Essa tradição foi re novada reenfatizada e aprofundada quando em 1929 Lucien Febvre e Marc Bloch se juntaram para fundar a publicação que deu nome ao grupo Existem duas coisas principais a obser var quanto a essa publicação Antes de tudo o nome Chamavase Annales dhistoire écono mique et sociale uma tradução direta e de liberada do título da revista alemã que en carnava a escola de história institucional de Schmoller a Vierteljahrschrift für Sozial und Wirtschaftsgeschichte Ver também METHO DENSTREIT O título não era apenas um meio de identificação com uma corrente antiidiográfica paralela na Alemanha era também um progra ma Esse título evidenciava que aquela publica ção enfatizaria o econômico e o social implici tamente por serem mais duradouros mais im portantes e mais fundamentais que o político e o diplomático foco normal da maior parte dos textos históricos O segundo aspecto a observar quanto à re vista é sua localização bem como a de seus autores e leitores Ela não ficava em Paris mas em Estrasburgo onde Febvre e Bloch estavam então ensinando Isso simbolizava sua margina lidade institucional que continuou mesmo quando Febvre foi nomeado para o Collège de France e Bloch para a Sorbonne O número de assinantes era pequeno apenas umas poucas centenas Mas os autores e leitores eram inter nacionais desde o princípio da mesma forma que os temas da revista Havia fortes laços particularmente com a Itália e a Espanha Depois da Segunda Guerra Mundial a in fluência do movimento dos Annales cresceu de forma impressionante com uma importante ex pansão institucional Bloch fora assassinado pelos nazistas mas Febvre continuou a liderar o movimento até morrer em 1956 Febvre as sociouse no entanto a um historiador mais jovem Fernand Braudel que viria a simbolizar a chamada segunda geração do movimento Febvre iria derramarse em louvores à grande obra de Braudel publicada em 1949 La Médi terranée et le monde méditerranéen à lépoque de Philippe II Chamoua de a imagem da história exatamente como o movimento vinha pleiteando e disse que ela marcava a alvorada de uma nova era Febvre 1950 p24 Apesar de Braudel ter sido recusado pela Sorbonne foi indicado para o Collège de Fran ce tal como já havia acontecido com Febvre o que na política do sistema universitário fran cês era honroso mas não significava real poder Febvre e Braudel estavam determinados a criar uma base alternativa de poder e com a ajuda de um funcionário público de alto escalão Gaston Berger puderam incrementar uma idéia da dé cada de 1870 a criação de uma VIe Section 6ª Seção de ciências econômicas e sociais da École Pratique des Hautes Études A École era uma instituição peculiar inventada no século XIX para oferecer educação adulta fora do sistema universitário Mas com bastante ra pidez Febvre e Braudel conseguiram transfor mar a VIe Section em um vibrante centro de estudos de pósgraduação e de pesquisa erudita sobre história e ciências sociais A revista tam bém foi revitalizada em 1946 sob novo nome Annales Economies sociétés civilisations Foi Braudel quem desenvolveu mais explí cita e teoricamente a posição do movimento dos Annales na construção social do tempo e das temporalidades Ele dividiu seu livro sobre o Mediterrâneo em três partes correspondentes ao que considerava os três tempos sociais de structure conjoncture e événement Em La Mé diterranée ele fez sua famosa boutade Even tos são poeira Braudel 1949 1973 vol1 p901 Em 1958 publicou o que é provavel mente a peça teórica central do movimento dos Annales A história e as ciências sociais Foi nesse artigo que se fez a exposição do terceiro grande tema que caracterizou o movimento dos Annales Além de síntese e de história eco nômica e social existe a ênfase na longue durée o tempo das estruturas em lenta evolução da vida social Braudel no entanto tem o cui dado de deixar bem claro nesse ensaio que a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 18 Annales longue durée não é o eterno e o universal imu tável Ele chama esse último tempo de muito longue durée e diz a respeito dele Se existe só pode ser o tempo dos sábios Braudel 1958 Repentinamente isto é entre 1945 e 1970 época da segunda geração o movimento dos Annales saiu dos bastidores e ocupou o centro do palco e não apenas na França Em 1975 quando a VIe Section foi rebatizada como École des Hautes Études en Sciences Sociales já era motivo de maior prestígio ser nomeado para lá do que para as agora múltiplas universidades parisienses Annales ESC transformarase em uma das mais importantes publicações eruditas em todo o mundo Parecia que quase todos os eruditos ou pelo menos um número muito gran de deles estavam se proclamando Annalistes Para o movimento dos Annales como para tantas outras correntes de pensamento 1968 foi um momento decisivo Só depois de 1968 é que a influência do movimento dos Annales ul trapassou o que poderia ser chamado de zona cultural francesa ampliada Europa latina Québec Polônia Hungria e Turquia Para uma análise desse fenômeno ver o número especial de Review 1978 que também inclui artigos explicando igualmente por que a GrãBretanha demonstrou certa receptividade precoce O movimento começou a exercer uma influência importante em zonas que se vinham mostrando até então resistentes os Estados Unidos a Alemanha e finalmente a União Soviética Du rante muitos anos a posição oficial soviética foi de condenação ao movimento dos Annales Ha via no entanto muitos annalistes enrustidos na União Soviética Foi somente em 1989 com a glasnost que o Instituto Universal da Academia de Ciências pôde promover um colóquio inter nacional sobre Les Annales hier et au jourdhui Em 1972 Braudel aposentouse tanto como editor de Annales ESC quanto como presidente da VIe Section para ser substituído pela cha mada terceira geração O ano de 1970 marcou o lançamento oficial da última grande cons trução institucional do movimento dos Annales a Maison des Sciences de lHomme da qual Braudel seria administrador até morrer em 1985 A Maison tinha como sua raison dêtre a colaboração intelectual de eruditos franceses com eruditos de todas as partes do mundo para a consecução da mesma esperança de síntese que inspirara Henri Berr em 1900 Os acontecimentos de 1968 abriram novos horizontes intelectuais por toda a parte Em alguns pontos do mundo esses eventos fizeram com que eruditos e estudantes se mostrassem pela primeira vez receptivos à via media dos Annales lutando simultaneamente contra o mé todo idiográfico ver IDIOGRÁFICO MÉTODO na história e a ciência social universalizante Por outro lado foi precisamente nas partes do mun do nas quais a influência de Annales já havia sido forte que a comunidade erudita estava entrando em um estado de espírito pósmarxis ta mostrandose a partir de então um tanto reticente com relação à grande ênfase atribuída à história econômica pela segunda geração A terceira geração mudou claramente a ênfase do econômico para o social chegando a incluir neste último a cultura política Isso traduziuse em uma preocupação renovada com as mentalités uma extraordinária expansão da pesquisa empírica sobre um vasto âmbito de fenômenos sócioculturais e uma importante fusão de interesses com os antropólogos que estavam por sua vez dando nova ênfase à esfera simbólica O movimento dos Annales em sua terceira geração buscou o espírito de inclusividade do estudo de todo e qualquer aspecto da reali dade social o que era parte central do ethos dos Annales desde o princípio A terceira geração usou o social para expandir o econômico da mesma forma que a geração anterior havia usa do o econômico para expandir o político Mas se por um lado está claro que foram mais inclusivos é menos seguro que tenham sido tão holísticos tão sintéticos A terceira geração tentou recuperar a im portância da arena política encarandoa como parte central das mentalités Ao fazêlo tiveram de se aproximar mais de uma consideração de evento ainda que sob o disfarce de ocor rências simbólicas Na medida em que a terceira geração pas sou a ocupar cada vez mais espaço no mundo do conhecimento no duplo sentido de ser mais numerosa e de se preocupar com ques tões mais empíricas inevitavelmente come çou a perder o sentido de movimento A maior parte dos annalistes recusa hoje inteiramente a expressão a escola dos Annales Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar Annales 19 Existirá então um espírito dos annales que tenha permanecido Parece que sim no sentido de que os extremos da narrativa ideográfica e da generalização ahistórica ainda são rejeita dos O que se poderia dizer é que enquanto para a primeira e a segunda gerações a via media era uma passagem muito estreita entre duas alta mente ameaçadoras e muito amplas escolas de Cila e Caribdes para a terceira a via media tornouse uma passagem larga entre duas po sições extremistas grandemente reduzidas É a diferença entre ter a autoimagem de Davi contra Golias e ter a sensação de que aquilo que se faz é não apenas normal e respeitável mas encarado como tal Virá realmente a existir uma quarta gera ção do movimento Annales A questão perma nece em aberto Leitura sugerida Braudel Fernand 1958 1972 Histoire et sciences sociales la longue durée In Annales ESC Review 1978 The annales school and the social sciences Número especial 134 inverno primavera Wallerstein Immanuel 1991 Beyond Annales Radical History Review 49 715 IMMANUEL WALLERSTEIN anomia Esta palavra deriva do grego ano mia que significa sem lei e conota iniqüidade impiedade injustiça e desordem Orru 1987 Ressurgiu em inglês anomie no século XVI e foi usada no século XVII para significar des consideração pela lei divina Reapareceu em francês nos textos de JeanMarie Guyau 1854 1888 que lhe deu conotação positiva Antikan tiano Guyau tinha a esperança de um futuro ideal de anomia moral isto é a ausência de regras absolutas fixas universais e anomia religiosa libertando o julgamento individual de qualquer fé dogmática A carreira sociológica da anomia começou com Émile Durkheim que criticou as idéias de Guyau mas se apropriou da palavra dandolhe mais uma vez conotação negativa primeiro em Da divisão do trabalho social 1893 e depois em O suicídio 1897 Foi posteriormente reco lhida por Robert Merton nos anos 30 depois do que alcançou sua máxima difusão nos anos 50 e 60 entre sociólogos norteamericanos que estudavam o SUICÍDIO a delinqüência e a trans gressão ver CRIME E TRANSGRESSÃO A partir daí anomia passou a significar um traço de personalidade ou conjunto de atitudes cada vez mais indistinguível de ALIENAÇÃO para cuja mensuração foram criadas várias escalas Pos teriormente seu significado foi se tornando ca da vez mais indeterminado conforme o uso se expandia entre os sociólogos ou se estendia aos psicólogos Nesse processo anomia tornou se uma palavra psicologizada e afastada de qualquer teoria mais ampla da sociedade A história de sua transmutação do uso inicial de Durkheim àquele feito por Merton e seus suces sores é interessante Conforme observa Bes nard anomia que para Durkheim caracteriza va uma condição do sistema social foi mais tarde aplicada à situação do agente individual ou até mesmo às suas atitudes a seu estado de espírito Além disso o conceito de Durk heim crítico da sociedade industrial foi trans formado numa noção conservadora designan do desadaptação à ordem social Besnard 1987 p13 Em Da divisão do trabalho social de Durk heim a forma anômica da divisão do trabalho é anormal Isso consistia na ausência de um corpo de regras governando as relações entre as funções sociais podendo ser detectado nas cri ses industriais e comerciais e no conflito entre trabalho e capital Sua causa principal estava na rapidez com que ocorria a INDUSTRIALIZAÇÃO rapidez tal que os interesses em conflito não tiveram tempo de atingir um ponto de equi líbrio À medida que o mercado se amplia e surge a indústria de grande escala o efeito é transformar o relacionamento entre emprega dores e empregados A urbanização provocou um aumento nas necessidades dos trabalha dores Com a mecanização e a substituição de pequenas oficinas pelo trabalho de manufatura o operário é arregimentado e afastado tanto de sua família quanto de seu empregador Final mente o trabalho tornase menos significativo reduzindo o operário ao papel de máquina ignorante quanto a onde as operações dele exigidas estão levando Durkheim 1893 1984 p3056 Em O suicídio a anomia constitui uma das causas sociais do suicídio uma condição do ambiente social em função da qual aumentam as taxas de suicídio É uma situação de desre gulação que deixa as paixões individuais sem um freio para disciplinálas Durkheim distinguiu dois tipos de anomia a econômica e a conjugal A primeira consistia no colapso de um quadro normativo consagrado que estabili zava as expectativas e se manifestava em crises Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 20 anomia econômicas fossem estas explosões de cresci mento repentino ou quedas bruscas Mas tam bém sustentava que essa anomia era crônica nas sociedades contemporâneas no mundo indus trial e comercial resultando do declínio dos controles religioso político e profissional bem como do crescimento do mercado e de ideo logias que promovem a sede de aquisição uma doença de aspiração infinita pregada diaria mente como marco de distinção moral ele vando à condição de regra a falta de regra de que sofrem suas vítimas Durkheim 1897 1963 p258 256 257 A anomia conjugal em sua opinião era também crônica consistin do em um enfraquecimento da regra matrimo nial de um quadro normativo consagrado que freava o desejo e controlava as paixões do qual o divórcio era ao mesmo tempo expressão e poderosa causa contributiva ibid p271 A anomia de Robert Merton não comparti lha nem da visão de Durkheim da natureza humana nem seu projeto de diagnosticar os males sociais e em conseqüência pessoais de um capitalismo em rápido processo de indus trialização Merton concebia a anomia como um colapso na estrutura cultural ocorrendo particularmente onde há uma bifurcação aguda entre as normas e objetivos culturais e as capa cidades socialmente estruturadas dos mem bros do grupo de agir de acordo com essas normas e objetivos 1949 p162 Merton achava que as aspirações a vencer principal mas não inteiramente em termos materiais eram recomendadas a absolutamente todos na sociedade norteamericana contemporânea Uma distorção ou anomia socialmente estru turada resultaria sempre que os meios insti tucionalmente admitidos para vencer não es tivessem disponíveis Havia quatro meios de se adaptar à essa disjunção fora o conformismo tanto com os objetivos quanto com os meios institucionalizados todos eles formas de transgressão Os inovadores por exemplo ladrões profissionais criminosos de colarinho branco os que colam em provas aceitam os objetivos mas rejeitam os meios normativamente prescritos Os ritualistas por exem plo burocratas que seguem servilmente as regras sem consideração pelos fins para os quais elas foram criadas transformam em virtude o ultraconformis mo com as normas institucionalizadas ao preço de um subconformismo com os objetivos culturalmen te recomendados Os desistentes por exemplo va gabundos bêbados crônicos e viciados em drogas recuam da corrida competitiva abandonando tanto os objetivos quanto os meios Os rebeldes por exem plo membros de movimentos revolucionários ne gam obediência a um sistema cultural e social que julgam injusto e buscam reconstituir a sociedade de forma totalmente nova com um novo conjunto de objetivos e de prescrições para atingilos Cohen 1966 p77 Essa ênfase nas normas e objetivos culturais compartilhados e nas possibilidades bloquea das de realizálos de forma legítima estabeleceu uma agenda para a pesquisa da transgressão que durou várias décadas Porém como observou Besnard foi na verdade uma inversão da idéia de Durkheim pois onde Durkheim descreveu indivíduos inseguros quanto ao que deviam fazer à medida que o horizonte de possibilida des se expandia Merton propõe agentes segu ros quanto aos objetivos a serem atingidos mas cujas aspirações são bloqueadas por uma situa ção de fechamento com respeito às possibili dades de sucesso 1987 p262 Leitura sugerida Besnard P 1987 Lanomie ses usages et ses fonctions dans la discipline sociologique depuis Durkheim Durkheim Émile 1897 1969 Le suicide étude de sociologie Merton RK 1949 1968 Social Theory and Social Structure ed rev caps4 e 5 STEVENS LUKES antisemitismo Originalmente populariza da por movimentos políticos na Alemanha nas décadas de 1870 e 1880 que faziam campanha pela revogação da recémalcançada emancipa ção social e política dos judeus essa expressão é rigorosamente falando imprecisa pois não diz respeito a uma oposição aos semitas li mitandose a todas as formas de hostilidade aos judeus Como tal tem uma longa história que remonta à era précristã quando o monoteísmo e o exclusivismo judaicos levavam a suspeitas e desconfianças Com o advento do cristia nismo os judeus tornaramse um problema no sentido de que a continuação de sua exis tência parecia desmentir os conceitos cristãos de uma nova aliança e da rejeição dos judeus por Deus No decorrer da história da Europa à medida que o cristianismo se disseminou os judeus foram segregados convertidos à força ou expulsos No correr do tempo foram sendo cada vez mais restringidos a atividades comer ciais e de empréstimo de dinheiro o que acres centou o medo do usurário às imagens já bem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar antisemitismo 21 firmadas de deicídio e outros crimes contra o cristianismo À medida que o poder do estado cristão foi declinando a hostilidade econômi ca contra os judeus tornouse a preocupação maior e com a ascensão da filosofia idealista alemã foi associada à essência Wesen do judaísmo que se dizia ser inimiga dos interes ses dos estados europeus Do conceito de uma essência à idéia dos judeus como raça foi apenas um passo Enquanto Christian Wilhelm Dohm abria o debate em 1781 sobre a eman cipação dos judeus argumentando que suas características ruins eram resultado da perse guição seus contemporâneos assumiam o pon to de vista de que o contrário seria bem mais provável as características judaicas eram as causas da perseguição que sofriam Nem Dohm nem os filósofos aprovavam a persegui ção aos judeus mas suas conceituações lança ram as bases para um debate sobre e na maior parte contra eles concentrado nas razões da hostilidade aos judeus elevandoo assim à con dição de questão racional Isso levou à identifi cação de diferentes formas de antisemitismo social econômico religioso e racial de acordo com as idéias dos que o exerciam Todas se unem no entanto nos fundamentos básicos do antisemitismo que propõe teorias sobre uma permanente tentativa judaica de domina ção do mundo e sobre a culpa coletiva dos judeus As imoderadas expressões de hostilidade aos judeus que marcaram as primeiras décadas deste século levaram a uma aceitação delibera da ou contida das doutrinas sociais do NACIO NALSOCIALISMO na Alemanha e culminaram no aniquilamento sistemático de 6 milhões de ju deus durante a Segunda Guerra Mundial Esse holocausto foi seguido por uma considerável redução na perseguição aos judeus mas foi ele próprio trazido ao debate a respeito dos judeus pelos que desejam minimizar a extensão desse crime ou pelos que negam que o crime tenha sequer ocorrido A questão mais des tacada do período do pósguerra no entanto foi o surgimento do estado de Israel e com ele do lobby antisionista que insiste numa nítida divisão entre antisemitismo e antisionismo Não obstante a verdadeira divisão no campo antisionista tal como no campo antisemita se dá entre os que se opõem aos judeus e ao estado de Israel per se e os que se opõem a ações e políticas específicas de alguns judeus e alguns políticos israelenses A literatura sobre o anti semitismo é extensa e continua a crescer em paralelo ao desenvolvimento de literaturas substanciais sobre o holocausto e o estado de Israel Um ponto de partida útil poderia ser a bibliografia da Encyclopedia Judaica 1971 coluna 160 Para um levantamento históri co detalhado ver Leon Poliakov 196585 Uma história conceitual é proposta por Jacob Katz 1980 e uma análise política por Paul W Massing 1967 Dois estudos recentes são An tisemitism in the Contemporary World Curtis 1986 e Because they were Jews Weinberg 1986 Ver também JUDAÍSMO NACIONALSOCIA LISMO RAÇA RACISMO Leitura sugerida Arendt H 1958 1966 The Ori gins of Totalitarianism Curtis Michael org 1986 Antisemitism in the Contemporary World Encyclope dia Judaica 1971 Katz Jacob 1980 From Prejudice to Destruction Antisemitism 17001933 Massing Paul W 1967 Rehearsal for Destruction Poliakov Leon 196585 History of Antisemitism 4 vols Wein berg Meyer 1986 Because They Were Jews a History of Antisemitism Wistrich Robert 1991 Antisemitism The Longest Hatred JULIUS CARLEBACH antropologia Considerada de maneira am pla como o estudo científico do homem esta definição ortodoxa destaca inúmeros proble mas que ajudam a ilustrar tanto a diversidade da antropologia hoje quanto seus aspectos uni ficadores O primeiro deses problemas é que se as origens da antropologia como disciplina coe rente encontramse na revolução darwiniana de meados do século XIX e em conseqüência eram parte do interesse geral pela EVOLUÇÃO boa parte do seu desenvolvimento posterior foi uma reação às idéias evolucionistas e em par ticular progressionistas sobre sociedade e comportamento humanos A fragmentação da antropologia em ramos diferenciadamente so ciais e biológicos reflete não apenas diferen tes reações ao desenvolvimento das idéias evo lucionistas mas também uma rejeição por grande parte da antropologia social em particu lar à viabilidade de uma abordagem puramente científica dos problemas inerentes ao estudo dos seres humanos Em segundo lugar o surgi mento de críticas feministas levou a uma pre caução com o uso da palavra homem para designar a espécie humana como um todo se não a uma rejeição total desse termo Apesar de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 22 antropologia ser possível encarar a palavra homem como uma referência abrangente da espécie como um todo isso serve pelo menos para lembrar que a maior parte da reconstrução da evolução e da diversidade dos seres humanos vem sendo his toricamente encarada a partir de uma perspec tiva predominantemente masculina Dada essa fragmentação em elementos so ciais e biológicos para não mencionar ainda outras subdivisões é questionável se ainda resta alguma coerência na palavra antropologia e mais ainda se o crescimento de todo um âmbito de ciências da vida humanas e sociais sem falar em abordagens mais humanistas não teria levado a uma redundância na qual não existe um lugar nítido para a antropologia nem um caráter específico da abordagem antropológica É possível dar uma resposta positiva consi derandose o que é ímpar ou predominante nas investigações antropológicas Mais que qual quer outra parte das ciências humanas ou so ciais a antropologia se caracteriza por uma ênfase nas abordagens comparativas nas va riações mais do que nas normas do comporta mento das sociedades e numa rejeição das so ciedades ou populações ocidentais como mo delo para a humanidade Esse quadro compara tivo é de importância capital Tradicionalmente os antropólogos sociais concentravamse nas sociedades nãoocidentais e apesar de ter havi do um aumento de interesse pela aplicação de métodos e conceitos semelhantes a sociedades que se encontram dentro da esfera européia o que sempre se considerou é que a experiência social humana é mais bem encarada como uma série de variações cada qual com sua própria lógica cultural e em particular que a sociedade ocidental não representa um padrão de compa ração pelo qual essas outras culturas devam ser avaliadas O âmbito de variações culturais for nece esse quadro nitidamente comparativo para os antropólogos sociais Da mesma forma os antropólogos bioló gicos ou antropólogos físicos como eram antes conhecidos utilizam princípios e métodos bio lógicos para fornecer outro quadro compara tivo Este pode ser explicitamente evolucionis ta comparando os seres humanos com outros primatas ou pode ser um exame da extensão e natureza da variação biológica do homem hoje Se seguindo o uso norteamericano da palavra antropologia nela se inclui a arqueologia então o quadro comparativo é fornecido pelo tempo o modo como as sociedades humanas têm variado através da préhistória e da história Na base de todos os ramos da antropologia existe essa preocupação com o mapeamento da cria ção humana biológica comportamental e cultural e com a tentativa de explicar inter pretar e compreender os padrões de maneiras que não façam qualquer pressuposição injus tificada sobre direções de desenvolvimento ou sobre uma singularidade do ser humano O projeto antropológico caracterizase em última análise por essas perspectivas globais Esse quadro comparativo forneceu as bases para o impacto da antropologia sobre o pensa mento do século XX Sociedades primitivas A descoberta pelos europeus da enorme va riação nas sociedades humanas ocorreu basica mente durante o período de 1500 a 1900 e acarretou a necessidade de compreender como e por que essa diversidade ocorreu A adoção de perspectivas evolucionistas apesar de não ne cessariamente darwinianas durante o final do século XIX forneceu a primeira base coerente para tal perspectiva A evolução foi encarada por muitos pensadores que haviam sofrido a influência de Darwin como Herbert Spencer como uma progressiva escalada de mudanças de organismos primitivos até os seres humanos ver DARWINISMO SOCIAL Outras espécies re presentavam casos de desenvolvimento inter rompido em uma scala naturae Num espírito semelhante as sociedades humanas poderiam ser classificadas numa escalada de progresso do primitivo ao avançado A sociedade euro péia ou particularmente a industrial ficava no patamar mais elevado As sociedades primi tivas portanto podiam ser encaradas tanto co mo estágios através dos quais os seres humanos e suas sociedades haviam passado quanto como exemplos da falta de progresso evolutivo As primeiras sínteses antropológicas como as de senvolvidas por EB Tylor e LH Morgan forneceram esse modelo com vários estágios de desenvolvimentos identificados hordas primitivas barbarismo civilização por exem plo ou matriarcado e patriarcado ou através de conceitos econômicos como caçar e lavrar a terra Apesar de esse paradigma evolucionista ter fornecido a base da antropologia moderna a contribuição essencial dos antropólogos às Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar antropologia 23 idéias do século XX originaramse paradoxal mente na rejeição desse ponto de vista Por inúmeros motivos que variam da busca do exótico à necessidade de dar conta de impérios a antropologia preparou o caminho para a ob servação direta e para a interação entre os ob servadores europeus e as sociedades envolvi das Foi esse contato direto e íntimo levando ao desenvolvimento dos métodos de observa ção participante por antropólogos como B Ma linowski A R RadcliffeBrown e EE Evans Pritchard que derrubou a perspectiva evolucio nista e levou a uma rejeição das idéias de pro gresso nas sociedades humanas A experiência com o funcionamento detalhado das sociedades nãoeuropéias mostrou pela primeira vez que elas estavam longe de ser simples e não podiam ser corretamente classificadas em termos evo lucionistas Por exemplo apesar de economica mente simples as sociedades aborígenes aus tralianas possuíam alguns dos sistemas de pa rentesco e cosmologias mais complexos de que se tem conhecimento entre os seres humanos Mais ainda ao substituir os conceitos evolucio nistas por conceitos funcionais ficou claro que as sociedades nãoeuropéias não eram tentati vas primitivas de organização econômica e es trutura social mas funcionavam bem como sis temas integrados em formações sociais e am bientais particulares Por exemplo a sociedade acéfala dos Nuer do sul do Sudão estudada por EvansPritchard longe de ser um sistema pri mitivo e anárquico era uma sociedade orga nizada em camadas múltiplas na qual as ins tituições das linhagens de parentesco dos pa drões de casamento e da criação do gado se encaixavam num ajuste perfeito Embora muitos dogmas do FUNCIONALISMO tenham sido abandonados desde então a idéia de que a variedade da organização social e econômica humana deveria ser encarada em termos de circunstâncias ecológicas e tradições culturais específicas assim como reações alter nativas a condições singulares continua a ser de importância capital Além do âmbito da an tropologia a idéia conduziu ao abandono das noções de hierarquia evolucionista entre as so ciedades humanas Em seu lugar passou a exis tir uma sensibilidade maior para com tradições culturais independentes e estratégias sociais al ternativas Isso teve conseqüências práticas nas atitudes a respeito do desenvolvimento resul tando em menos disposição para se impor a mudança só pela mudança e em uma atenção para com os perigos da mudança econômica independente de considerações culturais A idéia revolucionou também as opiniões a res peito da estética e da arte o que se tornou patente no intercâmbio de ícones entre a arte ocidental e outras formas artísticas Cultura O conceito antropológico crucial na base dessas mudanças foi o de CULTURA Essa palavra compõese ela própria de múltiplas camadas e tem mudado de significado no decorrer dos anos Em um nível referese às características de comportamento que são exclusivas dos seres humanos em relação a outras espécies Tam bém traz consigo a noção de comportamento aprendido e ensinado em vez de instintivo Os desenvolvimentos da ETOLOGIA de certa forma minaram esse aspecto e ficou claro que a dico tomia aprendizadoinstinto no comportamento animal não é válida e que outras espécies parti lham de características que antes se achava serem unicamente humanas tais como a fabri cação de ferramentas Um outro nível é o da capacidade humana para gerar comportamento Apesar de comportamentos específicos pode rem não ser exclusivos dos seres humanos mesmo assim a capacidade da mente humana de gerar uma quase infinita flexibilidade de reações através de seu potencial simbólico e lingüístico os coloca numa categoria à parte Recentes interpretações de cultura enfatizam a fonte cognitiva do comportamento humano Em outro nível encontrase o ponto de vista de que tal comportamento está profundamen te enraizado nas relações sociais e em outras características da sociedade E finalmente o resultado de todos esses processos é o fenôme no empiricamente observável das culturas hu manas as identidades isoladas de sociedades humanas distintas caracterizadas por tradições culturais específicas O reconhecimento da diversidade de cultu ras e subculturas humanas é um importante passo conceitual surgido da prática da antropo logia social o estudo detalhado de socie dades específicas etnografia Entre tudo que os estudos dos povos em unidades e contextos culturais implica o principal é o reconheci mento de que eles se encontram unidos não por identidade genética ou biológica mas por tra dições sociais e que a ETNICIDADE é um fator de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 24 antropologia grande importância nos relacionamentos entre povos e sociedade Mais ainda cultura não é apenas a acumu lação de tradições sociais Ela está tão profun damente entrelaçada com todo o sistema cogni tivo que a visão do mundo em cada indivíduo é construída pela experiência cultural e a ela está sujeita Dada a independência das tradições culturais isso teve imensas implicações para a intercomunicação de conceitos e valores entre as sociedades Relativismo cultural O problema da incomensurabilidade das culturas levou numa determinada direção ao relativismo cultural Em certo sentido tratase de uma reação extrema às noções de progresso das abordagens evolucionistas segundo as quais sociedades e culturas podiam ser clas sificadas das primitivas às avançadas O relati vismo cultural desenvolveuse na antropologia social como um meio de enfatizar tanto a difi culdade de se fazer comparações entre culturas quanto a ausência de quaisquer critérios in dependentes para se formar juízos sobre os méritos relativos de diferentes tradições sociais Em seu ponto mais extremo o relativismo cul tural adota o ponto de vista de que uma cultura só pode ser considerada dentro do contexto de suas próprias tradições e lógicas culturais Num plano prático isso teve conseqüências impor tantes e positivas para o modo pelo qual os problemas raciais e étnicos passaram a ser con siderados e levou também a uma compreensão muito mais profunda de valores sistemas de conhecimento e cosmologias por todo o mundo Efeitos mais negativos foram o abandono das abordagens comparativas que servem de base à antropologia uma tendência ao particularismo histórico e uma ambigüidade quanto à univer salidade dos direitos humanos A unidade da espécie humana Se a antropologia social rejeitou as aborda gens evolucionistas que se baseiam numa visão progressiva da sociedade humana uma ten dência bem diferente pode ser encontrada na antropologia biológica Obras recentes sobre a história do darwinismo têm revelado que ao mesmo tempo em que muitos dos seguidores de Darwin se mostravam ansiosos por encontrar um elemento de progresso ele próprio estava consciente de não ser esse o caso e que seus argumentos fortemente seletivistas ver SELE ÇÃO NATURAL prognosticavam a diversidade adaptativa em vez da mudança unilinear De fato foi por esse motivo que a maioria dos evolucionistas do final do século XIX e início do século XX abandonaram a teoria da seleção ao mesmo tempo em que mantinham uma pers pectiva evolucionista No entanto o conceito evolucionista capital de Darwin descendên cia com modificação fornecia de fato uma solução simples para um problema complexo o da monogenia ou poligenia A descoberta de diversos povos nas Américas e em outras partes do mundo levantou a questão para os cientistas prédarwinianos de esses povos todos terem uma única origem ou criação ou serem o pro duto de vários atos diferentes de criação A monogenia implicava uma unidade de todos os seres humanos a poligenia abria a possibilidade de algumas formas humanas não fazerem real mente parte da criação especificamente humana ou da história bíblica A fundamentação do fato da evolução independente do mecanismo de mudança significou que os antropólogos es tavam capacitados a demonstrar que todos os seres humanos descendiam de um único ances tral comum e de que todos eles pertenciam a uma única espécie O trabalho biológico pos terior demonstrou a interfertilidade de todos os seres humanos Assim as abordagens bioló gicas da antropologia abriram caminho para a visão predominante neste século de que a hu manidade é unificada unida por uma herança biológica imensamente maior do que qualquer uma das diferenças A aceitação da unidade da espécie humana é hoje um consenso fundamen tal formando a base de muitas idéias que vão além do estritamente biológico A diversidade humana Do mesmo modo que os antropólogos so ciais se concentraram na diversidade das for mas culturais humanas os antropólogos bio lógicos também se voltaram para a diversidade biológica Uma implicação da estrutura da ár vore do processo evolutivo quando se encaram os seres humanos era que as populações huma nas podiam ser divididas em unidades distintas representando ou exemplares geográficos iso lados ou estágios de evolução A diversidade de aparência dos seres humanos particularmente em aspectos como a cor da pele e a forma do rosto deram crédito a esse ponto de vista e se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar antropologia 25 tornaram a base da análise da variação humana em termos de RAÇA Durante a maior parte do século XIX e início do século XX raça foi o conceito central no estudo da diversidade bio lógica humana A maior parte dos antropólogos assumiu o ponto de vista de que as raças hu manas apresentavam divisões antigas dentro da humanidade que podiam ser encaradas tam bém como estágios de desenvolvimento e de que a raça biológica estava ligada a outras características sociais e culturais As raças for neceram uma categorização dos seres humanos tanto horizontal ou seja geográfica quanto vertical ou seja através do tempo Um dos objetivos mais importantes foi portanto do cumentar esse processo historicamente através do estudo de amostras arqueológicas e de fós seis Mais ainda o conceito de raça foi usado também como explicação para as diferenças em termos de padrões de desenvolvimento Na pri meira parte deste século a antropologia físi ca conferiu um fundamento biológico a idéias mais difundidas a respeito de raça e serviu de base às teorias da ciência da eugenia ver EU GENIA CIÊNCIA DA e do NACIONALSOCIALISMO Até a Segunda Guerra Mundial raça foi con ceito capital no estudo da biologia humana a partir de uma perspectiva antropológica e evolucionista Essa situação transformouse por completo depois da guerra Mesmo antes dela biólogos como AC Haddon e Julian Huxley já se ha viam mostrado fortemente críticos Na antropo logia recente raça foi completamente rejeitada como noção biológica e analítica de alguma utilidade Parte do motivo disso foi sem dú vida uma reação ao modo como a biologia foi usada para justificar ações políticas Igualmente importante foi o desenvolvimento do NEODAR WINISMO que demonstrou não haver base bio lógica para se tratar a variação dentro de uma espécie como estágios evolutivos ou como ca tegorias distintas Além disso o crescente es tudo direto da genética em lugar da variação física revelou que a variação geográfica era contínua e extremamente complexa demons trando assim que aspectos seletivos tais como a pigmentação não forneciam critérios para se diferenciar as raças Como resultado trabalhos recentes de antropologia biológica têm mos trado que raça não é um conceito biológico útil Os antropólogos biológicos voltaramse em vez disso para o problema de elucidar a base funcional e adaptativa doença clima ecolo gia da variação humana A evolução humana O desenvolvimento da genética moderna tem revelado acima de tudo que a espécie hu mana é extremamente jovem que todos os seres humanos modernos têm um ancestral recente e comum e portanto que nenhum padrão geo gráfico que se possa encontrar significa uma divisão profunda entre eles mas sim o produto recente e superficial da migração e da adaptação local A contribuição da antropologia às idéias deste século assim retorna a sua preocupação original com a evolução mas dentro de uma ênfase bastante diferente A evolução não mos tra uma escalada de progresso mas uma fonte de diversidade em vez de fazer com que os humanos remontem cada vez mais no tempo ela enfatiza o quanto nossa espécie é jovem e assim a unidade das populações huma nas Contra esse pano de fundo porém os es pecialistas em evolução humana também têm documentado a antigüidade mais de 5 milhões de anos e a complexidade das diversas li nhagens que levaram ao surgimento dos seres humanos modernos nos últimos 100 mil anos A antropologia moderna Com o crescimento da antropologia no de correr do século e o afastamento de um pro grama de documentação de padrões históricos os antropólogos voltaramse para questões de abrangência muito maior e com aplicações prá ticas crescentes Entre os antropólogos sociais houve maior concentração nos laços entre pro cessos culturais e processos econômicos po líticos ou sociológicos conduzindo a uma cres cente ênfase nos aspectos culturais da cognição Além disso as mudanças marcantes nas socie dades tradicionais estudadas pelos antropólo gos levaramnos a se envolver de forma cada vez mais profunda com os problemas do desen volvimento e da sobrevivência dessas mesmas sociedades A antropologia assim contribuiu para uma atenção bem maior para com os elos indivisíveis que operam entre a cultura e outros aspectos do desenvolvimento Da mesma for ma os antropólogos biológicos vêm trabalhan do cada vez mais com os problemas de doença e nutrição no Terceiro Mundo e fornecendo especialmente uma compreensão maior dos as pectos populacionais que revestem os proble Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 26 antropologia mas ecológicos com os quais se defrontam vas tos setores da população humana Ver também OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE Leitura sugerida Bowler PJ 1987 Theories of Hu man Evolution Century of Debate Gould SJ 1980 Ever since Darwin Harris M 1968 The Rise of Anthropological Theory a History of Theories of Cul ture Harrison GA Tanner JM Pilbeam DR e Baker PT 1988 Human Biology an Introduction to Human Evolution Variation Growth and Adaptability Kuper A 1982 Anthropology and Anthropologists Leach ER 1982 Social Anthropology Spencer F org 1982 A History of American Physical Anthro pology ROBERT A FOLEY aristocracia Em seu sentido mais antigo a palavra aristocracia denotava um sistema polí tico Os gregos antigos usavam essa palavra para identificar um regime em que poder e mérito andavam juntos Esse uso predominou no Ocidente durante dois milênios Mas na época da Revolução Francesa a palavra aris tocracia e uma outra recémcunhada aristo crata passaram para o reino da análise social e da polêmica Agora o foco se concentrava na aristocracia como uma elite dentro da comu nidade uma elite em que se concentrava o acúmulo de riqueza e de autoridade política marcada pelo privilégio e transmitida por here ditariedade É nesses termos que aristocracia tem hoje maiores probabilidades de ser usada por historiadores e cientistas sociais O estudo de um vasto âmbito de contextos e de problemas levou essencialmente a uma com preensão mais precisa desses aspectos caracte rísticos da aristocracia A transmissão heredi tária da posição social aristocrática raramente esteve sequer perto da total exclusão de recém chegados devido entre outras coisas aos aca sos da extinção natural A escala e o caráter do recrutamento para o status de aristocrata já per mitem perceber os valores e condições ma teriais de uma sociedade Nas sociedades tra dicionais a riqueza aristocrática baseavase com maior probabilidade na posse de recursos fundiários e analistas marxistas em particular relacionaram a transição de uma economia agrária a um concomitante enfraquecimento do poder aristocrático Mas a fonte da riqueza pode ter sido menos importante do que o lazer que isso permitia para o exercício de uma preemi nência geral na comunidade É possível de fato haver circunstâncias nas quais novas formas de criação de riqueza proliferem tão rapidamente que uma elite hereditária perca a sua capacidade de influência econômica decisiva Estudiosos do desenvolvimento comercial ou industrial da Europa não obstante forneceram surpreenden tes indícios da adaptação aristocrática lado a lado com as classes comerciais ou fabris emer gentes Uma adaptação geralmente facilitada por ligações financeiras familiares entre a ri queza nova e a antiga Nas sociedades tradicio nais mais uma vez o papel político da aristo cracia tornoua mais ou menos coextensiva da classe governante ou pelo menos da classe da qual os líderes civis e militares eram mais ou menos exclusivamente retirados Sistemas mais complexos e impessoais contribuíram de algu ma forma para deslocar esse relacionamento entre a autoridade pública e uma elite gover nante hereditária com o poder sendo exercido cada vez mais em nome do rei do estado ou do povo Aqui mais uma vez porém a adaptação aristocrática mostrouse inaudita e surpreenden temente duradoura Fosse como ministros do rei agentes parlamentares ou poderosos locais Alguns cientistas sociais são de opinião que as elites no mundo contemporâneo exibem ain da novos estágios na evolução dessas caracte rísticas aristocráticas a nomenklatura da Eu ropa Oriental por exemplo ou os bostonianos ilustres da Nova Inglaterra Aqui poder e in teresses familiares são com toda certeza en contrados de forma concentrada e reveladora o privilégio campeia Mas o privilégio das aris tocracias tradicionais foi definido e proclamado como um status distintivo em geral formal mente nobre e essas pretensões foram em certo sentido reconhecidas pela comunidade em geral Onde podemos traduzir privilégio meramente como vantagem aí podemos di zer que a aristocracia já não existe mais Ver também ELITES TEORIA DAS DIFERENCIA ÇÃO SOCIAL Leitura sugerida Bottomore Tom 1964 1966 Elites and Society Bush Michael 1983 Noble Privi lege Ο 1988 Rich Noble Poor Noble Powis Jonathan 1984 Aristocracy JONATHAN POWIS arqueologia e préhistória Essas duas dis ciplinas o estudo do passado humano através de suas ruínas materiais e a parte da matéria que diz respeito ao período anterior aos registros escritos são relativamente recentes A pala Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar arqueologia e préhistória 27 vra arqueologia entrou em uso no século XVIII para descrever o estudo da cultura mate rial do mundo antigo especialmente o da Gré cia e o de Roma Denotava uma forma de erudição artísticohistórica que estava intima mente ligada à especialização e à prática de colecionar e dependia em grande parte da exis tência de provas textuais para esclarecimento e interpretação A extensão do tempo coberto pe la cronologia bíblica deixava muito pouco es paço para um período extenso anterior aos re gistros escritos Apesar de os filósofos do Ilu minismo discutirem questões mais amplas a respeito do passado remoto tais como a origem da agricultura e da civilização faziamno em grande parte com base na etnografia compara tiva e sem referência à arqueologia Foi só com o movimento romântico que as ruínas das cul turas préletradas passaram a despertar interes se por si mesmas em geral no contexto de preocupações nacionalistas com as origens das nações do Norte europeu O acúmulo de indí cios materiais permitiu que estudiosos da Anti güidade escandinavos postulassem uma suces são de estágios tecnológicos caracterizados pe lo uso de ferramentas de pedra bronze e ferro embora se acreditasse que essas três idades fossem em grande parte contemporâneas das civilizações cultas do Mediterrâneo O âmbito da arqueologia tornouse óbvio no final do século XIX com o desenvolvimento da geologia e a rejeição da cronologia bíblica e com a respeitabilidade das idéias evolucionistas em biologia ver EVOLUÇÃO A idéia de préhis tória é portanto um desdobramento relativa mente recente e ligado de forma estreita ao crescimento da ANTROPOLOGIA A arqueologia clássica continuou como uma disciplina no geral distinta apesar de escavações na Grécia e na Turquia em sítios arqueológicos como Micenas e Tróia famosas na mitologia antiga revelarem a existência de antecessoras da Idade do Bronze para as civilizações clássicas daque la região A Idade da Pedra era reconhecida como um período de duração considerável cor respondendo às fases mais antigas da evolução humana durante a qual a humanidade fora de pendente da caça o paleolítico ou Idade da Pedra Lascada e aos primeiros estágios da agricultura o neolítico ou Idade da Pedra Po lida A etnografia comparativa podia agora ser relacionada ao registro material e a nova ma téria foi chamada com alguma infelicidade de préhistória com expressões equivalentes em outras línguas européias prehistory préhis toire Vorgeschichte Do ponto de vista da aplicação seus métodos eram potencialmente globais mas a matéria encontravase dominada por evidências européias No entanto a interpretação liberal da his tória humana antiga com base em premissas científicas e evolucionistas deu lugar no início do século XX a uma renovada ênfase nacio nalista acompanhada por um divórcio entre os pensamentos arqueológico e antropológico A préhistória em alemão geralmente chamada Urgeschichte para enfatizar sua continuidade com os povos históricos era interpretada em termos das migrações de povos em particular ou da divisão da cultura a partir de centros como o Egito A antropologia voltouse da recons trução histórica para a observação e descrição em primeira mão com um interesse pelas inter pretações funcionalistas Apesar de a explo ração arqueológica de outros continentes ter produzido grande riqueza de novas evidências o estudo de cada área isolada tendia a se desen volver como especialização introvertida Um dos poucos arqueólogos a manter uma visão mais ampla foi o préhistoriador V Gordon Childe 18921957 cujos estudos sobre a pré história européia e do Oriente Próximo foram motivados pelo desejo de fugir à ênfase nacio nalista de boa parte da erudição alemã con temporânea através da exploração de modelos marxistas Ele reviveu o interesse do século XIX e na verdade do Iluminismo pelas ori gens da agricultura e da civilização que enca rava como revoluções econômicas compará veis em importância à Revolução Industrial e que chamou respectivamente de Neolítico e Revolução Urbana Essas idéias foram expostas em duas obras clássicas Man Makes Himself em 1936 e What Happened in History em 1941 que foram alguns dos poucos livros que conseguiram chamar a atenção dos teóricos sociais fora da matéria nessa ocasião para as evidências arqueológicas Apesar do engajamento político de Childe com o marxismo e de sua ênfase no materia lismo histórico suas teorias diferiam das dos historiadores marxistas britânicos contemporâ neos em sua interpretação mais consensual do que conflitual desses acontecimentos Childe concebeu um papel de gerenciamento para as primeiras elites seculares com a religião como Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 28 arqueologia e préhistória força maior impedindo o progresso tecnoló gico Ele combinou uma visão hegeliana dos papéis sucessivos das civilizações oriental clássica e ocidental com uma visão difusionista da história da tecnologia para produzir um mo delo social sofisticado no qual as inovações que produziram as primeiras sociedades urba nas eram sufocadas pela centralização política nelas próprias mas apesar disso serviram de base para novos desenvolvimentos em socie dades que adquiriram essas técnicas sem que incorressem no mesmo custo social Esse mo delo que foi influenciado por exemplos mais recentes como a industrialização do Japão explicava para Childe as características ímpares das sociedades européias ocidentais A diver gência entre cultura ocidental e oriental passa a remontar à Idade do Bronze Apesar de muitos aspectos dessas idéias terem um sabor de século passado elas representaram não obs tante um grande avanço nas explicações ineren temente metafísicas do talento nacional ou ra cial que abundavam no discurso arqueológico da época Além disso foram uma realização notável por parte do único intelectual voltado para esse tema Um fator que inibiu a arqueologia de explo rar o potencial de suas evidências contribuírem com corpos mais amplos da teoria social foi a sua posição marginal nas universidades A maior parte dos praticantes dessa matéria na primeira metade do século era ou de elementos ligados a museus e organismos que se ocupa vam com monumentos antigos ou de escava dores independentes tentando levantar recursos para suas expedições A expansão da educação superior a partir da Segunda Guerra Mundial portanto teve um efeito decisivo sobre a na tureza do discurso arqueológico o qual pela primeira vez incluiu um substancial compo nente metodológico e teórico além dos rela tórios sobre escavações e das discussões sobre o material primário Uma vez que a arqueologia daquelas áreas e períodos para os quais havia disponibilidade de evidência textual era am plamente conduzida a partir de departamentos de história e de estudos clássicos ou orientais o ímpeto maior para a análise comparativa veio inicialmente da préhistória que era em geral e nos Estados Unidos quase que inteiramente conduzida sob a égide da antropologia O mo vimento do final dos anos 60 que veio a ser conhecido como a nova arqueologia foi as sim em grande parte um fenômeno norteame ricano e britânico com ecos em outras partes do mundo de língua inglesa e do Norte da Europa apesar de conspicuamente ausente na Alemanha e no Japão onde as aventuras inte lectuais estavam inibidas pela experiência da guerra e mal se refletiu durante pelo menos uma década na arqueologia clássica Algumas inovações semelhantes ocorreram na União So viética ainda que restringidas pelas necessidades sempre cambiantes da ortodoxia política e um novo pensamento comparável na França assumiu forma bastante diversa inicialmente menos sim pática para com o movimento mais amplo A nova arqueologia caracterizavase por uma abertura a um maior âmbito de interesses oriundos de disciplinas vizinhas e por uma ânsia de participar de seus debates internos Se por um lado estava ligada a importantes avanços metodológicos geralmente vindos de áreas de nova tecnologia exteriores à disciplina como foi o caso da datação por meio de radiocarbono e da física nuclear por outro tendia a absorver e reproduzir teorias em vez de gerar as suas próprias Além disso repartia muitos de seus entusiasmos com movimentos contemporâneos na história e na economia por exemplo sua preocupação com a ECOLOGIA e a DEMOGRAFIA Os computadores e a teoria de sistemas ver SISTEMAS TEORIA DE forneciam sua lingua fran ca Tal como a história braudeliana ver AN NALES concentravase mais no processo que no evento daí o nome alternativo de arqueo logia processual Evitando o singular e o parti cular e especialmente a produção de pseudo história sustentava que métodos mais rigoro sos e especialmente quantitativos eram capazes de reconstruir tanto as informações sociais quanto as simplesmente tecnológicas ou estilísticas a respeito da préhistória Entre suas inovações metodológicas e conceituais esta vam as idéias de taxonomia numérica para clas sificação de artefatos a amostragem espacial para reconstituir padrões de povoamento a par tir de um levantamento de campo de dispersão de material de superfície a reconstituição do meio ambiente e da dieta a partir de restos animais e vegetais padrões de troca e comércio a partir da identificação de matériasprimas e estruturas sociais a partir dos diferentes tipos de artefatos depositados em túmulos Embora cada um desses esforços produzisse novas e copiosas informações sua interpre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar arqueologia e préhistória 29 tação era geralmente ingênua e fortemente cir cunscrita pelos paradigmas predominantes da antropologia neoevolucionista que devia mui to a Herbert Spencer 18201903 Era típico que as explicações enfatizassem a pressão de mográfica e a intensificação da agricultura fa zendo eco às idéias de Esther Boserup sobre economia de desenvolvimento colonização e expansão de povoamentos especialização eco nômica e a formação de hierarquias sociais e o surgimento de locais centrais ecoando temas da nova geografia ver também GEOGRAFIA HUMANA Esses temas comuns foram descober tos na base do surgimento de estabelecimentos agrícolas e cidades e do desenvolvimento geral de sociedades humanas por todo o mundo uma sucessão evolucionista de bandos a tribos feudos e estados Apesar de sua alta tecnologia das novidades em matéria de sofisticação estatística e da rique za de novas informações essas interpretações mostram grande semelhança com os pontos de vista de autores do Iluminismo tais como Adam Smith que absolutamente não conhecia ar queologia Ao esposar um modelo compara tivo baseado na idéia da evolução esse esforço produziu uma série de análises de casos iso lados que assumiram uma autonomia de desen volvimento local e se mostraram insensíveis a estruturas mais amplas do tipo postulado por Gordon Childe O difusionismo dentro desse quadro estava efetivamente banido uma vez que era difícil de quantificar e não tinha lugar no paradigma Nesse particular a nova arqueo logia pareciase muito com a economia de de senvolvimento dos anos 60 Durante a década de 70 esse trabalho foi criticado de modo seme lhante àquele em que a teoria da modernização foi desafiada pelas teorias marxistas do subde senvolvimento e dos sistemas mundiais ligadas aos nomes de Andre Gunder Frank e Immanuel Wallerstein ver DESENVOLVIMENTO E SUBDESEN VOLVIMENTO Apesar de o conceito de subde senvolvimento mostrarse inaplicável a contex tos mais antigos a idéia de centro e periferia deu nova vida ao estudo dos relacionamentos entre as populações urbanas e suas hinterlân dias incultas e especialmente das relações co merciais assimétricas entre elas por exem plo o comércio de vinho entre Roma e seus vizinhos celtas O próprio conceito de préhis tória era visto como enganoso para as idades de metal tardias de vez que as sociedades ci vilizadas e bárbaras formavam partes do mesmo sistema econômico Feudos até mesmo tribos podiam ser fenômenos de contacto em vez de estágios na evolução Mais fundamentalmente a própria cultura material passou a ser vista durante os anos 80 como importante em si mesma em vez de simplesmente refletir diferenças ecológicas subjacentes e estruturas sociais abstratas O desejo de possuir bens pode ser uma motivação de mudança tão forte quanto a pressão de mográfica ou a deterioração do solo Os bens de prestígio de origem européia que circu lavam na África subsaariana eram um compo nente ativo do poder dos chefes nativos que monopolizavam seu estoque e os usavam para legitimar sua autoridade Assim talvez a in tensificação da produção agrária na Europa pré histórica tardia também possa ter sido estimu lada pela disponibilidade de artigos comerciais mediterrâneos Longe de serem provedores be nevolentes ou gerentes econômicos os chefes podiam ser encarados como exploradores e mo nopolizadores E não apenas em situação de contato mas na gênese de ofícios como a me talurgia que envolve o suprimento de materiais raros e custosos No entanto se as estruturas sociais não são hierarquias abstratas consistem em vários tipos de ilusões que minorias conse guem convencer seus seguidores a aceitar co mo é possível um estudo comparativo É certo que cada estrutura seja única tanto em seus relacionamentos quanto em seus símbolos e materiais Se as interpretações são tão transi tórias e contextualmente dependentes que cer teza é possível As teorias arqueológicas dizem mais a respeito do presente do que do passado Assim a arqueologia percorreu o ciclo das ciên cias sociais do comparativismo e determinis mo confiantes dos anos 60 ao relativismo e à desconstruída introversão pósmodernista do final dos anos 80 ver MODERNISMO E PÓSMO DERNISMO Tal Angst não é de forma alguma universal Em todo o mundo homens e mulheres enfiam se em escavações registrando estratigrafias e recuperando artefatos e evidências ambientais para exames de laboratório aprimorando data ções observando correlações tendo idéias para ajudar a dar sentido àquilo que encontram Al gumas dessas idéias são novas algumas são velhas os arqueólogos clássicos agora desco briram a teoria do lugar central e estão jogando Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 30 arqueologia e préhistória os mesmos jogos dos préhistoriadores nos anos 60 Se não pode haver uma compreensão defi nitiva do presente com toda certeza não pode haver uma compreensão definitiva do passado Leitura sugerida Binford LR 1983 In Pursuit of the Past Daniel G e Renfrew AC 1988 The Idea of Prehistory Hodder I 1990 Reading the Past Scarre C org 1988 Past Worlds the Times Atlas of World Archaeology Sherratt AG org 1980 The Cambridge Encyclopedia of Archaeology Wenke R 1989 Pattern of the Past ANDREW G SHERRATT arte sociologia da Ver SOCIOLOGIA DA ARTE artes dramáticas Ver CINEMA DANÇA MÚSI CA TEATRO austríaca escola de economia Ver ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA austromarxismo Uma das primeiras esco las independentes de pensamento marxista de senvolvida a partir do trabalho de um grupo de pensadores em Viena no final do século XIX sendo os mais destacados Max Adler Otto Bauer Rudolf Hilferding e Karl Renner Essa nova modalidade de MARXISMO segundo Bauer 1927 foi uma reação a novas doutrinas filo sóficas neokantianismo e positivismo a de senvolvimentos na teoria econômica margina lismo austríaco e às questões levantadas pelo problema das nacionalidades no império mul tinacional dos Habsburgo Mas foi igualmente influenciada pela controvérsia revisionista na Alemanha ver REVISIONISMO e pelo extraordi nário florescer da vida cultural e intelectual vienense na virada do século Como resultado dessa combinação a escola foi inovadora em muitos campos diferentes A primeira manifestação pública da nova escola de pensamento foi a criação em 1904 dos MarxStudien uma coletânea de mono grafias organizada por Adler e Hilferding e publicada irregularmente até 1923 Foi sucedi da pela publicação a partir de 1907 de um periódico teórico Der Kampf que logo veio a rivalizar com Die Neue Zeit de Kautsky como a principal revista marxista européia Os aus tromarxistas eram todos ativos na liderança do crescente Partido SocialDemocrata SPÖ e se dedicavam particularmente a promover a edu cação dos operários Os fundamentos filosóficos e teóricos do austromarxismo foram desenvolvidos princi palmente por Adler que concebia o marxismo como um sistema de conhecimento socioló gico a ciência das leis da vida social e de seu desenvolvimento causal 1925 p136 Em sua primeira obra importante 1904 ele analisou a relação entre causalidade e teleolo gia enfatizando que são formas diversas de causalidade e que a relação causal na vida social não é mecânica mas mediada pela consciência Este foi um ponto de vista que Adler expressou posteriormente afirmando que mesmo os pró prios fenômenos econômicos nunca são mate riais no sentido materialista mas têm precisa mente um caráter mental 1930 p118 Adler encarava como conceito básico na teoria da sociedade de Marx o de humanidade socia lizada ou associação social e o considerou de forma neokantiana como sendo dado trans cendentalmente como categoria de conheci mento 1925 Ou seja como um conceito fornecido pela razão e não derivado da expe riência o que é um prérequisito de uma ciência empírica Essa concepção do marxismo como sistema sociológico forneceu o quadro de idéias que direcionou os estudos de toda a escola aus tromarxista o que fica particularmente claro nas análises econômicas de Hilferding Em sua crítica da teoria econômica marginalista 1904 Hilferding contrapôs à individualista escola psicológica de economia política a teoria mar xista do valor que se baseia em uma composi ção de sociedade e relações sociais já que a teoria marxista como um todo busca revelar o determinismo social dos fenômenos econô micos sendo o seu ponto de partida a socie dade e não o indivíduo Em outro texto o prefácio a Finance Capital 1910 Hilferding referiuse diretamente a Adler afirmando que o único objetivo de qualquer indagação mar xista mesmo em questões de política é a descoberta de relações causais e prosseguiu com uma investigação dos principais fatores causais no mais recente estágio do desenvolvi mento capitalista concluindo com uma análise do imperialismo que serviu de base a estudos posteriores de Bukharin e Lenin Outro campo de grande importância para a investigação sociológica foi o da nacionalidade e do nacionalismo O estudo clássico de Bauer 1907 buscou fornecer uma análise teórica e histórica abrangente a partir da qual concluiu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar austromarxismo 31 Para mim a história já não mais reflete as lutas das nações Em vez disso a própria nação surge como o reflexo de lutas históricas Pois a nação só se ma nifesta no caráter nacional na nacionalidade do in divíduo a qual é apenas um aspecto da sua determinação pela história da sociedade pelo desen volvimento das condições e técnicas do trabalho A partir de uma perspectiva distinta con centrandose nos problemas jurídicos e consti tucionais das diferentes nacionalidades do im pério dos Habsburgo Renner 1899 1902 tam bém contribuiu com estudos importantes no decorrer dos quais propôs a idéia original na época e não sem relevância para o atual desen volvimento da Europa de uma transforma ção do Império AustroHúngaro em um estado de nacionalidades que poderia tornarse o mo delo da organização socialista de uma futura comunidade mundial Renner é mais conhecido contudo por sua contribuição pioneira a uma sociologia marxis ta do direito Em seu estudo 1904 sobre as funções sociais do direito ele buscou demons trar como as normas jurídicas existentes mu dam suas funções reagindo a mudanças na so ciedade e mais particularmente a transforma ções em sua estrutura econômica Em seguida sugeriu como problemas de importância capi tal para uma sociologia do direito questões a respeito de como mudam as normas jurídicas e das causas fundamentais de tais mudanças Nessa discussão como em outros textos é evi dente que Renner atribui um papel ativo ao direito na manutenção ou modificação das re lações sociais e de forma alguma o trata sim plesmente como uma ideologia que reflete con dições econômicas mencionando como com patíveis com esse ponto de vista os comentários de Marx sobre o direito na introdução aos Grundrisse Outra importante contribuição pa ra a formulação de princípios de uma sociologia marxista do direito foi feita por Adler 1922 o que no decorrer de sua crítica à teoria pura do direito de Hans Kelsen a qual exclui qualquer indagação sobre a base ética do direito ou sobre seu contexto social examinou em detalhes as diferenças entre uma teoria formal e uma teoria sociológica do direito Os austromarxistas também se dedicaram a estudos de importância em outros campos Fo ram dos primeiros marxistas a examinar sis tematicamente o envolvimento crescente do estado intervencionista na economia Renner 1916 ao escrever sobre os efeitos do desen volvimento capitalista do préguerra e a eco nomia de guerra observou a penetração da economia privada pelo estado até as suas célu las mais elementares não a nacionalização de umas poucas fábricas mas o controle de todo o setor privado da economia por uma regulamen tação deliberada e consciente e continuou o poder do estado e a economia começam a se fundir a economia nacional é concebida como um meio de poder de estado e o poder de estado como um meio de fortalecer a economia nacional É a época do imperialismo De forma semelhante em ensaios publicados entre 1915 e 1924 Hilferding desenvolveu com base em sua análise constante de Finance Capital uma teoria do capitalismo organizado em que a ação do estado começa a assumir o caráter de uma estruturação consciente e racional da sociedade como um todo ver SOCIALIZAÇÃO DA ECONOMIA A partir dessa situação duas linhas de desenvolvimento se tornam possíveis rumo ao socialismo se a classe operária viesse a conquistar o poder de estado ou rumo ao estado corporativo se os monopólios capitalistas man tivessem o domínio político Na Itália e na Alemanha essa última possibilidade concreti zouse na forma do FASCISMO e Bauer 1936 nos proporcionou uma das mais sistemáticas explicações marxistas das condições econômi cas e sociais nas quais os movimentos fascistas eram capazes de surgir e triunfar Posterior mente Hilferding 1941 deu início a uma revi são radical da teoria marxista da historia na qual atribuiu ao estadonação moderno um pa pel mais independente na formação da socie dade afirmando que no século XX houvera uma profunda mudança na relação do estado com a sociedade provocada pela subordinação da economia ao poder coercitivo do estado e que o estado se transforma num estado totali tário na medida em que ocorre essa subordina ção ver TOTALITARISMO As mudanças na estrutra de classes e suas conseqüências políticas foram outros temas a que os austromarxistas dedicaram muita aten ção Bauer fez uma contribuição importante em sua explicação comparativa da situação de ope rários e camponeses nas revoluções russa e alemã em sua detalhada análise 1923 da re volução austríaca e em seus textos críticos sobre o surgimento de uma nova classe do minante na União Soviética na medida em que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 32 austromarxismo a ditadura do proletariado fora transformada na ditadura de um aparato partidário onipotente ver especialmente Bauer 1936 Adler 1933 escrevendo no contexto da derrota e destruição do movimento operário na Alemanha analisou as mudanças na composição da classe operária na sociedade capitalista Ao mesmo tempo em que observava que já na obra de Marx o con ceito de proletariado demonstra certa diferen ciação afirmou que mudanças mais recentes haviam sido tão extensas a ponto de produzirem um novo fenômeno de forma que é duvi doso podermos falar de uma única classe Nes se novo proletariado havia vários estratos dis tintos que fizeram surgir três orientações po líticas básicas geralmente conflitantes a da aristocracia do trabalho compreendendo os operários especializados e os empregados de escritório a dos operários organizados na ci dade e no campo e a dos desempregados per manentes em longo prazo Mas ele afirmou de uma forma que faz lembrar a explicação de Roberto Michels sobre OLIGARQUIA que mes mo no segmento principal do movimento ope rário o desenvolvimento de organizações parti dárias e sindicais criou uma divisão fatal entre o estrato crescente de representantes e funcio nários assalariados e o quadro de associados em grande parte passivo A fraqueza da classe operária diante dos movimentos fascistas de veuse em grande parte concluiu ele a essa diferenciação das condições socioeconômicas e das atitudes políticas ver CLASSE OPERÁRIA Depois da Segunda Guerra Mundial como a estrutura de classes continuasse a mudar de forma ainda mais rápida Renner 1953 con centrou sua atenção no crescimento de um novo estrato social os funcionários públicos e empregados particulares a que se referiu como compondo coletivamente uma classe de serviços de empregados remunerados cujos contratos de emprego não criavam um relacio namento de trabalho assalariado Muitos mar xistas segundo Renner haviam adotado uma abordagem superficial do real estudo da for mação de classes na sociedade e acima de tudo da contínua reestruturação das classes Em particular haviam deixado de reconhecer que a classe operária conforme se apresenta e cientificamente não poderia deixar de se apre sentar em O capital de Marx já não existe mais A idade de ouro do austromarxismo foi o período do final do século XIX até 1914 quan do foram publicados os textos mais fecundos desses pensadores e a obra da escola como um todo exerceu ampla influência no movimento socialista europeu Depois da Revolução Russa porém ela foi eclipsada primeiro pela versão leninista e em seguida pela versão stalinista do marxismo O caminho que ela seguiu entre o reformismo e o bolchevismo expondo um marxismo nãodogmático aberto à revisão e ao desenvolvimento em resposta a novas expe riências históricas e a questões críticas coloca das por outras abordagens da análise social teve pouca influência internacional Mas em Viena onde a SPÖ esteve continuamente no poder de 1918 a 1934 o austromarxismo ainda fornecia um quadro coerente de idéias para uma política ambiciosa e eficaz de reforma social até ser finalmente derrubado pela ascensão do fascismo austríaco e pela incorporação da Áus tria ao Terceiro Reich A partir do final dos anos 60 houve uma notável renovação de interesse pelos austromarxistas não somente na Áustria onde suas idéias ainda exercem significativa influência no desenvolvimento do socialis mo mas também em outros países europeus Nas condições criadas pela desintegração do marxismo oficial em toda a Europa Orien tal é possível que essas idéias assim como novas elaborações a partir delas venham a exercer um impacto ainda maior na organiza ção da economia na construção de institui ções democráticas e em atitudes diante do persistente problema das nacionalidades em um novo sistema europeu Leitura sugerida Bottomore Tom 1989 Austro Marxist conceptions of the transition from capitalism to socialism International Journal of Comparative So ciology 30 12 Bottomore Tom e Goode Patrick orgs 1978 AustroMarxism Kolakowski L 1978 Main Currents of Marxism vol2 cap12 Leser Nor bert 1966 AustroMarxism a reappraisal Journal of Contemporary History 1 2 Ο 1968 1985 Zwischen Reformismus und Bolchewismus Der Austromarxismus als Theorie und Praxis 2ªed resumida Mosetic Ge rald 1987 Die Gesellschaftstheorie des Austro marxismus TOM BOTTOMORE autogestão Equivalente ao alemão Selbst verwaltung e ao inglês selfmanagement trata se de uma forma de autodeterminação dos seres humanos como seres autônomos e conscientes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar autogestão 33 dependentes de condições sociais concretas Entre tais condições incluemse uma dada es trutura de produção a divisão social e tecnoló gica do trabalho instituições políticas o nível de cultura e as tradições e hábitos de comporta mento humano predominantes A autogestão deveria ser considerada do ponto de vista filo sófico como um processo que vise superar a alienação das capacidades humanas no contex to das relações sociais Autogestão é uma idéia capital para a teoria e a práxis da democracia econômica ou DE MOCRACIA INDUSTRIAL Aplicada de forma mais ampla a uma sociedade em seu conjunto a autogestão é a base da democracia participati va ver PARTICIPAÇÃO ou do socialismo auto gerido No primeiro caso estamos falando usualmente de autogestão operária no segun do de autogestão social Mas em ambas as esferas a produtiva e a política existe uma crescente demanda popular por mais controle e poder dentro de organizações sociais principal mente sob a forma de CONSELHO DE TRABALHA DORES ou conselho de cidadãos Autogestão operária Significa a plena participação dos produ tores operários e empregados na gestão de todas as funções essenciais do processo de pro dução dentro da empresa planejamento exe cução controle e disposição dos produtos As idéias básicas da autogestão operária foram ela boradas pelos socialistas utópicos Robert Owen FrançoisCharles Fourier PierreJoseph Proudhon por Karl Marx por anarquistas so cialistas das guildas os comunistas de conse lho e outros concentrandose nos seguintes temas 1 a idéia da dissolução do estado e sua substituição por uma livre associação dos produtores donde descentraliza ção das organizações produtivas e polí ticas 2 a idéia da expropriação dos expropria dores os detentores dos meios de pro dução proprietários particulares bem como capitalismo de estado e o controle direto dos conselhos de traba lhadores sobre o trabalho excedente ou a maisvalia produzida 3 a idéia de abolição da divisão tecnológi ca do trabalho ou trabalho fragmenta do e da destituição da personalidade dos operários Em oposição ao tayloris mo e ao fordismo as teorias democráti cas e socialistas enfatizam o crescimen to da personalidade o desenvolvimento do potencial e da eficiência individuais e a saúde mental no contexto de uma comunidade de trabalho Participação e democracia industrial Na literatura sociológica e política recente a expressão democracia industrial passou a ser usada como padrão para todas as formas de gerenciamento de empresa nas quais os empre gados conferem maior importância a relações humanas clima social ou gerenciamento humano ainda que em geral sem afetar o sistema de relações baseado na hierarquia e na distribuição de poder A expressão diz respeito essencialmente a um comportamento mais de mocrático em uma dada estrutura organizacio nal formal Porém usada com maior precisão abrange muitas formas diferentes de participa ção de operários e empregados em tomadas de decisão dentro da firma Em 1967 uma comissão do Gabinete Inter nacional do Trabalho em Genebra observou que era extremamente difícil chegar a uma de finição de participação que fosse universalmen te aceitável De modo objetivo essa idéia torna possível avaliar a influência dos operários na preparação tomada e acompanhamento de decisões produzidos no plano da execução sobre várias questões tais como salários e condições de trabalho disciplina e empre go treinamento vocacional mudança tecnológi ca e organização de produção bem como suas conse qüências sociais investimento e planejamento etc através de métodos tão diversos quanto reuniões e comunicações entre as partes negociação coletiva representação dos operários nos organismos admi nistrativos e autogestão dos operários GIT 1981 p6 Muitas tipologias foram elaboradas dizen do respeito a diferentes sistemas de participa ção levando particularmente em conta 1 o mecanismo de decisões a preparação tomada e implementação de decisões 2 os arranjos organizacionais nos níveis do trabalho individual da oficina da firma do setor industrial e da econo mia 3 as relações de produção questões ge rais questões sociais assuntos organiza Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 34 autogestão cionais e técnicos assuntos econômicos etc 4 a dimensão jurídica contratos coletivos leis constituição Por exemplo a code terminação Mitbestimmung alemã foi estabelecida legalmente na cons tituição mas em geral existem leis es peciais ou acordos coletivos É importante compreender que todas as ti pologias fundamentamse num processo his tórico que vai da participação parcial à plena Em outras palavras ao pleno controle do pro cesso produtivo pelos conselhos de trabalha dores Mas do ponto de vista de pensadores radicais ou reformistas o próprio processo é controvertido Os radicais afirmam que qual quer sorte de participação é uma forma de conciliação com a classe inimiga e propõem sua substituição pela expressão controle operá rio mais de acordo com o sentido de luta de classe Na prática contudo não propõem a abolição dos níveis de participação já alcança dos Parece que o novo sindicalismo Coates e Topham 1975 se adequa de forma melhor ao movimento geral da classe operária quando fala de meios reformistas com um objetivo radical alcançando a autogestão através de diferentes formas de participação ou por meio de um reformismo revolucionário Gorz 1980 É possível haver alguma confusão no uso da expressão democracia industrial se ela for interpretada no sentido de codeterminação de direitos iguais para os diferentes partidos orga nizados ou fatores produtivos empregado res operários e o estado e não como direitos iguais de cada indivíduo envolvido no processo produtivo Só então quando o direito de decisão se estende a todos que estão compro metidos na produção como um de seus direitos humanos básicos e não simplesmente em resul tado da luta de classes entre trabalho e capital se pode falar de autogestão Portanto GD H Cole 1917 estava certo quando insistia que a democracia industrial é uma forma de demo cracia direta com participação ativa de todos os membros de uma comunidade social na tomada de decisões enquanto a democracia indireta é apenas mais uma forma de escravidão Nacionalização e socialização A descentralização é um meio de alcançar a democracia direta e substituir a hierarquia de controle por uma hierarquia na coordenação A propriedade privada é uma causa de organi zação hierarquizada mas a nacionalização dos meios de produção nem sempre está ligada à abolição de uma ordem hierárquica Ao con trário pode fortalecêla como é o caso da pro priedade estatal no socialismo de estado alta mente centralizado e hierárquico A naciona lização dos meios de produção pelo estado burguês ou proletário significa apenas a trans formação deste em um estado geral capitalis ta e como observou Engels em carta a August Bebel em 1891 ainda pior a concentração da repressão política e da exploração econômica dos operários nas mesmas mãos Conseqüen temente os teóricos da autogestão operária en fatizam a socialização dos meios de produção e não a sua nacionalização A propriedade par ticular ou estatal seria substituída pela proprie dade social o que significa que os meios de produção pertencem à sociedade como um to do a todos e a ninguém A comunidade operária e o conselho de trabalhadores estão obrigados a gerir a produção como bons gerentes des frutando do direito de uso e de apropriação dos benefícios mas não do direito de abuso ius abutendi A propriedade social representa um tipo especial de propriedade com distintas ca racterísticas legais sociais e econômicas des tinadas a tornar impossível a exploração mas à luz da experiência na exIugoslávia vem sen do amplamente discutida como ambígua e in suficientemente precisa em termos legais Democracia participativa A democracia industrial como qualquer ou tro tipo de democracia é uma forma cons titucional de garantia dos direitos humanos Nesse caso os direitos daquele que produz A constituição ao conferir um direito ao indiví duo protegeo do abuso de outrem mas não garante a ninguém é claro a capacidade de exercer esse direito Ela estabelece padrões for mais e ideais de comportamento mas fica ads trito à esfera de liberdade dos próprios indi víduos transformar isso em realidade Os in divíduos devem de alguma forma ser educa dos para a democracia e essa é a tarefa da de mocracia participativa Tratase de um conceito mais amplo enraizado em um âmbito maior de correntes e tradições intelectuais que incluem a democratização de pequenos grupos os con ceitos de terapia grupal e de participação e au toeducação individual movimentos religiosos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar autogestão 35 como o dos quacres movimentos inspirados por Gandhi e diversos movimentos socialistas libertários e anarquistas É uma idéia a ser implementada através da participação grupal ou comunitária de indivíduos autônomos e de for ma espontânea A motivação para projetos co letivos deve ser endógena significando pois uma identificação livre e um envolvimento pes soal Assim essa forma de participação trans cende qualquer tipo de organização particular uma vez que organização e instituições tendem a fomentar relações funcionais e despersonali zadas A democracia participativa poderia ser considerada como um método e uma base mais profunda de comportamento democrático É um ideal e uma doutrina que visa preparar os indivíduos para um modo de vida democrático sem limitações ou repressões exógenas Leitura sugerida Horvat B Markovic M e Supek R 1975 SelfGoverning Socialism Szell György 1988 Participation Workers Control and SelfMana gement Unesco 1986 Participate in Development RUDI SUPEK automação Ao descrever um sistema no qual máquinas são usadas para controlar pro cessos e realizar seqüências de tarefas que antes exigiam a atenção a atividade e a intervenção humanas a palavra não se refere meramente ao emprego de artefatos para executar tarefas sim ples mecanização capacidade de que os hu manos há muito dispõem mas aos métodos de utilizar mecanismos eletrônicos sensoriais e de controle a fim de reproduzir e substituir os sentidos mentes e mãos humanas em uma ope ração repetida Todos os sistemas automatizados têm as pectos característicos 1 ação por exemplo perfuração aqueci mento borrifação tratamento com pro dutos químicos 2 posicionamento o que pode implicar mover virar alinhar transferir passar de um lugar para outro 3 controle a respeito dos meios de execu tar decisões por exemplo uma vál vula que pode ser aberta e fechada 4 um programa de computação com ins truções para execução de um processo como em 1 a 3 acima 5 um programa de computação no coman do de toda a operação isto é da seqüên cia de processos 6 um meio de captar identificar e medir e reportar as qualidades do que está sendo processado como tamanho propriedades ópticas peso e calor 7 elementos de tomadas de decisão que cotejam informações fornecidas com uma condição desejada e fazem as cor reções adequadas nos desvios Esses aspectos operando de modo combi nado formam um sistema de feedback capaz de ser operado com um mínimo de intervenção humana A automação é adotada para aumentar a produção e a produtividade padronizar produ tos aumentar a eficiência liberar os seres hu manos de tarefas desagradáveis ou perigosas reduzir custos operacionais e executar procedi mentos que estão acima das capacidades huma nas Os primeiros sistemas industriais automati zados começaram a surgir nos anos 50 Nas décadas de 60 e 70 a previsão de expansão desses sistemas suscitou especulações quanto às suas prováveis conseqüências econômicas sociais e culturais para as sociedades industriais e a natureza do trabalho industrial em particular Algumas conclusões sobre tendências foram extraídas do precursor da automação na produ ção industrial a mecanização de linhas de produção no qual o processo de produção era dividido em subprocessos cada qual com a ajuda de uma máquina Uma vez que os operá rios eram tratados como acessórios da máquina o efeito foi degradar e limitar suas qualifi cações No que diz respeito ao plano do operário individual previase a sua desqualificação en volvendo uma redução de conhecimento do ofício e uma perda da liberdade como grave conseqüência direta da automação No plano da organização imaginavase que surgiriam ope rários com novas qualificações como projetis tas fabricantes de ferramentas assim como construtores de máquinas técnicos de manu tenção e novos tipos de operadores e supervi sores de máquinas As organizações industriais à medida que fossem aumentando em tamanho e complexidade exigiriam novas habilidades gerenciais enfatizando a informação e o con trole No plano da sociedade e da economia esperavase que a desigualdade e o desemprego crescessem e se previu a mudança geral da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 36 automação produção industrial de bens para as indústrias de serviços Dois fatores tornaram difícil prever as con seqüências com algum nível de precisão a falta de uma estreita relação causal entre a tecnologia e a natureza das sociedades e organizações e o fato de a automação não ser apenas um processo mais complexo que a mecanização mas um processo qualitativamente diferente A noção de desqualificação é demasiado rudimentar para se aplicar à automação partin do do pressuposto de que os indivíduos têm qualificações fixas específicas quando na ver dade o seu reconhecimento é social e cultural mente determinado sendo pois sensível a si tuações cambiantes Mais ainda a rotatividade de operários que supostamente acompanharia a desqualificação foi de menor importância na automação uma vez que lidar com sistemas automatizados em geral exige mais habilidade e treinamento e não menos O impacto da automação na passagem das indústrias fabris para as de serviços tampouco foi muito claro Duas coisas estão implicadas a mudança nos dimensionamentos da produção eou a mudança na proporção da força de traba lho empregada no processo fabril A produção fabril sofreu enorme expansão nos países com indústrias altamente automatizadas Mesmo em países em aparente declínio a atividade fabril ligada como está ao crescimento das indústrias de serviços bem como à demanda de expor tações sofre uma flutuação de forma que a ligação entre a passagem fabrilserviços e a automação não fica demonstrada De qualquer forma essa alteração foi determinada antes de a automação assumir sua forma moderna Ain da mais apesar de a automação ter afetado primeiro as indústrias fabris ela está exercendo impactos disseminados por todas as atividades incluindo os serviços de escritórios comuni cações transportes distribuição trabalho se cretarial e administrativo bancos e serviços financeiros vendas a varejo impressão e edi ção saúde e serviços públicos desenho indus trial e a própria indústria de tecnologia de infor mação À medida que o uso de sistemas inte ligentes com base no conhecimento se dis seminar pela atividade profissional a automa ção afetará o trabalho e a tomada de decisões em praticamente todas as ocupações nãofabris A correlação entre automação e desemprego é igualmente complexa Os argumentos ditados pelo bom senso que percebiam os efeitos ób vios da substituição de operários por robôs levaram a conclusões simplistas sobre o desa parecimento de empregos em geral e de empre gos industriais em particular Apesar da evi dente destruição de empregos tradicionais de vastadora para velhas comunidades industriais houve um aumento em novos tipos de empregos nãorepetitivos e especializados Se as tendên cias no desemprego se devem à automação como tal ou se refletem o deslocamento de mercados de trabalho cambiantes em uma eco nomia mundial igualmente cambiante é ques tão aberta ao debate Atualmente a palavra automação é menos usada na indústria do que algumas expressões mais precisas como CIM computerintegra ted manufacturingfabricação integrada por computadores AMT advanced manufac toring technologytecnologia fabril avançada e CDCAM computeraided design computer aided manufacturedesenho industrial com aju da de computador fabricação com ajuda de computador A palavra robótica referese ao estudo cada vez mais sofisticado de complexas máquinas automatizadas capazes de sentir de cidir e manipular de um modo reconhecivel mente semelhante ao humano Ver também TEORIA E TECNOLOGIA DA INFOR MAÇÃO MUDANÇA TECNOLÓGICA TRABALHO Leitura sugerida Adler F et al orgs 1986 Automa tion and Industrial Workers a Fifteen Nation Study vol2 Braverman H 1974 Labor and Monopoly Ca pital the Degradation of Work in the Twentieth Century Forester Tom org 1985 The Information Technolo gy Revolution Forslin J Sarapata A e Whitehill AM orgs 1979 Automation and Industrial Workers a Fifteen Nation Study vol1 Granovetter M e Tilly C 1988 Inequality and labor process In Handbook of Sociology org por N Smelser Handy CB 1984 The Future of Work a Guide to Changing Society Hyman R e Streeck W orgs 1988 New Technology and Industrial Relations LORRAINE F BARIC autoridade Embora autoridade possa ser convenientemente definida como o direito quase sempre por reconhecimento mútuo de exigir e receber submissão há um desacordo endêmico entre os teóricos sociais a respeito de sua natureza Isso não surpreende já que as diferentes concepções de autoridade tendem a refletir distintas visões de mundo e teorias sociais e políticas Não obstante as diversas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar autoridade 37 concepções de autoridade parecem ter dois componentes em comum Um deles é o não exercício do juízo privado O outro é a identifi cação das autoridades a serem reconhecidas Isso conduz a algumas distinções úteis Se alguém se submete ao julgamento das auto ridades por referência a um conjunto de re gras predominante em uma sociedade falamos de uma autoridade de jure No entanto se al guém se submete ao julgamento de outros por que aceita as pretensões desses outros a serem as autoridades legítimas tratase de um caso de autoridade de facto Os pais como é típico têm tanto autoridade de jure quanto de facto sobre os filhos É concebível porém que tenham o primeiro tipo de autoridade sem terem o segun do e viceversa Se a autoridade é identificada e reconhecida em termos de confiança falamos de uma autoridade per se como no caso de um médico aconselhando um paciente Se por outro lado ela é identificada e reconhecida com relação à conduta tratase então de um caso de alguém que está em no exercício da autoridade como um policial conduzindo o tráfego Talvez a melhor maneira de elucidar o con ceito de autoridade seja descrever diferentes soluções para três problemas que ela apresenta Em primeiro lugar por que há necessidade desse conceito Se Hannah Arendt e Bertrand de Jouvenel por um lado dão explicações di ferentes da autoridade por outro concordam e com a maioria dos outros teóricos sociais em que a coesão e a continuidade da vida social não podem ser adequadamente explicadas em ter mos de coerção LIDERANÇA ou discussão racio nal Arendt 1960 acredita que autoridade im plica uma obediência na qual as pessoas conser vam sua liberdade distinguindoa de PODER força e violência e também de persuasão pois nesta as pessoas são iguais A ascensão do tota litarismo no século XX foi precedida segundo Hannah Arendt da perda de autoridade a mul tidão solitária busca conforto em movimentos políticos de massa e sente a necessidade de líderes De acordo com Jouvenel 1947 autoridade é a capacidade de alguém fazer com que suas propostas sejam aceitas É diferente de poder pois é exercida apenas sobre os que voluntaria mente a aceitam No entanto as pessoas em exercício da autoridade ou governantes podem ter autoridade apenas sobre uma parte de seus governados mas sobre um número suficiente para que possam coagir os demais Isso seria poder sobre todos por meio de autoridade sobre uma parte ou um estado autoritário É um equívoco acredita Jouvenel opor autoridade a liberdade pois a autoridade termina onde o consentimento voluntário também termina a dissolução de agregados humanos é o pior de todos os males diz ele e os regimes policiais entram em cena quando o prestígio se esvai Em segundo lugar como é que as pessoas no exercício da autoridade chegam a obtêla Max Weber 19212 estabeleceu uma diferen ça entre três tipos de autoridade ou dominação legítima A autoridade legal apoiada numa crença na legalidade de regras decretadas e no direito daqueles elevados à autoridade sob es sas regras de emitirem ordens Os policiais são obedecidos porque a autoridade que lhes foi conferida pela ordem jurídica e política é acei ta A autoridade tradicional é baseada numa crença estabelecida na inviolabilidade de tra dições imemoriais e na legitimidade daqueles que exercem autoridade sob elas Esse tipo de autoridade é também definido em termos de um conjunto de regras mas as regras são na maior parte expressas em tradições e costumes Final mente a autoridade carismática é baseada na devoção ao caráter exemplar heroísmo ou san tidade excepcionais de uma pessoa isolada e das ordens ou padrões normativos revelados ou ordenados por essa pessoa ver CARISMA O melhor exemplo é Jesus que falou com auto ridade no Templo apesar de ter apenas 12 anos de idade e cujas elocuções tinham a forma está escrito mas eu vos digo Segundo Weber esses três tipos de autori dade são tipos ideais Eles quase sempre exis tem de forma mista Peter Winch 1967 des tacou que em última análise todos os três apóiamse na tradição Até mesmo a autoridade carismática pressupõe tradição de vez que o líder carismático sempre reforma uma tradição existente e suas ações não são inteligíveis iso ladas disso De fato Jesus disse que viera não para infringir a lei mas para cumprila Tam bém se deveria destacar que a diferença entre autoridade legal e tradicional por um lado e autoridade carismática por outro na teoria de Weber é de algum modo semelhante à diferen ça descrita por Jouvenel entre o árbitro de pretensões e objetivos existentes e conflitantes o rex e o líder ou originador de novas políticas o dux Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar 38 autoridade A terceira questão é por que as pessoas deveriam acatar a autoridade Os pensadores políticos radicais especialmente os anarquistas e os marxistas acreditam que não deveriam Os marxistas objetam que a autoridade é assimétri ca mascarando a natureza de classe do estado capitalista e a imposição de uma ideologia le gitimadora Jürgen Habermas 1973 acredita por exemplo que o estado no capitalismo tar dio enfrenta uma crise de legitimidade Os anarquistas modernos como Robert Paul Wolff 1970 fixam os olhos no que vêem como um conflito entre autonomia individual e autori dade Segundo eles a autoridade necessaria mente implica a capitulação do juízo Conservadores e liberais replicam que uma extensa divisão intelectual do trabalho é neces sária na complexa ordem social contemporâ nea Destacam também que um certo tipo de lei estrutura em vez de restringir a liberdade in dividual e que portanto serve como uma con dição e não restrição da autonomia Os liberais modernos como lhes é comum diferenciam entre a autoridade da lei que enca ram como necessária para facilitar a cooperação social e o poder dos indivíduos no qual tendem a não confiar Divergem porém a respeito de como derivar a autoridade da lei Para John Rawls 1971 e James M Buchanan 1975 ela deriva de um CONTRATO SOCIAL As pessoas aca tam a autoridade porque isso é de seu interesse Elas escolheriam certo tipo de autoridade caso munidas da informação relevante ou colocadas no cenário apropriado Para Friedrich A Hayek 1979 a autoridade surge de um longo pro cesso histórico de adaptação mútua de indiví duos conforme expresso em estatutos tradi ções convenções e costumes Exceto onde a unidade política é criada por conquista afirma ele as pessoas se submetem à autoridade não para permitir que ela faça o que lhe agrada mas porque confiam em que alguém aja em confor midade com certas concepções comuns sobre o que é justo Para Robert Nozick 1974 a auto ridade do estado repousa em sua nãoviolação dos direitos individuais Por outro lado alguns pensadores moder nos Michael Oakeshott 1962 Hannah Arendt e outros com inspiração em Aristóteles Rous seau e Hegel não se referem a interesses ou direitos mas a identidades sociais Substituem as individualidades desimpedidas e para eles debilitadas da teoria liberal por individuali dades situadas parcialmente constituídas por seus papéis práticas locais e tempos sociais O motivo pelo qual aceitamos a autoridade con trapõem esses teóricos comunitários é que ela expressa nossa vontade comum ou reflete nossa identidade comum nossos valores e cren ças compartilhados Ao mesmo tempo em que alguns argumentos comunitários contra o libe ralismo são semelhantes aos apresentados por conservadores especialmente os Tóris britâni cos no início do século XIX eles comumente conduzem a políticas mais igualitárias Mas quando as individualidades estão situadas em uma cultura individualista os comunitários po dem tornarse bastante libertários sendo Oa keshott um exemplo Finalmente os realistas políticos acredi tam que a autoridade não passa a existir por meio de crenças compartilhadas ou por conven ção mas por imposição Vilfredo Pareto descre veu a política como a competição entre as elites que buscam seus próprios objetivos através da manipulação do apoio da massa Todos os governos usam a força e todos afirmam que se fundamentam na razão Pareto 191619 se ção 2183 De acordo com Gaetano Mosca 1896 a classe governante dominou a maioria desorganizada legitimando seu poder através de uma fórmula política Marxistas e anar quistas concordam em certa medida com os realistas políticos no que diz respeito à natureza da autoridade apesar de dois grupos ao contrá rio dos realistas acharemna inaceitável e dese jarem substituíla por alguma outra coisa a res peito de cuja natureza porém não entram em acordo Mas a maioria tanto dos filósofos polí ticos quanto dos sociológos políticos acredita que a autoridade é um aspecto inevitável e inerradicável da vida social Leitura sugerida Arendt Hannah 1960 What is au thority In Between Past and Future Eight Exercises in Political Thought Jouvenel Bertrand de 1947 De la souveraineté à la recherche du bien pratique Lukes S 1978 Power and authority In A History of Sociological Analysis org por T Bottomore e R Nisbet Peters R 1967 Authority In Political Phi losophy org por A Quinton Weber Max 19212 1978 Economy and Society an Outline of Interpre tative Sociology org por Günther Roth e Claus Wittich Winch P 1967 Authority In Political Philosophy org por A Quinton HANNES H GISSURARSON avantgarde Ver VANGUARDA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra A Produção Textos Formas Para Ed Zahar avantgarde 39 B base e superestrutura Estas são metáforas marxistas para descrever as relações entre a economia relações de produção e o governo a política e a ideologia Marx e Engels nunca desenvolveram suas idéias a respeito da base e da superestrutura em um tratado específico nem de maneira sistemática mas é possível discernir pelo menos três características básicas de seu pensamento a esse respeito compatibi lidade feedback e nãoreducionismo 1 Uma sociedade existe se houver compa tibilidade entre seu governo política leis suas idéias e suas estruturas econômicas Nem tudo é possível se a economia muda o governo e as idéias terão de mudar Marx provavelmente pensou que poderia haver um e apenas um tipo de superestrutura compatível com uma dada base GV Plekhanov Lenin e Stalin com toda certeza assumiram ponto de vista semelhante A compatibilidade também foi interpretada co mo indicando a inevitabilidade de mudança na superestrutura em seguida a uma transformação da base Essa é a interpretação forte de compa tibilidade De acordo com a interpretação fraca o número de superestruturas compatíveis tem de ser menor que o número de todas as pos síveis superestruturas A correspondência é de uma para muitas Assim afirmações a respeito da superestrutura ainda podem ser explicadas recorrendose a afirmações a respeito da base mas sua descrição não tem como ser inferida a partir da descrição da base A tese da inevitabi lidade também pode ser reduzida à tese com posta de que a se uma base muda então ou a superestrutura muda para restaurar a compati bilidade ou a base retorna ao tipo anterior para que a sociedade não seja destruída por um conflito interno e b se uma superestrutura muda então ou a base muda para restaurar a compatibilidade ou a superestrutura retorna ao tipo anterior para que a sociedade não seja destruída 2 Há uma relação de feedback entre base e superestrutura A palavra feedback foi usada pela primeira vez de forma sistemática e neste contexto por um filósofo alemão Georg Klaus depois de 1960 A idéia está implícita nos textos de Marx e explícita nos de Engels Feedback explica o aspecto de funcionalidade de uma superestrutura com relação a sua base Afir mações a respeito das funções do governo ou das idéias podem ser traduzidas em frases con dicionais aceitáveis dentro do modo científico de explicação A tese do feedback é compatível com as interpretações tanto forte quanto fraca da tese da compatibilidade 3 Nem todas as propriedades da superes trutura são dependentes de algumas proprie dades da base Há dimensões e propriedades das esferas do governo e do pensamento que não podem ser explicadas recorrendose a afirma ções a respeito da base suas descrições não podem ser reduzidas às descrições da base Uma superestrutura desenvolvese a partir de outra que a antecedeu e resulta de uma livre escolha ou de ações ao acaso dentro das res trições estruturais impostas pelas condições de compatibilidade e feedback A superestrutura é considerada um componente necessário de qualquer sociedade humana Não é puramente uma serva ou escrava da base Feedback e nãoreducionismo são abrangi dos pelo rótulo composto de autonomia relati va da superestrutura O conceito de base e superestrutura assim tornase um conceito de restrições e condições de capacitação de ações e atividades humanas Nos textos marxistas não se encontra um método geral para se afir mar ante factum que propriedades e entidades dentro de algumas instituições superestruturais são dependentes da base e que outras não são Dessa forma não temos uma teoria sociológica geral apesar de efetivamente dispormos de um útil esboço de teoria que destaca algumas im 40 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar portantes relações na sociedade que podem ser usadas como núcleo de um programa de pesqui sa em história sociologia antropologia social direito e ciência política A expressão base e superestrutura é am plamente aplicada às relações entre instituições da sociedade É também aplicável às relações entre os níveis no interior das instituições com postas famílias bandos de caça e coleta uni dades étnicas e assim por diante As palavras base e superestrutura foram introduzidas por Marx 1859 Ele afirmava que estado política e formas ideológicas compu nham uma superestrutura construída sobre a base de relações de produção sendo esta última compatível com um nível definido dos meios de produção Assim a superestrutura não foi descrita por Marx como diretamente depen dente da tecnologia A dependência era media da pelas estruturas econômicas Já em 1844 Marx escreveu nos manuscritos parisienses que alguns valores humanos eram dependentes de condições econômicas em particular atitudes alienadas para com o trabalho e a liberdade foram descritas como dependentes da presença de alienação na economia A afirmação de que pensamento e governo baseiamse no MODO DE PRODUÇÃO permeia todo o texto de A ideologia alemã Marx e Engels 18456 Engels discutiu as relações entre base e superestrutura em inú meras cartas escritas entre 1890 e 1895 Ele introduziu a descrição de feedback dos relacio namentos entre base e superestrutura destacan do que as instituições pertencentes à superes trutura têm algumas características nãodeter minadas por sua base Às vezes ele usou a palavra base de forma um tanto indefinida para incluir o ambiente natural e todo o modo de produção Engels 1894 Nos anos 20 alguns autores soviéticos come çaram a fazer distinções entre a base tecnológi ca partes dos meios de produção e a base econômica Esta última consistia nas relações de produção câmbio e distribuição Os autores econômicos ocidentais desde 1870 eram pra ticamente desconhecidos dos filósofos e eco nomistas soviéticos Assim não há investiga ções detalhadas das relações de produção por parte da maioria dos marxistas Não obstante a expressão base ou base econômica não é usada por autores soviéticos para indicar o con junto do modo de produção Eles também en caram a superestrutura como sendo exterior ao modo de produção e nele baseada Seu ponto de vista predominante passou a ser que apesar de as relações de produção serem o fator determi nante mais importante para a superestrutura também podem existir relações determinantes diretas dos meios de produção para a superes trutura Afirmase que uma formação sócio econômica combina um modo de produção e uma superestrutura Esse uso soviético e euro peu oriental difere do de alguns autores ociden tais influenciados por uma tradição marxista francesa segundo a qual a palavra base é usada para indicar tanto os meios quanto as relações de produção O uso padrão soviético entrava em bom acordo com Marx 1859 e parecia do ponto de vista da exegese mais próximo do corpo completo dos textos de Marx e Engels J Plamenatz afirmou que Marx inter pretava as relações de produção como relações de propriedade jurídica Esse ponto de vista foi rejeitado por GA Cohen que também forne ceu análises das microfundações das relações basesuperestrutura Os pontos de vista de Co hen apoiavamse em boas evidências textuais Marx 1859 Há uma tendência nos textos ocidentais mo dernos sobre MARXISMO a encarar as idéias a respeito de base e superestrutura como princí pios explanatórios GA Cohen insiste em que as relações entre superestrutura e base são fun cionais e em que essa explicação funcional é uma forma válida de explanação Isso levou a controvérsias nos estudos analíticos do marxis mo sobre a natureza das relações funcionais e o papel das explicações funcionais Na ciência social do século XIX EXPLICAÇÃO ainda não se havia tornado uma palavra em voga Marx e Engels estavam essencialmente interessados em descobrir o que julgavam ser relacionamen tos reais entre entidades reais Apesar de terem desenvolvido conceitos e terminologias para fins de compreensão e explicação seu interesse não se centrava nos conceitos mas na realidade social e em revolucionar essa realidade O uso simplista e nãometafórico dos con ceitos base e superestrutura por alguns mar xistas e antimarxistas é essencialmente uma realização do século XX O marxismo foi trans formado num sistema teórico fechado e irrefu tável que tudo abrange por alguns pensadores da Segunda Internacional por Lenin e pelos intérpretes stalinistas de Marx Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar base e superestrutura 41 Leitura sugerida Cohen GA 1978 Karl Marxs Theory of History a Defence Collins H 1982 Mar xism and Law Elster J 1985 Making Sense of Marx Newman KS 1983 Law and Economic Organiza tion a Comparative Study of Preindustrial Societies Plamenatz J 1954 German Marxism and Russiam Communism Plekhanov GV 1895 1975 The de velopment of the monist view of history In Selected Philosophical Works in Five Volumes vol1 Ther born G 1980 What Does the Ruling Class Do When It Rules State Apparatuses and State Power under Feu dalism Capitalism and Socialism EERO LOONE behaviorismo Ver COMPORTAMENTALISMO bemestar estado de Ver ESTADO DE BEMES TAR QUALIDADE DE VIDA bemestar teoria econômica do No pro cesso de escolha entre opções políticas mutua mente excludentes os juízos de valor são ines capáveis A teoria econômica do bemestar é a análise dos juízos de valor no contexto de to madas de decisão econômicas Na gestão de uma economia é preciso fazer escolhas o tempo todo É natural portanto tentar garantir que essas escolhas se originem do mesmo e consistente conjunto de juízos a respeito de VALORES ou critérios de BEMESTAR SOCIAL Du rante a maior parte deste século o critério de bemestar a que a economia deu preferência foi o ligado ao nome de Vilfredo Pareto Pareto 1897 Para a sociedade uma melhora de Pare to é uma mudança que deixa todo mundo pelo menos tão bem quanto antes e uma ou mais pessoas na verdade em melhor situação Uma condição Paretoótima é aquela a partir da qual não há mais melhoras de Pareto possíveis Uma vantagem do critério de Pareto é que ele não depende de comparações interpessoais De acordo com esse critério nenhum julgamen to depende de o ganho da pessoa A ser maior ou menor que o ganho da pessoa B Essa vantagem é no entanto conseguida à custa de uma reti cência amplamente difundida Uma medida po lítica que dê 100 dólares a um carente e deixe um milionário um dólar mais pobre não é algo que possa ser recomendado ou rejeitado em bases paretianas presumindose que o milioná rio de fato perceba a perda de um dólar não importa com que exatidão Não surpreende portanto que grande parte da teoria econômica do bemestar se tenha ocu pado em desenvolver abordagens mais sofis ticadas para classificar as condições sociais Um trabalho fecundo nesse sentido foi um en saio publicado por Abram Bergson 1938 e mais tarde desenvolvido por Paul Samuelson 1947 A abordagem BergsonSamuelson exi ge que o bemestar social de uma sociedade seja função do nível de proveito desfrutado por cada indivíduo dentro dela Dependendo de nossas inclinações normativas poderíamos insistir em dizer que a função satisfaz certas propriedades Por exemplo poderíamos exigir dela que fosse de Paretoinclusiva Isto é se o proveito de alguém aumenta e o de ninguém cai o nível de bemestar social deve registrar um aumento Poderseia ser mais exigente e fazer questão de que o bemestar social fosse a soma do nível de proveito de cada indivíduo Isso seria equiva lente ao utilitarismo defendido no século XVIII por Jeremy Bentham Uma linha intermediária defendida por John Hicks Nicholas Kaldor e outros descreve uma mudança como melhora caso seus benefi ciários sejam capazes de compensar os perde dores e ainda conservar alguns benefícios posi tivos Essa regra foi amplamente usada para comparações de renda real nacional e análises de custosbenefícios mas sua base conceitual tem sofrido sérios ataques Se os beneficiários conforme se argumentou não vierem a com pensar de fato os perdedores em que ajuda saber nesse caso que eles podem fazêlo E se de fato os compensam o próprio critério de Pareto descreverá a mudança como desejável Por que motivo precisaríamos de outra regra Em tempos mais recentes a teoria econômi ca do bemestar recebeu grande impulso com a descoberta de um teorema de proporções gigan tescas o teorema da impossibilidade geral 1951 de Kenneth Arrow ver ESCOLHA SO CIAL Em vez de fixar uma função de bemestar social particular Arrow anotou alguns axiomas que parecem extremamente razoáveis que po deríamos desejar que uma função social satisfi zesse O teorema da impossibilidade geral afir ma que esses axiomas não podem ser satisfeitos simultaneamente Uma ampla literatura surgiu para resolver o problema Mas no momento mesmo em que essa literatura vinha aparecendo outros teore mas de impossibilidade tais como o influente teorema do paradoxo da liberdade 1970 de Amartya Sen continuavam a surgir Ainda mais importante a teoria econômica do bemestar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 42 behaviorismo pósarrowiana tornouse um ponto de encontro para a economia e a filosofia moral Questões de direitos e liberdades individuais podiam ser tratadas agora pela economia A obra de Amar tya Sen por exemplo vacilava entre o quadro formal usado pelos teóricos econômicos do bemestar e o outro conceitual dos filósofos morais como John Rawls e Robert Nozick A teoria econômica do bemestar também enri queceu atividades mais terraaterra como a análise de custosbenefícios a mensuração da pobreza e da desigualdade e a elaboração de políticas públicas Leitura sugerida Atkinson AB 1983 Social Justice and Public Policy Graaf J de V 1957 Theoretical Welfare Economics Nozick R 1974 Anarchy State and Utopia Rawls J 1971 A Theory of Justice Sen A 1982 Choice Welfare and Measurement KAUSHIK BASU bemestar social A expressão define o bem estar da sociedade como um todo Como tal é um conceito que assume ainda que fragil mente a possibilidade de se medir o bemestar pessoal de se compararem escalas individuais de bemestar e de se estabelecerem as relações entre essas escalas individuais comparáveis e a soma de bemestar da sociedade como um todo Em sua forma mais ambiciosa assumiu a capa de uma função de bemestar social idéia mais estreitamente associada a dois economis tas Bergson 1938 e Samuelson 1947 Seu modelo na verdade um exercício de trans posição das chamadas escalas de preferên cia individual para uma escala de preferência social que se presume ser a soma das prefe rências individuais buscava definir o bem estar total da sociedade como uma função de sua alocação de recursos Esse modelo foi cri ticado por Arrow o qual afirmou que qualquer função ou regra que procurasse levantar orde nações de preferência individual para formar uma escala de preferência social e que obede cesse a condições mínimas de Aplicabilidade Universal que todas as variações logicamente possíveis de preferências individuais fossem conciliadas de Independência de Alternativas Irrelevantes que não exigisse nenhuma infor mação desnecessariamente detalhada violando a privacidade pessoal e de um Princípio Pareto Fraco que pelo menos alguém se saísse melhor e ninguém ficasse pior ver BEMESTAR TEORIA ECONÔMICA DO tinha de admitir um ditador isto é um indivíduo cujas preferências estritas fos sem impostas à sociedade Vários esforços para transcender o chamado teorema da impossibilidade de Arrow leva ram à moderna disciplina da teoria da escolha social ou a busca de um fundamento racional normativo das decisões sociais em sociedades nas quais os indivíduos têm preferências dife rentes quanto ao uso dos recursos disponíveis Com esse fim tal disciplina ocupase da agre gação de interesses preferências ou bemestar individual em agregados nacionais de interesse preferência ou bemestar social E isso levou a que se desenvolvessem pelo menos métodos teóricos de mensuração e comparação cuja su tileza e engenhosidade são dignas de serem admiradas eles não podem sequer ser resumi dos aqui para uma breve exposição ver Sen 1987 ver também ESCOLHA SOCIAL No entan to apesar de toda a sua indubitável sofisticação a teoria da escolha social permanece imobiliza da pela possibilidade lógica de diferentes exer cícios de agregação dependendo do que exata mente é agregado interesse preferências bem estar ou mesmo julgamento moral a respeito desses três e do que se considera ser uma conclusão adequada do exercício em si mesmo se uma simples mensuração ou uma alteração ativa por exemplo no sentido de uma igual dade de bemestar como resultado desse exer cício ver Sen 1977 e 1986 De forma semelhante os modelos de esco lha social como modelos axiomáticos de pre ferência e alocação de recursos tendem a as sumir na maior parte a possibilidade de infor mação completa mas não implicando intrusão em benefício daquele que toma as decisões e a legitimidade de métodos ditatoriais de tomada de decisão na busca da maximização do bem estar social como um resultado de todos esses cálculos A esse respeito talvez os desenvolvi mentos mais instigantes nessa disciplina te nham resultado do estudo sistemático dos pro cedimentos de votação não apenas como mo delos para o cálculo teórico de preferências sociais agregadas mas como indicadores da possibilidade de seu cálculo prático em algum momento futuro Alternativamente talvez haja algo que se possa dizer em favor do apelo de Barry 1991 para se retirar por completo a noção de bemestar social e individual do pressuposto de provisão coletiva Ver também ESTADO DE BEMESTAR Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar bemestar social 43 Leitura sugerida Arrow KJ 1951 Social Choice and Individual Values Barry Norman 1991 Welfare Bergson A 1938 A reformulation of certain aspects of welfare economics Quarterly Journal of Econo mics 52 31034 Samuelson PA 1947 Foundations of Economic Analysis Sen AK 1977 Social choice theory a reexamination Econometrica 45 5889 Ο 1986 Social choice theory In Handbook of Mathe matical Economics vol3 org por KJ Arrow e M Intriligator Ο 1987 Social choice In The New Pal grave Dictionary of Economics vol4 org por John Eatwell Murray Milgate e Peter Newman SJD GREEN Bloomsbury grupo de Essa expressão há muito é usada para indicar um vínculo informal de estetas e INTELECTUAIS influentes ou pelo menos proeminentes na primeira metade deste século e ainda por conta de suas opiniões e especialmente vidas sexuais pouco conven cionais de interesse ao que tudo indica inesgo tável para os biógrafos populares A expressão deriva da circunstância de que por ocasião da morte do homem de letras vitoriano e primeiro editor do Dictionary of National Biography sir Leslie Stephen 18321904 suas quatro filhas entre as quais se incluíam a pintora Vanessa Bell e a romancista Virginia Woolf muda ramse de Hyde Park Gate para o número 46 da Gordon Square no bairro então altamente fora de moda de Bloomsbury no centro de Londres Lá elas e seus amigos se reuniam regularmente para soirées e discussões e daí se desenvolveu um núcleo de pessoas com interesses seme lhantes que sobreviveu por muito tempo à dis solução do núcleo familiar original O grupo nunca teve uma identidade oficial apesar de muitos de seus membros terem per tencido à elitista Society of Apostles da Uni versidade de Cambridge O grupo de Blooms bury na verdade era quase que exclusivamente composto por pessoas educadas em Cambridge e mais tarde de outras que tinham em Cam bridge a sua base de atividades os filósofos G E Moore e perifericamente Bertrand Russell ambos do Trinity College o historiador G Lowes Dickinson o crítico de arte Roger Fry o biógrafo e crítico literário Lytton Strachey o romancista EM Forster e o economista JM Keynes todos graduados por ou Fellows do Kings College Entre os membros menos im portantes estavam o crítico Clive Bell marido de Vanessa o pintor Duncan Grant e o admi nistrador colonial e pensador fabiano Leonard Woolf marido de Virginia e também fundador com ela da Hogarth Press A influência do grupo perdurou pelos anos 50 e mais além em parte através de seus filhos mas também de recrutas mais jovens como o crítico de jornal dominical Raymond Mortimer de quem se diz ter sido modelo para o depravado príncipe Da niyal na mais vigorosa de todas as sátiras sobre Bloomsbury o romance The Root and the Flo wer 1935 de LH Myers Bloomsbury foi essencialmente o fruto boê mio de uma Cambridge esclarecida de classe média alta e vitorianamente tardia De Cam bridge o grupo tirou o racionalismo o ceticis mo e o agnosticismo religioso mas rejeitou de seus antecessores o UTILITARISMO o puritanis mo e o espírito público exemplificado pelos clãs Stephen e Strachey que se gabavam além de antigas ligações evangélicas da presença de inúmeras figuras de destaque jurídicas mi litares e administrativas entre seus membros A perspectiva de Bloomsbury era epicurista hedonista pacifista subjetivista e exceto no que dizia respeito a artes e relações pessoais um tanto monotonamente irreverente Nada importava observou Keynes numa famosa Memoir 1949 exceto estados de espírito os nossos próprios e os de outras pessoas é claro mas principalmente os nossos próprios Re pudiávamos inteiramente a moral e as con venções habituais e a sabedoria tradicional A única dívida de Bloomsbury para com Oxford foi em ESTÉTICA Nesse campo o grupo seguiu a influência de Fry que por sua vez havia sido influenciado pelo FORMALISMO e por uma aversão ao NATURALISMO do movimento dos estetas do qual são exemplos Walter Pater e Oscar Wilde Para Fry como para JA McNeill Whistler o valor de uma pintura se localizava nos estados estéticos abstratos desinteres sados supostamente induzidos no espectador sensível apenas por sua forma textura e cor independente de qualquer conteúdo descritivo Fry foi encontrar essas qualidades da Forma Significativa como Bell a chamava exempli ficadas com destaque na obra de Paul Cézanne a quem introduziu no mundo anglosaxão atra vés de duas exposições pósimpressionistas que organizou em Londres em 1910 e 1912 Essa idéia em si mesma longe de ser novidade de que o valor era essencialmente sui generis encontrava eco substancial se não efetiva inspiração na visão da vida moral de GE Moore tal como exposta em seus Princi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 44 Bloomsbury grupo de pia Ethica 1903 obra que foi chamada a Bíblia de Bloomsbury Pois o Bem era igual mente irredutível exceto para os estados de espírito subjetivos provocados pelos estímu los estéticos por um lado e pela amizade ou relações pessoais por outro A metafísica de Moore como ele próprio o disse era a do senso comum As coisas ti nham uma existência real independente da nos sa percepção a seu respeito ponto de vista rejeitado com desprezo pela geração anterior de idealistas contra os quais Moore reagia Não osbtante a perspectiva de Bloomsbury fazia poucas concessões a qualquer mundo objetivo ou externo no sentido vulgar Era essencial mente uma torre de marfim Os valores po diam teoricamente ser objetivos mas na prática o indivíduo era livre para criar os seus próprios uma vez que sendo personificados apenas em sensações particulares inefáveis eram opacos à inspeção ou à crítica pública Nisso estranhamente assemelhavamse à des prezada consciência puritana Resumiam se no final a pouco mais que gostos ou prefe rências para os quais não se achava que qual quer desculpa fosse necessária além do tradi cional apelo liberal à soberania do indivíduo ver LIBERALISMO INDIVIDUALISMO Em conformidade com isso a maioria dos críticos do grupo de Bloomsbury incluindo um dos mais ferozes o escritor DH Lawrence ele próprio extraordinariamente excêntrico o acu sava de uma mentalidade trivial e amoral pos sível apenas pela independência financeira com que a maioria deles nascera e que lhes permitia um insulamento das pressões do cotidiano que o trabalho e a vida social ordinária e indesejável impõem aos menos afortunados Há alguma verdade nessas restrições Na maior parte do pensamento de Bloomsbury ocorre de fato uma fragilidade difusa até mesmo certa complacência paroquial autocon gratulatória Mas é evidentemente extravagân cia e até mesmo obscurantismo responsabili zar como já foi feito pela crise inflacionária dos anos 70 anos economicamente keynesia nos o homossexualismo de Keynes e de ma neira geral os mores de Bloomsbury A suposta ligação é que a economia keynesiana conforme exemplificada pelo aumento da demanda atra vés dos aumentos dos meios circulantes e pelas concessões de empréstimos colossais para fi nanciar governos o homossexualismo e a bus ca da mera sensação estética têm uma pers pectiva voltada apenas para o curto prazo Mas hoje se sabe que por publicação dele próprio Keynes estava fazendo recomenda ções principalmente para as condições pecu liares dos anos 30 ainda que ele também tenha dito de forma suficientemente incontroversa que a longo prazo estaremos todos mortos Sem dúvida elementos de segunda ou ter ceira linha como Strachey e Bell só sobrevi veram porque o grupo de Bloomsbury como um todo conquistou a imaginação do público apesar de uma obra da juventude de Strachey Landmarks in French Literature e uma obra póstuma Books and Characters ainda serem dignas da atenção de qualquer pessoa culta ao contrário do esnobe e pretensioso Civilization de Bell Mas pessoas como Keynes Russell e mesmo Moore com toda certeza teriam sido notáveis em qualquer período ou meio enquan to escritores como Forster e acima de todos Virginia Woolf exibem não apenas inventivi dade técnica mas uma espiritualidade delicada preciosa e genuína que nenhuma época poderia ou pode darse ao luxo de dispensar Leitura sugerida Bell Quentin 1972 Virginia Woolf a Biography 2 vols Forster EM 1947 Howards End Fry Roger 1920 Vision and Design Harrod RF 1951 The Life of John Maynard Keynes Johns tone JK 1954 The Bloomsbury Group Keynes JM 1949 Two Memoirs Moore GE 1903b Principia Ethica Myers LH 1935 1984 The Root and the Flower Strachey G Lyttom 1948 Eminent Victo rians Woolf Virginia 1966 Collected Essays 4 vols Ο 1927 1977 To the Lighthouse ROBERT GRANT bolchevismo Ver LENINISMO bonapartismo Tipo de governo que tem co mo epítomes os regimes de Napoleão I e III no qual a SOCIEDADE CIVIL e as instituições políti cas representativas se encontram subordinadas ao poder policialmilitar O regime bonapartista é instalado por meio de golpe de estado como conseqüência de anterior deterioração das ins tituições republicanas e de tumulto social O líder à frente de tal governo pretende expres sar diretamente a vontade indivisível do Povo soberano e tenta mas não consegue fundar uma dinastia Medidas de exceção legitimam se através de plebiscitos de massa Essa defini ção elementar porém não consegue transmitir toda a gama de inflexões da palavra nem tam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar bonapartismo 45 pouco a sofisticação conceitual que ela já rece beu em particular no pensamento marxista O termo bonapartismo já estava em uso por volta de 181516 OED 1971 p245 Robert 1966 p510 mas sua familiaridade nos círcu los cultos europeus foi em grande parte um fenômeno das décadas de 1850 e 1860 Nesse período a palavra descrevia criticava ou louva va o governo de Luís Bonaparte Seu comando primeiro como presidente depois como impe rador 185270 da França era encarado co mo a encarnação de uma mutação política iné dita simultaneamente populista ver POPULIS MO autoritária patriótica e aventureira em ter mos militares A palavra era geralmente usada como sinônimo de CESARISMO apesar da polê mica de alguns autores contra essa equipara ção acusandoa de anacronismo Marx 1852 Mommsen 1901 p325 ou até mesmo de irreverência Mommsen p3267 Sua utilização no século XX pode ser divi dida grosso modo em duas categorias que se sobrepõem A primeira oferece uma explica ção sóciopolítica marxista do bonapartismo e busca aplicar a palavra a condições moder nas Segundo a análise multifacetada nem sempre consistente ver Rubel 1960 Wipper mann 1983 de Marx e Engels o regime de Napoleão III tornouse possível tanto pela bu rocratização disseminada por toda a sociedade francesa quanto por uma conjuntura específica o equilíbrio das forças de classe que proporcio nou ao Executivo um espaço substancial para manobras políticas A significação histórica do bonapartismo reside em sua capacidade de pro mover um vigoroso desenvolvimento capitalis ta em condições nas quais a burguesia exigiu intervenção maciça do estado em seu favor Marx 1852 e 1871 Engels 1871 O próprio Marx raramente empregou a pa lavra bonapartismo provavelmente por relutar em promover a experiência napoleônica à con dição de categoria política geral algo que o sufixo ismo do grego ismos passou a signi ficar Koeber e Schmidt 1965 pXIV Marxis tas posteriores mostraramse menos cautelosos Assim alegouse haver bonapartismo evidente no governo provisório de Kerensky Lenin O início do bonapartismo e Eles confundem a floresta com as árvores in Obras completas vol25 Trotsky 1932 p6638 no regime de Stalin Trotsky 1937 p2779 e nas adminis trações prénazistas de Brüning e Hindenburg PapenSchleicher Trotsky 1932 ver também Kitchen 1974 sobre Talheimer Neses casos o bonapartismo assume variadas nuanças de significado mas a idéia de relativa autonomia do estado surgindo de um equilíbrio ou impas se nas classes sociais permanece fundamental da mesma forma que o opróbrio que acompanha a palavra Estudos marxistas mais recentes so bre o bonapartismo reenfatizaram seu caráter militar Hobsbawn 1977 p17791 suas se melhanças e diferenças com relação ao FASCIS MO Kitchen 1976 p7182 sua existência como forma de regime entre outras incluemse o bismarckismo o fascismo e as juntas mili tares que o estado capitalista de exceção é capaz de assumir Poulantzas 1974 p31330 cf Engels 1884 A segunda utilização do conceito localizao convencionalmente em sua própria época bo napartismo tornase um meio de interpretar e reconstruir elementos da história européia do século XIX Com freqüência esse uso avançou ele próprio dentro de um quadro de influência marxista descrevendo por exemplo o bona partismo do Segundo Império francês como uma ditadura modernizante Magraw 1983 p159205 ou como um regime burocrático autoritário PerezDiaz 1978 ou ampliando o conceito para abranger a revolução pelo alto de Bismarck na Prússia do século XIX Wehler 1970 e 1985 p5562 mas ver tam bém Mitchell 1977 e Eley 1984 p14953 No entanto autores nãomarxistas também têm encontrado utilização para o conceito Alguns o têm empregado para indicar os paralelos e contrastes entre os regimes de Napoleão I e III por exemplo Fischer 1928 Outros têm uti lizado a palavra para mapear a complexidade histórica do fenômeno que ela denota por exemplo a qualidade evolutiva do governo de Napoleão III a distribuição geográfica desigual de sua base de massa seus laços com o orlea nismo o movimento político que defendia a idéia e a instituição de uma monarquia cons titucional e com o republicanismo sua rela ção com a populaça rural e urbana as origens e variedades de seu apoio de direita digamos por parte dos notáveis e do clero Zeldin 1979 p140205 Rémond 1966 p12565 36684 que também compara o gaulismo na França do século XX ao bonapartismo Bluché 1980 Finalmente o bonapartismo despertou interes se como uma palavra do discurso político do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 46 bonapartismo século XIX e foi estudado como pertencendo a uma família de conceitos que inclui o des potismo a tirania a usurpação o cesarismo e a DITADURA que denotam formas cambiantes de dominação ilegítima Richter 1982 e 1988 Leitura sugerida Draper H 1977 Karl Marxs Theo ry of Revolution 2 vols Vol1 State and Bureaucracy Groh D 1972 Cäsarismus Napoleanismus Bona partismus Führer Chef Imperialismus In Geschicht liche Grundbegriffe 7 vols Vol1 org por O Brunner W Conze e R Koselleck p72671 Hammer K e Hartmann PC 1977 Der Bonapartismus His torisches Phänomen und politischer Mythos Wehler HU 1985 The German Empire 18711918 Zeldin T 1958 The Political System of Napoleon III Ο 1979 France 18481945 Politics and Anger PETER BAEHR budismo No decorrer de 25 séculos o budis mo evoluiu no sentido de uma civilização e uma tradição religiosa panasiáticas características mas ao mesmo tempo sempre se acomodou prontamente às variações locais Tal foi es pecialmente o caso das formas de vida social aceitas pelos budistas A vida social budista na China tinha mais em comum com os valores confucianos ver CONFUCIONISMO do que com os esposados pelos budistas do Sul da Ásia que partilhavam muitos dos valores sociais com os hindus ver HINDUÍSMO E TEORIA SOCIAL HINDU Como resultado as configurações e práticas sociais da tradição budista foram historica mente de uma diversidade extraordinária em uma dimensão tal que os primeiros observa dores ocidentais do budismo acharam difícil reconhecer que a religião que encontraram no Japão tinha alguma relação com a que havia sido encontrada na Tailândia Ao mesmo tem po os pensadores budistas geralmente despen diam muito pouco esforço em tentativas de dar sentido a essa diversidade através de uma de finição da natureza da sociedade ideal especial mente em comparação com intelectuais de ou tras tradições religiosas como o islã e o hin duísmo Isso mudou no século XX e o interesse em articular conhecimento e valores sociais que são caracteristicamente budistas é um aspecto notável do budismo contemporâneo em todo o mundo Tradicionalmente o pensamento normativo budista era bastante ambivalente a respeito da vida social Por exemplo o Aggañña Sutta mito canônico sobre as origens da comunidade retrata o surgimento dos elementos básicos da vida social como a família como reação à imoralidade e à ambição Mais ainda as es truturas sociais institucionalizadas eram retra tadas como inerentemente desacreditadas e mo ralmente suspeitas pois em geral abrigavam e às vezes favoreciam as propensões para o mal encontradas nos seres humanos Outras des crições autorizadas retratam a vida social como fonte inevitável de sofrimento por causa da natural inconstância das relações entre os seres humanos nas quais a conduta ambígua chega a ser lugarcomum A vida social efetiva fornecia abundantes confirmações dessa visão sombria Em contraste a vida budista ideal tinha a inten ção de arrancar pela raiz a inclinação para o mal e pôr fim ao sofrimento Era retratada com freqüência como altamente individualizada li vre de responsabilidades sociais com a intera ção social limitada a relações consensuais entre seres diferenciados apenas pelo nível espiritual atingido Esse ideal era institucionalizado na ordem monástica budista sangha na qual se rejeitavam os padrões de dependência e hierar quia típicos de todas as comunidades humanas Em suma os pensadores budistas normalmente encaravam a vida em sociedade como irredimí vel e concluíam que o melhor que um indivíduo podia fazer era deixar de participar de suas preocupações e expectativas Essa atitude nega tiva diante da vida social foi uma fonte da crítica e do desprezo dirigidos contra o budismo por pensadores de comunidades rivais na Índia e na China Embora o pensamento tradicional budista veja poucas possibilidades de autêntica reforma na sociedade humana certas virtudes sociais eram recomendadas como meios de minimizar as crueldades habituais da vida social Entre elas se incluíam a devoção filial a generosi dade a gratidão a paciência e um senso de proporção A definição exata de tais virtudes e a especificação de outras virtudes sociais varia vam de sociedade para sociedade no mundo budista De forma semelhante o ensino budis ta tradicional recomendava a monarquia como uma estrutura política aceitável Na teoria polí tica budista tradicional era responsabilidade do rei fazer cumprir a lei e promover o bemestar geral embora mais uma vez não houvesse acor do no mundo budista a respeito do que constitui a lei ou a boa sociedade que um rei devia promover Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar budismo 47 Alguns aspectos do pensamento budista fo ram freqüentemente usados para legitimar es truturas sociais existentes Um aspecto central do pensamento budista é a doutrina do carma que explica como certos aspectos da existência atual são o resultado de ações anteriores es pecialmente ações em uma vida prévia No pensamento budista tradicional os efeitos do carma estavam relacionados com a hierarquia existencial encontrada na cosmologia budista que incluía uma variedade de céus e infernos bem como de seres humanos animais e fantas mas O futuro nascimento de alguém em um desses reinos era determinado pelo bem ou pelo mal que agora praticava tal como as atuais condições de uma pessoa eram o resultado de ações anteriores A hierarquia social existente entre os seres humanos numa dada comunidade situavase no interior dessa hierarquia cósmica e as desigualdades sociais eram então justifica das como conseqüências justas de ações morais ou imorais O impulso básico dessa visão de mundo religioso era conservador Os indiví duos podiam ser capazes de mudar sua própria posição dentro da hierarquia social e cósmica mas a hierarquia em si mesma era fixa No século XX cosmologia renascimento e carma geralmente não se encontram mais no centro do pensamento budista em grande parte porque essas idéias muita vezes parecem sus peitas à luz do conhecimento científico moder no Outros aspectos do pensamento budista têm recebido em conseqüencia maior ênfase do que tradicionalmente ainda que esse repensar em geral tenha assumido o disfarce de um re torno aos pensamentos originais do Buda o mestre indiano do século V aC que foi o fun dador do budismo Nesse repensar o indivíduo em vez da comunidade ainda ocupa o centro da cena mas no lugar da explicação tradicional do carma se dá uma ênfase especial à capacidade humana para o pensamento crítico para a auto disciplina mental e moral para mudar à luz da melhor compreensão da natureza humana e do mundo natural Esse repensar também indicava a possibilidade de reformar se não mudar as estruturas da sociedade à luz de um conheci mento melhorado em vez de aceitálas como um dado cosmológico A possibilidade de mudança social inspirou os budistas a reconsiderar as soluções de sua tradição em busca de novos modelos para so ciedades melhores Alguns budistas encararam a representação idealizada da ordem monástica nas estruturas budistas como um modelo de inspiração para uma sociedade perfeita Essa sociedade voluntária baseiase em espírito na rejeição de males básicos tais como a autogra tificação e a cobiça conforme indicado pela proibição do uso de dinheiro pelos monges e na afirmação de virtudes como a humildade e a disciplina que controlam os perigos do indi vidualismo Suas estruturas de governo dão preferência ao consenso visto pelos budistas contemporâneos como uma forma perfeita de democracia Ao mesmo tempo sua orientação econômica seria socialista com os recursos divididos em comum de acordo com a ética de suficiência A sociedade organizase em torno do interesse comum na promoção do avanço espiritual de acordo com o esquema da soterio logia budista e todos os seus membros obtêm benefícios por sua participação Houve alguns passos preliminares no sentido de efetivamente implementar esse modelo tal como o programa de U Nu para o socialismo budista na Birmânia mas essas tentativas não se mostraram promis soras Outra tendência importante no budismo contemporâneo foi o surgimento de uma nova ênfase no ativismo social Quando surgiu pela primeira vez no início deste século essa nova orientação em geral não era motivada direta mente pelos valores sociais ou éticos encontra dos na tradição budista mas era antes uma tentativa de garantir que o budismo não se tornasse irrelevante no mundo moderno e com isso desaparecesse A ênfase no ativismo social inspirou uma reconsideração dos recursos éti cos da tradição budista na busca de garantias caracteristicamente budistas para tal comporta mento Essas atividades assim são agora es timuladas como meios efetivos de cultivar e expressar virtudes budistas tradicionais como a compaixão e a generosidade Os monges são hoje comumente estimulados a suplementar suas práticas tradicionais se não efetiva mente substituílas com serviços sociais como meio de abordar o sofrimento causado pelas rápidas mudanças típicas da vida moderna em termos globais De modo semelhante leigos em todo o mundo budista têm apoiado a fun dação de escolas hospitais e outras instituições de caridade Dada a magnitude dos problemas que essas atividades abordam os budistas fre qüentemente se descobrem como parte de uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 48 budismo comunidade que transcende os grupos indivi duais de que eles normalmente participam Na busca de uma base sistemática para o pensamento social distintamente budista mui tos pensadores budistas têmse voltado para a doutrina central da origem codependente pratocca samuppada que articula a interco nexão fundamental de toda a realidade Essa doutrina define o mundo como um lugar onde nada pode existir de forma independente com cada ente ocorrendo necessariamente em um relacionamento causal com outros entes A dou trina da interdependência demonstra a ligação de um indivíduo com toda a raça humana e restabelece as bases da responsabilidade moral para com os demais Essa responsabilidade mo ral existe ao mesmo tempo em um nível pessoal e em um plano social obrigando cada indivíduo ou grupo a trabalhar na busca da solução dos problemas globais tais como o desarmamento nuclear e a crise ambiental É claro que essa mudança em direção a um bem comum mais inclusivo não se limita à humanidade mas abran ge também o mundo natural uma vez que este e os seres humanos não se distinguem nos ter mos da doutrina da origem codependente As sim ironicamente mais um tipo de ambivalên cia a respeito da sociedade surgiu no pensamen to budista do século XX Mesmo com os pen sadores budistas modernos preocupandose mais em especificar a natureza de uma boa socie dade e com budistas contemporâneos tentando melhorar as condições sociais e propiciar a existência de sociedades mais morais os aspectos do pensamento budista para os quais se voltaram na busca de justificar suas preocupações e ações tenderam a minar a legitimidade de se dividir a humanidade em sociedades distintas com es truturas particulares ou mesmo de pensar a res peito da comunidade humana em isolamento do mundo mais amplo e interdependente Leitura sugerida Dharmasiri Guanapala 1989 Fun damentals of Buddhist Ethics Dumoulin Heinrich org 1976 Buddhism in the Modern World Keyes Charles F 1989 Buddhist politics and their revolutio nary origins in Thailand International Political Science Review 10 12142 Swearer Donald K 1981 Buddhism and Society in Southeast Asia Welch Holmes 1968 The Buddhist Revival in China CHARLES HALLISEY burguesia Palavra que data do século XIII e que tal como os termos equivalentes burgueses e Bürgertum indicava originalmente uma cate goria de habitantes das cidades da Europa me dieval particularmente mercadores e artesãos que desfrutavam de status e de direitos especiais dentro da sociedade feudal Com o desenvolvi mento do capitalismo e especialmente a partir do século XVIII o significado da palavra mu dou de forma gradual passando a se referir de modo mais específico aos ricos empregadores que exerciam atividades na manufatura no co mércio e nas finanças uso que se reflete parcialmente na concepção hegeliana de bür gerliche Gesellschaft sociedade civil como a esfera dos interesses econômicos privados Marx principal responsável por dar à palavra sua ampla difusão no pensamento social pos terior partiu da distinção de Hegel entre bur guês e cidadão mas logo desenvolveu a partir de seu estudo crítico da filosofia de Hegel e mais ainda de sua leitura voraz da economia política uma concepção inteiramente diferen te da burguesia como a classe dominante em um modo específico capitalista de produção Conforme Engels 1847 resumiu esse ponto de vista a burguesia é a classe dos grandes capi talistas que em todos os países desenvolvi dos estão hoje quase que exclusivamente na posse de todos os meios de consumo e das matériasprimas e instrumentos máquinas fá bricas necessários para sua produção Mais tarde 1888 Engels diria que a burguesia é a classe dos capitalistas modernos donos dos meios de produção social e empregadores do trabalho assalariado A concepção de Marx e de marxistas pos teriores abrigou vários aspectos próprios Fa zia parte de uma teoria geral da história que a percebia como sucessão de modos de produção e formas de sociedade cada qual caracterizado por um determinado nível de desenvolvimento das forças produtivas basicamente tecnologia e uma estrutura de classe particular ou relações de produção dentro da qual há um conflito endêmico Na sociedade capitalista que surgiu de acordo com o ponto de vista marxista do crescimento de novas forças produtivas e da luta de classe da burguesia contra o sistema feudal a mudança histórica é mais rápida do que jamais havia sido A burguesia durante seu domínio que mal alcança 100 anos criou forças produtivas mais impressionantes e colos sais do que todas as gerações precedentes jun tas Marx e Engels 1848 Mas ao mesmo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar burguesia 49 tempo promoveu a existência de uma nova classe o proletariado que com ela trava um conflito cada vez mais difundido e intenso Dois processos distintos portanto estão em curso na sociedade capitalista A burguesia con tinua a revolucionar o sistema de produção provocando uma crescente centralização do ca pital em grandes empresas facilitado pela ex pansão do crédito fornecido pelos bancos Hil ferding 1910 e particularmente no século XX pela maciça internacionalização do capital Mandel 1975 Mas o domínio burguês tam bém se vê cada vez mais desafiado pelo prole tariado industrial ver CLASSE OPERÁRIA cuja luta segundo Marx acabaria fazendo surgir uma sociedade nova socialista e sem classes As expectativas de Marx dependiam em parte de sua visão de que a sociedade deveria polari zarse cada vez mais entre as duas classes prin cipais uma burguesia reduzida formada em resultado da expropriação de muitos capitalis tas por poucos e um amplo proletariado cons tituindo a imensa maioria da população Ape sar disso Marx também reconheceu que havia estratos intermediários significativos os quais incluíam a pequena burguesia composta de pequenos produtores independentes comerci antes e profissionais tendo chegado mesmo a esperar que a classe média como um todo crescesse em tamanho a julgar por duas pas sagens nos originais de Teorias da maisvalia Marxistas posteriores no século XX tive ram de enfrentar problemas mais complexos que surgiam do rápido crescimento da nova classe média de funcionários de escritório empregados técnicos e profissionais e pessoal de serviços de todos os tipos ver CLASSE MÉ DIA padrões de vida mais elevados e bemestar social mais extenso fatores que quase por toda parte diminuíram a intensidade do conflito de classes em tempos recentes A burguesia dos tempos atuais ainda imensamente rica e contro lando empresas gigantescas está não obstante mais contida em vários aspectos do que seus predecessores do século XIX por meio de graus variados de propriedade pública e planejamento econômico por parte dos governos e por uma limitada redistribuição do lucro e da riqueza Dessa forma seu estilo de vida e seu prestígio social já não representam um contraste tão gri tante com os de parte substancial do restante da sociedade Diversos pensadores sociais sempre enfati zaram outros aspectos do papel social da bur guesia Tais aspectos tornaramse mais destaca dos em debates recentes Max Weber 19045 associava o espírito capitalista à ética protes tante e percebia a burguesia como animada por idéias de racionalidade e empreendimento li berdade individual e responsabilidade o que a capacitava para a liderança exigida para manter uma sociedade dinâmica e democrática JA Schumpeter 1942 enfatizou de forma seme lhante a importância do empreendimento e rela cionou o desenvolvimento da democracia mo derna à ascensão do capitalismo Mas ao con trário de Weber Schumpeter via no socialismo uma continuação da perspectiva burguesa A ideologia do socialismo clássico é um rebento da ideologia burguesa Em particular partilha com esta última a formação racionalista e utilitarista e muitas das idéias e ideais que in gressaram na doutrina clássica da democracia p2989 Um historiador Henri Pirenne tam bém achou que a burguesia ou classe média como as vezes a chama nas cidades medievais difunde amplamente a idéia de liberdade 1925 p154 apesar de muitas cidades do me dievo tardio terem sido na verdade dominadas por um pequeno número de famílias aristo cráticas Holton 1986 p7983 Mais recente mente nos textos de Hayek 19739 e de al guns pensadores da NOVA DIREITA a existência de uma sociedade livre e democrática está rigo rosamente relacionada à propriedade privada dos recursos produtivos apesar de o conceito de burguesia em geral não ser usado e a mer cados livres que associados à propriedade pri vada são considerados promotores de um alto nível de eficiência na economia Leitura sugerida Bottomore Tom e Brym Robert J orgs 1989 The Capitalist Class International Study Holton RJ 1986 Cities Capitalism and Civilization Pirenne Henri 1925 Medieval Cities Riedel M 1975 Bürger Staatsbürger Bürgertum In Geschicht liche Grundbegriffe org por O Brunner et al vol1 Sombart Werner 1913 1967 Der Bourgeois tradu zido em inglês como The Quintessence of Capitalism TOM BOTTOMORE burocracia Uma das categorias centrais da ciência social moderna referindose a um tipo de administração no qual o poder de tomar decisões está concentrado em um gabinete ou função mais do que em um indivíduo em par Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 50 burocracia ticular No decorrer da história a burocracia surge em formações sociais e econômicas ex tremamente diferentes mas ao mesmo tempo exibe vários aspectos em comum dos quais os mais importantes são os que se seguem A burocracia separase da sociedade tanto da classe governante quanto das massas Orga nizase dentro de um sistema institucional par ticular no qual se desenvolvem variados proce dimentos formais um ethos e uma ideologia especiais Tudo isso mostrase como uma es pécie de subcultura A fonte de seu poder reside no fato de terem surgido funções de orientação e controle que as classes básicas da sociedade não podem preencher Geralmente porém a burocracia acrescenta novas tarefas às funções historicamente necessárias por exemplo ir rigação nas sociedades antigas o que garante o aumento de seu poder sobre a sociedade É um aspecto característico da burocracia que a administração seja exercida não por lei gos mas por especialistas que encaram esse trabalho como suas carreiras de vida e não como uma atividade temporária exercida du rante certos períodos No sistema burocrático institucional passa a existir um conjunto padro nizado de exigências tais como os exames para os funcionários públicos chineses de antiga mente e os de todos os estados modernos Tais exames a um só tempo são uma das bases da estabilidade do poder burocrático e envolvem alguma exclusividade A palavra burocracia tal como definida nas ciências sociais difere de seu uso cotidiano Em muitas línguas esta última utilização fundese com o chamado burocratismo de funcionários incompetentes cujo trabalho se caracteriza por um formalismo ineficaz desanimado lento e geralmente irracional Em contraste com isso a administração burocrática tal como Max We ber 192122 parte 3 cap6 asseverou mos trouse mais eficiente rápida e competente do que outras formas históricas de administração Isso explica por que nas sociedades modernas a administração burocrática está se expandindo não apenas em organizações estatais mas em praticamente todos os campos da vida social O fenômeno é especialmente visível no campo econômico onde o gerenciamento de médias e grandes empresas está sendo totalmente buro cratizado ver os comentários de Schumpeter 1942 p2057 Confrontados com essa tendên cia muitos cientistas sociais como W Momm sen 1974 referemse a uma total burocratiza ção da vida As diferentes escolas de ciência social têm abordagens variadas para o problema da buro cracia A abordagem teórica dos marxistas clás sicos é incoerente em muitos aspectos Na obra de juventude de Marx está evidente uma pos tura definidamente antiburocrática Sua expe riência com a crise de fome coletiva no distrito de Moselle o fez compreender que além da classe governante e dos grupos sociais subordi nados existia uma burocracia de estado com seus próprios interesses particulares represen tados por esses aparatos como interesses de estado ou sociais gerais O espírito especial da burocracia é o segredo e o mistério que prote gem os seus interesses particulares contra a sociedade externa e interpretam todas as ques tões internas como um segredo de estado Mas nas obras posteriores de Marx e Engels o pro blema da burocracia foi relegado ao pano de fundo e a luta entre operários e capitalistas assumiu o proscênio Eles deixaram de prever duas circunstâncias A primeira foi a expansão da burocracia para a economia e outras áreas da sociedade Não previram que a liderança da indústria e da economia em geral passaria para as mãos de certos organismos separados dos proprietários e que exerciam diretamente o po der sobre os operários apesar de sua existência continuar a depender desses proprietários que como acionistas ou como donos em família esperavam que trabalhassem com eficiência e aumentassem o lucro Também nesse caso o sistema burocrático de instituições luta para expandir seu poder e assim o lucro tornase motivação secundária em suas decisões Na época do capitalismo clássico a burocra tização da economia ainda estava in statu nas cendi O gerenciamento das empresas ainda era em grande parte executado pelos próprios do nos Quanto a isto uma transformação impor tante ocorreu na virada do século tal como analisada com maior clareza por vários pensa dores com destaque especial para Max Weber cuja obra demonstra sua atitude antiburocrática específica e sua abordagem científica peculiar esta última no espírito de uma sociologia verstehende interpretativa Desde o início do século a vida econômica e outras áreas da sociedade foram ficando cada vez mais burocratizadas Nesse processo um aspecto particularmente importante foi a bu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar burocracia 51 rocratização dos partidos políticos com influ ência sempre crescente sobre toda a socieda de devido ao surgimento do parlamentarismo democrático ocidental processo analisado por Robert Michels 1911 Os sindicatos cuja formação era dominada por tendências anticapitalistas enfrentavam um novo inimigo a burocracia industrial ao mesmo tempo em que também produziam seus próprios órgãos burocráticos O conflito de interesses entre operários e capitalistas passou a assumir a forma de confronto e consenso entre burocracias industriais e sindicais processo descrito por Sidney e Beatrice Webb Nas sociedades ocidentais o processo de burocratização continuou pelos períodos pós capitalista e pósindustrial tendo vários de seus aspectos característicos alterados Na econo mia os aparelhos de estado desempenham um papel sempre crescente mas não controlam a vida econômica de forma independente como no período do feudalismo tardio e do início do capitalismo mas sim em associação com as burocracias industriais financeiras e sindicais Isso produziu uma tessitura de poder econômi co altamente intricada que JK Galbraith cha ma de tecnoestrutura ver também TECNOCRA CIA Principalmente na economia mas tam bém em outras áreas as burocracias nos paí ses ocidentais ultrapassam as fronteiras na cionais e assumem um caráter internacional Em certos aspectos isso torna a luta por in dependência que caracteriza os estados na cionais uma coisa ilusória Podese afirmar que o significado de anticapitalismo foi exa gerado por Marx e Engels em prejuízo do de antiburocracia Na prática atual está bastante claro que a emancipação da humanidade no mundo moderno exige mais antiburocratismo do que anticapitalismo O segundo erro dos autores marxistas clás sicos é que em sua visão socialista deixaram de perceber o perigo da burocratização da so ciedade Postularam a rápida dissolução do estado e a socialização de todos os tipos de administração Mas as experiências da ex União Soviética e dos países da Europa Oriental mostraram que toda uma série de instituições burocráticas entrelaçadas passa a existir para executar as funções administrativas e que no centro dessa rede institucional se encontrava o sistema do partido único monoliticamente do minante e seus órgãos principais Estes desem penhavam uma função de integração entre vá rias instituições burocráticas industrial econô mica militar cultural e exerciam o controle sobre as organizações de massa sindicatos movimentos de juventude movimentos oficiais de paz e assim por diante e sobre os mass media organizados de modo vertical O rígido controle partidário sobre as instituições democráticas debilitou as formas de existência da SOCIEDADE CIVIL incluindo movimentos políticos e cultu rais e organizações étnicas e religiosas Esse mundo burocratizado não apenas caracterizou o socialismo de gestão estatal o chamado sta linismo mas também o sistema de autogestão iugoslavo em que na prática vários órgãos burocráticos preservaram seu papel dominante A atividade social porém afirmouse cada vez mais contra a burocratização da administração e se desenvolveram aspirações por um mundo no qual a burocracia como tal já não existisse mais e o poder estivesse diretamente nas mãos do povo O mundo moderno não consegue passar sem as instituições burocráticas Uma realista meta antiburocrática só pode ser o controle do poder burocrático pela sociedade civil Isso sublinha a importância das reformas dos sistemas políti cos institucionais na Europa Oriental e na ex União Soviética precisamente pelas razões se guintes como resultado das reformas o sistema monolítico foi transformado num sistema plu ralista e isso destruiu a hegemonia da burocra cia dominada pelo sistema de partido único No decorrer das reformas a sociedade civil foi como que ressuscitada Surgiram partidos po líticos organizações e movimentos sobre os quais a burocracia já não tinha mais controle algum ao mesmo tempo em que o objetivo principal da sociedade civil era controlar essa própria burocracia O socialismo reformista ou SOCIALDEMO CRACIA em contraste com o sistema de gestão estatal é uma formação sócioeconômica na qual apesar de várias instituições burocráticas sobreviverem seu domínio monolítico deixa de existir e elas operam sob efetivo controle da sociedade civil Assim também se podem ob servar movimentos antiburocráticos em socie dades ocidentais que podem ser chamados de movimentos alternativos Especialmente signi ficativos entre estes são a formulação e a intro dução de uma estrutura designada como de empresa alternativa não governada por uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar 52 burocracia burocracia hierárquica mas por cooperação en tre várias associações de trabalhadores ver MO VIMENTO COOPERATIVO MOVIMENTO SOCIAL Se os movimentos antiburocráticos também são capazes de produzir sua própria burocracia conforme experiências históricas têm revelado já é outra questão Apesar disso o mundo dos fenômenos burocráticos e a luta contra ele estão entre os aspectos mais importantes da nossa época Ver também DIVISÃO DO TRABALHO Leitura sugerida Galbraith JK 1967 The New In dustrial State Hegedüs A 1976 Socialism and Bu reaucracy Michels Robert 1911 1962 Political Parties Mommsen Wolfgang J 1974 The Age of Bureaucracy Mouzelis NP 1967 Organization and Bureaucracy Rizzi B 1985 The Bureaucratiza tion of the World Webb Sidney e Webb Beatrice 1897 Industrial Democracy Weber M 19212 1967 1978 Economy and Society parte 3 cap6 Também in Weber M 1920 1946 1970 From Max Weber org por H Gerth e CW Mills ANDRÁS HEGEDÜS Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra B Produção Textos Formas Para Ed Zahar burocracia 53 C campesinato A atitude para com os campo neses no mundo préindustrial combinava hos tilidade e silêncio A palavra camponês signi fica homem do campo do latim campus Mas ela sempre teve uma conotação negativa ainda mais forte em outras línguas européias como o inglês e o francês Servindo de sinôni mo para rusticidade era geralmente usada co mo palavra ofensiva No inglês do século XVI o verbo to peasant significava subjugar e essa palavra tal como paisano encontrada em português espanhol e italiano tem origem no francês paysan camponês mas com os mesmos significados de rude e grosseiro en quanto em outras línguas européias a mensa gem tácita da palavra era semelhante em russo smerd do verbo feder em polonês cham presumindo para todos os camponeses as ori gens raciais inferiores atribuídas na Bíblia aos filhos de Cam etc O Declinatio Rustico da Europa medieval definia seis declinações da palavra camponês como patife rústico men digo ladrão bandido e saqueador Mas como regra geral as crônicas simplesmente não os mencionavam Mais tarde no mundo moderno da industrialização e da ciência os camponeses passaram a ser tratados como um anacronismo em todos os sentidos básicos dessa palavra e portanto uma irrelevância Com a importante exceção da Europa Oriental os camponeses ficaram quase que completamente ausentes do discurso erudito Isso tudo mudou de forma significativa com a descolonização dos anos 50 e a consciên cia das sociedades em desenvolvimento nas quais os camponeses formavam a parte maior da população ver também DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO Os problemas de plane jamento do desenvolvimento o reconhecimen to das crescentes crises sociais e a fome coloca ram a questão do campesinato no centro das atenções A partir dos anos 60 ocorreu por todo o mundo um rápido desenvolvimento dos estu dos sobre o campesinato introduzindo a ques tão das características e da delimitação analítica desse grupo social Esse esforço analítico teve um significado mais amplo onde tópicos como economias informais história ecológica cultu ra oral e sociedade civil são de grande interesse Como primeira aproximação podemos des crever os camponeses como pequenos produ tores agrícolas que com a ajuda de equipamen tos simples e o trabalho de suas famílias pro duzem na maior parte para seu próprio consu mo direto ou indireto e para o cumprimento de obrigações com detentores do poder político e econômico Um tipo geral mais desenvolvido deveria incluir quatro facetas interdependentes A roça da família camponesa como a unidade multidimensional básica da organização social É a família principalmente que realiza o traba lho na roça Esta é que fornece a maior parte das necessidades de consumo da família e o paga mento de suas dívidas Tais unidades não são autárquicas os camponeses universalmente estão envolvidos no intercâmbio diário de bens e nos mercados de trabalho Sua ação econômi ca contudo está estreitamente entrelaçada a relações sociais extramercado A divisão fami liar do trabalho e as necessidades de consumo da família fizeram surgir estratégias particu lares de sobrevivência e de uso de recursos A roça da família funciona como a unidade mais importante de propriedade produção consu mo reprodução social identidade prestígio sociabilidade e bemestar dos camponeses Ne la o indivíduo tende a se submeter a um com portamentodesempenho familiar formalizado e à autoridade patriarcal O trato da terra como principal meio de vida O trabalho camponês na lavoura inclui uma combinação específica tradicionalmente defi nida de tarefas em um nível relativamente bai 54 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar xo de especialização O que em outras partes seria considerado como ocupações diferentes nas atividades produtivas camponesas se com bina Relacionado a isso existe um treinamento vocacional informal e com base na família O impacto da natureza é particularmente impor tante para a vida de pequenas unidades de pro dução com recursos limitados definindo seu ritmo os ciclos sazonais influenciam profun damente a vida da família e os acontecimentos familiares refletemse na dinâmica da lavoura Das forçasfatores de produção terra e trabalho familiar são fundamentais uma licença para entrar nesse trabalho e um meio importan tíssimo com que se define o status local das famílias Padrões culturais específicos ligados ao modo de vida de uma pequena comunidadevizinhança ru ral O contexto característico é uma comuni dade pequena e localizada dentro da qual a maior parte das necessidades camponesas de vida social e reprodução social pode ser aten dida Particularidades de residência envolvi mento social e consciência social são coisas ligadas e interdependentes Os aspectos cultu rais do campesinato no sentido de normas e cognições socialmente determinadas mostram algumas tendências características tais como a importância das atitudes tradicionais dos con formistas como a justificação de uma ação em termos da experiência passada e dos pontos de vista da comunidade normas particulares de herança de solidariedade de exclusão etc ver também TRADIÇÃO E TRADICIONALISMO A cul tura camponesa tanto reflete quanto reforça as características e a experiência de vida de uma pequena comunidade de aldeia com sua falta de anonimato e suas relações cara a cara estando relacionadas a fortes controles normativos e a experiência comum de crescer em um ambiente físico e social semelhante influenciando as ati tudes para com os de fora A posição de subalterno o domínio do campesinato por elementos de fora Os campo neses como regra vêm sendo mantidos afas tados das fontes sociais do poder Sua subjuga ção política está interligada à subordinação cul tural e a uma exploração econômica através de imposto arrendamento corvéia juros e rela ções comerciais a eles desfavoráveis A subor dinação também tem acarretado repetidas ten tativas por parte dos camponeses de autodefe sa pelo uso extensivo das armas dos fracos como sabotagem econômica absenteísmo boi cote etc E em certas condições de revoltas maciças que transformaram os camponeses nu ma das mais importantes forças revolucionárias de nosso século As quatro facetas indicadas devem ser tratadas como uma Gestalt cujos elementos se reforçam mutuamente Quando alguma dessas características principais é removida do conjun to a natureza de cada um de seus outros com ponentes se altera Diferentes escolas de pensa mento com respeito ao campesinato geralmente têm manifestado sua diversidade de visão atra vés da acentuação de uma das características sugeridas tratandoa como o aspecto decisivo da definição Na visão deste autor a roça da família é a característica mais significativa do campesinato como entidade social e econômica O próximo passo na evolução do conceito seria considerar suas margens analíticas isto é examinar os grupos sociais que têm em co mum com os camponeses de verdade a maior parte de suas características principais mas não todas A marginalidade analítica não implica aqui insignificância numérica ou instabilida de particular Além disso esses grupos divi dem os ambientes rurais com os camponeses de verdade e podem estar suplementandoos ou sendo suplementados por eles no interior de um processo histórico Muitos deles são colo quialmente chamados de camponeses Os mais significativos desses grupos em ordem do tipo de característica que não com partilham com os camponeses de verdade são 1 Trabalhadores agrícolas assalariados e também camponesesoperários que adotam uma divisão de trabalho do tipo o homem na cidade o resto da família na terra 2 Famílias camponesas que fazem inves timento intensivo em capital e equipa mento transformando com isso a natu reza da agricultura a que se dedicam Logo voltaremos a essa categoria 3 Camponeses sem aldeia como por exemplo alguns favelados das frontei ras agrícolas latinoamericanas e os gaúchos 4 Camponeses nãoincorporados co munidades camponesas penetradas e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar campesinato 55 controladas apenas em grau limitado pe los sistemas nacionais do estado do mercado e da aculturação no passado geralmente um campesinato das fron teiras armado e independente Como toda entidade social o campesinato existe apenas como um processo A tipologia indicada deve ser usada como padrão de com paração em análise histórica por exemplo para medir a extensão de campesinagem ou des campesinagem É preciso ter cuidado no entan to para não forçar mudanças multidirecionais em esquemas que pressupõem um desenvolvi mento necessário em uma via única Diferenças consideráveis entre camponeses tanto ecológi cas quanto históricas refletemse em diversos campesinatos regionais No que diz respeito à dinâmica social é preciso ter em mente os ritmos cíclicos que não levam a mudanças de estrutura social mas antes reforçam sua estabilidade Quanto a mudanças estruturais estas podem ser relacionadas em cinco categorias analíticas que na vida social efetiva podem ser paralelas ou interrelaciona das São elas 1 Diferenciação sócioeconômica como a polarização de riqueza rural seguida da transformação de alguns camponeses em agricultores capitalistas ou traba lhadores assalariados 2 Pauperização quando o crescimento da população rural em relação à terra sem fontes alternativas de renda leva a um declínio econômico coletivo da massa de camponeses 3 Afazendamento quando o trabalho da família continua a ser a principal unidade de produção agrícola ao mes mo tempo em que seu caráter altera Essa evolução de camponês para fazendeiro está ligada a investimentos maciços o que amarra a agricultura em família a uma economia capitalista através de crédito implementos e ven das em geral organizados por empresas agrícolas Esse afazendamento também está relacionado à especialização e ao es treitamento do perfil ocupacional dos agricultores tornandoos mais afins com as populações urbanas 4 Coletivizaçãoestatização quando o es tado assume a responsabilidade pela agricultura estruturandoa em amplas unidades de produção sob controle go vernamental Não se deve exagerar aqui o caráter excepcional dessa forma de organização rural A diferença entre a coletivização em um país e o monopó lio de juntas comerciais controladas pe lo estado sobre a produção dos pequenos proprietários em outro é geralmente apenas de grau 5 Campesinagem através de uma reforma agrária igualitária e às vezes recampe sinagem na medida em que os filhos dos camponeses retornam à terra devido a indução do estado pressão política ou alternativamente a novas oportuni dades de fazêlo de forma lucrativa A atual privatização e redivisão de terra coletivizada na exUnião Soviética etc também se encaixaria aqui Os camponeses formam parte de sociedades mais amplas e de suas histórias A rápida exten são desses laços durante as últimas décadas tornou essa questão crucial para qualquer esfor ço de compreensão do campesinato É freqüen temente mencionado como uma questão de in serção ou de subsunção dos camponeses No entanto a particularidade camponesa não reside simplesmente no que eles são em oposição a pressões transformadoras de mudança ou sociedade capitalismo ou plano de desen volvimento Expressase também nos modos como os camponeses reagem a essas forças Tais reações características refletemse na par ticularidade dos métodos de análise expressos nos estudos camponeses contemporâneos E também a experiência e a agenda camponesas particulares ligamse claramente a diversos mo vimentos políticos e sociais como o narodni chestvo o movimento para o povo da Rús sia as estratégias de guerrilha do MAOÍSMO movimentos cooperativos e organizações não governamentais contemporâneas Finalmente as muitas definições de campe sinato que o encaram como representando um aspecto do passado e do presente são válidas mas devem ser tratadas com cautela Mesmo em nossa época dinâmica vivemos em um pre sente que está enraizado no passado e é aí que o nosso futuro se forma Portanto vale a pena lembrar que assim no passado como no presente os camponeses e sua descendência Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 56 campesinato são a maioria da humanidade e continuarão a sêlo ainda pelo século XXI adentro Leitura sugerida Chyanov AV 1987 The Theory of Peasant Economy Ο 1991 The Theory of Peasant Co operatives Galeski B 1972 Basic Concepts of Rural Sociology Harris J org 1982 Rural Development Kautsky K 1899 1987 The Agrarian Question Ladurie E Le Roy 1980 Peasants In The Cam bridge Modern History vol13 Scott J 1986 The Weapons of the Weak Sen A 1981 Poverty and Fa mines Shanin T 1990 Defining Peasants Ο org 1987 Peasants and Peasant Societies 2ªed Sorokin PA Zimerman EF e Golpin CJ orgs 1965 Sys tematic Source Book in Rural Sociology Wolf ER 1966 Peasants THEODOR SHANIN capitalismo Tipo de economia e de socie dade que em sua forma desenvolvida surgiu a partir da Revolução Industrial do século XVIII na Europa Ocidental o capitalismo foi pos teriormente conceituado de variadas maneiras por economistas historiadores e sociólogos a palavra em si mesma só veio a ser amplamente utilizada no final do século XIX particular mente por pensadores marxistas Marx O ca pital 1867 vol1 definiua como uma socie dade produtora de mercadorias na qual os principais meios de produção estão nas mãos de uma classe particular a BURGUESIA e a força de trabalho também se torna uma mercadoria que é comprada e vendida Essa concepção foi ela borada no quadro da teoria de Marx sobre a história sua interpretação econômica e o capitalismo encarado como o mais recente estágio em um novo processo de evolução dos modos de produção e formas de sociedade hu manos Seus aspectos característicos segundo Marx eram a capacidade de autoexpansão através da acumulação incessante a centraliza ção e a concentração de capital a revolução contínua dos métodos de produção fortemente enfatizada em O manifesto comunista intima mente ligada ao avanço da ciência e da tecno logia como uma força produtiva de importância maior e ainda o caráter cíclico de seu processo de desenvolvimento marcado por fases de prosperidade e depressão e também uma divi são mais claramente articulada ao lado de cres cente conflito entre as duas classes mais impor tantes ver CLASSE a burguesia e o proleta riado ver CLASSE OPERÁRIA A teoria marxista exerceu uma influência profunda sobre a maior parte dos estudos pos teriores Max Weber ao mesmo tempo em que rejeitava a teoria de Marx como um todo e construía um modelo bem diferente ou tipo ideal de capitalismo não obstante incorporou a ele importantes elementos derivados do pen samento marxista Em particular especificou entre as condições básicas de uma economia capitalista a apropriação de todos os meios físicos de produção como propriedade dis ponível de empresas industriais autônomas e privadas e a existência de trabalhadores li vres isto é pessoas que se encontram não apenas legalmente na posição de mas se vêem também economicamente levadas a vender seu trabalho no mercado sem restrição Ao mesmo tempo introduziu outros elementos o método empresarial como característica básica e ou tros prérequisitos como liberdade do merca do contas de capital racionais tecnologia racional o que implica mecanização leis confiáveis e a comercialização da vida eco nômica 1923 p2079 Mas o interesse de Weber como historiador dirigiuse mais à questão das origens do capita lismo que ele explicou por meio de fatores tanto sociológicos quanto econômicos a in fluência de uma nova ética religiosa Weber 19045 o crescimento das cidades e a forma ção de uma classe nacional de cidadãos no moderno estadonação Weber 1923 p249 do que aos aspectos dinâmicos do capi talismo e seu contínuo desenvolvimento que preocupam os pensadores marxistas e também Schumpeter Este último dedicou seus textos mais importantes à exposição de uma teoria do desenvolvimento econômico Schumpeter 1911 analisando as flutuações da economia capitalista no ciclo econômico 1939 e exami nando as tendências no desenvolvimento do capitalismo que consideradas levariam à su peração da ordem social capitalista pelo SOCIA LISMO 1942 No primeiro desses livros ele enfatizou o papel do empreendedor como o inovador que continuamente empurra a econo mia em novos rumos num turbulento processo de transformação e expansão O segundo livro analisava em detalhes as fases de crescimento econômico e de posterior recessão nesse pro cesso dando destaque particular aos CICLOS DE LONGO PRAZO de aproximadamente 50 anos de duração Finalmente ao discutir capitalismo e socialismo atribuiu importância fundamental à SOCIALIZAÇÃO DA ECONOMIA por meio da qual Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar capitalismo 57 grandes corporações passaram a dominar o sis tema econômico em um novo período de capi talismo cartelizado que ele contrastou com um anterior capitalismo competitivo Grande parte da argumentação de Schumpe ter aproximase muito da de teóricos marxis tas posteriores e em particular dos austromar xistas ver AUSTROMARXISMO que também per ceberam uma nova fase de capitalismo que surgira claramente por volta do início do século XX caracterizada pela formação de trustes e cartéis protecionismo e expansão imperialista ver IMPERIALISMO Ao mesmo tempo enfatiza ram o papel dos bancos na formação de grandes corporações e cartéis Hilferding 1910 e essa concepção também foi incorporada ainda que de forma mais estreita à definição posterior de capitalismo dada por Schumpeter 1946 co mo envolvendo não apenas a propriedade par ticular dos meios de produção e a produção para o lucro particular mas também o forneci mento de crédito bancário como um aspecto essencial Os austromarxistas e Hilferding em especial Bottomore 1985 p667 foram mais além no entanto percebendo um novo estágio de capitalismo organizado depois da Segunda Guerra Mundial caracterizado pelo crescimento contínuo de grandes corporações e além disso pela crescente intervenção do estado na economia e pela introdução do pla nejamento parcial Essas concepções são importantes na análise da evolução mais recente do capitalismo a partir de 1945 Nesse período do pósguerra a es trutura da sociedade capitalista mais uma vez mudou de forma significativa com o novo cres cimento das corporações gigantes cada vez mais transnacionais em suas operações e um envolvimento ainda maior no estado e na eco nomia particularmente na Europa Ocidental através da ampliação dos serviços de bemestar da propriedade pública de alguns setores da economia e de um papel mais destacado para o planejamento econômico e social de tal forma que os gastos públicos atingiram novos níveis de cerca de 40 ou até mais em alguns países do produto interno bruto PIB Esse novo tipo de capitalismo foi conceituado por marxistas leninistas ortodoxos como CAPITALISMO MONO POLISTA e posteriormente como capitalismo monopolista de estado mas a exposição de Hilferding sobre o capitalismo organizado continua sendo mais esclarecedora tendo afini dades não apenas com a idéia de Schumpeter 1950 de uma experiência intermediária en tre capitalismo e socialismo mas também com análises mais recentes por alguns teóricos so ciais ocidentais do capitalismo de bemestar da economia mista da economia de mercado social e do CORPORATIVISMO Uma importante contribuição ao conceito de capitalismo de bemestar foi dada antes por Keynes 1936 o qual ainda que não se tenha dedicado a uma análise do sistema capitalista como um todo rejeitou o ponto de vista da corrente principal dos economistas neoclássicos de que o capita lismo através da operação de mecanismos de MERCADO tendia espontaneamente a um equilí brio e a um crescimento constante e uniforme Ao contrário escrevendo durante a depressão dos anos 30 ele afirmou que políticas governa mentais específicas em variados campos taxação meio circulante taxas de juros obras públicas déficits orçamentários eram es senciais para se conseguir o pleno emprego e o crescimento econômico A obra de Keynes e seus seguidores dessa forma estimulou a inter venção governamental na economia e a regula mentação se não o planejamento econômico num sentido mais amplo e exerceu influência significativa sobre as políticas econômicas du rante três décadas depois da guerra As mudanças econômicas foram acompa nhadas por importantes transformações sociais especialmente na estrutura ocupacional e de classe com o declínio da atividade fabril tradi cional a expansão dos trabalhos de escritório técnicos e de serviços e de maneira mais geral o movimento no sentido de uma economia ba seada no conhecimento em que a tecnologia da informação desempenha um papel cada vez mais importante ver INFORMAÇÃO TEORIA E TECNOLOGIA DA Ocorreu também uma mudan ça significativa nas atitudes sociais em compa ração com o período do préguerra evidente na ampla difusão do engajamento nas políticas sociais do estado de bemestar e na propriedade pública na esfera de serviços básicos de infra estrutura apesar de haver diferenças impor tantes entre países a esse respeito Não obstante essa experiência intermediá ria ou capitalismo do bemestar não parece ter a estabilidade de longo prazo que lhe foi atri buída por alguns teóricos sociais nos anos 60 e 70 Em primeiro lugar ainda era predominan temente capitalista e daí sujeito às flutuações Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 58 capitalismo do ciclo econômico apesar das políticas anticí clicas governamentais como ficou claro com o começo de recessão em meados dos anos 70 e depois de uma modesta recuperação uma re cessão renovada e mais profunda no final dos anos 80 Taxas bem mais baixas de crescimento econômico desemprego crescente e popula ções cada vez mais idosas então criaram pro blemas fiscais para o estado de bemestar e geraram crescentes tensões sociais Ao mesmo tempo o crescimento econômico em si mesmo em alguns de seus aspectos mais importantes passou a ser mais amplamente questionado em termos de seus efeitos sobre o meio ambiente global e isso estimulou a discussão de uma economia alternativa Uma resposta aos problemas com que se defrontou o capitalismo de bemestar foi uma retomada da economia neoclássica em sua ver são austríaca ver ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONO MIA A partir desse ponto de vista o estado de bemestar é criticado por criar uma cultura da dependência em contraposição a uma cultura do empreendimento e as virtudes e realiza ções de um tipo de capitalismo mais laissez faire definido como sistema de livre mercado e livre empresa ver EMPRESARIAL FUNÇÃO são vigorosamente reafirmadas Em alguns países incluindo alguns antigos países comunistas da Europa Oriental essas idéias têm sido traduzi das em políticas governamentais de privatiza ção de empresas de propriedade pública uma redução do planejamento da regulamentação e na medida do possível uma restrição aos gastos em serviços públicos O desenvolvimento futuro do capitalismo é incerto Na medida em que se buscar seguir políticas neoclássicas da escola austríaca uma renovação do crescimento econômico pareceria depender de uma reviravolta na onda larga e isso se seguirmos a análise de Schumpeter exige uma nova arrancada de inovação como as que no passado produziram uma ferroviari zação uma motorização ou uma computa dorização do mundo Mas há poucos indícios no momento de novas oportunidades empresa riais desse tipo e além disso existem recentes restrições impostas por preocupações ambien tais bem como problemas resultantes da mu dança no poder econômico dos Estados Unidos para o Japão e a comunidade européia liderada economicamente pela Alemanha e da cres cente rivalidade entre esses três centros Mais ainda o sucesso a longo prazo do capitalismo na promoção do crescimento econômico teve seu lado sombrio de instabilidade econômica injustiça social desemprego e pobreza de for ma que como um sistema social e não simples mente econômico ele vem sendo continua mente criticado por pensadores e movimentos sociais que defendem um tipo alternativo de sociedade Deveria ser observado ainda neste contexto que o período mais bemsucedido de desenvol vimento econômico capitalista nos anos 50 e 60 esteve associado a uma grande expansão das atividades econômicas do estado envolvendo em muitos países a ampliação da propriedade pública e do planejamento econômico visando mitigar as conseqüências danosas tanto eco nômicas quanto sociais de uma economia de livre empresa e livre mercado inadequadamente regulamentada A experiência de recessão nos anos 90 pode portanto acabar levando a um abandono dessas políticas econômicas e sociais associadas à NOVA DIREITA e a uma retomada de políticas mais intervencionistas Nesse sentido a oposição entre capitalismo e socialismo que foi um ponto central de confronto ideológico e político durante todo o decorrer do século XX parece ter probabilidades de persistir Mas isso acontecerá em novas circunstâncias de com plexidade muito maior em que os princípios e elementos básicos de um sistema econômico e social alternativo são bem mais difíceis de es pecificar com precisão e qualquer movimento no sentido dessa sociedade alternativa parece ter grandes probabilidades de implicar uma mo dificação contínua e gradual do capitalismo do tipo que vinha ocorrendo no decorrer do último século muito mais que quaisquer mudanças abruptas Leitura sugerida Bottomore Tom 1985 Theories of Modern Capitalism Braudel Fernand 1967 1979 Civilization matérielle économie et capitalisme XV XVIII Maddison A 1991 Dynamic Forces in Capi talist Development Mandel Ernest 1975 Late Ca pitalism Schumpeter JA 1942 1987 Capitalism Socialism and Democracy Weber Max 1923 1961 General Economic History parte 4 TOM BOTTOMORE capitalismo monopolista Esta expressão foi usada por Lenin para definir um novo es tágio no desenvolvimento do CAPITALISMO no final do século XIX em que a vida econômica Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar capitalismo monopolista 59 era dominada por grandes corporações o capi tal bancário fundirase com o capital industrial para formar oligarquias financeiras e as prin cipais nações capitalistas estavam engajadas na expansão imperialista Lenin ficou devendo muito ao Capital financeiro 1910 de Hilfer ding para suas concepções básicas mas ele as expôs no contexto de uma doutrina política inteiramente diferente que encarava as revo luções socialistas como resultado da guerra en tre as potências imperialistas Mais tarde Lenin e marxistasleninistas posteriores elaboraram uma concepção de capitalismo monopolista de estado ver Hardach e Karras 1978 p4750 638 para explicar o crescente envolvimento do estado na economia capitalista Também essas idéias tinham afinidades com a concep ção tardia de Hilferding de um capitalismo organizado ver Bottomore 1981 p145 mas divergiam profundamente pelo fato de estarem embutidas em uma ideologia bolche vique cada vez mais dogmática e intelectual mente estéril O capitalismo monopolista recebeu um sen tido diferente no entanto no livro de Baran e Sweezy 1966 em que se afirmava que novas contradições do capitalismo haviam tomado o lugar das analisadas por Marx As elevadas taxas de crescimento econômico e uma aparen temente maior estabilidade do capitalismo no pósguerra refletiam uma mudança significati va no caráter da economia capitalista da com petição ao monopólio Isso resulta em um au mento contínuo e uniforme nos lucros das fir mas monopolistas avizinhandose do superá vit econômico da sociedade de acordo com Baran e Sweezy que vão mais além afirmando que esse crescente superávit econômico leva necessariamente à estagnação a não ser que seja neutralizado de alguma forma ver Har dach e Karras 1978 p613 Mas essa con cepção como as elaboradas por pensadores marxistasleninistas na verdade deu pouca atenção a várias e importantes influências neu tralizantes tais como o desenvolvimento do capitalismo de bemestar e inúmeras mudanças mais socializantes na economia No futuro é provável que os teóricos sociais se preocupem menos com o que é chamado geralmente de maneira enganosa de monopólio e mais com o estudo da estrutura e influência das gran des corporações no contexto do capitalismo de bemestar e da regulamentação estatal extensi va em suas diversas formas Leitura sugerida Baran Paul e Sweezy Paul 1966 Monopoly Capitalism Hardach Gerd e Karras D 1978 A Short History of Socialist Economic Thought Lenin VI 1916 1964 Imperialism the Highest Stage of Capitalism TOM BOTTOMORE carências Ver NECESSIDADES carisma A história dessa palavra hoje em dia empregada principalmente para descrever uma qualidade heróica ou extraordinária de um in divíduo isolado é curiosa e complexa De ori gens obscuras no antigo uso cristão em que significava o dom da graça carisma é hoje uma palavra popular cheia de apelo tanto para os jornalistas quanto para os leigos Suas cono tações no século XX e o debate que ela ocasio nou são inseparáveis do pensamento de Max Weber 18641920 Weber adaptou a palavra a partir do teólogo Rudolph Sohm que a empregara para inter pretar o desenvolvimento da antiga igreja cris tã ver Bendix 1966 p325 Ampliado para abranger fenômenos tanto seculares quanto re ligiosos o conceito assumiu papel axial na aná lise de Weber da história e da dominação ver especialmente Weber 19045 1930 p178 1951 p3042 11929 Weber 19212 vol1 p24171 e vol2 p111157 Na análise de Weber carisma indica uma qualidade excepcional real ou imaginária pos suída por um indivíduo isolado que é capaz a partir daí de exercer influência e LIDERANÇA sobre um grupo de admiradores Os devotos do líder carismático encaram como seu dever obe decerlhe os ditames e fazem isso voluntaria mente e com uma entrega arrebatada O carisma é capaz de assumir toda uma variedade de apa rências correspondendo às esferas de sua in fluência militar política ética religiosa artís tica mas em todos os casos sua conseqüência é afetar de forma impressionante as vidas dos que ficam sob o seu efeito O carisma é uma força interiormente revolucionária com o po der portanto de mobilizar o esforço humano e transformar o mundo material empedernido com que ele se defronta Na terminologia de Weber carisma é uma forma particular de do minação ou autoridade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 60 carências Weber contrasta essa forma de dominação nãoortodoxa de forte carga emocional e re volucionária com duas outras a tradicional em que a obediência se baseia no costume e na reverência ao precedente típica das socieda des préindustriais e a jurídicoracional ca racterística do mundo moderno onde a confor midade a regras e procedimentos juridicamente estabelecidos e burocraticamente executados é a norma e onde a submissão é tipicamente devida mais à posição do que à pessoa Os modos de dominação tradicional e jurídicora cional são marcadamente diferentes em muitos aspectos Mesmo assim ambos compartilham a mesma qualidade tediosa de serem estruturas estáveis rotineiras e relativamente previsíveis da vida do diaadia O carisma por outro lado é explosivo desafia abertamente os modos tradicionais despreza a frieza rígida da legali dade impessoal e em sua forma pura volú vel e efêmero Quatro aspectos adicionais da discussão de Weber são dignos de nota Primeiro as quali dades éticas do líder carismático são irrele vantes para o conceito Seu dinamismo como indivíduo é que é crucial Segundo o carisma é um fenômeno contingente Apesar de tender a despertar em certas circunstâncias propícias em especial em condições de agitação o entu siasmo ou a inquietação não há nenhuma in dicação nos textos de Weber de que seu surgi mento esteja socialmente destinado a ocorrer Terceiro a existência e a duração do encanto do carisma dependem acima de tudo da reação dos outros Para manter seu fascínio sobre co rações e mentes o carisma de uma pessoa deve ser continuamente exibido e provado por exemplo com milagres Jesus ou campanhas militares brilhantes Napoleão Quando a de voção se transforma em indiferença a mágica do carisma se evapora Finalmente o carisma em sua forma pura só chega a existir de modo efêmero Devido ao seu caráter personalizado o carisma enfrenta dificuldades de transmissão quando por exemplo quem o porta morre Existem várias soluções para esse problema Mas em todos os casos o carisma se extingue ou se torna rotinizado isto é canalizado em instituições de orientação tradicional ou jurídi ca com isso perdendo sua quintessência herói ca e se tornando ao contrário um atributo digamos da hereditariedade por exemplo um monarca ou do cargo por exemplo o de pri meiroministro ou o de presidente Embora a análise de Weber do carisma seja amplamente encarada como seminal ela tam bém atraiu críticas ou restrições Alguns afirma ram que sua ênfase na liderança pessoal carece de uma explicação coerente de por que as pes soas encaram determinada liderança como ins piradora ou instigante e subestima o signifi cado social do líder como símbolo catalisador e portador de mensagem Worsley 1957 p293 Pois se o carisma depende do reconhe cimento social como Weber insiste em dizer que acontece então a cultura e as sensibilidades dos que vêm legitimálo exigem maior especi ficação Baehr 1990 Além disso a exposição de Weber sobre a aura do carisma tende a deixá lo numa espécie de condição mística Em con traste recentes estudos sociológicos de oratória política e linguagem corporal em especial por Atkinson 1984 por exemplo têm demons trado que o que geralmente passa por carisma é em boa parte uma técnica uma série de habilidades práticas e mensagens aprendidas e orquestradas por políticos A contribuição do carisma à estabilidade social diferentemente da revolução é outra área que Weber pode ter subestimado apesar de não a ter desprezado ver a exposição ante rior sobre rotinização Shils por exemplo es creve a respeito de uma propensão carismáti ca que pode ser encontrada em todas as socie dades revelada no temor e reverência com que certos objetos são encarados De acordo com isso o carisma não apenas é algo possuído por líderes exemplares mas pode estar inerente em papéis instituições símbolos e estratos ou compostos seculares comuns Shils 1965 p200 Objetos e pessoas que a sociedade acre dita possuírem carisma assim são porque encar nam os valores essenciais da sociedade e por tanto se relacionam com as questões extremas com as quais essa sociedade se preocupa de forma que o carisma diz respeito à necessidade de coerência social Assim nas mãos de Shils o carisma se transforma em uma força que é útil na manutenção da ordem social enquanto We ber enfatizava seus atributos revolucionários Mais recentemente cientistas sociais têm utilizado o conceito de carisma em inúmeras esferas Primeiro e de maneira mais óbvia ele foi empregado em relação a seitas e cultos religiosos cujos líderes são capazes de atrair Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar carisma 61 seguidores devotos por exemplo Wallis 1982 Segundo foi usado para descrever e explicar o apelo de muitos líderes políticos Apter 1968 Schweitzer 1984 Willner 1984 Entre estes encontramos líderes nacionais que foram capazes de desenvolver uma missão que tanto prometia a liberdade do domínio colonial quanto superava as implicações conservadoras da submissão à autoridade tradicional Gandhi Nkrumah líderes revolucionários marxistas Lenin Castro líderes de ditaduras modernas Hitler Mussolini e líderes que alcançaram poder no contexto de democracias modernas F D Roosevelt Terceiro existe um uso cres cente da palavra para descrever alguns líderes de organizações comerciais ver por exem plo Conger 1989 cujos esforços notórios produzem uma transformação radical no des tino de uma organização em dificuldades por exemplo Iacocca da Chrysler ou cuja lide rança resulta na fundação de organizações novas e vitais por exemplo Burr da People Express Apesar de ser atraente tentar identificar tipos de carisma essas tentativas correm o risco de gerar listas excessivamente longas Schweitzer 1984 por exemplo cataloga mais de 50 tipos Duas dicotomias básicas porém tendem a ser empregadas com alguma freqüência na litera tura especializada Primeiro existe a diferen ciação entre carisma original e rotinizado Nes se ponto pesquisas mostram que líderes caris máticos às vezes desenvolvem estratégias ela boradas para resistir às incursões da rotiniza ção como no caso de David Mo Berg e os Filhos de Deus Wallis 1982 Por outro lado a rotinização nem sempre tem sucesso assim o estudo realizado por Trice e Beyer 1986 sobre duas organizações dedicadas ao alcoolis mo mostra como a rotinização do carisma do fundador pode ser frustrada por estruturas ina dequadas ou por acontecimentos inesperados Uma segunda distinção às vezes proposta é entre carisma real e fabricado ou pseudoca risma Isso destaca o contraste entre o apelo legítimo de um indivíduo verdadeiramente ca rismático e a encenação e o trabalho de mídia que geralmente penetram na geração do caris ma moderno Bensman e Givant 1975 Com plausibilidade porém essa distinção é ela pró pria problemática pois deixa de reconhecer que todo carisma é em certo sentido fabricado isto é depende da apresentação de uma imagem atraente o bastante para recrutar um bando de seguidores que por sua vez agirão como emis sários da causa ou missão em questão Ver também MESSIANISMO Leitura sugerida Bendix R 1971 Charismatic lea dership In Scholarship and Partisanship Essays on Max Weber org por R Bendix e G Roth p17087 Berger PL 1963 Charisma and religious innova tion the social location of Israelite prophecy Ameri can Sociological Review 28 94050 Conger JA e Kanungo RN orgs 1988 Charismatic Leadership the Elusive Factor in Organizational Effectiveness Friedland WH 1964 For a sociological concept of charisma Social Forces 43 1826 Haley P 1980 Rudolph Sohm on charisma Journal of Religion 60 18597 Lindholm C 1990 Charisma Roth G 1979 Charisma and the counterculture In Max We bers Vision of History Ethics and Methods org por G Roth e W Scluchter p11943 Schram SR 1967 Mao Tsetung as a charismastic leader Asian Survey 7 3834 Spencer ME 1973 What is charisma British Journal of Sociology 24 34154 Tucker RC 1968 The theory of charismatic leadership Daedalus 97 73156 Weber Max 19212 1978 Economy and Society org por G Roth e C Wittich ed em 2 vols Willner AR 1984 The Spellbinders Charismatic Political Leadership ALAN BRYMAN e PETER BAEHR casamento O casamento é encarado como a ligação socialmente aprovada de um homem e uma mulher para fins de comunhão sexual procriação e colaboração econômica Porém curiosamente a orientação do pensamento so cial do século XX tem sido documentar e es timular a disjunção dessas funções da institui ção matrimonial o que põe em questão a utili dade futura da palavra Os pontos de vista tradicionais evidente mente têm continuado em vigor No Ocidente a afirmação religiosa do casamento como or dem divina encontrou seu paladino mais forte no papado católico romano A encíclica Casti Connubii 1933 de Pio XI reafirmava a natu reza sacramental e irrevogável do matrimônio enfatizava seu monopólio sexual celebrava a função procriativa como uma colaboração com Deus e defendia a economia doméstica Correntes filosóficas de influência bem maior contudo tomavam um rumo diferente A redefinição básica do matrimônio dada por John Locke como um pacto voluntário 1812 vol5 p3835 necessário somente na medida em que crianças pequenas precisavam de proteção surgiu no final do século XVII Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 62 casamento Duzentos anos depois essa mudança de uma compreensão espiritual para uma compreensão contratual do matrimônio ganhava um ímpeto vigoroso Ao mesmo tempo teóricos marxistas colocavam o matrimônio no contexto da luta de classes enquanto as primeiras feministas enfa tizavam a exploração das mulheres inerente a essa instituição ver FEMINISMO A abordagem crítica das funções específicas do matrimônio ganhou força particular depois de 1900 Ellis questionou o monopólio sexual pretendido pelo casamento legal 1912 p53 66 o que mais tarde ganharia credibilidade estatística através dos trabalhos de Kinsey Kinsey Pomeroy e Martin 1948 e de Masters e Johnson 1982 p249 Key afirmava que o fator econômico no matrimônio havia degra dado as mulheres 1911 p3678 Mesmo no casamento homens e mulheres deveriam ser economicamente independentes e todas as mães recentes deveriam receber apoio do es tado em vez dos maridos Ao mesmo tempo o monopólio criativo do matrimônio enfrentou uma crítica crescente por sua cruel categoriza ção dos filhos A legislação reformada da nova União Soviética estabeleceu o modelo ao eli minar as distinções legais entre nascimentos legítimos e ilegítimos Ironicamente enquanto o casamento en frentava essa forma de desestruturação os an tropólogos modernos afirmavam a universali dade da instituição Em seu levantamento cul tural comparado Murdock definiu o matrimô nio como existindo apenas quando o econômi co e o sexual estão unidos em uma relação 1949 p78 e em seguida afirmou encontrar essa instituição em toda sociedade humana conhecida Igualmente universal disse ele era uma divisão do trabalho por sexo enraiza da nas diferenças naturais e indiscutíveis nas funções reprodutoras Malinowski reconheceu as forças que interferiam na união matrimonial mas concluiu haver algo maior no casamen to humano enraizado nas necessidades mais profundas da natureza e da sociedade humanas Briffault e Malinowski 1956 p278 Os sociólogos por sua vez projetaram a evolução de novos padrões matrimoniais Wes termarck encarava o casamento como um ins tinto humano formado pela seleção natural 1936 p20 Já não mais necessário no am biente moderno o casamento sobreviveria ape nas como impulso individual Groves 1928 concentrouse na perda de funções da família na medida em que tarefas isoladas como co operação econômica e criação de filhos passas sem para entidades profissionais Em meados do século Talcott Parsons 1951 deu uma in terpretação positiva a essa mudança enfatizan do a nova importância do casamento no ajus tamento da personalidade adulta Nos anos 70 o ressurgimento das idéias feministas levou muitos sociólogos a verem um casamento pu ramente igualitário como o modelo para o futu ro Bernard 1972 Observadores recentes porém apontam que o matrimônio pode estar desaparecendo em vez de meramente mudando nas sociedades avançadas Observando particularmente a Sué cia Poponoe 1988 p18894 registra uma reduzida propensão ao matrimônio seu adia mento para uma idade mais avançada um vo lume menor de vidas individuais passadas den tro dos laços do matrimônio uma duração me nor dos matrimônios e uma crescente preferên cia por tipos alternativos de união sexual Ver também FAMÍLIA DIVÓRCIO Leitura sugerida Key E 1911 1949 Love and Marriage Murdock GP 1949 Social Structure Parsons T 1951 The Social System Poponoe D 1988 Disturbing the Nest Family Change and Decline in Modern Societies Westermarck E 1936 The Fu ture of Marriage in Western Civilization ALLAN C CARLSON casta Esta palavra indica um grupo hereditá rio endógamo associado a uma ocupação tra dicional e classificado de acordo com isso segundo uma escala de pureza ritual Apesar de mudanças e muitas críticas a casta sobrevive como estrutura e ideologia no século XX Foram os portugueses que usaram a palavra derivada do latim castus puro para se referir às diferentes comunidades que encontraram na Índia Apesar de a ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL ser um fenômeno humano universal e de a palavra casta ser usada livremente para grupos de pessoas em outras partes este verbete concen trase em casta no contexto do hinduísmo no Sul da Ásia particularmente na Índia e na diáspora de comunidades hindus por todo o mundo ver também HINDUÍSMO E TEORIA SO CIAL HINDU No discurso acadêmico sobre comunidades sulasiáticas casta significa jati palavra com a mesma raiz de nascimento um grupo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar casta 63 hereditário endogâmico Cada jati consiste em linhagens exôgamicas gotra Regras matri moniais complexas determinam em que gotras uma pessoa em particular pode ser aceita em casamento O número total de jatis chega aos milhares e cada região da Índia tem sua hierarquia es pecífica Não obstante os hindus classificam seu próprio jati e o de outras pessoas de acordo com uma escala de quatro varnas classes reconhecida em todo o mundo hindu Há com freqüência uma discrepância entre a varna a que membros de um jati alegam pertencer e a varna inferior que outros lhes imputam As quatro classes são respectivamente as varnas brahmin kshatriya vaishya e shudra No Rig Veda texto sagrado composto por volta de 1000 aC Purusha a entidade cósmica uma imagem da sociedade é desmembrado Sua boca é relacionada ao brahmin sacerdote seus braços ao kshatriya guerreiro suas coxas ao vaishya comerciante e seus pés ao shudra servo ou lacaio Os membros das três primei ras classes são encarados como nascidos duas vezes pois que sua investidura com o cordão sagrado significa renascer dentro da sociedade hindu No Código de Manu Manusmriti ou Manava dharma shastra de aproximadamente 2 mil anos o comportamento permitido para cada varna é claramente definido bem como as penalidades para os desvios No Bhagavad Gita escritura preferida dos hindus Krishna a encarnação de Vishnu di vindade de primeira importância exorta o príncipe relutante Arjun a combater porque esse é o seu dharma dever sagrado como kshatriya No decorrer de muitos séculos cada jati desenvolveu um código tácito de práticas Os membros não devem casarse nem se sentar para comer com membros de outro jati apesar de ambas as regras particularmente a última terem sido consideravelmente relaxadas em al guns contextos Detalhes de costumes domés ticos e cerimônias religiosas distinguem um jati de outro na mesma localidade Na sociedade aldeã tradicional antes do pre domínio do dinheiro como meio de troca os membros de todas as castas forneciam aos outros aldeães os serviços específicos de cada casta numa base de reciprocidade Esse sistema é co nhecido como jaimani As castas mais baixas na escala de pureza recebiam menos em troca de seu trabalho Aspectos dessa interdependência ain da sobrevivem como quando um brahmin exe cuta um ritual e recebe roupas ou outros pre sentes dos que o empregam Em cada aldeia uma ou mais castas exercem o poder sobre as outras O poder econômico não tem obrigato riamente que corresponder a uma varna eleva da O sistema de castas é orgânico e está cons tantemente se adaptando a circunstâncias cam biantes Antropólogos do século XX têm con ceitualizado de várias maneiras os processos subjacentes MN Srinivas 1967 postulou a sanscritização processo por meio do qual mem bros de uma casta inferior trocam seus cos tumes rituais ideologia e modo de vida na direção de uma casta mais elevada por exem plo adotando uma dieta rigorosamente vegeta riana adequada aos brahmins Recusandose a dar as filhas em casamento a famílias que não se adaptaram dessa forma criam na realidade um novo jati A palavra kshatriyzação referese a uma emulação de riqueza e status mais do que a pureza ritual Durante o século XX as castas menos privilegiadas tenderam a lutar pelo po der e pela riqueza através da educação Mobili zaramse também como movimentos religio sos dando um novo significado aos mitos e símbolos antigos e construindo o autorespeito Juergensmeyer 1982 Entre nãohindus de origem sulasiática as castas geralmente persistem como um fator na interação social mesmo quando os mestres re ligiosos de uma comunidade investem contra elas Assim por exemplo os cristãos locais podem prestar culto em congregações distintas que por acaso têm respectivamente uma origem de casta elevada e inferior Os sikhs continua ram a se casar dentro da casta apesar de seus gurus enfatizarem a igualdade de todos e a irrelevância da casta de uma pessoa para a reunião da alma com Deus Com a educação em estilo ocidental e a crescente mobilidade social e industrialização o elo entre ocupação hereditária e jati viuse enfraquecido no século XX apesar da associa ção persistir nas mentes das pessoas Trabalhar como piloto professor ou programador de com putação não faz com que um indivíduo consiga alterar ou fugir às conotações do seu jati Algumas ocupações shudra tais como a coleta de excrementos ou o curtume do couro eram encaradas como altamente contamináveis Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 64 casta para todo aquele com o qual membros desses jatis entrassem em contato Como resultado esses jatis eram segregados do resto da socie dade Além das proibições relativas ao casa mento e às refeições eram também proibidos de entrar em muitas escolas e templos e até de pegar água na mesma fonte que os demais Viviam como muitos ainda vivem fora da aldeia Se a sombra de um intocável pousasse sobre um brahmin este tinha de voltar para casa a fim de se purificar Em grande parte devido à degradação dos intocáveis os reformadores dos séculos XIX e XX atacaram as iniqüidades do sistema de cas tas Swami Dayananda Saraswati 182483 pregava que segundo o Veda a sociedade devia ser dividida não em inúmeras castas mas em quatro varnas nas quais a participação depen deria mais do mérito que de nascimento Mohandas Karamchand Ghandi Mahatma Gandhi 18691948 valorizava alguns aspectos do sistema de castas para a construção de uma sociedade harmoniosa mas defendia apaixona damente o ponto de vista de que a intocabili dade não é uma sanção da religião é uma invenção de Satã Gandhi 1951 As vítimas da discriminação de castas hoje encaram a abor dagem de Gandhi como paternalista Rejeitam a expressão harijans filhos de Deus que ele popularizou preferindo o uso de Castas ordenadas na Índia designação oficial desde 1935 e dalit oprimidos Seu herói é o Babasaheb Ambedkar 18911956 o advo gado que emergiu de uma família de intocáveis para criar a constituição da Índia Esta foi pro mulgada em 1950 e não reconhece castas ape nas cidadãos iguais Ambedkar afirmava que a casta era uma ideologia que só poderia ser abolida se as sanções religiosas hindus em seu favor fossem retiradas Exortou seus seguidores a trocarem o hinduísmo pelo budismo Existem atualmente na Índia cerca de 120 milhões de pessoas 17 da população que carregam o estigma da intocabilidade Apesar da legislação especialmente a Lei sobre a Into cabilidade Crimes de de 1955 bem como de políticas de discriminação positiva na educação e na reserva de certos empregos o preconceito existe De fato com a implementação dessas políticas a tolerância das castas mais elevadas às vezes se transforma em rígida hostilidade Tal como o advento do trem no século XIX o crescente acesso à educação a rápida urbani zação e a industrialização fizeram com que membros de diferentes castas entrassem em contato como nunca acontecera antes Esse de senrolar dos fatos somados ao saneamento mo derno e ao fornecimento de água encanada beneficiou as Castas Ordenadas com a remo ção de algumas causas de óbvia discriminação Alguns membros das castas inferiores se torna ram ricos ou chegaram a altos cargos Não obstante o sistema de castas não foi substituído por um sistema de classes do tipo ocidental O que acontece é uma interação de aspectos de ambos os sistemas O sistema político democrá tico permite que a casta exerça uma influência poderosa Os candidatos jogam com as sensibi lidades de casta para obterem apoio Muitos políticos dependem das castas que funcionam como currais eleitorais A casta sobrevive em comunidades hindus fora da Índia apesar de a história de sociedades específicas ter dado a cada uma um caráter peculiar Em Bali Indonésia sobrevive uma diferença entre a maioria shudra e as classes brahmin kshatriya e vaishya As comunidades hindus de Fiji ilhas Maurício Trinidad e Su riname remontam a meados do século XIX quando trabalhadores contratados como colo nos chegaram com poucas esperanças de voltar à Índia Nesses países as diferenças de casta em grande parte desapareceram exceto pelo fato de apenas os brahmins exercerem funções sacer dotais No Leste da África porém onde os colonos chegaram da Índia no início do século XX o contato com aquele país foi mantido as castas permaneceram endogâmicas e se estabe leceram associações de casta Na GrãBretanha os casamentos hindus e sikhs ainda são celebrados geralmente entre membros da mesma casta Muitos locais de cultos públicos são dirigidos por membros de castas particulares como os gurdwaras Ram garthia Bhatra e Ravidasi locais de culto sikh Hindus de origem gujatari têm organizações de casta que organizam eventos sociais e religio sos especialmente durante o Festival de Nava ratri Leitura sugerida Dumont L 1970 Homo hierarchi cus Juergensmeyer M 1982 Religion as Social Vi sion Mahar JM org 1972 The Untouchables in Contemporary India Nesbitt EM 1991 My Dads Hindu My Mums Side are Sikhs Issues in Religion Identity Schwartz BM org 1967 Caste in Over Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar casta 65 seas Indian Communities Srinivas MN 1962 Caste in Modern India ELEANOR M NESBITT causalidade Nas palavras memoráveis de Hume a causalidade é o cimento do universo a relação pela qual um evento se liga a outro um tipo de ocorrência provoca outro É uma noção que desempenha um papel central em nossas explicações do mundo que nos cerca ver EXPLICAÇÃO por exemplo quando responde mos a perguntas com por quê através de frases que começam com por causa de identificando os antecedentes em virtude dos quais a coisa a ser explicada ocorreu O conceito de causalidade porém mostrou se difícil de analisar O problema é como com preender o cimento que liga causa a efeito a necessidade com a qual pensamos nos efeitos seguindose a suas causas As explicações do século XX geralmente começam com a análise empirista de Hume EMPIRISMO é a idéia de que todo o conhecimento deve basearse na expe riência Segundo Hume as conexões causais não são necessárias no sentido de serem re lações lógicas pois afirma ele com base em seu empirismo a descrição de um evento não acar reta não necessita logicamente a ocorrência de quaisquer outros eventos Nem a ligação de um efeito a sua causa é uma relação que exista no mundo pois não temos nenhuma experiência de elo assim necessário entre um evento uma causa e outro seu efeito mas apenas dos dois eventos em si mesmos Conseqüentemente do ponto de vista de Hume ainda que possamos através do hábito vir a pensar em causalidade como trazendo em si necessidade no mundo as conexões causais não são mais que conjunções constantes de eventos contíguos e consecuti vos porém lógica e materialmente indepen dentes Como hoje em dia em geral aceitase que causas podem agir a distância e que causas e efeitos podem ocorrer simultaneamente o que resta do ponto de vista humano é que a causali dade está incorporada em regularidades que expressam conjunções constantes entre tipos de eventos A noção de conjunção constante pode ser elaborada em termos de condições necessárias e suficientes Tratase aqui de um sentido de necessário diverso do acima apresentado Uma condição necessária para um evento é a que sempre ocorre quando o evento ocorre enquan to uma condição suficiente é a que quando ocorre o evento ocorre também Isso permite levar em conta algumas complicações por exemplo que um efeito possa estar ligado a uma conjunção de causas ou a diferentes causas independentes e só possa ocorrer se certas cau sas contrapostas estiverem ausentes Essas complicações são reunidas em conjunções constantes da fórmula todos LMN ou PQR ou STW são seguidos pelo evento E em que N simboliza a ausência de uma condição de tipo N e em que cada letra representa uma condição inos para E ou seja uma parte insuficiente mas nãoredundante de uma condição conjunta p ex LMN que é em si mesma não ne cessária porém suficiente para o resultado E Mackie 1965 Um exemplo é uma teoria da revolução que combina idéias do marxismo e da teoria da privação relativa e afirma que a atividade revolucionária E seguese ou a partir da ocorrência conjunta da polarização da socie dade capitalista em duas classes a burguesia e o proletariado L o empobrecimento do prole tariado M e a ausência de falsa consciência proletária N ou da ocorrência conjunta da divisão da sociedade numa hierarquia de grupos P da conformidade dos membros de um gru po às normas de outro grupo mais superior Q e da ausência de caminhos legítimos de ascen são do grupo inferior para o superior R Outras teorias da revolução podem ser acrescentadas como conjuntos extras de condições inos p ex STW Até mesmo essa versão elaborada da versão humeana parece sofrer como as versões mais simples do problema de não conseguir dis tinguir regularidades causais daquilo que os filósofos chamam de generalizações acidentais e que os pesquisadores sociais chamam de re lações espúrias ou cosintomáticas Alguns exemplos são o dia seguindose à noite e o nível dos prejuízos aumentando com o número de bombeiros que combatem um incêndio que são conjunções constantes mas sem o cimento da causalidade conectando a ocorrência antece dente à conseqüente Os humeanos buscaram resolver esse problema acrescentando critérios lógicos ou epistemológicos para diferenciar leis causais de generalizações acidentais mas os críticos continuam afirmando que nenhuma dessas tentativas funciona As dificuldades para se produzir uma adequada análise humeana da causalidade levaram alguns filósofos empiris Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 66 causalidade tas a apontar que a causalidade não tem lugar nas ciências maduras Russell 1917 As análises nãohumeanas da causalidade vão além das restrições do empirismo Uma das mais interessantes o ponto de vista realista afirma que a necessidade que caracteriza a cau salidade é a necessidade física ver REALISMO Os acontecimentos de causa e efeito não são independentes como insistem os humeanos mas intrinsecamente relacionados As causas têm o poder de provocar seus efeitos existindo uma relação real entre ambos um mecanismo gerador ligando fisicamente causa a efeito ain da que essa ligação esteja em geral acima da nossa experiência De acordo com esse ponto de vista a conjunção constante poderia ser pro va de uma conexão causal mas não lhe exaure o significado que deriva do mecanismo natural conectando causa e efeito De fato conexões causais reais podem não se manifestar como regularidades pois causas contrapostas podem intervir entre a operação de uma causa e o surgimento de seu efeito Por exemplo apertar um interruptor de luz pode não ter o efeito de iluminar o aposento caso um fusível queime e impeça a lâmpada de brilhar Nessa ocasião a falha a refutação de uma conjunção cons tante não nos leva a rejeitar como causal a conexão real entre apertar o interruptor e a lâmpada acenderse através do mecanismo sub jacente de um fluxo de corrente elétrica A dificuldade com essa visão realista é que tendo violado o empirismo humeano ao afirmar a existência de mecanismos imputados e forças invisíveis acima do controle epistemológico da experiência que restrições se exercem sobre os mecanismos que possam ser invocadas como explicações causais Se devemos admitir a existência de vírus por que não demônios ou feitiços Dada a existência de problemas com todas as tentativas de se analisar a causalidade alguns afirmaram tratarse de um primitivo não anali sável Anscombe 1971 Ainda que fosse pos sível chegar a uma análise satisfatória da cau salidade no mundo natural continua a haver questões sobre seu lugar no mundo social será que as ações humanas são causadas e se o forem que o livrearbítrio é uma ilusão Ver DETERMINISMO Leitura sugerida Davidson D 1980 Essays on Ac tions and Events Harré R e Madden EH 1975 Causal Powers a Theory of Natural Necessity Hu me D 1748 1975 An Enquiry Concerning Human Understanding org por LA Selby Bigge Mackie JL 1974 The Clement of the Universe Sosa E org 1975 Causation and Conditionals Wright GH von 1971 Explanation and Understanding PETER HALFPENNY cesarismo Palavra que indica uma forma de ditadura livremente modelada pela carreira de Caio Júlio Cesar 10044 aC general e auto crata populista que tomou o poder da oligar quia senatorial romana em 49 aC e cujo re gime acelerou a queda da república romana Não obstante essa definição exige uma imedia ta restrição Pois não é só o caso de a palavra ter sido empregada para incluir figuras que antece dem Caio Júlio como os atenienses Pisístrato c600527 aC e Péricles c495429 aC e o espartano Cleomenes III c260219 aC Neu mann 1957 p2378 Weber 192122 Há também o fato de Augusto Cesar 63 aC14 dC e não Caio Júlio às vezes ser dado como o modelo de cesarismo Riencourt 1958 Além disso apesar de muitas utilizações no século XX buscarem analogia com a Roma antiga outras não o fazem de forma que hoje em dia cesarismo é um conceito mergulhado na mais profunda confusão Cunhada provavelmente por JF Böhmer em 1845 Böhmer 1868 p2779 a palavra recebeu seu primeiro tratamento sistemático por parte do francês A Romieu 1850 A partir daí cesarismo se tornou uma palavra ampla mente empregada em círculos cultos europeus particularmente na França e na Alemanha para descrever o regime de Napoleão III de 1851 a 1870 e suas implicações para a política moderna Momigliano 1956 1962 Groh 1972 Richter 1981 1982 Gollwitzer 1987 Em 1920 já não estava mais em uso popular sobrevivendo apenas como ferramenta de aná lise acadêmica Falando em termos gerais existem três cam pos claros no pensamento do século XX sobre o tema O primeiro dá continuidade à tradição de ligar explicitamente o cesarismo ao BONA PARTISMO de Napoleão III e também de Napo leão I Nesse caso o cesarismo é descrito como uma forma de liderança altamente personaliza da e militarista nascida da ilegalidade tal como um golpe de estado caracterizada por uma retórica populista o líder alega encarnar e de fender o povo en bloc contra o interesse Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cesarismo 67 estreito e divisor de elites ou classes que des preza as instituições políticas representativas estabelecidas o autocrata cesarista governa por imposição empregando medidas policiais para reprimir a oposição e é legitimado por apelos diretos às massas através do recurso dos ple biscitos Esse tipo de utilização pode ser encon trado com modificações em Thody 1989 e Namier 1958 em que o panteão cesarista se amplia para incluir figuras como Pétain e de Gaulle Mussolini e Hitler Em contraste o segundo campo de pensa mento sobre o cesarismo desenvolve a noção de forma muito mais arbitrária e com apenas a referência mais superficial possível aos dois Napoleões Assim cesarismo é a palavra em pregada para designar as manipulações eleito rais a impressionante envergadura e a ilegiti midade de Bismarck Weber 19212 Baehr 1988 a natureza da política britânica moderna de dominação por um líder Ostrogorski 1902 p6078 Tönnies 1917 p4953 Weber Poli tics as a vocation in Weber Gerth e Mills orgs 1970 p1067 e 1978 p1452 um retor no cíclico à ausência de forma e ao primiti vismo Spengler 191822 vol1 um tipo teo cráticomilitarista de despotismo oriental exemplificado pelo império de Diocleciano so bre os romanos Gerth e Mills 1954 p210 uma DITADURA populista ou democrática comparável ao ou manifestada no peronismo na América do Sul entre outros regimes res pectivamente Canovan 1081 p137 Neumann 1957 p23643 o acréscimo de poder evidente no sistema presidencial norteamericano Rien court 1958 Finalmente existe uma utilização do termo cesarismo que tanto se vale do exemplo napo leônico quanto também dele diverge de modos fundamentais De proveniência marxista essa posição relaciona o cesarismo ao bonapartismo Gramsci 192935 p215 219 faz distinção entre cesarismo progressista e reacionário dependendo de ele ajudar ou entravar a luta de classe revolucionária Gramsci p219 e amplia a noção para descrever a coalisão as alianças políticas centristas ou os governos cuja presença marca um estágio intermediário entre uma crise social e sua solução Gramsci p220 Hall 1983 p30921 Schwartz 1985 p3362 Na maioria das utilizações acadêmicas é preciso que se diga o cesarismo tem pouca semelhança com a carreira e a biografia daquele que serviu de inspiração para o nome ver Gel zer 1969 Muito plausivelmente apenas os aspectos militares e populistas atribuídos ao cesarismo são convincentes em termos históri cos Pois Júlio Cesar tanto foi um estrategista brilhante e um comandante de batalhas alta mente inspirador como também foi chamado por seus contemporâneos de classe em tom derrisório de um popularis isto é um demago go ou paladino do povo Croix 1981 p3525 362 Taylor 1949 p15 cf Cícero Pro Sestio e In Vatinium tradução de Gardner 1958 p16779 Leitura sugerida Baehr P 1987 Accounting for Caesarism Economy and Society 16 34156 Brant linger P 1983 Bread and Circuses Theories of Mass Culture as Social Decay Mosse George L 1971 Caesarism circuses and monuments Journal of Contemporary History 6 16782 Thody P 1989 French Caesarism from Napoleon I to Charles de Gaulle Yavetz Z 1983 Julius Caesar and his Public Image PETER BAEHR Chicago escola econômica de Ver ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO Chicago escola sociológica de Ver ESCOLA SOCIOLÓGICA DE CHICAGO ciclo econômico Como flutuações recorren tes na atividade econômica de economias in dustriais os ciclos econômicos podem ser ob servados estatisticamente quando se examina o registro histórico do desempenho econômico geral de uma nação digamos as estatísticas anuais do produto interno bruto corrigidas de acordo com as mudanças nos preços PIB real Caracteristicamente o que surge é um padrão de crescimento a longo prazo marcado por alternâncias de expansão e contração Essas al ternâncias recorrentes acima e abaixo da ten dência de longo prazo são os ciclos econômi cos A palavra ciclo sugere padrões de tempo fixo e talvez até simétricos mas os economistas há muito rejeitaram essa idéia Apesar de alguns economistas atualmente preferirem descrever esses fenômenos como flutuações econômi cas a expressão ciclo econômico continua em uso corrente Os movimentos cíclicos numa economia di fundemse de forma abrangente Quando o PIB real aumenta ou diminui o mesmo acontece com o emprego a renda real os lucros e outros Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 68 Chicago escola econômica de aspectos amplos de atividade Relativamente poucas indústrias divergem do padrão geral apesar de as indústrias que produzem bens du ráveis estarem sujeitas a flutuações maiores que a média Além disso os movimentos primeiro em uma direção depois em outra tendem a persistir por períodos extensos de tempo ao contrário das flutuações sazonais por exemplo que ocorrem dentro do âmbito de um ano No jargão do ciclo econômico a atividade cres cente ou a expansão culmina em um auge ou pico e em seguida dá lugar a uma recessão também chamada de queda ou contração cujo ponto extremo é chamado de baixa A isso seguese a retomada ou recuperação que é a fase inicial da expansão Nos Estados Unidos o meio século a partir de 1949 testemunhou oito expansões variando em duração de um ano a cerca de nove com duração média de cerca 35 anos As retrações muito menos variáveis ti veram uma média de pouco menos de um ano Tanto as expansões quanto as retrações de monstraram grande variação de intensidade A Grande Depressão dos anos 30 exerceu um efeito profundo sobre a posterior política eco nômica dos governos mas sua severidade e duração foram únicas nos registros dos ciclos econômicos do século XX ver também DEPRES SÃO ECONÔMICA As teorias do ciclo econômico têm sido abundantes embora o interesse por parte dos economistas tenha estado sujeito aos seus altos e baixos O interesse nos anos 20 estimulado pelos problemas econômicos da GrãBretanha foi grandemente intensificado na década se guinte devido à Grande Depressão A General Theory of Employment Interest and Money 1936 de Keynes não se ocupava basicamente do cerne tradicional da teoria do ciclo econômi co explicar as flutuações decorrentes na atividade econômica geral mas não muito tempo depois do surgimento da General Theo ry tornouse razoavelmente comum a crença de que políticas governamentais de estabilização poderiam tornar o ciclo econômico uma coisa do passado Os economistas transferiram sua atenção para o novo campo da macroeconomia que se tornou o interesse predominante para os que se preocupavam com a atividade geral A prosperidade da década ou duas depois do final da Segunda Guerra Mundial estimulou o ponto de vista de que o ciclo econômico estava supe rado Uma conferência internacional com es pecialistas em ciclo econômico no final dos anos 60 produziu um volume intitulado Is the Business Cycle Obsolete O ciclo econômico está obsoleto Bronfenbrenner 1969 A maior parte dos economistas não achava que estives se mas quaisquer dúvidas sobre se o ciclo poderia ter desaparecido foi desfeita nos anos 70 e 80 que testemunharam graves quedas econômicas e taxas elevadas tanto de desem prego quanto de inflação Os anos 70 também assistiram ao surgimento de novos desenvolvi mentos teóricos e a um renovado interesse por parte dos economistas no ciclo econômico in teresse que persistiu durante todos os anos 80 Na busca de causas para o ciclo econômico os economistas estabeleceram uma distinção entre fatores externos ao sistema econômico e fatores que estavam no seu interior Guerras invenções de grande importância ou mudanças nas políticas monetária e fiscal dos governos são exemplos de causas externas que foram chamadas variadamente de distúrbios choques impulsos ou fatores exógenos São diferentes do funcionamento interno da economia em si mesma e de sua tendência à flutuação por períodos extensos Estes últimos são fatores endógenos mais do que exóge nos ou mecanismos de propagação diferen temente de choques distúrbios ou impulsos Alguns autores reconheceram essas diferenças antes da Segunda Guerra Mundial mas geral mente davam maior ênfase ao funcionamento do sistema econômico em si mesmo isto é à tendência da economia para a instabilidade mesmo na ausência de distúrbios externos Em seu famoso estudo de 1937 para a Liga das Nações Prosperity and Depression a aná lise de Gottfried Haberler das modernas teorias do ciclo econômico levaramno a agrupálas em várias classes amplas embora ele observasse que as diferenças entre as classes eram princi palmente questão de ênfase Ele destacou que a maioria das teorias modernas encarava o ciclo econômico como resultado não de nenhum fa tor isolado mas de vários muitos dos quais eram comuns a diferentes teorias e que os fatores que faziam surgir um ciclo em um pe ríodo não eram necessariamente os mesmos que provocavam um ciclo em outro período Esses julgamentos de meio século atrás continuam válidos Não obstante essas primeiras teorias ao contrário das posteriores à Segunda Guerra Mundial tendiam a enfatizar mais os fatores Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciclo econômico 69 endógenos do que as influências externas como causas do ciclo econômico Entre as categorias mais importantes na classificação de Habeler das teorias estão as que ele descreve como puramente monetárias excesso de investimen tos retração do consumo as chamadas psico lógicas e as que atribuem os ciclos a desajustes de preçocusto Várias teorias são abrangidas sob a rubrica da teoria do excesso de investimento que enfa tiza o papelchave dos gastos com investimen tos em novas construções e equipamento durá vel Como esses bens de investimento são du radouros e comprados visando o futuro não é difícil ver intuitivamente como erros nas es timativas de empresários podem causar exces sos nos investimentos e suas inevitáveis cor reções FA Hayek foi um de vários autores que deram uma explicação monetária para o exces so de investimentos ver também MONETARIS MO Explicações nãomonetárias foram apre sentadas por economistas como Joseph Schum peter que enfatizou o papel especial das ino vações a abertura de novos mercados e sua posterior retração Uma variante importante da teoria do excesso de investimentos atribuía um papel crucial ao princípio de aceleração de acordo com o qual um mero declínio na taxa de crescimento das vendas comerciais diga mos a consumidores poderia provocar um declínio absoluto na produção de bens de inves timento Essas idéias contrastam com as teorias da retração do consumo apresentadas por auto res como JA Hobson os quais afirmavam que à medida que a expansão avança os consumidores tendem a poupar em excesso com o resultado de um declínio na demanda do consumo Há várias teorias que são classificadas de psicológicas O aspecto característico destas nas palavras de Haberler é que a resposta de investimento total a fatores objetivos é mais forte do que indicariam as considerações eco nômicas racionais Haberler 1937 p147 Du rante um surto de crescimento os empresários estão sujeitos a erros de otimismo que levam a erros na direção oposta assim que os empre sários percebem que suas expectativas não po derão realizarse A teoria de Keynes sobre o ciclo econômico um capítulo da General Theo ry p31332 dava maior ênfase às previsões dos empresários e ao papelchave que essas previsões desempenhavam nas decisões empre sariais de investimentos ver KEYNESIANISMO A perda de interesse pela teoria do ciclo econômico nas aproximadamente duas décadas que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial não se deveu apenas a Keynes e à prosperidade geral Vários fatores estimularam o interesse pela pesquisa empírica o desenvol vimento da renda nacional e das estatísticas de produção os avanços na construção de modelos econométricos e o advento dos computadores eletrônicos para a solução de grandes modelos complexos A construção de modelos proliferou e alguns pareciam funcionar isto é dados certos pressupostos a respeito de política se guiam razoavelmente de perto o comportamen to da economia Dessa forma pareciam dar validade aos princípios econômicos sobre os quais se baseavam Esse período testemunhou uma mudança de ênfase dos modelos endóge nos para os modelos em que as influências exógenas eram predominantes em especial os gastos governamentais e as políticas fiscais bem como os investimentos do setor privado Nesses modelos essencialmente keynesianos a política monetária não parecia ser muito impor tante Além disso eles incorporavam uma alter nância entre a taxa de inflação e a taxa de desemprego a curto prazo Em seu discurso de posse na American Eco nomic Association Milton Friedman 1968 desfechou um contraataque monetarista ao sis tema keynesiano e aos modelos nele baseados Ao contrário de Keynes Friedman encarava a economia privada como fundamentalmente es tável Como RG Hawtrey no início do século Friedman atribuía a instabilidade na economia a mudanças na política monetária Mudanças na política monetária por parte do Banco Central para estimular ou frear a economia cons tituíram os principais choques externos no sis tema econômico e foi por esse motivo que Friedman recomendou que o Federal Reserve Bank dos Estados Unidos seguisse uma política em que o meio circulante crescesse a uma taxa estável O início dos anos 70 assistiu aos pri meiros passos de uma nova teoria que pode ser atribuída a Robert Lucas 1977 Thomas Sar gent e outros a qual revivia o interesse acadê mico pelo ciclo econômico Era a teoria ma croeconômica das expectativas racionaisequi líbrio principalmente uma crítica da visão ma croeconômica do mundo keynesiana mas que tinha também aplicações no círculo econômico ver EXPECTATIVAS RACIONAIS HIPÓTESE DAS Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 70 ciclo econômico Desde o surgimento da General Theory de Keynes o ponto de vista macroeconômico do minante tem afirmado que preços e salários são rígidos ou muito lerdos na reação a mudanças na demanda geral e dessa forma não conse guem executar suas funções tradicionais de sa neamento do mercado Na visão keynesiana aumentos ou reduções na demanda geral a curto prazo como as que ocorrem na expansão ou retração de um ciclo econômico refletemse principalmente em mudanças na economia real isto é na produção e no emprego Não obstante os que propõem a teoria do equilíbrio das ex pectativas racionais afirmam que oferta e de manda mesmo no âmbito da economia geral estão sendo constantemente equilibradas atra vés de ajustes nos preços e salários De acordo com esses pontos de vista mais recentes que retornam aos economistas prékeynesianos a economia real não é fundamentalmente ins tável Como então explicar as pronunciadas flutuações na atividade econômica que se mos tram tão evidentes Uma resposta e várias foram apresentadas testadas e consideradas in suficientes é que operários e empresários ape sar de racionais a respeito de mercados onde eles próprios operam são ignorantes a respeito de todos os outros mercados e conseqüente mente propensos a cometer erros sobre quanto produzir ou quanto trabalho fornecer em resposta a uma mudança na demanda Cometer esses erros e em seguida corrigilos faz com que surjam os movimentos cíclicos Uma teoria mais recente no gênero do equilíbrio é a do ciclo econômico real que atribui flutuações aos choques de produtividade cujas reações por parte das empresas e do trabalho ocorrem com pronunciada demora Se essas teorias não forem inteiramente convincentes Okun 1980 Gor don 1986 p89 sua persistência de formas variadas até agora devese em grande parte ao colapso dos modelos macroeconômicos keyne sianos nos anos 70 quando desapareceu a alter nância inflaçãodesemprego em curto prazo e taxas elevadas de inflação coexistiram com taxas elevadas de desemprego Além disso a nova teoria das expectativas racionais enfatiza um antigo dogma fundamental da análise eco nômica ou seja o de que os agentes econômi cos são elementos otimizadores racionais Outra corrente do ciclo econômico digna de nota é a abordagem empírica associada a Wes ley Mitchell no início do século e mais tarde a seus colegas do National Bureau of Economic Research Eles examinaram milhares de séries econômicas históricas buscando padrões e re gularidades recorrentes dos quais fosse possível derivar generalizações que descrevessem e em última análise explicassem o comportamento cíclico da economia Isso deu início a um traba lho que continua até o presente momento de medir expansões e retrações datar pontos críti cos picos e quedas classificar séries estatís ticas particulares como adiantadas ou defasadas nos pontos críticos do ciclo econômico e coisas do gênero Apesar de Measuring Business Cy cles Burns e Mitchell 1946 ter sido recebido com desprezo pela corrente principal dos eco nomistas por não se submeter à nova macroe conomia keynesiana Koopmans 1947 a abordagem tem demonstrado certo vigor em parte porque os ciclos econômicos persistiram em parte porque os indicadores principais se transformaram em um mecanismo de previsão Em que pé estamos hoje com referência ao ciclo econômico que é parte tão integrante da vida econômica moderna É muito provável que economistas e governos já tenham apren dido o bastante para impedir uma repetição da Grande Depressão mas fora isso não há ne nhuma teoria isolada predominante que conte com a aprovação da maioria dos economistas conforme Victor Zarnowitz deixou claro em seu abrangente artigo de 1985 Provavelmente a maioria haverá de concordar em que o ciclo econômico tem muitas causas algumas oriun das de fora do sistema econômico outras sendo um reflexo do modo como o próprio sistema funciona Qualquer dessas fontes pode ser em sua natureza real ou monetária É possível que o próprio econômico seja de tal complexidade em uma economia industrial moderna que gran de parte de sua natureza essencial nunca possa vir a ser captada por um modelo econométrico não importa sua sofisticação ou seu grau de novidade Talvez seja um comentário sobre a situação insatisfatória que existe hoje com mo delos de previsão o fato de os instrumentos de previsão empírica encontrarem prontamente mercado A previsão caminha de mãos dadas com o ciclo econômico É uma atividade florescente na maior parte dos grandes países industria lizados com orientação de mercado na qual se engajam empresas governos e organizações internacionais e que fez surgir ela própria uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciclo econômico 71 substancial indústria de previsão Orientados pela experiência dos Estados Unidos os eco nomistas têm tido razoável grau de sucesso na previsão da atividade econômica PIB real com mais ou menos um ano de antecedência mas com notável falta de sucesso na previsão dos pontos críticos McNees 1988 Saemse claramente melhor que os modelos ingênuos que prevêem que a mudança no PIB real do ano seguinte será a mesma do ano anterior De acordo com esse padrão saemse menos bem no entanto na previsão da taxa de inflação Parte desse sucesso nessas circunstâncias po de ser atribuído ao que os economistas apren deram a respeito de macroeconomia embora o quanto seja difícil quantificar Ver também CICLOS DE LONGO PRAZO Leitura sugerida Bronfenbrenner M org 1969 Is the Business Cycle Obsolete Gordon RJ org 1986 The American Business Cycle Haberler G 1937 1958 Prosperity and Depression Moore GH 1983 Business Cycles Inflation and Forecasting 2ªed Santos WG dos 1989 Modelos endógenos de de cadência liberal Sheffrin SM 1983 Inflation and unemployment In Rational Expectations p2770 Zarnowitz V 1985 Recent work on business cycles in historical perspective a review of theories and evi dence Journal of Economic Literature 23 52380 MURRAY F FOSS ciclos de longo prazo A popularidade dos ciclos de longo prazo como tópico em teoria econômica exibe um padrão cíclico A partir do começo dos anos 80 mais estudos empíricos e análises teóricas têm sido dedicados aos ciclos do que em todos os outros anos desde a Segunda Guerra Mundial Isso implica não só um retorno aos aspectos da economia do lado da oferta em parte como reação à ênfase de longa data nas concepções keynesianas orientadas para a demanda mas expressa também a extraordiná ria reviravolta na atividade econômica na ini ciativa empresarial e na mudança técnica O papel que a teoria dos ciclos desempenha hoje em dia nas discussões econômicas também coincide com o que pode ser chamado a revali dação de Schumpeter Enquanto que a maior parte do século atual viu Keynes no pedestal da ciência econômica a última parte trouxe uma reavaliação e compreensão mais profunda dos escritos de JA Schumpeter e de suas contri buições para a ciência econômica Em particu lar a sua ênfase no papel do empresário com binado com o processo de inovação tem rece bido muito mais atenção e elogios do que no passado Em sua opinião a idéia de ciclos eco nômicos com periodicidade de 40 ou 50 anos está relacionada com a ocorrência de um surto de importantes inovações que estão no início de um demorado movimento ascendente na vida econômica Atualmente se poderia pensar a esse respeito sobre a tecnologia da informação como fonte do duradouro movimento ascendente através dos processos interligados de difusão inovação adicional e imitação ver também IN FORMAÇÃO TEORIA E TECNOLOGIA DA Schumpeter reanimou a discussão dos ciclos na década de 30 mas ela não começou com ele Dois economistas holandeses J van Gelderen e S de Wolff são muito conhecidos por seus trabalhos teóricos e estatísticos sobre ciclos Foram eles na realidade que descobriram o fenômeno mas na literatura é principalmente ao economista russo ND Kondratiev que se credita a descoberta A principal questão consis te é claro em saber se é possível descrever uma causa que produz os ciclos longos No começo as flutuações de preços estavam relacionadas com mudanças no estoque total de ouro Entre tanto como novas descobertas de campos aurí feros são uma questão aleatória essa não pode ser uma abordagem muito convincente Um enfoque mais avançado pode ser apreciado nas teorias que relacionam ondas a movimentos no investimento e em particular no investimento para substituição S de Wolff apresentou pela primeira vez a esse respeito o chamado prin cípio de eco Uma cronologia dos ciclos 1º Kondratiev 2º Kondratiev 3º Kondratiev 4º Kondratiev prosperidade 17821792 prosperidade 18451857 prosperidade 18921903 prosperidade 19481957 prosperidade 17921802 guerra 18021815 prosperidade 18571866 prosperidade 19031913 guerra 19131920 prosperidade 19571966 recessão 18151825 recessão 18661873 recessão 19201929 recessão 19661973 depressão 18251836 depressão 18731883 depressão 19291937 recuperação 18361845 recuperação 18831892 recuperação 19371948 Fonte JJ Van Duijn cap20 in SK Kuipers e GJ Lanjouw orgs Prospects of Economic Growth Amsterdam MerthHolland 1980 p22333 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 72 ciclos de longo prazo Hoje em dia a mais importante teoria acerca dos ciclos é formulada em termos de inovações Os autores modernos que estão propensos a relacionar as flutuações de ondas largas com as inovações ao longo do tempo são JJ van Duijn e C Freeman Van Duijn apresenta em seu livro 1983 o programa aqui reproduzido para os ciclos De acordo com esse esquema temos estado desde o começo da década de 80 em um período de recuperação A esse respeito a tec nologia de informação desempenhou e ainda está desempenhando um importante papel Freeman sublinhou por várias vezes a interação entre a difusão de novas tecnologias e as mu danças institucionais na sociedade A idéia que remonta a Schumpeter é que as inovações che gam em rajadas e se espalham por toda a economia provocando imitação e preparando o terreno para um boom econômico Em conclusão de todas as possíveis expli cações dos ciclos o padrão cíclico de inovações parece a mais promissora mas subsiste a dúvida sobre se esse fator estará na base de um padrão sistemático ao longo de um período de tempo tão longo Ver também CICLO ECONÔMICO Leitura sugerida Freeman C org 1984 Long Waves in the World Economy Van Duijn JJ 1983 The Long Wave in Economic Life ARNOLD HEERTJE cidadania Idéias de cidadania floresceram em diversos períodos históricos na Grécia e na Roma antigas nos burgos da Europa medie val nas cidades do Renascimento Mas a cida dania moderna embora influenciada por essas concepções antigas possui um caráter próprio Primeiro a cidadania formal é hoje quase uni versalmente definida como a condição de mem bro de um estadonação Em segundo lugar porém a cidadania substantiva definida como a posse de um corpo de civis ver LEI políticos e especialmente sociais temse tornado cada vez mais importante Em ambos esses aspectos houve um proces so de desenvolvimento durante o século XX e mais marcadamente a partir da Segunda Guerra Mundial que coloca alguma questões novas A cidadania formal tornouse uma questão mais importante em conseqüência da maciça imi gração no pósguerra para a Europa Ocidental e a América do Norte o que resultou numa nova política de cidadania Brubaker 1992 Ao mes mo tempo houve um crescimento da chamada dupla cidadania apesar dos esforços interna cionais para reduzila na qual os imigrantes conservam a cidadania em seu país de origem Hammar em Brubaker 1989 e sob forma diferente na Comunidade Européia onde os cidadãos dos estadosmembros poderão vir a ter uma segunda cidadania na CE O desenvolvimento da cidadania substan tiva foi analisado em um estudo clássico de TH Marshall em 1950 republicado in Marshall 1992 que descrevia um desenrolar da extensão de direitos civis políticos e sociais para toda a população de uma nação Na Europa Ocidental depois de 1945 foi o aumento dos direitos sociais a criação de um ESTADO DE BEMESTAR que produziu as maiores mudanças esta belecendo princípios mais coletivistas e iguali tários e políticas que contrabalançavam em certa medida as tendências nãoigualitárias da economia capitalista A situação foi diferente porém na Europa Oriental onde as ditaduras comunistas restringiram gravemente os direitos civis e políticos ao mesmo tempo em que pro porcionavam um âmbito considerável de im portantes direitos sociais Os movimentos de oposição que finalmente provocaram a queda desses regimes na verdade enfatizaram muito fortemente a idéia de cidadania como incorpo rando direitos básicos civis e políticos e tam bém a concepção correlata de uma necessária independência das instituições da SOCIEDADE CIVIL em relação ao estado Outra questão geral diz respeito à relação entre os direitos e deveres dos cidadãos A retomada das idéias de cidadania durante o Renascimento europeu valeuse em grande me dida do exemplo da cidadania romana enfati zando a autodisciplina o patriotismo e a preo cupação com o bem comum e tais concepções patentemente ainda são importantes para o no vo desenvolvimento da cidadania no século XX com o patriotismo possivelmente trans formado na idéia de maior participação popular nos negócios do governo não apenas de uma comunidade nacional mas também de asso ciações regionais mais amplas Uma participa ção desse tipo porém depende de forma crucial do aumento dos direitos sociais para proporcio nar um nível geral suficiente de bemestar eco nômico lazer e educação e sem dúvida tam bém de novas formulações do que venha a ser o bem comum ver ÉTICA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cidadania 73 Leitura sugerida Brubaker W Rogers org 1989 Im migration and the Politics of Citizenship in Europe and North America Ο 1992 Citizenship and Nationhood in France and Germany King D 1987 The New Right Politics Markets and Citizenship Marshall TH e Bottomore Tom 1950 1992 Citizenship and Social Class Turner Bryan S 1986 Citizenship and Capita lism the Debate over Reformism TOM BOTTOMORE ciência filosofia da Ver FILOSOFIA DA CIÊN CIA ciência sociologia da Ver SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA ciência da administração A ciência da administração pode ser definida como a aplicação do método científico e do raciocínio analítico ao processo de tomada de decisões dos execu tivos no controle de sistemas comerciais e in dustriais pelos quais são responsáveis Esses sistemas podem compreender manufaturas es pecíficas operações administrativas ou de ser viços departamentos ou fábricas inteiras ou mesmo empresas completas Uma característica importante dos cientistas da administração é seu esforço para abordar os problemas gerenciais com o mesmo tipo de objetividade que se espera dos cientistas puros em seus estudos dos fenômenos físicos A apli cação de métodos científicos implica a neces sidade da coleta de dados a análise crítica dos indícios reunidos a formulação de hipóteses usadas para a construção de modelos de com portamento dos sistemas que estão sendo exa minados a especificação de critérios para a mensuração de variáveis que afetam o desem penho desses sistemas a criação de projetos experimentais quando apropriada a previsão de resultados futuros e o teste da validade e da solidez dos modelos e hipóteses propostos No contexto da ciência da administração referida comumente pelas iniciais da expressão em in glês management science MS esse processo também implica a recomendação de linhas de ação a serem consideradas pelos executivos para implementação e finalmente a análise do efeito das decisões gerenciais através de men suração e feedback com o fim de modificar e refinar modelos existentes ou substituílos e ajudar a melhorar as futuras tomadas de decisão e o desempenho do sistema É difícil destacar algum dado para a primeira aplicação dessa metodologia no campo geren cial O conselho de Jetro a Moisés de que delegasse autoridade através de uma estrutura hierárquica para tratar de casos que exigiam decisões pode ser citado como um dos primei ríssimos exemplos de aplicação da lógica a problemas administrativos Êxodo 18 Alguns destacam uma investigação feita por Lanches ter publicada em 1916 sobre o efeito das forças militares lançadas em combate como o primei ro exercício de criação de um modelo matemá tico no estudo do esforço de guerra De fato uma vez que problemas de organização es tratégia e logística sempre figuraram de forma proeminente na gestão da guerra é possível defender a tese de que a ciência da adminis tração ainda que não sob esse nome existe há praticamente tanto tempo quanto a humani dade A maior parte dos estudiosos do tema no entanto atribui a ascensão da ciência da admi nistração ao surgimento da Pesquisa Operacio nal em inglês Operational Research OR e a expressão ORMS foi então cunhada para abranger a ambas A OR teve início na Grã Bretanha no final dos anos 30 logo experi mentando rápida expansão durante a Segunda Guerra Mundial tanto na GrãBretanha quanto nos Estados Unidos onde essa atividade é cha mada de Operations Research a fim de ajudar na gestão de operações militares daí o nome Depois da guerra muitos cientistas envolvidos na OR militar voltaram a atenção para suas aplicações no mundo civil e muitos grupos de OR foram formados em departamentos da in dústria e do governo em ambos os lados do Atlântico nos anos 50 e 60 As aplicações industriais da ORMS con centraramse a princípio no controle da produ ção e dos inventários na indústria fabril mas nos últimos 25 anos essas atividades se difun diram abrangendo muitas outras funções em presariais como marketing distribuição finan ças recursos humanos gerência de projetos e qualquer outra atividade que envolva a aloca ção de recursos escassos Atualmente a ORMS já se infiltrou em praticamente todos os setores da indústria e da economia em geral incluindo indústrias de serviços como bancos adminis tração de fundos seguros saúde educação transporte comércio e muitos outros Essencialmente não há diferença entre as definições de OR e MS e as duas expressões desenvolveramse lado a lado através do aci Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 74 ciência filosofia da dente da história A primeira OR Society ORS formouse no Reino Unido em 1950 seguida pela Operations Research Society of America ORSA em 1952 A OR foi então desenvolvi da e testada em muitas universidades primeiro em cursos de pósgraduação tanto como um complemento da engenharia industrial e de ou tras disciplinas acadêmicas quanto como uma disciplina em si mesma levando ao mestrado e em seguida começou a se infiltrar por vários programas de faculdade A natureza altamente matemática da OR acadêmica e o desenvolvi mento de suas técnicas analíticas levaram a que a literatura sobre o assunto fosse dominada por exposições teóricas e muitos temeram que as aplicações e a contribuição potencial da OR para o mundo real na solução de problemas de gerenciamento ficasse assim inibida temor ainda hoje muito difundido É em parte por esse motivo que o Institute of Management Sciences TIMS foi fundado em 1953 na ten tativa de enfatizar a necessidade de aplicação e implementação Seus objetivos declarados são identificar ampliar e unificar o conhecimento científico que contribua para a compreensão e a prática do gerenciamento Na prática porém não há muita distinção entre a ORSA e o TIMS em cujos quadros os nomes dos membros se repetem de forma cons pícua A expressão OR e MS tornouse ampla mente usada para indicar a afinidade e o rela cionamento estreitos ente as duas sociedades e para indicar que ORMS podem ser encarados como rótulos intercambiáveis embora muitos analistas ainda achem que a literatura da OR particularmente nos Estados Unidos continua obcecada com a teoria e que se abriu um abis mo entre a teoria da OR e a prática da MS A literatura e muitos programas acadêmicos em geral destacam certos instrumentos analíti cos que se diz serem marcos da OR tais como a teoria da probabilidade e métodos estatísticos cálculos de variações programações lineares e nãolineares programação dinâmica análises e escalas combinatórias teoria da variação teoria dos jogos análise de redes e técnicas correlatas Os que fazem essas descrições tendem a carac terizar a OR como uma ocupação altamente matemática alguns acadêmicos nos Estados Unidos até apontam que a OR é apenas um ramo da matemática aplicada Esse quadro é uma infeliz distorção da realidade Na prática as técnicas formais desempenham um papel muito pequeno nas investigações de ORMS que por sua natureza têm de começar com problemas reais que exigem soluções e não com um arse nal de ferramentas em busca de situações às quais este possa ser aplicado Até mesmo técni cas como a programação linear e matemática que domina a literatura não podem ser consi deradas em uso comum na economia e na in dústria com a notável exceção das indústrias química e do petróleo e quanto à teoria da variação seus modelos elaborados e complica dos foram em grande parte superados pelo uso da simulação em computador A natureza complexa das empresas indus triais e de negócios que têm de operar debaixo de severa concorrência e sob muitas restrições exige que as decisões gerenciais se apóiem cada vez mais numa análise de informações e numa formulação de estratégia baseada em modelos científicos É aí que a MS com a ajuda do crescimento fenomenal do poder da computa ção em anos recentes tem uma importante con tribuição a dar Ver também DECISÃO TEORIA DA JOGOS TEO RIA DOS COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Leitura sugerida Dennis TL e Dennis LB 1991 Management Science Eilon S 1985 Management Assertions and Aversions Ο 1992 Management Prac tice and Mispractice Hillier FS e Lieberman GJ 1986 Introduction to Operation Research SAMUEL EILON ciência econômica Descrita como uma ci ência social que diz respeito à produção e alo cação de bens de serviço e a seu conseqüente impacto sobre o bemestar material dos seres humanos a economia como era de se esperar de uma definição sucinta é isso e muito mais Além de tudo seus contornos estão em contínua expansão em reação a novas pesquisas e a mudanças em nossos interesses e preocupa ções No século XX o progresso da ciência eco nômica foi fenomenal Ela saiu dos recessos acadêmicos para o mundo das leis dos progra mas e planos de ações nacionais e das organi zações internacionais John Maynard Keynes um dos economistas mais influentes deste século certa vez afirmou que a ciência econômica se tornaria redundante a longo prazo pois resolveria os problemas mais importantes com que se defronta a econo mia Isso não aconteceu seu sucesso não foi tão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciência econômica 75 espetacular assim Houve outros que acharam que a ciência econômica de que curiosamente é sinônimo em inglês the dismal science lite ralmente a ciência desolada iria desaparecer pois seus fracassos seriam marcantes demais Isso tampouco aconteceu Felizmente para a ciência econômica e mais ainda suponho para os economistas o desempenho dessa matéria ficou em algum ponto entre as duas previsões e com a crescente complexidade do mundo crises da dívida internacional uniões monetá rias e muito mais a economia chegou para ficar Ainda há motivos para introspecção e crítica mas os avanços neste século estabelece ram a ciência econômica como uma disciplina indispensável com um imenso atrativo intelec tual As poucas páginas que se seguem percorrem a cronologia da matéria durante o decorrer deste século descrevem as realizações mais impor tantes e tentam demonstrar que o modo margi nalista de análise se encontra no processo de ser substituído pelo que se poderia chamar de aná lise estratégica Este é um terreno difícil por que para a análise marginalista podemos pegar emprestadas técnicas das ciências naturais en quanto que para a análise estratégica não há precursores o recurso da pirataria intelectual infelizmente não está disponível Olhando em retrospecto todos esses anos percebese que uma importante realização da economia foi a sua coerência intelectual inter na Os exercícios de lógica abstrata na teoria econômica e faço uma diferença entre esta e a economia matemática que quase sempre de monstrou a tendência a se atolar em tecni calidades são hoje conduzidos em um nível de excelência comparável ao de qualquer outra disciplina Seus fracassos mais retumbantes têm sido pelo lado prático Antecedentes Na virada do século os economistas haviam herdado uma nova técnica a análise margina lista ver ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA ESCO LA ECONÔMICA MARGINALISTA Para eles a aná lise marginalista logo se tornaria um leitmotiv o marco diferencial entre a economia e sua ancestral a economia política A pedra fun damental do marginalismo foi a obra de entre outros Leon Walras 18341910 Stanley Je vons 183582 e Carl Menger 18401921 Se fosse preciso escolher uma data de fundação para essa nova abordagem que como funda mento da economia neoclássica viria a exer cer uma influência imensa a mais provável seria 19 de fevereiro de 1860 com base em um registro eufórico no diário de Jevons La Nauze 1953 A idéia capital que ocorreu a Jevons foi que o valor de um bem não é o volume de recursos que entra em sua produção O valor é o preço que as pessoas estão dispostas a pagar por ele É claro isso dependeria dos recursos necessários para produzir o bem mas depen deria também da demanda e da utilidade As sim para o mesmo bem digamos camisas de seda o valor cresceria se por algum motivo a oferta caísse ou a moda as favorecesse pois isso garantiria que para os consumidores a utilidade de cada camisa de seda seria maior Isso seria válido mesmo que o conteúdo de recursos de cada camisa de seda permanecesse inalterado Com essa descoberta a pesquisa de Jevons concentrouse um tanto desproporcionalmente na teoria do consumo O cerne dessa teoria era a lei da utilidade marginal decrescente a qual afirma que na medida em que um consumidor obtém cada vez mais de um bem a utilidade extraída da última unidade tornase cada vez menor A lei da utilidade marginal decrescente e sua contrapartida na análise da produção a lei da produtividade marginal decrescente com sua concentração naquilo que acontecesse à utilidade ou output à medida que res pectivamente o consumo ou input sofre um pequeno aumento tornaram a economia extre mamente receptiva ao uso do cálculo e em particular da diferenciação Os físicos já es tavam usando muito o cálculo Isso pareceu extremamente vantajoso e boa parte da teoria econômica inicial cresceu imitando os métodos das ciências físicas Primeiros interesses Tendo a atenção passada para os preços era natural perguntar como se determina o preço Se para cada bem considerado isoladamente a resposta pode ser fácil revelouse que se qui séssemos saber como os preços de todos os bens são determinados em um sistema no qual o desempenho de um bem no mercado influencia o de outro o problema é bem mais difícil e exige métodos muitos diferentes Esse foi o cerne da análise do equilíbrio geral iniciada por Walras A obra de Walras levantava questões suficien Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 76 ciência econômica temente difíceis e importantes para se tornarem um tema da maior relevância na pesquisa du rante o século XX Resumidamente o problema era o seguinte Sabiase há muito tempo que o preço de um bem dependia de sua demanda e oferta Assim se a demanda de gasolina viesse a exceder a oferta era de se esperar que o preço em equilíbrio fosse maior Mas isso pode causar um problema em outro ponto Se o preço da gasolina sobe é natural esperar que a demanda por querosene ou qualquer outro substituto da gasolina au mente Daí é possível que à medida que o preço da gasolina rume para um nível de equi líbrio o mercado do petróleo venha a ser lança do no desequilíbrio Uma configuração de pre ços tal que em todos os mercados a demanda iguale a oferta é conhecida como um equilíbrio geral Mas em que circunstâncias poderá existir um equilíbrio geral Quais são suas proprie dades Essas perguntas foram investigadas por Walras mas as respostas definitivas só foram possíveis já bem avançado o século XX devido à falta de um instrumento matemático o teorema do ponto fixo Os teoremas do ponto fixo de Brouwer e Kakutani que posterior mente se tornariam onipresentes em diversas áreas da economia foram usados por Kenneth Arrow e Gerard Debreu para demonstrar as condições em que o equilíbrio geral existiria ver Debreu 1959 Mas à medida que foi crescendo o refina mento da teoria abstrata o mesmo foi aconte cendo com a ambição do economista de resol ver os problemas do mundo O âmbito da aná lise marginalista para abordar questões práticas de taxação política industrial e propriedade da terra foi destacado nas obras de diversos econo mistas como Alfred Marshall 18421924 e Francis Edgeworth 18451926 Os Princípios de Marshall em particular que foram publica dos em 1890 e tiveram várias edições ver Marshall 1890 aumentaram a confiança dos economistas no confronto com o mundo De fa to Marshall que desprezava abertamente abs trações como a do sistema walsariano estava de forma consciente tentando atrelar a econo mia às necessidades do mundo Mas desavisa damente tendo exibido a força total da análise econômica Marshall estava abrindo uma nova agenda teórica Uma queixa que muitos obser vadores tinham contra a economia neoclássica e que era motivo de certo constrangimento até mesmo entre alguns dos economistas das cor rentes principais era a de que muitos dos seus teoremas dependiam da capacidade de medir numericamente fenômenos que não eram re ceptivos a tais quantificações A utilidade e o bemestar eram candidatos óbvios Mas a quan tificação da utilidade era essencial A resposta acabou sendo não John Hicks 190589 valendose da obra anterior de Vilfredo Pareto 18481923 determinouse a demonstrar que os teoremas da ciência econômica baseavamse em menos pressupostos e portanto eram mais sólidos do que os que surgiam no projeto de Marshall ver Blaug 1962 De fato estabeleceuse uma agenda para basear a economia e não apenas a teoria do consumo em cada vez menos pressupostos As leis da margem estavam sendo substituídas por exigências de convexidade a utilidade car dinal estava sendo deposta pela ordinalidade e finalmente a obra influente de Paul Samuelson levou a própria utilidade a ser substituída pelas relações de preferência e pelos axiomas de con sistência Por volta da mesma época em que tudo isso acontecia ocorria uma revolução mais dramá tica que iria arrancar a ciência econômica de sua quietude para lançála no mundo da política e dos negócios públicos Refirome à obra de John Maynard Keynes 18831946 A revolução keynesiana A obra de Keynes tem sido mais analisada diagnosticada e desenvolvida do que a de qual quer outro economista deste século ver KEYNE SIANISMO Mas ninguém foi capaz de se sair melhor em propagandeála do que o próprio Keynes Utilizando seu brilho literário sua imensa reputação intelectual que já se estabe lecera bem antes do surgimento da Teoria geral e até mesmo certa dose de ofuscação Keynes projetou sua obra econômica bem além da torre de marfim ver BLOOMSBURY GRUPO DE Os tempos o ajudaram No final dos anos 20 es tabeleceuse a Grande Depressão Com a pro dução industrial em processo de estagnação o desemprego subiu muito Em 1931 na Alema nha 5 milhões de pessoas de uma força de trabalho de 21 milhões estavam desemprega das nos Estados Unidos o desemprego era de 25 e esses países não eram exceções Em 1932 o volume de produção industrial dos Es Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciência econômica 77 tados Unidos ficou pouca coisa acima de 50 do nível de 1929 Routh 1975 p2634 A reação inicial do governo a isso foi a mais natural ou seja estimulou as pessoas a poupar como se deve fazer em tempos difíceis e a viver de modo mais frugal Mas segundo Keynes esse era exatamente o oposto da receita certa Se todos economizassem todo mundo ficaria bem pior pois a demanda efetiva na economia iria cair e isso provocaria uma retração da produção total o que por sua vez causaria uma demanda ainda menor e assim por diante Era o paradoxo da parcimônia Significava que a cura do problema estava no fomento à demanda efetiva Algo que o governo poderia conseguir através de um déficit fiscal maior Isso rever tendo o argumento acima provocaria várias rodadas de impactos de crescimento o cha mado efeito multiplicador É verdade que a política certa havia sido posta em prática antes mesmo de a obra econô mica de Keynes ter sido devidamente ingerida Mas diferentemente das políticas ad hoc cria das às pressas por burocratas e políticos Key nes havia fornecido todo um quadro um quadro de intervenção planejada pelo governo para manter o livre mercado em bom funcionamen to A economia de Keynes garantia que não voltaríamos a ter uma depressão tão profunda pelo menos não do mesmo tipo Keynes não era um teórico e acredito sua obra não teria causado um efeito tão grande sobre a teoria se não fosse por alguns de seus posteriores elucidadores A obra mais influente foi um artigo clássico de John Hicks Hicks 1937 Este deu origem às famosas curvas IS LM e através destas à moderna macroecono mia e aos modelos macroeconômicos Estes são hoje em dia um instrumento básico para que a maioria dos governos planeje suas políticas de ação e preveja o futuro Reavaliando a mão invisível A antiga descoberta atribuída a Adam Smith 172390 de que o comportamento individual egoísta agindo através da mão invisível do mecanismo de mercado pode resultar no bem social adquiriu certo significado especial à luz da obra de Keynes Esta era uma análise da falha do mercado algo que a racionalidade in dividual não conseguia impedir O que levou a lei da mão invisível a ser examinada mais mi nuciosamente foram também os recémsurgi dos modelos de competição imperfeita por um lado e a pesquisa sobre as propriedades do equilíbrio geral para o bemestar por outro Em que condições a racionalidade individual pode ria resultar na otimização social Para respon der a esta pergunta os economistas usaram a definição de otimização dada por Pareto ver BEMESTAR TEORIA ECONÔMICA DO e nos deram a relação precisa entre o equilíbrio de mercado livre e a otimização Isso era teoria econômica em sua melhor forma Havia se resumido em dois teoremas claros conhecidos como os teoremas fundamentais da teoria do bemestar uma relação que tinha sido fonte de debates e especulações desde Smith 1776 O primeiro teorema afirmava que dadas certas condições tais como continuidade e nenhuma externali dade um equilíbrio de mercado competitivo seria realmente ótimo dentro dos padrões de Pareto O segundo teorema afirmava que dadas certas condições toda situação ótima dentro dos padrões de Pareto podia ser alcançada como um equilíbrio de mercado competitivo caso se pudesse efetuar uma adequada redis tribuição dos dotes iniciais dos agentes Estes devem ser os teoremas mais erronea mente utilizados na economia Fiéis incuráveis do livre mercado ignoraram a cláusula dadas certas condições e trataram o teorema como um veredicto de intervenção zero Interven cionistas empedernidos viram pouca coisa além dessas condições Na realidade os teoremas demonstravam que as virtudes do mercado não podiam ser nem ignoradas nem dadas como pressupostas Os interesses macroeconômicos de Keynes e alguns autores posteriores e os teoremas mi croeconômicos do equilíbrio geral estavam nu ma rota convergente Era absolutamente inevi tável que essas duas pesquisas se encontrassem e começássemos a estabelecer as bases da ma croeconomia sobre uma microteoria rigorosa Isso aconteceu com maior clareza nos modelos de preço fixo da escola francesa que tenta ram categorizar as descrições da economia key nesiana e clássica com diferentes tipos de equi líbrio de preço fixo e nesse sentido nãowal rasiano Temas convergentes Se é verdade que em todas as matérias os avanços teóricos andam à frente do trabalho empírico na economia isso indubitavelmente Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 78 ciência econômica foi elevado ao nível de uma arte sofisticada Se por um lado era comum a utilização das provas fornecidas pelos fatos e de dados fragmentados por outro a econometria isto é a análise estatís tica sistemática de dados estava ficando para trás Isso não era de surpreender pois alguns dos principais luminares da época incluindo Keynes mostravamse pessimistas quanto ao valor da econometria Mas se a economia queria assumir seu lugar no panteão das disciplinas científicas precisava testar formalmente suas leis Dada a grande importância da econometria nos dias de hoje esse tópico deve ter crescido mais depressa do que todo o resto da ciência econômica A econometria levou a mensagem da econo mia para o mundo exterior Ao lado das análises de inputoutput ela se tornou o principal veícu lo para que as grandes corporações e os gover nos nacionais pudessem prever mudanças nas variáveis e assim planejar suas atividades A econometria precisou encarar importantes de safios intelectuais pois essa era a primeira vez em que métodos estatísticos altamente sofis ticados estavam sendo usados no estudo da sociedade Entre outras coisas isso significava que se quiséssemos saber como x havia in fluenciado y não tínhamos como gerar os dados relevantes através de experiências criadas es pecialmente para essa averiguação Em vez dis so tínhamos de usar os dados que surgissem naturalmente através do tempo e selecionar a relação entre x e y a partir de um emaranhado de indícios disponíveis ver ECONOMETRIA Outro tipo muito diferente de interesse prá tico também surgiu no final dos anos 40 e durante os anos 50 À medida que as nações do Terceiro Mundo foram emergindo das sombras do colonialismo os economistas foram toman do consciência de que uma maioria de seres humanos vivia cronicamente em condições que se as nações industrializadas tivessem de suportálas por uns poucos meses seriam consi deradas como uma crise Condições crônicas não dão notícias nos jornais e portanto têm grandes possibilidades de serem menospreza das Além disso para que cientistas se interes sem por um problema não basta que o proble ma seja sério É essencial que o problema colo que um desafio intelectual Mas o sofrimento de nações na Ásia África América Latina e até mesmo parte da Europa representava efetivamente um quebracabeças Essas nações viviam totalmente recolhidas den tro de suas fronteiras de possibilidade de pro dução isto é dentro do que seria exeqüível da plena utilização de recursos Se o sistema de mercado walrasiano despencou das alturas nos países desenvolvidos nos anos 30 nunca havia sequer chegado a decolar em mais da metade do mundo Por quê Essa pergunta estava no cerne de investigações feitas entre vários ou tros por Ragnar Nurkse 190759 Maurice Dobb e Arthur Lewis 191591 A investigação estabeleceu ligações com ex periências que estavam sendo efetivamente conduzidas e em processo de serem registradas no Terceiro Mundo A Índia iniciara experiên cias com planejamento e Praxanta Mahalano bis 18931972 e outros estavam escrevendo a respeito Na América Latina surgia uma litera tura sobre inflação e termos de troca sendo Raul Prebisch 190186 o principal portavoz para o mundo industrializado Em décadas re centes a economia do desenvolvimento que fora deixada de lado durante o apogeu da revo lução neoclássica era puxada para a corrente principal da pesquisa teórica e econométrica Outra pesquisa convergente que ocorreu nos anos 50 resultou naquilo que é na minha opinião o documento isolado foi publicado como uma pequena brochura mais significati vo que a ciência econômica produziu Teve conseqüências tremendas para os cientistas po líticos os economistas do bemestar e os teóri cos das tomadas de decisões Foi o teorema da impossibilidade de Arrow publicado em 1951 ele deu ensejo a uma enorme literatura e à nova subdisciplina da economia do bemestar ver também ESCOLHA SOCIAL Progressos atuais É perfeitamente plausível dizer que estamos vivendo em meio a uma mudança de paradig mas tão dramática quanto a que ocorreu no final do século XIX Desde o início a análise margi nalista foi alvo de ataques vindos de vários lados Algumas das críticas mais convincentes vieram de economistas marxistas ou neokeyne sianos como Piero Sraffa 18981983 e Joan Robinson 190383 A análise do modo como o resultado da atividade econômica é dis tribuído por exemplo entre empresários senhores de terras e operários sempre foi um ponto fraco da ciência econômica predomi nante e a crítica dita de Cambridge dirigiuse Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciência econômica 79 principalmente contra isso A mensurabilidade do capital como fator de produção foi ques tionada e se fizeram perguntas críticas a res peito dos fundamentos da teoria da produtivi dade marginal O que o trabalho de Sraffa ten tava demonstrar era nas palavras um tanto imo deradas de Joan Robinson 1961 p13 que a teoria da produtividade marginal da distribui ção era uma grande asneira Em resposta a teoria marginalista teve de abandonar algumas de suas pretensões ao realismo mas ao refinar seus teoremas e criar um quadro mais esparso ela saiuse muito bem em termos de consis tência abstrata Em tempos mais recentes porém o margi nalismo vem começando a ceder espaço mas como uma conseqüência do que pode ser me lhor descrito como pesquisa interna Ele está sendo substituído pela análise estratégica ba seado nos métodos da teoria dos jogos ver JOGOS TEORIA DOS Apesar de a teoria dos jo gos terse iniciado nos anos 40 Von Neumann e Morgenstern 1944 seu impacto sobre a eco nomia foi durante muitos anos apenas margi nal Isso tem mudado drasticamente nas duas últimas décadas Mesmo que a teoria pura dos jogos ainda possa cair no abismo entre a elegân cia abstrata da matemática e os interesses prá ticos das ciências sociais o modo de análise da teoria dos jogos continuará conosco por algum tempo Um dos motivos para o longo hiato entre o nascimento da teoria dos jogos e suas apli cações é que a teoria dos jogos extensos isto é que são jogados no decorrer do tempo estava ficando para trás Na teoria da organização industrial em que a aplicação da teoria dos jogos foi mais ampla as interações estratégicas não ocorrem a um piscar de olhos Estes são jogos executados no decorrer de longos pe ríodos de tempo e pode valer apenas para os jogadores sacrificar o lucro imediato em tro ca da reputação Para isso precisamos de jogos extensos Apesar de sua origem remontar à obra de Harold Kuhn no início dos anos 50 foi somente nos anos 60 e 70 que a análise dos jogos extensos emergiu como tema plenamente desenvolvido Existe um risco de que a pesquisa se veja presa no labirinto de descobertas matemáticas e técnicas de menor monta enquanto os grandes problemas conceituais que nos confrontam fi cam à espera Mas essas tendências já surgiram no passado e invariavelmente a longo prazo as obras que trataram de preocupações sociais mais amplas misturando lógica e realismo eco nômico sobreviveram e predominaram Com a ascensão da análise estratégica a economia está armada para fazer reviver algumas das questões de maior importância da economia política que foram levantadas no decorrer de sua longa his tória mas que tiveram de ser abandonadas por falta de instrumentos de análise mais adequa dos As normas sociais e políticas por exemplo desempenham papéis críticos no funcionamen to das economias Mas de onde vêm as normas e como exatamente elas interagem com o nosso funcionamento econômico Encontramonos num estágio em que podemos tentar a sério responder essas questões E isso por sua vez pode enriquecer nossa compreensão do papel do estado da raison dêtre das empresas e da natureza das relações econômicas internacio nais Ver também ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO ECONOMIA NEOCLÁSSICA NOVA ECONOMIA CLÁS SICA EXPECTATIVAS RACIONAIS HIPÓTESE DAS Leitura sugerida Arrow KJ 1951 Social Choice and Individual Values Hicks JR 1939 Value and Capital Keynes JM 1936 The General Theory of Employment Interest and Money Samuelson PA 1947 Foundations of Economic Analysis Schumpe ter JA 1954 A History of Economic Analysis Sraf fa P 1960 Production of Commodities by Means of Commodities KAUSHIK BASU ciência política Esta disciplina dedicase ao estudo dos fenômenos políticos Esses fenôme nos são com freqüência encarados como carac terizando exclusivamente o governo nacional junto com autoridades locais e regionais De fato é aí que a política se torna mais visível Mas na realidade a atividade política é geral Ela ocorre em todas as organizações sejam elas empresas sindicatos igrejas ou organizações sociais A política assim pode ser descrita de várias maneiras como dizendo respeito ao po der lidando com a resolução de conflitos ou fornecendo mecanismos para a tomada de de cisões Na verdade a política abrange todas essas coisas uma vez que é o mecanismo atra vés do qual uma ação coletiva pode ser exercida em qualquer comunidade na medida em que nela não há unanimidade e enquanto a comuni dade continua a existir Se o caráter geral da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 80 ciência política atividade política é hoje amplamente reconhe cido essa atividade ainda é analisada principal mente em relação a organismos públicos em parte por motivos históricos em parte porque a política dentro desses organismos afeta direta mente todos os que vivem em uma dada área em parte porque os organismos públicos e o estado em particular têm formalmente o direi to de controlar a estrutura das outras organi zações existentes dentro de seus limites geográ ficos Alguns encaram o uso da palavra ciência aplicada ao estudo da política como controver so pelo menos se lhe dermos um significado verdadeiramente rigoroso Esse caráter contro vertido originase de diferenças profundas entre os eruditos a respeito tanto da natureza dos fenômenos políticos quanto da capacidade dos observadores de analisarem esses fenômenos objetivamente Essas diferenças também se refletem na distinção aguda geralmente feita pelos próprios cientistas políticos entre a ciên cia como tal e um ramo da TEORIA POLÍTICA que é próximo da filosofia política e é normativo se a ciência política é o estudo de fenômenos políticos a teoria política normativa diz res peito às características dos valores políticos Apesar de uma genealogia muito antiga a ciência política tal como é hoje conhecida só se desenvolveu recentemente Em parte como conseqüência disso a profissão de cientista po lítico ainda tem muito poucos praticantes es pecialmente fora dos Estados Unidos Todos concordam em que o estudo da política remonta aos gregos sendo Platão e Aristóteles os cria dores da disciplina O contraste entre as abor dagens desses dois autores efetivamente ilustra a idéia de que a linha divisória entre uma ênfase na observação dos fenômenos e uma ênfase na análise dos valores sempre existiu desde o começo No entanto o desenvolvimento da ciência política através da Idade Média do Renascimento e do período moderno foi na melhor das hipóteses muito desigual Houve vários autores brilhantes basicamente Ma quiavel Bodin Hobbes Locke Montesquieu Rousseau e Tocqueville cujo interesse pela vi da política tal como ela efetivamente ocorre era amplo em parte porque queriam melhorar um status quo que achavam altamente insatisfató rio Mas se por um lado esses autores exerceram grande influência por outro não desenvolve ram um ramo acadêmico de aprendizado que pudesse ser encarado como ciência mesmo em estado embrionário A ciência política portanto só surgiu como disciplina depois da primeira metade do século XIX No entanto mesmo então e durante várias décadas o crescimento da disciplina permane ceu lento Direito constitucional filosofia polí tica e história política tomaram parte de forma variada nesse crescimento com a filosofia e a história desempenhando um papel de relevo na GrãBretanha enquanto a filosofia e até mesmo o direito tiveram um papel mais importante no continente europeu Na verdade perto do final do século XX a ciência política ainda não ad quiriu um status totalmente independente em muitas partes do mundo Na realidade somente nos Estados Unidos bem como talvez na Es candinávia e em algum países da Comunidade Britânica a ciência política pode ser encarada como tendo se tornado verdadeiramente ins tituída Essa falta de autonomia disciplinar afetou o desenvolvimento da ciência política Também exerceu efeito sobre a natureza e a vitalidade da teoria política especialmente sobre seus as pectos nãonormativos Como em todas as dis ciplinas a ciência política precisa desenvolver uma teoria caso deseje compreender os fenô menos que observa Reconhecidamente já se destacou que alguns acreditam ser impossível uma teoria autenticamente científica da políti ca dada a natureza do comportamento humano tanto individualmente quanto em grupos Os motivos para tal ponto de vista vão desde a visão de que as ações humanas são basicamente imprevisíveis até a idéia de que as situações políticas são demasiado complexas para que alguma análise científica seja capaz de desco brir quanto mais de medir todas as variáveis envolvidas no processo Já se afirmou ainda que as idiossincrasias dos observadores são inevitá veis e que o que passa por observação é em geral apenas um reflexo dessas mesmas idios sincrasias Se esses pontos de vista inegavelmente são em parte corretos há também uma necessidade de compreender melhor a política e especial mente de descobrir amplas regularidades mes mo que estas acabem não constituindo leis verdadeiramente científicas Para dar apenas alguns exemplos houve grande interesse em se examinar o relacionamento entre sistemas elei torais e sistemas partidários ou as condições Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciência política 81 sócioeconômicas sob as quais a democracia liberal tem probabilidades de surgir e se es tabilizar ou que sistema parlamentar ou presi dencial tem probabilidades de resultar em um governo mais eficaz As regularidades que po dem ser descobertas dessa maneira precisam basearse em e ser guiadas por uma teoria que possa explicar essas tendências tão amplas Um movimento nesse sentido começou de fato a ocorrer nos anos 50 Numa primeira fase o objetivo era excessivamente ambicioso achouse que era possível descobrir modelos gerais verdadeiramente explanatórios Esses modelos eram retirados basicamente da filoso fia da história ou da sociologia ver SOCIOLOGIA POLÍTICA como foi o caso de dois dos mais bemsucedidos dentre eles o MARXISMO e o FUNCIONALISMO Houve posteriormente uma mudança de ênfase para abordagens mais próxi mas das que predominavam na economia tais como a escolha racional ver ESCOLHA RACIO NAL TEORIA DA De maneira geral os esforços feitos nesse nível de generalidade forneceram quadros de análise mais do que autênticas ex plicações das características da vida política Não obstante constituíram um estímulo ao aju darem a estruturar a pesquisa Enquanto isso o debate sobre a viabilidade de uma ciência da política continuou apesar desses modelos gerais e em certo sentido por causa deles pois bem no fundo a origem desse debate pode ser encontrada no papel de sempenhado pelos acidentes históricos e pelo contexto idiossincrásico em que os fenômenos políticos geralmente ocorrem Dois campos ou pelo menos duas tendências dividem inevita velmente os cientistas políticos Os que acham que os acidentes e idiossincrasias desempe nham um papel realmente importante na vida política tenderam a recuar das generalizações amplas e a sustentar que o estudo da política devia proporcionar lições em vez de tentar dar explicações científicas Um dos motivos pelos quais tal debate pro vavelmente deverá continuar sem sequer abran darse é que a vida política e em particular a vida política no plano dos responsáveis pelas tomadas de decisão nacionais é formada mar cantemente pela CULTURA POLÍTICA dos países e em muitos casos até das regiões As tradições políticas e sociais são os mecanismos pelos quais as especificidades históricas desempe nham seu papel Outro motivo que também joga em favor de se enfatizar o papel dos acidentes é a parte destacada que alguns grandes líderes políticos parecem ter na formação do destino de seus países É claro nem tudo é acidente no contexto da LIDERANÇA É possível descobrir regularidades por exemplo na formação ou no desenvolvimento da carreira dos que estão no alto sejam ministros de governo líderes de partidos ou funcionários públicos de alta hierar quia Mas o modo como esses homens e mu lheres têm probabilidade de se comportar de penderá de outros fatores além dessas caracte rísticas e de outros fatores além do ambiente político a personalidade também desempenha um papel e a personalidade é antes de qualquer outra coisa uma característica individual Al gumas pessoas tendem a minimizar o papel dos líderes existe de fato um grande debate a esse respeito mas a maior parte dos cientistas políticos acha difícil e em casos extremos impossível negar que os líderes fazem diferen ça Pois nesse caso terão ao mesmo tempo de negar qualquer tipo de influência a um dos elementos mais visíveis da vida política e as sim reduzir marcadamente o papel dos fatores políticos Generalizações em ampla escala po dem portanto levar a armadilhas muito prova velmente deixarão inexplicada grande parte da realidade concreta É preciso portanto que às generalizações se combine o reconhecimento da importância do contexto particular e dos que desempenham papéis particulares Esse talvez seja o problema mais difícil e o maior de todos os desafios com que se defrontam os cientistas políticos mais do que os cientistas sociais eles precisam combinar o geral com o particular Semelhante situação naturalmente afeta a metodologia da ciência política os cientistas políticos têm de usar grande variedade de ins trumentos e técnicas se quiserem obter alguma compreensão da realidade Não existe nenhuma metodologia isolada nenhuma metodologia comum Os que se ocupam com o estudo da liderança devem coletar indícios à maneira dos historiadores isto é principalmente a partir de documentos embora entrevistas também desempenhem um papel importante e crescen te A análise intensiva de eventos importantes por exemplo decisões de grande significado em questões domésticas ou internacionais também precisa basearse em documentos e entrevistas ainda que os esforços se encamin hem geralmente para a realização de análises Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 82 ciência política dentro de um quadro estruturado Por outro lado quando se examinam acontecimentos que se repetem com regularidade como no caso da análise das carreiras de políticos ou quando está em pauta o comportamento de grande número de indivíduos como nos estudos eleitorais as técnicas quantitativas não apenas são mais ade quadas como precisam ser usadas caso se deseje descobrir tendências gerais e identificar asso ciações entre variáveis Na verdade os estudos dos processos de tomada de decisão vêm cada vez mais se baseando também em modelos matemáticos formais especialmente os desen volvidos em tempos relativamente recentes tais como a teoria dos jogos Ver JOGOS TEORIA DOS Por fim os argumentos diretos empres tados do direito e da filosofia prevalecem nos aspectos da ciência política que se ocupam basicamente das disposições constitucionais e administrativas bem como na teoria política normativa e em grande parte da analítica A ciência política assim apresenta grande diversidade Não é um ramo do saber verdadei ramente unido Conforme vimos nunca o foi Isso não constitui necessariamente uma desvan tagem Nem essa característica é exclusiva da ciência política outros ramos do saber não parecem mais unidos de forma apreciável Co mo resultado dessas divisões atualmente é pos sível encontrar não apenas a velha distinção entre o estudo de valores e as investigações empíricas mas cinco aspectos de estudos em píricos que se tornaram campos de investigação cada vez mais distintos o estudo do governo stricto sensu da administração pública das re lações internacionais e mais recentemente do comportamento político e da análise de políti cas públicas O estudo do governo é o ramo mais antigo do estudo empírico da política Em sua forma moderna está em geral intimamente ligado ao direito constitucional em alguns países origi nouse dele em particular no continente euro peu Ocupase com o estudo das instituições e procedimentos que caracterizam os sistemas políticos através do mundo as instituições e procedimentos que estão sendo estudados po dem ser constitucionalmente estabelecidos co mo legislaturas ou poderes executivos ou sur gir de facto partidos políticos por exemplo O estudo do governo também se ocupa na ver dade cada vez mais com o estudo de padrões comportamentais e especialmente em saber de que modo e até que ponto instituições e pro cedimentos influenciam o comportamento Do ponto de vista geográfico muitos estudos do governo estão se concentrando em uma ins tituição ou em um país as observações feitas anteriormente a respeito do caráter idiossin crásico de cada sistema político são válidas aqui e em geral são vigorosamente propostas por especialistas de áreas particulares No entan to existem também e cada vez mais estudos transnacionais ou envolvendo os governos de uma região como a Europa ou abrangendo governos em diferentes regiões industrializa das e em desenvolvimento ou tentando ser autenticamente gerais Esse ramo da disciplina conhecido como governo comparativo é por tanto um elemento central no estudo da política A administração pública analisa a estrutura e as características dos organismos públicos bem como as condições de emprego dos que dirigem esses organismos De essencialmente descritiva na GrãBretanha e nos Estados Uni dos ou preocupada com disposições legais no continente europeu ela passou a se dedicar basicamente à análise dos tipos de relaciona mentos que surgem dentro e entre organismos públicos bem como entre esses organis mos e o público A administração pública as sim esforçase por descobrir as condições am plas em que são tomadas as decisões públicas Tenta determinar quais dessas condições são as mais eficazes e mais eficientes na obtenção de objetivos particulares Com a expansão do setor público a crescente variedade de organismos pú blicos bem como a tendência a uma redução na diferenciação entre organizações públicas e pri vadas a especificidade da administração públi ca diminuiu e esse ramo da disciplina se aproxi mou do estado das organizações e pode até ser encarado por alguns como parte dele que é um ramo bastante ativo da SOCIOLOGIA Os estudos de RELAÇÕES INTERNACIONAIS também têm mudado de forma marcante dei xando de ser um ramo totalmente distinto da história para se tornar um setor da ciência polí tica Isso ocorre em parte devido ao reco nhecimento de que seu interesse maior é pela política entre nações e em parte porque a dife rença entre assuntos internos de estado e re lações entre estados se tornou menos pronun ciada Em resultado do número e variedade crescentes de tipos de associações entre estados e do crescimento de organizações internacio Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciência política 83 nais nãogovernamentais as questões interna cionais e nacionais têm tendido a estar quase sempre ligadas Enquanto isso em nível mais teórico os estudiosos das relações internacio nais têm buscado modelos gerais para estruturar suas análises Isso também trouxe esse campo de estudos mais para perto do que se pode encarar como a corrente dominante da ciência política Apesar de esses modelos gerais não terem conseguido até agora fornecer mais que uma orientação em termos amplos têm tendido a apontar quadros de análise como ocorre em outro aspectos da ciência política Conseqüente mente também como em outros ramos da ciência política o debate entre o papel dos fatores es truturais e o papel do contexto específico de de terminados eventos continua acirrado Os dois últimos subsetores importantes da análise política empírica desenvolveramse mais recentemente pelo menos como ramos plenamente florescentes da disciplina O estudo do comportamento político é em muitos senti dos um subproduto da erupção da política de massa na sociedade moderna em particular no Ocidente Tem havido naturalmente um interes se crescente em compreender as bases sobre as quais as pessoas fazem suas escolhas políticas acima de tudo no contexto de eleições Esse tipo de investigação precisa valerse de abordagens e métodos diferentes dos convencionalmente adotados no estudo do governo ou da adminis tração pública A sociologia e a psicologia têm dado uma ajuda marcante ao desenvolvimento das análises de comportamento político ao for necer a conceitualização e as técnicas enquanto a economia mais recentemente também tem desempenhado um papel significativo na ava liação das escolhas eleitorais Nesse meio tem po os estudos do comportamento político am pliaramse para a análise das elites em particu lar com respeito a membros de partidos legis ladores e funcionários públicos O objetivo é descobrir as motivações dos que pertencem a esses grupos e ver como tais motivações se traduzem em comportamento O estudo de análise de políticas públicas é o mais recente subsetor da ciência política Tem origem na administração pública mas dela di fere de um modelo que não é totalmente diverso daquele com que os estudos do comportamento político tiveram origem e se mostrou diferente também do estudo do governo A análise de políticas públicas diz respeito ao modo pelo qual o comportamento dos agentes políticos pode afetar as decisões enquanto a adminis tração pública diz respeito basicamente às es truturas e aos efeitos dessas estruturas Esse ramo de estudos surgiu porque os especialistas queriam compreender melhor como as decisões eram tomadas em termos concretos em parti cular até que ponto elas eram e na verdade poderiam ser tomadas racionalmente As sim a origem da análise de política pública pode ser encontrada na descrição de casos es pecíficos Ela passou rapidamente a um segun do estágio mais sistemático contudo no qual recebeu a ajuda decisiva do desenvolvimento de inúmeros instrumentos matemáticos tirados especialmente da ciência econômica Esses ins trumentos tornaram possível seguir as ramifi cações das decisões e classificar os tipos de resultados Dada a complexidade das decisões públicas nos níveis nacionais e até mesmo sub nacionais o estudo da formulação de políticas públicas é encarado por muitos como de impor tância capital para os responsáveis pelas toma das de decisão na medida em que os ajuda a analisar melhor os problemas com os quais se defrontam Com a ciência política passando assim por uma expansão de vulto no decorrer das últimas décadas do século XX sua influência natural mente tem crescido de forma apreciável Ela ainda tem dificuldades importantes na previsão de resultados sejam resultados de eleições ou de problemas de decisão de alto nível mas outras ciências sociais também passam por di ficuldades para fazer previsões precisas Ao mesmo tempo a necessidade de se dedicar a um estudo sistemático das tendências políticas e assim compreender os acontecimentos políti cos é algo cada vez mais reconhecido tanto pelo público em geral quanto pelos próprios res ponsáveis pelas tomadas de decisão sejam es tes políticos ou funcionários públicos de car reira Talvez seja natural que estes últimos em geral se tenham mostrado relutantes em dar grande importância à análise das estruturas em que operam bem como ao estudo de seu próprio comportamento dentro dessas organizações No entanto esses sentimentos estão sendo gra dualmente superados à medida que padrões de vida política vão sendo identificados com mais precisão em vários níveis Dessa forma a ciên cia política preenche uma função essencial que é a de ajudar os cidadãos a adquirir melhor Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 84 ciência política compreensão dos fenômenos políticos e assim exercerem maior influência sobre sua comuni dade e sobre a sociedade como um todo Leitura sugerida Almond GA e Powell GB 1976 Comparative Politics Barry B 1965 Political Argu ment Blondel J 1981 The Discipline of Politics Dahl RA 1963 Modern Political Analysis Downs A 1957 An Economic Theory of Democracy Easton D 1953 The Political System Harrop M e Miller WL 1987 Elections and Voters Inglehart RF 1977 The Silent Revolution Morgenthau HJ 1968 Poli tics among Nations Simon HA 1947 Adminis trative Behavior J BLONDEL ciências cognitivas Uma investigação re cémformada e interdisciplinar da cognição e do conhecimento esta área da ciência valese principalmente da psicologia cognitiva da in teligência artificial da filosofia da mente da lingüística e da neurociência O computador desempenha um papel vital e duplo nesse empreendimento Por um lado a crença de que a cognição tem um caráter de computação de processamento de informação comportando semelhanças importantes com as atividades de um computador constitui o centro conceitual da ciência cognitiva Por outro lado a criação e o estudo de programas de computa dor visando servir como modelos funcionais de processos cognitivos fornece um método cru cial de investigação A influência e o caráter da perspectiva com putacional da mente podem ser vistos na termi nologia de algoritmos dado informa ção mecanismos módulos processos representações sintaxe e assim por diante que permeia a literatura da ciência cognitiva A abordagem computacional da cognição surgiu em meados dos anos 50 o Harvard Cen ter for Cognitive Studies foi inaugurado em 1960 o periódico Cognitive Science surgiu em 1977 e a Cognitive Science Society foi fundada em 1979 Os anos 80 viram cursos universitá rios de ciência cognitiva surgirem nos Estados Unidos e na Europa e entre muitas publicações uma história completa do campo em Gardner 1985 o primeiro manual de estudos em Stil lings et al 1987 uma introdução para os leigos em JohnsonLaird 1988 e uma im portante coletânea de dissertações em Posner 1989 A variedade do trabalho feito nesse campo é considerável mas grande parte dele se encaixa em dois paradigmas gerais Durante a primeira fase de desenvolvimento o paradigma predomi nante foi uma visão simbólicoprocessadora da mente que passou a ser conhecida como a hipótese do sistema de símbolos físicos Ne well e Simon 1976 ou cognitivismo clás sico Clark 1989 Segundo esse ponto de vista a cognição consiste na manipulação por algoritmos ou regras de dados que são simbó licos explícitos precisos estáticos e de caráter passivo Um paradigma alternativo conexionista surgiu originalmente do trabalho com simu lações computadorizadas de redes neurais O conhecimento de uma rede de conexões de um computador consiste não em dados simbó licos e instruções para sua manipulação mas no padrão dos valores de ativação das unidades individuais que formam a rede e nos pesos ou forças de conexão entre elas Acreditase que as capacidades dessas redes para o aprendizado a degradação decorosa degradação gradual no desempenho dado um input impreciso a ge neralização e a complementação de informa ções parciais indiquem fidelidade ao processo cognitivo natural Rumelhart e McClelland et al 1986 Smolensky 1988 Clark 1989 A visão correlata da cognição é a de uma atividade nãobaseada em regras na qual os dados são representados de modo dinâmico e em alguns casos distribuído implícito e impreciso É re levante também que a implementação de uma rede conexionista com hardware corra parale lamente e com isso se acredita que reproduza a atividade do cérebro melhor do que a habitual arquitetura computadorizada seqüencial de von Neumann As diferenças e oposições entre essas duas abordagens gerais da construção de modelos cognitivos podem porém ser exageradas e alguns trabalhos recentes têm afirmado que elas são na verdade complementares e têm tentado combinálas em sistemas híbridos Na filosofia da mente vem sendo dada uma atenção considerável à plausibilidade da visão computacional da mente e a tópicos correlatos tais como a hipótese da linguagem do pensa mento a etnopsicologia e a resposta fun cionalista ao problema mentecorpo Lycan 1990 Said et al 1990 Em sua breve história a nova ciência da mente produziu um conjunto de obras subs tantivo e além disso uma intensa interação entre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar ciências cognitivas 85 suas disciplinas componentes A ciência cogni tiva no momento tem um caráter distintamente mecanicista e racionalista Winograd e Flo res 1986 e não está interessada basicamente em fatores como subjetividade sentimento ou cultura Não obstante a atribuição de uma na tureza computacional particular a alguns as pectos da mente não implica que toda atividade mental seja desse tipo e o futuro da ciência cognitiva pode vir a confirmar uma pluralidade de abordagens das muitas mansões da mente Ver também INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL LIN GÜÍSTICA Leitura sugerida Clark A 1989 Microcognition Philosophy Cognitive Science and Parallel Dis tributed Processing Gardner H 1985 The Minds New Science JohnsonLaird PN 1988 The Compu ter and the Mind Posner M 1989 Foundations of Cognitive Science Rumelhart DE McClelland JL e PDP Research Group 1986 Parallel Distributed Processing Explorations in the Microstructure of Cog nition 2 vols Smolensky P 1988 On the proper treatment of connectionism Behavioural and Brain Sciences 11 174 Stillings NA et al 1987 Cogni tive Science an Introduction DONALD PETERSON ciência social filosofia da Ver FILOSOFIA DA CIÊNCIA SOCIAL cientificismo Desde o surgimento da ciência moderna nos séculos XVI e XVII seus defen sores têm reivindicado um status especialmente autorizado para os seus julgamentos e um resul tado universalmente benéfico para suas apli cações técnicas potenciais Uma primeira ex pressão desse entusiasmado otimismo quanto à ciência foi um texto utópico de Francis Bacon The New Atlantis A posterior integração da ciência com o desenvolvimento da tecnologia industrial e militar levou a sucessivas ondas de hostilidade desiludida em que a visão científica da natureza era desacreditada como empobre cida e seu projeto prático denunciado como uma busca de domínio exploradora destrutiva e autofrustrante A palavra cientificismo faz parte do arse nal verbal dos herdeiros modernos dessa crítica da ciência mas não lhes é exclusiva Em seu uso mais difundido a palavra reprova qualquer ampliação da ciência ou do método científico além do seu âmbito científico Mas exatamente o que constitui esse âmbito legítimo é evi dentemente uma questão controvertida ao ex tremo Para alguns a ciência ocidental como um todo é profundamente suspeita incorporan do uma forma de racionalidade e uma orienta ção com relação à natureza que são intrinseca mente destrutivas e opressivas com respeito a suas vítimas tanto naturais quanto humanas Por esse ponto de vista os padrões predominantes de opressão social e cultural estão enraizados num projeto de dominação da natureza que é implícito à própria racionalidade da ciência Uma outra abordagem característica dos auto res neomarxistas da ESCOLA DE FRANKFURT de Teoria Crítica reconhece uma esfera de aplica ção legítima para os métodos empíricoanalíti cos da ciência mas denuncia como cientificis mo as tentativas de subordinar disciplinas tais como a psicologia a sociologia e a análise cultural a esse regime metodológico A perti nência política mais ampla dessa crítica ao cientificismo deriva da visão também am plamente compartilhada pelos Teóricos Críti cos de que as formas da razão ligadas à ciência e a autoridade cognitiva a ela conferida trans formaramse nas fontes básicas de legitimidade nas sociedades industriais modernas O apelo à especialização e a representação cientificista de tópicos morais e políticos inerentemente con trovertidos como questões de cálculo técnico estão associados a uma esfera pública cada vez mais estreita e à redução da participação demo crática Ao mesmo tempo a capacidade técnica das sociedades industriais modernas de cum prir suas promessas e manipular os desejos dos consumidores de massa tende a tornar toda e qualquer oposição aparentemente irracional e sem valor A oposição à ciência como forma intrinse camente totalitária de domínio social é também um tema difundido no pensamento pósestrutu ralista em especial na obra de Foucault que liga a formação das ciências humanas a formas caracteristicamente modernas de poder social em instituições tais como a prisão o asilo e o hospital É plausível dizer que as críticas ao cientificismo montadas tanto por Foucault quanto pelos Teóricos Críticos não conseguem diferenciar entre a ciência por um lado e os projetos utópicos ou distópicos de seus pro pagandistas por outro Se a ciência é emprega da de modo predominantemente opressivo e destrutivo isso pode deverse ao fato de ser ela empregada em uma sociedade que é ela sim opressiva e destrutiva Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 86 ciência social filosofia da Ver também REVOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNO LÓGICA TED BENTON científicotecnológica revolução Ver RE VOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA cinema Este termo referese às tecnologias e práticas institucionalizadas através das quais os filmes e especialmente os filmes narrativos ficcionais são produzidos distribuídos exibi dos e consumidos Embora as técnicas capazes de produzir a ilusão da imagem em movimento sejam há muito conhecidas o cinema como tal só começa a existir no apagar das luzes do século XIX Thomas Edison registrou patentes do Kinetograpf e do Kinetoscope em 1891 e foi em meados da década de 1890 que companhias como a Mutoscope nos Estados Unidos e Ir mãos Lumière na França começaram a exibir filmes para platéias em teatros de vaudeville e outros espaços públicos Nos primeiros anos do novo século o cinema começou a surgir como veículo de massa nos Estados Unidos onde lojas transformadas em salas de exibição os nickelodeons propor cionavam divertimento barato para uma platéia proletária urbana e em grande parte composta de imigrantes Em 1908 dez dos principais pro dutores de filmes e fabricantes de câmaras e projetores formaram um cartel a Motion Pic ture Patents Company a fim de arrancar lu cro da jovem indústria através da exploração de suas patentes de tecnologias das câmaras matrizes e projetores Conseguiram convencer banqueiros a investir no cinema e a criar um mercado nacional de distribuição Não obs tante não conseguiram fazer frente ao desafio de produtores independentes que longe da base novaiorquina do truste estavam fazendo fil mes nos arredores de Los Angeles especial mente em Hollywood Esses produtores os arquitetos do sistema de estúdio aproveitaram as vantagens da Cos ta Oeste terra barata clima ameno paisagens temperadas para serem usadas como locações e mãodeobra nãosindicalizada Em vez de ven der filmes a metro ofereciam para aluguel nar rativas mais longas apresentando figuras fic cionais familiares e depois cada vez mais as tros famosos como intérpretes Também conse guiram o controle da distribuição de filmes no âmbito doméstico e graças à devastação da indústria européia pela Primeira Guerra Mun dial global Foi também durante a segunda década do século que se estabeleceram as normas do estilo clássico de Hollywood Desenvolveramse téc nicas para reproduzir as convenções de motiva ção de personagens e desenvolvimento nar rativo familiares em função de formas popu lares existentes Montagem iluminação en quadramento de planos e uso de closeups tudo isso foi utilizado a fim de produzir uma história coerente e plausível para o espectador uma ilusão de ações desenrolandose dentro de um espaço unificado no decorrer de um tempo con tínuo Esse estilo de realização cinematográfica prestavase à eficiência industrial com um pro dutor supervisionando a utilização mais econô mica da mãodeobra dos estúdios de filmagem e do equipamento em diversos filmes ao mesmo tempo Esse sistema taylorista de trabalho foi pouco afetado pelo advento do som e do diálogo gravados no final dos anos 20 A essa altura os cinco principais estúdios de Hollywood Para mount MGM Fox Warner Bros e RKO já haviam alcançado um grau extraordinário de integração vertical da produção distribuição e exibição Este só foi rompido ao menos parcial mente pelo impacto conjunto da legislação an titruste e do surgimento da televisão depois da Segunda Guerra Mundial A partir de então Hollywood conheceu um crescimento econô mico extraordinário Para competir com a he gemonia global de Hollywood outras indús trias cinematográficas tiveram ou de imitar sua produção ou de oferecer gêneros e estilos alter nativosO expressionismo de diretores como Fritz Lang Georg Wilhelm Pabst e Friedrich Murnau nos anos 20 foi em parte uma tentativa dos estúdios alemães de abrir uma brecha no mercado internacional E mesmo quando Ser gei Eisenstein Lev Kuleshov e Dziga Vertov estavam realizando suas inovações radicais a grande maioria dos filmes efetivamente exibi dos na União Soviética era importada de Hol lywood Ainda assim a idéia de um cinema nacional a voz autêntica através da qual um país supostamente se exprime sempre teve um significado cultural maior do que o sucesso marginal de bilheteria dos filmes produzidos indicaria Entre outros exemplos poderiam in cluirse o movimento britânico de documentá rios nos anos 30 o cinema neorealista que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cinema 87 tentou articular uma nova identidade italiana na esteira do fascismo e da derrota e cada vez mais nos anos recentes uma variedade de ci nemas do Terceiro Mundo Ver também SOCIO LOGIA DA ARTE Sempre houve formas de reali zação cinematográfica menos preocupadas com a popularidade de bilheteria do que com o potencial do filme como meio de experiência de vanguarda ou como ferramenta de política radical As teorias sobre as possibilidades estéticas do cinema e suas funções sociais começaram a surgir umas duas décadas depois da primeira exibição comercial de um filme Em 1916 por exemplo o poeta Vachel Lindsay propôs uma sociologia whitmaniana do cinema como um elemento de uma emergente democracia hie roglífica norteamericana e um filósofo de Harvard Hugo Münsterberg propôs a primeira explicação da dinâmica mental do espectador no ato de assistir ao filme Desde então teóricos tentam definir a natureza ímpar do cinema co mo meio estético e também especificar suas funções sociais concretas e potenciais Com freqüência os dois aspectos estão ligados como nos teóricos e cineastas soviéticos dos anos 20 Contra as teorias de Eisenstein que definiam a montagem como a chave da experiência cine matográfica André Bazin construiu uma anto logia do cinema altamente influente Ele afir mava que o filme é ou deveria ser acima de tudo uma arte da realidade um meio com capa cidade única de reproduzir a experiência de uma realidade inerentemente ambígua Nos anos 60 e 70 o cinema tornouse o foco de um conjunto extremamente animado de de bates que se apoiavam na SEMIÓTICA no es truturalismo e no pósestruturalismo no mar xismo authusseriano e na psicanálise lacaniana O cinema foi teorizado como um aparato isto é como tecnologia usada para fins culturais e ideológicos e ao mesmo tempo como uma disposição específica de técnicas semióticas que apelam à dinâmica do desejo e da fantasia A platéia cinematográfica era encarada tanto como determinante quanto como conseqüência desse aparato Téoricos como JeanLouis Co molli JeanLouis Baudray Christian Metz Ste phen Heath e Laura Mulvey tentaram demons trar de que modo os códigos simbólicos do cinema predominante simultaneamente acio nam e disfarçam estratégias de manipulação da mente do espectador As técnicas de narrativa invisíveis de Hollywood afirmavam ofere ciam ao espectador uma posição de coerência e onipotência imaginárias a ilusão de uma sub jetividade unificada transcendental É por isso que o cinema pode ser encarado como um pa radigma para os mecanismos da IDEOLOGIA par ticularmente quando se relacionam a questões de identificação e diferenciação sexual Esse modelo desde então vem sendo contestado com base tanto histórica quanto teórica Não obstante ele conseguiu identificar com sucesso a importância dual do cinema É uma indústria global imensamente importante Acima de tu do porém através da disseminação em massa de roteiros fantasiosos o cinema tem sido o arquiteto decisivo do imaginário popular no século XX Ver também CULTURA DE MASSA COMUNICA ÇÃO DE MASSA Leitura sugerida Andrew JD 1976 The Major Film Theories Bordwell D Staiger J e Thompson K 1985 The Classical Hollywood Cinema Hansen M 1991 Babel and Babylon Spectatorship in American Silent Film Penley C org 1988 Feminism and Film Theory Rosen P org 1986 Narrative Apparatus Ideology Sitney PA 1974 Visionary Film the Ame rican AvantGarde Film JAMES DONALD civil sociedade Ver SOCIEDADE CIVIL civilização Do latim civis cidade a palavra civilização diz respeito explicitamente à CULTU RA das cidades algo que Karl Marx nos lembrou ao afirmar que a sede da civilização antiga era a cidade Grundrisse 185758 e que o que Aris tóteles queria dizer com zoon politikon era sim plesmente que o homem é um habitante das cidades O capital vol1 Max Weber seguin do a percepção de Marx analisou a cidade sob quatro aspectos a cidade como uma entidade ou local geográfico ou espacial a cidade como mercado ou cidade mercantil para produtores a cidade fortificada e a cidade consumidora que se mantém à custa da corte A antiga cidade grega do soldado hoplita caracterizavase por direitos civis conferidos como o quid pro quo para o serviço militar mas a cidade medieval desfrutou dos direitos de autoregulamentação municipal e comercial precisamente em virtude da isenção do serviço militar Weber 19212 capThe city A civilização antiga literalmente controlava o interior a partir da cidade As cidades antigas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 88 civil sociedade da Mesopotâmia por exemplo chegavam a incluir campos e plantações de tâmaras que eram cultivados por empresários urbanos com capital de risco e escravos dentro dos muros da cidade motivo pelo qual eram tão extensos Essa situação só se reverteria na Idade Média européia quando como nos conta Max Weber a sede da propriedade fundiária coincidia com o locus do poder no campo e as cidades existiam principalmente como mercados para a troca do excedente produzido pelos nobres em suas imensas propriedades A distinção feita por Weber entre a economia antiga e o modo burguês de produção tal como a feita por Marx apóiase portanto em uma distinção tanto regional quanto cronológica en tre as culturas urbanas densamente populosas empresariais litorais ou ribeirinhas da bacia do Mediterrâneo e a vida agrária descentralizada das tribos germânicas e célticas organizadas em famílias patriarcais A primeira era uma civilização com base na cidade política no sentido literal da palavra pois fundamentada na pólis ou cidade A segunda econômica no sen tido literal de oikos ou família a economia de núcleos familiares amplos A distinção webe riana entre homem econômico e político feita dessa maneira é assumida pela filósofa políti ca Hannah Arendt que compara desfavoravel mente a sociedade moderna baseada na econo mia de gerenciamento doméstico generalizado com o ideal do cidadão clássico e por Gunnar Myrdal 1953 que fez um estudo do desenvol vimento dessa forma moderna de economia Na Alemanha a partir do final do século XIX floresceu uma tradição de crítica pósmo derna incluindo obras sobre a decadência do Ocidente de Oswald Spengler que teve um equivalente britânico em Arnold Toynbee e mais tarde membros da Escola de Frankfurt especialmente Theodor Adorno Max Hork heimer e Herbert Marcuse O malestar na ci vilização 1930 de Sigmund Freud também pode ser lido de modo mais preciso como uma obra sobre a cultura ou civilização urbana no sentido literal sendo sua a idéia de que a civi lização vive da repressão canalizando a energia sexual sublimada para projetos culturais tal como atestam os grandes monumentos artís ticos e as culturas requintadamente construídas da cidade antiga e moderna Em alguns as pectos a crítica da civilização feita por Freud em termos do que ela custa à gratificação individual da divisão desigual do excedente econômico das psicoses e neuroses produzidas pela propensão à comparação e da concorrência econômica e social que a civilização faz surgir apóiase em uma longa tradição da crítica da civilização que encontramos na teoria dos qua tro estágios civilizatórios Tem suas raízes no pensamento estóico e foi desenvolvida durante o Iluminismo por Rousseau Diderot e os mem bros do Iluminismo escocês Adam Smith e Adam Ferguson Através de várias disciplinas os estudiosos têm observado atualmente certas insuficiências no cânone histórico normalmente aceito que postula um esquema evolucionista do primiti vismo à pólis e à civilização ocidental moder na com os estados do Oriente constituindo uma categoria residual Estudos de assiriologia ira nologia e egiptologia entre outras áreas de especialização revelam civilizações antigas al tamente desenvolvidas que exibiam considerá vel competência tecnológica Mais inquietante ainda é o fato de as capacitações econômicas e técnicas serem acompanhadas por todo o elenco de características sociais e culturais que cos tumamos associar ao desenvolvimento tal co mo atualmente concebido ver também DESEN VOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO A capaci dade de as chamadas sociedades de irrigação da antiga Suméria mais geralmente da Meso potâmia e do Egito e da China realizarem a transição de cidadeestado a império transição que a pólis grega por exemplo nunca realizou Mann 1986 foi precisamente uma função das seguintes capacitações desenvolvimentistas 1 governo impessoal administrado por uma burocracia 2 concepção do homem como cidadão 3 formas de representação política 4 criação de um excedente econômico 5 economia monetarizada acompanhada pelas instituições do crédito do direito comercial dos tratados comerciais e de leis regendo os contratos internacionais 6 exército permanente equipado com avançada tecnologia militar 7 estratificação social segundo linhas fun cionais compreendendo classes de agri cultores artesãos mercadores uma eli te administrativa e uma casta sacerdotal 8 conceito da natureza como sendo gover nada por leis racionais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar civilização 89 9 instituições para a aquisição organiza ção e disseminação do conhecimento 10 desenvolvimento da escrita e das ciên cias básicas da matemática geometria astronomia navegação arquitetura en genharia e habilidades altamente desen volvidas na construção metalurgia ce râmica tecelagem escultura e pintura Drucker 1979 Mann 1986 No século XX têm ocorrido inúmeras rein terpretações desse tipo Para usarmos o exem plo da Suméria estudiosos Diakonoff 1974 Jacobsen 1976 Kramer 1963 Oppenheim 1969 apontam hoje em dia que cidadesestados como as de Lagash eram administradas por burocracias paralelas religiosas e palacianas cujos agentes exigiam a mútua ratificação de assinaturas nos carregamentos que entravam e saíam dos celeiros do estado por exemplo Oppenheim 1969 p7ss As terras considerá veis da cidade compreendiam os complexos do palácio e do templo assim como seus bens as propriedades da nobreza e as terras dos plebeus eram organizadas em clãs patriarcais e comu nidades municipais cuja propriedade podia ser comprada e vendida por representantes es colhidos pela família em transações para as quais por volta de 2400 aC já dispomos de indícios documentais Kramer 1963 p757 Correspondendo a essas hoje clássicas divisões da propriedade havia uma divisão surpreen dentemente convencional do poder político Por volta de 2300 aC existem indícios de uma assembléia bicameral em Lagash sendo a câ mara alta controlada pela nobreza e a inferior restrita aos plebeus com o acesso garantido por meio de qualificações de base fundiária As magistraturas nomeadas em base anual cum priam um rodízio entre uma elite isonômica constituída pelas classes judiciária adminis trativa e mercantil Oppenheim 1969 Lagash tem a honra de registrar em seus anais o primei ro uso conhecido da palavra liberdade Kra mer 1963 p79 celebrada no documento da reforma de Urukagina de c2350 aC em ter mos espantosamente reminiscentes da seisa chtheia de Solon quase 1800 anos depois Liberdade significava precisamente a proteção contra espoliações por parte do coletor de im postos do palácio bem como a reparação de abusos administrativos por parte da burocracia ubíqua e detestável do templo e Urukagina como mais tarde Solon prometeu libertar os que estivessem presos por dívidas Alguns dos melhores indícios de que dis pomos do governo exercido por uma burocracia impessoal são exibidos por um sítio arqueoló gico trimilenar o de Ebla na Mesopotâmia na forma de aproximadamente 20 mil tabuinhas de barro Cidade próspera com cerca de 260 mil habitantes Ebla era governada por um rei um conselho de anciãos e cerca de 11700 burocra tas cujos livrosrazão diários e inventários res pondem por aproximadamente 13 mil tabui nhas de barro Bermant e Weitzman 1979 Matthiae 1980 Outros indícios de uma supre macia da lei ver também LEI administrada burocraticamente vão ser encontrados nos dis positivos de uma série de codificações do direi to consuetudinário da região desde o Código de UrNamu de 2050 aC até e inclusive o famoso Código de Hamurábi O Código de UrNamu defendia os direitos de órfãos viúvas e pequenos proprietários de terras contra os poderosos tomadores de propriedades Pro movia a regulamentação do mercado através da introdução de pesos e medidas padrão ins tituindo uma tabela de multas por infrações das leis de amparo ao comércio em harmonia com outros códigos da região incluindo o hitita As atas dos tribunais relativas a esse período regis tram litígios com respeito a contratos de casa mento divórcios herança escravos aluguel de barcos reivindicações de todos os tipos cau ções e hipotecas e questões variadas tais como investigações para a informação de processos intimações furto danos à propriedade e mal versação no exercício do cargo Kramer 1963 p845 Também no antigo Egito embora fosse tal vez uma sociedade menos litigiosa as transa ções envolvendo propriedades eram uma ques tão carregada de documentos com inventários incluindo cada documento ligado a determina da propriedade Lloyd 1983 p314 Pestman 1983 O antigo Egito é geralmente descrito como o estado centralizado arquetípico com base de acordo com a teoria marxista do modo de produção asiático ou teorias posteriores sobre o despotismo oriental por exemplo no controle da água Mas ao contrário dessas pres suposições o antigo Egito no início de sua história também se caracterizou por um desen volvimento independente da cidade Bietak 1979 Triegger 1983 p40 48 sistemas de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 90 civilização patrocínio privado e da nobreza Kemp 1983 p835 e um alto nível de individualismo como fica atestado pelas assinaturas pessoais de artis tas já em obras tão antigas quanto as pirâmides de Gizé Drucker 1979 p44 Não é necessário relacionar em detalhes as realizações tecnológicas da Mesopotâmia e do Egito antigos Vale a pena destacar no entanto que cada um dos exemplos que Max Weber oferece em seu prefácio a A ética protestante e o espírito do capitalismo 19045 para de monstrar a superioridade administrativa cien tífica e técnica do Ocidente sobre o Oriente é errado A pressuposição do desenvolvimento ocidental e do subdesenvolvimento oriental é tão onipresente que um pensador que passou boa parte da vida escrevendo a respeito de sistemas orientais não sentiu a menor neces sidade de conferir os fatos Ele alega que à astronomia babilônica faltava base matemática deixando de mencionar também a invenção da geometria como sendo egípcia cf King 1978 1980 Afirma que às tradições jurídicas do Oriente faltavam a qualidade sistemática do direito romano e canônico enquanto que na verdade o direito romano deriva dos estatutos das províncias orientais codificados por dois jurisconsultos orientais Papiniano e Ulpiano da escola de direito de Beirute cf Cumont 1911 Driver e Miles 19525 Weber 19045 afirma ainda que embora a base técnica de nossa arquitetura tenha vindo do Oriente ao Oriente faltava a solução para os problemas da abóbada muito ao contrário o Oriente for neceu a solução não só para o problema da abóbada mas também do arco Sobre o tema da compilação e disseminação do conhecimento Weber afirma que as universidades ocidentais são superiores às da China e do islã superfi cialmente semelhantes mas a elas faltando o exercício racional sistemático e especializado das ciências com pessoal treinado e especia lizado ele deixa de destacar que universi dades islâmicas como a de alAjar eram mais antigas que as do Ocidente que tampouco co meçaram a vida como institutos científicos Indícios da existência em tempos remotos de escolas de medicina e de direito nas quais as mulheres também eram admitidas datam na verdade do sítio arqueológico trimilenar de Ebla que também fornece listas de metais pre ciosos minerais e outras informações científi cas Bermant e Weitzman 1979 p1535 We ber continua alegando o que é surpreendente uma vez que se trata de seu assunto especial que é uma realização do Ocidente dotar as suas burocracias de uma organização de funcioná rios especialmente treinados Mais surpreen dente ainda é sua afirmação de que a organiza ção do trabalho baseada na liberdade de contra to é um triunfo do Ocidente Mas estipulações com respeito à liberdade de contrato podem ser encontradas nos mais antigos códigos mesopo tâmicos conhecidos no Código de Hamurá bi por exemplo incluindo um extenso tra tamento dos contratos de trabalho tanto agríco las quanto comerciais no que diz respeito a taxas de salário delitos e responsabilidades envolvendo gado agricultores implementos agrícolas pastores e carroças bem como mão deobra e salários sazonais ao lado de taxas de salário para artesãos Driver e Miles 19625 Se a divisão e a especialização do trabalho são índices do nível de desenvolvimento de civilizações as sociedades prémodernas tiram notas altas com a Roma antiga registrando cerca de 150 corporações profissionais o Cairo medieval umas 265 ocupações manuais 90 ti pos de especializações bancárias e comerciais e por volta do mesmo números de diferentes profissionais funcionários funcionários reli giosos e educadores Goitein 1967 p99 Em 1801 o Cairo tinha 278 corporações profis sionais e em 1901 Damasco registrava 435 ocupações reconhecidas Essas provas colocam em questão os pres supostos evolucionistas e desenvolvimentistas a respeito do PROGRESSO econômico e da se qüência de modos de produção subjacente aos esquemas macrohistóricos dos séculos XIX e XX incluindo os de Marx e Weber O interesse pelo fenômeno da civilização e sua dinâmica não se limita ao Ocidente e na verdade o primeiro grande analista prémoder no Ibn Khaldun 13321406 descreveu não apenas os ciclos de vida endogâmicos das civi lizações mas também a fecundação exogâmica cruzada das culturas nômades do deserto e das civilizações sedentárias das antigas cidades O estudo da cidade e de toda a série de caracte rísticas que associamos ao URBANISMO po voamento concentrado diferenciação interna em bairros correspondentes às divisões das profissões divisão especializada do trabalho funções como centros industriais e de merca do funções religiosas e de defesa surgiu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar civilização 91 no século XX como um dos grandes temas da investigação sociológica e histórica com a obra dos franceses Henri Pirenne Henri Lefebvre Gabriel Baer e Fernand Braudel A relação entre a civilização e os costumes e a corte para tomarmos uma linha diferente foi o tema de um estudo fascinante de Norbert Elias 1939 Leitura sugerida Braudel Fernand 1967 1979 Ci vilization matérielle économie et capitalisme vol2 Elias Norbert 1939 197882 The Civilizing Pro cess 2 vols Vol1 The History of Manners vol2 Power and Civility Mann M 1986 Sources of Social Player vol1 A History of Power from the Beginning to AD 1760 Oppenheim Adolf L 1969 Mesopota mia land of many cities In Middle Eastern Cities A Symposium on Ancient Islamic and Contemporary Mid dle Eastern Urbanism org por Ira M Lapidus Trig ger Brian J 1983 The rise of Egyptian civilization In Ancient Egypt a Social History org por BJ Trigger e B Kemp Weber Max 19212 Economy and Socie ty An Outline of Interpretative Sociology capThe city PATRICIA SPRINGBORG classe Em seu sentido social a palavra indica grupos amplos entre os quais a distribuição desigual de bens econômicos eou a divisão preferencial de prerrogativas políticas eou a diferenciação discriminatória de valores cultu rais resultam respectivamente da exploração econômica da opressão política e da domina ção cultural Tudo isso potencialmente leva ao conflito social pelo controle de recursos escas sos Na tradição do pensamento social classe social é um conceito genérico utilizado no es tudo da dinâmica do sistema social enfatizando mais o aspecto de relação do que o de dis tribuição da estrutura social Nesse sentido as classes são consideradas não apenas como agre gados de indivíduos mas como grupos sociais reais com sua própria história e lugar identifi cável na organização da sociedade Não obs tante a idéia de que as classes sociais podem ser equiparadas a agregados de indivíduos de terminados por nível semelhante de educação renda ou outras características de desigualdade social ainda persiste e leva à confusão desse conceito com o de ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL Por tanto os sentidos ligados à expressão classe social variam e se referem a tipos diferentes de ESTRUTURAÇÃO da sociedade Na sociologia teó rica e histórica surgem vários tipos de estruturação em discussões substantivas sobre classes econô micas classes políticas e classes culturais Classes econômicas Em sua teoria geral da evolução da socie dade Karl Marx destacou pares de classes an tagônicas específicas de cada período escravos e senhores nas sociedades antigas servos e senhores feudais no feudalismo capitalistas e operários no capitalismo Ele elaborou em deta lhes o conceito de EXPLORAÇÃO econômica dos operários pelos capitalistas expresso em ter mos de extração de maisvalia Em seu ponto de vista as relações de exploração econômica formam a base da superestrutura da socie dade a saber ordem política e ordem ideológi ca O poder executivo do estado moderno não passa de um comitê para gerenciar os assuntos comuns de toda a burguesia A IDEOLOGIA do minante na sociedade capitalista justifica e san ciona a totalidade das relações sociais que sur giram sobre o fundamento da exploração eco nômica e é funcional no sentido de reproduzi las Marx acreditava que as classes são con juntos de indivíduos que ao adquirirem a cons ciência de uma posição social comum e de um destino comum se transformam em agrupa mentos sociais reais ativos no cenário político Ele esperava que a exploração econômica levasse os operários à revolução política derrubando a sociedade capitalista e limpando o terreno para uma sociedade nova e socialista sem classes Max Weber apontou uma distinção pelo menos analiticamente entre duas ordens dis tintas de classes econômicas classes de pro prietários e classes comerciais Na primeira os proprietários e os que vivem de rendas são a classe positivamente privilegiada e os deve dores pessoas déclassées e sem proprie dades em geral são a classe negativamente privilegiada Na segunda os industriais per tencem à classe positivamente privilegiada en quanto os operários pertencem à classe negati vamente privilegiada Weber assumiu que o sistema econômico capitalista representa o pa no de fundo mais favorável para a existência de classes comerciais Ele define a condição de classe de um indivíduo como determinada pe las oportunidades de vender bens e habilidades profissionais Apesar de não o declarar de forma explícita sua abordagem da estruturação das clas ses comerciais permite aos investigadores elabo rar várias agregações de indivíduos em grupos com as mesmas oportunidades Nesse sentido as fronteiras ente eles parecem arbitrárias Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 92 classe As idéias gerais de Marx e de Weber têm sido continuamente refinadas ampliadas e mo dificadas Bottomore 1965 apontou a validade duradoura das premissas fundamentais da teo ria de classes marxista enquanto Dahrendorf 1957 postulou sua revisão crítica Roemer 1982 propôs uma ampliação do conceito mar xista de exploração econômica a qual foi uti lizada por Wright 1985 para construir um novo sistema de classes na sociedade capita lista Poulantzas 1974 e Wesolowski 1966 apresentaram teorias integradas de dominação de classe Giddens 1973 e Parkin 1979 propuseram várias elaborações e ampliações da abordagem das classes por Weber Lockwood 1958 Goldthorpe 1980 e Runciman 1972 realizaram pesquisas empíricas informadas por idéias de Weber Classes políticas Gaetano Mosca 1896 formulou uma teoria das classes governantes e governadas co mo grupos que surgem em qualquer sociedade que atinja um nível acima do primitivo A dis tribuição desigual de prerrogativas do poder é uma exigência funcional e uma necessidade estrutural A existência do estado leva à existên cia da classe governante Essa classe compõese de todos os que desempenham um papel impor tante na política e preenchem funções de estado As pessoas que efetivamente governam vêm de um meio em cada período histórico que dispõe dos recursos adequados à aquisição dos co nhecimentos necessários para governar Mosca admitia que em sua sociedade a riqueza era essencial para uma carreira política Normalmente além da classe dominante existe um segundo segmento da sociedade in ferior do qual depende um domínio eficiente Esse segmento pode ser uma classe média ou uma BUROCRACIA Além disso dentro de uma estrutura política moderna surgem diversas forças sociais Mosca escreve que o segmento militar deseja governar tal como os intelec tuais os advogados os professores os empre sários e os operários Ele expressa a opinião de que um bom governo deveria incorporar a todos no processo de governar Em paralelo com Mosca Pareto 191619 apresentou seu conceito de elite que pode ser interpretado em termos de classe Segundo ele a elite governante compõese dos que se de monstraram mais capacitados a governar isto é a tomar o poder e conserválo A circu lação das elites governantes é um processo de mudança da composição das classes políticas ou pela força ou pela infiltração e cooptação pacíficas ver ELITES TEORIA DAS O conceito de classe dominante aparece com menos freqüência nas discussões sobre as so ciedades ocidentais contemporâneas com seus sistemas políticos democráticos do que nas discussões sobre sociedades contemporâneas sob um poder autoritário No primeiro caso o conceito aparece nas teorias sobre novas ten dências no desenvolvimento da sociedade e novos grupos estratégicos considerados como os agentes dessas tendências Nessas teorias esperase que novas classes venham a privar o sistema democrático de suas funções reais as sumindo a liderança e controlando a sociedade Essas classes podem ser compostas de adminis tradores Burnham 1941 Gurvitch 1949 bu rocratas governamentais Geiger 1949 ou cer tos profissionais como organizadores plane jadores cientistas que venham a formar alianças com políticos e empresários no velho estilo Bell 1974 As teorias sobre governo totalitário e exto talitário na antiga União Soviética e na Europa Oriental cf TOTALITARISMO invocam o concei to de classe dominante em relação aos líderes principais do Partido Comunista e a altos fun cionários do governo que eram indicados para seu cargos pelo partido e detinham um poder monopolista ilimitado e arbitrário Djilas 1957 Hegedüs 1976 Uma vez que tanto o partido quanto o governo eram organizados de acordo com princípios burocráticos esse domí nio pode ser chamado de domínio burocrático de partido único No sistema totalitário a es trutura de poder controla e dirige as instituições econômicas e culturais Muitos autores afir mam que o controle burocrático e adminis trativo dos processos econômicos serve de ins trumento para a exploração dos operários pelos dirigentes políticos Classes culturais Jan Waclae Machajski 1904 delineou uma teoria da sociedade do futuro na qual a classe culta ou intelligentsia da sociedade burgue sa dá origem a uma nova classe que domina os trabalhadores manuais Escrevendo de uma perspectiva anarquista ele disse que a elimina ção dos capitalistas não é suficiente para mudar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar classe 93 a sociedade Lendo O capital de Marx 1867 1885 1894 ele descobre a tese de que o traba lho mais especializado e que portanto exige mais estudo deveria ser mais bem pago do que o trabalho que exige menos estudo Machajski enfatiza que os programas marxista e socialde mocrático para a futura sociedade socialista implicam a sobrevivência da desigualdade edu cacional e conseqüentemente da desigualdade econômica Max Weber influenciou indiretamente a for mação do conceito de classe cultural Ele pro pôs que investigássemos os grupos de status que tenham desenvolvido um estilo de vida específico Alguns grupos de status evidente mente não se caracterizam como fenômenos de classe mas outros sim surgindo a partir de uma base de situação econômica ou situação comum dentro da estrutura de poder ou ambas como os senhores feudais Os grupos de status são geralmente criados por classes de proprietá rios Dos textos de Weber é possível inferir que as classes sociais demonstram uma afinidade com os grupos de status pois ambos desenvol vem sua própria cultura ou estilo de vida Weber considerava a burguesia das cidades modernas que iam surgindo como uma classe social e lhe atribuía três características propriedade direitos de cidadão e cultura Na perspectiva weberiana a cultura pode ser vista como uma força ativa e de integração nos processos de formação de classes Alvin Gouldner 1979 inspirado direta mente por Machajski formulou uma teoria segundo a qual a nova classe de intelectuais humanistas e da intelligentsia técnica a classe dos detentores do conhecimento está a cami nho do domínio social Os membros da nova classe são proprietários de capital cultural que existe basicamente na forma de educação mais elevada Começaram a substituir a velha classe endinheirada no processo de desenvol vimento social bem como no funcionamento do sistema de sociedade pósindustrial De acordo com Gouldner o futuro pertence a eles e não à classe operária como supôs Marx Os membros dessa nova classe defenderão seus próprios interesses materiais e nãomateriais maior renda e prestígio para os que detêm co nhecimento mas simultaneamente repre sentarão e promoverão os interesses da socie dade como um todo em um nível muito mais alto do que qualquer outra classe até então conhecida na história A nova classe subverte a hierarquia do tipo antigo e promove a cultura do discurso crítico mas ao mesmo tempo intro duz uma nova hierarquia social de conhecimen to Uma vez que é ao mesmo tempo emancipa dora e elitista diz ele tratase de uma classe universal imperfeita Abordagem integradora versus abordagem analítica Classes econômicas classes políticas e clas ses culturais podem ser concebidas como or dens de classe distintas ou como uma ordem integrada compreendendo três aspectos Se um teórico encara a estrutura de classes como uma ordem integrada então o problema importante para ele é saber como os três aspectos produzem um todo integrado Marx propôs a cadeia causal a partir da base isto é das relações econômicas até a superestrutura das relações políticas e ideológicas Assim a classe econômica produz outros aspectos de classe Ele não ignorou a influência sobre a base do feedback dos as pectos político e cultural Não obstante a es trutura econômica em última instância de termina todos os aspectos de classe ver DETER MINISMO Mosca parece menos preocupado com as relações causais entre os três aspectos de classe do que com o problema do significado do as pecto de poder para a totalidade das relações sociais A divisão em governantes e governados é o fenômeno crítico em todas as sociedades civilizadas nãoprimitivas e diferenciadas Portanto ela explica mais sobre o sistema glo bal de sociedade Entre as abordagens con temporâneas Lenski 1966 segue a tradição de Mosca apesar de não ignorar Marx Para Lens ki existem duas formas principais de poder o poder político e o poder da propriedade O que ele enfatiza é que em toda a história da civiliza ção o poder político exerce uma influência for mativa no sistema distributivo isto é na dis tribuição de prestígio e privilégios econômicos Bourdieu 1987 Bourdieu e Passeron 1970 visa uma abordagem integradora ao sugerir a multicausalidade e as interações na informação do poder social como a característica globa lizada de classe Esse poder é uma trajetória do capital financeiro cultural e social possuído pelos indivíduos A interação entre essas três formas não é predeterminada por nenhum valor petrificado de cada capital nem por nenhuma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 94 classe relação estável entre formas de capital Recen temente ele elaborou o conceito de capital simbólico que integra todos os outros capitais e reforça o poder social da classe dominante no cenário público A abordagem analítica enfatiza a autonomia da classe econômica da classe política e da classe cultural A premissa sobre a qual se ba seia essa abordagem é a de que existem esferas autônomas da vida economia política e cul tura dentro das quais os grupos emergentes não se sobrepõem Afirmase também que uma abordagem analítica é mais adequada do que a integradora para o estudo da sociedade moder na em contraste com a prémoderna Essa abor dagem tem suas raízes nas idéias de Weber apesar de as sugestões de Sorokin 1927 sobre canais autônomos de mobilidade social tam bém terem exercido algum impacto sobre sua formulação Entre os autores contemporâneos Lipset e Zetterberg 1966 defenderam essa abordagem e propuseram o estudo separado de classe consumidora classe social e classe de poder Essa abordagem porém e também a abordagem analítica foram criticadas e seu con ceito de classe contestado com bases teóricas Calvert 1982 Classe social na sociologia empírica O paradigma de classe é uma das aborda gens mais bemestabelecidas para a análise de dados sobre estrutura social Dentro desse pa radigma a pesquisa concentrase em detectar diferenças entre classes sociais com relação a a a quota de cada uma de bens distribuídos desigualmente b as atitudes e opiniões varia das c o comportamento político e as ações de grupos comuns e d os padrões de mobilidade social Na prática da pesquisa os esquemas de classe baseados em grupos de critérios envol vendo controles sobre os meios de produção e a força de trabalho são tratados como variáveis explicativas independentes O paradigma de classe demonstra a sua utilidade se uma aplica ção de um esquema de classe a uma população em particular leva à conclusão de que as dife renças interclasses com relação a variáveis es pecificadas são significativamente maiores do que as diferenças intraclasses Se classe social e estratificação social são consideradas categorizações autônomas da es trutura social uma das questões empíricas é o grau da sua interdependência As classes sociais seriam organizadas de forma consistente com respeito à instrução formal ao nível profis sional e à renda total de seus membros Estatís ticas descritivas de vários países demonstram a validade do argumento dos teóricos de classe de que embora classe social e estratificação social tenham muito em comum estão longe de ser idênticas Nos países industrializados do Oci dente a ligação da classe social dos indivíduos com os componentes de sua posição de es tratificação social instrução profissão e ren da é forte ainda que deixando um espaço substancial para determinantes de desigualda des sociais extraclasse Além disso a ordenação das classes sociais em dimensões variadas de desigualdade social não é a mesma Os deten tores dos meios de produção estão com toda a certeza no topo da dimensão econômica en quanto os intelectuais se situam em posição mais elevada na dimensão cultural No meio da hierarquia funcionários de colarinho branco geralmente obtêm mais prestígio de seus em pregos do que os produtores de pequenos bens Esses tipos de mudanças de categoria confir mam que as classes sociais representam cate gorias discretas em vez de categorias consis tentemente organizadas ao longo de um conti nuum de estratificação multidimensional Wright 1978 e 1985 O interesse pela consciência social das clas ses deriva da tradicional diferenciação marxista entre Klasse an sich classe em si mesma isto é sem uma consciência comum e Klasse für sich classe para si mesma isto é com uma consciência comum Durante muitos anos se observou que os membros das classes privile giadas tendem a ter a mente mais aberta maior flexibilidade intelectual e maior autodireciona mento em seus valores do que os membros das classes espoliadas As diferenças de classes são substanciais não apenas com respeito ao con teúdo das questões econômicas e políticas mas também com relação aos meios com os quais as pessoas pensam em termos de nível de abs tração Kohn 1969 Kohn et al 1900 apresen tou a hipótese de que essas diferenças de classes podiam ser atribuídas às condições de vida especificamente na situação de trabalho Os que se encontram localizados com mais vantagem na estrutura de classe têm maiores oportuni dades de exercer o autodirecionamento profis sional sua experiência na situação de trabalho generalizase para outros campos de suas vidas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar classe 95 incluindo o funcionamento psicológico Essen cialmente as diferenças de classe no funciona mento psicológico são explicadas pelo meca nismo de generalização do aprendizado Deve se observar no entanto que essa interpretação apesar de psicológica na sua essência está lon ge de uma chamada interpretação subjetiva das classes Nesse último caso a pressuposi ção de que pessoas em circunstâncias seme lhantes desenvolvem um senso semelhante da realidade leva ao conceito de classes sociais como grupamentos de base psicológica ou subjetiva definidos pela fidelidade de seus membros Centers 1949 p210 No caso an terior as variáveis psicológicas são tratadas apenas como correlatas das classes No entan to independentemente da interpretação as di ferenças na psicologia de classe sustentam as diferenças no comportamento de classe e no comportamento político em particular A relação entre classe social e comporta mento político concentrase em interesses de classe diferenciados definidos com respeito à situação material Na prática os partidos polí ticos das democracias ocidentais apelam a cer tos segmentos da sociedade e buscam o seu apoio Estudos do comportamento eleitoral en contram rotineiramente uma correlação entre a posição dos eleitores em termos de classe social e o partido no qual tipicamente votam Pessoas que pertencem às classes proprietárias e geren ciais têm mais probabilidades de votar num partido que defende a proteção dos interesses empresariais e menos legislação visando o bemestar do que pessoas pertencentes à classe operária Historicamente os partidos políticos passaram a representar coalizões específicas de interesses de classe Não obstante existem al guns indícios de que nas democracias ociden tais o voto classista se reduziu substancialmente nas últimas décadas Franklin 1985 Greves e revoltas evidentemente têm maior base de classe do que o comportamento eleito ral tanto nos países industrializados do Oci dente quanto nos países nãosocialistas e em desenvolvimento Nos países da Europa Orien tal alguns aspectos das revoltas políticas de 1953 Alemanha Oriental 1956 Hungria e Polônia 1968 Tchecoslováquia 1970 e 1980 Polônia e as de 1989 podem ser interpretadas em termos de conflitos de classe não somente entre os economicamente espoliados e os eco nomicamente privilegiados mas também entre governados e governantes Uma vez que nesses países o poder econômico e o poder político se confundem em grande medida os conflitos de classe tornaramse muito generalizados e en volveram questões que iam desde reivindica ções salariais até a liberdade de expressão Tou raine et al 1982 Staniszkis 1981 Em sua formulação extrema os conflitos de classe nes ses países foram descritos como ocorrendo en tre proprietários os que decidem sobre o uso dos meios de produção governantes os que controlam os meios de administração e coer ção e ideólogos os que controlam os meios de interpretação e inculcação de valores de um lado e as massas do outro Por causa desses conflitos de classes generalizados Nowak 1983 chama o socialismo de formação supra classe Do ponto de vista teórico o grau de MOBILI DADE SOCIAL entre as gerações é de importância crucial para formação de classe uma vez que influencia tanto a composição das classes quan to a continuidade ou a mudança da experiência de vida Por esses motivos entre os neomarxis tas Westergaard e Resler 1975 Bottomore 1965 e os neoweberianos Parkin 1979 Gid dens 1973 realizaramse sérios esforços para dar à idéia de mobilidade um papel importante na teoria de classe Goldthorpe e seus compa nheiros 1980 examinaram e rejeitaram par cialmente três teses com respeito à mobilidade de classe 1 a tese do fechamento segundo a qual a fim de manter sua posição vantajosa na estrutura social as classes privilegiadas utili zam estratégias de fechamentoexclusão social contra as classes inferiores 2 a tese da zona tampão propondo a divisão entre profissões manuais e nãomanuais como linha divisória fundamental dentro da estrutura de classe e 3 a tese do contrabalanceamento a qual afirma que a mobilidade na vida profissional em comparação com origem social está se tor nando menos provável porque o acesso às po sições medianas e mais elevadas depende cada vez mais de instrução formal e cada vez menos de treinamento no trabalho A crítica a essas teses teoricamente avançadas levou os sociólo gos a buscar padrões complexos de mobilidade de classe com base em dados de vários países Descobriram que o padrão de mobilidade de classe é essencialmente o mesmo em todos os países industrializados do Ocidente Além dis so o padrão de endogamia de classe isto é Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 96 classe o grau em que as pessoas tendem a escolher cônjuges em classes sociais semelhantes à sua própria mostra pouca variação de país para país A mobilidade de classe e a endogamia de classe bem como os entrecruzamentos de amizades revelam o mesmo padrão de bar reiras de classe nas dimensões econômica po lítica e cultural da estrutura social Leitura sugerida Bottomore TB 1965 1991 Clas ses in Modern Society Calvert P 1982 The Concept of Class Giddens A 1973 The Class Structure of the Advanced Societies Marshall G et al 1988 Social Class in Modern Britain Ossowski S 1957 1963 Class Structure in the Social Consciousness Wright EO 1985 Classes WLODZIMIERZ WESOLOWSKI e KAZIMIERZ M SLOMCZYNSKI classe média Há muito existe uma série de controvérsias sobre o lugar da classe média no sistema geral de classes das sociedades indus triais avançadas Essas controvérsias incluem saber se existe uma classe média ou várias se tal CLASSE ou classes se encontra em algum sentido no meio da sociedade se a posição das classes vem sendo mudada através de um processo de proletarização e se essas classes desenvolveráão formas de política e de consciência alinhadas com a CLASSE OPERÁ RIA ou com a classe capitalista ou se seráão relativamente independentes de ambas A expressão classe média parece ter sido usada pela primeira vez pelo reverendo Thomas Gisborne em 1785 para se referir à classe empresarial e proprietária middle class loca lizada entre senhores de terras por um lado e trabalhadores agrícolas e urbanos por outro Essa utilização permaneceu corrente durante o século XIX mas neste século a expressão clas se média passou a se referir a profissões de colarinho branco Estas incluem desde os pro fissionais liberais como médicos contadores advogados acadêmicos e assim por diante a pessoas ocupando empregos relativamente ro tineiros e menos especializados Às vezes clas se média é interpretada como se referindo a todos aqueles envolvidos com trabalhos não manuais Em outras ocasiões os donos de fábricas e os que trabalham por conta própria são excluídos Qualquer que seja a definição usada não há dúvida de que esses grupos têm crescido em números absolutos e também como proporção da população empregada em todos os países importantes do Ocidente Na GrãBretanha por exemplo a proporção de empregados nãoma nuais cresceu de 19 em 1911 para 47 em 1981 Esse aumento foi particularmente mar cante entre as mulheres Em 1981 aproximada mente 35 das mulheres trabalhadoras mas so mente cerca de 25 dos homens tinham empre gos nãomanuais Não obstante existem nítidas diferenças na composição por sexo dos dife rentes serviços nãomanuais A maioria dos pro fissionais liberais é masculina e a maioria dos trabalhadores de colarinho branco de nível mais baixo é feminina Há muitas teorias que tentam enquadrar essa classe ou classes dentro do sistema geral de classe das sociedades capitalistas avançadas Podem dividirse entre teorias marxistas e teo rias weberianas Nas primeiras afirmase que são as relações de produção que geram dife rentes classes sociais enquanto que na última se sustenta que as classes são produzidas atra vés dos diferentes meios com os quais as recom pensas por trabalhos distintos são adquiridas e distribuídas através do mercado Os pontos de vista do próprio Marx eram contraditórios Por um lado ele afirmava que haveria uma crescente polarização entre os dois grandes campos hostis das classes bur guesa e operária Em resultado as classes mé dias seriam espremidas e forçadas a entrar para um ou outro dos campos hostis ver também BURGUESIA Por outro lado Marx sustentava que a classe média na verdade iria crescer em tamanho à medida que uma proporção menor da força de trabalho precisasse desempenhar um papel direto na produção de bens materiais em particular haveria um aumento de im portância dos trabalhadores assalariados co merciais Muitos marxistas têm afirmado no entanto que esses trabalhadores de escritório são um grupo fundamentalmente instável De fato al guns autores têm sustentado não haver nenhu ma classe média como tal mas apenas um certo número de estratos intermediários Em resulta do da insegurança do emprego e da desespe cialização de seu trabalho com a ampliação e a mecanização do escritório esses estratos iriam passar pela proletarização de sua posição de classe Braverman 1974 E afirmase que no decorrer do tempo o estrato médio acabará por adotar formas proletárias de política e de cons Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar classe média 97 ciência de classe incluindo a organização sin dical e o voto em partidos de esquerda Outros autores marxistas têm sustentado em contraste que não existe nenhum processo geral de proletarização Poulantzas 1974 por exemplo afirma que existe uma nova pequena burguesia substancial determinada por estru turas não apenas econômicas mas também po líticas e ideológicas e com uma posição de classe diferente tanto da do capital quanto da do trabalho Johnson 1972 afirmou que certas profissões não serão proletarizadas se o seu poder residir em formas de conhecimento que não podem ser facilmente expressas e codifica das em termos técnicos Nos Estados Unidos Ehrenreich e Ehrenreich 1979 afirmam que existe uma nítida classe profissional liberal gerencial baseada na posse de um diploma universitário que funciona para reproduzir a cultura e as relações capitalistas Essa nova classe deu origem a novas formas de política que rompem a política previamente estruturada entre capital e trabalho Finalmente Wright 1985 sustenta que nem todas as posições na divisão do trabalho devem ser encaradas de fato como posições de classe como tais deveriam antes serem vistas como posições de classe contraditórias Autores weberianos têm elaborado vários e diversos argumentos em parcial oposição a afir mações marxistas Lockwood 1958 por exem plo afirmou que os funcionários não estavam sendo proletarizados pois ocupavam uma situa ção de trabalho que ainda lhes dava um status superior em comparação com os trabalhadores manuais Giddens 1973 sustentou que as teo rias dicotômicas sobre classe social estavam destinadas ao fracasso por não serem capazes de reconhecer como a capacidade do mercado em proporcionar qualificações educacionais e técnicas gerava empregos de classe média que tinham considerável vantagem econômica so bre os trabalhos manuais Outros autores afir mavam que não há uma entidade isolada cha mada a classe média Em vez disso existe um fragmentado sistema de classe composto de vários grupos sociais com diferentes imagens e concepções de como é esse sistema De fato afirmase ainda que uma investigação das ex periências de trabalho das pessoas no decorrer de suas vidas demonstra que existe uma en orme diversidade Muitos funcionários do sexo masculino por exemplo não devem ser enca rados como proletarizados pois passam pela experiência de subir na carreira e se tornam gerentes São as funcionárias de colarinho bran co que têm maior probabilidade de se encontrar em empregos proletarizantes apesar de haver alguns indícios de que as jovens estão cada vez mais conseguindo as credenciais educativas ne cessárias para as promoções Finalmente pa rece de fato que muitos trabalhadores de colari nho branco estão dispostos a entrar para sin dicatos profissionais que com freqüência as sumem posições proletárias a respeito das questões discutidas De fato os trabalhadores de colarinho branco do setor público é que se mostraram mais militantes nos anos 80 em muitos países europeus Em anos recentes os pesquisadores têm en fatizado vários aspectos Primeiro a distinção entre as teorias marxista e weberiana tornouse bem menos nítida nos anos 80 Isso porque por um lado os autores marxistas hoje analisam com muito mais detalhes as diferenças no mer cado de trabalho particularmente as que resul tam de diferenças nas credenciais de instrução E por outro lado os weberianos passaram a perceber que por trás das diferenças de empre gos no mercado de trabalho há toda uma série de transformações estruturais da produção Em particular a internacionalização da produção significa que existem grandes diferenças no tamanho e importância relativos das classes médias entre sociedades diferentes particular mente dependendo de onde se localizam as sedes das companhias principais Em segundo lugar um exemplo dessa apro ximação das abordagens marxista e weberiana pode ser visto na literatura recente sobre a clas se de serviços Esse conceito foi desenvolvido pelo austromarxista Karl Renner o qual afir mou que à medida que o capitalismo amplia sua escala de operações os capitalistas empre gam cada vez mais pessoas para executar as funções que eles não podem mais desempenhar pessoalmente Essa classe serve ao capital di retamente dentro de organizações capitalistas ou indiretamente nas profissões liberais e no estado Goldthorpe 1980 desenvolveu esse conceito tanto demonstrando suas origens re lativamente heterogêneas quanto enfatizando a importância da carreira e da confiança para a classe de serviços Mais recentemente pesqui sas realizadas na GrãBretanha têm indicado que estão sendo criados novos tipos de emprego Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 98 classe média para a classe de serviços que não implicam uma vida inteira de trabalho dentro de uma única organização O desenvolvimento de uma cha mada cultura yuppie foi atribuído ao número crescente de pessoas que possuem habilidades profissionais liberais e gerenciais de alto nível que lhes permite movimentaremse entre as organizações Finalmente temse afirmado com veemên cia que não existe um simples proletariado cujos interesses possam ser estabelecidos sem problemas e para o qual alguns setores da classe média possam estar migrando O surgimento de uma política proletária depende de uma ava liação por parte dos operários sobre se tal polí tica lhes traria algum benefício Além disso apontouse que a sociedade contemporânea está sendo profundamente afetada pelo crescimento de uma poderosa classe de serviços que está alterando o perfil da vida social e política e afetando em particular o proletariado e sua capacidade de desenvolver suas formas pró prias e características de política Nas socie dades modernas as pessoas não são todas clas se média mas à medida que a classe média se transforma o mesmo ocorre com os efeitos profundos que ela exerce sobre todos os demais Leitura sugerida Abercrombie N e Urry J 1983 Capital Labour and the Middle Classes Bourdieu Pierre 1979 La distinction Hyman R e Price R orgs 1983 The New Working Class White Collar Workers and their Organizations a Reader JOHN URRY classe operária Grupo social que compre ende trabalhadores de minas fábricas trans portes e tarefas correlatas reunidos nas cidades industriais em rápido crescimento em função do desenvolvimento da produção capitalista no sé culo XIX e que se tornou uma força política de importância crescente como fonte dos sindi catos cooperativas e partidos políticos ins pirados por idéias socialistas ver SOCIALISMO No início do século XX partidos da classe ope rária já se haviam firmado por toda a Europa onde alguns deles em especial na Alemanha e na Áustria já eram bastante grandes E também em escala menor na América do Norte Dessa época até os dias atuais a política interna dos países europeus e em um estágio posterior a de outras sociedades têm sido dominada pelo con flito entre os partidos da classe operária e os que defendem o sistema econômico e a hierarquia social existentes Isto é entre partidos de es querda e de direita No decorrer deste século porém as con dições de existência e a política da classe ope rária têm sofrido muitas mudanças Já na déca da de 1890 a ampliação do sufrágio na Europa Ocidental conseguida em grande parte por pressão da classe operária tornou possível o surgimento de partidos socialistas parlamen tares e a introdução de reformas sociais que gradualmente melhoraram as condições de vida dos operários enquanto a crescente produtivi dade da indústria moderna elevou o padrão geral de vida e ao mesmo tempo tendeu a am pliar o âmbito da classe média empregada em trabalhos de escritório em ocupações técnicas e nas profissões liberais Os partidos operários dessa maneira envolveramse mais profunda mente em questões específicas de reforma so cial e surgiram fortes divergências sobre polí tica reformista versus política revolucioná ria ver REFORMISMO REVISIONISMO Na Euro pa Oriental e especialmente na Rússia onde o movimento da classe operária enfrentou um regime autocrático com o agravante de se tratar de um país predominantemente camponês pre valeceu a política mais nitidamente revolucio nária E essa divisão entre dois tipos de orien tação política culminou depois da Revolução Russa em uma divisão formal ente partidos comunistas bolcheviques e partidos socialis tas Em contraste com a Europa o movimento da classe operária nos Estados Unidos depois da primeira década do século quando o socia lismo parecia ser uma força crescente jamais conseguiu firmar um partido operário indepen dente e bem caracterizado de importância na cional diante de várias influências concorren tes dentre as quais as mais freqüentemente apre sentadas eram o padrão de vida relativamente alto o estilo de vida democrático as oportuni dades de mobilidade social e a imigração em grande escala Sombart 1906 Laslett e Lipset 1974 A oposição entre partidos com base na classe chegou ao auge na depressão econômica dos anos 30 Embora essa oposição tenha sido agra vada por antagonismos entre comunistas e so cialistas e não obstante muitas derrotas sofridas durante esse período os partidos da classe ope rária ressurgiram depois de 1945 mais fortes do que nunca em termos de filiação e apoio eleito ral Nas décadas que se seguiram no entanto Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar classe operária 99 mudanças econômicas e sociais modificaram profundamente a situação da classe operária Seu tamanho reduziuse relativamente ao da CLASSE MÉDIA Sua situação econômica melho rou substancialmente em conseqüência de um crescimento econômico prolongado e a uma taxa excepcionalmente alta do pleno emprego e de serviços sociais mais adequados nos novos estados de bemestar Além disso a expres são políticoideológica dos antagonismos de classe foi gradualmente se moderando Alguns dos partidos europeus deixaram de se designar como partidos de classe ou de enfatizar com muita veemência seus objetivos socialistas concentrandose em vez disso em seu compro misso com a ampliação do bemestar social e com a redução por vários meios das desigual dades de riqueza e renda Um fator importante nessa situação foi a reação crítica da maioria dos partidos de classe operária à ditadura política na União Soviética que se estendeu depois da guerra a outros países da Europa Oriental e ao estabelecimento do que foi descrito como sociedades de socialis mo real No decorrer dos anos 50 e 60 a repressão aos levantes populares contra esses regimes produziu internamente crises e cres centes movimentos de dissidência Em outros países observouse um declínio cada vez mais rápido dos partidos comunistas culminando na transformação maciça do Leste europeu no final dos anos 80 e no virtual desaparecimento do comunismo como orientação ideológica ou política de maior importância para a classe operária Nos países industriais avançados a classe operária conforme tradicionalmente concebi da não é mais o que Marx descreveu como a imensa maioria constituindo no máximo 50 da população Alguns cientistas sociais têm afirmado que esses países estão se trans formando ou já se transformaram em grande medida em sociedades de classe média nas quais surgem novos interesses e movimentos sociais e políticos preocupados com ques tões de sexo raça e meio ambiente que cada vez mais vão eclipsando as antigas divisões e conflitos Contra esse ponto de vista no entan to afirmase que ainda existe nos países capi talistas uma nítida estrutura de classes res surgindo no momento em alguns países do Les te europeu que a classe operária continua a ser um amplo e importante elemento nessa estrutu ra e que as divisões e conflitos de classe por mais que tenham sido modificados em sua ex pressão continuam a exercer uma influência preponderante nas doutrinas sociais e na ação política Ver também CLASSE Leitura sugerida Bottomore Tom 1965 1991 Clas ses in Modern Society Goldthorpe J et al 1969 The Affluent Worker in the Class Structure Mallet Serge 1963 La nouvelle classe ouvrière Mann M 1973 Consciousness and Action among the Western Working Class Thompson EP 1963 The Making of the En glish Working Class TOM BOTTOMORE coerção Sempre que um sujeito controla o comportamento de outro por meio da ameaça ou efetiva imposição de dor dano ou perda intolerável existe coerção Um meio de com preender a coerção portanto é através da aná lise das ameaças Uma ameaça pode ser definida como a cria ção ou manutenção por um sujeito a fonte de um incentivo negativo para que algum outro sujeito o alvo se comporte tal como a fonte deseja Conforme assinalou Schelling 1960 contra um alvo racional uma ameaça para ter sucesso precisa ser ao mesmo tempo ade quada as ameaçadas conseqüências da não submissão precisam ser sérias o bastante para superar para o alvo a perspectiva de ganhos com ela e verossímil o alvo precisa ter bons motivos para acreditar que no caso de não submissão as conseqüências ameaçadas irão seguirse A questão é ilustrada nas matrizes de teoria dos jogos ver JOGOS TEORIA DOS cons tantes da ilustração deste verbete Em cada matriz um jogador X escolhe entre as fileiras do Alto A e de Baixo B e o outro Y entre as colunas da Esquerda E e da Direita D Para cada resultado combinação de escolhas as recompensas de X estão no canto inferior esquerdo e as de Y no alto à direita A ordem de jogo é que primeiro X pode ameaçar depois Y deve escolher e final mente X deve escolher Presumese que ambos os jogadores tenham pleno conhecimento dos fatos expostos na matriz Em G1 se Y puder ser induzido a escolher E X pode ganhar três unidades escolhendo A A ameaça de X de escolher B caso Y escolha D seria ao mesmo tempo adequada uma vez que a recompensa de Y por BD é menor que por AE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 100 coerção e verossímil uma vez que a recompensa de X por BD é maior do que por AD Schelling chama isso de advertência Em G2 no entan to apesar de a ameaça de X continuar sendo adequada Y continua saindose melhor em AE do que em BD sua credibilidade fica em dúvi da uma vez que X agora faria melhor não implementando em AD do que implementan do em BD Schelling aponta três expedientes através dos quais numa situação G2 uma fonte pode ter a esperança de firmar a credibilidade de uma ameaça colocando a implementação fora do seu controle por exemplo ameaçar ladrões com danos físicos instalando um cão de guarda feroz cultivando a fama de irresponsável a racionalidade da irracionalidade ou de sem pre cumprir suas ameaças de qualquer maneira e reduzindo sua própria recompensa pela não implementação neste caso a recompensa de X para AD de 1 para digamos 1 ou assumindo o compromisso jurídico de pagar uma soma a um terceiro nesse caso ou maximizando o descrédito resultante O preço dessa credibilidade no entanto é a rigidez X agora tem menos capacidade de se ajustar a circunstâncias imprevistas Na vida real conforme destacou Lieberman 1964 uma ameaça pode ser ao mesmo tempo adequa da e verossímil e mesmo assim desaconselhada por dois tipos de motivos Primeiro os alvos de ameaças podem não conseguir reagir racional mente devido ao estresse à falta de informação ou à incompetência burocrática e ao fato de a coerção poder provocar ressentimentos ou tor nar mais atraente o fruto proibido Em segundo lugar se o poder pode ser en carado como definiu Deutsch 1963 p111 como a possibilidade de se permitir não apren der a coerção do ponto de vista da fonte é a recusa a aprender Ao impor toda a carga de ajuste e de mudança de objetivos ao alvo a fonte coerciva pode estar com isso negandose uma informação que por revelar como ela pre cisa ajustar suas metas ou programas de ação pode em última análise ser essencial a sua so brevivência Assim como conclui Gurr 1970 baseado em um importante estudo das rebe liões os incrementos da VIOLÊNCIA política não são geralmente atribuíveis ao enfraquecimen to do controle coercivo Além disso mesmo que a implacável repressão à dissidência evi tasse a rebelião um governo poderia com isso perder a legitimidade e com ela a capacidade de mobilizar o espírito comunitário de seus súditos De acordo com recentes estudos feitos por Robert Axerold 1984 e Michael Taylor 1987 com a aplicação da teoria dos jogos a coerção pode não ser necessária para garantir a paz e manter um mínimo de cooperação entre os membros de um grupo social mesmo presu mindose que eles sejam e continuem sendo totalmente voltados para seus próprios interes ses Se esses estudos se confirmassem o apara to coercivo doméstico em que praticamente todos os estados em alguma medida se apóiam poderia em princípio ser abolido Y E Esquerda D Direita 1 3 A Alto AE AD X 3 1 0 0 B Baixo BE BD 2 2 G1 Y E Esquerda D Direita 1 3 A Alto AE AD X 3 1 0 0 B Baixo BE BD 0 0 G2 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar coerção 101 Ver também PODER Leitura sugerida Gurr TR 1970 Why Men Rebel Liebermann EJ 1964 Threat and assurance in the conduct of conflict In International Conflict and Be havioural Science org por R Fisher Pennock JR e Chapman JW orgs 1972 Coercion Schelling TC 1960 The Strategy of Conflict Taylor M 1987 The Possibility of Cooperation RODERICK C OGLEY cognição Ver CIÊNCIAS COGNITIVAS colonialismo Esta palavra veio a designar a ocupação pela força e a longo prazo por parte de um país metropolitano de qualquer território fora da Europa ou dos Estados Unidos A conquista territorial inspirada por uma grande variedade de motivos parece atravessar toda a história onde quer que tenha havido povos acima de um nível mínimo de sofis ticação Mas foram os modernos europeus que levaram mais longe essa prática Em meados do século XIX a maior parte do Novo Mundo já se desvencilhara do seu domínio Este contudo havia sido imposto a grande parte da Ásia acima de tudo sobre a Índia a maior de todas as colônias e em segundo lugar sobre as Filipi nas pela Espanha sobre a Indonésia pela Ho landa e sobre a Sibéria pela Rússia O período de 1870 a 1914 costuma ser cha mado de era do imperialismo Nele a busca de colônias atingiu o clímax Exemplo a des tacar foi a disputa ferrenha pela África dentro das orientações ajustadas na Conferência de Berlim em 1884 Entre os antigos caçadores de tesouros a GrãBretanha ocupou a Malásia e o que restou da Birmânia além de grande parte da África O entusiasmo pelo império atingiu o seu auge histérico na Guerra dos Bôeres de 18991902 O poder da França expandiuse no Norte da África e na Indochina Expedições portuguesas forçavam para o interior seus anti gos domínios coloniais nas costas de Angola e Moçambique Entre os recémchegados esta vam a Alemanha em atividade na África e no Pacífico e a Itália no Leste e Norte da África A modernização japonesa foi acompanhada por uma emulação precoce do colonialismo ociden tal em 18945 a China foi derrotada e Taiwan anexada Os Estados Unidos ampliados por guerras contínuas contra os ameríndios e pela tomada de amplos territórios ao México em 1899 armaram uma disputa com a Espanha e entraram no cenário mundial anexando as Fili pinas e Porto Rico e transformando Cuba em protetorado A competição por colônias havia sido a cau sa de muitas guerras nos séculos XVII e XVIII e começou mais uma vez a se intensificar de forma perigosa Em 19045 o Japão derrotou a Rússia numa guerra pela Mandchúria A toma da da Líbia pela Itália em 1911 levou a uma guerra com a Turquia Em 1914 a Primeira Guerra Mundial foi deflagrada em parte devido a ambições coloniais Ela proporcionou novas aquisições aos vencedores que tomaram as possessões alemãs e turcas nominalmente co mo mandatos a serem supervisionados pela nova Liga das Nações Nos anos 30 a Itália invadiu a Etiópia e o Japão tendo ocupado a Mandchúria lançouse numa tentativa maciça de subjugar todo o resto da China Foram apresentadas inúmeras teorias na época e posteriormente buscando explicar por que as nações industrializadas buscavam colô nias de forma tão febril A mais famosa foi a proposta por Lenin durante a Primeira Guerra Mundial Boa parte dessa teoria foi extraída do economista liberal inglês JA Hobson que es crevera sob as impressões recentes da Guerra dos Bôeres Muito do restante foi tirado do livro Capital financeiro do economista austríaco Rudolf Hilferding publicado em 1910 Segun do o pensamento desses homens nesse estágio tardio da evolução capitalista o controle do capital estava se concentrando cada vez mais em poucas mãos o que deixava muito pouco poder de compra no mercado interno para os bens que podiam ser produzidos Devido a essa baixa de consumo o capital começava a ser exportado em vez de investido no seu próprio país e em regiões subdesenvolvidas que po diam conter valiosas matériasprimas esse ca pital precisava da proteção de um governo co lonial Na verdade porém a maior parte do capital mesmo no caso do maior de todos os exportadores a GrãBretanha se dirigia não para as colônias mas para outros países indus triais principalmente os Estados Unidos Na realidade não pode haver uma única explicação Em casos particulares grande parte do expansionismo pode remontar ao desejo de destaque de funcionários de fronteira ou de gente do exército ou a interesses comerciais especiais Os governos podiam sempre contar com os sucessos coloniais a fim de impressionar tanto os estrangeiros quanto seus próprios elei Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 102 cognição tores Território era algo que geralmente consi deravase útil possuir por motivos estratégicos Nesse ponto os britânicos com suas possessões e suas esferas de interesses em todo o mundo chegaram primeiro Quiseram o Egito em par te para proteger seu caminho para a Índia e o Afeganistão a fim de fechar uma porta para a Índia contra os russos Os custos militares po diam ser elevados mas uma vez na posição de ocupação os invasores poderiam ampliar seus efetivos militares a baixo custo recrutando sol dados nativos de classes ou grupos étnicos convenientes e empregandoos em tarefas po liciais ou para novas conquistas O enorme exército indiano comandado por oficiais bri tânicos foi utilizado em grande número de campanhas fora da Índia à custa do contri buinte indiano Alguns governos coloniais re correram ao contrário dos britânicos ao recru tamento em suas próprias fileiras de tropas nativas De fato para os franceses intensa mente conscientes depois de 1870 de sua infe rioridade numérica frente aos alemães uma reserva de efetivos humanos coloniais à sua disposição podia ser encarada como uma das recompensas principais do império No fundo os motivos do colonialismo eram econômicos As fábricas precisavam de maté riasprimas e os produtos de mercados O co mércio ampliouse principalmente entre países industriais mas houve uma intensificação da competição à medida que a industrialização se disseminou e as pesadas tarifas protecionistas ameaçavam fechar muitos mercados compra dores Em suas próprias colônias uma compa nhia britânica podia esperar uma posição prefe rencial e uma companhia francesa uma posição monopolista A maioria das colônias pode ter significado uma perda líquida para as econo mias nacionais mas havia sempre alguém que lucrava O imenso império da GrãBretanha sem dúvida proporcionou lucros gigantescos em grande parte de um tipo parasitário que pode ter tido o efeito negativo de desviar a economia da atividade produtiva As expor tações indianas de ópio chá e juta proporciona ram à GrãBretanha uma posição favorável na balança comercial em vez de um déficit Na GrãBretanha como em outros centros os lucros iam principalmente para a bolsa de valores as empresas o serviço público e o serviço militar Outra afirmativa de Lenin foi que algumas migalhas do banquete acaba vam chegando aos estratos mais privilegiados das classes operárias e ao aumentarlhes o pa drão de vida reconciliavaas com o domínio capitalista O que pode ter sido mais importante foi a capacidade dos empregadores de dizer aos operários que estavam vivendo melhor porque dispunham de colônias e não porque dispu nham de sindicatos O Império Britânico além disso era singular se descontarmos a Sibéria na posse de vastas áreas como o Canadá e a Austrália adequadas à colonização branca Elas ofereciam uma vida melhor a emigrantes pobres e esse foi com certeza um forte motivo para a popularidade do império Muito pouca gente do povo ligava para a Índia ou a África negra A propaganda italiana valorizou muito as oportunidades de colonização pelos campo neses pobres que a Etiópia era capaz de ofere cer Até uma fase bem avançada deste século a estrutura social da Europa e a da GrãBretanha em particular ainda produzia inúmeros homens para quem a administração colonial era uma ati vidade natural Eram recrutados especialmente entre os filhos mais jovens da pequena nobre za fundiária uma classe que podia alegar um dom natural para governar nativos pois sempre estivera acostumada a governar seus próprios camponeses A Inglaterra entrou no século XX com o seu campo ainda surpreendentemente feudal embora economicamente capitalista Não havia uma classe análoga a essa nos Es tados Unidos e por conseqüência era menor a disposição para o domínio colonial direto Os oficiais dos exércitos europeus que conquis tavam e ocupavam as colônias com suas guar nições eram recrutados nas mesmas fontes Em países com a Índia com razoável grau de alfa betização era fácil encontrar os assistentes in dispensáveis para dirigir a administração tanto quanto recrutar soldados Muito se ouviu falar sobre a missão civili zadora do homem branco e houve certa deter minação intermitente de varrer os métodos anti gos e ruins bem como de modernizar tudo Não demorou muito e isso deu lugar à preferência pelo governo indireto através de instituições nativas e métodos familiares ao povo Inovação demais era algo que podia ser julgado deses tabilizador e arriscado Na Índia o motim de 1857 poderia de forma plausível ser atribuído a isso e depois dele foi abandonada a explora ção de governantes nativos em vez disso pas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar colonialismo 103 saram a ser tratados como sócios minoritários sujeitos a um mínimo de inspeção Um quarto da população foi deixado ao critério desses governantes geralmente nada esclarecidos As relações com as classes fundiárias semifeudais reminiscentes de épocas anteriores ao domínio britânico ou com as que em algumas províncias foram por ele criadas tornouse cada vez mais cordial em detrimento dos que lavravam o solo mantidos sob forte pressão Em Java os holan deses também entraram em sociedade com os herdeiros da antiga aristocracia Nas Filipinas os norteamericanos fizeram mais ou menos a mesma coisa Um defensor francês de métodos semelhantes foi o marechal LH Lyautey go vernadorgeral do Marrocos de 1912 a 1925 Católico conservador sabia dar valor à conve niência do conservadorismo islâmico e enten dia os riscos que poderia correr por perturbálo No Marrocos na Indochina na Ásia central russa as velhas monarquias eram apoiadas e mantidas como testasdeferro Na África to dos os regimes europeus utilizaram chefes tribais muitos deles sem nenhum direito autên tico a semelhante posto mas apenas colocados nessa posição pelos funcionários distritais a fim de desempenhar o papel adequado Essa estratégia foi muito mal recebida pelos africanos e asiáticos inteligentes que em vez disso queriam modernização e pelos europeus que esperavam por mudanças benéficas Um deles foi Karl Marx Este afirmou que a tomada de colônias originavase de nada mais que uma ganância brutal mas poderia causar um choque necessário ainda que doloroso a sociedades mergulhadas durante muito tempo num absolu to torpor e impulsionálas ao progresso O sen timento nacionalista leva muitos asiáticos e africanos hoje em dia a negar essa necessidade e a afirmar de forma questionável que seus países teriam sido perfeitamente capazes de progredir por conta própria com pequenos empréstimos da Europa exatamente como fez o Japão Um rebento tardio do marxismo a teoria da dependência vai bem mais além afirmando de forma ainda menos convincen te que os países afroasiáticos só se tornaram atrasados e pobres quando se viram reduzidos a colônias Foi saqueandoos que a Europa con seguiu acumular capital industrializarse e for jar seu progresso Exceto em momentos de entusiasmo geral mente durante uma campanha de conquista poucos europeus se interessavam pelas ques tões das colônias e os funcionários e empresá rios ficavam livres para agir Católicos e socia listas uniramse certa ocasião para promover algumas melhorias nas colônias africanas da Alemanha Um protesto internacional contra as atrocidades perpetradas no Congo colônia par ticular do rei Leopoldo levaram a sua tomada em 1908 pelo governo belga Em termos polí ticos gerais o imperialismo era firmemente apoiado pelos partidos de direita e com menos fervor pelos liberais Os comunistas eram for temente contrários Outros socialistas vacila vam e como o Partido Trabalhista na GrãBre tanha criticavamno sem muito entusiasmo quando o faziam Os efeitos do colonialismo variavam de acordo com circunstâncias locais e anteceden tes históricos Os governos coloniais encer ravam o tumulto que às vezes predominava e se orgulhavam de seu papel de guardiães da or dem Essa ordem em geral podia não significar muito mais que um governo policial especial mente para as populações mais pobres e as leis ocidentais não eram adequadas às sociedades sobre as quais eram impostas Ainda assim o princípio da justiça imparcial da supremacia impessoal da lei foi uma inovação valiosa O mesmo ainda que não em todos os aspectos pode ser dito com relação ao advento pela primeira vez na história não européia de um corpo de advogados profissionais dispostos e capazes de assumir processos contra o governo Com maior freqüência o desenvolvimento econômico era deixado de lado Isso era previ sível no caso da GrãBretanha cujo governo sentia igualmente pouca responsabilidade por esse aspecto em seu próprio país Na Índia e no Egito sua melhor realização foi a irrigação o que afinal de contas foi feito em causa própria pois a renda fundiária representou durante mui to tempo o seu principal esteio A GrãBretanha construiu uma considerável infraestrutura de estradas ferrovias e meios de comunicação Fez pela saúde o suficiente para dar início à redução das epidemias que antes mantinham o crescimento da população dentro de limites rígidos Só muito tarde pensou em organizar algum sistema eficaz de combate à fome Os nacionalistas podiam acusála de empobrecer os camponeses e de atrasar a indústria em vez de fomentála em favor das exportações britâ nicas As importações fabris também eram cul Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 104 colonialismo padas por paralisar o artesanato nativo e dis seminar o desemprego A Segunda Guerra Mundial representou um golpe mortal para o colonialismo A Itália e o Japão foram postos fora de combate A Grã Bretanha ficou desgastada pelo esforço exces sivo e seu povo sem a menor disposição para continuar lutando Com uma obstinação insen sata a Holanda a França e Portugal continua ram durante anos tentando agarrarse a suas possessões sob o capcioso pretexto da Guerra Fria da luta contra o comunismo No que dizia respeito aos reais interesses econômicos os soldados e oficiais brancos haviamse tornado supérfluos Os povos coloniais ou de qualquer maneira as elites que vinham surgindo foram se acostumando ao seu novo lugar em um mun do que pertencia na maior parte a um grande e único complexo e queriam aproveitar isso ao máximo A descolonização era a escolha racio nal e foi calorosamente apoiada pelos Estados Unidos Desde que entrou no mercado mundial como exportador de produtos industriais na década de 1890 a América do Norte pregava a idéia das portas abertas Agora achava que chegara o momento de desmantelar os impé rios com suas barreiras e restrições deixando todos os mercados livres para serem tomados pelo competidor mais forte ela própria A descolonização deixou a verdadeira in dependência como um objetivo ainda distante Na economia mundial em que as excolônias se viram tragadas a maior parte delas não poderia ter senão uma posição fraca e vulnerável O domínio imperial foi substituído por um neo colonialismo que sujeitava o mais fraco ao mais forte através de relações econômicas desi guais Essas relações sempre existiram de bra ços dados com o controle político e militar direto Boa parte da América Latina no século XIX fora dominada financeiramente pela Euro pa cujo império informal naquele continente agora estava sendo tomado pelos Estados Uni dos A China foi apenas o maior de um grande número de países geralmente chamados de se micolônias até que a revolução comunista pôs fim à sua subserviência ao Ocidente As semi colônias e a Pérsia era uma às vezes se saíam pior do que as colônias na opinião de muitos observadores Poucos dos países agora nominalmente li vres possuíam uma liderança respeitável Mui tos deles não demoraram a cair sob o controle de ditadores facilmente manipulados de fora O capitalismo mundial ao contrário tornouse mais poderosamente organizado com o surgi mento das corporações multinacionais e da hegemonia norteamericana do que em seu pas sado dividido Todos os novos países mesmo sendo ricos em recursos como a Indonésia precisavam de empréstimos investimentos ajuda de todos os tipos A Ajuda direta ou através de instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional era algo que podia ser usado para ditar as políticas econômi cas Os governos que não se mostravam dispos tos a um alinhamento podiam como regra ser afastados ou na linguagem oficial norteameri cana desestabilizados sem muita dificulda de Dois exemplos foram o de Mossadeque no Irã em 1953 e o de Allende no Chile em 1973 Esses dois líderes pagaram com a vida por sua atitude recalcitrante No quintal caribenho dos Estados Unidos continuava o que fora cha mado de diplomacia das canhoneiras Em alguns poucos países em especial na Coréia do Sul e em Taiwan e durante alguns anos no Brasil a tecnologia e os investimentos estrangeiros associados ao governo de dita dores apoiados pelos Estados Unidos propor cionaram um crescimento industrial notável embora a parte dos trabalhadores nos lucros tenha sido pequena Em toda parte os bancos ocidentais fizeram empréstimos em escala pro digiosa a países em desenvolvimento A maioria dos tomadores descobriu ser difícil alguns descobriram ser impossível manter os pagamentos dos juros e certos empréstimos tiveram de ser anulados O abismo entre países avançados e atrasados está se ampliando em vez de se estreitar O neocolonialismo é danoso aos países pobres se beneficia os países ricos de alguma forma real é algo sujeito a grande dúvida Não faz muito tempo que os impérios eram considerados vitais para a prosperidade dos que os detinham e no entanto a Europa apesar de os ter perdido está mais próspera do que nunca Ver também MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO CO LONIAL PANAFRICANISMO PANARABISMO Leitura sugerida Bull Hedley e Watson Adam orgs 1984 The Expansion of International Society Ethe rington Norman 1984 Theories of Imperialism War Conquest and Capital Fieldhouse DK 1966 The Colonial Empires a Comparative Survey from the Eighteenth Century Gopal S 1965 British Policy in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar colonialismo 105 India 18581905 Hobsbawn EJ 1987 The Age of Empire 18751914 Hobson JA 1902 1968 Impe rialism a Study Magnus Philip 1958 1968 Kitche ner Portrait of an Imperialist Mommsen Wolfgang J e Osterhammel Jürgen orgs 1986 Imperialism and After Continuities and Discontinuities Pomeroy WJ 1970 American NeoColonialism its Emergence in the Philippines and Asia Thornton AP 1978 Im perialism in the Twentieth Century VG KIERNAM comparada sociologia Ver SOCIOLOGIA COM PARADA competição O verbo competir indica ati vidade rival ente dois ou mais indivíduos ou grupos Competir significa superar o outro co mo em um evento esportivo Na terminologia econômica no entanto competição é uma palavra que não pode ser definida de forma tão pouco ambígua O corpo predominante do pensamento econômico no século XX veio a definir a competição não como uma atividade mas como um estado de coisas existente em um mercado idealizado o modelo da concorrência perfeita Por outro lado tem havido por todo o decorrer do século XX vozes dissidentes abrangendo todo o es pectro ideológico insatisfeitas com essa defi nição estática e idealizada e que buscam explo rar melhor os processos efetivos de competição dinâmica que ocorrem no mercado Escassez e racionamento A competição é um resultado inevitável da escassez Isso não foi bem compreendido na história das idéias porque o conceito de escas sez foi mesclado com o de riqueza ou abun dância material pela maior parte dos pensadores do século XIX Escassez de fato significa sim plesmente a falta do suprimento adequado de um bem mas também algo mais fundamental Escassez é um conceito lógico não relacionado à riqueza que diz respeito à passagem do tempo e à necessidade de escolha Não podemos fazer tudo de uma só vez por isso devemos escolher A análise econômica ocupase das conseqüên cias dessas escolhas Em resultado da escassez os indivíduos pre cisam estabelecer prioridades e racionar o seu tempo de forma correspondente a poder reali zálas Da mesma forma o sistema social de produção e distribuição deve ter como premissa algum mecanismo de racionamento para en frentar a escassez inexorável que nos confronta seja esse mecanismo preços voto beleza ou qualquer outro e para ajudar na alocação de recursos A competição não pode ser eliminada pode ser apenas transformada Numa economia pura de mercado a compe tição coordena as decisões econômicas pelo racionamento através dos preços Um preço alto demais para o mercado atual leva a excessos de estoque indesejáveis e a uma pressão para bai xo enquanto um preço baixo demais produz filas e pressão para cima A subida ativa do preço quando a demanda supera a oferta bem como a descida quando a oferta supera a deman da serve para alocar recursos de maneira efeti va através do ajuste dos mercados A concor rência de preços coloca em coordenação os fornecedores e os consumidores mais bem dis postos de determinado bem Os preços coordenam a multidão de planos isolados que formam o mercado ao informar os agentes econômicos sobre a situação das con dições de mercado existentes e o sucesso ou fracasso de seus planos anteriores Os preços executam essa tarefa fornecendo incentivos e conhecimento aos participantes do mercado O preço de qualquer bem é o reflexo da relativa escassez desse bem em relação a outros Se o preço é alto isso representa para os partici pantes do mercado um sinal de que o bem particular em questão está relativamente escas so e deve ser economizado Por outro lado o preço baixo de um bem indica sua relativa abundância Dessa maneira os que são res ponsáveis pela tomada de decisões na economia recebem informações a respeito das atuais con dições do mercado a partir dos sinais repre sentados pelos preços e isso os ajuda em suas escolhas Os preços também fornecem informações a respeito da justificativa econômica de decisões passadas Comprar barato e vender caro é re compensado enquanto comprar caro e vender barato é penalizado O sistema de perdas e ganhos é um mecanismo de aprendizado atra vés do qual o erro sistemático pode vir a ser eliminado Além dessas funções os preços ser vem também como pano de fundo contra o qual os indivíduos descobrem meios de dispor ou redispor os recursos de modos mais eficazes para a satisfação de objetivos A discrepância entre a atual formação dos preços e sua imagi nada formação futura estimula a busca empre sarial do lucro puro Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 106 comparada sociologia Essas percepções do modo como funcionam os processos do mercado competitivo foi obs curecida na economia do século XX com o desenvolvimento do conceito de concorrência perfeita e de equilíbrio geral Concorrência perfeita Os economistas neoclássicos encantados com os métodos da física desenvolveram um modelo altamente refinado de competição idea lizada chamado de concorrência perfeita Os pressupostos cruciais desse modelo de compe tição sem fricção incluem um número infi nito de compradores e vendedores de forma a que nenhum comprador ou vendedor possua qualquer grau significativo de força de merca do informação completa a respeito de utili zações alternativas mobilidade de recursos sem custos e produto homogêneo A conse qüência de semelhante estado de coisas seria o preço de qualquer bem é considerado como dado e não como uma decisão variável por parte dos produtores tomada de preço o preço re fletiria plenamente o custo de oportunidade de produção custo marginal dos preços e lucros econômicos zero levar a produção a um nível de resultados que minimize o seu custo médio Nessas condições e com esses resultados afir mouse a alocação de recursos poderia ser cha mada de ótima isto é seria alcançada a eficiên cia de alocação Nenhuma das partes poderia sairse melhor sem simultaneamente deixar al guma outra pior Em outras palavras todos os lucros a serem obtidos do intercâmbio seriam exauridos em um equilíbrio competitivo Esse modelo levou ao desenvolvimento do paradigma estruturacondutadesempe nho na economia industrial Presumiase que a estrutura de mercado fosse perfeitamente competitiva ou monopolista Se uma empresa estava em situação competitiva ou monopo lista era algo que podia ser medido pela par ticipação no mercado uma vez que sob concorrência perfeita nenhuma empresa pos suiria qualquer poder significativo no merca do Os índices de concentração poderiam ser usados para medir a extensão de poder de mercado Uma firma que possuísse uma quo ta muito grande do mercado poderia ser considerada monopolista Ademais a conduta de preços da firma po deria ser deduzida a partir da estrutura do mer cado Em uma indústria competitiva uma firma seria forçada pela lógica do modelo a estabele cer preço igual ao custo marginal Por outro lado numa situação monopolista a firma seria capaz de restringir a produção e elevar o preço acima do custo marginal Por conseqüência em uma situação competitiva o desempenho da indústria poderia ser designado de ótimo en quanto que em condições monopolistas o de sempenho seria subótimo Esse paradigma de economia industrial justificou grande parte do ajuste econômico da indústria pelo governo como a lei antitrustes no século XX O paradigma predominante porém apre sentava sérias desvantagens Desde confusões básicas sobre definição do mercado relevante nacional ou internacional até sérias dificul dades analíticas para explicar os modos de fun cionamento do processo de mercado competi tivo em tudo isso o paradigma estruturacon dutadesempenho foi considerado insuficiente Por exemplo se todos tratassem o preço como parâmetro como os preços mudariam para re gular o mercado Além disso o modelo conti nha o sério dilema de que numa situação de conhecimento perfeito uma oportunidade de lucro conhecida de todos é na verdade conheci da por ninguém de forma que ninguém teria estímulo algum a buscar oportunidade de lucro e assim a lógica do modelo de ajuste no mercado desaparece O modelo básico de equilíbrio competitivo descobriuse não po dia sequer explicar a existência de empresas ou o uso do dinheiro quanto mais esclarecer fenômenos como publicidade diferenciação de produtos fidelidade à marca práticas con tratuais e assim por diante Como recurso analítico positivo para explicar o funciona mento de uma economia pura de mercado o modelo do equilíbrio competitivo geral não foi de muita ajuda Esse modelo de concorrência perfeita na melhor das hipóteses poderia servir apenas como construção imaginária que pelo método do contraste poderia ajudarnos a lançar algu ma luz sobre o mundo real da incerteza e do tempo Em outras palavras estudando um mun do sem mudança podemos conseguir compre ender as dificuldades que a mudança introduz na vida econômica Infelizmente a corrente predominante do pensamento econômico enca rou esse modelo de maneira muito mais concre ta e descritiva Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar competição 107 A contrarevolução O desenvolvimento do modelo de concor rência monopolista forneceu a primeira crítica iminente do modelo de concorrência perfeita O modelo de concorrência perfeita não era ca paz de explicar a existência da diferenciação de produtos que efetivamente se encontra nos mer cados O modelo de competição monopolista conseguia Mas outras questões persistiam tais como o papel dos direitos de propriedade e das instituições de contrato Os economistas come çaram a reconhecer que o problema essencial com o monopólio não era a capacidade de es tabelecer preço acima do custo marginal mas a barreira ao acesso o que permitia essas práticas artificialmente restritivas Os economistas não possuem uma teoria positiva do monopólio mas sim uma teoria normativa dos direitos de propriedade O desenvolvimento de uma abordagem de direitos de propriedade para a economia in dustrial mudou o foco da análise retirandoo das condições de equilíbrio competitivo e de volvendoo à discussão dos economistas clás sicos sobre o processo do mercado dinâmico dentro de diferentes contextos institucionais Em resultado o comportamento rival de in divíduos e firmas dentro dos processos econô micos voltou a receber atenção A competição em vez de ser um estado de coisas mensurado pela participação do mercado e por supostas condições de equilíbrio é um processo ativo de aprender como melhor dispor e redispor recur sos para satisfazer de forma mais eficiente os fins procurados A competição dentro de um ambiente ins titucional de propriedade privada é um proce dimento de descoberta que gera tanto incenti vos quanto conhecimento para a efetiva aloca ção de recursos Talvez a propriedade mais importante do processo do mercado competiti vo seja a sua capacidade de revelar erros e fornecer o incentivo e o conhecimento para que os indivíduos corrijam equívocos passados Es sa propriedade de detectar e corrigir erros do mercado competitivo é a característica vital do sistema para a promoção da prosperidade eco nômica Ver também EMPRESARIAL FUNÇÃO ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO SOCIALISTA CÁLCULO e SOCIEDADE DE CONSUMO Leitura sugerida Armentano DT 1982 Antitrust and Monopoly Brozen Y 1982 Concentration Mer gers and Public Policy Demsetz H 1982 Barries to entry American Economic Review 72 4757 Hayeck FA 1948 The meaning of competition In Individualism and Economic Order Ο 1978 Com petition as a discovery procedure In New Studies in Philosophy Politics Economics and the History of Ideas Kirzner I 1973 Competition and Entrepre neurship McNaulty P 1967 A note on the history of perfect competition Journal of Political Economy 75 3959 Ο 1968 Economic theory and the meaning of competition Quarterly Journal of Economics 82 639 56 Stigler GJ 1965 Essays in the History of Econo mics Ο 1968 The Organization of Industry PETER J BOETTKE comportamentalismo Conhecida mundial mente pelo seu nome mundial behaviourism essa tem sido a escola de pensamento predomi nante na PSICOLOGIA acadêmica desde a publi cação da obras clássica de JB Watson Beha viourism em 1924 Poucos psicólogos desde essa época têmse mostrado dispostos a aceitar sua teoria sem reservas A maioria no entanto sempre concordou com os aspectos gerais da sua posição Ele afirma que 1 os eventos mentais não podem cons tituir os dados de uma ciência respeitá vel sendo o objeto adequado do estudo psicológico o comportamento e não o pensamento ou o sentimento 2 todo comportamento é o efeito de um reforço ou consolidação isto é a reação a um estímulo é a conseqüência da repe tida coincidência da reação com uma recompensa ou castigo 3 as técnicas experimentais em psicologia permitemnos manipular o comporta mento no sentido de fins socialmente aprovados Uma vez que todo compor tamento é de qualquer forma condicio nado a objeção ao condicionamento em oposição à persuasão racional não procede A escola comportamentalista surgiu em pri meiro lugar como protesto contra a situação insatisfatória da psicologia na virada do século Wilhelm Wundt Edward Tiechener e William James supunham que a psicologia estudava os eventos mentais por meio da introspecção Es se processo era notoriamente destituído de fide dignidade faltandolhe os meios de replicar as descobertas relatadas Era anátema para uma geração orientada por uma concepção da ciên Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 108 comportamentalismo cia extraída de Ernst Mach e que sentia inveja de cientistas mundialmente aclamados por seus sucessos na previsão de eventos no mundo físi co Os movimentos corporais em contraste pareciam satisfazer a exigência científica de dados confiáveis A pressuposição de que o comportamento é sempre uma reação a estímu los reforçados forneceu as condições para ex periências controladas Até agora portanto o comportamentalismo é o ponto de vista da pró pria psicologia experimental Watson no entanto foi mais longe Em Chi cago estudara com Jacques Loeb famoso por sua afirmação de ter criado vida num tubo de ensaio e que pensava a ciência como um meio de controlar e mudar a natureza Watson parti cipava desse ponto de vista e com seu aluno BF Skinner 1938 1959 1971 tornou popu lar uma imagem do comportamentalismo como receita para resolver as ansiedades individuais e o males do mundo Onde psicólogos como Clark L Hull e EC Tolman encaravam o es tímuloreação ER como técnica para refinar nossa concepção do aparato mental ou fisioló gico que eles supunham devia mediar entre um estímulo e uma reação Skinner encara o reforço como recurso utilizado pelo experimentador para induzir comportamento Esse ponto de vista poderia ser chamado de comportamentalismo ideológico de vez que acarreta uma concepção de comportamento for mada a partir de fins escolhidos para a ação Tal concepção exige a linguagem do desempenho bem ou malsucedido e não apenas a descrição neutra de movimentos corporais normalmente encarada como o fundamento científico da teo ria psicológica Definir o comportamento para atender à exigência de dados é um problema para o comportamentalismo em geral A expe riência clássica do labirinto constróise sobre a pressuposição de que um sujeito há de se sentir gratificado por chegar à recompensa e resolverá o labirinto com maior rapidez em novas tenta tivas O comportamento do sujeito não será descrito de forma mais exata se for analisado em suas unidades A estratégia experimental sempre presume que o sujeito está buscando a recompensa Mas nesse ponto não fica evi dente por que não podemos dizer diretamente que o sujeito quer a recompensa e sabe como encontrála Grande parte da energia dedicada a expe riências de labirinto teve o objetivo menos am bicioso de chegar a um registro de números Por exemplo a taxa de aprendizado Se esses resul tados têm implicações importantes para nossa compreensão do comportamento e da estrutura dos organismos é algo que pode em si ser questionado As experiências de taxa de apren dizado nem implicam nem excluem eventos íntimos Nem exigem descrição em termos de movimentos corporais Aprender é uma realiza ção é dado experimental Comportamento nesse contexto é o que organismos fazem e não meramente como se movem As fortes alega ções de Skinner sobre a eficiência na mudança de comportamento com o emprego de métodos expurgados de conteúdo mental parecem entrar em confronto com sua igualmente forte alega ção de que dado um controle suficiente sobre um organismo podemos leválo a fazer prati camente tudo que quisermos Cães caminhando sobre as patas traseiras golfinhos pulando atra vés de anéis de fogo soldados marchando para a batalha atestam a possibilidade do controle Mas uma descrição dos métodos de condicio namento parece acarretar certa referência aos fins intenções e motivos pelo menos do expe rimentador Se assim for elas acarretam tam bém uma descrição dos organismos como exe cutando e não meramente exibindo movimen tos físicos Muitos dos críticos de Skinner têmse opos to a seus pontos de vista por motivos morais e políticos Ele reduz a motivação humana se gundo dizem à forma mais simplista de hedo nismo Defende o reforço positivo recompen sas em vez de castigos não porque seja melhor ser bom mas porque de acordo com seu ponto de vista esse é um método de manipulação mais eficaz Suas alegações de eficiência são além do mais exageradas As reações vão sumindo com o decorrer do tempo extinção e assim requerem freqüentes sessões de recondiciona mento É claro que hábitos que se extinguem podem ser explicados teoricamente mas como método de política social o condicionamento iria onerar a sociedade com custos tremendos Críticas desses tipos são importantes apesar de se concentrarem talvez de modo demasiado exclusivo na obra polêmica de Skinner Não obstante elas revelam que grande parte da psi cologia experimental é voltada para os fins o que invalida a alegação de haver descrito o comportamento sem recorrer à linguagem do motivo do propósito e da ação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar comportamentalismo 109 Expurgar a linguagem psicológica da lin guagem intencional e mentalista foi conforme vimos uma reação às afirmações inverificáveis dos introspeccionistas Essa reação assumiu duas formas Comportamentalistas radicais co mo Watson e Skinner negavam a existência ou pelo menos a significação de eventos descober tos através da introspecção Assumindo que qualquer uso de conversa intencional ou mental envolvia o que falava no processo desacredita do da introspecção foram levados a negar que alguma coisa intervenha entre o estímulo e a reação Qualquer referência a impulsos moti vos ou percepção consciente é redutível à lin guagem ER Skinner assim é levado a excluir a explicação fisiológica a qual desde os tem pos de Pavlov 1927 forneceu um ímpeto im portante ao desenvolvimento de métodos com portamentalistas A obra de Hebb 1949 é um exemplo instrutivo Os fisiólogos requerem meios refinados para descrever o movimento corporal a fim de extrair inferências a respeito da estrutura e função do sistema nervoso Outros psicólogos como Hull 1943 e Tol man 1958 supunham que a identificação pre cisa de estímulo e reação era necessária para chegar aos processos interiores que os intros peccionistas observaram de modo imperfeito Seus pontos de vista receberam estímulo da visão predominante de que em ciência se pos tulam construtos hipotéticos ou variáveis intervenientes a partir dos quais a prova expe rimental se segue logicamente e por meios dos quais novos eventos podem ser previstos Para alguns os modelos não se referem a eventos ou estruturas reais mas são apenas recursos heurísticos para fazer previsões Para outros a descrição exata do processo de aprendizado era justificada com o argumento de que nos pode dar mapas mais precisos da mente por exem plo Tolman O conceito de impulso desempe nha um papel central em todas as teorias desse tipo A força impulsionadora segundo se diz facilita a previsão Skinner é claro argumenta ria que não existe diferença entre o impulso e a súmula de respostas Ele também apóia as afirmações a respeito de processos interiores cuja natureza porém permanece problemática Já não é mais tão claro quanto pode ter parecido por volta de 1950 que o comportamen talismo psicológico contribuiu muito para a nossa compreensão do comportamento dos or ganismos Alguns dos motivos de ceticismo se destacaram A crítica de alcance mais profundo baseiase na obra de Wittgenstein 1953 e Ryle 1949 que foram eles próprios descritos como comportamentalistas uma vez que concordam em que a introspecção não é o meio apropriado de acesso à mente Wittgenstein afirma que não podemos ter certeza de estarmos aplicando cor retamente um termo a experiências particu lares Assim nossa conversa sobre pensamen tos e sentimentos não pode logicamente repre sentar uma suposição de dados particulares Ryle ataca a concepção da mente como um lugar onde os eventos mentais ocorrem Nós não observamos nossos pensamentos e os rela tamos nossos pensamentos são o nosso discur so Não descrevemos nossos sentimentos na mesma medida em que os expressamos A ati vidade mental ou grande parte dela é aquilo que fazemos Em Wittgenstein e Ryle porém a externali zação da mente não é motivada pela tentativa de definir comportamento em termos científi cos Essa pesquisa leva em vez disso de volta à vida comum e à linguagem do diaadia que usamos para facilitála Nesse cenário é inade quado falar dos movimentos dos organismos como a base para inferência sobre pensamentos intenções sentimentos e objetivos Nossas des crições básicas do comportamento consistem em conversas sobre ações bem ou malsucedi das e não sobre movimentos As implicações do comportamentalismo filosófico para a psicologia empírica são impor tantes Se seus argumentos são sólidos o infla do universo mental do introspeccionista é ex purgado sem deixar um vácuo a ser preenchido pela pesquisa científica Já vimos até que nível o projeto experimental em psicologia está im plicado no ponto de vista da vida diária O labirinto é construído visando descobrir com que rapidez o sujeito o resolve A bolinha de comida é chamada de recompensa e horas de privação de alimentos são chamadas de es tímulo ou excitação do impulso linguagem que é difícil distinguir conceitualmente de ob servações a respeito da fome do sujeito de suas preferências estratégias e descobertas Es sa é uma linguagem na qual está implícita uma compreensão do comportamento Em psicolo gia diz Wittgenstein há método experimen tal e confusão conceitual Investigações filo sóficas II pXIV A redução que o comporta mentalista faz da ação para movimento tem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 110 comportamentalismo sucesso caso concentre sua atenção em proble mas psicológicos Em caso contrário ela busca sua justificativa não nos enigmas a respeito do que fazemos mas em receitas positivistas para se fazer ciência Tem havido nos últimos anos uma retração marcante na teoria comportamentalista embo ra isso tenha sido acompanhado de novas defe sas do modelo ER por parte de epistemólogos e filósofos da LINGUAGEM Word and Object 1960 de Quine é um bom exemplo Mas na psicologia concebida como disciplina científi ca autônoma pouco tem sido feito desde as tentativas de Spence 1956 de levar avante o trabalho de Hull Durante os últimos 15 anos a idéia de que o estudo experimental das reações de organismos sob condições controladas pode ria levar a uma ciência do comportamento pas sou a sofrer um ataque cada vez mais constante por parte dos que acreditam não ser possível ne nhuma explicação legítima do comportamen to exceto no contexto de uma compreensão biológica e evolucionista dos organismos Os comportamentalistas clássicos observam o que fazem os organismos estritamente dentro da perspectiva fornecida por recompensas explíci tas ou estímulos de aversão São assim inca pazes de reconhecer o significado do compor tamento altruísta Essa é uma reação dizem os sociobiólogos explicável apenas com o pres suposto de que o altruísmo maximiza a pos sibilidade de o material genético ser passado adiante para a próxima geração O desenvolvi mento da SOCIOBIOLOGIA tem semelhanças mar cantes com o comportamentalismo psicológico e tem sido criticado mais ou menos da mesma forma É de interesse aqui por chamar a atenção para o que é fundamental na estratégia compor tamentalista e para suas deficiências O com portamentalismo será melhor encarado como tentativa de separar a psicologia como ciência de outras disciplinas Leitura sugerida Austin John 1961 1970 A plea for excuses In Philosophical Papers Chomsky N 1959 Review of BF Skinners Verbal Behaviour Language 35 2658 Hebb DO 1949 The Organiza tion of Behaviour Hull Clark L 1943 Principles of Behaviour MacCorquodale K e Meehl PE 1948 On a distinction between hypothetical constructs e intervening variables Psychological Review 85 95 107 Melden AI 1961 Free Action Pavlov Ivan 1927 Conditioned Reflexes Peters RS 1958 The Concept of Motivation Ryle Gilbert 1949 1963 The Concept of Mind Scriven Michael 1958 A stu dy of radical behaviourism In Minnesota Studies in the Philosophy of Science org por H Feigl e M Scriven Skinner BF 1938 The Behaviour of Orga nisms Ο 1959 Verbal Behaviour Ο 1971 Beyond Free dom and Dignity Spence Kenneth 1956 Behaviour Theory and Conditioning Tolman EC 1958 Beha viour and Psychological Man Watson JB 1924 Be haviourism Wilson EO 1975 Sociobiology the New Synthesis Wittgenstein Ludwig 1953 1967 Philosophical Investigations ALFRED LOUCH comportamento organizacional Este es tudo interdisciplinar concentrase nos aspectos humano e social do gerenciamento em organi zações formais como um problema técnico Valese basicamente da sociologia e da psico logia mas também da economia da CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO e da engenharia de produção para estudar a estrutura e o funcionamento das organizações e o comportamento de grupos e indivíduos dentro delas A aplicação desse te ma a problemas práticos de mudança gerencial em organizações é chamada de desenvolvimen to organizacional No século XX o impacto da ciência social sobre o pensamento gerencial cresceu a ponto de se tornar a força mais impor tante Do ponto de vista do comportamento orga nizacional a tarefa do gerenciamento pode ser considerada como a organização do comporta mento dos indivíduos em relação aos meios e recursos físicos a fim de se alcançarem objeti vos desejados Apresentase então um proble ma básico que quantidade de organização e de controle de comportamento é necessária para um funcionamento eficiente e que forma isso deveria assumir É na resposta implícita a essa pergunta que podemos distinguir os dois lados de um debate contínuo caracterizados por Pugh 1990 como os organizadores e os comportamentistas Os organizadores baseiamse na obra de Henri Fayol Frederick W Taylor e Max Weber Afirmam que estruturas planos e programas mais precisamente determinados com melhor especificação monitoração e controle do com portamento exigido para realizálos são neces sários para a eficiência Destacam as vantagens para uma eficiente realização de objetivos da especialização de funções e tarefas de defi nições claras dos serviços de procedimentos padronizados e de linhas nítidas de autoridade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar comportamento organizacional 111 isto é a forma de organização para a qual Weber 1922 usou a palavra BUROCRACIA A definição de Fayol 1916 do que é geren ciamento e a abordagem de Taylor 1947 da extrema subdivisão e controle das tarefas dos trabalhadores diretos chamada gerenciamen to científico tiveram e continuam a ter um impacto considerável sobre o pensamento e a prática gerenciais Enquanto Fayol e Taylor foram defensores entusiastas do pleno controle gerencial Weber expressou considerável preo cupação quanto às implicações sociais da difu são da burocracia em termos da capacidade dos burocratas de usurpar funções democráticas Uma vez porém que essa preocupação se ba seava na sua crença na irresistível eficiência técnica da abordagem burocrática seu impacto no campo do comportamento organizacional viria a sublinhar os argumentos dos organiza dores Essas idéias foram desenvolvidas por exemplo através da explicação detalhada das características mínimas exigidas de uma es trutura burocrática eficaz Jaques 1976 Os comportamentistas baseiamse na obra de Elton Mayo Kurt Lewin e Abraham Mas low Mayo 1933 nas experiências Hawthor ne estudou grupos de trabalhadores diretos e desenvolveu a abordagem de relações huma nas que enfatiza as necessidades humanas e sociais dos trabalhadores ver também RELA ÇÕES INDUSTRIAIS Lewin estudou as forças da liderança democrática em oposição à liderança autocrática Lewin et al 1939 Maslow 1968 identificou a autorealização a necessi dade de crescer e desenvolverse como indiví duo como um motivador importante Os três afirmam que a contínua tentativa de aumentar o controle sobre o comportamento dos mem bros da organização está destinado ao fracasso O controle gerencial leva à rigidez onde se precisa de flexibilidade e à apatia no desempe nho dos membros quando se exigem engaja mento e alta motivação Um controle crescente gera esforços dedicados ao contracontrole atra vés de relações informais para derrubar os ob jetivos da organização Em geral não leva a um aumento da eficiência e quando o faz é apenas a curto prazo e à custa de conflito interno Os subordinados precisam receber considerável autonomia quanto a decisões e oportunidades de autodesenvolvimento caso a organização queira funcionar de forma eficiente Estudos sobre tomadas de decisão também indicaram que não é possível assumir uma abor dagem completamente racional do gerencia mento Simon 1947 Normalmente ocorre uma abordagem em etapas parcialmente racio nal Lindblom 1959 Mesmo as abordagens não racionais da tomada de decisões são es timuladas como um impulso à inovação March 1976 Novas evoluções baseiamse nos que assu mem uma abordagem de contingência afir mando que se deve manter um equilíbrio entre as preocupações dos organizadores e as dos comportamentistas Esse equilíbrio será contin gente à situação contextual particular da orga nização que provocará diferenças em sua es trutura Burns e Stalker 1961 Pugh e Hickson 1976 tanto quanto a tecnologia utilizada na produção conforme demonstrado na aborda gem de sistema sociotécnica Emery e Trist 1960 Da mesma forma diferentes tarefas de um grupo de trabalho bem como as neces sidades de seus membros exigirão diferenças na liderança Fiedler 1967 A abordagem marxista Braverman 1974 tem sido a de afirmar que os organizadores extremados serão sempre preferidos pelas ge rências uma vez que seu objetivo não é a efi ciência no desempenho mas a eficiência no controle da classe operária em nome dos inte resses do capital Uma evolução recente e importante com a expansão do comércio internacional e a ascen são das corporações multinacionais foi a iden tificação sistemática das diferenças intercul turais no comportamento organizacional com respeito a valores de trabalho estilo de lideran ça e controle de estruturas Hofstede 1980 Leitura sugerida Morgan G 1986 Images of Orga nization Pugh DS e Hickson DJ 1989 Writers on Organizations 4ªed DEREK PUGH compreensão Ver VERSTEHEN computação Ver INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL comunicação Tal como os processos comu nicativos específicos estudados em lingüística SOCIOLINGÜÍSTICA e psicologia social um con ceito mais amplo de comunicação vem sendo um dos temas mais importantes do pensamento social Aristóteles encarava o Estado como uma comunidade envolvendo a comunicação entre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 112 compreensão uma multiplicidade de perspectivas indivi duais Enquanto isso diz respeito à ação in dividual deliberada na esfera política Tomás de Aquino introduziu no pensamento cristão me dieval um conceito teórico mais amplo no qual a natureza de Deus é comunicada na criação de suas criaturas Esse modelo levou à generaliza ção do conceito de comunicação a todos os seres humanos e ao mesmo tempo a uma dife renciação que se tornou crucial para a moder nidade entre a comunidade de comunicação particular política e a universal social Essa extensão idealizante do conceito de comunicação a todos os seres humanos bem como sua simultânea diferenciação em comu nicação política e social fez dele um ponto de referência preferido da sociologia e da filosofia social modernas Marx nos Grundrisse usa a diferenciação entre comunicação política e so cial para transformar o zoon politikon de Aris tóteles em uma sociedade de indivíduos agindo e falando juntos CS Peirce analisa a comunidade científica a partir da perspectiva de uma comunidade de comunicação idealizada e GH Mead leva os processos sociais de in dividualização por meio de socialização para o quadro de um discurso universal O principal aspecto dessa universalização teórica da comu nidade de comunicação é a afirmativa de que conforme as palavras de Jürgen Habermas 1981 p105 o processo de vida social tem uma relação com a verdade que lhe é inte grante Essa universalização junto com a so cialização incluindo a despolitização ou di ferenciação interna do conceito de comunica ção é um aspecto característico do pensamento pósmetafísico da MODERNIDADE marcando um rompimento radical entre o pensamento cientí fico e social e o pensamento político do mundo antigo e dos clássicos da filosofia política Podese compreender a comunicação como um meio de resolver o problema hobbesiano da ordem social Como é possível que os planos de ação de vários agentes possam ser coordena dos uns com os outros Se seguirmos Talcott Parsons na análise das situações de dupla con tingência logo nos ocorrerá a extrema impro babilidade das seqüências ordenadas de inter ação e dos acordos comunicativos Mesmo em uma situação de laboratório extremamente sim plificada com dois agentes e três orientações possíveis por exemplo egoísta generosa e hostil as expectativas recíprocas de expec tativas apresentam 97 combinações possíveis Daí toda comunicação basearse em mecanis mos de redução da complexidade tais como confiança mútua expectativas de normali dade etc Os agentes podem manter ou modifi car essa ordem comunicativa estabilizada pelo exercício de influência externa sobre os efeitos das ações dos outros ou reproduzila e recons truíla por meio de um acordo interno em bases generalizáveis A comunicação portanto deve ser vista co mo uma forma de ação Enquanto o conceito clássico de ação se baseia na diferenciação entre sujeito e objeto e entre meios e fins o mais recente conceito social e científico de comuni cação baseiase na diferenciação entre ego e alter A ação comunicativa na teoria de Haber mas visa em última análise um acordo racio nal entre ego e alter Enquanto ações racionais deliberadas ou racionaisvalorativas formam um sistema engatandose a outras ações as ações comunicativas formam um sistema social ligandose às ações de outros A essa distinção correspondem diferentes concepções de RACIO NALIDADE E RAZÃO Enquanto as teorias clás sicas aristotélicas de ação em linha direta até Max Weber ligam a estrutura de meiosfins ao conceito de racionalidade deliberada ou orien tada para o sucesso a teoria de Habermas sobre ação social ou intersubjetiva que ele chama também de ação orientada para a compreensão mútua baseiase no conceito de racionalidade comunicativa Esse conceito comunicativo pragmático de racionalidade remontando a Peirce Mead e à hermenêutica de HansGeorg Gadamer não apenas estabelece limites à pos sibilidade de generalização do esquema meios fins mas também ultrapassa os limites do pen samento europeu tradicional até uma metafísi ca reflexiva de sujeito e objeto comparar Rorty 1980 Uma maior diferenciação do conceito de comunicação abre ampla variedade de pers pectivas teóricas e empíricas A diferenciação entre comunicação verbal e nãoverbal mostra que a comunicação entre os que estão presentes é inevitável Watzlawick et al 1967 Corres pondendo à distinção de comunicação direta e indireta está a importante diferença entre sis temas sociais simples envolvendo comunica ção face a face e sistemas sociais complexos baseados na comunicação mediada entre parti cipantes fisicamente distantes ver Luhmann Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar comunicação 113 1972 A oposição entre simetria e assimetria é capital não apenas para a teoria do papel social mas também para as teorias sobre as condições ideais de comunicação ver Habermas 1971 A diferenciação entre condições simétricas e assimétricas de comunicação é importante para se distinguir entre comunicação distorcida ou perturbada e comunicação nãodistorcida Essa distinção por sua vez é básica para várias teorias sobre patologias da comunicação Watz lawick et al 1967 Habermas 1988 e sobre a reconstrução e crítica das ideologias Apel 1973 Ver também COMUNICAÇÃO DE MASSA DIS CURSO Leitura sugerida Apel KO 1973 1980 Toward a Transformation of Philosophy Cashdan Asher e Jor dan Martin 1987 Studies in Communication Haber mas Jürgen 1981 1984 The Theory of Communica tive Action vol1 Mellor DH org 1990 Ways of Communicating Rorty R 1980 Philosophy and the Mirror of Nature HAUKE BRUNKHORST comunicação de massa A expressão co municação de massa mass media é comu mente usada para se referir a uma série de instituições ocupadas com a produção em gran de escala e a difusão generalizada de formas simbólicas Entre essas formas se incluem li vros jornais revistas filmes programas de rádio e televisão gravações discos laser e as sim por diante As origens da comunicação de massa podem remontar à segunda metade do século XV Por volta de 1440 Johann Gutenberg ourives que trabalhava em Mainz começou a fazer expe riências com impressão e em torno de 1450 já havia desenvolvido suas técnicas o suficiente para explorálas de forma comercial Gutenberg desenvolveu um método para a moldagem múl tipla de letras metálicas de modo a ser possível produzir grandes quantidades de tipos para a composição de textos extensos Ele também adaptou a prensa tradicional de rosca para os fins de fabricação de obras impressas Durante a segunda metade do século XV essas técnicas difundiramse rapidamente e máquinas de im pressão já se encontravam instaladas nos prin cipais centros comerciais de toda a Europa As primeiras oficinas de impressão eram em geral empreendimentos comerciais preocu pados com a reprodução de manuscritos de caráter religioso ou literário e com a produção de textos para uso em direito medicina e co mércio No início do século XVI essas oficinas começaram a imprimir periódicos e folhas no ticiosas de várias espécies e no início do século XVII começaram a surgir os jornais regulares As indústrias do livro e do jornal expandiramse rapidamente no século XIX quando técnicas ligadas à Revolução Industrial foram aplicadas à produção de textos impressos A circulação aumentou de forma significativa e com o de clínio do analfabetismo livros e jornais torna ramse acessíveis a uma proporção cada vez maior da população das sociedades industri alizadas ou em processo de industrialização As transmissões de rádio e televisão são um fenômeno do século XX A base técnica de transmissão foi desenvolvida por Marconi e outros na década de 1890 e início deste século e os primeiros passos para a transmissão radio fônica em grande escala foram dados nos anos 20 A transmissão televisiva foi introduzida em grande escala no final dos anos 40 e se tornou rapidamente um dos meios de comunicação mais populares Em muitas sociedades indus triais do Ocidente hoje em dia os adultos pas sam uma média de 25 a 30 horas por semana assistindo à televisão e esta transformouse na mais importante fonte de informação com res peito a eventos nacionais e internacionais Dada a sua significação no mundo moderno seria possível afirmar que a comunicação de massa não tem recebido a atenção que merece por parte dos teóricos sociais e políticos Foram desenvolvidas porém várias e distintas abor dagens teóricas da comunicação de massa En tre os primeiros pensadores sociais a estudar a comunicação de massa de forma sistemática estavam os antigos teóricos críticos associa dos ao Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt Esses teóricos incluindo Max Horkheimer 18951971 e Theodor Adorno 190369 es tavam interessados na natureza e no impacto do que chamaram de indústria da cultura Hor kheimer e Adorno 1947 Escreveram nos anos 30 e 40 afirmando que a comunicação de massa fizera surgir uma nova forma de IDEOLOGIA nas sociedades modernas Ao produzir grandes quantidades de bens culturais padronizados e estereotipados a comunicação de massa estava fornecendo aos indivíduos meios imaginários de escape das duras realidades da vida social e com isso debilitando sua capacidade de pensar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 114 comunicação de massa de forma crítica e autônoma Horkheimer e Adorno apontaram que essas evoluções entre outras haviam tornado os indivíduos mais vul neráveis à retórica do nazismo e do fascismo Uma avaliação em geral negativa da comu nicação de massa e de seu impacto pode ser encontrada nos textos de outros teóricos sociais e políticos particularmente os influenciados pelo marxismo Para muitos teóricos marxis tas a comunicação de massa é encarada basi camente como um meio de ideologia Isto é como um mecanismo em virtude do qual grupos ou classes dominantes são capazes de difundir idéias que promovem seus próprios interesses e que servem assim para manter o status quo Um exemplo desse ponto de vista é a aborda gem desenvolvida pelo marxista francês Louis Althusser que trata a comunicação de massa como parte integrante do que ele chama de aparelhos ideológicos de estado Althusser 1970 Uma explicação diferente sobre a natureza e o significado da comunicação de massa foi desenvolvida nos anos 50 e 60 pelos autores canadenses Harold Innis 18941952 e Mars hall McLuhan 191181 Às vezes chamados de teóricos da mídia Innis e McLuhan afir maram que a própria forma do meio de COMU NICAÇÃO pode influenciar a natureza da organi zação social e da sensibilidade humana Innis introduziu a idéia de que todo meio de comuni cação tem certa inclinação para a durabili dade no tempo ou a mobilidade no espaço Ele apontou que as sociedades nas quais o meio dominante se inclina para a durabilidade tem poral por exemplo pedra ou argila tenderão a ser pequenas e descentralizadas enquanto as sociedades com um meio inclinado para a mo bilidade espacial por exemplo papiro ou pa pel tenderão a ser amplas e imperiais como o império romano Innis 1950 e 1951 A obra de Innis foi desbravadora no sentido de ter ligado o desenvolvimento dos meios de comunicação a considerações mais amplas de tempo espaço e poder McLuhan apontou que as tecnologias de comunicação tiveram um impacto fundamental sobre os sentidos e as faculdades cognitivas dos seres humanos Em contraste com as sociedades orais tradicionais o desenvolvimento da escrita e da impressão criou uma cultura que foi domi nada pelo sentido da visão e por uma aborda gem analítica e seqüencial da solução de pro blemas Ela permitiu que os indivíduos se tor nassem mais independentes racionais e espe cializados Mas o desenvolvimento da moder na mídia eletrônica de acordo com McLuhan criou um novo ambiente cultural em que o primado da visão foi deslocado por uma inte ração unificadora dos sentidos e na qual os indivíduos são unidos em redes globais de co municação instantânea ver MODERNIDADE Em outras palavras a mídia eletrônica criou uma aldeia global McLuhan 1964 ver GLOBALI ZAÇÃO Os pontos de vista apresentados por Innis e McLuhan são bastante idiossincrásicos e trata dos com cautela pela maior parte dos teóricos e analistas da comunicação Grande número de estudos mais detalhados foi executado com a finalidade de examinar o papel da comunicação de massa nas sociedades modernas e seus pos síveis efeitos sobre a vida política e social Para um exame dessa literatura ver McQuail 1987 Não obstante o trabalho dos teóricos da comu nicação entre outros ajudou a ressaltar o fato de que o desenvolvimento da comunicação de massa deu forma de um modo profundo e irreversível à natureza da interação social e da experiência cultural no mundo moderno Leitura sugerida Curran James e Seaton Jean 1988 1991 Power Without Responsability 4ªed Eisen stein Elizabeth L 1979 The Printing Press as an Agent of Change Golding Peter 1974 The Mass Media Habermas Jürgen 1962 1989 The Structural Trans formation of the Public Sphere Meyrowitz Joshua 1985 No Sense of Place Poster Mark 1990 The Mode of Information Thompson John B 1990 Ideo logy and Modern Culture JOHN B THOMSON comunidade Um dos conceitos mais vagos e evasivos em ciência social a idéia de comu nidade continua a desafiar uma definição preci sa Parte do problema tem origem na diversi dade de sentidos atribuída à palavra e às cono tações emotivas que ela geralmente evoca Tor nouse uma palavra passepartout usada para descrever unidades sociais que variam de al deias conjuntos habitacionais e vizinhanças locais até grupos étnicos nações e organizações internacionais No mínimo comunidade geral mente indica um grupo de pessoas dentro de uma área geográfica limitada que interagem dentro de instituições comuns e que possuem um senso comum de interdependência e inte gração Não obstante conjuntos de indivíduos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar comunidade 115 vivendo ou interagindo dentro de um mesmo território não constituem em si mesmos comu nidades particularmente se esses indivíduos não se consideram como tal O que une uma comunidade não é a sua estrutura mas um estado de espírito um sentimento de comu nidade Essa dimensão subjetiva torna comuni dade algo problemático como instrumento de análise sociológica pois os limites de qualquer grupo com autoidentificação da perspectiva do que está dentro são geralmente fluidos e intangíveis em vez de fixos e finitos Os estudos empíricos de comunidade geral mente confundem descrição com as pressupo sições preconcebidas do sociólogo a respeito do que comunidade deveria ser Bell e Newby 1971 p21 Outra confusão surge da combina ção de comunidade como unidade ou coletivi dade social clube aldeia subúrbio município com comunidade como um tipo de relaciona mento social baseado em laços de sentimento ou econômicos Essa confusão pode remontar a Tönnies 1887 e seu conceito original de Gemeinschaft que representava a comunidade integrada préindustrial em pequena escala baseada em parentesco amizade e vizinhança em que as relações sociais são íntimas dura douras e multiintegradas De acordo com a formulação de Tönnies a comunidade contras tava com sua contrapartida a nãocomunidade o Gesellschaft associação simbolizando os laços impessoais anônimos contratuais e amorais característicos da sociedade industrial moderna Seguindo Weber e Tönnies sociólogos norteamericanos particularmente Talcott Par sons Robert E Park Louis Wirth e Robert Redfield continuaram a usar comunidade co mo um tipo ideal em um continuum entre dois pólos como tradiçãomodernidade ruralurba no e sagradosecular Havia implícita nessa abordagem uma visão nostálgica e romântica do passado a pressuposta coesão emocional e a vida boa da comunidade tradicional foram usadas para fazer comparações desfavoráveis ao anonimato isolamento e alienação da mo derna SOCIEDADE DE MASSA Apesar da proliferação dos estudos sobre comunidade na sociologia essa abordagem em pírica mantevese quase que inteiramente es téril no plano teórico Elias 1974 pXVI Nos anos 60 foram feitas tentativas em especial na obra de Clyde Mitchell e Jeremy Boissevain de desenvolver uma abordagem mais dinâmica com uma mudança de ênfase para as redes facções rodas e nãogrupos sociais No entanto abordagens antropológicas recentes exemplifi cadas por Cohen 1985 têm evitado o proble ma de definição de tentar formular um modelo estrutural de comunidade concentrandose em vez disso no significado Para Cohen comuni dade é uma entidade simbólica sem parâmetros fixos pois existe em relação e oposição a outras comunidades observadas um sistema de VA LORES e um código de moral que proporcionam a seus membros um senso de IDENTIDADE A idéia de comunidade como entidade imagina da e idéiaforça simbólica também foi usada com sucesso na obra de Anderson 1983 sobre as origens do NACIONALISMO moderno Com suas associações de companheirismo e vida comunal comunidade é há muito um conceito chave no pensamento político e religioso Re cebe ênfase especial na tradição socialista e anarquista A dicotomia comunidadeassocia ção pode ser ligada a contrastantes concepções políticas de sociedade como uma livre as sociação de indivíduos em competição visão liberalhobbesiana ou como um coletivo que é mais que a soma de suas partes um corpo edificante através do qual é possível concretizar a autêntica cidadania visão socialistarousse auniana Como conceito analítico comunidade tem pouco valor apesar de sua permanente impor tância como uma realidade nas vidas da maioria das pessoas Tornouse uma palavra de ordem carregada de associações emotivas de inteireza coesão comunhão interesse público e tudo que é bom Como observou Raymond Williams 1976 p76 diferentemente de todas as outras palavras que indicam organização social es tado nação sociedade etc esta parece nunca ser usada de forma desfavorável Em resulta do comunidade aparece como um complemen to de toda uma série de instituições sempre que está implícita uma camaradagem profunda ho rizontal e natural assistência comunitária cen tro comunitário comunidade local Comuni dade Européia por mais tênues que sejam os laços A palavra também foi apropriada por políticos planejadores e arquitetos para legiti mar planos de ação em nome do interesse pú blico por mais implausível que possa ser a realidade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 116 comunidade Leitura sugerida Anderson Benedict 1983 Imagi ned Communities Bell Colin e Newby Howard 1971 Community Studies Cohen Anthony 1985 The Sym bolic Construction of Community Elias Norbert 1974 Towards a theory of communities In The So ciology of Community org por C Bell e H Newby Williams Raymond 1976 Keywords CRIS SHORE comunismo Palavra que abrange uma famí lia de conceitos intimamente relacionados de signando 1 um tipo de sociedade humana 2 teorias que descrevem e justificam uma socie dade comunista e 3 movimentos políticos que tentam criar uma sociedade comunista A ex pressão comunismo primitivo é usada por muitos marxistas para designar os primeiros estágios da sociedade humana Autores soviéti cos e do Leste europeu no entanto em geral preferem expressões como sociedade primiti va sociedade comunalista primitiva ou so ciedade tribal Uma relação mínima de qualidades neces sárias para que uma sociedade seja chamada de comunista inclui a propriedade comum dos meios de produção mas não necessariamente dos meios de consumo a autogestão em todas as áreas da vida e liberdade As teorias comunis tas alegam que essas qualidades também pro porcionam as condições necessárias para a fe licidade humana apesar de poderem não ser suficientes para garantir a felicidade de todas as pessoas As teorias sobre comunismo geral mente enfatizam a ausência nessa sociedade de algumas características das sociedades con temporâneas como a exploração de classe Le nin fazia uma concessão à exploração de pes soas de vontade fraca por pessoas de vontade forte dinheiro bens de consumo funcionários públicos profissionais e exércitos permanentes Engels usou as expressões propriedade pri vada e propriedade comum para designar a propriedade por uma pessoa e a propriedade por mais de uma pessoa respectivamente Uma cooperativa e uma empresa acionária eram ca sos de propriedade comum Às vezes se faz uma distinção entre a propriedade comum capitalista os acionistas da firma não são os empregados desta e a propriedade comum comunista os acionistas são os empregados da firma Lenin afirmava que no capitalismo qualquer forma de propriedade é capitalista Ele considerava as cooperativas como empresas capitalistas no ca pitalismo e empresas comunistas em um sis tema comunista As teorias comunistas geralmente contras tam o comunismo com o capitalismo uma so ciedade com propriedade privada produção de bens para a venda em mercados livres e com trabalhadores livres e mercados de capital Para os primeiros autores T More T Campanella o comunismo era provavelmente uma alterna tiva ao capitalismo Mais tarde passou a ser tratado como uma sociedade póscapitalista Alguns o encararam como uma condição natu ral da sociedade enquanto outros autores SaintSimon Fourier Marx colocaramno dentro de uma seqüência necessária de tipos de sociedade a se sucederem imediatamente de pois do capitalismo Estava em geral implícito nos textos dos autores do século XIX que existe apenas uma seqüência de tipos possíveis de sociedade Esse ponto de vista foi aceito pelos bolcheviques russos e seus seguidores Para a maioria dos teóricos o comunismo era o estágio final de desenvolvimento Marx apoiou esse ponto de vista escatológico em seus Manuscri tos de 1844 Depois de 1845 Marx e Engels abandonaram a escatologia aceitaram a idéia de outros tipos de sociedade seguindose ao comunismo mas afirmaram que a especulação a respeito de evoluções ulteriores não tinha sentido porque as provas necessárias só se fa riam presentes quando os últimos estágios do comunismo tivessem sido atingidos Esse ponto de vista foi rejeitado pela maioria dos autores soviéticos nos anos 60 mas veio a ser aceito por vários deles Nunca ficou provado acima de qualquer dúvida razoável que sociedades capazes de satisfazer as condições de aplicabilidade da pa lavra comunista tenham efetivamente exis tido Sem democracia na União Soviética a alegação de que seu povo possuía os meios de produção é evidentemente falsa A escravidão em massa a servidão feudal para os campo neses e a ditadura totalitária na União Soviética de Stalin não tinham relação alguma com qual quer coisa que se pudesse chamar de comunis ta no sentido tradicional do século XIX De pois de 1953 surgiu uma forma dual de proprie dade dos meios de produção consistindo em um proprietário coletivo de nível mais alto o Politburo hierarquicamente organizado na cú pula do Partido Comunista da União Soviética e dois proprietários coletivos paralelos de nível Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar comunismo 117 mais baixo as hierarquias do partido e do go verno Os empregados definitivamente não eram os proprietários de suas empresas O sis tema chinês e a maioria dos europeus orientais eram basicamente semelhantes aos da União Soviética A forma predominante das primeiras teorias comunistas era um esquema de uma sociedade futura projetada para a felicidade geral que às vezes usava a ficção utópica como recurso lite rário Acrescentavase geralmente uma crítica penetrante da sociedade contemporânea Nos Manuscritos de 1844 Marx forneceu uma jus tificativa filosófica do comunismo Este era visto como o meio de realizar um valor es sencial o humanismo alcançado através da superação da ALIENAÇÃO do trabalho Depois de 1845 Marx e Engels começaram a se opor a teorias de esquemas alegando que era impos sível fornecer um projeto completo para uma atividade futura livre e criativa Assim recusa ramse a desenvolver um tratamento ou descri ção sistemáticos das propriedades da sociedade comunista Justificavam o comunismo agora como o meio de superar os conflitos básicos no interior do capitalismo libertando a classe ope rária e garantindo o progresso humano O co munismo só viria a ser possível depois que todas as opções disponíveis para o desenvolvi mento dos meios de produção no interior do capitalismo fossem exauridas Marx nunca for neceu uma análise a respeito do nível de forças produtivas que ele considerava incompatível com a existência futura do capitalismo Na dé cada de 1840 ele achava que o capitalismo já havia atingido seu ponto de saturação porém mais tarde admitiu ter cometido um equívoco Marx 1867 parecia pensar que o momento de mudança do capitalismo para o comunismo chegaria quando a maioria esmagadora da hu manidade se tornasse assalariada ou da classe operária Lenin em suas obras posteriores afirmou que um governo da classe operária pode usar o poder político para elevar as forças de produção ao nível necessário para a sobrevi vência do comunismo mas não forneceu ne nhuma descrição articulada desse nível A literatura comunista do século XX trata basicamente da transição do capitalismo para o comunismo e evita uma exposição detalhada do conceito em si mesmo A Nove afirmou que o comunismo de Marx e por implicação o de Lenin não é factível Assim Marx seria um utópico tal como o foram seus antecessores M Conforth rejeitou a idéia de que o comunismo fosse um estágio de desenvolvimento ou um modo de produção e afirma que é um meio de vida moral e político baseado nos direitos dos indivíduos em seu estado consumado de desen volvimento e liberdade Lenin insistiu em 1917 em afirmar que Marx usou socialismo para se referir ao pri meiro estágio do comunismo caracterizado pe la propriedade comum dos meios de produção a retenção do Estado a ausência de classes econômicas mas também a ausência da capa cidade de satisfazer plenamente as necessida des materiais do povo O socialismo deveria ser antecedido pela ditadura do proletariado Lenin 1917 Alguns autores trataram o SOCIA LISMO como um estágio distinto que seria pos sivelmente paralelo ao comunismo Marx usou a palavra comunista para de signar o movimento político que aceitava suas idéias ou qualquer movimento da classe ope rária visando criar a sociedade comunista Com toda a certeza ele apoiou a revolução violenta e a ditadura do proletariado mas pressupôs que no capitalismo um governo nãodemocrático combinado com um oficialato permanente e um exército profissional iria de qualquer forma usar a violência para se opor à decisão da maio ria de introduzir o comunismo e achou que seria o caso de uma grande maioria provavel mente 8095 exercendo coerção sobre uma pequena minoria Os partidos da classe operá ria no final do século XIX geralmente chama vamse socialistas ou socialdemocratas De pois de 1917 a palavra comunista foi usada para descrever os partidos que aceitavam a re volução violenta e a ditadura do proletariado como os meios de transição para o comunismo e socialismo descrevia os que as rejeitavam Lenin insistiu em que somente um partido mar xista poderia ser chamado de comunista e que o governo por um único partido comunista era uma característica essencial da ditadura do pro letariado Deixou de lado a exigência de uma sociedade predominantemente de classe operá ria como ponto de partida de uma transição para o comunismo Mais tarde admitiu que a dita dura do proletariado na Rússia havia degenera do em uma ditadura do Partido Comunista e do Exército Vermelho sobre todas as classes da sociedade Os partidos comunistas ocidentais aceitaram as alegações soviéticas sobre a natu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 118 comunismo reza da sociedade na URSS na maioria dos casos até o final dos anos 60 Hoje estão aban donando a idéia de ditadura do proletariado e até mesmo a designação comunista Leitura sugerida Cornforth M 1980 Communism and Philosophy Contemporary Dogmas and Revisions of Marxism Marx K e Engels F 1848 1981 O manifesto comunista Moore S 1980 Marx on the Choice between Socialism and Communism Nove A 1977 The Soviet Economic System Ο 1983 The Econo mics of Feasible Socialism Roemer J org 1986 Analytical Marxism EERO LOONE confiança e cooperação Podese dizer que dois ou mais agentes cooperam quando se em penham num empreendimento conjunto para cujo resultado são necessárias as ações de am bos Williams 1988 p5 Numa definição ampla a cooperação é portanto relevante para a maior parte dos empreendimentos huma nos do jogo ao matrimônio das transações de mercado às relações internacionais da produção industrial à educação Até mesmo a competição em vez de ser o oposto da coope ração muitas vezes se apóia em acordos co operativos A cooperação exige que os agentes tais como indivíduos firmas e governos estejam de acordo com respeito a um conjunto de regras um contrato que deve ser então observado no decorrer de sua atividade conjunta Binmore e Dasgupta 1986 p3 Acordos e regras no en tanto não precisam ser o resultado de uma comunicação nem mesmo de uma intenção explícita Podese desenvolver no decorrer da própria interação por tradição experiência an terior com sucesso tentativa e erro ou processos evolutivos Axelrod 1984 Sugden 1986 Nes se sentido o comportamento cooperativo pode surgir também entre espécies nãohumanas nas quais na verdade costuma ser encontra do em contraste com a visão tradicional e hoje desacreditada de competição para a sobrevivência representaria o aspecto cen tral do mundo animal Hinde 1982 Bateson 1986 A cooperação coloca problemas de interesse particular para as ciências sociais sempre que os agentes não são capazes de monitorar as ações uns dos outros sem o dispêndio de esfor ço Tanto sua significação social quanto sua sofisticação conceitual exigidas para sua com preensão são realçadas de forma expressiva quando uma ação necessária por parte de pelo menos um dos envolvidos não se encontra sob o controle imediato do outro envolvido Sob essa definição uma situação em que dois agentes cooperam envolve necessariamente pe lo menos um deles dependendo do outro Wil liams 1988 p5 A partir daí a cooperação tornase ao mes mo tempo frágil e objeto de uma tomada de decisão incerta em particular para a parte de pendente Quando a monitoração é difícil a decisão de aderir a um empreendimento coope rativo que é geralmente suscetível a custos tornase particularmente passível do risco relacionado à potencial deserção de outros Nesse ponto a cooperação aproximanos mais da noção de confiança que representa um in grediente destacado mas pouco estudado da interação social O objeto da confiança pode referirse à ca pacidade técnica de certos indivíduos dos quais às vezes depende o nosso bemestar tais como médicos ou pilotos Ou pode dizer respeito à fidedignidade e eficácia de certos grupos diga mos os gurkhas soldados hindus do Nepal que servem no exército britânico e até mesmo de entidades abstratas um exemplo seria o sistema de transportes Luchmann 1979 1988 Bar ber 1983 No entanto é a confiança na dis posição de outros agentes de cumprir suas obri gações contratuais que é crucial para a coope ração Nesse sentido a confiança ou simetri camente a desconfiança pode ser descrita co mo um nível particular da probabilidade subje tiva com que um agente avalia se um ou mais dos outros agentes A com quem se planeja a cooperação irá também cooperar ou não Can we trust in Gambetta 1988 p217 Quando dizemos que confiamos em A ou que A é digno de confiança estamos querendo dizer implicitamente que a probabilidade de que A venha a executar uma ação benéfica ou pelo menos não prejudicial para nós é sufi cientemente alta para que nos envolvamos na cooperação com A Do mesmo modo quando dizemos que não confiamos em A deixamos implícito que essa probabilidade está abaixo do limite crucial isto é abaixo o suficiente para que evitemos a cooperação A confiança representa um problema nada trivial quando pelo menos quatro condições se apresentam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar confiança e cooperação 119 1 A confiança em A deve ter uma relação com a nossa própria ação quando essa ação deve ser decidida ou antes de poder mos monitorar a ação relevante de A ou independentemente da nossa capacidade de sequer virmos a conseguir monitorá la Dasgupta 1988 p15 2 A deve ser livre livre especialmente para frustrar as nossas expectativas já se disse que a confiança representa um expe diente para lidar com a liberdade dos outros Luhmann 1979 Dunn 1984 Mas a confiança não se relaciona apenas à liberdade de outros 3 Nós também precisamos ser livres para nos furtar à cooperação caso não con fiemos pois sem alternativa poderíamos na melhor das hipóteses ter esperança ou contar com mas não confiar 4 Finalmente se nos fosse possível obter uma informação perfeita a respeito de outros agentes a confiança não seria pro blema Assim podese também dizer que a confiança representa uma reação expe rimental e intrinsecamente frágil a nossa ignorância um meio de enfrentar os limites da nossa previsão Shklar 1985 p151 Uma tradição importante no pensamento ocidental compreendendo Maquiavel Hu me e Smith e ainda comum hoje em dia es pecialmente no campo das ciências econômicas equipara a confiança a um recurso que não apenas seria escasso como o são todos os outros recursos mas que como o amor o altruísmo e a solidariedade é impossível produzir à von tade Em conseqüência a confiança deve ser dispensada com parcimônia e não seria sensato nos fiarmos nela para promover a cooperação Elster e Moene 1988 Albert Hirschmann 1984 e Dasgupta 1988 porém contestaram esse ponto de vista e demonstraram que a con fiança não é um recurso como outros que se esgotam sendo usados mas que se esgota não sendo usado Além disso vários exemplos históricos apontam com plausibilidade que a confiança pode ser intencionalmente produ zida ver VelezIbanez 1983 e com toda a certeza intencionalmente destruída ver Pag den 1988 A confiança e a cooperação interagem em toda uma variedade de modos sutis Por exem plo não apenas é relevante resolver confiar ou não em A mas pode ser igualmente relevante A confiar em nós A cooperação pode fracassar em resultado de A furtarse a agir em cooperação simplesmente porque A não confia em que nós venhamos a cooperar Além disso conforme mostra a teoria dos jogos ver JOGOS TEORIA DOS a cooperação pode fracassar de todo se os outros agentes não confiarem no fato de que nós confiamos neles A pode furtarse a agir de forma cooperativa porque acredita que não con fiamos em que ele vá cooperar e que em vir tude disso nós não iremos cooperar Para se conseguir a cooperação a confiança precisa ser mútua e os agentes precisam saber que assim é Apesar de a desconfiança incondicional tor nar impossível a cooperação entre agentes li vres Gambetta 1988 p2249 esta não de pende necessariamente de níveis elevados de confiança Na verdade uma cooperação bem sucedida pode ocorrer independentemente de confiança e influenciar de modo positivo o próprio nível de confiança Axelrod 1984 Quando se pondera sobre a possibilidade de cooperar há outros fatores a serem levados em consideração dentre os quais se incluem o vo lume de perda caso a cooperação fracasse a perspectiva de interações futuras os interesses de A e a possibilidade de A infligir golpes fatais Ver também CONSENSO Leitura sugerida Akerlof G 1970 The market for lemons qualitative uncertainty and the market me chanism Quarterly Journal of Economics 84 488500 Axelrod R 1984 The Evolution of Cooperation Barber B 1983 The Logic and Limits of Trust Gam betta D org 1988 Trust Making and Breaking Co operative Relations Hirschmann AO 1984 Against parsimony three easy ways of complicating some cate gories of economic discourse American Economic Review Proceedings 74 8896 Lyhmann N 1979 Trust and Power DIEGO GAMBETTA conflito Definido como uma contenda a res peito de valores ou por reivindicações de sta tus poder e recursos escassos na qual os obje tivos das partes conflitantes são não apenas obter os valores desejados mas também neutra lizar seus rivais causarlhes dano ou eliminá los o conflito pode ocorrer entre indivíduos ou entre coletividades Esses conflitos intergrupos bem como intragrupos são aspectos perenes da vida social São componentes essenciais da in teração social em qualquer sociedade Os con Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 120 conflito flitos não são sempre de forma alguma fa tores negativos a minar a vida coletiva Em geral contribuem para a manutenção e o cresci mento de grupos e coletividades bem como para reforçar relações interpessoais Conflito e COMPETIÇÃO são fenômenos so ciais relacionados mas distintos A competição concentrase na obtenção de objetivos específi cos frente a agentes concorrentes enquanto o conflito visa sempre não apenas obter valores desejados mas ferir ou eliminar agentes que se coloquem no caminho A competição pode ser concebida como semelhante a uma corrida en quanto o conflito pode ser visto como análogo a uma luta de boxe Filósofos e cientistas sociais sempre se mos traram divididos na avaliação do conflito desde a Antigüidade Nos tempos modernos os pon tos de vista a respeito das funções causas e efeitos dos conflitos nas estruturas sociais divi demse grosso modo em dois campos os que afirmam que os conflitos deveriam ser encara dos como fenômenos patológicos como sinto mas de doença no corpo social e os que defen dem a idéia de que os conflitos são formas normais de interação social que podem contri buir para a manutenção o desenvolvimento a mudança e a estabilidade geral de entidades so ciais Na sociologia moderna o primeiro ponto de vista é representado entre outros por Émile Durkheim e Talcott Parsons e o segundo pode ser encontrado no pensamento hegeliano e mar xista mas também no DARWINISMO SOCIAL e entre os teóricos da elite como Vilfredo Pareto e Gaetano Mosca Hoje em dia em sociologia embora nem sempre tenha sido esse o caso existe uma tendência do pensamento conservador a enfati zar as funções negativas do conflito e dos radi cais a celebrálo como um veículo de transfor mação social Conflito e estrutura social O impacto dos conflitos sobre as estrutu ras sociais varia com o caráter dessas estruturas Em sociedades abertas pluralistas é provável que os conflitos tenham conseqüências estabi lizadoras Se existirem canais viáveis para a expressão de pretensões rivais os conflitos em sociedades flexíveis e abertas podem levar a novas e estáveis formas de interação entre agentes componentes assim como permitir no vos ajustes Nas estruturas rígidas em contras te os conflitos tendem a ser suprimidos mas têm probabilidades de ser altamente desagrega dores se e quando ocorrem Em sociedades abertas e flexíveis os confli tos múltiplos muito provavelmente se entrecru zam impedindo com isso rupturas ao longo de uma única linha Em sociedades desse tipo sur ge toda uma variedade de conflitos em dife rentes esferas Disso resulta que o envolvimen to múltiplo dos indivíduos em vários confli tos une firmemente a sociedade ao fomentar diferentes alianças para diferentes questões Agentes que são antagonistas em um conflito podem ser aliados em outro Isso impede a polarização característica de uma sociedade rí gida onde todos os conflitos tendem a incidir sobre uma única linha Desde o pensamento clássico grego fazse uma distinção entre conflitos que se desen volvem sobre a base de um CONSENSO da sociedade e conflitos que ao contrário en volvem dissenso com respeito aos valores básicos sobre os quais uma sociedade se apóia Existem conflitos dentro das regras do jogo e conflitos a respeito das regras do jogo O primeiro tipo de conflitos pode levar a novos ajustes e a reformas enquanto o segun do provavelmente levará a uma ruptura ou mudança revolucionária Toda sociedade contém elementos de tensão e fontes potenciais de conflito Em estruturas flexíveis esses conflitos fornecem a dinâmica da transformação social Elementos que fogem e resistem às estruturas padronizadas de valores e normas e ao habitual equilíbrio de poder e interesses em tais estruturas podem ser consi derados arautos de padrões alternativos Em estruturas flexíveis os conflitos evitam a fos silização e reduzem a probabilidade de tipos de ação puramente rotineiros A mudança em geral e a inovação e a criatividade em particular neutralizam os ajustes habituais que paralisam a vida social dentro de moldes rígidos O choque de valores e interesses as tensões entre o que é e o que de acordo com alguns grupos ou indivíduos devia ser o conflito entre capitais investidos e novas demandas de acesso à riqueza ao poder ou ao status estão longe de ser fenômenos patológicos são estimulantes da vitalidade social em sociedades suficiente mente flexíveis para permitir ou até mesmo estimular a expressão sem obstáculos de inte resses e valores conflitantes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conflito 121 Uma apreciação da teoria do conflito Paz social e hostilidades sociais conflito e ordem são fenômenos correlatos Tanto a soli dificação quanto a quebra de um costume e dos sistemas de hábitos dominantes são parte da dialética integrante da vida social É portanto de mal alvitre fazer distinção entre uma socio logia da ordem e uma sociologia do conflito ou ver uma contradição entre um modelo de har monia e um modelo de conflito da sociedade As teorias sobre o conflito ou sobre a integração não deveriam ser encaradas como sistemas ex plicativos rivais tais como a astrologia ptole maica versus a copernicana mas sim como componentes antes parciais do que globais da teoria sociológica geral Em última análise só pode existir uma teoria sociológica geral ainda que esta possa consistir em grupos de teorias parciais de nível médio Assim como a moderna teoria política abandonou a discussão infrutífe ra a respeito de coerção ou a persuasão ser a verdadeira base das estruturas políticas e assim também como a maior parte da psicologia mo derna abandonou a busca vã de resolver se é a natureza ou a criação que se encontra na raiz da personalidade da mesma forma a teoria socio lógica deveria absterse de estimular dicoto mias igualmente infrutíferas Sempre que um analista depara com o que parece ser um equi líbrio temporário deveria prestar atenção às forças conflitantes que levaram ao seu estabe lecimento antes de qualquer coisa E inversa mente o analista deveria ser sensível à pro babilidade de que onde existe conflito e divi são haverá também forças pressionando para o estabelecimento de novos tipos de equilíbrio Uma preocupação preponderante com um ou outro grupo de fenônemos impede o caminho da análise geral das estruturas e processos so ciais A sociologia do conflito busca explicar variáveis negligenciadas por outras abordagens teóricas ela não pode suplantar a análise de outros processos sociais Fatores objetivos e subjetivos A base objetiva de conflitos a respeito de valores e bens escassos como renda status ou poder precisa ser diferenciada de predisposi ções e atitudes subjetivas tais como hostili dade agressividade e fenômenos semelhantes Conflitos e sentimentos hostis são fenômenos diferentes e podem nem sempre coincidir Não é necessário que o comportamento discrimina tório por exemplo esteja sempre associado a atitudes preconceituosas Atitudes hostis não resultam necessariamente em comportamento de conflito Tampouco precisamos ter a expectativa de que discrepâncias objetivas de poder status posição de classe ou renda conduzam neces sariamente à deflagração de um conflito embo ra devam ser concebidas como fontes poten ciais deste O modo como as pessoas definem uma situação mais que os aspectos objetivos desta deve ser o centro da atenção analítica Os rivais potenciais por uma mudança de status respeito ou poder e riqueza podem absterse de recorrer ao conflito seja devido a uma avalia ção realista de suas possibilidades de sucesso seja porque consideram legítima a atual dis tribuição das entidades valorizadas Quando como no tradicional sistema de CASTAS indiano distribuições desiguais de itens valorizados são consideradas legítimas não apenas pelos privi legiados mas também pelos desprivilegiados o conflito entre ricos e pobres não será ameaça ao sistema Só quando os desprivilegiados negam legitimidade a uma ideologia ao perder a fé que nela depositavam como ocorre quando as re lações entre suas necessidades e os privilégios dos de posição mais elevada se tornam trans parentes para eles é possível esperarse a ir rupção de conflito entre ricos e pobres Conflito realista e nãorealista A distinção entre tipos de conflitos realistas e nãorealistas demonstrou recentemente al guns resultados valiosos na análise concreta O conflito realista surge quando grupos ou in divíduos se chocam na busca de direitos rivais e na expectativa de lucro econômico poder ou status Os participantes entendem que o conflito pode ser abandonado ou substituído por outros meios caso esses pareçam mais eficientes Por outro lado em confitos nãorealistas que geral mente brotam apenas de sentimentos hostis os meios de conduzir o conflito não podem ser substituídos porque o que está em jogo é a agressão em si mesma O sistema do bode ex piatório fornece um bom exemplo O que pode ser substituído nesse caso não são os meios mas o objeto Em tais conflitos o alvo é secundário à necessidade da disposição ao ataque Assim num conflito nãorealista existem alternativas quanto ao alvo enquanto no conflito realista existem alternativas quanto aos meios utiliza Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 122 conflito dos No caso do bode expiatório por exemplo o objeto atacado pode vir a se tornar vítima devido a uma questão de grupo étnico de cren ças sexo ou outras características dependendo da situação específica No conflito realista em contraste uma das partes numa relação indus trial pode resolver que o arbítrio e não uma ação de ataque tem maiores probabilidades de trazer resultados Conflito autovalorização e força coletiva Sentimentos de valor força e dignidade pes soal entre pessoas ou extratos até então des prezados e desprivilegiados têm probabilidades de ser fomentados e fortalecidos caso os des privilegiados tenham demonstrado seu ânimo em controvérsias com os que até então os vi nham reprimindo e oprimindo As lutas pelos direitos civis no Sul dos Estados Unidos por exemplo intensificaram de tal forma o senso de capacitação e valor entre a população negra que esta podia agora proclamar triunfalmente que Black is Beautiful negro é lindo A classe operária em todos os países industriais do Oci dente transformouse lentamente de objeto em sujeito da história em uma classe para si com um senso de poder para transformar seu status de pária O moderno movimento feminista transformou milhões de mulheres de objetos sexuais quase totalmente passivos em agentes conscientes dentro do cenário público em sua busca de plena igualdade com os homens O conflito entre agentes antagônicos pode não apenas intensificar o senso de valor poder e dignidade de um deles ou de ambos como também levar a um reforço dos laços recípro cos Seja nas relações raciais ou no matrimônio os conflitos podem permitir o surgimento de laços mais fortes em vez da destruição desses laços Os laços matrimoniais podem ser forta lecidos ou as relações entre raças podem me lhorar depois de os agentes relevantes terem ganhado uma força autoconfiante depois de se terem confrontado na busca de interesses ini cialmente divergentes Canalização de conflitos A busca da eliminação do conflito na socie dade humana está destinada ao fracasso O con flito é parte inerradicável da vida conjunta dos seres humanos é um componente tão funda mental da associação humana quanto a coope ração O que é factível porém é transformar tipos específicos de comportamento de conflito quando estes são entendidos como antifuncio nais ou nocivos Os duelos que um dia foram um componente vital do estilo de vida aris tocrático desapareceram por completo A ven deta só sobrevive em remanescentes isolados de sociedades ocidentais As greves violentas nos conflitos entre trabalho e direção industrial no século XIX e início do século XX são hoje coisa do passado com muito poucas exceções Como esses pequenos exemplos demonstram é possível reduzir a violência ou intensidade do conflito através da canalização dos confrontos antagônicos de tal forma que sejam minimiza dos o sofrimento e os custos impostos aos seres humanos Se hoje a guerra nuclear tornouse impensável da mesma forma amanhã outras formas odiosas de guerra mesmo que nem to das o sejam podem não vir mais a custar vidas humanas Ver também AGRESSÃO VIOLÊNCIA Leitura sugerida Collins Randall 1975 Conflict So ciology Toward an Explanatory Science Coser Le wis A 1956 The Functions of Social Conflict Ο 1967 Continuities in the Study of Social Conflict Dahren dorf R 1957 1959 Class and Class Conflict in Indus trial Society Gluckman Max 1956 Custom and Conflict in Africa Himes Joseph S 1980 Conflict and Conflict Management Kriesberg Louis 1982 So cial Conflicts 2ªed Rex J 1961 Key Problems of Sociological Theory Simmel Georg 1908 1955 Conflict and the Web of Group Affiliations LEWIS A COSER confucionismo Como tradição intelectual e ética o confucionismo tem mais de 25 séculos Seus valores básicos foram abraçados não ape nas na China propriamente dita mas também no Japão Coréia e Vietnã e ajudaram a dar forma à autoconsciência do Leste Asiático co mo região cultural distinta Conforme seria de se esperar não existe um confucionismo es sencial que tenha persistido durante todo o de correr dessa longa história Em vez disso a tradição confuciana como outras tradições in telectuais e religiosas de idade e significação comparáveis evoluiu e se transformou ainda que algumas continuidades reais tenham sido mantidas Essa herança cultural variada propor cionou recursos abundantes para que os habi tantes do Leste Asiático do século XX refletis sem sobre a vida social contemporânea embora o confucionismo também tenha tido de enfren tar inúmeros desafios com respeito a sua com Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar confucionismo 123 patibilidade com novos conhecimentos e va lores sociais O nome ocidental confucionismo pode indicar que Confúcio forma latinizada de Kung FuTzu Mestre Kung filósofo e professor chinês que viveu no século VI aC tenha sido o fundador dessa tradição intelectual e ética Na verdade ele se encarava apenas como transmis sor de uma herança que se formara séculos antes de sua época e confucionismo é conhecido geralmente no Leste da Ásia como a tradição erudita Confúcio viveu num período de gran de agitação política e cultural Suas preocu pações em restaurar a ordem e a harmonia na sociedade e em cultivar a MORALIDADE indivi dual dentro de uma ordem social definida pela tradição tornaramse valores que motivaram e orientaram o posterior desenvolvimento do pensamento social confuciano Como modo de vida o confucionismo notabilizouse por sua preocupação com o bemestar social a harmo nia e a solidariedade sociais a estabilidade política e a paz social que devem todos ser buscados dentro de estruturas de significado herdadas do passado Ver também TRADIÇÃO E TRADICIONALISMO O pensamento social confuciano tem sido em geral corporativista presumindo que a so ciedade ideal é uma ordem hierarquicamente diferenciada e que relações humanas estrutura das de forma ritual são essenciais para esse ideal Essa ênfase nas relações humanas expres souse num interesse conjunto pela distinção entre os indivíduos e pela diferenciação dos tipos de relações posssíveis entre eles Tradi cionalmente os confucianos admitiam a pos sibilidade de muitos tipos de relações entre indivíduos mas davam ênfase especial a cinco relações cardeais como fundamentais a uma ordem social adequada as relações entre pai e filho governante e súdito marido e mulher irmão mais velho e irmão mais moço e entre amigos A preocupação confuciana com as re lações dentro da família especialmente entre pais e filhos levou alguns observadores a des crever a teoria social confuciana como orienta da de forma restritiva para o grupo mas essa preocupação confuciana com a possibilidade e a significação de relações construídas volunta riamente tais como as que existem entre ami gos não deveria ser subestimada Cada uma dessas relações cardeais determina papéis bem como responsabilidades assim obrigação cor responde a direito Todos essas relações varia das e recíprocas são melhor estabelecidas e cultivadas através de uma etiqueta e um ritual formalizados li que foram recebidos do pas sado Um comportamento adequado dentro dessas relações tradicionalmente definidas é não ape nas crucial para o estabelecimento de uma so ciedade bem ordenada mas também essencial ao desenvolvimento necessário de um indiví duo pois de acordo com a perspectiva confu cionista as pessoas só se tornam humanas atra vés de um processo de aprendizado cultural e ético que dura uma vida inteira Para se tornar plenamente humano o eu deve entrar em diá logo contínuo com outros dentro das estruturas de relações humanas Tu 1984 p5 A tradição confuciana foi institucionalizada em padrões de vida de família num sistema educacional sofisticado e no governo O sis tema educacional confuciano em princípio era aberto a qualquer um e é um dos poucos exem plos de aspiração à educação universal no mun do prémoderno No passado o pensamento so cial confuciano dedicou lugar especial ao papel do governante no estabelecimento da socie dade ideal e no estímulo à perfeição moral dos indivíduos Alguns ensinamentos do próprio Confúcio reunidos nos Aforismos postulavam o governo através do comportamento exemplar em vez da correção e do castigo Ele aconse lhava os governantes a liderar o povo de acordo com os ritos apropriados li o que motivaria outros a cumprir com seus próprios papéis den tro da sociedade Segundo a teoria política con fuciana um governante não será capaz de exer cer o governo de forma eficaz sem uma conduta pessoal adequada A comunidade de elite dos eruditos confucianos em geral aspirava a de sempenhar um papel no governo como conse lheiros do governante Confúcio e seus suces sores insistiram em que os governantes deve riam dar posições de autoridade a pessoas de virtude e capacidade isto é aos que tivessem obtido sucesso na educação confuciana e a tradição confuciana geralmente dava preferên cia à meritocracia em relação a qualquer sis tema de governo que privilegiasse o direito de nascença No século XX muitos dos valores centrais do pensamento social confuciano foram sujei tos a críticas extensas e inteira rejeição É o caso particular das dimensões políticas do pensa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 124 confucionismo mento confuciano uma vez que raros gover nantes atingiam o status moral necessário para governar de acordo com as instruções da teoria política de Confúcio Na virada do século o confucionismo foi identificado de forma bas tante realista com o autoritarismo e a corrupção política uma vez que seus ideais podiam ser facilmente manipulados para ampliar o poder de indivíduos ou grupos particulares Essa crí tica interna da prática do confucionismo que teve muitos precedentes na história chinesa foi acompanhada do desafio representado pelos ideais sociais alternativos aprendidos em conta to com o Ocidente no século XIX Os valores e instituições confucianos eram encarados cada vez mais como incompatíveis com os ideais democráticos ou socialistas ou simplesmente com a MODERNIDADE em geral Grande parte do pensamento social confuciano no século XX tem sido portanto necessariamente defensivo tentando demonstrar que a tradição confuciana tem valores análogos aos desses novos contes tadores ou é capaz de promover a concepção de novos ideais Mais recentemente tem havido uma retoma da dos valores confucianos por todo o Leste da Ásia como parte das atuais reconsiderações de identidade cultural no mundo moderno Essa retomada tem enfatizado a tradicional insis tência confuciana em que a vida social deve ser formada pelos recursos morais e simbólicos do passado Ao mesmo tempo em que se mostra crítica da tradição confuciana que herdou essa retomada também começa a repensar se a mo dernidade deve necessariamente ser definida com ênfase na autonomia do indivíduo O exemplo do Leste Asiático industrial sugere que os valores confucianos de respeito à autoridade solidariedade social baseada na família e prefe rência pelo consenso em vez do pensamento independente podem trazer contribuições po sitivas para uma sociedade moderna Leitura sugerida King Ambrose YeoChi 1991 Kuanhsi and network building a sociological inter pretation In The Living Tree the Changing Meaning of Being Chinese Today número especial de Daedalus 120 6384 Levenson Joseph R 195865 Confucian China and its Modern Fate 3 vols Rozman Gilbert org 1991 The East Asian Region Confucian Heritage and its Modern Adaptation Tu Weiming 1984 Confucian Ethics Today the Singapore Challenge Ο 1985 Confucian Throught Selfhood as Creative Trans formation Ο 1991 The search for roots in industrial East Asia the case of the Confucian revival In Fun damentalisms Observed org por Martin E Marty e R Scott Appleby CHARLES HALLISEY conhecimento sociologia do Ver SOCIOLO GIA DO CONHECIMENTO conhecimento teoria do A teoria filosófi ca do conhecimento ou epistemologia diz respeito à sua natureza sua variedade suas origens seus objetos e seus limites Platão di ferenciou o conhecimento episteme da mera crença doxa Tradicionalmente o conheci mento foi definido como uma crença de legiti midade justificada Entre as questões com as quais a epistemologia se ocupou estão 1 o conhecimento é possível 2 Em caso positivo seus objetos são reais ou ideais 3 Sua fonte é a experiência ou a razão 4 O conhecimento é unitário Desde o seu nascimento a epistemo logia é 5 aporética ou seja suas soluções foram forjadas na preocupação com certos pro blemas ou conjunto de problemas Assim neste artigo examinarei rapidamente um desses con juntos o que cerca o problema da indução chamado de o escândalo da filosofia por CD Broad em 1926 a Os céticos duvidavam que fosse possível a justificação das pretensões ao conhecimento enquanto os falibilistas como CS Peirce e KR Popper argumentavam que o melhor que se pode conseguir são conjecturas nãofalsifi cadas e submetidas a exame crítico Mas a falsificação de uma conjectura parece implicar o reconhecimento e com isso a aceitação de um engano Não obstante a apreensão da rela tividade do conhecimento levou tanto os con vencionalistas do século XX quanto alguns so ciólogos do conhecimento a querer colocar a palavra entre aspas de advertência b O início do século testemunhou uma reação realista aos idealismos subjetivo e obje tivo do século XIX predominantes nos quais a realidade em particular os objetos da percepção e o conhecimento de maneira mais geral era encarada como consistindo de mentes finitas ou infinitas ou idéias particulares ou transcen dentes ou de qualquer forma dependendo de las GE Moore propôs um REALISMO percep tual baseado no senso comum mas nem este nem o realismo representativo mais habitual cartesianolockeano em que alguns produtos da percepção eram como os seus objetos conse guiu fornecer uma proposição à altura do feno Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conhecimento teoria do 125 menalismo em que os objetos eram analisados como dados dos sentidos efetivos ou possíveis e no qual o empirismo lógico dominante no segundo quartel do século geralmente se abri gava Os empiristas lógicos no entanto de modo característico tenderam também a des cartar toda a questão realistaidealista como uma questão metafísica tipicamente insolú vel e portanto sem sentido Nos anos 70 e 80 a questão do realismo mas agora principal mente do realismo científico veio mais uma vez para o primeiro plano nos Estados Unidos principalmente nas formas de orientação epis temológica propostas por H Putnam e W Boyd e na Inglaterra nas variedades mais ontológicas propostas por Harré e Bhaskar Este último afirma que os objetos do conhecimento cientí fico não são os eventos e suas conjunções mas sim 1 as estruturas causais mecanismos ge radores e fatores semelhantes que existem e agem em sua maior parte de forma bastante independente da atividade humana e 2 em particular a atividade da experimentação que nos permite um acesso empírico a eles De forma mais geral parece importante distinguir pelo menos no que diz respeito à ciência dois tipos de objetos do conhecimento os objetos intransitivos de investigação científica tais como o mecanismo da condução eletrônica ou a propagação da luz e os objetos cognitivos transitivos recursos e não tópicos usa dos na produção ou transformação de seu co nhecimento ver MODELO c Pelo menos desde Leibniz e Hume o conhecimento analítico tem sido nitidamente diferenciado do conhecimento empírico apesar de essa distinção ter sofrido ataques no terceiro quartel do século por parte de WVO Quine e numa direção diferente Friedrich Waismann Uma disputa histórica capital dentro da epis temologia foi a ocorrida entre os racionalistas como Platão e Descartes que encaravam a ra zão e os empiristas como Aristóteles e Locke que encaravam a experiência como fonte pri mária ou mesmo única do conhecimento De forma típica os racionalistas conceberam o co nhecimento dentro do paradigma da geometria euclideana como derivado aprioristicamente de axiomas autoevidentes ou racionalmente demonstráveis Os empiristas em contraste presumiram que o conhecimento era determi nado por indução a partir de ou testado por referência a afirmações oriundas da observa ção irrefutáveis ou convencionalmente ajus tadas mas não inferidas Kant tentou reconci liar as posições rivais de razão e experiência em seu sistema de idealismo transcendental en carando a razão como fornecedora de princípios sintéticos a priori impondo forma à matéria recebida através dos sentidos Na primeira metade do século o EMPIRISMO particularmente numa forma lógica promulga da pelo círculo vienense de M Schlick R Carnap e O Neurath era praticamente hegemô nico embora fora da corrente predominante analítica florescessem exemplos de racionalis mo como a FENOMENOLOGIA de Husserl e até mesmo dentro dela sobrevivessem figuras co mo RG Collingwood Vale a pena examinar com um pouco mais de detalhe o desapareci mento do empirismo lógico O círculo de Viena empregava a dicotomia analíticoempírico na forma de um critério de significação inicial mente afirmado por Schlick como o significa do de uma proposição é o método da sua veri ficação e de um critério de demarcação de um discurso científico para um nãocientífico Mas logo surgiram dificuldades Primeiro o princípio de verificabilidade não era nem ana lítico nem empírico e portanto deveria ser des provido de sentido Em segundo lugar nele tanto as proposições históricas quanto as leis científicas as quais sendo universais nunca poderiam ser verificadas de forma conclusiva revelaramse sem sentido Para enfrentar essa dificuldade Carnap afrouxou o critério a fim de admitir uma proposição que fizesse sentido para o caso de alguma prova empírica poder contar a favor ou contra ele isto é de ser testável A reação de Popper foi admitir proposições nãocientíficas como significativas mas usan do a falsificabilidade como critério de demar cação substituto Finalmente o princípio pare cia acarretar solipsismo ou caso recebesse uma interpretação realista perda de irrefutabilidade e com isso de decisões singulares De forma mais geral toda uma idéia de fatos independentes de teoria constituindo os fun damentos irrefutáveis do conhecimento foi co locada sob suspeita a partir de variadas esferas A crítica de Wittgenstein da sua própria filoso fia inicial e em particular da necessidade de uma linguagem particular minou de modo fatal o individualismo sociológico implícito no mo delo Uma crescente consciência da mutabili dade do conhecimento científico e da magni Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 126 conhecimento teoria do tude das efetivas mudanças científicas pela qual a obra de Karl Popper TS Kuhn I Laka tos e PK Feyerabend foi principalmente res ponsável comprometeu o argumento do fun damentalismo Além disso ficou evidente que palavraschaves tais como experiência eram subanalisadas e usadas de forma equívoca por exemplo pela impossibilidade de distinguir prática social por um lado e investigação ex perimentalmente controlada por outro am bas além do mais profundamente implicadas na teoria Finalmente o caráter holístico tanto dos resultados experimentais quanto das lin guagens de observação tornouse claro Assim no primeiro caso qualquer resultado é pri meiro um teste de uma multiplicidade de hipó teses qualquer uma das quais pode ser pre servada segundo consistente com uma plu ralidade geralmente infinita de novos grupos de hipóteses e terceiro sujeito a subse qüente revisão ou redescrição na história da ciência A obra do segundo Wittgenstein e a lingua gem comum depois a FILOSOFIA DA LINGUAGEM centrada em Oxford liderada por Gilbert Ryle e JL Austin junto com a análise conceitual também praticada ao mesmo tempo abriram caminho para o ressurgimento de temas neo kantianos especialmente na obra de P Straw son e SN Hampshire e nas filosofias da ciência propostas por W Sellars SE Toulmin NR Hanson e Rom Harré Mais recentemente uma combinação nãokantiana do empirismo e do racionalismo foi tentada por Bhaskar em seu sistema de realismo transcendental ou crítico no qual a teoria científica é encarada como geradora sob a disciplina do controle experi mental de conhecimento de necessidade natu ral a posteriori Nesse sistema os critérios hu meanos de causalidade e lei bem como os critérios hempelianos de explicação não são nem necessários nem suficientes A ontologia é rejustificada e o erro da análise de proposições sobre serem proposições a respeito do nosso conhecimento do ser a falácia epistêmica é encarado como encobrindo a geração de uma ontologia implícita no caso padrão a do realis mo empírico incorporando a redução do real ao factual factualismo e daí ao empírico A partir dessa perspectiva sem a retematização e a crí tica da ontologia empirista o empirismo deve sofrer uma mutação para alguma forma de con vencionalismo pragmatismo conforme repre sentado pelo influente Philosophy and the Mir ror of Nature 1980 de Rorty ou mesmo su peridealismo acarretando um hiperrelativismo subjetivo no qual os critérios de objetividade e verdade são completamente perdidos d De forma tradicional a FILOSOFIA DA CIÊNCIA tem sido tratada como pouco mais que um exemplo substitutivo da teoria do conhe cimento mais geral A FILOSOFIA DA CIÊNCIA SO CIAL foi anexada por sua vez como nada além de um exemplo da filosofia geral da ciência natural Essas elisões têm sido cada vez mais questionadas no decorrer do século XX Assim fizeramse discriminações entre conhecimento comum e conhecimento científico com este último exigindo uma socialização própria e entre conhecimento nas ciências naturais e nas ciências humanas ao que voltarei em breve Além do mais seguindo Ryle costumase hoje fazer uma distinção entre o conhecimentode como prático e o conhecimentodeque propo sitivo e o mais genérico conhecimentode segundo Polanyi entre conhecimento tácito e explícito segundo Wittgenstein entre consci ência prática e discursiva ou entre forma de vida e teoria e segundo Noam Chomsky entre competência e desempenho Todas essas dis tinções ajudaram a demolir o antigo conceito unitário e indiferenciado de conhecimento e Quero agora considerar brevemente o campoproblema da indução O problema da indução de saber que garantia temos para supor que o curso da natureza não irá mudar Na ontologia realista transcendental a estratifica ção da natureza proporciona a cada ciência sua própria garantia indutiva interna Se existe uma razão real localizada na natureza da matéria e independente da disposição envolvida tal co mo sua estrutura molecular ou atômica então a água deve tender a ferver quando é aquecida Seria inconsistente com essa razão explana ção que ela tendesse a congelar ou a ruborizar timidamente ou a se transformar num sapo Mas continua a ser verdadeiro que num mundo aberto qualquer previsão particular pode ser derrubada Assim o realismo transcendental permitenos sustentar a transfactualidade uni versalidade das leis à luz da complexidade e diferenciação do mundo de forma a nos permi tir por exemplo inferir tendências no contexto extraexperimental resolvendo dessa forma o problema do que poderia ser chamado de transdução Uma ontologia de sistemas fe Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conhecimento teoria do 127 chados e eventos de atomização é uma condição da inteligibilidade do problema tradicional da indução Estreitamente ligados a esta questão estão os problemas de distinguir uma seqüência de eventos necessária de outra acidental dos condicionais subjetivos e dos paradoxos de N Goodman e CG Hempel Todos estes giram em torno da ausência de uma razão real não convencional localizada na natureza das coi sas para que predicados sejam ligados da ma neira como são Em virtude de sua constituição genética se Sócrates é um ser humano ele deve morrer Gravitando também em torno da ausência de um princípio de estrutura encontrase o tradi cional problema dos universais Se existe algu ma coisa tal como a posse de uma estrutura atômica ou eletrônica comum que a grafita o carbono e os diamantes possuem em comum então os químicos têm razão ao classificálos juntos Por outro lado nada existe de algum significado científico estrutural que digamos todas as hortaliças possuam em comum nes se último contexto classificatório uma teoria da semelhança em vez de uma teoria realista funciona melhor A ciência só se preocupa com que tipos de coisas existem na medida em que isso esclarece seus motivos para agir os meca nismos geradores da natureza e só se preocupa com o que as coisas fazem na medida em que isso esclarece o que elas são as entidades es truturadas do mundo Existe uma dialética de conhecimento explanatório e taxonômico na ciência Bhaskar 1975 especialmente cap3 seções 36 Na ontologia realista transcenden tal outros aporiai tradicionais da epistemolo gia dos paradoxos platônicos de autoas serção aos paradoxos de autoreferência de gru pos teóricos do século XX e aos paradoxos contemporâneos de implicação material se dissolvem Assim é possível ver que Platão por exemplo tenta explicar a razão de algum exem plo da qualidade de azul em termos de sua participação na Forma azul em vez diga mos como ele é claro não poderia dizer de sua reflexão luminosa de comprimento de onda 4400 Å invocando um novo nível ou ordem de estrutura É fácil descobrir outros homólogos do problema da indução por exemplo na interpretação e generalização de Kripke 1981 do argumento de Wittgenstein sobre a lingua gem particular ou análogos dele como no papel desempenhado na teoria sociológica pelo problema hobbesiano da ordem O campo das humanidades e das ciências sociais tem sido dominado no século XX pela disputa entre os defensores de um POSITIVISMO naturalista irrestrito e os de uma HERMENÊUTICA antinaturalista De modo plausível essa disputa é resolvida pelo novo naturalismo crítico com base na filosofia da ciência realista transcen dental Neste a VERSTEHEN surge como ponto de partida para a pesquisa social que busca descobrir mecanismos geradores em funciona mento na sociedade pelo menos parcialmente análogos aos que se encontram na natureza o que pode tornar as próprias compreensões ini ciais dos agentes sujeitas a crítica No novo naturalismo restrito surge toda uma série de diferenças ontológicas epistemológicas rela cionais e críticas entre as ciências da natureza e da sociedade ver NATURALISMO A estrutura social surge como condição sempre presente e como o resultado continuamente reproduzido da mediação intencional humana esta é uma dualidade de estrutura na terminologia da teo ria de estruturação de Giddens e do modelo transformacional de atividade social de Bhas kar A mediação aparece como um poder da matéria sincronicamente emergente ver MATE RIALISMO A ciência social por sua parte surge como ao mesmo tempo mais fácil de se iniciar e mais difícil de se desenvolver do que a ciência natural Estreitamente ligada a esse novo realismo crítico encontrase uma reavaliação de Marx como pelo menos em O capital um realismo científico Mas a natureza de sua Ausgang da filosofia em ciência sóciohistórica substantiva levou ao subdesenvolvimento da sua crítica do empirismo em comparação com a sua crítica do idealismo de seu realismo científico como distinto do simples objeto material e de sua concepção da dimensão intransitiva tematiza da em torno de objetividade em comparação com a dimensão transitiva tematizada em torno de trabalho Isso resultou numa tendência da epistemologia marxista a oscilar no século XX entre um idealismo sofisticado seja no neokan tismo de Max Adler e os austromarxistas no marxismo estóico de G Lukács K Korsch e A Gramsci no antiobjetivismo da teoria crítica da Escola de Frankfurt nos marxismos humanista e existencialista no período do pósguerra mais especialmente o de JeanPaul Sartre ou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 128 conhecimento teoria do no racionalismo científico de Louis Althusser e um materialismo cru seja no diamat materialismo dialético engelsianoleninista stalinista ou no positivismo mais sofisticado porém cientificista de G Della Volpe Fora da corrente analítica predominante a fenomenologia de Husserl especialmente de pois de 1907 tornouse cada vez mais raciona lista em seu teor praticando uma epoché ou suspensão transcendental da realidade ou se não dos objetos dos atos da consciência a fim de investigar suas formas puras Heidegger rea giu a isso perguntando como a existência dos atos se relacionava à existência dos objetos dos atos abrindo assim o caminho para a sua onto logia fundamental do Dasein em O ser e o tempo 1927 e mais tarde para sua influente metaontologia e metahistória das épocas do ser culminando na era contemporânea de tec nologia e niilismo Nietzsche e Heidegger são os principais progenitores da escola chamada pósestruturalista depois do ESTRUTURALISMO de Claude LéviStrauss e Althusser Os princi pais membros dessa escola são Jacques Derrida Michel Foucault e o metapsicólogo Jacques Lacan A obra de Derrida continua a crítica heideggeriana da metafísica da presença logocentrismo que ele encara como infor madora da epistemologia tradicional e se apóia na desconstrução das oposições características tais como universalparticular da filosofia O pósestruturalismo está normalmente associado ao motivo da pósmodernidade recentemente submetido a uma crítica devastadora por Jürgen Habermas em O discurso filosófico da moder nidade 1985 No mundo anglosaxão Ri chard Rorty seguiu sua abordagem pragmatista invocando cada vez mais embora questiona velmente J Dewey como seu mentor contra pondo que o pragmatismo público é compatível com a ironia privada Nesse meio tempo a SOCIOLOGIA DO CONHE CIMENTO que em geral se apresenta como rival da epistemologia é um empreendimento prós pero Parece que a filosofia se quer analisar as condições de possibilidade do conhecimento precisa dar as mãos ao estudo empiricamente fundamentado de suas causas e efeitos nu ma pesquisa que deve logicamente incluir as questões tanto de seu próprio status epistemo lógico quanto de seu próprio papel causal como parte da totalidade que ela busca descrever e explicar Leitura sugerida Bhaskar Roy 1991 Philosophy and the Idea of Freedom Dews Peter 1987 Logics of Desintegration Giddens A 1979 Central Problems of Social Theory Harré R 1970 The Principles of Scientific Thinking Kripke Saul 1981 Wittgenstein on rules and private language In Perspectives on the Philosophy of Wittgenstein org por I Block Ou thwaite William 1987 New Philosophies of Social Science Polanyi M 1967 The Tacit Dimension Rorty Richard 1980 Philosophy and the Mirror of Nature Ryle Gilbert 1949 1963 The Concept of Mind Wittgenstein Ludwig 1953 1967 Philosophi cal Investigations ROY BHASKAR conselho de trabalhadores Esta instituição no contexto da DEMOCRACIA INDUSTRIAL pode ser descrita também como conselho de trabalho conselho de fábrica conselho de empresa co mité dentreprise ou soviete Segundo Gott schalch 1968 p32 podemos diferenciar entre três tipos de conselhos 1 como organizações de luta 2 como formas de representação de interesses 3 como órgãos diretores da comu nidade política Os conselhos de trabalhadores foram concebidos e praticados em todas essas três formas Conselhos locais e municipais existem há longo tempo como a expressão dos movimen tos de cidadãos para dirigir os assuntos de uma comunidade local ou de uma cidade No século XIX os trabalhadores começaram a se organizar em grêmios sindicatos clubes e outras formas de associação Os conselhos de trabalhadores no sentido moderno foram concebidos inicial mente no contexto do ANARCOSINDICALISMO no final do século XIX Opunhamse aos partidos socialistas centralizados aos sindicatos e outras organizações operárias Os sovietes tornaramse provavelmente a forma mais famosa de conselho no século XX Já na Revolução de 1905 na Rússia os conse lhos de trabalhadores camponeses e soldados desempenharam um papel proeminente An weiler 1958 Lenin em seus primeiros textos foi um protagonista dessa forma de organização social e Todo o poder aos sovietes foi o slogan da primeira revolução fevereiro em 1917 Anna Pankratova 1923 descreveu a es trutura e o funcionamento precisos dos conse lhos de trabalhadores até 1923 mas seu livro teve a publicação proibida em todos os países socialistas estatais até recentemente O conflito entre o centralismo democráti co e a ditadura do proletariado exercida atra Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conselho de trabalhadores 129 vés do monopólio de poder do partido comunis ta e a autodeterminação básica democrática na forma de sovietes chegou às vias de fato na revolta de Kronstadt em 1921 Trotsky mais tarde um defensor do controle operário es magou o levante pela força militar Esse foi o início do domínio stalinista e da aniquilação de toda e qualquer oposição na União Soviética de que a região ainda não se recuperou Ferro 1980 Democracia de conselho O conceito de democracia de conselho de senvolveuse principalmente fora da União So viética e em oposição ao que lá era praticado Rosa Luxemburgo criticou de forma bastante áspera e desde muito cedo a degeneração do sistema soviético e apoiou os conselhos de trabalhadores e de soldados formados na revo lução alemã de novembro de 1918 Esses conse lhos derrubaram o Kaiser e levaram à primeira república alemã Oertzen 1963 mas em 1920 como uma concessão histórica uma lei sobre os conselhos de trabalhadores que lhes reduzia o poder foi aprovada em Berlim Crusius 1978 Os socialdemocratas e os sindicatos tinham quase tanto medo dessas organizações básicas democráticas quanto os conservadores Em 191819 houve também uma república de conselho húngara que durou seis meses e em 1919 uma república de conselho em Munique de vida breve Os conselhos de trabalhadores também desempenharam um papel predomi nante no Conselho da República espanhola entre 1936 e 1939 O pensador mais destacado do grupo de comunistas de conselho que se constituiu na República de Weimar foi Anton Pannekoek Para ele o conselho de trabalhadores não signi ficava uma forma de organização específica precisamente concebida que tivesse de ser ela borada em maiores detalhes mas o princípio de controle pelos próprios trabalhadores da empre sa e da produção Pannekoek 1950 Karl Korsch outro comunista de conselho escreveu um manual de direito trabalhista 1922 para ajudar os conselheiros operários a colocarem em prática o controle operário Os conselhos de fábrica como forma es pecífica de conselho de trabalhadores ficaram conhecidos basicamente na Itália através dos textos de Antonio Gramsci 191020 19216 que os descreveu tal como foram organizados de 1919 a 1921 principalmente em Turim Se gundo Gramsci escrevendo em 1920 os conse lhos de fábrica são a expressão de uma demo cracia produtora em todas as fábricas em todas as oficinas é formado um órgão de base representativa que materializa o poder do proletariado luta contra a ordem capitalis ta ou exerce o controle sobre a produção e educa todas as massas de trabalhadores para a luta revolu cionária e para o estabelecimento do estado operário Citado por Széll 1988 p37 Os kibbutzim em Israel podem ser encara dos como uma forma específica de conselho de trabalhadores e apesar de seu mandato ser mui to mais amplo uma vez que eles abrangem todas as esferas da vida social e econômica sua base é a comunidade de produção que está organizada de modo democrático direto Ros ner 1976 Os conselhos de trabalhadores são hoje a forma mais difundida de controle operário na empresa e foram institucionalizados em inúme ros países depois da Segunda Guerra Mundial Foram tornados obrigatórios em nove países da Europa Ocidental Áustria Bélgica França Alemanha Ocidental Grécia Luxemburgo Holanda Portugal e Espanha Em alguns dos casos o conselho de trabalhadores consiste ape nas em representantes operários em outros in cluem também representantes da gerência MüllerJentsch 1990 Ver também PARTICIPA ÇÃO AUTOGESTÃO O modelo alemão tornouse o mais conhecido Pode parecer que essa ins tituição é específica da Europa Ocidental mas pode ser encontrada hoje também no Burundi no Paquistão na Tanzânia e em Zâmbia en quanto instituições semelhantes existem sob outras denominações em Bangladesh no Bra sil na Dinamarca no Gabão no Iraque na Mauritânia nas Ilhas Maurício no México nas Filipinas em Sri Lanka na Suíça na Tunísia e no Zaire International Labour Office 1981 p20524 Monat e Sarfate 1986 p109208 Naturalmente é difícil comparar instituições em países onde as condições econômicas cul turais e políticas são completamente diferentes Qual pode ser o papel de um conselho de traba lhadores numa sociedade onde o desemprego chega a 50 e a economia informal envolve 90 Não obstante os conselhos de traba lhadores podem ser encarados como uma forma mais fraca ou como um protótipo de controle por parte dos operários Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 130 conselho de trabalhadores Com a queda do socialismo estatal as pro fundas crises ecológica cultural social e polí tica das sociedades capitalistas e o ressurgi mento de organizações regionalistas e locais um novo debate sobre a organização democrá tica da produção e da reprodução parece ser historicamente necessário Nesse contexto os ideais de controle por parte dos trabalhadores através de conselhos podem dar uma resposta às crises no Leste e no Oeste no Norte e no Sul O problema da democratização da sociedade é ainda praticamente o mesmo que existia no início do século quem decide o que é produzi do como onde e para quem A reestruturação democrática perestroika na União Soviética estava ligada à introdução de conselhos de tra balhadores diretos e à glasnost transparência e os efeitos se fizeram sentir no mundo inteiro Em muitos dos antigos países de socialismo estatal conselhos de trabalhadores foram cria dos espontaneamente Do outro lado da antiga Cortina de Ferro Sturmthal 1964 os movi mentos de cidadãos bem como os estudantes mulheres e desempregados geralmente se or ganizavam em conselhos Mas os movimentos feministas e os verdes como novos movimen tos sociais normalmente não se ocupam muito com questões econômicas Talvez para eles bem como para o pensamento conservador já estejamos vivendo numa sociedade pósin dustrial onde o trabalho já não desempenha um papel central na vida Não obstante para o futuro da DEMOCRACIA parece importante en contrar algum equilíbrio entre espontaneidade e organização Mattick 1975 e os conselhos de trabalhadores deram uma importante contri buição nesse sentido Ver também SINDICATOS Leitura sugerida Bouvier Pierre 1980 Travail et expression ouvrière pouvoirs et contraintes des comi tés dentreprise Garson G David org 1977 Worker SelfManagement in Industry the West European Experience Jain Hem Chand e Giles Anthony 1985 Workers participation in Western Europe implica tions for North America Relations Industrielles 404 74774 Jenkins David 1973 Job Power Mandel E 1970 1973 Contrôle ouvrier conseils ouvriers auto gestion 3 vols Széll György 1988 Participation Workers Control and SelfManagement Williams G A 1975 Proletarian Order Antonio Gramsci Factory Councils and the Origins of Italian Communism 1911 1921 GYÖRGY SZÉLL consenso Como expressão de um acordo ge ral entre indivíduos ou grupos não apenas em pensamento mas também em sentimento es sa palavra não se refere apenas a acordos na cionais mas implica também sentimentos co muns um sentir conjunto O consenso existe quando uma ampla proporção dos membros adultos de uma sociedade ou de seus subgru pos em particular uma ampla proporção dos que tomam decisões encontrase em acordo geral quanto a que decisões são exigidas e que questões devem ser abordadas Pessoas ou gru pos que agem em consenso têm um senso de afinidade mútuo e se encontram unidos por laços afetivos e preocupações ou interesses co muns Essa definição é claro aplicase apenas a um grupo ideal Em qualquer situação concre ta o consenso entre alguns será acompanhado pelo DISSENSO ou recuo apático entre outros Consenso e dissenso são correlativos A palavra consenso foi introduzida na lin guagem das ciências sociais por Auguste Com te no século XIX Ele concebeu o conceito como o cimento indispensável sobre o qual qualquer estrutura social deve repousar Acre ditava que para que a sociedade não se trans formasse num amontoado de indivíduos devia basearse no consenso de uma comunidade mo ral de indivíduos de igual pensamento e igual sentimento Cientistas sociais posteriores ten deram a seguir os passos de Comte tentando ao mesmo tempo tornar a sua rigidez analítica mais flexível Enfatizaram por exemplo que em nenhuma sociedade por mais consensual que seja tal consenso será igualmente compar tilhado por todos os membros componentes Nem é possível esperar que todos os membros de um grupo ou sociedade venham efetiva mente a desejar participar das tomadas de de cisões Nem por outro lado todos os grupos ou indivíduos são sempre capazes de fazer com que suas vozes sejam ouvidas no debate públi co Pode ocorrer que o que se apresenta como consenso geral seja apenas o consenso daqueles a quem é permitido participar do jogo político Consenso precisa ser diferenciado de COER ÇÃO isto é a imposição pela força de normas de comportamento sobre a população em geral por parte dos senhores políticos e dos que to mam as decisões O conformismo sem reflexão e a aceitação habitual das ordens sociais não podem ser encarados tampouco como o equiva lente de um consenso Este último conceito em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar consenso 131 geral implica um processo através do qual se promove o acordo entre agentes participantes Deve ser concebido como um processo ativo e portanto ser distinguido da aquiescência da aceitação resignada ou do simples conformis mo O regime nazista na Alemanha por exem plo provavelmente pôde contar com o consen so de grande parte dos agentes políticos do país nos primeiros anos do regime mais para o final porém a maioria dos cidadãos parece ter sido motivada apenas pelo conformismo passivo às injunções dos líderes As regras do jogo como acabamos de ver podem ser impostas de forma coercitiva por superiores poderosos a subordinados desprovi dos de poder No entanto conforme teóricos políticos vêm argumentando desde os grandes filósofos gregos a coerção por si não pode proporcionar fundamento suficiente para uma ordem social Se é verdade que policiais podem erguer o cassetete contra potenciais violadores de uma ordem imposta essa ordem não tem como resolver o problema de quem policia e ergue um cassetete contra os policiais Uma medida de consenso ainda que possa envolver apenas uma fração da população deve inspirar alguns agentes a seguir as diretivas dos que tomam as decisões por motivos outros que não o medo da represália O consenso não implica o vínculo perma nente a padrões fixos que guiem a conduta Ao contrário uma reflexão histórica demonstrará que o que numa época fez parte do consenso em outra já não mais determina o comportamento Os partidos políticos pelo menos na política democrática moderna estão continuamente en volvidos em conflitos que visam transformar o consenso parcial em dissenso parcial ou vice versa Por exemplo as crenças a respeito da necessidade de uma certa medida de segurança social durante períodos de desemprego ou na velhice são hoje reconhecidas e aceitas ainda que às vezes de má vontade por defensores do livre mercado enquanto em um período ante rior eram encaradas como fantasias utópicas Com muita freqüência os excêntricos de uma geração tornamse os inovadores venerados da geração seguinte Não apenas um dado consenso pode existir hoje e desaparecer amanhã devido ao fluxo e às mudanças históricas como também os agen tes que desenvolvem o consenso e o acordo podem mudar no decorrer do tempo dependen do da relativa abertura ou do relativo fechamen to do acesso ao campo de debate político O consenso originase de um processo no qual até mesmo alguns agentes inicialmente recalcitran tes sejam indivíduos ou grupos se tornam mo tivados pelo menos em alguns contextos a deixar de lado padrões egocêntricos de compor tamento por meio da união através de um nós coletivo Nessas situações discordâncias ini ciais podem tornarse parte de crenças consen suais comuns no momento mesmo em que no vas áreas emergentes de dissenso já começam a dar indícios de uma nova virada Leitura sugerida Comte Auguste 1974 The Essen tial Comte org por Stanislav Andreski Key Jr VO 1961 Public Opinion and American Democracy Lip set SM 1960 Political Man the Social Bases of Politics Shils Edward 1975 Consensus in Center and Periphery Essays in Macrosociology LEWIS A COSER conservadorismo Esta é uma perspectiva política universal de um modo que as grandes ideologias modernas do LIBERALISMO do SOCIA LISMO e do FASCISMO não são A aversão ins tintiva à mudança e a correspondente ligação às coisas tais como elas são constituem sentimen tos dos quais poucos seres humanos já esti veram totalmente isentos E sentimentos foi tudo que o conservadorismo reuniu durante boa parte da história humana Nas sociedades avançadas não menos que nas primitivas qual quer outra disposição que não a conservadora em geral sempre pareceu aberrante Costumes rituais e maneiras inalteráveis governaram o comportamento humano de geração a geração O conservadorismo só desperta de seu torpor instintivo quando incitado a fazêlo pela defla gração de uma mudança rápida e turbulenta E mesmo então o conservadorismo acha difícil dar voz a instintos aos quais durante tanto tem po ele não deu o menor valor e que de forma bastante literal ele não tinha nenhum motivo para definir ou defender Para cada Edmund Burke que foi levado pelo alarme à reflexão devido à Revolução Francesa havia mil aris tocratas e camponeses de boca calada que sabiam o que lhes agradava mas não sabiam por quê Por isso o alarme sentido pelos conserva dores diante da mudança prestase à reflexão mais do que leva a ela Não obstante é correto buscar a origem do pensamento conservador no sentimento conservador Esse senso do concre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 132 conservadorismo to e do imediato que é tão característico do primeiro tem suas origens no último Pode remontar mais especificamente aos laços e práticas prémodernos da velha Europa aos quais os philosophes do ILUMINISMO do século XVIII dedicaram tanto desprezo Contra o im pulso destes últimos de reorganizar a sociedade segundo linhas racionais e de valorizar os indivíduos que se soltavam da teia de ligações em que viviam presos os tradicionalistas con servadores se uniram na defesa de sua própria espécie ver RACIONALIDADE E RAZÃO Eleva ram lentamente ao plano da reflexão sua expe riência de instituições e costumes tão insepará veis dos fins da vida humana E isso formou forte contraste com a então emergente ênfase liberal em fins e interesses totalmente indivi duais com relação aos quais as instituições e formas de vida se colocam num relacionamento meramente utilitário Quanto a instituições há muito estabelecidas para o individualista libe ral elas sempre pareceram muletas sem as quais as pessoas adultas podem viver perfeitamente ver INDIVIDUALISMO O conservador é no ge ral menos otimista no caminho da liberdade diz o pensamento conservador fica o atalho da libertinagem A sociedade tal como o conser vador a descreve não é um amontoado de áto mos individuais desconectados É antes uma communitas communitatum em que o indiví duo socialmente isolado o homem rebelde de Shakespeare é a exceção não a regra O que começou como oposição instintiva a idéias modernizantes desabrochou num con traIluminismo maduro quando os conserva dores entenderam que os radicais burgueses queriam racionalizar e atomizar toda a socie dade Parte da oposição conservadora aos mo dos abstratos de pensamento era despolitizada uma vez que perdera o contato com o mundo tal como estava passando a ser e se refugiara na experiência internalizada que reconhecemos como romantismo e isso ao ponto de os obje tivos dos radicais burgueses terem tido suces so Porém um elemento mais durável no cam po conservador surgiu com o HISTORICISMO A escola histórica reagiu à dissolução do mundo tradicional estático reinterpretando a ligação conservadora com o concreto como uma liga ção com o orgânico isto é com o que vive e está sempre evoluindo O lugar que fora ocupa do no antigo pensamento conservador pelo es tado e pela comunidade local foi preenchido em vez disso pela comunidade orgânica do povo Volk A mudança no entanto pode ser tão verti ginosa que uma reação historicista a ela termine não em adaptação mas em capitulação Tanto a história quanto a experiência então tornam se um terreno traiçoeiro para se montar uma oposição eficaz à mudança radical pelo simples motivo de que para tomar emprestada a linguagem do MARXISMO ambas estão do lado da mudança É por isso que no século XX muitos conservadores têm sentido a necessi dade de um modo de pensar mais discriminador que apele menos à tradição em si mesma do que às verdades que uma tradição saudável incor pora Era uma norma da tradição judaicocristã que todos os membros da sociedade a aceitas sem como imposição unificadora sobre eles próprios Mas o homem ocidental moderno per deu qualquer senso de ordem moral objetiva A privatização dos valores morais que é inevi tável e boa do ponto de vista liberal sob o ângulo conservador é idêntica ao niilismo próspero da sociedade contemporânea Se os valores não repousam em nada mais sólido que a nossa escolha arbitrária como gostaria o RELATIVIS MO então não podemos ter nenhum bom motivo para acreditar neles A crítica conservadora ao individualismo liberal adquire aqui uma pers pectiva cultural e metafísica e não apenas social e política A sociedade e suas obrigações não se fundam sobre as vontades e desejos cambiantes dos indivíduos mas em última aná lise sobre a natureza dos seres humanos Em outras palavras antes dos acordos que fazemos uns com os outros na busca de nossos interes ses temos certos deveres e direitos que são por assim dizer inegociáveis ou dados pois ins critos em nossas próprias naturezas Os limites atribuídos à mudança ou ao pro gresso pelas idéias gêmeas de natureza huma na e lei natural são obviamente bastante consi deráveis Liberais e radicais em graus variados assumem a plasticidade infinita da natureza humana Os conservadores adeptos da lei natu ral afirmam ao contrário que ela manifesta aspectos imutáveis que por sua vez implicam normas imutáveis Alguns têm encarado esse ponto de vista como sinal de uma possível incoerência na teoria conservadora como pode a crença em uma lei natural universal que é por definição aplicável a todos os seres huma nos em todos os lugares e em todos os tempos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conservadorismo 133 ser compatível com a ligação com tradições e costumes particulares e locais Nem todos os conservadores é claro apóiam esses dois pon tos de vista Mas os que o fazem são geralmente forçados a admitir que uma cultura existente ou tradicional pode de fato não corresponder nem de longe a certos princípios morais universais caso em que essa cultura deve submeterse ao julgamento de tais princípios Ainda é verdade que desde que a Ilustração usou sua própria idéia de natureza humana para demonstrar a irracionalidade de todas as socie dades existentes muitos conservadores rejeita ram a própria idéia como sendo no todo dema siado abstrata Mas é importante compreender o grande abismo que separa a idéia conservado ra de natureza humana como só se tornando aquilo que ela essencialmente é como só se completando na sociedade da idéia liberal moderna da natureza humana como essencial mente asocial Conservadores britânicos e nor teamericanos às vezes chegam perto de abraçar esse ponto de vista liberal na sua adesão en tusiástica ao CAPITALISMO No entanto na práti ca normalmente conservam alguns vestígios da velha crença conservadora de que a liberdade incluindo a liberdade econômica é ao mesmo tempo inoperável e intolerável fora de uma forte estrutura social e moral Resta ver até onde o conservadorismo em alguma coisa mais que o mero nome pode sobreviver numa sociedade que está mais inclinada a fundir do que a rela cionar liberdade com virtude Leitura sugerida Burke E 1790 1968 Reflections on the Revolution in France Eliot TS 1939 The Idea of a Christian Society Ο 1948 Notes Towards the Defi nition of Culture Kirk Russel 1954 1986 The Conservative Mind 7ªed Nisbet Robert 1966 The Sociological Tradition Oakeshott Michael 1962 Rationalism in Politics and Other Essays Scruton Roger 1980 The Meaning of Conservatism Ο org 1988 Conservative Thinkers Ο org 1988 Conservative Thoughts Strauss L 1949 Natural Right and History Voegelin E 1952 The New Science of Politics IAN CROWTHER consumo sociedade de Ver SOCIEDADE DE CONSUMO ver também SOCIEDADE AFLUENTE contracultura Uma cultura minoritária ca racterizada por um conjunto de valores normas e padrões de comportamento que contradizem diretamente os da sociedade dominante De acordo com o Oxford English Dictionary a palavra counterculture foi acrescentada à lín gua inglesa no final dos anos 60 e início dos anos 70 referindose aos valores e compor tamento da mais jovem geração norteamerica na dos anos 60 que se revoltava contra as instituições culturais dominantes de seus pais na maior parte afluentes ver SOCIEDADE AFLUENTE Embora a palavra tivesse entrado para a língua a fim de identificar esse conflito de gerações em particular na América do Norte a idéia é tão antiga quanto a história judaico cristã do Ocidente a própria cristandade foi uma contracultura na Jerusalém judaica e mais tarde na Roma pagã Tanto J Milton Yinger importante sociólogo de contraculturas norte americano 1982 quanto Christopher Hill um dos principais historiadores britânicos da Revo lução Inglesa 1975 se reportam à Bíblia em seus livros sobre contraculturas Esses homens que têm alvoroçado o mundo chegaram aqui também Atos 176 A força motriz da cristandade construiuse sobre a tensão dialética entre o Velho e o Novo Testamentos entre a lei e o Evangelho entre os Dez Mandamentos e o Sermão da Montanha Perfeccionistas de todas as gerações geralmente têm apelado ao Evangelho universal do amor em contraposição às leis culturalmente enraiza das que eram simbolizadas pelos Dez Man damentos Assim entre a multidão de segui dores gerada pela Revolução Inglesa das déca das de 1640 e 1650 os que se ligaram a seitas como A Família do Amor não eram diferentes dos Flower People e dos hippies da Geração do Amor dos Estados Unidos nos anos 60 Os movimentos sectários e contraculturais têm tido geralmente dois aspectos o ativismo radical dos que buscam revolucionar politica mente a sociedade e a boêmia dos que a aban donam para viver em isolamento Dessa forma John Lillburne o homem mais popular na In glaterra de Cromwell liderou seus Niveladores na revolta política mas acabou se retirando do ativismo político e se tornando um quacre S taughton Lynd um guru da Nova Esquerda Estudantil que foi a Hanói demonstrar sua so lidariedade para com o inimigo quando os Es tados Unidos ainda lutavam na Guerra do Viet nã também se tornou quacre Theodore Ros zak num trabalho excelente um dos primeiros livros sobre a contracultura 1969 inclui tanto Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 134 consumo sociedade de a boêmia drogada dos beats e hippies quanto o ativismo político tenaz da Nova Esquerda Estudantil dentro da contracultura No final da Segunda Guerra Mundial os norteamericanos estavam confiantes e orgu lhosos em relação a suas instituições que ti nham raízes em valores culturais calvinistas Entre estes se incluíam a fé na razão na ciência e na tecnologia uma ética puritana de empenho no trabalho e autoaperfeiçoamento a demo cracia representativa limitada pela lei e pela Constituição e finalmente uma família mode radamente patriarcal em que o divórcio ainda era relativo tabu se admitia a autoridade pater na e o comparecimento da família à igreja era mais elevado do que em qualquer outra nação ocidental Nessa sociedade confiante ordem e autoridade eram formadas por um sistema de classes hierárquico porém cada vez mais aberto e incentivador do aproveitamento das oportuni dades liderado por elites extraídas de um sis tema establishment WASP white anglo saxon protestant ou seja branco protestante e anglosaxão seguro e hegemônico ou a ele assimiladas Essa sociedade otimista desencadeou o mais longo boom econômico da história norteame ricana que produziu um babyboom surto de bebês que durou até boa parte dos anos 60 Os filhos dessa geração entraram para a faculdade passando daí a cursos de mestrado e doutorado em números cada vez maiores Nesse meio tempo uma minoria profética Newfield 1967 entre eles foise desencantando com os valores materialistas da América branca e tentou sub vertêlos nos anos 60 a década mais antiauto ritária antielitista e antisistema em toda a his tória dos Estados Unidos No decorrer dessa década a hegemonia do sistema WASP numa sociedade de classes aberta foi substituída por uma burocracia governamental inclinada a ni velar por baixo e não por cima criando uma sociedade sem classes de posições sociais ba seadas em credenciais como títulos acadêmi cos avançados de instituições prestigiosas em lugar da habilidade e do esforço Tornandose adultos à sombra do Holocaus to e de Hiroxima e confrontados com os as pectos desumanizantes de instituições cada vez mais racionalizadas e impessoais como as mul tiversidades de Berkeley e Michigan muitos membros dessa geração achavam inaceitáveis todas as formas de racismo e preconceito étni co bem como a guerra A razão o cientificismo e o culto à tecnologia eram partes importantes do problema em vez de solução O empenho no trabalho e a mobilidade social transforma ramse na corrida que deveria ser evitada a qualquer custo melhor um carpinteiro ou bom beiro independente e honesto do que um buro crata conformista e conivente O autoaperfei çoamento através da renúncia e do despren dimento deu lugar à ética de autoindulgên cia da Playboy os rituais do namoro para fazer amor foram deixados de lado em favor de fa zer sexo Maridos e esposas foram substituí dos por companheiros mais ou menos perma nentes os relacionamentos duradouros eram honestamente temidos O comparecimento às sinagogas e igrejas bem como os rituais de jogo nos clubes de golfe dos subúrbios foram deixa dos para pais rígidos e convencionais enquanto os filhos iam embora em busca de vidas mais cheias de significado no movimento estudantil pelos direitos civis no Sul na política da Nova Esquerda nos melhores campi da nação e no escape através das drogas e dos variados cultos religiosos orientais em cenários boêmios urba nos como os do East Village em Nova York ou HaightAshbury em São Francisco além das periferias boêmias de seus campi preferidos de Berkeley ao Harvard Yard Os quacres que um dia foram chamados de anabatistas antinômicos da Revolução Inglesa que ainda acreditam na democracia participativa passaram por um de clínio lento porém constante nos Estados Uni dos do pósguerra para em seguida estourarem nos anos 60 quando novas Assembléias foram criadas em torno das comunidades dos campi A maior assembléia de Massachusetts foi logo ao lado de Harvard Square Um aspecto importante a respeito da contra cultura foi a sua perda na fé da democracia representativa com preferência por uma demo cracia participativa ou manifestante A Nova Esquerda Estudantil liderada por Tom Hayden e outros fundadores dos Students for a Demo cratic Society SDS Estudantes por uma Sociedade Democrática estava determinada a arrancar a tomada de decisões políticas das assembléias legislativas para as ruas tomadas pelas multidões O voto foi substituído pelo megafone a privacidade da cabine eleitoral por grupos solitários entoando soluções simplistas para problemas políticos complexos A eficácia da política de multidões dependia da televisão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar contracultura 135 que logo transmitia fortes imagens audiovisuais por toda a Aldeia Global mundial dramati zando o comportamento da multidão de 3 mil estudantes reunidos para o Movimento do Li vre Discurso na Sproul Plaza no campus da Universidade da Califórnia em Berkeley em 1964 a multidão de 20 mil na marcha so bre Washington contra a guerra do Vietnã em 1965 de 25 mil hippies e novosesquerdistas marchando sobre o Pentágono em 1967 e final mente as multidões de estudantes enfurecidos e assustados combatendo os porcos policiais em Grant Park e nas ruas em torno da Conven ção Democrática em Chicago no verão de 1968 o que desmoralizou os liberais inimigos desprezados dos SDS James Miller 1987 p304 descreveu o final desse dia em Chicago da seguinte maneira O sol se pôs Refletores de luzes de Klieg foram ligados As câmaras de televisão registravam a ação De repente sem aviso a polícia atacou Incitada pelo pânico a fúria e o orgulho a multidão começou a entoar um cântico O Mundo Inteiro Está Olhando O Mundo Inteiro Está Olhando O Mundo Inteiro Está Olhando Depois de Chicago os SDS se desfizeram deixando um pequeno remanescente chamado The Weathermen agora dedicado à violência Seu fim foi simbolizado por dois acontecimen tos em 1970 Em maio uma esplêndida casa na cidade de Nova York na Rua 11 bem perto da Quinta Avenida no Village explodiu acidental mente matando três Weathermen Os sobrevi ventes incluindo a filha do proprietário fugi ram para a clandestinidade Em maio membros da Guarda Nacional abriram fogo sobre es tudantes numa manifestação matando quatro deles A ascensão e queda da cultura da droga foi paralela à dos ativistas estudantis No ano se guinte ao Movimento do Livre Discurso em Berkeley dois hippies abriram uma loja psico délica no bairro de HaightAshbury em São Francisco No Verão do Amor em 1967 esse bairro já se havia tornado a meca das tribos hippies da nação inteira que se haviam ligado no movimento largado tudo e entrado para a religião da droga de Timothy Leary um profes sor de Harvard que abandonara a cátedra e de Ken Kesey o romancista com a mensagem de deixa tudo rolar autor de One Flew over the Cuckoos Nest que se tornou romance e filme cult Um estranho no ninho da geração dos anos 60 Nesse verão triste o amor se fixara num lugar de excrementos Wolfe 1968 pXVIII Esse love people que havia deixa do lares de prosperidade e de conforto parali sante não fazia a menor idéia de como tomar conta de si mesmo Descalços cabelos compri dos vestindo trapos encontrados em brechós e nos sótãos das avós viviam de drogas e comida enlatada sofriam de problemas nos dentes má digestão e falta de sono e estavam constante mente pisando em pregos enferrujados e vidros quebrados a doença venérea prosperou lado a lado com a liberdade sexual Uma clínica mé dica gratuita tratou de cerca de 3 mil pacientes em um mês nesse verão O maior acontecimento em toda a histó ria da contracultura foi o Festival da Vida de Woodstock Woodstock Festival of Life quan do cerca de 500 mil jovens ativistas de esquer da dropouts e meros curiosos rumaram para um gigantesco concerto de rock realizado no meio de uma fazenda lamacenta no interior do Estado de Nova York em agosto de 1968 ape nas um mês depois da tragédia da Convenção Democrática em Chicago Durante três dias a multidão desnuda drogada e contente mostrou se ordeira e amigável impressionando até a polícia e os fazendeiros locais Se Woodstock foi um sucesso o Festival Let it Bleed of Angels and Death organizado pelos Rolling Stones de Mick Jagger a maior banda de rock and roll do mundo no autódromo de Altamont perto de São Francisco em dezembro foi um desas tre Os Stones para economizar dinheiro alu garam um bando de Hells Angels uma gangue de motociclistas da Califórnia por 500 dólares em cerveja para manter a ordem ONeil 1971 p261 A multidão de cerca de 300 mil pessoas estava de longe muito mais drogada do que em Woodstock A revista Rolling Stone maior au toridade em rock fotografou Mick Jagger ob servando os Angels matar a pancadas um jovem negro de Berkeley sobre o palco diante da multidão ensandecida Todd Gitlin obcecado com o fedor de morte na multidão drogada perguntouse Quem ainda podia acalentar a ilusão de que essas centenas e milhares de filhos da Multidão Solitária mimados sequiosos de astros eram o arauto de uma boa sociedade 1987 p407 Ver também CULTURA DA JUVENTUDE MOVI MENTO ESTUDANTIL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 136 contracultura Leitura sugerida Feuer Lewis S 1969 The Conflict of Generations the Character and Significance of Stu dent Movements Fraser Ronald 1988 1968 A Stu dent Generation in Revolt Kenann George F 1968 Democracy and the Student Left Mailer Norman 1968 Miami and the Siege of Chicago Rothman Stanley e Lichter S Robert 1982 Roots of Radicalism Jews Christians and the New Left Wolfe Tom 1968 The Purple Decade a Reader E DIGBY BATZELL contradição Ver DIALÉTICA contrarevolução Ver REVOLUÇÃO contrato social Qualquer acordo entre indi víduos independentes com respeito a dispo sições institucionais básicas que deverão deter minar seus relacionamentos sociais ou políticos constitui um contrato social O acordo pode ser feito entre todas as pessoas relevantes ou entre uma pessoa o soberano potencial e todas as outras podendo ainda implicar acordos entre grupos preexistentes O conceito é utilizado para explicar justificar ou deduzir os direitos ou obrigações positivos que indivíduos natural mente autônomos têm uns para com os outros dentro de uma sociedade eou estado A idéia de contrato social exemplifica mui tas das pressuposições da teoria política libe ral tradicional Assim um comentarista recente aponta que a teoria do contrato social é volun tarista no sentido de que a autoridade política depende de atos da vontade humana con sensual a teoria postula um consenso de von tades entre todos aqueles sujeitos a uma dada autoridade legítima individualista funda mentando a autoridade política legítima na sua aceitação por parte dos indivíduos e racio nalista no sentido de que as vontades indi viduais que chegam a um consenso são racio nais e não produto de caprichos voluntariosos Lessnoff 1986 p6ss No início do século XX assumiuse que a teoria do contrato social havia sido posta de lado e com justiça devido a suas pressupo sições históricas e sociológicas errôneas e a sua incapacidade filosófica de explicar a base da obrigação fundamental de se agir de acordo com o contrato social original Recentemente porém a abordagem de contrato social tem sido retomada de várias formas Numa tradição que tem origem em Thomas Hobbes filósofo político do século XVII 1651 a abordagem do contrato social está sendo mais uma vez utilizada como um modo de conciliar o individualismo egoísta segundo o qual a pessoa racional busca ou deveria bus car somente o seu próprio bemestar com a aceitação de obrigações de sociedade definidas e limitadas como sendo no interesse de longo prazo de todos os envolvidos Isso transfere para a esfera social e política geral modelos econômicos relacionados ao livre mercado em que as relações contratuais entre indivíduos são de importância capital Na chamada teoria da escolha coletiva Buchanan e Tullock 1962 examinam os procedimentos decisórios rele vantes para a determinação de quando é racio nal para indivíduos agindo egoisticamente acei tar as restrições implícitas à ação coletiva Numa veia menos egoísta derivada das teo rias de Locke 1690 Rousseau 1762 e Kant 1977 com origem no Iluminismo a metodo logia do contrato social tem sido usada também para servir de base a uma teoria liberal moderna da JUSTIÇA que combina o compromisso com fortes direitos individuais a amplos mecanis mos redistributivos Rawls 1971 Os teóricos modernos do contrato social aceitam não ter existido nenhum contrato his tórico efetivo que antecedesse as origens da vida social ou política e em vez disso se apóiam na idéia de um contrato hipotético explicado em termos do que pessoas racionais e possi velmente beminformadas e imparciais teriam ajustado entre si em circunstâncias devidamen te especificadas Rawls por exemplo postula uma posição original imaginária na qual in divíduos em geral cultos livres e iguais concor dam a respeito das instituições básicas da socie dade sem conhecer suas próprias características sociais e sem saber que lugar virão a ocupar numa sociedade assim o véu da ignorância Rawls 1971 p11894 Essa formulação abandona a idéia de que os indivíduos só têm obrigações políticas e de sociedade se efetiva mente assumiram certos compromissos e subs tituemna pela idéia mais nebulosa de que aqui lo sobre o que se chegaria a um acordo em certas circunstâncias determina ou explica o que é obrigatório independentemente de todos ou alguns indivíduos efetivos terem chegado a tais acordos Desse modo a moralidade é ana lisada como uma combinação entre interesse próprio a longo prazo e imparcialidade ou eqüi dade Pode ser difícil distinguir as implicações práticas dessa abordagem das do utilitarismo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar contrato social 137 clássico com o qual normalmente se contrasta a teoria do contrato como dando mais proteção a indivíduos e minorias Além disso a aborda gem do contrato hipotético não pode explicar com facilidade por que as pessoas se submetem às exigências dessa moralidade quando não é de seu interesse mesmo a longo prazo fazêlo Gauthier 1977 embora possa explicar por que as pessoas às vezes têm bons motivos para fazêlo Uma forma de contrato hipotético de orien tação mais histórica é a exposta por Robert Nozick 1974 que segue Locke ao aceitar que os indivíduos têm alguns direitos naturais pré sociais tais como o direito à vida e constrói uma história conjectural descrevendo como tais indivíduos poderiam aderir sem estar vio lando os direitos uns dos outros Ele conclui que esses indivíduos concordariam com um estado libertário ou mínimo mas nada além disso Nenhuma justificativa ou explicação de contra to ou outra é apresentada para os pressupostos direitos naturais A teoria de Nozick é característica da teoria contemporânea do contrato social por ser jus tificativa ou normativa e não descritiva ou ex plicativa embora geralmente se presuma existir às vezes uma justaposição empírica entre as situações associais em que se diz que o contrato ocorre e as realidades da vida social e política efetiva As teorias do contrato hipotético não evitam os problemas epistemológicos que sur gem com respeito ao nosso suposto conheci mento do conteúdo dos contratos em questão e os resultados prescritivos de se aplicar a meto dologia do contrato social tendem a refletir os valores de seus usuários Leitura sugerida Barker E 1947 Social Contract Lessnoff M 1986 Social Contract Macpherson CB 1962 The Political Theory of Possessive Indi vidualism Rawls John 1971 A Theory of Justice Scanlon TM 1982 Contractualism and utilitaria nism In Utilitarianism and Beyond org por A Sen e B Williams TOM D CAMPBELL controle social Esse conceito descreve a ca pacidade da sociedade de se autoregular bem como os meios que ela utiliza para induzir a submissão a seus próprios padrões Repousa na crença de que a ordem não é mantida apenas nem sequer principalmente por sistemas jurí dicos ou sanções formais mas é sim o produ to de instituições relações e processos sociais mais amplos O controle social sempre foi historicamen te uma preocupação crucial da sociologia sen do até plausível afirmar que é difícil separálo da própria palavra sociologia A questão princi pal para os teóricos do controle social tem sido como alcançar uma ordem social compatível com princípios morais sem impor um grau excessivo de controle pela coerção De acordo com esse ponto de vista todos os problemas sociais eram na base problemas de controle social Essa visão foi desenvolvida nos anos 50 por sociólogos como Paul Landis cujo conceito de controle social se originava de uma visão altamente conservadora da sociedade Tradicio nalmente a ordem na sociedade era o produ to de um consenso profundamente enraizado mantido sem nenhum esforço consciente por parte de qualquer grupo particular da sociedade Na medida em que os elos da sociedade tradi cional tais como igreja e família foram se enfraquecendo e as forças desintegradoras da vida urbana e industrial moderna foram proli ferando o consenso foi se tornando cada vez mais frágil Manter uma estabilidade contínua através do controle social tornouse do ponto de vista de Landis o problema crucial da nossa época Visto assim o controle social mal pode ser diferenciado da SOCIALIZAÇÃO Se a socialização é o processo informal atra vés do qual os indivíduos chegam a aprender e a aceitar as normas sociais ver NORMA o con trole social entra em jogo quando esses meios não conseguem garantir a conformação Para ilustrar a socialização pode acarretar a interna lização de normas através da opinião de grupos paritários da pressão social ou das expectativas familiares O controle social também pode ope rar informalmente através de família da igreja ou da escola ou formalmente através do es tado do sistema jurídico da polícia ou de outros instrumentos de força Os mecanismos de con trole social segundo Talcott Parsons funcio nam como defesas secundárias para combater os desvios que se deixados sem controle po dem romper o equilíbrio social ver também CRIME E TRANSGRESSÃO Nos anos 60 sociólogos radicais adotaram um uso mais negativo dessa expressão buscan do explicar como se mantém a autoridade numa sociedade assolada por conflitos Os novos so ciólogos da transgressão inverteram a premissa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 138 controle social de Parsons de que o controle social era uma reação à transgressão afirmando em vez disso que a idéia contrária isto é que o controle social leva à transgressão é de igual modo sustentável e a premissa potencialmente mais rica E Lemmert cit in Donajgrodzki 1977 p13 O controle social não era apenas uma força reativa ou reparadora que entrava em jogo quando outros mecanismos fracassavam mas sim uma força que ativamente criava a trans gressão Howard Becker por exemplo usando o conceito de solidariedade social de Émile Durkheim afirmou em Outsiders que as ins tituições de controle social criam outsiders indivíduos à margem sejam eles criminosos doentes mentais ou minorias religiosas e ra ciais que servem de bodes expiatórios sociais e também como última fronteira da sociedade respeitável Essa visão radical foi prontamente adotada por movimentos como a antipsiquia tria a antimedicalização e a desescolarização Os historiadores sociais também se mos traram ávidos por adotar o conceito como um meio de compreender os mecanismos através dos quais as classes operárias eram condiciona das a aceitar e adotar as normas e condutas necessárias à sustentação de uma rápida indus trialização da sociedade FML Thompson por exemplo caracteriza a maneira como os his toriadores compreendem essa expressão como o meio através do qual um grupo ou classe impõem sobre outra classe suas idéias a respeito do que são os hábitos e atitudes adequados a essa classe Thompson 1981 p1901 Se gundo os historiadores marxistas o objetivo das classes média e alta era produzir membros obe dientes e submissos da classe operária adequa damente equipados para seu papel inferior na sociedade condicionados a respeitar a lei e a ordem bem como a autoridade a propriedade e as pessoas de seus superiores Numa posição extrema a teoria do controle social coloca todas as atividades de estado por mais benévolas ou progressistas que possam parecer como mecanismos camuflados de con trole e repressão As políticas de bemestar educação e saúde são denunciadas como sendo na verdade mecanismos de controle social semelhantes em seus objetivos à polícia aos tribunais e às prisões Definido dessa maneira o controle social tem limites como instrumento explanatório A utilização circunstancial de metáforas de controle social afirma o his toriador social Gareth Stedman Jones leva à nãoexplicação e à incoerência 1983 p42 Promove a tendência a encarar aqueles que estão sujeitos ao controle como recipientes pas sivos desprezando sua capacidade ainda que coagida de rejeitar adaptar distorcer ou con traporse às forças do conformismo Assume uma idéia monolítica do poder uma unanimi dade de propósitos entre os controladores ou simplesmente abafa a questão de suas identi dades objetivas dentro da hegemonia burgue sa Finalmente essa utilização deixa sem repto a eficácia dos mecanismos de controle social desprezando a possibilidade de muitos terem efeitos bem diversos dos pretendidos Uma crescente desilusão a respeito do con trole social como pouco mais que um conceito fácil Cohen 1985 p2 tem levado à rejeição de sua utilização mais ampla Sociólogos como Stanley Cohen preferem restringir sua com preensão do controle social aos modos organi zados com que a sociedade reage a comporta mentos e pessoas que encara como transgres sores problemáticos preocupantes ameaçado res perturbadores ou indesejáveis Cohen 1985 p1 Nesse sentido mais estreito e es pecífico o controle social continua a ser um instrumento capital para a sociologia da trans gressão Leitura sugerida Becker H 1963 Outsiders Co hen S 1985 Visions of Social Control Cohen S e Scull A orgs 1983 1985 Social Control and the State Donajgrodzki AP org 1977 Social Control in NineteenthCentury Britain Landis PA 1956 Social Control Social Organization and Disorganization in Process Ross EA 1929 Social Control a Survey of the Foundations of Order LUCIA ZEDNER controvérsia Ver DISSENSO controvérsia metodológica Ver METHODEN STREIT conversacional análise Esse campo da so ciologia que costuma ser chamado de CA iniciais da denominação original inglesa con versation analysis diz respeito à organização da interação social em contextos cotidianos e em ambientes institucionais mais especializa dos Com origem na pesquisa de Harvey Sacks e seus colaboradores Emanuel Schegloff e Gail Jefferson esse campo surgiu como produto das influências da ETNOMETODOLOGIA e da análise Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar conversacional análise 139 interativa de Erving Goffmann Tendo começa do com palestras de Sacks 196472 que tive ram circulação privada a CA cresceu até se transformar num campo de pesquisa praticado no mundo inteiro O objetivo básico de pesquisa da CA é des crever e analisar as competências sociais sub jacentes à produção e ao reconhecimento de ações sociais comuns Muitas dessas competên cias têm uma dimensão normativa A CA parti cipa da visão etnometodológica de que um cor po comum de práticas normativas informa tanto a produção quanto a interpretação da ação e de que são implementadas em um contexto social dinâmico que é alterado em maior ou menor extensão a cada sucessiva contribuição à inte ração A análise dessas práticas tornase possí vel pelo fato de que no decorrer da interação cada participante conscientemente ou não exi be uma compreensão e uma análise da conduta do outro através da produção da ação seguinte em uma seqüência A CA incorpora uma es trutura analítica que se baseia neste fato Assim em vez de se concentrar nos interlocutores e em suas intenções individuais a CA começa com as práticas normativas que dão formas a seqüên cias de interação entre interlocutores e com o esquema de ações ou elocuções dentro dessas seqüências A utilização dessa abordagem re sultou num grande âmbito de descobertas a respeito da organização da ação da compreen são mútua dentro da organização e cada vez mais da medida em que descobertas derivadas de dados interativos de uma cultura particular são universais ou culturalmente específicas A abordagem empírica da CA é naturalista e realiza mais pela observação do que pela experimentação Baseiase em dados recolhi dos de situações naturais de interação por fitas de áudio ou fitas de vídeo ou filmes Grande parte desses dados é tirada de conversas infor mais entre amigos e conhecidos Esse tipo de conversa representa a forma mais básica de interação na maioria das culturas ainda que não em todas É como observou Schegloff o local primordial da sociabilidade humana de signi ficado fundamental no estudo da ação social e do raciocínio prático Ademais a conversa co mum é a primeira forma de interação a que os seres humanos são expostos no decorrer da SOCIALIZAÇÃO e através da qual a própria socia lização continua A análise de sua organização subjacente está proporcionando uma coordena da básica para se documentar e analisar a con duta que é característica de formas mais es pecializadas de interação por exemplo em tri bunais entrevistas a jornais consultas médicas e assim por diante As pesquisas e descobertas da CA incorpo ram uma fusão inovadora de abordagens socio lógicas da natureza da ação e interação social com perspectivas analíticas associadas ao prag matismo lingüístico Os detalhes e resultados cumulativos dessas descobertas estão criando novas oportunidades de estudos precisamente enfocados do funcionamento de instituições so ciais específicas e vêm exercendo um impac to significativo sobre as disciplinas adjacentes da antropologia lingüística psicologia social e ciência cognitiva Leitura sugerida Atkinson JM e Drew P 1979 Or der in Court The Organization of Verbal Interaction in Judicial Settings Atkinson JM e Heritage JC orgs 1984 Structures of Social Action Studies in Conversation Analysis Drew P e Heritage JC orgs 1991 Talk at Work Goodwin C 1981 Conversatio nal Organization Interaction between Speakers and Hearers Levinson SC 1983 Pragmatics Sacks Harvey 196472 1992 Lectures on Conversation org por G Jefferson 2 vols JOHN HERITAGE cooperação Ver CONFIANÇA E COOPERAÇÃO cooperativismo Ver MOVIMENTO COOPERATIVO corpo sociologia do Ver SOCIOLOGIA DO CORPO corporativismo Em uso recente nas ciências sociais o conceito de corporativismo livrouse de sua ligação anterior com regimes autoritários e fascistas e passou a ser utilizado como um meio para se analisar o papel dos interesses organizados nas democracias liberais da atuali dade O corporativismo também entrou no uso político comum como uma espécie de referên cia abreviada ao envolvimento de sindicatos junto com organizações que representam os interesses do capital em negociações com os governos a respeito de políticas econômicas No debate público o corporativismo passou a ser visto como a antítese do neoliberalismo no qual os governos buscam usar a competição em vez da negociação como o elemento dinâmico da tomada de decisões sobre políticas e progra mas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 140 cooperação Grande parte dos primeiros textos normati vos sobre o corporativismo refletia a doutrina social católica e a busca de uma alternativa ideológica para o liberalismo e o socialismo Os autores corporativistas defendiam teorias orgâ nicas da sociedade e pleiteavam grupamentos funcionais de corporações baseados num con junto comum de interesses que transcendia as divisões de classe Essa idéia do corporativismo como planta baixa de um sistema social ideal baseado na acomodação harmônica de dife rentes grupos sociais não se realizou na prática em parte alguma embora alguns de seus ele mentos encontrassem expressão no projeto de ESTADO corporativo na Itália de Mussolini Entre os autores acadêmicos contemporâ neos o corporativismo é encarado em geral como a antítese do PLURALISMO e de fato o principal expoente da teoria corporativista nos anos 70 Philippe Schmitter 1974 apontou o corporativismo como uma crítica do que enca rava como a ortodoxia pluralista predominante na SOCIOLOGIA POLÍTICA Os pluralistas interpre tavam o extraordinário alcance e diversidade das organizações de defesa de interesses nas sociedades modernas como um indício da aber tura dos governos democráticos a um vasto âmbito de influências e propunham uma visão benevolente da política dos grupos de interesses ver INTERESSE GRUPO DE como uma comple mentação dos mecanismos eleitorais para ga rantir a responsabilidade democrática Em con traste a teoria corporativista enfatizava um nú mero limitado de organizações politicamente influentes e a tendência desses grupos a alcan çar uma posição monopolista na representação de interesses dentro de categorias sociais parti culares Esses desdobramentos tendiam a su plantar em vez de complementar os processos parlamentares Os governos tendiam a preferir o desenvolvimento de monopólios de interesses porque isso tornava mais fácil alinhar os in teresses de grupos com as políticas públicas com menos consumo de tempo Ao conferir um status público privilegiado aos grupos cuja co operação era considerada importante para se realizarem objetivos de política pública os go vernos de fato excluíam da mesa de negocia ções um número bastante grande de grupos menos poderosos Offe in Berger 1981 Houve um debate acalorado sobre qual de veria ser o foco da teoria corporativista o que levou alguns críticos a duvidar de seu caráter específico A utilização moderna mais difun dida da palavra identifica o cerne do corporati vismo como sendo o papel das organizações de interesses como intermediário entre o estado e a SOCIEDADE CIVIL A teoria pluralista enfatizou o papel dos grupos como representantes dos interesses de seus membros buscando influen ciar a direção de políticas e programas públicos implementados através das instituições do es tado A teoria corporativista colocou igual ên fase à delegação de funções públicas a grupos e em sua responsabilidade pela implementação de políticas públicas Assim os grupos não se limitavam a representar interesses mas inter pretavam um duplo papel que fundia a repre sentação de interesses com a implementação de políticas O teste crucial para a eficácia de um grupo corporativo afirmouse então seria sua capacidade de disciplinar seus membros para aceitar e implementar acordos fechados com o estado Relacionamentos relativamente está veis desse tipo também foram chamados de governo do interesse privado Streeck e Sch mitter 1985 A diferença entre as sociedades capitalistas avançadas onde o corporativismo se desen volve cada vez mais em conseqüência do cres cente poder monopolista das organizações de interesses e aquelas onde há um plano corpo rativista imposto pelo estado é bem captada na distinção entre corporativismo societal ou li beral e corporativismo de estado Schmitter 1974 O corporativismo societal desenvolve se onde o estado reconhece o aumento do poder autônomo por parte de organizações que re presentam os interesses de categorias sociais e entra num processo de intercâmbio político com essas organizações O corporativismo so cietal tornouse mais fortemente institucionali zado em países como a Áustria ou a Suécia onde um poderoso movimento trabalhista se tornou um parceiro social da associação de cúpula dos empregadores e do estado na nego ciação de políticas econômicas e sociais O corporativismo de estado em contraste ocorre em sociedades com grupos de interesses de organização relativamente fraca onde o estado busca legitimar seu domínio e alcançar seus objetivos mobilizando a população dentro de organizações subordinadas O corporativismo de estado tende a estar ligado a regimes capita listas periféricos ou dependentes como os da América Latina Malloy 1977 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar corporativismo 141 O desenvolvimento do corporativismo nas democracias liberais está geralmente associado à redução do âmbito de decisões que estão sujeitas a determinação através de processos eleitorais e parlamentares Muitas da primeiras avaliações assumiram um processo evolutivo do desenvolvimento corporativista com adver tências de que as democracias parlamentares estavam se tornando cada vez mais estados corporativos Mas com a crescente sofistica ção da teoria corporativista o surgimento de estudos empíricos de processos corporativos e a rejeição consciente das práticas corporativas em alguns países veio também uma avaliação dos limites do corporativismo e de sua coexis tência com os processos parlamentares e plura listas Isso levou ao desenvolvimento da tese do estado dual ou da política dual a qual sugere que o corporativismo se limita à inter mediação com respeito a um âmbito de ques tões relativas à produção e implicando interes ses dos produtores e que ele sempre coexistirá com um processo político competitivo ou plu ralista para a determinação das questões de consumo envolvendo indivíduos e organiza ções de interesses dos consumidores Cawson e Saunders 1983 Onde o corporativismo ficou fortemente en trincheirado no nível mais elevado as políticas econômicas e sociais têm sido determinadas com base numa negociação tríplice Afirmouse que a capacidade de certos países de suportar a recessão econômica sem recorrer à deflação e à criação de desemprego pode ser explicada pelo grau em que o corporativismo facilita as ne gociações entre capital e trabalho a respeito da distribuição do produto social Goldthorpe 1984 Nesses casos os processos corporativis tas envolvem a colaboração de classes e por esse motivo muitos críticos marxistas ver Pa nitch in Schmitter e Lehmbruch 1979 aduzi ram que o corporativismo pode ser compreen dido como uma estratégia adotada por estados capitalistas a fim de manter a subordinação da classe operária Existe relacionado ao corpora tivismo como processo de decisão em política macroeconômica um trabalho recente de es tudiosos escandinavos que introduziu a idéia da economia negociada como meio de descrever a tomada de decisões em termos de política econômica regulamentada por uma série de ne gociações entre instituições autônomas Niel sen e Pedersen 1988 Uma parte importante dos primeiros textos sobre corporativismo liberal concentrouse na análise comparativa de estadosnações e foram feitas várias tentativas de relacionar países de acordo com seu nível de conformidade a um tipo ideal de corporativismo A maioria dos autores parecia concordar em que o país a al cançar a marca mais elevada era a Áustria que os Estados Unidos eram o país menos corpora tivista e que na GrãBretanha o corporativismo era relativamente fraco Fizeramse algumas tentativas discutidas em Cawson 1986 de mensurar o corporativismo e correlacionar sua incidência com outros fatores presentes nos sistemas políticos nacionais Os resultados são mais sugestivos que conclusivos havendo po rém indícios de que o corporativismo está liga do a baixos níveis de represália contra impos tos elevados e gastos públicos Outros estudos apontaram que os países mais governáveis são os fortemente corporativistas e que estes tendem também a ter menos desemprego A maioria dos que estudam o corporativismo es tão de acordo em que o caso típico de macro corporativismo é a Áustria seguida pelos países escandinavos especialmente a Suécia A Áus tria tem um sistema de filiação compulsória em câmaras de comércio trabalho agricultura e profissões liberais e cada cidadão trabalhador é membro de pelo menos uma destas Cada uma delas é uma organização altamente centraliza da em que a liderança nacional mantém um controle efetivo sobre as subdivisões setoriais e territoriais A principal organização sindical monopoliza a representação do trabalho e os sindicatos isolados são subunidades que depen dem da unidade central para seus recursos fi nanceiros A paridade de representação é garan tida pelo estado nas negociações sobre controle de preços e planejamento econômico e a ne gociação sócioeconômica coletiva concentra se num organismo nãoburocrático altamente informal a Comissão de Paridade Assim o exemplo austríaco demonstra a efetiva institu cionalização das precondições do macrocorpo rativismo organizações de interesses monopo listas e centralizadas paridade na representação de classes e processos informais de ajuste To das essas precondições surgiram no decorrer de um considerável período histórico e se ne nhuma delas é exclusiva da Áustria a combi nação de todas certamente o é Marin in Grant 1985 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 142 corporativismo Exemplos menos estáveis e bemsucedidos de instituições corporativistas podem ser en contrados em vários países Durante cerca de duas décadas depois da Segunda Guerra Mun dial o Conselho Social e Econômico Holandês produziu com eficiência um consenso interclas ses sobre política econômica mas sua influên cia se reduziu a partir dos anos 60 quando as organizações de interesses se tornaram mais fragmentadas e o sistema formalizado de repre sentação funcional não conseguiu adaptarse Em outros casos como o da exAlemanha Oci dental instituições corporativas sofreram pres sões em conseqüência de crises econômicas quando empregados e às vezes sindicatos isola dos buscaram escapar aos procedimentos cen tralizados de negociação Em geral o ressurgi mento de estratégias econômicas neoliberais desde os anos 70 tendeu a minar as precon dições para o macrocorporativismo Goldthor pe 1984 O uso moderno aponta como definição con cisa do conceito o seguinte o corporativismo é um processo sóciopolítico específico no qual organizações que representam interesses fun cionais monopolistas dedicamse ao intercâm bio político com agências do estado a respeito dos rendimentos das políticas públicas o que envolve essas organizações em um papel que combina a representação de interesses com a implementação de políticas através da capaci dade de realizar decisões delegada pelo estado Três aspectoschaves do corporativismo dis tinguemno dos processos pluralistas da políti ca de grupos de interesses O primeiro é o papel de monopólio desempenhado pelos organismos corporativos o segundo é a fusão do papel representativo com o de implementação e o terceiro é a presença do estado tanto no licen ciamento da representação monopolista quanto na codeterminação de políticas Enquanto na teoria pluralista os interesses são identificados como anteriores à organização e à mobilização política na teoria corporativista o estado é iden tificado como agente crucial na formação de interesses e influenciando o resultado dos pro cessos de grupo Cawson 1986 As organizações de interesse que têm maior probabilidade de alcançar o status de monopó lio e participar de um intercâmbio corporativo com organismos do estado são as que repre sentam os interesses de produtores mais que as dos consumidores e que dominam os recursos de informação ou a obediência necessários para a implementação de políticas de estado Es tudos empíricos indicam que as associações comerciais e de empregados os sindicatos e os organismos das profissões liberais são os inter locutores mais comuns A forma que o corpora tivismo assume é a negociação com alto grau de delegação de autoridade pública a orga nismos nominalmente particulares Como um modo de política o corporativismo pode ser contrastado com as formas de regulamentação jurídicoburocrática e de mercado as quais im plicam uma forma nitidamente diversa de rela cionamento entre estado e organizações de in teresses Além do nível macro que envolve asso ciações mais importantes em negociações a respeito de políticas públicas o corporativismo pode ser identificado em um nível setorial ou intermediário no relacionamento entre organis mos e organizações estatais que atingiram re presentação monopolista de categorias particu lares de interesse setorial Mesmo em países como os Estados Unidos e o Canadá que são fracos em termos corporativos usandose in dicadores nacionais em áreas particulares de política tais como a agricultura podemse en contrar formas vigorosamente entrincheiradas de mediação corporativa A teoria corporativista tem representado um forte desafio ao pluralismo como modelo de política de grupos de interesses mas à medida que os indícios empíricos vão alimentando su cessivos refinamentos da teoria vai ficando claro que corporativismo e pluralismo não de veriam ser encarados como paradigmas alterna tivos para o estudo de políticas de interesses e sim como extremidades de um continuum de acordo com o nível dos relacionamentos mo nopolistas e interdependentes entre organiza ções de interesses e de estado que vieram a se estabelecer Cawson 1986 Leitura sugerida Cawson A 1986 Corporatism and Political Theory Ο org 1985 Organized Interest and the State Studies in MesoCorporatism Grant W org 1985 The Political Economy of Corporatism Malloy I org 1977 Authoritarianism and Corpora tism in Latin America Schmitter PC e Lehmbruch G orgs 1979 Trends Toward Corporatist Intermedia tion Williamson P 1989 Corporatism in Pers pective ALAN CAWSON Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar corporativismo 143 cotidiano Na tentativa que herdamos do sé culo XIX de subordinar tudo à razão e de encontrar uma razão para tudo parece que nos esquecemos conforme a bela expressão de Si lesius de que a rosa não tem uma razão Em termos epistemológicos ao insistirmos no que é dito nas relações sociais esquecemonos de que elas também dependem do que não é dito um espaço vazio transbordando de possibi lidades Explorar o cotidiano dessa maneira pode levarnos à própria formulação de um modo concreto de sociabilidade que tenha uma coerência própria e não deve ser encarada sim plesmente como um reflexo de nossas idéias Tratase aqui de um exemplo de bom senso básico e que o intelecto discursivo acha difícil reconhecer em parte por se sentir relativizado por ela que retorna com regularidade tanto na vida cotidiana quanto no debate intelectual Seria possível até dizer que se existe um des contentamento geral com ideologias excessiva mente abrangentes e confusas isso se deve a estarmos testemunhando o surgimento de toda uma multiplicidade de novas ideologias viven ciadas dia após dia e baseadas em valores fami liares Essa sensibilidade para a concretude da existência pode portanto ser interpretada co mo a expressão de uma vitalidade saudável e robusta Esse vitalismo engendra um modo or gânico de pensar com todas as características desse tipo de pensamento ou seja uma insis tência na percepção intuitiva como meio de captar as coisas a partir de dentro na compreen são como noção totalmente abrangente holís tica dos diferentes elementos das situações e na experiência como algo que vivenciado em comum com outros é considerado como cons tituindo o conhecimento empírico Alguns autores ainda que muito poucos insistiram na primazia desse modo orgânico de pensar W Dilthey é claro mas também os pensadores inspirados por Nietzsche que dão prioridade ao cotidiano e seus aspectos tácteis emocionais coletivos e unificadores Defense of commonsense 1925 de GE Moore tam bém enfatiza as verdades que se escondem na vida cotidiana Moore observou com elegância que a maioria dos filósofos se coloca contra o próprio senso comum de que eles também participam em sua vida cotidiana Outros autores concentramse igualmente em tópicos mais à mão por exemplo sociólogos fenomenólogos como Alfred Schütz Peter Ber ger e Thomas Luckmann que examinaram todo um âmbito de importantes questões epistemo lógicas a partir dessa perspectiva ver FENOME NOLOGIA Na verdade o que podemos chamar de vitalismo e essa bomsensologia são coi sas estreitamente relacionadas e combinálas permitenos enfatizar a qualidade intrínseca do aqui e agora o valor de viver no presente um presentismo cujo pleno potencial ainda está por ser explorado A existência social jamais é unidimensional ela é em muitos aspectos monstruosa frag mentada e nunca se enquadra onde se pensa que foi definida É animada por um pluralismo cuja exposição e exame devem ser a tarefa da sociologia do cotidiano Além das racionalizações e legitimações a que nos acostumamos a exis tência social é formada por sentimentos e emoções maldefinidos pelos momentos nebulosos que não podemos ignorar e cujo impacto sobre nossas vidas cresce de maneira palpável É preciso ter em mente que o que sustenta todas as construções intelectuais é acima de tudo o que damos como certo conforme A Schütz destacou o que é autoevidente Como exemplo basta pensar nos ditados e provérbios populares que Émile Durkheim encarava como a expressão condensada de uma idéia ou senti mento coletivo Durkheim 1893 ou na con versa do cotidiano que às vezes contém uma filosofia de vida mais elaborada e um senso mais elevado dos problemas que o futuro reserva do que muitas discussões acadêmicas Esses são fenôme nos culturais quintessenciais no sentido de serem aquilo sobre o que se constrói a sociedade Segue se daí que a vida cotidiana é uma questão epis temológica que se encontra na linha de frente do debate sociológico Leitura sugerida Heller A 1970 1984 Everyday Life Lefebvre H 1968 La vie quotidienne dans le monde moderne Maffesoli M 1979 La conquête du présent pour une sociologie de la vie quotidienne Ο 1985 La connaissance ordinaire précis de sociologie compréhensive Ο 1989 The sociology of everyday life Current Sociology 371 Moore GE 1925 1959 A defense of commonsense In Contempora ry British Philosophical Papers org por JH Mui rhead MICHEL MAFFESOLI crescimento econômico A experiência e a perspectiva de crescimento econômico têm moldado de forma profunda o discurso do sé culo XX Seu efeito sobre a cultura e o raciocí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 144 cotidiano nio foi bem diferente dos efeitos exercidos em outras épocas embora já se houvesse anterior mente experimentado períodos de extraordiná rio crescimento De 1820 a 1980 o produto total das 16 principais economias capitalistas de hoje cresceu 60 vezes sua produção per capita cres ceu 13 vezes Um período notável de 1950 a 1973 é encarado como uma Idade de Ouro uma vez que a taxa de crescimento de sua produção nesse anos foi mais de duas vezes superior à das décadas anteriores No século XX o sistema socialista dirigido pelo estado da União Sovié tica também experimentou níveis elevados de crescimento de produção tal como aconteceu com alguns países do Terceiro Mundo espe cialmente depois de 1960 No decorrer dessa experiência as idéias referentes ao crescimento econômico e aquelas por ele moldadas desem penharam um papelchave nas estruturas con ceituais modernas Essas idéias podem ser de forma não exaustiva resumidas em cinco cate gorias o crescimento conceitualizado em relação a política nacional transformação so cial expansão da produção desenvolvimento do Terceiro Mundo e seu custo ambiental entre outros mais Política nacional O sistema europeu de política nacional construído no século XIX desenvolveu desde o início uma dinâmica expansionista Esse ex pansionismo político derivava em parte da adoção do crescimento econômico como carac terística da nacionalidade Caracterizouse pela expansão externa na forma de imperialismo com suas rivalidades nacionais e por ideais de alargamento da produção doméstica e da rique za para fortalecer o estadonação e justificar as ambições da grande potência A Alemanha de Bismarck exibiu ambas as características de maneira extremamente clara mas não foi a única a fazêlo As idéias políticas então germinando torna ramse um século depois uma característica universal da política oficial nos estados capita listas e socialistas No discurso das democracias ocidentais a principal medida da força nacional é a taxa relativa de crescimento do país O nível absoluto de sua riqueza é tratado como sendo de pouca relevância em comparação com o dinamismo do crescimento da produção ou a falta desse dinamismo Embora os Estados Unidos sejam o mais importante e mais rico país do mundo sua identidade e seu direcionamento político têm sido moldados nos últimos anos por dúvidas quanto a sua taxa de crescimento comparada particularmente com a do Japão e as disputas entre os partidos políticos nas de mocracias européias vêm sendo determinadas por comparações de crescimento econômico sob diferentes governos As ambições políticas da União Soviética foram desde a época de Lenin definidas em parte com relação ao crescimento econômico Nos tempos modernos o papel do crescimento econômico na rivalidade entre superpotências foi representado de forma mais nítida pela afir mação de Krushev de que o crescimento sovié tico permitiria a seu país vencer a Guerra Fria ao superar os níveis de renda dos Estados Uni dos em duas décadas Halliday 1983 Por ou tro lado a crise política que acabou derrubando o sistema soviético nos anos 80 é amplamente concebida como o resultado de uma redução da taxa de crescimento mais que da pobreza ab soluta O crescimento como transformação social Existe ligada ao realce político do cresci mento econômico uma concepção desse cres cimento como mais do que uma categoria quan titativa de aumento de produção No século XX cientistas e historiadores sociais estabeleceram o crescimento econômico como o principal ob jeto de investigação A partir dessa perspectiva o crescimento econômico é concebido como um processo de transformação social funda mental Os pontos de vista modernos sobre o crescimento como um processo contínuo de transformação social foram iniciados efetiva mente pelas análises de Karl Marx da gênese e do progresso do capitalismo e as idéias derivadas de sua obra deram forma aos debates sobre o cresci mento tanto capitalista quanto socialista Crescimento capitalista A compreensão que o século XX tem do crescimento ou acumulação capitalista a partir dessa perspectiva tem girado em torno de três problemas centrais a natureza da transformação do feudalismo para o cresci mento capitalista o papel das crises no cres cimento capitalista e as transformações his tóricas do próprio sistema capitalista As aná lises marxistas da transformação histórica do feudalismo para o capitalismo na Inglaterra ser viram de base para importantes análises do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crescimento econômico 145 crescimento econômico moderno nas circuns tâncias específicas de duas sociedades capita listas o Japão e a Inglaterra No Japão os debates desde os anos 20 concentramse em saber se o crescimento a partir da restauração Meiji de 1868 foi capitalista ou se a plena transição do feudalismo ocorreu mais tarde talvez mesmo tão tarde quanto a reforma agrária imposta nos anos 40 Está em questão uma compreensão do caráter específico do cresci mento capitalista no Japão e nesse aspecto o debate é semelhante ao iniciado por Anderson 1964 que buscava explicar o caráter específi co do crescimento britânico no decorrer dos últimos séculos por meio do caráter da transição do feudalismo O crescimento econômico sob o capitalismo temse caracterizado por crises regulares que Marx afirmava poder explicar A crise econô mica identificada com os anos 30 penetrou nas consciências como exemplar uma crise que estimulou análises divergentes quanto ao cará ter do crescimento capitalista Um ponto de vista muito difundido foi que isso era um in dício de que o capitalismo havia exaurido seu potencial de crescimento econômico e estava condenado à estagnação ou a um levante social que instalaria o socialismo Strachey 1935 Outro ponto de vista que se tornou predomi nante foi o keynesiano o qual sustentava de que as crises até então endêmicas ao capitalismo podiam ser eliminadas através de estruturas sociais e políticas transformadas ver KEYNESIA NISMO Uma terceira interpretação fornecida por Joseph Schumpeter foi de que as crises são um processo de destruição criativa um pro cesso de transformação que em vez de anunciar a estagnação seria a precondição para um cres cimento econômico renovado sob o capitalismo Schumpeter 1942 Essa linha de raciocínio tinha paralelos com a teoria de Marx sobre a relação entre crescimento e crise pois a desva lorização do capital que ela acarretava pode estabelecer as condições para uma acumulação renovada não obstante a visão de Marx de que a acumulação capitalista tem seus limites defi nitivos Não há dúvida de que a visão marxista e schumpeteriana de que as crises globais são ajustes em geral funcionais para o crescimento econômico capitalista encontra apoio na expe riência Ela hoje está embutida no ponto de vista predominante de que por mais profunda que seja uma recessão esta será seguida de uma grande expansão A idéia de que as crises são períodos de ajuste no processo de crescimento está ligada à visão de que o crescimento econômico sob o capitalismo caracterizase por transformações deste fases distintas em cada uma das quais predomina uma diferente estrutura sócioeco nômica por exemplo um estágio de laissez faire um estágio de capital monopolista e um estágio de capitalismo monopolista de estado Fine e Harris 1979 Mandel 1975 Uno 1980 Kondratiev deu origem à ideia adotada por Schumpeter de que o crescimento econô mico sob o capitalismo segue numa sucessão de CICLOS DE LONGO PRAZO cada uma das quais pode ser encarada como uma era distinta Em seu desenvolvimento posterior a teoria enfatiza o papel das inovações tecnológicas no cresci mento e o papel das crises em promovêlas e ela ganhou um destaque renovado durante a instabilidade e a redução do crescimento no Ocidente depois de 1973 Como teoria reflete o ponto de vista geral e amplamente difundido de que o crescimento é um reflexo do desenvol vimento científico e tecnológico embora na maioria das versões ela localize esses desenvol vimentos em condições sociais definidas Kon dratiev 1926 Kondratiev 1935 van Duijin 1983 A instabilidade do último quartel do século XX também estimulou o desenvolvimento de uma nova perspectiva marxista sobre os es tágios do crescimento capitalista Dentro da estrutura geral dessa escola de regulação os autores concentraramse na análise da transfor mação do capitalismo no final do século XX de um regime de acumulação fordista para pósfordista A instabilidade marca uma crise da acumulação fordista e as bases para o reno vado crescimento capitalista pósfordista serão encontradas nas mudanças na divisão inter nacional do trabalho e no próprio processo de trabalho capitalista Aglietta 1979 Lipietz 1987 Crescimento socialista A idéia de que o cresci mento é um processo de transformação social recebeu seu maior destaque no fecundo debate sobre o planejamento do crescimento na socie dade socialista da União Soviética Tratase do grande debate sobre a INDUSTRIALIZAÇÃO dos anos 20 A transformação social considerada Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 146 crescimento econômico necessária deveria ser a industrialização a construção de um setor industrial dinâmico de propriedade do estado e regulamentado por um planejamento central Não obstante promove ramse caminhos diferentes para a industriali zação que correspondiam a diferenças no cará ter da mudança social Sob foco especial encon travase a questão do ritmo e do caráter da transformação rural das relações entre o estado e outros setores e indiretamente das medidas políticas adequadas à industrialização Os argumentos principais de N Bukharin e E Preobrajensky divergiam quanto ao ritmo da industrialização e ao grau de desequilíbrio no desenvolvimento da agricultura da indústria leve e da indústria pesada Em termos do equi líbrio da produção as discussões diziam res peito à alocação de recursos para a produção de bens de consumo e de bens de capital res pectivamente Também divergiam quanto aos mecanismos através dos quais o setor estatal devia relacionarse com os outros setores e quanto à medida que os recursos deveriam ser forçosamente transferidos de outros setores pa ra financiar a industrialização estatal Bukha rin 1982 Preobrajensky 1926 Esse debate exerceu imensa influência sobre o pensamento do século XX em parte devido a sua importân cia para se compreender a gênese do stalinismo mas também porque influenciou a concepção de crescimento econômico implementada na China e em outras economias de planejamento central nos anos 50 Ver também PLANEJAMEN TO ECONÔMICO NACIONAL O crescimento como expansão da produção Os autores que escreveram sobre o cresci mento econômico como processo de transfor mação social não fizeram parte da corrente predominante na teoria econômica ocidental Desde os ensaios originais de Roy Harrod 1939 e Evsey Domar 1946 uma profusão de artigos sobre a teoria econômica pura do cres cimento se ocupou de inúmeras questões rela cionadas com o problema de saber se um cres cimento econômico estável é possível Os mo delos usados afastamse das estruturas sociais concebendo os agentes econômicos como in divíduos indiferenciados e tratando o cresci mento simplesmente como uma expansão da produção de bens O modelo de HarrodDomar é mais conhecido devido a sua preocupação em saber se as economias capitalistas podem atin gir uma taxa de crescimento na qual o aumento da demanda por produção se equipare à expan são da propriedade produtiva A questão gira em torno do equilíbrio entre poupança agrega da e investimento agregado numa economia em crescimento e da diferença entre a taxa de crescimento garantida por esse equilíbrio e a taxa de crescimento da capacidade produtiva O modelo criou pessimismo quanto à possibili dade de o crescimento do emprego pleno e estável ser atingido automaticamente e funcio nou como estímulo à adoção de idéias keyne sianas quanto à necessidade de intervenção do estado para promover investimentos O modelo de HarrodDomar baseavase em pressupostos simplificadores especiais que poupança era uma proporção constante da ren da e que o coeficiente do capital para o produto era também constante A substituição desses dois axiomas por pressupostos alternativos le vou a duas escolas diretamente opostas a neo clássica e a de Cambridge Os modelos neoclássicos segundo as expo sições simplificadas de Solow e Swan Solow 1956 Swan 1956 demonstraram que mudan dose a premissa de uma taxa fixa entre capital e produção através da postulação de que com um dado nível de tecnologia a economia pode avançar fluentemente no sentido de técni cas de produção mais intensivas em capital ou mais intensivas em trabalho e presumindose que poupar é igual a investir a economia ca pitalista estará num caminho de crescimento com equilíbrio estável A não ser que ocorram mudanças tecnológicas a produção crescerá na mesma medida da força de trabalho Esse mo delo neoclássico básico foi expandido em inú meras direções para dar conta dos problemas que as suas simplificações deixam sem respos ta Um deles é o de como a inovação técnica pode ser introduzida no modelo que tipos de progresso técnico são compatíveis com o cami nho do crescimento equilibrado e como ocorre a mudança aprendizado técnica Outra sim plificação no modelo de SolowSwan a de ser um modelo unissetorial que não distingue entre o setor que produz bens de consumo e o que produz bens de capital foi respondida com o desenvolvimento de modelos de crescimento bissetoriais segundo especialmente a contri buição de Uzawa 1961 Ver também ECONO MIA NEOCLÁSSICA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crescimento econômico 147 Os autores da escola de Cambridge subs tituem a suposição de HarrodDomar de uma proporção fixa de poupança pela que afirma que as mudanças na distribuição da renda total entre salários e lucros causam mudanças na taxa de poupança da sociedade uma vez que capitalis tas e trabalhadores têm diferentes taxas de pou pança Kaldor 195556 Pasinetti 196162 Em conseqüência a taxa de crescimento eco nômico está diretamente ligada ao equilíbrio entre salários e lucros e o modelo com isso responde a um dos problemaschaves do cres cimento nas economias de hoje A análise que esse modelo faz da distribuição de renda contrasta fortemente com a do modelo neoclás sico e o debate sobre essa diferença acarretou uma crítica substancial a respeito de base lógica do conceito de capital social agregado utilizado em modelos unissetoriais como o de Solow Robinson 1956 Desenvolvimento no Terceiro Mundo O problema de se alcançar altas taxas de crescimento econômico no Terceiro Mundo a fim de superar a pobreza absoluta e transpor o abismo entre esses países e os países indus trializados está firmemente enraizado no dis curso do final do século XX Os conceitos criados para analisar o crescimento em econo mias capitalistas ou de planejamento central não abordam diretamente o problema de se atingir elevadas taxas de crescimento em eco nomias do Terceiro Mundo que têm uma abor dagem de economia mista para a política e uma base econômica com diferentes condições tecnológicas e sociais em diferentes setores A exceção é o modelo de HarrodDomar que forneceu a base para planos de desenvolvimen to nacional em grande parte nãorealizados de recentes nações independentes no rastro da on da de descolonização de meados do século e com base no qual se desenvolveram técnicas para estimar as necessidades de ajuda externa Inúmeros modelos de economia de desenvol vimento foram formulados para abordar o pro blema do crescimento nas circunstâncias es peciais do Terceiro Mundo A inovação teórica mais influente foi o modelo de trabalho exce dente de W Arthur Lewis 1954 Lewis descre veu uma economia dual simples caracterizada por um setor tradicional e moderno e numa tradição clássica derivada de Ricardo demons trou o caráter crucial para o desenvolvimento da distribuição do excedente econômico Ver também DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVI MENTO DEPRESSÃO ECONÔMICA Custos do crescimento O conceito de crescimento econômico pre dominante no século XX é benévolo mas uma subcorrente de pensamento articulou o lado negativo do crescimento e estimulou um senti mento anticrescimento ou pelo menos um sen timento favorável a um crescimento mais mo desto e menos intensivo em capital com apelo popular considerável Uma corrente é a que sustenta o argumento de que o crescimento da produção material implica custos sociais de grande monta que não oneram totalmente o produtor ou o consumidor isolados Em um argumento essencialmente conservador contra o crescimento Mishan 1967 demonstrou o poder que têm deseconomias externas como o congestionamento de minar a afirmação de que o crescimento da produção incrementa o bem estar Uma segunda corrente manifestase no ponto de vista de que o crescimento econômico implica um insustentável esgotamento dos re cursos da terra que além de produzir custos externos tais como os efeitos que o desmata mento exerce sobre as chuvas e a erosão do solo produzirá rapidamente um limite insupe rável ao crescimento na medida em que esses recursos se forem exaurindo Meadows 1972 No entanto os proponentes do ponto de vista de que os mercados são capazes de fornecer a fonte do crescimento que se tornou hegemôni co no último quartel do século XX contrapuse ram a essas visões anticrescimento o argumento de que os ajustes de preços ou as políticas para fazer com que os sinais do mercado funcionem melhor podem garantir um caminho de cresci mento que leva em conta eses custos de maneira ótima Pearce e Turner 1990 Um custo mais incontrolável e inaceitável do crescimento econômico pode ser o dos direi tos humanos Em sua forma mais aguda o debate a respeito de que o crescimento econô mico exigia uma supressão profunda dos di reitos humanos em certos estágios concentrou se nesta pergunta Stalin era necessário Nove 1964 De forma mais geral a supressão de direitos humanos em regimes de crescimento com orientação tanto capitalista quanto socia lista tem servido de base a movimentos sociais que rejeitam o crescimento econômico Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 148 crescimento econômico Leitura sugerida Maddison A 1982 Phases of Capi talist Development Polanyi K 1944 The Great Transformation Schumpeter JA 1942 1987 Capi talism Socialism and Democracy Sen A 1970 Growth Economics LAURENCE HARRIS crime e transgressão A definição conven cional mais sucinta de crime o descreveria de maneira um tanto tautológica como uma infra ção do direito penal ver LEI Definições mais generosas provavelmente acrescentariam que a infração é considerada lesiva ao bem público e punível pelo estado Alguns como o crimino logista Paul Tappan ainda acrescentariam uma referência à mente culposa mas a intenção em direito não é um requisito William Blackstone em 1778 criou uma definição clássica de crime delitos públicos ou crimes e contravenções são uma infração e violação dos direitos e deveres públicos devidos a toda a comunidade em sua condição social coletiva traição assassinato e roubo são corretamente classificados entre os crimes uma vez que além do mal feito ao indivíduo atingem a própria substância da so ciedade A definição convencional não é universal mente aceita Por exemplo um pequeno núme ro de criminologistas de orientação positivista certa vez declarou que confiar a determinação do que é crime a advogados e legisladores produz um sistema de classificação que é cul turalmente relativo difícil de generalizar e cientificamente impraticável Ver CRIMINOLO GIA Em vez de crime Sellin 1938 propôs norma de conduta como expressão mais rigo rosa e frutífera Normas de conduta são coisas coerentes e consistentes da natureza do crime que podem ser estudadas pela criminologia Não obstante isso não foi muito bem acolhido pela disciplina Mais uma vez um pequeno grupo de crimi nologistas radicais atribuiu particular importân cia à política envolvida na identificação de crime e criminosos Em 1976 Chambliss e Man koff declararam simplesmente que certos atos são definidos como criminosos porque é do interesse da classe dominante assim definilos Achavam que as implicações políticas sociais e morais da palavra crime eram tão profundas que membros desse grupo se mos travam relutantes em admitir que sua definição permanecesse sob o controle de um estado ou classe com que discordavam O crime então poderia tornarse elástico e metafórico um erro cujo significado seria independente do que ad vogados leis e estado pudessem dizer não mui to diferente na sua utilização da condenação pretendida nas frases intercambiáveis é uma lástima é um pecado e é um crime A própria criminologia seria transformada para estudar problemas estabelecidos por uma visão radical do mundo Schwendinger e Schwen dinger 1975 por exemplo deploraram a apro priação da palavra crime por estados capita listas e decidiram exercer sua independência preferindo descrever como crimes problemas como racismo imperialismo e sexismo O pró prio título de crime afirmaram faz parte de um sistema hegemônico totalmente voltado para uma política de denominação e conde nação que deveria ser objeto de resistência O corpo mais amplo dos criminologistas e pensadores sociais ocupados com o crime não se deixou abalar por Sellin nem pelos Schwen dinger Eles preferiram evitar o questionamento de processos jurídicos e legislativos ou aceitar o que esses processos engendram como fatos sociais sólidos e indiscutíveis Mantiveram cer ta versão da definição convencional Mas é uma definição que se defronta com dificuldades a não ser que o crime seja tratado como um atributo especial de apenas um número muito limitado de sociedades ocidentais contemporâ neas Há o problema posto pela exigência de que o crime seja encarado como transgressão da lei punível pelo estado O estado não existe em toda parte e com toda a certeza nem sempre sob uma forma familiar aos criminologistas e advogados criminalistas ocidentais No passa do o estado podia ser apenas uma entre várias potências interrelacionadas armadas com for ça legítima e com capacidade de penalizar Sharpe 1988 historiador social destacou as dificuldades concentuais estabelecidas pelos muitos delitos julgados em tribunais eclesiás ticos e de herdades locais antes do século XIX Antropólogos sociais têm chamado a atenção para as muitas sociedades préalfabetizadas que possuem dispositivos capazes de cumprir a maior parte das atribuições de um sistema de justiça penal mas aos quais faltam algumas de suas estruturas formais Assim Llewellyn e Hoebel 1941 descreveram o trabalho policial entre os cheyennes e Gluckman 1965 escre veu a respeito do sistema de jurisprudência de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crime e transgressão 149 um povo banto da Rodésia os Barotse Mali nowski ficou muito satisfeito por intitular um de seus estudos sobre a Melanésia de Crime e costume na sociedade selvagem 1932 Algo muito próximo do crime pode existir em comu nidades que não possuem leis escritas ou um estado formal De fato Reckless propôs em 1940 uma definição de crime conciliadora nas chamadas sociedades primitivas ou préalfabe tizadas que não possuem um código escrito ou legislado de direito penal um crime é uma violação dos preciosos hábitos e costumes Essa definição introduz uma qualificação extre mamente importante Há um segundo problema Existem estados estruturalmente elaborados sem um direito pe nal organizado previsível e preciso O Antigo Egito não possuía leis escritas pois uma legis lação iria privar o faraó da liberdade absoluta de declarar sua vontade Em um exemplo não muito diverso as sociedades totalitárias conser vam os crimes por analogia O crime deixa de ser unicamente uma transgressão específica de um código podendo ocasionalmente ser um comportamento julgado razoavelmente seme lhante à dita transgressão O artigo 79 do Códi go Penal da República Popular da China por exemplo diz um crime não especificamente previsto sob as provisões especiais da presente lei pode ser ratificado como crime e a sentença pronunciada à luz do artigo mais análogo sob as provisões especiais da presente lei A Ale manha nazista e a Rússia soviética dispunham de estipulações semelhantes O crime tornase aquilo que as autoridades governantes quiserem que o seja a qualquer momento Em casos assim o atrativo de uma outra versão da defini ção mínima fica evidente Clinard 1963 por exemplo representou o crime meramente como qualquer ato punível pelo estado A identificação de crime pode ser facilitada em estados como o Canadá onde existe um código penal sob o escrutínio periódico de ju ristas buscando consistência e racionalidade Muitos estados não dispõem de um código as sim e neles os crimes não constituem uma classe simples e característica de eventos Des sa forma o sistema jurídico da Inglatera e País de Gales contém tamanha abundância de leis com respeito a tantas áreas da vida política social e econômica que se tornou difícil dis cernir um simples princípio coerente subja cente à definição ou aplicação das idéias de crime Existem crimes que não se amoldam a nenhuma noção convencional do que seja criminoso Existem atos particularmente no campo dos delitos contra o bemestar público que causam mal social mas não são criminali zados Em 1980 uma comissão de justiça a seção britânica da Comissão Internacional de Juristas relatou em Breaking the Rules não ter sido capaz de descobrir quantos crimes dife rentes estão previstos no direito inglês nem o que transformava certos delitos em crimes em vez de meras contravenções Existem hoje muitos atos criminosos que antes não o eram Clarke afirmou em Fallen Idols 1981 que o aumento das fraudes financeiras e comerciais devese em grande parte à pura expansão da regulamentação e Tench defendeu a idéia em Towards a Middle System of Law 1981 de que hoje em dia praticamente tudo pode ser crime Seria possível acrescentar que praticamente todo mundo pode ser criminoso De acordo com o Home Office Statical Bulletin 785 Boletim Estatístico do Ministério do Interior ao chega rem aos 28 anos cerca de 30 dos homens da Inglaterra e País de Gales terão tido de compa recer diante de algum tribunal e 40 o terão feito até o final de suas vidas Uma conseqüência da proliferação de leis crimes e criminosos é que os significados de crime parecem terse bifurcado na vida cotidia na Por um lado existem muitas transgressões do código penal cujo significado se tornou um tanto diluído são por assim dizer meros cri mes A criminalidade incorporouse a áreas da sociedade comer de baixo do pano e levar vantagem são rotina e na verdade feitos admi rados em grande parte do East End e do Sul de Londres Negociar artigos roubados e prati car suborno são coisas normais e esperadas O crime pode na verdade constituir um apoio estável em muitas sociedades organizadas Por outro lado existe um segundo significa do de crime que ainda incorpora sentimentos de ultraje com relação ao dano causado a uma comunidade e este às vezes é diferenciado da versão diluída através da denominação de crime real Crime real tornouse uma es pécie de metonímia desligada de sua definição rigorosa na lei e muito dependente da moral habitual Tende tipicamente a ser encarado como inaceitável ação de pessoa à margem da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 150 crime e transgressão sociedade ou que o próprio cidadão só compete em momentos de perda momentânea da razão Esses dois significados são continuamente jogados um contra o outro demarcando os li mites do tolerável e do permissível em qualquer situação De fato o caráter e as relações precisas desses significados são de grande importância política e moral Eles colocam questões a res peito da legitimidade de legisladores da legis lação da polícia das leis de agressores e de vítimas Foi por esse motivo em parte que os criminologistas radicais tentaram sem sucesso obter o controle da sua utilização O que fica bastante claro é que crime e PODER são inseparáveis W Tallack S Schafer N Christie e outros optaram por atribuir importân cia especial à associação histórica entre a idéia de crime e o surgimento de uma organização central capaz de fazer e executar a lei Eles destacam o modo com que o estado organiza os papéis e relações das vítimas dos agressores e da sociedade O próprio surgimento do crime é tratado como equivalente à apropriação de con flitos pessoais por um governo usurpador Afir mam que no que foi chamado de Idade de Ouro da vítima antes da presença de um es tado criminalizante as pessoas desfrutavam de algum controle sobre suas próprias desavenças O conflito era pessoal resultava em vítimas e agressores reconhecíveis cujas disputas po diam ser mediadas e cujas perdas podiam ser compensadas À medida que o poder de intervir nas disputas se foi concentrando em um número de mãos cada vez menor à medida que vítimas agressores e conflitos começaram a se separar uns dos outros e o estado começou a adquirir uma identidade jurídica distinta as vítimas pes soais bem como seus parentes e amigos come çaram a perder relevância Perderam proprie dade em seus conflitos a idéia de vítima tor nouse cada vez mais metafísica já não exigin do um ferimento visível ou uma pessoa tangí vel Havia em vez disso uma entidade abstrata o bem público ou a sociedade naquilo que Blackstone chamou de sua condição social co letiva que exigia proteção o que se rompia não era a paz particular de um indivíduo mas a Paz do Reino Surgiu até a possibilidade do que Edwin Schur descreveu como crimes sem ví timas crimes envolvendo drogas prostitui ção jogo homossexualismo aborto e outras práticas que não produziam nenhuma outra vítima além de uma representação do estado ou comunidade abstrata ou afrontado Evidentemente seria possível também afir mar que a idade de ouro pode não ter sido absolutamente dourada para a vítima solitária impopular ou fraca em confronto com um agressor poderoso Existem alguns conflitos que a vítima podia muito bem ter querido aban donar e como Georg Simmel certa vez obser vou terceiros podem fazer muito para liquidar uma disputa que de outra forma poderia conti nuar interminavelmente Transgressão traduz o inglês deviance neologismo introduzido no pensamento social no início dos anos 60 principalmente como reação às idéias estimuladas pela publicação de Outsiders de Howard Becker em 1963 É uma das mais recentes de toda uma série de expres sões criadas pelos que queriam ir além do es tudo do crime para abranger uma área mais ampla de problemas que não são nitidamente regulamentados pelo sistema de justiça penal As primeiras a chegar foram desorganização social problemas sociais e patologia so cial mas foram postas de lado ou porque eram consideradas não exatamente capazes de captar o caráter especial dessa área mais ampla ou porque já não soavam de acordo com discurso intelectual em voga na época Deviance foi uma palavra adotada em parte porque se achou que ela permitia uma útil ampliação de foco fenômenos novos interessantes e até então ig norados podiam ser trazidos à luz com fins de exploração e comparação O direito e o sistema de justiça penal podiam eles próprios ser ins pecionados a partir de fora e com novos olhos Acima de tudo a mudança de palavra signi ficou uma transição intelectual O uso da pala vra deviance simbolizava o afastamento de uma preocupação com o crime e a criminologia que alguns consideravam intelectualmente pa ralisante Nos Estados Unidos essa transição esteve ligada ao surgimento da Sociedade para o Estudo dos Problemas Sociais Na GrãBreta nha um pouco depois esteve ligada ao York Deviancy Symposium Difundiuse em Social Pathology de Lemert em Outsiders de Becker e em Images of Deviance de Cohen A palavra deviance é não apenas denotativa mas conotativa Marca a adoção tanto de um método distinto quanto de um tema especial sendo usada caracteristicamente pelos então novos interacionistas simbólicos e sociólo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crime e transgressão 151 gos fenomenológicos interessados nos signifi cados que as pessoas atribuem ao seu compor tamento na qualidade interativa e dialética da vida social e nos detalhes de cenas pequenas fechadas e observadas Em nossa língua a pa lavra desvio está muito ligada a questões de comportamento sexual sendo por isso preferí vel a tradução transgressão A abordagem da transgressão tem sido com freqüência amplia da e aplicada a problemas nãoconvencionais porque os pensadores sociais a consideram es clarecedora e não porque os eventos ou pessoas estudados fossem em si mesmos indubitavel mente transgressores E Freidson por exem plo empregoua em estudos de medicina e saúde Transgressão inclui crime e é mais geral mente o crime que os sociológos da transgres são efetivamente estudam mas evidentemente foi escolhida com a intenção de se ampliar a qualquer outro afastamento passível de sanção do caminho convencional Tem sido aplicada de forma extremamente liberal a um grande âmbito de pessoas e atividades Gagos gigan tes anões prostitutas doentes ladrões estelio natários imbecilizados homossexuais e vicia dos em drogas têm sido analisados como trans gressores Aqueles como A Liazos que depre ciam imensamente as deficiências de um grupo tão mal sortido referiramse aos transgressores como birutas marafonas e pervertidos Transgressão provavelmente não é como deviance uma palavra muito boa Não chega a ser um termo jurídico ou clínico Nem é empregada comumente na vida cotidiana É uma palavra peculiarmente sociológica e seu significado reflete as preocupações cambiantes dos que a usam não havendo um acordo muito grande quanto à sua definição exata Alguns a descreveram como atividade estatisticamente infreqüente mas é óbvio que existe um com portamento freqüente que poderia ao contrário ser encarado de forma profícua como transgres são violações do tráfego e mentiras são dois exemplos Talcott Parsons encarou a transgres são como uma quebra ou articulação incomple ta de relações entre pessoas e instituições em transformação embora essa descrição não in clua a transgresssão estável que parece estar embutida em boa parte da vida social Lofland 1969 Duster 1970 e outros compreendem a transgressão como a posição desacreditada ou desvalorizada dos perdedores na política com petitiva da imputação moral E Erikson Daniel Bell 1961 e Robert Merton 1949 retrataram a transgressão como a face obscura da socie dade que dá apoio involuntário à ordem social a prostituição escorando o casamento a bas tardia garantindo a primogenitura e o mal pro duzindo o bem Essa idéia é antiga e interes sante mas efetivamente se apóia numa teleolo gia incômoda e na chamada mão invisível e demonstrar isso não é fácil A transgressão é descrita talvez de forma mais comum e livre como uma violação das regras normas ou expectativas sociais passível de punição Tende a haver pouca hesitação em definir e reconhecer suas formas essenciais mais exuberantes Além disso Newman 1976 demonstrou que parece haver um amplo acordo dentro e através das sociedades a respeito das principais regras de conduta Mas existe em transgressão uma intenção também impor tante de abranger as violações menos espeta culares que parecem fundirse de forma ambí gua com as atividades à sua volta É a própria marginalidade de muitas transgressões que se admite ter ampliado e melhorado o alcance intelectual da sociologia E marginalidade e ambigüidade são marcantes Numa sociedade heterogênea existe tamanha dispersão de re gras contraditórias que os tipos mais insignifi cantes de transgressão são eles próprios corres pondentemente diversos e políticos São locali zados e limitados no tempo ligados a pessoas lugares e ocasiões Nem sempre pode ser pos sível para os de dentro ou os observadores determinar que regras predominam num cená rio particular quão coerentes ou sistemáticas elas são como devem ser comparadas com outras regras se devem ser aplicadas por quem em relação a quem e em que medida Deviance in Classrooms de Hargreaves é um ensaio longo e revelador sobre o emaranhado de pro blemas de obediência e aplicação das regras em um local as escolas cada regra tem regras secundárias e terciárias regulando sua aplica ção cada regra pode ser revogada em certas situações e alunos e professores são obrigados a realizar julgamentos sofisticados na gestão de seus problemas cotidianos Os próprios trans gressores geralmente têm um interesse con siderável em promover confusão em falsear e esconder o que fazem em passar por normais e em confundir o observador Nas palavras de Matza os transgressores geralmente se tornam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 152 crime e transgressão trapaceiros Os fenômenos das regras e de sua violação são de tal modo desnorteantes que Matza 1969 e Douglas e Scott 1972 repre sentaram a contradição e o absurdo como cons titutivos do próprio caráter da transgressão A transgressão tem o poder de estimular um senso facilmente identificável de confusão e embaraço Uma vez que a transgressão ocorre em abun dância que causa confusão e que grande parte dela é bastante insignificante mera violação de regras o que Lemert chamou de trans gressões primárias que não acarretam qual quer reavaliação do próprio eu ou de sua ações a atenção intelectual foi desviada para as reações sociais provocadas pela transgressão Não existe um foro conceitual para o estudo das transgressões primárias Becker 1963 o fez no caso dos fumantes de maconha Mas são essas reações e as reações às reações que conferem maior ordem conseqüência interesse e visibi lidade A significação de atos e agentes pode ser transformada sendo às vezes associada a outros significados putativos avaliada e classificada A transgressão deixa de ser particular e se torna um fenômeno social mais prontamente suscetí vel à análise Esse processo de reorganização simbólica foi chamado por Lemert de trans gressões secundárias Faz parte do trabalho de ROTULAÇÃO que convidou os sociólogos a vol tar o olhar para instituições e práticas de con trole social que eram anteriormente despreza das Em conseqüência amplas parcelas da so ciologia da transgressão foram chamadas com certa infelicidade de teoria da rotulação Leitura sugerida Becker H 1963 Outsiders Chambliss W e Mankoff M 1976 Whose Law What Order Cohen S org 1971 Images of Deviance Downes D e Rock P 1988 Understanding Deviance Justice 1980 Breaking the Rules Lemert E 1951 Social Pathology Schwendinger H e Schwendinger J 1975 Defenders of order or guardians of human rights In Critical Criminology org por I Taylor et al Sellin T 1938 Culture Conflict and Crime Sharpe J 1988 The history of crime in England In A History of British Criminology org por P Rock Sutherland E e Cressey D 1974 Principles of Criminology PAUL ROCK criminologia Este é um nome genérico para um grupo de temas estreitamente ligados o estudo e a explicação da infração da lei os meios formais e informais que a sociedade usa para lidar com a infração penalística e a na tureza e necessidades de suas vítimas vitimo logia O uso popular da palavra por romancis tas e jornalistas para designar a descoberta e o estudo de provas que podem inculpar ou ino centar suspeitos ciência forense ou criminalís tica é um solecismo O estudo dos criminosos e seu comporta mento é hoje em dia campo dos psicólogos e sociólogos No passado psiquiatras como Ce sare Lombroso e Henry Maudsley e psicanalis tas como Edward Glover escreveram a respeito de comportamento antisocial como se este fos se sempre ou em geral atribuível a anormali dades da personalidade constitutivas ou adqui ridas Hoje em dia o psiquiatra sensato limita suas generalizações a infratores que sofrem de distúrbios com sintomas inequívocos Estes são uma minoria ainda que se incluam os distúr bios antisociais da personalidade História natural As primeiras tentativas de explicar a infra ção da lei sofreram da ignorância de sua his tória natural dos fatos sobre a vida crimi nosa Alguns observadores do século XIX em especial Henry Mathew 185162 descreve ram com realismo a violência e as ações de sonestas dos pobres urbanos mas o comporta mento social dos mais bem postos na vida foi deixado aos romancistas e aos repórteres da corte Foi só já bem avançado o século XX que criminólogos em especial Sutherland 1973 conseguiram descrições mais detalhadas do es tilo de vida dos criminosos e que os editores descobriram um mercado na classe média para as memórias de criminosos bem alfabetizados e articulados para um exemplo moderno ver Curtis 1973 Essas narrativas não deixavam de ser tendenciosas mas trouxeram um pouco de vida autêntica para estatísticas que registravam pouco mais do que idades condenações ante riores e às vezes empregos oficiais Explicação A abordagem mencionada resultou em uma explicação mais sofisticada A ubiqüidade e a diversidade da infração da lei começaram a ser mais bem avaliadas Uns poucos sociólogos e psicanalistas agarraramse a teorias gerais que pretendiam explicar todo tipo de crime ou a maioria e até mesmo também a transgressão ver também CRIME E TRANSGRESSÃO Os his toriadores naturais por sua vez entenderam que isso não era mais sensato do que oferecer Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar criminologia 153 uma única explicação para a doença Mesmo tipos bastante específicos de infração como o furto em lojas ou o infanticídio são cometidos por pessoas de personalidades modos de vida e acima de tudo motivações absolutamente diferentes Percebeuse também que uma coisa é tentar explicar por que este ou aquele país cultura distrito ou escola tem uma predominân cia particularmente elevada ou baixa de certos tipos de comportamento infrator e outra coisa bem diferente é explicar por que este ou aquele indivíduo tende a isso Mais uma vez explicar as propensões de um indivíduo é lógica e cien tificamente distinto de dar conta de uma única infração da lei não repetida para a qual uma explicação narrativa pode ser muito mais plausível ver Walker 1977 A contribuição do POSITIVISMO porém foi volumosa e valiosa ainda que por vezes de modo negativo As pesquisas descobriram li gações estatísticas entre a infração da lei ou mais precisamente uma história de desones tidades ou violências e um número enorme de variáveis sexo idade infrações por parte dos pais desarmonia no lar paterno condições e locais de habitação inteligência nível educa cional vadiagem desemprego natureza do em prego filiações religiosas e étnicas constitui ção física tipo somático alcoolismo ou ví cio de outras drogas filiação a quadrilhas e até mesmo no caso da violência temperaturas ele vadas Algumas dessas variáveis porém como baixo nível educacional e vadiagem podem muito bem ser efeitos em vez de causas De qualquer forma as ligações raramente são mui to marcadas sendo sexo a única exceção Mes mo quando combinadas matematicamente o máximo que oferecem é um meio de discrimi nar entre categorias com respeito à probabi lidade de que um dado membro venha a come ter infrações da lei específicas ou nãoespecí ficas Por exemplo uma jovem de um lar har monioso com bom nível educacional e um emprego em escritório tem muito menos pro babilidades de ser uma infratora da lei do que um rapaz com pais separados instrução mínima e sem emprego fixo Do ponto de vista explica tivo esse é um quebracabeça incompleto Há um número muito grande de indivíduos que preenchem as condições mas cujas vidas pau tadas dentro da lei só podem ser explicadas por histórias mais pessoais Alguns criminologistas preferem a aborda gem situacional A principal determinante é encarada como sendo situações que oferecem oportunidades tentadoras ou estímulos provo cadores Presumese que a vasta maioria das pessoas aproveitará a oportunidade diga mos de furto se houver certeza de impuni dade As pessoas variam com relação ao que as tenta e à sua confiança quanto às possibilidades de serem condenadas mas onde existe um al vo atraente mais cedo ou mais tarde ele será atingido A existência de pessoas com fortes inibições morais não pode ser negada mas é relativamente pouco importante no que diz res peito à predominância de infrações desonestas Como a maioria das novas contribuições para o tema esta exagera em suas afirmações mas tem valor como veremos na seção sobre prevenção ver por exemplo Laycock e Heal 1986 Penalística Esta subdivisão do tema preocupase princi palmente com os modos oficiais como se tratam infratores identificados pena capital deporta ção prisão multa sursis ou suspensão con dicional de pena e outros expedientes de não aprisionamento mas alguns penalistas interes samse pelas reações nãooficiais da sociedade tais como o estigma e o ostracismo Entre as realizações da pesquisa penalística está a prova de que a pena de morte não impede a ação de assassinos mais do que a pena em vida isto é prisão prolongada e por tempo indetermi nado que meios gerais de repressão não se mostram muito eficazes quando são baixas as taxas de detecção investigações bemsucedi das que os infratores receptivos a medidas reformadoras constituem minoria e não são fa cilmente identificados no estágio de decisão da sentença e que muitos infratores detidos por longos períodos em prisões ou hospitais para proteção dos outros na verdade não seriam pe rigosos caso libertados sob supervisão Os pe nalistas também têmse preocupado com os efeitos indesejáveis de medidas como o encar ceramento e corrigiram alguns exageros co mo por exemplo a respeito de seus efeitos psicológicos O debate sobre justificativas para punição ou sobre o âmbito adequado do direito penal pertence mais à filosofia moral do que à penalística mas a familiaridade com a penalís tica é essencial para os que tomam parte nesses debates Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 154 criminologia Prevenção Apesar de a repressão ser estritamente fa lando um tipo de tentativa de impedir o crime e ser assim classificada por criminologistas do continente europeu prevenção na crimino logia angloamericana tende a significar medi das que se concentram nos alvos potenciais mais do que nos infratores potenciais que são menos facilmente identificados quando à solta A abordagem situacional antes descrita e as descobertas um tanto desestimulantes sobre a eficácia das medidas voltadas contra infratores indicam que se deveriam dedicar mais recursos ao alvos mais vulneráveis Estes podem ser indivíduos ou propriedades ou mesmo o meio ambiente Os indivíduos podem tornarse me nos vulneráveis se conscientizados dos perigos inerentes de se freqüentarem certos lugares em certas horas e se forem ensinados a se precaver com os estranhos que os abordam As mulheres podem ser aconselhadas a não carregar bolsas ou sacolas Em alguns países os cidadãos po dem armarse com pistolas embora o resultado seja provavelmente mais vítimas do que ocor reria se assim não fosse A propriedade pode tornarse um pouco mais segura através de me canismos de segurança e sinais de identificação Ladrões e assaltantes podem se tornar mais visíveis com melhor iluminação das ruas me nos passagens cobertas por exemplo debaixo de ruas e uma arquitetura previdente As vizi nhanças mostramse cada vez mais dispostas a organizar rondas da vizinhança e até mesmo grupos de vigilantes embora estes últimos sejam malvistos pelos agentes da lei pois suas atividades podem tender a ultrapassar os limites do aceitável ver POLÍCIA Essas são medidas centradas Já se fizeram sugestões de progra mas nãocentrados tais como melhorar os ní veis de habitação e escolaridade e também as perspectivas de emprego As provas de que esse tipo de medidas exerce efeitos de valor sobre as taxas de criminalidade são insuficientes e não é fácil interpretálas com confiança mas esses pro gramas têm outros méritos que os recomendam Vitimologia O pensamento preventivo recebe certa ajuda da vitimologia No início deste século os his toriadores naturais do crime perceberam que este não atinge suas vítimas de forma inteira mente aleatória e que certos empregos ativi dades e comportamentos sofrem riscos maiores de se tornar alvos ou vítimas Prostitutas mo toristas de táxi guardas de segurança e hoje em dia professores e assistentes sociais estão per feitamente cônscios disso Nos anos 50 um estudo de homicídios feito por Marvin Wolf gang 1958 chamou a atenção para os modos pelos quais muitos deles haviam sido provoca dos ou incitados pela conduta da vítima e ele cunhou a expressão victimprecipitation A maior parte da violência contra mulheres é co metida por maridos ou amantes A maior parte dos maustratos contra crianças é cometida por pais ou membros da casa Pode até haver como já se apontou tipos de personalidades que es pecialmente entre os jovens convidam à vio lência ou ao atentado ao decoro sexual As vítimas de fraudes e contosdovigário são ge ralmente pessoas cuja ambição as deixou cegas para a implausibilidade do que lhes estava sen do oferecido No caso de brigas em geral é difícil para a polícia ou para os tribunais ter certeza sobre quem é a vítima e quem é o agressor As vítimas podem nem sempre estar total mente isentas de culpa Mas isso não reduz suas necessidades Vítimas de violências necessitam de cuidados médicos mas também de tratamen to humano no interrogatório especialmente se a violência for sexual O confronto com ata cantes no tribunal pode aumentar o trauma especialmente no caso de crianças Foram cria dos procedimentos especiais para a obtenção e apresentação de provas por parte de crian ças Muitas jurisdições hoje permitem que vítimas de violência sexual tanto adultas quanto menores de idade permaneçam anô nimas no que diz respeito à mídia Centros de apoio para os casos de crises em razão de estupros oferecem aconselhamento e socorro psiquiátrico grátis Tem havido até experiên cias que reúnem perpetrantes e vítimas de cri mes como assalto a residência e estupro na esperança de algum tipo de benefício para am bas as partes Os resultados não se mostram de fácil avaliação Indenização Uma necessidade mais material de muitas vítimas é a indenização especialmente quando elas são pobres Em muitos países ocidentais as vítimas podem requerer compensação finan ceira durante o processo criminal em vez de serem obrigadas a encarar a perspectiva desani madora de uma ação cível Isso porém não Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar criminologia 155 ataca o problema básico a incapacidade de muitos infratores de pagar mais do que uma fração daquilo que os tribunais determinam especialmente se também têm de cumprir pena de prisão Os planos de indenização por parte do Estado restringemse a um âmbito limitado de infrações em geral as que envolvem feri mentos violentos ou danos psicológicos Ne nhum país ainda instituiu um plano de seguro compulsório para crimes contra a propriedade Esse é um problema que só foi atacado parcial mente ver por exemplo Hodgson 1984 Levantamentos de vítimas Uma valiosa evolução das décadas recentes foi o levantamento de vítimas em que amos tras representativas do público são questiona das a respeito de delitos que elas ou seus filhos possam ter sofrido no decorrer do último ano ou outro período especificado Esses levanta mentos têm defeitos de menor monta Algumas categorias de vítimas são pessoas ocupadas de mais ou nômades ou sofrem de distúrbios mentais o que dificulta o acesso dos entrevis tadores Os homens jovens que sofrem muita violência estão em geral na rua bebendo ou de alguma outra forma se expondo à violência e não sendo entrevistados a esse respeito Alguns tipos de delitos não têm vítimas específicas e provavelmente não serão notificados a polui ção ilegal é um exemplo O valor desses levantamentos por exemplo é que eles corrigem a séria tendência à baixa estimativa das taxas de criminalidade resultante da subnotificação e do subregistro Muitos delitos não são notificados à polícia ou outra autoridade responsável porque os que pode riam notificálos estão assustados ou constran gidos demais como no caso de violência se xual ou consideram o delito excessivamente trivial ou com poucas probabilidades de vir a ser alvo de alguma ação efetiva Alguns prefe rem lidar com os infratores à sua própria manei ra especialmente se estes são menores de idade Ainda que notificados alguns delitos não são registrados pelo menos para fins estatísticos Os que os notificam podem ter a sua palavra colocada em dúvida por exemplo porque se pode pensar que estejam agindo por malícia O incidente pode parecer excessivamente trivial Um número excessivo de registros de crimes sem solução faz com que a força policial pareça ineficiente O resultado final da subnotificação e do subregistro é uma séria subestimativa que os levantamentos de vítimas em certa medida corrigem É concebível que estes acabem vindo a substituir as estatísticas baseadas na informa ção policial pelo menos no que diz respeito a crimes comuns como roubo furto e assaltos de menor monta ver Mayhew et al 1989 Reforma penal Na teoria o criminologista é um cientista não um reformador penal ou social e se limita a fornecer e interpretar as descobertas de pes quisas que militantes ou ativistas podem dar a público se lhes for adequado fazêlo Na práti ca a distinção é geralmente um pouco confusa A escolha por parte do criminologista do objeto da pesquisa digamos os efeitos psicológicos danosos do encarceramento é em geral ditada pelos objetivos do organismo que patro cina essa pesquisa e mesmo quando a escolha cabe ao pesquisador esta provavelmente deve alguma coisa à ideologia deste Felizmente existem criminologistas cuja integridade os le va a relatar descobertas inesperadas ou incon venientes por exemplo no caso de terem descoberto que os efeitos danosos do encar ceramento foram na verdade exagerados pe los reformadores penais ver Bottoms e Light 1987 cap8 Leitura sugerida Bottomley K e Pease K 1986 Crime and Punishment Interpreting the Data Box S 1981 Deviance Reality and Society Freeman J e Sebba L orgs 1989 International Review of Victimo logy vol1 Morris A 1987 Women Crime and Cri minal Justice Radzinowicz Leon e Hood RG 1986 The Emergence of Penal Policy Rutter M e Giller H 1983 Juvenile Delinquency Ten CL 1988 Crime Guilt and Punishment Tonry M e Morris N 1979 Crime and Justice Walker N 1988 Crime and Cri minology Wilson JQ e Herrnstein RJ 1985 Crime and Human Nature NIGEL WALKER crise Falamos de crise em relação a sujeitos a uma vida ou uma forma de vida a um sistema ou uma esfera de ação As crises decidem se uma coisa perdura ou não O caso paradigmáti co de crise é a crise de vida na qual se levada ao extremo está se tratando de uma questão de vida ou morte Em toda crise os envolvidos confrontamse com a questão hamletiana ser ou não ser As crises em geral têm causas obje tivas mas devem também poder ser vivencia das como crises pelos sujeitos ou entidades Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 156 crise sociais envolvidos Elas também sempre afe tam a autocompreensão e a autodefinição de agentes sistemas ou esferas uma vez que sem pre afetam sua identidade isto é uma vida ou situação de vida como um todo Aqui a história da palavra é importante e esclarecedora O grego krisis não distingue en tre crise e crítica cobrindo diferença e confli to mas também decisão no sentido de resultado definitivo decisão judicial ou de fato qualquer julgamento algo que hoje se encaixaria na esfera da crítica Koselleck 1973 p197 Es sa ligação original entre os aspectos subjetivo e objetivo da crise subsiste quando criticar entra em moda na modernidade Na época do Ilumi nismo esses dois usos divergem ao mesmo tempo em que continuam sobrepostos Com essa separação porém as palavras crítica e crise usadas basicamente na Idade Média no sentido médico tornamse altamente politiza das Sir B Rudyard aplicou o conceito médico de crise ao corpo político Esta é a Crise dos Parlamentos através disso saberemos se os Par lamentos vivem ou morrem Mesmo depois do século XVIII porém crise é um título co mum para textos críticos e polêmicos Thomas Paine deu o nome The Crisis ao diário em que comentava os eventos da revolução norteame ricana Aqui o sentido grego de crise como julgamento permanece predominante como um conceito polêmico de crise O significado de crise como julgamento referindose a uma decisão judicial e o significado médico diag nóstico combinamse quando falamos ainda hoje de uma situação crítica Na antiga Atenas eram as atividades de julgar krisis e governar kratein que transfor mavam um indivíduo em cidadão Aristóteles A lei é um produto da crise e da divisão da vida ética Quando recebe expressão efetiva num julgamento promovese o fim da divisão ou CONFLITO A palavra alemã Entscheidung de cisão indica esse processo O elo aristotélico entre julgamento legal e crise e o status de cidadão político é ele próprio resultado de uma divisão separação ou diferenciação das esferas de oikos e polis uma divisão em que a lei desempenha um papel fundamental A separa ção do político e portanto o status de cidadão acompanha a superação e substituição do antigo sistema legal justiça de família vingança de sangue oikos ou justiça doméstica por um sistema judicial políticoburguês ver Meier 1983 Hegel ainda tem em mente essa ligação entre lei e crise na sua teoria da tragédia Ele descreve a queda do herói na crise do conflito trágico como um destino racional que se con cretiza em nome de uma justiça nova trágica e urbana a qual substitui a justiça antiga épica hoje vista como um destino cego prélegal Do Iluminismo até Marx a época presente é compreendida como uma crise e a crise como crítica prática revolucionária como uma causa levantada pela nova sociedade burguesa contra o antigo estado ou pelas classes excluídas da sociedade burguesa contra as que estão incluí das Mas Marx se encontra também na raiz das teorias sociais científicas sobre crise À medida que estas se desenvolvem a separação entre teoria e crítica é ressaltada de forma ainda mais aguda do que na filosofia da história do próprio Marx Mas o que foi separado na teoria ainda se une na prática política não pode haver crise sem diagnóstico de crise Um diagnóstico de crise representa uma vigorosa posição explica tiva Ele não visa um fim da história mas constrói hipoteticamente uma história capaz de funcionar como justificativa por ações políticas para os que vivenciam a crise Nesse sentido a filosofia de Kant já era uma filosofia da história pressupondo que o tribunal da razão crítica julga argumentações e não pessoas De agora em diante crise e crítica encaixamse em dife rentes categorias Embora a crítica possa tornar uma pessoa consciente de uma crise e uma crise possa provocar crítica ou transformar a própria crítica em crise a crise decide outras questões que não as da crítica Enquanto a crise diz respeito a se uma forma de vida social pode ser ou não ser a crítica só se preocupa com a validade dos argumentos se são verdadeiros ou falsos precisos ou imprecisos Essa dis tinção krisis é notoriamente ignorada pela metacrítica conservadora do Iluminismo Essa crítica fundamental presente em Nietzsche Carl Schmitt e Michel Foucault concebe a ar gumentação e a crítica como guerra polemos como luta por existência e poder Tal como a filosofia da história que critica ela combina crítica e crise e assim vê na crítica a verdadeira crise dos tempos modernos A crise está dis farçada de crítica Kosellek 1973 O conceito social científico de crise tem raízes profundas na filosofia da história mas no século XX deitou raízes novas pósmetafísicas O conceito de crise baseado na filosofia da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crise 157 história desenvolveuse no sentido de um con ceito evolutivo à luz do qual a filosofia da história se vê ela própria relegada ao status de elo perdido na transição do antigo conceito de crise para o moderno A ligação mais impor tante é sem dúvida sua temporalização na cristandade Esta transforma a decisão judicial na crise extrema do Juízo Final O todo da história é assim dominado pela contradição de que a decisão final já ocorreu com a encarnação do Messias mas deve ainda assim ser deixada em aberto para ser ratificada no Juízo Final Isso estende a crise a todo o processo entre a Reve lação ou vinda de Cristo e o Fim dos Tempos a crise permanente transforma segundo as pa lavras de Hegel a história mundial num tribunal mundial Desse modo a modernidade assiste à ascensão de um modelo processual de crise que impregnou inúmeras filosofias da história Kosellek 1976 p1236 Um aspecto característico do diagnóstico de crise da filosofia da história é a maneira como a época é tratada como um todo A crise é sempre a crise de uma totalidade histórica O conceito social e científico de crise em contras te baseiase sempre apenas em uma esfera ou aspecto parcial de uma totalidade de vida por exemplo o sistema econômico programas de pesquisa estágios de desenvolvimento ou prin cípios organizacionais Não se pode mais fazer afirmações a respeito de crises extremas ou de progresso e retrocesso com relação ao Bem e à felicidade do Todo A perspectiva da filosofia da história sobre a totalidade de uma forma de vida Hegel permanece constitutiva para a experiência subjetiva e intersubjetiva de crise por parte dos afetados por elas mas isso se transforma em mero componente subjetivo de análise social científica O que permanece da filosofia da história é um discurso de autocom preensão típico das crises geralmente com características terapêuticas Isso diz respeito aos problemas de identidade individuais ou co letivos Os discursos globais da filosofia da história só têm lugar dentro desses discursos nos quais os envolvidos devem deixar claro quem desejam ou não desejam ser cf Tugend hat 1979 Mas já não têm uma significação prognóstica Inversamente as teorias sociais e científicas sobre a crise já não produzem co nhecimento a respeito do resultado das conse qüências das crises Na crise o número que os dados vão dar fica em aberto Toda crise fur tase ao planejamento com base na crença e no progresso Kosellek 1973 Livros como História e consciência de classe 1923 de Lucáks ou A decadência do Ocidente 1918 22 de Spengler representam um lado da dis tinção entre um conceito de crise baseado na filosofia da história e uma concepção de crise social científica A legitimação da crise 1973 de Habermas ou As contradições culturais do capitalismo 1976 de Daniel Bell marcam o outro lado Outro exemplo de conceito social científico de crise é A estrutura das revoluções científicas 1962 de Thomas Kuhn ver SOCIO LOGIA DA CIÊNCIA Aqui também se trata da vida como um todo de uma comunidade par ticular concreta de pesquisadores ligada a um paradigma holístico mas não do destino das ciências européias como no famoso diagnós tico de Husserl 1937 que ainda não aban donou os caminhos de uma filosofia metafísica da história em cima do muro que separa a Queda da Salvação No centro da concepção social científica de crise encontrase o conceito de crise de sistema que Marx foi o primeiro a exprimir com clareza ligandose tanto às teorias de circulação da economia clássica e do Iluminismo francês quanto ao conceito hegeliano de uma contradi ção entre esferas que não pode ser resolvida dentro de um sistema fechado A teoria da tra gédia de Hegel desenvolve um modelo de crise que retorna em crises de sistema e em conflitos que arrasam do ponto do vista social o mundo concreto ou uma imagem do mundo A validade abrangente de pretensões legais mutuamente exclusivas é o que diferencia as crises das guer ras e também das revoluções e das guerras civis Na lenda grega Creonte e Antígona não se relacionam um com o outro como amigo e inimigo em guerra eles trazem em si mesmos a oposição que destrói o seu mundo O significado social científico desse modelo de crise ultrapassa em muito a sua interpretação nas filosofias da história de Hegel e de Marx cf Kojève 1947 Marx já havia combinado esse modelo de uma crise orientada para as pretensões à validade de grupos sociais antagô nicos classes com o da crise de sistema obje tiva identificável em problemas de rumo de orientação e dos imperativos da manutenção do sistema Mas mesmo nos diagnósticos dos ter mos que a modernidade vem oferecendo desde pelo menos a época de Max Weber o modelo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 158 crise trágico de uma esfera ética dividida em si mes ma continuou a ser crucial Ele se estende do mundo de desintegração do primeiro Lukács ao diagnóstico de Weber sobre o esmagamento da liberdade e o significado no conflito insolú vel das esferas de valor mutuamente alienadas do racionalismo moderno até a teoria de Jürgen Habermas sobre as patologias do mundo con creto e diagnósticos semelhantes apresentados por pensadores neocomunitários Robert N Bellah e seus colaboradores 1985 seguindo Alasdair MacIntyre 1981 vêem a cultura nor teamericana estendida entre os pólos de in dividualismo utilitário e expressivo Michael Walzer 1983 descreve com perspicácia o mo do como esferas da vida moderna justificadas e geralmente aceitas divididas corretamente desenvolvem tendências críticas na verdade autênticas ameaças à vida a superar e domi nar umas às outras Charles Taylor 1989 localiza a contradição mais profunda dos tem pos modernos entre bens igualmente constitu tivos universalismo e pluralismo cientificismo utilitarismo e romantismo moralismo e ceti cismo desconstrutivo Os herdeiros científico sociais do modelo de crise hegeliano e marxista não apenas dissolveram sua ligação desagradá vel com a filosofia da história como também substituíram o paradigma da reflexão pelo da linguagem dissolvendo ainda a perspectiva unificada numa pluralidade de tendências de crise As contradições que fazem surgir as crises e as abrem à experiência não precisam mais ser entendidas na linha de antinomias lógicas pro duzidas pela ascensão do Espírito através de estágios infinitos de reflexão mas podem ser trazidas de volta ao seu lugar na linguagem as contradições entre afirmações e acima de tudo no diálogo As crises de maturidade e as de desenvolvi mento cognitivo e moral tal como outras crises são geralmente deflagradas por circunstâncias externas contingentes mas também têm um aspecto interior racional Este se expressa inter alia nas tentativas dos agentes de reconciliar suas experiências com sua imagem do mundo As experiências que entram em conflito da imagem que se tem do mundo podem propor cionar um motivo racional para a busca de soluções coerentes As crises ocorrem quando experiências conflitantes se acumulam e no final não podem mais ser integradas confor me ocorre com as anomalias sofridas pelos cientistas normais de Kuhn O sofrimento em geral inspira a busca de soluções novas e radi cais fazendo surgir uma imagem do mundo de nível mais elevado que reúne experiências anti gas e novas em uma relação inteligível e coe rente As contradições comunicativas ocorrem quando imagens do mundo variadas e incom patíveis se superpõem e entram em disputa na interpretação das mesmas ou semelhantes ex periências Quando agentes com imagens do mundo divergentes ou concorrentes são obriga dos a debater e a entrar num acordo precisam usar a linguagem comum da vida do diaadia para articular suas variadas perspectivas e ima gens do mundo A articulação de sua própria imagem do mundo com sua perspectiva sem pre egocêntrica em linguagem comum e com uma orientação voltada para a compreensão mútua resulta em algo que empurra os agentes no sentido de uma descentralização do seu ego centrismo Os processos de aprendizado que levam a descentração de perspectivas no mundo podem portanto ser explicados pelas contra dições entre visões do mundo idiossincrásicas e sua articulação numa linguagem comum Es sas contradições obrigam os agentes a transcen der o seu próprio horizonte e a fundilo com o de outros agentes na linguagem comum da compreensão mútua ver Gadamer 1960 Des sa forma tornase possível vivenciar o conflito entre visões do mundo ou esferas de valor como um conflito entre articulações contradi tórias da sua própria visão do mundo ou esfera de valores Uma crise caso ocorra resolverá se essas antinomias são produtivas ou destrutivas ver Kesselring 1981 1984 Se são produtivas e fonte de motivação racional é algo que pode depender na prática das possibilidades institu cionais para uma discussão objetiva e a resolu ção de conflitos Isso vale tanto para a evolução individual e social e para o resultado das cri ses individuais da adolescência quanto para o autoesclarecimento de grupos sociais ver Dö bert e NunnerWinkler 1978 Eder 1985 O que vai ser decidido numa crise depende em geral de toda uma constelação de tendências de crise complexas e que se superpõem A con juntura de crises de identidade e crises de sis tema produz limiares críticos mas a expectativa de uma ligação sistemática entre os dois tipos de crise que inspiraram Marx e o marxismo demonstrou ser demasiado especulativa Na prática parecemos estar antes vivenciando uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar crise 159 dissociação ou desacoplamento dos mais varia dos fenômenos de crise cultural econômica ecológica científica administrativa e outras A tentativa de sistematizar possíveis tendências de crise pode portanto ser ligada ao processo de diferenciação e centramento de subsistemas sociais é possível observar uma tendência ain da rudimentar de afastamento das crises sócio econômicas no sentido das crises de motivação legitimação e cultura O alto grau de inter dependência e a crescente interpenetração de subsistemas porém e acima de tudo a mutabi lidade e a reversibilidade de tendências evolu tivas tornam quase impossível fazer afirmações categóricas Leitura sugerida Habermas J 1973 1976 Legiti mation Crisis Husserl E 1938 1970 The Crisis of the European Sciences and Transcendental Phenome nology OConnor J 1973 The Fiscal Crisis of the State HAUKE BRUNKHORST cristã teoria social Essa teoria abrange afir mações sistemáticas ou conjuntos de conhe cimento sobre o relacionamento do cristianis mo com a sociedade Em um nível essas afir mações sistemáticas são teorias no sentido estrito de visão geral da natureza da socie dade isto é equiparando teoria social secular e teoria política mas incluindo uma pers pectiva transcendente Em outro nível a teoria social cristã pode ser encarada como uma práxis no sentido aristotélico de um estudo da sociedade como um fim a saber o de facilitar o florescimento de uma vida boa e justa na pólis A perspectiva específica a que nos referimos pode ser chamada de personalismo palavra usada para indicar que o fundamento a causa e o propósito de todas as instituições sociais são os seres humanos individualmente tomados isto é pessoas que são sociais por natureza e elevadas a uma ordem de coisas que ultrapassa e sujeita a natureza papa João XXIII Mater et magistra n219 Os sistemas sociais em outras palavras não têm propósitos motivos ou necessidades rigorosamente falando apenas as pessoas humanas individualmente os têm Na teoria social cristã portanto o voluntarismo e o caráter intencional da conduta humana são en fatizados bem como a capacidade dos agentes de escolher entre diferentes objetivos e proje tos Isso não exclui a análise e discussão de estruturas mas significa que a teoria social cristã é basicamente uma teoria de ação O aspecto apresentandose sob diferentes formas que caracterizou a teoria social cristã durante todo o decorrer de sua história foi a tensão Talvez somente na doutrina social do Velho Testamento não tenha sido esse o caso No Velho Testamento que é a fonte básica da teoria social cristã o pensamento hebraico con servou elos éticos e teológicos inseparáveis en tre criação e salvação Não havia separação entre as atividades deste mundo e a do outro Esse senso da unidade dos atos divinos de cria ção e salvação e de nossa reação a essas áreas pode ser observado no amplo âmbito de sentido para as palavras retidão justificação e fé bem como na importância da noção hebraica de tiqqun haolam restauração do mundo O con texto dessas palavras é geralmente social e po lítico No Novo Testamento porém e especial mente nos textos de São Paulo salvação está mais freqüentemente ligada à justificação do indivíduo que chega à fé em Jesus Assim as palavras cristãs que refletem as palavras hebrai cas com conotação de justiça afastaramse de seu contexto social e da ordem e harmonia na natureza e em todo o cosmo da criação de Deus Essa visão excessivamente antropocêntrica da criação e da salvação no pensamento cristão primitivo estreitou a visão da graça de Deus no mundo e restringiu o desenvolvimento na teo ria social cristã de uma ética de obrigação responsável para com a criação e de deveres para com a ecologia o meio ambiente e as outras criaturas A tensão entre as exigências do outro mundo e deste mundo que entrou no pensamento cris tão com o Novo Testamento e o desenvolvi mento de uma TEOLOGIA sistemática vieram a exercer forte influência sobre a teoria social cristã no período patrístico que cobriu os oito primeiros séculos de cristianismo Mesmo sen do possível demonstrar que às vezes em es pecial depois da convenção do imperador Cons tantino alguns dos Padres da Igreja assumiram um discurso mais voltado para o mundo pode se afirmar que o sobrenatural foi um elemento dominante e fundamental em seu pensamento Conforme a igreja cristã foi crescendo em números riqueza e poder político e o próprio estado finalmente se tornou cristão no primeiro quartel do século IV cresceu também a tensão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 160 cristã teoria social entre a preocupação vital com a vida depois da morte e as exigências da vida aqui na terra Na esfera econômica a principal preocupação dos Padres era com o abismo gritante entre ricos e pobres para o que a sua solução foi a doação de esmolas Não era função da esmola eliminar a pobreza apenas aliviar um nível extremo de necessidade Nesse sentido não existe solução econômica no conjunto dos textos patrísticos Eles aceitavam o direito à propriedade privada embora atribuindo a sua origem ao pecado ori ginal e afirmando que no início da sociedade humana todas as coisas eram possuídas em comum Em termos do desenvolvimento da teoria social cristã é possível destacar que San to Agostinho se opunha ao individualismo mesmo ao individualismo possessivo que se tornou a característica do liberalismo moderno Em conseqüência dessa compreensão da des tinação comum dos bens humanos os Padres da Igreja enfatizaram as obrigações dos ricos de partilhar e defenderam o uso comum das rique zas como o ideal Muitos autores modernos comentaram esse aspecto socialista da dou trina patrística e é certo que houve uma tensão contínua na teoria social cristã entre a defesa da propriedade privada e o ideal da propriedade social Em sua apresentação geral do pensamento social os escolásticos do período medieval per maneceram fiéis à ênfase mais antiga que tanto o Novo Testamento quanto a doutrina patrística atribuíam ao primado do espiritual sobre o temporal Nessa forma a teoria social cristã permaneceu sem dúvida como uma doutrina social radicalmente teológica A influência do pensamento estóico e aristotélico porém deu origem a evoluções que transformaram a dou trina social cristã como um todo numa ciência filosófica com certos acréscimos de gênero teológico Essa nova tensão entre fundamentos moraisfilosóficos ou teológicos permaneceu como característica na teoria social cristã até o período moderno As tradições católica romana e católica anglicana conservaram o estilo da filosofia moral enquanto as tradições da Refor ma adotaram abordagens radicalmente teológi cas Na teoria social católica um fundamento na lei natural uma apreensão quase instintiva de uma regra de comportamento sensato ade quado a seres humanos racionais ajudou no desenvolvimento do bem comum uma coin cidência impelida pela justiça entre o bem individual e o bem da comunidade da justiça distributiva proporcionalidade do status dos membros para com a comunidade do princí pio de função subsidiária o de que o poder do estado deve ser usado não para deslocar a iniciativa mas para permitir a comunidades e indivíduos menores serem eles próprios e do direito à propriedade privada A elaboração da teoria social cristã nessa forma filosófica ao mesmo tempo em que tira va da teologia os motivos para a ação teve a vantagem prática de tornar esse ensino aces sível aos que não partilham das crenças cristãs mostrandose adequado na sociedade pluralista dos dias atuais Isso explica a insistência na prática social papal recente de que os textos são para todas as pessoas e não apenas para os católicos Se o princípio unificador da lei natural tor nou possível no estilo católico de teoria social cristã exercer mediação entre o mundo da reli gião e o cenário sóciopolítico por outro lado também levou a uma confusão pelo fato de as autoridades eclesiásticas em nome da Igreja se tornarem governantes terrenos ao mesmo tem po em que poderes seculares se arrogavam auto ridade em questões espirituais A solução de Lutero foi propor seguindo o estilo das Duas Cidades de Santo Agostinho uma doutrina dos Dois Reinos que se tornou a primeira interpre tação protestante de uma ética política Os dois reinos são a Igreja e o Estado este último tornado necessário apenas devido à descrença Essa é uma teoria social diferente da antiga teoria católica que reconhecia a necessidade de potestas coactiva poder político como conse qüência do pecado original ao mesmo tempo em que aceitava a necessidade de uma potestas directiva um estado administrativo mesmo antes da Queda Em toda essa questão Lutero afirmou que qualquer que fosse a qualidade do governo secular bom ou mau os dois reinos nunca deveriam ser confundidos princípio ado tado por Karl Barth o qual insistiu em que o divino não deve ser politizado e o político não deve ser divinizado O dualismo de responsabilidades particu lar e pública derivado da doutrina luterana dos Dois Reinos passou a ser usado para jus tificar as pretensões absolutistas do poder polí tico A forma particular de sua teoria social cristã preparou o caminho de forma totalmente nãointencional para essa interpretação Cada Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cristã teoria social 161 Reino era governado por Deus verticalmente porém de modo distinto mas não havia meio óbvio pelo qual o Evangelho pudesse penetrar horizontalmente no reino secular No período moderno Na cristandade não havia nenhum campo secular apenas uma única comunidade de sa cerdócio e reino Mas uma vez que o secular como domínio foi instituído pela racionalidade científica e pela pretensão política e em segui da reconhecido pela religião cristã o sacro tor nouse privatizado e espiritualizado Em rela ção à teoria social cristã a SECULARIZAÇÃO criou as condições dentro das quais Grotius Hobbes e Spinoza estabeleceram a teoria social autôno ma isto é independente de justificativas teológicas O desafio foi sério uma vez que como diz John Milbank a teoria social cristã deve ser a aplicação de uma teologia ou de uma ética social a qual como um metadiscurso propõe disciplinas seculares ou então ela própria é proposta pela razão secular Diante desse de safio a teoria social cristã tendeu a aceitar que as ciências sociais executam leituras funda mentais da realidade que podem ser passadas para a teologia ou para a ética social A agenda é determinada pela razão secular Ernst Troelt sch em sua obra monumental intitulada A dou trina social das igrejas cristãs 1911 afirmou que essa experiência teria de ser aceita e que a teoria social cristã deveria buscar estabelecer alguma coerência com a racionalidade secular Na conclusão de sua obra destacou que a apli cação do ideal espiritual do Evangelho não pode ser realizada dentro deste mundo isolada de uma conciliação Seguiu daí à conclusão de que não existe em parte alguma uma ética cristã absoluta que só espera ser descoberta tudo que podemos fazer é controlar a situação mundial em suas fases suces sivas tal como fez a ética cristã primitiva ao seu próprio modo Não existe uma transformação abso luta da natureza material ou da natureza humana Tudo que existe é um confronto constante com os problemas que elas levantam Os termos de conciliação da teoria social cristã foram no caso do desafio por parte da teoria política secular aceitar a autonomia da política e no caso da economia política admitir um mercado racional As conseqüências para a teoria social cristã foram em primeira instân cia incorporar uma teoria política submissa que aceitava um equilíbrio de poder entre or dens autônomas e em segundo lugar abraçar um consenso benévolo a respeito do livre mer cado como um tipo de forma econômica final Duas formas recentes de teoria social cristã desenvolveramse na tentativa de romper com os estilos consagrados de pensamento político e econômico A teologia política que pode ser definida como um corretivo crítico à ten dência da teologia contemporânea de se con centrar no indivíduo particular desafiou a ten dência política da modernidade a erigir uma relação direta entre o estado soberano e o in divíduo particular cortando assim todas as ligações intermediárias Os elementos comuni tários da teoria social cristã apresentados sob a forma de subsidiariedade no ensino social ca tólico e de soberania de esfera na tradição da Reforma defendem a devolução do poder a níveis intermediários adequados A segunda forma contemporânea é a TEOLOGIA DA LIBERTA ÇÃO que tentou recuperar o sentido do Evange lho para os países do Terceiro Mundo engajados na luta por justiça Valeuse seletivamente da análise marxista mas muitos comentaristas du vidam que essa análise possa ser utilizada sem que também se aceite a interpretação marxista da história Em geral podese dizer a respeito das teologias políticas e de libertação que elas têm segundo o estilo restrito recomendado por Troeltsch de se apropriar de alguma forma existente de teoria social de Marx digamos ou Habermas juntamente com a secularização que estas em geral acarretam e com isso em sua ética social ou teologia social elas se limi tam a interpretações do que resta Um desafio radical a todas as formas exis tentes de teoria social cristã foi colocado recen temente por John Milbank 1990 o qual afirma que a própria teologia é uma sociologia A teoria social cristã sustenta ele colocouse numa po sição de fraqueza ao se tornar dependente de teorias seculares fracamente corroboradas e ao abandonar sua própria força como teoria social específica Ela pode ter a pretensão legítima a ser uma sociologia no sentido de que é uma descrição de toda a PRÁXIS conteúdo narrativa prática e doutrina de uma comunidade particu lar e no de que proporciona uma explicação específica das causas finais em ação na história humana Com respeito à metodologia essa teo ria deveria dar mais atenção às interpretações Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 162 cristã teoria social das implicações sociais da práxis cristã por parte dos que estão dentro dela e ser menos dependente das noções dos que estão de fora Isso não significa excluir a importância das interpretações vindas de fora apenas enfatizar que a teoria social cristã não pode ser reduzida a nenhuma leitura exata e rigorosa do contexto histórico e social mas sim incluir um momen to especulativo como Milbank o chama que apreende elementos doutrinários e conseqüen tes propostas de uma natureza especificamente sócioteológica Em conclusão a teoria social cristã de um ponto de vista deve manter a continuidade com certos aspectos da ética antiga De outro ponto de vista deve superar a ética antiga devido à necessidade de um conteúdo de virtudes es pecíficas e ao fato de ser uma teoria a respeito de uma comunidade específica com uma práxis particular Leitura sugerida Bonino J 1983 Towards a Chris tian Political Ethics Boswell J 1990 Community and the Economy a Theory of Public Cooperation Milbank J 1990 Theology and Social Theory Beyond Secular Reason Phan PC 1984 Social Thought Message of the Fathers of the Church Troeltsch E 1911 1981 The Social Teaching of the Christian Churches Viner J 1978 Religious Thought and Eco nomic Society FRANCIS P MCHUGH cultura O fato isolado mais notável a res peito da história da humanidade é a extraordi nária diversidade de formas sociais produzidas por seres do mesmo ou praticamente do mes mo tipo genético Em outras palavras enquan to a maioria das espécies tem uma forma de organização social embutida nos genes o ani mal humano parece ser programado em vez disso para dar atenção à cultura A diversidade é possível porque os seres humanos aprendem a partir de meios culturais Viver em acordo com a natureza é uma idéia atraente mas no caso humano isso na verdade significa viver com cultura A ciência social destacou dois papéis capi tais que a cultura cumpre na vida social Primei ro a cultura proporciona significado durante a maior parte da história humana por meio da religião organizada Se Marx pode ser visto com alguma liberdade como um pensador que insistia em que a produção de alimentos é básica para a vida humana Max Weber por sua vez insistia com exatamente a mesma veemência em afirmar que o problema crucial encarado pelas sociedades humanas era o da teodicéia ou seja a necessidade de apresentar uma explica ção para o nascimento o sofrimento e a morte Essa formulação não é feliz na medida em que indica haver uma adequação natural entre ne cessidades humanas e significado social Em vez disso a vida social organizada depende da repressão de muitos de nossos impulsos ge neticamente codificados em especial como Freud enfatizou corretamente os que dizem respeito à sexualidade Em segundo lugar a cultura fornece regras de ação social sem as quais seria impossível para os seres humanos dentro de uma sociedade chegar a compreender uns aos outros É extremamente importante ob servar que as religiões do mundo em grande contraste com sua suposta referência a um ou tro mundo são natural e inevitavelmente em grande parte compêndios de regras para lidar com a vida do diaadia Até mesmo um rápido exame dos estudos de Max Weber sobre as religiões do mundo mostra que ele trabalhou dentro desse espírito tentando tanto explicar a criação o conteúdo a difusão e a manutenção de sistemas de crença quanto analisar os modos pelos quais elas influenciam a ordem social de que fazem parte a insignificância do impacto do budismo sendo o que é muito interessante atribuída a sua pura referência ao outro mundo ou seja a sua incapacidade de fornecer um simples serviço matrimonial até o século XX A inevitável interpenetração de crença e cir cunstância o fato de elas tenderem a não ter para usar a expressão de David Hume exis tências distintas cria tremendas dificulda des para os cientistas sociais Uma teoria vigo rosa depende de ser capaz de distinguir os mo mentos nos quais uma fonte de poder social influencia outra e é de acordo com isso de importância vital descobrir esses momentos em que as fontes de poder podem ser diferenciadas Boa parte do pensamento social moderno não foi de grande vitalidade uma vez que seguiu uma trilha falsa isso é descrito primeiro como uma preliminar para se especificarem os três modos pelos quais se pode dizer que as idéias têm um impacto autônomo sobre a sociedade eou Grande parte do pensamento social moder no sofreu uma bifurcação profunda na sua abor dagem da cultura Pensadores idealistas de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cultura 163 Antonio Gramsci a Clifford Geertz e de Talcott Parsons a Louis Althusser insistiram em dizer que uma sociedade se mantém coesa porque as normas são compartilhadas ver NORMA Essa posição tende ao relativismo isto é à doutrina de que na expressão de Pascal a verdade é diferente do outro lado dos Pireneus Isso leva um pensador rigoroso como Peter Winch a in sistir em que as pretensões da ciência social a criar leis universais são absurdas Podemos não gostar de mágica mas ela funciona para os Azande da África Oriental da mesma forma como a ciência funciona para nós tudo que a investigação social pode fazer é traduzir e servir de mediadora entre mundos separados mas iguais Em violento contraste os materialis tas vêem as ideologias como véus ou máscaras para grupos de interesses ainda mais impor tante tendem a acreditar que a maioria dos agentes tem plena consciência dos seus pró prios interesses e de acordo com isso não têm probabilidades de engolir crenças que os pode rosos tentam impingirlhes A ordem social desse ponto de vista depende do poder nu e cru ou de uma harmonia natural de interesses entre agentes racionais e autointeressados sendo o marxismo um exemplo do primeiro caso e a economia neoclássica do último Nenhuma dessas posições faz muito sentido Os materialistas deixam implícito de forma implausível que a história teria seguido o mes mo curso ainda que paganismo religiões do mundo e marxismo nunca tivessem sido inven tados Mais ainda isso impõe a questão de por que alguém se dá ao trabalho de inventar uma crença No caso do marxismo ou as forças produtivas são irresistíveis caso em que não existe necessidade de justificálas ou precisam ser justificadas caso em que não são irresis tíveis Caso ainda mais importante é a efetiva falta de energia que se esconde por trás da visão de indivíduos buscando calcular seus interesses materiais reais Isso fica claro quando pensa mos tentar calcular se casamos ou não com alguém Precisamos de um coup de foudre para esse tipo de acontecimento da vida pelo sim ples motivo de nossas identidades estarem en volvidas o cálculo presume um eu solidário e isolado e é praticamente inútil quando uma decisão envolve aquilo que somos ou que po demos vir a ser como os romances de Dos toievsky demonstram de maneira brilhante A maioria de nós não é desfibrada como Ham let por excesso de pensamentos pois possuí mos valores que nos dão um senso de IDENTI DADE dizendo de outra forma é impossível especificar interesses que não contenham com ponentes culturais Dizer isso no entanto não implica aceitar indiscriminadamente o idealis mo Para sermos específicos há tudo o que se dizer contra o deslize entre afirmar que os seres humanos têm valores perfeitamente verdadei ro e aceitar a visão de que as sociedades são mantidas coesassujeitadas por um conjunto de valores extremamente falso Podemos em ou tras palavras aprender através da cultura mas isso não significa que a cultura seja a única força capaz de explicar a mudança ou a coesão na sociedade Um volume bastante grande de in dícios empíricos está hoje disponível para de monstrar que classes perigosas ou inferiores raramente compartilham os valores da cultura oficial ver também CONTRACULTURA Esses indícios não devem é claro ser encarados como significando que os interesses reais e mate riais são a única preocupação dos agentes so ciais O que está realmente em questão é a natureza da ideologia Para que um idealismo sem barreiras faça sentido é necessário que as ideologias sejam claras e consistentes isto é capazes de dirigir a vida social A maior parte das ideologias simplesmente não é assim são sacos de gatos cheios de diferentes opções utilizáveis à vontade por diferentes grupos Os aldeães medievais achavamse em oposição à hierarquia eclesiástica mas em nome da pobre za de Cristo Se é verdade que temos valores continua então a ser o caso de sermos mais do que mera forragem para alimentar conceitos E se um pensador como Winch está absoluta mente certo ao enfatizar a realidade da magia para os Azande é a mais pura afetação intelec tual querer fazer crer que a mágica se encontra no mesmo nível das práticas cognitivas da ciên cia moderna A ciência social depende crucial mente dessas práticas cognitivas no mínimo incluímos na mesma categoria as crenças locais ignorando por exemplo a pretensão de que o islã se difundiu porque era verdadeiro de forma a investigar as condições às quais ele correspon deu enquanto no máximo investigamos ques tões tais como a capacidade de um sistema de crença como a magia de se manter em face da contradição precisamente porque sabe mos que as práticas locais são equivocadas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 164 cultura O impacto das idéias A libertação da falsa antítese entre idealismo e materialismo permitenos ver três meios pelos quais as idéias têm ocasionalmente exercido um impacto autônomo sobre a sociedade Esses três meios podem ser mais bem descritos tendose em mente a preocupação de Max Weber com a racionalização do Ocidente Se por um lado algumas de suas percepções permanecem váli das os estudiosos contemporâneos por sua par te também complementaram de maneira útil essas percepções Weber é mais conhecido por seu A ética protestante e o espírito do capitalismo 1904 05 Esse livro não dizia que o capitalismo surgiu simplesmente como resultado do prote stantismo ao contrário e em sintonia com sua noção de afinidades eletivas Weber insistia em que novas idéias deram sentido à vida dos membros ordeiros das cidades singularmente autônomas do Noroeste da Europa O fato de a circunstância estar tão envolvida com a cultura significa que o primeiro meio com que as idéias exercem impacto é o menos autônomo dos três Não obstante existe tudo a ser dito no sentido de que isso seja especificado como uma força social característica O que está realmente em questão aqui é a moral Se um marxista pudesse aceitar a explicação de Weber continua a ser o caso de que o marxismo imagina efetivamente no espírito de BF Skinner existir uma virtual correspondência entre circunstância e idéia de tal forma que o estímulo da circunstância irá provocar automaticamente uma reação ideoló gica Não há nenhum motivo pelo qual deva mos aceitar tal coisa Uma classe ou grupo necessita acreditar no seu destino moral para ser capaz de grandes ações coletivas De maneira geral à classe operária faltou precisamente esse tipo de força E foi um marxista Lucien Gold mann que mostrou como um grupo de elite podia ser prejudicado pela sua falta de moral No final do século XVII e início do século XVIII a falta de confiança da noblesse de robe francesa foi extremamente exacerbada pelo mundo mental tortuoso e trágico criado por Pascal e Racine seus representantes ideológi cos Os idealistas equivocamse conforme se observou ao imaginar que a maioria das ideo logias é tão inflexível que ficamos presos aos termos de seus discursos A cristandade foi capaz para tomarmos um exemplo óbvio de se acomodar ao império depois à sua ausência e a um sistema de estados e igualmente conseguiu primeiro endossar a escravidão e em seguida oporse a ela Não obstante existem ocasiões em que o discurso não afeta de forma autônoma o registro histórico Pode haver de fato uma afinidade eletiva entre idéia e circunstância mas o repertório de opções dentro de uma ideo logia particular em termos do qual a circuns tância pode ser compreendida e justificada po de ser ocasionalmente limitado Esse ponto de vista provavelmente nos ajuda a compreender a ascensão do Ocidente ainda que não de for mas tradicionais O desenvolvimento da ciência moderna como John Milton muito no es pírito de Weber destacou efetivamente pa rece depender dos termos particulares de dis curso embutidos no legado do Ocidente O conceito fundamental de lei da natureza re pousa na combinação da investigação grega da natureza com uma concepção judaica de uma divindade oculta austera e ordenada que não revela nem seus desígnios nem a ordem das coisas mas força a humanidade a interpretar a aparência superficial das coisas como pistas para o seu desígnio maior A pobreza da ciência muçulmana pode muito bem ser explicada pe los termos muito diferentes em que a divindade foi concebida tão onipotente quanto a divin dade do Ocidente mas diferindo dela por ser propensa a interferir em base meramente oca sional no funcionamento do mundo De manei ra mais geral o que é digno de nota a respeito do islã é a sua intransigência a sua dificuldade em se adaptar a novas circunstâncias dado que os portões da interpretação foram tidos como finalmente fechados logo depois da morte de Maomé O terceiro e último meio pelo qual as idéias podem exercer um impacto sobre a sociedade é o mais importante O que está em questão é algo bem mais forte do que a alegação de Weber de que as idéias podem determinar os caminhos pelos quais o interesse orienta a ação Isso é de pouca ajuda em algumas circunstâncias na me dida em que indica que os caminhos já foram abertos e que uma ordem social já se encontra no lugar Pois os maiores momentos de força ideológica foram aqueles em que os intelectuais serviram para usar o melhoramento de Mi chael Mann à idéia de Weber como as sentadores de trilhos ou cavadores de cami Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cultura 165 nhos ou seja como os fabricantes da socie dade O poder ideológico pode levar à criação da sociedade A mesma idéia pode ser mais bem ilustrada se pensarmos em Durkheim Se acei tamos o ponto de vista de que a presença de normas define uma sociedade então a socie dade do Noroeste da Europa entre digamos 800 e 1199 dC foi a cristandade latina Ora dizer isso é na verdade melhorar a idéia de Durkheim Exatamente tal como o marxismo cru Durkheim encarava a crença como um reflexo de outros processos sociais Mas no início da Idade Média a cristandade não era o reflexo da sociedade Era a sociedade Pois foi a Igreja que estabeleceu as regras sobre guerra externa e paz interna Mas se formos investigar a gênese dessa força ideológica seremos força dos a reconhecer que num outro sentido Durk heim ainda tem muito a nos dizer a respeito de crença A sociedade cristã foi inicialmente cria da no Império Romano pelo envio de mensa gens as epístolas entre comunidades de habi tantes urbanos artesãos mulheres escravos libertados que não podiam tomar parte algu ma na cultura oficial porém ficavam acima do mundo minimalizado do campesinato Podere mos compreender melhor o nascimento dessa religião mundial se nos lembrarmos que reli gião segundo Durkheim é a sociedade ado rando a si mesma A cristandade transformou pessoas que de outra forma eram marginaliza das numa comunidade Se o poder das idéias às vezes depende do seu efetivo conteúdo o que pode importar ainda mais é a capacidade de unir pessoas em comunidade As coisas mais elevadas Até este momento a ênfase foi no significa do mais importante de cultura isto é o sentido antropológico de cultura como meio de vida Mas cultura também pode referirse à arte a cujo respeito duas considerações merecem ser feitas Muitos pensadores modernos acreditam que a arte une a sociedade ou a divide Daniel Bell consegue combinar essas posições ao afirmar que a arte burguesa apoiou o capitalismo en quanto as exigências da arte modernista por uma gratificação instantânea são uma ameaça ao mundo moderno ver também SOCIOLOGIA DA ARTE É o caso de se duvidar da precisão des critiva desse quadro o desencanto e a alienação vistos pelo modernismo como características no mundo moderno provavelmente dizem mais a respeito da posição dos artistas presos nas frestas do mercado do que a respeito de senti mentos de setores inteiros da população Mas o que é mais digno de nota nessa visão da arte é o seu idealismo O funcionamento da sociedade é tido mais uma vez e de maneira ingênua como dependente unicamente do fator ideoló gico Se a relação da arte com a ordemdesordem social preocupou muito o pensamento social moderno o mesmo efeito também produziu a relação entre cultura elevada e baixa cultu ra Esses termos podem ser utilizados com pro veito o grau em que a cultura oficial é compar tilhada através da sociedade na história e em circunstâncias contemporâneas é uma questão adequada à investigação empírica uma abor dagem que nos permite reconhecer que as cate gorias consensuais de um Parsons não deixam de ter mérito na análise dos Estados Unidos sendo o conjunto de categorias claro um re flexo dessa formação social extraordinariamen te durkheimiana Uma abordagem semelhante poderia ser proveitosamente adotada para um debate correlato quanto a se os padrões artísticos são diluídos pela arte popular Às vezes a arte popular enriqueceu a arte eleva da o que foi certamente o caso no momento shakespeareano mas do mesmo modo a orga nização da comunicação de massa que difere de forma tão grande de um estadonação para outro pode ser tal que venha a acarretar a homogeneização e a limitação No campo da cultura há muito o que dizer a favor de um afastamento de pressuposições a respeito de coisas mais elevadas de forma a se investigar em vez disso os funcionamentos sociais dos mundos artísticos Leitura sugerida Abercrombie N Hill S e Turner B 1980 The Dominant Ideology Thesis Bell Daniel 1976 1979 The Cultural Contradictions of Capita lism Crone Patricia 1989 PreIndustrial Societies Elster J 1989 The Cement of Society Gellner Ernest 1973 Cause and Meaning in the Social Sciences Goldmann Lucien 1956 The Hidden God Mann M 1986 Sources of Social Power Vol1 A History of Power from the Beginning to AD 1760 Milton John 1981 The origins and development of the concept law of nature European Journal of Sociology 23 Weber Max 19045 1976 The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism Winch Peter 1958 1976 The Idea of a Social Science and its Relation to Philosophy JOHN A HALL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 166 cultura cultura da juventude Considerada distinta da cultura dominante a cultura da juventude referese a símbolos crenças e comportamentos singulares dos jovens da sociedade A expressão tem dois usos Primeiro representa os valores e normas da população jovem em geral na sociedade e segundo inclui os ideais e práticas de subgrupos juvenis específicos tais como grupos subculturais ou contraculturais ver CON TRACULTURA As discussões e estudos sobre a cultura da juventude resultaram em literaturas um tanto distintas tratando dos anos de adoles cência início e meados da adolescência e do estágio de juventude fim da adolescência e início da vida adulta Está em questão em que medida as atitudes e comportamentos dos jo vens se desviam das normas da sociedade adul tas ou juvenis e o apoio relativo dado pela juventude a tipos particulares de atividades re lacionadas a seus pares Tendências históricas como a moderniza ção a industrialização a urbanização a ascen são da classe média e a ampliação da educação pública fomentaram a segregação com base na idade e a estratificação da juventude o que por sua vez promoveu o desenvolvimento da cultu ra da juventude Parsons 1964 A formação de culturas jovens recebeu ímpeto no século XIX Na Europa com a glorificação e romantização dos jovens por filósofos escritores artistas e os combatentes pela liberdade da juventude em atividade durante a Era da Revolução Gillis 1974 Culturas jovens continuaram a se formar através da história moderna às vezes em separado e às vezes em ligação com movimen tos jovens por mudanças políticas ver MOVI MENTO DA JUVENTUDE Na última metade do século XX os avanços tecnológicos as comu nicações rápidas e a comercialização têm faci litado a difusão de atividades relacionadas à juventude numa escala mundial A cultura jovem mais ampla às vezes chamada de cultura jovem generalizada de massa ou pop não representa um rompi mento marcante com a sociedade adulta mas gira em torno da adoção de certas ondas modas buscas de lazer e estilos de vida por amplos seg mentos da população jovem Douglas 1970 Por exemplo os anos 20 anos loucos era do jazz e os anos 60 era de aquário pós materialismo foram períodos extraordinários em que os jovens criaram seus próprios estilos de roupa linguagem expressão artística práti cas sexuais e comunidades Em qualquer era porém nem todos os jovens apóiam a cultura da juventude mais ampla Considerações im portantes para a identificação de uma cultura da juventude incluem até que medida os jovens endossam e expressam um conjunto comum de valores e normas Uma orientação antagônica para a sociedade adulta refletese nas contraculturas ou subcul turas desviantes de números relativamente pe quenos de jovens Brake 1985 As subculturas aceitam certos aspectos dos sistemas de valores predominantes mas também expressam senti mentos e crenças exclusivas de seu próprio grupo enquanto contracultura é uma subcultura que desafia a cultura e a sociedade dominantes Um meio de distinguir entre as duas formas de cultura da juventude é notar que os grupos subculturais se retiram da sociedade convencio nal enquanto os grupos contraculturais são mais contestadores e confrontadores Entre os exemplos de grupos subculturais incluemse os artistas e escritores de vanguarda os delin qüentes juvenis as gangues os boêmios e os centros de jovens autônomos comunidades de espaço livre A juventude contracultural po de ser grandemente expressiva cults hippies skinheads punks ou seus membros po dem participar de atividades políticas rebeldes tais como grupos radicais utópicoideológicos e dissidentes políticos agressivos ver também NOVA ESQUERDA NOVA DIREITA A classe social é um fator significativo na diferenciação de gru pos subculturais na sociedade Por exemplo certas subculturas de juventude apelam ampla mente a jovens das classes mais baixas e da classe operária vândalos nos estádios espor tivos punks roqueiros enquanto outras sub culturas e contraculturas atraem jovens de clas se média boêmios hippies e yuppies Compreender a cultura da juventude seja ela de massa subcultural ou contracultural implica considerações tanto sóciohistóricas quanto psicológicas De uma perspectiva sócio história estruturalfuncional o conflito de ge rações e as teorias interacionistas simbólicas foram empregados para explicar a ascensão das culturas jovens Tomadas em conjunto essas teorias indicam que as culturas de juventude têm probabilidade de se formar quando o tama nho da coorte jovem é relativamente grande quando as sociedades estão passando por rápi das mudanças são pluralistas e têm problemas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cultura da juventude 167 para integrar seus jovens nas instituições da corrente predominante devido a fatores como desemprego lares rompidos alta mobilidade alienação segregação conflitos de classe e de status social e quando membros da geração mais jovem cresceram sob condições diferentes das dos mais velhos e expressam insatisfação com a sociedade convencional criando seus próprios valores e estilos de vida De uma perspectiva psicológica as expli cações sobre as culturas da juventude têmse baseado nas teorias psicodinâmica desenvol vimentista cognitiva de personalidade beha viorista e sóciopsicológica As alegações são de que esses jovens que apóiam algum tipo de cultura de juventude podem ser motivados pe las necessidades dos ciclos de vida do jovem formação da identidade autodeterminação ex periências psicossociais associação e ligação de obrigação com seus pares por traços da persona lidade o desejo de romper os limites do conven cional o engajamento num comportamento de risco elevado pouco controle dos impulsos con troles pessoais e pela conclusão de que existe mais a ganhar do que a perder envolvendose em alguma forma de atividade ligada a seus pares e por aí entrando em grupos de referência que apóiam seus valores e objetivos As conclusões obtidas no estudo de culturas de juventude podem ser parcialmente influen ciadas pelos procedimentos de pesquisa empre gados Por exemplo levantamentos de cultura comparada de jovens indicam que a maioria deles apóia os valores de sua sociedade en quanto estudos de observação e entrevistas com grupos juvenis específicos provavelmente in dicarão a existência de insatisfação acoplada a exigências altamente ativas e intensas por mu danças na sociedade por parte dos jovens Braun gart e Braungart 1986 Dornbusch 1989 Inves tigações empíricas da cultura de juventude po dem beneficiarse de uma estratégia múltipla de pesquisa o emprego de metodologias quantita tivas e qualitativas incluindo níveis de análises histórica de sociedade de grupo e individual e o uso de planejamentos comparativos de cultura históricos intergrupos e intragrupos Ao mesmo tempo em que alguns cientistas sociais têm interpretado a formação de culturas de juventude como indicativas de uma falha na socialização adulta outros têm afirmado que as várias formas de cultura de juventude significam o descontentamento dos jovens com o status quo e seu desejo de criar um mundo melhor ou pelo menos diferente para a sua ge ração Qualquer que seja a interpretação existe um acordo generalizado em que as culturas de juventude representam uma força para a mu dança e são influenciadas pela sociedade mo derna bem como exercem um impacto signi ficativo sobre ela Leitura sugerida Bernard J org 1961 Teenage culture Annals of the American Academy of Political and Social Science 338 Frith S 1984 The Sociology of Youth Mannheim K 1952 The problem of gene rations In Essays on the Sociology of Knowledge org por P Kecskemeti p226322 Smith DM 1985 Perceived peer and parental influences on youths social world Youth and Society 17 13156 Yinger JM 1982 Countercultures RICHARD G BRAUNGART e MARGARET M BRAUNGART cultura de massa Usada em geral de modo pejorativo para identificar a cultura da SOCIE DADE DE MASSA ou de maneira mais ampla da massa da população nas sociedades modernas a cultura de massa é assim caracterizada não apenas por se tratar da cultura das massas ou porque é produzida para o consumo das massas mas porque dela se diz que lhe faltam tanto o caráter reflexivo quanto a sofisticação da cul tura elevada das elites sociais culturais ou educacionais tanto quanto o caráter direto e a simplicidade das culturas populares das socie dades tradicionais ver também CIVILIZAÇÃO Embora originalmente uma reação elitista às conseqüências culturais reais e imaginárias da democratização política e à aplicação da tecno logia à reprodução e difusão de produtos cultu rais o pessimismo dos críticos da cultura de massa refletiuse na obra de críticos esquer distas das sociedades capitalistas de consumo mais notoriamente no marxismo da ESCOLA DE FRANKFURT Existem versões tanto elitistas quanto am plamente democráticas da crítica da cultura de massa embora elementos das duas estejam em geral associados Aos olhos de seus críticos elitistas o que põe a perder a cultura de massa é que para ser facilmente acessível às massas iletradas ela busca agradar seus sentimentos e emoções menos nobres porém praticamente ubíquos A cultura de massa é de acordo com isso superficial e sentimental dessa forma um colaborador da New York Review descreveu a música popular como algo que expressa os Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 168 cultura de massa sentimentos mais profundos dos homens mais superficiais A crítica democrática da cultura de massa contrastaa com a cultura popular autônoma e enfatiza o nível em que sua produ ção e distribuição se encontram nas mãos das elites capitalistas A posição do artista como criador de cultura é um tema recorrente A caracterização feita por Matthew Arnold dos artistas alienígenas encontra eco na concepção de Karl Mannheim da intelligentsia produtora de cultura como um estrato relativamente distanciado das classes da sociedade moderna Ver também SOCIOLOGIA DA ARTE A partir dessa perspectiva a cultura de massa representa a ameaça de que a comer cialização impenitente de todos os aspectos da vida moderna venha a integrar o intelectual excessivamente na vida econômica da socie dade de classes O poeta e crítico TS Eliot rejeitou explici tamente o diagnóstico de Mannheim Repre sentada em geral como aristocrática ou elitista até nietzscheana a crítica de Eliot à cultura de massa pode ser descrita de maneira mais precisa como conservadora Eliot acreditava que a me lhor garantia contra o rebaixamento de nível e a homogeneização da cultura era a manutenção de uma sociedade estratificada na qual a cria tividade cultural de cada classe pudesse ser protegida e a herança cultural comum preservada Em geral incluído na mesma categoria de Eliot encontrase o crítico literário FR Leavis No entanto se Leavis participava do alarme de Eliot contra o que ambos acreditavam ser o declínio dos padrões artísticos e do gosto popu lar e se como Eliot ele colocava a maior parte da culpa no desenvolvimento da produção me cânica da cultura fosse na forma do cinema dos discos ou da ficção em brochuras a crítica de Leavis à cultura de massa era não obstante mais democrática Leavis lamentava a perda de uma cultura comum cuja destruição começa ra com a chegada da máquina e fora acelerada pelo desenvolvimento do automóvel o qual devido à mobilidade que proporcionava tendia a desenraizar os indivíduos da família e da comunidade No cerne da crítica de Leavis ha via o mito romântico da sociedade préindus trial como um reino de comunidades autênticas orgânicas ignorantes do conflito entre capital e trabalho A moderna produção de massa em contraste padronizava a experiência emocional do trabalhador tão garantidamente quanto pa dronizava seus produtos físicos O resultado era o empobrecimento espiritual das massas e uma indústria do entretenimento montada para a diversão passiva Apesar do papel exaltado que ele propunha para os críticos literários Leavis não era sim plesmente elitista Acreditava diferentemente de Eliot que a verdadeira ameaça à vitalidade cultural vinha da alienação dos pensadores cria tivos com relação à cultura comum As edições em massa os clubes de livros os jornais e a COMUNICAÇÃO DE MASSA em geral minavam o relacionamento orgânico entre as elites criati vas e um público leitor mais amplo A ameaça da cultura de massa não vinha de baixo na forma de erosão das diferenciações de classe mas de cima na forma de uma cultura de massa capitalista orientada para o lucro Temas semelhantes poderão ser encontrados na obra do sociólogo C Wright Mills Mills afirmava que na sociedade norteamericana dos anos 50 a crescente especialização das funções e o colapso do pluralismo levaram a uma sociedade de massa em que o poder se encontrava cada vez mais concentrado e a cul tura era uma questão de manipulação pela elite A educação de massa longe de elevar o nível cultural geral produz apenas um analfabetis mo educado na medida em que a educação perde a sua função crítica e se torna integrada com as exigências da economia deixando ape nas a cultura amena pouco exigente e confor mista dos subúrbios dos colarinhos brancos A crítica social norteamericana foi combi nada com o marxismo da Escola de Frankfurt em O homem unidimensional 1964 de Her bert Marcuse Marcuse via a cultura de massa como o principal agente de um consenso social manipulado que negava os reais interesses hu manos Os comentaristas apontaram até que a disponibilidade da obra de Marcuse nas bancas dos livros nos supermercados era uma prova de que a cultura se havia transformado em mera mercadoria Marcuse proporcionou uma versão menos hermética da crítica à cultura de massa proposta pelos principais teóricos da Escola de Frank furt TW Adorno e Max Horkheimer Estes afirmavam que a arte elevada ao contrário da cultura de massa não busca reconciliar o públi co com a ordem econômica e política predomi nante mas tem uma função transcendente crí tica Como as obras da cultura de massa devem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cultura de massa 169 apelar a um público vasto e homogêneo não deixam espaço para a imaginação e não empe nham o leitor numa dialética autêntica mas em vez disso o tratam como objeto passivo A indústria da cultura de massa remove qualquer oposição genuína às tendências reificantes do capitalismo e constitui assim a base do capita lismo moderno Os defensores da cultura de massa afirmam que como resultado da alfabetização quase uni versal da difusão do conhecimento pela cultura de massa incluindo a televisão e de um cres cente tempo de lazer a arte elevada hoje desfruta de um público mais amplo do que jamais teve As culturas populares podem ser contaminadas mas a diversidade cultural não desapareceu o impacto da cultura de massa é pelo menos ambíguo e a inovação cultural continua Talvez mas quando obras de arte são adquiridas como investimentos por fundos de pensão e são as perspectivas de sucesso comer cial que determinam se um filme será feito ou um livro publicado a crítica à cultura de massa e à indústria cultural conserva um pouco da sua força Leitura sugerida Giner S 1976 Mass Society Swingewood A 1977 The Myth of Mass Culture CA ROOTES cultura política Esse conceito data dos anos 50 quando se tornou um instrumento analítico da ciência política Gabriel Almond um dos pioneiros dessa nova abordagem definiu a cul tura política como um padrão particular de orientações para a ação política um conjunto de significados e propósitos dentro do qual cada sistema político está embutido 1956 p396 A cultura política portanto referese às crenças valores e símbolos expressivos a bandeira a monarquia e assim por diante que compreendem o contexto emocional e de ati tudes da atividade política A análise de sis temas políticos em termos de seus atributos culturais tem antecedentes distantes Já no sé culo XVIII Montesquieu achou adequado rela cionar os princípios constitucionais de uma na ção aos seus costumes ou moral O ressurgi mento e o desenvolvimento sistemático dessa abordagem durante os últimos 30 ou 40 anos devem ser compreendidos contra o pano de fundo da revolução comportamental que rejeitava o estudo formal jurídicoinstitucio nal da política e em vez disso enfatizava o comportamento empiricamente observável ver COMPORTAMENTALISMO Por esse motivo a maior parte das análises tem a cautela de es tabelecer uma diferença conceitual entre cultu ra política e comportamento político uma vez que a primeira pretende explicar ao menos em parte o segundo Em particular os cien tistas políticos têmse preocupado em explorar as ligações entre democracia estável e certos tipos de culturas políticas O conceito é encara do como poderosa variável explicativa que dá conta do fracasso da democracia ao estilo oci dental em firmar raízes nos países menos desen volvidos do Terceiro Mundo onde a fragmen tação cultural e os hábitos tradicionais de pas sividade ao que se supõe minam os padrões constitucionais Almond 1965 p4003 Tam bém se afirmou que uma abordagem cultural pode ajudar a explicar a diversidade de sistemas comunistas na medida em que os revolucioná rios precisam inevitavelmente adaptar seu mo delo marxista para se adequar à herança ético política específica do país em questão Tucker 1973 Se a cultura política efetivamente consegue explicar alguma coisa é uma questão aberta a dúvidas Em primeiro lugar é difícil determinar os componentes precisos da cultura política de uma nação Os primeiros estudos eram impres sionistas e pareciam inferir orientações subje tivas do comportamento prático que essas orientações pretendiam ter causado Assim no primeiro tratamento dado por Almond ao tema as jogadas de barganha dos políticos norteame ricanos eram encaradas como demonstração de que a América do Norte possuía uma cultura política racional calculista negociadora e ex perimental enquanto ao mesmo tempo essas jogadas eram explicadas pela cultura 1956 p398 O caráter circular desse raciocí nio não fugiu à observação crítica e nos anos 60 se fizeram tentativas de descobrir atitudes de massa através de métodos rigorosos de obser vação Almond e Verba 1963 Mas não é de maneira alguma óbvio que VALORES e crenças populares possam ser inferidos através de téc nicas de levantamento e análise de dados Como os críticos têm demonstrado é notoriamente difícil formular perguntas inequívocas a serem feitas aos que estão sendo pesquisados e essas perguntas podem de qualquer modo ser dema siado precisas para captar as atitudes ambiva lentes e cambiantes das pessoas comuns Fe Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar 170 cultura política mia 1979 De qualquer forma dados concre tos não anulam a necessidade de intuição e interpretação por parte do analista Por exem plo o quanto uma atitude precisa ser difundida para poder ser incluída na cultura política de um país Se digamos 51 da população adulta são classificados como condescendentes is so significa que a cultura política é condescen dente Não surpreende que a literatura tenha uma abundância de observações vagas e até banais tais como a cultura política britânica é uma mistura de tradição e modernidade Mesmo que pudéssemos determinar uma cultura política em particular com precisão ma temática não se seguiria daí necessariamente que as orientações culturais assim determinadas tenham qualquer eficácia causal Alguns críti cos afirmam que o que passa por cultura política é em grande parte criação do sistema político que essa cultura supostamente deveria explicar Se para tomarmos um exemplo os italianos são alienados de suas instituições políticas esse estranhamento deve em certo grau resultar do desempenho inadequado dessas instituições A maneira como um sistema se desempenha além do mais será influenciada por seus próprios traços característicos Na Itália o imobilismo político pode ser visto como um efeito da repre sentação proporcional a qual dada a nature za das divisões sociais do país propicia governos de coalizão instável Sartori 1969 Os marxistas ortodoxos também têm ques tionado a validade das explicações culturais Na sua perspectiva idéias e crenças são meramente derivadas da estrutura social e econômica O comportamento político é portanto explicável em última análise em termos de conflito de classe ou outras pressões materiais Sob a in fluência de Antonio Gramsci no entanto al guns marxistas atuais têm admitido o potencial explicativo dos fenômenos culturais Já não é considerado burguês explicar a persistência da democracia liberal fazendo referência a con ceitos e normas amplamente compartilhados No entanto marxista algum assumiria que esse CONSENSO surge plenamente formado do solo nacional seria sua obrigação tentar fazer re montar a perspectiva cultural predominante a suas raízes sócioeconômicas Isso levanos à deficiência crucial da análise da cultura política como normalmente pratica da Seus praticantes parecem esquecer que a cultura é o produto de muitas e muitas influên cias e que seu uso como uma variável explica tiva nunca deveria ir além de um fator interve niente A efetiva relação entre a ordem norma tiva e estruturas políticas sociais ou econômi cas deve ser provavelmente de reforço mútuo no decorrer do tempo e essa interação torna difícil decidir qual fator se algum é mais im portante A cultura política deve fazer parte de uma explicação do desempenho dos sistemas políticos mas ao final precisaremos examinar como as orientações culturais vieram a se for mar E ainda o homem é um animal simbólico vivendo uma vida mental Suas ações refletirão o modo como interpreta o seu meio ambiente e essa interpretação será moldada pelo seu ma pa cognitivo Almond 1956 p402 por suas crenças e atitudes Tendo em mente esse truís mo podemos concluir que o conceito de cultura política pode ao menos potencialmente au mentar a nossa compreensão da vida política Leitura sugerida Kavanagh D 1972 Political Cul ture Nordlinger E 1967 The WorkingClass Tories Authority Defence and Stable Democracy Pye L e Verba S orgs 1965 Political Culture and Political Development Rosenbaum WA 1975 Political Cul ture White S 1979 Political Culture and Soviet Po litics JOSEPH V FEMIA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra C Produção Textos Formas Para Ed Zahar cultura política 171 D dança A crença de que a dança é uma arte trivial adequada apenas para diversão e entre tenimento era comum no final do século XIX No início do século XX os pioneiros da dança moderna deram início a sua revolta contra o que consideravam a decadência do balé contempo râneo Aquilo por que lutavam era um retorno da dança à sua função original na sociedade ou seja de instrumento para reforçar o senso de comunidade O instrumento podia funcionar para reiterar crenças tradicionais enfatizando sua contínua relevância ou podia despertar idéias de protesto contra valores existentes O primeiro rumo caracterizou de maneira geral o gênero da dança folclórica A dança teatral tendeu para o segundo embora os balés abs tratos mais que as danças de significado social tenham predominado no decorrer deste século Com poucas exceções os ensaístas sobre a dança têm concentrado seus esforços na análise das estruturas formais da dança em vez de procurar o seu conteúdo social A natureza da dança em si mesma orientou esse caminho O movimento pode de fato ser expressivo mas o que melhor pode ser expresso através de mo vimentos do corpo são sentimentos emoções e não idéias intelectuais Quando uma socie dade tradicional usa a dança para fomentar suas crenças ou para demonstrar sua rebelião contra estas ela cria uma imagem Um grupo movi mentase junto firmando sua solidariedade Ou escolhe um formato narrativo transmitindo sua mensagem com um exemplo de como é trágico o abuso do poder ou com a glorificação do triunfo do bem Embora as danças de significado social não tenham dominado o panorama da dança teatral neste século é possível destacar algumas ex ceções notáveis Entre os primeiros bailarinos modernos Ruth St Denis e Ted Shawn volta ramse para o misticismo do Oriente para os valores atemporais dos mitos e lendas antigos em obras como Radha 1906 e White Jade 1926 Isadora Duncan abraçou as idéias da recémfundada União Soviética em Marcha eslava que descrevia a opressão das massas e o triunfante rompimento final de suas cadeias Um marco na história da dança no século XX foi The Green Table de 1932 do alemão Kurt Jooss Seu brado pela paz começava e terminava com cenas de diplomatas discutindo em seus respectivos lados na mesa de nego ciações Entre eles Jooss traçava trágicos retra tos dos desastres da guerra nas vidas de paz amantes e amigos Os personagens de The Green Table são abstrações generalizadas de tipos O pensamen to social na União Soviética porém utilizou narrativas envolvendo personagens específi cos em geral com incidentes tirados da história Uma das primeiras obras A papoula vermelha 1927 falava sobre um bravo capitão soviético que é ameaçado por um conspirador chinês mas salvo pelo sacrifício de uma bailarina chi nesa Mais recentemente Yuri Grivorovich do Balé Bolshoi de Moscou condenou a cruel dade da Rússia czarista em Ivan o Terrível de 1975 e louvou os trabalhadores da Sibéria em Angara de 1976 Nos Estados Unidos o pensamento social explícito tem desempenhado um papel insis tente embora em geral de menor importância Durante os anos da Depressão do início da década de 30 a Workers Dance League patro cinou concertos que promoviam o protesto so cial Suas danças tinham títulos como Des pejo Eviction Fome Hunger Desem prego Unemployment Em 1955 Anna So kolow lamentou o vazio da vida urbana em Rooms no qual as pessoas vivem fisicamente juntas porém emocionalmente isoladas Em 1984 Nine Short Pieces about Defense Budget and Other Military Matters Nove peças cur tas sobre o orçamento da defesa e outros as 172 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar suntos militares Liz Lerman assumiu uma posição mais especificamente política A celebração da herança negra começou com o trabalho de Katherine Dunham e Pearl Primus seguido pelo grande sucesso da compa nhia de Alvin Ailey cujo Revelations de 1960 com música de negros spirituals tornouse um tremendo sucesso popular Nessa década tam bém jovens coreógrafos começaram a traba lhar com a improvisação e a expressão indi vidual Anna Halprin formou a sua Dancers Workshop Oficina de bailarinos de São Fran cisco um grupo multiétnico dedicado à harmo nia racial e ao bemestar da terra Na Alemanha Pina Bausch expôs proble mas que as pessoas enfrentam na sociedade contemporânea Os personagens das suas obras de teatro dançado executam como que mecani camente rituais arraigados ao seu comporta mento faltam sentimentos falta motivação Em 1980 os bailarinos oscilam entre o exibicionis mo agressivo e a solidão irremediável entre a letargia e a histeria Na China uma canção das plantações de arroz yangko tornouse o tema da vitória dos comunistas em 1949 Os bailarinos usavam os movimentos do trabalho além da maneira de andar de bater palmas e deixar oscilar o corpo para acompanhar a melodia Seguiramse nar rativas políticas Em A moça de cabelos bran cos de 1964 a heroína sofre nas mãos de um cruel senhor feudal até que seus cabelos negros ficam brancos mas acaba sendo libertada pelo Oitavo Exército Vermelho quando este toma sua aldeia No Japão o tratamento tem sido mais abs trato Tendo começado como um protesto con tra os horrores da guerra o gênero conhecido como Butô apresenta bailarinos com cabeças raspadas e corpos pintados de branco habitan do uma paisagem de desespero Com passos lentos e movimentos que mal se distinguem o Butô mostra ao seu público um mundo pertur bado conseqüência da brutalidade global No momento as danças não teatrais enfren tam problemas sérios Danças que brotaram de experiências e das necessidades comuns de uma comunidade estão hoje desaparecendo junto com o modo de vida que as gerou Com a mudança das áreas rurais para as urbanas os jovens passam boa parte do seu tempo de lazer assistindo à televisão Quando dançam prefe rem formas que lhes ofereçam a oportunidade para a expressão individual em vez das que refletem valores coletivos Os tradicionalistas que ainda restam acham difícil interessálos nas danças de seus antepassados Pequenos grupos estão tentando porém e alguns ávidos educa dores europeus estão ensinando nas escolas primárias danças folclóricas a aprendizes inte ressados Em algumas aldeias africanas estão sendo feitos esforços para manter festivais com danças nativas que reafirmam os valores e cos tumes da comunidade Outro tipo de solução é apresentado pela companhia de dança teatral folclórica que pega o espírito e os motivos orientadores básicos dos gêneros nativos e os coreografam para apresen tação por intérpretes hábeis em cenários tea trais Enquanto muitos afirmam que essas dan ças já não representam de maneira autêntica suas fontes nativas outros sustentam que elas ainda servem para promover sentimentos de identidade e orgulho étnicos O sucesso de gru pos como o conjunto de dança folclórica Mois seyevm da União Soviética e da Companhia Nacional de Dança do Senegal certamente ser ve a esse propósito Mas às vezes uma crise social é capaz de provocar a retomada de interesse pela dança co munitária Quando Nelson Mandela foi libertado em 1990 jovens sulafricanos foram para as ruas dançar o ToyiToyi como expressão de sua alegria Já se afirmou muitas vezes que a dança é uma linguagem universal À medida que este século se aproxima do fim essa afirmação vem sendo substanciada Há professores trabalhan do nas escolas de vários países para familiarizar jovens bailarinos com diferentes técnicas e es tilos Com freqüência cada vez maior coreógra fos estão criando suas obras em companhias de danças de outras nações Os intercâmbios não param Enquanto esses movimentos con tribuem para a compreensão internacional o mundo da dança espera que as nações também continuem a respeitar e a executar as danças que simbolizam a sua própria identidade Ver também SOCIOLOGIA DA ARTE TEATRO Leitura sugerida Boaz Franziska org 1972 The Function of Dance in Human Society Brinson Peter 1983 Scholastic tasks of a sociology of dance Dance Research Journal 1 1007 2 5968 Katz Ruth 1973 The egalitarian waltz Comparative Studies in Society and History 153 Rust France 1969 Dance in Society Spencer Paul org 1985 Society and the Dance SELMA JEANNE COHEN Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar dança 173 darwinismo Ver EVOLUÇÃO NEODARWINIS MO DARWINISMO SOCIAL darwinismo social Em meados do século XIX surgiram teorias que sustentavam que a organização social é ou se assemelha a um organismo vivo que as sociedades sofrem mu danças evolutivas e que essas seqüências de EVOLUÇÃO são ou podem ser progressivas As conseqüências involuntárias ou até biologica mente determinadas das ações individuais sua agregação em mecanismos tais como o compor tamento competitivo e o mercado e intenções por parte do analista de tirar conclusões norma tivas e voltadas para programas de ação dis tinguiram as continuações dessa tendência no século XX As teorias evolucionistas da transformação em termos de constituição biológica e compor tamento observável e da transformação huma na em sentidos semelhantes precederam em muito Charles Darwin 1859 Não obstante o darwinismo social e as teorias dele descen dentes entram em contradição em vários as pectos com os pontos de vista originais de Darwin Este rejeitava qualquer noção de pro gresso na transformação de indivíduos e na origem das espécies e sentia fortes suspeitas das tentativas de se tirarem conclusões de sua obra que fossem aplicáveis à sociedade huma na A SELEÇÃO NATURAL referiase à variação nãopadronizada à interação com o meio am biente e ao mero sucesso reprodutivo e não a conceitos normativos como sobrevivência dos mais aptos Essa expressão foi popularizada por Herbert Spencer o principal teórico do darwinismo social e ironizada por Karl Marx A teoria de Marx era evolucionista e pro gressista vagamente enraizada em uma história natural das exigências biológicas humanas mas crucialmente dependente de premissas relativas a habilidades lingüísticas e de raciocínio Frie derich Engels porém mais tarde comparou a teoria de Marx à de Darwin em método e importância e se esforçou para ligar a seleção natural ao desenvolvimento das habilidades produtivas humanas Isso resultou numa pletora de tentativas formuladas de maneira imprecisa dentro do MARXISMO de reconciliar a luta de classes como caminho para o progresso his tórico com mecanismos biológicos de sobrevi vência e extinção No entanto o abismo entre a premissa teórica darwinista de comportamento individual autocentrado e o ponto de vista mar xista de que os indivíduos devem agir com deliberação em uma entidade coletiva como uma classe social mostrouse muito difícil de ser superado Como premissa teórica o organismo indi vidual autocentrado batalhando competitiva mente pela existência e pelo aperfeiçoamento representa uma noção aparentada àquela subja cente às filosofias antimarxistas de Friedrich Hayek e Karl Popper Porém como teóricos que exaltam as virtudes do mercado no que diz respeito a bens e idéias seus argumentos fun cionam em um nível muito acima dos simples mecanismos biológicos que uma teoria darwi niana da sociedade exigiria No final do século XX a SOCIOBIOLOGIA surgiu como sucessora do darwinismo social As conseqüências para a coletividade humana de um comportamento in voluntário tal como a AGRESSÃO geneticamen te determinada são conceitualizadas teorica mente embora os sociobiólogos de forma algu ma concordem quanto ao nível em que uma ação abalizada pode ou deva interferir nesses supostos processos dentro da sociedade Leitura sugerida Hayek FA 1983 Knowledge Evo lution and Society Holbrook D 1987 Evolution and the Humanities Jones G 1980 Social Darwinism and English Thought Peel JDY 1971 Herbert Spencer Ruse M 1985 Sociobiology 2ªed TERRELL CARVER decadência Os períodos da história que fo ram classificados como decadentes compar tilham a convicção de que a vida recomeça sempre e sempre Essa visão cíclica das coisas é a pedra fundamental de dois vastos complexos de temas o primeiro dos quais se relaciona a correspondências com o mundo externo com nosso meio ambiente imediato com a natureza e assim por diante enquanto o outro abrange os elementos variados do COTIDIANO do hedonis mo do ceticismo em suma a valorização da experiência vivida A premissa básica de ambas as variantes é o reconhecimento da vida social tal como ela efetivamente é e não como deve ria ser Ela implica uma conciliação com o fato de que gostemos ou não existe uma aceitação da existência que se expressa em incontáveis formas de repetições Este é com toda certeza o marco característico da decadência Essa re petição quase obsessiva é um meio tanto de afirmar quanto de negar a passagem do tempo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 174 darwinismo E nesse sentido a repetição cíclica é um efi ciente mecanismo de defesa O surgimento da tira de história em quadrinhos pode assim ser considerado um sintoma extraordinário de uma forma de narrativa que não pode ser apri sionada dentro do tempo linear O que se pode observar na conversação es tereotipada ou nas paródias gratuitas que são características básicas da história em quadri nhos é que talvez inadvertidamente ou no mí nimo nãoexplicitamente elas afirmam através de sua crítica intrínseca aos discursos dogmáti cos uma certa qualidade invariável do homem e da sociedade e um retorno do mesmo Seja de forma puramente lúdica ou mais sardônica elas servem de reserva de um tipo de anomia agnóstica cuja implicação é que nada de novo jamais acontece na história humana Seja o seu alvo a Igreja ou o Estado a repetição lembra nos o fato de que apenas o presente que é infalivelmente idêntico a si mesmo merece a nossa atenção Nesse sentido decadência in dica uma ética do momento que não está preocupada com um paraíso celestial nem com alguma utopia futura mas que pretende obs tinadamente assim mesmo levar a cabo esta existência que apesar de todas as muitas pro vações e atribulações que proporciona ainda é cativante apesar delas ou talvez por causa de las Um elemento que destaca a importância do RELATIVISMO cíclico e decadente na consciência coletiva é a atitude para com a política Mais uma vez a conversação cotidiana tem muito a nos ensinar seria preciso uma pesquisa es pecializada nessa área para analisar todas as nuanças de suspeita com relação à política im plícitas nessas conversações Seria mais exato dizer que elas mostram que a política é o centro de um intenso interesse mas em geral encarada como uma arte uma arte com suas próprias regras Nos países mediterrâneos por exemplo o discurso político visa à maneira do bel canto agitar as paixões apelar mais ao coração do que à cabeça À luz do conceito de decadência tor namonos conscientes de exatamente o quanto o pensamento social deve a essa visão cíclica do mundo segundo a qual não há nada de novo sob do sol Em última análise a imposição do poder é uma constante imutável da vida algo que as pessoas conhecem bem pelo menos intuitivamente Os príncipes podem ir e vir mas suas ações serão sempre impostas a partir de fora e dessa maneira permanecem abs tratas e mesmo quando eles pretendem falar e agir em favor dos menos privilegiados é sem pre para exigir submissão ou conformismo às ordens A decadência manifestase não apenas nessa forma popular de relativismo como também em expressões mais eruditas Antes de tudo de um ponto de vista weberiano fica claro que o reconhecimento de sistemas de valor antinômi cos dentro de diferentes sociedades bem como dentro de cada sociedade simplificado na expressão guerra dos deuses nos leva se não a uma absoluta neutralidade axiológica pelo menos a um certo ceticismo quanto ao conceito da própria Verdade Weber 1904 De forma deliberadamente paradoxal Max Weber tenta pensar rigorosamente e generalizar ao mesmo tempo reconhecendo o caráter frívolo e efêmero das paixões humanas Uma coisa é certa ou seja que várias de suas análises são realizadas contra um pano de fundo de decadên cia A antinomia de valores nunca será resol vida e em última análise é devido a essa anti nomia que as sociedades perduram Colocando a coisa de maneira um tanto irreverente pode mos dizer que enquanto os deuses estão em guerra uns com os outros os homens estão em paz Uma perspectiva semelhante pode ser en contrada na sociologia de Vilfredo Pareto As sim com Claude LéviStrauss afirmou que o homem sempre foi capaz de pensar igualmente bem Pareto estava convencido de que o ho mem é sempre o mesmo É possível encontrar mostras dessa convicção no seu Tratado de sociologia geral 191619 Várias de suas aná lises são informadas por esse ceticismo que pode ter origem nas muitas decepções que mar caram sua carreira O economista consciencio so que mais tarde se tornou um professor de sociologia um tanto desencantado estava côns cio da vaidade da ação que se origina do senso de que o eterno retorno e a repetição dominam a história das sociedades humanas A esse res peito seria possível dizer que ele está imbuído do senso trágico da existência Excelente obser vador da política contemporânea tinha perfeita consciência do fato de que esta não se baseia em argumentos racionais qualquer que seja o seu mito a respeito de si própria e parte para tirar da compreensão desse fato todas as conclusões necessárias É de fato característico Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar decadência 175 da decadência demonstrar que essa razão no reino da política mas a fortiori mesmo em atividades humanas que não pretendem ser uma manifestação dela não passa daquilo que Pare to chama de derivação uma legitimação que mascara todas as incoerências delírios e inte resses da paixão Nesse ponto não se pode deixar de pensar em Maquiavel e suas Histórias florentinas nas quais ele coloca em relevo tão agudo a ambigüidade e a ambivalência da ação humana Em outras palavras sempre que o futuro predomina a consciência coletiva voltase para ele Quando em vez disso prevalece o pre sente ressurgirá uma visão do mundo cíclica e decadente Mas por quê Talvez devido ao me canismo de saturação tão bem descrito por Pitirim Sorokin que leva os valores bem como as coisas a se tornarem gastos e exauridos Isso também explicaria a saturação de uma concep ção linear do tempo e o desejo de recuperar o aqui e agora que impregna a vida cotidiana E o presente sempre é mais bem apreendido quando comparado com alguns grandes mo mentos do passado Isso fica bem expresso na metáfora de Proust sobre o tempo ser ein steinizado A vida cíclica levanos de volta ao tempo da paixão que invalida qualquer cons trução racionalizante Certamente não é pos sível falar de decadência sem se referir ou pelo menos aludir ao efeito colateral que ela exerce sobre os modos como compreendemos a reali dade Assim que o projeto pára de ser a força motora da sociedade os sociólogos têm de re correr a um modo diferente de avaliar a vida social A aceitação relativista daquilo que é essa afirmação da vida em toda a sua contingên cia é o reconhecimento de que todos os seres e todas as situações são marcados pela incomple tude Isso é algo que a lógica do tem de ser não consegue tolerar Em desafio aos intelectuais que confundem a erosão de certos VALORES com a morte trágica e melancólica de todas as coisas e aos que pensam que o fim de um mundo significa o fim do mundo a decadência lembranos que anali sar o papel da repetição na vida cotidiana e reconhecer o prazer hedonista a ser obtido de uma liberação dos sentidos abre um amplo cam po de pesquisa Com base nessa convicção pro fundamente enraizada podemos contestar as declarações dos apologistas do futuro ou dos que sentem a nostalgia do tempo perdido afir mando que a decadência nos permite vislum brar a serenidade do kairos grego em outras palavras os momentos de oportunidade ofere cidos dentro do fluxo da vida cotidiana Ver também PROGRESSO Leitura sugerida Durand G 1979 Figures mythi ques et visages de loeuvre Freund J 1984 La déca dence Maffesoli M 1979 La cônquete du présent pour une sociologie de la vie quotidienne Pareto V 191619 1963 The Mind and Society a Treatise on General Sociology Spengler O 191822 19268 The Decline of the West 2 vols Weber Max 1904 1949 The Methodology of the Social Sciences MICHEL MAFFESOLI decisão teoria da Teoria da decisão é o es tudo de como os agentes racionais decidem agir dados os seus objetivos suas opções e suas opiniões a respeito dos efeitos de suas opções sobre seus objetivos Mesmo dado tudo isso resolver o que fazer pode ser extremamente problemático quer devido à pura complexidade dos cálculos necessários como nos problemas de decisão estudados em análise operacional quer porque há incerteza nas opiniões Essa incerteza habitual pode ser a respeito do estado de natureza como na teoria da utilidade ou das escolhas de outros agentes cujos problemas de escolha se entrechocam com os deles como na teoria dos jogos A teoria da decisão desenvolveuse em sua forma clássica como uma teoria axiomática na qual axiomas estabelecem a priori princípios de escolha racional Como o núcleo da explicação psicológica cotidiana é que a ação está racional mente relacionada com as opiniões e objetivos do agente a teoria da decisão pode ser vista como algo que proporciona entre outras coisas o modelo formal desse núcleo ver Lewis 1983 Para uma série de situações definidas a teoria da decisão clássica aspira a deduzir as decisões dos agentes unicamente a partir e dos princípios a priori É assim uma teoria ideali zada que descreve o agente como alguém que jamais viola os princípios a priori e que sempre age logicamente conforme estes determinam por mais difícil de computar que isso possa ser Mas em torno desse cerne clássico publicado da teoria também houve muito trabalho dedicado a testar empiricamente a adequação dos sujeitos humanos aos axiomas e em anos recentes com teorias em desenvolvimento que recolhem ex plicam e estudam as conseqüências nos ca Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 176 decisão teoria da sos observados desses axiomas tomados como ponto de partida As duas maiores realizações teóricas da teo ria da decisão foram a teoria da utilidade e a teoria dos jogos ver JOGOS TEORIA DOS Esta é a teoria da decisão do indivíduo em cenários sociais É assim chamada porque von Neumann e Morgenstern encararam os jogos de salão como sendo isomórficos com e paradigmas para as interações econômicas e outras intera ções sociais a que a teoria se dedicava Ela se preocupa e tenta lidar em estilo axiomáti co com os problemas de decisão que duas ou mais pessoas enfrentam quando o resultado das ações de cada uma delas e portanto sua conveniência depende das ações dos outros Presumese que cada qual conheça as opções e os desejos de todos e além disso que os outros tenham esse conhecimento A maior parte da literatura preocupase com os jogos nãocoope rativos em que os que jogam não podem ficar sabendo das intenções dos outros pela comuni cação com eles mas devem inferilas a partir do conhecimento apenas de sua própria situa ção suas opções desejos e conhecimento e de sua racionalidade A teoria da utilidade ocupase dos proble mas de um agente individual que precisa esco lher entre duas ou mais ações que dão oportu nidade a perspectivas de risco Perspectiva de risco para um agente é um conjunto de resul tados alternativos associado a uma probabi lidade para cada resultado a ele atribuída pelo agente eu por exemplo encaro a perspectiva de risco 25 libras com probabilidade 110 menos uma libra com probabilidade de 910 se aposto uma libra num cavalo com chances de 25 por 1 contra aqueles a cuja vitória atribuo uma probabilidade de 1 em 10 A teoria da utilidade teve seu ponto de par tida no relatório de Daniel Bernoulli em 1738 sobre o curiosum de S Petersburgo o fato de ninguém estar disposto a pagar mais que umas poucas libras para participar de um certo jogo de azar embora o valor de ganho esperado de um jogador fosse infinito O valor esperado de uma perspectiva monetária arriscada é a média ponderada dos diferentes ganhos pos síveis sendo os pesos as suas probabilidades Como explicação Bernoulli conjecturou que o jogador racional é alguém que maximiza o va lor esperado não de lucro mas de sua utilidade Von Neumann e Morgenstern 1944 axiomati zam essa hipótese da utilidade esperada Eles mostram que se uma pessoa classifica as pers pectivas de risco de uma forma que atende a certos cânones óbvios de racionalidade expres sos nos axiomas da teoria então nesse caso existe uma magnitude numérica associada a cada resultado e que é chamada de sua utili dade de tal forma que a pessoa só classifica uma perspectiva de risco acima de outra se der um valor esperado maior dessa magnitude Por exemplo vou preferir fazer a aposta acima se e somente se 110u2591ou 10 onde ux indica utilidade de ganhar x Al guns dos axiomas são indiscutivelmente con sistentes com a preferência racional por exem plo o Axioma de Monotonicidade o qual diz grosso modo que dados dois resultados um A preferível a outro B aumentar a pro babilidade de A dá uma perspectiva preferível Outros são mais controvertidos em especial o Axioma de Independência o qual diz se um resultado A é pelo menos tão desejável quanto um resultado B então uma dada oportunidade de A é pelo menos tão desejável quanto a mesma oportunidade de B Tanto a teoria dos jogos quanto a teoria da utilidade dizem respeito a decisões racionais tomadas em condições de incerteza mas a in certeza é de tipos radicalmente diversos nas duas teorias Na teoria da utilidade incerteza é o risco representável por probabilidade Estas se ligam na teoria da utilidade clássica ao estado de natureza Na teoria dos jogos porém a incerteza é a respeito das decisões de outros agentes racionais que se presume deri varem através de razão pura dos dados dos seus problemas Aqui não se trata de nada ao acaso e é difícil ver que base o primeiro jogador poderia ter para lhes atribuir probabilidades A teoria da decisão também se preocupou com a incerteza que resiste a uma probabilização por outro motivo porque o agente se encontra em completa ignorância a respeito de que pos sibilidade é ou será realizada Que tipo de coisas são as probabilidades do agente numa decisão sob risco Von Neu mann e Morgenstern supuseram que fossem possibilidades objetivas como as dos jogos de azar conhecidas do agente Mas essa não é a única possibilidade Dentro da teoria da decisão desenvolveuse um ponto de vista das proba bilidades como graus de opinião subjetivos revelados na disposição de apostar Fica claro Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar decisão teoria da 177 que um agente que prefere uma loteria que dá um prêmio se transpira um estado S e uma penalidade no caso de nãoS a uma outra que dá o prêmio se nãoS e a penalidade no caso de S em algum sentido acredita mais fortemente em S do que em nãoS Tal como von Neumann e Morgenstern constroem utilidades a partir do padrão da escolha do agente entre loterias quando estas obedecem a certos axiomas tam bém Ramsey 1926 Savage 1954 e outros subjetivistas constroem graus numéricos de opinião a partir desse padrão Eles conseguem demonstrar para o caso de agentes que obede cem aos seus axiomas tanto que essas mag nitudes são probabilidades matematicamente quanto que os agentes escolhem como se maxi mizar a utilidade esperada resultasse de acordo com elas Esses resultados levaram ao chamado ponto de vista bayesiano de que todas as in certezas que os agentes enfrentam são proba bilidades e que a hipótese da utilidade esperada fornece uma teoria abrangente da tomada de decisão racional A hipótese da utilidade esperada tem sido desconfirmada repetidas vezes em estudos de laboratório A mais famosa violação experi mental é o chamado paradoxo de Allais Outra é o efeito do coeficiente comum demons trado por Kahneman e Tversky 1979 se uma pessoa prefere um prêmio moderado M com uma possibilidade de 50 a um prêmio maior L de acordo com a teoria essa pessoa deve também preferir uma probabilidade de 10 de M a uma probabilidade de 5 de L mas os sujeitos estudados de maneira padrão demons tram a primeira preferência e o reverso da se gunda Essas descobertas provocaram diversas reações alguns que encaram a teoria da utili dade como normativa e acham seus axiomas inteiramente convincentes concluem que os sujeitos estão errados e necessitam de instru ção Outros porém acham que a teoria norma tiva deveria refletir a força dos julgamentos intuitivos que provocam tais reversões ou então encarar a teoria da utilidade como basica mente explicativa ou prognosticante Essas ati tudes levaram ao desenvolvimento de teorias da utilidade nãoesperada um tanto mais com plexas eou mais fracas que a teoria da utilidade e que são consistentes com as observações re calcitrantes Apesar destas arestas empíricas a teoria da utilidade tem sido amplamente utilizada num trabalho explicativo e de prognóstico nas ciên cias sociais e com sucesso considerável Na ciência política ela gerou a teoria de escolha racional ver ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA na economia estendese por toda parte propor cionando um modo simples e poderoso de am pliar a cenários incertos a pressuposição central da disciplina da busca eficiente do autointeres se Desempenha um papelchave na explicação de fenômenos tão diversos quanto seguros jo gos de azar o entesouramento de dinheiro e a insegurança dos salários nas recessões Em muitos desses casos ela se conjuga com a hipó tese empírica de que os agentes econômicos são avessos a risco isto é preferem uma soma x garantida a uma perspectiva arriscada cujo va lor esperado é x A teoria da decisão completou um brilhante meio século no qual tem contribuído com po derosos e esclarecedores instrumentos de pen samento para as ciências sociais No entanto ela continua em um estado não totalmente satisfa tório Como uma teoria da escolha racional humana ela é em sua forma clássica ao mesmo tempo muito forte e muito fraca muito forte no sentido de que seus axiomas às vezes por estabelecerem padrões impossíveis às vezes por não conseguirem captar as sutilezas das preocupações humanas são consistentemen te violados por sujeitos inteligentes Muito fra ca por ignorar restrições sobre o que conta como opiniões desejos e ações racionais nos cenários culturais específicos a que deve ser aplicada Ainda resta ver até que ponto essas deficiências podem ser reparadas sem danos ao poder e à luminosidade da teoria clássica Leitura sugerida Bacharach MOL e Hurley SL orgs 1991 Foundations of Decision Theory Issues and Advances Gardenförs P e Sahlin NE orgs 1988 Decision Probability and Utility Jeffrey RC 1965 1983 The Logic of Decision 2ªed Luce RD e Raiffa H 1957 Games and Decisions Introduction and Critical Survey Nozick R 1969 Newcombs problem and two principles of choice In Essays in Honor of Carl Hempel org por N Rescher Reznik M 1987 Choices an Introduction to Decision Theory MICHAEL BACHARACH definição Os teóricos sociais têm tendido a assumir que a definição estipulativa ou verbal de termos com x quero dizer abc é uma prática sem problemas e desejável que nada exige além de clareza e consistência de uso Esse ponto de vista expresso no final do século Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 178 definição XIX e início do século XX por Émile Durkheim 1895 e Ferdinand Tönnies 18991900 é ain da aceito como um lugarcomum pela maioria dos cientistas sociais ver POSITIVISMO Um ponto de vista mais complexo pode ser encontrado na afirmação de Max Weber de que por exemplo uma definição de religião só pode vir ao fim de uma investigação e não no início Aqui Weber parece estar seguindo a máxima de Nietzsche de que conceitos que expressam um processo histórico inteiro resistem a defi nições Esse ponto de vista vigorosamente sus tentado por Theodor Adorno ver ESCOLA DE FRANKFURT tende a ser acompanhado por uma ênfase na complexidade hermenêutica dos fe nômenos sociais e sua relação íntima com os VALORES Isso por sua vez foi fortalecido a partir de meados do século no mundo de língua inglesa pela crítica de Wittgenstein ao positi vismo fazendo surgir na obra de Winch 1958 e de outros um modelo alternativo de ciências sociais ver VERSTEHEN A relevância normati va da definição foi ainda mais destacada pela noção de Gallie de conceitos essencialmente contestados em pensamento social e político Gallie 19556 O declínio do positivismo para um conven cionalismo e as conseqüentes inquietações a respeito do RELATIVISMO levaram defensores do racionalismo e do REALISMO a reviver a noção de definição real na qual as definições pre tendem expressar a natureza essencial de uma entidade como na definição de substâncias químicas por meio de sua estrutura molecular Em que medida isso é possível para objetos sociais é algo que ainda suscita controvérsias mas está claro que a concepção mais sofisticada a respeito da natureza da teoria científicosocial que passou a predominar em décadas recentes trouxe consi go maior sensibilidade para os problemas da formação de conceitos científicosociais Leitura sugerida Durkheim Émile 1895 Les règles de la méthode sociologique Gallie Duncan 195556 Essentially contested concepts Proceedings of the Aristotelian Society NS 56 Hollis Ma 1977 Models of Man Outhwaite William 1983 Concept Forma tion in Social Science Tönnies Ferdinand 18991900 Philosophical terminology Mind 8 e 9 Winch Pe ter 1958 The Idea of a Social Science and its Relation to Philosophy WILLIAM OUTHWAITE democracia O significado da palavra de mocracia é governo do povo Ela foi usada pela primeira vez no século V aC pelo his toriador grego Heródoto combinando as pala vras gregas demos que significa o povo e kratein que significa governar A definição famosa de Abraão Lincoln era governo do povo pelo povo para o povo Desenvolven dose a noção de governo ou domínio o signi ficado pode ser transmitido de forma mais pre cisa democracia é um sistema político no qual o povo inteiro toma e tem o direito de tomar as decisões básicas determinantes a respeito de questões importantes de políticas públicas A noção de ter o direito de tomar as decisões básicas distingue a democracia de outros sis temas nos quais essas decisões são determina das de fato pelo povo por exemplo onde um ditador fraco ou enfermo cede aos desejos do povo devido à ameaça de levante ou insur reição Numa democracia é devido ao seu di reito de fazêlo que o povo pode tomar as decisões esse direito originase de um sistema de regras básicas tais como a constituição A idéia de o povo tomar decisões levanta a dificuldade a respeito de quantas decisões iso ladas diferentes podem ser combinadas em uma decisão coletiva Uma resposta comum é con ceber a democracia como o domínio da maioria A idéia aqui é de que onde falta unanimidade isto é onde as preferências expressas pelas decisões dos indivíduos se encontram dividi das o que deve prevalecer é o número maior de preferências e não o menor O número maior está mais perto de ser o todo a decisão da maioria deve então contar como decisão de todo o povo Existem no entanto muitas difi culdades com semelhante idéia Uma decisão por parte de todo o povo implica algo mais que uma decisão por parte da maioria e precisa envolver conciliação e consenso e democracia é algo que não pode ser adequadamente equa cionado com domínio da maioria Holden 1988 Spitz 1984 O significado básico de democracia acaba de ser enunciado mas existe também um signi ficado secundário que brota do caráter estreito da conexão entre as idéias de democracia e igualdade ver IGUALDADE E DESIGUALDADE Essa conexão existe porque além de qualquer outra coisa a idéia de o povo inteiro tomar uma decisão implica a noção resumida no slogan um homem um voto de cada indivíduo ter voz igual Sem isso haveria uma decisão ape nas de parte do povo em vez de todo ele Mas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar democracia 179 a conexão é tão estreita que a igualdade às vezes se torna crucial para o próprio sentido de demo cracia isso nos dá o significado secundário no qual democracia significa grosso modo uma sociedade na qual existe igualdade Esse sentido subsidiário também pode verse envol vido em concepções tais como democracia social e democracia econômica em que a idéia de um sistema caracterizado por igualdade social eou econômica é crucial para um senti do diferente de democracia econômica ver mais adiante O significado de democracia está razoa velmente claro mas esse fato tende a ser obs curecido devido à diversidade de sistemas que foram chamados de democracias De fato às vezes pode até parecer que o único aspecto comum dentro de tamanha diversidade é a ex pressão de aprovação Como a aprovação à democracia é hoje expressa de modo quase universal isso pelo menos fica claramente im plícito com o uso da palavra ainda que exata mente o que está sendo aprovado não seja assim tão claro Na verdade para alguns parece que democracia é meramente uma palavra de aclamação como hurra ou viva esva ziada de qualquer conteúdo descritivo nada significando além de viva esse sistema políti co Uma confusão desse tipo pode ser evitada porém estandose atento às distinções entre o significado admitido de democracia go verno do povo e julgamentos discordantes a respeito do que é necessário para que tal governo exista e daí quais sistemas políticos de fato a exemplificam Assim a discordância a respeito da aplicação da palavra democracia discordância quanto aonde existe um gover no do povo na verdade não implica que a palavra signifique meramente aprovação e que lhe falte um significado admitido Holden 1974 1988 Essa quase universalidade da aprovação é um aspecto destacado da democracia hoje O outro aspecto fundamental é que as democra cias modernas são indiretas ou representativas em vez de diretas São também hoje predomi nantemente democracias liberais Isso porém é uma evolução muito recente ver adiante antes da qual houve discordâncias importantes do tipo que acabamos de mencionar com res peito à aplicação de democracia a diferentes tipos de sistemas políticos Embora tão importante hoje do ponto de vista histórico a democracia foi relativamente pouco importante Durante muitos séculos ela simplesmente não existiu Tanto como idéia quanto como prática no decorrer da história documentada a hierarquia tem sido a regra a democracia a exceção Dahl 1989 p52 embora essa situação hoje talvez esteja sendo revertida Durante um período na Grécia clás sica a democracia foi importante em especial em Atenas nos séculos V e IV aC Depois disso porém foi só no final do século XVIII e no século XIX que a idéia voltou a se tornar im portante e só no século XX é que ela se viu devidamente firmada na prática E foi somente depois da Primeira Guerra Mundial que a desa provação geral da democracia foi substituída pela aprovação generalizada A democracia da Grécia antiga era uma de mocracia direta o povo governava de modo efetivo reunindose e tomando diretamente as decisões políticas básicas Held 1987 Sinclair 1988 Essa forma mais consumada de demo cracia nunca perdeu sua influência sobre o pen samento democrático na verdade até o final do século XVIII democracia só se referia a essa forma direta No entanto a pólis ou cidadees tado grega era muito menos que um estado moderno onde não é possível reunir o povo em Atenas havia de 30 mil a 40 mil cidadãos e o quorum para a Assembléia era de 6 mil O aumento no tamanho e na complexidade dos estados portanto significou que no mundo mo derno a democracia tem de ser indireta Nesse caso o povo só toma diretamente algumas pou cas decisões muito básicas em eleições e o resto é feito por seus representantes eleitos a democracia indireta é uma democracia repre sentativa Existem idéias divergentes a respeito da natureza e do papel dos representantes numa democracia Pitkin 1967 Holden 1988 No entanto a noção básica é que os representantes tomam decisões pelo povo que os elege ou em nome dele mas assim fazendo eles estão pelo menos em última análise subordinados às de cisões do próprio povo expressas nas eleições Votar em eleições é portanto o processo demo crático essencial e é necessário que pratica mente todos os adultos tenham direito de voto para que um sistema seja uma democracia ver também PARTICIPAÇÃO POLÍTICA A forma predominante de democracia nos dias de hoje é a democracia liberal Os defen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 180 democracia sores da democracia liberal acreditam que ela é o único tipo de democracia Mas pelo menos até bem recentemente se afirmava que havia for mas rivais ver adiante A palavra liberal aplicada a sistemas de governo costuma impli car uma preocupação com a proteção das liber dades individuais através da limitação do poder do governo ver LIBERALISMO A idéia típica é que o poder de um governo deveria ser limitado sujeitandose a regulamentação através de uma constituição ou carta de direitos Numa demo cracia liberal portanto o governo eleito expres sa a vontade do povo mas seu poder é não obstante limitado Daí existir em certa medida uma forma de democracia condicional na qual o poder do povo conforme expresso através de seu governo é limitado Por outro lado os defensores da democracia liberal afirmam que as liberdades liberais essenciais são necessárias para que se possa dizer que existe democracia Sem liberdade de expressão de associação e assim por diante o povo nas eleições não pode ria dispor das escolhas que lhe permitem tomar as decisões políticas básicas Em suma as eleições livres são encaradas como condição necessária para a democracia e a democracia liberal como sua única forma possível A noção de democracia liberal costuma estar ligada a idéias importantes a respeito dos outros tipos de estruturas e processos políticos neces sários para a limitação do poder governamental e a provisão de escolhas eleitorais Destaquese entre estes o conceito de um sistema multipar tidário e a idéia associada de partidos cuja fun ção é oporse ao governo Estes podem ser enca rados como os componentes da idéia geral de PLURALISMO Concentrase este no conceito de pluralidade de grupos políticos ver INTERESSE GRUPO DE bem como de partidos como impor tante tanto para fornecer fontes de poder alter nativo ao governo e limitadora deste quanto para criar escolhas para o eleitorado Até bem recentemente a democracia liberal era contestada por sistemas alternativos a res peito dos quais seus defensores diziam ter um direito superior a formas de democracia Estes eram os sistemas unipartidários do mundo co munista e de muitos países do Terceiro Mundo a variante comunista e a variante subdesen volvida de democracia nãoliberal Mac pherson 1966 No primeiro caso os sistemas eram chamados de democracias populares e em certa medida serviram de modelo para os do segundo A pretensão a serem democráticos repousava sobre a idéia de que o partido gover nante único expressava a real vontade do povo melhor do que este próprio poderia fazêlo Isso tinha semelhanças com a idéia de vontade geral formulada por JeanJacques Rousseau 171278 o famoso filósofo político francês No caso das democracias populares fazia parte também a noção leninista do partido comunista de vanguarda como capaz de discernir o real interesse de classe e daí inferindo a vontade real do proletariado ver LENINISMO Parte das alegações em favor das democracias popu lares era o argumento de que nas democracias liberais o poder do povo era corrompido pelas maquinações do capitalismo Depois da Segunda Guerra Mundial a demo cracia unipartidária representou um poderoso desafio à democracia liberal até os aconte cimentos dramáticos de 198990 Então a der rubada dos sistemas comunistas na Europa oriental implicou a rejeição geral da idéia de democracia unipartidária em favor da de demo cracia liberal e as democracias unipartidárias do Terceiro Mundo estão sendo afetadas também hoje são amplamente rejeitadas na teoria e com bastante freqüência na prática Isso se nota particularmente na África onde a democracia unipartidária foi amplamente adotada no perío do póscolonial É verdade que ainda existem alguns regimes unipartidários ao estilo antigo o caso mais notável é o da China e que ainda não está muito claro o que irá acontecer na exUnião Soviética No entanto está sim bastante claro que a teoria da democracia uni partidária sofreu um golpe mortal e que pe lo menos por enquanto a democracia liberal emergiu como a única forma reconhecível de democracia Desenvolveramse teorias de democracia li beral no final do século XVIII e no sécuo XIX embora elas fossem muito influenciadas pela filosofia política de John Locke 16321704 Essas teorias costumam ser reunidas num só bloco e chamadas de teoria democrática tra dicional embora existam na verdade algu mas diferenças importantes entre elas Pode mos usar um grupo fundamental dessas diferen ças para distinguir dois tipos principais de teoria tradicional a teoria democrática convencio nal e a teoria democrática radical No tipo de sistema apoiado pela primeira o povo de sempenha um papel passivo e se limita a esco Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar democracia 181 lher negativamente entre o que os candidatos têm a oferecer E os representantes uma vez eleitos têm um grande volume de arbítrio em bora a exigência de eleições subseqüentes sig nifique que eles se encontram subordinados em última análise aos eleitores Os teóricos demo cratas convencionais mais importantes foram James Madison 17511836 na América do Norte e John Stuart Mill 180673 na Grã Bretanha Em contraste no modelo de demo cracia da teoria radical o povo tem um papel positivo propulsor os candidatos respondem a iniciativas políticas do povo e não ao contrário Além disso não se espera dos representantes eleitos que usem o arbítrio mas apenas que executem as instruções de seus eleitores em suma eles não passam de delegados Entre os principais teóricos democráticos radicais contamse Tom Paine 17371809 e Thomas Jefferson 17431826 e os utilitaristas ingleses ver UTILITARISMO Jeremy Bentham 1748 1832 e James Mill 17731836 Rousseau também tem um lugar importante embora te nha sido o teórico da democracia continental e não da teoria democrática liberal da corrente predominante Holden 1988 Neste século se afirmou que a teoria tradi cional ou mais precisamente a radical deve ria ser superada por teorias mais realistas e modernas de democracia que reconhecessem a complexidade dos sistemas políticos modernos e a falta de conhecimento e de interesse dos eleitores A teoria democrática elitista incor porando aspectos da teoria das elites ver ELITES TEORIA DAS destacase nesse aspecto É impor tante ainda a teoria democrática pluralista Em algumas das obras do mais conhecido teó rico moderno Robert Dahl as duas se combi nam por exemplo Dahl 1956 1961 Os teó ricos democráticos elitistas porém viramse eles próprios sujeitos a crítica da parte dos teóricos participativos os quais afirmam que os primeiros não são em absoluto teóricos realmente democráticos e aquilo de que a de mocracia precisa para existir é uma ampla PAR TICIPAÇÃO por parte de todo o povo Pateman 1970 Há aqui bem nítidos ecos da teoria democrática radical mas existe a dimensão adi cional de uma crença na DEMOCRACIA INDUS TRIAL a participação de massa deveria ampliar se para além do sistema político como se con cebe habitualmente chegando ao local de tra balho e à economia de maneira geral Até mes mo Robert Dahl hoje defende essa democracia econômica 1985 Se pode ou não haver um fundamento racio nal para o julgamento hoje tão amplamente referendado de que a democracia é o melhor sistema de governo essa é uma questão contro vertida não obstante argumentos que muitos encaram como irrefutáveis vêm sendo tradicio nalmente apresentados em apoio a essa idéia Holden 1988 Dahl 1989 E hoje a democra cia está sendo mais amplamente constituída na prática bem como aprovada na teoria ainda existem muitos sistemas nãodemocráticos no mundo mas o recente ressurgimento da demo cracia parece ter tornado obsoleta a afirmação de Dahl de que ela é a exceção ao longo da história documentada Leitura sugerida Dahl RA 1989 Democracy and its Critics Gould CC 1988 Rethinking Democracy Holden B 1988 Understanding Liberal Democra cy Macpherson CB 1977 The Life and Times of Liberal Democracy Pennock JR 1979 Democratic Political Theory Sartori G 1987 The Theory of De mocracy Revisited BARRY HOLDEN democracia industrial Este conceito de signa a idéia e a prática da cooperação entre o capital e o trabalho para funcionarem em em preendimentos comuns A democracia indus trial visa superar a divisão social do trabalho isto é as diferenças hierárquicas no processo de produção Num sentido mais amplo tem de estar ligada ao processo geral de PARTICIPAÇÃO e democratização da sociedade Lauck 1926 A expressão também tem de estar associada a democracia econômica e às vezes tem senti do idêntico a esse Naphtali 1928 Carnoy e Shearer 1980 A idéia de democracia industrial remonta aos socialistas pioneiros ou utópicos do início do século XIX sendo o protagonista mais fa moso Robert Owen que fundou em 1800 uma comunidade industrial em New Lanark na Es cócia Owen 181216 É fruto das sociedades industriais que criaram a moderna divisão entre capital e trabalho assim como a classe dos assalariados Desde o início duas escolas de pensamento social tentaram superar os confli tos e infortúnios que acompanharam a infância dessa sociedade A primeira é dos pensadores e praticantes humanistas religiosos e filantrópi cos que tentaram integrar o proletariado à so Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 182 democracia industrial ciedade para evitar revoluções e insurreições As duas igrejas protestante e católica estimularam muitos debates e atividades Na Alemanha o padre católico Adolf Kolping criou na segunda metade do século XIX um amplo movimento social que resultou num do cumento de fundo social a encíclica Rerum Novarum do papa Leão XIII de 1891 A segun da escola está ligada ao movimento operário em suas diferentes expressões como SOCIALISMO SINDICALISMO e SINDICATOS Nesta a democracia industrial pode ser compreendida como parte de um processo que vai da alienação passando pela participação até a autodeterminação O MOVIMENTO COOPERATIVO é uma forma específi ca de democracia industrial na medida em que abrange cooperativas de produtores Em 1916 a Inglaterra introduziu o gerencia mento conjunto sob a forma dos conselhos de Whitley Certamente como em outros países a situação de guerra facilitou uma abertura demo crática no que vinham sendo até então estrutu ras decisórias predominantemente autoritárias quase militares na economia O gerenciamento conjunto também foi reintroduzido na econo mia norteamericana durante a Segunda Guerra Mundial Depois da Segunda Guerra Mundial a legis lação trabalhista baseada em conceitos de de mocracia industrial foi introduzida em muitos países A OCDE e a Organização Internacional do Trabalho também entraram em atividade A própria OIT pode ser encarada como o órgão internacional da democracia industrial Sob seus auspícios foram publicados inúmeros re latórios e bibliografias e seu Instituto Interna cional de Pesquisa Trabalhista realizou ele pró prio inúmeros estudos OIT 1981 Monat e Sarfate 1986 A democracia industrial pode ser como foi interpretada como um movi mento contra o gerenciamento científico que alienava as pessoas ainda mais do seu produto do que o capitalismo já havia feito antes Os tipos principais de democracia industrial podem ser diferenciados de várias maneiras OIT 1981 King e van de Vall 1978 mas as formas que se seguem podem ser apontadas como tendo se desenvolvido histórica e geogra ficamente Gerenciamento participativo é uma forma que se desenvolveu com o movimento de re lações humanas desde os anos 30 e a partir dessa ocasião foram introduzidas novas formas de organização do trabalho Ela em geral as sume a forma de democracia industrial mas continua a ser unilateral e limita a participação quase sempre ao nível do local de trabaho com a palavra final reservada à gerência Não obs tante pode ser encarada como uma resposta gerencial às crescentes demandas de mais de mocracia no local do trabalho por parte da força de trabalho portanto como promissora para o futuro da democracia Desenvolvimento orga nizacional sistemas sóciotécnicos Emery e Thorsrud 1969 e círculos de qualidade são alguns dos métodos usados Negociação coletiva é a forma mais difun dida de participação industrial Consiste em negociações regulares sobre salários condições de trabalho benefícios sociais e assim por diante que podem ocorrer no nível de escritório ou departamento empresa indústria ou até na cional Nos países anglosaxões essa é em geral a única forma de democracia industrial aceita e praticada No final do século passado Sidney e Beatrice Webb 1897 desenvolveram a estru tura geral dessa abordagem ver SOCIALISMO FABIANO Embora exista uma compreensão pluralista dos interesses econômicos divergen tes na base do modelo da negociação coletiva este tende a nunca questionar o sistema econô mico como tal e portanto não é revolucionário Derber 1970 Okamoto 1981 A presença de delegados sindicais como uma forma de democracia industrial desenvol vese na Inglaterra Essa é uma estrutura demo crática de origem popular em que o repre sentante eleito de um serviço negocia direta mente com a direção sobre diferentes questões da vida profissional Pode ser encarada como um complemento do sistema de negociação coletiva Coates e Topham 1975 Propriedade operária é uma forma que sempre teve certa importância O capitalismo popular tentou integrar os operários à compa nhia eou à economia através de projetos de participação acionária e participação nos lu cros Recentemente o chamado Employee Stock Holding Programme ESOP Progra ma de Participação Acionária dos Emprega dos nos Estados Unidos foi muito discutido e cientificamente estudado Mas em geral esses projetos de participação não incluem o direito de voto e ainda não mudaram fundamental mente as relações de trabalho International Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar democracia industrial 183 Handbook of Participation in Organizations vol1 1989 e vol2 1991 O socialismo gremial é uma forma que está ligada ao nome de GDH Cole o qual formu lou esse conceito da Primeira Guerra Mundial em diante Em Selfgovernment in Industry 1917 ele desenvolveu os princípios básicos que podem ser resumidos da seguinte maneira em primeiro lugar as constituições das agre miações têm de alcançar uma autêntica autono mia individual em segundo lugar devem com binar eficiência e liberdade O meio é a descen tralização ao ponto máximo isto é a democra cia industrial Ele abriu polêmica contra os coletivistas isto é os comunistas afir mando que a utopia destes era um mundo de cartéis públicos enquanto a utopia das agre miações era um mundo de uniões de produtores todos trabalhando pelo interesse comum As cooperativas de consumidores para ele nunca foram democráticas uma vez que a democracia direta era a única DEMOCRACIA autêntica Desen volveu um sistema que ainda garante a unidade em toda uma confederação de agremiações com um escritório central A codeterminação foi caracterizada como a forma alemã típica de democracia industrial É o resultado da conciliação histórica entre capi tal e trabalho em 1920 depois do fracasso da Revolução do Conselho de 191819 e se ba seia no CONSELHO DE TRABALHADORES que é geralmente controlado pelos sindicatos Mas existe uma divisão de tarefas ente o conselho fabril como é chamado na Alemanha e os sindicatos Os sindicatos são responsáveis por negociações coletivas enquanto os conselhos fabris são voltados para a companhia Desde 1951 têmse introduzido diferentes esquemas de participação no quadro diretor das compa nhias ou na nomeação do diretor de cada fábrica responsável pelas questões pessoais e sociais Bruegmann 1981 É na maior parte um sis tema de democracia industrial codificado legal mente e existem vários graus dependendo da indústria e do tamanho da empresa Estendeuse também ao setor público Para muitos o relati vo sucesso da economia alemã depois da Se gunda Guerra Mundial seu Wirtschaftswunder milagre econômico depende em grande parte do seu sistema de participação também chama do de Sozialpartnerschaft parceria social Es se conceito elaborado em 1928 por Fritz Naph tali foi visto como algo que poderia levar a um sistema geral de democracia econômica que incluiria um sistema de conselho para todas as indústrias até o nível nacional Embora esse aspecto tenha sido incorporado à Constituição de Weimar a partir de 1919 e no Programa Fundamental da Federação dos Sindicatos Ale mães DGB de 1949 ainda não foi aplicado Naphtali emigrou para a Palestina e lá realizou a maior parte de suas idéias na Histadrut Fe deração Sindical O controle operário foi algo muito discutido nos anos 60 e 70 na GrãBretanha e também no continente europeu Coates e Topham 1975 Mandel 1970 Nessa concepção a colabora ção com o capital em todas as formas de esque mas de participação tais como a codetermina ção foi radicalmente rejeitada como colabora ção com a economia capitalista A autogestão tem dois significados dife rentes no debate teórico e na prática ver AUTO GESTÃO Um deles está ligado à teoria e prática na Iugoslávia conforme foi formulado em opo sição ao stalinismo a partir de 1950 principal mente por Edvard Kardelj 1978 e é geral mente concebida como autogestão dos operá rios A pesquisa empírica demonstrou pelo menos até os anos 70 que o sistema iugosla vo dava aos operários a maior parte dos direi tos de gerenciamento não apenas de jure mas também de facto Adizes 1971 IDE 1981 King e van de Vall 1978 O outro sentido foi desenvolvido especialmente na França como autogestão geral Bourdet 1970 A introdu ção da democracia industrial na França é enca rada como secundária diante de uma transfor mação geral da sociedade onde todos os setores são autodeterminados As experiências polone sas e outras parecem ter demonstrado que ten tativas isoladas de democracia industrial plena não conseguem sobreviver É preciso que exista uma estrutura política geral em nível nacional ou até mesmo internacional Não há dúvida nenhuma de que a democra cia industrial tem sido uma das principais idéias e práticas sociais no século XX em pratica mente todos os países industrializados e esses projetos também foram introduzidos em muitos países do Terceiro Mundo Um relatório da OIT relaciona grande número deles Monat e Sar fate 1986 Com a perestroika os países so cialistas da Europa Oriental também começa ram a democratizar a economia depois de um longo período de gerenciamento centralizado e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 184 democracia industrial posterior estagnação O futuro da democracia industrial no início do século XXI parece estar em aberto Existe um amplo debate a respeito do final da sociedade industrial e o início da pósmodernidade O gerenciamento participa tivo temse difundido cada vez mais Slater e Bennis declararam em 1964 na Harvard Business Review que a democracia é inevitável e que aquilo que os socialistas afir maram durante mais de 100 anos ou seja que a democracia política deve ser complementada pela democracia econômica para a realização da democracia plena parece ter recebido apoio também das gerências Com a dissolução final do stalinismo os últimos defensores do taylo rismo foram expulsos também Novos concei tos de produção Kern e Schumann 1984 baseados numa conciliação histórica entre ge renciamento e trabalho parecem garantir pro dutividade e redução de custos A parceria so cial sob a liderança capitalista por um lado e o socialismo democrático de outro incorporam ambos a democracia industrial como a base social da economia Leitura sugerida Cole GDH 1917 1972 Selfgo vernment in Industry IDE Industrial Democracy in Europe International Research Group 1981 Industrial Democracy in Europe International Handbook of Participation in Organizations 198992 4 vols King Charles D e van de Vall Mark 1978 Models of Industrial Democracy Consultation CoDetermina tion and Workers Management Monat Jacques e Sar fate Hedva 1986 Workers Participation a Voice in Decisions 198185 Széll György 1988 Participa tion Workers Control and SelfManagement Ο org 1992 Concise Encyclopedia of Participation and Co Management Unesco 1984 Industrial democracy participation labour relations and motivation Interna tional Social Science Journal 36 196402 Webb Sid ney e Webb Beatrice 1897 Industrial Democracy Woodworth Warner Meek Charles e Whyte William F orgs 1985 Industrial Democracy Strategies for Community Revitalization GYÖRGY SZÉLL demografia Descrevendo o estudo das po pulações humanas essa palavra abrange um volume muito grande de trabalho mas em seu cerne existem três preocupações maiores 1 O tamanho e a composição das popu lações de acordo com diversos critérios idade sexo estado civil educação e assim por diante Em suma os perfis cruzados de uma população em um mo mento fixo no tempo 2 Os diferentes processos que influen ciam diretamente a composição das po pulações fertilidade mortalidade nup cialidade MIGRAÇÃO e assim por diante 3 A relação entre esses elementos es táticos e dinâmicos e o ambiente social econômico e cultural dentro do qual eles existem Embora não exista uma divisão rigorosa costumase estabelecer um contraste entre de mografia formal ou técnica por um lado e demografia social ou estudos populacionais por outro A primeira preocupase principal mente com a coleta e análise de dados enquanto a última implica um quadro mais amplo de referência valendose de trabalhos de campo relacionados Desde suas origens nos estudos atuariais a demografia tem sido impulsionada por toda uma variedade de motivações Grande parte da pesquisa realizada no início do século XX tinha elos estreitos com a eugenia ver EUGENIA CIÊN CIA DA com os estudiosos buscando descobrir as dimensões quantitativas da diferenciação so cial e racial No rastro da Segunda Guerra Mun dial e do abuso da pesquisa eugênica pelo na zismo a motivação caiu muito No entanto a ascensão da SOCIOBIOLOGIA nos anos 70 levou a uma retomada de interesse pelos estudos demo gráficos da biologia humana Durante os anos 30 a fertilidade em muitas sociedades desenvolvidas caiu a níveis sem precedentes Isso inspirou tanto desenvolvi mentos técnicoanalíticos tais como o cálculo das taxas brutas e líquidas de reprodução visan do quantificar de forma precisa a escala do de clínio da fertilidade quanto tentativas de com preensão mais ampla do fenômeno tais como a Real Comissão Britânica sobre População nos anos 40 Glass 1956 Mas os temores de des povoamento nos países ocidentais tornaramse obsoletos nos anos 50 quando a fertilidade cresceu substancialmente durante o chamado baby boom Dos anos 50 em diante a atenção dos demó grafos passou para a população do Terceiro Mundo onde o progresso acelerado na questão da mortalidade e uma fertilidade elevada persis tente produziram taxas extremamente altas de crescimento populacional A preocupação com o rápido crescimento da população e em parti cular o desejo de promover a redução da ferti Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar demografia 185 lidade nos países em desenvolvimento tem si do uma importante subcorrente da pesquisa demográfica na segunda metade do século A controvérsia tem reinado de maneira geral entre teorias rivais sobre a mudança social e demo gráfica com os teóricos disputando a atenção dos governos e dos organismos provedores de fundos Hodgson 1988 O baby boom não durou muito e no mundo desenvolvido a atenção novamente se concen trou na questão da baixa fertilidade em seguida a rápidas quedas nas taxas de nascimentos desde o final dos anos 60 A preocupação temse concentrado particularmente no fenômeno do envelhecimento da população à medida que as sociedades enfrentam o crescimento das popu lações idosas Tanto a demografia formal quanto a social têm desenvolvido várias idéias ou modelos de importância fundamental no decorrer do século XX Na demografia formal uma idéia crucial vem sendo a busca da análise em termos de grupos em vez de períodos A análise de grupos que considera a experiência dos indivíduos no decorrer do tempo tem muitas vantagens teóri cas sobre a análise de eventos ocorrendo num dado período Isso é particularmente válido on de os eventos em questão se encontram em grande parte sob controle individual como acontece com a fertilidade e a nupcialidade e onde a experiência passada desempenha um papel na determinação do comportamento cor rente Ryder 1968 Sem dúvida a principal contribuição da de mografia à ciência social quantitativa foi o qua dro estatístico das médias de vida life table uma descrição detalhada da mortalidade de uma população dando a probabilidade de morte e várias outras estatísticas a cada idade Esse quadro é um instrumento poderoso para a aná lise da mortalidade ou qualquer outro fenômeno sem possibilidades de recorrência Ele tem encon trado aplicações difundidas em muitas áreas das ciências sociais bem como nas ciências naturais e na estatística Shryock e Siegel 1976 As técnicas estatísticas empregadas pelos demógrafos são relativamente poucas em nú mero e em geral muito diretas embora com o advento dos computadores se tenha passado a utilizar métodos estatisticamente mais sofis ticados Para a maioria dos demógrafos o cerne da questão reside na análise da mortalidade da fertilidade e da nupcialidade com a migração sendo encarada como subdisciplina distinta Is so pode ser parcialmente atribuído a diferenças no material de pesquisa e consulta e parcial mente ao papel bem maior dos geógrafos em qualquer forma de análise espacial A demografia matemática tem sido uma subdivisão muito ativa da disciplina desenvol vendo vários modelos que combinam elegância formal com considerável utilidade prática Dentre estes o mais importante é a teoria das populações estáveis Formulada pela primeira vez no século XVIII por Leonard Euler a teoria da população estável foi reinventada e popula rizada pelo demógrafo norteamericano Alfred Lotka 1939 Essa teoria permite que se calcule a estrutura etária da população em consonância com qualquer dada combinação de mortalidade e fertilidade um aspecto inestimável para a compreensão da dinâmica de uma população Por exemplo vem sendo possível demonstrar que o envelhecimento demográfico é resultado prin cipalmente de baixa fertilidade mais que da maior sobrevivência individual Coale 1972 O conceito mais influente em demografia social é o de transição demográfica Conforme as palavras de Demeny 1972 em sociedades tradicionais a mortalidade e a fertilidade são elevadas Em sociedades modernas a fertili dade e a mortalidade são baixas No meio destas se encontra a transição demográfica A teoria da transição demográfica foi desenvolvida pela primeira vez por demógrafos norteamericanos nos anos em torno da Segunda Guerra Mundial e era uma forma das teorias de modernização mais gerais então correntes Notestein 1945 Davis 1945 De maneira geral a teoria pode ser divida em três partes 1 uma descrição de mudanças na fertili dade e na mortalidade no decorrer do tempo 2 a construção de modelos teóricos causais explicando essas mudanças 3 previsões de tendências futuras espe cialmente no Terceiro Mundo A atenção temse concentrado especialmen te nos fatores responsáveis pelo declínio da fertilidade com diferentes teóricos defendendo diferentes mecanismos causais Os primeiros trabalhos enfatizavam a urbanização e a indus trialização como motivos básicos mas isso pas sou a ser questionado em seguida à descoberta de que mudanças nesses fatores não tinham Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 186 demografia correlação estreita com a mudança na fertili dade em populações européias históricas Além do mais muitos países asiáticos e latinoameri canos haviam passado por significativas quedas de fertilidade com um desenvolvimento sócio econômico concorrente apenas limitado Freedman 1982 Como resultado o trabalho recente tem tendido a enfatizar os fatores cultu rais como desempenhando um papel social Cleland e Wilson 1987 Muitas outras áreas do pensamento social foram influenciadas por idéias demográficas A pesquisa da FAMÍLIA teve de levar em conta as restrições demográficas dentro das quais ocor rem todos os relacionamentos de família e pa rentesco enquanto análises do casamento e do divórcio buscam apoio na demografia para suas bases quantitativas A demografia histórica tem tido muita influência no desenvolvimento da história social e econômica e a utilização de métodos demográficos na ANTROPOLOGIA tem crescido rapidamente nos anos recentes Leitura sugerida Pressat R 1985 The Dictionary of Demography org por C Wilson Ross JA org 1982 International Encyclopedia of Population Woods R 1979 Population Analysis in Geography CHRISTOPHER WILSON dependência A teoria da dependência é uma matriz intelectual neomarxista que surgiu na ciência social latinoamericana em finais dos anos 60 Segundo Theotonio dos Santos 1970 uma relação de interdependência tornase uma relação dependente quando alguns países são capazes de se expandir através do autoim pulso enquanto outros só podem expandir se como reflexo da expansão dos países domi nantes Embora a palavra possa ser encontrada em textos marxistas anteriores a Lenin como em Otto Bauer foi Lenin quem lhe deu des taque especialmente depois de seu panfleto de 1916 sobre o imperialismo como o último estágio do capitalismo Na verdade a teoria da dependência é basicamente uma retomada do conceito leninista de imperialismo transferin do o foco para os seus efeitos aos quais Lenin deu muito pouca atenção sobre as economias subdesenvolvidas Kwane Nkrumah o líder ga nense ecoou Lenin conscientemente quando disse que o neocolonialismo é o último estágio do capitalismo A idéia de dependência nasceu como reação às interpretações dualistas do atraso latino americano Tendo origem na teoria da MODERNI ZAÇÃO o dualismo costumava distinguir entre um setor moderno e progressista da economia e da sociedade e divisões ou regiões estagnadas e tradicionais que eram rotuladas de précapi talistas Os teóricos da dependência em con traste viam DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOL VIMENTO como posições funcionais dentro da economia mundial em vez de estágios ao longo de uma escala de evolução Anteriormente o pensamento econômico latinoamericano era dominado por uma perspectiva identificada com a CEPAL Comissão Econômica das Na ções Unidas para a América Latina Seu men tor o economista argentino Raul Prebisch acre ditava que o subdesenvolvimento da América Latina refletia sua posição periférica na econo mia mundial e resultava da adoção de políticas de livre comércio enquanto as exportações de bens da região sofriam um declínio secular em seus preços Os produtores primários do Tercei ro Mundo ao contrário dos produtores de grãos em áreas de colonização branca no século XIX não estavam a longo prazo colhendo grandes lucros do livre comércio A teoria da depen dência concordava com o diagnóstico de Pre bisch mas rejeitava sua receita keynesiana uma industrialização de substituição de impor tações ISI protecionista fomentada pelo es tado que se tornou a ideologia desenvolvimen tista predominante Os primeiros trabalhos de um economista da CEPAL o brasileiro Celso Furtado 1964 serviram de transição concei tual a partir de Prebisch ao enfatizar que nos países subdesenvolvidos o tamanho reduzido do mercado doméstico restringe a formação de capital e ao perceber o estado como um meio de combater engarrafamentos estruturais Um golpe severo nas crenças dualistas e no refor mismo nacionalista foi desferido quando um sociólogo mexicano Rodolfo Stavenhagen de nunciou as várias teses equivocadas sobre a América Latina 1968 atacou a idéia do pingapinga de que a industrialização difun de um progresso geral afirmando que ao con trário se algum progresso existia este ocorrera à custa das áreas atrasadas e negou a que as burguesias nacionais fossem inimigas dos se nhores de terras b que os operários tivessem interesses comuns com os camponeses e c que as classes médias fossem empreendedoras e progressistas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar dependência 187 A teoria da dependência também transfor mou os pontos de vista latinoamericanos sobre o imperialismo Até o período entreguerras co mo no pensamento de Haya de la Torre a po sição antiimperialista predominante ao sul dos Estados Unidos atribuía o subdesenvolvimento à exploração estrangeira mas não ao capitalis mo como tal A teoria da dependência porém preferiu seguir a importante reversão feita por Lenin da concepção marxista do capitalismo Enquanto Marx o encarava como uma ten dência histórica fundamentalmente progressis ta ainda que condenada Lenin passou a enca rar o capitalismo em seu estágio imperialista como um processo decadente parasitário que se havia tornado um obstáculo ao progresso econômico e social Esse ponto de vista foi ado tado também por teóricos linhadura da de pendência como André Gunder Frank 1969 Theotonio dos Santos Rui M Marini e Samir Amin 1970 Uma abordagem mais soft ao estilo de Gramsci foi logo desenvolvida por um sociólogo de São Paulo Fernando Henrique Cardoso com uma linha estruturalista mais mo derada reformista liderada por Furtado e o economista chileno Osvaldo Sunkel Gunder Frank iniciou a escola da depen dência propriamente dita em 1967 assumindo a tese de Paul Baran em A economia política do desenvolvimento 1957 de que a exploração do Terceiro Mundo não só continuou firme depois do fim do domínio colonial como se tornou bem mais eficiente sendo o subdesenvolvimento o resultado da tomada econômica de áreas atrasa das por um capitalismo metropolitano avança do Frank cunhou uma frase capciosa para esse processo O desenvolvimento do subdesen volvimento Para ele desenvolvimento e sub desenvolvimento não são apenas relativos e quantitativos mas relacionais e qualitativos porque estruturalmente diferentes os mes mos mecanismos capitalistas geram tanto o de senvolvimento no centro quanto o subdesen volvimento na periferia Áreas feudais no jargão dualista são apenas as que mais sofreram nesse processo Assim as partes mais arcai cas da América Latina como as terras altas do Peru ou o Nordeste brasileiro tinham sido an teriormente os centros da dinâmica econômica e comercial da região A análise de Frank foi rapidamente contes tada E Laclau 1977 criticouo por definir modos de produção tal como Paul Sweezy e os dualistas em termos de sua relação com o mer cado em vez de se ater à ênfase marxista clás sica na estrutura de classes e nas relações so ciais O mesmo argumento foi mais tarde apre sentado por Robert Brenner 1977 em sua crí tica a Immanuel Wallerstein um historiador neomarxista do capitalismo que fundiu habil mente a perspectiva de Frank com a explicação de teor geográfico dada por Fernand Braudel para a economia mundial moldada pelo ca pital moderno inicial ver Wallerstein 1974 Frank e Wallerstein tornaramse as fontes mais conhecidas da teorização da dependência ver também SISTEMAMUNDO A teoria da dependência na ciência política ver ODonnell 1973 tentou relacionar a as censão do autoritarismo à exaustão da ISI En quanto a primeira ISI se concentrava na indús tria leve de trabalho intensivo com baixo nível de tecnologia e custos de investimentos e uma produção visando consumidores de baixa ren da a ISI posterior produz bens de capital ou bens de consumo duráveis e caros que exi gem alta tecnologia e investimentos custosos Conseqüentemente o crescimento do consumo passa a estar engrenado com as classes médias superiores e a repressão política é convocada para impedir as classes inferiores de impor um padrão mais distributivo através do voto A dependência entrou em cena por meios das companhias multinacionais as maiores forne cedoras de capital e tecnologia na ISI posterior A obra de Cardoso e Enzo Faletto 1969 foi principalmente uma tipologia germinal das bur guesias classificadas segundo seu grau de auto nomia visàvis a economia de exportação e as multinacionais em vários contextos nacionais Cardoso fez restrições severas às doutrinas ori ginais de Frank enfatizando a dialética entre forças de mercado estruturas de classe e tra dições políticas nacionais Mas o resultado final de sua reformulação penetrante da teoria da dependência foi confundirlhe os contornos co mo hipótese causal o que se ganhou no sentido de contexto foi perdido em poder explanatório cf Jaguaribe 1973 A grande pergunta sem resposta da teoria da dependência é como é possível que alguns países dependentes possam ser tão afluentes A economia canadense é tão dependente do comércio com os Estados Unidos quanto a do México e muito mais impregnada do que este pelo capital norteamericano e no entanto o Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 188 dependência Canadá é um país desenvolvido e o México um país em penoso desenvolvimento É claro que o atoleiro da dívida externa lançou muitas nações em desenvolvimento nas garras de uma aguda dependência financeira Não obstante enquan to a causa imediata da dívida foram as taxas de juros estratosféricas da era Reagan nos Estados Unidos sua causa mais profunda foram os em préstimos maciços e livres ditados pela decisão de manter economias em desenvolvimento co mo as do Brasil e do México o mais autárquicas possíveis uma vez que a saída alternativa de atrair mais investimentos estrangeiros poderia ter mantido suas dívidas externas num nível significativamente mais baixo Em certa medi da portanto o atual problema da dívida longe de refletir uma situação original de dependên cia pode ser considerado como a nêmese da vocação autárquica Leitura sugerida Amin Samir 1970 Laccumulation à léchelle mondiale Cardoso Fernando Henrique e Faletto Enzo 1969 Dependência e desenvolvimento na América Latina Frank André Gunder 1969 1971 Capitalism and Underdevelopment in Latin America Historical Studies of Chile and Brazil Furtado Celso 1964 Dialética do desenvolvimento Larrain Jorge 1989 Theories of Development Santos Theotonio dos 1970 The structure of dependence American Economic Review 60 maio JOSÉ GUILHERME MERQUIOR depressão clínica Um diagnóstico desse es tado clínico envolve mais que um estado de espírito deprimido por mais persistente e grave que este seja é preciso que esteja presente um certo número de sintomas característicos tais como perda de interesse sentimentos de culpa perturbações do sono e do apetite planos suici das lentidão de movimentos e incapacidade de sentir prazer Mas a depressão não é um fenô meno unitário A depressão maníaca ou estado bipolar por exemplo pode ser distinguida por implicação genética recorrência clínica em geral implicando episódios maníacos e reações a tratamentos específicos No entanto outras divisões diagnósticas mostraramse mais difí ceis de fazer e palavras como reativa e neu rótica em contraste com endógena ou psi cótica podem confundir se tomadas literal mente Está claro hoje por exemplo que es tados endógenos definidos pelo que se acre dita serem sintomas característicos e que alguns crêem surgir espontaneamente dentro do in divíduo podem na verdade ser provocados por crises tais como um aborto ou separação conjugal As explicações biológicas recentemente têm tido destaque em especial variações sobre formulações com respeito a deficiências nas aminas neurotransmissoras do cérebro Tam bém ficou claro que situações psicossociais ten sionantes particularmente com respeito a per das e decepções parecem estar freqüentemente envolvidas na provocação de todas as formas de depressão deixando de lado o relativamente raro estado bipolar e que fatores como o apoio psicossocial oferecem certa proteção Com ba se nos indícios atuais se tomarmos o âmbito amplo dos estados depressivos incluindo os que não chegam a ser examinados por um psi quiatra nem diagnosticados por um clínico ge ral os fatores psicossociais provavelmente de sempenham um papel muito importante no co meço e no decorrer desses estados e ajudam muito a explicar as grandes diferenças de classe social geralmente presentes nos cenários ur banos Mais ainda certos tipos de experiên cias adversas prematuras particularmente im plicando rejeição e abuso por parte de um dos pais também podem levar a um risco mais elevado de depressão na vida adulta Feliz mente nada existe de inevitável nesses efeitos de vez que uma experiência positiva pos terior particularmente em termos de um casa mento incentivador ou de uma nova oportuni dade pode reduzir enormemente os riscos Os psiquiatras atendem relativamente pou cos dos membros da população geral que viven ciam um episódio depressivo e a tarefa de se ajustar intelectualmente àquilo que examinam é complicada de várias maneiras Boa parte da disfunção indubitavelmente biológica que se torna presente uma vez que a pessoa está depri mida poderia ser conseqüência de eventos ex ternos embora possa haver pouca dúvida de que alguma depressão tem origem essencial mente biológica O mais comum é os psiquia tras atenderem pacientes que se encontram em estado de depressão particularmente profundo o que é bastante compreensível Além disso os pacientes em geral têm mais do que uma depres são pura e simples Os que apresentam um comportamento teatral como gestos suici das têm mais probabilidades de serem levados a psiquiatras bem como os que apresentam alcoolismo abuso de substâncias químicas e doenças físicas da mesma forma que os casos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar depressão clínica 189 em que o paciente ajudou a provocar a crise imediatamente responsável por sua depressão De fato com o uso crescente de drogas antide pressivas na medicina geral os psiquiatras po dem muito bem atender relativamente poucas depressões comuns Dada a natureza seletiva da depressão atendida por psiquiatras é com preensível um certo ceticismo por parte destes em reação a simples explicações etiológicas Ao mesmo tempo cabe a eles reconhecer a pos sibilidade de que o fenômeno depressivo como um todo pode não se mostrar tão complexo em suas origens quanto pareceria a partir da pers pectiva da prática psiquiátrica Ver também PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL Leitura sugerida Goldberg D e Huxley P 1992 Common Mental Disorders a Biosocial Model Herbst K e Paykel E 1989 Depression an Integra tive Approach GEORGE W BROWN depressão econômica Há muito tempo se admite que as flutuações na atividade econômi ca das economias capitalistas são de caráter cíclico mas as explicações apresentadas para os ciclos econômicos contrariamente a sua des crição continuam a ser áreas de grande con trovérsia A expressão depressão econômica é correspondentemente imprecisa referindose em geral ao ponto mais baixo dos ciclos que por algum motivo são de âmbito mais grave e internacional ao contrário das recessões econômicas que são mais localizadas menos graves e de duração mais curta Outra utilização comum distingue a recessão na qual a taxa de crescimento cai a um nível mais baixo do que a tendência normal mas permanece positivo da depressão em que a taxa de crescimento cai abaixo de zero provocando uma queda na pro dução real Os ciclos econômicos nas economias capi talistas são todos qualitativamente semelhan tes mas quantitativamente diferentes O pri meiro aspecto inicia a possibilidade de uma teoria geral sem restrição alguma a tempo ou lugar em particular e sem necessidade alguma de se apoiar em características políticas ou ins titucionais particulares o segundo aspecto in dica que qualquer teoria precisa estar capacita da a levar em conta eventos históricos exclusi vos Dividemse as explicações sobre o que enfatizar se as depressões econômicas deve riam ser incorporadas a uma teoria do ciclo de longo prazo ou se são o resultado contingente de acontecimentos únicos e aleatórios Divi demse também quanto à ênfase atribuída às causas reais versus as causas monetárias da depressão Em uma investigação empírica feita nos anos 20 ND Kondratiev sugeriu a possibili dade de ciclos longos de aproximadamente 50 anos de duração nos quais ele situava as depres sões de cerca de 1815 a 1850 e da década de 1870 à de 1890 Ao mesmo tempo em que chamava a atenção para a qualidade deficiente dos dados anteriores a 1850 e para o pequeno número de ciclos sugeria com cautela uma ex plicação endógena em termos da provisão de capital fixo de custo muito elevado e de longa duração cujas substituição e expansão se fa ziam de forma acumulada e descontínua Suas sugestões foram incorporadas à explicação ela borada por JA Schumpeter no final dos anos 30 mas a causalidade de Schumpeter seguia no sentido oposto ênfase no papel da inovação tecnológica exógena que ele supunha ocorrer em acúmulos determinados pelas avaliações empresariais de risco e retorno Os acúmulos de inovação fazem subir o investimento o que acelera o crescimento e as depressões ocorrem quando o crescimento se desacelera pela falta de investimento em função da exaustão de um surto de inovação Entre os exemplos de inves timento devido a surtos de inovação em épocas variadas incluemse o estabelecimento das in dústrias ferroviária do aço e da eletricidade Com o longo surto de desenvolvimento do pós guerra a teoria do ciclo saiu de moda mas a idéia de ciclos longos ressurgiu durante a reces são internacional que teve início no princípio dos anos 70 Houve também quem destacasse uma nova onda de inovação na microeletrônica a qual previase lançaria as bases para um surto de investimentos e uma nova subida no ciclo longo por volta do final do século XX embora as implicações da tecnologia microeletrônica no que se refere a emprego continuem a ser controvertidas Muitos negam porém que os ciclos longos sequer existam As provas empíricas são na melhor das hipóteses apenas indicativas e as ligações causais nas explicações teóricas são especificadas de forma bastante frouxa À luz de tamanha imprecisão as depressões econô micas são para alguns não parte de um padrão endógeno de desenvolvimento capitalista mas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 190 depressão econômica meramente o resultado de acontecimentos ca suais Uma posição extrema é o peso atribuído pelos economistas norteamericanos Milton Friedman e A Schwartz à morte fortuita de Benjamin Strong do Federal Reserve Bank de Nova York em 1928 a cuja ausência talvez se pudessem atribuir os erros do Fed em política de investimentos entre 1929 e 1933 Existe também a questão de se a palavra depressão tem algum sentido Por exemplo o período 19337 nos Estados Unidos marcou a mais longa expansão em tempos de paz registrada até os anos 60 os ganhos dos trabalhadores cresce ram sem interrupção pelo qual era difícil falar em depressão mas o desemprego esteve sem pre acima de 14 pelo qual por isso era difícil falar de surto História semelhante poderia ser narrada a respeito do Reino Unido nos anos 80 É difícil para teorias que se fundamentam numa noção de equilíbrio econômico assimilar flutuações econômicas a não ser encarando essas flutuações como parte do próprio proces so de equilíbrio Ver ECONOMIA NEOCLÁSSICA Por outro lado existem variedades na teoria marxista todas as quais enfatizam o caráter endógeno e funcional dos ciclos para o desen volvimento capitalista Ver por exemplo RE GULAÇÃO Para ambas permanece o desafio explicar teoricamente como a queda de um ciclo leva às vezes a uma depressão econômica mas somente às vezes Ver também CICLOS DE LONGO PRAZO CICLO ECONÔMICO CRESCIMENTO Leitura sugerida Bernstein MA 1987 The Great Depression Delayed Recovery and Economic Change in America 19291939 Brunner K org 1981 The Great Depression Revisited Day RD 1976 The theory of long waves Kondratiev Trotsky Mandel New Left Review 99 6782 Fearon P 1987 War Prosperity and Depression the US Economy 191745 Mandel E 1980 Long Waves of Capitalist Develop ment the Marxist Interpretation Rosenberg N e Frischtak CR 1984 Technological innovation and long waves Cambridge Journal of Economics 8 724 SIMON MOHUM desacordo Ver DISSENSO desconstrução Este tornouse o termo de uso mais corrente para descrever o trabalho do filósofo francês Jacques Derrida nascido em 1930 e dos que se descrevem ou são encara dos como seus seguidores apesar das reservas do próprio Derrida a respeito dessa palavra enquanto desconstrucionismo é usado exclu sivamente por críticos desse trabalho Na ver dade não existe nenhuma escola ou institui ção unificada de pensamento derridiano embo ra este tenha inspirado um grande volume de obras especialmente na teoria literária e na filosofia A desconstrução ainda é uma área de pensamento em violenta disputa e Derrida se viu envolvido em inúmeras polêmicas espe cialmente com Michel Foucault HansGeorg Gadamer Jürgen Habermas Jacques Lacan e John Searle Podese demonstrar que grande parte do material crítico escrito a respeito de Derrida se apóia em uma compreensão inadequada Mas sua obra é suficientemente difícil para inspirar diferenças de interpretação muito básicas até mesmo entre supostos especialistas Está em moda e é muito conveniente apontar que exis tem duas recepções opostas a Derrida sejam estas favoráveis ou críticas uma como essen cialmente um filósofo que pode de modo ape nas incidental ter algumas coisas a dizer a respeito de estudos literários Jonathan Culler Rodolphe Gasché Christopher Norris e a ou tra como quase um antifilósofo atacando a filosofia a partir do ponto de vista de algo semelhante à literatura Habermas Geoffrey Hartman Richard Rorty Esse tipo de caracte rização pode ser exposto como fundamental mente equivocado Bennington no mínimo porque se apóia numa representação binária ver adiante em um contexto em que o binaris mo é possivelmente o objeto básico de suspeita Derrida toma como seu objeto nada menos que a totalidade daquilo a que ele se refere como no rastro de Heidegger metafísica ou ontoteologia ocidental Sua afirmação ainda seguindo Heidegger é de que essa tradição pelo menos desde Platão tentou determinar o ser como presença mas que tal determinação é dogmática apoiandose em uma decisão éti coteórica e não em alguma demonstração teórica e sempre pode ser exposta como falha em toda uma variedade de maneiras No ponto de vista de Derrida o pensamento ocidental tem avançado habitualmente num sentido de oposi ção propondo pares binários de conceitos dos quais alguns dos mais difundidos e gerais talvez sejam dentrofora bommau puroimpuro pre sençaausência Ao mesmo tempo em que apresenta esses pares como neutros e descriti vos o pensamento ocidental está na verdade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar desconstrução 191 determinando um desses termos como primário ou privilegiado e o outro como secundário derivado inferior ou parasitário com respeito ao primeiro Os primeiros trabalhos de Derrida tentam demonstrar isso de forma improvável seguindo a orientação fornecida pela compre ensão tradicional da relação entre fala e escrita em Husserl Platão Rousseau Saussure Hegel entre outros Derrida demonstra num primeiro momento de exegese como a fala é tradicional mente valorizada em relação à escrita fazendo reverter para si mesma todos os valores de presença enquanto a escrita é desqualificada como corporificando exterioridade materiali dade morte e ausência Em um segundo mo mento Derrida afirma que mesmo em seus próprios termos os autores em questão não conseguem deixar de expor apesar de seus argumentos mais patentes que os predicados habitualmente usados na descrição da escrita são na verdade predicados essenciais da lin guagem em geral e portanto também da fala Os filósofos parecem querer demonstrar que a fala é básica e a escrita derivativa terminam demons trando contra sua própria vontade que a fala é ela própria na verdade uma espécie de escrita O cerne da argumentação é o seguinte a escrita é tradicionalmente representada como implicando o funcionamento repetível de um signo na ausência da minha intenção animadora por exemplo depois de minha morte mas sem a possibilidade a possibilidade essencial da repetição descontextualizada se necessário depois de minha morte mesmo das coisas que eu falo e que tenho a plena intenção de dizer a linguagem não funcionaria em absoluto A pos sibilidade da repetição como o mesmo mas repetido e nessa medida não idêntico é defi nidora da linguagem como um todo e não pode ser confinada à escrita A desconstrução da oposição clássica aqui falaescrita implica a retenção polêmica do termo previamente des valorizado aqui escrita para nomear uma es trutura mais geral que inclui o termo previa mente valorizado aqui fala Esse termo es crita sofreu um deslocamento ou reinscri ção nesse processo e rompeu a oposição bi nária em que era tradicionalmente definido Esse deslocamento imediatamente desqualifica todo um âmbito de reações textualistas a Derrida sejam elas de apoio ou de crítica as quais assumem que o termo conserva o seu sentido antigo Além disso o conceito desloca do de escrita assim elaborado funciona ao mesmo tempo como a condição da possibili dade da LINGUAGEM e como a condição de im possibilidade de ela jamais alcançar seu tradi cional telos de autoobliteração no interesse do pensamento Esse exemplo de desconstrução indica imediatamente inúmeras e importantes conse qüências metodológicas 1 textos até mesmos os textos filosóficos não são simples e unificados mas habitual mente implicam ao lado do conteúdo ou doutrina mais obviamente proposto recur sos mais ou menos óbvios que funcionam contra esse conteúdo ou doutrina 2 o funcionamento desses recursos pode ser demonstrado independentemente de qualquer alegação quanto ao que o autor pretendia 3 a desconstrução não é essencialmente uma atividade crítica posta em ação pelo leitor a partir de uma posição de fora do texto mas em certo sentido já está no texto 4 na medida em que os textos fogem ao controle de qualquer leitura internamen te proposta item 1 acima então eles tampouco se desconstroem simples mente isso mais uma vez desqualifica todo um âmbito de reações a Derrida tanto elogiosas quanto críticas A des construção ocorre em algum ponto en tre digamos Derrida e Platão mas não pode ser localizada dentro dos esquemas históricos de nenhuma história da filoso fia ou das idéias Essas conseqüências talvez fossem de im portância apenas limitada afetando por exem plo o historiador ou leitor de filosofia mas não o que faz filosofia não fosse por uma nova afirmativa extraída dessa descrição sobre como a linguagem em geral pode funcionar A des construção tende a demonstrar como é incoe rente qualquer tentativa de definir conceitos ou significados como autosuficientes e como de saba qualquer tentativa de determinar as conse qüentes relações entre conceitos como opositi vas ou por extensão dialéticas Uma das afirmações mais significativas da desconstru ção é que as explicações binárias e dialéticas ainda funcionam no sentido de uma unidade indiferenciada a presença da metafísica para Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 192 desconstrução sermos precisos Numa interpretação descons trutiva esse relação deve ser concebida como diferencial mas não opositiva ou como impli cando uma diferença que contrariamente a He gel não precisa tornarse oposição ver DIALÉ TICA Significados ou efeitos disso pois Der rida acredita tão pouco em significados quan to Quine ou Wittgenstein resultam da rede multiplamente diferencial em que os termos são definidos unicamente por suas interrelações Essa rede é intrinsecamente histórica na medi da em que os termos só estão presentes atra vés de sua repetibilidade como o mesmo mas não idêntico e portanto é inerentemente tradi cionalista Os únicos meios para o pensamento são herdados com essa rede e é ingenuidade esperar que alguém seja capaz de pensar sem recorrer a ela No campo da conceitualidade filosófica essa historicidade da rede implica que qualquer uso de um conceito filosófico e na verdade de qualquer conceito envolve uma leitura pelo menos implícita da tradição que assim não pode ser ignorada Essa dívida ambivalente e inevitável para com a tradição é também o motivo pelo qual Derrida conserva o nome do antigo conceito aqui escrita em vez de tentar simplesmente introduzir um nome novo para aquilo que ele está tentando pensar Em outros pontos a lógica desse argumento traduzse nos hábitos de Der rida de tomar emprestados os operadores lógi cos de seus argumentos dos textos sob discus são negando assim a possibilidade de qualquer demarcação clara de objetolinguagem e meta linguagem Essa recusa da tradicional fantasia filosófica de se obter um ponto de observação fora do ponto do campo da investigação no entanto não obriga Derrida a uma posição de pura imanência certos termos pharmakon su plemento parergon e até mesmo o notório neo logismo différance tentativa de dar nome ao tornarse diferente da rede diferencial ver ESTRUTURALISMO através de uma modifica ção jocosa da noçãochave de diferença ga nham um valor sempre limitado nos textos den tro dos quais não obstante permanecem embu tidos esse status quase transcendental tal como formalizado especialmente por Rodolphe Gasché implica um estágio intermediário entre o imanente e o transcendente que talvez capte melhor a posição desconstrutiva Uma das conseqüências dessa situação que já não é mais filosófica no sentido tradicional da palavra é que nada existe fora da rede assim radicalmente histórica de diferenças interrela cionadas multiestratificadas ou no que se tor nou uma formulação notória que nada existe fora do texto Différance significa que as dife renças nunca são absolutas uma leitura errônea comum de Derrida implica a assimilação de sua différance à diferença absoluta de Hegel na tentativa de mostrar como ela deve reverter a identidade absoluta e nem o são portanto as identidades Essa situação radicalmente não teleológica é uma ofensiva ao racionalismo ver RACIONALIDADE E RAZÃO mas não signi fica que a desconstrução seja por isso ir racionalista ou niilista as razões precisam ser apresentadas e Derrida escreve muita coisa que pode ser reconhecida dentro das normas da argumentação filosófica pace Habermas mas seu valor nunca é estabelecido A desconstrução não diz que tudo é de valor igual mas que estabelecer valores como iguais ou desiguais permanece sendo sempre uma questão ela não diz que existe um número infinito de interpre tações ou significados mas sim que não existe uma interpretação ou um significado ver HER MENÊUTICA Ao contrário do pensamento biná rio a desconstrução assim abrese para uma multiplicidade ou disseminação radical que permanecerá sendo sempre desorganizada ou caótica Essa multiplicidade implica que a desconstrução tenta conceder aos eventos uma singularidade que lhes é negada na filosofia metafísica Devido a essa multiplicidade os eventos em sua singularidade são indecidíveis nunca absolutamente classificáveis ao modo binário clássico e portanto segundo Derrida exigem decisões infundadas que são da ordem do que se encara tradicionalmente como políti ca Mas se a filosofia política tradicional tenta domesticar essa dimensão indecidível a desconstrução a afirma e nessa medida não pode ser anexada a programas ou teorias políti cas reconhecíveis A indecidibilidade torna possível a tomada responsável de decisões sem ela a ética e a política seriam reduzidas a administração e burocracia mas torna impos sível sua fundamentação teórica ou doutrinária segura Nessa medida ela é ao mesmo tempo o recurso e o desespero da política em geral Leitura sugerida Bennington Geoffrey e Derrida Jacques 1991 Jacques Derrida Culler J 1982 On Deconstruction Theory and Criticism after Structura lism Derrida Jacques 1967 De la grammatologie Ο Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar desconstrução 193 1967 Lécriture et la différence Ο 1972 Positions Gasché Rodolphe 1986 The Tain of the Mirror De construction and the Philosophy of Reflection GEOFFREY BENNINGTON desemprego Desemprego indica a existên cia dentro de uma sociedade área geográfica ou grupo social de quantidades significativas de adultos buscando trabalho remunerado as sim como a permanência dessa situação Vem sendo uma característica crônica das socieda des modernas que se baseiam no emprego re munerado Com exceção do período de 30 anos que se seguiu à Segunda Guerra Mundial essas sociedades normalmente não têm fornecido su ficiente trabalho remunerado para a população adulta O desemprego tem sido a causa de fre qüentes conflitos sociais e políticos bem como de considerável inquietação social e psicológi ca A controvérsia social e política a respeito das causas e efeitos do desemprego e dos remédios contra ele foi especialmente intensa nos anos 20 e 30 bem como nas décadas de 70 e 80 ambos períodos de alto desemprego No decor rer das últimas décadas a atenção temse trans ferido para considerações sobre todo o futuro do trabalho remunerado O desemprego não era problema nas socie dades baseadas na caça e na coleta nem era admitido como problema em regimes do tipo soviético onde sua existência não era oficial mente reconhecida Em sociedades tribais o desempenho das atividades de subsistência re queria relativamente pouco tempo não propor cionava status ou remuneração especial e não era encarado como uma esfera isolada da vida Estados do tipo soviético também não reco nheciam uma área distinta da sociedade civil uma economia em que os trabalhadores são empregados distintamente do estado Daí não reconhecerem a existência de desemprego em bora várias formas de desemprego oculto ver adiante fossem muito difundidas Somente com o surgimento de sociedades de emprego baseadas no TRABALHO remunerado organi zado em grande escala com base no MERCADO DE TRABALHO e ligado à produção agrícola fa bril e de serviços é que o desemprego as sume o significado social econômico e político que tem hoje ver SOCIEDADE INDUSTRIAL Sob pressões de uma atividade fabril e do rápido desenvolvimento novas e mais rigorosas for mas de especialização no trabalho e de discipli na na fábrica urbanização acelerada ensino compulsório para as crianças e exclusão das mulheres do mercado de trabalho a capacidade dos indivíduos de subsistir através da movi mentação geralmente em base sazonal entre o mercado de trabalho formal e o setor informal compreendendo instituições não de mercado tais como o lar declinou rapidamente Em conseqüência nas últimas décadas do século XIX encontrar e manter trabalho remunerado regular e o seu inverso o desemprego tornaramse um aspecto crucial das vidas da maioria das pessoas e uma condição necessária à manutenção das rendas domésticas Os efeitos de estar desempregado são em geral traumáticos profundamente pessoais e não se restringem à perda de rendimentos e do poder de consumo São também altamente va riáveis de acordo com personalidade sexo idade classe tipo de ocupação anterior his tórico de vida e grau de desemprego dentro da localidade imediata eou da família Não obs tante vários estudos ver Pilgrim Trust 1938 Jahoda et al 1932 Kelvin e Jarrett 1985 têm destacado os aspectos gerais de grave perturba ção psicológica social e física vivenciada por pessoas que ficam desempregadas Entre os efeitos psicológicos identificados como ligados ao desemprego incluemse resignação auto estima negativa desespero vergonha apatia depressão desesperança sensação de futilida de perda de objetivo passividade letargia e indiferença Entre os efeitos sociais incluemse pobreza perda de status perda de disciplina temporal e rotina diária isolamento social de sagregação da vida em família incluindo o divórcio mudanças na divisão sexual do traba lho e várias formas de comportamento antiso cial incluindo roubo e vandalismo Entre os efeitos físicos incluemse várias formas de doença insônia tensão e ansiedade resultando às vezes em tentativa de suicídio embriaguez intermitente e de curto prazo violência intrafa miliar e maustratos a crianças A filosofia pública predominante no século XIX e que permaneceu na verdade até os anos 40 deste século dizia que o desemprego era inevitável basicamente de curto prazo e re sultante de maneira característica das inade quações pessoais dos desempregados ou da sua falta de esforço e iniciativa ou seguindo Malthus de sua tendência a produzir famílias grandes Essa visão refletiuse no pensamento Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 194 desemprego econômico clássico e neoclássico que as eco nomias capitalistas tinham uma tendência na tural ao pleno emprego porque segundo a Lei de Say a oferta cria sua própria demanda isto é criar produção vai gerar automaticamente a demanda À medida que crescesse o desempre go produzindo uma oferta excessiva de mão deobra ociosa os salários cairiam permitin do que mais trabalhadores fossem empregados Marx porém contestou de maneira explíci ta a idéia de que o desemprego nas sociedades capitalistas era um fenômeno temporário Em O capital ele afirma tratarse de um problema estrutural básico ligado aos processos de acu mulação de capital e exploração capitalista do trabalho Em uma sociedade capitalista sujeita a crises recorrentes e cada vez mais graves não havia nenhuma tendência automática garantin do o equilíbrio do pleno emprego conforme afirmavam os economistas clássicos e neoclás sicos As sociedades capitalistas precisam de um exército de trabalho industrial de reserva que mantenha a força de trabalho sob pressão permanente Quando se expande a demanda econômica a demanda por trabalho aumenta reduzindo com isso o exército de reserva e inflacionando o preço da mãodeobra Quando os salários sobem tanto a taxa de lucro da acumulação de capital quanto o próprio nível de acumulação caem reduzindo a demanda agregada retraindo a atividade econômica e aumentando o exército de reserva A existência contínua de um exército de reserva garante assim que os salários mesmo quando em aguda ascensão não ameacem os lucros Marx dife renciou três elementos no exército de trabalho de reserva trabalhadores industriais flutuantes que passam de um emprego a outro um bolsão latente de trabalhadores em áreas agrícolas e uma população estagnada de trabalhadores eventuais que estão muito perto da miséria Autores marxistas recentes como Braverman 1974 demonstraram que esse tradicional exér cito de reserva vinha sendo crescentemente su plementado no decorrer das últimas décadas por mulheres e imigrantes que entravam para o mercado de trabalho em base temporária como era o caso dos Gastarbeiter os operários hós pedes na Alemanha Com as recorrentes recessões econômicas depois da década de 1870 e sob a pressão dos SINDICATOS emergentes o desemprego logo se tornou uma importante questão pública Por volta do final do século XIX um corpo cres cente de opinião social e política reformista reclamava garantias de pleno emprego por parte do estado ao mesmo tempo em que rejeitava explicitamente as interpretações tanto ortodoxa quanto marxista do problema As soluções pro postas variavam consideravelmente Muitos defendiam o protecionismo ou o recrutamento naval e militar outros garantias públicas do direito ao trabalho criação direta de empregos pelo estado e taxação progressiva combinada com obras públicas contracíclicas Mas nenhu ma teoria geral alternativa para o desemprego se mostrou disponível até os anos 30 e 40 deste século Impelido pelo desemprego maciço dos anos 20 e 30 JM Keynes desenvolveu os conceitos de demanda econômica agregada e deficiên cia de demanda ver KEYNESIANISMO e sua teo ria do desemprego foi habilmente sintetizada em um programa socialdemocrata para um estado de bemestar e de pleno emprego por William Beveridge em Full Employement in a Free Society 1944 Nesse influente relatório Beveridge defendia garantias governamentais de pleno emprego do trabalho e do capital atra vés da regulamentação do mercado de trabalho pelo ESTADO DE BEMESTAR como parte de um programa social e político bem mais amplo para a criação de uma sociedade que garantisse jus tiça e liberdade para todos A argumentação de Beveridge em favor de um estado de bemestar e de pleno emprego estabeleceu efetivamente os parâmetros para a discussão pública do des emprego nas sociedades capitalistas durante os 30 anos que se seguiram A criação de estados de bemestar e de pleno emprego em muitos países capitalistas coinci diu com um período depois da Segunda Guerra Mundial de prolongado crescimento econômi co pleno emprego masculino crescimento dos salários e baixa inflação Sempre que pare cia necessário os governos desses países às vezes dentro do quadro de um planejamento econômico indicativo e de extensa propriedade por parte do estado como na França contro lavam seus próprios gastos e impostos para garantir um nível consistentemente elevado de demanda econômica e de emprego A maioria dos comentaristas e dos implementadores de programas econômicos chegou à conclusão de que uma vez que os governos usando as técni cas keynesianas de administração da demanda Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar desemprego 195 eram capazes de manter o desemprego em ní veis baixos e conservar a prosperidade esses programas deviam portanto garantir tais con dições favoráveis Vários autores afirmaram com o benefício da visão em retrospecto que o pleno emprego do pósguerra dependeu de uma conjuntura de muitos outros fatores econômi cos sociais e políticos mais importantes polí ticas de livre comércio nas finanças e no comér cio internacional estabilidade de preços reser va de crescimento e de desenvolvimento tecno lógico potencial que economias mais bemsu cedidas podiam explorar e também as políti cas keynesianas ver por exemplo Matthews 1968 O pleno emprego era também a política oficial de estados do tipo soviético como parte de estratégias econômicas socialistas criadas para se atingir uma rápida industrialização e lançar as bases de uma sociedade socialista Era típico desses estados que tais estratégias abandonadas por muitos deles no início dos anos 90 sacrificassem deliberadamente a eficiência econômica não reconhecessem a existência do desemprego ou de um mercado de trabalho e alocassem os números excessivos de trabalhadores em projetos e indústrias dirigi dos pelo estado escondendo assim diversas formas de desemprego oculto Com o retorno do desemprego em massa na maioria dos países da Europa Ocidental e na América do Norte nos anos 70 a visão social democrata de Beveridge passou a sofrer um ataque contínuo por parte da Nova Direita cujo pensador mais destacado na questão das causas do desemprego é o economista Milton Fried man ver ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO De senvolvendo uma linha de pensamento que re monta a Herbert Spencer e outros autores do ultimo quartel do século XIX Friedman insiste em que o apoio no estado burocrático para garantir o bemestar dos indivíduos tornouse um fim em si mesmo contradizendo com isso o objetivo original de maximizar a liberdade individual e a igualdade de oportunidades O pleno emprego não pode ser alcançado através dos meios de um estado de bemestar devido ao tipo de planejamento e regulamentação esta tais recomendados por Beveridge e Keynes os quais distorcem os mecanismos de mercado para a determinação de salários preços inves timentos e a distribuição do trabalho remune rado Especificamente Friedman afirma que qualquer política monetária ou fiscal que tente colocar a taxa de desemprego abaixo do que eles chamam de taxa natural só conseguirá em última análise acelerar a taxa de inflação Em vez disso os governos deveriam dar um passo decisivo no sentido de estabelecer e man ter um controle rigoroso sobre o meio circulante a fim de controlar a inflação deviam seguir uma estratégia de emprego de livre mercado visando reduzir a rigidez estrutural dentro da economia e no comércio internacional reduzin do drasticamente a intervenção estatal na eco nomia e cortando o tamanho e o custo do estado de bemestar burocrático Assim a livre con corrência garantirá um nível elevado e prolon gado de emprego Ver Friedman 1977 Fried man e Friedman 1962 e 1980 As abordagens de livre mercado para o de semprego exerceram substancial influência so bre as políticas governamentais nos anos 80 especialmente na GrãBretanha e nos Estados Unidos mas tal como o estado de bemestar e de desemprego esses países enfrentaram mui tos problemas para reduzir os altos níveis de desemprego Importantes fatores econômicos que explicam essas dificuldades foram a DESIN DUSTRIALIZAÇÃO e a nova divisão internacional do trabalho que aumentou o desemprego es sencial ou estrutural diferente do desem prego cíclico ou keynesiano e tendências demográficas que aumentaram o número de trabalhadores particularmente mulheres e imi grantes na demanda por emprego Os altos níveis de desemprego nos anos 70 e 80 levaram muitos autores a questionar a viabilidade de se retornar ao pleno emprego assim como todo o futuro do trabalho remune rado Segundo André Gorz em seus Farewell to the Working Class 1980 1982 e Paths to Paradise 1984 as últimas décadas do século XX estão testemunhando o surgimento de so ciedades de desemprego de massa permanente À medida que o trabalho remunerado vem sen do cada vez mais substituído por sistemas mi croeletrônicos e de telecomunicações na re volução da robótica bens e serviços podem ser produzidos com menos investimento menos matériasprimas e menos mãodeobra É pro vável portanto que essas sociedades venham a passar por um crescimento sem emprego isto é o crescimento econômico pode ocorrer mas não estará associado a expansões equivalentes do emprego Esse desenrolar dos acontecimen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 196 desemprego tos não só virá a gerar desemprego em massa conclui Gorz como também alterará a estrutura de classes sócioeconômicas das sociedades de emprego Sob a pressão de acelerar a MUDANÇA TECNOLÓGICA os trabalhadores se verão dividi dos em três substratos uma aristocracia privi legiada de trabalhadores com estabilidade fortemente sindicalizados com emprego inte gral e dois substratos formando uma nãoclas se de nãotrabalhadores compreendendo os permanentemente desempregados condenados à pobreza e à ociosidade e um número cres cente de trabalhadores temporariamente em pregados em ocupações de baixa especializa ção sem nenhuma segurança no emprego e nenhuma identidade de classe definida ver CLASSE OPERÁRIA O único meio desejável de se evitarem essas divisões sociais agudas e o des emprego em massa permanente é separar o ter o emprego do receber uma renda e desenvolver uma sociedade democrática pósemprego na qual o trabalho socialmente necessário se veja reduzido a um mínimo e seja distribuído eqüi tativamente a fim de fazermos mais coisas por nós próprios em nosso tempo livre Gorz 1984 Leitura sugerida Bottomore Tom 1990 The Socia list Economy Theory and Practice Harris J 1982 Unemployement and politics a study in English Social Policy 18861914 Hawkins K 1984 Unemployment Jahoda M 1982 Employment and Unemployment A SocialPsychological Analysis Keane J e Owens J 1986 After Full Employment Kumar K 1984 Unemployment as a problem in the development of industrial societies the English experience Sociologi cal Review 32 185233 Moggridge DE 1976 Keynes Pahl RE 1984 Divisions of Labour Ste wart M 1967 Keynes and After Warr P 1987 Work Unemployement and Mental Health Winch D 1969 Economics and Policy a Historical Study JOHN E OWENS desenvolvimento e subdesenvolvimento Esta expressão indica a conquista do progresso econômico e social desenvolvimento através da transformação do estado de subdesenvolvi mento baixa produção estagnação pobreza em países designados de forma variada como pobres subdesenvolvidos menos desen volvidos ou em desenvolvimento O CRESCI MENTO ECONÔMICO é uma condição necessária ainda que insuficiente para o progresso social representado pela satisfação de necessidades básicas tais como nutrição saúde e habitação adequadas superação da pobreza absoluta ao que se podem acrescentar ainda outras con dições de uma existência humana plena tais como o acesso universal à educação liberdades civis e participação política superação da po breza ou privação relativa Depois de 1945 o mapa internacional foi redesenhado por movimentos anticolonialistas e pelo fim do império colonial bem como pela hegemonia dos Estados Unidos no mundo ca pitalista e sua rivalidade com a União Soviética na busca de aliados entre os estados indepen dentes da Ásia e da África Nesse contexto global o desenvolvimento no sentido transfor mador e transitivo acima sublinhado tornouse um objetivo maior de governos e de organismos internacionais como as Nações Unidas e o In ternational Bank for Reconstruction and Deve lopment Banco Internacional para a Recons trução e o Desenvolvimento o chamado World Bank Banco Mundial e surgiu nas ciências sociais como um campo de especialização Uma intensa controvérsia continua a cercar as causas do subdesenvolvimento e os modos de alcançar o desenvolvimento refletindo pon tos de vista radicalmente diferentes sobre a natureza do desenvolvimento ocidental e ja ponês capitalista industrial sobre a econo mia internacional que ele criou e sobre como esse desenvolvimento condiciona as perspec tivas de desenvolvimento no TERCEIRO MUNDO bem como a respeito das pretensões rivais das soluções capitalista socialista e nacionalista para os problemas do desenvolvimento A teo ria social dedicada ao desenvolvimento e sub desenvolvimento tem portanto âmbito his tórico mundial em sua abrangência e com plexidade mas vários temas capitais são abor dados nos muitos debates que ela tem gerado Fatores globais e societais Um dos conjuntos de questões que per meiam todos os debates diz respeito à natureza e à avaliação dos fatores internos societais e externos globais na explicação da estagnação e da mudança Nas teorias da MODERNIZAÇÃO dos cientistas sociais norteamericanos em par ticular sociedade ou cultura tradicional é na verdade sinônimo de subdesenvolvimento ver também TRADIÇÃO E TRADICIONALISMO Abs tratamente tradição e modernidade são deli neadas pelas variáveis padrão de Talcott Par sons 1951 que descrevem a modernização Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar desenvolvimento e subdesenvolvimento 197 como a evolução de sistemas sociais com alto grau de diferenciação funcional e estrutural e mecanismos correspondentes de integração A diferenciação abrange uma complexa divisão social do trabalho e uma racionalidade que produz inovação e crescimento enquanto a in tegração e seu sistema normativo garantem a estabilidade social Os países subdesenvolvidos caracterizam se por uma estrutura dual de setores sociais crenças e práticas tradicionais e modernas O motor da transformação é psicocultural uma revolução de expectativas crescentes promo vendo a difusão da modernidade dos países desenvolvidos para os subdesenvolvidos e dentro destes últimos dos setores modernos para os tradicionais A mensagem subjacente é sigam os passos do Ocidente e nós os auxi liaremos através da ajuda e dos investimentos externos da transferência de tecnologia e assim por diante Os problemas surgem quando uma mudança sócioeconômica não consegue satis fazer as expectativas crescentes dando lugar a frustrações cada vez maiores que exigem fortes elites modernizantes capazes de simultanea mente induzir um desenvolvimento acelerado e manter a ordem As teorias da modernização dessa maneira formulam o desenvolvimento como um proces so de difusão adoção e adaptação a partir de um ambiente externo favorável e explicam o subdesenvolvimento através das barreiras da tradição que são intrínsecas aos países pobres As pressuposições e receitas da modernização etnocêntricas às vezes implicitamente racis tas em geral explicitamente anticomunistas têm sofrido um desafio vigoroso por parte das posições que enfatizam os fatores globais na explicação do subdesenvolvimento Um lema histórico desse desafio foi o de senvolvimento do subdesenvolvimento cu nhado por André Gunder Frank 1969 para sustentar seu ponto de vista de que o subdesen volvimento não é uma situação original ou re sidual tradição mas foi ativamente criado pela incorporação do Terceiro Mundo à econo mia mundial formada pela expansão européia a partir do final do século XV Essa economia capitalista mundial consiste em uma cadeia de relações metrópolesatélite entre países e entre regiões dentro deles atra vés das quais as metrópoles dominantes se apro priam do excedente econômico dos satélites subordinados enriquecendo as primeiras e em pobrecendo os últimos criando e reproduzindo com isso o seu subdesenvolvimento Ao que tudo indica formas sociais tradicionais ou pré capitalistas em países e regiões satélites são portanto na realidade capitalistas em conse qüência de sua integração ao mercado mundial Os principais mecanismos de escoamento de excedentes são uma troca desigual no comér cio internacional a expatriação de lucros por parte de um investimento estrangeiro e de juros sobre empréstimos no exterior dentro de uma divisão internacional do trabalho que sistema ticamente favorece as metrópoles Esse retrato de um sistema global gerando o desenvolvimento e o subdesenvolvimento co mo dois lados da mesma moeda tem exercido uma influência enorme Também tem sido con testado e modificado de várias formas con forme aconteceu com a receita principal de Frank que era de autarquia para os países do Terceiro Mundo seu desengajamento da eco nomia mundial como uma condição necessária ao desenvolvimento Transcendendo o modelo estagnacionista de Frank as possibilidades e restrições do desen volvimento dependente foram formuladas por intelectuais latinoamericanos Cardoso e Fa letto 1969 e em seguida generalizadas para todo o Terceiro Mundo Tal como acontece com muitas palavras associadas ao desenvolvimen to dependência é uma noção elástica mas que reconhece a possibilidade de crescimento econômico rápido cujos padrões e limites ainda são determinados principalmente pela depen dência externa em especial a dependência das corporações multinacionais para a tecnologia e dos bancos internacionais para os financia mentos dramatizada na atual crise da dívida do Terceiro Mundo Outra abordagem para a teorização da rela ção entre fatores internos e externos é a articu lação dos modos de produção Aqui a idéia chave é que em vez de destruir outros modos de produção o capitalismo em geral os conser va ou até mesmo os cria articulandoos ou combinandoos com o seu próprio funciona mento a fim de obter bens baratos para sus tentar a acumulação Esses bens compreendem tanto os da produção camponesa e artesanal quanto os da força de trabalho que são baratos porque seu valor de troca é subsidiado por uma produção de subsistência nãopaga For Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 198 desenvolvimento e subdesenvolvimento mas sociais contemporâneas pré ou nãocapita listas portanto nem representam uma tradição residual nem se tornam capitalistas simples mente por suas ligações com a economia mun dial Frank Essa abordagem teórica foi desenvolvida de forma mais sistemática por antropólogos fran ceses que trabalhavam na África em especial Rey 1976 e Meillassoux 1975 embora de bates independentes sobre modos de produ ção com agendas um tanto diversas e concen trados na questão agrária também tenham ocor rido na América Latina Bartra et al 1976 e na Índia Patnaik 1990 Formulada no âmbito de uma análise marxista do capitalismo particu larmente conforme interpretado na teoria de Rosa Luxemburgo sobre o imperialismo 1913 a articulação explica o subdesenvolvimento através da necessária reprodução dentro do capitalismo global de formas précapitalistas servindo de base a um exército de trabalho de reserva em áreas e classes empobrecidas Essa idéia também se destaca no projeto eclético de um sistema mundial de Waller stein 1979 que por sua vez também deve muito a Frank e até mesmo a Parsons segundo críticos da explicação funcionalista de Waller stein para sistema Ao contrário de Frank Wallerstein contrapõese explicitamente ao marxismo com o argumento de que a proletari zação crucial à sua explicação do desenvolvi mento capitalista foi excepcional e não univer sal no sistema mundial moderno que atrela toda uma variedade de formas de trabalho nem totalmente transformadas em mercadoria nem livres aos imperativos do acúmulo de capital Adicionalmente Wallerstein substitui o dualis mo estático da estrutura metrópolesatélite de Frank por uma hierarquia de localizações cen trais semiperiféricas e periféricas no sistema mundial indicando que os países podem alterar sua localização em momentos particulares de mudança da DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABA LHO Outra reação ao rápido crescimento econô mico em partes da América Latina e dos PRJs países recémindustrializados do Leste asiáti co foi virar de cabeça para baixo os argumentos das abordagens globais radicais em nome de se reviver um marxismo ortodoxo Numa polê mica importante Bill Warren 1980 afirmou que o capitalismo desenvolve de fato o Terceiro Mundo póscolonial exceto onde isso é inibido por políticas socialistas nacionalistas ou popu listas derivadas de noções equivocadas de im perialismo originárias de Lenin 1916 e de pendência Warren promoveu a volta completa a uma explicação interna do fraco desempe nho econômico apontando que a integração no mercado mundial deve ser estimulada em vez de reprimida e que a construção socialista é prematura enquanto o estágio de transforma ção capitalista não estiver completo Estados planos mercados A posição de Warren converge em parte com o atual neoliberalismo que destaca um outro conjunto de questões a permear os debates o que diz respeito a estados planos e mercados na promoção do desenvolvimento Desenvolvi mento capitalista e estados economicamente ativos são claramente compatíveis Gerschen kron 1962 sugeriu que para os retardatários relativos do desenvolvimento o estado desem penha um papel central no estabelecimento das condições de acúmulo de capital ou adotandoo em setores estratégicos o que faz lembrar a tese da infância da indústria do economista na cional alemão do século XIX Friedrich List 1841 O desenvolvimento econômico do pós guerra foi sem dúvida encarado como respon sabilidade dos estados sob influência do plane jamento abrangente inaugurado na União So viética e do gerenciamento econômico ociden tal em tempo de guerra seguido pela recons trução européia como o Plano Marshall e por políticas influenciadas pelo KEYNESIANISMO O próprio JM Keynes participou do estabeleci mento em Bretton Woods do sistema de ins tituições destinado a regulamentar a economia internacional incluindo o Banco Mundial que teve um envolvimento crucial na promoção do planejamento Waterston 1965 até sua con versão a uma estratégia neoliberal igualmente ambiciosa de reforma estrutural nos anos 80 A extensão e a natureza do papel do estado no investimento no gerenciamento econômico e na provisão social e suas relações com as atividades do capital privado nacional e inter nacional é tema amplo e complexo em si mes mo que se manifesta na própria variedade de resultados do desenvolvimento conduzido pelo estado em países tanto capitalistas quanto so cialistas do Terceiro Mundo As complexidades dessas diferentes experiências e do que é exigi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar desenvolvimento e subdesenvolvimento 199 do para analisálas foram reduzidas pelos suces sos ideológicos ainda que não práticos da doutrina neoliberal de reduzir o estado Isso combina um núcleo seletivo de idéias da eco nomia neoclássica com uma política agressiva que inclui a rejeição da disciplina da economia desenvolvimentista com base no keynesianis mo e no estatismo intrínsecos Lal 1983 Além disso o neoliberalismo apropriouse em parte da bandeira do amplo descontentamento popu lar com a ineficiência econômica do estado sua incapacidade de satisfazer necessidades bási cas sua corrupção e seu autoritarismo em mui tos países do Terceiro Mundo e ganhou novo ímpeto com o dramático colapso do socialismo estatal do Leste Europeu considerado alterna tiva ao capitalismo As atuais condições e perspectivas bem co mo a história econômica lançam dúvida sobre a simplista explicação neoliberal de mercados virtuosos e estados viciosos Ainda que o pla nejamento seja reduzido que as empresas e funções do estado sejam privatizadas e desre gulamentadas e que o comércio externo e inter no seja liberalizado o estado mais magro prescrito tem de ser muito mais eficiente tanto como tecnocracia quanto como agente de con trole social do que vem acontecendo até então no Terceiro Mundo Isso levanta questões a respeito da constituição e das condições dos estados em relação às divisões profundas de classe sexo região e cultura das sociedades cujo desenvolvimento eles tentam orientar bem como em relação às poderosas forças exter nas do sistema mundial Nação classe e sociedade civil Um terceiro conjunto de questões que per meiam o debate portanto diz respeito aos pro cessos sociais e políticos de nação classe e sociedade civil que exercem um efeito crítico sobre a forma como as variáveis macroeconô micas padrão dos programas de desenvolvi mento funcionam na prática sejam elas regimes de taxas cambiais e comércio exterior níveis de poupança prioridades de investimento setorial ou papel do setor público As razões iniciais no Terceiro Mundo para a primazia do estado no desenvolvimento foram a experiência do colonialismo e o temor da dominação neocolonial depois da indepen dência Estado e nação eram quase sinôni mos no momento profundamente nacionalista da descolonização A criação de uma nação coesa ou soerguimento nacional era encara do como tarefa vital para o estado na promoção do desenvolvimento ou inseparável dele Na medida em que as contradições herdadas do subdesenvolvimento foram persistindo de pois do momento triunfal da independência e em que surgiram novas contradições de desen volvimento desigual a análise de classe tornou se mais crucial em geral concebendo a es trutura de classe no capitalismo periférico por meio de seus desvios do capitalismo clássico ou central burguesias dependentes ou burocrá ticas em vez de nacionais massas semipro letarizadas ou marginais em vez de classes operárias Outras abordagens visam transcen der essa concepção um tanto mecanicista abor dando as especificidades e complexidades his tóricas da formação de classes e o modo como esta se entrelaça com outras divisões da socie dade civil em especial as divisões de gênero O feminismo tem exercido um impacto substancial na análise do desenvolvimento e subdesenvolvimento investigando e demons trando os modos pelos quais seus processos constituintes incluindo a formação e repro dução de classes são influenciados pela di ferença de gênero Agarwal 1988 Tem contri buído também para um repensar geral por parte de alguns estudiosos da agenda da teoria e prática do desenvolvimento provocado inter alia pela crítica convergente ao estado de es querda e de direita A agenda que surge centra lizase em questões de agenciamento social que transcendem o dualismo convencional de orientação por parte do estado desacreditada e a alternativa neoliberal do individualismo de mercado para explorar formas de habilitação e de ação pública que expressem e desenvol vam as capacidades de classes e grupos oprimi dos Assim há indícios de uma busca de novas soluções para problemas persistentes de desen volvimento e subdesenvolvimento enraizados nas estruturas patentemente desiguais da eco nomia mundial capitalista e dos diferentes tipos de sociedades que ela abrange Leitura sugerida Cardoso FH e Faletto E 1969 Desenvolvimento e subdesenvolvimento na América Latina Drèze J e Sen A 1989 Hunger and Public Action Edwards C 1985 The Fragmented World Elson D org 1991 Male Bias in the Development Process Kay C 1989 Latin American Theories of Development and Underdevelopment Patnaik P org Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 200 desenvolvimento e subdesenvolvimento 1986 Lenin and Imperialism Post K e Wright P 1989 Socialism and Underdevelopment Sklair L 1991 Sociology of the Global System Toye J 1987 Dilemmas of Development Reflections on the Counter revolution in Development Theory and Policy Wolpe H org 1980 The Articulation of Modes of Production HENRY BERNSTEIN desigualdade Ver IGUALDADE E DESIGUAL DADE desindustrialização Referindose à retra ção da produção eou do emprego no setor fabril da economia esse fenômeno tem recebido aten ção particular no Reino Unido a partir do final dos anos 70 embora um debate mais recente nos Estados Unidos aborde as mesmas ques tões Ainda não se deu o valor suficiente à existência de uma literatura bastante diversa sobre os efeitos desindustrializantes da incor poração dentro dos grandes impérios europeus dos séculos XIX e XX Deixando isso de lado a principal característica da recente discussão sobre desindustrialização tem sido uma confu são generalizada Isso resulta do fato de dois significados serem negligentemente superpos tos De um lado a desindustrialização é encara da como conseqüência natural da mudança de uma sociedade industrial inicial para outra tar dia ou talvez pósindustrial ver SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL O setor terciário deve crescer caso as economias avançadas queiram conser var sua margem competitiva fazendo com que suas indústrias avancem no ciclo de produtos isto é orientandose para bens de tecnologia cada vez mais elevada Nada existe de errado nesse movimento Uma fatia menor do Produto Interno Bruto fornecida pela indústria fabril representa um declínio relativo e não absoluto ou seja a desindustrialização não significa per da de afluência De forma semelhante não há motivo em princípio para que uma redução do emprego no setor secundário não possa ser compensada no setor terciário Por outro lado a desindustrialização refere se a economias que estão se saindo pior do que poderiam devido a causas estruturais variadas A economia britânica sofreu um declínio abso luto na atividade fabril de 1979 a 1987 e exis tem amplos indícios demonstrando que seu de clínio relativo se deveu a outros fatores que não uma industrialização bemsucedida em outros centros Se a GrãBretanha tinha de decair a questão então passa a ser se ela tinha de decair tão abaixo do nível da França da Alemanha e da Itália questões semelhantes estão sendo hoje colocadas a respeito dos Estados Unidos Em geral a explicação para esse mau desempenho resulta de uma combinação de fatores às vezes a criação de vantagem comparativa por meio de ação do estado em outras partes recebe a culpa o mais freqüente é que se dê atenção ao proble ma de tipos variados de rigidez social interna Provavelmente não é por acidente que o declí nio na GrãBretanha e na América do Norte tenha sido tão agudo ambas as nações têm a mesma aversão anglosaxônica pela política industrial e ambas tendem a favorecer as finan ças acima da indústria A esquerda política temse mostrado parti cularmente preocupada com a desindustrializa ção O que tampouco é de surpreender qual quer das formas aqui identificadas reduz a im portância da classe operária manual em cujas atividades tendem a repousar as esperanças pro gressistas A maioria dos planos para reverter a desindustrialização porém é imperfeita por não distinguir entre os dois sentidos aqui des tacados isto é fazemse em geral planos para reconduzir a indústria fabril ao seu antigo auge de glória sem tomar consciência do fato de que um pouco de desindustrialização é inevitável talvez até seja desejável Ver também MUDANÇA TECNOLÓGICA Leitura sugerida Bell D 1974 The Coming of Post Industrial Society Blackaby F org 1979 Deindus trialization Gershuny R e Rowthorn R orgs 1986 The Geography of Deindustrialization Singh A 1977 UK industry and the world economy a case of deindustrialization Cambridge Journal of Econo mics 12 1136 JOHN A HALL despotismo oriental Referindose a uma forma de organização política na qual uma bu rocracia centralizada controla o fornecimento de água e os sistemas de irrigação esse conceito tornouse famoso através de Karl Wittfogel que escreveu um livro exatamente com esse título 1957 mas sua história é complexa e sua refe rência bem mais ampla A palavra despotismo é muito antiga mas em geral se considera que Montesquieu 1749 foi o primeiro a usála sistematicamente para traçar uma diferença entre monarquia e des potismo Enquanto o primeiro sistema de go Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar despotismo oriental 201 verno compreendia certo número de níveis hie rárquicos este último que se acredita caracte rístico da Ásia apresentava um abismo entre o déspota governante e o povo cujos compo nentes eram todos semelhantes no fato de serem nada Muitos outros autores do século XVIII mos traramse interessados pelas sociedades asiáti cas Adam Smith 1776 por exemplo afirmou que o despotismo ligado mais à agricultura do que ao comércio era um tipo de sociedade em estágio inferior de evolução e em grande parte em situação estacionária No século XIX o cen tro da atenção passou do governo e do gover nante para as comunidades aldeãs supostamen te autosuficientes e em grande parte isoladas que constituíam as unidades individuais da so ciedade oriental Com Karl Marx a sociedade oriental tor nouse o sistema asiático É difícil reconstituir o desenvolvimento desse conceito dentro da tradição do marxismo tanto porque as idéias de Marx sobre a evolução das formações sociais mudaram ao longo do tempo quanto porque seus próprios textos sobre esse tópico só se foram tornando disponíveis gradualmente e mesmo assim aos pedaços Em um raciocínio inicial Marx e Engels 18456 propuseram o ponto de vista de que existem vários estágios na divisão social do trabalho que correspondem a formas específicas de propriedade O primeiro estágio é a comuna primitiva na qual toda e qualquer propriedade é possuída comunal mente Disso brota o desenvolvimento de idéias sobre propriedade privada e o contraste entre cidade e campo e entre homem livre e escravo que está ligado à distinção entre o trabalho industrial e comercial e o trabalho agrícola e daí ao surgimento da antiga cidadeestado O terceiro estágio da propriedade é a posse feudal Como isso não implica a concentração da po pulação em cidades porém é discutível se o feudalismo sucede a antiga cidadeestado ou se é um caminho alternativo de saída da comuna primitiva O próximo estágio é o capitalismo emergindo das contradições econômicas do feudalismo Depois de dez anos de novas e intensas pesquisas Marx modificou essa versão de pe riodização histórica Em uma parte dos Grund risse 18578 publicados pela primeira vez so mente em 1953 e publicados em inglês como Precapitalist Economic Formations 1964 Marx estabeleceu um tratamento mais elabora do dessa questão Nele o sistema asiático não mencionado no esquema anterior tornouse um dos três caminhos de saída alternativos da co muna primitiva ao lado dos sistemas antigo e germânico Aqui Marx também chamou a aten ção para uma diferença entre as formações so ciais que resistem e as que favorecem a evolu ção histórica Hobsbawn 1964 p33 sendo a sociedade oriental um exemplo claro do pri meiro caso A essa altura portanto é evidente que Marx já não nutria uma simples teoria unilinear da evolução Na comuna primitiva a terra fornece os meios e os materiais do trabalho e os homens encaramse como seus proprietários comu nais Marx Grundrisse p69 Em semelhante forma social os frutos da natureza constituem uma precondição da existência mas não são eles próprios o produto do trabalho antes afi guramse como uma precondição natural e di vina concebida como uma espécie de unidade sobre e acima do grupo O sistema asiático encarado como a forma mais elementar de es tado está apenas um passo além da comuna primitiva pois a unidade divina assume a forma substancial de um déspota governante tido co mo representante ou reencarnação do divino A unidade mais elevada assim assume o lugar do pai das comunidades menores e se revela como o único proprietário a quem o excedente do trabalho é doado como tributo Objetiva mente na medida em que a propriedade ainda é possuída comunalmente a forma asiática é um estado sem classes ou pelo menos sem o efeito corrosivo das classes ver Bloch 1985 p112 e daí estagnado Os estados asiáticos podem decair e reformarse no nível mais ele vado mas a organização social das comuni dades de aldeia permanece imune à turbulência das mudanças nas dinastias governantes Com a adoção na União Soviética de um materialismo histórico simplista e unilinear no qual as várias formas de sociedade eram tidas como sucedendo umas às outras através da dinâmica da luta de classes a noção de um despotismo oriental estagnado sociedade asiá tica colocava um importante problema teórico e político Boa parte dos primeiros trabalhos dos pensadores soviéticos foi dedicada à rein terpretação dessa forma social como realmente uma versão do feudalismo e o fato de Engels não haver mencionado a sociedade asiática em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 202 despotismo oriental A origem da família da propriedade privada e do estado 1884 tornou a tarefa desses pensa dores um pouco mais fácil Despotismo oriental de Karl Wittfogel co mo uma teoria da sociedade hidráulica afir ma que as condições ecológicas especiais da Ásia tornam a irrigação em grande escala por meio de canais e os sistemas de água a base necessária da agricultura o que também exige a interferência de uma burocracia centraliza da para coordenar o controle da água Isso se consolida em sistemas políticos despóticos nos quais a elite governante se apropria de um excedente dos produtores primários e possui o monopólio do poder militar Nesses sistemas as comunidades aldeãs locais permanecem ato mizadas e culturalmente distantes de seus suse ranos Despotismo oriental também é digno de no ta por sua ampla polêmica contra a Rússia stalinista Segundo Wittfogel tanto Lenin quanto Stalin ignoraram e suprimiram o concei to do sistema asiático mesmo Marx o tendo enfatizado pois tinham consciência de que a Rússia se encontrava ela própria em semelhante estágio de evolução e não queriam dar destaque à possibilidade de que um estado comunista pudesse assumir o caráter de despotismo No que dizia respeito a Wittfogel Stalin não pas sava de mais um na longa linhagem de déspotas orientais Embora muito influente o trabalho de Witt fogel tem sido amplamente criticado Um pro blema óbvio é que existem muitos estados do Sudeste Asiático baseados na produção do arroz por irrigação mas aos quais faltam burocracias efetivas e centralizadas Outra crítica é que a ligação de uma forma específica de sociedade a uma área geográfica particular e a um tipo de cenário ecológico parece limitar a aplicação universal da teoria marxista sobre a evolução das formações sócioeconômicas Com a recente publicação dos Grundrisse e outras das obras tardias de Marx o debate no Ocidente concentrase hoje em dia nas questões a respeito das condições para o surgimento de estados a natureza das classes nas sociedades précapitalistas e o simbolismo do poder do estado Mais recentemente a idéia de que a sociedade oriental constitui um objeto de es tudo específico e coerente passou a sofrer um questionamento intenso Said 1978 Ver também ESTADO MODO DE PRODUÇÃO Leitura sugerida Bailey AM e Llobera JR 19745 The Asiatic mode of production Critique of Anthro pology 2 95103 45 16576 Ο 1979 Karl Wittfogel and the Asiatic mode of production a reppraisal Sociological Review 27 54159 Geertz G 1980 Negara The Theatre State in NineteenthCentury Bali Hindess B e Hirst P 1975 Precapitalist Modes of Production Krader L 1975 The Asiatic Mode of Production Mitchell W 1973 The hydraulic hypo thesis a reappraisal Current Anthropology 14 5324 Service E 1975 The Origins of the State and Civili zation Steward J 1977 Evolution and Ecology Winzeler R 1976 Ecology culture social organiza tion and state formation in Southeast Asia Current Anthropology 17 62340 LEO HOWE determinismo Esta noção é normalmente compreendida como a tese de que para tudo que acontece existem condições tais que uma vez dadas nenhuma outra coisa poderia ter aconte cido Na influente formulação filosófica articu lada por David Hume e JS Mill isso aparece como teoria da regularidade determinista ou seja de que para cada evento x existe um con junto de eventos y1 yn tais que se conjugam regularmente sob algum conjunto de descri ções Neste século pelo menos até bem recente mente assumiuse de maneira geral que isso continua sendo válido na natureza com exce ção da mecânica dos quanta onde tudo indica ser impossível determinar simultaneamente a posição e o momentum de partículas elemen tares No entanto PT Geach e GEM Ans combe nos anos 60 expressaram reservas a esse respeito Nos anos 70 de forma mais sis temática o mesmo foi feito por R Bhaskar Este afirmou que uma reflexão sobre as condições em que os resultados deterministas são efetiva mente possíveis a partir do que o determinis mo como tese metafísica deriva a sua plausi bilidade indica que com exceção de uns pou cos contextos fechados especiais estabe lecidos de forma experimental ou ocorrendo naturalmente as leis estabelecem limites impõem restrições ou funcionam como ten dências em vez de prescreverem resultados fixados de forma única Em particular têm um caráter nãoempírico e de norma e são consis tentes com situações de controle dual e múlti plo determinação múltipla e plural complexi dade surgimento e intermediação humana por exemplo na atividade experimental A partir dessa perspectiva as leis não são efetivas ou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar determinismo 203 contingentes mas necessárias e reais pro priedades de mecanismos e não conjunções de eventos E o único sentido no qual a ciência pressupõe o determinismo é o sentido nãohu meano nãolaplaciano de determinismo da ubiqüidade isto é a ubiqüidade de causas reais mas talvez não necessariamente inteligíveis incluindo causas de diferenças e daí a pos sibilidade por mais remota que seja de expli cações estratificadas O determinismo como normalmente compreendido pode portanto ser considerado uma noção que repousa em uma ontologia ingênua e factualista de leis e em particular no erro de se supor que um evento porque foi levado a acontecer estava destina do a acontecer antes de ter sido causado uma confusão entre determinação ontológica e predeterminação epistemológica Nem é o caso de dizer que as relações de geração natural são logicamente transitivas Assim não é o caso de se dizer que porque S1 produziu S2 e S2 produziu S3 S1 produziu S3 se por exem plo S2 possui poderes emergentes ou o sistema em que S3 se formou é aberto ou o processo é estocástico O desenvolvimento da teoria da catástrofe e do caos representou mais um golpe no determinismo de regularidade ilustrando que sistemas dinâmicos nãolineares podem produzir resultados altamente irregulares caó ticos e imprevisíveis Ver também PREVISÃO A relativa raridade de resultados determinis tas e a complexidade de agentes têm impli cações para a questão do livrearbítrio A posi ção predominante na primeira metade do século era a compatibilista segundo a qual o livre arbítrio pressupõe o determinismo Sob a in fluência de Gilbert Ryle John Austin o último Wittgenstein F Waismann P Strawson e S Hampshire a visão do senso comum de que o determinismo representa uma ameaça aos nos sos conceitos normais de mediação ver AÇÃO E MEDIAÇÃO escolha e responsabilidade costu mava de maneira geral reconciliarse com um contínuo compromisso com o determinismo no nível físico na doutrina de que os conceitos anteriores funcionavam em um nível lógico estrato lingüístico ou jogo lingüístico diferente Mas uma vez descartado o factualismo a pos sibilidade de uma rejustificação naturalista da mediação humana da CAUSALIDADE de motivos e a potencial aplicabilidade do atributo livre aos agentes suas ações e situações está mais uma vez aberta Tem havido muita controvérsia no século XX a respeito de o marxismo ser uma teoria determinista no sentido de que toma os resulta dos como sendo a inevitáveis eou b previ síveis eou c predestinados Isso não tem co mo ser discutido aqui ver o verbete determi nismo em Bottomore et al 1983 a não ser para observar que existem bons motivos filosó ficos e históricos para não se tratar o programa de pesquisa marxista como determinista em nenhum desses sentidos Leitura sugerida Anscombe GEM 1971 Causality and Determination Bhaskar Roy 1975 1978 A Realist Theory of Science 2ªed Kamminga H 1990 Understanding chaos New Left Review 181 Mel den AI 1961 Free Action Polanyi M 1967 The Tacit Dimension ROY BHASKAR dialética Em seu sentido mais geral dialética passou a significar qualquer processo mais ou menos intricado de conflito interconexão e transformação conceitual ou social no qual a geração interpenetração e conflito de oposi ções levando à sua transcendência em um mo do mais pleno ou mais adequado de pensamento ou forma de vida desempenha um papel cru cial Mas a dialética é um dos conceitos mais antigos complexos e contestados em todo o pensamento filosófico e social A controvérsia no século XX contudo tem girado em torno de duas figuras do século XIX Hegel e Marx Existem duas inflexões da dialética em He gel a como processo lógico b em sentido mais restrito como o dínamo desse processo a Em Hegel o princípio do idealismo a compreensão especulativa da realidade como espírito absoluto une duas antigas correntes de dialética a idéia eleática de dialética como razão e a idéia jônica de dialética como proces so na noção de dialética como processo da razão autogerador autodiferenciador e auto particularizante Esse processo se efetiva alie nandose e restaura sua autounidade através do reconhecimento dessa alienação como nada além de sua própria livre expressão ou manifes tação processo que é recapitulado e comple tado no próprio Sistema Hegeliano b O motor desse processo é a dialética concebida de maneira mais restrita o segundo momento essencialmente negativo de pensa mento efetivo a que Hegel chama a apreen são de opostos em sua unidade ou do positivo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 204 dialética no negativo Esse é o método que permite ao comentarista dialético observar o processo atra vés do qual categorias noções ou formas de consciência brotam umas das outras para for mar totalidades cada vez mais inclusivas até que o sistema como um todo esteja completo Para Hegel a verdade é o todo e o erro reside na unilateralidade na incompletude e na abs tração seu sintoma são as contradições que ele gera e sua cura é a incorporação dessas tradições a formas mais plenas mais ricas mais concretas e altamente mediadas No decorrer desse pro cesso observase o famoso princípio de subla ção à medida que a dialética se desdobra ne nhuma percepção parcial jamais se perde De fato a dialética hegeliana avança de dois modos básicos trazendo à luz o que está implícito mas não explicitamente articulado em alguma no ção ou remediando alguma falta insuficiência ou inadequação dessa noção O pensamento dialético em contraste com o reflexivo ou analítico apreende formas conceituais em suas interconexões sistemáticas e não apenas em suas diferenças determinadas e concebe cada desenvolvimento como o produto de uma fase prévia menos desenvolvida da qual ele é a necessária verdade ou o necessário cumprimen to de forma que existe sempre alguma tensão ironia latente ou surpresa incipiente entre qual quer forma e o que se encontra no processo de vir a ser No início do século os idealismos absolutos de FH Brandley e J McYaggart na GrãBreta nha e de J Royce nos Estados Unidos exerce ram grande influência Benedetto Croce desen volveu uma forma de hegelianismo na Itália durante os anos do entreguerras As leituras humanísticas de A Kojève e Jean Hyppolite especialmente da Fenomenologia do espírito de Hegel nos anos 30 ajudaram a formar toda uma geração de intelectuais franceses em par ticular incluindo JeanPaul Sartre J Findlay nos anos 50 e Charles Taylor na década de 70 foram importantes na preparação do caminho para uma rerecepção de Hegel no apogeu e na seqüência da hegemonia filosófica positivista no mundo de língua inglesa Quatro grandes questões têm dominado a controvérsia intelectual a respeito da dialética na tradição marxista 1 a diferença entre as dialéticas de Marx materialista e de Hegel 2 o papel da dialética na obra de Marx e de forma mais ampla em qualquer ciência social marxis ta 3 a compatibilidade da dialética com a LÓGICA formal o materialismo a prática cientí fica e a racionalidade de modo geral e 4 o status da tentativa de Engels de estender a dia lética de Marx para além do âmbito social a fim de abranger a natureza e a totalidade do ser de maneira geral As três ênfases mais comuns do conceito na tradição marxista são quanto a a o método de maneira mais geral o método científico ilus trando a dialética epistemológica b um con junto de leis ou princípios governando algum setor ou o todo da realidade a dialética ontoló gica e c o movimento da história dialética relacional Todas as três podem ser encontradas em Marx Mas seus paradigmas são os comen tários metodológicos de Marx em O capital a filosofia da natureza exposta por Engels no AntiDühring e o hegelianismo superando He gel do primeiro György Lukács em História e consciência de classe textos que podem ser encarados como os documentos fundadores da ciência social marxista do MATERIALISMO DIALÉTICO e do marxismo ocidental respec tivamente Existe uma consistência notável nas críticas de Marx a Hegel de 1843 e 1873 Essas voltam se formalmente contra as inversões sujeito predicado de Hegel seu princípio de identidade implicando a redução do ser a pensamento e seu misticismo lógico implicando a redução da ciência a FILOSOFIA e substantivamente contra a impossibilidade de Hegel de sancionar a autonomia da natureza e a historicidade das formas sociais Mas uma reavaliação positiva definida da dialética hegeliana ocorre a partir do momento dos Grundrisse 185758 Infeliz mente Marx nunca realizou o seu desejo de tornar acessível à inteligência humana co mum em duas ou três folhas impressas aquilo que é racional no método que Hegel descobriu e ao mesmo tempo mistificou Todos os in dícios no entanto parecem deixar claro que Marx achava possível extrair parte da dialética hegeliana sem ser comprometida pelo idealis mo de Hegel contrariando tanto a visão neofichteana dos Jovens Hegelianos e de En gels de que uma extração completa de método a partir de sistema é viável quanto a posição de críticos de orientação positivista de Eduard Bernstein a Lucio Colletti de que a dialética é inseparável do idealismo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar dialética 205 Marx compreendia a sua dialética como científica pois ela se determinava a explicar as contradições no pensamento e as crises da vida sócioeconômica em termos das relações es senciais particulares e contraditórias que as geravam como histórica pois estava ao mes mo tempo enraizada em mudanças nas próprias relações e circunstâncias que descrevia e era um agente delas de forma condicional como crí tica pois demonstrava as condições históricas de validade e os limites de adequação das cate gorias doutrinas e práticas que explicava e como sistemática pois buscava reconstituir as variadas tendências e contradições históricas do capitalismo até certas contradições estrutural mente constitutivas do seu modo de produção Dentre estas as mais importantes são as contra dições entre o valor de uso e o valor de mercado e entre os aspectos útil e concreto e social e abstrato do trabalho que a mercadoria incorpo ra Essas contradições junto com as outras con tradições estruturais e históricas que elas fun damentam são tanto a oposições inclusivas reais no sentido de que os termos ou pólos das contradições pressupõem existencialmente uns aos outros quanto b relacionadas interna mente a uma forma mistificadora de aparên cia Essas contradições dialéticas não violam o princípio de nãocontradição pois podem ser descritas de forma consistente nem tampouco são cientificamente absurdas pois a noção de representação errônea e invertida ou mistifi cadora de um objeto real gerada pelo objeto em questão é prontamente acomodada dentro de uma ontologia nãoempirista estratificada na qual o pensamento é incluído dentro da realidade e não hipostasiado As três posições mais comuns sobre a dialé tica são a de que ela é uma tolice ininteligível de que é universalmente aplicável e de que é aplicável ao domínio natural eou social mas não ao domínio natural Engels imprimiu sua autoridade à segunda posição a universalista Não existe problema a esse respeito para Hegel para quem a realidade é pensamento e a lógica dialética ontológica Mas parece que qualquer equação desse tipo deve ser problemática para um realista comprometido com a noção da exis tência da natureza independente do pensamento e para um materialista comprometido com a noção de sua primazia causal No entanto En gels sobrescrevendo ambos esses compromis sos conseguiu levar a dialética em seu sentido essencialmente hegeliano e buscou aplicála ao ser como um todo Se Marx por um lado nunca repudiou a cosmologia de Engels sua própria crítica da economia política não pressupõe nem acarreta uma dialética da natureza e sua crítica do apriorismo implica o caráter a posteriori e específico do sujeito das afirmações a respeito da existência de processos dialéticos bem co mo de outros tipos de processos na realidade A própria suposição de uma dialética da natureza pareceu a toda uma linha de críticos de Lukács a Sartre categoricamente equivoca da na medida em que implica antropomorfica mente e portanto idealisticamente uma retro jeção na natureza de categorias tais como con tradição e negação que só fazem sentido no âmbito humano Tais críticas não negam que a ciência natural como parte do mundo sócio histórico possa ser dialética o que está em questão é se pode haver uma dialética da natu reza por si só Obviamente existem diferenças entre as esferas natural e social Mas seriam essas diferenças específicas mais ou menos im portantes do que suas semelhanças genéricas Na verdade o problema da dialética da natureza reduzse a uma variante do problema geral do NATURALISMO o modo como esse problema é resolvido dependendo de a dialética ser conce bida de forma suficientemente ampla e o mundo humano de forma suficientemente naturalista para tornar plausível sua extensão à natureza Mesmo então não se deve esperar necessaria mente uma resposta unitária pode haver polaridades dialéticas e oposições inclusivas na natureza mas não inteligibilidade ou razão dia léticas Tanto em Engels quanto em Lukács a his tória foi efetivamente esvaziada de substância em Engels ao ser interpretada de forma objetivista em termos das categorias de um processo universal em Lucáks ao ser concebi da de forma subjetivista como tantos momen tos ou mediações de um ato de autorealização finalizante e incondicionado que era o seu fun damento lógico Apesar dessas falhas originais as tradições tanto do materialismo dialético quanto do marxismo ocidental têm produzido no século XX algumas figuras dialéticas notá veis Dentro do marxismo ocidental além da própria dialética de Lucáks de autoconsciência histórica ou dialética sujeitoobjeto existem as contradições teoriaprática de Antonio Grams ci essênciaexistência de Herbert Marcuse e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 206 dialética aparênciarealidade de Colletti todas de prove niência mais ou menos diretamente hegeliana Em Walter Benjamin a dialética representa a descontinuidade e o aspecto catastrófico da his tória em Marc Bloch é concebida como fanta sia objetiva em Sartre está enraizada na inteli gibilidade da atividade totalizante do próprio indivíduo em Henri Lefèbvre significa o obje tivo da humanidade desalienada Entre os mar xistas ocidentais mais antihegelianos incluin do Colletti a dialética de Della Volpe consiste essencialmente em um pensamento nãorígido nãohipostasiado enquanto a dialética de Althusser representa a complexidade préfor mação ou sobredeterminação das totalida des Equilibrado entre os dois campos Theodor Adorno enfatiza por um lado a imanência de toda a crítica e por outro o pensamento de nãoidentidade Enquanto isso dentro da tradição materia lista dialética a terceira lei de Engels a negação da negação foi retirada sem a menor cerimônia por Stalin da ideologia oficial da União Sovié tica e a primeira lei a transformação de quan tidade em qualidade e viceversa foi relegada por Mao Tsétung na China a um caso especial da segunda a interdependência de opostos a qual a partir de Lenin aliviou propriamente a maior parte da carga da dialética É certo que havia boas credenciais materialistas bem como motivos políticos para esses movimentos A negação da negação é o meio pelo qual Hegel dissolve um ser determinado na infinidade Por outro lado como destacou Maurice Godelier os materialistas dialéticos raramente aprecia ram as diferenças entre a unidade de Marx e a identidade de opostos hegeliana Dentro dessa tradição Mao é digno de nota por uma série potencialmente frutífera de distinções entre contradições antagônicas e nãoantagônicas contradições principais e secundárias aspectos principais e secundários de uma contradição e assim por diante e por enfatizar como Lenin e Trotsky a natureza combinada e desigual de seu desenvolvimento Através de sua história longa e complexa cinco correntes básicas de significado se des tacam na dialética todas ocupando o primeiro plano em diferentes ocasiões no século XX 1 contradições dialéticas implicando oposições inclusivas ou forças de origens nãoindependentes 2 argumentação dialética orientada para a busca de ideais fundamentáveis 3 razão dialética que abrange todo um leque de conotações indo do pensamen to imaginoso e conceitualmente flexível que sob a disciplina de restrições empí ricas lógicas e contextuais desempenha um papel tão crucial no desenvolvimento científico através do esclarecimento e da desmistificação até a racionalidade pro funda da PRÁXIS emancipatória 4 processo dialético implicando um es quema de unidade original disjunção histórica e eventual retorno que é um motivo recorrente e profundamente en raizado no pensamento ocidental 5 inteligibilidade dialética compreenden do a apresentação de origem tanto teleo lógica em Hegel quanto causal em Marx de formas sociais e culturais in cluindo crenças e sua crítica explanató ria Leitura sugerida Adorno Theodor 1966 1973 Ne gative Dialetics Althusser Louis 1965 1969 Pour Marx Anderson Perry 1976 Considerations on Western Marxism Bhaskar Roy 1992 Dialetic Col letti Lucio 1975 Marxism and the dialetic New Left Review 93 Lukács György 1923 1971 History and Class Consciousness Rosen Michael 1982 Hegels Dialetic and its Criticism Stedman Jones Gareth 1973 Engels and the end of classic German philo sophy New Left Review 79 Taylor Charles 1975 Hegel ROY BHASKAR dialético materialismo Ver MATERIALISMO DIALÉTICO diferenciação social O conceito referese ao reconhecimento e à constituição como fatos sociais de diferenças entre grupos ou categorias particulares de indivíduos Nem todas as ca racterísticas individuais são diferenciadas dessa maneira mas muitas o são de diversos modos em diferentes sociedades e com variados graus de rigor às vezes codificados em lei Entre os tipos mais significativos de diferenciação en contramse aqueles entre os sexos entre grupos etários especialmente importantes nas socie dades tribais primitivas entre grupos étnicos e lingüísticos entre categorias profissionais e en tre classes e grupos de status Em escala mun dial através da história as distinções entre gru pos tribais comunidades políticas distintas im Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar diferenciação social 207 périos e estadosnações modernos bem como entre adeptos das principais religiões mundiais ou das inúmeras crenças menores que delas brotaram têm sido uma força poderosa na união dos grupos humanos e ao mesmo tempo em separálos de outros grupos freqüentemente levandoos a conflitos entre si Embora a diferenciação social dentro de sociedades ou tipos de sociedades particulares seja há muito tempo tema de comentário por parte de filósofos mestres religiosos por exemplo em explicações das origens do sistema de castas hindu ou da hierarquia feudal e pensadores políticos ela só foi estudada sistematicamente a partir do final do século XVIII e mais particu larmente no século XIX quando passou a estar cada vez mais ligada ao desenvolvimento eco nômico e à especialização das profissões As sim Adam Smith expôs não apenas as conse qüências econômicas da expansão da divisão do trabalho mas também os seus efeitos na deter minação das características dos estilos de vida dos indivíduos e Herbert Spencer pos teriormente concebeu a divisão do trabalho como o elemento básico na diferenciação so cial fazendo remontar seu desenvolvimento à especialização de funções em todas as áreas da vida social De forma semelhante Karl Marx baseou sua teoria das classes em uma análise da divisão do trabalho em diferentes modos de produção ao mesmo tempo distinguindo entre uma divisão social do trabalho implicando a propriedade ou a nãopropriedade dos meios de produção e uma divisão técnica do trabalho dentro do processo produtivo ver MARXISMO Por um outro aspecto Émile Durkheim 1893 enfatizou a importância da divisão do trabalho como a fonte do individualismo que caracteriza as sociedades modernas Sem dúvida o tipo de sistema econômico e a divisão do trabalho são fatores importantes na criação da diferenciação social dentro de socie dades e em muitos casos entre elas como por exemplo na atual relação entre os países indus triais avançados e o Terceiro Mundo mas se reconhece de maneira geral que estão longe de ser os únicos fatores O autor que destacou de maneira mais clara a complexidade da dife renciação social nas sociedades modernas foi Georg Simmel Em seu volume de ensaios über soziale Differenzierung 1890 e em outras obras ele examinou a grande variedade de in fluências que contribuíram para o crescimento do individualismo e a diversificação de grupos sociais nos países da Europa Ocidental durante o século XIX o rápido desenvolvimento de uma economia monetária o crescimento das cidades a mobilidade dos indivíduos e o surgi mento de novos interesses sociais e culturais Em particular a vida na cidade fornecia o es tímulo de perspectivas intelectuais e culturais diversas e competitivas das quais novos tipos de diferenciação podiam novamente surgir en quanto o crescimento do número de associações e círculos sociais de todos os tipos permitia aos indivíduos desenvolver aspectos específi cos de seu caráter e propósitos No século XX esses processos têm tido con tinuidade ainda que sendo afetados em certo grau por tendências opostas surgidas a partir do desenvolvimento da SOCIEDADE DE MASSA Ao mesmo tempo dois outros tipos de diferencia ção social os de sexo e os de raça origem étnica ou nacionalidade têm adquirido proe minência bem maior no pensamento social Em todas as sociedades humanas homens e mu lheres têm sido tratados de forma diferente em geral sem eqüidade e muitos cientistas sociais do século XIX entre eles Marx e Spencer apontaram que a divisão econômica do trabalho começou com a divisão de tarefas entre os sexos fonte de muitas diferenças sociais e cul turais posteriores incluindo o domínio mascu lino na vida política Nas novas sociedades industriais do século XIX ainda eram negados às mulheres muitos direitos sociais e políticos básicos embora esses direitos fossem sendo lentamente adquiridos em sociedades mais mo dernas persistem formas variadas de diferen ciação injusta ver GÊNERO A diferenciação por raça ou origem étnica é também uma característica importante das so ciedades modernas e distinções semelhantes ocorrem em muitas sociedades póscoloniais e multitribais do Terceiro Mundo Nos países industriais porém em parte como legado do colonialismo mais particularmente no período do pósguerra como conseqüência da imigra ção em grande escala essa diferenciação está freqüentemente associada a uma substancial desigualdade econômica e social e a manifes tações de RACISMO A diferenciação em termos de sexo ou raça está ligada a diferenças bioló gicas como acontece com a diferenciação por grupo etário mas as distinções sociais que são feitas surgem de forma independente e onde se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 208 diferenciação social enfatizam os fatores biológicos isso visa sem pre estabelecer ou reforçar algum tipo de desi gualdade Nacionalidade no sentido de língua e cultura características é um importante fator de diferenciação nos estadosnações que incor poram minorias nacionais e também nesse caso isso em geral implica desigualdade de trata mento mas é igualmente uma fonte de movi mentos separatistas Os casos que acabamos de considerar reve lam como importante aspecto da diferenciação social o fato de ela estar quase que invariavel mente associada à ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL As desigualdades de poder riqueza e prestígio so cial em suas diversas formas são aspectos fundamentais do processo de diferenciação ver ELITES TEORIA DAS e precisam ser considerados em relação ao individualismo das sociedades modernas A esse respeito a análise da dife renciação social contribui grandemente para a compreensão da relação entre indivíduo e so ciedade Os indivíduos com toda a sua série de qualidades pessoais não ocupam posições neu tras e desestruturadas na sociedade mas nas cem dentro de grupos e categorias particulares e distintos que em muito contribuem para de terminar seu caráter e perspectiva ou suas opor tunidades e realizações O grau em que cada indivíduo é capaz de moldar um estilo de vida pessoal e satisfatório depende em grande parte como Simmel Durkheim e Marx afirmaram cada qual à sua maneira do sistema de dife renciação social e de suas mudanças especial mente na esfera econômica Leitura sugerida Durkheim Émile 1893 1984 The Division of Labour in Society North CC 1926 So cial Differentiation Simmel Georg 1890 Über so ziale Differenzierung soziologische und psycholo gische Untersuchungen Tönnies Ferdinand 1887 1955 Community and Association TOM BOTTOMORE dinheiro Este fenômeno cotidiano é o fato social supremo da sociedade moderna Apesar disso a teoria social do dinheiro é negligencia da pela maior parte dos cientistas sociais Esse descaso ocorre porque o dinheiro foi reduzido a um instrumento racional visto alternadamen te como meio de troca ver ECONOMIA NEOCLÁS SICA ou como meio de comunicação ver ESCO LA AUSTRÍACA DE ECONOMIA O desenvolvimen to histórico as formas de existência e os modos de operação do dinheiro foram reduzidos às suas funções econômicas e sociais sendo a sua função básica identificada convencionalmente com o seu papel como meio de troca Embora divirjam na especificação dessas funções e no relacionamento hierárquico proposto entre elas as várias teorias sobre o dinheiro têm em co mum a dissolução da especificidade deste como fenômeno social reduzindoo a um meio de representação de fenômenos nãomonetários No entanto ao enfatizar a simetria de relações de troca como base da racionalidade instrumen tal do dinheiro essas teorias deixam de lado a assimetria social das relações de dominação através das quais o dinheiro se afirma não como mero símbolo mas como força social autôno ma A concepção predominante do dinheiro re monta pelo menos a Aristóteles que explicou seu surgimento em termos da inconveniência do escambo ou da permuta definindo sua fun ção básica pelo seu papel como meio de troca mas reconhecendo também suas funções deri vativas como a medida de valor e pelo menos implicitamente também como reserva de va lor O desenvolvimento posterior da teoria mo netária acrescentou notavelmente pouco à aná lise de Aristóteles O debate principal foi trava do entre os que insistiam em que o dinheiro devia ter ele próprio um valor e os que afirma vam que as formas primitivas de dinheiro como mercadoria podiam ser substituídas por formas puramente simbólicas cujo valor seria determi nado por convenção e para alguns endossado pelo estado Esse debate superpôsse àquele entre os que seguem Aristóteles encarando a função dos meios de troca como básica e os hereges que atribuíam primazia a outras fun ções do dinheiro O significado político do de bate concentrase na teoria quantitativa do di nheiro se a função básica do dinheiro é como meio de troca um aumento em sua oferta levará a preços mais elevados Se sua função básica é como valor de reserva um aumento na sua oferta levará a uma queda nas taxas de juros Adam Smith 1776 seguindo David Hume 1752 lançou as bases da economia moderna ao reafirmar a ortodoxia aristotélica contra a heresia mercantilista que encarava a função básica do dinheiro no seu papel como reserva de valor A teoria estatal do dinheiro de Knapp 1905 enfatizava a primazia da função deste como meio de pagamento validada por seu status de moeda legal Keynes 1930 se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar dinheiro 209 guiu Knapp enfatizando a primazia da moeda de cálculo sobre o dinheiro como meio de troca No entanto nem os mercantilistas nem Knapp desenvolveram uma teoria sistemática do dinheiro que contestasse a ortodoxia clás sica enquanto Keynes não desenvolveu as im plicações de suas percepções indubitáveis res tringindose à análise dos motivos para se ter o dinheiro como a base da sua teoria dos juros e do emprego 1936 Assim a teoria de Keynes foi logo reabsorvida na ortodoxia clássica sob a forma da síntese neoclássica a primazia da função do dinheiro como valor de reserva ex pressa na teoria keynesiana da preferência pela liquidez sendo reduzida a um desvio irracional do funcionamento normal do sistema monetá rio baseado na primazia do dinheiro como meio de troca Os economistas não foram tão ingênuos ao ponto de acreditar que sua teoria é adequada à realidade cotidiana de uma sociedade em que o dinheiro é de forma transparente não apenas um instrumento racional mas também tanto substância quanto o símbolo de riqueza de status e de poder Não obstante a irraciona lidade associada a um sistema monetário desen volvido é tratada como fenômeno patológico distinguível em princípio da normalidade in corporada no sistema ideal das teorias dos eco nomistas a ser explicado por sociólogos e psi cólogos sociais ou até mesmo por teólogos e filósofos morais Tal irracionalidade explicase não em termos da irracionalidade objetiva da sociedade capitalista mas em termos da ir racionalidade subjetiva dos agentes sociais que é convocada a explicar todos os males da socie dade moderna o ciclo comercial o desem prego em massa a pobreza persistente a desi gualdade crescente o abuso de poder o con flito industrial e a decadência urbana tudo isso resulta da impossibilidade dos seres humanos de viverem à altura dos ideais de racionalidade incorporados nas teorias dos economistas A sociologia apesar de toda a sua preocupa ção com as dimensões nãoracionais da ação social não representou um desafio efetivo à or todoxia dos economistas Weber 192122 concordou sem questionamentos com a concepção dos economistas do dinheiro como o instrumento e meio de expressão da raciona lidade econômica Parsons 1967 foi além encarando a concepção do dinheiro pelos eco nomistas como um modelo para a análise de outros subsistemas sociais considerados como sistemas de troca simbólica abordagem que foi ainda mais desenvolvida na concepção pós modernista da sociedade como rede de comu nicações Habermas 1981 Luhmann 1983 1984 cf Ganssmann 1988 ver MODERNISMO E PÓSMODERNISMO na qual dinheiro é análogo ao signo lingüístico concepção que leva a teo ria do dinheiro a dar a volta completa uma vez que a teoria do signo de Saussure 1916 ins pirouse na concepção do dinheiro apresentada pelos economistas Os sociólogos não têm ignorado os aspectos irracionais do dinheiro nem se contentado com a concepção psicológica dos economistas sobre tal irracionalidade Não obstante os sociólogos seguiram os economistas ao encarar tal irra cionalidade como fenômeno patológico como instituição social cuja função básica de servir como instrumento racional adquire significa dos secundários que podem subverter seu pro pósito original A Filosofia do dinheiro 1907 de Simmel a única contribuição sociológica séria à teoria do dinheiro é um estudo brilhante da influência permeadora do dinheiro na vida social mas a irracionalidade de uma sociedade dominada pelo dinheiro é atribuída a uma me tafísica universal o processo psicológico atra vés do qual meios e fins acabam sendo inverti dos Assim o aspecto essencial do dinheiro numa sociedade capitalista o de poder servir como um meio apenas por ser o fim supremo é atribuído a um processo psicológico mis terioso que precisa ser invocado devido à desig nação original e errônea do dinheiro como o instrumento da razão O único teórico social a contestar sistema ticamente a concepção ortodoxa do dinheiro foi Karl Marx Até recentemente as interpretações da teoria do dinheiro estabelecida por Marx permaneceram dentro do quadro funcionalista insistindo em geral em que a função básica do dinheiro reside em seu papel como a forma de valor independente e portanto como capital Essa concepção do dinheiro está de acordo com a concepção marxista do capitalismo como uma sociedade baseada não na troca e na comuni cação mas na EXPLORAÇÃO e no domínio cujo desenvolvimento é determinado não pelas ne cessidades e aspirações humanas mas pela acu mulação de capital Essa teoria leva os marxis tas a afirmar que a irracionalidade substantiva da sociedade capitalista é inseparável de sua Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 210 dinheiro racionalidade formal e mais fundamental do que esta No entanto isso não define uma teoria do dinheiro caracteristicamente marxista va lidando a visão ortodoxa de Marx como um herege menor cujas teorias monetárias eram derivativas e cheias de falhas Dentro da interpretação funcionalista de Marx o dinheiro permanece sendo um ins trumento não um instrumento da razão mas do capital A irracionalidade do dinheiro não é inerente ao dinheiro mas reside fora de si mes ma nas relações sociais que o dinheiro serve para simbolizar O que fica implícito e nisto se agarrou o movimento reformista no bloco soviético é que o dinheiro é socialmente neutro e pode servir como instrumento de pla nejamento socialista da mesma forma como serve de instrumento de exploração capitalista A publicação das primeiras obras de Marx e dos Grundrisse abriu o caminho para uma in terpretação alternativa e mais radical da teoria marxista que atribui um papel crucial à sua crítica do dinheiro Essa abordagem representa uma convergência da análise da formavalor que teve como pioneira a Alemanha e do di nheiro como modo de dominação que teve como pioneiro o movimento italiano de auto nomia no início dos anos 70 Backhaus 1969 Negri 1972 Essa interpretação reverte a rela ção convencional entre forma e função en carando as funções do dinheiro como derivadas das propriedades do dinheiro enquanto forma social particular Essa abordagem rejeita a dis tinção analítica entre o sistema real e o sis tema monetário a qual marca tanto a economia ortodoxa quanto o marxismo ortodoxo e que surge de forma invertida nas teorias pósmo dernistas O dinheiro não simboliza uma rela ção real que esteja por trás dele E menos ainda constitui a economia como um campo pura mente simbólico É somente com o desenvolvi mento do capitalismo que o dinheiro dissolve todos os laços préhistóricos de forma que as relações entre os indivíduos só podem cons tituirse como relações sociais e assim adquirir um determinado caráter social através da forma do dinheiro Em uma sociedade capitalista de senvolvida o dinheiro não é portanto mera mente um símbolo mas é o elemento mediador básico entre o indivíduo e a sociedade Essa observação aparentemente banal tem conse qüências bastante fundamentais pois implica que a teoria do dinheiro longe de ser uma economia técnica tem de estar no próprio cerne da teoria da sociedade capitalista Merrington e Marazzi 1977 Negri 1979 Lição 2 Clarke 1982 Capítulos 3 e 4 Clarke 1988 Capítulos 4 e 5 Ganssmann 1988 cf Aglietta e Orlean 1982 que desenvolvem uma teoria antropoló gica do dinheiro comparável mas nãomarxis ta Leitura sugerida Aglietta M e Orlean A 1982 La violence de la monnaie Backhaus HG 1969 1980 On the dialectics of the valueform Thesis XI 1 94120 Clarke S Simon 1982 1991 Marx Mar ginalism and Modern Sociology Ganssmann H 1988 Money a symbolically generalized medium of communication Economy and Society 173 185316 Knapp GF 1905 1924 The State Theory of Money ed resumida Luhmann N 1983 Das sind Preise ein soziologischsystemtheoretischer Klärungsver such Soziale Welt 342 15370 Ο 1984 Die Wirt schaft der Gesellschaft als autopoietisches System Zeitschrift für Soziologie 134 30827 Merrington J e Marazzi C 1977 Notes on money crisis and the state CSE Conference Papers Negri A 1979 1984 Marx Beyond Marx Simmel Georg 1907 1990 The Philosophy of Money SIMON CLARKE direita nova Ver NOVA DIREITA direito Ver LEI POSITIVISMO JURÍDICO direitos e deveres Para que alguém tenha um direito um dever correspondente deve ca ber a um outro ou outros específicos ou gené ricos O direito pode ser o de fazer algo de conservar a posse de algo ou de receber algo incluindo uma abstração como o respeito O dever respectivo seria tolerar a atividade não interferir com a posse do bem ou oferecer o benefício ou a reação Os direitos legais isto é aqueles reconhecidos pelo direito ver LEI ser vem de modelo para os direitos extralegais ou morais Os que invocam estes últimos em apoio a suas pretensões deixam implícito que estas seriam apoiadas por um tribunal moral imaginário e de forma típica buscam mudar a lei de forma a efetiválas Colocase então a questão das justificativas com que os direitos podem ser postulados A resposta tradicional é que os seres humanos têm direitos naturais John Locke afirmou que mesmo em um estado natural os indivíduos são seres morais e ao abandonarem esse estado natural concederam apenas limitados poderes de coerção ao governo que então estabelecera Quando este ultrapassa tais limites viola os Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar direitos e deveres 211 direitos naturais de seus súditos A Carta de Direitos anexada à Constituição dos Estados Unidos exemplifica com limpidez esse modo de pensar Em meados do século XX porém as alegações quanto à existência de tais direitos sofreram ataques das mais variadas procedên cias Alguns refletindo uma perspectiva positi vista lógica a qual nega que os julgamentos morais possam ser verdadeiros ou falsos enca ram essas alegações mais como decisões ou como uma tomada de posição MacDonald 19478 p49 Outros ao mesmo tempo em que aceitam serem válidos os julgamentos morais encaram as entidades coletivas a nação a classe como os únicos repositórios de valor Em uma veia mais prática Mabbott 1958 ao mesmo tempo em que encara as entidades co letivas com extremo ceticismo e propõe o ba nimento da palavra sociedade a fim de que seja possível pensar com lucidez p83 rejeita os direitos naturais como indeterminados e caprichosos p58 e como uma arma política invariavelmente utilizada pelos oponentes de reformas p62 Na parte final do século os direitos volta ram a se impor no pensamento político embora em seguida à Segunda Guerra Mundial e à pos terior denúncia do holocausto nazista grande parte da ênfase em todo mundo se tenha concen trado no que foi chamado de direitos huma nos Ao se delinearem esses direitos o debate não foi tanto a respeito de que direitos os in divíduos um dia tiveram ou teriam em um estado natural mas sim quanto a que direitos todos deveriam ter no mundo tal como ele é hoje Além disso enquanto os direitos naturais tendem a ser encarados como ativos isto é opções que os que os detêm poderiam escolher exercer ou não em qualquer dada situação os direitos humanos ampliam o conceito para abranger igualmente os direitos passivos isto é os direitos que impõem deveres sobre outros independentemente da escolha daquele que tem os direitos Assim é possível dizer que uma criança tem direito à educação sem estar im plícito que ela deveria ter a opção de se recusar a receber educação Os direitos podem ser específicos ou univer sais Enquanto um direito universal é aquele que todos deveriam reconhecer um direito es pecífico só é devido por parte de um outro ou conjunto de outros específico e surge ou de compromissos explícitos que estes últimos te nham assumido ou do relacionamento entre eles Assim Melden 1959 sustenta que um pai tem o direito de esperar respeito do filho e por analogia alguns avançam até a reivindicação de que um grupo tem um direito específico à lealdade de seus membros e um estado à dos seus cidadãos No entanto não é característico dos teóricos dos direitos naturais defender os direitos de coletividades contra indivíduos Ao contrário os direitos são encarados como baseados na liberdade Hart e a liberdade é definida nega tivamente como a ausência de coerção Crans ton 1953 Berlin 1958 A afirmação de Jean Jacques Rousseau de que somos forçados a ser livres é tida como um abuso de linguagem Nas palavras de Hart se existe algum direito moral seguese que deve existir pelo menos um direito natural o direito igual de todos os homens a ser livre pelo que qualquer ser humano adulto capaz de fazer uma escolha 1 tem o direito de estar livre por parte de todos os outros do uso da coerção ou da repressão contra ele salvo para impedir a coerção ou repressão e 2 tem a liberdade de exercer isto é não estar sob a obrigação de se abster de qualquer ação que não seja coercitiva repressiva ou que vise a causar mal a outras pessoas Hart 1955 p154 Esse não é do ponto de vista de Hart um direito absoluto mas seria preciso que se apre sentassem motivos muito bons para suprimilo Milne em contraste seguindo Green 1941 e Bosanquet 1951 encara a liberdade como positiva Concorda com Hart em que o direito a estar livre de coerção arbitrária é uma con dição necessária para se terem quaisquer outros direitos mas sustenta que isso só é possível numa sociedade livre cujos membros estejam substancialmente de acordo a respeito do cará ter fundamental do seu modo de vida Milne 1968 p177 Ele considera que a moralidade estabelecida de uma tal sociedade poderia auto rizar restrições por outros motivos que não os mencionados por Hart a segurança nas estradas poderia ser um exemplo O que distingue uma sociedade livre é que cada membro participa da responsabilidade de mantêla e determinarlhe o rumo e deve portanto ser autônomo aos olhos da lei Os direitos afirma têm um caráter es sencialmente social Ao pressupor a autonomia de cada membro a sociedade livre depende de que cada um aja no espírito mais do que apenas na letra de sua MORALIDADE estabelecida Deve Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 212 direitos e deveres portanto conferir a cada pessoa a oportunidade de exprimir suas próprias percepções quanto às questões públicas e assim preservar a liber dade de expressão de todos Além disso naqui lo que chama de perspectiva humanista críti ca os membros de uma sociedade podem ava liar o nível de compreensão que predomina em sua sociedade e buscar melhorálo Os direitos de associação de participação política e de ação política nãoviolenta tenderão a facilitar esse processo De acordo com Mabbott 1948 p57 os direitos naturais devem ser autoevidentes e também absolutos para poderem ser considera dos como direitos Milne ao ligar os direitos naturais à concepção de uma sociedade livre demonstrou que eles não precisam ser autoevi dentes e tanto ele quanto Hart reconhecem que eles às vezes têm de ser suprimidos Esse último reconhecimento porém lança os teóricos dos direitos naturais numa ladeira escorregadia Se os direitos pudessem ser supri midos apenas por motivos utilitários isto é sempre que a sua supressão viesse a promover a maior felicidade ou maior bem do maior número eles seriam destituídos de valor De acordo com Waldron seguindo Dworkin um indivíduo tem um direito quando existe um mo tivo para lhe atribuir algum recurso liberdade ou oportunidade mesmo apesar do fato de que normal mente as considerações decisivas sobre o interesse geral ou outros objetivos coletivos falariam contra essa concessão Waldron 1984 p17 Os utilitaristas em contraste estão neces sária e profundamente comprometidos em trocar os interesses de vida e liberdade de um pequeno número de pessoas por uma soma maior de interesses menores de outros ibid p189 Para preservar essa diferenciação os defen sores dos direitos naturais contestariam em pri meiro lugar que mesmo que um direito não fosse absoluto seria preciso apresentar um ar gumento extremamente convincente para que ele pudesse ser suprimido o que poderia signi ficar exigir que os que buscassem suprimilo não poderiam agir simplesmente segundo seu próprio critério mas teriam de convencer um tribunal independente da necessidade de fazê lo e em segundo lugar que ao suprimir um direito a infringência seria mantida em nível mínimo o direito seria restaurado assim que a necessidade de suprimilo houvesse passado e se pagaria uma indenização por essa transgres são Também se tem afirmado que alguns direi tos são absolutos Gewirth 1984 propõe que o direito de uma mãe de não ser torturada até a morte pelo próprio filho seria um desses Assim mesmo que terroristas fizessem a ameaça ve rossímil de destruir uma grande cidade com armas nucleares a não ser que essa tortura acontecesse seria errado o filho fazêlo O filho seria responsável pela tortura que estaria in fligindo mas não pelas ações letais dos terroris tas em represália a sua recusa a infligir a tortura O pensamento de Gewirth porém parece preocupado basicamente com o direito do filho mais que com os direitos da mãe Desta última dificilmente se poderia dizer que teria sido me nos violentada caso tivesse sido torturada até a morte por alguma outra pessoa Para fazer eco a Hart se é que existem direitos naturais o direito de não ser torturado ou de não ser abandonado a uma perspectiva de tortura é com toda certeza absoluto As teorias do direito especialmente dos di reitos naturais ou ativos em geral represen tam o indivíduo como tudo e a sociedade como nada Conforme demonstra Milner isso é um exagero que o conceito mais amplo de direitos humanos incorporando direitos passivos tais como os direitos a alimentação abrigo cuidados médicos e educação em certa me dida corrige pelo menos em princípio Afirmar que existem limites além dos quais a liberdade e o bemestar do indivíduo possam não estar subordinados àquilo que um governo encara como o bem comum dificilmente seria discutí vel hoje em dia embora a consideração contrá ria apresentada pelo argumento de Mabbott indique que também deveria haver limites quanto ao grau em que um governo deveria ser impedido de promover fins autenticamente co muns por indivíduos que invocam seus direitos Não obstante é difícil discordar da afirmação de que neste século e particularmente desde o ápice do LAISSEZFAIRE da Grande Depressão de 1929 em diante os ultrajes mais terríveis contra a humanidade se originaram levandose tudo em conta mais do excesso que da deficiência de poder dos governos Admitido isto a reto mada da ênfase na questão dos direitos e de veres representa uma tendência salutar Ver também JUSTIÇA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar direitos e deveres 213 Leitura sugerida Dworkin R 1978 1990 Taking Rights Seriously ed rev Gostin L org 1988 Civil Liberties in Conflict Hart HLA 1955 Are there any natural rights Philosophical Review 64 17591 MacDonald M 194748 Natural rights Procee dings of the Aristotelian Society 3555 Melden AI 1977 Rights and Persons Milne AJM 1968 Free dom and Rights Waldron J org 1984 Theories of Rights RODERICK C OGLEY discurso Com grande freqüência este con ceito é associado a linguagem em uso levan do em consideração o textotextos que ocorrem efetivamente em um contexto comunicativo ge nuíno O discurso assim tem desempenhado um papel em várias disciplinas e subdisciplinas da LINGÜÍSTICA na lingüística textual como um meio de descrever o modo como as proposições se unem para formar uma unidade lingüística coesa maior que uma sentença ver Beaugrande e Dressler 1981 Halliday e Hasan 1976 na lingüística sistêmica ver SEMIÓTICA como um meio de ligar a organização lingüística do dis curso a componentes sistemáticos particulares de tipos situacionais na psicolingüística para dar conta das estratégias cognitivas que os usuá rios da linguagem empregam em COMUNICA ÇÃO incluindo a ativação do conhecimento or dinário ver Van Dijk e Kintsch 1983 Uma vez que o discurso se ocupa do significado do que se expressa mais que da sentença ele está relacionado à pragmática embora a prag mática lingüística não possa explicar todos os aspectos do discurso em seu sentido mais am plo Assim os conceitos de discurso vão da mais estrita descrição lingüísticatextual em que discurso é simplesmente um período con tínuo de linguagem maior do que a senten ça Crystal 1985 p96 que pode ser falado ou escrito ou ambos e é de autoria única ou dialógico até macroconceitos que tentam de finir teoricamente formações ideológicas ou discursivas que organizam sistematicamente o conhecimento e a experiência e reprimem alternativas através de seu domínio ver Fou cault 1969 Nesse contexto surgem questões a respeito de como os discursos podem ser contestados a partir de dentro e de como emer gem discursos alternativos Esses debates conti nuam em muitos campos incluindo o feminis mo e o pósestruturalismo Discurso tornouse uma das palavras mais amplas e em geral mais confusamente utiliza das em teorias recentes no âmbito das artes e nas ciências sociais sem um único conceito unificador claramente definível Discurso e tex to costumam ser usados alternadamente Onde se faz uma distinção esta é às vezes de pers pectiva metodológica texto produto mate rial discurso processo comunicativo ou en tão para explicar a interligação de textos no diálogo Beaugrande e Dressler 1981 tornam o texto coincidente com o discurso na medida em que seja produzido por um único indivíduo mas se referem igualmente ao discurso como a soma de textos interligados Para definir o texto como ocorrência comunicativa eles propõem sete padrões de textualidade Coesão e coerên cia são os chamados critérios textocentrados Ambos referemse a formas gramaticais que marcam as ligações entre sentenças dentro de um texto e aos elos conceituais através de pro posições conexas que não surgem necessaria mente em formas gramaticais específicas Além disso existem critérios usuáriocentrados intencionalidade aceitabilidade informativi dade situacionalidade e intertextualidade Jun tos esses sete padrões são constitutivos da co municação textual Os padrões usuáriocentra dos têm de explicar o fato de o significado do discurso não estar contido dentro das formas lingüísticas como tais mas os leitores ou ou vintes terem de construir ativamente o signifi cado através de inferências Levinson 1983 cap6 limita a análise do discurso à formulação de regras para a estrutura do discurso conforme expresso em gramáticas de textos ver Van Dijk 1972 e em teorias baseadas no discursoação Labov e Fanshel 1977 Coultrard e Montmogery 1979 e opõem isso à análise conversacional praticada por et nometodologia de forma estritamente empírica Sacks et al 1974 Schenkein 1978 Um con ceito de discurso de base mais ampla porém subordinaria a ANÁLISE CONVERSACIONAL ver CONVERSACIONAL ANÁLISE e outras abordagens sociológicas à interação comunicativa como um dos métodos de abordagem do discurso ver Gumperz 1982 Na teoria literária o conceito de discurso representa um meio de romper as divisões entre textos literários e nãoliterários O status espe cial do texto poético é substituído por um conti nuum de práticas lingüísticas que são mais ou menos dependentes de contexto A diferença entre discurso na vida e discurso na poesia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 214 discurso Volosinov 1926 tornase assim uma questão de grau e não um absoluto Segundo Volosinov o discurso é ideológico no sentido de que surge entre indivíduos socialmente organizados e não pode ser compreendido fora do seu contexto O discurso tomado como fenômeno de comunicação cultural não pode ser com preendido independentemente da situação so cial que lhe deu origem ibid p8 A natureza ideológica do discurso fica mais transparente no discurso autoritário o qual exige nossa submissão incondicional O discurso autoritário portanto não permite que se jogue com o contexto que o enquadra Está indissoluvelmente fundido com sua autori dade com um poder político uma instituição uma pessoa e tanto se mantém quanto cai junto com essa autoridade Bakhtin 19345 p343 O conceito de discurso de Volosinov Bakh tin e outros autores do círculo de Bakhtin bem como conceitos relacionados em textos recen tes de semiótica social fornece assim um elo com macroversões de discurso encontradas na definição de Bourdieu de capital lingüístico 1977 e especialmente com as formações discursivas de Foucault 1969 Leitura sugerida Beaugrande R de e Dressler W 1981 Introduction to Textlinguistics Foucault M 1969 Larcheólogie du savoir Gumperz J 1982 Discourse Strategies Halliday MAK e Hasan R 1976 Cohesion in English Schenkein J org 1978 Studies in the Organization of Conversational Interac tion Van Dijk T e Kintsch W 1983 Strategics of Discourse Comprehension Volosinov VN 1926 1983 Discourse in life and discourse in poetry In Bakhtin School Papers Russian Poetics in Translation vol10 org por Ann Shukman ULRIKE MEINHOF dissenso O verbo dissentir referese a ati vidades que divergem ou discordam da maioria em termos de crença e opinião A palavra dis sidente referese a uma pessoa que adota tal comportamento e sustenta pontos de vista dis sentâneos O verbo e a palavra foram usados original mente para designar organizações religiosas e seus adeptos que divergiam da doutrina e dos ensinamentos da Igreja Anglicana Batistas metodistas quacres e seitas e denominações protestantes similares fora da Igreja Anglicana foram historicamente discriminados depois da Restauração de 1660 sendolhes recusado o acesso a posições estratégicas na GrãBretanha A maior parte dessas restrições foi abolida no século XIX mas a longa história de discrimi nação levou membros de seitas dissidentes a assumirem posições impopulares em campos nãoreligiosos tanto quanto no domínio es pecificamente religioso Foi nesse espírito que Edmund Burke se referiu aos colonizadores norteamericanos às vésperas da revolução co mo os protestantes do protestantismo ou seja os dissidentes do dissenso O outro contexto importante em que a pala vra dissenso aparece com freqüência é o do direito especialmente o do direito consuetudi nário Nesse caso a palavra referese aos mem bros de um júri ou aos juízes num processo jurídico que divergem da opinião de seus cole gas Uma vez que as opiniões dissentâneas são freqüentemente formuladas com muito cuidado e exibem um elevado grau de sofisticação jurí dica têm em geral a orientação de advogados ou juízes em processos mais recentes e sua influência sobre decisões judiciais posteriores pode ser tão grande ou maior do que a decisão majoritária à qual inicialmente se dirigiam Os dissensos de ontem podem muito bem tornarse as verdades estabelecidas de hoje Ver também CONSENSO Exceto no contexto religioso ou jurídico a palavra é usada com infreqüência nas ciências sociais mas outras quase sinônimas aparecem com regularidade Robert K Merton por exem plo faz uma diferença entre o comportamento desviante assumido com vistas ao lucro pessoal que ele chama de comportamento aberrante e o comportamento nãoconformista assu mido por indivíduos ou grupos que rejeitam as normas e valores predominantes em nome de orientações alternativas de conduta para me lhorar a qualidade de vida e o bem comum Ele afirma que a freqüente falta de diferenciação entre essas categorias de atividades todas elas classificadas simplesmente como desviantes leva à impossibilidade de se distingüir analiti camente entre um ladrão de estradas comum e Jesus Cristo Merton e Nisbet 1961 cap1 Enquanto analistas conservadores tendem a considerar o dissenso como uma doença do corpo social liberais e radicais têm mais proba bilidades de concebêlo como um motor fun damental da mudança social Afirmam que es truturas sociais que dependem do precedente e do hábito estão destinadas a se fossilizar e a não conseguir responder ao desafio do novo Sem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar dissenso 215 as virtudes do dissenso afirmam as modernas sociedades burocráticas provavelmente segui rão o caminho do antigo Egito e da China imperial Leitura sugerida Coser Lewis A 1988 The func tions of dissent In A Handful of Thistles Collected Papers in Moral Conviction Erikson Kai T 1966 Wayward Puritans a Study in the Sociology of De viance Merton Robert K e Nisbet Robert orgs 1961 1976 Contemporary Social Problems 4ªed Mori son Samuel Eliot et al 1970 Dissent in Three Ameri can Wars LEWIS A COSER ditadura A ditadura costuma ser compreen dida hoje em dia como uma forma altamente opressora e arbitrária de governo estabelecida por meio da força ou da intimidação e que permite a uma pessoa ou grupo monopolizar o poder político em detrimento da sociedade em geral No entanto essa definição muito geral quase coloquial capta apenas um dos significa doschave da palavra É verdade que ditadura ressoa com idéias de ilegalidade domínio go verno de MILITARES e totalitarismo Mas tam bém tem sido empregada com freqüência em cenários democráticos para caracterizar por exemplo a ascendência e a força do Poder Executivo e a incapacidade do Congresso em controlála Para que esse duplo significado seja compreendido é necessário entender as raízes e o contexto histórico da palavra Na constituição da República Romana c50931 aC uma ditadura não era algo a quem alguém se arrogasse mas era conferida a essa pessoa como função extraordinária embo ra perfeitamente legal Jolowicz 1967 p535 A ditadura era uma magistratura cujo titular em geral um excônsul era nomeado pelo Senado para fins de administração de crises particu larmente em períodos de guerra no estrangeiro ou de luta civil quando se exigia uma ação decisiva e quando o governo de uma pessoa era encarado como mais bem adaptado para enfren tar a emergência do que um sistema de governo colegiado de movimentos mais tolhidos cf Maquiavel 1531 1965 p18990 O ditador recebia um poder temporário acompanhado de um vasto âmbito de prerrogativas civis e mili tares Rossiter 1948 p1528 Por exemplo ele estava liberado das restrições representadas pelo veto tribunício podia por sua própria autoridade levantar mais de quatro legiões direito negado em tempos normais a um co mandante militar sem a autorização expressa do Senado e tinha em geral imensos direitos de prisão e execução No entanto os poderes investidos na ditadura nunca eram absolutos ou incondicionais O im perium do ditador autoridade militar e juris dicional com amplo poder discricionário de suspensão ou reiteração de penas Brunt e Mo ore 1967 p835 era normalmente limitado a um período de seis meses de duração ele não tinha nenhuma autoridade para interferir em questões civis declarar guerra ou alterar a cons tituição ao mesmo tempo em que por volta de 300 aC os poderes do ditador se haviam tor nado sujeitos ao provocatio o direito de um cidadão de apelar contra uma sentença capital Oxford Classical Dictionary 1970 p8923 A legalidade constitucional da ditadura ro mana junto com sua duração e jurisdição cla ramente definidas levou alguns autores a serem cautelosos ao aplicar o conceito a condições incidentes no século XX Assim Roy Medve dev 1981 p41 observou que os regimes variados de Mussolini Hitler Salazar Fran co Somoza Duvalier e Stroessner não recebem o nome de tirania despotismo ou fascismo mas o de ditaduras Todos eles incidentalmente evitaram qualquer limitação temporal Alguns eram transferí veis hereditariamente de pai para filho e embora as ditaduras de Hitler Mussolini SalazarCaetano e Somoza não tenham continuado para sempre chega ram ao fim não porque o próprio ditador tenha abdi cado na expiração do período especificado mas porque este foi derrubado por guerra ou revolução No entanto como Medvedev diz em segui da a fusão dessas palavras tirania despotismo fascismo não surpreende dada a violência e os poderes excepcionais que acompanhavam o go verno ditatorial romano Da mesma forma é importante lembrar que em 202 aC a ditadura em sua forma original já estava efetivamente morta Jolowicz 1967 p55 Figuras poste riores como Sulla c13878 aC e César 10044 aC podem ter assumido o título de ditador por motivos de legitimação ou conve niência mas governaram como autocratas de facto Nos anos finais da República o cargo de ditador era uma impostura constitucional em pregada para disfarçar a ambição excessiva e sancionar a virtual onipotência de soberanos militares É esclarecedor observar que segun do Plínio o Velho cit por Gelzer 1969 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 216 ditadura p284 1192 mil pessoas morreram nas guer ras travadas por César e esse número exclui os cidadãos romanos que tombaram Esse pano de fundo histórico permitenos localizar e tornar compreensíveis as duas cor rentes principais e um tanto entrelaçadas da utilização da palavra no século XX uma valen dose da dimensão usurpatória coercitiva e mi litarista da ditadura conforme se encontra por exemplo no período quase ininterrupto de César no cargo de 49 aC até seu assassinato em 44 aC a outra referindose ao sentido e à substância mais antigos de ditadura implican do legalidade ou legitimidade mesmo que combinadas com o exercício de poderes consi derados de certa forma extraordinários em seu âmbito e intensidade O primeiro uso é evidente nas correntes de pensamento social que contrastam ditadura com democracia e que associam enfaticamente ditadura a militarismo politização da SOCIE DADE CIVIL extirpação do império da lei e su bordinação do indivíduo ao princípio de lide rança A partir dessa perspectiva a ditadura pode ser estudada como um dos caminhos his tóricos para a modernidade manifestada no digamos FASCISMO alemão e japonês Barring ton Moore 1967 especialmente p43352 ou o conceito pode ser aplicado aos regimes mili tares do pósSegunda Guerra da semiperiferia parlamentar emergentes na Argentina em 1967 na Grécia em 1967 e no Chile em 1973 Mouzelis 1986 especialmente p97 ver também Poulantzas 1976 As sociedades do tipo soviético também têm recebido o rótulo de ditadura ou em conjunção com o fascismona zismo ditadura totalitária Neumann 1957 p24356 cf Arendt 1958 e Shapiro 1972 No entanto ambas as designações são controverti das ver TOTALITARISMO e assim foram até o programa de liberalização de Gorbachov e as revoluções de 1989 na Europa CentroOriental Dessa forma vários autores têm insistido que as sociedades de tipo soviético deviam ser en caradas como um modo de dominação único na história humana por exemplo como uma di tadura sobre as necessidades Fehér Heller e Márkus 1983 ou como um sistema póstota litário conformista atomizado mecânico manipulativo e construído sobre o autoengano e a máfé sistemáticos que a noção clássica de ditadura é demasiado insuficiente para ex primir Havel 1987 Na segunda principal corrente de pensamen to sobre nosso tema a ditadura é retratada como compatível com a democracia definida de vá rias maneiras contestadas até mesmo como uma parte integrante ou condição necessária desta última Essa variante tem pelo menos quatro permutações Uma delas fica evidente nas descrições de regimes bonapartistas e cesa ristas os quais embora repressores em certos aspectos não obstante alegam extrair sua auto ridade diretamente do Povo soberano e buscam a aclamação deste através de plebiscitos de massa ver BONAPARTISMO CESARISMO POPULIS MO e também Weber sobre democracia ple biscitária 1978 p268 Outra é a leitura leni nista da idéia de Marx de ditadura do proleta riado com a diferença de que o conceito de democracia importante para Marx tende a ser tragado pelo de ditadura de classe tornando ilusória a própria distinção Marx 1850 p123 carta de Marx a Weydemeyer in Marx e Engels Selected Correspondence 1975 p64 Lenin 1918 p4467 ver também Medvedev 1981 Uma terceira permutação sobre o tema de mocraciaditadura mais próxima do clássico sentido romano surge da análise de ditaduras constitucionais Rossiter 1948 Enquanto a ditadura do proletariado seja sua concep ção marxista ou leninista sempre foi encara da como instrumento de transformação revolu cionária este terceiro sentido de ditadura con centrase nos atributos potencialmente restau radores reconstituintes das crises de regime particulares Nessa utilização do termo ditadu ras constitucionais surgem durante períodos de rebelião guerra e depressão econômica para conduzir a legítima ordem social e política du rante a emergência Os drásticos poderes as sumidos por esses regimes para enfrentar si tuações extremas são na maioria abandonados uma vez passada a crise Cf o contraste de Schmitt entre ditaduras soberanas e comis sionárias in Schmitt 1928 especialmente p2 1379 Os três usos de ditadura que acabamos de citar em um contexto democrático dividem uma característica notável todos eles descre vem sociedades que se estão confrontando com circunstâncias excepcionais Em contraste nos so quarto e último sentido de ditadura referese ao funcionamento mais normal e rotineiro de um governo democrático Nunca esse uso foi mais evidente do que nas descrições da auto Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar ditadura 217 cracia de gabinete britânica Hobson 1909 p12 com o gabinete do primeiroministro no ápice Os extensos poderes do primeirominis tro no que se refere à nomeação para cargos públicos a possibilidade de reduzir o Parlamen to a um carimbo de aprovação de políticas decididas em outros lugares e a relação plebis citária com as massas através da máquina partidária muitas vezes no nosso século foram identificados como ditatoriais De fato esse epíteto liga o pensamento político de autores do início do século XX como Low 1904 p156 8 Hintze 1975 p266 e Weber Política como Vocação in Weber Gerth e Mills orgs 1970 p1067 ao comentário mais recente sobre ditadura eletiva Hailsham 1976 cf Ash 1989 p288 e Hirst 1989 p82 Correspondendo aos dois principais trata mentos analíticos divergentes de ditadura aci ma destacados existe também uma diferença na força de locução exercida pela palavra No primeiro caso ditadura geralmente se ex prime com aversão e horror No segundo o tom pode ser de condensação porém com a mesma freqüência de resignação ou aprovação Leitura sugerida Baehr P 1989 Weber and Wei mar the Reich President proposals Politics 9 205 Birch AH 1964 Representative and Responsible Government an Essay on the British Constitution Bobbio N 1989 Democracy and Dictatorship the Nature and Limits of State Power Bracher KD 1971 The German Dictatorship the Origins Structure and Effects of National Socialism Cobban A 1939 Dic tatorship its History and Theory Conquest R 1971 The Great Terror Stalins Purge of the Thirties Cros smann RHS 1963 Introduction In W Bagehot The English Constitution p157 Keane J 1988 Dictatorship and the decline of parliament Carl Schmitts theory of political sovereignty In Democra cy and Civil Society p15389 Medvedev R 1981 The dictatorship of the proletariat In Leninism and Western Socialism Neumann Franz 1957 Notes on the theory of dictatorship In The Democratic and the Authoritarian State org por H Marcuse p23356 Schmitt C 1928 Die Diktatur PETER BAEHR divisão do trabalho Basicamente esta ex pressão referese à diferenciação de tarefas im plícita na produção de bens e serviços e à alo cação de indivíduos e de grupos para realizá las Uma distinção comumente empregada é aquela entre a divisão técnica e a divisão social do trabalho a primeira referindose a tarefas especializadas no processo de produção a últi ma à diferenciação na sociedade como um todo No decorrer do século XX tem havido uma preocupação particular no pensamento social com a análise do impacto da crescente espe cialização sobre 1 a experiência de trabalho e as reações dos trabalhadores manuais confinados a ta refas repetitivas que não necessitam de habilidade e privados da oportunidade de conhecimento e controle relacionados ao processo de trabalho tema geralmente designado como ALIENAÇÃO do operário 2 as formas em que o trabalho dividido e especialmente o desenvolvimento da profissionalização se relacionam com a distribuição social do conhecimento e assim contribuem para relações de poder e dominação ver PROFISSÕES LIBERAIS 3 a estrutura de classes especialmente por meio da crescente importância da dis tinção entre trabalho mental e ma nual SohnRethel 1978 e do cresci mento de uma nova classe média de trabalhadores de colarinho branco pro fissionais liberais e administrativos ver CLASSE 4 a crescente burocratização da adminis tração econômica e política processo que surge em parte da necessidade de coordenar e administrar sociedades e or ganizações caracterizadas por complexi dade e interdependência cada vez maio res ver BUROCRACIA 5 as possibilidades de autogestão e con trole dos trabalhadores sobre o processo de produção ver CONSELHO DE TRABA LHADORES 6 a divisão sexual do trabalho e as relações de dominação e subordinação entre ho mens e mulheres ver GÊNERO Na GrãBretanha desde a Segunda Guerra Mundial tem havido uma crescente concentra ção nos processos através dos quais as práticas racistas exclusivistas contra imigrantes e ope rários da segunda geração de minorias étnicas vêm levando a uma racialização da divisão do trabalho ver RACISMO e à formação de uma subclasse distinta e de frações racializadas de outras classes Miles 1982 A questão do impacto específico da racialização sobre as operárias das minorias étnicas também tem sido Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 218 divisão do trabalho abordada Phizacklea 1983 e continuam os debates sobre como esses processos se relacio nam à articulação de raça classe e gênero Anthias e YuvalDavis 1983 Ultimamente debates importantes têmse concentrado na re composição da classe operária em uma fase pósindustrial do capitalismo nas possibili dades de uma nova divisão do trabalho baseada na minimização do tempo despendido no traba lho num socialismo pósindustrial Gorz 1980 1982 Hyman 1983 e em novas formas da DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO No entanto existe confusão no uso da ex pressão porque ela combina variadamente tare fas divididas trabalhadores especializados hie rarquias de autoridade no local de trabalho setores diferenciados na economia e complexi dade estrutural geral nas sociedades industriais A isso se sobrepõem divergências quanto a até que ponto a subdivisão de tarefas e a diferen ciação de estruturas de controle relacionadas é basicamente resultado de processos neutros de desenvolvimento tecnológico ou de carac terísticas biológicas no caso da divisão sexual do trabalho e ao grau em que eles resultam do planejamento dos processos de trabalho com vis tas a perpetuar relações de dominação social e política que são suscetíveis de transformação em especial sob condições de produção socialista As principais contribuições do século XX para a compreensão da divisão do trabalho estão relacionadas de modos complexos aos textos dos antigos gregos dos autores da Ilustração escocesa do século XVIII especialmente Adam Smith e Adam Ferguson e a figuras do século XIX como Karl Marx e Auguste Comte Rat tansi 1982 Neste século as principais contri buições têm vindo 1 do marxismo 2 de Émile Durkheim 3 da sociologia funcionalis ta e 4 do feminismo Marxismo O conceito de divisão do trabalho é crucial no marxismo devido à importância atribuída ao trabalho como categoria sublinhando a signifi cação da atividade produtiva transformadora da natureza como fundamento sobre o qual repou sa a criação de riqueza a existência de classes sociais e do estado o funcionamento das ideo logias e a promessa futura de abolição da escas sez O trabalho dividido aumenta a produtivi dade e disso surgiriam os excedentes que são apropriados por uma classe dominante que pos sui e controla os meios de produção No entan to tendo origem em parte nas diferenças entre os primeiros e os últimos textos do próprio Marx sobre o assunto Rattansi 1982 e tam bém no desenvolvimento estrutural de socie dades capitalistas e socialistas de estado o pen samento social marxista temse caracterizado por significativas divisões de pontos de vista quanto aos efeitos do desenvolvimento da divi são do trabalho Alguns a encaram basicamente em termos de uma tendência a polarizar a es trutura de classes do capitalismo entre uma massa de trabalhadores manuais em grande par te nãohabilitados e uma pequena classe de proprietários e o modo como a transformação capitalista da divisão do trabalho faz surgir uma nova classe média mais ou menos permanente Carter 1985 outros a encaram basicamente como resultado do desenvolvimento tecnológi co em lugar de processos de dominação de classe a visão mais tecnologicamente deter minista vindo à tona por exemplo na tentativa de Lenin na Rússia dos anos 20 de importar aquilo que ele encarava como técnicas neutras em termos de classe de gerenciamento cientí fico para aumentar a produtividade enquanto um ponto de vista contrário está incluído na influente análise de Braverman 1974 dando continuidade a noções vislumbradas pela pri meira vez em O capital de Marx segundo a qual o gerenciamento científico é um epítome da tendência da classe capitalista a estruturar os processos de trabalho de uma forma que nega à maioria dos operários a capacidade de exercer controle ou de possuir habilidades intelectuais ver TRABALHO PROCESSO DE Os marxistas também discordam a respeito do grau em que é possível abolir a divisão de trabalho no que a confusão a respeito dos vários significados da expressão se torna particularmente eviden te Rattansi 1982 Não obstante o marxis mo ocidental em particular temse unido na preocupação de contestar a perda de contro le dos operários que é endêmica no planeja mento e operação de processos fragmentados de trabalho dominados por pequenos grupos de trabalhadores técnicos e de nível gerencial seja em sociedades capitalistas ou socialistas es tatais Em comum com a maioria dos modos nãofeministas de pensamento a teorização marxista temse mostrado especialmente débil na captação do significado da dominação mas culina na divisão do trabalho embora se tenham Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar divisão do trabalho 219 feito várias tentativas de fornecer explicações marxistasfeministas da divisão sexual do tra balho Barrett 1988 Émile Durkheim 18581917 O primeiro livro de Durkheim Da divisão do trabalho social 1893 que se valeu de temas constantes na obra de Comte continuou a ser crucial para o seu pensamento e tem sido uma fonte influente para a análise sociológica da divisão do trabalho em especial para as análises funcionalistas da diferenciação estru tural ver ESCOLA SOCIOLÓGICA DE DURKHEIM Ele utilizou a expressão para incluir todas as formas de especialização de função social am pliando assim o seu significado para muito além da esfera econômica Durkheim via as formas de divisão do trabalho como intrinsecamente relacionadas a tipos de ordem social ou soli dariedade Contrapôs à solidariedade mecâ nica baseada na simples divisão do trabalho das sociedades mais elementares a solidarie dade orgânica das sociedades industriais ba seada no individualismo e em laços de depen dência e de troca criados por uma complexa diferenciação funcional na qual um número muito grande de instituições econômicas polí ticas e culturais especializadas estavam envol vidas O crescimento da população e o contato intersocial foram identificados como os princi pais motores da mudança rumo a formas mais complexas Durkheim lutou continuamente com o problema do que chamou formas anor mais da divisão do trabalho relacionadas à falta de solidariedade e de regulação moral para orientar o comportamento Em especial escre veu sobre as divisões anômica e forçada do trabalho estados de transição conseqüentes da rápida industrialização nos quais devido à falta de uma regulamentação econômica política e moral adequada para a divisão do trabalho e as relações de troca a economia se viu sujeita a flutuações o conflito de classes se intensificou a especialização e as desigualdades não es tavam relacionadas aos talentos naturais e os operários envolvidos em tarefas especializadas eram incapazes de compreender como seu tra balho era essencial à manutenção da sociedade como um todo Durkheim prescreveu a inter venção do estado na economia e a abolição de privilégios herdados no acesso a posições na divisão do trabalho ou aquilo que agora seria chamado de igualdade de oportunidades Ele enfatizou cada vez mais o papel das corpo rações ou associações profissionais como me diadoras entre o indivíduo e o estado e na criação de tipos de regulamentação econômica e moral exigidos por uma divisão do trabalho técnica e social muito complexa No entanto existem divergências quanto ao grau em que Durkheim vislumbrou a possibilidade de uma transformação fundamental da divisão do traba lho em alguma forma de sociedade socialista Gane 1984 e Pearce 1989 enfatizaram o radicalismo potencial de sua visão política en quanto outros Gouldner 1962 interpretaram seus pontos de vista como permitindo apenas possibilidades limitadas Sociologia funcionalista Seguindo Comte Durkheim e outros a ên fase nessa tradição sociológica se dá na divisão do trabalho como DIFERENCIAÇÃO SOCIAL ligada à especialização evolutiva de função em es pecial como conseqüência da industrialização Um número limitado de funções exigidas para a reprodução da sociedade tais como a so cialização e a produção de bens de serviço é tido como sendo realizado por um âmbito cres cente de instituições especializadas enquanto instituições antes multifuncionais como a fa mília que nas sociedades préindustriais execu tava as funções tanto de socialização quanto de produção econômica se viram confinadas à socialização dos filhos Uma importante fra queza das explicações funcionalistas da divisão do trabalho é seu determinismo tecnológico aliado a um descaso quanto às relações entre a divisão do trabalho a dominação de classe e a subordinação das mulheres Feminismo Aqui uma alegação crucial é a de que gran de parte do pensamento social ao se concentrar no domínio público e ao definir trabalho co mo emprego pago deu como certas as desigual dades sexuais na divisão do trabalho Stacey 1981 não conseguindo analisar o TRABALHO DOMÉSTICO das mulheres e sua relação com a subordinação destas na ordem econômica e po lítica Algumas análises feministas encaram a dominação masculina como tendo raízes basi camente nas relações familiares enquanto ou tras afirmam que as práticas exclusivistas mas culinas no local de trabalho fornecem a chave para a compreensão sexual do trabalho Walby Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 220 divisão do trabalho 1986 Outros debates têmse concentrado nos benefícios para a acumulação privada de capi tal para o estado e para os homens individual mente do trabalho feminino de cuidado das crianças e de reprodução do trabalho no lar e na segregação das mulheres em empregos de meio expediente e baixa remuneração bem co mo no grau em que a divisão sexual do trabalho é um efeito das relações de dominação de classe e portanto exige a abolição das classes sociais antes de permitir uma transformação maior nas desigualdades sexuais Os reducionismos bio lógicos feministas e nãofeministas que retra tam a divisão sexual do trabalho como uma ramificação natural das diferenças homem mulher têm sido um alvo importante dentro da maioria dos feminismos os quais vêm sus tentando ser a dominação masculina dentro da divisão sexual do trabalho basicamente o resul tado de relações sociais de controle masculino sobre a fertilidade e a força de trabalho das mulheres Leitura sugerida Abercrombie N e Urry J 1983 Capital Labour and the Middle Classes Beechey V 1987 Unequal Work Giddens A e Mackenzie G orgs 1982 Social Class and the Division of Labour Gorz A org 1973 Critique de la division du travail Horton J 1964 The dehumanization of alienation and anomie a problem in the ideology of sociology British Journal of Sociology 15 283300 Larson Ma gali Sarfatti 1977 The Rise of Professionalism Littler C e Salaman G 1984 Class at Work the Design Allocation and Control of Jobs Lukes S 1967 Alie nation and anomie In Philosophy Politics and Socie ty org por P Laslett e WG Runciman Ο 1973 Émile Durkheim Rueschemeyer D 1986 Power and the Division of Labour Westwood S e Bhachu P orgs 1988 Enterprising Women Ethnicity Economy and Gender Relations Wilson W 1980 The Declining Significance of Race Blacks and Changing American Institutions 2ªed ALI RATTANSI divisão internacional do trabalho Nesta escala os princípios da DIVISÃO DO TRABALHO se ampliam do nível nacional para o nível global O desenvolvimento das comunicações interna cionais reduz o custo das trocas e permite que muitas atividades sejam controladas a partir de um único centro Isso significa interdependência crescente primeiro entre comunidades locais para criar estadosnações e depois entre es tadosnações para criar sistemas internacionais Em sociedades baseadas na divisão do traba lho os bens e serviços são produzidos e dis tribuídos por meio da especialização e da troca Em sociedades baseadas na autosuficiência eles são produzidos dentro da família de forma que a especialização é muito limitada As dife renças entre essas sociedades são de importân cia fundamental para se explicarem aspectos básicos da estrutura social e da capacidade eco nômica e política Dessa forma muitos teóricos têm associado o surgimento de sistemas econômicos e sociais baseados na divisão do trabalho ao próprio processo de modernização As sociedades tra dicionais eram vistas como altamente autosu ficientes de forma que cada indivíduo ou famí lia produzia sua própria comida suas roupas e sua habitação educava os próprios filhos e tomava parte diretamente nos processos po líticos culturais e outros implícitos na vida em comunidade Nessas sociedades ativida des econômicas complexas são impossíveis e o grau de interação e cooperação entre os in divíduos só pode ser muito limitado Dizse então que as sociedades modernas se baseiam em uma complexa e ampliada divisão do trabalho na qual os indivíduos executam papéis cada vez mais especializados e insti tuições diferenciadas surgem para realizar as funções necessárias à manutenção da coopera ção social Assim na esfera econômica os in divíduos se especializam na produção de bens em particular e os trocam por todas as outras coisas necessárias à vida muitos indivíduos podem então ser reunidos para produzir cada bem cada um deles sendo responsável por ape nas um aspecto do processo de produção As sim diferenciação de funções e especialização de tarefas caminham lado a lado com a neces sidade de níveis de troca cada vez mais elevados e formas de organização cada vez mais com plexas Nessas comunidades o princípio é aplica do não apenas aos processos econômicos mas também a todos os outros As organizações políticas culturais religiosas e de todos os ou tros tipos são criadas e dirigidas por especialis tas que dedicam suas vidas profissionais à exe cução das tarefas necessárias em benefício do restante da comunidade que então passam a depender deles para a satisfação de suas neces sidades sociais Assim sociedades baseadas na divisão do trabalho exigem níveis mais eleva dos de capacitação autonomia e cooperação do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar divisão internacional do trabalho 221 que as baseadas na subsistência e na autosufi ciência No nível internacional a expressão costuma ser aplicada com mais freqüência na esfera econômica para descrever o processo pelo qual produtores em países particulares decidem ou podem ser obrigados a decidir especiali zarse na produção de bens particulares para os quais seu meio ambiente ou seus recursos se mostrem mais adequados aqueles nos quais eles têm uma vantagem comparativa Assim alguns países estão envolvidos principalmente na exportação de bens manufaturados outros de produtos primários enquanto os mais desen volvidos estão agora passando a se especializar na troca de serviços de vários tipos Esse processo implica a troca de bens e serviços através de fronteiras nacionais por parte de produtores independentes mas tam bém veio a envolver uma crescente tendência entre os próprios produtores a se organizarem como companhias globais e a operarem em escala internacional Todos os de maior porte operam entre fronteiras nacionais com subsi diárias em muitos países Eles exercem um impacto poderoso sobre os níveis de atividade econômica nos países que os recebem e são em geral capazes de dominar mercados estrangei ros e eliminar a competição no plano domés tico Está associada a isso uma GLOBALIZAÇÃO de processos e possibilidades tecnológicos Em um mercado mundial cada vez mais unificado todos os produtores devem adotar a nova tecno logia mais eficiente a fim de sobreviver en quanto os produtores maiores são capazes de promover seus produtos internacionalmente levando à homogeneização de padrões de con sumo bem como de processos de produção O lado econômico da divisão do trabalho é predominante no plano internacional devido à facilidade com que bens e dinheiro podem atra vessar fronteiras mas está também associado ao desenvolvimento de organismos culturais e políticos especializados desse nível O início do capitalismo esteve ligado a uma extensão glo bal do controle político por parte dos principais países responsável pelo sistema imperial Mais recentemente a autoridade política foi devolvi da a antigas possessões mas houve uma proli feração de organismos internacionais especia lizados criados para permitir que um sistema de intercâmbio local cada vez mais denso e interdependente fosse administrado A existência de uma divisão do trabalho pode ser identificada nas mais antigas crônicas sobre a interação social da humanidade mas está ligada especialmente à rápida expansão da produção e do comércio induzida pela revolu ção capitalista a partir do século XVI Isso levou a uma grande desigualdade em nível global os 12 países mais ricos controlam mais de 80 do comércio mundial e a uma intensa concor rência entre companhias países e regiões Isso por sua vez produziu fortes resistências locais à penetração econômica e política estrangeira bem como tentativas por parte de estados nações de limitar a liberdade de comércio e de afirmar os direitos soberanos em oposição aos de outros países ou organismos internacionais Foi gerada ainda uma revolta política con tra a forma capitalista predominante assumida pela divisão internacional do trabalho manifes ta no desenvolvimento do bloco socialista a começar com a Revolução Russa em 1917 e cobrindo a Europa Oriental a China e vários países menos desenvolvidos Mas o intercâm bio internacional continuou entre ambos os blo cos de forma que isso limitou e alterou essa tendência sem no entanto bloqueála por com pleto Esses países não foram capazes de pro duzir bens de qualidade comparável aos produ zidos no Ocidente nem de gerar níveis equiva lentes de produção e de consumo Essa falha desempenhou um papel importante no recente colapso desses sistemas estatizantes e também na atual tentativa de integrar plenamente essas economias na divisão internacional do trabalho Assim apesar dessas tendências cruzadas o período do pósguerra tem testemunhado um imenso crescimento na interdependência glo bal uma ampliação da influência de organi zações internacionais como o Fundo Monetário Internacional o Banco Mundial e a Comunidade Européia bem como um correspondente enfra quecimento da capacidade de países ou comuni dades em particular de se isolarem do poderoso impacto da divisão internacional do trabalho Ver também RELAÇÕES INTERNACIONAIS DE SENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO Leitura sugerida Brett EA 1985 The World Econo my since the War Grubel HG 1981 International Economics Mill JS 1900 Principles of Political Economy livro 3 cap17 EA BRETT Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 222 divisão internacional do trabalho divórcio Como um dos vários e diferentes meios pelos quais o CASAMENTO pode acabar o divórcio difere de suas alternativas aban dono e morte no sentido de ser a dissolução legal dos laços matrimoniais como uma anula ção nenhuma das partes tem obrigações a não ser talvez financeiras para com o adulto deixa do para trás Embora o divórcio tenha sido permitido em vários tempos e locais foi só no século XX que ele se tornou o meio comum de se dissolver um casamento na maior parte do Ocidente a Irlanda é uma exceção ainda não permite o divórcio Em contraste Murdock 1950 encontrou em seu estudo clássico de sociedades nãoocidentais a maioria delas pequenas e ágrafas que as taxas de divórcio superavam historicamente as do Ocidente Na maioria dos cenários préindustriais o divórcio é disponível igualmente para mulheres e ho mens Whyte 1978 Em muitas comunidades tribais da Índia o divórcio é comum sendo realizado simplesmente pelo ato de um indi víduo caminhar publicamente em direção a um homem ou mulher que não o seu próprio côn juge Hoje nas sociedades muçulmanas onde as taxas de divórcio eram extremamente altas um homem pode divorciarse de uma de suas esposas simplesmente repetindo três vezes Eu me divorcio de você diante de testemunhas fidedignas a lei islâmica não concede à mulher o mesmo direito ao divórcio Mas em muitos cenários fora dos Estados Unidos e da Europa Ocidental seja em Bangladesh ou na Indonésia na Colômbia ou no México na exUnião Sovié tica ou na China o divórcio está em ascensão Pela primeira vez na história do Ocidente em meados dos anos 70 nos Estados Unidos e na Inglaterra o número de casamentos que terminaram em divórcios superou os que termi naram na viuvez Se por um lado sempre acon teceu de cônjuges viverem separados só recen temente essa separação foi legitimada através do aparato legal do divórcio O divórcio dife rentemente da separação significa que os que o obtêm podem legalmente assumir outro côn juge Hoje isso se tornou fácil na maior parte do mundo Andrew Cherlin 1982 demógrafo americano especializado em família avalia que se as tendências recentes persistirem cerca de metade das pessoas que estão se casando hoje verá esses casamentos terminarem em di vórcio Lawrence Stone 1977 historiador da família estima que na Inglaterra mais de 13 dos atuais casamentos vai terminar nos tribunais de divórcio e não na casa funerária A Ingla terra e os Estados Unidos têm as mais elevadas taxas de divórcio do mundo ocidental com exceção da Escandinávia A partir dos anos 70 nos Estados Unidos os cônjuges obtiveram o direito de declarar mutuamente nofault ne nhuma culpa no tribunal e ao fazêlo encer rar seus laços matrimoniais embora não os de família Muitos afirmam que essa nova fundamen tação de nenhuma culpa não só tornou o divórcio mais fácil como criou maiores dificul dades para as mulheres deixadas para trás Os maridos que as deixaram tinham agora sua ino cência declarada pelo estado a cujos olhos a ausência de erro moral está ligada à ausência de obrigação financeira Os maridos divorciados podiam agora buscar uma nova esposa sem qualquer obrigação financeira para com a anti ga Isso deixou muitas mulheres em situação de pobreza contribuindo para o que alguns cha maram de uma nova feminização da pobreza Ao criar tanto empobrecimento de mulheres e filhos o divórcio ressaltou a permanência da base econômica do casamento que muitos acreditavam ter perdido a força Essa situação tem levado vários analistas a afirmar que de fato o casamento finalmente se tornara um contrato voluntário a ser abando nado de acordo com a vontade de um dos côn juges Por sua vez afirmam o divórcio já não é mais estigmatizado mas uma experiência bastante comum que tem muito a ver com o próprio ato do casamento O divórcio porém ainda é estigmatizado se por estigmatização queremos dizer que seus participantes podem ser excluídos de atividades comunitárias e leva dos a se sentirem acusados por viverem separa dos Além disso tal como a morte o divórcio ainda provoca muitas vezes um trauma psico lógico Esse trauma é ainda mais intenso para os que se divorciam pois muitas vezes é ines perado e privado em vez de previsto e público Ao contrário da morte o divórcio não tem ritual nenhum evento comunitário para confir málo Ocorre nos tribunais e nas mentes dos participantes e não no palco mais amplo da vida social Tanto o exmarido quanto a exes posa buscam uma explicação uma história para justificar a si mesmos e aos outros o que aconteceu e por quê Ao fazêlo tendem a des cobrir que o que em geral se acredita ser um Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar divórcio 223 conjunto de problemas particulares acaba se revelando como tendo sido sempre um assunto público A experiência do divórcio tal como a do próprio matrimônio é moldada tanto pelas di ferenças de gênero quanto pelas de raça Tal como existe um dele e um dela no casa mento o mesmo existe também no divórcio As mulheres brancas tendem a sofrer economica mente quando perdem o cônjuge as mulheres negras menos ainda que isso se deva ao fato de dependerem menos dos maridos para a renda familiar Porém os homens brancos e negros sofrem da mesma forma social e emocional mente Enquanto as mulheres que perdem os maridos em geral perdem o provedor do pão diário que tornava possível seu modo de vida material os homens que perdem a esposa per dem não apenas uma parceira numa divisão do trabalho mas também uma companheira e con fidente que os liga a outros amigos e parentes Com a crescente onda de divórcios alguns afirmam hoje que o casamento está chegando ao fim que os indivíduos já não buscam o apoio da Igreja para legitimar suas ligações pessoais que estamos finalmente assistindo à extinção da FAMÍLIA pelo menos como a conhecíamos até agora Está certo que família e casamento são hoje diferentes daquilo que foram durante o século anterior De fato essas instituições estão mudando mais rapidamente do que qualquer um havia previsto Permanece porém a per gunta estão desaparecendo Pelo menos por enquanto poucos dariam uma resposta afirma tiva Ao contrário demógrafos sociólogos psi cólogos e economistas ainda que por moti vos muito diferentes apontam que os in divíduos já não buscam necessariamente o apoio da Igreja para legitimar seus compromis sos obrigações ou laços pessoais Mas buscam e devem buscar o apoio do estado Sem o apoio do estado não há casamento sem casamento não há divórcio E o divórcio como o casamen to ainda está bem perto de nós Nas palavras de um crítico Na saúde ou na doença ele chegou para ficar Leitura sugerida Cherlin Andrew 1982 Marriage Divorce Remarriage Murdock George 1950 Fami ly stability in nonEuropean cultures Annals of the American Academy of Political and Social Science 5227 195201 Stone Lawrence 1977 The Family Sex and Marriage Whyte Martin Kin 1978 The Sta tus of Women in Preindustrial Societies NAOMI R GERSTEL doença Ver SAÚDE PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL doença mental Ver PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL doméstico trabalho Ver TRABALHO DOMÉS TICO dominação Ver AUTORIDADE Durkheim escola sociológica de Ver ESCOLA SOCIOLÓGICA DE DURKHEIM Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar 224 doença E ecologia Tendo sua origem etimológica tal como a palavra economia no grego oikos ou habitação morada a palavra ecologia tem seu uso moderno creditado em geral a Ernst Haeckel evolucionista alemão do século XIX Esse conceito no entanto já estava presente no século XVIII na idéia de uma economia da natureza Segundo esse ponto de vista cada espécie viva tinha determinado seu lugar pró prio na natureza seu próprio tipo específico de alimento âmbito geográfico e população ou seja seu habitat dentro de um padrão har monioso de interdependência entre as diferen tes espécies O reconhecimento do difundido fenômeno da extinção levou no século XIX a um enfraquecimento da idéia de desígnio da providência e de harmonia racional enquanto o conceito de Darwin de seleção natural apoia vase no pressuposto de uma luta competitiva pela existência tanto entre os organismos quan to entre eles e suas condições físicas de vida Não obstante a idéia de uma economia har moniosa da natureza não estava inteiramente perdida em Darwin uma vez que o mecanismo de seleção natural tinha como resultado uma adequação ou adaptação ainda mais estreita entre os organismos e suas condições de vida Embora Darwin e outros biólogos evolucionis tas do século XIX tenham efetivamente realiza do detalhados estudos das associações entre espécies interdependentes os estudos do pró prio Darwin sobre a polinização das orquídeas por insetos são um exemplo famoso houve poucas tentativas de integrar sistematicamente esses estudos numa especialização disciplinar antes dos anos 1890 O trabalho pioneiro de E Warming A Schimper e outros na sintetização da geografia vegetal com a fisiologia levou a uma concen tração na ecologia das comunidades vegetais e sua sucessão através do tempo Entre os primei ros trabalhos notáveis sobre ecologia vegetal incluíramse os estudos da ecologia das prada rias por grupos de Nebraska e Chicago nos Estados Unidos e a ecologia botânica de AG Tansley na GrãBretanha Apesar de a ecologia fisiológica animal ter sido criada antes 1881 pelo alemão KC Semper e da concentração ainda mais antiga da polinização pelos insetos o desenvolvimento geral da economia animal avançou a passos mais lentos do que a ecologia vegetal O reconhecimento como uma percep ção capital da ecologia de padrões mais ou menos estáveis de associação entre populações de diferentes espécies de animais e plantas junto com condições geológicas topográficas e climáticas obrigou a uma abordagem holística tanto dos estudos de campo quanto das explica ções teóricas O controvertido conceito de FE Clements de um ecossistema como um super organismo não é defendido hoje em dia dentro da ecologia científica mas várias formas de abordagens holísticas de sistemas foram con servadas A ecologia moderna está preocupada principalmente com os ciclos dos nutrientes através dos ecossistemas e com padrões de fluxo e intercâmbio de energia A metáfora econômica de acordo com a qual são clas sificadas as funções de diferentes grupos de organismos dentro de um ecossistema pro dutores principalmente os vegetais consu midores herbívoros e seus predadores e degra dantes principalmente microorganismos tem uma clara ressonância da noção mais antiga de economia da natureza Temse desenvol vido cada vez mais o reconhecimento de que os diferentes ecossistemas estão eles próprios in terrelacionados De importância fundamental para o pensamento social contemporâneo a res peito da ecologia humana foi a síntese Cole 1958 do conceito da biosfera a totalidade de todos os seres vivos sobre a Terra com o de ecossistema para transmitir o conceito de ecosfera o planeta considerado como um 225 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar sistema global imensamente complexo de ecossistemas Esse conceito fornece a base para um estudo da atividade social e econômica humana do ponto de vista de suas condições e de seus impactos ecológicos globais A ênfase nos séculos XVIII e XIX na ma leabilidade e perfectibilidade humanas per mitiu influências reconhecidamente ecológicas no pensamento social e político europeu Mon tesquieu atribuiu um papel significativo aos fatores geográficos e climáticos na formação da diversidade social e cultural e da variedade de formas de governo enquanto Malthus utilizou a idéia de uma carência de meios de subsistên cia relativa à força de crescimento populacio nal como uma arma contra propostas de mudan ça social radical O industrialismo ocidental do século XIX e início do século XX fez surgirem sucessivas ondas de nostalgia romântica por uma harmonia com a natureza que se havia perdido e muitos autores socialistas encaravam a transformação das relações com a natureza como crucial para o futuro póscapitalista As tradições predominantes no pensamento social ocidental no século XX têmse funda mentado numa oposição dualista entre natureza e sociedade ou cultura Mas buscando resistir ao DARWINISMO SOCIAL e a outras formas de determinismo biológico essas tradições de pensamento também se isolaram de um con fronto potencialmente produtivo com os des dobramentos mais recentes nas ciências da vi da especialmente a ecologia Uma antiga e importante exceção foi a sociologia da Escola de Chicago nos anos 20 e 30 A obra de RE Park e EW Burgess em especial tinha como premissa uma oposição entre as forças em fun cionamento na e sobre a vida social indepen dente da consciência e mediação de agentes sociais e o significado atribuído a essas forças e processos pelos agentes envolvidos Valendo se explicitamente do trabalho de Warming e Clements com a ecologia vegetal e o do ecolo gista animal pioneiro C Elton Park e Burgess referiramse à antiga classe de forças sociais como uma ordem ecológica Essa analogia entre ecologia vegetal e animal e a dimensão inintencional de vida social humana foi mais plenamente desenvolvida e aplicada no campo da sociologia urbana em que Park e Burgess analisaram os efeitos da competição por recur sos escassos entre indivíduos e grupos bem como as resultantes pressões seletivas as reações de adaptação e as diversificações do trabalho Nesses termos puderam ser compre endidos os padrões e distribuições cambiantes de sucessão temporal de grupos étnicos sub culturas atividades especializadas e assim por diante como entre áreas ou zonas naturais geograficamente definidas na cidade A mudança de uma aplicação metafórica para uma aplicação direta literal dos conceitos ecológicos à vida social humana só foi estabe lecida nos anos 60 em seguida à globalização da perspectiva ecológica na forma do conceito de ecosfera As advertências dramáticas de vigília ecológica de Paul Ehrlich Edward Goldsmith autores de Limits to Growth e outros textos do final dos anos 60 e início da década de 70 foram resultado de tentativas de ex trapolar as tendências globais então correntes no que dizia respeito a população poluição e esgotamentos de recursos para o futuro con trastandoas com o reconhecimento ecológico de uma capacidade de sustento global finita A primeira onda de política ecológica em geral designada de forma um tanto enganosa como neomalthusianismo logo deu lugar a uma multiplicidade de tentativas de incorporar uma perspectiva ecológica à teoria social e política B Commoner A Gorz e outros ten taram reconstruir a crítica marxista do capitalis mo em termos de suas conseqüências ecologi camente destrutivas enquanto feministas como C Merchant ligaram a ciência moderna o pa triarcado e a destruição ecológica em uma tradi ção peculiar de ecofeminismo Na filosofia social ambiental traçouse uma diferenciação entre ecologia superficial e profunda Naess 1989 No primeiro caso a preocupação com o ambiente baseiase num reconhecimento esclarecido da sua importância para o bemestar humano enquanto no segundo se atribui um valor intrínseco ao meio ambiente independen te de quaisquer interesses humanos específicos Movimentos sociais presumivelmente reacio nários e misantrópicos podem ser ligados à ecologia profunda Ver também AMBIENTALISMO MOVIMENTO ECOLÓGICO Leitura sugerida Bahro R 1982 Socialism and Sur vival Bramwell A 1989 Ecology in the 20th Cen tury a History Enzenberger HM 1988 A critique of political ecology In Dreamers of the Absolute Gorz A 1980 Ecology as Politics Lowe PD e Rudig W 1986 Political ecology and the social scien Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 226 ecologia ces the state of the art British Journal of Political Science 16 51350 Matthews Fred H 1977 Quest for an American Sociology Robert E Park and the Chicago School Meadows DH et al 1972 The Li mits to Growth Merchant C 1980 The Death of Nature Women Ecology and the Scientific Revolution Ryle M 1988 Ecology and Socialism TED BENTON econometria Encarada normalmente como a aplicação de técnicas estatísticas a dados eco nômicos a fim de investigar problemas econô micos a econometria numa definição mais inclusiva abrangeria todo o rol de problemas de mensuração em economia Essa definição poderia incluir problemas de operacionalização de um conceito de teste de uma teoria de coleta de dados e de construção de modelos específi cos ver MODELO Embora a palavra tenha sido usada pela primeira vez no século XX por pra ticantes pioneiros como Ragner Frisch a tradi ção de uma abordagem estatísticomatemática para os fenômenos sociais remonta à aritmética política do século XVII A origem da econome tria neste século está ligada a esforços para resolver as discussões teóricas entre os mar ginalistas e seus críticos recorrendo ao teste empírico da teoria de produtividade marginal da distribuição por economistas como HL Moore Este tentou demonstrar a validade da teoria dos salários de JB Clark usando os métodos de correlação Desses primeiros passos ainda toscos a eco nometria evoluiu para uma disciplina rigorosa através dos esforços de pioneiros como R Fris ch e J Tinbergen na Europa e pesquisadores da Cowles Foundation nos Estados Unidos Depois da Segunda Guerra Mundial o campo se expandiu rapidamente com a invenção do computador de alta velocidade Hoje em dia é mais adequado falar dos vários ramos da eco nometria do que da econometria como um úni co campo A econometria teórica tradicionalmente temse concentrado na construção de modelos estatísticos adequados ao teste de teorias eco nômicas O modelo de regressão linear clássico foi ampliado através da investigação da viola ção dos vários pressupostos com respeito ao error term Contribuição específica dos econo metristas foi o desenvolvimento de modelos simultâneos de equação Um trabalho mais re cente sobre variáveis qualitativas dependentes atrasos distribuídos modelos dinâmicos e vá rios outros tópicos ampliou o repertório da eco nometria teórica Usando esses instrumentos em contínua evolução muitas propostas teóricas em todas as áreas da CIÊNCIA ECONÔMICA têm sido submeti das a testes empíricos Estes vão da teoria de demanda do consumidor e de hipóteses eficien tes de mercado em macroeconomia até o teste das teorias sobre a determinação da taxa de câmbio na economia internacional Outra área importante no desenvolvimento da econometria foi a formulação e a corrobora ção de modelos macroeconométricos Come çando com o trabalho pioneiro de Elmer Wor king na identificação das curvas de demanda e oferta a partir de dados econômicos o trabalho de Frisch e Tinbergen na Europa fez avançar consideravelmente as fronteiras da econome tria Um trabalho posterior na Cowles Foun dation dirigido por J Marschak e TC Koop mans resultou num sólido fundamento analíti co para a avaliação de modelos de equação simultânea A efetiva apreciação desses mode los para uma economia real teve como pionei ros Klein e Goldberger 1955 e continua de formas cada vez mais sofisticadas com grande número de equações em muitos países Inter nacionalmente essa abordagem resultou no projeto LINK um grupo de estudos interna cional e cooperativo iniciado em 1968 com a finalidade de criar um sistema de modelos Os modelos LINK consistem em modelos de co mércio nacional regional e mundial Recentemente RE Lucas destacou que os parâmetros desses modelos sempre mudarão em conseqüência de declarações ou anúncios de programas e políticas Teoricamente o argu mento é bastante válido embora sua relevância para um modelo macroeconométrico na prática continue a ser uma questão empírica Muitos modelos recentes incorporam a pressuposição de expectativas racionais introduzida por JF Muth e RE Lucas Uma abordagem diferente defendida por CA Sims é usar técnicas empi ristas tais como métodos de autoregressão vetora De forma diferente econometristas ingleses como DF Hendry reconhecem os problemas dos pressupostos de exogeneidade na solução das questões de identificação de modelos ma croeconométricos No entanto Hendry ainda reconhece o valor da econometria para testar teorias econômicas Seu trabalho nessa área Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar econometria 227 enquadrase na rubrica dos procedimentos de seleção de modelos Na área da seleção de modelos e na abor dagem da econometria em geral a bayesiana vem sendo uma contendora das abordagens clássicas descritas acima Em contraste com a abordagem clássica freqüentista a proposta bayesiana preocupase com o modo como uma nova informação modifica as crenças do pes quisador a respeito dos valores dos parâmetros Ela também foge da necessidade de justificar os procedimentos de avaliação apelando para o desastrado conceito clássico de desempenho do avaliador em amostras hipotéticas repetidas Filosoficamente porém a aceitação da abor dagem bayesiana implica uma visão subjetivis ta de probabilidade que se choca com a visão objetivista tal como esta emerge de aspectos do mundo independentes do observador Portanto as abordagens clássica e bayesiana têm com promissos ontológicos distintos e opostos Dada a diversidade de contribuições e pon tos de vista na econometria moderna qualquer visão sumária está sujeita a ser enganosa No momento vários novos desdobramentos têm começado a reconhecer a necessidade de maior geração de dados mais testes de diagnóstico inclusão de graus de crença e uso de modelos que reconheçam limitações de dados Ao mes mo tempo está sendo dada mais ênfase a uma construção de modelos nãolinear e dinâmica Leitura sugerida Aigner D e Zellner A orgs 1988 Causality Journal of Econometrics 39 12 Hendry DF 1987 Econometrics methodology a personal perspective In Advances in Econometrics Fifth World Congress vol2 org por TF Bewley Klein L e Goldberger A 1955 An Econometric Model of the United States 19291952 Leamer EE 1987 Eco nometric metaphors In Advances in Econometrics Fifth World Congress vol2 org por TF Bewley Pe saran MH 1987 The Limits to Rational Expectations Sims CA 1987 Making economics credible In Advances in Econometrics Fifth World Congress vol2 org por TF Bewley Tinbergen J 1939 Statis tical Testing of Business Cycle Theories 2 vols Zell ner A 1983 Statistical theory and econometrics In Handbook of Econometrics vol1 org por Z Griliches e MD Intriligator HAIDER ALI KHAN economia Ver CIÊNCIA ECONÔMICA economia processos evolucionários na Ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA ECONOMIA economia socialização da Ver SOCIALIZA ÇÃO DA ECONOMIA economia neoclássica O desenvolvimento da economia neoclássica data do rompimento com a economia clássica ocorrido no último terço do século XIX Todas as escolas de eco nomia ver CIÊNCIA ECONÔMICA buscam expli car a seus diferentes modos a disjunção entre o valor de uso e o valor de troca A escola clássica teve a teoria de valor do trabalho como seu principal modo de explicar o valor de dife rentes bens as taxas às quais eles são troca dos Houve muitas anomalias com essa teoria especialmente no que diz respeito à dificuldade de valorizar coisas raras obrasprimas e bens em cuja produção o capital durável de sempenhava um papel importante A teoria do trabalho apoiavase no papel do tempo de traba lho despendido na produção de um bem para explicar sua taxa de troca por outro bem O valor de uso a utilidade do bem não desempenhava nenhum papel ativo nessa ex plicação Quase que simultaneamente embora de mo dos diferentes três autores defenderam a subs tituição da teoria clássica por uma teoria basea da em considerações tanto subjetivas como ob jetivas ou de custo de recursos O valor de uso ou utilidade tornouse um lado da equação que explica o valor de troca Leon Walras 1834 1910 William Stanley Jevons 18351882 e Carl Menger 18401921 a espaços de três anos um do outro propuseram uma abordagem anticlássica O trabalho deles passou a ser co nhecido como a revolução marginal pois usaram a noção de utilidade marginal como explicação para os valores de troca ver ESCOLA ECONÔMICA MARGINALISTA A revolução mar ginal é geralmente encarada como sinônimo de economia neoclássica mas essa é uma concep ção equivocada Os pioneiros marginalistas em especial Jevons e Menger eram explicitamente anticlássicos Foi Alfred Marshall 18421924 que cons cientemente buscou enfatizar a continuidade em vez da ruptura com os antigos economistas ingleses e que criou a economia neoclássica como a sucessora legítima da economia clás sica Ele incorporou o marginalismo ao corpo principal da economia mas também o integrou com teorias clássicas de renda e de comércio internacional Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 228 economia A economia neoclássica surge assim como um resultado consciente dos esforços de Mar shall para propagar uma mistura sintética e bemacabada de economia clássica embora sem a teoria do valor trabalho e marginalismo Mas a economia moderna especialmente nos anos 60 e a partir de então tem uma diferença importante com relação à economia marshallia na Marshall pensou em mercados distintos em equilíbrio parcial Walras propusera anterior mente um equilíbrio geral simultâneo como modo de teorizar a respeito de economia A economia moderna seguiu muito mais as linhas walrasianas Proposições básicas 1 Individualismo metodológico O con sumidor isoladamente é o ponto de partida e de chegada da economia neoclássica Ele en caremos a realidade é ele maximiza sua utili dade e sua obtenção de um optimum fornece o critério para a avaliação de alternativas econô micas O produtor ou a firma tomado isolada mente só infere sua base racional como em última análise consumidor ou propriedade de consumidores 2 Racionalidade econômica O consumi dor busca otimizar A otimização envolve maxi mizar uma função objetiva utilidade sujeita a restrições A renda ou os recursos em geral funciona como uma restrição O consumidor encara toda uma multiplicidade de fins porém com meios escassos o que o leva a otimizar 3 Escolha e substituição Defrontado com a otimização como tarefa o indivíduo é ajudado pelo fato de ter uma escolha Fora a restrição dos recursos não há outras restrições que ele deva idealmente enfrentar Assim o âmbito de bens e de oportunidades disponíveis em geral é tal que ele pode escolher um em vez de outro bem Os bens substituemse uns aos outros ou na satisfação de uma única neces sidade ou porque as necessidades estão concor rendo e se não uma outra pode ser satisfeita Em geral não existe hierarquia de preferência ou necessidades Do lado da produção do mes mo modo a tecnologia é tal que os meios alternativos de produzir um bem ou se não de substituir elementos que são colocados nos bens ou ainda de substituir bens finais estão sempre disponíveis Se por algum motivo essas substituições não estão disponíveis e o bem escasso é único então um aumento suficiente do seu preço estimulará uma busca de subs titutos e essas buscas terão sucesso 4 Equilíbrio A otimização por um con sumidor é bemsucedida e define para ele um equilíbrio O equilíbrio é uma situação tal que na ausência de novas informações o indivíduo não tem motivo para mudar o seu compor tamento O mesmo aplicase aos produtores 5 Concorrência Ao chegar à sua decisão o consumidor individual encara o preço de um bem como um dado o consumidor é parte muito pequena da economia total para exercer algum poder em virtude de suas ações por exemplo para influenciar o preço Os produ tores só se encontram em situação semelhante em estruturas industriais perfeitamente com petitivas Estas são desejáveis mas não univer sais Em situações nãocompetitivas os produ tores individuais e muito raramente os consu midores exercem poder no mercado e influen ciam o preço ao qual vendem ou compram A situação competitiva é a norma 6 Desobstrução do mercado Na ausên cia de restrições arbitrárias externas um mundo de consumidores e produtores individuais irá agir de tal forma que o mercado para a mer cadoria em questão em equilíbrio parcial e para todas as mercadorias em equilíbrio geral será desobstruído isto é as demandas igualarão as ofertas Não haverá portanto nem excesso de demanda nem excesso de oferta de natureza involuntária 7 Máximo de bemestar Em situações de equilíbrio geral competitivo o bemestar do consumidor chegará ao máximo Isso pode ocorrer sobre bases utilitaristas que permitirão a soma das utilidades dos diversos consumi dores ou pelo critério de Pareto o qual afirma que uma situação é ótima no sentido de que ninguém pode sairse melhor sem que pelo menos uma pessoa se saia pior Em qualquer dos cálculos um equilíbrio competitivo é uma situação de máximo de bemestar Em torno dessas proposições básicas a eco nomia neoclássica ampliou e enriqueceu sua capacidade de modelar um número crescente de atividades humanas dentro da sua estrutura Assim crime casamento criação de filhos e escolha do tamanho da família foram todos estudados bem como as atividades econômicas mais estreitamente definidas tais como escolha de profissão investimento consumo produção Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar economia neoclássica 229 e assim por diante Dado o ponto de partida metodológico individualista a economia neo clássica tem dificuldade em teorizar sobre rela cionamentos agregados macroeconômicos A agregação sobre indivíduos firmas ou mer cadorias leva a problemas internos de coerên cia A busca de microfundamentos da macroe conomia é portanto endêmica e parte insolú vel da economia neoclássica Seus detratores criticam a economia neo clássica por ser estática excessivamente orien tada para o equilíbrio fazendo pressuposições irreais ignorando dados institucionais e cul turais e também por desprezar o poder ou o conflito de classe Seu predomínio contínuo na economia no entanto sustentase não ape nas por sua hegemonia institucional nas univer sidades mas também pelo compromisso de seus praticantes com uma adesão vigorosa ao pequeno número de proposições básicas e a ativos e ferozes mecanismos críticos internos que tentam garantir que pelo menos por seus próprios padrões internos só sejam aprovados trabalhos rigorosos e de alta qualidade Leitura sugerida Blaug M 1962 1985 Economic Theory in Retrospect 4ªed Boland LA 1985 The Foundations of Economic Method Hahn F 1984 Equilibrium and Macroeconomics Hey J e Winch D orgs 1990 A Century of Economics Stigler GJ 1965 Essays in the History of Economics MEGHNAD DESAI economia política Esta designação adqui riu uma variedade de significados dos quais nem todos são mutuamente compatíveis Em termos históricos a palavra economia refe riase à administração do orçamento doméstico Quando a residência era a do monarca essas preocupações econômicas eram evidentemente políticas Daí a economia política terse ori ginado como o estudo dos problemas relativos às rendas oriundas de impostos e empréstimos e despesas com a corte a administração civil o exército e a marinha do monarca numa época em que os estadosnações estavam co meçando a se consolidar e o enfraquecimento da moeda era comum Em particular a inflação européia no século XVI ligada ao influxo de prata do Novo Mundo inspirou questões rela tivas aos determinantes da balança entre rendas e despesas e sua ligação com o comércio a produção e de maneira mais geral a riqueza da nação Os mercantilistas do século XVII loca lizavam as origens da riqueza na aquisição de metais preciosos através de excedentes comer ciais refletindo o capitalismo mercantilista pre dominante na época Essa doutrina foi superada no século seguinte pela dos fisiocratas que localizavam a fonte de toda riqueza na agricul tura refletindo o lento crescimento do capi talismo agrícola Mais tarde ainda as origens da riqueza foram buscadas por Adam Smith na década de 1770 na ampliação da divisão do trabalho refletindo o incremento da atividade econômica que levaria à Revolução Industrial No início do século XIX durante a Revolução Industrial David Ricardo e um pouco depois Karl Marx há o reconhecimento de que as origens da riqueza se encontram de maneira mais geral na produção O foco concentrase em particular no modo como um excedente econômico isto é o que excede a reprodução de uma situação estacionária de subsistência é produzido e distribuído o que a relação dessa produção e distribuição representa para o cres cimento econômico e o conflito de classes en tre senhores de terras e capitalistas para Ricar do entre capitalistas e operários para Marx e quais são as implicações para preços lucros salários e empregos Marx fez distinção ainda entre a economia política clássica que investigava a real es trutura interna das relações burguesas de produ ção e que ele encarava portanto como cien tífica e as atividades de economistas vulga res que se confundem com a estrutura apa rente dessas relações sistematizando de for ma pedante e proclamando como verdades eter nas as idéias banais e complacentes que os agentes de produção burgueses têm sobre seu próprio mundo que para eles é o melhor mundo possível O capital volI 1867 1976 p174 n34 Para Marx a ruptura ocorreu em 1830 a conquista do poder político pela burguesia na França e na Inglaterra e seu conflito de classe com um proletariado em rápido crescimento marcaram o fim de qualquer possibilidade de novos desenvolvimentos da economia política científica depois disso só seriam possíveis uma apologética do status quo economia política vulgar ou uma crítica científica sua própria obra Sucessores mais convencionais de Ricardo passaram cada vez mais a achar insatisfatória a fundamentação da teoria deste numa teoria do valor trabalho e na década de 1870 sua teoria Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 230 economia política da renda fora generalizada com sucesso para outros chamados fatores de produção tais que em equilíbrio competitivo cada fator recebe o equivalente monetário de sua contribuição para a produção Seguiramse imediatamente várias conseqüências Primeiro questões de cresci mento e de atividade econômica agregada fo ram substituídas por preocupações com a aloca ção de recursos Segundo o conflito de classes foi substituído por uma concentração do in teresse na maximização promovida pelos in divíduos consumidores maximizando a utili dade e produtores maximizando o lucro com dadas dotações iniciais e dadas tecnologias de produção ambas questões de história e dadas preferências questão de psicologia Terceiro desapareceu a própria noção de excedente eco nômico E quarto a expressão economia po lítica foi substituída pela palavra economia Ver VALOR Enquanto os marxistas achavam esses desdobramentos vulgares e continua vam a usar a expressão economia política clás sica para descrever a obra de Ricardo e seus antecessores cada vez mais outros economistas seguiam o uso de JM Keynes da expressão economia clássica para descrever a ortodoxia econômica no século posterior a Ricardo tra tando Marx como um seguidor de Ricardo e anterior à Teoria geral do próprio Keynes de 1936 A expressão economia política só sobre viveu na ortodoxia nãomarxista em dois sen tidos Primeiro ocorre como expressão ocasio nal na teoria das finanças públicas óbvia referência a suas origens históricas Segundo foi apropriada por um crescente conjunto de trabalhos com origem em grande parte nos Estados Unidos nos anos 70 que investigam a interação de processos políticos democráticos e as relações econômicas de troca de mercado rias em mercados livres Os primeiros são en carados como estorvos às segundas exigindo reestruturação e subordinação a elas Mais uma vez fica clara a referência às origens históricas da expressão Ao mesmo tempo em que economistas co mo Paul Baran e Paul Sweezy nos Estados Unidos e Maurice Dobb e Ronald Meek no Reino Unido mantinham uma tradição marxis ta no século XX foi a conjunção do movimento de direitos civis nos Estados Unidos com o maciço envolvimento norteamericano no Viet nã que levou a uma retomada das preocupações da economia política clássica Hymer e Roo sevelt in Lindbeck 1977 descrevem as con seqüências do uso da razão do conhecimento técnico de manobras jurídicas e de políticas de reforma eleitoral por ativistas estudantis nos anos 60 e início dos anos 70 Eles descobriram pessoalmente a violência apoiada pela lei e pelo governo que era usada contra os negros em países subdesenvolvidos viram as elites governantes colaborando com os negócios interna cionais para obstruir as reformas mais obviamente necessárias viram que os administradores de suas universidades resistiam a exigências mínimas com incrível tenacidade viram como os programas de bemestar social e as prisões aterrorizavam e degra davam as pessoas as quais deveriam promover e melhorar e na política os jovens descobriram que mesmo conseguindo levantar uma onda gigantesca contra a guerra e forçar um presidente a renunciar isso não fez a guerra parar A partir dessa experiência começaram a se perguntar se não existe algo fun damentalmente errado no próprio sistema p121 Esse questionamento levou à construção de uma visão de mundo alternativa à da ortodoxia econômica predominante rejeitando a concen tração desta última em padrões eficientes de alocação de recursos produzidos pelas ativi dades otimizadoras de indivíduos racionais e em geral oniscientes em favor de muitas das preocupações da tradição da economia política clássica que havia culminado na obra de Marx Em particular os economistas da Nova Esquer da como vieram a ser chamados não negaram a ênfase na concorrência e na troca voluntária nos mercados tão cruciais para a ortodoxia econômica mas afirmaram que essa concentra ção de foco era unidimensional demais para representar a realidade do capitalismo de uma forma que não fosse enganadora O que seria necessário acrescentar era primeiro um reco nhecimento das relações de poder coerção e hierarquia características tanto do local de tra balho quanto do mercado numa sociedade ca pitalista e segundo o reconhecimento de que as sociedades capitalistas não se encontram em equilíbrio estático e nem sequer dinâmico mas sim em constante mudança sendo essa mudan ça produzida por sua existência sistêmica A ênfase no aspecto do poder é particular mente importante A explicação das desigual dades da sociedade capitalista em termos do comportamento otimizador dos indivíduos é para os economistas políticos radicais parti cularmente ociosa uma vez que constrói repre sentações da sociedade capitalista que são na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar economia política 231 melhor das hipóteses enganadoras e o que é mais típico totalmente míticas A economia política em vez disso concentrase em agrega dos de indivíduos em como as relações de poder distribuem recursos entre esses agrega dos e em como essas distribuições de recursos mantêm relações de dominação e subordinação Esse tipo de análise de relações distributivas tem sido amplamente utilizado em análises da pobreza em sociedades com estratificação de classes em análises das diferenças entre os sexos e das relações patriarcais entre homens e mulheres em análises de conflitos raciais nos países capitalistas mais ricos e numa ampla variedade de análises da situação com que se defrontam os países subdesenvolvidos em ter mos tanto de seu meio ambiente doméstico quanto de sua entrada num mercado mundial dominado pelos países capitalistas mais ricos Mas não é somente no que diz respeito a relações de poder entre agregados na distribui ção que a economia política radical se diferen cia da ortodoxia econômica O próprio Marx achava que as relações de dominação e subor dinação no processo de produção em si mesmo eram particularmente importantes para a aná lise do capitalismo Mas os escritos de Marx desenvolveram pouco esse setor e no século XX essas preocupações marxistas foram bas tante negligenciadas Foram porém revividas e na verdade atingiram um público muito mais amplo com a publicação em 1974 da obra de Braverman sobre o processo de trabalho ca pitalista ver TRABALHO PROCESSO DE que ten tava aplicar a análise de Marx ao local de traba lho moderno e a sua evolução no século XX Grande número de estudos empíricos foi buscar sua inspiração na obra de Braverman tentando entender a evolução de uma ampla variedade de situações no local de trabalho Nisso existe certa ligação com as preocupações da teoria da REGULAÇÃO Um foco de atenção relacionado ainda que distinto foi uma análise das corpora ções do século XX uma linha de análise apóia se na escola institucionalista norteamericana de Thorstein Veblen a JK Galbraith outra relaciona a evolução da corporação multina cional às teorias marxistas sobre imperialismo Esse itinerário da redescoberta das preo cupações teóricas do passado descobriu simul taneamente como a obra de muitos economistas influentes pode ser lida e interpretada sob uma luz diversa de como essas obras foram apropria das pela ortodoxia econômica Um exemplo de destaque é a obra de Keynes enquanto a in terpretação ortodoxa encara a economia keyne siana em termos de situações de equilíbrio Joan Robinson e seus colegas sempre insistiram em afirmar que isso significa distorcer os processos de desequilíbrio com os quais Keynes se preo cupava Assim Nell por exemplo afirma que a ortodoxia econômica deturpa a natureza da circulação e da distribuição 1980 pXI uma compreensão mais precisa no caso exige um retorno à teoria keynesiana sobre demanda efe tiva e sua ampliação para ligar decisões sobre preços e investimentos ver PÓSKEYNESIANIS MO Entre outros exemplos incluemse a in terpretação de Piero Sraffa da economia de Ricardo e a redescoberta da economia marxista como algo mais que uma variante menor na tradição ricardiana As preocupações da economia política radi cal são assim heterogêneas unidas pela hos tilidade à ortodoxia econômica predominante elas continuam ecléticas em parte complemen tares e em parte competitivas entre si Nos Estados Unidos a Union for Radical Political Economics URPE que publica a Review of Radical Political Economics é a principal or ganização a abrigar economistas dissidentes no Reino Unido existe uma análoga Conference of Socialist Economists CSE com sua publica ção Capital Class mas as preocupações da economia política permeiam inúmeras outras publicações incluindo Cambridge Journal of Economics Critical Social Policy e Race and Class num testemunho de sua influência na contestação da ortodoxia econômica Leitura sugerida Bowles S e Edwards R 1985 Un derstanding Capitalism Competition Command and Change in the US Economy Edwards RC Reich M e Weisskopf TE 1978 The Capitalist System 2ªed Green F e Sutcliffe B 1987 The Profit System Lindbeck A 1977 The Political Economy of the New Left An Outsiders View 2ªed Nell EJ org 1980 Growth Profits and Property Essays in the Revival of Political Economy SIMON MOHUN economia socialista Ver SOCIALISTA TEORIA ECONÔMICA SOCIALISTA CÁLCULO SOCIALISMO DE MERCADO econômica história Ver HISTÓRIA ECONÔ MICA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 232 economia socialista educação e teoria social Se usarmos SO CIALIZAÇÃO para nos referirmos à soma de prá ticas pelas quais novos indivíduos são transfor mados em membros de sociedades existentes então educação é o subconjunto de práticas que têm como resultado pretendido tipos par ticulares de formação De forma ainda mais estrita a palavra educação é usada como sinônimo de escolaridade medida institucional específica para a transmissão de conhecimentos e habilidades o desenvolvimento de competên cias e crenças Há uma pressuposição básica que permeia o pensamento social do século XX de que a socialização é o meio certo de caracterizar o que transpira entre novos indivíduos e suas socie dades e de que os indivíduos são maleáveis a um número indefinido de tipos de formação Contra esse pano de fundo os sociólogos pare cem ter a tarefa descritiva direta de caracterizar como diferentes sociedades socializam os in divíduos e em que elas os socializam Mas se existem falhas de socialização e elas existem fica mais difícil sustentar a idéia de plas ticidade cf Hollis 1977 Wrong 1977 Por exemplo se os indivíduos de fato diferem bio logicamente em termos de inteligência isso limitará o possível sucesso de qualquer sistema de escolaridade que proporcione a igualdade de tratamento na expectativa de que este venha a produzir uma igualdade de resultados Os compromissos políticos de conseguir a igualdade de oportunidades de tratamento eou de resultados têm inspirado e fundado inúme ros programas e projetos de pesquisas na socio logia do século XX ver também IGUALDADE E DESIGUALDADE Por exemplo em um compro misso com a idéia de que a escolaridade deveria permitir a mobilidade social identificando ta lento eou esforço independentemente de ori gens sociais dessa forma tornando talento e esforço disponíveis como mérito como dis criminadores identificáveis para a seleção pro fissional tem havido grande número de es tudos sobre o motivo por que origens e destinos continuam obstinadamente ligados apesar dos compromissos meritocráticos pelo menos for mais É possível distinguir três tipos de explica ções resultantes que podem ser rotuladas de determinista desmistificadora e voluntarista Essas explicações não são mutuamente exclu sivas ainda que geralmente sejam apresentadas como tal Explicações deterministas Há dois tipos de deterministas Primeiro os que afirmam que os indivíduos diferem biologicamente em inte ligência eou que grupos negros mulheres em contraste com brancos homens diferem na média em termos de inteligência biologicamen te determinada e que isso explica as diferenças nos resultados A literatura sobre esse tipo de determinismo é ao mesmo tempo ampla e amplamente superestimada uma vez que muito poucas se é que alguma conclusões quanto a políticas e programas podem ser dela derivadas com clareza qualquer que seja a verdade nessa questão Por exemplo supo nhamos que algumas crianças simplesmente sejam mais espertas do que outras O que se segue a respeito de sua educação e da educa ção das que são menos espertas Absoluta mente nada uma vez que a questão con seqüente mais óbvia é esta as que são mais espertas deveriam receber maismelhor edu cação para beneficiar indiretamente os res tantes ou menos uma vez que não preci sam E nada no mero fato das diferenças ajuda a resolver essa questão A maioria dos sistemas educacionais reconhece tacitamente a diferença e gasta mais tanto com as que são mais espertas como com as que são particular mente menos capazes e identificadas como ten do necessidades educacionais especiais O segundo tipo de determinista fala a partir da sociedade e não da biologia demonstrando como as crianças chegam à escola com a van tagem ou com o peso de sua formação social classe educação status Conseqüentemente o sucesso e o fracasso relativos na escola são determinados pelos trunfos ou cargas que as crianças trazem consigo e a escolaridade em si mesma não pode contrabalançar a sociedade a escola é um agente menos possante do ponto de vista causal do que o lar ou a comunidade ver Halsey et al 1980 Os mecanismos efetivos de determinação social são muitos e variados Se em casa não há livros não há lugar para estudar nem proces sador de texto para produzir trabalhos elegan tes mamãe e papai estão sempre discutindo o bebê não dorme e seus colegas estão sempre batendo à porta chamando para jogar futebol bem quais são as chances de a criança fazer uma boa prova de história Ver também PRIVA ÇÃO RELATIVA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar educação e teoria social 233 Explicações desmistificadoras As próprias escolas são instituições sociais contando com professores cuja classe ou status social precisos têm sido objeto de considerável debate ver Ozga e Lawn 1981 A realidade das escolas pode divergir e de fato diverge de sua retórica Assim por exemplo um compromisso formal com a igualdade de oportunidades não garante que um professor trate meninas e meninos de modo tal que ambos tenham iguais oportunida des de sucesso na sala de aula desse professor Na verdade os indícios apontam de forma surpreendente que os professores homens e mulheres são discriminadores no tratamen to que dedicam a meninos e meninas de modos educativamente significativos Stanworth 1983 Além disso as escolas são moldadas como instituições através das exigências for mais dos governos nacionais e locais e infor malmente pelas pressões exercidas por pais diretores e o comércio e indústria locais A conjunção de exigências formais e pressões informais na verdade conspira para garantir que o reconhecimento e a recompensa do mérito individual sejam apenas um dos vários objeti vos conflitantes perseguidos pelas escolas As escolas também têm um currículo oculto Snyder 1971 o qual reconhece e recompensa o conformismo a suas normas de bom compor tamento e de autoapresentação aceitável ver Ball 1990 Essas normas não são neutras no que se refere aos grupos mas ao contrário discriminam de forma sistemática por classe e sexo Assim para usarmos um exemplo menos que óbvio no nível secundário a norma da caligrafia clara indicaria um favorecimento sis temático das meninas embora a recompensa seja na verdade a capacitação para funções de baixas recompensas e status moderado tais co mo empregos de funcionárias e secretárias Ne nhuma menina com a cabeça no lugar deveria permitirse ter uma bela caligrafia Em geral diz o sociólogo desmistificador as escolas não são locais sociais neutros impotentes diante de determinações sociais externas Suas próprias práticas institucional mente embutidas formam resultados diferen ciados por classe sexo e outros discriminadores irrelevantes como etnia Explicações voluntaristas Tanto o determinista quanto o desmistificador estão na verdade as sumindo não apenas a plasticidade como tam bém a passividade do aluno de escola Mas é possível que as próprias crianças se mostrem ativas na formação de seus próprios destinos e desde a tenra idade Elas têm suas próprias percepções quanto a suas origens e aspirações por distinção social querem ser médicos enfer meiras e estrelas pop Querem ou não querem seguir o papai ladeira abaixo Nesse contexto os professores podem ou não representar um status ou conjunto de valores com os quais os alunos podem identificarse ou aos quais pos sam vir a aspirar E isso é importante porque pode formar uma orientação para todo o proces so de aprendizado Em um estudo influente Paul Willis 1977 afirmou que parte da ex plicação para o fato de filhos da classe operária conseguirem empregos de classe operária é simplesmente que eles querem esses empregos rejeitam decididamente a CULTURA mais cola rinho branco da escola que não é a de suas famílias de origem O modo como os profes sores se comportam e vivem objeto de certo fascínio para a maioria dos alunos não os im pressiona como algo a ser copiado ou buscado Qualquer que seja a mistura de explicações certa os filhos da classe operária conseguem empregos de classe operária e as meninas aca bam realizando trabalho de mulher A mobi lidade social e sexual é sempre muito menor do que aquilo que satisfaria qualquer pessoa com prometida com a igualdade de oportunidades Trabalhos sociológicos detalhados sobre a re produção de uma força de trabalho estratificada podem ser encontrados dentro da tradição bri tânica em Halsey et al 1980 e numa perspec tiva marxista norteamericana em Bowles e Gintis 1976 Alguns têm procurado garantir que a es colaridade se torne uma influência mais pode rosa do que a origem por exemplo ampliando o período de escolaridade compulsória cuidan do para que cada escola receba alguns alunos com todos os níveis de habilidade e rebaixando a cultura de conhecimento inútil latim e grego por exemplo para cuja aquisição o principal motivo é ou deveria ser o desejo de marcar uma distinção social ver Bourdieu 1979 Outros tornaramse críticos da própria ins tituição da escolaridade Na NOVA ESQUERDA Ivan Illich afirmou numa obra muito influente Deschooling Society Sociedade desescolari zante 1971 que as escolas privilegiam o di ploma sobre a efetiva competência restringem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 234 educação e teoria social irracionalmente o domínio daquilo que conta como valendo a pena aprender e prescrevem modos de aprendizado restritivos e inúteis enquanto escrevo esta última frase ocorreme que amanhã minha filha colocará um colarinho e uma gravatinha novos sem os quais jamais lhe será permitido aprender coisa alguma É seu primeiro dia numa escola inglesa comum A NOVA DIREITA adaptou a seus próprios ob jetivos alguns dos temas da crítica da Nova Esquerda à escolaridade expressa como a idéia de controle exercido pelo produtor os profes sores prepararam suas próprias agendas para as escolas quando deveriam ser os pais a prepara rem agendas para os professores A Nova Direi ta então manifestase a favor do rompimento dos monopólios escolares e da libertação do consumidor Tanto o pensamento da Nova Esquerda quanto o da Nova Direita conflitam com as concepções centrais socialdemocratas e libe raldemocratas como a de John Dewey 1966 que encaram a escolaridade como uma instituição com um papel de liderança na criação de uma sociedade justa democrática e unificada E dentro da tradição marxista An tonio Gramsci expressa uma aprovação decidi da ao tipo de sistema escolar tradicional de que ele foi um beneficiário individual Entwistle 1979 O caso de Gramsci também deveria ser vir para nos tornar conscientes de que se os sociólogos em geral têmse ocupado em ex plicar por que as crianças fracassam na escola existe também outra interessante questão de pesquisa que deseja saber por que certas crian ças que deveriam por todos os padrões socio lógicos efetivamente fracassar tiveram sucesso nas circunstâncias mais improváveis Existem muito poucos sistemas de escolaridade que não tenham como se orgulhar de seus meninos po bres que obtiveram sucesso e uma abordagem biográfica do estudo do seu sucesso pode fazer ressaltar fatores desprezados nas abordagens macrossociológicas do estudo da educação Para usos bem diferentes de uma abordagem biográfica ver Hoggart 1957 e Lacey 1970 Leitura sugerida Bowles Samuel e Gintis Herbert 1976 Schooling in Capitalist America Halsey AH Heath A e Ridge JM 1980 Origins and Destinations Family Class and Education in Modern Britain Il lich Ivan 1971 Deschooling Society Willis Paul 1977 Learning to Labour TREVOR PATEMAN elites teoria das A palavra élite foi usada na França no século XVII para descrever bens de qualidade particularmente superior Um pouco mais tarde foi aplicada a grupos sociais supe riores de vários tipos mas só viria a ser am plamente empregada no pensamento social e político por volta do final do século XIX quan do começou a ser difundida pelas teorias socio lógicas das elites propostas por Vilfredo Pareto 191619 e de forma um pouco diferente por Gaetano Mosca 1896 Pareto começou com uma definição muito geral de elite como as de pessoas que têm os índices mais elevados de capacidade em seu ramo de atividade qualquer que seja a sua natureza mas em seguida con centrou sua atenção naquilo que chamou de elite governante em contraste com as massas nãogovernantes Essa concepção devia algo a Mosca o primeiro a tentar a construção de uma nova ciência da política baseada na distin ção entre elite e massas que resumiu sua concepção geral dizendo que em todas as so ciedades um fato óbvio se destaca o de sur girem duas classes de pessoas uma classe que governa e uma classe que é governada As teorias das elites eram dirigidas contra o socialismo especialmente o socialismo mar xista e em certa medida muito em especial no caso de Pareto contra as idéias democráticas Contestavam o conceito marxista de classe dominante cujo poder político se concentrava na propriedade dos meios de produção afir mando que os grupos dominantes se carac terizavam por terem capacidades superiores e por serem minorias organizadas cujo domí nio sobre a maioria desorganizada é inevi tável Mosca 1896 p50 Essa argumentação foi levada mais adiante com a negação de que uma sociedade sem classes conforme prefi gurada pela maioria dos socialistas ou uma democracia no sentido de governo exercido pelo povo pudesse vir a ser atingida um dia Mosca porém acabou desenvolvendo uma teo ria mais complexa na qual reconhecia a impor tância da posse da propriedade na constituição da minoria organizada ou classe política a influência sobre o governo de forças sociais diversas representando diferentes interesses na sociedade a importância para a estabilidade política de uma subelite compreendendo na prática a nova classe média e a possibilida de numa democracia parlamentar de que a maioria desorganizada através de seus repre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar elites teoria das 235 sentantes viesse a exercer algum controle sobre a política governamental As obras de Pareto e Mosca tiveram uma influência penetrante Max Weber de modo parecido rejeitou a idéia de governo exercido pelo povo e redefiniu a democracia como a competição pela liderança política no que foi mais tarde seguido por JA Schumpeter 1942 Em seus argumentos contra o socialismo We ber enfatizou a independência relativa do poder político afirmando ser mais provável que uma revolução socialista estabelecesse a ditadura do funcionalismo do que a ditadura do proletariado Weber 1918 A partir de outro aspecto Robert Michels que trabalhava numa ligação muito estreita com Weber em seu estudo sobre os partidos políticos afirmou que todos eles in cluindo os partidos socialistas inevitavelmente desenvolviam uma estrutura oligárquica resul tando na dominação por parte dos líderes par tidários Tanto Weber quanto Michels atribuíam importância capital na liderança política às elites bem como aos indivíduos carismáticos Beetham 1981 Mommsen 1981 e suas idéias exerceram considerável influência sobre o pensamento social posterior Raymond Aron 1950 tentou uma síntese da teoria de classes com a teoria das elites através da análise da relação entre DIFERENCIAÇÃO SOCIAL e hierarquia política nas sociedades modernas e seguiu We ber ao afirmar que a desigualdade em termos de poder político não é de forma alguma elimi nada ou reduzida pela abolição das classes pois é absolutamente impossível que o governo de uma sociedade esteja nas mãos senão de uns poucos Nesse texto e em outros Aron 1964 ele também usou o conceito de elite para es tabelecer uma distinção entre a pluralidade de elites nas sociedades capitalistas democráticas e a elite unificada nas sociedades sem clas ses mais especificamente na União Soviéti ca Esses textos foram uma importante con tribuição para as controvérsias a respeito do surgimento de uma nova classe governante ou elite dominante nos países socialistas C Wright Mills 1956 muito influenciado por Weber também usou a expressão elite do po der preferencialmente a classe governante que ele achava implicar com excessiva facili dade que uma classe econômica tem o domínio político mas ao contrário de Aron concebeu essa elite como unindo três grupos distintos na sociedade norteamericana os chefes das corporações empresariais os líderes políticos e os chefes militares e sua análise parecia levar à reafirmação de forma limitada da força de terminante definitiva que era a posse da proprie dade Grande parte da extensa pesquisa sobre as elites desde a Segunda Guerra Mundial temse preocupado com a arregimentação e o papel social de grupos elitistas particulares líderes políticos executivos de empresas especial mente em grandes corporações funcionários de alta hierarquia chefes militares e intelectuais em sociedades diferentes e esse tem sido um elemento importante nos estudos sobre a mobi lidade social Heath 1981 De maneira mais geral as teorias das elites têm ocupado o centro das controvérsias a respeito da relação entre elites e democracia Karl Mannheim que ori ginalmente ligara as teorias das elites ao fascis mo e às doutrinas antiintelectualistas de ação direta afirmou mais tarde que democracia e elites não eram necessariamente incompatíveis numa sociedade democrática haveria um no vo modo de seleção da elite e uma nova auto interpretação desta juntamente com uma re dução da distância entre a elite e a massa Man nheim 1956 p200 Nos anos 60 porém os movimentos esquerdistas radicais renovaram o ataque ao elitismo em sua defesa da democra cia participativa e embora alguns desses mo vimentos tenham declinado no decorrer da úl tima década suas críticas ao domínio da elite ainda exercem influência sobre os partidos ver des e entre os defensores da autogestão No pensamento social do pósguerra a teo ria das elites tornouse menos uma alternativa à teoria de classe do que um complemento a essa teoria em especial na análise da natureza do domínio político nos países socialistas eles próprios envolvidos desde o final dos anos 80 em um processo de mudança radical em que tanto as classes quanto as elites desempenham um papel O que hoje parece mais importante é a relação das elites com a democracia assim como as novas questões colocadas por versões mais recentes da teoria das elites para concep ções da ulterior evolução da democracia nas sociedades industriais avançadas Albertoni 1987 parte 2 Leitura sugerida Albertoni Ettore A 1987 Mosca and the Theory of Elitism Aron Raymond 1950 1988 Social structure and the ruling class In Po wer Modernity and Sociology Bottomore Tom 1964 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 236 elites teoria das 1966 Elites and Society Mannheim K 1956 Es says on the Sociology of Culture Michels Robert 1911 1949 1962 Political Parties Mills CW 1956 The Power Elite Mosca Gaetano 1986 1939 Elementi di scienza politica 2ªed rev e ampl 1983 A versão inglesa organizada por Arthur Livingston sob o título The Ruling Class reúne essas duas edições Pareto V 191619 1963 The Mind and Society a Treatise on General Sociology 2 vols Schumpeter Joseph A 1942 1987 Capitalism Socialism and De mocracy 6ªed TOM BOTTOMORE emancipação Usadas no século XIX para se referir à abolição de restrições jurídicas aos judeus europeus aos servos russos e aos es cravos americanos as palavras emancipação e libertação mantiveram seus laços com a imagística da escravidão Ao lado de motivos tirados da Revolução Francesa e dos movimen tos operários essas palavras formaram a retóri ca dos movimentos de libertação nacional anticolonialistas ver Fanon 1961 Mary Wollstonecraft 1792 chamou a aten ção para as semelhanças entre a condição das mulheres e a dos escravos e os movimentos feministas têm usado tradicionalmente as pala vras emancipação e libertação Fora desses movimentos também a mulher emancipada era associada a um estilo de vida anticonven cional Ver também MOVIMENTO DE MULHERES Em outras áreas do pensamento radical es sas palavras costumam ser usadas como alter nativas ou complementos de um vocabulário da revolução social especialmente na teoria crítica ver ESCOLA DE FRANKFURT O Ensaio sobre a libertação 1969 de Herbert Marcuse am pliou as tradicionais concepções socialistas de libertação para poder incorporar idéias dos mo vimentos estudantil e hippie bem como dos movimentos de libertação feminina e gay O conceito mais austero de Jürgen Haber mas de um interesse na emancipação orientado pelo conhecimento caracterizando ciências críticas como a psicanálise e a crítica marxis ta da ideologia exerceu também extrema in fluência como alternativa ao ideal de liberdade de valores ver VALORES No modelo de Haber mas as ciências emancipatórias combinam o estudo de processos causais a serem encon trados na ciência empírica com a transformação de nossa compreensão de nós próprios a ser obtida a partir da HERMENÊUTICA eles envolvem a identificação e remoção de obstáculos causais para a compreensão como blocos psicológicos e ideologias sociais dominantes Os vínculos existentes entre ciência e dominação e a possí vel contribuição da ciência incluindo a ciência social para a emancipação humana têm sido um importante tema nas teorias críticas da ciên cia da LIBERDADE Leitura sugerida Bhaskar Roy 1986 Scientific Rea lism and Human Emancipation Marcuse Herbert 1969 An Essay on Liberation WILLIAM OUTHWAITE empirismo Esta palavra indica um conjunto de teorias de explicação definição e justifica ção de nossos conceitos eou conhecimento no sentido de que estes são derivados dos sentidos ou da introspecção eou podem ser explicados eou justificados em termos da experiência destes É típico dos empiristas terem assumido que o conhecimento deve ser estabelecido por indução a partir de ou testado em oposição a relatos de observações incorrigíveis ou pelo menos nãodeduzidos Isso sempre levantou problemas a respeito do status das proposições matemáticas questionado por JS Mille no final do século XX por David Bloor para ser mos empíricos princípios a priori aparente mente sintéticos tais como a uniformidade da natureza que Bertrand Russell admitiu ser um limite ao empirismo e do próprio empirismo seria ele analítico e portanto na expressão de John Locke trivial como Wittgenstein es tava disposto a admitir ou meramente empírico e portanto sujeito à dúvida indutiva Além do mais em sua forma canônica humeana o empirismo leva prontamente a um ceticismo a respeito a dos objetos independentemente da nossa percepção a seu respeito e b da neces sidade natural isto é conexões necessárias na natureza e daí a um problema a respeito do status das leis Característico do POSITIVISMO em geral o empirismo tem sido a epistemologia e a teoria da ciência predominantes durante a maior parte deste século mas também estendeu sua influência à ética como emotivismo à lingüística à psicologia como comportamen talismo e à ciência social de maneira geral Em sua fase possivelmente mais influente assumiu a forma do empirismo lógico do círculo de Viena dos anos 20 e 30 que inicialmente uniu a epistemologia sensacionalista de Ernst Mach com o atomismo lógico de Russell e Wittgens Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar empirismo 237 tein e cujos membros mais importantes foram M Schlick R Carnap e Otto Neurath A estrutura da epistemologia empirista no século XX baseiase substancialmente em P1 o princípio de invariânciaempírica isto é que as leis são ou dependem de regularidades empíricas e P2 o princípio de confirmação ou refuta ção pelo evento ou seja de que as leis são confirmadas ou refutadas por seus eventos A definição dos eventos pode ser ostensiva ou operacional PW Bridgman e se osten siva fisicalista Neurath ou fenomenalista a resposta predominante ao problema a no qual objetos eram analisados como dados dos sentidos efetivos ou possíveis mas que sofreu muito com as críticas dos wittgensteinianos e da escola oxfordiana da FILOSOFIA DA LINGUA GEM liderada por John Austin e Gilbert Ryle depois de meados do século P1 é suscetível às interpretações descritivista e instrumentalista Ryle e à interpretação idealista transcenden tal bem como à estritamente empirista P2 é suscetível às interpretações indutivista Car nap e refutacionista Karl Popper e à conven cionalista bem como à positivista De P1 e P2 brotam teorias sobre a explicação de eventos leis teorias e ciências dedutivismo sobre a simetria de explicação e precisão sobre o desenvolvimento da ciência como monista so bre confirmação ou corroboração e refutação e sobre racionalidade científica ver Bhaskar 1975 apêndice ao cap2 A filosofia da ciência durante o terceiro quartel do século colocou em questão a suficiência de P1 e P2 enquanto que no último quartel do século o trabalho de Bhas kar questionou igualmente a necessidade de P1 e P2 substituindo a subjacente ontologia do realismo empírico pela ontologia estratificada e diferenciada do realismo transcendental e proporcionando uma contraposição realista ao problema empirista b numa defesa da idéia da necessidade e universalidade analisada co mo transfactualidade nãoempírica das leis O realismo transcendental tornou possível uma supressão nãokantiana do empirismo e do ra cionalismo na qual ficava demonstrado o modo como no desenvolvimento da ciência se podia chegar a ter um conhecimento de necessidade natural a posteriori Vale a pena examinar com um pouco mais de detalhe a extinção do empirismo no século XX Em certa medida o empirismo lógico de sabou sob o peso de sua própria dúvida sis temática interna ver CONHECIMENTO TEORIA DO NR Campbell nos anos 20 já se havia manifestado contra a suficiência da teoria de dutivista da explicação sustentando que os mo delos eram indispensáveis à inteligibilidade da ciência Seu legado foi assumido por filósofos como Scriven que lançou um importante ataque à idéia da simetria de explicação e pre visão SE Toulmin MB Hesse e em es pecial Rom Harré o qual afirmou que os mo delos eram capazes de indicar mecanismos ge radores e estruturas causais que poderiam vir a ser empiricamente estabelecidos por um cri tério perceptual direto ou causal indireto como reais suposição prontamente apoiada pe la história de ciências como a física e a química Ao mesmo tempo o trabalho de Popper Tho mas Kuhn I Lakatos e P Feyerabend minou a credibilidade da correlata teoria monista do de senvolvimento científico registrando a magni tude das mudanças científicas que haviam ocor rido no século XX O reducionismo e o atomis mo implícitos na teoria da linguagem científica que necessariamente se seguiu sofreram ata ques de WVO Quine W Sellars NR Hanson e outros Estes afirmaram haver predicados de observação ligados ao mundo prático de um modo muito mais complicado nãoisomórfico e dependente da teoria do que os empiristas haviam tipicamente presumido Nesse meio tempo os paladinos da her menêutica de maneira especial talvez HG Gadamer e P Winch questionavam a aplica bilidade do modelo empirista ao domínio so cial Tanto a teoria quanto a prática da ciência social empirista foram criticadas por autores antinaturalistas e naturalistas antiempiristas preocupados em enfatizar a especificidade das ciências humanas Nesse ponto exerceu in fluência particular a argumentação de Jürgen Habermas de que o positivismo em sua preo cupação com o observável e o manipulável refletia uma forma de prática técnicoinstru mental que incorporava apenas um interesse humano limitado Ao mesmo tempo naturalis tas críticos como Bhaskar afirmaram que o modelo empirista havia levado hermeneutas e dualistas como Habermas a exagerar as dife renças entre as ciências sociais e naturais Deu se particular atenção aos limites da mensuração e das investigações quantitativas nas ciências Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 238 empirismo sociais e aos efeitos do empirismo por exem plo ao gerar retrocessos interacionistas e redu cionistas na busca de um término sobre as ciências sociais A psicologia comportamenta lista viuse debaixo de fogo de variadas proce dências incluindo Erving Goffman a etnome todologia de Harold Garfinkel e a psicologia social formada dentro de um molde wittgens teiniano e vygotskiano O modelo empirista de aprendizado da linguagem associado particu larmente a BF Skinner e a linguagem em geral sofreram um ataque pesado da lingüística racio nalista e profundamente estruturalista de Noam Chomsky A recepção internacional nos anos 70 às idéias de Volosinov e Bakhtin formula das pela primeira vez nos anos 20 e o desen volvimento do estruturalismo de Ferdinand de Saussure a Claude LéviStrauss levaram ao surgimento da semiótica ou ciência estrutu ral dos signos nas mãos de praticantes tão variados quanto Roland Barthes e M Pêcheux Tudo isso foi observado como envolvendo uma crítica da identidade sujeitoobjeto do isomor fismo ou da correspondência assumida pelo empirismo Nos anos 80 houve um ressurgimento par cial do empirismo nas obras de autores como B van Frassen e N Cartwright De maneira mais geral o empirismo tendeu a sofrer uma mutação Outhwaite 1987a Cap2 para certa forma de convencionalismo de pragmatismo conforme representado por Richard Rorty ou mesmo de superidealismo como nas variedades de pós estruturalismo e pósmodernismo em geral em cujos critérios de objetividade verdade e neces sidade humana tendeu a se perder por completo Nesse meio tempo um produto da análise rea listacrítica do empirismo foi a reavaliação da obra de Marx como antiempirista mas não contrariamente à característica interpretação marxista ocidental antiempírica e do materia lismo dialético como implicando ele próprio uma forma de empirismo objetivista À medida que o século se aproxima do final entre os tópicos sob investigação encontramse as con dições da possibilidade e os efeitos do empiris mo em si mesmo com sua reificação dos fatos e sua tácita personificação humanização das coisas a quebra das distinções fatovalor e teoriaprática pelo menos no domínio social com que o empirismo de forma característica sempre foi associado e a renovada possibilida de de realismo na ética Leitura sugerida Bhaskar Roy 1975 1978 A Rea list Theory of Science 2ªed Bloor David 1976 Knowledge and Social Imagery Chomsky Noam 1959 Review of BF Skinners Verbal Behaviour Language 35 Habermas Jürgen 1968 1971 Know ledge and Human Interests Harré R e Madden E 1975 Causal Powers a Theory of Natural Necessity Lovibond Sabina 1983 Realism and Imagination in Ethics Scriven M 1962 Explanation prediction and laws In Minnesota Studies in the Philosophy of Science vol3 org por H Feigl e G Maxwell Volo sinov VN 1929 1973 Marxism and the Philosophy of Language ROY BHASKAR empresarial função Uma consciência alerta às oportunidades de puro lucro é a essência da função empresarial Ao falar de função em presarial não nos estamos referindo a in divíduos específicos isto é empresários mas antes à função do empresariado e sua importân cia analítica na compreensão da natureza do processo do mercado competitivo O homem econômico e o homo agens A ação humana consiste na tentativa con tínua de substituir o atual estado de coisas in satisfatório por um imaginado estado futuro melhor Os seres humanos precisam ajustar e reajustar de maneira mais eficaz seus meios de alcançar os fins a que perseguem A noção de economia isto é a alocação de meios escassos entre fins concorrentes capta apenas um peque no aspecto da ação humana Há um elemento de ação humana que não pode ser analisado dentro do modo econômico e maximizante e que foge à nossa compreensão quando o anali samos dessa forma Esse elemento é o aspecto empresarial de toda ação humana Dentro do modelo padrão de comportamen to econômico o homem econômico racional homo oeconomicus maximiza sua utilidade dentro de um quadro de fins e meios dados Essa racionalidade instrumental mecânica porém limita a análise ao problema de alocação que se segue à justaposição de meios escassos e fins concorrentes Dentro dessa perspectiva o pro cesso da realização de escolhas é simplesmente um problema de matemática aplicada A ação humana porém abrange muito mais que a com putação da solução de um problema de maxi mização Abrange também a percepção do qua dro de fins e meios dentro do qual a atividade econômica vem a surgir O homo agens o agente humano não apenas tem a propensão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar empresarial função 239 a perseguir objetivos de forma eficaz uma vez claramente identificados fins e meios como possui também a consciência alerta ou pers picácia para identificar que fins devem ser perseguidos e que meios estão disponíveis Só dentro de um quadro de meios e fins em aberto é que podemos começar a compreender a natureza do elemento empresarial evidente em toda ação humana bem como o processo de mercado empresarial que se segue Por outro lado se encaramos as escolhas humanas sim plesmente dentro de um dado quadro de meios e fins como grande parte da economia neoclás sica no século XX tendeu a fazer então o papel empresarial não é tanto incompreendido quanto simplesmente ignorado e a visão do mercado é de um estado de equilíbrio estático e não a do processo de mercado dinâmico que em primei ro lugar buscávamos compreender e explicar Num equilíbrio competitivo geral não existe por definição papel para a função empresarial Na medida em que os economistas concen tram sua atenção na alocação mecânica de meios escassos entre fins concorrentes dentro de um quadro dado a natureza dinâmica da atividade de mercado lhes fugirá à compreen são O papel empresarial só se torna importante para nossa compreensão da vida econômica num mundo de incerteza e mudança contínua um mundo fora do equilíbrio Duas visões da função empresarial Existem basicamente duas visões da função empresarial na atividade econômica Uma de las ligada a Joseph Schumpeter afirma que a função empresarial é catalisadora da inovação na vida econômica O empresário inovador per turba o equilíbrio existente dá início à mudança e cria novas oportunidades Embora o sistema se estabeleça em um novo equilíbrio depois de cada explosão de inovação empresarial o em preendedor schumpeteriano é fundamental mente uma força desequilibradora na atividade econômica Assim na análise de Schumpeter o empreendedor é introduzido como uma força exógena de mudança para estimular a passagem da economia de um equilíbrio a outro A outra visão ligada a Ludwig von Mises e seu aluno Israel Kirzner enfatiza o papel equi librador do empresário na vida econômica O mundo real de ignorância disseminada incer teza e mudança é incapaz de se estabelecer numa posição de equilíbrio Qualquer análise da competição de mercado não deve presumir o que se determinou a explicar a saber a tendência ao equilíbrio A análise econômica padrão do equilíbrio competitivo porém faz exatamente isso ao postular um estado de equi líbrio que uma explanação adequada do proces so competitivo deveria explicar como conse qüência desse processo Se por outro lado estudarmos o mercado dinâmico como um pro cesso competitivo de aprendizado e descoberta então o papel crucial da função empresarial na coordenação econômica poderá ser compreen dido O empresário reage à atual situação de desequilíbrio caracterizada pela perda de opor tunidades de uma forma que estimula o sistema ao ajuste e coordenação mútuos de elementos previamente discordantes Dessa maneira o empresário exercita a perspicácia para as opor tunidades de puro lucro e ao fazêlo empurra o sistema em direção ao hipotético estado de equilíbrio É claro que antes que o sistema atinja esse estado de equilíbrio mudanças na realidade econômica subjacente revelam novas ineficácias Mas somente por reconhecer a pro pensão humana a aprender com a experiência do mercado a ajustar expectativas e a alterar planos de acordo com isso é que podemos co meçar a responder às perguntas cruciais com respeito às forças que provocam mudanças nas decisões de compra venda produção e consu mo que compelem a multidão de indivíduos dentro da sociedade econômica a agir de co mum acordo uns com os outros A própria existência de ineficácias atuais motiva o processo de mercado empresarial Es tando alerta para possíveis oportunidades de melhor ajustar ou reajustar recursos para satis fação dos fins o empresário coordena a ativi dade econômica O empresário é uma força endógena dentro do mercado que elimina a ineficiência A discrepância entre o elenco exis tente de preços ineficazes e o imaginado elenco futuro motiva agentes econômicos alertas na busca de puro lucro a descobrir meios melhores e mais eficientes de satisfazer consumidores ou alcançar fins O processo de mercado com petitivo é um processo de aprendizado e des coberta e sua lógica depende de forma crucial da compreensão do papel coordenador da fun ção empresarial Ver também COMPETIÇÃO ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA SOCIALISTA CÁLCULO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 240 empresarial função Leitura sugerida Baumol WJ 1968 Entrepreneur ship in economic theory American Economic Review 58 Buchanan JM 1979 What Should Economists Do Kirzner I 1973 Competition and Entrepreneur ship Ο 1979 Perception Opportunity and Profit Ο 1985 Discovery and the Capitalist Process Schum peter JA 1911 1961 The Theory of Economic Deve lopment Ο 1942 1987 Capitalism Socialism and De mocracy Von Mises Ludwig 1949 1966 Human Action a Treatise on Economics 3ªed rev PETER J BOETTKE Escola Austríaca de Economia Este títu lo indica um modo característico de raciocínio econômico ou agenda de pesquisa Durante as décadas de 70 e 80 a escola austríaca de eco nomia ganhou destaque como uma entre várias escolas rivais de pensamento econômico des confiadas da corrente econômica predominante ver PÓSKEYNESIANISMO Chamase austría ca porque sua linhagem remonta ao triunvirato original constituído por Carl Menger Eugen Bohm von Mawerk e Friedrich von Wieser que ensinavam na Universidade de Viena durante o crepúsculo do Império Habsburgo A escola austríaca ou vienense constituiu uma corrente importante ao lado das tradi ções britânica marshalliana e de Lausanne walsariana do que se tornou conhecido mais tarde como economia neoclássica em oposição à economia política clássica ou ES COLA ECONÔMICA MARGINALISTA Se por um lado estavam em amplo acordo com essas outras correntes de pensamento no que diz respeito à perspectiva geral os austríacos destacaramse desde o princípio por uma elaboração mais inflexível do ponto de vista subjetivista na eco nomia A teoria austríaca do valor é um exem plo em contraste com as idéias clássicas va lor não era algo que se pudesse objetivamente medir como o comprimento de uma mesa não se apoiava em uma quantidade física inerente aos bens mas antes era visto como estando no cerne de uma relação entre os tomadores de decisões de avaliação e o objeto dessa avalia ção Conceber o valor como um conceito sub jetivista abriu o caminho para um redireciona mento no foco de atenção da economia Em concordância com um afastamento geral da atenção dos problemas de produção tecnolo gia isto é criação de riqueza rumo às questões de demanda o indivíduo que escolhe que faz economia começou a ocupar o centro do palco na análise econômica Essa mudança acarretou uma preocupação com a os processos de de cisão individual envolvidos nas incertezas do tempo e da ignorância e b a ligação dessas decisões com uma explicação do surgimento de uma complexa rede de relações de troca in terligadas constituindo a ordem do mercado A identidade da contribuição austríaca pas sou a receber maior atenção em resultado de várias controvérsias ferozes com a escola his tórica alemã no chamado METHODENSTREIT com os teóricos do AUSTROMARXISMO no debate sobre cálculo socialista ver SOCIALISTA CÁL CULO com os defensores do socialismo de mer cado e com os adeptos do novo KEYNESIANISMO No início dos anos 40 a ascendência intelec tual e política da revolução keynesiana em particular havia desacreditado a escola aus tríaca de economia a tal ponto que ela parecia haverse tornado um capítulo encerrado na his tória do pensamento À parte Ludwig von Mises e Ludwig Lachmann não havia praticamente ninguém que abraçasse uma posição explicita mente austríaca FA Hayek abandonara a teo ria econômica pela filosofia social A situação mudou de forma drástica porém quando a ampla insatisfação com a deriva generalizada da economia que começara a se afirmar no final dos anos 60 e início da década de 70 estimulou uma grande atividade introspectiva entre os economistas e o ressurgimento de idéias e tradi ções antes desacreditadas A retomada do in teresse pela escola austríaca de economia co meçou gradualmente como um gênero muito reduzido nos Estados Unidos em seguida di fundiuse para partes do Reino Unido e do continente europeu e até para a América do Sul Hoje em dia encontrase na vanguarda das idéias sobre reforma econômica em países do Leste Europeu como a Polônia Os que estão comprometidos com a escola austríaca de economia professam sua adesão ao INDIVIDUALISMO metodológico e político sua preocupação maior é com a natureza dos pro cessos de mercado impulsionados pela função empresarial e pela rivalidade e não com a aná lise dos estados de equilíbrio desprovidos des ses processos ver COMPETIÇÃO e EMPRESARIAL FUNÇÃO enfatizam os aspectos de descoberta de mercados e subscrevem uma teoria sobre o surgimento de instituições econômicas políti cas e culturais como fruto de uma evolução espontânea resultados imprevistos de buscas individuais nãoguiadas pelo bem comum Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar Escola Austríaca de Economia 241 Leitura sugerida Kizner I 1973 Competition and Entrepreneurship Lachmann Ludwig M 1986 The Market as an Economic Process Lavoie Don 1985 Rivalry and Central Planning the Socialist Calculation Debate Reconsidered Littlechild Stephen org 1990 Austrian Economics 3 vols ODriscoll Jr Gerald P e Rizzo Mario J 1985 The Economics of Time and Ignorance STEPHAN BOEHM Escola de Frankfurt A teoria crítica da es cola de Frankfurt ocupa lugar de destaque em meio às tentativas feitas entre as duas guerras mundiais de desenvolver o pensamento marxis ta O que inicialmente a distinguia não eram tanto os seus princípios teóricos mas os seus objetivos metodológicos que foram resultado de um reconhecimento sem reservas das ciên cias empíricas Uma de suas metas básicas era a incorporação sistemática de todas as discipli nas de pesquisa social científica em uma teoria materialista da sociedade facilitando assim a mútua fertilização entre a ciência social acadê mica e a teoria marxista A idéia de uma extensão interdisciplinar do marxismo amadureceu durante os anos 20 no pensamento de Max Horkheimer que reco nhecia o valor das ciências empíricas Korthals 1985 Quando sucedeu a Carl Grünberg como diretor do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt em 1930 utilizou seu discurso de posse para introduzir publicamente um progra ma de teoria crítica da sociedade Horkheimer org por Brede 1972 Nos anos que se segui ram veio a elaborar essa abordagem com Her bert Marcuse no Zeitschrift für Sozialfor schung periódico fundado em 1932 que veio a formar o foco intelectual do trabalho do Ins tituto até 1941 A idéia fundamental da teoria crítica era lançar uma ponte sobre o abismo que separava a pesquisa substantiva e a filosofia fundindo esses dois ramos do conhecimento em uma única forma de reflexão modelada na filo sofia hegeliana da história Para que isso pudes se ser alcançado era evidentemente necessário dispor de uma teoria da história capaz de deter minar os efetivos poderes da razão que residem no próprio processo histórico As pressuposi ções básicas de tal concepção da filosofia da história foram extraídas tanto por Horkheimer quanto por Herbert Marcuse da tradição do pensamento marxista ver MARXISMO Já nos anos 30 Horkheimer e Marcuse ainda defendiam a versão clássica da teoria marxista da história segundo a qual se pressupõe que o desenvolvimento das forças produtivas seja o mecanismo central do progresso social Hor kheimer 1932 e que a teoria crítica deveria ser agora incorporada a essa sucessão histórica de eventos como uma medida do conhecimento da sociedade a respeito de si mesma Conforme as palavras de Marcuse inspirandose em Hor kheimer a teoria crítica deveria tornar eviden tes as possibilidades para as quais a própria situação histórica havia amadurecido 1937 p647 Ao mesmo tempo porém Horkheimer e Marcuse não acreditavam mais que a raciona lidade corporificada nas forças de produção na sociedade contemporânea também se expres sasse na consciência revolucionária do proleta riado Suas obras estavam impregnadas da consciência do fato de que devido à crescente integração da classe operária ao sistema capita lista tardio uma teoria baseada em Marx havia perdido o seu grupo social alvo Para Horkhei mer o ponto de referência de toda a atividade de pesquisa do Instituto era a questão de como ocorrem os mecanismos psíquicos que tornam possível que as tensões entre as classes sociais que são forçadas a se transformar em conflitos devido à situação econômica permaneçam la tentes 1932 p136 A realização particular de Horkheimer foi determinar o programa de pes quisa do Instituto ao exprimir a questão abran gente das novas formas de integração do capi talismo em termos de sua relevância específica para as disciplinas empíricas O programa que orientou o trabalho do Instituto baseavase num nexo de três disciplinas uma análise econômi ca da fase pósliberal do capitalismo realizada por Friedrich Pollock uma investigação socio psicológica da integração de indivíduos através da socialização por Erich Fromm e uma aná lise cultural dos efeitos da cultura de massa que vieram a se concentrar na recémsurgida indús tria cultural por Theodor W Adorno e Leo Lowenthal No entanto a idéia de pesquisa social inter disciplinar só exerceu uma influência vital e formativa sobre o Instituto até o início dos anos 40 Os sinais de mudança geral de orientação já estavam patentes nos ensaios que Horkheimer escreveu para o volume final do Zeitschrift für Sozialforschung Horkheimer 1941a e 1941b Essa mudança afetou não apenas as premissas da teoria crítica baseadas na filosofia da his tória mas também sua percepção a respeito de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 242 Escola de Frankfurt seu próprio papel e objetivos políticos Durante os anos 30 apesar da resignação diante do fascismo o Instituto conservou a esperança de progresso inerente à concepção marxista da história e ainda que a idéia de um proletariado necessariamente revolucionário tivesse sido há muito abandonada a idéia de revolução con tinuou a fornecer um vago pano de fundo para a compreensão política por parte da teoria crí tica de seu papel e de suas metas Dubiel 1978 1985 A1 Horkheimer ainda concebia o tra balho de pesquisa do Instituto como uma forma intelectual de reflexão ligada ao movimento operário pois se agarrava a uma concepção positiva do domínio da natureza como uma condição para a emancipação permitindo que as forças de produção fossem liberadas da for ma capitalista de sua organização No final dos anos 30 esse mundo idealizado veio final e definitivamente abaixo em termos de política prática através da experiência do fascismo do stalinismo e da cultura de massa do capitalismo juntando forças para formar um todo totalitário em termos de teoria através da mudança de um modelo positivo para um outro negativo de trabalho social A visão produtivista do pro gresso abriu caminho a uma crítica da razão que criticava o progresso e colocava em ques tão a própria possibilidade de se mudarem as relações sociais por meio de uma revolução política Foi Theodor Adorno quem se tornou o rep resentante mais destacado dessa nova concep ção da teoria crítica Seu pensamento fora profundamente marcado pela experiência his tórica do fascismo como um produto catas trófico da civilização o que desde o princípio o tornara cético quanto às idéias de progresso do materialismo histórico Além disso seu desen volvimento intelectual fora tão fortemente mol dado por interesses artísticos que ele não pode ria deixar de vir a ter dúvidas a respeito do nacionalismo estreito da tradição teórica marxista sob a influência de Walter Benjamin fez suas primeiras tentativas de tornar os méto dos estéticos de interpretação frutíferos para a filosofia materialista da história BuckMorss 1977 p4380 Dialética do esclarecimento que ele escreveu com Horkheimer no início dos anos 40 Horkheimer e Adorno 1947 é uma expressão desse novo motivo intelectual em uma filosofia negativa da história O totalitaris mo não podia ser explicado como o resultado do conflito entre forças de produção e relações de produção mas foi concebido como surgindo da dinâmica interna de formação da consciência humana Horkheimer e Adorno partiram da es trutura fornecida pela teoria do capitalismo e agora pressupunham o processo civilizatório em sua totalidade como o sistema de referência que servia de apoio a sua argumentação Nesse contexto o fascismo surgia como o estágio histórico final de uma lógica de decadência que é inerente à forma original de existência da própria espécie O processo civilizatório as sumiu a forma de uma espiral de crescente REIFICAÇÃO que era posta em movimento pelos atos originais da natureza subjugante e atingia sua conclusão lógica no fascismo Uma con clusão a que nos força Dialética do escla recimento Habermas 1985 cap5 é a negação de qualquer dimensão de progresso na civiliza ção que não seja o que fica manifesto numa intensificação das forças de produção Uma segunda conclusão é que toda forma de práxis política é ação orientada para o controle de modo que era preciso excluíla em princípio do rol de alternativas positivas O círculo básico de pesquisadores do Instituto viuse assim pri vado de uma vez por todas da possibilidade de situar sua própria atividade de pesquisa numa política real Uma alternativa a esses modelos teóricos negativistas teria sido a abordagem de Franz Neumann e Otto Kirchheimer que pertenciam com Walter Benjamin e mais tarde Erich Fromm a um grupo que esteve apenas tem porária ou indiretamente ligado ao Instituto Essa abordagem poderia ter colocado em ques tão a imagem de uma sociedade totalmente administrada que levava necessariamente ao beco sem saída da abstenção política Durante seu período de exílio em Nova York Neumann e Kirchheimer colaboraram com o trabalho do Instituto realizando pesquisas sobre a teoria jurídica e as teorias do Estado e propuseram uma análise do fascismo cuja força explanatória era superior à da teoria do capitalismo de estado Wilson 1982 Reconheciam que a integração social não ocorre apenas através do cumpri mento persistentemente inconsciente dos impe rativos funcionais da sociedade mas antes atra vés da comunicação política entre grupos so ciais A participação ativa nos conflitos de clas se que caracterizaram a República de Weimar levouos a uma avaliação realista do coeficien Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar Escola de Frankfurt 243 te de poder dos interesses sociais viram que o potencial do poder que evoluiu a partir do con trole capitalista privado dos meios de produção não tinha como ser superestimado Finalmente o contato com o AUSTROMARXISMO deulhes consciência de que as ordens sociais como um todo são caracterizadas pelo compromisso As estruturas institucionais de uma sociedade de vem ser compreendidas como fixações momen tâneas de acordos realizados dentro dela pelos vários grupos de interesses em consonância com seus respectivos potenciais de poder Tudo isso formava um modelo de sociedade em cujo centro ficava o processo abrangente de comu nicação entre os grupos sociais Quando o Instituto foi reaberto em Frank furt no ano de 1950 retomou sua atividade de pesquisa sem qualquer continuação direta da perspectiva sociofilosófica dos anos 30 e 40 Wiggershaus 1986 p479520 Foi nesse ponto que a teoria crítica deixou de ser uma escola de pensamento unificada e filosofica mente homogênea No entanto a idéia de um mundo totalmente administrado inicialmente ainda representou um ponto de referência para o seu trabalho em filosofia social Essa idéia percorre como um leitmotif toda a crítica da civilização nos estudos de Horkheimer Adorno e Marcuse Nada partiu das premissas filosófi cas desse diagnóstico da sociedade contem porânea até uma nova abordagem vir a ser for mulada por Jürgen Habermas o qual embora fosse um produto do Instituto tinha formação e orientação teóricas muito diferentes No desenvolvimento do pensamento de Habermas a antropologia filosófica a HERMENÊUTICA o PRAGMATISMO e finalmente a análise lingüística trouxeram ao primeiro plano correntes teóricas que sempre haviam sido encaradas como estra nhas na verdade até mesmo hostis pela geração mais velha em torno de Adorno e Horkheimer Não obstante os trabalhos de Habermas leva ram gradualmente à formação de uma teoria que era inequivocamente motivada pelos obje tivos originais da teoria crítica e se fundamen tava numa percepção da intersubjetividade lin güística da ação social Habermas chegou a essa premissa central através de sua preocupação com a filosofia hermenêutica e com a análise da linguagem feita por Wittgenstein com a qual aprendeu que os sujeitos humanos sempre es tiveram ligados uns aos outros pelo nível de compreensão através da linguagem Esta é por tanto um prérequisito fundamental e ines capável para a reprodução da vida social Foi através desse caminho que ele chegou também a uma crítica do marxismo cujo resul tado foi uma concepção da história que se am pliou para incluir a dimensão de uma teoria de ação Se a forma de vida do ser humano se distingue pelo nível de compreensão através da linguagem então a reprodução social não pode ser reduzida à dimensão isolada do trabalho conforme fizera Marx em seus textos teóricos Em vez disso além da atividade de dominar a natureza a prática de uma interação lingüis ticamente mediada deve ser encarada como uma dimensão igualmente fundamental do de senvolvimento histórico Habermas 1968 O passo decisivo que levou à teoria da so ciedade do próprio Habermas porém só seria tomado quando trabalho e interação os dois conceitos de ação foram associados a dife rentes categorias de racionalidade Nos subsis temas de ação intencionalracional em que se organizam as tarefas de trabalho social e admi nistração política a espécie evolui através do acúmulo de conhecimento técnico e estraté gico enquanto que dentro da estrutura ins titucional em que se reproduzem as normas socialmente integradoras a espécie evolui atra vés da libertação de todas as coerções que ini bem a comunicação Habermas 1968 Todas as ampliações dessa teoria que Habermas reali zou no decorrer dos anos 70 seguem as linhas desse modelo de sociedade no qual os sistemas de ação organizados de acordo com critérios intencionalracionais se distinguem de uma es fera de prática comunicativa cotidiana Em Theory of Communicative Action 1981 esse programa era pela primeira vez apresentado de forma sistemática Nele os frutos dos vários estudos são consolidados em uma única teoria na qual a racionalidade da ação comunicativa é reconstruída na estrutura de uma teoria do ato da fala ainda mais desenvolvida como base para uma teoria da sociedade através da revisão da história da teoria sociológica de Max Weber a Talcott Parsons e finalmente transformada no ponto de referência de um diagnóstico crítico da sociedade contemporânea Os resultados da discussão que esse trabalho provocou decidirão o futuro da teoria crítica Honneth e Joas 1991 Leitura sugerida Arato A e Gebhardt E orgs 1978 The Essential Frankfurt School Reader Benhabib S Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 244 Escola de Frankfurt 1986 Critique Norm and Utopia Bottomore Tom 1984 The Frankfurt School BuckMorss S 1977 The Origin of Negative Dialetics Held D 1980 In troduction to Critical Theory Horkheimer Max 1968 1972 Critical Theory Horkheimer to Haberms Jay Martin 1973 The Dialectical Imagination a History of the Frankfurt School and the Institute of Social Resear ch 192350 Wellmer Albrecht 1969 1974 Critical Theory of Society AXEL HONNETH escola econômica de Chicago Essa esco la representa um modo próprio de encarar a economia e a política econômica dando grande ênfase aos mercados livres como descri ção e prescrição que tem sido associado à Universidade de Chicago desde pelo menos os anos 30 Nem todos os economistas relaciona dos à Universidade de Chicago foram membros da escola econômica de Chicago Nem todos os membros dessa escola tiveram relação com a Universidade de Chicago Mas Chicago é sem dúvida a igreja matriz de um modo de pensar cujos fundadores ensinaram em Chicago e cu jos posteriores sumossacerdotes lá estudaram eou ensinaram A doutrina não foi constante no decorrer do tempo nem houve um momento em que todos os membros se encontrassem em posição igual mente ortodoxa No entanto os dogmas co muns até 1989 podem ser resumidos da se guinte forma 1 A economia diz respeito ao comporta mento de indivíduos plenamente infor mados buscando maximizar sua utilida de em mercados de troca competitivos ver também MERCADO Outras explica ções do comportamento humano não são econômicas Além disso provavelmente não existe outra teoria geral útil 2 Se o mundo fosse organizado do modo como a economia o descreve certos re sultados benéficos importantes se segui riam Num mundo assim cada in divíduo conseguiria de seus recursos tanto quanto pudesse obter sem for çosamente privar a outrem 3 O mundo real funciona dentro de uma aproximação razoavelmente satisfatória do MODELO dos economistas e con cretiza os benefícios que o modelo prevê 4 As decisões governamentais tal como as decisões no âmbito da economia pri vada são tomadas por indivíduos que buscam maximizar seus próprios ga nhos Não se pode portanto contar com o governo para alcançar qualquer obje tivo em particular tal como eficiência ou eqüidade a não ser os objetivos dos funcionários envolvidos 5 A quantidade de dinheiro é o fator chave que influencia o comportamento do ní vel de preços e a estabilidade da produ ção agregada ver também MONETARIS MO Os fundadores da escola econômica de Chicago nos anos 30 foram os professores Frank H Knight Lloyd Monts Henry C Si mons e Jacob Viner embora Viner negasse ser membro dessa escola Através de seus en sinamentos os alunos adquiriram grande res peito pelo livre mercado como método de or ganização econômica O ensino da economia nos anos 30 porém dava grande atenção a aspectos nos quais o mundo real podia divergir do modelo e não seria ideal mesmo que se conformasse a este Não se poderia dizer que os anos 30 tenham sido uma época para se pensar que o sistema econômico tal como existia estivesse dando resultados ideais As implicações políticas da lacuna entre o modelo de bom funcionamento e o mundo cla ramente visível foram expressas principalmen te nos textos de Henry Simons Três aspectos eram básicos 1 Um mercado adequadamente competi tivo com participantes beminforma dos podia não existir e não era possível contar com que viesse a existir esponta neamente O governo tinha portanto um papel na promoção da concorrência e do fluxo de informações 2 O mercado privado podia gerar um grau inaceitável de desigualdade na distribui ção da renda e o governo tinha um papel adequado na correção disso 3 Os mercados privados não garantiam a estabilidade da demanda agregada significando basicamente estabilidade do nível de preços Era respon sabilidade do governo utilizar suas po líticas fiscais e monetárias para es tabilizar a economia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escola econômica de Chicago 245 Assim digamos até 1940 o pensamento de Chicago dava um espaço considerável embora limitado para a ação do governo Depois da Segunda Guerra Mundial a lide rança da escola econômica de Chicago passou para uma nova geração na qual Milton Fried man e George Stigler ganharam maior destaque e Aaron Director e Ronald Coase foram tam bém muito importantes Já nos anos 70 era possível identificar uma terceira geração com Gary Becker e Robert Lucas entre seus líderes Depois da Segunda Guerra Mundial a escola econômica de Chicago evoluiu de três formas principais Primeiro tal como a economia na maioria dos lugares tornouse mais empírica e quantitativa apoiandose menos em deduções lógicas a partir de proposições autoevidentes e observações banais e mais em dados históricos e estatísticos coletados de forma sistemática Segundo tornouse mais pura Descobriu que muitas das qualificações para a eficiência dos mercados livres até então aceitas não eram vá lidas ou não tinham importância O número de competidores necessário para se alcançarem os resultados benéficos da concorrência foi deter minado como sendo pequeno O que antes se encarava como ineficácias causadas por infor mações inadequadas passou a ser visto como adaptações eficientes ao custo da obtenção da informação Descobriuse que as falhas de mer cado que se alegava existir em casos nos quais agentes particulares não tinham qualquer incen tivo para levar em consideração os efeitos sobre outros eram corrigíveis por meio de contratos entre as partes Na abordagem da macroeconomia também entrava em cena um processo de purificação Descobriuse que o mercado privado era menos inerentemente estável do que se achava nos anos 30 O papel positivo do governo na es tabilização da economia foi depurado de uma combinação ad hoc de medidas fiscais e mone tárias para a manutenção de uma taxa constante de crescimento do meio circulante Calculouse que os possíveis efeitos benéficos até mesmo da política monetária sobre o emprego e a pro dução reais eram muito temporários e em al gumas versões inexistentes Em terceiro lugar a escola econômica de Chicago tornouse na expressão de George Stigler imperialista Ela chegou a aplicar suas hipóteses e métodos à sociologia ao direi to e à ciência política Essa aplicação ao direito e à ciência política tendem particularmente a apoiar a argumentação em favor de mercados livres através da demonstração de que uma interpretação correta de direitos legais aumen taria a eficiência dos mercados bem como da inconfiabilidade do processo político como cor retor das falhas do mercado caso estas existis sem É provável que apenas uma minoria dos economistas norteamericanos tenha um dia se considerado membro de uma escola de Chica go Mas a influência de Chicago sobre o pen samento econômico foi profunda Até mesmo economistas que não foram tão longe quanto os de Chicago sentiram a necessidade de uma análise mais aberta e mais sutil do modelo de mercado como explicação e prescrição do que a que se praticava até então Da mesma forma economistas que não eram monetaristas vie ram a concordar com a importância do dinheiro e com a necessidade de buscar melhores es tratégias para administrálo Alguns membros da escola de Chicago vê emse impedidos de alegar qualquer influência sobre políticas e programas públicos uma vez que acreditam que a política é feita por in divíduos ou grupos movidos pelo autointeres se que possuem todos a informação que des ejam Mas dentro de uma visão menos res tritiva seria possível observar uma importante influência do pensamento de Chicago durante os anos 70 e 80 na redução da regulamentação governamental na flutuação do dólar em novos rumos da política antitrustes e na política mo netária Leitura sugerida Friedman M 1953 Essays in Posi tive Economics Knight FH 1935 The Ethics of Competition Patinkin D 1981 Essays on and in the Chicago Tradition Reder MW 1987 Chicago School In The New Palgrave Dictionary of Econo mics vol1 org por J Eatwell M Milgate e P New man p4138 Simons HC 1948 Economic Policy for a Free Society Stigler GJ 1988 Memories of an Unregulated Economist HERBERT STEIN escola econômica marginalista Esta ex pressão é usada para descrever o tipo de análise econômica que depois de 1870 superou gra dualmente as doutrinas dos economistas clás sicos ingleses A análise marginalista e em particular os conceitos de utilidade marginal e custo marginal dedicaramse basicamente às Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 246 escola econômica marginalista questões da alocação eficiente de recursos por parte de consumidores e empresas isolados Utilidade marginal ou custo marginal é o acréscimo à utilidade total ou custo total de se consumir ou produzir mais uma unidade de um bem A necessidade de um conceito do fenômeno marginalista pode ser encontrada nos dois princípios ou leis fundamentais do retorno decrescente e da utilidade decrescente O princípio de retorno decrescente ou da pro dutividade marginal decrescente como seria mais tarde redescrito de forma mais precisa foi formulado explicitamente pela primeira vez pe lo grande economista e administrador francês ARJ Turgot 17271781 e desempenhou pa pel importante no sistema teórico dos econo mistas clássicos ingleses que dominaram o te ma nos dois primeiros terços do século XIX Em sua forma original o princípio de retorno decrescente foi aplicado apenas à produção agrícola quando sucessivas unidades de traba lho eram empregadas em uma área de terra fixa O princípio exprimia então que o produto ou retorno adicional de cada sucessiva unidade de trabalho iria declinando à medida que unidades adicionais fossem sendo aplicadas Era neces sário portanto distinguir entre a produção mé dia de uma unidade de trabalho e a produção marginal de uma unidade adicional À parte porém a produção agrícola havia pouco âmbito para os conceitos marginalistas na teoria clássica inglesa A utilidade e o prin cípio de utilidade decrescente desempenhavam um papel bastante reduzido ao mesmo tempo em que no que diz respeito à produção indus trial presumiase em geral que os custos eram constantes e os mercados competitivos Não havia portanto papel para os conceitos de custo marginal ou receita marginal uma vez que estes eram necessariamente iguais ao custo médio e à receita média A necessidade dos conceitos marginalistas surgiu quando foi preciso distin guir entre custo médio e custo marginal ou entre utilidade média e utilidade marginal ou entre receita média e receita marginal de ven das Um papel parcial para os conceitos mar ginalistas começou a surgir nas décadas centrais do século XIX quando os problemas de produ ção e preços de monopólios de utilidades públi cas como as estradas de ferro vieram para o primeiro plano com seus custos médios caindo de forma marcante e caindo portanto de forma ainda mais marcante os custos marginais Foi com esses problemas que se preocuparam pioneiros importantes da análise marginal co mo AA Cournot 18011877 e J Dupuit 18041866 A concepção marginalista assumiu pela pri meira vez um papel geral central e fundamental com o desenvolvimento da teoria neoclássica do valor baseada na utilidade marginal no iní cio da década de 1870 seguindo as obras semi nais de WS Jevons 18351882 na Inglaterra C Menger 18401921 na Áustria e L Walras 18341910 em Lausanne Estes autores abor daram o problema do valor e do preço pelo ângulo da utilidade e da demanda de bens e não pelo ângulo dos custos ou do trabalho como haviam feito seus antecessores os economistas clássicos ingleses Havia agora portanto um papel vital para o princípio de utilidade decres cente e daí para o de utilidade marginal De acordo com o princípio de utilidade decrescen te a utilidade esperada de cada sucessiva uni dade de um bem consumível digamos a utili dade marginal do consumo de sucessivas fatias de pão cai a cada fatia adicional consumida embora a utilidade total de todas as fatias con sumidas deva continuar a crescer até se atingir o ponto de saturação quando o consumo de ainda mais uma fatia não traz nenhuma utili dade e o de fatias subseqüentes traz uma desuti lidade O consumidor racional preocupado em conseguir o máximo de utilidade possível de recursos limitados buscará igualar a utilidade marginal de consumir uma fatia adicional ao custo que lhe cabe ou ao preço dessa fatia ou à utilidade que foi antecipada pagando o preço dessa fatia marginal A análise das decisões do consumidor de senvolvida a partir do início da década de 1870 foi complementada nos anos 80 deste século pela análise da produtividade marginal das de cisões das empresas com respeito a quanto dos diferentes fatores de produção terra trabalho e capital se devia empregar Foi proposta a fór mula de que a empresa buscando minimizar seus custos e maximizar os lucros contrataria unidades dos variados fatores de produção até o ponto em que o acréscimo a sua receita oriun do da produção de mais uma unidade de um fator igualasse o custo de se empregar essa unidade adicional É possível observar que o adjetivo mar ginal só entrou em uso geral depois do final da década de 1880 e no início da de 1890 seguin Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escola econômica marginalista 247 dose sua adoção por P Wicksteed 18441927 e A Marshall 18421924 e na Alemanha Grenznutzen por F von Wieser 18511926 Por volta da década de 1890 com o marginalis mo desempenhando um papel capital essencial mesmo construiuse uma análise da lógica da escolha e da alocação racional de recursos es cassos por lares e empresas a qual embora às vezes tenha início a partir da análise altamente simplificada de um indivíduo isolado tal como Robinson Crusoé possuía uma aplicabilidade bastante ampla Embora baseada em abstrações e simplificações extremas e de conteúdo muito tênue essa análise marginal podia ser aplicada à valorização e alocação de recursos escassos por consumidores e produtores isoladamente bem como por entidades de utilidade pública e planejadores do governo Posteriormente com o desenvolvimento sistemático por Keynes e outros da economia monetária e da macroeconomia isto é a análise da economia como um todo e da renda e nível de emprego nacionais a concepção marginalista foi aplicada à análise de agrega dos como tendo a propensão marginal a consu mir medida pela percentagem de uma unidade adicional de renda nacional gasta em consumo ou como tendo a propensão marginal a importar de uma economia nacional Agora portanto seria ilusório aplicar a expressão marginalista simplesmente à análise neoclássica e microeco nômica de lares e empresas individuais Seria ainda mais errôneo deixar implícito que o uso da teoria necessariamente ou geralmente im plica a aprovação de quaisquer pressupostos éticos ou políticos em particular Ver também ECONOMIA NEOCLÁSSICA Leitura sugerida Howey RS 1960 The Rise of the Marginal Utility School 18701889 Hutchison TW 1953 A Review of Economics Doctrines 18701929 Marshall A 1890 1920 Principles of Economics Schumpeter JA 1954 A History of Economics Ana lysis Stigler GJ 1941 Production and Distribution Theories the Formative Period Wicksteed PH 1933 The Common Sense of Political Economy and Selected Papers and Reviews on Economic Theory org por Lionel Robbins TW HUTCHISON escola sociológica de Chicago Lançando as fundações sobre as quais se construiu grande parte da sociologia norteamericana no século XX o Departamento de Sociologia da Univer sidade de Chicago foi criado por Albion W Small historiador e sociólogo que antes fora diretor de um pequeno ginásio no Maine A nova Universidade de Chicago amplamente financiada por John D Rockefeller encarava como missão competir com as universidades mais antigas da Costa Leste dos Estados Unidos e demonstrar que o MeioOeste era capaz de nutrir e promover um centro de ensino que nada ficasse devendo a qualquer outro O Depar tamento de Sociologia participava das ambi ções da Universidade e Small o construiu num nível de primeira classe O departamento de Chicago não era o pri meiro a ensinar sociologia já havia cursos sendo oferecidos nas Universidades Brown Ya le e Columbia mas foi a primeira iniciativa cuja oferta de cursos e cujo programa de pesquisa não refletiam a visão pessoal de uma figura central sendo antes um empreendimento cole tivo Os membros mais destacados do depar tamento antes e depois da Primeira Guerra Mundial além de Albion Small o presidente eram WI Thomas Robert Park e Ernest Bur gess O novo departamento também mantinha relações estreitas com o Departamento de Filo sofia no qual John Dewey e George Herbert Mead desenvolveram uma filosofia pragmática com inclinação reformista que era simpática aos membros do Departamento de Sociologia e permitia a seus alunos fácil acesso à filosofia pragmática em geral e à psicologia social em particular Conforme observou Martin Blumer a es cola de Chicago apresentou o primeiro progra ma norteamericano bemsucedido de pesquisa sociológica coletiva 1984 pXV Nos primeiros anos o Departamento de So ciologia ainda oferecia cursos e aceitava teses de doutoramento inspirados pelo pensamento social cristão reformista ou pelos impulsos mais seculares de reformadores como Jane Addams Nesses primeiros anos dissertações como The Influence of Modern Social Relations upon Ethical Concepts de Cecil North não eram de forma alguma atípicas Mas imediatamente an tes da Primeira Guerra Mundial e novamente depois dela o departamento abandonou um pouco do seu zelo reformista e sob a orientação de WI Thomas e mais tarde de Robert Park voltouse para a investigação empírica em ce nários urbanos Encarava a cidade de Chicago como seu laboratório Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 248 escola sociológica de Chicago O departamento de Chicago foi muitas vezes acusado de negligenciar a teoria sociológica e defender um empirismo intelectualmente va zio Mas não era esse o caso Tanto Thomas quanto Park haviam estudado na Alemanha com alguns dos eruditos mais famosos daquele país Park escreveu sua tese sob a orientação do destacado filósofo neokantiano Wilhelm Win delband Mas é um fato que os sociólogos de Chicago em contraste com a maioria de seus colegas de outros centros enfatizavam que a sociologia só poderia desenvolverse na Amé rica do Norte caso se dedicasse ao estudo dos muitos problemas sociais que confrontavam a América urbana na rápida onda de urbanização industrialização e expansão capitalista subse qüentemente à Guerra Civil Os membros do departamento estudaram os dancings da cidade garçonetes vagabundos os valores dos terre nos locais delinqüentes juvenis ladrões e as relações raciais em Chicago Esperavase dos alunos de Chicago que lidassem com problemas e questões sociais concretos não apenas em suas teses mas também em suas carreiras poste riores E à medida que exalunos começaram a dominar novos departamentos de sociologia no MeioOeste e em outros locais foram dando a estes o colorido característico de Chicago A orientação de Chicago dominou a socio logia norteamericana até os anos 30 O depar tamento publicava o American Journal of So ciology que durante muito tempo manteve uma posição de monopólio entre as publicações so ciológicas e colonizou departamentos mais no vos da mesma forma como a antiga Atenas no período clássico havia colonizado novas ci dades no Mediterrâneo oriental O domínio de Chicago foi derrubado nos anos 30 quando Harvard Columbia e outras universidades do Leste começaram a institucionalizar a sociolo gia mas fora exercido durante tanto tempo que mesmo depois disso ainda costumava ser visto como o próprio epítome da pesquisa sociológi ca empírica norteamericana Leitura sugerida Blumer Martin 1984 The Chicago School of Sociology Institutionalization Diversity and the Rise of Sociological Research Faris Robert EL 1967 Chicago Sociology 19201932 Kurtz Lester R 1984 Evaluating Chicago Sociology a Guide to the Literature with an Annotated Bibliography Matthews Fred H 1977 Quest for an American Socio logy Robert E Park and the Chicago School LEWIS A COSER escola sociológica de Durkheim Este é o nome atribuído aos colaboradores e discípulos de Emile Durkheim cujas atividades flores ceram na França entre o final da década de 1890 e a Segunda Guerra Mundial Começaram co mo um grupo de pesquisa de uma eficiência extraordinária aplicando refinando desenvol vendo e às vezes modificando as idéias de Durkheim ao longo de uma ampla variedade de disciplinas Organizavamse em torno de um periódico notável o Année Sociologique do qual foram editados 12 volumes entre 1898 e 1913 Este publicava resenhas monografias e notas editoriais cobrindo um âmbito bastante amplo todo esse material escrito na maior parte pelos durkheimianos mas não de forma ex clusiva o Année também publicava Georg Sim mel Conforme Marcel Mauss um dia viria a relembrar Um bom laboratório depende não apenas da pessoa encarregada mas também da existência de partici pantes confiáveis ou seja antigos e novos amigos cheios de idéias com conhecimentos extensos e hipóteses viáveis e que ainda mais importante es tejam prontos a compartilhar teses uns com os outros participar do trabalho dos membros mais antigos e promover as obras dos recémchegados Éramos um grupo assim In Besnard 1983 p140 O Année Sociologique consolidou o que veio a ser chamado de escola sociológica fran cesa Depois da Primeira Guerra Mundial que dizimou os durkheimianos e da morte do pró prio Durkheim em 1917 os sobreviventes con tinuaram a produzir muitas obras individuais significativas embora já não mais como um grupo de trabalho apesar de o Année ter sido publicado duas vezes nos anos 20 e os Annales Sociologiques por breve período nos anos 30 Vieram a ocupar posições importantes na edu cação superior francesa na Sorbonne Céles tin Bouglé Paul Fauconnet Maurice Halb wachs Georges Davy no Collège de France Mauss François Simiand Halbwachs na École Normale Supérieure Bouglé e na Aca démie de Paris Paul Lapie Influenciaram toda uma geração de especialistas em diversas dis ciplinas e por algum tempo conseguiram exer cer alguma influência sobre o treinamento de professores para as escolas secundárias de toda a França Em 1920 Paul Lapie editor e colabo rador do Année e diretor de educação primária na França introduziu como parte de um novo programa para as Écoles Normales Primaires Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escola sociológica de Durkheim 249 um curso intitulado sociologia aplicada à mo ral e à educação Sua meta era introduzir os professores ao estudo objetivo dos fatos so ciais o que afirmava Lapie indica uma apre ciação de seu valor e conseqüentemente longe de levar a uma forma de indiferença termina por justificar com solidez as nossas práticas morais cit in Besnard 1983 p121 Mas o curso veio a ser muito atacado e seu conteúdo foi diluído Em 1930 a ideologia dos durkhei mianos já estava fora de moda Além disso eles não sobreviveram como escola Outras in fluências intelectuais incompatíveis como o marxismo a fenomenologia e o existencialis mo predominaram na França depois da Segun da Guerra Mundial embora houvesse uma con tinuidade marcante dentro da antropologia so cial ao mesmo tempo em que as idéias dur kheimianas eram adotadas em outros centros em especial na antropologia social e na SOCIO LOGIA anglosaxônica A preocupação motora de Durkheim era es tudar a vida social como realidade objetiva em todos os seus aspectos na época dividida em disciplinas acadêmicas embora todas fossem abordáveis ele achava pelo modo sociológico de investigação Isso exigia um método com parativo implicando a classificação de socie dades em tipos e uma insistência na busca de causas sociais em oposição às individuais psi cológicas ou materiais até mesmo na ver dade talvez especialmente para o que pode ria parecer menos suscetível de tal explicação daí seu famoso estudo do suicídio e seu interes se na sociologia da religião do conhecimento e da moral Implicava também uma concentração no que ele chamou de répresentations collec tives crenças e sentimentos coletivos que predominam num dado meio social De acordo com isso o segundo volume do Année declara em seu prefácio o princípio geral de que fenô menos religiosos jurídicos morais e econômi cos devem estar sempre ligados a um meio social em particular devendo suas causas ser sempre buscadas nos aspectos constitutivos do tipo de sociedade a que pertence esse meio Durkheim 18581917 p348 Os durkheimianos buscaram seguir esse programa imperialista ao longo das disciplinas das ciências sociais incluindo a história in corporando conforme as palavras de Marcel Mauss fatos dentro de uma estrutura socioló gica e simultaneamente organizandoos e dis secando os dados brutos fornecidos pelos ramos descritivos das nossas ciências in Besnard 1983 p143 mas sempre através de um intenso engajamento com a erudição então corrente e em geral em combate com as tradições acadê micas predominantes Seu objetivo era dissol ver barreiras arbitrárias entre campos acadêmi cos e fundar uma nova perspectiva sobre sua matéria Quem perguntou Durkheim até re centemente haveria de supor que existem rela ções entre fenômenos econômicos e religiosos entre adaptações demográficas e idéias morais entre formas geográficas e manifestações cole tivas e assim por diante Durkheim 1960 p348 Eram racionalistas e positivistas acre ditavam no poder explicativo de idéias claras e distintas aplicadas metodicamente através da divisão do trabalho acadêmico Defendiam uma visão inspirada pela Ilustração da reorganiza ção de todos os variados ramos especializados do conhecimento cientificamente estabelecido que forneceria então uma sólida base para o progresso social o que eles interpretavam como significando um movimento no sentido de uma ordem social industrial planejada ancorada em crenças e sentimentos comuns esclarecidos pela ciência social Eram na maior parte socialistas simpáticos a Jean Jaurès nãorevolucionários e certamente nãomarxistas mas traçaram uma nítida linha divisória entre seu trabalho científico e seu trabalho político Tal como os comteanos e os saintsimonianos antes destes os durkheimia nos achavam que as religiões propunham uma explicação mistificadora do mundo social que a ciência social transmitiria de maneira clara mas não se encaravam nem como os sacerdotes de uma nova religião secular nem como os empreendedores práticos de um novo industria lismo Eram antes e acima de tudo cientistas sociais praticantes que buscavam através de sua pesquisa e de seus ensinamentos fortalecer a ideologia secular e reformista da Terceira República francesa Como o próprio Durkheim eram na maioria evolucionistas caracterizados pelo otimismo relativamente cegos aos ele mentos da vida social que weberianos e marxis tas enfatizavam acima de tudo os mecanis mos de dominação e os conflitos de interesses Tampouco se mostraram atentos às forças de moníacas irracionais que uma sociedade mo derna podia abrigar e que entraram em erupção na Alemanha nazista Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 250 escola sociológica de Durkheim Três figuras centrais contribuíram de forma mais importante com o Année Sociologique tanto como editores quanto como colabora dores Durkheim Marcel Mauss e Henri Hu bert Mauss era sobrinho de Durkheim e o mais próximo a ele tendo dado uma contribuição importante para O suicídio 1897 e As formas elementares da vida religiosa 1912 deste úl timo Especialista em etnologia e história das religiões editou com Hubert a seção de so ciologia religiosa e escreveu importantes estu dos de sistemas classificatórios primitivos com Durkheim Durkheim e Mauss 1903 sacrifí cio e magia com Hubert Hubert e Mauss 1899 Mauss e Hubert 1904 um estudo notá vel sobre a prece a reciprocidade e a doação de presentes Mauss 1925 e também sobre a própria noção da pessoa ou eu em 1938 ver Carrithers et al 1985 De todos os durkhei mianos Mauss foi sem dúvida a figura mais importante e influente Seu trabalho passou pela prova do tempo e continua fundamental acima de tudo o Essai sur le don Além disso foi um professor que transmitia inspiração e do qual se dizia que a partir de suas idéias outros escreviam teses e livros Dedicou grande parte de sua energia cheia de vivacidade à colabora ção e à publicação dos trabalhos de colegas que morreram na Primeira Guerra Mundial Tragi camente depois da Segunda Guerra Mundial Mauss perdeu a saúde mental Hubert além da sua colaboração com Mauss publicou um importante estudo sobre a representação do tempo na religião e na magia tendo escrito também sobre a teoria da religião popular e sobre arqueologia histórica Stefan Czarnowski aluno polonês de Hubert também fez importantes contribuições à sociologia das religiões populares em especial seu estudo so bre São Patrício e o culto dos heróis nas lendas celtas Robert Hertz escreveu estudos brilhantes sobre a concepção coletiva da morte em socie dades primitivas 1907 e sobre o dualismo simbólico de direita e esquerda 1909 que exer ceram considerável influência posterior mas investigou também o culto alpino de SaintBes se numa obra que é de todos esses estudos durkheimianos a mais próxima do campo de trabalho da etnografia bem como histórias folclóricas recolhidas de soldados da infantaria na Primeira Guerra Mundial que lhe tirou a vida Maurice Halbwachs não somente am pliou a teoria de Durkheim sobre o suicídio de modos muito interessantes como também in vestigou a estrutura social da memória Halb wachs 1980 e examinou os determinantes so ciais de padrões de vida diferenciados e das variadas definições de necessidades em rela ção à classe social bem como padrões de or çamento e de consumo Célestin Bouglé era o encarregado da seção de sociologia geral e mostrou particular in teresse pelo lugar da psicologia no estudo dos fenômenos sociais Estudou também as precon dições sociais do crescimento das idéias iguali tárias a evolução dos valores e o sistema in diano de castas Bouglé 1908 Paul Fauconnet o qual com Durkheim editou as seções de sociologia criminal e estatística moral e o estudo de regras morais e jurídicas realizou um exame das formas de responsabilidade co mo socialmente determinadas analisando suas condições natureza e funções Os irmãos Hubert e Georges Bourgin editaram a seção de sociologia econômica François Simiand o economista do grupo investigou as determi nantes de salários e preços flutuações econô micas e valor do dinheiro bem como a origem evolução e papel do dinheiro além de ter escrito extensamente sobre a metodologia das ciências sociais Henri Beuchat que trabalhou com ar queologia e filologia americana também cola borou com Mauss no importante estudo de am bos a respeito do impacto da morfologia ou estrutura social sobre a vida jurídica moral doméstica e religiosa dos esquimós que variava sazonalmente Mauss e Beuchat 1906 en quanto Georges Davy estudou o surgimento e a evolução do contrato e com o egiptólogo Ale xandre Moret publicou um estudo das origens da civilização egípcia dos clãs aos impérios Houve também Gaston Richard cujos primei ros trabalhos foram sobre as origens sociais da idéia de direito mas que acabou se tornando um crítico virulento da sociologia durkheimiana e Paul Lapie cujo trabalho sobre sociologia edu cacional e em particular sobre as determi nantes do sucesso na educação escolaridade e delinqüência e educação e mobilidade social foi pioneiro e estava muito adiante do seu pró prio tempo ver Besnard 1983 Depois da dissolução efetiva do grupo in divíduos do círculo de Durkheim e próximos a ele transportaram a influência desse círculo pa ra os seus respectivos campos Entre eles o grande lingüista comparativo Antoine Meillet Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escola sociológica de Durkheim 251 o eminente sinólogo Marcel Granet Granet 1922 os juristas Emmanuel Lévy e Paul Hu velin o estudioso pioneiro do direito grego antigo Louis Gernet o arabista Eduard Doutté os historiadores Georges Bourgin George Le febvre Albert Mathiez Marc Bloch e Lucien Febvre através de Bloch e Febvre os durkhei mianos influenciaram de maneira poderosa a escola dos Annales ver ANNALES os psicó logos Charles Blondel Georges Dumas e Henri Wallon o geógrafo econômico e social Albert Demangeon o filósofosociólogo Lucien Lé vyBruhl e toda uma geração de etnólogos fran ceses que estudaram com Marcel Mauss ou por ele foram influenciados especialmente Claude LéviStrauss e Louis Dumont Leitura sugerida Besnard P org 1983 The Sociolo gical Domain the Durkheimians and the Founding of French Sociology Durkheim Emile 1960 Emile Dur kheim 18581917 A Collection of Essays with Trans lations and a Bibliography org por K Wolf Dur kheim Emile e Mauss M 1903 De quelques formes primitives de classification In Textes Hertz R 1907 1960 Contribution à une étude sur la répresentation collective de la mort Hubert H e Mauss M 1899 1964 Sacrifice Its Nature and Function Mauss M 1925 Essai sur le don Mauss M e Hubert H 1904 1972 A General Theory of Magic STEVEN LUKES escolha pública As pessoas comportamse de modo praticamente idêntico quer estejam agindo nos mercados em um cargo político ou no serviço público elas buscam seus próprios interesses Essa é a premissa contundente de uma teoria que tenta unir política e economia proporcionando o que às vezes também se co nhece como uma teoria econômica da política Essa aplicação do modelo da escolha racional tem exercido poderoso impacto tanto sobre a teoria quanto sobre a prática da política moder na Em especial tem estimulado discussões sobre a ampliação dos limites constitucionais dos governos através de sua análise da falha do governo A teoria da escolha pública começou com uma retomada do interesse pelos sistemas elei torais ver Downs 1957 Black 1958 Duas percepções em particular tornaramse pedras fundamentais da escola da escolha pública Pri meiro a possibilidade de ciclos em sistemas eleitorais foi redescoberta e isso ajudou a minar a idéia tradicional de que a ação do governo refletia a vontade do povo ver ESCO LHA SOCIAL e a exposição sobre o Teorema da Impossibilidade de Arrow Em parte como conseqüência disso os teóricos da escolha pú blica hoje adotam uma versão da abordagem contratualista dos governos Buchanan 1974 Assim afirmam haver apenas indivíduos dife rentemente de uma mentalidade de grupo ou de um bem geral que um governo poderia refletir e a autoridade do governo ocorre quan do indivíduos se determinam a resolver suas diferenças como parte de um ajuste constitucio nal que lhes permita viver juntos de forma vantajosa Em segundo lugar reconheceuse que o cus to da aquisição da informação é elevado Essa percepção combinase significativamente com o pressuposto de que os agentes políticos bus cam os seus próprios interesses produzindo a perspectiva de falha do governo isto é o governo não consegue comportarse como uma instituição de vantagem mútua Por exemplo os políticos tentam maximizar suas possibilida des de reeleição mostrandose sensíveis a elei tores que dados os custos de aquisição de in formação estão mais conscientes de questões diretamente relevantes aos seus interesses co mo programas de gastos em particular e níveis de impostos do que de questões de interesse mais indireto e menos imediato como a situa ção das finanças públicas e o futuro serviço da dívida O resultado na ausência de um freio constitucional é a inclinação para os gastos elevados os baixos impostos e os déficits pú blicos ver Buchanan e Wagner 1977 Da mes ma forma o fraco conhecimento que os políti cos têm das ações de seus burocratas deixa espaço para a busca dos autointeresses destes que têm grande probabilidade de se verem bem servidos dentro dos sistemas de remuneração da maioria dos serviços públicos através do cres cimento de seus departamentos ver Tullock 1965 Daí que a informação inadequada nesse caso estimula um crescimento burocrático ex cessivo e isso por sua vez interage com o fenômeno antes observado para criar uma cres cente clientela de eleitores cujos interesses ime diatos também favorecem um amplo setor pú blico Assim está montado o cenário para um moderno Leviatã que não tem nem a capaci dade nem a inclinação para satisfazer as neces sidades de seus cidadãos encontrase fora de controle e a necessidade de controle é ainda Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 252 escolha pública mais premente uma vez que o crescimento do governo também estimula a atividade de busca de receita As receitas nesse sentido são cria das por exemplo através de ações governa mentais que por sua vez criam monopólios de um tipo ou de outro tal como quando certas atividades são licenciadas pelo governo ou quando o pagamento público excede o equiva lente privado Essas receitas estimulam os in divíduos a investir recursos perdulariamente em ações projetadas para aumentar suas chan ces de adquirir os títulos a elas Existe uma solução óbvia a restrição constitucional das ações do governo Especificamente por exem plo deveria haver exigências para o equilíbrio do orçamento assim como uma constituição monetária e as burocracias deveriam ser sub metidas às forças da concorrência através de menor interferência do estado privatização e outros processos semelhantes Alguns podem mostrarse relutantes quanto a pressuposições de informação muito precisas e ao apoio no modelo de indivíduos que maxi mizam a utilidade ver também UTILITARIS MO Mas poucos duvidam de que o reconhe cimento da falha do governo se mostrou um importante corretivo de uma visão comum pe lo menos em economia a qual simplesmente afirmava que o governo agiria no sentido de compensar qualquer falha de mercado uma vez identificada Não obstante não se deve esquecer de que os mercados efetivamente fa lham de modo que as perguntas reais na teoria da escolha pública hoje em dia se relacionam a como diferentes regimes constitucionais afe tam a incidência relativa e as proporções das falhas do mercado e do governo Leitura sugerida Black D 1958 The Theory of Commitees and Elections Buchanan JM 1975 The Limits of Liberty Between Anarchy and Leviathan Buchanan JM e Wagner R 1977 Democracy in Deficit The Political Legacy of Lord Keynes Downs A 1957 An Economic Theory of Democracy Tullock G 1965 The Politics of Bureaucracy SHAUN P HARGREAVES HEAP escolha racional teoria da O aspecto ca racterístico desta abordagem é a visão de que a vida social deve ser explicada por meio de modelos de ação individual racional Raciona lidade pode significar muitas coisas diferentes no pensamento social moderno ver RACIONALI DADE E RAZÃO Neste caso é compreendida em termos utilitários como uma questão de maximizar a satisfação das preferências do in divíduo ver UTILITARISMO Modelos de com portamento maximizante são amplamente uti lizados na economia contemporânea e a teoria da escolha racional pode ser compreendida co mo uma proposta de ampliação dessa abor dagem econômica a outras áreas da vida so cial Ela pretende ser rigorosa e capaz de gerar explicações convincentes com base em poucos e relativamente simples pressupostos Fora da economia propriamente dita é possível encon trar exemplos influentes na literatura sobre es colha pública e cada vez mais na ciência política e sociologia contemporâneas e até mesmo den tro do marxismo acadêmico O pressuposto da racionalidade individual não implica a racionalidade do comportamento coletivo Em primeiro lugar Arrow 1951 de monstrou que preferências individuais não po dem ser normalmente agregadas em uma es trutura de preferência coletiva bem definida Nesse caso pode não haver nenhum resultado do qual seja possível dizer que maximiza pre ferências coletivas Em segundo lugar o com portamento coletivo implica a interação estra tégica de indivíduos racionais ver JOGOS TEO RIA DOS Cada qual agirá com base nos cálculos dos efeitos das ações posssíveis dos outros Em uma situação de dilema do prisioneiro carac terizada pela ausência de comunicação efeti va imaginemse dois prisioneiros interrogados em separado por um crime que cometeram jun tos o agente racional teme o pior dos outros e age no sentido de minimizar os danos Cada qual portanto evita o pior resultado possível mas coletivamente eles não conseguem obter o melhor O problema do free rider carona é outro exemplo A não ser que exista algum mecanis mo como a taxação compulsória para fazer com que os indivíduos contribuam para a pro visão de um bem coletivo os indivíduos racio nais deixarão a contribuição para os outros O free rider obtém os benefícios de um bem cole tivo sem incorrer nos custos da sua provisão Se existirem free riders em excesso o bem coleti vo não poderá ser absolutamente alcançado Olson 1965 desenvolveu esse argumento para indicar que só porque todos os membros de um grupo partilham um interesse comum não se segue necessariamente que eles se organizarão na busca desse interesse Uma ação coletiva por Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escolha racional teoria da 253 parte de grandes grupos depende da existência de incentivos seletivos para os ativistas e às vezes de um elemento compulsório Grupos com poucos membros como no caso de um oligopólio normalmente se encontram em me lhor posição para organizar e chegar a um acor do sobre uma linha de ação ótima A teoria da escolha racional não exige que seus modelos de ação racional sejam inteira mente realistas Sua pretensão antes de tudo é fornecer previsões com sucesso em muitos ca sos e na possibilidade de falha na previsão fornecer meios de identificar o lugar de elemen tos nãoracionais na ação humana O compor tamento eleitoral é um exemplo citado com freqüência Na maioria dos casos o voto de uma pessoa pouco efeito terá sobre o resultado e a diferença que o resultado fará para essa pessoa será igualmente pequena O pressuposto de um comportamento racional orientado para o auto interesse portanto exibe uma explicação no toriamente frágil para o comportamento eleito ral uma vez que indica que praticamente nin guém iria votar voluntariamente nas digamos eleições nacionais norteamericanas Isso aju danos a compreender por que metade dos ame ricanos qualificados não votam mas pouco adianta no sentido de nos ajudar a compreender a outra metade Hardin 1982 p11 Provas de irracionalidade significativa no comportamento humano portanto pouco pre juízo causam às pretensões da teoria da escolha racional Questões críticas mais sérias relacio namse primeiro ao caráter e localização da racionalidade e segundo ao seu papel na ex plicação Críticos têm afirmado que a teoria da escolha racional tem uma visão excessivamente simples do agente por exemplo que não leva na devida conta o altruísmo e outros engaja mentos que a racionalidade humana é uma questão de projetos de autoedificação a longo prazo e não apenas de maximização a curto prazo e que as capacidades cognitivas dos seres humanos são demasiado limitadas para que suas decisões sejam totalmente racionais em todos os casos Essas posições críticas apontam uma ques tão mais geral para o individualismo metodoló gico da teoria da escolha racional Existem dois sentidos bastante diferentes em que a raciona lidade pode ser atribuída aos indivíduos huma nos Ela pode referirse ao que se costumava chamar de faculdade da razão a generalizada capacidade de desenvolver uma cadeia bem ligada de raciocínio ou argumentação Pode referirse também à consistência das próprias cadeias de raciocínio e aos conceitos e outros mecanismos intelectuais horóscopos jogos de dados análises de custosbenefícios emprega dos em sua construção e por extensão a linhas de ação e tipos de comportamento par ticulares A suposição de que os indivíduos humanos são normalmente dotados da facul dade da razão e que são portanto capazes de desenvolver cadeias de raciocínio nada nos diz sobre o caráter dos mecanismos conceituais que eles podem empregar nesse processo Uma vez que a maior parte dos mecanismos conceituais disponíveis para um agente será culturalmente adquirida existe um sentido importante no qual a racionalidade ou não da ação individual de penderá de condições culturais e sociais exter nas ao agente em pauta Por fim existe a questão do papel explica tivo da suposição de racionalidade Ela nos leva a esperar certa consistência no comportamento dos indivíduos mas nada nos diz a respeito de suas motivações As explicações de aspectos significativos da vida social como resultantes das ações racionais de indivíduos portanto dependem de suposições auxiliares com res peito ao conteúdo de suas explicações outro aspecto em que o individualismo patente da teoria da escolha racional em geral implica uma referência disfarçada a condições culturais e sociais supraindividuais Existem aqui mais duas questões Primeiro a validade dessas su posições quanto a motivos pode muito bem ser questionada A explicação acima quanto à razão por que tantos norteamericanos não votam nas eleições nacionais simplesmente lhes atribui uma motivação presumida da qual se segue então a decisão de não votar Mas não é com patível com os resultados de um recente estudo de seus motivos para não votar FoxPiven e Cloward 1988 Em segundo lugar é discutível que a suposição rigorosa da racionalidade acrescente muita coisa à força explanatória das próprias suposições auxiliares Simon 1986 Ver também ESCOLHA SOCIAL Leitura sugerida Barry B e Hardin R orgs 1982 Rational Man and Irrational Society Elster J org 1986 Rational Choice Hardin R 1982 Collective Action Hindess B 1988 Choice Rationality and So cial Theory Hollis M 1987 The Rise of Reason Journal of Business 59 1986 4 Parte 2 The beha Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 254 escolha racional teoria da vioural foundations of economics theory Olson M 1965 The Logic of Collective Action Sen A 1987 On Ethics and Economics BARRY HINDESS escolha social Como os governos e outros organismos públicos decidem e como deve riam decidir suas ações Existem várias ex plicações sobre o modo como os governos to mam decisões ver por exemplo DEMOCRACIA ELITES TEORIA DAS mas é um pressuposto bási co da democracia liberal que os governos de vem agir no interesse dos seus cidadãos O interesse público por assim dizer não pode ser definido independentemente dos interesses dos indivíduos dos quais os governos recebem sua autoridade Essa fórmula democrática funciona bastante bem quando a ação pública é no in teresse de todos Mas existem inevitavelmente situações em que a escolha da ação a ser tomada implica um conflito com o interesse de um ou outro indivíduo ou grupo São esses casos difí ceis que determinam a agenda para a discussão sobre escolha social Não é de surpreender que com a ascensão da democracia e o crescimento do setor público sob várias formas essas dis cussões raramente tenham estado longe dos centros do debate tanto na política quanto na economia Há duas importantes abordagens modernas para a questão da origem dos princípios que deveriam ser utilizados nos casos difíceis Uma implica o apelo às urnas Constitui uma exten são natural da política das idéias de escolha individual encontradas na economia ver ECO NOMIA NEOCLÁSSICA ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA E também tem sido muito influente no caso de algumas discussões sobre a forma como os governos efetivamente tomam decisões ver por exemplo Downs 1957 Riker 1982 e ES COLHA PÚBLICA Presumese que os indivíduos tenham preferências quanto aos resultados pos síveis às vezes chamadas de preferências éti cas na medida em que se referem aos resultados para a sociedade e podem implicar um juízo ético a respeito de que interesses e de quem devem ser favorecidos Uma constituição en tão agrega essas preferências através de algum mecanismo de voto para produzir um ordena mento social dos resultados possíveis Assim tal como consumidores agindo de acordo com suas preferências sobre bens em mercados pro duzem uma valorização social de diferentes mercadorias na forma de um grupo de preços relativos também os indivíduos votam de acor do com preferências éticas e as urnas produ zem um ordenamento social de resultados e com isso um julgamento a respeito de que in teresses favorecer Isso é atraente porque oferece uma solução de procedimento que evita qualquer compro misso com a forma moral da boa vida Arrow 1951 porém demonstrou um resultado de impossibilidade que lança dúvidas sobre a coe rência dessa abordagem Quando as preferên cias individuais satisfazem os axiomas regu lares da teoria da escolha nenhum sistema de agregação dessas preferências pode garantir a produção de um ordenamento social que satis faça um conjunto de condições aparentemente mínimas Especificamente não pode evitar in consistências do tipo x é preferido a y e y é preferido a z mas z é preferido a x e ao mesmo tempo satisfazer condições simples como a nãoditadura e a condição ótima de Pareto o princípio de Pareto neste contexto implica que se todos os indivíduos preferem a a b então a deve ser preferido a b no ordenamento social A mais simples intuição por trás desse resultado de impossibilidade é que Arrow está generali zando o famoso paradoxo de votos de Condor cet Para entender esse paradoxo suponhase que existam três indivíduos com a seguinte ordem de preferência em relação a três resul tados xyz xyz yzx zxy Então o uso de um simples sistema de voto da maioria para decidir entre comparações aos pares de xyz resultará em que x é preferido a y uma vez que o primeiro e o terceiro indivíduos su peram o voto do segundo y é preferido a z mas a maioria também prefere z a x Esse resultado foi imensamente influente para a teoria democrática mas também tem sido objeto de ásperas críticas a sua fundamentação utilitária da economia Sen 1982 Embora a abordagem de Arrow rejeite explicitamente as comparações interpessoais de utilidade que possam exigir uma escolha social utilitária para apoiar a tortura caso esta resulte em mais utili dade para o torturador do que em desutilidade para a vítima ela ainda assim se baseia em uma representação ordinal de utilidade dos indiví duos e é capaz de gerar um tipo semelhante de problema porque notoriamente a maioria po derá sempre votar para impor a tirania sobre grupos minoritários O que parece estar faltan Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar escolha social 255 do é um reconhecimento de que os indivíduos são mais do que feixes de preferências mini mamente que eles têm direitos que precisam ser respeitados Esses direitos são cruciais para a abordagem alternativa contratualista da escolha social A marca característica do contratualismo é um argumento que justifica um resultado através da demonstração de como indivíduos dotados de direitos tais como liberdades básicas teriam concordado com esse arranjo caso tivessem partido de alguma posição hipotética original de contrato É um argumento atraente porque parece que haveria pouco motivo de queixa quanto a ações do governo quando se pudesse demonstrar que indivíduos dotados da opor tunidade de negociar teriam concordado com elas Não obstante seu apelo pode ser engano so Ele não resolve muitas das controvérsias fundamentais nessa área pois existem vários meios de especificar a posição original de con trato e os posteriores acordos hipotéticos são extremamente sensíveis a essas especificações ver também CONTRATO SOCIAL Por exemplo os que seguem Rawls 1971 podem supor que a escolha social nos casos difíceis em que conflitos de interesses envol vem uma questão de justiça e uma vez que a justiça deve ser imparcial a posição original para a derivação desses princípios de justiça deveria ser caracterizada por um véu de ig norância Os indivíduos deveriam decidir que resultado social preferem sem saber entre ou tras coisas a posição individual que virão a ocupar Formalmente os indivíduos devem de cidir sob essas condições de incerteza e Rawls afirma que a regra adequada de decisão é maxmin uma vez satisfeita uma condição de liberdades básicas iguais Isso significa que os resultados sociais são julgados de acordo com o bemestar da pessoa menos favorecida com um conseqüente pressuposto a favor da igual dade De fato indivíduos sob essa regra só escolhem um resultado social em que haja des igualdade quando o membro mais des favorecido sob essa disposição é levado a ficar melhor do que seria o caso sob um resultado com maior igualdade Assim uma abordagem rawlsiana da justiça quando aplicada à escolha social parece sancionar em geral atividades intervencionistas do estado destinadas a promo ver a igualdade Essa é uma implicação controvertida Em primeiro lugar não é óbvio que o princípio de maximin se recomende como a regra apropria da de decisão para condições de incerteza Há uma forte alegação na literatura econômica ou na teoria da escolha racional para uma regra de maximização da utilidade esperada e seu uso poderia restaurar uma espécie de utilitarismo Harsanyi 1955 Em segundo lugar ela pre sume que os governos devam decidir que in teresses favorecer quando surgem conflitos Em outras palavras presume que a justiça exija algum tipo de intervenção do estado quando foi notoriamente sustentado por Robert Nozick 1974 que um sistema de justiça baseado em direitos não exige nada desse tipo A posição original de Nozick é definida por um estado lockeano de natureza grosso modo um estado em que os indivíduos podem fazer valer os seus direitos a sua propriedade incluin do o seu trabalho na medida em que isso não infrinja os direitos de outrem e ele afirma que os indivíduos farão contratos uns com os outros para formar um estado que sustente os direitos à propriedade porém não mais do que isso Especificamente qualquer tentativa por parte do governo de seguir um programa redistribu tivo irá contrariar o direito fundamental dos indivíduos de disporem de seu tempo e proprie dade conforme acharem adequado Isso seria subverter ou desfazer as ações que os indiví duos tomaram livremente e assim constitui uma infringência dos direitos desses indiví duos Dessa forma a abordagem contratualista não resolveu as diferenças na escolha social uma vez que seus argumentos podem permitir tanto um estado intervencionista quanto um estado mínimo Não obstante o que ficou reve lado pela recente mudança contratualista de argumento é a sensibilidade da escolha social tanto ao pressuposto modelo de tomada de de cisão individual quanto ao que é encarado como a relação relevante entre indivíduos em alguma posição original Leitura sugerida Arrow K 1951 1963 Social Choice and Individual Values Buchanan JM 1986 Liberty Market and the State Downs A 1957 An Economic Theory of Democracy Hamlin A 1986 Ethics Economics and the State Harsanyi JC 1955 Cardinal welfare individualistic ethics and interper sonal comparisons of welfare Journal of Political Economy 63 30921 Nozick R 1974 Anarchy State Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 256 escolha social and Utopia Rawls J 1971 A Theory of Justice Ri ker WH 1982 Liberalism against Populism Sen A 1982 Choice Welfare and Measurement Sugden R 1981 The Political Economy of Public Choice SHAUN P HARGREAVES HEAP esfera pública Embora as diferenças entre público e privado remontem aos tempos da Grécia e da Roma antigas os conceitos de esfera pública e de publicidade estão intima mente ligados a concepções do século XVIII a respeito de SOCIEDADE CIVIL O pensamento so cial do século XX continuou a se preocupar com o que é encarado como privatismo excessivo ver PRIVACIDADE e um correspondente declínio da vida pública Jürgen Habermas 1962 afirmou que a publicidade como princípio crítico a aber tura das questões públicas à discussão por cida dãos interessados deu lugar a uma opinião públi ca manipulada enquanto Richard Sennett 1978 diagnosticou O declínio do homem público O FEMINISMO tanto tem documentado o viés de gênero na distinção entre homem público e mulher privada Elshtain 1981 quanto questionado a própria distinção públicopriva do O lema feminista de que o pessoal é polí tico tem sido complementado por pesquisas demonstrando por exemplo que não apenas faltava privacidade à esfera privada do século XIX como esta era também uma área importan te de atividade econômica Davidoff 1979 e que as mulheres não são tão desinteressadas pela vida pública ou política quanto excluídas dela e quando estão presentes negligenciadas Siltanen e Stanworth 1984 Tal como Marx deixou implícito na sua crítica a Hegel as pa tologias das esferas pública e privada podem mais reforçar do que abrandar uma à outra como quando uma esfera privada politizada que é transformada em objeto de pânicos morais e legislação Donzelot 1977 coexiste com uma esfera política personalizada e degradada cujas insatisfações são por sua vez aliviadas nos nichos da vida privada Esses modos de pensar sobre a relação entre público e privado são influenciados também por um reco nhecimento tardio da importância da COMUNI CAÇÃO DE MASSA Thompson 1990 sobretudo p23848 Leitura sugerida Elshtain J 1981 Public Man Pri vate Woman Habermas J 1962 1989 The Struc tural Transformation of the Public Sphere Keane J 1984 Public Life and Late Capitalism Sennett Richard 1978 The Fall of Public Man Siltanen J e Stanworth M 1984 Women and the Public Sphere WILLIAM OUTHWAITE esquerda nova Ver NOVA ESQUERDA estado Há uma grande concordância entre os cientistas sociais quanto a como o estado deve ser definido Uma definição composta incluiria três elementos Primeiro um estado é um con junto de instituições estas são definidas pelos próprios agentes do estado A instituição mais importante do estado é a dos meios de violência e COERÇÃO Segundo essas instituições encon tramse no centro de um território geografi camente limitado a que geralmente nos referi mos como SOCIEDADE De modo crucial o es tado olha para dentro de si mesmo no caso de sua sociedade nacional e para fora no caso de sociedades mais amplas entre as quais ele precisa abrir seu caminho seu comportamento em uma área em geral só pode ser explicado pelas suas atividades na outra Terceiro o estado monopoliza a criação das regras dentro do seu território Isso tende à criação de uma CULTURA política comum partilhada por todos os cidadãos É preciso enfatizar que a condição de estado é em geral mais uma aspiração do que uma realização efetiva Por um lado a maioria dos estados históricos teve grande dificuldade em controlar suas sociedades civis e em particular em estabelecer seus próprios monopólios dos meios de violência e o que era válido no caso dos estados feudais é igualmente válido no caso do Líbano nos dias de hoje Por outro lado a busca por parte de um estado da sua meta principal a da segurança fica normal e neces sariamente incompleta devido à presença de sociedades maiores que ele não pode controlar Uma dessas sociedades é o sistema de estados presente durante mil anos na história européia e hoje característica daquilo que é genuinamen te uma sociedade mundial organizada Uma segunda sociedade desse tipo é a do CAPITALIS MO que tem nitidamente suas próprias leis de movimento Um trabalho muito interessante e importante está sendo realizado atualmente na ciência social a respeito das interrelações entre capital e estado tanto no nível doméstico quan to no internacional A contestação do estado A natureza do estado tem sido tema de de bate intelectual e da política de poder no século Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estado 257 XX É possível identificar dois campos opostos principais a saber o do liberalismo anglosa xão e o de uma escola menos nítida mais referida como a do realismo germânico Ao mesmo tempo em que existem muitas versões de liberalismo a maioria demonstra suspeitas com relação às atividades do estado Tudo que é virtuoso é encarado como fazendo parte da sociedade com as forças do estado sendo vistas como obstáculos que precisam ser reduzidos O papel mais ativo para o estado na visão de alguns liberais é o de um vigia notur no protegendo uma estrutura dentro da qual as forças de mercado podem então operar de acor do com a sua própria lógica Essa é a filosofia do LAISSEZFAIRE suas explicações são mais baseadas na sociedade do que centradas no estado pois não se atribui uma realidade fun damental ao estado como corporificação da sociedade organizada A visão que o liberalismo tem das relações internacionais é de um des prezo surpreendente pelo poder do estado A escola de Manchester do liberalismo de lais sezfaire tinha a esperança de que nada menos que a paz pudesse ser garantida pela crescente interdependência da economia mundial de for ma igualmente importante consideravase ago ra o comércio e não a conquista territorial como o caminho do progresso e da prospe ridade Outros liberais seguindo o exemplo de Immanuel Kant apontaram que a era da paz dependerá não apenas do comércio mas de outros estados reconhecerem os princípios do nacionalismo e da democracia A Alemanha foi criada como resultado das ações do seu estado e não surpreende que tenha demonstrado o maior apreço para com a reali dade do PODER do estado Internamente essa tradição encara o estado como um agente por direito próprio capaz de representar o direito geral Externamente o estado é visto como aquele que garante a sobrevivência Esse reco nhecimento da lógica de um mundo asocial de competição entre estados foi especialmente fácil para os alemães O pensamento social em geral foi maciçamente influenciado pela longa paz entre 1815 e 1914 na qual a brusca trans formação social da industrialização parecia su mamente importante Mas os alemães alcan çaram a condição de estado em parte devido à guerra e também não surpreende descobrir que pensadores como Max Weber Ludwig Gum plowicz Gustav Ratzenhofer Otto Hintze e Franz Oppenheimer tenham todos atribuído grande peso ao impacto da transformação geo política sobre a vida social A Alemanha começou duas guerras mun diais e as potências anglosaxãs saíram vitorio sas Isso significou em conseqüência que du rante um longo período ela foi considerada indigna de consideração Desde os anos 70 porém isso felizmente tem mudado Uma fonte dessa mudança foi o moderno MARXISMO OCI DENTAL Combater um inimigo é algo que in fluencia a sua própria mente e o marxismo em última análise se parece com o liberalismo com o qual tem em comum embora tendo em mente uma escala de tempo bastante diversa as esperanças tanto de paz universal quanto de desaparecimento do estado ao apresentar ex plicações baseadas na sociedade em vez de centradas no estado Não obstante a tentativa de especificar o modo como um estado rela tivamente autônomo poderia servir aos in teresses do capital proporcionandolhe a infra estrutura necessária levou a que se fizessem perguntas que rapidamente fugiram ao próprio paradigma dos marxistas De maneira mais ge ral a perspectiva histórica é hoje tal que nin guém pode negar que a história do desenvol vimento econômico tão amada pelos liberais foi rudemente interrompida por conflitos geo políticos entre 1914 e 1945 nem que esse pe ríodo transformou profundamente a vida social A diferente organização da estrutura de classes nas então Alemanha Oriental e Ocidental para dar apenas um exemplo foi resultado mais de um arranjo geopolítico do que de qualquer ló gica interna às classes por si mesmas Tudo considerado não há dúvida de que o estado está de volta A ciência social tem no entanto o hábito lamentável de se encantar com novas abordagens em vez de garantir que elas realmente nos ajudem a compreender o mundo Felizmente o interesse renovado no estado tem levado a avanços no nosso conhecimento a especificação de alguns desses avanços com preende o restante deste verbete O paradoxo do poder do estado Chegamos a uma compreensão em parte devido ao trabalho de Michael Mann 1988 de que existem duas faces ou dimensões no poder do estado A teoria tradicional preocupavase com o alcance dos poderes discricionários do estado na verdade foi estabelecida por ele Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 258 estado isto é a oposição polarizadora entre regimes despóticos e constitucionais No entanto es tudos de estados agrários mostram que as alega ções de poder universal eram mais pretensão do que realidade uma vez que o estado tinha pou cos servidores para poder penetrar na vida so cial e organizála Daí uma segunda dimensão de poder do estado merece ser chamada de infraestrutural Disso resulta um paradoxo A força do es tado é em geral resultado de até que ponto ele pode colaborar com agrupamentos da socie dade civil e essa colaboração é normalmente garantida por alguma limitação dos poderes despóticos do estado Assim no século XVII o estado absolutista francês pode ter sido autôno mo no sentido de ser livre de restrições par lamentares mas não obstante era mais fraco conforme ficou demonstrado no teste da guerra do que sua rival constitucional a GrãBreta nha Nesse estado o acordo entre as classes superiores e os agentes do estado permitia níveis mais elevados de taxação e maior eficiência geral o estado britânico era livre para fazer muito mais Esse paradoxo aplicase igualmente bem ao mundo moderno a mobilização de guer ra da GrãBretanha na Segunda Guerra Mundial superou a da Alemanha enquanto recentes es tudiosos do estado japonês têm enfatizado que sua grande força resulta de uma política de aquiescência recíproca Estados e mercados Está hoje disponível traçado em perspectiva comparativa um quadro bem mais nítido do papel do estado no surgimento do dinamismo econômico capitalista do Nordeste da Europa o qual permitiu que esta dominasse o mundo Dois aspectos teóricos são de especial importância Primeiro é necessário distinguir entre os diferentes tipos de estado no mundo préindus trial Falando de maneira bastante grosseira as civilizações orientais tinham estados que eram a um tempo poderosos demais e fracos demais isto é despoticamente poderosos mas infra estruturalmente fracos para permitir o sur gimento de qualquer dinâmica capitalista Tais estados buscavam controlar todas as forças so ciais que tinham a capacidade de mobilizar as pessoas com o argumento de que qualquer força independente poderia rapidamente minar seu próprio domínio isso levou repetidas vezes ao bloqueio de forças capitalistas Por outro lado tais estados tendiam a não colaborar com as suas próprias classes superiores sendo por isso impedidos de receber uma significativa renda em impostos isso demonstrava que dis punham de fundos insuficientes para poder pro porcionar um quadro de expectativas racionais em questões de dinheiro e justiça do qual um capitalismo emergente se teria beneficiado Em contraste a civilização ocidental viu surgirem estados que eram poderosos e fracos nos lugares certos para o surgimento do capitalismo Os limites à discricionariedade significavam que o estado não podia controlar de maneira definiti va os agentes capitalistas enquanto que o au mento da receita do estado resultante da cola boração com as classes superiores funcionando através dos parlamentos permitiu que se pro porcionasse uma justiça regularizada e com o tempo dinheiro decente Esse padrão europeu é parcialmente expli cável em segundo lugar como resultado de forças externas a qualquer estado isolado Os estados europeus eram duradouros e em con seqüência envolvidos em incessante concor rência uns com os outros Nessas circunstân cias tornouse racional não matar a galinha dos ovos de ouro isto é os governantes acabaram entendendo que um comportamento predatório para com os seus capitalistas levaria à fuga destes e conseqüentemente a um aumento na receita de seus rivais geopolíticos Em grande medida o comportamento decente para com o capitalismo que então nascia explicase pela simples afirmação de que o capitalismo tinha estados houvesse a Europa revertido ao domí nio imperial depois de queda de Roma e nada teria havido que impedisse os governantes de mais uma vez exercerem controle sobre a mo bilização social que resultava de se conceder à sociedade civil uma certa autonomia Esses padrões de poder do estado são igual mente úteis para se compreenderem os modos como o estado prospera economicamente na era industrial Parece ser cada vez mais o caso de se dizer que a capacidade de um estadonação de se inserir nas sociedades capitalistas está relacionada com a sua capacidade de colaborar com os capitalistas nacionais e de fornecer uma maciça infraestrutura social de educação e de conciliação de classes que permita flexibilidade diante dos padrões cambiantes do comércio internacional Assim o estado em muitos países do Leste Asiático é relativamente e cada vez Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estado 259 mais fraco do ponto de vista despótico mas muito poderoso do ponto de vista infraestrutu ral o fato de o oposto tender a ser válido no caso da América Latina ajuda a explicar seus fraquís simos resultados em termos de desenvolvimen to econômico Além disso está hoje bastante evidente que o planejamento socialista só fun ciona no estágio de industrialização inicial a continuação do sucesso econômico das socie dades socialistas parece depender da mudança que elas possam vir a promover em seus pa drões de controle estatal Vale a pena levantar uma última questão a respeito dos mercados internacionais Esses mercados são criados geopoliticamente E isso foi particularmente válido depois da Segunda Guerra Mundial quando foi criado um sistema norteamericano cujas instituições estabiliza ram o mundo avançado ao custo provável do desenvolvimento do Terceiro Mundo Uma teo ria importante a respeito desses assuntos sobre a qual a história ainda não estabeleceu um julgamento definitivo indica que a sociedade capitalista necessita de um estado em posição de liderança para organizar o capitalismo como um todo isto é para fornecer uma moeda fundamental e para insistir no livre mercado Com toda a certeza os Estados Unidos têm desempenhado esse papel embora seja duvido so que a GrãBretanha um dia o tenha feito Mas uma questão tão importante para o final do século XX quanto a da liberalização das socie dades socialistas de estado ver SOCIALISMO é saber até que ponto um declínio norteamerica no pode levar a um conflito renovado entre as principais potências capitalistas Estados e política Conforme se observou os desenvolvimen tos políticos internos às sociedades nacionais resultam em geral de forças geopolíticas O que foi válido para as mudanças no comportamento de classe é igualmente válido para a revolução social As revoluções tendem a ocorrer em re gimes que foram debilitados por participação excessiva ou por efetiva derrota na guerra As derrocadas do estado dão às elites revolucioná rias a sua oportunidade Além disso os cientistas sociais cada vez mais percebem que a forma dos movimentos sociais resulta em geral das características do estado com o qual eles interagem Dois exem plos merecem ser observados primeiro as clas ses operárias tendem a se tornar militantes quando um estado as exclui de participação na sociedade civil isto é os operários enfrentam o estado quando são impedidos de se organizar industrialmente e de discutir com seus oponen tes capitalistas imediatos Assim um estado liberal com plena cidadania não assiste a ne nhum movimento revolucionário da classe ope rária enquanto regimes autoritários e autocrá ticos assistem ao surgimento de movimentos operários de inspiração marxista esse princípio ajuda a explicar a diferença no comportamento das classes operárias nos Estados Unidos e na Rússia czarista no final do século XIX O mes mo princípio de que a exclusão política provoca a militância parece em segundo lugar explicar a incidência de revoluções no Terceiro Mundo desde 1945 As sociedades centroamericanas dividem um determinado modo de produção mas somente umas poucas testemunham revoluções A possibilidade de participação na Costa Rica desacelera o conflito social sua ausência na Nicarágua de Somoza levou à criação de uma elite revolucionária com apoio popular Leitura sugerida Aron Raymond 1962 Paix et guer re entre les nations Gilpin R 1981 War and Change in World Politics Hall J e Ikenberry J 1989 The State Katzenstein P 1985 Small States in World Markets Maier C 1988 In Search of Stability Mann M 1988 States War and Capitalism Poggi G 1978 The Development of the Modern State Skoc pol T 1979 States and Social Revolutions Tilly C org 1975 The Formation of National States in Western Europe Waltz K 1959 Man the State and War JOHN A HALL estado de bemestar Tendo origem na Grã Bretanha e sendo usada em geral de maneira livre esta expressão tornouse amplamente di fundida tanto nos círculos jornalísticos quanto acadêmicos depois da Segunda Guerra Mun dial Visava descrever um estado que em con traste com o estado do vigia noturno do sécu lo XIX preocupado basicamente com a prote ção da propriedade ou com o estadopotência do século XX preocupado basicamente duran te a Segunda Guerra Mundial com a vitória total utilizaria o aparato do governo para con ceber implementar e financiar programas e pla nos de ação destinados a promover os interesses sociais coletivos de seus membros Destruiria aquilo que William Beveridge que não gostava da expressão chama de os cinco males gigan Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 260 estado de bemestar tes a escassez a doença a ignorância a miséria e a ociosidade O estado no futuro interviria deliberadamente para limitar ou modificar as conseqüências da livre operação das forças de mercado em circunstâncias nas quais indiví duos e famílias fossem confrontados com con tingências sociais consideradas como demasia damente fora de seu controle em especial o desemprego a doença e a velhice Seria mais porém do que o que passara a ser chamado antes da Segunda Guerra Mundial de um es tado de serviço social pois em relação a todo um rol convencionado de serviços sociais em particular os que diziam respeito a saúde e educação esse estado ofereceria de forma abrangente a todos os cidadãos os melhores serviços que estivessem disponíveis sem dis tinção de status ou classe Através dos impostos haveria nisso portanto um aspecto redistribu tivo As origens do estado de bemestar podem remontar à criação de serviços sociais for necidos pelo estado na esteira da industrializa ção do século XIX sendo dada ênfase particular à Alemanha de Bismarck e à GrãBretanha do início do século XX Havia obviamente muitas tendências diversas até contrastantes na his tória incluindo o paternalismo conservador o novo liberalismo o fabianismo e algumas outras qualidades de socialismo e ainda não menos importante o feminismo No entanto foi quando se mobilizaram cidadãos durante a Se gunda Guerra Mundial e quando houve uma estreita ligação entre o esforço de guerra e a preocupação com o bemestar que os serviços sociais deixaram de ser considerados como uma forma de ajuda aos pobres Havia também um elevado grau de consenso potencial então e depois da guerra quanto ao fato de que a mudança era para melhor de forma que em 1949 um manifesto do Partido Conservador britânico The Right Road for Britain afirmava que os serviços constituíam um sistema coope rativo de ajuda mútua e de autoajuda propor cionado pelo todo da nação e destinado a pro porcionar a todos o mínimo básico de seguran ça habitação oportunidade emprego e padrões de vida abaixo dos quais somos impedidos pelo nosso dever uns para com os outros de permitir que alguém desça A defesa acadêmica do estado de bemestar foi feita de modo mais incisivo pelo sociólogo TH Marshall o qual afirmou que enquanto as políticas de serviço social haviam sido encara das até então como programas remediadores para tratar aos poucos dos problemas da socie dade e não dos seus andares superiores o es tado de bemestar havia agora começado a re modelar o edifício inteiro O estado de bemes tar era a culminação de um longo processo que havia começado com a afirmação dos direitos civis passando pela luta pelos direitos políticos e terminando com a identificação e o estabele cimento de direitos sociais Marshall acreditava que ao explicar a ascensão do estado de bem estar era mais importante a ampliação do ideal de cidadania do que o aumento do âmbito de poder do estado Essa era uma perspectiva britânica e a ex pressão estado de bemestar nem inspirou consenso em todos os outros países especial mente nos Estados Unidos nem sempre trouxe consigo ressonâncias históricas agradáveis em especial na Alemanha com sua longa história de sozialpolitik A expressão podia sempre ser usa da de forma tanto pejorativa quanto favorável tal como acontecia com as palavras isoladas que a compunham bemestar e estado O conceito no entanto passou a ser encarado como universal fora dos países comunistas até mesmo em regiões que não haviam passado pelo processo de industrialização em grande escala Se por um lado o estado de completo bemestar não existia escreveu Piet Thoenes sociólogo holandês em 1962 elementos dele podiam ser encontrados em uma forma mais isolada na França na Itália na Alemanha Oci dental e nos Estados Unidos contemporâneos Uma lista um pouco mais completa teria in cluído a Suécia e a Nova Zelândia Durante a Segunda Guerra Mundial uma Conferência Internacional do Trabalho realiza da em Filadélfia observou o desejo profundo dos povos de toda parte de se libertarem do medo da escassez e afirmou que depois da guerra a relevância da expressão sociedade internacional seria julgada em termos de be nefício e bemestar humanos E seis anos depois em 1950 a Organização Internacional do Trabalho registrou que àquela altura já havia um movimento por toda parte a fim de criar uma nova organização para a segurança social que só pode ser descrita como um serviço pú blico para os cidadãos no seu todo Já no final dos anos 50 porém havia amplos indícios dos problemas ligados à economia e à Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estado de bemestar 261 política do estado de bemestar bem como dos princípios de críticas acadêmicas ao próprio conceito da esquerda e da direita Em 1951 o governo trabalhista britânico estabeleceu tetos para os gastos com o bemestar e embutiu tri butos nos preços de óculos e dentaduras e em uma coletânea de ensaios publicados em 1958 Richard Titmuss que fizera um estudo deta lhado sobre mudanças na política social britâ nica na Segunda Guerra Mundial afirmou que os programas do pósguerra que não haviam chegado a um ponto decisivo tinham beneficia do as classes médias mais do que qualquer outro setor da sociedade Durante os dez anos que se seguiram a crítica tanto ao conceito quanto à prática foi aguçada à medida que se destacavam questões gerenciais e a base econômica de gastos com um bemestar abrangente era ameaçada A ameaça transformouse em reação durante os anos 70 quando a inflação fez subir as despesas e se realizaram esforços para cortar os gastos públicos O resultado foi a chamada crise do estado de bemestar uma crise tanto de valores quanto de finanças ou gerenciamento Nas pa lavras de um documento do governo britânico sobre segurança social 1988 o suprimento por parte do estado desempenhou um papel importante em apoiar e sustentar o indivíduo mas não deve desestimular a autoconfiança ou colocarse no caminho do suprimento ou da responsabilidade individuais Ver também PLANEJAMENTO SOCIAL Leitura sugerida Beveridge WH 1943 The Pillars of Security Birch RC 1974 The Shaping of the Welfare State Clarke J Cochrane A e Smart C orgs 1987 Ideologies of Welfare From Dreams to Disillusion Jallade JP org 1988 The Crisis of Redistribution in European Welfare States Marshall TH 1950 1992 Citizenship and Social Class Mi shra R 1984 The Welfare State in Crisis Social Thought and Action Mommsen Wolfgang J org 1981 The Emergence of the Welfare State in Britain and Germany Thoenes P 1962 1966 The Elite in the Welfare State Titmuss RM 1958 Essays on the Welfare State ASA BRIGGS estatística Estatística é a ciência de operar informações quantitativas Preocupase com o modo de como os dados devem ser coletados e analisados e com a maneira como conclusões podem ser legitimamente tiradas dessa análise É especialmente relevante em contextos nos quais os padrões básicos dos dados são obs curecidos por variações externas que surgem de fatores fora de controle instrumentos insufi cientes de mensuração ou efeitos de amos tragem Os métodos estatísticos assim encon tram um papel a desempenhar em praticamente todos os ramos da pesquisa humana embora sua importância varie consideravelmente de acordo com o grau de quantificação que é pos sível A própria palavra estatística tem vários outros significados específicos É usada com freqüência por exemplo como sinônimo um tanto pretensioso de números No singular referese a qualquer número tal como uma média calculada a partir dos membros de uma amostra Também está ligada a uma grande série de adjetivos indicando campos de aplica ção dos quais o agrícola o biológico o atuarial o comercial e o médico são exemplos típicos A estatística matemática é o ramo da matemática que formaliza idéias e procedimentos estatís ticos e se preocupa particularmente com a deter minação dos melhores procedimentos Estatística no sentido moderno é uma pa lavra que não surgiu pronta mas foi gerada a partir de inúmeras correntes diferentes que co meçaram a se unir por volta do século XIX e início do século XX Uma delas remonta às primeiras tentativas nos tempos bíblicos de contar o povo para fins militares ou outros À medida que as funções de governo se foram tornando mais centralizadas e complicadas a necessidade de uma boa informação quantitati va a respeito da condição do povo tornouse mais premente No século XIX isso levou à formação de sociedades estatísticas em espe cial em 1834 a Statistical Society of London que se tornaria mais tarde a Royal Statistical Society Entre seus fundadores incluíamse pes soas eminentes na vida pública como o mar quês de Lansdowne o bispo de Londres e pen sadores como Charles Babbage e TR Malthus Estavam unidos em sua preocupação de con seguir fornecer informações factuais fidedignas a respeito de todos os aspectos da sociedade Esse movimento cresceu passando a incluir estudos públicos e privados de assuntos como a situação dos pobres conforme descrito em Bartholomew 1988 Ver também ESTATÍSTICA SOCIAL A maior parte desses primeiros estudos seria hoje qualificada de estatística descritiva seu ob Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 262 estatística jetivo principal tendo sido condensar e apresen tar os aspectos destacados de uma grande massa de números em uma forma geralmente qua dros ou mapas em que seu significado pudes se ser prontamente apreendido Essa continuou sendo a espinha dorsal da estatística oficial mas os aspectos metodológicos se arrastaram até o advento de computadores possantes Estes per mitiram que quantidades muito grandes de da dos fossem manipuladas e tornaram possível pela primeira vez explorar o interrelaciona mento de muitas variáveis diferentes Isso é hoje encarado às vezes como uma atividade distinta chamada de análise de dados A segunda corrente principal da estatística moderna tem sua origem em problemas de jo gos de dados e outros que deram origem à teoria da probabilidade no século XVII ver também JOGOS TEORIA DOS Sua relevância para a interpretação de dados é que dá expres são formal à inevitável incerteza que acompa nha qualquer tentativa de generalização Um exemplo simples e familiar do que isso significa é fornecido pela pesquisa de opinião Suponha mos que nos digam que uma pesquisa feita entre cerca de 1500 pessoas mostra que 48 diga mos dos pesquisados votariam pela volta do atual governo caso houvesse uma eleição Es tamos sendo implicitamente convidados a acre ditar que exatamente a mesma percentagem de toda a população de eleitores se comportaria como essa amostra O propósito da estatística inferencial é fornecer um quadro dentro do qual essas generalizações possam ser feitas e jus tificadas É o equivalente formal do jogo de dados e do sorteio de membros de uma amostra o qual permite que a descrição matemática de um processo seja aplicado ao outro ver tam bém AMOSTRA SOCIAL O reconhecimento de que a teoria da proba bilidade era a chave para a dedução ou inferên cia concretizou o elo entre a tradição descritiva e a inferência transformando a primeira em um instrumento de inferência científica Sir Ronald Fisher 18901962 talvez o maior estatístico de todos os tempos exemplifica essa síntese Ele pôde ampliar o trabalho dos que como sir Francis Galton 18221911 e Karl Pearson 18571936 buscavam quantificar os proces sos biológicos da seleção natural e da heredita riedade os quais haviam sido postos em des taque pela teoria evolucionista de Charles Dar win Esse trabalho exerceu uma influência im portante sobre o movimento de eugenia no en treguerras A maior parte do século XX no que se refere à estatística foi tomada pela elaboração das implicações dessas idéias seminais num âm bito de aplicações sempre em expansão Uma mudança de ênfase ligada especialmente a Abraham Wald 190250 e Jerzy Neyman 18941981 passou a encarar a inferência co mo uma questão de tomada de decisão diante da incerteza e buscou incorporar as conseqüên cias da ação a ser tomada na avaliação de es tratégias de inferência Ver também DECISÃO TEORIA DA LJ Savage 191771 em seu Foundations of Statistics mais uma vez mu dou o campo das probabilidades objetivas ex pressas como freqüências para probabilidades pessoais vistas como guias para um compor tamento coerente diante da incerteza Seu traba lho foi descobrir inspiração em um teorema de Thomas Bayes 170261 ministro presbiteria no do século XVIII cujo nome hoje se dá a essa escola de inferência Se a introdução de idéias de probabilidade na estatística marcou a primeira revolução no tema a segunda é inquestionavelmente o resul tado do poder do computador Este não se limi tou simplesmente a permitir que conjuntos de dados muito mais amplos fossem manipulados mais rapidamente mas tem exercido um efeito de longo alcance sobre que análise é feita e quem a faz Permitiu que pesquisadores inves tigassem a interdependência de muitas variá veis e daí construíssem modelos mais realistas de fenômenos reais especialmente nas ciências sociais Hoje quando bibliotecas de softwares de computação se encontram amplamente dis poníveis os pesquisadores podem executar suas próprias análises sem ter de recorrer aos conselhos de especialistas Isso acabou sendo um benefício ambíguo uma vez que não apenas leva a que se façam análises inadequadas como também estimula a proliferação de estudos me diocremente concebidos e um conseqüente des perdício de recursos escassos Muitos sistemas biológicos e sociais evo luem no tempo com um grau acentuado de acaso interno Coisas como a mutação e a com petição em populações de organismos ou a livre escolha de indivíduos em questões como compras ou eleições tornam a evolução desses sistemas uma questão altamente incerta A teo ria dos processos aleatórios foi desenvolvida Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estatística 263 para lidar com sistemas desse tipo e o for necimento de métodos estatísticos para tais sis temas é uma das áreas mais difíceis e desafia doras da pesquisa atual Apesar da ubiqüidade da incerteza e da va riabilidade e do grau em que as idéias estatís ticas impregnaram trabalhos científicos de to dos os tipos a influência do pensamento estatís tico na cultura ocidental de maneira mais geral ainda é limitada As escolas ensinam estatística elementar mas em geral de uma forma técnica estreita que não consegue inculcar os modos de pensar necessários para a vida num mundo altamente incerto O desejo de certeza e a crença profundamente enraizada em um modo deter minístico de operação no mundo são difíceis de erradicar Não obstante já se pode discernir alguma mudança É raro atualmente que al guém diga como certa vez disse Malcolm Mug geridge jornalista de TV que é absurdo supor que as respostas de umas poucas centenas de pessoas possam dizernos o que milhões pen sam A experiência se não a teoria nos tem ensinado que existe um elo mensurável entre o que descobrimos numa amostra feita de forma adequada e a população da qual provém essa amostra Os cientistas lamentam com freqüên cia que embora os frutos da pesquisa científica estejam sendo desfrutados por toda parte a maneira de pensar que lhes dá origem ainda é estranha para a vasta maioria conforme de monstra a predominância da superstição e do interesse pelo oculto Os estatísticos não estão numa situação melhor e a sociedade é que mais se prejudica por não conseguir apreender e divul gar as percepções que a estatística proporciona Leitura sugerida Clogg CC 1992 The impact of sociological methodology on statistical methodology Statistical Science 7 Federer WT 1991 Statistics and Society 2ªed Kotz S Johnson NL e Read CB orgs 1988 Encyclopedia of Statistical Sciences 9 vols Pearson ES org 1978 The History of Statis tics in the 17th and 18th Centuries Sprent P 1988 Taking Risks the Science of Uncertainty Ο 1988 Un derstanding Data Stigler SM 1986 The History of Statistics the Measurement of Uncertainty before 1900 DJ BARTHOLOMEU estatística social Essas compilações de in formação quantificada a respeito de pessoas populações propriedades e assim por diante têm origem muito recuada no tempo Os aspec tos de contagem e registro do mundo social começaram na Antigüidade e existem exemplos notáveis através da história Na Idade Média havia o Domesday Book um catálogo da pro priedade de terras na Inglaterra feito para fins de impostos por ordem de Guilherme o Con quistador em 1086 No século XVI a estatística demográfica descrevendo batismos e enterros começou a ser registrada nas igrejas paroquiais da GrãBretanha e da França No início do século XVII a difusão do capitalismo mercantil favoreceu a pesquisa empírica sistemática e estimulou a reunião de fatos demográficos e econômicos a fim de informar programas go vernamentais por exemplo determinando re cursos humanos e materiais disponíveis para as forças militares e avaliando os custos do auxílio aos pobres No início do século XIX na Grã Bretanha e na França e no final desse mesmo século na Alemanha e na América do Norte o advento do capitalismo industrial fez brotar um interesse renovado na coleta sistemática de es tatísticas econômicas e demográficas a fim de orientar as políticas de governo Foram estabe lecidas agências governamentais centralizadas para coordenar a coleta do que hoje é conhecido como estatística oficial Por exemplo o General Register Office para o registro civil de estatís ticas demográficas foi criado em Londres em 1836 Nissel 1987 É hoje conhecido como Office of Population Censuses and Surveys OPCS Outros países ocidentais instituíram agências semelhantes durante o século XIX e os censos nacionais por decênios tiveram início mais ou menos no mesmo período Além dos registros do estado a estatística social pode ser coletada por meio de uma AMOS TRA SOCIAL Essas amostras foram muitas vezes os instrumentos dos reformadores sociais Por exemplo a burguesia do século XIX em diver sos países preocupada com o destino da recém urbanizada classe operária industrial e com sua própria posição na sociedade formou socie dades estatísticas Seus propósitos eram organi zar amostragens em grande escala e publicar periódicos eruditos em apoio às reformas que acreditavam estabilizariam a sociedade Uma segunda fase de amostras sociais patrocina das pelo setor privado teve início na Inglaterra durante a depressão econômica do final do sé culo XIX com o fim de documentar os níveis de pobreza entre os habitantes das cidades A amostragem feita por Charles Booth dos pobres de Londres na virada do século é de todas essas a mais conhecida Booth 189297 A ela se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 264 estatística social seguiram muitas mais que se foram tornando pouco a pouco tecnicamente mais sofisticadas tanto no uso de amostragens quanto de ESTATÍS TICA inferencial a fim de generalizar os resul tados para as populações mais amplas das quais eram tiradas as amostragens bem como no uso de técnicas multivariadas para determinar as magnitudes das relações entre os fatores inves tigados como a influência de idade e sexo sobre o voto Na GrãBretanha o estado também começou a realizar amostras sociais de amplo alcance com o que é hoje a Social Survey Division da OPCS surgindo da Amostra Social de Guerra estabelecida durante a Primeira Guerra Mundial As críticas à estatística social são de dois tipos Primeiro críticas técnicas sobre a qualidade dos dados registrados e o modo com que estes são apresentados Por exemplo a mensuração da ren da das pessoas deveria basearse em suas declara ções para o imposto quando se sabe que existe uma substancial economia paralela de ganhos nãodeclarados e deveria a média de renda ser apresentada utilizandose o modo ou a média Segundo há críticas dizendo que um status espúrio científico ou objetivo é atribuído à estatística social simplesmente porque se trata de números Irvine Miles e Evans 1979 Essas críticas afirmam que só porque a estatística social é quantitativa não se deve esquecer que é um produto sendo influenciada pelos méto dos de produção e pelos interesses dos que a produzem tal como qualquer outra criação so cial A informação numérica não é mais neutra nem livre da opinião política do que as explica ções mais qualitativas do mundo social A lição a se tirar dessas críticas é que é fácil mentir com estatísticas sociais Huff 1954 e elas devem portanto ser avaliadas com cautela per guntandose como os aspectos do mundo social que elas registram foram definidos e medidos Leitura sugerida Abrams P 1968 The Origins of British Sociology Bulmer M org 1985 Essays on the History of British Sociological Research Lazars feld PF 1961 Notes on the history of quantification in sociology trends sources and problems Isis 52 277333 Oberschall A org 1972 The Establishment of Empirical Sociology Studies in Continuity Discon tinuity and Institutionalization Shaw M e Miles I 1979 The social roots of statistical knowledge In Demystifying Social Statistics org por J Irvine I Miles e J Evans Slattery M 1986 Official Statistics PETER HALFPENNY estereótipo Ver ROTULAÇÃO estética Em seu sentido moderno a estética é mais freqüentemente compreendida como uma disciplina filosófica que é uma filosofia dos fenômenos estéticos objetos qualidade experiências e valores uma filosofia da arte da criatividade da obra de arte e da sua per cepção uma filosofia da crítica da arte tomada de maneira ampla metacrítica ou por fim uma disciplina que tem uma preocupação filo sófica com todas essas três esferas conjunta mente A reflexão estética é muito mais antiga do que a expressão em si mesma A história da estética ocidental começa geralmente com Pla tão cujos textos contêm uma reflexão sistemá tica sobre a arte e uma teoria especulativa so bre o belo Nem Platão nem seu grande dis cípulo Aristóteles porém trataram conjunta mente desses dois grandes temas da estética A palavra estética foi introduzida na filo sofia apenas em meados do século XVIII por um filósofo alemão Alexander Gottlieb Baum garten 171462 Discípulo de Christian Wolff 16791754 seguidor de Leibniz Baumgarten concluiu que o sistema de disciplinas filosófi cas estava incompleto e exigia uma ciência paralela à lógica a qual era uma ciência de cognição clara e organizada atingida pelo in telecto A nova ciência deveria ser a estética uma ciência da cognição clara e confusa reali zada pelos sentidos Esse ponto de vista foi expresso pela primeira vez por Baumgarten em sua tese Meditationes philosophicae de nonnu lis ad poema pertinentibus de 1735 e de forma conclusiva 15 anos depois em sua Aes thetica Contrariando as expectativas que a palavra aesthetica poderia indicar do grego aistheticos perceptivo essa obra não se ocupava da teoria da cognição sensorial tratando em vez disso da teoria da poesia e indiretamente de todas as artes como uma forma de cognição sensorial para a qual o principal objeto da per cepção é o belo A combinação das duas a reflexão sobre a arte e a reflexão sobre o belo definiu o posterior desenvolvimento desse recémsurgido ramo da filosofia mas isso aca bou se tornando a fonte tanto de suas realiza ções quanto de suas incessantes dificuldades teóricas e metodológicas Sem dúvida foi um acontecimento de significação histórica mar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estética 265 cando o início de um novo período no desen volvimento da filosofia da arte em particular por ter coincidido com a conclusão da antiga busca pelo denominador comum de todas as artes alcançada por um teórico da arte francês Charles Batteux em seu Traité des beaux arts réduit à un même principe em 1746 Batteux reconheceu o aspecto comum das artes e a beleza própria a todas elas que portanto po diam ser chamadas de beaux arts belasartes O nome estética levou algum tempo para ser aceito Immanuel Kant 17241804 começou com uma crítica a Baumgarten por sua falta de consistência e na sua Crítica da razão pura de 1781 e 1787 utilizou a expressão estética transcendental significando uma ciência filo sófica da percepção sensorial No entanto em sua Crítica do juízo de 1790 ele utilizou a palavra estética para definir a reflexão sobre beleza e juízos de GOSTO O significado tradi cional de estética tornouse popular no século XIX pela influência de Hegel 17701831 cu jas palestras sobre a filosofia das belasartes em 18209 foram publicadas postumamente como Vorlesungen über die Ästhetik em 1835 Kant Schelling e Hegel foram os primeiros filósofos de destaque para os quais a estética constituía uma parte inerente de seus sistemas filosóficos Para Kant estética era antes de tudo a teoria do belo do sublime e dos juízos es téticos Para Hegel estética era principalmente a filosofia das belasartes Os dois modelos de plasmar a estética ou como uma filosofia do belo mais tarde dos valores estéticos e da experiência estética ou como uma filosofia da arte tornaramse predominantes na es tética do século XIX e do início do século XX O mais freqüente era as duas variantes serem reunidas sendo os resultados bastante diversificados No decorrer dos anos porém a idéia da estética como filosofia da arte pareceu tornarse mais popular No século XIX houve a primeira tentativa de se ir além da filosofia nas con siderações estéticas e criar uma estética cien tífica Em seu Vorschule der Aesthetik de 1876 o psicólogo alemão Gustav Theodor Fechner tentou criar uma estética experimental sobre a base da psicologia e o século XX também testemunhou uma tentativa de se criar uma estética psicológica pelos representantes da psi cologia da Gestalt Rudolf Arnheim e Leonard Meyer e da psicologia profunda Ernst Kris e Simon Lesser Entre outras evoluções incluí ramse a estética matemática George Birkhoff e Max Bense a estética da informática Abra ham Moles a estética semiótica e semiológica Charles Morris Umberto Eco Yuri Lotman e a estética sociológica JM Guyau P Francas tel Pierre Bourdieu Janet Wolff No domínio filosófico o projeto de criar uma estética cien tífica foi introduzido por Etienne Souriau e Thomas Munro A estética porém não deixou de ser um ramo da filosofia Desde a virada do século tem havido um interesse crescente nas dificuldades metodoló gicas da estética a qual começou a levar em conta dúvidas e argumentos dirigidos contra seu status científico e o próprio sentido de se criarem teorias estéticas Nesse ponto são de relevância particular as idéias ainda populares de Max Dessoir 1906 e Emil Utitz 191420 Esses pensadores introduziram uma distinção entre estética e uma ciência geral da arte enfa tizando que as duas disciplinas se cruzam mas não se sobrepõem as funções da arte não po dem ser reduzidas a funções estéticas apenas enquanto que os méritos estéticos podem ser encontrados em objetos que não são absoluta mente obras de arte tais como fenômenos na turais e produtos extraartísticos feitos pelo ho mem Eles afirmam também que a ciência geral da arte difere metodologicamente da estética e deveria evoluir para um ramo independente fora da filosofia A estética também deveria ultrapassar as fronteiras da filosofia e utilizar bem mais os resultados produzidos por outras ciências em particular a psicologia e a socio logia ver também SOCIOLOGIA DA ARTE O primeiro esteta que não apenas sistemati zou as objeções contra a estética mas também tentou superálas foi Edward Bullough em suas palestras de 1907 sobre a concepção moderna de estética in Bullough 1957 Ele organizou as objeções levantadas contra a estética em dois grupos populares e teóricas ambos os tipos sendo redutíveis às afirmativas de que 1 As tentativas de se criar uma teoria de fenômenos tão específicos relativos subjetivos e mutáveis quanto beleza efeitos estéticos e o prazer e desprazer a eles relacionados são fúteis Esses fenômenos não podem ser racionaliza dos e verbalizados só podem ser vi venciados Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 266 estética 2 As definições de belo e outros fenôme nos estéticos são excessivamente abs tratas e gerais e assim completamente inúteis e praticamente desnecessárias Não ajudam ninguém a desfrutar da be leza e da arte 3 Tanto os artistas quanto os entusiastas da arte ficam preocupados e aborrecidos com o fato de regras de criação e percep ção serem definidas e impostas aos ar tistas e ao público e ainda por cima apresentadas com um pedantismo absurdo e insolente A obra de Bullough foi a primeira autocrítica que resumiu as efetivas dificuldades metodoló gicas internas da estética e as objeções vindas de fora as quais embora nem sempre plena mente justificadas não deixavam de ter alguma razão Segundo Stefan Morawski 1987 a obra de Bullough deu início ao terceiro período na his tória da estética o período de autoconhecimen to crítico do seu status de pesquisa e do desen volvimento da sua autoreflexão metodológica Esse processo atingiu o auge em 1954 com a publicação da famosa antologia de W Elton Aesthetics and Language e dos igualmente fa mosos ensaios de M Weitz The role of theory in aesthetics 1956 e de WE Kennick Does traditional aesthetics rest on a mistake 1958 que continuaram e desenvolveram as idéias lançadas na coletânea de Elton Essas três obras foram por sua vez inspiradas pelas idéias de Wittgenstein em Investigações filosóficas 1953 e criticavam a estética filosófica tradi cional de maneira penetrante e profunda por sua falta de precisão lingüística vacilação con ceitual e pressupostos teóricos e metodológicos errôneos que ficavam mais evidentes nas ten tativas fracassadas de criar uma teoria filosófica da arte Pressupostos errôneos levavam natural mente ao fracasso das teorias filosóficas da arte até então propostas O primeiro pressuposto errôneo identificado foi a alegação essencialista de que a arte possui uma natureza universal ou uma essência abso luta que é tarefa da estética entender e definir A arte afirmavase agora é um fenômeno in cessantemente mutável ao qual falta uma es sência universal e as noções de arte obra de arte experiência estética e assim por diante são portanto conceitos abertos Weitz 1959 que não podem ser definidos Em segundo lu gar os representantes da estética tradicional deixaram escapar uma outra verdade básica de que toda obra de arte é valorizada em seu caráter único e por sua originalidade irrepetível não havendo lugar portanto para nenhuma regra geral de criação e avaliação de tal obra Os estetas porém foram persistentes nas suas ten tativas de descobrir ou de estabelecer essas regras gerais ainda que qualquer generalização a respeito de arte seja dúbia e injustificada Os argumentos dos estetas eram análogos aos da ética mas qualquer analogia demonstrava ser enganosa Na ética as generalizações são pos síveis e necessárias enquanto que na estética a situação é bem diversa Quando em estética se passa do particular para o geral o que se está fazendo é viajar na direção errada S Hamp shire in Elton 1954 Em terceiro lugar a es tética seguiu a filosofia no pressuposto errôneo de que os fatos podem ser desvendados e in terpretados enquanto que na verdade sua ta refa adequada não é desvendar os fatos mas esclarecer os significados das palavras Pala vras conceitos e expressões são usados de inú meras maneiras nem sempre apropriadas Uma solução de problemas filosóficos consiste em reconhecer como certas palavras são usadas apropriadamente O problema básico da es tética não é responder à pergunta O que é a arte mas Que tipo de conceito é arte Weitz A crítica da estética pela filosofia analítica porém não resultou na morte da estética nem numa vitória duradoura do minimalismo cog nitivo ou no abandono de novas tentativas de criar uma teoria da arte Seria possível até de fender o ponto de vista de que a crítica anties sencialista da estética resultou em sua recupera ção e retomada de interesse nos anos 70 e 80 Ao mesmo tempo porém a estética continuou a ser criticada de fora e os estetas continuaram com sua autoreflexão metodológica o que em parte respondia à crítica externa e em parte resultava das necessidades inerentes da estética Não obstante os estetas rejeitaram todas as objeções básicas articuladas pelos filósofos analíticos A estética deve e na verdade pode ser praticada com maior precisão lógica e lingüís tica mas ao mesmo tempo não pode ser redu zida à análise de conceitos e dos modos como estes são usados Nesse respeito a situação da estética não diverge substancialmente da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estética 267 de outros ramos das humanidades É um equí voco aplicar à estética as exigências aplicadas à ciência ou à matemática Além disso mesmo nas ciências naturais não existe nenhum para digma único e universal de exatidão científica É preciso darse conta de que quaisquer generalizações com respeito a fenômenos tão diversos e mutáveis quanto a arte e a experiên cia estética são muito arriscadas mas não há necessidade de abandonar por completo essas generalizações Evitar definições essencialistas e antihistóricas da estética tradicional não sig nifica abandonar as tentativas de criar uma teo ria da arte e dos fenômenos estéticos Con siderações normativas que ameaçam a liber dade de criação e que são notoriamente atribuí das à estética não são de forma alguma carac terísticas da estética ocorrendo com muito maior freqüência na crítica da arte É verdade porém que a maioria das teorias estéticas efe tivamente contém elementos de avaliação Também aí porém os aspectos axiológicos são típicos de qualquer disciplina e formam uma parte orgânica da cognição não podem nem devem ser eliminados da ciência Ao mesmo tempo é possível criar teorias da arte puramente descritivas Dickie 1971 Ao rejeitar a crítica abrangente da estética por parte dos filósofos analíticos os próprios estetas periodicamente tomam nota de críticas e reservas dirigidas contra sua disciplina e ex pressam suas próprias dúvidas quanto a seu status de pesquisa Na maioria dos casos po rém eles defendem seu valor embora alguns prefiram buscálo de uma forma total ou par cialmente modificada Vale a pena destacar pelo menos três tentativas de equilibrar os argumen tos pró e contra apresentados pelos próprios estetas nas três últimas décadas A primeira foi feita em 1960 por Jerome Stolnitz em Aesthetics and Philosophy of Art Criticism p719 A segunda por Stefan Mo rawski em duas obras publicadas em polonês 1973 1987 As conclusões de Morawski po rém divergem nas duas obras na primeira ele defende a relevância da estética enquanto na outra abandona essa defesa e afirma que ela hoje se encontra em declínio O terceiro autor que relacionou as objeções levantadas e de fendeu a estética contra elas é Göran Her meren que dedicou o último capítulo de seu Aspects of Aesthetics 1983 p22460 a essa questão Um número considerável de dúvidas e reser vas a respeito da estética se repete Existem também novas críticas surgidas no decorrer do desenvolvimento da cultura moderna e em par ticular da arte de vanguarda da cultura de massa e da comunicação de massa A crítica recente tem dois aspectos principais Em primeiro lu gar as reservas maiores ainda dizem respeito ao status da estética como campo de pesquisa Os críticos afirmam que a estética é cognitivamen te fútil anacrônica e inadequada e seus méto dos antiquados e baseados em princípios meto dológicos inadequados Conseqüentemente mesmo que tenha feito algum sentido no pas sado a estética parece ser completamente im potente diante das mais recentes manifestações de vanguarda na arte e dos fenômenos mais significativos de cultura de massa Ela então os ignora uma atitude desqualificante ou tenta descrevêlos interpretálos e avaliálos usando seus métodos e categorias tradicionais e abso lutamente irrelevantes o que leva a seu fracasso e humilhação Esse modo de crítica pode ser encontrado nos ensaios de T Binkley em The Art of Time 1969 de Michael Kirby e nas obras mais recentes de Stefan Morawski Kirby afirma que a estética filosófica tradicional deveria ser dei xada de lado em favor de uma estética histórica ou situacional Binkley alega que a estética poderia sobreviver se reduzisse o âmbito de seus interesses a uma reflexão sobre os fenôme nos estéticos e abandonasse a criação de teorias da arte uma vez que a estética não pode explicar a arte de vanguarda a qual como tal rejeita o paradigma estético de arte caso continue pre sumindo que a natureza da arte é estética Mo rawski afirma que a estética está em declínio não somente devido à arte de vanguarda mas também porque a arte perdeu parte da sua relevância e a continuação de sua existência está ameaçada A estética então deveria dar lugar ou a uma poiética como a teoria da criatividade ou à antiestética compreendida em termos de uma reflexão crítica sobre a crise da cultura e da arte do nosso tempo 1987 p77 Não é a metodologia a responsável pelo declínio da estética é a desintegração do seu principal objeto a arte A estética porém é criticada não apenas por sua impotência diante da arte de vanguarda mas também devido às atitudes ahistóricas às aspirações à totalidade Werckmeister Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 268 estética 1971 ao essencialismo e à criação de regras abstratas independente do fato de que a arte é uma síndrome dinâmica Adorno 1984 e de que a própria arte e sua percepção são produzi das por um processo histórico Bourdieu 1979 Se a estética quer sobreviver tem de se transfor mar e tornarse uma estética dialética Adorno ou uma estética sociológica Bourdieu O outro tipo de argumento contra a estética consiste em afirmar que ninguém precisa real mente dela A estética não ajuda os receptores comuns da arte moderna a encontrarem seu caminho no caos dos fenômenos artísticos mais recentes Alguém que tenha um interesse sério em estética faria melhor reportandose a obras sobre a história e a teoria de esferas particulares da arte ou sobre a psicologia da arte a sociolo gia da arte a filosofia da CULTURA a teoria da comunicação de massa a semiótica e assim por diante É difícil prever o futuro da estética As teses a respeito de sua morte ou declínio porém são tão frágeis quanto as teses sobre a morte ou o declínio da arte Mas a estética tem de mudar levando em conta as transformações do seu objeto e as realizações de outras disciplinas preocupadas com a arte e com os fenômenos estéticos Talvez se devesse retornar à idéia de duas disciplinas na veia de Dessoir e Utitz a filosofia da arte e a filosofia dos valores e experiências estéticos Não há dúvida porém de que o desenvolvimento da psicologia da sociologia da semiótica e de outras disciplinas que se ocupam da arte não erradica os proble mas estritamente filosóficos axiológicos me todológicos cognitivos e ontológicos da arte e dos fenômenos estéticos Essa é a inquestio nável raison dêtre da estética Ver também FILOSOFIA DA LINGUAGEM MODERNISMO E PÓSMODERNISMO Leitura sugerida Adorno Theodor W 1984 Aes thetics Theory Barrett Cyril org 1965 Collected Papers on Aesthetics Beardsley Monroe 1958 Aes thetics Problems in the Philosophy of Criticism El ton William org 1954 Aesthetics and Language In garden Roman 1985 Selected Papers in Aesthetics Margolis Joseph org 1987 Philosophy Looks at the Arts Shusterman Richard org 1989 Analytic Aes thetics Sparshott Francis 1963 The Structure of Aesthetics Tatarkiewicz W 19704 History of Aes thetics 3 vols Werckmeister Otto 1971 Ende der Ästhetik Wolff Janet 1983 Aesthetics and the Socio logy of Art BOHDAN DZIEMIDOK estratégicos estudos Dedicados ao papel do poder militar na política internacional os estudos estratégicos podem concentrarse em microquestões relacionadas ao desenvolvimen to das forças armadas sua escolha e obtenção de equipamento e também em macroquestões tais como a eficiência do poder militar em comparação com os meios econômicos e diplo máticos na consecução dos objetivos dos es tados A ênfase principal é na distribuição e emprego de meios militares para alcançar os fins da política Isso inclui a dissuasão da guer ra o reforço de alianças e o envolvimento em negociações de controle armamentista tanto quanto a condução da guerra O que implica examinar não apenas que atividades militares poderiam apoiar naturalmente objetivos par ticulares mas também como os fins podem precisar ser alterados para estar de acordo com os meios militares disponíveis além de exami nar as conseqüências inesperadas Os estudos estratégicos têm um caráter in terdisciplinar e no período do pósguerra se beneficiaram das contribuições tanto da eco nomia quanto da engenharia bem como das contribuições mais previsíveis da história e da política Têm também um caráter inevita velmente aplicado no sentido de que grande parte ainda que não a totalidade do trabalho nesse campo tenha sido realizada de forma deliberada para influenciar ou apoiar políti cas nacionais O ponto de partida intelectual para a maior parte do pensamento sobre estratégia é a obra clássica de Carl von Clausewitz Sobre a guer ra que enfatizava a importância de se encarar a guerra como uma continuação da política Desde então muitos o seguiram na tentativa de desenvolver uma teoria sistemática que servisse de apoio ao desenvolvimento da estratégia na prática No século XX um teórico predominan te foi Basil Liddell Hart Até a era nuclear houve pouco trabalho erudito nessa área O desafio colocado aos conceitos tradicionais de poder militar com o advento de meios de des truição maciça numa época de grave antago nismo LesteOeste acabou sendo um estímulo ao desenvolvimento intelectual da teoria es tratégica Grande parte disso se realizou nos Estados Unidos incluindo o trabalho em think tanks como a Rand Corporation houve traba lhos no International Institute of Strategic Stu dies na GrãBretanha e também estudos im Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estratégicos estudos 269 portantes por parte de eruditos isolados entre eles Raymond Aron 1962 Considerada a necessidade de se evitar a catástrofe de uma guerra total dissuasão tor nouse o conceito crítico As teorias sobre dis suasão abordaram questões tais como se seria possível dissuadir através da mera ameaça de que um conflito pudesse fugir completamente ao controle através do fenômeno da escala da ou se quaisquer ameaças visando à dis suasão deveriam ser secundadas por opções militares verossímeis e ainda se fosse esse o caso se ataques nucleares punitivos pode riam de alguma forma ser factíveis se o inimi go tivesse a capacidade de retaliar à altura A análise dessas questões inicialmente fez uso substancial de metodologias como a TEORIA DOS JOGOS Os anos mais recentes têm testemu nhado uma ênfase maior na análise política à medida que foi ficando mais patente que não existem remédios técnicos para os dilemas bá sicos da dissuasão nuclear e que os levantes nos antigos países do Pacto de Varsóvia na Europa Oriental alteraram as questões básicas da se gurança européia Os conceitos inicialmente desenvolvidos para a consideração da estratégia nuclear tam bém foram aplicados à estratégia convencional Isso não teve pleno sucesso na medida em que os conflitos em questão tenderam a ser muito mais complexos do que se supunha na esfera nuclear Há também uma tradição vigorosa e distinta de teorização sobre a guerra de GUERRI LHA incluindo o estudo de figuras como TE Lawrence e Mao Tsétung Ver também GUERRA Leitura sugerida Aron Raymond 1962 Paix et guer re entre les nations Baylis John et al 1987 Contem porary Strategy 2 vols Clausewitz Carl von 1832 1976 On War Freedman Lawrence 1989 The Evo lution of Nuclear Strategy 2ªed Liddell Hart BH 1967 Strategy The Indirect Approach Paret Peter org 1986 Makers of Modern Strategy from Machia velli to the Nuclear Age LAWRENCE FREEDMAN estratificação social Em todas as socieda des complexas o suprimento total de recursos valorizados é distribuído desigualmente com os indivíduos ou famílias mais privilegiados desfrutando de um volume desproporcional de propriedade poder ou prestígio Embora fosse possível construir uma exaustiva ordenação graduada dos indivíduos com base no controle que têm sobre esses recursos a abordagem escolhida pela maioria dos estudiosos é iden tificar um conjunto de classes sociais ou estratos sociais que reflita as divisões mais importantes da população A função da pes quisa de estratificação é especificar a forma e os contornos desses grupamentos sociais des crever os processos através dos quais se faz a alocação dos indivíduos em diferentes resultados sociais ver MOBILIDADE SOCIAL e revelar os me canismos institucionais por meio dos quais são geradas e mantidas as desigualdades sociais Formas de estratificação Tornouse convencional entre os teóricos contemporâneos estabelecer uma diferenciação entre os sistemas de classe modernos e as posições ou castas originalmente encon tradas em sociedades agrícolas adiantadas ver Mayer e Buckley 1970 Svalastoga 1965 Neste verbete o quadro apresentado adiante define essas formas de estratificação em termos de suas vantagens fundamentais coluna 1 de seus grupamentos sociais mais importantes co luna 2 e da estrutura de suas oportunidades de mobilidade coluna 3 Devese ter sempre em mente é claro que os sistemas acima serão mais bem encarados como tipos ideais do que como descrições de sociedades existentes We ber 192122 De fato os sistemas de estratifi cação das sociedades humanas são complexos e multidimensionais no mínimo porque as for mas institucionais de seu passado tendem a sobreviver em conjunção com formas novas e emergentes ver Wright 1985 para uma tipo logia relacionada ver também Lenski 1966 Runciman 1974 A primeira linha do quadro relaciona alguns dos princípios básicos subjacentes às castas étnicas ver CASTA Como se indica na coluna 1 as castas da Índia podem ser classificadas de acordo com um continuum de pureza étnica ficando as posições mais elevadas dentro do sistema reservadas às castas que proíbem ativi dades ou comportamentos considerados cons purcadores tais como comer carne ou varrer ruas Em sua forma típicaideal um sistema de castas não dá espaço a qualquer tipo de mobi lidade individual ver linha 1 coluna 3 a crian ça recémnascida recebe em caráter permanente a filiação de casta de seus pais Embora um sistema de castas desse tipo seja visto geralmen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 270 estratificação social te como o caso limite de estratificação é preciso observar que os sistemas feudais ver FEUDALISMO também se baseiam em um rígido sistema de grupos quase hereditários ver linha 2 coluna 3 O aspecto distintivo do feudalismo é a instituição da servidão pessoal Bloch 1940 isto é os servos eram obrigados a viver em uma propriedade feudal e a pagar aluguéis de vários tipos por exemplo a corvéia uma vez que o senhor feudal detinha os direitos legais à sua força de trabalho Se um servo fugia para a cidade isso não passava de uma forma de roubo o servo estava roubando uma porção de força de trabalho que pertencia a seu senhor Wright 1985 p78 Seria possível dizer en tão que a força de trabalho era uma das vantagens principais em um sistema feudal ver linha 2 coluna 1 A evolução de maior impacto da era moder na foi o surgimento das ideologias igualitárias ver linha 3 Isso pode ser observado por exemplo nas revoluções dos séculos XVIII e XIX em que os ideais da Ilustração foram dirigidos contra os privilégios hierárquicos e o poder político da aristocracia No final essas lutas eliminaram os últimos resíduos de privi légio feudal mas também tornaram possível o surgimento de nova formas de desigualdade e estratificação Costumase afirmar que no pri meiro período industrial se desenvolveu um sistema de classes sendo os estratos prin cipais desse sistema definidos em termos pre dominantemente econômicos Existe é claro uma controvérsia considerável quanto aos con tornos e fronteiras dessas classes econômicas ver adiante Conforme indicado na linha 3 um modelo simples ao estilo de Marx poderia con centrarse na divisão entre capitalistas e operá rios enquanto outros modelos representam a estrutura de classes como uma gradação con tínua de riqueza e renda monetárias Mayer e Buckley 1970 p15 A questão importante porém é que essas posições em um sistema de classes são distribuídas de maneira formal mente competitiva ver linha 3 coluna 3 Embora os resultados de levantamentos con temporâneos indiquem que as profissões são freqüentemente passadas adiante de pais para filhos Goldthorpe 1980 isso reflete a operação de mecanismos indiretos de herança socialização treinamento no trabalho e as sim por diante em vez de sanções legais que proíbam diretamente a mobilidade Fontes de estratificação O anteriormente esboçado deixa claro que surgiu no decorrer da história humana toda uma série de sistemas de estratificação Natu ralmente então a questão que se coloca é se alguma forma de estratificação seria uma carac terística inevitável das sociedades humanas Ao abordar essa questão é útil começar com a análise funcional de Davis e Moore 1945 uma vez que nela vamos encontrar um esforço ex plícito para compreender a necessidade uni versal que provoca estratificação em qualquer sistema social p242 ver também Davis 1953 Moore 1963 O ponto de partida para essa abordagem é a premissa de que todas as sociedades devem criar alguns meios de moti var seus trabalhadores mais competentes a pre encher as funções mais difíceis e importantes Esse problema de motivação pode ser abor dado em toda uma variedade de formas mas a solução mais simples é criar uma hierarquia de recompensas tais como prestígio proprie dade poder que privilegie os encarregados de tarefas funcionalmente importantes Con forme observado por Davis e Moore 1945 p243 isso representa estabelecer um sis tema de desigualdade institucionalizada um sistema de estratificação com a estrutura de tarefas servindo como um conduto através do qual se distribuem recompensas e privilé gios Seguese que o sistema de estratificação pode ser encarado como um mecanismo que evoluiu inconscientemente e por meio do qual as sociedades garantem que as posições importantes sejam conscientemente preen chidas pelos indivíduos mais qualificados ibid Vantagens maiores estratos principais e processo de mobilidade para três formas de estratificação social Sistema de estratificação Vantagens maiores 1 Estratos principais 2 Processo de mobilidade 3 1 Sistema de castas Pureza étnica Castas Hereditário 2 Sistema feudal Terra e força de trabalho Reis senhores e servos Hereditário 3 Sistema de classes Meios de produção Capitalistas e operários Competitivo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estratificação social 271 Essa abordagem tem sido criticada por ne gligenciar o elemento de poder nos sistemas de estratificação Wrong 1959 p774 ver tam bém Huaco 1966 para uma recensão abran gente Há muito se afirma que Davis e Moore deixaram de observar que os encarregados de tarefas funcionalmente importantes têm o poder não apenas de insistir no pagamento de recompensas esperadas como também de exi gir recompensas ainda maiores Wrong 1959 p774 ver também Dahrendorf 1957 Nesse particular o sistema de estratificação pode ser encarado como autoreprodutor os trabalha dores em funções importantes podem utilizar seu poder para influenciar a distribuição de recursos e preservar ou ampliar seus próprios privilégios Seria difícil por exemplo explicar plenamente as vantagens dos senhores feudais sem referência à sua possibilidade de fazer va ler suas pretensões por meio de sanções morais jurídicas ou econômicas De acordo com essa linha de raciocínio a distribuição de recompen sas reflete não apenas as necessidades laten tes da sociedade mais ampla como também o equilíbrio de poder entre grupos rivais e seus membros Collins 1975 A estrutura da estratificação moderna A história recente da teorização sobre es tratificação é em grande parte uma história de debates sobre os contornos da desigualdade em sociedades industriais avançadas Embora es ses debates venham sendo travados numa am pla variedade de frentes para os nossos objeti vos bastará distinguir entre modelos marxis tas e weberianos de desigualdade É prova velmente justo dizer que a maioria dos teóricos contemporâneos tem suas raízes intelectuais em alguma combinação dessas duas tradições Marxistas e neomarxistas Os debates nos cam pos marxista e neomarxista têm sido especial mente acirrados não apenas porque freqüen temente se encontram embutidos em disputas políticas mais amplas mas também porque a discussão de classe em O capital Marx 1894 revelase fragmentária e assistemática No final do terceiro volume de O capital vamos encon trar o hoje famoso fragmento sobre as classes Marx 1894 p8856 mas este é interrompido exatamente no ponto em que Marx parecia pronto a propor uma definição formal da ex pressão Fica claro não obstante que seu mo delo abstrato de capitalismo era decididamente dicotômico com o conflito entre capitalistas e operários constituindo a força motriz por trás de novos desenvolvimentos sociais O modelo simples de duas classes pretendia captar as ten dências de desenvolvimento do capitalismo no entanto sempre que Marx efetuava uma análise concreta dos sistemas capitalistas exis tentes reconhecia que a estrutura de classes era complicada pela persistência de classes transi cionais como os senhores de terras grupa mentos formando quase classes camponeses e fragmentos de classe o lumpemproletaria do Era somente com o progressivo amadure cimento do capitalismo que Marx esperava que essas complicações desaparecessem à medida que as forças centrífugas da crise e da luta de classes lançassem todas as dritte Personen em um ou outro campo Parkin 1979 p16 A história recente do capitalismo moderno indica que a estrutura de classes não evoluirá de maneira tão precisa e metódica A velha classe média de artesãos e lojistas decresceu em tama nho relativo é claro mas ao mesmo tempo uma nova classe média de administradores pro fissionais liberais e trabalhadores nãomanuais se expandiu ocupando o espaço recémvago Os últimos 50 anos de teorização neomarxista podem ser encarados como a debandada in telectual dessa evolução com alguns comen taristas buscando minimizar suas implicações e outros propondo uma revisão do mapeamento da estrutura de classes que acomode a nova classe média em termos explícitos No primeiro campo a tendência principal é alegar que os setores inferiores da nova classe média se en contram num processo de proletarização uma vez que o capital sujeita os trabalhadores nãomanuais às formas de racionalização ca racterísticas do modo de produção capitalista Braverman 1974 p408 Essa linha de ra ciocínio indica que a classe operária pode gradualmente expandirse em tamanho nu mérico e com isso reconquistar seu antigo poder Na outra extremidade Poulantzas 1974 afirmou que a maioria dos membros do novo estrato intermediário se enquadra fora da classe operária propriamente dita uma vez que está envolvida em trabalho improdutivo de vários tipos ver Wright 1985 para um levantamento abrangente des sas posições Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 272 estratificação social Weberianos e neoweberianos A ascensão da nova classe média revelase menos proble mática para os estudiosos que trabalham dentro de uma perspectiva weberiana De fato o mo delo de classe proposto por Weber sugere uma multiplicidade de divisões de classe pois equi para a classe econômica dos operários a sua situação de mercado Weber 19212 p926 40 Esse modelo implica que os ricos proprie tários se encontram numa situação de classe privilegiada de fato membros dessa classe po dem superar os operários na obtenção de mer cadorias de valor no mercado de bens tal como podem também converter sua riqueza em capi tal e com isso monopolizar as oportunidades empresariais Entretanto Weber enfatizou que os operários especializados também são privi legiados no capitalismo moderno uma vez que os serviços que executam têm alta demanda no mercado de trabalho O resultado final então é que uma nova classe média de operários es pecializados intervém entre a classe capitalista positivamente privilegiada e a massa de ope rários desqualificados negativamente privile giada ibid p9278 Ao mesmo tempo o sistema de estratificação é complicado ainda mais pela existência de grupos de status en carados por Weber como formas de filiação social que geralmente competiam com formas de organização baseadas em classe Embora uma classe econômica seja meramente um agregado de indivíduos em uma situação de mercado semelhante Weber definiu um grupo de status como uma comunidade de indivíduos que partilham do mesmo estilo de vida e que interagem como iguais em termos de status a nobreza uma casta étnica e assim por diante Em algumas circunstâncias as fronteiras de um grupo de status podem ser determinadas por critérios puramente econômicos mas Weber observa que a honra do status não precisa estar necessariamente ligada a uma situação de clas se ibid p932 Os nouveaux riches por exemplo nunca são imediatamente aceitos na alta sociedade mesmo quando sua riqueza os coloca claramente na classe econômica mais elevada p9367 O que fica implícito então é que os sistemas de classe e status são formas potencialmente independentes de estratifica ção Essa abordagem foi refinada e ampliada por sociólogos que buscavam compreender a for ma norteamericana de estratificação Durante as décadas do pósguerra o modelo de classe marxista foi tipicamente desprezado pelos so ciólogos norteamericanos como patentemente simplista e unidimensional enquanto o modelo weberiano era encarado como estabelecendo a distinção adequada entre as inúmeras variáveis que Marx fundira em sua definição de classe ver por exemplo Barber 1968 Nas versões mais extremas dessa abordagem as dimensões identificadas por Weber são desagregadas em uma multiplicidade de variáveis de estratifica ção tais como renda educação etnia e então se demonstrou que as correlações entre essas variáveis eram fracas o suficiente para gerar várias formas de inconsistência de status isto é um milionário de pouca instrução um médi co negro e assim por diante O quadro geral que surgiu indicava um modelo pluralista de es tratificação isto é o sistema de classes era representado como intrinsecamente multidi mensional com grande número de filiações que se entrecruzam produzindo uma complexa miscelânea de divisões internas de classe É bom observar que as forças concorrentes de ETNICIDADE e GÊNERO parecem especialmente importantes na ação de minar formas de solida riedade baseadas em classe ver Hechter 1975 Firestone 1970 De fato dada a ascensão dos movimentos feministas e nacionalistas em todo o mundo moderno seria possível argumentar que grupos baseados em etnia e gênero se tor naram mais eficazes do que as classes econô micas na mobilização de seus membros para a busca de objetivos coletivos Leitura sugerida Bendix Reinhard e Lipset Sey mour M orgs 1966 Class Status and Power Botto more Tom 1965 1991 Classes in Modern Society Dahrendorf R 1957 1959 Class and Class Conflict in Industrial Society Giddens Anthony 1973 The Class Structure of the Advanced Societies Gold thorpe J 1980 1987 Social Mobility and Class Struc ture in Modern Britain 2ªed rev Lenski G 1966 Power and Privilege a Theory of Stratification Os sowski S 1957 1963 Class Structure in the Social Consciousness Parkin Frank 1979 Marxism and Class Theory A Bourgeois Critique Weber Max 19212 1978 Economy and Society vol2 ed em 2 vols Ο 1946 Class status and party In From Max Weber Essays in Sociology org por HH Gerth e CW Mills Wright EO 1985 Classes DAVID B GRUSKY estruturação Referências à estruturação apa recem na ciência social em língua inglesa já em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estruturação 273 1927 e em um esquema teórico mais abrangen te na obra de Georges Gurvitch 1955 1962 parte 2 cap4 que também introduziu os con ceitos úteis de desestruturação e reestrutura ção mas a palavra hoje se refere principalmen te à teoria ontológica da vida social exposta por Anthony Giddens 1976 1979 1984 que se desenvolve sobre a percepção de que todos os elementos da vida social estão constituídos no hábil desempenho de práticas sociais A ONTOLOGIA estruturacionista proporciona pressupostos genéricos com respeito ao tema da ciência social mas contrariamente a suposi ções identificáveis em ontologias clássicas Thomas Hobbes Adam Smith JeanJacques Rousseau teorias funcionalistas Talcott Par sons e teorias teleológicas de evolução Emile Durkheim Karl Marx ela não postula inevita bilidades necessidades ou mecanismos de mu dança transhistóricos Em vez disso aborda as capacidades ímpares que permitem aos agentes sociais instituir manter e alterar a vida social de variadas formas As restrições e capacitações sociais bem como a forma e a direção da mu dança social estão constituídas nas práticas sociais que podem diferir em execução e resul tado de um domínio histórico para outro A teoria da estruturação portanto proporciona à ciência social uma ontologia de potenciais em vez de uma ontologia de traços sociais fixos ver Cohen 1989 Como esses potenciais po dem ser realizados em toda uma variedade de modos não há conceitos ou explicações his toricamente específicos que possam ser dedu zidos da ontologia estruturacionista Os estudos de Giddens sobre a modernidade ver por exemplo 1990 ilustram a utilidade propedêu tica de postulados na teoria da estruturação Como a teoria da estruturação atribui um papel central na constituição da vida social ao desempenho das práticas sociais ela questiona a validade ontológica da divisão profundamen te arraigada entre as tradições coletivista e in dividualista no pensamento social Diferente mente das teorias coletivistas ela trata os pa drões e propriedades dos grupos sociais como realidades produzidas através de práticas roti nizadas e não como realidades sui generis Diferentemente das explicações individualis tas o exercício da intermediação é por ela tra tado como logicamente anterior a uma preo cupação com as escolhas subjetivas ou com as interpretações de práticas sociais do agente Seguese que exemplos amplamente semelhan tes de uma prática institucionalizada podem ser reproduzidos pela intermediação de muitos agentes diferentes estendendose além de um dado grupo ou geração Seguese também que os agentes não precisam embora possam reco nhecer que seu exercício de intermediação re produz ou altera uma prática institucionalizada A teoria de Giddens sobre o sujeito agente é talhada para complementar a centralidade da PRÁXIS na teoria da estruturação Embora não se despreze a consciência reflexiva discursiva muitas práticas sociais podem ser reproduzidas na base da consciência tácita prática dos agen tes quanto às habilidades envolvidas Giddens fundamenta uma motivação difusa para par ticipar da vida social junto com elementos de desenvolvimento da personalidade humana em um sentido inconsciente de segurança ontoló gica mantido no desempenho de rotinas fami liares No entanto restalhe ainda abordar a constituição da vontade humana bem como questões importantes com respeito às neces sidades e aos interesses humanos Embora a teoria da estruturação conceba o desempenho hábil de práticas sociais mais ou menos à maneira de Erving Goffman e Harold Garfinkel ver Giddens 1977 cap4 1987 uma ênfase nos aspectos transituacionais dessas práticas é introduzida na explicação inovadora de Giddens sobre a dualidade da estrutura Nes sa explicação o conhecimento com respeito ao desempenho de práticas em companhia de ou tros sujeitos apropriados em cenários adequa dos é tratado como condição necessária à re produção dessas práticas Por sua vez o desem penho dessas práticas reforça a consciência dos participantes quanto à constituição de suas cir cunstâncias sociais O conhecimento assim re generado serve para estruturar a reprodução continuada de modos de vida rotineiros As propriedades estruturais das práticas sociais po dem ser analiticamente decompostas em regras e recursos Ambas porém estão inextricavel mente interrelacionadas na realidade concreta dos modos de vida institucionalizados Inspirada por desenvolvimentos na geogra fia temporal a teoria da estruturação altera substancialmente explicações correntes sobre padrões sistêmicos na vida social ao concebê los como interações institucionalizadas e rela ções articuladas através do tempo e do espaço ver Giddens 1987 cap6 A força e a per Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 274 estruturação meabilidade das fronteiras sistêmicas depen dem de como se produzem as articulações na práxis social As interações entre agentes co presentes são institucionalizadas em sistemas de todos os tipos mas os sistemas extensos que têm um alto grau de distanciamento espaço temporal também implicam relações institu cionalizadsa entre agentes em cenários remo tos Articulações de todos os tipos comunicam transmitem ou transportam resultados a várias práticas A estruturação isto é reprodução ou altera ção de relações sistêmicas através do tempo e do espaço pode ocorrer exclusivamente através de conseqüências nãointencionais da práxis ou implicar a administração intencional através de tempo e espaço Diferentemente de teorias políticas pluralistas e elitistas a teoria da es truturação postula uma dialética de controle em sistemas de todos os tipos Enquanto grupos dominantes têm acesso a recursos superiores para alcançar resultados através dos feitos de outrem aos grupos subordinados nunca faltam de todo recursos para resistir ao controle domi nante ou redirecionálo As relações sistêmicas de poder portanto estão constituídas em equi líbrios institucionalizados ou disputados de au tonomia e controle Giddens 1981 cap2 1985 cap1 Leitura sugerida Bryant CGA e Jary D 1990 An thony Giddens Clark J Modgil S e Modgil C orgs 1990 Anthony Giddens Consensus and Con troversy Cohen Ira J 1989 Structuration Theory Anthony Giddens and the Constitution of Social Life Held D e Thompson J orgs 1990 Social Theory of Modern Societies Anthony Giddens and his Cri tics Kiessling B 1988 Kritik der giddensschen Sozialtheorie ein Beitrag zur theoretischmethodis chen Grundlegung der Sozialwissenschaften IRA J COHEN estruturalismo Este método de indagação ou paradigma tornouse proeminente e influen te durante os anos 60 e 70 embora tenha tido vários antecedentes em períodos anteriores Na análise sociológica o conceito de estrutura em variadas formulações durante muito tempo ocupou um lugar central Bottomore e Nisbet 1978 cap14 e vários comentaristas Piaget 1968 Kolakowski 1971 Schaff 1974 obser varam que esse conceito foi um elemento de importância maior na perspectiva filosófica e científica geral dos anos 30 importância essa refletida na influência que o conceito adquiriu em campos como a matemática a biologia a lingüística e a psicologia da Gestalt O mo vimento estruturalista mais recente porém te ve pretensões mais amplas enfatizando a im portância fundamental de identificar e analisar as estruturas profundas que estão na base e que geram os fenômenos observáveis e a esse respeito o movimento tem afinidades com a moderna filosofia realista da ciência Bhaskar 1975 e ampliando a abordagem estruturalis ta mais amplamente para as ciências sociais e humanas Tendo origem na lingüística onde seus princípios podem ser encontrados nas teses delineadas pelo Círculo Lingüístico de Praga em 1929 Robey 1973 Introdução o estru turalismo penetrou em seguida na crítica literá ria na teoria estética e em algumas das ciências sociais particularmente na antropologia através da obra de Claude LéviStrauss na so ciologia principalmente sob a forma do marxis mo estruturalista de Louis Althusser e na his tória onde a idéia de história estrutural na obra da escola dos ANNALES estava relacionada em certos aspectos a concepções estruturalistas mais gerais Review 134 1978 Como ampla abordagem teórica nas ciên cias sociais o estruturalismo pode ser distin guido por sua oposição ao humanismo ao his toricismo e ao empirismo É antihumanista no sentido de que as ações conscientes e delibera das de indivíduos e grupos sociais são am plamente excluídas da análise e suas próprias proposições explanatórias são concebidas em termos de causalidade estrutural Esse ponto de vista foi expresso com clareza por Maurice Godelier 1966 quando este diferenciou dois tipos de condições para o surgimento funcio namento e evolução de qualquer sistema social atividade intencional e propriedades nãoin tencionais inerentes às relações sociais e atribuiu uma importância decisiva a estas úl timas afirmando que a razão ou base extrema para as transformações sociais será encontrada na compatibilidade ou incompatibilidade entre estruturas e no desenvolvimento de contradi ções dentro de estruturas A oposição humanis taestruturalista fica evidente também na dis cussão contrastante de razão dialética e ana lítica travada por Claude LéviStrauss 1962 cap9 e por JeanPaul Sartre 1960 As inves tigações metodológicas de Sartre visavam es clarecer a relação entre condições estruturais e ações intencionais os projetos de in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estruturalismo 275 divíduos bem como a introduzir num marxis mo esclerosado algo da perspectiva indivi dualista e humanista do existencialismo O antihistoricismo fica manifesto na obra de LéviStrauss por meio de uma preferência geral pelas investigações sincrônicas em vez das diacrônicas com o objetivo de descobrir as características estruturais universais da socie dade humana e mais remotamente relacionar essas características às estruturas universais da mente humana Nesse ponto o estruturalismo demonstra sua afinidade muito estreita com a moderna teoria lingüística Lyons 1970 p99 Alguns estruturalistas marxistas em especial Hindess e Hirst 1975 Conclusão expres saram uma visão antihistoricista com par ticular energia negando que o marxismo seja ou pudesse ser uma ciência da história uma vez que todas as tentativas de formular explicações históricas surgem como doutrinas teleológicas e não como teorias científicas O estruturalismo é também antiempirista no mesmo sentido da filosofia realista da ciência em virtude de sua insistência na eficácia causal de uma estrutura profunda subjacente à aparência superficial imediatamente dada dos eventos Esse aspecto foi exposto claramente por Godelier 1973 1977 p35 em sua crítica do funcionalismo empírico clássico o qual ele afirmava ao confundir estrutura social com relações sociais externas está condenado a permanecer pri sioneiro das aparências dentro do sistema social estudado não havendo possibilidade alguma de se revelar uma lógica sob a superfície Um dos aspectos destacados do movimento estruturalista foi sua estrita conexão com o marxismo LéviStrauss considerava Marx co mo o ponto de partida para o seu próprio pen samento e o estruturalismo tornouse o prin cipal veículo para transmitir uma orientação marxista significativa à antropologia Godelier 1973 Bloch 1975 Seddon 1978 Em socio logia bem como em antropologia o marxismo estruturalista de Althusser muito próximo da orientação geral do pensamento estruturalista mas concentrando a atenção nos elementos que eram essenciais na teoria de Marx os modos e as relações de produção as relações entre diferentes níveis de vida social econômica política e ideológica e contradições estruturais exerceu ampla influência em especial sobre os estudos de diferentes formas de sociedade estado e classes sociais A abordagem estruturalista foi criticada num primeiro estágio por adeptos de outros pontos de vista metodológicos nas ciências sociais por exemplo Leach 1967 e em sua forma marxis ta por pensadores de outras escolas de pen samento marxista No final dos anos 70 sua influência começou a diminuir e na década seguinte foi eclipsado pela ascensão do póses truturalismo ou pósmodernismo ver MODER NIDADE em que a idéia de uma estrutura fixa e objetiva de significado ou relações sociais é abandonada Eagleton 1983 cap4 De modo menos extremo outros teóricos sociais têm reintroduzido na discussão metodológica essas questões a respeito da relação entre estrutura e mediação humana ou estrutura e mudança his tórica que são temas recorrentes do pensamen to social Leitura sugerida Bottomore Tom e Nisbet Roberts orgs 1978 A History of Sociological Analysis Eagle ton Terry 1983 Literary Theory an Introduction Leach ER org 1967 The Structural Study of Myth and Totemism LéviStrauss Claude 1958 Anthro pologie structurale Lyons J 1970 Chomsky Pia get Jean 1968 Estruturalisme Robey David org 1973 Structuralism An Introduction Schaff Adam 1974 Structuralisme et marxisme TOM BOTTOMORE estrutura social Embora este seja um dos conceitos mais importantes nas ciências so ciais em geral é difícil uma vez que a maioria dos cientistas sociais não define os termos de maneira precisa diferenciálo em sua utiliza ção de expressões alternativas como organiza ção social e sistema social A primeira utiliza ção explícita da expressão estrutura social foi feita provavelmente por Herbert Spencer 1858 No entanto o conceito de estrutura so cial data de um período muito mais antigo e é capital para Ibn Khaldun em seu livro Muqa dimmah escrito no final do século XIV Estrutura pode ser definida como um corpo organizado de partes mutuamente ligadas Na estrutura social as partes são relações entre pessoas e o corpo organizado das partes pode ser considerado coincidente com a sociedade como um todo Está também implícito no con ceito de estrutura social que existe um certo grau de permanência no decorrer do tempo Nesse ponto a ênfase será dada aos teóricos cujas carreiras profissionais começaram ou ter minaram no século XX O pensamento no século XX porém tem uma dívida para com a reflexão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 276 estrutura social de pessoas que viveram nos séculos anteriores A contribuição destas não pode ser ignorada Na seqüência deste verbete vou concentrarme em duas questões básicas a respeito da natureza da estrutura social que têm sido de importância extrema para os teóricos sociais No que diz respeito a cada uma das duas ainda não se conseguiu chegar a um acordo acadêmico A primeira questão diz respeito ao grau em que a estrutura social se baseia primordialmente no consentimento ou na coerção Em 1858 Her bert Spencer uniu a palavra estrutura à palavra função Ao fazêlo invocou uma metáfora da sociedade como semelhante ao organismo hu mano Essa analogia implica que todas as partes da sociedade são integradas e que cada uma delas serve para sustentar o todo existente Uma vez que não há espaço para o conflito em tal analogia seguese também que a base da exis tência de sociedade é o CONSENSO e não a COER ÇÃO A teoria de Karl Marx 184546 1848 proposta em meados do século XIX opõese diretamente a essa visão da sociedade Para Marx cada forma existente de sociedade como feudalismo ou capitalismo se baseava na coer ção exercida pela classe dominante sobre as classes subordinadas Não obstante o conflito na teoria de Marx desapareceria depois da revolução proletária e do estabelecimento do socialismo Entre os teóricos do século XX a importância do consenso foi enfatizada ener gicamente por Emile Durkheim 1893 AR RadcliffeBrown 1952 e Talcott Parsons 1951 Por outro lado uma visão de conflito da sociedade é apresentada na obra de Ralf Dahrendorf 1957 Diversamente de Marx Dah rendorf enfatizou que o conflito estará presente tanto na sociedade capitalista quanto na socialista A maior parte dos teóricos sociais acreditava que a estrutura social se baseia em parte no consenso e em parte na coerção No século XX entre os teóricos dessa linha in cluíramse Max Weber 1922 Vilfredo Pareto 191619 e Robert Merton 1949 Uma pala vra de Merton disfunção denota explicitamen te que certos elementos da estrutura social po dem funcionar contra a manutenção dos outros Todos os teóricos sociais têm reconhecido que no decorrer do tempo ocorrem mudanças na estrutura social No entanto a natureza de tais mudanças tem sido motivo de debate Al guns teóricos encararam a mudança na estrutura social como cíclica Outros afirmaram que a mudança social ocorre numa direção linear e abraçaram teorias evolucionistas Ibn Khaldun 1377 foi o primeiro dos teó ricos cíclicos Com base em suas observações empíricas das sociedades árabes no Norte da África medieval ele postulou a existência de dois tipos de sociedade uma sociedade pastoril nômade em que era forte a solidariedade social e uma sociedade urbana com um nível relativamente baixo dessa solidariedade Ele descreveu um ciclo em que a sociedade pastoril conquistava a urbana e estabelecia um novo estado No entanto a solidariedade social decrescente na sociedade urbana levava gradualmente a sua desintegração e finalmen te a sua conquista por outra sociedade pastoril No século XX os dois teóricos cíclicos mais destacados foram Oswald Spengler 191822 e PA Sorokin 193741 Spengler em uma obra publicada pouco depois do final da Primei ra Guerra Mundial rejeitava a idéia de progres so e via a civilização como um ciclo contínuo de crescimento decadência e morte a civiliza ção ocidental contemporânea particularmente era encarada como moribunda Sorokin numa obra publicada pouco antes da Segunda Guerra Mundial encarava a sociedade como passando por um ciclo com três estágios o ideacional religioso o idealista e o sensato De acordo com seu princípio de mudança imanente cada tipo lançava as sementes de sua própria destrui ção e a transição de um estágio a outro era acompanhada pela guerra e pela crise social A idéia de que a mudança na estrutura social ocorre em uma direção única foi apresentada pela primeira vez por Henri de SaintSimon no início do século XIX e foi elaborada por seu protégé Comte 183042 que postulou três estágios no desenvolvimento da estrutura so cial o teológico o metafísico e o positivo Marx também acreditava que a mudança na estrutura social evoluía em uma única direção e atribuiu ao modo econômico de produção o papel de força propulsora dessa mudança Spencer tam bém se interessou bastante pelos estágios da evolução humana particularmente no que dizia respeito à família ao estado e à religião Spen cer 187696 Em 1911 Franz Boas criticou as tentativas de se fazerem descrições excessivamente pre cisas sobre a evolução da estrutura social Boas 1911 Talvez devido a sua influência durante o restante da primeira metade do século se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar estrutura social 277 reduziu o interesse entre os estudiosos pelo modo como a estrutura social poderia vir a evoluir no tempo Esse interesse renasceu de pois da Segunda Guerra Mundial particular mente em seguida à publicação de um livro de Walter Goldschmidt 1959 detalhando cinco estágios da sociedade como dependentes de níveis de tecnologia Parsons 1966 em uma de suas últimas obras examinou a evolução da estrutura social em termos do processo de dife renciação tanto da estrutura quanto da função de uma forma que fazia lembrar Spencer Ver também ESTRUTURALISMO Leitura sugerida Leach ER 1968 Social structure the history of the concept In International Encyclope dia of the Social Sciences org por DL Sills vol14 Moore WE 1963 Social Change Moseley KP e Wallerstein I 1978 Precapitalist social structures Annual Review of Sociology 4 25990 Smelser NJ 1988 Social structure In Handbook of Sociology org por NJ Smelser Udy SH 1968 Social struc ture social structural analysis In International En cyclopedia of the Social Sciences org por DL Sills vol14 DAVID M HEER ética Em seu sentido mais amplo ética re ferese à avaliação normativa das ações e do caráter de indivíduos e grupos sociais É em geral usada alternadamente com MORALIDADE para se referir às obrigações e deveres que governam a ação individual No entanto há motivos para afirmar que a moralidade nesse sentido é uma instituição peculiarmente mo derna e que a palavra ética deveria ser com preendida de maneira mais ampla Williams 1985 A ética pode surgir na teoria social em três níveis diferentes 1 diferentes sistemas de crença e conduta éticas podem formar o objeto de estudo da teoria social 2 as teorias sociais podem fazer alegações metaéticas quanto ao status lógico e epistemológico de manifesta ções éticas e 3 as teorias sociais podem com prometerse com pontos de vista éticos substan tivos Ver VALORES Os debates metaéticos em teoria social têm se concentrado na relação entre asserções éticas e descritivas Os defensores da liberdade de valor afirmam que as asserções descritivas e éticas são logicamente independentes e se com prometem com a posição de valor de que ao mesmo tempo em que faz ciência social o teórico social não deve fazer alegações éticas Weber 1904 Os críticos da liberdade de valor ou rejeitam essa posição de valor Gouldner 1964 ou negam a independência lógica de fato e valor Strauss 1953 A discussão ética substantiva dentro da teo ria social tem sido dominada por duas amplas perspectivas éticas a ética utilitarista Glover 1990 Sen e Williams 1972 Smart e Williams 1973 e a ética baseada em direitos ver LEI com fundamentos kantianos ou contratualistas O utilitarismo clássico tem dois componen tes o conseqüencialismo a justeza de uma ação deve ser julgada por suas conseqüências e o hedonismo a única coisa boa em si mesma é a felicidade concebida como prazer e ausência de dor A melhor ação é aquela cujas conseqüências maximizam a felicidade Algu mas variedades posteriores de utilitarismo re jeitaram o componente hedonista da doutrina clássica A variedade mais influente é o utilita rismo de preferência de acordo com o qual a melhor ação é a que maximiza a satisfação de preferência das partes envolvidas Esse prin cípio ético surge à guisa de um princípio de eficiência na moderna Teoria econômica do bemestar ver BEMESTAR TEORIA ECONÔMICA DO Tanto na economia neoclássica quanto na economia austríaca os valores são tratados co mo expressões de preferências subjetivas ver VALOR Numa análise de custosbenefícios os pesos dessas preferências são tidos como men suráveis pela disposição de uma pessoa de pa gar pela sua satisfação O critério padrão de eficiência empregado é o critério potencial de melhoria de Pareto uma proposta é eficiente se a satisfação de preferência é maior que a insatis fação de preferência de forma que os que ga nham ficam em posição de compensar os que perdem e ainda se saem melhor Kaldor 1939 Hicks 1939 Esse critério de eficiência cor porifica uma posição ética substantiva o utili tarismo de preferência a mais eficiente de um grupo de propostas é a que maximiza a satisfa ção de preferência sobre a insatisfação No entanto afirmase que ele é compatível com uma doutrina central de boa parte da recente teoria política liberal a de que o estado deveria ser neutro entre diferentes concepções do que é bom Uma vez que toma os valores como expressões de preferências e toma estas como dadas ele permanece neutro entre valores diferentes Embora o utilitarismo permaneça crucial para a teoria econômica liberal na teoria polí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 278 ética tica o liberalismo tendeu a ser de uma variedade deontológica Afirmar uma ética deontológica é negar o conseqüencialismo e pretender que as razões morais estão fundamentadas em certos deveres como o dever de não torturar Onde o utilitarista permite que o bemestar de um in divíduo seja posto de lado caso isso leve à maximização da felicidade ou da satisfação de preferência o liberal deontológico afirma que os indivíduos têm direitos que incorporam exi gências morais as quais não podem ser assim postas de lado Os direitos individuais são trun fos na argumentação ética e política Dworkin 1977 pXI Uma ética baseada em direitos dá primazia a princípios de JUSTIÇA que o utilitaris mo como princípio agregador trata como de rivativos O conflito entre as perspectivas éticas utilitária e baseada em direitos domina os de bates tanto teóricos quanto de políticas de ação Para um bom exemplo deste último ver Glover et al 1989 A ética baseada em direitos apela para sua fundamentação ou a uma concepção kantiana de respeito pelas pessoas de acordo com a qual as pessoas devem ser tratadas sempre como fins em si mesmas e nunca meramente como meios ou a uma explicação contratualista dos princípios éticos de acordo com a qual prin cípios éticos defensáveis são aqueles com que indivíduos movidos pelo autointeresse concor dariam em condições ideais ou como é o caso com John Rawls a ambas as fundamentações Para Rawls 1971 princípios de justiça defen sáveis são aqueles com que indivíduos movidos pelo autointeresse concordariam em condições de ignorância com relação a sua posição social características capacidades e concepções par ticulares sobre o que é bom Os agentes sob um véu de ignorância chegariam a dois princípios básicos o princípio de Igualdade de acordo com o qual cada um tem direitos iguais a liber dades básicas e o princípio de Diferença se gundo o qual as desigualdades sociais e econô micas só são justificadas se os que estão em pior condição se encontram melhor do que estariam em condições de igualdade O primeiro prin cípio tem prioridade sobre o segundo Outro influente proponente de um liberalismo basea do em direitos é Nozick 1974 que simples mente parte do pressuposto de que os indiví duos têm certos direitos e segue defendendo um estado minimalista dentro de uma economia de livre mercado Ver também Gauthier 1986 Uma explicação da ética que não utiliza a idéia de contrato mas divide com Rawls uma herança kantiana e um engajamento com prin cípios de justiça neutra entre diferentes concep ções do bom é a de Jürgen Habermas 1986 p170 Este tenta fundamentar a ética na razão comunicativa Ao executar um ato discursivo aquele que fala se empenha com a significati vidade de sua expressão e com as asserções de que ela é verdadeira em que está sendo sincero e em que tem o direito de falar como fala Enquanto atos discursivos particulares geral mente não se mostram à altura das asserções que implicitamente fazem estas devem ser em princípio justificáveis ou redimíveis Invo cam afirma Habermas uma situação discur siva ideal caracterizada como aquela em que indivíduos chegam ao consenso sem força ou trapaça e onde cada um tem os meios e a opor tunidade de participar do diálogo pelo qual se chega ao consenso Os princípios normativos pressupostos pelos atos comunicativos forne cem a Habermas a base de uma ética kantiana reconstituída Ver Habermas 1981 e 1983 Benhabib e Dallmayr 1990 Tanto os utilitaristas quanto os kantianos partilham da suposição comum de que a avalia ção ética se fundamenta em princípios que são universais isto é se aplicam a todos e impar ciais ou seja se baseiam no preceito de que os indivíduos ou seus interesses devem receber igual respeito Essa suposição tem sido ques tionada por concepções particularistas da ética as quais afirmam que tais princípios são in capazes de explicar a avaliação ética que ocorre no contexto de relações particulares com ou tros Essa questão está no cerne da crítica co munitária do liberalismo a qual afirma que o liberalismo pressupõe uma visão do eu como desembaraçado de compromissos particulares com outros indivíduos tradições práticas e concepções do que é bom Contra essa visão o comunitarista afirma que a identidade de um agente é constituída por esses compromissos específicos que formam o ponto de partida para a avaliação e o debate éticos MacIntyre 1981 Sandel 1982 Taylor 1975 parte 4 Crítica semelhante surgiu a partir de uma direção diver sa na obra de Gilligan sobre uma ética feminina Gilligan 1982 Kitay e Meyers 1987 A obra de Gilligan originase de uma crítica à explica ção piagetiana de Lawrence Kohlberg para o desenvolvimento moral que concebe a criança Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar ética 279 como rumando para um estágio pósconven cional de maturidade moral caracterizada em termos kantianos A maturidade moral é com preendida em termos de uma perspectiva de justiça na qual a moralidade consiste na aplica ção de princípios universais imparciais e abs tratos Gilligan afirma que a obra de Kohlberg descreve um caminho especificamente mas culino de desenvolvimento ético e indica ha ver um padrão caracteristicamente feminino de desenvolvimento no qual a maturidade mo ral é compreendida em termos de uma pers pectiva de zelo em que a ética consiste no cuidado com indivíduos específicos em relação aos quais o agente se encontra em relação par ticular por exemplo como amigo filho pai Alguns defensores de uma concepção par ticularista da ética de forma mais destacada MacIntyre também rejeitaram uma segunda suposição partilhada tanto por utilitaristas quanto por kantianos a de que a ética se preo cupa basicamente com as ações dos agentes e responde à pergunta como devo agir Contra essa suposição os proponentes de uma ética das virtudes fizeram reviver a clássica visão aristotélica da ética segundo a qual a avaliação ética se preocupa basicamente com o caráter dos agentes e responde à pergunta que tipo de pessoa devo ser As virtudes compreendidas como disposições de caráter que são condições necessárias a uma vida boa para os indivíduos substituem os deveres como os conceitos ava liadores centrais do vocabulário ético A ques tão do que seja levar uma vida boa ou próspera que em boa parte dos discursos liberais é tratada como questão de preferência pessoal recon quista o centro das atenções no debate ético Pontos semelhantes podem ser encontrados em trabalhos recentes sobre a ética marxista Estes abordam um paradoxo crucial nos textos de Marx sobre a moralidade o de que por um lado ele condena a moralidade como ideo lógica e ilusória afirmando que os comunistas não pregam nenhuma moralidade enquanto por outro lado sua obra é abundante em críticas éticas ao capitalismo A solução mais promis sora desse paradoxo é o argumento de que quando Marx critica a moralidade não está rejeitando todas as asserções éticas sobre a vida humana mas sim uma forma característica de argumentação e avaliação ética que apela para os conceitos morais quase legais de direitos e deveres Seus próprios argumentos éticos con tra o capitalismo em especial o da alienação e exploração que o capitalismo implica apelam para um conjunto de bens nãomorais que são necessários para que os indivíduos levem uma vida humana próspera Versões diferentes des se argumento são defendidas por Lukes 1985 Miller 1984 Skillen 1977 ver também Niel sen e Patten 1981 Geras 1985 Um trabalho recente sobre ética ambiental lançou mais um desafio às visões utilitarista kantiana e contratualista da ética Cada uma dessas perspectivas pressupõe um argumento particular a respeito do limite da classe de ser à qual se deve uma consideração ética direta Os adeptos das visões kantiana e contratualista es tendem a considerabilidade ética às pessoas O utilitarismo clássico estendea ainda mais a to dos os seres capazes de sentir dor e prazer e portanto inclui em seu contingente ético os animais sensíveis nãohumanos Singer 1977 Os proponentes de uma ética ambiental afir mam que os seres nãohumanos têm valor in trínseco e ampliaram as fronteiras da conside ração ética a fim de incluir por exemplo coisas vivas nãosensíveis e ecossistemas Goodpas ter 1978 Naess 1973 Routley e Routley 1979 Essa ampliação do contingente da preo cupação ética exigiria uma revisão radical da teoria ética existente Leitura sugerida Gilligan C 1982 In a Different Voice Goodpaster K 1978 On being morally con siderable Journal of Philosophy 75 Gouldner A 1964 Antiminotaur the myth of valuefree sociolo gy In The New Sociology org por I Horowitz Habermas Jürgen 1981 1984 1989 The Theory of Communicative Action volI Hicks JR 1939 The foundations of welfare economics Economic Journal 49 Kaldor N 1939 Welfare comparisons of econo mics and interpersonal comparisons of utility Econo mic Journal 49 Lukes S 1985 Marxism and Mora lity MacIntyre A 1981 1985 After Virtue 2ªed Naess A 1973 The shallow and the deep longran ge ecology movement a summary Inquiry 16 Nash R 1989 1990 The Rights of Nature Nielsen K e Patten S orgs 1981 Marx and Morality Canadian Journal of Philosophy Supp vol7 Rawls John 1971 A Theory of Justice Smart J e Williams B orgs 1973 Utilitarism For and Against Taylor C 1975 Hegel Weber M 1904 1949 The Methodolo gy of the Social Sciences Williams B 1985 Ethics and the Limits of Philosophy JOHN ONEILL ética protestante tese da A tese de Max Weber sobre a relação entre o puritanismo e o Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 280 ética protestante tese da espírito do capitalismo publicada pela pri meira vez em 1904 gerou uma discussão entre os estudiosos que continua até o dia de hoje No entanto grande parte da controvérsia sempre disse respeito à compreensão correta da tese e em particular a se Weber pretendia alegar que o CAPITALISMO era efeito do puritanismo ou mais especificamente do calvinismo Esse de bate deveria ser compreendido em termos da preocupação constante do século XX com as questões de método histórico e com a gênese da MODERNIDADE A tese deriva de três textos os ensaios de Weber em A ética protestante e o espírito do capitalismo 19045 seu ensaio sobre as seitas protestantes na América do Norte 1906 e suas réplicas de 1910 a Karl Fischer e Felix Rachfahl in Winckelmann 1968 O primeiro livro de senvolve três observações Em primeiro lugar que nos séculos XVI e XVII a maior parte dos países economicamente desenvolvidos era pro testante e dentro deles as burguesias economi camente mais avançadas estavam associadas à Reforma Em segundo lugar que o novo es pírito do capitalismo diferia do mero enriqueci mento ou da ganância em geral que são ubí quos no sentido de que o espírito capitalista era definido por uma conduta de vida eticamente regulada e pela busca do acúmulo de capital como um fim em si mesmo Ver também ÉTI CA Em terceiro lugar que havia uma afinidade entre a teologia do puritanismo especialmente seu conceito de chamamento e o espírito secular do capitalismo conforme proposto por autores como o moralista norteamericano Ben jamin Franklin A essência do argumento de Weber é que um movimento teológico fundamentado na Refor ma teve a conseqüência não pretendida de con tribuir para o ethos mundano e materialista do capitalismo O elo entre os dois é reconstruído através da doutrina calvinista da predestinação Se Deus determinou o padrão da Criação pela eternidade então os salvos os eleitos e os condenados já estavam também predetermina dos Isso deve ter criado para os calvinistas uma solidão íntima sem precedentes uma vez que a salvação não podia ser alcançada por exemplo através dos sacramentos ou das boas obras Weber afirma que essa questão serei eu um dos eleitos devia surgir mais cedo ou mais tarde para cada crente forçando todos os outros interesses para um segundo plano Weber 19045 1974 p110 Os calvinistas buscaram a prova da eleição pelo sucesso na atividade mundana pois ser próspero na vida era ter sido escolhido como um dos intendentes de Deus No entanto os calvinistas condenavam o gozo relaxado da vida e isso impedia que os lucros fossem gastos num consumo conspícuo Assim o comércio veio a ser regulado por disposições motivacionais que nunca antes haviam existido Seja prudente diligente nunca ocioso pois tempo é dinheiro cultive um bom nome no crédito seja pontual no pagamento de emprés timos e frugal no consumo A recompensa do esforço tornouse a sensação irracional de ter cumprido bem o seu dever p71 Essa tese oferece uma explicação do motivo por que o capitalismo se desenvolveu especifi camente no Noroeste da Europa ainda que precondições tais como trabalho assalariado mercados tecnologia ou distinção entre o lar e a produção tenham existido em outras partes No entanto isso também representa uma afirma ção sobre modernidade racionalidade e his tória O capitalismo é racional como sistema de contabilidade e planejamento mas seu valor central a acumulação como um fim em si mesma é tão irracional quanto qualquer ou tra meta Assim Se este ensaio vier a represen tar alguma contribuição que seja a de destacar a complexidade do conceito apenas superficial mente simples do racional Weber 19045 1974 p194 Além disso Weber afirmou que a transposição da idéia de chamamento de um âmbito religioso para um âmbito secular foi totalmente imprevista para a teologia A história segue uma lógica de conseqüências involun tárias governada por afinidades acidentais e não poderia portanto seguir o tipo de leis de desenvolvimento proposto pelo materialismo histórico Questões como a gênese do capitalismo e a natureza da explicação histórica também preo cupavam contemporâneos de Weber como Werner Sombart Karl Fischer Felix Rachfahl e Ernst Troetsch e a publicação de A ética protestante incitou um debate que continuou durante todo o século XX Weber foi em geral mal compreendido como tendo afirmado que o capitalismo em oposição ao ethos capitalista era efeito do puritanismo Assim RH Tawney em Religion and the Rise of Capitalism que em alguns sentidos fazia eco à crítica de Rachfahl de 1909 afirmou que o capitalismo em Veneza Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar ética protestante tese da 281 e Florença no século XV foi anterior ao purita nismo que teóricos políticos como Maquiavel deram ímpeto ao espírito capitalista e que o calvinismo em si mesmo era anticapitalista O protestantismo concluiu Tawney foi o terreno ideológico no qual o capitalismo se afirmou Em The Quintessence of Capitalism 1913 Sombart afirmou que o catolicismo não im pedia a atividade lucrativa e que o ímpeto para o capitalismo havia derivado de grupos mar ginalizados como os judeus e de comerciantes aventureiros Esses argumentos sobre cronolo gia e influência causal não se limitaram ao debate no início do século XX mas surgem ainda hoje como indica a obra de Pellicani 1988 A resposta de Weber a críticos como Ra chfahl Sombart ou Fischer na qual ele teve o apoio de Troetsch foi reafirmar que não havia alegado mais que uma afinidade eletiva entre o puritanismo e o espírito do capitalismo É evidente que havia comerciantes aventureiros alheios à teologia puritana No entanto era o espírito da acumulação como parte de um estilo de vida ascético que diferenciava a atividade capitalista nos séculos XVI e XVII do enrique cimento em geral Era esse espírito que corpo rificava a congruência entre a teologia da Refor ma e as motivações econômicas do capitalismo Weber 1910 Além do mais Weber já previra as acusações de idealismo quando observou é claro que não é minha intenção substituir uma interpretação causal da cultura e da história unilateral e espiritualista por uma outra igual mente unilateral materialista Ambas são igual mente possíveis Weber 19045 1974 p183 No entanto esse desmentido já é uma suges tão do tipo de ambigüidades da tese que têm alimentado sete décadas de debates Será que Weber realmente só queria sugerir uma afini dade eletiva entre o puritanismo e o ethos capi talista Se for esse o caso então a alegação é sugestiva impelindo CP Hill e Robert Merton a examinar os elos entre puritanismo e ciência natural por exemplo mas não é forte Além do mais que é que ela significa em termos de se escrever a história se cada explicação é igual mente possível Karl Löwith um marxista sim pático ao projeto de Weber interpretou como querendo dizer que ambas são igualmente im possíveis Löwith 1932 p103 daí as ex plicações históricas deverem ser multilaterais p104 No entanto a tese da ética protestante também implica uma renúncia da história como narrativa estruturada tal como expõe o ma terialismo histórico em favor de conexões múl tiplas em meio ao caos das conseqüências ines peradas Os valores puritanos descobriram afi nidades com um sistema materialista que em sua forma desenvolvida teria horrorizado os teólogos da Reforma É possível detectar aqui uma idéia da história e da modernidade com fenômenos trágicos no sentido também apon tado por um colega de Weber Georg Simmel A cultura moderna é trágica quando as forças que a destroem são conseqüências necessárias de propriedades essenciais ao fenômeno em si mesmo No entanto isso não está explicitamen te afirmado na obra de Weber Apenas indica o tipo de inferência mais ampla que a tese admite e que tem ocupado estudiosos em todo o decor rer deste século Leitura sugerida Eldridge JET org 1972 Max Weber Fischoff E 1944 The Protestant ethic and the spirit of capitalism the history of a controversy Social Research 11 6177 Green RW org 1959 Protestantism and Capitalism the Weber Thesis and its Critics Hennis W 1988 Max Weber Essays in Reconstruction Marshall G 1982 In Search of the Spirit of Capitalism An Essay on Max Webers Protes tant Ethic Thesis Mommsen Wofgang J 1977 Max Weber as critic of Marxism Canadian Journal of Sociology 2 37398 Poggi G 1983 Calvinism and the Capitalist Spirit Ray LJ 1987 The Protestant ethic debate In Classic Disputes in Sociology org por RJ Anderson JA Hughes e WW Sharrock Schlu chter W 1981 The Rise of Western Rationalism Max Webers Developmental History Sprinzak E 1972 Webers thesis as an historical explanation History and Theory 11 294320 LJ RAY etnicidade Esta é uma das principais carac terísticas socialmente relevantes dos seres hu manos Para compreendêla precisamos de monstrar como ela deve ser distinguida de RA ÇA classe status ver ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL e posição mas também como interage com estes na formação de grupos e sistemas sociais É importante distinguir a etnicidade de dife renciação racial Enquanto esta última ocorre em termos de diferenças físicas que se acredita serem biologicamente herdadas a diferencia ção étnica se dá em termos de diferenças cul turais que têm de ser aprendidas Essa distinção é confundida na teoria racista nãocientífica a qual presume que o comportamento cultural Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 282 etnicidade tanto quanto as características físicas é biolo gicamente herdado Uma das características da etnicidade e dos grupos étnicos para cuja for mação ela contribui é porém que as peculiari dades étnicas são comuns aos que são parentes biológicos O processo de aprendizagem atra vés do qual se adquire a cultura ocorre entre pais e filhos biológicos portanto não surpreende que raças e grupos étnicos às vezes se sobrepo nham Uma raça pode ser também um grupo étnico e um grupo étnico pode constituirse exclusivamente de indivíduos da mesma raça Não obstante as raças são grupos bem mais amplos e os grupos étnicos implicam diferenças sutis de comportamento de forma que dentro de qualquer uma das principais raças ou subra ças do mundo pode haver grande número de diferenças étnicas internas É também possível que indivíduos de raças diferentes se tornem membros do mesmo grupo étnico na medida em que o comportamento cultural de um grupo étnico pode em princípio ser aprendido não dependendo da herança biológica Os judeus na Alemanha foram erroneamente representados pelos ideólogos nazistas como constituindo uma raça enquanto na verdade eram um grupo étnico com uma cultura característica de base religiosa As classes sociais são coletividades cujos membros individuais estão unidos em primeiro lugar por interesses comuns Nesse aspecto são diferentes dos grupos étnicos para os quais um interesse comum não é uma característica defi nidora básica Para que as classes se tornem agentes coletivos porém é necessário que se tornem unidas pelos elos de uma organização comum de uma cultura comum e de uma cons ciência comum Pode acontecer de uma clas se capaz de contar com o vínculo étnico vir a ser mais forte e mais capaz de ação coletiva do que uma outra que desenvolve uma nova or ganização e uma nova consciência em torno de um interesse comum Por outro lado os grupos étnicos podem ser transformados por sua intera ção com um sistema de interesses Com fre qüência os laços de etnicidade estão latentes e podem até não levar à formação de um grupo a não ser que os indivíduos sejam ativados pela existência de interesses comuns Os grupos de status tal como os grupos étnicos baseiamse nas características culturais comuns de seus membros Ao contrário dos grupos étnicos porém é na natureza dos grupos de status que as características culturais defini doras do grupo se baseiam numa distinção hostil entre um grupo e outro Como diz Weber em Economia e sociedade os grupos de status baseiamse na distribuição diferencial da hon ra Um único grupo de status não pode existir por si próprio tem de fazer parte de um sistema hierárquico de grupos Embora os gru pos étnicos possam tornarse grupos de status quando os indivíduos comparam e avaliam suas próprias características culturais em contrapo sição às de outros grupos e embora a etnicidade possa ser uma das características avaliadas em um sistema de status esse tipo de ordenação de status não é da essência da etnicidade Na prá tica o que em geral encontramos porém é o funcionamento combinado de uma ordem étni ca e de status Deve observarse também que tanto etnicidade quanto status podem ser trans mitidos em grupos de parentesco de pais para filhos Contudo não são tão vigorosamente determinados por herança quanto os grupos raciais É possível que indivíduos de parentes cos diversos sejam unidos pela etnia e em um sistema de status é possível a mobilidade de um grupo de status para outro Um sistema de ordens é uma forma mais complexa de organização social uma forma com a qual a etnicidade pode estar envolvida Tal como um sistema de status implica a dis tribuição diferencial da honra mas tem os as pectos adicionais da especialização funcional pelas diferentes ordens e da desigualdade jurí dica e política entre elas tal como no sistema clássico de ordens da Europa medieval e nas sociedades coloniais No caso colonial os gru pos diferencialmente incorporados podem mui to bem ser grupos étnicos Sociedades desse tipo caracterizadas pela incorporação diferen cial de diferentes grupos étnicos são o que sociólogos chamam de sociedades plurais Smith 1963 e 1974 De acordo com a termi nologia aqui adotada sociedade plural é aquela em que diversos grupos étnicos estão organiza dos em um sistema de ordens Etnicidade e constituição de grupos étnicos ao que parece baseiamse na diferenciação cul tural dos indivíduos e na criação de laços sociais entre os que partilham de uma CULTURA comum Num sentido típico ideal é possível pressupor uma sociedade que consista em tais grupos e somente neles Na prática porém a etnicidade tornase envolvida na interação de raças clas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar etnicidade 283 ses grupos de status e ordens e se evidencia através deles Portanto não surpreende que ao se fazerem tentativas de definir etnicidade se tenha feito referência não às características de etnicidade em si mas aos grupos e diferencia ções estruturais dentro dos quais ela se expressa As tentativas clássicas dos antropólogos de definir a etnicidade dividiramna em teorias primordiais associadas ao nome Clifford Geertz 1963 e teorias situacionais associa das ao nome de Frederick Barth 1969 Segun do Geertz a etnicidade e a constituição de grupos étnicos são fatores primordiais no sentido de serem dados nas próprias condições da existência humana Esses dados incluem aquilo que ele chama de contigüidade e liga ção de vida isto é ligações derivadas da proxi midade territorial ou do parentesco mas além desses o dado que se origina de se ter nascido em uma comunidade religiosa particular falan do uma língua particular ou mesmo um dialeto de uma língua e seguindo práticas sociais par ticulares Geertz continua Essas continuidades de sangue fala costumes e as sim por diante exercem uma conseqüência inex primível e às vezes esmagadora sobre e a partir deles mesmos Uma pessoa está ligada a um parente a um vizinho a um companheiro de crença ipso facto como resultado não apenas da atração pessoal da necessidade tática do interesse comum ou da obriga ção moral contraída mas ao menos em grande parte em virtude de alguma significação absoluta e inex plicável atribuída ao próprio elo em si 1963 p109 Aqui Geertz desenvolve um tipo ideal de etnicidade em si mesma Ele a diferencia com bastante clareza de classe e de grupos ao estilo de classe que se baseiam na necessidade táti ca e no interesse comum do gosto e da aversão e talvez da honra e da desonra carac terísticos dos sistemas de status e das obriga ções intergrupais que talvez caracterizem os sistemas de ordem Mas inclui o parentesco biológico em sua lista de fatores primordiais e parecia a princípio estar confundindo raça e etnicidade Podese argumentar porém que os aspectos físicos passam a ser valorizados ao lado dos puramente culturais e assim se tor nam parte da cultura O que é mais interessante a respeito da definição de Geertz no entanto e o que acrescenta alguma coisa ao que já foi dito acima é que certas características valorizadas do aspecto e do comportamento humanos o são não como questão de escolha arbitrária mas como parte das próprias condições de existên cia As teorias situacionais sobre a etnicidade relacionamna estreitamente à busca de interes ses Os fatores primordiais a que Geertz se refere são encarados como permanecendo la tentes a não ser que a situação os torne relevan tes para a consecução de fins Nesse caso po dem ser recursos importantes para a cooperação necessária à consecução de fins Por outro lado os vários fatores envolvidos na etnicidade po dem constituir um estigma e um risco em rela ção à consecução de fins Nesse ponto parece que os teóricos situacionais estão chamando a atenção para as necessidades táticas e os in teressses comuns que Geertz exclui Eu também os excluí do tipo ideal de etnicidade embora observando que no mundo real os grupos étni cos vêm a se entrelaçar profundamente com as formações de classe social Ao mesmo tempo a noção de estigma chama a atenção para o desenvolvimento de distinções hostis à medida que um sistema de grupos étnicos se vai en trelaçando com a ordem de status Tudo somado podemos ver que a etnici dade compreendida como primordial no sen tido de Geertz é um fator entre os vários envol vidos na ordenação e na estrutura básicas da sociedade humana Dito de outra maneira po demos afirmar que etnicidade pura é um tipo ideal uma abstração analítica dos cientistas sociais Esses tipos ideais porém são essen ciais à ciência social e não há como uma ex plicação completa da estrutura social possa ser apresentada ignorandose o elemento da etnici dade Leitura sugerida Barth Frederick 1969 Ethnic Groups and Boundaries Geertz Clifford 1963 Old Societies and New States the Quest for Modernity in Asia and Africa Smith Michael Garfield 1963 The Plural Society in the British West Indies Ο 1974 Corpo rations and Society Warner W Lloyd 1936 Ameri can class and caste American Journal of Sociology 42 setembro Weber Max 192122 1967 Economy and Society vol2 cap9 JOHN REX etnometodologia Este campo da sociologia investiga o funcionamento do conhecimento produzido pelo senso comum e do raciocínio prático em contextos sociais Em contraste com as perspectivas que encaram o comportamento humano em termos de fatores causais externos ou de motivações internalizadas a etnometodo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 284 etnometodologia logia enfatiza o caráter ativo racional e cog nitivo da conduta humana Seu fundador e prin cipal teórico Harold Garfinkel afirmou que uma teoria da ação e da organização sociais estaria incompleta sem uma análise do modo como os agentes sociais compartilham o co nhecimento e o raciocínio produzidos pelo sen so comum na condução de seus assuntos co muns Pois sem tal análise seria impossível demonstrar como os membros do mundo social se comprometem com linhas de ação realistas e pactuadas Sua inovação crucial foi estabe lecer uma explicação das propriedades do conhecimento produzido pelo senso comum das compreensões compartilhadas e da ação social ordinária que pode ser desenvolvida em um programa coerente de pesquisa em pírica A etnometodologia desenvolveuse nos anos 60 a partir dos textos fenomenológicos de Alfred Schutz 196266 o qual afirmava que o conhecimento produzido pelo senso comum é fragmentado e incompleto articulado de uma forma tipificada aproximada e corrigível e que as compreensões partilhadas entre pessoas são realizações contingentes baseadas nesse conhe cimento Utilizando uma série de procedimen tos semiexperimentais conhecidos como ex periências de ruptura para criar desvios bási cos a partir de expectativas sociais tidas como certas Garfinkel 1967 foi capaz de demons trar o alcance dessas idéias Os desvios ex perimentais criaram profunda confusão e indig nação moral nos objetos da experiência In dicaram que as compreensões partilhadas as ações sociais e em última análise as institui ções sociais são sustentadas por um complexo corpo de suposições admissões tácitas e méto dos de inferência em suma um conjunto de métodos ou metodologia que informa a produção de objetos e ações culturalmente sig nificativos e também a compreensão destes São esses métodos de raciocínio do senso co mum e suas propriedades que constituem o objeto de pesquisa da etnometodologia Os métodos de raciocínio do senso comum são fundamentalmente adaptados ao reconheci mento e à compreensão de eventosemcontex to Na análise de Garfinkel as compreensões comuns são o produto de um processo circular no qual um evento e seu pano de fundo são dinamicamente ajustados um ao outro para for mar uma Gestalt coerente Garfinkel descreveu esse processo seguindo Karl Mannheim como o método documental de interpretação e afir mou que ele é um aspecto ubíquo do reco nhecimento de todos os objetos e eventos desde os aspectos mais mundanos da existência coti diana até as mais recônditas realizações artís ticas ou científicas Nesse processo reúnemse as ligações entre um evento e seu pano de fundo físico e social usandose uma série variada de suposições e procedimentos inferenciais O mé todo documental incorpora a propriedade da reflexividade mudanças na compreensão do contexto de um evento provocarão alguma mu dança ou elaboração da apreensão do evento central e viceversa Quando empregado num contexto temporalmente dinâmico que é uma característica de todas as situações de ação e interação social ele forma a base para com preensões de ações e eventos entre os par ticipantes compartilhadas e atualizadas A inerente contextualidade do método do cumental está associada a outras propriedades do raciocínio e da ação práticos Uma proposi ção fundamental da etnometodologia é que to dos os objetos e produtos do raciocínio prático conceitos descrições ações e assim por diante têm propriedades de indexação Isso significa que o sentido desses objetos é elabo rado e particularizado pelos contextos em que eles aparecem Embora essa propriedade seja um obstáculo reconhecido para a análise formal da linguagem e da ação e seja assim tratada na literatura sobre lógica da qual deriva a noção de indexação não é um obstáculo à condu ção da ação prática De fato os agentes sociais planejam regularmente sua conduta de forma a utilizar contextos locais para elaborar e par ticularizar o sentido daquilo que dizem e de suas ações Assim exploram as propriedades de in dexação da ação e do raciocínio prático Inver samente porém essas particularidades não po dem sustentarse fora de contexto Existe uma adequação inerentemente aproximada entre eventos particulares e suas representações mais gerais em descrições e em formulações mate máticas e essa adequação só pode ser avançada através de uma série de atividades interpre tativas aproximadoras que Garfinkel chama de práticas ad hoc Essas práticas são portanto cruciais para o processo pelo qual os agentes sociais sustentam a coerência a normalidade e a sensatez de suas circunstâncias e atividades cotidianas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar etnometodologia 285 O programa etnometodológico de pesquisa baseiase nessas observações essenciais Sua dinâmica fundamental tem origem no ponto de vista de que as compreensões compartilhadas de todos os aspectos do mundo social se apóiam em um corpo altamente complexo de métodos tácitos de raciocínio que são socialmente parti lhados e que têm caráter de procedimento Tal como esses métodos de raciocínio são utiliza dos para reconhecer objetos eventos e pessoas e para compreender descrições de todos estes também são igualmente usados para produzir aspectos do mundo social que são reconhecí veis e descritíveis ou para usar a palavra de Garfinkel responsáveis O fato de o mesmo conjunto de procedimentos de raciocínio ser empregado tanto para reconhecer eventos so ciais quanto para produzilos é a base elementar sobre a qual os membros de uma cultura podem vir a habitar um mundo social fundamental mente compartilhado A teorização fundamental de Garfinkel tem sido empregada num corpo diferente de estudos sociológicos empíricos Entre estes foi impor tante uma série de investigações da construção simbólica e prática de mundos sociais particu lares e circunscritos Wieder 1974 bem como do raciocínio básico pelo qual se obtém e se sustenta o senso conjunto das pessoas de uma realidade compartilhada Pollner 1987 Ou tros estudos têmse voltado para o tema da adequação aproximada entre descrições e even tos do mundo real De destaque nesse contexto têm sido as investigações sobre a criação or ganizacional dos dados estatísticos nos quais muitos estudos sociológicos se apóiam Nesse caso temse afirmado particularmente em relação a estatísticas sobre crime transgressão suicídio e assim por diante que o raciocínio prático das equipes de organizações construiu pressupostos teóricos sobre as causas desses fenômenos tão mergulhados em dados estatís ticos que os resultados são inúteis para a pes quisa sociológica Cicourel 1968 Atkinson 1978 Outros produtos significativos do pro grama etnometodológico têm abrangido estu dos de interação social mais destacadamente a análise conversacional ver CONVERSACIONAL ANÁLISE e iniciativas importantes na sociolo gia da ciência Lynch 1985 No decorrer do seu desenvolvimento a etno metodologia temse alternado entre tendências construtivas e desconstrutivas Nesse pro cesso criaramse novos campos de pesquisa na sociologia e em disciplinas correlatas e sur giram novas perspectivas sobre áreas tradicio nais de problemas Além contudo das áreas específicas nas quais a etnometodologia tem sido uma importante fonte de inovação está claro que ela também vem exercendo um im pacto importante e contínuo tanto sobre a teoria sociológica básica quanto sobre os modos pelos quais se abordam muitos tipos de problemas de pesquisa empírica Essa influência ampliouse para os campos adjacentes da PSICOLOGIA SO CIAL da LINGÜÍSTICA e da INTELIGÊNCIA ARTIFI CIAL Em todas essas direções a influência da etnometodologia é uma força dinâmica no pen samento social contemporâneo Leitura sugerida Atkinson JM 1978 Discovering Suicide Studies in the Social Organization of Sudden Death Cicourel AV 1968 The Social Organization of Juvenile Justice Garfinkel H 1967 Studies in Ethnomethodology Heritage J 1984 Garfinkel and Ethnomethodology Lynch M 1985 Art and Ar tifact in Laboratory Science Pollner M 1987 Mun dane Reason Reality in Everyday and Sociological Discourse Schutz Alfred 196266 Collected Papers 3 vols Wieder DL 1974 Language and Social Rea lity JOHN HERITAGE etologia Konrad Lorenz e Niko Tinbergen são normalmente encarados como os fundado res da moderna etologia a abordagem biológica do estudo do comportamento Por suas realiza ções pioneiras eles dividiram o Prêmio Nobel com Karl von Frisch em 1973 Lorenz e Tinber gen trataram o comportamento do mesmo mo do que qualquer outro aspecto de um animal no sentido de que os padrões de comportamento em geral têm uma regularidade e uma consis tência que se relacionam com necessidades ób vias do animal Além disso o comportamento de uma espécie geralmente difere de forma marcante do de outra Essa percepção foi um passo crucial para fazer com que o estudo do comportamento entrasse na síntese darwiniana que estava sendo forjada nos anos 30 Uma vez que seu pensamento estava impregnado da teo ria darwiniana da evolução os etologistas es pecularam repetidas vezes sobre a relevância em termos de adaptação das diferenças entre as espécies O interesse pela função biológica levou a muitos estudos excelentes de animais em con dições naturais Um animal em cativeiro geral Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 286 etologia mente se encontra demasiado constrangido por seu ambiente artificial para fornecer uma com preensão completa das funções da grande varie dade de atividades que a maior parte dos ani mais é capaz de executar Os estudos em con dições naturais de animais e cada vez mais de seres humanos têm sido um aspecto importante da etologia e desempenhado papel de destaque no desenvolvimento de métodos característicos e eficazes de observação e mensuração do com portamento Mesmo assim seria um engano descrever os etólogos como nãoexperimentais e preocupados meramente com a descrição Tinbergen foi um mestre em elegantes ex periências de campo e a excelente tradição que ele firmou continua até os dias de hoje Grava ções em fita de predadores ou congêneres tais como filhotes ou companheirosas potenciais são tocadas para animais livres a fim de des cobrir como estes reagem Da mesma forma foram usados bonecos e imitações de diferentes formatos para medir a reação a uma forma ou cor em particular tais como as bicadas que filhotes de gaivotas dão em diferentes objetos mais ou menos parecidos com os bicos de seus pais Esses e muitos outros exemplos demons tram que até mesmo o campo predominante da etologia implica muito mais que a mera obser vação passiva Além disso muitos etólogos têm dedicado a maior parte de suas vidas profis sionais a estudos de laboratório do controle e desenvolvimento do comportamento Na ver dade algumas das descobertas etológicas mais impressionantes tais como o imprinting em pássaros foram feitas em condições artificiais e influenciaram de modo marcante a forma co mo o comportamento vem sendo interpretado Quando observada em pássaros em cativei ro a elaborada seqüência envolvida na constru ção de um ninho não é facilmente explicada em termos de uma série de ações aprendidas cada qual desencadeada por um estímulo particular do meio ambiente Não obstante a disposição a considerar qual poderia ser um padrão de comportamento particular no ambiente natural sempre foi característica dessa matéria Quando essa abordagem era associada a comparações entre animais a fácil suposição de que todos os animais resolvem o mesmo problema da mes ma forma foi rapidamente revelada como falsa A abordagem comparativa continua a ser uma característica importante da etologia em geral Tinbergen destacou quatro problemas am plos porém isolados levantados pelo estudo biológico do comportamento A questão de co mo um padrão de comportamento é controlado tem a ver com os fatores internos e externos que regulam sua ocorrência e com o modo como funcionam os processos básicos O estudo do desenvolvimento do comportamento ocupase das influências genéticas e ambientais sobre a montagem de um padrão de comportamento no período de vida do indivíduo e com o modo como funcionam os processos de desenvol vimento O problema da função comportamen tal diz respeito ao modo como o padrão de comportamento ajuda a manter o animal vivo e a propagar seus genes na geração seguinte Finalmente os estudos evolucionistas do com portamento dizem respeito à história ancestral e aos modos pelos quais um padrão de compor tamento evoluiu Essas quatro áreas de pesquisa são distintas No entanto a posição etológica é a de que não devem ser severamente divor ciadas umas das outras Ao colocar uma questão em particular num contexto conceitual mais amplo alcançase maior compreensão qual quer que possa ter sido a questão central A abordagem funcional com toda a certeza tem ajudado os que se interessam pelo estudo do mecanismo e o estudo do desenvolvimento e da integração de comportamento tem propor cionado importantes percepções das pressões e coerções que vêm funcionando no decorrer da evolução Certos conceitos e teorias fundamentais es tiveram ligados em certo momento à etologia Já não formam uma parte tão central do pen samento etológico embora tenham sido impor tantes em seu desenvolvimento Dois conceitos básicos foram o estímulo do sinal e o padrão fixo de ação A idéia de estímulo do sinal tal como o peito vermelho de um tordo norteame ricano desencadeando um ataque por parte de um oponente foi produtiva por levar à análise dos caracteres de estímulo que incitam seletiva mente fragmentos particulares de comporta mento Os padrões fixos de ação ou padrões modais de ação como talvez seja sua melhor descrição proporcionaram unidades úteis para a descrição e a comparação entre espécies Ca racteres comportamentais têm sido usados na taxonomia e a preocupação zoológica com a evolução levou a tentativas de se formularem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar etologia 287 princípios para a derivação e a ritualização de movimentos que servem como sinais Tanto o conceito de estímulo do sinal ou desencadeador quanto o padrão fixo de ação desempenharam papéis importantes nas pri meiras tentativas etológicas de desenvolver modelos de sistemas de comportamento O mo delo do reservatório lavatory cistern de Lorenz era um fluxograma em mais de um sentido e forneceu a toda uma geração de etó logos um meio de integrar seu pensamento sobre a causalidade múltipla do comportamen to a partir tanto de dentro quanto de fora No entanto esse modelo era seriamente enganoso e em alguns sistemas de comportamento es pecialmente a agressão o desempenho do com portamento torna a repetição mais provável e não menos como prevê o modelo Outro mo delo de sistemas saiuse bem melhor na prova do tempo Foi desenvolvido por Tinbergen e dizia respeito à organização hierárquica do comportamento Aqui porém mais uma vez seu papel mais importante não foi tanto o poder de previsão quanto ajudar os etólogos a reunir indícios que de outra forma poderiam parecer desconectados Uma preocupação etológica clássica foi com o caráter inato de grande parte do compor tamento e esse tema esteve fortemente ligado ao desenvolvimento de uma teoria do instinto No entanto até mesmo os fundadores dessa temática não negaram a importância do apren dizado Ao contrário deram destaque a proces sos de desenvolvimento tal como o imprinting o qual especifica o que um animal trata como mãe ou companheiroa e o aprendizado do canto que especifica o modo como um pássaro macho canta um dialeto diferente do de outro macho da sua própria espécie Ainda assim Lorenz encarava o comportamento adulto co mo implicando a intercalação de elementos aprendidos e instintivos distintos e discer níveis Poucas pessoas ainda compartilham desse ponto de vista e o trabalho dos etólogos orientados para o desenvolvimento tem sido importante por ilustrar como os processos de desenvolvimento implicam uma interação entre fatores internos e externos Depois das primei ras e fracassadas tentativas de classificar o com portamento em termos de instintos a atenção concentrouse cada vez mais nas faculdades ou propriedades de comportamento que unem as categorias funcionais convencionais tais co mo alimentação namoro cuidado com os fi lhotes e assim por diante Conseqüentemente atribuise uma ênfase cada vez maior aos me canismos comuns de percepção armazenamen to de informação e controle de output À medi da que isso ocorre os interesses de muitos etó logos estão coincidindo em medida cada vez maior com as preocupações tradicionais da PSICOLOGIA O trabalho moderno também destruiu outra crença dos etólogos clássicos a de que todos os membros da mesma espécie e da mesma idade e sexo hão de se comportar do mesmo modo Já se foi o tempo em que uma pessoa em trabalho de campo podia supor com confiança que uma boa descrição de uma espécie obtida em um habitat podia ser generalizada para a mesma espécie em outro conjunto de condições am bientais As variações de comportamento den tro de uma espécie podem é claro refletir a penetração e difusão dos processos de apren dizado No entanto alguns modos alternativos de comportamento são provavelmente mais de sencadeados do que aprendidos pelas condições ambientais predominantes No caso do babuíno gelada por exemplo muitos machos adultos são bem maiores que as fêmeas e uma vez que assumem um grupo de fêmeas defendemnas das atenções de outros machos Outros machos por sua vez são do mesmo tamanho das fêmeas e conseguem surrupiar uma cópula quando um macho grande não está olhando O benefício compensatório para os machos pequenos é que eles têm vidas reprodutivas bem mais longas do que os machos grandes Parece provável que qualquer macho pode seguir qualquer um des ses dois caminhos e o caminho particular em que cada um deles se desenvolve depende das circunstâncias Exemplos como esse estão le vando a um crescente interesse por táticas alter nativas sua relevância funcional e a natureza dos princípios de desenvolvimento nelas im plícitos A etologia moderna reúne tantas disciplinas diferentes que desafia uma definição simples em termos de um problema comum ou de uma literatura comum Ela se sobrepõe extensamen te aos campos conhecidos como ecologia com portamental e SOCIOBIOLOGIA Além disso os que hoje em dia se dizem etólogos vão ser encontrados trabalhando ao lado de neurobió logos psicólogos antropólogos e psiquiatras sociais e desenvolvimentistas entre muitos ou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 288 etologia tros Os etólogos estão acostumados a pensar de maneiras que refletem sua experiência com sis temas de livre funcionamento que ao mesmo tempo influenciam muitas coisas à sua volta e por elas são influenciados Essas habilidades permitiramlhes compreender a dinâmica dos processos comportamentais e são valorizadas pelos que com eles colaboram Houve época em que a etologia parecia prestes a sucumbir a suas disciplinas irmãs No entanto ela ressurgiu co mo matéria importante que continuará a desem penhar um papel integrador igualmente sig nificativo no impulso de compreender para que servem os padrões de comportamento como evoluíram e como são controlados Leitura sugerida Alcock J 1989 Animal Behaviour 4ªed Hinde RA 1982 Ethology Immelmann K e Beer C 1989 A Dictionary of Ethology Jaynes J 1969 The historical origins of ethology and com parative psychology Animal Behaviour 17 6016 McFarland D 1985 Animal Behaviour Manning A e Dawkins M 1992 An Introduction to Animal Behaviour Martin P e Bateson P 1986 Measu ring Behaviour Slater PJB 1985 An Introduction to Ethology Slater PJB org 1986 The Collins En cyclopedia of Animal Behaviour PATRICK BATESON eugenia ciência da Descrevendo uma ciên cia aplicada que busca melhorar a herança ge nética da raça humana essa expressão referese também a um movimento social que busca po pularizar os princípios e práticas dessa ciência A palavra foi adaptada do grego no final do século XIX pelo cientista inglês Francis Galton 1883 p17 Antes de sua apropriação pelos nazistas nos anos 30 a idéia de eugenia desfrutou de amplo apoio em círculos tanto liberais quanto conser vadores em muitos países Isso refletia uma complexa mistura de influências e preocupa ções Em parte era reflexo do crescimento do pensamento racionalista e do interesse cada vez maior pelo planejamento social Refletia tam bém a consciência de que certas formas de incapacidade social tinham base hereditária E finalmente era um reflexo da influência das teorias raciais ver RACISMO Nas primeiras décadas do século os propo nentes da eugenia concentravam sua preocupa ção nos custos que representavam para a socie dade o retardo e a doença mentais e a degenera ção moral Isso levou à defesa da esterilização como meio de impedir que os portadores dessas características as transmitissem às gerações fu turas Nos Estados Unidos mais de 60 mil indivíduos foram esterilizados de acordo com leis estaduais que estipulavam a esterilização compulsória dos mentalmente insanos ou retar dados Na Alemanha nazista um sistema de tribunais especiais de saúde e eugenia ordenou a esterilização de mais de meio milhão de in divíduos considerados portadores de deformi dades físicas retardos mentais esquizofrenia epilepsia e outras doenças Como a ciência da genética na época mal dava os primeiros pas sos e como as teorias raciais pareciam manifes tamente legítimas para muitos defensores da eugenia as minorias raciais e étnicas foram desproporcionadamente visadas para a esterili zação Em seguida às revelações da enormidade dos crimes cometidos sob a influência da ideo logia nazista as teorias raciais foram repudia das pela maioria dos intelectuais do Ocidente e o movimento da eugenia devido a sua ligação com essas teorias entrou em eclipse As leis de esterilização compulsória foram repelidas e os esforços para melhorar a raça humana através do princípio da procriação seletiva foram prati camente abandonados Hoje em dia essas leis só estão em vigor em umas poucas áreas isola das como por exemplo partes da China Apesar do desaparecimento do movimento da eugenia em sua forma original os esforços para melhorar a herança genética da raça huma na têm sido retomados de uma forma radical mente diversa Durante a segunda metade do século XX a ciência da genética tem feito avanços extraordinários e uma conseqüência disso foi a descoberta de que muitas doenças humanas graves são geneticamente transmiti das por exemplo diabetes e anemia falcifor me Casais de risco são hoje estimulados a fazer exames genéticos e a levar em considera ção a possibilidade de permanecer sem filhos ou de abortar um feto que tenha tido o diagnós tico de alguma falha genética séria Comparandose as fases antiga e recente do movimento da eugenia observase uma mu dança de ações involuntárias para voluntárias com relação aos indivíduos afetados e de uma preocupação com incapacidades mentais mal compreendidas para um grupo limitado de in capacidades físicas claramente entendidas De vido a essas mudança o apoio público ao novo movimento de eugenia tem crescido nos últi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar eugenia ciência da 289 mos anos mas muitos continuam cautelosos e alguns são até mesmo ativamente hostis a quaisquer esforços para alterar a herança gené tica de nossa espécie Ver também DARWINISMO SOCIAL Leitura sugerida Haller M 1963 Eugenics Heredi tarian Attitudes in American Thought Kelves DJ 1985 In the Name of Eugenics Genetics and the Use of Human Heredity Ludmerer KM 1972 Genetics and American Society a Historical Appraisal Os born F 1951 Preface to Eugenics Pickens DK 1968 Eugenics and the Progressives Searle GR 1976 Eugenics and Politics in Britain 19001914 GERHARD LENSKI evolução No sentido mais geral evolução é um processo ampliado de mudança ou transfor mação de populações ou sistemas em que es tágios posteriores de uma entidade se desenvol vem gradualmente a partir de estágios anterio res As evoluções social e cultural portanto são casos especiais de um fenômeno muito mais geral Em todas as suas variadas manifestações a evolução é geralmente concebida como um processo irreversível embora raras exceções possam ocorrer O conceito de evolução é hoje em dia a base de importantes paradigmas em ciências que vão da astrofísica à zoologia e é aplicado a en tidades que vão desde o próprio cosmo até populações de organismos microscópicos O astrofísico ID Novikov 1983 pXIII por exemplo define a cosmologia como o estudo da estrutura e evolução do universo No uso prédarwiniano evolução significa va um processo de desdobramento ou de de senvolvimento por meio do qual os sucessivos estágios de uma entidade eram predetermina dos por atributos ou potencialidades inerentes como quando uma flor desabrocha ou um or ganismo se desenvolve do feto à condição adul ta Os biólogos hoje em dia porém referemse a tal processo como desenvolvimento reser vando a palavra evolução para processos que envolvem populações de organismos e nos quais o resultado é produto de uma interação entre uma população e seu meio ambiente co mo nas transformações intergeracionais de po pulações de plantas e animais Nas ciências sociais porém as palavras evolução e desen volvimento costumam ser usadas alternativa mente A primeira tende a ser usada quando se faz referência a mudanças no decorrer de sécu los ou milênios envolvendo a população huma na inteira e a última no decorrer de períodos mais curtos envolvendo sociedades tomadas isoladamente Embora o conceito de evolução se refira basicamente a um processo de mudança ele incorpora um reconhecimento do fato da con tinuidade Isso porque se baseia na suposição de que as entidades que mudam são populações ou sistemas feitos de múltiplos componentes Assim embora tais entidades possam ser dras ticamente alteradas a longo prazo como os mamíferos que são descendentes de organis mos unicelulares muitos componentes persis tem imutáveis durante períodos extensos por exemplo os códigos genéticos de todas as es pécies ao que tudo indica empregam pares dos mesmos quatro nucleotídeos há bilhões de anos A curto prazo ademais a continuidade é em geral bem mais evidente do que a mudan ça Essa capacidade de sintetizar dois aspectos do mundo empírico tão fundamentais mas apa rentemente tão contraditórios é obviamente um dos grandes atrativos do conceito evolucionista nas várias ciências O conceito evolucionista é atraente também porque dirige a atenção para os elos importantes entre passado presente e futuro René Dubois 1968 p270 destacado biólogo expressou isso muito bem quando escreveu O passado não é história morta é matéria viva com a qual o homem forja a si mesmo e constrói o futuro Apesar de seus atrativos o conceito de evo lução não deixou de ter críticos Entre estes se incluem não apenas os criacionistas que rejei tam a evolução com bases teológicas mas tam bém muitos cientistas sociais Os cientistas sociais apresentaram pelo me nos quatro motivos para justificar sua rejeição ao evolucionismo Primeiro muitos presumem que o conceito implique a crença em um pro gresso moral e em uma inevitável melhoria da condição humana Segundo muitos rejeitam a idéia de evolução com base em que ela implica certa forma de reducionismo biológico Ter ceiro os cientistas sociais com pendor huma nista rejeitam qualquer explicação generalizan te da história humana e insistem na importância dos fatores contingentes na formação das con seqüências de qualquer evento Finalmente muitos rejeitam o evolucionismo devido a sua eventual associação com o DARWINISMO SOCIAL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 290 evolução Embora tenha havido uma justificativa so cial para essas objeções no passado o pen samento evolucionista mais recente vem res pondendo de maneira geral aos problemas le vantados Assim o evolucionismo mais recente nega explicitamente tanto a inevitabilidade quanto a universalidade do progresso moral e da melhoria da condição humana Lenski e Lenski 1987 p399406 O progresso ou di recionalidade é visto na história humana ape nas em questões moralmente neutras tais como o crescimento da armazenagem de informações culturais úteis da escala de organização da diferenciação inter e intraorganizacional do poder do ser humano de manipular o meio ambiente biofísico Mesmo nessas questões o progresso só é evidente na população humana considerada como um todo não em cada socie dade tomada isoladamente Em segundo lugar o evolucionismo mais recente rejeita explicitamente o determinismo biológico identificando a cultura como o me canismo dinâmico na mudança social Embora o novo evolucionismo afirme que todas as cul turas refletem a herança genética de nossa es pécie ele encara essa herança como capaz de explicar apenas as características mais básicas do processo evolutivo tais como o uso univer sal de sistemas de símbolos e não as específi cas Isso é muito diferente do reducionismo simplista de parte do antigo evolucionismo e de boa parte da sociobiologia contemporânea Em terceiro lugar as teorias evolucionistas mais recentes são formuladas em termos de probabilidades e não do modo determinista a que os críticos humanistas se opõem Seu obje tivo é definir e descrever a natureza do campo das forças que influenciam as ações de indiví duos e sociedades sob condições específicas e com isso fornecer uma base para estimativas da probabilidade de vários resultados não pre visões nem explicações de resultados em casos individuais Finalmente apesar da associação do pen samento evolucionista com o darwinismo so cial a ligação parece em grande parte fortuita Basta lembrar o grande apreço de Marx pela obra de Darwin ou o panegírico feito por Engels à beira do túmulo do amigo para entender a natureza diversificada das implicações políticas do evolucionismo Berlim 1939 p2478 Har ris 1968 p68 Seria de supor que seus críticos acabarão por entender que o evolucionismo social não fornece base firme para qualquer agenda política isolada Ver também NEODARWINISMO PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA ECONOMIA PROCESSOS EVO LUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE SELEÇÃO NATURAL Leitura sugerida Calvin M 1969 Chemical Evolu tion Molecular Evolution towards the Origin of Living Systems on the Earth Dobzhansky T 1962 Mankind Evolving the Evolution of the Human Species Harris M 1968 The Rise of Anthropological Theory Hol land H 1984 The Chemical Evolution of the Atmos phere and Oceans Laszlo E 1987 Evolution the Grand Synthesis Lenski G e Lenski J 1987 Human Societies an Introduction to Macrosociology 5ªed Lewontin RC 1968 The concept of evolution In International Encyclopedia of the Social Sciences org por DL Sills vol5 p20210 Mayr E 1982 The Growth of Biological Thought Novikov ID 1983 Evolution of the Universe Simpson GG 1949 The Meaning of Evolution a Study of the History of Life and of its Significance for Man Tax S org 1960 Evolution After Darwin the University of Chicago Centennial vol1 The Evolution of Life vol2 The Evolution of Man Tax S e Callender C orgs 1960 Evolution After Darwin the University of Chicago Centennial vol3 Issues in Evolution GERHARD LENSKI evolucionário processo Ver PROCESSOS EVO LUCIONÁRIOS NA ECONOMIA PROCESSOS EVOLU CIONÁRIOS NA SOCIEDADE existencialismo Influente filosofia européia do século XX derivada da FENOMENOLOGIA a doutrina característica do existencialismo é de liberdade humana radical A palavra foi cunha da durante a Segunda Guerra Mundial para as idéias então em surgimento de JeanPaul Sar tre e Simone de Beauvoir O rótulo estendeuse primeiro a amigos do casal como Maurice Mer leauPonty sendo em seguida aplicada à obra de outros filósofos em especial Martin Heideg ger e Karl Jaspers que haviam influenciado Sartre Poucos dos que foram chamados de existencialistas gostaram disso ficando preo cupados o que é compreensível em serem associados de modo excessivamente estreito com os pontos de vista particulares de Sartre O existencialismo como filosofia deve ser distin guido do culto disseminado entre a juventude parisiense nos anos 40 e 50 que tomou empres tado o título Esse existencialismo de café pode ter sido apenas uma manifestação da de sordem espiritual do pósguerra usando a ex pressão criada por The Oxford Companion to Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar existencialismo 291 French Literature 1959 p261 enquanto as pretensões filosóficas são de relevância perene O existencialismo é uma fusão de dois te mas a idéia que remonta a Kierkegaard de que a existência humana é de natureza ímpar e as percepções essenciais da fenomenologia A existência humana se distingue primeiro pela capacidade singular das pessoas para a auto consciência e o autointeresse O ser humano é uma questão para si mesmo Heidegger 1927 p67 ele é um ser para si mesmo em oposição ao ser em si mesmo das meras coi sas Sartre 1943 pLXIII Em segundo lugar e de modo relacionado o que uma pessoa se torna não pode ser explicado por uma dada constituição ou por características essenciais mas somente pelas escolhas que a pessoa faz para resolver a questão da sua vida Assim a existência de uma pessoa precede a sua es sência Sartre 1946 p28 ou na colocação de Ortega existência é o processo de realizar as aspirações que somos 1941 p113 Uma importante percepção herdada da feno menologia diz respeito à prioridade do que Edmund Husserl chamou de Lebenswelt o mundo para todos nós sobre os mundos especializados abstraídos pelos cientistas Nós nos relacionamos com o mundo fundamental mente não como objetos naturais interagindo com outros de forma causal mas intencional mente isto é encarandoo como uma rede de sentido e significado somente através da qual as coisas podem sobressair para nós Os existencialistas porém afastamse essencial mente de Husserl ao insistirem em que não somos egos puros desincorporados mas ativos seres no mundo que vivenciam esse mundo como um equipamento Heidegger 1927 p97 como um mundo de tarefas e proje tos Sartre 1943 p199 Os dois temas estão intimamente relaciona dos É porque estamos sempre a caminho de realizar aspirações que o mundo se revela como um campo de sentidos como obstáculos e oportunidades digamos E é porque nos rela cionamos com as coisas intencionalmente e não estamos no mundo da maneira natural das pedras ou dos peixes que nos devemos reconhecer como criaturas para as quais as coi sas importam e cuja existência pode tornarse uma questão Esses temas convergem para produzir a ex posição radical que Sartre faz de LIBERDADE que é um conceito ao mesmo tempo metafísico e moral Ela denota primeiro a independência absoluta da escolha com relação a restrições causais uma liberdade diretamente vivenciada ao que ele alega num estado de espírito de Angst Meu caráter meus motivos e minha si tuação não podem forçar minhas escolhas uma vez que são parcialmente constituídos por esco lhas e interpretações Minha fadiga por exem plo é um motivo para parar e não para me forçar à frente com um esforço extra apenas à luz de ambições que eu tenha ou não adotado Uma vez que os valores que uso para justificar minhas ações são também projetados através de minhas aspirações não sendo fornecidos nem pela Natureza nem por Deus então minha liberdade é também moral Minhas decisões não levam em conta quaisquer fundamentos objetivos conclusivos daí o senso de absur do a que Sartre se refere 1943 p479 Liber dade nesses aspectos significa que uma pessoa é totalmente responsável por suas ações Não pode desculparse delas alegando compulsão nem tentar impingir os valores que informam suas escolhas como qualquer outra coisa além de seus próprios comprometimentos Resta po rém um imperativo moral de autenticidade o reconhecimento pleno vivenciado da própria responsabilidade cuja antítese é a máfé que a maioria de nós se permite na maior parte do tempo como quando por exemplo atribuímos nossas falhas a alguma força inexorável chama da caráter O existencialismo penetra no pensamento social em diversos pontos Em primeiro lugar fornece uma importante versão da visão de que pace o FUNCIONALISMO o comportamento social só é inteligível em termos da percepção e com preensão pelas próprias pessoas de suas situa ções Em segundo lugar ele se envolve com questões de ALIENAÇÃO A sensação que as pes soas têm de um mundo estranho desencan tado devese basicamente à incapacidade de entender a percepção fenomenológica de que o nosso é um mundo humano do qual o univer so neutro do cientista é uma abstração artificial Os existencialistas têm uma consciência nítida no entanto de que a ênfase na liberdade de escolher e recusar ameaça alienar o indivíduo de seus companheiros pois como diz Jaspers posso e devo levantar resistência íntima ao social que impus a mim mesmo 1932 vol2 p30 Isso leva em terceiro lugar a discussões Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 292 existencialismo das relações com o Outro que são encaradas pela maioria dos existencialistas como poten cialmente inimigas do alcance da autenticidade Para Heidegger o anônimo Eles Das Man seduz ou tranqüiliza o indivíduo à aceitação passiva dos hábitos e opiniões medianos De les 1927 p222 enquanto para Sartre o peri go vem do Olhar le regard do Outro seu poder de me categorizar e reificar 1943 p263 cf a exposição de Simone de Beauvoir em O segundo sexo 1949 de como o Outro na forma de homens consegue constituir a compreensão que as mulheres têm de si mesmas O inferno são os outros escreve Sartre não porque sejam o mal mas porque podem privarme do sentido de minha liberdade 1947 p182 As relações pessoais portanto tendem inerente mente ao agônico com cada pessoa tentando reduzir a liberdade da outra por meio de um ataque preventivo contra a ameaça que esta representa Em seus momentos mais otimistas porém Sartre concebe uma comunidade em que as pessoas entendem que o opressor opri me a si próprio e que o único caminho para um autêntico autoconhecimento é o do firme reco nhecimento do caráter recíproco da liberdade entre os seres humanos 1983 p443 Sua Cri tique de la raison dialectique 1960 1986 também se engaja fundamentalmente com o marxismo ao desenvolver uma teoria da ação política Leitura sugerida Baldwin Thomas 1986 Sartre Existentialism and Humanism In Philosophers An cient and Modern org por G Vesey p287307 Co oper David E 1990 Existentialism a Reconstruction Heidegger Martin 1927 1962 1970 Being and Time Jaspers Karl 1932 196971 Philosophy 3 vols MerleauPonty Maurice 1945 La phénoméno logie de la perception Sartre JeanPaul 1943 Lêtre et le néant Ο 1946 Lexistencialisme est un humanisme Ο 1983 Cahiers pour une morale Sprigge TLS 1984 Theories of Existence Warnock Mary 1970 Existentialism DAVID E COOPER expectativas racionais hipótese das De acordo com esta hipótese as expectativas de um indivíduo com relação a eventos futuros não deveriam sofrer de erros sistemáticos O motivo é simples a pessoa tem de ser capaz de aprender os componentes sistemáticos dos seus erros e existem todos os incentivos para fazêlo uma vez que ela só lucrará com a sua eliminação Assim é a tendência do agente proficuamente racional a tirar o melhor partido das opor tunidades ver ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA que é responsável pela geração de expectativas racionais E não surpreende que tenha sido lou vada como a hipótese natural a se usar na ECO NOMIA NEOCLÁSSICA De fato junto com a cha mada hipótese da taxa natural de desemprego ela constituiu um dos principais esteios da NOVA ECONOMIA CLÁSSICA extremamente influente Além disso simplificou enormemente a esti mativa de relações em econometria A formulação original de Muth 1961 sobre a hipótese das expectativas racionais tinha um enunciado ligeiramente diverso As expectati vas seriam as de que previsões da teoria eco nômica relevante ou de maneira mais geral a distribuição subjetiva de probabilidades de resultados devem tender à distribuição obje tiva de probabilidade e resultados Esse modo de colocar a hipótese possivelmente revela bem mais sobre as dificuldades que vieram a estar associadas a ela Os indivíduos podem querer evitar cometer erros sistemáticos mas atraves sar o abismo entre o subjetivo e o objetivo não é um exercício simples no mundo social Não é apenas uma questão de deixar o tempo passar como seria para alguém fazendo expec tativas a respeito da paisagem quando a neblina desaparecer Não há resultados objetivos nes se sentido pois os resultados no mundo social dependem das expectativas subjetivas que fazemos quanto a eles Essa interdependência gera dois problemas principais para a hipótese e eles se combinam para indicar que essa ex plicação da formação de expectativas permane cerá incompleta a não ser que seja suplemen tada por algum sentido adicional de intermedia ção individual O primeiro problema diz respeito à carac terização do processo de aprendizagem à medi da que um indivíduo passa de expectativas não racionais para racionais Formalmente uma vez que a recompensa de uma pessoa em particular por se ater a um conjunto de expectativas em vez de outro depende dos resultados efetivos e uma vez que esses resultados dependem das expectativas de outros uma pessoa encontrase na verdade em um jogo com outros ver JOGOS TEORIA DOS Nesse jogo um equilíbrio de Nash constitui uma expectativa racional e é o comportamento fora de equilíbrio de agentes nesse jogo que corresponde a um processo de aprendizado No entanto hoje se aceita de ma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar expectativas racionais hipótese das 293 neira geral que a análise desse comportamento fora de equilíbrio tem de recorrer a uma noção de intermediação racional que difere do sim ples senso de utilidade normalmente presumido na economia neoclássica Em segundo lugar há toda uma variedade de cenários sociais nos quais essa dependência dos resultados em relação às expectativas pro duz múltiplos equilíbrios de expectativas racio nais Isto é existem muitas expectativas que se amplamente nutridas se reproduziriam exceto pela ação de interferências geradas por erros aleatórios os erros têm um valor esperado de zero e não são serialmente correlatos Mais uma vez isso levanta um problema para o senso útil normal de racionalidade que expectativa deve ser nutrida quando muitas satisfazem po tencialmente essa condição de ser uma expec tativa racional Esse dilema é característico de situações em que existe autêntica incerteza ver DECISÃO TEORIA DA Assim a hipótese das expectativas racionais tem contribuído enormemente para nossa com preensão de como os indivíduos formam expec tativas quanto ao futuro Em particular se ela um dia prometeu preencher o hiato de informa ções na explicação instrumental da racionali dade na verdade serviu para sublinhar a neces sidade de suposições adicionais de racionali dade caso desejemos compreender a ação em condições de incerteza Leitura sugerida Attfield CLF Demery D e Duck NW 1985 Rational Expectations in Macroeco nomics Begg DKH 1982 The Rational Expecta tions Revolution in Macroeconomics Bray M 1985 Rational expectations information and asset pricing Oxford Economic Papers 37 16195 Frydman R e Phelps ES 1983 Individual Forecasting and Aggre gate Outcomes Hahn F 1980 Money and Inflation Haltiwanger J e Waldman M 1985 Rational ex pectations and the limits of rationality American Eco nomic Review 75 32640 Hargreaves Heap SP 1989 Rationality in Economics Muth JF 1961 Ra tional expectations and the theory of price movements Econometrica 29 31535 SHAUN O HARGREAVES HEAP explicação Este conceito implica relacionar o que deve ser explicado o explanandum a alguma outra coisa o explanans mas é improvável que até mesmo uma definição tão geral como essa possa abranger a ampla varie dade de explicações que achamos aceitáveis em nossas buscas cotidianas e científicas Em parte a variedade surge das visões alternativas a res peito da natureza do explanans e da natureza da relação que liga o explanans e o explanandum Os pontos de vista a respeito do explanans se encaixam de maneira ampla em dois tipos primeiro algumas exigências psicológicas ar ticuladas por exemplo de que o explanans seja conhecido ou familiar ou previamente admiti do pelo recipiente da explicação O que é co mum aqui é que o explanans seja selecionado de forma a eliminar a perplexidade entre os que recebem a explicação o sucesso explanatório é relativo aos seus recipientes que devem ver a explicação antes que se possa considerar que eles a tenham Em segundo lugar existem pon tos de vista a respeito do explanans que en fatizam as exigências lógicas por exemplo de que ele inclua um axioma ou uma verdade patente ou uma descrição empiricamente ver dadeira de uma seqüência invariável de even tos Aqui a ênfase é nas condições formais para o sucesso explanatório e conseqüentemente os recipientes podem ser considerados como tendo uma explicação ainda que não possam vêla Entre os pontos de vista a respeito da relação que liga o explanans e o explanandum também se incluem alguns que enfatizam exigências formais por exemplo que a relação seja de vínculo em que seria autocontraditório aceitar a verdade do explanans mas rejeitar a do expla nandum Outros insistem em que a relação deva ser causal isso introduz ainda mais diversidade na noção de explicação devido à variedade de caracterizações da conexão causal ver CAUSA LIDADE No século XX as tentativas de analisar a explicação têmse concentrado amplamente nas condições formais a serem atribuídas ao explanans e à relação de ligação especialmente quando se consideram as explicações nas ciên cias naturais que atraíram muita atenção por que parecem ser especialmente abalizadas O modelo dedutivonomológico ou baseado em uma lei abrangente de Hempel e Oppenheim 1948 exerceu influência particular Segundo este um fenômeno é explicado quando sua descrição se deduz de um explanans que con tém a expressão de um conjunto de condições iniciais junto com uma lei ou leis nomos sendo a palavra grega para lei Para usar um dos exemplos de Hempel 1965 o motivo pelo qual a parte de um remo reto que fica debaixo dágua parece quebrada para cima se explica Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 294 explicação com referência às leis de refração e à condição inicial de que a água é oticamente mais densa que o ar O esquema dedutivonomológico enfrenta críticas consideráveis de três tipos Primeiro dificuldades internas por exemplo as leis no explanans devem ser universais caso queiram garantir a explicação mas existem dificuldades tanto práticas quanto lógicas para se estabele cerem verdades empíricas universais Segundo argumentos no sentido de que o esquema não pode dar conta de todos os tipos de explicação nas ciências naturais por exemplo explicações estatísticas em que existe apenas probabilidade e não certeza de que o evento descrito no ex planandum venha a ocorrer tal como a proba bilidade de que um fumante realmente invete rado venha a contrair câncer do pulmão e ex plicações realistas em que as ocorrências se explicam pela identificação dos mecanismos básicos que têm a responsabilidade causal por elas tal como o movimento dos ponteiros em torno do mostrador de um relógio é explicado revelandose a mola e as engrenagens que o impulsionam ver REALISMO Terceiro críticas afirmando que o esquema não pode ser esten dido às ciências sociais e mais além em que as explicações intencionais que explicam ações apelando a intenções razões motivos e assim por diante dos agentes envolvidos são em geral mais apropriadas e em que as explicações funcionais que explicam ações e instituições pela identificação do papel que desempe nham na manutenção de toda a sociedade são também importantes Se as explicações rea listas podem ser estendidas das ciências na turais para as ciências sociais e se as explica ções intencionais e racionais são diferentes das explicações causais continua a ser moti vo de discussão na FILOSOFIA DA CIÊNCIA SO CIAL Se o esquema dedutivonomológico po de abranger as explicações causais incluindo as realistas continua a ser questão de debate na FILOSOFIA DA CIÊNCIA Leitura sugerida Halfpenny P 1982 Positivism and Sociology Explaining Social Life Harré R 1970 The Principles of Scientific Thinking Taylor C 1964 The Explanation of Behaviour Van Parijs P 1981 Evolutionary Explanation in the Social Sciences Wright GH von 1971 Explanation and Understan ding PETER HALFPENNY exploração Embora se possa referir também ao modo como as pessoas usam os recursos naturais as situações políticas ou os argumen tos morais exploração é uma palavra aplica da com mais freqüência a relações entre pes soas ou grupos de pessoas nas quais um grupo ou indivíduo se encontra estruturalmente numa posição que lhe permite tirar vantagem de ou tros Exploração tem sempre alguma conotação de injustiça no entanto as escolas de pensamen to variam quanto ao que constitui uma van tagem injusta e sob que condições estruturais esta ocorre Para o marxismo exploração é uma relação entre classes Em qualquer sociedade em que nem todo o tempo de trabalho disponível é necessário para o provimento das necessidades diretas de consumo da população as classes se desenvolvem em torno da produção e do con trole do tempo de trabalho excedente Uma classe é explorada porque produz mais do que consome enquanto uma outra exploradora ou dominante mantém o seu poder através do controle desse produto excedente Os diferentes modos de produção e as classes dentro deles são definidos pelo modo específico como ocorre a exploração Assim para o marxismo explora ção é a relação básica de qualquer época his tórica em torno da qual as próprias classes são definidas ver MODO DE PRODUÇÃO Sob o capitalismo a exploração é ocultada pela liberdade e igualdade aparentes do proces so de troca no qual os trabalhadores vendem livremente sua capacidade de trabalho sua for ça de trabalho por um salário de valor equi valente Marx 1867 Não obstante os traba lhadores são explorados porque a jornada de trabalho é mais longa do que o necessário para produzir seus salários e o restante de seu dia é passado produzindo um excedente como lucro para o seu empregador capitalista Isso ocorre porque a liberdade de troca é uma faca de dois gumes uma vez que os trabalhadores não têm nenhum outro acesso aos meios de produção só podem escolher entre a liberdade de vender sua força de trabalho a algum empregador ou a liberdade de morrer de fome No entanto não é a relação de troca que é exploradora sob o capitalismo pois os trabalhadores recebem o valor de sua força de trabalho mas sim o fato de que tendo comprado essa força de trabalho os empregadores podem então utilizála para produzir mais do que têm de pagar por ela De Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar exploração 295 fato esse é o motivo para que sejam empre gados pois sem a exploração os empregadores não teriam lucros Assim para Marx a explora ção ocorre na produção e é a condição comum de todos os trabalhadores empregados por fir mas capitalistas Em contraste na ECONOMIA NEOCLÁSSICA a exploração só ocorre se os trabalhadores rece bem menos do seu empregador do que a sua produção de renda marginal o acréscimo mar ginal em lucros que o seu emprego torna pos sível Uma firma buscando maximizar os lucros empregará trabalhadores até o ponto em que o custo marginal de seu emprego iguale sua pro dução de renda marginal Uma firma enfrentan do um mercado de trabalho competitivo não poderá influenciar os níveis de salários por isso seu custo marginal para empregar um traba lhador extra será exatamente igual ao salário e a maximização do lucro implica simplesmente garantir que os trabalhadores produzam uma renda marginal igual ao seu salário A explora ção no sentido neoclássico é portanto uma impossibilidade para uma firma plenamente competitiva ver por exemplo Gravelle e Rees 1981 p382 No entanto uma firma com poder monopo lista de compra no mercado de trabalho será capaz de influenciar os níveis de salários seu nível de emprego maximizador dos lucros será portanto aquele no qual os trabalhadores são contratados por salários mais baixos do que a sua produção de renda marginal resultando em sua exploração Assim para a economia neo clássica exploração não é a situação comum de toda a classe operária mas uma característica específica de alguns trabalhadores tomados isola damente os que trabalham para firmas com poder monopolista de compra no mercado de trabalho Além disso em vez de ser uma característica das relações capitalistas de produção é um atributo de condições particulares de mercado Mais recentemente a escola do marxismo analítico tem utilizado alguns dos métodos da economia neoclássica para investigar um pouco mais as condições sob as quais pode ocorrer a exploração Roemer 1988 mostra que a ex ploração marxista é um resultado da dis tribuição desigual de recursos produtivos mais que das relações específicas de produção Para ele isso significa que o marxismo deveria en carar a desigualdade mais que a exploração como sua crítica básica do capitalismo Suas críticas ver por exemplo Lebowitz 1988 porém usam esse resultado em vez de demons trar como seus métodos não conseguem captar as diferenças essenciais entre as abordagens marxista e neoclássica que para a primeira a exploração depende de relações de produção e está intimamente ligada à existência das duas classes principais do capitalismo enquanto que para a outra é uma relação contingente entre indivíduos dependentes de condições especí ficas de mercado A exploração também tem sido usada em várias críticas sociais radicais para se referir às relações entre outros grupos na sociedade Por exemplo algumas feministas descrevem as re lações entre homens e mulheres como de ex ploração Pode ser que por analogia direta com o conceito marxista os maridos seus emprega dores ou até mesmo o sistema capitalista como um todo se beneficiem das mulheres que traba lham mais do que é necessário para prover o seu próprio consumo ou em sentido mais nebulo so as práticas sexuais ou reprodutivas podem ser encaradas como de exploração Leitura sugerida Braverman H 1974 Labor and Monopoly Capital the Degradation of Work in the Twentieth Century Lebowitz M 1988 Analytical Marxism Science and Society 522 Marglin SA 197475 What do bosses do The origins and function of hierarchy in capitalist production Review of Radi cal Political Economics 62 60112 71 2037 Marx K 1867 1976 O capital vol1 Roemer J 1988 Free to Lose an Introduction to Marxist Economic Philosophy SUSAN F HIMMELWEIT Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 110796 Letra E Produção Textos Formas Para Ed Zahar 296 exploração F fabianismo Ver SOCIALISMO FABIANO família Embora muitos historiadores e an tropólogos tenham chamado a atenção para a notável variação entre as formas de família outros têm buscado não obstante identificar as suas características universais Em 1949 o an tropólogo George Murdock arriscou uma defi nição assim universal baseada em sua análise de cerca de 500 sociedades e afirmou que a família era um grupo social caracterizado pela residência a cooperação econômica e a reprodução Ela inclui adultos de ambos os sexos pelo menos dois dos quais mantêm um relacionamento sexual socialmente aprovado e um ou mais filhos próprios ou adotivos dos adultos que coabitam sexualmente Murdock 1949 p1 Durante muitos anos a definição de Murdock foi a padrão citada em inúmeros manuais e ensaios eruditos aplaudida por ser aplicável tanto a países em desenvolvimento quanto ao Ocidente moderno Ironicamente essa definição já não pode mais ser aplicada com precisão sequer ao Ocidente Hoje em dia embora Murdock ainda seja amplamente citado existem novos indícios tanto sobre normas de família quanto formas de lares para contestálo com relação a cada critério que ele propôs Pelo menos desde os anos 60 em grande parte do Ocidente moderno e no mundo em desenvolvimento a forma de família de Murdock dá conta apenas de uma minoria dos lares A família alegam os críticos de Murdock em geral consiste em um único genitor o típico é que seja a mãe e filho ou adultos coabitando sem filhos Ver também DIVÓRCIO Ou os casais se privam voluntaria mente da paternidade em geral para buscar outros objetivos São conforme se costuma dizer sem filhos Não há dúvida de que tanto para mulheres quanto para homens e filhos a família continua a ser uma instituição baseada na dependência econômica Apesar da entrada mundial e sem precedentes de esposas na força de trabalho a maioria das mulheres continua a depender fi nanceiramente dos maridos A despeito da apa rente independência financeira dos maridos a maioria depende das esposas não apenas para o trabalho invisível e sem pagamento no lar mas também pela renda proporcionada pelo contracheque da esposa Apesar da crescente afirmação de independência dos filhos a maior parte deles ainda depende dos pais para a atual e a futura posição de classe uma vez que cada vez mais conseguem empregos em dois setores da economia que se encontram em expansão o de serviços e o informal e dividem sua renda em casa No entanto embora a divisão do traba lho ligue marido a mulher e filhos a pais as ideologias transformam e mistificam a relevân cia econômica desses intercâmbios moldando os em termos de amor e companheirismo Nessa ideologia a cooperação econômica tornouse voluntária e a divisão de trabalho trivializada Assim o adesivo econômico sobre o qual Mur dock escreveu parece estar em processo de dis solução Outros indicam que ao aplicar sua defini ção aplicamos uma ideologia claramente ten denciosa que não caracteriza nem a função das famílias modernas nem a sua estrutura Um grande corpo de pesquisa nos Estados Unidos e na GrãBretanha no final dos anos 50 e durante a década de 60 mostrou que até mesmo a classe média já vivia de forma atípica em famílias ampliadas e modificadas Litwak 1965 e não na família nuclear isolada que Talcott Parsons havia proposto Parsons e Bales 1955 Em todo o mundo indivíduos modernos de manei ra geral se mantêm em contato com parentes mesmo com os que vivem a alguma distância A moderna tecnologia proporcionalhes a opor tunidade de fazêlo Geralmente devido a suas 297 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar carreiras independentes algumas esposas seja nos Estados Unidos no Japão ou na China até passam boa parte de seu tempo em resi dências separadas em vez de dividirem um único lar Deixam de lado as reivindicações não apenas a uma família residencialmente intac ta mas também à proximidade geográfica de uma mesma comunidade e vizinhança Mesmo então contudo valemse das novas tecnologias que tornam possíveis novas defini ções e compreensões a respeito da família Côn juges geograficamente próximos já não são mais sine qua non para a vida em família Da mesma forma como os cônjuges de clas se média geograficamente afastados transfor mam as nossas noções de família também os pobres urbanos o fazem Tanto Liebow quanto Stack descrevem como negros pobres nos Es tados Unidos transformam amigos em paren tes fictícios pois se supõe que a família seja mais confiável do que a amizade ver também PARENTESCO Amigos tornamse parentes por que é possível contar com eles para a troca de dinheiro bens e serviços e não simplesmente de amor A partir de sua pesquisa etnográfica em uma grande cidade norteamericana Stack desenvolve uma nova definição de família Por fim defini família como a menor rede organi zada e durável de parentes e nãoparentes que inte ragem diariamente provendo as necessidades do mésticas dos filhos e garantindolhes a sobrevivên cia A rede familiar difundese por vários lares com base no parentesco Uma imposição arbitrária de definições amplamente aceitas sobre a família a família nuclear ou a família matrilocal bloqueia o caminho para se compreender como as pessoas em suas casas descrevem e organizam seu mundo Stack 1974 p31 Aqui família tornase uma rede local não um lar nem uma vizinhança Mais importante ainda a família tornase subjetiva é a unidade que permite a sobrevivência e que organiza o mundo da pessoa Gerstel e Gross 1987 No todo portanto os laços econômicos das famí lias negras pelo menos entre os pobres diferem dos das famílias brancas pelo menos entre a classe média Os homens negros desprivilegia dos são por quaisquer que sejam os motivos incapazes de proporcionar segurança econômi ca às mulheres Wilson 1988 No entanto isso não equivale a dizer que os laços econômicos entre as famílias negras desaparecem totalmen te Em vez disso reconstituemse em sentidos diferentes enfatizando parentescos ampliados e fictícios em vez de laços conjugais Esses padrões de ampliação dos laços familiares têm muito em comum com estratégias de sobrevi vência fora do Ocidente moderno Conforme Pine 1982 descobriu a respeito da área urbana de Gana os membros dos casais de baixa renda tendem muito mais do que as classes alta e média a viver separadamente em geral com parentes e a se envolver em relacionamentos recíprocos do diaadia com estes Conforme ela escreve sobre a África Ocidental Podese muito bem dizer que em muitas sociedades complexas com desenvolvimento econômico desi gual a família nuclear como unidade econômica e doméstica na qual os membros são interdependentes é uma alternativa viável ou pelo menos desejável basicamente para as classes média e alta Para as mulheres especialmente as que têm filhos um ho mem desempregado ou com emprego apenas es porádico pode ser muito mais um problema do que uma vantagem enquanto as parentes podem oferecer umas às outras ajuda mútua companheirismo e tra balho Em termos de família e parentesco é mais útil examinar as relações de parentesco mais amplas ente os povos urbanos do que se concentrar em variações de unidades conjugais ou na falta destas p401 Assim como indicou Rapp o debate a res peito do valor e do futuro da família baseiase em experiências que variam com raça e classe A feminista do Terceiro Mundo que defende a família e a feminista da classe média que é de opinião de que esta deveria ser abolida não estão falando sobre as mesmas famílias Rapp 1978 p278 É lógico que uma direita politicamente po derosa em muitas sociedades industriais avan çadas busca restaurar a hegemonia do casal heterossexual permanentemente unido pelo matrimônio no qual o marido é o principal ou melhor ainda o único ganhapão e cabeça da família a esposa é mãe e donadecasa ver também TRABALHO DOMÉSTICO e os filhos sempre há alguns estão sujeitos ao controle dos pais especialmente o paterno Mas o pro grama da direita é pouco mais que reativo nem representa a visão majoritária nem aborda as tendências estruturais predominantes e mun diais na vida da família A transformação de realidades empíricas e políticas porém não foi o único desafio ao conceito monolítico de família Igualmente im portante foi o fato de estudiosas feministas te Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 298 família rem contestado a crença de que qualquer ar ranjo familiar específico é natural biológico ou funcional de uma forma atemporal Thorne e Yalom 1982 p2 Mais importante ainda es tudos recentes apontam que a busca de uma família universal esconde mudanças histó ricas ao estabelecer uma ideologia da família que obscurece a diversidade e a realidade da experiência familiar em qualquer tempo e local particulares Por exemplo na América do Norte colonial a participação na família era definida em termos de contribuição produtiva e filiação ao lar As sim empregados que viviam e trabalhavam em uma casa mas não tinham parentesco de san gue eram em geral encarados e tratados como membros da família pelos com que eles divi diam esse lar Forneciam seu trabalho tal como aprendiam habilidades produtivas doutrinas religiosas e valores morais Eram membros da família porque partilhavam um lar e estavam sujeitos à autoridade do chefe desse lar não porque fossem tratados com proteção afeição ou amor Inversamente como indica um crítico recente já no final da Idade Média a língua alemã não tinha nenhuma palavra para designar os grupos particulares de pais e filhos que eram então compreendidos como família Mitterauer e Sieder 1982 Muitos estudiosos afirmam que as características definidoras da família mo derna no Ocidente com raízes no século XIX são totalmente diferentes essa família moderna é formada na base da afeição e do amor fun ciona em benefício da personalidade para for necer segurança psicológica e capacidade de lidar com tensões e seus cônjuges são compa nheiros da mesma forma que seus genitores especialmente as mães são protetores e se autosacrificam Mais ainda enquanto a família colonial um pouco comunitária era quase in distinguível da comunidade os estudiosos apontam que a família moderna se tornou cada vez mais privatizada silenciosa e reclusa As relações dentro da família tornamse mais ín timas e valorizadas na mesma medida em que as relações fora dela ficam mais remotas es pecializadas e tênues Conforme escreve um analista recente De fato tornouse cada vez mais claro que família e conceitos domésticos relacionados tais como os conhecemos são desenvolvimentos relativamente recentes Muitos dos aspectos característicos do dis curso familiar contemporâneo em particular as noções de privacidade e sentimentos eram antes dos últimos séculos ausentes do discurso de relações sociais primárias ou sem importância para ele Gu brum e Holstein 1990 p17 Alguns estudiosos respeitados chegam a in dicar que somente a partir do século XV é que podemos encontrar o surgimento de um novo conceito o conceito de família O arranjo es tava presente afirmou Ariès em seu trabalho pioneiro mas a família existia em silêncio não despertava sentimentos fortes o bastante para inspirar o poeta ou o artista Temos de reco nhecer a importância desse silêncio não se dava muito valor à família 1960 1962 p342 Dados esses novos significados muitos pre tendem hoje em dia o direito ao título de famí lia Gays e lésbicas por exemplo exigem que o Estado e a Igreja legitimem suas uniões por que eles também dividem esses laços emocio nais modernos Genitores solteiros afirmam que eles e seus filhos são família porque estão ligados não apenas pelo sangue porém mais importante ainda pela emoção Casais que co abitam com e sem filhos exigem os direitos do matrimônio porque partilham as emoções de cônjuges Ao mesmo tempo a retórica da direi ta utiliza os laços protetores e íntimos que pas samos a associar à família Mas esses grupos quer à esquerda ou à direita obscurecem as efetivas condições das famílias modernas Afirmam que família é uma questão de amor Enquanto o Ocidente moderno passou a en fatizar o significado emocional da família po demos ter mudado as condições que poderiam sustentar tal ênfase O próprio conceito a família portanto não pode captar a extensão e a diversidade de experiência que muitos hoje definem como sua A família na realidade muitas famílias diferentes veio para ficar A família é uma elaboração ideológica e social Quaisquer tentativas de definila como uma instituição delimitada com características uni versais em qualquer local ou tempo neces sariamente fracassarão Leitura sugerida Ariès Philippe 1960 Historie so ciale de lenfant et de la famille Gerstel Naomi e Gross Harriet orgs 1987 Families and Work Gu brum Jaber e Holstein James A 1990 What is Fami ly Litwak Eugene 1965 Extended family relations in an industrial society In Social Structure and the Family Generational Relations org por S Shanas e G Strieb Mitterauer Michael e Sieder Reinhard 1982 The European Family Murdock George 1967 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar família 299 Ethnografic Atlas Parsons T e Bales R 1955 Fami ly Socialization and Interaction Patterns Pine Fran ces 1982 Family structure and the division of labor female roles in urban Ghana In Introduction to the Sociology of Developing Societies org por Hamza Alavi e Teodor Shanin Rapp Rayna 1978 Family and class in contemporary America notes toward an understanding of ideology Science and Society 542 278300 Stack Carol 1974 All our Kin Thorne Barrie e Yalom Marilyn orgs 1982 Rethinking the Family Wilson W 1987 The Truly Disadvantaged NAOMI R GERSTEL fascismo Usado de maneira genérica fascis mo é uma palavra que designa um gênero sin gularmente multiforme de política moderna inspirado pela convicção de que um processo de renascimento nacional palingênese se tor nou essencial para pôr fim a um prolongado período de DECADÊNCIA social e cultural e ex pressandose ideologicamente em uma forma revolucionária de NACIONALISMO integral ul tranacionalismo Restrito a textos de divulga ção e a grupos de ativistas à margem da vida política antes da deflagração da Primeira Guer ra Mundial e depois do final da Segunda o fascismo proporcionou a base racional para as formações e partidos políticos de ultradireita que surgiram para combater o liberalismo o socialismo e o conservadorismo em pratica mente todos os países europeus entre 1918 e 1945 Registraramse movimentos fascistas de destaque na Áustria Bélgica GrãBretanha Finlândia França Alemanha Hungria Itália Romênia e Espanha bem como fora da Europa na África do Sul e no Brasil Embora alguns destes tenham temporariamente conseguido abrir caminho e se tornar núcleos de movimen tos populares ou desempenhar um papel em regimes colaboracionistas sob o NACIONALSO CIALISMO somente na Itália e na Alemanha con junções particulares de eventos permitiram que o fascismo tomasse o poder de forma autônoma através de uma combinação de legalidade e violência fazendo surgir o Estado Fascista de Mussolini 192543 e o Terceiro Reich de Hit ler 193345 Esses dois regimes exibiam os contrastes marcantes tanto na ideologia de superfície quanto no potencial para uma brutalidade im piedosa na busca de implementar suas políticas interna e externa que distinguem diferentes tipos de fascismo No entanto seu ímpeto de regenerar a nação inteira através de um redes pertar popular colocou ambos à parte generica mente dos muitos estados contemporâneos au toritários de ultradireita que embora adotando muitas das exterioridades da Itália e da Alema nha nazista se opunham essencialmente à revo lução social imaginada pelo fascismo pelo que são mais bem definidos como regimes fascis tóides ou parafascistas por exemplo a Áus tria socialcristã de Dolfuss ou o Estado Novo de Salazar em Portugal A dimensão anticon servadora do fascismo tornase particularmente obscurecida pela ampla conivência com elites de poder tradicionais como o exército a Igreja indústria que tanto o fascismo quanto o nazis mo foram forçados a exercitar por motivos pragmáticos ver Blinkhorn 1990 Da mesma forma o populismo autêntico e intrínseco a sua ideologia se perde facilmente de vista devido à extensa manipulação social implicando pro paganda intensa e terror de estado necessária na prática quanto à promessa de transformar em realidade a utopia de uma comunidade nacional homogênea e revitalizada Qualquer revolução fascista está destinada ao fracasso uma vez que é o exemplo mais notável de um movimento político moderno palingenético ou regenera cionista com um pequeno contingente natural buscando funcionar como o exclusivo sistema de verdade para toda uma sociedade pluralista Quando tal ideologia se torna a base de um regime leva inevitavelmente à desumanidade e ao TOTALITARISMO sistemáticos A definição de fascismo é inevitavelmente controvertida uma vez que se trata de um TIPO IDEAL que até agora tem resistido às tentativas dos acadêmicos de transformálo em categoria social científica a cujo respeito prevaleça um consenso viável comparar as definições em Bottomore 1983 Sternhell 1987 Wilkinson 1987 O que distingue a presente abordagem é que ela localiza o minimum fascista num mito central da nação renascida que se pode expres sar em um vasto âmbito de racionalizações e transformações Historicamente houve um alto nível de acordos entre diferentes fascismos quanto a que forças ameaçam o bemestar da nação a saber o marxismoleninismo o ma terialismo o internacionalismo o liberalismo e o individualismo porém houve também con siderável variação quanto a detectar que forças são apresentadas como remédio e ao grau de violência imperialista e racista proposta a fim de impôlo Sendo de inspiração ultranaciona Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 300 fascismo lista cada fascismo irá inevitavelmente beber na história e na cultura do país em que surge de forma a legitimar sua investida contra o status quo conforme exemplificado na visão nazista da Alemanha como um Terceiro Reich ariani zado ou na pretensão fascista de que a Itália estaria renovando sua herança romana No pas sado os fascismos incorporaram elementos do militarismo da tecnocracia do ruralismo do imperialismo do neoclassicismo da arte de vanguarda do sindicalismo do nacionalsocia lismo do neoromantismo do cristianismo po litizado do paganismo do ocultismo do racis mo biológico do ANTISEMITISMO do volun tarismo do DARWINISMO SOCIAL ou mais recen temente elementos da cultura alternativa por exemplo da New Age e do movimento verde Nos anos 80 houve uma convenção de neofascistas italianos em Camp Hobbit e um neofascista britânico apresentouse como can didato da Onda Verde Embora o caráter excessivamente eclético do fascismo torne arriscadas quaisquer genera lizações a respeito de seu conteúdo ideológico específico o teor geral de todas as suas manifes tações colocamno na tradição da revolta do fim do século XIX contra o liberalismo e o positi vismo o que o leva a atribuir uma ênfase muito forte à primazia do vitalismo e da ação sobre o intelecto e a teoria Em coerência com a com plexidade ideológica do fascismo a base social desses movimentos tomados isoladamente é altamente heterogênea e de forma alguma res trita às classes média baixa ou capitalista ver Mühlberger 1987 apesar de se pressupor per sistentemente o contrário O fascismo também se vale da tradição da Teoria das elites ver ELITES TEORIA DAS embora as autonomeadas vanguardas ativista e paramilitar de suas va riantes no período entre as duas grandes guerras estivessem convencidas de sua missão de revo lucionar a sociedade não apenas a partir de cima mas também a partir de baixo através de um movimento de massa capaz de transfor mar os pretensos caos e degeneração da socie dade moderna em uma COMUNIDADE nacional coordenada e saudável Desde a guerra praticamente todos os países ocidentalizados assistiram ao surgimento de grupos pequenos e em geral efêmeros que to mavam por modelo o nazismo ou o fascismo a fim de atrair a atenção pública para versões grosseiras do racismo e do chauvinismo no que se poderia chamar de fascismo mimético Talvez de forma ainda mais significativa sur giram inúmeros partidos que mesmo quando oficialmente dissociados do fascismo do perío do entre as duas guerras mundiais fazem cam panha por uma versão palingenética do ultrana cionalismo adaptado às condições do pósguer ra como por exemplo o MSI Movimento So ciale Italiano e os Republicanos Alemães Na França a Frente Nacional de Le Pen com seu sucesso espetacular tem alguns seguidores fas cistas mas sua plataforma oficial é uma per versão racista do liberalismo conservador mais do que um credo revolucionário Em termos do seu impacto direto sobre a corrente predomi nante da política talvez a formação fascista mais significativa dos anos 90 tenha sido a Afrikaner Weerstandsbeweging na África do Sul O período do pósguerra também testemu nhou o surgimento de novas bases nacionais para o ultranacionalismo palingenético Ente estas as mais influentes são a visão pósnietzs chiana de uma revolução conservadora pre gada por De Benoist em nome da Nova Direi ta francesa que não deve ser confundida com o neoliberalismo angloamericano e a fusão tradicionalista de pseudociência hinduísta e ocultista proposta por Jullius Evola e adotada por muitas correntes da Direita Radical ita liana ver Sheehan 1981 ambas as quais exer ceram influência sobre o neofascismo contem porâneo na GrãBretanha ver por exemplo o periódico Scorpion Uma característica de boa parte do neofascismo europeu é o tema de uma nova Europa construída por uma liga de nações regeneradas agindo como um bastião contra as duas superpotências decadentes a América do Norte e até 1990 a Rússia tema já explorado por alguns elementos do fascismo do entre guerras A tenacidade do nacionalismo nãoli beral mesmo nas democracias liberais mais estáveis ver Maoláin 1987 e exemplares atuais de Searchlight torna provável que o fas cismo e o neofascismo venham a ser um in grediente perene da política moderna e era de se esperar que depois do outono de 1989 mi núsculos movimentos neonazistas e neofascis tas viessem à tona em várias das novas demo cracias por exemplo o Pamyat na Rússia Não obstante a conjuntura de forças estruturais que permitiu ao fascismo e ao nazismo conquis tar poder de estado já não existe mais e está Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar fascismo 301 condenada a levar uma existência altamente marginalizada dentro de um futuro previsível ver Cheles 1991 Em termos da contribuição do fascismo ao pensamento social alguns de seus teóricos em especial na Alemanha Itália e França introdu ziram teorias relativamente elaboradas a res peito de temas como o conceito orgânico do estado o princípio da liderança economia cor porativismo estética direito educação tecno logia raça história moralidade e o papel da Igreja Embora todos negligenciem princípios metodológicos liberais e marxistas funda mentais oferecem importantes estudos conjun turais na aplicação do mito nacionalista irracio nal a discursos acadêmicos como uma con tribuição à legitimação e à normalização de políticas revolucionárias Quanto à luz que o pensamento social ortodoxo lança sobre o fas cismo o conceito durkheimiano de ANOMIA o conceito weberiano de política e liderança ca rismáticas a pesquisa em sociologia antro pologia social e psicologia social sobre a dinâ mica complexa das revoluções ditaduras pes soais movimentos de juventude e autoritaris mo tudo isso tem alguma relação com o fascis mo Da mesma forma os estudos que inves tigam a dimensão mítica do nacionalismo e o componente utópico em todas as ideologias revolucionárias sem confundilas com o mile narismo religioso Leitura sugerida Griffin RD 1991 The Nature of Fascism Laqueur W org 1979 Fascism a Readers Guide Mosse George L org 1979 International Fascism New Thoughts and Approaches Payne SG 1980 Fascism Comparison and Definition ROGER GRIFFIN favelas O deslocamento de pessoas para as cidades nas primeiras décadas da Revolução Industrial levou à criação de grande áreas ha bitacionais de construção inferior com falta de serviços essenciais e imensamente populosas Essas favelas contrastavam com os bairros das cidades préindustriais e com as aldeias rurais no fato de ricos e pobres serem rigorosamente segregados Como resultado as conotações pe jorativas do termo foram transpostas para os habitantes dessas favelas Eram retratados pelos mais ricos como pessoas que haviam rejeitado as normas e valores dominantes de sua socie dade em vez de haver lutado para preserválos Assim surgiu a distinção entre pobres dig nos e indignos estes últimos sendo cha mados também de pobres desonrosos Matza 1966 classes perigosas Chevalier 1973 e na literatura marxista lumpenproletariat En tre as características estereotípicas dos habitan tes das favelas incluíamse o rompimento da estrutura familiar e a falta de organização co munitária A conseqüente apatia levou a altos níveis de criminalidade e violência desestrutu rada As explicações desse comportamento têm variado das atribuições de fraqueza moral in dividual a ser corrigida por meio de educa ção eou punição até imperfeições na situa ção da sociedade a serem remediadas pela refor ma social Waxman 1977 A inevitabilidade da transmissão dessas características compor tamentais entre gerações foi popularizada no conceito de Lewis 1967 da subcultura da pobreza Ele afirmou que na maioria das con dições de POBREZA as crianças eram socializa das em tenra idade dentro dos valores de seus pais o conceito de ciclos de privação in dicava que a multidão de problemas interli gados que os muito pobres encaravam tornava sua fuga da pobreza quase que impossível Am bas as abordagens têm sido amplamente criti cadas ver Leacock 1970 Coffield et al 1980 Quando os bairros favelados do século XIX foram limpos e reconstruídos foram também substituídos por outras formas de habitação de baixo custo prédios de apartamentos e assim por diante que por sua vez foram rotulados com as mesmas características estigmatizantes Essa imagem da favela gerada pelo desen volvimento industrial ocidental do século XIX não se mostrou inteiramente adequada ao cres cimento do Terceiro Mundo na segunda metade do século XX Lá taxas de crescimento anuais de 10 se mostraram comuns devido tanto à migração maciça das áreas rurais quanto a uma elevada taxa de natalidade em conseqüência da juventude dos migrantes Alguns desses mi grantes encontram residência em imóveis dila pidados em áreas centrais das cidades outros em casas de cômodos construídas exatamente para esse fim Mas a oferta desse tipo de habita ção é de longe superada pela demanda a vasta maioria dos migrantes recentes viuse obrigada a construir suas próprias casas nas periferias das cidades Essas áreas chamadas de favelas ci dadessatélites ou toda uma multidão de expres Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 302 favelas sões de acordo com o local hoje abrigam me tade da população total de muitas cidades A população favelada tende a ser carac terizada pelos mais ricos de sua sociedade com os mesmos atributos pejorativos acima citados Estudos dessas áreas revelaram no entanto atributos muitos diversos e levaram à diferen ciação entre favelas de esperança e favelas de desespero Stokes 1962 Típicos das pri meiras são os imigrantes rurais que aspiram a uma vida melhor aderindo o mais possível aos valores sociais dominantes em geral envol vidos em vigorosa atividade comunitária em contraste encontramse as últimas lares dos que se encaram como em decadência social não tendo conseguido enfrentar os problemas da vida urbana e que demonstram as caracterís ticas de apatia associadas a essa forma de po breza extrema A equiparação de cidadessaté lites com favelas de esperança e de áreas cen trais das cidades com favelas de desespero não é necessariamente válida pois conforme Tur ner 1967 demonstrou para o caso de algumas cidades latinoamericanas o imigrante típico se estabelece primeiro em acomodações alugadas no interior das cidades a fim de estabelecer uma cabeçadeponte e em seguida consolida sua posição construindo sua própria habitação em uma cidadesatélite em desenvolvimento O contraste agudo entre a degradação da favela clássica e a orientação para o progresso encontrada na cidadesatélite é sem dúvida exa gerado Tal como há muitos habitantes da pri meira que não tinham os atributos associados de forma estereotipada à extrema pobreza as sim também existem muitos habitantes das ci dadessatélites que os possuem de fato As ex tremas variações no sucesso em encontrar em prego urbano contribuem para diferentes pa drões de vida e atitudes sociais Dentro da ci dadesatélite a diferenciação social resulta da comercialização do mercado habitacional na medida em que os primeiros residentes que tiveram sucesso se tornam pequenos senhorios com seus inquilinos então ficando incapazes de acumular economias suficientes para a cons trução de suas próprias casas As favelas não se tornaram os pontos de eclosão de inquietação civil conforme foi tão amplamente previsto no final dos anos 60 Mas as tensões que brotam da pobreza esta própria manifesta na habitação inferior certamente existem embora sejam freqüentemente diluí das pelo clientelismo político a organização comunitária e os laços de etnia tornando inade quado o rótulo da maioria dos pobres urbanos como desonrosos ou classes perigosas Ver também URBANISMO Leitura sugerida Chevalier L 1973 Labouring Classes and Dangerous Classes Lloyd P 1979 Slums of Hope Rutter M e Madge N 1976 Cycles of Disadvantage Waxman CI 1977 The Stigma of Poverty PETER LLOYD federalismo Esta palavra designa a divisão de poderes dentro de uma estrutura legal entre governos central e subsidiários e de tal forma que diferentemente do que acontece no caso da delegação o centro não pode mudar a divisão sem procedimentos especiais e difíceis Todos os pensadores políticos modernos enfrentam o dilema de que se um estado é forte demais virá a ameaçar as liberdades de seu povo mas se é fraco pode não ser capaz de ajudálo e protegê lo JeanJacques Rousseau 1762 afirmou que o poder soberano só podia ser exercido com justiça em um estado pequeno mas se for muito pequeno não virá a ser subjugado Não mostrarei em seguida como a força externa de um grande povo pode combinar com o governo livre e a boa ordem de um pequeno estado E uma nota de pé de página prometia uma con tinuação que ele nunca escreveu sobre o tema das confederações Esse tema é inteiramente novo e seus princípios ainda estão por ser es tabelecidos A constituição federal norteamericana de 1787 estabeleceu esses princípios expostos com clareza no polêmico arrazoado para a sua adoção The Federalist Papers Hamilton e Madison 17878 O governo federal era um novo governo central estabelecido sobre 13 estados existentes excolônias reais todos com constituição mas os poderes desse organismo central eram limitados por lei e sujeitos a revi são judicial Os tóris ingleses da época zom baram dessas propostas como inerentemente instáveis tão profundamente acreditavam que um estado soberano era essencial à ordem polí tica Mas o jovem Jeremy Bentham devolveu a ironia Vocês acham que os suíços não têm governo 1776 Os governos federais hoje em dia são co muns Até mesmo a constituição de Stalin pro clamava a União Soviética como uma federa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar federalismo 303 ção embora os elementos nacionais pareces sem apenas uma fachada Mas com a derrocada do poder comunista no final dos anos 80 reve louse uma realidade de poderes divididos E é preciso lembrar que as colônias americanas ha viam desfrutado de um grau considerável de autogestão antes da federação Não há exemplo no mundo de um estado unitário escolhendo transformarse em federação o federalismo al tamente bemsucedido da Alemanha Ocidental no pósguerra por exemplo foi imposto pela conquista Por trás desses diversos arranjos institucio nais encontramse diferenças profundas de teo ria política Pensadores modernos tão diversos quanto Lenin Sidney e Beatrice Webb bem como apologistas da soberania do Parlamento na GrãBretanha fazem fila atrás de Thomas Hobbes na crença de que sem um estado cen tral e soberano na melhor das hipóteses a ine ficácia irá grassar e na pior a guerra civil se torna latente Olhem o que aconteceu com a queda do poder soviético Mas outros contes tam o próprio conceito de soberania Para John Adams 1774 soberania é a própria tirania E pensadores pluralistas modernos afirmam que o próprio conceito de soberania é uma ilusão perigosa todos os poderes se apóiam em um consenso de algum tipo e têm diferentes limitações que se originam na sociologia na cultura e nas tradições das diferentes sociedades ver PLURALISMO O federalismo então se torna uma teoria geral de sociedades complexas e não simplesmente um conjunto escolhido de instituições Harold Laski certa vez disse que todo poder é federal 1925 Ver também REGIONALISMO Leitura sugerida Forsyth M 1989 Federalism and Nationalism King P 1982 Federalism and Federa tion Vile MJC 1967 Constitutionalism and the Se paration of Powers BERNARD CRICK feminismo O feminismo pode ser definido como a defesa de direitos iguais para mulheres e homens acompanhada do compromisso de melhorar a posição das mulheres na sociedade Ele pressupõe portanto uma condição básica de desigualdade seja esta concebida como do minação masculina patriarcado ver PATRIAR QUIA desigualdade de gênero ou os efeitos sociais da diferença sexual Em 1938 Virginia Woolf descreveu de forma provocadora a pala vra feminista como um termo vicioso e cor rupto que causou muitos males no seu tempo e hoje está obsoleto uma manifestação extre mada que ilustra as desavenças sobre política que ocorrem até mesmo entre os que apóiam a causa das mulheres Na GrãBretanha e nos Estados Unidos a tradição feminista mais antiga é a do feminismo democrático liberal dirigido à obtenção de direitos e oportunidades iguais para as mu lheres Os textos básicos dessa tradição são A Vindication of the Rights of Women de Mary Wollstonecraft publicado em 1792 e o ensaio de John Stuart Mill The Subjection of Woman de 1869 Uma útil discussão moderna sobre essa tradição pode ser encontrada em Phillips 1987 No século XIX boa parte desse trabalho se concentrou na remoção de barreiras educa cionais e profissionais e o ímpeto por trás dessas campanhas reformistas era em geral de forte militância O auge dessa militância por direitos iguais ocorreu com a luta violenta das sufragistas do início do século XX pelo direito de voto documentada no contexto britânico por Ray Strachey em The Cause 1928 Áreas mais recentes de contestação nos contextos norte americano e europeu têm sido os direitos de emprego o pagamento igual e a igualdade em termos de benefícios sociais impostos e assim por diante As sociedades ocidentais desde o final dos anos 60 têm testemunhado a ascensão e o declínio de movimentos feministas com um cunho mais radical propondo algum tipo de estremecimento político revolucionário da so ciedade mais que uma redistribuição de direi tos e recursos e insistindo em afirmar que a opressão das mulheres está enraizada em pro cessos psíquicos e culturais profundos e que os objetivos feministas a partir daí exigem uma mudança fundamental e não superficial Um foco particular dessas campanhas tem sido a luta pelo controle das mulheres sobre seus pró prios corpos especialmente na questão do direito da mulher de escolher a respeito do aborto e a rede de grupos e refúgios or ganizados para proteger as mulheres e seus filhos de homens violentos Embora a ascensão dessa chamada segunda onda do feminismo esteja em geral ligada à política que surge do movimento norteamericano pelos direitos ci vis nos anos 60 as raízes dessas idéias mais radicais encontramse mais obviamente em tra Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 304 feminismo dições políticas nativas da Europa socialismo utópico anarquismo libertarianismo marxis mo e assim por diante Outras importantes fon tes de idéias foram a obra de Frantz Fanon sobre a internalização do colonialismo e a abordagem da consciência política por Mao Tsétung Du rante os anos 80 e nos anos 90 esse tipo de feminismo voltado para uma ampla mudan ça cultural tem estado ativo em torno de questões que dizem respeito à masculinidade e à guerra por exemplo a campanha de paz em Greenham Common GrãBretanha contra ar mas nucleares assim como ao florescente ecofeminismo que liga as mulheres a uma preocupação particular com a preservação do planeta Entre os textos básicos dessa segunda onda feminista ocidental estão O segundo sexo 1949 de Simone de Beauvoir Three Guineas 1938 de Virginia Woolf Sexual Politics de Kate Millett A dialética do sexo de Shulamith Firestone e A mulher eunuco de Germaine Greer todos de 1970 No contexto britânico seria o caso de apresentar Hidden from History 1975 de Sheila Rowbotham e Women The Longest Revolution 1974 de Juliet Mitchell A segunda onda feminista ocidental tem co locado muitas questões em discussão e pode ajudar ao localizar seu contexto no pensamento social e político do século XX na abordagem de duas dessas questões 1 o separatismo feminista e 2 o relacionamento do feminismo com o pensamento e a política socialistas 1 As utopias feministas em geral têm des crito comunidades de mulheres onde as carac terísticas violentas militaristas hierárquicas e autoritárias atribuídas aos homens se encon tram graciosamente ausentes Essa corrente do pensamento feminista inclinase ao pessimis mo na questão de melhorar a brutalidade mas culina e aconselha o estabelecimento de comu nidades femininas e o fortalecimento dos laços das mulheres entre si Historicamente essa tra dição tendeu a implicar uma sentimentalização mais que uma erotização dos relacionamentos entre as mulheres Na segunda onda feminista a articulação política do lesbianismo como op ção tem sido marcante embora de forma al guma necessariamente separatista O Movi mento de Libertação das Mulheres ocidentais dos anos 70 e 80 em certos pontos ligouse a uma política liberacionista mais geral em torno da sexualidade particularmente na defesa dos direitos dos gays 2 A relação do feminismo com as idéias e com a política socialistas tem sido tema de muitas discussões ver Barrett 1988 Com a derrocada do bloco soviético e com o declínio do marxismo como força intelectual no Ociden te é provável que essa relação venha a se erodir Vale a pena observar que as sociedades que tentaram implementar uma transição para o socialismo conseguiram embora possam ter fracassado no geral atribuir um peso conside rável à emancipação das mulheres Daí por exemplo a reunificação da Alemanha em 1991 ter implicado uma perda de direitos e de recursos para as mulheres da antiga RDA Da mesma forma seria possível observar que os regimes socialistas de estado ofereceram às mu lheres oportunidades infinitamente superiores às de regimes inspirados por programas islâmi cos ou de outras religiões fundamentalistas É possível afirmar que o feminismo no Oci dente em suas formas tanto do século XIX quanto do século XX tendeu a oscilar entre fazer pressão pela igualdade e daí talvez por uma uniformidade de mulheres e homens androginia ou partir da posição de que mu lheres e homens são essencialmente diferen tes uns dos outros quer se compreenda isso biológica cultural ou socialmente e portanto forçar uma reavaliação da contribuição especí fica das mulheres Evidentemente que existe tensão no pensamento e na política feministas do Ocidente quanto a essa questão que tem surgido em muitos contextos específicos A le gislação protetora do século XIX proibindo que as mulheres fossem expostas a certas con dições de trabalho tais como o trabalho subter râneo em minas ou os turnos da noite pode por exemplo ser interpretada a partir de uma posição de diferença como proteção adequa da à reprodução da espécie ou de uma posição de igualdade como providência cínica des tinada a excluir as mulheres de posições van tajosas na força de trabalho Decisões quanto a lutar para repelir tal legislação ou deixála em vigor têm implicado assumir uma posição nesse debate sobre igualdade ou diferença Dilemas semelhantes surgem com respeito a provisões para a maternidade políticas de ação afirma tiva disposições para manutenção e custódia de filhos depois do divórcio para não mencionar questões mais polêmicas como a maternidade de aluguel ou as novas tecnologias de reprodu ção Os debates políticos sobre essas questões Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar feminismo 305 na GrãBretanha nos Estados Unidos e na Aus trália são discutidos em Bacchi 1990 De for ma mais profunda afirmouse Scott 1990 que a tradicional oposição binária entre igualdade e diferença é desqualificante e que o feminis mo contemporâneo deveria rejeitála em vez de continuar a trabalhar com ela A igualdade não precisa implicar a eliminação da diferença Os pressupostos teóricos característicos da segunda onda feminista ocidental de grande influência nos anos 70 abriram caminho hoje em dia a um conjunto de idéias mais dispersas e heterogêneas O que se poderia chamar de feminismo dos anos 70 presumia ser possível especificar uma causa da opressão das mu lheres embora muitas feministas divergissem quanto ao que poderia ser essa causa controle masculino sobre a fertilidade feminina neces sidade do capitalismo de uma força de trabalho dócil e assim por diante Nas taxonomias tão apreciadas nesse período havia vários pacotes de respostas feministas liberais socialis tas ou radicais a essas questões um exame em retrospecto permite ver que a diversidade dessas respostas acabou escondendo um eleva do grau de consenso quanto a quais eram as questões certas a serem colocadas Assumiuse também que todas as mulheres eram oprimidas ou subordinadas e que a dinâmica dessa opres são se encontrava nas estruturas sociais deter minantes Os argumentos enfatizando a impor tância da biologia da natureza dos hormônios ou da genética foram todos postos de lado confiantemente como biologismo enquanto se afirmavam as causas sociais e culturais das atitudes sexistas A diferença social e a especial relevância de ter e criar filhos para as vidas tanto de mulheres quanto de homens foram ampla mente ignoradas O rompimento desse consenso poderia ser atribuído a três fontes principais 1 a crítica ao feminismo ocidental por tentar universalizar a experiência de mulheres brancas em geral de classe média em países capitalistas avançados 2 a perda de confiança no modelo sociológico de GÊNERO implícito nessa abordagem e a con comitante reafirmação da diferença sexual como um importante fenômeno psíquico e cul tural e 3 a incorporação de idéias deses tabilizantes de proveniência pósestruturalista e pósmodernista 1 É importante observar aqui que as femi nistas negras lançaram uma crítica eloqüente ao fracasso do feminismo branco em se engajar nas questões do racismo e do etnocentrismo En quanto esse problema era imputado ao feminis mo ocidental afirmavase também que o cará ter conspícuo do feminismo ocidental havia ele próprio reduzido a consideração das lutas das mulheres em outros lugares do mundo ver MOVIMENTO DE MULHERES É evidentemente vá lido dizer que as prioridades políticas variam significativamente e que a agenda feminista é muito diferente em sociedades nãoocidentais As tentativas de feministas ocidentais de abor dar essas questões em um contexto comparativo por exemplo Sisterhood in Global 1984 de Robin Morgan foram compreensivelmente criti cadas por reproduzir essas diferenças de poder subjacentes 2 A diferença sexual passou a ser encarada como mais intransigente mas também mais positiva do que fora permitido no auge da segunda onda feminista a qual tendeu a fazer eco à visão de Beauvoir 1949 de que a femi nilidade era não apenas uma realização cul tural mas também uma redução ou distorção do potencial humano das mulheres Essa mu dança ficou marcada no crescente interesse pe las explorações psicanalíticas da diferença e da identidade sociais sendo um texto influente Psychoanalysis and Feminism 1975 de Juliet Mitchell e pela análise da maternidade maci çamente desenvolvida após a publicação em 1978 de The Reproduction of Mothering de Nancy Chodorow Um aspecto importante des se processo foi a reapropriação pelo feminismo da identidade da mulher e uma percepção de que o impulso para a androginia ou igual dade era apenas mais uma capitulação à norma masculina de negar a relevância de sexo e gê nero 3 A relação do pensamento feminista com as correntes teóricas do pósestruturalismo e do pósmodernismo é complexa e deve sêlo ne cessariamente se forem consideradas as raízes históricas do feminismo como doutrina liberal humanista Vários autores que abordaram esse tema Hekman 1990 Pollock 1992 Barrett 1992 concluem que o feminismo se localiza em ambos os lados da divisão modernida depósmodernidade ver MODERNISMO E PÓS MODERNISMO É assim difícil ligar o feminis mo como movimento político histórico de qualquer maneira óbvia a posições pósestru turalistas embora tenham sido muitas as ten Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 306 feminismo tativas nesse sentido por exemplo Weedom 1987 Riley 1988 examina as implicações problemáticas para o feminismo de uma des construção pósestruturalista da categoria de mulher A teoria feminista na Europa Amé rica do Norte e Austrália enfatiza atualmente as implicações das idéias pósestruturalistas para a conceitualização de qualquer projeto feminis ta e daí as possibilidades de uma política fe minista Uma questão final pode ser apresentada com respeito à idéia de pósfeminismo que des fruta atualmente de alguma popularidade no Ocidente Muitos jovens em sociedades ociden tais avançadas parecem ter uma visão mais progressista e aberta das escolhas de vida dis poníveis às mulheres do que a geração de seus pais e em certa medida isso pode ser cor retamente atribuído ao trabalho do movimento feminista ativo dos anos 70 e 80 Não obstante a idéia de que o feminismo é hoje obsoleto e de que predomina uma cultura de escolha pós feminista simplesmente não é corroborada por nenhuma investigação sociológica ou política de desigualdade de gênero e poder nas socie dades contemporâneas Leitura sugerida Bacchi Carol Lee 1990 Same Di fference Feminism and Sexual Difference Barrett M e Phillips A org 1992 Destabilizing Theory Contem porary Feminist Debates Beauvoir Simone de 1949 Le deuxième sexe Hirsh M e Keller Evelyn Fox orgs 1990 Conflicts in Feminism Millett Kate 1970 Sexual Politics Morgan Robin 1984 Sisterhood is Global the International Womens Movement An thology Phillips Anne org 1987 Women and Equa lity Rowbotham Sheila 1973 Hidden from History Woolf Virginia 1938 Three Guineas MICHÈLE BARRETT fenomenologia Em filosofia tratase a da pura descrição dos fenômenos da experiência humana tal como se apresentam em direta con sideração independente da história da particu laridade da causalidade e do contexto social dessas experiências e b do movimento filo sófico europeu do século XX associado em particular a Edmund Husserl 18591938 de fendendo esse método de investigação em vá rias formas Em segundo lugar em sociologia e em particular com inspiração nos textos de fenomenologia social de Alfred Schutz 1899 1959 é o estudo dos modos como as pessoas vivenciam diretamente o COTIDIANO e imbuem de significado as suas atividades Em terceiro lugar na psicologia da percepção é uma escola influenciada pelo filósofo Maurice Merleau Ponty 19081961 a qual afirma que o corpo e o comportamento são portadores imediatos e prélingüísticos de significado na experiência Shapiro 1985 ver PSICOLOGIA Este verbete concentrase na fenomenologia em filosofia e sociologia A fenomenologia é um ramo abstrato rigo roso e especializado da filosofia com várias escolas e tradições nacionais No entanto não é incorreto dizer em oposição ao REALISMO cien tífico que todos os fenomenólogos têm dado prioridade à descrição da experiência de vida Erlebnis no mundo da vida humana cotidiana Lebenswelt Os membros do movimento in fluenciados pelo EXISTENCIALISMO como Jean Paul Sartre ou Maurice MerleauPonty en fatizaram mais a experiência de sujeitos huma nos localizados concretos vivendo juntos en quanto os que estavam na tradição do raciona lismo cartesiano como Husserl partiram da experiência do Ego individual e tentaram des cobrir os fundamentos essenciais do conheci mento As pesquisas fenomenológicas em geral não têm a intenção de produzir afirmações fac tuais mas sim reflexões filosóficas nãoem píricas ou transcendentais sobre conheci mento e percepção e sobre atividades humanas como a ciência e a cultura Husserl visava es tabelecer nada menos que a pura VERDADE in dependente de tempo lugar cultura ou psi cologia individual Não estava interessado na percepção de objetos particulares concretos mas sim no percebido como tal que ele cha mou de noema Para chegar a tais essências abstratas dos objetos Husserl defendeu um pro cedimento que chamou de redução transcen dental ou epoché por meio do qual as ques tões de ONTOLOGIA eram mantidas em estado de suspensão Através de uma mudança de atitude a crença no mundo efetivo da existência huma na em qualquer sociedade comunidade ou pe ríodo histórico foi suspensa ou posta entre colchetes Colocandose assim os objetos so ciais ou naturais concretos e individuais entre colchetes era possível acreditava ele variar muitos exemplos de coisas para descobrir os aspectos essenciais que qualquer coisa dada deve possuir a fim de ser reconhecida como um exemplo dessa coisa Em fenomenologia esse Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar fenomenologia 307 método é conhecido como a abordagem eidéti ca Husserl Ideas 1931 A doutrina da intencionalidade é importante em Husserl e na fenomenologia em geral e deriva de Franz Brentano professor de Husserl A característica mais fundamental da consciên cia é tida como sendo o fato de ela ser sempre consciência de alguma coisa Independente do status existencial do objeto em questão a cons ciência é dirigida Os indivíduos destacam entidades em sua experiência para a sua atenção e assim as constituem em objetos Mas do fato de um ato consciente ser dirigido a alguma coisa não se pode inferir que essa coisa exista Para Husserl todo ato é dirigido porque mesmo que não tenha um objeto óbvio será dirigido a um noema Durante o procedimento artificial da epoché atos intencionais como esperança expectativa ou temor tornamse importantes para se estabelecer a essência da percepção como tal Husserl Cartesian Meditations 1931 Husserl seguindo esse raciocínio e usando o método da epoché esperava demonstrar que era possível atingir uma esfera de consciência purificada ou subjetividade transcendental tida como sendo uma esfera autosuficiente de experiência fora do tempo e do espaço O mé todo produziria verdades nãoempíricas apodí ticas a priori que seriam universalmente váli das e livres de pressupostos Estas proporciona riam um sólido baluarte contra a dúvida céptica o historicismo o relativismo e o irracionalismo político A esse respeito a fenomenologia era também uma WELTANSCHAUUNG humanista cu ja natureza Husserl explicitou em sua última obra The Crisis of European Sciences and Transcendental Phenomenology 1937 A fenomenologia social de Alfred Schutz deixa de lado o projeto de uma filosofia sem pressupostos e evita o resultante problema hus serliano de como o Ego transcendental que ele foi forçado a postular para evitar o idealismo subjetivo se constitui no Ego empírico in dividual Schutz pressupõe de saída que as pes soas se defrontam umas com as outras em um Lebenswelt já constituído significativo e inter subjetivo que é a realidade suprema para os seres humanos e defende o estudo dos modos como as pessoas vivenciam esse Lebenswelt cotidiano A característica postura de senso co mum que as pessoas assumem nessa esfera é chamada por Schutz de atitude natural A existência de outros é dada como certa na vida cotidiana uma vez que assumimos uma reci procidade de perspectivas O conceito de si multaneidade descreve a idéia de que nossa experiência do Outro ocorre no mesmo presente em que o Outro está tendo a experiência de nós As pessoas orientamse usando tipificações tais como concorrente comercial norteameri cano tipo jovial através das quais se efetua uma interação significativa Schutz 1932 Schutz participava da crença humanística de Husserl que ele havia estabelecido em Crisis no primado do Lebenswelt como ponto de refe rência extremo e base de significado para toda a experiência bem como para as teorias cien tíficas que os seres humanos constroem Al tamente influente para a ETNOMETODOLOGIA e a metodologia sociológica foi a insistência de Schutz de acordo com aquele princípio em evitar a REIFICAÇÃO os constructos de segunda ordem criados em ciência social deveriam ba searse nos de primeira ordem já em uso no Lebenswelt cotidiano A ciência social como um contexto de significado só era possível e humanamente legítima se efetuasse uma tradu ção de ida e volta entre si própria e o cabedal de conhecimento disponível e em uso nos contextos de significado do Lebenswelt Uma versão dessa idéia aparece como a dupla her menêutica nos influentes textos de teoria so ciológica de Anthony Giddens 1976 ver HERMENÊUTICA Schutz disse que se deviam observar ações e eventos significativos típicos e coordenálos com modelos construídos de agentes típicos ou homunculi Em ciência social era assim possível construir como todas as ciências o fazem sistemas conceituais analí ticos nesse caso de ação social de anonimi dade máxima mas baseados em experiências reais e por meio do diálogo de ida e volta mantendo laços com a singularidade dos in divíduos comuns A controvérsia continua dentro e em torno da fenomenologia Dois focos recorrentes de debate são os seguintes 1 Problemas que surgem do status trans cendental das reflexões fenomenológi cas Nas versões sociológicas existe uma relação ambígua entre as categorias transcendentais e o mundo real descrito pela ciência social empírica Essa relação é sempre o calcanhardeaquiles de qual quer pesquisa transcendentalmente in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 308 fenomenologia formada incluindo a fenomenologia Kilminster 1989 Ver NEOKANTISMO Rigorosamente falando Schutz estava delineando apenas as precondições para a pesquisa na ciência social humanista e não tentando uma descrição empírica de qualquer sociedade nem fornecendo con ceitos para uso direto em pesquisa social Conforme as palavras de Thomas Lu ckmann 1983 pviiiix a fenomenolo gia social é uma protosociologia que revela as estruturas universais e inva riáveis da existência humana em todos os tempos e lugares Mas essa pretensão à universalidade baseada como era unica mente no raciocínio filosófico sempre foi contestável De onde deriva o catálo go abstrato de estruturas básicas do Le benswelt Que evidência empírica se é que existe poderia mudálas Estarão sendo subrepticiamente introduzidos valores e preconceitos a respeito da na tureza humana Além do mais a natureza esclarecedora a priori do empreendimento que os fenomenólo gos haviam reunido para si próprios significava que como eles mesmos reconheceram não eram competentes para fazer quaisquer afirma ções concretas sistemáticas a respeito das ur gentes questões de poder e dominação social em sociedades específicas Tal tarefa científico social estava fora de sua esfera Sua principal pretensão à fama portanto tornouse a crítica humanista do objetivismo e do POSITIVISMO on de estes existiam na corrente dominante da ciência social Uma vez que os sociólogos ab sorveram esse corretivo a fenomenologia foi gradualmente perdendo o seu apelo 2 O foco egológico da fenomenologia teve importantes repercussões para as variantes tanto social quanto filosófica Esse molde individualista é óbvio em Husserl mas também fica claro na visão que Schutz tem da sociedade como con sistindo em círculos concêntricos em tor no de si próprio Com referência a Nós cujo centro sou eu outros se destacam como Você e com referência a Você que se refere de volta a mim terceiros se destacam como Eles Meu mundo social com os alter egos nele incluídos está arrumado em torno de mim como centro em associados Unwelt contemporâneos Mitwelt predecessores Vorwelt e sucessores Fol gewelt com o que eu e minhas diferentes atitudes para com outros instituímos esses relacionamentos múltiplos Tudo isso é feito em variados graus de intimidade e anonimidade Schutz 1940 p181 Esse ponto de partida nominalista para a ciência social tem sido alvo de consideráveis críticas em sociologia de Karl Marx e Emile Durkheim em diante e recentemente de forma notável no trabalho teórico e empírico de Nor bert Elias em que foi encarado como uma forma inaceitável de monadologia Elias 1978 e 1991 O mesmo egoísmo significou que as versões filosóficas particularmente a de Husserl sem pre foram assoladas pelo fantasma do solipcis mo Sua solução a autoexperiência univer sal do ego transcendental foi atacada pelos fenomenólogos existenciais Sartre 19367 MerleauPonty 1945 Estes tentaram evitar tal perigo mudando a ênfase para a ontologia Cria ram conceitos como o estarnomundo da humanidade para tentar descrever a união pré teórica das pessoas em sociedade O movi mento antisubjetivista e antihumanista do ESTRUTURALISMO no pensamento social euro peu nos anos 50 e 60 foi também em parte uma reação às formas mais individualistas de fenomenologia Em fenomenologia o sujeito individual ou Ego empírico sempre teve um status analítico embora explicitamente se assumisse ser ele um indivíduo adulto A referência ao desenvolvi mento desse indivíduo era feita de maneira formal por exemplo na distinção de Husserl entre gênese ativa e passiva do Ego Car tesian Meditations 1931 seção 38 Em suas primeiras obras Schutz descreveu explicita mente o agente individual tido em suas análises como o adulto plenamente consciente Essa suposição estatística é corrigida em sua obra póstuma The Structures of the Lifeworld Schutz e Luckmann 1974 que contribuiu para desenvolver o que ficou conhecido como fenomenologia genética Nessa obra foi ple namente reconhecido o fato de os adultos terem sido crianças que aprenderam a partir de uma cultura preexistente através da socialização Es se ponto de vista pode ser encontrado de forma sofisticada na influente obra de metateoria de Berger e Luckmann intitulada The Social Cons truction of Reality 1961 No entanto de acor do com o caráter transcendental da análise fe nomenológica em geral a gênese é inevitavel Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar fenomenologia 309 mente tratada aqui também de modo formal abstrato como parte de uma estrutura universal de orientação subjetiva para as ciências sociais com o mundo de gênese real empírica coloca do entre colchetes Os sociólogos têm chamado a atenção para o fato de a fenomenologia ser um produto proe minente do egocentrismo da filosofia européia tradicional de Descartes a Kant e Husserl Essa tendência foi convincentemente explicada pelo desenvolvimento de complexos estadosnações ocidentais com paz interna Pode ser vista co mo expressão da autoexperiência do indivíduo moderno eminentemente autocontrolado ca racterístico dessas sociedades Elias 1939 A direção predominante que surge nas pesquisas contemporâneas da sociologia da individua lidade afastase do transcendental rumo às in vestigações empíricas de forma simultânea nas duas frentes do que Norbert Elias chamou de psicogênese e sociogênese Burkitt 1991 Leitura sugerida Elliston Frederick e McCormick Peter orgs 1977 Husserl Expositions e Appraisals Hammond Michael Howard Jane e Keat Russell 1991 Understanding Phenomenology Landgrebe Ludwing 1966 Major Problems in Contemporary Eu ropean Philosophy from Dilthey to Heidegger Lu ckmann T org 1978 Phenomenology and Sociology Natanson Maurice org 1970 Phenomenology and Social Reality Essays in Memory of Alfred Schutz Pivcevic Edo 1970 Husserl and Phenomenology Spiegelberg Herbert 1970 The Phenomenological Movement 2 vols 3ªed rev e amp Thomason Burke C 1982 Making Sense of Reification Alfred Schutz and Constructivist Theory RICHARD KILMINSTER fetiche Ver MERCADORIA FETICHISMO DA feudalismo O interesse moderno por esse an tigo sistema de organização social não ocorre apenas por si próprio A combinação de in dividualismo e hierarquia encontrada no feuda lismo europeu foi fonte da liberdade política do capitalismo e da ciência todos os três basea dos na competição seja de governantes recur sos ou idéias Duas condições da competição a ausência de capacidade coerciva central e a independência dos participantes fornecem cha ves para o contexto e o conteúdo do feudalismo Podemos encontrar governos nãocentrali zados ao longo de toda a história na antiga Mesopotâmia durante o período cassita no Egito durante o Médio Império em Bizâncio entre os séculos X e XII na China durante as dinastias Xu Han tardia e Tang tardia no Japão entre os séculos IX e XVIII e muitos mais No decorrer do tempo a autoridade governamental foi fragmentada entre jurisdições locais com mais freqüência e durante períodos mais longos do que foi centralizada Somente na Europa medieval porém é que uma economia e uma sociedade nãocentralizadas geram elementos competitivos suficientemente fortes para sobre viverem à recentralização Foi nessa Europa que surgiu durante o sé culo X dC um sistema eclético de governo e organização econômica em grande parte a par tir da necessidade mútua de defesa contra in vasores da Escandinávia Sob o feudalismo eu ropeu o coletivismo subordinação do interesse individual ao interesse do grupo associado a antigas formações políticas hierárquicas com binouse com rudimentos de individualismo político oriundos das relações entre os líderes tribais germânicos e seus seguidores entre os séculos VI e IX Por volta do século VI dC quando todos os vestígios da administração imperial romana do Ocidente haviam desaparecido no Norte da Eu ropa um governo limitado como o que ainda existia se tornou privatizado A defesa comum e a manutenção da lei e da ordem cabiam aos bispos locais e aos proprietários de terras que eram descendentes de invasores germânicos Os guerreiros vassalos das forças de defesa dos chefes locais prestavam serviço voluntário em troca apenas da camaradagem diária e da subsistência perpétua na casa de seus senhores Os fracos reis merovíngios e carolíngios des cendentes desses chefes recompensavam seus vassalos com extensas doações de terras em troca de 40 dias de serviço armado por ano e com a situação instável que se seguiu às in vasões do século IX a vassalagem adquiriu função política Uma relação entre quase iguais fruto da obrigação mútua evoluiu para uma hierarquia adaptada às necessidades de governo e defesa militar locais No vácuo criado pela queda da monarquia carolíngia no século IX cada vassalo assumiu autoridade para governar todos os que viviam em seu feudo Ele exercia a justiça recolhia impostos construía estradas e pontes e mobili zava um exército particular formado entre os residentes Podia exigir trabalho dos campo neses e tinha direito a todo o produto agrícola Assim praticamente sem distinção entre auto Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 310 fetiche ridade particular e pública a administração dos serviços e instalações públicos tornouse in diferençável da administração da propriedade feudal privada Por mais independente que cada vassalo pudesse ter sido de fato a obrigação tradicional de fornecer forças de defesa sustentou os laços simbólicos com o doador das terras Por volta do século X quando os títulos de propriedade o poder político e o status social correspondente à escala de posses podiam ser herdados as mútuas obrigações defensivas de sucessivas ge rações de proprietários de terras foram sendo formalizadas em um contrato feudal Os her deiros dos feudos maiores ficavam perto do ápice da pirâmide social superiores em uma nobreza feudal emergente Em uma cerimônia conduzida pela Igreja o vassalo jurava fidelidade ao seu senhor prome tendo fornecer cavaleiros armados para uma força de defesa em tempo de guerra e guardar o castelo do senhor em tempo de paz O senhor por sua vez resolveria as disputas entre os vassalos e forneceria ajuda militar caso as terras de um vassalo fossem atacadas Para cumprir sua obrigação de fornecer cavaleiros armados um vassalo de amplas posses as dividia en tregando o uso da terra a associados de posição inferior e estes por sua vez subdividiam ainda mais suas propriedades até que depois de uma sucessão de partilhas a propriedade menor per tencia a um cavaleiro Com a subenfeudação como esse processo é hoje chamado cada nível da hierarquia jurava fidelidade prometendo fornecer cavaleiros armados ao suserano dire tamente acima dele até que nos níveis mais elevados os principais vassalos deviam direitos feudais à coroa A subenfeudação estabilizou o relaciona mento feudal um vassalo principal hesitaria em violar seu contrato feudal com o rei pois suas ações serviriam de exemplo desfavorável aos homens que lhe deviam serviço feudal A lei consuetudinária feudal então emergen te estabilizou ainda mais as relações hierárqui cas protegendo os direitos dos senhores nas transferências entre gerações A regra da primo genitura a herança para o filho mais velho garantia que terra títulos e posição na socie dade feudal passassem intactos aos herdeiros Se o herdeiro do vassalo era incompetente o poder de reversão do senhor feudal permitialhe confiscar um feudo e redistribuílo Através do exercício do poder de tutelagem quando uma criança herdava um feudo um senhor podia exercer o controle até que a criança tivesse idade suficiente para fazer o juramento de fide lidade O senhor tinha o direito de aprovar o novo casamento de uma viúva e de aprovar os noivos para as filhas de seus vassalos Final mente o poder em aberto delegado permitia a um doador retomar um feudo caso seu detentor não conseguisse atender suas exigências Tal vez esses poderes indicassem meios pelos quais os vassalos tentavam fugir às suas obrigações O poder individual sob o feudalismo era limitado em dois aspectos importantes Ne nhum notável local em exercício do governo poderia controlar todos ou a maioria dos outros assim como nenhum senhor isolado poderia manter sua autoridade sem os recursos for necidos pelos subordinados cada um dos quais governava independentemente sua terra dentro do domínio mais amplo do suserano Embora as relações hierárquicas sociais e econômicas persistissem dentro de cada domí nio individual onde a terra podia ser trabalhada por escravos e arrendatários vinculados ser vos completamente dependentes do senhor das terras para a sobrevivência umas poucas famílias camponesas em especial no continen te possuíam terras em propriedade livre e alo dial e estavam isentas dos deveres feudais Por volta do século XII com o desaparecimento da escravidão e a compra da liberdade pelos ser vos que se mudavam para as cidades as regras da hierarquia passaram a controlar áreas cada vez mais reduzidas da vida Não existiu nenhuma autoridade temporal forte ao longo da Idade Média os monarcas feudais do medievo tardio governavam reinos descentralizados No final da Idade Média po rém elementos de interdependência permea vam as relações entre os senhores feudais À medida que coalizões entre quase iguais se formavam eram dissolvidas e depois reinicia das para se obterem vantagens mútuas o pro cesso de barganha que passou a se desenrolar enfraqueceu o coletivismo A barganha em que a autoregulamentação substituía a autoridade é característica do individualismo comumente associado ao capitalismo Lentamente à medida que senhores feudais fracos assumiram a autoridade dos notáveis locais de ministrar a justiça e administrar a defesa foise negociando uma combinação viá Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar feudalismo 311 vel de individualismo e coletivismo A hierar quia acabou dominando a formação política No entanto sua estrutura formal coexistia com elementos de individualismo e no decorrer do tempo esses elementos foram se tornando cada vez mais fortes Ver também ESTADO Leitura sugerida Bloch Marc 1940 La societé féo dale Ο 1974 The rise of dependent cultivation and seignorial institutions In Cambridge Economic His tory of Europe vol1 cap4 Duby Georges 1973 Guerriers et paysans essai sur la première croissance économique de lEurope Lyon Bruce 1972 The Ori gins of the Middle Ages Pirennes Challenge to Gibbon Stephenson Carl 1969 Medieval Feudalism caps 1 2 e 5 Strayer Joseph R 1971 The two levels of feudalism In Medieval Statecraft and the Perspectives of History Webber Carolyn e Wildavsky Aaron 1986 Finance in private governments of medieval Europe poor kings In A History of Taxation and Expenditure in the Western World CAROLYN WEBBER E AARON WILDAVSKY filosofia No século XIX foi impossível para o pensamento filosófico do fin de siècle evitar as conseqüências do desenvolvimento da ciên cia moderna As reações de Nietzsche dos neo kantianos naturalistas e evolucionistas mar xistas pragmatistas e idealistas cada qual a seu modo obtiveram sucessos desiguais Os menos bemsucedidos foram os idealistas cujos esfor ços para compreender o mundo como cons tituído por um sistema de idéias já não eram mais convincentes Na Alemanha o hegelianismo já havia sido superado Não tanto nos Estados Unidos e na GrãBretanha Nos Estados Unidos Josiah Royce e na GrãBretanha TH Green FH Bradley e Bernard Bosanquet estavam propor cionando fortes bases metafísicas para o cris tianismo liberal Embora variedades de idealis mo personalista promovidas pelo norteame ricano GH Howinson e pelos filósofos de Cambridge JE Mctaggart e James Ward rejei tassem o absolutismo como oriental todos esses filósofos idealistas tinham em comum a rejeição aos compromissos empiristas com o nominalismo o atomismo e as relações exter nas a idéia de que as coisas conservam suas identidades independentemente das rela ções em que se encontram Pelo menos desde Parmênides os filósofos têmse confrontado com o duplo problema da relação entre o um e o múltiplo e entre pen samento e realidade Bradley 18461924 ca racteristicamente tentou uma solução que co meçava com a experiência imediata e afir mava que todos os julgamentos incluindo os da ciência são cheios de contradições Para Bra dley o pensamento só pode ser verdadeiro quando o intelecto se encontra plenamente satisfeito e este não pode estar plenamente satisfeito enquanto o pensamento contiver con tradições Conforme escreve John Passmore 1957 Em parte alguma a não ser no Abso luto essa autoconsistência pode ser encon trada Para os idealistas o mundo em sua infinita complexidade era em última análise uma unidade O idealismo praticamente desapareceu com a Primeira Guerra Mundial De fato todas as elaborações de maior sucesso no século XX incluindo o marxismo a ele se opunham Na América do Norte o PRAGMATISMO e uma série de realismos os novos realismos por exemplo de EB Holt e RB Perry Holt 1912 e os realismos críticos de AO Lovejoy e RW Sellers Drake 1920 eram reações diretas ao idealismo O mesmo acontecia na GrãBretanha com as figuras predominantes de Bertrand Russell e GE Moore Na Alemanha e na Áustria a FENOMENOLOGIA de Husserl a filosofia da existência de Heidegger e o POSITI VISMO de Viena também movimentos de imen so sucesso foram esforços para superar o im passe do final do século XIX entre idealistas e realistas Em resposta aos ataques materialistas ao socialismo científico Engels tentou um tan to tardiamente fornecer uma filosofia da ciên cia para o marxismo Seguindoo o livro Ma terialismo e empíriocriticismo 1908 de Le nin tornouse a fonte do que se transformaria com Stalin no MATERIALISMO DIALÉTICO a filo sofia oficial do marxismo O chamado mar xismo ocidental a cujo respeito mais se dirá em seguida seria uma reação recente a isso O pragmatismo não era uma coisa única Os textos de Charles S Peirce William James Georges Herbert Mead e John Dewey talvez sejam tão diferentes quanto semelhantes Todos são corretamente pragmatistas na aceitação da crítica de Kant à metafísica mas também na rejeição de seu móvel transcendental Peirce 18291914 chegou mais próximo do realismo tradicional Havia um mundo externo de existência independente que era Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 312 filosofia não apenas dotado de leis próprias mas também inteligível Peirce 1877 reagiu à inquietação cartesiana afirmando que o problema era en contrar o modo preferido de estabelecer a cren ça na comunidade Este era claro o método científico preferido porque como público e falível somente ele era autocorrigível A famosa máxima pragmática de Peirce 1878 de que nossa concepção dos efeitos prá ticos de uma idéia dá a ela todo o seu significado foi mal utilizada por posteriores teorias verifi cacionistas do significado Sua obra sobre se miótica e lógica continua atual especialmente considerandose que proporciona uma alter nativa radical aos pontos de vista predominan tes de FregeRussell O pragmatismo de James 18421910 tinha a intenção de colher benefícios tanto dos idea listas quanto dos realistas a fim de incluir não apenas fatos e princípios mas ciência e religião Para conseguir isso James desmiti ficou ambas Ciência e religião brotam do sen timento de racionalidade 1878 e ambas vi sam relações ideais e interiores que não po dem em nenhum sentido inteligível que seja ser reproduções da ordem da experiência exter na A definição de James para verdade 1908 escandalizou os epistemólogos uma vez que parecia conceder que uma condição suficiente para verdade era que uma crença fosse útil De forma semelhante seu empirismo radical caiu nas graças de defensores de pontos de vista mais recentes amplamente opostos Por um la do magnífico autor de obras em prosa James tinha pouco interesse tanto em problemas filo sóficos estritamente concebidos quanto em atender aos padrões da recente filosofia técnica Sua característica principal era insistir em que o mundo é plural relacional e em produção De acordo com isso as crenças só têm valor como afirmações da verdade na medida em que atendam a necessidades carências objetivos e interesses específicos O instrumentalismo de Dewey era um naturalismo que implicava dessencializar Aris tóteles e ignorar a epistemologia tradicional em favor de uma franca admissão do método cien tífico Mas embora Dewey 18591952 mos trassese confortavelmente abstrato a respeito do que isso significava ele não era científico Ao contrário buscou humanizar a ciência e trazer seus métodos para as questões cotidianas incluindo uma política democrática Uma vez que a democracia era a própria idéia de comu nidade e comunidade exige que relaciona mentos face a face tenham conseqüências que geram uma comunidade de interesses uma par ticipação nos mesmos valores 1927 o pro blema da democracia era precisamente estabe lecer as condições em que é possível identificar conseqüências e estabelecer valores conjunta mente Superar uma série de dualismos corpo e mente experiência e natureza e muito impor tante fato e valor era crucial para o projeto de Dewey No seu ponto de vista esses dualis mos e com eles as principais divisões da filosofia moderna cresceram em torno do pro blema epistemológico da relação geral de sujei to e objeto 1917 A indagação era a idéia central da sua teoria do conhecimento e sua abordagem em muitos sentidos comparável à de Marx era começar com a prática concre ta levantar questões quanto à autenticidade sob as atuais condições da ciência e da vida social dos problemas da filosofia e então articular os problemas dos homens em termos passíveis de indagação Dewey está passando atualmente por um renascimento tanto como pensador pósmoderno prematuro ao modo de Richard Rorty quanto como um pensador cuja filosofia continua viável para a reconstrução modernista Enquanto Dewey se furtava a muitos dos problemas tradicionais da filosofia GE Moore 18731958 insistia em que estes resultavam da falta de clareza Seu ensaio The refutation of idealism 1903a demonstra isso e dá o tom para a concepção posterior da filosofia como análise lingüística Para Moore o conceito de uma coisa existente exigia que ela estivesse externamente relacionada a uma outra coisa O idealismo comprometido com relações inter nas não podia ser expresso de forma coerente Moore 1903b usou essa mesma tática contra a ética naturalista afirmando que os pontos de vista que tentavam definir o que era bom em termos de alguma propriedade natural tal como a utilidade cometem uma falácia Mes mo que seja certo ele insistiu que algo é útil ainda podemos perguntar Mas é bom Russell 18721970 um gigante da lógica moderna não se contentou em buscar soluções para problemas na teoria lógica e na matemáti ca Em vez disso ao empregar técnicas geradas no seu esforço de construir a matemática a partir Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar filosofia 313 da lógica logicismo ele pôde afirmar que todo problema filosófico quando submetido à análise e à purificação necessárias demonstra não ser realmente filosófico de forma alguma ou então ser no sentido em que estamos usando a palavra lógico 1941a Ele deveu a sua metafísica platônica inicial a Moore Mas dada a noção dúbia de Moore de que percebemos dados dos sentidos que eram presumivelmente as superfícies das coi sas Russell foi forçado a concluir que os obje tos comuns eram inferências a partir dos dados dos sentidos Com o princípio de que sempre que possível as construções lógicas devem substituir as entidades inferidas 1914b ele pôde afirmar que objetos comuns como núme ros podiam tornarse construções lógicas Mas ao mesmo tempo em que defendia o ato mismo lógico ele admitiu que fatos gerais não podiam ser analisados como fatos mole culares Russell 1918 Por exemplo todos os cisnes são brancos não se reduzia a este cisne é branco e aquele cisne é branco etc Em 1948 seu otimismo já havia desaparecido Com toda a engenhosidade do mundo o empirismo não podia sustentarse A ciência não apenas exigia o princípio indutivo que ele não conseguia encontrar meio de fundamentar como precisa va do postulado de quase permanência coisas À medida que a ciência se industrializava vários cientistas físicos do século XIX se tor naram filósofos da ciência ver FILOSOFIA DA CIÊNCIA Tinham em comum a rejeição à meta física e como parte disso insistiam em que a ciência não visava explicar por que as coisas acontecem de determinada maneira Explica ção se é que era possível significava dedução subsunção à lei Havia no entanto algumas diferenças importantes entre eles GR Kirchhoff 1874 Ernst Mach 1886 e Karl Pearson 1892 ofereceram uma versão fenomenalista e descritivista da ciência Henri Poincaré 1902 e Pierre Duhem 1906 insis tiram numa posição mais convencionalista afirmando que leis e teorias eram definições disfarçadas Finalmente Heinrich Hertz 1894 aluno de um pensador de inclinação mais realista Herman Helmholtz forneceu uma resposta neokantiana na qual as teorias eram representações do mundo na forma de modelos matemáticos Bilder Esses filósofos estabeleceram o Weltans chauung para o positivismo lógico talvez o movimento mais influente do século Os Prin cipia Mathematica 191011 de Russell e Whitehead e o Tractatus LogicoPhilosophi cus 1921 de Ludwig Wittgenstein foram porém os recursos imediatos Wittgenstein 18891951 parece ter seguido Hertz ao afir mar que a linguagem precisava de um modelo abrangente Ele voltouse de acordo com isso para a obra de G Frege e Russell Mas o esforço de Wittgenstein parece ter se destinado a não demonstrar que o discurso nãocientífico era cognitivamente destituído de sentido No seu ponto de vista é precisamente aquilo a cujo respeito precisamos calar que constitui tudo que realmente importa na vida De qualquer manei ra a filosofia se havia colocado contra a parede Aliviados da responsabilidade de dizer o que deveria ser os filósofos voltaramse para a me taética A Theory of Justice 1971 de John Rawls seria o primeiro tratado filosófico sig nificativo dentro da corrente principal sobre ética normativa e filosofia política em possivel mente duas gerações A história do positivismo mais recente já está um pouco batida não apenas com respeito às frustrações do programa mas também hoje quanto ao esclarecimento sobre o que ele era Por exemplo WVO Quine ele próprio pro fundamente envolvido no movimento e um de seus críticos mais atentos afirmou que The Logical Structure of the World 1928 de Ru dolf Carnap foi um esforço rigoroso porém fracassado de executar o programa de Russell de 1914 que visava explicar o mundo externo como um constructo lógico de dados dos sen tidos Carnap mais tarde afirmaria que a obra tinha um objetivo mais geral ou seja demons trar a possibilidade de traduzir afirmações cien tíficas em um sistema construcional ontolo gicamente neutro no qual a linguagem fenome nalista não era a privilegiada Nesse ponto de vista Carnap já estava comprometido com a idéia de estruturas lingüísticas pragmaticamen te justificadas com a verdade definida relativa mente a estas Isso viria a se tornar um tema da filosofia analítica posterior como por exem plo na obra de Donald Davidson A redução fenomenalista foi um tema principal do influente Language Truth and Lo gic 1936 de AJ Ayer cuja formulação do famoso princípio da verificabilidade in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 314 filosofia troduziuo a um número incontável de leitores Em seus termos o significado de uma proposi ção é dado pelo seu método de verificação Esse princípio teve problemas instantanea mente Assim se não era uma tautologia nem uma generalização empírica verificável qual era então o seu estatuto Em 1936 pelo menos a verificabilidade tinha se transformado em confirmabilidade e já não havia esperança alguma para a redução fenomenalista Carnap 1936 Assumindo um realismo ingênuo o pro blema tornouse o estatuto dos termos teóricos Estes eram dotados de significado parcial por meio de sentenças de redução por exemplo caso desafiado se alguém está apreensivo fica irrequieto É clara a relação com definição operacional e comportamentalismo Mas sem receber muita atenção por parte dos cien tistas sociais cuja afeição por essas idéias não se deixava perturbar com facilidade logo ficou claro para Carnap que sentenças de redução não seriam suficientes Em 1956 ele havia pas sado para regras de correspondência liber tandose consideravelmente do apoio no em pírico Carnap 1956 Houve também o problema persistente de uma lógica de confirmação o esqueleto no armário do empirismo lógico Carnap e CG Hempel reconheceram que o que se precisava era de uma lógica indutiva que como os Prin cipia nos permitisse discriminar entre prognós ticos válidos e sem validade Outros foram menos confiantes incluindo Karl Popper 1934 Este mordeu a isca humeana e insistiu na falsificabilidade baseado na regra deduti va do modus tollens Conjecturas arrojadas são a essência da ciência conjecturas que são em seguida testadas tentandose falsificálas De acordo com isso a nãofalsificabilidade de finiria a nãociência Mas conforme já obser vado por Duhem ficou muito pouco claro dado o caráter holístico das teorias se a falsificação foi possível em algum momento Por volta dos anos 50 a crítica interna já havia corroído todos os pilares principais do positivismo Goodman 1947 demonstrou que nenhuma análise extensional podia enfrentar satisfatoriamente os problemas intimamente re lacionados de indução confirmação e análise da lei científica Quine 1951 demonstrou que tanto a verificabilidade quanto a distinção ana líticasintética não podiam ser sustentadas Hempel 1958 reconheceu que se os termos teóricos fossem compreendidos à maneira dos positivistas não poderiam desempenhar o pa pel que se esperava que desempenhassem Han son 1950 afirmou que era impossível estabe lecer a distinção entre termos na linguagem de observação e na linguagem teórica Seria pos sível continuar mas talvez tenha sido Structure of Scientific Revolutions 1962 de TS Kuhn que levou essas questões ao extremo A con clusão principal foi que se Kuhn estivesse no mínimo aproximadamente correto a ciência efetiva não se conformava em nenhum sentido à reconstrução que era promovida pela filo sofia empirista da ciência Deixando de lado autores mais antigos e marginalizados como Cassirer 1923 White head 1925 e Bachelard 1934 surgiram duas alternativas para o ponto de vista padrão a saber o anarquismo metodológico de Paul Feyerabend 1971 e o realismo de Rom Har ré 1970 e outros Para Feyerabend Kuhn era insuficientemente radical para Harré uma vez eliminado o mito do dedutivismo seria pos sível entender a prática científica de formas despercebidas pelas filosofias anteriores O empirismo lógico foi uma corrente na postura predominantemente analítica da filo sofia angloamericana A outra com Moore ao fundo e o Wittgenstein tardio no primeiro plano foi a análise da linguagem ordinária ver FI LOSOFIA DA LINGUAGEM Conseguir acompa nhar o Wittgenstein das Philosophical Investi gations 1953 não é fácil Mas o slogan o significado é o uso rapidamente passou a ca racterizar análises que até mesmo para a velha guarda wittgensteiniana pareciam ser exercí cios aos quais faltava conseqüência filosófica até mesmo conseqüências do tipo terapêuti co antimetafísico que presumivelmente mo tivara a obra tardia de Wittgenstein Dois dos mais conhecidos analistas da lin guagem ordinária foram os filósofos de Ox ford Gilbert Ryle 190076 e JJ Austin 1911 60 Ryle 1949 analisou os conceitos men tais e concluiu que a mente não era um fantasma na máquina Ryle que deu início à filosofia da mente estava no entanto próxi mo a Carnap e a BF Skinner ao sustentar que os conceitos mentais eram mais bem analisados de modo disposicional como proposições hipo téticas que fazem referência ao comportamen to Austin juntouse ao ataque ao fenomenalis mo 1962 e identificou 1962 uma diferença Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar filosofia 315 crítica entre enunciados preformáticos por exemplo eu os declaro marido e mulher e enunciado de constatação como hoje é segundafeira Somente este último tem con dições de verdade A análise discursoação de Austin levou a filosofia analítica a um repensar da relevância do social Mas precisamos voltar aqui a uma resposta totalmente diversa ao amadurecimento da ciên cia Edmund Husserl 18591938 como Frege Russell Peirce e Dewey considerava a lógica como uma teoria da ciência mas que precisava ser considerada transcendentalmente A lógi ca deveria fornecer uma elucidação a priori sobre as condições de possibilidades da ciência Husserl 1900 Com essa finalidade desen volveu uma FENOMENOLOGIA sem pressupos tos A idéia era começar com a situação cog nitiva total não analisada conforme viven ciada e então através de descrição rigorosa explicar a igualdade de significados e sua re ferência a uma objetividade seja real ou fictícia em seu caráter Dessa maneira questões sobre a existência de objetos comuns como sobre espaço e tempo são postas entre parênteses de forma que o método é ostensivamente neutro entre realismo e idealismo A objetividade en tão não é constituída nos conteúdos primá rios ou seja conteúdos dos sentidos mas sim nos caracteres de apreensão significativa e nas leis que pertencem à essência desses carac teres Mas Husserl continuou afirmando que os objetos só podem ser no sistema de co nhecimento Isso claro é idealismo As filosofias da existência de Martin Hei degger 18891976 e JeanPaul Sartre 1905 80 ver EXISTENCIALISMO devem muito à feno menologia mas não apenas a ela Kierkegaard 181355 e Nietzsche 18441900 cada qual reagindo a Hegel viam a razão como algo que ameaçava engolir a humanidade O tema cen tral de Heidegger tornouse o estranhamento do homem em relação ao Ser 1927 Ele bus cou então descrever sem pressupostos o que é a existência humana Tentando solapar a subje tividade cartesiana o Dasein é o campo da existência humana o nome para pessoas em relação a outras e seu ambiente Para Heidegger a verdade não diz respeito a proposições mas seguindo a etimologia grega alethea ou des velamento diz respeito a compreender numa condição primordial da existência Esse é um tema de abordagens hermenêuticas por exemplo a de Georg Gadamer 1960 Ver HERMENÊUTICA Ao mesmo tempo em que Hitler atraía Hei degger também espantava incontáveis filóso fos dignos de nota para a Inglaterra e a América do Norte entre eles membros da ESCOLA DE FRANKFURT Herbert Marcuse Theodor Adorno e Max Horkheimer tentaram uma revisão do projeto de Iluminismo de HegelMarx de en contrar razão na história Se a classe operária não proporcionava uma perspectiva privilegia da então a razão estava sem a sua condição de possibilidade Jürgen Habermas continua a ser uma voz poderosa nesse esforço De fato o acontecimento filosófico decisi vo na França do pósguerra foi a redescoberta da DIALÉTICA de Hegel Isso deveu muito a Alexander Kojève e Jean Hypollite Juntos ensinaram a toda uma série de intelectuais fran ceses incluindo Raymond Aron Maurice Mer leauPonty Jacques Lacan Michel Foucault Gilles Deleuze Louis Althusser e Jacques Der rida Conforme informou Simone de Beauvoir falando tanto por si mesma quanto por Sartre nós havíamos descoberto a realidade e o peso da história No primeiro romance de Sartre a náusea é a existência revelando a si mesma 1938 O ser e o nada 1943 desenvolveu um existen cialismo radical que se concentrava na liber dade mas que naufragou no rochedo do soli psismo Em 1947 Sarte já havia confrontado o marxismo e o stalinismo Sartre 1947 O resul tado a Crítica da razão dialética concluída em 1960 foi uma assimilação que recebeu críticas tanto dos estruturalistas incluindo Claude LéviStrauss 1962 quanto de colegas íntimos como Albert Camus 1951 e Maurice Merleau Ponty 1955 que nos deram a expressão MAR XISMO OCIDENTAL Como Herbert Marcuse François Lefèbvre e G Della Volpe Sartre enfatizou os textos recentemente descobertos do jovem Marx Para os estruturalistas isso reintroduzia a metafísica a bête noire da filosofia do século XX Assim LéviStrauss defendeu um kantis mo sem objeto e Louis Althusser 1965 em bora comprometido com uma forma vigorosa de realismo defendeu a história sem agentes No seu ponto de vista Marx havia efetuado um corte epistemológico rejeitando seus antigos humanismo e historicismo Mas Althusser Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 316 filosofia partilhava com Sartre a rejeição do diamat e a busca de redefinir a filosofia para o MARXISMO A reação ao estruturalismo o pósestrutu ralismo caracterizase por um antirealismo ontológico e por uma ansiedade nietzschiana quanto à vontade de poder Embora Foucault 1966 rejeitasse a idéia de Sartre de que a totalização podia responder à crítica nietz schiana do conhecimento objetivo ele parecia admitir um tipo de crítica imanente expondo através de genealogias compreensões alter nativas de práticas atuais Ao mesmo tempo em que é improvável que Derrida 1967 viesse a aproválo epígonos do desconstrucionismo tenderam a reduzir a filosofia a gêneros retóri cos obliterando no caminho a própria idéia de verdade Mas o pósmodernismo ver MODER NISMO E PÓSMODERNISMO é possivelmente um fenômeno demasiado difuso para ser carac terizado em breves linhas A filosofia então encontrase numa condi ção bastante diversa daquela em que estava quando o século começou Não tanto pelo fato de o debate idealismorealismo ter desapareci do Tratase antes de seus termos terem mu dado Possivelmente tão importante quanto is so a incapacidade dos empirismos antimetafí sicos de extrair sentido da ciência e menos ainda do nosso mundo tem forçado a filosofia recente a rejeitar tanto as soluções fáceis quanto suas aspirações fundacionistas O resultado ainda não ficou claro Leitura sugerida Ayer A J org 1959 Logical Posi tivism Barrett William 1958 1962 Irrational Man a Study in Existential Philosophy Callinicos A 1990 Against Postmodernism Caton Charles E org 1963 Philosophy and Ordinary Language Farber Marvin 1943 1967 Foundation of Phenomenology Flower Elizabeth e Murphey Murray G 1987 A History of Philosophy in America vol2 Passmore John 1957 A Hundred Years of Philosophy Poster Mark 1975 Existential Marxism in Postwar France from Sartre to Althusser Suppe Frederick org 1974 The Structure of Scientific Theories Tiles JE 1988 Dewey Tiles Mary 1991 Mathematics and the Image of Reason Toulmin S e Janik A 1973 Wittgensteins Vienna Urmson JO 1956 Philosophical Analysis Its Development Between the Two World Wars PETER T MANICAS filosofia analítica Ver FILOSOFIA FILOSOFIA DA LINGUAGEM filosofia da ciência Este ramo de investiga ção abrange questões a respeito de ciência em geral tais como será que pelo menos algumas entidades teóricas seriam reais de grupos particulares de ciências tais como os objetos sociais podem ser estudados da mesma forma que os objetos naturais o problema do NATURALISMO e de ciências isoladas tais como quais são as implicações da teoria da relativi dade para os nossos conceitos de espaço e tem po A filosofia da ciência surgiu como dis ciplina distinta da Teoria do conhecimento ver CONHECIMENTO TEORIA DO de caráter mais ge ral em meados do século XIX mais ou menos na mesma época em que diferentes ciên cias com nomes como física química e biologia estavam se profissionalizando As principais figuras de sua primeira geração foram Auguste Comte inventor do rótulo po sitivismo bem como de sociologia o ultra empirista JS Mill o qual achava que até as proposições matemáticas eram empíricas e o historiador kantiano da ciência William Whe well Boa parte da história posterior da filosofia da ciência pode ser encarada como uma con tinuação da controvérsia entre Mill e Comte por um lado e Whewell por outro com hege monia dos primeiros até cerca de 1970 A visão predominante da ciência baseavase firmemen te no empirismo humeano que tinha sua epí tome na alegação de E Mach 1844 p192 de que as leis naturais não passavam da reprodu ção mimética de fatos no pensamento cujo propósito é substituir e poupar o incômodo da experiência nova Assim o final do século XIX assistiu a triunfos tão espetaculares para o campo empirista quanto a construção por Ben jamin Brodie de uma química sem átomos que foram amplamente encarados como sendo nas palavras de Alexander Bain meras ficções representativas O POSITIVISMO lógico do círculo de Viena dos anos 20 e 30 uniuse ao reducionismo e ao empirismo epistemológico de Mach Pearson e Duhem com as inovações lógicas de Frege Russell e Wittgenstein para formar a espinha dorsal da visão predominante da ciência em meados do século Seus membros originais fo ram M Schlick R Carnap O Neurath F Waismann e H Reichenbach CG Hempel E Nagel e AJ Ayer estavam intelectualmente próximos Ludwig Wittgenstein e Karl Popper circulavam na periferia O formalismo e o lin güisticismo eram características do círculo Es te partilhava as idiossincrasias do lingüisticis Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar filosofia da ciência 317 mo com o convencionalismo que crescera na França sob a influência de H Poincaré e E Le Roy na primeira década do século e que viria a ser radicalmente historicizado por G Ba chelard e G Canguilhem a partir dos anos 30 Contra a corrente o legado de Whewell foi assumido por NR Campbell nos anos 20 defendendo a necessidade de modelos na ciên cia Fora da corrente principal estavam as cos mologias de inspiração biológica produzidas por HL Bergson S Alexander e AN White head mais ou menos na mesma época e o materialismo dialético que estava sendo sis tematicamente codificado e disseminado na União Soviética sob Stalin A visão positivista da ciência girava em torno do eixo de uma teoria monista do desen volvimento científico e de uma teoria dedutivis ta da estrutura científica A primeira sofreu ataques de três fontes principais Primeiro de Popper e de expopperianos como I Lakatos e P Feyerabend Estes afirmavam que era a falsificabilidade e não a verificabilidade o marco da ciência e que era precisamente nos avanços revolucionários como os associados a Galileu ou Einstein que residia a sua relevância epistemológica Segundo de Kuhn e outros historiadores como A Koyré e sociólogos como L Fleck da ciência Eles concederam escrupulosa atenção aos processos sociais reais implícitos na reprodução e transformação do conhecimento científico no que viria a ser chamado de dimensão transitiva epistemológi ca ou históricosociológica da filosofia da ciên cia Finalmente de wittgensteinianos como NR Hanson SE Toulmin e W Sellars que se agarraram ao caráter nãoatomista dependente de teorias e mutável dos fatos em ciência Um problema que surgiu nos primeiros tem pos do debate sobre a transformação científica dizia respeito à possibilidade e na verdade segundo gente como Kuhn e Feyerabend ao caráter efetivo da variação de significado bem como da inconsistência da mudança científica Kuhn e Feyerabend apontaram que podia vir a suceder que não houvesse nenhum sentido co mum entre uma teoria e a sua sucessora Isso parecia tornar problemática a idéia de uma es colha racional entre tais teorias incomensurá veis e até estimulava um ceticismo super idealista quanto à existência de um mundo independente de teoria No entanto se a relação ente as teorias é mais de conflito que meramente de diferença isso pressupõe que sejam explica ções alternativas do mesmo mundo e se uma teoria pode explicar fenômenos mais sig nificativos em termos de suas descrições do que a outra o pode em termos das suas então existe um critério racional para a escolha da teoria e a fortiori um possível sentido para a idéia de desenvolvimento científico ao longo do tempo A teoria dedutivista da estrutura científica inicialmente sofreu ataques de Michael Scri ven Mary Hesse e Rom Harré pela falta de suficiência dos critérios humeanos para a cau salidade e a lei dos critérios hempelianos para a explicação e dos critérios nagelianos para a redução de uma ciência a outra mais básica Sua crítica foi então generalizada por Roy Bhaskar para incorporar também a falta de necessidade para eles Bhaskar afirmou que o positivismo não podia confirmar a necessidade ou a univer salidade e em particular a transfactualidade tanto em sistemas abertos quanto fechados das leis Nem uma ontologia no que carac terizou como a dimensão intransitiva da filoso fia da ciência que não identificasse os domí nios do real do efetivo e do empírico É de certa relevância que o ataque ao dedutivismo tenha sido tanto iniciado quanto levado a cabo por filósofos com forte interesse nas ciências huma nas onde o que um autor chamou de ortodoxia da explicação da lei Outhwaite 1987b nunca foi sequer remotamente plausível Donagan 1966 A trava de segurança do dedutivismo era a teoria da explicação de PopperHempel segun do a qual a explicação seguia por meio de subsunção dedutiva sob leis universais in terpretadas como regularidades empíricas Destacouse porém que é típico da subsunção dedutiva não explicar mas meramente genera lizar o problema por exemplo de por que este x faz o para por que todo x faz o O que se exige para uma explicação genuína é conforme insistiram Whewell e Campbell a introdução de novos conceitos que não estivessem contidos no explanandum modelos descrevendo meca nismos geradores plausíveis e coisas do gênero Mas os novos realistas críticos ou transcen dentais romperam com o kantismo de Cam pbell admitindo que sob certas condições es ses conceitos ou modelos poderiam indicar ní veis novos e mais profundos de realidade e a ciência era encarada como algo que seguia por meio de um processo de movimento contínuo e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 318 filosofia da ciência reiterado partindo dos fenômenos manifestos através de modelos e experiências criativos até a identificação de suas causas geradoras que se tornavam então os novos fenômenos Além do mais afirmouse que as leis que a ciência iden tificou sob condições experimentalmente fe chadas continuavam a valer porém transfac tualmente não como regularidades empíricas de modo extraexperimental fornecendo assim uma base racional para um trabalho prático e aplicado seja explicatório diagnóstico explo ratório etc Nos anos 80 I Hacking A Chalmers e outros aduziram novos argumentos em favor do realismo científico Mas houve também um parcial ressurgimento do positivismo no em pirismo construtivo de B van Fraasen que mais uma vez restringiria a imputação de reali dade aos observáveis e no atualismo de N Cartwright no qual as leis da física na medida em que não são empiricamente verdadeiras literalmente jazem Ao mesmo tempo realistas críticos começaram a explorar a questão no que foi chamado de dimensão metacrítica das condições da possibilidade tanto do positi vismo quanto do REALISMO por exemplo a identificação empírica permitida pela tecnolo gia do século XX das novas entidades e estratos identificados por palavras como átomos elétrons radiação estelar genes Dessa forma eles estabeleceram um elo com o pro grama forte na sociologia do conhecimento associada a Barry Barnes David Bloor e a escola de Edimburgo A partir daqui o século parece pronto a se encerrar na filosofia da ciência com uma nota pluralista e ecumênica ficando plausivelmente as grandes questões do realismo e do naturalismo resolvidas e dan dose talvez mais atenção aos problemas meta críticos metateóricos e conceituais colocados por ciências em particular Leitura sugerida Bhaskar Roy 1975 1978 A Rea list Theory of Science 2ªed Chalmers Alan F 1982 What is this Thing called Science 2ªed Feyerabend P 1971 Against Method Hacking I 1983 Representing and Intervening Harré R e Mad den E 1975 Causal Powers Kuhn Thomas S 1962 1970 The Structure of Scientific Revolution 2ªed Nagel E 1961 The Structure of Science Popper Karl 1959 Conjectures and Refutations ROY BHASKAR filosofia da ciência social As ciências so ciais sempre existiram em relação mais íntima com suas metateorias ou filosofias do que as ciências naturais quer dizer recorrendo à útil distinção de G Bachelard a filosofia diurna dos cientistas esteve nesse ponto mais impregnada da filosofia noturna produzida por seus filóso fos Além disso cada ciência social e cada escola dentro dela tem tido problemas ontoló gicos epistemológicos metodológicos e con ceituais que lhe são peculiares Mas um impor tante contraste pode ser traçado entre um posi tivismo naturalista forte em ciência econômi ca psicologia e sociologia nos moldes de Emile Durkheim e Talcott Parsons e proeminente nos países anglófonos e a hermenêutica antinatura lista forte nas ciências sociais e na sociologia de orientação mais humanista na veia de Max Weber e proeminente no mundo germânico Esse contraste supera a linha divisória marxis tanãomarxista Assim o tradicional materia lismo dialético da espécie de Friedrich Engels G Della Volpe e Louis Althusser pode ser co locado de um lado György Lukács JeanPaul Sartre e a ESCOLA DE FRANKFURT do outro Só em data relativamente recente ganhou destaque uma terceira alternativa um naturalismo crítico ou limitado baseado em uma descrição realista nãopositivista da ciência Este verbete vai in teressarse principalmente por algumas das questões que têm surgido na filosofia das ciên cias sociais no século XX Explicação e previsão O modelo positivista canônico de EXPLICA ÇÃO sustenta que explicar um acontecimento etc é deduzilo de um conjunto de leis univer sais somado a condições iniciais Infelizmente exemplos de explicações em conformidade com esse modelo estão completamente ausen tes nas ciências sociais Isso fornece o mais forte argumento negativo para a hermenêutica O modelo dedutivista postula uma simetria en tre explicação e PREVISÃO mas a ciência social funcionando como deve ser em sistemas aber tos tem uma ficha preditiva notoriamente ruim E por estranho que pareça foi um dos prin cipais expoentes do modelo dedutivonomoló gico de explicação Karl Popper quem se mos trou mais virulento em seu ataque ao que cha mou de historicismo isto é a elaboração de profecias históricas incondicionais É evidente que a falsidade disso não quer dizer que as ciências sociais não possam fazer previsões condicionais sujeitas a uma cláusula ceteris Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar filosofia da ciência social 319 paribus Mas a ausência de sistemas fechados significa que situações de teste decisivas são em princípio impossíveis pelo que as ciências sociais devem confiar em critérios exclusiva mente explicativos para confirmação e refuta ção Quanto à explicação os novos critérios realistas postulam uma distinção entre explica ções teóricas e aplicadas As primeiras proce dem por descrição de características significan tes retrodução para causas possíveis elimina ção de alternativas e identificação dos mecanis mos geradores ou da estrutura causal em ação a qual se torna agora a nova explicação a ser explicada DREI as segundas por resolução de um evento complexo etc em seus com ponentes redescrição teórica desses compo nentes retrodicção de possíveis antecedentes e eliminação de causas alternativas RRRE Entendimento O mais forte argumento positivo em favor da hermenêutica é que sendo os fenômenos sociais singularmente significativos ou gover nados por regras a ciência social deve estar precisamente interessada na elucidação do sig nificado do seu objeto de estudo ou por imersão nele como na inspirada explicação de Wittegenstein por P Winch ou pela dialógica fusão de horizontes ou estruturas de significa do como na explicação heideggeriana de HG Gadamer Podese objetar a isso que a con ceitualidade da vida social é suscetível de ser reconhecida sem se admitir 1 que tais conceitualizações esgotam o ob jeto de estudo da ciência social con sideremse os estados sociais de fome guerra ou prisão ou os psicológicos de ira coragem ou isolamento 2 que tais conceitualizações são incorrigí veis pelo contrário sabemos desde Marx e Freud que elas podem mascarar reprimir mistificar racionalizar obscu recer ou de alguma outra forma oblite rar a natureza das atividades em que es tão implicadas ou 3 que o reconhecimento da conceitualida de do ser social exclui a sua compreensão científica pelo menos uma vez que se abandone a restritiva ontologia empirista de esse est percipi O paradigma hermenêutico é coerente po rém com a metateoria realista da ciência Além disso os realistas críticos insistem tipicamente em que a Verstehen deve ser o ponto de partida para a investigação social Razões e causas A posição hermenêutica é freqüentemente reforçada pelo argumento de que as ciências humanas estão interessadas nas razões do com portamento dos agentes e de que tais razões não podem ser analisadas como causas Com efeito em primeiro lugar as razões não são logicamen te independentes do comportamento que ex plicam Além disso em segundo lugar operam em um diferente nível de linguagem F Wais mann ou pertencem a um jogo de linguagem Sprachspiel Wittgenstein que é diferente das causas Mas os eventos naturais podem do mesmo modo ser redescritos em função de suas causas por exemplo toast as burnt torrado como queimado Além disso a menos que as razões sejam causalmente eficazes na produção de uma e não de outra seqüência de movimentos corporais sons ou sinais fica difícil ver como pode haver bases para se preferir uma explica ção da razão a uma outra e na verdade toda a prática de dar explicações da razão deve final mente acabar parecendo desprovida de fun damento lógico ver também MATERIALISMO Estrutura e mediação Tanto o positivismo como a hermenêutica foram ligados ao individualismo e coletivismo ou ao holismo e os positivistas pelo menos acentuaram ou a mediação humana ou a es trutura social Mas os novos realistas apontam um paradigma relacional para sobretudo a so ciologia e uma resolução da antinomia de es trutura e mediação na teoria da estruturação Anthony Giddens ou no modelo transfor macional de atividade social Roy Bhaskar De acordo com isso a estrutura social é a con dição onipresente e o resultado continuamente reproduzido da mediação humana intencional Assim as pessoas não se casam para reproduzir a família nuclear nem trabalham para sustentar a economia capitalista No entanto é essa a conseqüência nãopremeditada e o resultado inexorável da atividade delas assim como também é uma condição necessária dessa ativi dade Relacionada com isso está a controvérsia acerca de tipos ideais Para os realistas críticos a base da abstração reside na estratificação real e na profundidade ontológica da natureza e da sociedade Não são classificações subjetivas de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 320 filosofia da ciência social uma realidade empírica nãodiferenciada mas tentativas de apreender por exemplo em defi nições reais de formas de vida social já enten didas de modo précientífico precisamente os mecanismos geradores e as estruturas causais que explicam em todas as suas complexas e múltiplas determinações os fenômenos con cretos da história humana Estreitamente ligado a isso está uma reavaliação de Marx como pelo menos em O capital realista científico ao contrário das interpretações marxistas e não marxistas existentes Também na sua esteira ocorre uma reavaliação de outras figuras maio res nas ciências sociais como Durkheim e We ber na medida em que combinam aspectos de um método realista e de um ou outro método e ontologia nãorealistas Fatos e valores O positivismo sustenta a existência de um abismo intransponível entre o fato e os enun ciados de valor A impregnação de valor do discurso factual socialcientífico parece fato patente Está claramente vinculado ao caráter impregnado de valor da realidade social que as ciências sociais estão procurando descrever e explicar Marx e Engels estavam simplesmente errados ao não ver isso De modo menos óbvio Bhaskar apontou que a ciência social tem im plicações de valor Na medida em que podemos explicar essa necessidade de consciência sis tematicamente falsa comunicação distorcida etc acerca dos fenômenos sociais então pode mos passar ceteris paribus às avaliações nega tivas dos objetos que tornam essa consciência necessária e às avaliações positivas das ações racionalmente planejadas para transformálas A crítica de economia política de Marx é neste ponto um óbvio paradigma Essa concep ção de ciência social como crítica explicativa e por conseguinte emancipadora está ligada aos primeiros trabalhos de Jürgen Habermas sobre o interesse cognitivo emancipador bem co mo ao seu mais recente projeto de uma ciência reconstrutiva necessariamente cf Outhwaite 1987 realista de competência comunicativa Naturalismo Os novos realistas postulam uma série de diferenças ontológicas epistemológicas rela cionais e críticas entre ciências sociais e natu rais ver NATURALISMO O pano de fundo natu ral para esse contraste tem sido a física e a química suas concepções clássicas Mais re centemente porém vários autores recomen daram com insistência diferentes disciplinas para comparação por exemplo biologia Ted Benton teatro Rom Harré e PF Secord dan do seguimento à obra de Erving Goffman e Harold Garfinkel Quando o século se avizinha de seu término parece haver mais que o sufi ciente para manter os cientistas sociais falando Leitura sugerida Benton T 1977 Philosophical Foundations of the Three Sociologies Bhaskar Roy 1979 1989 The Possibility of Naturalism 2ªed Giddens A 1984 The Constitution of Society Ha bermas Jürgen 1968 1971 Knowledge and Human Interests Harré R 1979 Social Being Keat R e Urry J 1981 Social Theory as Science Manicas Peter 1987 A History and Philosophy of the Social Sciences Outhwaite William 1987 New Philoso phies of Social Science Sayer D 1979 Marxs Me thod ROY BHASKAR filosofia da história Ver HISTÓRIA HIS TORICISMO TELEOLOGIA filosofia da linguagem Esta é uma expres são um tanto enganosa dando a entender que se trata de uma filosofia lingüística Na ver dade a expressão é usada na maioria das vezes e melhor com relação a um certo movimento filosófico que se cristalizou em Cambridge sob a liderança de Ludwig Wittgenstein 1889 1951 durante os anos imediatamente anteriores à Segunda Guerra Mundial Esse movimento veio a dominar o cenário filosófico da Inglaterra e em menor extensão outros países de língua inglesa durante as décadas imediatamente pos teriores à guerra Embora tendo origem em Cambridge seu quartelgeneral depois da guer ra localizouse em Oxford sob a liderança de Gilbert Ryle 190076 e JL Austin 191160 Era às vezes chamada de filosofia de Oxford A idéia central do movimento não era a de que a filosofia poderia iluminar a linguagem mas sim que a linguagem poderia iluminar a filosofia Os problemas filosóficos eram tidos como sendo num sentido importante espúrios surgiam não porque houvesse realmente um problema a resolver ou uma pergunta a respon der mas porque pessoas acometidas pela per plexidade filosófica expressão muito utiliza da eram tomadas sem percebêlo de forma clara ou consciente por idéias equivocadas a respeito da natureza da linguagem Essas idéias Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar filosofia da linguagem 321 equivocadas manifestavamse para elas sob a forma de uma inquietação conceitual a qual levava os tomados por essa inquietação a fazer perguntas caracteristicamente filosóficas Di ziase desse diagnóstico que era aplicável a toda a filosofia A tentativa de responder a perguntas filosó ficas e pior ainda de tentar substanciar essas respostas era inerentemente desorientada O procedimento correto de acordo com esse pon to de vista era descrever o costume lingüístico que comanda o uso das expressões cruciais relacionadas ao alegado problema Isso leva ria a pessoa tomada pela perplexidade a com preender o real funcionamento das palavras relevantes e a partir disso a se libertar da tentação de fazer e de responder a pergunta espúria Foi essa receita para lidar com proble mas filosóficos que levou todos os que abraça ram tal posição à prática de observações deta lhadas embora um tanto impressionistas do uso das palavras acompanhadas da convic ção de que esse é o único método adequado de fazer filosofia O movimento garantiu uma influência pos sante sobre a geração mais jovem de filósofos que entrou na profissão depois da guerra in fluência que não sofreu nenhum desafio sério até cerca de 1960 O movimento na época não se encarava como uma posição entre outras mas sim como uma revelação definitiva revo gando todo pensamento anterior e como o ápi ce de toda a filosofia até então existente Seus adeptos tinham de curar os rivais de seus autoenganos tácitos em vez de discutir com eles como iguais Tudo isso estava destinado a levar ou à eutanásia final da filosofia ou ao nascimento de uma disciplina totalmente nova Quais eram os pressupostos errôneos com respeito à linguagem que tiveram o poder de assolar a humanidade durante tanto tempo e na verdade de engendrar toda uma disciplina e uma profissão cultas Os erros podem ser divididos em um grande erro genérico por um lado e erros específicos por outro O erro ge nérico era achar que a linguagem não faz senão uma coisa e esse único papel ou função é de referência ao mundo As anteriores teorias em píricas da linguagem em geral davam isso como certo e em particular o Tractatus LogicoPhili sophicus 1921 obra juvenil do próprio Witt genstein se baseara nesse pressuposto Foi a derrubada desse pressuposto que fez surgir a nova revelação Tais visões da linguagem não negavam evidentemente que ela também é usada para toda uma variedade de outros fins sociais tais como o ritual mas eles descartavam implicitamente esses papéis tratandoos como irrelevâncias e excrescências de menor monta que não modificavam a real essência da lin guagem Esse era o grande erro Os erros específicos eram em certo sentido apenas exemplos concretos especiais do erro geral Por exemplo existe a interpretação errô nea da avaliação como a atribuição de traços característicos ou disposicionais como as pectos diretamente observáveis Dizer que al go é frágil significa dizer que está sujeito a se quebrar e não que tenha alguma característica perceptível neste exato momento A hipótese subjacente à filosofia da lin guagem de Wittgenstein era a de que sempre que se formulam problemas ou teorias filosófi cos o que está realmente acontecendo é que o pensador não se deu conta dessa verdade geral a respeito da diversidade de função da lin guagem e está tentando impor um modelo ho mogêneo sobre o material lingüístico que é inerentemente heterogêneo Sem esse pressu posto errôneo a questão não se colocaria Por exemplo os teóricos morais tentam assimilar o discurso moral ao discurso descritivo ou cien tífico os que propõem teorias sobre a mente não conseguem ver que o discurso com respeito a um desempenho inteligente se refere a uma ampla variedade de capacidades e não a uma única zona distinta e observável e assim por diante Durante o auge do movimento essa hipótese era encarada como uma revelação de vidamente estabelecida na prática era usada como uma definição Era uma parte inerente e central da posição madura de Wittgenstein que a teorização a explicação e a justificação não tinham lugar na filosofia e deveriam ser substituídas pela des crição do costume lingüístico Formas de vi da com o que ele parecia querer referirse ao costume lingüístico efetivo de comunidades dotadas de um discurso concreto estavam aci ma tanto da explicação quanto da justificação Essa estratégia portanto se autojustificava Dessa maneira estranha uma filosofia que ne gava o papel tradicional da justificação ou da validação para a filosofia acabava praticandoa ela própria de uma forma oblíqua E de manei ra curiosamente nova indiscriminada e genera Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 322 filosofia da linguagem lizada foi o que ela fez todos os estilos de pensamento atualmente em existência eram vá lidos Apenas a tentativa de buscar um ponto de vista externo e de justificar ou condenar a prática existente não era válida Essa filosofia ignora o fato de que a busca transcendente do costume de qualquer comunidade dada é ela própria um aspecto importante e difundido da história intelectual humana todos os tipos de platonismo a religião transcendente a Refor ma a Ilustração a tradição filosófica cartesiana buscando um fundamento para o conhecimen to tudo isso o exemplifica O relativismo in discriminado e o imanentismo lingüístico de Wittgenstein condenariam todos à desgraça A primeira onda de filósofos da linguagem profundamente convictos e nãocríticos não praticou esse relativismo implícito de nenhum modo consistente ou por assim dizer generali zante eles se concentraram no seu próprio costume conceitual a linguagem ordinária esforçandose por demonstrar que as teorias filosóficas eram leituras equivocadas disso e podiam ser curadas prestandose a devida atenção às suas nuanças A tentativa mais deter minada e célebre de pôr em prática essa es tratégia foi The Concept of Mind 1949 de Gilbert Ryle que alegava resolver ou dissol ver o problema mentecorpo e no pacote o problema das outras mentes Provavelmente o praticante mais influente desse método tenha sido JL Austin o qual tentou demonstrar em Sense and Sensibilia que o problema do co nhecimento conforme previamente apresenta do pelos teóricos do conhecimento era mal orientado ver também CONHECIMENTO TEORIA DO Quando nossa pretensão ao conhecimento se via submetida a uma dúvida geral não havia segundo ele nada o que responder Esse tipo de filosofia wittgensteiniana clás sica posta em prática dentro da filosofia e em um espírito marcadamente insular o uso do inglês ordinário para demonstrar que as an tigas filosofias não passavam de feixes de con fusão acabou fenecendo depois de duas ou três décadas de entusiasmo A posterior influên cia de Wittgenstein tendeu a se dar mais entre pensadores com uma consciência mais clara de seu relativismo cultural Esses homens sen tiamse positivamente atraídos pelo relativismo geral A formulação notável dessa posição é The Idea of a Social Science 1958 de Peter Winch Tais pensadores já não a encaravam como o diagnóstico e o auge terminal de toda a filosofia mas como uma filosofia entre outras porém melhor e mais generosa em seu endosso de todas as culturas Neste tipo de interpretação o que se valoriza em Wittgenstein não é tanto a sua revogação da filosofia anterior como uma presumida incompreensão da linguagem mas sua defesa do igual valor dignidade e autono mia de todas as visões culturais Sob essa forma Wittgenstein continua a exercer grande influên cia em campos mais amplos tais como os es tudos literários ou a antropologia cultural Leitura sugerida Austin JL 1962 Sense and Sen sibilia How To Do Things with Words Gellner Ernest 1959 Words and Things Magge Bryan 1971 Modern Britsh Philosophy Ryle Gilbert 1949 The Concept of Mind Winch Peter 1958 1976 The Idea of a Social Science and its Relation to Philosophy Wittgenstein Ludwig 1953 1967 Philosophical Investigations ERNEST GELLNER forças armadas Ver MILITARES fordismo e pósfordismo A palavra fordis mo foi cunhada nos anos 30 pelo marxista italiano Antonio Gramsci e pelo socialista belga Henri de Man para se referir a uma interpreta ção dos textos de Henry Ford o fabricante de automóveis como formuladores das premissas para uma importante transformação da civiliza ção capitalista Nos anos 60 a palavra foi redes coberta por inúmeros marxistas italianos R Panzieri M Tronti A Negri e em seguida pela escola francesa da regulação M Aglietta R Boyer B Coriat A Lipietz como o nome para o modelo de desenvolvimento econômico efe tivamente estabelecido nos países capitalistas avançados depois da Segunda Guerra Mundial Ford havia insistido em duas questões impor tantes Primeiro enfatizou o paradigma indus trial que havia implementado em sua fábrica onde não apenas desenvolveu os princípios do gerenciamento científico inicialmente pro postos por F Taylor a sistematização através da criação de métodos do que fosse o melhor meio de se executar cada tarefa produtiva ele mentar a divisão nítida entre essas tarefas ele mentares e a especialização de cada função de modo padronizado como também acrescen tou a busca da automação através de uma me canização cada vez mais intensa ver também RACIONALIZAÇÃO O outro aspecto do fordis mo de Ford era a defesa dos salários mais elevados cinco dólares por dia para o que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar fordismo e pósfordismo 323 apresentou dois motivos Salários elevados eram a recompensa pela disciplina e a estabili dade da força de trabalho em uma empresa racionalmente organizada Mas também caso essa prática se tornasse generalizada fornece riam o mercado comprador necessário para a produção em massa Em ambos os casos a classe operária era convidada a se beneficiar da sua própria submissão à autoridade gerencial dentro da firma Gramsci enfatizou o aspecto microcorporativista desse tipo de concessão mútua dentro de cada empresa enquanto Henri de Man concentrouse na possibilidade de um macrocorporativismo no nível da so ciedade ver também CORPORATIVISMO Era a época da Grande Depressão quando fascistas socialdemocratas e comunistas criti cavam a anarquia do mercado capitalista ou como disse Karl Polányi o domínio de um mercado autoregulado sobre a sociedade O macrocorporativismo estava na agenda de todas essas tendências antiliberais e na verdade Hen ri de Man terminou como fascista Mas depois da Segunda Guerra Mundial a solução social democrática e o modo de vida americano tornaramse hegemônicos no Ocidente sob o domínio dos exércitos de libertação do pre sidente Roosevelt Através do New Deal nos Estados Unidos do Front Populaire na França da implementação do Relatório XX na Grã Bretanha dos sucessos da socialdemocracia na Escandinávia o macrocorporativismo foi es tabilizado pela formalização da mútua conces são fordista entre gerência e sindicatos sob os auspícios do estado A legislação social foi sis tematizada o estado de bemestar ampliado a negociação coletiva generalizada Essa conci liação resultou em 20 anos de forte expansão da produtividade do investimento e do poder de compra O fordismo é assim uma espécie de holis mo hierárquico A sociedade garante a todos a participação no trabalho coletivo e divide os benefícios entre todos Mas essa sociedade é organizada por gerentes particulares ou pú blicos construindo o mundo de acordo com sua ciência Nesse aspecto o fordismo ligase à modernidade como um estilo burocrático em termos de governo e como um estilo racionalis ta em termos de urbanismo No entanto ao contrário do stalinismo ou do fascismo a glória do fordismo não reside em suas realizações coletivas mas no acesso geral ao consumo par ticular de massas Donde ele abriu o caminho para a SOCIEDADE AFLUENTE uma forma de in dividualismo generalizado controlado pela pro paganda e pela regulamentação Nos anos 70 a crise econômica do fordismo teve origem tanto em seu aspecto taylorista quanto em seu aspecto regulado Os prin cípios tayloristas mostraramse menos eficazes com as novas tecnologias de informação e a internacionalização da economia tornou mais difícil para o estado exercer o seu papel regula dor Daí nos anos 80 a busca de um pósfor dismo concebido a princípio como inversão do fordismo especialização por tarefa em vez de taylorismo e produção em massa flexibili dade em vez de regulamentação rigorosa Essa é a concepção da especialização flexível Piore e Sabel 1984 do pósfordismo que inspira alguns pensadores de esquerda no mun do anglosaxão e também os estilos e ideolo gias pósmodernistas ver também MODERNIS MO E PÓSMODERNISMO Mas isso é veemen temente criticado por abandonar os direitos que o trabalho havia conquistado sob o fordismo No continente europeu enfatizase que as ta refas especializadas implicam rigidez do con trato salarial e que a flexibilidade fomenta a desqualificação Assim existem concepções opostas quanto à saída para a crise do fordismo vários pósfordismos A história ainda está em aberto no final do século XX mas os países capitalistas mais flexíveis GrãBretanha Es tados Unidos parecem ser industrialmente do minados pelos mais organizados e habilita dos Japão Alemanha Ver também CAPITALISMO Leitura sugerida Hall S e Jacques M orgs 1991 The Changing Face of Politics in the 1990s Harvey D 1989 The Condition of Postmodernity an Enquiry into the Origins of Cultural Change Lipietz A 1987 Mirages and Miracles the Crises of Global Fordism Ο 1991 Choosing Audacity an Alternative for the XXIst Century Piore M e Sabel C 1984 The Second In dustrial Divide Possibilities for Prosperity Polányi K 1944 The Great Transformation the Political and Economic Origin of our Time ALAIN LIPIETZ formalismo Os grupos de jovens escritores artistas e críticos russos progressistas que co meçaram a desafiar os valores culturais e as teorias estéticas dos realistas e românticos tra dicionais tornaramse conhecidos pejorativa mente como formalistas O Círculo Lingüístico Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 324 formalismo de Moscou foi formado em 1915 e incluía Roman Jakobson Osip Brik e Boris Tomas hevsky O grupo complementar de São Peters burgo que fundou a Sociedade para o Estudo da Linguagem Poética Opoiyaz em 1916 ti nha entre seus membros Viktor Chklovsky Bo ris Eichenbaum e Vladimir Maiakóvsky Os grupos formalistas participavam do projeto maior de estabelecer uma poética rigorosamen te científica começando pela demolição de al guns princípios e abordagens críticos padroni zados Não podia haver mais lugar para o con ceito do artistacomogênio para noções de controle expressividade ou presença intuitiva autoral Os estudos biográficos e psicológicos bem como os filosóficos e impressionistas tor naramse irrelevantes As obras não podiam ser identificadas em termos de idéias pensamen tos proposições ou temas A tarefa que os formalistas se autoestabele ceram era especificar através de análise deta lhada o que exatamente vinha a constituir um fato literário distinguindo a literatura de qualquer linguagem falada ou nãoliterária en carada como automatizada cheia de clichês embotada e rígida Não propunham uma única posição ou doutrina fixa mas todos partilhavam esse pressuposto básico a respeito da linguagem poética Ela é bem diferente da linguagem na tural da fala do diaadia e não deve ser tomada como mera variação É um sistema autosuficiente completo em si mesmo com suas próprias formas códigos e leis de auto regulação Uma qualidade característica excep cional é sua autoreferencialidade seu poder de chamar a atenção sobre si mesma Todos os componentes da escrita poética suas unidades padrões formas e técnicas se dirigem para esse jogo de linguagem uma consciência de expres são que se autodeleita e à qual todos os outros aspectos estão subordinados A função estética não se identifica com a função comunicativa sendo prioritária e superior a esta O comen tário de Jakobson sobre o Soneto 129 de Sha kespeare exemplifica de forma brilhante essa abordagem A pesquisa da literalidade havia produzi do alguns belos resultados na poesia Formulan do uma estilística a partir desse trabalho os críticos de Moscou e Petersburgo passaram ousadamente a aplicar seus princípios à prosa A Teoria da prosa de Chklovsky publicado em 1929 foi o manifesto O ataque de toda a crítica da linguagem dirigirase é claro contra a mi mese contra todas as noções de representação da linguagem como transparente como media dora direta de uma realidade externa A aplica ção dos princípios formalistas à prosa narrativa pode ser vista na obra de Eichenbaum e Shklovsky Contos de Gogol como O capote são tratados como um sofisticado jogo de estilos discrepantes um desnudamento dos recursos que entram em função no processo artístico A extensa análise de Tristam Shandy de Laurence Sterne e do Don Quixote de Cervantes feita por Viktor Shklovsky leva o método de Eichen baum aos seus limites Paradoxalmente Sterne é dado como tendo composto o romance mais típico da literatura mundial uma vez que li teratura sem tema é a definição dos formalistas para o que se qualifica como literatura De forma semelhante o humor os contrastes de personagens os acontecimentos divertidos o patético e as soluções dos romances de Cervan tes têm de ser vistos como produzidos quase que inadvertidamente como incidentais à denúncia parodista do romance de cavalaria A explicação dos formalistas para a evolu ção literária atribui a mudança a tendências em desenvolvimento dentro da própria LITERATURA bem como à passagem do tempo Nessa ex plicação a sucessão não é particularmente cau sal uma vez que formas iniciais mais antigas podiam retornar com o mesmo efeito de pertur bar as formas estabelecidas ou canônicas O que é válido para a evolução do gênero também o é para a criação formal interna do texto particular Do processo de desfamiliarização surge a cons ciência peculiar e incomparavelmente nova que rompe com as reações e hábitos convencionais de percepção Os textos que causam esse cho que do novo têm a qualidade de literalidade Chklovsky conclui Arte é um meio de revi venciar a criação de objetos mas objetos já prontos não têm importância para a arte O caráter fugidio do objeto coisa conteúdo ou tema nas explicações formalistas é semelhante ao do nãoobjeto da literalidade a qualidade extrema que precisa ser definida Na medida em que as convenções e as formas literárias são o alvo o conceito tende a se estetizar ver ESTÉTI CA a se confinar a construções literárias Na medida em que são idéias atitudes e valores os alvos são objetos extraliterários ideologias a própria compreensão o conteúdo volta para se vingar e a forma é restituída ao social ao cul Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar formalismo 325 tural ao histórico e ao imediatamente contem porâneo A desfamiliarização mesmo quando limitada a códigos e convenções literárias de monstra ter paradoxos semelhantes Na medida em que normas e cânones literários têm de ser necessariamente subvertidos o próprio con ceito é essencialmente relativo ao que será tor nado estranho Na medida em que a nova produção se transforma por sua vez na norma aceita não há nenhum grupo ou série de formas estáveis em equilíbrio histórico a partir das quais as qualidades que definem a literalidade possam ser inferidas e articuladas O objetivo extremo recua e o processo é autoinvalidante Leitura sugerida Bann S e Boult JE orgs 1973 Russian Formalism Bennet Tony 1979 Formalism and Marxism Jameson Fredric 1972 The Prison House of Language a Critical Account of Structura lism and Russian Formalism Lemon LT e Reis MJ orgs 1965 Russian Formalist Criticism Four Essays Matejka L e Pomorska K orgs 1971 Rea dings in Russian Poetics Formalist and Structuralist Views Pike Chris org 1979 The Futurists the For malists and the Marxist Critique FRANK GLOVERSMITH Frankfurt escola de Ver ESCOLA DE FRANK FURT funcionalismo Este ramo de análise em ciências sociais referese a uma orientação me todológica e teórica em que as conseqüências de um dado conjunto de fenômenos empíricos em vez de suas causas constituem o centro da atenção analítica A palavra tem sido aplicada a toda uma variedade de abordagens divergentes mas o elemento que estas têm em comum é a concentração nas relações de uma parte da so ciedade com outra e talvez com maior freqüên cia de uma parte da sociedade com a sociedade inteira Análise causal e análise funcional são duas abordagens distintas que não precisam competir uma com a outra A análise funcional surgiu da tentativa de usar em análise social noções desenvolvidas inicialmente na esfera biológica Esse modo de raciocínio metodológico teve como pioneiros Emile Durkheim na França e Herbert Spencer na GrãBretanha A corrente durkheimiana foi desenvolvida pelos antropólogos AR Radclif feBrown e Bronislaw Malinowski na Grã Bretanha e por Talcott Parsons Robert K Mer ton e seus discípulos nos Estados Unidos O funcionalismo dominou a sociologia norte americana dos anos da guerra até meados da década de 60 mas desde então se viu submetido a variados ataques que levaram à perda de seu anterior predomínio nunca mais tendo assu mido uma importância maior na Europa Uns poucos exemplos demonstrarão a natu reza dessa abordagem Se alguém deseja anali sar os padrões conjugais na sociedade ociden tal é possível tentar explicálos através de uma análise digamos das idéias cristãs de matrimô nio tal como se desenvolveram desde o tempo de São Paulo até os pronunciamentos do atual papa Mas é possível também levantar um tipo diferente de questão por que sistemas de casa mento monogâmico têm predominado no mun do ocidental durante tão longo tempo Nesse caso uma resposta satisfatória deve não apenas concentrar sua atenção na história do sistema familiar ocidental moderno mas além disso explicar sua persistência durante um longo pe ríodo da história ocidental Essa questão será mais bem abordada comparandose esse sis tema familiar com outros e investigando suas conseqüências para a estrutura mais ampla da sociedade ocidental e para elementos específi cos dentro dela A busca sistemática das conseqüências so ciais de um dado conjunto de fenômenos deve ser distinguida de outra noção prospectiva nas ciências sociais a de propósito Enquanto esta última se refere a motivações conscientes de um ou mais agentes a primeira é usada para investigar conseqüências das quais o ator pode não ter consciência Tal distinção foi formulada pela primeira vez por Robert K Merton quando apresentou uma distinção entre funções ma nifestas e latentes isto é inconscientes como nos exemplos que se seguem Todas as socie dades têm regras de herança que determinam quem deve herdar o quê A análise funcional não está interessada no desenvolvimento his tórico dessas regras mas volta o foco de sua indagação para uma consideração sobre o im pacto societal diferencial dos diferentes sis temas de herança Investiga por exemplo as conseqüências patentes do sistema de primoge nitura e dos sistemas que favorecem a partilha igual entre filhos e filhas ou de sistemas que prevêem a sucessão através da linhagem pater na ou da linhagem materna ou da vontade do testante Cada um desses diferentes sistemas de herança tem fortes conseqüências estruturais na medida em que leva por exemplo à concen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 326 Frankfurt escola de tração ou à dispersão da riqueza familiar O conceito de função latente leva a atenção para além do problema de saber se o comportamento atinge o propósito dos agentes dirigindoa para séries de conseqüências do comportamento das quais os agentes não têm consciência e que não haviam previsto Em particular comportamen tos que dão ao observador a impressão de ir racionais e sem sentido podem resultar à luz da análise funcional como tendo importantes con seqüências Se as danças da chuva não têm probabilidade de mudar o tempo podem muito bem contribuir para elevar o moral de um grupo que está desmoralizado por um longo período de seca Muitos cientistas sociais antropólogos em particular têm concentrado suas maiores aten ções nas conseqüências de um fato social par ticular para a estrutura mais ampla no qual ele está embutido Parece no entanto que uma estratégia analítica igualmente frutífera seria fazer remontar as conseqüências de uma dada instância para outra instância como essa dentro de um todo mais amplo Essa perspectiva in dica por exemplo haver probabilidades de que seja frutífero analisar o impacto de uma depres são sobre a taxa de natalidade ou as conseqüên cias do uso de drogas para os padrões de mobi lidade de uma minoria em particular Tem havido entre alguns analistas funcio nais a tendência infeliz a presumir que qualquer instância que contribua para a manutenção de um todo mais amplo é por isso mesmo um fator positivo Mas somente aqueles com uma inclinação conservadora presumem que o que existe é necessariamente desejável Essa in clinação conservadora pode ser evitada se for destacado que é possível concentrarse em al ternativas que podem ter funções positivas para uma instância e no entanto não estarem amar radas a um conjunto de conseqüências indese jáveis Assim se a magia pode dar aos agentes uma sensação de segurança em um ambiente imprevisível também é verdade que apólices de seguro podem ter as mesmas conseqüências quando a pessoa passa de uma sociedade tribal para uma sociedade moderna A atenção a fun ções alternativas impede que a análise seja amarrada a uma ideologia conservadora Outra inclinação conservadora pode ser in troduzida na análise funcional caso a atenção analítica se limite a funções positivas Merton distingue entre funções e disfunções Ele de monstra além disso que determinados itens sob análise podem ter conseqüências funcionais ou disfuncionais para diferentes partes de um sistema social Por exemplo os padrões de mobilidade individual em uma sociedade in dustrial podem ser reforçados pela assistência financeira a jovens promissores das classes in feriores permitindolhes atingir os cursos se cundários ou a faculdade Mas essa extração do melhor ente os estudantes promissores das classes inferiores provavelmente esvaziará as reservas de líderes capazes para um partido operário ou um sindicato Quando a disfunção de uma instância em particular tornase óbvia isso pode estimular cientistas sociais voltados para as reformas bem como leigos a imaginar modos alternativos de organização Como costuma ser o caso na história da ciência quando uma nova abordagem método ou teoria é publicado os que a ela são in troduzidos parecem sentir que a nova coisa é capaz de explicar tudo que existe sob o sol Os primeiros freudianos tendiam a ver simbolismo sexual nos zepelins ou nos charutos havana e os primeiros analistas funcionais acreditavam que tudo devia ter necessariamente uma função Essa fé tão simples tem hoje poucos seguidores Tal como a medicina está consciente de que existem partes da anatomia tais como o apên dice que não possuem quaisquer funções dis cerníveis também a maioria dos funcionalistas hoje sabe que existem partes do organismo social que não parecem ter mais uma função ou que podem até nunca haver tido uma Outra abordagem da análise funcional a noção de prérequisitos funcionais desfrutou de bastante atenção uma década ou duas atrás mas desde então parece ter sido deixada de lado A noção de prérequisito sugere que qualquer sistema social precisa atender a certas funções indispensáveis caso queira sobreviver A aten ção aqui se concentra nas precondições e pré requisitos funcionais para uma sociedade Essa parece ser uma noção valiosa Infelizmente porém tal proposição irrepreensível foi seguida em geral pela idéia de que um item particular existente é um prérequisito funcional e essa é uma noção altamente questionável Não so mente se desvia a atenção das estruturas alter nativas como também se afirma que itens cul turais específicos devem ser operantes caso o sistema queira sobreviver Assim por exemplo afirmouse que a religião era um requisito fun Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar funcionalismo 327 cional para a manutenção da solidariedade nu ma sociedade Tal proposição só pode ser man tida afirmandose que instituições culturais for malmente nãoreligiosas são na verdade de ca ráter religioso por exemplo que o comunismo é na verdade uma religião ou que a religião é de fato uma instituição indispensável insubs tituível o que até hoje não se demonstrou ser o caso Os analistas que raciocinam segundo essa linha de pensamento nunca estabeleceram de forma convincente que a religião é o cimento insubstituível que une a sociedade Além do mais muitas listas compiladas por autores que afirmam esse ponto de vista acabam depois de um exame demonstrando não serem muito mais do que listas de itens tais como a produção de alimentos e a regulação sexual que de fato são parte da sociedade por definição Parece de valor limitado insistir em que as pessoas devem realmente ter algo para comer caso a sociedade queira sobreviver A análise funcional encontrase no presente momento muito na defensiva nos Estados Uni dos e também na Europa No entanto também é um fato que muitos textos sociológicos con tinuam a usar a lógica e o raciocínio funcionais embora não explicitamente Monsieur Jour dain o personagem de Molière não sabia que estivera sempre falando em prosa e muitos membros da corporação sociológica não sa bem ou não querem que seus leitores saibam que na realidade estão usando a análise fun cional Somente o futuro dirá se a análise funcional é de fato um requisito de uma sociologia sofis ticada Ver também ESTRUTURALISMO TELEOLOGIA Leitura sugerida Davis Kingsley 1949 Human So ciety Demerath NJ e Peterson RA orgs 1967 System Change and Conflict Durkheim E 1895 Le régles de la méthode sociologique Giddens A 1977 Functionalism après la lutte In Studies in Social and Political Theory Kluckhohn Clyde 1944 Navaho Witchcraft Malinowski B 1944 The functional theory In A Scientific Theory of Culture and Other Essays Merton Robert K 1949 1968 Social Theory and Social Structure ed rev Parsons T 1951 The Social System RadcliffeBrown AR 1952 On the concept of function in social science In Structure and Function in Primitive Society Stinchcombe Arthur 1968 Constructing Social Theories LEWIS A COSER fundamentalismo Tendo começado a exis tir com referência a uma variedade de protes tantismo conservador mais particularmente nos Estados Unidos essa palavra teve seu uso contemporâneo ampliado um tanto livremente para incluir variedades do islamismo e do judaísmo conservadores e deveria abranger o tipo de catolicismo militante e dogmático en contrado no movimento Opus Dei O fundamentalismo cristão originalmente tinha a ver com fundamentos de crença especi ficamente designados que incluíam a infalibili dade da Bíblia bem como a concepção imacu lada do Filho pela Virgem e a expiação dos pecados Como movimento o fundamentalis mo representa uma importante reação ao pro testantismo liberal Os protestantes liberais aceitavam uma abordagem altamente crítica da Bíblia e adotavam uma hermenêutica flexível com tudo que isso implica a respeito de moder nização e relativização Do ponto de vista libe ral a cristandade havia deixado de ser uma revelação única e final entregue à humanidade na Bíblia sendo antes uma consciência do di vino em evolução lado a lado com outras fontes espirituais geradas por outras modalidades de fé Um liberalismo desse tipo estava neces sariamente em movimento em geral numa dire ção cada vez mais afastada da ortodoxia en quanto o fundamentalismo se via como um defensor da fé revelada de uma vez por todas aos santos Era típico dos fundamentalistas aterse à verdade literal e à historicidade precisa da Bí blia e bem assim à autoria mosaica do Pen tateuco como de certa forma indissoluvelmente ligado ao literalismo Rejeitavam Darwin bem como as modernas explicações científicas sobre as origens do cosmo e a compreensão habitual dos registros dos fósseis Boa parte do protes tantismo inglês mesmo o de tipo conservador absorveu a evolução e a moderna cosmologia ainda que tenha havido algumas tragédias in telectuais como por exemplo a do destacado biólogo marinho Philip Gosse que teve de der rubar com o uso de astúcia suas próprias pro vas Mas nos Estados Unidos se desenvolveu uma interpenetração mais estreita especial mente no Sul de conservadorismo moral fun damentalismo e defesa da moralidade Talvez isso se devesse em parte a haver mais espaço nos Estados Unidos para a criação de redes de instituições fora dos centros educacionais im Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 328 fundamentalismo portantes controlados pela intelligentsia liberal e seus aliados no clero liberal Assim embora a causa fundamentalista tenha sofrido um revés em 1925 devido à publicidade adversa que se seguiu ao julgamento de John Scopes por en sinar ilegalmente a teoria da evolução ela con seguiu reforçar suas defesas institucionais e ressurgiu mais ou menos uma geração depois em aliança com diversas variedades de conser vadorismo moral teológico cultural e político Em algumas áreas os fundamentalistas ganha ram influência suficiente para garantir que o criacionismo fosse ensinado nas escolas ao lado de outras explicações O próprio criacio nismo é muito variado indo desde a visão pa drão de Deus como Criador até uma periodiza ção baseada no Livro do Gênese chegando a uma adesão rigorosa às narrativas do Gênese I e II Vale a pena enfatizar que o perfil do público e a coesão interna do fundamentalismo têm sido reforçados por transmissões religiosas em televisão e rádio e por escolas cristãs que ajudam a criar uma estrutura de plausibili dade capaz de tudo abranger Uma influência como a que os fundamentalistas alcançaram através da participação na Maioria Moral im plicou alianças inéditas com conservadores de outros tipos de fé Muitos comentaristas encaram o fundamen talismo como apenas uma reação e como uma instância daquilo que Steve Bruce chamou de calças curtas culturais 1990 No entanto essa visão é excessivamente parcial para com a compreensão liberal da questão Os conser vadores religiosos podem estar engajados em uma forma de luta cultural mas operam com facilidade no mundo comercial e técnico sem que seus vizinhos notem qualquer estranheza ou atraso marcante De qualquer forma a prin cipal denominação conservadora os Southern Baptistes Batistas Sulistas dos Estados Uni dos está se expandindo onde as denominações mais liberais estão diminuindo e o pentecos talismo é parte de um movimento universal que faz um progresso espantoso na América Latina comparese aqui TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO no Caribe em partes da África na Coréia do Sul e na chamada Faixa do Pacífico É interes sante que o pentecostalismo seja apenas in cidentalmente fundamentalista em vez de par tir da premissa fundamentalista Os pentecos tais tratam a Bíblia de maneira conservadora mas sua raison dêtre gira em torno dos dons do Espírito Santo da cura e do exorcismo O fundamentalismo na Europa também pa rece ser apenas incidental quer seja parte do pentecostalismo ou de formas mais antigas de pietismo evangelismo e revivalismo Isso sig nifica haver camadas de conservadorismo reli gioso por exemplo no Oeste da Noruega no Nordeste da Holanda no Norte da Jutlândia no Norte da Escócia e na Irlanda do Norte que não colocam o fundamentalismo na linha de frente de sua luta cultural Existe um centro intelectual com ramificações internacionais na Universidade Livre de Amsterdam e existem partidos políticos pequenos em boa parte do Norte da Europa dedicados à MORALIDADE reli giosa tradicional Movimentos paralelos de conservadorismo religioso têm surgido em anos recentes dentro da maioria das igrejas estabele cidas e alguns destes têm ênfase carismática Mais uma vez porém seu conservadorismo está mais ligado à atitude devocional e à dis ciplina moral do que a um ponto de vista da Bíblia rigidamente conservador Evidentemente o fundamentalismo cristão é apenas um elemento em um movimento ma ciço no sentido das versões conservadora e evangélica da fé Corre paralelo a um movimen to comparável no mundo islâmico mais par ticularmente entre os xiitas Em um certo sen tido o ISLAMISMO é inerentemente fundamen talista dada a ênfase na perfeição da Palavra da Deus corporificada de forma definitiva no Co rão Ao lado disso como um dos fundamen tos do islamismo encontrase a promoção do islã e da lei islâmica como um modo de vida completo abrangendo o estado onde quer que o poder e os números o permitam As ambições teocráticas do islã formam um contraste agudo com a modesta atividade dos grupos de pressão dos protestantes conservadores No uso con temporâneo um muçulmano fundamentalis ta ou está ligado a um dos movimentos con servadores ou então se caracteriza simplesmen te pela militância e o fanatismo Com toda certeza esse tipo de militância é parte de uma reação à libertação de muitas sociedades cristãs em relação ao colonialismo muçulmano prin cipalmente otomano e ao avanço da cultura e do colonialismo ocidentais incluindose nesse avanço a secularidade e o pluralismo através das fronteiras do mundo islâmico Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar fundamentalismo 329 Leitura sugerida Bruce S 1990 A House Divided Protestantism Schism and Secularization Marsden George 1982 Fundamentalism and American Culture the Shaping of Twentiethcentury Evangelicalism 18701925 Martin David A 1990 Tongues of Fire the Explosion of Conservative Protestantism in Latin America DAVID A MARTIN futurologia No início do século XX estava evidente que uma rápida mudança nas capaci dades e nos modos de vida humanos tinha todas as probabilidades de continuar Inúmeros ana listas influentes insistiram em que se fizessem esforços para sistematizar a nossa maneira de pensar a respeito do futuro Especialmente HG Wells que havia usado a ficção científica tanto para provocar questões a respeito de perspec tivas sociais quanto para fornecer uma platafor ma para a apresentação da ciência popular con clamou à criação de uma nova disciplina aca dêmica que tivesse em seu cerne esses esforços Esses apelos tiveram pouca resposta imedia ta e boa parte da especulação a respeito do futuro nas primeiras décadas do século pode hoje ser vista como um ensaio da Primeira Guerra Mundial e como visando alertar líderes e populações para a suposta ameaça represen tada por outras potências mundiais O período entre as duas guerras mundiais testemunhou desdobramentos de fatos importantes tais co mo uma série de livros publicados pela editora Kegan Paul no Reino Unido que convidavam intelectuais famosos a especular sobre o futuro Nos Estados Unidos os relatórios de William F Ogburn sobre tendências sociais e suas con seqüências lançaram grande parte das bases para o trabalho posterior sobre extrapolação de tendências indicadores sociais e avaliação de tecnologia tudo isso associado a estudos mais recentes sobre o futuro Mas foi só nos anos 60 que começou a surgir um corpo de trabalho em harmonia Boa parte desse trabalho derivou dos es tudos realizados em vários think tanks dos Estados Unidos O Exército norteamericano quase que na própria conclusão da Segunda Guerra Mundial estabeleceu uma série de pre visões tecnológicas de longo alcance que leva ram organizações multidisciplinares como a RAND Corporation a se tornarem centros onde acadêmicos podiam trocar idéias com membros do complexo industrialmilitar Os esforços pa ra avaliar contingências militares e geopolíticas levaram ao desenvolvimento de inúmeras e in fluentes abordagens da previsão tais como o método Delphi e a análise de impacto cruzado métodos mais sofisticados de extrapolação de tendências debate de idéias em grupo e análise de seqüências imaginárias de eventos Prova velmente o único acréscimo substancial desde os anos 60 a esse arsenal de métodos é a simulação por computador Descobriuse que essas abordagens eram úteis para grandes em presas e de fato para uma ampla série de outros organismos preocupados com a incerteza sobre os ambientes futuros em que poderiam estar operando Foram popularizadas também atra vés de livros de grande vendagem escritos pelo controvertido Herman Kahn e outros pesquisa dores Ecos mais acadêmicos viriam a ser en contrados nos trabalhos de Daniel Bell e outros autores que escreveram sobre a SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL De fato a sondagem do futuro através de métodos futurológicos e da aplicação de instrumentos de planejamento tais como análises de sistemas era encarado como um dos meios com que as sociedades pósindustriais orientariam seu próprio progresso e evitariam as crises econômicas e políticas de formações sociais mais antigas Na Europa esse período foi igualmente marcado por esforços para a consolidação do pensamento sobre o futuro com a criação de grande número de novos organismos e a prepa ração de relatórios importantes Em contraste com o trabalho da corrente predominante nos Estados Unidos o movimento futurológico europeu era bem mais questionador quanto à forma que o futuro poderia assumir por exemplo os autores europeus que escreviam sobre a sociedade pósindustrial tendiam a ter bem menos confiança na ausência de conflitos sócioeconômicos e no fim das ideologias A palavra futurologia foi introduzida por Ossip Flechtheim pesquisador alemão que se preocu pava em criar visões de um futuro diferente dos representados pelo capitalismo norteamerica no e pelo socialismo soviético Ironicamente os estudos futurológicos que vieram da antiga União Soviética são em muitos aspectos um verdadeiro espelho dos que foram feitos nos Estados Unidos nos anos 60 partilhando seu otimismo social e tecnológico mas invertendo os papéis das superpotências como forças pro gressistas e reacionárias Os estudos do Leste Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar 330 futurologia Europeu em contraste tendiam a uma atitude mais comedidamente crítica A palavra futurologia foi amplamente uti lizada para descrever os esforços pioneiros no sentido de se pensar sistematicamente a res peito do futuro a longo prazo e foi essa palavra que entrou na consciência do público Outras expressões são estudos futuros e pesquisas futuras enquanto nas tradições francesas ge ralmente se usam as expressões futuríveis e estudos prospectivos e a literatura alemã em geral se refere a prognósticos A palavra fu turologia apesar de ser a mais conhecida do público em geral costuma ser rejeitada pelos que trabalham nesse campo É encarada como um termo que transmite pretensões espúrias a uma compreensão científica do futuro ex pressões como estudos futuros em contraste dão mais o sentido de haver futuros alternati vos de as questões não estarem prontas e em brulhadas meramente à espera de serem des cobertas por meios racionais ou técnicos de um campo que está aberto a nãocientistas Talvez também futurologia seja encarada como exces sivamente ligada aos pesquisadores norteame ricanos dos anos 60 que estabeleceram esse campo Vale a pena notar que os dois principais organismos profissionais atuando na área a World Futures Society e a World Futures S tudies Federation não usam a expressão futurologia as publicações principais são Fu tures Futures Research Quarterly e Futuribles juntamente com o mais popular The Futurist Qualquer que seja o rótulo que lhes seja aplicado no entanto normalmente se faz uma distinção entre essas abordagens e as previsões mais convencionais A previsão é encarada co mo tipicamente de curto prazo preocupada com a extrapolação de tendências e outros des dobramentos livres de surpresas tentando prever ou planejar algum aspecto do futuro Talvez ainda mais importante seja vista como limitada a observar aspectos específicos e redu zidos do desenvolvimento econômico ambien tal social ou tecnológico Um dos elementos chave dos estudos futuros em contraste é tido como sendo o seu esforço para fornecer avalia ções mais holísticas reunindo o conhecimento sobre desenvolvimentos de muitos tipos dife rentes e levando em conta sua interação Assim a análise de eventos futuros hipotéticos a des crição de futuros alternativos em termos de grande números de características é uma das principais ferramentas desse trabalho A onda de entusiasmo pela futurologia nos anos 60 e início da década de 70 época durante a qual se estabeleceram muitos grupos e as sociações de pesquisa recuou um pouco duran te as décadas seguintes O campo do futuro tornouse um centro de debates em que pontos de vista opostos discutem com crescente sofis ticação mas poucos sinais de concordância a respeito de tópicos como a degradação do meio ambiente global e as implicações libertadoras ou opressoras das novas tecnologias A impor tância de buscar pontos de vista de longo prazo e de relacionar dimensões de mudança ver também MUDANÇA SOCIAL que tendem a ser compartimentalizadas umas em relação às ou tras nas tradicionais especializações acadêmi cas e de elaboração de políticas públicas no entanto não diminuiu À medida que se aproxi ma o milênio fica evidente um renovado in teresse pela pesquisa do futuro às vezes chamada de Estudos do Século XXI Leitura sugerida Coates JF e Jarrat J orgs 1992 The Future Trends into the TwentyFirst Century Nú mero especial de Annals of the American Academy of Political and Social Science 552 julho Fowles J org 1978 Handbook of Futures Research IAN D MILES Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra F Produção Textos Formas Para Ed Zahar futurologia 331 G gênero Representando o aspecto social das relações entre os sexos gênero é um conceito que se distingue do conceito biológico de sexo A questão de se e até que ponto os aspectos biológicos dos sexos são pertinentes à com preensão do gênero é popularmente controver tida mas dentro das ciências sociais a questão é encarada de maneira ampla como resolvida a organização social é considerada o fator esmagadoramente preponderante O gênero se constrói e se expressa em muitas áreas da vida social Inclui a cultura a ideologia e as práticas discursivas mas não se restringe a elas A divisão do trabalho por gênero no lar e no trabalho assalariado a organização do es tado a sexualidade a estruturação da violência e muitos outros aspectos da organização social contribuem para a construção das relações de gênero As teorias sociais variam em suas ex plicações sobre a importância relativa atribuída a várias instituições sociais na construção das relações de gênero As relações de gênero assumem formas di ferentes em diferentes sociedades períodos his tóricos grupos étnicos classes sociais e gera ções Não obstante têm em comum a diferen ciação entre homens e mulheres apesar da imensa variabilidade social da natureza da di ferença Um aspecto muito comum é que a diferença de gêneros se associa à desigualdade de gênero com os homens exercendo poder sobre as mulheres alguns afirmam que uni versalmente outros que quase universalmente Uma palavra relacionada é PATRIARCADO que conceitualiza a desigualdade de gênero co mo socialmente estruturada Teorias de gênero O pensamento social costuma identificar três perspectivas principais para se abordar a questão de gênero embora haja muitas mais especialmente se forem incluídas subcategorias e sínteses parciais entre as perspectivas do FE MINISMO As três tradicionais são o feminismo radical o feminismo socialista e o liberalismo Entre as categorias adicionais incluemse o conservadorismo por exemplo a SOCIOBIOLO GIA o pensamento feminino negro o pósmo dernismo a teoria dos sistemas duais o ecofe minismo e o feminismo materialista Alguns dividem a categoria do feminismo socialista separando as correntes marxistas mais orto doxas das que se valem mais do feminismo radical como em uma divisão entre marxismo e feminismo socialista Algumas perspectivas dentro do pensamento social é claro abstêmse na área de gênero O que se segue representa um resumo de algumas das principais divergências teóricas No entanto devese observar que esta visão geral por sua própria natureza é esquemática e muitos textos isolados desafiam uma catego rização tão simples Feminismo radical As análises feministas radicais indicam que a diferenciação de gênero é basicamente uma questão de desigualdade entre os gêneros sen do o masculino o dominante Os homens são encarados como os principais beneficiários da opressão das mulheres A subordinação das mu lheres é tida como autônoma em relação a ou tras formas de desigualdade social Enquanto todos os aspectos de vida das mu lheres são encarados como influenciados pelo domínio masculino as feministas radicais têm analisado com mais freqüência as questões da violência masculina para com as mulheres e do abuso por parte dos homens da sexualidade das mulheres bem como temas relacionados ao problema da reprodução Essa perspectiva é em geral criticada por não levar suficientemente em conta outras formas de desigualdade social mas essa falha é um 332 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar aspecto mais contingente do que necessário desse tipo de análise e algumas feministas ra dicais têmse mostrado sensíveis à questão Ou tra crítica comum é que o feminismo radical tem uma tendência ao reducionismo biológico Mais uma vez se essa é uma característica de algumas pensadoras não é um aspecto univer sal dessa escola de pensamento Feminismo socialista A análise feminista socialista também se concentra na desigualdade de gênero como um aspecto importante da diferenciação de gênero No entanto a desigualdade de gênero é en carada não como um sistema autônomo de relações sociais mas como intimamente ligada às relações de classe Isso significa que o capi tal tanto quanto os homens e às vezes com a exclusão dos homens é tido como o bene ficiário da subordinação das mulheres As feministas socialistas freqüentemente se têm concentrado mais nos diferentes aspectos da subordinação das mulheres do que as femi nistas radicais Em particular desenvolveram análises do trabalho tanto do trabalho assala riado quanto do TRABALHO DOMÉSTICO embora questões de cultura e sexualidade também te nham sido abordadas a última geralmente em combinação com a psicanálise O debate entre feminismo socialista e femi nismo radical temse concentrado com freqüên cia na importância relativa dos homens como agentes ativos na opressão das mulheres as feministas radicais considerando que isso é su bestimado pelas socialistas Também existe di vergência sobre a relevância relativa dos di ferentes locais de desigualdade de gênero Liberalismo Em comparação com as duas primeiras pers pectivas os pontos de vista liberais sobre gêne ro são em geral menos estruturais As análises dentro dessa perspectiva tendem a incluir al guns fenômenos de menor escala e a não se integrar a uma macroteoria das relações entre os gêneros Entre os tópicos aqui abrangidos incluemse em geral questões como educação e representação nos campos políticos normais como parlamentos por exemplo A crítica a essa abordagem concentrase na falta de con siderações sistemáticas sobre a interrelação de aspectos das relações de gênero Estruturas O patriarcado pode ser considerado como constituído pelas seis estruturas seguintes O lar O lar familiar é a instituição que vem sendo mais freqüentemente analisada por seu papel na produção tanto da diferenciação quanto da de sigualdade de gênero No entanto a própria e considerável variação de formas de lar entre diferentes culturas e épocas torna a generaliza ção arriscada As análises funcionalistas susten tavam tradicionalmente que a família era um local de diferenciação mais que de desigual dade de papéis entre homens e mulheres Muitas análises feministas têm afirmado que ao contrário as mulheres são subordinadas aos homens na família e que isso é crucial para outros aspectos de sua opressão Barrett 1980 A expropriação do trabalho doméstico das mu lheres é um aspecto central das teorias de muitas feministas socialistas e materialistas como Delphy 1984 Essa desigualdade no tempo despendido no trabalho doméstico foi confir mada por análises de orçamento de tempo Gershuny 1983 No entanto o modelo da família como composta de um maridoprovedor do sustento e de uma esposadonadecasa em tempo integral mais os filhos é um fenômeno não tão comum hoje em dia Em parte porque isso é etnicamente específico por exemplo essa forma foi raramente encontrada entre os povos de ascendência africana De fato essa variação étnica é crucial para a análise de al gumas feministas negras tais como Hooks 1984 a qual afirma que grande parte da teoria feminista partiu para uma generalização ilegíti ma das experiências das mulheres brancas para todas as mulheres A forma do lar familiar tra dicional é incomum também entre as famílias brancas hoje em dia em parte devido ao aumen to na proporção de mulheres casadas em em pregos assalariados no período do pósguerra e ao aumento dos lares chefiados por um único genitor Não obstante a entrada das mulheres na força de trabalho assalariada não produz como resultado típico uma divisão igualitária do trabalho doméstico O aumento do número de lares chefiados por mulheres resulta em parte da crescente taxa de DIVÓRCIO e em parte do aumento da natalidade fora do casamento Essa última tendência contudo tem sido acompa nhada por um crescimento da proporção de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar gênero 333 casais nãocasados e vivendo em coabitação ver CASAMENTO Emprego O emprego das mulheres difere do dos ho mens em dois aspectos principais Primeira mente é típico que as mulheres recebam paga mento inferior ao dos homens cerca de 34 do saláriohora dos homens na GrãBretanha Em segundo lugar as mulheres em muitas socie dades estão menos integradas do que os ho mens no trabalho assalariado e mais no trabalho doméstico nãoremunerado Uma divisão importante nas explicações dessas diferenças e desigualdades é a que se formou entre por um lado os que enfatizam a importância dos compromissos domésticos da mulher na redução de sua capacidade de par ticipar efetivamente do trabalho assalariado e por outro os que enfatizam as estruturas dis criminatórias dentro do mercado de trabalho e do estado Teóricos sociais mais próximos do marxis mo tendem a enfatizar o papel do capital e da família na subordinação das mulheres no mer cado de trabalho Beechey 1977 Os econo mistas das correntes predominantes também tendem a se concentrar na relevância das con dições domésticas da mulher mas diferente mente dos marxistas articulam isso como resul tado da opção livre e racional das mulheres de se engajarem no trabalho doméstico A ênfase nas estruturas discriminatórias do mercado de trabalho e do estado originase caracteristicamente dos teóricos dos sistemas duais e das feministas liberais Os autores de textos sobre sistemas duais combinam uma aná lise feminista radical das tentativas dos homens de subordinar as mulheres com uma análise socialista do capital Aqui a estruturação do mercado de trabalho representada na segrega ção empregatícia por sexo é encarada como o resultado de uma luta entre capital trabalha dores homens organizados e mulheres Har tmann 1979 As feministas liberais de manei ra típica concentramse nos problemas da cul tura masculina no local de trabalho e nas difi culdades em obter a igualdade de direitos Sexualidade A relevância da sexualidade para as relações de gênero tem sido tema de muitos debates Algumas feministas radicais encaram a sexua lidade como o terreno mais importante da do minação das mulheres pelos homens As mu lheres às vezes sofrem violentos abusos sexuais por parte dos homens e outras vezes são coop tadas por projetos patriarcais através de cons truções particulares da heterossexualidade Por um lado os homens violentam e representam as mulheres pornograficamente como objetos dos desejos masculinos e por outro a ideologia do amor romântico seduz as mulheres para o que é efetivamente uma heterossexualidade com pulsória A sexualidade é encarada como um espaço onde os homens forçam ou manipulam as mulheres a ter relações íntimas com homens O lesbianismo é encarado com freqüência como uma alternativa desejável A psicanálise forneceu os conceitos que al gumas feministas marxistas desejavam para co adjuválas na análise da sexualidade Elas têm tentado descartarse das partes sexistas da aná lise de Freud e utilizar conceitos centrais como o do inconsciente Mitchell 1975 A sexuali dade é vista como intimamente ligada à iden tidade de gênero e como crucialmente formada por experiências da primeira infância Outras têm usado uma crítica de Freud como base de explicações radicalmente diferentes da sexuali dade particular das mulheres Irigaray 1985 Os conceitos que Foucault 1976 introduz são outro caminho pelo qual os teóricos sociais têm buscado fornecer uma explicação da sexua lidade Esta é mais uma vez encarada como socialmente construída agora como um discur so Violência A consciência da extensão e do significado da violência masculina contra as mulheres é um dos produtos da recente onda feminista Fe ministas radicais têm analisado essa violência como uma forma de controle social sobre as mulheres Destacam de forma típica o sig nificado e a crescente incidência desses atos As feministas socialistas têm tido muito menos a dizer sobre essa violência As análises liberais têm destacado as falhas do estado na proteção das mulheres e levantado questões sobre como reformar esse estado de coisas Cultura A cultura tem sido encarada tradicionalmen te como de importância capital na construção das diferenças de gênero A teoria da socializa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 334 gênero ção tem sido popular em suas explicações de como meninos e meninas são tratados de forma diferente desde a tenra idade e conseqüente mente crescem com diferentes características sociopsicológicas A educação é encarada como parte importante desse progresso atraindo me ninos e meninas para diferentes atividades e realizações Análises mais recentes de gênero e cultura têmse valido extensamente da teoria literária com o desconstrucionismo de Derrida 1967 ver DESCONSTRUÇÃO e também da análise do DISCURSO de Michel Foucault A ênfase passou da experiência de aprendizado do indivíduo para a criação dos textos representações ou discursos que constroem nossas noções de gê nero Weedon 1987 Essa obra fala com fre qüência da diferença tanto entre homens e mu lheres quanto também entre as mulheres De fato alguns trabalhos que enfatizam as diferen ças entre as mulheres chegaram a problematizar o próprio conceito de mulher como categoria unitária Estado O estado costuma ser analisado como ele mento contribuinte para a diferenciação e des igualdade de gênero Por exemplo as feminis tas radicais têm analisado a falta de intervenção do estado quando os homens cometem atos de violência criminosa contra mulheres Hanmer e Saunders 1984 enquanto as feministas so cialistas têm examinado o modo como o estado de bemestar reproduz a forma tradicional de lar familiar McIntosh 1978 As mulheres têm buscado com freqüência mudar sua posição no mundo e temos tido inúmeras ondas de atividade feminista As duas mais conhecidas são as de 18501918 e a atual que começou no final dos anos 60 nos Estados Unidos e um pouco mais tarde na GrãBretanha ver MOVIMENTO DE MULHERES Não existe um movimento monolítico mas antes uma mul tiplicidade de estratégias feministas e uma cor respondente complexidade nas reações antife ministas motivadas por gênero Por exemplo às vezes as feministas afirmam que o melhor ca minho para o progresso das mulheres é lutar pelos mesmos direitos e privilégios e por serem tratadas do mesmo modo que os homens en quanto outras afirmam que as mulheres devem exigir atenção especial às especificidades de sua condição devendo reconhecer em vez de negar a diferença Leitura sugerida Cockburn C 1983 Brothers Ei senstein H 1984 Contemporary Feminist Thought Hooks B 1984 Feminist Theory From Margin to Center Jaggar A e Rothenberg PS orgs 1978 1984 Feminist Framework 2ªed Kelly L 1988 Surviving Sexual Violence Oakley A 1985 Subject Woman Spender D 1983 Women of Ideas Stan worth M org 1986 Reproductive Technologies Walby S 1990 Theorizing Patriarchy Weedon C 1987 Feminist Pratice and Poststructuralist Theory SYLVIA WALBY genocídio Este conceito foi cunhado por Ra phael Lemkin 1944 para se referir ao objetivo principal da política populacional alemã na Se gunda Guerra Mundial exterminar completa mente os judeus o principal alvo de persegui ção durante todo o domínio alemão e os ciganos além de dizimar e reduzir seletivamen te algumas nações eslavas Embora o genocídio tenha ocorrido no decorrer da história ele cha mou a atenção contemporânea devido à a sua utilização calculada e repetida no século XX e à sua justificação por meio de ideologias totali tárias b à racionalização de sua utilização e c ao crescimento e à especificação de normas de direitos humanos O crime de genocídio foi uma especificação dos crimes contra a humanidade um crime internacional de acordo com a Convenção de Haia de 1907 que constituiu uma das acusa ções contra os líderes nazistas no Tribunal Mi litar Internacional de Nurembergue em 1946 Genocídio e conspiração para cometêlo são hoje um crime de acordo com a lei interna cional em tempo de paz ou de guerra em prática doméstica ou entre nações sob a Con venção da ONU sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio UNGC que entrou em vigor em 1951 No entanto nenhum genocídio foi julgado de acordo com a UNGC apesar da citação de mais de 18 casos por estudiosos advogados e organizações de direitos humanos ver Fein 1990 Harff e Gurr 1990 A impos sibilidade de as Nações Unidas e de nações isoladas abrirem processos por genocídio tem se relacionado a a falhas estruturais da ONU b ao paradoxo jurídico da convenção e c às muitas utilizações políticas que os estados en contraram para o genocídio no século XX Con forme escreveu um observador em relação a a e c O estado territorialmente soberano ar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar genocídio 335 vorase como parte integrante de sua soberania o direito de cometer genocídio ou de se envol ver em massacres genocidas contra povos sob o seu domínio e as Nações Unidas para todos os fins práticos defende esses direitos Kuper 1981 p161 A ONU nunca instalou uma corte penal internacional e a imposição de sanções depende do consenso entre as grandes potências Assim e este é um exemplo de b embora exista a possibilidade teórica de tal corte penal a UNGC conta principalmente com os estados signatários para abrir processos por genocídio apesar do fato de o estado ser com maior freqüência aquele que perpetra o geno cídio O estudo de genocídios específicos prin cipalmente a Solução Final da Questão Judai ca de 193945 ver ANTISEMITISMO e o geno cídio armênio de 1915 juntamente com o estudo comparativo de genocídios que come çou nos anos 70 sofreu um crescimento ex ponencial nos anos 80 Existe discordância en tre os estudiosos a respeito da definição e dos melhores métodos de explicação e análise As discordâncias quanto à definição concentram se na utilidade e justificativa da definição de genocídio da UNGC especialmente a noção de intenção e a inclusividade de grupos de vítimas estipuladas De acordo com a UNGC genocí dio é qualquer dos seguintes atos começando com o assassinato de membros de grupos co metido com a intenção de destruir no todo ou em parte um grupo nacional étnico racial ou religioso como tal Muitos estudiosos hoje utilizam o termo genocídio para se referir ao extermínio delibe rado de qualquer grupo incluindo grupos polí ticos e nãoviolentos e classes sociais Uma nova definição pretende seguir paralela aos ter mos da definição da UNGC Genocídio é a ação sistemática e intencional por parte de um perpetrante para destruir uma coletividade di reta ou indiretamente através da interdição da reprodução biológica e social de membros do grupo mantida independentemente da rendição ou falta de ameaça oferecida pelas vítimas Fein 1990 As explicações de genocídio recorrem a vá rios tipos de análise histórica estrutural e so ciopsicológica O genocídio é encarado por Chalk e Jonassohn 1990 como surgindo pri meiramente da prática de impérios buscando a eliminar uma ameaça real ou potencial b difundir o terror entre inimigos reais ou poten ciais e c conseguir riqueza econômica Sin tetizando a formulação desses dois autores e as tipologias de outros podemos distinguir quatro tipos retaliatório despótico desenvolvimen tista e ideológico Tanto os teóricos estruturais quanto os so ciopsicológicos em geral concordam em que uma precondição necessária mas não suficien te para a vitimização é a preexistente defini ção da vítima como fora do universo da obriga ção ou responsabilidade Fein 1979 cap1 um estranho ou estrangeiro um inimigo ou intruso um grupo de párias ou uma comunidade nacional identificada como estrangeira sem ne nhum estadonação estrangeiro protetor para apoiála e povos indígenas que nunca foram concebidos como fazendo parte da sociedade organizada Os estruturalistas concentramse na interação de condições prévias que fazem do genocídio um resultado provável Entre estas incluemse crises de declínio e de legitimidade do estado a subida ao poder de regimes revo lucionários e totalitários as implicações de ideologias exclusivas nacionalistas fascistas e comunistas a disputa pelo poder entre grupos em novos estados e a abertura de novas terras para o desenvolvimento ou a mera pilhagem Finalmente existem em geral condições co muns que facilitam ou permitem o genocídio guerras que tornam as vítimas menos visíveis e improvável se não impossível que outros es tados tentem protegêlas e o apoio de impor tantes potências mundiais e regionais aos per petradores Fein concebe o cálculo do genocí dio como uma escolha racional depois de levar em conta todas as outras precondições en carando o fator precipitador como sendo a mu dança nos custos e benefícios previstos do ge nocídio isso brota de uma crise ou oportuni dade considerada como causada ou impedida pela vítima Fein 1990 As teorias sociopsicológicas concentramse nos estados e nos motivos íntimos dos per petrantes que interagem com os eventos exter nos para leválos a culpar os grupos de vítimas pelos seus problemas a seguir líderes autoritá rios e a matar sem culpa nem pudor para uma análise em níveis múltiplos ver Staub 1989 O genocídio tem tido maior incidência no mundo do pósguerra nos novos estados es pecialmente estados com governos comunistas ou autoritários Antes de 1950 a maior parte dos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 336 genocídio perpetrantes no século XX foi composta de estados totalitários incluindo importantes po tências européias principalmente a Alemanha nazista e a União Soviética É possível relacio nar padrões recentes de genocídio tanto ao âm bito das opções dos estados multiétnicos no sentido de reestruturar suas sociedades ex pulsão e eliminação são um modo radical de evitar a resolução de um conflito quanto ao uso crescente da repressão e do terror como meio de controle social em estados da Ásia África e Américas Central e Latina Dois interesses recorrentes unem muitos cientistas sociais que se preocupam com a ques tão do genocídio o reconhecimento dos geno cídios passados e a prevenção dos futuros Em anos recentes cientistas sociais começaram a ponderar sobre como medir e monitorar in dicadores de graves violações dos direitos hu manos incluindo assassinatos políticos e pa drões de discriminação que possam ser um prefácio ao genocídio a propor sistemas de alarme antecipados e a avaliar os estados e as minorias em risco Gurr e Scarritt 1989 Ver também EUGENIA Leitura sugerida Chalk F e Jonassohn K 1990 The History and Sociology of Genocide Charny IW org 1988 Genocide a Critical Bibliographic Review Fein H 1979 Accouting for Genocide Ο 1990 Ge nocide a sociological perspective Current Sociology 381 Gurr T e Scarrit J 1989 Minorities at risk a global survey Human Rights Quarterly 11 3 375 405 Harff B e Gurr T 1990 Victims of the state genocides politicides and group repression since 1945 International Review of Victimology 1 119 Kuper Leo 1981 Genocide its Political Use in the Twentieth Century Lemkin R 1944 Axis Rule in Occupied Europe Staub E 1989 The Roots of Evil HELEN FEIN geografia humana Em seu estudo da ocu pação humana da superfície da Terra os esfor ços empíricos dos geógrafos humanos no de correr do século XX têm sido extremamente heterogêneos mas quase sempre estiveram as sociados a três temas subjacentes e que freqüen temente se sobrepõem o papel dos seres huma nos na transformação da natureza na modifica ção física da superfície da Terra a organização do espaço por unidades societais e o impacto da organização espacial sobre a interação social e econômica e as atividades humanas ou aspec tos da paisagem construída que caracterizam cidades regiões ou outras áreas delimitadas Uma característica comum crucial a esses te mas a conduta situada da prática por agentes humanos operando dentro de constelações es pecíficas de relações sociais ficou muito tempo sem ser reconhecida e ajudou a resultar em um discurso disciplinar que em sua maior parte se esquecia da teoria social ainda que Vidal de la Blache e seus companheiros pra ticantes de la géographie humaine encarassem os genres de vie os modos de vida caracterís ticos de regiões junto com as interações de seres humanos com seu meio físico como fe nômenos antes de tudo sociais Os adeptos do determinismo ambiental o ponto de vista mais amplamente predominante durante o século XX ignoraram a existência de relações sociais e insistiram em que as práticas de vida as características culturais os atributos físicos e as habilidades mentais humanas varia vam geograficamente devido a diferenças no ambiente natural e ao fazêlo legitimaram a persistência do imperialismo europeu e norte americano A geografia cultural tal como desenvolvida por Carl Sauer e seus seguidores a partir de meados dos anos 20 evitava o social adotando a visão superorgânica de CULTURA proposta por Alfred Kroeber e outros antropó logos atribuindo à cultura um status ontológico e determinativo independente removendoa do âmbito da intervenção e do conflito humano e permitindolhe gerar magicamente suas pró prias formas Nos anos 40 e 50 os que buscaram o que Richard Hartshorne chamou de diferen ciação areal abandonaram a teoria social atra vés de uma concentração na arealmente ímpar interrelação de fenômenos direta ou indireta mente ligados à terra embora enfatizando o variável e o diferente e também através de uma desatenção a estruturas e processos sociais geo graficamente extensos Finalmente a revolu ção quantitativa do final dos anos 50 e dos anos 60 trouxe consigo um novo e rigoroso empiris mo agora concentrandose no estatistica mente mensurável em vez do que podia ser observado em campo uma preocupação con siderável com modelos originada na clássica teoria da locação e na economia neoclássica a busca de uma ordem geométrica a preocupação com a forma espacial mais que com o processo um desprezo positivista por teorias que lidavam com relações inquantificáveis e como resul tado de tudo isso pouca atenção a questões teóricas de caráter cultural e social Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar geografia humana 337 No contexto da Guerra do Vietnã e da cas cata de movimentos sociais populares em paí ses capitalistas altamente industrializados sur giu uma crítica interna da geografia humana predominante que finalmente veio a enfrentar a dimensão social teórica da temática dessa dis ciplina através da introdução de uma perspec tiva marxista Durante os anos 70 seguindo os esforços pioneiros de David Harvey uma cres cente minoria de geógrafos humanos começou teórica e empiricamente a reinterrogar o mun do da organização espacial e da diferenciação regional em termos da economia política do desenvolvimento desigual e da lógica do capi tal Começaram a explorar o impacto do capi talismo contemporâneo sobre muitos dos fenô menos urbanos e rurais muitas das relações homemterra que eram tradicionalmente objeto de escrutínio disciplinar e começaram de forma em geral combativa a examinar a dimensão geográfica das questões de justiça social que anteriormente estavam acima do âm bito de uma indagação aceitável Na medida em que os estudiosos inspirados em Marx se tornaram alvo de crítica na dis ciplina e se abriram ao debate interno e em que o próprio Harvey 1982 se expandiu ele pró prio até os limites do capital indo além de Marx ao enfatizar a espacialidade do capital e conclamar um materialismo históricogeográ fico inúmeros geógrafos humanos tornaram se diretamente engajados em desenvolvimentos sociais teóricos mais amplos Eles embarcaram na reformulação da teoria social e um novo discurso começou a tomar forma especialmen te nas páginas das revistas Antípode e Society and Space e em uma onda de livros importantes dos quais apenas uns poucos aparecem na lei tura sugerida abaixo Às vezes apelando para figuras disseminadas tão populares quanto Pier re Bourdieu Michel Foucault e Anthony Gid dens os geógrafos humanos críticos que par ticipam desse discurso têm de várias formas afirmado que a história não deve mais ser pri vilegiada nas análises sociais que a geografia e a história têm igual status ontológico que o espacial o temporal e o social são sempre in separáveis que tudo que é social está situado em chão firme e dentro de um contexto depen dente que a dinâmica histórica dos sistemas sociais deve ser vista em um contexto geográ fico concreto que as condições ou estruturas sociais que capacitam e restringem a atividade humana são elas próprias produtos sociais que no desenrolar da história as estruturas sociais e espaciais interagem mutuamente de forma constante Ao fazêlo e quando de um modo ou de outro reconhecem a interação transformado ra de intermediação e estrutura proporciona ram um novo conjunto de significados para a famosa frase de Marx de que as pessoas fazem sua própria história mas não exatamente como lhes agrada não a fazem sob circunstâncias escolhidas por si mesmas mas sob circunstân cias diretamente encontradas dadas e trans mitidas do passado Com sensibilidades epistemológicas des pertadas pela postura céptica dos filósofos pós modernistas para com padrões absolutos de verdade muitos dos que contribuem para o novo discurso geográfico humano em questão seguindo as posições de Keat e Urry 1975 e Sayer 1984 tornaramse adeptos do REA LISMO devido à sua afirmação de que a ciência é possível e necessária à sua alegação de que as estruturas com suas relações e forças causais impalpáveis existem para serem identificadas e às indicações que o realismo fornece para evitar conclusões causais injustificadas no estudo em pírico de sistemas sociais abertos e complexos O novo discurso resultou em inúmeros es tudos teoricamente informados e elegantes Al guns dos mais importantes examinam as ar ticulações cambiantes do local e do global sob o capitalismo do final do século XX e os modos como as relações entre os sexos as relações de classe outras relações de poder os detalhes da vida cotidiana e elementos da cultura são rees truturados localmente na medida em que dife rentes formas de capital são inexoravelmente reestruturadas em termos globais Avanços par ticularmente significativos foram feitos no âm bito da geografia industrial em que houve uma nova concentração na reestruturação e nos mer cados de trabalho regionais nos complexos de produção concentrados resultantes da acumula ção flexível e no papel central de uma indus trialização geograficamente específica em cres cimento sob o capitalismo Massey 1984 Scott e Storper 1986 Storper e Walker 1989 Atra vés de todas essas evoluções a geografia huma na crítica não tem escapado ao questionamento pósmodernista da linguagem e representação como resultado de questões repetidamente le vantadas por Gunnar Olsson desde 1980 Ols son 1980 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 338 geografia humana Leitura sugerida Cosgrove D 1985 Social For mation and Symbolic Landscape Gregory D e Urry J orgs 1985 Social Relations and Spatial Structures Gregory D e Walford R orgs 1989 Horizons in Human Geography Harvey D 1985 Consciouness and the Urban Experience Harvey D 1989 The Con dition of Postmodernity an Enquiry into the Origins of Cultural Change Peet R e Thrift N orgs 1989 New Models in Geography the PoliticalEconomy Perspec tive 2 vols Pred A 1990 Making Histories and Producing Human Geographies the Local Transfor mation of Pratice Power Relations and Consciousness Soja Edward EW 1989 Postmodern Geographies The Reassertion of Space in Critical Social Theory Thrift N 1983 On the determination of social action in space and time Society and Space 1 2357 Watts MJ 1985 Silent Violence Food Famine and Peasan try in Northern Nigeria ALLAN PRED gerência Ver ADMINISTRAÇÃO CIÊNCIA DA RE VOLUÇÃO GERENCIAL gestalt psicologia da O movimento de ges talt em psicologia teve origem na Alemanha na primeira parte do século Os psicólogos da ges talt afirmavam que o todo psicológico é maior que a soma de suas partes os psicólogos deve riam analisar a experiência em termos de pa drões totais de estímulos ou gestalts em vez de buscar dividilos em partes componentes Embora muitas de suas idéias fossem contes tadas pelos comportamentalistas elas atual mente estão integradas à moderna ciência cog nitiva As três figuras mais importantes no movi mento da gestalt foram Max Wertheimer 1880 1943 Kurt Koffka 18841941 e Wolfgang Köhler 18871967 Köhler explicou o termo teórico básico gestalt além da conotação de forma como atributo das coisas a palavra tem o significado de uma entidade concreta per se que tem ou pode ter uma forma como uma de suas características Köhler 1947 p104 A teoria da gestalt indicava que o sistema de percepção registra as formas inteiras dos obje tos em vez de seus elementos Os gestaltistas freqüentemente ilustravam esse princípio com o exemplo da música É possível reconhecer uma melodia ainda que tocada numa tonalidade pouco familiar As notas separadas não podem ser reconhecidas pois não foram ouvidas antes Portanto é o padrão geral ou gestalt que é reconhecido Os gestaltistas atribuíramse a tarefa de for mular as leis da percepção através das quais séries de estímulos são espontaneamente agru padas em padrões significativos Essas leis in cluem princípios como construção fechada e boa gestalt por meio dos quais as partes que faltam em uma série de estímulos são automa ticamente preenchidas por aquele que per cebe Os gestaltistas afirmavam que essas leis da percepção não são aprendidas e a esse res peito suas idéias entravam em conflito com os dogmas do COMPORTAMENTALISMO As teorias de aprendizado da gestalt também diferiam das dos comportamentalistas Os ges taltistas enfatizavam o papel da percepção afir mando que os problemas são resolvidos quando captados em sua totalidade Köhler ilustrou es sas idéias em seu clássico estudo dos chimpan zés Colocavamse bananas imediatamente fora de alcance mas os chimpanzés repentinamente apreendiam o problema ou viam a gestalt total eles então usavam varetas para alcançar os ob jetos distantes Köhler 1925 Embora as noções básicas da psicologia da gestalt tenham sido formuladas na Alemanha os três principais gestaltistas iriam terminar suas carreiras nos Estados Unidos Werthei mer e Koffka como judeus fugiram da Ale manha nazista Köhler foi um dos pouquís simos psicólogos alemães nãojudeus a se oporem publicamente ao nazismo Em 1935 ele pediu demissão de seu cargo no Instituto de Psicologia da Universidade de Berlim e partiu para a América As idéias gestaltistas têm exercido um efeito direto sobre o desenvolvimento da PSICOLOGIA SOCIAL Idéias a respeito da estrutura das ati tudes e da influência destas sobre a percepção tornaramse influentes no estudo psicológico do PRECONCEITO e da dinâmica de grupo Em anos recentes as noções de gestalt foram reto madas por cientistas cognitivos Existe uma afinidade entre as idéias dos gestaltistas e as de David Marr 19451980 que analisou o modo como os que percebem selecionam séries de estímulos em esboços primários Marr 1982 Há uma conexão lingüística entre a psi cologia da gestalt e uma forma de terapia co nhecida como terapia gestáltica No entanto os conceitos frouxamente definidos da terapia gestáltica com seus temas anticientíficos pou ca relação têm com as idéias da psicologia da gestalt Henle 1986 Ver também PSICOLOGIA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar gestalt psicologia da 339 Leitura sugerida Ellis WD org 1938 A Source book of Gestalt Psychology Koffka K 1935 Prin ciples of Gestalt Psychology Köhler W 1967 The Task of Gestalt Psychology MICHAEL BILLIG globalização Este é o processo pelo qual a população do mundo se torna cada vez mais unida em uma única sociedade A palavra só entrou em uso geral nos anos 80 As mudanças a que ela se refere têm alta carga política e o conceito é controvertido pois indica que a cria ção de uma sociedade mundial já não é o projeto de um estadonação hegemônico e sim o resul tado nãodirecionado da interação social em escala global Desse modo ela enquadra na mesma discussão os temas da SOCIEDADE PÓSIN DUSTRIAL e do DESENVOLVIMENTO E SUBDESEN VOLVIMENTO A palavra firmouse em campos tão diversos quanto a economia a geografia o marketing e a sociologia o que indica que seu uso é mais que uma questão de moda pas sageira Críticos desse conceito destacam o fato de que as idéias de seres humanos pertencendo a uma única espécie habitando um único mundo ou compartilhando princípios universais não são novas Temos à nossa disposição os regis tros de milhares de anos de contato entre os grandes impérios da história e um sistema eco nômico envolvendo a maior parte da população do mundo pode remontar a várias centenas de anos Ao mesmo tempo em que aceitam esses fatos os preponentes do conceito afirmam que ocorreu uma mudança qualitativa nos últimos 30 anos de história do mundo O universalismo no pensamento social o INTERNACIONALISMO no pensamento político o comércio mundial o imperialismo as guerras mundiais podem ser encarados como preliminares a um processo que é mais abrangente e penetrante O uso da palavra global é um indicador da mudança ocorrida Nos anos 60 ela passou a ser usada para significar pertencente ao mundo ou mundial O Dictionary of Modern English Usage de Fowler 1965 consideroua um neo logismo desnecessário sugerindo mundial como alternativa Mas o dicionário Webster o Oxford English e o Larousse francês aceitaram na já no início dos anos 70 O Oxford cita sua utilização mais famosa feita por Marshall Mc Luhan 1962 num conceito que se tornou em blemático o de aldeia global A perspicácia de MacLuhan foi captar uma propriedade da cultura moderna ou seja a possibilidade de comunicação global e afirmar que a recepção instantânea de imagens e vozes distantes muda va o conteúdo da cultura Sua idéia pressagiou uma nova concentração de interesse na comu nicação mundial como um fator transformador da vida local de relevância semelhante ao im pacto dos mercados capitalistas A teoria mar xista do desenvolvimento do capitalismo tal como desdobrada por Immanuel Wallerstein 1974 em sua teoria do SISTEMA MUNDO teve como imagem fundamental um centro ou cerne estendendo seu poder sobre regiões periféricas e ao mesmo tempo ligandoas A imagem de in fluência na idéia de cultura global parecese muito mais com a da precipitação decorrente de uma explosão Ela dá um ímpeto extra aos que encaram a cultura como um fator independente na criação de um mundo único Robertson 1990 Cultura e mercado juntaramse nos anos 70 nas atividades das corporações multinacionais que buscavam maximizar as vendas mundiais de seus produtos através da publicidade global No caso talvez mais famoso a CocaCola ofe receu a imagem de uma reunião de pessoas de todas as nações e de todas as cores cantando uma música que falava de perfeita harmonia A globalização tornouse conhecida como estratégia de mercado logo depois embora con tinue a haver controvérsia quanto a exatamente até que ponto uma estratégia global leva em conta as diferenças culturais Ao nível de corpo ração a multinacional com seu centro geral mente nos Estados Unidos e suas filiais em todo o mundo dá lugar à transnacional em que ex patriados de muitos países dedicamse às ativi dades de uma única corporação em toda a Terra Para os economistas globalização é uma palavra que ficou associada à dissolução das barreiras nacionais à operação de mercados de capital que teve início no começo dos anos 80 Isso resultou em negócios simultâneos nos prin cipais mercados de Nova York Londres Tó quio e Frankfurt de tal forma que o movimento dos mercados se encontra evidentemente fora do âmbito do controle de qualquer agência na cional O futuro do sistema capitalista já não pode ser visto como ligado ao destino de uma nação modernizante em particular os Estados Unidos Isso indica uma mudança qualitativa a partir de um processo encarado de forma varia da como MODERNIZAÇÃO ou imperialismo ru Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 340 globalização mo a uma transformação abrangente na qual novos agentes da mudança social global estão potencialmente ativos em qualquer parte do mundo Os países do Extremo Oriente o mundo islâmico ou a Europa podem ocupar o centro do palco a qualquer momento produzindo reper cussões para as vidas das pessoas em áreas do mundo totalmente distantes Em última análise são os efeitos transfor madores da globalização sobre as vidas dos indivíduos e suas relações entre si que cons tituem o teste de utilidade do conceito Esses efeitos por sua vez estão diretamente relacio nados aos argumentos sobre o pósmodernismo e a possibilidade de se compreender a idéia de cultura pósmoderna Um dos aspectos fre qüentemente observados no pósmodernismo é a justaposição de fragmentos de várias fontes étnicas e históricas dentro de uma mesma es trutura cultural seja em arquitetura música moda ou culinária mas ainda se discute se esse tipo de colagem cultural deve ser visto como uma reação ao caráter racional da modernidade ou como um estágio em direção a uma nova síntese global Ver também MODERNISMO E PÓS MODERNISMO A globalização é atacada pelos que a en caram como uma nova forma de homogeneiza ção da cultura uma extensão da CULTURA DE MASSA que aplainou a variedade de culturas locais européias do século XIX Ela está ligada claramente contudo ao avanço do multicul turalismo à demanda por pluralismo cultural em estados unitários e a movimentos de auto determinação nacional O processo que resul tou em estadosnações trabalhando no sentido da formação de agências supranacionais como as Nações Unidas e de acordos intergover namentais como o Acordo Geral sobre tarifas e Comércio General Agreement on Tariffs and Trade GATT ou os acordos da Eco 92 no Rio de Janeiro facilitou as viagens por todo o mundo ajudou os fluxos migratórios e colocou em destaque questões sobre direitos de mino rias A sensação de um destino comum para a humanidade é aumentada pelo reconhecimento de questões sobre o meio ambiente global e o ativismo político cada vez mais cruza as fron teiras nacionais com a mobilização mundial de movimentos sociais O supranacionalismo portanto opera no plano do engajamento in dividual com valores globalistas em um ex tremo e na formação de uma classe internacio nal de capitalistas gerentes burocratas astros da mídia e dos esportes no outro Todos esses fatores levam ao reconhecimento de que temos que ultrapassar a interação do econômico do cultural e até mesmo do político e visualizar claramente a globalização como um processo de transformação social no mais amplo sentido possível O tratamento mais substancial do te ma até o momento foi dado por Anthony Gid dens 1990 Leitura sugerida Albrow M e King E orgs 1990 Globalization Knowledge and Society Featherstone M org 1990 Global Culture Nationalism Globaliza tion and Modernity Giddens A 1990 The Conse quences of Modernity King A 1990 Global Cities Postimperalism and the Internationalization of Lon don Sklair L 1991 Sociology of the Global System MARTIN ALBROW golpe de estado Definido de forma restrita por Henry R Spencer como uma mudança de governo efetuada pelos detentores do poder governamental em desafio à constituição legal do estado 1963 p508 o conceito de golpe de estado tenderia assim a abranger apenas a categoria dos golpes executivos Conforme su blinhado por MN Hagopian 1975 p6 a desvantagem de tal definição é excluir os golpes fomentados por grupos nãopertencentes à elite do poder golpes paramilitares ou que apesar de serem parte do aparelho do estado não de têm necessariamente o poder político golpes militares Diferentemente das revoluções ou das insur reições militarizadas que também visam a mu dança do governo ver REVOLUÇÃO um golpe de estado jamais convoca a mobilização das massas Essa característica básica não exclui uma eventual interdependência empírica dos fenômenos um golpe que pode muito bem ocorrer no início de uma revolução ou durante ela Chazel 1985 p637 A segunda caracte rística reside na sua forma de execução prepa rado e executado por um número pequeno de pessoas um golpe de estado exige acima de tudo segredo e ação rápida Dessa forma ocorre a infiltração de um segmento pequeno porém crítico do aparelho de estado que é usado para afastar o governo do controle do restante Lutt wak 1969 p12 A ênfase colocada na mudan ça institucional limitada nem sempre é um fator pertinente O que é válido para as sociedades tradicionais onde os golpes em geral são cen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar golpe de estado 341 trados em rivalidades pessoais estes não são tanto golpes executivos mas antes revoluções palacianas não o é necessariamente para outras sociedades o golpe de estado no Chile em 1973 foi acompanhado por um significativo estreitamento da arena política Em outros lo cais ainda que a habilidade estratégica segredo e ação rápida do sedicioso seja essencial para o deslocamento dos detentores do poder ela não é suficiente em si mesma para garantir o sucesso do golpe de estado o putsch de Kapp na Alema nha em 1920 fracassou em resultado de uma greve geral No entanto o elo entre os golpes de estado e a capacidade civil de mobilização continua a ser muito complexo uma vez que não é raro que golpes militares ponham freio a situações violentas imputáveis em países em desenvolvimento a um súbito ímpeto na par ticipação das massas Neste caso a ideologia e a organização dos militares contrastam em ge ral com o baixo nível de institucionalização dos regimes políticos que caracterizam as socie dades pretorianas devido à ausência ou fra queza de instituições políticas efetivas forças sociais defrontamse abertamente e cada qual emprega meios que refletem as suas capaci dades os ricos subornam os estudantes se amotinam os operários fazem greve a turba faz manifestações de protesto e os militares gol peiam Huntington 1968 p196 No entanto seria exagero dizer que os golpes militares le vam apenas a regimes autoritários o golpe de 1974 em Portugal é testemunha do fato de que um putsch pode às vezes abrir o caminho para a democracia Leitura sugerida Chazel F 1985 Les ruptures révo lutionnaires In Traité de science politique org por J Leca e M Grawitz Hagopian MN 1975 The Phe nomenon of Revolution Huntington SP 1968 Poli tical Order in Changing Societies Luttwak E 1969 Coup dÉtat a Pratical Handbook Spencer HR 1963 Coup dÉtat In Encyclopedia of the Social Sciences org por Edwin RA Seligman e Alvin John son vol34 50810 Touraine Alain 1988 La parole et le sang PATRICE MANN gosto A capacidade de julgar e apreciar o que é belo excelente bom ou perfeito e a propensão a produzir ou consumir objetos como por exemplo obras de arte que materializam essa capacidade constituem os dois aspectos do gos to Embora a noção tenha um extenso e ilustre passado no pensamento social ocidental que de Kant remonta a Platão passando por Hume ela tem sido surpreendentemente negligenciada pelas ciências sociais Com efeito até data re cente salvo pelas considerações de Max Weber sobre estilização da vida e pela teoria do consu mo conspícuo de Thorstein Veblen o gosto era a província quase exclusiva de filósofos e es pecialistas em história ou crítica de arte Osbor ne 1970 para não mencionar os biólogos em suma era relegado ao domínio da alta cul tura ou da natureza Assim o verbete sobre gosto na International Encyclopedia of the So cial Sciences Wenzel 1968 trata o gosto a par do cheiro exclusivamente como um fenômeno físicoquímico e não contém uma só linha a respeito de suas dimensões sociais A atitude da moderna ciência econômica é típica do tradicional desprezo socialcientífico pelo gosto Ao atribuir às preferências o status de variável exógena a teoria neoclássica evi ta a necessidade de estudar sua gênese social estrutura e mudança e reduz o gosto ao resul tado de um processo inteiramente individual de aprendizagem interna como na hipótese de cultivação de Tibor Scitovsky Em seu céle bre artigo De gustibus non est disputandum Gosto não se discute Stigler e Becker 1977 chegam ao ponto de sustentar a irrelevância total do gosto para a análise social de toda a conduta humana afirmando que as diferenças em comportamento se explicam melhor em ter mos estritamente de variações em preços e rendas Até mesmo fenômenos baseados no gosto co mo o vício o comportamento habitual a publici dade e a moda dizem esses autores podem ser mais bem estudados à luz da hipótese das pre ferências estáveis e uniformes Incumbia à filosofia e à ESTÉTICA portanto explorar o gosto e seus contornos O pensamen to filosófico do século XX sobre o tópico está apoiado no tratamento de Kant e pode ser carac terizado como uma busca da essência transhis tórica do gosto Na primeira metade de sua Crítica do juízo 1790 dedicada ao juízo es tético Kant formulou assim o problema do gosto como podemos emitir juízos que pre tendam ter validade universal quando sua base determinante é essa resposta estritamente privada aos objetos do mundo que se chama prazer Ou é possível ao gosto brotando espon taneamente de nossos sentimentos subjetivos excluir a decisão mediante prova e ainda assim obter a necessária concordância de ou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 342 gosto tros A resposta de Kant foi separar o gosto puro do prazer vulgar de modo a isolar a disposição desinteressada para diferençar e apreciar a beleza Cohen e Guyer 1982 esta última rejeita a fácil submissão dos sentidos ao comum e ao vulgar das Vulgäre para celebrar a finalidade da forma É certo que nem todos os filósofos adotaram a noção kantiana de uma faculdade pura de apreciação e distinção Wittgenstein Lectures and conversations sd p8 por exemplo assinalou claramente uma concepção antropológica de gosto por oposi ção a uma carismática quando insistiu em que para descrever o que se entende por gosto cultural devese descrever uma cultura Somente nas duas últimas décadas a pes quisa na área da sociologia da CULTURA quebrou o monopólio da estética filosófica e literária substituindo a noção essencialista de gosto des ta última por uma concepção relacional que vincula firmemente o gosto à dinâmica da de sigualdade de CLASSE Enquanto o propósito básico da estética pura foi ontologizar o gosto na busca de uma entidade platônica com his tória própria a sociologia esforçase por his toricizálo Para Norbert Elias 1939 os nossos padrões de gosto são o produto histórico de um secular processo civilizatório que envolve a progressiva multiplicação de restrições e proi bições impostas às funções físicas do corpo comer e evacuar dormir sexo e violência A transformação da sensibilidade européia regis trada por esses padrões ocorreu primeiro nas cortes reais antes de vazar aos poucos da aris tocracia para as classes média e trabalhadora em virtude do estabelecimento de fortes estados uni ficados e da conseqüente pacificação física da sociedade Corbin 1982 desenvolveu argumento análogo no domínio do cheiro ao revelar como as modificações nos padrões olfativos o que é considerado fétido e aromático que odores são considerados toleráveis que grupos são conside rados repugnantes na França do século XIX expressaram o crescente conflito entre classes na apropriação e adaptação do espaço na cidade em processo de industrialização De fato as próprias categorias que usamos para estabelecer hierarquias de gosto como in telectual versus simplório têm sua origem no processo histórico de sacralização da cultura pelo qual os assuntos e hábitos artísticos das classes privilegiadas foram instituídos em câ none universal de juízo estético Levine relata em detalhe a demorada luta que se travou nos Estados Unidos para estabelecer padrões es téticos para separar a verdadeira arte da pura mente vulgar de modo que na virada deste século o gosto que prevalecia era o de um segmento do espectro social e econômico que se convenceu e convenceu a nação em geral de que o seu modo de ver entender e apreciar música teatro e arte era o único legítimo Levine 1988 p231 Criar consumidores culturais como uma co leção de pessoas que reagem individualmente ao desempenho com discreto bom gosto exi gia um trabalho ativo de fragmentação sujeição e segregação de públicos atores estilos e gêne ros o que redundou no sistemático descrédito do entretenimento e da diversão populares O gosto em arte converterase em um meio de separação social ligado à ascensão das novas classes média e superior Mas é em La distinction critique sociale du jugement que encontramos uma resposta radi calmente sociológica ao enigma kantiano do gosto Pierre Bourdieu 1979 efetua nessa obra uma revolução copernicana na ciência do gosto ao romper com três princípios centrais da pers pectiva dominante Em primeiro lugar aboliu a fronteira sagrada que faz da cultura legítima um universo distinto ao repatriar o consumo es tético para a esfera dos consumos cotidianos o mesmo conjunto de disposições a que Bour dieu chama habitus determina a escolha de cada um em matéria de música e esporte pin tura e penteado teatro e alimento Em segundo lugar contra a ideologia carismática Bourdieu observa não só que as necessidades e capaci dades culturais são um produto de criação e educação de classe mas também que existe uma homologia entre a hierarquia de bens e a hierarquia de consumidores de tal modo que as preferências estéticas refletem em sua organi zação a estrutura do espaço social Por conse guinte o gosto só pode ser apreendido relacio nalmente dentro de um sistema de oposições e complementaridades entre estilos de vida e en tre correspondentes posições sociais na estrutu ra de classes Em questões de gosto mais do que em qualquer outra área qualquer determinação é negação os gostos são sem a menor dúvida acima de tudo aversões repugnância provocada por horror ou intolerância visceral do gosto de outros Bourdieu 1979 p56 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar gosto 343 Assim o gosto de liberdade da classe alta que confere primazia à maneira sobre a matéria com base em uma distância eletiva da neces sidade econômica definese pela recusa em se entregar a impulsos primários que ela con sidera ser o gosto das classes trabalhadoras Estas evidenciam um gosto de necessidade o qual expressa um ethos de classe e não cons titui propriamente falando uma estética na medida em que se recusa a separar arte e vida e a subordinar a função à forma Entre eles o gosto da pequena burguesia é manifestação de boa vontade cultural determinada pelo hiato entre seu elevado reconhecimento da legitimi dade da cultura burguesa e sua baixa capacidade de se apropriar dela A terceira inovação de Bourdieu consiste em mostrar que a maneira como o código específico necessário para deci frar obras culturais é adquirido através da imersão imperceptível no meio ambiente fami liar ou via ensino explícito na escola sobre vive no modo como é usada e afeta profun damente todas as práticas culturais De suma importância quando assume a forma de cate gorias cognitivas que parecem individuais e no entanto são desigualmente distribuídas entre grupos esse código fornece automaticamente lucros de distinção social funciona como capi tal cultural ao naturalizar diferenças de classe Portanto longe de ser o repositório final da individualidade espontânea o gosto resulta ser a forma por excelência do destino social amor fati uma cultura de classe convertida em na tureza isto é corporificada Bourdieu 1979 p190 e destinada a operar como código de poder Ao revelar o gosto como simultaneamen te arma e prêmio nas lutas de classificação pelas quais os grupos procuram manter ou melhorar suas posições na sociedade impondo seu estilo de vida como a única legítima art de vivre Bourdieu traz o Homo aestheticus de volta ao mundo do lugarcomum do cotidiano e do contestado ou seja de volta ao âmago da ciência social Ver SOCIOLOGIA DA ARTE Leitura sugerida Bourdieu Pierre et al 1966 La mour de lart Ο 1987 The historical genesis of a pure aesthetics Journal of Aesthetics and Art Criticism edição especial sobre estética analítica 20110 Gam boni Dario 1983 Méprises et mépris éléments por une étude de liconoclasme contemporain Actes de la Recherche en Sciences Sociales 49 228 Gans Her bert 1974 Popular Culture and High Culture an Ana lysis and Evaluation of Taste Gombrich EH 1963 Meditations on a Hobby Horse and other Essays on the Theory of Art Schusterman Richard org 1989 Ana lytic Aesthetics LOÏC J D WACQUANT governo Ver ESTADO grupo Um grupo social pode ser definido como um agregado de seres humanos no qual 1 existem relações específicas entre os in divíduos que o compreendem e 2 cada in divíduo tem consciência do próprio grupo e de seus símbolos Em suma um grupo tem pelo menos uma estrutura e organização rudimen tares incluindo regras e rituais e uma base psicológica na consciência de seus membros Uma família uma aldeia uma associação es portiva um sindicato ou um partido político são cada qual um grupo nesse sentido No entanto existem também grupamentos mais amplos de indivíduos uma tribo uma nação ou um império e os sociólogos em geral sempre fizeram distinção entre essas entidades concebidas como sociedades inclusivas e os grupos menores existentes dentro delas Alguns autores também identificaram uma terceira ca tegoria de quase grupos caracterizada por relações mais tênues entre os membros menor consciência de grupo e talvez uma existência mais fugaz indicando como exemplos desse fenômeno multidões ou turbas agregados por idade ou sexo e classes sociais Mas a fronteira entre grupos e quase grupos não é uma coisa fixa ou claramente marcada e a observação de Max Weber sobre as classes de que embora em si mesmas não sejam comunidades são com freqüência uma base para a ação comunal pode ser aplicada de forma mais ampla Assim as multidões podem evoluir para movimentos de protesto as diferenças etárias às vezes se cristalizam em movimentos de grupos etários ou de juventude a diferença entre os sexos fez surgir os movimentos femininos e as distinções de status social que produzem quase grupos tais como as profissões liberais ou as intelec tuais podem tornarse a fonte de grupos mais organizados na forma de associações profis sionais ou de elites especializadas Os grupos sociais em sentido estrito são extremamente variados no seu caráter Tönnies 1887 em obra que exerceu influência con siderável sobre o pensamento social posterior estabeleceu uma ampla distinção entre dois ti pos de grupo Gemeinschaft comunidade e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 344 governo Gesellschaft sociedade ou associação em ter mos da natureza da relação entre os membros Em uma comunidade os indivíduos encon tramse envolvidos como pessoas integrais e estão unidos por um acordo de sentimento ou idéia e Tönnies dá como exemplos a família ou o grupo de parentes a vizinhança a aldeia rural e o grupo de amigos Os membros de uma associação por outro lado entram na relação de uma forma mais calculada e deliberada visando satisfazer objetivos específicos e parciais e es tão unidos por um acordo racional de interesses os principais exemplos dados são os dos grupos preocupados com interesses econômicos Tön nies deve se observar de passagem também aplicou essa tipologia a sociedades inclusivas basicamente num contraste entre o feudalismo e o capitalismo moderno No que diz respeito a grupos dentro da sociedade a sua distinção tem algumas semelhanças com a que fez Cooley 1909 entre grupos primários e outros fre qüentemente chamados grupos secundários por sociólogos posteriores sendo grupos pri mários os caracterizados pela associação ín tima face a face e pela cooperação o que resulta em uma certa fusão de individualidades em um todo comum Muitos estudos posteriores sobre grupos Homans 1948 e as pesquisas sociométricas de Moreno 1934 concentraramse nesses grupos primários ou pequenos e embora se tenha reconhecido de maneira geral que eles são apenas um elemento na estrutura social alguns autores tenderam a adotar a visão do próprio Cooley de que tais grupos são primários acima de tudo pelo fato de serem fundamentais para a formação da natureza social e dos ideais do indivíduo Contra isso podese afirmar de forma convincente que os grupos pequenos são for mados pela sociedade inclusiva muito mais do que a formam conforme fica bastante evidente no impacto da moderna sociedade industrial sobre os grupos a família e a aldeia rural Redfield 1955 em seu estudo da pequena comunidade reconheceu a importância dessa questão e a estudou minuciosamente sobretudo com referência às sociedades tribais às relações diversas que existem entre pequenos grupos e à sociedade mais ampla em que eles funcionam Uma tipologia de grupos muito mais elabo rada foi esboçada por Gurvitch 1958 vol1 seção 2 cap1 que propôs 15 critérios de clas sificação conteúdo tamanho duração ritmo proximidade dos membros base de formação voluntária e assim por diante acesso aberto semifechado fechado grau de organização função orientação relação com a sociedade inclusiva relação com outros grupos tipo de controle social tipo de autoridade grau de uni dade Isso leva em conta todas as principais diferenças entre os grupos e a diversidade de suas relações entre si e com a sociedade in clusiva Assim abrange por exemplo questões como as levantadas por Georg Simmel em um conhecido ensaio 1902 que examinou o rela cionamento entre o número de membros de um grupo e a sua estrutura e em outro estudo 1903 que mostrava como a concentração de população em cidades transformava a natureza das relações sociais De maneira mais geral a tipologia de Gur vitch proporciona um ponto de partida mais adequado para uma investigação sistemática das maneiras pelas quais os grupos sociais for mam uma rede de relações na SOCIEDADE CIVIL que interagem com essas tendências e as modi ficam no sentido da criação de uma SOCIEDADE DE MASSA onde indivíduos relativamente isola dos se defrontam com um estado cada vez mais poderoso Por outro lado também torna pos sível uma análise das condições em que grupos sociais específicos tais como elites ou classes dominantes organizadas ver ELITES TEORIA DAS podem eles próprios adquirir um poder descomedido A partir de variados pontos de vista portanto o estudo de grupos pode lançar luz sobre algumas questões fundamentais do pensamento social com respeito à relação entre indivíduo e sociedade às fontes de solidarie dade e estabilidade social e aos prérequisitos de uma ordem democrática Ver também PSICOLOGIA SOCIAL Leitura sugerida Homans GC 1948 The Human Group Redfield R 1955 The Little Community Tönnies Ferdnand 1887 1955 Community and As sociation TOM BOTTOMORE guerra O confronto violento de unidades so ciais organizadas que é a guerra pode ser abor dado a partir de várias e diferentes perspectivas Anatol Rapoport 1968 p14 identifica três delas a política a cataclísmica e a escatológica A primeira exemplificada por Clausewitz e ainda corrente no século XX especialmente entre os estrategistas trata a guerra como um Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar guerra 345 modo de COERÇÃO um ato de violência com a intenção de forçar nosso oponente a cumprir nossa vontade Numa perspectiva escatoló gica em contraste a própria guerra incluindo a revolução violenta tornase o desdobrar de algum desígnio grandioso o enfraquecimento e derrubada do capitalismo para os marxistas a inauguração do domínio de mil anos sobre o mundo pelo Terceiro Reich pelos nazistas ou mais tarde o redespertar do Jihad ou Guerra Santa islâmica particularmente conforme pre gada pelo aiatolá Khomeini do Irã Os adeptos desses desígnios grandiosos tendem a não se deter diante dos custos em geral dando como privilégio morrer pela causa e assim tornarse parte de um dos momentos decisivos da história A filosofia de guerra mais característica do século foi a cataclísmica Desde a Primeira Guerra Mundial em que 9 milhões de homens morreram em batalha a guerra vem sendo en carada amplamente como uma desgraça da so ciedade humana análoga aos acidentes de es trada ou às epidemias Nessa perspectiva a tarefa é compreender suas causas de forma a abolila ou pelo menos reduzir sua incidência e gravidade Para muitos expoentes desse ponto de vista o modelo é a ciência e seus dois pioneiros foram Lewis Fry Richardson 1960a e 1960b e Quincy Wright 1942 As investiga ções de Richardson sobre a guerra só publica das em forma de livro postumamente fizeram extenso uso da matemática Um dos seus obje tivos foi mapear a incidência da guerra de ma neira objetiva Ele não via nenhuma base firme para se distinguir entre guerra e guerra civil rebelião motim tumulto ou até mesmo assas sinato encarando tudo isso como sendo essen cialmente contendas fatais que ele classifi cou por magnitude conforme o número de mortos ficasse geometricamente mais perto de 1 10 100 1000 10000 100000 1000000 ou 10000000 Limitandose aos de magnitude 4 e acima 317 ou mais mortes relacionou 289 dessas contendas entre 1820 e 1949 A contribuição de Wright foi ver a guerra moderna em perspectiva como um fenômeno relacionandoo à guerra entre os animais entre as sociedades précultas e à guerra histórica conforme manifesta nas civilizações cultas até o Renascimento Também fez a crônica de suas flutuações em termos de freqüência e inten sidade No geral enfatizou a defasagem em plano global e continental entre os efeitos do progresso tecnológico e os ajustes políticos sociais e psicológicos que a raça humana faz com relação a eles A Segunda Guerra Mundial bem como a rapidez com que foi seguida pela confrontação de alianças nuclearmente armadas conhecida como Guerra Fria estimulou muitas pesquisas inspiradas pela filosofia cataclísmica para o que o Journal of Conflict Resolution lançado em 1957 tornouse um centro proeminente Waltz 1959 classificou proveitosamente todos esses esforços de acordo com uma das três imagens de relações internacionais que eles pressupunham isto é se localizavam as raízes da guerra na natureza e comportamento do homem p17 na organização interna dos estados p81 ou no caráter anárquico do sistema de estados p160 Uma vez que qual quer grupo de estados ou de outros agentes podia para fins analíticos ser encarado como um sistema essa terceira imagem podia ser ampliada a fim de incluir todas as influências para a guerra emanando de fora do par belige rante e uma quarta imagem a diádica podia ser observada em explicações da guerra que enfatizavam as características e padrões de in teração exibidos pelo próprio par beligerante a díade como um par As explicações da guerra pela primeira ima gem tendem a vir de psicólogos psiquiatras etólogos e numa veia mais pessimista teólo gos A guerra tem sido encarada como um re flexo da necessidade dos indivíduos de AGRES SÃO ou de sua inclinação a ela como manifes tação de territorialidade como conseqüência de suas atitudes etnocêntricas e percepções distor cidas Klineberg 1957 ou de sua obediência incondicional à autoridade Milgram 1974 Destas somente a última contribui diretamente para explicar a guerra e a perpetração de atro cidades em cumprimento a ordens na guerra e na paz nem mesmo ela porém explica as decisões de ir à guerra ou de dar tais ordens caso devam ser dadas As outras repousam no pressuposto de que populações menos agres sivas e menos tipologicamente imaturas ten dem a produzir menos governos inclinados à guerra ou pelo menos a controlar as propensões belicosas de seus governos de forma mais efi caz do que as mais agressivas e imaturas Le vandose em consideração o papel menor e em geral pouco direto que a política externa tende a desempenhar nas eleições nacionais é pos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 346 guerra sível duvidar da veracidade desse pressuposto Além do mais como demonstra Waltz as per cepções das explicações da primeira imagem não são facilmente aplicadas Tornar a popula ção de um país ou pelo menos um segmento substancial dela menos agressiva ou chauvinis ta em geral exige ação do governo e assim leva a análise para a esfera da política o desar mamento psicológico unilateral ele afirma é análogo ao PACIFISMO e pode ser arriscado em seus efeitos Embora Waltz aqui ignore em que medida até mesmo sociedades cujos governos deveriam desejar mantêlas fechadas podem ainda estar abertas à influência transnacional isso não invalida totalmente sua objeção As personalidades dos líderes isolados ge ralmente parecem exercer influência sobre a gênese da guerra como sem dúvida foi o caso de Hitler na Segunda Guerra Mundial mas sem analisar as forças políticas e sociais que propor cionam a essas personalidades o campo de ação e o apoio de que precisam para ganhar o poder dificilmente seria possível prevenirse contra o surgimento de líderes igualmente perturbados no futuro É evidente que existe um elo entre a guerra e a natureza humana mas este é tênue e é apenas parte da história Os pensadores da segunda imagem diver gem radicalmente entre si quanto a que tipos de estado são mais inclinados à guerra do que outros Os marxistas atribuíam a guerra e na verdade a própria divisão do mundo em estados à natureza essencialmente competitiva do capi talismo ambos desapareceriam uma vez alcan çado o sucesso da Revolução Quando as revo luções marxistas em vez de unir produziram regimes distintos e às vezes mutuamente an tagônicos em diferentes estados essa alegação tornouse insustentável Os indícios históricos apóiam de maneira enfática uma visão alternativa para a segunda imagem a de que os estados democráticos libe rais são menos inclinados à guerra do que as ditaduras pelo menos em suas relações uns com os outros Doyle 1983 observa que não houve um único exemplo de guerra entre quaisquer dois estados liberais embora o uso da força por parte dos Estados Unidos ainda que indireta mente para depor o governo marxista de Allen de democraticamente eleito no Chile em 1973 esteja perto de constituir o único exemplo Es tados liberais no entanto certamente usaram a força para criar e manter impérios ou uma do minação quase colonial para resistir a mudan ças revolucionárias e para impor sua vontade sobre os vizinhos justificando amplamente a restrição de Doyle de que apesar de seu impres sionante sucesso na criação de uma zona de paz o liberalismo foi um fracasso igualmente im pressionante na orientação da política externa fora do mundo liberal p323 A inclinação para a guerra também pode ser vista como conseqüência de características do sistema de tomada de decisões de um estado e particularmente da parcela desse sistema que se ocupa com a política externa A abordagem cibernética de Karl Deutsch é o exemplo notá vel disso ver RELAÇÕES INTERNACIONAIS Ou tros afirmaram que sob condições de depressão econômica ou de disputas políticas domésticas os governos precisam e buscam inimigos ex ternos para manter o seu poder Embora boa parte da investigação estatística não tenha con seguido corroborar o elo implícito entre con flito interno e externo Patrick James 1988 demonstrou que se um estado houvesse passado recentemente pelo agravamento de um conflito doméstico e em seguida se envolvido numa crise com um estado mais fraco tinha mais probabilidades de entrar em guerra com esse outro estado do que um que não tivesse essa experiência recente de conflito interno A terceira imagem conforme Waltz original mente a concebeu concentravase na anarquia internacional a ausência de governo e de uma lei aplicável entre estados como uma causa permissiva da guerra Conforme Claude 1962 demonstrou essa é uma visão desmasiado sim plista A existência de um governo não deu paz à Etiópia ao Líbano ou ao Sudão nem a ausên cia de um governo comum colocou as relações entre Canadá e Estados Unidos ou entre Norue ga e Suécia sob perpétua ameaça de guerra As explicações posteriores para a guerra de acordo com a terceira imagem foram mais sutis visando delinear características dos sis temas internacionais que influenciam a incidên cia da guerra em geral como parte de um exame mais amplo das propriedades desses sistemas O substancial projeto de David Singer Cor relatos da Guerra na Universidade de Michi gan Ann Arbor permitiu hipóteses a respeito dos efeitos sobre a guerra de aspectos sistê micos tais como a polarização o nível de con centração de poder e o grau em que os estados que formam o sistema se agregam em alianças Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar guerra 347 a fim de serem rigorosamente testados contra dados para todas as guerras enquadrandose em sua definição entre 1816 e 1965 EH Carr 1939 propôs outra explicação plausível da guerra pela terceira imagem embora menos rigorosamente testada contrapondo que o sistema econômico internacional de laissezfaire e o multilateralismo dos anos 20 ao acentuar a debilidade dos econo micamente mais fracos ajudou a criar o naciona lismo belicoso dos anos 30 que veio a deflagrar a Segunda Guerra Mundial Os principais tipos de explicações da guerra pela quarta imagem são adequadamente re sumidos no título de outra obra de Rapoport Fights Games and Debates 1960 Numa lu ta a ação de A para se defender de B é vista por B como ameaçadora e viceversa Richar dson demonstrou que esse processo pode den tro de certos pressupostos explodir numa cor rida armamentista desenfreada em que a pri meira parte achandose incapaz de aumentar suas defesas de maneira adequada provavel mente se decidirá pela guerra antes que a cor relação de forças se volte irrevogavelmente contra ela Uma escalada com probabilidade de luta também pode ocorrer numa disputa em que ambas as partes tenham feito investimento demais para desistir ver Teger 1980 Analisar a guerra em termos de um jogo implica que ela seja encarada como uma opção a sangue frio escolhida quando vantajosa Em bora utilizada de maneira geral e às vezes de forma falaciosa a serviço da filosofia política de guerra ou da coerção militar a Teoria dos jogos pode contribuir para a compreensão da guerra ajudando a demonstrar por que numa dada situação ela parece vantajosa a uma ou ambas as partes Ver JOGOS TEORIA DOS Debates isto é situações em que as partes divergem marcantemente a respeito de como é o mundo ou do que deveria ser feito e em que não se chega a um acordo sobre procedimentos para uma resolução ou administração do con flito podem facilmente levar à guerra a seleti vidade da percepção implícita em todo e qual quer aprendizado tende a ser reforçada em geral mutuamente pela cegueira do envol vimento Aspectos da primeira segunda e quarta ima gens podem ser incorporados a uma fórmula sugerida por Rosen 1970 o qual no espírito da Teoria dos jogos caracterizou a guerra como um instrumento de decisão uma parte defron tada com a escolha entre ter de ceder numa questão ou ir à guerra por isso escolherá a última hipótese caso Ct vezes p ultrapasse C sendo Ct o custo da tolerância da parte envolvida para o tópico em questão em outras palavras o quanto a parte envolvida estaria preparada para perder ou sofrer a fim de fazer valer a sua posição p é uma fração representando sua probabilidade subjetiva de ganhar uma guerra caso esta venha a ocorrer e C é o custo que a parte envolvida no caso de guerra efetivamen te esperaria ter Assim para partes racionais os valores subjetivos de p serão compatíveis chegando a somar 1 e as estimativas de C realistas A guerra será mais provável se o tópi co for de elevado valor para ambas as partes e inerentemente refratário a uma conciliação co mo por exemplo o regime a ser instalado em um terceiro estado importante para ambas os custos da guerra relativamente baixos ou o re sultado incerto um perdedor garantido caso seja racional cederá sem luta A fórmula de Rosen pode então ser ligada à primeira e segun da imagens supondose que determinadas ati tudes ou estados de espírito populares ou uma dada estrutura política interna possam dispor um ou ambos os lados ao excesso de confiança superestimando p à supervalorização de um objetivo periférico Ct incomumente elevado ou um descaso incomum pelo custo de uma guerra por exemplo quando a parte envolvida se vê pagando dividendos políticos em nível doméstico O que o modelo de Rosen não prevê é a guerra por acidente ou por má interpretação das intenções de um oponente A introdução de armas nucleares e outros meios de destruição total na guerra e nos prepa rativos de guerra liquidou em grande parte a glorificação da guerra total entre estados avan çados Não eliminou na verdade aumentou muito as duas possibilidades omitidas no modelo de Rosen E hoje em dia a guerra quase universalmente repudiada como instru mento político assumiu formas mais subrep tícias tais como a guerra por procuração ou a ajuda externa a movimentos de guerrilha ver GUERRILHA Ironicamente enquanto nas ex plicações para a guerra do início do século XX a soberania nacional era encarada em geral como a responsável na era nuclear grande parte da guerra contemporânea é vista como oriunda da fraqueza dos estados mais que de suas forças Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar 348 guerra Leitura sugerida Aron Raymond 1962 Paix et guer re entre les nations Blainey G 1971 The Causes of War Doyle MW 1983 Kant liberal legacies and foreign affairs Philosophy and Public Affairs 12 205 34 32352 James P 1988 Crisis and War Ogley RC 1991 Conflict under the Microscope Rapoport A 1960 Fights Games and Debates Rosen S 1970 A model of war and alliance In Alliance in Inter national Politics org por JR Friedman C Bladen e S Rosen Singer JD 1981 Accouting for Inter national war the state of the discipline Journal of Peace Research 18118 Singer JD e Small M 1972 The Wages of War Waltz KN 1959 Man the State and War Wright Q 1942 A Study of War RODERICK C OGLEY guerrilha A origem da palavra no seu sen tido de guerra pequena remonta à interven ção de Napoleão na Espanha 180812 Mas suas táticas são tão antigas quanto a própria história A guerra de guerrilha é usada por tropas irregulares cujos componentes costumam cha mar a si próprios de guerrilheiros e se baseia na surpresa e no tormento de hostilidades suces sivas para enfraquecer um exército regular A guerra de guerrilha foi geralmente usada como forma de resistência à ocupação estrangeira romana otomana napoleônica mais tarde foi amplamente praticada contra a expansão colo nial européia na Ásia e na África A guerra de guerrilha mais uma vez ocupou um papel importante durante e após a Segunda Guerra Mundial Grécia Iugoslávia China Com Mao Tsétung as táticas de guerrilha transformaramse em esforço de guerra revolu cionário instrumento militar visando à tomada do poder político ver MAOÍSMO A inovação de Mao não foi militar mas política Ele usou o partido de vanguarda originalmente criado por Lenin para organizar o proletariado urbano a fim de mobilizar o campesinato Esse modo baseado em propaganda amplamente difundi da organização e uso do terrorismo seletivo visa construir o apoio popular e acima de tudo uma infraestrutura subterrânea Foi usado com sucesso pelo Viet Minh na luta contra o colo nialismo francês e as tropas vietnamitas con seguiram vencer a batalha de Dien Bien Phu Mais tarde o mesmo modelo foi também adota do por movimentos nãomarxistas de libertação nacional Quadros médios são uma ajuda essen cial para a conquista do apoio de segmentos da população através da agitação e da propagan da sendo o objetivo criar uma nova ordem que conteste a legitimidade do estado Do início ao fim os problemas militares encontramse es treitamente relacionados e subordinados a ob jetivos políticos Embora diversas insurreições tenham sido derrotadas na Grécia nas Filipinas na Malá sia no Quênia muitas conseguiram depois de longas guerras de atrito às vezes com a simpatia da opinião pública no país colonial ganhar a independência através de uma vitória política As democracias concordaram em ne gociar uma vez que para elas nada havia de vital em jogo As ditaduras por outro lado não ne gociam e somente uma vitória militar na maior parte das vezes contra um estado fraco con segue pôr fim ao conflito Este foi o caso em Cuba 1959 e 20 anos depois na Nicarágua A Guerra do Vietnã 196573 confirmou a capacidade dos fracos de resistirem aos fortes Mas nos anos 60 todas as guerrilhas latinoame ricanas a que faltava o apoio popular foram derrotadas Guevara na Bolívia 1967 Hoje em dia há uma variedade cada vez maior de guerrilhas guerrilhas marxistas visando à tomada do poder para efetuar a mudança social como no Peru El Salvador Filipinas contra a ocupação estrangeira como no Afeganistão onde as tropas soviéticas depois de nove anos de intervenção 197988 recuaram guerrilheiros lutando pela autonomia ou a independência de uma minoria étnica ou religiosa Eritréia Sri Lanka os curdos no Oriente Médio guerrilhas antimarxistas ajudadas pri meiro pela África do Sul UNITA em Angola e Renamo em Moçambique em seguida pelos Estados Unidos Contras na Nicarágua A guerra de guerrilha não vai desaparecer pois as condições que a deflagram ainda se encontram presentes Mas com a inquietação urbana a megalópole cada vez mais populosa está se tornando mais e mais o epicentro de tumultos e insurreições Ver também GUERRA Leitura sugerida Beaufre André 1972 La guerre re volutionnaire les forces nouvelles de la guerre Chaliand Gérad 1979 1984 Stratégies de la guérilla Ellis John 1975 A Short History of Guerrilla Warfare Laqueur W 1977 Guerrillas a Historical and Cri tical Study Sarkissian Sam S org 1975 Revolutio nary Guerrilla Warfare GÉRARD CHALIAND Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Rev 120796 Letra G Produção Textos Formas Para Ed Zahar guerrilha 349 H hegemonia O uso desta palavra no século XX reúne e amplia utilizações anteriores Ela tradicionalmente indicava o domínio de um país ou governantes sobre outros Em segundo lugar também significava o princípio em torno do qual um grupo de elementos era organizado Hoje em dia ela se aplica não apenas às relações internacionais em que ainda significa domínio mas principalmente sob a influência do pen sador marxista italiano Antonio Gramsci que desenvolveu o conceito de forma significativa 192935 também passou a indicar o prin cípio organizador de uma sociedade na qual uma classe se impõe sobre as outras não apenas através da força mas também mantendo a sujei ção da massa da população Essa sujeição é conseguida tanto por meio de reformas e con cessões nas quais se levam em conta os interes ses de diferentes grupos como também pela influência sobre o modo como as pessoas pen sam Se a princípio Gramsci 192126 utilizou a palavra do mesmo modo que outros marxistas como Lenin Bukharin e Stalin com respeito à liderança de uma classe sobre outras em um sistema de alianças ao ampliar o termo ele ultrapassou o conceito marxista habitual de PO DER do estado como o instrumento de uma classe que empregava um monopólio da força afirmando que o estado no período moderno só podia ser compreendido como força mais aqui escência Esse enriquecimento do significado de he gemonia está relacionado à crescente comple xidade da sociedade moderna na qual o terreno da política mudou fundamentalmente Na era das organizações de massa como partidos po líticos e grupos de pressão quando a expansão do sufrágio exige de qualquer estado por mais restritas que sejam as liberdades democráticas que tente manter a aquiescência dos governados e com o desenvolvimento do nível educacio nal e cultural da população suas idéias práticas e instituições a área da ação do estado se amplia e as esferas pública e privada da socie dade se entrelaçam cada vez mais Nesse con texto o próprio sentido de liderança ou domínio político mudou na medida em que os gover nantes precisam alegar que estão governando no interesse dos governados a fim de permane cerem no poder Cada vez mais as exigências e necessidades da sociedade passaram a ser con sideradas como responsabilidade dos governos quando antes podiam ser relegadas à esfera privada definida como exterior à política As idéias a cultura e o modo como as pessoas vêem a si mesmas e suas relações com as outras e com as instituições são de importância capital para a forma como uma sociedade é governada e organizada e justificam a natureza do poder quem o detém e de que maneiras Assim na medida em que a própria natureza da política mudou o significado de hegemonia como lide rança domínio ou influência por sua vez tam bém evoluiu A palavra hoje implica liderança intelectual e moral e se relaciona à função de sistemas de idéias ou ideologias na manutenção ou contestação da estrutura de uma sociedade em particular Conseqüentemente é útil não apenas na continuação do status quo mas na maneira como uma sociedade se transforma Leitura sugerida Anderson P 19767 The antino mies of Antonio Gramsci New Left Review 100 Bo cock R 1986 Hegemony BuciGlucksmann C 1982 Hegemony and consent In Approaches to Gramsci org por AS Sassoon Femia JV 1981 Gram scis Political Thought Hegemony Consciousness and the Revolutionary Process Mouffe C 1979 Hege mony and ideology in Gramsci In Gramsci and Mar xism Theory org por C Mouffe Sassoon AS 1980 1987 Gramscis Politics 2ªed ANNE SHOWSTACK SASSOON hermenêutica Esta área da atividade e da indagação filosófica diz respeito à teoria e à prática da compreensão em geral e à interpreta 350 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar ção do significado de textos e ações em par ticular Visão geral Nas duas décadas que se seguiram à publica ção de Verdade e método de Hans Georg Ga damer em 1960 a hermenêutica passou a rep resentar um tópico central na filosofia e na análise cultural justificando com isso a afirma ção contida nessa obra seminal com respeito à universalidade do problema hermenêutico A posição de Gadamer é axial na hermenêutica contemporânea Trabalhando a partir de dentro da tradição da ontologia de Heidegger ele pôde apreender e desenvolver criticamente formula ções anteriores do problema hermenêutico e fornecer as bases para a posterior aplicação das percepções hermenêuticas a um amplo campo Nas ciências sociais a influência da her menêutica tem sido penetrante Debates com respeito por exemplo ao status científico das ciências sociais à relação de sujeito e objeto ao significado de objetividade à formulação de métodos apropriados à constituição signifi cativa do objeto foram todos crucialmente mol dados pela hermenêutica e hoje continuam em grande parte no seu terreno A influência semi nal da obra de Gadamer também pode ser detec tada num amplo âmbito de disciplinas fora da filosofia e das ciências sociais indo da medici na aos estudos de administração e à arquitetura na verdade onde quer que se reflita sobre a constituição dialógica do significado Como metodologia A hermenêutica encarada como a metodo logia das ciências humanas Geisteswissen shaften aplicavase às disciplinas ancilares da teologia da jurisprudência e da filologia que tentavam conhecer regras e linhas mestras para a interpretação de textos A palavra seria cunha da apenas no século XVII mas seu campo a ars interpretandi remonta ao início do pensamento ocidental Foi em particular em épocas de convulsão social e cultural que a hermenêutica se viu incumbida da tarefa de esclarecer o auto entendimento de uma época em relação à es trutura de significados tradicionais É quando concepções tidas como certas são abaladas que entra em jogo a interpretação do significado como sua apropriação metodicamente orien tada A teoria hermenêutica conforme se desen volveu antes do século XIX isto é como um conjunto de regras práticas é em princípio incapaz de proporcionar uma base teórica para a interpretação do significado O que se exige para esse fim é nada menos que a contribuição que Kant deu à fundamentação e justificação das ciências naturais A esse respeito a Crítica da razão histórica de Wilhelm Dilthey ver Dilthey 1927 representa uma ampliação da Crítica da razão pura de Kant ao levar em conta a dimensão histórica no desenvolvimento do pensamento humano A tentativa de Dilthey de fornecer a base para as ciências humanas prosseguiu neste sé culo com Emilio Betti que se atribuiu a tarefa de recolher a abundância de pensamento her menêutico até então acumulada e fazer dela um bom uso metodológico Uma importante atração da perspectiva ob jetivoidealista de Emilio Betti no estudo do significado reside na promessa de se obter uma exposição da possibilidade de verstehen aqui usada no sentido de uma forma de compreensão baseada em métodos que levam a resultados objetivos Betti introduz a sua teoria geral da interpre tação através de uma consideração da relação sujeitoobjeto na interpretação de formas sig nificativas O objeto das ciências humanas é constituído por valores éticos e estéticos Eles representam uma objetividade ideal que segue infalivelmente sua própria legitimidade Betti 1955 p9 A objetividade ideal dos valores espirituais só pode ser compreendida con tudo através da real objetividade das formas significativas Essas formas contêm valores que Betti encara como algo absoluto isto é como contendo dentro delas mesmas a base de sua própria validade Estão portanto afastadas da arbitrariedade subjetiva do que as percebe e como existentes objetivamente são acessíveis à verificação intersubjetiva Filosofia hermenêutica A obra de Betti representa uma exposição sofisticada da teoria hermenêutica como a me todologia da interpretação da mente objetiva A filosofia hermenêutica em contraste muda o foco da atenção da hermenêutica do problema de verstehen para a constituição existencial de uma compreensão possível a partir do ponto de vista da existência ativa especialmente em re Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar hermenêutica 351 ferência a nosso embebimento na tradição e na linguagem Heidegger Na obra tardia de Edmund Husserl a figura central no desenvolvimento da FENOMENOLO GIA o Lebenswelt o mundo da vida cotidiana que aceitamos sem crítica como nosso mundo fornecia a base ontológica para qualquer experiência possível Husserl 1937 A fenomenologia hermenêutica de Martin Heidegger desenvolve esse tema no sentido de uma análise do Dasein o seraí humano no mundo caracterizado pela busca de significado e por uma existência significativa Heidegger 1927 O significado de Dasein só pode ser abor dado por um esforço de interpretação her menêutico portanto tornase o conceito cen tral em análises existenciais A teoria herme nêutica sobre essa base não pode ser mais que um derivativo da hermenêutica mais funda mental do Dasein em que nos engajamos no esclarecimento de uma forma já existente de compreensão do nosso mundo da vida cotidia na Mas o verstehen metodicamente discipli nado não apenas é um derivativo da compreen são existencial como é também dirigido por esta última A interpretação de algo como algo isto é como estrutura de compreensão ba seiase na anteestrutura de compreensão A circularidade de argumento patente na concep ção da interpretação como um elemento dentro da anteestrutura de compreensão é a do Círculo hermenêutico ou existencialontológico A teoria hermenêutica enfatizou o movi mento da parte para o todo e viceversa no processo de compreensão Esse procedimento interpretativo metodologicamente orientado é hoje visto como um derivativo da estrutura existencial de nosso Sernomundo Na expli cação de Heidegger não é uma questão de sair desse Círculo como na busca de descobertas objetivas mas de entrar nele adequadamen te uma vez que ele contém a possibilidade de uma percepção original Gadamer A teoria hermenêutica concebe a compreen são como um ato que reside na capacidade do intérprete de se envolver com formas significa tivas Na visão de Gadamer porém a com preensão não deve ser concebida tanto como um ato da subjetividade mas como o colocarse dentro de uma tradição na qual passado e pre sente estão constantemente fundidos A reunião de passado e presente no ato da compreensão é descrita por Gadamer como a fusão de hori zontes Com a compreensão o horizonte do intérprete se amplia para abranger o objeto a princípio pouco familiar e nesse processo for ma um horizonte novo ampliado É nesse pon to no convergir de posições inicialmente diver gentes que pode surgir o verdadeiro signifi cado O significado constituise na formação dialógica de um acordo Somente nessa ex periência comunicativa é que chegamos a com preender e a conhecer mais plenamente aquilo que antes permanecia como uma parte obscura do nosso préentendimento do nosso horizonte inicial A ênfase na historicidade da compreensão na localização do intérprete dentro de uma tra dição ativa já foi qualificada em termos da anteestrutura do conhecimento Gadamer le va esse raciocínio ainda mais longe nos termos de uma précompreensão e na inevitabilidade do Vorurteile que pode significar tanto precon ceito quanto prejulgamento Esse aspecto tem sido encarado por her meneutas críticos como uma reabilitação do preconceito e como tal um retrocesso em relação ao questionamento de pressupostos in justificados que caracteriza a tradição do Ilumi nismo Nesse ponto porém essa percepção da estrutura préajuizadora da compreensão pode ser desenvolvida ainda mais na forma de um argumento em favor da universalidade do pro blema hermenêutico com base na ênfase de Gadamer quanto à condição niilista do nosso Ser A linguagem não é meramente um instru mento do pensamento mas ela própria trabalha para nos revelar um mundo nós nos movimen tamos dentro dele e com base nele Em última análise é a linguagem que forma a tradição a précompreensão que gera nossa compre ensão de nós mesmos e de nosso mundo Pósestruturalismo A ênfase de Gadamer mais na natureza pro dutiva do que na meramente reprodutiva da interpretação forma um paralelo com uma mu dança no pensamento filosófico literário fran cês no sentido de uma posição pósestrutura Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 352 hermenêutica lista Uma corrente em geral chamada de tex tualista é de particular interesse aqui em es pecial considerandose que seu principal repre sentante Jacques Derrida entabulou um diálo go com Gadamer ver por exemplo Derrida 1967 Ver também DESCONSTRUÇÃO A figura da fusão de horizontes que repre senta a constituição dialógica do significado surge no pensamento pósestruturalista como intertextualidade Essas palavras referemse também a uma relação ativa entre leitor e texto a uma interação e um desempenho em vez de um consumo passivo ou de uma análise distan ciada de um significado fixo Esse movimento ao mesmo tempo forma o ponto central de partida do ESTRUTURALISMO e da semiologia ver SEMIÓTICA com sua ênfase no signo como construção fechada O pósestruturalismo afastase da herme nêutica porém em sua negativa radical de qual quer fundamento de conhecimento no sentido de pressupostos funcionais no que diz respeito a uma base autoevidente de pretensões ao co nhecimento Por essa tradição é impossível usar noções como chegar a um consenso ou chegar a uma verdade sem se ver preso a um movimento circular e autocontraditório de pen samento A hermenêutica como crítica A figura do círculo hermenêutico foi usada por Gadamer para rejeitar o objetivismo ine rente na Geisteswissenschaften hermenêutica Quando desafiado por Betti a julgar a exatidão ou verdade de interpretações apresentadas Ga damer respondeu que só se preocupava em mostrar o que estava sempre acontecendo quan do compreendemos A referência de Gadamer ao embebimento da interpretação numa tradição foi vista por Betti como uma recaída no subjetivismo Para a hermenêutica crítica isso não apenas impede a hermenêutica de adquirir qualquer relevância metodológica mas também e talvez ainda mais importante representa a perda de um grau de autonomia conquistado com dificuldade em relação às forças da tradição que o pensamento do Iluminismo havia garantido Na obra de filósofos sociais trabalhando dentro da órbita mais ampla da ESCOLA DE FRANKFURT como KarlOtto Apel e Jürgen Ha bermas tentase uma integração da filosofia hermenêutica com outras tradições como a fe nomenologia o pragmatismo a filosofia lin güística e a análise freudiana Ambas visam uma integração das análises de Gadamer com preocupações sociopolíticas e com a formula ção de uma ciência social que possa ajudar a libertar uma prática social reprimida Aderindo ao projeto do Iluminismo Ha bermas busca desenvolver uma ciência social crítica que reconstrói possibilidades de eman cipação suprimidas Como uma ciência social críticodialética a hermenêutica profunda de Habermas tenta ser mediadora entre a objetivi dade das forças históricas e a subjetividade dos agentes Uma vez que seu objetivo é liberar o potencial de emancipação através da reconstru ção de processos de repressão não surpreende que Habermas usasse a psicanálise como mo delo Como a repressão ocorre na e através da linguagem a estrutura teórica exigida por tal programa assume a forma de uma cogitada teoria da competência comunicativa As ideologias fornecem uma explicação ilusória das sociedades que se caracteriza pelo domínio de uma seção sobre outra O consenso em tais condições tem todas as possibilidades de ser falso ou distorcido isto é o resultado de uma comunicação sistematicamente deformada Em condições de desigualdade o consenso só pode ser um pressuposto contrafactual o ob jetivo previsto da interação social em vez de sua inquestionada precondição Pósmodernismo A ética discursiva de Habermas centrada na idéia de diálogo livre de domínio tem sido rejeitada pelos filósofos que buscam sua ins piração em Heidegger e mais longe ainda em Nietzsche A intenção universalista do pensamento do Iluminismo bem como seu programa eman cipador é hoje encarada na melhor das hipó teses como ilusória porém mais provavelmen te como repressora ela própria Tal projeto im plica uma justificação filosófica na expressão de JeanFrançois Lyotard uma grande nar rativa ou metanarrativa 1979 cuja função é impor uma concepção unilinear monológica do objeto e legitimar suas próprias regras de procedimento Esta grande narrativa é representada pela hermenêutica de significado e caracteriza a posição pósmoderna de nos termos tornado Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar hermenêutica 353 incrédulos com relação a ela Essa atitude tem origem no reconhecimento valorizado da hete rogeneidade da pluralidade e da determinação local e leva Lyotard a rejeitar a unanimidade de mentes buscada na formação do consenso como não apenas irrealista mas até perigosa ter rorista No que diz respeito à preocupação filosófica e práticopolítica com a formação do consenso é necessário afirmar que a constituição dialógi ca do significado e o esforço por um acordo racional alcançado comunicativamente não tem relação com a imposição monológica de um jogo de linguagem particular Mais pertinente ainda a hermenêutica crítica preocupase com a formulação das condições da possibilidade de pluralidade É só com base em normas con sensuais que posições divergentes podem ser livremente desenvolvidas e receber uma aten ção imparcial A hermenêutica crítica busca ampliar esse espaço através da ajuda a se iniciar uma prática emancipadora que remova obs táculos no caminho da formação de um consen so autêntico Conclusão O pensamento hermenêutico destaca a loca lização de toda atividade dentro de uma es trutura particular de interpretação Como tal chama nossa atenção para os pressupostos e limitações de todas as formas de pensamento e prática social O objetivo dos que o propõem tem sido fomentar a interação comunicativa e com isso facilitar o desenvolvimento de formas humanitárias e autenticamente racionais de co existência social Ver também CONHECIMENTO TEORIA DO Leitura sugerida Bauman Z 1978 Hermeneutics and Social Science Bleicher J 1980 Contemporary Hermeneutics Ο 1982 The Hermeneutic Imagination Dallmayr F e McCarthy T orgs 1977 Understan ding and Social Inquiry Gadamer HansGeorg 1960 1975 Truth and Method Habermas Jürgen 1967 1988 On the Logic of the Social Sciences Hekman SJ 1986 Hermeneutics and the Sociology of Know ledge Hoy DC 1982 The Critical Circle Literature History and Philosophical Hermeneutics Ricoeur P 1969 Le conflit des interprétations Essais dhermé neutique Wachterhauser BR 1986 Hermeneutics and Modern Philosophy Warnke G 1987 Gadamer Hermeneutics Tradition and Reason JOSEF BLEICHER hinduísmo e teoria social hindu Hinduísmo é o nome geralmente atribuído às crenças e práticas que se desenvolveram no decorrer de muitos séculos no subcontinente indiano Essas crenças e práticas são variadas mas se asseme lham umas às outras como uma família Três tradições BUDISMO jainismo e sikhismo surgiram como religiões distintas porém cog natas A palavra ocidental hinduísmo deriva de uma palavra sânscrita para o rio Indo e variantes da palavra hindu foram usadas por mais de 2 mil anos por estrangeiros que queriam descrever o povo da Índia Os hindus chamam o seu modo de vida de darma sanatana eterno O darma em geral traduzido como reli gião é um conceito fundamental que não tem equivalente em nossa língua e inclui a noção de moralidade Designa a conduta apropriada à casta ao sexo e à idade de um indivíduo A vida humana é encarada como uma oportunidade para se atingir a moksha libertação do ciclo de nascimento e renascimento da alma Os hindus acreditam que o sofrimento e a boa fortuna podem ser explicados através do carma a lei cósmica de causa e efeito operando no decorrer de muitas vidas A teoria social hindu é a visão da sociedade que surge da análise da história e da cultura hindu conforme articulada por pensadores hin dus e por analistas da sociedade hindu O hin duísmo não tem um único fundador nem um único livro que seja encarado como uma Es critura Suas raízes podem provavelmente re montar ao período da civilização do vale do Indo 25001500 AEC antes da Era Cristã e às muitas religiões tribais locais do subcon tinente Os textos mais antigos os Vedas pro vavelmente escritos por volta de 1000 AEC no Norte da Índia registram os hinos de sacrifícios dos arianos palavra que adquiriu conotações de pureza racial ou de hinduísmo puro porém que mais precisamente indica os falantes de uma língua indoeuropéia que provavelmente teve origem mais ao Ocidente Os arianos adora vam deuses masculinos como Indra Nos Upanixades compostos cerca de 500 anos depois surge a crença caracteristicamente hindu na transmigração da alma e na unidade da atimã a alma individual com o bramã o absoluto impessoal que a tudo permeia A ex periência mística assumia grande importância e posteriormente surgiram sistemas de controle Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 354 hinduísmo e teoria social hindu físico e mental para favorecêlos ioga que são prefigurados no Bhagavad Gita O propósito da Artaxastra uma exposição do século IV AEC sobre as relações sociais é a preservação do poder de um rei Realpolitik combinase com princípios Subjacente à sociedade hindu encontramse os conceitos gêmeos de Varna ver CASTA e ashrama estágio de vida A sociedade é com preendida como uma hierarquia de elementos interdependentes porém desiguais caracteri zados mais pela harmonia do que pela competi ção A vida de um homem das castas duas vezes nascidas era encarada como uma se qüência de estágios O bramachari estudante celibatário casavase tornandose um grihasta chefe de família casado Quando lhe nascia um neto e sua linhagem ficava assegurada ele podia tornarse um eremita da floresta varna prasta antes de renunciar a todos os laços com o mundo como saniasi renunciante Esse pa drão persiste na sociedade hindu como um ideal básico da vida de família dando lugar a uma preocupação sem obstáculos com as ocupações religiosas Do Rig Veda das epopéias Maha barata e Ramaiana e dos códigos de leis Dar machastra surge uma visão elaborada da so ciedade A principal preocupação dos teólogos e filó sofos não era a teoria social mas a compreensão da derradeira realidade Shankara c800 EC pregou o advaita nãodualismo Em outras palavras todas as aparências de dualidade por exemplo entre Deus e a matéria eram ilusórias Para os místicos medievais como Kabir e Ra vidas a experiência mística não deixava lugar para a divisão em castas mas seria um ana cronismo descrevêlos como reformadores so ciais ou teóricos no sentido moderno A Índia do século XIX governada pelos ingleses e sensível tanto ao pensamento oriental quanto ao pensamento cristão pôs de lado os pensadores hindus com programas para a trans formação da sociedade Em Bengala a Brahma Samaj Sociedade Brâmane fundada por Ram Mohan Roy 17721833 promoveu reformas sociais especialmente no campo dos direitos das mulheres Em seu pensamento uma forma de monismo teísta era defendida pelo raciocínio filosófico de tipo ocidental Um asceta de Gu jurati Swami Daiananda Saraswati 182483 exortou os hindus a voltarem à sua concepção de uma pura sociedade védica expurgada das camadas supersticiosas dos séculos posteriores Ele e o movimento que criou Arya Samaj enfatizaram a filosofia hindu em lugar da ocidental lutaram para eliminar a intocabili dade estimularam a educação das mulheres e permitiram às viúvas que voltassem a se casar Swami Vivekananda 18621902 pregou um monismo místico acoplado a reformas sociais sem eliminar as castas ou a adoração de ima gens Bal Gangdhar Tilak 18561920 promoveu a consciência social e o nacionalismo político Ele defendia a antigüidade da cultura ariana e afirmava que o Bhagavad Gita devia ser com preendido como exortação ao serviço despren dido Mahatma Gandhi 18691948 lutou para concretizar uma sociedade livre da dominação estrangeira e caracterizada pela nãoviolência na qual todos os indivíduos fossem igualmente valorizados Ele não via justificativa no hin duísmo para a intocabilidade Seu princípio de sarvodaia elevação universal esposado por Vinoba Bave 18951982 e outros gandhianos significa uma ação prática para melhorar a qua lidade de vida dos mais necessitados Na filo sofia do exativista político Sri Aurobindo Ghose 18721950 a evolução substitui maya ilusão como princípio fundamental da socie dade e do universo Para Jawaharlal Nheru 18891964 primei ra pessoa a ocupar o cargo de primeiroministro da Índia a sociedade deve corporificar a demo cracia o socialismo e o secularismo isto é lealdade à unidade básica da Índia em vez do comunalismo o autointeresse de comuni dades divididas segundo linhas religiosas Sar vapelli Radakrishnan 18881975 filósofo e presidente da Índia viu um Idealismo indiano como potencial salvador da civilização em vista da exploração pela tecnologia comercial do Ocidente Conforme definido por Radakrish nan o secularismo não significa a falta de reli gião nem o ateísmo mas enfatiza valores es pirituais que podem ser alcançados de toda uma variedade de modos A harmonia mais que a competição era o ideal incorporado no sistema de castas tal como ele o expôs Radakrishnan 1927 O pensamento social hindu no século XX temse caracterizado por uma crescente tensão entre os princípios do secularismo e do Hin dutva revivalismo hindu no qual Bharat a Índia é emotivamente identificada com o hin Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar hinduísmo e teoria social hindu 355 duísmo Isso desenvolveuse em conjugação com o movimento para unir os hindus de todas seitas castas e regiões O objetivo da Rashtriya Swayamsevak Sanch União Voluntária Nacio nal fundada em 1925 pelo Dr Keshav Baliram Hedgevar 18891940 era fazer renascer a autoconfiança dos hindus e seu senso de obriga ção civil em grande parte através do envol vimento dos jovens num serviço social dis ciplinado Em 1964 era fundada a Vishwa Hin du Parishad Organização Hindu Mundial com o mesmo espírito de unificação dos hindus Muitos hindus enfurecidos ao perceberem que o governo indiano estava buscando satisfazer as minorias resolveram afirmarse de modo mais militante unidos na luta por um templo em vez de uma mesquita para marcar o lugar do nas cimento de Rama em Aiodia Esse ativismo inspirado pela idealização do passado hindu é representado politicamente pelo Partido Bhara tiya Janata Analistas da sociedade hindu compreen demna em termos de uma variedade de proces sos por exemplo a relação interativa entre a Grande e a Pequena Tradição PanÍndia e for mas locais de hinduísmo Srinivas postulou a sanscritização o processo pelo qual as castas inferiores mudam seu comportamento para fa zêlo assemelharse ao que é característico das castas brâmanes Entre outros processos in cluise a secularização pela qual o que é iden tificavelmente religioso tal como a crença no sobrenatural desempenha um papel menos sig nificativo nas vidas das pessoas a moderniza ção a industrialização a urbanização na me dida em que milhões se mudam das aldeias para a cidade num movimento sem precedentes e a ocidentalização indicando uma mudança no sentido por exemplo do consumo de carne e álcool comportamento incompatível com a sanscritização Leitura sugerida Basham AL 1954 The Wonder that was India Beteille A 1966 Caste Class and Power Changing Patterns of Stratification in a Tanjo re Village Dumont L 1967 Homo hierarchicus Dumont L e Pocock D orgs 195769 Con tributions to Indian Sociology vols19 Lannoy R 1971 The Speaking Tree a Study of Indian Culture and Society Radakrishnan S 1927 The Hindu View of Life Srinivas MN 1967 Social Change in Modern India ELEANOR M NESBITT história O convite a escrever um breve en saio sobre história para um dicionário do pen samento social no século XX é igualmente um convite a chegar a uma decisão visando esse ensaio sobre o que é o século XX Para esse fim ele será aqui um século XX curto os 75 anos entre 1914 e 1989 do início da Primeira Guerra Mundial ao múltiplo colapso do comu nismo como realidade objetiva e como ideolo gia em todo o mundo Nesse século de 75 anos a escrita da história sofreu três tipos de mudança de importância capital diferençáveis entre si mas também mutuamente interrela cionados As fontes às quais os historiadores dedicaram sua atenção profissional mudaram o tema sobre o qual os membros da profissão escreveram mudou e a estrutura na qual defi niram sua disciplina mudou Nesse século passado os historiadores ga nharam acesso a todo um repertório de informa ções até então fora do seu alcance por falta de tecnologia ou de técnicas para explorálas ou por falta da perspectiva que lhes desse sentido histórico Pela primeira vez os historiadores usaram sistematicamente fontes tais como le vantamentos aéreos fotográficos ou fotogra métricos de terrenos registros de nascimentos batismos casamentos e óbitos mensurações físicas de homens recrutados para os exércitos catálogos de empresas de vendas pelo correio registros de matrículas em escolas e univer sidades listas telefônicas Esses detritos da vida humana haviam sido reunidos pelos povos e moldados em forma manuseável em algum mo mento em algum lugar para algum propósito Esses propósitos eram outros que não os dos historiadores do século XX os quais em última análise remodelaram os dados sobreviventes para seu próprio uso A característica comum a esses tipos de dados era só terem relevância para os historiadores quando agregados Era da própria natureza das coisas que os tipos de avanço do conhecimento histórico a que essas fontes se prestavam fossem quantitativos Um segundo tipo de dados que atraiu a atenção dos historiadores profissionais com formação acadêmica no século XX foi a massa de informação que durante 250 anos ou mais antiquários locais vinham reunindo assistema ticamente nas publicações de sociedades erudi tas do mesmo âmbito Os historiadores profis sionais durante muito tempo tiveram desprezo por essas atividades de antiquariato Esse des Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 356 história prezo era bem merecido dada a inépcia de alguns desses esforços e a trivialidade ou me diocridade de boa parte do resto No século XX os historiadores profissionais remexeram as la tas de lixo da história local e em meio a muitos detritos sem significado descobriram artefa tos preciosos de um passado até então inex plorado Aos novos dados quantitativos acres centaram as cartas diários registros de casa mento e testamentos aluguéis e arrendamen tos de homens e mulheres obscuros e em ambos os casos a história se viu enriquecida por esse incremento Ambas as espécies de novas fontes históri cas forneceram dados sobre os tipos de pessoas a quem os historiadores profissionais só haviam dedicado até aquele momento uma atenção muito passageira trabalhadores agrícolas cam poneses operários soldados servidores do mésticos mulheres crianças com efeito a maior parte da humanidade desde que a vida humana começou a existir Assim no século XX pela primeira vez se tornou possível e logo depois já se tornara prática comum para os historiadores profissionais escrever de forma coerente a respeito de fenômenos com os quais os antigos historiadores tiveram poucos meios e ainda menos disposição para se preocupar dieta saúde força hidráulica fontes e aplica ções de energia alfabetização população pro dutividade epidemias Ver também HISTÓRIA SOCIAL Os historiadores que se dedicaram a abrir novos campos de investigação fizeram acompanhar seus esforços pioneiros do clangor adequadamente alto de trompetes e com menos felicidade de pretensões territoriais que fize ram com que as dos 13 estados originais dos Estados Unidos em comparação parecessem modestas A transferência do interesse para pessoas que os historiadores das gerações anteriores haviam negligenciado ou desprezado fez im plodir uma complacência que os membros da profissão tinham até então cultivado A recon cepção do histórico às vezes multifacetada a ponto de parecer caótica havia alterado a prá tica visível dos historiadores profissionais com uma série de choques sísmicos cuja força máxi ma foi difícil de mensurar quando o século terminou em 1989 No período de fundação de sua profissão de cerca de 1815 até 1914 os historiadores com formação acadêmica haviam dedicado a maior parte de sua atenção aos feitos passados de líderes dos homens brancos adultos uma ínfima minoria das pessoas que haviam até então vivi do sobre a Terra A intensidade de sua dedicação pode ter sido subestimada e seus motivos para essa dedicação mal compreendidos por muitos de seus sucessores no século XX Ainda assim a generalidade com que os historiadores do século XIX todos homens brancos e adultos se dedicaram ao estudo das lutas pelo poder na guerra e na paz de homens adultos brancos especialmente é conspícua A revelação de in dícios sobre como a maioria esmagadora dos seres humanos que não era nem branca nem masculina nem adulta havia vivido e morrido no passado humano resultou em um amplo e confuso tumulto a respeito do que conta como o passado significativo e de como contálo É evidente que no decorrer dos quatro séculos e meio entre 1492 e 1942 os homens brancos adultos vieram a dominar a ter hegemonia so bre a Terra Para alguns historiadores no século XX até para alguns que não se pode acusar com facilidade de visão paroquial ou limitada por antolhos era óbvio que a ascensão do Ocidente era A História desses 450 anos no mesmo sentido em que a Segunda Guerra Mundial foi A Historia dos seis anos de 1939 a 1945 era a história ou texto coerente em que a maioria dos outros feitos humanos dentro desse intervalo podia ser encarada como contexto ou pano de fundo Esse modo de olhar para o passado é evidentemente mais antigo que o Ocidente mo derno Teve suas origens nas literaturas de duas culturas antigas a grecoromana e a judaico cristã as quais os governantes e autores do Ocidente haviam considerado conveniente e adequada bem antes da descoberta da América A história da ascensão do Ocidente assim aco moda confortavelmente as duas tradições nar rativas com as quais os homens de letras do Ocidente estavam mais familiarizados antes de 1492 e que praticamente todos os fundadores da profissão histórica no século XIX aceita vam como um dado Não surpreende que muitos dos historia dores do século XX que tomaram parte na descoberta da história de baixo para cima considerassem essa velha história narrativa uma prova da anterior sujeição de outras raças outras classes outros grupos etários e do outro sexo à hegemonia dos homens brancos E ela foi também um instrumento dessa servidão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar história 357 A desvalorização das pessoas individual mente como os centros das histórias históricas e a desvalorização das histórias como a forma natural da história portanto acomodam com conforto os tipos de provas que os novos gêne ros de fontes forneceram no século XX Todo esse conjunto de provas proporcionou respostas a muitas perguntas históricas que nenhum his toriador até então havia feito Não proporcio nou respostas aos tipos de perguntas que ha viam sido a preocupação maior dos historia dores do século XIX e de seus sucessores que continuaram a partilhar de suas preocupações Numa cultura que durante 200 anos havia atri buído um valor honorífico sem precedentes à inovação era de se esperar que os inovadores do século XX viessem a menosprezar o valor dos tipos de história narrativa que suas práticas não estavam mais aptas a produzir do que um bateestacas estava apto a produzir uma gravu ra Isso não é dito com a intenção de comparar invejosamente o valor de um com o do outro não são comparáveis Assim o tipo inovador de trabalho histórico do século XX marginalizou os autores de his tória narrativa Marginalizou também as pes soas humanas ou efetivamente as desintegrou transformando em nãoentidades históricas os efetivos atores dessas histórias multifacetadas do passado que haviam sido a maior parte do que a maioria dos historiadores escrevera a respeito durante os 100 anos anteriores No século XXI começando em 1989 os historiadores podem vir a querer examinar a confluência das novas fontes da escrita histórica do século XXI seus novos temas e as concep ções na verdade as idées fixes que haviam conquistado as mentes dos historiadores mais influentes da época Quanto mais tempo es perarem mais a passagem do tempo reduzirá sua capacidade de empatia com o fascínio du radouro feito tanto de atração quanto de repulsa para os historiadores do século XX desse conjunto particular de idéias ao qual em breve retornaremos A confluência de fontes idéias e eventos ocorreu entre 1914 e 1945 Seu cenário foram duas guerras terríveis geradas na Europa que em 30 anos deixaram desolada aquela civiliza ção violenta em meio às cinzas de sua própria loucura Os primeiros anos do século XX por tanto testemunharam um holocausto das ex pectativas esperanças e aspirações do século XIX expectativas da difusão por todo o planeta da civilização dos estados da Europa mais avançados em termos de ciência tecnolo gia e alfabetização esperanças de PROGRESSO contínuo no caminho da liberdade e da demo cracia aspiração pela paz universal Na Europa desde Waterloo tinha havido ocasionais e curtos episódios de luta armada Mas dos Urais ao Atlântico ao norte do Danúbio pela primeira vez desde que os estados da Europa alcançaram a coesão necessária para conflitos entre estados não tinha havido nenhuma guerra longa e im portante entre as grandes potências É preciso lembrar que pelo menos com a vantagem da visão em retrospecto atribuímos aos historia dores que oscilam à beira do século mais odioso da história a qualidade da idiotice moral política ou ambas No conflito armado da Primeira Guerra Mundial o maior conflito de recursos humanos da história da Europa esse fácil otimismo de um século afundou Deixou apenas como carga lançada ao mar o sorriso idiotizado do ingênuo gigante transatlântico os Estados Unidos que fez o seu vôo de besouro sobre o campo de batalha apenas por tempo necessário para deter minar o resultado militar imediato tartamu deou uma fórmula ritual Garantam um mundo seguro para a democracia e em seguida se retirou para seu habitual isolamento tanto espiritual quanto geográfico Nos anos do pósguerra numa situação de dificuldade e de abandono os melhores intelec tos da Europa voltaramse para os poucos pro fetas do infortúnio os quais em meio à promes sa do século XIX haviam percebido sinais de desgraça iminente Muitos voltaramse espe cialmente para aquela sucessão de profetas que embora percebendo em seu próprio tempo a ameaça de catástrofe mundial enxergaram va gamente no horizonte os sinais de uma aurora vermelha que surgiu no início dos anos 20 uma nova luz no Leste a primeira sociedade socialista Um após outro os objetivos socialistas pro clamados por Karl Marx em 1848 foram alcan çados na União Soviética a abolição da propriedade privada a liquidação de uma es trutura de classes arcaica a ditadura do prole tariado a destruição daquele ópio do povo a religião organizada e com apenas 12 anos da fase russa da revolução mundial a introdu ção do planejamento econômico e assim final Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 358 história mente uma sociedade organizada de modo ra cional para atingir seu objetivo declarado Nun ca a capacidade persuasiva do fazer foi mais eficaz do que naqueles primeiros anos da ex periência comunista na Rússia Essa capaci dade criava um contraste agudo com os cegos tropeços do Ocidente nos dez anos anteriores à Segunda Guerra Mundial De um lado a mar cha firme através do socialismo rumo a uma sociedade comunista na União Soviética De outro a Grande Depressão o desemprego ma ciço o colapso dos regimes pseudodemocráti cos da Itália e da Alemanha do préguerra no fascismo e no nazismo a paralisia das econo mias capitalistas e a aparente agonia do im perialismo e da ordem mundial burguesa Antes da Primeira Guerra Mundial a pala vra marxista fora aplicada a um conjunto poli cêntrico de seitas e facções políticas com dois traços em comum O primeiro era uma aversão às estruturas políticas econômicas ou sociais em meio as quais viviam e a convicção de que essas estruturas eram tão exploradoras e opres soras da maior parte da humanidade que deve riam ser substituídas através de quaisquer meios viáveis O segundo era a convicção de que Karl Marx havia efetivamente analisado o modo como a humanidade tinha chegado ao transe por que passou em 1914 ele havia des coberto também o caminho que ela iria e deve ria seguir no futuro o caminho chamado socia lismo rumo ao objetivo chamado comunismo Em 1914 os seguidores dos ensinamentos de Marx da Rússia à península Ibérica viviam em múltiplo desacordo a respeito do que era a verdadeira filosofia marxista e da linha de ação que deles se exigia naquele momento Todos os marxistas concordavam porém em que os en sinamentos de Marx exigiam que seus segui dores aplicassem sua doutrina fosse ela qual fosse na esfera da ação ela fornecia uma lei científica da vida Especialmente através de seu impacto sobre o marxismo os acontecimentos da Primeira Guerra Mundial produziram um efeito de dis torção nas percepções dos historiadores o qual até quase o final desse breve século XX viria a formar ou distorcer a história escrita durante suas sete décadas e meia Nos últimos anos da Primeira Guerra Mundial a Musa da História pregou uma peça amarga no marxismo e em todas menos uma de suas principais seitas No início mesmo de sua magnum opus O capital 1867 Karl Marx determinava a condição pré via básica para uma sociedade comunista o tipo de sociedade que ele havia prefigurado no Ma nifesto comunista de 1848 Essa condição era a abolição da propriedade privada Tendo a socie dade capitalista passado da maturidade para uma decadência senil o proletariado numa revolução socialista derrotaria uma burguesia obsoleta e colocaria a sociedade no rumo de sua meta comunista Isso deveria ser atingido atra vés da exploração capitalista da classe operária pela burguesia antes que uma sociedade es tivesse pronta para a revolução socialista No final de 1917 porém sob a liderança de Lenin uma pequena facção comunista tomou o poder na Rússia Nos cinco anos que se seguiram o Partido Comunista russo conseguiu pela pri meira vez na história abolir a propriedade pri vada dos meios de produção Também con solidou seu próprio domínio sobre quase todo o território na Europa e na Ásia antes subme tido aos czares da Rússia um território até então encarado pelos europeus marxistas ou não co mo atrasado e asiático A época o lugar e a substância do triunfo comunista na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas antes o Império Russo conferiu uma inclinação peculiar e ímpar ao que ocorreu no mundo nos 75 anos seguintes É portanto adequado iniciar a história do século XX com o surgimento do socialismo marxista soviético e terminála entre 1989 e 1992 quando por ação oficial a exUnião das Repúblicas Socia listas Soviéticas transformouse na Comuni dade dos Estados Independentes As implica ções dessa mudança não foram animadoras para o marxismo e para o comunismo foram cala mitosas Assim o século XX mais curto foi o Século Marxista Durante 75 anos a União So viética da qual Marx e Lenin eram os ícones oficiais apresentou à humanidade a primeira encenação de socialismo no cenário mundial Em momentos isolados desse século a Grã Bretanha os Estados Unidos a Alemanha na zista o Japão e a China maoísta juntaramse à União Soviética no centro do palco A União Soviética primeira grande sociedade explicita mente fundada em princípios e preceitos mar xistas esteve no entanto desde seu início cons tantemente em um dos pólos da visão corrente que a humanidade tinha do mundo tal como ele era e deveria ser Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar história 359 Para pessoas moderadamente observadoras durante as três primeiras décadas do século XX parecia que no mais rigoroso teste humano para uma pretensão científica o teste da experiência o marxismo havia feito valer a sua afirmativa de que era a verdadeira ciência da sociedade humana ou pelo menos o local onde essa pre tensão estava sendo experimentalmente testa da As primeiras previsões marxistas sobre o colapso iminente do capitalismo estavam sendo confirmadas pelos acontecimentos no mundo inteiro Na Europa a Guerra de Trinta Anos entre culturas imperialistas chacais capitalistas e hienas fascistas parecia estar rumando para uma conclusão de destruição mútua garantida Durante quase todo o século XX a Revolu ção Comunista e o sucesso ou sobrevivência da União Soviética foram os eventos decisivos no avivamento da imaginação dos historiadores profissionais não apenas na Rússia mas em todo o mundo Foi esse o caso não apenas com historiadores explicitamente marxistas mas também com historiadores descompromissa dos os quais inibidamente ou não encaravam a história como uma das ciências da política visando a melhoria do ser humano Para eles ela era potencialmente uma fonte de informa ções cientificamente verificada que apontava para o rumo correto das ações sociais econô micas e políticas Tiveram de ponderar se a União Soviética estava marcando infalivelmen te o caminho que outras sociedades deviam seguir ou um caminho ao qual deveriam resistir e que precisariam reverter Mesmo nos poucos países onde até 1945 a vocação dos historiado res não esteve sujeita a uma orientação irresis tível por parte do acima mencionado muitos historiadores sentiramse atraídos pelo poder exercido na União Soviética em nome da ciên cia Outros ficaram hipnotizados pela comple xidade intelectual e pela grandiosidade abran gente que o marxismo atingiu em suas missões simultâneas de abarcar o mundo e promover a quadratura do círculo Seria possível levantar boa quantidade de provas históricas sérias adaptáveis a formas congruentes com o marxismo O mesmo acon teceu com o populoso cinturão da terra do Elba ao Adriático em sua fronteira ocidental se guindo até o oceano Pacífico e sul do mar da China na fronteira oriental O fascínio teórico juntouse a um triunfo político que tudo in dicava ser iminente Isso deu à visão histórica de Marx um sabor picante particular para in telectuais das poucas democracias livres sobre viventes Muitos dos mais articulados desses intelectuais inclinaramse com graus variados de agudeza ao marxismo Os que não se sen tiram inclinados mais do aqueles que se sen tiram vieram a descobrir que o ônus da prova nada invejável estava caindo em seus ombros Alguns deles despenderam muita energia tal vez energia demais na demonstração dos seus motivos para não serem marxistas Isso im plicou afirmar que do ponto onde se encon travam não viam a inevitável Aurora Vermelha ou aliás qualquer outra nuança de aurora inevitável de um novo dia para a humani dade o que não era a mensagem que a humani dade achava mais animadora Despenderam um esforço considerável insistindo na incapacida de dos marxistas e quase marxistas de enfrentar os dilemas paradoxos e contradições inerentes ao marxismo desde o princípio Esses historia dores criticaram em geral os pressupostos mar xistas que punham de lado arbitrariamente como indignos de consideração ou secundários nãobásicos ou sem importância a longo pra zo eventos e processos para os quais o marxis mo não era capaz de oferecer uma explicação científica adequada Num mundo palpavelmen te voltado para o mergulho no naufrágio e na ruína a rejeição da esperança marxista nem sempre foi popular entre os intelectuais nem plausível para estes Agora com a vantagem da visão retrospec tiva na aurora do século XXI a preocupação dos historiadores do século anterior com uma visão da natureza e do destino do homem tão palpavelmente falha em seus fundamentos quanto a dos marxistas pode parecer misteriosa ou profundamente ridícula Quando isso acon tecer como com toda certeza acontecerá os historiadores presentes e futuros devem ten tar ver o mundo do início do século XX tal como os que nele viviam Até 1989 ninguém nem leigo nem especialista previu o fim do sé culo XX tal como acabou acontecendo a im plosão da estrutura soviética de poder e junto com ela da ideologia com que ela estava com prometida No momento em que este artigo está sendo escrito ninguém ainda foi capaz de fazer uma estimativa plausível da devastação provo cada pelo colapso interno das estruturas ins titucionais comunistas em boa parte do mundo e de sua provável e iminente desarticulação na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 360 história China a única área de grande vulto onde essas estruturas sobreviveram Lá elas são mantidas vivas apenas pelas manhas de um punhado de homens todos com oitenta e poucos anos o que vai acontecer quando esses homens morrerem o que ocorrerá em breve não pode ser adivinhado Não é das menores ironias do século XX o fato de as catástrofes ao seu final terem sido catástrofes do marxismo a estrutura intelectual que ganhou predomínio no início deste século e das estruturas institucionais as do comunismo soviético através de cuja mediação esse domí nio foi em grande parte mantido O que esse vazio nas estruturas institucionais irá acarretar é algo que os historiadores podem começar a supor pelo menos até o nível de imaginar uma série limitada de alternativas para elas e de realizar movimentos exploratórios visando a compreensão dessas alternativas Como revisar e substituir de forma eficaz a IDEOLOGIA predominante do século XX é algo que confronta os historiadores com um proble ma ainda mais desconcertante Estruturas de idéias são muito mais duráveis do que estruturas institucionais os seus guardiães são mais con servadores e têm interesses muito mais profun damente arraigados em preserválas A neces sidade de uma rápida remoção de instituições que soltam emanações sufocantes e no final não produzem mais do que lixo fraqueza sofrimen to e morte não é mais difícil de perceber e a demolição tende a ser evidente para os que estão presos nas ruínas Sendo intangíveis as ideolo gias agarramse com mais persistência e são mais difíceis de limpar Para um historiador como para qualquer intelectual que tenha inves tido sua vida na aquisição de uma especialidade cujo conteúdo o rumo dos acontecimentos isto é a mudança histórica transformou num peixe invendável a disposição para registrar mais ainda para anular o valor final de uma vida de trabalho não é algo fácil Já nos últimos 30 anos à medida que o crédito e a credibilidade das experiências soviéticas iam afundando histo riadores que investiram a maioria de seus trun fos intelectuais no comunismo começavam a buscar meios de reduzir seus prejuízos Era raro haver um historiador marxista que dissesse Desperdicei minha vida tentando abrir cami nho num beco sem saída Leitura sugerida Barraclough G 1964 An Introduc tion to Contemporary History Braudel F 1977 Écrits sur lhistoire Carr EH 1961 What is History Collingwood RG 1946 The Idea of History Hex ter JH 1961 Reappraisals in History Ο 1971 The History Primer Le Roy Ladurie E 1973 Le territoire de lhistorien JH HEXTER história econômica Descrita por um de seus primeiros praticantes como não tanto o estudo de uma classe especial de fatos quanto o estudo de todos os fatos da história de uma nação a partir de um ponto de vista especial WJ Cunningham a história econômica não tem fronteiras rigidamente definidas espalhandose pela história social e política bem como pela economia Suas maiores preocupações no en tanto são a análise do crescimento do declínio econômico e a relação entre a transformação econômica e o bemestar social Origens Essa disciplina tem suas raízes no período em que a importância do fator econômico para a força política das nações foi pela primeira vez sinceramente percebido o período do mer cantilismo Essa nova preocupação criou sua nova literatura escrita pelos chamados aritmé ticos políticos da qual o exemplo inglês mais conhecido foi Natural and Political Observa tions on the State and Condition of England de Gregory King publicado em 1688 O Iluminismo com sua crença de que os sistemas e as questões humanas seguiam as regras da natureza fez surgir uma abordagem mais teórica Nessa evolução os textos dos fisiocratas fisiocracia significando literal mente governo da natureza na França e dos participantes do Iluminismo Escocês se des tacam em particular Os primeiros deram prio ridade à agricultura em sua teoria afirmando que era ela a única fonte de produto líquido e classificando a indústria como uma arte es téril Suas figuras de proa foram François Quesnay 16941774 e ARJ Turgot 1727 81 O Tableau économique de Quesnay publi cado em 1758 ajudou muito na difusão da idéia fisiocrática de que a economia funcionava de acordo com regras naturais Turgot juntou os papéis de teórico econômico e de político es crevendo uma obra Sobre a história universal em 17501 que introduzia uma nova base para a divisão da história em períodos determinados em termos de estágios econômicos tendo che gado à posição de tesoureirogeral em 1774 na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar história econômica 361 qual tentou sem sucesso remodelar a econo mia francesa a partir de princípios fisiocráticos John Millar 17351801 e Adam Smith 172390 foram os dois participantes do Ilumi nismo escocês cuja obra teve maior relevância para o desenvolvimento da matéria Smith em A riqueza das nações 1776 reagiu contra o excessivo dedutivismo e a inclinação agrícola dos fisiocratas Tal como eles acreditava que havia um padrão natural ideal segundo o qual uma economia se desenvolvia e no qual a agri cultura tinha a primazia mas seu conhecimento de história e suas observações na própria Es cócia e em suas viagens lhe haviam demons trado que esse padrão era raramente seguido Embora tradições nacionais distintas te nham sido detectadas no Iluminismo sua carac terística dominante foi uma excepcional uni dade internacional na prioridade que ela atri buiu à razão e em seu otimismo com respeito ao futuro As substanciais divisões nas tradições intelectuais nacionais podem ser mais bem ob servadas portanto como tendo suas fontes nas duas revoluções ocorridas no período 1780 1815 Estas marcariam a história econômica tal como o fizeram com outras disciplinas acadê micas Primeiro a Revolução Industrial des truiu alguns dos pressupostos básicos da teoria de Smith sobre o crescimento econômico em particular a sua crença de que havia um teto natural para o processo estabelecido pelos re cursos naturais de uma sociedade Também fez surgir a curto prazo um aumento na desigual dade econômica com a GrãBretanha alcan çando extraordinária liderança sobre o resto do mundo em torno de 1850 o que tornou um consenso internacional sobre teoria e história econômica muito mais difícil de ser alcançado Curiosamente foi no país cuja história eco nômica era mais interessante que a matéria sofreu o seu mais sério revés O próprio sucesso econômico da Inglaterra combinado com o fato de a história haverse transformado diante do desafio do racionalismo da Revolução Fran cesa no braço direito do conservadorismo con tribuiu para o desenvolvimento e a aceitação da economia dedutiva e ahistórica de David Ri cardo 17721823 Burrow 1966 p5964 A abordagem histórica sofreu uma experiência inversa na França O nível de ruptura social e política refletiuse na história e gerou a preo cupação de se estabelecer uma nova base para o consenso social Foi essa a tarefa que o posi tivismo se atribuiu visando reconciliar a abor dagem científica com as exigências da ordem social A história econômica desempenhou um papel nisso SaintSimon 17601825 desen volveu as percepções iniciais de Turgot e Con dorcet 17431794 numa teoria materialista da história incorporando um elemento revolucio nário e antecipando Marx mas seu papel foi subordinado O papel de SaintSimon ao con trário do de Smith não era basicamente for necer um modelo para o crescimento econômi co mas sim para o político o de induzir à aceitação de um novo tipo de sociedade domi nada por industriais e cientistas O momento decisivo foi menos marcante na Alemanha onde a ênfase de Herder 1744 1803 no caráter nacional já contrastava com o universalismo ahistórico dos autores do Ilu minismo mas por outro lado reforçou clara mente a tendência então existente a ênfase de Ranke 17951886 em encarar o passado a partir de dentro em seus próprios termos foi considerada como tendo fornecido a base para uma revolução berlinense nos estudos his tóricos Marwick 1970 p3440 A combina ção dessa tradição histórica com o relativo atra so e a divisão política da Alemanha que a levou a ter dificuldades em conseguir cedo a indus trialização a partir de uma situação de livre comércio fez surgir uma escola de economia histórica com ênfase na relação entre o estudo da economia e o desenvolvimento dos sistemas econômicos Os contextos nacionais não eram totalmente impermeáveis mas eles efetivamente se tor naram as influências predominantes no desen volvimento da história econômica até depois de 1945 É preciso portanto traçar várias trajetó rias para a matéria antes de se descrever o impacto do recente e mais intenso intercâmbio intelectual A tradição alemã O precursor da economia histórica alemã foi Friedrich List 17981846 militante em favor da unidade nacional alemã e autor de O sistema nacional de economia política publi cado em 1841 que apresentou uma argumenta ção com base na infância da indústria contra a teoria do livre comércio Seus primeiros pra ticantes foram Bruno Hildebrand 181278 Wilhelm Roscher 181749 e Karl Knies 182198 podese dizer que ela surgiu como Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 362 história econômica uma escola específica sob a influência de Gustav von Schmoller 18381917 e seus dis cípulos entre os quais se incluíam Werner Som bart 18631941 e Max Weber 18641920 Distinguiase pelo engajamento político de seus membros com a reforma social e rejeitava tanto a tradição comteana francesa quanto o compro misso inglês com o laissezfaire Sua posição política era o conservadorismo social Seus mé todos eram ecléticos valendose de toda a série de ciências sociais e ela promoveu uma extensa pesquisa histórica particularmente em arquivos políticos Na medida em que desen volveu uma teoria econômica esta foi de um tipo predominantemente pragmático baseada na análise de exemplos históricos Embora S chmoller viesse a publicar uma obra teórica de síntese a relativa fraqueza desse lado teórico do trabalho da escola serviu de motivo ao METHODENSTREIT durante a década de 1880 Essa disputa porém pouco conseguiu sacudir a hegemonia da economia histórica Schmol ler havia desenvolvido uma posição institucio nal impossível de contestar dirigindo as prin cipais séries de publicações sobre ciências so ciais na Alemanha e intervindo na maioria das indicações para postos acadêmicos em econo mia Isso deteve o desenvolvimento da teoria econômica na Alemanha mas também a longo prazo contaminou a história econômica depois da Primeira Guerra Mundial houve uma reação e a matéria tem sofrido muitos anos de ostracis mo a história limitandose ao estudo do político JA Schumpeter 1954 p50110 A tradição francesa A tradição francesa veio a se desenvolver mais tarde ainda do que a alemã teve maior duração e veio a exercer enorme influência Sua origem reside numa reação ao conservadorismo da história em termos de sua concentração puramente nos eventos políticos e em sua pe netração por atitudes historicistas alemãs tal como ela foi estudada na França durante a Terceira República A principal influência in telectual por ela sofrida foi a do positivismo o pensamento de Augusto Comte com sua ên fase na semelhança das ciências humanas com as ciências naturais e daí na possibilidade de generalização e explicação e acima de tudo o de Emile Durkheim com sua rejeição das ex plicações psicológicas para a mudança social em detrimento do estudo dos fatos sociais e sua crença de que a objetividade era alcançável através do tratamento destes como coisas Não era tanto a história econômica que se estava estabelecendo mas uma nova definição da his tória como matéria na qual o econômico con jugado com o social e o cultural recebia impor tância particular e o evento político ficava em segundo plano Em 1900 foi fundada a Revue de Synthèse Historique e foi em suas páginas que Lucien Febvre 18781956 e Marc Bloch 1886 1944 os principais promotores da nova his tória encontraram um primeiro veículo para suas idéias A tese de Lucien Febvre Philippe II et le FrancheComté de 1912 forneceu o primeiro exemplo de um aspecto dessa abor dagem a mudança rumo a uma história total na qual se revela não só a vida social cultural e econômica de uma região mas tam bém sua vida política Les caractères originaux de lhistoire rurale française de Marc Bloch 1931 é ainda mais claramente durkheimiano usando a mais concreta das provas os padrões de campo tirados de velhos levantamentos ca dastrais bem como a fotografia aérea como sua fonte principal Em 1929 era fundado o perió dico Annales dHistoire Économique et Socia le que viria a fornecer um nome para a nova abordagem a escola dos ANNALES Esse pe riódico foi rebatizado como Annales Econo mies Sociétés Civilisations em 1946 e a es cola que tivera origens em universidades de província ganhou uma base de poder em 1947 com o estabelecimento da Sexta Seção da École Pratique des Hautes Études um centro interdis ciplinar para o ensino e a pesquisa em ciências sociais A liderança dessa seção e com isso da escola foi assumida na morte de Febvre em 1956 por Fernand Braudel 190285 A tese de Braudel O Mediterrâneo e o mundo mediter râneo na época de Filipe II 1949 exerceu influência na promoção de uma forma de deter minismo geográfico pelo modo como diferen ciava entre conceitos diversos de tempo e em sua atitude de rejeição aos eventos Os melhores praticantes da abordagem dos Annales foram Emmanuel Le Roy Ladurie e Pierre Goubert cujas formações como historiadores como a de muitos dos Annales residem na história regio nal no caso a do Languedoc e a do Beauvaisis Mais recentemente tem sofrido críticas par ticularmente de François Furet por sua falta de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar história econômica 363 teoria e por sua negligência em relação à polí tica Iggers 1975 p4379 A tradição britânica A força da reação à abordagem histórica foi tal que sua reintrodução a partir do continente se tornou necessária Os principais agentes dis so foram John Stuart Mill 18061873 e HS Maine 18221888 influenciados respectiva mente pela visão progressista de Comte com respeito ao processo histórico e pela filosofia alemã Collini et al 1983 p21011 Foi o estabelecimento da história como matéria uni versitária que proporcionou as primeiras aber turas para a história econômica Esta foi en sinada e examinada como parte das novas pro vas de história em Oxford inicialmente junto com a economia política mais tarde isolada mente Recebeu o impulso adicional quando os próprios historiadores ampliaram sua aborda gem para incluir questões econômicas jurídi cas e sociais Harte 1971 pxviiixix Kadish 1989 p313 Uma vez estabelecida seu pro gresso foi rápido Pôde beneficiarse de uma tradição de histórias industriais bem como de uma compilação de dados estatísticos que nun ca fora interrompida e logo viria a experimen tar uma crescente demanda popular por seus produtos por parte de um público necessitado de qualificações profissionais para as quais o estudo da história econômica se mostrava par ticularmente adequado Era evidentemente uma atividade prática e também relevante num país cuja história havia sido tão fortemente marcada pelo aspecto econômico Essa iden tificação popular com o tema viria a permanecer como seu principal esteio Harte 1971 pxxiii xxiv A matéria subiu a uma posição proeminente em conseqüência de um methodenstreit in glês no qual as situações eram o inverso das da Alemanha com a economia teórica como a abordagem estabelecida e a abordagem his tórica como a desafiante Seus principais defen sores foram Arnold Toynbee 185283 WJ Ashley 18601927 e WJ Cunningham 1849 1919 Todos foram influenciados pela escola alemã usando sua técnica de realizar estudos históricos de diferentes épocas a fim de minar as pretensões da economia clássica à univer salidade Esse ataque em última análise fracas sou principalmente devido ao fato de Alfred Marshall 18421924 ter reformulado de ma neira brilhante a teoria econômica em seu Prin ciples of Economics 1890 ampliando sua de finição para incluir boa parte do que preocupava os economistas históricos Collini et al 1983 p26771 O fracasso com respeito a sua ambi ção maior porém favoreceu efetivamente o desenvolvimento da história econômica como disciplina uma vez que seu estudo havia ganho suficiente ímpeto para lhe garantir uma posição como matéria universitária independente O en sino da história econômica teve destaque na London School of Economics fundada em 1895 Seu primeiro diretor WAS Hewins 18651931 era um historiador econômico e a primeira função de palestras específicas sobre história econômica foi criada nessa mesma es cola em 1904 A primeira cátedra da matéria foi estabelecida em Manchester no ano de 1910 Seguiramse outras em Londres 1921 Cam bridge 1928 e Oxford 1931 Outros marcos foram a fundação da Economic History Society e do periódico The Economic History Review em 1926 Harte 1971 pxxivxxx Coleman 1987 p94 Perfil da matéria Uma quarta e importante tradição da matéria é a marxista A crença de Marx em que es truturas econômicas herdadas eram a influência determinante sobre todos os níveis da existên cia humana e que a competição entre classes sociais era o motor da história evidentemente dava prioridade ao estudo da economia A teoria de Marx porém era a única abordagem na qual a história econômica ganhava o status de maté ria básica Nas outras conforme destacado aci ma seu status era evidentemente subordinado sendo seu desenvolvimento um subproduto de forças intelectuais ou políticas mais amplas e seu perfil era caraterizado por isso Assim na Alemanha a subordinação da matéria ao desejo de uma economia histórica e a ligação desta com o nacionalismo provocaram uma ênfase particular em diferentes formas de sistema eco nômico Na França seu desenvolvimento den tro de uma corrente positivista opondo o papel dos indivíduos e os eventos políticos ao mesmo tempo em que lhe deu o status de possivelmente a mais importante instância cau sal em um processo histórico total fez com que ela negligenciasse o problema do desenvol vimento econômico em favor da ênfase nas continuidades não surpreende que os me Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 364 história econômica lhores estudos dos Annales tenham sido sobre a economia préindustrial Finalmente o foco central da abordagem inglesa tendeu a ser de início predominantemente parcial voltado pa ra destacar o que a matéria encarava como os abusos particulares do capitalismo de laissez faire Também nos Estados Unidos onde a matéria havia surgido por volta do final do século XIX ela se desenvolvia em conexão com questões de particular relevância nacional Frederick Jackson Turner 18611932 de senvolveu a tese da fronteira como uma ex plicação de características específicas da socie dade norteamericana e Charles A Beard 18741948 defendeu o caráter decisivo dos interesses econômicos para o perfil da cons tituição americana e da política do século XIX A partir dos anos 30 a história econômica nos Estados Unidos e na GrãBretanha utilizou ainda mais a teoria econômica No caso inglês JH Clapham 18731946 e TS Ashton 1889 1968 foram os principais arquitetos da mudan ça A partir de meados dos anos 50 os laços haviam se tornado ainda mais estreitos com o desenvolvimento da nova história econômi ca ou cliométrica nos Estados Unidos on de a história econômica tendia a ser ensinada em departamentos de economia e se fazia cam panha por uma utilização mais explícita da teoria econômica e de métodos quantitativos na matéria Essa abordagem difundiuse para a Inglaterra nos anos 60 e de forma ainda mais ampla posteriormente McCloskey 1987 p7784 Com a preocupação cada vez maior com o crescimento econômico desde 1945 bem como uma expansão geral na educação superior e no estudo das ciências sociais a matéria tem cres cido rapidamente nos últimos anos Na década de 70 havia cerca de duas dúzias de professores catedráticos de história econômica e aproxima damente o mesmo número de departamentos de história econômica em universidades britâni cas e a filiação à Economic History Society havia subido para mais de 5 mil membros A American Economic History Association teve uma taxa de crescimento semelhante depois de 1945 chegando a 3600 membros em meados dos anos 70 Harte 1971 pxxivxxx Cole man 1987 p94 Além disso a matéria difun diuse internacionalmente com a fundação em 1953 da Scandinavian Economic History Re view de uma outra australiana em 1967 e de um desenvolvimento particularmente rápido no Japão O padrão ímpar de industrialização no Japão e sua preocupação em sair o mais rapida mente possível do atraso provocaram desde cedo o interesse pela matéria havia quase mil estudiosos se especializando nela em meados dos anos 80 SinIchi Yonekawa 1985 p107 A fundação da Associação Internacional de História Econômica em 1960 criou uma or ganização especificamente comprometida com a difusão da matéria Ela tem organizado con ferências internacionais a intervalos quadrie nais e estas bem como a intensificação geral nos contatos internacionais entre intelectuais e o estímulo comum de um recurso maior à eco nomia resultaram numa crescente interação en tre as diferentes abordagens nacionais Exem plos disso são a colaboração de Fernand Brau del com Immanuel Wallerstein economista de senvolvimentista que passou a trabalhar com a história econômica do primeiro período moder no Isso influenciou a abordagem de Braudel em seu Civilization and Capitalism 15th18th Centuries 3 vols 1967 1979 19814 e deu origem à fundação do Fernand Braudel Center for the Study of Economies Historical Sys tems and Civilizations na Universidade de Birmingham em 1977 Influenciou também a introdução na Inglaterra de técnicas francesas de pesquisa demográfica com a fundação do Cambridge Group for the Study of Population and Social Structure nos anos 60 Além disso várias publicações pioneiras sobre o tema têm contribuído para derrubar fronteiras Entre estas estão Stages of Economic Growth 1960 de WW Rostow uma teoria da história provoca dora e rival da de Marx e que embora julgada errônea deu origem à difusão geral de expres sões como autosuficiência econômica e era de elevado consumo de massa bem como a estudos imitativos Economic Backwardness in Historical Perspective 1962 de A Gers chenkron que lançou a história econômica comparada através do desenvolvimento de um modelo que explica sistematicamente o caráter contrastante da industrialização em diferentes países e Peaceful Conquest The Industrializa tion of Europe 17601960 1981 de Sidney Pollard que minava as próprias fundações da abordagem nacional afirmando que a indus trialização européia foi um processo internacio nal em que a dinâmica do crescimento ocorreu no plano regional É a extensão dessa abor Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar história econômica 365 dagem comparativa que garantirá que as reali zações da história econômica dentro de es truturas nacionais sejam consolidadas e sirvam de base para novos crescimentos e que a maté ria venha a ser útil em um mundo mais do que nunca necessitado de um ponto de vista his tórico Leitura sugerida Blaug M 1986 Economic History and the History of Economics Burke P 1990 The French Historical Revolution the Annales School 192989 Cannadine D 1984 The past and the present in the English Industrial Revolution 1880 1980 Past and Present 10313172 Coleman DC 1987 History and the Economic Past an Account of the Rise and Decline of Economic History in Britain Harte N org 1971 The Study of Economic History Collected Inaugural Lectures 18931970 Iggers G 1975 New Directions in European Historiography Koot GM 1987 English Historical Economics 18701926 the Rise of Economic History and Neomer cantilism Schumpeter JA 1954 A History of Econo mic Analysis Tribe K 1988 Governing Economy the Reformation of German Economic Discourse 1750 1840 Tuma EH 1971 Economic History and the Social Sciences Problems of Methodology JKJ THOMSON história social Este ramo da história surgiu altamente fortalecido à medida que o estudo profissional da história foi se tornando mais especializado no século XX Recebeu muitas e diferentes definições desde história com a política excluída até história econômica com a política incluída No início do século o conteúdo da história social costumava ser comparado às vezes favo ravelmente outras vezes não com o da história constitucional política e militar Ao contrário destas afirmavase que ela lidava não com detentores do poder nem com ações do estado nem com batalhas mas com as pessoas co muns e com seus modos de vida cotidianos Para os críticos o passado estava sendo trivia lizado para os portavozes dessa abordagem da história particularmente os historiadores britâ nicos que seguiam os passos de JR Green era correto substituir tambores trompetes e espa das por facas e garfos O passado ganhava vida mais animada quando os historiadores se con centravam na história do povo Quando GM Trevelyan publicou seu famoso Social History em plena guerra no ano de 1942 estava mais interessado em descrever cenas narrar reviver climas e inspirar os leitores do que em explicar ou teorizar sobre o motivo por que a sociedade mudava Essa abordagem continuou popular particularmente nos países de língua inglesa onde durante 20 anos oficinas e laborató rios de história exploraram o que EP Thom pson e outros historiadores do século XX cha maram de história a partir de baixo A história social está diretamente relaciona da com a experiência e a percepção que dela se tem do mesmo modo que com a comunicação No entanto houve variedades óbvias de abor dagem à medida que a busca de provas se ampliava para incluir paisagens construções máquinas artefatos e objetos efêmeros além de documentos e literatura e que a teoria era in jetada na explicação Alguns historiadores so ciais concentraramse em temas limitados ge ralmente locais Outros mostraramse prepara dos para fazer comparações que atravessavam o espaço e o tempo Havia portanto um con traste entre micro e macrohistória Já no início do século XX ficaram claras diferentes tendências na prática da disciplina em diferentes países e se fizeram tentativas ambiciosas de teorização e explicação Karl Marx abordou a ciência da sociedade através da história Isso estimulou uma visão da história social que a concebia não em termos de ramos particulares da história o que veio a ser en carado como crescente especialização como subhistórias mas sim como uma história sin tetizante Isso era macrohistória tendo como tema toda a história das sociedades em diferen tes estágios de desenvolvimento Houve preo cupação semelhante com o desenvolvimento histórico de vulto nos textos de Max Weber As interpretações marxistas têm continuado in fluentes no final do século XX não apenas em relação às lutas da classe operária tal como Marx as identificava mas também a análises mais gerais de estrutura social e de mudança social Nas abordagens tanto marxista quanto não marxista da história social a matéria era geral mente equiparada com a história econômica e o estudo dos modos de vida com o dos padrões de vida O modo como era equiparada porém era uma questão de discussão que se concen trava não apenas no conteúdo mas na metodo logia e na ideologia A diferença entre infraes trutura e superestrutura era básica para a his tória marxista tal como a noção de luta através de fases No entanto houve variedades de mar xismo e a influência do marxista italiano An Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 366 história social tonio Gramsci foi considerável conforme foi crescendo o interesse na relação entre história social e história cultural incluindo a história da cultura popular A metodologia nãomarxista tornouse mais quantitativa no mesmo período com os desenvolvimentos da DEMOGRAFIA in fluenciando uma ampla variedade de estudos da história da família à história das cidades Qualquer quer fosse a ideologia a economia como matéria marxista ou nãomarxista in fluenciou a história econômica mais do que a sociologia como matéria influenciou a história social De fato parte da discussão a respeito do papel acadêmico da história particularmente na Alemanha disse respeito ao relacionamento entre história e sociologia a primeira sendo geralmente considerada idiográfica tratando do particular e do ímpar e a última como no motética tratando do geral e do repetitivo A distinção era inútil já que na prática os his toriadores sociais costumavam generalizar por exemplo quando escreviam a respeito de feu dalismo capitalismo ou industrialismo enquanto os sociólogos em geral tendiam à particularização Outro tema da discussão dizia respeito ao uso de tipos e modelos Traçar linhas divisórias entre a história so cial e a SOCIOLOGIA mostrouse menos atraente para a maior parte dos historiadores sociais praticantes do que buscar uma parceria operan te É difícil distinguir entre sociologia histórica e história social No entanto a parceria nunca foi simplesmente um caminho de mão dupla Outras ciências sociais também foram incluídas no que se veio a encarar como uma abordagem científicosocial da história A antropologia e a psicologia particularmente a primeira têm exercido grande influência sobre as operações de um grande número de historiadores sociais desde os anos 60 Na França a geografia o fizera com freqüên cia no passado a escola dos ANNALES de his toriadores sociais formada em 1929 e assim chamada em homenagem ao seu influente pe riódico desenvolveu uma história conscien temente nova Esta voltavase para as ciências sociais tanto para conceitos quanto para técni cas ampliando o repertório dos historiadores sociais ao se concentrarem em problemas mais que em eventos e estados de espírito conforme expressos no comportamento humano A his tória dos eventos foi separada do movimento da história a longo prazo e foram feitos esforços em especial por Fernand Braudel para chegar a novas sínteses aspirando a apresentar a his tória total Não obstante para Marc Bloch que explorou muitos períodos da história e se valeu dos mais variados tipos de provas a história era uma pequena ciência conjectural Fora da França houve exploradores ávidos do passado inteiro especialmente Gilberto Freire no Brasil o qual integrou arte e literatura à sua história social das fazendas e da cidade mas insistindo em que ao lidar com o passado humano é preciso deixar espaço para a dúvida e até para o mistério Leitura sugerida Abrams P 1982 Historical Socio logy Bloch Marc 1954 The Historians Craft Brau del F 1977 Écrits sur lhistoire Briggs Asa 1966 History and society In A Guide to the Social Scien ces org por Norman MacKenzie Burke Peter 1980 Sociology and History ASA BRIGGS historicismo A ênfase na variabilidade his tórica de sistemas de idéias e práticas sua su bordinação a processos de mudanças mais am plos foi uma das principais características do pensamento do século XIX em especial no mundo de língua germânica A abordagem con textualizante do direito e da economia por parte das respectivas escolas históricas e sua crítica dos sistemas abstratos com pretensão à univer salidade ocuparam o centro de importantes con trovérsias históricas ver METHODENSTREIT que continuaram no início do século XX quando as palavras historismus e historizismus entra ram em uso geral À medida que foi declinando a virulência dessas disputas e o historicismo foi eclipsado pelo surgimento do POSITIVISMO e da FENOMENOLOGIA pensadores como Ernst Troel tsch 18651923 e Friedrich Meinecke 1862 1954 ofereceram avaliações críticas retrospec tivas para o historicismo para Troeltsch ver 1922 O princípio de relacionismo de Karl Mannheim tentou fazer justiça a diferenças his tóricas e outras em perspectiva sem cair num completo RELATIVISMO Sempre houve uma corrente mais especula tiva de pensamento historicista que compreen dia a ênfase na mudança e no desenvolvimento não como uma cautela contra a generalização mas como um convite a construir grandes es quemas de desenvolvimento e progresso his tóricos ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SO CIEDADE Karl Popper usou historicismo nes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar historicismo 367 se sentido em sua crítica da profecia em teoria social particularmente no MARXISMO Essa uti lização que como Popper reconheceu se opõe diretamente à primeira tornouse predominan te nas discussões de língua inglesa levando muitos escritores incluindo o tradutor do livro de Meinecke a preferir a palavra historismo A crítica de Popper ao historicismo marxista tal como a crítica posterior de JeanFrançois Lyotard às grandes narrativas 1979 deu origem a uma discussão considerável dentro da tradição marxista Aqui no entanto a palavra também é usada para indicar uma ênfase no enraizamento histórico e daí na mutabilidade do próprio pensamento marxista em oposição a versões mais científicas do marxismo tais como a defendida durante algum tempo por Louis Althusser o qual popularizou esse novo uso em sua crítica de marxistas como Lukács e Gramsci Althusser 1965 O historicismo ou historismo no sentido básico tem sido um aspecto importante ainda que não explícito da filosofia e da teoria social das últimas décadas do século XX Peter Winch 1958 enfatizou a necessidade de compreender culturas estrangeiras em seus próprios ter mos tornando explícita a sua identificação com esse princípio historicista central com uma ci tação de Nestroy na folha de rosto de seu livro Quentin Skinner enfatizou a importância de compreender os textos de teoria política no contexto de suas tradições ver Skinner 1978 e também Tuloy 1988 e essa preocupação histórica tem afinidades com as abordagens contextualistas na teoria política moderna as quais apresentam argumentos em favor de uma abordagem holística das formas concretas de vidas e das tradições mais que da implementa ção de princípios morais e políticos distintos Uma valorização mais geral da diversidade ou diferença tem sido um tema muito difundido no recente pensamento ocidental à medida que o legado do imperialismo dá lugar a uma cons ciência menos etnocêntrica e mais multicul tural Mais recentemente o rótulo novo his toricismo tem sido aplicado a estudos literá rios e culturais que em oposição à teorização mais abstrata dos anos 70 e início dos anos 80 se envolvem estreitamente com textos históri cos mas com uma concentração nos modos como são produzidos e nas complexas media ções através das quais temos acesso a eles Nesses modos variados e díspares o legado do historicismo sobrevive e o que era indicado pela palavra no século XIX e início do século XX passa a parecer junto com abordagens mais sistematizantes e universalistas e em oposição a elas um permanente pólo de atração em filo sofia e teoria social Leitura sugerida Mannheim Karl 1952 Histori cism In Essays on the Sociology of Knowledge Mei necke Friedrich 1946 1972 Historism The Rise of a New Historical Outlook Popper Karl 1957 The Po verty of Historicism Schnädelbach Herbert 1984 Philosophy in Germany 18311933 cap2 Veeser HA org 1989 The New Historicism WILLIAM OUTHWAITE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra H Produção Textos Formas Para Ed Zahar 368 historicismo I IA Ver INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL idade Ver SENECTUDE identidade Derivada da raiz latina idem que implica igualdade e continuidade essa palavra tem uma longa história filosófica que examina a permanência em meio à mudança e a unidade em meio à diversidade mas no período moder no está estreitamente ligada à ascensão do IN DIVIDUALISMO e considerase que sua análise tem início com os textos de John Locke e David Hume É só no século XX porém que ela entra em uso popular reforçado especialmente desde os anos 50 na América do Norte com a publica ção de livros como The Lonely Crowd Riesman et al 1950 e Identity and Anxiety Stein et al 1960 Estes ao lado de muitas outras obras de literatura e teatro documentavam a crescente perda de significado na SOCIEDADE DE MASSA e a posterior busca de identidade e durante esse período a palavra tornouse amplamente utili zada em descrições dessa busca de determinar quem a pessoa realmente é Tratando inicial mente das crises enfrentadas por negros judeus e minorias religiosas ela foi em última análise generalizada para o todo da sociedade moderna Nos anos 70 Robert Coles podia afirmar que a palavra era o mais puro dos clichês Gleason 1983 p913 Nas ciências sociais as discussões sobre identidade assumem duas formas mais impor tantes a psicodinâmica e a sociológica A tradi ção psicodinâmica surge com a teoria de Sig mund Freud sobre a identificação através da qual a criança vem a assimilar ou introjetar pessoas ou objetos externos geralmente o su perego de um dos genitores A teoria psicodi nâmica enfatiza o cerne de uma estrutura psí quica como tendo uma identidade contínua embora em geral conflitante Para Lichtens tein essa continuidade é a capacidade de per manecer a mesma em meio a uma mudança constante 1977 p135 Foi porém o psico historiador Erik Erikson quem mais desenvol veu a idéia Ele viu a identidade como um processo localizado no cerne do indivíduo e contudo também no cerne de sua cultura comu nal um processo que estabelece na verdade a identidade dessas duas identidades 1968 p22 Ele desenvolveu a expressão crise de identidade durante a Segunda Guerra Mundial com pacientes que haviam perdido o senso de igualdade pessoal e de continuidade histórica p17 e posteriormente generalizoua para abranger todo um estágio de vida como parte de seu modelo epigenético de estágio de vida os oito estágios do homem Aqui a juven tude é identificada como um período universal de crise de potencial confusão de identidade que pode em última análise ser resolvido atra vés do engajamento em uma ideologia social mais ampla existe uma necessidade psicoló gica universal de um sistema de idéias que proporcione uma imagem do mundo convin cente p31 Crise pessoal e momento his tórico estão aqui fortemente ligados Posterior mente a expressão crise de identidade entrou para a linguagem comum como de fato acon teceu com o conceito posterior de crise da meia idade cunhado nos anos 70 através dos traba lhos de Gail Sheehey 1976 e Daniel Levinson 1978 A tradição sociológica da teoria da iden tidade está ligada ao INTERACIONISMO SIMBÓLICO e surge a partir da teoria pragmática do eu discutida por William James 1892 cap3 e George Herbert Mead 1934 Para James a identidade se revela quando podemos dizer Este é o verdadeiro eu cit in Erikson 1968 p19 O eu é uma capacidade caracteristica mente humana que permite às pessoas ponderar de forma reflexiva sobre sua natureza e sobre o mundo social através da comunicação e da lin guagem Tanto James quanto Mead encaram o 369 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar eu como um processo com duas fases o Eu que é sabedor interior subjetivo criativo de terminante e inescrutável e o Eu Mesmo que é a fase mais conhecida exterior determinada e social Como diz Mead O Eu é a reação do organismo à atitude de outros o Eu Mesmo é o conjunto de atitudes organizadas dos outros que a pessoa assume ela mesma Mead 1934 p175 É o Eu Mesmo que está mais ligado à identidade ao modo pelo qual chegamos a nos tomar a nós mesmos como objeto através do ato de vermos a nós mesmos e aos outros Identificação aqui é um processo de outorgação de nome de nos colocarmos nós mesmos em categorias socialmente construídas e a lingua gem nesse processo tornase crucial Strauss 1969 Nas obras tardias de Erving Goffmann e Peter Berger a identidade é evidentemente en carada como socialmente outorgada social mente sustentada e socialmente transformada Berger 1966 p116 As pessoas constroem suas identidades pessoais a partir da cultura em que vivem Tanto a abordagem sociológica quanto a abordagem psicodinâmica visam ligar o mundo interior com o exterior mas suas ênfases dife rem Para ambas no entanto o esforço para definir o ego está ligado ao modo como uma comunidade constrói concepções das pessoas e da vida No mundo moderno ambas as perspec tivas indicam que a comunidade bem dividida compartilhada em grande parte se dissolveu deixando as pessoas modernas sem um claro senso de identidade ver também ANOMIA Esse dilema deu origem a uma enorme literatura incluindo muitas peças e romances em que o tema básico é a busca da identidade ou o colapso do eu Essas narrativas têm versões tanto otimistas quanto pessimistas e podem ge rar considerável ambivalência Waterman 1985 Para os otimistas o mundo moderno trouxe consigo uma crescente individualidade bem como um maior âmbito de escolhas de identidades Assim as pessoas têm maiores probabilidades de se autoatualizar Maslow 1987 de descobrir um eu interior que não seja imposto artificialmente por tradição cultura ou religião de embarcar na busca de maior in dividualidade autocompreensão flexibilidade e diferença É a democratização da pessoa Clecak 1983 p179 Em contraste os pes simistas retratam uma cultura de massa do es tranhamento a tradição psicodinâmica destaca a perda de fronteiras entre eu e cultura e a ascensão da personalidade narcísica enquanto os sociólogos vêem uma tendência para a frag mentação a falta de lar e a falta de significado e lamentam a perda de autoridade no mundo público com o crescimento do autocentramento e do egoísmo Lasch 1978 Berger et al 1973 Bellah et al 1985 Tudo isso é captado de forma mais popular no rótulo atribuído aos anos 60 de Década do Eu Wolfe 1976 Qualquer que seja a análise feita a maioria concorda em que houve um deslocamento profundo no eu moderno tornandoo mais individualista e im pulsivo do que em tempos anteriores À parte o modo como as idéias sobre iden tidade se formaram tendo por base um grande volume de prática terapêutica elas também fi zeram surgir uma forma característica de polí tica A política da identidade tornouse cada vez mais proeminente dos anos 60 em diante e está particularmente ligada a minorias étnicas e re ligiosas bem como a movimentos feministas lésbicos e gays Ele usa tacitamente o modelo de Marx de consciência de classe no qual um grupo subordinado desenvolve uma percepção autoconsciente de sua posição e se galvaniza para a ação política a diferenciação de Marx entre uma classe em si e uma classe para si Existe aqui um claro movimento de uma polí tica com base nas classes para um conjunto mais amplo de alianças Experiências como as da opressão a negros homossexuais ou mulheres ganham destaque como o foco central para se criar uma identidade grupal distinta como a dos negros dos gays ou das feministas Em torno desta se desenvolve uma forte cultura de apoio e uma análise política começa a tomar forma Ver também CONTRACULTURA Existe a partir daí uma dialética de cultura política e identidade que promove a mudança social ver Weeks 1985 Perto do final do século XX alguns comentaristas pósmodernistas têm per cebido as políticas de identidade como um padrão para o futuro ver MODERNISMO E PÓS MODERNISMO As tradicionais distinções es querdadireita parecem estar se dissolvendo à medida que novos alinhamentos vão sendo for jados Leitura sugerida Baumeister RF 1986 Identity Cultural Change and the Struggle for Self Erikson EH 1968 Identity Youth and Crisis Lichtenstein H 1977 The Dilemma of Human Identity Mead GH 1934 1962 Mind Self and Society Riesman D Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 370 identidade Glazer N e Denny R 1950 1966 The Lonely Crowd Strauss A 1969 Mirrors and Masks the Search for Identity Wiegert AJ Teitge JS e Teitge D 1986 Identity and Society KEN PLUMMER ideologia Referindose literalmente a uma ciência ou logos de idéias a palavra foi usada nesse sentido pelo filósofo francês Destut de Tracy em seu livro Eléments didéologie publi cado em 1801 As idéias derivam exclusiva mente de percepções sensoriais acreditava ele A inteligência humana é um aspecto da vida animal e ideologia é portanto parte da zoo logia Tracy e seus colegas achavam que atra vés dessa análise reducionista no sentido de atividades mentais serem atribuídas a causas fisiológicas subjacentes haviam chegado à ver dade científica e exigiram que se fizessem reformas educacionais com base nessa nova ciência ver ILUMINISMO Quando Napoleão era general aceitara com orgulho sua indicação para membro do Institut National formado pe las sociedades cultas e como os idéologues visitava o salão filosófico de Mme Hel vétius Mas uma vez no poder Napoleão quis defender a religião contra seus detratores Daí denunciou Tracy e seu círculo como metafísi cos nebulosos e sua ciência de idéias como uma ideologia perigosa esses inimigos do povo francês queriam basear uma legislação nas causas primeiras que alegavam haver des coberto e daí abolir as leis do coração humano e as lições da história Desde então a palavra ideologia tornouse inseparável da implica ção pejorativa de que idéias estariam sendo usadas para obscurecer a verdade e manipular as pessoas através do engano ver também PRO PAGANDA Nesse episódio histórico encon tramse reunidos todos os significados associa dos a ideologia uma ciência de idéias a noção de que as idéias se originam de alguma base fundamental extraideacional fisiologia classe luta pelo poder e assim por diante a denúncia de idéias como visionárias e subver sivas e daí a associação de doutrinas ou mitos a algum grupo ou movimento inclinado a pôr em ação algum plano político ou cultural peri goso O significado pejorativo de ideologia tor nouse um recurso habitual nas lutas políticas durante o século XIX quando a política dos notáveis deu lugar ao desenvolvimento de par tidos políticos com seus apelos às massas As questões públicas eram até então preocupação de uns poucos privilegiados que partiam do princípio de que sabiam o que era melhor para seus inferiores A seus próprios olhos o privi légio de sua posição social dispensava a neces sidade de justificarem suas ações Era típico que conservadores dessa facção acusassem seus oponentes de serem visionários ideológicos que subvertiam a ordem social através de maquina ções abstratas fora de contato com a realidade Liberais e radicais por outro lado sustentavam que as questões públicas eram uma preocupa ção do povo e organizavam clubes ou partidos políticos para promoverem seus objetivos Já por parte destes era típico acusar os poucos privilegiados de explorarem o povo sob o falso pretexto da benevolência No entanto liberais e radicais também se acusavam uns aos outros pois cada grupo achava que seus oponentes escondiam objetivos sectários sob o disfarce de identificálos com o bem público A conseqüên cia foi que o uso pejorativo de ideologia se tornou universal levando Thomas Carlyle a gracejar dizendo que ortodoxia é o meu credo heterodoxia é o credo alheio Era o velho paradoxo do mentiroso um homem diz que todos os homens usam idéias para enganar ele é homem logo sua própria afirmação também é enganosa Eis aí um motivo para a enorme atração do MARXISMO que só agora está diminuindo Marx e Engels denunciaram seus oponentes como ideólogos e além disso elaboraram uma teoria da verdade histórica que afirmava que seus próprios pontos de vista eram científicos A história é uma história de lutas de classe afir maram brotando da organização da produção e afetando todos os aspectos da consciência Mar x diferencia sucessivas estruturas sociais tais como feudalismo e capitalismo em termo das classes e da consciência a que elas dão origem E identifica a VERDADE com o papel histórico da classe que pelo fato de ter sido subjugada no passado tem o futuro progressista em suas mãos O domínio reacionário de uma classe a aristocracia no feudalismo a burguesia no ca pitalismo recente leva a defesas ideológicas do status quo o papel progressista de uma classe a burguesia no feudalismo o proletariado no capitalismo é a fonte da verdade no sentido do acesso à compreensão correta de toda a presente alienação e da emancipação humana no futuro Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar ideologia 371 No passado os filósofos apenas interpretaram o mundo e produziram reflexões ideológicas de relações de classe desumanizantes por mais abstratamente que fosse No presente e no futu ro tratase de destruir de uma vez por todas as condições desumanizantes Isso só pode ser feito por uma unidade de teoria e prática tal que na crise final do capitalismo e devido a essa crise os que se identificam com a classe ope rária poderão e irão compreender teoricamente o movimento histórico como um todo Na sociedade socialista do futuro o véu místico da religião e todas as outras distorções ideológicas da real condição do homem irão finalmente desaparecer porque as relações práticas da vida cotidiana não oferecem ao homem senão relações perfeitamente inteligíveis e racionais com respeito a seus semelhantes e à natureza Essas referências Teses sobre Feuerbach 1845 O manifesto comunista 1848 O capital 1867 mostram que ao longo de sua carreira Marx colocou sua própria obra no centro de sua distinção históricomundial entre ideologia e verdade A idéia de estar do lado certo e portanto científico da história do mundo dis tingue o marxismo de todas as outras teorias sociais e políticas Desde Marx várias outras concepções de ideologia foram desenvolvidas embora fre qüentemente em relação aos seus pontos de vista Essa tendência persistente no pensamento ocidental devese ao pressuposto básico de que as idéias não podem nem devem ser tomadas pelo seu significado manifesto mas analisadas em termos das forças que estão por trás delas Entre elas estão as lutas de classe de Marx a vontade de poder de Nietzsche a constituição libidinal da natureza humana de Freud ou uma preferência geral por explicações genéticas Não o que uma pessoa diz mas o motivo por que ela o diz é que se tornou o principal centro de atenção de forma que um fim da ideologia não se encontra à vista Leitura sugerida Barrett M 1991 The Politics of Truth Larrain J 1979 The Concept of Ideology Thompson J 1984 Studies in the Theory of Ideology REINHARD BENDIX idiográfico método A diferença entre mé todo idiográfico e método nomotético foi traça da pela primeira vez pelo filósofo Wilhelm Windelbrand 18481915 Uma abordagem idiográfica preocupase com os fenômenos iso lados como na biografia e grande parte da história enquanto seu oposto a abordagem no motética busca formular proposições ou leis em grego nomos gerais Wildelbrand e Hein rich Rickert distinguiram o método idiográfico da história e de outras ciências culturais da abordagem nomotética da economia e da so ciologia que classificaram como ciências natu rais Reconheceram porém que essas classifi cações têm de ser entendidas como tipos ideais ver TIPO IDEAL A biologia evolucionista por exemplo é em grande parte idiográfica e uma abordagem idiográfica historicamente especí fica da economia e do direito foi defendida pelas escolas históricas correspondentes na Alemanha do final do século XIX ver HIS TORICISMO METHODENSTREIT Na maior parte do século XX as abordagens idiográficas foram um tanto depreciadas sob a influência do POSITIVISMO e do ESTRUTURALIS MO embora tenham continuado a predominar no campo de trabalho etnográfico ver ANTRO POLOGIA e sido formalizadas na metodologia da ciência social como o método do estudo de caso Estudos de casos etnográficos e his tóricos têm desempenhado recentemente um papel cada vez mais importante na sociologia e em especial na SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA e na sociologia da educação Abordagens idiográfi cas ou de história de vida também estão atraindo considerável atenção Leitura sugerida Bertaux Daniel org 1981 Biogra phy and Society Hamel Jacques org 1992 The case study method Current Sociology 40 Rickert Hein rich 1902 1986 The Limits of Concept Formation in Natural Science ed resumida WILLIAN OUTHWAITE igualdade e desigualdade A crença de que as sociedades deveriam aspirar a tratar seus membros de maneira mais igualitária no sen tido tanto formal quanto material ocupa uma posição central no pensamento desenvolvido no século XX A idéia de que os seres humanos são fundamentalmente iguais entre si é em contraste muito antiga Mas durante séculos essa idéia encontrou expressão basicamente na crença religiosa na noção de que todos são iguais aos olhos de Deus Foi só quando as hierarquias sociais relativamente rígidas do an cien régime desabaram dando lugar a socie dades mais frouxas e fluidas centradas na eco nomia de mercado que a igualdade tornouse Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 372 idiográfico método um ideal social com força prática Nos séculos XVIII e XIX o ideal manifestouse na exigência de direitos iguais diante da lei e direitos iguais de participação na política No século XX esses tipos de igualdade já eram dados como certos na teoria ainda que nem sempre na prática em todas as sociedades avançadas e a atenção se concentrou numa nova exigência a igualdade social Por igualdade social entendese a idéia de que as pessoas devem ser tratadas como iguais em todas as esferas institucionais que afetam suas oportunidades de vida na educação no trabalho nas oportunidades de consumo no acesso aos serviços sociais nas relações domés ticas e assim por diante Mas que significa ser tratado com igualdade Falando de maneira ampla houve duas respostas a essa pergunta altamente controvertida que podemos rotular respectivamente de igualdade de oportunida des e igualdade de resultados A igualdade de oportunidades sustenta que todos deveriam ter igual possibilidade de alcan çar os vários benefícios e recompensas que uma sociedade torna disponíveis que não deveria haver barreiras artificiais a algumas pessoas nem privilégios especiais dando a outras uma vantagem injusta A posição a que uma pessoa chega numa sociedade o trabalho que essa pessoa tem a renda que ela aufere a pessoa com quem ela se casa deveria depender apenas dos esforços das capacidades e da livre escolha dessa pessoa Isso de saída elimina a dis criminação formal tal como o impedimento do acesso de pessoas de determinado sexo raça ou religião a carreiras ou cargos públicos Mas muitos acham que a igualdade de acesso formal não basta para garantir uma genuína igualdade de oportunidades As pessoas devem receber um ponto de partida igual especialmente atra vés de um sistema educacional comum que dê a cada criança igual oportunidade de desenvol ver seus talentos Além do mais as barreiras podem assumir a forma de preconceitos tácitos e expectativas psicológicas que impedem pes soas pertencentes a uma categoria particular de por exemplo concorrer a vagas numa univer sidade ou ingressar em alguma carreira Uma questão que é objeto de um aceso debate é se as políticas de ação afirmativa ou compensatória que buscam estimular as mulheres e as minorias raciais a aproveitar tais oportunidades e em alguns casos fazer pesar as exigências de acesso em seu favor são incompatíveis com a igual dade de oportunidades ou são os melhores meios de alcançála A igualdade de oportuni dades nada diz diretamente a respeito de quão amplo ou estreito deveria ser o âmbito de resul tados que as pessoas podem alcançar embora radicais como RH Tawney tenham afirmado que isso é algo que não pode ser concebido adequadamente sem que haja antes maior igual dade de condições Tawney 1931 Voltandonos agora para a igualdade de re sultados existem três aspectos que precisam ser considerados O primeiro é igualdade de quê se as pessoas devem tornarse materialmente iguais em que respeitos a sua situação deve ser igualada O segundo é a questão de medida como devemos julgar o quanto uma distribui ção particular de benefícios é igualitária ou não O terceiro é a questão ética devemos valorizar a igualdade de resultados e caso de vamos por quê A maior parte da pesquisa empírica sobre igualdade temse concentrado na igualdade de ganhos e de riqueza bem como na igualdade de acesso aos serviços sociais ver por exemplo Atkinson 1983 Le Grand 1982 O objetivo é comparar sociedades diferentes quanto a isso e em particular observar até que ponto os programas governamentais têm tido sucesso em promover maior igualdade material ver BEMESTAR SOCIAL De um ponto de vista mais teórico porém esse enfoque está aberto a críticas duas pessoas podem ter a mesma renda mas se uma tem necessidades ou responsabili dades especiais que a outra não tem serão elas realmente iguais no sentido que de fato conta Isso indica que devemos procurar ver por trás dos recursos externos para saber se as pessoas desfrutam de igual bemestar Mas fora os sé rios problemas práticos que fazer comparações interpessoais de bemestar implica isso tam bém está aberto a objeções a igualdade de bemestar exigiria que déssemos aos que cul tivaram gostos dispendiosos recursos extras pa ra satisfazer esses gostos para uma exposição a respeito ver Dworkin 1981a 1981b Miller 1990 Uma terceira indicação é de que as pes soas deveriam desfrutar de capacidades básicas iguais os recursos seriam distribuídos de tal forma que cada pessoa seria capaz de exercer o mesmo conjunto de capacidades por exemplo ter mobilidade física ser capaz de se alimentar e de se vestir Sen 1982 Essa proposta tem a vantagem de ser sensível às diferenças de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar igualdade e desigualdade 373 necessidades dos indivíduos mas não aos seus gostos não consegue porém oferecer uma concepção abrangente de igualdade no sentido de estabelecer um padrão mínimo que todos deveriam atingir em vez de identificar uma distribuição geral Parece que não existe acordo quanto à res posta à pergunta Em que respeito as pessoas devem ser julgadas mais ou menos iguais O mesmo se aplica à questão da medida Suponha se que devamos escolher qual de duas distribui ções de renda é a mais igualitária que critério deveríamos usar Deveríamos considerar o âm bito a distribuição a partir da média etc Para um exame do tema ver Sen 1973 Em par ticular em que medida se é que alguma essa mensuração deveria refletir a nossa preocupa ção com as implicações de bemestar da des igualdade deveríamos dar maior peso às des igualdades na extremidade inferior da distribui ção do que às situadas na extremidade superior com o motivo de as primeiras importarem mais que as últimas Isso demonstra que a questão da medida não é meramente técnica mas reflete discordância a respeito da idéia precisa de igualdade que qualquer medida proposta deva captar Embora a igualdade de oportunidades seja um ideal amplamente compartilhado no pen samento do século XX as diferenças ocor rendo menos a respeito do ideal em si mesmo do que quanto às políticas necessárias para al cançálo a igualdade de renda em qualquer de suas versões é inerentemente controvertida Os críticos conservadores alegam que a busca da igualdade é incompatível com a LIBERDADE que ela destrói os incentivos sobre os quais se apóia a economia de mercado e que é em última análise fútil uma vez que novas formas de desigualdade inevitavelmente surgirão para substituir as que foram suprimidas ver Flew 1981 Letwin 1983 Os liberais dão maior peso à igualdade de oportunidades e em geral só endossam a igualdade de renda na forma de um nível mínimo de provisão ao qual cada pessoa tem direito embora possa haver diferentes pon tos de vista sobre os modos de estabelecer esse mínimo ver POBREZA e PRIVAÇÃO RELATIVA Foi só dentro da tradição socialista que a igualdade de renda se tornou um valor fundamental Mas mesmo aqui é preciso haver cautela Muitos socialistas têm argumentado em favor da maior igualdade de situação material e muito poucos em favor da completa igualdade Na verdade essa última idéia é parte integrante do COMUNIS MO Em sua forma mais amadurecida as idéias comunistas só foram praticadas no século XX dentro de pequenas comunidades e nunca no âmbito do estadonação Os exemplos mais co nhecidos são os kibutzim de Israel cuja or ganização interna é marcantemente igualitária a renda é distribuída igualmente e os membros recebem todo um âmbito de bens e serviços em comum Em contraste mesmo as sociedades formalmente comprometidas com o comunis mo como um objetivo a longo prazo incluindo a exUnião Soviética e seus satélites nunca buscaram quer na prática quer na teoria elimi nar todas as desigualdades materiais Embora suas distribuições de renda não espelhassem exatamente as encontradas nas sociedades capi talistas ocidentais tipos diferentes de trabalho atraíam pagamentos mais elevados o nível geral de desigualdade de renda era aproximada mente o mesmo A justificativa apresentada para isso era que uma sociedade socialista devia re compensar as pessoas de acordo com o valor do seu trabalho Stalin por exemplo em manifes tação que se tornou famosa descartou a igual dade como uma idéia pequenoburguesa Os socialistas das democracias ocidentais também têm sido um tanto cautelosos na sua defesa da igualdade Seu objetivo tem sido res tringir a distribuição de renda e de riqueza em vez de nivelála completamente Pode ser mais proveitoso encarar esse igualitarismo modesto como oriundo de duas fontes por um lado ele surge de uma preocupação com a JUSTIÇA e da tentativa de evitar a EXPLORAÇÃO os socialistas alegariam que um capitalismo sem reformas logo promove um conjunto de desigualdades que não podem ser justificadas em termos dos diferentes esforços e capacidades das pessoas Por outro lado brota de uma preocupação com a comunidade ou a fraternidade uma sociedade marcada por amplas disparidades nos padrões de vida também é inevitavelmente uma socie dade em que as pessoas se encontram divididas entre si por barreiras de classe e impedidas de compreender e sentir solidariedade pela situa ção umas das outras De acordo com essa leitu ra a rigorosa igualdade de renda não é um valor fundamental sequer para os que têm uma pers pectiva extremamente igualitária Podem em vez disso sentirse comprometidos com um Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 374 igualdade e desigualdade ideal de igualdade social que tem os seguintes elementos as diferentes recompensas que as pessoas recebem devem corresponder a reais diferenças de esforço e capacidade ninguém deve ter um padrão de vida abaixo de um míni mo prescrito e o âmbito da desigualdade não deve ser tão grande a ponto de dar origem a divisões de classe Continua a haver a questão de se até mesmo uma idéia moderada de igualdade desse tipo é viável em uma sociedade industrial avançada Presumindose que o mercado continue a de sempenhar um papel central na produção e distribuição de bens e serviços parece inevitá vel que desigualdades substanciais continuem a surgir dos relativos sucessos e fracassos das pessoas na concorrência do mercado e é muito difícil controlar diretamente tais desigualdades A estratégia mais viável pode ser a indicada pela idéia de Michael Walzer de igualdade com plexa Walzer 1983 afirma que uma socie dade moderna incorpora certo número de es feras de distribuição em que diferentes bens são alocados cada qual de acordo com seu próprio critério independente Contanto que as fron teiras entre as esferas sejam respeitadas o des taque de uma pessoa na esfera digamos do dinheiro pode ser compensado pelo prestígio social mais elevado de outra e pelo sucesso de uma terceira no exercício de um cargo político Dessa forma o pluralismo social pode levar a um tipo de igualdade em que nenhuma pessoa supere decisivamente qualquer outra O proble ma prático aqui é conter a influência da posição econômica a qual nas sociedades atuais exer ce realmente uma influência marcante sobre a capacidade de uma pessoa obter os outros bens constantes do catálogo de Walzer tais como reputação poder político educação e assistên cia de saúde ver ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL Mas se seguirmos a sugestão de Walzer a causa da igualdade social pode ser hoje mais bem pro movida não por ataques diretos às desigual dades econômicas baseadas no mercado mas reforçandose as instituições públicas e priva das que alocam bens a partir de uma base diferente Leitura sugerida Baker J 1987 Arguing for Equality Berlin I 1978 Equality In Concepts and Catego ries Gutmann A 1980 Liberal Equality Le Grand J 1982 The Strategy of Equality Redistribution and the Social Services Letwin W org 1983 Against Equality Lukes S 1974 Socialism and equality In The Socialist Idea org por L Kolakowski e S Ham pshire Miller D 1990 Equality In Philosophy and Politics org por GMK Hunt Phelps Brown H 1988 Egalitarianism and the Generation of Inequality Weale A 1979 Equality and Social Policy DAVID MILLER Iluminismo Mais que um movimento o Ilu minismo foi um modo de pensar Falando de maneira geral foi uma conseqüência da revo lução científica do final do século XVII que havia transformado a concepção que a maior parte das pessoas instruídas tinha a respeito do mundo por elas habitado Em primeiro lugar achavase que a Natureza era regulada por um sistema encadeado de leis universais das quais a gravitação era um exemplo básico Até então ela fora encarada como um conjunto de fenô menos nãorelacionados em geral produto da intervenção divina e daí como fonte de lições morais para o Homem Em segundo lugar o Homem apesar de possuir uma alma imortal em que a maioria dos autores do Iluminismo continuou a acreditar era em todos os outros aspectos uma parte da Natureza A sociedade humana era portanto regulada por leis gerais como as da economia ou da sociologia que correspondiam às leis científicas que con trolavam o universo material A compreensão pelo Homem de si mesmo e da sociedade só podia ser alcançada pelos métodos científicos da observação e da dedução que lhe permitiam captar os princípios que governavam o compor tamento da matéria O Homem era reconheci damente excepcional por possuir uma inteli gência altamente desenvolvida que lhe permitia dedicarse ao pensamento abstrato e até imagi nar a respeito dele mas conforme John Locke alegava ter demonstrado as idéias não eram produto de uma percepção especial ou da ins piração divina Eram induzidas pela capacidade do Homem de processar a informação que re cebia através dos sentidos O Iluminismo foi portanto tanto libertador quanto restritivo Oferecia a perspectiva de ex pansão indefinida do conhecimento ao mesmo tempo em que negava a metafísica O que não se podia observar cientificamente só poderia ser objeto de especulação e conjectura Uma supo sição básica do Iluminismo era que o universo fora criado por uma Providência benéfica que as leis científicas haviam sido criadas visando a felicidade humana A ação racional portanto significava conformidade a um sistema que era Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar Iluminismo 375 moralmente autolegitimado A mão invisível da Providência garantia que a busca individual de um autointeresse iluminista conduziria sempre ao bemestar da sociedade como um todo ver também UTILITARISMO A ciência que sustentava essas crenças era principalmente a física em outras palavras o estudo das forças que agiam num presente atemporal A biologia com sua ênfase no crescimento e na mudança só começaria a fazer progressos substanciais na segunda metade do século XVIII O pensamen to do Iluminismo conseqüentemente tendeu a ser um tanto estático em sua preocupação com o modo como as coisas funcionavam e não com o modo como haviam chegado a ser o que eram O Ensaio sobre o homem de Alexander Pope publicado em 1733 oferece um sumário con veniente do conjunto de atitudes que eram se guidas pela maioria dos homens do Iluminismo Essas suposições comuns assumiram for mas diferentes quando pensadores do Iluminis mo abordaram os problemas das sociedades específicas em que viviam e nas quais eram bem recebidos ou de onde eram proscritos Isso fica particularmente claro na questão da religião Independentemente de qualquer outra coisa que ela pudesse implicar o Iluminismo defendia a tolerância religiosa e a suposição de que qual quer coisa que conduzisse à felicidade humana estava também de acordo com a vontade de Deus No todo as igrejas protestantes assimila ramse ao que então tendia a se tornar uma nova ortodoxia Nesse processo a concepção de Deus e do lugar do Homem no mundo susten tada pelo clero evoluiu de maneiras que ten deram a reduzir a distância entre o secular e o espiritual Isso foi especialmente verdadeiro no caso da Alemanha luterana e da Inglaterra an glicana Na Escócia as atitudes iluministas do laicato instruído e anglicizado tiveram de travar uma luta mais difícil contra a doutrina calvinista Na Europa católica por outro lado o Iluminismo entrou em choque com uma igreja mais dogmática e com regimes políticos mais inclinados a relacionar estabilidade política com uniformidade intelectual e religiosa Embora as atitudes iluministas indicassem algumas conclusões gerais por exemplo o liberalismo econômico e a crença de que o tipo de governo mais adequado a um estado em particular era determinado por seu tamanho estrutura econômica e situação geográfica os proponentes do Iluminismo eram às vezes bem recebidos pelos seus governos outras ve zes encarados como ameaça a eles Isso por sua vez afetou as conclusões políticas que tiravam de suas teorias Montesquieu e Burke tinham muito em comum mas o primeiro foi um dos oráculos da Revolução Francesa e o outro um de seus principais oponentes intelectuais A crença de que era melhor deixar as ques tões econômicas nas mãos benéficas das leis da Providência inspirou a concepção quase univer sal de que o liberalismo econômico era uma lei científica No que dizia respeito à política não havia tal consenso Em certa medida isso se deveu a pontos de vista divergentes sobre a natureza humana que enfatizavam a racionali dade das pessoas ou o grau em que eram con dicionadas pela sociedade em que cresciam O Iluminismo podia optar pelo domínio autocrá tico de um governo dedicado à implementação de programas científicos o que se assumiu ser o caso na Prússia de Frederico II ou por fazer com que o poder político refletisse as opiniões e crenças da população como um todo ou pelo menos dos proprietários de bens e terras como se acredita ter acontecido na GrãBretanha Durante a segunda metade do século XVIII o Iluminismo foi contestado por uma repulsa ao que era visto como uma concepção mecanicista do universo uma negação das verdades da per cepção e da emoção e uma fuga ao conflito entre inclinação e dever JeanJacques Rousseau em particular embora partilhasse alguns dos pres supostos do Iluminismo baseou sua teoria da soberania popular em um conceito de regenera ção moral do indivíduo pela sociedade que tirava o seu dinamismo da consciência e de uma moralidade intuitiva Embora o Iluminismo não se tenha identificado em parte alguma com um programa de revolução política ele contribuiu para a crença de que todos os problemas políti cos admitiam soluções racionais Os homens que se viram no controle da França em 1789 em sua esmagadora maioria partilhavam dos seus pressupostos A história posterior da Re volução Francesa culminando no Reinado do Terror foi amplamente se não de forma total mente lógica tomada por seus oponentes como sendo o castigo à presunção humana Como ortodoxia predominante o Iluminismo expirou durante o período revolucionário e napoleôni co dando vez a concepções mais coletivistas das sociedades socialistas ou idealistas a um movimento romântico que substituiu as ver Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 376 Iluminismo dades da razão pelas da emoção e a uma reto mada da religião tradicional Ver também RACIONALIDADE E RAZÃO Leitura sugerida Becker CL 1932 The Heavenly City of the Eighteenth Century Philosophers Cassirer E 1951 The Philosophy of the Enlightenment Gay P 1967 1969 The Enlightenment an Interpretation 2 vols Hampson N 1968 The Enlightenment Ha zard P 1935 1953 The European Mind Ο 1946 1954 European Thought in the Eighteenth Century Yolton John W et al orgs 1991 Blackwell Com panion to the Enlightenment NORMAN HAMPSON imigrantes Ver MIGRAÇÃO imperialismo O conceito de imperialismo foi introduzido no início do século XX com o objetivo de tratar na teoria e na prática do inesperado desenvolvimento da economia mundial capitalista Tanto o pensamento liberal quanto o pensamento socialista do século XIX haviam suposto que a ordem mundial estabele cida de livre comércio sob a hegemonia britâ nica na primeira metade do século havia che gado para ficar e que no decorrer do tempo essa ordem iria reforçar a tendência à anulação das rivalidades entre estados por questões de território Nas décadas finais do século ocorreu em vez disso um importante ressurgimento das lutas por território entre as grandes potências do sistema de estados que ameaçou destruir a pró pria unidade do mercado mundial O conceito de imperialismo foi introduzido pela primeira vez por um economista político liberal Hobson 1902 mas com algumas no táveis exceções por exemplo Schumpeter 1919 o pensamento social liberal quase sem pre ignorou ou desprezou sua relevância Os pensadores socialistas que trabalharam na tradi ção estabelecida por Marx em contraste aloca ram esse conceito no centro de suas análises e debates O motivo é bastante simples O ressur gimento de rivalidades territoriais entre estados minou continuamente a solidariedade do prole tariado mundial jogando seu variados com ponentes em alinhamentos nacionais antagôni cos sob a hegemonia de suas respectivas clas ses dominantes Confrontados com as alter nativas igualmente desagradáveis de se agarrar aos princípios do internacionalismo proletário porém perdendo o apoio de seus eleitorados ou seguir as predisposições nacionalistas desses eleitorados e abandonar os princípios do inter nacionalismo proletário os seguidores de Marx foram forçados a questionar a suposta predomi nância de um mercado mundial unificado sob a ação do estado e a se envolver em uma revisão de grande monta das teorias e doutrinas con sagradas As teorias marxistas do imperialismo in variavelmente se concentraram na relação entre o ressurgimento de rivalidades territoriais entre estados e o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial Não obstante todas as suas diferenças as teorias marxistas do imperialis mo tinham uma tesehipótese em comum o imperialismo era o resultado do desenvolvi mento capitalista e uma expressão da sua ma turidade As discordâncias diziam respeito à questão de como e por que o desenvolvimento capitalista havia gerado o imperialismo se o imperialismo era o último ou o penúltimo estágio do desenvolvimento capitalista e que conclusões políticas deveriam ser tiradas da hipotética relação entre capitalismo e imperia lismo Mas independente das divergências ha via o consenso subjacente de que o ressur gimento de rivalidades territoriais entre estados era uma conseqüência necessária da maturidade do capitalismo As duas principais variantes das teorias mar xistas sobre o imperialismo foram as de Rudolf Hilferding 1910 e Rosa Luxemburgo 1913 Hilferding foi buscar as origens do imperialis mo numa mutação fundamental nos processos de acumulação devido a três tendências inter relacionadas a crescente concentração e cen tralização do capital a difusão de práticas mo nopolistas e o domínio orgânico do capital financeiro sobre o capital industrial Em certo estágio de seu desenvolvimento afirmouse essas tendências fizeram crescer as rivali dades territoriais entre estados Não obstante ao centralizar o controle do aparato industrial nas mãos de umas poucas instituições finan ceiras também criaram as condições organiza cionais para uma tomada socialista de econo mias nacionais Em contraste com essa teoria Rosa Luxem burgo viu a incorporação à força de povos e territórios em processos de acumulação de ca pital como um aspecto constante da própria acumulação do capital devido às tentativas dos agentes dessa acumulação de superar tendên cias crônicas à superprodução À medida que o desenvolvimento capitalista se aprofundava e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar imperialismo 377 se ampliava a pressão para incorporar sempre novos povos e territórios aumentou mas a dis ponibilidade de povos e territórios ainda não incorporados diminuiu O imperialismo foi as sim concebido como a expressão política da acumulação de capital em sua luta competitiva pelo que ainda resta disponível do meio am biente nãocapitalista Luxemburgo 1913 Os debates políticos do início do século XX entre marxistas sobre o que esperar e o que fazer nas circunstâncias sistêmicomundiais criadas pelo ressurgimento de rivalidades ter ritoriais entre estados vieram a se concentrar em torno da teoria de Hilferding dando pouca ou nenhuma atenção à de Rosa Luxemburgo As posições assumidas por Karl Kautsky 191314 e Lenin 1916 nesses debates basea ramse na teoria de Hilferding Para Kautsky as tendências conjuntas à concentração de capital a difusão das práticas monopolistas e a domina ção orgânica do capital financeiro sobre o capi tal industrial levariam no decorrer do tempo à eliminação das rivalidades territoriais entre es tados e ao desenvolvimento do que ele chamou de ultraimperialismo Somente nesse estágio ultraimperialista do capitalismo é que estariam ótimas as condições para a transformação so cialista do mundo Para Lenin 1916 em contraste essas mes mas tendências não se desdobravam num vácuo político Em vez disso desenvolviamse sob tal tensão com tal ritmo com tamanhas con tradições conflitos e convulsões não apenas econômicos mas também políticos nacionais etc etc que antes que os respectivos capitais financeiros nacionais tenham formado uma união mundial do ultraimperialismo o imperialismo inevitavelmente explodirá o ca pitalismo se transformará no seu oposto pre fácio de Lenin 1915 a Imperialismo e econo mia mundial de Bukharin Somente através de uma intervenção ativa nessas contradições conflitos e convulsões ao mesmo tempo sus tentando os princípios do internacionalismo proletário é que os partidos marxistas poderiam ter a esperança de conservar e expandir seus eleitorados nacionais e dar início à transforma ção socialista do mundo O sucesso das estratégias leninistas de revo lução socialista entre 1917 e 1949 foi encarado de maneira geral pelos marxistas como forte indício em apoio à validade da teoria do im perialismo a que tais estratégias estavam as sociadas Em certa medida esse é um ponto de vista legítimo Em particular não pode haver muita dúvida de que no decorrer da primeira metade do século XX a reconceitualização da teoria de Hilferding sobre o imperialismo feita por Lenin proporcionou um guia de ação polí tica muito melhor que qualquer uma das con ceitualizações e teorizações rivais No entanto isso não significa que a teoria do imperialismo de HilferdingLenin explicasse com precisão todas as conexões relevantes entre capitalismo e imperialismo ou que conservasse toda a sua relevância e validade uma vez efetivamente aplicada na luta antiimperialista Ao contrário a evolução da economia mun dial capitalista desde a Segunda Guerra Mun dial tem demonstrado as limitações históricas da teoria do imperialismo de LeninHilferding e tornado todo o conjunto do pensamento mar xista do início do século XX sobre esse assunto cada vez mais irrelevante para a compreensão e ainda mais para a transformação deliberada do atual SISTEMAMUNDO Ironicamente essa crescente irrelevância das teorias marxistas do imperialismo na segunda metade do século XX foi ao menos em parte resultado de seu sucesso como guia para a política na primeira metade do século Como Lenin previu os conflitos interimperialistas criaram de fato oportunida des únicas para que movimentos socialistas e de libertação nacional assumissem poderes de estado por todo o planeta ver também MOVI MENTO DE LIBERTAÇÃO COLONIAL e nos anos imediatamente posteriores à Segunda Guerra Mundial o capitalismo mundial de fato parecia estar a ponto de se transformar no seu oposto É claro que a revolução socialista não con seguiu deitar raízes nos centros de desenvol vimento capitalistas mundiais como era es perado de maneira geral por Lenin e a maioria dos marxistas no início do século XX Mas mesmo nesses centros o poder e a influência de organizações das classes operárias no final da Segunda Guerra Mundial tiveram seu maior apogeu em todos os tempos Sob essas circunstâncias o capitalismo so breviveu descartandose de seus trajes imperia listas A tendência a rivalidades territoriais entre estados que havia inspirado a introdução do conceito de imperialismo foi revertida numa onda de descolonização sem precedentes acompanhada pela deslegitimação do expan sionismo territorial e a reconstrução do mer Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 378 imperialismo cado mundial No decorrer do tempo ficou ab solutamente claro que o capitalismo mundial podia sobreviver e expandirse ainda mais sem estar associado ao tipo de rivalidade territorial entre os estados capitalistas mais importantes que os marxistas presumiam ser o resultado neces sário do pleno desenvolvimento capitalista Essa capacidade do capitalismo de sobrevi ver ao imperialismo é o que todas as teorias marxistas não conseguiram prever Até mesmo a previsão de Kautsky de um estágio ultraim perialista do capitalismo mundial que pode parecer ter chegado perto do que aconteceu depois da Segunda Guerra Mundial não con seguiu no mínimo tanto quanto outras pre visões marxistas rivais antecipar o curso da história capitalista no século XX Por um lado o que passou a existir depois da Segunda Guerra Mundial não foi o tipo de estrutura altamente centralizada de monopólio mundial imagina da pelo ultraimperialismo de Kautsky mas sim uma economia mundial altamente competitiva Mais importante ainda se ultraimperialista ou não a ordem mundial capitalista estabelecida sob a hegemonia dos Estados Unidos não foi o resultado de um desenvolvimento automático do acúmulo de capital Em vez disso foi o resultado de 30 anos de agudos conflitos e convulsões no sistema mundial e da interven ção ativa nesses conflitos e convulsões das van guardas revolucionárias socialistas o que Kautsky não previu nem advogou A verdade da questão é que as teorias mar xistas sobre o imperialismo em geral e a mais influente delas isto é a de Hilferding em particular baseavamse todas na experiência histórica da Alemanha do final do século XIX e início do século XX presumindo que essa experiência fosse prototípica do capitalismo tardio Na realidade porém a relevância e a validade da análise exemplar de Hilferding so bre o capital financeiro e o imperialismo limi tavamse à Alemanha e outros estados da Euro pa continental no período de transição da hege monia britânica para a americana Nem mesmo a imaginação mais fértil poderia dizer que ela dava conta da relação entre capitalismo e ex pansionismo territorial conforme evidenciada na experiência do poder hegemônico em declí nio o Reino Unido ou do poder hegemônico em ascensão os Estados Unidos Desse ponto de vista a pioneira análise do imperialismo feita por JA Hobson era bem menos limitada que as de Hilferding e de Rosa Luxemburgo Sua conceitualização era mais bem adequada para captar tendências de longo prazo no plano do sistema do que a de seus equivalentes marxistas Ele definiu o imperia lismo como uma de várias formas do expan sionismo e fez remontar a forma particular que o expansionismo assumiu no final do século XIX às políticas e à estrutura social do poder hegemônico em declínio Ainda que Hobson tenha antecipado em muitos aspectos tanto Hilferding quanto Lu xemburgo ao fazer remontar o imperialismo ao desenvolvimento capitalista ele teve o cuidado de eliminar qualquer conexão necessária entre capitalismo e o expansionismo territorial gene ralizado do final do século XIX Em sua análise a ligação era meramente contingente da dis tribuição de riqueza e poder entre os estados e dentro da potência mundial dominante Daí a ligação podia ser cortada através de maior de mocracia política e igualdade econômica no Reino Unido eou por uma mudança na lideran ça mundial do Reino Unido para um estado menos oligárquico O aparato conceitual de Hobson pode ser ampliado sem grandes distorções para abranger tanto os sérios conflitos entre estados típicos da primeira metade do século XX quanto a descolonização e recomposição de conflitos en tre estados típicos da segunda metade deste século Nessa estrutura hobsoniana ampliada o imperialismo tal como originalmente concebi do pelo pensamento liberal e marxista surge não como o mais elevadomais recente estágio do capitalismo mas como uma fase de um longo ciclo de hegemonia mundial caracteriza da por forte tendência evolutiva no sentido da eliminação do expansionismo territorial nas re lações entre estados Arrighi 1983 Se essa caracterização for corroborada pelas futuras tendências da economia mundial capitalista a tese de Schumpeter de que no prazo muito longo a correlação entre expansionismo ter ritorial e capitalismo é negativa mais do que positiva pode vir a merecer maior crédito do que os marxistas se têm mostrado dispostos a admitir Até agora porém os marxistas vêm de monstrando pouca predisposição para um en volvimento em revisões importantes das teorias consagradas sobre o imperialismo Sua prin cipal reação à reversão do expansionismo ter Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar imperialismo 379 ritorial depois da Segunda Guerra Mundial foi redefinir o imperialismo a fim de incluir as formas de dominação capitalista mundial que foram ressuscitadas ou recriadas sob a hegemo nia dos Estados Unidos Imperialismo nos textos marxistas passou portanto a designar o desenvolvimento do subdesenvolvimento e ou tros aspectos internacionais do capitalismo O resultado foi uma confusão semântica e um impasse analítico Sutcliffe 1972 p3134 que nunca foram resolvidos As preocupações tradicionais das teorias so bre imperialismo foram assumidas nos últimos tempos pela análise do SISTEMAMUNDO e pela economia política internacional Dentro dessas perspectivas a noção de imperialismo foi su perada pelos conceitos de hegemonia e política mundial Só se pode esperar que o que continua relevante e válido no antigo pensamento social sobre o imperialismo não se perca nesse proces so Ver também COLONIALISMO DIVISÃO INTER NACIONAL DO TRABALHO Leitura sugerida Arrighi G 1983 The Geometry of Imperalism Hilferding Rudolf 1910 1981 Finance Capital Hobson JA 1902 1968 Imperalism a S tudy Kautsky K 191314 Der Imperialismus Neue Zeit 32 p290822 Lenin VI 1916 1964 Imperalism the Highest Stage of Capitalism Luxem burgo Rosa 1913 1951 The Accumulation of Capital Schumpeter JA 1919 1951 The sociology of imperalisms In Imperalism and Social Classes org por Paul Sweezy Sutcliffe B 1972 Conclusion In Studies in the Theory of Imperialism org por R Owen e B Sutcliffe GIOVANNI ARRIGHI incerteza Ver DECISÃO TEORIA DA inconsciente A noção de inconsciente tem uma longa história envolvendo pensadores co mo GW Leibniz Arthur Schopenhauer Frie drich Nietzsche e Karl von Hartmann Ela só ganha realmente destaque no entanto com a obra de Sigmund Freud 18561939 Este é geralmente saudado se não como o descobridor absoluto da noção pelo menos e de qualquer forma como o homem que a colocou no centro de uma técnica terapêutica e de uma teoria que era original e surpreendente e que rapidamente se tornou a base de uma nova visão dos seres humanos ver PSICANÁLISE A noção freudiana de inconsciente distingueo do mero subcons ciente o qual possui conteúdos mentais que não estão presentes na consciência O inconsciente tem um conteúdo que resiste sistematicamente a ser trazido à consciência Acreditase que essa repressão contínua do conteúdo do inconsciente desempenha um papel importante na organiza ção interna do psiquismo e em particular na etiologia de boa parte das doenças mentais O modelo popularizado por Freud é o de que a mente reprime certos conteúdos mentais no inconsciente que alguns dos conteúdos assim reprimidos engendram perturbações mentais e que uma cura ou melhora pode ser provocada trazendose esse conteúdo à luz da consciência Faz parte da noção freudiana de inconsciente o fato de seus conteúdos serem acumulados desde os primeiríssimos momentos da vida de um indivíduo Em algumas versões propostas por membros do movimento mais amplo esse acú mulo chega a preceder o nascimento Os ar gumentos que Freud propôs em Totem e tabu também parecem implicar que alguns dos con teúdos são transmitidos de geração em geração de forma que conteúdos adquiridos em uma geração são passados para as gerações pos teriores Freud foi criticado por essa visão im plicitamente lamarckiana da hereditariedade assim aplicada ao inconsciente como incom patível com a genética moderna Deixando de lado a doutrina freudiana que deu destaque ao conceito e partindo do sentido inerente à palavra seria possível distinguir di ferentes tipos de inconsciente 1 Qualquer processo que ocorra dentro da pessoa humana mas não seja acessível à consciência A maior parte dos processos psicológicos enquadrase nesta catego ria 2 Princípios comandando práticas que só se tornam acessíveis à consciência em resultado de uma busca séria e possivel mente árdua Por exemplo a maioria dos seres humanos fala sem consciência da orientação gramatical ou de outras re gras do seu discurso 3 Um inconsciente coletivo tal como foi proposto por CG Jung 18751961 pa recido com o de Freud e historicamente influenciado por suas idéias mas diferin do deste por ser partilhado por toda uma comunidade ou raça Sendo assim seus conteúdos devem é claro ter sido reuni dos de maneira diferente da acumulação individual de um inconsciente freudiano Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 380 incerteza com exceção é claro dos elementos lamarckianos 4 Um tipo diferente de inconsciente cole tivo reprimido não individualmente nem racialmente nem comunalmente mas por uma unidade política as regras da novilíngua tais como descritas por George Orwell 190350 em 1984 têm o objetivo de tornar certas idéias ou afir mações simplesmente inexprimíveis nu ma dada linguagem O inconsciente freudiano que provavel mente constitui o sentido mais freqüentemente usado da palavra difere destes pelo fato de os conteúdos do inconsciente serem perfeitamente acessíveis em princípio e não serem proscritos nem pela linguagem nem pela autoridade polí tica Eles são portanto reprimidos individual mente em reação a situações particulares do indivíduo em geral com conseqüências patogê nicas Uma possível crítica à concepção freu diana do inconsciente é de que ele se inspira muito fielmente no modelo familiar da mente consciente cuja gênese e funcionamento pare cem ser tidos como nãoproblemáticos a psi cologia freudiana limitase a acrescentar um parceiro oculto mais desregrado acompanhan doa e dominandoa manifestando seus efeitos de forma característica em sonhos atos fa lhos e sintomas neuróticos É importante também enfatizar que a noção freudiana do inconsciente desempenha um pa pel dominante no sistema freudiano total de idéias terapia e organização da corporação psi canalítica Esse papel ultrapassa em muito o mero acréscimo de um item importante ao in ventário de nosso equipamento psíquico Im plícito na noção e no papel a ele atribuído o inconsciente constitui barreira permanente a um julgamento sólido a não ser que seus segre dos sejam penetrados pela técnica ímpar pres crita pela teoria freudiana as pretensões cog nitivas de um dado indivíduo são suspeitas e presumivelmente pouco sólidas Sendo assim a noção do inconsciente desvaloriza implicita mente as pretensões cognitivas de seres huma nos que não tenham sido liberados pelo rite de passage da psicanálise da maneira aprovada pela corporação dos seus praticantes Assim indireta mas inescapavelmente a noção tal como ocorre dentro desse sistema enquadra tanto os seres humanos quanto seus pontos de vista ela constitui um programa social e heurís tico implícito Ela invalida não apenas qualquer teoria que se proponha criticar seus critérios mas também todo o resto Pois na medida em que se diz que o inconsciente interfere com os indícios referentes à sua própria existência e às suas próprias práticas somente a técnica sin gular pode contraporse a seus artifícios e se encontra em posição de decodificar e avaliar concretamente o indício Dessa maneira a teo ria freudiana do inconsciente garante a sua pró pria verdade Essa teoria propõe um mundo tal que dentro dele somente a própria teoria pode realmente pronunciarse sobre o que é verda deiro e o que é falso Assim a teoria freudiana do inconsciente fica aberta à suspeita de ser amplamente circular Leitura sugerida MacIntyre AC 1958 The Uncons cious ERNEST GELLNER individualismo Esta palavra abrange várias idéias doutrinas e atitudes cujo fator comum é a atribuição de centralidade ao indivíduo Ela teve origem no início do século XIX na França pósrevolucionária onde significava a dissolu ção dos laços sociais o abandono pelos in divíduos de suas obrigações e compromissos sociais Em terras alemãs seu significado era diferente estava ligada ao romantismo e tendia a significar o culto do caráter singular e da originalidade do indivíduo assim como o flo rescer da individualidade Na Inglaterra seu significado era mais uma vez distinto contras tava com coletivismo e de maneira típica servia para se referir às virtudes da autoconfian ça e da iniciativa celebradas por Samuel Smiles na esfera moral e estava associado ao LIBE RALISMO nas esferas econômica e política Outra influente utilização no século XIX foi a de Jacob Burckhardt para quem o Renascimento italiano havia engendrado o individualismo pe lo que ele se referia entre outras coisas ao reconhecimento do caráter distinto de indiví duos singulares e ao cultivo da PRIVACIDADE Burckhardt 1860 Todos esses significados sobreviveram até a nossa época Talvez a maior influência sobre seu uso no século XX tenha sido a de Alexis de Tocque ville o qual escreveu que se tratava de uma nova expressão nascida a partir de uma nova idéia um sentimento deliberado e pacífico que dispõe cada cidadão a se isolar de seus Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar individualismo 381 companheiros e a se apartar com sua família e amigos abandonando a sociedade mais am pla primeiro minando as virtudes da vida pública em seguida atacando e destruindo todas as outras acabando por ser absorvido por um puro egoísmo Tocqueville 183540 livro 2 parte 2 cap2 Esse uso tem exercido influência entre os modernos teóricos das socie dades de massa e os críticos sociais e culturais norteamericanos Ele contrasta com uma outra utilização na qual a palavra foi um lema para a livre empresa o governo limitado a liberdade social e as atitudes formas de comportamento e aspirações que se acredita sustentarem todas essas coisas Essa utilização foi exemplificada no famoso discurso de campanha de Herbert Hoover em 1928 louvando o sistema norte americano de forte individualismo Outras e variadas doutrinas têm um caráter mais abstrato Uma delas é o individualismo metodológico Tratase de uma doutrina a res peito da explicação que afirma que nenhuma explicação em ciência social ou história pode ser adequada ou em outra versão minima mente possível a não ser que se expresse em termos que enfatizem plenamente aspectos dos indivíduos suas propriedades objetivos crenças e ações As totalidades sociais ou pa drões agregados de comportamento devem ser explicadas sempre ou essencialmente em ter mos de indivíduos Essa doutrina assumiu mui tas formas e nunca deixou de ser controversa em geral de maneira apaixonada Karl Popper e Friedrich von Hayek encararam a sua defesa como essencial à defesa liberal de uma socie dade livre Outros de Emile Durkheim em diante encararam a sua rejeição como o primei ro degrau para a compreensão sociológica de realidades que são independentes e limitadoras dos indivíduos No entanto outros encaram as controvérsias a respeito dessa doutrina como algo que combina advertências e perseguições úteis com exageros enganosos Assim seus de fensores sensatamente previnem contra a hipós tase de entidades sociais e forças coletivas e insistem sabiamente em que a macroexplicação exige microfundamentos mas afirmam com freqüência que os fatos sociais são na realidade ficções e que as totalidades sociais são meras construções de indivíduos Inversamente seus oponentes afirmam com justiça que as es truturas impessoais e o comportamento de co letividades podem ter força explicatória inde pendente porém separamnas com excessiva facilidade de uma teoria plausível da ação in dividual Uma outra doutrina diz respeito à delibera ção prática é às vezes chamada de atomismo Afirma que os fins das ações são todos in dividuais e assim que os bens sociais não passam de concentrações de bens individuais Dessa forma não existem bens irredutivelmen te sociais constituídos em parte ou inteiramente por ações e significados comuns O UTILITARIS MO e o que hoje pode se chamar de welfaris mo exemplificam esse ponto de vista afirman do que a relativa boa qualidade de um estado de coisas deve basearse exclusivamente nas vá rias utilidades individuais que ela contém e ser tida como função destas Charles Taylor viu o atomismo como enraizado nas tradições filo sóficas que começaram com a postulação de um sujeito sem extensão epistemologica mente uma tabula rasa e politicamente um detentor de direitos sem pressupostos Taylor 1985 p210 Otto Gierke identificouo com os pensadores da Lei Natural de Hobbes a Kant para os quais todas as formas de vida social eram a criação de indivíduos e meramente o meio para se alcançarem objetivos individuais Gierke 18681913 p106 111 Fora estas ainda podem ser mencionadas diversas outras variedades O individualismo epistemológico coloca a fonte do conhecimento dentro do indivíduo Ele foi afirmado de modos diferentes por Descartes e por várias versões do EMPIRISMO O individualismo ético encara a moralidade como essencialmente orientada pa ra o indivíduo seja na forma do egoísmo ético de acordo com o qual o único objeto moral da ação de um indivíduo é o seu próprio benefício ou na de um outro e mais radical conjunto de idéias de que descende o EXISTEN CIALISMO de acordo com o qual o indivíduo é a própria fonte dos princípios morais o árbitro supremo dos valores morais e outros Finalmente há um complexo de idéias que pode ser rotulado de individualismo político o qual propõe várias conexões entre o indiví duo e o governo primeiro uma visão de go verno tal como baseada no consenso de seus cidadãos apresentado individualmente sua au toridade derivando desse consenso segundo uma visão da representação política não de ordens estados classes ou funções sociais mas de interesses individuais e terceiro uma visão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 382 individualismo dos propósitos do governo como limitados a possibilitar que os propósitos dos indivíduos sejam satisfeitos e que seus direitos sejam pro tegidos permitindolhes um máximo de espaço de ação na busca de seus interesses A primeira idéia tem raízes nas teorias do contrato social mas mesmo onde essas teorias são abandona das é o centro de justificação para a democracia liberal embora anarquistas desde Henry David Thoreau dela tenham tirado conclusões mais subversivas A segunda foi crucial para a elabo ração da Constituição dos Estados Unidos e para as propostas dos utilitaristas de reforma política e de constitucionalismo moderno em geral A terceira que remonta a John Locke fala fundo ao coração do liberalismo político Leitura sugerida Hayer FA 1948 1980 Individua lism and Economic Order Lukes S 1973 In dividualism ONeill J org 1973 Modes of Indivi dualism and Collectivism Taylor C 1985 Atomis m In Philosophical Papers v2 Tocqueville A de 183540 De la démocratie en Amérique Especialmen te livro 2 parte 2 cap2 STEVEN LUKES indivíduo socialização do Ver SOCIALIZA ÇÃO indústria Ver DEMOCRACIA INDUSTRIAL OR GANIZAÇÃO INDUSTRIAL RELAÇÕES INDUSTRIAIS SOCIEDADE INDUSTRIAL SOCIEDADE PÓSIN DUSTRIAL DESINDUSTRIALIZAÇÃO industrialização Chamase de industriali zação o processo pelo qual as sociedades adqui rem o equipamento a organização e as capa citações necessárias para se dedicarem à produ ção em massa utilizando tecnologia mecânica ou eletroeletrônica Anteriormente a expressão revolução industrial era em geral utilizada Os cientistas sociais hoje em dia encaram essa expressão como enganosa uma vez que ela implica uma descontinuidade abrupta E o re gistro estatístico não apóia tal suposição As economias préindustriais uma vez que a maior parte da sua produção tem origem na agricul tura têm poucas probabilidades de passar por um súbito ímpeto de crescimento a inércia de seu setor predominante é grande demais as descontinuidades ocorrerão se ocorrerem em setores como a manufatura que são inicialmen te muito menores É a esses setores que se deveriam aplicar expressões como decola gem ou surtos de crescimento A tendência moderna é pensar na indus trialização como um modo de crescimento eco nômico em vez de um evento ou um pequeno período de tempo Sua característica essencial é o uso cada vez mais amplo da energia inani mada Ela tem suas origens numa fase anterior de protoindustrialização ocorrendo em so ciedades em que a agricultura e o comércio ainda predominam O sucesso da industrializa ção sofre uma influência marcante das acumu lações de capital que essa primeira fase de crescimento facilita dos tipos de força de traba lho e de capacitações que ela faz surgir dos lucros com comércio exterior que ela cria e dos valores culturais e estruturas políticas que ela propicia Além disso os cientistas sociais hoje em dia não presumem que a industrialização tenha um final definido no tempo Expressões como DESINDUSTRIALIZAÇÃO ou sociedade pós industrial referemse à ascensão dos setores da sociedade baseados nos serviços e na informa ção não implicam que os processos de indus trialização se tenham encerrado Os historiadores datam convencionalmente o primeiro surgimento da industrialização em torno de meados do século XVIII a maioria dos locais importantes ficava na GrãBretanha O processo difundiuse rapidamente depois disso primeiro para regiões da Europa Ocidental da América do Norte e da Rússia mais tarde para outras partes do mundo No século XX já se havia tornado quase que sinônimo de desenvol vimento econômico Particularmente nos no vos estados que conquistaram a independência nacional depois da Segunda Guerra Mundial a propensão a padrões de vida mais elevados é essencialmente uma propensão à industrializa ção Poucos desses estados estão dispostos a basear suas esperanças de autonomia política e de padrão mais elevado unicamente na produ ção de matériasprimas As tecnologias de crescimento industrial mudaram no decorrer do tempo e continuam mudando Bem antes do século XVIII a força do vento e da água era usada para suplementar a energia dos seres humanos e outros animais mas o uso difundido do carvão para derreter o ferro e gerar energia a vapor aumentou imen samente o volume de energia utilizado Um maior aporte de energia era fundamental para posteriores aumentos de produção O carvão a energia a vapor e o ferro já não desempenham o papel crítico que um dia tiveram no cres Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar industrialização 383 cimento industrial mas a essência do processo continua inalterada a industrialização implica a exploração de fontes de energia inanimada numa escala sempre crescente A energia huma na passa a ser usada basicamente para fins de controle O uso crescente de recursos energéticos ina nimados foi de importância crítica pelo que isso significou para a produtividade homem hora Os lucros reais estão estreitamente ligados à produtividade e a industrialização devido ao uso da energia inanimada é um meio garantido de aumentar a produtividade Não é o único meio A produtividade também pode ser au mentada através de melhores mercados melhor informação melhor organização e melhor divi são do trabalho A industrialização na verdade exige melhorias nesses dispositivos sociais Sé rios erros de planejamento podem surgir da ênfase apenas na mudança tecnológica quando se ignoram as mudanças institucionais que de vem acompanhála Não é possível alterar dras ticamente o modo de produção sem da mesma forma transformar a estrutura social em que este ocorre e em certo grau a cultura em que ele está embutido Disso brotam muitos dos empecilhos a uma industrialização bemsucedida A resistência à industrialização tem origem não na rejeição da sua perspectiva de padrões de vida material mais elevados mas na oposição a seus custos sociais culturais e políticos Tal como se difun diu a industrialização difundiuse igualmente uma constante avaliação desses custos Eles incluem em primeiro lugar uma atitude ex ploradora para com o mundo natural e uma propensão a desprezar os danos ecológicos e ambientais que o crescimento industrial pode provocar Os custos que não aparecem nos li vros de contabilidade das corporações ou nos gabinetes governamentais de onde se dirige o processo de industrialização tendem a ser ig norados pois não incorrem sobre os que tomam as decisões Em segundo lugar no passado a industrialização esteve associada a uma atitude exploradora com relação ao trabalho Sob um regime de capitalismo industrial o trabalho passa a ser tratado como mercadoria e as ati tudes que comandam a exploração de mer cadorias são transferidas para os seres huma nos Disso brota um agravamento do conflito de classes que em geral ocorre durante as fases iniciais de industrialização fases em que a infraestrutura social de habitação urbana edu cação e saúde pública é inadequada em que a taxa de crescimento populacional entra em ace leração e em que os trabalhadores ainda estão aprendendo a influenciar os níveis salariais e as condições de trabalho Em terceiro lugar é típico ocorrer uma queda no senso de comuni dade e uma ascensão da ALIENAÇÃO e da ANO MIA A industrialização rompe formações so ciais tradicionais transforma papéis sociais tra dicionais e mina fontes de autoridades tradicio nais Chamado às vezes de ascensão do in dividualismo esse processo seria mais bem qualificado como de despersonalização e nesse sentido ele é tão válido para as industrializações dirigidas pelo estado no século XX quanto para as industrializações marcadas pelo laissezfaire do século XIX A tecnologia da industrialização é a tecnologia da padronização da uniformi dade e dos papéis intercambiáveis isso em geral se aplica tanto a consumidores e operários quanto a processos e produtos Na esperança de superar esses obstáculos a industrialização no final do século XX tem sido empreendida geralmente não através da toma da de decisões por empresários privados mas através da direção do estado Os grupos em preendedores não são empresários e corpora ções privadas mas políticos funcionários pú blicos e tecnocratas O impulso é entrar depres sa na industrialização dar o salto de gigante para a modernização em uma geração ou me nos Em parte isso ocorre por questões de or gulho nacional Em parte na crença de que os obstáculos só podem ser superados com um forte empurrão E em parte na esperança de que o crescimento da produção venha a ul trapassar a previsível explosão populacional na medida em que restrições tradicionais à forma ção da família vão cedendo Esses são os problemas com que hoje se defrontam muitas sociedades em processo de industrialização Ao mesmo tempo muitas na ções que fizeram mais cedo a transição para o crescimento industrial estão descobrindo que suas indústrias mais antigas enfrentam uma competição muito forte com sociedades de ou tras partes do globo que se industrializaram posteriormente A tendência dessas economias maduras é empregar uma proporção crescen te da força de trabalho no setor terciário ou de serviços em que os aumentos de produtivi dade são difíceis de conseguir e uma proporção Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 384 industrialização decrescente na produção primária ou manufa tureira à qual as tecnologias mais antigas se aplicam mais prontamente A produção dessas economias está se tornando concentrada na in formação em vez de nos recursos ou na mão deobra Alguns analistas chamam a isso de ascensão da sociedade pósindustrial Uma al ternativa seria dizer que a base tecnológica da industrialização está mudando como sempre esteve No final do século XIX ela passou do complexo carvão ferro e energia a vapor para o complexo combustíveis hidrocarbônicos ele tricidade plásticos e ligas leves Agora no final do século XX a base tecnológica para a nova industrialização parece encontrarse nas indús trias da informação baseadas na eletrônica e no computador ver AUTOMAÇÃO INFORMAÇÃO TEORIA E TECNOLOGIA DA Leitura sugerida Chenery HB Robinson S e Syr quin M 1986 Industrialization and Growth a Com parative Study Kemp Tom 1978 Historical Patterns of Industrialization Kuznets Simon 1966 Modern Economic Growth Rate Structure and Spread Lan des David S 1969 The Unbound Prometheus Techno logical Change and Industrial Development in Western Europe from 1750 to the Present Mumford Lewis 1934 1963 Technics and Civilization Rostow W W 1978 The World Economy History and Prospect HUGH G J AITKEN informação teoria e tecnologia da Uma vez que se tornou possível a digitalização da informação através da linguagem comum do código binário voz dados e vídeo puderam tornarse fluxos de informação digitalizada ca paz de ser armazenada manipulada e trans mitida de forma barata e em grande velocidade pelos computadores digitais Ao mesmo tempo a indústria eletrônica da computação e a das telecomunicações convergiram para se torna rem uma indústria global de tecnologia de in formação TI tendência observada mais de uma década atrás Nora e Minc 1978 Barron e Curnow 1979 Muitos autores encaram a TI como uma tecnologia crucial e difusa pelo menos tão importante quanto a eletricidade ou a energia a vapor e portanto provavelmente o mais im portante desenvolvimento tecnológico deste sé culo A importância crucial da TI tem origem no fato de que ao contrário de outras tecno logias os decréscimos no custo do tamanho dos componentes eletrônicos foram acompa nhados por acréscimos em sua potência velo cidade e sofisticação Assim computadores muito possantes hoje se acomodam com sim plicidade em mesas de trabalho individuais enquanto 25 anos atrás máquinas com a mesma potência de processamento enchiam uma sala imensa A palavra revolução é aplicada com fre qüência à TI e a revolução da TI costuma ser comparada em relevância social à Revolução Industrial de dois séculos atrás As implicações econômicas sociais e políticas da revolução da TI hoje em curso são tema de contínuas pes quisas e debates mas evidentemente estão ocorrendo algumas mudanças muito importan tes na sociedade em especial no local de traba lho para não mencionar os lares e escolas Gui le 1985 Miles et al 1988 Um trabalho recen te porém lançou dúvidas sobre a importância revolucionária da TI e alguns a encaram como parte da contínua evolução das tecnolo gias de controle que teve início no século pas sado Beniger 1986 A vantagem em produti vidade da TI também está sendo seriamente questionada Forester 1989 Alguns autores têm aproveitado a oportuni dade para proclamar novos tipos de sociedade que estariam surgindo a partir da revolução da TI com a sociedade da informação Bell 1979 Masuda 1980 substituindo a sociedade pósindustrial na posição de vanguarda Am bas as noções têm sido submetidas ao exame crítico ver Lyon 1988 e levantam questões importantes a respeito das mudanças de para digmas do processo de desenvolvimento so cial do determinismo tecnológico e da impor tância da indústria manufatureira em oposição ao setor de serviços Cohen e Zysman 1987 Os comentadores da revolução da TI tal como acontece com a questão da tecnologia e da sociedade em geral tendem a se dividir amplamente em otimistas Bell 1979 Toffler 1980 e Kranzberg e pessimistas Weizenbaum 1976 Roszak 1986 e Win ner 1989 embora os três últimos possam ser chamados mais adequadamente de here ges pois se opõem fortemente ao ponto de vista ortodoxo de que a computadorização trará efeitos benéficos em geral para a sociedade Ver também INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Leitura sugerida Forester Tom org 1985 The Infor mation Technology Revolution Ο 1987 HighTech So ciety the Story of the IT Revolution Forester Tom e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar informação teoria e tecnologia da 385 Morrison Perry 1990 Computer Ethics Cautionary Tales and Ethical Dilemmas in Computing TOM FORESTER informática Ver INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL intelectuais Esta palavra tem sido objeto de muitas discussões desde que surgiu na França no final do século XIX durante os debates entre os defensores e os adversários do capitão Drey fus no famoso Caso Dreyfus Para muitos os intelectuais são sonhadores pouco práticos in capazes de se ajustar às realidades mundanas da sociedade e do estado Para outros são os de fensores básicos dos valores e padrões morais e cognitivos que sustentam os sistemas políti cos democráticos ou liberais Certos analistas eruditos tenderam a reunir sob o rótulo de intelectual todas as pessoas envolvidas na esfera da cultura isto é no mun do dos símbolos Mas outros objetaram que essa seria uma definição demasiado ampla pois in cluiria em seu âmbito ganhadores do Prêmio Nobel por um lado e professores e jornalistas por outro toldando a necessária distinção entre os criadores de cultura e os que a distribuem ou aplicam Além disso cortaria as possibilidades de avaliar e calcular o status e a influência dos criadores de idéias em oposição a grupos ou estratos relacionados Torna impossível deter minar se os criadores de idéias têm um peso social diferente do atribuído a outras categorias de utilizadores de símbolos Sob essas circunstâncias parece mais razoá vel definir os intelectuais de maneira mais res trita e ver neles os homens e mulheres em dadas sociedades que embora numericamente pou cos são ainda assim quantitativamente impor tantes como criadores de símbolos que pos suem atributos não encontráveis no grupo numericamente bem mais amplo de pessoas engajadas nas artes nas ciências nas profissões liberais e na religião Acadêmicos ou membros das profissões liberais não são necessariamente intelectuais O intelecto diferentemente da in teligência exigida nas artes e nas ciências pre sume uma capacidade de distanciamento das questões imediatamente pertinentes uma mo bilidade que ultrapassa as tarefas pragmáticas do momento e um compromisso com valores centrais que transcendem o envolvimento profissional ou ocupacional Enquanto a maior parte das pessoas envol vidas nas profissões liberais e em outras ocupa ções tende a se absorver na busca de respostas concretas a problemas específicos os intelec tuais com maior probabilidade se envolverão com esferas mais gerais de significado e de valores com o cerne sagrado da cultura Como tal buscam proporcionar padrões morais e manter símbolos comuns significativos Os in telectuais modernos são descendentes dos guar diães sacerdotais da tradição sagrada tal como também se relacionam aos profetas bíblicos cuja mensagem era muito distante dos valores morais e espirituais da corte e da sinagoga criticando asperamente os senhores do poder pela malignidade de seus costumes Os que encaram os intelectuais dessa manei ra irão contrapor também tratarse de pessoas que jamais parecem satisfeitas com as coisas como elas são nem com os hábitos e costumes predominantes que questionam a verdade do momento em termos de uma verdade mais ele vada que eles se consideram os depositários especiais de idéias abstratas tais como verdade ou justiça e se encaram como guardiães dos padrões morais quando estes são alvo de ataque tanto no mercado quanto na sede do poder Os intelectuais não são apenas zeladores de idéias e mananciais de ideologias mas diferen temente dos eclesiásticos medievais ou dos mo dernos fanáticos políticos tendem ao mesmo tempo a manter uma atitude crítica São in divíduos que pensam de forma diferente e ten dem a ser perturbadores da complacência e da acomodação Foi somente depois do declínio da Idade Média depois de a Reforma e o Renascimento haverem fragmentado a visão unificada e mo nopolista de mundo da Igreja que os intelec tuais puderam começar a erguer uma voz in dependente somente quando foram surgindo múltiplos poderes religiosos e seculares no ce nário social passando a disputar a adesão dos indivíduos que pôde aparecer um estrato de homens e mulheres cujas idéias já não mais se prendiam à Igreja ou aos patronos seculares Com o surgimento de toda uma variedade de centros de poder e influência com o der retimento de uma cultura até então congelada nasceram conflitos de idéias mantidos por por tavozes independentes de correntes de pen samento e tendências doutrinárias diversas Alguns intelectuais ainda se encontravam em parte dependentes de patronos para pode rem sustentarse até surgir no século XVIII Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 386 informática um público letrado de amplo âmbito mas eles tinham pelo menos a possibilidade de escolher os patronos Do século XVIII em diante porém um contingente leigo começou a proporcionar um público receptivo aos homens de letras A partir desse ponto o estudo dos intelectuais precisa dar atenção cuidadosa à complicada rede de relações entre eles e o mercado de idéias além de instituições como a universida de ou as academias nacionais É preciso dar atenção aos dispositivos sociais como cafés salões periódicos censura burocracias gover namentais todos os quais invadem seja de forma positiva ou negativa a vida do espírito no mundo da modernidade Os intelectuais no mundo moderno seja no Oriente ou no Ociden te têm assumido posições estratégicas cruciais São em geral cortejados mas também freqüen temente perseguidos pelos senhores do poder bem como por interesses econômicos escusos Em certas ocasiões sua posição parece razoa velmente bem firmada em outras porém ainda parecem uma espécie ameaçada No entanto em última análise são o que Ezra Pound um dia chamou de as antenas da raça Ver também ILUMINISMO Leitura sugerida Coser Lewis A 1965 Men of Ideas A Sociologists View Hofstadter Richard 1963 Antiintellectualism in American Life Mannheim Karl 1929 1960 Ideology and Utopia an Introduction to the Sociology of Knowledge Shils Edward 1972 The Intellectuals and the Powers and Other Essays Znaniecki Florian 1940 The Social Role of the Man of Knowledge LEWIS A COSER inteligência teste de Tal como muitos con ceitos em psicologia o de inteligência pode ser mais fácil de reconhecer do que de definir ou medir Santo Tomás de Aquino propôs que fosse a capacidade de combinar e separar nos anos 20 Charles Spearman propôs a capacidade de inferir relações e correlações O problema é que a inteligência é inferida a partir do compor tamento e o comportamento é sempre relacio nal A inteligência portanto é mais bem con siderada como uma propriedade emergente dos indivíduos em relação a contingências de seus ambientes natural e social Isto é um compor tamento que é inteligente em determinado con texto pode ser totalmente inadequado em outro Além disso é essencial uma perspectiva desen volvimentista A inteligência de uma criança não é meramente a inteligência de um adulto em tamanho pequeno o desenvolvimento não consiste em simplesmente preencher a crian ça até o nível adulto a metáfora da jarra de um litro Por exemplo um bebê recémnascido manifesta um reflexo enraizado por meio do qual ele suga o leite à medida que a criança cresce esse reflexo é substituído pelo de mas tigar transformação qualitativa de uma forma de comportamento adequado em outra No en tanto uma forte tradição em psicologia que remonta pelo menos a Francis Galton na década de 1860 encara a inteligência ou para Galton a capacidade mental como uma propriedade individual fixa que cresce linearmente com a idade até a vida adulta e é expressiva de uma constituição em grande parte herdada Galton e seu protégé Karl Pearson lutaram para criar métodos de medir essa capacidade mental Em 1904 o governo francês pediu a Alfred Binet que descobrisse meios de detectar crianças mentalmente deficientes O resultado foi uma série de testes consistindo em peque nos problemas concebidos para examinar a me mória a facilidade verbal e assim por diante O resultado de uma criança nesses testes era usado para definir a sua idade mental descobrindose a média de idade das crianças cujo resultado nos testes se equipara Os testes foram levados para os Estados Unidos por Henry Goddard em 1908 e revistos por Lewis Terman em Stanford em 1912 para formar os testes StanfordBinet so bre os quais todas as versões posteriores se basearam Terman popularizou a abreviatura QI ou Quociente de Inteligência significando a relação entre a idade mental de uma criança e sua idade cronológica vezes 100 O QI médio da população de crianças de uma deter minada idade ou na versão adulta de toda a população adulta é 100 Os testes de QI assim operacionalizam a definição de in teligência reduzindoa a o que medem os tes tes de QI Originalmente destinados nas mãos de Binet a prever o desempenho escolar e identificar para uma educação corretiva crian ças que estavam tendo um desempenho abaixo de sua idade mental esses testes nos anos 20 e 30 nas mãos dos psicólogos norteamericanos e de seus colegas da GrãBretanha em especial Cyril Burt assumiram um caráter cada vez mais reificado Spearman usouos para deduzir que subjacente a todo o desempenho nos testes existia um fator de inteligência geral unitário Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar inteligência teste de 387 que ele chamou de g implicando com isso que esse fator tinha algo do caráter absoluto de uma constante nas ciências físicas Outros es tabeleceram uma distinção entre inteligência fluida e inteligência cristalizada a primeira encarada como a capacidade de novo apren dizado conceitual e a outra como conhecimento e habilidades adquiridos Ao mesmo tempo se fizeram esforços para desenvolver testes que fossem culturalmente justos ou independen tes de fatos e habilidades aprendidos No entan to como esses testes eram eles próprios padro nizados de acordo com o StanfordBinet não podiam deixar de partilhar muitas de suas pro priedades A aplicação em massa dos testes começou a ser feita nos recrutas do exército e pretendentes a imigrantes nos Estados Unidos e mais tarde em escolares no Reino Unido Revelaramse fortes tendenciosidades étnicas e de classes nos resultados dos testes filhos da classe operária tendiam a ter resultados mais baixos que os da classe média imigrantes e negros resultados mais baixos que os da população branca natural dos Estados Unidos As diferenças de gênero evidentes nas primeiras versões dos testes fo ram eliminadas por meio de uma revisão das perguntas em que surgiam as diferenças de resultado mas as diferenças étnicas e de classe foram amplamente encaradas como indicativas de reais diferenças de inteligência Afirma ções como as de Burt ostensivamente baseadas na mensuração do QI em gêmeos idênticos criados separados que nos anos 70 se revela ram ser totalmente fraudulentas de que as variações de inteligência ou pelo menos de resultado no teste de QI eram em grande parte geneticamente determinadas deram uma base racional para as preocupações eugênicas amplamente difundidas de que os diferenciais de imigração e de classe nas taxas de natalidade levariam a um declínio da inteligência nacio nal Ver EUGENIA CIÊNCIA DA Depois de 1945 as diferenças de grupo nos resultados de QI passaram a ser atribuídas de forma geral a fatores ambientais e com a difu são da oferta de educação abrangente a crianças de capacidades mistas a confiança nos testes relacionados ao QI para fazer discriminação entre crianças e para limitar perspectivas edu cativas se reduziu A questão do QI voltou a ganhar proeminência depois de 1969 quando Arthur Jensen nos Estados Unidos seguido por seu divulgador Hans Eysenck na GrãBreta nha ressuscitou as pretensões à determinação genética das diferenças de QI não apenas entre indivíduos mas também entre grupos em es pecial brancos e negros vivendo nos Estados Unidos Seguiuse um vigoroso debate no qual as bases empíricas e teóricas dessas pretensões foram intensamente discutidas Nos anos 80 surgiram provas de que no decorrer dos últimos 40 anos houve um substancial aumento na média dos resultados de QI em grandes grupos de crianças no Japão Nova Zelândia Países Baixos e Reino Unido Como tal aumento não pode ser explicado por meio de nenhum modelo genético conhecido esse debate pode ser enca rado como finalmente concluído Os avanços nas ciências neurológicas significam que não se considera mais plausível falar de comporta mento inteligente ou sequer do resultado de uma pessoa num teste de QI como dependente de uma única propriedade fundamental e her dada a dialética dos ambientes biológico so cial e natural durante o desenvolvimento sig nifica que propriedades complexas como a in teligência não podem de uma forma que faça sentido ser divididas em frações genéticas e ambientais distintas Ver também CIÊNCIAS COGNITIVAS Leitura sugerida Blum FM 1978 Pseudoscience and Mental Ability Evans B e Waites B 1981 IQ and Mental Testing an Unnatural Science and its Social History Rose Steven et al 1984 Not in our Genes STEVEN PR ROSE inteligência artificial Esta expressão des creve o que é realizado por uma máquina quan do esta tenta imitar desempenhos humanos cog nitivamente sofisticados As calculadoras me cânicas começando com os relógios medi dores do século XVII e até mesmo os robôs mecânicos dos séculos XVIII e XIX podiam ser encarados como exemplos dos primeiros veícu los mas foi na programação de computadores do século XX que a inteligência artificial come çou a ser identificada como um campo de es tudos Pratt 1987 A expressão entrou em uso em seguida a sua utilização no título de uma conferência realiza da em 1956 no Darmouth College New Ham pshire apresentada por John McCarthy MacCorduck 1979 Ela serviu para definir um conjunto de projetos que tentavam explorar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 388 inteligência artificial o potencial do computador eletrônico que nas cera na Segunda Guerra Mundial e no início dos anos 50 estava surgindo no mundo civil Entre os principais projetos da época in cluíramse tentativas de fazer com que máqui nas jogassem cartas e xadrez resolvessem pro blemas de geometria e de lógica reconheces sem padrões e entendessem o inglês comum Feigenbaum e Feldman 1963 Esses projetos refletiam dois tipos de interesse que se reuniram na formação do novo campo e que persistem até os dias de hoje Um é o interesse nos processos psicológicos humanos o outro o de conseguir que as máquinas façam coisas cada vez mais sofisticadas e portanto para seus usuários hu manos mais convenientes Alguns dos primei ros programas de Inteligência Artificial IA por exemplo os que criavam provas em lógica foram concebidos como um meio de estudar a tomada de decisões pelos seres humanos Outros particularmente programas que joga vam xadrex e cartas o foram como estudos de aprendizado Ultimamente a perspectiva que encara o cérebro como um processador de informações criou a psicologia cognitiva não tanto um novo ramo de uma velha disciplina mas uma proposta para substituíla e a partir desse ponto de vista a tentativa de conseguir imitar o comportamento ou desempenho huma no através da programação da máquina cons titui uma sólida técnica de pesquisa Anderson 1980 Os estudos sobre reconhecimento de pa drões começaram com a outra motivação com os programadores querendo equipar suas máquinas com a capacidade de ler datilografia de forma a que fosse possível alimentar progra mas no computador usando esse meio Des cobriram que por exemplo uma letra do alfa beto não deve ser definida por uma configura ção coordenáveldefinível de pontos mas que um número indefinido dessas configurações pode ser identificável pelo olho humano como a mesma letra o que o computador tinha de ser levado a identificar era o padrão no qual se encaixam as diferentes configurações Esse projeto em particular se concretizou e passou a ser utilizado em mecanismos ópticos de reco nhecimento de caracteres de grande importân cia humana mas o problema de reconhecimen to de padrões em toda uma variedade de outros campos continua significativo e difícil Fischler e Firscheim 1987 O projeto de ensinar ao computador o inglês isto é a linguagem natural começou igual mente sua longa e até agora inconclusa carreira com uma tentativa de tornar a máquina mais vantajosa para o usuário e o programador É um projeto cuja importância ganhou aceitação mesmo no momento em que sua dificuldade se fazia sentir sobre os que nele trabalhavam Al len 1987 Gazdar e Mellish 1989 Existe uma concepção de que a percepção visual é mediada através dos conceitos da linguagem natural e é também bastante possível que o conhecimento seja articulado e memorizado utilizandose es truturas lingüísticas Winograd 1983 Num grau surpreendente a maior parte des ses projetos fundamentais tem continuado a absorver interesse e a desafiar uma solução completa Novos projetos também têm sido adotados Durante a segunda década de existên cia da IA concentrouse grande atenção nos robôs com a tentativa de equipar aparelhos mecânicos com refinados controles motores e com a capacidade de utilizar dados visuais ob tidos do ambiente em torno para lhes permitir movimentarse nesses ambientes manipular objetos ou ambas as coisas Esse trabalho resul tou nas linhas de montagem automatizadas que hoje se tornaram lugar comum Engelberg 1980 Ultimamente a grande preocupação da IA vem sendo compreender de que modo o co nhecimento humano poderia ser armazenado na máquina de tal forma a tornar facilmente aces sível esse conhecimento bem como quaisquer implicações que ele possa ter para a solução de problemas cotidianos É o esforço para cons truir sistemas especializados que tomariam o lugar de especialistas humanos de vários tipos professores procuradores consultores finan ceiros ou pelo menos lhes dariam assistência O futuro provavelmente assistirá ao desen volvimento de uma retomada do interesse no potencial de aprendizado das redes nervosas uma pluralidade de processadores ligados mul tiplamente entre si Hinton e Anderson 1981 Rompendo com a estrutura que se tornou a norma para o computador a qual canaliza toda a ação através de um único processador a alter nativa da rede nervosa tenta chegar mais perto da estrutura do tecido nervoso orgânico idéia perseguida sem sucesso por uma precur sora da IA a cibernética nos anos 50 A atual esperança é de que as novas estruturas possam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar inteligência artificial 389 vir a proporcionar orientação quanto ao com portamento futuro de sistemas complexos não elaborando as várias leis que comandam em conjunto mas fazendo com que a rede capte o padrão de comportamento passado e o projete no futuro Ciência da conexão é uma expres são às vezes usada para definir essa perspectiva Rumelhart et al 1986 Zeidenberg 1989 A idéia de uma heurística originalmente aplicada na esfera da busca de provas matemá ticas é uma noção importante que tem sido desenvolvida no decorrer de vários projetos de IA As soluções para certos problemas podem ser descobertas em princípio repassandose uma lista finita de possibilidades Por exemplo num jogo como o xadrez existe em qualquer ponto um número finito de movimentos abertos a um jogador e além disso cada possível se qüência de movimentos resultará em algum ponto numa de três conclusões a vitória para um ou para o outro jogador ou o empate Teo ricamente portanto uma abordagem seria tra balhar com um conjunto completo de conjec turas do tipo e se Infelizmente ou feliz mente o xadrez é um belo jogo mesmo uma máquina que não levasse mais que 11000000 de segundo para calcular cada posição possível num jogo de 40 movimentos exigiria 1095 anos para descobrir um primeiro movimento Shan non 1954 O que é necessário a um programa prático para um jogo de xadrez são meios de melhorar a geração sistemática porém cega de movi mentos a serem executados meios de eliminar sem consideração possibilidades improváveis se não de positivamente escolher as prováveis Seria possível por exemplo ignorar todos os movimentos rumo a casas desprotegidas O mé rito de gerar sistematicamente todas as pos sibilidades é que com a suficiente perseveran ça todas são abrangidas É esse mérito que tais atalhos ou tal heurística sacrificam em lu gar da certeza a longo prazo conseguese algo menos que a certeza dentro de um espaço de tempo mais aceitável Mesmo com a ajuda da heurística a solução de problemas pela IA freqüentemente implica a conferência de grande número de possibilida des e isso colocou em destaque a necessidade de se armazenar a informação de modo a maxi mizar a eficiência da busca Uma estrutura de árvore ramificada foi nesse caso um resul tado influente Outra técnica não exatamente nova como a IA mas que recebe no trabalho da IA a articulação precisa que a programação exige é decompor o problema que deve ser solucionado em problemas com componentes mais simples e estes por sua vez em problemas mais simples ainda e assim por diante até se atingir um nível em que seja possível encontrar as soluções Newell e Simon 1972 A IA também concedeu particularmente em seus primeiros anos o substancial patrocínio à idéia de que conceitos e proposições devem ser tratados como listas de símbolos cujos mem bros possam ser tomados e manipulados Uma linguagem de computador a LISP LISt Proces sor foi inventada para facilitar a execução desses processos na máquina e acabou sendo útil de forma tão geral para os projetos a que se dedica a comunidade da IA que sua utilização quase que serve para definir o campo McCar thy 1963 Desde os primeiros momentos os que traba lham com IA perceberam a relevância da LÓGI CA para as suas preocupações Ser capaz de raciocinar parece ser um aspecto da posse da inteligência e um meio de se pensar a lógica é como a tentativa de articular as regras do racio cínio válido as regras que nos permitem con cluir a partir de uma lista de coisas que temos como estabelecidas que certas outras coisas também devem ser verdadeiras Se a máquina pudesse ser levada a manipular proposições de acordo com essas regras supondose que sou bessem o que eram isso não apenas eliminaria o papel do lógico e do matemático humanos pois sua função é demonstrar que tal e tal proposição pode ser provada mas também representaria uma ajuda considerável em todos os tipos de empreendimentos humanos em que o raciocínio a partir de um conhecimento es tabelecido desempenha algum papel Para certo tipo de raciocínio em resultado dos esforços dos lógicos ao longo dos séculos as regras já foram determinadas Prior 1962 São fáceis de representar no computador e portanto representálos foi um dos primeirís simos projetos da IA Aplicada ao domínio particular do conhecimento médico por exem plo a implementação dessa parte da lógica resultou em um programa capaz de oferecer um diagnóstico de condições médicas O conhe cimento médico é incorporado ao programa sob a forma de regras que expressam as ligações conhecidas entre sintomas e possíveis doenças Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 390 inteligência artificial O paciente é convidado a informar os sintomas de que está efetivamente sofrendo e o programa então utiliza as regras da lógica que lhe foram dadas para descobrir que diagnóstico está im plícito Shortliffe 1976 Sistemas desse tipo não deixam de ter valor prático embora o fato de poderem simular um tipo restrito de raciocínio seja uma limitação grave É o tipo formulado no que se conhece por cálculo proposicional e a limitação é não poder representar o raciocínio que depende da estrutura interna das proposições Por exem plo o cálculo proposicional considera o racio cínio do médico Se Fulano está com febre deve estar doente como tendo a forma Se p então q onde p representa a proposição Tom está com febre e q deve estar doente Mas há um grande volume de raciocínio que depende da estrutura interna das proposições por exem plo Se todo número tem um sucessor então não existe nenhum número que seja maior do que todos os outros números Os lógicos no entanto também têm tido sucesso com esses outros tipos de raciocínio inspirados pelo trabalho de Gottlob Frege perto do final do século XIX desenvolvendo o que se conhece como o cálculo predicativo Kneale e Kneale 1962 Por motivos revelados em famosa obra matemática por Kurt Gödel e ou tros Davis 1965 não pode haver certeza pré via de que uma representação mecânica do cálculo predicativo vá resultar na determinação de toda e qualquer indagação legítima a ele apresentada Ao concluir a máquina está dando a resposta sim à indagação feita essencial mente será que tal e tal proposição do cálculo predicativo se segue a partir da informação disponível Mas antes que a tenha completa do o usuário não sabe se isso se dá porque a resposta é não ou porque a resposta nunca será determinada Isso cria um grau indesejável de incerteza mas se imaginaram meios de lidar com essa limitação que não obstante deixam as máqui nas de cálculo predicativo com um bom volume de potencial utilitário Shepherdson 1983 Um fruto deste trabalho foi a elaboração da linguagem de computador chamada PROLOG de programação em lógica que aplica as regras do cálculo predicativo para descobrir que proposições se seguem dos fatos apresentados ao sistema consideradas em conjunto com a base de conhecimento com que o sistema foi previamente alimentado Kowlski 1979 Outro foi a construção de uma nova geração de expert system programs cuja promessa po rém até o presente momento ainda não foi concretizada Ver também CIÊNCIA COGNITIVA Leitura sugerida Beardon C 1989 Artificial In telligence Terminology Boden MA 1986 Artificial Intelligence and Natural Man 2ªed Michie D 1974 On Machine Intelligence Minsky M 1967 Compu tation Finite and Infinite Machines OShea T e Ei senstadt M orgs 1984 Artificial Intelligence Sha piro S Eckroth D e Vallasi G 1987 Encyclopedia of Artificial Intelligence Sharples M Hogg D Hut chison C Torrance S e Young D 1989 Computers and Thought Simon HA 1970 The Sciences of the Artificial Turing AM 1954 Can a machine think In The World of Mathematics vol3 org por JR Newman VERNON PRATT interação Na linguagem cotidiana interação significa atos ações atividades e movimentos interrelacionados de dois ou mais indivíduos mas também de animais e objetos como as máquinas Em geral a palavra significa uma influência recíproca ativa Nas ciências sociais e humanas o conceito de interação é usado de maneira nãouniforme embora seja um dos temas centrais Na literatura sociológica e psi cológica a palavra interação é usada nos seguintes contextos Interação social O comportamento interrelacionado de in divíduos que influenciam uns aos outros pela comunicação é chamado de interação social Na literatura interação e comunicação são usadas em geral como sinônimos Watzlawick Beavin e Jackson 1967 definem a interação como uma seqüência recíproca de comunicações isto é mensagens entre dois ou mais indivíduos A expressão padrões de interação existe para as unidades mais complexas da comunicação hu mana A interação social é por vezes chamada de comunicação interativa Segundo Hare in teração significa todas as palavras símbolos e gestos com que as pessoas reagem umas às outras 1976 p60 Na PSICOLOGIA SOCIAL re cente a comunicação nãoverbal expressões faciais troca de olhares movimento corporal comportamento espacial comportamento ex tralingüístico e assim por diante é considerada de grande importância para a compreensão da interação social Argyle 1975 Weick 1985 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar interação 391 As teorias sociológicas e psicológicas sobre a interação não serão tratadas aqui em detalhe Deve ser suficiente mencionar a teoria do inter câmbio social e o INTERACIONISMO SIMBÓLICO A teoria do intercâmbio ver Thibaut e Kelley 1959 explica a interação social em termos de recompensas e custos A teoria dos resultados da interação de ThibautKelley trata principal mente de relações entre duas pessoas A intera ção entre duas pessoas interação dual forma o paradigma básico para a maior parte das teorias sobre a interação Com respeito ao estudo em pírico dos processos de interação de grupo os métodos de observação até agora desenvol vidos começam na verdade com análises de interações entre duas pessoas A teoria do in teracionismo simbólico ver Blumer 1969 é uma influente teoria sociológica sobre a intera ção relacionada principalmente ao filósofo e sociólogo George Herbert Mead Fazse refe rência a ela aqui porque essa teoria e a estratégia de pesquisa a ela relacionada têm passado por um certo ressurgimento na psicologia social no decorrer dos últimos anos Os pressupostos bá sicos implicam que os indivíduos se comportam na base do significado que vem das interações sociais O significado é constantemente modifi cado por um processo contínuo de interpretação dos indivíduos que participam da interação Blumer 1969 O eu é encarado como resultado da interação o comportamento interativo só pode ser compreendido na base de atos recípro cos de interpretação entre os parceiros que in teragem em um certo contexto histórico cultural e situacional Na psicologia social européia de dicase maior atenção à interação social entre membros de diferentes grupos comportamento intergrupal relações intergrupais ver especial mente a teoria da identidade social Tajfel 1978 em que o papel da filiação ao grupo e da identidade social para comportamento intergru pal e o autoconceito constitui o tema central Análise de interação Baseada na definição de interação acima apresentada a análise de interação significa a coleta o registro a análise e a interpretação sistemáticos da COMUNICAÇÃO Comunicação aqui não se refere apenas à comunicação verbal mas também à nãoverbal Desenvolveuse uma série de procedimentos de observação ver Simon e Boyer 1974 e mecanismos de regis tros Krüger et al 1988 para classificar a comunicação verbal e a nãoverbal De acordo com a orientação passada esses procedimentos dizem respeito principalmente à codificação de interações verbais em grupos de duas pessoas ou pequenos grupos ver Hare 1976 A Análise do Processo de Interação APIIPA desenvolvida por Bales 1950 um dos fun dadores da pesquisa de pequenos grupos é ainda considerada o protótipo de um sistema de codificação baseado na observação Esse sis tema consiste em 12 categorias e visa revelar padrões de interação em grupos de solução de problemas sem liderança bem como descrever esses processos no decorrer do tempo fases do desenvolvimento de grupo As categorias se guem um modelo de seqüência de solução de problemas A dupla central de uma categoria ilustra os problemas de coleta de informação na fase inicial categoria 6 Dá Orientação cate goria 7 Pede Orientação As categorias 5 Dá Opinião e 8 Pede Opinião referemse à ava liação da informação as categorias 4 Dá Su gestão e 9 Pede Sugestão referemse ao pro blema do controle As áreas de problemas se guintes são tomada de decisões categoria 3 Concorda 10 Discorda regulação da tensão categoria 2 Demonstra Alívio de Tensão 11 Demonstra Tensão e na fase final enfrentar problemas sócioemocionais categoria 1 Pa rece Amistoso 12 Parece Inamistoso O de senvolvimento ulterior da abordagem da API que levou ao mais recente sistema SYMLOG Sistema para a Observação de Grupos em Múl tiplos Níveis ligou as categorias a um modelo espacial obtido através da análise de fator e do exame do conteúdo das mensagens Bales e Cohen 1979 A codificação SYMLOG da in teração permite descrever os processos de co municação em três níveis o nível de compor tamento verbal e nãoverbal observável o nível de imagens comunicadas e finalmente o nível de julgamento de valor que o agente comunica através das imagens que expressa As imagens podem ser então distribuídas em seis níveis Eu Outros Grupo Situação Sociedade Fantasia O comportamento demonstrado e o conteúdo expresso podem ser localizados e interpretados em um espaço tridimensional dimensões do minação versus submissão positivo versus ne gativo orientação para tarefas versus expressão de emoções Os dados que também podem ser processados com a ajuda de programas de com Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 392 interação putação são apresentados graficamente como diagramas de campo Um sistema de codificação da interação de base teórica TEMPO que parece fácil de aprender e aplicável a um vasto âmbito de situações de desempenho de tarefas em grupo foi recentemente introduzido por Futuron Kel ley e McGrath 1989 A maioria dos métodos de observação publicados é feita de sistemas de observação de salas de aula como Flanders 1969 Em psicodiagnóstico há um duplo âm bito de conceitos e procedimentos que recebem o nome de diagnóstico de interação Nesse qua dro de referência o comportamento interativo é provocado por meio de técnicas experimentais testes tarefas de provocação de problemas e conflitos situações de desempenho de papel e analisado com a ajuda de sistemas de codificação da interação ver McReynolds e DeVoge 1978 Interação estatística Em pesquisa estatística a palavra interação está ligada ao método de pesquisa estatístico da análise fatorial de variação Nesse caso re ferese a uma possível fonte de variação a que se deve à ação conjunta isto é à interação de duas ou mais variáveis independentes ver Kerlinger 1973 Interacionismo A palavra referese a um grupo de teorias que tratam de efeitos interativos por exemplo a relação entre corpo e mente indivíduo e so ciedade organismo e meio ambiente Isso pode ser ilustrado nos exemplos que daremos a se guir Segundo Drever o interacionismo é uma teoria da relação entre a mente e o corpo que presume interação ou causalidade recíproca en tre os dois que a mente age sobre o corpo e o corpo sobre a mente como solução para o problema psicofísico 1964 p142 No campo da psicologia diferencial e da psicologia da PERSONALIDADE uma coletânea de artigos pu blicados por Enfler e Magnusson 1976 levou ao chamado debate pessoasituação durante o qual o interacionismo foi defendido como um modelo mais apropriado para a teoria e a pes quisa da personalidade Esse ponto de vista presume que o comportamento efetivo é deter minado por uma interação contínua e multidi recional entre variáveis de pessoa e variáveis de situação ibid 1976 Uma avaliação provisó ria e otimista desse persistente debate é apresen tada por Kenrick Funder 1988 Leitura sugerida Bales RF 1968 Interaction pro cess analysis In International Encyclopedia of the Social Sciences vol7 org por DL Sills p4657 Danzinger K 1976 Interpersonal Communica tion Duncan S e Fiske W 1977 FacetoFace In teraction Goffman E 1959 The Presentation of Self in Everyday Life Homans GC 1961 1974 Social Behavior its Elementary Forms ed rev Jaffe J e Feldstein S 1970 Rhythms of Dialogue Jones EE e Gerard HB 1967 Foundations of Social Psychology Parsons T 1968 Social interaction In Internatio nal Encyclopedia of the Social Sciences vol7 org por DL Sills p42941 JOHANN F SCHNEIDER interacionismo simbólico Ramo da socio logia norteamericana o interacionismo sim bólico é um produto da ESCOLA SOCIOLÓGICA DE CHICAGO Durante décadas foi uma oposi ção leal à teoria predominante de Talcott Par sons ver FUNCIONALISMO e às abordagens em píricas mais quantitativas Nos anos 60 o in teresse pelo interacionismo simbólico tornou se quase moda e esteve ligado de modo pouco claro à abordagem fenomenológica e a outras Hoje em dia essa teoria continua por um lado relativamente intacta enquanto que por outro lado existem tendências em primeiro lugar a superar a concentração nos fenômenos micros sociológicos e em segundo lugar conseguir uma compreensão histórica de si mesma A expressão interação simbólica foi cunhada por Herbert Blumer em 1937 Indica que esse ramo da sociologia e da psicologia social se concentra em processos de INTERAÇÃO ação social imediata reciprocamente orien tada e tem um conceito básico de interação que lhe enfatiza o caráter simbolicamente me diado Não se deve pensar aqui em relações sociais nas quais a ação seja mera concretização de regras preestabelecidas mas naquelas em que definições comuns e recíprocas da relação são propostas e estabelecidas As relações so ciais então não surgem como determinadas de uma vez por todas mas como abertas e depen dendo de constante aprovação em comum Esse princípio básico do interacionismo simbólico explica a sua afinidade metodológica com os chamados métodos qualitativos particular mente a abordagem da observação participante e a utilização de dados biográficos No nível do conteúdo processos de interação familiar pro Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar interacionismo simbólico 393 cessos de surgimento e definição de compor tamento desviado e subcultural foram abertos como campos de pesquisa No entanto seria insuficiente descrever essa abordagem apenas através de uma vaga carac terização de seus pressupostos básicos Acima de tudo é preciso observar que o programa de Blumer é uma condensação mais ou menos simplificadora da complexa obra teórica de GH Mead lida com um interesse psicológico social Sem utilizar a expressão Mead elabora o conceito de interação simbolicamente media da no quadro de uma teoria antropológica da comunicação por exemplo numa compara ção de modos de comunicação e sociabilidade animais e humanos enfatizando o signifi cado da autopercepção e da previsão do com portamento e demonstrando como essas coisas transformam meras expressões vocais em sím bolos significativos Sobre essa base ele in troduz uma visão transformada da estrutura da personalidade e um novo conceito de mente A capacidade do indivíduo de indicar algo a si próprio e de interagir consigo mesmo é crucial em ambos os casos Seguese então uma análise da origem e evolução ontogenética e filogené tica do eu do pensamento reflexivo e da ação intencional Mead considera a integração do comportamento individual na atividade de gru pos através de meios de mútua previsão de comportamento em vez de padrões biológicos fixos como o aspecto característico da sociabi lidade humana A crítica do interacionismo simbólico di rigese principalmente ao programa metodoló gico de Blumer afirmando 1 uma pretensa redução dos fenômenos sociais a formas de relação interpessoais imediatas 2 desatenção aos aspectos de poder e dominação 3 uma conceitualização de processos macrossociais em termos de meros horizontes para mundos da vida 4 total descaso pela dominação humana sobre a natureza e pela crescente independência dos processos sociais em relação às intenções e orientações de agentes individuais e coletivos Muitas dessas objeções ao programa de Blumer e a seus seguidores podem ser justificadas pelo menos em parte mas parecem estranhas quan do se leva em conta o âmbito total das contribui ções teóricas e empíricas dessa abordagem por exemplo incluindo a obra de Everett Hughes e sua escola com relação à sociologia do trabalho e das profissões liberais A importância e a potencialidade do intera cionismo simbólico só podem ser compreen didas no contexto da velha Escola de Chicago a que o interacionismo simbólico sucedeu mas que também limitou Num determinado sen tido ele marca o declínio da livre rede interdis ciplinar de teóricos pesquisadores sociais e reformadores da Universidade de Chicago que possuíam certa unidade embora a coerência íntima dos vários elementos nunca tenha sido elaborada e sequer reconhecida durante lon go tempo Essa coerência tem de ser compreen dida como resultado primeiro de uma concep ção da ordem social guiada por idéias democrá ticas segundo da primazia da sociabilidade derivada de uma teoria da ação e terceiro do conceito de ação desenvolvido pelo pragmatis mo Mas é preciso admitir que a análise de problemas sociais nos Estados Unidos nessa época produziu por exemplo na obra de RE Park um dualismo de tipos de ordem social uma dominada pela concorrência a ou tra pela COMUNICAÇÃO É importante para reconstrução da história do interacionismo simbólico verificar se esse dualismo foi dissolvido ou meramente disfar çado registringindose a pesquisa ao segundo tipo a ordem social criada de forma comunica tiva A produtividade dessa tradição para além dos fenômenos microssociológicos foi demonstrada na análise da divisão do trabalho no caso de organizações profissionais e na análise do comportamento coletivo e de movi mentos sociais Isso já seria motivo suficiente para dar a essa abordagem sociológica que durante décadas sofreu a falta de uma teoria uma abor dagem teórica e autocompreensiva coerente que contribuiria para os atuais debates teóricos Leitura sugerida Becker H 1963 Outsiders Study in the Sociology of Deviance Blumer H 1937 So cial psychology In Man and Society org por EP Schmidt Ο 1969 Symbolic Interactionism Perspective and Method Glaser B e Strauss A 1967 The Dis covery of Grounded Theory Strategies for Qualitative Research Hughes E 1971 The Sociological Eye Selected Papers Joas H 1985 GH Mead a Con temporary Reexamination of his Thought Mead GH 1934 1962 Mind Self Society org por CW Morris Ο 1964 Selected Writings org por AJ Reck Park RE 1967 On Social Control and Collective Behavior Selected Papers Thomas WI e Znaniecki F 1918 1974 The Polish Peasant in Europe and America 2 vols HANS JOAS Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 394 interacionismo simbólico interesse grupo de Um grupo de interesse é uma organização particular que busca reunir os valores e preferências que seus membros têm em comum e articulandoos tenta influenciar tanto a opinião pública quanto os planos gover namentais A expressão genérica grupo de interesse abrange organizações que existem basicamente para representar os interesses econômicos de seus membros como as associações de em pregados e as que buscam promover uma causa particular que reflete atitudes comuns de seus membros diante da vida Enquanto os grupos de interesse econômicos são geralmente descritos como os que defendem interesses setoriais e até mesmo egoístas os grupos promocionais são invariavelmente considerados como engajados na defesa desprendida de uma causa promovida no interesse de todos por exemplo os grupos ambientais Embora os termos divirjam a cate gorização dos grupos de interesse nesses dois tipos é característica da literatura acadêmica Embora se diferenciem dos partidos políti cos por tentarem influenciar o governo em vez de constituílo grupos de interesse têm agido como geradores de partidos políticos assim o Partido Trabalhista britânico tem origem no movimento sindical Além disso a diferença entre grupos econômicos e defensores de cau sas nem sempre é muito clara no mínimo por que os primeiros se identificam com causas mais abrangentes do que os interesses particu laristas de seus membros No século XX a preocupação com os grupos de interesse como campo de estudo tem origem em grande parte nos Estados Unidos Deita raízes numa tradição de textos sobre o sistema político norteamericano que sempre interpre tou sua pletora de grupos como um testemunho tanto da energia de seu povo quanto da vitali dade de sua democracia Nos Estados Unidos Truman 1951 La tham 1952 e um pouco mais tarde no Reino Unido Mackenzie 1955 Beer 1956 Finer 1958 e Europa Ocidental Lapalombara 1964 a adoção de uma abordagem centrada no grupo veio na esteira de Bentley 1908 Este havia proposto o estudo de grupos e suas intera ções com o governo como chave para a com preensão dos processos políticos mais amplos Embora libertasse os estudiosos da preo cupação exclusiva com constituições e institui ções políticas a moda dos estudos de grupos foi criticada por alguns por negligenciar ou com preender erroneamente os motivos dos indiví duos Olson 1965 e por subordinar o papel de instituições políticas mais tradicionais Crick 1959 Outros Bachrach e Baratz 1962 Lukes 1974 discordaram dos que como Dahl 1961 interpretaram a existência tão difundida de gru pos de interesse em competição aberta para influenciar planos de ação oficiais como indício da difusão do poder ver também PLURALISMO Contestaram essa análise pluralista afirmando que o poder se concentra nas mãos de relativa mente poucos grupos os quais se envolvem com o governo devido a seu papel econômico estratégico Mills 1956 Lindblom 1977 O revigoramento do debate intelectual sobre o conceito de PODER é um resultado direto do estudo de grupos de interesse A literatura sobre grupos de interesse es pecialmente em relação à elaboração de políti cas públicas Kimber e Richardson 1974 Wil son 1981 Marsh 1983 levou a um conheci mento mais completo tanto da dinâmica quanto da substância das ações governamentais Além disso seu estudo colocou em destaque a neces sidade de instituições mediadoras entre o cida dão e o governo proporcionando aos indiví duos tanto a oportunidade quanto o motivo para uma representação e uma PARTICIPAÇÃO políti cas através de outros meios que não os partidos políticos Por esses motivos e devido à questão de eles promoverem ou prejudicarem um go verno democrático os grupos de interesse tor naramse um elemento integrante na análise dos sistemas políticos Ver também MOVIMENTO SOCIAL Leitura sugerida Bentley AF 1908 1967 The Process of Government org por P Odergard Berger SD org 1981 Organizing Interests in Western Eu rope Pluralism Corporatism and the Transformation of Politics Dahl R 1961 Who Governs Democracy and Power in an American City Jordan AG e Richardson JJ 1987 Britsh Politics and the Policy Process Olson M 1965 The Logic of Collective Ac tion RA WILFORD interesses Dizer que uma ação uma política ou um estado de coisas existe no interesse de um indivíduo ou da coletividade é indicar que isso promoveria seu bemestar de alguma forma significativa A atribuição de interesses pode servir a fins normativos ou explanatórios num caso é usada para recomendar ou justificar uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar interesses 395 ação tomada em benefício de outrem por exem plo por governos pais ou assistentes sociais no outro é usada para explicar ou prever com portamentos O uso normativo propõe questões sobre as condições físicas psicológicas e sociais que contribuem para o bemestar da coletividade ou do indivíduo em questão Uma vez que há pontos de vista diferentes sobre quais poderiam ser essas condições a atribuição de interesses geralmente fica aberta ao debate Não há moti vo para supor que indivíduos ou coletividades precisem estar cônscios dos interesses que su postamente têm Antes a questão é que sua situação social supostamente identifica um in teresse visàvis outras coletividades ou indiví duos relevantes os interesses de uma criança em contraste com os de seus pais da classe operária em oposição aos da burguesia de dife rentes categorias de contribuintes do Imposto de Renda da comunidade como um todo em vez de interesses meramente setoriais e assim por diante A atribuição de interesses nesse aspecto implica pouco mais que um argumento plausível relacionando seu bemestar a alguma política ou estado de coisas Nada precisa dizer sobre o que está motivando o indivíduo ou coletividade em questão O uso explanatório propõe questões de or dem diferente Jürgen Habermas apontou que a experiência humana se organiza em termos de interesses cognitivos a priori No entanto a compreensão mais habitual dos interesses é como propriedades contingentes mas relativa mente estáveis de indivíduos ou coletividades diferente de vontades ou desejos transitórios que lhes fornecem os motivos efetivos ou po tenciais para a ação Muitos autores concor dariam com a afirmação de Connolly de que toda teoria explanatória da política inclui pressupostos sobre as pessoas e seus reais in teresses 1983 p73 Os interesses já foram encarados como uma fonte elementar de con flito social e de diferenças nas filosofias ou visões políticas de diferentes classes e como explicação de aspectos importantes da cultura e do conhecimento Tem havido muitas mudanças no modo co mo se pensa que os interesses se relacionam a outras fontes de motivação mas no período moderno a busca de interesses é normalmente comparada com o comportamento nãomotiva do pelo autointeresse Max Weber por exem plo trata os interesses e valores materiais como fontes independentes de motivação for necendo motivos diferentes e às vezes con flitantes para a ação O PLURALISMO norteame ricano analisa a vida política como uma questão de interações de grupos organizados que se associam para a defesa ou promoção de seus interesses Esse ponto de vista indica que as organizações aglutinam e expressam interesses existentes de forma independente mas hoje se reconhece de maneira geral que as próprias organizações desempenham um papel impor tante na determinação dos interesses que são efetivamente representados na vida política Os interesses às vezes são encarados como passíveis de causar efeitos mesmo quando não são conscientes para os que agem motivados por eles Uma manobra comum é desmascarar o que parece ser um comportamento despren dido de interesses afirmando revelar seus ver dadeiros fundamentos em termos de interesses Em O 18 Brumário de Luís Bonaparte Marx insiste em afirmar que o que distinguia as fac ções legitimista e orleanista dentro do monar quismo francês não era nenhum dos chamados princípios mas suas condições materiais de existência dois tipos diferentes de propriedade 1852 p118 Aqui as condições mate riais dão origem a interesses que explicam as conseqüentes idéias e ações Os interesses dis tintos das duas facções monarquistas explicam suas diferenças políticas bem como as convic ções os artigos de fé e coisas do gênero que elas usam para justificar suas ações Os interesses em questão nessa manobra de desmascaramento são por vezes descritos como objetivos significando que sua existência e efi cácia não dependem necessariamente de ne nhuma consciência subjetiva por parte dos que têm esses interesses No uso normativo não existe problema maior em tratar os interesses como objetivos nesse sentido No entanto se a atribuição de interesses deve servir a um propó sito explanatório esses interesses devem for necer algum agente ou agentes com motivos para a ação Essa condição cria várias dificul dades Primeiro interesses que são objetivos nesse sentido podem muito bem não ser reco nhecidos pelos que se acredita agirem a partir deles Nesse caso sua significação explanatória é obscura a não ser que se pressuponha que os interesses em questão são inconscientes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 396 interesses Em segundo lugar atribuemse interesses objetivos a indivíduos ou coletividades em vir tude de algum aspecto significativo de sua colo cação social como classe etnia ou sexo No exemplo acima Marx nos reporta às formas de propriedade que distinguem os interesses de legitimistas e orleanistas O conceito de interes se parece então fornecer um elo explanatório entre as colocações de indivíduos ou coletivi dades dentro de uma estrutura de relações so ciais por um lado e suas ações por outro suas colocações lhes proporcionam interesses que por sua vez lhes fornecem motivos para a ação Diferentes aspectos da estrutura social podem muito bem ser usados para especificar conjuntos diferentes e às vezes conflitantes de interesses A análise desses interesses conflitantes e de seus efeitos tem sido um tema importante em várias tradições da análise política por exem plo na argumentação sobre o operário afluen te dos anos 60 e em tratamentos mais recentes de contraditórias colocações de CLASSE Finalmente o ponto de vista de que a loca lização social dá origem a interesses objetivos coloca um problema de explicação no caso dos que não agem a partir dos interesses que esse ponto de vista lhes atribui O marxismo conven cionalmente atribui à classe operária o interesse pelo socialismo mas as classes operárias nas sociedades capitalistas avançadas em sua maioria não reconhecem tal interesse e nem agem a partir dele O problema consiste então em explicar o fracasso do suposto elo entre localização e ação social e com freqüência se dá uma resposta em termos de operação de poder falsa consciência e ideologia Leitura sugerida Barry B 1965 Political Argument Berger SD org 1981 Organizing Interests in Wes tern Europe Braybrooke D 1987 Meeting Needs Connolly WE 1983 The Terms of Political Discourse Habermas Jürgen 1968 1971 Knowledge and Hu man Interests Hirschman AO 1977 The Passions and the Interests Mannheim K 1929 1960 Ideolo gy and Utopia Moe TM 1980 The Organization of Interests Incentives and the Internal Dynamics of Po litical Interest Groups BARRY HINDESS internacionalismo A insistência em que os problemas sociais e políticos devem ser con siderados a partir de um ponto de vista que transcenda o de qualquer estado isolado não é novo Hinsley 1963 começa sua história das teorias internacionalistas com o De Monarchia de Dante que se acredita datar de 1310 No século XX o internacionalismo tomou três ca minhos diferentes embora relacionados a pro moção da ação interfronteiras nacionais pelos que têm opiniões e INTERESSES semelhantes o que é às vezes chamado de transnacionalis mo a oposição na tradição de J Bentham a políticas de estado estreitamente nacionalistas como o protecionismo e o apoio à criação sustentação e reforço de instituições interna cionais Eticamente a principal discussão se dá entre os que afirmam que o estado é fundamental mente um nexo de obrigação especial e geral Paskins 1978 p163 e os que afirmam que a sociedade internacional devia ser estruturada de forma a expressar os direitos e deveres que cada membro da humanidade pode racional mente pretender ter com relação aos outros Linklater 1982 p9 e encarar todos os mo ralismos particularistas como formas de en tendimento humano a serem superadas com o tempo à medida que os homens apreendam a natureza de sua capacidade para a autodeter minação ibid p137 O caminho transnacionalista é exemplifi cado pelo MARXISMO o qual em sua forma original afirmava que o estado era mero ins trumento da burguesia e que o operário não tem pátria mas a própria ocorrência da Primei ra Guerra Mundial demonstrou a insuficiência da solidariedade proletária internacional Quando a Revolução de Outubro de 1917 na Rússia fracassou no intento de provocar uma insurreição de operários por todo o sistema capitalista o internacionalismo da Segunda In ternacional fundada em 1889 e suas suces soras se tornou pragmático em vez de radical e a representação direta dos operários dentro de delegações nacionais na Organização Inter nacional do Trabalho deu aos socialistas algum espaço para a cooperação transnacional Em contraste a Terceira Internacional fundada por Lenin tornouse um canal através do qual a União Soviética controlava os partidos comu nistas do resto do mundo até que as interven ções soviéticas na Hungria em 1956 e mais escandalosamente na TchecoEslováquia em 1968 liberaram a maioria dos marxistas oci dentais dessa subserviência Entre as manifes tações nãomarxistas de transnacionalismo no final do século XX incluemse instituições be neficentes e movimentos como o Oxfam o Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar internacionalismo 397 Desarmamento Nuclear Europeu END a Anistia Internacional e o Greenpeace O segundo caminho o benthamista viu se cada vez mais contestado neste século e no seu aspecto econômico não só por parte de nacionalistas Entre as duas guerras mundiais os repetidos apelos vindos de conferências da Liga das Nações por reduções gerais de tarifas exemplificou o utopismo denuncia do por EH Carr 1939 ver RELAÇÕES INTER NACIONAIS Seguidores do KEYNESIANISMO tam bém encaravam o livre comércio e o multilate ralismo como equivocados na ausência de uma economia internacional gerenciada dotada de mecanismos adequados para sustentar uma de manda efetiva ponto de vista nominalmente incorporado nas instituições criadas em Bretton Woods para gerir a economia internacional de pois da Segunda Guerra Mundial e que JM Keynes ajudou a negociar Outro aspecto dessa forma de internacionalismo o princípio da li berdade de movimento através de fronteiras também tem precisado empreender uma ação de retaguarda contra controles da imigração cada vez mais restritivos e obstáculos cada vez maiores à concessão de asilo a refugiados Na primeira parte do século os que tomaram a via institucional para o internacionalismo ver Angell 1908 Woolf 1916 em geral fize ram da paz o seu objetivo embora conforme assinalado acima os organismos recémcriados comumente assumissem outras tarefas Com a entrada de novos estados quase todos subde senvolvidos nas Nações Unidas depois de 1950 os internacionalistas também buscaram esses organismos para promover o desenvol vimento e corrigir as pretensas idiossincrasias do sistema econômico vigente ver também DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO Na parte final deste século o internacionalismo institucional acrescentou a suas preocupa ções a defesa mundial dos direitos humanos a proteção do meio ambiente e o controle dos recursos do mar encarados como herança co mum da humanidade Leitura sugerida Carr EH 1939 1964 Twenty Years Crisis Dower N 1983 World Poverty Hins ley FH 1963 Power and the Pursuit of Peace Lin klater A 1982 Men and Citizens in the Theory of International Relations Paskins B 1978 Obliga tion and the understanding of international relations In The Reason of States org por M Donelan RODERICK C OGLEY invenção A criação de novas estruturas prá ticas ou objetos institucionais bem como qual quer alteração significativa que estas sofram é um aspecto permanente da história humana Por inúmeros motivos no entanto no século XX invenção tem sido uma palavra amplamente reservada para descrever desenvolvimentos científicos e tecnológicos ver MUDANÇA TECNO LÓGICA Acrescentese a isso que as teorias com base determinista seja econômica biológica psicológica ou tecnológica presumem que mu danças institucionais ou de atitude são funções de exigências sistêmicas Mas uma teoria que atribui à própria invenção um caráter indepen dente admite pressupostos mais prometéicos com respeito à capacidade das pessoas de al terarem radicalmente seu meio ambiente De acordo com esse ponto de vista o soneto e o botão foram ambos invenções uma cultural e a outra tecnológica ambas representando tipos diferentes de criatividade por parte dos in divíduos em reação a necessidades detectadas White 1963 p114 As teorias sobre a invenção concentrando se em atos criativos tanto tecnológicos quanto sociais econômicos culturais e políticos en focam ao mesmo tempo as origens e a natureza dos atos inventivos e dos padrões de difusão Muitos autores enfatizam o fato de as invenções raramente resultarem de um único ato criativo mas em geral de uma série de respostas inova doras por vezes no decorrer de muitos anos à necessidade de se resolver um problema Bell só pôde inventar o telefone devido à sua própria falta de especialização uma vez que o inventor viu possibilidades para o instrumento como aparelho de transmissão da fala que os especia listas em telegrafia não conseguiram enxergar Hounshell 1975 A invenção arquitetônica resulta da inclusão lúdica de imagens e estilos culturais disparatados Venturi et al 1977 Alguns autores apontam que o desenvolvimen to de certos tipos de invenções pode remontar ao Weltanschauung de diferentes períodos his tóricos Robert Nisbet afirma que a Idade Média foi rica na criação de invenções sociais a guil da o mercado o mosteiro a universidade enquanto no século XX há escassez de inven ções sociais e preocupação com invenções tec nológicas 1975 Outros autores afirmam que a invenção ocorre mais freqüentemente em pe ríodos de convulsão política particularmente revoluções Georges Sorel referindose à poe Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 398 invenção sia social da atividade revolucionária discute a criação de mitos de uma sociedade futura como expressões da vontade 1906 Hannah Arendt afirma que as revoluções modernas pro duziram regularmente instituições representati vas inventadas que até agora não conseguiram sobreviver 1965 O papel das fontes institu cionais de invenção também tem sido examina do como no caso do impacto dos laboratórios de pesquisa sobre a invenção tecnológica e no das estruturas ideológicas sobre as invenções políticas Se importantes mudanças culturais tecnológicas e políticas podem ser concebidas como invenções surgem importantes questões adicionais quanto à natureza da interação entre invenções e sobre se é possível categorizar in venções em geral Alguns autores afirmam que as recentes invenções na tecnologia eletrônica permitem a invenção de novas práticas demo cráticas Barber 1984 Outros afirmam que a invenção tecnológica atravanca outras formas inventivas pela dependência cultural em rela ção a um jeito tecnológico de resolver proble mas As próprias invenções têm sido categori zadas por seu impacto sobre a sociedade e de umas sobre as outras ou em termos de sua propensão a gerar ou impedir a libertação hu mana Leitura sugerida Abbott Philip 1987 Seeking New Inventions The Idea of Community in America Hughes Thomas 1989 American Genesis a Century of Invention and Technological Enthusiasm Illich Ivan 1978 Toward a History of Needs Nisbet Robert 1976 Sociology as an Art Form Pool Ithiel de Sola org 1977 The Social Impact of the Telephone PHILIP ABBOTT islamismo Religião monoteísta mundial o islamismo combina lei divina revelação profé tica e um texto sagrado para formar uma tradi ção religiosa detalhada e abrangente Embora existam várias versões do islamismo há tam bém um cerne ortodoxo que ainda representa autoridade Do ponto de vista ortodoxo o islamismo é atemporal Como fé baseada na total submissão à vontade de Alá o islã não tem princípio nem fim O islamismo é autosuficiente no sentido de não ter dependido de nenhuma outra religião mas é também a última religião que aperfeiçoa todas as outras versões de monoteísmo De um ponto de vista sociológico o islamismo é uma religião abraâmica que participa de muitas crenças e instituições do cristianismo ver CRIS TÃ TEORIA SOCIAL e do JUDAÍSMO tais como um livro sagrado o Corão um profeta ético Mao mé uma tradição normativa a Suná uma doutrina da salvação individual e uma visão do islã como uma comunidade social a Umá que é essencial para que os muçulmanos pratiquem plenamente sua religião As diferenças prin cipais que representam controvérsia entre os eruditos são que o islã tem um senso mais forte da natureza indivisível da lei e da religião não tem sacerdote sacramental e seu cerne ortodoxo dá pouca atenção ao ritualismo sacramental O islamismo ortodoxo não tem tradição de batis mo eucaristia ou confissão Onde esse tipo de ritualismo se desenvolveu no islamismo foi associado a tradições mais populares ou a dis sidências como o sufismo De uma perspectiva histórica o islamismo surgiu na Arábia no século VII nas cidades de Medina e Meca como conseqüência da prega ção de Maomé 570632 O profeta recebeu o Corão na forma de versos ou capítulos surat inspirados que conclamavam todas as pessoas a aceitarem Alá como o deus uno e único renunciarem a todos os aspectos de suas reli giões locais e se unirem em uma comunidade a Nação Islâmica a fim de praticarem cor retamente sua religião A partir dessas primeiras práticas desenvolveuse um núcleo de prática ortodoxa chamado os Cinco Pilares do islã a renúncia à heresia politeísta pela proclamação de que há um só Deus Alá e Maomé é o seu Profeta Shahadá o jejum durante o mês de Radamã a peregrinação a Meca Haji a doa ção de esmolas Zaká e a prece diária Salá O islã desenvolveuse num nicho geopolíti co entre dois impérios em declínio o bizan tino e o sassânida Tendo superado com sucesso a oposição a suas prédicas a simplicidade da mensagem de Maomé funcionou como impor tante elo social que enquanto ele viveu uniu as tribos nômades fissíparas O islã difundiuse rapidamente pelo Oriente Médio e o Norte da África Houve muita controvérsia quanto às causas da conversão ao islamismo As críticas enfatizam a importância da guerra santa Jihad e os benefícios econômicos tanto da conversão quanto da proteção O islamismo é encarado em geral como uma religião guerreira que se difundiu pela força mas é importante reco nhecer que a expansão islâmica dependeu em grande parte da expansão do comércio e dos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar islamismo 399 laços comerciais como as rotas ao longo das quais se disseminaram os missionários islâmi cos O islamismo é essencialmente uma religião urbana de mercadores não uma fé de nômades do deserto Depois da morte do Profeta o islamismo dividiuse em uma maioria sunita e um movi mento minoritário xiita O sunismo tornouse a ideologia oficial do califado a instituição cen tral da sociedade islâmica organizada Em con traste o xiismo que até veio a se tornar a religião oficial da Pérsia baseavase na idéia de uma sucessão carismática de líderes religio sos imãs cuja legitimidade era determinada por descenderem do Profeta Seu ethos religio so dava maior ênfase ao sofrimento e ao mar tírio o sunismo continuou sendo uma prática mais sóbria e ascética Esses dois ramos do islamismo acabaram por desenvolver diferen tes características jurídicas e religiosas O su nismo desenvolveu quatro ritos principais hanafita maliquita xafiita e hanabalita Uma vez a lei sagrada xariá plenamente desenvol vida por essas quatro escolas afirmouse que nenhuma outra ou nova interpretação dela era possível a porta do julgamento ijtihad estava fechada Intelectualmente o islamismo entrou então num longo período do século X ao XIX de fossilização oficial durante o qual qualquer mudança nas doutrinas essenciais enfrentava uma oposição impiedosa Embora o islamismo continuasse a se expandir pela criação de novos centros culturais e políticos na Espanha na Índia na Pérsia e na Turquia cientistas sociais afirmaram que o fato de ele não conseguir manter uma vantagem técnica e militar na Eu ropa tem sua origem nessa rígida oposição à inovação Depois de uma série de encruzilhadas decisivas para o islã a perda da Espanha em 1492 as derrotas militares fora dos portões de Viena em 1529 e 1683 e a derrota da marinha otomana na batalha de Lepanto em 1571 o Ocidente capitalista adquiriu uma estratégica vantagem econômica e militar dentro do sis tema mundial Com a expansão do capitalismo e do COLONIALISMO ocidental pela África Índia e Ásia o território islâmico se viu cercado Quando chegou o século XIX o islamismo es tava decididamente na defensiva contra o im perialismo ocidental na medida em que muitas sociedades muçulmanas vieram a ficar sob o controle europeu e portanto cristão direto ou indireto Muitos líderes muçulmanos do século XX como o coronel Muammar alKadafi da Líbia encaram a expansão territorial do século XIX como o último estágio das Cruzadas Entre a expedição egípcia de Napoleão e a Primeira Guerra Mundial o islamismo passou por três importantes transformações sociais A primeira foi o declínio político do Império Oto mano em relação à expansão ocidental resul tando em seu desmembramento depois de 1918 em segundo lugar as economias dos vários estados muçulmanos foram incorpora das ao capitalismo global em uma base de de pendência e em terceiro lugar houve impor tantes reações a esses desenvolvimentos secu lares sob a forma de movimentos religiosos O movimento Wahabi fundado por Muhammad ibn Abd alWahab 170387 buscava criar um retorno fundamentalista aos princípios islâmi cos Reações liberais por parte da intelligentsia urbana particularmente no Egito tentaram in tegrar uma reforma do islamismo com prin cípios ocidentais de democracia parlamentar e educação secular A reação islâmica à penetra ção econômica e cultural do Ocidente foi assim intensamente ambígua oscilando entre a aceita ção pura e simples da ocidentalização secular e o violento nacionalismo anticolonialista No século XX esses dilemas sociais e cul turais continuaram apesar do bemsucedido processo de descolonização que ocorreu depois da Segunda Guerra Mundial Imediatamente depois da guerra as sociedades islâmicas es tavam sendo significativamente influenciadas por várias formas de NACIONALISMO secular dos quais a mistura egípcia criada por Nasser de nacionalismo e PANARABISMO constitui um exemplo significativo Na Argélia o movimen to de libertação teve forte ligação tanto com o nacionalismo quanto com o SOCIALISMO marxis ta Na Indonésia a luta contra o colonialismo ocidental especificamente o holandês adotou uma mistura de universalismo islâmico paga nismo nacionalismo e culto à personalidade de Sukarno No Irã o líder intelectual Ali Xariati 193377 criou uma mistura revolucionária de marxismo e xiismo a fim de inspirar o movi mento de massa para o qual a palavra de Alá era a voz do povo Esses movimentos anticolonialistas radi cais que combinaram o nacionalismo secular com os princípios sociais islâmicos têm sido lenta porém gradualmente desafiados no final Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 400 islamismo do século XX por uma profunda ênfase no FUNDAMENTALISMO que rejeita a MODERNIZAÇÃO tanto capitalista como socialista e a religiosi dade popular tradicional das ordens sufitas No Egito Hassan alBanna 190649 fundou a Ikhwan alMuslimun a Irmandade Muçulma na para combater o imperialismo promover a unidade islâmica e desafiar os governos islâmi cos que colaborassem com o controle ocidental A Ikhwan opunhase aos aspectos secularistas do nasserismo tentou obrigar Sadat a promover a total islamização da vida social egípcia e têmse oposto renhidamente a qualquer proces so de paz com os israelenses Como a Ikhwan tem uma massa de adeptos e amplo apoio no exército permanece como força de oposição significativa No Paquistão Maulana Abul Ala Mawdudi 190379 criou em 1941 a JamaatiIslami que originalmente tinha objetivos estritamente reli giosos No entanto os textos de Mawdudi foram assumindo uma direção cada vez mais política pois ele condenava o nacionalismo como uma idéia ocidental que dividia a comunidade muçulmana Conclamou à criação de um estado islâmico que deveria basearse em princípios exclusivamente religiosos Nos anos 70 a Ja maat desempenhou papel importante na luta contra o secularismo do Partido do Povo do Paquistão do presidente Bhutto e exerceu pressão sobre o general Zia ul Haq para ins taurar o NizameMustafá o sistema islâmico No Irã a oposição à dinastia Pahlavi e às políticas econômicas ocidentais do xá Reza encontrou apoio considerável nos grupos fun damentalistas que acabaram se reunindo sob a liderança do aiatolá Ruholla Musavi Khomeini 190289 Khomeini contestou o governo de todos os países muçulmanos por não terem conseguido manter a Xariá por aceitarem in fluências estrangeiras e por descuidarem dos direitos de seus cidadãos muçulmanos A queda do xá 197879 resultou no triunfo dos juristas e do clero os mulás no que dizia respeito à regulamentação do cotidiano e à imposição de práticas e crenças religiosas especialmente no retorno simbólico do véu ao vestuário feminino As idéias de Khomeini continuam a ter muitos seguidores xiitas leais no Iraque no Líbano e nos estados do Golfo Mudanças religiosas semelhantes embora menos espetaculares têm ocorrido por todo o mundo islâmico Na Argélia um levante ocor rido em 1988 no qual o fundamentalismo islâ mico desempenhou seu papel forçou o regime a adotar reformas sociais de inspiração religiosa e a legalizar o partido islâmico de oposição a Frente Islâmica do Salut No Sudão um golpe militar contra SadiqalMahdi foi desfechado em 1989 por oficiais próximos à Ikhwan Na Tunísia grupos islâmicos de oposição conse guiram 17 dos votos populares em 1989 Nas áreas ocupadas da Palestina as forças islâmicas têm sido influentes na luta de Intifada contra as forças israelenses As causas do fundamentalismo islâmico são complexas Ele representa uma reação aos fra cassos das tentativas capitalistas de elevar o padrão real de vida das massas e também às tentativas políticas de se impor o comunismo secular A mensagem igualitária islâmica de luta revolucionária tem tido sucesso na mobili zação das massas rurais e urbanas contra gover nos que se mostram simpáticos a influências ocidentais e contra outros que buscaram o apoio soviético O protesto popular contra as elites urbanas encontrou uma liderança natural nos mulás enquanto as mesquitas se tornaram pontos estratégicos de reunião da oposição que pouquíssimos governos têm ousado atacar Duas outras mudanças ocorridas no século XX foram cruciais O desenvolvimento de um sistema de comunicação mundial permitiu à comunidade muçulmana em todo o mundo transformarse numa força política global mais unida A peregrinação a Meca tornouse um aspecto crucial da globalização islâmica Em segundo lugar a presença do islã tornouse uma força política na Europa em parte como con seqüência da extensa migração para a Grã Bretanha a França e a Alemanha e em menor medida no que era o bloco socialista soviético Esses conflitos chegaram a uma crise no caso Salman Rushdie que envolveu um protesto de massa em 1989 contra o prosseguimento da publicação do livro Os versículos satânicos Essa luta é um aspecto de uma campanha mais ampla por escolas muçulmanas currículo islâmico o direito de usar trajes muçulmanos em público e o reconhecimento da lei pessoal islâmica O islamismo em resultado de sua ligação com os estados produtores de petróleo também tem desempenhado um importante papel eco nômico no desenvolvimento de sociedades mu çulmanas especialmente no Terceiro Mundo No entanto a proibição islâmica da usura mui Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar islamismo 401 tas vezes tem forçado líderes comerciais islâmi cos a dependerem de intermediários ocidentais Esse relacionamento teve algumas conseqüên cias desastrosas como no caso da derrocada do BCCI em 1992 Por fim o aparente triunfo do fundamenta lismo tem sido contestado contudo por inúme ros intelectuais liberais de destaque no islã e existe considerável oposição por parte de mu lheres muçulmanas radicais que rejeitam a tra dicional reclusão das mulheres o uso do véu e a prática dos casamentos combinados Leitura sugerida Arkoun M 1984 Pour une critique de la raison islamique Cragg K 1965 Islamic Sur veys Counsels in Contemporary Islam Esposito JL org 1980 Islam and Development Religion and Socio political Change Hodgson Marshall GS 1974 The Venture of Islam Hourani AH 1962 1983 Arabic Thought in the Liberal Age 17981939 Roff WR org 1987 Islam and the Political Economy of Meaning Comparative Studies of Muslim Discourse Shariati A 1980 On the Sociology of Islam Smith WC 1957 Islam in Modern History Turner Bryan S 1974 Weber and Islam a Critical Study Watt WM 1988 Islamic Fundamentalism and Modernity BRYAN S TURNER Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra I Produção Textos Formas Para Ed Zahar 402 islamismo J jogos teoria dos Um grupo de indivíduos está tomando parte em um jogo sempre que o destino de um deles depende não apenas de suas próprias ações mas também das ações do res tante do grupo O xadrez é o exemplo típico Se as brancas ganham perdem ou empatam isso depende não só dos movimentos feitos pelas brancas mas também dos movimentos feitos pelas pretas O bridge e o pôquer são outros exemplos com o interesse adicional de que a falta de informações relevantes complica os problemas de decisão dos jogadores A palavra jogo é natural para os exemplos dados acima Mas para jogos realmente interessantes não seria costumeiro usar a pala vra jogo na linguagem comum Considerem se por exemplo a guerra as discussões de um tratado internacional a competição pela sobre vivência entre animais ou por status entre seres humanos eleições negociações salariais ou a operação de uma economia de mercado Todas essas atividades se enquadram na nossa defini ção de jogo Esse uso não tem intenção de implicar que as guerras são divertidas ou que a economia é uma boa distração Simplesmente reflete a descoberta feita por John Von Neu mann e Oskar Morgenstern em seu livro monu mental The Theory of Games and Economic Behavior 1944 de que tanto os jogos de salão quanto os jogos da vida real colocam problemas semelhantes e que uma análise capaz de funcio nar para aqueles pode portanto muito bem ser relevante para estes Isso não significa que os jogos de salão e os da vida real sejam semelhantes em todos os aspectos A analogia observada por Von Neu mann e Morgenstern entre os jogos da vida real e os jogos de salão reside unicamente em seus aspectos estratégicos Seria inteligente por par te de uma pessoa que desempenha o papel de jogador em um jogo da vida real pensar em reduzir o problema com que se defronta aos seus fundamentos essenciais descartando todo e qualquer detalhe que não seja de imediata relevância Esses detalhes na melhor das hipó teses são uma distração e na pior podem obs curecer de tal forma as coisas que não se consiga fazer nenhum progressoUma vez afastados to dos os detalhes irrelevantes o jogador fica com um problema de decisão abstrato A observação de Von Neumann e Morgenstern é que a es trutura básica desses problemas de decisão é a mesma independente de ser derivada de jogos de salão ou de jogos da vida real O surgimento do livro de Von Neumann e Morgenstern despertou grandes esperanças que só viriam a ser concretizadas consideravelmen te mais tarde O livro introduziu duas aborda gens do tema uma abordagem nãocooperati va e uma abordagem cooperativa A aborda gem mais bemsucedida e satisfatória é a pri meira uma vez que busca tirar suas conclusões da teoria sobre a tomada racional de decisões por parte de indivíduos agindo isoladamente No entanto a análise nãocooperativa de Von Neumann e Morgenstern só se aplicava a jogos de duas pessoas em que o total de perdas iguala o total de ganhos e nos quais não importa o que um jogador ganhe o outro perde Sua teoria minimax para esses jogos é merecidamente cé lebre Não obstante poucos jogos da vida real têm essa equivalência de perdas e ganhos Sua abordagem cooperativa preocupavase com a formação de coalizões Eles formularam axio mas plausíveis sobre as estruturas de coalizão com possibilidades de sobreviver a um exame racional por parte de jogadores movidos por interesse próprio e exploraram suas conse qüências Embora a abordagem cooperativa seja me nos satisfatória sustentouse até período relati vamente recente uma vez que se mostrou muito difícil o progresso com a teoria nãocooperati va No entanto no decorrer dos últimos 15 anos 403 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra J Produção Textos Formas Para Ed Zahar foram feitos grandes avanços na teoria nãoco operativa Estes apoiaramse na idéia de equilí brio Nash introduzida por Nash 1951 As estratégias usadas pelos jogadores constituem um equilíbrio Nash quando a estratégia de cada jogador é a melhor reação possível às estraté gias dos outros Esses avanços revolucionaram a teoria eco nômica ver CIÊNCIA ECONÔMICA Também se avançou muito na teoria da concorrência imper feita Tirole 1988 na teoria da negociação Binmore e Dasgupta 1987 e na economia da informação Rasmusen 1989 Houve progres sos igualmente na biologia evolucionista May nard Smith 1984 Em outras áreas das ciências sociais a influência de novas idéias na teoria dos jogos foi mais tangencial No entanto o estudo de como pode surgir a colaboração entre indivíduos movidos pelo autointeresse é um tema que vem se mantendo em pauta Axelrod 1984 Hoje em dia é difícil sequer contemplar essa questão sem recorrer à teoria de jogos repetidos Ver também DECISÃO TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA Leitura sugerida Aumann RJ e Hart S orgs 1992 The Handbook of Game Theory Binmore K 1990 Essays on the Foundations of Game Theory KEN BINMORE judaísmo Um sistema de crença que em tempos remotos surgiu com uma idéia única o monoteísmo e no decorrer do tempo elaborou essa idéia construindo imperativos éti cos primeiro para o Deus único e depois atra vés da aliança e da revelação um conjunto de leis atemporais a Torá que o povo de Israel exaltado através das experiências da libertação e do êxodo endossou e em seguida ampliou para uma literatura eterna a Bíblia Com o Deus único e a Torá única surgiu simultânea e inse paravelmente o senso de pertencer a um povo de ser o povo eleito ou melhor o povo que elegia e a identificação de uma região como a única a prometida a Terra Santa Tempo e espaço assim validavam os sonhos efêmeros de nômades do deserto Em uma ingênua dialética de ambição hu mana e justiça social sofisticação política e força bruta aprendizado ascético e prazer sen sual as pessoas viamse divididas por e entre o poder exterior e a luta interior guiadas censu radas e eventualmente consoladas por esse fe nômeno exclusivamente judaico o Profeta fervoroso aterrador intransigente mas sempre proclamando uma ética racional ensi nando à humanidade segundo Max Weber os primeiros passos rumo ao desencanto do mun do Em uma nação de dissidentes onde até o ateísmo é resolvido através da lei os conflitos de princípios as contendas entre conceitos as lutas a respeito de questões tendiam a ter prece dência sobre as realidades terrenas e a disciplina política O preço que pagaram foi elevado Isso deu a Israel sua primeira provação do exílio mas deixou intacto o impulso criativo do povo Na Babilônia o templo foi substituído pela sinago ga e as preces diárias tomaram o lugar do culto sacrificial Apesar de todo o papel central de sempenhado pela história na visão de mundo judaica ela não protegeu a iniciativa judaica de cair uma segunda vez na armadilha da derrota e da dispersão através da dissensão interna e do antagonismo entre irmãos o que incluiu o sur gimento de Jesus e o nascimento da cristandade Não obstante a unidade conceitual de DeusTo ráPovoTerra foi mantida e preservada e os transmissores do judaísmo os judeus tornaramse de acordo com a previsão da Torá objeto de desprezo entre as nações A segunda dispersão mais total e mais ex tensa do que a primeira colocou o judaísmo em contato ainda que limitado e muito mal tolera do com uma série de outras religiões e sistemas de crença resultando em muitas mudanças es truturais no judaísmo freqüentemente devidas ao impacto catalisador das culturas hospedei ras Sacerdotes e profetas deram lugar a um judaísmo rabínico com os rabinos como professores e guardiães da lei judaica no qual as codificações de uma lei oral em oposição à lei escrita revelada ofereciam uma fonte inesgotável de adaptação social e intelectual Isso estabeleceu um contínuo de tradição e progresso que permitiu ao povo con ciliarse com praticamente todas as variantes sociais econômicas ou políticas Embora obs tinadamente intolerante para com o ateísmo e todas as formas de culto pagão o judaísmo teve mais facilidade em se acomodar às duas reli giões predominantes na diáspora países da dis persão o cristianismo e o islamismo do que estas tiveram em se acomodar à religião matriz O judaísmo rabínico descobriu meios de incorporar problemas teológicos e filosóficos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra J Produção Textos Formas Para Ed Zahar 404 judaísmo do Ocidente cristão e o pensamento científico e matemático do Oriente árabe sem em ambos os casos sacrificar sua orientação expressamente judaica As freqüentes hostilidades manifes tadas contra judeus foram utilizadas para criar comunidades isoladas e muito coesas lideradas por rabinos com os pés bem firmes na terra e apoiadas pela autonomia espontânea que uma segregação imposta criava Assim como a men sagem profética era deliberadamente racional o mesmo acontecia com o ensino rabínico sobre questões práticas e metafísicas a liberdade é uma precondição do judaísmo mas só pode existir sob o domínio da lei a igualdade não é meramente social e econômica mas também espiritual não pode haver fortes reverências eclesiásticas a salvação é ela própria uma so lução racional do conflito humano do que re sulta que o Messias não é esperado para a salvação individual seu papel sendo nacional em primeira instância mas só podendo ser na cional em um contexto universal O judaísmo aceita mas não convida os prosélitos os con vertidos Não tem nenhuma doutrina de ver dade única a não ser a da unidade de Deus e insiste em que a virtude a integridade é uma aspiração humana e não judaica Durante quase 2 mil anos os judeus viveram como minorias mais ou menos toleradas na Europa e na Ásia da Escócia e Noruega no Norte até o Marrocos e a Espanha no Oci dente e a Pérsia e o Iraque no Oriente Viveram durante a maior parte do tempo em um mundo judaico cujas fronteiras externas raramente se estendiam além dos limites regulamentares e fiscais do país hospedeiro Por mais problemá tica que possa ter sido a existência material do povo o judaísmo desfrutou de um longo perío do de consolidação e de inovação criadora que enriqueceu o livro de orações e intensificou o discurso interno mas foi se deslocando cada vez mais no sentido de um intelectualismo ra cional que fez surgir os dois movimentos dis sidentes em seu interior O primeiro deles teve início na Palestina onde os judeus então repre sentando uma minoria muito pequena e muito mal tolerada buscaram consolo em uma abor dagem de Deus mais profunda secreta e menos formal O misticismo judaico encontrou ex pressão na Cabala a literatura da tradição mís tica e deu início a uma nova perspectiva na tradição judaica Um pouco mais tarde o mesmo racionalismo rigoroso agora em marcante con traste com o misticismo emocionalmente mais satisfatório fez surgir uma crescente alienação nos judeus social e economicamente desprivile giados da Europa Oriental Isso levou ao desen volvimento do hassidismo movimento de ju deus fervorosamente religiosos que colocavam o serviço de Deus antes do estudo de sua lei Embora a criação desses dois movimentos resultasse em considerável conflito e tensão comunitária não representou um verdadeiro desafio às principais normas e valores do ju daísmo estabelecido nem alterou os padrões existentes da vida judaica Foi diferente com o próximo grande ímpeto de mudança que dessa vez veio de fora e ameaçou engolir todo o sistema judaico A Revolução Francesa visava reestruturar toda a sociedade em todos os ní veis no espírito das novas noções de igualdade social defendidas pelo Iluminismo O judeu também deveria receber os direitos e privilégios da cidadania em uma Europa na qual a maior parte deles se encontrava confinada em guetos e limitada por restrições mesquinhas que lhes garantiam a subserviência Havia uma expecta tiva de que em troca dos direitos civis eles desistiriam dos maus hábitos dos tempos an tigos e se adaptariam às exigências da nova era Nem os judeus nem os povos dos países hos pedeiros se mostraram ansiosos em aceitar essa mudança Para os rabinos era uma ameaça à sobrevivência dos judeus como judeus Isso levou a divergentes escolas de pensamento com aqueles que se agarravam ao judaísmo tradicio nal formando um movimento ortodoxo enquan to os que viam a necessidade de se conformar aos padrões do meio gentio desenvolveram um movimento de reforma que se inspirava tanto no culto cristão quanto em suas raízes judaicas Para alguns judeus a nova era exigia uma reação mais radical Eles observaram a cres cente secularização da sociedade a hostilidade depressivamente constante das nações hospe deiras e o interesse cada vez maior em uma ou outra forma de socialismo por toda a Europa De uma forma ou de outra reagiram a um dois ou todos os três fatores de maneiras variadas abandonando totalmente o judaísmo formando um judaísmo nacionalista eou socialista ou buscando preservar as antigas lealdades sob uma aparência moderna através de um huma nismo judaico A revolta contra a emancipação dos judeus na Europa que levou ao extermínio de 6 milhões deles ver ANTISEMITISMO conso Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra J Produção Textos Formas Para Ed Zahar judaísmo 405 lidou as correntes tanto religiosa quanto secular do judaísmo Isso levou ao retorno dos judeus à sua antiga terra natal a uma forte polarização entre judeus religiosos e nãoreligiosos e no espírito de uma Europa reformada a um plura lismo judaico que pode ser um primeiro passo rumo à tão desejada era messiânica e que tam bém reflete a tolerância que a maior parte das nações hospedeiras hoje demonstra para com os transmissores da tradição judaica Enquanto muitos de seus adeptos se assimilam a suas culturas hospedeiras o judaísmo assimila ele próprio boa parte do que é melhor nessas cultu ras ganhando assim uma vitalidade e uma flexi bilidade que lhe têm permitido sobreviver em um mundo essencialmente hostil Leitura sugerida Seleta de uma vasta literatura Bul ka Reuven P 1983 Dimensions of Orthodox Judaism Encyclopedia Judaica 1971 vol10 Fackenheim Emil 1987 What is Judaism An Interprtetation for the Present Age Glatzer NN org 1968 Martin Buber Humanism Levin Nora 1978 Jewish Socialist Move ments 18711917 Meyer Michael A 1988 Response to Modernity a History of the Reform Movement in Judaism Rabinowicz H 1970 The World of Hasi dism Scholem Gershom G 1961 1973 Major Trends in Jewish Mysticism Spero Shubert 1983 Morality Halakha and the Jewish Tradition Urbach EE 1975 The Sages their Concepts and Beliefs 2 vols JULIUS CARLEBACH justiça As avaliações das instituições sociais e políticas básicas particularmente com res peito às conseqüentes distribuições de benefí cios e ônus são expressas normalmente em termos de justiça ou injustiça Em seu sentido mais geral o conceito de justiça exige que cada indivíduo receba o que lhe é mais devido Den tro dessa fórmula podemos distinguir entre justiça formal e material A justiça formal exige distribuições que es tejam de acordo com os critérios ou regras existentes ou aceitos É geralmente identificada com a justiça jurídica ou individual Isso impli ca padrões de justiça processual rigor proces sual ou justiça natural orientados para a eqüidade e a precisão na aplicação das regras Acarreta a igualdade formal caso se assuma que todas as pessoas em uma sociedade ou grupo devem ser tratadas de acordo com as mesmas regras A justiça material ou substantiva diz res peito à identificação dos critérios distributivos adequados tais como direitos merecimento necessidade ou escolha que constituem con cepções rivais de justiça A justiça material pode justificar desigualdades substantivas de renda ou redistribuição entre diferentes grupos sociais É em geral identificada com a justiça social A justiça é tida em geral como o valor social prioritário que supera todas as outras conside rações normativas tais como a utilidade pelo menos no que diz respeito às instituições bási cas de uma sociedade Rawls 1971 p3 Isso torna a escolha dos critérios específicos da dis tribuição justa uma questão de controvérsia normativa Miller 1976 p151ss Se a priori dade normativa da justiça não é tida como certa então a escolha de uma dessas concepções ri vais de justiça é em grande parte uma questão de conveniência conceitual Campbell 1988 p6ss No entanto os critérios de justiça subs tantiva estão normalmente limitados a caracte rísticas ou propriedades dos indivíduos Honore 1970 p63 De forma mais restritiva podese dizer que os critérios de justiça sempre ou prin cipalmente se referem de um modo ou de outro aos méritos dos que são afetados pela distri buição em questão Sadurski 1985 cap5 Críticos do conceito de justiça social afir mam que a idéia de distribuição de acordo com um padrão um padrão tal que o grau e a natu reza das posses de uma pessoa dependam do grau e da natureza das suas características é equivocada porque alcançar tais padrões impli ca uma injustificável restrição às liberdades dos indivíduos Um modelo de justiça alternativo de habilitação Nozick 1974 parte 2 consi dera justas as posses se são resultado de com portamento legítimo A justiça é então o resul tado de aquisições e transações que não violam os preexistentes direitos morais dos indivíduos ou que corrigem as conseqüências de aqui sições ou transferências ilegítimas do passado ver DIREITOS E DEVERES A idéia de justiça socialista é controvertida no sentido de que a justiça particularmente se associada a merecimento pode ser encarada como um valor burguês baseado em idéias er rôneas a respeito de responsabilidade indivi dual No entanto uma concepção de justiça radicalmente igualitária pode ser formulada em termos de distribuição de acordo com a neces sidade de forma que a justiça substantiva favo rece resultados em que indivíduos ou grupos se encontram em posição de igualdade material ver Buchanan 1982 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra J Produção Textos Formas Para Ed Zahar 406 justiça A mais influente das teorias contemporâ neas sobre justiça busca combinar vários crité rios de justiça material sob a idéia geral de contrato John Rawls 1971 afirma que os prin cípios para determinar as instituições básicas de uma sociedade que seriam escolhidas em uma situação processualmente justa a posição ori ginal e que são endossadas por nossas mais firmes intuições reflexivas quanto àquilo que é justo são 1 cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema total de liber dades básicas compatível com um sis tema semelhante de liberdade para todos p250 e 2 as desigualdades sociais e econômicas devem ser dispostas de tal forma que sejam ao mesmo tempo a para o maior benefício dos menos privilegiados e b ligadas a cargos e posições abertos a todos sob condições de justa igualdade de oportunidades p83 Recentes teorias comunitárias afirmam que os critérios de justiça dependem da esfera em que as distribuições estão sendo considera das de forma que por exemplo a justiça eco nômica e a justiça política são coisas distintas Walzer 1983 p235 e os padrões de justiça são sempre relativos às compreensões e expec tativas correntes em sociedades específicas Leitura sugerida Ackerman BA 1980 Social Jus tice in the Liberal State Barry B 1989 A Treatise on Social Justice Vol1 Theories of Justice Buchanan AE 1982 Marx and Justice Campbell TD 1988 Justice Honore A 1970 Social justice In Essays in Legal Philosophy org por RS Summers p6194 Nozick R 1974 Anarchy State and Utopia Rawls John 1971 A Theory of Justice Sadurski W 1985 Giving Desert its Due Social Justice and Legal Theory Sandel MJ 1982 Liberalism and the Limits of Jus tice Walzer M 1983 Spheres of Justice TOM D CAMPBELL juventude Ver CULTURA DA JUVENTUDE MO VIMENTO DA JUVENTUDE MOVIMENTO ES TUDANTIL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra J Produção Textos Formas Para Ed Zahar juventude 407 K kantismo Ver NEOKANTISMO keynesianismo Em seu sentido mais amplo o keynesianismo é uma abordagem das ques tões políticas sociais e econômicas do capita lismo avançado que torna válido o estado as sumir um papel de liderança na promoção do crescimento e do bemestar material e na regu lação da sociedade civil O keynesianismo tem também um sentido mais preciso como um corpo de teoria econômica que serve de base a políticas macroeconômicas Ambos os concei tos de keynesianismo derivam dos textos de John Maynard Keynes no final dos anos 20 e dos programas que ele tentou implementar a partir do interior dos círculos oficiais britânicos nessa época bem como durante a Segunda Guerra Mundial e a reconstrução do pósguerra A idéia fundamental do pensamento keyne siano é que as economias capitalistas sistema ticamente fracassam no que se refere a gerar crescimento estável ou utilizar plenamente os recursos humanos e físicos os mercados que são os principais mecanismos econômicos de autoregulação e ajuste da sociedade civil não conseguem eliminar as crises econômicas o desemprego e nem em versões posteriores a inflação No entanto o significado do keynesia nismo seja no sentido amplo ou estreito encon trase aberto a interpretações e é tema de contí nua controvérsia tal como sua validade Keynesianismo em sentido amplo A idéia de que o estado tem um papel es pecial na promoção do crescimento e do bem estar material antecede Keynes em muitos sé culos mas o keynesianismo forneceu uma base intelectual racional para um tipo de projeto de estado nunca antes tentado sob o capitalismo Nesse projeto o pleno emprego ganhava prio ridade como um direito do cidadão que uma vez que não se podia contar com a própria empresa privada devia ser concedido pelo es tado diretamente pela promoção de investi mentos ou através do gerenciamento dos mer cados a fim de induzir as empresas a investir Esse projeto ganhou ímpeto político e social a partir de um desemprego em massa aparente mente insolúvel nos anos 20 culminando na crise dos anos 30 que colocou em dúvida a legitimidade da ordem capitalista e pareceu ameaçála de cair no barbarismo ou dar lugar ao socialismo O keynesianismo pareceu ofere cer uma terceira via entre o capitalismo de LAISSEZFAIRE e o SOCIALISMO a qual transfor mando a sociedade capitalista iria reforçála e preservála Os programas de obras públicas inves timento direto do estado em infraestrutura que Keynes encarava como um meio de promo ver o pleno emprego estavam na agenda do debate político e haviam sido em parte imple mentados no NEW DEAL de Franklin D Roose velt nos Estados Unidos antes de Keynes publi car sua principal obra teórica The General Theory of Employment Interest and Money Eles ilustram a amplitude do keynesianismo pois em vez de as obras públicas serem apenas um recurso técnico de economia a adoção des ses programas exigia uma reconstrução das for ças políticas Nos Estados Unidos isso incluiu a formação da duradoura coalizão do Partido Democrata com a classe operária industrial as classes médias liberais os grupos étnicos po bres e os interesses sulistas e sua implementa ção implicou uma expansão das autarquias exe cutivas com sede em Washington Na GrãBre tanha a pressão por obras publicas financiadas através do crédito foi uma luta contra os interes ses arraigados representados politicamente pelo ponto de vista do Tesouro Os programas de obras públicas sofreram oposição geral por parte dos interesses bancá rios tanto na América do Norte quanto na Grã 408 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra K Produção Textos Formas Para Ed Zahar Bretanha e a adoção de outros elementos dos programas econômicos keynesianos tais como baixas taxas de juros para estimular o inves timento privado exigiram igualmente uma reo rientação política que reduzia o poder dos finan cistas A construção de um estado corporativista liberal com laços institucionalizados entre sin dicatos organizações de empregados e autar quias estatais foi uma mudança política que parecia compatível com o keynesianismo mas as obras públicas e a hostilidade à atividade bancária também podiam ser encontradas em estados fascistas construídos sobre um tipo ra dicalmente diverso de CORPORATIVISMO Na GrãBretanha os movimentos rumo a uma co operação corporativista dos quais as conver sações MondTurner foram os mais famosos estavam em fermentação nos anos que prepara ram o caminho para a promulgação por Key nes de sua estratégia econômica nas audiên cias de 1930 da Comissão Macmillan mas não fizeram nenhum progresso significativo até a Segunda Guerra Mundial Então o crescimento de organizações operárias socialdemocratas e comunistas criou a base para uma reconstrução do estado no pósguerra baseada nos direitos ao pleno emprego e à previdência social no controle sobre as instituições e mercados finan ceiros na posse e no investimento do setor público em indústrias de maior monta Ao mes mo tempo foi construída uma ideologia política do keynesianismo predominante partilhada pelos principais partidos e mantida sem contes tação efetiva durante três décadas Embora o pleno emprego organizado por meio de gastos públicos e medidas para gerir o investimento privado fosse o objetivo em torno do qual se construíram esse consenso e essas disposições corporativistas sua quase consecu ção fez com que se desse renovada atenção ao controle da inflação a qual como M Kalecki havia prevenido em 1943 seria usada como um argumento contra os programas de pleno em prego Isso impulsionou o keynesianismo em uma nova direção Na crença de que o pleno emprego havia sido irrevogavelmente atingido seu dogma principal tornouse a realização do crescimento nacional com baixa inflação e as disposições corporativistas foram cada vez mais usadas para gerir o mercado de trabalho em tentativas de restringir a inflação salarial através de programas de rendimentos e contratos sociais impostos ou combinados Embora o keynesianismo esteja mais es treitamente identificado com as agendas inter nas pós1945 dos Estados Unidos e da Europa Ocidental especialmente com o ESTADO DE BEM ESTAR da GrãBretanha ele alcançou uma forte dimensão internacional no Plano Marshall e na construção do sistema de Bretton Woods em torno do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial Esse sistema baseouse origi nalmente nas idéias keynesianas de gerência governamental das finanças internacionais e das taxas de câmbio e de controle sobre as operações dos banqueiros A capacidade de Keynes como estadista na construção do sis tema visava facilitar o gerenciamento interno das taxas de juros e das finanças do governo para promover programas de investimento no pleno emprego mas politicamente representou um realinhamento internacional com o geren ciamento econômico norteamericano da or dem capitalista Keynesianismo em sentido restrito A ampla agenda política do keynesianismo tinha raízes na revolução técnica que Keynes e seus seguidores acreditavam ter ele alcançado na teoria econômica Embora várias idéias cen trais estivessem contidas em seu Treatise on Money publicado em 1930 a exposição defi nitiva de Keynes foi The General Theory of Employment Interest and Money publicado em 1936 Esse livro pretende demonstrar que ao contrário do raciocínio ortodoxo da teoria clássica o sistema capitalista deixado por sua própria conta em geral não produzirá o pleno emprego A chave para essa revolução teóri ca foi o desenvolvimento de dois conceitos o de preferência pela liquidez e o de demanda efetiva Preferência pela liquidez é um modelo alta mente simplificado do funcionamento dos mer cados financeiros que forneceu uma base para a conclusão de que estes podem sistematica mente fazer com que as taxas de juros se encon trem em um nível alto que reduza o inves timento das indústrias privadas Sua apresenta ção formal como a idéia de que a demanda pela reserva de moeda depende da taxa de juros é hoje parte integrante de toda a economia mo derna embora a conclusão keynesiana daí de rivada não o seja Demanda efetiva é a idéia de que a demanda agregada e daí a poupança depende da renda Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra K Produção Textos Formas Para Ed Zahar keynesianismo 409 disponível conseqüentemente o pleno empre go pode ser insustentável porque seu nível de produção não é igualado pela demanda agrega da Isso contrasta com o ponto de vista clás sico ou mais precisamente neoclássico de que o mecanismo de preços se ajusta automatica mente para garantir a igualdade entre deman da e oferta pois em vez de a demanda reagir apenas aos preços ela reage à venda Encaixando esses conceitos no arcabouço dos conceitos de renda e produção agregada que se tornaram então a base keynesiana para a moderna contabilização da Renda Nacional o teorema keynesiano afirmava que os planos de investimento comercial agregados não iguala rão em geral a poupança agregada na produção em pleno emprego Em seu cerne encontrase a incapacidade da taxa de juros de se ajustar automaticamente para restaurar a igualdade in vestimentopoupança condição exigida para o equilíbrio Conseqüentemente com os planos de investimentos reduzidos produção e renda têm de estar a um nível achatado com o desem prego em massa como sintoma para achatarem a poupança ao mesmo nível Embora tenha permanecido como o cerne do modelo keynesiano esse modelo de equilíbrio do desemprego foi ampliado de várias manei ras Aplicandose o princípio da demanda efe tiva e a idéia de que a taxa de juros não deter mina a reserva de capital desejada das empre sas Roy Harrod e Evsey Domar demonstraram que em uma economia em crescimento o pleno emprego não é o caso geral Seu modelo tornou se a base do planejamento de desenvolvimento para o Terceiro Mundo ocupando posição de destaque até quatro décadas depois do surgi mento da General Theory No entanto na ma croeconomia ocidental a ampliação mais signi ficativa do modelo keynesiano ocorreu nos anos 60 quando foi acrescentada a idéia de uma relação entre o desemprego e a taxa de inflação a Curva de Phillips Dentro da teoria econô mica a Curva de Phillips prometia corrigir o silêncio do modelo central quanto ao modo como se determina o nível de preços enquanto em uma perspectiva keynesiana mais ampla ela fornecia uma base para políticas de renda Divergências sobre o keynesianismo A agenda keynesiana mais ampla tinha sido atacada desde os seus primeiros dias como so cialista embora seu papel confesso fosse a pre servação do capitalismo mas em última aná lise ela foi minada mais pela mudança de cir cunstâncias do que pelos ataques políticos que recebeu A hegemonia keynesiana construída depois da Segunda Guerra Mundial perdeu sua coesão no final dos anos 70 quando a ordem internacional ancorada pelo dólar norteameri cano deu lugar a uma finança internacional sem regulação e o consenso social de política interna em países capitalistas avançados foi fragmen tado pelo fenômeno de uma inflação elevada coexistindo com alto desemprego Foi derruba da como agenda oficial quando Margaret That cher subiu ao poder na GrãBretanha e Ronald Reagan nos Estados Unidos embora porém elementos importantes tenham sobrevivido Na GrãBretanha a opinião da maioria manteve sua fidelidade ao cerne do estado de bemestar keynesiano enquanto os Estados Unidos viviam um longo período de expansão gerado pelo financiamento de tipo keynesiano do déficit de gastos do estado e na Europa Ocidental os tipos keynesianos de gerenciamento do estado pro moviam o crescimento e a modernização Não obstante o objetivo que lhes era fundamental de eliminar de forma permanente o desemprego em massa se perdeu nesse período Na teoria econômica a interpretação do mo delo keynesiano que dominou as primeiras duas décadas e meia do pósguerra foi fundamental mente contestado por um lado pelos próprios teóricos keynesianos e por outro pelo MONETA RISMO e pela nova teoria clássica A interpre tação predominante da teoria de Keynes a sín tese neoclássica inaugurada por JR Hicks em 1937 e desenvolvida por AC Pigou F Modi gliani e D Patinkin tentara basear suas con clusões na teoria neoclássica dos mercados na qual os preços mais que as quantidades como renda e produção eram os mecanismos de ajuste Nessa interpretação o funcionamento azeitado da economia era a norma e o desem prego surgia como um caso especial resultante da rigidez de salários em contraste com a teoria geral de desemprego do próprio Keynes na qual o pleno emprego era visto como exceção Uma escola crítica neokeynesiana surgiu nos anos 70 enfatizando a importância das quantidades sempre que quaisquer preços no sistema eram menos do que perfeitamente flexí veis e demonstrando que o desemprego é geral mente possível enquanto o equilíbrio de pleno emprego é apenas uma de muitas possibilida Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra K Produção Textos Formas Para Ed Zahar 410 keynesianismo des Essa escola conserva embora corrija os fundamentos teóricos de escolha da síntese neo clássica Em contraste o PÓSKEYNESIANISMO tenta retornar ao verdadeiro Keynes enfati zando os fenômenos complexos que minam esses fundamentos Essa escola dá especial atenção ao papel das expectativas comerciais inquantificáveis à falta de conexão entre a taxa de juros e a produtividade do capital ao caráter endógeno do meio circulante e não a seu controle pelo banco central à importância do crédito e de toda a estrutura das finanças em vez do dinheiro e à influência da distribuição de renda sobre desenvolvimentos macroeconô micos As críticas monetaristas exprimidas por Mil ton Friedman e sua escola durante muitos anos assumiram uma linha nova e vigorosa no final da década de 60 ao interpretar a teoria keyne siana como dependente da Curva de Phillips Friedman deu a esta uma fundamentação neo clássica introduzindo expectativas de inflação em um modelo de determinação de salários e obteve o resultado antikeynesiano de que a longo prazo o desemprego por mais alto que seja se encontra em sua taxa natural refletindo a escolha dos trabalhadores em vez de ser involuntário e não é influenciado por progra mas de gerenciamento de demanda keynesia nos Como o próprio modelo keynesiano pre dominante baseavase em princípios neoclás sicos seus defensores foram incapazes de apre sentar argumentos efetivos contra essa amplia ção apesar de sua conclusão antikeynesiana Essa crítica do modelo keynesiano foi levada mais além pelos novos autores clássicos os quais demonstraram que em um modelo em que as expectativas são expectativas racio nais o desemprego é voluntário e está em sua taxa natural em todos os momentos não pe nas no equilíbrio a longo prazo Embora essa refutação das conclusões keynesianas confunda o bom senso e a experiência a versão neoclás sica sintética predominante da teoria keynesia na foi incapaz de apresentar uma alternativa importante da forma como Keynes tentou En quanto o desemprego nos níveis que antecede ram a guerra retornava a teoria keynesiana predominante aceitava o conceito de taxa natu ral de desemprego e se preocupava apenas com a velocidade com que a economia a alcançava Leitura sugerida Keynes JM 1936 The General Theory of Employment Interest and Money Leijo nhufvud A 1968 On Keynesian Economics and the Economics of Keynes Moggridge DE 1976 Keynes LAURENCE HARRIS keynesianismo pós Ver PÓSKEYNESIANISMO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra K Produção Textos Formas Para Ed Zahar keynesianismo pós 411 L labelling Ver ROTULAÇÃO laissezfaire Esta expressão francesa signifi ca deixem fazer A maioria das explicações atribui o slogan carregado de conotações polí ticas laissezfaire laissezpasser que signi fica deixem as pessoas fazerem tal como esco lheram deixem passar as mercadorias a Vin cent de Gournay Esse slogan tornouse a pala vra de ordem entre os defensores do livre co mércio como Jacques Turgot e outros fisiocra tas e foi rapidamente sistematizado em An Inquiry into the Nature and Causes of the Weal th of Nations de Adam Smith como parte do sistema óbvio e simples da liberdade natural Smith 1776 livro 4 cap9 Smith e outros economistas clássicos ampliaram a noção de laissezfaire de um programa de livre comércio internacional para uma ampla filosofia social Nas palavras de Smith Todo homem na medida em que não viole as leis da justiça deve ter plena e perfeita liberdade para buscar seus próprios interesses a seu próprio modo e para concorrer tanto com seu esforço quanto com seu capital com os de qualquer outro homem ou cate goria de homens O soberano fica totalmente dis pensado de um dever se na tentativa de executálo é obrigado a estar sempre exposto a inúmeros enga nos e se para a adequada execução desse dever nenhuma sabedoria ou conhecimento humanos ja mais são suficientes o dever de supervisionar a atividade de particulares e de direcionála para os empregos deve adequarse ao interesse da sociedade Ibid Os deveres do governo seriam então limita dos à defesa nacional à administração da jus tiça e à provisão de certos bens públicos O apelo liberal clássico por um sistema de MERCADO sem entraves e por um governo limi tado nunca foi contudo realizado na prática O estado capitalista não conseguiu reduzirse Na virada do século XX defensores contemporâ neos do laissezfaire como Herbert Spencer 187992 eram considerados adeptos ultrapas sados de um INDIVIDUALISMO e um DARWINISMO SOCIAL toscos e sua idéia de que mercados competitivos e sem restrições promoveriam o crescimento e a estabilidade da economia foi destroçada pela Grande Depressão dos anos 30 Desde então têm surgido novas interpre tações dos ciclos e depressões econômicos Da da a ideologia da época a da Era do Progresso a Depressão foi considerada o resultado da inér cia inerente do mercado No entanto desde en tão estudiosos têm afirmado que a Grande De pressão pode ter tido origem na política mone tária irresponsável do Federal Reserve System o Tesouro NorteAmericano Friedman e Sch wartz 1963 Rothbard 1972 ver MONETARIS MO A alegação de que a intervenção governa mental pode em grande parte explicar graves doenças sócioeconômicas como a Grande De pressão ajudou a reabilitar a posição do laissez faire entre alguns círculos intelectuais e a NOVA DIREITA As redefinições contemporâneas da filoso fia social do laissezfaire vão do neoconserva dorismo de Milton Friedman 1962 e James Buchanan 1975 passando pelo libertarianis mo de Robert Nozick 1974 e FA Hayek 1973 1976 1979 até o anarcocapitalismo de Murray Rothbard 1973 Embora idéias de laissezfaire tenham ajudado a colorir a retórica de políticos da Nova Direita no Ocidente bem como de reformistas do mercado nos estados socialistas do Leste Europeu em transformação ainda resta ver se governo mínimo e mercados desimpedidos são uma real alternativa política ao estatismo do século XX Recentes críticas marxistas à intervenção do estado como a de Claus Offe 1984 sustentam que ainda que o estado intervencionista do bemestar quebre a ordem do mercado desmontálo criaria uma desordem econômica e social ainda maior e 412 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar portanto a intervenção do estado por proble mática que seja é irreversível O debate sobre os limites práticos das ações do estado por certo continuará durante o próxi mo século Ver também COMPETIÇÃO LIBERALISMO Leitura sugerida Eatwell John Milgate Murray e Newman Peter orgs 1989 The Invisible Hand Fus feld Daniel R 1990 The Age of the Economist 6ªed Hofstadter Richard 1945 Social Darwinism in Ame rican Thought 18601915 Lepage Henri 1982 To morrow Capitalism the Economics of Economic Free dom Prychitko David 1900 The welfare state what is left Critical Review 4 DAVID L PRYCHITKO lazer Ver ÓCIO legitimidade A legalidade de uma ordem social ou política sua pretensão ao apoio em vez da mera aquiescência por parte dos que a ela estão sujeitos é evidentemente um tema que impregna toda a teoria política geralmente formalizado em teorias da obrigação política O pensamento social no século XX além de dar continuidade a essa tradição normativa e pres critiva em relação à JUSTIÇA liberdade igual dade etc preocupouse muito com a legitimi dade como conceito empírico ou comporta mental de acordo com o qual um regime é legítimo se a população interessada acredita que ele seja legítimo Essa linha de pensamento que relembra O príncipe 1513 de Maquiavel o Discurso sobre a servidão voluntária 1575 de La Boétie e no século XX as Reflexões sobre a violência 1906 de Georges Sorel foi dominada durante todo o século pela distinção clássica de Max Weber 19212 entre três tipos puros de autoridade legítima Embora a dominação ou autoridade possa basearse diz Weber no costume no interesse em motivos emocionais ou racionais com relação a valor uma ordem segura em geral se caracteriza por uma crença em sua legitimidade Esta pode basearse na tradição no CARISMA dos gover nantes ou em uma aceitação racional da legalidade e da ordem Como sempre ocorre com os tipos ideais de Weber essas formas puras de legitimidade são encontradas em dife rentes combinações mas seria possível tomar a Arábia Saudita a Alemanha nazista e a Suíça como ilustrativas dos respectivos tipos Como em outras áreas da vida social o carisma tende a se tornar rotinizado ou objetificado trans formandose em domínio tradicional ou cons titucional ou em alguma combinação dessas duas formas O paradigma weberiano dominou a ciência política ocidental nas décadas centrais do sécu lo Proporcionou um quadro útil para os estudos de CULTURA POLÍTICA embora alguns críticos tenham atacado as implicações paradoxais e conforme encaravam cínicas de que a polícia secreta e a propaganda podiam contribuir para a legitimidade nesse sentido livre de va lores de um regime Schaar 1969 Pitkin 1972 p2806 Jürgen Habermas em sua clás sica obra programática 1973 apontou que as sociedades capitalistas avançadas sofriam de crises de legitimação resultantes do desloca mento de tendências à crise econômica para as esferas da política do estado e da motivação individual A análise de Habermas ao contrário da de Weber fundamentase em uma concepção normativa em que a legitimidade de um regime depende de ele ser aquilo com que os interes sados teriam concordado em resultado de uma discussão livre plenamente informada e exaus tiva ver Habermas 1981 A distinção entre a legitimidade e uma lealdade de massa com freqüência vista como manipulada tornouse popular na teoria crítica ver ESCOLA DE FRANK FURT e de maneira mais geral No extremo mais conservador do espectro político um modelo de legitimação através de procedimentos cons titucionais e de outros procedimentos formais Luhmann 1969 dá continuidade a um dos motivos centrais de Max Weber Essa oposição entre as ênfases constitucionalprocessual e ra dicaldemocrática foi mitigada nos anos 90 em resultado de dois desdobramentos a derrubada dos regimes socialistas estatais e sua substi tuição em alguns países por democracias cons titucionais e um novo interesse entre radicais e socialistas do Ocidente em especial na Grã Bretanha e na Alemanha pela reforma cons titucional O século XX tem assistido à consolidação de uma noção que no início do século era ainda bastante revolucionária a de que a legitimidade de um regime depende de forma mais fun damental do apoio expresso através do voto da maioria de toda a população adulta embora poucos partidos efetivamente atinjam esse ideal Em sentido mais amplo a idéia de que toda AUTORIDADE exercida sobre adultos sãos precisaria ser justificada em discussão e debate Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar legitimidade 413 está ganhando mais destaque na prática cotidia na de muitos países às vezes até em seus exércitos Líderes políticos e outras figuras de autoridade estão achando mais difícil do que no passado evitar dar entrevistas à imprensa cole tivas ou exclusivas para justificar seus progra mas de ação embora os especialistas em re lações públicas tenham se tornado correspon dentemente hábeis na transformação desses debates em rituais manipulados e propagan dísticos Ver também LEI POSITIVISMO JURÍDICO Leitura sugerida Connolly William org 1984 Legi timacy and the State Habermas Jürgen 1973 1975 Legitimation Crisis Merquior JG 1980 Rousseau and Weber a Study in the Theory of Legitimacy Schaar John 1969 Legitimacy in the modern state In Power and Community org por P Green e S Levin son também in Connolly 1984 acima WILLIAM OUTHWAITE lei O uso contemporâneo exige que a noção de lei receba uma dupla definição Em seu sentido mais amplo que deriva historicamente das tradições teológicas clássicas mas é usado hoje em dia também na psicanálise a palavra referese a qualquer forma de injunção abso luta a lei é a lei do pai seja ele o Deuspai ou o mandado do inconsciente Em termos mais pragmáticos mas não obstante relacionados a tradição legal secular em geral define a lei de maneira técnica e em parte tautológica como as normas emanadas da hierarquia legal exis tente ou por ela institucionalmente reconhe cidas Nessa última definição profissional as regras da lei ou normas legais são os elementos substantivos de um sistema legal nacional e sua autoridade ou validade legal deriva imediata mente dessa participação no sistema e só pos teriormente da legitimidade constitucional de sua efetiva enunciação ou conteúdo As duas definições apresentadas correspondem em ter mos históricos à diferença entre uma concep ção de lei natural a lei dada externamente de Deus da natureza da razão do soberano ou de alguma outra fonte absoluta e a concepção secular de lei positiva de uma lei artificial criada pelos seres humanos Este artigo traçará a complexa relação entre essas duas concepções de lei que competem historicamente relação essa que afeta os debates contemporâneos quanto à natureza e à função da ordem legal A história do conceito de lei no século XX é a do aparente desaparecimento das concepções teológicas ou naturalistas da ordem legal em favor de uma ciência mundana da lei positiva A repressão da tradição doutrinária mais antiga tradição que até meados do século XIX sim plesmente definia a lei comum como um des dobrar da razão semblable reason semblable ley o que parece ser racional parece ser lei é a chave para qualquer compreensão das ca racterísticas tanto filosóficas quanto políticas dos sistemas legais contemporâneos Quer no continente europeu onde as tradições legais nacionais se baseiam em leis ou códigos escri tos que têm seu modelo final na jurisprudência romana Watson 1981 quer na tradição legal angloamericana baseada historicamente na lei nãoescrita ou direito consuetudinário estabe lecido pelos tribunais Goodrich 1990 o sécu lo XIX foi em termos legais uma era de secu larização Impelidos de forma mais explícita pelo código napoleônico ou Code Civil de 1804 os sistemas legais da Europa transforma ram sua formação histórica comum no texto universal do direito romano o Corpus Iuris Civilis e traduziram em vernáculo a tradição latina em códigos nacionais de direito O código deveria agora representar o espírito do povo de uma forma escrita abalizada e acessível que submeteria seus administradores e juízes à von tade popular Apesar das diferenças de tradição e de forma do direito comum angloamericano mais particularmente sua falta de referência explícita a fontes romanas e sua resistência à codificação o século XIX foi também uma época de reforma e de lei escrita em que os dispositivos estatutários passaram a predomi nar e os registros legais e a legislação foram traduzidos do direito latino e do direito francês para uma forma do vernáculo Na parte final do século XIX o direito consuetudinário desenvol veu igualmente um sistema de interpretação também conhecido como precedente legal stare decisis de acordo com o qual decisões anteriores dos tribunais deveriam ser impostas a todos os futuros tribunais de jurisdição ampla ou local e a partir daí buscou transformar a tradição particularista da lei estabelecida como precedente em um sistema de normas conhe cidas e com força de obrigação Acompanhando a reescritura radical das dis posições legais européias do século XIX houve um movimento correspondente para elaborar os Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 414 lei detalhes de uma disciplina plenamente científi ca a respeito do predomínio legal da suprema cia da lei em oposição à supremacia de in divíduos Dentro da tradição continental essa ciência foi baseada nas faculdades de direito das universidades e nelas desenvolvida e seu pro pósito era de maneira mais ampla manter a tradição hermenêutica específica e a autoridade profissional da instituição jurídica em uma épo ca secular e revolucionária O estudo do direito deveria voltarse mais uma vez para o estudo do texto e nada além do texto sendo o currículo inteiro dos estudos jurídicos uma iniciação complexa na designação e na interpretação aba lizadas das leis escritas Perelman 1976 A autoridade da ciência jurídica reside em um conhecimento íntimo dos detalhes textuais combinado com um conhecimento bem mais clássico das máximas de procedimento e de interpretação adequadas à construção e ao argu mento legais Em termos de doutrina a letra da lei dominava todas as causas jurídicas e a ciên cia textual desse dispositivo literal era o lega do de jurisprudência do século XIX um legado mais bem expresso no POSITIVISMO JURÍDICO do século XX e na Teoria Pura do direito Dentro da tradição do direito consuetudiná rio uma herança semelhante data da segunda metade do século XIX e de seu surgimento nas universidades nas quais até 1750 o estudo erudito do direito era o estudo do direito canô nico e do direito romano O movimento para se fundar uma ciência do direito consuetudinário fora das práticas educativas desordenadas da própria profissão tomou emprestados métodos do continente europeu e se formou sobre a tradição dos tratados institucionais Cairns 1984 A tradição que surgiu foi a de uma juris prudência de manual daquilo que era chamado de leis em letras góticas O princípio subja cente a essa nova disciplina de estudo jurídico era basicamente o do empirismo Para conven cer as universidades de que o direito era um tema adequado para o estudo acadêmico em oposição ao estudo vocacional e simultanea mente convencer os membros da profissão de que ao contrário da prática tradicional o estudo jurídico acadêmico podia contribuir para a for mação de advogados competentes o direito substantivo existente tinha de ser formalizado de maneira incontroversa Twining 1986 O resultado foi uma tradição arcana porém limi tada de escrita de tratados na qual as divisões e categorias de prática jurídica existentes foram sistematizadas de forma exaustiva mas conven cional sem o desenvolvimento de uma teoria explícita sobre a lógica de classificações históricas tais como contrato delito civil direito público ou privado isso sem mencionar os direitos deveres interesses ou políticas que havia dominado de forma pragmática o desenvolvimento da tradição do direito consuetudinário Samuel 1990 O di reito devia ser compreendido como o corpo exis tente de regras substantivas de lei e nada mais uma visão bem exposta na prática dos autores de tratados e posteriormente apresentada como ju risprudência positivista na obra de HLA Hart 1961 e elaborada com algumas revisões por Ronald Dworkin 1978 A principal conseqüência teórica da tradição do século XIX foi a aceitação pela jurispru dência de uma crença metafísica implícita na unidade ou homogeneidade da ordem jurídica como um sistema de regras uma crença que evocava mais as antigas tradições do direito natural e da fé nas escrituras do que alguma ciência mais moderna Kantorowicz 1957 Definida basicamente em termos de sua fonte fosse no Código ou nas diversas enunciações abalizadas do direito consuetudinário a expo sição doutrinária do sistema legal não seria unificada por um princípio mais convincente do que a referência à coletânea de textos estatutos e relatórios jurídicos De forma não muito dife rente a sociologia do direito tendeu a aceitar a definição profissional ou científica de direito e a traduzila em uma concepção igualmente uni ficada de prática social em termos empíricos o direito era simplesmente o que os advogados faziam enquanto que em termos teóricos jul gavase que o sistema jurídico exprimia certos aspectos estruturais da ordem social fossem estas relações de propriedade produção de bens racionalidade burocrática hegemonia ideológica ou simplesmente controle social ver Renner 1904 Kamenka e Tay 1980 Uma crença implícita na competência técnica e no conhecimento profissional deixou em seu lugar a definição doutrinária do direito como um sistema de regras sancionadas unificadas por referência a fontes exclusivamente jurídicas Se por um lado a teoria social podia esforçarse por ligar as normas jurídicas a circunstâncias his tóricas ou políticas por examinar os interesses sociais subjacentes a áreas específicas de regu lamentação por avaliar o impacto das normas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar lei 415 jurídicas sobre a prática social ou por criticar os preconceitos de classe ou de gênero nas regras jurídicas a autoevidência de um sistema jurí dico unitário raramente foi contestada Hunt 1978 Teorias sociológicas do direito mais re centes continuam timidamente a tentar descre ver uma sistemática do direito firmada no con ceito de um sistema jurídico autoreferencial ou autocriativo Em suma a noção de uma fonte absoluta do direito herdada da tradição clássica e traduzida em teorias jurisprudentes sobre a soberania da legislatura ou do povo permane ceu e em certo grau permanece no lugar na teoria do direito o rei ainda precisa ser decapi tado Foucault 1975 O rompimento do paradigma doutrinário do direito na teoria jurídica recente tem sido um produto da influência de tendências teóricas externas aos estudos jurídicos mais especi almente na antropologia na lingüística na crí tica literária na semiótica e na filosofia Dentro da tradição angloamericana essa influência teórica tem sido quase que exclusivamente uma tradução a partir de fontes do continente euro peu Em termos filosóficos um ressurgimento do interesse pelo pragmatismo levou das pri meiras e limitadas obras dos realistas jurídicos norteamericanos passando pelo ressurgimen to da retórica jurídica no continente a teses sobre a indeterminação de normas lingüísticas e jurísticas que se encontram atualmente as sociadas ao pósestruturalismo e à descons trução ver MODERNISMO E PÓSMODERNISMO A primeira figura importante a exercer influência no sentido dessa mudança de paradigma foi sem dúvida Foucault em seu importante es tudo histórico Vigiar e punir 1975 O principal impacto dessa obra sobre a jurisprudência re side na perspicácia de conceitualizar o direito como parte integrante de um conjunto muito mais amplo de formas institucionais de norma tização que abrangia o asilo o hospital a escola a fábrica e a prisão como formas variantes de discurso disciplinar ou como ele mais tarde veio a chamar de governamentalidade Rose 1989 Em termos mais literários a obra grama tológica de Jacques Derrida e a dos feminismos franceses por ele influenciados bem como em particular a elaboração do conceito de descons trução levaram a um ceticismo mais amplo com respeito à construção profissional de um texto jurídico hermético distinto do jogo de aspectos intertextuais Para o movimento críti co dos estudos jurídicos que teve origem no continente europeu nos anos 60 como critique du droit e na América do Norte no início dos anos 70 como a conferência crítica de estudos jurídicos a referência metafisicamente deter minada dos termos jurídicos e as pretensões doutrinárias mais gerais quanto à objetividade da regulamentação textual e do conhecimento jurídico viriam a ser criticadas como compo nentes de um paradigma antiquado e hoje ex tinto da verdade jurídica No lugar da ciência positivista do direito ou de sistemáticas legais a erudição jurídica con temporânea concentrase em reconstruções his tóricas e particulares de áreas substantivas da regulamentação da lei e daquilo que se designa como direito informal a saber o exercício do controle normativo em áreas concebidas tradi cionalmente como fora do domínio da regula mentação legal formal No domínio da teoria a jurisprudência se abriu em grau considerável ao esforço de investigação de outras disciplinas em particular da antropologia da história da lingüística da contabilidade da geografia e da semiótica como intrínsecas ao estudo de áreas substantivas da regulamentação jurídica Assim também outras disciplinas passaram a estudar o direito tanto como regulamentação positiva quanto como a injunção derivada do lugar do pai Em termos substantivos o rompimento do paradigma unitário da ordem legal acompanha mudanças significativas nos domínios e nas formas de procedimento da regulamentação le gal contemporânea Ao mesmo tempo que seria impossível relacionar todos os parâmetros do crescimento e da correspondente fragmentação das áreas e formas substantivas de intervenção legal certas observações gerais podem ser to madas como indicativas A tendência principal da regulamentação legal nas jurisdições industrializadas tem sido o crescimento do direito público O século pas sado foi a era do direito estatutário e a principal característica substantiva desse direito era bu rocrática e reguladora As novas áreas de direito público que se desenvolveram em grande parte de maneira informal em reação à intervenção do estado nos âmbitos público e privado do social são imensas Numa ordem conceitual frouxa a primeira área dessa invenção jurídica foi o desenvolvimento do direito administrativo e da categoria jurídica da revisão judicial atra vés do que os tribunais criaram o poder de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 416 lei decidir judicialmente sobre a racionalidade de uma ação administrativa Anterior ou simulta neamente a esse desenvolvimento houve toda uma série de inovações legislativas criando uma variedade de regulamentações estatutárias e organismos de controle da segurança na fábri ca da remuneração dos operários da saúde pública da proteção ao meio ambiente da esco laridade e do policiamento Essa tendência à garantia social através do direito público assis tiu mais tarde à emergência de organismos de controle estatutário de relações sexuais rela ções raciais promoção do bemestar relações industriais lesões criminosas danos à proprie dade indenizações por acidentes automobilís ticos serviços ou utilidades públicas transporte aéreo indústria de diversões e ainda outras incursões ao direito privado regulamentando relações contratuais lesões nãocriminosas propriedade privada e padrões comerciais Em certo sentido essa nova forma reguladora do direito evocada apenas ligeiramente na rela ção acima era uma politização direta de padrões tradicionais de regulamentação legal Não apenas os tribunais deviam julgar sobre a arbitrariedade ou não de praticamente todas as formas de relações individuais com o estado como todos os mecanismos da lei que presidiam tais decisões eram com maior freqüência o produto de uma legislação delegada o que sig nifica regras criadas internamente por departa mentos do governo ou organismos semigover namentais Com o papel cada vez mais ativo dos tribu nais numa ampla variedade de áreas controver tidas das relações sociais foise tornando cada vez mais difícil manter a visão científica tradi cional de que o direito estava de certa forma livre do discurso político ou de outras formas de discurso Tendo em vista também o vasto âmbito dos domínios substantivos de interven ção legal da negociação de um divórcio ao julgamento de litígios industriais a noção de unidade formal do direito foi igualmente abs traída a partir da experiência da prática legal O fato de que a teoria social devia agora explicar a regulamentação legal em termos de um amál gama de discursos normativos rivais e de fun ções amplamente políticoadministrativas em determinado nível simplesmente reflete o cres cimento de um direito público substancialmen te preocupado com o controle demográfico e atuarial das populações Isso tem também a interessante conseqüência de que mesmo den tro dos limites tradicionais da jurisprudência as formas clássicas de discurso legal estão cada vez mais subordinadas a formas de especia lização psicológica médica atuarial política e econômica sendo esses os discursos que in fluenciam diretamente os temas substantivos da intervenção legal Ewald 1986 Resta concluir que essa inversão da ordem dos discursos tem colocado em jogo toda uma variedade de teorias sobre o fim do direito Com toda a certeza se por direito queremos referir nos aos procedimentos tradicionais de clas sificação temática de acordo com fontes legais de validade então a forma de regulamentação jurídica ou de supremacia da lei característica do Iluminismo já morreu A verdade sociológi ca é que toda uma variedade de tipos formais e informais de controle normativo e de solução de litígios é muito mais vantajosa e de maior significação social do que o recurso aos tribu nais que é desgastante caro e consome um tempo infinito O boicote econômico por exemplo é de significado prático bem maior em termos das relações comerciais multinacio nais do que as leis de contratos jamais foram ou puderam ser A crença no direito para vol tarmos ao nosso ponto de partida deve ser compreendida hoje como crença na razão in dustrial e no dogmatismo da regulamentação econômica Legendre 1988 O que resta dos procedimentos classificatórios jurídicos tradi cionais é uma série disparatada de formas prag maticamente orientadas de intervenção legal em discursos e práticas nos quais o direito for mal está subordinado a formas mais amplas de regulamentação e manipulação econômica geopolítica e discursiva Em outras palavras o direito não mais reside em seus hábitos discur sivos tradicionais Se o direito é definido em termos de injunção absoluta isto é em termos da fidelidade das coisas ao seu lugar então deverá ser encontrado naqueles discursos ins titucionais da verdade responsáveis pela políti ca demográfica e pelo controle atuarial Leitura sugerida Cairns John 1984 Blackstone an English Institutist Oxford Journal of Legal Studies 4 318 Dworkin R 1978 Taking Rights Seriously Ewald François 1986 LÉtat Providence Foucault Michel 1975 Surveiller et punir Goodrich Peter 1990 Languages of Law from Logics of Memory to Nomadic Masks Hart HLA 1961 The Concept of Law Hunt Alan 1978 The Sociological Movement in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar lei 417 Law Kamenka Eugene e Tay Alice ErhSoon 1980 Socialism anarchism and law In Law and Society the Crisis in Legal Ideals org por Kamenka et al Kantorowicz Ernst 1957 The Kings Two Bodies Legendre Pierre 1988 Le désir politique de Dieu étude sur les montages de létat et du droit Perelman Chaim 1976 Logique juridique nouvelle rhétorique Renner Karl 1904 1949 The Institutions of Private Law and their Social Functions org com introdução e notas de Otto KahnFreund Rose N 1989 Gover nance of the Soul Samuel Geoffrey 1990 Science law and history Northern Ireland Legal Quarterly 41 121 Twining William 1986 Legal Theory and Com mon Law Watson Alan 1981 The Civil Law Tradi tion PETER GOODRICH leninismo Essa expressão referese tanto às idéias de VI Lenin fundador e teórico do bol chevismo russo quanto às inúmeras organi zações e grupos que têm pretendido possuir direito sobre elas e que têm sido por elas ins pirados Essa dupla referência marcou o leni nismo com uma ambigüidade particular Como o pensamento de um homem foi um corpo de idéias e de obras em desenvolvimento adaptá vel a diferentes circunstâncias e à luz de neces sidades e preocupações políticas cambiantes Como setor organizado do socialismo interna cional por outro lado muitas vezes se enrijeceu na forma de uma doutrina sectária inflexível e de uma prática rígida Isso tem acontecido es pecialmente onde ele se junta ao seu ismo paterno na dupla marxismoleninismo significando geralmente uma continuidade que remonta a Lenin através do STALINISMO Mas isso também tem sido válido às vezes para grupos politicamente opostos ao stalinismo ver TROTSKISMO Em seu primeiro sentido o leninismo se desenvolveu necessariamente através de um processo de permanente acréscimo à medida que Lenin ia enfrentando os problemas do mo vimento socialista na Rússia Desde um primei ro estágio seu nome ficou ligado a uma aborda gem característica das questões de organização partidária e do relacionamento partidoclasse Isso logo se fundiu com a visão estratégica de uma projetada revolução russa caracterizada por um certo paradoxo interno Mais tarde à beira da guerra mundial Lenin propôs uma visão do capitalismo moderno que iria contri buir em 1917 para alterar aquela primeira e paradoxal concepção Também delineou uma teoria do estado capitalista do meio necessário da revolução socialista contra ele e do tipo de instituições de transição que concebia no cami nho para uma sociedade sem classes O pensamento de Lenin sobre a organização revolucionária tomou forma nos primeiros anos do século em conexão com a campanha do jornal Iskra para fundar um partido russo unifi cado e com a ruptura que então dividiu esse partido ainda nascente nas facções bolchevique e menchevique A visão que Lenin tinha do tipo de partido necessário era de uma organização centralizada tendo em seu núcleo um grupo de revolucionários profissionais e de tempo inte gral cuja formação teórica e treinamento políti co permitiriam ao partido agir como vanguarda da classe operária Essa visão elaborada em Que fazer 1902 e Um passo à frente dois passos para trás 1904 foi explicada e defen dida em termos de quatro teses principais Primeiro o partido devia ser guiado pela teoria mais avançada conforme Lenin escre veu Sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário Segundo os im pulsos e esforços espontâneos das massas da classe operária não produziriam por si próprios uma consciência revolucionária de classe de vendo permanecer inevitavelmente confinados nos limites sindicais Terceiro a consciência socialista só podia ser trazida para a luta dos operários a partir de fora Lenin deu a essa tese dois significados diferentes a fonte da teoria socialista afirmou era um setor da intelligent sia burguesa e o verdadeiro âmbito dessa teoria era muito mais amplo que a perspectiva do sindicalismo implicando uma apreensão geral das relações da sociedade burguesa particular mente como enfocadas através do estado Quar to a fim de realizar essa tarefa o partido preci sava ser centralizado e disciplinado Os mem bros individualmente deviam estar submeti dos às decisões democráticas da organização e as seções locais e outros organismos coordena dos pela liderança central em alinhamento com um programa de ação convencionado Essas normas vieram mais tarde ser conhecidas sob a rubrica do centralismo democrático Não há dúvida de que algumas das ênfases de Lenin se deveram ao contexto político e polêmico particular Ele próprio posterior mente reconheceu isso A tese a respeito dos limites sindicais da espontaneidade proletária e seus argumentos em favor de um partido mais estreito clandestino viriam a se modificar em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 418 leninismo tempos mais revolucionários Esse conjunto de teses de qualquer forma fez surgir julgamentos grandemente diversos com respeito à significa ção do projeto leninista original Seria simples mente uma tentativa de fornecer um enfoque organizacional e uma direção ao axiomático objetivo marxista da autoemancipação prole tária criando um efetivo partido da classe operária sua própria ferramenta de análise crí tica e luta Ou seria antes um projeto de tute lagem o partido aquilo em que tantos preten sos partidos leninistas viriam a se transformar como o árbitro final da verdade marxista e essa vanguarda da classe na verdade uma elite disposta a tomar o poder para si própria em nome da classe Mais uma vez seria o projeto em uma interpretação intermediária de ambição saudável libertadora mas portador também de potenciais mais negativos que aca bariam prevalecendo Tudo isso fez parte de uma discussão mais ampla ao longo do século XX até que ponto o leninismo foi o responsável por Stalin e pelo stalinismo Com a visão leninista do partido um dos dois principais pilares do início do bolchevismo estava colocado no lugar O outro foi moldado durante o levante de 1905 a concepção da revolução russa defendida por Lenin em Duas táticas de socialdemocracia na revolução de mocrática Em essência essa revolução segun do ele viria a ser uma revolução burguesa executada pelo proletariado em aliança com o campesinato Sua natureza burguesa era um pressuposto que ele tinha em comum com os mencheviques as principais tarefas eram lim par o terreno para o livre desenvolvimento do capitalismo e criar um estado democrático re publicano No entanto contra os menchevi ques Lenin insistia em que o proletariado e não as forças burguesas teria de liderála sendo a burguesia demasiado fraca e politicamente tímida para qualquer transformação radical completa Com base na mesma premissa Leon Trotsky por sua vez chegou à tese da REVOLU ÇÃO PERMANENTE a idéia de que os operários russos ultrapassariam os objetivos burgueses da revolução e iniciariam a transição para o socia lismo Lenin resistiu a essa idéia Nas condições russas era impossível ele pensava passar do primeiro estágio revolucionário burguêsde mocrático para o segundo proletáriosocialis ta Sua visão portanto em suma era do prole tariado tomando o poder político com o campe sinato somente para ter de entregálo no devi do tempo à burguesia Em 1917 Lenin viria a abandonar essa con cepção de dois estágios diferentes e diante da oposição de muitos bolcheviques a alegar en faticamente que uma revolução proletária es tava afinal de contas na ordem do dia Seu próprio pensamento sobre essa questão veio a coincidir com o de Trotsky Um fator que o levou a mudar de idéia foi provavelmente a análise do capitalismo mundial que ele se viu impelido a realizar pelo deflagrar da guerra Em Imperialismo o último estágio do capitalismo 1916 afirmou que a ordem capitalista con temporânea era marcada pelo domínio de gran des monopólios a fusão do capital bancário e industrial e uma feroz competição territorial entre as maiores potências capitalistas por par tes do globo levadas pela necessidade de ga rantir um campo para a exportação de capital Nessa perspectiva de um sistema internacional sacudido pela instabilidade competitiva pela guerra e pela crise a revolução russa era agora vista por Lenin como uma ruptura da corrente capitalista no seu elo mais fraco a primeira de uma série de revoluções proletárias em uma luta global pelo socialismo No entanto onde o leninismo do próprio Lenin conseguiu acomo dar uma mudança de idéia tão significativa os marxismosleninismos derivativos posteriores fizeram tudo que puderam para obscurecêla Preocupada em fazer com que Lenin estivesse certo a respeito de tudo a tradição leninista stalinizada congelou os seus pontos de vista incluindo os que ele havia deixado para trás em uma unidade rígida tal como ergueu estátuas do homem e até lhe embalsamou o cadáver A guerra mundial e a revolução na Rússia induziram a uma reconsideração mais geral por parte de Lenin Isso implicou uma crítica ao marxismo ortodoxo de Karl Kaustsky a qual simbolizou o racha histórico que então se abria entre a socialdemocracia e o movimento co munista mundial em que o bolchevismo e seu apoio internacional logo se transformariam ver COMUNISMO SOCIALISMO A crítica de Lenin concentrouse em afirmações enfáticas a res peito da natureza do estado burguês e da ordem transicional a ditadura do proletariado que deveria substituílo Uma efetiva estratégia socialista afirmou ele em Estado e revolução 1917 não podia basearse em uma simples tomada das instituições do estado burguês exis Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar leninismo 419 tente Antes estas deviam ser destruídas e algo radicalmente diferente ser criado em seu lugar Pois o estado representativoparlamentar e sua máquina executiva praticamente excluíam a classe operária da influência do poder enquanto o socialismo por sua própria natureza exigia para a sua construção instituições muito mais diretamente democráticas do tipo dos conse lhos operários Essa era a concepção de Le nin do governo proletário a de um estado de um novo tipo mais democrático que qual quer outro antes dele uma democracia ativa participativa para as massas operárias Se seus pontos de vista sobre a organização do partido foram muitas vezes encarados como elitistas a argumentação de Estado e revolução em contraste é às vezes tida como próxima de um tipo de anarquismo embora Lenin mais tarde viesse a se opor vigorosamente dentro da Internacional Comunista à visão de estilo anar quista dos chamados comunistas esquerdis tas segundo a qual a classe operária e suas organizações deviam absterse totalmente da participação na política parlamentar mesmo em circunstâncias nãorevolucionárias De qualquer forma o espírito democrático participativo do panfleto de Lenin escrito na véspera da revolução bolchevique viuse rapi damente submetido a todas as pressões com que se defrontava o novo regime no poder da guerra civil da intervenção estrangeira do desloca mento econômico e social da oposição política e do descontentamento Nessa situação o go verno bolchevique sob a orientação de Lenin começou a se fechar em um monopólio auto crático do poder Outros partidos foram bani dos alguns mas não todos em revolta aberta e violenta contra a nova ordem política As fac ções dentro do próprio partido de Lenin foram então proibidas o que nunca havia ocorrido até então Se essas medidas eram apenas expe dientes temporários e desesperados ou se em vez disso estavam perfeitamente em harmonia com a lógica substitucionista do projeto le ninista isso mais uma vez faz parte da discussão de décadas a respeito da relação entre leninismo e stalinismo O fato de o leninismo no poder ter lançado algumas das bases para a ascensão de Stalin é algo que não se pode negar com facilidade Ele o fez institucionalmente ainda que sob intensa pressão ao eliminar os possíveis espaços de um pluralismo político E o fez também doutrina riamente transformando a necessidade em virtude como na famosa frase de Rosa Luxem burgo camuflando em polêmica autojus tificativa a diferença entre governo proletário e do partido Mas igualmente o fato de o próprio Lenin não ter sido capaz de continuar com isso muito menos de presidir a isso o que transpirou com o triunfo de Stalin também ficou absolutamente claro Pouco antes de mor rer Lenin ficou alarmado com as formas de poder arbitrário em processo de desenvolvi mento à sua volta buscou controlálas e conse guir que Stalin em particular fosse removido da forte posição de influência que havia alcan çado O esforço veio tarde demais e foi em vão Hoje em dia as estátuas de Lenin estão sendo derrubadas naquilo que foram as terras do mar xismoleninismo Faz parte da complexa rea lidade que evoluiu sob o rótulo derivado de seu nome e é uma ironia pouco observada nos comentários recentes o fato de que o próprio Lenin só poderia ter aplaudido a sua derrubada uma renúncia ao culto enrijecido e autoritário em que foram transformados o seu projeto re volucionário e a sua modesta pessoa individual Qualquer que pudesse ser o seu julgamento a respeito dos eventos relacionados o seu aplau so à derrubada dessas estátuas pelo menos parece uma certeza bastante razoável Leitura sugerida Carr EH 1950 1966 The Bolshe vik Revolution 19171923 vol1 p15111 Colletti L 1972 From Rousseau to Lenin p21927 Harding N 1977 1981 1982 Lenins Political Thought 2 vols reunidos Lenin VI 196070 Collected Works Lewin M 1967 Le dernier combat de Lénine Lieb man M 1973 Le léninisme sous Lénine Luxembur go R 1970 Organizational questions of Russian so cial democracy In Rosa Luxemburg Speaks org por MA Waters p11430 Ο 1970 The Russian revolu tion In Rosa Luxemburg Speaks org por MAWaters p36795 Mandel E 1977 The Leninist theory of organization In Revolution and Class Struggle a Rea der in Marxism Politics org por R Blackburn p78 135 Meyer AG 1962 Leninism Miliband R 1983 Class Power and State Power p15466 NORMAN GERAS liberalismo A doutrina política conhecida como liberalismo afirma que o propósito do estado como associação de indivíduos indepen dentes é facilitar os projetos ou a felicidade dos seus membros Os estados não devem im por os seus próprios projetos Tal como seu parceiro doutrinário o CONSERVADORISMO o li Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 420 liberalismo beralismo é uma versão da tradição política ocidental e ambos os termos são empregados de forma um tanto confusa em sentido tanto genérico quanto específico Em sentido genérico liberalismo refere se a toda a moderna tradição ocidental de pen samento e comportamento em contraste com as tradicionais formas de ordem encontradas na Ásia e na África Críticos do mundo ocidental moderno como os marxistas ou vários tipos de fundamentalistas religiosos atacam o liberalis mo como o aspecto doutrinário do capitalismo Liberalismo nesse sentido referese à liberta ção dos desejos de um indivíduo e de muitas das restrições de uma ordem tradicional Mas den tro da efetiva política da Europa e da América liberalismo referese a um conjunto específico de idéias que de tempos em tempos destacam seus adeptos dos conservadores e dos socialis tas Exatamente o que constitui essa forma es pecífica de liberalismo muda de uma geração para a seguinte No século XIX por exemplo o liberalismo incorporou idéias como o livre comércio a democracia e a autodeterminação nacional Perto do final desse século no entan to surgiu um novo liberalismo enfatizando que o estado devia ser responsável por suprir as necessidades materiais dos pobres de forma que estes pudessem exercer de maneira mais efetiva a liberdade de que deveriam desfrutar Essa mediação rumo ao socialismo era eviden temente incompatível com o estado mínimo que muitos dos primeiros liberais haviam con cebido como a única garantia de liberdade Esse liberalismo clássico de meados do século XIX foi vigorosamente revivido durante os anos 70 e em geral encontrou abrigo em partidos que se autoclassificavam como conservadores Deve ficar claro que qualquer tentativa de definir liberalismo é como buscar um alvo mó vel O significado de liberalismo muda não apenas com o seu nível de abstração e com o passar do tempo mas também de país a país O anticlericalismo por exemplo foi um impor tante componente do liberalismo francês do século XIX enquanto que o sentimento antire ligioso foi na melhor das hipóteses intermi tente na GrãBretanha e na América do Norte Todas essas ênfases mudam constantemente A história das idéias liberais A palavra liberalismo que hoje conhe cemos entrou na política britânica vinda da Espanha e da França na década de 1830 quan do se tornou corrente a maioria dos rótulos da política moderna Ela descrevia o velho Partido Whig cujas raízes remontavam ao republica nismo clássico do século XVII A fluidez dessas idéias políticas pode ser ilustrada a partir do apelo de Edmund Burke na década de 1790 dos novos whigs simpáticos às doutrinas francesas dos direitos naturais aos velhos whigs que se pautavam na visão de Burke pela tradição do acordo de 1688 A fundamen tação doutrinária de Burke para o pensamento conservador britânico revela bastante a respeito dos aspectos em que ele se distingue do libera lismo Ele concordava em que a sociedade era um contrato mas rapidamente dissolveu os efe tivos contratos dos homens racionais no gran de contrato primevo da sociedade eterna que deixava muito menos ao ativo arbítrio destes Os liberais em contraste mostramse mais dis postos a adotar as regras e disposições de uma associação civil de forma a estar de acordo com o que atualmente se considera racional Confor me as palavras de Tom Paine crítico e contem porâneo de Burke nenhuma geração tem o direito de comprometer suas sucessoras Em suas versões de CONTRATO SOCIAL o li beralismo explorou toda uma esfera de escolhas privadas incluindo a consciência a opinião e a família que os governos não devem invadir Muitos desses temas tornaramse explícitos na Reforma protestante do século XVI e uma certa tensão entre liberalismo e catolicismo foi um aspecto reconhecido da vida política até as úl timas décadas do século XX Uma expressão clássica dessa atitude é a censura de John Mil ton em Areopagitica 1644 ao domínio moral de seus rebanhos por parte dos padres católicos Mas há muito ficou geralmente convencionado que os princípios essenciais do liberalismo fo ram expressos pela primeira vez no Second Treatise of Government 1690 de John Locke Nessa obra Locke afirma que o governo é uma espécie de custódia estabelecida por indivíduos que se juntaram para formar uma sociedade cujo sentido é garantir a ordem e proteger a proprie dade Propriedade para esses fins inclui vida liberdade e posses e seu gerenciamento é um dever a nós imposto por Deus Os governos exer cem sua prerrogativa de acordo com a lei e os contornos mais amplos de seus deveres e seus limites são dados pelo que a razão nos diz a respeito da natureza humana e dos direitos natu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar liberalismo 421 rais A autoridade resulta da aquiescência do governado e o povo tem o direito como último recurso de derrubar o governante que viole essas condições O Second Treatise de Locke foi uma obra altamente partidária disfarçada de argumenta ção filosófica e os historiadores das idéias hoje acreditam que identificála com a doutrina mui to posterior do liberalismo é praticar história ao estilo dos whigs no qual os personagens his tóricos são compreendidos como animados por idéias de liberdade que só emergiriam em um período posterior Um problema ainda mais sério é que o lugar central designado à lei natural na argumentação de Locke limitava se veramente o âmbito da divergência política possível Mas é da essência de uma sociedade liberal caracterizarse por uma divergência bá sica a respeito de todas as questões substantivas A partir desse ponto de vista o pensamento de Thomas Hobbes descartado por muitos críticos posteriores como absolutista na verdade vir tualmente totalitário começa a nos dizer um pouco mais a respeito do liberalismo A questão central é que o Leviatã 1651 de Hobbes leva profundamente a sério o fato da divergência entre os membros de um estado moderno Tal divergência ameaça as associa ções humanas de violência e rompimento re sultado que só pode ser evitado investindose autoridade em um soberano cujas decisões em questões de lei e negócios públicos incluindo doutrina pública devem ser encaradas como conclusivas Em vez de basear o estado na razão como fez Locke Hobbes apoiouse na autoridade O súdito de um estado moderno está preso a regras que ele pode achar que não são racionais nem desejáveis e sua liberdade se encontra nas áreas que Hobbes assume serem um continente imenso a cujo respeito a lei se cala O pensamento liberal posterior enfatizou o fato de que é o caráter lógico das regras que são abstratas e hipotéticas que facilita a liberdade Tais modificações adverbiais de comportamento para usar uma metáfora ade quada que tem origem em Michael Oakeshott dão oportunidade para o engenho e a imagina ção na busca dos desejos As leis restringem as ações mas não as impõem nem as dominam O segredo do dinamismo dos estados liberais modernos reside em um contínuo diálogo entre um governo legislador e uma cidadania recep tiva guiada por um conjunto de regras abs tratas O próprio Hobbes comparou as leis às cercas e aos muros que impedem as pessoas de vagar pela propriedade privada Conforme ob servou Oakeshott sem ser ele próprio um li beral Hobbes tinha em si mais da filosofia do liberalismo do que a maioria dos seu professos defensores A concepção liberal da vida política A essência do liberalismo reside em seu reconhecimento do desejo individual como fato básico de uma associação civil moderna Não há valores ou normas preponderantes a que o homem esteja completa e permanentemente obrigado Mas essa forma é freqüentemente mal compreendida Não se deve pensar por exem plo que um desejo é o mesmo que um impulso uma inclinação ou um capricho O desejo do pensamento liberal tal como a felicidade dos teóricos utilitários ver UTILITARISMO é alta mente racionalizado A identidade da pessoa no pensamento liberal deve ser descoberta não em algum aspecto natural como raça ou classe nem em algum relacionamento social como status ou condição mas em uma estrutura de desejos coerentes ou racionalizados Somente uma pessoa assim pode ser considerada res ponsável por suas ações Tais formulações in dicam é claro que cada indivíduo em um es tado liberal é um paradigma de autocriação Todos os estados existentes é claro estão im pregnados por uma tessitura viva de sentimen tos patrióticos e ligações morais e religiosas herdadas do passado O avanço do liberalismo no entanto reduziu a condição de autoridade das religiões e abriu as ligações patrióticas à concorrência das ligações universalistas e cos mopolitas Essa dissolução de ligações herda das que segundo os conservadores geralmente afirmam no futuro irá mostrarse fatal para as modernas sociedades ocidentais baseouse em grande parte no crescimento das sociedades modernas como economias nas quais todos os membros em vez dos tradicionais cabeças de família do passado participam do que Adam Smith chamou de troca permuta e intercâm bio De fato uma das versões mais convin centes do liberalismo a proposta por FA Hayek 1960 consiste em uma alegação de que a economia deveria em substância estar fora do âmbito da interferência política Os críticos do liberalismo geralmente o acu sam de falsear a realidade social e política Tal Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 422 liberalismo crítica com freqüência se baseia em um equívo co A ênfase individualista da teoria do contrato social por exemplo é amiúde atacada como uma forma de atomismo que não reconhece ser o homem um animal social Quando o cidadão de um estado liberal é caracterizado como bur guês por exemplo nas doutrinas marxistas em geral é concebido como isolado e em confli to com seus companheiros Na verdade a teoria liberal não tem nenhuma dificuldade em reco nhecer as relações sociais e um dos aspectos das sociedades liberais que mais impressionam é a criatividade flexível e fluente de sua coope ração social da qual a famosa pletora de associações voluntárias nas sociedades anglo saxônicas é um bom exemplo Mais uma vez a semelhança entre o individualismo liberal e a teoria das relações econômicas racionais levou alguns críticos a concluir que o egoísmo e a ambição estão na base das sociedades liberais Essa confusão entre o egoísmo que é uma falha moral e o autointeresse que é um critério formal de comportamento racional é ao mesmo tempo comum e perniciosa A melhor maneira de refutála é destacar o fato de que tanto no nível individual quanto no governamental as sociedades liberais sempre foram entre todos os grupos da história as mais espetacularmente inclinadas a fazer donativos aos menos afortu nados As reais deficiências do pensamento liberal só surgem quando ele desemboca em uma es pécie de racionalismo que presume terem todos os seres humanos o mesmo caráter racionali zante Os autores do final do século XIX cujo liberalismo foi fermentado pelo vinho inebrian te do progresso iriam descobrir que a natureza humana no século XX os decepcionaria ter rivelmente O zelo religioso ideológico levou a conflitos ferozes que muitos liberais acharam e em geral ainda acham difíceis de compreen der Desdobramentos recentes O liberalismo foi um dos maiores beneficiá rios da retomada do pensamento político nor mativo a partir dos anos 60 As duas idéias morais básicas em termos das quais o liberalis mo é elucidado a dos direitos e a da utilidade foram engenhosamente desenvolvidas A ênfase liberal na escolha racional ver ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA fez reviver a conhecida questão do contrato social como podem tais criaturas gerar bens públicos Como podem ser motivadas a se comportar de forma comunitá ria se não é de seu interesse particular fazêlo Uma enorme literatura técnica nessa área tem se concentrado no dilema do prisioneiro e ou tras formas de teoria dos jogos A idéia de escolher princípios sociais básicos por trás de um véu de ignorância em A Theory of Jus tice de John Rawls 1971 tenta determinar uma estrutura de regras constitucionais inde pendentemente da parcialidade que ao que se presume exibimos na efetiva vida social e po lítica Nesses termos um estado liberal surge como o que é indiferente ou neutro entre os projetos e opiniões específicos preferidos por seus membros Essa idéia de procedimento do liberalismo foi recentemente expressa em termos da prioridade do certo sobre o bom Os problemas explorados nessa literatura filosófica são acadêmicos no sentido de que as sociedades liberaldemocráticas para dizer a verdade funcionam e de fato funcionam muito bem Mas os críticos geralmente afirmam que a liberdade e a neutralidade que os liberais alegam existir em seu estado são ilusórias É por certo verdade que os crentes religiosos inteira mente convencidos de que somente eles são os donos da verdade das coisas podem muito bem achar o pluralismo de uma sociedade liberal intolerável e na verdade a conseqüência de séculos de tal controvérsia na maioria das igre jas cristãs foi induzir a um ecumenismo tole rante que em geral abandona no nível da crença revelada literal a pretensão à verdade É assim provável que a discussão acadêmica sobre o liberalismo conclua que no fim do caminho li beral o que se encontra é o niilismo enquanto alguns sociólogos argumentaram que a ênfase liberal na liberdade é um ácido que dissolve os laços invisíveis por meio dos quais se mantém a ordem social Daniel Bell 1979 por exem plo afirmou que as sociedades capitalistas mo dernas exigem tanto uma ética protestante aus tera e parcimoniosa na área da produção quanto uma atitude hedonista para com o consumo uma propensão tende a destruir a outra Essas explorações dos meandros do perigo porém podem muito bem ser consideradas co mo parte da riqueza de recursos das modernas sociedades liberais que com certeza vivem pe rigosamente mas até agora têm demonstrado uma capacidade considerável para fazer ajustes que as salvarão do desastre É claro que não Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar liberalismo 423 existe garantia de que tudo isso vá continuar Mas esse perigo do ponto de vista liberal é um inevitável aspecto da aventura da modernidade Leitura sugerida Barry Norman P 1980 1986 On Classical Liberalism and Libertarianism Bell Daniel 1979 The Cultural Contradictions of Capitalism Gray John 1989 Liberalism Haakonssen Knud org 1988 Traditions of Liberalism Hayek FA 1960 The Constitution of Liberty Hobbes T 1651 1973 Leviathan Locke John 1690 1960 Two Treatises of Government org por Peter Laslett Mill John Stuart 1859 1991 On Liberty and Other Essays org por John Gray Milton John 1644 1925 Areopagitica In Miltons Prose a Selection Nozick R 1974 Anar chy State and Utopia Oakeshott Michael 1975 1991 On Human Conduct Ο 1975 Hobbes on Civil Association Rawls John 1971 A Theory of Justice Sandel M 1982 Liberalism and the Limits of Justice KENNETH R MINOGUE liberdade Este é um conceito que foi inter pretado de diversas maneiras em doutrinas so ciais extremamente variadas Uma distinção inicial pode ser feita entre o que se chamou de concepções negativa e positiva de liberda de individual Em seu sentido negativo liber dade significa a ausência de restrição desne cessária ou danos Lewis 1832 p154 ou de maneira mais ampla da interferência delibe rada de outros seres humanos em uma área em que não fosse isso eu poderia atuar Berlin 1958 p122 e disso se segue que a liberdade é maior onde existe menos restrição ou interfe rência Esse é o sentido básico em que a liber dade acima de tudo vis à vis os governos foi compreendida por pensadores liberais como JS Mill e Alexis de Tocqueville no século XIX e por seus sucessores no século XX Todos eles reconheceram porém que algumas res trições estabelecidas principalmente pela lei são necessárias no interesse da coesão da jus tiça e de outros valores sociais embora tenham divergido enormemente em seus pontos de vista a respeito de quanta restrição é necessária ou tolerável e os atuais libertários como Hayek 19739 defendem vigorosamente uma severa redução da legislação restritiva e das atividades do governo O sentido positivo de liberdade foi defen dido por Lewis p1512 como significando a posse de direitos cujo desfrute é benéfico para aquele que os possui e essa formulação tem uma ressonância bastante moderna pois dis cussões recentes sobre liberdade positiva têm invocado com freqüência a noção de CIDADA NIA implicando o estabelecimento de um amplo âmbito de direitos civis políticos e sociais O crescimento da liberdade é portanto concebido como uma evolução da cidadania Subjacente a tal concepção encontrase o ponto de vista de que se a liberdade não deve ser meramente uma noção abstrata e vazia então devem existir condições nas quais os indivíduos possam efe tivamente exercer sua liberdade a fim de alcan çarem o grau máximo de autorealização e au tocomando de que forem capazes Em relação a essas questões existe ainda uma distinção a ser feita entre liberdade in dividual e o que pode ser chamado de liberdade coletiva Os movimentos de libertação ou in dependência nacional os movimentos de clas se os movimentos das mulheres e outros bus cam garantir maior liberdade em um sentido específico para categorias inteiras de pessoas embora isso é claro esteja relacionado à conse cução de certos tipos de liberdade individual Tais fenômenos tornam evidente o fato de que liberdade em seu sentido mais universal de pende de um complexo de instituições sociais o qual constitui um tipo particular de ordem social Os seres humanos não nascem livres nascem dentro de uma rede preexistente de relacionamentos sociais como súditos de um império ou membros de uma tribo ou nação de uma casta ou classe de um gênero de uma comunidade religiosa e os limites de sua liber dade são condicionados por essas circunstân cias Mas não são totalmente determinados por isso pois indivíduos e grupos podem lutar e de fato lutam por maior liberdade com mais suces so na medida em que as forças produtivas hu manas e a riqueza da sociedade aumentam Nas sociedades modernas e particularmente no sé culo XX houve sem dúvida apesar de inúme ros movimentos retrógrados uma considerável ampliação da liberdade como resultado da aqui sição de direitos civis políticos e sociais em uma escala muito mais ampla Esses ganhos são o resultado de muitas lutas coletivas pelo su frágio universal pelos direitos econômicos e sociais das mulheres pela libertação do domí nio colonial e de várias formas de ditadura política Mas é possível também afirmar que a exten são dos direitos sociais em particular nos mo dernos estados democráticos de bemestar foi atingida ao custo de uma intervenção e uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 424 liberdade regulação governamental grandemente amplia das bem como do crescimento da burocracia que constituem em si mesmos novas limitações à liberdade do indivíduo Uma fonte principal para esses pontos de vista é a exposição feita por Max Weber dos processos de racionaliza ção e burocratização da vida nas sociedades industriais modernas que ele afirmou tenderem a minar a autonomia e a integridade do in divíduo ver Löwith 1932 Mommsen 1974 Essas não são porém as únicas questões que surgem ao se considerar como mudanças so ciais com intenção de promover a liberdade podem ao mesmo tempo que inicialmente atingem seus objetivos em uma esfera criar novas restrições em outras Revoluções e re formas radicais concebidas como emancipató rias levaram com freqüência a regimes ditato riais enquanto que em sociedades democráti cas existe sempre o perigo daquela tirania da maioria que Mill analisou De maneira mais geral é evidente que a liberdade de indivíduos ou grupos sempre im plica ou tem a probabilidade de implicar algu ma limitação da liberdade de outros sendo a expressão mais extrema dessa idéia a frase de JeanPaul Sartre O inferno são os outros A vida humana é necessariamente social e a liber dade pode ser mais bem concebida como um equilíbrio continuamente mutável entre as pre tensões rivais de indivíduos e grupos dentro de uma sociedade inclusiva cujas fronteiras podem também se expandir na medida em que os di reitos humanos sejam afirmados em escala glo bal Daí uma análise conceitual de liberdade necessita ser realizada dentro da estrutura de teorias sociais mais amplas em que tanto o sentido negativo de liberdade preocupado com as forças que restringem os indivíduos de modos e graus diferentes de acordo com sua posição social quanto seu sentido positivo das possibilidades de autorealização e auto comando igualmente variáveis de acordo com as circunstâncias sociais sejam examinados criticamente Leitura sugerida Berlin I 1958 1969 Two con cepts of liberty In Four Essays on Liberty Hayek FA 19739 1982 Law Legislation and Liberty Mill John Stuart 1859 1991 On Liberty In On Liberty and Other Essays Ryan A org 1979 The Idea of Freedom TOM BOTTOMORE libertação teologia da Ver TEOLOGIA DA LI BERTAÇÃO libertarianismo Afirmando que a liberdade individual é o valor político básico e a PROPRIE DADE privada a sua mais importante salvaguar da institucional essa palavra entrou em uso nos Estados Unidos da América depois da presidên cia de Franklin Delano Roosevelt 193345 cujos partidários se apropriaram da antiga pala vra liberalismo para o seu ramo de interven cionismo político e econômico Daí aqueles entre os seus oponentes que também rejeitavam o conservadorismo começaram a se chamar de libertários Encarandose como os legítimos herdeiros da tradição liberal clássica de John Locke e Adam Smith a maioria dos libertários acredita que a liberdade tem valor intrínseco segundo eles é um direito humano inalienável uma exigência da razão a condição natural do seres humanos Alguns são inspirados pelo indivi dualismo romântico do escritor Ayn Rand 1957 outros na esteira de Locke baseiam o direito à liberdade e à propriedade no princípio de que o indivíduo é dono de si próprio Alguns libertários porém defendem a liberdade em termos das boas conseqüências que dela pare cem fluir As duas posições não são mutua mente excludentes Acreditam que a liberdade é o único meio de enfrentar a diversidade de valores pontos de vista e estilos de vida in dividuais as pessoas podem concordar em dis cordar Além disso esses libertários muitos dos quais são influenciados pela ESCOLA AUS TRÍACA DE ECONOMIA ou pela ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO contrapõem que a liberdade de experimentar inovar e inevitavelmente come ter erros é um prérequisito necessário do pro gresso Outra divisão dos libertários é indicada por seus pontos de vista a respeito do governo Alguns como Murray Rothbard 1973 e David Friedman 1989 são anarquistas ou anarco capitalistas considerando o governo desneces sário ver ANARQUISMO Acreditam que os in divíduos podem pelo menos em princípio rea lizar através de colaboração voluntária todas as tarefas que são hoje exercidas pelo governo mesmo a previsão e a proteção da lei e da ordem e do dinheiro Apoiandose na moderna teoria dos preços economistas libertários produziram muitas e engenhosas soluções de livremercado Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar libertarianismo 425 para o problema dos bens públicos Outros li bertários como Robert Nozick 1974 são mi nimarquistas Segundo eles um estado mínimo limitado a proteger os direitos individuais e sustentado por impostos é necessário Todos os libertários concordam porém na oposição à redistribuição compulsória da renda em nome da justiça social Os libertários acham que a oposição à pros peridade privada em geral se origina de uma leitura equivocada da história Afirmam que as condições das classes operárias não foram pio radas pelo CAPITALISMO no início do século XIX ao contrário o capitalismo permitiu que vives sem muito mais pessoas do que teriam de ou tra forma sobrevivido Os libertários também acreditam que a Grande Depressão entre as duas guerras mundiais não é indício de nenhuma instabilidade inerente à ordem no mercado ela foi causada ou pelo menos grandemente agra vada por intervenção governamental Os liber tários assumem posições igualmente controver tidas a respeito de questões atuais o monopólio em geral mantido pelo governo é exagerado pelos inimigos da ordem no mercado os pro blemas ambientais às vezes podem ser resolvi dos através do mecanismo de preços não a ajuda ao desenvolvimento mas o livre comér cio e o fluxo irrestrito do capital permitirão às nações pobres fugir da prisão do subdesenvol vimento e assim por diante Conservadores e liberais clássicos concor dam com muitas dessas posições ver CONSER VADORISMO e LIBERALISMO Mas os liberais clás sicos como Friedrich A Hayek e Milton Fried man são capazes de conceber além das fun ções tradicionais do estado mínimo a impo sição da segurança social por exemplo uma rede de segurança ou uma renda mínima ga rantida para os mais pobres Os conservadores por outro lado se opõem à busca incessante de satisfação particular tolerada pelos libertários será que adultos permissivos podem realmente fazer o que bem entenderem uns com ou a os outros incluindo o tráfico de drogas e a pros tituição mediante apenas não violarem os di reitos de outras pessoas nesse processo Para os liberais clássicos os libertários respondem en fatizando a natureza coerciva da caridade públi ca diferentemente da particular e algumas de suas conseqüências indesejáveis porém invo luntárias No debate com os conservadores en fatizam a diferença entre aceitação e tolerância Leitura sugerida Barry Norman P 1980 1986 On Classical Liberalism and Libertarianism Block Wal ter 1976 Defending the Undefendable Friedman Da vid 1989 The Machinery of Freedom 3ªed Lepage Henri 1982 Tomorrow Capitalism Nozick Robert 1974 Anarchy State and Utopia Rand Ayn 1957 Atlas Shrugged Rothbard Murray 1973 1978 For a New Liberty the Libertarian Manifesto ed rev HANNES H GISSURARSON liderança Esta palavra corriqueira pode ser definida de forma bastante simples como a qualidade que permite a uma pessoa comandar outras Isso implica que a liderança é acima de tudo uma relação mútua entre líder e liderado indivíduo e grupo A palavra também indica ação O líder e o grupo fazem alguma coisa juntos Por fim liderança é evidentemente uma relação baseada em aquiescência não em coer ção o ladrão que aponta o revólver para as costas de uma pessoa não é líder desta Seguese então que uma investigação da liderança exige as percepções da teoria social e psicológica e é prérequisito para uma plena apreciação dos modos pelos quais se detém se legitima e se exerce o poder No entanto apesar da aparente simplicidade e fertilidade do quadro básico de definição ou talvez devido a isso o estudo da liderança embora volumoso tem sido marcado por gran de controvérsia e pouca concordância tanto que um conhecido comentarista concluiu com desânimo que o conceito de liderança como o de inteligência geral perdeu em grande parte o seu valor para as ciências sociais Gibb 1968 p91 Não obstante o tópico continua a fascinar os pensadores sociais e estimulou dois modos rivais de abordagem Os estudos clássicos da liderança concentravamse basicamente nas personalidades dos grandes homens retratan doos como figuras singulares e heróicas ca pazes de transformar seus discípulos através da pura força de vontade Entre os exemplos des ses gênios assoberbantes incluemse o Grande Legislador de JeanJacques Rousseau o Super Homem de Friedrich Nietzsche o Herói de Thomas Carlyle e o famoso Tipo Ideal do líder carismático ver CARISMA de Max Weber A idéia do líder carismático ativo dominan do um público passivo permaneceu básica no final do século XIX e início do século XX nos textos de Gustave Le Bon psicólogo das mul tidões francês que forneceu conselhos pragmá Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 426 liderança ticos para muitos detentores do poder poste riores e na obra de seu companheiro teórico Gabriel Tarde o fundador da moderna pesquisa de opinião pública e consulta política da mídia Um conceito semelhante também animou o trabalho de Sigmund Freud sobre a psicologia de massa Essencialmente esses pensadores en caravam a sociedade como sonambulamente à espera da voz de um líder hipnótico que fosse capaz de manipular a profunda ânsia humana por autoridade e direção ver SOCIEDADE DE MASSA Mas diferentemente de autores mais antigos na tradição heróica os líderes eram agora retratados não de forma positiva mas como figuras teatrais irracionais e carregadas de emoção caracterizadas por uma autoabsor ção monomaníaca Durante a Segunda Guerra Mundial o de bate entre os adoradores do herói e seus demo nólogos embora nunca resolvido foi deixado de lado em favor da mera concentração prag mática nas necessidades e estruturas do grupo e do contexto situacional que o cercava e na resultante dinâmica entre líderes e seguidores Essa nova ênfase refletia tanto a preocupação militar prática de descobrir e treinar líderes efetivos para o combate quanto uma repulsa aos estilos de liderança carismáticos personaliza dos de Hitler e Mussolini De acordo com esse ponto de vista é muito raro que líderes sejam intrinsecamente heróis ou extraordinários em vez disso como escre veu Cecil Gibb a liderança não é uma quali dade que um homem possua é uma função interativa da personalidade e da situação social 1951 p284 Na verdade alguns estudos in dicam que os líderes longe de serem incomuns eram em geral membros dos grupos mais próxi mos da média estatística cuja própria mediania lhes permitia fazer inovações ver Hollander 1958 Mas situações diferentes originavam ti pos menos desejáveis de líderes incluindo al guns que exibiam personalidades autoritárias conforme documentado em Fiedler 1964 Os pesquisadores portanto dedicaramse a desco brir a interrelação entre liderança e contexto com o objetivo pragmático de desenvolver os organizadores de tarefas mais eficientes e de encorajar estilos de liderança democráticos Mas apesar dos sucessos empíricos da perspec tiva interativa a ênfase na mudança de circuns tâncias e a negação de quaisquer características universais tanto nos grupos como nos líderes logo tornaram difícil dizer se os pesquisadores estavam falando a respeito de liderança ou simplesmente de gerenciamento Além disso logo se levantaram condições quanto ao efetivo propósito e caráter do grupo e às funções da autoridade Por exemplo Robert Bales 1953 afirmou que ao mesmo tempo que alguns grupos fazem surgir líderes proficientes cujas qualificações para o comando são habili dade e especialização outros têm líderes que são basicamente expressivos transmitindo aos membros um senso de participação emocional da comunidade A tarefa do líder nesse caso é simplesmente manter o grupo como grupo Ficou evidente também que mesmo os que ob viamente estão no comando não são neces sariamente líderes alguns são cabeças cujo poder deriva unicamente de sua posição em uma hierarquia rígida Os seguidores também puderam ser discri minados de acordo com várias premissas al guns eram ligados ao líder por causa de expec tativas utilitárias de lucro outros devido à cren ça nos valores do líder e outros por afeição pelo líder e pelo grupo Boa parte da literatura de sociologia e psicologia social sobre liderança tornouse assim um esforço para categorizar tipos de líderes e seguidores e para destacar as infinitas e problemáticas vicissitudes de suas interrelações em variadas situações Parcialmente em resposta à natureza cada vez mais técnica dos estudos situacionais e interativos houve um retorno à tradição heróica entre inúmeros autores de orientação psicológi ca e biográfica que aceitaram como um dado o comando pessoal do líder sobre seguidores pas sivos Mas na tradição de desencanto da psico logia de massa a atração do líder é retratada nesses estudos não como marca de carisma mas em vez disso como indício de distúrbio psi cológico O precursor dessa tradição é Harold Lasswell o qual afirmou que os líderes ti picamente deslocam necessidades psíquicas frustradas para a arena política 1930 Versões mais sofisticadas podem ser encontradas nas obras altamente influentes de Erik Erikson so bre Gandhi 1969 e Lutero 1958 embora Erikson se curve à escola interacionista na tenta tiva de demonstrar por que o público devia achar esses deslocamentos neuróticos atraentes mesmo assim as massas permanecem essencialmente pas sivas refletindo em vez de agir Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar liderança 427 Recentes estudos sobre liderança continua ram a seguir esses caminhos dicotômicos con centrandose ou na categorização de situações e em questões pragmáticas sobre a influência e a eficiência do líder ou na psicologia e nas motivações deste os esforços para conciliar essas tendências teóricas divergentes lamenta velmente continuam poucos e muito espaça dos embora haja indícios bemvindos de uma síntese por exemplo nas obras de Kracke 1978 Willner 1984 Tucker 1981 e outros que combinam uma percepção psicológica do caráter dos líderes e dos seguidores uma cons ciência do contexto sociocultural em que surge a liderança e um quadro comparativo que tenta ir além do tipológico Ver também AUTORIDADE Leitura sugerida Burns J 1979 Leadership Car lyle T 1904 1966 On Heroes HeroWorship and the Heroic in History org por C Niemeyer Freud S 1921 1959 Group Psychology and the Analysis of the Ego Friedrich C 1958 Authority Gouldner A 1950 Studies in Leadership Leadership and Democra tic Action Hook S 1943 The Hero in History a Study in Limitation and Possibility Le Bon G 1895 1975 Psychologie des Foules Nietzsche F 1901 1964 The Will to Power Paige G 1977 The Scien tific Study of Leadership Rousseau JJ 1762 1959 Du contrat social Tarde G 1903 1962 The Laws of Imitation Weber Max 1968 On Charisma and Ins titution Building coletânea org por SN Eisenstadt CHARLES T LINDHOLM linguagem As implicações desse tema são de âmbito tão grande e tão variadas que é possível dizer que a linguagem tem sido ao mesmo tempo central e marginal no pensamento social durante o século XX Central na medida em que concepções sobre a natureza da linguagem e as próprias linguagens forneceram idéias instigan tes ou pelo menos metáforas para se pensar sobre a natureza da sociedade A idéia de que a sociedade é como uma linguagem tem tentado a muitos Marginal na medida em que a sociologia da linguagem como subdis ciplina da sociologia e a SOCIOLINGÜÍSTICA co mo subdisciplina da lingüística raramente fo ram uma preocupação capital de sociólogos ou lingüistas profissionais Três exemplos mostram como concepções da linguagem podem ser capitais para o pensa mento social 1 Entre os principais pensadores sociais deste século apenas um teve uma educação na qual os estudos lingüísticos desempenharam papel importante Antonio Gramsci 1891 1937 Ferrucio Lo Piparo 1979 afirmou de forma convincente que as concepções sobre HEGEMONIA de Gramsci imensamente influen tes são em grande parte informadas pela com preensão que ele adquiriu como estudante da história do desenvolvimento do italiano como língua nacional A lingüística que Gramsci es tudou era ao mesmo tempo histórica e idealista em seu caráter Ela enfatizava o papel ativo dos indivíduos por exemplo escritores criativos em plasmar o desenvolvimento de uma lin guagem mas igualmente reconhecia que a he gemonia do italiano padrão como a lingua gem de uma Itália unificada foi resultado de uma ação coletiva do conflito e do exercício do poder político O próprio Gramsci na prisão escreveu a respeito da questão da linguagem ver Gramsci 1985 p16495 2 Mais comumente citada é a influência do ESTRUTURALISMO em lingüística sobre o des envolvimento do pensamento social e de fato sua interseção com importantes correntes da teoria social Pois não é como se a obra fun damental da lingüística estruturalista o pós tumo Curso de lingüística geral de Ferdinand de Saussure publicado em 1916 ver também Culler 1976 fosse intocado pelo vocabulário da teoria social Está cheio deste e tem sido uma questão bastante debatida saber se Saussure teria tirado seu vocabulário ou seus conceitos das Regras do método sociológico 1895 de Émile Durkheim Qualquer que seja a gênese das idéias de Saussure é verdade que no perío do pós1945 ele e outros lingüistas estruturalis tas em especial Roman Jakobson 18951982 proporcionaram aos antropólogos e sociólogos concepções razoavelmente precisas de es trutura e convenção e também distinções mais nítidas do que as até então disponíveis entre estados estruturais sincrônicos e processos e práticas históricos diacrônicos Nos anos 60 e 70 tornouse efetivamente comum pensar que a sociedade está estruturada como linguagem e que toda a ação social é como um discurso no sentido de uma prática conforme às regras ou violadora das regras possibilitada pelos recur sos que a estrutura social como uma espécie de gramática fornece Para uma discussão crítica ver Giddens 1979 Para uma análise filosoficamente profunda do conceito essencial de convenção ver Lewis 1969 e para um Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 428 linguagem estudo posterior o alentado On Social Facts 1989 de Margaret Gilbert 3 Objeto de comentários bastante fre qüentes mas raramente desenvolvida existe uma interseção entre a influente ênfase de Noam Chomsky na natureza em oposição à convenção como formadora das linguagens que usamos e a teoria social anarquista Como lingüista Chomsky que é também anarquis ta retrata a natureza humana como uma fonte tanto de ordem quanto de desordem lingüística É pelo fato de os seres humanos dividirem uma herança biológica tão rica que suas linguagens são tão semelhantes assim a natureza é uma fonte de ordem tal como no ANARQUISMO oti mista Mas igualmente a natureza é uma fonte de desordem como no anarquismo pessimista Pois com um sistema de gramática universal suficientemente elaborado é então verdadeiro que tanto um input limitado de linguagem basta para o desenvolvimento de capacidades lin güísticas individuais complexas e similares quanto pequenas mudanças de input podem levar a pelo menos superficialmente mudan ças radicais no sistema de linguagem resultante A percepção aqui é basicamente a mesma re centemente generalizada nas teorias do caos ou da catástrofe isto é teorias de mudança descon tínua originárias dos problemas dos meteorolo gistas com a previsão do tempo a longo prazo embora o antecedente histórico seja o debate entre catastrofistas e uniformitaristas na geolo gia do século XIX Para os temas de ordem e desordem na linguagem ver Chomsky 1986 e Bickerton 1981 as idéias são recolhidas e em seguida aplicadas na teoria da ideologia em Pateman 1987 Voltandonos agora para a sociologia da lin guagem não seria injusto dizer que grande parte do trabalho feito é metodologicamente desinteressante limitandose a explicar a dis tribuição das linguagens como o crescimento do inglês como linguagem mundial como o resultado multideterminado de causas econô micas políticas e culturais Igualmente exis tem trabalhos sobre a criação ou retomada de linguagens como elementos de uma identidade nacional como acontece com o gaélico irlan dês o hebraico ou o tok pisin da Papua Nova Guiné Um trabalho sociologicamente mais in teressante é sobre o modo como programas de padronização e planejamento centralizado de linguagens são objeto freqüente de resistência por exemplo em cenários educacionais Isso leva à percepção de que a linguagem tem um valor simbólico além do seu valor real pode ser empregada como marca arbitrária de identidade em acréscimo a seu uso como um meio de comunicação Tal abordagem é desen volvida por Pierre Bourdieu dentro do quadro de sua teoria do capital cultural ver de sua autoria Language and Symbolic Power 1991 Alguns trabalhos de sociolingüística têm na verdade preocupações semelhantes embora abordados de pontos de vista metodológicos bastante diferentes Nesse caso o estudo do discurso socialmente situado pode revelar co mo seu estilo ou registro varia sistematicamente com o cenário social ou o status social dos que falam e dos que ouvem Às vezes isso parece um reflexo passivo da operação das variáveis sociais independentes outras vezes parece um esforço ativo por parte dos agentes sociais para definir e reagir a situações sociais Ver o primeiro dos muitos estudos sociolingüísticos influentes e amplamente positivistas de Wil liam Labov The Social Stratification of Lan guage Use in New York City 1966 Na base de tal pesquisa fica mais fácil com preender alguns dos fracassos dos programas de educação em linguagem Nem todos os indi víduos de língua inglesa falam com a chamada Received Pronunciation RP a pronúncia con sagrada ou escrevem o Standard English o inglês padronizado não porque sejam burras ou tenham tido professores incompetentes mas porque se mostram ativas na definição de suas próprias identidades sociais e culturais e não desejam ser aquilo que são designadas para ser As pessoas não são dependentes culturais E nem precisam ser conseguem comunicarse precisamente bem bem até demais com ou sem a RP ou o Standard English Muitas das questões complexas nessa área da lingüística educacional são examinadas nos textos de Peter Trudgill começando com Accent Dialect and the School 1975 Embora boa parte dos trabalhos sociolin güísticos incluindo os de Labov e os de Trud gill tenham sido positivistas na letra e no es pírito e portanto dúbios para o sociólogo teori camente sofisticado houve trabalhos nãopo sitivistas sobre interação lingüística dentro das tradições da ETNOMETODOLOGIA em grande par te inspirados pela obra do falecido Harvey Sacks ver Sacks 1992 Esta busca extrair e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar linguagem 429 formalizar o conjunto completo das regras sin crônicas que governam as interações em deter minado domínio como as conversas telefôni cas ver também CONVERSACIONAL ANÁLISE Aqui se encontra portanto um elo com as tradições estruturalistas de análise embora os etnometodologistas tenham em geral insistido no caráter em última análise ad hoc o final aberto ou infinalização da interação social Esse é também um motivo dominante no atual mente influente dialogismo de Mikhail Bakhtin 18951975 e na lingüística de seu colega Valentin Volosinov 18951936 ver para introduções Holquist 1990 Morson e Emerson 1990 Volosinov 1929 Foge ao âm bito deste artigo entrar em diálogo com o dia logismo mas em todo caso ver também Pate man 1989 Leitura sugerida Bickerton D 1981 Roots of Lan guage Chomsky N 1986 Knowledge of Language Its Nature Origin and Use Saussure F 1916 Cours de linguistique générale Volosinov VN 1929 1973 Marxism and the Philosophy of Language TREVOR PATEMAN linguagem filosofia da Ver FILOSOFIA DA LINGUAGEM lingüística No início do século XX a lin güística poderia ser caracterizada como o estudo da forma e da função da linguagem deixando vaga a denotação de linguagem Is so podia incluir áreas como a teoria literária aspectos filosóficos psicológicos ou sociológi cos da linguagem e até mesmo a comunica ção animal Em seu uso moderno porém lin güística tout court passou a significar o es tudo das estruturas gramaticais das linguagens humanas Para alguns isso excluiria a pragmá tica a interpretação de elocuções em contexto e até mesmo a semântica No entanto estas são em geral incluídas na esfera da lingüística O tema sofreu imensas mudanças durante o século resultando em um considerável grau de especialização e no perceptível aguçamento do enfoque das perguntas de pesquisa Ao mesmo tempo o espaço comum entre a lingüística e outras áreas das relações sociais e da cognição humana tornouse sério objeto de indaga ção assistindo ao desenvolvimento de discipli nas hifenadas como a sociolingüística a psi colingüística e a neurolingüística bem como a lingüística matemática e a lingüística computa cional A lingüística também teve uma intera ção frutífera com a lógica formal a episte mologia a psicologia cognitiva a inteligência artificial e a ciência cognitiva em geral O principal interesse do século era o de senvolvimento histórico das linguagens ou a lingüística diacrônica Uma mudança de ênfase ocorreu em associação com Ferdinand de Saus sure 1916 Ele distinguiu a lingüística diacrô nica do estudo sincrônico isto é o estudo das estruturas de linguagem dos dias atuais En carando a linguagem como fenômeno essen cialmente social Saussure em uma distinção que ficou famosa diferenciou entre langue o sistema abstrato subjacente à linguagem e pa role o uso observado da linguagem cf a di cotomia psicológica de Noam Chomsky entre competência e desempenho Capital para o pensamento de Saussure foi a noção estrutu ralista de que a essência da organização da linguagem está em conjuntos de diferenças en tre termos abstratos em um sistema O estruturalismo floresceu na Europa e na América particularmente nos campos da fono logia estrutura do som e da morfologia es trutura da palavra em que os conceitos de fonema e de morfema o mínimo componente significativo de uma palavra foram desenvol vidos O conceito de fonema desempenhou um papel particularmente importante Ele é um som da fala concebido abstratamente como membro de um conjunto de sons contrastantes Assim o som de th de those aqueles é um fonema em inglês porque contrasta com outras consoantes incluindo o d de doze soneca No entanto em espanhol castelha no o mesmo som resulta simplesmente em uma variante do fonema d quando aparece entre duas vogais Esse som em espanhol portanto não é um fonema em si mesmo No trabalho da escola de Praga anterior à guerra em especial no de Roman Jakobson e no do conde Nikolai Trubetzkoy 1939 a teoria fonológica tornouse o estudo das diferenças fonéticas entre fonemas isolados como aspec tos distintivos Por exemplo o conjunto lmr se distingue de fns pelo aspecto isolado da articulação sonora O padrão de sons de uma linguagem portanto baseavase não em um inventário de fonemas mas no conjunto univer sal mais abstrato dos aspectos característicos com regras particulares da linguagem para combinálos em feixes representando sons Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 430 linguagem filosofia da individuais Essa visão da fonologia continua a exercer grande influência tendo sido incorpo rada à fonologia generativa Chomsky e Halle 1968 Nos Estados Unidos o estruturalismo foi dominado pelas opiniões de Bloomfield 1933 que defendeu uma abordagem comportamen talista da lingüística evitando o apelo a sínteses mentais O estruturalismo norteamericano de senvolveu a abordagem do constituinte imedia to ou da estrutura de frase para a sintaxe por meio da qual a estrutura da sentença é concebi da como um conjunto de frases encaixadas cada qual em última análise consistindo em palavras e em seguida em morfemas Assim as palavras da sentença Gatos pretos caçam ratos peludos podem ser agrupadas nas seguintes frases ou constituintes gatos pretos ratos peludos e caçam ratos peludos para dar ga tos pretos caçam ratos peludos Um aspecto do estruturalismo norteameri cano posterior foi a preocupação com os pro cedimentos de descoberta a alegação era que a análise lingüística tinha de seguir mecanica mente da fonologia à morfologia em seguida à sintaxe sem qualquer mistura de níveis de forma que digamos uma informação sobre estrutura sintática não pudesse influenciar de cisões quanto à estrutura morfológica O estruturalismo foi rapidamente substituí do como a abordagem dominante da lingüís tica pela teoria da gramática generativa que teve início com Noam Chomsky Chomsky 1957 1965 rejeitou a preocupação com os procedimentos de descoberta como metodo logicamente nãocientífica e afirmou que o objetivo da teoria lingüística devia ser a carac terização explícita do conhecimento gramatical tácito do falante nativo idealizado Esse co nhecimento é tecnicamente chamado de com petência diferenciado do efetivo comporta mento de linguagem desempenho tipi ficado por erros e imperfeições de vários tipos Para caracterizar tal conhecimento é necessário construir uma gramática ou um conjunto de regras que quando aplicadas algoritmicamen te exprimirão todas e somente as bemforma das gramaticais expressões da linguagem Dizse que tal gramática gera a as expressões da linguagem Chomsky 1957 proporcionou uma forma lização matemática da abordagem do consti tuinte imediato para a sintaxe desenvolvendo o conceito de uma gramática de estrutura da frase gef Uma gef é um conjunto de regras para a construção de frases em geral visualiza da como diagramas em árvore representando as estruturas hierárquicas implícitas pelas frases encaixadas Ele propôs teoremas demonstrando que uma gef é inadequada para descrever o inglês Afirmou que a teoria sintática deveria ser capaz de caracterizar formalmente relações tais como a que existe entre a afirmação O homem que é visto na foto é norteamericano e a pergunta correspondente É norteamericano o homem que é visto na foto Isso exige um instrumento analítico mais poderoso a trans formação sintática Em termos rudimentares essa é uma regra gramatical que movimenta apaga ou acrescenta partes de árvores sintáticas No presente caso uma transformação movi mentaria o verbo ser é para a frente da sentença Uma gramática assim dotada chama se gramática transformativa O exemplo é digno de nota porque mostra que as transformações têm de apelar à estrutura nesse caso o fato de a seqüência o homem que é visto na foto ser uma frase funcionando como sujeito da sentença A ocorrência do é no interior dessa frase não pode ser passada para a frente mostrando que a transformação se opera sobre mais do que apenas uma seqüência de palavras Em um re finamento posterior Chomsky 1965 uma gef gera estruturas básicas de períodos chamadas estruturas profundas expressão freqüente mente confundida como se referindo à lingua gem e não a períodos que são em seguida modificadas por transformações A abordagem da linguagem de Chomsky é totalmente mentalista como fica claro em sua famosa refutação do comportamentalismo skinneriano Chomsky 1959 Chomsky enca ra a lingüística como uma janela particular mente importante para a mente humana afir mando que as linguagens humanas são singu lares entre os sistemas de comunicação dos animais por permitirem um conjunto ilimitado de mensagens usando meios finitos ou seja um vocabulário finito e um conjunto finito de re gras gramaticais Ele distinguiu três tipos de adequações uma gramática é adequada do ponto de vista da observação se gera todos os dados certos e nenhum dado errado onde da do significa simplesmente uma seqüência de palavras morfemas ou fonemas é adequada de um ponto de vista descritivo se gera as Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar lingüística 431 descrições estruturais apropriadas isto é es truturas que não são incompatíveis com o que se sabe sobre a organização da linguagem ou das linguagens em geral tal como a estrutura de árvore correta para um período é adequa da do ponto de vista explicativo se incorpora uma explicação sobre como tais estruturas po dem ser adquiridas pela criança que aprende a língua A adequação do ponto de vista explica tivo é o mais importante de todos esses objeti vos superando os outros como uma questão de fato metodológico pragmático daí uma gra mática que parece explicativa mas capta er radamente alguns fatos não deveria ser neces sariamente rejeitada caso haja bons motivos para se supor que futuros progressos técnicos permitirão que esses fatos sejam devidamente explicados Esse movimento coloca a aquisi ção da linguagem na linha de frente Uma questão básica de pesquisa para a lin güística é o problema lógico da aquisição da linguagem como as crianças aprendem gramá tica rapidamente e sem esforço apesar da com plexidade formal da tarefa Uma questão rela cionada é o motivo por que qualquer criança pode aprender qualquer língua com mais ou menos a mesma facilidade apesar das diferen ças gramaticais superficialmente ilimitadas en tre as línguas A abordagem padrão desse pro blema na gramática generativa é apelar para proposições universais propriedades organiza cionais altamente abstratas partilhadas por to das as linguagens humanas Além disso pre sumese que essas proposições universais se jam inconsciente e inatamente conhecidas por todos os seres humanos sendo em última aná lise parte do legado genético A teoria lingüís tica portanto tem de formular essas propo sições universais e dar conta de sua interação com propriedades particulares da linguagem Surge um problema com a antiga abordagem da gramática generativa sob a qual o objeto a ser adquirido pela criança é um conjunto de regras bastante complexo pois resulta que tal sistema de regras tem propriedades formais ou seja matemáticas que as tornam difíceis de aprender Ultimamente Chomsky 1981 1986 a ênfase nas regras foi deixada de lado e subs tituída por uma concepção da aquisição da lin guagem como o crescimento de um tipo de órgão mental a faculdade da linguagem com base na experiência ativadora obtida através das elocuções a que o aprendiz se vê exposto A criança conhece de forma inata um conjunto de princípios universais que governam as gramá ticas da linguagem humana mas esses princí pios estão sujeitos a uma variação sistemática fazendo surgir as diferenças de estrutura grama tical encontradas nas linguagens do mundo tais como a ordem básica das palavras ou se a linguagem permite a omissão do sujeito da frase Essa variação é chamada de parametri zação e aprender uma gramática é uma ques tão de fixar valores para esses parâmetros As incursões mais significativas no estudo do significado da palavra foram motivadas por discussão filosófica sobre a natureza da VER DADE analítica e sintética e a natureza de tipos naturais propriedades essenciais e questões de DEFINIÇÃO Em particular Putnam 1962 afir ma que uma vez que os tigres não têm proprie dades essenciais uma palavra como tigre só pode referirse a um estereótipo da condição de tigre a palavra em si mesma escapa à definição A semântica dos períodos é geralmente es tudada dentro do quadro criado por lógicos formais como G Frege Bertrand Russell A Tarski e R Carnap Os lingüistas foram es pecialmente influenciados pela abordagem teó rica modelo de Richard Montague 1974 O objetivo principal desses modelos é especificar condições sob as quais as frases expressam proposições verdadeiras ou falsas Um proble ma representativo diz respeito à noção da pró pria verdade confrontada digamos com des crições definidas nãoreferenciais tais como o atual rei da França de Russell Afirmações a respeito de semelhante nãoentidade podem ser verdadeiras ou falsas ou temos de dizer que possuem algum valor de verdade intermediá rio Dedicouse um esforço considerável à se mântica das palavras que exprimem quanti dade como todos alguns muitos As abordagens do significado baseadas na verdade têm dificuldade em lidar com aspectos funcionais da linguagem tais como fazer per guntas ou dar ordens Essas funções ou atos de fala são a província do campo em brotação da pragmática Além disso a pragmática lida com o modo como transmitimos conteúdo implícito em uma elocução Por exemplo em resposta à pergunta Aceita uma xícara de café a réplica Café sempre me tira o sono poderia ser toma da implicitamente como recusa da oferta ou aceitação dependendo do contexto Igualmen te uma afirmação como Parece que caiu uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 432 lingüística bomba no seu escritório seria de maneira habitual literalmente falsa mas em geral inter pretada não como mentira mas como hipér bole Na verdade a maioria dos discursos se desvia dessas formas de estrita afirmação da verdade Lingüistas e filósofos da linguagem como JL Austin John Searle e especialmente Paul Grice 1975 têm investigado essas ques tões em detalhe Grice afirma que os falantes respeitam certas máximas conversacionais tais como fale aquilo que você acredita ser ver dade ou seja relevante mas que essas máxi mas podem ser transgredidas para efeito espe cial Assim uma afirmação aparentemente irre levante a respeito de café zomba da máxima referente à relevância mas quando essa zom baria é interpretada pelo ouvinte como deli berada pode ser usada para transmitir significa do implícito Mais recentemente D Sperber e D Wilson 1986 afirmaram que a máxima da relevância junto com outros pressupostos so bre o modo como se processa a informação poderá explicar todos os casos reunidos no con junto original de Grice e com base nisso pro põem uma explicação geral da interpretação e cognição do que se fala a Teoria da Relevância Leitura sugerida Anderson SR 1985 Phonology in the Twentieth Century Atkinson RM 1992 Chil drens Syntax Chomsky N 1980 Rules and Repre sentations Culler J 1976 1986 Sausurre Lyons J 1977 Semantics 2 vols Newmeyer FJ org 1988 Linguistics the Cambridge Survey 4 vols Partee BH Meulen A e Wall R 1990 Mathematical Meth ods in Linguistics PiatelliPalmarini M org 1980 Language and Learning the Debate between Jean Pia get and Noam Chomsky Robins RH 1979 A Short History of Linguistics ANDREW SPENCER literatura Todos os livros impressos cons tituem literatura no sentido irrestrito Mas em uso mais restrito essa palavra se refere a um corpo circunscrito de textos escritos com ima ginação dentro de uma dada língua nação período de tempo ou mais amplamente como no conceito de literatura mundial que são considerados particularmente dignos de apreço por sua beleza formal seu poder emocional ou pelas verdades que expressam Três tipos amplos de definição são sempre encontrados nos textos sobre literatura em ter mos de certas qualidades distintivas do texto literário que o destacam de outros tipos de texto em termos de uma reação estética por arte do leitor e em termos de sua função social Os formalistas russos das primeiras décadas do século XX buscaram no texto o literário que é instantaneamente reconhecível por seu afas tamento da linguagem cotidiana ver FORMALIS MO A linguagem comum convida o leitor a enxergar através das palavras seus significa dos e referentes enquanto a linguagem literária é autoreflexiva conduzindo a suas próprias qualidades formais como linguagem e ao fazê lo deslocando ou tornando estranha a com preensão cotidiana do mundo por parte do lei tor Por esse ponto de vista o estudo apropria do da teoria literária é a estrutura da forma literária sua organização e seus mecanismos Matejka e Pomorska 1971 No entanto a especificação da literatura em termos de qualidades intrínsecas ao texto lite rário foi considerada insuficiente devido a sua incapacidade de fornecer uma demarcação sa tisfatória entre literatura e outros tipos de texto Até agora não se propôs nenhuma qualidade definidora que não tenha o efeito de excluir o que é normalmente incluído e viceversa As sim a ênfase formalista no jogo lingüístico e na reflexividade incluiria piadas e até mesmo pa lavras cruzadas mas excluiria a literatura rea lista Finalmente a abordagem formalista não registra a dimensão avaliadora seletiva do ter mo que atravessa tipologias de forma literária para fazer juízos de bom e mau separando os textos que merecem um lugar na história literá ria dos que serão excluídos apesar de pertence rem a um gênero literário de texto Mesmo nas abordagens que desprezam a avaliação crítica em favor da erudição como a que prevaleceu na escola inglesa de Oxford Bergonzi 1990 existe um julgamento crítico embutido na deter minação dos objetos dignos de estudo erudito A tentativa de encontrar a marca caracterís tica da literatura na reação estética provocada pelo texto no leitor ou na adoção por este de uma atitude estética com relação ao texto não se sai muito melhor Pois a atitude estética pode ser tomada com relação a praticamente qual quer tipo de texto além do que a reação estética pode nem sempre produzirse em todos os lei tores e pode ser produzida em alguns deles por textos que não são normalmente identificados como literatura Mas o papel desempenhado pelo leitor na determinação de significados tex tuais tem sido um tema recorrente na teoria Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar literatura 433 literária do século XX que também viu a auto ridade do autor ser fundamentalmente contes tada em várias abordagens da interpretação li terária Teóricos da receptividade valendose da HERMENÊUTICA Iser 1978 Fish 1980 de ram primazia ao momento da leitura destacan do a pluralidade de significado em literatura ênfase partilhada de uma perspectiva teórica muito diferente pela obra de Barthes 1970 A literatura como prática social O terceiro tipo de definição em termos de funções sociais indica a literatura como prática social institucionalizada e historicamente va riável Entre as instituições da literatura in cluemse as do mercado literário o trabalho editorial a venda de livros as resenhas os periódicos especializados os prêmios literá rios as igrejinhas e assim por diante Suther land 1978 Constitui o que foi chamado de mundo artístico Becker 1982 um mundo que foi obrigado a se posicionar em relação a uma outra prática institucional poderosa a da edu cação A academia tem desempenhado um pa pel mais vital em relação ao mundo artístico da literatura do século XX do que qualquer outra instituição devido ao papel central que o ensino das literaturas nacionais veio a desempenhar no currículo Mathieson 1975 A seleção de textos dignos de inclusão no currículo envolve um processo múltiplo de de finição Primeiro a própria tradição literária é selecionada definida e perpetuada Nada fixa mais vigorosamente um texto dentro do cânone literário do que sua inclusão como objeto de estudo em um currículo educativo nacional Na GrãBretanha o texto nívelA e os textos es tudados nos departamentos de literatura em instituições de ensino superior constituem jun tos o núcleo do cânone literário O aforisma de Roland Barthes de que literatura é aquilo que é ensinado tem ressonância nesse caso Em segundo lugar como o processo seletivo é avaliador ele define o bom gosto literário que está sempre enraizado na classe social A fami liaridade com a literatura é parte do que o sociólogo francês Pierre Bourdieu chama de capital cultural 1979 Bourdieu afirma que os valores literários relacionados à classe social são transmitidos ao longo das gerações através do acesso seletivo à cultura literária dominante à medida que se adquire uma série de referên cias literárias Outros como Raymond Wil liams 1977 e Georg Lukács 1970 situam a literatura em termos de classe mas reconhecem funções e valores que transcendem essas ori gens Existem tradições populares também que falaram aos interesses do leitor da classe operária autores ingleses como Shakespeare Milton Bunyan Dickens e Hardy Essa litera tura sempre foi gênero de primeira necessidade na educação dos adultos da classe operária Finalmente a seleção de uma literatura nacio nal através do processo de seleção do cânone literário desempenha um papel significativo na definição da nação Doyle 1989 Teorias marxistas da literatura Esse envolvimento da literatura na insti tuição educacional significa que ela é um agen te de SOCIALIZAÇÃO e dentro da terminologia marxista IDEOLOGIA a produção e reprodu ção de relações sociais de poder Mas Williams afirma que a redução da literatura a suas fun ções ideológicas coloca tantos problemas quan tos resolve a assimilação da literatura à ideologia representou na prática pouco mais que chocar um conceito inadequado con tra outro 1977 p52 Na verdade tem havido marcante resistên cia a esse reducionismo na história da crítica marxista A crença romântica na literatura e na arte como redutos de oposição ao capitalismo industrial foi assumida por marxistas humanis tas como Lukács cuja estética do realismo tinha raízes no romantismo de esquerda prémarxis ta Ele situava na grande literatura um repositó rio de aspirações e valores humanos autênticos criados durante o período da burguesia como classe histórica progressista até 1848 mas que seria tarefa histórica do socialismo e da classe operária concretizar Para Lukács a grande literatura em si mes ma não tinha qualquer necessidade de transfor mação radical Esse conservadorismo foi con testado por Bertolt Brecht 1938 e em um registro diferente pelos autores da ESCOLA DE FRANKFURT para os quais uma arte capaz de dizer não ao capitalismo e de resistir aos seus poderes de cooptação tinha de ser intransigen temente radical ao ponto da quase total inaces sibilidade Theodor Adorno buscou uma arte que fosse nãoafirmativa na vanguarda e isso mostrouse mais atraente para os modernos teó ricos literários marxistas do que a adesão de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 434 literatura Lukács ao realismo do século XIX Adorno 1967 Mas era o estruturalismo que viria a trans formar o marxismo de meados do século XX A crítica estruturalista valendose da lingüís tica moderna e do trabalho dos formalistas rus sos analisava o significado de cada parte da obra em termos de seu lugar no todo Estrutu ralistas como Roland Barthes Tzvetan Todo rov 1973 e Gérard Genette 1982 aspiravam a produzir uma ciência do texto Mas o apelo estruturalista à autoridade da ciência foi de saprovado por teóricos pósestruturalistas e desconstrucionistas como Jacques Derrida 1967 e Michel Foucault 1969 que rejeita ram qualquer distinção entre discurso científico e ideológico ver ESTRUTURALISMO DISCURSO DESCONSTRUÇÃO O desconstrucionismo pode ser compreen dido como uma tentativa de viver com a verti gem estonteante que resulta de um relativismo tão completo Sua estratégia é olhar para as margens para aquilo que um texto recusa dis farça ou acha impossível dizer Não há dúvida de que essa abordagem tem sido extremamente produtiva em termos de análise textual O des construcionista hábil produz leituras do texto inesperadas contra a corrente e também um maior grau de consciência da forma em toda uma série de textos fora daquilo que é geral mente considerado literatura Mas o sucesso do desconstrucionismo depende de nunca ficar pa rado o suficiente para poder ser por sua vez desconstruído movimentarse como uma bor boleta picar como uma abelha O produtor literário sofisticado reage produzindo um texto intencionalmente feito para ser desconstruído Seguese um jogo sofisticado dentro das fron teiras da crítica literária acadêmica e se por um lado suas regras básicas são muito diferentes das de regimes críticos mais familiares do New Criticism norteamericano Lentricchia 1978 e dos seguidores ingleses de FR Leavis Mu lhern 1979 postos de lado por essas teorias mais recentes como humanistas por outro ela não é mais capaz de se colocar fora acima e intocada pelo mundo social à sua volta do que foi o humanismo romântico A literatura engajada Alguns desafios interessantes dentro da teo ria e prática literária foram feitos por membros de grupos que se viram excluídos ou margina lizados ou a cujos textos se negou reconhe cimento como literatura Como seria de se es perar a historia da literatura foi vasculhada em busca de obras perdidas de membros de gru pos marginais e nesse processo a tradição lite rária predominante viuse questionada Apre sentaramse alegações que ligam manifesta ções alternativas como estratégias narrativas estilos de texto etc à situação e à identidade do grupo e então esses estilos adquirem um valor moral e político No passado era o REALISMO que com mais freqüência se via assim valoriza do num apelo por imagens culturais mais realistas ou positivas Mas o realismo saiu de moda e muitos teóricos radicais desde o final dos anos 60 o identificaram com a cultura do minante e alinharam os textos de grupos mar ginais com estilos de texto que desafiam e implodem o realismo Hoje quando se alega haver uma afinidade entre uma certa catego ria marginalizada de escritor lésbicas por exemplo Zimmerman 1985 ou negros Gates 1984 e um estilo característico de texto o mais provável é que seja um estilo experimental ver MODERNISMO E PÓSMODER NISMO A literatura no século XX tem oscilado entre uma prática que se autocoloca à parte e outra profundamente preocupada com seu próprio relacionamento com a sociedade e a política JeanPaul Sartre foi o mais famoso expoente do engajamento em literatura no século XX Sar tre 1948 Ou mais precisamente em prosa ele excluiu a poesia que classificou junto com a música Todo texto em prosa ele afirmou era uma forma de ação secundária com efeitos reais O homem de letras deve tomar partido colocando conscientemente seu texto a serviço de uma liberdade que para Satre estava pres suposta no próprio ato de escrever e de ler Somente em uma sociedade sem classes exis tiriam as condições perfeitas para escrever e ler em total liberdade Na ausência disso os graus de engajamento literário radical variam em di ferentes épocas históricas O distanciamento do escritor fin de siècle era impossível para a gera ção de Sartre porque esta foi profundamente situada pela experiência da guerra Como o engajamento consciente do escritor deve ser sempre com a liberdade o escritor engajado foi colocado do lado do operário do súdito colo nial do grupo racialmente oprimido ver EXIS TENCIALISMO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar literatura 435 A literatura marginal Sob o impacto de teorias que questionaram o status da literatura o interesse voltouse para um âmbito mais amplo de formas escritas in cluindo a autobiografia de classe operária Vin cent 1981 Porém fora do contexto da educa ção de adultos o relacionamento da classe ope rária com o texto literário tem sido em grande parte de exclusão René Balibar 1974 afirma que na França o nível educacional alcançado determina habilidades lingüísticas diferenciais A familiaridade com o francês literário diferen cia os níveis superiores a que poucos filhos da classe operária têm acesso Assim o francês literário desempenha seu papel na reprodução das relações de classe sociais e culturais A relação das mulheres brancas e de classe média com a literatura também tem sido ana lisada em termos das relações das mulheres com a linguagem e o texto A ginocrítica norte americana o estudo dos textos das mulheres na tentativa de identificar uma estética femi nina tem enfatizado as dificuldades enfren tadas pelas mulheres quando tentaram a litera tura na Inglaterra vitoriana e na América do Norte Showalter 1978 Gilbert e Gubar 1979 É uma abordagem que caracteriza a cultura dominante como uma cultura que é produzida por homens e que nega às mulheres sua subje tividade de forma que ao se sentarem para escrever as mulheres assumiram essas subjeti vidades culturais alheias A ginocrítica situa a separação das esferas pública e privada no período vitoriano como uma causa principal da dificuldade enfrentada pelas mulheres em assumir a identidade do escritor profissional acima e além da margina lização do feminino na linguagem e na cultura O novo feminismo francês a partir dos anos 70 demonstra pouco interesse pelas circunstâncias sociais sob as quais as mulheres escrevem mas participa da identificação da ginocrítica do feminino na linguagem e na cultura como mar ginal embora a compreensão da linguagem seja mais rigorosa e teórica Marks e Courtivron 1980 Moi 1987 Julia Kristeva Luce Irigaray 1974 e Hélène Cixous valeramse da reelabo ração lacaniana da psicanálise de Freud Lacan Mitchell e Rose orgs 1982 Ao contrário das críticas norteamericanas elas recusaram vali dade a qualquer busca da identidade das mu lheres no texto Para Cixous e Kristeva a mulher não pode ser definida A subjetividade humana é produzida na linguagem e na cultura e está sempre em processo nunca fixada Ci xous 1975 1976 Kristeva 1986 A preocupa ção era menos com o texto das mulheres do que com o que Cixous chamou de écriture feminine uma forma de escrever fluida móvel lúdica A écriture feminine como a semiótica de Kris teva não é exclusiva das escritoras e essas autoras recémcitadas notoriamente deram na verdade mais atenção a textos escritos por ho mens O texto só é identificado como femini no na medida em que tanto a semiótica quanto o feminino são marginais à linguagem e à cultura Embora as críticas feministas norteameri cana e francesa tenham tido raízes teóricas mui to diferentes a primeira mostrouse aberta à influência desta de um modo paralelo à forma como o desconstrucionismo de Derrida atraves sou o Atlântico de Man 1979 vindo a ocorrer uma síntese Jardine 1985 Curiosamente a marginalidade da mulher e do feminino na linguagem e na cultura foi transformada em uma vantagem sob a influência do feminismo francês por suas prestigiosas formas vanguar dista modernista e pósmodernista reivindi cadas como formas femininas O que está ausente de ambos os termos da síntese é a identificação e a localização da lite ratura dentro de um contexto material e his toricamente específico Para as feministas fran cesas um texto que rompe as estruturas da linguagem falocêntrica é em si mesmo revo lucionário e gerase uma associação entre tal texto de vanguarda e uma variedade de outros marginalizados dentro da sociedade e da cultura mulheres minorias étnicas o Terceiro Mun do a classe operária No entanto a relação das mulheres brancas e de classe média com a literatura e o texto é em geral muito diferente da relação entre ho mens e mulheres da classe operária O gênero estrutura a relação com o texto e a leitura de forma diferente da classe Na sala de aula as meninas se sentiam em casa A escola primária exalta as qualidades que unem as mulheres mas isso não coloca as meninas em desvantagem educacional Na verdade como fará qualquer confirmação do eu conhecido isso efetivamen te ajuda o processo de aprendizado Steedman 1982 p4 Habilidades verbais e literárias são tradicionalmente esperadas e recompensadas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 436 literatura nas meninas e assim reforçadas Então o sexo per se não é uma barreira à escrita e à leitura do mesmo modo que a classe e as mulheres foram e continuam a ser agentes fundamentais mes mo que subordinados no processo de transmis são da cultura literária Lovell 1987 Ellen Moers 1978 chamou a atenção para os modos como as mulheres na qualidade de mães com a responsabilidade pelo cultivo das mentes dos filhos ou como professoras e preceptoras po diam escrever com considerável autoridade Essa autoridade vinda de dentro da cultura do minante pode ser ligada à estreita associação das mulheres com a ascensão do romance como forma Spencer 1986 Armstrong 1987 A relação dos escritores negros com as ins tituições de produção e consumo literários acrescenta maior complexidade uma vez que os textos dos negros são diferenciados por gê nero e viceversa O rótulo de negro como o de Terceiro Mundo reúne pessoas cujos úni cos atributos culturais comuns podem derivar do racismo ou do domínio imperialista que sofrem conjunta e variadamente Esse rótulo não obstante foi conscientemente escolhido em um ato político historicamente importante de solidariedade oposicionista nos Estados Unidos e outros centros Gates 1984 Spivak 1988 Said 1983 A crítica negra e a crítica feminista têm paralelos e divergências interessantes Mesmo antes do desenvolvimento de teorias que tor nam a política de identidade tão problemática havia menos probabilidade de a crítica negra escorregar para formas ahistóricas de essen cialismo Críticos como Edwards 1984 que discerniram continuidades entre as literaturas africana afroamericana e caribenha mostra ram claramente que essas continuidades são culturais e que atributos comuns da literatura negra variadamente identificados na figuração Gates 1984 na antifonia Bowen 1982 ou em um topos de indenominação Benston 1984 são uma função de posicionamento cul tural e social Esse posicionamento produziu de forma típica uma literatura de dupla voz assevera Gates valendose de e falando de dentro de mais de uma tradição cultural A crítica negra tem defendido o restabelecimento das tradições vernacular e oral negras além das formas européias dominantes Mas como no caso do texto das mulheres o efeito do pós estruturalismo e do desconstrucionismo foi di recionar a crítica negra para a consciência da diferença e da diversidade em vez da identi dade Leitura sugerida Bennett Tony 1979 Formalism and Marxism Bloch Ernst et al 1977 Aesthetics and Politics Eagleton Terry 1983 Literary Theory an Introduction Gates Henry Louis Jr org 1984 Black Literature and Literary Theory Jameson Fredric 1972 The PrisionHouse of Language Lodge David org 1988 Modern Criticism and Theory a Reader Seldon Raman 1989 Practising Theory and Reading Literature an Introduction Showalter Elaine org 1986 The New Feminist Criticism Essays on Women Literature and Theory Williams Raymond 1983 Writing and Society TERRY LOVELL lógica Esta é uma disciplina antiga Tal como concebida por seu fundador Aristóteles no sé culo IV aC a lógica não era uma ciência teórica como a matemática ou a física mas uma ciência criadora um organon ou um instru mento para a ciência que estabeleceria os cri térios para um pensamento científico adequado Aristóteles também chamou de lógica a uma indagação mais restrita sobre a natureza dos argumentos dedutivos onde as conclusões se guemse necessariamente às premissas a qual passou a ser conhecida como lógica pro priamente dita em oposição à idéia de lógica no sentido amplo de uma investigação sobre a natureza e o método do conhecimento em geral Os argumentos que exibem essa característica para Aristóteles são silogísticos envolvendo proposições afirmativas ou negativas da forma de sujeito e predicado quantificadas com ex pressões como todos e alguns Silogística é o estudo sistemático desses argumentos e dos meios de provar suas formas válidas através de variadas figuras e modos ou padrões de premissas e conclusões A lógica tradicional ou a lógica de termos dominou o currículo durante a Idade Média e foi refinada através dos séculos sem qualquer mudança de maior monta O lugar da lógica na teoria do conhecimento ver CO NHECIMENTO TEORIA DO foi contestado a partir do século XVI quando o advento da ciência moderna tornou dúbio o seu uso para a desco berta e a sistematização de verdades científicas A renovação da disciplina ocorreu no século XIX quando matemáticos como George Boole em seu Laws of Thought 1854 tentaram fazer derivar as leis da lógica silogística das leis da álgebra tentativa prefigurada por Leibniz Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar lógica 437 Mas o advento da lógica moderna data dos Begriffsschrift 1879 de G Frege em que pela primeira vez a tradicional forma sujeitopredi cado da preposição foi substituída pela dis tinção matemática entre argumento e função fornecendo uma nova análise de expressões de quantificação que podia explicar um número bem maior de inferências do que a lógica tradi cional e em particular a expressão de conceitos matemáticos tal como o conceito de número Frege e logo em seguida Bertrand Russell ten taram derivar conceitos matemáticos a partir de axiomas lógicos de acordo com o ponto de vista conhecido como logicismo que foi co dificado nos Principia Mathematica 191011 de Russell e Whitehead O programa logicista porém mostrouse difícil de ser executado Russell descobriu uma contradição no sistema de Frege o paradoxo de Russell e sua pró pria teoria de tipos lógicos moldada para evitar a contradição não foi suficiente para permitir que se derivasse a matemática a partir de leis puramente lógicas Um dos principais aspectos da lógica de Frege e de Russell é que a lógica é universal van Heijenoort 1967 é uma linguagem que expressa tudo que existe e não um cálculo no qual as relações entre o simbolismo e o mundo ou as relações dentro do simbolismo não podem ser explicitamente representadas Ao contrário os lógicos a partir dos anos 20 colocaram questões metassiste máticas e surgiu a distinção entre a teoria da prova e a semântica David Hilbert e sua escola tentaram provar a consistência da aritmética caracterizando a lógica apenas em termos de axiomas e regras de inferências ou teoria da prova sem usar noções semânticas como ver dade e validade essa visão é conhecida como formalismo A principal noção da lógica mo derna é a de um sistema formal composto de um vocabulário de expressões primitivas de um aparato dedutivo de axiomas eou regras de inferências e de uma semântica estabelecendo as interpretações das expressões primitivas A formulação precisa de uma semântica como uma teoria de verdade para linguagens formais foi dada por Tarski 1930 Em 1930 Gödel provou o caráter completo da parte principal da lógica moderna a teoria da quantificação es tabelecendo a coincidência entre o conceito de dedução semântico e o teórico da prova Em 1931 ele provou seu célebre teorema da incom pletude para a teoria elementar dos números de acordo com o qual a consistência da aritmética não pode ser demonstrada Isso arruinou as esperanças do programa de Hilbert mas abriu o caminho para novas evoluções na matemática e nos fundamentos da matemática do ponto de vista tanto teórico da prova quanto semântico teórico do modelo Outra importante reali zação da lógica contemporânea é o estudo das funções recursivas e da computabilidade o qual com autores como Émile Post Alonzo Church e Allan Turing viria a fazer surgir nos anos 40 a teoria dos algoritmos e autômatos e levaria ao nascimento da ciência da computação Embora a lógica moderna não pudesse cum prir sua promessa de servir de fundamentação para a matemática os filósofos não demoraram a perceber sua relevância para a teoria do co nhecimento e a FILOSOFIA DA CIÊNCIA e tenta ram tratar a lógica como um novo organon Frege Russell e mais tarde a escola vienense de positivismo mostraram como a lógica podia ajudar a reformular o programa kantiano da verdade a priori O Tractatus logicophiloso phicus 1921 de Ludwig Wittgenstein assi milava verdades lógicas a tautologias que nada dizem a respeito do mundo em oposição a afirmações que descrevem fatos Isso levou à formulação do critério empirista lógico de si gnificado de acordo com o qual uma afirmação só é significativa se for verdadeira a partir do significado dos seus termos apenas analítica ou se puder ser verificada por sua relação com a experiência ou se puder ser deduzida a partir de afirmações empíricas apenas Isso é conhe cido como a teoria lingüística das verdades lógicas pois afirmações lógicas de acordo com esse ponto de vista são verdadeiras apenas por convenções lingüísticas De acordo com a filo sofia positivista da ciência de autores como Carnap Schlick ou Reichenbach a lógica serve não apenas para demarcar a ciência empírica da nãoempírica mas também para fornecer os critérios para a análise de teorias científicas ver também POSITIVISMO De acordo com a visão neopositivista clássica uma teoria científica tem uma estrutura dual compõese de um vo cabulário teórico parcialmente interpretado consistindo em leis fundamentais que têm um status axiomático ou de postulação a partir do qual se derivam teoremas ou previsões empíri cas e de um vocabulário de observação con sistindo em termos verificáveis As duas lingua gens estão relacionadas por regras de corres Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 438 lógica pondência que nos permitem interpretar empi ricamente os axiomas ou postulados Mas o ideal positivista da completa substituição da linguagem teórica por essa linguagem observa cional pura de previsões empíricas a partir dos axiomas nunca pôde ser realizado pois logo se admitiu que os termos teóricos não podiam ser eliminados através de qualquer procedimento lógico O próprio Rudolf Carnap nunca renun ciou ao seu projeto de fornecer uma análise puramente lógica da linguagem da ciência e de formular uma nítida distinção entre afirmações analíticas e sintéticas Em seu Logical Foun dation of Probability 1950 buscou definir a indução a partir de uma base puramente lógica Mas essas esperanças positivistas se mostraram impossíveis de realizar Por um lado a distinção analíticasintética e a teoria do significado sobre a qual ela se apóia vieram a se tornar dúbias através da crítica de WVO Quine 1952 e a doutrina convencionalista da verdade lógica foi assim devidamente contestada Por outro lado a idéia de dar um algoritmo para o método científico na forma de uma lógica de confir mação ou de indução enfrenta dificuldades tão grandes Goodman 1955 que o programa parece virtualmente inviável A frustração das esperanças positivistas na teoria do conhecimento não implica no entan to que a lógica deixe de desempenhar um papel na formação de hipóteses a respeito da natureza da racionalidade cognitiva ou da racionalidade da ação Esse papel é principalmente normati vo no sentido de que a lógica estabelece certos padrões de interpretação do comportamento humano sem os quais esse comportamento não pode ser absolutamente interpretado A princi pal questão é se essas normas podem ser abso lutas ou se são principalmente relativas Desde o início do século XX os lógicos têm demons trado um crescente interesse pela construção de uma lógica nãoclássica tal como lógica modal a intuicionista a do quantum a da relevância a trivalorizada e assim por diante que se apóiam todas em vários pontos de partida dos princí pios lógicos clássicos tais como a bivalência o meio excluído ou a extencionalidade De acor do com a doutrina conhecida como absolutis mo que era tipicamente a de Frege e Russell existe apenas uma lógica aplicável a todas as formas de discurso ou áreas de indagação e as lógicas desviantes ou nãoclássicas não são realmente lógica De acordo com a doutrina oposta conhecida como RELATIVISMO existem tantas lógicas legítimas quanto são as áreas de discurso suscetíveis de serem estudadas a partir do ponto de vista das inferências que elas per mitem Esse problema da variedade dos cânones de inferência passíveis de serem descritos como lógica manifestase em muitos domínios co mo a semântica lingüística em que a complexi dade da linguagem natural parece validar uma variedade de modelos de lógica formal aplicá veis a seus fragmentos McCawley 1981 De sempenham um papel central também na psico logia em que se tem questionado se os seres humanos seguem as leis da lógica e nesse sentido são racionais De acordo com a doutri na da lógica mental a capacidade lógica hu mana deve suas características a um meio inato ou adquirido Piaget e Inhelder 1955 co dificado no cérebro sob a forma de regras de inferência Mas o fato de os seres humanos cometerem erros lógicos e ainda por cima sis temáticos Kahneman et al 1982 Wason 1968 torna dúbia essa doutrina Alguns au tores preferem renunciar à hipótese da lógica mental e tentar explicar o raciocínio sem regras moldadas de acordo com cálculos lógicos pa drão JohnsonLaird 1983 A objeção comum ao caráter normativo da lógica é que a maior parte do raciocínio humano não se conforma aos padrões ideais de racionalidade estabele cidos pelas normas da lógica clássica comum Alguns autores Stich 1985 Nisbett e Ross 1980 preferem concluir que a avaliação da racionalidade dos seres humanos é uma questão empírica Outros Cohen 1986 querem con servar o status normativo da lógica como teoria ideal da capacidade humana que pode no en tanto ser revista de acordo com um método reflexivo de equilíbrio comparável à concep ção semelhante de John Rawls 1971 sobre a revisão dos padrões normativos morais Proble mas semelhantes podem ser encontrados em INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL uma vez que os sis temas de IA são construídos de acordo com certas regras de inferência lógica que só simu lam os desempenhos inteligentes naturais até certo grau A maioria dos pesquisadores de IA acha nesse ponto que a lógica dedutiva clás sica é de pouca utilidade fazendo amplo uso da lógica nãoclássica nesse particular a lógica nãomonotônica Turner 1984 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar lógica 439 Nas ciências sociais o papel normativo da lógica pode ser considerado a partir de dois pontos de observação O primeiro é a formula ção de hipóteses a respeito da racionalidade da ação de acordo com os padrões das teorias dos jogos da decisão e da utilidade von Neumann e Morgenstern 1944 Jeffrey 1965 Em sua parte normativa a lógica da decisão e a lógica da preferência estabelecem padrões de raciona lidade ideal que foram utilizados em particular por economistas para definir modelos de otimi zação do comportamento racional A adequação descritiva desses modelos foi contestada tendo sido proposta uma teoria de racionalidade li mitada ou restrita Simon 1957 para lidar com as situações mais da vida real de escolha individual e coletiva Os notórios paradoxos da teoria da decisão o dilema do prisioneiro o problema de Newcomb servem aqui como ins trumentos para a formulação o teste e as re visões da hipótese geral de racionalidade em butida nos modelos padrão Nesse ponto o papel de uma lógica da ação individual ou coletiva não é impor rígidos padrões ou esque mas de explicações mas permitir o estudo dos pontos de partida que esses padrões podem proporcionar Em particular um estudo da ir racionalidade no comportamento individual e coletivo pode decorrer da análise de diferentes critérios de racionalidade Elster 1983 O segundo ponto de observação é o estudo antropológico dos significados das crenças cul turais Em antropologia a atitude racionalista de autores como Lucien LévyBruhl que atri buiu às sociedades primitivas uma mentalidade prélógica foi amplamente contestada por um relativismo transcultural segundo o qual a racionalidade e a logicidade são relativos ape nas a esquemas de compreensão próprios de determinadas culturas Para filósofos como Quine 1960 tais debates só podem ser avali ados no contexto de uma adequada teoria de tradução e significado Mas o estudo de nossos critérios de tradução mostram que nem o pleno racionalismo nem o relativismo podem ser con sistentemente mantidos ao criar um ma nual de tradução para uma linguagem desconhecida precisamos apoiarnos na hipótese geral o princípio da benevolência de que os que a falam são no todo racionais coerentes e não sustentam crenças contraditórias Nesse sen tido a prélogicidade é um traço infundido por maus tradutores Quine Mas o relativismo e em particular o relativismo lingüístico também falha pois a própria coerência da afirmação de que pode haver pessoas tendo esquemas con ceituais radicalmente diferentes dos nossos próprios pressupõe que podemos impor um gru po de coordenadas comum uma pressuposição geral de racionalidade e coerência a fim de avaliar a divergência cultural Davidson 1974 Isso não significa que divergências culturais não possam ser avaliadas em termos psicológi cos e sociológicos mas que só podem ser ava liadas dentro de certos limites Nesse sentido também a lógica estabelece certas restrições mínimas a uma teoria da racionalidade humana Ver também RACIONALIDADE E RAZÃO Leitura sugerida Cohen LJ 1986 The Claims of Reason Elster J 1983 Sour Grapes Studies in the Subversion of Rationality McCawley JD 1981 Everything that Linguists Have Always Wanted to Know about Logic Stich S 1985 Is a man a rational ani mal Notes on the epistemology of rationality Syn thèse 64 11535 PASCAL ENGEL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra L Produção Textos Formas Para Ed Zahar 440 lógica M maoísmo Esta palavra referese ao pensa mento e à prática revolucionários de Mao Tse tung 18931976 que chefiou o triunfo em 1949 de uma revolução comunista de base camponesa na China resultando na criação da República Popular e que em seguida orientou o desenvolvimento do novo estado durante a maior parte dos seus primeiros 25 anos de exis tência O maoísmo portanto abrange dois as pectos em primeiro lugar a estratégia singular de Mao Tsetung da revolução prolongada em um país economicamente atrasado dominado pelo imperialismo estrangeiro apoiandose em bases nas áreas rurais e no Exército Vermelho camponês e em segundo lugar sua tentativa de promover uma via chinesa para o socialismo uma vez alcançado o poder político depois de 1949 O primeiro aspecto serviu de inspiração para líderes radicais do TERCEIRO MUNDO nos anos 50 e 60 que lutavam para alcançar a independên cia nacional de seus atuais ou antigos senhores coloniais e a seus aliados internos ver MOVIMEN TO DE LIBERTAÇÃO COLONIAL enquanto o último aspecto despertou a admiração dos radicais oci dentais particularmente nos anos 60 Mao Tsetung que vinha de uma próspera família camponesa e recebera educação secun dária foi um dos membros fundadores do Par tido Comunista Chinês PCC em 1921 Entre 1923 e 1927 alinhado com a indicação de Moscou de que os partidos comunistas recém criados no mundo colonizado deveriam forjar alianças com partidos nacionalistas burgueses o PCC entrou para uma frente unida com o muito mais amplo Partido Nacionalista Ku omintang de Sun Yatsen cujo objetivo era derrotar os militaristas e reunificar o campo Foi durante esse período que Mao em contraste com a maioria da liderança do PCC começou a enfatizar a importância do campesinato na revolução Ao afirmar que era do sistema se mifeudal dos senhores de terras que depen diam os déspotas militares e o imperialismo estrangeiro Mao tentou transferir o enfoque da revolução das cidades para o campo Ele criti cou a timidez da liderança do Partido por sua atitude negativa para com os excessos dos camponeses e insistiu em afirmar que um cam pesinato mobilizado com ou sem liderança partidária poderia varrer todas as forças reacio nárias Day 1975 p33947 Quando a Frente Unida se dissolveu em 1927 e a liderança do PCC entrou para a clan destinidade em Xangai Mao recuou para o campo e deu início a um processo de esta belecimento de uma base rural e da criação de um Exército Vermelho recrutado entre cam poneses pobres trabalhadores agrícolas anda rilhos e até mesmo exbandoleiros Refletindo o aspecto voluntarista de seu pensamento Mao insistia em que tal Exército Vermelho não obs tante suas origens de classe se tornaria prole tarizado através do próprio ato da revolução A liderança do partido ainda assumindo que a revolução se ergueria entre as fileiras da classe operária urbana criticou a mentalidade cam ponesa de Mao e seu aventureirismo militar pequenoburguês O fracasso de uma série de ataques armados às cidades em 192730 po rém só fez convencer Mao de que a revolução precisaria ser prolongada com as áreas rurais de base acabando por cercar as cidades Durante o início dos anos 30 no soviete rural que estabeleceu na província sulista de Xiangxi Mao formulou suas teorias sobre a guerra de GUERRILHA e sublinhou a necessidade de elos estreitos entre o exército e o povo enfatizou o papel de liderança das associações de camponeses pobres nas aldeias mas subli nhando ao mesmo tempo a necessidade de con quistar os camponeses médios os que pos suíam a terra que cultivavam e de adotar uma atitude flexível para com os camponeses ricos e exortou os quadros a se manterem em estreito 441 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar contato com a opinião das bases abordagem de liderança definida mais tarde em 1943 como a linha de massa Ao criticar a abordagem dogmática dos ri vais treinados em Moscou e ao afirmar sua liderança tanto ideológica quanto militar e po lítica Mao referiuse à sinificação do marxis mo a necessidade de adaptar o marxismo às condições chinesas Esse conceito desempe nhou um papel significativo na campanha de retificação que Mao lançou em 1942 para con firmar sua liderança ideológica no partido a lém de refletir a determinação de Mao de afir mar a independência do PCC em relação a Moscou A campanha também ilustrou a ên fase maoísta na remodelagem ideológica um processo de pequenos grupos de estudo e de autocrítica para provocar mudanças nas atitu des subjetivas e no estilo de trabalho O forma lismo e o burocratismo excessivos foram con denados e os quadros partidários de nível supe rior receberam a enfática recomendação de i rem para o campo xiafang a fim de trabalhar e viver entre os camponeses Ao mesmo tempo a campanha exigia maior disciplina central so bre os membros do partido A iniciativa local deveria sempre ser contrabalançada pelo con trole do centro o que Mao chamou de cen tralismo democrático Dos escritores tam bém esperavase agora que se submetessem a uma supervisão mais minuciosa do partido re fletindo a ambivalência que Mao demonstrou durante toda a sua vida para com os intelectuais A fim de enfrentar a ameaça japonesa e combater o bloqueio econômico imposto à sua área de base de Yanan pelo Kuomintang a segunda frente unida se rompera em 1940 Mao enfatizou a necessidade da independência de meios que implicava iniciativa econômica local e a necessidade de mobilizar a população inteira em uma genuína guerra popular Mao em seus últimos anos viria a evocar com me lancolia o espírito de Yanan que para ele ficara ligado ao engajamento ideológico aos ideais igualitários e aos elos estreitos forjados entre o partido e o povo A constituição do PCC de 1945 proclamou oficialmente o pensamento de Mao como guia de ação do partido Isso foi acompanhado pelo desenvolvimento de um culto maoísta que bus cou elevar sua personalidade e suas idéias aci ma das de seus colegas Wylie 1980 Com as forças comunistas do interior rural preparadas para tomar as cidades mantidas pelo Kuomin tang na guerra civil do final dos anos 40 os líderes do PCC também exaltaram a estratégia maoísta da revolução rural prolongada como um modelo para as regiões colonizadas da Ásia e da África implicando assim que a União Soviética não deveria ser encarada como a úni ca fonte de orientação para os movimentos comunistas mundiais Muitos dos aspectos do maoísmo tal como ele se desenvolvera até 1949 como a fé populis ta nas massas rurais ver POPULISMO a ênfase voluntarista na vontade humana um antibu rocratismo arraigado e uma suspeita em relação aos intelectuais continuariam em evidência de pois de 1949 quando Mao buscou desbravar a via chinesa para o socialismo Circunstâncias internas e externas porém levaram a República Popular a adotar inicialmente o modelo sovié tico de desenvolvimento No início dos anos 50 portanto deuse ênfase à centralização do pla nejamento à indústria pesada e à especialização técnica Tal como em 1940 Mao estava firmemente disposto a distinguir a revolução chinesa da soviética Ele se referiu ao novo regime em 1949 como uma Ditadura Democrática Popu lar uma aliança de várias classes revolucioná rias operários camponeses pequena bur guesia e burguesia nacional isto é aquela não associada ao capital estrangeiro lideradas pelo PCC que exerceria a ditadura sobre as classes reacionárias dos remanescentes do Kuo mintang senhores de terras contrarevolucio nários e direitistas Mao também pretendia rea lizar uma transição gradual para o socialismo A reforma agrária 19502 por exemplo ao mesmo tempo que eliminava os senhores de terras como classe sócioeconômica e redis tribuía a terra aos camponeses pobres permitia que os camponeses ricos conservassem a terra que cultivavam Nas cidades o setor privado continuou a existir até 1956 Em meados da década de 50 estava claro que Mao não se encontrava satisfeito com o modelo soviético O planejamento centralizado havia produzido ministérios econômicos pode rosos e burocracias do estado e do partido cada vez mais diferenciadas simbolizadas por ela boradas escalas de pagamento a ênfase na es pecialização técnica diluiu o fervor ideológico e ameaçou criar uma elite técnica e gerencial divorciada das massas e a prioridade dada ao Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 442 maoísmo desenvolvimento da indústria pesada levou ao esgotamento dos escassos recursos agrícolas a fim de financiála Seria no campo porém que o maoísmo em seu contexto pós1949 iria exercer o primeiro impacto Preocupado com a crescente desigualdade nas aldeias e a influên cia preponderante dos camponeses ricos Mao em 1955 estimulou a aceleração do processo de coletivização Rejeitou o argumento deter minista ver DETERMINISMO dos planejadores do partido de que uma coletivização em escala integral tinha de esperar a prévia mecanização e o deslanche industrial isto é a ascensão das forças produtivas e insistiu em que a transição para novas formas socialistas e um aumento da produção tinham de avançar juntos A segunda iniciativa que Mao tomou pas sando por cima de seus colegas do partido revelava o impulso antiburocrático do maoís mo Na União Soviética a denúncia de Stalin por Kruschev em 1956 levantara a questão da relação entre partido e povo e foi com a preo cupação de que o PCC estava se tornando uma elite burocrática fortemente arrraigada que Mao no mesmo ano conclamou os intelectuais a expressarem suas críticas no que se tornou conhecido como a Campanha das 100 Flores derivada do slogan Que 100 flores possam desabrochar que 100 escolas de pensamento possam competir A falta de entusiasmo de monstrada por seus colegas de partido impeliu Mao no início de 1957 a renovar seu apelo a uma retificação a portas abertas do partido em um discurso feito fora dos canais parti dários Advertiu que contradições nãoantagô nicas em uma sociedade socialista como as que ocorrem entre líderes e liderados poderiam tornarse antagônicas caso o partido não per mitisse a crítica externa a seus equívocos Um pressuposto maoísta capital na base da campa nha era a idéia de que a luta de classes con tinuaria em uma sociedade socialista embora viesse a ser uma luta de classes entre ideologias rivais e não entre classes sócioeconômicas No ponto de vista de Mao o elitismo do partido e seu afastamento das massas eram uma expres são da ideologia das velhas classes explora doras Somente expondose à crítica por parte do povo que presumia Mao apoiava ampla mente o socialismo o Partido poderia ser reti ficado Conforme acabou sucedendo Mao e seus colegas tiveram de encerrar a campanha quando as críticas do intelectuais ultrapassaram os limites exigidos e começaram a questionar o próprio socialismo O rompimento definitivo com o modelo so viético ocorreu em 1958 quando Mao lançou uma campanha ambiciosa a do Grande Salto para a Frente a fim de acelerar a transição do SOCIALISMO para o COMUNISMO e promover o rápido progresso econômico O fundamento ra cional dessa campanha era o conceito maoísta de REVOLUÇÃO PERMANENTE a idéia de que a consecução do comunismo só poderia ocorrer através de ondas de luta incessante nas quais o avanço ideológico radical acompanhava ou mesmo era a precondição para um aumento na produção econômica No que foi descrito como uma abordagem utópica Meisner 1982 Mao também afirmou que o próprio atraso da China era uma vantagem muito positiva uma vez que proporcionava mais âmbito para o en tusiasmo e a iniciativa das massas outra indica ção da sua fé voluntarista na vontade humana Tal entusiasmo acreditava Mao poderia ser mais bem canalizado utilizandose incentivos morais apelando às virtudes do desprendimen to pessoal do ascetismo e da preocupação com o bemestar coletivo em vez de incentivos materiais O membro ideal dos quadros do par tido deveria ser agora ao mesmo tempo ver melho e especialista combinando a correta perspectiva ideológica com a especialidade téc nica ou administrativa Ao mesmo tempo as comunas estabelecidas durante o Grande Salto ajudariam a transpor o abismo entre cidade e campo através da promoção da industrialização rural e a expansão de instalações educacionais e de saúde no campo O abismo igualmente iníquo do ponto de vista de Mao que separava o trabalho mental do manual deveria ser elimi nado fazendose com que os funcionários qua lificados e os intelectuais fossem mandados para o campo por um lado e por outro crian dose escolas e universidades em regime de metade trabalho metade estudo para permitir às massas nas palavras de Mao tornaremse mestres da tecnologia em vez de perma necerem dependentes de uma elite tecnocrática O Grande Salto teve conseqüências desas trosas Catástrofes naturais um sistema de transportes ineficaz a canalização do trabalho camponês para obras de irrigação em massa e projetos irrealistas de industrialização levaram a um declínio na produção agrícola e em última análise à fome em grande escala Houve tam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar maoísmo 443 bém hostilidade dos camponeses diante das tentativas de funcionários do partido de impor uma sociedade comunista através da instituição de um sistema de livre suprimento da criação de refeitórios e creches comunais e do confisco de todos os bens particulares No início dos anos 60 Mao foi obrigado a se retirar da liderança ativa enquanto seus colegas de partido pros seguiam na modificação dos programas do Grande Salto Restabeleceuse o planejamento centralizado reduziramse as funções sócio econômicas da comuna e restauraramse a pro priedade particular de terras e os mercados ru rais livres redirecionaramse os recursos para as cidades e as escolas e clínicas rurais foram fechadas ser especializado ganhou prioridade sobre ser vermelho Mao criticou essas tendências como re visionistas e avisou que a restauração das clas ses reacionárias era uma possibilidade na socie dade socialista Em 1965 frustrado em suas tentativas tanto de fazer reviver um espírito coletivista entre o povo e o partido quanto de desenraizar o revisionismo no campo cultural Mao passou a alegar que indivíduos dentro da liderança do partido estavam tomando a via capitalista Foi nesse contexto que Mao lançou a Revolução Cultural em 1966 Afirmando que a ideologia burguesa havia contaminado a superestrutura ver BASE E SUPERESTRUTURA Mao convocou as massas a investir contra todas as formas de autoridade O principal alvo de Mao era o próprio partido mas ele também atacou as autoridades acadêmicas e culturais as quais em seu ponto de vista haviam favorecido um sistema educacional dividido que enfati zava os critérios acadêmicos sobre os políticos além de encorajar idéias burguesas reacionárias elitismo especialização neutralidade ideoló gica e redução da importância da luta de clas ses Em um sentido imediato a Revolução Cul tural foi o resultado de uma luta de liderança intrapartidária entre Mao e seus oponentes O culto maoísta fanático que foi deliberadamente cultivado nessa ocasião atribuindo ao pensa mento de Mao um poder quase sobrenatural era também a culminação grotesca de um pro cesso iniciado nos anos 40 que buscava instalar uma sabedoria onisciente na pessoa do próprio Mao Em um sentido mais amplo a Revolução Cultural viria a ser um processo de autoliberta ção com as massas confrontando e lutando contra estruturas hierárquicas na tentativa de fazer reviver um ethos socialista e rejuvenescer a organização do partido Foi esse aspecto que atraiu intelectuais e estudantes radicais do Oci dente Mao particularmente representava um forte apelo para os jovens uma vez que em seu ponto de vista estes eram mais receptivos a mudar o status quo a experiência da luta tam bém os qualificaria a se tornarem dignos su cessores revolucionários Estudantes secundá rios e universitários entraram para a Guarda Vermelha e foram estimulados a atacar todos os vestígios do passado descritos como os quatro velhos idéias cultura costumes e hábitos bem como as influências burguesas pernici osas do presente Como tal não apenas líderes do partido mas também escritores intelectuais e professores viramse sujeitos a críticas e hu milhações Na esfera da cultura a filosofia do CONFUCIONISMO e a arte ocidental foram igual mente condenadas A experiência de Mao na criação de uma nova cultura socialista terminou quando um caos e uma violência crescentes o obrigaram a convocar o exército 19678 para restaurar a ordem e supervisionar a reconstrução do par tido Desde a morte de Mao em 1976 e es pecialmente desde 1980 seus sucessores têm rejeitado implicitamente muitos aspectos do maoísmo a luta de classes é hoje oficialmente proclamada como concluída e a possibilidade de uma contradição antagônica vir a se desen volver entre o partido e o povo é negada a ênfase hoje colocase no desenvolvimento das forças produtivas a economia de uma forma que utiliza incentivos materiais e permite dis paridades de riqueza entre indivíduos e entre regiões a educação busca criar elites técnicas e gerenciais e a independência de meios deu lugar a maiores laços econômicos com o mundo capitalista Essa rejeição teve como paralelo uma crescente desilusão com o maoísmo no Ocidente É importante observar porém que o maoís mo foi e ainda é influente em outras partes do mundo Nos anos 50 Ho Chi Minh no Vietnã Frantz Fanon na Argélia e Amílcar Cabral na GuinéBissau para citar apenas alguns utiliza ram as idéias maoístas de guerra popular de apoio no campesinato e de uma abordagem voluntarista da revolução enquanto o movi mento do Sendero Luminoso no Peru de hoje Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 444 maoísmo se autoqualifica explicitamente como de ori entação maoísta Leitura sugerida Chen J 1970 Mao Papers Com pton B 1952 Maos China Party Reform Documents 19421944 Mao Tsetung 1986 The Writings of Mao Zedong vol1 org por M Kau e J Leung Meisner M 1982 Marxism Maoism and Utopianism Ο 1986 Maos China and After Schram S 1969 The Political Thought of Mao Tsetung ed rev Ο 1989 The Thought of Mao Tsetung Ο org 1974 Mao Tsetung Unrehear sed Schwartz B 1979 Chinese Communism and the Rise of Mao ed rev Starr J 1979 Continuing the Revolution Wylie R 1980 The Emergence of Maoism PAUL BAILEY marginalista escola econômica Ver ESCO LA ECONÔMICA MARGINALISTA marketing Ver CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO REVOLUÇÃO GERENCIAL marxismo Corpo de teoria social e doutrina política derivado da obra de Karl Marx e de seu íntimo colaborador Friedrich Engels Somente depois da morte de Marx é que o marxismo se desenvolveu como uma visão do mundo de amplo alcance e como a doutrina política carac terística de muitos partidos socialistas inicial mente pelo trabalho de Engels que expôs a visão marxista do mundo como a perspectiva da classe operária comparando seu papel ao da filosofia clássica alemã em relação à burguesia Engels 1888 embora ao mesmo tempo tenha enfatizado seu caráter científico Através de seus textos e de sua correspondência Engels exerceu forte influência sobre a primeira gera ção de pensadores marxistas e no final do século XIX o marxismo estava firmemente es tabelecido em grande parte fora das institui ções acadêmicas como teoria social e doutrina política de grande importância assimilado em alguns casos a um sistema filosófico geral Na teoria social é possível distinguir três elementos principais Primeiro uma análise dos principais tipos de sociedade humana e sua sucessão histórica em que se dá lugar de des taque à estrutura econômica ou modo de pro dução na determinação da forma completa da vida social O modo de produção da vida material determina o caráter geral dos processos sociais políticos e espirituais da vida Marx 1859 Prefácio O próprio modo de produção é definido em termos de dois fatores as forças produtivas a tecnologia disponível e as rela ções de produção o modo como a produção é organizada e em particular a natureza dos gru pos que possuem os instrumentos de produção ou simplesmente contribuem com seu trabalho para o processo produtivo A partir dessa aná lise surgiram duas idéias fundamentais da teo ria marxista uma periodização da história con cebida como um movimento progressivo atra vés dos modos de produção antigo asiático feudal e capitalista moderno e uma concepção do papel das classes sociais na constituição e transformação das estruturas sociais O segundo elemento é um esquema expla natório que abrange as mudanças de um tipo de sociedade para outro no qual dois processos têm importância crucial Por um aspecto as mudanças são provocadas pelo progresso da tecnologia e o próprio Marx enfatizou isso quando escreveu 1847 cap2 seção 1 que o moinho manual nos dá uma sociedade com senhores feudais o moinho a vapor uma so ciedade com capitalistas industriais ou no vamente mais tarde nos Grundrisse 185758 p5924 em que examinou mais amplamente as conseqüências do rápido avanço da ciência e da tecnologia para o futuro do capitalismo Por um outro aspecto porém as transformações sociais são resultado de lutas de classe cons cientes mas os dois processos estão intima mente relacionados uma vez que o desenvol vimento das forças produtivas está preso à as censão de uma nova classe e a classe dominan te existente tornase cada vez mais um obs táculo a um maior desenvolvimento O terceiro elemento é a análise do capitalis mo moderno à qual Marx e marxistas pos teriores dedicaram a maior parte de sua atenção O capitalismo é concebido como a forma final da sociedade de classes em que o conflito entre burguesia e proletariado se intensifica conti nuamente junto com as contradições econômi cas do capitalismo que se manifesta em crises recorrentes e o processo de SOCIALIZAÇÃO DA ECONOMIA é acelerado pelo desenvolvimento de cartéis e trustes Essa análise e o crescimento de partidos socialistas de massa levaram neces sariamente a uma preocupação com as formas que poderia assumir uma transição para o so cialismo e à elaboração de uma doutrina políti ca marxista que ajudaria a integrar e orientar o movimento da classe operária Desde um estágio inicial no entanto houve diversas interpretações do legado de Marx e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar marxismo 445 desacordos quantos a seu ulterior desenvol vimento Na Alemanha em grande parte sob a influência de Karl Kautsky o marxismo foi concebido basicamente como uma teoria cien tífica da evolução social sendo fortemente en fatizadas suas afinidades com o darwinismo e seus aspectos mais deterministas pareciam ser confirmados pelo desenvolvimento do capita lismo e pelo rápido crescimento do movimento socialista Na Rússia por outro lado onde o capitalismo mal havia começado a se desenvol ver e não havia movimento socialista de massa o marxismo foi uma doutrina exposta por pe quenos grupos de revolucionários e em es pecial por Plekhanov como uma visão de mun do filosófica a partir da qual Lenin desenvol veu a idéia de uma consciência socialista levada de fora para a classe operária e esta posteriormente se tornou um elemento central na ideologia do partido bolchevique e do estado soviético Essa divisão entre interpretações mais deter ministas e mais voluntaristas percorre toda a história posterior do marxismo em incessantes revisões e reformulações da teoria social e da prática política que pelo menos em parte dela derivou Na primeira década do século XX o marxismo foi também confrontado por uma crescente discussão crítica tanto vinda de fora nos textos por exemplo de Max Weber Émile Durkheim e Benedetto Croce quanto de dentro em especial na exposição de Bernstein 1899 sobre os resultados de seu esforço para deixar claro exatamente onde Marx está certo e onde está errado que o levou a criticar vários aspec tos da ortodoxia marxista incluindo a visão de colapso econômico para o fim do capitalismo e a idéia de uma crescente polarização da socie dade entre burguesia e proletariado e em textos posteriores a afirmar que o movimento socialis ta exigia uma doutrina ética tanto quanto uma teoria social ver REVISIONISMO Entre os marxistas que reagiram às críticas feitas ao marxismo como ciência social e de maneira mais geral a novas concepções em filosofia e economia os austromarxistas ga nharam uma nítida influência através de sua elaboração dos princípios de uma sociologia marxista e de sua pesquisa inovadora em novos campos de investigação entre os quais se in cluíram os estudos do nacionalismo do direito e do mais recente desenvolvimento do capitalis mo em seu estágio imperialista ver AUSTRO MARXISMO Lenin e os bolcheviques porém com a parcial exceção de Bukharin 1921 deram pouca atenção a teorias sociais alter nativas e reagiram às críticas de Bernstein iden tificando o revisionismo com o REFORMISMO e com o abandono dos objetivos revolucionários Suas versões do marxismo concentramse em grande parte na criação de um partido revolu cionário disciplinado capaz de liderar a classe operária e seus aliados especialmente no caso russo o campesinato rumo a uma bemsucedi da conquista do poder Desse modo o marxis mo foi convertido em uma doutrina que en fatizava a vontade política e a liderança do partido como os fatores cruciais para a mudança social A revolução russa que instalou os bolche viques no poder criou condições inteiramente novas para o desenvolvimento do pensamento marxista O leninismo e posteriormente o s talinismo estabeleceramse como uma ideolo gia oficial dogmática que adquiriu grande in fluência internacional com a fundação de par tidos comunistas dentro do modelo soviético em outros países enquanto o Partido Social Democrata alemão profundamente dividido e enfraquecido em resultado da guerra e da der rota dos levantes revolucionários de 191819 perdeu sua antiga proeminência como centro de teoria e prática marxista Nos anos do entre guerras e por algum tempo depois da Segunda Guerra Mundial o marxismo tornouse am plamente identificado na mente do público com o marxismo soviético embora tenha havido de fato uma profunda cisão no pensamento mar xista em parte coincidindo com a divisão do movimento internacional da classe operária en tre a versão soviética e o que seria mais tarde chamado de marxismo ocidental Mas este último era ele próprio bastante diversificado Em algumas de suas formas e especialmente na obra dos austromarxistas continuou a se desen volver como um campo de investigação cien tífica analisando as mudanças na sociedade capitalista depois da Primeira Guerra Mundial a ascensão do fascismo e o desenvolvimento de uma ditadura política e de uma economia estatal totalitária na União Soviética Outros marxistas ocidentais porém que se tornaram membros dos recémformados par tidos comunistas rejeitaram a concepção do marxismo como sociologia científica e adota ram dele uma visão mais leninista como uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 446 marxismo consciência revolucionária incorporada em um partido da classe operária embora tenham exis tido ou surgido diferenças consideráveis entre os principais expoentes desse ponto de vista Korsch 1923 Lukács 1923 e Gramsci 192935 Korsch mais tarde 1938 rejeitou toda essa perspectiva dizendo que a principal tendência do materialismo histórico não é mais filosófica mas sim a de um método científico empírico e as análises de Gramsci do estado e da sociedade civil continham muitos elemen tos que poderiam ser e foram incorporados a uma teoria sociológica Lukács também mudou suas idéias e no prefácio a uma nova edição de sua antiga obra 1923 1971 referiuse de forma autocrítica a seu messianismo revolu cionário utópico e expressou dúvidas quanto ao conteúdo e à validade metodológica do tipo de marxismo que ele havia então proposto Os primeiros textos de Korsch e Lukács porém também ajudaram a promover outra forma do pensamento marxista com a criação do Ins tituto de Pesquisa Social de Frankfurt em 1923 que mais tarde nos anos 60 floresceu de forma exuberante na teoria crítica da ESCOLA DE FRANK FURT Os problemas práticos de se construir uma sociedade socialista na Rússia pósrevolucio nária em um país principalmente agrário e devastado pela Primeira Guerra Mundial pela guerra civil e pela intervenção estrangeira cria ram dificuldades de outro tipo para a teoria marxista A maioria dos primeiros marxistas como o próprio Marx de qualquer maneira pouca atenção dera à questão de como uma economia socialista e novas instituições sociais e políticas seriam efetivamente organizadas limitandose a descrições gerais como o modo associado de produção ou uma sociedade de produtores associados embora Kautsky 1902 e os austromarxistas tenham de fato examinado mais amplamente algumas das questões implícitas Na União Soviética as di ficuldades do desenvolvimento socialista fo ram aumentadas pela necessidade urgente de restauração da economia destroçada e da pro moção da rápida industrialização e esse tor nouse o ponto central dos intensos debates dos anos 20 sobre as políticas e programas do pe ríodo de transição debates que foram final mente encerrados pela ditadura de Stalin e a imposição impiedosa da industrialização e da coletivização da agricultura Os marxistas ocidentais no período do en treguerras tiveram de enfrentar uma série de problemas o fracasso dos movimentos revolu cionários nos países capitalistas avançados a ascensão do fascismo o caráter mais totalitário do regime soviético e ataques críticos a toda a idéia de uma economia socialista planejada iniciados por von Mises 1920 1922 que tive ram seqüência em uma alentada controvérsia entre economistas conservadores como Hayek 1935 e do lado do marxismo especialmente Lange Lange e Taylor 1938 Não obstante a influência do pensamento marxista predomi nantemente em uma forma leninistastalinista cresceu durante os anos 30 em grande parte devido ao contraste entre o desenvolvimento bastante rápido e prolongado da economia so viética e as condições de crise econômica e depressão no mundo capitalista bem como ao reconhecimento da União Soviética como gran de oponente dos regimes fascistas Mas entre os próprios marxistas a crítica ao socialismo tota litário continuou e houve também dúvidas crescentes mais vigorosamente expressas pe los pensadores da Escola de Frankfurt a res peito do papel político revolucionário da classe operária na sociedade capitalista Esses temas continuaram a dominar o pen samento marxista depois de Segunda Guerra Mundial A extensão do sistema soviético pela Europa Oriental seguida por uma sucessão de levantes contra os novos regimes dos anos 50 aos 80 produziu recentes críticas ao que era chamado de socialismo real e seus defensores ortodoxos e a influência do marxismo soviético foi se reduzindo incessantemente Ao mesmo tempo a série variada de teorias e doutrinas conhecida como marxismo ocidental adquiriu influência bem maior incluindo a exercida so bre movimentos dissidentes na Europa Orien tal mas em condições muito diversas das que predominaram nos anos do entreguerras De pois da Segunda Guerra Mundial o capitalismo entrou em fase de crescimento econômico ex cepcionalmente acelerado e prolongado acom panhado na Europa Ocidental sob a influência de movimentos socialistas que estavam agora mais fortes do que nunca por uma ampliação da propriedade pública certo grau de plane jamento econômico e o desenvolvimento do que veio a ser chamado de estado de bemes tar Na Europa Oriental movimentos de revol ta especialmente na Hungria em 1956 e na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar marxismo 447 Tchecoslováquia em 1968 e o rumo intei ramente diverso tomado pela Iugoslávia a par tir de 1951 na construção de um sistema de autogestão operária pareceram indicar que se acabaria alcançando naquela parte da Europa uma forma de sociedade socialista democrática De qualquer forma contribuíram para um no tável reavivamento do pensamento marxista que agora se tornava amplamente difundido em países ocidentais não apenas na história na sociologia e na ciência política onde há muito tinha um tipo de presença mas na economia e na antropologia na filosofia e na estética O marxismo assim tornouse um ponto focal de importantes controvérsias que o colocaram em novo relacionamento com outras correntes do pensamento social Mas esse renascimento também aumentou a diversidade de concepções marxistas influen ciada também por uma difusão mais ampla de alguns dos textos menos conhecidos do próprio Marx como os Manuscritos econômicos e filo sóficos 1844 e os Grundrisse 185758 A Escola de Frankfurt através dos textos de Theo dor Adorno Max Horkheimer e Herbert Mar cuse ganhou ampla influência como crítica cultural da sociedade burguesa concebida co mo dominada pela racionalidade tecnológica e por uma correspondente orientação positivis tacientificista das ciências sociais em vez de o ser por uma classe capitalista Contra isso o marxismo estruturalista de Louis Althusser for mado em parte pelo movimento estruturalista mais amplo ver ESTRUTURALISMO afirmou a importância de se analisarem as estruturas pro fundas das sociedades humanas especialmente seus modos de produção e retratou o marxismo como uma nova ciência dos diferentes níveis de prática social da qual o sujeito humano como ser autônomo ativo foi eliminado Em outra direção o grupo Praxis de filósofos e sociólogos iugoslavos concentrou sua atenção nos problemas de alienação nas sociedades tan to capitalista quanto socialista estatal bem co mo no desenvolvimento e nas perspectivas do socialismo autogestionário autogerenciado e seus textos exerceram um impacto particular nos intelectuais da Europa Oriental O pensamento marxista desse período divi diuse não apenas entre um vigoroso marxismo ocidental e um moribundo marxismo soviético como uma breve incursão do maoísmo como doutrina política que cativou alguns estudantes radicais mas entre duas concepções alterna tivas que podem ser amplamente categorizadas como humanista e científica Bottomore 1988 Introdução Os marxistas da primeira categoria enfatizaram o conteúdo humanista democrático ou emancipatório da economia marxista e as ações conscientes e intencionais de indivíduos e grupos sociais enquanto os da segunda estavam basicamente preocupados com seu caráter científico explanatório e com o esquema conceitual e a teoria do conhecimen to característicos que lhe estão subjacentes Ambas as orientações envolveram pensadores marxistas em controvérsias muito mais amplas sobre todo o campo das ciências sociais da história e da filosofia a respeito de estrutura e mediação humana na vida social da impor tância relativa de fatores culturais ou ideológi cos e sociais no desenvolvimento da sociedade e de questões metodológicas fundamentais e eles próprios deram contribuições substanciais a esses debates Embora o marxismo tenha conservado um lugar mais importante no pensamento social do que ocupara no início do século tornouse me nos influente nos anos 80 do que na década anterior e teve de enfrentar problemas impor tantes Um destes é fornecer alguma análise convincente da estabilidade e crescimento do capitalismo no pósguerra e à luz dessa análise reconsiderar a natureza ou de fato a possi bilidade de uma transição para o socialismo como até agora concebido nos países industriais avançados levando em conta especialmente o aparente declínio de políticas especificamente de classe operária e a ascensão de várias formas de políticas nãoclassistas nos novos tipos de MOVIMENTO SOCIAL Problema ainda maior é representado pelas mudanças nos países de so cialismo real que culminaram no final dos anos 80 na derrubada dos regimes comunistas na maior parte da Europa Oriental e na acelera ção de mudanças fundamentais na União Sovié tica em direção a uma economia mais orientada para o mercado e a um sistema político mul tipartidário Uma vez que a maioria dos países da Europa Oriental embarcou então em uma restauração do capitalismo é evidente que a teoria marxista da história que não previu se melhante transição inversa do socialismo para o capitalismo fica necessitando de uma revisão drástica e é uma resposta singularmente inade quada dizer que os países envolvidos não eram Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 448 marxismo realmente socialistas O que se exige é uma análise muito mais fundamental do desenvol vimento do capitalismo e do socialismo no século XX e uma reorientação da teoria mar xista se isso é possível de ser básica ou até exclusivamente uma análise da ascensão de senvolvimento e prevista superação do capi talismo para uma análise que dê igual ou maior destaque aos estudos do surgimento e desenvol vimento do socialismo e das contradições e crises que podem ocorrer dentro de uma econo mia e uma sociedade socialistas Se essa reo rientação de idéias virá a ser acomodada dentro de um esquema de pensamento que ainda seja reconhecivelmente uma forma de marxismo clássico ou se marca o início de uma era pósmarxista é algo que só o futuro dirá É óbvio pelo menos que no decorrer das poucas últimas décadas o marxismo já se havia desen volvido de tal modo que seu caráter era menos o de uma única e bem amarrada teoria e mais o de um amplo embora ainda característico paradigma dentro do qual diversos tipos de explicação e interpretação são possíveis e é evidente também que nesse processo seu papel como doutrina política distinta da doutrina do socialismo em geral foi grandemente atenuado de forma que no futuro é muito provável que partidos marxistas venham a ser uma espécie de raridade Leitura sugerida Avineri Shlomo 1968 The Social and Political Thought of Karl Marx Bottomore Tom org 1983 1991 A Dictionary of Marxist Thought Kolakowski L 1978 Main Currents of Marxism Lichtheim George 1961 Marxism an Historical and Critical Study McLellan David org 1983 Marx The First Hundred Years TOM BOTTOMORE marxismo austro Ver AUSTROMARXISMO marxismo ocidental Considerase em geral que esta modalidade de teoria marxista abrange autores tão diversos quanto Georg Lukács Er nst Bloch Karl Korsch Antonio Gramsci membros da Escola de Frankfurt e pensadores franceses de JeanPaul Sartre em sua obra tar dia a Louis Althusser e a primeira parte da obra ainda em evolução de Jürgen Habermas Como tal ela cobre todo um corpo teórico iniciado em torno de 1920 e encerrado por volta de 1970 Nunca significou simplesmente marxismo no Ocidente ou marxismo vindo do Ocidente para se opor à ortodoxia marxista na União Soviéti ca Nem um teórico trotskista como Ernest Mandel nem o famoso dissidente Rudolf Bahro são marxistas ocidentais no sentido filosófi co Por outro lado muitos empreendimentos neomarxistas que se afirmaram a partir dos anos 60 como a história revisionista de Perry Ander son 1976 a economia de esquerda sraffiana isto é neoricardiana da escola de Cambridge e o marxismo analítico de Jon Elster e John Roemer deveriam ser incluídos sob a rubrica do marxismo ocidental Qual é então a differentia specifica do mar xismo ocidental O melhor meio de abordar a questão é examinar o contexto histórico de suas idéias Ele foi antes e acima de tudo um repú dio ao marxismo da Segunda Internacional So cialista A teoria marxista depois da morte de Marx havia assumido uma posição cada vez mais determinista A partir da década de 1890 surgiu a doutrina de que as leis econômicas objetivas eram a força motriz da história e que a consciência não passava de um reflexo da realidade física e social Nos anos 20 essas idéias ainda eram sustentadas por teóricos in fluentes como Karl Kautsky e Nicolai Bukha rin tal como de fato o eram em alguns contex tos pelo próprio Lenin Mas esses foram apai xonadamente contestados por jovens leninistas do Ocidente Lukács Bloch Korsch e Gramsci Este último chegou ao ponto de saudar a ascen são do comunismo ao poder em 1917 como uma revolução contra O capital com o que quis dizer que fora um triunfo da história sobre o determinismo histórico A expressão de Gramsci indicava a principal motivação da revolta do marxismo ocidental contra a Segunda Internacional radicalismo impaciente inflamado pela luz de outubro e ditado por esperanças messiânicas de redenção humana e não apenas social através da revolu ção Politicamente falando os fundadores do marxismo ocidental o quarteto acima men cionado partiram de variadas formas de es querdismo extremo tais como o anarcosin dicalismo ou o comunismo de conselho para a disciplina leninista a posição final tanto de Lukács quanto de Gramsci ainda que diferen temente definida A política leninista só seria abandonada bem mais tarde na Escola de Fran kfurt do pósguerra com seu principal herdeiro e reformador Habermas Originalmente o marxismo ocidental era o leninismo político sem o materialismo deter Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar marxismo ocidental 449 minista rudimentar da filosofia leninistasta linista Não demorou a manifestar uma epis temologia humanista insistindo no contraste estranho igualmente a Marx Engels Kautsky e Lenin entre a critique e a ciência social Já não concebia a análise marxista como uma crítica da economia burguesa mas sim como uma alternativa ao ponto de vista científico com orgulho de sua dialética plenamente de senvolvida Tanto Kautsky quanto Bukharin haviam tacitamente remodelado o marxismo como uma sociologia histórica naturalista mais ligada ao evolucionismo do que à dialética e daí mais próxima de Ernst Haeckel do que de Hegel Mas os que iniciaram o marxismo oci dental eram todos neoidealistas tão baseados em Fichte e acima de tudo Hegel quanto os austromarxistas ver AUSTROMARXISMO em Kant e sua inclinação filosófica lembrava vi vamente o hegelianismo de esquerda das déca das de 1830 e 1840 A redescoberta de fontes idealistas acompa nhou empréstimos tomados da cultura burguesa e enquanto o jovem Lukács devia muito a Georg Simmel Wilhelm Dilthey e Max Weber Gramsci era influenciado por Benedetto Croce e os teóricos italianos da elite e os pensadores da Escola de Frankfurt combinavam o tema da alienação com elementos nietzschianos pers pectivas freudianas e motivos modernistas Quanto ao marxismo francês a enorme sombra de Heidegger assomava sempre ao fundo Esse ecletismo funcionava em um espírito idealista e o mais comum era que fosse aplicado à análise de problemas culturais em vez de políticoeco nômicos embora Gramsci se tenha especia lizado em cultura política Tanto assim que é possível dizer da maior parte do marxismo oci dental que é um marxismo da superestrutura ver BASE E SUPERESTRUTURA Lukács Walter Benjamin Theodor Adorno e Sartre estão entre os críticos literários e estetas mais notáveis de nossa época A conjunção de tema cultural e epistemologia humanista aproxima o marxismo ocidental da tradição hermenêutica como uma busca neoidealista mais de significados do que de causas e a maior parte dela é intencional mente interpretativa e não explanatória Um último aspecto geral do marxismo oci dental notavelmente ausente porém em Kors ch Gramsci ou Althusser foi a hostilidade à civilização moderna O jovem Lukács Bloch e mais especialmente a Escola de Frankfurt in jetaram no marxismo forte dose de Kulturkritik uma recusa baseada em princípios morais dou trinária e indiscriminada à cultura da MODER NIDADE Sentiamse profundamente constran gidos com o industrialismo indiferentes à de mocracia liberal e bastante hostis à ciência e à ideologia Essa síndrome ideológica não era de forma alguma predominante nas divergências anteriores por mais arrojadas que fossem do marxismo clássico como no revisionismo fin desiècle de Eduard Bernstein ou um pouco mais tarde no pensamento de Georges Sorel ou nas pesquisas seminais dos austromarxistas Ora o próprio Marx como Hegel fora grande admirador da modernidade de forma que o marxismo ocidental a esse respeito re presenta uma enorme inversão de perspectiva histórica dentro do campo marxista A lógica da tese histórica como o materialismo foi por água abaixo O marxismo ocidental nasceu em forma de livro com os ensaios coligidos por Lukács em História e consciência de classe como jus tificativa da revolução de Lenin e em Marxis mo e filosofia de Korsch ambos publicados em 1923 O herói conceitual de ambos os livros é um sujeito social a consciência revolucionária do proletariado A objetificação simplesmente reflete os hábitos do sujeito assim enquanto a reificação má objetificação reflete o mau su jeito isto é o capitalismo e a cultura burguesa o paraíso revolucionário se instalará tão logo o proletariado atinja uma apreensão da totali dade O ponto de vista da totalidade é para Lukács a própria essência do marxismo muito mais importante que os temas econômicos O senso de totalidade é uma PRÁXIS consciente e a totalidade como práxis é autovitalizante é um sujeito histórico global E o sentido fun damental do presente é revolucionário porque o trabalho alienado compreende diretamente a reificação isto é a desumanização como a alma do capitalismo Na verdade o proletariado pode ou não exi bir consciência da totalidade porém se não o faz não importa pois Lukács achava que havia uma vontade coletiva destinada a fazer surgir a real liberdade o Partido Comunista Os primeiros trabalhos de Lukács haviam exposto uma mística ética como saída para a decadência e ao abraçar o marxismo ele preservou um moralismo messiânico Max Weber de quem ele se tornou amigo em Heidelberg descreveu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 450 marxismo ocidental o como um caso perfeito de ética da convic ção muito longe do realismo responsável A revolução foi quase separada das preocupações materiais enquanto o comunismo era levado a personificar uma idéia elevada da cultura como o reino de uma vida significativa Conforme o próprio Lukács mais velho reconheceu a obra inteira estava permeada de um anticapitalismo romântico O romance do marxismo com a Kulturkritik continuou com os herdeiros de Lukács os filó sofos de Frankfurt Max Horkheimer e Theodor Adorno O livro que escreveram juntos Dialé tica do esclarecimento 1947 tornouse o se gundo evangelho do marxismo ocidental O programa de Horkheimer era filosofia social uma teorização da mentalidade empírica em bora diferente da ciência social positivista em seu compromisso lukácsiano com a apreensão do todo Mas os pensadores de Frankfurt dei xaram de lado o utopismo de Lukács bem como sua metafísica do sujeito e com ela o mito do proletariado revolucionário Nos anos 40 es tudaram o antisemitismo em conexão com o fascismo e a personalidade autoritária e de pois da guerra abstiveramse da análise de clas se concentrandose em uma condenação abran gente da cultura moderna como traição da razão A razão como instrumento a ciência foi acusada de trocar a emancipação pela re pressão no sentido instintual freudiano e o papel da teoria crítica tornouse uma espécie de resistência pessimista à cultura de massa tanto ao capitalismo quanto ao socialismo Pos teriormente esses dois regimes seriam equacio nados como formas repressivas unidimensi onais de sociedade por Herbert Marcuse Nas mãos de Adorno a dialética tornouse a epítome de um marxismo arcano em seu livro Dialética negativa 1966 Surgiu um estranho marxis mo sem proletariado desprovido de luta de classes e de otimismo histórico O fim de Hor kheimer foi um retorno a Schopenhauer e à religião O radicalismo marxista ocidental no entan to não havia morrido Já o talentoso ensaísta Walter Benjamin combinava ou alternava uma política radical com uma epistemologia irracio nalista e o mais profundo pessimismo histórico indisfarçado em suas Teses sobre a filosofia da história 193940 in Benjamin 1955 Nos anos 60 enquanto JeanPaul Sartre tentava uma fusão do existencialismo com o marxismo Marcuse começava a flertar com a rebeldia estudantil e os movimentos da contracultura Os exilados da Escola de Frankfurt haviam trans formado o marxismo ocidental em mais um romantismo do desespero Sartre e Marcuse estavam determinados a reanimálo como um romantismo da revolta A onda seguinte a do marxismo estruturalis ta ver ESTRUTURALISMO liderada por Louis Althusser reagiu asperamente ao primado da consciência em Lukács e Sartre mas acabou produzindo um fundamentalismo altamente es colástico em torno do ideal da história como ciência Duas evoluções neomarxistas o de bate anglofrancês sobre modos de produção e o anglogermânico sobre a natureza do estado capitalista começaram como derivações de categorias althusserianas Politicamente falan do enquanto Sartre e Marcuse eram esquer distas os althusserianos eram em geral maoís tas e o próprio Althusser foi um dos últimos marxistas que renunciaram à ditadura do prole tariado Gramsci era muito diferente e seus Cader nos do cárcere escritos de 1929 a 1935 contêm peças soberbas ainda que necessariamente fragmentadas de sociologia política analisan do de forma sutil a influência recíproca entre mudança política e estrutura de classe As ob servações de Gramsci sobre hegemonia de clas se e coligações de classe sobre tipos de revolu ção e modernização e sobre o papel dos intelec tuais são revigorantemente livres do rude deter minismo econômico do marxismo vulgar sem caírem na teorização árida de grande parte do marxismo ocidental Ao mesmo tempo que par ticipava de sua rejeição ao determinismo e ao historicismo ele foi diferente dos pensadores alemães por estar isento do pathos da Kul turkritik e embora leninista tentou seriamente orientar o comunismo em uma direção nãosec tária protodemocrática misturando socialismo e cultura popular Suas posições viriam a ins pirar o eurocomunismo meio século depois de sua morte em seguida a um longo período de cárcere nas mãos do regime fascista Tanto o espírito democrático quanto a eli minação da Kulturkritik também destacam os textos copiosos do principal pensador da Escola de Frankfurt Jürgen Habermas O âmago da sua reconstrução da teoria crítica é uma tentativa de garantir o conhecimento como emancipação através de uma ética comunicativa O paradig Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar marxismo ocidental 451 ma não é mais a observação mas o diálogo A teoria crítica sofre uma virada lingüística si milar à do último Wittgenstein ou à hermenêu tica de Gadamer Diferentemente desses auto res Habermas não é nenhum relativista na verdade ele é hoje em dia o principal contes tador do pensamento arquirelativista e cético de pensadores pósestruturalistas como Fou cault Derrida e Lyotard Em sua obra recente 1981 o marxismo ocidental do abandonar os últimos vestígios da luta de classes diluise em um neoevolucionismo enciclopédico centra do na macrohistória da ação comunicativa Leitura sugerida Anderson P 1976 Considerations on Western Marxism Geuss Raymond 1981 The Idea of a Critical Theory Habermas and the Frankfurt School Held D 1980 Introduction to Critical Theo ry Horkheimer to Habermas Jacoby Russell 1981 Dialectic of Defeat Contours of Western Marxism Jay Martin 1973 The Dialectical Imagination a History of the Frankfurt School and the Institute of Social Research 192350 Merquior JG 1986 O marxismo ocidental JG MERQUIOR massa cultura de Ver CULTURA DE MASSA massa sociedade de Ver SOCIEDADE DE MAS SA materialismo Em seu sentido mais amplo o materialismo afirma que qualquer coisa que exista é apenas matéria ou pelo menos depende dela Em sua forma mais geral ele pretende que toda a realidade seja essencialmente mate rial em sua forma mais específica que a reali dade humana assim é Na tradição marxista o materialismo normalmente é do tipo nãoredu tivo mais fraco O materialismo pode ser en carado como uma operação de contenção contra formas de idealismo que afirmem a exis tência de entidades abstratas tais como valores universais a não ser que identificados como propriedades de coisas materiais seres ou mentes sobrenaturais a não ser que identifica dos com ou pelo menos baseados em proces sos corpóreos e contra explicações que in voquem tais entidades Os materialistas assim excluem a possibilidade da existência incor pórea e são metafisicamente orientados contra o dualismo Neste artigo considerarei primeiro o materialismo na esfera da filosofia da mente antes de passar ao materialismo marxista Opondose ao cartesianismo clássico o COMPORTAMENTALISMO de início e meados do século XX afirmava que a mente consiste em ações ou mesmo movimentos externos No ter ceiro quartel do século ficou claro que o com portamentalismo aproveitouse para dizer o mínimo de uma confusão entre significado e fundamentos empíricos A forma predominante de materialismo o materialismo do estado cen tral MEC defendido por D Armstrong UT Place e JJC Smart implicava três estágios 1 a análise de afirmações mentais prima facie tais como estou pensando agora como to picamente neutras isto é nada dizendo a res peito da natureza do processo envolvido 2 a definição de um estado mental tanto em oposi ção à visão clássica como arena interna quanto ao comportamentalismo como ato externo co mo um estado real de uma pessoa apta à produção de certos tipos de comportamento físico de forma que a mente é vista como uma arena interna identificada por suas relações cau sais com o ato externo e 3 a identificação especulativa desses processos internos com os procedimentos físicoquímicos do cérebro ou mais completamente do sistema nervoso cen tral O MEC é mais plausivelmente interpretado como um princípio regulador ou programa de pesquisa apoiado por comprovações neurofi siológicas Mas a comprovação da redução im plícita no estágio 3 é suspeita e afirmouse que o MEC enfrenta dificuldades insuperáveis de análise bem como para sustentar a causalidade e a interação social Bhaskar 1979 1989 cap4 seções 4 e 5 O materialismo eliminató rio M El possivelmente defendido de forma mais convincente por P Churchland inves tigando em maior profundidade os textos de P Feyerabend WVO Quine e R Rorty rejeita a análise topicamente neutra estágio 1 não oferecendo uma análise revisionista de termos mentalísticos prima facie mas negando que as afirmações nas quais eles ocorrem possam ser verdadeiras Mas não fica claro que o M El possa ser coerentemente expresso Outros filó sofos realistas opondose às implicações deter ministas e reducionistas tanto do MEC quanto do M El contrapuseram a isso uma visão das mentes como formas de matéria causalmente e taxonomicamente irredutíveis porém de pendentes Por exemplo na posição do ma terialismo de poderes emergentes sincrônicos MPES apresentada por R Bashkar a mente é concebida não como uma substância seja material ou imaterial mas como um complexo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 452 massa cultura de de forças Isso tem analogias com o funciona lismo de H Putnam As teorias de duplo aspecto revividas por P Strawson costumam ser encaradas como espécies de materialismo devido a elas men te e matéria são dois modos de uma única substância Mas sofrem de um compromisso ontológico ambivalente Se os atributos men tais são reais irredutível e causalmente efi cazes então representam MPES se não MEC Por outro lado se a questão é evitada então não existe nenhum critério nãosubjetivo para a atri buição de quaisquer estados mentais O epi fenomenalismo às vezes ainda apoiado tem dificuldades em fazer justiça ao fenômeno de nossa mediação Foi isso que o primeiro Marx enfatizou ao elaborar seu materialismo prático MP afir mando o papel constitutivo da mediação trans formadora humana na reprodução e transforma ção de formas sociais O materialismo histórico MH afirmando a primazia causal do MODO DE PRODUÇÃO dos seres humanos e de seu ser natu ral físico ou do processo de trabalho de ma neira mais geral no desenvolvimento da his tória humana consiste em uma elaboração substantiva do MP Tem raízes no materialismo ontológico MO afirmando a dependência unilateral do ser social sobre o ser biológico e mais geralmente físico o surgimento do pri meiro a partir do último e a subseqüente eficácia causal do primeiro sobre o último cf MPES E pressupõe um materialismo realista cientí fico ou materialismo epistemológico ME afirmando a existência independente e a eficá cia transfactual de pelo menos alguns dos obje tos do pensamento científico Só podemos tratar aqui com algum deta lhamento do MP A Primeira Tese sobre Feuerbach ver Marx Early Writings 1975 p4212 implica uma distinção entre α obje tividade ou externalidade como tal e β obje tificação como a produção de um sujeito ou na terminologia do realismo científico moderno entre os objetos intransitivos do conhecimento e a atividade transitiva da produção do co nhecimento A Sexta Tese ibid p423 acar reta uma distinção entre β a atividade inten cional humana e γ a reprodução ou transfor mação das formas historicamente sociais e pre viamente existentes dadas como condições e veículos dessa atividade mas reproduzidas ou transformadas somente nela Adequadamente a incapacidade de distinguir α e β como dois aspectos da unidade de objetos conhecidos le vou a tendências tanto ao idealismo episte mológico redução de α a β de Georg Lu kács e Antonio Gramsci a Leszek Kolakowski e Alfred Schmidt quanto à reversão ao ma terialismo contemplativo tradicional redução de β a α de Engels e Lenin a Della Volpe e os expoentes contemporâneos da teoria da re flexão E adequadamente a incapacidade de distinguir β e γ como dois aspectos da uni dade da atividade transformadora ou como a dualidade de práxis e estrutura resultou tanto em individualismo e voluntarismo sociológico redução de γ a β como em por exemplo JeanPaul Sartre quanto em determinismo e reificação redução de β a γ como em por exemplo Louis Althusser O marco da tradição materialista dialética ver também MATERIALISMO DIALÉTICO foi a combinação de uma dialética da natureza com uma teoria reflexionista do conhecimento Am bas foram rejeitadas por Lukács no texto semi nal do marxismo ocidental História e cons ciência de classe 1923 em que também se afirmava que eram mutuamente incompatíveis Em geral quando o marxismo ocidental foi simpático a motifs dialéticos foi hostil ao ma terialismo Por outro lado quando o marxismo ocidental apregoou seu materialismo este era em geral de um tipo exclusivamente episte mológico como em Althusser Della Volpe e Lucio Colletti e onde foram abordados tópicos ontológicos como na reenfatização por S Tim panaro do papel da natureza na vida social a discussão era em geral comprometida por um irrefletido realismo empírico Em qualquer discussão do materialismo es preita o problema de uma definição de matéria Para o MP de Marx que se restringe à esfera social incluindo é claro a ciência natural e no qual materialismo deve ser entendido como prática social não surge nenhuma dificul dade Mas de Engels em diante o materialismo marxista teve pretensões mais globais e surge então a dificuldade de que se uma coisa mate rial é encarada como um ocupante duradouro de espaço capaz de ser perceptivamente iden tificado e reidentificado os muitos objetos do conhecimento científico embora dependentes de coisas materiais para sua identificação são imateriais Fica claro que quando se distingue entre ontologias científicas e filosóficas tais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar materialismo 453 considerações não necessitam conforme viram tanto Bertrand Russell quanto Lenin refutar o materialismo filosófico Mas qual é então o seu conteúdo Alguns materialistas aderiram à idéia da cognoscibilidade exaustiva do mundo pela ciência Essa parece uma presunção ex traordinariamente antropocêntrica até mes mo idealista Por outro lado a suposição mais fraca de que qualquer coisa cognoscível deve ser cognoscível pela ciência se não é tautoló gica apenas desloca a verdade do materialismo para a viabilidade do NATURALISMO em domí nios particulares Por tais motivos seria possível sentirse ten tado a tratar o materialismo mais como prise de position do que como conjunto de teses quase descritivas e mais especificamente como a uma série de negativas em grande parte lem brando que Hegel pôde plausivelmente afirmar que a história da filosofia é a história do idealis mo de afirmativas da filosofia tradicional com respeito à existência de Deus almas formas idéias dados sensoriais deveres o absoluto e assim por diante ou a impossibilidade ou s tatus inferior da ciência ou da felicidade ter rena e b como base indispensável para tais negativas um compromisso com sua explica ção científica como modos de consciência ou ideologia falsos ou inadequados No entanto tal orientação ainda pressupõe alguma explicação positiva da ciência ideologia etc Na verdade pode ser mais fácil justificar o materialismo como explicação da ciência e do cientificismo do que justificálo per se e talvez apenas essa explicação e essa defesa específicas do materialismo sejam compatíveis com a crítica de Marx ao pensamento hipostasiado e abstrato por exemplo na Segunda Tese sobre Feuer bach ibid p422 É significativo neste pon to que uma explicação realista transcendental do materialismo seja congruente com uma emergente orientação naturalista para os po deres A importância dessa última consideração é que desde Marx e Engels o marxismo tem conduzido uma dupla polêmica contra o idea lismo e contra um materialismo vulgar redu cionista ou nãodialético isto é mate rialismo contemplativo Marx ou mecânico Engels E o projeto de elaborar uma explica ção ou crítica materialista satisfatória de al gum tema caracteristicamente louvado pelo idealismo na prática tem significado em geral uma tentativa de evitar o reducionismo sem reverter ao dualismo Isso normalmente provo cou uma guerra de posições em duas frentes contra variados tipos de objetivismo e contra variados tipos formalmente contrapostos mas efetivamente complementares ou interdepen dentes de subjetivismo Bhaskar 1989 p1312 Seria então a intenção do materialis mo marxista transformar a problemática co mum colocando dessa forma em destaque tanto os erros quanto as percepções parciais da velha simbiose Leitura sugerida Armstrong D 1968 A Materialist Theory of Mind Bhaskar Roy 1979 1989 The Pos sibility of Naturalism 2ªed Churchland P 1979 Scientific Realism and the Plasticity of Mind Labica G 1976 Le statut marxiste de la philosophie Putnam H 1976 The mental life of some machines In The Philosophy of Mind org por J Glover Rorty R 1980 Philosophy and the Mirror of Nature parte 1 Soper Kate 1981 On Human Needs Timpanaro S 1976 On Materialism ROY BHASKAR materialismo dialético Elaborada pela pri meira vez por Lenin e G Plekhanov no contex to da luta revolucionária na Rússia para desig nar a filosofia marxista essa expressão é tam bém usada para identificar as partes da filosofia marxista que lidam com a ontologia a metafí sica e a teoria do conhecimento mas excluindo o materialismo histórico filosofia social a estética e a ética Houve ainda uma utilização ritualística da expressão como um selo afixado a textos aprovados pelas ou pretendendo a aprovação das autoridades na União Soviética na República Popular da China e nos países socialistas do Leste Europeu o que era ofi cial ou aprovado variava de país a país e no correr do tempo Os dogmas básicos do ma terialismo dialético são o materialismo filosó fico a possibilidade do conhecimento a aceita ção do desenvolvimento e assim a aceitação de propriedades emergentes e da irredutibili dade de algumas diferenças O materialismo presume que a matéria ou corpo tem primazia em relação à mente ou espírito Primazia significa que as mentes não são capazes de existir sem corpos enquanto estes podem existir sem serem continuamente dependentes das mentes como condição neces sária a sua existência Marx atribuiu o pen samento à categoria das atividades corpóreas o pensamento sendo a atividade do cérebro en Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 454 materialismo dialético quanto o caminhar envolve outras partes do corpo As expressões matéria e realidade objetiva são plenamente intercambiáveis Aceitamse as relações de retroalimentação en tre corpos e idéias O materialismo é tido como um pressuposto básico da ciência moderna e considerase que o sucesso das utilizações tec nológicas das ciências naturais fornece motivos básicos para o apoio ao materialismo A aceita ção do primado da matéria sobre a mente é visto como resultado não apenas de uma prova mas também de uma escolha pessoal que logica mente precede o raciocínio filosófico Os marxistas utilizam as palavras agnos ticismo e ceticismo para designar filosofias que negam a possibilidade do conhecimento Muitos marxistas ocidentais descrevem sua própria posição como uma variedade de realis mo enquanto filósofos soviéticos não aplica ram qualquer rótulo para descrever sua própria posição dentro da teoria do conhecimento ver CONHECIMENTO TEORIA DO A posição da maio ria era de que tudo pode ser conhecido em princípio contanto que haja evidências dis poníveis mas o conhecimento absoluto é ina tingível por indivíduos particulares Considera se que a prova dessa proposição é alcançável fora da esfera do pensamento A capacidade humana de usar uma teoria para produzir al guma coisa prevista por essa teoria significa que alguns aspectos desta constituem conhecimen to de seus objetos Desenvolvimento é em geral compreen dido com a ajuda de conceitos dialéticos cha mados de categorias de dialética diferença oposição conflito contradição qualidade e quantidade essência e aparência condição e causa efetivo e possível e assim por diante O conjunto de categorias é um conjunto aberto Geralmente se incluem conceitos discutidos por Aristóteles e Hegel mas os filósofos estão constantemente tentando acrescentar novos conceitos As categorias são encaradas como correspondentes a alguns aspectos da realidade assim falase de dialética objetiva desenvol vimento no mundo real dialética subjetiva desenvolvimento de idéias e dialética como teoria um modo de entender o desenvol vimento A palavra metafísica é às vezes usada como um nome para modos de pen samento que reduzem o desenvolvimento a mu dança ou não aceitam mudança alguma ou não aceitam que as distinções estabelecidas pelo pensamento humano entre objetos do pensa mento sejam ao mesmo tempo relativas e reais O conceito de desenvolvimento não é neces sariamente aplicado ao mundo como um todo e não há necessidade de se aceitar uma história unilinear do desenvolvimento Ninguém efetivamente conseguiu produzir uma teoria específica e sistemática que una de maneira não trivial dialética e materialismo Georg Lukács Della Volpe e muitos filósofos da União Soviética apresentaram razões hege lianas para tal teoria M Cornforth interpretou o materialismo dialético como um programa de pesquisa ou um conjunto de restrições e condi ções capacitantes paradigmáticas Alguns mar xistas britânicos e soviéticos opuseramse à dialética da natureza e às vezes restringiram o materialismo dialético à filosofia social Es sas posições implicam que as filosofias po dem ser dialéticas e materialistas mas que não pode haver um materialismo dialético Assim algumas filosofias analíticas podem ser rotula das como dialéticas e materialistas enquanto outros textos analíticos podem ser dialéticos e idealistas à parte os casos limítrofes e o ecletis mo Muitos tratados soviéticos sobre dialética restringiramse a dar exemplos de aplicação para algum conceito dialético embora esse uso seja publicamente condenado até pelos que o praticam Karl Marx tentou em 184344 substituir o idealismo hegeliano por uma filosofia mate rialista Por volta de 1845 ou 1846 começou a atribuir a filosofia à ideologia isto é uma forma de pensamento usada para discutir ques tões reais como questões dentro daquela forma de pensamento a substituição é feita incons cientemente As formas ideológicas eram as únicas disponíveis à humanidade antes do ca pitalismo Marx agora alegava que a ideologia tinha de ser substituída pela ciência empírica Nem Marx nem seu principal colaborador En gels estavam interessados em construir uma teoria sistemática do conhecimento e não acha vam que esta fosse uma parte importante da filosofia Foram autores russos do final do século XIX e início do século XX Plekhanov AM Debo rin Lenin que desenvolveram o materialismo dialético e depois da revolução bolchevique passou a haver ocupações pagas para filósofos que aceitassem o materialismo dialético de modo que seus textos se tornaram mais nume Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar materialismo dialético 455 rosos Entre 1930 e 1955 as discussões filosó ficas entre marxistas eram reprimidas a pu blicação de livros e artigos tornouse prati camente inexistente e o ensino da filosofia na União Soviética foi grandemente reduzido A filosofia soviética reemergiu da obscuridade entre 1955 e 1970 A teoria do conhecimento tornouse parte importante da filosofia e evo luiu para uma espécie de realismo pragmático lidando com a ciência moderna Outros temas importantes foram o status ontológico da men te as relações mentecorpo e o significado e âmbito da dialética Os autores soviéticos mais influentes foram Kedrov Kopnin Lektorski Ilienkov Filósofos poloneses e alemães orien tais desempenharam papel importante nesses desdobramentos Schaff e G Klaus foram os mais notáveis do Leste Europeu Textos italia nos franceses e ingleses desenvolveramse des de 1945 com algumas exceções raramente eram conhecidos na União Soviética ou na Eu ropa Oriental Autores britânicos e norteame ricanos tentaram produzir uma teoria analítica e materialista dialética do conhecimento MW Wartofsky R Bhaskar A Callinicos O hegelianismo era forte na União Soviéti ca enquanto Bachelard e Michel Foucault são populares entre os que superaram a visão de que Hegel fornece o paradigma ideal de como se deve fazer filosofia Na União Soviética e na Polônia a teoria do conhecimento era em geral analítica usando a lógica como instrumento mais importante Houve numerosas críticas aos filósofos nãomarxistas Para os filósofos dos países socialistas essas críticas em geral pro porcionavam um meio de substituir a filosofia supostamente sob crítica pelo materialismo dia lético O marxismo analítico ocidental tem tido um desenvolvimento importante desde os anos 70 Ele deixou de lado o essencialismo dialéti co e o apoio nos conceitos tradicionais de dia lética Só é dialético no sentido amplo em que toda a filosofia analítica moderna é dialética Leitura sugerida Callinicos A 1983 Marxism and Philosophy Cornforth M 1980 Communism and Phi losophy Contemporary Dogmas and Revisions of Mar xism Della Volpe G 1950 1980 Logic as a Positive Science Graham LR 1987 Science Philosophy and Human Behaviour in the Soviet Union Scanlan JP 1985 Marxism in the URSS A Critical Study of Current Soviet Thought Wartofsky MW 1979 Models Rep resentation and the Scientific Understanding EERO LOONE mediação Ver AÇÃO E MEDIAÇÃO medicina Todas as sociedades têm meios de interpretar e compreender o fenômeno da doen ça Fatores tão diversos quanto os astros os pecados o tempo e a constituição de uma pes soa foram usados no passado como base para arcabouços explanatórios mas a explicação predominante no século XX no Ocidente e cada vez mais em todo o mundo baseiase em uma teoria da doença que apareceu pela primeira vez no final do século XVIII nos hos pitais parisienses Ackerknecht 1967 Se por um lado a perspectiva médica an terior havia sustentado que uma característica importante da doença era o seu movimento a nova medicina dos hospitais fazia a afirmação radical de que ela podia ser localizada em ano malias específicas de estruturas anatômicas as chamadas lesões patológicas dentro do corpo e a elas atribuída Essa análise ao mesmo tempo justificava a hospitalização do paciente ou seja colocação do corpo em um cenário neutro para que médicos profissionais pudes sem praticar suas recémdescobertas habilida des no exame clínico a localização da lesão e na autópsia que permitia que a verdade sobre a lesão se revelasse aos olhos do médico Fou cault 1963 Esse novo modelo de doença foi extraor dinariamente bemsucedido sistemas rivais de medicina foram rapidamente eliminados en quanto se construíam hospitais por toda a Eu ropa e América do Norte e a profissão médica organizava sistemas de credenciamento pelo estado para marginalizar e eliminar os inqua lificados no tratamento dos doentes Starr 1982 Assim no início do século XX uma forte biomedicina como é geralmente chamada com base na patologia estava firmemente esta belecida e em posição de se beneficiar do e norme aumento de recursos dedicados à assis tência e saúde durante o resto do século em particular através do empenho dos governos em programas públicos de assistência de saúde pa ra suas populações ver SAÚDE Apesar da continuidade e do predomínio de uma abordagem biomédica da doença por todo o século XX com seu olhar estreito voltado para a lesão patológica bem no fundo do corpo surgiu um interesse paralelo pelo mundo social e psicológico do paciente Armstrong 1983 Durante meados do século XIX o mo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 456 mediação vimento de saúde pública havia obtido sucesso em melhorar as condições de vida da população através de medidas voltadas para a higiene am biental tais como saneamento inspeção dos alimentos e descontaminação da água potável De fato chegouse a afirmar que os progressos nas condições de saúde da população desde meados do século XIX são resultado desses programas de ação social mais que das ações dos médicos tomadas isoladamente McKe own 1979 Depois de sua idade de ouro a saúde pública rotinizouse e foi negligenciada foi porém revivida nos primeiros anos do século XX com a descoberta do social como um novo espaço no qual a doença podia manifestarse O reconhecimento de um elo entre fatores so ciais e enfermidades tais como a tuberculose e as doenças venéreas formou a base dessa nova medicina social Em sua forma mais recente geralmente chamada de nova saúde pública a ênfase é atribuída à regulação de estilos de vida através de atividades para a promoção da saúde e há uma crença em que os indivíduos deveriam começar a assumir a responsabilidade pela manutenção de sua própria saúde Martin e McQueen 1989 Paralelamente ao surgimento de preocupa ções com a saúde geral da população a medi cina clínica começou a reconhecer a importân cia do mundo psicossocial do paciente como indivíduo Essa mudança pode ser observada particularmente na psiquiatria que se afastou de sua preocupação exclusiva com a insani dade conforme ocorria no século XIX voltan dose para os problemas de superação das difi culdades cotidianas como encontrados nos problemas clínicos da ansiedade e da depressão ver PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL DEPRESSÃO CLÍNICA A ampliação da medicina para áreas da vida social através tanto da medicina social quanto das preocupações de uma medicina clínica cada vez mais orientada para o psicossocial provo cou inúmeras reações Uma delas foi a boa acolhida da mudança de ênfase como huma nizante e libertadora Em vez de objetificar os pacientes como nada além de corpos físicos o reconhecimento dos aspectos psicossociais da doença significa que os pacientes têm sua auto nomia e sua dignidade respeitadas a identifica ção no final do século XX do paciente como consumidor é apenas um componente dessa visão mais orientada para o paciente Outros comentaristas têm se mostrado mais críticos Se uma medicina dos corpos podia ser censurada por objetificar esses mesmos corpos então uma medicina que monitora o funcio namento psicossocial do paciente tem efeitos análogos sobre a totalidade do paciente Em suma a medicina permanece acusada de medi calizar a vida social reduzindo os sentimentos as cognições e o comportamento a apenas ou tros fatores que necessitam de adequada orientação e tratamento Arney e Bergen 1984 Por um lado dizse que isso retira a responsabilidade dos pacientes autônomos convencendoos a buscar o conselho médico e a se tornarem dependentes deste para todos os aspectos da vida Illich 1978 e por outro lado a mudança no sentido de enfatizar a autores ponsabilidade pela saúde significa uma carga adicional de estigmatização quando as pessoas fracassam nessa tarefa Crawford 1977 Uma terceira reação à expansão da esfera da medicina para o mundo psicossocial do paciente foi tratála como nem libertadora nem repressiva mas como refletindo outra faceta da relação multíplice entre medicina e sociedade Desde o significado das doenças médicas tais como o câncer e a tuberculose como metáforas no pensamento leigo Sontag 1979 até o impacto dos modelos orgânicos de equilíbrio na teoria social as idéias médicas têm alimen tado o social As influências na direção oposta são mais sutis porém mais profundas Vão do reconhecimento de que grande parte do que passa por conhecimento esotérico e técnico na verdade se baseia no conhecimento leigo Hughes 1977 até a afirmação de que todo o conhecimento médico incorpora representa ções sociais Assim a categoria de doença que a medicina lê como fenômeno biológico é ela própria um artefato social a diferença entre normal e anormal na medicina fisiologia e patologia precisa estar enraizada em afirma ções normativas sobre como o corpo deve fun cionar Nesse sentido todas as doenças apesar de sua manifestação biológica codificam ava liações sociais do que deve contar como normal em qualquer sociedade particular Uma amplia ção adicional dessa abordagem é o argumento de que não apenas a fronteira entre o normal e o anormal tem derivação social como o próprio conteúdo da patologia reflete um modo his toricamente posicionado de ler a natureza do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar medicina 457 corpo Armstrong 1983 e da mente Rose 1990 Durante o final do século XX a medicina tem mantido uma ascendência sobre uma cada vez mais complexa divisão do trabalho pela saúde de muitas maneiras a mudança para as áreas psicossociais pode ser encarada como parte de uma estratégia de manutenção da he gemonia sobre a província da doença Não obs tante já se vêem sinais de independência por parte de outros profissionais de assistência de saúde como as enfermeiras e uma utilização crescente por parte do público de médicos alternativos e complementares ao mesmo tem po a biomedicina está tendo de enfrentar de safios à sua efetividade e eficiência Cochrane 1972 bem como restrições importantes em seu futuro financiamento Tomadas em conjunto essas observações indicam um crescente de safio ao quadro predominante da medicina no qual a doença é conceitualizada Leitura sugerida Armstrong D 1983 The Political Anatomy of the Body Medical Knowledge in Britain in the Twentieth Century Arney WR e Bergen BJ 1984 Medicine and the Management of Living Taming the Last Great Beast Foucault M 1963 Naissance de la clinique Illich Ivan 1978 Medical Nemesis The Expropriation of Health Starr P 1982 The Social Transformation of American Medicine DAVID ARMSTRONG meios de comunicação Ver COMUNICAÇÃO DE MASSA mensuração Afirmações tais como A é mais X do que B ou A é n vezes mais X do que B parecem fundamentadas quando se de finem os procedimentos adequados de men suração graças aos quais um conjunto A B C de objetos pode ser comparado com res peito a X Assim é possível dizer que uma vareta A é mais comprida que B uma vez definida uma medida de comprimento e apli cada a A e B Da mesma forma uma sociedade A será considerada socialmente mais móvel uma vez definida uma medida de mobilidade social A mensuração é uma operação corrente nas ciências sociais tanto quanto nas naturais Sem mensuração é impossível responder a pergun tas sociológicas descritivas tão simples quanto as taxas de suicídio são maiores hoje no país A do que 20 anos atrás A desigualdade social está aumentando ou diminuindo na sociedade A A desigualdade social é maior no país A do que no B A mobilidade social intergerações vem aumentando ou decrescendo no país A na última década Enquanto essas perguntas demonstram que as ciências sociais não têm como evitar a men suração ilustram também as dificuldades de mensuração nessas ciências Etnometodólogos e fenomenólogos têm afirmado com razão que medir digamos taxas de suicídio pode ser uma coisa sem sentido uma vez que a definição social de suicídio varia no tempo e no espaço e registrar uma morte como suicídio é uma decisão social influenciada por muitos fatores Essas objeções no entanto deveriam ser relativi zadas se por um lado é verdade que medidas como as das taxas de suicídio não devem ser aceitas pelo que de imediato pareçam ser podem proporcionar afirmações comparativas fracas confiáveis como em as taxas de suicídio pare cem aumentar do tempo 1 para o tempo 2 São maiores no país A do que no país B Uma segunda dificuldade metodológica é ainda mais crucial Comprimentos podem ser medidos em polegadas ou centímetros se uma vara parece tão comprida quanto outra em po legadas será mais comprida também em cen tímetros No entanto essa propriedade de medi das físicas alternativas de acordo com a qual elas são monotonicamente relacionadas uma à outra em geral se perde no caso das medidas usadas nas ciências sociais Assim a mobili dade social pode ser medida pelo chamado índice Glass pelo índice Yasuda ou por muitos outros índices Boudon 1973 Da mesma for ma a igualdadedesigualdade de renda a igual dadedesigualdade educacional e assim por di ante podem ser medidas de várias maneiras Ora é teoricamente possível que digamos uma sociedade A pareça mais móvel ou mais igual do que B com respeito a alguma variável quan do se usa uma medida enquanto que o oposto será verdadeiro com outra medida Isso significa que conceitos como mobili dade social ou desigualdade são na verdade muito mais ambíguos do que comprimento ou temperatura os vários índices disponí veis correspondem na verdade a várias in terpretações dessas noções Na prática porém essas variadas medidas em geral parecem con vergentes Ver também ESTATÍSTICA SOCIAL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 458 meios de comunicação Leitura sugerida Douglas J 1967 1970 The Social Meanings of Suicide Pawson Ray 1989 A Measure for Measures RAYMOND BOUDON mercado Como a instituição social na qual as pessoas trocam livremente mercadorias bens recursos e serviços em geral usando como meio o dinheiro o mercado pressupõe uma divisão social do trabalho ver DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO e pelo menos de facto a propriedade privada dos meios de produção A natureza do sistema de mercado tem sido objeto de muitos debates no decorrer do século XX com respeito tanto ao papel teórico do mercado na coordenação da atividade econômica quanto à possibilidade prática de melhorar o sistema de mercado através de políticas monetárias e fis cais do governo ou de planejamento econômico totalmente abrangente Podemos identificar três escolas de pensamento a esse respeito O mercado como inerentemente dominado por crises A idéia de que o sistema de mercado é fundamentalmente anárquico e essencialmente dominado por crises encontra sua expressão mais completa no MARXISMO Os marxistas afir mam que a forma mercantil da troca em mer cado na qual bens são produzidos por trabalho assalariado e vendidos por capitalistas com in tenção de garantir o lucro monetário aliena os operários e promove o conflito de classes Além do mais uma vez que o dinheiro funciona como um nexo de pagamento que separa a produção de mercadorias de suas utilizações finais as crises periódicas são inevitáveis Os capitalis tas isoladamente que não estejam plenamente informados a respeito das demandas do consu midor podem ser forçados a vender seus bens a preços de mercado que estejam abaixo de seus valores Conforme afirmou Karl Marx 1885 e explicou mais tarde Rudolf Hilferding 1910 isso pode levar a amplas desproporções entre oferta e demanda dentro de várias indústrias e a uma queda na taxa média de lucros ver CICLO ECONÔMICO As falências aumentarão e o nú mero de desempregados crescerá No decorrer do tempo a crise se tornará mais grave e aco plada com uma alienação e um conflito de classes crescentes as condições acabarão pro pícias a uma revolução proletária De acordo com alguns teóricos marxistas a intervenção governamental destinada a mani pular e melhorar o sistema de mercado não será suficiente para impedir as recessões e depres sões Somente a abolição total da propriedade privada da produção de mercadorias e do di nheiro em suma o abandono de todo o sistema de mercado resolverá Em vez de concorrência de mercado as atividades econô micas serão coordenadas através de um pla nejamento econômico abrangente ver PLANE JAMENTO ECONÔMICO NACIONAL O mercado como estado final A escola de ECONOMIA NEOCLÁSSICA prin cipal escola de pensamento econômico do sé culo XX levanta a hipótese de que o sistema de mercado funciona como um mecanismo que tende a um equilíbrio econômico geral no qual todas as ofertas e demandas de bens e serviços escassos são perfeitamente coordenadas Em vez de encarar o mercado como anárquico cheio de conflitos e inerentemente sujeito a crises os economistas neoclássicos tendem a explicar os mercados de forma estática newto niana como se todos os participantes dele pro dutores consumidores operários dispusessem de plena e completa informação e fossem guia dos por preços que igualam as ofertas de mer cado com as demandas O modelo de equilíbrio geral formal já não é considerado pelos prin cipais economistas neoclássicos como Frank Hahn 1973 como uma descrição precisa dos mercados no mundo real ou sequer como pos sibilidade prática Em vez disso a explicação neoclássica padrão para os mercados é hoje compreendida como uma construção imaginá ria de equilíbrio econômico como tal não se referindo à efetiva operação de mercados que realmente existam A variante keynesiana da economia neoclás sica Keynes 1936 Samuelson 1976 difere no sentido de explicar o mercado através da inte ração de variáveis agregadas macroeconômi cas em oposição a variáveis decompostas mi croeconômicas ver KEYNESIANISMO A abor dagem keynesiana tenta explicar a falha ma croeconômica do mercado principalmente o fenômeno da depressão econômica como uma falha da Lei de Say A teoria keynesiana critica o argumento de Jean Baptiste Say 1803 de que a oferta cria a sua própria demanda em um sistema de mercado desimpedido As expectativas dos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar mercado 459 participantes do mercado quanto aos futuros eventos econômicos conforme mostradas atra vés de decisões de poupança e investimento não precisam sempre combinar Devido à in flexibilidade institucional dos salários em di nheiro particularmente a indisposição dos ope rários a aceitarem reduções no dinheiro dos salários além do potencial dos indivíduos a en tesourar dinheiro os keynesianos afirmam que a demanda agregada pode vir a ser menor que a oferta agregada e o mercado pode atolarse na depressão um equilíbrio de desemprego por assim dizer a DEPRESSÃO ECONÔMICA dos anos 30 é considerada exemplar Os keynesianos não vão tão longe quanto os marxistas no que diz respeito a programas de ação eles receitam uma mistura de programas monetários e fiscais para afinar a economia de mercado em vez de um planejamento abrangente O mercado como processo Uma visão alternativa do mercado só veio a ganhar força a partir de meados do século XX Basicamente ligada a Ludwig von Mises 1949 e FA Hayek 1948 a ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA afirma que o mercado funciona como um processo competitivo de descoberta pro cesso que é posto em movimento pela miríade de planos e atividades de produtores e consu midores que colaboram e concorrem sob a di visão social do trabalho O processo de mercado é o resultado de todas as atividades de seus participantes mas não é produto nem do desíg nio nem da deliberação de ninguém em par ticular Em vez disso a ordem do mercado é uma conseqüência involuntária da busca pelos indivíduos de seus próprios interesses A noção de que o mercado é um processo nãodeliberado e dinâmico difere marcantemente da idéia de ser ele um estado final de equilíbrio A partir dessa perspectiva a economia de mercado nem começa em equilíbrio geral nem poderá jamais alcançálo Em vez disso provê espontanea mente uma ordem sempre em evolução um padrão discernível de acontecimentos ver PRO CESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA ECONOMIA Como a complexidade da ordem do mercado está acima do que qualquer mente pode dominar é impos sível para qualquer pessoa conhecer todas as utilizações alternativas dos recursos Os par ticipantes do mercado portanto devem apoiar se nos preços do mercado livre para expor mer cados relativos e promover um ajuste dos planos de produção e consumo De acordo com a ex plicação do processo de mercado um sistema de mercado desimpedido dissemina o conheci mento a respeito da relativa escassez de bens e serviços entre os participantes do mercado que usam cálculos econômicos monetários e con tabilidade de partida dobrada para interpretar a informação embutida em preços competitivos ver COMPETIÇÃO Sem um sistema de mercado a sociedade não seria capaz de calcular racio nalmente os valores de bens escassos Os que propõem a visão de que o mercado é um processo espontâneo e ordenado admitem que o mercado é essencialmente anárquico no sentido nãopejorativo de que não se encontra sob o con trole deliberado de ninguém Em geral explicam os colapsos no sistema de mercado incluindo recessões e depressões como conseqüências in voluntárias de intervenção do governo tais como controles de salários e preços crescimento exces sivo do meio circulante e políticas monetárias e fiscais keynesianas que distorcem os preços re lativos em vez de serem um aspecto inerente do sistema de mercado como tal Das três escolas de pensamento a abordagem do processo de mer cado tende a defender a instância extrema do LAISSEZFAIRE com respeito ao papel do governo na ordem do mercado Leitura sugerida Buchanan JM 1982 Order defi ned in the process of its emergence Literature of Liberty 5 5 Cowen Tyler 1982 Says law and Key nesian economics In SupplySide Economics a Criti cal Appraisal org por Richard H Fink Hayek FA 1978 Competition as a discovery procedure In New Studies in Philosophy Politics Economics and the His tory of Ideas org por FA Hayek Kirzner IM 1973 Competition and Entrepreneurship Lachmann Lud wig M 1986 The Market as an Economic Process Lavoie Don 1986 The market as a procedure for discovery and conveyance of inarticulate knowledge Comparative Economic Studies 28 119 ODriscoll Jr Gerald P e Rizzo Mario J 1985 The Economics of Time and Ignorance Offe C 1985 Disorganized Ca pitalism org por John Keane Roberts Paul Craig e Stephenson Matthew A 1971 Marxs Theory of Ex change Alienation and Crisis Weintraub Sidney org 1977 Modern Economic Thought DAVID L PRYCHITKO mercado socialismo de Ver SOCIALISMO DE MERCADO mercado de trabalho Este é um conceito abstrato usado para descrever os variados ar ranjos institucionais que comandam a alocação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 460 mercado socialismo de e os preços dos serviços de trabalho nas econo mias capitalistas Os economistas em geral u sam a analogia de um mercado de frutas para elaborar a estrutura e o funcionamento do mer cado para o trabalho Tal como maçãs e pêras o trabalho é dado como comprado e vendido sob concorrência e seus salários estabelecidos pela interação de oferta e demanda Simples de compreender e notavelmente duradoura como ponto de referência conceitual essa aborda gem no entanto esconde vários aspectos dis tintivos da transação de trabalho O mais crucial é que os salários são trocados pelas capacidades mentais e físicas do traba lhador e não por uma quantidade e uma quali dade definidas de produto acabado A produti vidade do trabalho é socialmente determinada através de um processo de trabalho coletivo depois que as capacidades humanas foram de vidamente obtidas Dizendo de outra maneira a relação entre salários e trabalho é determi nada não no mercado mas no local de trabalho dentro de um conjunto específico de relações sociais que transcendem as forças de oferta e demanda O mais comum é que a organização do local de trabalho seja hierarquicamente es truturada com os empregadores exercendo controle e autoridade sobre seus trabalhadores As comparações com o mercado de frutas também tendem a obscurecer o fato de que as instituições do mercado de trabalho são his toricamente específicas Em sociedades pré capitalistas o comércio dos produtos do traba lho era bem estabelecido mas o mercado para os serviços de trabalho só veio a surgir quando a ordem feudal e suas respectivas restrições à mobilidade do trabalho foram progressivamen te desmontadas O trabalho assalariado desen volveuse rapidamente a partir do século XVI nos crescentes centros rurais e industriais ur banos Seu crescimento foi acelerado pelo mo vimento de contenção que negava ao grosso da população o acesso direto à terra e aos meios de subsistência daí tornandoa dependente para sua sobrevivência do emprego pago dentro do sistema fabril emergente Esse desenvolvimento histórico dos mer cados de trabalho tem sido condicionado pela interação de estado trabalho e instituições em pregadoras Com as Factory Acts Leis Fabris em meados do século XIX o estado por exem plo buscou regular os termos de acordo com os quais os empregadores contratavam e utiliza vam trabalhadores restringindo o uso do traba lho infantil e feminino e a duração da jornada de trabalho Entre outros e mais recentes exem plos de intervenção do estado nos mercados de trabalho incluemse as tentativas de formar o processo de determinação de salários através de programas de renda e as relações de poder entre trabalhadores e empregadores através da decre tação de leis sobre o emprego e os sindicatos Um aspecto institucional vital da relação saláriotrabalho no século XX foi o surgimento do mercado de trabalho interno Descrição dos geralmente elaborados sistemas de emprego salário e promoção comumente encontrados em grandes organizações o mercado interno de senvolveuse primeiro nas empresas dos Esta dos Unidos para impedir o crescimento do sin dicalismo Os empregados recebiam ofertas de carreira dentro de suas organizações e de me lhoras constantes no pagamento e no status em troca de um nível mais elevado de compromisso e lealdade As funções essenciais do mercado de trabalho foram em outras palavras progres sivamente internalizadas resultando em uma redefinição das fronteiras entre o mercado e a organização hierárquica A crescente significa ção do mercado de trabalho interno para os sistemas de emprego foi extensamente docu mentada na literatura de pesquisa e hoje forma o ponto de partida para a análise do DESEM PREGO da desigualdade e da discriminação no mercado de trabalho e do gerenciamento e de senvolvimento de pessoal Leitura sugerida Dobb M 1946 Studies in the De velopment of Capitalism Doeringer P e Piore M 1971 Internal Labor Markets and Manpower Analysis Williamson O 1975 Markets and Hierarchies Ana lysis and AntiTrust Implications PETER NOLAN mercadoria fetichismo da Uma caracte rística da sociedade capitalista identificada pe la primeira vez por Marx Em uma sociedade baseada na propriedade privada na qual predo minam as relações de mercado os processos de produção são independentes uns dos outros separados e privados É somente no mercado que os trabalhos executados nesses processos são mensurados uns em relação aos outros através da redução ao padrão comum do di nheiro desse modo o trabalho privado é tornado social Mas a relação entre trabalho privado e social surge como propriedade obje Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar mercadoria fetichismo da 461 tiva da própria produção da mercadoria como em uma frase do tipo esta mercadoria vale 10 libras As relações sociais estabelecidas em processos historicamente específicos de produ ção de coisas desaparecem de vista e ressur gem em vez disso como algo diferente como relações entre indivíduos ahistóricos aquisiti vos e as mercadorias que eles buscam adquirir como consumidores As relações de produção dissolvemse em relações de mercado as rela ções de classe dissolvemse em um individua lismo de maximização da utilidade e os produ tos inanimados do trabalho parecem possuir as propriedades animadas dos que os produziram bem como exercer domínio sobre eles Marx interpretou isso como uma inversão do sujeito em objeto produzida pela alienação ou separa ção dos produtores com relação aos produtos de seu trabalho na sociedade capitalista e con siderou qualquer análise que reproduzisse essa inversão personificando coisas e objetificando pessoas como algo que necessariamente apóia o capitalismo em vez de criticálo O fato de o mundo social do capitalismo constituirse de um conjunto de aparências que são diferentes da realidade subjacente é ob viamente o fundamento para qualquer teoria da IDEOLOGIA Conseqüentemente o fato de a apa rência ou forma ser diferente da essência ou substância implicava para Marx um esforço científico através de um processo de abstração para livrar a essência das impressões sensoriais produzidas pela aparência Finalmente ele con siderou que quando as relações de produção fossem socializadas de forma a não haver pro priedade privada dos meios de produção o contraste entre essência e aparência desapare ceria as relações sociais não seriam mais me diadas através das relações de mercado mas imediatamente transparentes na coordenação democrática e consciente da atividade do traba lho O século XX viu isso ser questionado de três maneiras diferentes Primeiro os positivistas negaram a existência de qualquer distinção sig nificativa entre essência e aparência As aparên cias da realidade são exatamente aquilo que a realidade é e as únicas ilusões ou equívocos que existem são ou invenções de teóricos sociais mal orientados ou confusões psicológicas do observador social No entanto baseandose em premissas diferentes essa crítica não se ajusta com o realismo filosófico do marxismo e daí a noção de diferença sistêmica em vez de apenas perceptiva entre essência e aparência Uma segunda abordagem também questio na se a realidade é constituída por um conjunto de aparências que podem ser removidas para revelar sua essência interior mas a partir de um ponto de vista racionalista que insiste na distin ção entre o objeto do conhecimento e o objeto real e na apropriação cognitiva deste último pelo primeiro através da prática Mas simul taneamente os indivíduos que em um nível são apenas os portadores de estruturas sistêmicas também subjetivamente vivenciam e se rela cionam com as suas condições de existência fazem isso através de um sistema de representa ções e esse processo os transforma em sujeitos O contraste entre essência e aparência é assim nega do e em seu lugar se coloca um contraste entre existência sistêmica e experiencial No entanto esta última deve ser uma propriedade de qualquer sociedade em contraste com a restrição da primei ra à sociedade capitalista Uma abordagem bastante diversa surge da reflexão sobre a experiência soviética Primei ro e de fato se lá os fenômenos de mercado têm formas e funções diferentes de suas contrapar tidas na sociedade capitalista várias gerações de experiência soviética pós1917 não parecem ter erradicado a ALIENAÇÃO característica do fetichismo da mercadoria Segundo e em teo ria ao reformar o planejamento centralizado no sentido de alguma variante do socialismo de mercado uma questão é se o fetichismo da mercadoria surgiria necessariamente como um produto de maior apoio nas forças de mercado Em parte isso depende de as relações de mer cado poderem ser desligadas das relações de propriedade privada isto é se um mercado socializado faz sentido no conceito ou na prá tica Isso tem implicações óbvias para qualquer teorização sobre o que o socialismo pode sig nificar na medida em que o século XX chega ao fim Leitura sugerida Geras N 1971 Essence and ap pearence aspects of fetishism in Marxs Capital New Left Review 65 6986 Marx K 1867 1976 Capital vol1 especialmente caps 1 6 19 23 24 Rubin II 1928 1973 Essays on Marxs Theory of Value SIMON MOHUN messianismo Aguardase a vinda de um re dentor que transformará a presente ordem substituindoa por um reino de harmonia e bem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 462 messianismo aventurança universal Essa idéia messiânica é crucial para o complexo cultural que surge da história mediterrânea O messianismo embora tendo origem na Mesopotâmia assumiu di ferentes formas nos contextos judaico cristão e islâmico e diferentes significados nos tempos modernos Os livros proféticos do Velho Testamento contêm os aspectos da expectativa messiânica a centralidade da própria profecia uma atitude ativa em vez de contemplativa a percepção das condições presentes como insuportáveis cati veiro ou exílio uma visão linear da história em que o sofrimento presente olha para o pas sado em busca de harmonia e para o futuro em busca de redenção a natureza visível e coletiva dessa transformação a ampliação de seu âm bito para limites universais envolvendo todas as pessoas amigas ou inimigas e toda a natu reza selvagem ou doméstica terrena ou cós mica a afinidade entre o messianismo e a lite ratura apocalíptica posterior simbolizando as passagens traumáticas desta para a outra ordem de mundo a redenção como um feito extraor dinário que transcende as capacidades humanas em todos os sentidos a natureza pessoal do significado extremo da realidade enquadrado entre a soberania divina e a inquietação huma na a personalização da palavra e do ato da redenção tornado real pela chegada do Mes sias A tradição judaica projeta a Sua vinda para o fim dos tempos quando todas as nações reco nhecerão o Deus de Israel Os cristãos acredi tam que o Messias já esteve entre nós e con tinua a conviver conosco através de meios sa cramentais e carismáticos ver também CARIS MA A humanidade está portanto eternamente dividida entre o reconhecimento e a ignorância ou negação de Sua presença vivendo um tem po de transição entre Seus primeiro e segundo adventos quando todas as divisões serão supe radas O islã sublinha o elemento profético dessa tradição incluindo e subordinando a memória judaica e cristã como parte de uma revelação que atinge seu ponto extremo com e após Mao mé O juízo universal no final da história é reafirmado e dramatizado nas lutas atuais Ji had Guerra Santa entre os fiéis e os que não querem curvarse ao único e verdadeiro Deus O elemento messiânico comum à cultura islâ mica é particularmente desenvolvido pelo ramo xiita O racionalismo moderno contestou a trans cendência O simbolismo religioso foi portanto traduzido em termos imanentes e supostamente conceituais No entanto a expectativa messi ânica não foi esquecida Em vez disso foi rein terpretada e reintegrada nas ideologias carac terísticas da modernidade formando o horizon te histórico de nações raças e classes sociais A expansão planetária da cultura moderna generalizou esse horizonte que se tornou refra tado em uma grande variedade de tradições locais Viajantes missionários mercadores e antropólogos deram notícias de movimentos messiânicos em outros povos tais como o culto da carga da Melanésia ou a terra sem mal dos guaranis na América do Sul A idéia messiânica foi assim expandida para incluir crenças de uma dimensão transhistórica e transcultural Esse uso mais generalizado da palavra contudo ocorreu em um contexto dis cursivo trazido por viajantes carregado de lembranças e expectativas ocidentais Embora fundamental o messianismo nunca dominou inteiramente a cultura da qual é parte Lei e tradição por um lado contemplação e magia por outro sempre formaram contrapon tos fundamentais à expectativa messiânica Sa cerdotes legisladores mercadores e filósofos tradicionalmente se mostram desconfiados da profecia Mesmo hoje a maior parte dos cien tistas sociais estuda o messianismo como uma idiossincrasia polêmica recordando os resul tados catastróficos que podem advir das pro messas radicais de redenção imediata Esse tipo de crítica é tão antigo quanto o próprio mes sianismo Leitura sugerida Cohn Norman 1970 The Pursuit of the Millennium ed rev e ampl Sachedina AA 1980 Islamic Messianism The Idea of the Mahdi in Twelver Shiism ed rev e ampl Scholem Gershom G 1961 1973 Major Trends in Jewish Mysticism ed rev Wallis Wilson D 1943 Messiahs their Role in Civilization Worsley Peter 1957 1970 The Trumpet Shall Sound a Study of Cargo Cults in Melanesia RUBEM CÉSAR FERNANDES Methodenstreit Formalmente a discussão sobre o método data da crítica de Carl Menger à economia histórica alemã tal como exposta em seu Untersuchungen über die Methode der Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar Methodenstreit 463 Sozialwissenschaften 1883 e da resenha des se livro por Schmoller 1883 junto com Ein leitung in die Geisteswissenschaften de Dil they que foi publicado no mesmo ano ver Dilthey 1923 Menger chamou a atenção em seu livro para a ausência de uma apreciação metodológica sistemática da ECONOMIA POLÍTI CA especialmente na Alemanha Parte impor tante de sua obra foi dedicada a críticas es pecíficas da economia histórica alemã e foi esse aspecto do livro que veio a caracterizar a natureza da discussão A crítica de Menger e a rápida resposta de Schmoller deram início a uma discussão sobre a natureza e relação do conhecimento teórico e prático nas ciências sociais discussão essa que se prolonga até hoje Menger afirmou no prefácio a sua crítica que a economia política contemporânea se carac terizava por uma pluralidade de métodos que era derivada da incapacidade de distinguir de forma consistente entre os preceitos da ECONO MIA teórica e os métodos a serem seguidos na investigação prática das formas econômicas Como conseqüência havia uma falta de clareza e de acordo com respeito à natureza e propósito da economia política que estava se tornando cada vez mais problemática Seu tratado bus cava corrigir isso através de uma crítica sis temática da concepção de que os princípios da economia podiam ser desenvolvidos com base em um estudo prático das economias nacionais ou como afirmara Wilhelm Roscher em 1843 que as leis da economia podiam ser reve ladas através de um estudo da formação dos sistemas econômicos Menger chamou a aten ção para o fato de haver uma falta de simetria entre o método histórico tal como praticado no direito e o método tal como praticado na eco nomia Expoentes do primeiro eram capazes de identificar princípios claros que persistente mente escapavam a expoentes do último como Schmoller Roscher e Karl Knies Em muitos aspectos é claro as linhas de sua argumentação recapitulam aspectos do debate metodológico desde o início do século mas Menger não situa seu argumento por meio de referência aos de bates francês e inglês sobre economia política indutiva versus dedutiva debates esses li gados aos nomes de David Ricardo Thomas Malthus e Richard Jones Schmoller em sua resenha rejeitou a idéia de que uma Nationalökonomie teórica pudesse de fato aspirar à revelação de princípios econô micos gerais Os fenômenos econômicos são resultado de desejos econômicos individuais e devem portanto ser considerados a partir desse ponto de vista afirmou Esse enfoque de alto interesse era necessariamente um enfoque com pleto identificado somente dentro do tecido da atividade social Apenas nessa base prática concreta e historicizante era possível avançar se para princípios firmes que permitiriam então um grau de raciocínio dedutivo sobre as formas Schmoller afirmou ainda que a reforma propos ta por Menger devia muito à lógica científica natural de John Stuart Mill apontando uma dimensão da controvérsia que viria a se desen volver na década seguinte Uma dificuldade na avaliação das questões levantadas pelas contendas entre Menger e S chmoller é que o primeiro não se parece em nenhum aspecto com nossas idéias modernas preconcebidas de um economista abstrato en quanto a economia histórica do último é al tamente difusa Além do mais como autores posteriores destacaram enquanto Roscher co mo fundador da escola histórica alemã de eco nomia afirmou claramente sua crença na exis tência de leis de desenvolvimento econômico Schmoller às vezes negou tal regularidade eco nômica Menger foi capaz de montar uma críti ca epistemológica precisa à maneira como his tória e economia se combinavam na obra de Schmoller mas jamais Schmoller formulou u ma defesa tão concisa do método histórico Se por um lado isso pode ser atribuído a uma falta de clareza do próprio Schmoller com res peito à natureza do método histórico econômi co por outro a defesa lógica do método his tórico é uma tarefa formidável Max Weber confessouse ele próprio mem bro da escola histórica mais jovem da econo mia alemã no início da década de 1890 mas o princípio metodológico da VERSTEHEN que ele viria a desenvolver em seus textos deve mais aos princípios adotados por Menger do que a qualquer compreensão histórica da ação social A atual falta de uma exposição detalhada da economia alemã no final do século XIX torna difícil apreciar os aspectos mais refinados da controvérsia mas é possível julgar os seus efei tos tal como foram transmitidos através da obra de Weber bem como pela existência de uma tradução da crítica original de Menger Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 464 Methodenstreit Leitura sugerida Hasbach W 1895 Zur Geschichte des Methodenstreites in der politischen Ökonomie In Jahrbuch für Gesetzgebung Verwaltung und Volkswir tschaft NF Jg 19 46590 751808 Hutchison TW 1981 Carl Menger on philosophy and method In The Politics and Philosophy of Economics Menger C 1883 1985 Investigations in the Method of the Social Sciences with Special Reference to Economics Sch moller G 1883 Zur Methodologie der Staats und SozialWissenschaften In Jahrbuch für Gesetzge bung Verwaltung und Volkswirtschaft NF Jg 7 97594 KEITH TRIBE metodologia Esta noção que descreve a ati vidade crítica dirigida pelos cientistas para os procedimentos teorias conceitos eou desco bertas produzidos pela pesquisa científica não deve ser confundida com tecnologia isto é a atividade de lidar com as técnicas dispositivos e fórmulas utilizados pela pesquisa científica A metodologia é importante por um simples motivo nas ciências humanas e sociais bem como nas ciências naturais ela representa um caminho essencial embora é claro não ex clusivo através do qual se efetua o progresso científico É possível conseguirse uma melhor compreensão do mundo à maneira de Karl Popper gerando teorias e tentando tornálas o mais compatíveis possível com dados da obser vação Mas essa compreensão também pode ser obtida através de uma visão crítica reflexiva dirigida pelo cientista para a sua própria ativi dade Assim a teoria especial da relatividade provavelmente nasceu em parte do fracasso da experiência MichelsonMorley mas também da análise crítica da noção de simultaneidade por Albert Einstein Enquanto anteriormente a maioria das pessoas tratava essa noção como nãoproblemática Einstein percebeu que ela só era clara e sem ambigüidades na medida em que não ocorressem eventos em corpos móveis a fastandose ou aproximandose um dos outros a uma velocidade significativa em rela ção à velocidade da luz Essa análise crítica de uma noção familiar produziu como bem se sabe uma revolução em nossa representação do mundo físico Entre os sociólogos clássicos Max Weber bem como Émile Durkheim deu grande aten ção à metodologia e dedicou textos importantes a esse campo P Lazarsfeld entre os sociólogos modernos insistiu com ênfase particular na importância da metodologia para o desenvol vimento das ciências sociais Em diversas pu blicações especialmente no volume que or ganizou em colaboração com M Rosenberg The Language of Social Research ele tentou ilustrar e institucionalizar a metodologia In felizmente a própria noção de metodologia é em geral mal compreendida e isso pode ser prontamente confirmado pelo fato de em mui tos lugares os cursos de metodologia serem na verdade cursos de tecnologia Uns poucos exemplos demonstrarão que a metodologia pode efetivamente exercer um im pacto importante sobre as ciências sociais As sim o estudo do desenvolvimento sócioeconô mico tomou novo rumo quando o significado das médias agregadas do chamado produto na cional foi criticado e esclarecido e quando se percebeu que o PNB de um país cresceria tre mendamente dado o modo como essa quan tidade é definida se cada cidadão limpasse o carro do vizinho em vez do seu próprio Da mesma forma mostrouse que a desigualdade de renda pode ser medida de várias maneiras e que não há nenhuma garantia de que todas as medidas levem à mesma conclusão Enquanto a vareta A será sempre mais longa do que a vareta B independentemente do modo como as duas varetas são medidas as rendas podem parecer mais desigualmente distribuídas na so ciedade A do que na sociedade B quando se usa um dado índice enquanto parecem mais igual mente distribuídas em A com relação a outro índice aceitável Na medida em que não se percebe este aspecto muitas conclusões mal fundamentadas podem ser tiradas das medidas de desigualdade ver MENSURAÇÃO Uma das questões metodológicas desenvol vidas por Lazarsfeld tornouse particularmente famosa que uma correlação entre x e y pode ser espúria isto é não corresponder a nenhuma influência causal entre x e y Na verdade po demse mencionar vários estudos importantes cujo impacto deriva do fato de terem demons trado o caráter espúrio de correlações que ha viam sido interpretadas de maneira causal As sim a controvérsia pósweberiana sobre A ética protestante demonstrou que enquanto Weber via uma influência direta do ethos puritano sobre o desenvolvimento do espírito capitalista essa correlação deveria ser antes interpretada como o produto de vários efeitos indiretos Autores como H Lüthy e HR Trevor Roper demonstraram por exemplo que os países que foram receptivos à nova fé foram também mais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar metodologia 465 abertos aos negócios O próprio Weber já havia reconhecido que os huguenotes franceses eram ativos nos negócios porque outras oportuni dades profissionais especialmente culturais ou políticas lhes estavam fechadas oficialmente ou na prática Como no caso da noção de simultaneidade em física a metodologia pode em geral assumir a forma de uma análise crítica das noções atual mente usadas nas ciências sociais Assim Dur kheim não estava satisfeito com a noção de mentalidade primitiva usada por LévyBruhl para explicar as crenças na magia provavel mente porque nela detectou um caráter ad hoc e circular De qualquer forma ele desenvolveu a sua própria teoria próxima da de Weber em que tentou demonstrar que a magia podia ser explicada por bons motivos sem se pressupor que o primitivo seguia regras lógicas e pro cedimentos mentais diferentes dos nossos Essa crítica pode ser generalizada muitos autores contemporâneos mostramse críticos para com as visões irracionais supersocializadas do homem dos agentes sociais e do comportamen to social e propuseram seguindo nesse aspecto a tradição weberiana interpretar comportamen to e crenças como inspirados por motivos pelo menos na medida em que não se possa apresen tar nenhuma prova em contrário Na verdade a importância da sociologia da religião de Weber é acima de tudo metodológica sua principal inovação reside no fato de ela demonstrar atra vés de muitos exemplos que até mesmo crenças aparentemente as mais estranhas podem ser explicadas como inspiradas por motivos As sim os funcionários públicos romanos tinham bons motivos para se sentirem atraídos pelo culto de Mitra este incluía valores hierárquicos próximos da própria administração romana A metodologia pode assumir a forma de uma crítica sistemática das noções conceitos infe rências a partir de dados estatísticos ou qualita tivos ou modelos de comportamento compos tos pelas ciências sociais Pode também discutir a própria natureza da explicação nas ciências sociais Assim para alguns autores as ciên cias sociais deveriam considerarse interpreta tivas mais do que explanatórias ver VERSTE HEN Para outros construir ou gerar modelos é uma importante atividade das ciências sociais bem como das naturais e define a própria noção de explicação Ver também FILOSOFIA DA CIÊNCIA FILOSOFIA DA CIÊNCIA SOCIAL Leitura sugerida Boudon Raymond 1979 Genera ting models as a research strategy In Qualitative and Quantitative Social Research org por R Merton et al Durkheim Émile 1895 1982 Les règles de la mé thode sociologique Lazarsfeld PF e Rosenberg Morris 1955 The Language of Social Research Paw son Ray 1979 A Measure for Measures Pellicani Luciano 1988 Weber and the myth of Calvinism Telos 75 primavera 5785 Weber Max 1922 1968 Gesammelte Aufsätze zur Wissenschaftslehre RAYMOND BOUDON mídia Ver COMUNICAÇÃO DE MASSA migração Os movimentos de povos de um lugar para outro são um fenômeno extrema mente antigo Invasões conquistas êxodos mudanças sazonais e estabelecimentos definiti vos em outros territórios e em diferentes socie dades pontuam a história humana Hoje em dia são muito poucas as sociedades que não foram formadas pela integração de grupos e culturas que vieram se agregando durante eras As so ciedades européias a Espanha do século XVI em seguida as sociedades industriais com exceção notável da França assistiram às primeiras migrações importantes para as terras virgens da América da Austrália e dos im périos coloniais Esses movimentos migrató rios para novas terras foram explicados pelos mesmos motivos que se adequam hoje a su perpopulação e a privação que predominavam em certas regiões da Europa como a Irlanda a Escócia ou o Sul da Itália e a desorganização das economias tradicionais devido a uma am pliação do mercado capitalista principalmente na GrãBretanha Ocasionalmente as imigra ções resultavam de causas políticas ou religio sas minorias oprimidas por motivos políticos étnicos ou religiosos fogem dos regimes que as ameaçam Para minorias de judeus e protestan tes para armênios refugiados políticos e ou tros os novos países são símbolo tanto de liber dade quanto de riqueza A sociologia das migrações dedicase essen cialmente à imigração ao processo de integra ção e assimilação de uma comunidade estran geira na sociedade que a recebe Não surpreen de que os Estados Unidos sejam o país no qual essa sociologia pela primeira vez se desenvol veu uma vez que a imigração coincidiu com o próprio nascimento da sociedade norteameri Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 466 mídia cana Na Europa desde meados deste século a tendência migratória foi a inversa com os pa íses originais de emigração na Europa industrial primeiro recebendo trabalhadores em seguida suas famílias vindos do Sul da Europa em seguida da África das Antilhas do Sudeste Asiático e da Indonésia e das antigas colônias Quando os fluxos migratórios começaram a se estabilizar e as populações a se estabelecer as economias européias entraram em período de dificuldades durante os anos 70 e os estudos econômicos demográficos culturais e políti cos da imigração se expandiram Nos anos 20 os sociólogos da ESCOLA SOCIO LÓGICA DE CHICAGO trataram a imigração em ter mos de integração urbana de mudança do modo de vida tradicional para o moderno Como é que as comunidades migrantes vindas do Sul ru ral a comunidade negra entre outras ou de várias partes do mundo se integram na cidade de maneira espacial e na modernidade de um ponto de vista cultural Robert Park e Ernest Burgess estudaram as trajetórias dos variados grupos no espaço urbano isolando ciclos e processos regulares que vão da segregação à integração através de um processo transicional de relações de progressiva reciprocidade com a sociedade que os recebe Esses estudos provam que o padrão do cadinho de raças e culturas a mistura na cultura norteamericana admite ex ceções bastante numerosas acontece de alguns imigrantes fracassarem em seus planos de se estabelecerem e voltarem então a sua terra natal outros não conseguem colocar um ponto final na segregação e no obstáculo do PRECON CEITO outros ainda permanecem em um espaço comunitário fechado e finalmente alguns se incorporam à cidade moderna Com o passar dos anos os sinais de segregação urbana nas cidades norteamericanas muito pouco muda ram e a segregação dos variados grupos prin cipalmente entre os grupos negros e brancos ainda é a regra padrão A imigração pode ser encarada como um processo de transformação cultural como uma provação sofrida pelo agente que vê as normas valores e identificações de seu grupo de origem desaparecendo sem contudo adotar os padrões da sociedade que o recebe e sem se sentir aceito O famoso estudo de Thomas e Znaniecki The Polish Peasant 1918 sobre as histórias de vida de emigrantes poloneses que chegaram a Chicago no início do século descreve os me canismos de aculturação e de transformação cultural sofridos pelo migrante que tem de mu dar de uma sociedade rural para uma sociedade urbana de uma comunidade estruturada por seus valores religiosos para a diversidade da cidade do reconhecimento para o anonimato A ruptura violenta de laços tradicionais o i solamento e as incertezas normativas podem transformar a imigração em uma experiência de desorganização social levando aos compor tamentos de desvio e marginalidade em geral associados à imigração Mas o migrante nem sempre está sozinho uma vez que pode também pertencer a uma comunidade que ainda mantém coerência em seu novo lugar é capaz de receber bem os recémchegados de lhes oferecer recursos um senso de segurança e de continuidade na sua identidade e de fazer com que a provação da mudança cultural seja mais fácil para ele Na verdade a assimilação total de um grupo à cultura hospedeira ainda na segunda ou terceira geração é coisa rara e muitas sociedades reve lamse uma miscelânea de comunidades cujas relações de reciprocidade transformam pouco a pouco a cultura da sociedade hospedeira A imigração deve ser encarada como um processo de progressiva assimilação durante o qual as identidades dos agentes que se encontram pre sentes estão mudando e se misturando sem jamais fundirse totalmente e não faltam es tudos históricos que revelam a natureza dinâmi ca e enriquecedora de todo esse trabalho cul tural O processo de assimilação no entanto nem sempre se dá de modo mais ou menos har mônico Grupos de migrantes mesmo os que são hoje os mais bem assimilados e integrados defrontaramse praticamente todos com a hos tilidade de movimentos racistas ou xenófobos com variados graus de violência dependendo de circunstâncias econômicas e políticas Em tempos de dificuldade econômica os imigran tes podem ser vistos como perigosos concorren tes econômicos que tomam empregos dos ope rários no país que os recebe e grupos inseguros ou decadentes os usam como bodes expiatórios para suas próprias dificuldades culpandoos por ameaçarem a unidade do país ou da raça As políticas de estado variam de forma notável de acordo com essas circunstâncias indo de tentativas de atrair mãodeobra ou de aumentar a população até severas restrições à imigração Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar migração 467 sob a pressão de grupos xenófobos Nos Es tados Unidos desde o final do século passado e na Europa em anos recentes as comunidades imigrantes tentaram aumentar sua capacidade de negociação política e participação social De modo geral surgem três estratégias entre os movimentos de imigrantes Os imigrantes po dem entrar para os movimentos sociais existen tes e assim tomar parte na vida política do país estratégia geralmente escolhida por operários imigrantes que participam do sindicalismo Ou podem identificarse com movimentos demo cráticos que defendem os direitos civis e lutam contra o racismo Por outro lado podem lutar para alcançar o reconhecimento e o respeito por suas identidades culturais e em vez de en fatizarem sua semelhança com a sociedade que os recebe enfatizam suas diferenças e sua ETNI CIDADE uma etnia graças à qual podem ser reconhecidos e tornarse agentes políticos No final os grupos que são economicamente in tegrados porém conservam laços comunitários com um empreendimento comercial ou uma cultura étnicos podem formar lobbies em es pecial nos Estados Unidos Antiga terra de emigração a Europa Oci dental é hoje uma terra de imigração devido ao desequilíbrio entre países ricos e pobres assim os países europeus tornamse cada vez mais multiétnicos Em uma época em que a econo mia e a cultura transcendem seus limites nacio nais os movimentos migratórios participam de uma notável transformação do padrão europeu no qual o estadonação definia uma cultura um território e um quadro político Conseqüente mente o problema dos imigrantes é em geral um problema das sociedades que os recebem Leitura sugerida Brubaker WR org 1989 Immi gration and the Politics of Citizenship in Europe and North America Castles Stephen e Kosack G 1973 Immigrant Workers and Class Structure in Western Europe Duchac R 1974 La sociologie des migra tions aux États Unis Eisenstadt SN 1955 The Ab sorption of Immigrants Miles R 1982 Racism and Migrant Labour a Critical Text Myrdal G 1944 1962 An American Dilemma Noiriel G 1988 Le creuset français Park Robert E e Burgess RW 1929 Introduction to the Science of Sociology Rose AM 1970 Distance of migration and socioeconomic status of migrants In Readings in the Sociology of Migration org por CJ Jansen Thomas WI e Zna niecki F 1918 1958 1974 The Polish Peasant in Europe and America FRANÇOIS DUBET militares As definições dos militares são de âmbito bastante amplo Biderman 1971 es tipula que os militares são uma instituição es pecializada para a guarda e a segurança do valor extremo e mais sagrado da sociedade Hackett 1983 concentrase na função da profissão das armas a aplicação ordenada da força na solução de um problema social Em contraste a definição de Lasswell mais antiga identifica os militares com a direção e o controle da violência 1941 Convencionalmente a análise dos militares está ligada a três temas principais primeiro o status dos militares como organização segun do seu papel como profissão e finalmente sua relação com a sociedade a que pertencem Essa divisão baseiase em conceitos previamente postulados e cada área de interesse reflete face tas da teoria sociológica predominante van Doorn 1975 A avaliação dos militares como organização reconhece que as forças armadas são uma es trutura altamente complexa e burocratizada O quadro conceitual básico está ligado ao modelo do tipo ideal weberiano de BUROCRACIA Bem de acordo com isso uma permanente área de interesse é a estrutura dos militares São iden tificados três modelos básicos o exército de massa o exército de cidadãos e a força ex clusivamente de voluntários No entanto ape sar das diferenças de formato institucional dá se considerável ênfase aos aspectos estruturais comuns de todas as organizações militares Es tes identificam a estabilidade a continuidade e a homogeneidade de valores como sendo de importância crítica Também enfatizam o grau de centralização de autoridade a ser encontrado entre os militares O modelo é simples A hie rarquia apóiase sobre uma ampla base de re crutas essencialmente sem especialização sob o comando de um oficial assistido por alguns suboficiais de confiança para supervisionar a execução de ordens A cada sucessivo escalão ou grau existe um oficial de patente mais ele vada Essa estrutura de patentes cria a tradicio nal pirâmide hierárquica que é uma caracterís tica definidora de todas as organizações buro cratizadas Um dos problemas secundários que a sua existência propõe contudo é a complexa questão da relação entre esses detentores de postos oficiais e a equipe de especialistas neces sária para assistilos no controle das unidades subordinadas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 468 militares Esses especialistas são essencialmente pro fissionais Suas atividades refletem o papel dos militares como profissão plenamente desenvol vida que exibe três características identificado ras do modelo profissional de tipo ideal espe cialização espírito corporativo e responsabili dade Huntington 1957 Janowitz ao tratar os militares como sistema social enfatiza no en tanto que essas características profissionais têm mudado no decorrer do tempo O que é mais importante enfatiza que o conceito de profis sionalismo abrange normas e especializações que incluem porém excedem o papel básico dos militares isto é a direção e o controle da violência Ao mesmo tempo que reconhece as características que fazem dos militares uma profissão especialização longa instrução identidade de grupo ética e padrões de desem penho ele identifica a profissão não como um modelo estático mas como uma instituição dinâmica que muda no decorrer do tempo em resposta a mudanças de condições Essa visão reconhece até que ponto a forma das organiza ções militares existentes e dos quadros oficiais profissionalizados foi ditada pelo impacto de amplas transformações sociais desde a virada do século Mais especificamente implica que as forças armadas estão vivenciando uma trans formação de longo prazo rumo à convergência com as estruturas e normas civis Janowitz 1960 O significado dessas mudanças é reconhe cido em inúmeros estudos Moskos enfatiza que os militares estão hoje passando de um formato organizacional predominantemente institucio nal para outro formato que está se tornando cada vez mais ocupacional 1988 O primeiro é legitimado em termos de valores e normas isto é de um propósito que transcende o inte resse próprio do indivíduo em favor de um pressuposto bem mais elevado Os membros são encarados como seguidores de um chamado identificado com palavras como dever honra país HarriesJenkins 1977 O modelo ocupa cional em contraste está identificado com a economia e os princípios do mercado A lei de oferta e demanda mais que um valor norma tivo é de suprema importância A prioridade do interesse próprio substitui o conceito de serviço altruísta Não obstante a significação de tais mudan ças a importância dos militares na sociedade a que pertencem continua inalterada Dotados praticamente do monopólio das armas possuin do uma sofisticada rede de comunicações e construídos como uma organização altamente consciente de seu propósito os militares con tinuam a ser um aspecto predominante na so ciedade contemporânea Dados o estado de es pírito a motivação e a disposição os militares podem interferir no domínio do poder civil De maneira mais geral continuam a ser um impor tante usuário de recursos escassos convidando com isso a discussões críticas sobre seu papel na sociedade contemporânea Ver também GUERRILHA Leitura sugerida Abrahamsson B 1972 Military Professionalization and Political Power Edmonds M 1988 Armed Services and Society Finer SE 1962 The Man on Horseback the Role of the Military in Politics HarriesJenkins G e Moskos CC 1981 Armed forces and society Current Sociology 29 1170 Janowitz M 1975 Military Conflict Essays in the Institutional Analysis of War and Peace Ο 1977 Military Institutions and Coercion in the Developing Nations Ο org 1981 CivilMilitary Relations Regional Perspectives Little RW org 1971 Handbook of Military Institutions Moskos CC 1976 The milita ry Annual Review of Sociology 2 5577 GWYN HARRIESJENKINS mito Narrativa sacra envolvendo seres sobre naturais e incorporando a conscience collective o mito é entretecido de crenças populares a respeito da humanidade e do mundo social bem como da natureza e significado do univer so As teorias do mito no século XX podem ser divididas em psicológicas funcionalistas es truturalistas e políticas Os antropólogos do século XIX interessados na EVOLUÇÃO e difusão de culturas buscaram descobrir as origens dos mitos interpretandoos como pensamento nãocientífico e registros in completos de eventos históricos As abordagens psicanalíticas desenvolvidas por Sigmund Freud ver PSICANÁLISE em vez disso ten deram a buscar no mito temas de conflito psí quico universal repressão tabu do incesto in veja dos irmãos complexo de Édipo ou ima gens arquetípicas brotando do inconsciente coletivo Jung 1964 A tradição antropológica funcionalista mais bem representada por Malinowski criticou es sas teorias por abstraírem os mitos de seu con texto social A partir de estudos empíricos dos ilhéus de Trobriand Malinowski afirmou que o mito preenche na cultura primitiva uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar mito 469 função indispensável é produto de uma fé viva que serve para codificar e reforçar normas grupais salvaguardar as regras e a moralidade e promover a coesão social 1948 p79 ver FUNCIONALISMO As abordagens contemporâneas incluindo as de Leach ver Leach e Aycock 1983 e Barthes 1957 têm sido fortemente influen ciadas pelo ESTRUTURALISMO e em particular por LéviStrauss 196472 Usando teorias de senvolvidas na psicanálise e na lingüística Lé viStrauss interpretou os mitos não como guias de ação fornecendo explicações ou legitimação para disposições sociais existentes mas como sistemas de signos uma linguagem cujo sen tido é codificado e se encontra sob a superfície narrativa Os mitos são um expediente cog nitivo usado para reflexão e resolução das con tradições e princípios subjacentes em todas as sociedades humanas cada mito sendo uma va riação sobre temas universais recombinando incessantemente os elementos simbólicos cons tituídos por grupos de oposições binárias mãepai naturezacultura fêmeamacho crucozido que supostamente refletem as ca tegorias fundamentais da mente humana As técnicas estruturalistas de LéviStrauss têm proporcionado percepções úteis dos motivos subjacentes aos mitos mas os críticos alegam que essa abordagem é reducionista uma es pécie de malabarismo verbal com uma fór mula generalizada que não nos pode mostrar a verdade Leach 1970 p82 Em ciência política o significado da palavra tem sido às vezes ampliado para a filosofia política a IDEOLOGIA e a religião O autor mais famoso nessa tradição foi Sorel para quem os mitos incluindo a Greve Geral e a Revolução Proletária eram imagens capazes de invocar instintivamente todos os sentimentos que per mitem a um povo partido ou classe colocar em jogo suas energias para a ação política Para Sorel 1906 todos os grandes movimentos sociais desenvolvemse através da busca de um mito que fornece o idealismo necessário para reunir e unir as pessoas atrás de uma causa A idéia do mito como elemento essencial urdido no tecido de uma ideologia geral teve eco na concepção mussoliniana do fascismo como uma fé viva O mito político é um recurso mobilizador uma celebração dos impulsos ir racionais cujo apelo aos fabricantes de mitos reside mais na visão lúcida e instigante de re denção e salvação do que em argumentos ba seados em princípios abstratos Tudor 1972 p130 Crucial para a maior parte das teorias é a idéia de que os mitos não estão relacionados com o espaço e o tempo comuns mas se encon tram fora deles Era uma vez a Idade de Ouro a Aurora dos Tempos ou o fim da história tudo isso implica eventos passados ou futuros que não estão diacronicamente ligados ao presente Nesse aspecto os mitos têm sido interpretados como fenômenos liminares contados em épocas ou lugares que ficam em um grau intermediário entre os estados nor mais do ser Turner 1968 p578 Assim segundo Eliade 1957 1968 p34 os que participam do mito são transportados tempo rariamente do mundo cotidiano para um plano onde o tempo é considerado sacro concen trado e de intensidade ampliada Leitura sugerida Barthes Roland 1957 Mithologies Eliade M 1957 Mythes rêves et mystères Leach ER 1970 LéviStrauss Leach ER e Aycock Alan 1983 Structural Interpretations of Biblical Myth Lé viStrauss C 196472 197078 Mythologiques 3 vols Malinowski B 1925 1948 Magic Science and Religion and Other Essays Sorel Georges 1906 Reflexions sur la violence Tudor H 1972 Political Myth Turner Victor 1968 Myth and symbol In International Encyclopedia of the Social Sciences org por D Sills vols 910 CRIS SHORE mobilidade social Os movimentos de pes soas que passam da condição de membros de uma categoria social para outra os mais típicos são os movimentos entre classes sociais têm sido estudados pelos sociólogos sob a rubrica da mobilidade social Embora tenha havido um interesse anterior por esses movi mentos como uma faceta da análise de classes particularmente em reação à proposta de Vilfre do Pareto de uma circulação de elites Botto more 1964 foi a publicação de Social Mobi lity de Sorokin em 1927 que trouxe o primeiro tratamento conceitual sistemático Sua visão ampla de um complexo de movimentos através de muitas e diferentes dimensões sociais foi depois reenfocada de maneira mais restrita na mobilidade através da educação e do emprego através da obra fundamental empreendida pela London School of Economics LSE e publica da em 1954 como Social Mobility in Britain Glass 1954 Essa obra estabeleceu um para Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 470 mobilidade social digma para posteriores análises da mobilidade estimulou estudos comparáveis em outras na ções e proporcionou a prova empírica para sub seqüentes avaliações das fronteiras de classe da rigidez da hierarquia social e da mobilidade entre classes na GrãBretanha ver também CLASSE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL ESTRUTURA ÇÃO Também promoveu o uso da expressão mobilidade social na linguagem popular e na retórica política Levantamentos sociais de grande monta realizados na GrãBretanha nos anos 70 fizeram reviver o interesse por esse campo introduzindo novas técnicas de pes quisa gerando novos dados e estimulando a renovação do debate a respeito das causas ta xas conseqüências e formas de mobilidade ver Goldthorpe 1980 Payne 1987 1989 Glass e seus colegas tinham dois interesses principais Primeiro quais eram as característi cas sociais dos funcionários públicos mais gra duados que podiam ser encarados como uma poderosa elite na sociedade britânica Segun do até onde a reforma na educação a Lei de Educação de 1944 e a crescente importância da qualificação educacional para a obtenção de empregos produzem a igualdade de oportuni dades permitindo com isso que os filhos da classe operária obtenham melhores empre gos de classe média nos quais seus talentos sejam plenamente utilizados Comparando as posições dos pais com as de seus filhos agora adultos o estudo da LSE mostrou pouco movi mento ascendente dos setores inferiores da hie rarquia social embora tenha havido considerá vel mobilidade de pequeno alcance As desco bertas implicavam que a classe média alta esta va socialmente fechada aos de baixo e que a reforma na educação levaria algum tempo para alterar as desigualdades sociais estruturadas e xistentes na GrãBretanha do pósguerra No decorrer dos 25 anos seguintes essa abordagem básica foi desenvolvida de três mo dos principais AH Halsey Jean Floud John Westergaard e outros demonstraram que as re formas do sistema de bemestar social benefi ciaram tanto os filhos da classe média quanto os da classe operária e que a mudança para o sistema de credenciais educativas em si mesma não igualou as oportunidades Autores como Tom Bottomore Ralph Miliband Frank Parkin Anthony Giddens e Westergaard usaram as evi dências empíricas de Glass para elaborar mode los de uma estrutura de classes com bloqueios substanciais à ascensão social No exterior no vos estudos acenderam o debate a respeito da abertura da sociedade americana e outras bem como dos padrões de mobilidade associados à socialdemocracia e ao capitalismo liberal Na GrãBretanha praticamente não se coletou ne nhum dado empírico novo os resultados dos estudos Oxford e Aberdeen só se tornaram reco nhecidos no final dos anos 70 Payne 1989 Esses e outros estudos apontam taxas mais elevadas de mobilidade incluindo movimentos do fundo para bem perto do topo da hierarquia profissional lançando dúvidas sobre a confia bilidade dos dados originais de Glass Uma simples contagem de pessoas em processo de mobilidade por exemplo mostra 28 em as censão no estudo de Glass 40 no estudo Oxford e 42 no estudo Essex de 1984 A classe média alta ou de serviços tem 19 28 e 33 recrutados entre os filhos de trabalhadores manuais nesses mesmos três estudos Payne 1989 p4767 No entanto seria enganador concluir a partir desses dois exemplos entre as muitas mensu rações disponíveis de mobilidade inter e in trageracional que um novo consenso considera mais aberta a sociedade britânica Goldthorpe em particular afirmou que a medida importan te de mobilidades não é o número de pessoas nesse processo mobilidade absoluta mas as oportunidades relativas de mobilidade para pessoas de origens diferentes O motivo disso é que ele deseja examinar a mobilidade como um produto de relações de classe e reformas de bemestar enquanto as crescentes taxas ab solutas de mobilidade devem mais à expansão estrutural dos novos empregos de colarinho branco característica das sociedades pósin dustriais Sua posição tem sido contestada pela Nova Direita Saunders 1990 afirma que Gold thorpe minimiza as altas taxas absolutas de mobilidade devido a um desejo politicamente tendencioso de apoiar uma visão negativa do capitalismo Afirma também que os padrões de vida cresceram como resultado uma compara ção entre gerações mostrando imobilidade na classe operária pode significar melhora mate rial até mesmo para os que não conseguem a ascensão social Ao mesmo tempo que existem fallhas consideráveis na argumentação de Saunders é possível mostrar que mesmo as taxas de mobilidade relativas estão mudando no Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar mobilidade social 471 sentido de maior igualdade de oportunidades enquanto em 1972 os filhos de homens da classe de serviços tinham chances 35 vezes maiores de conseguir um emprego nessa mesma classe do que os filhos de trabalhadores manuais 12 anos depois esse número caíra para 3 Uma contestação mais substancial à visão de Goldthorpe tem vindo dos que desejam am pliar a definição de mobilidade na tradição de Sorokin Equipes de pesquisa em Cambridge Essex Surrey e Plymouth têm se apoiado nas idéias de MERCADO DE TRABALHO grupo fami liar herança material mudança ocupacional e estudos de gênero para questionar se é adequada a concepção da mobilidade como movimento em termos de uma idéia nãodiferenciada de classe social A ausência de uma relação estreita entre a experiência da mobilidade e o compor tamento e as atitudes políticas ou de classe é considerada uma prova em apoio dessa visão O surgimento de uma nova obra irá em certa medida retificar a outra limitação importante à compreensão da mobilidade social a saber a virtual ausência das mulheres nos relatórios dos estudos mais importantes Payne e Abbott 1991 Leitura sugerida Heath A 1981 Social Mobility Marshall G Newby H Rose D e Vogler C 1988 Social Class in Modern Britain Payne G 1987 Em ployment and Opportunity Ο 1991 Competing views of contemporary social mobility and social divisions In Class and Consumption org por R Burrows e C Marsh Payne G e Abbott P 1991 The Social Mobi lity of Women Westergaard J e Resler H 1975 Class in a Capitalist Society GEOFF PAYNE modelo Interpretação de um sistema formal eou representação normalmente por analogia mas às vezes por metáfora ou mesmo metoní mia de uma coisa por alguma outra coisa por exemplo para fins heurísticos explanatórios ou de teste O século inaugurouse com um ataque contundente de Pierre Duhem em seu La Théo rie physique son objet sa structure ver Du hem 1906 aos modelos mecânicos e às men tes ilustrativas amplas porém superficiais dos físicos ingleses como James Clark Max well lorde Kelvin e Oliver Lodge em apoio a sua própria concepção cartesiana de ciência A teoria deve amarrar as leis experimentais mas qualquer modelo associado ao sistema de axio mas parcialmente interpretado é lógica e epis temologicamente redundante Concordando com a posição de Duhem de que uma teoria consistia em uma estrutura dedutivamente or ganizada de leis empíricas Norman Campbell não obstante afirmou em seu Physics the Ele ments 1920 que para ser intelectualmente satisfatória ou capaz de crescer uma teoria deve também implicar uma relação nãodedutiva de analogia com algum campo conhecido de fenômenos Assim do ponto de vista de Cam pbell não é apenas a consideração de que a lei de Boyle a lei de Charles e a lei de Graham eram todas conseqüências dedutivas da teoria cinética dos gases mas é o modelo corpuscular associado a essa teoria em virtude do qual se imagina que as moléculas de gás sejam em certos aspectos a analogia positiva como bo las de bilhar ricocheteando umas nas outras e passando adiante seu impulso através do impac to o que garante a nossa concordância in telectual com ela Na teoria o aspecto no qual as moléculas de gás são diferentes das bolas de bilhar isto é cor e tamanho a analogia negati va é simplesmente ignorado enquanto os as pectos em que não sabemos se as moléculas de gás são ou não como as bolas de bilhar a analogia neutra são usados como fonte de sig nificado excedente ou ilimitado para apontar maneiras pelas quais a teoria pode ser refinada No positivismo que caracterizou a FILOSOFIA DA CIÊNCIA até o final dos anos 60 a abordagem de Duhem foi triunfante Além do mais houve dificuldades substanciais com a posição do pró prio Campbell Assim Braith afirmou que a natureza intelectualmente satisfatória dos mo delos não podia justificar a escolha de qualquer modelo em particular Além disso a noção im plícita de explicação como redução do es tranho ou desconhecido ao familiar é suspei ta Pois revoluções científicas podem implicar transformações na nossa concepção do que é plausível No cerne desses problemas encontra se o contínuo REALISMO e dedutivismo empírico de Campbell e em particular sua relutância em admitir os modelos conforme insistiram Max Black Mary Hesse Rom Harré e Roy Bhaskar como exposições possíveis ou hipotéticas de uma realidade desconhecida porém passível de ser conhecida e em conseqüência ver a ciência como essencialmente em desenvolvimento As sim o realismo transcendental de Bhaskar en cara a dedutibilidade como não sendo nem ne cessária nem suficiente para a explicação e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 472 modelo admite que no processo científico até mesmo a analogia positiva pode ser subvertida Qualquer modelo de um objeto possui uma fonte que pode ser ela própria um modelo Os modelos podem ser convencionalmente dividi dos entre aqueles em que o tópico é o mesmo que a fonte os homeomorfos e aqueles em que é diferente os paramorfos Uma boneca é o modelo de um bebê modelado a partir de um bebê Os homeomorfos podem ser classificados em modelos em escala representantes de classe idealizações e abstrações Mas é clara mente a construção paramórfica de modelo isto é a construção de um modelo utilizando recur sos cognitivos anteriormente disponíveis os empréstimos científicos de Bachelard para um tópico desconhecido cuja realidade pode acabar sendo empiricamente verificada o que é extremamente importante na ciência criativa ampliadora de conhecimentos Tais modelos podem basearse em uma mais de uma ou apenas em aspectos de uma fonte isto é para morfos individualmente ligados multipla mente ligados e semiligados respectivamente conforme exemplificado pelas teorias cinética darwiniana e freudiana Assim Darwin traba lhou a teoria da seleção doméstica e a teoria de Malthus sobre a população junto com os fatos da variação natural formando uma nova teoria sobre um novo tipo de processo a seleção natural Harré afirmou que paramorfos multi plamente ligados devem levar à postulação de novos tipos de entidades ou processos Mas a construção imaginosa de modelos tão essencial à ciência está sempre sujeita a rigoroso teste empírico Leitura sugerida Bhaskar Roy 1975 1978 A Rea list Theory of Science 2ªed especialmente cap3 se ção 2 Campbell NR 1953 What is Science Du hem P 1906 1962 The Aim and Structure of Physical Theory Harré R 1970 The Principles of Scientific Thinking especialmente cap2 Hesse MB 1966 Models and Analogies in Science Losee J 1980 A Historical Introduction to the Philosophy of Science especialmente cap9 ROY BHASKAR modernidade Este é um conceito de con traste Extrai seu significado tanto do que nega como do que afirma Daí a palavra poder apa recer em diferentes épocas com significados amplamente diversos dependendo do que está sendo negado e em contraste do que está sendo afirmado Para Santo Agostinho no século V dC a palavra latina tardia modernus expres sava a rejeição do paganismo e a inauguração da nova era cristã Os pensadores do Renas cimento recuperando o humanismo clássico fundiramna com cristandade para fazer a dis tinção entre estados e sociedades antigos e modernos O Iluminismo do século XVIII não apenas interpôs medieval entre antigo e moderno como fez a identificação cru cial do moderno com o aqui e agora Isso acres centou nova fluidez ao conceito Daí em diante a sociedade moderna era a nossa sociedade o tipo de sociedades em que vivíamos fosse no século XVIII ou no século XX A sociedade ocidental como fortemente contrastante com sociedades anteriores ou outras sociedades as duas coisas passaram a parecer sinônimas tornouse o emblema da modernidade Essa evolução determinou os contornos da moder nidade Modernizar era ocidentalizar A sociedade moderna portanto carrega os marcos da sociedade ocidental desde o século XVIII Foi industrial e foi científica Sua forma política foi o estadonação legitimado por al gumas espécies de soberania popular Atribuiu um papel sem precedentes à economia e ao crescimento econômico Suas filosofias de tra balho eram o racionalismo ver RACIONALIDADE E RAZÃO e o UTILITARISMO Em todas essas formas ela rejeitava não apenas o seu próprio passado mas todas as outras culturas que não se mostravam à altura de sua autocompreensão É errado dizer que a modernidade nega a his tória na medida em que o contraste com o passado uma entidade constantemente em mudança permanece como um ponto de referência necessário Mas é verdade que a modernidade sente que o passado não tem li ções para ela seu impulso é constantemente em direção ao futuro Ao contrário de outras socie dades a sociedade moderna recebe bem e pro move a novidade É possível dizer que ela in ventou a tradição do novo A modernidade a moderna SOCIEDADE INDUSTRIAL recebeu uma análise abrangente dos principais teóricos sociais do século XIX Hegel Marx Tocqueville Weber Simmel e Durkheim Suas análises permanecem relevan tes em muitos aspectos para as sociedades dos dias atuais Marx incluído apesar do fracasso do socialismo de estado em várias partes do mundo Mas o crescimento de certos aspectos em nosso tempo a globalização da econo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar modernidade 473 mia o declínio do estadonação as grandes migrações populacionais levaram alguns pensadores a postular o fim da modernidade tal como esta sempre foi em geral compreendida Geoffrey Barraclough propôs história contem porânea como algo diferente de história mo derna outros foram mais além e anunciaram a era pósmoderna Nenhuma dessas alegações transmite con vicção É possível demonstrar que quase todas as evoluções escolhidas têm suas raízes fir memente cravadas na modernidade clássica Isso é particularmente válido para a renovada ênfase na transitoriedade na fragmentação e na perda de um senso de significado do processo histórico Pensadores como Baudelaire Nietzs che e Burckhardt já haviam observado essas tendências em sua época O último homem de Nietzsche já vivenciava as dificuldades e dilemas do homem pósmoderno A modernidade nunca foi toda da mesma espécie como Max Weber e Georg Simmel em particular se esforçaram por enfatizar Seu di namismo constantemente jogava suas partes em conflito umas com as outras a sociedade politicamente organizada contra a economia a cultura contra a racionalidade utilitária Boa parte do que aparece como pósmodernidade encontrou sua primeira expressão na revolta cultural contra a modernidade que marcou o movimento do modernismo na virada do sé culo ver MODERNISMO E PÓSMODERNISMO O modernismo certamente fez eco à modernidade em sua ênfase no funcionalismo e na sofistica ção tecnológica mas da mesma forma em cor rente como o surrealismo e o dadaísmo ele subverteu certos dogmas da modernidade ao abraçar as alegações do princípio do prazer contra as do princípio da realidade É inegável que a sociedade moderna de hoje de várias maneiras não é a sociedade moderna do tempo de Marx ou Weber Mas a moder nidade não é a sociedade ocidental em nenhuma de suas fases particulares Ela é o princípio da sociedade ocidental como tal O compromisso com o crescimento e a inovação contínuos exige que as formas existentes sejam encaradas como provisórias É portanto inteiramente de se esperar que surjam novos aspectos A questão importante é até que ponto o dinamismo essen cial do industrialismo foi contido ou redirecio nado A difusão mundial do modo de vida in dustrial é um testemunho da continuidade de sua força Ao mesmo tempo o industrialismo está ameaçando os sistemas de apoio à vida do planeta É nesse ponto que o industrialismo pode esbarrar em seus limites e o repensamento e redirecionamento que isso implicaria pode muito bem desmontar algumas das correntes fundamentais da modernidade Se isso nos le varia para além da modernidade é algo que ainda não podemos dizer Leitura sugerida Berman Marshall 1983 All that is Solid Melts into Air the Experience of Modernity Bradbury Malcolm e McFarlane James orgs 1976 Modernism 18901930 Frisby David 1988 Frag ments of Modernity Giddens A 1990 The Con sequences of Modernity Habermas Jürgen 1990 The Philosophical Discourse of Modernity Kumar K 1988 The Rise of Modern Society KRISHAN KUMAR modernismo e pósmodernismo Modernis mo como termo geral na história cultural in dica um conjunto ricamente variado de rupturas estéticas com a tradição realista européia de meados do século XIX em diante O realismo tem suas premissas em uma identidade entre a obra de arte e a natureza ou a sociedade externa com a qual ela lida identidade que é secre tamente garantida pela metáfora do espelho que se encontra no próprio cerne da ESTÉTICA realis ta A obra de arte realista propõese modes tamente refletir a realidade que se coloca diante dela não lhe acrescentando nem lhe subtraindo coisa alguma A metáfora do re flexo no espelho busca garantir a objetividade e a impessoalidade da obra evitando as distor ções potenciais do capricho pessoal ou da ten dência de classe por parte do autor Os artistas modernistas a partir de toda uma variedade de posições rejeitaram esses dogmas realistas básicos A estética reflexionista argu mentaram era inaceitavelmente passiva redu zindo a obra de arte a um eco ou fantasma vazio de processos sociais mais fundamentais exaurindoa e ressecandoa de qualquer subs tância distintiva própria Essa substância em seu ponto de vista residia não no conteúdo da obra que necessariamente lhe vinha de outro ponto história natureza psicologia mas em sua forma na rearrumação estilística ou técnica de suas matériasprimas A forma é portanto a palavra central da estética modernista com o FORMALISMO russo muito adequadamente sendo uma de suas principais escolas e é a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 474 modernismo e pósmodernismo ênfase prática e teórica na forma que garante a autonomia da obra de arte aquela dimensão irredutivelmente estética que a impede de ser um mero documento histórico romance realis ta ou expressão emocional poema lírico ro mântico Mas assim que começamos a tentar datar as origens da virada para a forma modernista vemos que esse não é um simples debate interno sobre teoria estética mas em si mesmo uma complexa reflexão de ansiedades sociais pro fundas ver também SOCIOLOGIA DA ARTE Se Charles Baudelaire e Gustave Flaubert forem tomados como pioneiros então as origens do modernismo podem ser atribuídas como em geral têm sido por críticos marxistas ao ano politicamente sangrento de 1848 a repressão brutal das revoluções daquele ano é vista como lançando o pretenso universalismo do texto clássico ou realista em uma crise terminal Al ternativamente é possível buscar as origens em movimentos em vez de indivíduos e ver o modernismo como só se pondo verdadeiramen te a caminho com a série acelerada de ex perimentalismos vanguardistas da década de 1880 em diante naturalismo simbolismo cu bismo expressionismo futurismo surrealis mo construtivismo e outros Os fatores sociais que formam a matriz desse grande carnaval de experiências estéticas incluiria então a ascensão da cultura de massa a militância e a revolução da classe operária a agitação política feminista as novas tecnologias da segunda Revolução Industrial a guerra imperialista entre 1914 e 1918 e colocando tudo isso sob um intenso foco de experiência o dinamismo e a aliena ção da vida nas grandes cidades européias Paris Londres Berlim Viena São Petersburgo A história é um pesadelo do qual estou tentando despertar diz Stephen Dedalus em Ulisses de James Joyce que data de 1922 Para a maior parte dos modernismos a história con temporânea é de uma forma ou de outra hor ripilante como um pesadelo ou em outra cate goria essencial da estética modernista inau têntica e a obra de arte busca despertar dela para um modo de ser mais autêntico ou até utópico No entanto essas ênfases gerais podem ser postas a descoberto em detalhe de modos violentamente contraditórios A história pode ser vista como sufocada pela mão morta da tradição por um conservadorismo social e es tético que pesa como um pesadelo sobre o cérebro dos vivos A obra modernista deve en tão através de imenso esforço de imaginação tecnológica erguerse dessa turba de estilos passados mortos inautênticos e purgálos atra vés do rigor impiedoso de seu funcionalismo Tal é a lógica estética da arquitetura modernista de Le Corbusier e do Estilo Internacional ou de Walter Gropius e sua Bauhaus Alternativamen te o artista modernista pode buscar forças de dinamismo já em funcionamento dentro da so ciedade e alinharse com elas na tentativa de liquidar as teias de aranha sufocantes do passa do cultural e político Tal é o projeto do futuris mo italiano e russo que celebra as vastas ener gias da ciência e da produção contemporâneas transatlânticos aeroplanos automóveis fábri cas e arranhacéus metralhadoras e tanques Essas prodigiosas forças de produção bran didas pela raça nova e dinâmica dos homens e mulheres modernos que a vida urbana estava gerando liquidaria as relações de produção sociais claustrofóbicas que os restringiam na sociedade burguesa Tal estética é evidente implica imediatamente uma política revolucio nária mas o futurismo na pessoa de Filippo Marinetti pôde servir à causa da contrarevolu ção fascista tão entusiasticamente quanto serviu através de Vladimir Mayakovsky e outros ao projeto socialista bolchevique Se com o futurismo e a arquitetura do Estilo Internacional é possível julgar o presente como inautêntico em nome do futuro então isso também é possível em nome do passado longín quo A história contemporânea para essa outra ala do modernismo é um pesadelo em seu cínico racionalismo e em sua crassa cultura de massa e contra esse presente tão degradado a obra de arte deve tanto no tema quanto na forma reativar as forças da memória Esse pro jeto assume muitas e variadas formas espe cíficas A obra pode apelar a um passado pes soal um temps perdu proustiano ou uma in tegralidade perdida através da qual possa con denar um presente adulto desenraizado ou po de como no caso das representações das cate drais góticas medievais em alguns dos grandes textos do período voltar o olhar para um pas sado cultural perdido uma época de sensi bilidade unificada e comunidade orgânica ou Gemeinschaft antes da queda no individu alismo burguês De forma alternativa pequenos focos de memória de um ser autêntico podem ainda existir residualmente no presente capi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar modernismo e pósmodernismo 475 talista em cantos geograficamente remotos da terra em dimensões negligenciadas de nossa experiência física ou em um inconsciente co letivo junguiano informado pelo mito a que a obra modernista em virtude de seus deslo camentos da forma pode recorrer A forma deslocada perceptível pode então representar tanto o dinamismo do futuro quanto o inquietante retorno do passado arcaico mas a forma perceptível também caracteriza outra corrente do modernismo que repudia qualquer revestimento ideológico da inovação técnica Para essa veia do modernismo de Gustave Flaubert e Henry James em diante a história é um fluxo caótico que deve ser redimido através das simetrias formais da obra de arte Em vir tude de seu intenso artesanato sua busca obses siva pelo mot juste ou a complexidade cons ciente da trama a obra transcende a história construindo uma esfera de autonomia estética que não tem relação alguma com passado pre sente ou futuro Tal estética transcendental às vezes chamada de esteticismo ou auto modernismo veio a contrastar com a van guarda histórica futurismo surrealismo da daísmo que busca romper esse reino hermético de valor estético e devolver a estética à vida cotidiana ver Bürger 1984 Se o modernismo é mais um fenômeno múl tiplo do que unitário então o pósmodernismo do final dos anos 50 ou início dos anos 60 em diante não será menos polissemântico sua for ça em qualquer contexto particular vai depen der precisamente de qual versão do modernis mo ele presume negar O conceito de pósmo dernismo surgiu em primeiro lugar na arquite tura mas desde então se generalizou para pra ticamente todos os campos da cultura A arqui tetura pósmoderna é um ataque acima de tudo ao Estilo Internacional Se não repudia a ênfase na inovação tecnológica encontrada em Le Cor busier ou Walter Gropius efetivamente proble matiza alguns dos valores essenciais ligados ao avanço tecnológico na arquitetura modernista universalismo elitismo formalismo As facha das brancas austeras e retilíneas e os telhados planos característicos do Estilo Internacional pretendem ser formas arquitetônicas univer sais aderindo aos cânones de uma razão pura científica independente das idiossincrasias de qualquer tempo ou lugar em particular O pós modernismo acha essas pretensões arrogantes ou até mesmo autoritárias e em vez disso investe pesadamente no localismo no parti cularismo no regionalismo reinventando os estilos tradicionalistas e vernáculos e construin do com materiais que a estética modernista havia jogado na lata de lixo da história As superfícies brancas e os telhados planos da Ra zão universal podem satisfazer o arquiteto de vanguarda mas não são objeta o pósmoder nismo nem um pouco agradáveis para mais ninguém incluindo os que têm de viver neles Alguns dos mais famosos manifestos pósmo dernistas incluindo Learning from Las Vegas de Robert Venturi nos anos 70 e From Bauhaus to Our House de Tom Wolfe publicado em 1982 lançam assim um ataque populista ao elitismo da arquitetura no Estilo Internacional e esse ataque implica não apenas a defesa dos estilos tradicionalistas de construção dos quais por acaso as pessoas gostam mas também o louvor ao espírito e à vitalidade dos estilos comerciais da cultura de massa A obra pós moderna insiste Venturi deve aprender com essas formas incorporandoas com satisfação a sua própria substância em vez de negálas com austeridade Essa dissolução da rígida distinção modernista entre cultura elevada e CULTURA DE MASSA que se manifestou pela primeira vez na arquitetura encontra equivalência em mui tos outros campos culturais e é na verdade citada com freqüência como a característica central da cultura pósmoderna O elitismo da arte modernista reside na difi culdade de suas formas aquela violência or ganizada sobre a linguagem comum ou sobre as convenções que para Roman Jakobson defi niam o modernismo como tal Qualquer ataque a seu elitismo é em conseqüência necessa riamente uma crítica a sua obsessão com a forma Nesse sentido a arte pósmoderna pode ser encarada como o retorno do conteúdo um conteúdo que era ou radicalmente subordinado pela preocupação modernista com a forma ou ocasionalmente por ela totalmente abolido Tal modelo extrapolado a partir das evoluções na arquitetura é excelentemente desenvolvido por Linda Hutcheon em A Poetics of Postmoder nism 1988 Ela definiu o romance pósmoder no exemplificado por autores como Gabriel García Márquez Günter Grass John Fowles EL Doctorow e outros como metaficção his toriográfica Esses romances voltam a ques tões de enredo história e referência que um dia pareceram ter explodido em função da preo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 476 modernismo e pósmodernismo cupação da ficção moderna com a autonomia textual e a consciência de si mesma mas sem simplesmente abandonar essas preocupações metaficcionais Esse modelo sugestivo pode ser prontamente ampliado para outras áreas incluindo o retorno da representação e do corpo na pintura e assim por diante O ataque ao universalismo ao elitismo e ao formalismo modernistas constitui o que pode ríamos chamar de momento atraentemente ecológico do pósmodernismo sua abertura descentralista a estilos ou experiências reprimi dos e à cultura do Outro do Diferente mu lheres gays negros Terceiro Mundo No en tanto construir um chalé com telhado de sapê ou narrar uma história de amor vitoriana em 1990 não é o mesmo que montar esses artefatos no século XVII ou XIX Tratase na verdade de construir uma imagem ou simulacro de tais entidades e esse é o ponto em que as reservas a respeito da cultura pósmoderna tendem a vir para o primeiro plano A obsessão modernista com o tempo dá lugar no pósmoderno a uma preocupação com o espaço e a geografia com as diferenças sincrônicas em vez das diacrôni cas Existe nisso muita coisa que é liberadora uma vez que a modernidade ocidental abandona sua arrogância imperialista para com as culturas primitivas que a cercam mas também pode haver um congelamento da história uma per da de imaginação e assim da possibilidade prática de mudança social radical Os estilos do passado podem ser agradavelmente reinven tados mas talvez apenas como imagens uni dimensionais na indústria da herança de um eterno presente Em um mundo dominado pela comunicação de massa e pelas tecnologias da reprodução cultural o sonho modernista de u ma experiência utópica autêntica para além da cultura de massa desaparece Saturados co mo estamos desde o nascimento pelas ima gens estereótipos e paradigmas narrativos de uma cultura de massa ubíqua há muito tempo vivemos a morte do sujeito que o póses truturalismo recentemente articulou no plano da teoria Mais uma vez existem dimensões progressivas para esse desenvolvimento jun tamente com o sonho da autenticidade o des prezo do modernismo pela gente comum tam bém desapareceu Mas se não podemos mais apelar para a Natureza ou o inconsciente para a autêntica sexualidade lawrenciana ou para redutos précapitalistas no Terceiro Mundo contra o Primeiro Mundo assolado de imagens no qual vivemos qual é então a base da crítica política acima de tudo na esteira do colapso de um projeto comunista que parece ter par ticipado justamente do universalismo e elitismo da própria cultura modernista Tais ambivalências a respeito do valor da cultura pósmoderna também se infiltram em qualquer tentativa de esboçar a matriz social da qual ela emerge Por consenso geral o pós modernismo começa a existir quando o ca pitalismo passa de seu momento fordista para o pósfordista ver FORDISMO E PÓSFORDISMO dos produtos padronizados das linhas de produção monolíticas em fábricas gigantescas para o uso descentralizado de uma tecnologia da informa ção sofisticada o suficiente para permitir uma especialização flexível Essa mudança do Um para o Muitos dentro do próprio capitalis mo portanto coloca novas questões a respeito das tendências ao pluralismo e à diferença que observamos na cultura pósmoderna Serão passos autênticos no sentido de uma democra tização do absolutismo inaceitável de algu mas formas de modernismo ou serão antes talvez apenas os mais recentes ardis de um sistema econômico global que tendo se livrado de seu antagonista comunista agora nos tem em seu poder mais firmemente do que nunca Leitura sugerida Berman Marshall 1983 All that is Solid Melts into Air the Experience of Modernity Bradbury Malcolm e McFarlane James orgs 1976 Modernism 18901930 Bürger Peter 1984 Theory of the AvantGarde Connor Steven 1989 Postmoder nist Culture an Introduction to Theories of the Contem porary Harvey D 1989 The Condition of Postmo dernity Jameson Fredric 1991 Postmodernism or The Cultural Logic of Late Capitalism Lyotard JF 1979 La condition postmoderne Williams Raymond 1989 The Politics of Modernism TONY PINKNEY modernização Processo de mudança econô mica política social e cultural que ocorre em países subdesenvolvidos na medida em que se direcionam para padrões mais avançados e complexos de organização social e política Foi minuciosamente estudado e definido nas teorias sociológicas norteamericanas do pósguerra que partem da referência implícita ou explícita a uma dicotomia entre dois tipos ideais a socie dade tradicional que em algumas versões tam bém pode ser chamada de rural atrasada ou subdesenvolvida e a sociedade moderna ou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar modernização 477 urbana desenvolvida industrial Esses tipos de estrutura social estão de certa forma historicamente ligados por meio de um con tínuo processo evolutivo que segue certas leis gerais A idéia é que todas as sociedades seguem um caminho histórico semelhante de crescente diferenciação e complexidade e de um tipo polar a outro Como algumas sociedades já se industri alizaram elas se tornam a base sobre a qual podem ser construídos o paradigma da socie dade moderna e o processo de transição típico ideal Algumas teorias enfatizam a natureza endógena do processo de mudança Rostow 1960 Hoselitz 1965 Parsons 1951 enquanto outras enfatizam a importância de fatores hexó genos tais como a difusão de valores tecnolo gia especializações e formas de organização de nações avançadas do Ocidente para nações po bres do Terceiro Mundo Lerner 1958 Mas de qualquer forma supõese que as sociedades tradicionais sigam o mesmo padrão de mudan ças por que passaram antes as nações desenvol vidas As teorias da modernização portanto buscam identificar na organização eou história dos países industriais as variáveis sociais e os fatores institucionais cuja mudança foi crucial para o seu processo de desenvolvimento a fim de facilitar esse processo nos países em desen volvimento recente Uma classificação conveniente das teorias da modernização é a que distingue as versões sociológica econômica e psicológica As ver sões sociológicas dão destaque ao papel de uma ampla variedade de variáveis sociais e insti tucionais no processo de mudança Assim Ger mani 1965 descreve o processo em termos de mudanças de ações prescritivas a ações eleti vas da institucionalização do tradicional para a institucionalização da mudança e de uma con junção de instituições relativamente indiferen ciadas para sua crescente diferenciação e es pecialização A maioria dessas versões foi in fluenciada por Max Weber através da inter pretação dada por Talcott Parsons a suas idéias e usa as VARIÁVEIS PADRÃO para descrever a estrutura social típica ideal das sociedades tra dicionais e modernas afetividade versus neutralidade afetiva atribuição versus reali zação difusão versus especificidade particu larismo versus universalismo e orientação para os interesses coletivos versus orientação para os interesses privados As versões psicológicas enfatizam fatores internos e motivos psicológicos como as forças motoras da transição Assim McClelland 1961 propõe a necessidade de realização um desejo de fazer bem como motivação cru cial que difundindose entre os empresários de um país leva ao desenvolvimento econômico Essa motivação não é inata nem hereditária e pode ser desenvolvida em um país em transição para a modernidade por meio da educação A versão econômica é bem representada por Rostow 1960 e sua teoria de estágios do cres cimento econômico Ele afirma que todas as sociedades passam por cinco estágios socie dade tradicional precondições para o desenvol vimento autosustentado desenvolvimento au tosustentado o caminho para a maturidade e a era do elevado consumo de massa Rostow acredita que o processo de desenvolvimento que ocorre no momento na Ásia América Lati na África e Oriente Médio é análogo aos es tágios de precondições e de desenvolvimento autosustentado vividos nas sociedades ociden tais no final do século XVIII e durante o século XIX As teorias da modernização têm sido criti cadas de inúmeras maneiras As mais importan tes são as acusações de abstração e falta de perspectiva histórica Primeiro é um erro tratar o subdesenvolvimento como situação original universal como falta de desenvolvimento em geral como um estágio pelo qual todos os paí ses desenvolvidos passaram um dia Segundo as análises da modernização tendem a assumir um caráter prescritivo e em vez de estudar historicamente o contexto estrutural dos aspec tos específicos das sociedades subdesenvolvi das buscam apenas estabelecer se esses aspec tos seguem ou partem do modelo ocidental ideal que supostamente é a norma Terceiro está implícita em todas as teorias da moderniza ção a idéia de que os países em desenvolvimen to dos tempos atuais deveriam passar pelos mesmos estágios e processos pelos quais os países desenvolvidos passaram anteriormente Mesmo quando reconhecem a existência de algumas diferenças históricas Germani 1965 e Rostow 1960 as reconhecem recusamse a aceitar que possam alterar essencialmente o padrão de mudança A história pode ser repeti da os países em desenvolvimento podem in dustrializarse do mesmo modo que países in dustriais mais antigos e em certo aspectos têm Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 478 modernização até mais vantagem em fazêlo Mal existe uma discussão sobre a ordem internacional como um sistema dominado e manipulado por certos paí ses industriais em seu próprio interesse As teorias da modernização assumem que o pro cesso da modernização e industrialização é ine vitável e que os países em desenvolvimento recente têm as mesmas se não melhores opor tunidades de se industrializar Conforme as pa lavras de Hoogvelt transformaram a história abstraída e generalizada do desenvolvimento europeu em uma lógica Hoogvelt 1982 p116 Ver também DESENVOLVIMENTO E SUBDESEN VOLVIMENTO Leitura sugerida Eisenstadt SN 1961 Essays on Sociological Aspects of Political and Economic Deve lopment Frank AG 1972 Sociology of develop ment and underdevelopment of sociology In Depen dence and Underdevelopment org por JD Cockcroft AG Frank e DL Johnson Larrain J 1989 Theories of Development Smelser NJ 1964 Toward a theory of modernization In Social Change org por A Etzio ni e E Etzioni JORGE LARRAIN modo de produção De acordo com a maior parte das compreensões do MARXISMO no século XX a história pode ser dividida em períodos conforme diferentes modos de produção cada qual com sua própria dialética interna de luta de classes Essa concepção materialista da his tória foi esboçada em A ideologia alemã Marx e Engels 18456 e desenvolvida em obras posteriores tanto por Marx quanto por Engels embora eles nem sempre tenham usado o con ceito de modo de produção dessa maneira No século XX tornouse o conceito central do que ficou conhecido como materialismo dialéti co e a adesão a alguma versão desse conceito continua a distinguir o pensamento marxista de outras formas de pensamento social ver MA TERIALISMO Segundo essa visão da história a diferença fundamental entre tipos de sociedade ocorre no modo como se dá a produção O modo de produção de qualquer sociedade consiste em dois elementos suas forças produtivas e suas relações de produção As forças produtivas re feremse às capacidades produtivas da socie dade não apenas em sentido tecnológico mas também em sentido social e incluem não ape nas os meios materiais de produção mas tam bém as capacidades humanas tanto físicas quanto conceituais As relações de produção referemse às relações sociais sob as quais a produção é organizada como os recursos e os trabalhos são alocados como o processo de trabalho é organizado e como os produtos são distribuídos É a combinação específica tan to das forças produtivas quanto das relações de produção que define o padrão de relações de classe em qualquer sociedade e assim sua di nâmica interna No marxismo as classes são definidas por sua relação com o processo de produção em particular com a produção de um sobreproduto Um sobreproduto é produzido em qualquer mo do de produção no qual nem todo o tempo de trabalho disponível é necessário para atender às necessidades diretas de consumo da população e alguns membros da sociedade trabalham mais horas do que as necessárias para produzir seus próprios meios de subsistência Se os produ tores do sobreproduto e os que controlam o seu uso são diferentes tais sociedades terão pelo menos duas classes A classe dominante de qualquer modo de produção é aquela que tem o controle do sobreproduto possuindo parte dele mas também usandoo de outras maneiras para aumentar seu próprio poder e incrementar o seu processo de extração ou EXPLORAÇÃO O modo específico como o sobreproduto é extraído pela classe dominante é que define um modo de produção em particular Por exemplo no capitalismo a propriedade dos meios de produção pela burguesia permitelhe empregar operários por menos do que o valor do seu produto e assim extrair um sobreproduto sob a forma de lucro Esse método de extração do sobreproduto é portanto puramente econômi co baseado em regras de troca aparentemente justas Em outros modos de produção como o feudalismo o método de extração do sobrepro duto inicialmente o trabalho direto nas terras do senhor mais tarde o pagamento de um alu guel é devido ao direito consuetudinário a poiado quando necessário no uso da força Todos os modos de produção de classe ou criadores de sobreproduto trazem dentro de si as sementes de sua própria destruição Relações particulares de produção serão adequadas a um estágio particular de desenvolvimento das for ças produtivas Um modo de produção será relativamente estável quando suas forças pro dutivas e relações de produção são adequadas umas às outras permitindo sua mútua reprodu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar modo de produção 479 ção No entanto através da existência de um sobreproduto e assim do potencial de mudan ça as forças produtivas se desenvolverão em todos os modos de produção por mais len tamente que seja Em última análise será alcan çado um ponto no qual as relações de produção existentes se tornarão um obstáculo à ulterior expansão das forças produtivas e o modo de produção será derrubado para dar lugar a um outro novo sob o qual essas últimas poderão continuar a se desenvolver O processo através do qual isso ocorre é a luta de classes As classes definidas no sentido marxista como existentes apenas onde existe um sobreproduto a ser disputado são ineren temente antagônicas e travam uma luta pelo nível e controle desse sobreproduto Isso for nece a dinâmica interna dos meios de produção uma dinâmica interna que acaba levando à re volução quando uma classe anteriormente su bordinada derruba as relações de produção e xistentes para se estabelecer como a nova classe dominante baseada em um novo modo de pro dução mais adequado ao ulterior desenvolvi mento das forças de produção Assim por e xemplo a classe capitalista em ascensão porém subordinada derrubou as relações feudais de produção quando suas restrições ao mercado de trabalho detiveram o desenvolvimento de mé todos capitalistas mais eficientes de extração de sobreproduto A exposição acima bastante determinista da concepção materialista da história só se tor nou moeda corrente no século XX A Segunda Internacional a organização internacional dos partidos socialdemocratas que se desfez em estilhaços nacionalistas em 1914 promulgou um marxismo oficial que influenciado pelas interpretações de Engels tendeu ao economi cismo De acordo com essa visão oficial o modo de produção formava uma base econô mica que determinava todos os outros aspectos superestruturais da sociedade ver também BASE E SUPERESTRUTURA Essa visão foi adota da também pela Terceira Internacional ou Comintern fundada para unir os nascentes par tidos comunistas depois da Revolução Russa e reafirmada por Stalin 1938 como a com preensão correta tornandose assim o funda mento do Diamat de materialismo dialéti co Embora haja evidências nos textos de Marx em apoio a essa leitura particular do processo histórico sua própria utilização da expressão modo de produção era mais varia da e sua exposição da história menos rígida Existem vários problemas com a versão ofi cial Primeiro ela pode ser criticada por seu determinismo tecnológico Embora mediado por uma consideração das relações de produ ção e pela classe o desenvolvimento das forças produtivas por si só constitui a força motriz definitiva da história e parece que a revolução é não apenas possível mas inevitável no es tágio apropriado do seu desenvolvimento A história do início do século XX com o sucesso da revolução em uma Rússia atrasada mas com o seu fracasso na Alemanha avançada deveria lançar dúvidas a esse respeito embora os eventos na União Soviética mais perto do final do século possam ser interpretados como a poiando a visão de que a revolução em um país atrasado estaria em última análise condenada ao fracasso De forma mais fundamental porém a im previsibilidade do processo revolucionário le vou a um questionamento de todo o papel do econômico isto é das relações de produção e das forças produtivas na exposição acima Pois não pareceu possível mapear o processo de luta de classes no nível das mudanças no modo de produção de forma tão nítida quanto a analogia basesuperestrutura implicaria Em particular parece que o papel da consciência foi às vezes crucial e que os fatores aparentemente supe restruturais da ideologia e da política podem afetar o econômico a ponto de provocar ou impedir uma transformação do modo de produ ção Uma tentativa altamente influente de en frentar esse problema foi feita nos anos 60 pelos marxistas estruturalistas franceses Althusser e Balibar 1966 1970 que tentaram descobrir um meio de conservar a centralidade do con ceito de modo de produção ao mesmo tempo dispensando o modelo rudimentar de basesu perestrutura Em sua visão uma formação so cial é reproduzida em certo número de níveis diferentes ideológico e político bem como econômico Eles substituíram a noção de deter minação pela de causalidade estrutural entre níveis na qual os níveis nãoeconômicos são também necessários à reprodução da formação social inteira incluindo o seu modo de produ ção No entanto no interior de tal totalidade estruturada interdependente o econômico es tabelece limites dentro dos quais os outros ní Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 480 modo de produção veis podem ser apenas relativamente autôno mos pois têm de funcionar de formas que reproduzem o modo de produção A revolução ocorre quando esse processo se torna sobre determinado as contradições entre os ní veis mais do que no interior do econômico apenas fornecem o motor da mudança Mas essa formulação foi criticada por lhe faltar o elemento dialético da concepção ma terialista da história de Marx ao exagerar uma separação conceitual entre o modo de produção o nível econômico e as condições nãoeco nômicas de sua reprodução Clarke 1980 Tornar os níveis relativamente autônomos não poderia resolver o problema do determinis mo econômico porque todos os outros níveis permaneciam restritos a um nível econômico privilegiado e nem isso apreendia a idéia mar xista da dialética como consistindo em elemen tos interconectados pois os níveis eram des conectados Na noção de nível econômico de Althusser e Balibar o modo de produção era definido como consistindo em dois conjuntos de rela ções os da real apropriação da natureza rela ções de produção e os da expropriação do produto as relações de propriedade e as de distribuição Assim nessa formulação a pro dução é hipostasiada para consistir apenas em relações com a natureza enquanto o âmbito das relações sociais é encontrado apenas no modo de expropriação do produto as relações de pro priedade e distribuição Mas isso de acordo com seus críticos é não perceber o que Marx fundamentalmente percebeu que não apenas as relações de distribuição são socialmente es pecíficas mas que o próprio processo de traba lho forma o cerne das relações sociais do modo de produção capitalista e na verdade de uma forma diferente de qualquer outro modo de produção Leitura sugerida Althusser L e Balibar E 1966 Lire le Capital Banaji J 1977 Modes of production in a materialist conception of history Capital and Class 2 Bettelheim C 1974 Les luttes de classes en URSS Brenner Robert 1977 The origins of capita list development a critique of neoSmithian Marxism New Left Review 104 Clarke Simon 1980 Althus serian Marxism In One Dimensional Marxism Al thusser and the Politics of Culture Cohen GA 1978 Karl Marxs Theory of History a Defence Colletti L 1972 From Rousseau to Lenin SUSAN F HIMMELWEIT monarquia Se monarquia é a instituição do governo de um estado pelo chefe de uma família hereditária monarquismo é a doutrina que es tabelece ser isso o melhor Monarquia ou reale za é um dos mais antigos tipos de governo e até este século o mais comum A mais antiga alega ção de direito à AUTORIDADE é ou que o rei é descendente de um deus ou que o cargo é sagra do Isso faz da obediência um direito natural Mas o poder dos reis não era considerado abso luto ou soberano Até o século XVII não havia nenhuma idéia nítida de soberania absoluta pois se a monarquia era uma instituição divina os próprios reis estavam obrigados a obedecer às leis de Deus Os monarcas medievais na Europa eram encarados como administradores ou guardiães do reino em nome de Deus A cristandade havia mesmo introduzido uma complicação potencialmente civilizada para as pretensões simples a uma autoridade absoluta Cristo havia pregado que algumas coisas eram de César e outras de Deus A teologia era dualista a Igreja arrogavase um alto grau de autonomia mas até leigos se poderosos po diam questionar se o poder secular estava sendo corretamente utilizado Sob a monarquia havia sempre algumas justificativas para a rebelião e algumas am bigüidades quanto à sucessão Tanto no mundo cristão quanto no muçulmano um filho mais velho incompetente podia ser preterido em fa vor de outro membro da família imediata No califado a sucessão era em geral determinada por assassinato ou guerra limitada entre irmãos ou primos reais No século XVII tornouse comum a idéia formulada mais rigorosamente por Thomas Hobbes de que em benefício da paz e para evitar a guerra civil uma entidade abstrata chamada de ESTADO deveria exercer todo o poder e ser o objeto exclusivo da lealdade Não mais obra em nome do rei mas em nome do estado A doutrina do direito divino dos reis foi uma tentativa tardia e em grande parte malsucedida de reclamar essa soberania para a pessoa do monarca Luís XIV podia dizer que LÉtat cest moi mas se tratava de um para doxo consciente Pois a essa altura a monarquia em toda parte já começava a ser vista como um cargo a ser exercido mediante conselho e de maneira prudente e não como a propriedade disponível de uma pessoa ou dinastia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar monarquia 481 A lealdade a pessoas era a grande virtude pregada pelos apologistas da realeza mas nos tempos modernos isso se mostrou mais fácil quando os poderes dessas pessoas foram limi tados Walter Bagehot 1867 fez uma distinção famosa entre os poderes solenes da rainha Vitória e seus poderes efetivos que ele acre ditava serem poucos Os poderes solenes sim bólicos ou rituais eram um foco de lealdade e continuidade para a nação de resto difícil de situar em um sistema partidário competitivo especialmente em um estado multinacional Nos Estados Unidos a própria Constituição é o símbolo da unidade e não o presidente eleito Umas poucas monarquias constitucionais sobrevivem nenhuma delas exercendo real po der político mas algumas como a britânica servindo para legitimar uma ordem social hie rárquica outras como na Holanda Dinamarca e Noruega buscam parecer mais democráticas em estilo e são mais burguesas que aristo cráticas Os teóricos sociais modernos demons tram um interesse surpreendentemente peque no em entender por que perduram esses aparen tes anacronismos Leitura sugerida Cannadine D 1983 Context per formance and meaning of ritual the British monarchy and the invention of tradition c18201977 In The Invention of Tradition org por E Hobsbawm e T Ranger Martin K 1937 The Magic of Monarchy Ο 1962 The Crown and the Establishment Nairn T 1988 The Enchanted Glass Britain and its Monarchy Shils Edward e Young M 1953 The meaning of the coronation Sociological Review 1 6381 BERNARD CRICK monetarismo Este é o nome moderno da tando de 1968 para várias doutrinas econômi cas antigas ligadas à teoria quantitativa do dinheiro bem como para o projeto político e social a elas associado A proposta básica do monetarismo é que a taxa de crescimento do meio circulante em uma economia determina a taxa de inflação dos pre ços essa é a proposta da teoria quantitativa cujas origens podem remontar pelo menos aos ensaios de David Hume de 17502 Posterior mente a idéia e seus fundamentos foram refina dos e desenvolvidos em especial nos primeiros 40 anos do século XIX David Ricardo através da escola da circulação nos primeiros 30 anos do século XX especialmente K Wicksell AC Pigou e I Fisher e no quarto de século a partir de 1956 tendo início com Milton Friedman ver também ESCOLA ECONÔMICA DE CHICAGO Essa proposta da teoria quantitativa está li gada à idéia de que a quantidade de produção ou volume de atividade não varia em reação a aumentos do meio circulante pois senão o efei to deste último aumentaria em parte o volume de bens produzidos em vez de se fazer sentir completamente sobre os seus preços a quanti dade de bens pode ser tratada como se fosse sempre igual à quantidade produzida com pleno emprego do trabalho Essa idéia a Lei de Say raramente foi sustentada em forma absoluta e ao resgatar a teoria quantitativa da demolição da Lei de Say feita por Keynes a reexposição de Friedman em 1956 deixoua explicitamen te de lado afirmando que o meio circulante afeta ou a produção ou o nível de preços No entanto um trabalho posterior de Friedman e seus sucessores utiliza a relação direta moeda preço tão freqüentemente quanto a idéia mais geral de que a moeda afeta ou os preços ou a produção Essas idéias servem de base à concentração monetarista no controle da inflação através do controle do meio circulante que é geralmente contraposta ao enfoque keynesiano de controle do desemprego através de uma política fiscal orçamentária ver KEYNESIANISMO Essa polí tica característica leva o monetarismo a ser amplamente identificado com os programas de flacionários que induzem à recessão mas os economistas monetaristas aplicam suas crenças em ambas as direções por exemplo estudos monetaristas seminais dos anos 30 concluíram que a depressão poderia ter sido evitada através de políticas voltadas para reverter uma queda na emissão do meio circulante Não obstante em política o rótulo moneta rista está ligado a governos de direita cujos programas têm uma inclinação deflacionária em geral fortemente deflacionária Sua ideolo gia de controle da inflação está ligada a uma crença na redução dos gastos e empréstimos do estado que pretende ter duas bases intelectuais primeiro a idéia de que o controle dos emprés timos do estado produz controle do meio cir culante e segundo a idéia de que reduzir os gastos e empréstimos por parte do estado libera o dinamismo do capital privado em esferas expandidas Uma vez que o controle do meio circulante se mostrou uma quimera nas sociedades ca Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 482 monetarismo pitalistas avançadas o projeto monetarista vem sendo cada vez mais definido em termos resi duais como hostilidade aos gastos do estado especialmente aos gastos do estado de bemes tar promoção do capital privado sem regula ção e hostilidade às organizações trabalhistas Dessas maneiras o monetarismo tem definido os pontos de vista estratégicos de muitos gover nos e elites políticas durante longos períodos desde 1975 Não obstante a base racional ar ticulada para isso especialmente pelo Fundo Monetário Internacional durante longo período continua a depender do controle do meio cir culante apesar da impraticabilidade de tais con troles em uma economia complexa e em cres cimento Leitura sugerida Friedman M 1968 Quantity theo ry In International Encyclopedia of the Social Scien ces vol10 p43247 Friedman M e Schwartz A 1963 A Monetary History of the United States 1867 1960 Mayer T org 1978 The Structure of Mone tarism LAURENCE HARRIS monopolista capitalismo Ver CAPITALISMO MONOPOLISTA moralidade Em seu sentido prescritivo a moralidade é aquela consideração ou conjunto de considerações que fornece os motivos mais fortes para se viver de certo modo especificado em seu sentido descritivo tal consideração ou conjunto de tais considerações que alguma pes soa ou grupo reconhece ou ao qual adere Ver também VALORES Assim se assumirmos que os Dez Man damentos são uma interpretação correta das exigências da moralidade a moralidade pres critiva exige de nós que vivamos sem matar uns aos outros que observemos o dia de sábado e assim por diante ao mesmo tempo que mes mo se assumimos que o Decálogo é um equívo co podemos descrevêlo como constituindo a moralidade descritiva de qualquer pessoa que o reconheça ou que viva por suas regras O trabalho a respeito da moralidade des critiva neste século temse concentrado no conteúdo e explicação das crenças morais Os antropólogos continuaram a documentar os sis temas morais de outras culturas e subculturas Um deles Turnbull 1973 descreveu a aparen te ausência de moralidade entre o povo Ik Os historiadores das idéias tentaram explicar de que modo ideologias morais particulares como a da Alemanha nazista puderam desenvolver se enquanto sociólogos tentaram explicar e analisar a moralidade em geral Durkheim 1925 afirma que existem três elementos na moralidade um aspecto de caráter imperativo a ligação a grupos sociais e a auto nomia dos agentes morais cf a ética da res ponsabilidade de Max Weber Como Durk heim Westermarck 1906 buscou uma expli cação nãoindividualista para a origem das crenças morais sendo influenciado também por William Sumner Ferdinand Tönnies e Vilfredo Pareto na ênfase atribuída à importância dos sentimentos As idéias morais têm suas raízes no costume e se desenvolvem à luz da razão Autores modernos têmse concentrado na mo ralidade da modernidade ver por exemplo a visão de P Berger B Berger e H Kellner 1973 de que a moralidade moderna deve ser compreendida em termos da pluralização de mundos da vida Também se apresentaram explicações de por que os seres humanos tendem a desenvolver crenças morais Freud 1923 afirmou que a moralidade consiste na internalização de ordens paternas na forma de demandas feitas pelo su perego Ele supôs um desenvolvimento da me ra obediência a essas ordens até a moralidade reflexiva do ideal do ego LéviStrauss 1949 enfatizou a importância da reciprocidade e do intercâmbio no desenvolvimento de institui ções como o casamento que são parcialmente constituídas por expectativas e crenças morais Defensores da teoria dos jogos colocaram no centro noções de cooperação muitas institui ções morais como as promessas podem ser encaradas como soluções sociais para proble mas de coordenação e colaboração tais como o Dilema do Prisioneiro ver Elster 1989 O trabalho filosófico sobre a moralidade prescritiva pode ser categorizado grosso modo como de segunda ordem metaético ou de pri meira ordem Ver ÉTICA A metaética tem se ocupado de três questões principais o valor de veracidade dos julgamentos morais a natureza da realidade moral e a epistemologia moral AJ Ayer 1936 introduziu o positivismo lógico do círculo de Viena ver VIENA CÍRCULO DE na corrente predominante da filosofia nor teamericana De acordo com sua posição e motivista os julgamentos morais não têm valor algum como verdade sendo meras expressões de atitudes a teoria da vaia e do aplauso Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar moralidade 483 Através dos textos de RM Hare 1981 o prescritivismo a visão de que os julgamentos morais são essencialmente de natureza impera tiva ganhou influência JL Mackie 1977 afirmou que todos os julgamentos morais são falsos uma vez que não existe uma realidade moral objetiva que lhes sirva de referência A visão de Mackie demonstra a interligação dos três temas metaéticos mencionados A dis cussão sobre a natureza da realidade moral gi rou em torno da chamada distinção entre fato e valor GE Moore 1903 afirmou que os fatos sujeitos a avaliação são diferentes dos fatos que constituem a matéria das ciências naturais Certamente ser uma boa coisa é uma propriedade nãonatural da coisa Um ponto de vista mais comum era que não havia fatos su jeitos a avaliação o mundo é neutro do ponto de vista avaliativo e deve ser descrito em termos científicos Essa visão é claro proporcionou o ímpeto para a consideração dos julgamentos morais como não sendo basicamente categóri cos como o emotivismo Na América do norte houve um recente redespertar do naturalismo realista de acordo com o qual os fatos morais são fatos naturais do mesmo tipo genérico di gamos dos fatos químicos ou biológicos ver Brink 1989 A discussão em epistemologia moral tem girado em torno da questão de como seria pos sível dizer que conhecemos fatos morais bem como da natureza do conhecimento moral O intuicionismo predominou depois de Moore Considerase que possuímos um senso moral que nos permite intuir o caráter correto ou bom de particulares concretos ou de certos prin cípios morais fundamentais ver Ross 1939 Essa é uma forma de fundacionalismo moral De acordo com o coerentismo o conhecimento moral consiste no conjunto mais consistente e coerente de crenças morais ver Brink 1989 Na ética de primeira ordem foram levan tadas questões sobre a natureza da moralidade com uma relação mais óbvia a como devería mos viver Uma questão central foi a do RELA TIVISMO existe uma moralidade autenticamente universal ou serão as moralidades relativas talvez por se fundamentarem em práticas so ciais ou formas de vida específicas Ver MacIntyre 1981 E também que importância têm considerações morais especificamente concernentes a outros em oposição a digamos considerações de interesse próprio ou de es tética Williams 1985 A moderna filosofia moral de primeira or dem foi dominada pelo desenvolvimento de teorias morais segundo as quais a moralidade consiste em uma consideração pertinente ou em um pequeno número delas De acordo com o utilitarismo conforme abraçado por exemplo por Moore e Hare a única consideração di retamente relevante à questão de como viver é a maximização geral do bemestar As teorias nãoutilitárias tenderam a se en raizar na obra de Kant Tais teorias têm sido descritas como deontológicas do grego deon é preciso deve ser feito Um exemplo é o de Ross o qual achava que devíamos por e xemplo cumprir promessas por motivos in dependentes do bemestar Desde a publicação do artigo Modern mo ral philosophy de Elizabeth Anscombe 1958 surgiu uma nova corrente na teoria mo ral dando maior ênfase à natureza do caráter moral e às virtudes ver French et al 1988 Devido ao predomínio da metaética os filó sofos da primeira metade deste século dedica ram pouca atenção acadêmica a problemas mo rais práticos de primeira ordem Desde a Guerra do Vietnã isso tem mudado e as discussões sobre temas como o aborto a guerra e o meio ambiente são hoje amplamente difundidas ver Singer 1986 Ver também JUSTIÇA NORMA DIREITOS E DE VERES Leitura sugerida Anscombe GEM 1958 Modern moral philosophy Philosophy 33 119 Hare RM 1981 Moral Thinking MacIntyre A 1981 After Vir tue Mackie JL 1977 Ethics Moore GE 1903 Principia Ethica Ross WD 1939 Foundations of Ethics Singer P org 1986 Applied Ethics Wester marck E 1906 The Origin and Development of the Moral Ideas Williams B 1985 Ethics and the Limits of Philosophy ROGER CRISP movimento cooperativo Associações de pessoas trabalhando juntas para a produção e distribuições de bens as cooperativas assumi ram uma variedade de formas em diferentes contextos nacionais A International Coopera tive Alliance representando quase 600 milhões de membros em todo o mundo destacou seis princípios essenciais filiação voluntária e aber ta controle democrático rendimento limitado sobre o capital ganhos excedentes pertencendo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 484 movimento cooperativo aos membros educação e cooperação entre as cooperativas Comissão da ICA 1967 O con trole democrático é a diferença essencial entre as formas de propriedade capitalista e coopera tiva Ao contrário da empresa acionária cada membro tem os mesmos direitos de voto in dependente do número de quotas que possua a PARTICIPAÇÃO é poder e não a posse individual do trabalho abstrato e fossilizado de outras pes soas Uma característica comum sempre foi o im pulso ético idealista Desde o início a coopera ção foi encarada como um meio de construir uma alternativa ao capitalismo de baixo para cima substituindo o INDIVIDUALISMO burguês por uma sociedade baseada na reciprocidade e na solidariedade social Um cooperativista in glês em 1907 definiu o ideal da seguinte ma neira Por meio da associação mútua eliminar o atual sistema industrial e substituir o bem comum pela Cooperação mútua como base de toda a sociedade humana Webb 1904 p2 O movimento teve origem na GrãBretanha durante o desenvolvimento do capitalismo in dustrial no final do século XVIII foram fun dadas manufaturas cooperativas a partir da dé cada de 1790 indício do confronto entre a economia moral dos trabalhadores pobres e a ideologia e prática do LAISSEZFAIRE Thom pson 1991 O início do século XIX foi en tremeado por ondas de experiência cooperativa durante as agitações dos luddistas em 181113 criaramse cooperativas que tiveram curta dura ção lojas owenistas e chartistas cartistas fo ram fundadas a partir da década de 1820 e durante toda a década de 1830 Embora o so cialista utópico Robert Owen tenha sido geral mente encarado como o pai do movimento cooperativo essas iniciativas não foram nem inspiradas nem irrestritamente apoiadas pelo paternalista Owen que preferia modos de trans formação social impostos a partir de cima Tay lor 1983 p120 Em 1844 tecelões de inspiração owenista formaram a Rochdale Society of Equitable Pio neers Essa sociedade redistribuía o excedente comercial entre os membros de acordo com o valor de suas aquisições o chamado dividen do embora o objetivo extremo ainda fosse a fundação de uma colônia autosuficiente de interesses unidos Webb 1904 p69 A socie dade expandiuse a um ritmo fenomenal e de monstrou a utilidade dessa forma de associação da classe operária em uma época em que o confronto direto com o estado capitalista come çava a se tornar menos factível Mulheres ope rárias tiveram grande medida de controle sobre as estratégias de consumo e conseqüentemente conseguiram grande destaque dentro do mo vimento desde o início e no decorrer de sua história posterior A natureza essencialmente contestadora da cooperação tornouse evidente desde essa fase inicial Até cerca de 1848 cooperação comunismo e socialismo eram palavras in tercambiáveis e carregavam uma ênfase an ticapitalista semelhante Bestor 1948 Esses conceitos têm sido campos de batalhas com plexas e prolongadas durante os dois últimos séculos Reformadores burgueses em toda a Europa Ocidental tentaram separar coopera ção do que era encarado como modos mais revolucionários de mudança social especial mente depois das revoluções de 1848 Socialis tas cristãos de classe média como EV Neale e JM Ludlow foram defensores fervorosos das cooperativas de produtores e da divisão de lu cros acreditando que essas formas humaniza riam o operário e harmonizariam as relações capitaltrabalho Backstrom 1974 Ludlow minutou a Lei das Sociedades Industriais e Previdenciais de 1852 que regulava no sentido de proteção e contenção as relações entre o estado e as cooperativas Essa tentativa de ajus tar o significado de cooperação foi contestada com eficácia pelos CWS ingleses e escoceses estabelecidos em 1863 e 1868 que articu laram uma ambição neoowenista baseada no princípio da cooperação de consumidores Yeo 1987 p231 Essa estratégia teorizada por Charles Gide na França continha as suas pró prias contradições e a constante tensão entre os direitos e deveres de produtores e consumidores marcou a posterior ideologia e prática coopera tiva na GrãBretanha e em outros centros Em 1914 a cooperação já se enraizara pro fundamente nas comunidades de classe operá ria particularmente no Norte da Inglaterra U ma contracultura compreendendo um amplo repertório de formas educativas e recreativas cresceu em torno do movimento foi um e quivalente da construção cultural que carac terizou o Partido SocialDemocrata alemão antes da Primeira Guerra Mundial Gurney 1989 O desmantelamento dessa cultura faz parte daquela história social do século XX que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento cooperativo 485 nunca foi escrita O movimento teve que lutar não apenas com o seu próprio projeto mas também contra poderosas forças externas for madas contra ele Mudanças no modo capitalis ta de consumo Aglietta 1976 em particular o desenvolvimento do capitalismo de consumo em seu sentido mais amplo prejudicaram o progresso cooperativo na GrãBretanha e no Ocidente de maneira geral O estado capitalista foi freqüentemente hostil e houve repetidas ten tativas de taxar o excedente para os críticos lucros cooperativo Em 1933 associações mu tualistas foram assimiladas a empresas acioná rias e reservas cooperativas foram taxadas da mesma forma que as firmas capitalistas Kil lingback 1988 Essa hostilidade foi patente mesmo quando o poder político esteve nas mãos do Partido Trabalhista o antagonismo entre diferentes alas do movimento trabalhista foi um constante fator incapacitante resultado das identidades fragmentadas dos operários co mo produtoresconsumidores homensmu lheres voluntaristasestatistas O movimento britânico inspirou um desen volvimento cooperativo através da Europa e América do Norte Surgiram vigorosos mo vimentos nacionais na França Alemanha Áus tria Suécia Dinamarca Bélgica e Itália cada qual com suas peculiaridades As cooperativas de crédito desempenharam papel importante no movimento alemão e seu fundador Schulze Delitsch considerava a cooperação como um antídoto para a socialdemocracia marxista O movimento francês influenciado pelas idéias do socialista utópico Charles Fourier e mais tarde pelo anarquismo de Pierre Proudhon e o socialismo moderado de Louis Blanc foi mol dado pela experiência revolucionária de 1848 e 1871 As cooperativas agrícolas predominaram na Rússia e desempenharam um papel vital na Revolução de 1917 antes da coletivização sob Stalin Carr 1952 Hoje em dia mais de 100 milhões de pessoas pertencem a cooperativas na Europa e América do norte A experiência mais promissora desde a Segunda Guerra Mundial é o complexo de Mondragon na região basca do Norte da Espa nha Fundado em 1958 por Arizmendi um pa dre socialista consiste atualmente em mais de 100 cooperativas empregando mais de 19 mil operáriosproprietários e provêem serviço ban cário habitação educação bemestar social e bens de consumo um exemplo vivo ainda que isolado da eficácia de uma cultura coope rativa Isso levou alguns comentaristas a des crever Mondragon como um novo fenômeno na história cooperativa Thomas e Logan 1982 p76 Os princípios de filiação voluntária e con trole democrático servem amplamente para jus tificar que não se incluam nessa discussão for mas de empreendimento coletivo desenvolvi das por estados socialistas e comunistas Sua generalizada falta de sucesso indica a incom patibilidade entre a cooperação e as formas estatistas de transformação social Isso fica bem ilustrado pelo kolkhoz ou fazenda coletiva rus sa que sofreu um fracasso espetacular na ten tativa de resolver os problemas da produção agrícola na antiga União Soviética O mesmo se pode dizer da aldeia de Ujamaa na Tanzânia imposta de cima por Julius Nyerere nos anos 60 No entanto essa regra não deixa de ter a sua exceção as iniciativas de AUTOGESTÃO de ope rários na exIugoslávia e a comuna chinesa podem ser encaradas sob luz mais favorável As comunas formadas tanto nos distritos rurais quanto urbanos depois do Grande Salto para a Frente em 1958 organizaram e regularam a produção o consumo a defesa e a educação Alguns comentaristas as encararam como a rea lização parcial de uma utopia comunista Mel nyk 1985 p43 Os ganhos positivos represen tados por essas experiências correm o perigo de se perderem na medida em que a Europa Orien tal e a China buscam modos ocidentais de mo dernização capitalista Dois dos mais promissores movimentos a tuais podem ser encontrados na Índia e no Ja pão Existem cooperativas em praticamente to das as aldeias da Índia Mais de 14 de milhão de sociedades com 140 milhões de membros têm alcançado grande sucesso particularmente em granjas leiteiras e na produção de açúcar e fertilizantes Fundado inicialmente pelos britâ nicos e usado para escorar o poder colonial no campo o movimento continua a sofrer do seu legado de corrupção Os partidos políticos têm interferido com freqüência nas questões coope rativas e indicado líderes contra os desejos dos associados O resultado tem sido alienar o mo vimento de seus membros Sharma 1989 Em contraste o movimento japonês que teve ori gem no final do século XIX desenvolveu uma forte estrutura democrática com sua base cen trada no Han ou grupo comunitário Fundado Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 486 movimento cooperativo no final dos anos 50 o Han é um pequeno grupo de consumidores dez ou 12 famílias que as sina contrato com os fornecedores através da cooperativa dos consumidores locais e regula a qualidade e a distribuição Essa forma garantiu alta participação dos membros e junto com o boom econômico posterior à Segunda Guerra Mundial ajuda a explicar o crescimento do movimento o Japão tem hoje a maior organiza ção cooperativa de consumidores do mundo com mais de 11 milhões de membros e um movimento próximo dos 13 milhões de dólares em 1986 Hasselman 1989 Muitos defensores da cooperação conti nuam a encarála como uma alternativa viável tanto ao socialismo de estado quanto ao ca pitalismo monopolista daí a importância atri buída à regeneração do movimento russo pelo presidente Gorbachev no final dos anos 80 Gorbachev 1988 O setor foi conseqüente mente revitalizado durante a perestroika mas em conseqüência do fracasso desta iniciativa é improvável que ele venha a desempenhar o papel transformador um dia vislumbrado A longo prazo os problemas que hoje confrontam o sistema econômico mundial podem de ma neira geral servir para destacar novamente a relevância das formas cooperativas sociais e econômicas Leitura sugerida Bonner A 1961 British Coopera tion Cole GDH 1945 A Century of Cooperation Desroche H 1964 Coopération et développement mouvements coopératifs et strategie du développe ment Furlough E e Strikwerda C orgs no prelo Consumer Cooperation in Europa and America Jones B 1894 Cooperative Production Laidlaw AF 1981 Cooperation in the Year 2000 Sapelli G org 1981 Il movimento cooperativo in Italia Wat kins WH 1970 The International Cooperative Alliance 18951970 Webb C 1927 The Woman with the Basket PETER GURNEY movimento da juventude Envolvendo a ten tativa organizada e consciente por parte de jovens entre o final da adolescência e o início da idade adulta de promover mudanças sociais e políticas ou resistir a elas o movimento da juventude pode surgir quando as instituições tradicionais não conseguem atender às neces sidades de um grupo etário na sociedade e quando um número crítico de jovens toma cons ciência de suas dificuldades comuns e sente que algo pode ser feito para aliviar seus problemas A discrepância entre as necessidades ou aspira ções individuais da geração mais jovem e as condições sociais culturais e políticas existen tes estão na raiz da inquietação juvenil ver MOVIMENTO SOCIAL Os movimentos da juventude não são mera mente formas aleatórias de comportamento co letivo mas sim reações diretas a eventos e forças históricos A atividade política juvenil tem mais probabilidade de ocorrer em países que passam por transformação rápida onde por toda uma variedade de motivos a mistura par ticular de circunstâncias põe à prova a capaci dade do sistema político de executar funções e serviços necessários As sociedades que sofrem de instabilidade institucional juntamente com enfraquecimento da legitimidade e da eficácia proporcionam o ambiente ideal para um com portamento de protesto Além dos protestos políticos os movimentos da juventude podem assumir outras formas incluindo movimentos estudantis movimentos culturais literários artísticos musicais movimentos religiosos e de base étnica movimentos ambientais movi mentos de pazantibélicos e movimentos con traculturais ver MOVIMENTO ESTUDANTIL CULTU RA DA JUVENTUDE PAZ MOVIMENTO PELA CON TRACULTURA Se o problema da rebeldia dos jovens e de suas manifestações contra a sociedade adulta pode remontar à Antigüidade os movimentos organizados da juventude como forças cons cientemente mobilizadas para a mudança são um fenômeno relativamente recente na his tória moderna que teve origem com a tendência ao nacionalismo Desde o início do século XIX houve cinco períodos destacáveis de extraor dinária atividade de movimento da juventude Jovem Europa 1815 a 1848 1860 a 1890 PósVitoriano 1890 a 1910 Grande Depres são 1930 a 1940 Geração 60 1960 a 1970 e Geração 80 1980 a 1990 O que começou como uma erupção sem precedentes de mo vimento da juventude quase dois séculos atrás nos anos 60 já havia atingido uma escala global Braungart e Braungart 1990b Esler 1971 Os movimentos da juventude são lutas de geração que incluem formas de conflito tanto inter quanto intrageracionais O conflito in tergeracional implica dois processos dinâmi cos Primeiro jovens denunciam instituições adultas por suas falhas e fraquezas Em seguida baseados em sua capacidade de mobilização Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento da juventude 487 jovens autorizam sua própria geração a promo ver a mudança desejada A existência do con flito intergeracional como força desestabiliza dora na sociedade aumenta a probabilidade do conflito intrageracional que ocorre quando u nidades de geração dentro da mesma geração competem pelo poder e o controle Mannheim 1952 Essas unidades de geração rivais podem ser espontâneas iniciadas pelos próprios jo vens ou promovidas por organizações adultas As unidades de geração representam o espectro de orientações políticas indo da esquerda à direita e de grupos moderados a grupos radicais ver também NOVA ESQUERDA NOVA DIREITA As explicações para os movimentos da ju ventude têm vindo de diferentes disciplinas As explicações psicológicas sociais concentramse nas características de desenvolvimento dos jo vens que promovem conflitos com base etária e orientações políticas discrepantes nas histó rias familiares específicas e nos traços de per sonalidade de jovens ativistas políticos bem como nas atitudes e comportamentos de parti cipantes de um movimento da juventude O motivo fundamental pelo qual os jovens são tão receptivos a formar movimentos da juventude e se engajar neles envolve as tendências de ciclo de vida do final da adolescência e início da idade adulta particularmente os avanços no pensamento cognitivo uma recémadquirida consciência social e política a busca de iden tidade o desejo de autodeterminação e inde pendência e a necessidade de coerência entre crença e comportamento Erikson 1968 Ke niston 1971 As explicações sociológicas para os movi mentos da juventude enfatizam a importância da socialização política especialmente família companheiros escola e meios de comunica ção as experiências vividas em comum por um grupo de jovens crescendo juntos em uma so ciedade em rápida transformação e as condi ções de sociedade e estruturas de oportunidade que facilitam a formação de movimentos da juventude Heberle 1951 Jenkins 1987 De forma semelhante as explicações históricas concentramse na natureza única e eruptiva dos movimentos da juventude e identificam algu mas de suas características cíclicas Cientistas sociais e historiadores têm observado igual mente que os movimentos da juventude tendem a surgir quando um grupo de jovens relati vamente grande sente que tem um conjunto de valores e experiências em comum que os tor nam uma geração excepcional e quando en frentam certas descontinuidades históricas e têm oportunidade de mobilização Esler 1971 Moller 1968 Um quadro interativo substan cial para o estudo e comparação de movimentos da juventude inclui a considerações dos efeitos de ciclo de vida grupo e período histórico e o modo como essas forças se combinam Braun gart e Braungart 1989 Estudos empíricos dos movimentos da ju ventude e seus participantes ganharam a aten ção mundial durante os anos 60 atenção que tem continuado desde então Algumas das prin cipais descobertas são que o desenvolvimento do curso de vida dos jovens a direção de seus pontos de vista políticos e se são radicais ou mais moderados é fortemente influenciado por experiências de socialização política em família Além disso os valores geracionais os laços sociais e as orientações políticas expres sas durante seus anos juvenis como ativistas têm probabilidades de continuar pela vida adul ta em vez de mudar ou desaparecer com o tempo Braungart e Braungart 1990a Whalen e Flacks 1989 O estudo dos movimentos da juventude be neficiase da abordagem interdisciplinar e in terativa que tenta descobrir como os efeitos do curso de vida do grupo e do período se com binam para produzir a atividade do movimento da juventude A análise pode ser realizada em inúmeros níveis histórico internacional na cional local grupal e individual São adequa das tanto a metodologia quantitativa quanto a qualitativa e recomendadas as metodologias qualitativas As investigações de pesquisa in dicam que os movimentos da juventude surgem em parte devido à incapacidade dos regimes políticos e da sociedade adulta de resolver ve lhos problemas e de se adaptar a novas condi ções O significado histórico e a difusão global dos movimentos da juventude são o testemunho da persistência dos jovens como força crítica e renovadora na história moderna Leitura sugerida Altbach PG 1989 Student Politi cal Activism an International Reference Handbook Braungart RG e Braungart MM 1986 Lifecour se and generational politics Annual Review of Socio logy 12 20531 Ο 1989 Generational conflict and in tergroup relations as the foundation for political gene rations In Advances in Group Process vol6 org por EJ Lawler e B Markovsky p179203 Eisenstadt Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 488 movimento da juventude SN 1956 From Generation to Generation Feuer Lewis S 1969 The Conflict of Generations Lipset SM e Altbach PG orgs 1969 Students in Revolt RICHARD G BRAUNGART E MARGARET M BRAUNGART movimento de libertação colonial Em par te alguma o governo colonial proporcionou al guma reconstrução radical da sociedade Os que estavam na base da pirâmide tenderam a afun dar ainda mais enquanto os benefícios da nova ordem iam para os que já se encontravam em melhor situação Fundaramse universidades abrindo oportunidades para os que podiam en trar nelas mas pouco se fez no campo da educa ção primária Em todas as colônias o anal fabetismo continuou a ser o destino comum as mulheres continuaram a ser em grande parte o segundo sexo Novas elites ocupando o pri meiro plano derivavam em grande parte das antigas embora como no Japão em processo de modernização não de suas camadas mais elevadas e fossilizadas Mesmo assim houve mudanças reais afe tando todas as classes Novos meios de trans porte e comunicação aceleraram a difusão de idéias A educação ocidental abriu muitas jane las ainda que a princípio apenas para uns pou cos os povos coloniais foram colocados em contato mais estreito uns com os outros bem como com a Europa Surgiram novos tipos de atividade comercial novas profissões como o direito ao estilo ocidental a medicina e o jor nalismo fizeram surgir uma intelligentsia mo derna Dentro de suas fileiras pôde nascer uma consciência nacional inspirando interesse pela história a língua e a cultura de uma nação A Índia rapidamente demonstrou um gênio es pecial para o pensamento jurídico uma de monstração de quanta capacidade mental jazia sem uso na Ásia com culturas requintadas e vida política semibárbara Os advogados viriam a desempenhar um papel imenso nos movimen tos nacionais do tipo mais pacífico Na Índia Gandhi Nehru e Jinnah eram todos formados em direito A idéia nacional teve origem na Europa Ocidental e daí por diante sempre houve como ainda há europeus lutando por uma independência nacional Quando patriotas em terra distante começaram a examinar o seu pró prio mundo encontraram uma ideologia pronta para ser assumida e heróis para serem emula dos como Guilherme Tell ou Garibaldi Alguns de seus países herdaram pelo menos um senso incipiente de nacionalidade como fez o Vietnã com suas lembranças tenazes de ataques chi neses repelidos muitos anos atrás Outros como a Índia e muitos países da África tinham pouca ou nenhuma consciência desse tipo embora a ocupação britânica da Índia tivesse sido obriga da a superar uma rígida resistência regional O governo ocidental gerava descontentamentos por um lado ambições por outro Ambas as coisas podiam levar à convicção de que o que era necessário a um povo era transformarse em nação e rumar para a liberdade Tal idéia só podia surgir a princípio em mentes com acesso à educação e ao exemplo estrangeiros para reunir força ela precisava expandirse muito mais Os líderes potenciais tinham que convencer seu povo de que o so frimento de muitos de seus membros se devia à injustiça estrangeira O que era conhecido nos círculos nacionalistas indianos no início deste século como a teoria do sorvedouro criada em parte por simpatizantes britânicos ensinava que a Índia era pobre devido ao tributo car regado ano após ano para a GrãBretanha Esse argumento e seus muitos paralelos em outros lugares tinha base em fatos bem como alguns exageros disfarçava o que era igualmente ver dade o fato de muitíssimos indianos e outros serem explorados por seus próprios conterrâ neos Se evidentemente esses conterrâneos to mavam o lado do estrangeiro quando de alguma luta decisiva sua má conduta social e sua ati tude impatriótica poderiam muito bem receber a devida ênfase Os ressentimentos assumiam muitas formas específicas todas ampliadas pelo impacto psi cológico do governo estrangeiro da arrogância do homem branco e de sua indisfarçada crença na inferioridade dos que se encontravam sob sua por vezes áspera autoridade Muitos dos que tinham qualificações modernas maiores ou menores tinham de competir por cargos no governo que eram sempre muito poucos à falta de outro tipo de emprego Os mais qualificados queriam que colocações melhores civis e mili tares lhes fossem abertas em vez de serem reservadas aos brancos Desejavam uma par ticipação no governo a princípio bastante mo desta Conseguiam encontrar aliados entre os empresários de tipo mais novo aprendendo os métodos dos negociantes e industriais estran Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento de libertação colonial 489 geiros aspirando em seguida a com eles rivali zar tal como fizeram nos anos 20 na indústria de juta em Bengala Era uma queixa cada vez mais insistente a de que a indústria nativa não era protegida por tarifas como acontecia nas nações industrializadas do Ocidente Em nível inferior e freqüentemente irrom pendo em pequenas revoltas ou distúrbios lo cais em geral totalmente isoladas de qualquer movimento nacional organizado havia protes tos contra impostos rurais pagos por campo neses ou em algumas colônias africanas im postos individuais a erosão dos direitos con suetudinários sobre as terras incultas ou nas florestas o trabalho compulsório e em alguns impérios especialmente o francês o recruta mento para os exércitos que todos os impérios formavam em suas colônias e geralmente usa vam no exterior até mesmo durante as duas guerras mundiais na Europa A decisão de modificar e por fim encerrar o domínio colonial podia seguir um caminho ba sicamente pacífico constitucional ou recor rer à força O caminho tomado dependia tanto da história da estrutura social e da cultura de um país quanto da atitude da potência gover nante As táticas de Gandhi com seu colorido emocionalmente religioso foram peculiares à Índia hindu só seriam praticáveis sob um re gime comparativamente liberal e moderado como o britânico Um vicerei francês ou ale mão em Déli teria dado ao Mahatma uma res posta bem mais rude A oficialidade britânica tinha de procurar estar em harmonia com a corrente de opinião da Inglaterra dando um pouco de tempo ao tempo Já tinha havido deslizes graves antes na Irlanda em 1798 na Índia em 18578 durante o Motim na Jamaica em 1865 É preciso acrescentar que os ingleses estavam contaminados mais que a maioria dos europeus pelo preconceito racial Mesmo as sim depois de 1858 só por uma vez no Punjab em 1919 em um caso de histeria de fim de guerra os ingleses e a Índia tiveram uma con frontação feroz O temperamento francês era mais militarista A autoridade francesa na In dochina apoiavase de modo demasiadamente pesado na Legião Estrangeira no Norte da Áfri ca essa autoridade notoriamente pertencia mais ao exército de ocupação do que ao governo em Paris Uma oposição séria só poderia assumir uma forma a da insurreição A explosão de 1857 pertenceu mais a uma Índia antiga do que à nova e não conseguiu espalharse para além do vale do Ganges Ela efetivamente reuniu muçulmanos e hindus e neste século foi encarada como o ponto de partida para o nacionalismo indiano A maior parte das províncias no entanto permaneceu quieta durante longos períodos depois de sua conquista de forma que o governo britânico pôde assumir um aspecto de naturalidade e permanência Uma geração depois do Motim agitavase um sentimento de um novo tipo po lítico a princípio dentro de uma elite que rece bera educação britânica nutrida pelos anais históricos ingleses de Hampden a Gladstone Em 1885 fundouse o Congresso Nacional In diano com algum estímulo britânico A prin cípio não passava de uma associação de mem bros da pequena elite profissional tomada de espírito público com educação e idéias ingle sas que se reunia anualmente para discutir as necessidades do país pouco a pouco essa pe quena elite aprendeu a mobilizar um amplo apoio popular para suas propostas e cresceu transformandose em partido político regular primeiro e maior da Índia A reação oficial foi providenciar cautelosas válvulas de segurança Uma delas foi a publicação de um jornal tole rado embora atentamente vigiado Estabele ceramse corpos governamentais locais eleitos para um âmbito reduzido de atuação e aos quais mais tarde se concedeu maior margem opera cional estes proporcionaram a políticos mui tos deles advogados sua primeira plataforma Os ministros da Coroa foram deixando tácito embora sem assumir compromisso algum que a Índia estava sendo treinada para se autogover nar em algum futuro não especificado Esse reformismo moderado respeitado por ambas as partes do lado indiano foi acompa nhado por manifestações eloqüentes e nãoin sinceras de lealdade à ligação com a GrãBreta nha Não obstante a impaciência crescia Todas as colônias britânicas de população branca já se autogovernavam foi um processo paralelo à ampliação dos direitos de voto na Inglaterra e a revolução norteamericana servira de aviso contra as postergações Mas os indianos não podiam deixar de perguntar por que nesse as pecto tinham de ser preteridos aos africânderes bem poucos anos depois da Guerra dos Bôeres quando estes já haviam sido denunciados como piores do que bárbaros Bengala a mais antiga Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 490 movimento de libertação colonial província britânica foi a primeira a começar a se insurgir nos anos anteriores a 1914 com um boicote às mercadorias britânicas e alguma ati vidade terrorista limitada Nesse caso a Irlanda foi o modelo No período 191418 o Congresso Nacional tanto se expandiu quanto assumiu feição mais radical Isso foi um reflexo das pressões do tempo de guerra sobre a Índia Economicamente houve um boom que for taleceu os setores comercial e industrial ao mesmo tempo que os preços altos e a escassez infligiam graves sofrimentos ao povo Poli ticamente falavase muito do lado aliado que aquela era uma guerra pela liberdade e o pro gresso nacionalistas de muitos países tão dis tantes até quanto a Coréia imaginaram que o estabelecimento ao final da guerra da Liga das Nações era o arauto de uma nova era Gandhi era agora o espírito mobilizador no Congresso com sua tática de mobilização de massas combinada à nãoviolência e à de sobediência civil Essas táticas tiveram mais apelo junto às classes médias operários e cam poneses estavam se organizando dentro de li nhas diferentes com liderança parcialmente co munista e os pontos críticos em suas lutas não coincidiam com os do movimento nacional Para esse movimento isso era uma fraqueza mas ao mesmo tempo preservou o congresso da divisão de classes interna e da contaminação socialista Empresários ricos sempre avessos ao nacionalismo de esquerda não tardaram portanto a oferecer apoio financeiro Tinham muitas esperanças na independência Outra de ficiência do Congresso era que permanecendo de vários modos como um organismo social mente conservador tinha uma ala direitista so lidamente hindu e antimuçulmana Jawaharlal Nehru com suas simpatias socialistas queria que o Congresso atraísse as massas muçul manas atendendo as suas queixas sociais e econômicas isso era algo que o Congresso não podia fazer pois essas queixas se dirigiam con tra os hindus mais ricos bem como contra os britânicos A partir do final dos anos 30 os comunalistas muçulmanos que pregavam a se paração começaram a ganhar terreno Durante os anos da guerra a Liga Muçulmana enca beçada por Jinnah teve plena liberdade para difundir sua propaganda enquanto o Congresso ficava na oposição e seus líderes depois da derrota do Levante de Agosto de 1942 es tavam na prisão Depois da guerra a independência era inevi tável no mínimo porque a Inglaterra estava cansada e não podia mais contar com a lealdade das agora enormes forças armadas indianas O governo trabalhista eleito em 1945 teve sen sibilidade suficiente para reconhecer esse fato e a independência veio em 1947 mas vieram também as divisões e os massacres comunais em uma escala horrenda o mergulho em um derramamento de sangue que a política gan dhiana havia sido criada para impedir Com a perda da Índia seguiramse necessariamente a Birmânia e o Ceilão Os ministros trabalhistas demoraram a perceber que a África estava des pertando mas em 1960 quando a Nigéria foi libertada os tóris ingleses também concorda ram em que não havia alternativa Fizeram uma exceção para as colônias onde ocorrera o es tabelecimento de populações brancas Na Áfri ca Ocidental o clima e as doenças haviam impedido que isso acontecesse No Quênia e na Rodésia travaramse guerras de guerrilha Por toda parte no mundo colonial os anos de colapso em torno de 1930 foram uma época calamitosa e intensificaram o desagrado com relação ao domínio ocidental Na Indonésia e na Indochina houve tentativas de levantes ar mados Depois de 1945 os holandeses lutaram em vão para recuperar o controle da Indonésia onde o partido nacionalista se havia ampliado como na Birmânia sob o patronato japonês Desacreditado pela queda da França durante a guerra o império francês não conseguiu res tabelecerse nem através de massacres na Ar gélia e em Madagascar nem por meio da inau guração em 1946 de uma União Francesa que do império só diferia no nome No Vietnã havia muitos motivos de descontentamento en tre eles a tomada da terra a ser transformada em plantações pelos colonos franceses e os maus tratos impostos aos trabalhadores A restaura ção do poder francês sofreu resistência imedia ta no Norte a iniciativa foi rapidamente toma da por Ho Chi Minh e os comunistas os quais tal como na Malaísia haviam combatido os japoneses enquanto os franceses se haviam submetido a eles Eram recrutados principal mente entre o campesinato mas como em mui tos países receberam a adesão de estudantes e de forma mais gradual de boa parte da in telligentsia desatualizada e predominantemen te rural Operações de guerrilha levaram em estágios à criação do exército que em 1954 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento de libertação colonial 491 derrotou e capturou um exército francês em DienBienPhu Os franceses desistiram e se retiraram mas seu lugar foi rapidamente tomado pelos norte americanos que até 1972 persistiram na ten tativa terrivelmente destrutiva de esmagar o movimento nacional Nesse intervalo poucos meses depois de DienBienPhu prorrompeu a revolta argelina liderada pela FLN Frente de Libertação Nacional Os argelinos também ha viam sido privados de grande parte de sua terra para dar lugar a fazendeiros franceses ou cos mopolitas A Argélia era na teoria ou na ficção legal parte da França não uma colônia e os colonizadores apoiados pelo exército vetaram qualquer idéia de retirada Em 1958 caiu a Quarta República do pósguerra e De Gaulle voltou ao poder Em 1961 ele por sua vez foi quase derrubado pelo exército mas em 1962 estava suficientemente forte além de suficien temente racional para abandonar o conflito A luta não havia ultrapassado o nível da guerrilha mas já havia infligido um dano imenso ao povo argelino Em 1919 a Terceira Internacional ou Inter nacional Comunista foi estabelecida em Mos cou com um programa de atividade nas colô nias bem como no Ocidente O socialismo geralmente em sua forma comunista tornouse fator de agitação nacionalista praticamente por toda parte especialmente quando havia luta envolvida Eralhe possível assumir o primeiro plano ou porque como no Vietnã e na China os partidos de classe média não conseguiam mostrar as qualidades necessárias ou porque não existiam essas classes ou partidos como na África portuguesa Dentro de vários movimen tos nacionalistas havia uma controvérsia crôni ca quanto a se a filiação ou colaboração co munista deveria ser aceita e dentro dos partidos comunistas quanto a se deviam colaborar com nacionalistas burgueses ou se manter à parte e organizar a classe operária e o campesinato separadamente Na Índia os comunistas foram sempre encarados com suspeita pelos conser vadores do Congresso e seus aliados capitalis tas bem como pelos zelotes religiosos e eles próprios encaravam o Congresso e Gandhi pes soalmente como timidamente reformistas e conciliadores Ficaram de fora do levante de 1942 quando o Congresso esteve mais perto de adotar táticas revolucionárias como as deles próprios pois isso seria prejudicial ao esforço de guerra e conseqüentemente à União Sovié tica Com isso perderam boa parte do respeito do público Muito do valor dos movimentos de liberta ção colonial reside no efeito que tiveram sobre estruturas sociais arcaicas sacudindoas mais intensamente que o governo colonial em alguns sentidos fossilizante conseguira fa zer As mulheres por exemplo assumiram pa pel considerável nas atividades tanto políticas quanto militares O esforço armado exigia que as energias populares fossem plenamente recru tadas Onde ele triunfou os colaboradores na tivos do regime colonial foram varridos junto com o próprio regime embora uma guerra tão devastadora quanto a do Vietnã possa deixar um país exaurido demais para qualquer espécie de recuperação rápida Por outro lado quanto mais superficial o esforço mais probabilidades de o governo imperial ser trocado apenas por um governo neoliberal As colônias que se vi ram sozinhas sem preparo algum como as da África subsaariana largadas por De Gaulle ou o Congo pela Bélgica ficaram em estado de estagnação ou de caos A Malaísia permaneceu sonolenta desde que os britânicos depois de derrotarem um levante de guerrilha por parte da metade chinesa da população confiaram o po der aos malaios nativos e a seus chefes cau telosamente conservadores Quando a Índia se tornou livre o serviço público treinado pelos ingleses que se mos trara leal até o último momento aos antigos senhores foi assumido inalterado por seus su cessores mas sua inércia foi contrabalançada pela perspectiva radical de Nehru e da ala mais progressista do Congresso A Índia permaneceu fiel ao modelo britânico de governo parlamen tar Depois de conflitos armados como na Chi na e em Cuba o resultado mais provável era alguma forma de ditadura de esquerda Onde não houve nenhuma luta popular significativa como nas Filipinas no Paquistão ou no Congo o resultado foi uma ditadura de direita Ver também COLONIALISMO Leitura sugerida Betts Raymond F 1985 Uncertain Dimensions Western Overseas Empires in the Twen tieth Century Davidson Basil 1955 The African A wakening Fanon Frantz 1961 1983 The Wretched of the Earth Gupta Partha Sarathi 1975 Imperialism and the British Labour Movement 191464 Hodgkin Thomas 1981 Vietnam the Revolutionary Path Kier nan VG 1982 From Conquest to Collapse European Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 492 movimento de libertação colonial Empires from 1815 to 1960 Mansfield Peter 1971 The British in Egypt Sarkar Sunit 1989 Modern In dia 18851947 Seal Anil 1968 The Emergence of Indian Nationalism Wolf Eric R 1971 Peasant Wars of the Twentieth Century VG KIERNAN movimento de mulheres Evocando uma co letividade de mulheres que se mobilizam para protestar ou para sair em busca de objetivos em comum essa descrição é usada em geral simultaneamente com movimento feminista mas os movimentos de mulheres antecedem o FEMINISMO e podem ser diferentes dele São movimentos sociais que exibem uma heteroge neidade de objetivos e formas de associação ou de organização ver também MOVIMENTO SO CIAL Os movimentos de mulheres têm surgido em todas as regiões do mundo e são mencionados na maior parte da história documentada O Co rão referese a um levante de mulheres no Sul da Arábia as quais segundo os estudiosos estavam protestando contra a proibição por Maomé de que as mulheres exercessem o co mércio A história da América Latina e da Áfri ca coloniais contém exemplos de escravas e camponesas rebelandose contra as leis ou prá ticas do estado imperial ou mobilizandose para defender seus interesses econômicos Na Europa do século XVIII mulheres formaram suas próprias associações algumas das quais participaram da Revolução Francesa Mais tar de no tumulto revolucionário da década de 1840 os movimentos de mulheres se desenvol veram e foi fundado um jornal em defesa dos direitos das mulheres Les Voix des Femmes As Vozes das Mulheres Embora houvesse com parativamente poucos desses primeiros movi mentos e eles tenham permanecido isolados e esporádicos sua incidência volume e ímpeto cresceram nos séculos XIX e XX à medida que a sociedade civil se desenvolvia e que as restri ções que inibiam as mulheres de entrar na vida social e política iam se enfraquecendo Foi no século XIX que mulheres de muitas regiões do mundo começaram a se organizar contra as desigualdades baseadas no sexo e a exigir reformas jurídicas visando remover os controles patriarcais na família e na sociedade em geral Algumas dessas iniciativas foram to madas por indivíduos ou grupos independentes algumas elaboradas em associação com mo vimentos mais amplos por mudanças sociais algumas com partidos políticos As idéias de emancipação das mulheres eram particular mente atraentes àqueles inspirados pelas idéias do Iluminismo Movimentos nacionalistas libe rais socialistas e modernizantes foram forças importantes em apoio a mudanças jurídicas e sociais na posição das mulheres tendo atraído muitas ativistas para suas fileiras Apesar de todas as suas diferenças ideológicas elas ti nham em comum um amplo compromisso com a construção de uma sociedade moderna na qual as estruturas tradicionais da sociedade patriar cal e as formas de estado associadas à opressão das mulheres seriam substituídas por uma for ma de administração civil mais racional justa e igualitária Embora idéias e textos feministas possam ser encontrados em muitos séculos anteriores foi também no século XIX que o feminismo pela primeira vez surgiu como força ideológica e política influente A palavra feminista foi usada por militantes pelos direitos das mulheres não apenas nos Estados Unidos e na Europa mas também em países como Japão Turquia Rússia Argentina Filipinas e Índia Embora abrigasse divergências em seus objetivos e es tratégias e portanto estivesse aberto a uma variedade de interpretações o feminismo em diferentes contextos regionais e culturais es tava associado a um compromisso com o fim da desigualdade sexual e a emancipação das mulheres da opressão Os primeiros movimen tos feministas como a Associação Feminista Filipina fundada em 1905 ou o Seito Meia Azul estabelecido no Japão em 1911 fizeram campanha pelo voto e o acesso à educação ao mesmo tempo em que se opunham à discrimi nação baseada no sexo e buscavam melhorar a situação jurídica das mulheres Essas associa ções de mulheres buscavam seus objetivos a partir de uma variedade de diferentes pontos de vista Alguns como a Sociedade das Mulheres Persas de 1911 enfrentaram atitudes e leis religiosas profundamente entranhadas outros trabalharam dentro do contexto de estados libe rais por maior igualdade jurídica e pelo voto outros ainda ligaram sua luta por igualdade a uma revolução socialista Em regiões menos desenvolvidas do mundo como Turquia Índia China e Egito as associações feministas viam seus interesses representados dentro do projeto de um nacionalismo modernizante enquanto outras permaneciam independentes dos parti Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento de mulheres 493 dos políticos comprometidas com uma inter pretação mais radical da idéia de libertação das mulheres que ia além da igualdade dos direitos para abraçar questões de sexualidade e relações interpessoais A história do feminismo dividese em dois períodos amplos A primeira onda como às vezes é chamada é a do período de 1860 a 1920 É representada acima de tudo por direitos iguais e movimentos reformistas os maiores e mais bemsucedidos dos quais foram os dos Estados Unidos e GrãBretanha A primeira convenção pelos direitos das mulheres na América do Nor te foi realizada em 1920 de julho de 1848 em Seneca Falls e é às vezes encarada como o momento fundador do feminismo ocidental Na GrãBretanha a primeira onda feminista alcan çou sua mobilização mais significativa no iní cio do século XX com as lutas pelo sufrágio feminino que culminaram com a vitória em 1918 O segundo período de maior força organiza cional do feminismo começou no final dos anos 60 Brotou do clima de radicalismo estudantil na Europa e nos Estados Unidos fez parte do movimento pelos direitos civis O feminismo da segunda onda ergueuse a partir das percep ções de algumas das primeiras teóricas como Simone de Beauvoir e gerou maior diversidade de abordagens teóricas objetivos e estratégias do que seus predecessores Os movimentos fe ministas desse período são convencionalmente divididos em duas correntes principais uma tipificada como movimento reformista preocu pavase principalmente em obter direitos iguais e em eliminar a discriminação contra as mu lheres a outra caracterizada como a tendência de libertação das mulheres preocupavase em realizar um programa mais radical de mudança social e continha correntes radicais e revolucio nárias Enquanto a primeira corrente típica da tendência dominante nos Estados Unidos es tava ligada a uma maior integração e influência sobre o sistema político e à realização de uma série substancial de reformas jurídicas a última mais característica dos movimentos europeus mostravase mais crítica quanto às medidas reformistas e defendia iniciativas de autoajuda local dentro de uma forma de associação an tielitista e descentralizada Ambas as varieda des porém partilhavam uma perspectiva co mum com relação a algumas questões e certos objetivos e em ambos os casos a campanha pelo aborto voluntário se tornou uma questão mobilizadora tão importante quanto havia sido o sufrágio para a primeira onda feminista A segunda onda feminista foi um dos movi mentos sociais mais importantes do período do pósguerra tendo sido capaz de mobilizar gran de número de mulheres Em 1985 nos Estados Unidos a National Organization of Women NOW reformista tinha em seu quadro 14 de milhão de associadas enquanto que na Grã Bretanha Itália e França as manifestações de mulheres em campanhas por questões especí ficas podiam atingir 34 de milhão Fora do mundo anglosaxão as feministas também co meçaram a se organizar a partir do início dos anos 70 surgiram grupos feministas na Iugos lávia México Peru Índia e até na União Sovié tica Algumas dessas iniciativas evoluíram para movimentos sociais significativos nos anos 80 Foi só em tempos comparativamente recen tes em seguida ao advento da segunda onda feminista que os movimentos de mulheres começaram a receber a atenção dos estudiosos Analistas de fenômenos políticos como movi mentos sociais urbanos revoluções e levantes populares tendiam a concentrar a atenção na dinâmica de classe e a ignorar de maneira geral o conflito quanto às linhas de gênero e etnia Como resultado raramente reconheciam a pre sença de mulheres nesses movimentos ou con sideravam as características específicas con feridas por sua participação e pelos próprios esforços independentes de organização das mu lheres Historiadoras e cientistas sociais femi nistas encarregaramse de reparar essa ausên cia a fim de recuperar o que na expressão de Sheila Rowbotham havia sido escondido da história O crescente interesse pelos movimentos de mulheres tem gerado estudos dos vários tipos de ação coletiva feminina que têm ocorrido e isso vem revelando a amplitude de atividades políticas em que as mulheres se engajam Essa atividade variou dos movimentos espontâneos de protesto de tipos variados até campanhas feministas por direitos iguais e nos anos 80 mobilizações conservadoras ou fundamentalis tas de mulheres nos Estados Unidos e no mundo islâmico Tal variedade de mobilizações de monstra que as mulheres não apenas foram agentes políticos significativos como também se mobilizaram coletivamente na busca de uma ampla variedade de objetivos às vezes a prio Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 494 movimento de mulheres ridade era alcançar maior igualdade sexual em outras ocasiões era dar apoio a objetivos políti cos mais amplos e em outras ainda era apoiar mudanças jurídicas que por motivos religio sos exigiam uma definição e às vezes como no caso dos movimentos antiaborto uma restri ção de seus direitos anteriores Esse trabalho de descoberta tem levado a uma reavaliação da participação política das mulheres e ajudado a minar a visão comumente aceita de que as mulheres não são agentes polí ticos e de que sua esfera adequada de influência é dentro do domínio natural da esfera privada Se estudiosas feministas reconheceram a mas culinização do espaço político e a exclusão his tórica das mulheres desse espaço também des tacaram que o feminismo ampliou o significado da própria política passando a incluir resistên cia e confronto com respeito a relações de poder tanto no âmbito privado quanto na sociedade como um todo Em geral a análise dos movimentos de mulheres tem levado alguns autores a propor que eles representam acima de tudo desafios informais à corrente política pre dominante Tal como outros novos movimen tos sociais o desafio representado pelos mo vimentos de mulheres se estende também às concepções ortodoxas sobre o conteúdo e do mínio apropriado da política contido no slogan feminista O pessoal é político A variedade e o caráter do movimento de mulheres têm colocado várias questões analíti cas ainda por resolver A primeira diz respeito à necessidade de diferenciação entre os varia dos graus de ação social coletiva de tal forma que movimento significa um avanço qualitativo e quantitativo com respeito a formas de solida riedade ou de associação que podem ser peque nas em escala dispersas e relativamente de pouco poder Essas últimas formas que pode riam surgir com base em uma acanhada cultura de mulheres incluem redes de comunicação clubes e círculos literários Se por um lado elas podem marcar o início de um movimento ou formar uma parte dele são analiticamente dis tintas dele com respeito a força numérica poder organizacional e impacto social Uma segunda questão é se o feminismo pode ou deve gerar objetivos capazes de ter uma aplicação universal Virginia Woolf escreveu Como mulher não tenho pátria Como mulher não tenho necessidade de uma pátria O slogan de Robin Morgan nos anos 70 A irmandade é global foi criticado por feministas negras e do Terceiro Mundo por presumir que mulheres de todas as classes e de todas as religiões neces sariamente partilhavam interesses e laços de solidariedade comuns Elas propunham uma visão mais diferenciada dos interesses das mu lheres como sendo formados por fatores tais como classe e etnia de modo que podiam levar a relações de dominação e subordinação entre mulheres Seguiuse que os objetivos do femi nismo estariam sujeitos a alguma variação e diferentes movimentos formularam suas priori dades de acordo com isso Embora tal reco nhecimento não precisasse negar que seria pos sível criar alguma base para a ação coletiva e objetivos comuns significava que a solidarie dade entre mulheres não era dada somente pelo fator do gênero Embora a diversidade de lutas feministas dentro de um dado país ou região do mundo torne enganosas as generalizações simples cer tas diferenças têm destacado a variedade oci dental da maior parte das outras variedades de feminismo incluindo seu maior compromisso com a autorealização individual dentro do qual questões de sexualidade linguagem e cul tura têm sido postas em destaque Em contraste muitas feministas das regiões póscoloniais do mundo formularam seus objetivos dentro de uma estratégia geral que dá prioridade ao traba lho entre os pobres à independência nacional e à mudança econômica e social Uma terceira questão correlata gira em tor no dos objetivos que os movimentos de mu lheres em oposição aos confessadamente femi nistas têm tendido a buscar Historicamente e em uma perspectiva transcultural uma forma recorrente de movimento de mulheres surgiu com base nos papéis das mulheres na família Esses movimentos tipicamente implicam lutar pela provisão de necessidades básicas ou por direitos de CIDADANIA Tais movimentos têm duas características principais Estão estreita mente identificados com construções sociais particulares de feminilidade e maternidade e estão ligados a essas identidades de modo im portante As mulheres que participam desses movimentos ou ações em geral encaram seu envolvimento político como uma extensão na tural de seus papéis na família e como baseado em sentimentos primordiais intrinsecamente femininos Em segundo lugar como função disso as participantes dessas formas de luta Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento de mulheres 495 tendem a formular o objetivos de suas ações em termos amplamente altruístas e não em termos destinados a promover seus interesses pessoais como mulheres Na maioria dos casos seus interesses se identificam estreitamente com o lar o bemestar de seus membros e suas condi ções de existência na comunidade Exemplos de tais movimentos baseados no papel da mu lher são as mobilizações de mulheres nas gran des favelas da América Latina exigindo como didades básicas e os movimentos de mães surgidos de forma atípica porém nãoexclu siva em regiões onde a maternidade desfruta de um status social especial conferido pela religião e pela cultura Movimentos de mães como as Madres de la Plaza de Mayo na Argentina ou iniciativas em favor da paz como as Mulheres de Luto que surgiram em inúmeros países incluindo Israel são essencialmente movimen tos de protesto contra a violência do estado e seus membros tendem a ser arregimentados entre parentes em geral mães e avós de víti mas da repressão ou da guerra Tais movimen tos de protestos têm surgido em geral em contextos onde a repressão ou violência de estado esmagou outras formas de oposição or ganizada Essas formas de mobilização feminina an teriormente consideradas a antítese do feminis mo autoconsciente sofreram certa reavaliação nos anos 80 A pluralização dos pontos de vista a respeito de como caracterizar os interesses das mulheres foi acompanhada por um questio namento dos modelos de libertação das mu lheres visando eliminar diferenças entre os pa péis sociais de mulheres e homens Em vez de as mulheres se adaptarem aos papéis dos ho mens algumas feministas defenderam a reco locação e a reavaliação da feminilidade e dos papéis tradicionais das mulheres dentro da fa mília Uma conseqüência foi o fortalecimento da convicção dentro de algumas correntes do feminismo de que algumas mulheres eram do tadas de atributos especiais seja pela natureza ou pela socialização e que estes estavam ligados à condição de mãe atividade que pre dispunha as mulheres à criação e explicava suas preocupações políticas com questões como paz vida social e democracia Um dos indícios mais claros dessa tendência foi o Manifesto das Mães emitido por uma sessão do Partido Verde alemão ocidental em 1987 que exigia o reco nhecimento da importância política da condi ção de mãe e incluía exigências tais como a revisão do planejamento urbano o pagamento de pensões para as que tomavam conta da casa emprego flexível maior tempo de lazer e faci litação da atividade política para as mães Embora se afirme às vezes que movimentos desse tipo com base no papel das mulheres são os exemplos extremos da política de mulheres existe um recurso ao NATURALISMO em sua ca racterização das mulheres como mais éticas que os homens mais dispostas a conciliar mais democráticas e mais amantes da paz Essa abor dagem tem sido criticada por idealizar e essen cializar atributos de gênero em geral também exclui uma consideração da construção social desses atributos e de outras formas de participa ção política feminina que não se conformam ao modelo comportamental o mesmo o contradi zem plenamente Leitura sugerida Jayawardena Kumari 1986 Femi nism and Nationalism in the Third World Rowbo tham Sheila 1974 Women Resistance and Revolution MAXINE MOLYNEUX movimento ecológico Formada no final dos anos 70 a Aliança Política Alternativa alemã ocidental ou Partido Verde foi amplamente saudada como um importante novo caminho na política européia O movimento reuniu rema nescentes das radicalizações estudantis dos anos 60 alguns elementos da esquerda marxista extraparlamentar iniciativas dos cidadãos lo cais e novos movimentos sociais como o dos ativistas pelos direitos dos homossexuais eco logistas feministas e militantes antinucleares e pela paz junto com elementos mais conser vadores e libertários No final dos anos 80 havia partidos políticos verdes em praticamente todos os países euro peus incluindo o Reino Unido onde o minús culo Ecology Party mudou o nome para Green Party Partido Verde em 1985 Até agora a conquista eleitoral mais destacada dos verdes britânicos foi seu resultado nas eleições de 1989 para o parlamento europeu quando seus can didatos receberam um total de 325 milhões de votos Embora as manifestações mais visíveis do movimento verde sejam os partidos verdes e os grupos de pressão dos ambientalistas radicais é importante ter em vista certa distinção entre o movimento e suas expressões políticas Muitos verdes continuam desconfiados e até hostis com Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 496 movimento ecológico relação aos partidos políticos mesmo nos casos em que o partido proclama ser um tipo de partido radicalmente novo Também as conces sões de estrutura e dos programas partidários impostas pelas vicissitudes da política eleitoral levaram alguns partidos verdes a se afasta rem das concepções verdes radicais de muitos de seus membros e defensores mais funda mentalistas O tema unificador do movimento é uma inquietação profunda quanto às con seqüências ambientais do fornecimento de pa drões de crescimento econômico em escala glo bal Diferentemente dos ambientalistas que buscam a reforma os verdes não fazem fé em avanços tecnológicos nem em melhorias do gerenciamento ambiental Para eles a crise am biental demanda nada mais nada menos que uma profunda transformação da vida política social e econômica a criação de uma sociedade sustentável Existe muita coisa em comum en tre os verdes mas é questionável se determina do programa político decorre dessas preocupa ções e é verdade que é possível encontrar par tidos com pretensão o rótulo de verde abra çando programas tradicionalmente associados com a esquerda e a direita do espectro político O Partido Verde alemão tem sido um dos mais bemsucedidos e também tem exercido muita influência como modelo para partidos verdes em outros países Seu programa político relaciona uma transformação econômica ecolo gicamente necessária com questões de justiça social direitos das mulheres paz autonomia regional e local liberdades civis e democracia radical Tentando combinar ação extraparla mentar com política eleitoral os verdes es tabeleceramse como um partido político de âmbito federal na Alemanha Ocidental em 1980 Seus primeiros desempenhos nas urnas foram irregulares refletindo diferenças locais em termos de consciência popular e do preexis tente equilíbrio de forças bem como divisões entre facções de esquerda e de direita dentro dos próprios verdes Depois da saída dos principais grupamentos de direita os verdes consolidaram e expandiram seu apoio eleitoral rompendo a barreira dos 5 para entrar no parlamento fe deral nas eleições de 1983 Sua base eleitoral tem sido ampla embora conseguida despropor cionalmente entre os setores mais jovens mais bem instruídos de classe média e profissionais liberais Nas questões sociais e econômicas os defensores do Partido Verde ficam em geral à esquerda do Partido SocialDemocrata SPD e se não são eleitores pela primeira vez prova velmente têm uma história de apoio ao SPD Refletindo os valores democráticos radicais dos membros do movimento verde o Partido Verde partiu para ser um partido de novo tipo com uma constituição criada para manter um con trole popular descentralizado sobre programas de ação liderança representantes parlamen tares e alocação de recursos e também para garantir plena participação por parte dos mem bros femininos Os programas dos verdes são uma concilia ção entre as diferentes tradições políticas reuni das no movimento No campo da defesa a oposição às armas nucleares combinase à visão de uma Europa nãoalinhada e ao rompimento dos principais blocos militares O programa econômico dos verdes favorece a descentraliza ção a autogestão dos trabalhadores e uma reo rientação da produção para atender a neces sidades de acordo com os mecanismos autore guladores da natureza O compromisso pura mente quantitativo com o crescimento mantido tanto pelo regime socialista de estado quanto pelo capitalista é rejeitado em favor de uma abordagem seletiva ligada à necessidade à sus tentatibilidade e à qualidade da vida Esses valores democráticos e igualitários são evi dentes também no apoio dos verdes aos objeti vos feministas à ampliação das liberdades civis e aos movimentos de libertação do Terceiro Mundo Werner Hülsberg distinguiu quatro tendên cias principais dentro dos verdes da Alemanha Ocidental Os ecosocialistas favorecem a consolidação dos verdes como força política à esquerda do SPD insistem no apoio às lutas defensivas dos trabalhadores e defendem um socialismo de orientação ecológica construído sobre uma nova base técnicomaterial Os fun damentalistas defendem a necessidade de uma revolução cultural ou espiritual em que as falsas necessidades de consumo engendradas pelo capitalismo sejam abandonadas em favor de um modo de vida qualitativamente diferente Comunidades pequenas autogeridas e de gran de sociabilidade seriam responsáveis pelo aten dimento de suas próprias necessidades básicas e a vida seria sustentada com um nível muito menor de consumo material O pensador mais influente dessa tendência é Rudolf Bahro Os ecolibertários são um grupamento diverso Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento ecológico 497 que favorece as propostas em favor de uma renda básica nãorelacionada com o trabalho e de uma economia dual que permitiria aos indivíduos mais liberdade para o autodesenvol vimento o estudo e o trabalho autônomo No decorrer dos anos 80 os verdes da Alemanha Ocidental serviram de modelo para os movi mentos verdes que foram surgindo em toda a Europa Ocidental e existem paralelos estreitos bem como laços diretos entre esses movimen tos e os movimentos ambientais de protesto da Europa Oriental Embora sejam até agora um fenômeno predominantemente europeu exis tem movimentos verdes comparáveis nos Es tados Unidos Austrália Nova Zelândia Japão e em inúmeros países do Terceiro Mundo Ver também AMBIENTALISMO Leitura sugerida Bahro R 1984 From Red to Green Capra F e Spretnak C 1984 Green Politics Hüls berg W 1988 The German Greens Parkin S 1989 Green Parties an International Guide Porritt J 1984 Seeing Green Ryle M 1988 Ecology and Socialism TED BENTON movimento estudantil Se os recentes mo vimentos de base estudantil surgiram em es treita relação com problemas internos da uni versidade logo se concentraram de maneira crítica em aspectos mais gerais da sociedade Durante os anos 60 os movimentos estudantis tornaramse um fenômeno social maciço A campanha da Livre Expressão em 1964 no campus de Berkeley na Califórnia deflagrou o movimento e a inquietação e o ativismo es tudantis se difundiram por universidades em todos os Estados Unidos Europa Extremo Oriente e América Latina Os movimentos es tudantis desenvolveram novas formas de pro testo sitins piquetes em massa greves de braços cruzados happenings e reuniões de mas sa eram ocorrências quase que diárias Os estu dantes envolveramse profundamente no mo vimento pelos direitos civis dos negros or ganizaram reuniõesmonstro em oposição à Guerra do Vietnã e se manifestaram em apoio a movimentos de libertação nacional do Terceiro Mundo Na França o governo de Charles de Gaulle foi substituído na esteira do movimento estudantil de maio de 1968 Em outros centros Londres Roma Berlim Ocidental Tóquio o protesto estudantil em geral desempenhou um papelchave na vida política e social e corpori ficou formas importantes de renovação cul tural Os movimentos estudantis porém foram suprimidos ou desintegrados depois de uma década de protestos e desde essa ocasião não se impuseram sobre a sociedade de forma tão conspícua Não obstante lançaram as funda ções sobre as quais os futuros movimentos dos anos 70 e 80 viriam parcialmente a se erguer ver MOVIMENTO SOCIAL Tanto os teóricos sociais como os agentes estudantis têm apresentado diferentes interpre tações para o protesto estudantil concebido como expressão ao mesmo tempo de crise e de conflito A crise da universidade A análises funcionalista buscou uma ex plicação para o emergente movimento estudan til basicamente em termos de uma crise ins titucional da universidade A mudança de fun ção das universidades de instituições educacio nais da elite para a produção em massa e o profissionalismo Jencks e Riesman 1968 acarretou problemas internos na universidade disfunções e declínio da comunidade acadêmi ca o que foi usado para explicar a inquietação estudantil Os estudantes criticaram a institui ção universitária por suas estruturas tecnocráti cas em grande escala e suas burocracias impes soais que dificilmente se mostravam in clinadas a satisfazer as preocupações de educa ção e pesquisa por seu mandarinato intelec tual e suas atitudes antidemocráticas Lipset e Wolin 1965 No todo a crise da universidade foi vista como algo provocado por um processo de modernização da educação superior O significado social do protesto estudantil Nos anos 60 muitas discussões acaloradas tanto entre estudantes quanto entre os teóricos sociais relacionavamse à questão do tipo de agentes sociais que eram os estudantes Deviam ser considerados em termos de classe social Seriam agentes revolucionários Essas contro vérsias marcaram profundamente a chamada Nova Esquerda no movimento estudantil Para alguns os estudantes eram vistos como aliados do movimento operário Amplos setores do mo vimento estudantil obtiveram sua autocons ciência a partir das análises teóricas neomarxis tas que os consideravam agentes revolucioná rios engajados em uma luta anticapitalista an tiestado e antiimperialista O movimento es Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 498 movimento estudantil tudantil não suplantou o movimento operário mas agiu como sua vanguarda tornandose o guardião da consciência proletária derivando sua significação social do fato de lutar em nome do proletariado com vistas ao rompimento total com as instituições e a cultura burguesas Ou tros viam os estudantes como um elemento periférico potencialmente revolucionário O pressuposto da teoria crítica ver ESCOLA DE FRANKFURT era que devido à ciência e à tecno logia a desgraça social fora amplamente redu zida e as condições que de forma objetiva moti vam uma revolução se esvaíram Altamente in tegrada manipulada e dominada por estruturas tecnocráticas em grande escala a sociedade ca pitalista avançada permitia que seus críticos po tenciais se originassem apenas nas periferias do sistema integrado Estes podiam ser estudantes hippies minorias sexuais e outros grupos sociais marginais Escapando em certa medida à do minação total sua recusa subjetiva às estruturas e à dependência em relação a necessidades exis tentes os transformava em categorias potencial mente revolucionárias Marcuse 1964 Criticando as interpretações acima o movi mento estudantil foi colocado em vez disso no reino do simbólico no sentido de ser visto como criador de novas sensibilidades e ampliador do espaço público O protesto estudantil foi com preendido como altamente significativo por motivos simbólicos contanto que permaneces se nãoviolento e os ativistas estudantis não se confundissem como sendo agentes diretamente revolucionários Habermas 1969 Finalmente o protesto estudantil foi inter pretado como um movimento social Essa abor dagem teórica afirmava que as sociedades mo dernas estavam entrando em um estágio pósin dustrial em que não era mais a fábrica e sim áreas culturais como educação saúde comu nicação de massa informação que se estavam tornando o ponto central do conflito social Foi essa perspectiva que conferiu um significado social potencialmente crucial aos movimentos estudantis O protesto estudantil foi portanto examinado para se descobrir nele a possível presença de um novo movimento social vale dizer perguntar se ele implicava conflito entre adversários sociais pelo controle de um campo cultural Análises minuciosas de dados sobre o movimento de maio na França mostraram no entanto que o movimento estudantil conser vava uma significação múltipla Não satisfazia as condições de um movimento social na medi da em que não designava a tecnocracia como seu principal componente não desenvolvia uma visão clara de sua própria identidade e não considerava o conhecimento produzido em uni versidades como base principal do conflito Touraine 1968 O movimento estudantil como crítica cultural Vários teóricos consideraram o movimento estudantil como um protesto contracultural em oposição a certos aspectos culturais e estru turais das sociedades contemporâneas Dessa forma encaravase uma nova cultura política como iniciada pelo movimento estudantil dos anos 60 A democracia direta tornouse a pala vra de ordem Estar pessoalmente preocupado engajarse na participação popular eram meca nismos essenciais sobre os quais se baseava a nova cultura política Por meio de formas de ação extrainstitucional como sitins desobe diência civil e solidariedade os movimentos estudantis tentaram democratizar a vida social e política através da conquista da atenção do público Estavam comprometidos com novos modos de fazer política fora dos canais ins titucionais A nova cultura política tinha uma relação estreita com o protesto cultural denunciando atitudes autoritárias e estruturas sociais O mo vimento estudantil tentou alterar as relações sociais existentes na vida cotidiana As muitas críticas levantadas contra a natureza opressora das estruturas autoritárias de família da repres são sexual da subordinação das mulheres dos valores do trabalho e da sociedade industrial tinham em geral um fundamento psicanalítico O protesto antiautoritário pretendia romper com o modelo patriarcal de cultura que dava destaque aos valores masculinos de sociedade e a estruturas sociais hierárquicas Além disso o movimento estudantil afirma va que as universidades tinham de reconhecer sua responsabilidade social e não deviam per der o interesse nas aplicações sociais do co nhecimento científico e criticava a apropriação ilegítima das universidades pelo estado o es tablishment militar e as grandes organizações Leitura sugerida Bergmann O Dutschke R Lefeb vre W e Rabehl B 1968 Rebellion der Studenten oder die neue Opposition Flacks Richard 1967 The libe rated generation an exploration of the roots of student Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento estudantil 499 protest Journal of Social Issues 235275 Keniston Kenneth 1965 The Uncommitted Alienated Youth in American Society Morin Edgar Lefort C e Coudray JM 1968 Mai 68 la brèche Touraine Alain 1972 1974 The Academic System in American Society KARIN D RENON movimento operário Ver SINDICATOS movimento social A maioria dos teóricos sociais concorda em que este modo de ação coletiva engloba um tipo específico de relação socialmente conflitiva O tipo clássico é o mo vimento operário que marcou a sociedade in dustrial do século XIX ao início do século XX Mais recentemente nos anos 60 a maioria dos países do Ocidente vivenciou importantes mo vimentos sociais tais como o MOVIMENTO ES TUDANTIL os movimentos pelos direitos civis e os movimento pela paz enquanto que em países do Terceiro Mundo surgiram movimentos de libertação nacional Durante os anos 70 e início dos anos 80 um grande número de movimentos sociais proliferou através da América do Norte e da Europa movimentos de mulheres eco lógicos antinucleares e pela paz bem como movimentos por autonomia regional Em outras partes surgiram movimentos fundamentalistas enfatizando a especificidade cultural A China em 1989 passou por um movimento de de mocratização que foi reprimido e na Europa Oriental movimentos populares derrubaram os regimes comunistas Muitos movimentos so ciais desafiam estruturas institucionais modos de vida e de pensar normas e códigos morais Na verdade os movimentos sociais estão in timamente ligados à mudança social e vários aspectos das sociedades contemporâneas são provavelmente conseqüências das ações dos movimentos sociais De um ponto de vista teórico também os movimentos sociais se colocam no centro da discussão científica social Herbert Blumer 1939 já havia afirmado que comportamento coletivo e movimentos sociais são conceitos centrais da teoria sociológica tal como afirma hoje Alain Touraine O fato de o uso atual da expressão ser bastante impreciso mesmo na literatura profissional pode deverse em grande parte à excessiva variedade de fenômenos em píricos aos quais essa noção potencialmente se aplica Poderão todos os diversos movimentos que acabamos de mencionar ser abrangidos pelo mesmo conceito Empregar essa noção em nível descritivo é bastante conveniente mas é de se recomendar um uso conceitual mais res tritivo Tal como a maioria das noções das ciências sociais a de movimento social não descreve parte da realidade mas é um elemento de um modo específico de construir a realidade social Os paradigmas teóricos dos movimentos so ciais podem ser considerados sob diferentes rubricas Além do paradigma neomarxista as abordagens teóricas predominantes até o início dos anos 70 são a concepção interacionista do comportamento coletivo e dos movimentos so ciais da Escola de Chicago e o modelo es truturalfuncional Este último paradigma com suas muitas variantes foi a perspectiva mais amplamente adotada para os movimentos so ciais naquela época Nos anos 70 as teorias da mobilização de recursos propõem uma abor dagem neoutilitarista racionalista para o es tudo dos movimentos sociais São porém se veramente criticadas por abordagens de orien tação mais hermenêutica que tentam concei tualizar o que é novo nos novos movimentos sociais E a abordagem da sociologia da ação acrescenta uma perspectiva teórica abrangente ao estudo dos movimentos sociais Neomarxismo A importante influência das abordagens marxista e neomarxista para o estudo dos mo vimentos sociais é bastante conhecida e será examinada aqui apenas resumidamente ver MARXISMO NOVA ESQUERDA A teoria marxista afirma que na sociedade industrial os mo vimentos sociais e a revolução brotam da con tradição estrutural central entre capital e traba lho Os principais agentes dos movimentos so ciais classes sociais antagônicas são de finidos por essa contradição sistêmica funda mental No entanto são também considerados agentes históricos e como tal devem tornarse conscientes de seu papel e destino históricos Por esse motivo as pesquisas sociais são exigi das não apenas para se estudarem as condições objetivas mas também para explicar processos mais subjetivos através dos quais surgem os movimentos sociais Interacionismo Der Streit o conflito foi compreendido por Simmel 1908 como um processo de interação Nos anos 20 teóricos do INTERACIONISMO SIM Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 500 movimento operário BÓLICO da Escola de Chicago adotaram uma abordagem semelhante para o estudo do com portamento coletivo e dos movimentos sociais Partindo do pressuposto de que indivíduos e grupos de pessoas agem com base em com preensões e expectativas comuns afirmaram que os movimentos sociais surgem em situa ções nãoestruturadas Estas são situações em que faltam linhas mestras culturais comuns ou em que essas linhas mestras foram rompidas e devem ser novamente redefinidas Os mo vimentos sociais são a expressão de tais recons truções coletivas de situações sociais são em preendimentos coletivos para estabelecer uma nova ordem de vida Blumer 1939 A abordagem interacionista simbólica para o estudo dos movimentos sociais sofre do fato de seu paradigma teórico permanecer insufi cientemente desenvolvido No total essa abor dagem ainda está recebendo crescente atenção pois enfatiza aspectos sociopsicológicos da a ção coletiva tais como emoção sentimentos de solidariedade comportamento expressivo e co municação por um lado enquanto por outro coloca o surgimento dos movimentos sociais dentro de um processo em desenvolvimento de relações e interações sociais Estruturalfuncionalismo Três variantes podem ser distinguidas den tro do modelo estruturalfuncional de movi mentos sociais Embora muito diferentes em sua abordagem básica da lógica dos movimen tos sociais baseada na interação esse modelo não está contudo tão distante quanto pode parecer do marxismo em seu modo analítico ainda que proponha uma visão bastante diversa da vida social As teorias de massa da sociedade postulam o indivíduo atomizado Kornhauser 1959 De senraizado pela rápida mudança social a ur banização e a perda de elos tradicionais isolado das relações de grupo e de grupos de referência normativa o indivíduo na sociedade de massa está ao mesmo tempo livre e disposto a par ticipar de novos tipos de grupos sociais tais como movimentos sociais que portanto encon tram nas sociedades de massa um solo fértil para se desenvolver As teorias da tensão estrutural encontram o motivo principal para o surgimento de movi mentos sociais no equilíbrio distorcido de sis temas sociais Smelser 1962 A nãocorres pondência entre os valores e as práticas efetivas da sociedade o bloqueio do funcionamento institucional elementos disfuncionais desa fiando a sobrevivência do sistema todos esses são aspectos que podem colocar o sistema so cial em desequilíbrio e provocar tensões es truturais que por sua vez deflagram movimen tos sociais As teorias da privação relativa são uma espécie de variante sociopsicológicas das teo rias da tensão A tensão não é dada objetivamen te por discrepâncias estruturais mas é uma condição sentida subjetivamente as pessoas sentemse desprivilegiadas com relação às suas expectativas Não há correspondência entre a satisfação de necessidades esperada e a que efetivamente ocorre A melhora de condições econômicas e políticas acarretando crescentes expectativas em alguns grupos é particular mente favorável ao surgimento de movimentos sociais quando a realidade parece não acompa nhar as expectativas A insatisfação e a frustra ção logo se seguem levando à formação de movimentos sociais Apesar do fato de o modelo estruturalfun cional alegadamente proporcionar uma teoria causal sobre o surgimento de movimentos so ciais ele não dá nenhuma explicação precisa sobre como ocorre a passagem do isolamento tensão e frustração para a ação do movimento Não se pode presumir que essa passagem seja automática Mobilização de recursos As abordagens neoutilitaristas no estudo dos movimentos sociais surgiram nos anos 70 e desde então se expandiram rapidamente Seu pressuposto básico é que os movimentos sociais se desenvolvem na esteira de uma atividade organizacional consciente se conseguem mobilizar recursos materiais simbólicos que lhes estão disponíveis tais como dinheiro o tempo das pessoas e a legitimidade Os movi mentos sociais são portanto explicados em termos de oportunidades estratégias modos de comunicação formas sofisticadas de organiza ção e competição com grupos e autoridades que têm interesses opostos Tal raciocínio acrescen ta alguns indícios para a compreensão de como surgem os movimentos sociais mas dificilmen te consegue elucidar o significado que as mo bilizações sociais coletivas podem ter Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar movimento social 501 As diferentes variantes Olson 1965 Oberschall 1973 Tilly 1978 dentro da pers pectiva da mobilização de recursos têm uma lógica em comum consideram que os movi mentos sociais empregam um raciocínio es tratégicoinstrumental cálculos de custosbe nefícios e buscam seus objetivos e interesses racionalmente Têm em comum ainda outro aspecto importante para elas os movimentos sociais não são ocorrências anormais mas parte da vida social normal que é encarada como cheia de conflitos potenciais Por esse motivo rejeitam a idéia de que a tensão ou o desconten tamento possa explicar o surgimento de movi mentos sociais ao contrário são os movimen tos sociais que colocam em evidência a tensão e o descontentamento Se o movimento será capaz de fazer isso vai depender porém de suas capacidades organizacionais Novos movimentos sociais Vários teóricos sociais atualmente usam a expressão novos movimentos sociais para se referir à grande variedade de movimentos de protesto durante os anos 70 e início dos anos 80 no Ocidente Falando de maneira ampla esses movimentos formam uma rede informal de con testação e de estilos de vida alternativos mas também entraram na política oficial ver MO VIMENTO ECOLÓGICO O que constitui a novidade dos novos mo vimentos sociais A maioria dos teóricos os concebe em termos de comportamento coletivo conflitivo que abre espaços sociais e culturais São encarados como instituições politizantes da sociedade civil dessa forma redefinindo as fronteiras da política institucional Claus Offe oferecendo através de sua própria existência um modo diferente de designar o mundo e desafiar os códigos culturais predominantes so bre bases simbólicas Alberto Melucci crian do novas identidades que compreendem exi gências inegociáveis Jean L Chen expres sando processos de aprendizado coletivo evo lutivo Klaus Eder constituindo novas arti culações sociais que cristalizam novas expe riências e problemas em comum na esteira de uma desintegração geral da experiência basea da na classe econômica Ulrich Beck O sig nificado geral que as formulações acima con ferem aos novos movimentos sociais é que eles ganharam maior consciência de sua capacidade de produzir novos significados e novas formas de vida e ação social Um esboço sistemático dessa crescente reflexividade dos movimentos sociais pode ser encontrado no paradigma da racionalidade comunicacional O processo de racionalização comunicacional do mundo da vida é proposto aqui como um aspecto cons pícuo da modernidade correndo paralelo a pro cessos de racionalização sistêmica Habermas 1981 Dentro dessa estrutura teórica os movi mentos sociais são colocados em dupla pers pectiva Como expressão de racionalização co municacional os novos movimentos sociais co locam em questão a validade dos padrões exis tentes do mundo da vida tais como normas e legitimidade e posteriormente ampliam o es paço público Simultaneamente como movi mentos defensivos oferecem resistência à in trusão patológica em um mundo de vida que está sendo colonizado por mecanismos sistêmi cos de racionalização econômicos e políticos que anulam processos de comunicação Sociologia da ação Uma perspectiva teórica elaborada e com plexa sobre os movimentos sociais é proposta pela sociologia da ação que busca integrar várias abordagens em uma representação geral da vida social definida como a autoprodução conflitiva Touraine 1973 Nessa visão o pró prio centro da vida social é a luta permanente pelo uso de novas tecnologias e pelo controle social das próprias capacidades de transforma ção da sociedade Por esse motivo os movi mentos sociais considerados agentes essen ciais de conflito são a importante preocupação dos cientistas sociais Daí os movimentos sociais são conceituali zados como agentes sociais envolvidos em um conflito pelo controle social dos principais pa drões sociais que são conhecimento inves timento e ética Três componente I identida de O oponente T totalidade fornecem o paradigma que descreve analiticamente o cam po de conflito que é portanto compreendido em termos relacionais Vale dizer que os adversá rios que se opõem entre si IO partilham não obstante um campo cultural comum consistin do no que está em jogo em seu conflito T Em outras palavras o conflito social não deve ser separado das orientações culturais na análise de movimentos sociais Além do mais é necessário diferenciar entre variados tipos de conflitos sociais e colocálos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 502 movimento social em diferentes níveis de análise Movimentos que defendem exigências econômicas agem em um nível organizacional grupos de pressão po lítica e movimentos em defesa de minorias agem em um nível político o nível mais eleva do é o de sistema de ação histórica no qual os movimentos sociais agem tanto contestando quanto criando padrões culturais A ação his tórica ou historicidade é então a capacidade das sociedades de desenvolver e alterar suas próprias orientações de gerar sua normativida de e seus objetivos por meio de um conflito social central do qual os movimentos sociais são a principal expressão Touraine 1981 Um método específico de intervenção sociológica foi desenvolvido para avaliar esses diferentes significados que são sempre combinados em um movimento empírico concreto e para cal cular até que ponto um dado movimento pode ser considerado um movimento social definido nos termos acima Leitura sugerida Boschi R 1988 A arte da associa ção Hobsbawm EJ 1959 Primitive Rebels Nel kin Dorothy e Pollak Michael 1981 The Atom Besie ged Oberschall Anthony 1973 Social Conflict and Social Movements Scott Alan 1990 Ideology and the New Social Movements Social movements Social Research 52 1985 660890 Tilly C 1978 From Mobilization to Revolution Touraine Alain 1984 Le retour de lacteur Turner R H e Killian M 1957 Collective Behavior Zald Mayer N e McCarthy John D orgs 1979 The Dynamics of Social Move ments KARIN D RENON mudança social O século XX tem assistido a uma mudança social maciça e não surpreende descobrir que esse conceito vem denominando boa parte da moderna investigação social Hou ve certa ambivalência no modo como a mudan ça foi encarada No fundo das mentes da maio ria dos teóricos por um lado estava a expansão prometéica de poder coletivo do século XIX ocasionada pela Revolução Industrial isso le vou à suposição implícita de que mudança é bom e até natural de tal forma que as ordens sociais que não a permitem são vistas como de certa forma falhas Mas houve por outro lado um número considerável de teóricos que duvi daram das virtudes da mudança em grande parte porque a estabilidade bemfirmada é um valor igualmente apreciado e que também vale a pena defender Esse ponto de vista teve um apelo particular para os membros da intelligen tsia moderna que se sentiram deslocados com a chegada de uma era de alfabetização maciça a perda de prestígio resultante estimulou aspira ções românticas e ingênuas por vários tipos de estabilidade comunitária A maioria dos trabalhos na área de mudança social tem buscado explicar as causas a natu reza e o rumo da mudança social É possível conseguir alguma indicação dos debates mais importantes examinandose primeiro os teóri cos fundamentais do século XX em seguida os avanços teóricos recentes e finalmente e o mais crucial a mudança social fora do mundo indus trial avançado Muitos conceitos de mudança social têm sido apresentados durante o século XX a aten ção dirigese variadamente à aculturação à difusão à inovação tecnológica à DEMOGRAFIA e à MIGRAÇÃO como causas fundamentais de mudança social Alguns desses elementos sem dúvida fazem sentido sendo impossível por exemplo compreender a criação de Israel sem se considerar o fenômeno da migração ou pre ver o seu futuro sem dar atenção às taxas dife renciais de fertilidade Não obstante o conceito de mudança social é mais bem abordado quando se examina em ordem cronológica aproximada um punhado de teorias gerais importantes O estudo da mudança social foi e provavel mente continua sendo dominado por pressu postos evolucionistas Isso não é de surpreen der dado que boa parte do pensamento moder no ainda tem sua semente no Iluminismo No liberalismo otimista de pensadores como LT Hobbhouse e JA Hobson o curso da evolução social garantiria a paz a prosperidade e a difu são da racionalidade Essas esperanças foram gravemente contundidas pelos conflitos geopo líticos do período de 1914 a 1945 Em contraste as idéias marxistas que partilham grande parte das esperanças liberais com a exceção crucial de presumir que paz e prosperidade só se se guem em conjunção com o modo socialista de produção ganharam mais crédito durante a primeira metade do século XX especialmente quando períodos de crise econômica pareciam indicar que a União Soviética podia ser capaz de promover uma prosperidade que escapava ao capitalismo O marxismo de qualquer forma tem uma vantagem sobre a maioria das teorias evolucionistas uma vez que pode especificar o mecanismo o do conflito de classes por meio do qual ocorre a mudança social Os anos do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar mudança social 503 entreguerras também testemunharam o sur gimento de outra grande força revolucionária o fascismo Em princípio essa teoria especial mente na obra de Oswald Spengler opunhase à mudança social ou mais precisamente encarava toda mudança como meramente cícli ca sem contribuição desenvolvimentista Na prática no entanto o fascismo era um moder nismo reacionário buscando combinar a cer teza ideológica préindustrial com a tecnologia moderna Foi uma mistura poderosa e instável A vida intelectual depende de eventos geo políticos Depois de 1945 o estudo da mudança social foi dominado por categorias norteame ricanas e marxistas O pensamento norteame ricano conforme exemplificado por Talcott Parsons dava espaço para a reforma incremen tadora mas tinha pouco a dizer a respeito da mudança social fundamental embora muito a desaprovar quanto a ela Isso levou ao sur gimento de várias sociologias de conflito mui tas vezes influenciadas por Marx porém de maneira mais geral em dívida com a obra de Max Weber No entanto a estabilidade da era do pósguerra significou não haver nenhum grande avanço no estudo da mudança social Hoje em dia estão sendo feitos avanços con ceituais O primeiro diz respeito ao impacto das forças políticas A mudança social nem sempre como presumem tanto os evolucionistas libe rais quanto os marxistas emana de condições sócioeconômicas antes os eventos políticos são capazes de forçar a sociedade a mudar Assim a derrota geopolítica na guerra levou à democratização tanto da Alemanha quanto do Japão De maneira mais geral estamos come çando a compreender que o caráter dos movi mentos sociais em geral resulta do regime com que estão em contato existem poucas revolu ções dentro do capitalismo mas as que existem seja em circunstâncias agrárias ou industriais parecem causadas pela exclusão política O se gundo avanço diz respeito ao capitalismo A maior parte do pensamento social foi produzida em oposição à economia política e buscou ul trapassála Mas a velocidade da mudança den tro do capitalismo e a extensão do seu alcance social são sempre e cada vez mais surpreenden tes As relações entre sociedade capitalista e estadonações estes últimos de forma cru cial tendo de descobrir um modo de viver dentro da sociedade mais ampla da primeira constitui a agenda dos estudos de mudança social no presente momento A mudança social fora do continente euro peu e seus rebentos culturais isto é a busca por parte de países do Terceiro Mundo especial mente desde 1945 do desenvolvimento e da segurança é de importância histórica mundial inquestionada A fundação de tais países foi resultado do nacionalismo provavelmente a mais notável força de mudança isolada no sé culo XX ainda que a notável manutenção das fronteiras estabelecidas em 1945 seja resultado tanto do impasse das superpotências quanto do acordo generalizado no tocante à norma de nãointervenção Tem havido muitas discus sões quanto a se as economias avançadas con trolam o Terceiro Mundo através de meios eco nômicos informais Que essa teoria da depen dência não pode ser verdadeira em nenhum sentido completo é algo que fica claro dada a notável ascensão do industrialismo no Leste Asiático Mas existe muita verdade nessa visão geral precisamente porque tão poucos países escaparam à DEPENDÊNCIA as exceções cujas extraordinárias credenciais sociais estão sendo agora investigadas confirmam a regra Não obstante a fraqueza econômica da maior parte dos estados do Terceiro Mundo não significa que eles não venham a efetuar a mudança social em grande escala Tais países em breve pos suirão armas nucleares isso fatalmente influen ciará os arranjos econômicos Leitura sugerida Collins Randall 1975 Conflict So ciology Gellner E 1983 Nations and Nationalism Hoffer E 1963 The Ordeal of Change Mann M 1986 The Sources of Social Power Vol1 A History of Power from the Beginning to 1760 AD Smith AD 1973 The Concept of Social Change JOHN A HALL mudança tecnológica A alteração experi mental do meio ambiente através da solução científica de problemas sempre fez parte do esforço humano Mas o âmbito a taxa e a difusão de mudança tecnológica têm sido tão impressionantes no século XX particularmen te nas áreas do bemestar da engenharia civil dos transportes da comunicação e da medicina que alguns autores propuseram teorias distintas para explicar e avaliar esse tipo particular de alteração Um elemento predominante nessas teorias é o determinismo tecnológico O deter minismo tecnológico afirma que a mudança Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 504 mudança tecnológica tecnológica explica mudanças na cultura na política e na economia Uma versão modificada dessa teoria é o interacionismo tecnológico o qual afirma que há uma relação mútua entre mudança tecnológica e social Thorstein Ve blen por exemplo afirmou que a mudança tecnológica é modificada e restringida por cren ças e estruturas sociais defasagem cultural Quando porém uma inovação ou invenção é introduzida em uma outra sociedade ela se vê livre de restrições culturais e altera outras ins tituições e práticas Veblen 1914 p135 Os autores que aceitaram uma ou outra des sas teorias tendem a se dividir em dois grupos na sua avaliação do mérito da mudança tecno lógica Uma posição questiona o valor dessas mudanças a partir de um padrão utilitário ou moral Um dos críticos mais severos da mudan ça tecnológica foi o filósofo alemão Martin Heidegger que traçou uma nítida distinção en tre a natureza da mudança tecnológica antiga e medieval por um lado e a moderna por outro A característica central desta última era a trans formação do mundo inteiro em um objeto de reserva disponível para manipulação em que os seres humanos são eles próprios enquadra dos em um sistema Heidegger 1954 Assim para Heidegger o Reno é transformado sob imperativos tecnológicos modernos de paisa gem em fonte de energia Outros autores tam bém enfatizaram a natureza autônoma e isolada dos sistemas tecnológicos como coleções de laboratórios de pesquisas públicos e privados que criam incessantemente mudança após mu dança sem levar em consideração as conse qüências Os críticos assim enfatizam os efei tos inesperados da mudança tecnológica es pecialmente em termos do meio ambiente na tural do dano negligenciado por exemplo das doenças iatrogênicas do impacto psicológico e cultural de uma mudança rápida e constante do uso da especialização tecnológica como fonte de isolamento da avaliação e do controle demo cráticos Alguns pedem a dissolução dos sis temas tecnológicos além de medidas para inter romper a mudança tecnológica Berry 1977 Avaliações mais positivas enfatizam a natu reza racional da mudança tecnológica e seu impacto libertador Livre das restrições da cul tura e da tradição a produção econômica pode ser organizada de forma mais racional e eficien te aliviando assim a pobreza e proporcionando oportunidades mais amplos de lazer além de assegurar a melhoria da saúde A mudança tec nológica conhecida como progresso foi um pressuposto de pensadores do século XIX como SaintSimon e Marx e é um axioma para figu ras tão diversas quanto VI Lenin Frederick Taylor Le Corbusier e BF Skinnner no século XX Um grupo um tanto diferente de defensores da mudança tecnológica enfatiza os aspectos positivos de algumas mudanças tecnológicas chamadas variadamente de tecnologia dos po vos tecnologia soft ou tecnologia inter mediária Esses autores entre os quais se in cluem Marshall McLuhan EF Schumacher e Buckminster Fuller apóiam a introdução e o desenvolvimento de mudanças tecnológicas que permitam um uso pessoal e inesperada mente criativo tais como rádios transistoriza dos e computadores pessoais e afirmam que a mudança tecnológica adequadamente direcio nada pode concretizar as visões democráticas e utópicas de Gandhi e Jefferson Ver também INFORMAÇÃO TEORIA E TECNO LOGIA DA INVENÇÃO REVOLUÇÃO CIENTÍFICOTEC NOLÓGICA Leitura sugerida Boorstin Daniel 1978 The Repu blic of Technology Ellul Jacques 1954 1965 The Technological Society Hughes Thomas A 1989 American Genesis A Century of Invention and Techno logical Enthusiasm Mumford Lewis 1934 1963 Technics and Civilization Ο 1967 The Myth of the Ma chine Teich Albert H org 1977 Technology and Mans Future PHILLIP ABBOTT mundo sistema Ver SISTEMAMUNDO música Ao mesmo tempo em que a relação entre a música e a sociedade foi estudada por musicólogos etnomusicólogos e sociólogos o progresso nessas três abordagens foi em maior ou menor extensão fragmentário e caracteriza do por problemas teóricos fundamentais A musicologia e a análise musical concen trandose no estudo da música erudita ociden tal foram orientadas para a explicação das pro priedades formais inerentes à obra musical Es sa preocupação com a estrutura levou a uma concepção da obra musical como divorciada de seu contexto social ou cultural Conseqüen temente o pesquisador social deve estabelecer algum elo explicativo ou analítico entre as es truturas musicais e a sociedade ou redefinir e marginalizar o conceito da música autônoma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar música 505 O estudo histórico da música tem sido in fluenciado pelo formalismo da musicologia A música é apreendida através de um desenvol vimento estilístico de tal forma que a obra de qualquer dado período é compreendida em ter mos de um estilo que está formalmente relacio nado ao estilo do período anterior o qual desen volve logicamente A referência à história social diz respeito apenas às condições ambientais em que ocorreu a criação musical com pouca ou nenhuma consideração para com qualquer elo explicativo entre a sociedade e o produto musi cal Só recentemente houve uma mudança sig nificativa de ênfase afastandose do formalis mo e voltandose para a consideração da música dentro de uma teia de cultura Tomlinson 1984 A história social da música é encarada cada vez mais em termos do objetivo de recupe rar o significado de uma dada peça musical por meio da consideração dos valores culturalmente específicos que lhe informaram a produção o consumo e a disseminação Se a análise formal não é abandonada a ênfase muda para o reco nhecimento dos valores e significados atribuí dos à música em uma CULTURA específica A etnomusicologia dividese entre inclina ções mais ou menos explícitas pela musicolo gia e como tal pela análise da estrutura inerente das músicas nãoocidentais e pela antropolo gia e assim pela consideração da música dentro de seu contexto cultural Essa última aborda gem levou a se desafiar a universalidade das concepções ocidentais da música De uma preo cupação inicial com a comparação de música de diferentes culturas apresentaramse explica ções cada vez mais sofisticadas em termos dos usos a que a música é submetida por grupos e das funções que exerce para a sociedade como um todo Mais recentemente e em harmonia com os desenvolvimentos na história social a música tem sido interpretada como parte inte grante de uma cultura simbolicamente expres sa Ampliouse portanto o âmbito para a in terpretação da música em oposição à sua ex plicação causal ou funcional A sociologia da música tem se inclinado a se preocupar com uma documentação positi vista das condições sociais da atividade musi cal Nesse ponto a definição formalista de mú sica é mais ignorada do que contestada No que tem de mais fraco a preocupação se dá ex clusivamente com os fenômenos sociais ex tramusicais que ocorrem na presença da música ou que determinam sua produção consumo e distribuição A música em si mesma não é nem explicada nem interpretada Um compromisso com o formalismo ocorre de forma mais profunda embora não exclusiva na obra de Max Weber e Theodor Adorno Weber utilizou a música para ilustrar e explorar as limitações da RACIONALIZAÇÃO O sistema musical de uma dada cultura é examinado em termos do grau em que ele manifesta uma ra cionalização dos fenômenos musicais naturais Adorno de forma semelhante rompeu com a abordagem formalista apontando que a música tanto é autônoma quanto é um fato social O desenvolvimento aparentemente autônomo da música mapeado pela história musical ortodo xa é sociologicamente decodificado através do reconhecimento da base social dos materiais e formas de pensamento que a música utiliza ainda que esta manifeste um desenvolvimento desse material autonomamente dos objetivos econômicos abrangentes da sociedade capita lista A FENOMENOLOGIA a SEMIÓTICA e o ESTRUTU RALISMO têm exercido uma crescente influência sobre a sociologia da música permitindo aná lises mais sofisticadas do significado social em termos de sua construção social dentro de situa ções específicas e de sua determinação através de códigos culturalmente específicos Mais recentemente lançouse um ataque mais organizado contra os pressupostos da mu sicologia tradicional Direta ou indiretamente a etnomusicologia e a sociologia levaram a um novo questionamento dentro da musicologia do pressuposto da autonomia estética da obra musical A música é cada vez mais vista como produzida e definida dentro de um contexto social indicando que as noções de autonomia não passam de construções ideológicas Leitura sugerida Adorno Theodor W 1976 Intro duction to the Sociology of Music Frith S 1978 The Sociology of Rock Leppert R e McClary S orgs 1987 Music and Society the Politics of Composition Performance and Reception Nattiez JJ 1983 Chro nologie et dialogue sur la musique Nettl B 1983 The Study of Ethnomusicology Supicic I 1987 Music in Society a Guide to the Sociology of Music Weber Max 1958 The Rational and Social Foundations of Music ANDREW EDGAR Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra M Produção Textos Formas Para Ed Zahar 506 música N nação Não há e provavelmente não pode haver uma definição universalmente unânime neutra por assim dizer para este termo A na tureza inerentemente contestada da definição é conseqüência da natureza complexa complica da mesmo da matériaprima a que o termo se aplica A humanidade subdividese em mui tas e diversas culturas grupos que se diferen ciam por linguagem costumes fé e assim por diante e em diversas unidades políticas gru pos comprometidos com a ajuda mútua divi dindo uma estrutura de autoridade e assim por diante Nem as fronteiras culturais nem as po líticas são em geral nítidas traços culturais como linguagem devoção religiosa ou costume popular freqüentemente se entrecruzam As ju risdições políticas podem constituirse em múl tiplas camadas de forma que a obediência a uma autoridade local em alguns contextos pode coexistir para outros fins com a submissão a uma autoridade superior mais geral As frontei ras políticas e culturais raramente são conver gentes É impossível aplicar o termo nação a todas as unidades que são cultural ou politicamente caracterizáveis e existe muito pouco interesse em fazêlo Se fosse esse o caso um número ex cessivo de nações e indivíduos em demasia teriam múltiplas identidades nacionais A ques tão é quais dos grupamentos cultural ou politi camente caracterizáveis são de fato plausivel mente chamados de nações A mera existência de uma unidade política não dá origem na maioria dos casos ao pres suposto de que suas fronteiras definem uma nação É característico que muitas unidades políticas históricas sejam menores ou maiores do que aquilo que se chama normalmente de nações os impérios são multinacionais as ci dadesestados ou segmentos tribais são me nores do que uma nação Não obstante uni dades políticas que são evidentemente deseja das e avalizadas por seus membros podem às vezes ser chamadas de nações mesmo quando multiculturais é natural falar da nação suíça apesar das diferenças lingüísticoculturais den tro dela ou da presença no interior da sociedade organizada de subgrupos politicamente signi ficativos os cantões Da mesma forma não corresponderia à efe tiva utilização que se faz aceitar que qualquer diferenciação cultural dada defina uma nação Os dialetos árabes divergem ao ponto da inin teligibilidade mútua mas isso por si só nem prejudica a idéia de uma nação árabe nem trans forma automaticamente os que falam um diale to caracterizável em uma nação Qual é então a resposta Em tempos prémodernos essa pergunta era não apenas desprovida de uma resposta geral mas o que é mais significativo raramente feita Os seres humanos eram membros de gru pos de parentesco ou de organizações locais súditos de dinastias adeptos de tipos de fé em geral ligados a uma legitimação política mem bros de estratos sociais ritual ou juridicamente definidos e assim por diante A identificação cultural e a lealdade política eram complexas e variáveis A pergunta sobre a nação raramente era feita e só se torna difundida e insistente no contexto de um tipo especial de organização sociopolítica que por sua vez se tornou difun dido a partir da virada do século XVIII para o XIX É característico desse tipo de sociedade a substituição de uma base econômica agrária por outra industrial As pessoas que trabalham a terra tornamse minoria às vezes muito peque na e além disso já não mais marcadamente di ferenciável do restante da população Boa parte do trabalho é semântico envolvendo a manipu lação de significados e pessoas em vez de objetos físicos A mobilidade ocupacional é a norma Tanto a natureza do trabalho implican 507 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar do comunicação constante e anônima com mui tas pessoas principalmente estranhos quanto a natureza de todo o contato social pressupõem a alfabetização quase universal e uma boa pro porção de educação formal Tal educação deixa de ser um privilégio e se torna em vez disso a precondição da efetividade aceitabilidade e utilidade sociais Nessas circunstâncias uma cultura comum a todos e padronizada baseada na educação tornase efetivamente o principal critério de identidade social um dos princi pais papéis do estado é a manutenção e a prote ção de tal cultura Os seres humanos identifi camse com sua cultura erudita e os estados protegem tais culturas O estado por sua vez é legitimado ao dar proteção a uma cultura nacio nal e os símbolos que ele basicamente emprega são mais nacionais do que dinásticos ou religio sos Nesse tipo de mundo uma nação é uma população ampla anônima que tanto partilha uma CULTURA comum quanto tem ou aspira a ter seu próprio espaço político ver também ESTADO A identidade nacional tornase preo cupação geral e critério de legitimidade políti ca Tanto o critério exterior de uma cultura compartilhada quanto o critério subjetivo da vontade política estão presentes nessa defi nição embora seu peso relativo possa variar Os suíços conforme já observado definemse mais por uma tendência compartilhada do que por uma cultura o mesmo critério também transforma em escoceses os habitantes das Ter ras Altas da Escócia de língua gaélica não obstante sua peculiaridade lingüística As aplicações dessa definição continuam polêmicas As discordâncias não são por falha da definição mas inerentes à situação A ques tão é que no caminho para a fundação de es tadosnações cada qual proporcionando um es paço político isolado para uma cultura comum isolada ocorrem conflitos em geral de enorme gravidade com respeito a exatamente quais culturas preexistentes devem ter direito a um estado ou quais unidades políticas preexisten tes devem ter direito a uma cultura como sua proteção e sua raison dêtre Se de um pon to de vista teórico é essencial distinguir entre nações modernas por um lado e meras tribos castas dialetos minorias religiosas por outro isso não nos diz quais dessas múltiplas diferenciações prémodernas devem ter per missão de se transformar em nação moderna Somente o destino histórico e não algum crité rio independente pode resolver essa questão A palavra nação ocorre efetivamente em contextos prémodernos descrevendo por exemplo corporações de estudantes com bases regionais nas universidades medievais ou a totalidade da pequena nobreza em uma dada unidade política Polônia Mas no interesse da ordem lógica é melhor restringir o termo ao fenômeno moderno de uma ampla popula ção anônima tanto compartilhando uma cultura erudita quanto dotada da tendência de possuir uma única autoridade política embora às vezes um ou outro desses dois elementos possa pre dominar Essa definição não pode proporcio narnos a capacidade de dizer antes do fato exatamente que grupamentos prémodernos te rão ou não sucesso em se tornar nações Os nacionalistas imbuídos de um forte senso da justiça de sua causa tendem a achar que sua cultura realmente objetivamente define uma nação ver NACIONALISMO mas essa idéia engendra a realidade histórica da nação em vez de ser como supõe o nacionalista seu reflexo Leitura sugerida Armstrong John 1982 Nations be fore Nationalism Bauer Otto 1907 1924 Die Natio nalitätenfrage und die Sozialdemokratie 2ªed ampl com novo prefácio Gellner E 1983 Nations and Nationalism Smith AD 1991 National Identity ERNEST GELLNER nacionalismo Essa doutrina exige que o gru po político e o grupo étnico sejam congruentes De forma mais específica e concreta o nacio nalismo sustenta que o estado nacional identi ficado como uma cultura nacional e comprome tido com a sua proteção é a unidade política natural e que é um escândalo que grandes números de membros da comunidade nacional sejam obrigados a viver fora das fronteiras do estado nacional O nacionalismo também não se mostra muito bemdisposto para com a pre sença dentro das fronteiras do estadonação de grandes números de nãonacionais Mas a situa ção política que escandaliza de maneira muito especial os nacionalistas é aquela em que o estrato governante de uma unidade política per tence a um grupo étnico outro que não o da maioria da população ver também NAÇÃO O princípio do nacionalismo conforme aqui esboçado é sustentado muito amplamente e o que é ainda mais comum dado como certo no mundo moderno Para uma proporção muito Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 508 nacionalismo grande de nossos contemporâneos parece sim plesmente óbvio e autoevidente que as pessoas prefiram viver em unidades políticas com com panheiros da mesma nacionalidade ou cultu ra e acima de tudo que achem o governo por parte de estrangeiros uma coisa afrontosa A unidade nacional e política é aquela que repre senta e expressa a vontade da maioria de uma nação protege seus interesses e garante a per petuação de sua cultura Sob o impacto do nacionalismo o mapa tanto etnográfico quanto político da Europa e de forma diferente o do resto do mundo vieram a ser redesenhados Os princípios que haviam governado o traçado do mapa da Europa em 1815 depois das guerras napoleônicas eram dinásticos ou religiosos pouca atenção se dava se é que se dava alguma a harmonizar a nacio nalidade de súditos e governantes Em muitas partes da Europa isso teria sido de qualquer forma impossível o mapa étnico de boa parte do continente era extremamente complexo e implementar os princípios nacionalistas para respeitálo teria exigido que o mapa político se parecesse com um quebracabeça de ar mar Além do mais era em geral impossível projetar as fronteiras étnicas em um mapa territorial os grupos étnicos culturais e reli giosos estavam freqüentemente separados não por território mas por sua posição em uma estrutura social Em geral habitavam o mesmo território mas o seu papel na socie dade era diferente É importante observar que os estilos de tra çar fronteiras políticas que respeitavam elos dinásticos religiosos ou de comunidade mas que ignoravam o princípio da nacionalidade eram naquela época e nas épocas anteriores considerados óbvios Raramente eram contes tados ou considerados afrontosos Colocase a questão do motivo por que um princípio antes amplamente ignorado ou fraco veio no decor rer dos séculos XIX e XX a se tornar tão absolutamente forte e efetivo Propuseramse inúmeras respostas para essa pergunta impor tante e crucial 1 Existe nos seres humanos um impulso instintivo atávico que os leva a querer estar perto de outros do mesmo sangue ou cultura ou ambos e a ocupar ter ritório juntos e que também os leva a detestar os que consideram estranhos a se ressentir de sua proximidade espe cialmente em grandes números e ainda mais fortemente do governo de estran geiros O redespertar desses impulsos pode ser atribuído a várias causas tais como o declínio da fé religiosa as des agregações da vida moderna ou uma ten dência geral ao retorno a uma visão na turalista dos seres humanos 2 O impacto do nacionalismo devese à formulação e disseminação da ideologia nacionalista elaborada por vários pensa dores na virada do século XVIII para o XIX em seguida ainda mais elaborada e posteriormente disseminada O principal proponente desta teoria é Elie Kedourie 3 Uma teoria sustentada por muitos mar xistas no sentido de que o verdadeiro conflito subjacente à história ocorre entre classes de forma que o conflito interét nico é uma irrelevância apesar disso ganha importância porque as classes do minantes estimulam o sentimento nacio nalista a fim de distrair a atenção da queles a quem dominam dos seus verda deiros interesses O nacionalismo é uma conspiração para impedir os oprimidos de combater seus reais inimigos Mas ver também Bauer 1907 4 O nacionalismo surge no decorrer do desenvolvimento econômico isto é durante a difusão do industrialismo in terpretandose essa palavra amplamente como uma economia baseada em uma tecnologia muito possante e de rápido crescimento A difusão de tal economia leva a que áreas atrasadas e suas popu lações sejam incorporadas à economia industrial em termos desvantajosos para elas tanto econômica quanto socialmen te A fim de se proteger precisam orga nizarse com vistas a criar suas próprias unidades políticas unidades essas capa zes de orientar seu desenvolvimento eco nômico especialmente durante seus pri meiros e mais frágeis estágios 5 O nacionalismo é um subproduto de con dições predominantes no mundo moder no quando a maioria das pessoas não mais vive em comunidades aldeãs fecha das quando o trabalho é semântico e não físico e exige a capacidade de se comu nicar em um idioma e uma escrita co Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar nacionalismo 509 muns razoavelmente livres de contexto quando a estrutura empregatícia muda rapidamente e não pode tolerar com fa cilidade uma divisão étnica do trabalho e quando o contato com grandes burocra cias tanto políticas quanto econômicas e a dependência em relação a elas per meiam todos os aspectos da vida Nessas condições a alfabetização geral e o uso de códigos padronizados tornamse a norma O domínio de tal código por uma pessoa tornase seu trunfo mais impor tante e também seu mais importante meio de acesso ao emprego à participa ção social e política à aceitabilidade e à dignidade Somente o estado pode prote ger e manter a homogeneidade cultural exigida e o princípio um estado uma cultura tende a entrar em funcionamento Tornase então de grande interesse para qualquer indivíduo que o estado em cujo território esse indivíduo reside use a mes ma cultura em que o indivíduo em ques tão está engajado Os indivíduos se esfor çarão para que se alcance essa congruên cia seja assimilandose à cultura domi nante seja tentando transformar a sua própria cultura na cultura dominante Hão de se esforçar por criar novos es tados em torno dessa cultura preferida eou modificar as fronteiras políticas existentes Este autor inclinase a acreditar que a ver dade da questão pode ser encontrada em uma combinação das posições 4 e 5 A objeção à teoria atávica é que os obscuros impulsos instintivos dos seres humanos por mais pode rosos que sejam não impediram no passa do uma intensidade de ódio e homicídio entre membros do mesmo sangue ou do mesmos grupos culturais Não há um bom motivo para se acreditar que o apelo do Blut und Boden sangue e terra se tenha tornado mais pos sante em nossa época A explicação ideológi ca não consegue explicar por que exatamente essas idéias em uma época de superprodução de idéias teriam mais apelo que suas rivais estas últimas em geral difundidas por pensa dores e autores mais zelosos e talentosos Algu mas teorias marxistas sobre o nacionalismo como manobra ardilosa das classes dominantes parecem ter pouco apoio nos fatos No entanto a questão não está de forma alguma fechada e os indícios empíricos ou históricos são mais do que ambíguos As teorias preferidas por este autor aplicamse melhor à Europa do que a grande parte do Terceiro Mun do onde o nacionalismo certamente levou a um forte movimento anticolonial ver MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO COLONIAL NACIONAL POPULAR REGIME mas onde posteriormente as fronteiras coloniais foram em medida notável perpetua das e mantidas Sociedades organizadas plurais e multiétnicas também sobreviveram tal como sobreviveu uma proliferação de estados parti lhando a mesma cultura estados árabes e his panoamericanos A ligação da proeminência política da nacionalidade com a era industrial também foi contestada por exemplo por um dos mais ativos e sérios estudiosos do naciona lismo Anthony Smith Leitura sugerida Anderson Benedict 1983 Imagined Communities Reflections on the Origin and Spread of Nationalism Armstrong John 1982 Nations be fore Nationalism Breuilly J 1982 Nationalism and the State Deutsch KW 1966 Nationalism and So cial Communication 2ªed Hobsbawm EJ 1990 Nations and Nationalism since 1780 Kedourie Elie 1960 Nationalism Kohn H 1962 The Age of Natio nalism Renan Ernest 1945 Questce quune na tion In Ernest Renan et lAllemagne org por Émile Bure SetonWatson Hugh 1977 Nations and States Smith AD 1971 Theories of Nationalism Ο 1979 Nationalist Movements in the Twentieth Century Ο 1991 National Identity ERNEST GELLNER nacionalização Ver SOCIALIZAÇÃO nacional popular regime Um sistema de governo que extrai sua legitimidade de afir mações de apoio popular de massa e da defesa dos interesses nacionais ao mesmo tempo que não segue com extrema rigidez as regras da democracia liberal pode ser considerado um regime nacional popular Países em processo de desenvolvimento na maior parte da Ásia Áfri ca e América Latina como também foi o caso da Europa Ocidental antes da Segunda Guerra Mundial estão especialmente sujeitos a esse tipo de governo Suas origens podem ser basi camente de dois tipos Em alguns casos sis temas políticos conservadores ou sob domínio estrangeiro são derrubados por um golpe vio lento promovido por setores alienados da elite em geral militares que usam o aparelho de estado para reorientar as políticas de ação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 510 nacionalização econômica e social e conquistam o apoio das massas Em outros casos os movimentos de massa são organizados a partir de baixo e so mente depois de longo período de política opo sicionista seja reformista ou revolucionária é que têm acesso ao poder No primeiro caso isto é quando o regime nacional popular foi instaurado a partir de cima o resultado é em geral de tipo altamente autori tário com um acréscimo de manifestações de massa oficialmente controladas Muitos países do Oriente Médio vêm seguindo esse padrão desde a Segunda Guerra Mundial o mesmo tendo acontecido em menor extensão com a Turquia desde os tempos de Mustafá Kemal Ataturk nos anos 20 O componente de massa do regime geralmente assume a forma de parti do único oficial Na Turquia porém o regime acabou gerando um sistema de partidos compe titivos em um lento processo de liberalização marcado por constantes intervenções militares É difícil avaliar o grau de apoio popular obtido por regimes nacionais populares uma vez que isso não é testado com veracidade em eleições livres Em geral esse apoio também está presente em particular no início dos pri meiros períodos de consolidação como resul tado de programas nacionalistas revolucioná rios ou radicalmente reformistas e do monopó lio ou quase monopólio da comunicação de massa A opinião pública é em geral polarizada por esses programas de ação e um amplo setor das classes anteriormente dominantes é atirado na oposição ou no exílio enquanto se forma uma nova classe dominante com base na de mocracia nos militares e nos novos capitalistas No segundo caso considerado isto é quan do um regime nacional popular tem origem em insurreições a partir de baixo a política de massa assume um caráter um tanto diferente devido à natureza mais autêntica ou espontâ nea do partido que representa a revolução No entanto restrições estruturais determinam uma convergência na natureza desses regimes com a dos que se originam a partir de cima No México onde se pode considerar que a revolu ção de 1910 gerou depois de uns poucos anos de guerra civil o primeiro regime nacional popular do século XX a formação de um parti do dominante levou quase duas décadas e foi compatível com a existência de partidos de oposição bem menores O regime desenvolveu se em uma direção claramente capitalista e o partido dominante foi se tornando cada vez mais conservador enquanto a oposição tanto de direita quanto de esquerda foi crescendo e se tornando capaz de desafiar o regime Como resultado é possível observar tendências à con solidação de um sistema político mais compe titivo e livre a menos que um golpe militar interrompa esse processo Na Argélia o regime estabelecido em 1962 baseouse em uma bemsucedida insurreição nacional que teve de travar prolongada luta contra o colonialismo francês A conseqüente legitimidade dos combatentes pela liberdade deulhes amplo crédito por parte das massas e das novas elites e lhes permitiu estabelecer reformas importantes e elementos de uma eco nomia socialista No Irã a revolução islâmica fundamentalista de 1979 entronizou uma ver são religiosa e altamente belicosa de regime nacional popular ao que tudo indica bastante capaz de receber apoio popular contínuo ainda que arregimentado Os regimes nacionais populares particular mente os que se originam a partir de baixo podem evoluir em uma direção socialista ou no mínimo adotar uma fraseologia socialista na tentativa de conservar o apoio das massas ou dos setores médios radicalizados e da intelli gentsia Alguns regimes socialistas revolucio nários como os de Cuba e de 1979 a 1990 o da Nicarágua subiram ao poder com um padrão complexo de apoio social e compartilham al guns traços dos regimes nacionais populares incluindo o culto da personalidade e a preferên cia pelo sistema de partido único Alguns exemplos de regimes nacionais po pulares são uma mistura dos dois tipos polares antes considerados os que se originam a partir de cima e os que se originam a partir de baixo Na Argentina o golpe militar de 1943 com Juan D Perón como figura de proa estabeleceu um regime com características nacionais popu lares Forçado pela oposição a garantir eleições livres o partido político formado por Perón revalidou suas credenciais de representante das massas As conseqüentes presidências constitu cionais de Perón 194655 assistiram a uma progressiva deterioração do sistema liberal de mocrático recentemente restabelecido termi nando em um golpe militar em 1955 O pero nismo na oposição conservou seu caráter de partido de massa e desde então se tornou um aspecto permanente do sistema político argen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar nacional popular regime 511 tino Em outros países latinoamericanos da mesma forma governos que tiveram origem a partir de cima ou de uma combinação de forças civis e militares como o de Vargas em 1930 evoluíram rumo a se tornarem a base de partidos populares capazes de manter a sua força em um regime democrático reconstituído Na Europa Oriental entre as duas guerras mundiais vários governos exibiram as caracte rísticas aqui atribuídas aos regimes nacionais populares bem como as do fascismo Os re gimes nacionais populares ou seus partidos po pulistas associados foram rotulados com fre qüência de fascistas É verdade que em alguns deles os elementos fascistas estão presentes mas as características dos dois sistemas são bem diversas No entanto não é provável que seja coincidência o fato de os componentes fascistas dos regimes nacionais populares serem maiores em países relativamente mais desenvolvidos tais como a Argentina o Brasil e países da Europa Oriental A presença de características autoritárias e de mobilização de massas não é suficiente para caracterizar um regime como fascista uma vez que esses traços estão pre sentes também em países comunistas Eles es tabelecem na verdade um contraste com a de mocracia liberal mas a experiência latinoame ricana demonstra que os herdeiros desses re gimes podem tornarse participantes permanen tes de um processo político competitivo no qual ocupam uma posição mais próxima da esquerda do que da direita Ver também POPULISMO NACIONALISMO Leitura sugerida Almond Gabriel e Coleman James S orgs 1960 The Politics of Developing Areas Apter DE 1965 The Politics of Modernization Dahl RA org 1973 Regimes and Oppositions Linz Juan e Stepan Alfred orgs 1978 The Breakdown of Demo cratic Regimes ODonnell Guillermo Schmitter Phillipe e Whitehead Lawrence orgs 1986 Tran sitions from Authoritarian Rule Prospects for Demo cracy TORCUATO S DI TELLA nacionalsocialismo A confiança inicial nas explicações gerais do nacionalsocialismo como movimento ideologia e regime político tem sido minada pelo progresso da pesquisa detalhada e o surgimento de paradigmas pós modernistas As teorias do hitlerismo do TO TALITARISMO do FASCISMO ou o Sonderweg ale mão ver Grebing 1986 Blackbourn e Eley 1984 hoje parecem úteis apenas pela luz que lançam sobre aspectos particulares ou como incentivos a novas reflexões e análises Parece problemático hoje em dia saber se o nacional socialismo dos anos 20 tal como desenvolvido sob a liderança de Adolf Hittler na Alemanha capitalistaindustrial o qual estabeleceu uma ditadura 193345 que trouxe sofrimento a grande parte da humanidade através da Segun da Guerra Mundial e dos programas de exter mínio em massa pode ser classificado sim plesmente sob a categoria geral de fascismo mesmo estando historicamente associado a ele ver Larsen et al 1980 Uma das raízes do nacionalsocialismo na história européia pode ser encontrada nos esfor ços intelectuais e políticos mesmo antes da virada do século na França e na Europa Central no sentido de unir um nacionalismo belicoso a uma política de massa na primeira fase de de mocratização e também a concepções socialis tas Embora esse novo nacionalismo ainda não plenamente realizado por partidos tão di versos quanto o Partido Social Cristão dos Operários de Adolf Stoecker em Berlim ou os pangermânicos de Georg von Schönerer em Viena seja em geral assimilado no pensamento político tradicional à extrema direita ele na verdade como o fascismo de maneira genérica escapou a esse esquema de esquerdadireita ver OSullivan 1983 caps 2 e 3 Essa atitude ambivalente também explica por que persistiu entre cientistas sociais e historiadores a contro vérsia quanto a se o nacionalsocialismo devia ser encarado como revolucionário ou reacioná rio passadista ou modernizante ver Prinz e Zitelmann 1991 como uma tentativa de alcan çar a estabilidade social por meios reacionários ou como uma modernização involuntária da economia e da sociedade obtida por uma re volução política conservadora ver Schoen baum 1966 Em contraste com o fascismo mediterrâneo e da Europa Ocidental o nacionalsocialismo começou a partir de uma cultura nacional que se caracterizava por concepções de uma ascen dência mítica comum de sangue e terra da raça e do Volk Outro elemento essencial foi o ANTISEMITISMO moderno baseado em tra dições cristãs Esses elementos uniramse de modo característico na Alemanha desde a época da unificação nacional a partir de cima em 1871 A crença no Volk alemão expressa através de monumentos nacionais festivais pú Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 512 nacionalsocialismo blicos romances e textos populares e das óperas de Wagner estabeleceuse como uma espécie de religião secular em muitos setores da so ciedade alemã ver Mosse 1964 Essa ideo logia alemã foi comunicada em símbolos e formas litúrgicas como uma política teatral Essa foi uma outra e ainda mais importante fonte do nacionalsocialismo e ao mesmo tem po uma precondição para sua difusão quando a sociedade alemã se viu sacudida pelas crises econômicas e sociais dos anos do entreguerras Os precursores do nacionalsocialismo tan to no nome quanto na organização surgiram antes de 1918 nas lutas nacionalistas na Boê mia alemã dentro do império multinacional dos Habsburgo 1903 assistiu à fundação do Partido Operário Alemão e depois da Primei ra Guerra Mundial ressurgiram na Áustria na Tchecoslováquia e na Alemanha O movimento nacionalsocialista foi a princípio apenas um partido dissidente dos operários völkisch na Munique do pósguerra mas logo encontrou em Hitler um notável propagandista e afinal um líder miticamente transfigurado Como Par tido NacionalSocialista dos Trabalhadores Alemães NSDAP adotou em 1920 um pro grama no qual pretensões nacionalistas e im perialistas radicais bem como exigências de uma revisão da ordem internacional e domés tica do pósguerra se uniram a questões anti semíticas de longo alcance e a exigências so ciais e de classe média tais como a nacionali zação dos trustes a participação no lucro das grandes empresas a comunalização dos dis tribuidores atacadistas e a divisão das grandes propriedades de terra agregadas sob a noção abrangente de uma comunidade do povo des tituída de classes O caráter heterogêneo desse programa foi de fato constantemente enfatizado por contemporâneos e por historiadores e pou co significado se atribuiu a ele na prática polí tica do nacionalsocialismo Não obstante o programa permitiu ao NSDAP apresentarse como nãoengajado com grupos sociais especí ficos e durante a crise econômica mundial reagir a elementos contraditórios de insatisfa ção e protesto unindoos em um movimento de massa A visão de mundo de Hitler exposta em 1925 em Mein Kampf que se formou na Viena do final da monarquia Habsburgo e se refinou no clima contrarevolucionário da Munique do pósguerra serve em certa medida aos historia dores como a formulação principal da ideologia nacionalsocialista Seus princípios básicos são a luta pela existência ver DARWINISMO SOCIAL a crença na superioridade da raça ariana e uma visão elitista dos indivíduos Os principais objetivos estabelecidos são a conquista de es paço vital no Leste e uma radical remoção dos judeus da sociedade o que na prática se mis turou à luta contra o bolchevismo judeu Di ferentemente dos românticos rurais do nacio nalsocialismo Richard Darré 18951953 e Heinrich Himmler 190045 Hitler que acei tava a existência da propriedade privada embo ra desejandoa subordinada a uma comuni dade do povo concebeu a Alemanha futura mente transformada como uma sociedade altamente industrializada e tecnologicamente avançada ver Zitelmann 1987 Kershaw 1991 cap1 e conclusão Os princípios de uma liderança carismáti ca da violenta agitação antidemocrática e an timarxista e de uma política paramilitar o exército privado das SA e mais tarde a polí cia particular das SS foram aperfeiçoados pelo NSDAP depois do fracassado Putsch da Cervejaria de Munique em 1923 embora a liderança do partido contivesse muitas tendên cias combativas revolucionárias entre seus membros militantes e evitasse qualquer aparên cia de tentativa de tomada inconstitucional do poder Os quadros do partido e os que o apoia vam nas urnas no início dos anos 30 davam a impressão de um partido do povo moderno ainda que assimétrico muito mais que um par tido de classe média ou pequenoburguês o que muitos marxistas e teóricos liberais do fascismo enfatizavam Igualmente dúbias são as supo sições quanto ao financiamento da ascensão do NSDAP principalmente pelo alto capital mas a tomada e a consolidação do poder em 1933 dificilmente podem ser concebidas sem um apoio das elites nacionais e conservadoras da recentemente extinta República de Weimar a aristocracia agrária prussiana os líderes mi litares e os altos funcionários O estabelecimento do domínio nacionalso cialista levanta questões fundamentais a res peito de sua estrutura e funcionamento Em particular os historiadores alemães debateram nos anos 80 se o Terceiro Reich dependia de fato da vontade de ver Hitler como líder onipo tente ou se era uma poliarquia de líderes e burocracias subordinados e rivais a qual em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar nacionalsocialismo 513 última análise pode ser reduzida à dicotomia estrutural de fatores de estado e de partido na estrutura de poder da ditadura nazista es tado dual ver Fraenkel 1941 e Neumann 1942 No mesmo contexto diferentes respos tas foram dadas à pergunta quanto a se no regime nazista é possível perceber uma reali zação direta do programa nacionalsocialista ou do de Hitler ou se a realidade brutal do Ter ceiro Reich à falta de adequada fundamenta ção em uma ideologia característica foi conse qüência de um processo nãoplanejado de auto radicalização resultante de tendências latentes na sociedade alemã ou em qualquer sociedade moderna Acima de tudo ao explicar as origens da solução final para a questão judaica esse debate deu margens a avaliações diametralmen te opostas e politicamente diversas às quais correspondem diferentes avaliações da reali dade cotidiana do sistema nacionalsocialista como uma ditadura totalitária terrorista à qual toda a população estava sujeita Arendt 1951 ou como um regime de consenso parcial resis tência popular e grau significativo de latitude na vida privada que ficava de fora dos rituais públicos de consentimento e dos eventos hor ríveis de perseguição de oponentes políticos e judeus bem como durante longo tempo dos efeitos da guerra Esses limites apontados à penetração tota litária da sociedade alemã pelo nacionalsocia lismo criaram a impressão depois da derrota de 1945 de que mal houvesse existido nacional socialistas convictos mas apenas companhei ros de viagem oportunistas e indivíduos desilu didos A desnazificação do pósguerra im plementada pelos Aliados ocupantes foi limi tada na Alemanha Ocidental e superficial na Oriental mas houve poucos ressurgimentos de idéias nacionalsocialistas no sentido mais cor reto As organizações e partidos neonazistas exerceram pouca influência exceto por breve período no final dos anos 60 com o surgimento do Partido NacionalDemocrata Alemão que não era neonazista em sentido pleno e mais recentemente desde 1990 embora os republi canos sejam mais nacionalistas de direita do que neonazistas ver Benz 1989 Leitura sugerida Baldwin Peter 1990 Social inter pretations of Nazism Journal of Contemporary His tory 25 537 Bracher K D 1970 The German Dic tatorship Broszat Martin 1981 The Hitler State Jäckel Eberhard 1972 Hitlers Weltanschauung Kershaw Ian 1989 The Nazi Dictatorship 2ªed Mayer Arno J 1988 Why Did the Heavens Not Darken Mosse George L 1975 The Nationaliza tion of the Masses Noakes Jeremy e Pridham G orgs 19838 Nazism 19191945 a Documentary Rea der 3 volsvol4 no prelo Peukert Detlev 1987 Inside Nazi Germany GERHARD BOTZ naturalismo No presente século naturalis mo indica usualmente três idéias afins 1 a dependência em que a vida social e mais genericamente humana se encontra em relação à natureza isto é o materia lismo 2 a suscetibilidade dessas idéias a uma ex plicação formulada essencialmente do mesmo modo isto é em termos cientí ficos 3 o caráter cognato de enunciado de fato e de valor e em particular a ausência de um abismo lógico intransponível entre eles do gênero sustentado por David Hume Max Weber e GE Moore isto é o naturalismo ético Este verbete está interessado principalmente no segundo sentido Foi a questão dominante na filosofia e uma questão controvertida na prática das ciências humanas Nesse sentido cumpre distinguir o naturalismo de suas duas espécies extremas a saber o cientificismo que se diz possuidor de uma completa unidade e o reducionismo que afirma uma identidade con creta de objeto de estudo entre as ciências na turais e sociais Três amplas posições podem ser delineadas a um naturalismo mais ou menos irrestrito usualmente associado ao POSITIVISMO domi nante na filosofia e prática das ciências sociais pelo menos no mundo anglófono até cerca de 1970 b o antinaturalismo baseado em uma distinta concepção do caráter ímpar da reali dade social isto é como dotada de um caráter préinterpretado conceptualizado e lingüístico a HERMENÊUTICA a oposição oficial ao positivismo forte no mundo germânico e na prática das humanidades e c mais recente mente um naturalismo crítico limitado fun damentado em uma concepção essencialmente realista de ciência e em uma concepção trans formativa da atividade social a qual começou a adquirir destaque no último quartel do século ver REALISMO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 514 naturalismo O positivismo encontra expressão na tradi ção sociológica durkheimiana e no behavioris mo no funcionalismo e no estruturalismo Seus antecedentes filosóficos imediatos situamse na obra de David Hume JS Mill Ernst Mach e do Círculo de Viena fornecendo a espinha dor sal da concepção ortodoxa de ciência A an cestralidade filosófica imediata da hermenêuti ca deriva de Wilhelm Dilthey Georg Simmel Heinrich Rickert e Max Weber Estes fundiram as distinções kantianas e hegelianas de modo a produzir um contraste entre o mundo fenome nal da natureza e o mundo inteligível da liber dade fundamentando distinções entre explica ção causal Erklären e entendimento interpre tativo Verstehen o nomotético e o idiográfico ver IDIOGRÁFICO MÉTODO o repetível e o úni co os domínios da física e da história Isso encontra expressão na tradição sociológica we beriana e nos estudos fenomenológicos etno metodológicos e interpretativos em geral Uma discriminação deve ser feita dentro desse se gundo campo entre os que procuram sintetizar ou combinar princípios positivistas e herme nêuticos como Weber ou Jürgen Habermas e os dualistas que negam ao positivismo qualquer aplicabilidade na esfera humana como HG Gadamer ou P Winch A terceira tradição na turalista crítica baseiase imediatamente na fi losofia realista da ciência desenvolvida por Rom Harré EH Madden Roy Bhaskar e ou tros e na concepção de atividade social inde pendentemente proposta por Pierre Bourdieu Anthony Giddens e Bhaskar Foi adotada e desenvolvida por numerosos autores incluindo Russell Keat Ted Benton William Outhwaite e Peter Manicas A maioria desses autores loca liza uma primeira expressão sociológica dessa concepção em certos aspectos da obra de Marx e mais recentemente em uma teoria social marxista e nãomarxista que visa aproximar as tradições estruturalista e verstehende de um modo geohistórico e ecologicamente in formado Não é fácil caracterizar a obra de pensadores pósestruturalistas e mais geral mente pósmodernistas Em sua maioria adotam uma perspectiva epistemológica nietzscheana sobre uma base ontológica hu meana ou positivista Enquanto os positivistas basearam seu natu ralismo em uma teoria epistemológica relativa mente apriorística os hermeneutas fundamen taram seu antinaturalismo em considerações ontológicas que dizem respeito em particular ao caráter significativo ou governado por regras da realidade social Além disso ao passo que os positivistas insistem em que as hipóteses acerca de tais características devem submeter se aos procedimentos normais de qualquer ciên cia empírica os hermeneutas por seu lado podem corretamente apontar para a completa ausência de leis e explicações em conformidade com o cânone positivista Em resposta a isso os positivistas alegam que o mundo social é muito mais complexo que o mundo natural ou que as leis que o governam só podem ser identificadas em algum nível mais básico por exemplo o nível neurofisiológico Positivistas e herme Sociedade Sociedade Indivíduo Indivíduo 1 O estereótipo weberiano Voluntarismo 2 O estereótipo durkheimiano Reificação Sociedade socialização Indivíduos reproduçãotransformação 3 O modelo transformativo de atividade social Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar naturalismo 515 neutas aceitaram uma descrição fundamental mente positivista da ciência natural Se isso é falso como afirmam os realistas então os positivistas têm de formular argumen tos especiais que justifiquem por que o positi vismo deveria ser aplicável de modo singular e sumamente implausível no domínio humano e os hermeneutas por sua parte têm de reava liar seus contrastes Assim os dois principais argumentos de Winch são parasitas de uma ontologia positivista Conjunções constantes de eventos não são necessárias nem suficientes para o entendimento científico natural ou para o social ambos estão igualmente interessados na descoberta de conexões inteligíveis em seu objeto de estudo O conceitual e o empírico tampouco esgotam conjuntamente o real O realismo pode admitir que a conceitualidade é característica da vida social sem supor que a esgota Além disso os realistas afirmaram que os temas positivistas transpostos ingressam di retamente nas metateorias substantivas dos her meneutas A defesa do naturalismo crítico gira em tor no da extensão em que uma análise indepen dente dos objetos de conhecimento social e psicológico é compatível com uma teoria realis ta da ciência Assim enquanto que na tradição weberiana os objetos sociais são vistos como resultados do ou constituídos pelo comporta mento intencional ou significativo inclinando se para o voluntarismo ver figura 1 e na tradição durkheimiana os objetos sociais são considerados detentores de vida própria exter nos em relação ao indivíduo e coercivos para este com tendência à reificação ver figura 2 na concepção naturalista crítica por seu turno a sociedade é considerada não só uma condição preexistente e transcendente e causalmente necessária para a mediação intencional intui ção de Durkheim mas que além disso tem existência e consistência unicamente em vir tude dela ver figura 3 Nessa concepção portanto a sociedade é a condição e o resultado de mediação humana a dualidade de estrutura e a mediação humana produz e reproduz ou transforma a sociedade a dualidade de estrutura Nesse modelo em contraste com a perspectiva hermenêutica as explicações dos atores são corrigíveis e limita das pela existência de condições irreconheci das conseqüências nãopremeditadas habili dades tácitas e motivações inconscientes mas em oposição ao ponto de vista dos positivistas as exposições dos atores formam o indispen sável ponto de partida da investigação social O modelo transformativo assinala que a vida so cial possui um caráter recursivo e nãoteleoló gico uma vez que os agentes reproduzem e transformam as próprias estruturas que utilizam e pelas quais são coagidos em suas atividades substantivas Também indica uma concepção relacional do objeto de estudo da ciência social em contraste com as concepções metodológicas individualistas e coletivistas características das tradições utilitária e weberiana e durkheimia na de teoria social Certas características visíveis dos sistemas sociais que na invocação de um critério causal para descrever a realidade podem ser conside radas como limites ontológicos do naturalismo são imediatamente deriváveis desse modelo Podemos descrevêlas sumariamente como de pendência de conceito dependência de ativi dade e maior especificidade espaçotemporal de estruturas sociais A interdependência causal entre a ciência social e seu objeto de estudo especifica um limite relacional enquanto que a condição pela qual os sistemas sociais são intrinsecamente abertos o importantíssimo limite epistemológico explica a ausência de cruciais ou decisivas situações de teste em prin cípio requerendo confiança em critérios exclu sivamente explicativos nãopreditivos para a avaliação racional da teoria Embora sujeitas a essas restrições e poderseia argumentar jus tamente em virtude disso as modalidades ca racterísticas de explicação teórica e prática que os realistas especificam ver FILOSOFIA DA CIÊN CIA SOCIAL mostramse possíveis tanto na esfe ra social quanto na natural No naturalismo crítico portanto as ciências sociais podem ser ciências exatamente no mesmo sentido que as naturais mas de maneiras que são tão dife rentes e específicas quanto os seus objetos de estudo Uma quarta diferença crítica requerida pela consideração de que o objeto de estudo da ciência social inclui não só objetos sociais mas também crenças acerca desses objetos torna possível uma crítica explicativa da consciência e do ser a qual envolve juízos de valor e de ação sem paralelo no domínio das ciências na turais justificando uma forma modificada de naturalismo ético substantivo ou seja o sentido 3 acima Entretanto parece vital ver tal crí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 516 naturalismo tica e a ciência social de um modo geral con dicionada pela dependência dos seres humanos da ordem natural que é materialismo ou natu ralismo no sentido 1 acima Leitura sugerida Benton T 1981 1985 Realism and social science In A Radical Philosophy Reader org por R Edgley e P Osborne Bhaskar Roy 1989 The Possibility of Naturalism 2ªed Giddens A 1976 New Rules of Sociological Method Harré R e Secord P 1972 The Explanation of Social Behaviour Keat R 1971 Positivism naturalism and antinatu ralism in the social sciences Journal for the Theory of Social Behaviour 13 Outhwaite William 1983 Con cept Formation in Social Science ROY BHASKAR natureza humana Há muitas definições ri vais desta noção Cada definição não só assume determinada posição mas também reivindica para si uma perspectiva excepcionalmente pri vilegiada que exclui todas as alternativas Esse zelo nada tem de acidental porquanto alguma noção de natureza humana é um componente indispensável do pensamento social As mais significativas contribuições do século XX po dem ser divididas em dois grupos principais o científico e o humanístico Interpretações científicas Sociobiologia EO Wilson define a natureza humana como uma miscelânea de adaptações genéticas em um meio ambiente largamente desaparecido o mundo do caçador e coletor da Idade Glacial 1978 p196 Em SOCIOBIOLO GIA a finalidade é estudar a natureza humana como uma área das ciências naturais mediante a criação de uma rede internamente coerente de explicação causal entre ciências biológicas e sociais O ponto nodal dessa rede é a noção de regras epigenéticas Toda a sociedade é gover nada por essas regras as quais cobrem tudo desde sua política econômica até seus princí pios morais e suas práticas de puericultura Wil son e Lumsden 1981 Etologia Os autores dessa escola como K Lorenz 1966 e I EiblEibesfeldt 1971 con centramse no fato de o genótipo humano com partilhar 99 de sua história com o do chim panzé A aparente exigüidade dessa diferença significa que a espécie biológica Homo sapiens só recentemente surgiu no tempo evolutivo Os etologistas sustentam que os padrões de com portamento dos primatas agressividade hie rarquias e territorialidade por exemplo têm suas contrapartes na sociedade humana ver ETOLOGIA Comportamentalismo Embora os autores dessa escola não questionem os princípios do neodar winismo seu enfoque recai diretamente sobre o comportamento humano Esse comportamen to como qualquer outro fenômeno natural tem causas antecedentes que determinam necessa riamente certos efeitos Na terminologia de BF Skinner 1971 o comportamento humano está sujeito ao condicionamento operante Uma conseqüência disso acredita Skinner é que muitas instituições e práticas sociais correntes como a punição para crimes são obsoletas e deveriam ser substituídas por uma apropriada tecnologia do comportamento ver COMPORTA MENTALISMO O que a posição de Skinner revela e que também está presente nas outras duas escolas é a convicção de que enunciados supostamente científicos têm significativas implicações tanto sociais quanto morais e políticas Todas as três pressupõem que a natureza humana é um objeto apropriado de estudo científico e também que qualquer pensamento social que não seja com patível com as descobertas desses estudos é insustentável Apesar do grande prestígio des frutado pela ciência a exatidão de todo esse conjunto de suposições tem sido severamente impugnada No âmago dessas impugnações es tá a convicção contrária de que é a humanidade da natureza humana e não a sua natureza que deveria ser o objeto de investigação Interpretações humanistas Contextualismo De acordo com essa descri ção a natureza humana é especificada ou con cretizada pelo contexto em que necessariamen te se encontra Fora desse contexto só são possíveis generalizações abstratas e nãoinfor mativas como o número de cromossomos Nenhuma distinção significativa pode ser feita entre os seres humanos e suas culturas espe cíficas uma vez que como escreveu Clifford Geertz os seres humanos são artefatos cultu rais 1972 p50 Simbolismo Ernst Cassirer define o homem como animal symbolicum 1944 p26 O modo de entender o que é essencialmente humano consiste em examinar o que é característico e o que está implícito no fato de só os seres huma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar natureza humana 517 nos serem seres lingüísticos A realidade huma na não é a dos padrões de comportamento mas a da ação simbólica manifesta em mitos arte religião etc Grandes questões estão envolvidas nas dife renças entre as várias concepções científicas e humanistas de natureza humana É claro ne nhuma dessas posições nega o papel desempe nhado pelas outras e uma das explicações mais importantes e de maior alcance do século XX pode ser interpretada como um empreendimen to para anular as diferenças A premissa da explicação psicanalítica da natureza humana de Freud 191517 1923 diz que os seus compo nentes básicos só podem ser revelados por uma descrição científica do modo como o Incons ciente funciona Mas todo o esforço de Freud é no sentido de desvendar patologias nesse fun cionamento e de fornecer remédios que me lhorem a vida individual e social a religião por exemplo é por ele considerada uma relí quia neurótica 1927 p72 ver PSICANÁLISE Todos os pontos de vista examinados até aqui aceitam que a natureza humana é um con ceito significativo Talvez o ponto de vista mais característico do século XX sobre este tópico tenha sido um ataque desfechado contra essa significação A mais famosa versão é a do EXIS TENCIALISMO de Sartre 1946 De acordo com Sartre a natureza humana não existe porque nada há fora dela como seja Deus para lhe conferir uma natureza ou essência Nos seres humanos a existência precede a essência ao contrário dos objetos naturais que meramente existem os seres humanos decidem existir Ou tra crítica do conceito é que ele somente existe no interior de certos discursos historicamente específicos de modo que M Foucault 1966 está apto a afirmar que o conceito só surgiu no final do século XVIII e não é por conseguinte uma idéia transhistórica universal No âmbito dos discursos do século XX a natureza humana desempenha papel de des taque na argumentação ideológica Por exem plo um aspecto essencial no que se refere às diferenças entre as concepções socialista e libe ral de boa sociedade é apurar o que é verda deiramente central na natureza humana se a cooperação ou a competição De modo menos aberto a diferença entre as explicações cientí fica e humanista é analogamente polêmica Por exemplo a alegação científica de que o altruís mo é impossível porque o egoísmo é um fato inevitável da natureza humana é criticada por se tratar antes de uma defesa ideológica do status quo uma vez que exclui futuros huma namente possíveis Esses exemplos ilustram por que é impossível qualquer definição incon troversa Leitura sugerida Benthall J org 1973 The Limits of Human Nature Berry CJ 1986 Human Nature Forbes I e Smith S orgs 1983 Politics and Human Nature Hollis M 1977 Models of Man Jaggar A 1983 Feminist Politics and Human Nature Midgley M 1978 Beast and Man Platt JR org 1965 New Views of the Nature of Man Rothblatt B org 1968 Changing Perspectives on Man Stevenson L 1974 Seven Theories of Human Nature Trigg R 1982 The Shaping of Man CHRISTOPHER J BERRY necessidades Termo para designar exigên cias humanas essenciais requisitos indispen sáveis à subsistência as necessidades só se tornaram realmente objeto de teoria no século XX Anteriormente os filósofos tinham argu mentado que a necessidade era um conceito essencialmente contestado ou que não havia distinção essencial entre necessidades e carên cias Pensadores tão antigos quanto Platão e Aristóteles postularam as necessidades huma nas como a base da cidade polis agregado social cujo alicerce econômico era a troca no mercado Mas tão indefinido era o conceito grego de necessidade que se traduzia freqüen temente como demanda Autores estóicos e epicuristas do período helenístico usaram as necessidades como critério para distinguir entre vidas virtuosas e corruptas promovendo o ideal do homem de poucas necessidades Pensa dores como Epicteto e Sêneca provaram que as necessidades têm uma elasticidade tal que lhes permite proliferar se a vontade moral não inter vier para refreálas Foi essa a linha de pensa mento adotada por pensadores do Iluminismo como JeanJacques Rousseau que nos seus Pri meiro e Segundo Discursos acompanha Sêneca ao afirmar que a análise do declínio da civiliza ção gravita em torno da distinção entre neces sidades naturais e artificiais Os psicólogos ambientalistas e os primeiros socialistas fran ceses do final do século XVIII e começos do XIX como Helvétius Holbach e La Mettrie extraíram uma conclusão óbvia dessa distinção que a boa sociedade depende da apropriada formação de necessidades no indivíduo com parar com SOCIEDADE AFLUENTE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 518 necessidades A ruptura entre os antigos tratamentos mo ralistas e assistemáticos das necessidades e o uso do conceito de um modo quase técnico ocorreu com Hegel na Filosofia do direito Influenciado sem dúvida pelos economistas políticos escoceses Hegel definiu a sociedade civil como um sistema de necessidades re ferindose à função econômica da sociedade como provedora do necessário à subsistência através do mecanismo de trocas mercantis Em bora essa opinião remonte a Aristóteles que na Política já fizera a distinção entre valor de uso e valor de troca Hegel produziu uma concepção mais ampla da sociedade como um tecido de instituições e estruturas criadas no processo da satisfação de necessidades Marx que tanto devia a Hegel ampliou essa noção no conceito de modo de produção base da sociedade sobre a qual se erigem as superestruturas institucio nais de acordo com o que as necessidades im põem Entretanto Marx também deixou de de finir as necessidades ou de lhes dar uma aten ção específica Nos Manuscritos de 1844 por exemplo ele faz uma distinção rousseauniana entre necessidades humanas e nãohumanas ao passo que em O capital se refere às neces sidades como indistinguíveis das demandas acrescentando que não importa se são neces sidades reais ou se brotam da imaginação em termos de seu efeito no sistema Springborg 1981 cap6 No século XX o enfoque das necessidades humanas foi instigado por duas considerações problemas na teoria marxista e questões nas políticas públicas Os marxistas clássicos ti nham que explicar a inesperada longevidade do capitalismo previsto para desmoronar em con seqüência da superprodução e do subconsumo Alguns revisionistas marxistas casando noções freudianas de desejos instintivos com obser vações acerca do papel da mídia por teóricos da sociedade de massas propuseram uma explica ção em termos de falsas necessidades Co meçando com Erich Fromm que foi o primeiro a expor essa idéia nos anos 30 e incluindo Wilhelm Reich Herbert Marcuse e membros da escola de Frankfurt esses pensadores argumen taram que o capitalismo tem uma capacidade inigualável de introjetar na psique de seus súdi tos as necessidades que ele precisa que eles tenham a fim de que o sistema sobreviva Um segundo estímulo à discussão teórica das necessidades foi o desenvolvimento dos estudos de políticas públicas Teóricos da edu cação urbanistas assistentes sociais e servi dores públicos dedicamse a políticas públicas baseadas na necessidade Os limiares das ne cessidades e os critérios para discriminar entre necessidades conflitantes impõem a atenção em suas teorias A distinção entre verdadeiras e falsas necessidades tal como formulada pelos neomarxistas é hoje vista de modo geral como essencialmente moralista e nãocientífica ser vindo de esteio à ditadura sobre as neces sidades Fehér et al 1983 estabelecida pelas economias de comando dos países socialistas Com a obra imaginativa de Michael Ignatieff 1984 os teóricos concentraramse uma vez mais no problema das necessidades dos pobres aqueles para quem as instituições de proprie dade privada não deixam espaço público es premidos pelo ônus da dívida criada pelo con luio das economias capitalistas do Primeiro Mundo com as ditaduras do Terceiro Mundo O ESTADO DE BEMESTAR cuja legitimidade assenta em sua afirmação de que garante a subsistência e a seguridade não pode deixar de abordar os problemas criados pelo pobres e os semteto cujas necessidades são desesperadoras Leitura sugerida Heller A 1976 The Theory of Need in Marx Ignatieff M 1984 Needs of Strangers Leiss W 1976 The Limits to Satisfaction an Essay on the Problem of Needs and Commodities Soper Kate 1981 On Human Needs Open and Closed Theo ries in a Marxist Perspective Springborg P 1981 The Problem of Human Needs and the Critique of Civiliza tion PATRICIA SPRINGBORG neoclássica economia Ver ECONOMIA NEO CLÁSSICA neocolonialismo Ver COLONIALISMO neodarwinismo A teoria sintética da evolu ção Huxley 1974 combinando as idéias de Charles Darwin sobre SELEÇÃO NATURAL com as de Gregor Mendel sobre genética constitui a base do neodarwinismo o qual oferece predo minantemente através das técnicas estatísticas de genética de populações uma descrição da adaptação de organismos a meios ambientes O neodarwinismo é um avanço sobre a pró pria teoria da evolução de Darwin a qual de pendia dos conceitos de variação e herança que no seu tempo eram sofrivelmente entendidos Os resultados de Mendel forneceram uma base Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar neodarwinismo 519 para distinguir entre a constituição de um orga nismo genótipo e seus traços fisiológicos e comportamentais fenótipos assim como para o nosso entendimento da recombinação genéti ca durante a reprodução hoje reconhecida co mo a fonte primária da variação transmissível da qual dependem os processos seletivos Cumpre distinguir o neodarwinismo das teorias neolamarckistas de EVOLUÇÃO efêmera e tragicamente dominantes na Rússia Medve dev 1969 de acordo com as quais a má adap tação do organismo ao meio ambiente provoca uma resposta pelo organismo que resulta em sua aquisição de um traço que se ajusta melhor ao seu meio ambiente e que será herdado por sua progênie De acordo com essa descrição o meio ambiente instrui o organismo Essa idéia é repudiada no neodarwinismo segundo o qual os processos de recombinação e mutação pro duzem aleatoriamente variantes de todos os tipos melhores e piores do ponto de vista da adaptação dentre as quais são selecionadas as que melhor ajustam o organismo ao meio ambiente Maynard Smith 1958 cap2 Três equívocos comuns da evolução foram elucidados pelo neodarwinismo Em primeiro lugar a seleção natural não otimiza o ajustamento organismomeio ambi ente mas tende meramente a melhorálo Por tanto muito mais correto do que o grau ótimo de aptidão preconizado por Herbert Spencer seria a sobrevivência dos mais aptos expressa em termos comparativos A evolução não alcan ça a otimização em parte porque só pode sele cionar a partir de variantes que ocorrem na realidade as quais é improvável que incluam a variante otimamente adaptativa Simon 1983 cap2 Em segundo lugar o neodarwinismo não afirma que todos os traços tenham sido selecio nados por sua superioridade adaptativa Traços distintos podem estar geneticamente engata dos permitindo que traços neutros ou de adap tação defeituosa recebam carona de traços de valor adaptativo positivo Gould 1983 cap3 Em terceiro lugar a evolução não é neces sariamente uma luta pela sobrevivência en volvendo competição direta entre organismos algumas espécies podem estabelecer ou ocupar nichos ambientais até então desocupados e evi tar assim o conflito com outras Hutchinson 1965 Questões importantes acerca do neodarwi nismo incluem o seu status científico Ruse 1973 seção 32 e sua adequação particular mente em relação à SOCIOBIOLOGIA para expli car disposições geneticamente baseadas para o comportamento altruísta Maynard Smith 1975 cap12 Leitura sugerida Dawkins R 1986 1988 The Blind Watchmaker Simpson GG 1949 The Mea ning of Evolution FRED DAGOSTINO neokantismo O termo pode ser aplicado a qualquer filosofia ou teoria social que se inter prete a si própria como desenvolvimento e re visão dos métodos analíticos propostos por Im manuel Kant 17241804 ou como resposta aos problemas por exemplo de epistemologia e ética por ele expostos O termo é usado com extrema precisão em referência a um movimen to no seio da filosofia alemã anterior à Primeira Guerra Mundial Esse movimento consistiu em duas principais escolas sediadas em Marburgo e em Heidelberg sendo esta última significativa por sua influência sobre Max Weber Outros sociólogos como Georg Simmel e Émile Durk heim embora não se apresentassem explicita mente como neokantianos podem ser conside rados promotores de uma sociologia cujo de senvolvimento refletiu as tentativas de desco brir na sociedade as precondições para as regras a priori de Kant O retorno a Kant na década de 1860 foi uma resposta ao evidente fracasso das filosofias ide alista e materialista póskantianas Foi uma ten tativa de reconstrução da filosofia não através da imitação servil de Kant mas procurando reinterpretálo à luz das gerações precedentes de críticos kantianos As escolas neokantianas caracterizamse tanto pelo que rejeitam quanto pelo que adotam em Kant Hermann Cohen 18421918 e Paul Natorp 18541924 foram as principais figuras da es cola de Marburgo Sua obra está centralmente interessada na epistemologia e especificamente na construção do domínio objetivo das distintas ciências naturais Entretanto isso acarreta um movimento de distanciamento da análise trans cendental de Kant no sentido da formação de uma lógica geral A investigação transcendental envolve a explicação das precondições neces sárias à possibilidade de experiência Para Kant as regras a priori determinaram a síntese de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 520 neokantismo sensações em objetos de experiência Por con seguinte só quando uma sensação subjetiva é legitimamente subordinada a particulares e ca tegorias apriorísticas de acordo com o que Kant designa por esquemas ela passa a ser objetiva e somente assim o sujeito adquire conhecimento da realidade objetiva Portanto a análise transcendental pressupõe que as regras a priori são necessariamente aplicadas na expe riência Mas a lógica formal ou geral que Cohen e Natorp procuraram desenvolver é explicada independentemente da experiência Tratase mais de metodologias para a conceitualização dos objetos de ciências particulares e assim não são aplicáveis à experiência em geral Além disso essa lógica é apresentada como um con junto de regras a priori mais desejáveis do que necessárias Isso leva à tarefa interminável de aperfeiçoar a constituição do domínio do objeto científico até que o pensamento conceitual pas se a corresponder à coisaemsi Ding an sich Os principais representantes da escola de Heidelberg ou Baden são Wilhelm Windel band 18481915 e Heinrich Rickert 1863 1936 Ao conferirem primazia à Crítica da razão prática de Kant eles ofereceram uma análise da constituição do conhecimento fun damentada em valores Windelband afirmava que todos os juízos em lógica ética e estética são guiados pela pressuposição do sujeito dos valores universais de verdade bondade e bele za Os próprios valores não podem ser aprova dos na medida em que estão como sustentava Kant para além da jurisdição da razão teórica Portanto o sujeito empírico não é visto como criador de valores pois os valores são pos tulados por uma consciência transcendental pa ra além de qualquer consciência empírica É mantida a divisão kantiana entre razão prática e teórica mas transformada na medida em que se faz dos valores a precondição transcendental da razão teórica A escola de Heidelberg concentrouse na metodologia das ciências culturais Rickert em uma tentativa de superação do dualismo fato valor inerente à filosofia de Windelband pos tula um terceiro domínio da cultura no qual estão contidos tanto o fato quanto o valor Atra vés do juízo prático os sujeitos criam bens culturais Isso significa que objetos sensíveis e por conseguinte objetos acessíveis à razão teó rica são colocados em relação a valores e rece bem assim uma dimensão axiológica Por outro lado o sujeito não cria valores pois a cultura como sistema de valores predominantes é a precondição transcendental da possibilidade de apreender bens culturais Rickert procura escla recer a sua posição distinguindo entre os juízos de valor de um ator histórico e a atividade do historiador O ator é guiado pelo que acredita que deve ser O historiador contudo só res ponde a valores na medida em que estes são realmente aceitos pelos atores Isso serve de fato para abalar a natureza transcendental do argumento de Rickert A comparação com a constituição da natureza fracassa pois o sujeito histórico assim como o teórico cria ativamente valores Desse modo a constituição da cultura ocorre de modo empírico não de modo trans cendental Weber desenvolve os argumentos de Ri ckert mas no contexto de uma sociologia em pírica Weber não aceita que o ator social apenas crie ativamente valores mas vai além para afir mar que no racionalizado e desencantado mun do moderno os atores geram uma proliferação de valores concorrentes Na medida em que a racionalização pode ser vista como o predomí nio da razão teórica deixam de existir os meios comumente aceitos de avaliação de valores concorrentes A metodologia de Weber do TIPO IDEAL pode ser considerada um desenvolvimen to da análise de Rickert da atividade do his toriador Um tipo ideal é heurístico e portanto sem significação transcendental Ele cons titui porém o significado do fenômeno cultu ral para o teórico O valor é dado ao fenômeno cultural somente através do reconhecimento dos valores que são realmente aceitos pelos atores Elementos neokantianos também podem ser vistos na obra de Simmel Ele responde ao problema da constituição transcendental da so ciedade com uma teoria de formas de socializa ção Simmel reconhece que a unidade da socie dade é constituída pelos atores sociais e não meramente pelo teórico O seu conceito de for mas referese portanto à multidão de tipos gerais que os atores usam para constituir uma totalidade estruturada a partir da diversidade da vida social e ao entendimento que o sociólogo adquire desses tipos como processos que origi nam a consciência de socialização dos atores Entretanto a relação entre processos transcen dentais e empíricos tornase mais uma vez am bígua Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar neokantismo 521 Finalmente a sociologia de Durkheim e em especial a sociologia da religião é um exemplo da tentativa de alicerçar as categorias a priori de entendimento de Kant em algum substrato so cial Durkheim na esteira de Kant aceita a realidade de categorias e valores mas procura definir as condições de sua possibilidade na sociedade como uma realidade sui generis As sim a sociedade tornase uma força moral dotada de uma objetividade transcendental Com essa abordagem Durkheim pode descre ver variações nas categorias de entendimento mediante referência a variações concretas entre sociedades Leitura sugerida Arato A 1974 The neoidealist defence of subjectivity Telos 21 10861 Coples tone F 1963 A History of Philosophy 9 volsVol7 Fichte to Nietzsche p36173 Durkheim É 1912 1968 Les formes élémentaires de la vie religieuse Habermas Jürgen 1968 1971 Knowledge and Hu man Interests Rickert H 1962 Science and History a Critique of Positivist Epistemology Rose G 1981 Hegel Contra Sociology Simmel Georg 1959 Georg Simmel 18581918 a Collection of Essays with Trans lations and a Bibliography org por KH Wolff We ber M 1904 1949 Methodology of the Social Scien ces org e trad por EA Shils e HA Finch ANDREW EDGAR New Deal Conjunto de medidas de política econômica tomadas nos Estados Unidos entre 1933 e 1940 sob a liderança do presidente Franklin Roosevelt com a finalidade de produ zir a recuperação da Grande Depressão e cor rigir defeitos no sistema que se acreditava terem sido por ela revelados Não há uma teoria única subjacente nas medidas tomadas Todas as es pécies de coisas foram experimentadas Muitas medidas foram descartadas porque as condi ções a que se destinavam tinham sido ultrapas sadas por terem fracassado ou por se revelarem inconstitucionais Entre as mais duradouras mudanças políticas estavam 1 Substancial libertação da política mone tária das restrições do padrãoouro e maior aceitação da responsabilidade da política monetária para a estabilização da economia 2 Crescente confiança na política orça mentária governamental para levar a ca bo e manter altos níveis de emprego Isso ocorreu primeiro pragmaticamente na forma de programas de obras públicas e outros programas de emergência e foi depois racionalizado em termos teóricos pela ciência econômica keynesiana ver KEYNESIANISMO 3 O começo do ESTADO DE BEMESTAR nos Estados Unidos em nível federal Os seus principais ingredientes foram a o sistema de seguridade social for necendo benefícios de aposentadoria para trabalhadores bo sistema de segurodesemprego c o fornecimento de auxílio financeiro a famílias pobres com filhos depen dentes 4 Intervenção do governo para controlar preços e produção na agricultura 5 Promoção governamental da organiza ção sindical 6 Novo ou ampliado controle governa mental de preços tarifas ou outros as pectos dos transportes energia comuni cações e indústria financeira 7 Movimento no sentido de uma política mais liberal de comércio internacional As medidas fiscais e monetárias ajudaram a realizar a recuperação da economia norteame ricana embora as medidas fiscais fossem dé beis e vacilantes Algumas das outras medi das provavelmente retardaram a recuperação ao elevarem os custos e aumentarem a incerteza na comunidade empresarial A recuperação ain da estava incompleta e o desemprego ainda era grande quando a Segunda Guerra Mundial se tornou um fator dominante na economia Todas as medidas do New Deal foram con testadas com veêmencia na época principal mente com base em se tratar de interferências impróprias na liberdade econômica Por outro lado havia queixas de que o New Deal estava sustentando um sistema basicamente imperfei to que necessitava de reestruturação mais radi cal Mas as medidas foram avassaladoramente populares como evidenciado pelos êxitos elei torais de Roosevelt Cinqüenta anos depois a política norteame ricana foi muito além do New Deal em quase todos os aspectos mais regulamentação mais pagamentos de transferência para a segu ridade social segurodesemprego e assistência médica e uma política fiscal e monetária mais ativa Mesmo os que estão sumamente preocu pados com o crescente poder do governo na economia considerariam um retorno ao New Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 522 New Deal Deal como um retorno ao governo pequeno e limitado Na perspectiva da década de 90 a queixa a respeito do New Deal se é que signi fica uma queixa não se refere às medidas toma das na década de 30 mas ao caminho pelo qual o governo federal então enveredou Leitura sugerida Lehergott S 1984 The Americans an Economic Record p45365 Stein H 1969 The Fiscal Revolution in America Ο 1988 Presidential Eco nomics the Making of Economic Policy from Roose velt to Reagan and Beyond p2764 HERBERT STEIN New Left Ver NOVA ESQUERDA New Right Ver NOVA DIREITA nomenklatura Este sistema de nomes de sempenhou um papel muito importante nos mé todos de controle de socialismo tipo monolítico e stalinista ver também TOTALITARISMO sua revisão e mudança radical tornaramse os prin cipais problemas nos esforços para realizar re formas democráticas De acordo com as decisões de órgãos diri gentes a nomenklatura incluía uma lista de cargos ou postos de diferentes órgãos nos quais as mudanças de pessoal nomeações processos disciplinares etc eram decididas pelo Partido em diferentes níveis das instituições locais às de mais alto nível Os mais importantes cargos cobertos pela nomenklatura eram os da cadeia funcional através da qual os líderes a serem eleitos pelos órgãos do Partido em níveis infe riores eram determinados pelo nível superior seguinte Isso deu à democracia de partido úni co um caráter puramente formal o qual durante as crises políticas que precederam as mais re centes varreduras de regimes de partido único provocou a revolta de alguns membros do Par tido Hungria em 1956 e 1988 Polônia em 1956 e 1980 Tchecoslováquia em 1968 As nomeações para várias funções estatais e econômicas também eram decididas por órgãos do Partido Com freqüência requisitos racio nais habilitações e proficiência eram preteridos em favor da confiabilidade política Na vida do Estado e na vida econômica essa contrasele ção pelo aparelho reduziu a eficiência da eco nomia Assim era natural que um objetivo das reformas econômicas fosse libertar a liderança econômica da pressão da nomenklatura Os líderes nomeados e eleitos das organi zações de massa também pertenciam à nomen klatura incluindo os dos sindicatos organiza ções da juventude associações de escritores e movimento oficial pela paz Isso significava que os líderes dessas agremiações não depen diam de seus próprios movimentos ou organi zações mas de várias instituições partidárias O renascimento da SOCIEDADE CIVIL que está ocor rendo nos países do Leste Europeu libertou os líderes dessas organizações da velha estrutura da nomenklatura e desse modo surge a opor tunidade de os líderes serem eleitos democrati camente e de as organizações obterem sua pró pria independência A nomenklatura também desempenhou um papel altamente significativo na cultura e nos meios de comunicação de massa por causa do típico bloqueio de informação do sistema sta linista ver também ELITES TEORIA DAS Isso era mais importante que os diferentes serviços de censura Todos os líderes de instituições que formavam a opinião pública dependiam para sua existência de diferentes órgãos partidários os quais impediam em grande parte a aspiração dos intelectuais à glasnost Arrojadas conclusões teóricas têm sido de senvolvidas a respeito da nomenklatura como importante componente do STALINISMO mono lítico De especial importância entre elas é a obra intitulada Nomenklatura de Vozlensky que considera os pertencentes à nomenklatura como a classe dominante dessas sociedades Tratase na realidade da concretização da teo ria de Milovan Djilas da nova classe que se desenvolveu em tais sociedades Tais teorias porém ignoram as principais características dos detentores do poder pelo que pode ser questionado o uso do termo clas se para designar essas camadas É precisa mente a sua inclusão na nomenklatura que in dica que a sua existência depende do órgão qualificado do partido e se quem perde a con fiança deste é destituído da situação de poder Um desses contraargumentos é que em con traste com as classes dominantes em outras formações sócioeconômicas a posição não po de ser passada à geração seguinte embora os filhos dos que pertencem à nomenklatura come cem na vida com melhores oportunidades Com freqüência a tendência destes é evitar empre gos pertencentes à nomenklatura Em vez disso escolhem profissões que proporcionem mais independência e maior renda Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar nomenklatura 523 Leitura sugerida Deutscher I 1954 The Prophet Ar med Trotsky 18791921 Djilas M 1957 The New Class an Analysis of the Communist System Lozovs ky S 1925 Lenin i professional noe dvizhenie Voz lensky Michail 1985 Nomenklatura ANDRÁS HEGEDÜS norma Em sua acepção mais geral a idéia de norma é a de um modelo ou padrão São duas as principais maneiras como essa idéia foi de senvolvida em teoria social quando as normas sociais constituíram o foco de interesse Em primeiro lugar há a idéia de norma como mo delo real de comportamento como o que é normal no sentido de ser regular ou modelar mente feito por membros de uma população Os rótulos hábitos sociais e uso são em pregados a respeito de alguns de tais modelos Em segundo lugar há a idéia de norma como padrão prescrito como o que é considerado ser em uma dada população a coisa a fazer Os rótulos convenção regra social e LEI são usados a respeito de certos padrões nessa cate goria As normas sociais são freqüentemente asso ciadas a expectativas Cumpre distinguir duas diferentes espécies de expectativa as expecta tivas preditivas acerca do que será efetivamente feito por membros de uma população e as ex pectativas normativas ou deônticas As norma tivas envolvem a crença em que o comporta mento esperado deve ocorrer em algum sen tido mais do que meramente preditivo Os pa drões reais são suscetíveis de se associar a expectativas preditivas e os padrões prescritos a expectativas normativas O próprio termo norma é relativamente recente no uso da teoria social corrente Os termos mais estabelecidos costume tradi ção convenção lei etc tendem a ser usa dos para tipos específicos de normas Todos têm sido definidos de variadas maneiras por dife rentes autores em sociologia filosofia e outras áreas Em todo caso podemos fazer muitas distinções entre normas Por exemplo há os padrões prescritos que são vistos como espe ciais para o grupo e o tipificam como o que fazemos ou o nosso modo costumes e os que são considerados típicos do grupo em vir tude de uma longa história passada de submis são e conformidade tradições WG Sumner distinguiu e examinou uma ampla variedade de tipos de norma em Folk ways A Study of the Sociological Importance of Usages Manners Customs Mores and Mo rals 1906 Sublinhou a variedade de conteú dos que as normas podem ter e a diferença em importância que pode ser atribuída a diferentes normas assim somente as leis recebem a san ção específica do grupo quando politicamente organizado p56 As normas podem relacionarse a qualquer área da vida humana desde as saudações coti dianas e o vestuário até a conduta sexual e os processos políticos Em Les règles de la mé thode sociologique 1895 Durkheim assinalou a existência de uma continuidade entre as nor mas fixas da lei escrita e normas nãocodifi cadas e até efêmeras como as da etiqueta Em Le suicide 1897 enfatizou a importância das normas como quadro de referência para a vida humana Muitos têm sublinhado a necessidade de alguns padrões prescritos como um modo de produzir e manter a ordem social em um contex to em que os impulsos instintivos são insufi cientemente restringidos como em problemas de coordenação ver adiante ou quando os de sejos das pessoas estão em conflito como no tipo de situação do dilema do prisioneiro Em Le suicide Durkheim usou o termo ANOMIA para descrever um estado da sociedade em que havia relativamente poucas normas nítidas Tal estado conjecturou ele pode causar um aumen to na taxa de suicídios de uma sociedade As normas são pois importantes para o bemestar psicológico humano Uma forma de reduzir a taxa de suicídios apontou Durkheim é fortale cer os vínculos do indivíduo com grupos me nores como a família conjugal e os grupos profissionais As normas podem é claro carac terizar sociedades em grande escala e grupos pequenos como o casal marital ou a guilda medieval Em Les règles Durkheim propôs que em bora as normas sociais estejam associadas a sanções externas que vão desde a crítica in formal e o ostracismo por outros até as penas legais por conduta desviante um fator impor tante para produzir a submissão a normas é o processo de SOCIALIZAÇÃO por meio do qual os indivíduos passam a internalizar normas a obe diência à norma convertese em uma segunda natureza e as coações externas da sociedade só continuam atuando relativamente raras vezes Max Weber embora diferindo de Durkheim em muitos aspectos da teoria social também enfatizou a importância das normas em seu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 524 norma exame de conceitos sociológicos fundamentais 19212 p2936 Weber distinguiu costu mes e uso de convenção quando a submis são é considerada tão vinculatória para o in divíduo quanto no caso de uma lei Com a convenção qualquer membro da população pertinente pode aplicar sanções por conduta desviante Com a lei esperase que um qua dro limitado de pessoas administre as sanções sejam elas físicas ou psicológicas Mais recen temente Parsones defendeu o papel crucial das normas e valores em sociedade em especial habilitam as pessoas a predizer o que outras farão o que se reveste de enorme importância prática Haverá numerosas normas sociais em qual quer grupo social Durkheim Parsons e outros enfatizaram a importância para o funciona mento da sociedade da harmonia ou integração entre essas normas Muitas questões podem ser suscitadas acer ca das normas em geral e de tipos de norma em particular As normas podem mudar e mudam com o decorrer do tempo ou deixam de existir Qualquer teoria da mudança social precisará explicar como isso ocorre Por vezes como no caso de algumas normas que regem os papéis do gênero necessidades importantes de um grupo na sociedade podem ser negligenciadas ou ignoradas pelas normas vigentes A consci ência disso pode acarretar pressões por mudan ças as quais serão bemsucedidas ou não Os fatores envolvidos em tais processos de mudan ça serão complexos Outros tópicos importan tes incluem o desvio em relação às normas estabelecidas com que freqüência ocorre quem é desviante e por quê o conflito entre as normas e a gênese de normas Subsiste a questão da melhor maneira de compreender a noção de modelo ou padrão prescrito Na filosofia jurisprudência e ciência econômica recentes tem se prestado cuidadosa atenção às questões afins de como analisar as noções cotidianas de convenção social e de regra social A abordagem teórica do jogo é exemplifica da pela influente obra de Lewis 1969 que adota uma sugestão de Schelling 1960 Lewis concentrase em um tipo especial de situação envolvendo mais de uma pessoa e afirma que quando uma situação desse tipo se repete em uma população podese esperar que daí resulte um efetivo padrão de comportamento Aos pa drões que surgem desse modo o autor referese como convenções Ao tipo de situação em questão chama Lewis um problema de coor denação Tais problemas são comuns na vida social humana Um exemplo em pequena escala é o de duas pessoas cujo telefonema foi cortado Quem deve voltar a ligar Em tais situações as pessoas podem chegar a um desfecho bemsu cedido por mero acaso no começo depois serão propensas a repetir o que funcionou da última vez ou a esperar que outros o façam Assim pode surgir um sistema autoperpetuante de expectativas de submissão preferências para submissão e submissão por todos a uma certa regularidade como voltar a ligar o que foi o autor da ligação original Lewis p42 Lewis aponta que uma crença geral em que essa regu laridade deve ser obedecida é suscetível de sur gir nesse caso p97 Entretanto ele viu o apa recimento de um padrão de comportamento como o fenômeno básico a prescrição geral de conformidade ou submissão é meramente uma conseqüência provável Lewis não faz com que qualquer espécie de prescrição seja parte de sua definição de convenção Os críticos afirmaram que Lewis não captou o conceito vernáculo de convenção social co mo havia esperado Entre outras coisas não parece que as convenções somente surjam no contexto de problemas anteriores de coordena ção a questão de etiologia não é antecipada por definição Além disso uma convenção parece envolver uma prescrição em seu âmago Que é para um grupo ter uma regra ou pres crição acerca da ação De acordo com Hart 1961 os membros devem adotar certa ati tude reflexiva crítica em relação a algum pa drão de comportamento Devem considerálo uma norma a que todos os membros se sujeita rão Hart sublinha que a maioria dos membros deve acreditar pessoalmente que tem o direito de se criticar mutuamente por desvio da norma e que lhe cumpre exigir submissão se houver ameaça de conduta desviante Apresentase então a questão de qual é a base para tal crença Não seria obviamente justificada pelo simples fato de cada membro acreditar pessoalmente que todos os membros deviam sujeitarse à norma por exemplo Por certo o direito de chamar alguém à ordem por conduta desviante não decorre diretamente da norma ou da sua própria aceitação por alguém Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar norma 525 A descrição de Gilbert dos princípios con juntamente aceitos 1989 a especialmente p373ss mostra como um tipo especial de acei tação de uma norma pode gerar diretamente o direito a criticar outros por desvios A aceitação conjunta de uma norma ou princípio envolve um processo semelhante a um acordo em vir tude do qual os envolvidos se entendem mutua mente obrigados a manter a norma e por conse guinte submeterse a ela Quem se desvia da norma viola as suas obrigações para com ou trem Isso dá ao outro base para queixas ou críticas Parece que o acordo explícito não é essencial para esse processo O que é necessário é que as partes indiquem umas às outras estarem dispostas a se comprometer de um modo perti nente ou seja de um modo substancialmente análogo ao dos compromissos envolvidos em um acordo explícito Uma forma de fazer isso é concordar com as críticas e exigências do tipo descrito por Hart Comparar com Williams 1968 p207 Um modo plausível de analisar a idéia de que um grupo tem uma regra é portan to em termos da aceitação conjunta dessa regra Gilbert 1990 ver também 1989b afirmou que algo semelhante a um acordo é requerido para o surgimento de uma regularidade estável no comportamento entre os agentes puramente racionais da teoria clássica dos jogos quando existe um problema recorrente de coordenação Os agentes que são levados à ação na base de razões para agir em contraste com o instinto ou hábito não podem recorrer à existência de um precedente bemsucedido nem à proeminência de uma dada solução uma vez que estes não fornecem por si mesmos razões para a escolha da opção precedente ou proeminente Na medi da em que os seres humanos funcionam como agentes racionais os princípios conjuntamente aceitos são passíveis de constituir portanto uma importante força na organização da vida deles em sociedade Ver também VALORES Leitura sugerida Gibbs JP 1965 Norms the pro blem of definition and classification Ο American Journal of Sociology 70 58694 Parsons T 1937 The Structure of Social Action Raz J 1975 Practical Reason and Norms UllmanMargalit E 1977 The Emergency of Norms MARGARET GILBERT Nova Direita New Right Esta expressão originalmente esquerdista foi adotada de ma neira geral na década de 80 para assinalar uma vasta reação entre intelectuais ocidentais ao SOCIALISMO ideologia que fora antes subscrita por muitos deles e que em forma diluída ins pirou o consenso democrático no pósguerra A designação porém é enganadora sobretudo na simetria que sugere com a NOVA ESQUERDA Em primeiro lugar a Nova Direita é ainda mais diversa que o socialismo como um todo Em segundo lugar embora com uma inclinação ideológica característica a que deve o seu êxito intelectual não é um movimento autocons ciente e está unido por poucos artigos de fé para além de uma antipatia comum pelo socialismo Em terceiro lugar poucos neodireitistas aceita riam esse título ou o considerariam útil em contraste com a Nova Esquerda termo auto atribuído por seus adeptos Finalmente a maior parte do pensamento da Nova Direita não é nova nem particularmente direitista Os rivais históricos do socialismo são o CONSERVADORISMO e o LIBERALISMO e o pensa mento da Nova Direita é usualmente um ou outro ou uma mistura deles Há quatro escolas principais Neoliberalismo ou liberalconservadorismo De todas as doutrinas da Nova Direita o neoliberalismo tem sido de longe a mais in fluente nos governos mesmo em alguns gover nos socialistas e comunistas Figuras eminen tes incluem FA Hayek Karl Popper e Milton Friedman que também manifesta tendências libertarianistas ver adiante Todos apreciam a ordem espontânea supostamente exemplifi cada nos mercados livres no direito consuetu dinário e os mais conservadores acrescenta riam na tradição e deploram qualquer política mormente o socialismo que alegue um co nhecimento definitivo das necessidades huma nas Tal conhecimento absoluto não é acessível a nenhum observador central e por conseguin te a nenhum governo Não obstante ele existe mas somente difundido na miríade de transa ções imprevisíveis entre indivíduos que vivem em uma SOCIEDADE ABERTA ou livre Portanto o maior número possível de decisões deve ser transferido para o mercado o qual em uma opção maximizante é a única democracia ge nuína Quando insuficientemente restringida por lei ou disposições constitucionais a demo cracia formal convertese em um mercado po Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 526 Nova Direita lítico no qual os votos são negociados contra benefícios de bemestar subsídios privilégios sindicais etc e o custo na forma de excessiva tributação ou inflação ou ambas recai conjun tamente sobre os membros mais produtivos e os mais fracos e politicamente menos organizados da sociedade Ver também ECONOMIA NEOCLÁS SICA Neoconservadorismo Este título denota duas abordagens um tanto divergentes 1 o conservadorismo representado no Rei no Unido pela Salisbury Review dirigida por Roger Scruton a qual não obstante abre espaço para quase todos os matizes de opinião da Nova Direita e nos Estados Unidos pela National Review dirigida por William F Buckley Burkeano e antiindividualista ele destaca não os di reitos ou a liberdade abstrata e irrestrita mas o dever a autoridade a moralidade a religião a tradição a cultura a socie dade e a identidade nacional Essas coi sas resistem à tradução para conveniên cias de mercado e são assim objetos adequados de preocupação política es tando sob ameaça tanto por parte do ca pitalismo desenfreado e das doutrinas liberais que o promovem quanto do so cialismo Sobretudo nos Estados Unidos alguns pensadores desse cunho como Russell Kirk idealizam a pequena COMU NIDADE agrária sob governo patrimonial ou aristocrático 2 O ethos do jornal judaico Commentary de Nova York que é anticomunista fe rozmente patriótico falcão em ques tões internacionais sobretudo no que se refere a Israel e geralmente liberal ou socialdemocrata em questões internas Descendentes com freqüência de imi grantes desesperadamente pobres os membros desse círculo têm compreensi velmente uma perspectiva urbana escas sa nostalgia pela tradição e grande res peito pelo capitalismo em virtude da ri queza e mobilidade social que este gera Nos intervalos de seus experimentos econô micos que têm sido predominantemente neoli berais os recentes governos norteamericanos e britânicos têm recorrido até agora a muito da retórica neoconservadora mas a pouco de sua orientação política Libertarianismo ou anarcocapitalismo Esta engenhosa doutrina está largamente confinada aos Estados Unidos Exceto em ciên cia econômica a sua influência sobre o governo tem sido mínima Isso não surpreende uma vez que os libertários consideram que a maior parte da ação do estado salvo fazer respeitar os direi tos de propriedade é desnecessária ou ilegíti ma As seguintes prescrições são típicas aboli ção de todas as restrições estatutárias referentes a planejamento poluição segurança industrial drogas e sexo a ação pertinente estará a cargo das partes interessadas privatização de toda a propriedade e infraestrutura pública como as estradas privatização da previdência social lei e ordem e defesa a serem fornecidas através de seguros privados e de agências de proteção O libertarianismo é o INDIVIDUALISMO em sua for ma extrema e sublinha eqüitativamente a liber dade e a responsabilidade pessoal pelas pró prias ações Seus santos padroeiros são John Locke e Ludwig von Mises e seu princípio fundamental é o slogan do romancistafilósofo norteamericano Ayn Rand Hands off Ti rem as mãos A máxima também se aplica à política externa libertária que é isolacionista Outras figuras representativas são Murray Ro thbard e Robert Nozick Anticomunismo francês e europeu oriental Há numerosos elos entre essas duas con cepções 1 o existencialismo continental 2 a experiência do marxismo ou como antigos crentes ou como seus súditos 3 a influência de Alexandre Soljenitsyn especialmente O ar quipélago Gulag Os nouveaux philosophes franceses como BH Lévy e A Glucksmann são em sua maior parte antigos estudantes radicais de 1968 que ao rejeitarem Marx Sartre e a tradição revolucionária francesa aderiram um tanto ingenuamente a um misto do neolibe ralismo e do neoconservadorismo descritos aci ma A Nova Direita da Europa Oriental pode ser dividida entre os mais velhos excomunistas emigrés como o filósofo polonês Leszek Ko lakowski e o escritor Czeslaw Milosz que hoje são em sua maioria neoliberais ou sociaisde mocratas e os dissidentes mais jovens Estes últimos são predominantemente neoconserva Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar Nova Direita 527 dores de simpatias mais populares do que aris tocráticas que depois da derrocada do império soviético obtiveram quase todos posições de considerável poder em seus diversos países Talvez o mais notável deles seja o dramaturgo Václav Havel que se tornou presidente da Tchecoslováquia Preocupados com questões culturais e religiosas eles desconfiam visceral mente de toda a política instrumental dirigida para determinadas metas embora seja duvidoso se as condições recémdemocráticas em que vivem lhes permitirão continuar a fazêlo por muito tempo Para eles a política dirigida para metas inclui não só o comunismo mas também a sociedade de consumo ocidental e até o mis ticismo eslavófilo que Soljenitsyn quanto ao mais uma figura admirada promove contra ambos Essas várias doutrinas constituem o credo positivo de apenas uma minoria e ainda são com muita freqüência insultadas especial mente por littérateurs nãofamiliarizados com os minuciosos argumentos usados para sus tentálas No obstante a Nova Direita de mo mento arrebatou completamente a iniciativa ao socialismo e logrou por fim esvaziar as su posições seculares e antes inexpugnáveis que constituíam parcela não pequena de seus atrati vos Mas apesar de tudo isso os fatores real mente cruciais no eclipse do socialismo foram os seus antecedentes históricos A Nova Direita ainda tem que passar por esse teste ou mesmo enfrentálo abertamente apesar do fato de mui tas de suas prescrições políticas já terem tido dramáticas e discutíveis conseqüências a cur to prazo Leitura sugerida Friedman M e Friedman R 1962 Capitalism and Freedom Havel Václav et al 1967 Václav Havel or Living in Truth org por J Vladislaw Hayek FA 1944 1962 The Road to Serfdom Ο 1960 The Constitution of Liberty Kirk Russell org 1982 The Portable Conservative Reader Nozick R 1974 Anarchy State and Utopia Oakeshott Michael 1962 1974 Rationalism in Politics and Other Essays Popper Karl R 1945 1966 The Open Society and its Enemies Scruton Roger 1980 1984 The Mea ning of Conservatism Ο org 1988 Conservative Thought Essays from the Salisbury Review ROBERT GRANT nova economia clássica Na esteira da revo lução marginalista da década de 1870 a es trutura da ortodoxia econômica constitui um conjunto de indivíduos com determinadas pre ferências determinados dotes iniciais e acesso a determinada tecnologia cada um dos quais otimizou seus objetivos utilidade pública ou lucro em mercados competitivos na base de preços paramétricos Os próprios preços eram então determinados pela interação de todos os indivíduos em conjunto ou seja pela oferta e procura Se os mercados são competitivos se portanto oferta e procura não estão equilibra das as flutuações nos preços levarão indivíduos otimizantes a alterar suas ações e por conse guinte ofertas e procuras Somente quando a oferta e a procura estão equilibradas é que os preços deixam de flutuar em tal situação os preços são preços em equilíbrio e considera se que estabilizam o mercado A teoria eco nômica baseada em indivíduos otimizantes e preços de concorrência em estado de equilíbrio estacionário foi chamada por JM Keynes de economia clássica para designar a concep ção da qual ele estava tentando escapar na década de 30 Também é conhecida como teoria prékeynesiana e teoria walrasiana Uma implicação desse corpo teórico é que produção emprego e salários reais são determi nados pelo mercado de trabalho Um empresá rio que pretenda maximizar o lucro contratará mãodeobra até o ponto em que a receita obtida com a venda do produto fabricado pela última pessoa contratada seja igual ao salário pago a essa pessoa o produto marginal iguala o salário real um indivíduo maximizando a utilidade fornecerá mãodeobra até que sua taxa psico lógica de câmbio entre lazer e horas trabalhadas corresponda exatamente ao que é ganho em termos de mercadorias pelo trabalho de uma hora extra taxa marginal de substituição de lazer por consumo igual ao salário real Em um mercado de trabalho competitivo as flutuações no salário real ordenarão o mercado e o equilí brio na demanda e oferta de mãodeobra é então suficiente para determinar a produção agregada obtida Finalmente dadas as insti tuições e disposições monetárias vigentes com a produção determinada no mercado de traba lho a oferta de dinheiro serve para determinar o nível de preços e a taxa de juros iguala a oferta e procura de fundos emprestáveis Esta é a dicotomia clássica as variáveis reais são deter minadas no mercado de trabalho e as variáveis monetárias pela teoria quantitativa de moeda E talvez a sua mais impressionante implicação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 528 nova economia clássica seja que todo desemprego é necessariamente voluntário Keynes rejeitou essa análise na década de 30 e a substituiu por uma macroeconomia com mercados interdependentes em que as quanti dades se ajustavam mais depressa do que os preços e com intervenção governamental para impedir um equilíbrio com desemprego invo luntário ver também KEYNESIANISMO Embora os detalhes teóricos continuem sendo objeto de contínua controvérsia a era do pósguerra foi de evidente sucesso keynesiano em adminis tração macroeconômica Entretanto o fim do boom do pósguerra coincidiu com o fim desse sucesso e as inovações keynesianas começa ram a ser questionadas Particularmente im portante foi o divórcio entre a macroeconomia keynesiana convencional e qualquer funda mentação no comportamento de indivíduos no nível microeconômico Este último foi crescen temente enfatizado no final da década de 60 e durante toda a década de 70 Dois caminhos foram adotados para os fun damentos microeconômicos da macroecono mia Ambos retiveram o ponto de partida de indivíduos otimizantes mas um deles conside rou esses indivíduos operando em mercados imperfeitamente competitivos nos quais os pre ços de mercado em equilíbrio estacionário não eram necessariamente estabelecidos enquanto que o outro fez uma virtude dos pressupostos walrasianos clássicos de concorrência perfeita e nenhuma transação fora do equilíbrio portan to com ajustes instantâneos para o pleno equi líbrio A essa última abordagem chamase no va macroeconomia clássica macroeconomia walrasiana ou por vezes de forma ligeiramente equívoca macroeconomia de expectativas ra cionais ver também EXPECTATIVAS RACIONAIS HIPÓTESE DAS e está especialmente associada à obra de Robert E Lucas e Thomas J Sargent nos Estados Unidos A abordagem tem muitas e óbvias seme lhanças com a teoria prékeynesiana mas é muito rigorosa e com freqüência matematica mente exigente em sua análise detalhada Três proposições se destacam A primeira é a crítica de Lucas à modelação econométrica ver ECO NOMETRIA Se os indíviduos otimizam então deve serlhes permitido levar em conta as mu danças na política do governo e assim no novo equilíbrio conseqüente de uma mudança de po lítica o comportamento não será o que era antes da mudança Por conseguinte não se pode es perar que os parâmetros dos modelos macroe cônomicos permaneçam invariantes quando a política muda e assim os modelos existentes não podem ser usados para avaliar os efeitos de tais mudanças A influência dessa crítica alcan ça todas as escolas da macroeconomia contem porânea de base micro A segunda proposição é o resultado da inva riância política Como os indivíduos otimizam e se presume o pleno equilíbrio as alterações previsíveis na oferta de dinheiro não podem ter efeito na produção ou emprego reais cujo com portamento não é afetado por qualquer política contracíclica previsível das autoridades mone tárias Somente movimentos imprevistos no es toque monetário podem afetar a produção eles criam flutuações aleatórias na produção em torno do nível de pleno emprego A dicotomia clássica é assim reproduzida A terceira proposição referese ao modo co mo se entende o DESEMPREGO Os indivíduos otimizantes formulam juízos sobre se as mu danças de preços percebidas são temporárias ou permanentes No primeiro caso existem opor tunidades de arbitragem que serão exploradas Logo os indivíduos especulam intertemporal mente e assumem mais lazer quando o preço deste é inferior O chamado desemprego invo luntário é apenas uma substituição intertempo ral maximizante da utilidade do trabalho pelo lazer A nova teoria clássica foi muito influente nas décadas de 70 e 80 em suas implicações de LAISSEZFAIRE e ênfases do lado da oferta predo minantes nos países capitalistas avançados Mas os resultados da nova economia clássica são crucialmente dependentes da suposição walrasiana de equilíbrio estacionário do merca do e do ponto de partida de indivíduos otimi zantes Os economistas de outras correntes do minantes rejeitam a primeira e os economistas marxistas e de outras tendências radicais tam bém rejeitam o segundo Leitura sugerida Begg DKH 1982 The Rational Expectations Revolution in Macroeconomis Blan chard OJ e Fischer F 1989 Lectures on Macroeco nomics Hahn FH 1984 Equilibrium and Macroeco nomics caps1516 Lucas RE 1981 Studies in Business Cycle Theory Sargent TJ 1987 Macroeco nomic Theory 2ªed Sheffrin SM 1983 Rational Expectations SIMON MOHUN Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar nova economia clássica 529 Nova Esquerda New Left Expressão des critiva aplicado de modo mais ou menos impre ciso a uma grande variedade de doutrinas polí ticas e movimentos sociais que surgiram no final da década de 50 depois da insurreição de 1956 na Hungria em seguida registraram forte desenvolvimento durante a década de 60 so bretudo em oposição à intervenção norteame ricana no Vietnã e à ocupação militar da Tche coslováquia por países do Pacto de Varsóvia A Nova Esquerda juntou em uma aliança irrequie ta diversos movimentos sociais estudantes radicais setores do movimento pacifista e os primeiros movimentos feministas e ecológicos com intelectuais de origens e orientações extremamente variadas incluindo comunistas dissidentes anarquistas socialistas de esquerda e críticos culturais Uma grande riqueza de idéias floresceu nes ses movimentos entre elas duas que tinham um atrativo mais ou menos universal democracia participativa e crítica radical do que era cha mado o sistema Eram idéias estreitamente relacionadas uma vez que a democracia parti cipativa significava o pleno e contínuo envol vimento de todos os indivíduos na tomada de decisões que afetassem suas vidas enquanto que o sistema que estava sendo contestado era elitista e excluía os que lhe estavam subordina dos de qualquer papel efetivo no controle ou determinação de suas políticas A universali dade dessas idéias era ilustrada de forma im pressionante por sua difusão tanto nos países de socialismo real quanto em países capitalistas refletindo o fato de em ambos os tipos de socie dade prevalecerem formas elitistas de domina ção quer a das grandes empresas e do com plexo militarindustrial quer a dos funcioná rios e burocratas do Partido com exclusão de qualquer participação genuína dos cidadãos co muns Somente na Iugoslávia e por curto pe ríodo na China onde as comunas agrícolas e a revolução cultural foram vistas por alguns como a materialização da política de envolvi mento popular na tomada de decisões seriam observados elementos de democracia participa tiva no sistema de autogestão e a experiência iugoslava tal como foi interpretada e discutida principalmente pelo grupo Praxis de filósofos e sociólogos Markovic e Cohen 1975 tor nouse importante influência em alguns setores da Nova Esquerda Ao mesmo tempo houve um renascimento geral do pensamento marxista em filosofia e ciências sociais influenciado pelos primeiros escritos de Georg Lukács e Antonio Gramsci agora redescobertos e amplamente lidos pe lo novo marxismo estruturalista de Louis Althusser e pelas idéias da ESCOLA DE FRANK FURT de teoria crítica Estas últimas exerceram provavelmente a maior influência através dos escritos de Herbert Marcuse nos Estados Uni dos Theodor Adorno Max Horkheimer e na segunda geração Jürgen Habermas na Alema nha Suas obras ventilaram muitos dos mais agudos problemas enfrentados pelos movimen tos radicais nos anos 60 o papel político da classe trabalhadora em relação aos novos mo vimentos sociais que não tinham por base uma classe o poder da cultura e da ideologia de massa na sustentação das estruturas de domina ção e sua conexão com a orientação científica e tecnológica das sociedades modernas e a ne cessidade de uma análise crítica da base do socialismo autoritárioburocrático Mas a pró pria crítica se tornou mais multiforme e entre a geração mais velha de pensadores cada vez mais pessimista e nãopolítica engajada em uma desesperada crítica cultural em que as esperanças de surgimento de uma contracultu ra eram cada vez mais tênues Seja como for o marxismo em suas formas revividas e diver samente reconstruídas foi apenas uma das influências intelectuais sobretudo entre os estudantes da Nova Esquerda a par do anar quismo do socialismo utópico e das novas idéias da ecologia e do feminismo A Nova Esquerda alcançou o apogeu de seu desenvolvimento nos Estados Unidos no final da década de 60 no movimento pelos direitos civis e na oposição à guerra do Vietnã na Europa em 1968 com a generalização dos pro testos estudantis especialmente o movimento de maio na França e com a primavera de Praga na Tchecoslováquia Depois a sua in fluência diminuiu gradualmente sendo o come ço de seu declínio marcado pelo fracasso dos movimentos estudantis na França Alemanha Ocidental e em outros países em levar a efeito substanciais mudanças sociais e pela supressão do movimento de reforma tchecoslovaco em agosto de 1968 embora as suas idéias tenham contribuído para o êxito final dos movimentos de oposição na Europa Oriental em 1989 A sua ulterior desintegração nos países capitalistas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar 530 Nova Esquerda ocidentais durante a década de 80 teve co mo contrapartida um forte restabelecimento de doutrinas conservadoras na NOVA DIREITA Não obstante embora a Nova Esquerda como amplo movimento tivesse deixado de existir alguns dos seus elementos componentes continuaram a se desenvolver sob outras formas em particu lar através dos movimentos pacifistas feminis tas e ecológicos e a idéia central de democra cia participativa está longe de ter esgotado a sua influência sobretudo nos partidos verdes que cresceram rapidamente na Europa Ociden tal durante a década passada e surgiram mais recentemente na Europa Oriental Leitura sugerida Caute David 1988 SixtyEight the Year of the Barricades Habermas Jürgen 19689 1970 Toward a Rational Society Jacobs Paul e Landau Saul orgs 1966 The New Radicals a Report with Documents Marcuse Herbert 1964 OneDi mensional Man Markovic Mihailo e Cohen Robert S 1975 Yugoslavia the Rise and Fall of Socialist Humanism Touraine Alain 1968 Le communisme utopique Le mouvement de mai TOM BOTTOMORE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra N Produção Textos Formas Para Ed Zahar Nova Esquerda 531 O observação participante Neste método o investigador está envolvido no sistema de re lações na comunidade ou na organização que estuda Os esforços do sociólogo para participar das experiências dos atores levamno a se as sociar a eles em suas vidas cotidianas e ocasio nalmente a se tornar um deles A maioria dos estudos antropológicos recorre a esse método visto ser importante que o pesquisador seja aceito e reconhecido pelos que são estudados e que pertencem a uma diferente cultura Por vezes é um membro do próprio grupo estudado que se torna um sociólogo Na vasta esfera de influência da ESCOLA SOCIOLÓGICA DE CHICAGO algumas importantes monografias de sociolo gia concederam um lugar de destaque à obser vação participante Por exemplo FW White pôde descrever e analisar a vida de gangues de adolescentes ao participar da vida dos habi tantes de um subúrbio italiano pobre de uma cidade norteamericana Além disso tentou de rivar alguns princípios gerais a partir desse método como preferir poucos informantes re gulares não pretender a total assimilação e evitar qualquer intervenção direta nos assuntos do grupo O método tem sido usado em vários campos Os primeiros estudos de sociologia do trabalho na fábrica da Western Eletrics utiliza ram esse método Na década de 60 novos mo vimentos teóricos empenhados em compreen der a interação social e o processo de ROTULA ÇÃO insuflaram novo ímpeto no método de observação participante HS Becker estudou alguns tipos de comportamento marginal com partilhando a experiência de certo número de grupos e Erving Goffman principalmente re novou a análise e descrição da interação e do espetáculo sociais quando se tornou um membro pleno na vida cotidiana das trocas O status metodológico da observação parti cipante está longe de ser óbvio Por um lado a observação participante é essencial para o so ciólogo na medida em que o pesquisador tem que estar em contato com os objetos de estudos e compreender suas orientações e sensibilida des Qualquer investigação dessa natureza en volve o pesquisador em uma relação com as pessoas ou a sociedade sob observação e isso é também um relacionamento social Por outro lado a observação participante não fornece os meios para controlar as técnicas que o pesqui sador usa ou as mudanças no objeto de estudo introduzidas pela própria presença do pesquisa dor Este com freqüência tem status social superior ao dos atores estudados e a busca de um relacionamento estreito não impede neces sariamente os preconceitos etnocêntricos Ou o sociólogo pode identificarse como os atores e ser convertido em seu defensor e ideólogo mais ou menos manipulado pelo grupo A observa ção participante pode apresentarse como uma fase necessária do estudo mas sem ser um método idôneo para o todo uma vez que não é independente da sociologia espontânea dos su jeitos e das distorções que isso introduz que ela é incapaz de avaliar ou controlar Entretanto apesar desses pontos fracos me todológicos muitas das mais convincentes obras de sociologia usam esse método de pes quisa como base Nesses casos o sociólogo ou antropólogo empreendeu a análise e crítica de seus próprios valores e antecedentes culturais e empregou o método com talento e sobretudo com o desejo de se considerar também a si próprio como o objeto da pesquisa Ver também ETNOMETODOLOGIA ANTROPOLO GIA SOCIOLOGIA Leitura sugerida Becker HS 1963 Outsiders Stu dies in the Sociology of Deviance Goffman E 1961 Asylums Essays on the Social Situation of Mental Patients and Other Inmates Ο 1967 Interaction Ritual Essays in FacetoFace Behavior Lewis O 1961 The Children of Sanchez Autobiography of a Mexican Family Roethlisberger FJ e Dickson WJ 1939 532 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 1961 Management and the Workers an Account of a Research Program Conducted in the Western Eletrics Company Hawthorne Works Chicago Whyte WF 1943 1965 Street Corner Society the Social Structure of an Italian Slum Ο 1951 Observational fieldwork methods In Research Methods in Social Relations with Special Reference to Prejudice org por Jahoda p496501 FRANÇOIS DUBET ócio Mesmo no pensamento grego a noção de ócio estava articulada à de trabalho para Aristóteles o ócio era um assunto deveras sério Realizamos negócios a fim de poder desfrutar do ócio escreveu ele Nesse sentido o ócio é um estado ideal a que o cidadão pode aspirar no qual viver uma vida de ócio pressupõe redu zir ao mínimo as necessidades e assegurar o máximo possível de tempo livre Barrett 1989 p14 O TRABALHO a partir do século XIV estava ficando mais estritamente definido como tempo pago como tarefa medida e contratada me diante salário e as atividades de tempo ocioso eram vistas como as espécies de atividade a que uma pessoa poderia dedicarse longe das obri gações de trabalho Mas no decisivo período de transição que criou os alicerces da moderna sociedade industrial na GrãBretanha pelo menos era evidente que a relação entre trabalho e ócio podia estar bem longe de ser harmoniosa e para muitos adeptos fervorosos da nova ordem industrial o ócio era um problema potencial Se os novos trabalhadores industriais exibissem inicialmente os costumes recreativos e ociosos da cultura préindustrial as formas desejadas da nova disciplina de trabalho poderiam muito bem estar ameaçadas Foi esse o motivo pelo qual a supressão e a marginalização das for mas recreativas tradicionais foram um dos re quisitos preliminares da nova ordem industrial Thompson 1967 Considerouse que novas formas de trabalho e de existência cotidiana exigiam novas formas de ócio para os traba lhadores a recreação racional formas respei táveis e com freqüência edificantes de ativi dade não ligada ao trabalho foi desenvolvida pelas classes reformadoras como uma resposta Bailey 1978 para a burguesia vitoriana emer gente havia possibilidades cada vez mais am plas no crescente mercado de consumo Camp bell 1987 Entretanto a atividade ociosa no começo do período industrial moderno era sem dúvida uma esfera de luta social cultural e política Os verdadeiramente ociosos eram os que não tinham necessidade de trabalhar a elite privilegiada para quem uma vida de ócio era um sério projeto de vida e a faculdade de exercer uma atividade quando lhe for mais conve niente era sinal de status Esse sentido de ócio como meio de consumo conspícuo informou o primeiro tratado genuinamente sociológico so bre ócio a satírica obra de Thorstein Veblen A teoria da classe ociosa 1989 O problema do ócio tem sido regular mente redescoberto em geral durante perío dos de agitação potencialmente disseminada ou DESEMPREGO Na década de 20 uma gama fasci nantemente ampla de autores norteamerica nos esteve preocupada com o ócio Hunnicutt 1988 descreve uma figura conservadora como a que considera o ócio o mais sério problema educacional e social da década de 20 e cita outro comentarista da época Alfred Lloyd um sociólogo da Universidade de Michigan pen sou que o ócio era essencialmente um caminho para a cultura democrática p104 Esses re formadores bemintencionados enxertaram um idealismo humanista no modelo de recreação racional Outros como Hunnicutt também ob serva 1988 p130 viram o ócio como criati vidade A sociedade tinha que fornecer aos indíviduos a oportunidade de serem criativos e de encontrarem um modo prático de dirigir os impulsos sexuais para formas criativas O ócio ofereceu essa oportunidade Na GrãBretanha o movimento trabalhista nessa época viu o ócio mais em tensão com o dinheiro do que com os impulsos sexuais Cross 1986 Nos anos 20 os sindicalistas dos Correios perceberam a distribuição de ócio e o aperfeiçoamento da vida como mais vitais que o dinheiro Os gráficos adotaram o mesmo ponto de vista e os pintores defenderam um pacto tripartite prolongada educação antes do ingresso no mercado de trabalho semana de trabalho mais curta e férias pagas Jones 1986 No período que se seguiu ao fim da Primeira Guerra Mundial o sindicalismo obtivera para seus membros consideravelmente mais tempo livre e em 1920 7 milhões de trabalhadores na GrãBretanha tinham conseguido uma redução de seis horas e meia na semana de trabalho enquanto que a 15 milhão de trabalhadores era Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar ócio 533 concedido o direito a férias pagas A legislação sobre férias pagas foi promulgada em 1938 O declaradamente desocupado sempre foi alvo de alguns reformadores sociais O cres cente desemprego na GrãBretanha na década de 80 provocou apreensões e foram desenvol vidos programas de lazer que pudessem com pensar a falta de trabalho e até promover formas de responsabilidade social e comunitária En tretanto raramente se concretizaram as esperanças de confiar a implementação de programas a líderes desempre gados pagos ou voluntários Os desempregados se gundo parece têm coisas mais importantes a fazer com o seu tempo livre ou levam umas vidas tão amorfas que se sentem incapazes de assumir qual quer espécie de compromisso Glyptis 1989 p157 Na esfera educacional os jovens da classe trabalhadora têm sido freqüentemente vistos como um problema potencial Clark e Critcher 1985 p129 em resposta para os dirigentes preocupados a edu cação para o ócio tem como objetivo ampliar a mente dos jovens apresentandolhes oportunidades para um ócio construtivo e fornecer as aptidões sociais necessárias para tirar proveito das possibilidades existentes A retórica do ócio tem sido freqüentemente individualista mas ironicamente a preocupa ção com o ócio levou os comentaristas liberais a adotar com freqüência o tom paternalista do moralismo crítico David Riesman apontou pa ra os melhores dos nossos estudantes univer sitários como exemplos de um admirável uso do tempo de lazer em seu sério interesse por questões correntes por leitura e companhei rismo e freqüentemente um forte interesse pela música teatro literatura e natureza Riesman 1964 p1901 Uma importante ênfase sociológica na rela ção trabalhoócio incentivou considerável so ma de debates e pesquisas Parker 1976 Ro berts 1981 e poucos especialistas discorda riam da afirmação de que o estudo do tempo de ócio deve ser abordado dentro do contex to da redução da semana de trabalho assim como das normas sociais que lhe estão as sociadas e do desejado equilíbrio entre trabalho família e lazer Pronovost 1989 p57 Al gumas das mais inovadoras análises sociais do ócio foram feitas desde um ponto de vista feminista desafiando freqüentemente as pró prias categorias empregadas por sociólogos do sexo masculino McIntosh 1981 p93 ss Wimbush e Talbot 1988 e de perspectivas críticas Horne et al 1987 Rojek 1989 Afirmouse convincentemente que os teóri cos sociais formativos da era moderna estavam preocupados não apenas com o capitalismo e o processo de trabalho mas também embora de forma implícita com a natureza do ócio Rojek 1985 Os debates sobre pósmodernismo e glo balização focalizam o ócio o consumidor con temporâneo constrói o apropriado estilo ocioso de vida à sua moda fragmentadamente livre Rojek 1990 no lar ou em qualquer parte do mapa turístico do mundo Urry 1990 As indústrias do lazer e da cultura são na verdade um grande negócio que desafia os cientistas sociais a reverem velhos modelos da dinâmica produçãoconsumo e em particular o processo de consumo Tomlinson 1990 e 1991 Warde 1990 Ver também SOCIEDADE DE CONSUMO CULTURA DE MASSA Essas questões também cristalizam debates sobre liberdade e coerção mediação e estrutura Seria o ócio uma esfera em que temos liberdade de escolha Caso não seja qual é a natureza das coerções sobre as nossas escolhas O estudo do ócio pode ser uma forma de análise tanto política quanto social elucidando processos e relações de poder e privilégio A ordem social não é mantida coesa ameaçada ou negociada exclusivamente no lo cal de trabalho mas também no ócio Elias e Dunning 1986 em que novas identidades po dem ser procuradas e a autonomia cultural local pode expressarse Finnegan 1989 Bishop e Hoggett 1986 Willis et al 1990 em que podem ajustarse transações entre interesses contestados e grupos contestadores em que desigualdades podem ser reproduzidas e for mas de autoridade reafirmadas Leitura sugerida Barrett Cyril 1989 The concept of leisure idea and ideal In The Philosophy of Leisure org por Cyril Barrett e Tom Winnifrith Clarke John e Critcher Chas 1985 The Devil Makes Work Leisure in Capitalist Britain Finnegan Ruth 1989 The Hid den Musicians Musicmaking in an English Town Rojek Chris org 1989 Leisure for Leisure Critical Essays Wimbush Erica e Talbot Margaret orgs 1988 Relative Freedoms Women and Leisure ALAN TOMLINSON oligarquia Tal como originalmente definido por Platão e Aristóteles esse termo para desig nar o governo por poucos baseado em geral na posse de riqueza era contrastado com monar Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 534 oligarquia quia governo por uma única pessoa e demo cracia governo pelo povo No pensamento social moderno o termo foi amplamente deslo cado pelo de elite ver ELITES TEORIA DAS em bora referências a tendências oligárquicas ainda sejam feitas ao se analisar a estrutura de poder em organizações de vários tipos O uso mais conhecido do termo do pensa mento social do século XX é por Robert Mi chels 1911 o que afirmou a partir do seu estudo do Partido SocialDemocrata alemão que uma nítida distinção entre os principais dirigentes e a militância resultando no governo por poucos se desenvolveu necessariamente em todas das grandes organizações inclusive socialistas Esse ponto de vista formulado co mo a lei de ferro da oligarquia está clara mente relacionado com a proposição de Gaeta no Mosca segundo a qual a minoria organiza da sempre dominará a maioria desorganizada e Michels passa depois a examinar as causas técnicas e administrativas que produziram tal dominação A concepção de Michels foi ampla mente derivada dos teóricos das elites e se desenvolveu depois em uma forma particular mente antidemocrática quando ele se tornou adepto de Mussolini e do movimento fascista invocando a noção de Max Weber do líder carismático para explicar a sua nova adesão Mommsen 1981 A lei de ferro da oligarquia tem sido contes tada de várias maneiras pelos numerosos críti cos das teorias das elites com destaque para os pensadores marxistas cuja teoria das classes considera a criação final de uma sociedade sem classes e por outros que concebem a possibilidade de uma ampliação da democracia ou mesmo de uma democracia participativa de grande extensão a qual manteria em cheque as tendências elitistas e oligárquicas das gran des organizações Entre os últimos alguns co mentadores da lei de Michels questionaram a opinião de que a organização se faz necessa riamente acompanhar pela oligarquia sobretu do no caso dos partidos socialistas Beetham 1981 e chamaram a atenção para a existência de forças contraatuantes de modo que é pos sível em alguns casos falar de uma lei de ferro da democracia e de modo mais geral de um fluxo e refluxo das tendências oligárquicas e democráticas em organizações políticas e ou tras Brym 1980 cap3 É em relação com tais tendências antagônicas e sobretudo com as conseqüências do crescimento da administra ção burocrática que ocorreram os recentes es tudos críticos da oligarquia e mais freqüente mente das elites Leitura sugerida Beetham David 1981 Michels and his critics European Journal of sociology 221 8199 Brym Robert J 1980 Intellectuals and Poli tics Michels Robert 1911 1962 Political Parties a Sociological Study of the Oligarchical Tendencies of Modern Democracy Mommsen WJ 1981 Max Weber and Robert Michels an asymmetrical partner ship European Journal of Sociology 221 10016 TOM BOTTOMORE ontologia Podemse atribuir ao termo dois sentidos distintos ou 1 o ramo da filosofia que trata da natureza da existência ou do ser como ser independentemente de quaisquer objetos existentes ontologia filosófica ou 2 as enti dades postuladas ou pressupostas por alguma teoria científica substantiva ontologia científi ca O sentido 2 está relativamente livre de problemas e pode ser generalizado para contex tos extracientíficos A ontologia filosófica tra dicional refletiuse sobre a natureza e as re lações entre diferentes espécies de existentes o sentido em que por exemplo se poderia dizer que números mentes e qualidades existem Im manuel Kant e David Hume criticaram tais investigações como tentativas necessariamente indecidíveis ou mesmo inexpressivas de trans por os limites da experiência possível e propu seram uma rejeição da ontologia não apenas nos estilos praticados por Leibniz ou John Locke mas de um modo geral Na corrente predominante da filosofia ana lítica a proibição imposta à ontologia tem sido geralmente sustentada ao longo do século XX Mas trabalhando no interior dessa tradição Roy Bhaskar afirmou recentemente que a onto logia filosófica não precisa ser dogmática e transcendente mas pode ser condicional e ima nente uma vez que adota como objeto de estudo não um mundo distinto daquele que a ciência investiga um domínio noumênico platônico ou lockeanoleibnizeano mas justamente esse mundo desde o ponto de vista do que pode ser estabelecido a seu respeito por a priori con dicional ou argumento transcendental Bhaskar afirmou ademais que qualquer teoria do co nhecimento ver CONHECIMENTO TEORIA DO pressupõe uma ontologia do que o mundo deve parecer para que o conhecimento de acordo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar ontologia 535 com as descrições que lhe são feitas pela teoria seja possível Assim a teoria humeana de leis causais pressupõe nas palavras de JS Mill que o que acontece uma vez acontecerá de novo sob um suficiente grau de similaridade de cir cunstâncias ou seja que existem conjunções constantes ou casos paralelos na natureza Dessa perspectiva o dogma póshumeano de que os enunciados sobre o ser podem ser sempre analisados como declarações acerca do nosso conhecimento do ser é um equívoco aquilo que Bhaskar chama a falácia epistê mica Tratase porém de um equívoco com conseqüências No primeiro caso limitase a comentar a criação de uma ontologia implícita no dominante no século XX caso humea no de eventos atomísticos e sistemas fechados e a fortiori de um realismo implícito nesse caso de um realismo empírico Em segundo lugar esconde uma estranha inclinação antro pocêntrica em filosofias da ciência nãoexpli citamente realistas subjacentes às quais está o que podemos chamar a falácia antropomórfica a análise do ser em termos do ser humano Em terceiro lugar coexiste com uma naturali zação esotérica do conhecimento por exem plo no caso humano através da reificação de fatos e do fetichismo de suas conjunções ou seja com a determinação compulsiva do ser pelo ser na falácia ôntica recíproca Final mente transposto para o domínio social e em tom hermenêutico se não lingüistificado o co lapso do que os realistas críticos chamam a dimensão intransitiva ou ontológica assu me a forma da análise do ser em termos de nosso discurso sobre o ser a falácia lingüística Com efeito a falácia lingüística é a forma na qual em linguagem comum ou FILOSOFIA DA LINGUAGEM por um lado e no pensamento pós estruturalista e mais geralmente pósmoder nista por exemplo na análise do discurso por outro a falácia epistêmica é mais caracteris ticamente cometida Em termos substantivos na ontologia realis ta transcendental o mundo apresentase como estruturado diferenciado e cambiante Aplica da ao domínio social essa ontologia requer como naturalismo crítico uma elaboração adi cional por exemplo incorporar o que foi deno minado a dualidade de estrutura e práxis e uma concepção relacional do objeto de estudo da ciência social No programa de pesquisa realista crítica a ontologia transcendental está apenas em sua infância e muita coisa resta por fazer em outras categorias tais como negação ou reflexividade nos pressupostos teóricos de no vas ciências e nos das práticas sociais além da ciência Fora da tradição analítica o filósofo do ser foi Martin Heidegger Em um de seus primeiros escritos Sein und Zeit 1927 O ser e o tempo Heidegger argumentou que a ontologia fun damental ou a ciência do ser como inves tigação do ser era ela própria dependente do ser humano ou Dasein As filosofias tradicionais esqueceram as características salientes do ser humano como sernomundo desde a nossa manipulação de ferramentas até a autenticidade a respeito da nossa finitude Em suas obras subseqüentes Heidegger transitou de um in teresse pela ontologia para o que se poderia chamar uma metaontologia por exemplo por que é que existe ser em vez de nada e para uma metahistória das épocas do ser co meçando com os meros vestígios de ser nos présocráticos e culminando na era contempo rânea de niilismo e tecnologia Nesse ponto a sua crítica coincide em grande parte com as tradições teóricas lukácsianas e críticas do mar xismo ocidental Há aí interessantes conexões históricas Heidegger conhecia a obra de Lu kács e Jürgen Habermas iniciou a sua carreira filosófica fortemente influenciado por Heideg ger apesar de todo o seu ulterior desdém pela ontologia Leitura sugerida Bhaskar Roy 1975 1978 A Realist Theory of Science 2ªed Ο 1989 Reclaiming Reality Habermas Jürgen 1971 1976 Theory and Practice Heidegger Martim 1927 1962 1970 Being and Time Ο 1947 1971 Letter on humanism In Poetry Language and Thought Lukács G 1923 1971 History and Class Consciousness ROY BHASKAR operacional pesquisa Ver CIÊNCIA DA AD MINISTRAÇÃO operariado Ver CLASSE OPERÁRIA e SINDICA TOS opinião Entre as muitas e diferentes defi nições dois elementos são comumente encon trados que as opiniões giram em torno de as suntos controversos ou discutíveis e que são capazes de justificação racional O primeiro aspecto crítico é que não se pode ter uma opinião acerca de um assunto de ver Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 536 operacional pesquisa dade ou falsidade demonstrável Não se pode ter a opinião de que os três ângulos de um triângulo são iguais a dois ângulos retos nem se pode legitimamente sustentar a opinião de que a Austrália não existe Isso não é tão simples quanto possa parecer Deparamonos regular mente com a natureza conjectural e probatória do conhecimento porquanto o universo não é o lugar determinado e infalível que muitos su põem ser Mesmo dentro de um contexto es paçotemporal específico em que um conjunto de fatos estabelecidos não é seriamente con testado e portanto não constitui matéria de opinião as circunstâncias mudam de tal modo que o que estava estabelecido pode tornarse discutível Muitos fatos outrora supostamente incontestáveis por exemplo a indivisibili dade do átomo provaram estar errados Pode muito bem desenvolverse uma controvérsia sobre se uma questão antes indiscutível é agora controversa Muitos que sustentam pontos de vista sobre matérias controversas negam firme mente a existência de qualquer coisa que seja sequer remotamente questionável ou discutí vel a respeito de suas convicções É questão de opinião se um assunto é ou não questão de opinião Em uma sociedade cada vez mais so fisticada quando a mais antiga e mais homogê nea ordem de coisas passa a ser desafiada ampliase consideravelmente a gama daquelas sobre as quais podemos ter opiniões Todas as novas áreas de pensamento todos os reexames de ortodoxia suscitam questões de opinião O segundo elemento propõe que as opiniões são os modos de ver capazes de serem aceitos como verdadeiros pela mente racional Isso não significa indicar que cada opinião proposta por cada indivíduo tem um fundamento logica mente racional As opiniões podem ser adquiri das de muitas maneiras dentre as quais as de duções lógicas a partir de premissas objetivas ou observações empíricas constituem por ve zes apenas um fator Muitos sustentam suas opiniões por hábito ou as aceitam com base na autoridade de outros O requisito essencial é que em seu conteúdo interno elas sejam com patíveis com alguma interpretação defensável de dados públicos e que possam ser obtidas pelos processos normais da razão Sejam formuladas ou adquiridas as opi niões têm suas raízes no conceito afim de ati tudes Uma opinião pode de fato ser descrita como uma atitude expressa talvez modificada pela necessidade de lhe dar um expressão irre torquível A própria atitude é outra idéia com plexa na qual certos elementos comuns partici pam de dezenas de definições detalhadas O primeiro ponto é que atitudes são estados men tais internos refletidos na inclinação a respon der a estímulos externos de maneira favorável ou desfavorável As atitudes consubstanciam uma avaliação básica do mundo uma com binação de crenças acerca da realidade em conjunto com julgamentos morais de aprova ção ou desaprovação simpatias e aversões Não existe correlação exata entre o conjunto de atitudes de um indivíduo e a sua opinião expressa a respeito de uma situação específica Isso porque a opinião pronunciada pode derivar de duas atitudes possivelmente conflitantes uma em relação ao próprio estímulo e a outra às circunstâncias em que deve ser expressa Ver também IDEOLOGIA PROPAGANDA Leitura sugerida Childs HL 1965 Public Opinion Nature Formation and Role Lippmann Walter 1922 Public Opinion Petty RE e Cacioppo JT 1981 Attitudes and Persuasion Qualter TH 1985 Opinion Control in the Democracies TERENCE H QUALTER organização O ponto de partida para essa noção cada vez mais freqüentemente usada nas ciências sociais é a analogia entre organismos animados e sociedade Em biologia o organis mo é uma entidade produtora de seres seme lhantes a ele próprio enquanto que em socie dade a organização apresentase como uma uni dade de pessoas e grupos separados pela divisão de trabalho mas também cooperando mutua mente As organizações que emergem na sociedade podem ser classificadas de muitas maneiras diferentes e a classificação a ser adotada pode ser decidida na base das exigências de uma abordagem de pesquisa específica Ferdinand Tönnies estabeleceu uma diferenciação clás sica entre dois tipos de organização social que ainda estão em uso Gemeinschaft que é carac terizado por se nascer em alguma coisa e nela se viver a vida por exemplo as comunidades aldeãs e as subculturas étnicas e Gesellschaft um tipo de organização que existe por vontade consciente dos participantes onde a filiação é normalmente decidida pela livre decisão das pessoas interessadas ver também ESTRUTURA SOCIAL Uma característica essencial das socie Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar organização 537 dades modernas é a diversidade dessas organi zações as quais se propagam cada vez mais por toda a vida social Também podem ser clas sificadas de numerosos pontos de vista e isso constitui um tema importante da teoria da orga nização As mais importantes diferenciações são as seguintes Organizações militares uma forma de orga nização muito antiga na história na qual se afirma uma estreita relação de liderança e su bordinação embora em tempos recentes a com petência profissional esteja ganhando terreno e paralelamente com isso os elementos funcio nais estejam sendo reforçados a par da cadeia linear de comando Organizações de trabalho das quais um tipo principal é a empresa hierarquicamente estrutu rada ver CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO Esta for ma é predominante na vida econômica e como resultado de vários esforços reformistas está assumindo um caráter cada vez mais humano perdendo gradualmente sua rigidez original Partidos políticos e organizações políticas Nas sociedades ocidentais o parlamentarismo promoveu à categoria da mais importante orga nização das sociedades civis os partidos políti cos os quais na base de eleições gerais gozam de maior ou menor participação no poder Al guns deles não têm a chance de adquirir poder efetivo mas como instituições para manter o executivo sujeito à prestação de contas podem ter um papel relevante na sociedade Esse papel foi especialmente importante no processo de reforma dos países socialistas onde a introdu ção do parlamentarismo se defrontou com obs táculos muito sérios na constelação do poder Organizações de proteção de interesse pro fissional das quais a mais típica forma é a dos SINDICATOS organizados por profissão Eles de sempenham um importante papel não só na proteção dos interesses dos trabalhadores mas também como mediadores entre os detentores do poder e as massas Na URSS o stalinismo enfatizou somente o papel de mediador dos sindicatos mas no decorrer de recentes refor mas o papel de proteção de interesses está au mentando e contra a organização na base de setores econômicos adquire maior destaque o princípio de organização profissional Organizações de proteção de interesses lo cais as quais estão freqüentemente ligadas à conservação de monumentos históricos na base do patriotismo local Mais recentemente entre tanto está crescendo nessas organizações o sig nificado da proteção ambiental e a eliminação dos problemas causados pela crise ecológica ver também SOCIEDADE CIVIL Organizações religiosas as quais são orga nizadas em parte no seio das igrejas oficiais e em parte fora delas Especialmente importantes entre as últimas são as comunidades de base como indicadoras de um possível futuro da religião É claro esta lista poderia prolongarse e dentro de cada categoria novas subcategorias poderiam distinguirse Em vez disso é mais útil sublinhar aqui a significação de dois as pectos das organizações através dos quais elas podem ser classificadas e analisadas Em pri meiro lugar o grau de burocratização da orga nização ver também BUROCRACIA Três grupos principais podem ser diferenciados a a orga nização burocrática que é claramente governa da por subordinação burocrática b a organi zação dicotômica onde os principais órgãos burocráticos são operados por pessoas leigas c a organização totalmente administrada por pessoas leigas autogerência Em segundo lu gar o relacionamento entre a organização e o poder do Estado Três tipos principais podem ser também diferenciados neste caso a orga nização subordinada ao poder do Estado e iden tificada com ele b organização em oposição ao poder do Estado c organização neutra no tocante ao poder do Estado Ver também FORDISMO E PÓSFORDISMO ORGA NIZAÇÃO INDUSTRIAL COMPORTAMENTO ORGANI ZACIONAL ORGANIZACIONAL TEORIA SISTEMA TEORIA DE Leitura sugerida Simpson RL 1959 Vertical and horizontal communication in formal organizations Administrative Science Quarterly 4 Tönnies Ferdinand 1887 1955 Community and Association Whyte WH 1960 The Organization Man ANDRÁS HEGEDÜS organização industrial Esta denominação engloba a análise sistemática das empresas co merciais ou industriais e os agrupamentos de tais empresas Essa análise inclui grosso modo 1 aquisição organização e apresentação de dados 2 teoria econômica freqüentemente expressa em uma forma matemática ou elegan temente literária ou geométrica e 3 análise estatística ou econométrica ver ECONOMETRIA envolvendo testes dessa teoria econômica sobre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 538 organização industrial os dados requeridos Um sinônimo comum para organização industrial é economia industrial a qual deixa claro que o objeto de estudo é a indústria estudada do ponto de vista do eco nomista O estudo de uma indústria envolve a busca de regularidades no comportamento tanto de cada empresa em suas múltiplas formas quan to do conjunto de tais empresas que constitui uma indústria Ou seja interessase pela firma no nível individual e pelas variedades de com petição no nível de grupo Tal análise não está confinada às economias industrializadas ou ca pitalistas mas abrange também as economias central ou indicativamente planejadas em vá rios estágios do desenvolvimento econômico O espectro das formas industriais examinadas é amplo variando do tipo fortemente descen tralizado quase exclusivamente orientado pelo mercado até o tipo altamente centralizado pre dominantemente burocrático Dado o permanente interesse no controle e monitoração da indústria no âmbito da política econômica em todos os tipos de economia os dados de organização industrial são em geral ricos e bem sustentados por órgãos governa mentais A classificação industrial padronizada standard industrial classification SIC é am plamente aceita no plano internacional e for nece uma abrangente divisão de indústrias des de os vastos agrupamentos como transporte e serviços até os agrupamentos restritos de alta qualidade baseados em limitadas gamas de produtos Entretanto tais dados nem sempre estão em uma forma perfeita para testar teorias econômicas da indústria e a coleta de dados de fontes primárias tem sido sempre uma impor tante atividade dos economistas industriais so bretudo dos que são favoráveis à abordagem de estudo de casos por exemplo Fisher et al 1983 A teoria da organização industrial concen trase na firma e na competição Ao passo que nas formas mais abstratas de teoria econômica o tipo de firma pode não ser especificado na teoria da organização social ele é crucial As sim a pequena firma dirigida por um empresá rio ver EMPRESARIAL FUNÇÃO é analisada de modo diferente cf Reid e Jacobsen 1988 de uma grande sociedade anônima cf Jensen e Meckling 1976 A competição assume uma variedade imensa de formas na prática mas na teoria da organização social ela é freqüente mente analisada de acordo com duas dimen sões a saber o grau de diferenciação do produto isto é na medida em que os produtos produzi dos são homogêneos ou se distinguem por pe quenas variações de design embalagem ou lo calização e a extensão e natureza das inter ações entre firmas Assim a competição perfei ta diz respeito a situação em que muitas firmas todas produzindo um artigo homogêneo não estão em interação significativa O oligopólio heterogêneo diz respeito a situações em que poucas firmas produzindo produtos diferença dos estão em interação significativa Natural mente os métodos empregados para analisar a primeira são mais simples do que para o segun do e o progresso da teoria da organização in dustrial do século XX ocorreu desde as mais antigas e rigorosas análises de competição per feita como em Knight 1921 Hicks 1939 e Debreu 1959 até as mais recentes e não me nos rigorosas análises de oligopólio como em Fellner 1960 Telser 1972 e Shubik 1984 Ao observarem as estruturas mais complexas dos oligopólios onde surgem considerações estratégicas os teóricos da organização indus trial trabalharam extensamente com os instru mentos matemáticos da teoria dos jogos ver JOGOS TEORIA DOS A comprovação das teorias da organização industrial engloba muitos métodos que variam do estudo de caso a uma abordagem economé trica de sistema de equações Durante todo o seu desenvolvimento a organização industrial deste século distinguiuse de muitas áreas da inves tigação econômica por sua adesão a um método científico nãodegenerado o qual insistiu sem pre em que a teoria deve ser cotejada com as provas Um sistema básico e sumamente in fluente para o teste de teorias foi o de estrutura conduta e desempenho SCP tal como desen volvido por Mason 1939 e codificado por Scherer e outros Scherer e Ross 1990 Em sua forma mais simples sustenta que a estrutura como número de firmas grau de diferenciação do produto determina a conduta como ma ximização do lucro extensão do conluio a qual por sua vez determina o desempenho por exemplo fornecimento de bens de qualidade e as quantidades determinadas por preferências do consumidor Essa abordagem simples pode ser ampliada e modificada para abranger for mas mais complexas de causalidade incluindo feedback e efeitos bidirecionais e uma grande Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar organização industrial 539 variedade de tipos de estrutura conduta e de sempenho A flexibilidade explica a sua dura bilidade e adequadamente modificada pode aplicarse às modernas teorias da indústria e da firma do final do século XX incluindo as resul tantes da teoria matemática dos jogos e da abordagem especialmente associada a William son 1985 a qual enfatiza os custos de transa ções Entretanto o quadro de referência SCP embora largamente usado e respeitado não exerce uma influência dogmática sobre a inves tigação empírica na organização industrial cujo enfoque continua sendo eminentemente plu ralista Leitura sugerida Davies S et al 1988 Economics of Industrial Organization Krause CG 1990 Theo ry of Industrial Economics Reid GC 1987 Theories of Industrial Organization Scherer FM e Ross D 1990 Industrial Market Structure and Economic Per formance 3ªed Schmalensse R e Willig R orgs 1989 Handbook of Industrial Organization GAVIN C REID organizacional comportamento Ver COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL organizacional teoria Agregado interdisci plinar de conhecimentas com estreitos vínculos com a sociologia a psicologia a ciência política e a ciência econômica Originouse principal mente nos Estados Unidos França e Alemanha no período que se seguiu ao final da Primeira Guerra Mundial em parte como resposta à ne cessidade de conhecimentos tanto práticos e profissionais quanto teóricos dos gerentes e administradores em setores públicos e priva dos A contribuição americana concentrouse em problemas de organização industrial e cres cimento do estado administrativo depois de 1933 a francesa na organização industrial co mo área de problemaschaves da divisão social de trabalho na esteira da obra de Émile Dur kheim e a alemã no fenômeno da burocracia como a encarnação organizacional do que Max Weber chamou a autoridade legalracional do estado e da grande empresa Essas três linhas de investigação estudo e aconselhamento profissional a gerentes e ad ministradores só começaram a se conjugar em uma forma relativamente coesa depois da Se gunda Guerra Mundial e alcançaram pleno re conhecimento como campo distinto de pesqui sa ensino e treinamento em meados da década de 50 A partir de 1970 a teoria organizacional fragmentouse em certo número de diferentes áreas de estudo incluindo COMPORTAMENTO OR GANIZACIONAL e estudos interpretativos e radi cais da organização Enquanto o comportamen to organizacional é mais empírico e menos formal e prescritivo do que a teoria organi zacional os estudos interpretativos e radicais da organização focalizam respectivamente a construção da realidade do ponto de vista do ator e a organização como um locus de luta política exploração do trabalho e dominação e controle de classe Tradicionalmente a teoria organizacional tem se preocupado com o relacionamento ou ajustamento entre a personalidade individual a estrutura da autoridade a organização do trabalho e o papel da tecnologia assim como com questões relacionadas com o pequeno gru po metas motivação liderança comunicação tomada de decisões sistemas organizacionais e suborganizacionais e o meio ambiente das organizações Presente em todas essas preocu pações está a questão de apurar se a personali dade o papel ou a capacidade decisória cons titui a melhor base conceitual para levar a efeito a pesquisa e teoria no campo Mais recente mente revistas importantes na área da teoria e do comportamento organizacionais começaram a tratar ambas as áreas como formas de teoria e pesquisa social derrubando assim em muito maior extensão do que ocorreu nos anos 50 as fronteiras entre a teoria organizacional e o es tudo de problemas relacionados com as es truturas e processos sociais econômicos e po líticos Essa tendência intensificouse a partir do final da década de 70 em conseqüência da as censão do neoconservadorismo da retirada do governo e do setor público de funções tradicio nais e estabelecidas de serviços e atividade reguladora e o conseqüente recrudescimento de estratégias de privatização de várias espé cies especialmente nos Estados Unidos Grã Bretanha e Austrália Seja qual for a razão essas tendências parecem constituir um retorno ao foco em que desde o início a França e a Alema nha foram pioneiras pois em ambos os casos o estudo de organizações formais ou complexas estava intimamente relacionado a preocupa ções de natureza mais ampla no tocante à orga nização social ao estado e à economia como alienação anomia racionalidade classe e con flito de classes poder autoridade e controle Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 540 organizacional comportamento Nesse meio tempo a teoria da administração outrora parte central da teoria organizacional continua constituindo um corpo distinto de co nhecimento apesar de lhe ter sido também re querido que se mostre sensível a preocupa ções sociais políticas e econômicas relaciona das com a globalização a responsabilidade so cial e a ética Ver também CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO Leitura sugerida Burrel Gibson e Morgan Gareth 1979 Sociological Paradigms and Organizational Analysis Etzioni Amitai 1969 A Sociological Reader on Complex Organizations Krupp Sherman 1961 Pattern of Organization Analysis March James e Si mon Herbert 1958 Organizations Perrow Charles 1967 A framework for the comparative analysis of organizations American Sociological Review 32 Thompson James 1967 Organizations in Action Thompson Victor 1961 Modern Organization HT WILSON orientalismo Termo que entrou recentemente em voga por causa da obra de Anouar Abdel Malek 1963 e Edward Said 1978 orienta lismo referese à perspectiva peculiar sobre o Leste de estudiosos do Oriente representando as antigas potências coloniais A visão dos ori entalistas clássicos era dirigida do centro para a periferia uma visão do Oriente como o outro a caça e a presa do Ocidente triun fante e civilizador Said 1978 p222 mostrou muito bem como o Oriente era visto pelos orien talistas usando esse termo tecnicamente para se referir aos estudiosos do Oriente como um campo para o especialista cujo papel na socie dade era interpretálo para compatriotas Uma extensa linha de pensamento desde as histórias de viagens escritas por cavalheiros europeus até os eruditos tratados de missionários jesuítas e obras representativas do Iluminismo ocidental contribuíram para essa imagem muito precon ceituosa do Oriente O que nada tem de sur preendente porquanto o apogeu do orientalis mo coincide com o poderio do COLONIALISMO no seu auge De fato é possível mostrar que a noção do Oriente como terreno de caça do Ocidente e como o outro remonta à Antigüidade clássica nos comentários de Aristóteles sobre os servis asiáticos na Política e nas especulações de filósofos e oradores gregos sobre o Grande Rei persa e o motivo por que ele governava os seus súditos como escravos Embora fosse evidente que para os gregos a antiga Pérsia o Egito a Mesopotâmia e a Síria representavam culturas veneráveis e respeitadas com as quais se viam competindo não era incomum que eles reescre vessem a história de tal modo que nas lutas entre os gigantes e os bárbaros eles eram sempre os vencedores Por exemplo Platão no Timeu e no Crítias que narram a história da lendária Atlântida hoje identificada ao que se presume com Creta cuja civilização foi des truída pela erupção do Tera a que Platão se refere em termos alegóricos inverte claramente o resultado da batalha entre os exércitos do egípcio Ramsés III e os gregos em favor destes últimos Platão que consta ter viajado para o Egito e lá ter permanecido talvez por três anos faz ao mesmo tempo numerosas referências favoráveis àquele país como tendo inventado número e cálculo geometria e astronomia para não falar do jogo de damas e de dados e sobretudo a escrita Fedro 27cd Filebo 18b d e por já mostrar 10 mil anos de continuidade em religião arte e direito na época em que ele escreveu Leis 6567 O Egito de fato afirma ele preservou melhor os registros históricos gregos do que os próprios gregos em virtude das devastações que se seguiram à erupção do Tera Timeu 223 Heródoto a nossa principal autoridade antiga sobre Egito e Mesopotâmia sustentou que a Grécia adquiriu seus deuses e práticas de culto do Egito como o repositório da sabedoria antiga Heródoto Histórias 2445 Embora a opinião de Heródoto fosse depois desacreditada por Plutarco que se referiu de preciativamente a ele como o pai das menti ras ou um amante de bárbaro que atribui a nãogregos mais qualidades do que a qualquer grego o próprio Plutarco em seu Ísis e Osíris Moralia Livro 5 e outras obras mostrouse familiarizado com as culturas altamente desen volvidas do Egito e da Pérsia e revelou certa admiração por elas No período de restauração da cultura clás sica o Renascimento europeu dos séculos XIV e XV não encontramos como se poderia es perar uma transferência das atitudes xenófobas gregas Isso explicase em parte porque o Re nascimento italiano foi de inspiração mais ro mana do que grega o que não surpreende uma vez que se tratava também de um movimento nacionalista O Oriente estava tão longe de ser estigmatizado como despótico no Renasci mento europeu período que mostrou fascínio pelo poder em todos os seus modos que temos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar orientalismo 541 de fato numerosas indicações de que ele foi pelo contrário uma fonte de inspiração e de modelos políticos Com efeito o papel do Oriente em regenerar o Ocidente foi um con ceito repetido que com o tempo se consolidou até chegar a ser por exemplo um sonho do romancista Gustave Flaubert em seus últimos anos Nicolau Maquiavel foi segundo parece representativo dos humanistas florentinos re nascentistas em sua admiração pelos antigos impérios do Leste e pelos esforços de Alexan dre o Grande para os conquistar e depois re constituir O humanismo florentino do Quattro cento ficou devendo muito aos eruditos bizan tinos responsáveis pela reintrodução da língua e dos textos clássicos gregos alguns deles em especial Gemistus Pletho versado nos comen tários árabes tal como o humanismo medieval tinha devido aos árabes sua rica fonte de textos clássicos gregos A segunda fase na ascensão do orientalis mo como fenômeno específico data precisa mente do surgimento dos estadosmães oci dentais a partir do século XVI e da tradição da teoria republicana clássica em termos da qual eles se legitimavam É peculiar façanha dessa tradição da teoria política ocidental ter conse guido caracterizar as grandes monarquias agrá rias da Europa Ocidental como essencialmente democráticas e as políticas orientais as quais tinham muito provavelmente sido pioneiras no estabelecimento de formas sociais republicanas assembléia bicameral votação por escrutí nio e por sorteio lista de magistraturas válidas por um ano a liturgia e o sistema judicial ba seado no direito consuetudinário e sujeito à ju risdição dos tribunais como essencialmente despóticas Desde Thomas Hobbes James Harrington e John Locke até Jean Bodin Jean Jacques Rousseau e Montesquieu embora fos se muito diferente o conteúdo específico da obra de cada um desses teóricos políticos o resultado líquido foi petrificar as fronteiras en tre Ocidente e Oriente como sendo entre re gimes representativos e despóticos respectiva mente ver também DESPOTISMO ORIENTAL A luta pelo manto da autoridade na pólis tornouse a arena na qual se levou a efeito a formação do estado ocidental Entre as condições propícias estava a circunstância fortuita de que a Igreja ela própria uma instituição cujas fontes estavam no Oriente e responsável pela função educacio nal no Ocidente tinha alimentado as elites na tivas com uma literatura exótica desde a Grécia e Roma até o antigo Oriente Próximo A litera tura clássica constituiu o repertório de exem plos dos quais eram extraídos os modelos e nessa base as primeiras facções dinâmicas mo dernas nos estados da Europa Ocidental persua diram os seus monarcas alguns sob pressão a converter os conselhos de clãs aristocráticos em assembléias representativas de acordo com os modelos grego e romano O fato de terem êxito em fazêlo deveuse em não pequena medida às ameaças constantes dos muçulmanos es pecialmente dos temidos mouros que na bata lha de Poitiers foram rechaçados do próprio coração da Europa e cujas tradições e ins tituições eram consideradas a própria antítese de tudo o que a Europa Ocidental defendia e simbolizava As alegações contra o Oriente são clara mente apresentadas nos escritos de James Har rington e Edward Gibbon que compararam a indolente efeminação dos sírios e egípcios à feroz independência dos germanos e caledô nios recorrendo ao celebrado louvor de Tácito à probidade teutônica Montesquieu por sua parte usa o turco como bichopapão a fim de advertir a corte de Luís XIV contra os riscos do despotismo Na maré montante de um etnocen trismo de base fisiológica que produziu o mo delo ariano como o instrumento decisivo para a divisão entre gregos e bárbaros essa antiga gigantomaquia atingiu novas alturas Teorias climatológicas teorias sobre os movimentos migratórios de povos e as origens da civilização na estepe iraniana combinaramse para favore cer as culturas indoeuropéias em oposição às semíticas Bernal 1987 Aqui temos o contex to para o orientalismo como disposição aca dêmica profissional em relação ao Oriente teo rizada como o modo de produção asiático por pensadores do século XIX e começos do atual tão influentes quanto James Mill em The His tory of British India JS Mill em Dissertations and Discussions Karl Marx e Antonio Grams ci A crença em que as cidades orientais dife riam das cidades ocidentais antigas ou medie vais por serem fundadas a partir do acampa mento militar e em que à sociedade oriental exemplificada pela Índia faltava história em sua imutabilidade Karl Marx in Grundrisse e O capital combinou idéias de atraso e imobi lidade que favoreciam a sociedade ocidental em termos de darwinismo social então em voga Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar 542 orientalismo legitimando os empreendimentos coloniais das potências do século XIX Não há dúvida de que os estereótipos ori entalistas contaminaram boa parte da literatura do desenvolvimento que analisa as políticas do Terceiro Mundo em relação ao Primeiro Mundo como se evidencia pelo próprio concei to de subdesenvolvimento disposição para atribuir traços de caráter nacional ao diagnós tico de fraquezas sistêmicas e para a trans posição em bloco de instituições ocidentais co mo panacéias políticas e econômicas ver tam bém DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMEN TO O orientalismo é uma forma de racismo que nos séculos XIX e XX tal como no apogeu do imperialismo romano teve forte apoio institu cional nas estruturas administrativas coloniais e neocoloniais Assim departamentos como o Ministério das Colônias que outrora susten taram o White Mans Burden Fardo do Homem Branco foram substuídos por organismos de ajuda internacional fortemente comprometi dos com uma missão civilizadora que inclui o desenvolvimento ou seja a educação oci dental o crescimento econômico e político a difusão da cultura e dos valores ocidentais e a integração de economias nãoocidentais no mercado mundial Leitura sugerida AbdelMalek Anouar 1963 1981 Civilization and Social Theory Bernal Martin 1987 Black Athena the AfroAsiatic Roots of Classical Civi lization Said E 1978 Orientalism Springborg P 1986 Politics primordialism and orientalism Marx Aristotle and the myth of Gemeinschaft American Political Science Review 80 185211 Ο 1992 Western Republicanism and the Oriental Prince Turner Bryan 1978 Marx and the End of Orientalism Ο 1984 Orien talism and the problem of civil society In Orientalism Islam and Islamists org por Asaf Hussain et al Witt fogel KA 1957 Oriental Despotism PATRICIA SPRINGBORG Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra O Produção Textos Formas Para Ed Zahar orientalismo 543 P pacifismo O prolongado morticínio da Pri meira Guerra Mundial deu renovado impulso à velha doutrina de que o recurso à guerra mesmo em resposta a uma agressão é sempre um erro Os seus adeptos do século XX têm enfrentado porém dilemas particularmente agudos Em face de ameaças concretas ou potenciais de regimes brutalmente ditatoriais capazes em alguns casos de genocídio surge a interro gação como pode um estado que se priva de seu arsenal militar sobreviver ou cumprir suas obrigações para com seu próprio povo e os outros E se não sobrevive como pode o seu povo preservar seus valores No século XX a guerra tornouse uma obscenidade moral mas o mesmo pode ser dito com freqüência das alternativas a ela Salvo os que obedecem à injunção bíblica de não guardar pensamentos para o dia se guinte os pacifistas respondem a isso de duas maneiras Em primeiro lugar afirmam ser im provável que alguém ataque um estado ma nifestamente indefeso Em segundo lugar sus tentam que se tal ataque viesse a ocorrer a população poderia preservar os valores de sua sociedade e em última instância induzir o in vasor a se retirar por meio de uma resistência nãoviolenta organizada É possível citar casos em abono da primeira alegação A Costa Rica sobrevive há muito tempo sem exército e a Áustria embora por certo não seja pacifista deve sua sobrevivência e segurança desde o Tratado de 1955 mais ao seu reconhecido status de país neutro não agressivo e construtivo do que à sua capacidade de se defender das alianças militares tanto da OTAN no Ocidente quanto do Pacto de Varsó via no Leste mas dado o destino da Dinamarca em 1940 da Tchecoslováquia em 1968 e de Granada em 1983 não se pode manter de forma convincente que o fato de não representar amea ça militar é suficiente para assegurar a imuni dade Assim a viabilidade do pacifismo depende muito da eficácia da nãoviolência As campa nhas de desobediência civil de Gandhi contra o domínio britânico na Índia nos anos entre as duas guerras mundiais e os desafios organiza dos pela National Association for the Advance ment of Colored Peoples sob a liderança de Martin Luther King contra a segregação e a privação dos direitos civis dos negros no sul dos Estados Unidos pareceram mostrar que a não violência pode por vezes conseguir mudar a mentalidade de adversários poderosos e fre qüentemente brutais embora outros fatores es tivessem sem dúvida atuando e em cada caso os ativistas pudessem apelar para uma opinião pública democrática que em última instância exercia o controle sobre os seus opressores Pessoalmente Ghandi não era um pacifista mas suas campanhas que fizeram muito uso de greves de fome renunciaram sistematicamente à violência e desautorizaram qualquer ato vio lento a que seus declarados adeptos recorres sem Seus ensinamentos baseavamse sobretu do nos textos religiosos hindus O caminho do espírito é o do desprendimento da autoab negação de ficar livre de todo o desejo ver Gandhi 1951 p26 Gene Sharp 1971 relatou ter identificado 125 formas diferentes de nãoviolência repar tidas em três categorias principais protesto nãocooperação e intervenção e distinguiu três mecanismos de mudança conversão acomodação e coerção Dado que os resistentes são capazes de explicar as razões de sua resis tência que Sharp vê como um sine qua non a nãoviolência deles e o respeito que obtêm por sua disposição para sofrer se necessário às suas convicções farão com que os seus adversários afirma o autor se mostrem mais dispostos a reconsiderar sua política Alternativamente tal 544 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar resistência pode induzir a acomodação em um adversário que embora não convencido ainda na justiça da causa deles está preparado para ceder às exigências dos ativistas porque o pro blema não vale os inconvenientes e dissabores causados pela luta p156 A COERÇÃO pode ser aplicada quando a resistência está suficien temente difundida e prolongada de modo a conseguir conter direta ou indiretamente as necessárias fontes do poder político do gover nante Thomas Schelling 1971 p179 que em seus escritos anteriores tinha analisado fria mente a lógica da coerção violenta admitiu que o potencial de nãoviolência é enorme com implicações para a paz a guerra a estabilidade o terror a confiança e a política interna que ainda não são fáceis de avaliar O pacifismo nuclear o qual sustenta que o uso de armas nucleares é sempre um erro mes mo em retaliação e exige portanto a sua re núncia unilateralmente se necessário oferece uma perspectiva menos drástica Tais armas não voltaram a ser usadas desde a fase final da guerra contra o Japão em 1945 e não se pode afirmar que estados que não estão habilitados a confiar em seu próprio potencial nuclear ou no de seus aliados são impotentes O Vietnã por exemplo não dispunha de tal potencial mas isso não o impediu de derrotar a mais avançada potência nuclear do mundo A oposição ao seu uso invoca hoje com freqüência a teoria da guerra justa por meio da qual para que a força militar seja legítima não só o objetivo deve ser bom e alcançável mas a violência deve ser restringida aos que estão realmente resistindo a essa força ou seja os combatentes Leitura sugerida Bondurant JV org 1971 Conflict Violence and NonViolence Ceadel M 1987 Thin king about Peace and War Hinton J 1989 Protests and Visions Roberts A org 1967 The Strategy of Civilian Defence Sharp G 1973 The Politics of Non Violent Action RODERICK C OGLEY padrão variáveis Ver VARIÁVEIS PADRÃO padrão de vida Ver QUALIDADE DE VIDA panafricanismo Pode ser definido como um sentimento de solidariedade entre africanos e povos de ancestralidade africana Essa cons ciência de identidade compartilhada foi por vezes intelectualizada em uma teoria ou tradu zida para a ação política Em seu grau mais ambicioso o panafricanismo procura criar um governo único para toda a África combinado a fortes vínculos econômicos e políticos com pes soas de ascendência africana em outras partes do mundo O panafricanismo pode adotar a forma de emoções idéias ou ações Quando afroameri canos irromperam no Conselho de Segurança das Nações Unidas em 1961 interrompendo a sessão para protestar contra o assassinato do expremier Patrice Lumumba no Congo hoje Zaire esse irado protesto constituiu emoções panafricanas traduzidas em ação política Quando um ativista dos direitos civis o reve rendo Jesse Jackson recomendou em 1989 que a expressão negro americano fosse substi tuída por afroamericano essa foi uma idéia panafricana que não tardou a ser amplamente adotada como norma política por muitas ins tituições públicas nos Estados Unidos Na pró pria África as manifestações panafricanas têm variado desde os protestos de estudantes nige rianos contra o assassinato do líder da cons ciência negra Steve Biko na África do Sul até experiências econômicas regionais como a ex tinta Comunidade do Leste Africano EAC e a mais recente Comunidade Econômica da Áfri ca Ocidental Ecowas O panafricanismo po de ser primordialmente subsaariano concen trandose principalmente nos africanos negros ao Sul do Saara como quando na década de 80 o presidente Mobutu Sese Seko do Zaire reco mendou a criação de uma organização que con tivesse somente estados africanos negros ou transaariano visando a união da África negra com a África árabe ou transatlântico solida riedade entre africanos e negros do hemisfério ocidental ou global sentimento de identidade compartilhada entre pessoas de ascendência africana em todo o mundo Os descendentes de africanos que estão localizados fora da África constituem o que é freqüentemente chamado a diáspora africana ou a diaspóra negra História do panafricanismo Na virada do século os povos negros es tavam sofrendo opressão política exploração econômica e degradação social sob o COLONIA LISMO e a sistemática discriminação racial Com exceção da Etiópia do Haiti e da Libéria go vernados por negros as vidas de pessoas de origem africana estavam sob o controle de eu ropeus A dominação paneuropéia promoveu a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar panafricanismo 545 crença em que a libertação dos negros dependia de sua unidade política Além disso os movi mentos pan estiveram em moda desde mea dos do século XIX até a eclosão da Segunda Guerra Mundial dentre eles destacaramse o paneslavismo o pangermanismo o panara bismo o panturanismo o panislamismo e o panasianismo ver também NACIONALISMO Em 1900 teve lugar em Londres a primeira Conferência PanAfricana organizada pela African Association fundada por Henry Sylves ter Williams A sessão preparatória em 1899 contou com a presença entre outros de Booker T Washington A conferência teve cerca de 60 participantes dos Estados Unidos Caribe Grã Bretanha e África incluindo WEB Du Bois e o bispo Alexander Walters As resoluções trata ram de escravatura trabalho forçado segrega ção e outras violações dos direitos humanos Em apelo às nações do mundo a conferência declarou O problema do século XX é o problema da fronteira da cor a questão de saber até que ponto as diferenças de raça irão constituir a base para negar a mais de metade do mundo o direito a compartilhar até o limite de suas capacidades das oportunidades e privilégios da humanidade moderna Geiss 1974 p190 Depois da Primeira Guerra Mundial come çou o movimento do Congresso PanAfricano Deu origem a uma série de reuniões celebradas em 1919 Paris 1921 Londres Bruxelas e Paris 1923 Londres e Lisboa 1927 Nova York 1945 Manchester e 1974 DaresSa laam O instigador e principal organizador das conferências nos anos entre as duas guerras foi WEB Du Bois A mais importante delas foi o V Congresso PanAfricano de Manchester em 1945 muitos dos que participaram por exem plo Obafemi Awolowo Hastings Banda Jomo Kenyatta e Kwame Nkrumah tornaramse im portantes figuras políticas na África pósin dependência As resoluções de Manchester es tabeleceram a agenda para a corrente principal do pensamento panafricano daí em diante As principais posições dos anteriores Congressos PanAfricanos tinham sido promover o bem estar e a unidade dos povos de origem africana exigir a sua autodeterminação insistir na abo lição da discriminação racial e condenar o ca pitalismo O Congresso de Manchester também declarou A luta pelo poder político dos povos coloniais e subjugados é o primeiro passo e o necessário requisito preliminar para a completa emancipação social econômica e política Le gum 1976 p137 Essa mudança para o an ticolonialismo foi particularmente importante para a África e o Caribe que ainda estavam sob domínio imperial A obtenção da independência de Gana em 1957 reforçou essa dramática mudança para uma luta anticolonial e um enfoque continental no pensamento panafricano Como conse qüência a AllAfrican Peoples Organization criada por Kwame Nkrumah de Gana a qual se reuniu pela primeira vez em Acra em 1958 e depois teve reuniões em Túnis e no Cairo limitou a participação plena a residentes da África As AllAfrican Peoples Conferences não estavam restritas a governos mas incluíam movimentos de libertação e sindicalistas Suas resoluções propiciaram um novo avanço no pensamento panafricano tinha que haver a personalidade africana em questões interna cionais e o neocolonialismo devia ser com batido A maior ambição do panafricanismo conti nental era criar um supraestado africano A criação da Organização da Unidade Africana OAU em 1963 foi um modesto meiotermo porque em parte a sua carta inclui as seguintes estipulações nãointerferência nos assuntos in ternos dos estadosmembros assim como res peito pela soberania e integridade territorial de cada estado Essa organização intergoverna mental não realizou progressos significativos no rumo da criação dos Estados Unidos da África Com efeito no seio da OAU existe a tensão adicional entre o panafricanismo e o panarabismo Podese traçar uma distinção entre panafri canismo de libertação e panafricanismo de integração O panafricanismo de libertação é uma solidariedade em busca de liberdade e autodeterminação O panafricanismo de inte gração é uma solidariedade em busca de inte gração regional econômica e política O pan africanismo de libertação é uma história de sucesso uma voz africana unida pelo anticolo nialismo e o antiapartheid ajudou a mobilizar o resto do mundo O panafricanismo de inte gração ainda é como assinalamos um fracasso O panafricanismo transatlântico declinou na segunda metade do século XX Não obs tante WEB Du Bois dos Estados Unidos e George Padmore do Caribe tornaramse cida Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 546 panafricanismo dãos ganenses depois da independência Mal colm X e outros muçulmanos negros eram com freqüência panislamistas e panafricanos O movimento dos direitos civis nos Estados Uni dos tinha vinculações com a política de desco lonização na África O movimento Rastafari na Jamaica identificouse com a Etiópia como a Terra Prometida e Hailé Selassié como o Rei Divino O panafricanismo cultural na diáspora tem variado desde a adoção de rituais religiosos africanos até a popularidade do estilo de cabe leiras africanas desde a adoção de nomes pes soais africanos até a proclamação de um subs tituto africano para o Natal o festival afroame ricano do Kwaanza baseado em uma palavra suaíle que significa o começo O panafri canismo transatlântico incluiu no campo das artes os festivais periódicos de artes e culturas que têm sido realizados na África e na diáspora O mais famoso desses eventos artísticos foi o Festac realizado em Lagos Nigéria em 1976 Cantores dançarinos poetas teatrólogos per cussionistas e outros convergiram para Lagos Depois de um interregno de quase 30 anos uma convocação para o VI Congresso Pan Africano foi divulgada por intelectuais radi cais da diáspora que tinham ficado desencanta dos com o panafricanismo continental Mais de 500 delegados e observadores reuniramse em DaresSalaam em 1974 Foi o primeiro congresso realizado na África e embora consis tisse predominantemente em funcionários go vernamentais incluiu também movimentos de libertação e destacados intelectuais africanos e da diáspora Foi assim o mais abrangente de todos os Congressos PanAfricanos O congres so foi uma importante tentativa de atualização do pensamento panafricano Enquanto que o V Congresso PanAfricano em 1945 tinha resul tado na redução do foco panafricano ao conti nente africano em vez do mundo negro como um todo o VI Congresso em 1974 ampliou o número de elementos participantes de modo a abranger os povos oprimidos de qualquer parte do mundo Em DaresSalaam o panafricanis mo estava tentando converterse na pedra angu lar do panhumanismo Um debate central foi se classe era mais importante do que raça na luta global contra a opressão e a exploração Movimentos panafricanos O panafricanismo raramente foi um movi mento de massa é principalmente um mo vimento de elites A principal exceção a isso na diáspora foi o movimento de Marcus Garvey Garvey era jamaicano seus seguidores eram principalmente centenas de milhares de afro americanos Os objetivos do movimento eram panafricanos mas fora dos Estados Unidos não havia uma filiação maciça O panafricanismo no sentido continental também não logrou tornarse um movimento de massa A inspiração do panafricanismo nesse sentido não reside na solidariedade nacional mas continental entretanto por essa mesma razão o impacto do panafricanismo continen tal foi contrariado pela diversidade cultural econômica e política entre os vários estados africanos que se manifestou depois da indepen dência Para a maioria dos nigerianos etíopes e zambianos para mencionar apenas alguns o panafricanismo estava destinado a ser uma prioridade secundária em relação à construção nacional de cada estado Isso contudo leva a um outro problema o panafricanismo e esse gênero de construção da nação conflitavam mu tuamente Como disse Nyerere A verdade é que à medida que cada um de nós desenvolve o seu próprio estado erguemos um nú mero cada vez maior de barreiras entre nós Conso lidamos diferenças que herdamos do período colo nial e desenvolvemos outras novas Sobretudo de senvolvemos um orgulho nacional que poderá facil mente ser hostil ao desenvolvimento de um orgulho pela África Nyerere 1968 p211 O panafricanismo nunca foi um movimento unificado pois além das divisões já menciona das sempre houve versões liberais e radicais representando diferentes organizações Há tam bém a divisão diásporanativo Sempre houve o divisor de águas negroárabe e a divisão fran cófonoanglófono Com exceção do VI Con gresso PanAfricano realizado em DaresSa laam em 1974 todas as outras tendências in cluindo as que culminaram na formação da OAU têm manifestado essas tensões Não obs tante inúmeras pessoas identificamse com os ideais do panafricanismo sem aderir a qualquer das organizações panafricanas O panafricanismo como ideologia O panafricanismo é menos que uma ideo logia plena por não ser uma explicação sis temática de fenômenos políticos nem um pro grama específico para mudanças políticas Ne nhum teórico forneceu um conjunto de princí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar panafricanismo 547 pios e definições interligados que organize con ceitualmente de forma sistemática a condição dos africanos e dos da diáspora Nem sempre WEB Du Bois apesar de todos os seus escri tos sobre o panafricanismo fornece tal ideolo gia Também existe discordância sobre o que é o panafricanismo Alguns afirmaram que os seus conceitos constituintes são os seguintes a África como verdadeira pátria de todas as pes soas de origem africana onde quer que elas estejam agora solidariedade entre pessoas de origem africana crença em uma distinta per sonalidade africana reabilitação do passado da África e respeito pela cultura africana a África para os africanos em termos de sobera nia e a esperança de uma África unida Entre tanto com base nas resoluções dos Congressos PanAfricanos poderseia justificadamente afirmar que existem apenas quatro componen tes essenciais do panafricanismo 1 preocupação com os problemas comuns de todos os povos africanos onde quer que estejam 2 autodeterminação para todos os povos africanos 3 orgulho de ser africano e pelas coisas africanas e 4 insistência em que o sistema econômico que governa os povos africanos seja so cialista Existe significativamente maior consenso em torno de 1 2 e 3 do que de 4 Embora o panafricanismo não seja ainda uma ideologia completa constitui já um conjunto de idéias e valores interligados suficientemente abran gente para contribuir para uma cosmovisão em busca de um teórico Leitura sugerida Ajala A 1973 PanAfricanism Evolution Progress and Prospects Du Bois WEB 1965 The World and Africa an Inquiry into the Part which Africa has Played in World History Geiss I 1974 The PanAfrican Movement a History of Pan Africanism in America Europe and Africa Legun C 1976 PanAfricanism a Short Political Guide Maz rui AA 1977 Africas International Relations the Diplomacy of Dependency and Change Nkrumah K 1963 Africa Must Unite Nyerere J 1968 Freedom and Socialism Padmore G 1972 PanAfricanism or Communism Resolutions and Selected Speeches from the Sixth PanAfrican Congress 1976 Thompson VB 1969 Africa and Unity the Evolution of the Pan Africanism ALI A MAZRUI e A M SHARAKIYA panarabismo Como ideologia o panara bismo é um desenvolvimento do NACIONALISMO árabe o qual se manifestou inicialmente como fenômeno literário e político nas províncias árabes do Império Otomano em fins do século XIX O próprio nacionalismo árabe surgiu em parte como conseqüência do movimento de renovação literária e lingüística conhecido co mo nahda o qual começou na Grande Síria Uma onda de redescobertas compilação e pu blicação de textos árabes clássicos assim como de atividade lexicográfica encorajou os inte lectuais árabes a refletir sobre a sua passada grandeza e sua presente fraqueza sob a domina ção otomana No início do século XX a legitimidade do domínio otomano sobre as províncias árabes estava começando a ser contestada por muçul manos e cristãos indistintamente Certo número de escritores e pensadores muçulmanos cada vez mais conscientes do relativo atraso do mun do islâmico e mais especificamente do Impé rio Otomano em face da Europa aferrouse à noção de que o declínio e a decadência do ISLAMISMO se deviam à usurpação do califado pelos turcos Para que o islã fosse revitalizado pensavam alguns o califado tinha que ser res tituído aos árabes e mais tarde por extensão as terras árabes deviam ser libertadas dos gri lhões do domínio turco Por sua vez certo número de intelectuais cristãos na companhia de alguns muçulmanos de mentalidade mais secular acreditava que os ideais de liberdade e igualdade nos quais imaginavam basearse a prosperidade e o progresso da Europa do seu tempo eram francamente incompatíveis com o estilo e a substância do domínio otomano Na teoria e em considerável grau na práti ca o Império Otomano era um estado islâmico teocrático no qual o grupo majoritário os mu çulmanos sunitas gozava de um status privile giado difícil de ser contestado em face da ideo logia religiosa do império Se em vez da reli gião a linguagem a etnicidade e a coresidên cia passassem a ser os critérios de associação os árabes poderiam associarse politicamente entre si em termos iguais para além das fron teiras de religião e seita e dar origem a uma sociedade secular na qual nenhum grupo teria superioridade intrínseca em relação a qualquer outro Como previa uma sociedade em que não seriam inferiores em status a quem quer que fosse essa noção era particularmente atraente Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 548 panarabismo para os cristãos árabes sobretudo os ortodoxos gregos da Grande Síria que se consideravam em certo sentido mais autenticamente árabes do que seus correligionários maronitas e cató licos uma vez que a intimidade da associação destes últimos com a França como sua prote tora era vista como comprometendo sua in dependência e seu arabismo Quando a Primeira Guerra Mundial se tor nou iminente ficou claro que alguns árabes estavam preparados para buscar a ajuda de po tências ocidentais a fim de realizarem seu obje tivo de independência dos otomanos parado xalmente no Egito que tinha estado sob ocu pação britânica desde 1882 muitos nacionalis tas tinham querido angariar a ajuda dos otoma nos para obter a independência da GrãBreta nha Vale a pena mencionar aqui que nessa fase a noção de uma nação árabe estava geral mente circunscrita à Grande Síria assim a um egípcio que quis participar do primeiro Con gresso Nacional Árabe realizado em Paris em 1913 foi recusada a permissão a contribuir para os debates O Império Otomano desmoronou no final da Primeira Guerra Mundial mas embora muitos árabes tivessem lutado ao lado da GrãBretanha na Revolta Árabe contra os otomanos supondo que ganhariam em conseqüência disso alguma independência política esse objetivo não seria alcançado por várias décadas Além disso em vez de ser criada uma única entidade política nas antigas províncias árabes do Império Oto mano como alguns árabes esperavam que acontecesse o acordo de paz deu origem aos estados que hoje são o Iraque a Síria o Líbano IsraelPalestina e Transjordânia hoje Jordânia Esses territórios receberam a designação de mandatos e forma confiados à tutela da Grã Bretanha e da França sob a supervisão geral da Liga das Nações Assim com a exceção da Arábia Saudita e do Iêmen do Norte todo o mundo árabe estava agora sob controle euro peu o Egito embora não fosse um território sob mandato era governado pela GrãBretanha de modo bastante semelhante enquanto que a Lí bia era colônia italiana desde 1910 o Marrocos e a Tunísia protetorados franceses desde 1881 e 1912 e a Argélia fora anexada à França em 1848 Somente a partir do período entre as guerras predominantemente sob a influência dos es critos do pedagogo e publicista Sati alHusri 18821968 é que a idéia de nação árabe talvez o mais importante princípio da ideologia panárabe começou a ganhar forma É impor tante sublinhar isso uma vez que certas carac terísticas do pensamento nacionalista árabe fo ram implantadas nas mentes de gerações sub seqüentes como se fossem verdades axiomáti cas e quase eternas de modo a obscurecer o caráter recente de sua origem Conseqüente mente o panarabismo ao postular a existência a priori de uma só nação árabe foi formulado precisamente no momento em que nasceu o sistema de estado árabe moderno Os princípios básicos do panarabismo são que o mundo árabe do Atlântico ao golfo da Arábia formam uma NAÇÃO que essa nação foi artificialmente dividida primeiro pelos otoma nos e mais recentemente pelo imperialismo árabe Na formulação de alHusri os árabes são definidos nos seguintes termos um tanto totalitários Todas as pessoas que falam árabe são árabes Todas as que estão intimamente relacionadas com essas pessoas são árabes Se não sabem disso ou se não nutrem com desvelo o seu arabismo então devemos estudar as razões que as levam a tal posição Pode ser fruto da ignorância nesse caso devemos contar lhes a verdade Talvez seja porque não têm consciên cia disso ou foram iludidas nesse caso devemos despertálas e tranqüilizálas Pode ser resultado do egoísmo então devemos trabalhar para limitar o seu egoísmo Evidentemente a noção de que os árabes constituem uma só nação é mais uma asserção do que a expressão de uma realidade histórica Independentemente do fato de que a nação como idéia não antecede o último quartel do século XVIII mesmo no apogeu do império árabe medieval existe apenas uma acepção muito limitada em que essa região pôde ser considerada uma só entidade política O mais superficial relance por um atlas histórico ou manual cronológico mostra a ascensão e queda de numerosas dinastias com base territorial em áreas tais como o Maghreb Túnis Egito Síria etc É claro que como têm indicado todos os analistas contemporâneos do naciona lismo a historiografia nacionalista comprome tida nesse caso a historiografia nacionalista árabe deve ser vista mais como contribuição à formação de um mito do que como parte de um discurso histórico objetivo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar panarabismo 549 Talvez as duas manifestações mais visíveis do panarabismo tenham sido o nasserismo e o baathismo Jamal Abd alNasir Nasser o líder dos Oficiais Livres que tomou o poder no Egito em 1952 e se tornou subseqüentemente o presidente do país até sua morte prematura em 1970 tinha profunda desconfiança dos partidos políticos e não estimulou a criação de quaisquer organizações panárabes formais mas os fun dadores do Partido Baath na Síria na década de 40 viram a sua organização como genuina mente panárabe e nas décadas de 50 e 60 sucursais do partido foram estabelecidas em cada país árabe ou região da nação árabe no jargão do partido O atrativo de Nasser foi provavelmente menos puro do ponto de vista ideológico na medida em que o apoio que atraiu provinha de suas façanhas como o pri meiro líder árabe a apresentar um significativo desafio ao Ocidente ele era sobretudo um populistanacionalista fundindose com a na ção simultaneamente egípcio e árabe A mais completa expressão política de panarabismo foi a República Árabe Unida do Egito e da Síria que durou de 1958 a 1961 no início criada precipitadamente como um desesperado expe diente do Baath sírio que temia o efeito da popularidade comunista na Síria sobre o seu próprio destino a RAU converteuse rapida mente em artifício usado pelo Egito para explo rar economicamente o seu parceiro menor e em conseqüência tornouse profundamente impo pular na Síria Apesar do slogan baathista Uma nação ára be com uma missão eterna a realidade foi muito diferente O Partido Baath cindiuse em 1966 e suas duas facções têm estado no poder em Damasco desde então e em Bagdá desde 1968 As décadas de 70 e 80 caracterizaramse por uma acirrada batalha em torno da legitimi dade ideológica entre as duas facções rivais em um importante sentido a legitimidade de uma era definida em função da ilegitimidade da outra De fato o único destino lógico para os dois estados em termos da ideologia que cada um professava teria sido a fusão Em ambos os casos o poder político foi tomado por pequenas facções políticas bem organizadas cujos mem bros compartilhavam elementos de uma ideo logia comum mas cuja preocupação principal era a conquista do poder Assim que o conse guiram tanto em Damasco quanto em Bagdá apressaramse em montar partidos políticos de massa a fim de se atribuírem legitimidade A ideologia do panarabismo é suficientemente vaga para ter habilitado ambos os regimes a justificarem em seus termos uma grande varie dade de ações políticas a tal ponto que tanto a incursão da Síria no Líbano em 1976 como a invasão do Irã pelo Iraque em 1980 puderam ser caracterizadas como objetivando preservar a integridade da nação árabe Em nível popular a idéia de unidade árabe tem exercido considerável atração no mundo árabe uma vez que a grande maioria da popu lação fala o árabe é muçulmana e compartilha uma vasta gama de pressupostos culturais e atitudes sociais comuns Em termos práticos entretanto a fraqueza a falta de legitimidade e a natureza profundamente antidemocrática ou nãodemocrática de quase todos os regimes árabes conjugadas com o fato de os estados nacionais existentes se encontrarem em está gios muito diferentes de desenvolvimento só cioeconômico e político significavam que por mais imediatamente desejável que a idéia possa ser a realização prática do panarabismo está hoje tão distante quanto estava nos anos 20 quando alHusri a formulou pela primeira vez Além disso é provavelmente verdadeiro dizer que a busca ou a desculpa do panarabismo tem tido um efeito geralmente negativo no mundo árabe uma vez que este se tem mostrado propenso a concentrar a atenção em um distante inimigo externo e não nos flagrantes problemas de pobreza desigualdade e ausência do domí nio da lei dentro dos estados existentes Além disso uma das características mais visíveis dos desenvolvimentos políticos na re gião nas últimas décadas sublinhada pela crise do Golfo de 199091 é a gradual adoção de políticas mais autônomas e mais autocentra das por parte de todos os regimes árabes não obstante os sonoros protestos públicos em con trário Os acontecimentos em um estado árabe já não assumem necessariamente o caráter de assuntos de fundamental preocupação para os outros estados árabes a menos que estes consi derem estar em jogo os seus próprios interesses vitais com o resultado de que prioridades mais nacionais do que árabes passaram a ocupar a maior parte da arena política indicando que os estadosnações artificiais do mundo árabe estão convertendose gradualmente em enti dades distintas como os estados sulameri canos e cada vez mais separadas em vez de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 550 panarabismo mais unidas Somente a essa luz é que se pode compreender a debilidade da resposta árabe à invasão israelense do Líbano em 1982 as atitudes ambíguas dos estados árabes em relação à Pales tina e aos palestinos e as reações geralmente racionais e políticas dos vários estados árabes à invasão do Kuwait por Saddam Hussein Embora alguns escritores políticos árabes defendam o conceito de panarabismo este de ve ser encarado como uma força amplamente esgotada a Liga Árabe fundada em 1944 é mais um fórum para a discussão de assuntos de interesse comum do que um mecanismo para a integração árabe O apogeu do panarabismo chegou ao fim em junho de 1967 quando o balão da retórica nacionalista foi maciçamente perfurado pela devastadora derrota imposta por Israel ao Egito Jordânia e Síria Talvez a Pales tina seja o símbolo quintessencial do fracasso do panarabismo no sentido de fornecer um constante lembrete da contínua incapacidade dos estados árabes em apresentar uma frente comum ou unida que pudesse colocar as ques tões no caminho de uma resolução A razão desse fracasso não é difícil de apontar por mais artificiais que fossem as fronteiras traçadas antes e depois da Primeira Guerra Mundial elas já existem há cerca de 70 anos e conjuntos de interesses egoístas avolumaramse tanto em torno delas que fazem a manutenção da exis tência de um Líbano separado ou de uma Jor dânia separada para não mencionar um Ku wait separado ter precedência sobre o esfor ço para dar expressão concreta à idéia de um vasto superestado Se esse fenômeno é para ser deplorado ou aplaudido é menos importante do que o fato de que deveria ser reconhecido como tendo lugar ou mais exatamente como ten do tido lugar Leitura sugerida Ajami Fuad 1981 The Arab Predi cament Arab Political Trought and Practice since 1967 Antonius G 1938 1969 The Arab Awakening Haim S 1962 1976 Arab Nationalism an Antho logy Hourani AH 1962 1983 Arabic Thought in the Liberal Age 17981939 Ο 1991 A History of the Arab Peoples Tibi B 1981 Arab Nationalism a Critical Enquiry Zubaida S 1988 Islam the People and the State PETER SLUGLETT papel social Assinalando seqüências de com portamento expressas por indivíduos que ocu pam ou procuram ocupar determinada posição em uma situação social o conceito de papel foi é claro adotado da literatura e em séculos mais recentes do teatro Como tal os indivíduos são vistos como intérpretes que orquestram seus gestos de acordo com um script no palco diante de um público formado por outros que julgam e avaliam seu desempenho Conforme exami nado adiante cada elemento desse retrato de papéis teatrais atores assumindo persona gens orquestrando seus gestos em uma repre sentação seguindo um script atuando em um palco e para uma platéia tem sido um ponto de debate entre cientistas sociais Expresso em termos mais positivos cada um desses elemen tos tem sido alvo de considerável elaboração conceitual e investigação empírica refinando assim o conceito muito além de suas conotações mais literárias e teatrais Qual é a natureza dos indivíduos que de sempenham papéis Numerosas tradições inte lectuais utilitarismo COMPORTAMENTALISMO pragmatismo interacionismo e FENOMENOLO GIA têm influenciado a conceituação das capacidades comportamentais dos indivíduos que são cruciais para desempenhar papéis O retrato compósito que emerge produz uma ima gem dos indivíduos como 1 possuidores de capacidades calculadoras deliberativas e mani puladoras 2 desejosos de recompensas e evi tando custos 3 tentando ajustarse e adaptar se a situações 4 usando reservas implícitas de informação acerca de pessoas e situações para assim proceder e 5 mantendo uma concepção de si próprios como certas espécies de indiví duos Essas imagens apresentamse em toda a teoria e pesquisa de papéis embora alguns ele mentos sejam mais enfatizados do que outros por vários investigadores JH Turner 1991 Qual é a natureza dos personagens que os indivíduos assumem Essa pergunta envolve o problema da força ou forças que coagem os indivíduos a atuar de certas maneiras Para al guns Parsons 1951 Liston 1936 p28 o indivíduo é visto como alguém que se comporta dos modos apropriados à incumbência em uma posição de status em um sistema de posições interligadas que constituem uma estrutura so cial trabalhador pai professor estudante etc Para outros os indivíduos são vistos como conduzindose ainda quando ocupam uma clara posição de status de forma a obter recompen sas evitar custos e sustentar o próprio eu e por conseguinte os indivíduos são conceituados mais como criadores ativos de um personagem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar papel social 551 do que como tendo meramente assumido um que lhes é atribuído em virtude de ocuparem determinada posição RH Turner 1974 e 1962 Strauss 1978 Como o papel é tipica mente considerado o ponto de interface entre a pessoa individual e a estrutura social mais am pla a postura assumida nessa questão subenten de concepções muito diferentes sobre os seres humanos e a sociedade Handel 1979 Se o papel é o comportamento associado à incum bência e ditado por ela nas posições da es trutura social então os seres humanos são me nos espontâneos e criativos ao passo que o poder da estrutura social é preoeminente Em contrapartida se o papel é o comportamento expresso em negocição com o eu com as neces sidades ou utilidades idiossincrásicas e as pres crições posicionais de outros então os in divíduos são ontologicamente mais significati vos do que a estrutura social Quais são as dinâmicas dos gestos Foram os filosófos pragmatistas americanos que reali zaram os importantes avanços iniciais nesse tópico Em particular George Herbert Mead 1934 reconheceu que os gestos assinalam dis posições sentimentos e prováveis rumos de ação das pessoas Para Mead portanto um papel é uma seqüência de gestos que denotam e realçam as disposições e ações de um in divíduo Mead apresentou o conceito de atribui ção de papéis roletaking para enfatizar que quando os seres humanos lêem os gestos uns dos outros assumem a perspectiva de orienta ção recíproca e por conseguinte estão mais aptos a prever as ações mútuas O fenomenólo go Alfred Schutz 1932 realizou observações semelhantes acerca da leitura mútua de sinais e gestos significativos de seres humanos para se obter um sentido de intersubjetividade Mas como reconheceram todas essas figuras das pri meiras décadas do sculo XX um indivíduo reage e interpreta os gestos de outro prisma do seu próprio eu das necessidades e reservas de conhecimento acumulado Por conseguinte a adoção de papéis é sempre um tanto reflexiva Os indivíduos não só adotam e assumem papéis mas nos termos de Ralph H Turner 1962 também os criam Ou seja orquestram gestos a fim de sustentar um papel em uma situação que satisfaz suas necessidades e afirma suas concepções sobre si próprios Esse proces so ocorre até em situações altamente estrutura das em que indivíduos em posições de status tentarão criar para si mesmos um gênero parti cular de papel o bom estudante a mãe sen sível o trabalhador incansável etc Tal capaci dade de criação de papéis pressupõe que os indivíduos os que criam e adotam papéis possuem concepções de síndromes de gestos que marcam certos gêneros de papéis e os indivíduos em INTERAÇÃO buscam reciproca mente descobrir o papel subjacente caracteriza do pelos gestos de outros Há certa discordân cia porém sobre se os papéis nesses inventá rios envolvem a compreensão de seqüências delicadamente harmonizadas de gestos ou op tem por Gestalten mais livremente estruturadas de gestos que denotam significados mais gené ricos e imprecisos a serem finalizados no decor rer da criação de papéis ver JH Turner 1988 RH Turner 1962 Qual é a natureza do script que guia o com portamento do papel Alguns estudiosos do assunto Parsons 1951 Linton 1936 afirmam haver normas expectativas de comportamento apropriado ligadas a cada posição de status em uma estrutura social e assim os papéis são simplesmente o comportamento de pessoas em determinadas posições de acordo com um script normativo Outros RH Turner 1962 Turner e Colomy 1987 Handel 1979 não contes tariam a existência de normas guiando o com portamento mas sustentariam que as normas são apenas amplos parâmetros dentro dos quais os indíviduos criam papéis que confirmam o eu e satisfazem suas necessidades E se há um script para a interação é mais provável que se inspire nos inventários de papéis que os in divíduos levam consigo e usam na criação e adoção de papéis Ainda outros Blumer 1969 iriam mais longe e veriam as normas como um dos muitos objetos em uma situação que os indivíduos podem ou não levar em conta quan do planejam em detalhe uma linha de conduta Uma das últimas e importantes idéias teóri cas de Erving Goffman 1974 foi a noção de molduras que são demarcações cognitivas à semelhança do material físico que cerca uma pintura usadas pelos indivíduos para delimitar o alcance e o tipo de respostas em seus papéis A interação envolve afirmou Goffman a orien tação e reorientação isto é o ordenamento e depois o reordenamento de uma interação mu dando os papéis a serem desempenhados à me dida que é mudada a moldura Por exemplo quando uma conversa passa de um diálogo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 552 papel social polido e convencional para um nível pessoal mais íntimo dáse uma mudança de molduras que por sua vez reescreve o script para cada ator em seus respectivos papéis Outros amplia ram as idéias de Goffman de maneiras que postulam certos tipos básicos de molduras e processos de orientação JH Turner 1988 Qual é natureza do palco A partir do exame do ritual religioso por Émile Durkheim no co meço do século XX 1912 numerosos pensa dores ampliaram a análise de como a copresen ça per se influencia o curso da interação nor mal Erving Goffman 1959 1967 foi o primei ro a reconhecer que a distribuição de atores no espaço seu posicionamento seus movimentos nos palcos sociais e seu uso de acessórios físicos determinam que papéis as pessoas desempe nham e como querem apresentarse às outras Mais recentemente Randall Collins 1988 p2236 e 1975 recorreu a Durkheim 1912 e Goffman 1959 para enfatizar que o compor tamento ritual em cenários de interação normal é primordialmente influenciado pela densidade dos indivíduos copresentes no palco e por pa drões de desigualdade em seus respectivos re cursos por exemplo quanto maiores a densi dade e a desigualdade entre indivíduos mais os rituais cotidianos são formais explícitos es tereotipados e de curto prazo Qual é a natureza do público Obviamente os indivíduos copresentes em uma situação constituem um público e dependendo dos re quisitos de montagem cênica influenciam o comportamento do papel adoção de papel criação de papel moldura ritual e consciência de normas Entretanto em uma tendência con vergente com a análise da consciência coletiva por Durkheim 1893 George Herbert Mead 1934 afirmou que os indivíduos representam papéis não só com outros que estão presentes em uma situação mas também com outros que não estão presentes e além disso com comuni dades de atitudes ou outros generalizados Es ses outros específicos que não estão fisicamente copresentes e esses outros generalizados que personificam as perspectivas apropriadas a uma situação constituem parte importante do públi co para autoavaliações dos indivíduos e repre sentação de papéis no palco Essas idéias pro moveram uma grande tradição de pesquisa so bre grupos de referência que são os tipos variá veis de agrupamentos que os indivíduos empre gam como quadros de referência para a auto avaliação e o planejamento detalhado de cursos de ação Hyman e Singer 1968 Assim o trabalho científico social sobre papéis tem acompanhado a analogia com a dramaturgia e o teatro talvez mais do que freqüentemente se reconhece Além desse tra balho sobre os processos do papel social nor mal uma vasta tradição de pesquisa teórica examina os processos de papel social proble mático e desviante Os primeiros trabalhos Goode 1960 Merton 1957 focalizaram si tuações problemáticas sobretudo as que envol vem tensões do papel dificuldades em satisfa zer as expectativas do script para um papel e conflito de papéis exigências incompatíveis entre os vários papéis que os indivíduos re presentam Outra grande tradição de pesquisa concentrouse em papéis sociais desviantes crime doença mental e condutas sexuais por exemplo que violam normas institucionais ge rais a respeito do comportamento apropriado Algumas pesquisas nessa área enfatizam as for ças estruturais e culturais que impelem os in divíduos para papéis desviantes Merton 1938 Quinney 1979 enquanto outras obras exami nam o modo como microinterações podem ro tular e canalizar as pessoas para papéis des viantes Lemert 1951 Goffmam 1961 Scheff 1966 Em suma o conceito de papel é pois um dos construtos mais centrais na ciência social moderna É considerado o ponto onde as es truturas sociais mais abrangentes incidem sobre os indivíduos e reciprocamente uma força cen tral na construção de comportamentos que pro duzem reproduzem ou mudam as estruturas sociais O trabalho sobre os processos do papel social está presente em todas as áreas das ciên cias sociais embora seja mais proeminente em pesquisas sociológicas e de psicologia social Em bora as conotações leigas de um conceito ainda influenciem o modo como os papéis são concei tuados e investigados na ciência social o conceito ampliouse de forma considerável para além de seus usos literários e teatrais originais Ver também INTERACIONISMO SIMBÓLICO Leitura sugerida Bandon M 1965 Roles an Intro duction to the Study of Social Behavior Biddle BS 1979 Role Theory Expectations Identities and Beha vior Heiss J 1981 Social Roles In Social Psycho logy Sociological Perspectives org por M Rosemberg e RH Turner Stryker S 1980 Symbolic Interactio nism Turner JH 1988 A Theory of Social Interac Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar papel social 553 tion Ο 1991 The Structure of Sociological Theory 5ªed caps1823 Turner RH 1968 Role sociolo gical aspects In International Encyclopedia of the Social Sciences vol13 org por David L Sills Ο 1979 Strategy for developing an integrated role theory Humboldt Journal of Social Relations 7 11422 JONATHAN H TURNER paradigma Definido geralmente como mo delo exemplar ou padrão este conceito é im portante para o pensamento social do século XX em dois contextos 1 no desenvolvimento dos argumentos baseados em casos paradig máticos como passaram a ser chamados 2 por sua centralidade no livro imensamente in fluente de TS Kuhn intitulado The Structure of Scientific Revolutions 1962 Os argumentos de casos paradigmáticos fo ram usados pela escola de Oxford de FILOSOFIA DA LINGUAGEM em meados do século e se pode sustentar que eles ou parentes próximos deles também se encontram na obra do último Wittgenstein O argumento inferese do fato de que uma palavra é ensinada por referência a casos claros paradigmáticos de que devem exis tir exemplos da coisa ou estado tais como objetos materiais livrearbítrio designado por essa palavra Parece vulnerável à objeção óbvia de que o nosso jogo lingüístico pode estar ba seado em mistificação ou ilusão como no caso do uso da palavra bruxa no século XVII O uso por Kuhn da palavra paradigma em The Structure of Scientific Revolutions foi sub metido a uma exaustiva análise por Margaret Masterman que diferencia 21 sentidos do ter mo na primeira edição do livro No seu póses crito para a segunda edição 1970 o próprio Kuhn distingue dois significados principais a a constelação inteira de crenças valores téc nicas etc compartilhados pelos membros de determinada comunidade ou seja uma matriz disciplinar e b uma espécie de elemento dessa constelação as soluções concretas de quebracabeças que empregadas como mode los ou exemplos podem substituir regras explí citas como base para a solução dos restantes quebracabeças da ciência normal ou seja um exemplar Exemplos desse último significado são os Principia Mathematica 1687 de Isaac Newton e New System of Chemical Philosophy 1808 de John Dalton Essas obras fornecem os paradigmas para o trabalho da ciência normal recursos a serem explorados não hipóteses a serem testadas na elaboração e desenvol vimento da tradição disciplinar Finalmente quando aparecem suficientes anomalias ocorre uma crise e se inicia então um período de ciên cia revolucionária até que se forma um novo paradigma em torno do qual a comunidade científica ora mudada poderá uma vez mais manterse coesa O relato de Kuhn gerou vasta literatura secundária na qual se afirmou inter alia que a ciência normal estava longe de ser tão monolítica quanto Kuhn a descreveu que as suas afirmações acerca da incomensurabili dade dos paradigmas eram exageradas que as revoluções eram ou pelo menos podiam ser assuntos muito racionais não conversões quase religiosas e que sua obra sofria de um siste mático equívoco realistasuperidealista Só disponho aqui de espaço para tratar das últimas duas questões Kuhn usa em muitos lugares de modo deliberadamente paradoxal a metáfora dos cientistas que depois de uma convulsão revolucionária ficam trabalhando em diferentes mundos Ora parece claro que depois de uma convulsão revolucionária faz sentido falar de cientistas trabalhando em um diferente mundo cognitivo ou social na ter minologia do realismo crítico moderno na di mensão transitiva mas procurando ainda explicar para a maioria o mesmo mundo obje tivo ou natural ou seja na dimensão intran sitiva O fato de Kuhn não ter efetuado essa distinção é que estava na origem do seu para doxo Em segundo lugar Kuhn formula em vários lugares critérios para julgamento ulte rior de um novo paradigma incluindo o núme ro de problemas solucionados a exatidão das predições etc mas se abstém de qualificálo de melhor Isso parece duplamente errado Em primeiro lugar ignora a possibilidade de regres são histórica Em segundo lugar passa por alto a consideração de que o relativismo epistêmico poderia conjugarse especialmente se associa do ao realismo ontológico com o racionalismo assertivo conforme sustentado pelos realistas críticos Os critérios de Kuhn para a ulteriori dade histórica são de fato pelo contrário crité rios parciais para a escolha racional Leitura sugerida Austin John 1961 Philosophical Papers Bhaskar Roy 1989 Reclaiming Reality es pecialmente cap3 Gellner E 1959 1968 Words and Things Kuhn Thomas S 1962 1970 The Structure of Scientific Revolutions Lakatos I 1970 Falsification and the methodology of scientific re search programmes In Criticism and the Growth of Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 554 paradigma Knowledge org por I Lakatos e A Musgrave Mas terman M 1970 The nature of a paradigm In Criti cism and the Growth of Knowledge org por I Lakatos e A Musgrave ROY BHASKAR parentesco Um interesse predominante dos antropólogos desde o final do século XIX o parentesco continua sendo uma pedra angular para a compreensão das sociedades e um ins trumento através do qual é possível examinar questões teóricas tais como a evolução humana a organização social e o pensamento primiti vo Também é um tópico de interesse em ou tros campos incluindo a psicologia a sociolo gia e a história econômica e social O final do século XIX A importância do parentesco no final do século XIX estava relacionada com o seu sig nificado para a teoria da evolução social Um dos primeiros debates desenrolouse em torno da precedência histórica da organização social patrilinear descendência através dos homens versus matrilinear descendência através das mulheres Alguns autores do século XIX apre sentaram argumentos favoráveis à primazia da descendência patrilinear tal como é encontra da por exemplo na antiga Roma na fundação da sociedade Outros afirmaram que o casamen to no grupo e a organização social matrilinear e até matriarcal com a autoridade nas mãos das mulheres precederam o desenvolvi mento de grupos patrilineares e as regras de herança Entre os principais pensadores que sustentaram esse ponto de vista estavam John F McLennan e Lewis Henry Morgan A versão de McLennan 1865 da teoria baseavase na suposição de que as pessoas conheciam seu relacionamento com as respectivas mães antes de entender o papel desempenhado pelos pais na concepção Isso argumentou ele levou à poliandria o casamento de uma mulher com mais de um homem depois à captura da noiva e finalmente à exogamia casamento fora do grupo Morgan concordava com McLennan sobre a precedência da descendência matrili near mas apontou erros na linha de raciocínio de McLennan Preferiu sustentar que a melhor prova para as formas primitivas de organização social será encontrada através do estudo da classificação de parentes Morgan 1871 e 1877 A sua suposição era de que as termino logias de relacionamento são conservadoras e refletem formas de estrutura social que se ex tinguiram Propõe a sua tese com uma vasta coleção de dados etnográficos coligidos no mundo inteiro por instigação sua e a partir do seu próprio conhecimento em profundidade do iroquês povo matrilinear nativo do Estado de Nova York As idéias de McLennan sobre exogamia res surgiram no século XX como fundamento da teoria da aliança ver adiante As idéias de Morgan e em especial o seu interesse pelas terminologias de relacionamento permanece ram importantes nos estudos de parentesco du rante todo o século seguinte Entretanto adqui riram um significado mais amplo porque ele considera o desenvolvimento da propriedade privada a mais importante causa da evolução social principalmente na mudança da descen dência matrilinear para a patrilinear Isso inte ressou a Karl Marx e Friedrich Engels que ajudaram a popularizar as idéias de Morgan fora do domínio dos estudos de parentesco ver em especial Engels 1884 Teoria da descendência No século XX os interesses voltaramse para a compreensão de determinados sistemas de parentesco O evolucionismo declinou entre os antropólogos quando a nova geração se empe nhou diretamente na pesquisa de campo prática seguida por poucos pensadores do século XIX Esse fato somado ao impacto das abordagens sincrônicas ahistóricas que estavam ganhan do destaque tanto em lingüística e sociologia quanto em antropologia levou ao desenvolvi mento da idéia do parentesco como o alicerce da organização social e até mesmo do pensa mento indígena dos povos que os antropólogos estudaram Nas tradições americana e britânica as idéias teóricas básicas que informaram a geração seguinte de estudos do parentesco ori ginaramse com a escola funcionalista A idéia central dessa escola especialmente o seu ramo estruturalfuncionalista era a de que uma sociedade se compunha de sistemas econômico político religioso e de parentesco por exemplo RadcliffeBrown 1952 p4989 17887 Os sistemas de parentesco passaram a ser considerados essenciais para o funciona mento da sociedade em geral na medida em que as instituições sociais no interior do sistema de parentesco afetavam a estrutura das que es tavam fora desse domínio Por exemplo o pre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar parentesco 555 ço da noiva pagamento usualmente em gado feito por um noivo à família da noiva tem implicações para as relações políticas no seio de e entre grupos de parentes que trocam bens e pessoas em casamento O tema dominante que resultou dos estudos nessa tradição passou a ser conhecido mais tarde como a teoria da descendência em oposi ção à teoria da aliança a qual se desenvolveu nas décadas seguintes ao fim da Segunda Guer ra Mundial Os teóricos da descendência es tavam primordialmente interessados nas rela ções dentro dos grupos de parentesco Subli nharam a idéia dos grupos como unidades autô nomas ou proprietárias de bens Tal proprie dade podia assumir várias formas bens mó veis terras locais sagrados status rituais ou simplesmente um nome de grupo e sua exclu siva identidade A filiação do grupo podia deri var da descendência através do pai da mãe de ambos ou de um outro acarretando neste últi mo caso um elemento de escolha individual As pessoas poderiam ser incorporadas ao grupo ou permanecer membros de seus grupos natais segundo o costume Os grupos podiam ser lo calizados ou largamente dispersos Essas va riações foram de grande importância para os pesquisadores de campo desde a década de 20 até começos dos anos 60 Isso era especial mente verdadeiro para os que na tradição bri tânica realizavam suas pesquisas entre povos patrilineares do continente africano por exem plo Fortes 1949 EvansPrintchard 1951 Teoria da aliança Enquanto a teoria da descendência domina va o pensamento antropológico sobre parentes co na GrãBretanha e países na Comunidade a teoria da aliança estava se desenvolvendo na França e em certa medida na Holanda onde os scholars tinham antevisto a tendência através de estudos em profundidade dos sistemas de parentesco das Índias Orientais Na França Claude LéviStrauss era pensador de maior pro jeção principalmente através do seu influente livro Les Structures élémentaires de la parenté 1949 LéviStrauss e seus discípulos estrutu ralistas sublinharam o significado da aliança marital dandolhe preferência sobre a forma ção de grupos de descendência A própria pala vra aliança tem simplesmente o significado de casamento Na teoria da aliança é aceito inferir relações através do casamento entre gru pos e categorias e as implicações dessas re lações para o ordenamento das estruturas so ciais e cosmológicas Na raiz da aliança estão o tabu do incesto e a idéia de exogamia As sociedades de especial significação para os teóricos da aliança eram aquelas em que de fato a aliança ordena em grande medida tais relações Incluem as da Austrália aborígene América do Sul e partes da Índia onde se requer dos indivíduos que se casem com parentes e uma categoria especificada que inclui membros de ambos os lados da família ver por exemplo Dumont 1975 Essa categoria é geralmente a do primo cruzado filho do irmão da mãe ou da irmã do pai e de equivalentes terminológicos mais distantes como primos em segundo grau Em algumas dessas sociedades por exemplo as da Austrália aborígene a aliança marital é freqüentemente parte de um sistema de ordem mundial mais vasto definido em termos in dígenas no qual se considera que as relações entre grupos aparentados duplicam as relações entre animais seres míticos e elementos do cosmo tais como o sol e a lua Maddock 1973 Outras sociedades de interesse para os teó ricos da aliança encontramse em regiões do Sul e Sudeste Asiáticos onde se exige dos indiví duos que se casem com parentes de um deter minado lado da família A forma típica é uma em que um homem se casa com um membro da categoria classificatória que influi a filha do irmão da mãe Tal sistema é propício à geração e manutenção da hierarquia social na medida em que define relações absolutas entre grupos aparentados como tomadores de esposas e doadores de esposas a respeito um do outro Nas sociedades hindus os tomadores de es posas são considerados inferiores Em outras sociedades os doadores de esposas são fren qüentemente vistos como superiores Quando o preço da noiva é pago acumulase nas mãos dos grupos de parentes que dão suas irmãs em ca samento em troca dessa riqueza por exemplo Leach 1961 p54104 11423 Uma terceira possibilidade lógica envolve ria o casamento de um homem com um membro da categoria da filha do irmão de seu pai Essa possibilidade não foi amplamente testada na literatura etnográfica em parte porque lhe falta a lógica do sistema simétrico de casamento de primos cruzados que promove o igualitarismo e a do sistema assimétrico de casamento da filha do irmão da mãe que promove as relações Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 556 parentesco hierárquicas Por motivos formais o repetido casamento da filha da irmã do pai resultaria em relações assimétricas dentro de qualquer nível genealógico dado mas em relações simétricas entre quaisquer dois grupos ao longo do tempo Needham 1962 p10126 Entretanto mere ceu o interesse dos teóricos sobretudo de Lé viStrauss precisamente por ser uma possibili dade lógica e não prática Um interesse mais recente dos teóricos da aliança incidiu sobre os sistemas incluindo a maior parte deles no mundo que definem as categorias com que um indivíduo não deve casarse por exemplo a de parentes próximos Esses sistemas mais complexos são vistos em oposição aos elementares onde existe menos escolha Héritier 1981 p13767 Finalmente sistemas conhecidos como semicomplexos ou CrowOmaha do nome de duas tribos norteamericanas envolvem proibições tão ex tensas que foram descritos como constituindo um tipo intermedário Héritier 1981 p73 136 Ironicamente a existência de sistemas semicomplexos na América do Norte e na Áfri ca facilitou o pedido de LéviStrauss 1966 de reconhecimento de todos os sistemas reais de parentesco como sendo apenas aproximações dos seus tipos ideais Isso precipitou um áspero confronto entre ele e os empiristas que nas décadas de 50 e 60 adotaram a abordagem da teoria de aliança Terminologias de relacionamento Nos Estados Unidos o interesse dominante no século XX não foi a descendência nem a aliança mas o estudo de terminologias de pa rentesco ou relacionamento Não obstante houve ausência de acordo quanto à natureza das estruturas da terminologia de relacionamento AL Kroeber 1909 afirmou que elas repre sentam não a sociologia mas a psicologia com o que quis referirse às propriedades for mais do pensamento humano Nesse sentido e em certa medida ele antecedeu LéviStrauss Entretanto os seus mais diretos descendentes intelectuais eram os praticantes da análise com ponencial e transformacional das décadas de 50 e 60 Os analistas componenciais como Goo denough 1956 basearamse em idéias da lin güística para desenvolver métodos com que analisar os componentes semânticos de termos de relacionamento A palavra uncle em inglês por exemplo compreende os componentes masculino o que distingue uncle tio de aunt tia colateral o que distingue uncle tio de father pai e primeira geração ascendente o que distingue uncle tio de cousin primo e nephew sobrinho Analistas transformacio nais como Scheffer e Lounsbury 1971 adota ram abordagem muito diferente Caracterizada pela premissa de que alguns pontos genealógi cos de referência são mais fundamentais do que outros para a definição de uma categoria Por exemplo nos sistemas CrowOmaha do tipo Crow a irmã do pai a filha da irmã do pai e a filha da filha da irmã do pai todas membros do grupo matrilinear da irmã do pai podem ser designadas por um único termo de parentesco Esse termo pode ser simplesmente rotulado como irmã do pai pelo analista que deve então explicar com lógica pseudomatemática o mecanismo pelo qual o termo é ampliado Para os que adotam essas abordagens o lugar da estrutura social na determinação da clas sificação de parentes era uma questão discutível ou em alguns casos considerada simplesmente irrelevante Outros antropólogos norteamericanos su blinharam a variedade de formas de classifica ção acima de suas propriedades formais O principal deles foi George Peter Murdock que tal como Morgan antes dele viu nas teorias de relacionamento um reflexo da evolução social Murdock 1949 identificou seis tipos de es trutura de terminologia de relacionamento De nominouos de acordo com entidades tribais ou geográficas em alguns casos não muito acura damente mas a sua intenção em todo caso era que os nomes fossem considerados mais como exemplares do que como totalmente abrangen tes Por exemplo a estrutura havaiana clas sifica todos os irmãos do mesmo sexo e todos os primos do mesmo sexo por um dado termo único diferentemente digamos da estrutura esquimó tanto a da língua inglesa quanto a das línguas inuit ou esquimó a qual distingue irmão e irmã de primo e prima O tipo havaia no estruturalmente o mais simples é encon trado não só no Havaí mas também por exem plo na África Ocidental Para Murdock e seus seguidores cada tipo representava uma estru tura terminológica que podia refletir determina do estágio ou estágios da evolução humana mas não implicava necessariamente uma ori gem lingüística ou cultural comum de todos os povos que a possuem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar parentesco 557 Desenvolvimentos recentes No final do século XX a tendência tem sido para sínteses das abordagens do passado e para o refinamento de idéias teóricas com os para digmas de descendência aliança e terminolo gia Os teóricos da aliança em particular ten taram atacar o problema da relação entre os mo delos altamente teóricos apresentados por Lé viStrauss e os dados etnográficos por exem plo Needham 1973 e 1986 Good 1981 Outros desenvolvimentos incluíram o inte resse nas implicações sociais da fertilização in vitro por doador mãe de aluguel e adoção ver FAMÍLIA Todas essas preocupações de natureza prática refletem um interesse teórico em expli car a variação transcultural no conceito de pa rentesco e em compreender a área cinzenta que separa a natureza da cultura ver HéritierAugé 1985 Ver também ANTROPOLOGIA Leitura sugerida Barnard A e Good A 1984 Re search Practices in the Study of Kinship Bohannan P e Middleton J orgs 1968 Kinship and Social Orga nization Dumont L 1971 Introduction à deux théo ries danthropologie sociale Fox R 1967 Kinship and Marriage an Anthropological Perspective Goo dy JR org 1971 Kinship Selected Readings Ο org 1973 The Character of Kinship Graburn N org 1971 Reading in Kinship and Social Structure Nee dham R org 1971 Rethinking Kinship and Marriage Schneider DM 1984 A Critique of the Study of Kinship ALAN BARNARD participação Conceito ambíguo nas ciên cias sociais participação pode ter um significa do forte e fraco No primeiro significa que em virtude das dimensões e da complexidade das sociedades de massa contemporâneas da cen tralização do poder político do crescimento da burocracia e da concentração do poder econô mico as garantias tradicionais da democracia precisam ser fortalecidas protegidas e amplia das a fim de contrabalançar a tendência para um número cada vez maior de decisões a serem tomadas por pequenos grupos e que afetam a vida das pessoas esses grupos são freqüente mente remotos e não facilmente identificáveis ou responsabilizados uma vez que atuam em nome do estado de uma autoridade local ou de alguma grande empresa comercial ou indus trial Ver também PARTICIPAÇÃO POLÍTICA Nesse sentido e no que diz respeito à polí tica o princípio da participação é tão antigo quanto a própria democracia mas se tornou imensamente mais difícil em conseqüência da escala e abrangência do governo moderno bem como pela necessidade de decisões precisas e rápidas cuja omissão é motivo de protesto por parte dos que exigem maior participação No período do pósguerra a tendência foi para estender a participação a outros campos além do político por exemplo à educação supe rior onde era a principal exigência de todos os protestos estudantis no final da década de 60 e de novo no final dos anos 80 e de muito maior importância e alcance à indústria à atividade comercial e a partir do final da década de 70 aos governos locais Foi nessa fase que o sig nificado fraco de participação começou a se desenvolver A prática pela qual os empregados assumem uma participação maior nas decisões administrativas foi introduzida na década de 50 pelo governo federal na Alemanha Ocidental ela propagouse sob várias formas a outros países da Europa Ocidental uma decisão seme lhante na Itália data do começo dos anos 70 e na França do final dos anos 80 e foi adotada como um objetivo ainda não inteiramente al cançado pela Comunidade Européia a fim de expressar o que esta chama de imperativo democrático definido como o princípio se gundo o qual os que serão substancialmente afetados por decisões tomadas por instituições sociais e políticas dever ser envolvidos na for mulação dessas decisões No Reino Unido o muito influente Relatório Bullock sobre DEMO CRACIA INDUSTRIAL propondo uma variante do sistema alemão do Mitbestimmung foi rejeita do pelos empregadores Desde então os sin dicatos têm fracassado redondamente nos es forços para se chegar a uma política comum Outras formas de participação por exemplo o recrudescimento do interesse em cooperativas e em programas de participação nos lucros e de propriedade compartilhada superaram a inicia tiva da Comunidade Européia Dentro da CEE o conceito de parceiros sociais tentou forne cer uma plataforma para a participação em to dos os níveis Mais recentemente uma participação mais ampla dos trabalhadores na mudança tecnoló gica apresentouse como solução realista para os numerosos conflitos que estavam sendo ge rados pela vasta adoção de tecnologias de informação A fim de prevenir ou reduzir a importância do conflito desenvolveramse Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 558 participação métodos participativos de mudança tecnoló gica variando de acordo com as diferentes con dições sócioeconômicas e com a força dos sindicatos na Europa Estados Unidos e Japão assim esquema participativo e participação em escolhas tecnológicas converteramse em expressões cabalísticas largamente usadas mas de conteúdo e significado extremamente vagos para a grande maioria As soluções propostas para evitar as esperadas conseqüências da mu dança tecnológica podem dividirse em duas categorias processuais e substantivas As pri meiras são mais um conjunto normativo de regulamentações baseadas em legislação nor mas e regras defendidas sobretudo pelos sin dicatos e preocupadas com os métodos de intro dução de novas tecnologias As questões subs tantivas relacionamse mais com as condições operacionais uma vez implementadas as mu danças tecnológicas O objetivo fundamental dos métodos participativos é estabelecer um forte consenso em torno da mudança tecnológi ca para tanto prometese a elaboração de um processo mais democrático de tomada de de cisões e o fornecimento de informação aos sin dicatos em uma etapa inicial do processo mui to antes de ser tomada a decisão final e enquanto ainda for possível influenciar a escolha criam se câmaras setoriais em que sindicatos e patrões discutem negociam e fiscalizam as mudanças com a possibilidade de consultar especialistas independentes e estimulase o envolvimento dos usuários no planejamento da futura organi zação e em parte no uso da tecnologia As questões substantivas são orientadas para a proteção do status do salário e das qualifi cações existentes e para garantir que o mesmo nível de emprego será mantido os deslocamen tos internos só serão permitidos se associados a programas substanciais de treinamento e reci clagem Apesar de resultados significativos em es pecial a redução do número e da intensidade de conflitos sociais concretos e visíveis eviden ciase que os métodos participativos revela ram alguns problemas novos de solução mais difícil Leitura sugerida Pateman Carole 1970 Participa tion and Democratic Theory Poole Michael 1978 Workers Participation in Industry MARCO DIANI participação política Significa o número e a intensidade de indivíduos e grupos envolvidos na tomada de decisões Desde o tempo dos antigos gregos consistiu idealmente no encon tro de cidadãos livres debatendo publicamente e votando sobre decisões de governo A teoria mais simples sempre foi que o bom governo depende de altos níveis de participação Mas isso é difícil de conseguir fora de pequenas unidades pelo que a participação ocorre em modos indiretos a distinção entre DEMOCRA CIA representativa e direta e em modos mí nimos como a votação simples em eleições ocasionais A grande maioria das decisões dos governos é tomada independentemente dos de sejos dos seus cidadãos Para tentar superar esse gigantesco abismo entre o poder do estado e a autenticidade do indivíduo JeanJacques Rous seau propôs a sua famosa doutrina da Vontade Geral uma pessoa só pode ser verdadeiramente um cidadão com todos os direitos e deveres pertinentes quando quer o bem geral não o seu bem particular Embora essa doutrina seja de mocrática no sentido de que qualquer ser huma no por mais ignorante que seja pode expressar a vontade geral ela não faz a virtude constar da prova Os teóricos liberais do século XIX fizeram da educação o teste de competência para a participação no século XX o poder democráti co tem requerido simplesmente a instrução pri mária e secundária compulsória Embora a cres cente participação popular fosse vista como a força do governo representativo alguns preo cupavamse com o fato de tal participação das massas estar cada vez mais vulnerável à mani pulação pelas elites ver ELITES TEORIA DAS A antiga autocracia seguiu o adágio ou teoria de governo deixem quieto o cão adormecido nada mais era necessário além da obediência passiva mas os líderes políticos modernos tan to de esquerda quanto de direita exigiram en tusiasmo positivo mobilizando as massas pa ra criar um poder sem precedentes com vistas à transformação social Assim as teorias da par ticipação adotaram formas totalitárias e formas democráticas Robert Michels 1911 postulou uma lei de ferro da oligarquia acima de toda a base de mocrática situavase uma hierarquia burocráti ca Outros afirmavam que isso não é neces sariamente antidemocrático desde que essas elites sejam competitivas circulem ou sejam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar participação política 559 penetráveis Sindicalistas socialistas corporati vos anarquistas e pluralistas todos eles entre tanto negaram a premissa de que as sociedades são simples hierarquias de líderes e massas vendoas mais como uma pluralidade de grupos que constituem comunidades participativas e parcialmente sobrepostas Alguns pensadores especialmente os da tra dição federalista americana sustentam que a participação deve ser limitada por controles institucionais que só as normas legais e uma estrutura constitucional criam uma SOCIEDADE CIVIL justa Outros especialmente os da tradi ção revolucionária francesa defendem que a sociedade civil nada mais é que uma evolução desembaraçada da participação popular A necessidade de uma classe trabalhadora qualificada e instruída nas modernas socieda des industriais força as classes governantes a tolerar e até a encorajar altos níveis de partici pação seja ela controlada por um movimento de massa de partido único ou por movimentos abertos voluntários e habituais Alguns ainda afirmam porém que altos níveis de apatia po lítica denotam estabilidade social mas essa idéia é duvidosa e as estatísticas que pretendem provála medem usualmente a participação através dos partidos políticos formais e não em toda a gama de grupos sociais em que as taxas de participação são mais elevadas Ver também AUTOGESTÃO PARTICIPAÇÃO Leitura sugerida Keane J org 1988 Democracy and Civil Society Kornhauser W 1959 The Politics of Mass Society Michels Robert 1911 1962 Politi cal Parties Pateman Carole 1970 Participation and Democratic Theory Schumpeter JA 1942 1987 Capitalism Socialism and Democracy BERNARD CRICK partido político Para cumprir seus objeti vos de conquistar o poder ou de impedir que outros o tomem os partidos políticos montam tipicamente grandes organizações com ramifi cações por todo o país adotam programas que são propostos ou impostos à população e recru tam futuras gerações de políticos Os partidos políticos constituem essencial mente uma inovação do século XIX Existiram antes espasmodicamente mas em certos tipos de comunidades politicamente organizadas co mo a República romana as cidades do Renas cimento italiano ou a Inglaterra dos Stuart e dos Hanover Sua expansão na Europa Ocidental e América do Norte oitocentistas coincidiu com o surgimento de sistemas políticos baseados na soberania popular quando era necessário um vínculo entre governantes e governados Quan do a política tem lugar exclusivamente no âm bito de uma elite fechada que não é responsável perante o restante da população os partidos não existem onde pelo contrário existe alguma forma de representação mesmo que muito li mitada ou reprimida surgem os partidos Eles desenvolvemse plenamente porém quando se preenchem três condições as quais tendem a estar presentes por quase toda parte no mundo contemporâneo A primeira condição é a exis tência de segmentações sociais étnicas religio sas ou baseadas em classe por exemplo pois caso contrário os partidos tendem a ser coteries pessoais e caudilhescas a segunda condição é que o governo se baseie no apoio popular mes mo que este se dê mais por palavras do que por atos e a terceira é que precisa haver a crença em que a vitória só será obtida se a massa da população ou pelo menos uma substancial pro porção dela estiver organizada pequenas conspirações portanto são tidas por inadequa das Essas três condições não foram preenchidas na maior parte da Europa Ocidental na primeira parte do século XIX Por isso a tendência dos partidos era para serem dominados por peque nas facções ou por membros da antiga elite social eram partidos de cadre Sob a pressão da ampliação do sufrágio as organizações partidá rias começaram a se expandir adquiriram filia dos e nomearam substanciais contingentes de funcionários recrutados cada vez mais nas fi leiras da classe média comum e até da classe trabalhadora tornaramse partidos de massa dos quais os melhores exemplos foram os par tidos trabalhistas ou sociaisdemocratas fun dados no final do século XIX Eram ostensiva mente democráticos na medida em que seus programas de ação política eram oficialmente decididos por congressos que representavam os filiados na prática os líderes exerciam consi derável poder e eram freqüentemente acusados de praticar um controle burocrático A fim de combater com eficácia os seus novos adversá rios os partidos da direita e do centro adotaram gradualmente muitas das características de or ganização dos seus concorrentes A era do par tido de massa parecia ter chegado com o século XX Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 560 partido político Ao mesmo tempo contudo outro tipo de partido político com finalidade um tanto dife rente começou a ganhar raízes primeiro na Europa Oriental e Central e depois de 1945 em muitos estados recémindependentes do Tercei ro Mundo Esse tipo de partido foi criado para servir de esteio a governos que queriam impor seu domínio autoritário ou mesmo totalitário quer de direita sendo o fascismo e o nazismo os casos mais claros quer de esquerda o co munismo mas também as várias formas de populismo do Terceiro Mundo Nesses re gimes o partido único era o instrumento da ditadura porquanto fornecia um meio de divul gação da mensagem dos governantes por todo o país A finalidade era essencialmente mobi lizar a população e controlála embora esses esforços precisassem tipicamente ser combi nados com a popularidade de um líder caris mático ver CARISMA Entretanto mesmo nes ses casos o sucesso do partido único foi fre qüentemente efêmero e raras vezes verdadeira mente duradouro a queda dos regimes comu nistas na Europa Oriental e União Soviética depois de muitas décadas de poder aparente mente inabalável mostrou a fraqueza intrínseca do sistema de partido único Os sistemas de partidos competitivos pare cem mais estáveis de modo geral pelo menos na Europa Ocidental e na América do Norte Alastraramse para outras partes do mundo com variáveis graus de sucesso tendo a Amé rica Latina em particular conhecido intermi tentemente períodos de política competitiva se guidos de períodos de governo militar Com efeito mesmo na Europa Ocidental os sistemas de partidos competitivos têm sido objeto de importantes críticas e reavaliações Está em questão a estabilidade do partido de massa com o declínio da identificação partidária e o cres cimento da independência do eleitorado Os programas partidários perderam muito de sua clareza quando começaram a levar cada vez mais em conta as exigências feitas por grupos que apresentam novas questões pósmoder nas sobretudo a respeito do meio ambiente Esses desenvolvimentos têm redundado no questionamento do papel dos partidos Sua fun ção programática parece estar encolhendo eles são às vezes postos de lado por apelos diretos às pessoas através de referendos a personaliza ção de líderes instigada pela mídia em parti cular pela televisão significa que as elites par tidárias intermédias e as estruturas partidárias em geral estão ficando redundantes Enquanto isso está ocorrendo no Ocidente o colapso de muitos sistemas de partido único e em especial da maioria dos sistemas de partido único comu nista constitui um severo golpe no prestígio dos partidos como organizações mobilizadoras Entretanto não existem substitutos reais para os partidos no mundo contemporâneo quer nos países industriais quer nos países em desenvol vimento Algum relacionamento entre o povo e o governo tem que existir ainda que os vínculos estejam ficando menos apertados também tem que haver um lugar onde programas e políticas sejam formalmente adotados e divulgados e onde as exigências de grupos possam ser apre sentadas e discutidas e tem que haver um canal através do qual futuros políticos possam ser recrutados Por todas essas razões os partidos continuarão desempenhando um importante papel na vida política de nossas sociedades mesmo que o entusiasmo que caracterizou os primeiros tempos de seu desenvolvimento te nha cedido lugar a um apoio carente de entu siasmo e até a contínuas críticas Leitura sugerida Castles FC org 1982 The Impact of Parties Duverger M 1951 Les partis politiques Janda K 1980 Political Parties a CrossNational Survey Michels Robert 1911 1949 Political Par ties Randall V org 1988 Political Parties in the Third World Sartori G 1976 Parties and Party Sys tems Wolinetz S org 1988 Parties and Party Systems in Liberal Democracies J BLONDEL patriarquia As mulheres são sistematica mente prejudicadas na sociedade do século XX na maioria das arenas da vida social A patriar quia é um sistema social em que os homens dominam oprimem e exploram as mulheres É um conceito que enfatiza a interrelação entre os vários modos em que os homens têm PODER sobre as mulheres Considerase que as relações sociais através das quais os homens dominam as mulheres incluem a reprodução a violência a sexualidade o trabalho a cultura e o estado Walby 1990 Outros preferem considerar que o conceito de patriarquia não é a melhor forma de teorizar sobre a desigualdade de GÊNERO A abordagem tradicional da patriarquia ca racterizavaa como baseada na posição do ho mem como dono da casa e chefe de família Um uso mais recente inclinouse embora não ex Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar patriarquia 561 clusivamente para a ampliação do significado de patriarquia de modo que essa abordagem em termos de família é meramente vista como um dos aspectos ou formas do sistema Todas as teorias da patriarquia consideram existir uma fundamental divisão de interesses entre a maio ria dos homens e a maioria das mulheres como resultado da estruturação social das relações de gênero Algumas delas fazem referência aos aspectos biológicos da reprodução por exem plo Firestone 1970 mas isso é incomum principalmente em escritos mais recentes Uma característica mais freqüente de tais análises é o controle das mulheres através da sexualidade com referência à instituição da heterossexuali dade Rich 1980 e a fenômenos tais como a pornografia Dworkin 1981 A violência mas culina como base do controle da mulher pelo homem é o enfoque adotado por algumas aná lises da patriarquia Brownmiller 1976 Daly 1978 Outras análises têm uma ênfase mais materialista com o exame do modo como os homens se beneficiam da mãodeobra femini na como trabalho doméstico nãoremunerado e mãodeobra mal paga no mercado de traba lho Essas análises são freqüentemente integra das com outras estruturas de desigualdade so cial como o capitalismo em um estudo abran gente da patriarquia Hartmann 1979 O conceito de patriarquia é controvertido Alguns críticos por exemplo apontavam que ele leva a uma depreciação de outras formas de desigualdade social como classe e raça Isso é rebatido por autores como Hartmann que combina uma análise da patriarquia com a do capitalismo em uma teoria de sistemas mistos Essencialismo falso universalismo e ahis toricismo são outras críticas a indicar que o termo não permite uma apreciação adequada da variedade de formas das relações de gênero entre culturas grupos étnicos e diferentes pe ríodos históricos Em resposta desenvolveram se estudos que analisam a variedade das formas de patriarquia e como elas mudam com o passar do tempo A utilidade do conceito está em fornecer um foco para teorizar as relações de gênero que leva em conta a interligação dos diferentes aspectos da opressão das mulheres pelos homens Leitura sugerida Daly Mary 1978 GynEcology The Metaethics of Radical Feminism Mies Maria 1986 Patriarchy and Accumulation on a World Scale Women in the International Division of Labour Rich Adrienne 1980 Compulsory heterosexuality and les bian existence Signs 54 63160 Walby S 1990 Theorizing Patriarchy SYLVIA WALBY paz Uma estrita concepção de paz como a antítese de GUERRA a transformação de es padas em relhas de arados é intelectualmente mais fecunda do que uma que dilate o seu significado ao ponto de fazêla sinônimo de utopia Grande parte do pensamento do século XX sobre a paz assumiu a forma de receitas para a criação ou transformação de instituições inter nacionais em resposta às duas guerras mun diais Inis Claude 1956 relacionou seis abor dagens da paz através da organização interna cional solução pacífica de disputas segurança coletiva desarmamento o solene debate cu radoria e funcionalismo Mais tarde na terceira edição do seu livro ele acrescentou uma sétima abordagem a diplomacia preventiva A solução pacífica envolve a tarefa de persuadir os estados a adiarem respostas violentas a situações de alta tensão para que se possam esfriar as paixões investigar imparcialmente os fatos e ponderar as soluções alternativas A segurança coletiva mais ambiciosamente sublinha a indivisibili dade da paz prometendo dissuadir os atos de agressão donde quer que provenham mediante o compromisso de todos os estados de que resistirão a eles O desarmamento pressupõe que as corridas armamentistas ameaçam a paz na medida em que nutrem e favorecem a beli gerância e em uma era nuclear tornam mais provável uma guerra nãopremeditada Claude é cético quanto a essas três abordagens as quais remontam todas à criação da Liga das Nações e até antes Ele vê mais potencial nas outras O valor do solene debate sintetizado pelas atas da Assembléia Geral das Nações Unidas reside em dotar os estados de feedback acerca dos modos como suas ações políticas são vistas pelos outros induzindo assim a ajustamentos e concessões mútuas A curadoria tal como Claude a define inclui todas as tentativas desde a Liga em diante de supervisão internacional do domínio colonial A sua avaliação das nota velmente bemsucedidas pressões das Nações Unidas em prol da descolonização como pos sivelmente a última oportunidade ao alcance da civilização européia de expiar o seu passado sombrio no trato com povos nãoeuropeus pa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 562 paz rece agora excessivamente otimista A descolo nização não trouxe por certo a paz em sua esteira O funcionalismo exposto por David Mitrany 1946 sustenta que se for permitido a especialistas de várias nacionalidades livres da interferência dos responsáveis pela política externa dos governos colaborarem na solução de problemas econômicos e sociais internacio nais entre outros eles estabelecerão mais cedo ou mais tarde as fundações de uma paz mais duradoura gerando novas lealdades internacio nais nas populações pertinentes para substituir a tendência dissentânea das antigas lealdades nacionais Finalmente a diplomacia preventiva representa a inovadora resposta da ONU a crises através do envio de forças missões e representantes e a intervenção ativa do secretá riogeral depois do dramático precedente cria do durante a crise de Suez em 1956 Diferentemente de federalistas mundiais co mo Emery Reeves 1945 Claude acredita cla ramente que a paz é possível sem a tentativa de criação de um estado mundial Esse ponto de vista recebeu o forte apoio de um estudo reali zado por Karl Deutsch e seus colegas 1957 que examina o crescimento e a desintegração de comunidades na área do Atlântico Norte desde a Idade Média Eles procuram identificar comunidades de segurança caracterizadas pela capacidade de garantir por um extenso período expectativas fidedignas de que os pro blemas sociais serão resolvidos sem se recorrer à força física em grande escala e mostram que a fusão incluindo a federação não é necessária nem suficiente para o estabelecimento de tais comunidades Assim o Canadá e os Estados Unidos formam uma comunidade de seguran ça pluralista e os países escandinavos e talvez agora a maior parte da Europa Ocidental incluindo nãomembros da Comunidade Euro péia uma outra Os elementos cruciais são redes de comunicação múltiplos pontos de contato e instituições e práticas que sejam confiáveis e flexíveis Outros teóricos da paz têm se dedicado aos processos pelos quais ela pode ser instaurada em situações internacionais e intercomunais extremamente tensas O recurso de John Burton da comunicação controlada bem articulado por Mitchell 1981 aborda o conflito humano como fenômeno essencialmente subjetivo e portanto dinâmico e maleável Os represen tantes das partes em um conflito específico são reunidos em particular e cada um deles infor malmente encorajado a expressar as suas pró prias alegações escutar o que a outra parte tem a dizer e finalmente formular sugestões não para um compromisso mas para uma reso lução Essa ênfase sobre uma negociação in tegrativa promove uma abordagem criativa para a solução de conflitos mas seria uma noção desnecessariamente rigorosa desta últi ma a que negasse qualquer papel à negociação distributiva no processo de pacificação Ver também PACIFISMO RELAÇÕES INTERNA CIONAIS Leitura sugerida Claude IL 1956 1964 Swords into Plowshares 3ªed Curle A 1971 Making Peace Deutsch KW Burrell SA Kann RA Lee M Lichterman M Lindgren RE Loewenheim FL e Van Wagenen RW 1957 Political Community and the North Atlantic Area Hinsley FH 1963 Power and the Pursuit of Peace Mitchell CR 1981 Peacema king and the Consultants Role Mitrany D 1946 A Working Peace System RODERICK C OGLEY paz movimento pela Algo que pode ser iden tificado como um movimento pela paz existe na Europa há pelo menos dois séculos se não mais Entretanto ao contrário de outros movi mentos como o movimento trabalhista por exemplo ou o liberalismo o movimento pela paz não tem memória coletiva ver também AÇÃO COLETIVA Baseouse sempre nas ener gias de voluntários e com a respeitável exceção dos quacres nunca teve instituições perma nentes Cada novo surto de protestos pacifistas teve que descobrir para si mesmo suas idéias métodos e slogans Há muito pouca coisa em termos de uma tradição pacifista contínua O surgimento do movimento pacifista coin cidiu com a ascenção do capitalismo e a cons trução de um sistema de estados europeus As sim como a ciência econômica e a política passaram a ser esferas de atividades distintas também durante esse período o conceito de paz se tornou nitidamente diferenciável do conceito de guerra A guerra passou a ser uma atividade social distinta em dois aspectos Em primeiro lugar tornouse uma atividade externa dirigida contra outros estados Foi um período em que se eliminaram os exércitos particulares res tringiuse cada vez mais a violência nas rela ções sociais internas e as forças armadas foram profissionalizadas e monopolizadas pelos es tados Em segundo lugar a guerra transformou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar paz movimento pela 563 se em atividade temporária exceção estado de coisas anormal Com o aumento de toda a es pécie de relações e tratados regulamentos acei tos congressos etc entre os estados europeus o que se tornou conhecido como o direito público da Europa as guerras foram se tornando menos freqüentes alternandose com longos períodos de PAZ Foi a partir dessa expe riência de paz internamente e por períodos prolongados que uma série de atividades dis cussões e campanhas que poderiam ser chama das de movimento pela paz se conjugaram para trabalhar pelo que Kant chamou a paz perpé tua Entretanto embora seja possível identificar um interesse comum em evitar a guerra em geral ou guerras particulares a expressão mo vimento pela paz engloba vasta gama de opi niões tendências teorias e até assuntos De modo geral podemse distinguir duas linhas de pensamento no movimento pela paz Uma delas relacionase com a política governamental pro jetos planos ou normas a serem executados ou seguidos por governos a fim de se desenvolve rem mecanismos pacíficos para regular as re lações entre os estados Essa abordagem remon ta à época dos projetos de paz internacional do fim do século XVIII e início do século XIX apresentados por pensadores como Immanuel Kant Abbé St Pierre Emeric Crucé ou Jeremy Bentham para mencionar apenas alguns todos eles contemplavam a ampliação da sociedade civil e do governo da lei à arena internacional O estabelecimento da Liga das Nações depois da Primeira Guerra Mundial e das Nações Uni das depois da Segunda deve muito a essas pro postas Durante o século XX essa linha de pensa mento pacifista concentrouse cada vez mais no desarmamento A expansão quase infinita da capacidade de destruição em conseqüência da aplicação da ciência e da tecnologia a fins mi litares concentrou as atenções dos que se opõem à guerra nas corridas armamentistas e na natu reza ameaçadora do potencial de destruição O crescimento da pesquisa pacifista depois da Segunda Guerra Mundial foi amplamente dedi cado ao estudo de armamentos e métodos para limitálos A segunda linha de pensamento do movi mento pela paz preocupouse muito mais com o que se poderia descrever como cultura pacifis ta a noção de que por mais engenhosos ou ambiciosos que sejam os projetos de paz inter nacional não podem ser implementados a me nos que os seres humanos como indivíduos e animais sociais adquiram uma mentalidade mais apreciadora da paz A partir dessa pers pectiva a construção da paz seja no interior das nações ou em nível internacional não é tanto conseqüência do estabelecimento de alguma espécie de autoridade governamental ou inter governamental responsável por assegurar a paz e a segurança tem muito mais a ver com valores individuais e relações sociais Essa linha de pensamento inclui a tradição do PACIFISMO absoluto ou seja o compromisso individual com a nãoviolência que vamos en contrar nos cristãos primitivos nos quacres cujo movimento foi fundado durante a Guerra Civil inglesa nos objetores de consciência e em organizações como a War Resisters Internatio nal e foi apresentada por autores como Lev Tolstoi e Mahatma Gandhi Também inclui vas ta gama de teorias ou crenças que põem em foco as causas sociais da guerra e o militarismo No início do século XIX o movimento pela paz era freqüentemente sinônimo do movimen to de livre comércio Era uma proposição larga mente sustentada que a eliminação dos ves tígios de feudalismo as classes guerreiras eli minaria também a guerra Viagens comércio e democracia erradicariam as causas dos desen tendimentos internacionais Entretanto a ascen são do nacionalismo e do militarismo no final do século XIX questionou essas suposições Antimilitaristas de tendência socialista autores como Rosa Luxemburgo ou Karl Liebknecht atribuíram as guerras e as corridas armamentis tas às rivalidades capitalistas e à corrida por mercados e fontes de matériasprimas Espera vase que a vitória das classes operárias garan tisse a paz Sabem o que é proletariado perguntou o socialista francês Jean Jaurés em 1912 Massas de homens que coletivamente amam a paz e abominam a guerra O surgimento do movimento das mulheres pela paz no século XX introduziu outro ele mento nessa linha de pensamento do movimen to pacifista a noção de que as causas da guerra tinham raízes na divisão de gêneros da socie dade moderna e em particular de que podiam estar ligadas à violência doméstica isto é en contrarse no seio da família O chamado novo movimento pela paz que surgiu na Europa Ocidental e em menor exten Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 564 paz movimento pela são na América do Norte Japão e Australásia durante a década de 80 talvez não tivesse pre cendentes em sua escala e natureza transnacio nal Embora valha a pena notar que o movi mento pela paz sempre foi internacional con gressos europeus regulares foram realizados em meados do século XIX Cerca de 5 milhões de pessoas protestaram contra a introdução de uma nova geração de armas nucleares na Europa no outono de 1981 e de novo em 1983 Um movi mento pela paz desenvolveuse também na Eu ropa Oriental e iria desempenhar importante papel nas revoluções pacíficas de 1989 que derrubaram os regimes comunistas e marcaram o fim da Guerra Fria Mas o movimento pela paz no Ocidente foi muito diferente do movimento pela paz no Les te O primeiro era principalmente um movi mento pródesarmamento um movimento anti nuclear Pertencia à primeira linha acima citada de pensamento do movimento pela paz e seu interesse primordial estava voltado para a ação política em nível internacional Talvez se possa dizer que durante o período do pósguerra a separação entre guerra e paz tornouse rígida A sociedade ocidental apresentavase abertamen te menos militarizada havia menos ênfase no patriotismo na disciplina ou na educação mili tar As bases de mísseis eram escondidas bem longe no campo A guerra tornouse remota e abstrata em parte porque a guerra na Europa era impensável e em parte porque a guerra na Terceiro Mundo algo concreto e onipresente tornouse uma espécie de espetáculo para ser visto na televisão e difícil de distinguir de um filme de ficção Os ativistas ocidentais pela paz estavam protestando contra uma realidade ex terna a qual não era obviamente de importân cia imediata para a vida cotidiana Isso não quer dizer que não houvesse interesse no desenvol vimento de uma cultura da paz mas sob a rubrica do antinuclearismo De especial impor tância era o papel desempenhado por mulheres que instalaram um acampamento a longo prazo fora da base de mísseis em Greenham Com mon elas foram pioneiras de uma nova forma de protesto Em contraste os movimentos que surgiram na Europa Oriental como Espadas em Ara dos na Alemanha Oriental Liberdade e Paz na Polônia o grupo Diálogo na Hungria e a Associação Independente pela Paz na Tchecos lováquia estavam muito mais interessados em questões internas imediatas o militarismo imperante em suas sociedades educação mili tarpatriótica serviço militar obrigatório brin quedos e jogos de guerra a nãoviolência e o vínculo entre paz e democracia Para eles a preocupação com a guerra nuclear tinha todo o aspecto de um luxo abstrato tinham menos receio de morrer do que de viver sob o totalita rismo que consideravam inseparável da guerra e do militarismo Criticavam os movimentos pacifistas ocidentais pela excessiva preocupa ção com sintomas como os armamentos e não com as causas Nesse sentido podiase dizer que os movimentos do Leste Europeu tinham redescoberto algumas das tradições do movi mento pela paz do século XIX No final da década de 80 o diálogo entre setores dos movimentos pela paz no Leste e no Oeste culminou em algumas abordagens co muns Por um lado parcelas do movimento ocidental pela paz deram ênfase crescente à détente de baixo para cima ao diálogo entre os movimentos de cidadãos do Leste e no Oeste e à necessidade de apoiar os movimentos demo cráticos como forma de terminar a Guerra Fria e iniciar um processo de desarmamento Por outro lado os movimentos pela paz e partes dos movimentos pela democracia no Leste com destaque para a Carta 77 na Tchecoslováquia interessaramse por abordagens alternativas pa ra a segurança européia pelo conceito de se gurança comum e pelas propostas para forta lecer a Conferência sobre Segurança e Coope ração na Europa mais conhecida como o Pro cesso de Helsinque Isso porque os projetos de paz européia desse tipo ofereciam potencial mente um quadro de referência no qual os es forços para transformar a sociedade e lutar pela democracia podiam ser protegidos de uma rea ção militar punitiva No rescaldo da Guerra Fria as energias em prol da paz ficaram exauridas Entretanto ape sar do fim do confronto LesteOeste e do come ço de um processo de desarmamento a paz perpétua não brotou nem mesmo na Europa A ascensão do nacionalismo do populismo e do fundamentalismo a guerra de 1991 no Golfo e os conflitos na Iugoslávia parecem anunciar uma era turbulenta Será que podemos esperar uma fusão das idéias de paz como resultado da abertura da Europa Oriental que seja capaz de fornecer uma base conceitual para futuros pro Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar paz movimento pela 565 testos Ou as idéias da década de 80 serão esquecidas uma vez mais Leitura sugerida Brock P 1968 Pacifism in the Uni ted States Carter April 1992 Peace Movements In ternational Protest and World Politics since 1945 Gallie WB 1978 Philosophers of War and Peace Hinton J 1989 Protests and Visions Peace Politics in Twentieth Century Britain MARY KALDOR penal instituição Ver PUNIÇÃO personalidade Há muito pouca diferença entre um homem e outro homem disse Wil liam James no começo deste século mas ape sar de pouca é muito importante Esse aspecto muito importante é a personalidade Compõe se de atributos e processos biológicos e psico lógicos cada um deles quanto tomado isolada mente compartilhado com todos ou apenas com alguns outros seres humanos mas singular no indivíduo em sua configuração global Os teóricos da personalidade deparamse portan to com uma vasta gama de abordagens podem concentrarse na estrutura da configuração ou selecionar da enorme quantidade possível de atributos e processos os que consideram signi ficativos para a compreensão de diferenças in dividuais O fato de eles terem aproveitado plenamente essa liberdade de escolha foi docu mentado por Gordon Allport 1937 que iden tificou quase 50 concepções diferentes de per sonalidade então em uso Há porém uma abordagem que tem domi nado o pensamento sobre a personalidade ao longo de todo o século a de Sigmund Freud 1923 por exemplo Não que tenha sido uma abordagem universalmente aceita pelo contrá rio poderseia defender a tese de que sua du radoura influência se deve tanto aos seus detra tores como Eysenck 1947 1982 quanto aos seus proponentes Impregnou as humanidades e freqüentemente em forma vulgarizada toda a cultura Em todo caso dificilmente se encon trará uma abordagem sistemática do pensamen to sobre personalidade que não se refira positi va ou negativamente à concepção global de Freud A essência dessa abordagem reside em sua noção de uma tríplice estrutura da persona lidade a qual é uma classificação abrangente de processos psicológicos continuamente interatu antes processos do ego ou seja transações com o mundo real incluindo percepção aprendiza gem memória pensamento e desempenho as sim como mecanismos de defesa inconscientes processos do id incluindo as necessidades bio lógicas busca do prazer e experiências reprimi das todas inconscientes e processos do super ego ou seja a aplicação a si mesmo de padrões morais interiorizados Essa concepção da es trutura da personalidade é uma reminiscência da classificação de Aristóteles dos objetivos básicos nas ações humanas como proveito pra zer e moralidade Em sua interação dinâmica os três tipos de processos podem impulsionar em direções diferentes e explicar assim a expe riência de conflito interior bem como os dis túrbios de personalidade As idéias básicas de Freud sobre estrutura da personalidade foram elaboradas e modificadas parcialmente por ele próprio mas também em grande parte por seus seguidores incluindo sua filha Anna que identificou mecanismos de de fesa adicionais por Heinz Hartmann que pos tulou a autonomia dos processos do ego e por Erik Erikson que colocou o desenvolvimento do ego em seu contexto social e descreveu as suas fases ao longo do ciclo de vida Alfred Adler e Carl Jung dois dos primeiros seguidores mas depois críticos de Freud desen volveram seus próprios conceitos de personali dade Adler pai da expressão complexo de inferioridade entendeu a personalidade como a maneira habitual adquirida desde muito cedo pela criança a fim de superar o seu inevitável sentimento de inferioridade experiência que tende a se repetir em face de novos encontros sociais e exigências externas Em contraste com o pessimismo de Freud Adler considerava o impulso para conquistar uma posição de supe rioridade a vontade de poder como a raiz de todos os progressos nos assuntos humanos Jung desviouse um pouco menos que Adler no conceito básico de Freud embora o seu novo e imaginativo vocabulário para os processos psicológicos matizado com idéias místicas conseguisse disfarçar as semelhanças Adicio nou ao modelo de Freud a noção de um incons ciente coletivo transmitido dos nossos ances trais compartilhado por todos e contendo os arquétipos do pensamento e da emoção Tam bém introduziu os termos extroversão e in troversão na psicologia da personalidade os quais começaram mais tarde a desempenhar um importante papel em uma abordagem muito diferente Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 566 penal instituição Muitas outras modificações do modelo psi codinâmico foram e ainda estão sendo propos tas Não obstante as diferenças e com freqüên cia os antagonismos entre eles os seus propo nentes participam de algumas características e suposições comuns tratam da pessoa como um todo não de aspectos isolados admitem que a personalidade tem mais profundidade do que parece desenvolvem suas idéias depois de pro longado contato com os indivíduos a maior parte deles enfatiza o componente social na constituição da personalidade são terapeutas praticantes e funcionam à margem das ins tituições acadêmicas A oposição intelectual ao modelo psicodinâ mico cresceu dentro e fora da psicologia e dentro e fora do establishment acadêmico ba seada em dois principais argumentos objeções ao determinismo desde a mais tenra infância e aos processos inconscientes por um lado e objeções aos métodos nãocientíficos da psi canálise por outro As primeiras deram origem à psicologia hu manista considerada por algum tempo a ter ceira força em psicologia entre a PSICANÁLISE e o COMPORTAMENTALISMO Sob a influência do existencialismo de JeanPaul Sartre e da feno menologia de Martin Heidegger a idéia de inconsciente foi rejeitada em favor da admissão do livrearbítrio da mediação do sernomun do e do viraser como aspectos centrais da personalidade Ludwig Binswanger na Suíça Carl Rogers e Abraham Maslow nos Estados Unidos e Ronald Laing na GrãBretanha foram os principais expoentes dessa concepção se ela sobreviverá à morte deles é uma questão em aberto Objetar às concepções psicodinâmicas por serem nãocientíficas pressupõe a adesão a uma idéia particular de ciência que exclui o pensamento sistemático a menos que este leve a hipóteses que possam ser experimentalmente testadas Embora não haja dúvida é claro de que a experimentação oferece um rigoroso teste de idéias na prática algumas das idéias de Freud foram testadas em centenas de experi mentos as abordagens básicas são notoria mente difíceis quando não impossíveis de tes tar experimentalmente Henry Murray 1959 e Gordon Allport 1961 deram significativas contribuições aos pressupostos básicos acerca da estrutura da per sonalidade e também aos métodos Ambos con centraramse em pessoas normais no seu habitat natural com seus interesses e preocupações naturais ambos consideraram a motivação o centro em torno do qual a personalidade é orga nizada Murray reconhecendo influências de Freud e Jung rejeitou dois motivos básicos de Freud as pulsões de vida e de morte como excessivamente limitados Propôs cerca de 20 necessidades com origens no cérebro as quais interatuam com premências isto é proprie dades do meio ambiente social que realçam ou estorvam a satisfação de necessidades Allport foi muito mais crítico do modelo freudiano Considerou a personalidade motivada por tra ços relativamente duradouros e intenções racio nais a cuja organização combinada chamou o proprium com o que quis significar um sis tema psicofísico que tende para a autonomia funcional de motivos independente da motiva ção infantil Ambos os teóricos da personalidade cons truíram métodos engenhosos para coletar pro vas empíricas A contribuição de Murray nessa área foi sobretudo o Teste de Apercepção Te mática TAT e a de Allport a defesa e prática de métodos ideográficos embora ele também fosse inventivo na criação de métodos nomoté ticos A influência desses dois teóricos da perso nalidade sobre os seus estudantes foi profunda mas suas idéias a respeito da estrutura da per sonalidade não foram mais desenvolvidas Em vez disso construíramse e padronizaramse inventários e escalas de personalidade em gran de número Existem hoje instrumentos para muitos atributos de personalidade como extro versãointroversão ansiedade depressão ma quiavelismo anomia julgamento moral va lores preconceito e outros mais São ampla mente usados para comparações entre grupos com menos freqüência para comparações du rante um certo período de tempo embora pos sam ajudar a esclarecer idéias sobre a natureza duradoura ou flexível de tais disposições Os que postulam um grande componente hereditário na personalidade satisfazemse é claro com uma medida definitiva a ênfase por eles atribuída à determinação biológica do tipo de personalidade tomou diferentes rumos Wil liam Sheldon 1942 viu a personalidade como determinada pela estrutura do corpo Hans Ey senck 1982 pelo sistema nervoso Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar personalidade 567 Seguindo uma tradição que remonta a Hipó crates Sheldon considerou o temperamento a essência da personalidade postulou a sua de pendência em relação ao tipo somático de uma pessoa e encontrou de fato correlações muito grandes entre essas duas variáveis Para Ey senck a essência da personalidade é determina da por processos cerebrais ainda não muito bem entendidos cujo resultado pode contudo ser medido por quatro dimensões contínuas que são mutuamente independentes São elas extrover sãointroversão neuroticismo psicoticismo e inteligência As escalas de Eysenck para três dessas dimensões são hoje largamente usadas em pesquisa mesmo pelos que não comparti lham sua abordagem geral O principal compêndio sobre teorias da per sonalidade Hall et al 1985 apresenta muitos outros colaboradores incluindo vários teóricos da aprendizagem entre os quais se destaca BF Skinner É discutível porém se ele e outros behavioristas deram uma contribuição ao pen samento sobre personalidade por mais impor tante que ela tenha sido em outros contextos eles certamente não têm pretensões a isso Su por uma organização interna que explique a interpretação do mundo externo como cumpre aos teóricos da personalidade parece contradi zer toda a forma de pensar de Skinner No final do século XX não existe portanto uma abordagem geralmente aceita para com preender a personalidade A principal divisão é entre os modelos psicodinâmicos com sua su posição de eventos mentais inconscientes e os outros modelos embora haja controvérsia tam bém dentro de cada lado Esforços para superar o grande hiato foram periodicamente envidados ao longo do século fracassaram O mais recente esforço nessa direção Westen 1985 é uma demonstração da compatibilidade dos resulta dos da rigorosa pesquisa empírica com as idéias psicodinâmicas realizada por uma pessoa que é qualificada em ambas as áreas Se será mais bemsucedido do que os seus precursores é o que ainda resta ver Leitura sugerida Hall C Lindzey G Loehlin JC e Manosevitz M 1985 Introduction to Theories of Personality Westen D 1985 Self and Society MARIE JAHODA planejamento econômico Ver PLANEJAMEN TO ECONÔMICO NACIONAL planejamento econômico nacional Os eco nomistas clássicos no passado e os economistas neoclássicos em termos modernos interessa ramse principalmente pelo comportamento e as interações de dois grupos de protagonistas econômicos as empresas e as famílias Presu miase tipicamente que os protagonistas procu rariam maximizar benefícios privados lucros e serviços públicos respectivamente Eles inter atuam negociando bens e serviços privados em termos determinados em mercados competiti vos macroeconômicos ou internacionais Básico para a defesa tradicional do planeja mento econômico nacional é o reconhecimento de que independentemente dos bens privados interesses privados e preferências individuais também existem e em qualquer sociedade mo derna ainda com mais motivos bens nãopriva dos interesses comuns e preferências sociais Os mercados para tais bens ou não existem ou podem ser de flagrante ineficiência As decisões acerca dos recursos econômicos necessários pa ra satisfazer esses interesses comuns devem portanto ser tomadas de modo diferente Os responsáveis pelo planejamento nacional são ou se supõe que sejam os representantes de tais interesses atuando em nome da sociedade co mo um todo Esses representantes formam o terceiro grupo de protagonistas econômicos Eles são ou deveriam ser os representantes elei tos da sociedade atuando em seus papéis de alocação de recursos através das várias agências do governo nacional Essas agências burocráti cas e o processo de negociação que os planeja dores nacionais iniciam e presidem constituem as contrapartes respectivamente das institui ções do mercado e da competição de mercado As regulamentações e as decisões de alocação direta de recursos das agências são o que se pode chamar a mão visível da burocracia ou o mecanismo de coordenação burocrática a con traparte da mão invisível do mecanismo de preção de Adam Smith ou o mecanismo de coordenação do mercado Kornai 1980 Ao longo do século XX excetuandose a década de 80 e provavelmente a de 90 a ten dência mundial foi no sentido de os governos dedicarem uma crescente proporção dos recur sos nacionais ao fornecimento de bens públicos tais como a defesa nacional o transporte públi co lei e ordem e ao suprimento de bens de qualidade como saúde educação e habitação Os planos nacionais embora de tipo limitado Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 568 planejamento econômico são necessários para o fim de se chegar a de cisões sobre o tamanho e a composição das verbas correntes e para investimentos nessas áreas no decorrer do tempo Entretanto um avanço verdadeiramente es petacular do planejamento econômico nacional ocorreu nos países socialistas com economias centralmente administradas e em menor grau em países recémindustrializados com econo mias baseadas no mercado As origens desse avanço podem ser atribuídas em grande parte à propagação da doutrina socialista durante o século XX promovendo a propriedade nãopri vada como socialmente superior e defendendo o novo papel das autoridades estatais como empresários ecléticos ou paralelamente aos em presários privados ou em sua substituição ou na ausência deles Gomulka 1986 cap1 O planejamento nacional nesses países tornouse também macroeconômico preocupado não apenas com setores ou regiões individuais mas com o desenvolvimento da economia em seu todo levando em conta as mútuas relações in tersetoriais e intertemporais Os planejadores socialistas nacionais tenderam a considerar que os mercados fracassaram na mobilização de adequadas poupanças financeiras e de recursos humanos para o desenvolvimento e favorecen do um comportamento míope e errático dos investidores redundando em subinvestimentos potencialmente sérios sobretudo em atividades em que os benefícios sociais excedem os lucros privados Um importante impulso para a expan são do planejamento nacional em economias de mercado foi dado também pela Grande Depres são da década de 30 e pelo envolvimento direto e bemsucedido dos governos do lado da oferta das economias durante a Segunda Guerra Mun dial Nos países onde prevalece a propriedade do estado o âmbito os fins e os instrumentos do planejamento nacional dependem predominan temente da autonomia do poder decisório das empresas estatais e da extensão em que as pre ferências da comunidade na verdade preferên cias dos planejadores predominam sobre as preferências dos consumidores individuais na determinação das demandas de uma economia aberta Sob o tradicional sistema do tipo sovié tico a União Soviética entre 1928 e 1990 grande parte da atividade de produção e inves timento era planejada e administrada a partir do centro enquanto que a soberania dos consumi dores e a autonomia das empresas sofriam for tes restrições Em contraste com as economias de mercado em que ofertas e demandas estão intimamente relacionadas em qualquer econo mia centralmente administrada ECA a direção de causalidade tende a fluir dos recursos para as ofertas e daí para as demandas Em particular as ofertas ao consumidor refletiriam as prefe rências dos planejadores e poderiam desviarse consideravelmente dos níveis em que existi riam se fossem livremente determinadas pelo mercado Subsídios e preços administrados te riam sido usados para colocar os níveis de demanda de consumo mais próximos dos de oferta Kuchnirsky 1982 Os planos nacionais em uma ECA variam em função dos períodos de tempo que cobrem e em função do grau de agregação Os planos anuais são os mais operacionais e os mais desa gregados Esses planos eram subdivididos em trimestrais e mensais Os planos a médio prazo usualmente para períodos de cinco anos eram mais agregados e com freqüência mais indica tivos do que obrigatórios Puramente indicati vos e sumamente agregados eram os planos nacionais a longo prazo Para facilitar a tarefa de formulação do plano e sua subseqüente im plementação as empresas estatais que produ zem bens semelhantes agrupavamse tipica mente para formar uma associação de produ ção várias associações formavam um departa mento chefiado por um ministro e as ativi dades das indústrias eram coordenadas pela autoridade de planejamento central Essas em presas negociavam com suas autoridades supe riores os planos de produção que especificavam as metas mínimas de produção output e as quotas máximas de investimento input in cluindo novas inversões de capital Esses pla nos específicos por empresas são elaborados em função de um limitado número de produtos variando no total entre 5 mil e 50 mil no nível da associação e entre 200 e 2 mil no nível cen tral A maioria desses produtos é formada por grandes grupos de artigos similares usual mente expressos nos termos físicos toneladas metros quadrados etc e de valor O objetivo imediato dos planejadores centrais é selecionar de um conjunto de alternativas exeqüíveis os volumes de demandas e ofertas específicas de tais produtos por empresa de um modo que assegure o equilíbrio no nível da economia aberta para cada um dos produtos O objetivo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar planejamento econômico nacional 569 adicional e mais exigente é obter o equilíbrio nacional de modo a que os outputs finais ou líquidos da economia maximizem algum tipo de índice do bemestar nacional ou de qualquer forma que esses outputs satisfaçam os objeti vos dos planejadores de maneira considerada satisfatória Manove 1971 Heal 1973 Ell man 1979 Crucial para o funcionamento eficiente de tal economia planejada é o comportamento das empresas Uma vez que as metas de produção e as quotas de investimento são tipicamente grandes agregados um plano específico para a empresa imposto de cima pode ser visto como representativo de um conjunto de restrições de recursos de demanda e financeiras que defi nem o conjunto de opções ainda acessível à empresa A escolha de seu próprio plano de empresa agente depende por sua vez do sis tema de incentivos imposto pelo centro dire tor sobretudo da credibilidade de suas amea ças disciplinadoras Schaffer 1989 Os termos do plano imposto e do sistema de incentivo são específicos para cada empresa e portanto aber tos à barganha entre a empresa e o centro O trunfo nas mãos da empresa para a negociação está no limitado acesso à informação sobre as suas verdadeiras possibilidades de produção por parte do centro Portanto no processo de barganha as empresas estão em uma posição que lhes permite desejar maiores quotas de investimento do que lhes é necessário e metas de produção mais baixas do que lhes é possível atingir Também estão tipicamente mais bem situadas pelo fato de não revelarem possibili dades concretas de produção uma vez que essa informação pode ser usada pelo centro para aumentar as futuras metas de produção Essa prática de planejamento pela qual os níveis alcançados de desempenho são usados como ponto de partida para determinar novas metas é conhecida como a aplicação do princípio de catraca Berliner 1976 Cave e Harem 1981 Quando muitos bens dessemelhantes são in cluídos em metas compósitas de produção es sas metas têm que se expressar em termos de valor O produtor tem interesse nesse caso dado o princípio de customais da formação de preço em usar inversões dispendiosas a fim de minimizar o esforço necessário para implemen tar um dado plano Isso leva a uma propensão nas ECAs a fabricar produtos com elevado emprego de material ver Gomulka e Ros towski 1988 para uma estimativa da propen são A maioria dos preços de produtos nas ECAs era rígida e imposta pelo estado reagindo pouco aos desequilíbrios do mercado Tais pre ços ad hoc são passíveis de diferir substan cialmente do custo social marginal de produ ção Para reduzir o seu papel alocativo e como resposta ao comportamento das empresas de minimizar o esforço os planejadores centrais fixavam tipicamente elevadas metas de produ ção e baixas quotas de investimento de modo a que o leque de opções de uma empresa fosse pequeno Essa prática de planejamento rígido tenta pôr em evidência o papel alocativo das quantidades que para os planejadores são signi ficativas e diminuem o papel dos preços Entre tanto preços inflexíveis acarretam persistentes e generalizados desequilíbrios microeconômi cos e isso gera por sua vez o fenômeno da substituição forçada de artigos escassos por artigos excedentes Dada a pobre qualidade dos preços não se podia confiar nos lucros como medida de desempenho Essa caracterís tica das ECAs levou à prática de tolerar a pro dução de perdas Essa tolerância ajudou a des envolver e foi ela própria instigada por ati tudes paternalistas do centro em relação às empresas Kornaim 1980 Apesar da presença generalizada de dese quilíbrios e ineficiência microeconômicos os planejadores centrais socialistas eram de forma geral capazes de manter o controle macroeco nômico Mantiveram os salários baixos e isso garantiu que as margens de lucro fossem excep cionalmente altas pelos padrões internacionais Esses lucros eram usados para financiar uma grande atividade de investimento e assegurar fundos para as despesas correntes do orçamento do estado uma considerável proporção das quais era representada por subsídios ao consu mo Exceto na Iugoslávia os planejadores cen trais também puderam controlar bem o cresci mento dos salários e outras rendas e desse modo limitar a inflação de preços a taxas tipi camente inferiores a 10 ao ano Wiles 1980 Entretanto em alguns países e em certos perío dos esse controle foi seriamente erodido ou quase perdido Polônia em 19501 19801 e 19889 União Soviética 198991 redundando em surtos do que Kolodko e McMahon 1987 chamam inflação de escassez shortageflation Tentativas politicamente motivadas de manter os preços controlados pelo estado abaixo dos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 570 planejamento econômico nacional níveis de compensação do mercado levaram por seu turno ao recrudescimento dos mer cados negros e ao fenômeno da poupança for çada Os primeiros reformadores das ECAs na busca da combinação de eficiência econômica com princípios socialistas não advogaram a redução da propriedade do estado nem o plane jamento central mas meramente a abolição de planos específicos para cada empresa Por con seguinte as empresas seriam independentes do ponto de vista financeiro e gerencial Para obter melhor desempenho era vital que elas funcio nassem também em um ambiente de mercado competitivo Entretanto de acordo com os re formadores os preçoschaves os critérios de desempenho e os incentivos seriam fixados pe lo centro para induzir as empresas a produzir embora não mais individualmente mas em con junto o que o centro queria que produzissem Nessa economia socialista planejada com um mercado regulado Brus 1961 a intenção era usar o mecanismo de mercado competitivo co mo instrumento para implementar os planos centrais Malinvaud 1967 propôs uma pos sível implementação dessa idéia em um modelo matemático inteiramente desenvolvido para um levantamento de possíveis implementa ções ver Heal 1973 Essa idéia de planeja mento central indireto ou paramétrico estava no âmago da reforma húngara entre 1958 e 1990 da reforma polonesa de 1982 a 1989 e da refor ma chinesa iniciada em 1982 Sob a égide des sas reformas os problemas de escassez foram reduzidos e a flexibilidade de preços aumentou Entretanto os mercados competitivos não fo ram estabelecidos persistindo paternalistas e intervencionistas as atitudes do estado proprie tário em relação às empresas e em resultado de antigas deficiências inalterados a ineficácia particularmente elevada e o baixo índice de inovação Esse fracasso das reformas no inte rior do sistema levou ulteriormente na Europa Oriental e na antiga União Soviética a um ataque frontal contra os pilares gêmeos do pró prio sistema o planejamento central e a proprie dade do estado Na Europa Oriental e na ex União Soviética o planejamento central foi abandonado no período 198992 Os argumen tos originais de von Mises 1935 contra a viabilidade do cálculo econômico racional na Comunidade Socialista parecem ter sido jus tificados ver Lavoie 1985 para uma recente crítica desses argumentos Houve uma mudança paralela nas econo mias de mercado desenvolvidas da Europa Oci dental e do Japão assim como na maioria dos países em desenvolvimento recémindustria lizados do mundo inteiro distanciandose do ativo e extensivo planejamento central indica tivo Brada e Estrin 1990 Em muitos países a política de privatização reduziu também o tamanho do setor público Entretanto o papel econômico mais tradicional das autoridades centrais no fornecimento de bens públicos e de mérito assim como a administração as regula mentações e a execução da estabilização ma croeconômica permanecem amplamente intac tos tanto no Leste quanto no Oeste Ver também SOCIALISTA TEORIA ECONÔMICA SOCIALIZAÇÃO DA ECONOMIA Leitura sugerida Cave J e Hare P 1981 Alternative Approaches to Economic Planning Ellman M 1979 Socialist Planning Gomulka S 1986 Growth Inno vation and Reform in Eastern Europe Heal GM 1973 The Theory of Economic Planning Johansen L 1978 Lectures on Macroeconomic Planning vols1 e 2 Kuchinsky FI 1982 Soviet Economic Planning 196580 STANISLAW GOMULKA planejamento social Existem muitas inter pretações do planejamento em geral e do plane jamento social em particular Na abordagem mais simples planejamento social é planeja mento aplicado a instituições e recursos sociais Pode referirse a objetivos globais ou parciais Pode abranger o planejamento para todo um sistema social ou referir apenas ao planejamen to de aspectos específicos de um projeto em uma agência de serviço social O próprio plane jamento tem que ser descrito com maiores deta lhes para evitar a circularidade nessa definição De acordo com HJ Gans Em seu sentido genérico planejamento é um método de tomada de decisões que propõe ou identifica metas ou fins e determina os meios ou programas que realizam ou se pensa que realizam esses fins o que ocorre mediante a aplicação de técnicas analíticas para descobrir a adequação entre os fins e os meios e as conseqüências da implementação de fins e meios alternativos Gans 1968b p129 A racionalidade é uma das características do planejamento ver também ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA Na abordagem do planejamento racionalidade e cálculo são de primordial im Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar planejamento social 571 portância A elaboração sensível de políticas e planejamento significa projetar um sistema pelo qual a sociedade pode ponderar racional mente os custos e benefícios das alternati vas Owen e Schultze 1976 p10 Em uma perspectiva sociológica a racionalidade do planejamento depende porém da natureza do alvo e da sociedade em que o plano funciona A tomada de decisões em matérias sociais cons titui um processo político em que os valores e interesses dos participantes desempenham um papel predominante se bem que nem sempre ostensivo Além disso a realização do plano é um processo social que raras vezes é totalmente guiado se é que alguma vez o foi pelas in tenções dos planejadores Vários atores sociais operando em outros níveis de intencionalidade participam desses processos O resultado por tanto dependerá do vigor e da solidez das ações não planejadas e as chamadas conseqüências nãopremeditadas ocorrerão inevitavelmente Da perspectiva do planejador elas podem ser vistas como espontâneas A divergência entre plano e resultado depende de certo número de fatores Alguns dos mais importantes são a complexidade do sistemaalvo as contradições internas e os conflitos entre componentes do sistemaalvo o impacto de forças exteriores como as naturais ou a natureza estocástica dos vínculos intrasistêmicos em uma sociedade Sztompka 1981 Níveis e atores do planejamento Teoricamente todos os atores sociais podem tomar decisões mais ou menos racionais acerca de sua própria ação e conduta futura Assim planos podem ser feitos por famílias firmas e outras organizações comunidades locais e uni dades dotadas de governo próprio até o corpo central dos responsáveis pelas decisões Es tamos interessados aqui no planejamento que vai além das fronteiras de uma unidade autôno ma autosuficiente como uma família ou fir ma e em especial no planejamento em nível global implicando a sociedade como um todo Nas sociedades de mercado o planejamento surgiu como resposta a vários fracassos do mer cado Por um largo período de tempo manteve se parcial ou orientado para programas especí ficos como é ilustrado pelo planejamento urba no que apareceu em alguns países no final do século XIX Os planos em níveis macro quatro ou cinco anos originaramse depois da crise mundial de 1929 em algumas socie dades capitalistas principalmente nãodemo cráticas como a Alemanha nazista em 1933 Madge 1968 Um planejamento mais abran gente foi desenvolvido depois da Segunda Guerra Mundial Uma tendência descrita pela primeira vez por Chandler 1977 é a crescente coordenação entre as grandes companhias cor porations de tal modo que a sua produção e distribuição hoje em dia são cada vez mais determinadas não por forças do mercado mas pelo planejamento e a coordenação admi nistrativa Himmelstrand 1981 p201 A ou tra tendência foi o surgimento do planejamento estatal funcionando em nível macro Kahn 1969 Nas antigas sociedades de socialismo de estado a tendência foi invertida Os planos globais em níveis macro elaborados pelos ór gãos centrais predominaram desde o início ver também PLANEJAMENTO ECONÔMICO NACIONAL Planos parciais iniciados de baixo para cima foram inexistentes Em conformidade com princípios ideológicos o mercado foi abrupta mente substituído pelo planejamento central o primeiro plano qüinqüenal teve início em 1928 na União Soviética O planejamento propôsse eliminar a operação espontânea do mercado e substituir pela racionalidade central todas as outras iniciativas e racionalidades em todos os campos da vida social O papel exclusivo do planejamento central foi questionado por várias vezes por reformadores econômicos desde o início da década de 20 mas sem sucesso dura douro O colapso final do socialismo de estado em 198990 pode ser atribuído em grande me dida ao planejamento central que impôs racio nalidade exclusivamente política em todos os subsistemas sociais e assim prejudicou a racio nalidade e a eficiência os princípios básicos da democracia política etc Tipos de planejamento Existem formas de planejamento mais rigo rosas e mais moderadas mais imperativas ou mais liberais Rostow 1962 p22 Na prática do socialismo de estado o planejamento por ordens diretas foi predominante por largo pe ríodo de tempo Nesse caso inputs outputs e todas as condições de atividade de todas as unidades eram centralmente fixados Nos últi mos 20 anos apareceu o planejamento indireto Este ainda significa metas centralmente defini das mas as ordens diretas foram substituídas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 572 planejamento social por reguladores fiscais e outros Esse método foi seguido por países que tinham aceito como a Hungria de 1968 em diante o mercado regu lado pelo plano Brus 1961 Na realidade sob as condições políticas dadas o mercado continuou sendo um mercado simulado e não poderia produzir o resultado esperado A mu dança do sistema político traz a promessa de libertação dos subsistemas sociais incluindo aí o mercado Como reação às práticas anteriores todas as formas de planejamento tornaramse ilegítimas nessas sociedades Nas sociedades de mercado capitalistas o estado pode aceitar alguma forma de planejamento indicativo su blinhando metas sem insistir em meios especí ficos por exemplo a França ou adotar apenas objetivos amplos e políticas vagamente defi nidas que os encaminharão segundo se espera na direção geral desejada Kahn 1969 p44 Técnicas de planejamento As etapas de planejamento podem ser defi nidas como o desenvolvimento de uma política a implementação dessa política e sua avaliação Rein 1968 Em todas as etapas é de suma importância um adequado conhecimento das condições e relações afetadas pelo plano bem como uma fluxo contínuo de informação Desde o começo da década de 70 o aperfeiçoa mento da administração e a avaliação de proje tos atraíram considerável atenção e grande so ma de verbas Meyers 1981 Uma das técnicas é o sistema planejamentoprogramaçãoprovi são orçamentária sppp o qual serve simulta neamente para a fixação e a avaliação de metas Kahn 1969 p43 Os estudos de avaliação tornaramse um ramo praticamente autônomo da pesquisa social A partir de finais da década de 70 análise de custosbenefícios método ba seado na lógica da teoria econômica do bemes tar ver também BEMESTAR TEORIA ECONÔMICA DO é cada vez mais usada em decisões acerca de projetos sociais e na avaliação de seus resul tados Todos esses instrumentos parecem ser úteis no caso de projetos parciais que estão bem circunscritos mas não se adaptam tão bem aos programas abrangentes de nível macro Cum pre lembrar também que esses métodos não podem resolver o problema político de conflitos de valor e interesses divergentes As decisões sobre os fatores a incluir em várias análises ou a excluir destas continuam sendo influenciadas por considerações sociais e políticas Planejamento social Quando o planejamento social se caracteriza por suas vastas ambições pode ser denominado planejamento societal O planejamento so cietal ocupase da avaliação de metas sociais e do desenvolvimento em linhas gerais dos tipos de programas adequados à realização das metas escolhidas Gans 1968b p129 Planejamen to parcial planejamento urbano ou comunitá rio planejamento de projetos de bemestar têm sido de há muito as principais formas de plane jamento social em sociedades de mercado Esse tipo de planejamento tem sido freqüentemente discutido incluindose os problemas de coor denação a concorrência para a obtenção de verbas e a maquinaria de planejamento Gans 1968a Rein 1968 Kahn 1969 O surgimento do ESTADO DE BEMESTAR e ainda mais a idéia de uma sociedade de bem estar colocaram em pauta questões mais abran gentes Nesse caso o planejamento social pode ou deve tornarse o processo de desenvolvi mento implementação e avaliação de políticas sociais sendo a sua essência a determinação de prioridades sociais Em outras palavras o pla nejamento social tem que se ocupar da dis tribuição de bemestar e da formação de re lações estruturais Walker 1984 p3 Essa questão é do ponto de vista social bastante controvertida de modo que pelo menos para parcelas da intelligentsia e da oposição o pla nejamento social se converteu em um campo de luta ideológica por meio da qual tentaram descobrir os meios de superar as desigualdades promovidas pelo desenvolvimento econômico Jobert 1981 p238 Nas antigas sociedades socialistas o plane jamento econômico estatal costumava ser pre dominante O pressuposto ideológico era que o desenvolvimento econômico acarretaria auto maticamente o progresso social e a realização de objetivos socialistas como a elevação do nível de bemestar do povo a melhoria do estilo e da qualidade de vida a redução da diferencia ção entre classes e grupos o aperfeiçoamento das relações sociais e finalmente a criação das condições necessárias para o desenvolvimento pessoal multiforme oferecido a todos os cida dãos Zalavskaya 1981 p192 Apesar das metas sociais ambiciosas e fre qüentemente radicais em ambos os tipos de sociedade o planejamento social se manteve Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar planejamento social 573 não raras vezes estreitamente burocrático cen tralizado insensível às reais necessidades e su bordinado à política e ao planejamento econô micos Walker 1984 O abismo entre metas e realidade costumava ser particularmente pro fundo na maioria das sociedades de socialismo de estado Essa falha tinha muitas razões A razão técnica era que no caso do planejamento direto as metas tinham que ser numérica e exatamente definidas Portanto o planejamento social estava restrito a metas que pudessem ser definidas desse modo como o número de leitos hospitalares ou de vagas nos jardins de infância desprezando a qualidade dos serviços ofereci dos A razão ideológica era a ênfase no desen volvimento econômico que se supunha acar retar automaticamente o desenvolvimento so cial A principal razão política ou estrutural era porém o próprio sistema político O planeja mento bemsucedido para mudanças e o plane jamento para necessidades têm que se basear na participação democrática do planejamento e no seu controle ou seja em direitos sociais e eco nômicos O necessário mesmo que não seja o suficiente requisito prévio desses direitos é a existência de direitos civis e políticos Como estes são subdesenvolvidos ou ausentes nos sistemas totalitários o planejamento represen tou de fato uma ditadura sobre as neces sidades A ausência de democracia política retirava toda a legitimidade do planejamento e de seus resultados mesmo que o padrão de vida ou os seus componentes tivessem objetivamen te melhorado De modo mais amplo desde a crise do so cialismo no Leste Europeu e a propagação do neoliberalismo o planejamento em geral e o planejamento social em particular perderam grande parte de sua legitimidade e atração an teriores Johnson 1987 A negação do plane jamento pode contudo intensificar as deficiên cias de mecanismos sociais automáticos co mo o mercado As mudanças tecnológicas por exemplo parecem acarretar desemprego em grande escala com graves conseqüências para a distribuição de renda Em geral as estruturas sociais hierárquicas e desiguais se deixadas a si mesmas reproduzemse de modo automático e espontâneo usualmente com o aumento das desigualdades o fortalecimento das hierarquias e o agravamento da situação dos grupos mais fracos da sociedade Isso é verdadeiro até mes mo em nível internacional As recentes ten dências mundiais parecem acentuar as desi gualdades de desenvolvimento entre os três mundos As conseqüências espontâneas tinham de ser enfrentadas para se evitar o recudrescimento das tensões em nível tanto nacional quanto internacional Nas condições políticas corren tes é muito pouco provável que isso ocorra Os planos sociais são ainda mais discutíveis que o planejamento econômico em parte porque as intervenções em questões sociais são especial mente suspeitas de dirigismo e em parte porque os riscos são grandes os resultados podem afetar diretamente muitos indivíduos sociais A eficácia dos planos sociais dependerá de as sociedades poderem encontrar formas de democratizar e descentralizar os processos de planejamento e implementação de poderem envolver os cidadãos nesses processos pode rem em suma construir um sistema de plane jamento de baixo para cima Leitura sugerida Balogh T 1965 Planning for Pro gress a Strategy for Labour Booth TA org 1979 Planning for Welfare Gans HJ 1968a People and Plans Hall P 1981 Great Planning Disasters Him melstrand U org 1981 Spontaneity and Planning in Social Development Kahn AJ 1969 Theory and Practice of Social Planning Marris P 1982 Commu nity Planning and Conceptions of Change Mayer RH 1972 Social Planning and Social Change Paris C org 1982 Critical Readings in Planning Theory Walker A 1984 Social Planning ZSUZSA FERGE pluralismo A mesma palavra designa três grupos muito diferentes de idéias nas ciências sociais Um deles pode ser tratado de forma bastante breve o pluralismo nessa primeira acepção referese a um padrão institucional em uma sociedade préindustrial nãoocidental sob domínio colonial ou póscolonial Socie dade plural é um conceito proposto por JS Furnivall 1948 e ulteriormente desenvolvido por L Kuper e MG Smith 1969 Em tal sociedade grupos sociais autoregulados e fe chados vivem lado a lado mas cada um tem uma existência comunitária distinta Esses gru pos estão externamente ligados pelo estado e pelo mercado Tal padrão de pluralismo não subentende igualdade de influência ou impor tância entre os grupos pelo contrário são típi cas as relações de hierarquia ou dominação Relações comunalistas desse gênero são um Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 574 pluralismo obstáculo ao desenvolvimento do moderno es tadonação ou da moderna economia integrada Pluralismo norteamericano O segundo sentido de pluralismo é sem dúvida o mais influente e o que melhor se conhece uma vez que as referências à aborda gem pluralista ou ao pluralismo significam quase invariavelmente a teoria pluralista norte americana da democracia política Essa teoria pretende desenvolver os insights proporciona dos por certo número de fontes prémodernas do pensamento político The Federalist Papers de 178788 são freqüentemente citados mas o mais importante precursor é Alexis de Tocque ville o qual afirmou em De la démocratie en Amérique 183540 que um governo democrá tico é sustentado por uma sociedade em que as condições de influência política plural estejam asseguradas e perpetuadas Ou seja a democra cia no sentido de oportunidades amplas e com partilhadas de modo relativamente uniforme para influenciar a opinião pública e a tomada de decisões governamentais depende menos de mecanismos constitucionais formais como eleições representativas do que da existência de uma pluraridade de associações secundárias na SOCIEDADE CIVIL separadas do estado e não controladas por este Tal dispersão social de opinião e influência tais organizações rivais de cidadãos impedem a democracia majoritária de se tornar tirânica ou o estado de exercer o controle exclusivo das vidas e lealdades dos cidadãos As idéias de Tocqueville estão em direta oposição às de JeanJacques Rousseau o qual sustentou que todas as organizações que intervieram entre o estado e o cidadão indivi dual perverteram a democracia majoritária e asseguraram o domínio de facções movidas por interesses egoístas Que a Revolução Francesa e o Terror tinham interferido é claramente um fato de extrema relevância Tocqueville viu que se a sociedade política for composta de mino rias competindo entre si nenhuma delas apta a prevalecer em toda e qualquer questão sobre as demais ela estará relativamente segura contra a tirania Esses pontos de vista foram desenvolvidos mais formalmente por cientistas políticos norte americanos sobretudo a partir da década de 40 Notáveis teóricos pluralistas foram Talcott Par sons 1969 e David Truman 1951 A formu lação mais rigorosa é a de RA Dahl em A Preface to Democratic Theory 1956 Nas mãos de Dahl o pluralismo tornase uma teoria da competição política estável e relativamente aberta e das condições institucionais e norma tivas que a sustentam Poder e influência só se dispersam sob condições sociais e políticas de finidas a participação política deve incluir pelo menos potencialmente todos os cidadãos adul tos que gozem dos mesmos direitos formais a formação de grupos de interesses e partidos concorrentes independentes do controle do es tado não deve ser sistematicamente monopo lizada por um grupo minoritário Além disso a maioria dos grupos concorrentes que almejam controlar ou influenciar a tomada de decisões deve subscrever as normas de uma cultura po lítica democrática ou seja aceitar a alternância de poder o direito de outros grupos à existência e os limites dos métodos de competição política ver INTERESSE GRUPO DE As modernas socie dades industriais ocidentais e alguns países do Terceiro Mundo como a Índia tendem a satis fazer essas condições em grau suficiente para que possam ser classificadas como exemplos de uma poliarquia funcionando satisfatoria mente É pouco provável que algum estado logre cumprir todas as condições ideais típicas de uma democracia funcionando plenamente A democracia existe sob condições modernas na forma de poliarquia ou seja a influência plural e sucessiva de grupos de interesse As democracias modernas são formadas por cons telações concorrentes de tais grupos não o go verno formal dos representantes das opiniões de uma maioria de cidadãos individuais O plura rismo é o governo das minorias No mínimo cada uma dessas minorias tem alguma influên cia sobre as questões que lhe interessam Na medida em que isso é verdadeiro que os grupos consideram que a disputa por influência é sufi cientemente aberta para valer a pena competir e que nenhum deles busca ou adquire um mono pólio de influência então o sistema é pluralista O pluralismo não requer a absoluta igualdade de influência para todos os grupos nem supõe que a política seja isenta de conflitos tenta provar que a desigualdade e o conflito têm que ser confinados abaixo de um limiar definido para que o sistema seja poliárquico Portanto é perfeitamente possível a um sistema pluralista fracassar na dimensão da inclusividade quando passa então a ser um sistema oligárquico ou na dimensão da competição quando se converte Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar pluralismo 575 em uma hegemonia inclusiva ou seja o po der é monopolizado por um grupo minoritário específico Dahl é o mais explícito dos pluralistas no sentido de construir um modelo teórico das condições que uma comunidade política deve satisfazer para garantir um mínimo de compe tição democrática para influência e exercício de funções O papel desse modelo consiste em mostrar o grau em que as sociedades concretas se aproximam das condições típicas de uma poliarquia O pluralismo e a obra de Dahl em particular tem sido alvo de muitas críticas hos tis por parte de radicais como C Wright Mills 1956 e de marxistas como R Miliband 1969 Afirmam eles que o pluralismo é uma apologia sistemática das sociedades capitalistas ociden tais que os pluralistas proclamam erradamen te que o poder e a influência estão amplamente distribuídos e cometem grave equívoco ao sus tentar que não existe desigualdade sistemática no acesso à competição política Mills e Mili band afirmam que o poder está de fato mono polizado e que uma minoria está apta a controlar todas as decisões importantes que influam em seus interesses Bachrach e Baratz 1962 sus tentam que o grupo dominante é suficiente mente poderoso para poder definir a agenda política de tal modo que questões importantes para outros grupos simplesmente nunca che gam a ser máterias formais de decisão política De fato que nos seja permitido discordar dos críticos tudo que os pluralistas precisam afirmar é que uma poliarquia existe se grupos menos bemsucedidos ainda considerarem va ler a pena competir e que com o passar do tempo o sistema mostra uma tendência a se tornar mais inclusivo e mais abertamente com petitivo Dahl aponta que em ambos os as pectos as sociedades ocidentais se mostram minimamente pluralistas Cita o crescimento da influência dos partidos e movimentos trabalhis tas na Europa tendo sido previamente excluí dos concorreram e chegaram ao poder e pas saram a exercer influência e nos Estados Unidos a inclusão dos negros no sistema polí tico e a destruição do sistema de segregação no Sul De modo geral tem faltado aos críticos radicais e marxistas a sofisticação metodológi ca necessária para construir um sério teste em pírico do modelo pluralista enquanto que Dahl em especial apresentara poderosas críticas ao modelo de Mills de uma elite do poder Dahl 1958 assim como às abordagens marxistas da democracia 1948 A sabedoria convencional dos radicais da década de 60 dizia que o plura lismo era uma ideologia obsoleta pelo contrá rio o pluralismo sobreviveu até os anos 80 e se conservou melhor do que as idéias de seus críticos A crítica radical e marxista do pluralismo é compreensível no contexto da Guerra Fria O pluralismo era freqüentemente usado com com placência como apologia e endosso das demo cracias ocidentais A exploração ideológica de uma teoria pode claramente comprometer o seu valor explicativo Rigorosamente especificada a teoria pluralista permitenos ver até que ponto muitas democracias ocidentais estão distantes de uma poliarquia em pleno funcionamento Cumpre dizer que com a exceção das mais recentes obras de Dahl 1982 1985 ela rara mente foi usada dessa maneira Quando usado em comparações com a União Soviética o plu ralismo pôde mostrar que as democracias oci dentais têm exibido incomparavelmente maior influência política e competitividade política aberta Entretanto isso encorajou e criou um alvo fácil para os críticos hostis todos eles por demais conhecedores dos limites do funciona mento democrático do Ocidente Acrescentese que o pluralismo é rigoroso somente como teoria específica da competição política e no como abordagem geral da ciência política Possui de fato importantes limitações explicativas sendo a principal delas a de tender a tratar o estado e órgãos governamentais como se nada mais fossem do que um veículo através do qual grupos influentes são capazes de con cretizar seus objetivos Assim o estado é uma rede intermediária através da qual grupos con correntes lutam por influenciar a ação política e a tomada de decisões refletindo ele em suas ações os objetivos do interesse organizado pre dominante em qualquer questão Isso poderia ser chamado de modo um tanto irreverente a teoria do estado como central telefônica É ex tremamente difícil acomodar na teoria pluralis ta as proposições de que o estado é uma ins tituição sumamente exclusiva e de que os gru pos e agências dentro dele têm distintos interes ses e objetivos próprios Entretanto a teoria da classe dominante ou a teoria marxista da classe dominante não é em absoluto um substitutivo eficaz uma vez que se trata de teorias genera lizantes que por sua vez subestimam o papel Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 576 pluralismo da competição política e da influência política plural Elas por sua vez consideram o estado impermeável e homogêneo demais bem como subserviente demais em relação ao grupo social minoritário dominante o complexo industrial militar ou a classe capitalista Embora o plura lismo desafie corretamente a concepção de so mazero do poder como quantidade fixa tende a ignorar a rigidez institucional do governo que impede que a influência seja infinitamente pro longável Uma importante área de pesquisa empírica pluralista foi a análise do poder da comunidade Pluralistas e neoelitistas argumentaram pró e contra a proposição de que o poder em regiões e cidades americanas está largamente difundi do sendo de Dahl 1961 a declaração pluralista clássica e de Floyd Hunter 1953 a declaração clássica da monopolização do poder Para um levantamento geral desse debate ver Nelson W Polsby 1963 e Arnold M Rose 1967 Pluralismo político inglês O terceiro sentido de pluralismo é o do pluralismo político inglês Essa corrente em teoria política foi muito influente na GrãBreta nha e internacionalmente no primeiro quartel deste século após o que sofreu um rápido e radical eclipse O pluralismo nesse sentido é menos uma doutrina da competição política como a norteamericana do que uma crítica da estrutura do estado e da base da autoridade deste Os pluralistas ingleses desafiaram a teo ria da ilimitada soberania do estado e a concep ção de um estado unitário centralizado corporificando tal poder soberano em uma hie rarquia de autoridade exclusivamente controla da Os pluralistas ingleses atribuíram um papel central a associações voluntariamente forma das de cidadãos na sociedade civil mas seu propósito básico a esse respeito era normativo ou seja sustentar que o estado soberano res tringiu e inibiu o crescimento e a liberdade de tais associações que o estado era um obstáculo à existência de associações plurais autônomas e portanto devia ele próprio ser pluralizado a fim de corresponder mais de perto às neces sidades das associações livres em uma socie dade livre O pluralismo americano pelo con trário sustenta que a difusão de poder é um fato e presta pouca atenção à estrutura do estado Os principais pensadores pluralistas ingle ses foram o historiador do direito FW Mait land seu colaborador o ministro da igreja an glicana John Figgis e os intelectuais socialis tas GDH Cole e Harold J Laski Maitland e Figgis foram diretamente influenciados pelo teórico alemão do direito Otto von Gierke e sua teoria das associações 1900 Eles desafiaram a ficção teórica da personalidade jurídica e a concepção concessionista do direito legal de associações Tais concepções promanaram da opinião de que as últimas organizações legíti mas na sociedade são o estado representando a vontade do povo e os indivíduos como porta dores de direito A concessão de personalidade jurídica é dependente do estado e a classe assim formada é limitada em seu poder por seus ar tigos de associação Figgis em sua princi pal obra Churches in the Modern State 1913 sustentou vigorosamente que esse ponto de vis ta deve inibir o livre desenvolvimento dos in divíduos e a democracia interna das associa ções Afirmam que os indivíduos só podem esforçarse por concretizar algumas de suas mais importantes liberdades e desfrutar delas em associação com outros e que o ponto de vista concessionista inibiu a autonomia de as sociações com governo próprio como igrejas e sindicatos A noção de soberania do estado foi desafiada por todos os pluralistas Por soberania enten deram eles que uma determinada corporação política tipicamente uma legislatura reivindi cava para si mesma a plenitude do poder e o direito a exercer o controle e a promulgar leis para todas as pessoas agências e circunstâncias dentro de um território definido Soberania é um conceito defectivo visto que nenhuma cor poração pode realmente possuir tal plenitude de poder e que ao pretender reinvidicála a sua tendência era no sentido de atacar as fontes plurais de poder influência e administração em uma sociedade Laski 1921 resumiu bem essa oposição ao sustentar que nas sociedades mo dernas todo poder e toda organização são ne cessariamente e de facto federativos O estado deve pois conceder autonomia e independên cia às agências e associações mais apropriadas ao desempenho de determinada tarefa afir mou aquele autor que como as estradas de ferro são tão reais quanto o Lancashire deveria serlhes consentido que conduzissem seus pró prios negócios pelo menos da mesma forma que se permite ao condado cuidar dos dele Cole e Laski defenderam com veemência a participa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar pluralismo 577 ção dos trabalhadores na gestão de suas indús trias e a criação por estas em moldes federati vos de padrões de codeterminação e colabora ção mútua que fossem reputados necessários e apropriados Cole ligou explicitamente a plura lização da autoridade do estado à administração da indústria pela Guilda Socialista em Guild Socialism Restated 1920 Os pluralistas acreditavam na dispersão do poder do estado em domínios de autoridade distintos e funcionalmente autônomos Por cau sa disso opuseramse fortemente à legitimação democrática representativa do estado centrali zado à pretensão de que somente tal organiza ção poderia representar a vontade do povo sendo outras organizações parciais e egocên tricas Cole em especial desafiou veemente mente esse ponto de vista afirmando ser impos sível a representação das vontades reais de tão multiforme e diversa massa de cidadãos Os pluralistas negaram que a sociedade pudesse dar origem a uma vontade geral afirmando pelo contrário que os interesses dos cidadãos eram específicos e diversos Embora todos os pluralistas acreditassem que o poder do estado centralizado deveria ser disperso e que as as sociações deveriam gozar da maior medida de liberdade compatível com a liberdade de outros não concordavam sobre a natureza do poder público restante em tal sistema Cole em parti cular favoreceu claramente a substituição do sistema de democracia representativa por um sis tema de democracia funcional baseado nas guil das industriais Laski era favorável a uma com binação do sistema territorial representativo com o autogoverno funcional O pluralismo declinou depois de meados da década de 20 O colapso financeiro de 1929 desferiulhe o golpe de misericórdia quando os radicais advogaram mais uma vez de menos ação estatal central para revitalizar a economia Cole e Laski entre eles Está retornando à proeminência intelectual agora quando a cen tralização está perdendo apoio e a devolução de poder parece mais atraente nos países ociden tais Para uma excelente exposição sobre o plu ralismo inglês ver Nicholls 1975 Leitura sugerida Dahl RA 1956 1966 A Preface to Democratic Theory Hirst PQ org 1989 The Pluralist Theory of the States Selected Writings of GDH Cole JN Figgs and HJ Laski Hunter F 1953 Community Power Structure Kuper L e Smith MG orgs 1969 Pluralism in Africa Nicolls D 1975 The Pluralist State Polsby NW 1980 Com munity Power and Political Theory 2ªed Rose AM 1967 The Power Structure PAUL QUENTIN HIRST pobreza O uso deste conceito em vez de diminuir cresceu com o passar dos anos É um dos conceitos organizadores para declarações sobre a condição social quer se aplique a sociedades ricas ou pobres e neste final do século XX a coerência de significado em todas as sociedades tornouse uma questão científica crítica Os livros sobre a pobreza no Terceiro Mundo durante esse período foram mais críti cos e teoricamente mais radicais do que os escritos a respeito da pobreza no Primeiro Mun do As divergências de significado produziram ou refletiram divergências na metodologia nos modos de explicação e nas estratégias de me lhoramento O conceito tem atraído interesse intelectual e político durante muitos séculos ver Himmel farb 1984 Woolf 1987 na medida em que os governos e as classes dominantes acabaram ainda que relutantemente sentindose obriga dos a definir as necessidades dos pobres em relação à renda destes Assim na GrãBretanha e boa parte da Europa os responsáveis por pe quenas áreas como paróquias desenvolveram formas de auxílio a indigentes em asilos ou fora deles muito antes da Revolução Industrial mas as economias recémbaseadas na indústria ma nufatureira e no sistema de incentivo salarial criaram novos problemas de regulação dos montantes a serem recebidos pelo pobres tanto fora quanto dentro das instituições de assis tência social Os custos de manutenção das instituições e de seus internados tinham causa do preocupações aos grupos dominantes e na formulação de um novo programa para admi nistrar a pobreza a partir de 1834 na GrãBreta nha por exemplo o princípio de menos elegi bilidade desempenhou um papel crucial no pensamento dos políticos e dos responsáveis por investigações científicas Reportof the Poor Laws 1834 p228 Havia pressão para definir as necessidades mínimas dos internados institucionais e dos pobres fisicamente capazes fora de instituições e os primeiros trabalhos de nutricionistas na Alemanha Estados Unidos e GrãBretanha fo ram dedicados a tais questões Para a Alema nha ver por exemplo Leibfried 1982 Leib Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 578 pobreza fried e Tennstedt 1985 para os Estados Unidos Aronson 1984 Durante o século XX três concepções alter nativas de pobreza foram desenvolvidas como base para um trabalho internacional e compara tivo Elas dependem principalmente das idéias de subsistência necessidades básicas e priva ção relativa Na GrãBretanha o padrão de subsistência veio à luz em duas etapas pri meiro em conjunção com pesquisas levadas a efeito por empresários como Rowntree 1901 e 1918 e depois nos anos de guerra 193945 por meio de um relatório sobre segurança social redigido por Beveridge 1942 Como resultado de um trabalho incentivado por nutricionistas as famílias foram então definidas em situação de pobreza quando suas rendas não eram sufi cientes para a manutenção da mera eficiência física Rowntree 1901 p86 Uma família era tratada como pobre se a sua renda menos alu guel ficasse abaixo da linha de pobreza Embora se fizesse um abatimento na renda para ves tuário combustível e alguns outros itens esse abatimento era muito pequeno e a alimentação era responsável pela maior parcela da subsis tência A formulação de Rowtree AL Bowley e outros durante a década de 1890 e as primeiras décadas do século XX teve poderosa influência tanto sobre a prática científica quanto sobre as políticas nacionais e internacionais sendo exemplos disso as medidas estatísticas adotadas para descrever as condições sociais em cada país e mais tarde utilizadas por organismos internacionais como o Banco Mundial A inter pretação pessoal de Beveridge de subsistên cia foi mantida depois de 1945 como forma de justificar os baixos índices de assistência nacio nal e seguridade nacional então adotados A idéia de subsistência também foi livremente exportada para estadosmembros do antigo Im pério Britânico Pillay 1973 Maasdorp e Hum phreys 1975 Nos Estados Unidos subsis tência continua sendo a palavrachave das me didas governamentais em relação à pobreza US Departament of Health Education and Welfare 1976 O uso de subsistência para definir a pobreza tem sido maciçamente critica do Rein 1970 Townsend 1979 sobretudo com base no fato de as necessidades humanas serem interpretadas como sendo predominante mente necessidades físicas isto é de alimen to moradia e vestuário em vez de neces sidades sociais Uma segunda formulação a de neces sidades básicas foi adotada na década de 70 embora estritamente a idéia tivesse uma história mais extensa Drewnowski e Scott 1966 Considerouse que as necessidades bá sicas incluem dois elementos Em primeiro lugar incluem certas exigências míni mas de uma família no tocante ao consumo privado alimentação moradia e vestuário adequados assim como certo mobiliário e utensílios domésticos Em segundo lugar incluem serviços essenciais forneci dos pela e para a comunidade em geral como água potável saneamento transporte público e serviços de saúde educacionais e culturais Organização Inter nacional do Trabalho 1976 p245 ver também ibid 1977 Esse conceito tem desempenhado um papel proeminente em uma sucessão de planos nacio nais Ghai et al 1977 Ghai e Lisk 1979 e em relatórios internacionais Unesco 1978 Bran dt 1980 A expressão é claramente uma am pliação do conceito de subsistência A ênfase recai sobre os serviços mínimos requeridos por comunidades locais como um todo e não ape nas necessidades individuais e familiares para a sobrevivência e a eficiência físicas Entretanto os proponentes do conceito tiveram grande di ficuldade em produzir critérios aceitáveis para a escolha e definição dos itens incluídos Um dos atrativos do conceito de subsistência para alguns pensadores foi o seu âmbito limitado e portanto suas limitadas implicações para a re forma das estruturas sociais bem como sua mais fácil conciliação com a forte ênfase atri buída ao individualismo dentro do pluralismo liberal Um dos atrativos intelectuais do concei to de necessidades básicas por outro lado foi a sua ênfase no estabelecimento de pelo menos algumas das condições prévias para a sobrevi vência e a prosperidade das comunidades em todos os países Por tais razões alguns cientistas sociais vol taramse para uma terceira formulação social mais abrangente e rigorosa do significado de pobreza a de PRIVAÇÃO RELATIVA Townsend 1979 1985 e 1992 Chow 1982 Bokor 1984 Mack e Lansley 1984 Ferge e Miller 1987 Desai e Shah 1988 Luttgens e Perelman 1988 Listner 1991 As sociedades passam por mu danças tão rápidas que qualquer padrão criado em alguma data histórica no passado dificil Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar pobreza 579 mente se justifica em novas condições As pes soas estão sujeitas a novas leis e obrigações e consomem diferentes bens e serviços Portanto as rendas não podem ser ajustadas por um ín dice de preços A pobreza pode ser mais bem entendida como referente não apenas aos que são vítimas da má distribuição de recursos porém mais exatamente àqueles cujos recur sos não permitem em primeiro lugar satisfazer as refinadas exigências e normas sociais impos tas aos cidadãos dessa sociedade Esse é um critério que se presta a observações medições e análises científicas A motivação que impulsionou a apresenta ção da pobreza como privação relativa pode ria considerarse científica e internacional Há aspectos em que o conceito de subsistência minimiza a amplitude e a profundidade da ne cessidade humana tal como o conceito de ne cessidades básicas está basicamente restrito aos serviços de utilidade pública das comuni dades do Terceiro Mundo As pessoas sofrem uma privação relativa se não podem obter re gime alimentar confortos padrões e serviços que lhes permitam desempenhar os papéis participar das relações e ter o comportamento habitual que se espera delas como membros da sociedade As pessoas podem sofrer privações em qualquer ou em todas as principais esferas da vida no trabalho onde são ganhos os meios que determinam predominantemente as posições ocupadas em outras esferas no lar na família e na comunidade nas viagens em uma gama de atividades sociais e individuais fora do trabalho do lar ou da comunidade no desempe nho de uma variedade de papéis em cumpri mento de obrigações sociais Tal como em qualquer formulação há pro blemas na definição da pobreza em termos ope racionais Sob o enfoque da privação relativa concebese um limiar de renda de acordo com o tamanho e o tipo de família abaixo do qual a retirada ou exclusão da participação ativa na sociedade tornase desproporcionalmente acentuada Se esse limiar existe depende das provas científicas que podem ser reunidas em seu favor para uma apresentação da controvér sia ver Townsend 1979 cap6 Desai e Shah 1988 Desai 1986 Sen 1983 e 1985 e Townsend 1985 Uma detalhada e abrangente observação científica é necessária para demonstrar a extensão e a severidade da não participação entre as pessoas de baixa renda e que sofrem de escassez pois os indivíduos desempenham diferentes papéis durante suas vidas e podem ter complexos padrões de as sociação Estamos em uma etapa relativamente pre coce do reconhecimento das necessidades so ciais dos indivíduos e os efeitos sociais plenos da baixa renda ainda estão por ser sistematica mente descritos e cientificamente investigados mas essa não é uma etapa desconhecida na evolução da definição e da teoria científicas Ver também ESTADO DE BEMESTAR ESTATÍS TICA SOCIAL NECESSIDADES Leitura sugerida Atkinson A 1989 Poverty and So cial Security George V 1988 Wealth Poverty and Starvation Sen A 1981 Poverty and Famines An Essay in Entitlement and Deprivation Townsend P 1979 Poverty in the United Kingdom Ο 1992 The In ternational Analysis of Poverty PETER TOWNSEND poder Em seu significado mais genérico po der é a capacidade de produzir ou contribuir para resultados fazer com que ocorra algo que faz diferença para o mundo Na vida social podemos dizer que poder é a capacidade de fazer isso através de relações sociais é a capa cidade de produzir ou contribuir para resultados que afetem significativamente um outro ou ou tros Essas amplas definições gerais oferecem um quadro de referência para caracterizar algu mas das principais diferenças no modo como o poder tem sido visto em debates no século XX Focalizando o poder social podemos formular várias questões Em primeiro lugar quem ou o que possui poder Muitos viram o poder como uma capa cidade de agentes individuais ou coletivos embora haja quem o considere uma propriedade impessoal a capacidade dos sistemas sociais de realizar objetivos coletivamente vinculatórios Talcott Parsons ou de reduzir a complexidade Niklas Luhman ou dos mecanismos sociais de disciplinar indivíduos modelando seu dis curso seus desejos a bem dizer a sua própria subjetividade Michel Foucault Mas é des necessário falar de tais estruturas impessoais como tendo poder todas essas concepções estruturalistas são reformuláveis como enun ciados de várias condições que facilitam ou reduzem o poder de agentes para atuar seja como indivíduo seja coletivamente ver AÇÃO E MEDIAÇÃO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 580 poder Em segundo lugar que resultados contam como efeitos do poder Muitos concordam com Bertrand Russel e Max Weber que insistiram em que os resultados sejam intencionais Para Russell poder é a produção de efeitos preten didos 1938 p25 para Weber é a probabi lidade de que um ator em uma relação social esteja em posição de levar a efeito a sua von tade independentemente da base em que essa probabilidade assenta 19212 Mas a inten ção é suficiente Que dizer se à semelhança dos estóicos quero somente o que posso obter ou à semelhança de um conformista somente o que os outros querem ou à semelhança de um sicofante somente o que penso eu os outros querem que eu queira Sou poderoso em opo sição a você se os efeitos que posso intencio nalmente produzir são produzidos porque você me ameaçou ou induziu ou porque previ que você faria isso ou se posso apenas produzilos a um enorme custo digamos sacrificando a minha vida ou o que lhe dá valor ou se nada posso produzir além de efeitos triviais E as intenções são reais ou hipotéticas O poder não é também a capacidade de realizar o que pode ria mas realmente não quero E a intenção é necessária Todos os efeitos do poder devem ser intencionais Será que o poder pode não ser exercido de forma rotineira ou irrefletida como quando ao tomar decisões de investimento privo pessoas desconhecidas de trabalho ou o proporciono a elas Talvez mais exatamente os resultados do poder devam ser identificados como os que afetam os interesses dos poderosos e daqueles que o poder destes afeta Que os primeiros só são promovidos à custa dos segun dos é uma suposição injustificadamente res tritiva encontrada em grande parte da literatura existente sobre poder embora essa seja clara mente uma possibilidade apenas Em terceiro lugar que distingue as relações de poder De que maneiras podem os poderosos afetar significativamente outros para produzir ou contribuir para resultados Alguns ainda como Weber concentraramse nas relações de dominação no poder sobre um outro ou outros na garantia de submissão por meios que podem ir desde a VIOLÊNCIA e a força passando pela manipulação até a AUTORIDADE e a persua são racional embora seja discutível se esta última é uma forma de poder e dependa de você pensar ou não que ao me persuadir minha mente foi alterada por você ou pelas razões que me ofereceu Outros como Hannah Arendt vêem as relações de poder como essencial mente cooperativas definindo o poder como a capacidade humana de atuar em harmonia em contraste com a violência e a força e com a relação comandoobediência o poder nessa concepção pertence a um grupo e continua existindo somente enquanto o grupo se manti ver coeso 1970 p44 40 Outros tentam com binar ambos os aspectos em uma concepção mais abrangente sublinhando tanto a necessidade dos poderosos de atrair a cooperação e formar co alizões quanto a de evitar ou superar a oposição Em quarto lugar como é concebida a capa cidade em questão O poder identifica o que um agente pode fazer sob várias condições ou somente nas condições realmente existentes Na primeira hipótese são poderosos os que podem produzir os resultados apropriados em uma vasta gama de circunstâncias possíveis na segunda só se as circunstâncias vigentes lhes permitirem assim proceder por exemplo uma determinada configuração de preferências de voto habilita a pessoa a decidir o resultado A primeira alternativa identifica uma capacidade que pode ser desenvolvida em uma série de contextos ao passo que na segunda é identifi cado o que pode ser feito em um tempo e lugar específicos Uma concepção adicional comum entre sociólogos adeptos da estratificação in cluiria como parte do poder o acesso a ou a capacidade de controlar resultados desejados como recursos ou privilégios seja o que for que o agente faça Nessa concepção o poder pode ser visto como a capacidade de obter vantagens sem esforço Mas outros consideram que é preferível conceber isso mais como ques tão de sorte do que de poder Finalmente em quinto lugar como é pos sível identificar ou medir o poder Robert Dahl e seus seguidores analisaram o que prevalece em uma tomada de decisões quando há interes ses conflitantes Peter Bachrach e Morton Ba ratz recomendaram um enfoque adicional na composição da agenda 1970 e Steven Lukes apontou ainda que o poder pode envolver a formação de crenças e desejos os quais por seu turno podem não ser deliberados 1974 Al guns concentraramse na posse de recursos co mo um índice de poder outros na capacidade de criar uma diferença decisiva como um pi vô nas deliberações por voto outros na medi ção dos custos de oportunidade da tentativa de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar poder 581 assegurar submissão em contraste com os cus tos do fracasso dessa tentativa Simplesmente a resposta a essa última questão depende de como respondemos todas as outras Leitura sugerida Arendt Hannah 1970 On Violence Dahl RA 1961 Who governs Democracy and Po wer in an American City Lukes S 1974 Power a Radical View Morris P 1987 Power a Philosophi cal Analysis Weber Max 19212 1978 Economy and Society trad e org por G Roth e C Wittich esp cap10 STEVEN LUKES polícia Quer em referência à função de man ter o controle social na sociedade policiamen to ou à instituição estabelecida para executar essa função a polícia estamos lidando com uma questão complexa controversa e suma mente emocional Embora sejamos todos poli ciados de algum modo a sociedade requer para persistir um mínimo de organização e confor midade a questão de quem é policiado por quem de que maneiras e com que justificação ou justificações está no cerne dos debates acerca dos processos sociais e políticos ver ESTADO PODER SOCIEDADE O policiamento po de ser formal ou informal público ou privado aberto ou secreto local ou centralmente contro lado reativo ou proativo pacífico ou violento baseado na comunidade ou paramilitar por consentimento ou a despeito de oposição e re sistência Tradicionalmente o policiamento foi legitimado ver LEGITIMIDADE pela necessidade de controlar a criminalidade e prender o trans gressor da lei Entretanto muito trabalho poli cial não está relacionado com o crime e a polícia também desempenha um papel central na manutenção da ordem pública e no controle da dissidência política Histórica e transculturalmente existem va riações em termos de estruturas poderes e desempenho policiais Nas sociedades préin dustriais o controle da criminalidade tendia a ser executado por toda a comunidade sem uma força policial organizada Com a crescente di ferenciação ver INDUSTRIALIZAÇÃO funcioná rios específicos são nomeados para manter a ordem o que redunda na proliferação de forças especialistas Como acontece com qualquer grupo detentor de considerável poder há o pe rigo onipresente de corrupção violência e ra cismo e isso forma um importante foco de debates sobre o policiamento A tendência do policiamento é de gerar culturas reacionárias defensivas e centrífugas resistindo à crítica e à reforma Tipicamente a polícia é uma força armada uniformizada e masculina Não chega a surpreender que as teorias sobre a polícia estejam intimamente relacionadas com ideologias políticas mais amplas ver IDEO LOGIA Podemos distinguir três abordagens a uma visão conservadora focaliza a polícia como formada de combatentes contra o crime enfati zando e implicitamente apoiando o papel in tegrativo que ela desempenha na promoção da harmonia social b uma visão radical como o marxismo encara a polícia como uma agência repressora do estado funcionando necessaria mente nos interesses da classe dominante no controle da resistência da classe trabalhadora contra a exploração ou seja a polícia é vista como um inimigo a ser abolido c uma abor dagem orientada para um programa de ação política que surgiu mais recentemente aceita a necessidade do policiamento e examina vários estilos e métodos de policiamento de modo mais empírico utilizando critérios como efi ciência eficácia e aceitação pelo público Mor gan e Smith 1989 Dois desenvolvimentos em curso indicam possíveis fontes de mudança Em primeiro lu gar os valores masculinos predominantes na polícia enfatizando a rudeza a agressão o machismo a bebida o brio etc estão sendo agora desafiados por feministas que destacam que os interesses e as preocupações das mu lheres na polícia e em serem policiadas são vergonhosamente negligenciados Entretanto com mais mulheres alistandose na polícia per manece em aberto a questão de se a imagem do policial tradicional estará prestes a mudar fundamentalmente Chassyne 1989 p20 ou se as mulheres simplesmente se integrarão à cultura machista dos tiras que se encontra arraigada no mundo todo Em segundo lugar recentes mudanças radicais na organização so cial e política na Europa Oriental podem muito bem ter aberto o caminho para um estilo mais democrático e responsável de policiamento em países até aqui dominados pela repressão Isso pode desafiar pressupostos convencionais so bre a relativa abertura do policiamento no Oci dente e acrescentar um novo e interessante ru mo aos debates sobre poderes responsabilidade e aceitabilidade Ver também CRIME E TRANSGRESSÃO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 582 polícia Leitura sugerida Benyon J e Burne C orgs 1986 The Police Powers Procedures and Proprieties Du nhill C org 1989 The Boys in Blue Womens Chal lenge to the Police Hanmer J Radford J e Stanko EA orgs 1989 Women Policing and Male Violence International Perspectives Morgan R e Smith DJ orgs 1989 Coming to Terms with Policing Reiner R 1985 The Politics of the Police Roach J e Thoma neck J orgs 1985 Police and Public Order in Europe CHARLES R M WILSON política Ver CIÊNCIA POLÍTICA CULTURA POLÍ TICA ECONOMIA POLÍTICA SOCIOLOGIA POLÍTICA TEORIA POLÍTICA política participação Ver PARTICIPAÇÃO PO LÍTICA PARTIDO POLÍTICO política científica No plano da formulação de programas de ação política a política cien tífica é usualmente definida como o conjunto de medidas projetadas para influenciar a aloca ção de recursos destinados às atividades de natureza científica e técnica a comprovação da eficácia de tais alocações e suas conseqüências sociais No que diz respeito à pesquisa acadê mica pode ser definida como o estudo dessas atividades apoiado na história na ciência eco nômica na sociologia e na filosofia da ciência assim como na observação e análise contempo rânea do processo de formulação de políticas Não há coerência de uso no tocante à tecnolo gia Alguns autores e alguns governos limitam a expressão política científica exclusiva mente à ciência stricto sensu Outros usamna englobando toda a política pública nos campos da ciência e da tecnologia É nesse último sen tido que a expressão é aqui usada Tentativas frustradas foram feitas em várias épocas para introduzir outras designações como ciência da ciência Goldsmith e Mackay 1964 mas em geral elas caíram em desuso A maioria dos envolvidos quer na análise teórica quer na formulação prática de planos de ação não se sente à vontade com expressões que possam veicular uma impressão demasiado forte de certeza e coerência em uma área de tanta incer teza e controvérsia O surgimento da política científica como área distingüível e significativa da formulação de programas e de interesse acadêmico relacio nouse intimamente com a profissionalização e o crescimento de várias atividades científicas e técnicas especialmente a pesquisa e desenvol vimento P D Já nos séculos XVII e XVIII havia é claro organizações como a Royal So ciety academias de ciência e outras sociedades e revistas científicas florescentes Price 1963 Algumas delas eram reconhecidas como de im portância nacional e havia formas embrionárias de patrocínio e de assistência governamental mesmo antes do século XVII A promoção de invenções através da legislação sobre patentes e as tentativas de limitação da transferência de knowhow técnico também remontam a muitos séculos Mas foi na parte final do século XIX que a profissionalização das atividades de P D e seu rápido crescimento levaram à pressão por um processo mais consistente e metódico de formulação de políticas nos principais países industriais sobretudo na Alemanha e na Grã Bretanha Poole e Andrews 1972 documenta ram esse crescimento do envolvimento gover namental no período de 1875 a 1939 de um modo particularmente esclarecedor usando material original colhido em fontes seleciona das De especial interesse é o 8º Relatório da Royal Commission on Scientific Instruction and Advancement of Science que em 1875 recomendou o estabelecimento de um Minis tério da Ciência e fez várias outras propostas que tiveram de esperar entre 30 e 90 anos antes de sua implementação Entretanto o envolvimento governamental com a ciência continou aumentando antes du rante e depois da Primeira Guerra Mundial instigado pela concorrência industrial e pela rivalidade militar O estabelecimento de labo ratórios de P D privados primeiro na indús tria química alemã na década de 1870 mas depois disso em muitas outras empresas indus triais intensificou a competição tecnológica e acelerou o crescimento do profissionalismo em uma vasta gama de atividades científicas e téc nicas Ao mesmo tempo os departamentos de ciências das universidades e as escolas técnicas tornaramse objetos de crescente interesse in dustrial e governamental em função de seu duplo papel como promotores de pesquisas e fonte de técnicos e profissionais científicos pre parados Esse novo complexo em rápido crescimen to de atividades científicas governamentais industriais e universitárias é que foi o tema do livro pioneiro de JD Bernal Social Function of Science 1939 Sem dúvida foi esse o mais influente livro sobre política científica na pri meira metade do século XX O livro está divi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar política científica 583 dido em duas partes que combinaram os interes ses científicos do autor e o seu compromisso como marxista com a ação política O que a ciência faz e O que a ciência poderia fazer Na primeira parte Bernal realizou uma tentati va de medição da escala de todas as atividades de P D na GrãBretanha nessa época So mente na década de 50 é que os governos es tabeleceram as primeiras medidas oficiais de P D as quais se tornaram desde então uma característica regular das estatísticas sociais e um importante instrumento de análise em gran de parte da pesquisa sobre política científica Na segunda parte o autor propôs um aumento maciço na escala de P D e atividades cientí ficas afins e um redirecionamento dos recursos transferindoos da área militar para objetivos de bemestar e humanísticos As suas propos tas para aumentar a escala de P D em pelo menos uma ordem de grandeza embora na época parecessem ambiciosas e inviáveis fo ram de fato implementadas na maioria dos países industriais depois da Segunda Guerra Mundial As suas propostas fundamentais para a reorientação e reorganização das atividades científicas ainda aguardam implementação e continuam sendo tema de profunda controvér sia indo das metas de P D industrial em grandes empresas até o planejamento da ciência e os perigos da tecnocracia passando pela res ponsabilidade social dos cientistas As idéias de Bernal foram fortemente criti cadas ver por exemplo Baker 1942 por causa da sua defesa do planejamento e sua admiração incondicional pela política soviética para a ciência Entretanto a sua insistência na neces sidade de o governo desempenhar um impor tante papel na política científica e sua visão um tanto utópica da enorme contribuição potencial da ciência para derrotar a pobreza e o subdesen volvimento permaneceram como influência du radoura na pesquisa sobre política científica As pavorosas realizações da pesquisa científica du rante a Segunda Guerra Mundial marcaram o reconhecimento universal de que a ciência era agora uma das mais poderosas influências na sociedade de modo geral e levaram à aceitação de um papel altamente ampliado da política científica papel esse que teria sido muito difícil de conseguir no clima de idéias predominante na maioria dos países antes da guerra Conselhos e comissões de assessoria e con sultoria proliferaram nas décadas de 50 e 60 e não tardou muito para que ministérios da Ciên cia de Educação e Ciência ou de Ciência e Tecnologia passassem a ser uma característica bastante normal dos governos Organizações internacionais como a Unesco e mais ainda a Organização para a Cooperação e Desenvolvi mento Econômico OCDE desempenharam um papel muito importante na padronização das estatísticas OCDE 1963a no estímulo à pes quisa sobre programas de ação política visando o progresso científico e no intercâmbio de ex periências em reuniões governamentais ver por exemplo OCDE 1963b Também organi zaram um reexame periódico da política cientí fica de vários paísesmembros conduzido por especialistas de fora formuladores de políti cas governamentais e investigadores acadêmi cos conferindo assim a essa política parte da atenção normalmente dedicada às políticas eco nômica social e externa dos governos O recrudescimento da pesquisa sobre políti ca científica acompanhou e interagiu com esse rápido crescimento da P D e das instituições dedicadas à política para essa área Esse esforço foi e é realizado por scholars de várias discipli nas por exemplo Merton 1973 Nelson 1987 Price 1963 e cada vez mais por grupos de pesquisa multidisciplinar em universidades e outras instituições ver por exemplo Spiegel Rösing e Price 1977 Enquanto que boa parte do impulso inicial proveio de físicos como JD Bernal ou biólogos como Julian Huxley os cientistas sociais têm se envolvido cada vez mais freqüentemente em grupos de pesquisa multidisciplinar como a Science Policy Re search Unit estabelecida na Universidade de Sussex em 1965 ou em instituições similares em Manchester Lund Heidelberg Karlsruhe no MIT em Limburg Tóquio e outros centros Entre as muitas correntes de pesquisa que floresceram nas décadas de 70 e 80 registram se as crescentes tentativas de usar os chamados indicadores de output de ciência e tecnologia incluindo indicadores bibliométricos de publi cação e citação estatísticas de patentes e ci tações de patentes medidas de inovação e difu são Obviamente tais indicadores são suscetí veis de muitos abusos e interpretações equivo cadas ao mesmo tempo em que fornecem pistas valiosas para ajudar na formulação de políticas Portanto uma grande soma de pesquisa é dedi cada à avaliação crítica e ao desenvolvimento desses indicadores ver por exemplo Research Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 584 política científica Policy 1987 Com o seu amadurecimento a pesquisa sobre política científica também co meçou a ter maior influência recíproca sobre outras disciplinas como por exemplo na refor mulação da teoria econômica através dos fa tores econômicos da mudança técnica Dosi e outros 1988 Ver também PLANEJAMENTO SOCIAL REVOLU ÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA Leitura sugerida Annerstedt J e Jamieson A 1988 From Research Policy to Social Intelligence Essays for Stevan Dedijer Bernal JD 1939 The Social Func tion of Science Dickson D 1984 The New Politics of Science Freeman C 1987 Technology Policy and Economic Performance Lessons from Japan Krauch H 1970 Prioritäten für die Forschungspolitik La koff SA 1966 Knowledge and Power Essays on Science and Government Mowery DC e Rosenberg N 1989 Technology and the Pursuit of Economic Growth Nelson RH 1987 Understanding Technical Change as an Evolutionary Process Poole JB e Andrews K 1972 The Government of Science in Bri tain Ravetz J 1971 Scientific Knowledge and its Social Problems SpiegelRösing I e Price D de Solla 1977 Science Technology and Society a Cross Disciplinary Perspective CHRISTOPHER FREEMAN política e terrorismo Cumpre distinguir dois tipos principais de comportamento terrorista Em primeiro lugar o terrorismo pode ser uma método de ação que um agente usa para realizar objetivos precisos Nesse caso a violência é pragmática mais ou menos sob controle do agente que pode se as circunstâncias muda rem abandonar esse método e recorrer a outras estratégias não necessariamente violentas O terrorismo como método de ação é um fenôme no especificamente político situado no interior de uma fronteira que pode circunscrever um país ou delimitar um espaço internacional geo político Pode ser obra de grupos ou movimen tos mas também de governos Em segundo lugar o terrorismo pode ser uma lógica de ação não mais o último ou conjuntural meio de ação de um agente político mas uma combinação política e ideológica de pensamento e ação um fenômeno no qual a classe dos letrados tem um papel concreto na organização de ações terroristas Nesse caso a violência inverte os meios e os fins e o agente parece ser colhido em uma reação em cadeia que é interminável a menos que seja detido por repressão prisão ou morte Esse agente nasceu em um espaço politicamente limitado mas o abandona depois de um processo de inversão Wieviorka 1988 p95118 envolvendo a sua ideologia e o seu relacionamento com aqueles de quem pretende ser parte As ideologias ter roristas não prolongam diretamente uma ideo logia anterior alteramna consideravelmente como pode ser visto nos numerosos grupos em todo o mundo que desde a década de 60 preten dem ser marxistasleninistas mas romperam com o pensamento de Lenin ou mesmo com as do comunismo clássico A comunidade a que tais terroristas se referem é um paraíso artificial a própria referência é um sonho como se pode observar em certos casos de terrorismo nacio nalista que perdeu todas as raízes e todo público significativo na comunidade de re ferência Isso também é válido a respeito de um terrorismo de extrema esquerda que usualmente deixou a classe trabalhadora se é que essa classe em defesa da qual as ações são executa das realmente existe indiferente quando não hostil De acordo com uma tese corrente inspirada no funcionalismo o terrorismo surge quando existe uma crise sobretudo uma crise política Numerosos autores propuseramse explicar o surgimento de um processo terrorista pela crise de um estado esfacelado citando o Líbano corrupto citando a Itália ou excessivamente repressivo citando a Alemanha Ocidental Outros formularam argumentos baseados na observação de que o sistema político está blo queado como aconteceu na Itália durante a década de 70 em virtude do compromisso histórico entre os Partidos Democrata Cristão e Comunista Essas explicações devem ser consideradas mais seriamente do que aquelas que sem provas evidentes consideram o ter rorismo o resultado de manipulações condu zidas por potências distantes Têm a vantagem de explicar as condições propícias ao surgimen to de lógicas terroristas de ação mas deixam de lado um importante aspecto qual seja o traba lho de intenção gestora que os agentes políticos ou intelectuais desempenham com referência a uma realidade social ou comunitária que é de fato indefinível O terrorismo afeta o sistema político e seus efeitos são ainda mais espetaculares sempre que ataca uma democracia Seja interno ou interna cional o terrorismo altera o equilíbrio dentro de cada um dos três ramos executivo legislativo e judiciário de governo e também causa tensão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar política e terrorismo 585 entre eles Em especial torna mais difícil para cada um dos poderes manter a autonomia A menos que ocorra uma crise geral do estado a principal conseqüência do terrorismo é reforçar o poder do executivo à custa principalmente do judiciário que pode ser forçado a assumir uma posição muito subordinada Por essa razão o terrorismo é um desafio para as democracias Dror 1983 Como pode um governo reagir Essa ques tão quase não foi explorada ainda pela ciência social ou pela ciência política Fazer cumprir a lei é o meio essencial para lidar com ameaças internas da extrema esquerda da extrema direi ta ou de grupos separatistas Apóiase em nu merosos métodos de comprovada eficiência alguns dos quais são universais infiltração po licial e fichário de suspeitos enquanto outros podem não ser aceitos em certas culturas polí ticas Por exemplo o que na Alemanha Ociden tal se considera uma ação cívica a participação da população em descobrir e denunciar sus peitos é tido na França como coisa de alca güete ou dedoduro Medidas econômicas sociais e políticas também podem ser úteis para privar os terroristas de uma base popular ou das possibilidades de manipulação das condições que geram a VIOLÊNCIA Em resposta ao terrorismo internacional os governos têm se mostrado espontaneamente propensos desde longa data a assumir uma posição aparentemente firme aos olhos da opi nião pública internacional mas tíbia nos bas tidores Em anos recentes desenvolveuse con siderável esforço no sentido de reforçar a co operação internacional e alguns países sobre tudo Estados Unidos e GrãBretanha têm pres sionado seriamente os governos acusados de encorajar e até mesmo praticar o terrorismo O terrorismo desencadeiase esporadica mente e o próprio evento pode precipitar uma crise geral em um país Se isso ocorre uma variedade de atores autoridades políticas funcionários da justiça e polícia mas também partidos políticos opinião pública e mídia é afetada Suas complexas interações são deter minadas sobretudo pela capacidade do gover no de controlar a situação Quanto menos o governo consegue fazer mais a mídia amplia o evento mais autônoma a polícia se torna mais rígida e tomada de pânico se mostra a opinião pública e cada vez menos compatíveis são as exigências formuladas pelas forças políticas Wieviorka e Wolton 1987 Todos esses problemas definem um consi derável campo de pesquisa nas ciências sociais Entretanto poucos investigadores têm se debru çado sobre esse tema e a maioria das pesquisas tem sido de caráter jornalístico com base prin cipalmente na informação policial ou nos depoi mentos de antigos terroristas e líderes políticos Leitura sugerida Crenshaw M org 1983 Terrorism Legitimacy and Power Della Porta D e Pasquino G 1983 Terrorismo e violenza politica Fetscher I e Rohrmoser G 1981 Ideologien und Strategien Ana lysen zum Terrorismus vol1 Hacker F 1976 Crusa ders Criminals Crazies Terror and Terrorism in our Time Laqueur W 1977 Terrorism OSullivan N org 1986 Terrorism Ideology and Revolution Wie viorka M 1988 Sociétés et terrorisme Wieviorka M e Wolton D 1987 Terrorisme à la une MICHEL WIEVIORKA política social Não existe uma definição universalmente aceita de política social As des crições baseadas na prática e no âmbito his toricamente variáveis das políticas sociais po dem completarse e complementarse mutua mente As explicações com pensamento ideo lógico podem oferecer enunciados conflitantes As próprias abordagens podem ser agrupadas de diferentes modos Abordagens pragmáticas A política social pode ser concebida como um campo de ação que consiste em instituições e atividades que afetam positivamente o bem estar dos indivíduos O âmbito da ação é usual mente limitado a serviços de bemestar publi camente fornecidos isto é à intervenção do estado no domínio da distribuição ou redis tribuição De acordo com TH Marshall por exemplo a política social é a política de go vernos relativa à ação que tem um impacto direto no bemestar dos cidadãos ao dotálos de serviços ou renda Marshall 1967 p6 Inclui em geral o fornecimento pelo estado de segu ridade social moradia saúde serviços sociais pessoais e educação Walker 1984 p15 A esses setores considerados o âmago da política social alguns outros acrescentam os serviços de emprego e outros ainda o tratamento do crime Equiparar a política social com a divisão admi nistrativa formal dos serviços do estado é a tradição predominante na administração social Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 586 política social britânica freqüentemente qualificada como a definição de compêndio de política social A abordagem descritiva pode ser útil na análise do funcionamento de uma lógica admi nistrativa e pode promover a análise em profun didade de várias instituições Entretanto é pos sível criticála em muitos terrenos como subli nharam Titmuss 1958 e Townsend 1975 Assim é modelada pela tradição e portanto insensível a novos desenvolvimentos como por exemplo a crescente importância de servi ços jurídicos gratuitos Não revela o seu pró prio fundamento lógico subjacente Não expli ca por exemplo por que deixa de fora a inter venção indireta do estado na distribuição de recursos por meio da política fiscal ou por que se concentra no bemestar individual deixando de fora todas as atividades centrais ou locais no estado que afetam a qualidade de vida das co munidades como todos os serviços comunitá rios desde a construção de estradas até o forne cimento de água ou mais recentemente a polí tica ambiental Não esclarece por que ignora todos os esforços nãoestatais para influir no bemestar dos cidadãos ou de suas comuni dades desde o bemestar ocupacional até as atividades de agências voluntárias A abordagem funcionalista Os proponentes desta abordagem concen tramse nos problemas que em qualquer mo mento dado têm perturbado a reprodução regu lar de sistemas sociais sobretudo depois do advento do capitalismo Segundo George e Wil ding 1976 p7 mudanças no sistema indus trial perturbam o equilíbrio existente entre as várias partes do sistema social e econômico daí resultando que medidas de política social se tornam necessárias para restabelecer a estabili dade e o equilíbrio O defeito nessa abordagem é a suposição subjacente de que o estado normal de coisas é o equilíbrio social e que a ins tabilidade e os desequilíbrios são sinais de de sorganização e desvio sociais ibid É útil no entanto na medida em que vê a política social como um elemento sistêmico que opera no contexto da reprodução social e econômica e em que prova que todas as sociedades tiveram problemas sociais e por conseguinte pos suíram todas alguma espécie de política social Além disso a ênfase na mudança favorece a análise da política social em perspectiva his tórica identificando as variações na natureza dos problemas sociais e nas respostas que lhes foram dadas Podem ser assim identificadas as diferentes etapas da evolução da política social Períodos históricos A política social das sociedades précapita listas não tem sido sistematicamente estudada mas existem muitas análises úteis das diferentes instituições de assistência social como a Igreja Católica ver Troeltsch 1912 ou instituições feudais ver Bloch 1940 ou de tratamento da pobreza em geral Mollat 1978 Um quadro de referência teórico para uma possível tipologia é oferecida pelos padrões de integração de Karl Polányi 1944 os quais nos ajudam a com preender o acesso à satisfação de necessidades em sociedades primitivas em função de recipro cidade ou redistribuição ou produção para o próprio uso de cada um Há mais concordância sobre as etapas de desenvolvimento depois do advento da socie dade de mercado De um modo geral concor dase em que o estado passou a intervir depois da desintegração das redes feudais e locais e que a sua intervenção serviu simultaneamente a fins de policiamento e de ajuda dissuasão e terapia Pinker 1971 Nesse primeiro perío do a ação estatal concentrouse unicamente nos pobres e se manteve fragmentária marginal e com muita freqüência desumana Essa política da POBREZA foi de modo geral predominante até meados do século XIX A rápida industrialização acarretou o surgi mento da classe trabalhadora e seus movimen tos políticos e sociais pressionaram o estado para que agisse contra novas formas de miséria e infelicidade e novas incertezas Além disso o funcionamento aceitável do novo sistema tor nou necessário pelo menos algum nível de saúde pública educação pública moradia pú blica etc A mais importante instituição de bem estar criada nesse período foi com toda probabilidade o seguro social ou seguridade social Os dispositivos de política social propa garamse consideravelmente dando cobertura na maioria dos países europeus a uma percen tagem entre um terço e metade de toda a popu lação A Segunda Guerra Mundial criou uma Eu ropa dividida O ESTADO DE BEMESTAR desenvol veuse nas economias de mercado ocidentais graças ao efeito de certo número de fatores A guerra forjou novas solidariedades O desafio Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar política social 587 do bloco socialista no Leste deflagrou a com petição no campo do bemestar Os partidos socialistas ou trabalhistas aumentaram sua in fluência na política por vezes como maioria parlamentar E da maior importância as eco nomias passaram por um período de crescimen to econômico sem precedente durante os glo riosos 30 anos entre o fim da guerra e o pri meiro choque do petróleo O estado de bemes tar transformou muitos dos anteriores disposi tivos assistenciais de natureza seletiva ou cor porativa em serviços universais Sistemas de saúde pública e redes de educação pública subs tituíram amplamente as soluções de mercado ou de comprovação de carência de meios de sus tento As sociedades aceitaram em grande esca la o direito à existência ou seja o direito viável a um mínimo social Em meados da década de 70 os países do Ocidente indus trializados gastaram de 15 a 30 de seu Produto Interno Bruto em bemestar social estatal OCDE 1988 A partir da crise do petróleo registrouse uma diferenciação entre os países ocidentais Em alguns deles a crise de legitimi dade do bemestar tornouse aguda e o neolibe ralismo se converteu na ideologia dominante Em outros as novas ideologias ainda não acar retaram qualquer mudança significativa Em apenas alguns deles a idéia de uma sociedade do bemestar desenvolveuse caracterizada por uma combinação de descentralização par ticipação pluralismo de bemestar Johnson 1987 e compromisso do estado com as medi das de bemestar Wiman 1987 Nos países socialistas da Europa Oriental a política social foi largamente inserida no fun cionamento da economia por meio do pleno emprego formal dos preços subsidiados etc Os dispositivos sociais também foram aí conside ravelmente expandidos se bem que na maioria dos países com a defasagem que sempre existiu entre as promessas ideológicas e a realidade Com o colapso do socialismo ficou evidente que as práticas totalitárias retiraram ao sistema toda a legitimidade e praticamente anularam todas as suas realizações Novas soluções têm de ser agora encontradas Um importante ele mento das mudanças esperadas é a emancipa ção das políticas econômica e social do domínio da política e a criação de uma esfera autônoma de política social a par de um mercado autôno mo Construções ideológicas e teóricas Existem profundas divisões na percepção do papel da política social que são formadas por valores e ideologias conflitantes George e Wil ding 1976 distinguem os anticoletivistas que rejeitam toda a interferência no mercado em nome da liberdade e da eficiência os coleti vistas relutantes que se apercebem da im possibilidade de um mercado autoregulador e aceitam alguma intervenção estatal na redução das principais injustiças e ineficiências os so cialistas fabianos que estão comprometidos com os três valores socialistas centrais igual dade liberdade e solidariedade e atribuem um papel positivo ao estado na otimização de sua ação recíproca de um modo democrático e gradual e alguns marxistas que participam dos valores socialistas mas rejeitam a possibilidade de uma reforma pacífica da sociedade De outra perspectiva há a distinção feita por Wilensky e Lebeaux entre duas concepções do bemestar social a residual e a institucional A primeira sustenta que as instituições de bem estar social só deveriam intervir ante a falência das estruturas normais de oferta A segunda em contraste considera os serviços de bemestar funções normais de primeira linha da moder na sociedade industrial 1965 p138 Um dos importantes debates interessase pe la relação entre a política social e a economia A política social pode ser diferenciada da eco nomia ou estar mais ou menos integrada com ela Mishra 1981 Em outro enfoque o inte resse econômico pode dominar o interesse so cial ou pode adquirir de forma geral uma posição de igualdade se houver suficiente apoio social para limitar a extensão do mercado ou os interesses no lucro O predomínio do interesse social sobre a economia tem se mantido até hoje apenas como possibilidade teórica pressupon do a substituição da racionalidade econômica formal por uma economia guiada pelos mais elevados valores humanos ou economia subs tantiva preocupada essencialmente com a sa tisfação de necessidades Polányi 1944 Four nier e Questiaux 1979 Abordagens estruturais As abordagens pragmática e funcionalista não têm considerado em grande parte os pro cessos sociais que deflagram as mudanças na política social As tensões e os conflitos sociais sempre desempenharam importante papel nos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 588 política social processos de definição das necessidades a se rem cobertas por procedimentos alheios ao mercado e em especial na enfatização da im portância de que se reserva à redução das desi gualdades sociais Em conseqüência dessas lu tas a caridade foi transformada em direitos A existência de direitos civis e políticos ajudou a formular os direitos sociais os direitos a ren das habitação saúde e cultura decentes Mars hall 1965 Os direitos sociais relacionamse com as necessidades dos consumidores e po dem ser satisfeitos pela intervenção na esfera da distribuição Os direitos econômicos expres sam as necessidades dos produtores não só de um trabalho socialmente aceitável mas tam bém de participar na vida econômica no nível da firma a chamada democracia industrial ou no nível macro democracia econômica Mas essa extensão do campo de elementos nãomer cadológicos na política social de reprodução social e econômica é convertida em política societal ou estrutural Ferge 1979 Todas essas lutas podem ser vistas como tendo por objetivo a descomodificação decommodification das necessidades EspingAnderson 1985 A política social descrita em termos estrutu rais significa que As políticas sociais são as que determinam a distribuição de recursos sta tus e poder entre diferentes grupos Walker 1984 p39 A natureza dual e contraditória da política social também se torna evidente se forem levadas em conta as forças estruturais a política social é não só um dos meios da ordem social vigente É também o locus onde tensões e injustiças relacionadas com essa ordem são reveladas da maneira mais evidente Jobert 1981 Ver também PLANEJAMENTO SOCIAL Leitura sugerida Beveridge WH 1942 Social Insu rance and Allied Services Cmnd 6404 Evers A e Wintersberger H 1988 Shifts in the Welfare Mix George V e Wilding P 1984 The Impact of Social Policy Greffe X 1975 La politique du social Klein R e OHiggins M 1985 The Future of Wel fare Miller SM e Riessman F 1968 Social Class and Social Policy Piven FF e Cloward RA 1971 Regulating the Poor Rein M 1979 Social Policy Rimlinger GV 1971 Welfare Policy and Industria lization in Europe America and Russia Titmuss RM 1968 Commitment to Welfare ZSUZSA FERGE população A transformação da questão dos números humanos de um elemento exógeno para um endógeno nos sistemas de pensamento social caracteriza a maioria dos novos insights relacionados com a população neste século As influências sociais na população e as influên cias demográficas na sociedade ver também DEMOGRAFIA repartemse entre três subcate gorias gerais concentradas em nascimentos mortes e MIGRAÇÃO Influências sociais sobre a população As forças sociais que formam as taxas de mortalidade constituem a mais antiga dimensão do pensamento social sobre determinantes po pulacionais datando da obra de John Graunt 1662 há mais de três séculos No século XX essa herança teórica foi ampliada e aplicada a uma gama cada vez mais ampla de tendências e diferenciais específicos de mortalidade A teoria da transição epidemiológica Omran 1971 ilustra essa integração da mortalidade em uma perspectiva teórica social Prossegue tam bém a busca de um entendimento mais claro das raízes sociais dos diferenciais de mortalidade entre sexos raças grupos profissionais denominações religiosas residentes urbanos e rurais regiões geográficas dentro de nações e diferentes nações do mundo O século XX mudou fundamentalmente o lugar da migração humana no pensamento so cial não tanto a partir de novos insights ou debates teóricos quanto de mudanças no pró prio fenômeno demográfico O início do século XX separa mais ou menos as eras de migração livre e controlada Fronteiras fechadas con troladas por uma multiplicidade de estados nações reduzem o volume de migração e mu dam o seu caráter para um pingapinga de dois extremos refugiados e mãodeobra qualifica da Essa mudança reforça a direção caracterís tica do pensamento social no século XX no que diz respeito à população enfatizando o controle da sociedade sobre os fluxos migratórios O entendimento socialmente baseado da re produção é sem dúvida a maior mudança e contribuição para as teorias da população no século XX Para Thomas Malthus 1798 assim como para Johann Süssmilch 176162 antes dele e para Karl Marx 1867 depois a fertili dade humana era um fato da natureza As conse qüências de um contínuo caudal de bebês po diam ser louvadas ou lamentadas mas o caudal em si fluía de um inconteste manancial situado em algum ponto para além do domínio das Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar população 589 interações sociais Kingsley Davis e Judith Blake 1956 forneceram a mais sucinta revisão dessa deficiência no pensamento social feita no século XX As altas taxas de natalidade assim como as baixas devem ser agora explicadas como resultados sociais como produtos de di ferentes constelações de forças sociais Influências demográficas sobre a sociedade As conseqüências das baixas taxas de mor talidade sobretudo as taxas de mortalidade in fantil figuram de maneira proeminente no pen samento social do século XX Philippe Ariès 1960 1962 atribuiu assim um papel crucial ao declínio da mortalidade na transformação da instituição da família O declínio da mortali dade em conjunto com a fertilidade inalterada gera um rápido crescimento populacional e uma estrutura etária mais jovem Esses dois resulta dos assumem lugar de destaque nas teorias da modernização da mudança social e da estabili dade das sociedades A migração e os migrantes figuram no pen samento social do século XX em duas interpre tações muito diferentes Robert Park 1928 considerou a posição social marginal dos mi grantes como uma fonte de inovações poten ciais de transformação e progresso nas socie dades Outros scholars levam mais adiante essa visão basicamente positiva dos migrantes como catalisadores de transformação societal Por ou tro lado Oscar Handlin 1951 e outros apre sentam um quadro de migrantes e migração como fontes de desorganização social desvio anomia crime e doença mental Ambas as tra dições sublinham o papel marginal dos mi grantes mas traçam conclusões diferentes so bre o impacto dessa marginalidade sobre a so ciedade como um todo e sobre os próprios migrantes Para grande parte do mundo o crescimento populacional devido às taxas de natalidade con tinuamente elevadas e às taxas declinantes de mortalidade cria um sério problema social As teorias sociais enfatizam geralmente os resulta dos positivos esperados de taxas de natalidade mais baixas menor consumo por jovens depen dentes menos dependentes por adulto produti vo menos restrição às atividades das mulheres e crescimento populacional mais lento Para além dessa perspectiva predominante contudo outro debate teórico de longa data diz respeito às conseqüências para a sociedade do enve lhecimento demográfico devido a baixas taxas de natalidade Alguns estudiosos temem uma possível ausência de flexibilidade seja em ter mos de idéias de mobilidade de mãodeobra ou outros em sociedades em processo de enve lhecimento ver também SENECTUDE e consi deram as baixas taxas de natalidade e o enve lhecimento da população problemas sociais que necessitam de remédios A população como ameaça ou patrimônio Em todas as suas manifestações a popula ção continua figurando no pensamento social em duas interpretações contrastantes Um pon to de vista sustenta com Jean Bodin que só nos homens existe riqueza e força e defende o crescimento populacional como um meio para vários fins que se congregam sob a designação geral de progresso O outro ponto de vista sus tenta com Malthus que o crescimento popula cional constitui um obstáculo ao progresso pro vocando dificuldades que devem necessaria mente ser sentidas com severidade por vasta parcela da humanidade Ambas as abordagens tratam a população seu tamanho dispersão ou concentração estrutura etária etc não como um fim em si mas um parâmetro a ser manipu lado com vistas a outras metas Em certa medi da essas duas concepções de população tam bém refletem a distinção clássica do filósofo francês Auguste Comte entre estática social e dinâmica social A opinião de que o progresso é mais bem servido restringindose a população ganhou po pularidade em todo o mundo durante o século XX Esse elemento restritivo no pensamento social referese principalmente aos aspectos di nâmicos da população ao sustentar que taxas elevadas de crescimento populacional geram numerosos problemas O outro ponto de vista sublinha as vantagens de uma população numerosa como maior divi são de trabalho mercados econômicos mais vastos ou até maior potencial humano para fins militares Essa visão estática da população não está usualmente interessada nos papéis que cul minam em grandes agregações de pessoas mas o crescimento populacional também foi pos tulado por alguns teóricos do século XX como um motor de transformação social Boserup 1965 Clark 1968 O equilíbrio entre essas duas orientações em face da população depende da posição de cada Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 590 população um na sociedade e da estrutura dessa sociedade Os governantes absolutos e as elites dominan tes isolados de suas populações súditas res saltam mais freqüentemente os aspectos positi vos dos grandes contingentes populacionais e ignoram os custos sociais do rápido crescimen to populacional Na medida em que tais elites isoladas são substituídas por estruturas sociais mais abertas pluralistas ou democráticas o pensamento social passa a dar maior atenção aos custos do crescimento populacional e me nor apoio à maximização das quantidades de pessoas Esse deslocamento do equilíbrio for nece uma chave para a compreensão de boa parte da retórica cambiante a respeito de popu lação no século XX Leitura sugerida Ariès P 1960 Histoire sociale de lenfant et de la famille Boserup Ester 1965 The Conditions of Agricultural Growth Davis Kingsley e Blake Judith 1956 Social Structure and fertility an analytic framework Economic Development and Cul tural Change 4 2113 Handlin Oscar 1951 The Uprooted Malthus Thomas 1798 1970 An Essay on the Principle of Population Omran A 1971 The epidemiologic transition a theory of the epidemiology of population change Milbank Memorial Fund Quar terly 49 50938 Park Robert 1928 Human migra tion and the marginal man American Journal of So ciology 33 88193 Süssmilch Johann 17612 Die göttlich Ordnung in den Veränderungen des mensch lichen Geschlechts aus der Geburt dem Tode und der Fortpflanzung desselben Erwiesen 2ªed ELWOOD CARLSON populismo Os movimentos políticos com al ta capacidade de obter apoio popular mas sem os traços típicos do socialismo europeu rece beram o nome de populistas especialmente na América Latina durante o século XX O que eles têm em comum é o seguinte 1 a presença de uma massa socialmente mobilizada com pouca ou nenhuma or ganização autônoma de classe 2 uma liderança predominantemente ori unda de setores da classe alta ou média e 3 um tipo carismático de ligação entre lí deres e adeptos As alterações demográficas resultantes da rápida expansão urbana adiantandose com folga ao crescimento industrial e os efeitos da revolução das expectativas crescentes coli dindo com a mentalidade das elites fizeram com que esse tipo de expressão política se tornasse altamente provável em países no es tágio de desenvolvimento usualmente encon trado na América Latina Na Ásia e na África o populismo como forma de organização polí tica livre e competitiva é menos comum que na América Latina embora alguns traços sejam encontrados em um regime nacional popular ver NACIONAL POPULAR REGIME A revolução mexicana iniciada em 1910 foi um dos primeiros exemplos de rebelião com extensa massa de seguidores e apoio de várias classes acompanhada por uma ideologia eclé tica que incluía elementos de liberalismo na cionalismo e socialismo O Partido Aprista pe ruano fundado por Victor Raúl Haya de la Torre no exílio em 1924 foi parcialmente inspirado pela experiência mexicana e é usualmente con siderado um dos principais exemplos de popu lismo Em oposição a Lenin Haya argumentou que em países tipicamente do Terceiro Mundo o imperialismo é o primeiro e não o último estágio do capitalismo por conseguinte uma estratégia peculiar tem que ser usada a fim de utilizar as potencialidades econômicas deste ao mesmo tempo em que se impedem as suas tentativas de dominação política Propôsse uma aliança explícita entre as classes médias o campesinato e os trabalhadores manuais em contradição uma vez mais com a fórmula mar xista para os países desenvolvidos que enfati zava o papel do protelariado urbano O ramo peruano do que se esperava que fosse uma Internacional LatinoAmericana foi fundado em 1930 e não tardou a adquirir um importante contingente de seguidores entre sindicalistas e comunidades indígenas embora sua espinha dorsal fosse formada pelas empobrecidas clas ses médias provincianas Depois das tentativas de violenta derrubada dos regimes autoritários freqüentemente militaristas em vários países o aprismo tornouse mais moderado depois da Segunda Guerra Mundial e em 1985 alcançou a presidência no Peru Outros partidos com características similares ao aprismo são a Acción Democrática da Venezuela a Libera ción Nacional da Costa Rica o Revolucionario Dominicano da República Dominica e um pou co mais distante o Movimiento Nacionalista Revolucionario da Bolívia No Brasil em 1930 um movimento civil militar levou Getúlio Vargas ao poder onde permaneceu durante 15 anos Tinha sido um governador pragmático de um dos estados do regime anterior eminentemente federativo e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar populismo 591 pragmático continuou Obteve o apoio de um importante grupo de jovens oficiais conhecidos como os tenentes empenhados em reformas com uma mistura de convicções ideológicas que iam do liberalismo ao nacionalismo e ver sões locais do fascismo considerado um regime desenvolvimentista adequado para países em processo de transição de uma sociedade predo minantemente rural para uma sociedade urbana e industrial Vargas governou o país com mão de ferro promulgando em 1937 uma cons tituição inspirada no CORPORATIVISMO de Mus solini Nos anos finais da Segunda Guerra Mun dial o Brasil conheceu um importante avanço em sua industrialização e Vargas aproveitou a oportunidade para apelar à massa de novos participantes da força de trabalho urbana ini ciando a fase populista de seu governo Isso redundou em uma reação conservadoramilitar contra ele em 1945 mas depois de cinco anos Vargas retornou ao poder em eleições livres Com Vargas os sindicatos obtiveram legislação favorável e apoio do estado embora à custa do controle administrativo e de se verem submeti dos a uma liderança corrupta Na Argentina o populismo expressase no peronismo um movimento político lançado pe lo então coronel Juan D Perón enquanto minis tro do Trabalho no regime militar nacionalista de 194346 Teve êxito em forjar uma aliança entre militares alguns setores industriais e as classes populares entre as quais grandes con tingentes de novos migrantes do interior rural que tinham chegado às grandes cidades embo ra obtivesse também a adesão de alguns antigos líderes sindicais O peronismo combinou ele mentos ideológicos da intelligentsia católica e da direita nacionalista incluindo alguns com simpatias claramente fascistas em conjunto com elementos socialistas pragmáticos ou tradicionais e alguns políticos centristas oriundos do Partido Radical O movimento passou por um período de radicalização e violência na década de 70 gerando em seu próprio seio uma formação guerrilheira os Montoneros finalmente expulsos em 1974 Em 1989 depois de muitos anos de mudanças internas e de democratização o peronismo recuperouse do impacto causado pela morte de seu líder e chegou à presidência com um programa de reforma moderada e respeito às liberdades civis No Chile o movimento da classe traba lhadora provou ser razoavelmente imune ao populismo Desde os seus primeiros dias orga nizouse em partidos marxistas baseados na atividade da militância e com pouca ou ne nhuma burocracia A esquerda no Chile é pois claramente associacionista em vez de mobiliza cionista mas em outros países latinoamerica nos o socialismo sobretudo o de credo leninis ta pode assumir também formas populistas como em Cuba sob o comando de Fidel Castro Em alguns países da área o populismo tem perdido considerável parcela de sua ascendên cia sobre a classe trabalhadora permitindo que uma esquerda marxista cresça em seus flancos Por outro lado com a aculturação em modos de vida urbanos e industriais padrões sociaisdemo cráticos de organização e ideologia tendem a se desenvolver no seio dos partidos populistas Leitura sugerida Di Tella Torquato S 1989 Latin American Politics a Theoretical Approach Germani Gino 1978 Authoritarianism Fascism and National Populism Ionescu Ghita e Gellner Ernest orgs 1969 Populism its Meaning and National Charac teristics Laclau Ernesto 1977 1979 Política e ideo logia na teoria marxista Murmis Miguel e Portantie ro Juan Carlos 1971 Estudios sobre los orígenes del peronismo Weffort Francisco 1978 O populismo na política brasileira TORCUATO S DI TELLA pósindustrial sociedade Ver SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL positivismo De um modo muito parecido com o conceito de ideologia que também co meçou tendo amplo curso e aceitação mais ou menos no mesmo período a noção de positivis mo vangloriase de uma controversa e irônica trajetória Originandose como autodesignação positiva nos escritos de Auguste Comte ofere cido como uma filosofia para acabar com to das as filosofias pelo círculo de Viena ver VIENA CÍRCULO DE e equiparada à ciência tout court pelos defensores do FUNCIONALISMO e do COMPORTAMENTALISMO nos Estados Unidos do pósguerra o positivismo tornouse um termo de acusação polêmica quando não insultuoso na ciência social contemporânea muito pou cos sociológos reivindicariam ou acolheriam com agrado o rótulo de positivistas E tal como a ideologia assumiu uma multiplicidade de significados de modo que existem quase tantas definições de positivismo quantas as críticas de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 592 pósindustrial sociedade que é alvo Halfpenny 1982 por exemplo distingue nada menos que 12 subespécies A dispersão e a inversão da carga semântica da palavra são indicativas das mudanças que trans formaram a FILOSOFIA DA CIÊNCIA desde a década de 60 e desafiaram a longa hegemonia do posi tivismo na investigação social ao suscitar uma vez mais a questão do dualismo das ciências naturais e culturais Habermas 1967 Em seu mais amplo sentido filosófico o positivismo referese à teoria do conhecimento proposta por Francis Bacon John Locke e Isaac Newton a qual afirma a primazia da observação e a busca da explicação causal por meio da generalização indutiva Kolakowski 1966 Nas ciências sociais ficou associado a três prin cípios afins o princípio ontológico do fenome nalismo de acordo com o qual o conhecimento só pode fundamentarse na experiência beiran do a fetichização dos fatos como imediata mente acessíveis à percepção sensorial o prin cípio metodológico da unidade do método cien tífico o qual proclama que os procedimentos da ciência natural são diretamente aplicáveis ao mundo social com o objetivo de estabelecer leis invariantes ou generalizações semelhantes a leis sobre fenômenos sociais e o princípo axio lógico da neutralidade que se recusa a conce der aos enunciados normativos o status de conhecimento e mantém uma rígida separação entre fatos e valores Três amplas tradições sucessivas do posi tivismo podem ser esquematicamente distin guidas a francesa a alemã e a americana A linhagem francesa originase com Auguste Comte e o seu mentor SaintSimon que por sua vez era devedor de Condorcet e está exemplificada da melhor maneira pela socio logia de Émile Durkheim A ambição de Comte era fundar uma ciência naturalista da sociedade capaz de explicar o passado da espécie humana e predizer o seu futuro aplicando os mesmos métodos de investigação que tinham provado ser tão bemsucedidos no estudo da natureza a saber observação experimentação e compa ração No seu Cours de philosophie positive Comte 6 vols 183042 ele sustentou que o espírito humano tinha evoluído através de três fases necessárias Na fase teológica ou fictí cia os fenômenos são explicados pela inter venção de entidades sobrenaturais na fase me tafísica ou abstrata mediante referência a abs trações na fase científica ou positiva a busca das causas últimas dos fatos é abandonada em favor do estabelecimento de suas leis ou seja as relações invariáveis de sucessão e seme lhança que os ligam Comte criou o termo sociologia para designar a ciência que sinte tizaria todo o conhecimento possível desven daria os mistérios da estática e da dinâmica da sociedade e orientaria a formação do governo positivo Durkheim abandonou a substância da filo sofia de Comte mas reteve o seu método insis tindo na continuidade lógica entre as ciências sociais e naturais e na aplicação à sociedade do princípio de causalidade natural O nosso prin cipal objetivo escreveu ele em Les règles de la méthode sociologique Durkheim 1895 seu manifesto revolucionário em prol da explicação sociológica científica é estender o racionalis mo científico à conduta humana Aquilo a que chamam o nosso positivismo nada mais é que uma conseqüência desse racionalismo Para estabelecer a independência definitiva da sociologia de toda a filosofia e assim a sua autonomia como campo científico distinto Durkheim propôs uma concepção da sociedade como uma realidade objetiva sui generis cujos componentes estrutura e funcionamento obe decem a regularidades que se impõem aos in divíduos como necessidades inelutáveis in dependentes de sua volição e consciência Tam bém propôs um conjunto de princípios metodo lógicos condensados na famosa recomendação de tratar os fatos sociais como coisas rejeitar as preconcepções comuns em favor de defi nições objetivas explicar um fato social so mente por outro fato social distinguir a causa eficiente da função e os estados sociais normais dos patológicos etc Esses princípios foram convincentemente ilustrados em Le suicide modelo inegável do positivismo francês no qual Durkheim 1897 se absteve de analisar o significado do suicídio em favor da revelação de seus tipos e causas sociais via uma análise estatística dos correlatos e variações de seu grupo A tradição germanoaustríaca de positivis mo encontra suas raízes no METHODENSTREIT conflito sobre método o qual envolveu eco nomistas neoclássicos e históricos e filósofos neokantianos desde a década de 1880 em torno da questão de apurar se a vida social é passível de explicação causal ou apenas de entendi mento interpretativo como na filosofia da VER Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar positivismo 593 STEHEN O grupo de filósofos matemáticos e cientistas analíticos entre eles Moritz Schlick Ernest Mach Rudolf Carnap Carl Hempel e Otto Neurath que se tornou conhecido como o Círculo de Viena nos anos de 192336 tomou o partido da explicação e unidade da ciência Sua finalidade era efetuar uma síntese de empirismo humano positivismo comteano e análise lógica que livrasse para sempre a filosofia das ocas especulações da metafísica ao fundamentar fir memente todo o conhecimento na experiência Ayer 1959 De acordo com esse positivismo lógico o conhecimento científico assenta em uma sólida base de fatos formulada por meio de sentenças protocolares Mach que fornecem um registro genuíno porque imediato da expe riência sensorial ou elaborada através de re gras de correspondência Carnap formando uma ponte entre a linguagem teórica e a lingua gem da observação À parte as proposições analíticas da lógica os únicos enunciados signi ficativos são os que podem estar sujeitos ao princípio de verificação ou seja ser compro vados por observação Em oposição frontal à idéia de Geisteswissenschaften pressuposta em um cisma entre as ciências da natureza e as culturais o Círculo de Viena afirmou que a explicação científica em sociologia ou história obedece à mesma lei explanatória ou modelo dedutivonomológico que as ciências natu rais Hempel 1965 em que um explanandum é deduzido de uma combinação de condições iniciais e de uma lei e explicação universais sinônimas de previsão Nos Estados Unidos uma compreensão se melhante da ciência social evoluiu para o que Bryant 1985 chama o positivismo instrumen tal tradição incrementalista naturalista da pes quisa social empenhada em atingir padrões de rigor comparáveis aos da física ou biologia Baseada em uma concepção nominalista e vo luntarista da sociedade como mero agregado de indivíduos essa tradição reinou absoluta desde a década de 30 até a de 60 englobando uma variedade de orientações teóricas e continua impregnando a sociologia norteamericana Distinguese por sua preocupação com ques tões de método e de mensuração incluindo o refinamento de técnicas estatísticas a ênfase na operacionalização e na verificação Zetterberg 1954 e a prioridade que confere a projetos experimentais levantamentos quantitativos e pesquisas por equipe É instrumental na me dida em que os instrumentos de investigação determinam as questões formuladas a defini ção de conceitos através da construção de in dicadores empíricos e assim o conhecimento produzido com a testabilidade a replicabili dade e a viabilidade técnica suplantando a teoria como guias idôneos da prática e da avaliação científicas O positivismo instrumental foi inicialmente articulado por George Lundberg que adaptou da física a doutrina de operacionalismo de PW Bridgman a qual sustenta que o significa do de uma variável é definido pelas operações necessárias para medila e por William F Og burn 1930 que equiparou a sociologia cientí fica à verificação e acumulação quantitativas de pequenos fragmentos e peças de novo co nhecimento e orgulhosamente vaticinou que todos os sociólogos seriam um dia estatísticos Mas coube a um scholar vienense no exílio Paul Lazarsfeld institucionalizar o positivismo na universidade americana Lazarsfeld não só introduziu na sociologia uma série de inovações metodológicas análise multivariada amostra gem em bola de neve e análise de estrutura latente entre outras e técnicas adotadas da pesquisa de mercado como os estudos de pai nel mas inventou o veículo organizacional que promoveria a profissionalização burocratiza ção e comercialização da pesquisa social posi tivista nos Estados Unidos e seus países saté lites o escritório de pesquisa aplicada Pol lack 1979 A ascensão e o domínio do positivismo en frentaram críticas e oposição de duas espécies a antipositivista e a póspositivista Os dis sidentes antipositivistas sustentaram há muito que as ciências naturais e humanas são ontoló gicas e logicamente discrepantes e que a própria idéia de uma ciência explicativa da sociedade é insustentável Winch 1958 Os proponentes da HERMENÊUTICA e da sociologia interpretati va recentemente reforçados pelos defen sores do pósmodernismo e da DESCONSTRUÇÃO sustentam que descrições causais do com portamento social não podem ser construídas porque as práticas instituições e crenças huma nas são inerentemente significativas ou me lhor constituídas pelos entendimentos que os participantes têm delas Taylor 197 Portanto a tarefa dos estudos humanos não pode ser a especificação de leis invariantes do comporta mento humano mas fazer com que esse com Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 594 positivismo portamento seja inteligível mediante a sua in terpretação em relação com intenções subjeti vas Para Gadamer 1960 além disso todas essas interpretações envolvem uma projeção de preconceitos culturais baseados em uma rede ou horizonte de expectativas e suposições constitutivas de uma tradição cultural Seguese que a meta da sociologia interpretativa não pode se duplicar ou confirmar pesquisas pré vias mas rever preconceitos pela elucidação de novas dimensões de um fenômeno As críticas feministas do positivismo que proliferaram na década de 80 aderem a esse ataque mas por uma razão diferente Afirman do que a ciência é uma instituição afetada pelo gênero que reflete o ponto de vista truncado e opressivo dos homens as feministas evoluíram de uma perspectiva reformista que procurava realizar a paridade de gêneros no campo cientí fico para uma postura revolucionária que visava proceder a uma revisão geral dos próprios ali cerces da ciência a fim de erradicar o seu an drocentrismo constitutivo Harding 1984 Essas críticas percorrem toda uma gama que vai do empirismo feminista para o qual o sexismo pode ser corrigido pela imposição mais rigorosa dos ditames metodológicos padronizados da investigação científica ao ponto de vista epis temológico o qual sustenta que a subjugação das mulheres as coloca em situação privilegiada para produzir o verdadeiro conhecimento e ao feminismo pósmoderno que questiona as pró prias noções de universalidade e razão que ser vem de base à ciência Para Sandra Harding os princípios aceitos de imparcialidade neutra lidade dos valores e objetividade são instru mentos de controle social que estão a serviço dos homens em seu projeto de fazer da ciência uma prerrogativa masculina A genuína objeti vidade sustenta ela não decorre da adesão à idéia patriarcal da unidade do método cientí fico mas de um compromisso com os valores participantes do antiracismo do anticlassis mo e do antisexismo Portanto não é a ciência mas a discussão moral e política que fornece um paradigma para a investigação racional Em vez de o rejeitar abertamente os ex poentes do póspositivismo procuraram refor mar o entendimento recebido de ciência Os ataques de WVO Quine Karl Popper Thomas Kuhn Paul Feyerabend e Imre Lakatos conver giram para abalar as próprias fundações da fi losofia positiva da ciência natural Chalmers 1982 ao demonstrarem que as teorias científi cas não são construídas indutivamente nem tes tadas individualmente na base exclusiva da evi dência fenomenal pois se há coisa que não existe é a observação teoricamente neutra Nem é o seu julgamento formulado estritamente em bases racionais na medida em que teorias rivais são sempre escoradas por dados e participam geralmente de paradigmas ou amplos qua dros de referência científicos cujos critérios de avaliação são incomensuráveis Giddens 1978 O REALISMO de Bhaskar 1975 também repudia o fenomenalismo e o verificacionismo diferenciando três níveis de realidade o real o efetivo e o empírico e afirmando a existência de estruturas e mecanismos ocultos que podem funcionar independentemente do nosso conhe cimento deles mas cujos poderes e respon sabilidades são não obstante empiricamente investigáveis O racionalismo aplicado de Pierre Bourdieu resultante da importação pela sociologia da epistemologia historicista de A Koyré G Bachelard e C Canguilhem derruba também a estrutura epistemológica do positivismo ao postular que os fatos científicos são conquistados construídos e constatados Bourdieu et al 1968 através da ruptura com o senso comum de leigos e eruditos a aplicação sistemática de conceitos relacionais e o con fronto metódico do modelo construído com as provas geradas por diferentes metodologias A teoria crítica da ESCOLA DE FRANKFURT combina elementos das críticas antipositivista e póspo sitivista na rejeição do CIENTIFICISMO a idéia de que somente a ciência produz conhecimento na fusão de explicação com previsão por meio de leis universais e na dicotomização de fatos e valores ao mesmo tempo em que combate porém o idealismo da hermenêutica e se recusa a abandonar as pretensões à VERDADE científica Assim Habermas 1968 afirma que para não se tornar cúmplice da racionalidade que sus tenta o positivismo e o converte em outro ins trumento ideológico de dominação a ciência social não pode aterse a uma análise das re lações causais externas Sendo o universo social um mundo préinterpretado cabelhes expli car também as relações internas de significado e propósito e portanto reconstruir o conceito de objetividade legado pelas ciências naturais de um modo que recupere a dimensão crítica da ciência como instrumento para a emancipação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar positivismo 595 Eclipse não é morte o positivismo pode ter sido desacreditado como filosofia da ciência mas ainda informa ativamente e podese até dizer domina os projetos e a implementação de pesquisas sociais empíricas E promete sobre viver se não prosperar como um contraste e uma subreptícia epistemologia operante en quanto o projeto de Max Weber de colocar a interpretação e a explicação sob um só teto não for plenamente realizado na prática cotidia na dos cientistas sociais Leitura sugerida Adorno T Albert H Dahrendorf R Habermas J Pilot H e Popper KR 1969 1976 The Positivist Dispute in German Sociology Alexan der JC 1982 Theoretical Logic in Sociology vol1 Positivism Presuppositions and Current Controver sies Apel KO 1979 1984 Understanding and Explanation a TranscendentalPragmatic Perspective Fuller Steve 1988 Social Epistemology Giddens A org 1974 Positivism and Sociology Harding San dra e Hintinkka Merrill orgs 1983 Discovering Rea lity Feminist Perspective on Epistemology Methodo logy and Philosophy of Science Keat R e Urry J 1978 Social Theory as Science Outhwaite William 1987 New Philosophies of Social Science Realism Hermeneutics and Critical Theory Philips DC 1987 Philosophy Science and Social Inquiry Simon Walter M 1963 European Positivism in the Nineteenth Century LOÏC JD WACQUANT positivismo jurídico O termo referese a qualquer filosofia do direito dirigida para a descrição isenta de valor das instituições jurí dicas ocidentais em termos de um sistema dis tinto de regras sociais ver LEI Em sua defini ção mais ampla o positivismo jurídico está associado à crença na possibilidade de uma ciência do direito classicamente uma geome tria da ordem jurídica e a uma correspondente adesão à separação metodológica de questões de fato e questões de valor da lei e da morali dade As raízes dessa filosofia doutrinal do direito residem na distinção medieval entre direito di vino ou natural e direito secular ou positivo sendo este último denominado ius positum di reito por posição ou mais pragmaticamente direito estabelecido por um soberano humano Nessa descrição genérica a ordem do direito positivo é identificada como um sistema dis tinto de regras por referência à sua fonte supre ma o direito positivo era direito que emanava do monarca do Leviatã da comunidade ou mais recentemente da legislatura Em sua definição inicial o positivismo jurí dico está associado na tradição inglesa aos es critos de Thomas Hobbes e mais tarde dos filósofos do direito do século XIX Jeremy Ben tham e John Austin O positivismo desses pen sadores consistia em definir a lei muito simples mente como a ordem do soberano e uma vez isolada essa única fonte ou oráculo do direito nacional podiam sustentar que a tarefa ou pro víncia da jurisprudência era a determinação científica da linhagem e coerência lógica da ordem jurídica estabelecida A filosofia positi vista do direito era assim um discurso sis tematizador um discurso que considerava o conteúdo da lei como dado ou axiomático e estava meramente interessado em organizar as fontes e instituições do sistema jurídico em uma ordem normativa formalmente definida ou domínio da lei Na jurisprudência européia continental uma tradição igualmente dogmática de filosofia po sitivista do direito remonta à assimilação do direito romano Corpus Iuris Civilis na Europa do final do século XI Para a tradição continental ou civil havia um só direito e uma só fonte de direito para toda a Europa a saber a coleção das leis codificadas no início do século XI pelo imperador Justiniano Admi tida tal fonte unitária e universal do direito a tradição civilista da jurisprudência dogmática podia facilmente adotar uma filosofia jurídica positivista ao sustentar a coincidência do direito e da razão nos textos a razão escrita ratio scripta do código As ulteriores codifica ções européias dos séculos XVIII e XIX assis tiram em geral a um ressurgimento do positi vismo jurídico da crença na disponibilidade de todo o direito no código no mundo lógico e distinto do Texto O positivismo jurídico moderno apresenta uma versão freqüentemente simplificada e con sideravelmente mais abstrata da filosofia dos advogados tradicionais do direito secular O seu principal proponente filosófico no continente europeu embora ulteriormente domiciliado nos Estados Unidos foi um filósofo neokantia no do direito o austríaco Hans Kelsen Em uma série de obras altamente influentes Kelsen ten tou construir uma teoria pura do direito ou ciência estrutural da ordem jurídica Substi tuindo a única e soberana fonte do direito pelo pressuposto lógico da norma básica ou Grundnorm como fundação unitária de qual Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 596 positivismo jurídico quer sistema jurídico Kelsen postulou as con dições de qualquer ciência jurídica positivista em função do estudo exclusivo da coerência interna da ordem normativa Os problemas ju rídicos deviam ser estudados como problemas normativos como questões estruturais de or dem e desse modo a ciência jurídica podia ser separada das disciplinas précientíficas co mo a sociologia a psicologia a história a eco nomia ou a ética que combinavam o estudo de regras jurídicas com o estudo de valores ques tões do que é com questões do que deve ser Uma ciência do direito propriamente positivista estudaria a linhagem da autorização formal da norma jurídica ou em termos mais pragmá ticos estudaria o texto da lei mas simplesmente em função de sua participação no sistema No mundo do direito consuetudinário o po sitivismo jurídico moderno baseiase na obra de Kelsnen mas está principalmente associado à obra do filósofo do direito analítico e jurista Herbert Hart e seu livro The Concept of Law publicado em 1961 Em um trabalho ampla mente sintético Hart elaborou uma filosofia jurídica positivista em termos do estudo do direito como o estudo de um sistema distinto de regras primárias e secundárias A separação da ordem jurídica de outros sistemas normativos é na versão de Hart do positivismo jurídico atribuída a uma regra de reconhecimento por meio da qual os funcionários do sistema jurídi co identificam e aceitam a fonte e as caracterís ticas distintas das regras jurídicas Essas regras são estudadas como conhecimento oficial ou profissional e podem ser formalmente identifi cadas e analiticamente descritas sem refêrencia a quaisquer considerações de avaliação contex tual nãonormativa ou outras A existência da lei para o positivista jurídico é uma coisa seu mérito ou demérito é algo inteiramente distinto Em termos críticos o positivismo jurídico pode ser descrito como a filosofia inata ou de senso comum da profissão jurídica Nesse sen tido é uma fisolofia dogmática que procura legitimar um conhecimento profissional na ba se da autorepresentação da profissão Cumpre assinalar a esse respeito que o positivismo jurídico procura isolar o direito de seus contex tos políticos e administrativos Estuda o direito como atividade à parte dos outros fenômenos sociais e como um discurso incomparavel mente livre de quaisquer características subje tivas ou intertextuais que possam ameaçar o valor supremo do domínio da lei Ver também POSITIVISMO Leitura sugerida Austin John 1885 1955 The Pro vince of Jurisprudence Determined and the Uses of the Study of Jurisprudence Bentham Jeremy c178082 1970 Of Laws in General Goodrich Peter 1986 Reading the Law Hart HLA 1961 The Concept of Law Hobbes T 1651 1973 Leviathan Kairys David org 1982 The Politics of Law Legendre Pier re 1983 Lempire de la vérité Moles Robert 1987 Definition and Rule in Legal Theory PETER GOODRICH póskeynesianismo Termo que engloba uma variedade de tentativas de construir uma alter nativa à microeconomia e à macroeconomia ortodoxas o póskeynesianismo não é uma escola unificada de pensamento mas um amál gama de elementos extraídos de diferentes tra dições em economia política com seus propo nentes freqüentemente divergindo sobre que elementos destacar Comuns a todos os proponentes são a rejei ção da análise de equilíbrio em favor de consi derações de crescimento desequilibrado e por conseguinte uma postura política mais inter vencionista do que de LAISSEZFAIRE e uma rejeição das explicações microeconômicas de determinação de preço em termos de oferta e demanda Portanto a teoria ortodoxa da dis tribuição funcional de renda determinada por programas de oferta e demanda criados por decisões de otimização individuais e por con seguinte envolvendo geralmente considera ções de produtividade marginal é rejeitada em favor de uma teoria macroeconômica da dis tribuição de renda relacionada com o cresci mento da demanda agregada e do produto na cional aforisticamente os trabalhadores gas tam o que ganham e os capitalistas ganham o que eles os capitalistas gastam Do mesmo modo qualquer entendimento do mercado de trabalho em termos de análise de oferta e de manda é rejeitado pelo que se explica o nível de desemprego não em função da mãodeobra forçar uma alta de salários que a coloca fora do mercado mas em relação com o volume ma croeconômico de produção e sua incidência é explicada em termos de uma força de trabalho que está segmentada pela estrutura industrial de um núcleo oligopolístico e portanto protegido e de uma periferia competitiva e portanto ex posta No âmbito de tal estrutura os preços são Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar póskeynesianismo 597 determinados pela remarcação oligopolística para cima estando o tamanho da remarcação relacionado com a necessidade de obter lucros suficientes para financiar futuros investimentos em um mundo de inerente incerteza Final mente a ortodoxia é criticada por sua aborda gem do sistema econômico em termos de es cambo os póskeynesianos consideram es sencial integrar a moeda na teoria do funciona mento da economia desde o começo No nível macro a oferta de moeda é considerada en dógena ajustandose passivamente a qualquer nível que seja necessário para sustentar os ní veis correntes de produção A inflação não é pois interpretada como o resultado de uma excessiva expansão da oferta de dinheiro mas é vista antes como o resultado da luta entre classes contendoras em torno da divisão do produto nacional em salários e lucros Grande parte do póskeynesianismo remon ta sua ancestralidade a JM Keynes mas enfa tizando o enfoque de Keynes da incerteza e instabilidade como o ponto de partida de sua análise A ulterior ciência econômica keynesia na ver KEYNESIANISMO tendeu a desprezar esse ponto de partida e por essa razão de acordo com os póskeynesianos interpretou erroneamente a importância da análise de Keynes Essa ênfase em um futuro incerto aliase portanto a uma análise de investimento e lucratividade adota da em grande parte da obra de M Kalecki o investimento corrente determina a taxa de cres cimento enquanto que o futuro investimento é determinado pelos lucros que as firmas ante vêem através da apropriada remarcação de pre ços acima de seus custos Acrescentese a isso uma explicação sociológica de conflito de clas ses inspirada na tradição marxista mas reduzi da a um conflito em torno de salários e lucros como uma luta que tem por fulcro a distribuição do que é excedente em relação aos requisitos de uma exata reprodução da economia em estado estacionário O póskeynesianismo não é pois uma abor dagem singular e rigorosa mas uma coleção de temas que os proponentes consideram enfatizar a esterilidade e a irrelevância da ciência econô mica ortodoxa em contraste com o realismo e a aplicabilidade das alternativas póskeynesia nas Mas o próprio ecletismo destas últimas é também uma importante fraqueza porquanto é duvidoso se os interesses marxistas e keynesia nos podem ser aliados com tanta facilidade a menos que os divorciemos das estruturas teóri cas em que estão implantados e das quais deri vam seu significado Leitura sugerida Eichner AS org 1979 A Guide to PostKeynesian Economics Harcourt GC 1982 PostKeynesianism quite wrong andor nothing new Thames Papers in Political Economy verão Kalecki M 1971 Selected Essays on the Dynamics of the Capitalist Economy Minsky H 1975 John May nard Keynes SIMON MOHUN pósmodernismo Ver MODERNISMO E PÓS MODERNISMO pragmatismo É este o nome usualmente atribuído ao movimento filosófico clássico nos Estados Unidos Surgiu nas últimas décadas do século XIX e alcançou certa hegemonia na vida intelectual do país durante e imediatamente após a chamada Era Progressiva 18961914 A partir da década de 30 e ainda mais depois de 1945 foi largamente suplantado por outras correntes de pensamento em filosofia nas ciên cias sociais e no discurso político público O pragmatismo americano também atraiu consi derável atenção na Europa especialmente em torno de 1910 embora a exposição e a discus são crítica do pragmatismo mostrassem o pre domínio de interpretações equivocadas e a ten dência a depreciálo reduzindoo a uma expres são de alegadas características nacionais norte americanas O sentido cotidiano do termo pragmático certamente contribuiu para esses equívocos su gerindo uma espécie de confusão bemsucedi da que é orientada para a satisfação de neces sidades imediatas ignora princípios teóricos ou morais e trata as características dadas da situa ção simplesmente como parte de um cálculo O termo pragmatismo tem a mesma raiz grega de PRÁXIS prático etc O fundador do pragmatis mo Charles Sanders Peirce 18391914 criou o termo em conseqüência de suas reflexões sobre o uso por Kant dos adjetivos pragmáti co e prático As conferências e os escritos de Peirce por volta de 1878 são hoje considerados os documentos originais do pragmatismo No começo ficaram conhecidos apenas por um es treito círculo de intelectuais de Cambridge Massachusetts e só obtiveram maior notorie dade uns 20 anos depois quando William James 18421910 realizou conferências sobre o Pragmatismo Peirce acabou distanciandose Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 598 pósmodernismo do pragmatismo de James e deu à sua própria filosofia o nome de pragmaticismo A par de Peirce e James o núcleo central do pragmatismo inclui usualmente John Dewey 18591952 e George Herbert Mead 1863 1931 As diferenças entre todos esses pensa dores eram tão evidentes pelo menos para os próprios pragmatistas que a sua reunião em uma única escola ou movimento tem sido cons tantemente questionada O ponto de vista mais amplamente aceito contudo é que apesar das diferenças existe um núcleo de idéias comuns suficiente para justificar que se fale do prag matismo como uma orientação filosófica dis tinta Quais são os temas básicos do pragmatis mo A abordagem de Peirce começa com sua crítica do princípio metodológico da dúvida radical de Descartes e do programa resultante de fazer da certeza de si mesmo do ego pensante o sólido alicerce de uma nova filosofia O prag matista questiona a significação da dúvida car tesiana não a fim de defender as autoridades indiscutíveis contra a pretensão emancipadora do ego pensante mas para argumentar em favor de uma dúvida mais substancial ou seja o assentamento da cognição em situações proble máticas reais No pragmatismo a idéiaguia do ego dubitativo é substituída pela idéia de uma busca cooperativa da VERDADE para superar os reais problemas da ação ver AÇÃO E MEDIAÇÃO A dúvida real ocorre na ação concebida como uma sucessão cíclica de fases Assim toda e qualquer percepção do mundo e toda e qualquer ação nele realizada estão radicadas em uma crença irrefletida nas condições autoevidentes e nos hábitos bemsucedidos Mas esses modos habituais de atuar defrontamse constante mente com a resistência do mundo que é consi derada a fonte da destruição das expectativas irrefletidas A fase resultante de dúvida real leva a uma reconstrução do contexto interrompido A per cepção deve apreender aspectos novos ou dife rentes da realidade a ação deve ligarse a outros elementos do mundo ou reorganizar a sua pró pria estrutura Essa reconstrução é uma realiza ção criativa do ator Se tiver êxito através de uma mudança na percepção de uma atuação diferente e retomar assim a iniciativa então algo de novo ocorreu no mundo uma nova maneira de atuar que pode ser institucionaliza da e se converte em uma rotina seguida de forma irrefletida Assim os pragmatistas vêem toda a ação humana na oposição entre hábitos de ação irrefletidos e realizações criativas Isso significa também que a criatividade é vista nesse caso como o que caracteriza realizações em situações que exigem uma solução mais do que como a criação irrestrita de algo novo sem um background constitutivo em hábitos irrefle tidos Desse modelo básico de pragmatismo no qual ação e cognição se combinam de um modo particular podemos derivar as outras reivin dicações centrais do pragmatismo Na metafí sica do pragmatismo a realidade não é determi nística pelo contrário permite e exige uma ação criativa Na epistemologia do pragmatis mo o conhecimento não é a reprodução da realidade mas um instrumento para tratála com êxito A semântica do pragmatismo locali za o significado de conceitos nas conseqüências práticas para a ação resultantes de seu uso ou de sua diferença em relação a outros conceitos Assim na teoria da verdade do pragmatismo a veracidade de sentenças só pode ser determina da por meio de um processo de concordância sobre o êxito da ação nelas baseada e não digamos na sua correspondência com uma rea lidade nãointerpretada A incompreensão do pragmatismo quando o consideram um movi mento que visa principalmente a destruição do ideal de conhecimento verdadeiro resultou so bretudo do isolamento de certas sentenças co mo os enunciados de William James acerca da verdade de todo o complexo de pensamento pragmatista Os principais representantes do pragmatis mo contribuíram para diferentes campos de investigação Peirce estava principalmente in teressado no desenvolvimento de uma teoria geral do conhecimento científico e em uma teoria amplamente concebida dos signos ou SEMIÓTICA Sua obra multifacetada que é difícil de resumir inclui importantes pensamentos so bre o uso intersubjetivo de signos e sobre a produção criativa de hipóteses abdução Es sa teoria dos signos especialmente em sua ên fase no discurso dos cientistas em uma comu nidade experimental foi de importância decisi va para o discurso ético desenvolvido por KarlOtto Apel e Jürgen Habermas ver DISCUR SO ÉTICA e para a teoria da ação comunicati va de Habermas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar pragmatismo 599 William James trabalhou principalmente na área da psicologia na qual viu a perspectiva de uma saída do dilema entre a crença de base religiosa no livrearbítrio do agente moral e a imagem científica do mundo como um universo governado por processos causais A solução para James reside na funcionalidade para a sobrevivência do organismo humano em seu meio ambiente que ele viu na capacidade hu mana de prestar atenção deliberada a impres sões perceptivas e escolher entre cursos alter nativos de ação Uma psicologia funcionalis ta ver FUNCIONALISMO podia avançar pelo entendimento de todas as realizações mentais em termos de sua função para o domínio ativo pelo organismo do seu meio ambiente John Dewey cujo pensamento de início se desenvolveu independentemente dos primeiros pragmatistas abandonou sua anterior aborda gem neohegeliana e procurou cada vez mais ligarse aos aspectos epistemológicos e psico lógicos do pragmatismo tal como foram desen volvidos por Peirce e James Seu intuito era construir uma filosofia que estendesse as idéias centrais do pragmatismo a todos os domínios tradicionais da filosofia metafísica lógica éti ca e estética e em particular ao campo da filosofia social e política Deu ênfase mais ex plícita do que os outros a uma versão radical de democracia como núcleo normativo do prag matismo George Herbert Mead amigo de Dewey empenhouse ao máximo em desenvolver a es tratégia de James na tradução de temas pragma tistas para o programa de uma ciência social empírica de base biológica A sua contribuição decisiva para o teoria social consiste em sua teoria das características específicas da comu nicação humana e como sua decorrência na tentativa de tematizar a constituição das es truturas da personalidade na dinâmica das re lações interpessoais Mead atacou a suposição de um eu self substancial présocial e a subs tituiu por uma teoria da gênese do eu em que até a interação de uma pessoa consigo mesma é conceituada como o resultado de estruturas sociais Mead também explorou essa linha de pensamento na direção dos problemas do de senvolvimento cognitivo tais como a constitui ção de objetos permanentes na experiência e a constituição de estruturas de tempo Alguns dos conceitos e modelos de Mead formaram a base da escola de INTERACIONISMO SIMBÓLICO em sociologia A influência dos ou tros pragmatistas sobre a sociologia fora da escola de Chicago e do interacionismo simbó lico tem sido até agora relativamente escassa apesar de algumas exceções espetaculares co mo C Wright Mills e Jürgen Habermas O inequívoco renascimento do pragmatismo em filosofia não tem até o momento paralelos igualmente impressionantes em sociologia Leitura sugerida Joas H 1985 GH Mead a Con temporary Reexamination of his Thought Ο 1993 Pragmatism and Social Theory Mead GH 1934 Mind Self and Society Smith John E 1978 Purpose and Thought the Meaning of Pragmatism Thayer Horace S 1981 Meaning and Action a Critical History of Pragmatism 2ªed HANS JOAS práxis A definição 1 em Aristóteles é a de atos desempenhados como um fim em si mes mos no interesse deles próprios distinguese de poiesis que significa a atividade produtiva dedicada à realização de fins bem como de theoria ou contemplação São essas as três ati vidades ou ocupações básicas dos seres huma nos Lobkowicz 1967 O significado 2 em Marx e nos escritos de numerosos filósofos no âmbito do MARXISMO OCIDENTAL é a um tipo de atividade prática criativa peculiar dos seres humanos por meio da qual eles constroem seu mundo uma idéia básica no modelo de Marx de NATUREZA HUMANA b uma categoria epis temológica que descreve a atividade prática constitutiva do objeto dos indivíduos humanos em seu confronto com a natureza que Marx denominou a atividade prática do senso huma no Marx 1845 p83 e c como práxis re volucionária Marx ibid o suposto ponto de transição social fundamental de acordo com o qual se diz que na prática as circunstâncias sociais objetivas do proletariado coincidem com o completo entendimento delas Embora os três sentidos marxistas distintos tenham ficado estabelecidos no moderno pen samento social o conceito permanece de modo geral impreciso obscuro e elástico em sua aplicação Em parte isso é porque ele foi as sociado aos slogans da NOVA ESQUERDA em tem pos recentes e também em parte porque as suas origens se situam nas obscuridade da filosofia da ação elaborada pelos Jovens Hegelianos da década de 1840 como Arnold Ruge August von Cieszkowski Moses Hess e o próprio Marx Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 600 práxis Stepelevich 1983 Além disso os primeiros escritos de Marx sobre esse assunto foram predominantemente rascunhos nãopublica dos e uma série de importantes passagens sobre o tópico está sujeita a interpretação Por vezes afirmase que a expressão a unidade de teoria e prática é o significado do conceito de práxis e ela parece de fato apreen der ainda que de forma imprecisa o significado especulativo 2c Com efeito a expressão é empregada no MARXISMO ortodoxo e se refere às seqüências concorrentes da teoria política organizada do marxismoleninismo na antiga União Soviética A idéia de práxis por outro lado sobretudo no sentido 2a foi proe minente nos países socialistas da Europa Orien tal como parte do arsenal ideológico das críti cas dos dissidentes desses regimes Markovic 1974 O uso 2a relacionase com a imagem dos seres humanos ou modelo da natureza humana que encontramos em Marx a atividade livre e consciente é a qualidade característica da es pécie humana e Ao criar um mundo objetivo por sua atividade prática o homem prova que é um ser consciente de sua espécie Marx 1844 p171 A práxis nesse sentido está vin culada à ALIENAÇÃO como um processo his tórico geral em que os seres humanos em sua criação da história e da sociedade humanas se tornaram sucessivamente divorciados da natu reza e dos produtos objetivos de sua práxis de trabalho A categoria da práxis 2b como ação huma na constituinte do objeto nos primeiros escritos de Marx em especial 1844 1845 e 18456 pode ser interpretada em uma visão a pos teriori como contribuição à epistemologia ver CONHECIMENTO TEORIA DO em especial para a superação do idealismo e materialismo e para uma abordagem sociológica Kilminster 1982 Marx viu que o materialismo tradicional era implicitamente individualista e subentendia uma visão passiva dos seres humanos ao passo que o idealismo de Hegel sublinhava a dimen são ativa histórica e cultural do saber humano mas restringia essa atividade ao domínio da consciência A versão social do materialismo em Marx realizou uma nova síntese Os seres humanos são parte integrante da natureza e a objetividade do seu mundo social é resultado de sua atividade prática dotada de sentido coleti vo na apropriação da natureza nãohumana através do trabalho produtivo ao longo de mui tas gerações Ao trabalharmos a natureza a fim de satisfazer nossas necessidades acabamos por conhecêla mas somente em uma forma humanizada Assim a natureza adquiriu um cunho social e ao mesmo tempo tem um papel autônomo nos assuntos humanos Kolakowski 1971 A teoria social científica do conhecimento que Marx desenvolveu a partir dessas reflexões abstratas foi o modelo de BASE e SUPERESTRU TURA da consciência social Apesar de suas pri meiras ambições esse modelo está viciado por uma ONTOLOGIA dualista e também sofre em virtude da excessiva ênfase nas relações econô micas e Marx também projetou no COMUNISMO não só a superação das principais antinomias epistemológicas mas também soluções práti cas para todos os outros problemas teóricos Marx 1844 p95 102 114 Não obstante foi esse um esforço pioneiro Ao transferir o pro blema do conhecimento para o campo da ati vidade social prática estruturada retirandoo do individualismo da tradicional epistemologia sujeitoobjeto Marx contribuiu para a crescente compreensão da natureza social do processo de conhecimento ver SOCIOLOGIA DO CONHECIMEN TO A práxis revolucionária 2c constitui a di mensão mais especulativa envolvendo não só o conhecimento mas também a ÉTICA A teoria de Marx sobreviveu em sua forma nãocor rigida e mais mitológica nos extravagantes flo reios milenaristas de marxistas posteriores co mo György Lukács Karl Korsch e Antonio Gramsci na década de 20 Kilminster 1979 Para eles em várias versões a consciência da classe proletária derruba a objetividade da pró pria sociedade Também identificaram erro neamente toda a ciência social com o POSITIVIS MO concebido como a articulação da experiên cia social dominante em uma sociedade capita lista e alienada Portanto as leis sociais podiam ser falsificadas pela ação de massa ou por mu danças culturais e políticas cumulativas Existe alguma evidência de que a idéia da Esquerda Hegeliana de realizações da filosofia na prática foi um importante motivo na forma ção das idéias de Marx Os radicais hegelianos compararam a realidade social tal como é com o que idealmente deve ser mas Marx pensava que isso era um radicalismo verbal infrutífero que não mudava coisa alguma e recomendou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar práxis 601 em seu lugar uma atividade práticacrítica ou seja o projeto de trazer a realidade para o que ela deve ser na prática Para nós o comunismo não é um estado de coisas que tem de ser estabelecido um ideal ao qual a própria realidade terá que se ajustar Chamamos comunismo ao movimento real que suprime o pre sente estado de coisas Marx e Engels 184546 p48 O comunismo seria efetivamente uma socie dade que não precisaria mais de ética porque deixaria de haver na realidade das vidas das pessoas qualquer discrepância significativa en tre o modo como viviam e o modo como pen savam que poderiam idealmente viver Na ver são materialista de Marx da filosofia da história de Hegel não havia necessidade de desenvolver uma justificativa ética distinta para o socialis mo ou o comunismo A teoria econômica cien tífica que descreve os estágios históricos do desenvolvimento humano e a conveniência mo ral do estágio final do comunismo são essen cialmente a mesma coisa Só os direitos e a moralidade burgueses é que eram ideológicos Lukes 1985 Mais tarde a teoria de Marx prestouse a sustentar o poder das elites burocráticas na antiga União Soviética e na Europa Oriental onde as dissidências eram sufocadas procla mandose que essas elites não só tinham sua política baseada em uma correta análise cien tífica marxista mas também estavam por definição moralmente corretas Em oposição a essas pretensões o modelo de Marx de homemcomopráxis foi enfatizado como a consubstanciação da autêntica visão mar xista da vida humana A morte da idéia da inevitabilidade histórica do socialismo somada à experiência do TOTALI TARISMO no século XX teve importantes conse qüências O fundamento das questões morais não podia continuar sendo descartado pela in clusão de sua futura solução em um necessário movimento histórico ou antes disso na infali bilidade científica política e moral do Partido Essa compreensão constitui o ponto de partida para o projeto neomarxista de teoria crítica Habermas 1974 e depois do colapso do co munismo na Europa Oriental em 1989 e da fragmentação da União Soviética a questão da boa sociedade volta a figurar em posição de destaque na ordem do dia Leitura sugerida Habermas Jürgen 1971 1976 Theory and Practice Kilminster Richard 1979 Praxis and Method a Sociological Dialogue with Lu kács Gramsci and the Early Frankfurt School Ο 1982 Theory and Practice in Marx and Marxism In Marx and Marxisms org por GHR Parkinson Kolakows ki L 1971 Karl Marx and the classical definition of truth In Marxism and Beyond Lobkowicz Nicholas 1967 Theory and Practice History of a Concept from Aristotle to Marx Lukes S 1985 Marxism and Mo rality Markovic Mihailo 1974 From Affluence to Praxis Philosophy and Social Criticism Roten streich Nathan 1965 Basic Problems of Marxs Philo sophy Stepelevich Lawrence S org 1983 The Young Hegelians an Anthology RICHARD KILMINSTER preconceito Definido aqui como um julga mento prévio rígido e negativo sobre um in divíduo ou grupo o conceito deriva do latim prejudicium que designa um julgamento ou decisão anterior um precedente ou um prejuízo As conotações básicas incluem inclinação par cialidade predisposição prevenção No uso moderno o termo veicula muitos significados variantes Comuns à maioria deles contudo são as noções de julgamento prévio desfavorá vel efetuado antes de um exame ponderado e completo e mantido rigidamente mesmo em face de provas que o contradizem Por causa de seu amplo alcance e de suas conotações complexas na linguagem comum o termo deve ser sempre interpretado no contexto específico em que é usado ver Williams 1964 p289 Na ciência social moderna o uso típico referese a julgamentos categóricos antecipa dos que têm componentes cognitivos crenças estereótipos componentes afetivos antipatia aversão e aspectos avaliatórios ou volitivos como as disposições para políticas públicas ver Blalok 1967 p7 Klineberg 1968 p439 As definições de preconceito são necessaria mente definições com certo limite de variação selecionadas de um leque mais amplo de outras características Por exemplo algumas autorida des especificam que os preconceitos são não apenas desfavoráveis e categóricos mas tam bém inflexíveis rígidos e baseados em conhe cimento inadequado ou falso juízo Assim All port 1967 p5156 sustenta que os precon ceitos são atitudes supergeneralizadas e errô neas concepções equivocadas que não se revertem em função de novos conhecimentos Por outro lado Klineberg 1968 p440 afirma que a reversibilidade devido a novos conheci Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 602 preconceito mentos não é um critério apropriado de precon ceito Assim parece preferível considerar a re versibilidade como um correlato para estudo empírico e não como parte de uma definição formal do conceito Numerosos dados de pesquisas mostram que as atitudes usualmente rotuladas como pre conceitos na fala comum podem ser específicas para um grupo ou generalizadas para muitos podem ser primordialmente cognitivas afetivas ou avaliatórias podem referirse unicamente a interações sociais pessoais ou dirigirse a am plas políticas públicas e podem ser importantes ou periféricas para o ator individual Diante dessas variações a pesquisa de ciência social concentrouse de modo geral em orientações desfavoráveis dirigidas a grupos ou categorias deixando outras características correlatas para serem investigadas com fins particulares Wil liams 1964 p2277 Klineberg 1968 p439 As provas acumuladas por pesquisas estabele ceram um grande número de generalizações empíricas referentes ao preconceito nesse sen tido Entre as mais importantes conclusões es tão as seguintes 1 Tais preconceitos negativos embora ge neralizados não são universais 2 O preconceito não é monopólio desta ou daquela sociedade desta ou daquela cul tura 3 O preconceito não é inato mas deve ser aprendido 4 Os preconceitos em relação a diferentes grupos tendem a andar juntos as pessoas que manifestam preconceito para com um grupo étnico mostram tipicamente atitudes semelhantes para com outros grupos de fora 5 Os indivíduos variam imensamente na in tensidade e espécie de seus preconceitos 6 Os preconceitos encorajam os comporta mentos discriminatórios e as orientações dadas às políticas públicas e são por eles gerados 7 Preconceitos e comportamento não pre cisam ser congruentes situações espe cíficas podem afetar consideravelmente a conduta apesar de atitudes generaliza das ver também Pettigrew 1976 p525 Etnocentrismo Um conceito estreitamente relacionado com o preconceito é o etnocentrismo Em suas for mas menos intensas o etnocentrismo pode sig nificar tãosomente uma atitude positiva em relação ao próprio grupo a que se pertence e às suas formas de conduta De modo geral porém o termo também implica alguns sentimentos de superioridade do grupo em comparação com outros grupos a que não se pertença Nos dois casos o etnocentrismo varia muito em intensi dade e em especificidade Levine e Campbell 1972 Não obstante há uma acentuada ten dência empírica para que o etnocentrismo se torne generalizado no caso extremo o nosso próprio grupo é superior a todos os outros em todos os aspectos importantes ver Williams 1964 p228 Em geral os estudos históricos e comparativos indicam que quanto mais pre ponderantes e intensas em uma sociedade são as crenças na superioridade do grupo a que se pertence maior será a probabilidade de se res ponsabilizar os membros de outros grupos por quaisquer condições ou acontecimentos indese jáveis Quanto mais o etnocentrismo se torna rígido incondicional e emocionalmente inten so maior é a possibilidade de conflito com outros grupos tais conflitos por sua vez refor çam e acentuam o etnocentrismo Desse modo o etnocentrismo difuso convertese freqüente mente em forte preconceito Os objetos do etnocentrismo e do preconceito As categorias étnicas e raciais são cons truções sociais ver também ETNICIDADE RACIS MO Desenvolvemse reciprocamente com a diferenciação social e a interação entre pessoas que segundo se presume se tornaram inicial mente distintas por parentesco comunidade geográfica ou modos de subsistência As inte rações entre pessoas ligadas por redes de paren tesco e casamento e vivendo em estreita proxi midade produzem inevitavelmente caracterís ticas culturais distintas Quando tais grupos entram em contato com outros que diferem deles de maneiras evidentes está lançada a base para as relações étnicas Quando o comércio a grande distância as conquistas militares as migrações e outros movimentos populacionais se desenvolvem a gama de diferenças sociocul turais potencialmente evidentes se amplia e quando as populações que entram em contato diferem em cultura e em características físicas óbvias há a possibilidade de que as relações étnicas se definam como raciais Assim as chamadas relações raciais modernas são decor Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar preconceito 603 rência da expansão mundial do comércio e das interações políticas depois das viagens de des cobrimento dos séculos XV e XVI Williams 1977 Fontes de preconceito Quando grupos étnicos e raciais distintos entraram em contato a COMPETIÇÃO econômica estimulou o preconceito Do mesmo modo as fronteiras entre grupos e as atitudes negativas são acentuadas por lutas pelo poder político ou pela conquista de prestígio e deferência sociais Portanto as ameaças a interesses egoístas em valores tão escassos são potentes estímulos para o conflito entre grupos Numerosas pesquisas revelaram processos psicológicos frustração deslocamento racionalização entre eles que são importantes no desenvolvimento e manu tenção do preconceito em indivíduos LeVine e Campbell 1972 Simpson e Yinger 1952 Mas deixando de lado as fontes psicológicas que condições sociais afetam a extensão e a intensidade dos preconceitos categóricos O preconceito negativo e a discriminação reforçamse mutuamente Sejam quais forem as causas o aumento das hostilidades os estereó tipos negativos e as atitudes de distanciamento social levam ao recrudescimento da discrimina ção incluindo a exclusão e a segregação impos ta Na seqüência recíproca o aumento da dis criminação leva a um preconceito mais profun do e mais intenso A experiência nos Estados Unidos tem sido que a discriminação reduzida contra pessoas negras principalmente através de ações jurídicas e políticas é freqüentemente seguida por reduzido preconceito Em suma a discriminação gera e reforça o preconceito o preconceito cria uma base para a discriminação e sua racionalização ver também IDEOLOGIA Uma vez formado determinado preconceito étnico como um complexo conjunto de cren ças valores e sentimentos pode difundirse e tornarse normativo em uma população através dos processos comuns de SOCIALIZAÇÃO e con formismo Através da doutrinação e do exem plo as crianças aprendem preconceitos como parte do repertório cultural total absorvido em família e em outros grupos a que pertencem Quando tais preconceitos passam a ser norma tivos as expectativas e exigências encadeadas de autoridades e de pares criam pressões e induções ao conformismo Dessa forma uma tradição cultural de preconceito pode adquirir grande força e persistência Leitura sugerida Blalock HM Jr 1982 Race and Ethnic Relations Ehrlich HJ 1973 The Social Psy chology of Prejudice Francis EK 1976 Interethnic Relations an Essay in Sociological Theory Rex J 1983 Race Relations in Sociological Theory Van der Berghe Pierre Louis 1981 The Ethnic Phenomenon Williams RM 1977 Mutual Accomodation Ethnic Conflict and Cooperation ROBIN M WILLIAMS JR préhistória Ver ARQUEOLOGIA E PRÉHISTÓ RIA pressão grupo de Ver INTERESSE GRUPO DE previsão Como a determinação dos estudos futuros de um sistema físico ou social a previ são é uma importante questão epistemológica porque a capacidade de produzir previsões acu radas e idôneas é considerada com freqüência o critério definitivo pelo qual a ciência deve distinguirse de outros tipos de atividade inte lectual É inegável que previsões podem ser e fre qüentemente são feitas com êxito nas ciências sociais assim previsões a curto ou médio prazo de emprego de taxas de natalidade ou mortali dade ou de oportunidades educacionais são na maioria das vezes fidedignas ver também ES TATÍSTICA SOCIAL De modo geral as ciências sociais desenvolveram com êxito uma dimen são atuarial A distinção crucial entre previsão e profecia contudo nem sempre é feita com clareza pelas ciências sociais No começo deste século W Sombart previu que um poderoso movimento socialista se desenvolveria nos Es tados Unidos Em meados da década de 80 muitos sociólogos e cientistas políticos previ ram longa vida para os regimes comunistas nos países do Leste Europeu Como Anthony Gid dens 1990 mostrou muito bem as previsões de Karl Marx e Max Weber sobre sociedades modernas devem ser seriamente relativizadas No passado recente os cientistas sociais ad quiriram uma consciência cada vez maior das dificuldades com que se defronta a previsão nas ciências sociais Isso pode ser visto no fato de os futurólogos já não pretenderem dizernos que são capazes de prever com precisão mudan ças sociais e optarem em vez disso por desen volver plausíveis roteiros alternativos sobre futuros estágios de sistemas sociais Essa ati Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 604 préhistória tude mais modesta em relação à possibilidade de previsão devese principalmente ao declínio do positivismo nas ciências sociais e ao pro gresso da idéia de que os fatos sociais são o produto de ações comportamentos e ou cren ças individuais Enquanto que alguns sistemas de interação são tão previsíveis quanto os sis temas físicos outros não o serão Assim os jogos de cooperação são exatamente previsí veis ao passo que as estruturas de interação do repetido dilema do prisioneiro ou da do jogo da galinha chiken game são altamente im previsíveis Boudon 1986 Boudon e Bour ricaud 1989 Por outro lado a investigação sobre mudança social levou à noção de que fatores contingentes não podem ser ignorados Além disso muitas profecias apresentamse co mo essencialmente autodestrutivas se é feita a previsão de que alguma catástrofe social é imi nente algo será provavelmente feito para evi tála de modo que ela talvez não venha a ocor rer De modo geral a antiga tendência a definir a ciência por sua capacidade de previsão é hoje considerada ingênua o objetivo da ciência é principalmente adquirir conhecimento e com preensão do mundo e só secundariamente pre ver seus estados futuros É importante saber digamos que uma dada estrutura de interação é imprevisível ou que o curso de determinado processo pode ser afetado por contingências embora esse conhecimento torne impossível a previsão Ver também CAUSALIDADE MENSURAÇÃO Leitura sugerida Boudon Raymond 1986 Theories of Social Change Ferkiss Victor 1977 Futurology Giddens A 1990 The Consequences of Modernity RAYMOND BOUDON privação relativa Este conceito adquiriu des taque primeiro em termos subjetivos e mais tarde objetivos com significados alternati vos mas muito distintos As pessoas podem sentirse privadas em relação a outras e também em relação às suas condições ou situações ob servadas Alternativamente as pessoas podem ser privadas em relação a outras suas condições são comprovadamente piores que as de outras Em primeiro lugar os sentimentos das pessoas ou o seu comportamento decorrente desses sen timentos podem provocar surpresas e até pare cer irracionais Privação relativa é uma ex pressão que foi originalmente criada para aju dar a explicar por que motivo alguns soldados objetivamente em boa situação no exército americano estavam descontentes Stouffer et al 1949 p125 A expressão foi aproveitada por psicólogos sociais sociólogos e cientistas políticos Merton 1949 é um exemplo a fim de chamar a atenção para as diferenças de sen timento entre grupos e para as diferenças entre sentimento e realidade Sentimentos de priva ção relativa diante de alguma condição ou si tuação percebida como atingível ou realizável independentemente das condições ou da situa ção real das pessoas eram claramente impor tantes para grande parte da vida social A dis tinção ajudou a explicar variações de opinião mas também protestos espontâneos e a organi zação de ações coletivas Runciman 1966 p10 e 1989 especialmente p36 e 97 aplicou o termo rigorosamente aos problemas de es trutura de classe status de minorias e variação entre culturas Em segundo lugar surgiu subseqüentemen te a necessidade de se usar o termo em um sentido objetivo e não apenas em um sentido individual ou coletivamente subjetivo A pes quisa sobre hierarquia social classe mobili dade social distribuição de renda pobreza e padrões de doença na população dirigiu as aten ções para a importância de medir por exemplo a distância social as condições materiais e so ciais de diferentes grupos e classes na popula ção e a disjunção entre necessidades satisfeitas e nãosatisfeitas Nesse processo o próprio si gnificado de privação foi alvo de uma inves tigação mais minuciosa Ela foi diferenciada de idéias como POBREZA sendo aplicada mais di retamente às inadequações materiais e sociais do que indiretamente às baixas rendas que po dem ou não estar na base dessas inadequações Alguns autores distinguiram entre formas obje tivas de privação material e social assim como entre formas subjetivas de privação individual e coletiva por exemplo Townsend 1979 p46 53 e 1987 Devese elucidar contexto social ou estrutu ra de referência objetiva para a determinação e compreensão de queixas e ressentimentos in dividuais e grupais da espécie preferida pelos estudos dos sentimentos de privação Assim um grupo de trabalhadores manuais qualifica dos pode sentirse destituído em relação a um grupo de funcionários administrativos Antes de se concluir precipitadamente que os estados subjetivos e objetivos são discordantes devem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar privação relativa 605 se coletar detalhadas informações a respeito de salários mas também de muitas outras caracte rísticas sumamente importantes na vida de tra balho e social E isso pode envolver uma inves tigação muito mais ampla das condições de trabalho segurança de emprego perspectivas de promoção benefícios adicionais e posição social do que podem sugerir as descobertas originais sobre sentimentos de privação A aná lise da história do conceito mostra que a impor tância da privação subjetiva ou coletiva como variável explicativa não pode ser avaliada in dependentemente da privação real Leitura sugerida Runcinam WG 1989 A Treatise on Social Theory vol2 Substantive Social Theory Townsend P 1979 Poverty in the United Kingdom PETER TOWNSEND privacidade Um modo de entender este con ceito é como o laboratório de um alquimista alojando os minúsculos processos criativos que marcam o COTIDIANO os quais contribuem para a diversão do eu e para a manutenção de um sentido de IDENTIDADE sem o qual a resilição e a resistência pessoais seriam impossíveis Esse fenômeno ressalta claramente de uma pesquisa realizada com jovens Ao analisar a chamada emigração interna a pesquisa pôs em relevo o modo como indivíduos buscam nichos no tempo que lhes permitam períodos diários de afastamento do mundo à sua volta Duvignaud 1975 p233 Poderseia ampliar essa análise mostrando como ainda que suas manifestações não sejam previsíveis em detalhe esses nichos privados são uma constante em todas as es truturas sociais Subjacente na tradição de smucke dei heim decore o seu lar dos países nórdicos nos jardins de trabalhadores ou na predileção pelo Kitsch que foram extensamen te estudados para não mencionar o gosto por velhos casarões rurais convertidos podese per ceber a mesma busca inclusive no refúgio ute rino do reino noturno G Durand de uma privacidade que persiste apesar de ou em des afio a qualquer espécie de mitologia progres sista Ver também MODERNISMO E PÓSMODER NISMO Essa regeneradora retirada do mundo é bom lembrar está ligada ao que poderia chamarse a volta à floresta Ernst Jünger a qual apre senta uma ilustre linhagem que vai desde Ro bin Hood até os muitos grupos de resistência clandestina da história moderna e culmina nas guerrilhas urbanas dos dias atuais Essas formas extremas de comportamento social colocam em relevo a verdade sobre muitas outras mais co muns Exibem um mecanismo por meio do qual indivíduos que se retiraram para uma concha particular de inércia são capazes de se reunir e realizar uma identidade coletiva com o objetivo de enfrentar as múltiplas invasões promovidas pela realidade externa É dentro da trama da vida cotidiana imune à esfera da política com todos os seus slogans e jogos de poder que se localiza a soberania social Poderseia até afir mar que ela deriva todo o seu vigor do fato de permanecer escondida de ser uma força oculta que nada tem a ver com a aparência de poder Outro exemplo de privacidade pode ser visto na cultura do pobre descrita com tanta pers picácia por Richard Hoggarth 1957 O vasto repertório de chistes provérbios máximas adágios e gírias teatro satírico ou literatura popular tem sido corretamente apresentado por muitos observadores como um espaço social que preserva uma efetiva tradição de resistência ver também CULTURA DE MASSA Acrescente se que tal resistência funciona precisamente porque os seus gestos de desafio só podem ser executados com alguma significação em um nível simbólico onde atuam como fatores de socialização São as senhas através das quais se dá o reconhecimento mútuo Reconhecimento de si mesmo via reconhecimento pelo grupo Tratase de fato de uma antiga realidade antro pológica os etnólogos documentaram o que o shalako dos índios Zuni o candomblé Bahia o Kula Melanésia para mencionar apenas alguns exemplos representam em suas respec tivas estruturações sociais Existe no uso da palavra por Gaston Bache lard uma poética da privacidade que embora nunca tenha sido oficialmente reconhecida sancionada ou canonizada continua sendo um valioso gerador de socialização Tal poética é composta de todas aquelas triviais atividades sociais viagens para visitar alguém conversas de botequim faça você mesmo cozinhar passear sair para comprar roupas etc através das quais os indivíduos se reconhecem como pertencentes a um dado grupo social Esse reco nhecimento ou sentimento de identidade longe de ser homogêneo e estável está em constante fluxo mas não obstante constitui para além da pluralidade de suas expressões uma densa trama tão variada em textura e colorido quanto Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 606 privacidade os fios que em suas múltiplas urdiduras for mam o resistente tecido da realidade familiar cotidiana Em A alma e as formas 1910 Lu kács na tentativa de inventariar essa volátil mas intensa comunidade fala de uma socialidade interna que se manifesta no lirismo das re lações humanas O lirismo encontrado nas canções pop na ficção escapista e nas estórias das revistas para adolescentes é muito esclarecedor a esse res peito Não é o conteúdo de tal lirismo que conta mas o seu significante O que está sendo dito não é tão importante desde que seja algo que possa dar estrutura à comunidade uma forma de estruturação para o qual o discreto nicho uterino da pequena comunidade local ou da aldeia é particularmente propício Assim podese perceber que o recurso à privacidade é extremamente comum e repre senta a renovação dos vínculos com a comuni dade que pode ser assinalada ao longo de toda a história humana e sem a qual não poderia ocorrer nenhuma das cristalizações específicas da vida social tais como as civilizações os costumes as instituições e os governos Mas enquanto que essas cristalizações deram origem a uma historiografia capaz de as articular a privacidade que as alicerça não tem outra ga rantia de sobrevivência além de sua própria persistência É a força do abismo o reino das sombras a via negativa a tenebrosa noite da alma o buraco negro da astrofísica Seja qual for o nome que lhe é dado por diferentes séculos e mitologias esse substrato constantemente re primido da vida social continua fazendo com que pensadores lúcidos e exigentes se defron tem com novas metamorfoses que são simples mente tão poderosas quanto sempre foram Hoje em dia parece que estamos presenciando uma outra e vigorosa ressurreição do privado fato que não pode deixar o sociólogo indife rente Ver também ESFERA PÚBLICA SOCIEDADE CI VIL Leitura sugerida Durand G 1969 Les structures an thropologiques de limaginaire Duvignaud J 1975 La planète des jeunes Hoggart R 1957 The Uses of Literacy Lukács G 1910 1974 The Soul and the Forms Maffesoli M 1976 Logique de la domina tion MICHEL MAFFESOLI problema social Pode ser definido como uma condição danosa identificada por um número significativo de pessoas e reconhecida politica mente como necessitando de melhoria O dano ocorre em muitas formas os interesses econô micos das pessoas seus interesses políticos seus valores morais o meio ambiente e um incontável número de outros fenômenos podem ser afetados Em todo caso para ser expresso como um problema social o dano deve consistir em uma situação factual cujas dimensões inter nacionais históricas psicossociais e outras possam ser observadas de modo sistemático e objetivo Os fatos são importantes porque for necem uma base realista para a ação Além disso a ignorância pode ser custosa visto que o que as pessoas não sabem pode ainda serlhes nocivo Merton 1961 Não obstante mostrar meramente a natureza danosa de um fenômeno não é suficiente em si mesmo para identificar um problema social Condições que envolvem pouco dano como as mortes por uso de drogas cerca de 4 mil por ano nos Estados Unidos são freqüentemente definidas como problemas sociais ao passo que condições envolvendo grandes danos como as mortes em acidentes de automóvel cerca de 50 mil por ano não são assim definidas Além do dano um número significativo de pessoas deve identificar um problema social e debatêlo politicamente Spector e Kitsuse 1987 Embora tenha havido uma controvérsia sobre quanto seria significativo essa questão pode ser resolvida notandose o feedback entre o número de pessoas que afirmam que uma dada condição é prejudicial e a sua localização na sociedade Por vezes uma situação é identifi cada como danosa por grupos de cidadãos por vítimas ou por indivíduos influentes e outros respondem tratando a questão politicamente De modo distinto por vezes a pesquisa revela uma condição que suscita clamor público e a causa é assumida por defensores politicamente significativos Para fins de identificação de um problema social não importa por que razão uma questão é considerada prejudicial ou quem ori gina a preocupação a seu respeito as pessoas podem ser motivadas por valores morais inte resses econômicos ou outros fatores Entretanto os motivos das pessoas são im portantes uma vez que não existem critérios científicos para decidir que uma condição da nosa é um problema social mas uma outra não Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar problema social 607 é A vida pública pelo menos em sociedades democráticas é um processo competitivo em que indivíduos e grupos rivalizam para atrair a atenção dos líderes políticos e dos cidadãos comuns A tarefa envolve a transformação dos dilemas prejudiciais vivenciados por indiví duos como dissabores privados em questões públicas em problemas sociais que podem ser melhorados Mills 1959 Esse processo polí tico significa que os problemas sociais mudam com o tempo freqüentemente sem referência a mudanças na extensão do dano Por vezes uma condição conhecida aceita em determinado ponto tornase posteriormente inaceitável e por conseguinte um problema social Por exemplo a desigualdade que é intrínseca em casamentos tradicionais passou recentemente a ser um pro blema social Às vezes uma condição conheci da definida como prejudicial em um momento dado tornase mais tarde aceitável por exem plo o uso da maconha Finalmente uma con dição prejudicial previamente desconhecida ganha notoriedade em virtude de novos dados científicos e se converte por isso em um pro blema social como o aquecimento global Os exemplos apontam o dinamismo subentendido na identificação de problemas sociais Essa contínua atividade reflete uma crença na possibilidade de aperfeiçoamento Na cultu ra ocidental as pessoas tendem a ser otimistas a alimentar o sentimento de que suas vidas e a sociedade em geral podem melhorar e a crença em que esse progresso ocorreu Nisbet 1969 A ciência social pode ser imensamente útil nes se contexto pois pode fornecer análises razoa velmente objetivas das dimensões de uma con dição danosa avaliar as conseqüências poten ciais para os indivíduos e as sociedades das várias estratégias para resolver o problema e indicar os possíveis efeitos colaterais de uma redução concreta do dano A sabedoria contu do não se segue necessariamente ao conheci mento e nenhuma garantia existe de que as análises científicas sociais conduzam à me lhoria de um problema social Rule 1978 Em parte isso acontece porque muitas condições danosas são resultados involuntários não pre meditados do progresso histórico e proporcio nam benefícios a certos segmentos da popula ção Por conseguinte as pessoas discordam so bre o que significa melhoria e dependendo de seus interesses econômicos ou valores mo rais a solução de uma pessoa é com freqüência o problema de outra Merton 1961 Um problema social pode ser estudado de pelo menos três ângulos O primeiro é a SOCIO LOGIA DO CONHECIMENTO o processo pelo qual a realidade é socialmente construída Berger e Luckmann 1966 Nesse caso a tarefa consiste em entender como e por que uma condição danosa e não outra é identificada como proble ma social Spector e Kitsuse 1987 propuseram um modelo para o estudo desse processo que se concentra nas reclamações que as pessoas fa zem a respeito dos danos causados por alguma condição e no debate político que se segue A segunda perspectiva é a da PSICOLOGIA SOCIAL o modo como as pessoas interagem como in fluenciam os grupos a que pertencem e são influenciadas por grupos Assim é possível es pecificar como os pais e amigos de indivíduos e outros que são importantes para eles os in fluenciam para ficarem pobres usarem drogas conseguirem um aborto ou praticarem qualquer ação identificada como problema social A ter ceira abordagem é em termos da ESTRUTURA SOCIAL o modo como a organização social in fluencia os índices de comportamento Por exemplo a elevada taxa de pobreza nos Estados Unidos reflete o impacto da estrutura do proces so eleitoral a política macroeconômica e outros fatores que têm pouco a ver com os motivos pelos quais os indivíduos empobrecem Bee ghley 1989 De modo mais geral é possível mostrar como a estrutura social influencia a taxa de uso de drogas de abortos ou de qual quer outra questão definida como problema social Uma abordagem estrutural de um pro blema social é útil como meio de descobrir suas dimensões ocultas especialmente a dis tribuição de interesses e benefícios confli tantes em uma sociedade Merton 1949 Quando se reúnem os insights oriundos de todos os três ângulos de visão surge um quadro relativamente completo de um proble ma social Leitura sugerida Beeghley L 1989 The Structure of Social Stratification in the United States Merton RK 1949 1968 Manifest and latent functions In Social Theory and Social Structure org por RK Mer ton Mills CW 1959 The Sociological Imagination Spector M e Kitsuse JI 1987 Constructing Social Problems LEONARD BEEGHLEY Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 608 problema social problemática O conceito referese à confi guração de conceitos teóricos pressupostos em um texto ou discurso A problemática define o campo de questões que podem ser formula das e as formas que as respostas devem adotar Também exclui a apresentação de certas ques tões torna alguns problemas impensáveis e al guns objetos invisíveis O conceito surgiu no final da década de 40 na obra do historiador e filósofo da ciência francês Gaston Bachelard Nela o conceito foi usado em oposição ao ponto de vista dos conceitos científicos e seus referentes no mundo real Sustentavase que os conceitos científicos adquirem seu significado específico a partir do lugar que ocupam dentro de um todo teórico estruturado assumindo os avanços científicos a forma de reorganizações fundamentais de problemáticas teóricas O conceito obteve ampla circulação nos de bates sociais e teóricos das décadas de 60 e 70 através de sua utilização pelo filósofo marxista francês Louis Althusser que fez uso das afini dades entre o conceito de problemática e as abordagens estruturalistas então em voga na lingüística e na psicanálise ver ESTRUTURALIS MO Na obra de Althusser o uso primordial do conceito é para realizar uma periodização dos escritos de Marx em termos de transformações subjacentes em suas problemáticas Central nessa periodização é o contraste entre as pro blemáticas humanistas dos primeiros escritos de Marx e a problemática científica do mate rialismo histórico que foi constituída de 1845 em diante Correspondências verbais entre os primeiros e os últimos textos podem ser conci liadas com essa tese de um corte epistemoló gico na condição de que seja empregada uma leitura sintomal a superfície empírica de um texto não expõe imediatamente a sua pro blemática A obra teórica tendo por modelo uma investigação psicanalítica tem que ser realizada para expor as determinantes teóricas freqüentemente contraditórias subjacentes nos textos Althusser e seus colegas também empre garam o conceito de problemática como forma de representar a estrutura lógica da própria crí tica de Marx em O capital à economia política clássica Leitura sugerida Althusser Louis 1965 Pour Marx especialmente o verbete do glossário TED BENTON processos evolucionários na economia O surgimento e a destruição de relações econô micas podem ser descritos como evolucionários se forem resultantes da retenção seletiva de inovações Modelos evolucionários inspirados na biologia começam a atrair a atenção de eco nomistas como alternativas viáveis às abstra ções nada realistas dos modelos de equilíbrio Estes últimos sustentam que a um certo preço a oferta e a demanda se equilibrarão mas não podem explicar como acontecem realmente os preços de equilíbrio A possibilidade de preços de equilíbrio depende de muitos pressupostos que com freqüência só são implicitamente formulados todos os participantes da economia devem ter perfeito conhecimento e completa antevisão das circunstâncias futuras precisam maximizar lucros e vantagens e tem que haver uma competição ilimitada Quando os modelos de equilíbrio foram assentes em uma rigorosa base matemática e esses pressupostos implíci tos se tornaram explícitos a aplicação de tais modelos a sistemas econômicos concretos re sultou menos esclarecedora do que a maioria dos economistas tinha esperado Hahn 1981 As precondições um tanto improváveis para a existência de um equilíbrio econômico impõem severas limitações a uma aplicação significati va de modelos de equilíbrio Ao inverter todo o quadro de referência teórico os modelos evolucionários abordam de outro modo o problema básico da ordem eco nômica Eles incorporam a informação incom pleta e a antevisão incerta como axiomas e prescindem da idéia clássica do homem econô mico como agente maximizante de lucro e van tagens Em artigo pioneiro 1950 AA Al chian esboçou os princípios básicos de um mo delo evolucionário Ele identifica as contra partes econômicas dos mecanismos biológicos da evolução mutação seleção natural e he reditariedade genética como inovação rea lização de lucros positivos e imitação Alchian concentrase no mecanismo seletivo da econo mia como um sistema social em que as moti vações individuais deixaram de ser essenciais Seja qual for a natureza da motivação indivi dual e mesmo que as decisões econômicas se jam completamente aleatórias só os partici pantes que realizarem lucros positivos conti nuarão no processo econômico Enquanto tal comportamento econômico for considerado aleatório ou fruto de tentativa e erro não poderá Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar processos evolucionários na economia 609 explicar mais do que variações cegas Que va riação acabará sendo por fim uma inovação seja ela deliberadamente obtida ou não só pode ser descoberto quando ela tiver sido bemsuce dida As inovações só podem ser identificadas a posteriori depois de terem sido selecionadas Trabalhando com variação e seleção Alchian incorporou a esse modelo mais um mecanismo a fim de explicar a uniformidade observada entre as variações selecionadas e bemsucedi das na economia Esse mecanismo pode ser considerado o adequado para a retenção Fun ciona na base da imitação A imitação dos pa drões de ação associados a êxitos pretéritos parece servir como boa estratégia para os atores que enfrentam um meio ambiente incerto e demasiado complexo Em uma veia semelhante HC White 1981 apontou que a diferenciação de merca dos pode ser entendida em termos da observa ção e imitação do comportamento bemsucedi do Essa espécie de orientação gera paneli nhas de firmas autoreprodutoras Um merca do deixa então de ser entendido e definido como um conjunto de compradores mas pode ser visto como uma estrutura historicamente for mada de papéis distribuídos entre um conjunto estável de firmas produtoras ou como uma ecologia de nichos em meio a uma multidão de organismos concorrentes White 1981 p526 Qualquer inovação dentro de tal contex to destruirá pelo menos em parte a ecologia de nichos existente e lhe dará novo formato As inovações tornamse bemsucedidas através de um processo evolucionário de destruição cria tiva Schumpeter 1942 Os processos evolu cionários em economia são processos de deriva que formam sua própria história mediante a seleção de variações aleatórias Não pode haver garantia antecipada de que algumas delas não redundem em desastre Entretanto embora se jam construídos nos terrenos precários do alea tório esses processos fornecem não obstante estruturas temporariamente estáveis e idôneas que podem orientar o comportamento econômi co Observar a economia como um sistema es truturado por processos evolucionários tem a vantagem de uma apreensão mais completa dos aspectos cruciais da vida econômica do que a maioria dos outros modelos de equilíbrio pode ria manipular Até recentemente essa vantagem só podia ser obtida ao preço da imprecisão verbal mas isso é agora compensado em grau crescente pela construção e teste de modelos de computador que visam simular os processos estocásticos da evolução econômica Ver também CRESCIMENTO ECONÔMICO ESCO LHA RACIONAL TEORIA DA EVOLUÇÃO DIVISÃO DO TRABALHO Leitura sugerida Nelson Richard R e Winter Sid ney G 1981 An Evolutionary Theory of Economic Change KAY JUNGE processos evolucionários na sociedade São as mudanças causadas no interior da es trutura social por uma retenção seletiva de va riações aleatórias desviantes A explicação dos processos evolucionários passou a ser um empreendimento interdisciplinar muito abran gente na ciência moderna Nas ciências sociais só recentemente se libertou de uma noção pro videncialista unilinear da história humana que dominou o pensamento social do século XIX Auguste Comte Karl Marx Herbert Spencer Essa espécie de evolucionismo tinha a ambição por vezes manifesta de vir a ser uma nova forma de religião secular Ainda hoje o termo evolução é usado embora com menos fre qüência em seu sentido prédarwiniano como sinônimo de desenvolvimento e progresso e quase todos os críticos pensam em tais aborda gens como sendo seu alvo Nisbet 1986 Para evitar semelhantes críticas as mais recentes tentativas pósdarwinianas concebem um pro cesso evolucionário que se desenrola de modo mais limitado e operacionalmente especificado Toulmin 1972 p31956 Para observar um processo evolucionário cumpre distinguir en tre um mecanismo de variação cega e um me canismo de retenção seletiva Só essa distinção nos permite reconhecer o caráter evolucionário de um processo social e não meramente algum tipo de desenvolvimento autoexpansivo A maioria dos sociólogos restringese hoje a sistemas de significado e à sua realização comunicativa Eles mostramse extremamente cautelosos a respeito da mais ampla interação possível entre a evolução biológica e a social e consideram essas matérias irrelevantes para a análise da sociedade Entretanto isso foi certa mente diferente durante os mais recuados es tágios da evolução humana e alguns biólogos e antropólogos começaram a focalizar em maior detalhe a coevolução e a conjugação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 610 processos evolucionários na sociedade estrutural entre os sistemas de herança ou níveis de seleção genética e cultural Boyd e Richer son 1985 Os processos evolucionários em um certo mas freqüentemente subestimado grau não podem ser calculados de antemão Qual quer teoria sociológica que tente observálos pode no máximo avaliar o âmbito de futuras possibilidades e tipos de avanços decisivos po tenciais enquanto que o desfecho definitivo será necessariamente uma questão de acaso Eles podem criar uma nova ordem temporaria mente estável baseada na seleção de tais va riações aleatórias enquanto essa nova ordem muda de novo e talvez aumente a probabilidade de uma seleção de eventos que antes dessa ordem existir tinha que ser considerada inteira mente impossível Toda a seleção de uma nova variação condiciona a gama de futuras pos sibilidades admissíveis Um processo evolucio nário não é necessariamente direcional e nunca é unidirecional A evolução não subentende a inevitável seleção do mais complexo Axelrod 1984 nem tende para a adaptação ambiental Não existe controle de padrões pelos quais ela possa ser aferida de antemão embora tais pa drões possam existir nos olhos do observador ou ser sobrepostos aos dados ex post facto Weick 1979 Luhmann 1982 A evolução acelerada da sociedade no mun do moderno pode ser avaliada considerandose a crescente diferenciação entre os mecanismos básicos da própria evolução ou seja a separa ção de variação seleção e retenção Luhmann 1982 Essa evolução da evolução dentro da sociedade isto é dentro de um sistema de co municação não pode ser adequadamente enten dida contandose com pessoas ver DARWINISMO SOCIAL ou idéias como os elementos de sele ção Uma variação no processo de comunicação deve ser uma diferença que tem importância no contexto de novas comunicações Pode ser identificada como uma comunicação desviante isto é que não obedece ao padrão de expectati vas vigente Esses atos podem ser caracteriza dos como cegos ou aleatórios porque a sua justificação sempre ocorre somente depois de terem sido gerados e testados Weick 1979 p123 Usualmente tais atos serão punidos mas a experiência de atos desviantes de comu nicação também poderia causar uma mudança na estrutura de expectativas e ser finalmente incorporada a ela Toda e qualquer comunicação pode ser ne gada e uma comunicação desviante em es pecial corre o risco de ser rejeitada A aceitabi lidade de comunicações desviantes ou seja a sua seleção para serem integradas no padrão geral de expectativas é altamente improvável em uma estrutura social que esteja limitada pelas restrições da interação face a face Essas limitações dissolveramse historicamente com a expansão das possibilidades comunicativas para além do âmbito de tal interação como resultado da invenção da escrita dos sistemas de escrita fonética ou seus equivalentes da imprensa e em grau ainda não observável da invenção da mídia eletrônica Esses recursos tornaram possível um desligamento do meca nismo evolucionário de variação e estimularam a evolução de meios de comunicação simboli camente generalizados com novos mecanismos de seleção Esses meios por exemplo dinheiro poder simbólico verdade científica ou amor romântico tornaram a comunicação desviante aceitável desde que adira aos padrões específi cos de comportamento definidos por um dos diferentes códigos desses meios Sendo assim podese então esperar que por exemplo o có digo monetário venha a ter êxito apesar de costumes locais e advertências morais que o poder político estabeleça os seus próprios pa drões éticos independentemente de preocupa ções religiosas que a verdade científica se li berte da influência política imediata que o amor triunfe a despeito das obrigações de status etc Tais códigos facilitam a autonomia de sub sistemas específicos da sociedade na medida em que impõem sua reprodução recursiva Es ses subsistemas adquirem novos graus de liber dade que lhes eram inacessíveis antes da ocor rência desse processo de desligamento evolu cionário A diferenciação da sociedade em vá rios subsistemas mais ou menos autônomos estabiliza os procedimentos seletivos de seus diferentes meios e os adota desse modo com um mecanismo de retenção Desde o seu desligamento evolucionário os muitos subsistemas da sociedade no mundo moderno tornaramse cada vez mais autônomos e imprevisíveis não só em relação uns aos outros mas até para eles mesmos Os processos evolucionários em sociedade diferenciamse e aceleramse e com essa evolução da evolução a sociedade moderna perde um centro e se torna cada vez menos conservadora O que uma teoria Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar processos evolucionários na sociedade 611 da evolução social tem a oferecer é um melhor entendimento desses processos evolucionários que formam a sociedade do mundo moderno Ela pode demonstrar a improbabilidade de sua deriva evolucionária e refletir os numerosos riscos de distinções diferentes que poderiam funcionar como diretrizes para a autodescrição da sociedade Entretanto a evolução prosse guirá como um processo indirigível Ver também DIFERENCIAÇÃO SOCIAL EVOLU ÇÃO HISTORICISMO SOCIEDADE ABERTA Leitura sugerida Luhmann N 1982 The differen tiation of society In The Differentiation of Society p22954 Schmid Michael e Wuketits Franz orgs 1987 Evolutionary Theory in Social Science KAY JUNGE profissões liberais Não existe uma única definição geralmente aceita de profissão liberal Na verdade há uma considerável literatura freqüentemente citada como a perspectiva de traço ou de atribuição que consiste na tentativa em grande parte estéril de identificar os elementos comuns a todas essas ocupações Greenwood 1957 Millerson 1964 A des peito das dificuldades envolvidas em se chegar a um acordo sobre o que é uma profissão liberal reconhecese geralmente que o século XX foi marcado por um grande aumento no número de profissões que reivindicam o status de liberais desejando assegurarse monopólios jurídicos de título e exercício e tentando criar sistemas de controle de colegas sobre a admissão e o treina mento Também se concorda que esse processo de profissionalização vem adquirindo impulso desde o começo do século XIX em associação com a crescente complexidade da DIVISÃO DO TRABALHO A literatura está porém profunda mente dividida em torno da questão do poder profissional Há os que como Daniel Bell 1974 identificaram os profissionais liberais com os novos e poderosos detentores de co nhecimentos da sociedade pósindustrial en quanto outros Haug 1973 assinalaram o de clínio em status e poder dos profissionais libe rais em uma era cada vez mais burocrática e cética Duas questões têm caracteristicamente regi do o pensamento social a respeito das profissões liberais modernas Em primeiro lugar em que medida as profissões liberais constituem um produto ímpar da divisão do trabalho Weber 192122 por exemplo viu a profissionaliza ção como um processo crucial para o surgi mento da sociedade moderna com a ascensão de profissões caracterizadas por critérios ra cionais de recrutamento e desempenho Essa questão está inserida também na abordagem de traço da análise das profissões A segunda e fértil questão apresentou o problema as profis sões liberais desempenham um papel ou função especial na sociedade moderna As implica ções gerais dessa questão foram exploradas por Émile Durkheim 1950 o qual afirmou que em sociedades em processo de industrialização cada vez mais fragmentadas por uma divisão forçada do trabalho a corporação profis sional era a única instituição social capaz de gerar uma nova ordem moral mediando entre a regulamentação burocrática do estado moder no e o indivíduo anômico Uma vez mais po rém essa questão viuse freqüentemente redu zida à busca de alguma qualidade essencial compartilhada por todos os profissionais libe rais com seu altruísmo coletivo ou sua orienta ção para o serviço Parsons 1951 Essa pers pectiva indica que os níveis relativamente ele vados de status e poder de que desfrutam os profissionais liberais explicamse por sua auto ridade e competência e que o reconhecimento dessa superioridade de saber torna o cliente vulnerável e explorável Do mesmo modo o altruísmo coletivo de uma profissão liberal pode ser observado no fato de o cliente estar protegido a comunidade servida e os privilé gios do profissional justificados em última aná lise pelos códigos de ética de conduta impostos pelos colegas A visão altruísta ou funcional das pro fissões ver FUNCIONALISMO tem raízes na obra de Durkheim sobre a divisão do trabalho 1893 e em The Professions de CarrSaunders e Wil son publicado em 1933 mesmo ano em que saía a primeira edição em inglês de De la divi sion du travail social de Durkheim com o título de The Division of Labour in Society Durkheim procurou encorajar o desenvolvi mento de associações profissionais em todas as áreas de trabalho fragmentado e especializado substituindo assim o parentesco como a princi pal fonte de solidariedade social CarrSaunders e Wilson consideraram as profissões liberais inglesas igualmente fundamentais para o bem estar da sociedade democrática identificando em seus códigos de ética e suas formas de autoridade corporativa em contraste com a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 612 profissões liberais burocrática a melhor defesa contra as forças grosseiras que ameaçam a constante e pacífica evolução da sociedade a saber o estado e os exploradores da opinião pública Esses temas funcionalistas foram ainda mais desenvolvidos no período posterior à Se gunda Guerra Mundial por sociólogos norte americanos que enfatizaram as funções positi vas desempenhadas por associações de colegas profissionais para assegurar que os sistemas de conhecimento que exerceram um poderoso controle sobre a natureza e a sociedade Bar ber 1963 p672 fossem mobilizados no inte resse da comunidade e do indivíduo Também se sustentou que como só os profissionais libe rais entendiam plenamente as implicações de sua própria prática também era natural que lhes fosse atribuído um papel predominante no con trole do seu exercício e os recompensassem generosamente em termos materiais e de status por assim procederem Entretanto a partir de meados da década de 60 tem havido uma perda de fé no altruísmo profissional um crescente foco sobre o poder profissional monopolístico como força de ex ploração e um ceticismo quanto aos efeitos benéficos do profissionalismo como estratégia para o avanço ou mobilidade ocupacional cole tiva Essa perspectiva radical tem se concen trado nos efeitos disfuncionais do profissiona lismo como mecanismo de dominação do mer cado e como produto de um relacionamento conspiratório entre o estado e o profissional liberal gerando estruturas de controle social Gilb 1966 Navarro 1976 Uma fonte in fluente dessa tradição alternativa é o liberalis mo clássico de Adam Smith com sua hos tilidade a todos os clubes corporações igreji nhas cabalas e cartéis que ameaçavam o livre funcionamento do mercado uma tradição expressa nos escritos de economistas como Milton Friedman 1962 assim como na políti ca da década de 80 associada ao thatcherismo no Reino Unido e ao reaganismo nos Estados Unidos O ceticismo também tem caracterizado o pensamento sociológico mais recente sobretu do com o surgimento do que se designou como teoria da dominação ou do monopólio Es sa literatura identifica o profissionalismo como uma estratégia coletivista para o controle mo nopolístico de jurisdições profissionais Lar son 1977 e um sistema de práticas exclu dentes mais significativas na formação da di visão do trabalho do que um produto dela parte do processo mais amplo de formação de classes Parkin 1979 Embora os teóricos do monopólio concor dem geralmente com os funcionalistas em que uma estratégia de profissionalismo bemsu cedida está associada a uma reivindicação ocu pacional de conhecimentos e qualificações es peciais exigindo muito anos de estudo e treina mento eles tendem a discordar quanto à direção do vínculo causal Ou seja enquanto os fun cionalistas sustentam que conhecimento eso térico e escassa eficiência prática são as con dições primárias para garantir o privilégio pro fissional os teóricos do monopólio invertem a asserção sustentando que o poder profissional de controlar o mercado freqüentemente com apoio do estado levou à aceitação pública do conhecimento básico e à legitimação de quali ficações jurisdicionais Abbott 1988 As im plicações de tal perspectiva levaram a uma focalização no egoísmo inerente à estratégia de profissionalização assim como no potencial para uma relação de exploração entre o profis sional liberal e o cliente Em face de discordâncias tão fundamentais a ausência de uma definição unanimemente aceita de profissão liberal não causa surpresa A tentativa mais bemsucedida de superar as aparentes contradições encontrase na obra de Eliot Freidson que em sua análise da profissão médica norteamericana afirma ser possível a uma profissão liberal permanecer autônoma mesmo quando se submete à custódia proteto ra do estado 1970 p24 pois os estados modernos sejam quais forem as suas incli nações ideológicas deixam uniformemente nas mãos dos profissionais liberais o controle dos aspectos técnicos de seu trabalho ver também TECNOCRACIA Por conseguinte a intervenção estatal em medicina não abala a autonomia do julgamento profissional Entretanto embora a maioria dos analistas aceite que a medicina e o direito são profissões autônomas clássicas na acepção de Freidson há pouca unanimidade para além desse ponto As dificuldades são encontradas quando se pre tende equiparar o profissionalismo liberal ver dadeiro com o ethos comercial do farmacêuti co os locais de trabalho burocrático do conta bilista a submissão do arquiteto ao patrocínio do seu cliente ou o papel de funcionário público Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar profissões liberais 613 do servidor civil Por conseguinte desenvol veuse toda uma gama de conceitos para lidar com o problema das semiprofissões das pro fissões marginais e burocráticas das sub profissões e das pseudoprofissões Tais ter mos têm sido aplicados à maioria das ocu pações híbridas que têm reivindicado o status de profissão liberal ao longo do século XX Os teóricos do monopólio reagiram afirmando que a identificação de uma ocupação como profissão liberal tem menos a ver com a reali dade de uma divisão do trabalho em que uma associação de classe controla efetivamente as suas próprias práticas profissionais do que com a estratégia coletiva de profissionalismo como meio de promoção ocupacional Johnson 1984 Leitura sugerida Abbott Andrew 1988 The System of Profession an Essay on the Division of Expert Labor Bell D 1974 The Coming of Postindustrial Society a Venture in Social Forecasting CarrSaunders AM e Wilson PA 1933 1964 The Professions Durk heim Émile 1950 Leçons de sociologie Physique des moeurs et du droit Freidson Eliot 1970 Profession of Medicine a Study in the Sociology of Applied Know ledge Greenwood E 1957 Attributes of a profes sion Social Work 3 4455 Haug MR 1973 De professionalization an alternative hypothesis for the future Sociological Review Monograph 20 195211 Johnson Terry 1972 Professions and Power Kar son Magali Sarfatti 1977 The Rise of Professionalism a Sociological Analysis Parsons J 1949 The pro fessions and social structure In Essays in Sociological Theory Pure and Applied TERRY JOHNSON progresso Saltos à frente têm ocorrido ao longo de toda a experiência humana Mesmo na Idade Média que por muito tempo se pensou ter sido um período de quase estagnação foram realiza dos importantes avanços em tecnologia Houve por exemplo os grandes progressos na arquitetura e engenharia requeridos para cons truir as catedrais góticas Francis Bacon citou três deles ocorridos antes do seu tempo as invenções da bússola da pólvora e da imprensa Mas ocorreram por assim dizer inconsciente mente Nenhum deles foi pensado como pro gresso eram simplesmente engenhosos ex pedientes criados por pessoas na maior parte anônimas para satisfazer necessidades imedia tas A filosofia o raciocínio acerca das leis da natureza não tinha qualquer participação e os seus criadores eram artesãos ou mecânicos Faltava a idéia de progresso por exemplo a idéia de que o esforço intencional concentrado freqüentemente de um grupo organizado guia do pelo conhecimento crescente da natureza pudesse realizar metas definidas de melhoria da condição humana de forma objetivamente mensurável e de que tal esforço é de grande valor moral e espiritual Essa idéia a par das instituições de governo representativo baseadas no sufrágio universal tem sido a força de mais duradoura influência no mundo moderno O progresso como idéia e ideal surgiu de súbito no século XVII na Inglaterra e seu formulador clássico foi sir Francis Bacon que em A nova Atlântida obra publicada de 1627 exigiu um grande empreendimento mobilizan do oficinas laboratórios etc que propiciasse à espécie humana um conhecimento da natureza altamente ampliado e corrigido e pusesse fim à estagnação de muitos séculos Então a infeliz humanidade como uma herdeira por largo tem po rejeitada ganharia seu próprio rumo e sua independência poder e domínio absoluto da humanidade em geral sobre o universo inteiro A solução para tudo está concentrada em uma operação coerentemente planejada e dirigida Um corolário significativo é que esses em preendedores diferentemente de seus humildes predecessores de eras passadas tornarseiam com efeito heróis culturais Bacon enfaticamente não considerou esse grande empreendimento como parte de qual quer padrão de história em movimento ascen dente fosse ocorrido no passado ou em direção ao futuro Postulou ciclos altos e baixos tanto para as nações quanto para os indivíduos mas diferentemente da noção medieval de fortuna a sua teoria supôs que os ciclos podiam ser controlados por esforço consciente Não podia haver qualquer garantia de que a grande mudan ça por ele entrevista duraria para sempre so mente a vigilância constante pode impedir o retrocesso Por outro lado a sua investigação da natureza não é o que chamaríamos ciência pura Com efeito os filósofos naturais da Idade Mé dia com uma atitude aristocrática em relação a seus estudos e limitados pela autoridade para lisante de Aristóteles tinham sido excessiva mente puros mantendose isolados das preo cupações práticas da sociedade O teste do es forço científico é pragmático o que é mais útil em funcionamento esse é o conhecimento mais verdadeiro Essa visão das possibilidades do progresso humano obtida por intermédio de Thomas Hobbes tornouse a inspiração da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 614 progresso Royal Society fundada em 1660 Foi predo minante no Iluminismo que na verdade contri buiu muito para criála A idéia de progresso representa uma das grandes mudanças na cons ciência humana em todos os tempos entretanto teria sido inconcebível em qualquer lugar em qualquer época antes da GrãBretanha seiscen tista E o seu domínio em nações desenvolvi das é a mais importante diferença entre elas e as outras Os imensos benefícios que essa idéia pro porcionou indiretamente são tão evidentes que os problemas que ela também originou tendem a ser obscurecidos entretanto situamse entre os mais importantes do final do século XX O progresso tornouse o ideal que expulsa todos os outros como a espiritualidade e o aprimora mento pessoal O fato de que deve ser determi nado por padrões objetivos inevitavelmente quase quantitativos é de extrema importância Produziu um culto da mudança ver também MUDANÇA SOCIAL MUDANÇA TECNOLÓGICA im portante fonte de alienação entre as nações oci dentais e outras para as quais a preservação de herança de um modo de vida divinamente re velado é o objetivo primordial A invocação do mundo mágico contém a sua própria justifica ção assim partidos políticos apropriaramse da palavra progressista pois sua presença nos nomes deles era garantia automática da exce lência e legitimidade de seus programas e metas de governo A sua preponderância acarretou o desprezo até mesmo a rejeição do passado Tal atitude estendeuse inclusive a campos em que a mudança e os padrões objetivos de avanço não são os critérios principais como progres so em poesia progresso em religião Essa idéia de progresso promovida pelo Ilu minismo deveria distinguirse claramente de outro conceito de progresso com o qual é usual mente confundida a noção de um inevitável progresso através da história ou mesmo do cos mo rumo a uma utopia terminal O mestre escola Deasey no Ulisses de James Joyce pro clama que toda a história humana caminha para uma grande meta a manifestação de Deus Essa idéia é também moderna teria sido inconcebível em qualquer época anterior aos tempos recentes A sua raiz não está na idéia baconiana de progresso como possibilidade apenas mas nos padrões apocalípticos da his tória O Livro do Apocalipse que supostamente prevê o futuro com base na autoridade divina tem sido o mais influente de todos os livros da Bíblia na maior parte da cristandade Pensouse que predizia o constante recrudescimento do mal e o declínio geral até a intervenção divina com o julgamento após o que a história cessaria e a Terra seria transformada Esse modelo linear da história do mundo substituiu o modelo clás sico de uma interminável sucessão de ciclos e mudanças sem significado O padrão linear apocalíptico foi substituído depois da Refor ma por outro modelo linear dessa vez na dire ção oposta que Deus está julgando e guiando os eventos históricos em uma progressiva eli minação dos males até que se estabeleça en fim uma era milenar de paz prosperidade e justiça A Reforma e a Guerra Civil americana foram interpretadas por muitos protestantes co mo dois grandes exemplos da ação de Deus na história Esquemas de interpretação histórica que são nãoreligiosos ou até opostos à religião como o comtismo o hegelianismo e o marxis mo devem dois elementos essenciais a essa mudança de interpretação histórica Em primei ro lugar a história é vista como linear seguindo um rumo ascendente Em segundo lugar as teorias apocalípticas consideram os grandes acontecimentos predeterminados cabendo ao indivíduo a obrigação de desempenhar o papel que lhe foi destinado no grande drama Confli tos de várias espécies como as grandes batalhas do Apocalipse são os motores desse progresso universal Ver também HISTORICISMO Por fim a idéia de progresso propriamente dito tampouco deve ser confundida com pro gresso através da EVOLUÇÃO Assim Erasmus Darwin na Zoonomia escrita em 179496 de lineou um determinado movimento evolutivo ascendente ao longo da Grande Cadeia do Ser Embora seu neto Charles abalasse de maneira eficaz essa visão de otimismo com a sua teoria da seleção natural a idéia de evolução progres siva perdurou culminando na filosofia de Tei lhard de Chardin que vê o universo caminhan do para um Ponto Ômega a fusão da consciên cia do indivíduo com a do Cristo Entretanto por diferentes que sejam essas concepções de progresso elas têm em comum a atmosfera de otimismo que emergiu no século XVII com a fé no valor supremo da mudança As duas idéias de progresso acima definidas dominaram a história do século XX A limitada baconiana foi empregada com efeito inú Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar progresso 615 meras vezes produzindo imensos avanços em áreas que vão da medicina à guerra Pode ser uma das razões principais do grande sucesso tecnológico nas nações da Europa Ocidental e nos Estados Unidos em contraste com outras que só recentemente depararam com essa idéia A fé no progresso teleológico histórico teve em contraste uma influência determinante e geralmente negativa na história do século Está no âmago das grandes ideologias Destino Manifesto comunismos nacionais nazismo todas baseadas em alguma noção de movimen to predeterminado rumo a uma UTOPIA por muito que as concepções dessa utopia possam variar Essas metanarrativas dominando e de terminando todos os aspectos da sociedade e da cultura são em essência variantes do original padrão apocalíptico como por exemplo o Reich nazista feito para durar mil anos é uma versão do Milênio Essas ideologias con templam o padrão fixo de ações destinadas inevitavelmente ao sucesso mas suscetíveis de serem estorvadas e retardadas por pessoas ou grupos malévolos como os judeus na Alema nha os burgueses e a religião nos países comunistas etc Tais indivíduos e grupos devem ser eliminados pois estão impedindo a realiza ção da gloriosa culminação da história com suas infinitas vantagens para todos A profunda desilusão do pósmodernismo com a narrativa grandiloqüente é em grande parte uma rejei ção aos esquemas tirânicos do progresso ver MODERNISMO E PÓSMODERNISMO A influência do progresso teleológico his tórico em um país democrático é demonstrada pelo fato de ele ter sido incorporado ao direito constitucional estadunidense Em decisão re cente a Suprema Corte dos Estados Unidos mencionou a evolução dos padrões de decên cia que marcam o progresso de uma sociedade em amadurecimento Hudson v McMillan 1992 Assim parece pressuporse que o pro gresso moral acompanha o envelhecimento de uma sociedade representando cada fase um refinamento da sensibilidade em relação às an tecedentes pressuposto que é passível de questionamento como a história da Alemanha neste século indicaria O colapso da ideologia do progresso inevi tável deixou um enorme vazio cujo preenchi mento talvez seja a principal tarefa do próximo século Leitura sugerida Bury JB 1923 The Idea of Pro gress Giuberg Achsch 1986 The Map of Time Se venteenth Century English Literature and Ideas of Pat terns in History Jones Richard Foster 1961 1982 Ancients and Moderns a Study in the Rise of the Scien tific Movement in Seventeenth Century England Ku mar K 1987 Utopia and AntiUtopia in Modern Times Nisbet Robert 1980 History of the Idea of Progress Rossi Paolo 1968 Francis Bacon from Magic to Science Tuveson Ernest Lee 1949 1964 Millen nium and Utopia a Study in the Background of the Idea of Progress Ο 1968 Redeemer Nation the Idea of Ame ricas Millennial Role Webster Charles 1975 The Great Instauration ERNEST TUVESON propaganda Pode ser definida como a tenta tiva deliberada de uns poucos de influenciar as atitudes e o comportamento de muitos pela manipulação da comunicação simbólica Em inglês em maior grau do que em outras línguas européias a palavra propaganda tem uma conotação pejorativa que torna a sua análise objetiva extremamente difícil Suas origens na organização seiscentista da Igreja Católica Romana responsável pelas ati vidades missionárias no Novo Mundo e pela defesa da fé no Velho Mundo foram predomi nantemente neutras Mas na Inglaterra protes tante a promoção do catolicismo tinha matizes sinistros Assim quando a propaganda come çou a atrair a atenção durante a Primeira Guerra Mundial tanto como atividade institucionaliza da em grande escala quanto como tema de estudo acadêmico foi fácil concentrar o foco sobre suas associações sombrias Embora a GrãBretanha tivesse durante algum tempo um Departamento para Propaganda em Países Inimigos não se tardou em adotar a política de conceder ao inimigo o uso exclusivo do termo Contra a propaganda dele disseminaríamos informação e verdade Hoje a propaganda ainda é amplamente considerada um expedi ente para abalar a credibilidade dos adversários Seus argumentos desacreditados pelo rótulo de propaganda não merecem refutação racional Podem ser simplesmente desprezados por de finição como desonestos e inválidos Quando somos acusados de propagandistas passamos logo à defensiva tentando refutar essa alega ção Outra dificuldade resulta da permanente imagem idealista da política democrática libe ral a qual combina a liberdade para persuadir com o receio de ser persuadido Apesar das Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 616 propaganda provas evidentes fornecidas pela conduta de todas as campanhas eleitorais em todas as de mocracias liberais pelo menos nos últimos 100 anos os inocentes ainda sonham com um mun do político perfeito no qual as escolhas são decididas pela avaliação racional da informa ção objetiva isenta de pressões As definições mais populares concentram se na tentativa de distinguir a verdade que sustentamos das falsidades ou propaganda do outro lado É invariavelmente um exercício fú til pois verdade e falsidade não são as dicoto mias objetivas que muitos acreditam serem Em sua maior parte as asserções de fato oferecidas em toda a boa fé são asserções de opiniões ou crenças sobre fatos que outros igualmente de boa fé poderiam discutir Além disso os fa tos raramente são o mesmo que a verdade Muito depende dos conhecimentos de quem fala e de quem ouve Uma afirmação incorreta feita por alguém que acredita sinceramente ser essa a verdade não é uma mentira Uma decla ração objetivamente verdadeira feita com a intenção de enganar por alguém que a julgava falsa pode muito bem sêlo Há ainda uma outra dificuldade uma pessoa pode aderir estrita mente aos fatos e ser mesmo assim mentirosa Ao apresentar apenas alguns dos fatos ignorar os contrafatos incômodos exagerar ou mini mizar o significado dos fatos ou afirmar como atributos exclusivos de um lado fatos que são comuns a ambos a pessoa pode distorcer ou enganar totalmente embora não diga nada que seja na realidade inverídico Dois elementos parecem ser necessários para uma mentira devese acreditar que a declaração é falsa à luz dos conhecimentos correntemente disponíveis e ela deve ser feita com a intenção de enganar Essas condições fazem com que seja extrema mente difícil determinar se um locutor é menti roso ou não O mesmo gênero de objeções pode ser feito às tentativas de descrever a propaganda em função de declarações irracionais contro versas ou disfuncionais Uma séria conseqüência da tentativa de identificar a propaganda por algum elemento do seu conteúdo uma mentira um expediente capcioso ou um exagero é a suposição de que se pode tornála ineficaz expondo os seus ardis Mas a propaganda envolve muito mais que o conteúdo da mensagem É uma comunicação persuasiva situada em determinado contexto O efeito da propaganda decorre da interação de uma comunicação e de um público através de um veículo específico em determinado am biente cultural e ideológico em um tempo e um lugar determinados Parece haver cinco elementoschaves que são comuns a toda a propaganda seja qual for a sua inclinação ideológica ou a causa defen dida seja qual for a tática ou os níveis de honestidade duplicidade ou irracionalidade en volvidos e independentemente da nobreza ou torpeza de seus objetivos É primeiro algo consciente ou deliberadamente feito para atin gir determinadas metas Todos os propagandis tas estão tentando influenciar um público Ne nhum deles tem o monopólio de qualquer téc nica ou virtude especial Qualquer ato de pro moção pode ser propaganda e será propaganda na medida em que for parte de uma campanha deliberada para influenciar o comportamento Em segundo lugar a propaganda tenta afetar o comportamento através da modificação de ati tudes em vez de recorrer ao emprego direto da força à intimidação ou ao suborno Busca a aparente complacência de seus ouvintes E pre sume que embora cada indivíduo possa ter um conjunto singular de atitudes que lhe são pró prias o background nacional cultural social ou econômico comum fará com que ele comparti lhe suficientes atitudes coletivas para responder de forma significativa a estímulos orientados para o grupo Em terceiro lugar é o comporta mento que constitui a principal preocupação Atitudes e opiniões só são importantes porque se presume estarem na raiz da ação É o que as pessoas fazem não o que elas pensam o que importa em última instância Em quarto lugar a propaganda é de interesse político e socio lógico por ser essencialmente um fenômeno elitista É a tentativa de uns poucos que têm acesso à mídia como disseminadores de in fluenciar os muitos que só têm acesso a ela como público ouvinte Finalmente o vínculo entre o propagandista e o público se estabelece através de símbolos objetos que podem ser percebidos pelos sentidos para além de sua pró pria existência física significados que lhes são atribuídos por seus usuários Os símbolos incluem todas as formas de linguagem todas as repre sentações gráficas música exposições arte e de modo geral tudo que pode ser percebido O em prego deliberado de símbolos com o propósito de se obter algum efeito pretendido pode ser chama do a manipulação de símbolos Todos esses ele Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar propaganda 617 mentos estão contidos na definição que encabe ça o presente verbete Ver também OPINIÃO Leitura sugerida Altheide DL e Johnson JM 1980 Bureaucratic Propaganda Chandler RW 1981 War of Ideas the US Propaganda Campaign in Vietnam Choukas M 1965 Propaganda Comes of Age Ellul Jacques 1965 Propaganda the Forma tion of Mens Attitudes Jowett GS e ODonnell V 1986 Propaganda and Persuasion Qualter TH 1962 Propaganda and Psychological Warfare Ο 1985 Opinion Control in the Democracies TERENCE H QUALTER propriedade Como instituição social regu lamentada pelo direito eou pelo costume a propriedade tem assumido formas muito diver sas em diferentes tipos de sociedade De acordo com Hobhouse 1913 p6 a propriedade deve ser concebida em termos do controle do homem sobre coisas um controle que é reconhecido pela sociedade mais ou menos permanente e exclusivo e pode ser propriedade privada in dividual ou coletiva ou comum pública Em todas as sociedades existe alguma propriedade privada pessoal e como observou Lowie 1950 cap6 em um estudo em que usou material comparativo de sociedades tribais e de socie dades mais recentes organizadas em estados a propriedade pessoal entre as primeiras pode incluir coisas como nomes danças mitos in sígnias cerimoniais presentes armas e utensí lios domésticos Por outro lado os principais recursos econômicos e em especial a terra são propriedade comum em muitas sociedades tri bais mas com o desenvolvimento da agricul tura e ainda mais em tempos modernos com o crescimento da indústria e o surgimento do capitalismo a propriedade privada passa a pre dominar A distinção entre propriedade pessoal que nas sociedades industriais avançadas no final do século XX pode ser considerável para gran de parcela da população e propriedade privada dos meios de produção por uma pequena mino ria de pessoas tem sido central nas doutrinas dos partidos socialistas e na controvérsia política desde o século XIX influenciando profunda mente o pensamento e a política sociais Os sistemas de propriedade anteriores mostrou Hobhouse 1913 diziam respeito principal mente à propriedade para o uso e mesmo onde a propriedade privada estava muito desenvolvi da subsistia um grau significativo de controle e responsabilidade comunitários ao passo que a propriedade para o poder e a ilimitada aquisi ção de riqueza individual atingiram o auge na Europa e na América do Norte capitalistas do século XIX Durante o século XX contudo novas restrições e limitações foram impostas à propriedade privada e de várias maneiras Uma delas é através do desenvolvimento da cidadania democrática e a expansão dos direitos sociais que dotam a população toda com um mínimo básico de controle sobre os recursos para consumo pessoal Outra é a redistribuição de recursos através da tributação progressiva e da transferência de alguns meios de produção importantes da propriedade privada para a pú blica ver SOCIALIZAÇÃO DA ECONOMIA Acom panhando essas mudanças houve um envolvi mento geralmente crescente do estado em ní vel local regional e nacional na regulamenta ção da economia para realizar vários objetivos políticos entre eles a limitação da desigualdade econômica As economias industriais modernas e os movimentos políticos a que deram origem transformaram o contexto no qual a idéia de propriedade era debatida e como apontou um historiador Schlatter 1951 p273 Os direitos de propriedade não podem continuar sendo definidos como uma relação entre o indivíduo e os objetos materiais que ele criou devem ser definidos como direitos sociais que determinam as relações dos vários grupos de proprietários e não proprietários com o sistema de produção e prescre vem qual será a participação de cada grupo no pro duto social Não obstante apesar das medidas de redis tribuição e do recrudescimento dos serviços de bemestar social tem persistido e sob alguns aspectos aumentado a grande desigualdade na distribuição de propriedade nas sociedades in dustriais Há uma concentração maciça de ca pital produtivo em grandes companhias e gran de parte desse capital é detido ou controlado por um pequeno número de indivíduos e famílias possuidores de grandes fortunas a propriedade da terra continua muito desigual em alguns países e de maneira notória na GrãBretanha e ser ou não ser proprietário ainda determina grandes diferenças nos padrões de vida ver IGUALDADE E DESIGUALDADE Assim no pensa mento social do século XX as controvérsias sobre propriedade têm envolvido sobretudo um confronto entre CAPITALISMO e SOCIALISMO co mo formas alternativas de organização econô Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 618 propriedade mica e social e esse confronto ficou mais inten so quando se estabeleceram sociedades socia listas primeiro na Rússia e depois de 1945 em outros países do Leste Europeu na China e alhures Mas essas sociedades desenvolveram se subseqüentemente na base de métodos envolvendo ditadura e repressão políticas pla nejamento autoritário e com freqüência ine ficiente e formação de novos grupos privile giados e dominantes que suscitaram genera lizada oposição popular culminando finalmen te na Europa Oriental no colapso de tais re gimes e como conseqüência concepções mais individualistas de direitos de propriedade en fatizando a liberdade de mercado e a iniciativa privada têm sido vigorosamente reafirmadas a partir da década de 80 Portanto na década final do século XX os termos em que os direitos de propriedade são analisados e debatidos alteraramse de forma significativa De acordo com alguns pensado res a propriedade pública mostrou ser um fra casso não só econômica mas também social mente na medida em que engendra novas e por vezes mais onerosas estruturas de poder mas outros sustentam que em sistemas políticos democráticos certo grau de propriedade públi ca e de investimento público em serviços infra estruturais básicos tem obtido resultados mani festamente benéficos e que uma sociedade tec nologicamente avançada de fato depende de modo substancial de um alto nível de forneci mento de tais serviços muito especialmente no campo da educação As questões apresentadas em recentes discussões sobre a propriedade en volvem pois a natureza de um desejável e efetivo equilíbrio entre propriedade pública e privada em alguma forma de economia mista o grau tolerável de desigualdades de riqueza e poder em uma sociedade democrática e sobre tudo na década passada a necessidade de maior regulamentação pública do uso da propriedade produtiva a fim de salvaguardar o meio am biente natural Leitura sugerida Hegedüs A 1976 Socialism and Bureaucracy cap6 Hobhouse LT 1913 The his torical evolution of property in fact and in idea In Property its Duties and Rights org por Charles Gore bispo de Oxford Ryan A 1984 The Political Theo ry of Property Schlatter Richard 1951 Private Pro perty the History of an Idea Scott John 1982 The Upper Classes Property and Privilege in Britain TOM BOTTOMORE psicanálise Como um dos movimentos inte lectuais mais significativos do século XX é defensável a tese de que a psicanálise é supera da somente pelo marxismo na amplitude do seu impacto sobre o pensamento e a linguagem do mundo ocidental A elaboração e formulação das idéias desse movimento foram em grande parte obra de um homem Sigmund Freud 18561939 Embora o freudismo diferente mente do marxismo nunca se tornasse o credo oficial de nenhum estado é concebível que a sua influência possa sobreviver à do marxismo Os ancestrais intelectuais de Freud que pre nunciaram suas idéias gerais foram Arthur Schopenhauer 17881860 e Friedrich Nietz sche 18441900 Se Freud realmente os es tudou e foi diretamente influenciado por seus escritos ou se como ele próprio afirmou se manteve deliberadamente distante deles o que não impediria uma influência indireta através do clima intelectual eis uma questão que nunca ficou bem esclarecida Schopenhauer en sinou que a realidade subjacente do mundo a coisaemsimesma sobre cuja natureza o seu predecessor Kant indicou ser agnóstica era uma Vontade sombria cega inacessível à razão e que nunca recebe qualquer satisfação real Por vezes a Vontade gravita em torno de si mesma mas não se pode esperar salvação alguma quer cedendo ou se opondo a ela O pessimismo de Schopenhauer combinava elementos extraídos da biologia da filosofia indiana da teoria kan tiana do conhecimento e do esteticismo ociden tal Nietzsche aceitou o quadro geral de Scho penhauer mas inverteu a avaliação se a Vontade era tudo por que não endossála em vez de a condenar Nietzsche relacionou o tema da Von tade que gravita em torno de si mesma com uma descrição mais histórica do surgimento dos princípios morais da resignação e da submissão que ele viu no cristianismo primitivo e no que considerou ser a sua moderna continuação se cular os ideais humanitários socialistas Toda a tradição de Schopenhauer e Nietzsche ofere ceu sobretudo uma sensibilidade para a natu reza irracional dominada pelo instinto e ator mentada por conflitos e para a superficialidade e inadequação das visões complacentes e oti mistas que prometem contentamento na base da razão fraternidade ou prosperidade A imagem freudiana ou psicanalítica dos seres humanos abalou de vez qualquer otimis Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psicanálise 619 mo mais fácil e perpetuou esse reconhecimento sombrio de realidades implacáveis mas tam bém os dotou de uma nova e inconfundível direção a qual lhes propiciou um público in comparavelmente mais vasto Schopenhauer e Nietzsche eram meramente escritores e filóso fos mas Sigmund Freud era médico e professor de medicina e adotava além disso uma visão bastante materialista positivista ou científica do mundo Ademais suas idéias não eram apre sentadas em termos abstratos mas no contexto de uma técnica terapêutica definida visando o tratamento e a cura de distúrbios neuróticos específicos Freud não disse meramente que os seres humanos eram vítimas de impulsos vio lentos poderosos e inconscientes ele descre veu os alegados mecanismos dessas operações e a técnica de exploração era ao mesmo tempo apresentada como a técnica da cura Freud descobriu uma nova técnica que pre tendia penetrar nas defesas da esfera do INCONS CIENTE no interior do qual se forja nosso destino psíquico e oferecer um acesso aos seus segre dos garantindo assim a obtenção de resultados terapêuticos o paciente executa a livre as sociação sem ter que enfrentar idealmente constrangimentos ou embaraços de qualquer espécie na presença do analistaterapeuta que depois de certo tempo lhe propõe interpre tações a título probatório Quando essas inter pretações ou algumas delas recebem final mente a concordância e a aceitação por parte do analisando está a caminho uma cura O pro cesso é intensivo e demorado uma hora cin co vezes por semana estendendose por cinco anos é considerado bastante normal Acres centese que durante os primeiros anos do mo vimento as análisesiniciações eram com fre qüência muito mais breves que nenhuma data terminal pode ser dada antes da conclusão e que tanto na teoria quanto na prática se verifica freqüentemente que a psicanálise não tem con clusão Freud não se limitou a inventar uma nova técnica investigativa e terapêutica que é o que psicanálise principalmente significa também criou de fato uma nova e importante organiza ção em torno dela a qual constitui efetiva mente a corporação de psicanalistas profis sionais como tal qualificados e reconhecidos A mais significativa e interessante caracterís tica dessa corporação é a maneira como se impõe a iniciação Embora métodos pedagógi cos convencionais estejam presentes no treina mento de um analista seminários conferên cias leituras é indiscutível que o lugar cen tral e crucial é ocupado pela análise didática a análise a que o candidato se submete com um analista mais antigo O pressuposto inerente na doutrina é que o que faz um analista não é a informação fria e abstrata adquirida mas a transformação de sua própria psique obtida por sua própria e bemsucedida análise Tendo pe netrado em seu próprio Inconsciente e não mais vítima das ilusões que ele impunha o analista adequadamente treinado é agora capaz de evitar erros autoinduzidos e de ajudar os seus pa cientes por seu turno a alcançarem finalmente um esclarecimento análogo Indiscutivelmente pressuposto em psicanálise embora nunca de clarado ou defendido formalmente é o fato de existir nela uma teoria do conhecimento muito clara a saber a aquisição da verdade não é basicamente problemática pelo menos nas es feras psíquicas desde que não haja interferên cia dos ardis e estratagemas do Inconsciente A remoção desses obstáculos leva ao reconheci mento da verdade e a verdade liberta a psique do sofrimento desnecessário Por conseguinte o segredo é evitar esses erros intimamente im postos e o resto será daí por diante pura bo nança Essa excêntrica teoria do conhecimento po de ser também apresentada como uma nova versão da abordagem socrática adaptada não mais a uma visão racionalista do homem mas a uma visão irracional e mais plausível sob múltiplos aspectos O método socrático de per guntas e respostas baseavase na suposição de que a verdade não será obtida por uma inves tigação externa mas extraída do íntimo de cada um as perguntas e respostas por assim dizer trazem à luz mediante um partejo lógico os conceitos que sempre estiveram presentes A variante freudiana do partejo não faz surgir a verdade mediante um interrogatório preciso mas pela livre associação irrestrita um antino mismo cognitivo mais adequado a um Incons ciente que é apaixonado e indisciplinado Os sinais característicos da verdade finalmente desvendada são o reconhecimento emocional e o êxito terapêutico em vez da irrefutabilidade lógica Seja qual for a eficácia terapêutica ou inves tigativa desse método matéria sumamente con troversa não pode haver dúvidas quanto à Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 620 psicanálise verdade de uma doutrina psicanalítica específi ca a saber a da transferência A técnica tera pêutica descrita produziria um poderoso víncu lo emocional entre os dois parceiros nela envol vidos Em uma vasta proporção de casos parece ser isso o que realmente ocorre Tudo indica que a transferência assim produzida também se ria portanto o vínculo social da organização produzida por Freud Entretanto sustentase plausivelmente que a transferência pode ser positiva e negativa tanto em sucessão quanto simultaneamente O movimento psicanalítico é marcado correspondentemente não só pela po derosa coesão mas também por uma série de cisões igualmente características acompanha das de mútuas denúncias O fato de a teoria fazer a verdade depender não de critérios ex ternos e públicos mas da posse de uma psique pura e esclarecida por assim dizer significa que as críticas mútuas tendem a ser construídas mais em função dos defeitos e imperfeições íntimos dos adversários do que recorrendo à lógica ou às provas evidentes As cisões que ocorreram no movimento foram de duas espécies ou re dundaram no permanente divórcio da seita dis sidente secessão de Carl Jung e de Alfred Adler ou em um sectarismo mais ameno conti do no interior de uma igreja mais vasta por exemplo a existência de um grupo freudiano ortodoxo um grupo kleiniano e um grupo in termediário dentro da corporação psicanalítica britânica continuando a trabalhar no seio da mesma organização na base do entendimento de que nenhum dos três segmentos será o do minante As várias guildas nacionais pelo me nos um país os Estados Unidos tem mais de uma estão vagamente ligadas em uma associa ção internacional Uma das questões práticas que dividem o movimento é se os analistas devem ser médicos ou é possível permitir a existência de analistas leigos À parte as corporações psicanalíticas razoa velmente disciplinadas e bemorganizadas es forçandose nem sempre com êxito por reter o monopólio do título de psicanalista há também um mundo enorme volátil fluido maldefinido e ainda largamente desconhecido de psicoterapeutas e conselheiros organiza dos em vários agrupamentos grandes ou pe quenos por vezes independentes e misturando a doutrina em várias formas e proporções com outros sistemas de idéias existencialismo fe nomenologia religião convencional etc As idéias e técnicas centrais contudo permane cem devedoras da inspiração freudiana mesmo quando a modificam de vários modos Não pode haver dúvida de que esses movimentos encamparam uma parte deveras importante do que poderia ser chamada a missão pastoral em uma sociedade industrial instável e agnóstica A influência das idéias é ainda mais penetrante na literatura na linguagem corrente nas huma nidades e nas ciências sociais É correto afirmar que a terminologia freudiana se tornou a lingua gem na qual as pessoas discutem suas psiques e relações pessoais Não existe um modo simples de avaliar as asserções da doutrina psicanalítica e a prática terapêutica Sua capacidade de persuasão não é a mesma em todas as esferas e talvez seja melhor examinar separadamente vários aspec tos Idioma A psicanálise não conquistou mera mente a nossa linguagem mas se poderia dizer fêlo corretamente O reconhecimento simultâ neo da importância das pulsões instintivas e da complexidade e tortuosidade das formas se mânticas em que elas se apresentam na cons ciência parece fazer jus à verdade Teorias específicas As doutrinas mais especí ficas encontradas dentro da psicanálise são di fíceis de avaliar por causa da superdotação do sistema com práticas evasivas quando se de fronta com evidente falsificação A vaga e até destacável operacionalização de seus concei tos a pronta e eficaz acessibilidade de evasões ad hoc fazem com que essas teorias sobrevivam com grande desenvoltura a refutações evi dentes Sucesso terapêutico Pesquisas realizadas não corroboram de fato a idéia de que a técnica é terapeuticamente eficaz ou mesmo de que seja preferível a nenhum tratamento Embora o impacto inicial da psicanálise estivesse relacio nado com seu envolvimento clínico e sua plau sível promessa terapêutica as pretensões nessa esfera estão agora mudas e cuidadosamente confinadas Teoria do conhecimento e método Estão não só em discrepância com os padrões consagrados em outras esferas da investigação científica mas são excessivamente estranhos e pouquís simo defensáveis quando submetidos a uma investigação imparcial Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psicanálise 621 Ontologia A imagem subjacente dos seres hu manos sublinhando a importância das pulsões instintivas e a extrema complexidade tortuosi dade e simulação de sua expressão consciente pode ser considerada muito mais convincente do que os seus modelos rivais disponíveis co mo a psicologia associacionista Não está claro se esse modelo é também uma boa base para uma psicologia mais genuinamente expla natória Utilidade pastoral Em uma sociedade compe titiva fluida atomizada em que as relações pessoais são extremamente importantes não sendo fornecidas ou preparadas de antemão nem prescritas por uma estrutura social estável e onde são objeto de grande ansiedade a técnica psicanalítica de encorajar as pessoas a falar livremente para um atento ouvinte profissional na expectativa de que a interação proporcione esclarecimento e uma direção de propósito in teriormente sancionada parece mais atraente ou de qualquer modo ter um atrativo mais amplo que qualquer alternativa existente Leitura sugerida Gellner Ernest 1985 The Psychoa nalytic Movement Jones Ernest 1963 The Life and Work of Sigmund Freud ed condensada org por Lio nel Trilling e Steven Marcus MacIntyre AC 1958 The Unconscious Magee Bryan 1983 The Philoso phy of Schopenhauer Malcolm Janet 1982 Psychoa nalysis the Impossible Profession Rycroft Charles 1966 Psychoanalysis Observed Sulloway Frank J 1980 Freud Biologist of the Mind ERNEST GELLNER psicologia O termo é usado para descrever tanto uma disciplina acadêmica quanto uma atividade profissional Os psicólogos acadêmi cos dedicamse ao estudo do comportamento eou da vida mental Têm usado grande varie dade de teorias e metodologias para esse fim Embora a maioria dos psicólogos acadêmicos tenha procurado conferir um status científico à sua disciplina têm ocorrido discordâncias fun damentais sobre a natureza da investigação psi cológica Os psicólogos profissionais têm es tado envolvidos em diferentes atividades desde o diagnóstico e tratamento de problemas men tais ou comportamentais até a seleção de in divíduos para fins industriais e educacionais Tipicamente os psicólogos profissionais estu daram psicologia acadêmica possuem normal mente outras qualificações profissionais que os habilitam a trabalhar por exemplo como psi cólogos clínicos ou educacionais A maioria dos psicólogos acadêmicos não foi treinada para a prática profissional A psicologia como disciplina acadêmica e como atividade profissional estabeleceuse fir memente durante o século XX Hoje em dia a maior parte das universidades do mundo oci dental oferece cursos de graduação em psicolo gia no entanto no começo do século havia pouco ensino formal da matéria O número de pessoas que se intitulavam psicólogos au mentou consideravelmente Por exemplo a American Psychological Society fundada em 1892 cresceu de uma pequena sociedade eru dita para uma organização que conta atual mente com mais de 55 mil filiados em concor dância com a natureza dual da psicologia esses membros incluem tanto os que exercem a ativi dade na área acadêmica como os que a adotam como profissão na vida prática Também há pessoas sem as qualificações oficiais concedi das pelas organizações profissionais mas que se intitulam psicólogos e oferecem serviços ao público contra pagamento Na primeira parte deste século os psicólogos acadêmicos estiveram empenhados em criar uma disciplina independente que fosse separa da da filosofia Os psicólogos proclamaram estar examinando cientificamente matérias que até então haviam sido objeto apenas de es peculação filosófica Apesar da concordância em que a ciência empírica deveria substituir o filosofar havia escasso acordo quanto ao perfil da nova ciência Nessa época a psicologia aca dêmica caracterizavase pelas profundas divi sões entre escolas concorrentes tais como o associacionismo o comportamentalismo a eu geniapsicometria e a psicanálise Cada uma dessas escolas afirmava ter descoberto os prin cípios básicos da psicologia mas havia profun da discordância acerca de tais princípios Em suma elas possuíam diferentes filosofias da psicologia Associacionismo Dominante na Alemanha no começo do sé culo o associacionismo concentrouse na aná lise do conteúdo da vida mental Usando técni cas de laboratório os psicólogos associacionis tas estavam interessados em investigar as ima gens e os estados mentais observados sob dife rentes condições experimentais Estavam es pecialmente empenhados em descobrir os ele Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 622 psicologia mentos da experiência e sobretudo em decom por a experiência perceptiva em seus compo nentes básicos Os pressupostos teóricos dos associacionistas foram vigorosamente questio nados pelos psicólogos gestaltistas Estes em bora concordassem quanto à importância do estudo da experiência especialmente através de experimentos de laboratório sublinharam a ne cessidade de considerar o padrão total de per cepção em vez de decompor a experiência em seus elementos individuais ver GESTALT PSICO LOGIA DA Comportamentalismo Em reação ao associacionismo os compor tamentalistas negaram a validade do estudo da experiência Afirmaram que os psicólogos cien tíficos deveriam interessarse apenas pelo com portamento exteriormente observável e rejeita ram o estudo da experiência interior como in trinsecamente nãocientífica Todos os concei tos mentalísticos seriam rigidamente excluídos do vocabulário do psicólogo comportamenta lista Nos Estados Unidos essa posição foi de fendida primeiro por John B Watson 1878 1958 e mais tarde por BF Skinner n1904 Um programa nãomentalista similar foi desen volvido na União Soviética por Ivan Pavlov 18491936 Ambos os programas atribuíam grande ênfase ao estudo experimental da apren dizagem com Watson mais que Pavlov des tacando o papel das recompensas e punições Comportamentalismo e pavlovianismo afirma ram ter descoberto através de cuidadosa expe rimentação os princípios fundamentais para se modificar o comportamento Afirmouse que esses princípios forneciam a base não só para a psicologia científica mas também para a solu ção de problemas sociais se os princípios da aprendizagem fossem descobertos então have ria possibilidades ilimitadas de mudar o com portamento mediante a alteração do meio am biente ver COMPORTAMENTALISMO Eugeniapsicometria Essa escola de pensamento ficou devendo muito à obra pioneira de Francis Galton 1822 1911 e teve grande impacto no desenvolvi mento da psicologia britânica Diferentemente do comportamentalismo partiu do princípio de que as possibilidades de mudança de compor tamento estavam estritamente limitadas pela herança genética Não só se pressupunha que as características psicológicas eram herdadas mas se pensava também que eram mensuráveis Atribuiuse grande ênfase à psicometria ou construção de testes para medir diferenças in dividuais na personalidade inteligência apti dões vocacionais etc Com base nos resultados de testes psicólogos como Charles Spearman afirmaram que o QI quociente de inteligên cia era predominantemente herdado e Ray mond Cattell produziu argumentos semelhan tes para os traços de personalidade Além do argumento de que alguns indivíduos eram cons titucionalmente mais inteligentes do que ou tros havia também temas raciais alegouse haver algumas raças mais ou menos inteli gentes do que outras Essa escola de psicologia foi menos otimista que o comportamentalismo em sua abordagem de questões sociais presu mindose que as características psicológicas eram em sua maior parte geneticamente fixa das os problemas sociais não seriam solucio nados mudandose o meio ambiente Alguns psicólogos defenderam a eugenia sugerindo políticas que restringissem os padrões de pro criação dos menos aptos e encorajassem os mais aptos a se reproduzirem Esses temas em conjunto com os de diferenças raciais e individuais foram adotados na década de 30 pelos políticos fascistas ver EUGENIA CIÊNCIA DA INTELIGÊNCIA TESTE DE Psicanálise Esta escola de psicologia está associada à obra de Sigmund Freud 18561939 que em Viena na virada do século formulou uma teoria da mente e uma prática terapêutica Tal como o associacionismo a psicanálise interessouse mais pela vida mental dos indivíduos do que pelos padrões manifestos e mensuráveis do comportamento Entretanto os psicanalistas sustentaram que os elementos mais importantes da vida mental eram os inconscientes De acor do com a teoria psicanalítica a mente está fundamentalmente dividida o inconsciente a parte instintiva da mente o id está em per pétuo conflito com o ego os elementos cons cientes racionais e com o superego o senti mento de consciência Distúrbios psicológicos como neuroses e lapsos de memória podem ser atribuídos ao conflito entre as forças instintivas inconscientes principalmente a sexualidade e as do ego e do superego A terapia psicanalítica visa dar ao paciente um insight sobre a sua vida Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psicologia 623 mental inconsciente Freud também propôs uma psicologia social psicanalítica a qual ten tou explicar o crescimento da civilização em função dos sentimentos reprimidos da criança em relação aos pais Ver PSICANÁLISE Essas quatro escolas de pensamento repre sentaram visões concorrentes do que a psicolo gia deveria ser Embora concordassem em que a psicologia devia ser uma ciência propuseram métodos muito diferentes para a condução da pesquisa psicológica Além disso cada uma indicou que os psicólogos deveriam estudar fenômenos diferentes experiência consciente comportamento aptidões genéticas sentimen tos inconscientes Propuseram ainda tipos mui to diferentes de treinamento para psicólogos profissionais e consideraram papéis desseme lhantes para eles no seio da sociedade No mundo da psicologia acadêmica o pe ríodo de 1930 a 1960 testemunhou o contínuo triunfo da escola comportamentalista especial mente nos Estados Unidos As principais revis tas de psicologia refletiram uma crescente preo cupação com a experimentação comportamen tal e com os processos de aprendizagem A análise da experiência era considerada cada vez mais obsoleta até précientífica quando o que os psi cólogos queriam era descobrir experimentalmen te as respostas comportamentais aos estímulos Uma vez que o objetivo era construir uma psico logia geral estímuloresposta pouco importava se os sujeitos experimentais eram humanos ou não Houve um considerável incremento da experi mentação animal com os psicólogos acumulando vastas quantidades de dados laboratoriais sobre a freqüência com que ratos famintos acionavam alavancas em busca de alimento O triunfo do comportamentalismo não foi de maneira alguma absoluto ou universal A tradição psicométrica permaneceu forte espe cialmente na GrãBretanha e em partes dos Estados Unidos onde AR Jensen continuou sustentando que os afroamericanos eram gene ticamente menos inteligentes que os brancos Os testes psicométricos tinham grande procura por parte de educadores industriais e autori dades militares que queriam dispor de procedi mentos convenientes e cientificamente garanti dos para classificar grande quantidades de pes soas Além disso esse período assistiu à publi cação de algumas obras clássicas da psicologia da Gestalt as quais analisaram diretamente a experiência e criticaram a filosofia do compor tamentalismo Durante o apogeu comportamentalista a psicanálise era um interesse predominantemen te periférico dentro das universidades Entre tanto a propensão dos psicanalistas era para ganhar a vida mais como terapeutas do que como professores universitários e eles estabe leceram suas próprias organizações profissio nais Durante a década de 30 o movimento psicanalítico americano foi consideravelmente aumentado com a chegada de grande número de eminentes refugiados judeus escapando às perseguições nazistas na Alemanha e na Áus tria Apesar de preconceitos intelectuais e ou tros esses refugiados lograram transferir o prin cipal foco da psicanálise da Europa para os Estados Unidos O crescimento da psicologia comportamen talista coincidiu com outro desenvolvimento na psicologia o qual assegurou que a longo prazo nenhum sistema nem o comportamentalismo nem qualquer outro obteria a completa hege monia Houve um crescimento e uma separação de especialidades Estas incluíam a psicologia fisiológica apoiandose nos novos progressos da neurologia e da bioquímica e procurando identificar os mecanismos fisiológicos subja centes nos processos psicológicos o desenvol vimento infantil que teve como pioneiro o psi cólogo suíço Jean Piaget 18961980 cuja obra foi predominantemente dedicada à análise das etapas do desenvolvimento mental das crian ças e a psicologia social intelectualmente mais próxima das ciências sociais que das ciências biológicas Novas revistas foram lançadas para essas subdisciplinas e se desenvolveram voca bulários técnicos Deixou de ser possível a um só indivíduo tomar conhecimento e familiari zarse com todos os desenvolvimentos em psi cologia muito menos entendêlos À medida que a psicologia se tornava mais difusa as probabilidades de criação de uma disciplina integrada unificada em torno de uma única perspectiva teórica tornaramse mais remotas Algumas das especialidades em desenvol vimento foram diretamente influenciadas por idéias nãocomportamentalistas Havia uma pronunciada influência gestaltista na psicologia social porquanto os investigadores procura vam descobrir a estrutura e função de atitudes valores e papéis ver PSICOLOGIA SOCIAL Foi mais a lingüística do que a teoria psicológica Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 624 psicologia tradicional que forneceu boa parte do impulso para o estudo da linguagem que se desenvolveu na década de 60 e a ênfase incidia mais sobre o estudo dos processos mentais do que sobre o comportamento manifesto Miller 1981 Não obstante a maioria das novas especialidades compartilhava um compromisso com a meto dologia experimental e os estilos comporta mentalistas de investigação eram freqüente mente retidos Nesse sentido havia mais uni dade metodológica na disciplina da psicologia acadêmica do que unidade teórica A partir dos anos 60 esse compromisso me todológico com o experimento de laboratório se enfraqueceu Houve certo número de ataques diretos Os psicólogos humanistas queixa ramse de que a abordagem experimental re dundara na trivialização da psicologia e na de sumanização do seu objeto de estudo Shotter 1975 Alguns psicólogos sociais e do desen volvimento também reagiram ao compromisso com a experimentação laboratorial Insistiam em que o comportamento devia ser estudado em seu contexto social Harré e Secord 1972 com especial atenção ao estudo da conversação na tural Potter e Wetherell 1987 O maior enfraquecimento da tradição com portamentalista não foi provocado por críticos às margens da disciplina mas por uma mudança central de interesse Os últimos 15 anos assis tiram ao desenvolvimento da psicologia cogni tiva dedicada ao estudo dos processos de pen samento Neisser 1976 Muitos termos men talistas que os comportamentalistas tinham de sejado erradicar do vocabulário psicológico são hoje lugarcomum e foram até incorpora dos aos seus escritos pelos neocomportamen talistas O crescimento da psicologia cognitiva foi estimulado pelos desenvolvimentos na tec nologia da informação Construíramse mode los de pensamento sendo o cérebro humano visto como uma forma de processamento de informação em computador embora um computador muitíssimo mais complexo do que qualquer um criado por mãos humanas Newell e Simon 1972 Marr 1982 Um número signi ficativo de psicólogos cognitivos preferiu pro jetar e criar modelos computadorizados de pen samento em vez de realizar os tradicionais ex perimentos de laboratório Winograd 1972 É questão controvertida se tais modelos revelam os processos mentais que realmente ocorrem quando as pessoas pensam ou se o valor prin cipal deles é auxiliar na construção de máquinas que possam reconhecer padrões ou ler docu mentos ver INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL A influência direta das idéias psicológicas sobre a teoria social não tem sido tão grande quanto se poderia esperar Embora alguns teó ricos sociais de esquerda tenham adotado no ções psicanalíticas ver ESCOLA DE FRANK FURT outros sociólogos preferiram criar sua própria psicologia social em vez de recorrer em massa às obras de psicólogos ver INTERACIONIS MO SIMBÓLICO Por outro lado a influência das idéias piagetianas sobre a teoria e a prática educacionais foi muito ampla Além disso a psicologia tem tido grande influência na socie dade como um todo através das atividades dos profissionais dessa área e do treinamento de educadores gerentes de pessoal e publicitários Acima de tais influências diretas houve o im pacto mais difuso de noções psicológicas nas formas correntes nãoespecialistas de pensar Esse impacto é ilustrado pela maneira como frases e expressões técnicas entraram para o vocabulário leigo extrovertido QI neurótico ato falho etc Tais conceitos podem não ser elementos na espécie de teoria científica unifi cada em que os primeiros psicólogos tinham posto suas esperanças mas agora pertencem ao senso comum do século XX e isso demonstra por si só o significado social da psicologia Leitura sugerida Ash MG e Woodward WR orgs 1987 Psychology in Twentieth Century Thought and Society Freud S 1933 1964 New Introductory Lectures on PsychoAnalysis In Standard Edition of the Complete Psychological Works of Sigmund Freud vol22 org por J Strachey Hearnshaw LS 1987 The Shaping of Modern Psychology Köhler W 1947 Gestalt Psychology Norman DA org 1981 Pers pectives on Cognitive Science Pavlov Ivan 1932 1958 Experimental Psychology and Other Essays Piaget J e Inhelder B 1955 Le développement des quantités physiques chez lenfant Skinner BF 1953 Science and Human Behaviour Spearman CE 1927 The Abilities of Man MICHAEL BILLIG psicologia da Gestalt Ver GESTALT PSICOLO GIA DA psicologia social Em termos gerais a tarefa central da psicologia social é o estudo sistemá tico da relação entre fenômenos individuais e coletivos Essa impressionante tarefa coincide em parte com a de outras ciências sociais em particular a SOCIOLOGIA Entretanto a corrente Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psicologia social 625 dominante da psicologia social mostra clara mente sua origem na psicologia Tal como a sua disciplinamãe encara a ciência como um em preendimento hipotéticodedutivo interpreta a sua tarefa central psicologicamente como o es tudo de indivíduos sob a influência da presença real implícita ou imaginada de outros Seu fenomenal incremento em produtividade come çou na década de 30 quando o centro geográ fico de toda a psicologia se transferiu da Europa para os Estados Unidos Lá a concentração nos indivíduos foi ainda mais fortalecida pelo in dividualismo ideológico da cultura americana Desde os seus começos a corrente principal da psicologia social adotou uma orientação cognitiva O conceito central da disciplina é a atitude já reconhecida em 1935 como indis pensável para o pensamento sóciopsicológico Allport 1935 A atitude é definida como uma combinação de crenças sentimentos e intera ções de agir em face de aspectos do mundo externo ou do próprio eu Embora todas as ciências sociais usem esse conceito foi a psico logia social que o esclareceu e o tornou mensu rável e estudado por si mesmo não como com plemento de outros interesses Como as atitudes em relação a grupos mino ritários sobretudo o preconceito de cor e o antisemitismo eram uma característica tão perturbadora da cena social não só nos Estados Unidos mas também nos regimes totalitários da Europa o seu estudo tornouse e continua sendo um dos principais focos da pesquisa sóciopsicológica A estrutura das atitudes sua origem influência sobre o comportamento propensão e relutância para mudar foram exaustivamente documentadas A mais conhe cida contribuição substantiva ao estudo de ati tudes imbuídas de preconceito é The Authori tarian Personality Adorno et al 1950 Essa obra influente mas também muito criticada concebeu as atitudes autoritárias como mani festações de personalidade e não apenas como opiniões superficiais não inatas mas inculcadas em famílias autoritárias que por sua vez refletem aspectos da cena social O pensamento corrente nesse campo am pliou a abordagem em duas direções há uma crescente percepção de que aspectos da es trutura social em cujo seio se mantêm tais ati tudes devem formar parte de sua explicação Hewstone e Brown 1986 Em segundo lugar a identificação com o grupo a que um indivíduo pertence e por conseguinte o favoritismo em relação aos interesses e atitudes do próprio gru po foram colocados em uma base mais ampla Henri Tajfel 1981 postulou ser essa uma pre disposição cognitiva universal sejam quais fo rem os atributos definidores do grupo a que se pertence ou dos membros dos outros grupos Ver também GRUPO Uma segunda linha de interesses desenvol veuse sob a poderosa influência de Kurt Le win o estudo de pequenos grupos A dinâmica de grupo investigou a influência de estilos de liderança sobre a produtividade e a coesão de grupos identificou padrões de comunicação comparou juízos individuais com decisões de grupo documentou o surgimento regular de papéis informais na continuidade de grupos e outros aspectos estruturais A repetida demons tração experimental de que a pressão do grupo pode induzir indivíduos a negarem a evidência fornecida pelos seus próprios sentidos Asch 1952 fez do conformismo um tema muito es tudado Durante certo tempo o interesse pelo estudo experimental do funcionamento do gru po declinou embora a aplicação de tudo o que tinha sido aprendido frutificasse em áreas como o treinamento e a terapia de grupo O interesse ressurgiu agora no estudo de liderança e em duas questões antes negligenciadas a polariza ção de opiniões em um grupo em contraste com a ênfase anterior no consenso grupal e o poder de uma minoria determinada de influenciar a maioria Em virtude do compromisso da corrente principal da psicologia social com os procedi mentos hipotéticodedutivos o trabalho sobre essas linhas principais e muitas linhas secun dárias é guiado em geral por teorias de alcance médio formuladas especificamente para tópi cos da psicologia social embora as principais teorias da PSICOLOGIA geral comportamenta lismo teorias da aprendizagem psicologia da Gestalt e psicanálise também tenham forne cido hipóteses As teorias predominantes na psicologia social têm duas características co muns seu objeto de estudo é a busca de equilí brio quando diante de informação discordante e em segundo lugar a sua origem comum reside na obra fecunda de Fritz Heider 1958 que analisou a psicologia do senso comum e nela descobriu uma tendência a evitar contra dições e relações assimétricas Existem nume rosos modelos de busca de coerência equilí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 626 psicologia social brio conformidade e trocas simétricas os quais diferem uns dos outros mais em terminologia do que em substância As teorias da dissonância e da atribuição criaram um dos mais volumosos conjuntos de trabalho experimental A teoria da dissonância cognitiva Festinger 1957 propõe que quando se defrontam com duas informações mutuamente contraditórias as pessoas sentemse constrangidas inquietas e procuram por conseguinte eliminar tais senti mentos desconsiderando uma das informações ou minimizando o seu significado Numerosos experimentos engenhosamente planejados de monstram ser isso o que de fato ocorre com a maior parte dos sujeitos experimentais A teoria da atribuição Kelley 1967 refere se à maneira como as pessoas analisam eventos sociais e lhes atribuem razões ou causas Essa é a abordagem teórica atualmente predomi nante está em contínuo desenvolvimento e é usada na investigação de uma grande variedade de tópicos Deve a sua posição no campo ao nível relativamente elevado de abstração em que está formulada Teorias mais específicas como a da sociedade justa que explica a tendência a culpar a vítima ou a teoria do desvalimento aprendido podem facilmente ser incluídas na atribuição de causas ou razões para qualquer estado de coisas dado O progressivo refinamento da teoria da atri buição foi estimulado em parte por vozes dis sidentes no seio da disciplina que se ergueram não só nos Estados Unidos mas também na Europa Depois de meados do século essas vozes ganharam ímpeto e iniciaram um auto exame crítico em ambos os continentes A cor rente dominante da psicologia social enfatizou se nesse amplo debate tinha sublinhado de forma preponderante os processos cognitivos individuais e negligenciara o contexto social apoiarase quase que exclusivamente em expe rimentos realizados em ambiente de laborató rio restringindo assim o lado social da discipli na e tinha pressuposto a universalidade cultural e temporal de suas descobertas Os eventos que tiveram lugar na maioria das universidades du rante os últimos anos da década de 60 deram força à exigência de reorientação e a corrobo raram De modo geral essa autocrítica foi salutar A corrente principal da psicologia social tor nouse muito mais pertinente para a compreen são da vida cotidiana e ampliou seu repertório de métodos As matérias substantivas agora se baseiam menos em situações sociais hipotéticas e são mais freqüentemente estudadas onde são na realidade vivenciadas A teoria da atribuição orienta agora a pesquisa em uma vasta gama de circunstâncias com pessoas oriundas de muitas profissões e condições de vida A distinção entre o conceito biológico de sexo e o concei to sóciopsicológico de gênero está produzin do um corretivo necessário nos resultados das pesquisas Algumas áreas de investigação que sempre tinham sido estudadas em seu ambiente natural como a psicologia social da doença e da saúde ou do emprego e desemprego rece beram novo impulso Paralelamente a essa florescente corrente principal está hoje ganhando destaque um no vo e radical pensamento acerca de algumas questões fundamentais da psicologia social Embora a maioria dessas abordagens contem porâneas ainda tenha que provar seu valor con tribuindo com conhecimentos substantivos acerca da interação em mão dupla entre in divíduos e o mundo social as idéias que elas propõem encontram adeptos sobretudo na Eu ropa mas também nos Estados Unidos e dão origem a muita discussão e controvérsia Em geral afastamse da corrente dominante da psi cologia social e passam às formulações progra máticas Kenneth Gergen 1973 sustenta que a cor rente dominante é insensível à passagem do tempo as teorias são formuladas como se apon tassem para regularidades eternas mas as ob servações empíricas que as sustentam estão ine vitavelmente vinculadas ao tempo da inves tigação e não podem reivindicar validade trans histórica Segundo Gergen a psicologia social é portanto uma disciplina histórica e nãocien tífica Isso está em nítido contraste com a disci plinamãe a qual se propõe descobrir univer sais no funcionamento de organismos humanos e animais Tal como ocorre com a despreocupação com o tempo afirmam outros também a despreocu pação com a cultura necessita de correção a psicologia social americana em particular é freqüentemente acusada de um provincianismo que se identifica de forma equivocada com uma conduta à margem da cultura Uma vez mais é questão de saber se os psicólogos sociais podem aspirar à descoberta de universais ou terão que arranjarse com específicos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psicologia social 627 De diversas áreas chega o pedido de que se mude a maneira de teorizar na disciplina Ori ginandose na Escola de Frankfurt está sendo defendida a construção de uma teoria crítica denominada gerativa nos Estados Unidos ou seja uma teoria não sobre o que é mas sobre o que poderia ser na versão de Frankfurt para todas as ciências sociais na formulação ameri cana por e para psicólogos sociais A relativa negligência largamente reconhe cida do contexto social na corrente principal da psicologia social está sendo agora desafiada de várias maneiras Alguns psicólogos sociais es tão finalmente eliminando a distância entre os ramos psicológicos e sociológicos da discipli na O estudo das representações sociais ou seja idéias valores e regras compartilhados por um grupo ou cultura que são a tal ponto poderosos que os indivíduos os consideram incontestá veis tornouse centro de uma nova abordagem Talvez as representações sociais mais larga mente compartilhadas estejam condensadas em uma linguagem comum estudos modernos de monstraram que os hábitos lingüísticos grama ticais e semânticos podem explicar alguns fe nômenos psicológicos Outra abordagem do estudo das influências sociais sobre as atitudes e o comportamento dis tingue níveis de explicação cada um deles le gítimo por sua autoridade própria mas só produzindo pleno entendimento quando se con sideram todos os níveis Os fenômenos psico lógicos podem ser explicados em pelo menos quatro níveis por atributos pessoais pela situa ção real em que o fenômeno psicológico é estudado por referência à posição social das pessoas e pelas ideologias ou sistemas de cren ças a que elas aderem O modo como a comple mentaridade em vez do conflito entre as explica ções nesses níveis pode ser conseguida em tra balho empírico é ainda uma questão em aberto Embora esses e outros desenvolvimentos recentes não sejam necessariamente compatí veis entre si todos eles possuem características e funções comuns Todos eles transcendem uma definição estreita de psicologia social todos requerem que seus proponentes sejam versados em uma ou mais disciplinas vizinhas sobretudo a sociologia e a psicologia cognitiva mas tam bém a ANTROPOLOGIA a ciência política a filo sofia ou a lingüística todas elas contribuem para a vitalidade intelectual do campo em todos os seus ramos Se o debate entre elas levará a uma psicologia social mais unificada ou a maior separação somente o tempo nos dirá Leitura sugerida Brown R 1986 Social Psycholo gy 2ªed Israel J e Tajfel H 1972 The Context of Social Psychology MARIE JAHODA psicológica depressão Ver DEPRESSÃO CLÍ NICA psiquiatria e doença mental A psiquiatria uma forma de definir e de tratar a doença men tal tem conhecido importantes mudanças desde a Segunda Guerra Mundial em sua prá tica e em suas raízes intelectuais Isso inclui um papel consideravelmente reduzido para o pen samento psicanalítico ver PSICANÁLISE sobre tudo nos Estados Unidos onde ele fora uma influência dominante Com isso assistiuse a um interesse crescente pelas origens biológicas da ampla gama de distúrbios que constituem a prática psiquiátrica Durante os últimos 20 anos voltou a complexa tarefa de sua classificação em conjunto com a sua perspectiva biológica ao centro das atenções psiquiátricas como se viu na altamente influente terceira edição em 1980 do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders DSMIII da American Psy chiatric Association A conjunção de nosologia classificação de doenças com biologia foi par cialmente estimulada sem a menor dúvida pe lo êxito de tratamentos farmacológicos e a es perança de que provassem ser específicos para certos diagnósticos O DSMIII reflete ampla mente mais a experiência clínica do que os dados obtidos em pesquisas e é possível encon trar nele descritos estados bemreconhecidos como graves doenças mentais psicoses mor mente a esquizofrenia e a psicose maníaco depressiva as neuroses e perturbações emocio nais menos graves os distúrbios psicossomá ticos os estados orgânicos de demência o re tardamento mental e as anomalias de compor tamento como os vícios Mas existem com plexidades em todos os pontos Os estados neu róticos por exemplo podem na prática gerar sérios inconvenientes e desvantagens durante um longo período ao passo que a esquizofrenia pode representar um episódio passageiro de loucura com uma completa recuperação Há também uma inquietante preocupação essen cialista no pensamento do DSMIII Por exem plo a sua definição de esquizofrenia requer Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 628 psicológica depressão sinais contínuos de distúrbio durante pelo me nos seis meses mas isso elimina a possibili dade de estabelecer possíveis fatores ambien tais que redundem em um episódio breve Além disso pressupõe que algo tenha sido realmente estabelecido acerca da natureza da entidade patológica envolvida Isso não é certamente o que se verifica embora haja uma razoável soma de conhecimentos a respeito do grupo um tanto díspar de condições correntemente classifica das como esquizofrênicas Mas deixando de lado essas questões técni cas de definição os distúrbios psicóticos envol vem em sua maioria formas particularmente desagradáveis de sofrimento e na medida em que podem ser encarados como um exagero das reações comuns de natureza afetiva e emocio nal às experiências da vida representam uma importante via para a compreensão da socie dade em geral algo é claro reconhecido por Émile Durkheim em seu clássico estudo O sui cídio publicado no final do século XIX Entre tanto essa continua constituindo uma área de controvérsia não sendo uma das menores cau sas o fato de as provas que evidenciam influ ências psicossociais tenderem inevitavelmente para distanciar um pouco a psiquiatria do seu tradicional papel médico É significativo que os psiquiatras se qualifiquem primeiro em medici na e passem considerável parte do seu treina mento subseqüente envolvidos na assistência e tratamento de estados graves em um ambiente de hospital psiquiátrico Embora a etiologia de estados nucleares como a esquizofrenia e a depressão maníaca permaneça um tanto indefi nida a sua peculiar gravidade encoraja uma perspectiva biológica O fato de sintomas simi lares poderem ser produzidos por drogas tu mores epilepsia e mudanças metabólicas e hor monais só estimula os apetites médicos para mais do que os freqüentemente excitantes de senvolvimentos em neurociência e tratamento físico A expressão modelo médico nesse contexto é usada com maior freqüência por cientistas sociais do que por médicos uma vez que o agrupamento de sintomas e indícios em síndromes que podem então ser correlacionadas com presumidos distúrbios biológicos é a tal ponto intrínseco na prática clínica que raras vezes é explicado Entretanto os pacientes vistos por psiquia tras vêm mudando muito e é bem maior o número dos que são examinados em clínicas ambulatoriais muitos dos quais nunca teriam tido contato com um psiquiatra nem mesmo uns 40 anos atrás Isso somado ao reconhecimento de que há ainda mais pacientes potenciais na clínica geral particular e na medicina geral hos pitalar deixou claro que os pacientes de hos pitais psiquiátricos formam apenas uma peque na minoria dos que poderiam ser classificados como portadores de distúrbio psiquiátrico clini camente pertinente em especial a depressão ou a ansiedade Essa variedade diagnóstica e o fato de cada psiquiatra poder ter a experiência de apenas uma amostra selecionada de paci entes potenciais permitiram o surgimento de idéias muito diversas acerca da etiologia embora a maioria delas possa ser formulada em termos biológicos ou psicodinâmicos Uma perspectiva social sobre esses assuntos nunca foi central em psiquiatria mas os desenvolvi mentos ocorridos desde o final da Segunda Guerra Mundial tornaram mais difícil ignorá lo Os primeiros esforços consistiram predomi nantemente em especulações de autores de orientação psicodinâmica as quais embora in fluentes por vezes careciam de base empírica A noção de mãe esquizofrenicogênica por exemplo considerada por alguns nas décadas de 40 e 50 fundamental na etiologia da esqui zofrenia não sobreviveu a uma verificação sistemática Felizmente tem havido desenvol vimentos um pouco mais sólidos Um deles teve origem nas óbvias deficiên cias dos grandes hospitais psiquiátricos A cres cente população dos hospitais psiquiátricos seguindose ao declínio nas taxas de mortali dade por infecções supervenientes em meados do século provocou uma superlotação envol vendo em especial a internação a longo prazo de pacientes esquizofrênicos e as terríveis re velações sobre os campos de concentração eu ropeus talvez tenham provocado um certo im pacto na opinião pública Na década de 50 al guns superintendentes médicos no Reino Unido iniciaram uma política de alta antecipada e começaram a desenvolver idéias de como o hospital poderia ser uma comunidade genuina mente terapêutica Com a introdução das mais importantes drogas tranqüilizantes em meados da década de 50 essas mudanças propagaram se a outros hospitais psiquiátricos O movi mento iniciouse muito mais tarde nos Estados Unidos Nesse clima o movimento antipsi quiátrico liderado por figuras como RD Laing Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar psiquiatria e doença mental 629 teve um importante impacto sobre a opinião pública em geral e sobre a acadêmica em parti cular Entretanto suas excessivas pretensões e a quase total ausência de preocupação com provas acarretaram um impacto limitado sobre a própria psiquiatria Não obstante tudo pon derado é possível perceber que uma mensagem foi importante que mesmo aqueles com as mais graves doenças mentais ainda continuam sendo seres humanos e responder a essa huma nidade pode influenciar de maneira importante o curso de suas enfermidades Com efeito é uma experiência extraordinária ver um paciente que antes era uma pessoa gravemente incapaci tada agindo agora com confiança e algum dis cernimento apesar de contínuas vozes e de lírios em um ambiente dedicado a encorajar a independência o orgulho e as atividades voca cionais Não obstante a preocupação durante esse período de muitos nas ciências sociais em pôr em dúvida a pertinência de rótulos diagnós ticos e em demonstrar o seu provável efeito pernicioso contrariou totalmente a crescente preocupação de psiquiatras em melhorar e sis tematizar o seu uso diagnóstico Lamentavel mente um dos efeitos foi aumentar a distância entre a corrente dominante da ciência social e a psiquiatria Outro desenvolvimento do pósguerra foi o interesse em registrar as taxas de distúrbio psi quiátrico em amostras da população geral Sur preendentemente as primeiras pesquisas in dicaram elevadas taxas sobretudo entre popu lações da classe trabalhadora Apesar de boa dose de ceticismo dentro da psiquiatria o inte resse persistiu Introduziramse novas entrevis tas do tipo clínico em vez de questionários as quais podiam ser usadas na população geral em conjunto com medidas mais refinadas para in vestigar o papel de fatores sociais Quanto às últimas houve interesse em tratar do signifi cado da experiência algo que era ignorado pela epidemiologia tradicional e isso acarretou maior sensibilidade para a medição do estresse Os estudos realizados em hospitais mentais concentraramse na questão do impacto da or ganização sobre o curso da doença e os estudos realizados fora sobretudo sobre o papel da família consideraram os fatores que influen ciavam a deflagração e o curso Duas coisas se destacaram Primeiro que condições que são quase com certeza essencialmente biológicas como a esquizofrenia sofrem importantes in fluências do ambiente externo e em particular da qualidade dos vínculos interpessoais nu cleares A questão da crise original permanece mais obscura A importância de considerar os fatores sociais em função do curso da doença foi confirmada por estudos transculturais em que o resultado a longo prazo da esquizofrenia parece ser mais favorável nos países em desen volvimento Dada a eficácia um tanto aleatória dos tratamentos físicos incluindose os efeitos iatrogênicos a longo prazo a significação des sas conclusões tem sido cada vez mais reco nhecida bem como a necessidade de utilizar tal conhecimento na prática clínica cotidiana Uma segunda conclusão que surgiu é que os dis túrbios afetivos que constituem a grande maio ria das condições psiquiátricas são comuns na população geral e fatores sociais incluindo ex periências adversas na infância e adolescência desempenham provavelmente um papel impor tante na deflagração e no curso da patologia Também há com freqüência uma ligação com a classe social baixa por exemplo nas áreas centrais de Londres quase 15 das mulheres de classe operária com filhos em casa parece sofrer de um distúrbio psiquiátrico clinicamente im portante dentro do espaço de um ano e a maioria delas tem um significativo componente depres sivo ver DEPRESSÃO CLÍNICA Embora alguns discutam determinados as pectos de tais afirmações já existe uma concor dância bastante ampla dentro da psiquiatria acerca da importância do mundo social e da necessidade de uma perspectiva genuinamente biopsicossocial Alguns deprimidos por moti vos sociais podem ainda responder à terapia farmacológica e não há razão em tais circuns tâncias para que as probabilidades de início e de um curso deteriorante não sejam também influenciadas por fatores biológicos subjacen tes O impulso em prol de uma perspectiva biopsicossocial foi sublinhado pelas idéias de John Bowlby sobre a importância do sistema de apego na gênese dos distúrbios afetivos e de como o sistema embora muito influenciado pela experiência pretérita tem essencialmente uma base evolutiva e biológica Ficou claro que os sistemas biológico e social servem para criar significado e freqüentemente o fazem em mú tua dependência Somada a essa conjugação de perspectivas díspares há uma crescente percep ção de que é possível adquirir de maneiras Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 630 psiquiatria e doença mental muito diferentes o que na verdade constitui o mesmo distúrbio É claro que tais desenvolvimentos têm im plicações para a prática clínica Se as alegações correntes sobre o papel das influências psicos sociais forem comprovadamente corretas de modo geral os métodos de intervenção basea dos na população estarão muito além dos li mites da psiquiatria propriamente dita Também ficou claro que a tão debatida política de assis tência comunitária foi predominantemente um assunto de conversa Com exceção de meia dúzia de impressionantes iniciativas locais os procedimentos para enfrentar a decadência dos hospitais psiquiátricos têm sido ad hoc e sem o menor planejamento resultado de pressões por uma reforma liberal mudança dos regimes de tratamento e decisões mal coordenadas no tocante a um plano de ação de nível superior Isso teve sérias conseqüências para os porta dores de deficiências a longo prazo Ainda ca recemos de serviços baseados em princípios razoavelmente bemfundamentados focalizan do as vulnerabilidades de determinadas classes de pacientes e serviços que sejam capazes de permanecer em contato com indivíduos se ne cessário por longos períodos de tempo Es tamos ainda mais distantes de quaisquer meios efetivos de ajuda a grandes quantidades de pes soas sofredoras na população geral sobretudo as submetidas a estados crônicos muito poucas das quais recorrem a psiquiatras e provavel mente metade das quais é reconhecida por um médico como psiquiatricamente perturbada A psiquiatria requer sem dúvida o apoio da ciência social felizmente essa colaboração es tá fadada a ser útil à própria ciência social É difícil levar a efeito investigações etiológicas nessa área sem enfrentar rapidamente questões teóricas fundamentais digamos acerca da natureza do apoio social ou da pertinência de conceitos tradicionais como integração ou alie nação É duvidoso se a extrema ênfase atual sobre a base biológica da psiquiatria se manterá por muito tempo uma vez que uma parte es pecialmente importante dela proveio de um determinado clima político nos Estados Uni dos Os processos biológicos de possível re levância estão se revelando de extraordinária complexidade e benefícios importantes são mais prováveis a longo do que a curto prazo Os resultados da pesquisa social corrente embora modestos em termos do que precisa ser co nhecido são suficientemente seguros para for mar uma base propícia à expansão e há também alguns indícios de que o enfoque limitado e o paroquialismo das disciplinas pertinentes da ciência social poderiam declinar Há uma per cepção crescente de que cada uma tem que fazer mais do que desenvolver sedutoras e esti mulantes idéias para consumo pelos seus pró prios estudantes As idéias precisam ser testadas no contexto da prática psiquiátrica Até agora sempre que isso foi feito provou ser difícil sustentar idéias unilaterais que foram tão popu lares em disciplinas individuais como a ênfase em sociologia no papelchave da rotulação em produzir distúrbios mentais Entretanto cum pre reconhecer que existe considerável inércia se não oposição no tocante à espécie de ten dências integrativas que foram descritas em linhas gerais e é muito possível que se tenha atribuído um peso excessivo ao provável im pacto sobre o pensamento e a prática psiquiátri cas de generalizações empíricas razoavelmente bemestabelecidas A atração da receita de um remédio para um médico muito atarefado conti nuará sendo considerável Mas ao mesmo tem po a psiquiatria ao longo de toda a sua história tem sido a mais aberta das especialidades mé dicas às idéias sociais e por hora não existem razões para um pessimismo declarado sobre o desenvolvimento de uma perspectiva social efetiva no âmbito da psiquiatria Leitura sugerida Bebbington P e McGuffin P 1988 Schizophrenia the Major Issues Gelder M Gath D e Mayou R 1986 Oxford Textbook of Psychiatry Newton J 1988 Preventing Mental Illness GEORGE W BROWN pública escolha Ver ESCOLHA PÚBLICA pública esfera Ver ESFERA PÚBLICA punição Punir é impor uma pena em resposta à violação de uma regra ou em condenação de quem assim procedeu O processo de punição é pois a imposição deliberada de alguma forma de tratamento duro inflexível e a estigmatiza ção de um agente responsável pela violação de uma norma As penas a que falta qualquer ele mento de condenação como no caso das multas não são stricto sensu punições Nem medidas como a detenção preventiva impos tas com base mais na previsão da conduta futura do que em delitos passados O status das medi das compulsórias de assistência e tratamento Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar punição 631 quando estas são impostas em resposta a uma conduta desviante por exemplo por um juizado de menores é ambíguo Tais medi das podem ser experimentadas como punitivas e estigmatizantes por causa do seu contexto ou uso embora se proponham fornecer ajuda ou terapia ao receptor A punição ocorre em uma variedade de con textos sociais e de um modo ou de outro é provavelmente uma propriedade intrínseca de todas as formas estabelecidas de associação humana Famílias escolas locais de trabalho círculos de amizade ou até estadosnações to dos punem seus membros desviantes de tempos em tempos usando sanções que podem ir de uma reprimenda moderada a uma ofensiva mi litar em grande escala Entretanto o processo central de punição na sociedade moderna é a punição judicial o processo jurídico pelo qual os violadores do direito penal recebem sanções de acordo com regras e procedimentos jurídicos especificados em códigos e se subme tem a uma punição administrada por funcioná rios do estado Assim a punição judicial é que constituiu o foco de atenção da maior parte do pensamento moderno sobre punição embora os efeitos benéficos da punição em outros contex tos fossem objeto de muita pesquisa psicológi ca A filosofia da punição Como a punição judicial acarreta a delibera da cominação de danos por funcionários do estado a cidadãos individuais é uma prática social suscetível de críticas e que necessita de legitimação Copiosa literatura filosófica de senvolveuse em torno dessa questão expondo argumentos justificativos em favor da institui ção identificando circunstâncias em que o po der penal deve ser exercido e descrevendo os propósitos apropriados que as punições devem almejar Neste ponto o principal debate tende a ser entre as abordagens utilitária e deontoló gica do problema A primeira sustenta que a punição é em si mesma um mal e só se justifica quando e na medida em que pode produzir efeitos úteis como a defesa social ou a pre venção de futuros crimes ver também CRIME E TRANSGRESSÃO Coibição incapacitação refor ma e denúncia são pois objetivos aceitáveis nessa concepção e devem ser usados na medida em que se possa mostrar a sua eficácia Contra isso a posição rival sustenta que a punição é justificada como a resposta adequada a certos malefícios pois a justiça ou o direito natural ou o contrato social exige que os crimes sejam vingados e que se imponha o devido castigo Portanto a finalidade da punição deve ser as segurar o apropriado ou merecido castigo sendo tais medidas retaliatórias moralmente imperativas quer se possa ou não provar que são instrumentalmente proveitosas Na prática medidas e instituições penais pretendem usualmente atingir muitos desses objetivos simultaneamente embora as inves tigações empíricas indiquem que somente os propósitos mais negativos retaliação denún cia incapacitação podem ser perseguidos com alguma probabilidade de êxito As tentativas de alcançar fins reformativos por meio de sanções penais só têm tido êxito em uma pequena mi noria de casos De modo análogo embora a existência de um sistema penal que faz respeitar as normas sociais produza um básico efeito dissuasivo em comparação com a sua inobser vância os efeitos dissuasivos de sanções es pecíficas ou níveis específicos de punição pa recem deveras limitados Os delinqüentes ra cionais calculistas que acreditam na possibili dade de serem detidos e punidos e para quem esse risco é inaceitável são os melhores alvos para a dissuasão A prática da punição Durante boa parte do século XX os sistemas penais adotaram em maior ou menor grau a ideologia da reabilitação a qual insistia em que os delinqüentes deveriam ser tratados de modo positivo com propósitos de reforma adaptando medidas de tratamento e treinamen to às necessidades individuais e pondo de lado preocupações punitivas De modo caracterís tico houve a introdução de modalidades mais refinadas de avaliação e classificação de delin qüentes um repertório ampliado de instituições especializadas legislação para permitir o julga mento com sentença indeterminada e o empre go de peritos em pontoschaves do sistema Essa abordagem de bemestar penal nunca desalojou completamente preocupações mais antigas com punições e castigos merecidos nem mesmo na esfera da justiça juvenil onde as filosofias de tratamento estavam mais conso lidadas A partir de 1960 verificouse um acen tuado afastamento da abordagem da reabilita ção e um ressurgimento do interesse explícito Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 632 punição pelos métodos de retaliação e dissuasão por parte de legisladores políticos e criminologis tas Ver também CRIMINOLOGIA Os sistemas contemporâneos de punição uti lizam uma gama diversificada de sanções for necendo uma hierarquia de medidas que per mite uma escala de severidade em conjunto com uma série horizontal de alternativas adap tadas a diferentes tipos de delinqüentes Esses sistemas incluem multas prestação de serviços à comunidade e várias formas de supervisão as quais podem ser orientadas para o aconselha mento e apoio ou para a vigilância e controle ordens psiquiátricas sentenças custodiais de um tipo de ou de outro e em algumas juris dições a execução judicial Há grande diversi dade nos padrões de sanção e níveis de punição vigentes em países que em outros aspectos incluindo as taxas de criminalidade são muito semelhantes As taxas de prisão por exemplo estão sujeitas a enorme variação entre estados e dentro da mesma jurisdição no transcurso do tempo Do mesmo modo os níveis de punição considerados apropriados para determinados delitos podem variar de forma acentuada de um país para o outro A sociologia da punição A pesquisa sociológica e histórica temse empenhado em explicar essas variações nos padrões penais examinando usualmente as fun ções sociais e determinantes da punição e os modos como as instituições penais estão rela cionadas com configurações sociais mais am plas Émile Durkheim sustentou que a punição representa uma resposta coletiva a atos que transgridem os sentimentos e valores comparti lhados pela sociedade É uma reação veemente que expressa sentimentos coletivos e ao mes mo tempo reafirma a força de costumes e prá ticas sociais Os rituais de punição constituem pois um meio pelo qual se sustenta a ordem moral se reforça a solidariedade social e se retraça a fronteira entre conduta aceitável e ina ceitável embora como sublinhou GH Mead essa forma de solidariedade se baseie na hos tilidade e possa promover a intolerância Na opinião de Durkheim a punição constitui um importante elemento no âmbito moral da socie dade e a forma e intensidade das sanções penais serão determinadas pelo caráter da vida moral da sociedade As sociedades avançadas carac terizandose por uma extensa divisão do traba lho códigos morais diversificados e um com promisso com os valores do individualismo liberal são assim mais propensas a desenvolver sistemas de punição mais clementes organiza dos em torno da privação da liberdade indivi dual Em contraste as interpretações marxistas retratam a punição como um instrumento de controle pelo estado funcionando repressiva e ideologicamente a fim de preservar o domínio da classe governante e sendo configurada pri mordialmente pelo MODO DE PRODUÇÃO A cen tralidade da multa na penalidade moderna a ênfase no trabalho nas prisões o princípio de menos aceitabilidade o qual insiste em que as condições prisionais devem ser fixadas abaixo das classes mais pobres da sociedade a própria idéia de que os delitos devem ser cam biados por uma pena equivalente medida em unidades abstratas de tempo todas essas características são citadas como provas evi dentes de que a punição é modelada tanto pela estrutura da sociedade de mercado quanto pelas exigências de controle do crime A mais recente interpretação de punição desenvolvida por Michel Foucault enfatiza os aspectos disciplinares e normalizadores dos modernos métodos penais e salienta os modos pelos quais um aparelho penal cada vez mais sagaz está apto a exercer modalidades mais profundas e mais positivas de controle sobre os que são apanhados pelo sistema A punição nesse caso é vista como uma forma de poder e autoridade atuando por meio de prin cípios detalhados de vigilância inspeção e in dividuação em que a preocupação é menos punir delinqüentes do que moldarlhes o comportamento e dominar os riscos que eles coletivamente representam O regime panóp tico da prisão moderna o qual submete os reclusos à vigilância contínua a fim de identifi car e corrigir qualquer desvio das normas ins titucionais é considerado representativo de um modelo das espécies de relações de poder conhecimento que preponderam na sociedade contemporânea É amplamente reconhecido que como téc nica de controle a punição tem sérias limi tações Os psicólogos sublinham que os refor ços positivos são com freqüência meios mais eficazes de modelar a conduta que os efeitos da punição são freqüentemente efêmeros e que os punidos tendem a desenvolver uma resistência Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar punição 633 à punição Na mesma linha os criminologistas sustentam que a capacidade do sistema penal de transformar indivíduos ou reduzir taxas de cri minalidade está seriamente restrita Os críticos da punição afirmam que a justiça penal devia confiar menos em uma resposta punitiva e mais em métodos alternativos de lidar com os confli tos sociais e os indivíduos inconvenientes co mo a mediação a reparação e a prevenção do crime O fato de tais críticas terem tido tão pouco impacto nos modernos sistemas penais é uma das razões pelas quais tanta atenção está sendo dada atualmente à dinâmica social sub jacente na instituição da punição Leitura sugerida Christie N 1982 Limits to Pain Cohen S 1985 Visions of Social Control Durk heim É 1893 De la division du travail social Fou cault M 1975 Surveiller et punir Garland D 1980 Punishment and Modern Society Mead GH 1918 The psychology of punitive justice American Jour nal of Sociology 23 577602 Rusche G e Kirch heimer O 1968 Punishment and Social Structure Sharpe JA 1990 Judicial Punishment in England Walker N 1980 Punishment Danger and Stigma DAVID GARLAND Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 120796 Letra P Produção Textos Formas Para Ed Zahar 634 punição Q QI Ver INTELIGÊNCIA TESTE DE qualidade de vida Supõese geralmente que a justificativa para atividades que visam ao desenvolvimento econômico é a melhoria do bemestar da população Por seu turno o desen volvimento econômico é avaliado por meios como o Produto Nacional Bruto PNB e a comparação dos níveis de PNB ou de PNB per capita tornouse prática estabelecida como base primária para uma estimativa do desempenho e do progresso comparativo dos países ao longo do tempo Entretanto o PNB é uma medida de atividade da economia formal assalariada e não foi originalmente construído como medida de bemestar Não trata da IGUALDADE E DESI GUALDADE social da produção econômica in formal da sustentabilidade ambiental nem de uma série de outros aspectos igualmente impor tantes do bemestar Os conceitos de nível de vida e qualidade de vida referemse às condições de populações e subgrupos de populações e estão refletidos em estatísticas que procuram indexálas direta mente em vez de inferilas da atividade econô mica Tais ESTATÍSTICAS SOCIAIS são tipicamente obtidas por investigação direta através de pes quisas de porta em porta e de censos Conven cionalmente interessamse por questões co mo renda familiar condições de moradia por exemplo se existe acesso a um banheiro e no caso afirmativo se este se localiza dentro ou fora de casa posses materiais como a proprie dade de equipamentos domésticos e práticas de consumo incluindo os alimentos que estão sen do consumidos É prática comum que muitas estatísticas de tal natureza sejam rotineiras e freqüentemente produzidas na maioria dos paí ses industrializados não sendo esse o caso porém nas regiões mais pobres do mundo Também nos países menos industrializados as questões específicas formuladas podem ser um tanto diferentes por exemplo o acesso à água corrente e potável pode ser um problema para grande parte da população e a composição precisa da cesta básica alimentar pode ser me nos importante que a distância a que se encon tram os indivíduos de um padrão nutricional básico A qualidade de vida é comumente usada em referência às reais condições de vida em bora em meados da década de 50 uma comissão de especialistas das Nações Unidas recomen dasse o uso para esse fim de nível de vida Qualidade de vida referirseia portanto às aspirações ou expectativas das pessoas no to cante às suas condições de vida A literatura técnica às vezes aceita essa distinção mas a sua omissão é muito mais freqüente entretanto es tudos estatísticos por vezes colocam em con traste os níveis reais de renda com os requeridos para satisfazer determinadas exigências de ali mentação habitação etc e os níveis de consu mo são freqüentemente contrastados com um dado padrão tipicamente um nível mínimo se bem que por vezes o nível médio ou a situação em um grupo social ou país de referência O foco central de tais dados pode ser consi derado ainda excessivamente economístico e não têm faltado as tentativas de desenvolver conjuntos de indicadores que englobem aspec tos mais amplos das condições de vida como o acesso à educação e aos serviços de saúde a expectativa de vida a mobilidade e até as opor tunidades culturais Entretanto o mais comum é que a qualidade de vida se restrinja ao pa drão de bemestar material e seja indexada em termos de posse de bens e de acesso a confortos básicos Vários outros termos foram introduzidos no esforço para ir além desses índices sobretudo nestas últimas décadas do presente século de modo a incluir dimensões ambientais das con dições de vida como a exposição a várias for 635 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra Q Produção Textos Formas Para Ed Zahar mas de poluição e degradação do meio am biente substâncias químicas radiação lixos ruído etc O termo qualidade de vida é facil mente o mais usado É freqüentemente contra posto a padrão de vida com o intuito explícito de sublinhar que existe na vida muito mais que a mera acumulação de bens materiais Nesse papel o seu significado positivo em oposição às críticas dos limites da perspectiva econômi ca permanece muito aberto e sem restrições previamente estabelecidas Em alguns países o termo foi associado a certos movimentos polí ticos por exemplo as campanhas contra os excessos da SOCIEDADE DE CONSUMO em outros significa a ênfase de grupos religiosos em ques tões espirituais etc Apesar desse campo propí cio ao equívoco e ao malentendido tem havido um trabalho substancial no desenvolvimento de conjuntos mais amplos de indicadores sociais e ambientais que possam captar uma visão abran gente das maneiras de viver das pessoas As questões que preocupam os estudos convencio nais do padrão de vida ainda estão represen tadas em tais compilações porquanto não dimi nuiu a importância fundamental do bemestar material em nossas vidas Algumas das preocu pações mais novas como os danos do meio ambiente também podem muito bem ter um impacto sobre o bemestar material a longo prazo e muitas delas podem levarnos a repen sar uma leitura simplista dos dados quantitati vos a qual indica que ter mais de uma merca doria por exemplo vários automóveis é ne cessariamente melhor Leitura sugerida Ekins P e MarxNeef M orgs 1992 RealLife Economics Miles I 1985 Social In dicators for Human Development Moll Peter 1991 From Scarcity to Sustainability Future Studies and the Environment IAN D MILES Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra Q Produção Textos Formas Para Ed Zahar 636 qualidade de vida R raça Este conceito tal como tem sido popu larmente usado em política teve profundos efeitos na história mundial recente Os nacio nalsocialistas na Alemanha acreditavam na existência de uma raça superior ariana assim como na existência de raças inferiores Também consideravam os judeus uma raça e se empe nharam na tentativa de exterminálos Na Áfri ca do Sul em tempos recentes o domínio polí tico dos brancos era justificado em termos de uma doutrina de superioridade racial deles so bre os negros Em muitos outros países houve evoluções semelhantes ainda que menos dra máticas em que a luta entre grupos étnicos propiciou o surgimento de teorias segundo as quais esses grupos são raças A implicação do uso do termo raça em todos esses casos é que as desigualdades efetivas existentes entre gru pos são inevitáveis porque são naturalmente dadas Tais concepções contudo estão em con flito com o conhecimento científico Em 1950 a Unesco convocou uma reunião de especialistas a fim de proceder a uma reca pitulação de tudo o que era cientificamente conhecido sobre raças e indicar como o termo raça deveria ser usado de modo científico ver Montagu 1972 Essa comissão de especialis tas chegou às seguintes conclusões 1 Todos os seres humanos pertencem à mesma espécie Homo sapiens também são provavelmente originários do mes mo tronco As diferenças que existem entre grupos de seres humanos se devem ao isolamento à deriva e à fixação alea tória de partículas materiais que con trolam a hereditariedade os genes a mudanças na estrutura dessas partículas à hibridização e à seleção natural 2 O Homo sapiens é constituído por certo número de populações cada uma das quais diferindo das outras na freqüência da ocorrência de um ou mais genes 3 As maiores populações distinguíveis fo ram designadas como raças e há razoável concordância entre os antropólogos em que a humanidade pode ser dividida em três grupos principais a o mongolóide b o negróide e c o caucasóide Os mongolóides têm cabelo escorrido e pê los corporais relativamente ralos A pele tem um tom amarelado e na maioria dos casos há uma dobra de pele dobra epi cântica acima da abertura do olho Os negróides têm pele castanhoescura O cabelo é do tipo crespo e densamente encaracolado Possuem bem poucos pê los corporais Suas cabeças tendem a ser oblongas o nariz é freqüentemente acha tado com narinas largas os lábios são usualmente espessos e revirados e há uma ligeira projeção para diante do ma xilar superior Os caucasóides têm gran de variedade de formas capilares Os pê los no rosto e por todo o corpo são bem desenvolvidos A cor da pele varia do branco ao castanhoclaro O nariz é es treito e os lábios delgados 4 Dentro desses grupos principais podem distinguirse muitos subgrupos mas há muito menos concordância entre os an tropólogos sobre as suas características específicas 5 Ao estabelecerem essas classificações as únicas características que os antropó logos usam como base para a classifica ção são físicas e fisiológicas De acordo com os conhecimentos atuais não há prova de que os grupos humanos difiram em suas características mentais inatas tanto no que se refere à inteligência quan to no que diz respeito ao temperamento 6 As diferenças sociais e culturais entre os grupos não são geneticamente determi nadas e os desenvolvimentos sociais e 637 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar culturais são independentes de mudanças na constituição inata 7 Os diferentes grupos raciais são capazes de cruzamentos entre si e de produzir proles férteis Além disso não há provas de que os cruzamentos interraciais pro duzam resultados adversos do ponto de vista biológico Entretanto a conclusão final e de suma im portância é enunciada nos seguintes termos Todos os seres humanos normais são ca pazes de aprender a participar de uma vida comum de entender a natureza do serviço mú tuo e da reciprocidade e de respeitar obrigações e contratos sociais As diferenças biológicas existentes entre membros de diferentes grupos étnicos não têm a menor relevância para os problemas de organização social e política vida moral e comunicação entre os seres humanos in Montagu 1972 Está muito claro portanto que não existe justificação alguma na ciência biológica para o uso popular do termo raça Não devemos falar de alemães franceses e britânicos ou de árabes e judeus ou de protestantes muçul manos ou israelitas como raças Tratase de fato de grupos nacionais étnicos ou religiosos ver ETNICIDADE ligados pela organização polí tica e a cultura comum Não obstante mesmo que não tenha jus tificação a existência do uso popular do termo raça suscita problemas para o sociólogo Há uma diferença entre as situações em que grupos étnicos e nacionais simplesmente interatuam uns com outros e aquelas em que essa interação é vista como racial Nessas últimas situações está presente um elemento de RACISMO Numerosos sociólogos têm procurado expli car o uso popular do termo raça e a existência de racismo definindo relações raciais ou situa ções de relacionamento racial O primeiro deles é van den Berghe 1978 que vê as relações raciais como uma das bases em que os sistemas sociais fazem distinções odiosas entre indivíduos Es sas distinções odiosas e injustas levam ao sur gimento dos sistemas de status As relações raciais existem onde as distinções odiosas se baseiam em diferenças de fenótipo aparência física Rex 1983 1986 por outro lado aponta que uma situação de relações raciais pode ocorrer não apenas entre grupos que se distinguem pelo fenótipo mas entre quaisquer grupos em certas situações de conflito se as diferenças forem explicadas em função de teorias racistas As sim ele sustenta que uma situação de relações raciais tem três aspectos 1 a situação é de acirrada competição ex ploração opressão ou discriminação in do muito além da que se observa em situações de livre mercado sendo os li vres mercados vistos aqui como produ tores de situações de relacionamento mais de classe do que de raça 2 as relações que existem são entre grupos fechados e é impossível ou pelos menos muito difícil para um indivíduo mudar sua filiação de um grupo para outro 3 todo o sistema é justificado por grupos dominantes em termos de algum gênero de teoria determinística usualmente de natureza biológica Assinalese neste ponto que tanto na defini ção das espécies de grupos envolvidos quanto nas teorias a que se refere na terceira parte Rex não se restringe aos fatores genotípicos ou mes mo biológicos O que ele procura fazer é en fatizar que as teorias determinísticas e em especial as teorias racistas do gênero biológico surgem quando o relacionamento do grupo bá sico é seriamente conflitante Isso chama a aten ção para um importante aspecto do uso popular do termo raça a saber que ele surge em situações de conflito e é usado para justificar o domínio exercido por um determinado grupo Essa definição de uma situação de relações raciais envolve contudo uma ênfase delibera damente exagerada a fim de reunir todas as numerosas espécies de situação que popular mente se pensa estarem baseadas em raça In clui a situação dos judeus na Alemanha antes da guerra e a que prevalece entre católicos e protes tantes na Irlanda do Norte não por aceitar que os grupos envolvidos sejam raças na acepção cien tífica mas porque eles são popularmente des critos por vezes como raças no último caso na própria Irlanda do Norte e as situações conflitan tes entre grupos distinguidos pelo fenótipo Esclarecido este aspecto porém e com o reconhecimento de que as situações de relacio namento racial envolvem sempre séria com petição conflito exploração opressão ou dis criminação a questão poderia não obstante ficar ainda mais clara se fosse reconhecido que podem estar envolvidos dois tipos de grupos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 638 raça um que se distingue por características cul turais O aspecto essencial sublinhado por Rex foi que as situações de relacionamento social sempre se referiam mais a situações de conflito do que de cooperação harmoniosa O ponto de vista geral entre os sociólogos porém seria que é proveitoso distinguir as situações em que o fenótipo está envolvido como as verdadeiras relações raciais e reconhecer uma categoria dis tinta de situações de conflito étnico Mas dito isso devese ainda mencionar que tanto as situações de relacionamento racial quanto as situações de relacionamento étnico podem ser justificadas por grupos dominantes em termos de teorias determinísticas incluindo as raciais O que o uso popular do termo raça faz é precisamente ampliar esse uso para incluir situações baseadas em diferenças culturais De um ponto de vista sociológico é importante reconhecer a existência de um grupo de situações conflitantes que é mar cado pelo racismo São situações de relaciona mento racial embora os grupos envolvidos não sejam em um sentido científico raças Em uma reunião mais recente de especialis tas convocada pela Unesco foi reconhecido que um dos principais tipos de situação propiciado ra de definições racistas é o que deriva do colonialismo as duas declarações da Unesco de 1953 e de 1967 in Montagu 1972 Tais definições são particularmente evidentes no que Furnivall 1939 e Smith 1963 denomina ram sociedades plurais Tais sociedades de acordo com Furnivall envolvem grupos cul turalmente distintos que só se reúnem no campo dos negócios de modo que enquanto as rela ções entre indivíduos dentro de qualquer grupo são harmoniosas e cooperativas as relações entre os grupos são brutais e opressivas Por outro lado segundo Smith cada grupo tem um quase completo sistema institucional em si mesmo mas a instituição política liga todos eles sob o domínio de um grupo São os gêneros de situações a que Rex se refere como sendo mar cadas por severa competição conflito explora ção opressão e discriminação e quase sempre dão origem a definições racistas que produzem situações de relacionamento racista Se o colonialismo é peculiarmente produtor de racismo não é porém a única circunstância sob a qual ele pode ocorrer Outra situação comum tem lugar quando sociedades com sis temas vigentes de classes e conflito de classes atraem imigrantes que ingressam na sociedade em condições menos favoráveis do que a mais baixa classe nativa Esses imigrantes podem então formar o que é por vezes chamado uma subclasse e ser submetidos a uma exploração e opressão mais severas do que a sofrida no mer cado de trabalho pelos trabalhadores do próprio país ver MIGRAÇÃO Com muita freqüência nessas circunstâncias os imigrantes podem ser definidos como racialmente diferentes pelos grupos dominantes Tais distinções podem ba searse no reconhecimento de diferenças físi cas mas também ocorrem quando as distinções são culturais assentes na falsa suposição de que as características mentais e culturais são biolo gicamente herdadas Finalmente há outras si tuações em que um grupo racial ou étnico não é uma subclasse mas desempenha um papel de pária impopular na sociedade como no caso clássico dos judeus na Europa medieval e dos comerciantes secundários indianos ou libane ses em sociedades coloniais Em épocas de tensão política econômica e social um desses grupos pode converterse em bode expiatório para os males da sociedade Se isso ocorrer mesmo que se trate de um grupo étnico e não de uma população racialmente distinta ele po derá ficar sujeito a uma definição racista e a situação de bode expiatório se converte em uma situação de relacionamento racial conforme foi acima definido Foi isso que aconteceu no caso dos judeus europeus na Alemanha nazista Em suma o que se pode ser dito para a definição do termo raça é que corretamente usado em um sentido científico é um termo taxonômico de limitada utilidade É irrelevante para a explicação de diferenças políticas entre seres humanos O uso popular de terminologia racista significa porém que existem muitas situações em que grupos física e culturalmente distinguíveis são definidos como raças e quan do tais definições são adotadas temos o que se pode chamar situações de relacionamento ra cial mesmo que os grupos envolvidos não se jam raça em um sentido científico Leitura sugerida Furnivall John Sydenham 1939 Netherlands India a Study of Plural Economy Mon tagu Ashley 1972 Statement on Race Rex J 1983 Rare Relations in Sociological Theory Ο 1986 Race and Ethnicity Smith Michael Garfield 1963 The Plu ral Society in the British West Indies van den Berghe Pierre Louis 1978 Race and Racism a Comparative Perspective JOHN REX Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar raça 639 racionalidade e razão Os pensadores do Ilu minismo declararam que a mente e a sociedade humanas são tão racionais quanto as outras operações da natureza e tão sujeitas quanto estas à razão científica A história das ciências sociais poderia ser escrita como um interminá vel debate em torno da verdade dessa conjec tura Definições de racionalidade e de ra zão seriam parte do debate e portanto não podem ser proveitosamente apresentadas no início deste verbete A conjectura é racionalista em três sen tidos muito diferentes Em primeiro lugar en volve uma ampla asserção a de que a natureza é um sistema racional no sentido de ordenado de causas e efeitos regido por leis que um método científico Razão pode descobrir Seja qual for o processo exato pelo qual essa causa lidade é construída ele exclui o significado e o propósito das operações da natureza e absolve a ciência de pensar nesses termos mais antigos acerca dos desígnios de Deus Também exclui o acaso mas há campo para um relutante meio termo através da teoria da probabilidade a qual permite um elemento limitado de imprevisi bilidade O positivismo como o termo é usa do nas ciências sociais aplica essa ampla filo sofia da natureza e da ciência ao mundo social Aos filósofos porém positivismo sugere positivismo lógico uma forma bemdefinida de empirismo e por conseguinte oposta ao racionalismo Nesse segundo sentido os racio nalistas pensam as leis causais em termos de forças e necessidades ocultas no espírito dos sistemas cartesiano e newtoniano do século XVII A razão é o poder da mente de penetrar no véu da percepção e o seu modelo é a mate mática Os empiristas replicam que a observa ção o experimento e as generalizações estatís ticas fornecem as únicas garantias da ciência e por conseguinte as leis causais são projeções da experiência sustentadas pela experiência Essa disputa prossegue nas ciências sociais com em termos gerais as abordagens sis têmicas estruturais e fortemente funcionais do lado racionalista e os enfoques comportamen tais e estatísticos do lado empirista Analisese porém ser possível discordar de ambas as par tes Por exemplo Quine ver a título ilustrativo 1951 afirmou que a experiência não pode ser descrita sem invocar uma teoria prévia e que o modo como a teia teórica é tecida é uma questão de convenção A afirmação de Kuhn 1962 de que o pensamento científico é governado por paradigmas sugere um tema semelhante para uma sociologia do conhecimento Em terceiro lugar há um racionalismo que se baseia na suposição de que o comportamento humano é racional O principal exemplo é o da microeconomia em que os agentes são racio nais na medida em que calculam sempre o modo mais eficaz de satisfazer suas preferên cias Eles são os maximizadores da utilidade na teoria da decisão na teoria da escolha racional e na teoria dos jogos agentes cuja racionalidade é de uma espécie instrumental meiospara dadosfins Agir racionalmente é maximizar uma função objetiva sujeita a coações A supo sição de racionalidade é freqüentemente in terpretada como se indicasse que os agentes são egoístas preocupados com seus interesses pes soais Entretanto isso apenas significa estrita mente que eles buscam realizar seus próprios objetivos de um modo maximizador ou satis fatório sistemático deixando em aberto se são ou não egoístas ver ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA O poder e a elegância das teorias econômi cas baseadas em pressupostos de racionalidade têm atraído outras ciências sociais Existem teorias econômicas por exemplo da demo cracia das relações internacionais das relações raciais da doação de presentes da amizade e do casamento todas tratadas como transações en tre negociantes racionais Essas teorias são in dividualistas e em seu nível mais ambicioso tentam explicar o surgimento das instituições em cujo seio ocorrem as transações O mais impressionante exemplo é a teoria do contrato social rejuvenescida recentemente por Rawls 1971 a qual analisa o próprio ser da sociedade como normas que para os indivíduos é racional criar ou aceitar para sua vantagem mútua Alternativamente porém o comportamento humano pode ser considerado racional no sen tido diferente de se submeter às regras e proce dimentos institucionais Foi assim que Max Weber viu os sistemas racionaisjurídicos do mundo moderno e em especial as atividades dos burocratas Também suscita a sugestão re lativista de que toda cultura ou instituição é racional em seus próprios termos e deve por tanto ser entendida mediante a identificação de suas regras de dentro para fora Discussões sobre se se deve tomar a ação racional como instrumental ou governada por regras ou se se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 640 racionalidade e razão deve dar campo ou não para ambas as leituras estão notavelmente vivas em antropologia mas também se encontram em outras áreas mesmo na ciência econômica Sustentase usualmente que a leitura eco nômica é coerente com o positivismo e por conseguinte permite o comportamento inten cional nos seres humanos sem ameaçar a uni dade do método científico A outra leitura inicia uma disputa entre positivismo e hermenêutica ou interpretação como chave para o enten dimento da ação a qual desafia o alcance da explicação causal no mundo social Podese perceber um corte entre natureza e cultura e concomitantemente entre as ciências natu rais e as sociais Assim sendo a razão tem que estar vinculada à interpretação para a com preensão social Para um ponto de partida ver Weber 192122 sobre a adequação no nível do significado e a adequação causal As questões de método científico são distin tas das questões historicamente específicas so bre as formas e os limites da racionalidade humana tal como foram tratadas no século XX por exemplo pela psicanálise freudiana o com portamentalismo de BF Skinner a lingüística chomskyana ou os modelos computacionais da mente Talvez o mais vasto de todos seja o problema de Weber da modernidade e se a expansão da ordem racionaljurídica neces sária ao capitalismo pode sustentarse em um mundo totalmente secular Pode ser que apurar se a mente e a sociedade humanas são tão racionais quanto as outras operações da nature za dependa de os seres humanos as fazerem ou não assim um pensamento perturbador que coloca a discussão abstrata das definições de racionalidade e razão abruptamente no ter reno das realidades práticas Leitura sugerida Chomsky N 1966 Cartesian Lin guistics a Chapter in the History of Rationalist Thought Hollis M e Lukes S orgs 1982 Ratio nalism and Relativism Kuhn Thomas S 1962 1970 The Structure of Scientific Revolutions Quine WVO 1951 1963 Two dogmas of empiricism In From a Logical Point of View Rawls John 1971 A Theory of Justice Weber M 192122 1979 Econo my and Society Wilson BR org 1970 Rationality MARTIN HOLLIS racionalização É um conceito fartamente am bíguo englobando todo um mundo de coisas diferentes Weber 190405 A sua am bigüidade equiparase à dos conceitos afins de razão racionalidade e racionalismo da qual é reflexo ver RACIONALIDADE E RAZÃO Por causa dessa ambigüidade é impossível dar uma definição geral de racionalização Dois grupos de significado podem contudo ser iden tificados refletindo o que chamaríamos as con cepções especial e geral de racionalização Uma terceira concepção de racionalização sem vínculos com as duas primeiras não será aqui tratada a racionalização como explicação ou justificação falsa ou egoísta das crenças ou práticas de um indivíduo ou grupo A concepção especial de racionalização res trita ao domínio econômico desenvolveuse na Alemanha no final da década de 20 Raciona lização tornouse palavra de ordem muito po pular durante esses anos de recuperação e reor ganização econômicas espetaculares usada pa ra caracterizar e promover o desenvol vimento de novas instâncias de coordenação integração padronização e planejamento inter firmas por um lado e a sistemática exploração institucionalizada da pesquisa conhecimentos técnicas métodos e atitudes científicos na pro dução administração distribuição e finanças por outro Logo ficou claro porém que o que era racional de um ponto de vista poderia ser irracional de outro A racionalização técnica podia ser economicamente irracional a racio nalidade administrativa do planejamento coor denado podia ser irracional do ponto de vista da eficiência do mercado a racionalização orga nizacional para reprimir a capacidade excessiva podia ser socialmente irracional Talvez por causa dessa inevitável ambigüidade passou ra pidamente a voga da racionalização como ponto de convergência programática O termo foi adotado em outros países mas nunca teve a mesma aceitação de que desfrutava na Alema nha Em inglês o termo tem tido geralmente um significado mais estreito referindose so bretudo a mudanças organizacionais que visam reduzir a ineficiência o desperdício ou o exces so de capacidade A concepção geral de racionalização tem um quadro de referência mais amplo As forças de racionalização ciência e tecnologia mer cados e burocracias disciplina e autodisciplina são entendidas como algo que impregna todas as esferas da vida a cultura a sexualidade e a própria personalidade tanto quanto a produ ção a guerra o direito e a administração Essa ampla concepção civilizatória da racionaliza Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar racionalização 641 ção deve quase tudo a Weber cuja obra pode ser toda lida como uma tentativa de caracterizar e explicar em perspectiva histórica mundial o racionalismo específico e peculiar da moder na civilização ocidental 19045 Como Weber demonstrou em detalhe modos extremamente variados de racionalização têm existido em to das as esferas da vida e em todas as grandes civilizações Além disso em qualquer domínio que se aborde observamse modos concorren tes de racionalização orientados para diferentes fins e valores Por exemplo Weber sublinhou o racionalismo do confucionismo e do protestan tismo mas assinalou que o primeiro impunha o ajustamento racional ao mundo e o segundo o domínio racional do mundo Weber 1951 p248 O interesse de Weber portanto não era con trapor a racionalização no Ocidente à sua ausên cia alhures mas especificar e explicar o caráter distinto do modelo ocidental de racionalização Esse modelo distinto envolve seis processos sociais e culturais fundamentais e largamente ramificados 1 o desencanto e a intelectualização do mun do e a resultante tendência a ver o mundo como um mecanismo causal sujeito em princípio ao controle racional 2 o surgimento de um ethos de realização secular impessoal historicamente alicer çado na ética puritana da vocação 3 a crescente importância do conhecimen to técnico especializado em economia administração e educação 4 a objetificação e despersonalização do direito da economia e da organização política do estado e o conseqüente recru descimento da regularidade e da calcula bilidade da ação nesses domínios 5 o progressivo desenvolvimento dos meios tecnicamente racionais de contro le sobre o homem e a natureza e 6 a tendência ao deslocamento da orienta ção da ação tradicional e assente em va lores racionais wertrational para a ação puramente instrumental zweckrational Apesar de suas diferentes raízes históricas esses processos estão ligados pelo fato de todos eles favorecerem mais a racionalidade formal do que a substantiva Ou seja eles estimulam a calculabilidade da ação enquanto permanecem indiferentes aos seus fins ou valores informa tivos O que é específico e peculiar no modelo ocidental de racionalização é portanto o fato de o fim em função do qual a ordem social é racionalizada calculabilidade máxima não ser realmente um fim mas um meio gene ralizado que facilita indiscriminadamente a busca deliberada de todos os fins substantivos Em suas investigações do racionalismo e da racionalização Weber reformula em termos so ciológicos um problema pertencente original mente à filosofia da história Assim fazendo ele rompeu decisivamente com a fé do Iluminismo e com a de Hegel na realização da razão na história O sonho da razão apontou Weber poderia redundar em pesadelo a racionalização poderia engendrar um mundo sem significado sem caritas sem liberdade dominado por po derosas burocracias e pela jaula de ferro da economia capitalista É esse estado de espírito de pessimismo cultural representando por certo apenas um aspecto da resposta profun damente ambivalente de Weber ao moderno racionalismo ocidental que vai imbuir o subseqüente desenvolvimento da concepção geral de racionalização na obra de Max Hork heimer e Theodor Adorno Mais recentemente Jürgen Habermas empreendeu uma reconstru ção sistemática das noções de racionalidade e racionalização visando ligar a preocupação fi losófica normativa com a razão e a preocupação históricosociológica empírica com a raciona lização Baseando essa reconstrução na distin ção entre racionalidade cognitivoinstrumental e racionalidade comunicativa Habermas chega a uma avaliação mais diferenciada e menos pessimista do curso da racionalização oci dental do que a dos teóricos da ESCOLA DE FRANKFURT embora retendo e ampliando a crí tica por eles feita à razão instrumental Ver também MODERNIZAÇÃO REVOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA Leitura sugerida Brandy R 1933 The Rationaliza tion Movement in German Industry Brubaker R 1984 The Limits of Rationality an Essay on the Social and Moral Thouhgt of Max Weber Habermas J 1981 1984 1989 The Theory of Communicative Action 2 vols Horkheimer Max 1947 The Eclipse of Reason Levine DN 1985 Rationality and freedom in veterate multivolcals In The Fight from Ambiguity Essays in Social and Cultural Theory Weber Max 192122 1978 Economy and Society org por G Roth e C Wittich Ο 1920 1946 From Max Weber Essays in Sociology WILLIAM ROGERS BRUBAKER Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 642 racionalização racismo Qualquer conjunto de crenças que classifique a humanidade em coletividades dis tintas definidas em função de atributos naturais eou culturais e que organize esses atributos em uma hierarquia de superioridade e inferiori dade pode ser descrita como racista Sob con dições sociais e políticas que lhes sejam favo ráveis essas crenças são associadas a conjuntos de práticas e instituições discriminatórias que favorecem determinada coletividade em detri mento de outra de acordo com a suposta dife rença e superioridade O racismo é uma noção européia que en trou em uso na década de 30 para designar as crenças e práticas do regime nazista da Alema nha baseadas na suposta superioridade da raça ariana na importância da pureza racial e na conseqüente política de purificação que cul minou nos horrores do Holocausto ver ANTI SEMITISMO NACIONALSOCIALISMO Nesse caso o racismo era dirigido principalmente mas não exclusivamente contra os judeus As idéias subentendidas nessa hostilidade formaram um sistema de classificação de raças na base de constituições biológicas supostamente distin tas as quais por sua vez estavam ligadas a distintas qualidades morais e culturais Sub seqüentemente o racismo foi generalizado para designar outras idéias sobre diferenças sistemáticas de superioridadeinferioridade en tre grupos mais comumente as que dizem res peito às relações entre brancos e negros na África do Sul Estados Unidos e Europa Oci dental O racismo é claro está ligado à noção de RAÇA como princípio de classificação da huma nidade Essa noção tem sido altamente variável em conteúdo de acordo com os contextos polí ticos e culturais de seu uso Nos períodos mais antigos da história européia anteriores ao sécu lo XVIII raça referiase geralmente à es tirpe nacional digamos os franceses distintos dos ingleses uns e outros tendo atributos cos tumes e tradições próprios Só se pode falar de racismo nesse contexto em termos gerais e vagos de orgulho nacional Sobrepondose a essa diferenciação entre nações européias havia a distinção na base da religião entre o cristão e o pagão O principal adversário nãocristão era o mundo do islã Como tal os estereótipos negativos de outros eram formulados na base da diferença religiosa e dos pressupostos de superioridade e inferioridade moral e cultural resultantes dessa diferença Entretanto a principal noção moderna de raça desenvolveuse nos séculos XVII e XIX baseada na idéia de tipos de humanidade biolo gicamente distintos Os exploradores geográfi cos e europeus e depois a expansão colonial aumentaram a curiosidade e o interesse por povos diferentes O período ulterior dessa ex pansão coincidiu com a intensificação da ativi dade científica e o crescente prestígio da ciên cia Sistemas de classificação e mais tarde teorias da evolução marcaram as ciências bio lógicas A classificação de raças humanas foi vista como uma extensão desse esforço cien tífico Com base nos critérios de classificação desenvolveramse categorias ordenadas em uma escala de superioridadeinferioridade em que os europeus naturalmente se viam como superiores As classificações porém não para ram por aí e acabaram se estendendo ao interior das diferentes nações européias Por exemplo o estereótipo negativo do irlandês na Inglaterra do século XIX foi incorporado nessa classifica ção racista de diferença e atribuição de in ferioridade Foi essa idéia biológica de hierarquia racial que animou o ímpeto racista do nazismo e do fascismo na Europa nas décadas de 20 e 30 As atrocidades cometidas por esses regimes de acordo com a orientação de suas ideologias racistas alertaram o mundo liberal para os peri gos dessas crenças e como vimos levaram à formulação do próprio conceito de racismo Depois da derrota nazista a opinião do mundo liberal preocupouse em garantir que esses con ceitos nunca mais voltariam a ser empregados para fins políticos Com esse propósito durante as décadas de 50 e 60 a Unesco tomou a inicia tiva de realizar quatro reuniões de cientistas eminentes da biologia e ciências sociais para que se pronunciassem sobre o status científico do conceito de raça As suas conclusões fo ram pela inexistência de base científica para as teorias raciais Essa posição foi facilitada pelos desenvolvimentos da ciência biológica espe cialmente da genética em função dos quais as classificações baseadas em características fe notípicas como a cor da pele são arbitrárias Montagu 1972 As reações aos horrores nazistas conver teram o racismo em um estigma de reprova ção moral e política O quase consenso da opi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar racismo 643 nião científica sobre a invalidade do conceito de raça abalou a credibilidade assim como a respeitabilidade das teorias e crenças racistas Para alguns autores que trataram do tema isso significou o fim do racismo biológico e portan to do racismo como tal mas não do etnocen trismo Banton 1970 p312 Outros discor daram dessa conclusão Miles 1989 p428 Em primeiro lugar a extinção de classificações biológicas nos níveis intelectual e oficial não acarretou seu desaparecimento nos níveis da cultura popular e dos conhecimentos ditados pelo senso comum Em segundo lugar o ra cismo biológico não é a única forma possível existem muitas crenças e ideologias no mundo moderno que classificam pessoas e as avaliam na base de diferenças culturais e étnicas Sus tentase que essas crenças funcionam de manei ras semelhantes às crenças biológicas se a hos tilidade aos judeus e aos negros se baseia na crença em sua inferioridade biológica ou em sua inferioridade étnicocultural pouca dife rença faz Com efeito os termos raça e relações raciais continuam gozando de am pla aceitação Por outro lado afirmouse que esse uso mais amplo de racismo não o distingue de etnocentrismo ou até mesmo de nacionalismo A discussão gravita pois em torno de uma escolha de definições bem como da necessidade de se distinguir entre conceitos estreitamente relacionados e em todo caso fluidos Um importante contexto sociopolítico para a atuação de idéias racistas é constituído atual mente pelas sociedades da Europa Ocidental que contêm comunidades afroantilhanas asiá ticas norteafricanas e do Sul da Europa origi nadas pelas ondas de mãodeobra migrante na história recente Conflitos políticos e tensões comunitárias em torno desse fenômeno expuse ram uma vasta gama de idéias racistas Dadas as conotações política e moralmente negativas do racismo apenas alguns grupos de extrema direita geralmente desacreditados reconhece riam ser racistas A maioria das formas de hostilidade ou discriminação contra esses gru pos étnicos são disfarçadas ou encobertas so bretudo quando praticadas por governos e or ganismos oficiais Um bom exemplo são os controles britânicos de imigração notoriamen te considerados racistas em seus efeitos mas que não obstante não usam categorias raciais ou étnicas explícitas em suas especificações legais ou administrativas Sem embargo uma nova forma de idéias explícitas sobre relações raciais que alguns consideram racistas está sendo cada vez mais expressa por setores res peitáveis da Nova Direita Essas idéias afir mam a propensão comum das pessoas a preferir o intercurso com as de sua própria espécie o que é definido em termos culturais e nacionais Seguese que é desejável segregar cultural e etnicamente diferentes populações nos inte resses da paz e da harmonia Os proponentes dessas idéias negariam peremptoriamente que são racistas classificam diferenças de humani dade mas sem afirmar a superioridade ou in ferioridade de diferentes categorias meramen te a conveniência de sua segregação Foram essas contudo as justificativas explícitas para o apartheid na África do Sul hoje universal mente condenado Explicações do racismo Por que sentimentos e ações hostis são diri gidos contra certos grupos sob condições par ticulares com base em sua suposta inferiorida de ou nocividade natural ou cultural Várias explicações têm sido propostas Explicações psicológicas Estas são estruturadas em função de padrões de reações emocionais por determinados tipos de personalidade qua lificados em um conjunto de estudos da década de 50 como a personalidade autoritária Adorno et al 1950 com efeito um tipo de psicopatologia gerado por certos padrões de experiências infantis Sejam quais forem os méritos dessa explicação ela não pode explicar situações como a da Alemanha nazista em que toda uma cultura política a qual deve incluir muitos tipos diferentes de personalidade é ori entada para levar a efeito violentas campanhas racistas Explicações em termos de tensões sociais Neste ca so a idéia é que o racismo deriva de deter minados conflitos e tensões sociais que geram a necessidade de bodes expiatórios As frus trações sociais levam à agressão generalizada a qual não pode ser dirigida contra as fontes de frustração porque estas são poderosas demais ou não são claramente identificáveis A agres são é então dirigida contra grupos minoritários vulneráveis acusados de responsáveis por ma les econômicos e sociais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 644 racismo Explicações estruturais Se certos grupos mino ritários estão regularmente sob ataque em toda uma gama de diferentes situações então afir mase devem existir processos sociais sistemá ticos que ativem e institucionalizem esses sen timentos e ações A inferiorização de comuni dades negras e asiáticas nos Estados Unidos e na Europa Ocidental sublinhase é o produto de uma longa história de dominação européia primeiro em situações coloniais em que as po pulações nativas eram exploradas depois nos próprios países metropolitanos para onde elas foram importadas como conveniente mãode obra por vezes como escravos e mais recen temente como mãodeobra migrante barata A frágil posição econômica e política dessas mi norias tornaas vulneráveis à categorização ra cial e à situação de bodes expiatórios Isso serviria portanto para legitimar sua exploração e desvantagem na sociedade dominante Os críticos dessa linha de pensamento enfatiza ram que os grupos em questão não constituem categorias econômicas ou sociais uniformes mas ocupam posições variadas que vão desde os trabalhadores mal pagos até prósperos ho mens de negócios que são por vezes os pa trões e senhorios dos indivíduos mais pobres Uma análise mais complexa do racismo combinando classe com fatores comunitá rios é advogada por alguns autores para uma exposição dessas questões ver Miles 1982 1989 Um exame da ampla e variada gama de situações históricas e modernas do racismo in dicaria que não se trata de um fenômeno unifor me suscetível de uma explicação comum Exis tem muitos e diferentes fenômenos de racismo caracterizados pelos fatores sócioeconômicos e culturais dos quais formam uma parte As explicações do racismo devem resultar da aná lise de cada situação Leitura sugerida Adam Heribert 1971 Modernizing Racial Domination Banton M 1987 Racial Theories Benedict R 1983 Race and Racism Castles S Booth H e Wallace T 1984 Here for Good Western Europes New Ethnic Minorities Fanon Frantz 1961 1983 The Wretched of the Earth Husband C org 1982 Race In Britain Continuity and Change Miles R 1982 Racism and Migrant Labour a Critical Text Ο 1989 Racism Mosse George L 1978 Toward the Final Solution a History of European Racism Rex J 1983 Race Relations in Sociological Theory Zubaida S 1970 Race and Racialism SAMI ZUBAIDA radicalismo A palavra é de origem latina e significa literalmente de ou pertencente a uma raiz ou a raízes Não surpreende que o seu significado tenha sido ampliado para aludir ao que é central essencial fundamental primário ou à fonte e origem de qualquer fenômeno Coerentemente com essa ampla conotação a palavra adquiriu significados técnicos em ma temática geometria filologia música botânica e química A palavra e seus derivados passaram a ser aplicados também em política ao que era per cebido como reformas de grande alcance e de natureza fundamental aos que as desejavam e à sua defesa como sistema de crenças mais ou menos ordenado Esse uso originouse na polí tica inglesa em fins do século XVIII e começos de XIX durante a efervescência provocada pela Revolução Francesa e se tornou mais tarde proeminente também na França No início o radicalismo referiase unicamente à esquerda política ou seja a propostas programas e ideo logias que defendiam mudanças nas institui ções e práticas vigentes a própria distinção esquerdadireita teve origem na política da Re volução Francesa Radical pode ser usado para caracterizar o conteúdo das mudanças desejadas ou os mé todos recomendados para realizálas métodos que se considera irem muito além das normas convencionais que regulam o conflito político ou ambas as coisas em combinação contem plando uma transformação totalística da or dem política ou social a ser obtida através da luta armada ou a REVOLUÇÃO violenta Nesse sentido radical distinguese de moderado convencional e até de legal termos que também podem ser aplicados aos fins e aos meios adotados por um movimento político Portanto falta ao radicalismo um conteúdo substantivo específico Descreve uma proprie dade abstrata de uma crença ou programa a de se opor e desejar substituir características de uma origem vigente que são vistas como cen trais e até definitivas Radicalismo assemelhase a rótulos polí ticos como esquerda direita conserva dor progressista na medida em que iden tifica um ponto de vista político somente por sua atitude em face de mudanças ou sua relação com outras posições políticas Radicalismo in dica um compromisso mais extremo absoluto e intransigente além disso é abrangente en Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar radicalismo 645 globando grande número de questões concretas na órbita de sua condenação ou adesão Assim entendido o radicalismo situase em contras te com rótulos como liberalismo socialis mo comunismo ou anarquismo os quais possuem um conteúdo definido apontando para concepções substantivas de uma ordem política ou social desejável por mais distorcidas e am bíguas que essas concepções possam ter ficado no decorrer de quase dois séculos de contesta ção política a respeito do seu significado Uma vez que radical como rótulo é vazio não trans mitindo qualquer imagem concreta da ordem institucional que procura instaurar enquanto que simultaneamente indica a rejeição extre ma da ordem existente seja ela qual for rara mente foi adotado como nome autosuficiente por partidos e movimentos desejosos de poder Nisso difere de outros rótulos para todos os fins igualmente nãoespecíficos como progressis ta populista ou democrático o primeiro indicando não mais que uma predisposição ge ral para a mudança os outros dois meramente refletindo a vontade do povo ou de uma maio ria Esses termos são com freqüência os favo ritos de partidos em busca de votos na política democrática precisamente por causa de sua vacuidade e capacidade de significar todas as coisas para todas as pessoas ao passo que nuan ças tanto de extremismo quanto de elitismo aderem inevitavelmente ao radicalismo exce to talvez em tempos de crise social aguda Não obstante o Partido Radical mais tarde Partido Socialista Radical foi o principal par tido político da Terceira República francesa e sobreviveu até a Quarta República Partidos semelhantes com o mesmo nome e o mesmo ponto de vista existiram em muitos países eu ropeus menores na primeira metade do presente século Os radicais franceses reivindicaram pa ra si a herança jacobina do REPUBLICANISMO Eram fortemente anticlericais opostos às elites conservadoras tradicionais e também ao capita lismo em grande escala e ao coletivismo socia lista Embora constituíssem basicamente um partido conservador na década de 20 os radi cais franceses participaram do governo de es querda da Frente Popular em 19367 Apesar de sua restrição original à esquerda certas tendências políticas que não são em sentido algum esquerdistas foram também des critas como radicais em reconhecimento da ver dade da sentença segundo a qual les extrèmes se touchent os extremos se tocam Movi mentos reacionários ou de direita assemelha ramse ocasionalmente à esquerda revolucioná ria em sua vigorosa rejeição do status quo sua disposição de favorecer novos métodos de avanço político até mesmo extralegais e sua inclinação para ver os seus projetos políticos como expressões de ideologias ou Weltans chauungen universais que se propõem explicar a natureza a sociedade e a história humanas Os movimentos fascistas do entreguerras foram chamados radicais o que não surpreende uma vez que adotaram por modelo em grande parte os movimentos de massa da esquerda radical e foram freqüentemente liderados por renegados esquerdistas O termo direita radical entrou em uso na década de 50 quando foi aplicado por numerosos e bemconhecidos sociólogos políticos e intelectuais americanos ao macartis mo a exploração indiscriminada pela ala conservadora e isolacionista do Partido Repu blicano do sentimento anticomunista como ar ma contra os democratas no poder e contra a esquerda em geral Quando foi citada por Seymour Martin Lip set a expressão direita radical possuía a res sonância de um oxímoro Ela refletia porém o sentimento geral antes e imediatamente depois da Segunda Guerra Mundial de que movimen tos como o fascismo e o comunismo e até reflexos mais pálidos deles como a tendência macartista nos Estados Unidos tinham traços comuns que transcendiam as normais divi sões de interesses esquerdadireita da política democrática Portanto o radicalismo passou a simbolizar certo estilo de política que se carac teriza por imagens extremas e conspiratórias do inimigo e pela disposição de recorrer a métodos nãodemocráticos de conflito político e a outros de discutível legalidade Depois da década de 50 as mais antigas implicações basicamente esquerdistas do ra dicalismo foram restabelecidas Com efeito era o objetivo dos movimentos da NOVA ESQUER DA nas principais democracias ocidentais rein tegrar a divisão esquerdadireita como o eixo principal do conflito político e expurgar o rótulo radical das implicações totalitárias que ele adquirira na era fascista e no início da Guerra Fria No final da década de 80 contudo o colapso do comunismo voltou uma vez mais a dar ao termo um caráter ambíguo pois alguns dos adversários do domínio comunista na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 646 radicalismo União Soviética e na Europa Central foram freqüentemente descritos e se descreveram como radicais ou esquerdistas embora desejassem estabelecer em seus próprios países governos democráticos e economias de merca do capitalistas de acordo com o modelo ociden tal Apesar de sua natureza abstrata e formal a tendência do radicalismo foi sempre a de adqui rir certa coloração ideológica proveniente dos principais eventos históricos de um período O seu significado em uso por conseguinte sem pre foi propenso a ser altamente relativo e de pendente do contexto Leitura sugerida Bell Daniel org 1963 The Radical Right Lasky MJ 1976 Utopia and Revolution Lipset SM 1960 1981 Political Man ed ampliada Mannheim Karl 1929 1960 Ideology and Utopia DENNIS H WRONG razão Ver RACIONALIDADE E RAZÃO realismo De modo geral o realismo em filosofia afirma a existência de alguma espécie controvertida de entidade como universais ob jetos materiais leis causais proposições nú meros probabilidades estrutura social fatos morais Mas os três tipos historicamente mais importantes de realismo são 1 realismo predicativo afirmando a exis tência de universais independentemente Platão ou como propriedades Aris tóteles de certas coisas materiais 2 realismo perceptivo afirmando a exis tência de objetos materiais no espaço e no tempo independentemente de sua percepção e 3 realismo científico afirmando a existên cia e a operação de objetos de investiga ção científica absoluta em sua maioria na ciência natural ou relativamente em sua maior parte na ciência social in dependentes da investigação ou de mo do mais geral da atividade humana O moderno realismo científico final do sé culo XX acarreta mas é irredutível a posições realistas em 1 e 2 Este verbete estará interes sado principalmente em 3 e na FILOSOFIA DA CIÊNCIA em geral Mas ver também FILOSOFIA DA CIÊNCIA SOCIAL NATURALISMO Mas na pri meira metade do século atual era 2 que estava em primeiro plano no debate filosófico Assim a virada do século assistiu ao início de uma reação aos idealismos reinantes na GrãBretanha especialmente na obra de GE Moore e por algum tempo Bertrand Russell e nos Estados Unidos na de William James Moore ao defender o realismo do senso co mum prefigurou o devastador ataque ao feno menalismo fornecido em meados de século pelo último Wittgenstein e pela Escola de Oxford de FILOSOFIA DA LINGUAGEM liderada principal mente por J Austin G Ryle e F Waismann Mas a forma teoricamente dominante de realis mo perceptivo na primeira metade do século era o realismo representativo o qual postulava uma cadeia causal entre objeto e produto mental da percepção mediada pela sensação ou sensa em virtude da qual alguns produtos mentais da percepção percepts eram como os seus obje tos Isso sofria do defeito de ser inverificável uma vez que no realismo representativo não havia como objeto e produto mental da percep ção poderem ser diretamente comparados Por essa razão a epistemologia dominante o POSI TIVISMO era normalmente formulada em termos fenomenalistas ou seja os objetos materiais eram analisados como dados sensoriais reais ou possíveis embora recebesse ocasionalmen te declinações fisicalistas por exemplo por O Neurath ou operacionalistas por exemplo por PW Bridgman O fenomenalismo contudo era pelo menos tão insustentável quanto o rea lismo representativo pois não havia outro mo do de definir os dados sensoriais a não ser em termos de objeto material Pareceme estar vendo ou Estou percebendo agora um elefante corderosa Uma saída para esse impasse parecia ter sido fornecida no entender de muitos realistas do final do século pela teoria da percepção ecológica de JJ Gibson e sua escola De acordo com essa teoria os seres humanos eram organismos que procuravam ati vamente invariantes como recursos propor cionados por exemplo este queijo como co mestível em seu meio ambiente Muitos sau daram isso como um revolução darwiniana em 2 O moderno realismo científico separase da crítica do positivismo lógico dos anos 20 e 30 que constituiu a base da noção admitida de ciência até o final dos anos 60 Um dos primei ros ataques decisivos contra isso foi desen cadeado por WVO Quine que criticou as dis tinções canônicas analíticoempírico e teo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar realismo 647 riafato para uma concepção holística do co nhecimento como com efeito um campo de força cujas condições limítrofes são a experiên cia Apoiandose nisso Mary Hesse e outros afirmavam que a linguagem científica deve ser vista como um sistema dinâmico em constante crescimento por força da extensão metafórica da linguagem natural Os predicados obser vacionais não são isomorfos de objetos físicos sensuais ou instrumentais mas nós que pren dem a rede ao mundo objetal de maneira mutá vel e dependente da teoria Isso foi poderosamente reforçado por uma crescente consciência induzida pela obra de Karl Popper TS Kuhn I Lakatos PK Feye rabend e na França G Bachelard e A Koyré da realidade da mudança científica As teorias eram construções sociais oferecendo descri ções e explicações rivais de um mundo in dependente da teoria Rom Harré invocando a tradição de W Whewell e NR Campbell cha mou a atenção para o papel de modelos no crescimento da teoria Entidades e processos teóricos inicialmente postulados de modo imaginativo como explicações plausíveis de fenômenos observados puderam vir a ser es tabelecidos como reais através da construção de equipamentos de extensão sensorial ou de ins trumentos de detecção dos efeitos dos fenôme nos teóricos nesse último caso invocando um critério causal para atribuição de realidade Tudo isso apontou fortemente um realismo teórico vertical o qual veio a ser corroborado pelas teses lingüísticas de Saul Kripke e H Putnam segundo as quais o uso de termos de espécie natural como ouro e água pres supõe que essas substâncias tenham essências reais embora não necessariamente do nosso conhecimento Pouco depois Roy Bhaskar apresentou em seu sistema de realismo transcendental ou crí tico um argumento favorável a um realismo transfactual ou nômico horizontal a par do realismo teórico já estabelecido Sustentou ele que é uma condição da possibilidade de ativi dade experimental e aplicada que os objetos de investigação científica leis causais mecanis mos gerativos coisas estruturadas não só exis tam mas atuem independentemente dessa ati vidade transfactualmente sem distinção al guma entre sistemas abertos e sistemas ex perimentalmente ou de algum outro modo fechados Tanto o realismo teórico quanto o transfactual envolvem o que um autor recente chamou na esteira de Mandelbaum de trans dição isto é a inferência para na prática e em princípio o inobservável Manicas 1987 p10 muitos saudaram isso como uma revolu ção copernicana em 3 Os argumentos para 3 podem ser divididos em três tipos gerais a argumentos transcen dentais decorrentes da possibilidade de práticas sociais especificadas como as de Bhaskar b argumentos indutivos decorrentes dos êxitos das ciências e c reductiones ad absurdum de posições irrealistas nãorealistas Um exem plo de b é o argumento de Putnam e Boyd de que o caráter cumulativo do crescimento cien tífico indica fortemente que as teorias são ten tativas falíveis de descrever estados e estru turas reais tal como se sucedem umas às outras a fim de fornecer melhores mais completas descrições de uma realidade independente da teoria Putnam 1978 p25 rejeita agora esse argumento baseandose na possibilidade de uma desastrosa metaindução resultante da falta de referência em alguns casos reais por exemplo o flogisto Hesse também o criticou com o fundamento de que a história da ciência não revela convergência Outro exemplo é o argumento de Harré e Aronson decorrente do resultado determinado de buscas de seres presumidos por hipótese para um realismo de orientação pragmática Exemplos de c são os paradoxos antinomias e aporias em que caem as filosofias irrealistas como é o caso do pro blema da indução ver CONHECIMENTO TEORIA DO Um tipo de problema pode ser especifica mente mencionado Se o realismo é transcen dental e axiologicamente necessário isso sig nifica que as explicações irrealistas pressupõem se na prática alguma ontologia e por conseguin te um ou outro tipo de realismo por exemplo um realismo empírico ou um realismo concei tual subjetivo ou objetivo Além disso se é necessária uma forma particular de realismo como o realismo transcendental isso indica que filosofias realmente geradas e historicamente eficazes adotarão sempre a forma de formações de compromisso internamente inconsistentes Nesse ponto a filosofia ao empreender sua crítica deve aliarse à sociologia do conheci mento empiricamente fundamentada Até data muito recente a maioria dos debates sobre realismo girou mais em torno da questão epistemológica da verdade do nosso conhe Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 648 realismo cimento do que da questão ontológica da reali dade de estruturas e coisas conforme foi defi nida no início deste verbete Mas os realistas críticos sustentaram que o realismo ontológico é compatível com o relativismo epistemológico e que este último não acarreta o relativismo judicativo Conhecemos o mesmo mundo mas sob descrições irredutivelmente históricas e melhores ou piores Uma palavra final sobre objetos sociais Bhaskar 1989 p47 afirmou que embora os processos do desenvolvimento do conhecimen to e seus objetos sejam causalmente interdepen dentes os últimos devem ainda ser vistos como existencialmente intransitivos pelo que o rea lismo nessa acepção modificada se apresenta como condição a priori de qualquer investiga ção independentemente do domínio Assim ele aplicase por exemplo até à dúvida car tesiana ibid p922 Leitura sugerida Bhaskar Roy 1986 Scientific Rea lism and Human Emancipation Gibson JJ 1966 The Senses Considered as Percentual Systems Harré Rom 1986 Varieties of Realism Hesse M 1974 The Structure of Scientific Inference Isaac J 1900 Rea lism and reality some realistic considerations Journal for the Theory of Social Behaviour 201 Outhwaite William 1900 Realism naturalism and social beha viour Journal for the Theory of Social Behaviour 204 Putnam H 1983 Philosophical Papers vol3 Quine WVO 1952 1963 From a Logical Point of View ROY BHASKAR reformismo Inicialmente um debate no seio do SOCIALISMO ocidental em fins do século XIX e começos do atual acerca dos métodos mais apropriados e desejáveis para se efetuar a trans formação do CAPITALISMO e a transição para o socialismo o reformismo adotou a idéia de um roteiro pacífico Como Karl Marx 181883 não tinha deixa do uma teoria clara ou peremptória explicando os processos sociais pelos quais o socialismo substitui o capitalismo foi inevitável a con trovérsia política Entretanto havia em linhas gerais dois pontos de vista opostos Os marxis tas ortodoxos como Rosa Luxemburgo 1871 1919 e Karl Kautsky 18541938 afirmavam que o capitalismo só poderia ser finalmente destruído por métodos revolucionários violen tos A revolução era necessária para o estabe lecimento da ditadura do proletariado a destrui ção do estado capitalista e o fim do direito burguês Luxemburgo apoiou a estratégia da greve de massa para desenvolver uma consciên cia revolucionária Os que adotaram o reformis mo como Eduard Bernstein 18501932 afir mavam que a transição para o socialismo podia ser conseguida por meios pacíficos por exem plo pela vitória eleitoral da classe operária organizada no seio da democracia liberal Depois da morte de Marx o MARXISMO tor nouse a ideologia oficial do Partido SocialDe mocrata SPD o qual representava a classe operária alemã Sob a influência de Bernstein a ala reformista do SPD aceitou gradualmente a posição de que uma crise da economia capi talista deixara de ser eminente ou inevitável e que poderia haver uma reforma evolutiva do capitalismo resultando no socialismo Berns tein publicou uma série de importantes artigos em Die Neue Zeit Sozialdemokrat e Justice na década de 1890 abordando os problemas gerais do socialismo Assinalou que como o capitalis mo se tornava um sistema social mais complexo e diferenciado as divisões de classe social ti nham ficado igualmente complexas Por con seguinte a probabilidade de uma violenta luta de classes entre capitalistas e trabalhadores se tornara mais remota As classes médias estavam prosperando o padrão de vida dos operários tinha melhorado e a classe dominante aceitava relutantemente o papel de uma oposição so cialista no sistema parlamentar Bernstein sus tentou que o marxismo era um conjunto de guias úteis mas probatórios para a ação e em vez de desempenhar um papel científico o so cialismo tinha de fornecer liderança moral para neutralizar os efeitos negativos das condições de fábrica sobre as vidas da classe operária Em suma o programa de Bernstein para a reforma social do sistema capitalista estava também associado ao REVISIONISMO pois rejeitava o de terminismo econômico A questão do reformismo que dominou os debates socialistas no período de 18901918 não está em absoluto resolvida Questões aná logas ressurgiram depois da Segunda Guerra Mundial na socialdemocracia e no euroco munismo A integração política e econômica da Europa produziu uma importante elevação nas rendas reais tornando assim cada vez mais remotas as possibilidades de insurreição ar mada contra o estado capitalista Em uma de mocracia liberal o comunismo só podia ganhar votos adotando uma estratégia mais reformista Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar reformismo 649 legalista e por conseguinte deslocandose para uma posição mais central Muitos cientistas sociais passaram a acreditar que o ABURGUESA MENTO dos trabalhadores os afastaria cada vez mais do socialismo O ESTADO DE BEMESTAR era uma alternativa à revolução pois transformava as relações de exploração entre capital e traba lho o operário já não se via diante da escolha entre fome e emprego A gradual desestalinização da Europa Ori ental as crises da Hungria e da Tchecos lováquia a cisão entre as versões chinesa e russa de socialismo e os problemas contínuos do planejamento econômico centralizado na década de 60 contribuíram para o surgimento da NOVA ESQUERDA a qual rejeitou a tradição da violência política revolucionária pela qual à classe operária caberia a responsabilidade ex clusiva de destruir o capitalismo através de um ataque direto A reforma progressiva do capi talismo exigiria de fato a participação de todos os grupos sociais oprimidos negros mu lheres e estudantes e não apenas dos traba lhadores militantes O evidente colapso das economias de co mando do bloco soviético a erosão da legitimi dade do Partido Comunista e a restauração da democracia multipartidária em 198990 trans formaram uma vez mais o caráter do debate político A idéia de que o capitalismo poderia ser destruído pela violência revolucionária deixou de estar em pauta Os reformadores sociais da Europa Oriental preferiram retornar à tarefa de recuperação da vitalidade da socie dade civil enquanto que no capitalismo ociden tal as tentativas de reforma da sociedade são freqüentemente enunciadas em termos de uma revitalização dos princípios liberais de CIDADA NIA como fundamento essencial dos direitos ao bemestar tais reformas deixaram de ser per cebidas como passos necessários no rumo do socialismo Entretanto os críticos do capitalis mo ainda continuam afirmando que as reformas fundamentais da sociedade em termos de saú de educação e bemestar não podem ser reali zadas sem um ataque radical à desigualdade subjacente de propriedade e poder que carac teriza o sistema de livre mercado Os críticos radicais afirmam que a expansão da cidadania e do bemestar é meramente uma cooptação da discordância e do nãoconformismo radical e que portanto o estado do bemestar não é de fato uma importante reforma da economia do laissezfaire Embora essas críticas sejam ob viamente contestadas é importante comparar diferentes modelos de reforma social pois há dentro do capitalismo consideráveis diferenças entre por exemplo a Suécia a GrãBretanha o Japão e os Estados Unidos em termos da relação entre desigualdade crescimento econômico e gastos com o bemestar Leitura sugerida Anderson P 1976 Considerations on Western Marxism Mann M 1988 Ruling class strategies and citizenship Sociology 21 33954 Ma ravall JM 1979 The limits of reformism parliamen tary socialism and the Marxist theory of the state British Journal of Sociology 30 26790 Marshall TH 1981 The Right to Welfare and Other Essays Schram SG e Turbett JP 1983 Civil disorder and the welfare explosion a twostep process American Sociological Review 48 40814 Tudor H e Tudor JM orgs 1988 Marxism and Social Democracy the Revisionist Debate 18961898 Turner Bryan S 1986 Citizenship and Capitalism the Debate over Reformism BRYAN S TURNER regionalismo Este termo é usado para in dicar um movimento sociopolítico inspirado pela cultura de determinada região e que tem por objetivo impedir que a identidade local venha a submergir na homogeneidade nacional assim como tornar a região mais independente do governo central O regionalismo é um fenômeno particular mente forte e recorrente nos países em que a formação do estadonação Tilly 1975 não obliterou diversas identidades culturais regio nais mas antes alimentou estratégias do go verno centralizado de reprimir ou subordinar essas identidades aos padrões nacionais unifor mes e unificados Os movimentos regionalistas são ampliados pelo relativo isolamento geográ fico como no caso de grandes ilhas como a Córsega e a Sardenha ou distritos montanhosos como a Savóia ou o vale de Aosta ou por específicos fatores religiosos Irlanda do Nor te Kossovo Azerbaijão socioculturais ou sócioétnicos Catalunha o País Basco Que bec ou étniconacionais os movimentos dos curdos ou armênios em vários países do Oriente Médio Em muitos casos em que há uma acumulação de condições de diversidade regional é difícil distinguir entre a identidade regional e um movimento nacional separatista sobretudo em nações que historicamente en globaram regiões com diferentes tradições reli Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 650 regionalismo giosas lingüísticas e culturais são exemplos o País Basco e sobretudo a maioria dos estados locais que formavam antes as repúblicas fede rais da Iugoslávia e da União Soviética Recen tes acontecimentos nestas últimas mostram co mo é difícil traçar uma linha divisória entre o regionalismo e o separatismo à parte os desen volvimentos históricos concretos que testemu nharam pelo menos nas repúblicas bálticas uma rápida transição do regionalismo para os movimentos separatistas nacionais Quando o conflito entre regionalismo e go vernos nacionais não adquire implicações sepa ratistas as organizações políticas regionalistas reivindicam como seu objetivo a devolução de amplos poderes governamentais a um nível in termediário entre o nível nacional de um lado e os níveis provincial e municipal de outro ver Rousseau e Zariski 1987 Os movimentos regionais são com freqüên cia ampliados também por acentuados dese quilíbrios resultantes do desenvolvimento eco nômico ver Holland 1967 Isso aplicase tan to a regiões menos desenvolvidas como a Itália meridional quanto às que são afetadas por forte crescimento econômico e acabam vendo o cen tralismo nacional como um limite às suas pró prias perspectivas de desenvolvimento como no caso da Eslovênia Períodos ou tendências altamente desequilibradas de desenvolvimento regional podem dar origem a casos de regiona lismo até mesmo em contextos em que a hete rogeneidade cultural é limitada como na Fran ça ou em que é forte a autonomia regional federativa como nos Estados Unidos ver tam bém FEDERALISMO Embora esse fenômeno traga mais freqüen temente à idéia os países industrializados tam bém é verificado em muitos países subdesen volvidos sobretudo na Ásia e na África Neles a formação de estadosnações sob a dominante influência do colonialismo levou à agregação de entidades locais extremamente diversas em frágeis estados centralizados continuamente assediados por dificuldades econômicas veja se por exemplo a Índia o Paquistão ou as Filipinas onde o mapa regional coincide com profundas divisões étnicas religiosas lingüís ticas e culturais Leitura sugerida Holland Stuart 1976 Capital ver sus the Regions Rousseau Mark O e Zariski Raphael 1987 Regionalism and Regional Devolution in Com parative Perspective Tilly C org 1975 The For mation of National States in Western Europe ENZO MINGIONE regulação A perspectiva da regulação para a análise do capitalismo contemporâneo deriva de um grupo díspar de marxistas franceses que escreveram em finais da década de 70 e começo da de 80 As economias são analisadas como combinações estruturais mais ou menos coesas de sistemas produtivos bissetoriais meios de produção e meios de consumo uma relação salarial uma relação monetária e uma estrutura bancária e uma relação estatal tudo isso envol vido por uma divisão internacional do trabalho de produção e finança Primordialmente a teoria da regulação iden tifica os regimes de acumulação como exten sivos ou intensivos e as formas de regulação como competitivas ou monopolísticas Essas distinções têm interpretações mais estreitas ou mais amplas Assim em uma interpretação es treita um regime extensivo de acumulação é aquele em que a acumulação não altera a tecno logia de produção pelo menos no setor de bens de consumo e em que o crescimento da produ tividade é lento ao passo que um regime inten sivo altera continuamente as organizações téc nica e social do trabalho em busca de um rápido crescimento da produtividade E ainda em uma interpretação estreita as formas de regulação referemse às práticas predominantes de forma ção de preços a livre flutuação de preços admi nistrados são características da forma monopo lística de regulação Interpretações mais amplas desses termos também são usadas para des crever a estrutura social como um todo Nessa base a história capitalista é periodi zada com especial ênfase nas mudanças que ocorrem na organização do trabalho e no modo como o sistema de salários facilita a realização de produtos de atividade laboral Assim desde meados do século XIX até 1914 temos um regime extensivo de acumulação com regula ção competitiva O período entre as guerras é uma fase de transição na qual uma organização do trabalho conhecida como administração científica ou taylorismo é generalizada nos Estados Unidos e parcialmente adotada na Eu ropa Além disso acontece a incorporação de forma embrionária de princípios tayloristas aos sistemas automáticos de produção conhecidos como fordismo Mas as rápidas taxas de cres Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar regulação 651 cimento da produtividade engendradas desse modo não foram estendidas ao poder de compra do salário cujo crescimento era comparativa mente modesto Daí as crises econômicas que caracterizaram o capitalismo mundial depois de 1929 não serem vistas em termos do conven cional ciclo de negócios mas antes como um colapso estrutural o desenvolvimento do re gime intensivo de acumulação não pôde es tabelecerse apropriadamente na base da regu lação competitiva mas exigiu uma política de regulação ativa da própria relação salarial Isso foi realizado pela reconstrução pós1945 e pelo prolongado boom subseqüente os métodos for distas de produção de massa puderam estabele cerse como a organização de trabalho prepon derante devido ao consumo de massa concedido à classe operária pela variedade de formas ins titucionais que constituem coletivamente a re gulação monopolística Particularmente impor tantes nesse ponto foram os acordos salariais coletivos apoiados pelas disposições atinentes à seguridade social e ao segurodesemprego do ESTADO DE BEMESTAR e pelo gigantesco recru descimento das intervenções econômicas do estado consideradas não tanto em termos de política de gastos públicos keynesiana mas sobretudo do gerenciamento monetário e da reprodução da força de trabalho Assim a acu mulação intensiva a generalização do fordismo na produção e a regulação monopolística a administração do consumo de massa através do estabelecimento do estado de bemestar e da incorporação parcial dos sindicatos à gerência econômica caracterizam a idade de ouro do capitalismo nas décadas de 50 e 60 Finalmente os problemas da década de 70 são vistos como o colapso dessa época dourada o fordismo está em processo de ceder à especialização flexível do pósfordismo Isso requer uma organização do consumo que está em curso de elaboração nas décadas de 8090 através da alteração do papel econômico do estado da privatização do desemprego em massa e da reestruturação da força de trabalho assim como da alteração da estrutura legislativa que define a atividade sin dical e os limites e esfera de ação do estado de bemestar Há também uma dimensão internacional A era pré1914 está caracterizada pela hegemonia britânica e a era de transição entre as guerras pela rivalidade internacional e o isolacionismo norteamericano a idade de ouro até 1970 é dominada pelos Estados Unidos e na era de transição pós1970 nem os Estados Unidos nem a Comunidade Européia nem o Japão são capazes de regular sem ambigüidade a econo mia mundial através do domínio econômico internacional que exercem A teoria da regulação é totalmente abrangen te É mais forte na descrição do que na análise pois é difícil conceber uma única descrição analítica da ampla variedade de diferentes ex periências nacionais e suas formas institucio nais Portanto é mais bem entendida como agenda indicativa ou sugestiva de pesquisa do que como teoria polida e acabada Cabe à pes quisa detalhada confirmar ou invalidar as pre missas e conclusões da teoria da regulação e essa tarefa ainda está em sua infância Leitura sugerida Aglietta M 1976 1979 A Theory of Capitalist Regulations the US Experience Ο 1982 World capitalism in the eighties New Left Review 136 542 Boyer R 1979 Wage formation in his torical perspective the French experience Cambridge Journal of Economics 32 99118 De Vroey M 1984 A regulation approach interpretation of contem porary crisis Capital Class 23 4566 Lipietz A 1986 Behind the crisis the exhaustion of a regime of accumulation a regulation school perspective on some French empirical works Review of Radical Po litical Economics 18 112 1332 SIMON MOHUN reificação Este termo referese ao processo pelo qual os produtos da ação subjetiva de seres humanos passam a se apresentar como objeti vos e portanto autônomos em relação à huma nidade Entretanto podem ser identificados dois amplos usos do termo Na tradição marxista o termo é usado criticamente para descrever um processo que é específico do capitalismo e que serve para manter as desigualdades de uma sociedade capitalista mediante a ocultação dos processos reais de exploração Na tradição não marxista e em especial nas abordagens feno menológicas ver FENOMENOLOGIA a reificação é apresentada como característica inevitável de todas as sociedades como parte da construção social da realidade Dentro do marxismo o termo reificação ocorre como a tradução normal do alemão Ver dinglichung que foi introduzido por Lukács 1923 p83222 e não ocorre nos escritos de Marx A teoria de reificação de Lukács é uma generalização da teoria de Marx do fetichismo da mercadoria ver MERCADORIA FETICHISMO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 652 reificação DA Para Marx o processo de troca dos produ tos do trabalho humano em um mercado de mercadorias faz com que as relações sociais entre pessoas se pareçam com uma relação entre coisas Marx 1867 p1635 Lucáks tenta am pliar a análise econômica de Marx estendendo a à vida total da sociedade Consegue fazêla através da referência à análise de Weber do crescimento da racionalidade A racionalidade instrumental é essencial ao desenvolvimento da economia capitalista e reflete além disso o processo de troca de mercadorias na medida em que facilita a equiparação de diferentes ob jetos Para Lukács essa equiparação só fun ciona ao se enfatizarem as características quan titativas do objeto à custa das qualitativas Lu kács sugere que esses aspectos qualitativos são as propriedades incomparavelmente humanas do objeto e daí serem sistematicamente escon didas pela reificação Embora a reificação seja amplamente refe rida em escritos marxistas a teoria foi desen volvida com extrema precisão por Theodor Adorno A reificação convertese em uma teoria da determinação social da linguagem e do pen samento Isso enfatiza a relação entre conceitos e os objetos a que eles se referem Na medida em que os conceitos são produtos de processos sociais não se pode pressupor que correspon dam totalmente aos seus objetos Sob a reifica ção os conceitos servem ou para atribuir pro priedades ao objeto que estão ausentes como por exemplo o conceito de liberdade ou para esconder ou distorcer propriedades existentes de modo a que pareçam mais objetivas do que subjetivas Adorno 1966 p18392 Enquanto que a tradição marxista vê a reifi cação como um fenômeno historicamente es pecífico que é de imediato indesejável mas potencialmente aberto a mudanças a tradição nãomarxista usa o termo para se referir a um processo mais geral pelo qual os seres humanos chegam a esquecer a autoria humana do mundo social Como tal a reificação não está unica mente situada em relação à teoria de Marx do fetichismo da mercadoria Pelo contrário afir mase que toda a realidade social é construída por atores sociais e que a reificação é meramen te um passo extremo no processo de objetifica ção Berger e Luckmann 1967 p89 Além disso podese afirmar que somente na medida em que os seres humanos esquecem que a rea lidade social é construída é que essa realidade consegue atingir alguma permanência Assim a reificação tornase uma característica neces sária da sociedade em vez de ser algo indese jável Leitura sugerida Adorno Theodor W 1966 1973 Negative Dialectics Berger PL e Luckmann Tho mas 1961 The Social Construction of Reality a Trea tise in the Sociology of Knowledge Lukács G 1923 1971 History and Class Consciousness Studies in Marxist Dialetics Rose G 1978 The Melancholy Science an Introduction to the Thought of Theodor W Adorno Thomason Burke C 1982 Making Sense of Reification Alfred Schutz and Constructionist Theory ANDREW EDGAR relações industriais A expressão deriva prin cipalmente da obra de um grupo de inves tigadores norteamericanos Clark Kerr John T Dunlop Frederick Harbison e Charles A Myers na década de 50 eles empreenderam com o apoio financeiro da Fundação Ford um vasto programa de pesquisas sobre relações de trabalho The InterUniversity Study of Labor Problems in Economic Development A importância dessa abordagem tem que ser entendida através da pesquisa da escola de rela ções humanas levada a efeito por Elton Mayo e seus colegas com experimentos e observa ções em grande escala sobre a Western Electric Company a partir de 1927 Entre os seus prin cipais resultados esses pesquisadores sublinha ram a importância das relações entre operários e supervisores Mayo e seus colegas também descobriram que os operários eram propensos a restringir a produção mesmo que seus salários fossem baseados no nível de produção o grupo de modo informal fixava a produção para cada operário e construía um sistema de controle social Esse sistema protegendo os operários de fora para dentro e de dentro para fora fun cionava como um poder informal contra o po der formal dos gerentes Mayo 1933 e 1945 Esses dados diferem consideravelmente da idéia de FW Taylor de administração cien tífica de acordo com a qual a principal motiva ção dos operários era a maximização da renda Os estudos da escola de relações humanas con tudo suscitaram muitos comentários e críticas Em comparação com a escola de relações humanas os investigadores de relações indus triais estão orientados para o efeito do meio ambiente extraorganizacional sobre as atitudes de operários e patrões Para eles as condições do negócio têm uma influência direta sobre Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar relações industriais 653 matérias como rotatividade absenteísmo e exi gências trabalhistas A abordagem de relações industriais considera os operários não só como membros de grupos de trabalho tal como a abordagem de relações humanas mas também como membros de outros grupos sociais mor mente os grupos profissionais as famílias e os grupos econômicos ou políticos Esse sistema de relações tem efeito sobre as atitudes dos operários em relação ao seu trabalho em rela ção aos gerentes ou à organização Os teóricos das relações industriais criticam a concepção da empresa como sistema social global proposta pela escola de relações huma nas Na opinião deles isso ignora o conflito e glorifica uma estrutura monolítica na qual se presume que a indústria forneça aos indivíduos uma ordem social integrada Kerr e Fischer 1957 J Dunlop assinala as interrelações dos ato res no sistema social e mostra que as caracterís ticas tecnológicas do local de trabalho são fre qüentemente comuns a indústrias inteiras a setores econômicos inteiros por vezes para além de fronteiras nacionais características que se revestem de primordial importância Para esse autor a distribuição de poder na sociedade contribui para a estruturação das próprias rela ções industriais Dunlop concebe os sindicatos como uma espécie de equivalente das firmas com líderes sindicais que têm de se adaptar ao mercado de trabalho a fim de maximizar melhor os ganhos dos operários Dunlop 1950 e 1958 Dunlop e Whyte 1950 Os estudos de relações industriais mostram que as atitudes dos operários dependem de fa tores muito além do controle dos empregadores e que os protestos dos operários têm um impac to positivo no processo de industrialização Kerr et al 1960 Eles discordam da concep ção de um movimento trabalhista como respos ta ao capitalismo e consideram esse movimento como um todo oferecendo uma análise muito mais ampla que os seus predecessores Anali samno como uma resposta à INDUSTRIALIZA ÇÃO em suas dimensões econômicas e sociais Assim os meios de ação e organização dos movimentos trabalhistas têm de ser entendidos em função de diferentes aspectos da indus trialização como o mercado de trabalho as fontes de investimentos o ritmo de desenvol vimento ou os tipos de governantes Os estudos de C Kerr e seus colegas deram origem à teoria da convergência na qual o mundo era percebido como ingressando na era da industrialização total As obras de E Mayo deram lugar a outras críticas e desenvolvimentos teóricos Por um lado a sociologia das organizações é uma ten tativa de explicar as relações complexas entre estrutura organizacional e informal por exem plo Gouldner 1954 Etzioni 1961 Crozier 1964 Por outro lado há a sociologie du travail sociologia do trabalho francesa na qual o trabalho passa a ser uma manifestação das rela ções sociais Friedmann e Naville 19612 Em uma análise mais ampla o conflito convertese em um dos principais temas com os atores sociais lutando pelo controle do desenvolvi mento social o campo aberto para a negociação é ilimitado Touraine 1965 Ver também COMPORTAMENTO ORGANIZACIO NAL Leitura sugerida Dunlop John T 1958 Industrial Relations Systems Etzioni Amitai 1961 A Compa rative Analysis of Complex Organizations On Power Involvement and their Correlates Gouldner AW 1954 Patterns of Industrial Bureaucracy Kerr Clark Dunlop John T Harbison Frederick e Myers Charles A 1960 1973 Industrialism and Industrial Man the Problems of Labour and Management in Economic Growth Mayo Elton 1933 1946 The Human Pro blems of an Industrial Civilization 2ªed Ο 1945 The Social Problems of an Industrial Civilization SYLVAINE TRINH relações internacionais Todos os fenôme nos sociais não confinados em um único estado as relações mútuas entre estados as ações de entidades não estatais como organizações in ternacionais empresas multinacionais e mo vimentos religiosos e o impacto de abstrações como a economia internacional enquadram se no âmbito das relações internacionais O seu estudo foi estimulado no presente século por acontecimentos como as duas guerras mun diais a Revolução Russa e suas repercussões globais o colapso econômico de 1931 a inven ção de armas nucleares em 1945 e seu aparen temente interminável refinamento a descoloni zação da Ásia África e outros lugares o sub seqüente confronto entre Norte e Sul e a mul tiplicação de novas formas de organização in ternacional global e regional incluindo a Co munidade Européia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 654 relações internacionais Durante e após a Primeira Guerra Mundial as relações internacionais como objeto de es tudo foram freqüentemente vistas como ser vidoras do INTERNACIONALISMO encarregado de ajudar os estados a civilizarem a conduta de suas relações mútuas e a evitarem guerras futu ras Nessa perspectiva que veio a ser conhecida como racionalismo ou utopismo conferia se muita ênfase à necessidade de sustentar e ampliar as regras e procedimentos da Liga das Nações Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e pouco depois da Guerra da Coréia em que 16 estados sob a bandeira das Nações Unidas se alinharam à República da Coréia Coréia do Sul o racionalismo viuse alvo de fulminantes ataques desfechados pelos rea listas e em particular por EH Carr e Hans Morgenthau Carr vinha insistindo há muito em que as regras de conduta política e econômica da Liga refletiam não a harmonia subjacente de interes ses entre estados mas simplesmente as dos que eram mais fortes e satisfeitos desde o início Quando os que antes eram fracos adquiriram força passaram naturalmente a desafiar essas regras Para os satisfeitos a sabedoria estava não em tratar todo e qualquer desafio como um crime mas em decidir a quem resistir e com quem acomodarse uma política externa bem sucedida deve oscilar entre os pólos eviden temente opostos da força e do apaziguamento 1939 cap13 Para Hans Morgenthau 1951 a necessidade política e o dever moral di tavam que o único guia para a política externa devia ser o interesse nacional Na Guerra da Coréia seduzidos pela noção de agressão nor tecoreana e da suposta obrigação de resistir a ela os Estados Unidos sustentou Morgenthau tinham posto de lado essa verdade central Assim os realistas promoveram a ênfase mais nos estados do que nas organizações inter nacionais ou em outros atores nãoestatais mais nos interesses daqueles do que nas suas doutrinas ou as crenças dos seus líderes na normalidade da força e por conseguinte na importância de considerações estratégicas na distribuição de poder no sistema internacional e na necessidade de obter ou manter um equi líbrio Nas décadas que se seguiram todas essas facetas do realismo foram vigorosamente desafiadas Inicialmente porém o debate em torno da substância foi ofuscado por outro sobre o mé todo Em vez de substituírem um conjunto de dogmas e prescrições por outro afirmouse os especialistas deveria investigar a realidade das relações internacionais aplicando as técnicas e a filosofia da ciência de acordo com as quais as teorias se mantêm ou caem de acordo com o peso das evidências empíricas pró ou contra elas e os conceitos são definidos tão rigoro samente que antes de se iniciar uma investiga ção já está claro que conclusões se consideram favoráveis a uma dada teoria ou hipótese e quais lhe são contrárias de modo que outros possam reproduzir a investigação As relações inter nacionais também foram amplamente conside radas como nada mais que um caso especial de relações humanas ao qual deviam aplicarse as conclusões adequadamente modificadas de ou tras ciências sociais com destaque para a ciên cia econômica a sociologia e a psicologia A abordagem científica faz muito uso de modelos ou seja tentativas de retratar o processo causal subentendido em uma teoria de forma abstrata e com freqüência matemática e assim pôr em foco os pressupostos empíricos em que se as senta A obra de Lewis Fry Richardson sobre a GUERRA foi uma precursora desse modo de in vestigação e sua publicação póstuma em forma de livro coincidiu com o aparecimento de mui tas obras novas e importantes nessa mesma linha Kaplan 1957 Rapoport 1960 Boul ding 1962 Na subseqüente controvérsia me todológica cujo tom é bem captado em Knorr e Rousseau 1969 o estudo de Hedley Bull International theory the case for a classical approach publicado naquele volume foi um manifesto ponto de reagrupamento para os tra dicionalistas Em conjunto os cientistas ven ceram pelo menos na medida em que os méri tos de suas contribuições sobre o assunto foram reconhecidos e aceitos Um notável campo para isso foi o dos sis temas internacionais em cujo funcionamento a estabilidade ou instabilidade os teóricos de tectaram os efeitos de atributos holísticos deri vados das tendências comportamentais das uni dades que os compõem tal como os economis tas vêem o mercado para uma dada mer cadoria como um fato holístico derivado me diante a agregação das reações prováveis dos clientes da mercadoria Kaplan 1957 especi ficou o que em sua concepção eram as diferen ças cruciais entre o sistema de equilíbrio de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar relações internacionais 655 forças do século XIX e o impreciso sistema bipolar pós1945 e examinou mais quatro sis temas que poderiam concebivelmente surgir Deutsch e Singer 1964 afirmaram que em geral os sistemas multipolares tinham maiores possibilidades de serem estáveis e pacíficos do que os bipolares Waltz 1979 cap8 sustentou o inverso Embora difícil é possível e instrutivo descrever os diferentes pressupostos que levam a tais conclusões diametralmente opostas A substância do realismo foi alvo de ataques provenientes de quatro áreas principais Primei ro as teorias da sociedade internacional entre elas a de Bull 1977 afirmaram existir mais nas relações entre estados do que uma incessan te luta pelo poder Bull seguindo uma clas sificação que Martin Wight tinha usado em suas aulas na London School of Economics deli neou três tradições de pensamento acerca de relações internacionais a hobbesiana corres pondente ao realismo a kantiana uma concep ção revolucionária baseada na centralidade dos vínculos transacionais que tornam os po vos como povos parte da comunidade huma na e a grociana do jurista do século XVII Hugo Grotius afirmando a existência de uma socie dade de estados ligada por um conjunto de normas manifestas no direito internacional e na diplomacia Embora reconhecendo que ele mentos de todas as três tradições eram discer níveis no mundo contemporâneo Bull conside rou que a concepção grociana era a predomi nante De uma perspectiva um tanto diferente Keohane e Nye 1977 reforçaram essa crítica do realismo ao mostrar que os regimes inter nacionais as regras aceitas como aplicáveis a um dado conjunto de questões internacionais não refletiram simplesmente as preferências dos mais poderosos Um segundo alvo foi a asserção de que os estados são e no futuro previsível continuarão sendo os atores centrais das relações internacio nais Para atacála Herz 1959 usou um axio ma realista na verdade hobbesiano que diz que as lealdades políticas somente são dadas em troca de segurança Uma vez que a guerra eco nômica a penetração ideológica o bombardeio aéreo e finalmente a invenção de armas nu cleares tinham tornado o estado vulnerável e indefensável Herz proclamou a sua extinção Como ele próprio admitiu mais tarde esse obi tuário foi prematuro De fato os estados tinham se tornado vulneráveis a movimentos separatis tas violentos e ao terrorismo transnacional mas em grande medida sobreviveram não porque fossem defensáveis mas em parte porque as redes organizacionais que os sustentavam per maneciam em plena atividade capazes de cor tar as asas da maioria dos atores alternativos e também em parte em função daquilo que os cidadãos da maioria dos estados têm em comum cultura religião língua raça ou até um senso puramente subjetivo de identidade comum O defeito está na premissa hobbesiana Não obstante embora a substituição de es tados territoriais por um governo mundial não esteja nem remotamente à vista eles passaram a dividir seus poderes em significativa medida com outros organismos Enquanto que outrora os tratados só podiam ser concluídos entre es tados a Lei da Convenção Marítima das Nações Unidas por exemplo teve que ser franqueada para assinatura não apenas por membros da Comunidade Européia mas também pela pró pria Comunidade em função das Normas de Direito de Pesca em Águas Internacionais que eram centralmente administradas pela última Também quase todas as partes signatárias da Convenção Européia sobre Direitos Humanos no que uma geração antes teria parecido um cerceamento inconcebível de sua soberania aceitaram o direito de seus cidadãos de apelar para um organismo internacional capaz de der rubar decisões dos supremos tribunais de seus respectivos países e até mesmo de anular legis lações nacionais incompatíveis com a Conven ção O interesse nacional foi o alvo do terceiro desafio ao realismo A abordagem cibernética de Karl Deutsch 1963 tentou uma explicação mais fundamental da política estatal À seme lhança de outros atores os estados quando reagem a circunstâncias em constante mudan ça necessitam manifestamente de combinar a receptividade a novos interesses e a novos va lores com a fidelidade aos antigos O seu de sempenho como o dos motoristas depende substancialmente das redes de comunicação à disposição dos detentores do poder decisório de até onde podem enxergar à sua frente dire ção com que rapidez suas decisões são im plementadas defasagem quanto dados con correm para atrair sua atenção carga com que eles podem ser empregados na direção desejada ganho uma forma refinada de poder e com que rapidez e precisão podem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 656 relações internacionais avaliar os resultados de suas decisões feed back O estado que não pode enfrentar o seu meio ambiente é o que apresenta maiores pro babilidades de recorrer à força em sua forma mais rudimentar a capacidade de não ter que aprender Inversamente os estados cujos cida dãos estão ligados entre si em uma grande variedade de redes compactas oficiais e não oficiais podem criar comunidades de seguran ça no interior das quais a PAZ esteja assegurada Os estados retêm enormes arsenais mili tares mas são menos preponderantes do que eram ou do que o realismo postulava Suas funções e seu poder estão sendo crescentemente circunscritos por outras camadas de autoridade intragovernamentais nãogovernamentais e lo cais freqüentemente em um relacionamento desordenado Bull advertiu que se o padrão grociano de uma sociedade de estados fosse assim posto de lado o que pensava ser im provável isso poderia dar origem à condição possivelmente mais violenta de um novo me dievalismo O quarto ataque ao realismo partiu dos mar xistas que procuraram retratar a sociedade hu mana incluindo a sociedade global da perspec tiva dos pobres e dos fracos na qual as unidades básicas são as classes não os estados ou nações Os acontecimentos porém não corroboraram algumas asserções marxistas fundamentais es pecialmente sobre a guerra e as explicações do imperialismo e outros aspectos da política externa em função dos interesses econômicos não foram de modo geral convincentes mas a profecia marxista da crescente concentra ção do poder econômico sob o capitalismo foi confirmada pela aparente falta de limite na tural para o tamanho das empresas e é difícil imaginar que tal poder não acarrete um cres cente poder político sobretudo no Terceiro Mundo Temse verificado assim que o realismo simplificou excessivamente a complexidade das relações internacionais mas o mesmo ocor re com a maioria das abordagens alternativas A mais fértil contraparte para isso talvez prove ser a cibernética a qual nos ensina a avaliar os sistemas políticos e outros em função de sua capacidade de identificar problemas globais e responderlhes de modo adequado Qualquer lista de tais problemas a qual incluiria fomes epidemias riscos ambientais a exaustão de re cursos e os constantes perigos de guerra con vencional ou mesmo nuclear é inevitavelmen te incompleta o que sublinha a insistência de Deutsch em que o primeiro requisito preliminar de tais sistemas é a transparência Leitura sugerida Aron Raymond 1962 Paix et guer re entre les nations Bull H 1977 The Anarchical Society Carr EH 1939 1964 Twenty Years Crisis Claude IL 1962 Power in International Relations Deutsch KW 1963 The Nerves of Government Ka plan MA 1957 System and Process in International Politics Keohane RO e Nye JS 1977 Power and Independence Knorr K e Resenau JN orgs 1969 Contending Approaches to International Politics Linklater A 1982 Men and Citizens in the Theory of International Relations Wight M 1979 Power Poli tics RODERICK C OGLEY relativismo Se a crença verdadeira é defini da como uma crença que condiz com uma rea lidade independente o relativismo nega que as crenças possam ser ou possam ser conhecidas como sendo verdadeiras nesse sentido O que é verdade de um lado dos Pireneus é erro do outro lado observou Pascal secamente em seus Pensamentos V294 ao comentar a diver sidade das crenças morais O apotegma serve também para captar um relativismo mais am plo o qual afirma a relatividade de toda a cognição No entanto vale a pena começar pelas alegações em defesa do relativismo mo ral A verdade ética dentro das sociedades e entre elas é um fato inegável que embora não prove a inexistência de uma verdade absoluta ou objetiva na ética tende a sugerila A ascen são da ciência acarretou uma nítida distinção fatovalor a qual parece resultar na frustração das crenças morais As ciências sociais ofere cem modos de explicar sua variedade como função de sistemas sociais correspondentemen te variados A filosofia pôs em dúvida a própria idéia de conhecimento moral em termos depre ciativos por Nietzsche ou analíticos pelo emotivismo Em suma as tradicionais preten sões à verdade em ética foram vítimas naturais da modernidade com a Razão abalando ago ra o que antes costumava apoiar Entretanto mesmo na ética o relativismo nem sempre teve o intuito de subverter toda a objetividade Tal como no caso dos utilitaristas ele pode pedir apenas que as preferências locais sejam respeitadas quando se está decidindo o que é certo fazer Assim cumpre distinguir um relativismo limitado o qual com efeito injeta Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar relativismo 657 um elemento de perspectiva no que pretende continuar sendo um ponto de vista objetivo de um ceticismo mais radical o qual contextualiza todo e qualquer ponto de vista a fim de negar que exista seja o que for de objetivo ou universal sob o sol O primeiro é sintomático do pen samento social no espírito do Iluminismo o qual trata as crenças e relações humanas como objetivos de estudo científico O segundo atraente para os críticos do racionalismo ilu minista ver RACIONALIDADE E RAZÃO não será meramente destrutivo se abrir caminho para a hermenêutica ou para várias formas de pós modernismo A questão crucial é se um rela tivismo limitado pode encontrar um lugar de fensável de contenção A tese da relatividade de toda cognição é mais bem examinada em três estágios O pri meiro é o relativismo conceitual que parte da enorme diversidade de esquemas classificató rios e explicativos Os fatos da experiência nunca determinam plenamente o que é racional acreditar a respeito da ordem na ou subjacente à experiência Classificar ou explicar é aplicar os conceitos em uso local Assim o conceito de yakt dos Karam agrupa os morcegos com a minoria dos pássaros mas exclui os casuares Bulmer 1967 a física emprega conceitos co mo éter ou flogisto em dado momento e os abandona em outro Cada esquema de clas sificação impõe uma grade escorada por con ceitos teóricos que em última instância se ba seiam em conceitos categóricos como tempo deidade causação de mediação Esse não é um pensamento subversivo desde que a ciência possa ser distinguida e se demonstre que ela é progressiva O pensamento subversivo diz que os conceitos categóricos são essencialmente contestáveis dentro do seu próprio esquema conceitual e que os esquemas conceituais são incomensuráveis por exemplo porque se apóiam em pressupostos absolutos Collin gwood 1940 ou paradigmas Kuhn 1962 os quais têm o status de mitos A existência de quaisquer fatos de experiên cia dados é negada em segundo lugar pelo relativismo perceptivo Quine 1960 sustenta que algo como notícias puras sem adornos é coisa que não existe Mesmo para descrever temos que interpretar com a ajuda de teorias e em uma linguagem impregnada de teoria As sim segundo parece o mundo real é em grande medida construído com base nos hábi tos de linguagem do grupo Sapir 1929 su bentendendose talvez que os que têm teorias ou linguagens profundamente diferentes habi tam mundos diferentes Kuhn 1962 cf Win ch 1958 Em terceiro lugar um irrefreável relativismo epistêmico contextualiza até os critérios de ver dade e lógica Se podem existir lógicas fun damentalmente alternativas então os princípios básicos da lógica aristotélica perdem seu título de serem as leis do pensamento Se a verdade é em última instância um exército móvel de metáforas metonímias e antropomorfismos e as verdades são ilusões a cujo respeito es quecemos que isso é que elas são Nietzsche 1873 então é impossível a existência de aces sórios cognitivos básicos A questão é encora jada tanto por disputas filosóficas acerca da verdade as quais perturbam assim a possibili dade de um critério neutro quanto pelas provas antropológicas de que poderíamos dizer ecoan do Pascal o que é uma boa razão para qualquer crença ou ação de um lado dos Pireneus é uma péssima razão em qualquer outro lado Sendo assim toda cognição é ao fim e ao cabo sus tentada por si mesma sem ajuda alguma de fora Ao contextualizar ou internalizar o pensa mento estamos tornandoo relativo a quê As respostas dividemse de modo geral em mate rialistas e idealistas As primeiras relacionam a cognição a algo exterior a ela condiciona mento comportamental ou neural talvez ou estrutura ou relações sociais construídas in dependentemente de quaisquer crenças que elas determinem As segundas relacionam a cogni ção com ela própria à maneira de uma rede internalizando com efeito as relações sociais ou até mesmo a natureza também para a rede Talvez diferentes linguagens sejam em última análise diferentes redes Talvez o que tem de ser aceito o dado seja por assim dizer formas de vida Wittgenstein 1953 As respostas ma terialistas envolvem um lugar para pausa para que o observador científico possa estabelecer aí uma perspectiva relativista presumivelmente uma que isente o pensamento propriamente científico da contextualização As respostas idealistas tendem a recusar isenções e assim conduzem facilmente por exemplo à substitui ção de toda objetividade tradicional por uma conversação de humanidade pósmoderna Rorty 1980 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 658 relativismo Por um lado se existe sob o sol alguma coisa universal isso está longe de ser óbvio Por outro a variedade nunca é em si mesma uma prova de que todos os pontos de vista são igual mente válidos e se o fossem um relativismo global não seria mais válido do que a sua nega ção As disputas continuam proliferando uma vez que uma distinção entre o cognitivo e o social com o propósito de explicar um em termos do outro não é fácil de traçar nem de defender Leitura sugerida Bernstein R 1983 Beyond Objec tivism and Relativism Bulmer R 1967 Why is the cassowary not a bird Man NS 2 Collingwood RG 1940 An Essay on Metaphysics Hollis M e Lukes S orgs 1982 Rationality and Relativism Kuhn Thomas S 1962 1970 Structure of Scientific Revolution Nietzsche F 1873 1954 On truth and lie in an extramoral sense In The Portable Nietzsche org por W Kaufman Quine WVO 1960 Word and Object Rorty R 1980 Philosophy and the Mirror of Nature Sapir E 1929 The status of linguistics as a science Language 5 Winch Peter 1958 1976 The Idea of a Social Science Wittgenstein Ludwig 1953 Philosophical Investigations MARTIN HOLLIS religião Ao se referir a experiências senti mentos e idéias que indicam a possibilidade de existir uma dimensão cotidiana ou terrena a religião interessase de modo inconfundível por questões de significação fundamental co mo o sentido da vida do sofrimento e da morte e os meios adequados para se manter a esperan ça em um futuro melhor Essa outra dimensão ou dimensão adicionada adota formas am plamente diferentes em diferentes culturas e está sujeita é claro a diferentes sensibilidades e interpretações dos indivíduos Não são me nores as variações nas formas sociais em que a dimensão religiosa se concretiza A sedimenta ção desses significados adicionados em formas culturais vivenciais e sociais durante longos períodos de tempo ajudou a estabelecer a reli gião como instituição poderosa e duradoura em virtualmente todas as sociedades conhecidas embora não seja necessário que os indivíduos a compreendam e aceitem Em outras palavras a religião é uma qualidade potencial da experiên cia humana para a qual nenhum limite pode ser fixado por definição Pelo contrário tem lógica pensar a seu respeito em função de graus variá veis de coisas tais como inteligibilidade sig nificação formalidade possibilidade alcance proeminência aplicabilidade coerência con sistência sistematização emocionalidade e in tegração com outros fenômenos sociais Judaísmo cristianismo e islamismo tendem a dicotomizar o religioso e o secular tratando os como domínios categoricamente distintos Mas o hinduísmo o budismo o xintoísmo e numerosas culturas tribais ou populares con sideram a religião uma qualidade imanente de toda a existência Não obstante todas as reli giões simbolizam e administram os pontos de disjunção ou continuidade entre os registros secular e religioso do significado por meio de mito símbolo ritual texto sagrado e conceitos de espaço sagrado tempo comunidade e ser Se for objetado que esse modo abrangente e relativista de conceituar a religião corre o risco de confundir a experiência religiosa com outras espécies de experiências intensas ou profundas a resposta será que a atribuição de significado religioso é ela própria uma variável cultural e por conseguinte irá variar com a extensão em que os significados religiosos tenham sido iden tificados simbolizados e codificados em qual quer cultura particular Assim os significados religiosos de por exemplo dar à luz um filho ou ir para a guerra não são fixados mas depen dendo do contexto podem ser mais ou menos salientes sistemáticos ou característicos Isso quer dizer que não há justificação para confinar o termo religião a determinadas crenças ou experiências se bem que em coerência com o cânone do agnosticismo metodológico se deva admitir a possibilidade de que poderes ou agen tes nãohumanos afetem diretamente os sig nificados atribuídos a eventos humanos Uma das principais contribuições do século XX ao entendimento da religião é o reconheci mento de que uma única definição do fenômeno não pode se adequada para todos os fins Em contraste com as presunçosas caracterizações da religião produzidas por muitos pensadores ocidentais do final do século XIX tem havido no século atual uma tendência a preferir defini ções mais nuançadas e mais sensíveis ao cres cente volume de conhecimento adquirido sobre culturas que não são as dominadas pelo cris tianismo o judaísmo ou islamismo e sobre as variedades de expressão religiosa em diferentes níveis de cultura Assim enquanto as gerações fundadoras da antropologia e da sociologia pa receram contentarse em reduzir a religião a uma questão de teoria geral do mundo Karl Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar religião 659 Marx crença em seres espirituais E Taylor ou propiciação ou conciliação de poderes supe riores aos humanos J Frazer é hoje comum entre os cientistas sociais a adoção de uma abordagem mais relativista e menos intelec tualista A força do pensamento evolucionista racio nalista e organicista declinou lentamente neste século mas não existe unanimidade entre os pensadores do século XX O pensamento cor rente enquadrase de modo geral em duas categorias Por um lado há pensadores que insistem na necessidade de conceber a religião em termos substantivos de crença em certas espécies de espíritos divindades ou outras for mas transcendentes A definição de Robertson é representativa dessa abordagem Cultura religiosa é o conjunto de crenças e símbolos e valores que derivam diretamente daí pertinentes à distinção entre uma realidade empírica e uma su perempírica transcendente os assuntos do ser trans cendente sendo subordinados ao nãoempírico 1970 p47 Por outro lado há uma longa tradição de pensamento sobre a religião em termos de suas pretensas funções ou propósitos Exemplo in fluente dessa abordagem é a afirmação de que a religião é um sistema de crenças e práticas por meio das quais um grupo de pessoas enfren ta os problemas essenciais da vida humana Yinger 1957 p9 Embora a abordagem substantiva ofereça a vantagem de parecer aterse estritamente ao que muitas pessoas relatam sobre religião também é vulnerável à crítica de que enfatiza arbitraria mente a crença ou o conhecimento cria uma fronteira artificial entre religião e magia e é insensível às diferenças transculturais entre re ligiões Em contraste a abordagem funcionalis ta beneficiase de sua aplicabilidade transcul tural e de sua abstração do nível de detalhe empírico mas também incorre em custos que segundo os seus críticos anulam seus benefí cios Em particular tende a atrair críticas por atribuir teleologia a disposições de caráter so cial e cultural por reduzir o significado da religião às suas conseqüências e por dar a en tender que tudo que existe deve somente por essa razão preencher uma função As forças e fraquezas relativas dessas abordagens básicas são analisadas em Spiro 1966 Berger 1974 e Bellah 1970 O século XX presenciou a fruição de dis ciplinas acadêmicas que representaram a reli gião de maneiras muito distintas As disciplinas mais antigas como história das religiões teo logia e religião comparada tendem a conceder prioridade aos aspectos filológicos históricos filosóficos e doutrinários Mas a crescente in fluência do pensamento fenomenológico na dé cada de 30 inspirou estudos mais intuitivos da experiência religiosa do sagrado ritual e da santidade ver Otto 1950 van der Leeuw 1938 Wach 1958 Eliade 1958 Sharpe 1975 Nes se meio tempo as abordagens psicológicas e psicanalíticas viramse favorecidas mormente entre os especialistas dessas áreas envolvidos no treinamento de profissionais religiosos para funções litúrgicas de aconselhamento e de as sistência social ver Rieff 1966 A influência do pensamento sociológico aumentou espeta cularmente na década de 60 quando denomina ções liberais americanas estavam no caminho de perder parte de sua popularidade Berger 1961 e quando inesperadamente igrejas con servadoras e novos movimentos começaram a crescer em tamanho e impacto público Kelley 1972 Wilson 1976 Mas foi a voga do es truturalismo nas ciências humanas o que deu provavelmente um destaque superlativo ao es tudo da religião nas formas de mito ritual simbolismo e processos de sacralização Final mente os estudos religiosos como abordagem deliberadamente interdisciplinar começaram a proliferar na década de 70 e promoveram em especial uma atitude mais crítica em relação a questões metodológicas assim como uma pos tura orientada mais para os aspectos políticos no contexto cada vez mais multicultural e etni camente diversificado das sociedades indus triais avançadas e para a redescoberta pelas excolônias de sua herança religiosa Quanto às contribuições que as religiões deram às principais correntes de pensamento do século XX cumpre reconhecer que elas não estão provavelmente entre as influências mais formativas Quer no nível das ideologias que deram forma a estadosnações e a conflitos internacionais como o fascismo clerical a de mocracia cristã o nacionalismo hindu ou ja ponês e o antiimperialismo islâmico quer no nível das modas cambiantes em filosofia como a fenomenologia católica o existencialismo cristão ou as teologias da libertação as con tribuições das idéias e sentimentos religiosos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 660 religião foram em alguns casos importantes mas raramente decisivas E pelo menos no mundo ocidental os temas religiosos têm inspirado relativamente poucas realizações artísticas de notório mérito no século XX Esses desenvolvimentos harmonizamse com as interpretações dominantes da moder nidade a saber que a religião deixou de servir como o pálio sagrado para a existência mo derna Berger 1967 como o principal ins trumento de integração cultural e social Wil son 1982 ou como a forma de o sistema social elaborar reflexões sobre a sua própria integri dade Luhmann 1977 Por outro lado a reli gião que não é orientada por uma igreja pode estar ainda implícita em processos básicos de socialização Luckmann 1967 e pode fun cionar como uma metalinguagem que transcen de o domínio dos fatos objetivos Bellah 1989 ou que permite que coisas sérias sejam ditas de modo direto Fenn 1981 Com efeito quando o século se avizinha do seu fim há indícios de que o pensamento e o sentimento religiosos podem estar reafirman dose em relação à possibilidade de comunica ção e destruição genuinamente globais Robert son 1985 e de que temas religiosos estejam voltando à superfície em movimentos sociais preocupados com questões de escala global como a paz os direitos humanos o genocídio e a proteção do meio ambiente natural Beckford 1989 p14365 A religião também está pro vando ser um veículo notavelmente duradouro e eficaz para o cultivo e a expressão de iden tidades étnicas e nacionais em países tão dife rentes quanto a Polônia a Nicarágua o Irã e o Sri Lanka Dependendo das circunstâncias his tóricas os resultados podem ser integradores ou desintegradores Ver também CRISTÃ TEORIA SOCIAL TEOLO GIA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO Leitura sugerida Berger PL 1967 The Sacred Ca nopy Elements of s Sociological Theory of Religion Bowker J 1973 The Sense of God Durkheim Émile 1912 1968 Les formes élémentaires de la vie reli gieuse Glock CY e Hammond PE orgs 1973 Beyond the Classics Essays in the Scientific Study of Religion Smart N 1973 The Science of Religion and the Sociology of Knowledge Waardenburg J org 197374 Classical Approaches to the Study of Religion Aims Methods and Theories of Research 2 vols Wilson BR 1982 Religion in Sociological Perspec tive JAMES A BECKFORD republicanismo A expressão romana res pu blica subentende que as coisas que são públicas devem ser de interesse público quem deve gerir o estado são os cidadãos ativos não os reis as oligarquias aristocráticas ou mesmo um par tido Os cidadãos tratamse mutuamente como iguais A cultura pública da política é muito diferente da tomada particular de desisões em autocracias Mas o corpo de cidadãos até o presente século sempre excluiu as mulheres e os escravos e usualmente excluiu os devedores os criados e os analfabetos O republicanismo não é necessariamente democrático mas é mais participativo no espírito do que o liberalismo individualista Maquiavel forneceu a teoria clássica do re publicanismo em seus Dircorsi ed inglesa Crick Discourses 1970 Um estado é mais forte se pode confiar armas a uma classe de cidadãos Liberdade significa tolerar conflitos sociais mas o conflito se bem administrado se conduzido mediante concessões mútuas pode ser uma fonte de energia e de poder confere vigor à vida política Essa reformulação realista de um quadro renascentista idealizado da repú blica romana foi imensamente influente sobre tudo na República holandesa na Suécia In glaterra e Escócia das guerras civis nas colô nias britânicas da América do Norte e sobretu do na Revolução Francesa Antonio Gramsci produziu uma variante comunista em parte pa ra refutar a obsessão de Lenin com o estado e o partido sustentando que a cooperação partici pativa do trabalhador industrial qualificado era agora a chave para a ascensão e queda das sociedades em lugar dos cidadãos armados de Maquiavel O republicanismo era muito forte no início dos Estados Unidos onde a ideologia da demo cracia jeffersoniana se baseava no culto da CI DADANIA ativa fazendo com que a simplicidade de maneiras a fala despretensiosa e clara e as virtudes da sinceridade se universalizassem pe lo exemplo pessoal O nome do moderno Par tido Republicano nos Estados Unidos é en ganoso como é também o caso do IRA Exér cito Republicano Irlandês exceto no sentido estrito de se oporem à Coroa Britânica Em uma Monarquia o termo tem essa conotação mais estreita Mas o republicanismo não é neces sariamente antimonárquico é essencialmente aristocrático O republicanismo vermelho na tradição jacobina é ferozmente igualitário e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar republicanismo 661 populista no espírito em deliberado contraste com o republicanismo burguês que cuida me nos da soberania popular e mais do domínio da lei e da constituição Mas nenhum deles desenvolveu como o socialismo uma teoria econômica distributiva ambos aceitaram a ciência econômica liberal porque historica mente ela tinha substituído a política mercan tilista aristocrática O republicanismo é compatível com o socia lismo democrático e o liberalismo radical mas é mais bem entendido por contraste com o gênero de liberalismo que vê o estado como garantia dos direitos do indivíduo a levar uma vida privada protegida por salvaguardas jurídicas tanto do pró prio estado quanto de terceiros O espírito repu blicano diz que essas leis devem ser feitas e mudadas por cidadãos ativos trabalhando em har monia o preço da liberdade não é simplesmente a eterna vigilância mas também a perpétua ativi dade cívica Entre o estado e o indivíduo existe o criativo tumulto da SOCIEDADE CIVIL Leitura sugerida Bock G Skinner Q e Viroli M orgs 1990 Machiavelli and Republicanism Crick BR 1992 In Defense of Politics 3ªed Keane J org 1988 Democracy and Civil Society McWilliams WC 1973 The Idea of Fraternity in America Pocock JGA 1975 The Machiavellian Moment Florentine Political Thought and the Atlantic Republic Tradition Williams GA 1989 Artisans and SansCullotes Po pular Movements in France and Britain during the French Revolution 2ªed BERNARD CRICK revisionismo Termo que foi introduzido no pensamento marxista no final do século XIX em referência às reavaliações e reformulações críticas das idéias de Marx e em particular das que diziam respeito ao desenvolvimento do capitalismo e à natureza de uma transição para o socialismo Obteve grande voga no debate revisionista iniciado pelos artigos de Eduard Bernstein escritos entre 1896 e 1898 depois ampliados em livro 1899 sobre os problemas do socialismo nos quais ele tentou tornar claro simplesmente onde Marx está certo e onde está errado Os principais alvos das críticas de Ber nstein eram a teoria do fim do capitalismo pelo colapso econômico e a idéia de uma crescente polarização da sociedade entre burguesia e pro letariado acompanhada pela intensificação do conflito de classes Contra essas doutrinas que tinham passado a ser parte integrante da or todoxia marxista ele afirmou que a par da concentração de capital em grandes compa nhias havia um surto de novas empresas de pequeno e médio porte o aumento da difusão da propriedade de bens de raiz a elevação do nível geral de vida o aumento de número de membros da classe média o surgimento de um sistema mais complexo e diferenciado de estra tificação na sociedade capitalista e a diminuição na escala e intensidade das crises econômicas No decorrer desse debate o revisionismo acabou identificado com o REFORMISMO e com o abandono das metas revolucionárias ou mes mo de qualquer compromisso forte com a rea lização do socialismo Mas os adversários do revisionismo também estavam eles próprios di vididos com Kautsky e os austromarxistas ten tando incorporar vários fenômenos novos à vi são marxista ortodoxa de desenvolvimento do capitalismo enquanto Rosa Luxemburgo e Le nin expunham uma doutrina política revolucio nária em cujos termos alguns outros críticos do revisionismo eram igualmente tratados eles próprios como revisionistas A denúncia do revisionismo como contra revolucionário atingiu o auge com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914 e o colapso da Segunda Internacional e esse uso do termo como injúria foi perpetuado pela consolidação do bolchevismo como nova ortodoxia na União Soviética e logo depois de 1945 na Europa Oriental Em finais da década de 80 contudo era a própria ortodoxia bolchevista que entrava por sua vez em colapso totalmente em sua forma stalinista e em grande medida na forma leninista e em perspectiva histórica o revi sionismo pode ser visto agora como uma suces são de modificações da teoria da sociedade de Marx e de suas implicações para a prática polí tica resultante de importantes mudanças nas sociedades capitalista e socialista de deter minadas circunstâncias históricas e de altera ções nos conhecimentos e nas idéias O que outrora era chamado revisionismo é hoje mais bem descrito como o desenvolvimento de numerosas e diversas escolas de pensa mento marxista e de modo mais geral de pensamento socialista em resposta a várias mudanças de condições ou seja como carac terística normal no interminável esforço para compreender através de conceitos de teoria social uma realidade histórica em permanen te mudança Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 662 revisionismo Leitura sugerida Bernstein Eduard 1899 1961 Evolutionary Socialism Gay Peter 1952 The Dilem ma of Democratic Socialism Kolakowski L 1978 Main Currents of Marxism vol2 cap4 Labedz L org 1962 Revisionism TOM BOTTOMORE revivalismo A idéia de que as tradições reli giosas tendem para a entropia a menos que sejam periodicamente revitalizadas seja pelo retorno a verdades primitivas ou pela injeção de novas verdades é central para muitos signifi cados de revivalismo especialmente em cul turas afetadas pelo cristianismo As renovações como buscas coletivas de um mundo radical mente melhor provêm portanto de razões re ligiosas para a insatisfação comum com o atual estado de coisas Podem adotar formas tão va riadas quanto os movimentos milenaristas messiânicos proféticos nacionalistas evan gélicos ou carismáticos mas em cada caso a ênfase incide sobre os processos por meio dos quais a vitalidade e a criatividade são instiladas em uma tradição supostamente declinante ou ameaçada Também foi dito que os movimentos religiosos revivalistas anunciam períodos de reformas sociais de grande alcance e no caso dos Great Awakenings Grandes Despertares americanos prolongados ciclos de renovação espiritual e reconstrução social McLoughlin 1978 Na elaboração dessas idéias Barkun 1974 interpretou os movimentos milenaristas como respostas a desastres enquanto Lanternari 1963 e Worsley 1957 sustentaram que as renovações quiliásticas em sociedades préin dustriais são respostas criativas à exploração e à opressão sócioeconômicas Outras teorias sublinharam a privação relativa a busca de caminhos mais curtos para se alcançar rapida mente o poder mágico e curativo a psicologia do verdadeiro crente a dissonância cognitiva e a paranóia coletiva Entretanto parece haver concordância entre essas interpretações concor rentes em que a renovação bemsucedida requer o enfraquecimento de velhos significados e compromissos antes de ocorrer a transição para novos valores e identidades Burridge 1969 Exceto em sociedades tribais de pequena es cala o revivalismo religioso raramente trans forma uma sociedade inteira sendo mais pro vável que fique confinado a determinados mo vimentos ordens seitas ou igrejas Exemplos disso incluem as renovações metodistas na Grã Bretanha do século XVIII e a série de movimen tos revivalistas que transformaram várias igre jas protestantes do Estado de Nova York na primeira metade do século XIX Cross 1950 Nas sociedades industriais avançadas onde o cristianismo tem sido a forma dominante de religião o revivalismo do século XX tem se limitado a movimentos ocasionais de elevada emoção sentimentos intensificados de culpa e expressões espontâneas de fé pessoal no poder de Jesus Cristo de redimir o pecado e curar mentes e corpos Pregadores itinerantes reu niões campais e arautos das chamas do inferno para os pecadores foram todos precursores do moderno revivalismo protestante e as inova ções atuais incluem a renovação carismática o televangelismo e a Maioria Moral A Igreja Católica teve renovações lideradas pelos bene ditinos e os cistercienses e Dolan 1978 docu mentou a forma especificamente católica de revivalismo nos Estados Unidos do século XIX Estudos de atuais campanhas para reafirmar o poder do islã em alguns países também mos tram que os ativistas tendem a ter recuperado em vez de adquirido pela primeira vez suas fortes convicções religiosas Além disso os efeitos transformadores do moderno revivalis mo tendem a ser efêmeros Não obstante e diferentemente da maioria das expectativas a respeito da modernização as renovações cole tivas do fervor islâmico têm desenvolvimentos sociais e políticos poderosamente configura dos por exemplo no Irã no Sudão no Paquis tão e na Malásia em um passado recente Es posito 1980 O revivalismo hindu também se tornou fator importante na política indiana e as renovações budistas marcaram a história de muitas nações na Ásia Meridional Ver também FUNDAMENTALISMO Leitura sugerida Barkun M 1974 Disaster and the Millennium Burridge K 1969 New Heaven New Earth McLoughlin W 1959 Modern Revivalism Ο 1978 Revivals Awakenings and Reform JAMES A BECKFORD revolução No pensamento político o termo referese à tomada ilegal usualmente violenta do poder que produz uma mudança fundamen tal nas instituições de governo Entretanto o conceito de revolução tem sido usado de muitas maneiras com algumas variações de signifi cado Revolução usase por vezes para des crever qualquer mudança fundamental quer Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar revolução 663 seja ou não violenta ou súbita Nesse sentido falamos de Revolução Industrial ou de revo lução científica Mudanças fundamentais do governo que ocorrem através de eleições em lugar de conquistas violentas do poder também são por vezes descritas como revoluções por exemplo a revolução nazista na Alemanha em seguida à vitória eleitoral de Hitler em 1933 Na maioria das revoluções a tomada do poder depende de sublevações por multidões urbanas ou por camponeses concentrados em áreas rurais É a essas insurreições a que nos referimos quando mencionamos revoluções Em alguns casos contudo os grupos populares fazem muito pouco ao passo que um indivíduo ou um pequeno grupo da elite toma o poder e implementa amplas mudanças políticas como na revolução turca liderada por Atatürk em 1921 ou na revolução egípcia sob a liderança de Nasser em 1952 Tais eventos são freqüen temente descritos como revoluções das elites ou revoluções de cima para baixo Trimber ger 1978 As revoluções variam em sua amplitude As que mudam somente as instituições governa mentais são denominadas por vezes revolu ções políticas As que também mudam a dis tribuição da riqueza e do status em uma socie dade por exemplo destruindo as vantagens de uma nobreza são freqüentemente chama das de revoluções sociais ou grandes revolu ções Quando grupos que pretendem realizar mudanças fundamentais tentam a tomada do poder mas essa tentativa fracassa falamos de revoluções frustradas como no caso da revolução de 1848 na Alemanha Um ataque a um governo com o único objetivo de mudar os governantes ou a política dominante mas sem tentar qualquer mudança fundamental nas ins tituições é usualmente considerado uma rebe lião em vez de revolução A revolução é propriamente falando mais um processo do que um evento Há um período inicial em que se avolumam as críticas ao estado e em que os adversários do governo se esforçam por obter o máximo de apoio Seguese então um período de confronto entre o governo e seus adversários isso pode acarretar uma prolon gada guerra de guerrilhas ou redundar em uma súbita explosão de tumultos populares Se o governo fracassa seguese um período em que os líderes revolucionários disputam o poder entre si e com os adeptos do antigo regime esse período inclui comumente guerras civis e inter nacionais e com freqüência um período de terror interno contra os inimigos da revolu ção Uma revolução vitoriosa leva então à con solidação do poder e à construção de novas instituições políticas Como esse processo pode levar décadas a datação das revoluções é fre qüentemente imprecisa Entretanto por ques tão de comodidade as revoluções são tipica mente datadas do ano em que cai o antigo regime portanto a Revolução Francesa de 1789 a revolução comunista chinesa de 1949 muito embora as lutas revolucionárias e a reconstrução do estado possam continuar ainda por várias décadas depois dessas datas O conceito de revolução como mudança fundamental é estritamente um desenvolvimen to moderno Da Grécia antiga ao Renascimento revolução significou um movimento cíclico como a revolução ou rotação dos planetas Em política o termo revolução também suben tendia portanto um padrão cíclico um mo vimento da aristocracia rumo à democracia e à tirania e de volta em um círculo interminável Somente no século XVIII sobretudo depois da Revolução Francesa de 1789 é que o termo revolução passou a se referir a uma mudança permanente e fundamental em vez de cíclica Avaliações morais O conceito de revolução é freqüentemente usado com implicações tanto morais como des critivas Muitos pensadores sobretudo os ins pirados em Karl Marx usam o termo revolu ção para assinalar uma mudança que seja va liosa e progressiva Em política isso significa usualmente reduzir a desigualdade e propor cionar maior justiça em outros campos quer simplesmente dizer progresso no conhecimento ou na produtividade como nos casos de revolução agrícola ou revolução da infor mática Esses pensadores consideram as revo luções necessárias para se realizar o progresso social com efeito sustentam freqüentemente que a revolução é o único caminho para der rubar idéias ou instituições estabelecidas Outros porém usam o termo para indicar um período de caos de luta desenfreada pelo poder com conseqüências destrutivas Vêem a revolução como um violento e perigoso afas tamento do curso normal da vida política Esses pensadores consideram que as revoluções são algo a ser evitado advogam que a desejada Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 664 revolução mudança social deve ser conseguida através de uma reforma gradual Essa discussão vem de longa data e está longe de ser decidida Diferentes autores con tinuam vendo as revoluções com otimismo ou pessimismo dependendo de sua avaliação in dividual sobre se os benefícios resultantes da mudança revolucionária compensam os custos Debates adicionais sobre a natureza das revolu ções têm se concentrado em duas questões por que ocorrem revoluções O que foi que elas realizaram Causas de revolução Pensar sobre as causas de revolução tornou se mais refinado ao longo do século XX Os primeiros pensadores concentraramse princi palmente nas multidões considerando a revolu ção o produto de um incontrolado e espontâneo entusiasmo popular Essa ação da multidão po dia ser deflagrada por um surto de penúria econômica ou por um ato particularmente fla grante de corrupção ou opressão governamen tal Nas décadas de 50 e 60 havia grande preo cupação com a possibilidade de que revoluções fossem desencadeadas em países que estavam mudando de padrões mais tradicionais para ou tros mais modernos de vida econômica e polí tica As populações apanhadas no meio entre os velhos estilos de vida e os recémimplan tados eram consideradas incomumente vulne ráveis à frustração e ao entusiasmo populares em função da rápida mudança Havia também preocupação em torno de ideologias como o comunismo que pudessem levar multidões a adotar um comportamento extremista e violen to As raízes da revolução eram apontadas na modernização e na subversão ideológica Mas na década de 70 sobretudo em resul tado da obra de Charles Tilly 1978 os es tudiosos da matéria tinham adquirido consciên cia de que o comportamento da multidão revo lucionária não era simplesmente espontâneo ou emocional Pelo contrário constatouse que a atividade revolucionária requeria liderança or ganização e mobilização na luta pela realização de objetivos políticos Esse conceito de mo bilização de recursos levou os scholars a pro curarem as causas das revoluções em mudanças de recursos entre grupos politicamente ativos Além disso Theda Skocpol 1979 e Jack Goldstone 1990 chamaram a atenção dos es tudiosos para os recursos do estado Sublinha ram que os próprios recursos do estado pode riam ser exauridos pelos custos da guerra ou do desenvolvimento econômico debilitando o es tado e criando oportunidades para os seus opo sitores Além disso assinalaram que os con flitos no seio da elite política e econômica eram freqüentemente cruciais na redução da eficácia do estado em se defender e no fornecimento da liderança para grupos adversários A noção que predomina atualmente sobre as causas da revolução está consubstanciada na teoria estrutural Essa propõe uma atenção combinada à mobilização de recursos e aos recursos do estado De acordo com essa concep ção as revoluções só ocorreriam quando uma combinação de fatores criasse uma situação estrutural favorável à revolução Tal situação inclui um governo enfraquecido elites inter namente divididas e alienadas e uma oposição dotada de liderança recursos incluindo o apoio popular e organização Considerase que as ideologias revolucionárias as quais pode riam incluir o comunismo o liberalismo ou o fundamentalismo islâmico só são capazes de obter ampla adesão quando surge uma situação estrutural que favorece a revolução Conseqüências da revolução O pensamento sobre as conseqüências da revolução está menos avançado que pensamen tos sobre suas causas Apenas duas conclusões parecem bem estabelecidas Primeiro as revo luções produzem geralmente um recrudesci mento do poder do estado porquanto a tendên cia dos regimes pósrevolucionários é de atacar o problema da fraqueza do estado dotandoo com um exército e uma burocracia muito maio res que no regime prérevolucionário Segundo as revoluções aumentam geralmente a proba bilidade de guerras internacionais uma vez que a mudança de regime em geral resulta na mudança de alianças internacionais Isso leva com freqüência a testes para avaliar a força e a solidez do novo regime ou das novas alianças através de uma agressão internacional que pode ser iniciada tanto pelo novo regime quanto por seus adversários Sobre um grande número de outras questões importantes tais como se as revoluções podem criar democracias estáveis reduzir a desigual dade ou incentivar o desenvolvimento econô mico as indicações são sumamente ambíguas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar revolução 665 O estudo sistemático dessas matérias está ape nas começando As metas no tocante às conseqüências são o que diferencia as rebeliões das revoluções Nas rebeliões as metas dos adversários do es tado não vão usualmente muito além da retifica ção de um determinado motivo de queixa ou de forçar uma mudança do pessoal ou da polí tica do estado Nas revoluções porém os opo sitores do estado são motivados por uma ideo logia que descreve as instituições vigentes co mo fundamentalmente defeituosas ou perver sas necessitando de total substituição ou re construção Embora as causas da rebelião e da revolução possam ser semelhantes fraqueza do estado divisões na elite e mobilização po pular o impacto da ideologia revolucionária sobre a promoção de metas e conseqüências radicais torna as revoluções distintas Perspectivas futuras de revolução Do início até meados do século XX quando as revoluções eram consideradas o produto de uma reação emocional popular às tensões gera das pela modernização esperavase que as revoluções se tornassem menos comuns à me dida que o mundo fosse ficando mais racional e desenvolvido Entretanto a percepção de que as revoluções estão baseadas na busca racional de realização de objetivos políticos e surgem quando ocorrem transferências de poder entre estados elites e grupos populares alterou essa expectativa As mudanças em tecnologia polí tica internacional e economia mundial colocam novos recursos nas mãos de vários grupos ao mesmo tempo em que fortalecem alguns es tados e enfraquecem outros Tais mudanças foram particularmente acentuadas nos países seriamente envolvidos na competição estratégi ca entre os Estados Unidos e a União Soviética Assim revoluções e tentativas de revolução têm sido freqüentes no final do século XX no Irã Nicarágua Afeganistão Polônia Filipi nas e provavelmente continuarão a ser uma característica recorrente da política mundial Ver também AÇÃO COLETIVA MARXISMO RE VOLUÇÃO PERMANENTE Leitura sugerida Dix R 1983 Varieties of revolu tion Comparative Politics 15 28193 Eckstein S 1982 The impact of revolution on social welfare in Latin America Theory and Society II 3394 Golds tone JA Gurr TR e Moshiri F orgs 1990 Revolu tions of the Late 20th Century Paige J 1975 Agra rian Revolution Walton J 1984 Reluctant Rebels JACK A GOLDSTONE revolução científicotecnológica Uma das transformações mais significativas da era mo derna foi a revolução na ciência e tecnologia no século XX Representa uma transformação fun damental na ciência na ligação entre ciência e tecnologia e nas relações entre ciência e socie dade As diferenças em relação a épocas an teriores incluem os mecanismos sociais de apoio à pesquisa os ambientes em que os pes quisadores trabalham os métodos pelos quais se procede ao seu recrutamento a organização da pesquisa científicotecnológica a maneira como os problemas são formulados escolhidos ou designados e as estruturas de recompensa que orientam em grande parte a busca de conhecimentos Em essência as relações entre ciência e sociedade foram substancialmente al teradas neste século e um aspecto disso está nos crescentes esforços para ligar a ciência mais estreitamente à tecnologia na tentativa de rea lizar metas econômicas ou outros objetivos na cionais Como ocorre com a maioria das transforma ções que afetam a esfera intelectual transcor rerá ainda algum tempo antes que toda a impor tância e todo o significado da revolução sejam reconhecidos e interpretados Entretanto mes mo antes que ela tenha concluído seu curso é evidente que não só a ciência e a tecnologia foram afetadas mas também todo o processo pelo qual o pensamento social adquire forma e na verdade talvez a própria substância do futuro pensamento social A revolução científica anterior no começo da era moderna fornece uma útil base de com paração A revolução dos séculos XVI e XVII foi uma revolução cognitiva Transformaram se os modos de pensar sobre a natureza os tipos de perguntas formuladas e os métodos de buscar respostas válidas Antes dos cientistas dessa era a escolástica reinava como senhora absolu ta com seu culto do pensamento clássico antigo e seu desdém pelo trabalho empírico Com essa revolução científica veio a formula ção de teorias idealmente expressas em termos matemáticos testáveis por observações em píricas obtidas onde possível a partir de ex perimentos A obra de Galileu no século XVII foi uma contribuição pioneira que estimulou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 666 revolução científicotecnológica materializou e definiu essa revolução científica Mudanças políticas acompanharam essa revo lução cognitiva e em última instância a ciência ganhou alguma independência em relação à supervisão do estado na época da Igreja Depois surgiram ou amadureceram ciências mais novas mas embora pudessem ter variado de perspectiva ou abordagem em relação às ciências anteriormente estabelecidas cada uma delas era formada em conformidade com o padrão de teoriaobservação cada uma delas era um produto da revolução anterior Exem plos incluem a epidemiologia a ciência médica e a ecologia O mesmo pode ser dito da aplica ção de métodos científicos ao estudo da socie dade incluindo o uso de experimentos delibe radamente planejados de natureza social ou econômica Nesse caso são feitas suposições simplificadoras acerca da natureza dos atores sociais e o pressuposto é que a pesquisa social orientada por padrão teoriaobservação ade quadamente adaptado pode levar a um melhor entendimento da ação social em média e da sociedade Em contraste a recente revolução científica e tecnológica teve um caráter inteiramente di ferente Sob o confuso frenesi de descobertas e invenções aparentemente infindáveis houve uma revolução na organização O que mudou mais radicalmente neste século foi a organiza ção social da ciência e é isso o que constitui uma transformação fundamental Muitas das tendências que culminaram na atual revolução como a maior especialização a ligação mais estreita entre ciência e estado vinham sendo visíveis há algum tempo No século atual po rém mudanças interligadas de natureza cumu lativa produziram um efeito de limiar uma revolução em ciência e tecnologia Em sua forma geral essa nova revolução foi conseqüência do impulso pela racionalidade que foi uma força motivadora da ascensão do Ocidente em especial desde a Reforma pro testante ver também ÉTICA PROTESTANTE TESE DA Os métodos de contabilidade que tornaram possível a empresa capitalista foram ampliados e aplicados inicialmente à tecnologia e depois à ciência Conceitos que antes se pensava per tencerem ao mundo dos negócios contratos orçamentos de tempo e gerência de tempo pro dutividade fluxos de produção propriedade etc passaram a figurar com destaque na administração agora gerência da ciência e da tecnologia Além disso em muitas sociedades a relevância especialmente a relevância para a prosperidade econômica dos que contribuem para o financiamento de pesquisas através de seus impostos cujo grau de satisfação pode determinar o destino dos governos em socie dades democráticas tornouse um critério de alguma importância na avaliação da ciência A incansável busca de racionalidade econô mica em parte alguma foi mais evidente do que na burocratização da pesquisa Para os cientis tas no plano individual isso significou uma transformação de exploradores independentes em empregados bemposicionados na escala hierárquica de carreiras em grandes organiza ções de profissionais ecléticos de amplo espec tro em especialistas cada vez mais restritos e de participantes pessoais em comunidades auto reguladoras em membros anônimos de grandes associações Ver também BUROCRACIA Historicamente numerosos fatores têm aju dado a alimentar essa revolução Por exemplo o reconhecimento sobretudo a partir do co meço do século XX de que a tecnologia e a ciência podiam ser utilizadas para a produção de armas forneceu um estímulo à revolução e em considerável medida orientou o seu curso subseqüente Quando cientistas ou engenhei ros estudando a natureza da matéria ou de materiais puderam fornecer um expertise útil para projetar e criar armas vencedoras de guer ras tornouse necessário pouco esforço para convencer governos a prover a amplo finan ciamento Além disso a crença de que a ciência e a tecnologia podiam elevar consideravelmen te o bemestar das nações definido em termos materiais e medido com indicadores econômi cos serviu de estímulo adicional para a trans formação da ciência e da tecnologia Ver tam bém CRESCIMENTO ECONÔMICO O resultado foi que a ciência e a tecnologia têm recebido mais apoio financeiro do que nun ca e que a pesquisa tem sido executada em laboratórios industriais ou governamentais em uma extensão muito maior do que antes fre qüentemente com sua direção determinada de antemão por decisões organizacionais ou em cumprimento de obrigações contratuais A pes quisa dentro e fora das universidades conver teuse em grande parte em pesquisa de equipe e o empreendimento científicotecnológico jus tificouse em termos de produção de patentes de publicações de pessoal O foco da pesquisa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar revolução científicotecnológica 667 transferiuse do problema científico para o ar tigo ou ensaio publicado ou para a patente Enquanto que em tempos passados um cientista ou tecnólogo um pensador independente podia debaterse com um único problema du rante alguns anos as exigências de prestação de contas impostas às organizações e aos seus empregados e as aspirações de carreira dos homens e mulheres de ciência e tecnologia combinaramse para assegurar a ampla aceita ção dos números de publicações ou patentes eou contagem do total de páginas ou pedidos de bolsas bemsucedidos ou contratos ou cita ções ou estudantes por ano como indicadores válidos de adequadas taxas de produção Qualquer consideração da revolução cien tíficotecnológica do século XX deve reconhe cer uma de suas principais características seu evidente sucesso Quer os problemas tenham sido indicados por grandes empresas capitalis tas ou pelo estado ou escolhidos por sua per tinência para os interesses do momento dis ciplinares ou sociais a ciência e a tecnologia têm se mostrado no seu todo notavelmente capacitadas a oferecer soluções aceitas pela grande maioria Uma questão crítica porém é se essa or ganização social presente permitirá as espécies de transformações no pensamento científico e social associadas a cientistas pioneiros da es tirpe de Copérnico Kepler Galileu Newton Faraday Snow Darwin Mendel Pasteur e Einstein ou a Adam Smith Marx Durkheim Weber e outros fecundos cientistas sociais Como está claro que a organização social da ciência e da tecnologia usualmente não esti mula na verdade desencoraja com freqüên cia o trabalho realmente inovador uma tese sombria vem à tona Em termos simples como a população humana crescendo em números e em consumo material exerce uma pressão cada vez maior sobre os limites da capacidade do ecossistema planetário surgem problemas sérios e aumenta a pressão para que a ciência e a tecnologia produzam soluções Como resul tado da revolução científicotecnológica do sé culo XX mecanismos traduzem essa pressão em exigências de maior racionalidade econô mica mais responsabilidade mais eficiência mais produtividade no uso de recursos alo cados pela sociedade para pesquisa Podem resultar níveis mais elevados de produtividade científicatecnológica quando medidos por in dicadores contemporâneos de desempenho mas também resultariam inevitavelmente taxas inferiores de descobertas científicas e inova ções tecnológicas significativas Ao fim e ao cabo acompanhando a transformação de sua organização social a ciência e a tecnologia não podem produzir suficientes obras de qualidade para sustentar a sociedade industrial Em essên cia a sociedade moderna contém em seus va lores fundamentais as sementes de sua própria extinção Encarada historicamente a mesma raciona lidade que possibilitou a Revolução Industrial no Ocidente propagouse de seu foco inicial predominantemente comercial para todas as outras áreas da sociedade Nenhuma área es capou à sua influência Entretanto levada ao seu extremo a racionalidade econômica con duz ao consumo sem possibilidade de reno vação dos próprios recursos que possibilita ram a sociedade moderna as contribuições de cientistas engenheiros pensadores indepen dentes impelidos por irrefreável curiosidade por um interesse em idéias motivado pelo sim ples amor às idéias por uma paixão por com preender ou por outras motivações irracio nais semelhantes as pessoas com tais motiva ções não desapareceram mas a revolução do século XX na organização social afetando laboratórios empresariais e governamentais institutos de pesquisa e universidades de fine a maioria das pessoas com esses tipos de motivações como improdutivas não merece doras de séria consideração ou de apoio fi nanceiro e na melhor das hipóteses as marginaliza Em última análise a questão consiste em saber se a organização social da ciência e tec nologia e da criação de conhecimento de modo mais geral permitirá qualquer contribui ção efetiva para a revolução no pensamento social e nos valores da sociedade que será re querida com vistas à sobrevivência a longo prazo da espécie humana com uma razoável qualidade de vida dentro de seu meio ambiente natural Como a ciência e tecnologia estão cada vez mais solidamente submetidas à maquinaria de produção do capitalismo atual como as ca pacidades críticas de cientistas engenheiros e de modo mais geral intelectuais estão cada vez mais anestesiadas muitas vezes por suas próprias ambições pessoais de êxito ou necessidades de sobrevivência dentro do atual Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 668 revolução científicotecnológica sistema como as sociedades em todo o planeta se esforçam ao máximo por imitar os modelos de consumo de massa do Ocidente materialista assim se fecham as janelas de oportunidade possivelmente restantes Ver também MUDANÇA TECNOLÓGICA RACIO NALIZAÇÃO SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA TECNOCRA CIA Leitura sugerida Bernard C 1865 1961 An Intro duction to the Study of Experimental Medicine Harré R 1981 Great Scientific Experiments Twenty Experi ments that Changed our View of the World Internatio nal Sociological Association 1977 ScientificTechnolo gical Revolution Social Aspects Kanigel R 1986 Appendice to Genius The Making of a Scientific Dynas ty Kuhn Thomas S 1961 The Structure of Scientific Revolutions Latour Bruno e Woogar Steve 1979 Laboratory Life The Construction of Scientific Facts Lemaine G Darmon G e Nemer S 1982 Noopolis les laboratoires de recherche fondamentale de latelier à lusine Martin BM Baker CMA Manwell C e Pugh C 1986 Intellectual Suppression Australian Case Histories Analysis and Responses Merton RK 1973 The Sociology of Science Theorical and Em pirical Investigations Pirsig R 1974 Zen and the Art of Motorcycle Maintenance an Inquiry into Values SzentGyorgyi A 1971 Lookin back Perspectives in Biology and Medicine 15 15 ALDEN S KLOVDAHL revolução gerencial A expressão referese lato sensu ao processo pelo qual a propriedade e o controle da indústria teriam passado em tese de empresários e famílias para gerentes profissionais assalariados também tem sido usada em referência a mudanças na base do domínio político em termos de classes Nessa última acepção designa o processo pelo qual uma classe capitalista dominante é substituída por uma nova classe dominante de gerentes financeiros e técnicos A mais antiga formulação da tese geral da revolução gerencial na indústria pode ser en contrada na obra de Berle e Means 1912 Esse livro nasceu de uma preocupação nos círculos liberais norteamericanos a respeito do poder industrial exercido por banqueiros de Nova York Tal preocupação expressouse na idéia de um truste monetário através do qual financis tas como JP Morgan estavam controlando a indústria na base de grandes participações acio nárias empréstimos e diretorias interligadas Adolf Berle advogado independente e Gar diner Means economista foram mais otimistas a esse respeito considerando que era apenas uma fase no movimento de afastamento do tradicional controle pelo dono e de encami nhamento para um sistema de controle geren cial em que as atividades de negócios pode riam ser mais facilmente submetidas ao interes se público Em 1933 Roosevelt iniciou o New Deal a sua política econômica e social des tinada a superar os problemas econômicos pre cipitados pelo colapso financeiro de 1929 Ber le foi recrutado para o brain trust grupo organizado pelo presidente para realizar es tudos e solucionar problemas e que apresentou numerosas idéias e políticas aproveitadas por Roosevelt desse modo a tese da revolução gerencial passou a ter um significativo impacto no pensamento oficial e empresarial nos Es tados Unidos Berle e Means sustentaram que a escala crescente da empresa comercial e industrial significava que as companhias teriam que re correr a pools mais vastos de capital para finan ciar suas atividades Por conseguinte a proprie dade das ações das companhias ficaria cada vez mais dispersa Os donos de uma companhia possuiriam uma percentagem decrescente das ações e deixariam de poder exercer a espécie de controle que era possível quando detinham a propriedade pessoal do empreendimento como um todo Eles poderiam exercer inicialmente o controle majoritário mas quando sua par ticipação acionária ficasse abaixo de 50 pas sariam a exercer somente um controle minori tário Finalmente seus valores mobiliários se tornariam tão diminutos que eles desaparece riam na massa de pequenos acionistas Nessa situação o capital é subscrito por um grande número de indivíduos cada qual com uma per centagem muito pequena do total e nenhum acionista possui suficientes ações para exercer o controle da companhia Os diretores e prin cipais executivos a gerência deixam de ser coagidos pelos interesses dos seus acionistas e é concretizado o controle gerencial A obra de James Burnham 1941 deu uma inclinação mais radical a essa tese ao con siderála a base da ascensão ao poder de uma nova classe dominante Burnham afirmou que o crescimento da empresa era mais que uma simples questão de escala Havia também uma crescente complexidade técnica dos meios de produção e o autor sustentou que o controle sobre a indústria estava se transferindo dos grupos dependentes da estrutura da propriedade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar revolução gerencial 669 e lucratividade privadas acionistas e financis tas para os que possuem as necessárias quali ficações e os conhecimentos indispensáveis pa ra dirigir os novos meios de produção Qualifi cações organizacionais e conhecimentos técni cos constituíam a base do poder gerencial Bur nham considerou que a base de conhecimento dos gerentes está expressa na nova CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO O poder dos gerentes na indús tria conferelhes um papel de destaque na so ciedade como agentes de um sistema de pro priedade estatal em evolução o seu poder na indústria corresponde ao crescente poder dos gerentes no estado As vastas e complexas burocracias do estado moderno sustentou ele exigiam administradores altamente qualifica dos que suplantassem cada vez mais os políti cos eleitos no preenchimento de cargos Portan to a revolução gerencial foi o processo pelo qual os gerentes na indústria e no estado con solidaram seu poder e se tornaram uma nova classe governante Burnham escrevendo na dé cada de 40 percebeu que isso tinha sido reali zado na União Soviética na Itália fascista e na Alemanha nazista A GrãBretanha e os Estados Unidos afirmou ele caminhariam em breve na mesma direção No período do pósguerra a tese de Burnham foi especialmente influente entre os analistas dos estados comunistas emergentes encontran do sua expressão em várias noções de totalita rismo e na conceituação por Djilas 1957 da nova classe burocrática da Europa Oriental Entre os autores sobre o capitalismo ocidental contudo foi a formulação de Berle e Means a mais influente de todas Essa concepção estava associada porém à afirmação de que a revolu ção gerencial estava transformando a sociedade industrial e criando uma nova sociedade em que não haveria divisões de classe Os gerentes na opinião de autores tão diversos quanto Bell 1961 e Galbraith 1967 eram meramente os ocupantes atuais de posições em um sistema aberto e meritocrático Elevadas taxas de mobi lidade social asseguravam que eles não for mariam uma classe social fechada e seu isolamento das exigências de propriedade e lucro garantiam que iriam atuar no interesse social geral Essa concepção da SOCIEDADE PÓS INDUSTRIAL tornouse na maior parte das déca das de 50 e 60 a principal perspectiva socioló gica sobre a sociedade moderna A tese da revolução gerencial conforme expressa nas teorias da sociedade pósindus trial tem sido alvo de consideráveis críticas nos últimos 20 anos Provouse que era infundada a crença em que a participação acionária estava se tornando irrelevante para o controle A situa ção observada por Berle e Means no início da década de 30 foi na melhor das hipóteses um período transitório Desde essa época tem se registrado um maciço crescimento das carteiras acionárias de instituições financeiras ban cos companhias de seguro e fundos de pensões A posse de ações tornouse mais concentrada não mais disseminada Isso aumentou o poder de diretores das principais instituições finan ceiras que compreendem um círculo restrito de líderes empresariais Zeitlin 1989 Useem 1984 As pesquisas também indicaram que o evolucionismo e a inevitabilidade da posição gerencialista devem ser questionadas e se deve dar mais atenção às variações entre países em suas respectivas experiências de desenvolvi mento da administração empresarial Scott 1985 Leitura sugerida Berle AA e Means GC 1932 The Modern Cooperative and Private Property Bur nham J 1941 The Managerial Revolution Florence PS 1951 Ownership Control and Success in Large Companies Gordon D 1945 Business Leadership in Large Corporations Herman EO 1981 Corporate Control Corporate Power Mintz B e Schwartz M 1985 The Power Structure of American Business Scott John 1985 Corporations Classes and Capita lism 2ªed Ο 1986 Capitalist Property and Financial Power Useem M 1984 The Inner Circle Zeitlin MR 1989 The Large Corporation and Contemporary Classes JOHN SCOTT revolução permanente Esta expressão pas sou a representar a conjunção em um processo contínuo de dois tipos de transformação revo lucionária De origem obscura foi introduzida no pensamento marxista pelo próprio Karl Mar x Mas a teoria completa da revolução per manente está associada ao nome de Leon Trots ky que desde 1905 até sua morte em 1940 desenvolveu defendeu e sistematizou a idéia dessa transformação revolucionária dupla para países em estágio inicial de desenvolvimento capitalista A própria expressão não é inteiramente ade quada para o significado que adquiriu parecen do apontar antes uma perspectiva de inter Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 670 revolução permanente minável convulsão política e social ou de mudança radical Exceto quando caricaturada por adversários contudo a expressão não foi proposta com esse sentido O exame por Marx das perspectivas da Alemanha em meados do século XIX indica os temas principais Uma REVOLUÇÃO meramente democrática ou de mocráticoburguesa ou seja uma revolução dirigida contra a autocracia política e as rela ções econômicas précapitalistas era pen sava ele problemática naquele país uma vez que ao principal beneficiário de tal revolução parcial a burguesia faltava a vontade política para levála adiante por causa do medo que sentia da classe abaixo dela o proletariado Este último como a única classe verdadeiramente radical podia e devia tomar a iniciativa lutar embora não apenas pela revolução democrática que era necessária para uma Alemanha ainda atrasada libertarse da herança da Idade Média mas para uma emancipação mais completa envolvendo a abolição da propriedade privada e das classes Foi a junção dessas duas etapas revolucionárias a democráticoburguesa e a socialista em um processo mais ou menos ininterrupto que constituía a permanência da revolução Marx também previu que os esforços políticos do operariado alemão seriam ajudados por uma vitória do proletariado na França Apesar da presença desses temas na obra de Marx foi um ponto de vista diferente que também pode ser nela encontrado que veio a definir a ortodoxia marxista e concomitan temente a expectativa comum dos marxistas russos nos primeiro anos do século XX Esse ponto de vista dizia que antes de as relações econômicas existentes poderem ser substituí das por outras mais avançadas já deviam ter amadurecido as forças e condições materiais apropriadas O socialismo deve basearse em um alto nível de progresso capitalista Assim as duas principais correntes no interior do mo vimento socialista russo embora discordassem acerca do papel do proletariado em uma futura revolução russa os bolcheviques vendoo em um papel de liderança os mencheviques em um papel meramente coadjuvante estavam uni das em pensar que essa revolução só podia ser democráticoburguesa no conteúdo seus obje tivos em um país atrasado e predominantemen te agrário tinham que ser a democracia política e um período de desenvolvimento econômico e social capitalista como uma etapa distinta an terior a qualquer revolução socialista Nessa relativa harmonia uma única voz pro jetou uma nota discordante O que para Marx fora apenas uma linha ocasional de pensamento recebia agora uma base independente fornecida pelo jovem Trotsky a resultante teoria da revo lução permanente serviulhe como diretriz para o resto da vida Formulada inicialmente depois da derrotada revolução russa de 1905 seu ponto de partida foi o que Trotsky chamaria mais tarde a lei do desenvolvimento combinado e de sigual O grau e o ritmo desiguais do desen volvimento capitalista em países diferentes em conjunto com a tendência do capitalismo a transpor fronteiras nacionais levando consigo seus produtos seus métodos sua tecnologia e suas comunicações tinham o efeito em regiões economicamente menos desenvolvidas susten tou ele de produzir uma distinta combinação histórica de arcaicas estruturas sociais e políti cas précapitalistas por um lado com um rela tivamente avançado embora pequeno setor de indústria capitalista por outro A Rússia estava nesse caso lá o capitalismo tinha sido promo vido pelo próprio estado e acelerado pelo inves timento estrangeiro que ele encorajava Os mais modernos métodos de produção tinham sido projetados subitamente em um meio economi camente atrasado em vez de se desenvolverem organicamente com a evolução mais gradual de uma classe empresarial nacional Por conse guinte a burguesia e o liberalismo russos eram fracos e temerosos de uma revolução popular enquanto que a classe operária estava altamente concentrada era politicamente militante e au toconfiante Embora pequena essa classe teria sustentava Trotsky que liderar os camponeses contra o czarismo o campesinato era extrema mente heterogêneo e estava geograficamente disperso demais para poder ele próprio assumir a liderança Foi a partir dessa hipótese da liderança po lítica proletária na Rússia que Trotsky derivou a então heterodoxa projeção de que a primeira revolução anticapitalista poderia muito bem ocorrer fora do mundo capitalista avançado Pois se os representantes da classe operária chegassem ao poder através da revolução eles não poderiam limitarse a realizar os objetivos de um programa democráticoburguês A dinâ mica da luta de classes oporia importantes for ças burguesas até mesmo a esse programa mí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar revolução permanente 671 nimo compelindo a classe operária a atacar as próprias bases da riqueza e do poder capitalis tas se a revolução não quisesse fracassar em seus mais elementares objetivos Não haveria portanto qualquer divisão estrita entre as etapas democráticoburguesa e socialista O conteúdo das duas revoluções iria fundirse em um só Se a Rússia contudo podia iniciar a transi ção para o socialismo não poderia completála sozinha Nesse ponto Trotsky sustentou a tese marxista ortodoxa de que o socialismo requer uma estrutura internacional e um alto nível de desenvolvimento das forças produtivas A me nos que a revolução na Rússia fosse logo segui da como ele confiantemente esperava que ocorresse de revoluções em outros países chaves europeus produzindo conjuntamente um projeto internacional de transição socialista o novo estado dos trabalhadores na Rússia es taria condenado ao fracasso em curto espaço de tempo Esse era o segundo componente da teo ria da revolução permanente a insistência na urgência de vitórias socialistas em outros paí ses Menos saliente antes de 1917 do que a discussão em torno da fusão das etapas revolu cionárias tornouse nas décadas de 20 e 30 um dos temas principais na oposição à defesa por Stalin do socialismo em um só país Apesar de alguns paralelos entre suas pró prias concepções sobre a Rússia e as de outros pensadores Rosa Luxemburgo por exemplo acerca da questão crucial da dinâmica anticapi talista da iminente revolução russa Trotsky permaneceu sozinho entre os marxistas durante mais de uma década Rejeitando a sua teoria até 1917 Lenin e o Partido Bolchevista que o apoiava adotaram então uma perspectiva idên tica em todos os aspectos essenciais à de Trots ky como o programa da Revolução de Outubro Isso tem sido negado freqüentemente pelos apologistas do stalinismo e de modo geral na tradição do COMUNISMO ortodoxo mas a nega ção carece de credibilidade intelectual A perspectiva de revolução permanente foi em um aspecto notavelmente presciente an tecipando em linhas gerais o que estava real mente para acontecer na Rússia em face de uma forte e rígida ortodoxia que teria parecido absurdo prever Nessa perspectiva ao mesmo tempo como no marxismo clássico em ter mos genéricos a facilidade e a rapidez com que a revolução socialista poderia propagarse de uma arena nacional para outras foram cla ramente superestimadas Trotsky por outro la do subestimou a capacidade de um regime pósrevolucionário na Rússia sobreviver isola do tendo preconizado inicialmente a sua queda iminente viria mais tarde a se referir em rela ção ao governo de Stalin à prolongada degene ração do regime Mas se a ausência de revolu ções socialistas no mundo capitalista avançado deixa de certo modo um ponto de interrogação geral sobre a teoria da revolução permanente como na verdade sobre uma expectativa mar xista clássica central os acontecimentos que se desenrolam agora na exUnião Soviética e na Europa Oriental podem de outra maneira con firmar tardiamente a teoria se levarem ao pleno restabelecimento do capitalismo nesses países Ver também TROTSKISMO Leitura sugerida Deutscher I 1954 The Prophet Ar med Trotsky 18791921 Geras N 1976 The Legacy of Rosa Luxemburg KneiPaz B 1978 The Social and Political Thought of Leon Trotsky Löwy M 1981 The Politics of Combined and Uneven Develop ment Marx K 1843 1975 Contribution to the critique of Hegels philosophy of law introduction In K Marx e F Engels Collected Works vol3 p17587 Trotsky L 1906 1930 1962 The Permanent Revo lution and Results and Prospects Ο 1922 1972 1905 Ο 1932 1977 History of the Russian Revolution NORMAN GERAS riqueza No moderno pensamento social o conceito econômico de riqueza qualquer PROPRIEDADE que tenha um valor negociável ou valor de troca tem sido normalmente tratado como uma dimensão importante e fundamental da desigualdade social ou econômica e fre qüentemente discutido ou empregado por críti cos esquerdistas do capitalismo ou da ordem social existente Para os marxistas as concen trações privadas de posses de riquezas são parte integrante do processo de controle pela classe burguesa dos meios de produção distribuição e troca e eles em geral têm considerado a questão da posse de riquezas no contexto da propriedade do capital produtivo por uma classe minimi zando a importância de outras formas de patri mônio Radicais nãomarxistas como RH Tawney 18801962 e Anthony Crosland 191877 conferiram maior ênfase ao papel da posse de riquezas especialmente as concentra ções significativas de riqueza herdada na ma nutenção da desigualdade política e social das modernas sociedades capitalistas Uma terceira corrente representada por cientistas sociais co Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 672 riqueza mo Thorstein Veblen 18571929 Joseph Schumpeter 18821950 e C Wright Mills 191662 examinou a categoria social das pes soas ricas especialmente aquelas com substan cial patrimônio herdado Veblen foi o primeiro a pôr em relevo a exibição vulgar de consumo conspícuo entre os ricos Schumpeter exami nou os efeitos pretensamente deletérios da ri queza herdada sobre a capacidade empresarial entre os herdeiros de selfmade men Mills for mulou o conceito de elite do poder para en globar a superposição de pessoal entre o grande empresariado o governo os militares e outros elementos que discerniu na América pós1945 Economistas e outros trabalhando a partir de um quadro de referência neoclássico ou key nesiano têm se dedicado cada vez mais a exa minar questões de concentração e distribuição de renda e riqueza sob aspectos de relevância para a teoria social Na década de 50 Simon Kuznets expôs a teoria verificada ao que tudo indica por pesquisadores subseqüentes como Lee Soltow Jeffrey Williamson e Peter Lindert de que a concentração de renda e por implicação de riqueza em mãos particula res se torna mais desigual durante e imediata mente após o período de industrialização de uma nação e em seguida cada vez mais igua lizada em contraste com a teoria marxista clás sica No tocante à GrãBretanha a pesquisa empírica revelou que a má distribuição de renda atingiu o seu ponto máximo no período entre 1870 e 1914 e que a renda foi ficando progres sivamente distribuída de forma menos desigual desde o final da Primeira Guerra Mundial O grau de concentração de posse de riqueza me dida pelo registro de sucessões acompanhou o de rendas em se tornar mais igual depois ob viamente do intervalo de uma geração Não está esclarecido se isso ocorreu por causa de processos econômicos naturais a criação de uma sociedade afluente de consumo de mas sa ou especificamente em função de medidas tributárias redistribucionistas e atividades sin dicais Os historiadores sociais também têm exami nado com crescente freqüência os ricos como categoria social assim como a evolução da posse de riqueza em sociedades modernas prin cipalmente por meio dos registros de sucessões e outros dados tributários que permitem adqui rirse o conhecimento da identidade e nível de riqueza de pessoas falecidas O debate em torno da ascensão da pequena nobreza rural a gen try no período inicial da Inglaterra moderna levado a efeito por RH Tawney Lawrence Stone JH Hexter Hugh TrevorRoper e ou tros examinou com detalhes as fortunas econô micas da aristocracia e da gentry na GrãBreta nha desde 1800 empreendido por WD Ru binstein mostrou que na mais importante área industrial da GrãBretanha se adquiria muito mais riquezas nas finanças e no comércio es pecialmente na City de Londres do que em manufaturas isso ocasionou um debate sobre as implicações do capitalismo dividido pela geografia na GrãBretanha Outros estudos das classes médias inglesas empregando fontes pa trimoniais semelhantes foram publicados por Leonore Davidoff Catherine Hall e Robert Morris ao lado de uma literatura em constante aumento sobre os ricos nos Estados Unidos França Alemanha e outros países Leitura sugerida Daumard Adeline 1973 Les for tunes françaises au XIXe siècle Davidoff Leonore e Hall Catherine 1986 Family Fortunes Lundberg Ferdinand 1968 The Rich and the SuperRich Mills CW 1956 The Power Elite Pessen Edward 1973 Riches Class and Power before the Civil War Ο org 1974 Three Centuries of Social Mobility in America Ο org 1980 Wealth and the Wealthy in the Modern World Rubinstein WD 1986 Wealth and Inequality in Bri tain Schumpeter JA 1942 1987 Capitalism So cialism and Democracy Stone Lawrence e Stone Jeanne Fawtier 1984 An Open Elite England 1540 1880 Veblen Thorstein 1899 1953 The Theory of the Leisure Class WD RUBINSTEIN ritual político Como atividade formal ou padronizada tipicamente desempenhada em certos momentos e locais específicos o ritual difere dos hábitos e costumes por ser simbólico e com freqüência dramático expressando e comunicando não só idéias mas também pode rosos sentimentos Isso é feito através de cenas atos e palavras simbólicas que reúnem idéias diversas Um único símbolo pode freqüente mente representar muitas idéias e a interpreta ção do simbolismo ritual é muitas vezes am bígua Os rituais políticos ocorrem tipicamente diante do público o que eles expressam e co municam diz respeito ou ajuda a configurar interesses centrais dos que neles participam e dos que os observam Desse modo podem con tribuir para determinar o que é politicamente significativo em uma comunidade representan Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar ritual político 673 do o seu passado e o seu futuro bem como as relações sociais dentro dela Ver também CUL TURA POLÍTICA Os efeitos do ritual político são difíceis de avaliar mas é provável que sejam cognitivos e emocionais veiculando certa imagem estereo tipada do mundo social e político e das iden tidades dos que o habitam por um lado e por outro fortes sentimentos associados a essa ima gem induzindo ou reforçando freqüentemente sólidas lealdades e por vezes hostilidades Ver também IDENTIDADE O resultado pode ser so cialmente coesivo ou divisivo Os rituais polí ticos podem ser integrativos um meio de legi timação inculcando e consolidando uma reli gião civil como digamos se presume que ocor ra em cerimônias de coroação ou no Memorial Day quando os americanos comemoram os seus mortos em guerras ver Warner 1959 ou conflitantes como quando por exemplo os Apprentice Boys protestantes desfilam em áreas católicas da Irlanda do Norte ou os es tudantes chineses erguem uma Estátua da Li berdade na Praça Tienannen podem ainda ser vir para marcar e assim reforçar divisões em uma sociedade plural como nos desfiles étnicos ou nos desfiles comemorativos do 1º de Maio em sociedades capitalistas Dizer que os rituais políticos são expres sivos não é negar que possam ser instrumental ou estrategicamente usados seja para consoli dar o poder ou resistir a ele ou a fim de expres sar uma oposição limitada à ordem social exis tente Além disso a sua interpretação é com freqüência motivo de contestação até mesmo de luta Tampouco se suponha que ritual políti co é meramente ritual uma ilusão essencial mente irrelevante para as questões concretas da política Tanto ditadores quanto revolucio nários têm acreditado claramente no grande poder de seus efeitos até mesmo os líderes racionalistas da Revolução Francesa pensaram ser importante estabelecer requintados rituais da Razão obliterando assim o simbolismo do passado católico ver o capítulo de L Hunter in Alexander 1988 Os rituais políticos podem ser ocasiões tanto solenes como festivas como coroações ou des files Podem ser atividades de aparência nãori tual como as eleições que são interpretadas então como rituais políticos E podem ser consi derados aspectos de atividades políticas or dinárias como quando se observa digamos um aspecto ritual no processo orçamentário Leitura sugerida Edelman M 1971 Politics as Sym bolic Action Kertzer DI 1988 Ritual Politics and Power Moore SE e Myerhoff BG orgs 1977 Secular Ritual STEVEN LUKES rotulação Em um contexto sociológico ou criminológico a palavra deveria ser usualmen te lida como referência a um conjunto especial de idéias sobre a interação entre linguagem e o eumesmo self na formação da identidade em particular da identidade desviante Cumpre ain da assinalar que os mais destacados teóricos da rotulação não manifestam realmente grande apreço pelo termo e o associam às simplifica ções criadas por seus críticos A própria teoria da rotulação pode ser tratada como um elemento da sociologia interacionista e fenomenológica simbólica ver FENOMENOLO GIA INTERACIONISMO SIMBÓLICO que foi inserido nas análises de desvio e controle em 1938 por Crime and the Comunity de Tannenbaum em 1951 por Social Pathology de Lemert e em 1963 por Outsiders o livro sumamente impor tante de Becker É fruto da preocupação in teracionista com o eumesmo que resultou de uma resposta filosófica a Hegel formulada por CS Peirce J Dewey W James e GH Mead ver PRAGMATISMO O eumesmo sustentam os interacionistas é um processo reflexivo na consciência uma divisão da subjetividade em fases ligadas um voltarse a mente para si mesma de modo a que se torne simultaneamente observadora e obser vada Eu e a mim Manifestase na conduta As pessoas falam sobre si mesmas e sobre as atividades em que estão envolvidas Podem recordar e reverse como eram no passado pro jetarse em novas situações apurar algo de mo do a que outros as vejam ensaiar suas próprias respostas a esses outros e antever o que estes por sua vez podem voltar a lhes dizer Serão definidas por outros e assumir o papel do outro é uma atividade substitutiva que permite uma perspectiva sobre as identidades social mente situadas de cada um As pessoas tornam se sociais nesse processo entrelaçandose na ação projetada de outros incorporando as pers pectivas dos outros nas suas próprias No que foi chamado o gesto significativo elas podem assumir múltiplas identidades interatuantes que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 674 rotulação são encenadas ao longo do tempo elas mesmas e os outros estão contracenando em um ato que se desenrola por toda parte Assim os eusmes mos criam outros eusmesmos e por eles são criados são construídos de modo cooperativo com outros importantes que ajudam a definir quem e o que cada um é em um dado momento Os eusmesmos são objetos simbólicos e o principal veículo de objetificação é a lingua gem A linguagem separa classifica generali za anonimiza registra e preserva Permite aos usuários desligaremse de sua própria subjeti vidade coisificandoa Permite à pessoa reagir a si mesma como reagiria a uma outra O caráter de um eumesmo é fixado pela linguagem observou Peirce A minha linguagem é a soma total de mim A pessoa pode adotar tantas posturas em relação a si mesma quantos nomes existam e assumir um novo nome induzirá na pessoa uma transformação de si mesma O be bedor pode tornarse um alcoólatra o magro um anoréxico o comedor um glutão Os títulos dão forma ao eumesmo contudo a mera oferta de um título não obriga ninguém a aceitálo uma pessoa é repetidamente bombardeada com ofertas de identidade por parte de associações partidos ocupações críticos e amigos e não aceita todas elas O que conta é possuir um senso dos limites da plausabilidade e das pos sibilidades dos caracteres que se apresentam tanto em nós mesmos quanto nos outros são os efeitos que a mudança pôde operar no mundo social de cada um a vinculação de cada um à pessoa ou grupo que faz a oferta e a capacidade de cada um de resistir ou se modificar a simes mo Existe outro modo em que a organização de um eumesmo espelha a linguagem Os in teracionistas adotaram a conversação como modelo de sua própria lógica de explicação ver CONVERSACIONAL ANÁLISE A conversação avança à medida que vai produzindo indicações que captam criam e ordenam a vida social reage a essas indicações apóiase nelas funde se diluise nelas e fabrica a sua própria e dis tinta realidade simbólica A fala de diferentes pessoas pode combinarse ao longo do tempo tornandose uma forma de propriedade coleti va Pode reportarse e responder a si mesma constituindose reflexivamente Por sua vez o interacionismo descreve a vida social como sendo ativamente mediada por processos con versacionais que são interativos dialéticos e emergentes Examina a interação dentro de si mesmo entre o eu e o a mim analisaa como diálogo Uma pessoa pode ser ouvida interrogandose a si mesma elogiandose mos trandose em comunhão consigo mesma de mo do conversacional É uma pessoa falando com outras Como em todas as conversações uma pes soa raramente recebe uma resposta completa o conhecimento de si mesma é incompleto me diado e situado Está sendo interminavelmente descoberto A pessoa tenta estabelecer quem é e o que está fazendo captando um relance de seus próprios gestos e as reações que os outros têm a eles O eumesmo é uma inferência uma questão de conjectura baseada em uma rápida suposição ou suspeita e em uma rudimentar descrição operacional E como qualquer outra inferência não necessita ser correta verídi ca ou penetrante A compreensão que uma pessoa tem de si mesma e dos outros é freqüen temente fornecida por categorias que possuem mais de caricatura e estereótipo do que de deta lhe ou nuança O a mim é uma reificação confrontandose e trabalhando com outros que foram analogamente reificados Um relaciona mento social não pode ser um encontro entre pessoas reveladas em toda a plenitude de seus verdadeiros eus Ele é mediado por interpre tações que se desenvolvem e interatuam e que ostentam as marcas dos participantes De modo geral faltam às pessoas o tempo e a curiosidade para aprofundar muito a sua própria história e as dos outros seus motivos e ambições Há uma tendência a fornecer tãosomente os detalhes suficientes para manter viva a interação A vida está baseada em rótulos rudimentares e prontos A teoria da rotulação é na realidade pouco mais que uma extensão dessa idéia do eumes mo à arena da violação de regras e do controle social ver também CRIME E TRANSGRESSÃO Tornarse transgressor é um processo transfor mativo que gravita em torno da aquisição de nomes significados motivos e perspectivas É mediado pela linguagem e pelas identidades e interpretações que a linguagem confere É as sistido e por vezes forçado pelos outros sig nificativos que povoam os ambientes onde se movimenta o transgressor emergente O trans gressor em suma está profundamente implica do em definições negociadas de pessoas e com portamentos As reações à transgressão dãolhe organização simbólica e identidade pública No Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar rotulação 675 enunciado central de sua tese Becker 1963 disse Os grupos sociais criam a transgressão ao for mularem regras cuja infração constitui transgressão e ao aplicar essas regras a determinadas pessoas que passam a ser rotuladas como marginais Desse ponto de vista a transgressão não é uma qualidade do ato que a pessoa comete mas antes uma conseqüência da aplicação por outros de regras e sanções a um infrator O transgressor é alguém a quem esse rótulo foi aplicado com êxito comportamento transgressor é comportamento que as pessoas assim rotularam O que torna singular a transgressão é que se trata de um status moralmente desvalorizado acompanhado pela imposição real ou ameaçada de sanções Importantes instituições são dedi cadas à descoberta policiamento investigação e punição de transgressores Os que se tornam delinqüentes podem muito bem desejar escapar à pena tornandose foragidos A maioria dos transgressores consegue es capar às atenções Contudo mesmo quando passam despercebidos ou são tolerados ainda farão conjecturas acerca do significado de suas ações e de si mesmos recorrendo a tipificações públicas mais amplas de conduta e formulando intenções em trocas com cúmplices amigos parentes e vítimas A transgressão foi com parada ao comportamento cujo roteiro foi ela borado em interação Quando os transgressores não escapam a rotulação pode ser insinuada publicamente a fim de operar importantes transformações de identidade Tribunais polícia e prisões são in vestidos de um terrível simbolismo eles dra matizam o mal na frase de Tannenbaum Tor narse publicamente um transgressor pode ser deveras funesto No mínimo imporá a neces sidade de fazer uma acomodação com a reação pública suscitada pela violação das regras em bora a acomodação possa assumir diferentes formas e nem todas as reações ampliem o con flito De fato alguns rótulos têm realmente o efeito irônico de preservar o amorpróprio do transgressor as mães solteiras descritas por Rains 1971 eram encorajadas a se imaginarem como mulheres virtuosas que tinham sucum bido e é útil aos credores fazer com que seus devedores acreditem que ainda são honestos Alguns transgressores tornamse penitentes ou aceitam um papel de doente no qual se mos tram temporariamente inválidos As identidades desprezadas também podem mudar seus eus O rótulo formal de transgressor tende a ser indesejável reifica e supercatego riza os seus sujeitos as características sin gulares de uma pessoa ou fenômeno ficarão toldadas ou perdidas e materiais putativos serão adicionados As pessoas poderão resistir prefe rindo descreverse por outros nomes e a suposi ção de identidade desviante será freqüentemen te forçada e por conseqüência teatral acar retando o que Harold Garfinkel chamou uma cerimônia de degradação de status a qual culmina na recomposição coercitiva do eu mesmo De modo muito típico a transgressão tornase ainda mais pronunciada em tal obra dramatúrgica adquirindo centralidade simbóli ca tornandose exagerada em sua denúncia constituindo o status dominante de uma pes soa e fechando o acesso a outros eus e papéis Muitas características desviantes podem realmente ser explicadas pela forma e conteúdo do processo de rotulação Assim Schur 1971 sustentou que a identidade dos usuários de dro gas é formada tanto pelo controle social quanto pelas qualidades intrínsecas das próprias dro gas ilícitas Goffman 1961 descreveu a loucu ra como um papel que recebe definição nas estratégias de administração dos manicômios e Scott 1969 escreveu sobre a cegueira como incapacidade aprendida Não é suficiente des crever as características do transgressor e o ato desviante per se os interacionistas manteriam ser imprescindível também o reconhecimento dos componentes e conseqüências simbólicos da experiência de transgressão Leitura sugerida Becker H 1963 Outsiders Ο org 1964 The Other Side Goffman E 1961 Asylums Lemert E 1951 Social Psychology Plumer K 1979 Misunderstanding labelling perspectives In Deviant Interpretations org por D Downes e P Rock Rains P 1971 Becoming an Unwed Mother Schur E 1971 Labelling Deviant Behaviour Scott R 1969 The Making of Blind Men Tannenbaum F 1938 Crime and the Community PAUL ROCK Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra R Produção Textos Formas Para Ed Zahar 676 rotulação S saúde Em 1948 a Organização Mundial da Saúde promulgou uma definição da saúde co mo estado de completo bemestar físico men tal e social não meramente a ausência de doen ça ou enfermidade Essa definição amplamen te usada embora muitas vezes criticada como superabrangente e de difícil realização chama a atenção para a importante mudança que teve lugar na segunda metade do século XX a subs tituição de um modelo estritamente biomédico de saúde por um conceito mais holístico e so cial Isso não é novo sendo como é um eco do clássico modelo platônico de saúde como har monia ou do conceito de Galeno de doença como perturbação do equilíbrio Algumas ra zões para o seu reaparecimento em países de senvolvidos durante este século contudo se riam a maior importância da doença crônica em populações idosas a erradicação de muitas doenças calamitosas e a melhoria geral das condições de vida o que dá mais ênfase à QUALIDADE DE VIDA do que à simples sobrevi vência O movimento da ecologia humana tam bém é relevante encorajando o foco sobre a saúde como um estado de equilíbrio entre os seres humanos e seu meio ambiente Outro elemento no desenvolvimento de conceitos holísticos foi o crescente conhecimento das ligações mentecorpo no começo enfatizava se o lugar de fatores psicossociais na causa de doença mais recentemente conceitos de es tresse integração social capacidade de en frentamento sentido de coerência Anto novsky 1987 ou suscetibilidade generali zada Marmot Shipley e Rose 1984 foram considerados não só como causas de saúde precária mas como partes integrantes do con ceito de saúde social Assim a saúde é hoje concebida de modo geral como multidimen sional englobando a ausência de doença mas não se confinando a esta Doença Os próprios conceitos de doença mudaram com um desafio às suposições principais a definição de doença como desvio da normali dade a doutrina da etiologia específica a uni versalidade da taxonomia da doença a neutra lidade científica da ciência médica que ti nham dado forma à medicina moderna durante o século XIX Dubos 1961 A convicção de que o universo da doença é finito e de que para toda doença existem uma causa única e uma cura a ser encontrada foi abalada pelo advento de novas doenças como a Aids e pelo reconhe cimento das causas múltiplas e interativas de muitas formas de enfermidade Além disso apontase que a definição e a categorização da doença constituem um processo tanto social quanto científico e que a normalidade pode ser apenas um conceito relativo A influência de Michel Foucault argumentando contra a ingê nua aceitação dos modelos teóricos da ciência do homem foi muito forte na criação da con cepção segundo a qual o conhecimento médico não menos que a prática médica é socialmente construído e vinculado aos mais amplos desen volvimentos do pensamento social ele não po de simplesmente ser aceito como um dado in contestável Enfermidade Do mesmo modo a experiência da enfermi dade envolve significados culturais e relações sociais Uma importante questão abordada em considerável número de pesquisas nas áreas da antropologia social e da sociologia médica nos últimos 30 ou 40 anos diz respeito à percepção e ao significado de saúde e enfermidade entre os que as conhecem por experiência própria Estados e mudanças corporais são interpretados de modos diferentes em culturas e períodos di ferentes como observou Mary Douglas 1970 o corpo social condiciona o modo como o corpo 677 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar físico é percebido Muitos estudos na esteira da obra pioneira de Claudine Herzlich 1973 têm mapeado o conceito de saúde alimentado por pessoas leigas Foram vários os que apuraram uma divisão tripla saúde como aptidão positiva ou bemestar como reserva ou equilíbrio saúde como ter saúde como capacidade de funcionar ou desempenhar papéis sociais saúde como fazer e saúde simplesmente como ausência de sintomas de enfermidade saúde como ser O conceito mais positivo de saúde encontrase geralmente associado a melhor educação ou circunstâncias sociais mais favoráveis Uma característica de todos esses estudos é o forte significado moral comprova damente associado ao conceito de saúde Promoção da saúde e comportamento saudável Crescentes expectativas públicas têm sido associadas a uma acentuada tendência nas so ciedades ocidentais a enfatizar os aspectos po sitivos da saúde e da promoção da saúde A partir de meados do século a pesquisa tem envolvido fortemente comportamentos pes soais fumo dieta falta de exercício como agentes na causa de doenças crônicas Conju gandose com a profunda noção de saúde como questão moral promoveramse novos concei tos de doença como autoinfligida e de saúde como responsabilidade pessoal A medicina marginal e alternativa e os movimentos de autoajuda prosperam nesse ambiente assim como a comercialização da promoção da saúde As críticas à medicalização da sociedade Il lich 1975 alimentaram essa tendência o mes mo ocorrendo de diferentes perspectivas com as críticas à eficácia da medicina Cochrane 1972 McKeown 1976 Nas décadas de 70 e 80 houve porém alguma reação ao modelo de promoção da saúde que enfatiza unicamente a mudança de estilo de vida e o comportamento voluntário O movimento de responsabilidade pessoal afirmouse pode conferir poderes ao indivíduo mas também pode reforçar a culpa e favorecer a censura à vítima Crawford 1977 Assim a pesquisa recomeçou a enfatizar as limitações sociais e ambientais em função das quais o comportamento saudável é determina do O conceito de desigualdade social em saúde ressurgiu com força na GrãBretanha e em outros países da Europa DHSS 1980 Em certo sentido isso representa uma volta ao mo vimento de saúde pública dos primeiros anos do século com sua ênfase em causas específi cas de enfermidades no meio ambiente físico e social mas agora informado pelas teorias mais complexas dos modelos holísticos Ver também PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL Leitura sugerida Armstrong D 1983 The Political Anatomy of the Body Bury MR 1986 Social cons tructionism and the development of medical sociolo gy Sociology of Health and Illness 8 13769 Fou cault Michel 1963 Naissance de la clinique Fox J org 1989 Health Inequalities of European Countries Sontag S 1979 Illness as Metaphor MILDRED BLAXTER secularismo A doutrina pode ser definida como a tentativa de estabelecimento de um conjunto de princípios relativos ao comporta mento humano baseados mais no conhecimento e na experiência racionais do que na TEOLOGIA ou no sobrenatural Procura essencialmente melhorar a condição humana apenas por meios materiais e registrou o seu maior triunfo na GrãBretanha do século XIX depois da pro mulgação do Reform Bill de 1832 Foi um movimento de protesto adotando uma teoria positivista do conhecimento vinculada a uma filosofia utilitarista e reagindo contra a hege monia da riqueza e da religião institucionaliza da que prevaleceu nos anos intermédios do século O seu principal proponente foi GJ Holyoake 18171906 que embora criado em uma família religiosa de artesãos tornouse um missionário social owenista e agnóstico confesso com estreitas ligações com o Movi mento Cooperativo Waterhouse 1920 Como doutrina o secularismo não era ateís ta embora parte do seu êxito ulterior se devesse às suas associações com os movimentos anti religiosos do final do século XIX através da obra de Charles Bradlaugh Em certos aspectos é preferível considerálo como parte da tese de desoficialização proveniente da Reforma Há estreitas semelhanças com o conceito francês da laicização resultante do Iluminismo e da Revolução Francesa Bosworth 1962 Igreja e estado tornaramse claramente entidades dis tintas com o estado mantendo uma posição de neutralidade religiosa em vez de promover uma filosofia antireligiosa Na França a separação constitucional da Igreja e do ESTADO só se completou no início do século atual A instrução religiosa em escolas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 678 secularismo do estado tinha sido abolida em 1882 subs tituída pela instrução moral Ocorrências seme lhantes tiveram lugar em outros países incluin do alguns do terceiro mundo Smith 1971 a Turquia Beckes 1964 o Japão Bellah 1970 e é claro os Estados Unidos Parsons 1958 O secularismo visto como laicização é concebido portanto como uma doutrina de completa liberdade e nãointerferência das reli giões Em outros lugares contudo o secularismo estava mais intimamente associado a tentativas deliberadas de substituição da religião pela con fiança nos ditames da razão e da experiência humanas Isso pode ser comprovado por exem plo na obra de SaintSimon e Auguste Comte em fins do século XIX que desenvolveram uma nova religião da humanidade e viram a socie dade reorganizada segundo princípios racionais positivistas Max Weber considerou que o de senvolvimento tecnológico estava transfor mando não só o mundo físico do espaço e da matéria mas os próprios seres humanos Esse desencanto do mundo significa que os indiví duos passaram a dominar o seu meio ambiente sem recorrer ao sobrenatural Tal processo de racionalização é antireligioso parte inexorável do desenvolvimento de uma sociedade enraiza da na tradição judaicocristã A sociedade atual ainda possui os seus des crentes os seus céticos que não querem expe rimentar o sagrado nem se sentir submetidos à autoridade deste Em que medida eles são um fruto direto do movimento secularista do século anterior é uma questão mais difícil de apurar Movimentos seculares como o comunismo têm sido citados como exemplos de manifestações modernas de secularismo Glock 1971 Camp bell 1971 Entretanto a semelhança funcional entre tais exemplos e a religião de que são uma forma secularizada torna mais difícil decidir se a irreligião e a descrença são verdadeiramente as herdeiras do legado de Holyoake Ver também RACIONALIZAÇÃO SECULARIZA ÇÃO Leitura sugerida Campbell C 1971 Towards a So ciology of Irreligion Caporale R e Grumelli A orgs 1971 The Culture of Unbelief Holyoake GJ 1986 The Origin and Nature of Secularism PETER S GLASNER secularização Este conceito tal como é con vencionalmente definido descreve os proces sos através dos quais o pensamento a prática e as instituições religiosas perdem seu significa do social Wilson 1966 Essa definição pres supõe a existência de um ponto na história em que tais aspectos desempenharam um papel significativo na vida social Também subenten de não ser mais esse o caso Muitos autores sobretudo os sociólogos da religião têm co mentado a respeito das dificuldades de se usar tal conceito uma vez que ele está necessária e intimamente relacionado com as definições de religião e de mudança religiosa em torno das quais há muita divergência De fato a seculari zação passou a ser vista como um conceito multidimensional que engloba a grande varie dade de formas do envolvimento religioso na sociedade em uma estrutura classificatória uni ficada Dobbelaere 1981 A maioria das definições de religião enqua drase em uma de três categorias institucio nal normativa ou cognitiva as quais forne cem uma base para se analisar a variedade de significados incluídos no processo de seculari zação Assim um exemplo de religião definida em termos basicamente institucionais é o loca lizado na tradição judaicocristã e designado como igreja Muitas das religiões místicas do Oriente por outro lado baseiamse em regras normativas de comportamento As definições cognitivas de religião permitem que conceitos como o de sagrado forneçam a base para orga nizações religiosas Os processos de seculariza ção relacionados com essas três diferentes concepções de religião também irão variar pro porcionando uma base para as alegações apre sentadas desde longa data no sentido de se prescindir totalmente do conceito por causa das confusões que ele gera Martin 1969 Outra alegação diz respeito aos duvidosos suportes metodológicos do conceito idealização do pas sado pressupostos sobre a homogeneidade re ligiosa dentro da sociedade e uma preocupação com as categorias históricas da experiência re ligiosa Glasner 1977 Numerosas formas de secularização pro vêem de uma definição de religião em termos primordialmente institucionais incluindo a convencional definição de declínio acima men cionada As principais variáveis usadas para discutir o processo incluem normalmente as práticas religiosas formais o denominacionis mo o ecumenismo e o movimento litúrgico Entendese por prática religiosa a que inclui Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar secularização 679 aspectos do cristianismo convencional como batismo crisma casamento freqüência à esco la de catequese comunhão pascal filiação e freqüência regular à igreja Esses aspectos são usados como indicadores para se elaborar o quadro do declínio geral da prática religiosa a partir da Revolução Industrial O denominacio nismo se bem que possivelmente constituísse um sinal de revitalização religiosa no seu come ço fornece pelo menos na GrãBretanha um exemplo do processo de secularização iniciado com a Reforma Como as organizações fracas não as fortes são as que buscam a fusão o movimento ecumênico é mais um exemplo do processo de secularização combinado com o apelo pela volta aos padrões profissionais tra dicionais de culto exemplificados no movimen to litúrgico Outra forma de secularização baseada na religião institucionalmente definida relaciona se com a dicotomia de igreja e SEITA examinada pela primeira vez por Max Weber 190405 e Ernst Troeltsch 1931 A igreja é definida no caso limite como parte integrante da ordem social vigente Isso é tipicamente rejeitado pela organização sectária a qual objeta com vee mência à necessária rotinização que a organiza ção eclesiástica subentende Autores mais re centes ampliaram essa tipologia para apontar que as seitas são as menos secularizadas e as igrejas e denominações as mais secularizadas formas de organização religiosa Herberg 1955 Uma visão mais evolucionista do processo de secularização considera que esta é uma for ma de diferenciação à medida que a sociedade se desenvolve e se torna mais complexa Afir mase que quando a sociedade se moderniza a organização religiosa fica menos hierárquica o simbolismo fica mais variado o individualismo mais significativo e por conseguinte a religião institucional acaba se atrofiando Bellah 1964 Subjacente a esse exame da evolução da sociedade estava a idéia de que as comunidades social e religiosa outrora idênticas tornaram se diferenciadas de modo que os aspectos se culares da vida se apresentam com uma nova ordem de legitimação religiosa Um ponto de vista semelhante cobre o pro cesso de secularização desenvolvido a partir de uma definição de religião com raízes na esfera normativa concentrase mais na ampliada ge neralidade da dimensão religiosa na sociedade do que em sua diferenciação institucional As sim dizse que as normas e valores religiosos exercem prescrições específicas de baixo nível a respeito do comportamento social em socie dades tradicionais quando quase tudo desde os detalhes dos cosméticos até o vestuário usado por pessoas comuns era julgado em termos religiosos Em sociedades modernas seculari zadas é mais apropriado um sistema generali zado abrangente e integrativo que reconheça a diferenciação e a diversidade Assim uma igre ja universal unificada é substituída por uma religião civil Bellah 1967 ou nos Estados Unidos por um sistema trifé protestantecató licojudeu Herbert 1955 Outras formas de sistemas normativos abrangentes têm sido usadas para ilustrar um processo de secularização baseado na transfor mação de valores religiosos alicerçados no po der divino em valores especificamente mun danos A emancipação do capitalismo do con trole ético é apenas um exemplo quando a força propulsora da ética puritana deu origem a uma vida sóbria e metódica dedicada à acumulação e ao investimento de riqueza ver ÉTICA PROTES TANTE TESE DA A ênfase protestante na liber dade individual e na independência de pensa mento transforma a autoridade religiosa so bre aspectos da vida como a educação a mo ralidade e o trabalho em um estado secular Troeltsch 1912 A secularização que se origina de definições de religião com base cognitiva é um processo de mudança que usa talvez a mais elaborada distinção nessa área do pensamento social a sociedade é vista como deixando de ser basica mente sagrada no seu caráter com elementos associados de ritualismo tradição participação em interesses comuns e harmonia para ser pri mordialmente secular ou profana passando a reinar a individualidade a racionalidade e a especificidade Essa distinção está ligada a um contínuo de Gemeinschaft para Gesellschaft Tönnies 1887 de vínculos de solidariedade mecânica para orgânica Durkheim 1912 e de sociedade tradicional para urbana Redfield 1947 Entretanto nenhuma sociedade exibe um tipo polar com exclusão de todos os outros de modo que diferentes equilíbrios e misturas dão origem à diversidade empírica observada na história do mundo É claro portanto que a secularização não é em absoluto um conceito unitário no pensa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 680 secularização mento social do século XX Suas várias mani festações decorrem de seu relacionamento com as diferentes definições de religião e das limi tações metodológicas apresentadas pela tenta tiva de operacionalizála O cuidadoso uso do termo de um modo genérico baseado em um amplo sistema de classificação poderia forne cer contudo a base para a sua inclusão perma nente por cientistas sociais em seu arsenal con ceitual Ver também PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE RACIONALIZAÇÃO SECULARISMO Leitura sugerida Bellah RN 1970 Beyond Belief Essays on Religion in a PostTradicional World Dob belaere K 1981 Secularization a multidimensional concept Current Sociology 292 Fenn RK 1978 Toward a Theory of Secularization Glasner PE 1977 The Sociology of Secularization a Critique of a Concept Luckmann T 1967 The Invisible Religion the Problem of Religion in Modern Society Martin David A 1978 A General Theory of Secularization Wilson BR 1976 Contemporary Transformations of Religion PETER E GLASNER seita Na raiz da maioria dos usos do termo seita no século XX está a noção de uma coletividade voluntária que se separou da cor rente principal de idéias religiosas ou políticas e que ciosamente preserva a sua exclusividade social cultural e ideológica O contraste implí cito é usualmente com a posição mais extensa abrangente e universalista do tipo igreja com a denominação representando um ponto inter mediário entre seita e igreja Igreja seita e denominação com refinamentos tais como a seita e o culto institucionalizados formaram o quadro de referência conceitual para numerosos estudos da dinâmica organizacional e ideológi ca dos grupos religiosos Max Weber 18641920 salientou o fato de que a filiação a uma seita era não só voluntária mas também condicionada à exibição de quali ficações específicas O papel dos líderes caris máticos em algumas seitas religiosas também formou uma ponte para a sua teorização acerca do funcionamento de todas as organizações sociais E em combinação com os seus proce dimentos rigorosos para preservar a pureza Weber 1920 creditou o tipo seita de organiza ção protestante com a capacidade de instilar o gênero de ascetismo secular que tinha forte afinidade com o espírito do capitalismo em geral e com a ética dos pequenos negócios americanos em particular Ernst Troeltsch co lega de Weber preferiu enfatizar a capacidade do tipo sectário de coletividade religiosa em promover certas espécies de doutrinas sociais 1912 que eram distintas das do tipo igreja e do misticismo Esse foco na interação entre os aspectos sociológico doutrinal e ético de cole tividades religiosas inspirou subseqüentemente muitos estudos das relações entre o exclusivis mo das seitas religiosas e o background social os gostos culturais e as disposições políticas de seus membros ver por exemplo Niebuhr 1929 Wilson 1961 Beckford 1975 Também houve tentativas de explicar a permanente po pularidade de seitas como Testemunhas de Jeo vá e Adventistas do Sétimo Dia não só na Europa Ocidental e na América do Norte mas também na América Latina no Japão e na Áfri ca ao sul do Saara em função de suas ofertas de certeza ética e doutrinária em uma época de ampla indiferença religiosa Wilson 1976 ou em função de suas formas fortemente comuni tárias de organização e atividade Lalive dEpi nay 1969 Por extensão OToole 1977 tentou expli car a dinâmica interna e as relações externas de algumas organizações políticas extremistas em função de suas características sectárias e Jones 1984 observou tendências sectárias em alguns grupos psicoterapêuticos Assim embora o contraste implícito com o tipo igreja e com o misticismo tenha perdido muito de sua perti nência em sociedades secularizantes o concei to de seita ainda pode servir como útil ponto de referência em estudos de organizações religio sas políticas e ideológicas exclusivistas A uti lidade do conceito foi ainda mais ressaltada pela especificação de Wilson 1970 de nada menos de sete subtipos de seitas e pelas tentativas de compreensão dos processos pelos quais apenas alguns tipos de seita parecem perder seu exclu sivismo e tornarse suficientemente pluralistas e tolerantes para justificar o rótulo de denomi nação Yinger 1970 Entretanto a partir da década de 70 notouse uma tendência a aplicar os termos culto e novo movimento religio so a grupos que se afastam da corrente reli giosa principal sem exibirem necessariamente elevados graus de exclusivismo social doutri nário ou ético ver por exemplo Wallis 1975 e 1976 Westley 1983 Não obstante nas so ciedades industriais avançadas em que a reli gião organizada perdeu muito do seu antigo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar seita 681 poder as atividades de grupos sectários dinâmi cos e em alguns casos intolerantes têm provo cado reações hostis e vigorosos esforços para os controlar As atenções sociológicas têm se concentrado em particular nas formas como a mídia retrata os movimentos de natureza sectá ria e nos dilemas com que se defrontam os órgãos de estados supostamente seculares que intervêm em controvérsias religiosas Wallis 1976 Beckford 1985 Esse novo enfoque para estudos do tipo seita enfraquece os vínculos conceituais com a teologia e com a ética O conceito de seita também tem sido aplica do a outras formas de religião além do cris tianismo mas os resultados são imprecisos Por um lado os conceitos podem servir como úteis sínteses de complicadas configurações de dou trinas éticas e formas de organização Mas por outro lado introduzem ilicitamente pressupos tos cristãos na análise de culturas que assentam na realidade em bases muito diferentes Assim embora existam sem dúvida características sec tárias como o separatismo e o exclusivismo em alguns movimentos de reforma no hinduísmo Bhatt 1968 e no budismo Ling 1980 seria enganoso esperar que eles se ajustassem em outros aspectos ao tipo ideal de uma seita cristã Ver também RELIGIÃO REVIVALISMO Leitura sugerida Beckford JA 1975 The Trumpet of Prophecy a Sociological Study of Jehovahs Witnes ses Ο 1985 Cult Controversies the Societal Response to the New Religious Movements Wallis R 1976 The Road to Total Freedom a Sociological Analysis of Scientology Ο org 1975 Sectarianism Wilson BR 1970 Religious Sects Ο 1976 Contemporary Transfor mations of Religion Ο org 1967 Patterns of Sectaria nism JAMES A BECKFORD seleção natural De acordo com o NEODAR WINISMO a seleção natural é o mecanismo pri mário em função do qual se explica a adaptação dos organismos ao seu meio ambiente Depen de de três mecanismos subsidiários variação herança e COMPETIÇÃO Os organismos indi viduais variam em muitos de seus traços estan do algumas variantes mais adaptadas no meio ambiente do que outras Dada a competição por recursos escassos os indivíduos mais adapta dos prevalecerão sobre os menos adaptados e se a variante superior for transmissível passará a ser mais comum em gerações sucessoras e a espécie a estar mais adaptada ao seu meio am biente Alguns desenvolvimentos notáveis no pen samento social recente mostram sinais da in fluência da idéia de seleção natural A ecologia cultural explora antropologicamente a adapta ção ao meio ambiente da ideologia e de outros aspectos da cultura Sahlins e Service 1960 e tira partido analogicamente da idéia de sele ção como no caso da teoria de Talcott Parsons 1966 associada ao seu funcionalismo a qual descreve a promoção a um nível superior de adaptação via diferenciação ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE A idéia de adaptação via variação e seleção forneceu um modelo para o COMPORTAMENTA LISMO como BF Skinner reconhece 1971 cap1 e é citada por FA Hayek 1973 para explicar o desenvolvimento do mercado ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA ECONOMIA e jus tificar a SOCIEDADE ABERTA Essa idéia que tam bém forneceu inspiração para a epistemologia evolucionista de Karl Popper 1972 tinha an teriormente servido de base ao PRAGMATISMO de John Dewey 1938 e no domínio biológico proporcionou as fundações teóricas para a SO CIOBIOLOGIA e a ETOLOGIA Idéias sobre adaptação através da seleção foram invocadas pelos defensores do DARWINIS MO SOCIAL para sustentar as desigualdades ge radas pela competição econômica irrestrita e pelos defensores da eugenia para justificar pro gramas de reprodução restritiva A mais importante influência a longo prazo da idéia de seleção natural talvez seja sua con tribuição para o processo de SECULARIZAÇÃO Com efeito para a explicação da adaptação de organismos ao seu meio ambiente e uns aos outros a seleção fornece uma alternativa ao criacionismo associado ao fundamentalismo religioso Cumpre assinalar um equívoco comum a respeito da seleção natural Os processos de evolução impulsionados pela seleção não estão orientados para uma meta final e não necessi tam gerar qualquer seqüência fixada de estágios no qual o PROGRESSO seja manifesto Assim a teoria da seleção natural opõese ao HISTORICISMO com o qual é freqüentemente identificada Leitura sugerida Darwin Charles 1859 The Origin of Species Gould SJ 1980 Ever Since Darwin Maynard Smith J 1958 1975 The Theory of Evolu tion FRED DAGOSTINO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 682 seleção natural semiótica O termo foi cunhado por John Locke a fim de captar uma longa tradição do pensamento ocidental sobre significação que remonta à filosofia grega No pensamento mo derno a semiótica referese especificamente às teorias do século XX de signos e sistemas de signos bem como ao seu papel na COMUNICA ÇÃO Embora alguns autores incluam na semi ótica o estudo dos sinais naturais zoosse miótica para a comunicação animal e até fitos semiótica para redes de plantas e animais de ligação ver Sebeok 1976 Krampen 1981 discussão em Deely 1990 caps5 e 6 a semiótica concentrase usualmente no estudo dos sistemas de comunicação humana A esse respeito a semiótica confere prioridade à lin guagem ou ao código lingüístico o qual é usado como paradigma para outros signos nãolin güísticos de microfenômenos e macrofenôme nos culturais largamente diferentes de nature za específica ou geral Assim transpõe as fron teiras entre as artes e as ciências sociais criando um quadro de referência abrangente para o estudo de sistemas de signos que à parte a lingüística também incluem por exemplo a linguagem dos gestos da dança da moda da música do cinema dos sinais de trânsito da arquitetura das rinhas dos sistemas de paren tesco etc ver por exemplo as diferentes aná lises semióticas de Roland Barthes Umberto Eco Claude LéviStrauss Clifford Geertz e outros Eco 1976 diferencia entre semiótica específica e geral A semiótica específica pro põese produzir a gramática de um sistema específico de signos um dado campo de fe nômenos de comunicação regido por um sis tema de significação A semiótica geral em contraste procuraria apurar leis sistemáticas comuns para todas as semióticas específicas Uma semiótica geral é simplesmente uma fi losofia da linguagem que sublinha a abordagem comparativa e sistemática das linguagens ex plorando os resultados de investigações mais locais Eco 1976 Introdução Existem atualmente três principais tendên cias na semiótica com parcela considerável de superposição em especial entre as duas primei ras A semiótica na tradição do filósofo norte americano CS Peirce é parte integrante da lógica e da filosofia ver PRAGMATISMO Peirce e Morris Morris 1971 postulam um triângulo semiótico de signo objeto e interpretante Os signos são diferençados como símbolo uma convenção para um tipo como uma expressão verbal índice por exemplo fumaça como ín dice de fogo ou ícone um mapa ou diagrama que tem semelhança estrutural com o objeto que representa Como sistema total a semiótica ligaria os signos naturais e os artificiais A semiologia referese usualmente a uma tradição européia baseada na obra do lingüista suíço Saussure ver LINGÜÍSTICA ESTRUTURALIS MO Saussure postulou embora não a desen volvesse ele próprio uma nova ciência da se miologia que estudaria os sistemas de signos em sociedade Ver a edição de 1974 de Saus sure baseada em suas lições de 1906 a 1911 Para Saussure a semiologia era parte portanto da psicologia social Os termos semiótica e semiologia são fre qüentemente usados de forma intercambiável ambas as palavras se baseiam no vocábulo gre go para signo semeion embora difiram no papel prioritário que Saussure mais do que Peirce confere ao paradigma lingüístico na for mulação de leis comuns O signo lingüístico de Saussure dividese em duas partes o signifiant usualmente traduzido como significantesom imagemexpressão e o signifié traduzido co mo significadoconceitoconteúdo Os signos são arbitrários isto é a conexão entre signifi cante e significado não é motivada e se baseia em convenção não em uma ligação natural entre forma e significação ver FORMALISMO A crítica da suposta independência do signo lingüístico em relação ao seu contexto parte especialmente da semiótica social um desen volvimento angloaustraliano baseado na lin güística hallidaiana ver por exemplo Halli day 1978 Hodge e Kress 1988 A semiótica social explora mais fortemente o papel do con texto a interconexão entre o sistema social e o modo como é realizado em linguagem texto ou outros signos semióticos Uma realidade social ou cultura é ela própria um edifício de significações uma construção semióti ca Nessa perspectiva a linguagem é um dos sistemas semióticos que constituem uma cultura um sistema que é distinto na medida em que também serve como sistema codificador para muitos dos outros embora nem todos a linguagem como semiótica social significa interpretar a linguagem dentro de um contexto sociocultural no qual a própria cultura é interpretada em termos semióticos como um sis tema de informação Halliday 1978 p2 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar semiótica 683 A semiótica social descreve a correspon dência entre sistema social e discursotexto em que este último é visto como a realização siste mática de um significado potencial ver DIS CURSO Em anos recentes a semiótica social foi influenciada pela obra de V Volosinov e sua crítica do objetivismo abstrato isto é es truturalismo a qual data de 1929 mas só se tornou acessível em inglês em 1973 ele insiste pelo contrário na natureza ideológica do signo Hodge e Kress 1988 Leitura sugerida Deely J 1990 Basics of Semiotics Eco U 1976 1984 A Theory of Semiotics Halli day MAK 1978 Language as Social Semiotic Peirce CS 193158 Collected Papers Saussure F de 190611 1974 Cours de linguistique générale Volosinov VN 1929 1973 Marxism and the Philo sophy of Language ULRIKE MEINHOF senectude Como a pesquisa antropológica tem demonstrado cada sociedade divide a du ração da vida em certo número de fases inseri das na cultura Atribui um significado a essas fases e define para os indivíduos as condições de transição de uma fase para a seguinte durante o curso da vida ou seja a duração da vida socialmente organizada A senectude designa a última fase e assim tem que ser entendida co mo uma construção social continuamente rea justada Não pode ser reduzida a uma realidade biológica de decrepitude e invalidez resultante do envelhecimento Durante cada época de sua história uma sociedade reinterpreta as diferen ças cronológicas e biológicas entre os indiví duos de modo a organizar o curso da vida e atribuir status e papéis sociais específicos a cada grupo etário Balandier 1974 Os his toriadores mostraram como os papéis e o status dos idosos têm flutuado Laslett 1976 Minois 1987 Aos idosos em sociedades préindus triais não se atribuía sistematicamente um sta tus prestigioso nem um valor estava sempre ligado à sua sabedoria e à experiência Embora a industrialização mostrasse uma tendência a reduzir o status social dos idosos isso não é igualmente verdadeiro para todas as classes sociais Por exemplo ficar velho em nossa so ciedade processo caracterizado pelo ingresso na população economicamente inativa assim como pela perda do papel parental e de vínculos sociais ocorre em diferentes idades cronológi cas dependendo da classe social Menor inte gração social papéis reduzidos e até morte social podem ocorrer mais cedo na classe tra balhadora do que nas classes superiores uma vez que as pessoas destas últimas podem tirar proveito de seus recursos sociais contatos edu cação etc a fim de prolongar os papéis e funções que assumiram na maturidade Guille mard 1982 A par do crescimento da sociedade indus trial os sistemas de pensão foram estabelecidos e ampliados com a conseqüência de que a idade de aposentadoria se tornou um limiar significa tivo para o ingresso na senectude A aposenta doria configura assim essa última fase da vida a qual foi gradualmente dividida em velhice e senectude extrema categorias que refletem tanto a consideravelmente mais longa duração da vida na França a expectativa de vida aos 60 anos de idade é de cerca de 20 anos quanto o fato de a velhice ser considerada um problema social e não apenas um assunto privado fami liar As intervenções crescentes do ESTADO DE BEMESTAR e da sociedade em favor dos idosos acarretaram a distinção entre uma velhice de pendente de instituições sociais e médicas e uma velhice autônoma e apoiada por programas de serviço social que visam a integração Guil lemard 1983 As políticas sociais têm parte ativa na redefinição do curso da vida e da velhice Medidas que provêem uma retirada mais cedo da força de trabalho as quais foram adotadas na maioria dos países industriais du rante a última década estão transformando a velhice e abaixando o seu limiar pela cons trução de uma categoria de velhice ocupacio nal que começa antes da idade de aposentado ria e com freqüência já aos 55 anos Kohli e outros 1991 Por conseguinte a senectude está sendo cada vez mais socialmente definida como uma época de inutilidade social quando os idosos podem tornarse tutelados depen dentes e proscritos sociais Guillemard 1986a 1986b Leitura sugerida Balandier Georges 1974 Anthro pologiques Guillemard AnneMarie 1982 Old age retirement and the social class structure toward an analysis of the structural dynamics of the later stage of life In Ageing and the Life Course org por T Hareven Ο 1986a Le déclin du social formation et crise des politiques de la vieilesse Ο 1986b State society and oldage policy in France from 1945 to the current cri sis Social Science ad Medicine 23 131926 Ο org 1983 Old Age and the Welfare State Kohli Rein et al 1991 Time for Retirement Comparative Studies of Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 684 senectude Early Exit from the Labor Force Laslett Peter 1976 Societal development and ageing In Handbook of Ageing and the Social Sciences org por R Binstock e D Shanas Minois Georges 1987 1989 History of Old Age From Antiquity to the Renaissance ANNEMARIE GUILLEMARD sexo O termo referese a sexualidade reações motivos e comportamentos erotossexuais e suas representações culturais ver também GÊNERO No século XIX era concebido como um impul so instintivo cujas raízes mergulhavam na bio logia reprodutiva e só externamente era regula do por normas sociais e culturais A sexologia contemporânea é porém um campo multidis ciplinar uma espécie de triângulo eqüilátero que une perspectivas médicobiológicas socio culturais e psicológicas Diferentes disciplinas enfatizam aspectos específicos do sexo fisioló gicos evolutivos antropológicos etológicos socionormativos cognitivos motivacionais semióticos etc Essas abordagens são comple mentares apesar da velha oposição entre o re ducionismo biológico e o construtivismo socio lógico A sexualidade humana não é um simples dado biológico que pode ser explicado em ter mos de biologia reprodutiva Mesmo entre os animais superiores o sexo é um comportamen to multifuncional pressupondo alguma espécie de socialização aprendizagem social etiqueta Até algumas reações sexuais elementares co mo a ereção ou a exibição do pênis podem servir a fins nãosexuais significando relações de poder agressão amizade etc A sexualidade humana é uma espécie de construto histórico e sociocultural Suas formas e seu conteúdo sig nificativo só são compreensíveis ao contexto de uma cultura socionormativa como um todo incluindo a estratificação de gênero os estereó tipos de masculinidade e feminilidade a lingua gem das emoções as representações do corpo e as regras de decência verbal A distinção entre motivos e ações erotossexuais e nãosexuais em nível tanto individual quanto social é con vencional dependendo dos valores gerais de uma sociedade A oposição rígida de atrações sexuais e nãosexuais ou de amor e amizade é em considerável grau função de uma tradicio nal atitude antisexual tentativa de isolar os ignóbeis sentimentos e experiências eróticos tabus dos outros aspectos da vida Não só a sexualidade pode apresentarse sob disfarce nãosexual como é tão plausível examinar o comportamento sexual por sua capacidade de expressar e servir a motivos nãosexuais quanto o inverso Gagnon e Simon 1973 p17 Todas as sociedades estabelecem alguma espécie de diferença entre o tipo certo e o errado de sexo Essas prescrições normativas são freqüentemente formuladas em linguagem médicobiológica de modo que a conduta ou orientação moral ou socialmente desaprovada é rotulada de anormal e patológica Mas al guns padrões de comportamento que são obvia mente disfuncionais ou incorretos em um con texto por exemplo o contexto de reprodução ou de manutenção das relações de família po dem ser inteiramente funcionais e úteis em outro contexto digamos proporcionar satisfa ção emocional sensação de bemestar Por trás de quaisquer definições normativas de sexuali dade certa e errada estão sempre ocultas relações de poder tais como o controle social dos homens sobre as mulheres dos pais sobre os filhos do estado sobre os indivíduos A luta em torno dessas regras e definições é o cerne de toda a história da sexualidade Essa luta está sendo particularmente acerba nos dias atuais A revolução sexual da segun da metade do século XX é resultado de várias tendências macrossociais incluindo o colapso de um sistema tradicional de estratificação dos gêneros baseado no domínio masculino mu danças nos estereótipos de masculinidadefe minilidade e nas correspondentes prescrições e expectativas do papel sexual maior instabili dade e psicologização das relações conjugais novas atitudes liberais em relação ao corpo e às emoções um aumento geral da tolerância social a diferenças e ao inconformismo individuais o enfraquecimento do controle parental escolar e do grupo de pares sobre a sexualidade adoles cente o amadurecimento sexual mais precoce dos adolescentes o progresso das técnicas anti concepcionais especialmente a invenção da pí lula de controle da natalidade libertando a mu lher do temor da gravidez indesejada o progres so da pesquisa e da educação sexuais Todas essas tendências têm uma profunda influência sobre as atitudes e o comportamento sexuais Em todos os países industrializados os jovens estão começando agora sua vida sexual mais cedo do que as gerações mais velhas As atitudes em relação à sexualidade prémarital passaram a ser mais tolerantes e na maioria dos casos tais relações são consideradas social e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sexo 685 moralmente aceitáveis A satisfação sexual tor nouse um dos mais importantes fatores no êxito e na estabilidade conjugais As técnicas sexuais estão ficando mais sofisticadas e diver sificadas as pessoas mostramse mais exigen tes e têm maiores expectativas e preocupações acerca da qualidade de sua vida sexual As mudanças na sexualidade das mulheres são especialmente importantes As diferenças de idade no começo da vida sexual de rapazes e moças foram consideravelmente reduzidas ou desapareceram por completo As mulheres con denam com veemência o duplo padrão de moralidade sexual Em resultado de atitudes sociais mais liberais verificase um contínuo declínio nas taxas de frigidez sexual e de anor gasmia feminina A sexualidade está se tornan do um importante aspecto da nova identidade social e pessoal feminina A nova tolerância está gradualmente mu dando o status social das minorias sexuais A homossexualidade em vez de ser tratada como vício moral ou mais recentemente como doen ça incurável é agora considerada sobretudo um estilo de vida específico e seja qual for a causa dessa orientação sexual não deve ser usada como razão para discriminação social ou moral nem para instauração de processo jurídi co Na maioria dos países europeus as leis contra homossexuais foram revogadas e surgi ram organizações de gays e lésbicas lutando por seus direitos humanos Considerado no seu todo esse processo sig nifica a individualização e a personalização da sexualidade bem como a passagem do controle social externo para o autocontrole moral inter no Mas essas mudanças não são unilaterais e são muito contraditórias Os roteiros sexuais têm importantes variações genéricas étnicas culturais e de grupo entre outras O enfraque cimento da regulamentação social da sexuali dade combinado com informações e conhe cimentos inadequados tem muitas conseqüên cias sociais e psicológicas indesejáveis o recru descimento em alguns países da taxa de gravi dez adolescente e de aborto o abuso sexual e epidemias de doenças sexualmente transmis síveis A erótica comercializada ajuda a mani pular a sexualidade humana e extensos conta tos sem amor nem envolvimento emocional estão transformando a liberdade sexual em alie nação sexual Os perigos do sexo irrestrito são fortemente enfatizados pela epidemia de Aids a qual revitalizou muitos dos antigos temores e ansiedades sexuais provocando uma situação de pânico moral As pessoas conservadoras consideram a libertação sexual um estado de desorganização moral que leva à autodestruição da cultura e da sociedade A alternativa para esses temores é o desenvolvimento da autore gulamentação moral e a promoção de uma ade quada educação sexual Leitura sugerida Foucault Michel 1976 Histoire de la sexualité vol1 La volonté de savoir Freud S 1905 1949 Three Essays on the Theory of Sexuality Geer JH e ODonohue WT orgs 1987 Theories of Human Sexuality Kon I 1985 Einführung un die Sexologie Money J e Masaph H orgs 1977 Han dbook of Sexology Reiss IL 1986 Journey into Se xuality an Exploratory Voyage Weeks J 1985 Sexuality and its Discontents IS KON sindicalismo Era característico dos sindica listas subordinarem a teoria à ação celebravam a espontaneidade e com freqüência eram os tensivamente antiintelectuais As origens dou trinárias do sindicalismo foram ecléticas e sua dinâmica central era tipicamente negativa uma reação às deficiências percebidas da corrente principal do movimento trabalhista um protes to contra as novas formas de alienação e priva ção que afligiam a classe trabalhadora Assim como as forças precipitantes diferiam de país para país também o próprio sindicalismo era internacionalmente variável Na França o syndicalisme révolutionnaire designava comumente os princípios e objetivos expostos por Fernand Pelloutier 18671901 secretário da Fédération des Bourses du Travail e a política adotada pela Confédération Géné rale du Travail CGT depois da fusão das duas organizações sindicais em 1902 Se é possível extrair um pensamento coe rente do programa da CGT ele envolve a insis tência em que os sindicatos se mantenham dis tantes de qualquer envolvimento com partidos políticos encorajem a iniciativa localizada das suas bases e desafiem o capitalismo através de uma crescente e aguerrida militância incluindo atos de sabotagem A espontaneidade e a vio lência tendo como pontadelança uma mi noria combativa somadas ao mito de uma greve geral revolucionária foram celebradas nos escritos de Georges Sorel 18471922 embora a sua ligação com o movimento sin dicalista não fosse estreita nem duradoura Seus Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 686 sindicalismo escritos influenciaram especialmente a esquer da italiana alguns de cujos membros com destaque para Mussolini depois se voltariam para o fascismo ver Roberts 1979 O apogeu do sindicalismo como conjunto de idéias internacionalmente influentes foi nos anos que antecederam de imediato a eclosão da guerra em 1914 Isso coincidiu com transfor mações sociais e econômicas em muitos países envolvendo o deslocamento das tradicionais relações de produção de camponeses e artesãos a imposição das novas disciplinas do trabalho fabril em grande escala e a ascensão de gigan tescos trustes e cartéis capitalistas com íntimas vinculações com o estado Ao mesmo tempo o próprio êxito obtido por sindicatos e parti dos sociaisdemocratas parecia com freqüên cia significar a burocratização e a perda de sua dinâmica radical Beetham 1987 O sindicalismo parecia fornecer uma alter nativa à classe trabalhadora variando o seu significado de acordo com as circunstâncias locais Envolveu freqüentemente uma forte ori entação ouvriériste uma hostilidade para com o que era visto como a influência maligna de intelectuais burgueses dentro do movimento trabalhista atitude vigorosamente expressa por Victor Griffuelhes 18741923 secretário da CGT de 1902 a 1908 Ligavase a isso a rejeição do parlamentarismo considerado fonte de carreirismo e acomodamento e dos partidos políticos ou pelo menos daqueles primordialmente comprometidos com a ação parlamentar Em vez disso os sindicalistas enfatizavam a luta em defesa dos interesses da classe trabalhadora ao mesmo tempo em que denunciavam a disseminação dos pacíficos convênios coletivos ver SINDICATOS para eles a militância industrial era essencial para a defe sa dos interesses econômicos dos trabalhadores enquanto estimulavam a confiança destes na preparação de um desafio planejado ao capita lismo através da greve geral revolucionária O próprio SOCIALISMO era concebido mais em ter mos de controle dos trabalhadores do que de administração por um estado centralizado Fi nalmente a maioria dos sindicalistas opunhase radicalmente ao militarismo e ao nacionalismo Em 1914 o sindicalismo revolucionário tor narase a posição oficial de setores significati vos do movimento sindical principalmente em países com tradições de ANARQUISMO Joll 1964 Woodcock 1963 com substancial base artesanal e poucos antecedentes de negociação coletiva institucionalizada Assim como a CGT na França exemplos notáveis foram a Confe deración Nacional de Trabajo na Espanha Payne 1970 e a Unione Sindicale Italiana Onde os sindicalistas estavam em minoria eles lideraram freqüentemente a oposição à política e às práticas sindicais oficiais Na GrãBreta nha a Industrial Syndicalist Education League foi formada em 1910 por ativistas como Tom Mann 18561941 eles rejeitavam a negocia ção coletiva centralizada e proclamavam os slogans da solidariedade e da ação direta Nos Estados Unidos o termo syndicalism foi rara mente usado mas o Industrial Workers of the World IWW mostrou muitos paralelos com o sindicalismo revolucionário da Europa Du bofsky 1969 Em grande parte da Europa Setentrional o significado predominante do sindicalismo era a rejeição da necessidade de um partido socialis ta A socialdemocracia tornarase burocrática corrompida pelo parlamentarismo disposta a transigir com o estado burguês a classe traba lhadora devia retornar ao campo de batalha industrial Uma posição intermediária era ex pressa pela facção do IWW liderada por Daniel de Leon 18521914 por seus seguidores bri tânicos e com destaque pelo irlandês James Connolly 18701916 Embora insistindo em que a luta industrial era de primordial importân cia deramse conta de que havia um papel para um partido revolucionário e também aceita vam a necessidade de uma organização centra lizada condensada no ideal de grande união Em 1913 a tentativa de formação de uma Internacional Sindicalista abortou Westergard Thorpe 1978 com a eclosão da guerra muitos antigos sindicalistas abandonaram seu anterior antipatriotismo Os que mantiveram uma posi ção antiguerra estiveram freqüentemente na li derança das lutas industriais nos tempos de guerra em alguns casos ajudando a desenvolver as teorias de uma indústria socialista baseadas no princípio do CONSELHO DE TRABALHADORES Mas a revolução na Rússia provocou nova crise no movimento Já em 1907 Lenin tinha atacado o sindicalismo por perpetuar a política eco nomicista que ele denunciara anteriormente O modelo bolchevique de organização revolu cionária e produção socialista contradizia o sin dicalismo em muitos princípios básicos e de pois de 1917 muitos sindicalistas eminentes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sindicalismo 687 mostraram sua adesão ao exemplo russo repu diando a antiga orientação infantil Algumas finalidades específicas do sindicalismo de antes e durante a guerra organização no nível da fábrica unionismo industrial ação direta foram na verdade transferidas para os novos partidos comunistas Mas as teorias subjacentes de socialismo de baixo para cima e de gestão pelos trabalhadores expressas na própria Rús sia pela Oposição de Trabalhadores foram sis tematicamente erradicadas Os sindicalistas que se recusaram a aderir ou que romperam com a posição do Comintern tenderam a rejeitar o modelo de Moscou de estado dos trabalhadores assim como a concep ção leninista do partido O ANARCOSIN DICALISMO passou a dominar cada vez mais os movimentos sindicalistas sobreviventes os quais se associaram em uma Internacional Sin dicalista em 1922 Mas com as múltiplas der rotas da classe operária na década de 20 o sindicalismo deixou de ser um sério rival pelo menos fora da Espanha Portugal e América Latina das ortodoxias socialista comunista e trabalhista É possível apontar algumas conti nuidades entre as idéias sindicalistas iniciais e as mais recentes teorias de controle dos traba lhadores Mas até na esquerda o próprio sin dicalismo passou a ser pouco mais que um termo injurioso Será que o colapso do comu nismo ortodoxo pode acarretar agora uma aten ção renovada à tradição sindicalista Leitura sugerida Cole GDH 1956 1967 A His tory of Socialist Thought vol3 Geary Dick 1981 European Labour Protest Holton RJ 1976 British Syndicalism 19001914 Ridley FF 1970 Revolutio nary Syndicalism in France Stearns Peter 1971 Re volutionary Syndicalism and French Labour RICHARD HYMAN sindicalismo anarco Ver ANARCOSINDICA LISMO sindicatos Organizações coletivas de traba lhadores existentes na GrãBretanha desde o final do século XVIII e conhecidas como trade societies ou unions Sidney e Beatrice Webb em uma definição clássica 1920 p1 declara ram que uma trade union tal como enten demos o termo é uma associação contínua de assalariados com o fim de manter ou melhorar as condições de suas vidas de trabalho A ortodoxia econômica com seu paradigma de transações individuais considerou o sin dicalismo tradeunionista incompreensível e freqüentemente inconveniente A sociologia teve dificuldade em conceituar a combinação de organização formal das trade unions com a coletividade mais informal e espontânea As mais extensas tentativas de aplicação da análise social ao sindicalismo foram desenvolvidas por partidários e em particular no âmbito da tradi ção marxista Uma preocupação central consis tiu em apurar em que medida e sob que con dições os sindicatos promovem ou inversa mente inibem a causa da revolução proletária As obras de Marx e Engels não fornecem uma teoria sistemática ou consistente dos sindicatos e os marxistas do século XX elaboraram muitas perspectivas conflitantes Uma abordagem deriva do opúsculo de Le nin Que fazer 1902 Em parte influenciado pela leitura da obra de Webb Lenin afirmou que a luta econômica travada pelos sindicatos nunca poderia converterse espontaneamente em um movimento político abrangente para isso a consciência sindicalista requeria a di reção de um partido revolucionário A proposi ção de que os sindicatos podem ser agências efetivas de resistência às relações sociais ca pitalistas na esfera do emprego mas só podem contribuir para uma transformação social mais radical sob a liderança do partido tornouse central para a ortodoxia comunista Outro argumento conhecido e por vezes complementar sustenta que os sindicatos co mo instituições formais desenvolvem carac terísticas inerentemente conservadoras exibin do o que Robert Michels 1911 qualificou co mo lei de ferro da oligarquia Em diferentes variantes desse tema líderes e altos funcioná rios desenvolveram interesses pessoais em con flito com os das bases enredaramse em acor dos barganhados com os patrões e por conse guinte comprometeramse na defesa da lega lidade industrial Gramsci 191020 ou resis tiram à militância sindical através da excessiva preocupação com a estabilidade organizacional do sindicato Várias estratégias foram sugeridas para su perar essa tendência Sindicalistas intimaram sindicatos a rechaçar acordos com emprega dores e a se esforçar por realizar uma greve geral revolucionária ver Ridley 1970 antes de 1914 as possibilidades de greve em massa também foram encaradas com otimismo por marxistas mais ortodoxos como Rosa Luxem Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 688 sindicalismo anarco burgo 1906 Outros tentaram reconstruir sin dicatos tradeunionistas como órgãos indus triais abrangentes aptos a assumir o controle do funcionamento da indústria o exemplo mais notável foi o Industrial Workers of the World ou Wobblies formado nos Estados Unidos em 1905 sob a influência das teorias de De Leon ver Dubofsky 1969 Durante o período de 191418 outro modelo alternativo foi fornecido pela formação na maioria dos países belige rantes de organizações do local de trabalho relativamente independentes da estrutura sin dical formal e capazes de questionar e disputar o controle da produção modelo esse que foi analisado com extrema sensibilidade por Gramsci e desenvolvido por outros como Pan nekoek como base para uma teoria do comu nismo de conselho Smart 1978 Depois da formação da Internacional Comunista um im portante elemento na estratégia esquerdista foi a criação de movimentos de base de oposição dentro dos sindicatos oficiais Mais recente mente essa tática tem sido adotada por vários grupos trotskistas Desde a revolução soviética o papel dos sindicatos na sociedade socialista tem provoca do discussões entre os marxistas No famoso debate sindical de 19201 Trotsky sustentou que os sindicatos deviam ficar formalmente subordinados ao estado enquanto que a Oposi ção dos Trabalhadores insistia em que deveriam manterse como força independente dentro da esfera econômica Lenin levou a melhor em bora formalmente independentes os sindicatos tinham que obedecer à liderança do partido como correias de transmissão entre o Partido Comunista e as massas Ironicamente durante o regime de Stalin o modelo de controle estatal de Trotsky foi efetivamente implementado ver Deutscher 1950 e depois de 1945 se esten deu aos novos regimes comunistas na Europa Oriental Muito mais tarde surgiram pressões em favor de maior autonomia sindical O colap so do comunismo no bloco oriental foi precedi do na maioria dos países pela asserção de independência pelos antigos sindicatos oficiais e em muitos casos pela ascensão de movimen tos de oposição com destaque para o Solida riedade na Polônia Hoje em dia o modelo de correia de transmissão foi abandonado até nos países em que o regime comunista subsiste No Ocidente industrializado os sindicatos têm procurado freqüentemente escapar aos par tidos políticos Em grande parte da Europa con tinental o sindicalismo de massa foi o produto da ascensão da socialdemocracia na virada do século mas os líderes sindicais não tardaram em insistir no desenvolvimento de suas próprias prioridades estratégicas Na Europa Meridio nal onde os vínculos sindicatopartido têm sido de grande importância na era do pósguerra tendências semelhantes mostraramse eviden tes em anos recentes Nos Estados Unidos a maioria dos sindicatos rechaçou tradicional mente os vínculos políticos comuns na Europa posição agressivamente defendida no final do século XIX pelo presidente da American Fede ration of Labor AFL Samuel Gompers com sua filosofia de sindicalismo puro e simples Essa concepção obteve depois o apoio intelec tual do escritor Selig Perlman 1918 o qual afirmou que os sindicatos confinariam natural mente suas atividades a matérias relacionadas com o trabalho a menos que seduzidos pela intervenção de intelectuais Argumentos seme lhantes foram recentemente desenvolvidos por escritores norteamericanos Lester 1958 Ross e Hartman 1960 Kerr et al 1960 que insis tiram todos eles em que os sindicatos madu ros abandonam tipicamente os objetivos polí ticos radicais e se concentram na negociação de convênios coletivos Uma terceira concepção das relações entre sindicatos e política foi oferecida pelos teóricos do corporativismo ver Goldthorpe 1984 O uso moderno dessa noção alude aos sistemas fascistas em especial ao italiano e ao espanhol de organização dirigida pelo estado envolven do empregadores e empregados em uma retóri ca de unidade funcional Nas sociedades oci dentais modernas afirmase o estado é cada vez mais um ator central nas relações econômi cas e industriais e isso forneceu o desenvolvi mento de acordos tripartites integrando com freqüência os sindicatos institucionalmente na maquinaria do planejamento e administração da economia nacional Para alguns autores o neocorporativismo serve para subordinar os sindicatos às exigências de um estado capitalis ta convertendoos em agências voltadas para disciplinar seus membros em troca de vanta gens nominais e organizacionais Outros po rém identificam um sistema de permuta polí tica pelo qual os sindicatos obtêm reais bene fícios materiais para os seus filiados moderando a sua militância econômica em troca da influên Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sindicatos 689 cia no tocante a decisões de política macroeco nômica a Áustria e a Suécia do pósguerra são freqüentemente citadas como exemplos A ló gica de ambas as interpretações é que o simples sindicalismo de resultados como o modelo americano é muitas vezes chamado deixou de ser viável pelo menos em muitos contextos nacionais Ainda outra concepção de sindicalismo é como movimento social Essa concepção deri vou com freqüência do pensamento social ca tólico que mudou no começo do século do antisindicalismo derivado do antisocialismo para uma visão mais positiva dos sindicatos como meio de promover a coesão e a harmonia sociais O anticomunismo forneceu subseqüen temente um poderoso motivo para a interven ção católica no sindicalismo inspirando por vezes a formação de sindicatos cristãos sepa rados Em alguns países do Terceiro Mundo contudo a teologia da libertação encorajou o apoio ao sindicalismo populista radical em sua mobilização contra o capital multinacional e os regimes políticos repressivos Isso pode ser vis to como reflexo de uma lógica situacional onde o estado é poderoso e a sociedade civil rela tivamente subdesenvolvida os sindicatos são uma das poucas organizações capazes de coor denar uma ação social independente em escala nacional Ao mesmo tempo os sindicatos que são incapazes de concretizar relações estáveis de negociação de convênios coletivos ou de adquirir uma substancial filiação formal dese jam provavelmente mobilizar e representar um contingente de trabalhadores muito maior do que essa filiação por si só Está claro que o significado social do sin dicalismo é um foco de disputa e emulação dentro e entre os próprios sindicatos e o seu papel é igualmente controverso para governos e movimentos de oposição política É possível que o fim da Guerra Fria e a internacionalização do capital e das práticas de emprego levem a uma maior homogeneidade das características dos sindicatos Ver também SINDICALISMO Leitura sugerida Banks JA 1974 Trade Unionism Clegg Hugh 1976 Trade Unions under Collective Bargaining Crouch Colin 1982 Trade Unions Flanders Allan 1952 Trade Unions Hyman R 1972 Marxism and the Sociology of Trade Unionism Ο 1989 The Political Economy of Industrial Relations McCarthy WEJ 1985 Trade Unions 2ªed Mar tin Ross 1989 Trade Unionism Mills CW 1948 The New Men of Power Munck Ronaldo 1988 The New International Labour Studies Sturmthal Adolf 1972 Comparative Labor Movements Webb Sidney e Webb Beatrice 1897 Industrial Democracy RICHARD HYMAN sistemamundo Tratase de um conceito re lativamente novo Sem dúvida a expressão foi usada de tempos em tempos no passado em sentidos diversos e não muito precisos Mas o seu uso corrente hifenizado para indicar que é um conceito deve ser relacionado com a invenção do termo économiemonde por Fer nand Braudel O próprio Braudel diz que o tomou do uso particular feito por Fritz Rörig em 1933 da palavra Weltwirtschaft mas foi principalmente via Braudel sem dúvida que o conceito se tornou conhecido A língua francesa e outras línguas neolati nas permite uma distinção em formas lingüís ticas que é impossível em alemão e difícil em inglês Os economistas falam desde longa data de uma economia mundial termo que eles são propensos a usar como sinônimo de economia internacional Referese primordialmente à es trutura dos fluxos comerciais e financeiros entre estados soberanos fluxos que se refletem no nível estatal em certos indicadores padroniza dos como os termos de comércio ou o balanço de pagamentos Nesse uso a palavra internacio nal referese aos fluxos entre nações ou seja estados soberanos e o termo mundial alude ao fato de os economistas estarem analisando fluxos no globo inteiro Em francês a tradução comum de world economy é économie mondiale Braudel contu do inventou um termo diferente para o que desejava descrever Usou économiemonde Quis indicar com esse termo em primeiro lugar que não estava referindose ao mundo mas a um mundo e em segundo lugar que não se referia às relações econômicas entre unidades políticas constituídas dentro desse mundo mas aos processos econômicos dentro desse mundo em sua totalidade Fui eu quem tentou estabelecer essa dis tinção em tradução inglesa entre économie mondiale e économiemonde mediante o uso do hífen Como world economy já estava em uso corrente como o equivalente de économie mon diale usei worldeconomy com o hífen como o equivalente de économiemonde Uma econo miamundial foi definida inicialmente como a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 690 sistemamundo entidade dentro de cujas fronteiras havia uma única e abrangente divisão de trabalho mas que de fato incluía certo número de estruturas estatais distintas Pensando bem era evidente que tinham existido historicamente outras grandes entida des sobre as quais se poderia afirmar que tinham tido uma única divisão de trabalho mas não contiveram dentro de suas fronteiras estrutu ras estatais distintas Tal parecia ser o caso dos antigos impérios como digamos o de Roma ou o da China Por paralelismo lingüístico com worldeconomy criouse o termo worldempire a fim de caracterizar esse último caso sendo ambos considerados variedades de uma enti dade chamada worldsystem sistemamundo Desde o início da década de 70 quando se completou esse exercício conceitual preliminar considerável soma de trabalhos empíricos e teóricos foi empreendida a respeito de sistemas mundo A maior parte desse trabalho tem se relacionado com o estudo de um sistemamun do particular o sistemamundo moderno também conhecido como economiamundial capitalista Além disso porém alguns arqueó logos tentavam utilizar o conceito de sistema mundo para analisar as várias situações prémo dernas em que eles têm estado sobremodo inte ressados indicando que suas reconstituições a partir dos dados deveriam levar à observação de zonas espaciais mais vastas do que era previa mente feito e que essas zonas mais vastas eram de fato sistemasmundo Recentemente se registrou ademais o início do interesse no es tudo comparativo de diferentes espécies de sis temasmundo Todo e qualquer conceito especialmente quando novo é um exercício de polêmica É importante sublinhar contra que conceitos alter nativos estava dirigido o conceito de sistema mundo Três importantes elementos estavam envolvidos na polêmica O primeiro dizia res peito à unidade de análise Sustentar que o mundo moderno devia ser pensado em termos de um sistemamundo ou de uma economia mundo capitalista é sustentar que a unidade primária significativa de coerção social e de poder decisório social é mais esse sistemamun do do que as unidades de estadosnações que têm sido tradicionalmente usadas como uni dades de análise Dessa primeira premissa decorre natural mente a segunda As unidades que se desen volvem ao longo do tempo não eram conside radas os chamados estadosnações mas antes o sistemamundo como um único sistemamun do Isso era um argumento contra o desenvol vimentismo ou teoria da MODERNIZAÇÃO o qual supunha a existência de estadosnações paralelos cada qual realizando esforços parale los de desenvolvimento linear embora com sucesso desigual até a data Além disso a teoria da modernização tendia a ser uma teoria da homogeneização final a tendência da análise a partir de uma perspectiva de sistemamundo é enfatizar a polarização da estrutura sistêmico mundial ao longo do tempo O terceiro elemento da polêmica envolveu portanto o modo de análise ou a postura ado tada a respeito de questões epistemológicas tradicionais As análises que usavam o estado nação como unidade de análise e teorizavam a partir de uma perspectiva desenvolvimentista tendiam a ser nomotéticas buscando enuncia dos apropriados semelhantes a leis que pudes sem explicar os processos observados A epis temologia de uma perspectiva de sistemas mundo baseavase na noção de que os sis temasmundo são sistemas históricos Os sis temas históricos são simultaneamente sis têmicos com estruturas que determinam pro cessos em curso predominantemente cíclicos e históricos ou seja desenvolvemse ao longo do tempo têm início e fim Isso levou a análise dos sistemasmundo a duas importantes con clusões epistemológicas Uma delas foi uma postura de rejeição das metodologias nomo téticas e idiográficas em favor de uma aná lise dos conjuntos particulares de regras ge rais que governam determinados tipos de sis temasmundo A segunda foi uma simpatia pela teorização nas ciências que rejeita a di nâmica linear newtoniana e favorece um mo delo de processos nãolineares que subse qüentemente se bifurcam O conceito de sistemamundo é um dos que se prestam à controvérsia no pensamento do século XX Tende a ser contrário aos pontos de vista da corrente dominante definida quan titativa e socialmente Evidentemente despido de sua bagagem polêmica esse conceito pode ria ser facilmente incluído em quase toda teori zação típica sobre comportamento social mas assim despido estaria viciado e dificilmente acrescentaria algum insight significativo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sistemamundo 691 Ver também GLOBALIZAÇÃO DIVISÃO INTER NACIONAL DO TRABALHO RELAÇÕES INTERNACIO NAIS Leitura sugerida Braudel Fernand 1967 Civilisation matérielle économie et capitalisme XVXVIIIs 3 vols Wallerstein Immanuel 197489 The Mo dern WorldSystem 3 vols Ο 1991 Unthinking Social Science IMMANUEL WALLERSTEIN sistemas teoria de O termo sistemas inclui máquinas organismos e sistemas sociais e psi cológicos em contraste com ações e peças in dividuais Os sistemas são complexos de ele mentos e relações separados por fronteiras dos seus respectivos meios ambientes os quais são sempre mais complexos que os próprios sis temas ver Hall e Fagen 1968 Allport 1968 Para Niklas Luhmann essa diferença de com plexidade entre o sistema e o meio ambiente em que ele está localizado é o problema fun damental para a teoria de sistemas o ponto final de referência de qualquer análise funcional Luhmann 197090 vol2 p210 ver também FUNCIONALISMO Os sistemas sociais podem ser interações organizações ou sociedades inteiras Os sis temas sociais à semelhança dos sistemas psi cológicos podem caracterizarse pelo seu uso do significado Seus elementos porém não são pessoas seres humanos ou sujeitos mas ações intersubjetivas ou comunicativas ver COMUNI CAÇÃO Os sistemas sociais coordenam ações Não são contudo mundos vitais nem formas socioculturais de vida caracterizados pelo fato de coordenarem as intenções dos atores de tal maneira que estas se apresentam na perspectiva dos próprios atores a perspectiva participante como um contexto significativo e interpretável Os sistemas sociais não são como tais com preensíveis nem incompreensíveis nem a ex pressão de um consenso antecedente nem a implementação de um consenso consciente Os sistemas sociais coordenam as conseqüências de ações as quais constituem um todo funcional a partir da perspectiva de um observador ou de um sistema observante Os atos econômicos por exemplo que são significativos e portanto interpretáveis de uma perspectiva participante são combinados pelos mercados em um sistema em que eles se suce dem uns aos outros O que determina o elo e a seqüência de ações no espaço e no tempo é contudo não a intenção significativa mas tão somente se o comprador tem dinheiro ou não e se o gasta ou não O mecanismo monetário é cego a intenções e a quaisquer crenças progra mas idéias e interesses Tudo o que conta são as conseqüências das decisões de comprar O sistema da ciência opera de modo semelhante não são os programas concretos de pesquisa nem as multiformes implicações das pesquisas como o seu valor social que são decisivos mas sim se o que é produzido é verdadeiro ou falso O sistema da ciência como tal é cego a tudo mais em especial à complexa e significativa relação entre ciência e mundo O mais impor tante efeito da diferenciação funcional é que os soldados marcham os escritores escrevem e os ministros governam quer isso lhes interesse ou não em uma dada situação Luhmann 1970 90 vol2 A sociologia anterior tinha uma des crição unilateral desse progresso como um pro cesso de burocratização baseado no modelo de ação racionalintencional A teoria de sistemas é propensa a tratar o mesmo processo tão uni lateralmente quanto um ganho de liberdade re sultante da remoção do fardo da responsabili dade individual cf Luhmann 1976 p287ss Fazer uma abstração das perspectivas e ori entações dos atores tem importantes conse qüências para o status metodológico da teoria de sistemas Como teoria ela está interessada na explicação não na compreensão Não pode porém formular qualquer pretensão ou na melhor das hipóteses só o pode de forma muito limitada a oferecer explicações causais A teoria sociológica de sistemas pelo menos re conciliouse com a sua virtual incapacidade de fornecer explicações causais a par de conceitos fortemente empíricos observabilidade etc En tretanto explica a imprecisão e a circularidade de suas explicações funcionais não pela pecu liaridade ontológica do seu domínio do objeto simbolicamente estruturado ou como a socio logia Verstehende pela impossibilidade de es capar do círculo hermenêutico mas pela com plexidade e opacidade das estruturas do sis tema as quais em princípio não são passíveis de análise causal Os sistemas autopoiéticos autoformantes alteramse quando descobrem estruturas completamente novas de maneira imprevisível A própria teoria de sistemas con tudo adere agora cada vez mais ao seu próprio método e explica os limites de seu poder expli cativo causal por sua função social e pelas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 692 sistemas teoria de condições funcionais de sua própria autorepro dução como teoria científica Maturana 1982 Schmidt 1987 Luhmann 1988 A interpretação de complexos de significa do tal como praticada por W Dilthey ou Max Weber não é rejeitada pela teoria de sistemas pelo contrário é pressuposta por ela Niklas Luhmann tal como Talcott Parsons parte do fato de que por exemplo nas culturas protes tantes a ação econômica foi estruturada por diferentes significados e visões de mundo em relação ao católico ortodoxo ou às regiões fun damentalistas islâmicas Somente onde a ação forma um mundo inteligível é que um sistema econômico moderno pode coordenar ações ex clusivamente por meio dos efeitos de fluxos monetários sobre as conseqüências da ação Nessa medida as sociedades são sempre com plexos sistemicamente estabilizados de ação de grupos socialmente integrados Habermas 1981 vol2 Entretanto em uma sociedade moderna funcionalmente diferençada já não importa mais de onde alguém vem Comunidade reli gião e consciência coletiva origem histórica status social e lugar na hierarquia tradicional laços de família e obrigações de parentesco são irrelevantes embora se pressuponha ainda sua força socialmente integradora A única coisa que conta em um sistema de mercado juridica mente institucionalizado livre e de igual acesso é se alguém pode pagar ou não Através de sua institucionalização jurídica os mercados livres desligaramse dos laços de parentesco e das ordens de privilégio da família e da estra tificação assim como da esfera política Como Marx já reconheceu a ordem dos estratos e classes sociais perdeu sua antiga autonomia e se tornou quase totalmente dependente da auto organização autopoiética do sistema econômi co Apoiandose principalmente na teoria de Max Weber das esferas de valor Talcott Parsons 1966 1971 desenvolveu uma teoria de MO DERNIDADE em termos de diferenciação funcio nal Esse processo converte os componentes individuais da ação valores constitutivos latentes normas integradoras motivos delibe rados recursos adaptativos que estão inte grados na ação comunicativa em performances especializadas de sistemas funcionais diferen çados Tanto no nível do sistema de ação geral quanto no do sistema social e do subsistema integrador de sistema de ação os sistemas que assumem as tarefas internas do processamento de informação inovação e reprodução simbó licocomunicativa de valores e normas distin guemse inteiramente dos que asseguram a adaptação do sistema de ação e do sistema social aos ambientes externos O processo de mudança evolutiva ver PRO CESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE que le vou ao desenvolvimento do sistema das socie dades modernas pode então ser explicado pela mudança de estratificação social para diferen ciação funcional A ascensão de instituições culturais autônomas possibilitou por intermé dio da generalização de valores a legitimação de normas concretas que são obrigatórias para a comunidade social Sistema educacional pós tradicional a economia autoorganizada arte autônoma e religião individualizada a ética protestante são os mais importantes exemplos históricos Mediante uma influência generali zada a integração social pode ser organizada como a formação inclusiva e aberta à participa ção irrestrita de associações livres em um sis tema de comunidades sociais A comunidade societal de Parsons juridicamente institucio nalizada na CIDADANIA é o lugar da liberdade associativa tal como foi entendida por Tocque ville Poderíamos também descrever a autoor ganização da comunidade social como a união sócioreflexiva de nível superior das uniões sociais descrita por John Rawls Na permuta intersistemas isso fornece ao sistema político um apoio leal através de sua influência sobre os cidadãos enquanto o sistema políticoadmi nistrativo dota a comunidade social do neces sário poder através da sanção jurídica da liber dade de associação em uma base igualitária O desligamento do poder político da in fluência da ação comunicativa em associações sociais dá portanto à esfera política a liberdade necessária para impor a diferenciação funcional e implementar de maneira intencionalracio nal as estruturas jurídica e administrativa cor respondentes estas são necessárias por exem plo para separar a moderna organização de trabalho do oïkos a residência difusamente fun cional da família camponesa mas também para por exemplo proteger a função socializante da família da mobilização econômica de seus membros individuais Um sistema econômico liberto por maciça intervenção política de todos os compromissos de valor restrições normati Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sistemas teoria de 693 vas e tarefas políticas pode concentrarse na maximização do desempenho e desenvolver as forças produtivas sem as quais faltaria ao sis tema das sociedades modernas toda a sua força motriz Esse modelo de diferenciação funcional so fre de uma dificuldade básica Para Parsons toda e qualquer espécie de formação de sistema por meio de diferenciação funcional apresenta se como uma destinação que de modo geral não é problemática do sistema nem do mundo não é problemática apenas porque ele só concebe o mundo em termos de tradicionalis mo particularismo prolixidade e coletivismo afetivo Para Parsons diferenciação funcional é a emancipação dos limites da natureza e das formas tradicionais de sociação Assim por exemplo ele pôde descrever o desenvolvimen to da União Soviética mesmo no final da déca da de 60 como uma progressiva modernização rumo ao sistema ocidental de sociedades mo dernas atrasada apenas em certos domínios Essa interpretação unilateralmente otimista do desenvolvimento soviético sem base em qual quer preconceito ideológico a favor do comu nismo deveuse a uma cegueira categorial O conceito de diferenciação funcional permite uma análise adequada da transformação moder na e da dissolução de formas tradicionais de socialização mas não se pode apresentar sequer a questão de existirem processos de moderniza ção como o terror stalinista que destroem não só as formas tradicionais de socialização mas a própria possibilidade desta Sendo assim a teoria do sistema funcionalista não pode esca par à acusação de consubstanciar uma filosofia oculta da história Pelo menos é como se as teorias de sistemas fossem aparentemente for çadas por suas categorias a uma certa cegueira às possíveis patologias da modernização As angústias de Habermas vão nessa direção e as polêmicas análises do discurso propostas por Michel Foucault adquirem considerável força como um corretivo para o otimismo unilateral da visão de modernidade apresentada pela teo ria de sistemas Leitura sugerida Habermas J 1981 1984 1989 The Theory of Communicative Action vol2 Parsons T 1951 The Social System Ο 1966 Societies Evolutio nary and Comparative Perspectives HAUKE BRUNKHORST socialdemocracia As doutrinas e ações po líticas cobertas por este termo podem ser escla recidas se considerarmos o que a socialdemo cracia é e o que não é Alemanha França Grã Bretanha Áustria Nova Zelândia Austrália Bélgica Holanda Espanha Suécia e os outros países escandinavos todos têm fortes tradições e partidos sociaisdemocratas que podem cha marse partidos socialistas sociaisdemocratas ou trabalhistas ver SOCIALISMO e alguns des ses partidos têm constituído governos em várias épocas sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial Diversas gerações de programas de bemestar e reformas sociais legisladas deixa ram marcas permanentes afetando não só a formação do estado mas também as atitudes predominantes acerca da responsabilidade so cial A Rússia também teve um importante mo vimento socialdemocrata no começo deste sé culo depois suprimido pelos bolcheviques e a socialdemocracia foi influente em menor me dida em países tão diversos quanto a Argentina o Canadá a Irlanda do Norte o Partido Social Democrata e Trabalhista a Índia e o Japão onde continua forte apesar do virtual monopó lio do poder pelo Partido Liberal e recebe considerável apoio das mulheres assim como dos agricultores e da classe média Originalmente socialista sindicalista e anti capitalista a socialdemocracia compartilha uma origem comum com outros movimentos da classe trabalhadora no século XIX que lutavam contra diferentes versões da repressão estatal bismarckiana militarista bonapartista anti Dreyfusard ver adiante clerical católica e protestante ou outras ver MARXISMO OCIDEN TAL Quanto mais êxito obtiveram nas eleições e mais organizados se mostravam como parti dos políticos e na medida em que algumas das mudanças sociais pelas quais se bateram foram realizadas no ESTADO DE BEMESTAR mais os sociaisdemocratas tenderam a se deslocar da esquerda para o centroesquerda Tal flexibili dade é em parte resultado do caráter híbrido da socialdemocracia como doutrina política Faltandolhe um único fundador um John Lo cke um Adam Smith ou um Karl Marx a sua linhagem inclui o marxismo o socialismo utó pico e a forma de revisionismo inspirada pela intuição de Engels na década de 1890 de que a ação política evolucionária apoiandose no direito de voto e no parlamentarismo era mais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 694 socialdemocracia suscetível de favorecer as lutas da classe traba lhadora do que os meios revolucionários Os primeiros sociaisdemocratas participa ram de um compromisso comum com o prole tariado como a classe do futuro diferindo de jacobinos e revolucionários mais em função de método do que de princípio Acreditavam que o proletariado como classe tomaria o poder econômico e político por meios como o sufrá gio universal a democracia parlamentar e o controle sobre o ramo executivo do governo Uma vez o proletariado no poder a nacionali zação e o planejamento eliminariam o ciclo de alternância de períodos de prosperidade e de pressão econômica a guerra seria abolida e o colonialismo acabaria Com algumas variações doutrinárias os sociaisdemocratas comparti lham uma visão igualitária secular e científica uma versão socialmente responsável da tradi ção do Iluminismo Os sociaisdemocratas ainda favorecem um forte estado democrático em nítido contraste com o minimalismo político dos liberais Ainda rejeitam o mercado como único árbitro da jus tiça e continuam situando a esfera pública aci ma da particular Mas distanciaramse do socia lismo revolucionário e virtualmente todos os partidos sociaisdemocratas romperam decisi vamente com o comunismo depois de 1919 Desde a Segunda Guerra Mundial muitos deles acabaram aceitando ou mesmo favorecendo os mercados acima do planejamento a empresa privada acima da pública e uma política do tipo cresça primeiro e redistribua depois Hoje em dia como principal alternativa do bemestar social a socialdemocracia compar tilha com esta crença no pluralismo cujo mo delo poderia ser denominado a política de um equilíbrio móvel somada à política de gestão responsável de controles reguladores eleições e leis e o relacionamento interativo entre o público e o particular mas enfatiza o contínuo reequilíbrio entre o econômico e o político no âmbito de um duplo mercado Na teoria social democrata o mundo econômico é menos uma questão de propriedade do que de um mecanis mo fornecedor de informações com base nas quais consumidores e produtores realizam es colhas e opções acerca de necessidades e carên cias materiais Por sua vez o domínio político funciona para fornecer informações com base nas quais os líderes podem ser selecionados de acordo com prioridades de ação com decisões tomadas de acordo com programas e preferên cias Como individualmente os cidadãos são ao mesmo tempo consumidores e eleitores o pon to importante de tal modelo é que as desigual dades observadas na primeira esfera podem ser compensadas na segunda servindo o setor pri vado para impedir concentrações de poder no setor público e servindo este para evitar concen trações de riqueza naquele O que distingue os sociaisdemocratas dos proponentes do estado de bemestar ver BEM ESTAR SOCIAL é uma ênfase maior na igualdade e nas disposições institucionais que facilitam esse objetivo Para eles uma deficiência do estado de bemestar é que ele resulta em com binações ad hoc de natureza temporária con sistindo em estratégias improvisadas e práticas legislativas de caráter tão contrafeito tão relu tante que o seu desfecho mais provável é o fracasso Em suma os sociaisdemocratas vê em as reformas de bemestar social como en xertos no estado liberal que objetivam melhorar os piores efeitos das desigualdades em vez de eliminar radicalmente as suas causas Em con trapartida o programa socialdemocrata pro põese em um grau ou em outro alterar ou reduzir substancialmente as concentrações de riqueza privada indústria e capital Com efeito de acordo com os sociaisdemocratas elas são tão poderosas e o papel dos negócios é tão privilegiado que quando programas compen satórios e de reforma são estabelecidos em um estado de bemestar eles impedem que o duplo mercado econômico funcione muito bem Portanto os sociaisdemocratas assumem uma forte posição em favor do igualitarismo e da necessidade de eliminar as causas das desi gualdades sociais Também acreditam que o equilíbrio não será obtido sem a intervenção do estado em favor dos que são penalizados ou especialmente desfavorecidos incluindo mino rias étnicas religiosas raciais lingüísticas e classes Em anos recentes porém a experiência mostrou que a intervenção pode burocratizar o estado tornandoo politicamente mais insensí vel Assim os sociaisdemocratas passaram a se interessar por experiências com formas múl tiplas e pluralistas de representação democra cia no local de trabalho e autogestão esperando através de tais mecanismos suplantar o conflito entre grupos competitivos e transformálo em cooperação A moderna teoria pluralista e em especial as teorias de democracia participativa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialdemocracia 695 e poliarquia desenvolveram o lado político da socialdemocracia nos últimos 30 anos ver por exemplo Dahl 1956 1961 Polsby 1963 Ba chrach 1967 Pateman 1970 Lukes 1974 Gould 1988 Ao mesmo tempo os sociaisde mocratas reconheceram que as reivindicações de eqüidade precisam ser contrapostas às neces sidades de desenvolvimento e os sociaisde mocratas holandeses austríacos alemães neo zelandeses e escandinavos deram mostras de considerável inventiva em suas políticas de ha bitação de baixo custo conselhos de traba lhadores e modernos programas educacionais Os sociaisdemocratas têm estado próximos dos partidos verdes em questões ambientais sobretudo na Alemanha embora divididos em matéria de energia nuclear e armamento ver MOVIMENTO ECOLÓGICO Hoje em dia quando a filiação e as clientelas eleitorais passaram a ser mais de classe média alguns partidos também passaram a moderar seus programas de proprie dade pública e a enfatizar mais a reforma do que a circunscrição das responsabilidades do estado no tocante ao bemestar Hindess 1971 À semelhança do estado de bemestar a socialde mocracia foi muito influenciada pelo KEYNESIA NISMO embora favorecendo os que mostravam uma propensão maior a consumir do que a poupar De modo geral os sociaisdemocratas são favoráveis à coletivização do risco ao pas so que os defensores do estado de bemestar favorecem a individualização do risco Para alguns sociaisdemocratas o estado atua como um estabilizador econômico e político esti mulando o crescimento e impedindo a recessão como uma forma de gerenciamento de crises Offe 1984 p148 O modo como funcionam esses princípios talvez possa ser mais bem ilustrado por alguns exemplos Embora não exista uma teoria social democrata definitiva nem um estado socialde mocrata exemplar Alemanha Áustria Suécia Holanda e alguns outros países como a Aus trália podem servir de modelos O caso alemão ilustra particularmente bem a transformação da socialdemocracia de uma doutrina esquerdista em uma doutrina de centroesquerda No início da década de 1860 operários de inspiração libe ral associações educacionais e corporações profissionais começaram a angariar apoio para a reforma constitucional a unificação nacional o sufrágio universal masculino a educação pro fissionalizante as instituições de poupança programas cooperativos e cooperativas de pro dutores O liberalismo inicial logo cedeu o lugar ao socialismo e duas importantes associações operárias surgiram na década de 1860 a As sociação Geral de Trabalhadores Alemães ins pirada e liderada por Ferdinand Lassalle e o Partido dos Trabalhadores SociaisDemocra tas liderado por August Bebel e Wilhelm Liebknecht que tinham estreitos vínculos com Marx e Engels Guttsman 1981 cap1 Um período de radicalização ocorreu no rescaldo da Guerra FrancoPrussiana Os dois partidos existentes foram unidos em 1875 como o Partido SocialDemocrata da Alemanha SPD o qual no prazo de dois anos já contava com 12 deputados no Reichstag e recebia mais de meio milhão de votos Tal como outros par tidos socialistas e sociaisdemocratas na Fran ça e em outros países o SPD afirmava a priori dade da solidariedade da classe trabalhadora sobre as filiações nacionais e em 1878 as orga nizações de trabalhadores foram proibidas pela Lei AntiSocialista Quando a lei expirou em 1890 o SPD desenvolveuse rapidamente Kocka 1986 p278351 obteve cerca de 15 milhão de votos nas eleições desse ano e man dou 35 deputados para o Reichstag Braunthal 1961 p2001 Seu programa incluía o corpo rativismo lassalliano tal como encarnado no Programa Gotha de 1875 para enfatizar o so cialismo de estado os meios políticos legais as liberdades civis e a democracia mas como conseqüência direta da legislação bismarckiana repressiva contra as organizações da classe tra balhadora também incluía agora um apelo à ação proletária radical uma tendência marxista e revolucionária anunciada em seu programa Erfurt de 1891 Entretanto sua doutrina marxis ta tinha diversos componentes que se esten diam desde o marxismo revolucionário de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht através do centrismo de Karl Kautsky até o REVISIONIS MO de Eduard Bernstein Todos os partidos sociaisdemocratas reuni dos na Internacional Socialista opuseramse fir memente à guerra mas apesar dessa oposição regularmente reafirmada em seus congressos os socialistas franceses na Câmara dos Deputa dos e o SPD alemão no Reichstag votaram a favor de créditos de guerra em 1914 montando o cenário para uma divisão decisiva entre socialistas e sociaisdemocratas e entre socia lismo revolucionário e bolchevismo Braun Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 696 socialdemocracia thal 1961 cap21 O marxismo revolucionário continuou sendo uma força poderosa no SPD até 1920 quando a ala esquerda do partido se separou para formar o Partido Comunista KPD As relações entre o SPD predominan temente revisionista e o KPD tornaramse cada vez mais ásperas com a ascensão do nacional socialismo e a transformação do KPD em par tido stalinista ver COMUNISMO Durante o pe ríodo nazista membros de ambos os partidos foram perseguidos e muitos de seus adeptos acabaram sendo mortos ou encarcerados Re constituído depois da Segunda Guerra Mundial o rejuvenescido SPD abandonou oficialmente até mesmo uma versão diluída do marxismo em seu congresso de Bad Godesberg em 1959 aceitando um liberalizado sistema de mercado Hoje em dia o SPD defende essencialmente a livre concorrência econômica mas em uma economia de mercado social e rejeita de modo geral a propriedade dos meios de produ ção pelo estado Lipset 1990 Um dos problemas ao se examinar a social democracia é que a maioria dos partidos so ciaisdemocratas usa rótulos socialistas Na França por exemplo os socialistas realizaram esforços determinados para evitar a socialde mocracia preferindo a ascendência revolucio nária e a retórica de uma original herança jaco bina Sua tendência esquerdista derivou do marxismo revolucionário de Jules Guesde o qual se opunha ao programa de Paul Brousse mais reformista ou possibilista Onde os so ciaisdemocratas alemães favoreciam os meios eleitorais para se chegar ao socialismo alguns socialistas franceses eram favoráveis à greve geral considerada uma arma de reforma pací fica em contraste com a ação revolucionária Proudhonistas marxistas blanquistas gues deístas sorelianos em sua origem o caso Drey fus de 1894 ajudou a reunir todos esses grupos socialistas sob a liderança de Jean Jaurès de modo que em 1903 os socialistas receberam 600 mil votos elegeram mais de 50 deputados para o Parlamento e possibilitaram a Alexandre Millerand tornarse o primeiro ministro socia lista Os guesdeístas dedicaram especial aten ção à reforma municipal e obtiveram cadeiras em numerosos conselhos municipais Depois se deu a inevitável cisão entre sociaisdemocratas e comunistas no Congresso de Tours em 1919 Léon Blum Jean Longuet e Paul Faure res tabeleceram o Partido Socialista em torno do jornal de Longuet Le Populaire enquanto os comunistas se organizaram em torno do diário de Jean Jaurès Lhumanité A socialdemocra cia associada ao efêmero governo da Frente Popular do premier Léon Blum em 1936 de clinou daí por diante até a década de 70 quando começou a reviver em grande parte à custa do Partido Comunista Mas continuou fora do po der até a presidência de François Mitterand em 1981 A Suécia é claro tem sido considerada des de longa data um estado socialdemocrata exemplar representando a terceira via ou a do meio fundada em 1899 sob a liderança de Hjalmar Branting um marxista razoavelmente ortodoxo que se tornou o primeiro premier so cialista o Partido SocialDemocrata conso lidouse rapidamente como importante força política À semelhança da socialdemocracia alemã a sua posição original era a extrema esquerda mas foi o principal responsável pelo estabelecimento do neutralismo permanente da Suécia Apesar de ter sido favoravelmente in fluenciado pela Revolução Russa sucessivos governos sociaisdemocratas sofrendo apenas breves interrupções a partir da década de 30 preferiram o pragmatismo à ideologia e o cres cimento à igualdade uma posição muito forte sobre essa questão foi adotada na famosa confe rência de Zimmerwald em 1915 Uma conse qüência é que embora a Suécia possua de há muito os melhores programas de bemestar so cial de qualquer estado moderno tem o mais baixo imposto de renda de pessoa jurídica de todos os países da OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico mas também taxas muito elevadas de imposto de renda da pessoa física seguridade social e imposto sobre valor adicionado Lipset 1990 Continua favorecendo programas voltados para a participação de operários na tomada de de cisões industriais embora estes tenham prova do ser menos bemsucedidos do que original mente se previa Tingsten 1973 Meidnerm 1978 Olsen 1992 O Partido SocialDemocrata austríaco tal vez tenha sido mais doutrinário Formado em 1888 tinha recebido em um período de 10 anos 13 dos votos depositados e estava com 87 membros no parlamento e o AUSTROMARXISMO representou uma alternativa significativa ao LE NINISMO Durante a Primeira Guerra Mundial o partido dividiuse entre Victor Adler o líder Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialdemocracia 697 partidário que favorecia mais o proletariado austríaco do que o apoio ao proletariado inter nacional e seu filho Friedrich que assumiu uma ativa posição antiguerra Depois da guerra os sociaisdemocratas chegaram ao poder em várias cidades importantes e Viena em espe cial tornouse uma vitrine de programas extre mamente bemsucedidos em educação saúde pública fornecimento de instalações para ativi dades recreativas e novos projetos habitacio nais para a classe operária Na década de 20 era o maior partido de oposição e depois da Segun da Guerra Mundial tornouse o mais poderoso partido nacional A União SocialDemocrata holandesa foi formada em 1878 sob a liderança de Romela Nieuwenhuis que em 1888 foi eleita para os Estados Gerais O partido registrou um cons tante sucesso com a filiação que galgou de 13 mil votantes e três representantes parlamentares em 1897 para 144 mil votantes e 19 repre sentantes parlamentares um ano depois mas o partido se recusou a integrar um governo de coalizão alegando que isso significaria um compromisso com o capitalismo Depois da Segunda Guerra Mundial a socialdemocracia holandesa foi responsável por tão requintados programas de bemestar social e se preocupou a tal ponto com os menos favorecidos que hoje em dia a Holanda mais que a Suécia poderia ser considerada o estado socialdemocrata pro totípico O Partido Trabalhista britânico é um caso diferente e um pouco mais complicado Suas origens diferem substancialmente das dos par tidos sociaisdemocratas europeus Alguns às vêem no autêntico radicalismo evangélico do século XVII os Levellers ou niveladores os Diggers ou cavadores outros nos movimentos owenista cartista e capelista Sua organização mais nitidamente de classe trabalhadora foi o Partido Trabalhista Independente sob a lide rança de Keir Hardie que teve nos mineiros de carvão a maior parte do seu apoio original Em um sentido concreto contudo a moderna so cialdemocracia britânica está mais bem con substanciada na Sociedade Fabiana Fundada em 1883 e não filiada oficialmente a partido algum seus membros desempenharam um pa pel político sem paralelo Os documentos pro gramáticos que publicaram em considerável número basearamse em extensa pesquisa em pírica sobre condições fabris administração lo cal finanças públicas política habitacional si tuação dos pobres educação colonialismo e outras matérias similares ver SOCIALISMO FABIA NO Influenciaram de modo significativo a po lítica do Partido Trabalhista e o programa sobre Trabalhismo e Nova Ordem Social publicado logo após o término da Primeira Guerra Mun dial forneceu um quadro de referência básico que se manteve fundamentalmente inalterado até data relativamente recente Grande parte desse programa foi convertido em lei incluindo o salário mínimo nacional a nacionalização das minas estradas de ferro serviços de utilidade pública e seguros a redistribuição de exce dentes para o bem comum e um imposto de renda acentuadamente progressivo Linhas menos significativas incluíram a Li ga Socialista de William Morris semianar quista e a Federação SocialDemocrata de HM Hyndman organização marxista fundada em 1885 cujo objetivo era a propriedade cole tiva dos meios de produção um estado demo crático e a igualdade social e econômica entre os sexos entre os seus membros estava Eleanor a filha de Karl Marx Beer 1948 Desde a sua primeira coalizão parlamentar de 1906 com os liberais a LibLab o Partido Trabalhista foi comparado com os sociaisde mocratas europeus eminentemente prático e pragmático em vez de doutrinário e ideológico Teve um desempenho um tanto melancólico antes da Segunda Guerra Mundial tendo che gado pela primeira vez ao poder com Ramsay MacDonald na eleição cáqui de 1924 Mas depois da guerra a socialdemocracia consoli douse com tanto êxito que sucessivos governos conservadores foram incapazes de alterar a si tuação até a implantação do programa de pri vatização e devolução do governo Thatcher na década de 80 De 1975 em diante a polarização política entre esquerda e direta intensificouse no seio do Partido Trabalhista culminando em 1981 em um dissidente Partido SocialDemo crata que formou aliança com o Partido Liberal Depois de alguns êxitos iniciais contudo esse partido declinou sem ter estabelecido uma níti da base de poder tornandose mais um partido da mídia do que qualquer outra coisa Pridham 1988 p22956 Alguns antigos partidos comunistas na Eu ropa Oriental seguiram o exemplo dos comu nistas italianos e espanhóis que depois de se terem tornado eurocomunistas aderiram à so Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 698 socialdemocracia cialdemocracia Em nítido contraste com os Estados Unidos onde declinou constantemente depois de 1912 Weinstein 1967 a socialde mocracia tem sido extremamente importante na Austrália e no Canadá ocidental Na Rússia depois de ser a principal influência radical antes da divisão entre bolcheviques e mencheviques a socialdemocracia foi eliminada depois de 1922 Que futuro a aguarda no atual caos da Europa Oriental e da exUnião Soviética é algo difícil de prever Embora não haja uma experiência socialde mocrática definitiva com o seu movimento em direção ao centro do espectro político a social democracia produto de uma longa evolução política no radicalismo europeu universalizou se agora como a principal alternativa ao Estado de BemEstar Leitura sugerida Braunthal J 1961 1963 1966 1967 History of the International 18641914 2 vols Gould CC 1980 Rethinking Democracy Freedom and Social Cooperation in Politics Economy and So ciety Guttsman WL 1981 The German Social De mocratic Party 18751933 Harrington M 1989 The New Left the History of the Future Judt T 1986 Marxism and the French Left Lindblom CE 1977 Politics and Markets Meidner Rudolf 1978 Em ployee Investment Funds an Approach to Collective Capital Formation Miliband R 1989 Divided So cieties Class Struggle in Contemporary Capitalism Offe C 1976 Industry and Inequality Olsen Greg 1992 The Struggle for Economic Democracy in Sweden Panitch L 1976 Social Democracy and Industrial Militancy Pelinka A 1983 Social Democratic Par ties in Europe Ross G Hoffman S e Malzacher S 1987 The Mitterand Experiment Schumpeter J 1942 1987 Capitalism Socialism and Democracy Tingsten Herbert 1973 The Swedish Social Demo crats Weinstein James 1967 The Decline of Socia lism in America 19121925 DAVID E APTER socialismo As idéias socialistas em várias formas expressaramse em séculos anteriores mas o socialismo como doutrina e movimento característicos só apareceu na década de 1830 quando o próprio termo entrou em uso corrente Logo se propagou rapidamente pela Europa sobretudo depois das revoluções de 1848 e no final do século grandes partidos socialistas já se tinham desenvolvido em numerosos países mormente na Alemanha e na Áustria ao mesmo tempo em que o pensamento socialista era lar gamente difundido em todo o mundo Na Europa continental o MARXISMO era o principal alicerce intelectual do socialismo combinando uma teoria da sociedade que expli cava o desenvolvimento do CAPITALISMO mo derno a divisão da sociedade em duas classes principais e o surgimento e crescimento do próprio movimento socialista com uma doutri na sociopolítica a respeito da organização ob jetivos e táticas dos partidos socialistas Em outros lugares porém e em especial na Grã Bretanha e nos Estados Unidos o marxismo teve menos influência e concepções alternati vas de socialismo foram formuladas por exem plo pela Sociedade Fabiana 1889 ver Shaw org 1931 Não obstante havia elementos co muns em todas as versões do pensamento so cialista oposição ao individualismo capitalista consubstanciada na própria palavra socialis ta a qual enfatizava a comunidade e o bemes tar da sociedade como um todo um compro misso com a igualdade e com a idéia de uma futura sociedade sem classes e uma confir mação do caráter do movimento socialista co mo continuação do movimento democrático dos séculos XVIII e XIX Com efeito todos os partidos europeus estiveram particularmente ativos nas campanhas pelo sufrágio universal para cuja conquista colaboraram de forma de cisiva e alguns deles adotaram o nome social democrata a fim de expressar seu propósito de ir além da democracia social para estabelecer a democracia econômica e industrial No começo do século XX contudo com o desenvolvimento contínuo do capitalismo ma nifestarase uma diversidade maior de idéias socialistas em vários países Nos partidos mar xistas europeus deflagrouse uma viva contro vérsia em torno do REVISIONISMO em decor rência da publicação do estudo de Bernstein 1899 em que este sustentava que o desenvol vimento recente do capitalismo tornava neces sária uma reavaliação da teoria de Marx no tocante às crises econômicas à polarização de classes e à intensidade do conflito de classes levando especialmente em conta o crescimento das classes médias e a elevação geral do padrão de vida A divisão de opinião sobre essas ques tões resultou no devido tempo em uma dife renciação de duas tendências principais rotula das de reformista e revolucionária se bem que houvesse também alguns centristas re presentados sobretudo por Kautsky e os aus tromarxistas as quais ficaram anda mais cla Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialismo 699 ramente marcadas depois do surgimento do bolchevismo como tendência distinta no Se gundo Congresso do Partido SocialDemocrata Trabalhista russo em 1903 Na GrãBretanha prevaleceu uma doutrina socialista principal mente reformista e gradualista fortemente in fluenciada por idéias fabianas quando o Partido Trabalhista que no começo se denominava Co mitê de Representação Trabalhista foi fundado em 1900 ao passo que nos Estados Unidos o movimento socialista nunca se estabeleceu co mo força política importante Sombart 1906 atingindo o seu ponto culminante com a vota ção obtida pelo Partido Socialista da América na eleição presidencial de 1912 e declinando continuamente daí por diante Weinstein 1967 Laslett e Lipset 1974 A Primeira Guerra Mundial teve um efeito profundo sobre o movimento socialista como um todo O internacionalismo tinha sido uma característica central da doutrina socialista so bretudo depois de fundada a Primeira Interna cional Associação Internacional de Trabalha dores em 1864 e no final do século diante da crescente ameaça de guerra entre as maiores potências imperialistas os partidos socialistas se haviam tornado também antimilitaristas Quando eclodiu a guerra contudo a maioria dos partidos europeus foi engolfada pela onda avassaladora de fervor nacionalista estimulada por seus respectivos governos embora peque nos grupos minoritários mantivessem uma pos tura antiguerra Lenin e os bolcheviques por outro lado foram vigorosos adversários da guerra desde o começo e depois da Revolução Russa de 1917 tornaramse a principal força em um movimento socialista revolucionário alternativo A divisão entre esse movimento e os antigos partidos sociaisdemocratas da Se gunda Internacional consolidouse então de for ma organizacional com a fundação da Terceira Internacional Comunista em 1919 e a criação de partidos comunistas distintos em muitos países A partir desse ponto o desenvolvimento de idéias e movimentos socialistas foi dominado pela divisão e o antagonismo entre bolchevismo e SOCIALDEMOCRACIA que passaram por várias fases e geraram muitos problemas novos A tentativa de estabelecer uma sociedade socialis ta na Rússia ocorreu em circunstâncias nunca imaginadas por Marx pela maioria dos marxis tas subseqüentes incluindo Lenin e outros lí deres bolcheviques que tinham sérias dúvidas sobre se essa sociedade poderia ter êxito sem uma revolução em um ou mais dos países capi talistas desenvolvidos ou pelos socialistas de modo geral um país primordialmente agrário com uma classe trabalhadora industrial muito pequena e um vasto campesinato devastado pela guerra por uma prolongada guerra civil e pela intervenção estrangeira carente de uma burocracia eficiente ou da experiência de ins tituições democráticas e cercado de estados hostis A necessidade mais imperiosa era de reconstrução econômica e rápida industria lização que veio a ser identificada com socia lismo Essas condições somadas a algumas tradições do Partido Bolchevique forneceram campo fértil para o surgimento de uma ditadura e de um sistema totalitário que Stalin final mente implementou em uma forma extrema O desenvolvimento ulterior de uma econo mia socialista na União Soviética com planifi cação altamente centralizada e ampla proprie dade pública também suscitou questões que os socialistas haviam em grande parte negligen ciado sobre se tal economia poderia na reali dade funcionar eficazmente na prática e essas questões foram centrais no debate sobre cálculo socialista ver SOCIALISTA CÁLCULO nas déca das de 20 e 30 Durante os anos 30 contudo a controvérsia acabou sendo ofuscada pela indus trialização da União Soviética em grande parte bemsucedida o que se refletiu em elevadas taxas de crescimento econômico em uma época em que o mundo capitalista estava sofrendo severa depressão e pela ascensão do fascismo que constituiu um novo perigo tanto para a União Soviética quanto para os países capitalis tas democráticos A própria Segunda Guerra Mundial criou uma atitude mais simpática para com a União Soviética como um aliado e im portante contribuinte à custa de imensos sacri fícios para a derrota da Alemanha nazista e os partidos comunistas do Ocidente beneficiaram se dessas mudanças de percepção No final da guerra a União Soviética emer giu como a segunda superpotência industrial e militar capaz de impor um sistema totalitário nos países da Europa Oriental e de aumentar substancialmente a sua influência na política mundial Em parte como conseqüência dessa influência soviética o socialismo também se tornou uma força importante em alguns países recémindependentes e em desenvolvimento Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 700 socialismo na Índia e em muitos países africanos em uma forma principalmente socialdemocrata na China em uma forma comunista mas com suas próprias e distintas variações incluindo a intro dução ao longo da década passada de um sis tema econômico mais liberal que tem evitado alguns dos problemas da economia soviética embora resistindo ainda à democratização do sistema político Na Europa Ocidental a influência dos par tidos socialistas e em alguns países dos parti dos comunistas também aumentou imensa mente e na GrãBretanha o governo trabalhista eleito em 1945 com ampla maioria iniciou a construção de um ESTADO DE BEMESTAR ampliando a propriedade pública e continuan do ao mesmo tempo com alguns elementos do planejamento do tempo de guerra Em graus variáveis tais mudanças ocorreram por toda a Europa Ocidental dando origem a um novo tipo de capitalismo de bemestar social o qual foi bemsucedido durante mais de duas décadas em realizar taxas excepcionalmente elevadas de crescimento econômico pleno emprego e pa drões de vida em constante ascensão Essas mudanças do pósguerra não supera ram contudo a divisão no movimento socialis ta entre bolcheviques e socialistas democráti cos Pelo contrário embora os regimes bolche viques se tornassem lentamente menos duros e terroristas depois da morte de Stalin em 1953 o monopólio do poder pelos partidos comunis tas e as características básicas de TOTALITARISMO prosseguiram provocando uma série de insur reições populares nas décadas de 50 e 60 e movimentos de oposição em grande escala nos anos 80 Os socialistas sociaisdemocratas con tinuaram manifestando suas críticas a esses re gimes reafirmando seus pontos de vista de que o socialismo é inseparável da democracia e de que só pode ser alcançado através de um demo crático e gradual processo de mudança no qual a criação de um estado de bemestar representa uma nova fase na ampliação de uma vasta gama de direitos sociais a todos os cidadãos Essas críticas aos regimes do Leste europeu e à sua ideologia monolítica adotaram uma forma ca racterística na ampla corrente de pensamento que passou a ser conhecida como MARXISMO OCIDENTAL boa parte do qual foi assimilado em certa medida pelos movimentos de oposição interna O colapso dos regimes bolcheviques a partir de 1990 apagou do mapa político e intelectual uma forma de pensamento e prática socialista que por mais de 70 anos dividiu profundamente o movimento socialista e na opinião da maioria dos socialistas distorceu de forma a deixálas irreconhecíveis muitas das idéias funda mentais do socialismo Mas esse mesmo colap so propôs muitas questões novas ao pensamen to socialista Como os regimes bolcheviques eram identificados com a ampla propriedade do estado como forma específica de propriedade social e a planificação central que a maioria dos regimes sucessores vem abandonando em favor de alguma forma de economia capitalista embora sacrificando ao mesmo tempo alguns dos importantes direitos sociais que eram uma realização sumamente positiva de seus prede cessores a discussão sobre os princípios bási cos de uma economia socialista viável Nove 1983 Breitenbach et al 1990 tornouse mais intensa As críticas anteriores formuladas no debate sobre o cálculo socialista foram reno vadas Lavoie 1985 enquanto que as idéias do SOCIALISMO DE MERCADO envolvendo alguma combinação de planejamento e mercados e uma economia mista de empresas privadas e públi cas que despertaram tanto interesse e apoio nas décadas de 70 e 80 na Europa Ocidental e Oriental têm sido submetidas a uma inves tigação mais crítica Brus e Laski 1989 O pensamento socialista atual é assediado pois por considerável soma de incertezas Para alguns pensadores as antigas idéias socialistas de uma sociedade igualitária coletivamente planificada e autodirigida são incrivelmente utópicas um belo sonho mas ainda e apenas um sonho na medida em que ignoram as limitações da natureza humana e realidades como a burocracia a ânsia de poder e a cor rupção As reais possibilidades do socialismo estão reduzidas portanto à implementação de um tipo mais avançado de estado de bemestar dentro de uma economia basicamente capitalis ta Esses pensadores também observam que o crescimento econômico do pósguerra nos paí ses capitalistas criou mais prósperas sociedades de consumo de massa e uma estrutura de classes muito diferente na qual os anteriores conflitos e antagonismos de classes diminuíram subs tancialmente ver CLASSE em um processo para o qual Bernstein 1899 talvez só tenha atraído prematuramente a atenção Contra esses pontos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialismo 701 de vista outros afirmam que os problemas e deficiências fundamentais do capitalismo o caráter cíclico do desenvolvimento econômico com fases de expansão seguidas de depressão e desemprego em grande escala maciças des igualdades de riqueza e renda instabilidade e incerteza gerais ainda persistem e continua rão gerando concepções de uma ordem econô mica e social alternativa na qual tudo isso possa ser superado Resta ver se as atuais discordân cias dentro do pensamento e dos movimentos socialistas serão finalmente resolvidas em algu ma nova e coerente formulação do socialismo para o século XXI Ver também LENINISMO Leitura sugerida Brus Wlodzimicrz e Laski Kazi micrz 1989 From Marx to the Market Socialism in Search of an Economic System Cole GDH 1953 60 A History of Social Thought 5 vols Kolakowski L e Hampshire S orgs 1974 The Socialist Idea a Reappraisal Schumpeter SA 1942 1987 Capita lism Socialism and Democracy 6ªed TOM BOTTOMORE socialismo de mercado Em seu sentido pri mário tratase de um conceito teórico modelo de um sistema econômico em que os meios de produção capital são de propriedade pública ou coletiva e a alocação de recursos obedece às regras do mercado produto trabalho e merca dos de capital Ao mesmo tempo o termo tem sido aplicado de um modo menos preciso para cobrir os projetos de reforma do sistema econô mico nos países de socialismo real países comunistas afastandose do planejamento de comando ver PLANEJAMENTO ECONÔMICO NA CIONAL na direção da regulamentação de mer cado Iugoslávia em meados da década de 50 Hungria depois de 1968 China Polônia União Soviética e Bulgária na década de 80 Por motivos ideológicos a designação socialismo de mercado foi porém largamente evitada em alguns dos países em questão com preferência pela fórmula de mercado socialista que se pensou ser mais aceitável para os marxistas A economia política de Marx tinha sido interpretada por muito tempo como sustentan do que o socialismo era incompatível com o mercado O socialismo torna o mercado redun dante e supera suas deficiências como mecanis mo de alocação ao expor a natureza social do trabalho atribuindolhe diretamente ex ante um determinado papel no processo econômico através da mão visível do planejamento a qual assegura a plena utilização de recursos especialmente recursos humanos livres de flu tuações cíclicas Depois da Revolução Russa de 1917 qual quer aplicação do mecanismo de mercado era apresentada nos documentos programáticos co munistas como apenas uma concessão tempo rária ao subdesenvolvimento Programa da In ternacional Comunista 1929 cap4 Ao mes mo tempo porém a ala socialdemocrata do marxismo começou a reconhecer a relevân cia do mercado em uma economia socialista Kautsky 1922 Os debates teóricos sobre o socialismo de mercado adquiriram nova dimensão no período do entreguerras especialmente depois da ree dição por FA Hayek 1935 de um artigo de L von Mises publicado originalmente em 1920 em que este negava de forma categórica a pos sibilidade de cálculo econômico racional no socialismo pois as relações de troca entre os bens de produção e por conseguinte os seus preços só poderiam ser estabelecidos na base da propriedade privada Entre as muitas tentativas de refutação desse ponto de vista Taylor 1929 Dickinson 1933 Landauer 1931 Heimann 1932 provavelmente a mais conhecida é a de Oskar Lange 193637 Idéias semelhantes ti nham sido desenvolvidas no mesmo período por Abba Lerner 1934 1936 1937 daí ser freqüentemente usada a designação de solução LangeLerner Lange não só negou a validade puramente teórica da posição de Mises assinalando a de monstração de Barone 1908 da possibilidade de tratar a questão através de um sistema de equações simultâneas mas tentou apresentar uma solução positiva Esta consistia em um procedimento por tentativa e erro no qual um órgão de planejamento central desempenha as funções do mercado onde não existe mercado no sentido institucional da palavra Nessa capa cidade o órgão de planejamento fixa preços assim como salários e taxas de juros de modo a equilibrar oferta e demanda por mudanças apropriadas em caso de desequilíbrio e instrui os gerentes a seguirem duas regras 1 minimi zar o custo médio de produção pelo uso de uma combinação de fatores que igualariam a produ tividade marginal do seu valor em unidade mo netária 2 determinar a escala de produção em um ponto de igualização do custo marginal e do Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 702 socialismo de mercado preço fixado pelo órgão de planejamento cen tral A maioria dos relatos subseqüentes do de bate do entreguerras reconheceu a validade do argumento teórico apresentado por Lange e aceitou que Hayek retrocedesse à posição de afirmar a impossibilidade prática de conciliar o socialismo com o cálculo econômico racional Isso pode ser verdadeiro quando se segue como Lange parece ter feito o tipo de modelo de equilíbrio geral estático conforme desenvol vido por Walras 1954 Entretanto o aspecto sublinhado de modo cada vez mais convincente por novos estudiosos do debate do entreguer ras como Lavoie 1985 é que o desafio MisesHayek é oriundo das posições da ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA com a ênfase nas pro priedades dinâmicas do processo de competi ção cuja figura central é o empresário Isso deixa sem resposta a questão de os atores eco nômicos que não são empresários operando por sua própria conta e risco mas agentes empre gados por um órgão público serem realmente capazes de ter um comportamento empresarial Assim a solução competitiva de Lange tinha o mérito de apresentar a idéia de uma alternativa ao planejamento de comando bem como de mostrar a indispensabilidade de preços de escassez para a alocação racional de recursos sob o socialismo Ao mesmo tempo contudo não pôde fornecer uma base teórica adequada para a mudança quando reformas orientadas para o mercado foram colocadas na agenda prática em países de socialismo real A primeira tentativa de aplicar na prática as idéias de socialismo de mercado aconteceu no começo da década de 50 na Iugoslávia depois do rompimento StalinTito O Partido Comu nista iugoslavo buscava maior eficácia econô mica e simultaneamente legitimidade ideoló gica em face do stalinismo Esta última foi encontrada na autogestão e como as unidades econômicas autogeridas devem ser autônomas isso provocou o processo de substituição do sistema de comando pela coordenação do mer cado embora esta não fosse conduzida de modo consistente Nos países do bloco soviético o principal motivo para o impulso de reforma foi a insatis fação com o desempenho da economia de co mando quando esta passou a ser abertamente discutida depois da morte de Stalin Na Polônia um plano relativamente abrangente de mudan ças sistêmicas foi elaborado em 195657 idéias semelhantes na Hungria foram reprimidas em conseqüência da supressão da insurreição po pular de 1956 A partir de então uma longa série de tentati vas de reformas econômicas com diversos graus de consistência mas todas orientadas na mesma direção de aumento do papel do merca do ocorreu na Europa Oriental a Tchecoslo váquia em 1958 e em 196768 o Novo Sistema Econômico na República Democrática da Alemanha em 1963 a chamada reforma Kos siguin de 1965 na União Soviética e sua imi tação búlgara o Novo Mecanismo Econômico NME húngaro introduzido em 1968 repeti das tentativas de reforma na Polônia No come ço da década de 80 porém de todas essas tentativas somente o NME húngaro se manti nha basicamente operante nos demais casos o que aconteceu foram meras modificações se cundárias dentro da estrutura do sistema de comando Por outro lado a tendência a mudan ças na direção do mercado persistiu sob a clara pressão de uma progressiva deterioração do desempenho econômico a qual atingiu pro porções de crise na maioria dos países comunis tas na década de 80 Em 197879 a China juntouse às fileiras reformistas e a partir de 1985 a reforma econômica radical conver teuse em um dos elementos fundamentais da perestroika de Gorbachev na União Soviética As razões das dificuldades em executar re formas econômicas orientadas para o mercado são vistas Brus 1979 como 1 resistência política da elite dominante 2 interesses egoís tas do aparelho administrativo assim como de alguns setores dos trabalhadores que podem sentirse ameaçados na segurança de seus em pregos 3 obstáculos substantivos para enxer tar um mecanismo de mercado nas estruturas existentes de planificação e gerência direitos de propriedade e monopólio do poder do parti do comunista Disso resulta que países que fizeram alguns progressos no processo de refor ma Iugoslávia Polônia Hungria encontram se não só em dificuldades econômicas piores do que as daqueles Tchecoslováquia Alemanha Oriental que não abandonaram o antigo sis tema embora fatores nãosistêmicos devem ser levados em conta em quaisquer comparações mas também não conseguiram em realidade transpor o limiar entre coordenação adminis trativa e coordenação de mercado da economia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialismo de mercado 703 A esse respeito o exame do NME húngaro levou à conclusão de que apesar da abolição das metas obrigatórias de produção e alocação física de bens de produtos o efeito global da reforma em meados da década de 80 consistiu meramente na mudança da coordenação buro crática direta para indireta Kornai 1986 A experiência parece ter comprovado a ina dequação dos anteriores modelos de reforma baseados na idéia de combinar a planificação central com um mercado regulamentado que limitava a regulamentação principalmente ao mercado de produto Brus 1961 assim como na aceitação da posição dominante da proprie dade pelo estado dos meios de produção No decorrer da década de 80 os projetos de mudan ça orientada para o mercado em países co munistas sofreu acentuada radicalização a ne cessidade de um mercado de capitais na forma tanto de bancos comerciais quanto de negocia ção de títulos foi amplamente reconhecida Tardos 1986 Lipowski 1988 assim como a necessidade de um mercado de trabalho embo ra por vezes não abertamente com esse nome Além disso o sucesso de uma reforma econô mica orientada para o mercado tornouse es treitamente vinculado à transformação funda mental da estrutura de propriedade Abalkin 1988 Um dos fatores que evidentemente con tribuíram para a reconsideração da questão da propriedade foi a experiência de resultados muito mais favoráveis de reformas sistêmicas fora do setor estatal cooperativas empresa pri vada na Hungria e em especial o espetacular sucesso inicial da responsabilidade de produ ção familiar na agricultura chinesa O reco nhecimento da necessidade de uma mudança profunda na estrutura da propriedade refletiu se no final da década de 80 em uma série de medidas jurídicas em vários países comunistas Na União Soviética houve a legislação acerca de arenda arrendamento de terras edifícios e equipamentos com a intenção de manter a po sição do estado como proprietário livre e alo dial mas abrindo o caminho para o empresaria do a coletividade de trabalhadores parcerias ou até indivíduos Em alguns outros países Polô nia Hungria foi adotado o princípio de uma economia mista com a intenção de que empre sas estatais cooperativas e empresas privadas estas últimas sem limitações de tamanho e emprego concorressem em termos iguais Esse desenvolvimento conceitual e em cer ta medida prático apresentou com renovada força a questão da ligação entre transformações econômicas e políticas Por um lado a merca dização ao envolver maior liberdade de inicia tiva sobretudo quando acompanhada por mu danças de propriedade aumentou as aspirações políticas das pessoas que se sentiram menos subjugadas ao onipresente e tentacular estado Por outro lado em vista da resistência das elites dominantes e suas camadas de sustentação o pluralismo político tornouse instrumento in dispensável para efetuar a transição do antigo para o novo sistema econômico assim como para preservar a existência deste último Uma negação dessa ligação baseada em exemplos de economias de mercado bemsucedidas com regimes políticos autoritários como alguns dos países recémindustrializados da Ásia foi rejeitada pelos reformadores em países comu nistas por não reconhecer a verdadeira natureza dos problemas que estavam enfrentando A busca sistemática do socialismo de mer cado mercados de capital e de trabalho reestruturação da propriedade pluralismo polí tico pode ser considerada uma forma de encobrir as habituais distinções entre capitalis mo e socialismo e por conseguinte de negar ao socialismo o caráter de um sistema obrigatoria mente sucessor do capitalismo Brus e Laski 1989 Isso não equivale necessariamente ao abandono dos objetivos políticos básicos do socialismo pleno emprego igualdade de oportunidade assistência social como tam pouco da intervenção do governo como método para realizálos O que parece subentender po rém é o abandono do conceito de socialismo como um grandioso projeto que requer a total substituição do quadro de referência institucio nal do passado Em outras palavras abandono da filosofia da ruptura revolucionária em favor da continuidade da mudança Desse ponto de vista podese dizer que o socialismo de merca do como objetivo de transformação consistente dos países de socialismo real possui certas características comuns com o socialismo de mercado tal como percebido por alguns parti dos sociaisdemocratas ocidentais ver também SOCIALDEMOCRACIA incluindo o Partido Tra balhista britânico Sociedade Fabiana 1986 e ver SOCIALISMO FABIANO mas qualquer analo gia deve ser conjectural reconhecendo as dife renças na posição inicial e as condições profun Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 704 socialismo de mercado damente diferentes de luta para se alcançar o objetivo desejado assim como as implicações ideológicas Leitura sugerida Brus W 1961 1972 The Market in a Socialist Economy Ο 1979 East European econo mic reforms what happened to them Soviet Studies 312 Brus Wlodzimierz e Laski Kazimierz 1989 From Marx to the Market Socialism in Search of an Economic System Fabian Society 1986 Market So cialism Whose Choice A Debate panfleto 516 Hayek FA org 1935 Collectivist Economic Plan ning Kornai J 1986 The Hungarian reform process vision hopes and reality Journal of Economic Lite rature dezembro Lange Oskar e Taylor FM 1938 1964 On the Economic Theory of Socialism Lavoie D 1985 Rivalry and Central Planning the Socialist Calculation Debate Reconsidered W BRUS socialismo fabiano Esta expressão identifi ca uma defesa não tanto da conveniência moral do socialismo quanto de seu status como a seqüência lógica e histórica dos princípios já visíveis na direção existente de governo e polí tica O socialismo viria a ser uma extensão da democracia da esfera política para as esferas social e econômica e foi assim resumido na expressão SOCIALDEMOCRACIA Essa visão do socialismo foi desenvolvida pela Fabian Socie ty Sociedade Fabiana e em particular por seus três membros principais Beatrice Webb Sidney Webb e George Bernard Shaw entre 1884 e a deflagração da Segunda Guerra Mun dial A sociedade deveria ser organizada de forma coletiva para o bem geral pelo estado em âmbito nacional e local agindo em benefício de um povo com plena franquia A expectativa e o método fabianos característicos eram resumi dos na expressão a inevitabilidade do gradua lismo Críticos do fabianismo ativeramse à segunda parte da expressão mas a primeira era igualmente importante Trabalho árduo per suasão e pesquisa em vez de guerra de classes iriam lenta mas inevitavelmente dar continui dade ao movimento da sociedade numa direção socialista No estado fabiano ideal a inteligên cia instruída desempenharia um papel essen cial e seu reconhecimento e uso em um serviço público meritocrático seria uma das caracterís ticas que diferenciaram o socialismo do capita lismo Longe de as hierarquias do capitalismo serem substituídas pela igualdade de poder elas seriam refinadas por um sistema de elites de mocraticamente responsáveis compostas pelos mais capazes enquanto que as elites do capita lismo foram compostas apenas pelos mais ricos Costumava haver aqui um elevado tom moral louvando a dedicação ascética do profissional e desprezando com ares condescendentes o homem de senso mediano A alta responsabi lidade atribuída à inteligência instruída na po lítica nacional seria exportada no fabianismo para se tornar uma defesa do direito e dever das nações industriais avançadas da Europa Oci dental de administrar as partes menos desenvol vidas do mundo e trazêlas para as mesmas alturas socialistas que deveriam ser atingidas no plano doméstico O fabianismo encarava a democracia como o exercício da função política do povo como um todo em sua categoria universal de consumi dores Dentro dessa estrutura os indivíduos participariam em seus variados papéis como cidadãos operários e assim por diante con tribuindo através de seus esforços para o bem comum do qual se beneficiariam Formas de poder popular direto tais como plebiscitos ou iniciativas legislativas eram condenadas como promotoras da descontinuidade e da irraciona lidade e o que era considerado como o autogo verno setorial e potencialmente egoísta de gru pos organizados na base da produção em varia das formas de controle operário foi contestado como incompatível com a democracia A ênfase do fabianismo no coletivo e no público levouo a ignorar problemas como a natureza do traba lho ou as divisões de gênero Leitura sugerida McBriar AM 1966 Fabian Socia lism and English Politics 18841914 McKenzie N e McKenzie J 1977 The First Fabians Pimlott B org 1984 Fabian Essays in Socialist Thought Shaw GB org 1889 1931 1962 Fabian Essays in Socia lism Webb Sidney e Webb Beatrice 1920 A Cons titution for the Socialist Commonwealth of Great Bri tain RODNEY BARKER socialista cálculo Expressão usada em re ferência às controvérsias das décadas de 20 e 30 sobre se em uma economia caracterizada por extensa propriedade pública e planificação cen tral tal como a que estava sendo construída na União Soviética seria possível o cálculo eco nômico racional O debate foi iniciado por Lud wig von Mises 1920 ao afirmar que em uma economia desenvolvida e complexa tal cálculo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialista cálculo 705 requer um mercado livre que estabeleça o valor de troca de todos os bens A autoridade planifi cadora em um estado socialista afirmou ele pode determinar quais bens de consumo são mais urgentemente necessários mas não pode estabelecer uma avaliação precisa dos meios de produção pelo que as decisões de investimento dependem quando muito de vagas estimati vas e conclui sucintamente que onde não existe mercado livre não existe mecanismo de fixação de preços sem um mecanismo de fixa ção de preços não existe cálculo econômico O argumento foi explorado depois por FA Hayek 1935 em um volume de ensaios que incluiu o artigo de von Mises e outros A principal resposta a essa crítica proveio de Oskar Lange com colaborações de Abba Ler ner e Fred M Taylor Lange e Taylor 1938 Dessa vez Lange defendeu uma forma de SO CIALISMO DE MERCADO em que haveria um mer cado propriamente dito para bens de consumo e serviços laborais mas nenhum mercado para bens de capital e recursos produtivos com ex ceção da mãodeobra cujos preços seriam sim plesmente indicadores de alternativas existen tes fixados para fins contábeis Depois o debate se esgotou no final da década de 30 com ambos os lados em condições de reivindicar certo grau de sucesso Hayek concedeu que o cálculo eco nômico racional em uma economia socialista planificada não era em princípio impossível pelo uso de preços contábeis mas manteve que isso era uma impossibilidade prática em função da grande massa em constante mudan ça de dados envolvidos ao que Lange respon deu expondo um método de estabelecimento de tais preços por tentativa e erro Entretanto Hayek 1940 afirmaria mais tarde que o que ele chamava a solução competitiva para a organização de uma economia socialista havia abandonado boa parte da pretensão original de superioridade da planificação na medida em que a sociedade planificada confiaria agora em grande medida na competição para a direção de suas indústrias Esse debate ou pelo menos um aspecto dele foi reanimado vigorosamente na década de 80 sobretudo na GrãBretanha e nos Estados Uni dos como importante elemento nas doutrinas sociais e políticas da NOVA DIREITA de exaltação das virtudes da iniciativa privada e dos merca dos livres O próprio debate original foi reinter pretado Lavoie 1985 em termos da noção de rivalidade econômica a qual dá preponde rância ao estar atento a novas oportunidades à futuridade e à dispersão do conhecimento e concebe a função da rivalidade como sendo dispersar a informação descentralizada e depois ordenála através de preços de mercado para realizar a coordenação global da economia O colapso dos regimes comunistas do Leste Europeu no final de 1989 e os problemas econômicos da antiga União Soviética os quais também foram fortemente afetados porém por vários fatores nãoeconômicos bem como em outra direção as dificuldades econômicas da GrãBretanha e dos Estados Unidos em parti cular conferiram nova importância às questões levantadas por esse debate especialmente a respeito do papel do PLANEJAMENTO ECONÔ MICO NACIONAL do MERCADO e da COMPETIÇÃO na promoção do desenvolvimento econômico e na difusão de seus custos e benefícios Leitura sugerida Bottomore Tom 1990 The Socia list Economy Theory and Practice Brus Wlodzi mierz e Laski Kazimiers 1989 From Marx to the Market Socialism in Search of an Economic System Hayek FA org 1935 Collectivist Economic Plan ning Critical Studies on the Possibilities of Socialism Ο 1940 1948 The competitive solution In In dividualism and Economic Order Lange Oskar e Taylor FM 1938 1964 On the Economic Theory of Socialism Lavoie D 1985 Rivalry and Central Plan ning the Socialist Calculation Debate Reconsidered von Mises Ludwig 1920 1935 Economic calcula tion in the socialist commonwealth In Collectivist Economic Planning org por FA Hayek TOM BOTTOMORE socialista teoria econômica No século XIX havia duas principais escolas de pensamento a respeito de como funcionaria uma economia socialista Uma era a dos socialistas utópicos como Robert Owen e William Morris que ten taram construir elementos detalhados do as pecto que poderia ter uma nova sociedade re correndo à razão e ao princípio socialista A outra era a dos comunistas como Karl Marx e Friedrich Engels que evitaram de modo ge ral tais construções e favoreceram um exame do capitalismo do seu tempo Ambas as escolas entendiam que uma economia socialista era a que se caracterizava pela propriedade e o con trole sociais e não privados dos meios de pro dução Dado que no século XIX tal economia só existia na teoria e não na prática a teoria econômica socialista era basicamente especu Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 706 socialista teoria econômica lativa e Marx chamou de idealistas utópicos os que tentaram construir projetos para o socia lismo afirmando que este só poderia desenvol verse a partir de circunstâncias históricas pre cisas as quais não podiam ser vaticinadas de antemão Os seus comentários pessoais acerca do socialismo limitaramse geralmente primei ro a polêmicas que visavam o que ele via como falsas idéias de outros programas políticos e segundo observações feitas no decorrer de sua análise do capitalismo as quais enfatizavam sua transitoriedade histórica em conjunto com as potencialidades expostas para um desenvol vimento maior das forças produtivas caso as relações privatizadas da produção fossem so cializadas Com a revolução bolchevique de 1917 na Rússia tais abordagens deixaram de ser sufi cientes Mas enquanto a organização de uma economia socialista passou a ser uma questão de importância prática as abordagens para teo rizar a base de tal organização diferiam de acordo com o maior ou menor grau de simpatia pelo projeto socialista e com o maior ou menor grau de identificação deste com a organização da economia soviética depois de 1917 Isso ficou particularmente caracterizado em um importante debate iniciado em 1920 por Ludwig von Mises Sustentou ele que se os meios de produção deixassem de ser proprie dade privada passando a ser detidos e contro lados coletivamente em algum sentido então não poderia haver mercados em que negociá los visto que sem uma atribuição de direitos de propriedade a indivíduos comprar e vender se tornaria impossível Por conseguinte não poderia haver preços para meios de produção Isso por sua vez significaria que os custos de produção não poderiam ser calculados e von Mises concluiu que nessas circunstâncias seria impossível o cálculo econômico racional O projeto socialista estava em princípio con denado em função da inevitável falta de crité rios econômicos para uso racional dos meios de produção e von Mises interpretou o caos da guerra civil na Rússia nos anos que se seguiram imediatamente à Revolução como testemunho em favor do seu argumento Que von Mises estava errado está implícito nos primeiros escritos de Vilfredo Pareto e En rico Barone mas só em meados dos anos 30 é que a teoria que serve de sustentação a esses escritos foi explicitamente usada para refutar os seus argumentos Isso foi feito por Oskar Lange 193637 partindo do princípio de que as pes soas podiam exercer livre escolha no consumo e na profissão pelo que os mercados de bens de consumo e os mercados de trabalho funciona riam livremente Quanto aos meios de produ ção Lange desenvolveu um algoritmo interati vo de determinação de preços da seguinte ma neira os gerentes das unidades de produção seriam instruídos para escolherem a combina ção de insumos que minimizasse o custo médio de qualquer produto dado e para produzirem a quantidade de produto em que o custo marginal a edição aos custos de se produzir uma unidade a mais igualasse o preço a edição à receita de se produzir uma unidade a mais A minimiza ção do custo é o critério da eficiência técnica na produção A formação do preço de custo mar ginal maximiza o lucro e na medida em que os preços medem com precisão os custos de opor tunidade os custos do melhor uso alternativo dos recursos em questão a formação do preço de custo marginal é socialmente eficiente no sentido de que nenhum outro uso dos recursos poderia gerar um resultado mais desejável Os preços que formam a base desses cálculos se riam determinados pelo mercado no caso dos insumos de mãodeobra labour inputs e dos bens de consumo produzidos consumer goods outputs e por um órgão de planejamento cen tral CPB no caso dos meios de produção seja como input ou como output Ou seja o CPB anunciaria um conjunto de preços os vários cálculos seriam executados e as quantidades de insumos inputs e produtos outputs determi nadas e comunicadas ao CBP Então o CBP elevaria baixaria os preços de bens em exces so de demanda oferta anunciaria um novo conjunto de preços e o procedimento continua ria até serem encontrados os preços em que a demanda igualasse a oferta para cada artigo Assim o argumento de von Mises estava er rado confundindo a determinação do preço por mercados com a determinação de preço som bra implícita nas permutas que estão embuti das em qualquer conjunto de preferências de consumo e tecnologias de produção Como o CPB imita o perfeitamente competitivo me canismo de mercado a abordagem de Lange tornouse conhecida como a solução competi tiva Mas Lange reivindicou vantagens para a sua abordagem sobre a economia livremente competitiva Em primeiro lugar a taxa de inves Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialista teoria econômica 707 timento e portanto de crescimento seria deter minada socialmente em lugar da busca anár quica de lucro privado eliminando assim uma importante causa de ciclos alternados de pros peridade e depressão no comércio e na indús tria Em segundo lugar a distribuição de renda não estaria vinculada à desigualdade inerente na propriedade ou exclusão dos meios de produção como no capitalismo mas estaria baseada na justiça social determinada pelo tra balho executado mais um dividendo social Em terceiro lugar os preços refletiriam verdadeira mente os custos de oportunidade permitindo desse modo uma solução dos problemas am bientais que os preços de mercado ao refletirem unicamente custos privados não podiam admi nistrar E em quarto lugar seriam evitados os desperdícios da competição imperfeita e do monopólio inerentes ao capitalismo O modelo de Lange de SOCIALISMO DE MER CADO não tardou muito a ser criticado tanto pela direita quanto pela esquerda se bem que em alguns aspectos as críticas tivessem um tema comum Pois enquanto o modelo socialis ta de mercado se baseava na clássica teoria microeconômica da alocação ótima de recur sos boa parte das críticas concentravase em apurar se qualquer descrição razoável da dinâ mica poderia ser incorporada nesse quadro de referência estático Pela esquerda Dobb 1939 pôs em dúvida se a alocação descentralizada de recursos de investimento era compatível com a realização de qualquer taxa de crescimento desejada Su ponhase que a oferta de fundos de investimento fosse determinada pela lucratividade da produ ção de bens de consumo Então quando as indústrias de bens de investimento se expan dem a oferta de bens de consumo cai o que empurra seu preço para cima uma vez que a demanda não caiu o que os torna mais lucra tivos aumentando a taxa de investimento o processo cumulativo que se segue tornaria im possível igualar a demanda e a oferta de fundos de investimento à taxa de juros previamente adotada A única saída seria tributar os lucros excessivos das indústrias de bens de consumo mas isso exigiria uma diferenciação muito pre cisa de impostos entre diferentes unidades de produção o que seria com efeito muito com plicado para administrar com o requerido grau de precisão Dobb concluiu que em vez de tentar a influência indireta sobre os gerentes de produção via taxa de juros e impostos e subsí dios visto que o processo cumulativo também pode funcionar em sentido inverso seria pre ferível a alocação direta de fundos de inves timento pelo CPB Isso porém é frontalmente contrário ao modelo de descentralização de Lange Tal dinâmica fazia parte de um argu mento mais geral exposto por Dobb ao refletir sobre a experiência soviética segundo o qual uma estática alocação ótima de recursos confli tará geralmente com os típicos esforços pósre volucionários para transformar a estrutura só cioeconômica e realizar aumentos no cresci mento Além disso o fundamento lógico para se usar um mecanismo descentralizado como no modelo de Lange é reduzir o peso das responsabilidades do CPB que de outro modo se defrontaria com uma quantidade enorme de alternativas complicadas mas Dobb afirmou que essa era uma descrição deturpada da situa ção O CPB não enfrentaria tipicamente um número insuportavelmente grande de pequenos problemas pelo contrário teria de escolher en tre um pequeno número de alternativas tecno lógicas envolvendo requisitos de insumos que não estavam sujeitos à variação marginal Es pecialmente em sociedades que requerem im portantes transformações estruturais em que o crescimento econômico tem prioridade Dobb concluiu que um mecanismo de planificação centralizada era provavelmente superior a qual quer variante descentralizada As mais importantes críticas vindas da direi ta foram feitas por FA Hayek 1940 1945 Elas gravitam em torno das questões de es trutura institucional carga de informação dinâ mica e compatibilidade do incentivo Em pri meiro lugar Hayek questionou se as unidades de produção poderiam manter qualquer espécie de independência em relação ao centro se hou vesse fortes preferências centrais por exemplo pela maximização do crescimento para que elas atuassem de um modo determinado E identificou outro problema institucional na falta de especificidade quanto a quem assumiria a responsabilidade pelas conseqüências que se apresentassem inesperadamente Em segundo lugar se o CPB se comportasse como um mer cado perfeito teria que solucionar milhões de equações com milhões de incógnitas tarefa computacional tão pesada e exigindo tantas informações precisas que o planejamento eco nômico racional embora possível em princí Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 708 socialista teoria econômica pio seria impossível na prática Com o rápido desenvolvimento recente dos computadores a força desse argumento a respeito da tarefa com putacional é hoje muito menor obviamente do que era em meados do século XX e o foco das críticas transferiuse para as dificuldades em obter as informações requeridas como base para os cálculos Por isso em terceiro lugar Hayek assinalou a ausência de incentivos para reduzir os custos de produção no nível de fábrica e para introduzir inovações tecnológicas E no que se refere ao centro pôs em dúvida se qualquer CPB poderia reagir às mudanças de condições com a rapidez e a precisão exigidas para que o mecanismo funcionasse Esses argumentos acerca da ineficiência econômica do socialismo estavam embutidos em termos mais gerais a respeito da incompatibilidade de qualquer es pécie de planejamento com liberdade indivi dual Mas houve um argumento econômico que adquiriu crescente importância com o passar do tempo no modelo de Lange nada existia para motivar os gerentes de produção a obedecerem às regras do jogo interativo preçosombra que é proposto Enquanto a controvérsia socialista era de batida no Ocidente a União Soviética depois de 1929 estava desenvolvendo um sistema de comando hierárquico de planificação altamente centralizado ver PLANEJAMENTO ECONÔMICO NA CIONAL Isso foi interpretado pelos adeptos e também por alguns adversários como uma ten tativa em condições reconhecidamente adver sas de pôr em prática princípios marxistas clás sicos Assim a divisão de trabalho foi regula mentada ex ante os coeficientes de input foram determinados diretamente oferta e demanda foram igualadas em unidades físicas poupan ças e decisões de investimento foram centrali zadas e a distribuição foi determinada de acor do com índices salariais centralmente determi nados em conjunto com um dividendo social em espécie baixo custo de moradia educação assistência médica etc Entretanto isso era uma caricatura grosseira do marxismo clássico O sistema implantado por Stalin e sua burocra cia administrou um processo de industrializa ção que transformou implacavelmente a mão deobra camponesa em operários fabris na base de uma réplica maciça do equipamento de ca pital norteamericano e alemão importado no início da década de 30 Foram impostas as tradicionais divisões de trabalho industrial es tabelecidas as desigualdades de acesso a bens de consumo individual e coletivo abolidas as tradicionais liberdades burguesas de associa ção expressão publicação e organização e instalado um vasto aparelho estatal repressivo com uma ideologia de emancipação e uma prá tica de cultivo da opressão Com as tradicio nais aspirações socialistas convertidas assim em uma piada cruel a oposição ao status quo inspirouse geralmente nos Estados Unidos ou no czarismo prérevolucionário sendo por isso fácil representála como contrarevolucionária Mas o sistema econômico estabelecido era ex tremamente ineficiente A produtividade era baixa em relação a outras economias em níveis semelhantes de desenvolvimento a formação de filas era uma forma largamente difundida de racionamento de bens de consumo em perpétua escassez limitado sortimento e sofrível quali dade moradia educação e assistência à saúde eram de um nível medíocre quando aferidas pelos padrões internacionais as taxas de inova ção eram baixas com longos períodos de ges tação para os projetos de investimento de tal modo que os equipamentos já eram freqüente mente obsoletos na época em que eram ins talados e havia predisposições comuns e ridí culas em quantidade e qualidade de produção de acordo com as unidades de medição usadas no plano A partir de 1962 permitiuse que propostas de reforma fossem abertamente discutidas na União Soviética De modo geral elas envolve ram ou métodos mais sofisticados de coleta e processamento de dados ou a descentralização de áreas significativas da tomada de decisão para a unidade de produção Mas poucas refor mas foram realmente postas em prática visto que grande número de grupos dentro da buro cracia tinha interesse especial em defender o status quo Em particular qualquer descentrali zação parcial tendia a opor as unidades de pro dução aos planificadores centrais desse modo encorajando a adoção de medidas de recentra lização por parte dos planificadores ansiosos por recuperar o controle que as reformas os tinham forçado a ceder No início da década de 80 o desempenho da economia soviética tinha piorado acentuadamente a tal ponto que existia o reconhecimento geral de que o sistema vi gente não poderia continuar conjugado com o escasso consenso sobre o que fazer A intelli gentsia estava advogando a descentralização Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialista teoria econômica 709 virtualmente completa para uma economia de mercado quer de acordo com o quadro de refe rência de Lange quer de acordo com a orienta ção da socialdemocracia escandinava os bu rocratas stalinistas estavam relutantes em con siderar o desmantelamento de sua própria razão de ser os trabalhadores opunhamse à amplia ção dos diferenciais salariais implícitos em uma dependência maior em relação às forças do mercado mas todos estavam de acordo sobre a necessidade de melhorar os padrões de vida Considerações derivadas do marxismo clássico praticamente desapareceram no que parecia ser uma triunfante justificação de tudo o que os críticos do socialismo vinham dizendo o tempo todo A única discordância partiu dos que à es querda sempre se haviam oposto ao stalinismo sobretudo os de tradição trotskista A revolução socialista em uma economia tão atrasada quan to a Rússia de 1917 só poderia ser considerada um projeto viável de acordo com os cânones clássicos do materialismo histórico se a revo lução fosse internacionalizada Com o fracasso desta última em 1923 não havia maneira como uma economia isolada em um ambiente hostil pudesse atingir níveis de produtividade que suplantassem os realizados em uma ordem ca pitalista internacional O fato de a ditadura bu rocrática ter resultado do isolamento da União Soviética fora trágico e fatal para milhões mas não viciara o projeto socialista O que se requeria para a implementação deste último era a espécie de democratização revolucionária ana lisada por Marx em suas reflexões sobre a Co muna de Paris de 1871 e endossada por Lenin em 1917 em seu Estado e revolução junta mente com a sua extensão internacional Mas isso era um anátema tanto para a burocracia soviética quanto para o capitalismo ocidental Anátema ou não uma influente polêmica iniciada por Alec Nove 1983 também afirmou que essa combinação de planejamento central e ampla democracia não podia funcionar As razões aduzidas por Nove eram os problemas comuns de informação e incentivos Além dis so ele enfatizou que as ligações econômicas em um sistema centralmente planejado eram ne cessariamente verticais e hierárquicas somente as ligações horizontais estabelecidas por re lações de mercado qualquer que fosse a manei ra como fossem regulamentadas eram compa tíveis com a democracia Embora isso fosse negado por Mandel 1986 1988 por exemplo outros socialistas encararam de maneira dife rente o desafio apresentado pelas reflexões de Nove sobre a experiência soviética Apoiando se em elementos do modelo de Lange Devine 1988 procurou preservar a visão socialis ta através de procedimentos de coordenação administrada entre diferentes níveis democrati zados da hierarquia de planejamento sendo as decisões implementadas pelo uso do mecanis mo de mercado E Elson 1988 começou a teorizar sobre como o próprio mercado podia ser socializado libertando a força de trabalho do status de mercadoria As duas tentativas foram motivadas pelo entendimento de que o socialis mo de mercado de Lange fornecia poucos dos benefícios de planejamento que os socialistas tinham tradicionalmente defendido Embora permaneça o desafio de inserir esses benefícios em um quadro de democracia socialista autên tica o colapso do stalinismo no final da década de 80 e começos da de 90 forneceu o impulso para um pensamento mais criativo do que o que existiu nessa área durante o meio século prece dente Ver também SOCIALISTA CÁLCULO Leitura sugerida Bergson A 1966 Socialist econo mics In Essays in Normative Economics cap9 Ο 1967 Market socialism revisited Journal of Poli tical Economy 75 65573 Devine P 1988 Democra cy and Economic Planning Elson D 1988 Sociali zation of the market New Left Review 172 344 Gregory PR e Stuart RC 1986 Soviet Economic Structure and Performance 3ªed Hayek FA 1940 Socialist calculation the competitive solution Eco nomics nova série 7 12549 Ο 1945 The use of knowledge in society American Economic Review 35 51930 Lange O 19367 1964 On the econo mic theory of socialism In On the Economic Theory of Socialism org por BE Lippincott Mandel E 1986 In defence of socialist planning New Left Re view 159 538 Ο 1988 The myth of market socia lism New Left Review 169 10821 Nove A 1983 The Economics of Feasible Socialism Ο 1987 Mar kets and socialism New Left Review 161 98104 Nove A e Nuti DM orgs 1972 Socialist Economics Trotsky L 1937 1972 The Revolution Betrayed Von Mises Ludwig 1920 1972 Economic calcula tion in the socialist commonwealth In Socialist Eco nomics org por A Nove e DM Nuti SIMON MOHUN socialização Os processos pelos quais os se res humanos são induzidos a adotar os padrões de comportamento normas regras e valores do seu mundo social são denominados socializa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 710 socialização ção Começam na infância e prosseguem ao longo da vida A socialização é um processo de aprendizagem que se apóia em parte no ensino explícito e também em parte na aprendizagem latente ou seja na absorção inadvertida de formas consideradas evidentes de relaciona mento com os outros Embora estejamos todos expostos a influências socializantes os indiví duos variam consideravelmente em sua abertu ra deliberada ou involuntária a elas desde a mudança camaleônica em resposta a toda e qualquer situação nova até a completa inflexi bilidade No início do século o estudo sistemático desses processos concentrouse na infância e na puberdade Psicólogos antropólogos sociais e sociólogos foram forçados pela natureza do processo a recorrer a conceitos e abordagens uns dos outros mas conservaram seus pontos de vista específicos Os psicólogos enfatizaram os processos de interação em particular as re lações mãefilho os antropólogos sociais con centraramse na transmissão da cultura em so ciedades pequenas e relativamente homogê neas e os sociólogos estudaram instituições e subculturas em sociedades complexas como agentes de socialização As diferentes tradições intelectuais dessas disciplinas constituem uma das razões pelas quais não existe uma teoria unitária da socialização embora muitos estudos realizados sob cada rótulo disciplinar fossem até meados do século muito influenciados pela teoria psicanalítica Mais recentemente os es tudos da socialização expandiramse para in cluir processos na idade adulta e são guiados por teorias menos globais que utilizam grande variedade de abordagens Outra razão para a ausência de uma teoria unificadora é a própria amplitude do termo o qual abrange processos tão diversos quanto a puericultura a escolari dade ver também EDUCAÇÃO E TEORIA SOCIAL a aquisição de um ethos ocupacional ou profis sional propaganda e lavagem cerebral A preponderância inicial do pensamento psicanalítico levou a uma certa concordância sobre o grande poder da socialização primária na família Em culturas pequenas e isoladas e em sociedades grandes e complexas os padrões de criação dos filhos são investigados e usados como explicação para semelhanças no compor tamento social entre pessoas expostas às mes mas práticas Existe na Universidade de Yale um arquivo de culturas que contém entre outros assuntos descrições de práticas de puericultura em cerca de 300 culturas Estudos baseados nesse material como Whitting e Child 1953 estabeleceram relações sistemáticas entre essas práticas e os sistemas projetivos religião cos mologia dessas culturas também assinalaram as semelhanças no funcionamento psicológico por exemplo a disposição para assumir res ponsabilidade Em sociedades complexas existe considerável variedade na socialização primária em várias subculturas especialmente as classes sociais isso está vinculado a va riações sistemáticas entre elas por exemplo a tolerância específica de uma classe à frustração ou diferenças nas perspectivas temporais Esses estudos demonstram que a socializa ção primária está inextricavelmente unida à formação da personalidade embora se trate de processos conceitualmente distintos a primeira está interessada na aquisição de padrões co muns a segunda nas diferenças individuais A combinação dos dois processos levou a certa altura à elaboração de explicações hoje rejei tadas de diferenças nacionais inteiramente em termos de socialização primária Em meados do século a influente mas con trovertida abordagem da socialização de Talcott Parsons manteve essa distinção em mente ao definir a socialização como o processo pelo qual as pessoas aprendem a cumprir os papéis que lhes são prescritos pelo sistema social Um componente normativo está implícito no pen samento desse autor a socialização realizada em um dado sistema social é sempre positiva mente avaliada Parsons et al 1955 A esse respeito Robert K Merton 1949 foi além de Parsons em sua análise da ANOMIA a socializa ção para os objetivos de sucesso dominantes em uma sociedade é disfuncional para a parcela da população a que se negam os meios institucio nais adequados para a obtenção desses mesmos objetivos A dificuldade em distinguir entre formação da personalidade e socialização deixa sem res posta a questão seguinte em que medida os resultados da socialização primária podem ser desfeitos ou revertidos Nos casos em que as primeiras influências resultaram em comporta mento individual ou socialmente destrutivo as profissões assistenciais aplicaram sua gama de métodos com resultados muito variáveis em esforços para reverter hábitos precocemente ad quiridos ver CRIME E TRANSGRESSÃO Não há Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar socialização 711 dúvida porém de que influências ulteriores podem aumentar o repertório de comportamen to social de uma pessoa Depois da família as principais agências socializantes nas sociedades ocidentais são a escola e os grupos de pares o ingresso na vida econômica a exposição aos veículos de comu nicação de massa o estabelecimento de uma família e o casamento a participação na vida comunitária organizada e finalmente as con dições de aposentadoria Uma vasta quantidade de estudos tratou da influência de cada uma dessas agências Outros estudos partiram do produto final da socialização por exemplo a motivação para a realização pessoal em uma sociedade competitiva McClelland 1961 ou a identidade de gênero e procuraram descobrir as agências medidoras que pudessem produzir tais resultados Ainda outros estudos observa ram os receptores de pressões de socialização como agentes ativos que efetuam escolhas de liberadas Willis 1977 por exemplo demons trou que a resistência ativa inteligente e racio nal às metas da socialização escolar levou um grupo de escolares subprivilegiados a contri buir ativamente para a sua socialização em empregos nãoespecializados e insatisfatórios Esse estudo e sua interpretação por Anthony Giddens 1984 exemplificam as tendências correntes nos estudos de socialização ocupam se predominantemente de adultos e são com freqüência realizados em situações de trabalho A noção outrora largamente aceita de um pro cesso todopoderoso resultante no homem or ganização é agora substituída por estudos de processo de interação e conflito entre neces sidades individuais e pressões externas com a finalidade de identificar possíveis mudanças na agência socializante em vez de em indivíduos ver Balyn 1989 O estudo da socialização e das agências socializantes relacionase com questões con troversas tão importantes nas ciências sociais quanto a natureza da natureza humana o debate naturezaaprendizagem e o lugar dos valores na pesquisa social Nenhuma soma de provas em píricas pode resolver em última instância essas perenes questões mas as provas podem eluci dar e elucidam a variedade dos processos que induzem as pessoas a compartilhar regras e normas com algumas mas não com outras A socialização é um conceito básico no enten dimento da vasta diversidade do mundo social Leitura sugerida Giddens A 1984 The Constitution of Society Graumann GF org 1972 Handbuch der Psychologie vol7 p6611106 MARIE JAHODA socialização da economia Esta concepção do desenvolvimento do capitalismo foi delinea da em primeiro lugar por Karl Marx nos manus critos dos Grundrisse 185758 e no terceiro volume de O capital 186179 publicado em 1894 Nos Grundrisse Marx relacionou a so cialização com o rápido progresso da ciência e da tecnologia e com o advento da produção automatizada afirmando que a criação de ri queza real tinha passado a depender não do tempo de trabalho físico mas da aplicação da ciência à produção e que nessa transformação reside a compreensão da natureza pelo ser humano e o domínio deste sobre ela em virtude de sua existência como entidade social em uma palavra o desen volvimento do indivíduo social que se apresenta agora como o grande alicerce da produção e da riqueza Nesse processo o conhecimento social ge ral tornouse uma força direta de produção e as condições do processo de vida social foram submetidas ao controle do intelecto geral 18578 p7046 Em O capital vol3 caps 23 e 27 Marx enfatizou outro aspecto em sua observação de que o capital monetário assume um caráter social com o crescimento do crédi to enquanto o mero gerente desempenha to das as funções reais do capitalista investidor como tal e concluiu que isso é a abolição do modo de produção capitalista dentro da própria produção capitalista ver também MODO DE PRODUÇÃO A concepção de Marx foi mais tarde desen volvida por Rudolf Hilferding 1910 p366 o qual afirmou que o capital financeiro põe cada vez mais o controle da produção social nas mãos de um reduzido número de grandes associações capitalistas separa a gerência de produção da propriedade e socializa a produção na medida em que isso é possível sob o capitalismo Subseqüentemente 1927 ele analisou o capitalismo organizado do período que se seguiu ao final da Primeira Guerra Mundial como uma economia planejada e intencional mente dirigida a qual favorece em muito maior grau a possibilidade da ação consciente da sociedade através do estado Entretanto não Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 712 socialização da economia foram somente os pensadores marxistas que adotaram essa concepção JA Schumpeter 1942 p219 indubitavelmente influenciado por Hilferding assim como por Marx observou que grande parte de sua tese sobre o desenvol vimento do capitalismo pode resumirse na proposição marxista de que o processo econô mico tende a socializar a si mesmo Depois da Segunda Guerra Mundial a idéia de uma socialização gradual da economia rece beu novo impulso com o acelerado crescimento das grandes empresas o papel destacado das instituições financeiras uma internacionaliza ção mais completa da economia capitalista e uma nova onda de inovação científica e tecno lógica tudo isso acompanhado pelo mais exten so envolvimento do estado na economia in cluindo várias formas de planejamento econô mico e um nível muito mais elevado de gastos sociais nos novos estados de bemestar Em grau inteiramente desconhecido em períodos anteriores os padrões de vida e o bemestar geral passaram a depender de verbas públicas e a ser matéria de debate e de políticas públicos Esses desenvolvimentos podiam ser vistos co mo o foram por Schumpeter como tendentes a uma economia socialista e também eram com patíveis com concepções mais amplas do que Touraine 1973 chamou a autoprodução de sociedade quer dizer o reconhecimento consciente de que as sociedades são o produto de suas relações de trabalho e sociais Mas a socialização da própria economia po de ter resultados muito diferentes dependendo do contexto de relações sociais e de ação polí tica em que ela tem lugar Hilferding sustentou que o capitalismo organizado prepara o cami nho para uma economia socialista em que as principais decisões econômicas seriam toma das pelo estado democrático enquanto que Schumpeter ao analisar a obsolescência do empresário quando as funções de inovação e decisão estão sendo cada vez mais assumidas por uma forma racionalizada e burocrática de gestão vaticinou o provável surgimento de um sistema socialista em que o controle dos meios de produção e o processo de produção estariam nas mãos de uma autoridade central Durante o século XX contudo o crescimento das grandes empresas a intervenção do estado e as tentati vas de criação de economias socialistas central mente planificadas produziram tipos muito di versos de sistemas econômicos Estão entre eles o que se pode descrever como o corporativis mo Panitch 1980 caracterizado por um mis to de produção privada e pública regulado por negociação e acordo entre o estado as grandes empresas capitalistas e os sindicatos uma eco nomia de estado totalitária como a que se im plantou na União Soviética e nos países do Leste Europeu um novo gênero de capitalismo em que o papel do estado na gestão econômica se limita tanto quanto possível à manutenção das condições favoráveis à iniciativa privada ao mesmo tempo em que assegura um nível básico de bemestar social e em pequena es cala tentativas como na Iugoslávia de combi nar a planificação central com a autogestão de empresas Assumindo diferentes formas e concebida de diversos modos no pensamento social a idéia de uma progressiva socialização da eco nomia também tem sido rejeitada ou excluída de consideração pelos que enfatizam a ação individual e a evolução nãoplanejada da socie dade através da experiência acumulada Hayek 19739 O que é evidente em todo o caso é que nenhum processo de socialização criou até agora em grande escala uma consciência pú blica da economia como empreendimento so cial nem formas de ação que correspondam a tal consciência embora talvez isso esteja mu dando em conseqüência da crescente preocupa ção com o meio ambiente humano Leitura sugerida Habermas Jürgen 1973 1976 Le gitimation Crisis Hilferding Rudolf 1927 1978 Die Aufgaben der Sozialdemokratie in der Republik Trad ingl em AustroMarxism org por Tom Botto more e Patrick Goode Panitch L 1980 Recent theo rizations of corporatism British Journal Sociology 31 TOM BOTTOMORE sociedade Provavelmente o mais freqüente uso da palavra é nos dias de hoje em referência à totalidade dos seres humanos na terra em conjunto com suas culturas instituições capa cidades idéias e valores Mas uma considerável diversidade de usos chegou até o século XX Por exemplo sociedade animal sociedade pri mitiva sociedade civil sociedade nacional so ciedade política Sociedade Protetora dos Ani mais alta sociedade e assim por diante Há também o uso comum cujo intuito é sublinhar a oposição entre indivíduo e sociedade o que se reduz com freqüência ao conflito entre o genético e o social ou cultural O denominador Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade 713 comum da maioria dos usos da palavra socie dade é o fato da associação animal ou humana Existe uma sociedade de amebas mas não uma sociedade de rochas No pensamento social do século XX dis tinguemse dois usos da palavra Em um deles sociedade tem um matiz negativo até pejorati vo no outro laudatório No primeiro socie dade é contrastada depreciativamente com CO MUNIDADE No segundo sociedade é contrapos ta ao poder soberano do estado político O livro de Ferdinand Tönnies Gemeinschaft und Gesellschaft de 1887 traduzido comu mente como Comunidade e sociedade baseou se no primeiro uso Comunidade representa relações estreitas e coesas enraizadas na famí lia no lugar e na tradição Sociedade por outro lado subentende relações de caráter prepon derantemente econômico e contratual indeter minadas impessoais geralmente urbanas do tadas de mobilidade mas também individualis tas A distinção entre comunidade e sociedade tal como feita por Tönnies e outros é mais que classificatória é também a base de uma tipolo gia histórica e do desenvolvimento Tönnies sir Henry Maine Fustel de Coulanges Graham Wallas John Dewey e Walter Lippman apre sentaram todos a sociedade ocidental em ter mos da crise envolvida na ampla substituição dos antigos e tradicionais vínculos comunitá rios pelos novos mais impessoais e segmenta dos vínculos da democracia de massa industrial e urbana e pelo individualismo secular Em The Great Society livro dedicado por seu autor Graham Wallas ao jovem americano Walter Lippman fezse um contraste odioso entre a comunidade e a grande sociedade indicando se que a última continha as sementes do colapso ou erosão social por causa de sua falta de vín culos sociais profunda e intimamente sentidos Nos Estados Unidos John Dewey em The Public and its Problems 1927 na esteira de Wallas escreveu O nosso interesse neste mo mento é expor o modo como a idade da máqui na ao desenvolver a Grande Sociedade invadiu e parcialmente desintegrou as pequenas comu nidades de épocas passadas sem gerar uma Grande Comunidade Esse foi o poderoso te ma em obras literárias e filosóficas do século XX começando com especial vigor imediata mente depois da Primeira Guerra Mundial O pensamento utópico do século XX adotou de forma irresistível o caminho da celebração das coesões e mutualidades interpessoais da socie dade familiar em contraste com as relações mais vastas impessoais e heterogêneas da ci dade da fábrica e de outros laços característicos da Grande Sociedade moderna A busca de comunidade que encontramos em tão grande parte do pensamento político e social do século tem a sociedade como sua adversária A par do significado pejorativo de socie dade deparamonos com um outro no pensa mento do século XX que focaliza a diferencia ção entre ESTADO e sociedade bem como a necessidade vital de manter esta última tão livre quanto possível das invasões pelo estado no interesse da liberdade tanto do indivíduo quanto do grupo social Nos escritos dos pluralistas desde Johannes Althusius até Maitland e JN Figgis o problema da liberdade tem sido for mulado em primeiro lugar em termos das re lações entre estado e sociedade em que esta última palavra consubstancia especialmente as associações e os grupos menores na ordem social e só secundariamente em termos do indivíduo contra o estado Escreveu Figgis em 1911 Está cada vez mais claro que a mera liberdade do indivíduo contra um Estado oni potente pode não ser muito melhor do que escravatura é cada vez mais evidente que a verdadeira questão da liberdade em nossos dias é o problema da vida de uniões menores dentro do Estado Quando o totalitarismo irrompeu estrepito samente em cena no século XX desafiando expressões mais antigas de despotismo monar quia ou ditadura autores como Ortega y Gasset Hermann Rauschning Emil Lederer e um pou co mais tarde e de modo definitivo Hannah Arendt enxergaram a essência do estado total na absorção pelo estado político em seu próprio poder soberano de todas as autoridades que compõem a sociedade como família igreja comunidade local sindicato etc Vale destacar que Edmund Burke em certa medida e Alexis de Tocqueville de modo mais abrangente an teviram quase nesses mesmos termos as poten cialidades despóticas da democracia popular ou seja a progressiva absorção pelo estado da sociedade em suas formas tradicionais Talvez o mais famoso capítulo de A democracia na América de Tocqueville seja Que espécie de despotismo as nações democráticas têm que temer A sua resposta a lenta e implacável burocratização da existência humana através da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 714 sociedade substituição do estado e depois assimilação de todas as autoridades sociais No momento atual quando o totalitarismo comunista deu provas de inexorável recuo na antiga União Soviética e em países do Leste Europeu como Polônia Hungria exAlemanha Oriental e Tchecoslováquia a idéia de socie dade ou de sociedade civil ganhou evidência São nações em que sob os auspícios do socia lismo ou do comunismo a sociedade in cluindo economia educação igreja família e outras unidades componentes foi calculada mente enfraquecida ou até destruída por vezes A pergunta do momento é esta podem os países da Europa Oriental e os da antiga União Sovié tica despojarse a tal ponto do poder político tentacular e burocratizado que se torne possível uma volta à sociedade civil e seus mecanismos e autoridades inerentes Se o estado e o partido ficarem privados dos poderes e funções que detiveram de maneira despótica por tantas dé cadas para que entidades serão estes transferi dos Pelo restante do século será este o drama central os processos pelos quais se efetuará a transferência do estado para a sociedade sem um colapso paralisante no qual nenhuma es pécie de ordem poderá reinar Ver também SOCIEDADE CIVIL Leitura sugerida Hayek FA 1960 The Constitution of Liberty Jouvenel Bertrand de 1948 Du pouvoir histoire naturelle de la croissance Maine Henry 1961 Ancient Society Mertz JT 1914 History of European Thought in the Nineteenth Century 4 vols Vol4 On Society Nisbet Robert 1953 The Quest for Community Polanyi K 1944 The Great Transforma tion Tönnies Ferdinand 1887 1955 Community and Association Tocqueville A de 1854 1955 LAncien Régime et la révolution In Oeuvres Com plètes ROBERT NISBET sociedade processos evolucionários na Ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE sociedade aberta Esta expressão entrou no vocabulário da ciência política sendo corrente mente empregada por escritores e políticos emi nentes embora raras vezes seja ouvida na boca de pessoas comuns É usualmente usada para assinalar uma sociedade em que nenhuma ideo logia ou religião goza de monopólio em que existe um interesse crítico por novas idéias seja qual for a sua origem em que os processos políticos estão abertos ao exame e à crítica públicos em que há liberdade para viajar em que as restrições ao comércio com outros países são mínimas e em que a finalidade da educação é transmitir conhecimentos em vez de imbuir doutrinas sectárias Durante muito tempo a União Soviética sintetizou a antítese de uma sociedade aberta mas sob a política de glasnost os países que a substituíram parecem estar se afastando desse extremo negativo O termo sociedade aberta assim como o seu antônimo sociedade fechada obteve am pla aceitação por causa de um famoso livro de Karl Popper A sociedade aberta e seus inimi gos 1945 Como ele próprio reconheceu esse par de vocábulos tinha sido apresentado antes por Henri Bergson 1932 As concepções des ses dois pensadores de uma sociedade fechada tinham muito em comum Ambas a viram como uma comunidade pequena compacta de rela cionamento face a face Segundo Bergson é uma sociedade centralizada estática nãopro gressista sua religião é autoritária sua morali dade absolutista e seus costumes rígidos Pop per sublinhou sua perspectiva anticientífica mágica tribalista Um aspecto assinalado por Bergson mas não por Popper foi que a guerra com as sociedades vizinhas será usualmente considerada pela liderança de uma sociedade fechada como uma forma desejável de promo ver a lealdade tribal e a unidade coletiva Entretanto suas concepções de sociedade aberta divergiram consideravelmente Para Bergson uma sociedade aberta só surgirá quan do a multiplicidade de sociedades fechadas der finalmente lugar a uma sociedade mundial em que o progresso e a diversidade sejam encora jados e o dogma religioso e a moralidade auto ritária dêem lugar à intuição mística e à espon taneidade Para Popper em contrapartida a caracterís tica essencial de uma sociedade aberta não é a intuição mística mas o uso irrestrito da razão crítica E essa sociedade pode ser muito peque na deu como exemplo a sociedade ateniense ao tempo de Péricles quando os escravos não eram considerados parte integrante dela E a realização da sociedade aberta não é uma meta situada em um futuro distante Com efeito afirmou Popper lances bemsucedidos no pas sado em direção a maior abertura sobretudo no Ocidente geraram entre alguns pensadores in fluentes com destaque para Platão na antiga Grécia um veemente desejo de regresso a uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade aberta 715 sociedade fechada Pois a vida em uma socie dade aberta pode ser árdua e as pessoas não são necessariamente mais felizes do que seriam em uma sociedade fechada Elas poderão sofrer do que Popper chamou a tensão da civilização Algumas pessoas renunciariam com satisfação ao peso da responsabilidade individual trocan doo pelo calor e a segurança imaginados de uma sociedade fechada Popper contudo concordou com Bergson quanto à prioridade temporal de uma sociedade fechada em relação a uma sociedade aberta segundo Popper a primeira ocorreu por assim dizer naturalmente ao passo que sempre se teve que lutar para conseguir a segunda Ele apresentou duas razões para isso 1 Para ser aberta uma sociedade também tem que ser em considerável grau o que ele chamou de sociedade abstrata nesta as re lações cara a cara com pessoas conhecidas dão lugar ao trato impessoal com indivíduos anôni mos que desempenham papéis E a transição para tal sociedade será um desenvolvimento tardio 2 É natural que as pessoas encarem os tabus e costumes rígidos de uma sociedade fechada como naturais e inalteráveis como se fossem leis da natureza Assim a passagem para uma sociedade aberta requer também o reco nhecimento revolucionário do caráter artificial e convencional das instituições sociais outro desenvolvimento tardio Em seu livro Popper 1945 atacou várias doutrinas que são hostis à idéia de uma socie dade aberta Uma delas era o sonho de organi zação utópica sintetizada na idéia de Platão de que o filósoforei deveria começar por limpar a sua tela Isso é um sonho impossível que mais não seja pelo fato de o limpador da tela e o instrumento para limpar serem parte do quadro a ser apagado Quanto mais uma liderança po lítica revolucionária se aproximar desse ideal impossível mais destruição causará Ver tam bém TOTALITARISMO A alternativa é a organi zação gradual esta permite reformas em larga escala mas requer que elas se processem passo a passo tornando assim possível monitorar o processo e verificar as hipóteses sociológicas a que se recorreu Um erro pode ter acontecido nestas daí resultando que o objetivo pretendido não seja alcançado ou então seja acompanhado de conseqüências que não eram as esperadas e que são indesejáveis A vigilância crítica torna se impossível quando um grande número de reformas está em curso na mesma área Ver também SOCIALDEMOCRACIA Uma idéia afim de Popper 1945 é o utili tarismo negativo isso quer dizer que os gover nos devem ter como alvo não aumentar direta mente a felicidade global mas reduzir o sofri mento conhecido Outra doutrina que Popper considerou hostil à sociedade aberta foi o HISTORICISMO e a dou trina afim do futurismo moral O que será está certo Popper recomendou uma metodologia individualista ver INDIVIDUALISMO Alguns críticos têm posto em dúvida se as mais remotas sociedades humanas seriam fe chadas Charles Darwin 1871 enfatizou como a capacidade inventiva e imitativa foi impor tante para ajudar os seres humanos primitivos a adquirir ascendência sobre os outros primatas Isso depõe a favor de uma abertura para a novidade que era estranha à inclinação mental característica de uma sociedade fechada Ver também LIBERDADE Leitura sugerida Levinson Ronald B 1953 In De fense of Plato Magee Bryan 1973 Popper caps 6 e 7 OHear Anthony 1980 Karl Popper cap8 Pop per Karl 1976 Unended Quest cap24 Schilpp Paul Arthur org 1974 The Philosophy of Karl Popper 2 vols p820924 JWN WATKINS sociedade afluente Sociedade onde existe suficiente riqueza para garantir a contínua sa tisfação das necessidades básicas particular mente atendidas da maioria da população co mo alimento e vestuário com o resultado de que indivíduos empregam suas rendas dispo níveis para satisfazer necessidades efêmeras e insaciáveis ao mesmo tempo em que verbas insuficientes podem ser dirigidas para a satisfa ção de necessidades publicamente assistidas como saúde e educação A expressão ficou famosa com a publicação por Kenneth Galbraith do seu livro The Affluent Society em 1958 Tratase de uma poderosa crítica do modelo de alocação de recursos então vigente nos Estados Unidos e por extensão a algumas economias nacionais da Europa Oci dental e envolve três asserções principais Em primeiro lugar que os aumentos de capacidade e eficiência produtivas resultaram em uma eco nomia capaz de fornecer uma grande abun dância affluence sem precedentes à grande Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 716 sociedade afluente maioria das pessoas Como observa Galbraith nos Estados Unidos contemporâneos grande número de mercadorias é comparativamente abundante aspecto que ele ilustra assinalando o fato de mais pessoas morrerem a cada ano por comer demais do que por comer de menos p102 Em segundo lugar o autor afirma que a sabedoria econômica convencional não levou em conta esse desenvolvimento continuando a se identificar com a antiga e anacrônica suposi ção de que novos aumentos anuais de produção devem ser necessariamente desejados O que em especial está superado é a prioridade conce dida à produção sempre crescente de bens no setor privado o que leva a uma situação em que a abundância privada é contraposta à misé ria pública O grande e abrangente contraste entre a solicitude e o estímulo prodigalizados à produção de bens privados e as severas res trições que são impostas aos que devem surgir do setor público é o que constitui para Gal braith a mais singular característica da socie dade afluente p155 Em terceiro e último lugar a estimulação de necessidades artificiais através da publicidade conjugada com um excessivo suprimento de crédito é indispensável para manter um alto nível de demanda agora que deixaram de exis tir quaisquer necessidades urgentes a serem satisfeitas O termo introduzido por Galbraith ainda é largamente encontrado uma vez que se conso lidou no uso popular Entretanto a crítica do pensamento econômico convencional está ha bitualmente ausente nesse uso bem como o contraste implícito entre abundância privada e miséria pública enquanto que o clima econô mico mais duro dos anos 80 resultou também em a expressão ser usada de um modo mais irônico do que o pretendido por Galbraith O cerne do significado que permanece é portanto a idéia de que os cidadãos de uma tal sociedade experimentam um estado de abundância gene ralizada e sem precedentes com a conseqüência de que os recursos econômicos são predomi nantemente empregados na gratificação perdu lária de necessidades triviais em vez da satis fação imprescindível de necessidades funda mentais As teses de Galbraith foram largamente cri ticadas A sua terceira tese em especial foi ferozmente atacada com base em que desacre dita a escolha de consumo não distingue entre o condicionamento cultural geral da necessi dade e da influência específica exercida pelos produtores e ignora as provas empíricas refe rentes aos efeitos da publicidade Hayek 1967 Riesman 1980 O seu famoso contraste entre abundância privada e miséria pública também foi criticado predominantemente com base em que a sua abordagem envolve uma compreen são errônea da declinante utilidade marginal dos bens ao mesmo tempo em que subestima a natural prodigalidade dos governos Rothbard 1970 Apesar disso até os seus mais veementes críticos tendem a aceitar que é correto descrever os modernos países da América do Norte e da Europa Ocidental como sociedades afluentes Friedman 1977 p13 Por conseguinte pode se dizer que a tese central de Galbraith encon trou aceitação geral e exerceu importante in fluência sobre o moderno pensamento social e econômico A esse respeito também é especial mente importante assinalar que a sua denúncia da natureza pretensamente incontestável da sabedo ria da busca de níveis sempre crescentes de pro dução e o seu ataque à noção convencional de que se deve conceder supremacia aos valores de mer cado participaram sem dúvida do subseqüente surgimento das críticas ambientalistas e anticres cimento da sociedade moderna Ver também SOCIEDADE DE CONSUMO CRESCI MENTO ECONÔMICO Leitura sugerida Beckerman W 1974 In Defence of Economic Growth Hession CH 1972 John Kenneth Galbraith and his Critics Riesmann David 1980 Galbraith and Market Capitalism Sharpe Myron E 1973 John Kenneth Galbraith and the Lower Econo mics COLIN CAMPBELL sociedade civil Tratase de uma expressão antiga comum no pensamento político europeu até o século XVIII Nesse uso tradicional era uma tradução mais ou menos literal do romano societas civilis e por trás dela do grego knoi nonia politiké Ou seja era sinônimo de estado ou sociedade política Quando Locke falava de governo civil ou Kant de bürgerliche Ge sellschaft ou Rousseau de état civil todos eles se referiam simplesmente ao estado visto como englobando à semelhança da pólis grega todo o domínio do político A sociedade civil era a arena do cidadão politicamente ativo Também comportava o sentido de uma socie Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade civil 717 dade civilizada uma sociedade que ordenava suas relações de acordo com um sistema de leis em vez dos caprichos autocráticos de um dés pota A ligação de CIDADANIA com sociedade civil nunca se perdeu por completo Forma parte da associação que empresta seu atrativo às mais recentes restaurações do conceito Mas houve uma inovação decisiva na segunda metade do século XVIII que rompeu a equação histórica da sociedade civil e com o ESTADO O pensa mento social britânico foi especialmente in fluente nesse capítulo Nos escritos de John Locke e Tom Paine Adam Smith e Adam Fer guson estava elaborada a idéia de uma esfera da sociedade distinta do estado e dotada de formas e princípios próprios O crescimento da nova ciência da economia política também uma realização predominantemente britânica foi sobremaneira importante para o esta belecimento dessa decisão A maioria desses autores continuou usando a expressão socie dade civil em seu sentido clássico como no Essay on the History of Civil Society 1767 de Adam Ferguson mas o que eles estavam efeti vamente fazendo era estabelecer a distinção analítica que não tardaria a transformar o signi ficado do conceito É a Hegel que devemos o moderno signifi cado do conceito de sociedade civil Na Filoso fia do direito 1821 a sociedade civil é a esfera da vida ética interposta entre a família e o estado Na esteira dos economistas britânicos Hegel vê o conteúdo da sociedade civil larga mente determinado pelo livre jogo de forças econômicas e indivíduos egoístas Mas a socie dade civil também inclui instituições sociais e cívicas que inibem e regulam a vida econômica levando por um processo inevitável de educa ção à vida racional do estado Assim a particu laridade da sociedade civil transferese para a universalidade do estado Marx embora reconhecendo sua dívida para com Hegel estreitou o conceito de sociedade civil para tornála equivalente simplesmente do domínio autônomo da propriedade privada e das relações de mercado A anatomia da sociedade civil disse ele deve ser procurada na economia política Essa restrição ameaçou a sua utilidade Que necessidade havia do con ceito de sociedade civil quando a economia ou simplesmente a sociedade vista como o conteúdo efetivo do estado e da vida política em geral fornecia os seus principais termos Em seus escritos ulteriores o próprio Marx aban donou a expressão preferindo em seu lugar a simples dicotomia sociedadeestado Tam bém outros autores e não só os influenciados por Marx encontraram cada vez menos razões para reter o conceito de sociedade civil A so ciedade civil em A democracia na América 183540 de Alexis de Tocqueville reviveu o sentido anterior de sociedade civil como educa ção para a cidadania mas o exemplo de Toc queville pouco fez para restaurar o prestígio de um termo que era cada vez mais considerado obsoleto Na segunda metade do século XIX sociedade civil caiu em desuso Coube a Antonio Gramsci nos escritos com pilados como Cadernos do cárcere 192935 resgatar o conceito na primeira parte deste sé culo Gramsci embora retendo uma orientação basicamente marxista retornou a Hegel para revitalizar o conceito Na verdade foi mais longe do que Hegel ao desligar a sociedade civil do econômico e ao enquadrála no estado A sociedade civil é a parte do estado que se preo cupa com a elaboração do consentimento não com a coerção ou o domínio formal É a esfera da política cultural As instituições da socie dade civil são igreja escolas sindicatos e outras organizações através das quais a classe domi nante exerce sua hegemonia sobre a socie dade Também é pela mesma ordem de idéias a arena onde essa hegemonia é passível de contestação Nas décadas radicais de 60 e 70 foi o conceito de sociedade civil de Gramsci o favorito dos que tentaram oporse às estruturas dominantes da sociedade não pelo confronto político direto mas travando uma espécie de guerra de guerrilha cultural Cultura e educação eram as esferas onde a hegemonia seria contes tada e extinta Nova vida foi também insuflada no conceito pelas céleres mudanças registradas na Europa Central e Oriental desde finais da década de 70 e ao longo da de 80 Os dissidentes da região acudiram ao conceito de sociedade civil como uma arma contra as pretensões globalizantes do estado totalitário O exemplo do movimento Solidariedade na Polônia indicou um modelo de oposição e regeneração que evitou o con fronto suicida com o estado através da formação de instituições da sociedade civil como uma sociedade paralela Na esteira das revoluções vitoriosas de 1989 em toda a região o conceito Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 718 sociedade civil de sociedade civil ganhou imensamente em popularidade Para muitos intelectuais conti nha a promessa de um caminho privilegiado para a sociedade póscomunista pluralista ver PLURALISMO embora eles não fossem muito precisos quanto aos detalhes Também os inte lectuais ocidentais voltaram a se entusiasmar com o conceito Para eles indicava uma nova perspectiva sobre velhas questões de democra cia e participação em sociedades onde essas práticas pareciam ter ficado moribundas A sociedade civil é claro renovou o seu atrativo Tal como no século XVIII parecemos sentir uma vez mais a necessidade de definir e distinguir uma esfera da sociedade que esteja separada do estado A cidadania parece depen der para o seu exercício da participação ativa em instituições nãoestatais com a base neces sária para a participação em instituições políti cas formais Foi essa a posição de Tocqueville a respeito da democracia americana é uma lição que o resto do mundo parece estar agora muito ansioso por levar a sério Leitura sugerida Arato Andrew e Cohen Jean 1992 Civil Society and Democratic Theory Gellner E 1991 Civil Society in historical context Internatio nal Social Science Journal 43 495510 Gouldner A 1980 Civil society in capitalism and socialism In The Two Marxisms Keane J org 1988 Civil Society and the State New European Perspectives Lewis Paul org 1992 Democracy and Civil Society in Eas tern Europe Riedel M 1984 State and civil so ciety linguistic context and historical origin In Be tween Tradition and Revolution The Hegelian Trans formation of Political Philosophy KRISHAN KUMAR sociedade corporativa Ver CORPORATIVISMO sociedade de consumo Ao caracterizar uma sociedade organizada mais em torno do consu mo do que da produção de bens e serviços essa expressão entrou em uso geral ao longo da última década É comumente empregada para designar um conjunto interligado de tendências sócioeconômicas e culturais que se considera característico das sociedades industriais avan çadas da América do Norte Europa Ocidental e Orla do Pacífico e parece distinguilas das anteriores sociedades producionistas do sé culo XIX assim como das nações em desenvol vimento do Terceiro Mundo O uso popular contém freqüentemente a inferência de que os membros de tais sociedades identificam altos níveis de consumo com sucesso social e felici dade pessoal e por conseguinte escolhem o consumo como seu objetivo de vida prepon derante Como tal a expressão está freqüente mente associada a uma crítica da busca de status do materialismo e hedonismo que se pressupõe serem os valores predominantes em tais sociedades O uso acadêmico tem buscado cada vez mais rechaçar essas implicações ava liatórias embora retendo o insight de que a chave para a compreensão da modernidade re side no reconhecimento da centralidade das atividades de consumo e suas atitudes e valores associados A expressão sociedade de consu mo é empregada para condensar esse ponto de vista e subentende usualmente uma economia que está orientada para satisfazer novas carên cias e não meramente as necessidades recor rentes dos consumidores A idéia de que as mudanças sociais e cultu rais que ocorrem nas economias mais avança das da América do Norte e da Europa Ocidental devem ser entendidas como primordialmente associadas a uma transferência de foco da pro dução para o consumo foi apresentada pela primeira vez na década de 50 por David Ries man Nathan Glazer e Reuel Denny em The Lonely Crowd 1950 e desde então tem sido retomada por outros e mais recentes intérpretes da sociedade moderna como Daniel Bell 1976 Bernice Martin 1981 e Colin Camp bell 1987 Nessas obras a transição de uma sociedade de produção para uma sociedade de consumo não é considerada um simples fruto do surgimento de um mercado de massa para artigos de luxo mas é vista como concomitante de uma mudança fundamental em termos de valores e crenças Por conseguinte a análise da natureza e origem da sociedade de consumo está ligada às tentativas de explicação do declí nio da ética do trabalho protestante e seu deslo camento por um ethos expressivo hedonís tico ou romântico ver ÉTICA PROTESTANTE TESE DA Essa preocupação com a análise da mudança cultural significou que o exame da sociedade de consumo se cruza com outros debates em torno da natureza da sociedade con temporânea ver COMUNICAÇÃO DE MASSA MO DERNISMO E PÓSMODERNISMO Entretanto a suposição de que existe um claro divisor de águas no passado recente se parando as sociedades modeladas pelas forças de produção das que são determinadas pelas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade de consumo 719 forças de consumo tem sido cada vez mais questionada por historiadores e sociólogos Fernand Braudel 1949 1973 afirmou que o entendimento do desenvolvimento da moderni dade no Ocidente requer uma apreciação de como as mudanças no comportamento de con sumo no período prémoderno levou a um au mento da demanda de bens enquanto McKen drick Brewer e Plumb 1982 identificam a revolução do consumo que anunciou o ad vento da sociedade de consumo como tendo ocorrido na Inglaterra na segunda metade do século XVIII Outros autores buscaram suas origens na Europa dos séculos XV e XVI Mu kerji 1983 e na França de meados do século XIX MB Miller 1981 Williams 1982 Todas essas pesquisas imprimiram novo im pulso ao debate sobre a melhor maneira de entender a atividade de consumo Nesse con texto a negligência do consumo dentro da ciência econômica neoclássica e o viés pro ducionista manifesto nos escritos de Karl Marx e Max Weber são freqüentemente apon tados como uma acentuada deficiência no âm bito do pensamento social ocidental A teoria do consumo conspícuo de Thornstein Veblen 1899 é a mais comumente citada no esforço para preencher esse vazio embora a reelabora ção por Pierre Bourdieu 1979 dos tradicionais temas veblenescos de gosto e esnobismo social esteja sendo cada vez mais mencionada como importante fonte de inspiração teórica Outras tentativas recentes de desenvolver uma teoria de consumo característica que possa servir de base a uma teoria da sociedade de consumo incluiriam as de Appadurai 1986 Campbell 1987 e Daniel Miller 1987 Ver também SOCIEDADE AFLUENTE Leitura sugerida Campbell Colin 1987 The Roman tic Ethic and the Spirit of Modern Consumerism McCracken Grant 1988 Culture and Consumption New Approaches to the Symbolic Character of Consu mer Goods and Activities McKendrick N Brewer J e Plumb JH 1982 The Birth of a Consumer Society the Commercialization of EighteenthCentury England COLIN CAMPBELL sociedade de massa Termo usado para des crever a condição das sociedades modernas em que formas tradicionais de associação como comunidade classe etnicidade e religião decli naram e em que a organização social é predo minantemente de grande escala e burocratiza da pelo que as relações sociais são relativa mente impessoais Em formulações mais extre mas a sociedade de massa é retratada como uma sociedade em que a população é uma mas sa indiferenciada sem raízes na comunidade na tradição e na moralidade consuetudinária incapaz de discriminação em matéria de gosto cultural e de política e por conseguinte sujeita a ondas de emoção e moda fácil presa de ma nipulações por parte de inescrupulosos líderes carismáticos A teoria da sociedade de massa foi particu larmente influente no segundo quartel do século XX como diagnóstico dos males culturais e políticos que produziram o FASCISMO e o bolche vismo e nas décadas de 50 e 60 como crítica de uma sociedade americana que era vista co mo conformista e politicamente desmoraliza da Em anos recentes tornouse impopular por que o seu pessimismo cultural elitista parece injustificado à luz das provas de um continuado e possivelmente crescente pluralismo social e cultural e também porque foi associada a uma política conservadora que não entendeu a mu dança que desde meados da década e 60 vinha ocorrendo na natureza da PARTICIPAÇÃO POLÍTI CA Entretanto a perspectiva da sociedade de massa não é em absoluto uma novidade do século XX A ameaça que as massas urbanas sem cultura decadentes ou desesperadas repre sentam para as elites de talento ou virtude tem sido um tema recorrente em filosofia política desde a Antigüidade clássica mas foram acon tecimentos do final do século XVIII e começos do XIX que intensificaram essas preocupações e criaram as bases para o moderno conceito de sociedade de massa A Revolução Francesa var reu de forma tão precipitada os regimes aris tocráticos tradicionais de um extremo a outro da Europa que até pensadores que nada tinham de reacionários como JS Mill temeram que a democratização equivalesse à incorporação po lítica de pessoas insuficientemente instruídas para assumir de modo responsável as obriga ções da cidadania Assim a democracia poderia significar um nivelamento por baixo em que as paixões da massa se sobrepusessem à razão da elite educada e levassem à intolerância da dis sidência e do inconformismo O outro fator importante nesse processo foi a transformação de sociedades predominante mente agrárias pelos processos interligados de Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 720 sociedade de massa INDUSTRIALIZAÇÃO burocratização e urbaniza ção A teoria da sociedade de massa apóiase substancialmente nas obras dos teóricos do sé culo XIX sobretudo Alexis de Tocqueville Ferdinand Tönnies Émile Durkheim e Max Weber que identificaram essas mudanças e que ao mesmo tempo se preocuparam com as suas implicações para a coesão social e a ordem política Assim como as relações características da sociedade préindustrial foram transforma das pela industrialização também a ordem po lítica foi ameaçada pelo colapso da ordem mo ral antecedente e pelo relaxamento das coerções mecânicas que tinham até então ajudado a man ter as sociedades coesas Mas os sociólogos clássicos diferentemente dos teóricos da sociedade de massa que depois se apoiariam em sua obra não supuseram o caráter absoluto das tendências que identifica ram As várias versões da polaridade comuni dadesociedade pretendiam ser projetos heu rísticos e eram consideradas mais como di mensões de processos sociais em curso do que como estados finais Durkheim em particu lar percebeu que se o desenvolvimento social acarretava a destruição de formas tradicionais de comunidade e moralidade também havia não obstante possibilidades de inovação O equívoco dos teóricos da sociedade de massa estava no fato de a nostalgia os cegar a ponto de não enxergarem o desenvolvimento de novas formas de comunidade e moralidade mesmo em sociedades dominadas por modernas for mas de associação É como contribuição à sociologia política que a perspectiva da sociedade de massa atinge a sua mais clara especificação teórica Korn hauser 1959 sublinha o impacto desintegrador da rápida mudança social econômica e política mas atribui posição central às associações se cundárias do pensamento de Tocqueville tão importantes para a saúde e a estabilidade da democracia liberal Na ausência de tais associa ções intermédias a massa sofrivelmente inte grada da população era suscetível de mobiliza ção por elites políticas enquanto que as pró prias elites eram perigosamente vulneráveis às pressões da opinião da massa O resultado era a vulnerabilidade à volatilidade e ao extremis mo políticos O livro de Kornhauser pode ser lido como uma tentativa de generalização a partir das ex plicações da ascensão de movimentos extre mistas e sociedades totalitárias nas décadas de 20 e 30 especialmente as apresentadas por Emil Lederer Hannah Arendt e Franz Neu mann A maior atenção concentrouse com preensivelmente na Alemanha nazista O co lapso da Alemanha no nazismo foi atribuído ao caráter recente e à rapidez da transformação da Alemanha em uma sociedade democrática de massa Tão rápida foi essa mudança que as antigas associações de comunidade classe e religião tinham desmoronado deixando massas anômicas e desenraizadas à mercê das manipu lações de políticos que dispunham de meios caracteristicamente modernos de organização e comunicação Embora plausível como explicação da as censão do nazismo a teoria da sociedade de massa foi prejudicada pelas fortes provas que contradizem a sua proposição central Com efeito a Alemanha era uma sociedade que so frera rápida e desarticuladora mudança mas essa mudança fora mais política do que primor dialmente social e antes da subida dos nazistas ao poder não era uma sociedade em que a organização social intermédia fosse fraca pelo contrário era mais forte do que em sociedades como a França onde a sedução do fascismo foi relativamente limitada A teoria da sociedade de massa atingiu o seu ponto mais baixo quando aplicada aos novos movimentos sociais das décadas de 60 e 70 pois no caso de tais movimentos havia abun dância de provas de que não se tratava de in divíduos anômicos socialmente pulverizados os que eram mais propensos a adotar uma ação política radical mas pelo contrário pessoas que estavam relativamente bem integradas no plano social e mais do que usualmente motiva das por seu compromisso com sólidos princí pios morais Na verdade são essas provas as que têm efeitos mais nocivos para a teoria da sociedade de massa Apesar de essa rápida mu dança ser perturbadora e com freqüência poli ticamente desestabilizadora não são usualmen te as pessoas mais perturbadas pela rápida mu dança as que se mostram mais propensas a assumir uma ação política radical e para as que a assumem o caráter do seu envolvimento po lítico parece quase sempre ser mais um reflexo dos valores com que estavam previamente so cializadas do que uma reação impulsiva às no vas circunstâncias Ver também COMUNICAÇÃO AÇÃO COLETIVA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade de massa 721 Leitura sugerida Giner S 1976 Mass Society Ha lebsky S 1976 Mass Society and Political Conflict Kornhauser W 1959 The Politics of Mass Society CA ROOTES sociedade industrial As características mais freqüentemente usadas para definir a sociedade industrial são 1 Uma mudança na natureza da economia de tal forma que um setor primário muito pequeno pode alimentar uma população envolvida nos setores secundário e ter ciário 2 A preponderância da produção mecânica nas fábricas 3 A urbanização da sociedade ver URBA NISMO 4 O crescimento da alfabetização de mas sa 5 A aplicação do conhecimento científico à produção 6 O recrudescimento da regulamentação burocrática de todos os aspectos da vida social Outras características são ocasionalmente citadas Isso é compreensível a teoria social tentou entender o capitalismo e o industria lismo e não chega a surpreender que algumas características do primeiro fossem atribuídas ao segundo Uma coisa porém está absolutamen te clara o surgimento da sociedade industrial assinala uma mudança profunda nos assuntos humanos O maciço prometéico aumento dos poderes humanos em resultado de todo esse processo significou que os seres humanos já não estavam mais à mercê da natureza na ver dade talvez a natureza esteja agora muito mais à mercê dos seres humanos do que deveria Os primeiros teóricos da sociedade indus trial estavam conscientes de que eram testemu nhas do nascimento de um novo mundo As raízes do conceito encontramse no pensamento iluminista de Turgot e Condorcet Mas a formu lação mais notável da idéia veio no começo do século XIX pelas penas de Henri de SaintSi mon e de Auguste Comte SaintSimon acredi tava que a indústria mudaria a tal ponto a vida social que a tradicional luta política poderia ser inteiramente deslocada em lugar de haver escolhas entre diferentes fins na vida o que teria muito maior importância seria a administração da máquina industrial As idéias de SaintSi mon tiveram considerável impacto prático so bre a sociedade francesa sobretudo em suas profissões de natureza técnica Mas o pensa mento de Comte provou ser ainda mais impor tante com destaque para a sociologia cujo próprio nome foi criação dele Comte era um pensador tão antipolítico quanto SaintSimon mas adicionou duas importantes glosas à sua obra de professor Em primeiro lugar afirmou que a criação de abundância acarretaria o fim das guerras entre nações Em segundo lugar acreditava que a idade industrial uma vez que as falsas idéias incutidas pela religião tivessem sido destruídas pela ciência possuiria as suas próprias crenças positivas a que ele deu o nome de religião da humanidade Ver tam bém SECULARIZAÇÃO O otimismo de Comte sobre esse último assunto não foi mantido pela maioria dos teóri cos sociais dos séculos XIX e XX Os romancis tas investiram contra o materialismo crasso e a vacuidade moral da vida moderna e autores mais acadêmicos fizeram eco a essas caracteri zações Assim Karl Marx atacou a alienação causada pelo capitalismo industrial em termos um tanto semelhantes Émile Durkheim afir mou que a falta anômica de integração moral da vida moderna era responsável pelo aumento do número de suicídios o que dificilmente se pode considerar um indício de alguma espécie de progresso universal Não deixa de ser inte ressante o fato de Marx e Durkheim pensarem embora por caminhos muito diferentes que a moderna sociedade industrial podia combinar se com preceitos e regras morais ou seja ambos escreveram em última análise no espírito de Comte Isso não ocorreu com Max Weber o maior de todos os teóricos da sociedade indus trial O motivo não foi apenas ter ele corre tamente previsto contra Marx que a versão socialista de estado da sociedade industrial seria mais burocrática do que o modelo capitalista Weber insistiu além disso em que haveria na sociedade industrial custos de oportunidade a que seria impossível escapar O conhecimento pode acarretar abundância em sua opinião mas os princípios que inspiram o trabalho da ciência chocamse inteiramente com a certeza moral assim a abundância é adquirida à custa de uma certa medida de desencanto ou seja com a perda de anteriores diretrizes morais estabele cidas pela crença religiosa É importante as sinalar contudo que o seu trágico pessimismo sobre esse tema não foi endossado por mui Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 722 sociedade industrial tos outros pensadores Heidegger por exemplo procurou caminhos nos quais se podia criar certa moralidade real de tal modo que a mera tecnologia fosse devidamente mantida no seu lugar O conceito de sociedade industrial recebeu uma reformulação fundamental nas duas déca das subseqüentes ao final da Segunda Guerra Mundial O conceito sustentou o otimismo de Talcott Parsons e estava subentendido na insis tência de muitos pensadores sendo Clark Kerr o mais importante deles em que o desenvolvimento se tornava a questão funda mental desta era Na pior das hipóteses essa reformulação do conceito levou à crença um tanto simplista de que as idéias e instituições do socialismo de estado e do capitalismo liberal acabariam simplesmente por convergir Mas era possível ser muito mais sofisticado do que isso e foi a grande proeza de Raymond Aron produzir uma síntese judiciosa da teoria da sociedade industrial Essa síntese foi notável por prestar atenção adequada ao político ou seja por se recusar a aceitar que todas as mu danças resultaram de variáveis sócioeconômicas Isso foi visto com particular clareza em seus vários volumes sobre a lógica autônoma do conflito geopolítico e em sua obraprima Democracy and Totalitarianism a qual descreveu os diferentes sistemas políticos pelos quais os sistemas indus triais podiam ser administrados Podemos entender melhor as forças e fra quezas do conceito de sociedade industrial con siderando quatro áreas de debate que ele oca sionou Origens Tem havido muita discussão primeira mente em torno das origens da sociedade in dustrial e do grau em que podemos estar agora transitando para uma nova era A sociedade capitalista chegou antes é claro do surgimento da sociedade industrial e temos algum conhe cimento do caráter singular da Europa um padrão histórico de famílias nucleares a des truição das extensas redes de parentesco um sistema estatal multipolar agricultura de chuva as heranças da Antigüidade que facilitou a sua ascensão O industrialismo apareceu pri meiro na base desses antecedentes comerciais de um modo gradual Exatamente por que esse processo ocorreu na Inglaterra em vez de diga mos na Holanda continua sendo motivo de muita discussão com a mais recente explicação de Wrigley salientando a importância das reser vas de carvão e de um alto nível de demanda resultante da revolução agrária anterior O que é certo é que a industrialização ou desenvolvi mento do Terceiro Mundo não pode acontecer hoje dessa mesma forma gradual As vantagens e a necessidade geopolítica da industrialização fizeram desta algo que as elites do estado dese jam realizar o mais depressa possível isso tende a encorajar o autoritarismo dos regimes políti cos Tudo isso quer dizer que muita coisa ainda está por se explicar para que se obtenha uma compreensão cabal da história da ascensão da sociedade industrial Em contrapartida o con ceito de SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL proposto por Daniel Bell 1974 e Touraine 1968 tem pouco a recomendálo como foi convincente mente demonstrado por Kumar 1978 Embora seja verdade que o conhecimento é sempre mais importante na sociedade moderna isso equi vale mais a intensificar do que a substituir os princípios básicos que presidem o funciona mento da sociedade moderna Não significa porém que não tenha acontecido nenhuma mu dança socialmente significativa durante a era industrial A diminuição do tamanho da classe trabalhadora manual é certamente um fator im portante assim como também o é a crescente relevância política da mãodeobra recente mente instruída Capitalismo e industrialismo Uma segunda área geral de discussão diz respeito às respectivas virtudes do conceito de CAPITALISMO em contraste com o de industria lização Os marxistas têm certamente muito a seu favor quando insistem no maior poder co gnitivo do primeiro conceito Os teóricos da sociedade industrial tendem a ver a estratifica ção social em termos funcionais até meritocrá ticos Os marxistas estão certos em sublinhar que as oportunidades na vida são determinadas de fato pela posição dos pais de um indivíduo no sistema de classes Isso não significa porém que o paradigma marxista seja em tudo superior ao conceito de sociedade industrial Assim em bora a classe operária certamente exista não dá sinais de desempenhar o papel histórico que lhe foi atribuído pelo marxismo mais importante ainda a caracterização pelo marxismo da natu reza da sociedade industrial socialista de estado está longe de ser tão plausível quanto a ofereci Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade industrial 723 da pelos teóricos da sociedade industrial Vale a pena assinalar en passant que o conceito de capitalismo é porém em um aspecto pouco reconhecido nitidamente superior ao de indus trialismo Os teóricos da sociedade industrial apontavam que uma vez alcançada a abun dância tudo o que restava fazer era relaxar e desfrutar dela sob esse prisma foram até dis cutidos os benefícios de uma sociedade de cres cimento zero De fato é impossível permanecer imóvel dentro da economia do mundo porque ela está organizada de acordo com diretrizes capitalistas parar ficar inativo significa o de clínio se outros insistirem em realizar maiores lucros A sociedade capitalista internacional mantémse agitada irrequieta e anárquica de um modo que é estranho ao espírito da teoria da sociedade industrial Industrialismo e guerra Este tema geral pode ser elucidado levando se em conta um terceiro debate A esperança de que a era de abundância reduzisse a guerra mostrou ser ilusória como duas guerras mun diais tragicamente provaram Grande parte des se conflito pode ser entendido em termos tradi cionais ou seja como resultado de ação racio nal por parte de estados no âmbito da socie dade associal de concorrência entre estados Isso é extremamente importante Significa que vivemos em estadosnações que têm de sobre nadar tanto dentro da sociedade mais vasta da competição entre estados quanto na sociedade capitalista internacional A geopolítica afetou a natureza da mudança social tanto quanto o ca pitalismo com efeito é a interação entre am bos ainda não adequadamente entendida que proporciona o dinamismo para a moderna mu dança social Posto em termos negativos não entendemos corretamente a nossa posição se dizemos simplesmente que vivemos dentro da sociedade industrial Isso não significa porém que classe e nação não tenham sido afetadas pela era industrial O fato de não ter havido guerras entre as maiores potências mundiais desde 1945 é a conseqüência do equilíbrio de terror que resultou da aplicação de princípios industriais à condução da guerra Modernidade e ideologia Se a sociedade industrial não trouxe a paz em sua esteira a quarta área de discussão re ferese à muito debatida questão sobre se ela poderia dar origem a uma era livre de grandes ideologias Estaria certo Max Weber ao apontar que a disseminação da ciência era incompatível com a retenção de sistemas de crenças antigos ou modernos que procuravam fornecer dire trizes para a vida social Na década de 30 a sua asserção pareceu decididamente improvável dado que o ritmo da vida política era fixado pelo bolchevismo e pelo fascismo a renovação islâ mica no mundo atual representa igualmente uma tentativa de inserir a tecnologia da moder nidade em um sistema de crenças abrangente e total Mas esses credos são atraentes tal como a força visceral do nacionalismo para socie dades em transição da era agrária para a indus trial A verdadeira questão é se a ideologia pode manter sua proeminência ao longo do tempo em regimes que se fundaram em uma pretensão de conhecimento da verdade A evolução da União Soviética com Gorbachev indica que a asserção de Weber pode conter certa dose de verdade mas o assunto é extremamente complexo em seu todo e é preferível dizer que a história ainda não pronunciou seu veredicto sobre a matéria Conclusão A título de conclusão podese oferecer um resumo das forças e fraquezas do conceito de sociedade industrial Não há dúvida para co meçar por sublinhar a utilidade do conceito de que o surgimento do industrialismo marca uma mudança qualitativa nos assuntos humanos é nada menos que um momento de evolução social As nossas vidas são determinadas por esse modo de produção Entretanto o motor da mudança dentro da ordem do mundo moderno não pode ser derivado simplesmente de alguma espécie de lógica do industrialismo A dinâ mica do mundo moderno continua sendo aquela criada pela interação de nação e capital O industrialismo criou barreiras dentro dessa in teração mas não a substituiu Leitura sugerida Aron Raymond 1962 Paix et guer re entre les nations Ο 1965 Démocratie et totalitarisme Bell D 1974 The Coming of PostIndustrial Society Gellner E 1974 Legitimation of Belief Kerr C Dunlop JT Harbison FH e Myers CA 1960 1973 Industrialism and Industrial Man Kumar K 1978 Prophecy and Progress Polanyi K 1944 The Great Transformation SaintSimon H 1953 Selec ted Writings org por FMH Markham Wrigley AM 1988 Continuity Chance and Change the Cha racter of the Industrial Revolution in England JOHN A HALL Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 724 sociedade industrial sociedade pósindustrial O termo socieda de pósindustrial parece terse originado com Arthur Penty membro da Liga Socialista britâ nica e seguidor de William Morris no começo do século Penty preconizava a criação de um estado pósindustrial baseado na pequena ofi cina artesanal e em unidades descentralizadas de governo O conceito só viria a ser adotado de forma significativa no final da década de 60 quando lhe foram atribuídas características in teiramente novas Em seu significado atual o termo foi criado quase simultaneamente nos escritos de Daniel Bell e Alain Touraine a fim de descrever as novas estruturas e movimentos sociais que marcam a evolução das sociedades industriais na parte final do século XX Em anos mais recentes muitos dos usos mais comuns do termo pósindustrial também incluíram ou fo ram definidos lado a lado com um conceito de sociedade contemporânea como sociedade pós moderna por exemplo por JeanFrançois Lyo tard ver MODERNIDADE MODERNISMO E PÓSMO DERNISMO Economicamente a sociedade pós industrial é marcada pela mudança de uma eco nomia produtora de bens para uma economia de serviços no plano ocupacional pela proemi nência da classe de profissionais liberais e de técnicos e na tomada de decisões pela difusão muito ampla da tecnologia intelectual Bell especialmente em The Coming of Post Industrial Society 1974 definiu o princípio axial da sociedade pósindustrial como sendo a centralidade do conhecimento teórico como a fonte de inovação e de elaboração de políticas para a sociedade Afirmou que esse tipo de sociedade difere tanto da SOCIEDADE INDUSTRIAL clássica quanto esta da sociedade préindustrial agrária Está principalmente interessada na pro dução mais de serviços do que de bens a maio ria de sua força de trabalho está em profissões de colarinho branco em vez de manuais e mui tos de seus trabalhadores são profissionais de nível superior empregados em funções execu tivas gerenciais ou técnicas A antiga CLASSE OPERÁRIA está desaparecendo e com ela muitas das características e dos conflitos da sociedade industrial Novos alinhamentos baseados em status e consumo estão suplantando os que tinham por alicerce o trabalho e a produção A sociedade pósindustrial sustentaram Bell e Touraine é também uma sociedade altamente instruída e a idéiachave de uma sociedade de conhecimento é central para todas as várias versões teóricas Se a sociedade industrial fun cionou na base do conhecimento material e prá tico a sociedade pósindustrial depende muito mais de conhecimentos imateriais e teóricos tais como os desenvolvidos em universidades centros de pesquisa e novos tipos de locais de trabalho Não só conta com o conhecimento teórico para muitas de suas indústrias caracte rísticas como as indústrias de computadores química e aerospacial mas também aplica uma parte crescente dos recursos nacionais no de senvolvimento desse conhecimento financian do a educação superior a pesquisa e as ativi dades ligadas ao desenvolvimento Essa mu dança de ênfase refletese no aumento da im portância de uma classe caracterizada pelo saber composta de cientistas profissionais de nível superior e instituições eruditas É evidente que o exame da sociedade pós industrial tem representado nos últimos 20 anos uma importante e radical renovação do pensa mento social a respeito da mudança em grande escala nas sociedades modernas Kumar 1976 p441 e outros afirmaram que no mínimo a teorização pósindustrial marca uma bemvin da renovação de um dos princípios centrais do período formativo da sociologia o de que o estudo do ser e o do viraser estão indissolu velmente ligados O advento da sociedade pósindustrial deflagrou com efeito uma guerra terminológica muito especial a qual reflete algumas confusões ou pelo menos os diferentes vislumbres a obter da abordagem do assunto da sociedade pósindustrial desde o ponto de vista das novas classes e dos novos conflitos que surgem ou se desenvolvem para lelamente Três definições principais podem distinguirse Trabalhadores de colarinho branco são aqueles cujo trabalho é agora exe cutado em condições e circunstâncias vizinhas das condições de fábrica e que obedecem a padrões de trabalho altamente estruturados Funcionários de escritório são os que com o incremento da automação e da inteligência ar tificial em ambientes comerciais e adminis trativos necessitam de maior soma de conheci mentos para operar e interatuar com tais equi pamentos nesse sentido o termo não abrange apenas em absoluto as pessoas que trabalham em condições de escritório Como termo traba lhadores da informaçãoconhecimento suplan ta a rigidez dos censos e das classificações estatísticas mas no uso prático está impregna Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade pósindustrial 725 do de implicações otimistas que impedem com freqüência a melhor compreensão das mudan ças na natureza do trabalho e na estrutura das organizações Touraine 1968 1971 e Bell estão de inteiro acordo sobre a importância central das univer sidades da pesquisa e do papel da classe co nhecedora para a engrenagem geral produtiva e gerencial da nova sociedade Mas diferem no tocante aos seus resultados previsíveis En quanto Bell vê a promessa de maior integração social e de harmonia política e institucional Touraine mais alarmado por seu potencial de manipulação e claramente sensibilizado pelas idéias de maio de 1968 e pela generalização dos movimentos sociais na Europa antevê o aprofundamento do conflito entre aqueles pro fessores e estudantes que defendem os valores humanistas da educação liberal e uma casta diferente de seus pares que guarnecem a ma quinaria tecnocrática dedicada ao objetivo do crescimento econômico Nesse sentido o con ceito de sociedade pósindustrial tem sido am plamente usado por outros pensadores sociais que enfatizam diferentes características por exemplo a busca pelos jovens de um mundo para além do materialismo ou o deslocamento da classe operária em conseqüência da MUDAN ÇA TECNOLÓGICA do papel que os marxistas lhe atribuíram como agente histórico de mudança na sociedade moderna Embora as sociedades industrial e pósin dustrial não estejam simplesmente ligadas pelas mudanças fundamentais na natureza do TRABA LHO da tecnologia e das classes sociais cinco áreas problemáticas podem ser indicadas as quais constituem o desafio central para todos os atores sociais envolvidos cientistas e produ tores especialistas ergonômicos e usuários to dos se defrontam com a arquitetura da com plexidade de mudanças fundamentais e novi dades sem precedentes que vão além dos méto dos e ferramentas teóricas convencionais da sociedade industrial Eles estiveram no âmago de todos os debates teóricos acerca da sociedade pósindustrial e mais recentemente pósmo derna 1 Símbolos sem decisão A tecnologia da informação e a INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL tornam cada vez maior a possibili dade de formalizar o conhecimento e favorecer a integração de um programa que possa coman dar uma máquina ou uma série de máquinas Por conseguinte quanto mais atividades são planejadas de antemão e contidas em processos de informação menos necessidade existe de um sistema de decisão em cada um dos níveis de trabalho seja em sua formalização seja em sua execução Ver também INFORMAÇÃO TEORIA E TECNOLOGIA DA Além disso o uso de máqui nas de informação acarreta um aumento de no vos símbolos os quais não só são difíceis de aprender mas também exigem um esforço es pecial a ser corretamente atribuído ao que eles convencionalmente designam O problema re side no fato de que de momento possuímos apenas novos símbolos mas não uma nova linguagem esta poderia acontecer somente se ao criar máquinas de informação levássemos em consideração novos padrões de comporta mento e novas culturas coletivas Portanto o trabalho pósindustrial apesar de suas possibi lidades tecnológicas tornase uma atividade de tipo binário com reações a estímulos e regras de informação a pôr em prática as quais já estão contidas no programa de informação Em todos os níveis de poder responsabilidade e integra ção do sistema de trabalho gerentes técnicos e empregados vêemse ocupados com o controle de trabalho em que a tomada de decisões está cada vez menos em evidência 2 Abstração e solidão A tecnologia de informação torna abstrata e imaterial a maioria das operações e gestos no trabalho Assim símbolos números e lingua gens de uma natureza variada tornamse o fator mediador essencial entre trabalhadores trabalho conhecimento prévio e comunidade de trabalho Assim além de distinções de cate goria e diferenças de salário status da compa nhia ou carreira o centro de gravidade está se transferindo para uma série de funções que exigem intensa atividade mental a mediação cognitiva do trabalho e de seu contexto social e organizacional Além disso a imagem estereo tipada de uma atividade inteligente criativa e gratificante por um lado e de uma tarefa repe titiva e intelectualmente enfadonha por outro está dando lugar agora a uma visão que é o produto hídrido da revolução da informação apesar do status ocupacional e das diferenças culturais existe hoje em dia uma série de tarefas que são marcadas pelos mesmos padrões que usam a mesma mediação simbólica e que criam Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 726 sociedade pósindustrial o mesmo sentido de perda de identidade ao lidar com os processos inteligentes da máquina 3 A recomposição involuntária e paradoxal do trabalho Não se trata apenas de os procedimentos relativos à máquina e ao trabalho exigirem certa soma de empenho mental que pode variar com a complexidade das máquinas e os conheci mentos e experiência do operador mas na so ciedade pósindustrial um novo componente é adicionado a carga organizacional ou seja o componente que trata dos efeitos das variáveis que definem a organização das relações sociais e do trabalho no local de trabalho No centro de um número cada vez maior de atividades na sociedade pósindustrial encontramos o proces samento a verificação e por vezes a análise dos dados simbólicos e da informação media dora produzidos por sistemas baseados na in formação A linha fronteiriça entre ocupações e suas respectivas culturas fica enevoada dando lugar a um grupo muito mais vasto de atividades em que o trabalho é executado em condições semelhantes com processos da mesma espécie conteúdo e inteligibilidade e sobretudo em contextos organizacionais similares Essa re composição do trabalho acarreta contudo pe lo menos uma conseqüência importante as con dições de trabalho e o peso da organização uma vez que o seu lado mecânico e material desaparece perdemse de vista enquanto que a abstração inerente às novas condições de tra balho muda o sentido psicológico que o in divíduo possui do próprio trabalho Com as no vas tecnologias da informação o trabalho pode de fato recomporse mas o significado de cada atividade tornase mais sombrio e inacessível para os indivíduos e para a organização 4 Pressão cognitiva e ritmos acelerantes Ao contrário da crença geral esse processo de abstração simbólica e mediação do trabalho não é uma conseqüência inesperada mas um elemento intrínseco da tecnologia da informa ção A alteração da experiência conteúdo e finalidade de uma ocupação ocorre indepen dentemente do modo como o tipo pósindustrial de trabalho é concebido planejado e apresenta do Talvez o exemplo mais espetacular seja a rapidez de acesso à informação e a velocidade de seu processamento o que possibilita um considerável incremento no número de ope rações e leva a uma intensificação dos ritmos de trabalho 5 Modificações na vida social dos locais de trabalho A sociedade pósindustrial introduziu pro fundas mudanças na vida social do local de trabalho na medida em que afeta a identidade de indivíduos e grupos Uma das bases fun damentais da ideologia do trabalho poderia re duzirse portanto a nada mais que um mito vazio a comunidade o grupo de trabalho que era central e absolutamente necessária para o funcionamento eficiente da sociedade indus trial está sendo separada da base tecnológica em que todo local de trabalho assenta A forma de organização coletiva herdada da sociedade industrial baseada na necessidade de reunir gerência máquinas e trabalhadores no mesmo espaço estava agora basicamente comprometi da pela possibilidade de automação Que acon tecerá no local de trabalho portanto se os em pregados por exemplo não precisarem mais ou não tiverem a oportunidade de se misturar no lugar de trabalho ou se não tiverem mais qual quer controle do significado mais profundo do trabalho individual e coletivo Em tal contexto os novos problemas transferiramse dos mitos positivos ou negativos da automação e se con centraram em como planejar e gerir uma orga nização e um trabalho que se tornaram abstratos para todos os três níveis mais importantes o individualcognitivo o social e o gerencial Se algumas das principais características das novas tecnologias que distinguem a sociedade pósindustrial são a sua penetração e adaptabili dade então o trabalho de escritório tornase a forma estrutural de trabalho predominante A rápida mudança tecnológica do trabalho media do pelo homem ou pela máquina para o trabalho mediado pelo computador leva a mudanças no modo como os trabalhadores se adaptam ao seu ambiente específico de trabalho Em paralelo com essas mudanças tecnológicas temos as trans formações sociais e culturais refletindo as mu danças de uma sociedade baseada na manufatura e produção de bens materiais para uma socie dade baseada em uma economia de serviços Nessas novas condições o estudo da socie dade pósindustrial tornase uma operação mais complexa e multidisciplinar do que no passado recente resultando da pesquisa interdisciplinar com contribuições provenientes de muitas dis Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociedade pósindustrial 727 ciplinas diferentes incluindo engenharia infor mática psicologia e sociologia industrial ergo nomia avaliação tecnológica ciência da admi nistração ciência econômica ciência dos sis temas história social e econômica ciência po lítica e ainda outras provavelmente A tarefa consiste em administrar a arquitetura de com plexidade que é o elemento mais importante e vulnerável de uma sociedade dominada pelo trabalho mediado por computador Leitura sugerida Bell D 1974 The Coming of Post Industrial Society a Venture in Social Forecasting Diani Marco 1992 The Immaterial Society Design Culture and Technology in the Postmodern World Ku mar K 1976 Industrialism and postindustrialism reflections on a putative transition Sociological Re view 243 agosto 43978 Ο 1978 Prophecy and Progress the Sociology of Industrial and Postindus trial Society Lyotard JF 1979 La condition post moderne Rose Margaret A 1991 The Postmodern and the Postindustrial a Critical Analysis Touraine Alain 1968 1971 The PostIndustrial Society MARCO DIANI sociobiologia Uma importante mudança de ênfase na biologia comportamental ocorreu em meados da década de 70 Essa mudança foi assinalada de modo sumamente óbvio pela pu blicação do livro de EO Wilson Sociobiology The New Synthesis 1975 o qual reuniu os insights derivados da ecologia e da biologia da população com os obtidos da ETOLOGIA e da psicologia comparada Na década anterior os frutos de numerosos estudos de campo de ani mais tinham começado a apontar explicações coerentes para as formas como o comportamen to social poderia estar relacionado com as con dições ecológicas Com o uso cada vez mais poderoso da teoria evolucionista de Charles Darwin um grande volume de provas aparen temente sem qualquer relação entre si e até contraditórias adquiriu um sentido e o objeto de estudo pareceu excepcionalmente promissor O termo sociobiologia vem sendo usado desde o final da década de 40 com efeito a atual Animal Behavior Society dos Estados Unidos resultou do desenvolvimento conside rável registrado por uma seção da Ecological Society of America denominada Animal Be havior and Sociobiology Entretanto a mais importante influência no nascimento da moder na sociobiologia em 1975 foi provavelmente a publicação uma década antes de uma elegante teoria de WD Hamilton 1964 Esta explicava a evolução do comportamento altruísta e de modo mais geral a concessão de benefícios a outros parentes que não a sua própria prole a um custo pessoal para o doador Hamilton for malizou as condições em que um gene que era necessário para tal padrão de comportamento podia propagarse deixando de ser incomum para ser muito difundido Quando as condições são satisfeitas qualquer caráter que melhore as probabilidades de sobrevivência da família pode aumentar em freqüência porque os pa rentes são suscetíveis de conter os genes neces sários à expressão desse caráter As idéias de Hamilton foram importantes porque repararam o que parecia ser um defeito na teoria evolucionista de Darwin Este propôs um processo que envolvia alguns indivíduos sobrevivendo e procriando mais facilmente do que outros Se os que sobreviveram e procria ram mais facilmente fossem portadores de uma certa versão do caráter este seria mais forte mente representado em gerações futuras A teo ria da seleção familiar de Hamilton explicou como o desfecho do processo evolutivo compe titivo é com freqüência a cooperação social Na verdade foi uma extensão do fato intuitiva mente óbvio de que os animais muitas vezes correm riscos e fazem coisas que são ruins para a sua saúde na produção e nos cuidados com a prole Outra explicação evolucionista da coopera ção desenvolvida por sociobiólogos modernos é que todos os participantes se beneficiam dire tamente Os indivíduos cooperativos não são necessariamente aparentados mas cada um deles tem maiores probabilidades de sobreviver e de se reproduzir se trabalhar com outros Em muitas espécies os indivíduos limpamse uns aos outros A ajuda mútua pode ser oferecida na caça de modo que todos obtenham mais para comer por exemplo os membros cooperativos de uma alcatéia dividemse entre os que es pantam as renas e as obrigam a correr espa voridas e os que se mantêm de tocaia para interceptálas Os pingüins imperadores amon toamse em tropel para conservar o calor O gado comprimese entre si para reduzir a super fície exposta às mordidas de insetos Robert Trivers 1971 apontou que em animais alta mente complexos a ajuda pode ser retribuída em uma ocasião subseqüente Com efeito se um babuíno macho ajuda um outro a rechaçar os competidores por uma fêmea em certo dia Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 728 sociobiologia esse favor será retribuído em outra oportuni dade Ambos os machos se beneficiam do traba lho em colaboração A ênfase nas necessárias condições genéti cas para a expressão do comportamento social explícita na obra de Hamilton deu origem à mais famosa parábola da biologia moderna a saber a do gene egoísta Na obra de Richard Dawkins 1976 a evolução foi pensada em termos de genes com intenções de conseguir o melhor para si mesmos Sem dúvida esse modo de abordar a evolução ajudou um grande núme ro de pessoas a entender a complexa dinâmica desse processo A ênfase genética também está subenten dida em muitas das outras propostas clássicas que foram feitas pelos que passaram a ser co nhecidos como sociobiólogos Robert Trivers 1972 propôs que em espécies que se reprodu zem sexualmente a composição genética de um filhote não é idêntica à de nenhum de seus pais os quais também são geneticamente diferentes um do outro Nessa base não se esperaria que os filhotes harmonizassem seu comportamento com o de seus pais uma vez que os filhotes só colhem benefícios da continuada e solícita as sistência parental ao passo que os pais podem estar em posição de maximizar seu êxito repro dutivo poupando esforços para atender aos fi lhos subseqüentes Por essa razão os pais po deriam começar a retirar sua assistência a um filho em uma época em que este ainda se bene ficiaria de tais cuidados As modernas provas empíricas obtidas com mamíferos indicam que os conflitos comportamentais em torno do des mame são menos pronunciados do que seria de esperar com base na teoria dos interesses confli tantes Isso se explicaria por que é crucial para o seu próprio desenvolvimento que os filhos acompanhem cuidadosamente o estado de quem zela por eles Trivers 1974 desenvolveu argumentos aná logos aos usados em sua teoria do conflito paisfilhos para explicar as diferenças de sexo no comportamento parental Poderseia espe rar que o pai e a mãe empregassem métodos diferentes para maximizar seu sucesso reprodu tivo de modo que enquanto um ainda estava dispensando intensos cuidados à sua prole o outro buscaria oportunidades de se acasalar de novo Uma vez mais foi apresentada a idéia explícita de uma permuta entre exigências con flitantes de cuidar dos filhos existentes e de produzir mais sendo diferente para os dois sexos a conduta tida como ótima Mesmo com base nesse argumento contudo podese es tabelecer um equilíbrio entre egoísmo esclare cido e egoísmo nu e cru Em muitas espécies de pássaros nas quais ambos os sexos cuidam normalmente dos seus filhotes e um dos pais morre ou desaparece o pai remanescente aumenta o tempo e a energia que devota para dar assistência aos filhotes Isso sugere que cada pássaro es tabelece um equilíbrio ótimo que maximiza o seu próprio sucesso reprodutivo A cooperação obser vada quando ambos os pais estão presentes é mais bem explicada em termos sociobiológicos como egoísmo esclarecido Os argumentos da otimização desempenha ram um papel central em muitos outros desen volvimentos da sociobiologia Um deles foi a introdução da teoria dos jogos para explicar por exemplo a mistura aparentemente incompatí vel de comportamento agressivo de falcão e comportamento dócil de pombo Os modelos simples mostraram ser possível formar combi nações estáveis de estratégias evolutivas es táveis Se um tipo de comportamento se tornou mais freqüente que o ótimo por acaso o outro tipo estaria em vantagem e no decorrer da evolução ulterior retornaria à sua anterior pro porção no ótimo John Maynard Smith foi a mais destacada figura nesses desenvolvimentos teóricos Esses modelos formularam pressupos tos simplificadores muito substanciais tais co mo a reprodução assexuada e distintos repertó rios comportamentais ouou mas ajudaram a esclarecer o pensamento sobre os modos como o comportamento poderia ter evoluído A busca de soluções ótimas para a atividade forrageira tem sido uma das principais preocu pações da ECOLOGIA comportamental assunto que passou a estar intimamente associado à sociobiologia Por exemplo que deve fazer um animal depois de ter comido regularmente em um lugar quando o alimento nessa área começa a se esgotar Em que ponto o provável benefício de sair em busca de uma área muito mais abas tecida supera o benefício em constante declínio de permanecer onde se está A natureza bem focalizada do problema acarretou uma abun dância de modelos matemáticos Os modelos tinham a grande virtude de proporcionar expec tativas precisas a respeito do que os animais fariam Esses modelos podiam então ser tes tados em cotejo com o que os animais fazem na Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociobiologia 729 prática Realizar um bom trabalho em termos de planejamento técnico depende de o animal ter acesso a informações apropriadas acerca do seu meio ambiente da sua capacidade de reali zar os cálculos e do tempo disponível para executar os cálculos necessários Os modelos também pressupõem é claro que a função bio lógica do comportamento seja conhecida É perfeitamente possível que modelos de caráter muito diferente gerem o mesmo resulta do Assim embora os cientistas possam pensar que especificaram os requisitos para um projeto correto o comportamento do animal pode mui to bem estar adaptado para uma atividade muito diferente O modelo menos plausível em termos biológicos pode ser o mais adequado em termos matemáticos A longo prazo não haverá real mente nenhum substituto para uma boa intuição biológica e os teóricos terão que trabalhar de mãos dadas com pessoas que são boas observa doras de animais O comportamento sexual como sempre continua sendo um assunto de absorvente inte resse Que é que os animais procuram quando escolhem parceiros para se acasalarem Que é que a escolha de parceiros tem a ver com a dinâmica da evolução Por que ter sexos de qualquer modo Eis algumas interrogações evolutivas que continuam excitando e provo cando as pessoas sendo muito provável que assim prossigam no próximo século Faltam usualmente provas diretas para o comporta mento fornecidas pela história pelo que os biólogos começam tipicamente com tentativas de distinguir entre hipóteses acerca do uso cor rente Se uma resposta será ou não um substituto para a história é um ponto discutível uma vez que um sistema comportamental adaptado a algum outro uso poderia ser cooptado para a sua atual função Não obstante as deduções acerca do uso corrente fornecem um modo indireto de extrair conclusões acerca do papel modelador dos processos evolutivos darwinianos sobre o comportamento no passado Outra abordagem indireta foi usar o conhecimento comparativo de muitas espécies diferentes e de seus habitats para analisar a forma como diferentes carac teres evoluíram a ordem em que surgiram e o significado funcional da mudança evolutiva No livro que deu à moderna sociobiologia o seu nome e o seu caráter EO Wilson tentou incorporar um vasto campo de pesquisas em biologia comportamental sob uma única ban deira As imaginações foram empolgadas pela revitalização da grande teoria evolucionista de Darwin e pelo modo como os estudos do com portamento tinham sido conjugados de forma atraente com a biologia da população Mesmo assim o novo objeto de estudo nasceu em am biente de controvérsia em parte porque o es tudo do desenvolvimento e da integração do comportamento que tinha sido de interesse central para a etologia e a psicologia compara da era considerado irrelevante ou destituído de interesse para a nova abordagem As opiniões estavam polarizadas sobretudo pela tentativa de injetar uma determinada classe de biologia nas ciências sociais e na filosofia moral As lacerações resultantes do conflito acadêmico e político que se seguiu levaram muito tempo para sarar e durante anos Sociobiologia foi um grito de guerra ou um termo de desaforo As reivindicações foram gradualmente moderadas e as disputas esmoreceram Quando isso acon teceu a agenda da sociobiologia fundiuse com a ecologia comportamental e pouco difere hoje dos objetos de estudo que se presumia terem sido por ela deslocados Leitura sugerida Dawkins R 1976 The Selfish Gene Hamilton WD 1964 The genetical evolution of social behaviour I II Journal of Theoretical Biology 7 152 Trivers BL 1971 The evolution of recipro cal altruism Quarterly Review of Biology 46 3557 Ο 1972 Parental investment and sexual selection In Sexual Selection and the Descent of Man 18711971 org por BG Campbell Ο 1974 Parentoffspring conflict American Zoologist 14 24964 Ο 1985 So cial Evolution Wilson EO 1975 Sociobiology the New Synthesis PATRICK BATESON sociolingüística Como o seu nome dá a en tender referese às áreas de estudo que ligam a linguagem à sociedade Como interface entre esses dois enormes campos de investigação com interesses teóricos e metodológicos oriun dos de uma vasta gama de disciplinas incluindo a lingüística a sociologia e a antropologia a sociolingüística ainda não pode ser definida de qualquer modo estritamente teórico Tampouco existe muita concordância quanto às várias li nhas de demarcação entre diferentes expoentes das teorias e metodologias sociolingüísticas A incerteza a respeito de sua natureza precisa e a discordância acerca do seu status teórico não diminuíram porém a sua popularidade como objeto de estudo acadêmico Publicações que se Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 730 sociolingüística referem diretamente ou em seus subtítulos à sociolingüística têm sido abundantes nas duas últimas décadas com substanciais dife renças de conteúdo segundo o ponto de vista adotado pelo autor quanto à natureza da disci plina As referências que apresentaremos a se guir são apenas pequenas seleções da extensa gama de compêndios e monografias introdutó rios cf Hymes 1974 Trudgill 1974 Dittmar 1976 Hudson 1980 Downes 1984 Fasold 1984 e 1990 coletâneas de ensaios cf Giglio li 1972 Pride e Holmes 1972 Gumperz e Hymes 1972 estudos sociolingüísticos de de terminadas comunidades lingüísticas cf La bov 1970 Trudgill 1978 eou das variações dentro de uma linguagem clássica para a sociolingüística do alemão ver por exemplo Barbour e Stevenson 1990 Clyne 1984 Alguns autores traçam uma linha divisória entre duas grandes subdivisões no campo da sociolingüística reservando uma para a LINGÜÍSTICA e a outra para a sociologia Nesse contexto a primeira das subdivisões começa com a linguagem considerando que forças so ciais a influenciam e contribuem para a sua compreensão enquanto que a segunda adota a sociedade como o ponto de partida básico e a linguagem como um problema e recurso social Fasold 1984 Introdução Semelhante divisão reflete o que outros autores veriam como uma separação entre a sociolingüística propriamen te dita com objetivos predominantemente lingüísticos e uma sociologia da linguagem Fishman 1968 com objetivos amplamente sociológicos A primeira compreenderia cen tralmente a obra de e no estilo de uma das figuraschaves no desenvolvimento da socio lingüística William Labov que demonstrou co mo a variação no sistema lingüístico em uma determinada comunidade de fala está funcio nalmente relacionada com a ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL desse mesmo grupo O isolamento de variáveis sociolingüísticas como por exem plo a estratificação de classe do r final ou préconsonantal na fala dos adultos naturais de Nova York cf Labov 1966 ou 1970 o que é visto como prestigioso nessa comunidade per mite predições formuladas como regras variá veis acerca da provável ocorrência dessa forma de acordo com a atenção que os locutores pres tam à sua fala Existe pois diferenciação social e estilística quanto mais atenção um locutor presta à fala como por exemplo na leitura de listas de palavras em vez da fala espontânea mais provável é a ocorrência da variável de prestígio Labov infere disso uma interdepen dência de variedades funcionais da fala e níveis culturais como a percepção da norma Labov 1970 p190 Ele também admite como prova de uma mudança consciente em curso a existência de variações de estilo entre formas mais ou menos prestigiosas e as concomitantes hipercorreções dos locutores de classe infe rior ao tentarem ajustarse à forma mais pres tigiosa Aitchison 1981 cap4 Esse exemplo deixa claro por que até mesmo no nível mais microlingüístico da sociolingüística se deve apagar a separação dos interesses macrolingüís ticos de uma sociologia da linguagem dado que esta última envolve crucialmente as ati tudes do locutor em relação às variedades de linguagem e como isso influencia a escolha da linguagem sua perda ou manutenção e seu planejamento embora neste último caso a ên fase resida mais em um nível social Além de classe e região outras importantes variáveis sociolingüísticas incluem gênero raça e ida de com os investigadores apontando com fre qüência controvérsias na interpretação da cor relação entre a categoria lingüística e a socioló gica para excelentes discussões disso a respeito de gênero ver Cameron 1985 Coates 1986 Óbvias preocupações sociolingüísticas em nível macro incluem entre outras 1 a catego rização de sociedades ou nações como bilín gües ou multilíngües de acordo com o número de diferentes línguas faladas dentro de suas fronteiras independentemente do reconheci mento oficial dessas línguas como idiomas na cionais 2 o papel político e social de línguas minoritárias 3 o estudo da diglossia que se refere à estrita diferenciação funcional de varie dades lingüísticas dentro de uma comunidade de fala de acordo com uma alta A ou baixa B variedade que usualmente corresponde a domí nios públicos A e privados B exemplos famosos incluem a diglossia entre o árabe clás sico e o vernáculo entre o alemão corrente e o alemão da Suíça mas também a mudança entre o espanhol A e o guarani B no Paraguai ver Ferguson 1959 Fishman 1967 para um resu mo Fasold 1984 cap2 4 a definição e o estudo de línguas francas pidgins e criou las Fasold 1990 cap7 Barbour e Stevenson 1990 cap7 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociolingüística 731 A análise e a descrição da situação sociolin güística em determinada comunidade socie dade ou nação no tocante à sua fala dependem do modo como são definidas certas categorias cruciais Por exemplo há discordância sobre se a variedade comum de uma língua conta como um dialeto no mesmo nível de outras variedades sociais e regionais igualmente sistemáticas e governadas por regras e sobre se uma simples divisão em língua clássica e dialeto é suficiente para cobrir os muitos e diferentes níveis de variação regional e social em diferentes países ver Trudgill 1974 Barbour e Stevenson 1990 cap5 A definição de uma língua como a entidade abrangente que contém dialetos mu tuamente compreensíveis também é problemá tica se considerarmos a compreensibilidade mútua entre locutores de diferentes línguas como o norueguês e o dinamarquês ou os locu tores de dialetos locais na fronteira holande saalemã Trudgill 1974 em contraste com a ausência de tal compreensibilidade entre os locutores dos numerosos dialetos alemães As controvérsias também cercam as generaliza ções de Labov na base da abstração empirica mente inidônea de uma comunidade de fala Romaine 1982 Além dessas preocupações com a definição de seu próprio objeto de estudo a sociolingüís tica está centralmente interessada na metodolo gia Em contraste com o trabalho em lingüística o qual aceita a intuição do locutor ou pesquisa dor e freqüentemente confia nela sobre ques tões de gramaticalidade de determinada forma ou frase a sociolingüística baseiase firmemen te no comportamento da fala concreta de pre ferência espontânea Grande parte da metodo logia sociolingüística interessase pois em su perar dificuldades na obtenção de tais dados Isso não é verdadeiro apenas para o trabalho relacionado com variáveis sociolingüísticas como a famosa evocação de Labov dos rs nas lojas de departamentos de Nova York quando fez os balconistas incluírem fourth floor quar to andar em suas respostas É também aplicá vel ao trabalho substancial sobre atitudes lin güísticas quando já não se considera suficiente perguntar às pessoas se gostam ou não de deter minado dialeto sotaque ou variante de fala mas cumpre descobrir tais preferências através de métodos indiretos como as diferentes varia ções de formas combinadas Notemse por exemplo os engenhosos métodos que Giles e Bourhis empregaram para descrever atitudes de ingleses com sotaque de Birmingham e num outro estudo com sotaque galês em contraste com a pronúncia recebida PR medindo como os ouvintes responderam a comentários e pedi dos feitos em diferentes sotaques Giles e Bou rhis 1976 Bourhis e Giles 1976 excelente resu mo em Fasold 1984 cap6 À luz das amplas áreas de interesse na inter relação de linguagem e sociedade assim como da gama de métodos empregados alguns au tores preferem ver a sociolingüística tal como é definida post hoc pelos tópicos e áreas de in vestigação abordados por lingüistas antropólo gos sociólogos e psicólogos sociais nas várias interseções entre linguagem e sociedade Fa sold 1990 Introdução Isso priva a socio lingüística de momento de uma rigorosa teoria própria mas tem a vantagem de não restringir a gama de linhas fecundas de investigação a um certo conjunto de métodos Não impede que Hymes descreva a sua concepção da socio lingüística como uma tentativa de repensar as categorias e pressupostos percebidos em rela ção às bases do trabalho lingüístico e ao lugar da linguagem na vida humana Hymes 1974 pvii mas ela poderia ser vista em vez disso como um degrau para se chegar a essa teoria Uma abordagem alternativa com vistas a uma teoria unificada do lugar da linguagem na vida social e no processo social teoria essa que não poderia continuar sendo parte de um subramo hifenizado da lingüística com sua ênfase no comportamento regido por leis ou de um sub conjunto da sociologia pode ser encontrada na obra de Halliday sobre gramática sistêmica Halliday 1978 1985 1987 embutida em uma semiótica social geral Ver também DISCURSO Leitura sugerida Barbour S e Stevenson P 1990 Variation in German Fasold R 1984 The Sociolin guistics of Society Ο 1990 The Sociolinguistics of Lan guage Giglioli PP org 1972 Language and Social Context Pride JB e Holmes J orgs 1972 Sociolin guistics Trudgill P 1974 Sociolinguistics ULRIKE MEINHOF sociologia Uma retardatária entre as ciências sociais acadêmicas a sociologia não obstante teve suas origens no século XVIII nas filosofias da história nas primeiras pesquisas sociais e nas idéias gerais do Iluminismo Em suas fases iniciais e mormente nos escritos de Auguste Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 732 sociologia Comte que foi quem deu nome à nova ciência a sociologia tinha uma orientação geralmente evolucionista e positivista Essas características persistiram durante a maior parte do século XIX nas obras de Herbert Spencer e de modo muito diferente nas de Karl Marx ligando a disciplina de várias maneiras à teoria darwiniana ver DARWINISMO SOCIAL às teorias do progresso e aos projetos de reforma ou revolução social No final do século contudo a sociologia assumiu uma forma diferente e lentamente se estabele ceu como disciplina acadêmica através das obras de dois importantes pensadores Max We ber e Émile Durkheim que podem ser conside rados em conjunto com Marx cuja obra deu origem a uma característica sociologia marxista ver MARXISMO os fundadores da disciplina em sua concepção moderna Embora fossem pro fundamente diferentes em suas idéias e aborda gens esses pensadores tinham em comum uma nova e mais precisa concepção da sociedade como objeto de estudo a ser claramente dis tinguido do domínio do estado e do político de uma vaga história universal da humanidade e das histórias particulares de povos estados ou civilizações e dispuseramse a definir e demonstrar os princípios e métodos dessa nova ciência da sociedade Também concentraram primordialmente suas atenções nos problemas específicos da estrutura e desenvolvimento do moderno capitalismo ocidental respondendo às profundas mudanças na vida social que ele provocou ao crescimento do movimento da classe operária e à propagação das idéias socia listas A análise de Marx da economia capitalis ta e da estrutura de classes teve uma influência profunda em Durkheim e Weber especialmente no último cujos conceitos e interpretações fo ram elaborados em grande medida em oposi ção crítica ao marxismo Löwith 1932 De modo mais geral uma considerável parte do pensamento sociológico europeu nas primeiras décadas do século XX veio a se centrar em um confronto entre a teoria marxista e todas as outras Ao mesmo tempo porém a sociologia tam bém tinha acentuadas características nacionais e regionais Em primeiro lugar estava larga mente confinada à Europa Ocidental e à Amé rica do Norte isto é às regiões onde o capita lismo industrial se desenvolvera com maior rapidez mas dentro dessas regiões adquiriu características diferentes em determinados países Nos Estados Unidos alguns dos primei ros sociólogos especialmente WG Sumner foram fortemente influenciados pelas idéias de Spencer sobre individualismo laissezfaire e sobrevivência dos mais aptos Hofstadter 1955 mas um ponto de vista oposto e uma reorientação do pensamento social saíram a lume na virada do século White 1957 soció logos como Lester F Ward EA Ross Albion Small e Thorstein Veblen influenciados em certa medida por idéias marxistas reafirmaram a associação da disciplina com os movimentos de reforma social e advogaram um aumento da intervenção do estado perspectiva que era es pecialmente evidente no trabalho do Departa mento de Sociologia da Universidade de Chi cago criado por Small o qual dominou a socio logia norteamericana durante duas décadas até meados dos anos 30 ver ESCOLA SOCIOLÓGI CA DE CHICAGO Na GrãBretanha a teoria evo lucionista de Spencer foi remodelada por LT Hobhouse em um esquema de pensamento mais coletivista e orientado para a reforma associa do a uma teoria do progresso Collini 1979 a qual continuou a dominar a matéria até depois da Segunda Guerra Mundial em grande parte através da obra de Morris Ginsberg A sociolo gia contudo ocupava um lugar muito secun dário nas universidades britânicas embora a influência do marxismo como teoria econômica ou sociológica também fosse mínima e apenas na segunda metade do século é que a disciplina ficou firmemente estabelecida em formas que foram muito influenciadas por idéias america nas e européias A situação em alguns países do continente europeu era bem diferente Na Alemanha e na Áustria a teoria social marxista que no começo se desenvolveu principalmente à margem das universidades reteve um lugar importante des de o começo do século até os primeiros anos da década de 30 e exerceu grande influência na obra de outros sociólogos Os principais temas da sociologia de Weber as origens do capi talismo moderno os problemas de interpreta ção histórica economia e sociedade classe e status poder político foram todos decorrên cia direta do seu encontro com o pensamento marxista Mas durante a sua reflexão sobre o marxismo e influenciado por debates mais am plos sobre a natureza da análise e explicação social Weber também suscitou questões mais gerais a respeito da explicação histórica dos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia 733 problemas da objetividade em relação a orien tações de valor e do papel da explicação causal em contraste com o entendimento interpreta tivo em sociologia e outras ciências sociais Outhwaite 1975 Não só os escritos metodo lógicos de Weber mas também a sua crítica do marxismo e sobretudo a sua conceitualização do desenvolvimento da sociedade moderna co mo um processo de racionalização do mundo Brubaker 1984 tiveram profunda influência na sociologia subseqüente Raymond Aron e C Wright Mills adotaram embora no contexto de diferentes orientações políticas a distinção de Weber entre estrutura de classe e sistema de poder político e Aron em particular elaborou um esquema de pensamento em que o papel das elites ver ELITES TEORIA DAS foi analisado em relação à estratificação social e empreendeu comparações entre a pluralidade de elites nas sociedades ocidentais e a elite unificada na União Soviética Aron 1950 De modo geral ele desenvolveu uma sociologia histórica que devia muito a Weber em sua concepção do surgimento da sociedade industrial moderna como fenômeno ímpar inicialmente ocidental que marcou uma ruptura radical na evolução das sociedades humanas Aron 1966 1967 Mais recentemente o tema central de Weber a racionalização foi reexaminado em termos críticos por Habermas 1981 em um estudo abrangente de diferentes abordagens teóricas do assunto que ele concluiu distinguindo dois tipos principais de sociedade racionalizada no mundo atual o capitalismo organizado e o so cialismo burocrático Na França a sociologia de Durkheim foi também desenvolvida em parte em oposição à teoria marxista na sua descrição da divisão do trabalho e das relações de classe 1893 em suas aulas sobre o socialismo 1928 e na rejei ção do materialismo histórico em seu estudo das causas e funções sociais da religião 1912 mas recebeu igualmente grande influência das concepções positivistas e neokantianas de ciên cia e de sua visão crítica da filosofia evolucio nista de Comte Mas Durkheim tal como We ber também ventilou questões mais amplas acerca do âmbito e do alcance da teoria socio lógica Lukes 1973 Nisbet 1974 expostas de forma sumamente sistemática no seu livro so bre o método sociológico 1895 em que traçou um esquema de análise causal e funcional e procedeu à importante distinção com notável acuidade entre explicação sociológica e expli cação psicológica As suas concepções socioló gicas foram amplamente difundidas na França no período entre as duas guerras mundiais atra vés da revista por ele fundada LAnnée Socio logique em torno da qual se criou uma ESCOLA SOCIOLÓGICA DE DURKHEIM essas concepções também se tornaram influentes em outros paí ses mormente na antropologia social britânica e de forma diferente na sociologia norteame ricana como fator importante no desenvolvi mento da escola funcionalista a qual adotou como principal objetivo da sociologia a análise das formas como instituições e grupos diferencia dos contribuem para a integração e a persistência de toda uma sociedade ver FUNCIONALISMO Outras contribuições européias de grande influência foram feitas por Vilfredo Pareto 191619 e Gaetano Mosca 1896 sobretudo em suas teorias das elites desenvolvidas em oposição à teoria marxista das classes as quais deram origem a continuadas controvérsias so bre elites e democracia e a relação entre elites e classes Bottomore 1964 A obra de Pareto também teve uma influência mais geral através da distinção por ele traçada entre ação lógica e nãológica tratando de algumas das mes mas questões abordadas por Weber em sua aná lise dos tipos de ação social e da sua tese de que a maior parte da ação humana é decidida mente nãológica resultado de impulsos e sen timentos a que chamou resíduos freqüente mente camuflados em doutrinas e sistemas teó ricos denominados derivações ver IDEOLO GIA SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO Também na Rússia nos primeiros tempos houve interesse pela sociologia e depois da Revolu ção Bukharin 1921 expôs um sistema de sociologia marxista mas a subida de Stalin ao poder pôs fim a tais desenvolvimentos e a so ciologia foi substituída por uma doutrina oficial de materialismo histórico apresentada em sua maior parte na forma de uma rudimentar teoria evolucionista isolada de qualquer espécie de reflexão crítica ou comprovação empírica Na década de 30 a sociologia estava conso lidada sob diversas formas em muitos dos prin cipais países industriais Nos Estados Unidos onde a disciplina era mais amplamente ensina da nas universidades ela tinha um caráter pre dominantemente empírico e orientado para a reforma exemplificado na obra da ESCOLA SO CIOLÓGICA DE CHICAGO mas recebeu uma cres Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 734 sociologia cente influência das teorias européias as quais forneceram o ponto de partida para a importante obra teórica de Talcott Parsons 1937 embora a teoria da ação social por ele exposta viesse a ter sua maior influência depois da guerra Na Alemanha e na Áustria a sociologia foi forte mente influenciada por Weber mas também pela obra de Georg Simmel 1908 cuja con cepção da disciplina como uma nova aborda gem que envolvia a análise da sociação ou interação como formas distintas do conteúdo histórico foi elaborada por Leopold von Wiese 1933 em uma sociologia sistemática geral e ainda por uma sociologia marxista formulada em termos sumamente rigorosos no AUSTRO MARXISMO Mas esse variado e vigoroso de senvolvimento foi sufocado depois de 1933 pelo regime nacionalsocialista Na França a disciplina era dominada por concepções dur kheimianas embora estas fossem desafiadas por críticos marxistas e alguns seguidores de Durkheim Halbwachs 1938 em seus es tudos de classes sociais e Simiand 1932 em sua sociologia econômica se aproximassem mais da sociologia marxista ao enfatizar a im portância primordial dos fenômenos econômi cos Só depois da Segunda Guerra Mundial po rém e sobretudo na década de 60 teve lugar uma rápida expansão da sociologia e a matéria se estabeleceu como importante ciência social acadêmica pela primeira vez em escala verda deiramente internacional Inicialmente a in fluência da sociologia americana por causa da escala da disciplina nos Estados Unidos do nível de desenvolvimento da investigação em pírica e da disponibilidade de verbas para pes quisa foi de suprema importância na revitaliza ção da sociologia na Europa Ocidental e na sua propagação a outras regiões do mundo e isso se manifestou em duas direções diferentes no rápido crescimento de pesquisas empíricas mais sofisticadas e também comparativas e transnacionais e no impacto da teoria da ação de Parsons sobre o pensamento sociológico tanto maior na medida em que Parsons se apoia va extensamente na construção de sua própria teoria em concepções anteriores na obra de Pareto Durkheim e Weber Essa teoria em sua versão original levantou entre outras questões e tentou resolver a antiga controvérsia em torno da relação entre a ação individual ou mediação humana e a estrutura social abrangente con forme tinha sido postulada por Simmel e We ber mas na obra ulterior de Parsons a ênfase passou a incidir sobre a análise da estrutura social ou do sistema social 1951 e dos processos de evolução social 1966 e a sua teoria madura foi considerada por alguns críti cos como claramente pertencente à categoria de uma sociologia determinística de siste mas sociais oposta a uma sociologia da ação social que destacaria a construção do mundo social por seus membros como seres ativos decididos e criativos Dawe 1978 Durante duas décadas contudo a teoria dos sistemas de Parsons também conhecida como estruturalfuncionalismo modificada de vá rias maneiras por RK Merton 1949 forneceu em certa medida e mais particularmente na so ciologia americana um paradigma dominante para a teoria sociológica Mas foi sempre con testada a partir de outras perspectivas não só pelos que atribuíram maior importância à me diação humana mas também por sociólogos de mentalidade mais histórica marxistas ou webe rianos por muitos que continuaram trabalhan do em um quadro de referência positivista empirista e por pensadores radicais que critica vam o que entendiam como o conservadorismo político implícito nesse paradigma O declínio do paradigma funcionalista co meçou na década de 60 quando ocorreu uma grande transformação da sociologia Conflitos internacionais em especial a Guerra do Vietnã o aparecimento de novos movimentos sociais o crescimento da dissidência e da oposição nos países ocidentais e na Europa Oriental a am pliação da distância entre nações ricas e pobres tudo isso provocou uma reorientação radical do pensamento social Mudança e conflito social em vez de integração e regulação da vida so cial mediante normas compartilhadas ou um suposto sistema de valores comuns passaram agora a ser questões centrais para análise Como Weber tinha escrito em seu ensaio sobre a ob jetividade 1904 Chega um tempo em que a atmosfera muda A luz dos grandes proble mas culturais seguiu em frente Também a ciên cia se prepara então para mudar o seu ponto de vista e o seu aparelhamento conceitual A so ciologia floresceu nesse novo clima intelectual enquanto a influência do pensamento marxista ocidental ver MARXISMO OCIDENTAL aumenta va rapidamente chegando a se alastrar de modo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia 735 significativo na Europa Oriental à medida que a ortodoxia stalinista se desintegrava Essa reorientação e essa expansão da disci plina foram acompanhadas da crescente es pecialização e da proliferação de áreas novas ou redefinidas de pesquisa por exemplo no contexto social do crescimento econômico no vas formas de imperialismo o papel da força na vida social gênero grupos étnicos e movimen tos sociais muitas das quais colocaram a sociologia em uma relação mais estreita com outras ciências sociais especialmente a ciência econômica a antropologia e a ciência política Ao mesmo tempo porém a multiplicidade de paradigmas também tendia a aumentar e a di visão da disciplina em escolas concorrentes de pensamento que sempre existiu tornouse mais pronunciada O pensamento marxista que se poderia ter presumido ser capaz durante o período de sua maior influência de promover certo grau de unificação teórica tornouse ele próprio mais diferenciado em conseqüência de múltiplas reinterpretações e reconstruções das idéias de Marx sendo as posições extremas representadas pelo marxismo estruturalista de Louis Althusser ver ESTRUTURALISMO e pela teoria crítica da ESCOLA DE FRANKFURT Existem é claro controvérsias que resistem ao tempo em todas as ciências sociais acerca de abordagens teóricas fundamentais mas na so ciologia que pretendia e com maior ou menor convicção ainda pretende formular os princí pios de uma ciência social geral elas sempre foram excepcionalmente agudas e nitidamente expressas Estão envolvidas três questões prin cipais A primeira diz respeito à relativa impor tância na vida social da estrutura social padrões estabelecidos de comportamento ins tituições formais e das ações conscientes intencionais de indivíduos ou grupos de in divíduos se e em que medida a sociedade deve ser concebida como resultante dessas ações ou se pelo contrário as intenções e possibilidades de ação de indivíduos e grupos devem ser vistas como produto da sociedade O problema tem sido apresentado e debatido desde as origens da disciplina até o momento presente por Marx 1852 em sua observação de que os seres humanos fazem a sua própria história mas não a fazem simplesmente a seu belprazer por Simmel 1908 em sua formulação de duas caracterizações logicamente contraditórias do ser humano como produto e conteúdo da so ciedade e como ser autônomo por Berger e Luckmann 1966 em seu enunciado de três aspectos fundamentais da vida social A So ciedade é um produto humano A Sociedade é uma realidade objetiva O Homem é um produ to social e por muitos sociólogos recentes que estão comprometidos com o determinismo social em versões estruturalistas ou outras ou pelo contrário com concepções de ação in dividual em especial ação racional ver ESCO LHA RACIONAL TEORIA DA e com a interpretação da interação entre indivíduos na vida cotidiana Wolff 1978 ver também FENOMENOLOGIA ou que tentam transcender essa oposição através de concepções como desestruturação e rees truturação Gurvitch 1958 ver ESTRUTURA ÇÃO ou a autoprodução da sociedade Tou raine 1973 Uma segunda e importante questão é a que se refere à relação entre estrutura social e mu dança histórica A espécie de estruturalismo introduzido na antropologia social por Lévi Strauss 1958 e depois difundido em sociolo gia em parte em uma versão marxista era geralmente nãohistórico e com freqüência re jeitou completamente a possibilidade ou impor tância da explicação histórica entrando assim em conflito com as teorias sociológicas da mu dança e desenvolvimento social quer fossem weberianas marxistas ou evolucionistas No caso da teoria marxista o problema talvez pu desse ser resolvido invocandose a idéia de contradições estruturais Godelier 1966 mas a tendência geral do pensamento estru turalista era questionar o valor das explicações históricas e considerálas construções ideológi cas mais ou menos arbitrárias Goldmann 1970 contudo descreveu em linhas gerais um estruturalismo genético e sustentou que des se ponto de vista as estruturas que constituem o comportamento humano não são fatos univer salmente dados mas fenômenos resultantes de uma gênese passada cuja transformação prenuncia uma evolução futura ver também Piaget 1968 A terceira questão importante que coincide em parte com as outras duas diz respeito à natureza geral da explicação sociológica e em particular à noção de CAUSALIDADE na vida social Existe nesse caso uma clara divisão entre os adeptos da explicação causal em for mas positivistas ou realistas ver POSITIVISMO REALISMO os comprometidos com uma expli Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 736 sociologia cação em termos de estados finais funcionalis mo e os que distinguindo com nitidez entre ciências naturais e ciências sociais rejeitam a idéia de uma explicação causal dos processos sociais em favor de interpretações do significa do da ação humana ver HERMENÊUTICA Todos os principais sociólogos têm se debruçado so bre essa questão Marx em cuja obra alguns discerniram um positivismo latente Well mer 1969 outros um método realista ou dia lético ver DIALÉTICA ou fenomenológico We ber cuja visão complexa da natureza da socio logia justapôs a explicação causal e a com preensão do significado sendo ambas neces sárias para o pleno entendimento da vida social e Durskheim que defendeu a explicação causal e a funcional embora a última predominasse em seus estudos Apesar desses problemas e discordâncias fundamentais a sociologia tem tido uma in fluência profunda no pensamento social moder no com efeito em parte por causa dessa preo cupação com a natureza e os primeiros princí pios de uma ciência social ela tornouse um ponto focal para debates que se não resolveram os problemas elucidaram indubitavelmente de muitas maneiras as dificuldades específicas da generalização e explicação no domínio dos eventos e processos sociais Outhwaite 1987 Mas o pensamento sociológico também tem sido influente em outros aspectos ao incutir em disciplinas mais especializadas uma percepção do contexto social mais amplo Muitos dos estudos sociológicos mais interessantes foram realizados em conjunto com outras disciplinas por exemplo na sociologia econômica em que uma antiga tradição de economia política foi revivida e investigações como as de Weber 1921 e Schumpeter 1942 foram reavaliadas como ponto de partida para novos estudos na sociologia política em que as descrições de instituições políticas formais foram gran demente ampliadas por estudos de partidos eleições grupos de pressão e movimentos so ciais assim como por análises de conceitos como democracia burocracia e cidadania na considerável expansão da pesquisa em história social concebida em alguns acasos como uma história de estruturas sociais Burke 1980 e em numerosos estudos de desenvolvimento do Terceiro Mundo nos quais sociólogos antropó logos economistas e cientistas políticos parti ciparam e por vezes cooperaram Em outro domínio a sociologia também teve algum im pacto sobre a POLÍTICA SOCIAL e econômica do pósguerra através da pesquisa sobre o desen volvimento do estado de bemestar em países industriais Marshall 1970 e subseqüente mente em países recémindependentes em pro cesso de industrialização e sobre a natureza dos problemas sociais e a eficácia das medidas para enfrentálos Wootton 1959 Merton e Nisbert 1961 As realizações da sociologia nessas dife rentes esferas são reais e substanciais ao am pliarem a gama de conhecimentos sistematica mente ordenados da vida social e ao proporcio narem em certa medida uma base empírica e racional para a formulação de políticas públi cas Não obstante há um profundo desconten tamento com as contínuas divisões e fragmen tações no seio de uma disciplina que parece espraiarse à vontade em um vasto campo des de a filosofia da ciência até a detalhadíssima investigação microscópica de alguma forma bizarra de atividade humana que pode elucidar ou não a condição humana geral É questão em aberto se acabará por surgir finalmente uma disciplina mais unificada e intelectualmente coerente satisfazendo parte da esperança e pro messa originais de uma só ciência paradigmá tica da sociedade ou se a crescente especia lização será acompanhada de nova proliferação de modelos e disputas intensificadas entre os proponentes de teorias alternativas Para o fu turo previsível a segunda alternativa parece mais provável mas as conseqüências não de vem em absoluto ser deploradas a controvér sia ajudará pelo menos a assegurar que a so ciologia continua sendo uma disciplina viva e crítica não uma celebração do status quo e que novas idéias surgirão as quais terão um impac to revigorante sobre o pensamento social e so bre as formas de vida social Ver também EDUCAÇÃO E TEORIA SOCIAL HIN DUÍSMO E TEORIA SOCIAL HINDU CRISTÃ TEORIA SOCIAL Leitura sugerida Abercrombie N Hill S e Turner BS orgs 1984 The Penguin Dictionary of Sociology Aron Raymond 1965 1968 Main Currents in Socio logical Thought 2 vols Bottomore Tom e Nisbet Robert orgs 1978 A History of Sociological Analysis Giddens A 1971 Capitalism and Modern Social Theory Nisbet Robert 1966 1967 The Sociological Tradition TOM BOTTOMORE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia 737 sociologia comparada O adjetivo compa radocomparada tem sido acrescentado a quase todas as ciências sociais ou campos es treitamente afins antropologia estudo de ci vilizações história direito lingüística política psicologia sociologia Entretanto ele sempre desempenhou um papel secundário dentro da organização do conhecimento O que não deixa de ser motivo de surpresa Existe uma razão simples freqüentemente observada Toda a pesquisa social envolve ne cessariamente uma comparação entre casos de algumas variáveis explícita ou implicitamente Por conseguinte toda pesquisa social é compa rada o que torna o adjetivo redundante Entre tanto apesar desse óbvio truísmo vários inte lectuais têm repetidamente defendido o uso do método comparativo em pesquisa social Mas sempre que grupos de intelectuais pareciam coligarse para apoiar o método comparativo em determinados campos de trabalho acaba ram por abandonar algum tempo depois o termo comparado com o argumento de que sua obra realmente era em certo sentido uma contribuição para a teorização geral sobre este ou aquele campo A explicação dessa aparente anomalia é que o conceito de pesquisa social comparada como subcampo especial não é intrínseco à lógica das ciências sociais mas constitui um recurso heu rístico para superar problemas organizacionais no âmbito das ciências sociais A sociologia comparada assim como a antropologia compa rada etc tende a se referir ao estudo das dife renças em estruturas e processos entre unidades de macronível como quer que sejam definidas Em outras palavras quando certos intelectuais ficam desconfiados de hipóteses baseadas em trabalhos empíricos usando como fundamento que o locus desses trabalhos empíricos seria uma zona espaçocultural específica freqüen temente afirmam que observar as relações de x e y nos contextos de unidades macro a e b forneceria provas sobre se a correlação perce bida de x e y é de fato universal ou se é específica para a unidade macro na qual foi originalmente observada Isso convertese em um apelo a comparar as unidades macro O problema organizacional que a demanda periódica por estudos comparativos reflete con siste no fato de a maioria das pesquisas sociais empíricas entre meados do século XIX e mea dos do século XX com por certo algumas notáveis e freqüentemente citadas exceções ter sido realizada no âmbito de uma única unidade macro Os que trabalharam nas chama das disciplinas nomotéticas ciência econô mica sociologia ciência política direito mostraramse propensos a efetuar seu trabalho empírico dentro das fronteiras de seu próprio país Isso foi justificado em grande parte sob a alegação do universalismo As relações de variáveis se sustentariam universalmente e portanto não seria urgente variar os locais onde elas eram coletadas Na prática esses locais resumiamse a alguns países da Europa Ociden tal e aos Estados Unidos De tempos em tempos céticos defendiam o estudo comparativo desses países Os intelectuais que se intitulavam historia dores tendiam a realizar seu trabalho nesses mesmos países e nos seus próprios Isso era justificado porém com a alegação oposta de particularismo Uma vez que cada situação his tórica era particular e complexa seu estudo exigia devoção total por parte do intelectual que procedia com extrema proficiência para obter os necessários conhecimentos sobre um país e dificilmente se mostrava capaz de domi nar o estudo de dois países Evidentemente alguns intelectuais estudaram a história de paí ses que não eram os deles como no caso de um investigador inglês da história alemã mas nes ses casos a tendência era de restringirem seu trabalho unicamente a esse outro país As con vocações a uma história comparada como as feitas por Marc Bloch caíam em ouvidos ainda mais surdos do que os apelos em prol da so ciologia comparada Os intelectuais que eram orientalistas foram igualmente envolvidos pela crença no particu larismo o que lhes tornava difícil adquirir de forma proficiente uma sabedoria que superasse os limites desse particularismo e os fazia resis tentes portanto ao estudo comparado de civi lizações Houve sem dúvida ousadias tanto por parte de intrusos como Max Weber quan to dos que estavam por dentro como Max Müller sobretudo na comparação de religiões mundiais mas a maioria dos orientalistas limi touse à esfera de sua competência e não se atreveu a ir além dela Os antropólogos eram os mais afetados por essa questão Na medida em que eram impeli dos em uma direção etnográfica ou seja ideo gráfica tendiam a se especializar em uma tri Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 738 sociologia comparada bo pelas mesmas razões pelas quais os his toriadores se especializavam em uma nação ocidental as dificuldades em adquirir um sa ber profundo em termos universais Mas na medida em que alimentavam pretensões nomo téticas não podiam dar o salto lógico de um economista que usa dados extraídos do seu próprio país ocidental e os considera repre sentativos de uma boa amostra do universo Os antropólogos só podiam validar suas pretensões nomotéticas através do que se passou a designar como estudos transculturais É impressionante porém como esse gênero de comparação de unidades do nível macro era raro antes de meados do século XX A era pós1945 veio a fornecer contudo um impor tante estímulo aos trabalhos comparativos so bretudo em sociologia e ciência política A cau sa foi o ingresso na consciência pública e na percepção esclarecida dos intelectuais do que passou a ser chamado de Terceiro Mundo Uma resposta institucional foi o crescimento de es tudos de área o que levou no mínimo ao estudo comparativo de diferentes países na mesma área como a América Latina o Oriente Médio e no máximo ao estudo comparativo de novas nações Depois do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética em 1956 o processo subseqüente de desestalinização no que fora anteriormente considerado nos países ocidentais um bloco monolítico redundou no estudo comparado do comunismo A maior parte desse trabalho foi realizado dentro do quadro de referência da teoria da MODERNIZA ÇÃO a qual pressupunha estágios paralelos de desenvolvimento para estadosnações e por conseguinte a possibilidade de uma compara ção sistemática Na era pós1968 a teoria da modernização entrou em eclipse como parte do abalo geral sofrido pela legitimidade do que tinha sido a corrente principal da ciência social na era pós 1945 Uma das maiores críticas desfechadas contra a teoria da modernização foi a de que ela era ahistórica A década de 70 assistiu em conseqüência a um considerável florescimento da sociologia histórica Entretanto como es sa obra pretendia ser sociologia e não mera mente histórica sua concepção nada tinha de ideográfica Assim implicitamente e com mui ta freqüência em termos francamente explíci tos a obra histórica era ao mesmo tempo comparativa Com efeito no âmbito da so ciologia os dois termos eram freqüentemente combinados na década de 80 como sociolo gia histórica comparada Assim a sociologia comparada sempre re presentou simultaneamente um certo número de vetores antietnocentrismo ver também SIS TEMAMUNDO interesse nos níveis macro e em estruturas complexas logo interesse no detalhe histórico A sociologia comparada não é um campo mas uma crítica de tudo o que parece estreito e reducionista em sociologia O desapa recimento do termo significará ou o grande sucesso ou o grande fracasso dessa crítica IMMANUEL WALLERSTEIN sociologia da arte Constitui a tentativa de entendimento da produção e consumo de arte como o efeito reflexo ou representação de um processo social geral Sem ser uma disciplina claramente definida ou ter uma metodologia unitária a sociologia da arte é vista de prefe rência como instrumento de certo número de disciplinas e áreas de investigação entre as quais está dispersa Nelas se incluem a his toriografia e a história da arte a antropologia social e o estudo de subculturas o estudo his tórico e sociológico de classes e grupos sociais a SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO a lingüística e a crítica de arte Embora essas ligações possam ser consideradas controversas Wolff 1981 a sociologia e a história da arte praticadas como forma de história social serão aqui agrupadas Com efeito um dos pioneiros indiscutíveis de ambas Pierre Francastel reuniuas na década de 40 Ele também argumentou Francastel 1965 p16 que o tema em si mesmo é carac terístico do período moderno do pensamento historicista autoconsciente e não teria um de senvolvimento muito além do que cumpria a uma função de valores exaustos A expressão sociologia da arte articula dois termos com histórias completamente dis tintas Se a palavra sociologia surgiu no sé culo passado como o nome para vários métodos de investigação da sociedade humana arte pelo contrário é usada desde a Antigüidade No transcurso de todo esse período designou ou qualificou vasta gama de fenômenos desde as habilidades práticas conceituais ou eróticas até a pintura de cavalete desde a arte de galeria até o estilo de vida A definição moderna de arte que o senso comum reconhece estar presente na pintura na escultura na impressão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia da arte 739 etc aceita a arte como sendo uma forma não artesanal de produção que combina a arte ma nual com o valor ético e estético e é realizada por um tipo especialmente dotado de pessoa Wittkower e Wittkower 1963 Essa categoria arte tal como consolidada e reproduzida através das práticas dos enten didos connoisseurs curadores e historiadores de arte entre outros funciona retrospectiva mente Agrupa para venda exibição ou crítica formal materiais de origens que são temporal geográfica ou socialmente díspares e descontí nuas Importantes museus galerias nacionais ou coleções do tipo configurado no século pas sado ou desde então como o Louvre em Paris incluem na rubrica de arte muitos objetos que não eram reconhecidos como tais na época ou lugar de sua produção Por implicação portan to a sociologia da arte é passível de estar lidan do com um objeto de conhecimento que neces sita ser constantemente problematizado à luz de uma série complexa de especificidades histó ricas Tal sociologia tende em princípio a se opor à aceitação de um ideal kantiano de arte como o objeto de qualquer julgamento estético desinteressado e categórico assim como está mais comprometida em explicar do que em concordar com a idéia de transcendência das condições sociais por parte da criatividade e personalidade artísticas Ambas devem ser vis tas como manifestações específicas do social sendo por esse motivo que nas palavras de Pierre Bourdieu 1980 p207 a sociologia e a arte não combinam muito bem É proveitoso portanto pensar em termos de uma linha de desenvolvimento que leva das reflexões de Marx e Engels 18456 sobre a economia política da cultura até a crítica de Bourdieu do julgamento kantiano à descons trução feminista da criatividade como categoria historicamente engendrada ou a rejeição pós colonial dos valores artísticos ocidentais Bourdieu 1979 Nochlin 1989 Pollock 1988 Said 1978 Tickner 1988 Um impor tante aspecto da sociologia da arte tem sido o seu relacionamento antagônico com o que ela considera uma ESTÉTICA conservadora quer se ja articulada através do racionalismo filosófico ou das exigências do mercado de arte Traba lhando a partir de um complexo e altamente diferenciado terreno político a sociologia da arte está empenhada em mostrar que a arte como categoria é sempre e de muitas maneiras superdeterminada Ao mesmo tempo continuou a estar interessada no problema ou a reservar o problema da especificidade da arte e das ques tões que isso apresenta para qualquer explica ção totalizadora dos significados da arte Wolff 1981 Francastel 1965 Duvignaud 1967 Ra phael 1968 O caráter fraturado do objeto é ainda mais enfatizado se for admitido que a arte inclui MÚSICA e LITERATURA Ora considerase que a base paradigmática para a sociologia da arte é inseparável da problemática mais geral de co mo teorizar o conjunto das modernas formas culturais Os comentários e teorias sobre a mo derna formação cultural desde o poeta Charles Baudelaire no século XIX até os escritos de Kracauer 1937 Bloch 1985 e Adorno 1963 têm focalizado a forma musical como um modelo de discurso artístico A obra de Lukács 1970 e Goldmann 1967 forneceu métodos para a estruturação e a análise contex tual da literatura de que a sociologia da arte derivou muitos dos seus princípios básicos As sim um historiador da arte como TJ Clark 1973 que em sua influente obra sobre Manet e Courbet colocou a teoria crítica como priori dade no programa da história da arte baseiase em um campo teórico em que as artes visuais têm sido amplamente marginais A concepção de arte é também estratifica da por noções tais como arte popular arte para o povo arte tradicional ou arte étnica para não mencionar a arte política ou a arte feminina Entender todas ou quaisquer dessas artes e as relações entre elas pode exigir uma variedade de métodos de investigação que com binaria a etnologia a psicologia ou a psicanálise com diferentes aspectos do método sociológi co A arte como elemento ritual no trabalho de campo ou práticas religiosas de longue du rée na obra de historiadores sociais é um objeto de análise diferente da arte que forma o ponto de acesso aos valores sociais ou de exclusão deles na sociologia de grupo de Bourdieu 1979 e Moulin 1967 Com efeito é bastante difícil conceber uma forma artística tradicional como o exvoto uma imagem oferecida como prova de gratidão do século XVIII na França Cousin 1980 como pertencente à mesma formação cultural que a arte de salon sua con temporânea já para não pensar nela nos mes mos termos que a pintura moderna de vanguar da De modo significativo porém devemos Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 740 sociologia da arte supor que o estudo sociológico de qualquer dessas formas tratará o valor estético como parte do sistema de crenças que enquadra a obra individual Na obra dos historiadores sociais da arte Antal 1948 e Klingender 1968 entender a arte exigiu uma radical e sutil diferenciação de público mecenato e condições de produção para diferentes obras ou tipos de arte Floren tine Painting de Antal e Art and the Industrial Revolution de Klingender indicam tanto uma nova forma de história social quanto uma his tória da arte uma em que a arte desempenha um papel mais de significante do que de ilus tração As práticas artísticas na Florença do século XIV ou na GrãBretanha do século XIX tornaramse prova primordial de processos de formação e representação social Com Baxandall 1980 em sua obra sobre a escultura alemã do século XV até a função de autor passa a ser vista como um efeito das complexas e irregulares condições de produção e do conflito de interesses entre artista e cliente a que elas deram origem O escultor assina a obra para estabelecer a sua posição em uma relação desigual com o cliente que é quem detém os meios de produção A assinatura sig nifica mais uma tentativa de apropriação de poder do que o locus de criatividade A obra de Baxandall aponta assim as formas como as proposições teóricas de Foucault 1969 podem ser repensadas através de um processo histórico a longo prazo Mas também indica que a crítica histórica e sociológica da idéia do artista requer uma variedade de técnicas de inves tigação cuidadosamente inflectidas Um escul tor quatrocentista não pode ser enquadrado nos mesmos termos que um gênio louco do final do século XIX como Vincent van Gogh Mes mo que ambos venham a ser inseridos em um sistema moderno de crenças acerca da arte as especificidades de suas respectivas histórias assim como as desse mesmo sistema precisam ser cuidadosamente diferençadas Também se pode afirmar que um interesse amplamente sociológico pela arte precedeu o aparecimento da palavra sociologia e da mo derna idéia do artista Essa préhistória pode ser exemplificada nas discussões da Academia Real francesa onde era comum no século XVIII explicar a supremacia da antiga arte grega pela representação de Atenas como uma sociedade saudável e próspera Argumentos acadêmicos que recorriam a categorias extraes téticas como o clima a coesão da ordem social e a sabedoria do mecenato para explicar e definir a qualidade artística floresceram a par do relativismo e do materialismo culturais em Montesquieu ou Diderot No final do século o apologista teocrático Louis de Bonald também pôde apontar uma explicação da mudança artís tica que era por seu turno apropriada como justificação de uma necessidade de continui dade social Reedy 1986 Na década de 1840 quando a idéia do artista individual expressivo estava prestes a se tornar corrente cada obra de arte passou a ser inter pretada como socialmente sintomática quer co mo redenção quer como crítica Proudhon com Du principe de lart et de sa destination sociale 1865 destacouse como construtor de uma história da arte moderna em que a sua interpretação da obra de artistas como Jacques Louis David e Gustave Courbet articulou uma teoria social e política geral Em meados do século na França e na GrãBretanha podiam ser comumente lidas histórias da arte críticas de arte ou ensaios sobre arte popular assim como discussões em torno do progresso indus trial ou das Exposições Universais que desen volveram algum sistema de referência social na compreensão da arte como sinal do seu tempo É discutível que um conceito de arte como inerentemente social estivesse com efeito lar gamente difundido por volta da década de 1850 Não representam as próprias artes as tradições históricas a vida real dos povos Cumpre destacar porém que muitos textos que explicam a arte em termos sociológicos de modo geral não têm a elaboração de uma so ciologia da arte como objetivo primordial ou mesmo consciente Assim a obra de Champ fleury 1869 sobre a arte popular francesa ou a de Wagner 1849 sobre as origens do sentimen to e da expressão artísticos gravitam em torno do problema de definição de uma CULTURA na cional A preocupação com a arte como parte da formação da consciência nacional surge uma vez mais de ambos os lados do campo político nas décadas de 20 e 30 deste século Na Itália Gramsci 1985 entendeu o consumo popular de novelas de mistério e de ópera como in dicativo de uma fraqueza na formação da classe proletária enquanto que na Alemanha a idéia de arte moderna foi elaborada como sintoma de decadência Em qualquer ponto do seu desen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia da arte 741 volvimento a sociologia da arte é sobredeter minada por uma variedade de discursos a res peito da sociabilidade da arte De modo geral entendese que uma socio logia da arte potencialmente sistemática é apre sentada nos escritos de Marx e Engels assim como nas histórias da arte e da literatura de Hyppolite Taine Embora Taine conquistasse a notoriedade com sua fórmula determinística ambiente raça e momento Taine 1853 e seus ecos do século anterior sua influência na sociologia profissional ou na história social foi menos significativa que a do marxismo Em A ideologia alemã Marx e Engels procuram ex plicar o poder e a significação de um artista do Renascimento como Rafael em função de um complexo processo histórico que por si mesmo possibilitaria a sua pintura Rafael tanto quanto qualquer outro artista era deter minado pelos avanços técnicos feitos na arte antes dele pela organização da sociedade e pela divisão do trabalho em sua localidade e finalmente pela divi são do trabalho em todos os países com os quais a sua localidade tinha relações mútuas Marx e Engels estavam aí argumentando contra a idéia de um indivíduo único tal como propusera Max Stirner mas ao fazêlo começaram a organizar em detalhes um quadro de referência composto de relações sociais e econômicas que formam parte das estruturas conceituais da sociologia da arte até o nosso próprio tempo Também tentaram definir a arte como es pecífica para o seu modo de produção apontan do o surto de vendas da imprensa capitalista das décadas de 1830 e 1840 como a condição para o aparecimento do folhetim Em Teorias da maisvalia em que essa análise é desenvolvida eles expuseram mais dois parâmetros duradou ros Um deles é a preocupação com o artista como um tipo particular de operário que é essencialmente um trabalhador improduti vo O outro é a preocupação com a conversão da própria arte em mercadoria e a sua transfor mação pelo capitalismo do seu anterior status histórico em nada mais que um item de valor de troca quer essa noção seja interpretada como monetária ou como ideológica Marx e Engels 1976 Eis aqui uma vez mais um ponto de partida para discussões como as de György Lukács Theodor Adorno Walter Benjamin ou Pierre Bourdieu A sociologia da arte pode aca bar por se encontrar no centro do marxismo do século XX Mas o conceito de alienação ali mentará a disposição de Benjamin para aceitar o popular e a definição de Adorno de arte como necessariamente a negação das forças sociais que a produzem Recentemente na obra de Jacques Rancière a negatividade de Adorno foi usada para reava liar a estética kantiana Se o transcendente e o negativo podem ser lidos através um do outro então o desejo de arte deve ser entendido em função da negação da estrutura social Ran cière 1983 Desse ponto de vista a elaboração de Bourdieu da produção e consumo de arte como a confirmação e reprodução de status social resulta ser um enquadramento totalmente inadequado das complexidades da identidade social a sociologia da arte um empreendimento oco Analogamente os discursos feminista e póscolonial estruturam o social de forma a apontar que boa parte do que foi aceito como uma sociologia adequada e por implicação uma sociologia da arte precisa ser radicalmente repensado A construção da arte como forma de dominação ou como meio de acesso ao valor social é polimorfa e inexaurível sempre cons trangida e continuamente reelaborada em con dições historicamente específicas Em seu ensaio de 1923 On the interpreta tion of Weltanschuung Karl Mannheim deli neou prescientemente essas problemáticas em uma sociologia da cultura in Mannheim 1952 Rejeitando um procedimento redutivo da análise cultural derivado do modelo da ciên cia natural ele tentou demonstrar como um entendimento dos significados objetivo ex pressivo e documental de um objeto cultural levaria a um complexo levantamento das re lações paralelas mas não necessariamente cau sais de uma totalidade sociocultural É sus tentável a tese de que o fluxo e o entrelaçamento de métodos na exposição de Mannheim de um todo cultural requer os mesmos gêneros de habilidade que as análises iconológicas da esco la de Warburgo de História da Arte O estudo de uma pintura de Botticelli Wind 1958 por exemplo requer um conhecimento da sociabi lidade de diferentes níveis e cultura desde os fenômenos banais e cotidianos até os comentá rios humanistas sobre textos clássicos A obra de arte excepcional tornase um ponto no qual formas díspares de conhecimento e prática cul tural encontram uma articulação relativamente total Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 742 sociologia da arte Mas apesar do valor de abordagens que deduzem o significado de uma obra de arte a partir de dados sociais ou induzem a tessitura do social a partir da leitura da obra de arte a noção de objetos culturais como expressivos de uma totalidade ou como fatos sociais totais caiu em descrédito A obra de arte pode perten cer a qualquer um ou a mais de um de uma série de saberes Assim a construção do público para uma pintura pode ser como uma da categoria psicanalítica de voyeur implicada nos modos de escopofilia sem uma consideração primária pela estratificação social Ou pode ser como um grupo social com acesso ao mercado da arte e atento à avaliação do seu próprio prestígio atra vés da compra Dois pintores contemporâneos podem repartir uma posição em uma linguagem histórica comumente aceita de sinais visuais e no entanto pertencer a lugares muito diferentes no desenvolvimento da educação artística e nos sistemas de produção e distribuição A crítica de arte tanto pode ser lida em termos de sua relação com o discurso literário e político quan to em função do seu objeto declarado de aten ção A configuração e o desenvolvimento a futuros da história social e da sociologia da arte dependerão necessariamente do reconhecimen to dessa diversidade bem como dos problemas que ela apresenta Para ser verdadeiramente fecundo o trabalho interdisciplinar pode perfei tamente ter que aceitar que a diferença é mais estruturada do que a totalidade Leitura sugerida Adorno Theodor 1963 Quasi una fantasia Bourdieu Pierre 1979 La distinction Clark TJ 1973 The Absolute Bourgeois Artists and Politics in France 18481851 Duvignaud J 1967 Sociologie de lart Francastel Pierre 1965 Oeuvres II La Réalité figurative éléments structurels de socio logie de lart Hauser Arnold 1959 The Philosophy of Art History Mannheim K 1952 Essays on the Socio logy of Knowledge org por Paul Kecskemeti Marx K e Engels F 184546 1970 The German Ideology Moulin Raymonde 1967 Le marché de la peinture en France Proudhon PJ 1865 Du principe de lart et de sa destination sociale Wolff Janet 1981 The Social Production of Art ADRIAN D ROFKIN sociologia da ciência Este ramo de estudo explora o caráter social da ciência com especial referência à produção social do conhecimento científico ver SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO Na sociedade hodierna o termo ciência pos sui grande potência Ciência não só é mais ou menos equivalente a conhecimento válido mas também se funde com tecnologia ou seja a aplicação útil do conhecimento ver RE VOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA Por conse guinte as pessoas conhecidas como cientis tas são geralmente consideradas fornecedoras de um gênero superior de saber que representa o mundo real com um grau de precisão e confia bilidade que possibilita o amplo controle sobre os seus processos naturais Em tal contexto ser considerado nãocientífico é no domínio das idéias ser tachado de intelectualmente inepto e também de irrelevante para o mundo superior dos assuntos práticos A própria sociologia sur giu e se desenvolveu como uma pequena parte do movimento científico na sociedade moder na Apesar de muitas reservas e diferenças de opinião entre seus praticantes a sociologia ado tou geralmente a concepção de conhecimento que passou a estar associada às ciências físicas e biológicas avançadas Por conseguinte a sociologia da ciência tem necessariamente um elemento autoreferencial isto é a prática da sociologia inserese no seu campo de ação e as suas conclusões gerais a respeito do processo social de produção de conhecimento devem ser acolhidas como aplicáveis também à sociolo gia A sociologia da ciência é portanto uma área crítica de análise não só por lidar com a forma dominante de conhecimento em nossa sociedade mas também porque as suas desco bertas podem ter importantes implicações para a sua própria disciplina e para outros domínios de investigação social Durante as duas últimas décadas os sociólo gos têm examinado com profundidade cada vez maior a produção e aplicação social do co nhecimento científico Concentraramse ini cialmente nas ciências físicas mais avançadas como a física e a radioastronomia Depois se prestou muita atenção às ciências biológicas Essas disciplinas inequivocamente científicas foram escolhidas para estudo em parte porque pareciam ser as menos acessíveis a uma análise sociológica plenamente desenvolvida Desde longa data se aceita é claro que muitos as pectos da ciência são de caráter obviamente social por exemplo sua forma de organização seus padrões de comunicação sua hierarquia interna e sua atribuição de recompensas simbó licas com sua ênfase no compromisso coletivo dos cientistas em relação a determinados qua dros de referência intelectuais Mas a própria Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia da ciência 743 aceitação pelos sociólogos da crença de que a ciência é uma forma privilegiada de conhe cimento levounos a excluir os produtos inte lectuais da ciência de suas investigações Quan do os sociólogos aceitaram finalmente o desafio de tentar fazer uma análise sociológica do con teúdo do saber científico pareceu aconselhável começar pelos que pareciam ser os casos mais difíceis Pois se as ciências mais avançadas provassem admitila todas as outras disciplinas as seguiriam automaticamente A análise sociológica do conhecimento ci entífico recebeu grande parte do seu impulso inicial de fora da disciplina A tese histórica de Thomas Kuhn 1962 a respeito da ocorrência de convulsões revolucionárias na ciência ver Merton 1973 foi especialmente importante para libertar os sociólogos da tradicional supo sição de que o conhecimento científico é em sua maior parte independente de influências sociais A análise de Kuhn habilitou os sociólo gos a considerarem a possibilidade de fornecer uma interpretação social da mudança cognitiva em ciência Além disso do final da década de 60 em diante tem havido uma afluência de investigadores cientificamente treinados que se mostram aptos a enfrentar as grandes exigên cias intelectuais da cultura técnica da ciência Esses migrantes intelectuais contribuíram de forma significativa para a série de estudos deta lhados de áreas específicas da ciência natural concluídos durante a década de 70 usando en trevistas e fontes documentais Esses estudos de casos foram seguidos por uma onda de inves tigações antropológicas sobre as minúcias das práticas laboratoriais dos cientistas baseadas em extensos períodos de observação partici pante Como resultado desse conjunto de pesqui sas o tradicional modelo sociológico de co nhecimento científico e de METODOLOGIA da ciência foi radicalmente revisto Considerouse que o conhecimento científico não derivava da aplicação imparcial de claros critérios técnicos de adequação mas de fatores tais como os recursos retóricos dos praticantes e suas ade sões socialmente negociadas A observação cui dadosa de cientistas trabalhando parecia mos trar que o conhecimento científico não é uma representação objetiva e imparcial de um mun do natural independente mas pelo contrário uma criação ativa e comprometida desse mundo no transcorrer da interação social As conclu sões da ciência são formulações socialmente contingentes que foram consideradas adequa das por grupos específicos em determinadas situações culturais e sociais Na década de 80 tornouse claro que o fra casso anterior em compreender os processos sociais da ciência estava ligado ao uso flexível da linguagem dos cientistas Em ambientes acessíveis ao público os cientistas tendem a usar formas de discurso que descrevem suas ações e crenças como um veículo neutro através do qual as realidades do mundo são evidencia das Em contextos mais privados contudo os quais só recentemente se tornaram visíveis eles empregam com muita freqüência repertórios que lhes permitem fornecer descrições muito mais social e pessoalmente contingentes das atividades da ciência Nestes últimos anos al guns atores têm tentado examinar as impli cações de tais descobrimentos para a prática textual da sociologia Sustentam que os textos unívocos das ciências sociais modelados nas formas convencionais da literatura científica são inadequados para expressar a diversidade interpretativa do mundo social Afirmam que a linguagem unitária da análise sociológica enco bre a contingência social e a dependência con textual de suas próprias representações do mun do e que essa espécie de subterfúgio textual é imprópria em uma disciplina comprometida com uma perspectiva totalmente sociológica Começaram a criar agora formatos novos mul tivocais que se propõem dar maior voz à mul tiplicidade interpretativa do mundo social e colocar os sociólogos em diálogo ativo com seus objetos de estudo Essa nova forma de análise é uma tentativa de descobrir uma lin guagem alternativa com que escapar às res trições da Weltanschauung dominante da ciên cia em nossas abordagens do domínio social Leitura sugerida Ashmore M 1989 The Reflexive Thesis Wrighting the Sociology of Scientific Know ledge KnorrCetina KD 1981 The Manufacture of Knowledge an Essay on the Constructivist and Contex tual Nature of Science Latour Bruno 1987 Science in Action Mulkay M 1985 The Word and the World Explorations in the Form of Sociological Analysis Woolgar S org 1988 Knowledge and Reflexivity New Frontiers in the Sociology of Knowledge MICHAEL MULKAY sociologia do conhecimento A natureza do conhecimento tem sido um problema central da filosofia desde pelo menos os tempos greco Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 744 sociologia do conhecimento romanos Platão por exemplo no Teeteto adota uma abordagem científica do conhecimento e da cognição e sua ontologia dualística assenta em bases epistemológicas Os filósofos dos Ilu minismos francês e escocês reconheceram por sua vez que todas as diferenças sociais tinham origens sociais e eram pois o resultado de fatores submetidos ao controle humano Sa biam que uma vasta gama de fatores sociais econômicos e políticos dava forma à gênese estrutura e conteúdo da consciência humana antecipando assim uma das principais propo sições da sociologia do conhecimento propria mente dita De modo geral porém os filósofos procu raram antes demonstrar que uma sociologia do conhecimento não era possível nem desejável Assim Kant sustentou que embora não possa existir percepção sem concepção os compo nentes constitutivos da cognição permanecem a priori Analogamente empiristas de várias persuasões afirmaram que o conhecimento científico é justificado pela experiência direta não afetada por condições sociais No máximo esses filósofos concedem que fatores extrateó ricos influenciam a gênese das idéias mas não a estrutura e o conteúdo do pensamento Sob ou tros aspectos filosofias do pensamento muito diferentes compartilharam uma rejeição fre qüentemente explícita do RELATIVISMO socioló gico e tentaram superar dúvidas colocando o conhecimento em uma base sólida mesmo que se situe fora do domínio da experiência sócio histórica A sociologia do conhecimento em contras te investiga as interligações entre categorias de pensamento reivindicações do conhecimento e realidade social a Seinsverbundenheit soli dariedade existencial do pensamento Karl Mannheim Marx foi um significativo precur sor do campo com a sua teoria de que pelo menos em certas condições históricas as reali dades econômicas determinam em última ins tância a superestrutura ideológica por meio de vários processos sócioeconômicos Essa concepção continua sendo uma questão central na sociologia do conhecimento e inspirou di retamente algumas análises exemplares de pro blemas de produção cultural por exemplo nas obras de György Lukács Émile Durkheim é também um importante pioneiro da sociologia do conhecimento embo ra não desenvolvesse um modelo geral do pro cesso classificatório Sustentou ele especial mente em Les formes élémentaires de la vie réligieuse 1912 e em De quelques formes primitives de classification 1903 com Marcel Mauss que as categorias básicas que ordenam a percepção e a experiência espaço tempo causalidade direção derivam da estrutura so cial pelo menos em sociedades mais simples Durkheim Mauss e também Lucien Lévy Bruhl examinaram as formas de classificação lógica de sociedades primitivas e concluíram que as categorias básicas da cognição têm ori gens sociais Mas não estavam preparados para estender esse gênero de análise a sociedades mais complexas Seus pressupostos básicos fo ram maciçamente criticados mas muitos traba lhos sociológicos continuam adotando como ponto de partida a proposição durkheimiana de que a classificação de coisas reproduz a clas sificação de pessoas A sociologia do conhecimento deve o seu desenvolvimento decisivo à obra de Max Sche ler e Karl Mannheim na década de 20 Isso pode ser interpretado como a expressão intelectual sintomática de uma época de crise e o reco nhecimento de sua própria radicação na es trutura social e de sua determinação por fatores sociais talvez seja o seu traço mais caracterís tico O estado de espírito das ciências sociais e históricas na Alemanha durante o período em que a sociologia do conhecimento se desenvol veu naquele país pode ser descrito como de consciência trágica A visão de Georg Sim mel da tragédia da cultura assim como a asserção de Max Weber de que um inevitável processo de racionalização leva ao desencanto do mundo e a novas formas de servidão cons tituem expressões sintomáticas de um período em que historiadores filósofos e em especial cientistas sociais discutiram intensamente a respeito de questões suscitadas pelo historicis mo pelo relativismo pelo ceticismo filosófico e pela profunda desconfiança do Geist É nesse período que a sociologia do co nhecimento surge como análise das regulari dades dos processos e estruturas sociais que pertencem à vida intelectual e aos modos de conhecimento Scheler e como teoria da so lidariedade existencial do pensamento Man nheim Ambas as orientações distanciamse da crítica marxista da ideologia a qual vê as ideo logias como representações mistificadoras da realidade social e como disfarces dos interesses Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia do conhecimento 745 de grupos poderosos na sociedade A sociologia do conhecimento em contraste interessase pe las estruturas intelectuais e espirituais como inevitavelmente formadas de modo diferente em ambientes sociais e históricos distintos Mannheim Foi Max Scheler quem usou pela primeira vez o termo Wissenssoziologie sociologia do conhecimento no começo da década de 20 e em Problemas de uma sociologia do conhe cimento 1926 forneceu uma primeira apre sentação sistemática Ampliou a noção marxis ta de infraestrutura ver BASE E SUPERESTRU TURA mediante a identificação de diferentes fatores reais Realfaktoren que acreditava ele condicionam o pensamento em diferentes períodos históricos e em vários sistemas sociais e culturais de modo específico Esses fatores reais foram por vezes vistos como forças instintivas institucionalizadas e como represen tando um conceito ahistórico de infraestru tura A insistência de Scheler na existência de um domínio de valores e idéias eternos limita a utilidade da sua noção de fatores reais para a explicação da mudança social e cultural Foi Karl Mannheim quem forneceu a mais elaborada e ambiciosa base programática para uma análise sociológica da cognição Tal como Scheler ele ampliou o conceito de infraes trutura sugerindo que fatores biológicos ele mentos psicológicos e fenômenos espirituais poderiam tomar o lugar de relações econômicas primárias na infraestrutura mas justamente como a teoria dominante da ciência não pensou que o conhecimento científico e técnico pudes se estar sujeito à análise sociológica Conduziu pesquisas sobre as condições sociais associadas a diferentes formas de conhecimento e alguns dos seus estudos ainda são considerados exem plos de primeira categoria do gênero de análise de que é capaz a sociologia do conhecimento Além de Ideologia e utopia 1929 ed brasilei ra 1967 cumpre incluir ainda os seus estudos da competição como forma cultural do pensa mento conservador do problema das gerações e da ambição econômica Mannheim acreditava que a sociologia do conhecimento estava destinada a desempenhar importante papel na vida intelectual e política sobretudo em uma época de crise dissolução e conflito mediante um exame sociológico das condições que deram origem a idéias filosofias políticas ideologias e diversos produtos cultu rais concorrentes Explorou de modo persis tente a idéia de que a sociologia do conhe cimento é de qualquer forma central a toda estratégia que pretenda criar uma aproximação entre política e razão e essa busca é o denomi nador comum que liga os seus vários ensaios na sociologia do conhecimento Mannheim acre ditava plenamente que tal sociologia exerce um importante efeito transformador sobre os seus praticantes a sociologia do conhecimento con voca os intelectuais a cumprirem sua vocação maior que é a realização de síntese Muda o relacionamento deles com as partes conflitantes na sociedade na medida em que lhes propicia distanciamento e visão de conjunto Mas a con cepção de Mannheim dos modos específicos como tal sociologia poderia afetar o estado de conhecimento político flutuou e mudou Exis tem três versões principais 1 A sociologia do conhecimento como um modo pedagógico mas também políti co de enfrentar as outras forças que compõem o mundo político e agir sobre elas 2 A sociologia do conhecimento como instrumento de esclarecimento relacio nado com o processo dual de RACIONA LIZAÇÃO e individuação identificado por Max Weber e comparável à psicanálise age para emancipar homens e mulheres a fim de que realizem escolhas racionais e responsáveis libertandoos da subser viência a forças ocultas que eles não podem controlar 3 A sociologia do conhecimento como ar ma contra os mitos predominantes e co mo método para eliminar inclinações da ciência social para que ela possa domi nar os problemas públicos fundamentais da época e guiar uma conduta política apropriada A sociologia do conhecimento passou re centemente por uma reorientação na direção de uma análise da vida cotidiana e do conheci mento científico e técnico natural ambas negli genciadas pela sociologia clássica do conhe cimento A construção social da realidade 1966 de Peter Berger e Thomas Luckmann escrito na tradição da FENOMENOLOGIA de Alfred Schutz e da antropologia filosófica de Arnold Gehlen representa um claro afastamento da preocupação da sociologia clássica do conhe Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 746 sociologia do conhecimento cimento com questões de epistemologia e me todologia Tudo o que é considerado conheci mento na sociedade é agora aceito como legíti mo objeto de estudo para investigação socioló gica Inspirada por desenvolvimentos na história da ciência a sociologia do conhecimento enca minhouse também na direção de análises em píricas da construção social de fatos científicos freqüentemente por meio de estudos etnográfi cos de vida de laboratório Tal pesquisa sobre a manufatura do conhecimento naturalcientí fico levou a uma reavaliação de pressupostos tradicionais acerca da racionalidade ímpar do conhecimento científico Visto através das len tes do programa forte da sociologia do co nhecimento o conhecimento científico e o co nhecimento cotidiano são de fato extraordina riamente semelhantes em certos aspectos ver SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA Não há a menor dúvida de que o conheci mento sempre desempenhou um papel signifi cativo na vida humana A ação humana em maior ou menor grau sempre foi orientada pelo conhecimento O poder por exemplo nunca foi exclusivamente baseado na força física bruta mas também com freqüência nas vantagens decorrentes do saber Hoje porém o conheci mento está adquirindo um significado maior do que nunca As sociedades industriais avançadas podem ser até consideradas sociedades do co nhecimento A completa cientifização de todas as esferas da vida e da ação humanas a trans formação das estruturas tradicionais de domi nação e da economia assim como o crescente impacto e influência de especialistas tudo isso é indicação do rápido incremento do papel do conhecimento na organização das sociedades modernas Leitura sugerida Berger PL e Luckmann Thomas 1966 The Social Construction of Reality Latour Bru no e Woolgar Steve 1979 Laboratory Life Man nheim K 1929 1936 Ideology and Utopia Meja Volker e Stehr Nico orgs 1990 Knowledge and Poli tics the Sociology of Knowledge Dispute Stehr Nico e Meja Volker orgs 1984 Society and Knowledge Contemporary Perspectives in the Sociology of Know ledge Woolgar S org 1988 Knowledge and Reflexi vity New Frontiers in the Sociology of Knowledge VOLKER MEJA e NICO STEHR sociologia do corpo Em um breve artigo so bre jeans Umberto Eco demonstra a dialética entre profundidade e superfície que dita es sencialmente o estilo de vida em um dado mo mento da história Resumindo o seu argumento usado como um tipo de armadura o vestuário influencia o comportamento logo a morali dade externa da civilização Eco 1983 Além disso os exemplos que ele cita mostram que a moralidade per se por outras palavras os costumes é determinada pelo modo como o corpo se cobre Detenhamonos em dois aspectos impor tantes da análise de Eco a autoconsciência epidérmica por um lado ver também IDENTI DADE e o conceito do corpo como máquina de comunicação por outro Não é este o lugar adequado para aprofundar o papel crucial que Eco atribui ao fator de agregação ou seja o modo como diversos tipos de uniformes vieram a ser adotados por pessoas que vivem em uma civilização urbana O que é certo é que a es trutura antropológica constituída pelo corpo é causa e efeito da intensificação da atividade social A preocupação com a imagem do corpo que se expressa na moda na modelação corporal etc não é simplesmente um exibicionismo gra tuito ou superficial mas faz parte de um vasto jogo simbólico e expressa os modos como po demos tocarnos mutuamente formar relações e socializar isto é criar sociedade É essa a lição que a sociologia do corpo extrai da moda no vestuário e das várias maneiras de dotar o corpo de valor e significação Em conjunto criam o corpo social e constituem na mais simples acepção do termo a sua economia es pecífica Mostram como figura forma e ima gem apesar de suas conotações estáticas tam bém desempenham um importante papel na evolução social Assim o frívolo moda design estilo tudo o que expressa a corporalidade ambi ente prova em um exame mais minucioso ter profundidades insuspeitadas pois no ato de se exibir o corpo é sempre causa e efeito da socia bilidade dinâmica Ao mesmo tempo é uma manifestação clara e preeminente de estética no sentido etimológico da palavra o de partici par das mesmas emoções do mesmo ambiente dos mesmos valores para que os indivíduos possam finalmente absorverse em uma teatra lidade envolvente No âmago dessa abordagem do tópico en contrase um fato banal que ainda é importante não perder de vista a saber que a unidade Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar sociologia do corpo 747 psicofísica que forma a nossa individualidade é também um corpo É como um invólucro que por sua vez está envolvido pelo mundo exter no Muitas análises filosóficas psicológicas e sociológicas insistem muito justamente nas profundas conseqüências etimológicas dessa banalidade Equivale a dizer que o corpo não pode ser identificado a menos que esteja deli mitado e situado Uma coisa é certa essa abor dagem situacional e para criar um termo o involucrismo que lhe é correlato permitem nos avaliar a profusão de práticas centradas no corpo observada pelos sociólogos de hoje mo delação do corpo cuidados com este dietética cosmética teatralidade De modo particular o corporalismo permitenos entender que to dos os vários tipos de aparência pertencem a um vasto sistema simbólico cujos efeitos sociais estão longe de ser desprezíveis Podese até ser tentado a sugerir que o papel cada vez mais dominante desempenhado pela COMUNICAÇÃO na sociedade contemporânea nada mais é que a versão atual desse sistema simbólico Esse in sight poderia projetar uma nova luz sobre todos os períodos da história geralmente concebidos como simplistas e crédulos mas que sobrevive ram intensamente à carga simbólicocomunica cional do involucrismo específico do próprio corpo ou do corpo social Poderseia acres centar que a preocupação e o cuidado com o corpo hoje tão evidentes as máscaras e as modas de vestuário que formam uma constante antropológica podem ser analisados como ain da outro modo de os seres humanos se relacio narem entre si Considerado nesse contexto o corpo tornase causa e efeito de comunicação em outras palavras da própria sociedade Ver também COTIDIANO Leitura sugerida Berthelot JM 1985 Les sociolo gies et le corps Current Sociology 332 Eco U 1983 1986 Faith in Fakes Guyau M 1911 Les pro blèmes de lesthétique contemporaine Maffesoli M 1982 1985 Lombre de Dionysos 2ªed Mauss M 1935 1973 Les techniques du corps Trad ing em Economy and Society 21 p7088 Turner JH 1986 The Body and Society MICHEL MAFFESOLI sociologia política Esta disciplina tem se in teressado primordialmente pelo estudo de par tidos sistemas eleitorais e comportamento do eleitor ao votar movimentos sociais liderança política e elites burocracia nacionalismo e for mação de estadosnações tipos de sistemas po líticos e mudança política Muitos estudos de partidos têm se concentrado em suas bases de classe e em particular na oposição entre parti dos burgueses e partidos da classe operária mas em outra direção a divisão dentro de todos os tipos de partidos entre os líderes e a massa de seus membros foi enfatizada e formulada em um estudo clássico Michels 1911 como a lei de ferro da oligarquia A liderança política também foi uma questão saliente na obra de Mosca 1896 Pareto 191519 e Max Weber 1918 1929 escrevendo da perspectiva da teo ria das elites ver ELITES TEORIA DAS Relacio nado com tais questões está o crescimento da BUROCRACIA em sociedades modernas que We ber no contexto das condições na Alemanha Imperial considerou responsável pela produ ção de uma supremacia burocrática assim co mo de uma racionalização geral da vida social O papel da burocracia em sociedades socialistas também tem sido uma preocupação dominante embora avaliado de maneiras muito diferentes por Weber e Schumpeter 1942 As diferenças de classe social têm sido des tacadas em análises do comportamento de voto ao passo que os próprios sistemas eleitorais começaram a ser estudados em maiores deta lhes em trabalhos recentes especialmente a respeito da representação proporcional a qual é considerada com freqüência a que expressa mais adequadamente a diversidade de opiniões políticas em democracias modernas Em décadas recentes tem se registrado um interesse crescente por movimentos sociais Scott 1990 inspirado em parte pelo surto de movimentos radicais da década de 60 embo ra movimentos nacionalistas e neofascistas também tenham voltado agora a se destacar Esses movimentos são vistos como importantes formas alternativas de ação política a par dos movimentos de classe previamente dominan tes Os vários movimentos podem contudo coincidir em certa medida e também podem dar origem a novos partidos o que freqüentemente acontece O NACIONALISMO e a criação de estados nações têm sido intensamente estudados por cientistas sociais de diferentes correntes de opi nião que enfatizaram a sua ligação com a ascen são da burguesia Bauer 1907 e o subseqüente surgimento do imperialismo com as lutas pela democracia Kohn 1967 ou com a industriali Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 748 sociologia política zação e a modernização Gellner 1983 As questões assim ventiladas retêm toda a sua im portância no final do século XX quando volta ram a se generalizar os movimentos pela in dependência nacional no interior de estados existentes Os sociólogos políticos também têm pres tado muita atenção às diferenças entre sistemas políticos e na segunda metade do século XX esse interesse se concentra predominantemente no contraste entre regimes democráticos e tota litários Aron 1965 e nos novos sistemas po líticos que surgiram em países em desenvolvi mento póscolonial Estes últimos estudos es tavam intimamente relacionados com teorias de mudança e conflito político englobando tam bém questões tão amplas quanto as origens e o desenvolvimento do capitalismo moderno as quais podem ser concebidas em termos marxis tas weberianos ou schumpeterianos ou ainda mais amplamente do moderno sistemamundo O conflito político envolve o choque de opiniões doutrinas e ideologias e muitas pesquisas têm se interessado pelos processos de formação das opi niões políticas assim como pelo papel dos inte lectuais e da mídia nesses processos No período do pósguerra o âmbito da so ciologia política foi muito ampliado de modo que hoje cobre virtualmente o mesmo território que a CIÊNCIA POLÍTICA As diferenças remanes centes parecem derivar principalmente de preo cupações tradicionais por um lado com a ma quinaria formal de governo e por outro com o contexto social de todo o pensamento e ação políticos mas essas diferenças também têm sido muito atenuadas especialmente na medida em que a própria ciência política se tornou mais sociológica Leitura sugerida Avineri Shlomo 1968 The Social and Political Thought of Karl Marx Barry Brian 1970 Sociologists Economists and Democracy Bot tomore 1979 Political Sociology Brym Robert J 1980 Intellectuals and Politics Mommsen Wolfgang J 1974 The Age of Bureaucracy Perspectives on the Political Sociology of Max Weber Runciman WG 1969 Social Science and Political Theory Scott Alan 1990 Ideology and the New Social Movements TOM BOTTOMORE soviete Ver CONSELHO DE TRABALHADORES stalinismo Iosif Vissarionovich Stalin no me verdadeiro Djugashvili 18791953 foi um político implacável que presidiu à transfor mação da Rússia campesina em uma superpo tência industrial aos horrores da fome e dos expurgos na década de 30 e à resistência russa à invasão nazista de 194145 É freqüentemente retratado como homem de intelecto medíocre mas a sua ideologia difusa que ficou conhecida como stalinismo desempenhou importante papel na formação do regime soviético e no movimento comunista mundial durante sua vi da e ainda por algumas décadas subseqüentes Já em 1924 ano da morte de Lenin a dou trina política de Stalin começara a revelar ca racterísticas distintas Ele insistiu em que o LENINISMO não era meramente uma versão do marxismo aplicável a um país camponês mas tinha validade mundial na era do imperialismo e da ditadura do proletariado e salientou as características autoritárias de um partido políti co leninista No mesmo ano declarou contra a ferrenha oposição de Trotsky que era possível completar a construção do SOCIALISMO na União Soviética sem uma revolução socialista em ou tros países ver TROTSKISMO Quando a União Soviética encetou à força a industrialização e a coletivização da agricultu ra no final da década de 20 Stalin modificou a doutrina leninista em importantes aspectos Em 1928 sustentou que a luta de classes não se extinguiria mas pelo contrário iria intensifi carse durante a transição para o socialismo e dois anos depois declarou que em virtude do cerco capitalista à União Soviética o estado não desapareceria mas se tornaria mais forte du rante essa transição No início da década de 30 a definição so viética de socialismo também foi mudada Os bolcheviques seguindo Marx tinham presumi do que o socialismo seria uma economia sem moeda mercadorias ou comércio mas a partir de meados dos anos 30 os marxistas soviéticos passaram a sustentar que o lote de terra pessoal do agricultor coletivo o mercado livre para alguns produtos agrícolas e um sistema iguali tário de salários na indústria faziam todos parte da economia socialista que devia continuar sendo uma economia monetária Por conseguinte Stalin enunciou em dezem bro de 1936 que o socialismo estava estabele cido em princípio na União Soviética Nessa época também desenvolveu sua doutrina de que não havia contradições antagônicas dentro da sociedade socialista pelo que todas as ações e crenças contrárias o que na prática signifi Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar stalinismo 749 cava toda a crítica a Stalin eram devidas à influênca do hostil mundo capitalista Isso for neceu uma justificativa ideológica para as re pressões de 193638 Nos últimos anos que antecederam sua morte ele admitiu contudo que mesmo no seio da sociedade socialista po deriam desenvolverse certas contradições e sublinhou o valor do choque de opiniões mas essa mudança doutrinária não levou a qualquer abrandamento do seu rigoroso e despótico go verno Em 1956 Kruschev deflagrou seu ataque ao culto da personalidade e rejeitou a doutrina de Stalin da intensificação da luta de classes durante a transição para o socialismo Mas a definição soviética de socialismo continuou sa crossanta assim como o princípio de que o sistema devia ser controlado por um partido único Depois da nomeação de Gorbachev para secretáriogeral do Partido em 1985 a exis tência de uma distinta ideologia do stalinismo foi oficialmente admitida na União Soviética pela primeira vez e o stalinismo foi submetido a profundas críticas como uma distorção ou traição do socialismo Características do stali nismo vigorosamente condenadas como errô neas ou obsoletas incluíram sua ênfase no poder do estado e na propriedade deste como a forma suprema de propriedade social a substituição da democracia pela burocracia e o estabeleci mento do que Gorbachev designou como um sistema de comando administrativo de gestão do país pelo partidoestado Depois do colapso do comunismo soviético em agosto de 1991 os colaboradores mais íntimos de Ieltsin afirma ram que o stalinismo era essencialmente uma continuação do leninismo e até do marxismo e rejeitaram todo o curso do desenvolvimento soviético desde outubro de 1917 Leitura sugerida Carr EH 1958 Stalin In Socia lism in One Country 19241926 volI Davies RW 1989 Soviet History in the Gorbachev Revolution caps38 Lewin M 1985 La formation du système soviétique essais sur lhistoire sociale de la Russie dans le entredeuxguerres espec caps11 e 12 Rig by TH org 1966 Stalin Stalin Joseph V 195255 Works vols113 1972 The Essencial Stalin Major Theoretical Writings org por B Franklin Tucker RC 1973 Stalin as Revolucionary 18791929 Study in Personality and History Ο 1991 Stalin in Power the Revolution from Above 192841 RW DAVIES subdesenvolvimento Ver DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO subúrbio Nesta espécie de povoação situada nos arredores de uma cidade composta princi palmente de moradias e lojas de comércio e separada das zonas industriais não existe a concentração e a mistura de vários usos do território que é típica das cidades na era indus trial Além disso os subúrbios são geralmente habitados por grupos sociais homogêneos que são principalmente da classe operária ou da classe média Esses tipos de povoações já existiam em tempos préindustriais como indica o vocábulo francês banlieue referese ao espaço para além das muralhas da cidade medieval mas sob a jurisdição ban da cidade Subseqüentemente a onda de urbanização industrial e o desenvol vimento das redes de transporte e comunicação estimularam uma vasta expansão dos subúr bios um processo de suburbanização Wal ker 1981 As primeiras povoações suburbanas siste maticamente construídas remontam à segunda metade do século XIX na Inglaterra suburbia com a variação de cidadesjardins e nos Es tados Unidos Mumford 1966 Tratase de povoações destinadas às classes médias e que representaram um compromisso entre a neces sidade de viver perto da cidade industrial do local de trabalho e dos serviços de alta quali dade e uma cultura arcádica aspirando à repro dução de certos aspectos da vida rural e bucó lica moradias unifamiliares rodeadas de jardins particulares e parques públicos bem longe do caos urbano Como assinalou Ruth Glass 1955 o desenvolvimento desses subúrbios está ligado à influência sobre os estilos de vida e o planejamento urbano da cultura antiurbana inglesa e americana Neste século a urbanização ver URBANIS MO alterou substancialmente o subúrbio origi nal Bairros para operários e grupos de média e baixa renda têm proliferado sobretudo na Euro pa continental onde os grupos de alta renda com suas fortes tradições urbanas permanece ram principalmente nos antigos centros das grandes cidades Uma exceção a esse modelo de suburbanização são os bairros residenciais para jovens famílias abastadas com filhos pe quenos no período de máxima influência do estilo de vida americano entre 1945 e 1970 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 750 subdesenvolvimento Esses desenvolvimentos mudaram radical mente o modo de vida suburbano sobretudo nas periferias ocupadas pela classe operária as quais são dormitórios densamente povoados carentes de serviços e de espaços verdes Em muitos países industrializados os subúr bios de classe operária contêm principalmente os chamados bairros econômicos cuja cons trução foi planejada pelo estado com dinheiro público enquanto que em outros sobretudo nos Estados Unidos tem predominado a construção privada ver Ball et al 1988 Apesar dessa e de outras diferenças e do fato de na Inglaterra e nos Estados Unidos a cultura antiurbana tam bém ter influenciado o tipo de moradia nos subúrbios ao desencorajar os grandes condo mínios multirresidenciais com algumas exce ções como as famosas torres no Bronx em Nova York os bairros suburbanos de classe operária construídos nos arredores de grandes metrópoles industriais durante os anos do pós guerra são muito semelhantes no gênero e apre sentam os mesmos problemas A banlieue de Paris os novos bairros na periferia de Moscou Nova York e sul de Londres exibem todos as conseqüências da construção barata de alta den sidade a falta e a inadequação dos serviços e de modo geral uma vida social e familiar mar cada por todas as formas de privação urbana Estas vão desde o anonimato e a dificuldade de socialização até os elevados custos o conges tionamento e a poluição e não são compensa das pela usual vantagem de viver muito perto dos centros de serviços de qualidade e do po der econômico financeiro e político Podese acrescentar a isso o fato de que as privações envolvidas na mudança para subúrbios aumen taram à medida que as cidades cresceram em tamanho uma vez que os sistemas de transporte público não foram modernizados e o trânsito se tornou seriamente congestionado Daí que a palavra subúrbio originalmente positiva em seu significado acabou adquirindo agora uma conotação decididamente negativa As mais recentes tendências à descentraliza ção de fábricas e escritórios o acentuado declí nio do emprego na indústria manufatureira Mingione 1991 a reestruturação econômica e tecnológica Castells 1989 assim como o impacto de todas essas tendências sobre os sistemas urbanos Scott 1988 Soja 1989 es tão modificando por sua vez o significado da suburbanização mas em direções que ainda são demasiado controversas para permitir uma in terpretação clara Leitura sugerida Ball M Harloe M e Maartens H 1988 Housing and Social Change in Europe and the USA Castells Manuel 1989 The Informational City Glass Ruth 1955 1989 Urban sociology in Great Britain In Clichés of Urban Doom Mingione Enzo 1991 Fragmented Societies Mumford Lewis 1966 The City in History Scott Allen J 1988 Metropolis From the Division of Labor to Urban Form Soja Edward W 1989 Postmodern Geographies the Reas sertion of Space in Critical Social Theory Walker Richard 1981 A theory of suburbanization In Urba nization and Urban Planning in Capitalist Society org por MJ Dear e AG Scott ENZO MINGIONE suicídio A obra de Émile Durkheim 1897 continua sendo a mais completa abrangente e influente das teorias sociais sobre o suicídio Sustentou ele que a consistência das taxas de suicídio era um fato social explicado pelo grau em que os indivíduos eram integrados e regula dos pelas forças morais coagentes da vida cole tiva O suicídio egoísta e altruísta resultava respectivamente da subintegração e da supe rintegração do indivíduo pela sociedade en quanto que a anomia e o suicídio fatalista eram causados pela subregulação e pela superregu lação Durkheim usou correlações entre o sui cídio e várias taxas de associação externa para demonstrar a validade dos seus conceitos fun damentais Por exemplo as populações católi cas tinham taxas de suicídios inferiores às pro testantes porque a sociedade católica vincula o indivíduo mais rigorosamente à coletividade Segundo Durkheim o egoísmo e a ANOMIA crescentes estavam causando as taxas de suicí dio invariavelmente ascendentes das socieda des ocidentais Entretanto o egoísmo não é uma conseqüência necessária da sociedade indus trial Iga 1986 mostrou como a grande maioria dos suicídios no Japão moderno resulta da ver gonha dos indivíduos por fracassarem na reali zação dos objetivos que o grupo impõe a seus membros Obras sociológicas pósdurkheimianas em bora aprovando os esforços pioneiros de Dur kheim na definição da taxa de suicídios como objeto de investigação e correlacionandoa com uma gama de variáveis sociais mostraramse predominantemente céticas diante da sua tenta tiva de explicação de ambas em termos de forças morais reais mas invisíveis que incli Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar suicídio 751 nam os indivíduos ao suicídio Para esses soció logos de orientação empirista a noção de Dur kheim de uma ciência dos fenômenos morais era uma impossibilidade Assim a maior parte das obras sociológicas subseqüentes embora parecendo apoiar as descobertas de Durk heim limitaramse à relação entre taxas de suicídios e fatores sociais externos Dessa pers pectiva alguns dos estudos mais conhecidos ligaram positivamente o suicídio por exemplo à urbanização e ao isolamento Halbwachs 1933 Sainsbury 1955 Cavari 1965 à falta de integração de status Gibbs e Martin 1964 à falta de restrição externa Henry e Short 1954 Maris 1969 e à limitação em decorrência da cobertura da mídia Phillips e Carstensen 1988 Abordagens fenomenológicas ou subjetivas tendem a examinar o modo como indivíduos chegam a construir intenções suicidas para si mesmos ou para outros Esse último interesse foi desenvolvido e convertido em uma crítica de dados oficiais que vai além do interesse tra dicional pela exatidão das estatísticas Dou glas 1967 afirmou que as idéias alimentadas por diferentes culturas e subculturas a respeito de suicídios determinam o que as autoridades finalmente classificam como suicídio De senvolvendo as idéias de Douglas Atkinson 1978 e Taylor 1982 mostraram que um veredicto de suicídio só será pronunciado se as autoridades puderem encontrar provas compa tíveis com as idéias culturais aceitas sobre os motivos que levam as pessoas a se matar e o modo como tratam de fazer isso Assim tanto a regularidade das taxas de suicídios quanto a sua correlação sistemática com fatores tais co mo isolamento e perda podem ser funções do modo como se coletam os dados Os subjetivistas afirmam que as tentativas de compreender o suicídio devem basearse nos significados que os suicidas oferecem para jus tificar suas próprias ações Douglas 1967 Bae chler 1979 Douglas por exemplo ao rejeitar os dados estatísticos em favor dos etnográficos referese a estes últimos como concretos e observáveis Entretanto ao pressupor alguma espécie de acesso direto ao mundo através da observação ele aproximouse muito da tradi ção positivista que está criticando A teoria psicanalítica sobre o suicídio es timulada inicialmente por Wilhelm Stekel e Alfred Adler concentrouse na agressão deslo cada como motivo inconsciente para esse ato Freud 1917 comparando luto e melancolia afirmou que na segunda a libido livre retirase para o ego que estabelece uma identificação com o objeto perdido Se a animosidade para com a parte do ego com a qual o objeto perdido está identificado é bastante grande o ego age no sentido de destruir essa identificação e por conseguinte destróise a si mesmo A hipótese formulada mais tarde por Freud em Para além do princípio do prazer a de que o suicídio representa uma vitória precoce do instinto de morte tem sido menos influente mesmo entre psicanalistas Entretanto a idéia foi desenvol vida em um célebre livro de Menninger 1938 que interpretou uma série de comportamentos prejudiciais e potencialmente prejudiciais co mo suicídios parciais ou crônicos Para o suicí dio total o indivíduo tinha que ter não só o desejo de morrer mas também o desejo de matar e ser morto As teorias durkheimianas e freudianas têm muito mais em comum do que freqüentemente se percebe Umas e outras usam a análise teórica para tentar revelar as causas subjacentes da ação humana umas e outras explicam o suicídio em termos do desenvolvimento normal dos indiví duos e sociedades umas e outras exploram as tensões resultantes das precárias relações nas pessoas entre o animal e o ser social Em contraste a moderna suicidologia agora uma disciplina nos Estados Unidos com sua própria associação e revista tende a ser informada por uma epistemologia empirista com teorias so bre tendências particulares no suicídio emer gindo dos dados As teorias psicológicas e biológicas do sui cídio tendem a averiguar que fatores caracte rizam o indivíduo propenso ao suicídio ou são mais salientes nele A psicologia cognitiva por exemplo apontou que os suicidas são caracte rizados por processos de pensamento mais po larizados menos imaginativos e mais estreitos Neuringer 1976 Uma série de estudos de psicologia social identificou indivíduos suici das por suas pontuações mais altas em escalas de por exemplo desesperança hostilidade e baixa autoestima Entretanto a falta de con sistência e as dificuldades para estabelecer comparações decorrem do fato de tais escalas não serem medidas em qualquer sentido ob jetivo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 752 suicídio Fatores biológicos e genéticos oferecem po tencialmente indicadores mais objetivos Por exemplo numerosos estudos encontraram li gações entre o comportamento suicida e baixos níveis de ácido 5hidróxiindoleacético 5 HIAA metabólito de serotonina no líquido cé rebroespinhal Brown et al 1982 Entretanto as tentativas de explicar essas relações em vez de meramente documentálas defrontamse com o problema de relacionar medidas biológi cas cada vez mais refinadas com escalas psico métricas rudimentares Korn et al 1990 afir mam que sem se melhorar a medição de funções psicológicas a revolução biológica em psiquiatria pode na verdade parecer caóti ca Definir suicídio não tem sido geralmente visto como um problema O suicídio é um autocídio intencional Mas a pesquisa sobre a natureza de atos suicidas fatais ou nãofatais tem desafiado a noção convencional de que todas as mortes de suicidas autênticos têm por objetivo a morte e podem assim distinguirse de uma variedade de atos de falsos suicidas tais como os gritos por socorro quando a inten ção é viver Stengel foi um dos primeiros a mostrar que a maioria dos atos suicidas incluin do a maior parte dos que terminam em morte são manifestações de comportamento de acei tação de riscos empreendidas com um intui to ambivalente e caracterizadas pela incerteza quanto ao desfecho Stengel e Cook 1958 Alguns pesquisadores têm usado o termo pa rassuicídio a fim de descrever o comportamen to que embora se situe aquém de uma tentativa real de suicídio é mais porém do que um mero gesto manipulativo Essas observações têm im plicações para definir e teorizar acerca do sui cídio Stengel 1973 definiu o suicídio como qualquer ato deliberado de dano cometido por uma pessoa contra si própria e no qual ela não pode estar certa de sobreviver Talvez a ques tão fundamental para a pesquisa corrente não seja por que as pessoas se matam mas por que tantas mais possivelmente 100 mil por ano na Inglaterra e no País de Gales arriscam suas vidas no que Stengel comparou a um ordálio medieval A ética do suicídio tende a não continuar dirigindo o seu foco para a culpabilidade moral de quem atenta contra a própria vida O pensa mento do século XX tem compaixão pelo sui cídio mas fica intrigado com o mistério do que impele indivíduos a desejarem desligarse da boa sociedade No século XXI com uma popu lação envelhecendo e recursos em declínio o ressurgimento do suicídio como responsabili dade social até como dever não pode ser des prezado Ver também DEPRESSÃO CLÍNICA PSIQUIATRIA E DOENÇA MENTAL Leitura sugerida Douglas J 1967 The Social Mea nings of Suicide Durkheim E 1897 1969 Le sui cide étude de sociologie Freud S 1917 1957 Mourning and Melancholia Lester D org 1990 Current Concepts of Suicide Menninger K 1938 Man Against Himself Stengel E 1973 Suicide and Attempted Suicide STEVE TAYLOR superestrutura Ver BASE E SUPERESTRU TURA surrealismo Movimento sócioartístico re volucionário que se propôs nada menos que efetuar uma mudança na sociedade através da revelação do maravilhoso oculto sob o cotidia no e da exploração metódica dos recursos do inconsciente O poeta Guillaume Apollinaire descreveu a sua peça Les mamelles de Tiresias de 1917 como um drama surrealista e a palavra foi adotada por certo número de poetas mais jovens associados à revista Littérature com destaque para André Breton Philippe Sou pault Louis Aragon e Paul Eluard de 1922 em diante Breton tornouse o indiscutível líder e teórico do grupo o qual com o tempo adquiriu o mecanismo de um partido político como filiados julgamentos expulsões e heresias e até com seu próprio dicionário Derivando inicialmente das atitudes niilistas e antiartísticas do movimento Dada o surrea lismo herdou dele as manifestações os mani festos as táticas de choque e o desejo de épater les bourgeois e adicionou a tudo isso um pro fundo interesse pelas descobertas de Sigmund Freud Os surrealistas foram buscar suas preo cupações com o acaso hasard objetif nas elegantes e filosóficas obras de antiarte de Mar cel membro do grupo Dada e seu método es tético em uma frase muito citada de Les chants de Maldoror de 1869 por Isidore Ducasse conde de Lautréamont tão belo quanto o ines perado encontro em uma mesa de dissecação de uma máquina de costura com um guarda chuva Essa justaposição de realidades con trastantes ou contraditórias para atingir um no Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar surrealismo 753 vo estado surreal foi associada por Breton à DIALÉTICA de Hegel e facilitada em particular pela relativamente nova idéia de collage a co lagem de elementos impressos ou fotográficos formando um conjunto A natureza faça você mesmo dessa técnica combinava com outra máxima de Lautréamont a poesia deve ser feita por todos A collage o uso sério de jogos de papel de crianças como o de conseqüências conhecido como cadavres exquis por causa das duas primeiras palavras obtidas por esse método o emprego de mate rial de sonhos e transes e de escrita automática e mais tarde a descoberta de objetos encontra dos propiciaram um movimento teoricamente democrático Novos veículos como a fotografia com Man Ray e o cinema com Luis Buñuel pareciam adaptarse perfeitamente à produção de realidades contrastantes A arte primitiva e naïve as novelas de sensacionalismo barato e os primeiros filmes de Hollywood foram des cobertos e aplaudidos É irônico em vista de tudo isso que os surrealistas sejam agora per cebidos predominantemente como um grupo de elite constituído de poetas e pintores Durante seus anos de máxima atividade na década de 30 à época da Frente Popular e da atividade antifascista em geral eles tentaram persistentemente aliarse ao Partido Comunista francês com resultados previsivelmente tragi cômicos tais espíritos livres por mais sinceros que fossem não tinham lugar em uma rígida hierarquia partidária Embora eles se considerassem tudo menos um movimento artístico também é irônico que o surrealismo seja mais conhecido hoje em dia como o viveiro de uma série de excepcionais pintores Max Ernst André Masson René Ma gritte Salvador Dali suas várias nacionalida des testemunham a difusão internacional do movimento Amor lamour fou e Mulher fornece ram a inspiração Violentamente anticlericais é como se os surrealistas adotassem a metafísica e nela substituíssem o amor divino pelo amor físico Um considerável número de suas mu sas tornouse artista por seu talento pessoal como Elsa Triolet Lee Miller Meret Oppen heim e outras que se descobriram através do movimento O surrealismo alcançou o seu apo geu nas grandes exposições de Londres 1936 e Paris 1938 embora se mantivesse até a morte de Breton em 1966 e tenha tido uma influência contínua sobretudo na Pop Art dos anos 60 Ver também SOCIOLOGIA DA ARTE Leitura sugerida Alquié F 1965 The Philosophy of Surrealism Cardinal Roger e Short Robert Sheart 1970 Surrealism Permanent Revelation Jean Mar cel 1970 Autobiographie du surréalisme Nadeau Maurice 1968 Histoire du surréalisme ADRIAN HENRI Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra S Produção Textos Formas Para Ed Zahar 754 surrealismo T teatro O teatro moderno começa exatamente em 1889 tomando en consideração alguns im portantes precursores O principal impulso que serviu de esteio ao novo teatro foi o estabeleci mento do poder da burguesia mercantil e indus trial mas as direções que o teatro adotou foram principalmente expressões de oposição aos va lores materialistas dessa classe Começando com o Naturalismo e o Théâtre Libre de Antoine em Paris um movimento reformista passou a documentar os males do capitalismo e a exigir alguma forma de reparação O teórico desse movimento foi Émile Zola o seu precursor foi Henrik Ibsen Vinculado a esse desenvolvimen to estava o interesse crescente em examinar o mundo cientificamente e o Naturalismo não tardou a ampliar o seu campo de investigação para além do imediatismo do mundo material adentrando as esferas sociológica e psicológica No decurso dessa investigação a forma es tabelecida dominante de teatro a peça dramáti ca começou a ser vista como inadequada O teatro dramático é baseado em cenas do tipo aquieagora compostas de diálogos em que os personagens se defrontam mutuamente e se imagina terem o poder de chegar a alguma forma de solução de seus conflitos ou dificul dades Os novos dramaturgos enfrentaram cer tos problemas para Ibsen o presente era perce bido como condicionado pelo passado o qual se intrometia no diálogo aquieagora ao passo que para Strindberg os conflitos tinham sede na psique individual a qual não podia ser dra matizada de acordo com métodos tradicionais A peça dramática estabelecerase durante a as censão da burguesia ao representar os valores e as lutas dessa classe no palco mas assim que lhe asseguraram a ascendência a situação mu dou Tchecov dramatizou o declínio da burgue sia rural enquanto outros abraçavam a causa da classe trabalhadora embora as tentativas de dramaturgos da classe média de apresentar a vida de trabalhadores raramente fossem bem sucedidas talvez porque se esquivassem de retratar conclusões revolucionárias A segunda linha de oposição começou pela criação de um teatro estético que não precisava de qualquer justificação social Os simbolis tas criaram mundos imaginários sensoriais em torno de monodramas hierofânticos Adolph Appia criou formas fluidas de encenação para as óperas de Wagner que complementariam as qualidades estimuladoras de emoção da música e Gordon Craig apresentou a idéia de um teatro governado por um artista e poeta supremo o diretor A partir desses experimentos e teorias de senvolveramse três importantes enfoques de performance Craig com o seu conceito de Übermarionette estabeleceu uma forma im pessoal de atuar na qual um ator atlético alta mente treinado estava apto a representar com grande habilidade expressiva a pedido e coman do do diretor cuja vontade e visão poética determinavam a natureza da apresentação Isa dora Duncan afirmou a primazia da expressão pessoal autêntica do artistadançarino resul tante do que chamou os estados da alma que ela localizou no plexo solar Stanislavsky co meçou por investigar os processos psicofísicos através dos quais o ator trabalha e acabou por apresentar o primeiro estudo científico do ator Outros avanços importantes registrados nes se período foram a fundação de teatros nacio nais como um importante instrumento de hege monia cultural burguesa e o movimento em prol da formação de algum gênero de teatro po pular Ver também SOCIOLOGIA DA ARTE Na França e na Alemanha em particular na virada do século houve movimentos para democrati zar os teatros os quais exerceram poderosa influência sobre futuros desenvolvimentos Na França sob a tutela de Romain Rolland regis trouse uma campanha em favor da instauração 755 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar de subsídio do governo para o estabelecimento de teatros nos subúrbios parisienses da classe operária os quais acabariam por se ampliar ao restante da França Em várias etapas essa idéia converteuse na política de descentralização do teatro que serviu de base para a política do pósguerra na França através dos Théâtres Po pulaires dos Centres Dramatiques e das Mai sons de Culture Merece ser assinalado que o estatuto do Arts Council da GrãBretanha apon ta como seu objetivo primordial a criação do mais amplo acesso possível para todas as cama das representativas em um corte transversal da população Na Alemanha o movimento do Volksbühne Teatro Popular começou a for mar em 1891 um vasto contingente de as sociados o que lhe possibilitou a compra de representações que seriam encenadas nas épo cas e a preços que os sócios predominante mente da classe trabalhadora julgassem conve nientes A partir daí o movimento progrediu ao ponto de financiar as suas próprias produções e de construir e administrar os seus próprios tea tros Esse princípio de financiamento de um teatro mediante a compra antecipada de lugares em bloco por organizações representativas de trabalhadores predominantemente sindicatos tornouse política estatal dos antigos estados socialistas na Europa Central e Oriental Isso assegurou que em toda a Europa o teatro fosse visto como um serviço social digno de receber verbas do estado desde que se responsabili zasse por promulgar a hegemonia da classe dominante ou a ideologia do estado Dentro do movimento Volksbühne desde o começo suscitaramse questões acerca do rela cionamento entre o teatro e seu público Deve o público ser politicamente educado através do teatro ou culturalmente através da participação no teatro como público Houve duas divisões cruciais A segunda delas foi ocasionada por Erwin Piscator em meados da década de 20 Piscator percebeu que todo o movimento no sentido da democratização do teatro se baseava no conceito de Teatro do Povo um conjunto de idéais tomadas do pensamento em torno da Revolução Francesa mas no final do século XIX a questão de quem era o povo ou a nação se mostrava muito controversa Pisca tor rejeitou aquelas tendências à reconciliação das classes antagônicas e apresentou o conceito de um teatro politicamente engajado cuja fina lidade seria servir aos objetivos dos setores mais avançados do proletariado Pouco depois da Primeira Guerra Mundial Piscator estabele ceu o Teatro Proletário que percorreu as salas de reuniões de trabalhadores de Berlim até ser interditado pela polícia Em uma série de pro duções para o Volksbühne para o Staatstheater e em duas revistas para o Partido Comunista ele desenvolveu um repertório de técnicas vol tadas para assegurar a significação política de qualquer obra teatral A sua arbitrariedade final forçou o Volksbühne a repudiálo e a declarar categoricamente que não tinha filiação ou in tenções políticas declaradas Piscator prosse guiu em seu caminho para definir e ampliar suas idéias no Teatro Político no que foi acompa nhado de perto por Bertolt Brecht O próprio Piscator foi cada vez mais sedu zido pelas inovações técnicas que ele próprio havia introduzido mas algumas delas tinham um valor significativo Especialmente o seu uso do filme para trazer a realidade ao palco ou para estabelecer o contexto global dentro do qual ocorrem as ações mais domésticas Ver tam bém CINEMA Ele proclamou a morte do teatro dramático articulada mais tarde por Brecht co mo decorrente da pura impossibilidade de en contrar protagonistas cuja experiência fosse re presentativa de qualquer grande grupo ou clas se e a morte do teatrólogo individual pois nenhum indivíduo possuía a necessária gama de aptidões para compreender todos os fatores complexos que influenciaram o mundo con temporâneo Ele estabeleceu cooperativas dra matúrgicas as quais incluíram economistas e ativistas políticos assim como escritores Brecht que era um membro da cooperativa encontrou um modo de envolver colaboradores embora retendo ele próprio o controle geral Ele seguiu Piscator ao rejeitar como moribundo o teatro dramático e ao estabelecer o teatro épico como a única forma capaz de articular o século XX Os métodos teatrais de Brecht foram pla nejados para colocar o público em uma dis posição de espírito mais questionadora do que passiva e ele tentou interpor mecanismos de estranhamento entre a ação no palco e o públi co a fim de bloquear sentimentos de empatia e despertar atitudes críticas Brecht viu que ao crescerem os dois braços do movimento mo dernista se haviam distanciado muito e conce beu a sua própria obra como uma união das funções didáticas e de entretenimento do teatro Seu teatro foi sempre político mas utilizou Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 756 teatro todos os recursos formais e espetaculares que os teatros de arte haviam desenvolvido Como base na obra de Piscator com o Teatro Proletário e em um movimento paralelo na União Soviética os Blusas Azuis a forma predominante de teatro político converteuse em propaganda de agitação sendo a função do teatro educar o público quanto às realidades políticas e despertálo para a ação Uma visita dos Blusas Azuis à Alemanha por ocasião do 10º aniversário da Revolução Russa inspirou movimentos políticos no mundo inteiro a ado tarem agitprop como estilo teatral Por ironia isso aconteceu precisamente na época em que Stalin desmantelou o movimento dos Blusas Azuis e estabelecu a política da União Soviética como o realismo socialista a apresentação de figuras típicas em um ambiente típico A desintegração da União Soviética e dos outros estados socialistas na Europa tornou lar gamente redundante qualquer forma de teatro político baseado no princípio de contribuição para o fim do sistema capitalista e sua subs tituição pelo socialismo Entretanto as técnicas do agitprop e dos Blusas Azuis foram conside ravelmente refinadas e desenvolvidas em várias partes do mundo em desenvolvimento onde as condições e necessidades políticas e sociais gerais são diferentes O teatro tem sido usado para promover a alfabetização o controle po pulacional a reforma agrária e a resistência política Nessas campanhas o teatro tem sido usado por governos para manter o status quo e por grupos de oposição para o abalar O princi pal desenvolvimento nesse campo foi através da obra de Augusto Boal apoiada nas teorias educacionais de Paulo Freire e sua concepção do Teatro do Oprimido Embora o Teatro do Oprimido não possa ser reduzido a qualquer processo singular existe em seu cerne a idéia de que os povos oprimidos se libertam após ou durante um processo de conscientização através do qual são levados a objetivar sua opressão e exploração e a elaborar modos de alterar seu pensamento e sua ação para criar novas reali dades Esse gênero de teatro requer que mesmo a obra de Brecht seja rejeitada e que as barreiras entre ator e público sejam derrubadas em uma série de etapas que colocam o participante den tro da ação e em posição de ensaiar as possibi lidades de mudança revolucionária Com base em uma afinidade de propósitos com a TEOLO GIA DA LIBERTAÇÃO esse teatro é freqüentemente mencionado como Teatro de Libertação O segundo braço do movimento modernista no qual Brecht foi buscar suas idéias de espetá culo e entretenimento nunca esteve inteira mente separado do braço reformista De Strind berg em diante através do Expressionismo os sentimentos de ANOMIA não eram fáceis de dramatizar sem recurso a formas nãorealis tas de encenação Realizaramse experimentos com idéias surrealistas e deles surgiu a obra de Antonin Artaud rejeitada pelos surrealistas mais destacados mas formulando um Teatro da Crueldade que eliminaria as restrições do texto literário e os polidos refinamentos e inibições da sociedade moderna a fim de criar um teatro elementar trabalhando com imagens para res tabelecer o sentido de mistério e a dimensão metafísica que se perdera Artaud não estava sozinho em suas preocupações Craig Vas sily Kandinsky e Alexandre Scriabin tinhamno precedido mas iniciou um envolvimento com o teatro oriental que retorna uma e outra vez como fonte de nutrição para um teatro ocidental em perigo de perder sua potência A aplicação de métodos científicos a técni cas teatrais continuou durante todo o século XX sobretudo no campo do movimento e da DANÇA As idéias de Frederick Winslow Taylor foram uma importante influência no conceito de Meyerhold de biomecânica e tem havido uma corrente constante de novas abordagens e métodos para o treinamento físico de atores A obra de Rudolf von Laban refletiu a preocupa ção de Isadora Duncan em querer distinguir entre impulsos autênticos e inautênticos para o movimento e a dança e ele também estabeleceu a primeira categorização científica dos movi mentos em torno de tempo espaço e gravidade assim como inventou o primeiro sistema de notação de movimentos Oriundos do movi mento expressionista Oskar Kokoschka e Kan dinsky trabalharam para criar um teatro forma lista que complementasse as inovações nas ar tes gráficas A Bauhaus realizou experimentos com esses princípios estéticos e quando essa obra chegou aos Estados Unidos na década de 30 e foi adotada por John Cage e mais tarde Merce Cunningham começaram a ser postula das idéias sobre formas teatrais que utilizariam o acaso e nas quais os elementos constituintes não seriam coerentes mas contrastariam de maneira aleatória Paradoxalmente uma vez Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar teatro 757 que Brecht já tinha estabelecido que a imagem não precisa ilustrar o texto ou a ação mas pode servirlhes de contraste ou de comentário es tava aberto o caminho para libertar a imagem em uma grande variedade de maneiras Tem havido uma corrente constante de novos desen volvimentos que não condizem com os padrões tradicionais da dramaturgia mas utilizam o pró prio corpo e padrões de comportamento de cada artista bem como montagens puramente for mais de imagens e ações Estas converteramse na dança pósmoderna e recentemente no teatro pósmoderno na arte performática nos happenings e em toda uma série de cruzamen tos A obra de Robert Wilson é a mais complexa e juntamente com a de Heiner Müller a mais conhecida O conceito que surgiu mais recentemente foi o de Terceiro Teatro que se relaciona com companhias no mundo inteiro teve sua origem na obra do Living Theatre e de Jerry Grotowski Uma companhia do Terceiro Teatro não é pelo status quo nem se opõe a este uma vez que a oposição define a obra da companhia tão segu ramente quanto a aceitação Tampouco se trata de companhias experimentais de vanguarda embora seu trabalho seja experimental e inova dor Elas vivem e trabalham no mundo criando dentro de si mesmas o teatro como um modo de vida Buscam portanto modos de ganhar a vida mas não se permite que isso determine a natureza de seu trabalho ou lhe imponha res trições O principal teórico desse movimento é Eugenio Barba do Odin Theater que expôs o conceito das Ilhas Flutuantes Se cada um des ses grupos está em contato com os outros eles criam o seu próprio sistema de apoio e à seme lhança dos esbulhados incas que vivem em tapetes de junco flutuando no lago Titicaca acabarão criando sua própria identidade global e sua própria realidade política Na década de 60 houve um surto de interes se pela sociologia do teatro Erving Goffman começou a usar a linguagem do teatro para descrever relações em público e para descrever a interação social em termos de estratégias dra matúrgicas Ao mesmo tempo o próprio teatro foi submetido a minuciosa análise como ins tituição da sociedade e seus processos foram investigados de vários ângulos como os pro cessos de COMUNICAÇÃO as relações com o ritual e outras considerações antropológicas Victor Turner Richard Schechner e Eugenio Barba interessaramse todos pela antropologia teatral Schechner procurou ampliar a discipli na dos estudos teatrais de modo a incluir os estudos da performance dos quais o desempe nho teatral é apenas um pequeno constituinte Barba empreendeu um estudo de comparações e conexões transculturais em técnicas perfor máticas A obra de Jean Duvignaud sobre socio logia do teatro e depois sobre a sociologia do ator despertou interesse imediato Também fo ram iniciados estudos sobre a psicologia e re centemente a biologia do ator Os estilos e formas mais tradicionais de performance foram investigados a partir de pontos de vista estrutu ralistas e pósestruturalistas para estabelecer a SEMIÓTICA teatral Muito se fez nesse campo mas em última análise ele ofereceu muito pouco que seja suscetível de produzir qualquer avanço no teatro A abordagem semiótica fun ciona melhor quando a performance se baseia em um sólido texto literário que a própria abordagem tenta suplantar a fim de analisar as estruturas performáticas do teatro Em face de tudo isso seria possível afirmar que a longa história do teatro como serviço social está agora agindo contra o seu desenvol vimento O Novo Realismo rejeita esse con ceito e o teatro tem pouco mais em que se apoiar Em nenhuma época existiu tanto inte resse e atividade no estudo e análise dos proces sos teatrais enquanto que o próprio teatro como instituição parece correr o perigo de desapare cer Contra isso o surgimento de companhias do Terceiro Teatro e do Teatro em Desenvolvi mento que não igualam atividade teatral com subsídio é portador das melhores esperanças para o futuro Há indícios de contraargumentos favoráveis ao teatro como forma de arte e não como serviço e uma crescente reação do teatro didático ou político em favor de um ato de celebração Leitura sugerida Barba Eugenio 1986 Beyond the Floating Islands Boal Augusto 1967 Teatro do Opri mido Bradley D e McCormick J 1978 Peoples Theatre Brecht Bertolt 1964 1978 Brecht on Thea tre org por John Willett Epsepskamp CP 1988 Theatre in Search of Social Change Schechner Ri chard 1988 Performance Theory CLIVE BARKER tecnocracia A palavra subentende comando ou governo exercido por gerentes administra tivos depois de a propriedade legal ter sido Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 758 tecnocracia separada do controle efetivo que superinten dem e dirigem o pessoal mais jovem da carreira burocrática com treinamento técnico mais re cente Ao mesmo tempo o trabalho desses ge rentes é altamente político quer seja execu tado em organizações do setor público ou pri vado O termo também se refere ao efêmero movimento nos Estados Unidos entre 1931 e 1933 ver Layton 1956 baseado na tentativa de aplicar o pensamento de Thorstein Veblen especialmente o seu livro de ensaios The Engi neers and the Price System 1919 A palavra foi usada pela primeira vez em 1914 por WH Smyth um seguidor de Veblen depois de ter lido alguns ensaios que seriam publicados nesse livro Smyth definiua como a organização da ordem social baseada em princípios estabeleci dos por especialistas técnicos ecoando a longa tradição de pensamento positivista francês que começa com SaintSimon e inclui François Charles Fourier Auguste Comte Prosper En fantin e a École Polytechnique no período entre 1815 e 1860 Um importante pressuposto da tecnocracia que a definição de Smyth apenas serve para sublinhar é a existência de um fenômeno cha mado conhecimento objetivo o qual pode ser apreendido e aplicado diretamente a problemas sociais e econômicos assim como técnicos e a capacidade dos tecnocratas de combinar esse conhecimento com as aptidões organizacionais e gerenciais o que faz deles as pessoas em quem mais se pode confiar para realizar e manter esse tipo de ordem social Ver também RACIONALI DADE E RAZÃO No plano organizacional igno ra as sérias e constantes tensões entre subordi nados e dirigentes entre funcionários com co nhecimentos gerais e especialistas que é pos sível encontrar em todas as estruturas burocrá ticas estabelecidas seja em sociedades supos tamente capitalistas ou socialistas ou em organizações do setor público ou privado A tecnocracia e os que endossam seus objetivos e métodos tende também a minimizar ou igno rar as conseqüências de tal pensamento e a prática que se presume resultar dele para os interesses legítimos acerca da responsabilida de de funcionários não eleitos em face dos elei tos e da responsabilidade de funcionários eleitos para com os seus eleitores nas democra cias representativas que funcionam sob o impé rio da lei O que decorre com excessiva freqüência dos pressupostos e preferências tecnocráticos é a noção de que os problemas políticos são real mente de natureza administrativa e gerencial ou que idealmente deveriam ser reduzidos a isso a fim de manter a continuidade e resistir às tendências desestabilizadoras ocasiona das pelos partidos políticos pelas campanhas e pelas eleições Os tecnocratas preferem in freqüentes eleições plebiscitárias caracteriza das por curtas campanhas em que pelo menos uma outra equipe esteja a postos para assumir as posições simbólicas associadas ao governo democrático na eventualidade de o grupo de políticos existente ser derrotado A ordem social é compreendida no caso ideal como uma má quina ou sistema que pode operar de várias maneiras desde a máxima eficiência em um extremo até a crassa ineficiência no outro Além disso é uma máquina ou sistema que uma vez estabelecida de acordo com os cri térios preferidos só vai requerendo ao que se presume pequenos ajustes graduais para se manter A idéia de controlar o poder discricionário de funcionários nãoeleitos está irrecuperavel mente comprometida com o predomínio cres cente da noção favorecida por programas de treinamento empresarial e administrativo na América do Norte Europa Ocidental e Comu nidade Britânica de que existe um conhe cimento objetivo de que os especialistas po dem apreendêlo e de que é possível aplicálo diretamente a problemas sociais políticos e econômicos pela combinação adequada de ha bilidades técnicas gerenciais e políticas Em bora se pensasse inicialmente que o movimento desenvolvido nos Estados Unidos era de teor radical suas verdadeiras cores conservadoras rapidamente se manifestaram em linha com a tradição que vem de SaintSimon e dos que o ensinaram inspirados como foram por Edmund Burke Assim a tecnocracia tem sérias conse qüências não só para a democracia represen tativa e para o domínio da lei que ela pressupõe mas também para as propensões mais liberais das burocracias estabelecidas nesses países É por isso que os tecnocratas preferem partidos conservadores no poder e programas políti cos conservadores pois estes favorecem a esta bilidade a ordem a eficiência a privatização a desregulamentação e a despolitização Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar tecnocracia 759 Ver também BUROCRACIA CIÊNCIA DA ADMI NISTRAÇÃO REVOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGI CA Leitura sugerida Crozier Michael 1963 Le phéno mène bureaucratique Giddens A 1973 The Class Structure of the Advanced Societies Gurvitch G 1949 Industrialization et technocratie Habermas Jürgen 19689 Technology and science as ideology In Toward a Rational Society Hodges Donald 1980 The Bureaucratization of Socialism Layton Edwin 1956 The American engineering profession and the idea of social responsability Tese de doutorado não publicada Mannheim K 1940 Man and Society in an Age of Reconstrution Meynaud Jean 1965 Tecnocra cy Phillips Derek 1979 The Credential Society Thompson Victor 1961 Modern Organization Wi lensky HL 1967 Organizational Intelligence Wil son HT 1977 The American Ideology Science Te chnology and Organization as Modes of Rationality in Advanced Industrial Societies Young Michael 1958 The Rise of the Meritocracy HT WILSON tecnologia Ver MUDANÇA TECNOLÓGICA RE VOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA teleologia A palavra deriva do grego telos que significa finalidade O uso especulativo desse termo decorrente da filosofia hegeliana e de outras filosofias da história e atribuindo uma finalidade ou objetivo a toda a história humana perdeu crédito de modo geral ao lon go do século XX e foi atacado por autores como Popper 1957 e Lyotard 1979 ver HISTO RICISMO A EXPLICAÇÃO teleológica do compor tamento dos seres humanos e de outros animais superiores em termos de metas percebidas tor nouse porém mais amplamente aceita En quanto o POSITIVISMO e o COMPORTAMENTALISMO confiam essencialmente em explicações mecâ nicas em função de causas antecedentes a HER MENÊUTICA a teoria da escolha racional ver ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA e abordagens afins Sartre 1960 Taylor 1964 ressuscitaram a idéia de que a explicação das ações humanas deve incluir a referência a intenções e finali dades humanas eou a práticas culturais es tabelecidas Quanto ao REALISMO os modelos de CAUSALIDADE que se concentram nos poderes causais de entidades também colocaram em relação mais estreita as explicações de eventos naturais e de ações humanas Bhaskar 1979 Esses desenvolvimentos enfraqueceram o sentido de uma oposição global entre explica ção causal ou genética e explicação teleológica que impregnou a filosofia e o pensamento so cial do século XIX e começo do século atual sobretudo na Europa Central Adler 1904 Lu kács 1973 Subsiste a controvérsia porém em torno do visível esteio do FUNCIONALISMO em uma forma teleológica de explicação que atri bui finalidades como a estabilidade social ou o desenvolvimento das forças produtivas a enti dades supraindividuais como os sistemas so ciais ou a espécie humana invocando às vezes duvidosas analogias biológicas Leitura sugerida Taylor C 1964 The Explanation of Behaviour WILLIAM OUTHWAITE teologia A expressão incluindo a teologia natural conforme praticada digamos por Aris tóteles pode ser traduzida literalmente como discurso sobre Deus Essa é uma ampla des crição como Santo Tomás de Aquino sublinha na Summa onde escreve a teologia incluída na doutrina sagrada difere em espécie da teolo gia que é parte da filosofia Esse sentido lato incluiria também nos dias de hoje uma re flexão sobre as descobertas da sociologia sobre a RELIGIÃO comum ou popular Em uma acepção mais estrita a teologia pode ser definida como a reflexão metódica sobre a revelação divina a qual pode ser pas sada adiante usada em discurso racional e de fendida Nessa forma é o estudo do conteúdo de textos que são tratados como definitivos Em seu sentido mais estrito e foi esse o estilo dos manuais de teologia até meados deste século a teologia era um conjunto de correlações meto dicamente unificadas acerca da revelação divi na concatenadas a partir de uma harmonizado ra exegese bíblica e de uma versão de história doutrinal baseada em Denziger Enchiridion Symbolorum de H Denziger manual das de cisões doutrinárias da Igreja simboliza a teo logia neoescolástica que foi a chave para a estrutura da dogmática da Igreja Católica tradi cional Nessas definições mais estritas a teo logia é um exercício de esvaziamento do con teúdo de doutrinas sagradas e embora seja esse um significado legítimo não é o comumente indicado pela teologia hodierna Em geral se busca uma definição mais ampla Pluralismo Uma definição ampla é usada hoje em dia a fim de acomodar o pluralismo teológico que Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 760 tecnologia passou a ser moda nos últimos 20 anos A filosofia a antropologia e a sociologia exis tencialistas por seu turno levaram os teólogos a reconhecer fatores nãoteológicos em ação na definição de ortodoxia A definição de teologia tornase pois mais ampla não só para incluir uma reflexão sobre elementos proposicionais contidos em escritos sagrados mas também interpretações de autocompreensão apreendi das direta ou historicamente por crentes Uma geração mais antiga de teólogos teria reivin dicado duas fontes de teologia as escrituras e a tradição Schillebeeckx 1977 por exemplo retém os dois esquemas originais mas diz que eles são por um lado toda a tradição experiencial do grande movimento judaicocristão e por outro as experiências humanas hodiernas compartilhadas por cristãos e nãocristãos A experiência inter pretativa é parte essencial do conceito de revelação Essa abordagem experiencial pode culminar no pólo extremo do pluralismo ou seja na extremidade oposta da definição mais estrita a que já nos referimos que é a constituída pelas versões privatizadas e voluntaristas de crença Exemplo notável desse gênero de literatura teo lógica é a recente obra de Hans Küng Theology for the Third Millenium na qual ele enuncia a tese de que a primeira constante o primeiro pólo de uma teologia ecumênica crítica é o nosso atual mundo de experiência com toda a sua ambivalência contingência e mutabilida de 1988 p166 Se isso quer dizer que tudo é compatível com a teologia cristã então fica difícil ver que significado inteligível pode ser atribuído à teologia O pluralismo e as novas formas de ecume nismo abrangem também as teologias de outros credos e religiões mundiais como a religião hinduísta baseada nas escrituras reveladas dos videntes védicos ver também HINDUÍSMO E TEORIA SOCIAL HINDU o BUDISMO baseado na roda dos ensinamentos do buda o darma que se apossa da comunidade a sangha o ISLA MISMO baseado no Corão revelado a Maomé e a religião judaica baseado na Tora ver JUDAÍS MO A teologia islâmica afirma a existência e a unicidade de Deus a missão profética de Mao mé e a necessidade de obedecer aos manda mentos básicos conhecidos como os pilares do islã As estruturas dogmáticas erguidas sobre esses três princípios não sofreram virtualmente mudança alguma desde o século VIII A teolo gia judaica baseiase também no monoteísmo na forma por certo de um monoteísmo ético relacionado com o sentido judaico de seu des tino histórico Pode ser descrito em certo sen tido como uma teologia da lei uma vez que a tradição rabínica preocupouse com discussões sutis e freqüentemente não resolvidas sobre a lei do Antigo Testamento e sua significação para a vida humana Mas esses enunciados ge rais não fazem jus à rica tradição da teologia judaica a qual fundamentalmente influenciada pelo holocausto começou a desenvolver for mas significativas de teologia da libertação Estilos teológicos O pluralismo em teologia também existe na forma aceitável de diferentes sistemas de teo logia ou no idioma contemporâneo em di ferentes estilos de teologização Em Logic of Theology 1986 Ritsch identificou dois tipos básicos o primeiro é o monotemático no qual a teologia está organizada em torno de um único tema central o segundo é o conglome rado no qual uma gama de tópicos apropria dos e necessários ao lado de temas parciais são reunidos num corpus teológico coerente Típi cos do primeiro estilo de teologia são Martinho Lutero justificação somente pela fé as teolo gias da libertação liberdade da opressão como assunto de importância religiosa universal Küng o ecumenismo que deixou de ver em todas as outras teologias e igrejas outros tantos antagonistas para as ver agora como parceiras as teologias pósmodernas o problema político é central para o empreendimento teológico Karl Barth a soberania de Deus Karl Rahner uma epistemologia em que a interpretação da autocompreensão é apreendida direta e histo ricamente no ato de existência O estilo conglomerado abrange a maior parte da teologia desde as Sentenças de Pedro Lombardo até a Summa de Santo Tomás de Aquino e a maioria dos escritos teológicos católicos e protestantes desde o século XVI até inícios do século XX e no caso da teologia católica até meados deste século Entretanto ambos os estilos de teologia estão sujeitos à objeção de que se trata de sistemas fechados dificilmente capazes de acomodar desenvolvimentos históricos mudanças para digmáticas ou intervenções proféticas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar teologia 761 Teologia como ciência A teologia pode ser e freqüentemente é definida como a ciência da fé se entendermos por fé uma reflexão metodológica de acordo com as diretrizes adequadas ao objeto de estudo de qualquer disciplina A tarefa da teologia é a exploração disciplinada do que está contido na revelação divina Isso inclui o exame detalhado de seu objeto especial de estudo o qual inclui as Escrituras e a Tradição assim como a expe riência cristã O compromisso total requerido é compatível com a reflexão crítica Assim a teologia do final do século XX reivindica ser científica em sua metodologia e ter sobrevivido a par de outras ciências humanas à crítica positivista de que nada mais é senão uma com binação de alegações morais e avaliatórias que expressam apenas opiniões e preferências Se ria difícil imaginar uma instituição acadêmica contemporânea que excluísse o discurso teoló gico como a Royal Society no século XVII excluiu a teologia e a política sob o argumento de não serem axiologicamente neutras A teologia e as outras ciências Até o século XX a FILOSOFIA era a única mediadora entre a autocompreensão humana e a teologia Agora existe grande número de ciên cias humanas antropologicamente significati vas que estão influenciando o empreendimento teológico A própria antropologia insiste em que as intuições teológicas supostamente di vorciadas das experiências humanas estão con dicionadas pela cultura e pelas estruturas de pensamento em que são apreendidas Pallin 1990 A sociologia criticou o individualismo da teologia ocidental clássica Para corrigir essa fraqueza duas influências se destacaram em primeiro lugar a teologia política alemã defi nida por Metz como um corretivo crítico à tendência da teologia contemporânea a se con centrar no indivíduo privado encorajou o de senvolvimento do sentimento cristão de res ponsabilidade no tocante às questões públicas e a TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO incentivou a recu peração do significado social das Escrituras pelos cristãos latinoamericanos que estão en gajados na luta por justiça Essas ciências são agora parceiras em diálogo com a teologia e cumpre reconhecêlas como influências fecun das Elas já começaram por exemplo a indicar modos em que a ciência da fé é uma ciência prática e introduziram termos como orto práxis a fim de indicar a significação parcial do ato de fé e de compromisso caso definido apenas em termos de ortodoxia A teologia do futuro influenciada pelos de senvolvimentos atuais na filosofia e nas ciên cias sociais será certamente modificada pelos estudos pósmodernos e feministas Milbank 1990 Rose 1992 Leitura sugerida Küng Hans 1988 Theology for the Third Millennium Milbank J 1990 Theology and Social Theory Beyond Secular Reason Pallin DA 1990 The Anthropological Character of Theology Ritsch A 1986 Logic of Theory Rose G 1992 The Broken Middle Schillebeeckx E 1977 Interim Re port FRANCIS P MCHUGH teologia da libertação Primeira construção teórica da fé cristã elaborada no Terceiro Mun do a teologia da libertação tem o objetivo de apresentar a liberdade com relação à opressão como assunto de importância religiosa univer sal De origem latinoamericana e datando da década de 60 a teologia da libertação combina conceitos oriundos das ciências sociais com idéias bíblicas e teológicas Em particular no seu uso da teoria social marxista e nãomarxis ta pode ser superficialmente lida por teólogos pouco perspicazes e sociólogos condescenden tes como uma forma de teoria social radical que incorpora uma ética secular de justiça Com efeito uma recente resposta oficial da Igreja Católica à teologia da libertação questiona o status epistemológico de uma teologia que in tegra elementos de teoria marxista Congrega ção para a Doutrina da Fé 1984 A forma híbrida da teologia da libertação cria um obstáculo inicial à definição Seria pos sível ir ainda mais longe e dizer que induz em erro o uso do substantivo no singular teolo gia para descrever o corpus da literatura da libertação como se fosse de qualquer modo comparável à teologia sistemática clássica Existem várias teologias da libertação teologia da libertação negra Cone 1969 teologia ju daica da libertação Ellis 1987 teologia da li bertação asiática Suh Kwangsun 1983 e teo logia da libertação latinoamericana Haight 1985 Além dessas há a chamada teologia política influenciada pela escola de Frankfurt de sociologia crítica a qual pode ser descrita como uma teologia da libertação para a socie dade capitalista ocidental Metz 1969 Em Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 762 teologia da libertação outras palavras é mais correto falar de teolo gias da libertação do que de teologia da liber tação Mesmo que ainda não se disponha de uma descrição unívoca essas teologias podem ser reunidas sob um só título porque compartilham pressupostos sobre a necessidade de a teologia contemporânea ser orientada por três valores primeiro a análise da opressão e sua correspon dente forma de libertação segundo o emprego da análise e da teoria sociais como um corretivo para o modo privatizado da teologia tradicio nal e terceiro o uso do paradigma da libertação do Livro do Êxodo Opressão e libertação A forma distinta de teologização desenvol vida na teologia da libertação resultou da com binação da detalhada análise empírica de for mas de opressão e da análise sociológica e política dessas formas Na América Latina as teorias educacionais de Paulo Freire 1970 es timularam descrições da pobreza e da impotên cia da massa da população Percebeuse depois que a análise socioeconômica de Marx era efi ciente na identificação dessas formas de opres são como inevitáveis conseqüências da aliança da riqueza e do poder específica do capitalismo Os teólogos que estavam refletindo com o povo a respeito da experiência de pobreza começa ram a falar de estruturas de opressão e inter pretando teologicamente a situação adotaram o termo estruturas de pecado Não está claro se os teólogos da libertação estabeleceram ligações textuais entre o seu pró prio estilo de teologização e o usado por Marx na Crítica da filosofia do direito de Hegel mas as semelhanças são impressionantes Marx identifica a classe opressora por sua encarna ção de uma limitação que ofende de modo geral em termos de teologia da libertação essa poderia ser a estrutura pecaminosa que cria e propaga a pobreza ou pela deficiência de uma determinada esfera que se converte no notório crime de toda uma sociedade o que poderia descrever o lugar que o holocausto nazista ocu pa na teologia judaica de libertação ver Marx 1975 p254 A progressão de um entendimento pessoal e psicológico dos alicerces da teologia para uma interpretação sociológica da realidade é típica da teologia da libertação Por exemplo a reco mendação da Igreja Católica de um estilo de vida subjetivo de pobreza foi substituída na teologia da libertação por uma objetiva opção pelos pobres Como a Igreja tinha estado com prometida com a classe opressora detentora da riqueza tinha de se identificar agora com os pobres na luta pela libertação Essa recomen dação de uma opção fundamental pelos po bres reflete a idéia de Marx de que se uma classe é a classe da libertação por excelência então uma outra deve ser a classe da opressão ibid A conclusão de Marx com os seus próprios e estranhos ecos teológicos de que a opressão social desse gênero significa a perda total de humanidade a qual portanto só pode redimir se através da total redenção da humanidade ibid p256 apresenta em forma secular o tema escatológico da luta pelo estabelecimento do Reino Universal de Deus com suas conse qüências sociais e políticas que está no âmago da teologia da libertação Teoria social radical desprivatização da mensagem cristã O desenvolvimento e a natureza da teoria da libertação não podem ser entendidos sem que ela seja vista em parte como uma reação primeiro ao individualismo da teologia ociden tal clássica e segundo à abordagem teórica consensual do pensamento social católico tra dicional Duas influências atuaram para corrigir a primeira fraqueza a teologia política alemã definida por Metz como um corretivo crítico à tendência da teologia contemporânea a se con centrar no indivíduo privado 1968 p3 e o outro corretivo a recuperação do significado social dos Evangelhos pelos cristãos latino americanos engajados na luta por justiça A teoria da libertação tentou corrigir a segunda fraqueza apoiandose em contribuições marxis tas para demonstrar que a análise da opressão social acarreta uma teoria de conflito e da ação Procurou ser seletiva no uso de insights marxis tas em outras palavras tratou de evitar a aceitação do sistema marxista mas muitos co mentadores cristãos têm sérias dúvidas sobre se a análise pode ser usada sem que se aceite também a interpretação materialista da história O que distingue a abordagem da teoria da libertação de formas precedentes e o que é mais importante ainda o que constitui a sua epis temologia característica está resumido em seu uso do termo práxis Os teólogos ocidentais Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar teologia da libertação 763 estavam treinados em uma tradição que deu pri mazia ao conhecimento teórico primeiro veio a verdade e depois a sua aplicação Os teólogos da libertação questionam essa ordem Eles dão primazia à ação a práxis vem antes da teoria a ortopráxis vem antes da ortodoxia Sem se ne gar a utilidade dessa abordagem para a teologia podese perguntar se esse uso da práxis não será idêntico ao de Aristóteles quando descreveu as matérias que se relacionam com a vida na pólis enquanto que em Marx práxis faz referência específica à ação que se liga às relações de produção Uma vez mais as conexões íntimas entre a noção de práxis no marxismo e a inter pretação materialista da realidade devem criar dificuldades para a interpretação teológica da história O paradigma do Êxodo Seria um equívoco contudo expor a teoria da libertação como se a sua coerência depen desse exclusivamente da correspondência exata com um marxismo definitivo especialmente em uma época em que o marxismo se vê cada vez mais incapaz de manter contato com a natureza universalista de suas proposições eco nômicas Neste ponto o marxismo pode ter algo a aprender com a teologia da libertação Em 1921 Ernst Bloch em sua original e independente interpretação do marxismo sus tentou contra Engels e outros que a linguagem usada por Thomas Münzer na Guerra Campo nesa de 1542 não disfarçava objetivos políticos seculares mas constituía uma expressão de ex periências religiosas profundamente sentidas as quais também favoreciam o compromisso político Na teologia da libertação o Livro do Êxodo ocupa um lugar central e paradigmático na promoção do esforço cristão para quebrar os grilhões da opressão Na história do Êxodo fé e política estão juntas o fato político e o evento teológico caminham unidos Encarado do ponto de vista do próprio processo de libertação o Livro do Êxodo identifica dois momentos li bertação da opressão do faraó e libertação para a Terra Prometida É esse paradigma que orienta grande parte da teologia da libertação Já em 1968 a Conferência dos Bispos da América Latina em seu famoso documento de Medellín o qual inaugurou oficialmente a temática da libertação fez referência à força revolucioná ria da reflexão sobre libertação no Êxodo e Gutierrez observa que ele continua vital e contemporâneo em virtude de experiências his tóricas semelhantes por que passou o povo de Deus 1973 p159 Ver também CRISTÃ TEORIA SOCIAL Leitura sugerida Boff L 1983 Igreja carisma e po der Boff L e Boff C 1986 Como fazer teologia da libertação Bonino J 1983 Towards a Christian Po litical Ethics Concilium 1987 parte 1 p83106 Gutierrez G 1983 A Theology of Liberation Politics and Salvation Institute of Jewish Affaire 1988 Chris tian Jewish Relations 211 monografia Lane D 1984 Foundations for a Social Theology Segundo JL 1973 The Community Called Church Sobrino J 1978 Spirituality of Liberation FRANCIS P MCHUGH teoria crítica Ver ESCOLA DE FRANKFURT teoria política Esta pode ser sucintamente definida como a reflexão sistemática sobre a natureza e os objetivos do governo envolvendo caracteristicamente uma compreensão das ins tituições políticas existentes e uma perspectiva sobre o modo como elas deveriam se é que deveriam ser mudadas Tratase de uma ativi dade intelectual com uma extensa genealogia que remonta pelo menos à Grécia antiga e está consubstanciada em uma série de obras clás sicas desde a República de Platão até as Consi derações sobre o governo representativo de John Stuart Mill Podese dizer que de modo geral ela não prosperou no século XX e pode mos começar indagando por quê Duas ten dências têm conspirado para desacreditar a teo ria política sendo uma delas o determinismo social e a outra o positivismo Ambas as ten dências contudo enfraqueceramse à medida que o século avançava e os últimos vinte anos têm testemunhado uma revitalização do assun to sobretudo nos Estados Unidos mas também em menor grau nas democracias européias O determinismo social cujas raízes mergu lham fundo no pensamento oitocentista abalou a teoria política de um modo óbvio Se a forma das instituições sociais e políticas era governa da por fatores à margem do controle humano então a especulação intelectual sobre a melhor forma de sociedade ou governo era manifes tamente uma atividade desprovida de propósi to Esboçaramse vários modelos de determi nismo social cada qual apontando um fator diferente como base das leis que governaram a evolução da sociedade humana a mudança tec nológica a propriedade dos meios de produção Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 764 teoria crítica as forças no interior da psique humana a evo lução genética e outras Em cada caso a impli cação foi que o curso de desenvolvimento da sociedade estava predeterminado de modo que o pensamento racional só podia registrar e em alguns casos prever esse curso embora fosse impotente para intervir caso fosse necessária uma mudança de sua direção Tais teorias porém raramente são postu ladas hoje em dia nas vigorosas formas que outrora prevaleceram Isso pode ser observado no caso da mais influente de todas as filosofias deterministas o MARXISMO O século XX assis tiu a um constante recuo dos marxistas que os distanciou cada vez mais da tese segundo a qual a estrutura econômica de uma sociedade exerce uma influência predominante sobre todos os outros componentes especialmente o seu sis tema político e a sua ideologia O mais influente pensador nesse capítulo foi o marxista italiano Antonio Gramsci que reconheceu que a cultura e a política de qualquer sociedade dada desen volviamse de modos que não estavam dire tamente governados por fatores econômicos Idéias semelhantes foram expostas pelos mem bros da ESCOLA DE FRANKFURT na Alemanha e pelos estruturalistas franceses liderados por Althusser ver ESTRUTURALISMO Se as insti tuições políticas e outras desfrutaram de tal medida de autonomia relativa então se poderia indagar de novo quais instituições eram pro gressistas em termos de necessidades e inte resses humanos em qualquer momento históri co Fazia sentido por exemplo organizar uma defesa da democracia liberal contra o fascis mo Assim os marxistas viramse envolvidos com questões tradicionais de teoria política embora cumpra acrescentar que o próprio mar xismo carece de recursos para oferecer quais quer respostas esclarecedoras a tais questões Outras versões de determinismo como a teoria freudiana que em um dado ponto amea çou reduzir todo o comportamento político ao jogo de instintos nãoracionais declinaram de maneira análoga Entretanto a tentativa de descobrir leis gerais de desenvolvimento social e em particular de explicar fenômenos políti cos em termos de fatores mais rudimentares imprimiu sua marca no pensamento político muito especialmente em uma forte tendência a ligar questões políticas stricto sensu a ques tões sociais mais amplas A linha de demarca ção entre teoria social e teoria política foi ero dida questões sobre a forma e a função do estado são agora tratadas normalmente em conjunto com questões sobre economia di visões de classes e étnicas etc O pressuposto é que não faz mais sentido especular sobre a forma ideal de governo em isolamento do meio ambiente social psicológico e cultural em que esse governo tem que funcionar O POSITIVISMO foi a segunda força que amea çou desviar a teoria política do seu rumo ao lhe destruir as credenciais intelectuais Por positi vismo entendo a noção de que as únicas formas autênticas de conhecimento são o conhecimen to empírico e o conhecimento formal o co nhecimento consubstanciado nas ciências em píricas derivado essencialmente por indução a partir de dados observacionais e o conhecimen to englobado na lógica e na matemática deri vado por raciocínio dedutivo Isso teve a impli cação imediata de que todos os juízos prescriti vos e de valor incluindo os juízos sobre dife rentes formas de sociedade e de governo ofere cidos pela teoria política eram de caráter sub jetivo na versão mais extrema eram conside rados simplesmente expressões de sentimento pessoal da pessoa que os formulava O positi vismo exerceu poderosa influência sobre a filo sofia e a ciência social em meados do século e levou a dois desenvolvimentos paralelos os filósofos desviaram sua atenção dos problemas de ética e teoria política para se concentrar na lógica na epistemologia na filosofia da ciência e mais tarde na filosofia da linguagem en quanto que os cientistas sociais procuraram de senvolver uma ciência puramente empírica do comportamento social livre de todos os ele mentos de avaliação Este último desenvolvi mento foi especialmente acentuado na ciência política em que os anos do pósguerra presen ciaram a chamada revolução do comporta mento a aplicação de métodos quantitativos a fenômenos políticos tais como o comportamen to eleitoral com a finalidade de criar uma ciên cia da política de acordo com uma orientação positivista O efeito combinado desses dois de senvolvimentos foi colocar em dúvida a viabi lidade permanente da teoria política como em preendimento intelectual preocupação resumi da no título de um ensaio de Isaiah Berlin Does political theory still exist A teoria política ainda existe 1964 Por motivos que eram em parte intelectuais e em parte políticos o domínio do positivismo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar teoria política 765 se enfraqueceu constantemente durante a déca da de 60 abrindo o caminho para uma impor tante recuperação da teoria política no final da década No mundo anglosaxão o mais impor tante evento foi a publicação de A Theory of Justice 1971 de John Rawls saudado por alguns comentaristas como a obra de pensa mento político mais significativa desde John Stuart Mill Mais ou menos à mesma época Jürgen Habermas 1968 desencadeou um ata que frontal ao modelo positivista e preparou o terreno sobretudo na Alemanha para o renas cimento da teoria crítica À semelhança do determinismo social con tudo o positivismo deixou uma herança para a teoria política na forma de uma persistente incerteza acerca dos critérios de validade em última instância como poderiam ser testadas as pretensões de uma teoria política Os teóricos subseqüentes podem ser divididos grosso mo do em fundacionalistas que mantêm ser pos sível encontrar bases objetivas e universais para aceitar ou rejeitar uma teoria e convencionalis tas que argumentam que uma teoria só pode ser testada em relação às crenças e atitudes predo minantes em determinada cultura e não pode pretender acudir a bases mais profundas do que essas Entre os fundacionalistas há por sua vez uma ampla divisão entre neoaristotélicos que procuram avançar das observações gerais sobre a natureza humana para asserções sobre o bem humano e daí para especificações da estrutura institucional mais adequada à promoção desse bem e os neokantianos que começam com afirmações mínimas a respeito da racionalidade e prosseguem sustentando que apenas certas instituições e práticas poderiam fazer jus ao apoio de toda e qualquer pessoa racional em uma situação de livre escolha Habermas e Rawls são neokantianos Procu ram derivar princípios políticos válidos recor rendo a um cenário artificialmente construído no qual só a razão funcionaria Habermas afir ma que normas legítimas são as que surgiriam consensualmente de uma situação de discurso ideal do qual a coerção e a dominação es tariam ausentes e em que os participantes teriam que se persuadir mutuamente pela força exclu siva dos argumentos Rawls recorre a uma po sição original em que se imagina que as pes soas ignoram por completo suas características gostos posições pessoais etc na sociedade princípios válidos de justiça são os que seriam escolhidos por indivíduos racionais colocados em tal posição A questão que ambos devem enfrentar é se quaisquer resultados determina dos podem ser derivados de tais experimentos intelectuais Neste ponto é significativo que Habermas e Rawls tenham recentemente recua do de suas audaciosas asserções originais Ago ra ambos admitem que seus eleitores ideais devem ser concebidos como portadores de cer tos traços culturalmente específicos para que surjam conclusões políticas substantivas da si tuação de discurso ideal ou da posição origi nal Isso equivale a uma redução da diferença entre fundacionalistas e convencionalistas Es tes últimos afirmam que a teoria política só pode proceder descrevendo e explicitando as crenças e ideais de determinada cultura não existe um ponto de observação externo a partir do qual essas crenças e ideais possam ser ava liados Dentre os teóricos recentes dessa cate goria incluemse Alasdair MacIntyre 1981 1988 e Michael Walzer 1983 MacIntyre ten tou diagnosticar a condição das modernas so ciedades liberais onde a discussão em torno de princípios de justiça distributiva por exem plo parece interminável contrastandoas com sociedades mais antigas dotadas de práti cas e tradições bem estabelecidas onde a justiça e outros valores possuíam critérios estáveis de aplicação Walzer sustenta que as sociedades modernas encarnam de fato uma concepção relativamente coesa de justiça mas radicalmen te pluralista Elas incluem certo número de esferas distintas no interior das quais dife rentes espécies de bens são distribuídos de acor do com diferentes critérios bemestar na base de necessidade emprego na base de igualdade de oportunidade etc O significado dos bens e seus critérios distributivos são socialmente constituídos e as críticas às práticas distributi vas de uma sociedade devem ocorrer do interior desse conjunto de entendimentos Para os que aspiram à grandiosa tradição da teoria política essas tentativas de erguer uma estrutura de argumento político sobre o que é reconhecido como uma base convencional po dem ser rejeitadas como puro e simples paro quialismo sucumbindo às ilusões da época como Marx teria dito Não obstante dado que o século XX não produziu uma obra de pensa mento político que se situe de forma inequívoca nessa tradição e dado o modo como os as Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 766 teoria política pirantes a fundacionalistas foram forçados a recuar de suas mais afoitas pretensões pode mos ter de concluir que alguma forma de con vencionalismo é a única opção viável para a teoria política no final do século XX Voltando nossa atenção das questões de mé todo para as de substância a principal caracte rística do pensamento político do século XX tem sido o predomínio do LIBERALISMO em seus vários aspectos Das principais ideologias do século XIX tanto o conservadorismo quanto o socialismo ou o anarquismo não geraram qual quer novo enunciado teórico importante em nosso período e a única ideologia indiscutivel mente nova o fascismo era inerentemente hostil à reflexão teórica Mais adiante vou referirme sucintamente ao feminismo Assim as principais linhas de debate foram desenvol vidas no seio do liberalismo concebido lato sensu nele podemos distinguir em termos ge rais elementos de direita centro e esquerda O liberalismo conservador de centrodirei ta recorre fundamentalmente a argumentos cé ticos que recomendam a limitação do poder dos governos com base na incompetência destes Nas décadas de 30 e 40 isso assumiu freqüen temente a forma de um ceticismo em relação às instituições democráticas citavamse as provas oriundas da psicologia das massas a fim de mostrar que as pessoas comuns eram incapazes de chegar a decisões políticas racionais razão pela qual o âmbito do poder decisório democrá tico deveria ser severamente limitado ver SO CIEDADE DE MASSA A obra mais influente nessa categoria foi a de Joseph Schumpeter 1942 o qual afirmou que o papel do povo deve confi narse à escolha entre elites concorrentes sendo então a equipe vitoriosa responsável por todas as decisões políticas no período seguinte Uma abordagem alternativa sustentou que os governos de qualquer matiz de opinião care cem de capacidade cognitiva para reformar a sociedade de maneiras radicalmente novas Isso adquiriu a forma de um ataque ao racionalismo entendido como a doutrina segundo a qual os processos sociais podiam ser entendidos cienti ficamente e transformados através de um ato de vontade política Destacaramse nesse movi mento no período do pósguerra Karl Popper 1945 1957 que atacou a idéia de leis his tóricas e de engenharia social utópica FA Hayek 19441960 que argumentou contra o planejamento central e a favor do livre merca do com base em que o conhecimento necessá rio para tomar decisões econômicas era sempre disperso e local e Michael Oakeshott 1962 que sustentou ser o conhecimento político um tipo de conhecimento prático consubstanciado na tradição e incapaz de ser vazado em forma científica Finalmente cumpre mencionar aqui as ten tativas no sentido de modelar a política em termos econômicos como o resultado nãopre meditado de atores empenhados em concretizar seus próprios interesses particulares financei ros ou outros Esse é o domínio da teoria da ESCOLHA PÚBLICA cujo principal expoente foi o economista político americano James Bucha nan O resultado da abordagem da escolha pú blica é que o governo não pode ser visto como o representante desinteressado da vontade co letiva por conseguinte é inútil fixarlhe tarefas como a de promover a justiça social Todas as correntes do liberalismo conservador conver gem nas três proposições seguintes 1 que o papel econômico do governo seja estritamente limitado com a maioria das tarefas deixadas à economia de mercado 2 que não se pode esperar dos procedimentos democráticos a rea lização de uma vontade popular autêntica 3 e que a essa luz os poderes do governo devem ser limitados por uma constituição formal que o incapacite de assumir tarefas para cuja execu ção ele é inerentemente inadequado O liberalismo centrista vê a sua tarefa como a de identificar o conjunto de instituições so ciais e políticas que melhor promovem a LIBER DADE pessoal prevê um papel mais positivo para o governo do que o liberalismo de direita especialmente na forma de regulamentação do mercado e de disposições atinentes à política de bemestar social Uma vez mais diferentes ca minhos podem conduzir a conclusões bastante semelhantes Começase com uma definição de liberdade que amplia a definição clássica a liberdade não é meramente a ausência de res trições externas à ação mas a capacidade posi tiva de realizar objetivos valiosos Neste capí tulo existe uma linhagem que vai desde a idéia da liberdade positiva usada por liberais do co meço do século XX como LT Hobhouse 1911 até os argumentos recentes sobre as condições para a autonomia pessoal como os expostos por Joseph Raz 1986 e Stanley Benn 1988 O que todos esses teóricos afirmam é que embora seja essencial para cada indivíduo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar teoria política 767 possuir uma ampla esfera de arbítrio na vida pessoal e econômica o estado é responsável pelas garantias que condicionam previamente a escolha efetiva Isso significa entre outras coi sas fornecer educação oportunidades culturais e segurança econômica Uma segunda linha de argumentação revive a idéia de um contrato social Indaga o que os indivíduos querem que o seu governo faça antes de saberem precisamente de que modo seriam afetados por suas operações A aborda gem do contrato tem sido usada para defender o liberalismo de direita e de esquerda mas o seu principal expoente é John Rawls 1971 cujas conclusões são centristas Rawls sustenta que a par dos conhecidos princípios liberais de igual liberdade e igualdade de oportunidade para to dos pessoas colocadas em um ambiente contra tual adequadamente definido a posição origi nal escolheriam o princípio da diferença o qual permite desigualdades sociais e econômi cas somente na medida em que atuem em bene fício dos membros menos favorecidos da socie dade Isso portanto permite a tributação pro gressiva as medidas de bemestar social a ge rência econômica e medidas similares a tarefa do estado é cuidar de que os seus membros menos afortunados tenham a melhor vida que seja possível proporcionarlhes Na prática o liberalismo centrista converge com a DEMOCRA CIA SOCIAL tal como esta passou a ser entendida no período do pósguerra O liberalismo de esquerda é uma tradição mais recente e menos desenvolvida Sua tese principal é de que a liberdade deve ser dis tribuída igualmente para todos e a ênfase que isso atribui ao componente igualitário do libe ralismo levao na prática a conclusões muito radicais Por exemplo os liberais de esquerda sustentarão muito provavelmente que a pro priedade capitalista dos meios de produção constitui uma barreira efetiva à liberdade de todos os que não são proprietários e isso exige um remédio mais forte do que a clássica pres crição liberal de proteção econômica aos em pregados por exemplo isso pode levar à defesa de uma forma de SOCIALISMO DE MERCADO no qual todas as empresas são de propriedade dos que nelas trabalham e por estes administradas De modo ainda mais radical podese questionar o pressuposto liberal de que cada pessoa tem o direito de saborear os frutos de seus talentos A tese neste caso é de que as nossas dotações genéticas e outras dotações naturais são características pelas quais não podemos reivin dicar nenhum crédito nem merecemos portan to receber qualquer recompensa ou prêmio Os liberais igualitários são levados pois a procu rar instituições que possam servir para anular os efeitos das vantagens naturais embora permitindo ainda que os indivíduos suportem as conseqüências de suas escolhas De modo geral isso aponta para algum esquema de dis tribuição igualitária dos recursos da sociedade com compensação para os que foram menos favorecidos na loteria genética Um desenvolvimento diferente embora não incompatível da posição liberal de esquerda acentua a liberdade política e a exigência de que ela seja igualmente acessível a todos Isso apon ta para uma forma de democracia participativa na qual as instituições existentes são reestrutu radas de tal modo que cada membro da socie dade tem a oportunidade de contribuir para a tomada de decisões públicas por exemplo atra vés de um sistema de assembléias primárias em cada localidade Subjacente a essa concepção está a afirmação anteriormente feita por Jean Jacques Rousseau e John Stuart Mill de que a participação política é uma condição prévia essencial da autodeterminação individual Teó ricos recentes são notáveis principalmente por seu engenho em apontar métodos em que essa mesma afirmação pode ser aplicada às circuns tâncias de uma sociedade industrial avançada A hegemonia do liberalismo em suas várias facetas não deveria surpreendernos dado que o pensamento político do século XX adquiriu forma em sociedades que são móveis e pluralis tas e nas quais a liberdade pessoal adquiriu status supremo como valor É também nesse contexto que devemos considerar a ascensão do pensamento feminista no período iniciado em 1970 Embora o FEMINISMO esteja convencio nalmente dividido em versões liberal radical e socialista sua noção central é que a exclusão das mulheres das liberdades direitos e oportu nidades de que gozam os homens é a última grande anomalia da sociedade liberal as ver sões concorrentes devem ser interpretadas de preferência como outras tantas ofertas de ex plicações sobre as condições em que se poderia converter em realidade e reivindicação das mu lheres de igual tratamento entre os sexos O feminismo gerou até agora certo número de obras pioneiras ver Millett 1970 Mitchell Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 768 teoria política 1974 Pateman 1988 algumas de natureza acentuadamente especulativa Estamos ingres sando agora em um período de consolidação mas é prematuro afirmar se ele é propício à criação de importantes obras de teoria política que conquistem um lugar na tradição clássica Leitura sugerida Barry B 1965 Political Argument Barry Norman 1981 An Introduction to Modern Po litical Theory Dunn J 1979 Western Political Theo ry in the Face of the Future Gamble A 1981 An Introduction to Modern Social and Political Thought Goodwin B 1987 Using Political Ideas Kym licka W 1990 Contemporary Political Philosophy Muller D e Siedentop L orgs 1983 The Nature of Political Theory Parekh B 1982 Contemporary Po litical Thinkers Plant R 1991 Modern Political Thought Runciman WC 1969 Social Science and Political Theory Skinner Q org 1985 The Return of Grand Theory in the Human Sciences DAVID MILLER terceiro mundo A expressão tiers monde foi usada pela primeira vez em agosto de 1952 pelo demógrafo francês Alfred Sauvy em um artigo do jornal parisiense LObservateur intitulado Trois mondes une planète Em um mundo do pósguerra dividido em dois campos cada qual liderado por uma das duas superpotências as colônias que obtiveram sua independência depois de 1945 pareciam assemelharse ao tiers ètat da França prérevolucionária um estado que não dispunha dos privilégios dos outros dois a nobreza e o clero Na França o termo agradou tanto a socialis tas quanto a gaullistas que estavam procuran do embora por caminhos muito diferentes uma terceira via entre Washington e Moscou A doutrina do neutralismo positivo um neu tralismo que não aspirava simplesmente a se manter fora das guerras mas estava comprome tido com a libertação nacional e o humanismo socialista também se manifestou em outros países da Europa Ocidental Em 1949 quando a Iugoslávia se retirou do bloco soviético o princípio de nãoalinhamento propagouse ao mundo comunista A noção de um Terceiro Mundo adquiriu porém significação global quando foi adotada na década de 50 por alguns países excoloniais importantes mormente a Índia de Nehru o Egito de Nasser e a Indonésia de Sukarno Na Europa a esquerda os via como nações prole tárias que assumiriam o papel da classe prole tária no mundo avançado como os coveiros do capitalismo Mas os novos estados impuseram se uma tarefa diferente a formação de um agrupamento nãoalinhado não um bloco de países afroasiáticos ao qual se juntaram os movimentos de libertação nas restantes colô nias A Conferência de Bandung de 1955 as sinalou a chegada desse novo agrupamento ao palco mundial Como excolônias a sua primei ra preocupação foi com a resistência a qualquer tentativa de preservar ou reimpor o controle político ocidental Entretanto a independência desses países era tão recente e frágil que mesmo os novos e numerosos regimes que se intitu lavam socialistas temiam igualmente cair nas garras da superpotência comunista O internacionalismo dos novos estados ma nifestouse na rejeição não só do controle polí tico e da hegemonia cultural da potência colo nial que os tinha governado mas também do colonialismo tout court Portanto os novos es tados apoiaram as lutas nas colônias remanes centes e contra os regimes racistas mormente na África do Sul Panafricanistas como Nkru mah também alimentavam a esperança de su perar a balcanização do continente produzida por rivalidades coloniais durante o período im perialista ver PANAFRICANISMO Na década de 70 embora o mundo capitalis ta sofresse importantes defecções revolucioná rias notadamente o Vietnã a maioria dos re gimes nãoalinhados mais radicais tinha desa parecido por via da desestabilização vítimas de golpes internos ou tornados impotentes em função da debilidade econômica A preocupa ção dominante da originalmente denominada de forma significativa Organização da Uni dade Africana passou a ser pois a preservação das fronteiras estabelecidas durante o período colonial uma vez que os novos estados conti nham comunidades étnicas culturalmente hete rogêneas com constituições précoloniais poli ticamente variadas enquanto que outros grupos étnicos estavam divididos e separados por fron teiras estatais O perigo de disputas de fronteiras e de movimentos de secessão interna bem co mo da manipulação dessas divisões por potên cias de fora era muito real portanto como mostrou a guerra de Biafra A construção da nação a criação de uma nova espécie de identidade cívica para neutralizar o que era designado por tribalismo tornouse por tanto um projeto importante dos governantes Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar terceiro mundo 769 dos novos estados ver também NACIONAL POPU LAR REGIME A organização nãoalinhada desenvolveu se através de uma sucessão de conferências no Cairo Lusaka Argel Sri Lanka Havana etc assim como em outros fóruns das Nações Uni das como o movimento tricontinental patro cinado por Cuba Mas de modo crescente os problemas que eles tinham de enfrentar eram mais econômicos do que políticos não apenas o poderio dos estados ocidentais ou das ca da vez mais diversas formas de comunismo mas seus interesses econômicos comuns como países pobres agrários em um mundo domina do pelas empresas multinacionais e pelas ins tituições financeiras Ver DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO Alguns êxitos foram conseguidos 77 países subdesenvolvidos ganharam o apoio da ONU para a primeira Conferência Mundial sobre Co mércio e Desenvolvimento em 1962 De 1974 em diante também a ação conjunta do grupo de produtores de petróleo a OPEP para controlar a produção e os preços mundiais teve poderosos efeitos mesmo no Ocidente rico Em alguns países além disso incluindo os quatro pequenos tigres da Ásia Oriental Coréia do Sul Taiwan Hong Kong e Singapu ra tem havido maciços investimentos es trangeiros e a conseqüente industrialização Al guns concluíram que o Terceiro Mundo seguirá cada vez mais esse caminho Em seu todo porém os países subdesenvolvidos têm sido incapazes de escapar à dependência em relação ao Ocidente e até mesmo países em processo de industrialização recente como o Brasil e o México estão sobrecarregados com onerosas e maciças dívidas externas A África Negra so freu um real declínio na produção A designação de Frantz Fanon do Terceiro Mundo como os condenados da Terra ainda parece portanto bastante válida O termo não tem sido isento de críticas na época da Guerra Fria a União Soviética denun ciouo como tentativa de evasão em face da inevitável escolha entre capitalismo e comunis mo A noção de que a culpa pela situação sub desenvolvida e deserdada desses países podia ser atribuída ao Ocidente de que o desenvol vimento deles havia sido contido não con venceu muita gente que preferiu vêlos como nações jovens por vezes inerentemente ima turas irracionais ou mesmo inferiores Embora lentamente estavam desenvolvendose e acabariam por realizar novos progressos ou se isso não ocorresse teriam que culpar unica mente suas próprias deficiências internas desde instituições sociais tradicionais ver TRADIÇÃO E TRADICIONALISMO e heranças cultu rais até regimes ditatoriais Alguns economistas e teóricos do SISTEMAMUNDO têm afirmado que de fato se pode estabelecer uma ordem entre os países dos mais ricos aos paupérrimos mas que existe um só mundo com países ricos e pobres não um distinto e separado mundo pobre E as organizações de caridade ocidentais refor çam freqüentemente mesmo que não tenham essa intenção a popular noção de que as ondas de fome que devastam países tropicais são con seqüência de desastres naturais e não provoca das pelo próprio homem Críticos no interior do próprio Terceiro Mundo preferem o qualificativo nãoalinha do de vez que a palavra Terceiro parece aos olhos deles uma categoria residual subenten dendo alguma espécie de inferioridade em rela ção ao Primeiro e ao Segundo Mundos O termo contudo entrou em uso geral Leitura sugerida Fanon Frantz 1961 1983 The Wretched of the Earth Singham AW e Hune S 1986 NonAlignment in an Age of Alignments Wors ley Peter 1964 The Third World Ο 1984 The Three Worlds PETER WORSLEY terrorismo Ver POLÍTICA E TERRORISMO TI Ver INFORMAÇÃO TEORIA E TECNOLOGIA DA tipo ideal A classificação de fenômenos em tipos é um aspecto comum do trabalho científi co assim como da vida corrente e muitos con ceitos científicos envolvem um elemento de abstração da realidade concreta ou a idealiza ção em um sentido nãomoral por exemplo os conceitos de movimento sem atrito ou de mer cado perfeitamente competitivo Max Weber adotou do historiador político Georg Jellinek o termo Idealtypus tipo ideal para distinguir os conceitos analíticos da história e de outras ciências sociais dos conceitos meramente clas sificatórios O termo troca por exemplo po de ser usado simplesmente para se referir a um conjunto de fenômenos semelhantes com o que Wittgenstein chamaria mais tarde de seme lhanças familiares entre eles ou como um conceito analítico relacionado com julgamen Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 770 terrorismo tos acerca da racionalidade econômica utili dade marginal etc Neste último caso afirma Weber o conceito é ideal típico no sentido de que se afasta da realidade empírica a qual só pode ser comparada ou relacionada com ele Weber 1904 p102 cf p934 Por conse guinte os tipos ideais não podem ser direta mente falsificados se a realidade empírica pa rece não se ajustar a eles sequer aproximada mente A descrição de Weber do tipo ideal é um aspecto de seu modelo mais amplo das relações entre as ciências sociais e os VALORES ou mais precisamente a referência de valor Não existe uma análise científica absolutamente objetiva da cultura ou de fenômenos sociais independente de pontos de vista especiais e unilaterais de acordo com os quais expres sa ou tacitamente consciente ou inconsciente mente eles são selecionados analisados e organizados para fins expositivos 1904 p72 As críticas à descrição de Weber integram se de modo geral em duas categorias a posi tivista e a hermenêutica Os positivistas têm sido propensos a assimilar os tipos ideais à classe geral dos conceitos teóricos destacando a possibilidade de medir até que ponto os fenô menos empíricos divergem do tipo puro e de proceder ao mapeamento de um contínuo entre tipos opostos A ciência afirmase avança de uma fase classificatória e tipológica um tanto primitiva pela qual Weber se interessava para um conjunto mais preciso de conceitos opera cionalizados e concatenados em leis A crítica hermenêutica inaugurada por Alfred Schutz 1932 sublinha que a construção de tipos exe cutada pelo cientista social é parasitária de pro cessos anteriores de tipificação realizados no mundo da vida Weber apressouse demais em substituir as tipificações do significado de fenô menos sociais pelos seus próprios tipos ideais sem se interessar suficientemente pelo ajus tamento entre eles o que Schutz chama de adequação Ambas as críticas compartilham o sentimen to de que os tipos ideais tal como Weber os apresenta são excessivamente arbitrários as decisões para os construir ou abandonar são deixadas ao critério a que Weber chama o tato de cada teórico Essa suspeita de con vencionalismo implícito na filosofia da ciência de Max Weber ver NEOKANTISMO levou racio nalistas e realistas a sustentarem uma concep ção mais ambiciosa de DEFINIÇÃO real que Weber contudo teria provavelmente acusado de essencialismo O atual estado de espírito na ciência social parece um tanto cético em rela ção ao mesmo tempo ao ideal positivista de precisão em mensuração e à contribuição radi calmente característica da forma fenomenoló gica e outras formas de teoria hermenêutica e assim o conceito de Weber do tipo ideal perma nece atraente Leitura sugerida Burger Thomas 1976 Max Webers Theory of Concept Formation History Laws and Ideal Types Outhwaite William 1983 Concept Formation in Social Science Papineau David 1976 Ideal types and empirical theories British Journal for the Philo sophy of Science 272 Schutz Alfred 1932 1972 The Phenomenology of the Social World Weber Max 1904 1949 Objectivity in social science and social policy In The Methodology of the Social Sciences WILLIAM OUTHWAITE totalitarismo Como termo taxonômico den tro das ciências sociais totalitarismo tem des frutado de considerável voga como modo de caracterizar um aspecto básico dos modernos regimes de partido único sob o domínio de ditadores pessoais ou oligarquias autocráticas O aspecto que é posto em relevo consiste em que em acentuado contraste com os estados ancien régime tais regimes buscam deliberada mente fabricar o CONSENSO em favor de uma pequena elite governante pela criação de orga nizações de arregimentação de massas pela monopolização de todos os meios de produção cultural especialmente os veículos de comuni cação de massa e pelo recurso a vários meca nismos de CONTROLE SOCIAL Estes incluem a PROPAGANDA uma política ritualista a fim de impor um requintado culto ao líder e à nação ver Kertzer 1988 e várias técnicas de COER ÇÃO que vão desde as restrições legais às liber dades básicas até o terror sistemático O objetivo declarado de tal estado é canali zar todas as energias sociais políticas econô micas e criativas para a realização da utopia identificada por dogmas oficiais embora os meios empregados para atingir essa meta criem inevitavelmente uma distopia A Rússia stali nista a Alemanha nazista e em menor grau a Itália fascista têm sido freqüentemente tratadas como paradigmáticas do totalitarismo nessa acepção mais estrita por exemplo Friedrich e Brzezinski 1956 Arendt 1958 e estudos de novos casos em suas variantes e nas barbari Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar totalitarismo 771 dades burocratizadas e atrocidades humanas que ele tende a gerar foram fornecidos pelo Camboja de Pol Pot a Romênia de Ceausescu e o Iraque de Saddam Hussein Como um tipo ideal até mesmo esse uso especializado do termo totalitarismo tem si do naturalmente motivo de controvérsia e alguns especialistas têm questionado a sua uti lidade ver Menze 1981 sobretudo se tiver mos em vista o modo como a Guerra Fria o reduziu a pouco mais que uma forma de vaiar as sociedades consideradas fechadas em vez de abertas ver Popper 1945 e às quais se negava por conseguinte participação no mun do livre Uma vez que o termo seja despojado de estritas conotações anticomunistas o totali tarismo pode ser atribuído a qualquer sistema sociopolítico se sua política e suas instituições tiverem tido o efeito combinado de esmagar de modo abrangente o que a tradição do Iluminis mo considera como liberdades humanas fun damentais De fato seria possível alegar a exis tência de um propósito totalitário em muitos regimes que ao longo dos tempos oprimiram seus súditos como a China Imperial ou subju garam implacavelmente culturas indígenas co mo a Espanha imperialista assim como no profundo conluio das modernas democracias liberais capitalistas com a colonização e a extensa apregoação de normas patriarcais ou capitalistas que resultam na profunda ALIENA ÇÃO de seus cidadãos ver por exemplo Mar cuse 1964 Apesar da tendência a se tornar sumamente impregnado de valor o termo totalitário ain da retém considerável utilidade heurística para a investigação dos aspectos estruturaisfuncio nais das muitas ditaduras pessoais militares e partidárias modernas disseminadas por todo o mundo e que se esforçam por criar em seus povos uma ilusão do dinamismo eficiência e popularidade de suas lideranças ver DITADU RA Há porém muitas advertências a ter em mente sempre que o termo é usado como fer ramenta de análise acadêmica Em primeiro lugar podem existir diferenças ideológicas e estruturais entre duas sociedades descritas co mo totalitárias tais como a Alemanha de Hitler e a Rússia de Stalin pelo que o semelhante raras vezes é comparado com o semelhante Em particular o grau em que tais regimes recorrem sistematicamente à coerção ao terror e ao mas sacre a fim de suprimir a dissidência pode variar de maneira considerável Em segundo lugar não se deve esquecer que o sonho totalitário de centralização abrangente do poder e controle sobre todos os aspectos da sociedade é uma quimera por mais impressionante que seja a sua fachada Qualquer regime manifestamente to talitário prova a um exame mais minucioso ser policrático corrupto e ineficiente Em especial seus esforços para supostamente mobilizar e insuflar energia nas massas redundam na exten sa despolitização e desmoralização destas ao passo que muitos dos que se instalaram no sanctum sanctorum do verdadeiro poder se rão oportunistas e carreiristas em vez de autên ticos ideólogos É por essa razão que o pluralis mo o individualismo e a criatividade florescem rapidamente sempre que a engrenagem estatal de doutrinação e repressão é finalmente des mantelada Em suma o abismo entre as pre tensões propagadas aos quatro ventos por um regime totalitário e as realidades a que ele pre side é pouco menos que total Gregor 1969 demonstrou para o caso do regime fascista que se vangloriava de ser o primeiro stato totalitario que uma considerá vel soma de sofisticação ideológica pode ser reunida no esteio doutrinário de um pretenso estado totalitário por seus apologistas oficiais e autonomeados teóricos Entretanto a marca dis tintiva de tal estado em seu aspecto público ou exotérico é a negação axiomática do diálogo autêntico e por conseguinte de todo pensa mento social autêntico Talvez as mais pene trantes exposições dos eufemismos e pensa mentos deliberadamente perversos que caracte rizam os regimes totalitários através dos quais estes procuram legitimarse ideologicamente assim como dos pensamentos e emoções retor cidos que inspiram naqueles a quem procuram subjugar ou doutrinar sejam encontrados não nas análises de cientistas sociais mas em obras de ficção romances como Admirável mundo novo de Aldous Huxley Trevas ao meiodia de Arthur Koestler 1984 de George Orwell A peste de Albert Camus Yawning Heights de A Zinoviev e o filme Brazil de Terry Gilliam Leitura sugerida Popper Karl 1945 1966 The Open Society and its Enemies 2 vols 5ªed Shapiro L 1972 Totalitarism Talmon JL 1952 The Rise of Totalitarism Democracy ROGER GRIFFIN trabalhadora classe Ver CLASSE OPERÁRIA Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 772 trabalhadora classe trabalhadores conselho de Ver CONSELHO DE TRABALHADORES trabalho O conceito é ambíguo e disputado indicando diferentes atividades em diferentes sociedades e contextos históricos Em seu sen tido mais amplo trabalho é o esforço humano dotado de um propósito e envolve a transforma ção da natureza através do dispêndio de ca pacidades mentais e físicas Tal interpretação contudo conflita com o significado e a expe riência mais limitados do trabalho nas atuais sociedades capitalistas Para milhões de pes soas trabalho é sinônimo de emprego remune rado e muitas atividades que se qualificariam como trabalho na definição mais ampla são descritas e vivenciadas como ocupações em horas de lazer como algo que não significa verdadeiramente trabalho O TRABALHO DOMÉSTICO particular é um ex celente exemplo Embora essencial à sobrevi vência saúde e perpetuação da população hu mana o trabalho doméstico cozinhar limpar cuidar dos filhos pequenos etc tem baixo s tatus social é preponderantemente executado por mulheres e não é remunerado Que as mes mas atividades podem ser desempenhadas co mo trabalho pago em hotéis e firmas de cate ring por exemplo sublinha o fato de a fronteira entre trabalho remunerado e nãoremunerado ou trabalho e o chamado ÓCIO ser extrema mente vaga Como ela é determinada Dentro das ciências sociais existem nume rosas explicações concorrentes A ciência eco nômica pelo menos o paradigma neoclássico dominante sustenta que os valores relativos atribuídos a diferentes atividades produtivas e serviços e por conseguinte as recompensas e o status que resultam para os seus fornecedores são governados pelo efeito recíproco das forças de oferta e demanda no mercado O fato de muitas mulheres se especializarem no trabalho doméstico particular nãoremunerado é consi derado uma resposta racional à estrutura predo minante de recompensas relativas O trabalho doméstico produz um nível relativamente ele vado de satisfação para os seus consumidores a família mas faz jus a um baixo salário se fornecido como serviço através do mercado Por conseguinte mulheres e homens escolhem especializarse em diferentes atividades de mo do a maximizar a renda familiar satisfação com os homens optando por empregos com salários relativamente mais elevados e as mu lheres preferindo especializarse em tarefas do mésticas O espaço impede uma crítica detalhada des sa abordagem mas é claro que a argumenta ção é tautológica em particular supõese uma preexistente DIVISÃO DO TRABALHO por sexos a qual é usada depois para explicar a resultante divisão do trabalho entre homens e mulheres e entre trabalho remunerado e mãodeobra não remunerada em função dos preços relativos correntes Não se explica por que razão dife rentes espécies de trabalho atraem diferentes tabelas de remuneração como tampouco se explicam de modo decisivo as origens do sis tema de mãodeobra assalariada A abordagem da sociologia industrial é mui to diferente Sustentase que as definições de trabalho são historicamente específicas e refle tem os valores pressupostos e relações de poder dominantes na sociedade Assim o emprego remunerado ocupa uma posição especial dentro da divisão de trabalho no capitalismo em fun ção da natureza e estrutura específicas das re lações de produção nesse sistema Uma carac terística definidora do capitalismo é que o traba lho é realizado não a fim de satisfazer as neces sidades imediatas dos produtores diretos e de suas famílias mas antes para produzir merca dorias para troca no mercado A análise marxista que tem exercido pro funda influência sobre o estudo do trabalho e das relações no trabalho desenvolve esse in sight básico O trabalho de acordo com a pers pectiva marxista está subordinado ao propósito de reproduzir e expandir o domínio material e político da classe capitalista A massa da popu lação está separada dos meios de produção e subsistência e por conseguinte é compelida a ingressar no trabalho assalariado a fim de so breviver Através do sistema de trabalho as salariado os trabalhadores estão submetidos à exploração sistemática os salários são adianta dos para capacidades humanas e não para algu ma quantidade determinada de trabalho realiza do Dentro do processo de produção eles são encorajados e ardilosamente induzidos a traba lhar por certo período de tempo e com certo nível de intensidade de modo a assegurar que o valor com que contribuem exceda o valor de seus salários A diferença a maisvalia forma a base do lucro capitalista Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar trabalho 773 Embora nem todos os sociólogos aceitem o ponto de vista marxista de que o capitalismo é um sistema explorador que degrada a experiên cia de trabalho assim como as vidas dos traba lhadores a maioria aceitaria por certo a opi nião de Wright Mills de que o trabalho pode ser mera fonte de sustento ou a parte mais signifi cativa da vida interior de um ser humano pode ser vivenciado como expiação ou como exube rante expressão da própria personalidade como inelutável dever ou como desenvolvimento da natureza universal do homem Mills 1951 p215 De forma crucial o que importa são as relações sociais que regem o desempenho e a experiência de trabalho Mais recentemente o debate e a controvér sia centraramse na questão de apurar se sob novos imperativos tecnológicos e econômicos a organização do trabalho e as relações de traba lho estão sendo fundamentalmente transforma das Alguns ver Piore e Sabel 1984 afirmam que novas formas de padrões democráticos de trabalho estão suplantando os sistemas autori tários e hierárquicos que governaram o desen volvimento do sistema de produção em massa em países tanto capitalistas quanto socialistas Os roteiros pessimistas da década de 70 que se seguiram à publicação da sumamente influente exposição marxista de Braverman das tendên cias desumanizantes do processo de trabalho capitalista Braverman 1974 deram assim lu gar em alguns meios a uma descrição mais otimista dos aspectos potencialmente eman cipadores das novas e flexíveis organizações de trabalho Os trabalhadores afirmase estão sendo reabilitados no local de trabalho na me dida em que os empregadores desejam aprovei tar as suas capacidades criativas em sua busca de maior flexibilidade e eficiência de produção As avaliações das evidências existentes as quais ainda se apresentam gradualmente e fragmentadas estão divididas Os novos oti mistas ainda têm que demonstrar suas teses mas é indubitavelmente verdade que ao se avizinhar o século XXI os padrões de organi zação da produção e as estruturas de controle do local de trabalho estão se tornando mais diversificados Ver também CLASSE OPERÁRIA REVOLUÇÃO CIENTÍFICOTECNOLÓGICA Leitura sugerida Braverman H 1974 Labor and Monopoly Capital Handy CB 1984 The Future of Work a Guide to Changing Society Piore M e Sabel C 1984 The Second Industrial Divide PETER NOLAN trabalho divisão do Ver DIVISÃO DO TRABA LHO DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO trabalho mercado de Ver MERCADO DE TRA BALHO trabalho processo de Como definição ge ral a expressão referese aos métodos e proce dimentos pelos quais o trabalho humano utili zando ferramentas ou instrumentos de produ ção transforma as matériasprimas em produ tos úteis mas embora qualquer tipo de ativi dade laboral contemporânea ou histórica seja um processo de trabalho o termo deriva seu interesse de sua centralidade para a análise de Marx do capitalismo e dos modos como ela tem sido aplicada e desenvolvida na análise do tra balho no século XX de modo primordial mas não exclusivo na sociedade capitalista A análise de Marx enfatizou a subordinação do trabalho ao capital em processos de produ ção ver EXPLORAÇÃO que estavam sujeitos a transformações contínuas na busca de ganhos de produtividade Em tais transformações a mecanização fragmenta a atividade laboral em uma tarefa simples uniforme e repetitiva sob a rigorosa disciplina da fábrica as habilidades artesanais desaparecem e novas hierarquias de trabalho mental e manual são construídas com base no controle do capital sobre o trabalho Marx forneceu extensas ilustrações empíricas dessas teses extraídas principalmente de docu mentos oficiais de meados do século XIX Esses desenvolvimentos no âmbito dos pro cessos de produção não foram notados apenas por Marx Eles informaram a tentativa de Fre derick Taylor na virada do século de construir uma teoria da gerência científica O objetivo de Taylor era submeter as ações físicas dos traba lhadores aos mesmos princípios de otimização que governavam os fatores inanimados do pro cesso de produção Para que a atividade dos trabalhadores se tornasse mecânica desse mo do a gerência tinha que renunciar ao conhe cimento e à atividade discricionária que haviam caracterizado tradicionalmente as especializa ções artesanais Assim a ênfase de Taylor nessa extensão da divisão do trabalho recaía sobre o alcance do controle gerencial tanto no nível dos movimentos individuais quanto no do processo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 774 trabalho divisão do de produção como um todo Quando combina do com as tecnologias de manipulação e trans ferência em pleno desenvolvimento no período o taylorismo provou ser uma poderosa ideolo gia para a administração das indústrias de bens duráveis de consumo no tipo de mercado de massa baseado na produção em linha de mon tagem que teve como pioneira a Ford Motor Company Depois de 1945 a mecanização ampliouse cada vez mais da manipulação e transferência ao próprio processo de controle culminando até a data nas tecnologias de microprocessamento e suas amplas aplicações especialmente em processos de produção em pequenos grupos nãopadronizados e em indústrias que se es pecializam no manuseio e recuperação de infor mação Sustentase por vezes que isso caracte riza a transição da era fordista para o neofordis ta ver FORDISMO E PÓSFORDISMO CICLOS DE LON GO PRAZO REGULAÇÃO Dentro de um quadro de referência marxista a análise de Braverman 1974 provou ser especialmente influente ao enfatizar a importância no século XX da teoria de Marx para o entendimento das origens e desenvolvimento da hierarquia no local de tra balho para a evolução da composição das qua lificações da força de trabalho e da fragmenta ção do trabalho e para as formas como a ciência e a tecnologia são usadas em processos de produção cada vez mais mecanizados Em seu foco sobre as contínuas reorganizações do pro cesso de trabalho pelo capital e seus ataques a áreas de especialização e discricionariedade operária que impedem o detalhado controle capitalista Braverman também focalizou o la do oposto a crescente degradação do trabalho tal como vivenciada no processo laboral e a alienação associada que desse modo se engen dra As críticas a Braverman tendem a se con centrar na sua falha por não levar em conta os processos em que a resistência do trabalhador na ponta da produção pode dar forma a desen volvimentos no processo laboral e no seu fra casso em explorar os diferentes mecanismos de controle capitalista Em contraste com a abordagem marxista na qual a luta de classes determina o desenvolvi mento da tecnologia e de fato a própria noção de eficiência técnica essa é uma abordagem que vê o desenvolvimento da tecnologia como a força propulsora e a redução de custo atribuí vel às economias de produção em grande escala como determinantes do desenvolvimento da produção fabril Ver também MUDANÇA TECNO LÓGICA O controle hierárquico sobre o traba lho é analogamente atribuído às reduções de custos e às dificuldades incentivadoras dos pro cessos de trabalho cooperativo As questões da naturalidade da tecnologia e da eficiência técnica e sua relação com a organização do processo de trabalho fazem parte da contínua linha divisória entre as análises baseadas em uma abordagem de classe e as baseadas em um cálculo de maximização individual Leitura sugerida Braverman H 1974 Labor and Monopoly Capital the Degradation of Work in the Twentieth Century Edwards R 1979 Contested Ter rain the Transformation of the Workplace in the Twen tieth Century Landes D 1986 What do bosses real ly do Journal of Economic History 463 585623 Marglin SA 197475 What do bosses do The origins and function of hierarchy in capitalist produc tion Review of Radical Political Economics 62 60 112 71 2037 Nichols T org 1980 Capital and Labour Studies in the Capitalist Labour Process Stone K 1974 The origins of job structures in the steel industry Review of Radical Political Economics 62 11373 Thompson P 1983 The Nature of Work an Introduction to Debates on the Labour Process Williamson OE 1980 The organization of work Journal of Economic Behaviour and Organization 11 538 SIMON MOHUN trabalho doméstico O feminismo moderno e o desenvolvimento dos estudos relacionados com os sexos é que tornaram visível a atividade humana de trabalhos domésticos no âmbito do pensamento social Ela foi inicialmente realça da por marxistas influenciados pelo feminismo que desejaram desvendar a base material da opressão das mulheres no capitalismo A ante rior análise marxista das divisões por sexos ou a Questão da Mulher como ficou conhecida era propensa a localizar a opressão das mu lheres puramente em seu lugar desvantajoso no mercado de trabalho o que poderia explicarse pelas responsabilidades primordiais das mu lheres no lar Entretanto tais relações domés ticas tendiam a ser vistas como superestruturais com efeitos principalmente ideológicos e não portanto tão fundamentais quanto as relações de classe que derivaram do modo de produção e formaram assim parte integrante da base econômica ver MODO DE PRODUÇÃO MATERIA LISMO Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar trabalho doméstico 775 Ao analisar o trabalho doméstico como um conjunto de relações de produção localizadas dentro da base econômica esperavase dar à opressão das mulheres um status comparável no âmbito do marxismo à exploração de classe Boa parte do debate girou em torno de qual das categorias de Marx usadas para a análise do trabalho assalariado era também aplicável ao trabalho doméstico Assim por exemplo al guns protagonistas sustentaram que o trabalho doméstico era outra forma de produção de mer cadoria pois seu produto era a mercadoria força de trabalho Outros porém afirmaram que o trabalho doméstico não produzia mercadoria alguma seus produtos eram valores de uso que nunca chegavam ao mercado e entravam dire tamente no consumo familiar só indiretamente ajudando na reprodução da força de trabalho Todos concordaram em que o trabalho do méstico não estava sujeito às mesmas relações de produção que a produção de mercadorias Em particular as formas de controle do trabalho doméstico eram diferentes em vez da lei do valor que se aplica à produção capitalista de mercadorias de acordo com a qual mercadorias semelhantes têm que ser produzidas em tempos comparáveis a fim de que permaneçam lucrati vas para os firmas que as produzem os padrões e as quantidades de tempo consumidas no traba lho doméstico podem variar amplamente A forma de controle é mais indireta as donas decasa estão no controle cotidiano de seu pró prio processo de trabalho mas têm que organi zar seu trabalho para se ajustar às necessidades dos outros membros da família e às exigências de outras instituições sociais cujos padrões estão disseminados em uma variedade de mo dos indiretos através da ideologia familiar por exemplo A situação contratual também é dife rente em vez de ser regulado por um contrato especificado de trabalho assalariado que é con cluído com relativa facilidade a alocação de trabalho dentro do lar é regida pelos papéis rotineiramente atribuídos aos dois sexos e em bora o contrato matrimonial já tenha deixado de ser visto como vinculatório para a vida inteira ele ainda é relativamente difícil de mudar Isso aplicase também à forma de remuneração aos trabalhadores assalariados se paga um salário que foi previamente estabelecido ao passo que no caso do trabalho doméstico nenhum salário é especificado e as donasdecasa têm que tirar a sua própria subsistência da renda monetária fornecida à família como um todo pelo seu próprio trabalho assalariado ou de outros mem bros de sua família Isso também tem efeitos sobre a organização do tempo de trabalho en quanto o assalariado trabalha em períodos de tempo claramente especificados e usualmente em um local distinto do seu lugar de lazer o trabalho da donadecasa literalmente nunca está feito e ela não tem separação física ou temporal entre o trabalho e o tempo de lazer Além disso diferentemente da produção capi talista de mercadorias o trabalho doméstico tende a ser feito em isolamento com pouca ou nenhuma especialização ou cooperação Outra área de debate dizia respeito ao papel que o trabalho doméstico desempenhou na re produção das relações de produção capitalista Teria ele produzido a sua própria maisvalia para que esta fosse apropriada pelo marido de uma donadecasa ou pelo patrão deste Ou teria contribuído para a produção de maisvalia indiretamente ao diminuir o salário com que os membros da família precisavam ser remunera dos a fim de manter seu padrão de vida habi tual Ou o seu papel na reprodução de relações capitalistas seria ainda mais indireto fornecen do os confortos no lar que tornavam suportável o trabalho nas condições capitalistas e absor vendo as áreas de produção de valor de uso como cuidar dos filhos pequenos que por algu ma razão não podiam ser inseridas na produção capitalista Teria o trabalho doméstico tornado um modo de produção distinto articulado com o modo capitalista ou a definição do modo capitalista de produção deveria ser ampliada para incluir as relações de produção domés ticas Himmelweit e Mohun 1977 efetuam um levantamento desses debates A par desses debates no interior do marxis mo foram realizados numerosos estudos empí ricos de donasdecasa e trabalhos domésticos ver por exemplo Oakley 1974 Fizeramse estudos históricos do desenvolvimento do tra balho doméstico e da tecnologia doméstica os quais compararam provisões de tempo para mostrar que embora o conteúdo do trabalho doméstico tenha mudado significativamente ao longo do último século o advento de dispositi vos destinados a economizar trabalho não havia reduzido em quase nada o montante de tempo nele consumido isso indicou que as explica ções marxistas menos economicistas sobre a persistência do trabalho doméstico podiam ter Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 776 trabalho doméstico mais conteúdo do que as que viam o seu papel puramente em termos de sua contribuição para a produção de maisvalia ver Bose 1979 Como parte do projeto teórico marxista de explicar a base material da opressão das mu lheres o debate sobre o trabalho doméstico deve ser considerado um fracasso As relações de produção específicas do trabalho doméstico foram analisadas através do debate e isso em conjunto com o subseqüente trabalho empírico tornou o trabalho doméstico e outras modali dades de trabalho informal não só mais visíveis dentro da ciência social mas também mais reco nhecidos no seio da sociedade por exemplo as companhias de seguros quantificam agora o valor do trabalho de uma donadecasa na ava liação de sua vida produtiva Entretanto o de bate não conseguiu explicar por que são predo minantemente as mulheres que trabalham sob essas relações de produção Em outras palavras é reconhecido que a sociedade capitalista de pende de uma divisão do trabalho entre produ ção remunerada de mercadorias e trabalho do méstico nãoremunerado mas não se explicou por que essa divisão coincidiu com uma divisão sexual do trabalho Isso não é surpreendente dado o fracasso em incorporar à análise outros conceitos além dos desenvolvidos por Marx para a análise do trabalho assalariado a qual era inteiramente alheia ao sexo Embora extensões tenham sido ulteriormente apontadas e nelas se tenham incorporado noções de patriarcado isso significa apenas adicionar outra estrutura que necessita ela mesma de explicação Sem reco nhecer que o trabalho doméstico é mais que apenas outra forma de trabalho possuindo uma conexão específica com a reprodução humana em que é claro as diferenças entre os sexos são cruciais o estudo do trabalho doméstico nunca poderá fornecer uma análise completa da opres são sexual Leitura sugerida Fox B org 1980 Hidden in the Household Womens Domestic Labour under Capi talism Himmelweit S e Mohun S 1977 Domes tic labour and capital Cambridge Journal of Econo mics 1 Molyneux M 1979 Beyond the domestic labour debate New Left Review 116 328 Oakley A 1974 The Sociology of Housework Seccombe W 1974 The housewife and her labour under capitalism New Left Review 83 324 SUSAN F HIMMELWEIT tradição e tradicionalismo Detendo um lu gar especial entre os costumes convenções idiossincrasias e estilos que são os pilares das culturas humanas a tradição é comumente re servada aos costumes que possuem considerá vel profundidade no passado e uma aura de sagrado A palavra tradição vem do verbo latino tradere que significa entregar transmitir legar à geração seguinte Embora o verbo pudesse referirse à transmissão de coisas triviais pas sou a ser gradualmente reservado para as mais importantes para os depósitos do passado que conservavam um valor incomum para o presente e presumivelmente para o futuro As tradições por longo uso pertencem às mais importantes esferas da vida humana como o PARENTESCO a religião a comunidade organi zada e aos níveis superiores da cultura como a literatura e a arte Falamos do cristianismo na Europa e da monarquia do patriarcalismo do constitucionalismo e da arte dos velhos mestres como tradicionais Para coisas menores é mais provável usarmos costumes ou folclore É um erro pensar nas tradições como ineren temente estáticas e sempre inclinadas à imobi lidade Migrações guerras e revoluções têm freqüentemente atrás delas na HISTÓRIA os dese jos de grupos de defender proteger ou até dis seminar tradições tidas em grande estima Re voluções e importantes movimentos de reforma nascem não só da percepção pragmática da injustiça reinante mas também do sentimento histórico de que antigas tradições estão sendo violadas Poder sustentar que práticas correntes representam um abandono de tradições res peitáveis no governo e na lei é acrescentar considerável profundidade à posição que a pes soa está assumindo Como aponta a história do marxismo os partidários da esquerda são tão desenvoltos quanto os da direita em falar do Marx real do verdadeiro em controvérsias doutrinárias e embora possam não usar a pa lavra tradição a substância está freqüente mente à vista de todos O mesmo pode ser dito em grande parte da religião A história do cris tianismo a partir da Reforma é preponderan temente uma história de seitas e cismas De modo quase invariável os autores e profetas de novas seitas insistem em que por mais radical que possa ser o cisma ele está baseado no desejo de voltar àquela religião dos velhos tempos ou dito com mais elegância à pura tradição de Jesus Cristo É difícil separar a história recente da idéia de tradição das correntes intelectuais agitadas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar tradição e tradicionalismo 777 na Europa Ocidental pelos que durante e após a Revolução Francesa intitulavam a si próprios tradicionalistas Refirome especialmente a Louis Gabriel de Bonald e Joseph de Maistre O uso de conservador como termo político só começa a ser corrente a partir da década de 1820 tanto na França como na Inglaterra Mas o tradicionalismo como filosofia política e co mo rótulo aparece em cena por volta de 1790 Mais que qualquer outra figura Edmund Burke foi o responsável por isso Curiosamente ele parece não ter usado tradição nem tradicio nalismo em suas Reflections on the Revolution in France mas empregou com afoiteza a pa lavra preconceitos e o seu argumento em favor do preconceito com a razão envolvida é um dos mais eloqüentes textos até hoje escri tos em prol da tradição e do tradicionalismo O que Burke e todos os tradicionalistas do começo do século XIX estavam atacando era a Revolução Francesa e suas idéias geradas pelo Iluminismo de razão individualismo liber dade e igualdade acolhidas para que toda a Europa as visse na legislação que sucessivos governos revolucionários promulgaram Ao di vulgar essas idéias a Revolução foi quase ne cessariamente obrigada a investir contra as ins tituições do Antigo Regime monarquia aris tocracia Igreja corporações comunidades al deãs etc O que a Revolução atacou os autodeclara dos tradicionalistas converteram em objetos de veneração Eram essencialmente valores e es truturas medievais não é por acidente que o medievalismo e o tradicionalismo registraram um surto simultâneo no século XIX Vemos isso nas artes e nas ciências sociais No primei ro campo destacamse figuras como Augustus Pugin William Morris e John Ruskin nas ciên cias sociais Friedrich Karl von Savigny e Hegel na Alemanha Auguste Comte e Pierre Le Play na França Alguns deles embora de modos diferentes foram pródigos nos elogios à Idade Média e vigorosos na adoção de instituições tradicionais como a família patriarcal a comu nidade aldeã a guilda e um sistema de classes sociais Foram igualmente condenatórios das forças do mundo moderno como o industria lismo e a tecnologia e também em alguns casos a democracia de massa e o igualitarismo que pareciam ser os agentes destruidores dos alicerces do tradicional É lícito dizer que o contraste entre Tradicional e Moderno tal como o encontramos desde o começo do século XIX até o presente momento na literatura ocidental é apenas uma variante dos temas análogos de Gemeinschaft e Gesellschaft status e contrato e dos tipos de solidariedade que Émile Dur kheim apresentou em De la division du travail social 1893 A distinção de Max Weber entre Tradicional e Racional também é pertinente Finalmente cumpre sublinhar que tradicio nalismo CONSERVADORISMO e direita política estão muito longe de ser a mesma coisa pelo menos desde o começo do século XIX quando as três palavras adquiriram suas atuais cono tações Os tradicionalistas por definição man têmse fiéis ao antigo e ao consagrado Entre tanto isso não os faz necessariamente conserva dores dado o caráter predominante do conser vadorismo na política ocidental contemporâ nea nem o tradicionalistmo pende obrigatoria mente para a direita em política Assim a reve rência do tradicionalista pelo parentesco a re ligião a classe social e o sagrado não se harmo niza necessariamente com a preferência do conservador contemporâneo pelo alto grau de individualismo o mercado livre o libertarismo a propriedade privada e o lucro irrestritos No tocante às relações com a direita política basta pensar em alguns dos grupos profunda e fana ticamente tradicionalistas do mundo moderno cuja fidelidade absoluta a uma ou mais tra dições os coloca por vezes mais próximos da esquerda revolucionária do que de qualquer coisa propriamente indicável como direita ou conservadora O Exército Republicano Irlandês IRA e os bascos são talvez ilustração sufi ciente mas no momento presente é provável que se pense primeiro no Oriente Médio e em certos rebeldes islâmicos eminentemente tradi cionalistas Ver também CULTURA Leitura sugerida Kuhn Thomas S 1962 1970 The Structure of Scientific Revolutions 2ªed Lerner Da vid 1958 The Passing of Traditional Society Lipp man Walter 1929 A Preface to Morals Lowes John Livingston 1922 Convention an Revolt in Poetry Nis bet Robert 1986 Conservatism Radin Max 1936 Tradition In Encyclopedia of the Social Sciences vol15 p627 Shils Edward 1981 Tradition ROBERT NISBET transgressão Ver CRIME E TRANSGRESSÃO troca social teoria da Essa teoria que se ocupa das intenções recíprocas envolvendo Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 778 transgressão grupos e pessoas que trocam itens de valor social e simbólico dos quais se beneficiam desenvolveuse originalmente a partir das preo cupações de sociólogos franceses com as fon tes de solidariedade social na ciência anglo americana foi também elaborada como funda mento para a diferenciação de poder em re lações sociais Origens na sociologia francesa Em uma crítica da sociologia francesa no século XIX Durkheim 1900 atribuiu o res surgimento da disciplina a partir de então à crise que se seguiu à derrota da França na Guerra FrancoPrussiana de 1870 Isso levou os soció logos a procurar soluções na ordem social ten do acabado de ruir a fachada do sistema do estado imperial p12 Durkheim e seus dis cípulos ampliaram o seu leque de pesquisas a sociedades nãoindustriais que estavam sendo franqueadas ao estudo pelo imperalismo euro peu na crença metodológica de que os princí pios ganhos pela descoberta de como tais socie dades simples se mantinham unidas poderiam elucidar os mais complexos problemas de va lor no Ocidente Durkheim 1912 Durkheim e Mauss 1903 A perspectiva de mudança social surgiu como uma teoria fundamentada de soli dariedade social em resultado dessas investi gações Ver também ESCOLA SOCIOLÓGICA DE DURKHEIM Usando dados etnográficos provenientes de várias sociedades nãoocidentais incluindo es pecialmente a documentação de troca dos Kula nas ilhas Trobriand coletada por Malinowski 1922 Mauss 1925 efetuou um minucioso levantamento de evidências a respeito das tra dições de dádivas e trocas que o habilitassem a estabelecer conclusões de natureza moral so bre alguns dos problemas com que nos defron tamos em nossa atual crise econômica p2 Prosseguindo na mesma linha de pesquisa Lé viStrauss 1949 descobriu uma conexão entre as práticas de troca e a solidariedade social em seus estudos comparativos de regras de paren tesco e casamento a troca direta ou restrita na qual dois grupos dão e recebem um do outro A B gera a solidariedade mecânica ao passo que a troca indireta ou generalizada envolvendo uma rede de numerosos parceiros de troca que não dão àqueles de quem recebem por exemplo A B C D A promove a solidariedade orgânica ver Ekeh 1974 p37 77 Nesses estudos o indivíduo singular é in significante são os grupos não os indivíduos que formam as parcerias de troca Reações americanas individualismo e troca social Rejeitando a subordinação do indivíduo às necessidades sociais na teoria de LéviStrauss Homans e Schneider 1955 Homans 1961 propôs uma teoria da troca social individualista em que as interações estão limitadas a recipro cidades diretas Essa versão da teoria da troca social sublinha o significado do indivíduo único mediante o emprego de conceitoschaves em economia e psicologia como recompensas cus tos punição lucros e investimentos assim co mo os construtos emparelhados estímulo e res posta oferta e demanda A teoria de Homans proporcionou o ponto de crescimento para a teoria da troca social nos Estados Unidos En quanto Blau 1964 desenvolveu os seus as pectos econômicos em enunciados que valori zaram as relações macroestruturais emergentes embora ele viesse mais tarde a duvidar da validade de tais generalizações ver Blau 1987 os pontos de vista psicológicos foram elaborados por comportamentalistas que os li garam à psicologia skinneriana Burgess e Bus hell 1969 ChadwickJones 1976 Nos Estados Unidos a teoria da troca social tem tido sua principal aplicação na interpreta ção do PODER Embora isso possa ser atribuído à preocupação de Homans com as diferenças de status em interações sociais a extrapolação de Blau do poder de grupos pequenos e as ex tensões do fecundo ensaio de Emerson 1962 sobre relações de poderdependência à situação de troca têm sido dominantes em recentes dis cussões americanas sobre o assunto ver Cook 1987 Sua asserção central é que poder e de pendência resultam de relações de troca com o maior doador sendo compensado com o poder e o menor contribuinte reprimido com a depen dência Essa noção de poder tem sido atacada por sociólogos políticos como Birnbaum 1976 e filósofos políticos como Lively 1976 os quais sustentam que o poder tem uma base mais ampla em valores sociais e não pode ser derivado do imediatismo da situação de troca social Outros usos A versatilidade da teoria da troca social ha bilitoua a ser usada com perspectivas teóricas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar troca social teoria da 779 similares na interpretação de outras caracterís ticas várias do relacionamento social Os dois usos seguintes são particularmente dignos de menção Troca social e escolha racional A escolha ra cional revela ações motivadas por ganhos pes soais no decorrer de atividades econômicas que coagem os atores a realizar escolhas a partir de recursos escassos Desde os seus começos a espécie angloamericana de teoria da troca so cial usou argumentos de escolha racional ins pirados na ciência econômica e na teoria dos jogos a fim de conceituar os comportamentos de troca social em sociedades ocidentais e não ocidentais Heath 1976 Sahlins 1965 ver também ESCOLHA RACIONAL TEORIA DA Embo ra refletindo o predomínio da argumentação econômica nos Estados Unidos e na GrãBreta nha tal redução da vida social à motivação econômica contrasta nitidamente com a con cepção extraeconômica da troca social na so ciologia francesa Troca social e justiça Os parceiros na troca social formulam juízos sobre as suas contri buições para os grupos em que participam e sobre os benefícios que deles colhem Também comparam seus custos e benefícios com os de outras pessoas com quem interatuam ver Thi baut e Kelley 1959 Esses atributos fazem da JUSTIÇA uma idéia de unidade central da teoria da troca social As considerações de justiça na troca social podem expressarse de acordo com suas duas principais variantes identificadas por Barry 1989 a justiça como imparcialidade enfatizando a distribuição de benefícios em bases comuns e assim não levando em conta o status privilegiado como margem de negocia ção e a justiça como vantagem mútua subli nhando os benefícios repartidos entre os parcei ros de troca Entretanto de acordo com as for mulações iniciais de Homans 1961 p715 os teóricos da troca social conservadoramente têm aceito o status como principal critério de justiça A teoria da troca social também pode ajudar a explicar a justiça de cidadania definida como a troca de deveres por direitos no relacio namento do indivíduo com o estado Marshall 1950 Conclusões Como aponta o ensaio de Gouldner 1960 sobre reciprocidade a perspectiva da troca so cial deriva a sua significação de um impulso humano básico para dar e receber em interações sociais com comportamentos contrários ten dendo a desestabilizar as relações sociais Esse pressuposto é amplamente compartilhado pelas ciências sociais e comportamentais tornando a teoria da troca social atraente para numerosas disciplinas Gergen et al 1980 Suas variantes francesa e angloamericana também ajudam a elucidar as premissas de valor que separam o pensamento social coletivista predominante na França das perspectivas individualistas que têm a primazia na ciência social angloameri cana Leitura sugerida ChadwickJones JK 1976 Social Exchange Theory its Structure and Influence in So cial Psychology Cook KS org 1987 Social Ex change Theory Ekeh PP 1974 Social Exchange Theory the Two Traditions Emerson RM 1962 Powerdependency relations American Sociological Review 27 3141 Gergen JG Greenberg MS e Willis RH orgs 1980 Social Exchange Advances in Theory and Research Gouldner AW 1960 The norm of reciprocity a preliminary statement Ameri can Sociological Review 25 16179 Heath A 1976 Rational Choice and Social Exchange a Critique of Exchange Theory PETER P EKEH trotskismo Referindose a uma ampla cor rente de pensamento assim como a um pequeno e organizado movimento dentro do socialismo internacional o termo deriva do nome de Leon Trotsky 18791940 e da influência histórica de suas idéias Em sua significação mais antiga antes de 1917 não representava mais que uma concepção heterodoxa da iminente Revo lução Russa Mas a partir de meados da década de 20 o trotskismo como a principal oposição marxista e crítica ao regime de Stalin na Rússia e internacionalmente ao movimento comunis ta stalinizado acabou adotando um conjunto mais amplo de teses procurando defender os valores do marxismo clássico contra o que ele considerava ser sua apropriação indébita O rótulo cobriu certa diversidade de concepção teórica e prática política Do ponto de vista intelectual a linha primor dial baseavase na teoria da REVOLUÇÃO PERMA NENTE Em primeiro lugar uma antevisão da possibilidade de que a atrasada Rússia pudesse enveredar pelo caminho da revolução socialista antes dos países capitalistas mais avançados A teoria também enfatizava e com insistência Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar 780 trotskismo tanto maior uma vez que a revolução bolchevi que não tivera nenhuma seqüência imediata em qualquer outro país a necessidade de revo luções complementares no Ocidente para que o esforço da própria Rússia não redundasse em fracasso Era uma ênfase oposta ao projeto de Stalin de socialismo em um país nacional mente autosuficiente como sendo uma ambi ção falaciosa Uma análise do tipo de sociedade que tinha de fato surgido na União Soviética com a vitó ria política de Stalin formou um argumento complementar Não sendo mais capitalista uma vez que os principais meios de produção eram agora propriedade do estado tampouco o país era ainda socialista de acordo com Trotsky Era uma sociedade de transição na qual a burocra cia governante tinha usurpado o papel político da classe trabalhadora presidindo e benefician dose de vastas e injustificáveis desigualdades Embora não fosse uma classe econômica domi nante no sentido marxista não dispondo de propriedade direta dos recursos produtivos es sa burocracia era uma camada privilegiada e teria que ser derrubada por uma revolução po lítica se a Rússia pretendesse finalmente cum prir a sua transição para o socialismo apoiada por transformações socialistas no Ocidente Se isso falhasse a burocracia ameaçava converter se em veículo para a restauração do capitalismo na Rússia O próprio Trotsky embora fosse o seu críti co veemente não considerava que o regime da burocracia soviética fosse uma nova forma de domínio de classe ou capitalista Esta foi a corrente principal do trotskismo nos 50 anos transcorridos desde a morte de Trotsky que embora o regime stalinista fosse autoritário degenerado e na verdade freqüentemente criminoso preservou de certa forma a princi pal realização da Revolução de Outubro a sa ber a derrubada da propriedade capitalista Ou tras correntes que tiveram origem na tradição trotskista sustentavam pelo contrário que o grupo dominante soviético era de fato um novo tipo de classe capitalista de estado ou burocrática detentora efetivamente dos meios de produção através do controle do es tado Nesse ponto de vista a União Soviética não era em sentido algum intermediária entre capitalismo e socialismo Devido à sua perspectiva teórica quase fun damentalista a revolução permanente a tradição trotskista tem sido fortemente interna cionalista constituindo um dos seus impor tantes centros a Quarta Internacional fundada em 1938 A tradição principal também tem defendido um conceito intransigentemente re volucionário de estratégia socialista Para al guns trotskistas a idéia de um programa de transição tentando construir uma ponte entre exigências limitadas imediatas e metas revo lucionárias mais ambiciosas tem sido central O movimento trotskista considerase herdeiro direto do LENINISMO Nos piores casos foi as sociado a uma mentalidade impregnada de sec tarismo bizantino por vezes utópico Mas nos melhores casos alicerçouse na realidade his tórica do relacionamento singular e inconstante ora crítico ora convicto nunca reverente de Trotsky com a pessoa e a política de Lenin a fim de patrocinar a síntese de uma teoria polí tica socialista simultaneamente revolucionária e comprometida com a democracia e o pluralis mo Para além do mundo das organizações tro tskistas como tais o trotskismo tem tido uma difusa influência criativa sobre o debate intelec tual e o saber marxistas Leitura sugerida Deutscher I 1959 The Prophet Unarmed Trotsky 19211929 Ο 1963 The Prophet Outcast Trotsky 19291940 Frank P 1979 The Fourth International The Long March of the Trotskysts Geras N 1986 Literature of Revolution Mandel E 1979 Revolutionary Marxism Today Trotsky L 1937 1972 The Revolution Betrayed Ο 1938 1973 The Transitional Program for Socialist Revolution NORMAN GERAS Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra T Produção Textos Formas Para Ed Zahar trotskismo 781 U urbanismo Usado geralmente como sinôni mo de urbanização este termo referese em particular aos efeitos socioculturais de uma par te crescente da população que vive em cidades especialmente nas grandes metrópoles Tam bém é usado para indicar os traços específicos da vida urbana em contraste com os que carac terizam a vida rural Nos Estados Unidos o mesmo termo é freqüentemente empregado co mo sinônimo de planejamento urbano town planning tal como a palavra francesa urba nisme Urbanização em países industrializados A urbanização tem sido um dos mais impor tantes fenômenos da idade industrial não só porque envolve o deslocamento de milhões de indivíduos mas também por significar radicais mudanças qualitativas nos modos e problemas da vida social Em linguagem técnica a urbani zação é o efeito de dois fenômenos distintos movimento para as cidades ou seja migração das áreas rurais para as urbanas e taxas mais elevadas de crescimento demográfico natural entre a população urbana do que entre a popu lação rural Enquanto nos países industriali zados a urbanização foi quase exclusivamen te impulsionada pela migração para as cida des em países subdesenvolvidos sobretudo na África e na Ásia a diferença nas tendências demográficas também desempenha seu papel Nos países industrializados uma primeira e substancial onda de urbanização e crescimento urbano teve lugar no século XIX A Weber 1899 Mumford 1966 No Reino Unido a população urbana subiu de 24 da total em 1800 para 77 em 1900 Manchester era uma aldeia com menos de 10 mil habitantes no co meço do século XVIII em 1801 havia um pouco mais de 70 mil e em 1851 mais de 300 mil Londres já era uma metrópole em 1900 com 5 milhões de habitantes e uma população extremamente heterogênea em termos de ori gem étnica e nacional Entretanto também na Alemanha França e Estados Unidos a urbani zação e o crescimento das grandes cidades no século XIX foram assombrosos Por exemplo a população de Berlim elevouse de cerca de 200 mil habitantes no início do século para 15 milhão em 1890 a de Paris de pouco mais de 500 mil em 1800 para 25 milhões no final do século Não obstante somente no século atual o urbanismo se converteu em uma experiência de escala mundial e atraiu a atenção crescente dos cientistas sociais Em países industriali zados 34 da população vivem agora em cidades com mais de 100 mil habitantes ou nas áreas suburbanas de grandes metrópoles de muitos milhões de pessoas enquanto se calcula que no final do século a maioria da população do mun do estará vivendo em áreas urbanas Hauser e Schnore 1965 Davis 1967 A migração para cidades envolveu primeiro a população rural das regiões circunvizinhas e depois com o crescimento dos modernos sis temas de transportes e comunicações adquiriu proporções nacionais e internacionais Conco mitantemente o aumento de tamanho das gran des cidades alterou radicalmente os problemas qualitativos da vida social ver também SUBÚR BIO comparados com as situações préindus triais baseadas em comunidades estáveis rela tivamente homogêneas e compactas Urbanismo e qualidade de vida social A escola de sociologia de Chicago ver ES COLA SOCIOLÓGICA DE CHICAGO Park e outros 1925 de caráter socioecológico formulou uma interpretação baseada na experiência ame ricana Não só sublinhou a diferença entre o modo de vida urbano e o rural mas também no primeiro salientou a distinção entre por um lado os bairros centrais densamente povoados caracterizados pela mobilidade populacional a 782 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar heterogeneidade social e a relativa deterioração das condições de vida das camadas de baixa renda e por outro lado os subúrbios mais homogêneos e estáveis privilégio das camadas de renda mais elevada A interpretação da Esco la de Chicago foi ainda mais desenvolvida por Wirth que concentrou sua atenção em fatores ambientais como a matriz fundamental para as diferenças entre a qualidade de vida urbana e rural e para as diferenças existentes entre várias espécies de cidades Podemos esperar que as características mais sali entes da cena social urbana variem de acordo com tamanho densidade e diferenças no tipo funcional de cidade Para fins sociológicos uma cidade pode ser definida como uma povoação relativamente gran de densa e permanente formada por indivíduos so cialmente heterogêneos Wirth 1938 p78 As características fundamentais da vida so cial urbana são identificadas como anonimato impessoalidade e superficialidade atribuídas mais à natureza do meio ambiente urbano do que às características sociais O surgimento de irrefutáveis provas empíri cas estimulou um vigoroso reexame da inter pretação da Escola de Chicago A experiência de cidades européias e o desenvolvimento de formas de suburbanização da classe trabalha dora também em cidades americanas lançam dúvidas sobre o levantamento socioecológico da Escola de Chicago Além disso a atenção es tá concentrada em variáveis sociológicas con trapondose às variáves ambientais identifica das por Wirth Por exemplo Gans sustenta que sob condições de transitoriedade e heteroge neidade as pessoas só interatuam em termos dos papéis segmentares necessários para a ob tenção de serviços locais Assim suas relações sociais exibem anonimato impessoalidade e superficialidade 1968 p103 Dado que a instabilidade residencial não é exclusivamente uma característica típica da cidade ou de algu mas cidades e está distribuída de forma desigual em várias áreas urbanas as diferenças de mo dos de vida e comportamento social são inter pretadas utilizandose variáveis sociais clás sicas tais como classes sociais ciclos vitais estruturas de família e emprego etc A partir dessas recentíssimas interpretações formula das pela nova sociologia urbana Saunders 1981 Lebas 1982 Mingione 1986 conside rase que o urbanismo está refletido em profun das mudanças sociais nas quais porém o meio ambiente atua meramente como indispensável pano de fundo para a mudança nas relações sociais e estratégias de vida O problema crucial nessa transformação é o progressivo enfraque cimento e adaptação de contextos e recursos recíprocos em conjunto com a expansão da eco nomia de mercado e a concentração de seções cada vez maiores da população em áreas urba nas ao lado do concomitante crescimento con traditório e desigual em recursos monetários e contextos associativos entre classes e grupos de interesses Esses fatores estão originando novas e importantes eclosões de conflito social desi gualdade e áreas sociais que são penalizadas e marginalizadas pelos novos métodos de dis tribuição de recursos sociais e de organização da representação de interesses políticos A per sistência da questão habitacional ou das áreas de pobreza e marginalização o surgimento de crescentes problemas ecológicos as dificulda des cada vez maiores em controlar dirigir e adaptar sistemas socialmente complexos de ser viços e transportes cada vez mais dispendio sos que abrangem áreas territoriais progressi vamente mais vastas são apenas outros tantos aspectos dessa transformação mais evidentes do que outros aspectos nas cidades contempo râneas mas que não podem ser principalmente ou apenas atribuídos a diferenças ambientais Urbanismo e desenvolvimento industrial Uma das questões básicas mais amplamente debatidas do urbanismo em países industria lizados é o grau em que esse fenômeno é um efeito praticamente exclusivo inevitável e pro gressivo do desenvolvimento industrial O pressuposto implícito do industrialismo é que o desenvolvimento industrial ocasiona econo mias de escala continuamente crescentes atra vés da progressiva concentração em grandes cidades A razão disso é que as últimas atraem recursos econômicos e mãodeobra para pro mover o crescimento da produção industrial e por seu turno o recrudescimento da população e da atividade econômica da cidade atua como base para atrair novos recursos e incentivar níveis cada vez mais elevados de crescimento e concentração Esse pressuposto é agora o alvo de toda uma série de críticas Observouse que em muitos casos as características do urbanis mo dependem de condições e fatores históri cos preexistentes ao desenvolvimento industri al como é o caso na maioria das cidades da Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar urbanismo 783 Europa continental e de elementos amplamen te independentes de concentração industrial e crescimento de emprego na manufatura o caso de cidades capitais Em seguida é claro que existe toda uma série de limites técnicos sociais e econômicos à idéia de uma interliga ção progressiva entre a INDUSTRIALIZAÇÃO e o crescimento das grandes cidades Esses limites que variam consideravelmente em diferentes contextos e épocas são o custo e o tempo necessários para construir a rede de transportes a dificuldade de solucionar a congestão urbana e os problemas ambientais em cidades já super povoadas Por todas essas razões o desenvolvimento industrial pode ser considerado a mais impor tante fonte para a difusão do urbanismo mas sob condições variáveis e descontínuas e em conjunto com outros fatores Entre estes é im portante considerar as políticas de bemestar sobretudo as que se relacionam com habitação e transporte mas também a maior ou menor concentração de serviços em geral e a variabi lidade no tempo e no espaço de combinações socioeconômicas específicas depois há a per sistência de pequenas e médias empresas em contraste com as grandes concentrações indus triais e financeiras a diversificação da econo mia urbana em contraste com a presença de indústrias que pelo alto nível de especializa ção se mantêm únicas no mercado o impacto de estratégias de economia de mãodeobra e descentralização econômica em contraste com as economias de escala assim como o possível papel de condições ambientais como poluição tráfico congestão o elevado custo de moradia e de vida em geral Ao adotar abordagens mais requintadas que a do industrialismo é possível explicar as características que o urbanismo vem adquirindo nestas últimas décadas e a experiência de países sob o socialismo real No primeiro caso foi apresentada a idéia de contraurbanização Ber ry 1976 Perry et al 1986 uma vez que nas duas últimas décadas a população das áreas metropolitanas centrais esteve declinando ou aumentando mais lentamente do que nas ci dades de pequeno e médio porte e no interior Acreditase que esse fenômeno seja resultado da reestruturação industrial do declínio no sis tema de grandes indústrias manufatureiras e da nova fase de terceirização em que trabalha dores autônomos e pequenas firmas dotados de tecnologia atualizada mas também potencial mente emancipados da necessidade de se loca lizarem em grandes áreas urbanas estão adqui rindo crescente importância Castells 1989 Na realidade o declínio na importância e atra ção das grandes áreas metropolitanas não foi além de uma queda no emprego industrial e da descentralização de algumas indústrias para ci dades menores e países em processo de indus trialização Em contrapartida a fisionomia das cidades globais Sassen 1991 centros nervo sos para o controle das atividades políticas e econômicofinanceiras está se tornando o pa drão predominante Onde isso ocorre o custo dos terrenos nos centros das cidades aumenta continuamente porquanto estes constituem o ponto focal para a competição entre os vários usos reivindicados pela localização adminis trativa o setor terciário avançado e a homoge neização residencial em termos de classe social o estabelecimento de atividades econômicas e de supervisão avançadas e a presença de opor tunidades de trabalho tanto de elevada quanto de baixa renda assim como informais Nesse sentido a desurbanização é o efeito da expulsão das camadas de renda média ou baixa dos cen tros metropolitanos para a periferia e outras áreas menos dispendiosas e a crescente dificul dade com que se defrontam para sobreviver e resistir a essas forças nas áreas metropolitanas centrais Isso é contrabalançado contudo pelo fato de as grandes cidades estarem mantendo sua importância e ampliando sua influência a uma área cada vez mais vasta Quanto aos países de socialismo real fa lavase muito de síndrome de suburbanização Konrád e Szelényi 1977 desencadeada pela política redistributiva que favorecia o inves timento destinado à expansão industrial em de trimento de custosos programas de habitação e infraestrutura urbana Assim uma parcela im portante da população empregada nas novas indústrias e no setor terciário urbano foi incapaz de encontrar moradia e serviços nas grandes cidades e se viu forçada a viajar diariamente entre o local de trabalho e suas residências em pequenas cidadessatélites que podiam estar situadas a uma boa distância a inscrever seus nomes em extensas listas de espera em razão da insuficiente oferta de moradia nos bairros eco nômicos ou encontrar outras soluções insatisfa tórias que refletiam cada vez mais as desigual dades sociais Szelényi 1983 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar 784 urbanismo Urbanização e urbanismo em países subdesenvolvidos No século XX a urbanização e o gigantismo urbano assaltaram irresistivelmente quase to dos os países subdesenvolvidos onde hoje se localizam vastas áreas metropolitanas que ain da crescem de forma incontrolável Breese 1969 AbuLughod e Hay 1977 Gilbert e Gu gler 1982 Nesses países além da irreprimível migração para as cidades de gigantescas massas expelidas do campo pela agricultura extensiva de plantation a concorrência internacional e a crescente pressão pela racionalização da lavou ra há ainda o efeito de elevadas taxas de nata lidade urbana e das condições de higiene e saúde geral nas cidades as quais embora muito inferiores aos níveis médios dos países desen volvidos são superiores às do campo e se refle tem nos acentuados aumentos em termos de probabilidades e expectativas de vida O urbanismo em países subdesenvolvidos é caracterizado por dois fenômenos muito sa lientes O primeiro consiste na acentuada e incontrolável polarização entre um número li mitado de camadas de média e alta renda que desfrutam de condições de vida semelhantes às das camadas mais abastadas dos países indus trializados e de serviços fornecidos por uma população disponível para trabalho muito mal pago e uma enorme e heterogênea população com renda monetária extremamente baixa O segundo fenômeno é formado pelas estratégias de sobrevivência deste segundo grupo vivendo em sua grande maioria em condições miserá veis barracos e cortiços em terrenos ocupados ilegalmente e trabalhando no chamado setor informal um misto de serviços artesanato e ca melotagem mãodeobra nãoqualificada para a construção civil trabalhos domésticos e ou tras atividades legais e ilegais Hart 1973 Ger ry 1987 Mingione 1991 Seu estilo de vida urbano também leva para as grandes cidades do Terceiro Mundo numerosos elementos de es tratégias de subsistência rural desde a criação de animais domésticos até a importância do parentesco das redes étnicas e comunitárias e de uma solidariedade entre amigos e vizinhos que é indispensável à sobrevivência onde a renda individual é extremamente baixa Leitura sugerida AbuLughod JL e Hay R orgs 1977 Third World Urbanization Ball M Harloe M e Maartens H 1988 Housing and Social Change in Europe and the USA Berry BJL org 1976 Urba nization and Counterurbanization Bookchin Murray 1987 The Rise of Urbanization and the Decline of Citizenship Breese Gerald org 1969 The City in Newly Developing Countries Castells Manuel 1989 The Informal City Davis K 1967 The urbanization of the human population In Cities Gans H 1968 Urbanism and suburbanism as ways of life In Rea dings in Urban Sociology org por R Pahl Gilbert Alan e Gugler Josef 1981 Cities Poverty and Deve lopment Hauser Philip M e Schnor Leo F orgs 1965 The Study of Urbanization Mingione Enzo 1986 Urban sociology In The Social Reproduction of Organization and Culture org por Ulf Himmel strand Ο 1991 Fragmented Societies Mumford Le wis 1966 The City in History Park RC Burgess EW e McKenzie RT 1925 The City Perry R Dean K e Brown B 1986 Counterurbanization Sassen Saskia 1991 The Global City Saunders P 1981 Social Theory and the Urban Question Szelé nyi Ivan 1983 Urban Inequalities under State Socia lism Weber Alfred 1899 The Growth of Cities in the Nineteenth Century a Study in Statistics Wirth L 1938 Urbanism as a way of life American Journal of Sociology 44 124 ENZO MINGIONE utilitarismo A tradição em teoria moral po lítica e social que avalia a retidão de atos escolhas decisões e políticas por suas conse qüências em relação ao bemestar humano e possivelmente animal tem sido especialmente influente Associada há muito tempo aos nomes de Jeremy Bentham e John Stuart Mill ainda tem eminentes adeptos entre filósofos econo mistas e cientistas sociais e ocupa um lugar central na teorização moral política e social Mas talvez o maior testemunho do impacto do utilitarismo esteja no extraordinário número de críticos que tentaram e continuam tentando e de todas as maneiras possíveis refutálo ou de alguma forma livrarse dele A versão clássica de utilitarismo tal como exposta em Bentham e Mill era uma forma de utilitarismo do ato act utilitarianism de acor do com a qual um ato é correto se produz as melhores conseqüências ou seja conseqüên cias para o bemestar humano que sejam pelo menos tão boas quanto as de qualquer alterna tiva Embora os críticos com freqüência ainda se concentrem nessa versão de utilitarismo ou tras versões têm sido dela distinguidas como o utilitarismo da regra rule utilitarianism a ge neralização utilitária o utilitarismo de motivo e o utilitarismo cooperativo Até que ponto algumas dessas versões são realmente distintas Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar utilitarismo 785 do utilitarismo do ato e até que ponto todas elas estão livres de dificuldades ainda é matéria de controvérsia De fato utilitarismo é o nome de um grupo de teorias que constituem variações sobre um tema do qual podemos distinguir três com ponentes Componente conseqüência De acordo com o componente conseqüên cia a retidão está vinculada de algum modo à produção de boas conseqüências À noção de que só as conseqüências tornam os atos certos ou errados dáse o nome de conseqüencialismo é o componente conseqüência do utilitarismo do ato e pode neste contexto ser tratado como a noção de que um ato é correto se acarreta melhores conseqüências O conseqüencialismo tem sido muito criticado pelos que favorecem diferentes explicações do que faz com que se jam certos os atos certos Por exemplo alguns sustentam que o conseqüencialismo evoca uma mente corrupta na medida em que não pode proscrever certos atos por exemplo mentir independentemente de suas conseqüências Se as conseqüências é que fazem dos atos certos ou errados então até mesmo o mais repreensí vel dos atos poderia em certas circunstâncias resultar correto Afirmam outros que uma preo cupação em produzir as melhores conseqüên cias em cada ocasião pode deixar de produzir as melhores conseqüências globais e portanto ser contraproducente Ainda outros sustentam que uma explicação impessoal de retidão como as melhores conseqüências pode não ser com patível com a realização pelo indivíduo de seus projetos compromissos e relações e assim em certa medida pode afastálo de sua própria integridade Em termos mais gerais as descri ções impessoais de retidão são acusadas de não considerar seriamente a distinção entre pessoas ou seja de não tratar as pessoas como indiví duos autônomos com suas individualidades projetos e méritos próprios Discutese até que ponto essa acusação procede é por exemplo vigorosamente refutada por RM Hare mas ela instigou o recente desenvolvimento de es quemas de direitos morais individuais para a proteção de pessoas Componente de valor De acordo com o componente de valor o caráter benévolo ou malévolo das conseqüên cias será avaliado por algum padrão de bondade intrínseca cuja presença no mundo tem que ser maximizada Esse bem no caso do utilitarismo do ato foi o bemestar humano em que deve exatamente consistir o bemestar humano con tudo tem provado ser uma questão controversa Por exemplo os primeiros utilitaristas eram hedonistas os mais recentes como GE Moore têm sustentado que outras coisas além do pra zer eou da felicidade são boas em si mesmas Uma tendência recente tem sido o afasta mento dos padrões de bondade que fazem refe rência a estados mentais e a preferência pelas concepções de bemestar humano que se ba seiam na satisfação de desejos e predileções Um problema neste caso consiste em isolar os desejos em que temos de nos concentrar A reflexão sobre as dificuldades em torno do que fazer com desejos atuais ou futuros forçou os teóricos na direção do seu esclarecimento isto é dos desejos que teríamos se estivéssemos plenamente esclarecidos despreocupados li vres das pressões do momento etc O pressupos to parece ser que sob condições apropriadas os desejos informados tornamse reais ao passo que aqueles de nossos desejos que não são aceitos como informados são abandonados ou pelo menos não são corretamente materializa dos Mesmo sem introduzir problemas relacio nados com a fraqueza da vontade os detalhes dessa troca de desejos em termos de psicologia moral individual permanecem um pouco obs curos Os críticos da teoria de valor utilitarista são inúmeros e certamente essa continua sendo uma área de imensa controvérsia não só quanto à natureza das coisas que aceitamos como do tadas de valor intrínseco mas até no que se refere à possibilidade de existirem VALORES im pessoais ou mediadores neutros Os valores sustentase cada vez mais são subjetivos no sentido de serem relativos ao agente são os valores dos agentes Entretanto o utilitarismo requer que os desejos sejam agregados ponde rados e equilibrados em termos de algum prin cípio mediador neutro relacionado por exem plo com o bemestar geral ainda que reste a esclarecer por que um agente qualquer tem razões para valorizar a busca do bemestar ge ral Se uma pessoa é abastada pode adquirir tal razão mas se lhe for requerido que não sendo abastada realize profundos e sistemáticos sa crifícios para maximizar o bemestar geral Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar 786 utilitarismo Componente de alcance De acordo com o componente de alcance o que tem de ser levado em conta na determinação da retidão são as conseqüências de atos que afetam a todos A menos que as conseqüências de um ato possam ser suprimidas a classe de todos os afetados pelo ato uma vez que as conseqüências se prolongam no futuro parece expandirse constantemente com possível efei to sobre a retidão Mas o principal problema que o componente de alcance apresentou aos utili taristas foi a exigência de para o êxito do utilitarismo sermos capazes de realizar compa rações interpessoais de prazeres e dores ou de sejar satisfações Só seremos capazes de maxi mizar a satisfação do desejo em todos os afeta dos pelo ato se pudermos comparar o efeito desse ato sobre os conjuntos de desejos de cada um dos envolvidos avaliar a extensão e a força desse efeito e comparar os diferentes resulta dos Os primeiros utilitaristas pensaram que poderíamos somar prazeres e dores em dife rentes pessoas mas essa idéia já deixou há muito de ser levada a sério Quanto à satisfação de desejo ou de preferência muitos economis tas e cientistas sociais escrevem como se as comparações interpessoais nada tivessem de problemáticas os críticos porém insistirão em que se faça o exame detalhado de suas teorias e de seus argumentos em apoio da bitola es pecífica que lhes permite comparações de satis fação de desejo em diferentes pessoas Utilitarismos indiretos Finalmente uma inovação recente foi o de senvolvimento de utilitarismos indiretos Por exemplo RM Hare desenvolveu uma explica ção em dois níveis do pensamento moral que é utilitarista de regra no plano da prática mas utilitarista de ato do domínio da teoria ou domínio de definições institucionais ou de nor mas O pensamento utilitarista de ato no campo da teoria selecionará os guias no plano da prá tica cuja aceitação geral nos dará a melhor oportunidade de produzir as melhores conse qüências Assim Hare afirma que a sua expli cação em dois níveis lhe permite evitar muitos dos problemas que os críticos dizem assediar o utilitarismo de ato em termos da prática Outros teóricos dos dois níveis cumpre assinalar consideram estar desenvolvendo uma forma plausível de utilitarismo e não montando novas alegações em defesa do utilitarismo de ato a cujo destino são indiferentes Ver também ÉTICA BEMESTAR SOCIAL Leitura sugerida Bentham J 1793 1948 An Intro duction to the Principles of Morals and Legislation org por J Harrison Brandt RB 1979 A Theory of the Good and the Right Hampshire S org 1978 Public and Private Morality Hare RM 1981 Moral Thin king Mill John Stuart 1863 1957 Utilitarianism Moore GE 1903 1959 Principia Ethica Regan DH 1980 Utilitarianism and Cooperation Schef fler S 1982 The Rejection of Consequentialism Sen A e Williams B orgs 1972 Utilitarianism and Beyond Smart JJC e Williams B orgs 1973 Uti litarianism For and Against RG FREY utopia A palavra descreve uma comunidade ideal livre de conflitos que incorpora um con junto claro de valores e permite a completa satisfação das necessidades humanas As uto pias envolvem normalmente um retrato sis temático da vida na sociedade imaginada ou por vezes a sua descrição em um romance No século atual o ritmo da mudança social política e tecnológica e as divisões políticas entre capi talismo e socialismo levaram a novos temas no pensamento utópico em que os proponentes de utopias se defrontaram por vezes com antiuto pias projetadas para desacreditar seus esquemas de aperfeiçoamento social O termo utopia do grego designando ne nhum lugar foi inventado por sir Thomas More 1516 Entretanto muitas formas de pen samento possuem um elemento utópico Des crições de uma idade de ouro remontam aos gregos se bem que diferentemente das utopias elas sejam localizadas no passado A noção cristã do milênio também apresenta um aspecto utópico enquanto que numerosos teóricos po líticos têm delineado constituições ideais De fato o pensamento contendo elementos utópi cos é muito mais comum do que a descrição coerente da própria utopia A análise sistemática da utopia como mo do de pensamento começou com a publicação de Ideologia e utopia Mannheim 1929 Karl Mannheim estabeleceu uma distinção entre o pensamento ideológico que descreve uma ver são idealizada da realidade corrente e o pensa mento utópico que almeja uma nova espécie de sociedade Entretanto o termo utopia vem sendo geralmente usado hoje em dia para abran ger esses dois significados Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar utopia 787 O pensamento utópico parece florescer em épocas de insegurança social e colapso da auto ridade estabelecida As utopias refletem fre qüentemente as fronteiras de possibilidade es tabelecidas por uma sociedade existente incluin do sua capacidade produtiva sua concepção do grau de maleabilidade da natureza humana e a ênfase relativa atribuída à ESFERA PÚBLICA em contraste com a particular As utopias também refletem a localização social do estrato cujo ideal está sendo representado Assim a utopia das auto ridades é geralmente uma utopia da ordem en quanto que a do povo é com freqüência a de uma terra de abundância e prazer O pensamento utópico do século XX tem se baseado na idéia de progresso que o século XIX incorporou à utopia ao lado da ciência A mais característica forma de utopia do século XX foi a idéia de socialismo embora o liberalismo também tenha uma dimensão utópica Apesar de seus protestos em contrário o pensamento de Marx e Engels é profundamente utópico Ollman 1977 A tradição utópica socialista foi desenvolvida no século XX em estilo fabia no nos numerosos livros de HG Wells que também ajudou a estabelecer a ficção científica como elemento importante do moderno pensa mento utópico Hillegas 1967 Outro aspecto importante do pensamento utópico do século XX pode ser encontrado na área da arquitetura e do planejamento urbano embora isso possa levarnos de volta ao ideal cristão da cidade celestial Fishman 1977 Antiutopia No século XX antiutópicos como George Orwell têm exercido considerável influência Eles descrevem sociedades de modos que espe lham o pensamento utópico ao refletirem uma imagem execrável dos efeitos de experimentos utópicos empreendidos em um nível dessas so ciedades Projetam um pesadelo em que grupos governantes estabelecidos perderam o controle do poder e foram substituídos por agentes bárbaros de uma nova ordem Em parte as antiutopias são uma resposta à ameaça do socialismo e aos im perfeitos experimentos socialistas do século atual O antiutopismo também tem se apoiado em pon tos de vista que enfatizam as raízes biológicas do comportamento tais como o freudismo que su blinha o papel dos fatores instintivos A SOCIOBIO LOGIA é a corrente mais recente de um gênero similar A utopia hoje Modelos gerais de funcionamento socioló gico político e econômico contêm com fre qüência elementos utópicos uma vez que re tratam a implementação abrangente de princí pios fundamentais Os exemplos incluem o mo delo funcionalista plenamente integrado do sis tema social vários modelos de democracia como o que foi desenvolvido pela escola plura lista e o modelo de mercado inteiramente auto regulador desenvolvido pela ciência econômica neoclássica Ver FUNCIONALISMO PLURALISMO MERCADO O período do pósguerra no Ocidente deu origem a um novo surto de pensamento utópico O prolongado boom econômico e o ritmo do avanço tecnológico serviram de esteio a uma nova versão da utopia científica na forma de SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL Kumar 1978 Es sas utopias antevêem uma transformação imi nente da sociedade em conseqüência do avanço científico e cada vez mais do desenvolvimento da informática ver INFORMAÇÃO TECNOLOGIA E TEORIA DA A disciplina da FUTUROLOGIA tam bém possui uma dimensão utópica O desenvolvimento da crise cultural do Oci dente nas décadas de 60 e 70 também originou um ressurgimento de elementos utópicos no pensamento Experiências utópicas como o mo vimento de comunas nos anos 60 foram uma resposta ver CONTRACULTURA Outra que ainda está em desenvolvimento é a ecotopia uma sociedade onde o homem e a natureza pode riam finalmente viver em harmonia ver ECO LOGIA Esta continua a tradição da utopia ba seada no conhecimento científico se bem que agora na forma de tecnologia alternativa ou utópica Uma dimensão utópica também está presente no seio do FEMINISMO Kumar 1981 ligada à crença em que o pessoal é político e à preocupação com o prefigurativo Isso des creve a idéia de que elementos de uma melhor sociedade podem ser estabelecidos aqui e agora para formar um modelo de relacionamento e de instituições no futuro Tem sido apontado que a utopia está agora ao nosso alcance Pode tomar a forma de uma solução puramente interior para as tensões da sociedade envolvendo o uso de drogas psico trópicas conforme descrito por Aldous Huxley em sua última obra A questão da utopia pode até ser dissolvida como na obra de Nozick Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar 788 utopia 1974 que indica já estar realizada a utopia do direito libertário Nessa utopia não existe uma só comunidade ou modo de vida que seja pres crito a utopia consiste simplesmente em uma sociedade onde cada um tem o direito de es tabelecer a forma de comunidade que escolheu seja ela qual for Leitura sugerida Bauman Z 1976 Socialism the Active Utopia Dickson D 1974 Alternativa Techno logy Fishman R 1977 Urban Utopias in the Twen tieth Century Hillegas MR 1967 The Future as Nightmare HG Wells and the AntiUtopians Kumar K 1978 Prophecy and Progress Ο 1981 Primitivism in feminist utopias Alternative Futures USA 4 617 Ο 1987 Utopia and AntiUtopia in Modern Times Mannheim K 1929 1960 Ideology and Utopia More Thomas 1516 1965 Utopia Nozick R 1974 Anarchy State and Utopia Ollman B 1977 Marxs vision of communism a reconstruction Criti que 8441 TOM BURDEN Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra U Produção Textos Formas Para Ed Zahar utopia 789 V valor No século XVIII e início do XIX a teoria econômica estabeleceu a distinção entre valor de troca e valor de uso e tentou utilizar o primeiro para explicar as relações de troca ou preços relativos de mercadorias no MERCADO O fato de todas as mercadorias terem valor de troca era atribuído à substância criadora de valor comum a todas elas a qual consistia no trabalho diretamente envolvido em sua produ ção e o fato de as mercadorias terem tipica mente diferentes valores de troca era explicado pela facilidade ou dificuldade relativa de sua produção Essa teoria do valortrabalho enun ciou portanto que todo valor de troca podia ser atribuído ao trabalho quer empregado direta mente na produção ou indiretamente no forne cimento de matériasprimas e ferramentas com que a mãodeobra trabalha Essa teoria atingiu o apogeu na obra de David Ricardo nos anos posteriores a 1815 ver Ricardo 1817 Mas a teoria provou ser insatisfatória como teoria lógica do preço relativo por subentender que se os preços eram determinados por va lores de trabalho então diferentes mercadorias ganhariam diferentes taxas de lucro e se as forças de competição igualassem a taxa de lu cro então os preços não poderiam ser explica dos por valores de trabalho Depois de Ricardo a teoria econômica fragmentouse em diferen tes teorias de valor de acordo com o modo como essa dificuldade foi reconhecida e resolvida A abordagem que acabou sendo predomi nante na teoria econômica denominada ECONO MIA NEOCLÁSSICA negava qualquer significado à distinção entre valor e preço e procurava a explicação dos preços relativos em termos da quantidade de um bem que um indivíduo estaria preparado para sacrificar a fim de obter uma unidade de outro bem Em vez da ênfase recair em diferentes condições de produção a teoria pressupôs indivíduos otimizantes coagidos por suas dotações iniciais e as transações que es tavam preparados para realizar A teoria era assim orientada pela demanda uma teoria subjetivista de valor preço Com o adita mento da produção o preço é então determina do pela interação de demanda para saídas out puts e oferta de entradas inputs derivadas de decisões de agentes maximizadores de utili dade coagidos por dotações e renda e a oferta de saídas outputs e demanda de entradas in puts derivadas das decisões de agentes maxi mizadores de lucro coagidos por tecnologia e recursos iniciais Essa metodologia foi amplamente estabele cida na década de 1870 nas décadas de 30 e 40 deste século John R Hicks 1939 e em es pecial PA Samuelson 1947 mostraram como diferentes ramos da teoria tinham uma estrutura matemática subjacente comum e na década de 50 o trabalho realizado por certo número de economistas matemáticos culminando em um célebre livro de Gerard Debreu 1959 logrou formalizar muitas das intuições de equilíbrio geral da mão invisível de Adam Smith O preço que iguala demanda e oferta é chamado o preço de equilíbrio As questões então for muladas dizem respeito à identificação das cir cunstâncias em que um preço de equilíbrio existe em todos e em cada um dos mercados simultaneamente se tal conjunto de preços de equilíbrio é único e se é estável no sentido de ser restabelecido caso seja perturbado O foco incide pois sobre os indivíduos otimizantes que tomam decisões quantitativas na base de preços paramétricos e sobre a interação des sas decisões para determinar preços de equi líbrio A pesquisa corrente inclui a inves tigação de modelos agregativos e desagrega tivos em que os preços não são paramétricos os participantes do mercado têm acesso a diferentes somas de informação pertinente e as transações ocorrem a preços que não são de equilíbrio 790 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar Uma abordagem muito diferente foi adotada por Karl Marx nas décadas de 1850 e 1860 Ele manteve a distinção entre valor e preço mas reformulou a teoria de valor da força de trabalho de tal modo que ela compreendia duas propo sições primeiro que a força de trabalho abs trata é a fonte de todo valor e segundo que o valor adquire uma forma independente de exis tência como uma soma de DINHEIRO O modo como um conteúdo produz sua forma de apa rência é portanto uma questão imediata Marx adotou uma abordagem dialética na qual o desenvolvimento dos conceitos em sua análise apresenta contradições que são superadas so mente para serem reapresentadas de uma forma que para ele refletia as contradições de um mundo dividido em classes O preço é portanto a forma de aparência na troca do valor criado na produção Marx 1898 a forma como isso é realmente calculado por Marx e por autores subseqüentes na mesma tradição é matéria de considerável controvérsia As duas teorias de valor são incompatíveis entre si A teoria neoclássica de valor começa com a otimização por indivíduos atomísticos não vê diferença alguma entre valor e preço e se concentra em situações de equilíbrio A teoria marxista de valor começa com classes dis tingue o valor do preço e reflete um mundo contraditório em que o antagonismo de classes está sendo continuamente produzido e reprodu zido Ver também VALORES Leitura sugerida Arrow KJ e Hahn FH 1971 Ge neral Competitive Analysis Fine B 1989 Marxs Ca pital 3ª ed Foley DK 1986 Understanding Capital Koopmans TC 1957 Three Essays on the State of Economic Science Marglin SA 1984 Growth Dis tribution and Prices Rowthorn R 1974 NeoClas sicism neoRicardianism and Marxism New Left Re view 86 6387 Rubin II 1928 1973 Essays on Marxs Theory of Value Sweezy PM org 1940 Karl Marx and the Close of his System by Eugen von Böhm Bawerk 1896 and BöhmBawerks Criticism by Marx by Rudolf Hilferding 1904 SIMON MOHUN valores Na acepção de princípios morais e outras matérias de interesse os valores cons tituem um foco de discussão em três níveis principais da teoria social Em primeiro lugar apresentamse como objeto de investigação como nas recentes discussões de troca de valor dos valores materialistas para os pósmateria listas entre as populações de sociedades capita listas avançadas Em segundo lugar constituem uma categoria central para algumas perspec tivas teóricas em sociologia mormente o es truturalfuncionalismo Em terceiro lugar a teoria social trata o problema filosófico da rela ção entre enunciados factuais e avaliatórios em reflexões metodológicas que suscitam questões fundamentais em torno das relações entre teoria social sistemática e orientações e compromis sos normativos de várias espécies O estudo sistemático de valores como obje tos depende de um sentido de diversidade ani mado pela pesquisa sociológica e especialmen te antropológica bem como pela desconstrução filosófica de sua alegada universalidade Na Europa do final do século XIX Nietzsche era evidentemente a figura central nesse desenvol vimento mas outros pensadores com destaque para RH Lotze 181781 foram também cen trais para o surgimento de uma explicação da subjetividade de valores que se desenvolveu paralelamente às explicações subjetivistas de VALOR econômico Émile Durkheim continua sendo o exemplo paradigmático do estudo científico de valores como fatos morais o que ele chamou a cons cience collective implica a consciência e a per cepção do que se passa à nossa volta e esse duplo significado indica a centralidade que ele atribuiu aos valores na integração social Atra vés sobretudo da influência de Structure of Social Action 1937 de Talcott Parsons assim como da do conceito de estatuto social a idéia de que a integração é assegurada primordial mente por um sistema de valor compartilhado tornouse um lugarcomum do funcionalismo norteamericano Parsons passou suavemente de uma orientação normativa de ação no sentido trivial de que os atores têm de escolher entre fins alternativos e uma concepção em que para a ordem social ser assegurada o problema hobbesiano as ações devem ser predominantemente orientadas para um siste ma comum de valores normativos Seria pos sível conceber é claro a ocorrência da integra ção social de um modo mais automático sem referência ao consenso de valores como de monstrou o artigo clássico de David Lockwood 1964 e o que esse autor chamou de integração social distinguindoa do mero processo mecâ nico de integração sistêmica poderia ser en tendido como envolvendo mais argumentação Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar valores 791 e a formação de consenso Jürgen Habermas do que a aceitação indiscriminada de um sis tema de valores trivial desprovido de toda ori ginalidade Na prática porém o FUNCIONALISMO se man teve e caiu baseado no postulado do consenso de valor como mecanismo central de integra ção A sua queda substancial começou com a demostração da variação subcultural em termos de valores na sociologia da transgressão e da juventude e foi completada com a ascensão na década de 60 das subculturas em movimentos de oposição política radical e do cultivo de estilos de vida alternativos Forçado a admitir a diversidade de valores o estruturalfunciona lismo esteve em recesso por algum tempo seu ressurgimento primeiro na Alemanha Ociden tal e agora de forma crescente nos Estados Unidos dáse em termos de modelos sistêmicos e cognitivistas mais sofisticados Entrementes a teoria social marxistaleninista oficial nas so ciedades socialistas estatais acolheu o tema de um sistema de valores comum ao mesmo tem po em que rejeitava é claro a teoria funciona lista e a ênfase idealista na primazia de va lores Esse contexto teórico formou o background para os numerosos estudos sociológicos e so ciopsicológicos de sistemas de valores cujo enfoque em dados subjetivos era perfeitamente adequado aos instrumentos da pesquisa explo ratória Mas na sociologia e na ciência política as generalidades sobre sistemas de valores por um lado e o registro detalhado de opiniões particulares por outro deixaram como que um hiato em que se poderia ter esperado encontrar uma autêntica sociologia de orientações éticas ou políticas Parte do atrativo da obra de Michel Foucault estava talvez no fato de que ele aca bou preenchendo esse hiato com seus estudos de punição e sexualidade e Pierre Bourdieu oriundo de uma tradição antropológica que sempre fora mais sensível a essas questões também deu uma importante contribuição ao reviver a noção do habitus um modo semi obrigatório de atuar ou de se comportar Um aspecto do estudo empírico de valores que merece menção especial é a tese desenvol vida por RF Inglehart de que as modernas sociedades avançadas e em especial os jovens membros dessas sociedades estão ficando mais atraídos para os valores pósmaterialistas como a livre expressão e a qualidade de vida à custa de questões mais tradicionais e prosaicas como crescimento econômico pleno emprego e pro gresso material Embora essa tese fosse muito discutida em seus detalhes parece apontar para uma diferença de valores políticos entre os mo vimentos da velha e da nova esquerda entre socialistas de classe média e de classe traba lhadora e entre socialistas e verdes De modo mais ambicioso Ulrich Beck e outros apos taram que os conflitos distributivos caracterís ticos das sociedades industriais e sintetizados no conflito sistêmico entre trabalhadores e ca pital tendem a ser deslocados pelo complexo e mutável produto do interesse individual e do perigo compartilhado ambiental Quanto ao papel metodológico dos valores no pensamento social e na ciência social o século XX assistiu a uma continuação das po sições fixadas no final do século XIX De um modo geral podese distinguir uma tradição comteanapositivista ver POSITIVISMO levada adiante por Durkheim na qual a ciência objeti va pode dizernos o que é normal ou patológico em nossas sociedades e como seus órgãos regu ladores remediariam quaisquer defeitos uma tradição weberiana que sustenta em teoria e ambiciona alcançar na prática científica uma nítida distinção entre enunciados factuais e ava liatórios embora reconhecendo o papel dos valores na orientação da investigação científi ca e uma ênfase marxista na unidade de aná lise e prescrição na crítica A posição positivista original sempre pade ceu da dificuldade de tornar plausíveis os seus diagnósticos na prática as intervenções tecno cráticas foram mais freqüentemente justifica das por uma versão simplificada da distinção fatovalor que considera os juízos de valor es tranhos à ciência e trata os valores como fatos a serem documentados e explicados em um cálculo descomplicado dos benefícios de resul tados políticos alternativos A posição de Max Weber era bem mais complicada Ele aceitou a noção de Heinrich Rickert de que o que caracteriza os fenômenos das ciências culturais em oposição às natu rais é mais a sua relação com os nossos valores do que com um conjunto de leis naturais Em bora modificasse consideravelmente a herança rickertiana ao longo de sua carreira e com o passar do tempo mudasse a sua visão da socio logia Weber reteve uma distinção entre concei tos ou usos de conceitos meramente classifica Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 792 valores tórios e idealtípicos O tipo ideal não era ideal em algum sentido avaliatório mas representava uma acentuação de fenômenos na realidade em relação com um ângulo específico e determi nado pelo valor do interesse nesses fenômenos Apesar ou por causa disso afirmou Weber ainda era possível distinguir entre enunciados científicos e expressões de valor que não têm lugar na ciência A ciência não pode dizernos o que devemos querer mas apenas talvez o que queremos e como poderíamos obtêlo e a que custo Se o custo vale a pena ser pago é também uma questão para a nossa própria de cisão Acreditar em outra coisa é não só conta minar a ciência com valores mas ainda mais importante abdicar da responsabilidade moral que cada indivíduo tem de escolher entre deuses e demônios alternativos os sistemas de valor alternativos com que os seres humanos se de frontam no mundo moderno E devemos reali zar essas opções liberdade de valores não sig nifica indiferença moral A posição de Weber em uma forma adequa damente simplificada talvez tenha sido a orto doxia dominante da ciência social do século XX embora seja mais fácil é claro proclamar que a ciência está livre de valores do que im plantar essa liberdade na prática como as teo rias da IDEOLOGIA deixam claro Até os cientis tas sociais mais comprometidos como o aus tromarxista Max Adler aceitaram a necessi dade de separar fatos e valores ver AUSTRO MARXISMO De um modo geral porém os mar xistas deixando de lado os que aceitam incon dicionalmente um princípio de partidarismo têm sido atraídos pela noção de uma unidade de ciência e propostas para a prática transforma dora consubstanciada na noção de Marx de crítica O capital por exemplo era ao mesmo tempo uma obra científica de economia políti ca uma crítica da economia política como um todo e uma crítica da economia e sociedade do capitalismo que acarretou ceteris paribus a bus ca de um melhor sistema A teoria crítica da ESCOLA DE FRANKFURT desenvolveu essa linha de argumentação su blinhando tal como fez Marx a inserção da atividade científica na esfera geral da prática humana e a impossibilidade assim como a indesejabilidade de a separar artificialmente desse contexto no que Habermas chamou um racionalismo positivamente bisseccionado A linha mais especificamente cognitiva de argu mentação recebeu de Roy Edgley e Roy Bhas kar um desenvolvimento recente apontando que se pode passar da demonstração da falsi dade de um conjunto de crenças sobre a socie dade para uma crítica das circunstâncias sociais que sustentam essas falsas crenças Quando o século se avizinha do seu término a discussão de valores parece sujeita a três influências que se contrariam Por um lado a possibilidade de se realizar uma rígida separa ção de enunciados factuais e avaliatórios so bretudo no pensamento social parece menos promissora do que foi nas áreas do mundo fortemente influenciadas pelo positivismo lógi co e suas conseqüências Por outro lado o marxismo e outras fontes de convicção e adesão política parecem estar em eclipse e um relati vismo pósmoderno atualmente em voga trata a discussão de valores como algo deselegante Entretanto dada a magnitude das crises com que a humanidade se defronta no final do século XX isso tem boas possibilidade de não passar de um fenômeno temporário Mais promissora é uma terceira tendência para a GLOBALIZAÇÃO de valores é quase impossível encontrar no mundo contemporâneo qualquer governo que se atreva a não tecer louvores mesmo que hipócritas à democracia ao domínio da lei e à preservação dos direitos humanos A erosão das ditaduras socialistas estatais por valores que eram talvez mais modernos do que clara mente democráticos capitalistas ou qualquer outra coisa é um sinal dessa tendência globali zante Tal é reconhecidamente o caso do fun damentalismo antimoderno em muitas partes do mundo mas isso talvez prove ser também um fenômeno relativamente efêmero O aban dono das esperanças de estabelecer valores uni versais não impede a tentativa mais modesta de encorajar a generalização dos que parecem vá lidos Ver também ÉTICA MORALIDADE NORMA Leitura sugerida Beck Ulrich 1992 Risk Society Bhaskar Roy 1986 Scientific Realism and Human Emancipation Inglehart RF 1977 The Silent Revo lution Changing Values and Political Styles among the Western Mass Publics Oakes Guy 1988 Weber and Rickert Concept Formation in the Cultural Sciences Ossowska Maria 1971 Social Determinants of Moral Ideas Rose G 1981 Hegel Contra Sociology cap1 Weber Max 1904 1949 The Methodology of the Social Sciences WILLIAM OUTHWAITE Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar valores 793 vanguarda Derivado do francês avantgar de o termo significa literalmente a guarda avançada ou parte frontal de um exército Seu uso metafórico data de inícios do século XX embora a idéia a de LIDERANÇA política ou cultural por parte de uma elite esclarecida auto designada é em certo sentido pelo menos um século mais velha e em outro sentido tão antiga quanto a raça humana No uso angloamerica no o termo vanguarda é geralmente reserva do à liderança política como o partido de vanguarda no leninismo e o francês avant garde à liderança cultural e artística que é o aspecto que nos interessa aqui Assim esta última expressão pressupõe ou subentende o seguinte 1 Uma condição de permanente revolução cultural ou estética a ser iniciada articu lada ou dirigida por uma minoria avan çada usualmente de acordo com algum processo histórico pretensamente ima nente cf PROGRESSO 2 Relutância por parte dos liderados se jam eles as massas proletárias ou os filisteus burgueses em se submeter a esses líderes ver CULTURA DE MASSA 3 Um direito nãooutorgado da vanguarda para os liderar ou pelo menos os ins tigar insultar ou irritar ao se oferecer para exercer esse papel 4 Esse direito seria justificado se é que o seria pelas pretensões da vanguarda a representar de bom ou de mau grado as aspirações íntimas nãoreconhecidas dos excluídos dela cf a doutrina marxis ta de falsa consciência para o efeito de que sob arranjos sociais imperfeitos os nãoinstruídos são mantidos na ignorân cia de suas reais necessidades e dese jos que somente a vanguarda pode perceber Uma vanguarda não é constituída por deter minantes convencionais de status como rique za nascimento ou função administrativa mas unicamente por mérito pessoal ou talento es tético avaliado per se Em relação à cultura circundante situase na posição ambígua de dependência e ALIENAÇÃO simultâneas Embora tenham raízes no ILUMINISMO e no Romantismo cf a concepção de Shelley dos poetas como legisladores nãoreconhecidos as vanguardas são essencialmente um fenôme no modernista o qual coincide em grande parte com um outro o dos INTELECTUAIS Mesmo quando cultural e politicamente conservadoras como no caso de TS Eliot e muitos outros modernistas as vanguardas são radicais em suas expressões técnicas as quais serão delibe radamente obscuras afetadas irônicas erudi tas alusivas ou mesmo como no movimento dadaísta de Tristan Tzara e outros no começo do século XX intencionalmente vazias de sig nificado Tal como o modernismo de modo geral as vanguardas são em parte uma reação à demo cracia burguesa um aristocratismo dos déclas sés Por conseguinte elas têm dependido com freqüência da aristocracia tradicional para se sustentar Entretanto sua principal clientela hoje em dia especialmente em Londres e Nova York é a burguesia ávida de status fato que está provando ser fatal para a sua credibilidade Com efeito no momento em que escrevo estas linhas as vanguardas parecem estar em declínio por toda parte ao passo que o pósmodernismo e um tradicionalismo revivido florescem so bretudo na mais pública de todas as artes a arquitetura ver MODERNISMO E PÓSMODERNIS MO Leitura sugerida Butler Christopher 1980 After the Wake the Contemporary AvantGarde Kermode Frank 1971 Modern Essays Ortega y Gasset José 1964 1972 The Dehumanization of Art and Other Writings on Art and Culture and Literature Poggioli Renato 1968 The Theory of the AvantGarde ROBERT GRANT variáveis padrão São tipos de orientação para a ação papéis ou relações sociais que apresentam algumas escolhas dicotômicas es pecíficas antes que a situação tenha uma signi ficação determinada Parsons e Shils 1962 p7677 Foram originalmente propostas por Parsons 1951 p5867 que sistematizou re finou e ampliou a abordagem idealtípica we beriana à sociedade sustentando que as ações e os papéis sociais podem ser classificados em termos de cinco dimensões básicas que apre sentam alternativas polares Podem ser usadas para comparar culturas ou subsistemas e grupos dentro de uma sociedade mas uma de suas mais importantes e freqüentes aplicações tem sido a descrição da estrutura social idealtípica de so ciedades tradicionais e modernas ver MO DERNIZAÇÃO Particularismo versus universa Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 794 vanguarda lismo é uma dessas variáveis padrão As ações particularísticas são executadas para ocupantes específicos de papéis em função de sua situação particular a qual não pode ser transferida ami zade relações de família As ações universalís ticas podem ser definidas para uma categoria mais geral de pessoas de acordo com critérios objetivos relação vendedorfreguês Uma se gunda variável padrão é difusividade versus especificidade Algumas relações são funcio nalmente difusas na medida em que abrangem uma série de dimensões nãoespecificadas amizade papéis de família Outras são funcio nalmente específicas na medida em que seu conteúdo é claramente definível e delimitado papéis burocráticos Uma terceira variável padrão opõe adscrição a desempenho Alguns papéis são acessíveis e conferem status de acordo com o desempenho e dele dependendo Outros advêm natural mente aos atores e lhes proporcionam status de acordo com seus atributos físicos e sociais não vinculados ao desempenho classe sexo idade família etc A quarta consiste em afetividade versus neutralidade afetiva Alguns papéis for necem satisfação imediata no próprio desempe nho de suas atividades esperadas ao passo que outros adiam a satisfação e se tornam pura mente instrumentais para um objetivo ulterior Finalmente há a orientação no sentido de interesses coletivos versus orientação no senti do de interesses individuais Alguns papéis são exclusivamente orientados para o interesse co letivo servidor público alguns outros acar retam a busca do interesse privado empresá rios Parsons 1951 p17677 afirma que em sociedades tradicionais os papéis tendem a ser adscritivos difusos particularistas e afetivos Em sociedades industriais pelo contrário pre dominam os papéis orientados para o desempe nho universalistas afetivamente neutros e es pecíficos A transição da sociedade tradicional para a sociedade industrial subentende de um modo geral a progressiva expansão da esfera de aplicação do segundo tipo de papéis e uma contração da esfera de aplicação do primeiro Parsons deixa de fora a última variável padrão provavelmente por causa de algumas dificul dades em formular uma argumentação muito clara em uma direção ou outra Hoselitz 1965 p40 assinalou que em sociedades subdesen volvidas a orientação para o interesse pessoal prevalece entre as elites dominantes ao passo que em sociedades avançadas é predominante a orientação para a coletividade Mas se pode igualmente sustentar que os ocupantes de pa péis em sociedades subdesenvolvidas tendem a se orientar mais para os interesses coletivos do que os ocupantes de papéis em sociedades in dustriais individualistas que tendem a buscar a realização de seus interesses privados Leitura sugerida Hoogvelt AMM 1976 The So ciology of Developing Societies Parsons T 1967 Pattern variables revisited a response to Robert Du bin In Sociological Theory and Modern Society JORGE LARRAIN verdade Este parece ser de imediato o mais simples e o mais difícil dos conceitos Afirmar que uma proposição é verdadeira é darlhe o nosso assentimento essa é a sua função primordial da qual as teorias de redundância e performáticas da verdade derivam seu po der Mas ficase assim comprometido com uma asserção sobre o mundo para o efeito grosso modo de que é assim que as coisas são a partir da qual desde os tempos de Aristóteles as teorias de correspondência da verdade obti veram sua aceitação Essa asserção contém a força normativa de acredite em mim aja de acordo com isso da qual as teorias pragmáti cas ganharam sua autoridade e influência ver PRAGMATISMO Ao mesmo tempo essa asserção se desafiada precisa ser fundamentada exigên cia que parece apontar na direção das teorias de coerência Assim um julgamento de verdade tipicamente contém ou subentende uma quá drupla dimensionalidade na medida em que possui aspectos expressivamente verazes des critivos evidenciais e imperativamente fiduciá rios Se o seu básico significado de expressão do mundo é simples o seu aspecto descritivo isto é como as coisas são no mundo é igualmente fácil ver que a fala verdadeira satis faz uma necessidade transcendentalaxiológi ca agindo como um mecanismo de direção para os usuários de uma linguagem encontrarem seu caminho no mundo Mas verdade é também o mais difícil dos conceitos dificilmente se encontra uma teoria que não contenha alguma cilada ardilosa mas na qual seja igualmente difícil não descortinar alguma verdade ou plausibilidade Isso tem ra mificações para teorias de significado referên cia percepção causalidade mediação experi mento e comunicação e assim de modo geral Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar verdade 795 para a sociologia filosófica e a ONTOLOGIA Uma distinção básica é entre teorias de signifi cado e critérios para a verdade Prima facie seria de esperar que os critérios para afirmações de verdade fossem tão variados quanto os con textos em que elas são formuladas As mais importante teorias históricas de ver dade no século XX foram as teorias de corres pondência coerência pragmáticas de redun dância performáticas de consenso e hegelia nas As teorias marxistas foram distribuídas ao longo desse espectro com o marxismo oci dental vendo tipicamente a verdade como a expressão prática de um sujeito em vez de uma representação teoricamente adequada de um objeto quer isso tenha sido na forma coerentista como em György Lukács pragmatista como em Karl Korch ou consensualista como em Antonio Gramsci ver Bhaskar 1991 As teorias de correspondência tiveram seu apogeu durante a supremacia em meados do século do POSITIVISMO lógico embora fossem também sustentadas por alguns críticos deste como JL Austin As mais influentes teorias de correspondência foram a teoria da repre sentação quadro ou pintura do primeiro Wittgenstein a teoria semântica de A Tarski e a teoria de Karl Popper da ciência como reve ladora da crescente verossimilhança ou pare cença da verdade Para os críticos das teorias de correspondência a objeção básica sempre foi que parece não haver um ponto de observação arquimediano a partir do qual se possa fazer uma comparação dos itens correspondentes As teorias de coerência em voga no começo do século sob o impacto residual do idealismo absoluto mas recentemente defendidas com vigor por N Rescher e alguns outros parecem mais plausíveis como explicação de um critério do que como o significado de verdade As teo rias hegelianas podem ser consideradas um ca so especial das teorias de coerência em que o que define a verdade é a conformidade de um objeto à sua noção em última análise à totali dade ou ao todo e não o inverso Mas quer nas declinações hegelianas ou nas mais tipicamente anglosaxônicas as teorias de coerência pare cem pressupor algo como uma explicação de correção inspirada na teoria de correspon dência No essencial as duas espécies mais influ entes de pragmatismo derivam respectivamen te da tradição americana de CS Peirce Wil liam James e John Dewey e do perspectivismo nietzschiano A primeira foi recentemente po pularizada por Richard Rorty para quem o úni co conceito viável de verdade é a assertividade justificada e neste ponto o pragmatismo har monizase com as teorias construtivistas e in tuicionistas das matemáticas Isso é claro é vulnerável à objeção de que uma proposição pode mostrarse justificadamente suscetível de asserção e ser no entanto falsa Para a tradição nietzcheana que informa o pósestruturalismo contemporâneo a verdade é em última análise um exército móvel de metáforas uma expres são arbitrária da vontade de poder que deve ser pensada simultaneamente como necessária e impossível sob rasura É difícil ver essa po sição quer em suas roupagens derrideanas ou foucaultianas sob qualquer outro prisma que não o da autoanulação As outras teorias devem ser tratadas de mo do mais breve A teoria da redundância formu lada inicialmente por FP Ramsey parece intro duzir subrepticiamente a verdade pela porta dos fundos ou então negar a necessidade axio lógica do predicado de verdade As teorias per formáticas do tipo defendido por PF Strawson RM Hare e John Searle parecem mais satisfa tórias a esse respeito mas não dão o devido relevo à extensão em que o predicado de ver dade necessita estar fundamentado fato recen temente acentuado por Kripke As teorias de consenso embora capazes de formulações ideaistípicas parecem vulneráveis à objeção óbvia de que 20 milhões de franceses podem estar errados Bhaskar desenvolvendo o seu realismo crí tico esboçou recentemente uma tetracomposi ção da verdade e uma dialética associada da verdade em que ela é vista como um conceito de muitas camadas O primeiro momento ou componente da tetracomposição vê a verdade como guia da ação action guiding e social como normativafiduciária O segundo compo nente a vê como adequante adequating jus tificadamente sustentável e na dimensão tran sitiva do discurso como relativa O terceiro componente vê a verdade como expressivare ferencial expressivereferential como duali dade epistêmicoôntica e as asserções de ver dade como absolutas dizer como as coisas são no mundo O quarto componente vê a verdade como aléctica como genuinamente ontológica e portanto objetiva como na dimensão in Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 796 verdade transitiva as razões para as coisas e os fenôme nos do mundo Neste ponto estamos interessados na ver dade natureza propósito realização das coi sas incluindo pessoas não simplesmente das palavras E na dialética da ciência descrita pelo realismo crítico passamos da certeza subjetiva por parte de um grupo de cientistas a respeito de alguma proposição ou teoria à aceitação pela comunidade científica da faticidade inter subjetiva intersubjective facthood da proposi ção em questão A comunidade procura agora exumar e trazer à luz a razão tipicamente em um nível mais profundo da estrutura ou em uma totalidade mais vasta do fenômeno descrito por essa proposição Quando isso é feito atingimos o nível da verdade objetiva ou aléctica em que a verdade representa agora a descoberta ou revelação da razão para o fenômeno Na vida social uma forma de conhecimento mais vasta ou mais profunda pode freqüentemente criticar ceteris paribus uma forma menos desenvolvi da como é amplamente demonstrado pela ex tensa tradição da teoria crítica desde Marx até Habermas O compromisso do realismo crítico com o realismo moral abre novas possibilidades na teoria da verdade que não podem ser aqui ex ploradas exceto para dizer que Bhaskar sus tentou recentemente em uma linha paralela ao argumento de Habermas que todo e qualquer enunciado expressivamente verídico implica em última instância um compromisso com o projeto de emancipação humana universal Is so podese igualmente afirmar é como a liber dade e o bemestar uma condição para qualquer verdade subjetiva ou intersubjetiva Leitura sugerida Bhaskar Roy 1992 Dialetic Pit cher G 1964 Truth Popper Karl 1972 Objective Knowledge Ramsey FP 1931 The Foundation of Mathematics Rescher N 1973 The Coherence Theo ry of Truth Rorty R 1980 Philosophy and the Mirror of Nature Tarski A 1956 Logic Semantics and Ma thematics ROY BHASKAR verde Ver MOVIMENTO ECOLÓGICO Verstehen A palavra alemã para entendi mento passou a ser usada em um sentido mais limitado para se referir à compreensão de textos e outras realizações humanas tais como ações e fenômenos sociais e culturais quando a com preensão desses fenômenos é freqüentemente vista como sendo de algum modo semelhante ao entendimento de um texto escrito Usada originalmente no século XIX para designar a penetração imaginativa de textos religiosos e outros textos históricos ver HISTORICISMO a palavra foi usada pelo filósofo da história Jo hann Gustav Droysen 18381908 em seu ata que à concepção positivista de que a história deveria ter por objetivo descobrir leis como as das ciências naturais ver NATURALISMO Pode mos entender o espírito Geist de um modo diferente da natureza possuímos o que Droysen chamou uma compreensão imediata e subjeti vamente certa das questões humanas mas isso deve adquirir maior precisão e objetividade graças aos métodos da pesquisa histórica Essas idéias receberam um desenvolvimento ainda maior com o filósofo Wilhelm Dilthey 1833 1911 em sua tentativa de estabelecer as fun dações filosóficas das ciências humanas ou Geisteswissenschaften A obra de Dilthey exibe uma mudança de ênfase do entendimento do significado subjetivamente intencional do es critor ou ator para uma abordagem mais es trutural em que o significado é antes o produto de um sistema mais vasto como uma lingua gem natural ou um conjunto de convenções culturais e essa distinção entre significado sub jetivamente intencional e objetivo tendeu a dominar a discussão subseqüente As figuras centrais na sociologia verstehen de são Georg Simmel e Max Weber Primeiro Simmel tratou sistematicamente essas questões em Die Probleme der Geschichtsphilosophie 1892 Os problemas da filosofia da história Weber 19036 elogiou Simmel por distinguir claramente entre o entendimento objetivo do significado de uma expressão e o entendimento subjetivo ou interpretação dos motivos da pes soa que a proferiu No exemplo de Simmel um soldado que recebe uma ordem verbalmente ambígua pode formular uma hipótese sobre os motivos da pessoa que emitiu a ordem Este último processo insiste Weber é uma forma de conhecimento causal As explicações nas ciên cias sociais devem ter em vista a adequação significativa e causal No caso da muito co nhecida exposição de Weber da ética protes tante e do espírito do capitalismo 190405 a explicação das origens religiosas da inovação econômica protestante nos primórdios da Euro pa moderna deve fazer sentido em termos do que sabemos acerca da motivação humana e Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar Verstehen 797 deve existir alguma demonstração de que essas idéias influenciaram de fato a conduta de em presários e trabalhadores protestantes A socio logia de Weber tende a enfatizar o significado subjetivamente pretendido ou um TIPO IDEAL de tal intenção sustentando que os significados objetivos ou corretos são do interesse de outras disciplinas como a filosofia ou o direito A sua categoria de entendimento direto ou imedia to aktuelles Verstehen contudo está perto do que tem sido usualmente entendido como signi ficado objetivo Alfred Schutz inaugurou o que veio a ser conhecido como sociologia fenomenológica com o livro traduzido para o inglês como The Phenomenology of the Social World 1932 Schutz sublinhou a dimensão cotidiana e de senso comum do entendimento e a cons trução de tipos ideais e a ETNOMETODOLOGIA continua nessa direção que por sua vez tem sido crescentemente assimilada à tendência domi nante da teoria social na obra de Anthony Gid dens e outros Em uma linha de desenvolvimento muito distinta os racionalistas têm sustentado que a ação racional é a sua própria explicação Hol lis 1977 p21 ver RACIONALIDADE E RAZÃO Enquanto a HERMENÊUTICA sublinha a recons trução imaginativa do que Wittgenstein cha mou de formas de vida ver Winch 1958 e 1964 os teóricos da ação racional em econo mia psicologia e mesmo em sociologia e antro pologia tendem a operar com uma explicação universalista da motivação humana e a prestar relativamente pouca atenção às autocompre ensões dos atores ao seu próprio senso do que estão fazendo e por quê Na última década do século XX as opo sições originais que Max Weber tentou superar entre Verstehen e explicação Erklären ou en tre EXPLICAÇÃO causal e teleológica passaram para segundo plano assim como as oposições afins entre teorias estruturalistas e individualis tas ou materialistas e idealistas A Teoria Crí tica ver ESCOLA DE FRANKFURT é apenas uma das maneiras como os teóricos sociais tentaram realizar uma síntese dessas oposições A mais saliente oposição é entre a teoria da ação racio nal individualista em ciência econômica e ou tras ciências sociais e as abordagens que com binam princípios estruturalistas e culturalistas em uma continuação da tradição da Verstehen Leitura sugerida Apel KO 1979 1984 Unders tanding and Explanation a TranscendentalPragmatic Perspective Dallmayr F e McCarthy T orgs 1977 Understanding and Social Inquiry Hollis M 1977 Models of Man MullerDoohm Stefan org 1992 Verstehen und Methoden Outhwaite William 1975 1986 Understanding Social Life 2ªed Winch Pe ter 1958 The Idea of a Social Science and its Relation to Philosophy Ο 1964 Understanding a primitive so ciety American Philosophical Quarterly 14 30724 Wright GH von 1971 Explanation and Understan ding WILLIAM OUTHWAITE vício O estado de imoderada fixação ou exa gerada inclinação referese usualmente a uma droga como o álcool ou a heroína embora o conceito tenha sido ampliado a outras condutas viciosas como os jogos de azar e a gula Uma descrição alternativa preferiu freqüentemente o termo dependência A Organização Mundial de Saúde 1981 propôs as seguintes caracterís ticas do viciado em drogas compulsão subjetiva a ingerir uma droga desejo de suspender o consumo embora a ingestão continue padrão estereotipado inflexível de in gestão adaptação dos sistemas nervosos afeta dos pela droga levando à tolerância dos seus efeitos e sintomas de supressão quando a droga é suspensa prioridade do comportamento de busca da droga sobre todas as outras atividades rápido restabelecimento da síndrome quando se quebra um período de abstinência Nem todas as características são mostradas por todas as drogas ou todas as pessoas afetadas No que diz respeito às causas a herança é um bode expiatório de escassa importância para a dependência do álcool As mais poderosas forças causadoras são potencialmente as mais capazes de remédio fatores socioeconômicos que determinam a aceitabilidade e acessibi lidade de compostos psicoativos Tais influên cias incluindo o custo do álcool explicam as diferenças na preponderância de vícios entre países raças religiões sexos e épocas As in terações geradoras de dependência entre as dro gas e o cérebro são mais bem entendidas no caso dos opiáceos os quais exercem efeitos seme lhantes aos das endorfinas substâncias en dógenas que atuam como neurotransmissores A dependência é ainda mais promovida por reações assimiladas de resposta a estímulos ex Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 798 vício ternos e internos pelo desejo incontrolável e a ingestão da droga O mais comum e o mais letal dos vícios é o fumo A dependência que é mantida pelo conteúdo de nicotina está diminuindo nas nações mais ricas e mais bem informadas mas aumentando nos países mais pobres A depen dência do álcool alcoolismo entrou em um ciclo decrescente nos países mais prósperos mas com o recrudescimento no marketing in ternacional de bebidas alcoólicas vem regis trando expansão em regiões menos ricas O uso ilícito de drogas sobretudo de heroína cocaína e anfetaminas gera preocupações crescentes por suas implicações sociais criminosas e para a saúde O uso do fumo é mais freqüente nas camadas de baixa renda e o uso de drogas ilegais em áreas urbanas desfavorecidas As conseqüências sociais do vício resultam em parte da intoxicação e da embriaguez com relações interpessoais perturbadas aciden tes declínio no desempenho profissional e por vezes de atividades ilícitas para financiar o consumo de drogas ver também CRIME E TRANS GRESSÃO Os danos físicos são mais salientes em conseqüência do fumo câncer de pulmão enfisema pulmonar distúrbios cardiovascula res e do álcool incluindo danos cerebrais e hepáticos Injeções de drogas contaminadas produzem infecções mormente com os orga nismos da hepatite virótica e da Aids As com plicações psicológicas do vício incluem depres são com risco de suicídio ansiedade e psicoses transitórias O ponto de vista de que o vício representa uma deficiência moral tem cruzado lanças ao longo dos séculos com o conceito de doença ver também MEDICINA O modelo médico im pôsse a partir da década de 30 e passou a ser desafiado por sua vez pela tese de que o vício é um estado condicionado suscetível de des condicionamento através de técnicas psicológi cas Os argumentos são em parte semânticos o que é uma doença em parte determinados por lutas de poder entre profissões Biologia medi cina psicologia sociologia antropologia eco nomia e religião todas contribuem para um entendimento da conduta viciosa e com fre qüência do seu tratamento e prevenção Os vícios possuem uma proporção espon tânea de remissões de modo que as dificul dades de avaliação conduzem ao debate sobre os méritos desta ou daquela terapia O aconse lhamento breve pode ajudar pessoas no começo da dependência alcoólica e auxilia bastante gente com o vício do fumo a extrair o maior benefício da intervenção de seus médicos Ou tras pessoas necessitam de ajuda mais prolon gada Organizações voluntárias ganham cada vez maior destaque Alcoólicos Anônimos fun dada em 1936 é o paradigma para grupos de autoajuda nos comportamentos viciosos as sim como em outras áreas de sofrimento e angústia Os meios preventivos estão divididos entre redução da oferta e redução da demanda de drogas A redução da oferta envolve o controle legal sobre a produção e distribuição de subs tâncias psicoativas lícitas e ilícitas Os adversá rios do cumprimento da lei a todo custo apon tam o seu fracasso em impedir o narcotráfico Os adeptos assinalam que as restrições nacio nais e internacionais limitam o mau uso e a dependência de drogas e podem citar êxitos resultantes de medidas legais A redução da demanda inclui o reconheci mento precoce e o tratamento de viciados a área menos tangível das melhorias nas condições sociais e a educação Embora os métodos de educação e até o seu valor sejam discutidos a redução do vício e dos danos do álcool e do fumo em numerosos países acompanhou o au mento da consciência pública Leitura sugerida Ghodse H e Maxwell G orgs 1990 Substance Abuse and Dependence an Introduction for the Caring Professions Jellinek EM 1960 The Di sease Concept of Alcoholism Marlatt A e Gordon J 1985 Relapse Prevention Oxford J 1985 Excessive Appetites a Psychological View of Addiction Royal College of Psychiatrists 1986 Alcohol Our Favourite Drug Ο 1987 Drug Scenes JOHN SPENCER MADDEN Viena círculo de Grupo de filósofos e cien tistas que nas décadas de 20 e 30 desempenhou papel crucial na formação do movimento filo sófico conhecido como positivismo lógico ou empirismo lógico Deu continuidade a uma tra dição de pensamento empirista em Viena cujo principal representante era o filósofocientista Ernst Mach nomeado em 1895 para a recém fundada cátedra de filosofia das ciências in dutivas na Universidade de Viena e que de fendeu vigorosamente um positivismo radical mente antimetafísico Em 1922 Moritz Schlick também filósofocientista foi nomea Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar Viena círculo de 799 do para essa cátedra e foi de um seminário liderado por Schlick que em 1923 surgiu o círculo de Viena Além de Schlick os mais importantes mem bros do círculo em termos de seu desenvolvi mento filosófico foram Rudolf Carnap e o eco nomista Otto Neurath Carnap tal como Schlick tinha formação em filosofia e em físi ca mas também estava profundamente familia rizado com os modernos desenvolvimentos em lógica Mudouse para Viena em 1926 e se tornou Dozent instrutor de filosofia na univer sidade virou rapidamente uma figura proemi nente nas discussões do círculo e se firmou como o mais notável expositor das idéias do positivismo lógico Ludwig Wittgenstein em bora não fosse membro do círculo de Viena influenciouo profundamente através do seu Tractatus Logicophilosophicus 1921 que foi intensamente discutido no círculo com efeito Wittgenstein era considerado pelos positivistas vienenses um dos três mais notáveis pioneiros da concepção científica do mundo que eles próprios sustentavam sendo os outros dois Al bert Einstein e Bertrand Russell No final da década de 20 o círculo de Viena apresentouse ao público como um novo movi mento com uma finalidade científica e educa cional abrangente Foi especialmente Neurath socialista ativo e hábil organizador quem insis tiu em que o grupo deveria atuar à maneira de um partido a fim de promover o esclarecimento oferecido pela concepção científica do mundo e por conseguinte servir ao desenvolvimento da sociedade Com esse objetivo foi fundada a Sociedade Ernst Mach No ano seguinte em 1929 divulgouse em Viena o manifesto Wis senchaftliche Weltauffassung Der Wiener Kreis A concecpção científica do mundo o Círculo de Viena Carnap et al 1929 no qual a rigorosa eliminação da metafísica do domínio do pensamento racional e o estabelecimento da ciência unificada Einheitswissenschaft por meio da redução lógica da ciência aos termos da experiência imediata foram anunciados co mo os objetivos básicos do novo movimento No mesmo ano o círculo organizou em conjun to com a Sociedade para a Filosofia Empírica grupo de Berlim com pontos de vista seme lhantes unido em torno de Hans Reichenbach um congresso realizado em Praga Seguiramse outros congressos e foi estabelecida a coopera ção com outros grupos e indivíduos que se dedicavam a propósitos afins Assim foi prin cipalmente em virtude das atividades do círculo de Viena que na década de 30 nasceu uma comunidade internacional de filosofia científi ca Em 1930 começou a ser publicada a revista Erkenntnis principal órgão do movimento O círculo também publicou várias séries de mo nografias tais como Schriften zur wissenschaft lichen Weltauffassung Estudos sobre a concep ção científica do mundo e Einheitswissen schaft Unidade da ciência O ataque dos positivistas vienenses à meta física pelo qual ganharam notoriedade baseou se na moderna lógica matemática tal como desenvolvida em especial na obra de Bertrand Russel e Alfred North Whitehead Principia Mathematica 191011 e no princípio de veri ficabilidade o qual estabelece que o significado de uma proposição factual reside no método de sua verificação experiencial que eles deriva ram de Wittgenstein A lógica moderna havia mostrado para satisfação deles que a matemá tica é parte da lógica e eles interpretaram as proposições da lógica uma vez mais na esteira de Wittgenstein como tautologias vazias per feitamente compatíveis com o princípio empirista central de que todo conhecimento genuíno isto é factual deriva da experiência assim todas as proposições sólidas são tautolo gias ou então enunciados empíricos Por outro lado asserções metafísicas como Deus existe ou Existem valores absolutos uma vez que não são tautológicas nem empíricas mas pretendem veicular informação factual in dependentemente da experiência constituem na realidade pseudoproposições desprovidas de significado embora possam ter significação emotiva com efeito as declarações metafísi cas podem ser ainda mais radicalmente infun dadas porquanto são capazes de violar até as regras da gramática lógica aspecto enfatizado em especial por Carnap desde A Estrutura lógi ca do mundo e Pseudoproblemas em filosofia ambos in Carnap 1928 Essa crítica contudo não se limitou à meta física tradicional incluindo na opinião do cír culo o apriorismo kantiano mas se aplicou também à teoria tradicional do conhecimento que discutiu tópicos como a realidade do mun do externo isto é a questão de saber se o verdadeiro é idealismo subjetivo ou o realismo Em sua Allgemeine Erkenntnislehre Teoria ge ral do conhecimento 1918 Schlick rejeitou a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 800 Viena círculo de metafísica tradicional mas ao defender refi nadamente o realismo ainda se movimentava dentro dos limites da teoria do conhecimento tradicional Nas obras de Carnap de 1928 po rém a questão idealismorealismo é exposta como mais um pseudoproblema em filosofia ponto de vista que foi então adotado também pelo próprio Schlick 1932 A rejeição da metafísica que veio a ser formulada com minúcia extrema por Carnap 1932 1950 seria complementada e reforça da pela exposição da unidade da ciência Neu rath em particular que tinha fortes inclinações marxistas opunhase radicalmente à divisão das ciências comum no mundo acadêmico ale mão em ciências naturais e ciências culturais Geistes ou Kulturwissenschaften como um foco gerador de metafísica A Estrutura lógica do mundo de Carnap foi o primeiro esforço sistemático dentro do círculo de Viena para dar conteúdo à tese da unidade da ciência ao tentar mostrar como todos os conceitos científicos podem ser reduzidos à corrente de experiência própria de cada indivíduo ou construídos a partir desta Esse era portanto o quadro que o círculo de Viena no final da década de 20 apresentava ao mundo à sua volta todos os enunciados empíricos como os únicos enuncia dos factuais significativos tinham que ser re construídos como enunciados cujos termos se referiam à experiência imediata sem implicar assim a pretensão metafísica de que somente tais experiências são reais e de modo corres pondente se presumia que eles eram verificá veis ou falsificáveis de forma conclusiva por enunciados primitivos expressando experiên cias imediatas enunciados esses que nesse ter reno se considerava fornecerem uma incor rigível e sólida base de conhecimento Logo porém ocorreram consideráveis mu danças e desenvolvimentos doutrinários quan do o quadro descrito em linhas gerais deu ori gem a certo número de problemas sérios Em primeiro lugar o princípio de verificabilidade ameaçava colocar a ciência no mesmo nível da metafísica uma vez que as leis naturais não podem ser verificadas de forma conclusiva Schlick 1931 propôs portanto que estas não fossem consideradas como enunciados mas tãosomente como regras que nos permitem inferir enunciados singulares verificáveis Mas essa iniciativa para salvar o princípio de verifi cabilidade não foi bemsucedida pois como sublinhou Carnap 1932 1934 os enunciados singulares da ciência são tão inverificáveis por meio de experiências quanto as leis gerais As sim a verificabilidade como critério para o conteúdo empírico de um enunciado foi subse qüentemente substituída pela noção mais tênue de confirmabilidade de fato já em 1932 Car nap falava de verificação apenas no sentido de uma tênue verificação isto é de confirmação Carnap 1932 1987 Outra dificuldade dizia respeito à nature za das proposições da filosofia científica Wittgenstein no Tractatus admitira que os seus próprios enunciados acerca da estrutura do mundo e de como a linguagem se relaciona com este embora sejam elucidações que ajudam nosso entendimento não são proposições real mente significativas pois não afirmam coisa alguma Enquanto Schlick 1930 aceitava a conclusão de Wittgenstein de que a filosofia não produz verdade alguma sendo apenas a atividade de esclarecimento de proposições Neurath 1932a protestava afirmando que a ciência unificada não tem a menor necessidade de uma metafísica de elucidações Carnap en frentou o problema estabelecendo a distinção entre o modo material e o formal sintático de discurso Carnap 1932 1934 A filosofia explicou ele em The Logical Syntax of Lan guage 1934 é investigação lógica da estrutura sintática da linguagem das linguagens Assim apresentar a tese ontológica de que os números são uma categoria fundamental de entidades ou de que eles constituem certas classes é expres sar no enganador modo material impregnado de contrasenso metafísico o que equivale no cor reto modo formal a formular a asserção sintá tica de que em uma linguagem as palavrasnú meros são primitivas e em outra são cons truídas como certas palavrasclasses As discus sões filosóficas do gênero indicado discussões de categoria reduzemse portanto a propor diferentes liguagens e como não há uma ques tão teórica envolvida em tais propostas elas devem ser tratadas apontou Carnap no espírito convencionalista do que ele chamou o princípio de tolerância Além disso Neurath foi desde o início críti co da concepção da ciência como sendo algo em última análise que se ocupa essencialmente de experiências privadas Sustentou persisten temente que a única forma de linguagem que se ajusta à intersubjetividade da ciência é a lingua Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar Viena círculo de 801 gem fisicalista intersubjetiva portanto o fisica lismo tinha que ser a moldura apropriada para a ciência unificada a qual abrangeria as ciên cias sociais na forma de um comportamenta lismo social Neurath acrescentou que os veri ficadores ou confirmadores da ciência a que ele deu o nome de declarações protocolares também devem ser parte da linguagem fisicalis ta caso pretendam ter alguma significação para a ciência intersubjetiva De compatível com isso negou que as declarações protocolares fossem incorrigíveis e em conjunto com a idéia de um fundamento absoluto do conhecimento rejeitou como destituída de sentido a noção de comparar uma declaração com a realidade se gundo ele as declarações só são comparáveis com outras declarações e nesse ponto conver giu para a abordagem sintática elaborada por Carnap Esse fisicalismo radical conforme ex posto in Neurath 1932a e 1932b impressionou profundamente Carnap que aceitou com mo dificações suas teses principais e abandonou a idéia de que as declarações protocolares são declarações incorrigíveis calcadas na experiên cia imediata É claro que a aceitação do fisica lismo era para ele uma questão não de as serção mas apenas de preferência por certa forma de linguagem e na mesma ordem de idéias ele afirmou que a questão da forma apropriada das declarações protocolares será resolvida por convenção Carnap 1932 1987 A explicação do conhecimento de Neurath Carnap alarmou Schlick que viu nela uma ameaça à própria essência do EMPIRISMO com efeito a afirmação de que declarações só po dem ser comparadas com declarações parecia reativar a teoria de coerência da verdade o que acreditava ele nos forçaria a considerar verda deira qualquer fábula arquitetada de modo coe rente Por conseguinte Schlick insistiu em manter um vínculo entre linguagem e realidade que ele considerou ser fornecido por relatos simultâneos de experiências imediatas que têm a forma de Aqui agora azul é nesses enun ciados de observação ou afirmações Kons tatierungen que linguagem e realidade se tan genciam Por causa de seu imediatismo as afir mações não podem ser motivo de dúvida mas pela mesma razão tampouco servem de base como as declarações protocolares para a cons trução de hipóteses científicas Assim elas não se apresentam no início do conhecimento co mo Schlick se expressou mas antes no seu término na medida em que completam os nos sos atos de confirmação e por conseguinte impedem que a nossa estrutura de conhecimen tos desmorone e se reduza a mero coerencis mo Schlick 1934 Assim dentro do círculo de Viena que na realidade nunca foi tão monolítico quanto in dicou por exemplo o manifesto de 1920 ti nham amadurecido diferenças profundas o ab solutismo conservador defendido por Schlick chocavase frontalmente com a linha radical de pensamento de CarnapNeurath A reação de Schlick a esta última provocou uma série de artigos em Erkenntnis e na recémfundada re vista britânica Analysis Mas enquanto pros seguia esse debate sobre os fundamentos do conhecimento o círculo de Viena já estava se desintegrando como grupo Em 1931 Herbert Feigl discípulo de Schlick e membro do círculo desde o começo tinha ido para os Estados Unidos onde se tornaria um eminente repre sentante do empirismo lógico Em 1934 faleceu o matemático Hans Hahn também um dos membros fundadores Carnap que em 1931 se mudara para Praga foi em 1935 para os Estados Unidos Além disso o clima político era cada vez mais hostil às aspirações do círculo Em 1934 o chamado regime cléricofascista na Áustria no decurso da supressão do Partido SocialDemocrata dissolveu a Sociedade Ernst Mach como clube de livrepensadores e Neu rath emigrou para a Holanda Em 1936 Schlick foi assassinado por um estudante tresloucado acontecimento que a imprensa governamental apresentou como um destino não inteiramente imerecido para um positivista Finalmente a ocupação nazista da Áustria em 1938 forçou a maioria dos membros remanescentes a optar pelo exílio Neurath fugiu em 1940 para a In glaterra O círculo de Viena havia deixado de existir mas a sua herança filosófica e os seus antigos membros que prosseguiram com sua obra no mundo anglosaxão continuaram a exercer profunda influência sobre o desenvolvimento subseqüente do Empirismo Lógico e da filoso fia científica em geral Ver também POSITIVISMO FILOSOFIA DA CIÊN CIA CONHECIMENTO TEORIA DO Leitura sugerida Ayer AJ org 1959 Logical Posi tivism Carnap R 1934 1937 The Logical Syntax of Language Ο 1963 Intelectual autobiography In The Philosophy of Rudolf Carnap org por PA Schilpp Ο Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 802 Viena círculo de 1928 1967 The Logical Structure of the World and PseudoProblems in Philosophy Carnap R Hahn H e Neurath O 1929 1973 Wissenschaftliche Wel tauffassung Der Wiener Kreis In O Neurath Empi ricism and Sociology org por M Neurath e RS Cohen Haller R 1988 Questions on Wittgenstein Han fling O 1981 Logical Positivism Ο org 1981 Es sencial Readings in Logical Positivism Joergensen J 1951 1970 The development of logical empiricism In Foundations of the Unity of Science vol2 org por O Neurath R Carnap e C Morris nova edição Schlick M 1918 1974 General Theory of Know ledge introd de AE Blumberg e H Feigl Ο 192536 1979 Philosophical Papers vol2 19251936 org por HL Mulder e BFB van der VeldeSchlick Ue bel TE org 1991 Rediscovering the Forgotten Vien na Circle WERNER SAUER violência Não existe uma definição consen sual ou incontroversa de violência O termo é potente demais para que isso seja possível Não obstante um entendimento do termo ditado pelo senso comum é grosso modo que a vio lência classifica qualquer agressão física contra seres humanos cometida com a intenção de lhes causar dano dor ou sofrimento Agressões similares contra outros seres vivos são também consideradas com freqüência atos de violên cia E é comum falarse também de violência contra certa categoria de coisas sobretudo a propriedade privada A concepção ditada pelo senso comum não está em absoluto isenta de problemas Consi derese em primeiro lugar a questão da inten ção A ênfase na intenção é importante uma vez que a cirurgia e a odontologia podem causar dor e há a probabilidade de envolverem a perda de partes do corpo mas o único propósito dessas inflições é o bemestar do paciente A tortura por outro lado é uma forma de violência uma vez que o sofrimento é deliberadamente infligi do na melhor das hipóteses para benefício de alguém ou alguma coisa em detrimento da víti ma Mas seria errôneo fazer da intenção o fator crucial para a definição embora os condutores de veículos raramente pretendam matar ou mu tilar alguém um acidente de trânsito poderia muito bem ser descrito como um ato ou pelo menos um incidente de violência sobretudo se causado por negligência ou irresponsabilidade culposa De modo mais fundamental os res ponsáveis pela colocação e o lançamento de bombas são capazes de afirmar que sua intenção ou propósito é apenas destruir propriedades usualmente alvos militares de alguma espécie Mas como é freqüentemente inevitável que pessoas também sejam mortas e feridas por esses ataques seria implausível sugerir que es ses não constituem atos de violência contra seres humanos simplesmente porque seu pro pósito ou intuito declarado é atacar coisas Se o sofrimento humano é uma inevitável concomi tante e conseqüência desses ataques então os seus responsáveis são conscientemente respon sáveis por atos de violência Em segundo lugar alguns comentadores sustentariam que a definição ou descrição aci ma oferecida é decididamente inadequada uma vez que só as agressões ilegais ou não autoriza das contra pessoas é que devem ser descritas como atos de violência Tais agressões quando executadas por digamos policiais no decorrer e em cumprimento de seus normais e neces sários deveres ou durante uma guerra reco nhecida são apropriadamente descritas como atos de força não de violência Assim o Oxford English Dictionary define violência como o uso ilegítimo da força Mas a questão da legitimidade moral ou legal de uma ação é algo diferente da natureza do próprio ato A violência justificada e todos exceto os pacifistas totais aceitam que a violência pode por vezes ser o menor de dois males ainda é violência Em todo caso não existe concordância no tocante a que estados ou outras organizações gozem da legitimidade que se presume converter a violência em uma força de ressonâncias menos ásperas Somente talvez no caso da propriedade é que a legitimidade ou legalidade é um elemento necessário na definição de violência Se decido destruir minha própria estufa para cultivo de plantas isso não seria qualificado como um ato de violência Mas se outros a destruírem contra a minha vontade e sem a minha permissão isso poderá ser perfeitamente descrito como um ato de violência contra a propriedade Por outro lado se em um acesso de fúria eu retalhar em pedaços uma valiosa pintura de que sou o pro prietário as pessoas poderão descrever isso co mo um ato de violência apesar do meu direito legal a destruir minha própria propriedade Um terceiro problema é suscitado pela no ção de agressão física É sobejamente sabido que algumas das mais requintadas formas de tortura moderna as quais produzem uma com pleta desorientação dos sentidos e podem cau Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar violência 803 sar danos duradouros na mente e no cérebro não envolvem qualquer agressão física direta às vítimas De modo um tanto semelhante o bom bardeio aéreo não envolve a agressão direta por indivíduos a outros Não deixa de ser um tanto estranho descrever o ato de apertar um botão que solta uma bomba ou um míssil como um ato de violência Mas o que essas dificuldades assinalam é simplesmente a extensão em que a moderna violência está mecanizada e industrializada en quanto que nossa maneira típica de imaginar a violência ou de pensar a seu respeito é traduzida em termos de confrontos diretos entre indiví duos ou pequenos grupos Tais confrontos ainda ocorrem é claro mas respondem apenas por uma proporção minúscula das mortes e prejuí zos causados por ataques deliberados a seres humanos cuja maioria é levada a efeito mais por estados do que por organizações indepen dentes ou ilegais e por indivíduos agressivos Por conseguinte a busca das raízes da vio lência na psicologia individual é largamente equivocada exceto talvez no caso do assas sino que age por conta própria A distância física entre os que infligem a morte a dor e o sofri mento e os que são as suas vítimas significa que o que o morticínio e a crueldade organizados em grande escala requerem geralmente não são quadros de sádicos e bandidos mas pelo con trário pessoas treinadas em hábitos de obediên cia à autoridade estabelecida que não se sentem pessoalmente responsáveis pelas próprias ações Esse conformismo isento de culpa é uma mentalidade que pode estenderse até bem perto do topo das organizações responsáveis como foi revelado entre outros casos pelo julgamen to de Eichmann Se a violência não envolve necessariamente uma agressão física no confronto direto de al gumas pessoas com outras então a distinção entre violência e outras formas coercivas de infligir danos dor e morte fica enevoada Uma política que deliberada ou conscientemente conduza à morte de pessoas pela fome ou doen ças pode ser qualificada de violenta Essa é uma razão por que slogans como pobreza é violên cia ou exploração é violência não cons tituem meras hipérboles Eles levantam a ques tão de saber se podemos plausivelmente dis tinguir entre os modos de infligir sofrimento e danos que são convencionalmente chamados violentos e aqueles que não são Também suscitam a questão da avaliação da violência Em termos convencionais a violên cia é considerada um dos piores males senão o pior de todos Uma vez que por definição envolve a inflição de dano ou sofrimento deve ser sempre um mal Mas se igual ou pior dano ou sofrimento pode ser deliberada ou conscien temente infligido por outros meios usualmente considerados nãoviolentos por que razão deve a violência ser vista como muito pior do que esses outros males Ver também COERÇÃO Leitura sugerida Ackroyd C Margolis K Rose nhead J e Shallice T 1977 The Technology of Politi cal Control Arblaster Anthony 1975 What Is Vio lence In The Socialist Register 1975 org por Ralph Miliband e John Saville Arendt Hannah 1970 On Violence Ο 1977 Eichmann in Jerusalem Honderich Ted 1980 Violence for Equality Milgram Stanley 1974 Obedience to Authority Moore Jr Barrington 1972 Reflections on the Causes of Human Misery Sorel Georges 1906 Réflexions sur la Violence Trotsky L Dewey J e Novack G 1973 Their Morals and Ours ANTHONY ARBLASTER visão de mundo Ver WELTANSCHAUUNG Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra V Produção Textos Formas Para Ed Zahar 804 visão de mundo W Weltanschauung Em alemão a palavra re ferese literalmente a uma visão Anschauung intuitiva do mundo Welt por conseguinte a visões do mundo ou aos valores ou princípios culturais subjacentes que definem a filosofia da vida ou a concepção do universo de uma socie dade ou grupo Popularmente o conceito tem sido usado para fazer referência a qualquer sistema geral de crença cristão liberal pagão etc Embora as visões do mundo assim identi ficadas sejam de modo sumamente caracterís tico nãoracionais em sua origem e ligadas às experiências comuns de um grupo o termo também tem sido empregado em referência a perspectivas científicas generalizadas por exemplo darwinianas ou marxistas Em con textos científicos o uso do conceito tem sido influenciado desde a década de 20 pela SOCIO LOGIA DO CONHECIMENTO que procura explicar as origens das visões do mundo em relação às localizações e interesses sociais dos atores Mas em seu contexto alemão original do final do século XIX a noção de uma teoria das visões do mundo Weltanschauungslehre foi identi ficada com uma teoria das ciências humanas a qual rejeitava a redução dos fenômenos cul turais às suas causas sociais Hoje em dia o termo Weltanschauung mantémse útil como designação mais ou menos vaga para concep ções gerais do mundo mas já não desempenha um papel significativo em discussões técnicas nas esferas da filosofia ou da sociologia da cultura não obstante a problemática a que ele se refere envolve muitas das questõeschaves da teoria cultural contemporânea A teoria da Weltanschauung está associada à tradição do HISTORICISMO do final do século XIX especialmente à teoria das ciências huma nas de Wilhelm Dilthey Geisteswissenschaf ten ver Dilthey 1931 p13354 Baseada em uma concepção essencialmente empática da in terpretação ou VERSTEHEN a qual influenciou a sociologia através de Max Weber e a psiquiatria pela obra de Karl Jaspers a teoria hermenêuti ca ver HERMENÊUTICA de totalidades culturais de Dilthey sublinhou as origens nãoracionais das visões do mundo em impulsos estéticos e religiosos mais profundos na vida e se opôs assim a qualquer explicação redutora e materialista de sua gênese social Ele também tentou sem êxito superar as implicações relativistas ver RELATIVISMO da pluralidade de visões do mundo concorrentes Desde a virada do século a ascensão da sociologia na Alemanha desafiou a abordagem das ciências humanas de Dilthey ao apontar que as visões do mundo não podiam ser inter pretadas independentemente de suas origens sociais Na década de 20 Karl Mannheim 1952 redefiniu o debate em termos metodoló gicos ao propor uma sociologia hermenêutica do conhecimento que criticava a teoria das vi sões do mundo a partir da perspectiva de uma concepção geral de IDEOLOGIA que evitava o dogmatismo do marxismo ortodoxo embora permanecesse relativista em suas implica ções Na França na década de 50 Lucien Goldmann 1956 desenvolveu uma sociolo gia da literatura em que visões do mundo vi sions du monde foram analisadas a partir da perspectiva de sua relação homóloga com as estruturas de classe Mais recentemente Jürgen Habermas 1968 atribuiu o fracasso da abordagem de Dilthey a uma hermenêutica objetivista com raízes em um vitalismo insustentável e irracional A ver são da teoria crítica do próprio Habermas ver ESCOLA DE FRANKFURT representa a mais ambi ciosa tentativa de resolver o problema histórico do relativismo Sua argumentação influencia da pela psicologia do desenvolvimento e pelo estruturalismo baseiase em parte em uma aná lise da evolução do que foi traduzido como visões do mundo 1976 p95129 embora 805 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra W Produção Textos Formas Para Ed Zahar no original alemão se faça referência às ima gens do mundo Weltbilder evidentemente para evitar qualquer associação com a aborda gem de Dilthey Leitura sugerida Hekman SJ 1986 Hermeneutics and the Sociology of Knowledge Jay Martin 1984 Marxism and Totality Makkreel RA 1975 Dilthey Philosopher of the Human Studies Mannheim K 1929 1960 Ideology and Utopia Outhwaite Wil liam 1975 1986 Understanding Social Life The Me thod Called Verstehen 2ªed Rickman HP 1988 Dilthey Today a Critical Appraisal of the Contempo rary Relevance of His Work Simonds AP 1978 Karl Mannheims Sociology of Knowledge RAYMOND A MORROW Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Letra W Produção Textos Formas Para Ed Zahar 806 Weltanschauung Apêndice Biográfico Adorno Theodor Wiesengrund n1903 Frankfurt m1969 Visp Suíça Filósofo e musi cólogo alemão estudou em Frankfurt e Viena Foi membro do Instituto de Pesquisa Social de Frank furt a origem da ESCOLA DE FRANKFURT de teoria crítica no qual ingressou em 1931 Estudou com posição e piano em Viena com Alban Berg e foi vigoroso defensor de Schönberg Deixou a Alema nha em 1934 indo residir primeiro na Inglaterra e depois se juntando ao Instituto em exílio nos Es tados Unidos De regresso a Frankfurt em 1950 tornouse diretor do Instituto em 1958 Suas obras incluem Dialektik der Aufklärung 1947 com Max Horkheimer Philosophie der neuen Musik 1949 The Authoritarian Personality 1950 Negative Dialectics 1966 e colaboração em Der Positivis musstreit in der deutschen Soziologie Einleitung 1969 Althusser Louis n1918 Birmandreis Argé lia m1990 Yvelines perto de Paris Comunista e filósofo francês estudou na École Normale Su périeure em Paris Influenciado pelo racionalismo e o estruturalismo franceses identificou um corte radical entre os escritos de Marx quando jovem e os de sua maturidade e a favor do último sus tentou o marxismo como ciência enfatizando o seu antihumanismo Suas obras Pour Marx 1965 e com Étienne Balibar Lire le Capital 1966 granjearamlhe um público vasto embora freqüentemente crítico Arendt Hannah n1906 Hanover m1975 Nova York Filósofa germanoamericana estu dou nas Universidades de Königsberg Marburgo Freiburg e Heidelberg tendo completado seu dou torado sob a orientação de Karl Jaspers Em 1933 fugiu para Paris e daí em 1941 foi para os Estados Unidos onde trabalhou na área editorial até 1963 e foi figura de destaque em organizações judaicas por exemplo como diretora de pesquisa da Confe rência sobre Relações Judaicas Nova York 1944 46 Em 1963 tornouse professora da Comissão sobre Pensamento Social e de 1967 até sua morte foi professora da New School of Social Research Suas principais publicações incluem The Origins of Totalitarianism 1958 The Human Condition 1958 On Revolution 1965 e On Violence 1970 Bakhtin Mikhail Mikailovitch n 1895 Orel ao sul de Moscou m1975 Moscou Filó sofo e teórico literário russo Estudou nas Univer sidades de Odessa Faculdade de Filologia e São Petersburgo Trabalhou durante 30 anos no Caza quistão em Saransk e em Moscou em relativa obscuridade Em 1957 foi nomeado diretor do Departamento de Literatura Russa e Estrangeira da Universidade de Moscou cargo que ocupou até sua aposentadoria em 1961 Publicou numerosos livros sob nomes de amigos seus O método formal na erudição literária foi atribuído a PN Medve dev 1928 e Marxismo e filosofia da linguagem a VN Volosinov 1929 Isso tem sido motivo de controvérsia mas em geral se acredita que Bakhtin foi o autor dessas obras Em 1929 publicou Pro blemas da poética de Dostoyevsky e em 1966 Rabelais e seu mundo Sua obra influenciou Julia Kristeva e o Grupo Tel Quel Barthes Roland Gérard n1915 Cherbourg m1980 Paris Escritor e crítico francês Estudou na Sorbonne e ocupou numerosos cargos na Hun gria antes de iniciar sua carreira na França onde foi diretor de Estudos e professor de sociologia dos signos símbolos e representações coletivas 1962 76 na École Pratique des Hautes Études de Paris e professor de semiologia literária no Collège de France Em 1953 ajudou a fundar a revista Théâtre Populaire e no mesmo ano publicou Le degré zéro de lécriture que ao lado de Mythologies 1957 o estabeleceu como um teórico póssaussureano Suas outras obras incluem Le plaisir du texte 807 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 1973 e o autobiográfico Roland Barthes par Roland Barthes 1975 Ver SEMIÓTICA Beauvoir Simone de n1908 Paris m1986 Paris Filósofa e romancista francesa Educada na École Normale Supérieure lecionou filosofia em liceus de Marselha Rouen e Paris Figura de proa do EXISTENCIALISMO e do FEMINISMO Simone de Beauvoir foi companheira de toda a vida de Sartre a quem conheceu em 1929 e com quem fundou e editou Les Temps Modernes 1944 Criticou a excessiva ênfase atribuída por Sartre à liberdade do indivíduo em face das normas sociais Em Le deuxième sexe 1949 desenvolveu essas idéias com referência à subordinação das mulheres Além de suas obras filosóficas escreveu numero sos romances três volumes de autobiografia e uma memória de Sartre Benjamin Walter n1892 Berlim m1940 Port Bou França Teórico e crítico literário Es tudou em Freiburg Berlim Munique e Berna Teve negado um cargo acadêmico quando sua tese foi rejeitada em Frankfurt no ano de 1925 embora fosse publicada em 1928 como Ursprung des deutschen Trauerspiels Amigo de Lukács Ador no Brecht e Bloch Benjamin voltouse para o marxismo ver ESCOLA DE FRANKFURT Em 1933 emigrou para Paris onde estudou Baude laire Quando a França foi derrotada e parcial mente ocupada em 1940 Benjamin fugiu para o Sul mas foi detido na fronteira francoespa nhola onde ante a perspectiva de ser entregue aos nazistas preferiu pôr fim à própria vida Alguns de seus últimos escritos foram reunidos em Illuminationen 1961 Bergson Henri Louis n1859 Paris m1941 Paris Filósofo francês Estudou na École Nor male Supérieure 187781 De 1881 a 1897 le cionou em liceus e escreveu Essai sur les donnéses immédiates de la conscience 1889 obra que consubstanciou a sua distinção crucial entre o tempo como duração contínua na vida cotidiana e o tempo tal como é representado pela ciência mecânico e descontínuo Em 1897 lecionou na École Normale Supérieure e subseqüentemente no Collège de France 190014 Entre 1912 e 1918 Bergson realizou missões diplomáticas na América e na Espanha e em 1927 foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura Suas principais obras incluem Lévolution créatrice 1907 na qual rejeitou as explicações mecânicas determi nistas e Les deux sources de la morale et de la religion 1932 Bernstein Eduard n1850 Berlim m1932 Berlim Político e cientista político alemão Ade riu ao Partido SocialDemocrata dos Trabalha dores Eisenachers em 1871 vindo a editar o órgão do partido Der Sozialdemokrat 188190 tornouse marxista mas durante seu exílio em Londres 18801901 foi também influenciado pe los fabianos ao mesmo tempo que se tornava amigo íntimo de Engels Baseada em artigos pu blicados em Die Neue Zeit 189698 sua princi pal obra revisionista Die Voraussetzungen des Sozialismus foi publicada em 1899 ver REVISIO NISMO Essencialmente favoreceu um enfoque gradualista para assegurar os direitos econômicos e sociais e finalmente o poder político para a classe trabalhadora em vez de esperar pela revo lução Bloch Ernst n1885 Ludwigshaven m1977 Tübingen Filósofo alemão Estudou em Muni que e Würzburg Foi influenciado pelo marxis mo o idealismo alemão e a teologia cristã e judai ca Enquanto esteve na Suíça escreveu seu pri meiro livro Geist der Utopie 1918 em que considerava a arte a poesia e a música como materializações do potencial de realização huma no Como escritor freelancer em Berlim na déca da de 20 fez amizade com Brecht Weill Benja min e Lukács e se filiou ao Partido Comunista Em 1933 deixou a Alemanha instalandose nos Estados Unidos em 1938 De regresso à Alema nha Oriental em 1949 exerceu a cátedra de filo sofia na Universidade de Leipzig mas caiu no desagrado das autoridades e se mudou para a Alemanha Ocidental como professor de Filosofia em Tübingen Brecht Bertolt n1898 Augsburgo m1956 Berlim Oriental Dramaturgo e poeta alemão es tudou medicina na Universidade de Munique e trabalhou por algum tempo em um hospital de Augsburgo Veemente adversário da Primeira Guerra Mundial Brecht recebeu a influência do marxismo e do TEATRO político de Piscator Suas peças refletiram essa influência e foram mais tarde colocadas na lista negra dos nazistas Em 1933 fugiu para a Suíça e finalmente viajou para os Estados Unidos onde foi citado pela Comissão de Investigação de Atos Antiamericanos durante a caça às bruxas liderada por McCarthy Em 1949 voltou a Berlim Oriental onde fundou o Berliner Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 808 Beauvoir Simone de Ensemble As obras de Brecht incluem Baal 1918 Mann ist Mann 1926 Die Dreigrosche noper 1928 e Mutter Courage und ihre Kinder 1939 Bukharin Nikolai Ivanovich n1888 Mos cou m1938 Moscou Revolucionário e teórico marxista russo aderiu ao Partido SocialDemocrata russo em 1906 e liderou os bolcheviques em Moscou no ano de 1908 Detido e enviado ao exílio interno escapou em 1911 para Viena onde assistiu às confe rências de BöhmBawerk familiarizandose com os austromarxistas escreveu uma crítica do marginalis mo austríaco Teoria econômica da classe ociosa 1914 e um estudo do imperialismo Imperialismo e economia mundial 191718 Regressou a Moscou em 1917 e foi eleito para o Comitê Central dos Bolcheviques tornandose também editor do Pravda Depois de 1922 Bukharin em contraste com Preo brajensky passou a defender concessões aos campo neses e o equilíbrio de crescimento econômico entre os setores agrícola e industrial Em 1928 opôsse a Stalin a respeito da coletivização e foi exonerado de seus cargos no Pravda e no Politburo Editou o Izves tia 193437 mas foi expulso do Partido Comunista em 1937 julgado por traição e executado em 1938 Carnap Rudolf n1891 RenâniaWestfália m1970 Califórnia Filósofo germanoamerica no Estudou em Freiburg e Jena obtendo formação em física e matemática Convidado a Viena por Schlick em 1926 tornouse figura destacada no CÍRCULO DE VIENA de positivismo lógico Em Der logische Aufbau der Welt 1928 sustentou que os conceitos científicos podiam ser construídos a par tir de um pequeno número de conceitos básicos os quais estão todos diretamente relacionados com a experiência dos sentidos Em 1930 fundou com Reichenbach a revista Erkenntnis órgão oficial do positivismo lógico Como professor de filosofia natural na Universidade Alemã de Praga a partir de 1931 publicou Der Logische Syntax der Sprache 1934 Em 1935 emigrou para os Estados Unidos onde lecionou na Universidade de Chiga go a partir de 1936 e posteriormente no Institute for Advanced Study Princeton 195254 e na UCLA 195461 Chomsky Avram Noam n1928 Filadélfia Lingüista filósofo e ativista político norteameri cano Estudou na Universidade da Pensilvânia Leciona no Massachusetts Institute of Technology MIT desde 1955 Tem escrito extensamente so bre LINGÜÍSTICA formulando uma nova concep ção da estrutura gramatical como inata em vez de aprendida e sobre teoria social área em que tem sido um crítico contundente da política externa norteamericana por exemplo American Power and the New Mandarins 1969 Deixou claro que esses dois domínios de sua obra dever ser tratados separadamente Croce Benedetto n1866 Percasseroli m1952 Nápoles Filósofo idealista italiano Croce foi um scholar independente que nunca exerceu um cargo acadêmico mas foi ministro da Educação do governo italiano em 19201 e de novo depois da Segunda Guerra Mundial Forte mente influenciado por Hegel desenvolveu uma filosofia do espírito que contém quatro tipos de experiência experiência cognitiva do particular e do universal o domínio da estética e da lógica respectivamente e experiência prática do particu lar e do universal o domínio da economia e da ética A história é a descrição da atividade do espírito nesses domínios a filosofia é uma expli cação da metodologia da história da qual é inse parável Croce também escreveu sobre a obra de outros pensadores incluindo Hegel Marx e Vico Derrida Jacques n1930 El Biar Argélia Filósofo e teórico literário francês Estudou na École Normale Supérieure Paris e Harvard Le cionou na Sorbonne 196064 e está na École Normale Supérieure desde 1965 Em 1962 con quistou o Prêmio Cavaillès por sua tradução de A origem da geometria de Husserl para a qual escreveu uma extensa introdução Seu estudo de Husserl faz parte de sua crítica de metafísica oci dental que desenvolveu em La voix et le phéno mène 1967 Lécriture et la différence 1967 e De la gramatologie 1967 A crítica de Derrida é dirigida contra a filosofia da presença dominante na filosofia ocidental desde Platão à qual opõe uma estratégia estrutural conhecida como DESCONSTRUÇÃO Dewey John n1859 Vermont m1952 No va York Filósofo pragmatista norteamericano Estudou na Universidade de Vermont e na Johns Hopkins Lecionou em Michigan 188494 Chi cago 18941904 e na Universidade de Columbia 190429 Conheceu George Herbert Mead e aju dou a criar a Escola de Chicago ver ESCOLA SOCIOLÓGICA DE CHICAGO O aspecto central no PRAGMATISMO de Dewey era que a filosofia devia interessarse pelos problemas e raciocínios as sociados ao cotidiano e também exercer uma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Dewey John 809 crítica do mundo cotidiano não se limitando a uma atividade meramente contemplativa Mais tarde aplicou sua filosofia aos problemas morais os quais sustentou ele podiam ser julgados de modo prático segundo a maior ou menor eficácia que as máximas morais tivessem para resolver problemas humanos Dilthey Wilhelm n1833 Hesse m1911 Ti rol do Sul Áustria Filósofo hermeneuta alemão Estudou em Heidelberg e Berlim Lecionou em Basiléia 1866 Kiel 1868 e Breslau 1871 e foi professor de história e filosofia em Berlim 1882 Dilthey é mais conhecido por sua radical distinção entre análise científica natural e social a primeira tratando de eventos que podem ser incluí dos em leis ao passo que a segunda se ocupa de fenômenos que só são compreensíveis em função das intenções dos agentes Einleitung in die Geist eswissenschaften 1883 Essa posição antinatu ralista manifestouse originalmente como psicolo gismo científico social posição da qual Dilthey divergiu mais tarde Durkheim Émile n1858 Epinal m1917 Paris Sociólogo francês Estudou na École Nor male Supérieure Lecionou na Universidade de Bordéus até 1902 quando foi nomeado para uma cátedra na Sorbonne Suas principais publicações abordaram os métodos sociológicos as formas de solidariedade social e as funções sociais da reli gião Depois da fundação da influente revista LAnnée Sociologique 1898 Durkheim tornou se particularmente interessado no estudo de socie dades arcaicas bem como da religião e da organi zação social primitivas O tema dominante em toda a sua obra foi que a sociedade possui uma realidade acima da dos indivíduos que a com põem sendo estes compelidos por fatos sociais transcendentes na forma de crenças e sentimentos comuns Durkheim foi um dos fundadores da so ciologia moderna e em particular da teoria funcionalista Suas principais obras incluem De la division du travail social 1893 Les règles de la méthode sociologique 1895 Le suicide 1897 e Les formes élémentaires de la vie religieuse 1912 Einstein Albert n1879 Ulm m1955 Prin ceton Filósofo natural e físico teórico alemão Estudou matemática e física na Psicotécnica Fede ral Suíça em Zurique Influenciado por Hume e Mach Einstein deu contribuições fundamentais para a física teórica especialmente em sua teoria da relatividade 1916 Sua obra veio a desafiar a crença no empirismo que dominava a filosofia da física na primeira parte deste século Em seus últimos anos esteve ativo nos movimentos para limitar o desenvolvimento e a propagação de ar mas nucleares Elias Norbert n1897 Breslau m1990 Amsterdã Sociólogo alemão Formouse em me dicina filosofia e psicologia nas universidades de Breslau e Heidelberg após o que trabalhou com Karl Mannheim em Frankfurt Elias fugiu da Ale manha nazista em 1933 indo primeiro para a França e depois para a GrãBretanha onde foi professor de sociologia na Universidade de Lei cester 194562 exerceu funções docentes na Universidade de Gana 19624 e depois trabalhou no Zentrum für Interdisziplinäre Forschung em Bielefeld Alemanha Desenvolveu uma aborda gem a que deu o nome de sociologia figuracio nal a qual examina o surgimento de configu rações sociais como conseqüências nãopremedi tadas da interação social e foi descrita em seu livro O que é sociologia 1970 Sua obra mais co nhecida é o O processo civilizador 2 vols 1939 que analisa os efeitos da formação dos estados na Europa sobre os estilos de vida individuais a personalidade e as moralidades Engels Friedrich n1820 Barmen m1895 Londres Filósofo social e homem de negócios alemão Engels foi com Marx um dos fundadores do comunismo moderno Convencido de que a classe trabalhadora emergente da Revolução In dustrial seria o instrumento da transformação re volucionária seu livro A situação da classe ope rária na Inglaterra 1845 atraiu as atenções ge rais Publicou numerosas obras em colaboração com Marx incluindo o Manifesto do Partido Co munista 1848 e depois da morte deste traba lhou na organização a partir dos manuscritos dei xados por Marx e publicação do segundo e tercei ro volumes de O capital em 1885 e 1894 Embora minimizasse seu próprio papel sua obra em eco nomia política e no desenvolvimento da consciên cia de classe foram contribuições significativas para o marxismo e antes de 1914 era ele mais do que Marx o principal responsável pela difusão das idéias marxistas Fanon Frantz n1925 Martinica m1962 Washington Psiquiatra e filósofo social francês Formado em medicina e psiquiatria na Universi dade de Lyon na década de 50 Fanon foi para a Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 810 Dilthey Wilhelm Argélia onde dirigiu o departamento psiquiátrico do Hospital BlidaJoinville 195356 e se tornou simpatizante dos rebeldes argelinos dando seu apoio à luta armada Pele negra máscaras bran cas 1952 é uma descrição da degradação psico lógica dos argelinos e dos colonos franceses em conseqüência do domínio colonial Em 1960 foi nomeado embaixador em Gana pelo Governo Pro visório da Argélia mas teve de viajar para a União Soviética e depois Washington a fim de se tratar de leucemia Fanon defendeu a revolução em todo o Terceiro Mundo em Os condenados da terra 1961 Foucault Michel n1926 Poitiers m1984 Paris Filósofo e historiador das idéias francês Estudou na École Normale Supérieure a partir de 1946 e mais tarde desempenhou funções acadêmi cas em várias instituições européias culminando com sua eleição para o Collège de France em 1969 Ofereceu novas perspectivas para a análise de uma série de disciplinas como psicologia psiquiatria medicina e filosofia e suas numerosas publicações refletem a ampla gama de suas investigações Es tava particularmente interessado no modo como os vários discursos do podersaber tais como medicina psiquiatria penalogia e sexualidade operam sobre o indivíduo Suas obras incluem Histoire de la folie à lâge classique 1961 nova ed 1972 Les mots et les choses 1966 e Lar chéologie du savoir 1969 Freud Sigmund n1856 Freiberg m1939 Londres Psicólogo austríaco fundador da psica nálise Formado em medicina em Viena especia lizouse em neurologia 187479 e em 18856 estudou com Jean Charcot em Paris Trabalhou no Hospital Geral de Viena 188285 e se tornou professor na universidade em 1885 estabelecendo no ano seguinte a sua clínica privada Em 1902 fundou a Sociedade Psicanalítica de Viena e em 1910 a Associação Internacional de Psicanálise Também fundou duas revistas Zeitschrift für Psy chanalyse und Imago e Jahrbuch der Psychoana lyse Em 1938 foi para a GrãBretanha como refu giado do nazismo Seus escritos estão coligidos na Standard Edition of the Complete Works of Sigmund Freud org por J Strachey 24 vols 195374 Fromm Erich n1900 Frankfurt m1980 Lo carno Psicólogo germanoamericano Estudou na década de 20 nas Universidades de Heidelberg e Munique e no Instituto da Sociedade Psicanalí tica Alemã Lecionou psicanálise no Instituto de Pesquisa Social Frankfurt 192932 onde trabal hou com outros membros da ESCOLA DE FRANK FURT e se dedicou a estabelecer uma relação entre psicanálise e marxismo Continuou sua associação com o Instituto no exílio na Universidade Colum bia 193438 Subseqüentemente foi professor de psicanálise na Universidade Nacional Autôno ma do México a partir de 1951 e em seus últimos anos dedicou grande parte do seu tempo ao estudo da agressão The Anatomy of Human Destructive ness 1973 assim como ao apoio ao movimento pacifista e aos socialistas democráticos dissidentes da Europa Oriental Gadamer HansGeorg n1900 Marburgo Filósofo hermeneuta alemão Estudou em Muni que e Marburgo e foi amigo e discípulo de Hei degger Foi professor de filosofia em Marburg 19379 Leipzig 193947 Frankfurt 19479 e Heidelberg 194968 após o que se aposentou Sua principal obra é Wahrheit und Methode 1961 em que descreve a sua abordagem da hermenêutica como um processo ativo criativo não meramente passivo mediado pela tradição cultural do intérprete Ver HERMENÊUTICA Gandhi Mahatma Mohandas Karamchand n1869 Porbandar m1948 Délhi Líder nacionalista e espiritual indiano Estudou na Índia e na GrãBretanha diplomandose como advoga do em Londres A partir de 1920 dominou o Con gresso Nacional Indiano convertendoo em um movimento de massa Famoso por sua defesa da resistência nãoviolenta Gandhi liderou os na cionalistas indianos em uma série de confron tações com o domínio colonial britânico optando pela força da verdade e da nãoviolência na luta contra o mal Ver HINDUÍSMO E TEORIA SOCIAL HINDU Gramsci Antonio n1891 Ales Sardenha m1937 Roma Ativista e teórico político marxis ta Em 1911 ganhou um bolsa de estudos para a Universidade de Turim e aderiu ao Partido Socia lista Italiano PSI mas abandonou os estudos sem se diplomar e se dedicou a ajudar na publicação dos jornais socialistas Avanti e Il Grido del Popo lo Em maio de 1919 ajudou no lançamento de um semanário LOrdine Nuovo sendo seu editor em 191920 e também o principal organizador dos conselhos de fábrica em Turim Um dos membros fundadores do Partido Comunista Italiano PCI tornouse seu líder em 1924 Detido em 1926 dois Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Gramsci Antonio 811 anos depois foi condenado à prisão onde passou os nove anos seguintes lá começou a escrever os Cadernos do cárcere sobre temas que vão da arte e da cultura à estratégia política e que influencia ram profundamente o pensamento marxista sub seqüente Ver HEGEMONIA Habermas Jürgen n1929 Düsseldorf Fi lósofo social e sociólogo alemão Estudou em Göttingen e Frankfurt lecionou em Heidelberg e Frankfurt e foi diretor do Instituto Max Planck em Starnberg 197182 Desenvolveu uma crítica da consciência tecnocrática que invade o mundo nas sociedades capitalistas tardias Sua teoria crí tica visa gerar uma consciência da dupla nature za da racionalidade como instrumental e comu nicativa The Theory of Communicative Action 1981 Mais recentemente tem sido um crítico contundente do pósmodernismo The Philoso phical Discourse of Modernity 1985 Ver ESCOLA DE FRANKFURT Hayek Friedrich August von n1899 Vie na m1992 Economista austríaco Estudou na Universidade de Viena Foi o primeiro diretor do Instituto de Pesquisa Econômica da Áustria 1927 31 De 1931 a 1950 foi professor de ciência econômica da London School of Economics Du rante esse período desenvolveu em numerosos livros por exemplo Prices and Production 1931 a chamada ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA As obras de Hayek no pósguerra tenderam à diversifi cação em filosofia política direito e epistemologia Sua análise da natureza do conhecimento na socie dade em Individualism and Economic Order 1949 constitui um elemento crucial em sua crítica do pla nejamento central Também desenvolveu uma crítica do POSITIVISMO The CounterRevolution of Science 1952 e deu importantes contribuições para a filoso fia política liberal Law Legislation and Liberty 197379 Dividiu com Gunnar Myrdal o Prêmio Nobel de Economia em 1974 Heidegger Martin n1889 Messkirch m1976 Messkirch Filósofo alemão Estudou em Freiburg aluno de Husserl e lecionou em Marburgo 192328 antes de ser nomeado reitor da Universi dade de Freiburg quando declarou sua adesão a Hitler Foi afastado do ensino depois da Segunda Guerra Mundial pelas forças de ocupação mas continuou exercendo grande influência sobre a filo sofia Sua obra magna é Sein und Zeit 1927 a qual fixou um programa para toda a obra subseqüente a que dedicou sua vida o exame do ser humano Dasein em seu caráter temporal Embora seu nome esteja associado ao EXISTENCIALISMO que recebeu sua influência Heidegger não se via nesses termos Hilferding Rudolf n1877 Viena m1941 Paris Economista marxista Estudou medicina em Viena e exerceu clínica médica até 1906 mas dedicou a maior parte do seu tempo ao estudo da economia política Ficou conhecido por suas fre qüentes colaborações sobre assuntos econômicos para Die Neue Zeit e por sua réplica publicada em 1904 à crítica de BöhmBawerk da teoria econô mica de Marx Em 1920 depois de se tornar cidadão prussiano foi nomeado para o Conselho Econômico do Reich foi membro do Reichstag de 1924 a 1933 e ministro das Finanças em dois governos 1923 e 192829 Depois da tomada do poder pelos nazistas foi para o exílio mas em 1941 cometeu suicídio ao cair em poder da Ges tapo Celebrizouse com seu livro O capital finan ceiro 1910 no qual analisou os mais recentes desenvolvimentos do capitalismo sobretudo o pa pel dos bancos o imperialismo e o perigo de guerra Ver AUSTROMARXISMO Husserl Edmund Gustav Albrecht n 1859 Prossnitz Morávia austríaca m1938 Freiburg Filósofo alemão fundador da FENOMENOLOGIA Formado em matemática em Leipzig Viena e Berlim procurou estabelecer os fundamentos da matemática e da lógica e depois das ciências tentando identificar as estruturas fundamentais da consciência A fenomenologia uma ciência das aparências mantém em suspenso questões sobre o status existencial dos objetos de consciência a fim de intuir as essências tal como são cons tituídas pelo ego transcendental Logische Unter suchungen 190001 Husserl lecionou em Halle Göttingen e Freiburg onde Heidegger foi seu aluno e o sucedeu A herança judaica de Husserl que ele tinha rejeitado em favor do protestantis mo resultou em sua perseguição pelos nazistas James William n1842 Nova York m1910 New Hampshire Psicólogo e filósofo norteame ricano Estudou em Harvard medicina onde veio a ser depois professor de filosofia e psicologia Era irmão do romancista Henry James Começou pu blicando obras na área da psicologia mas também escreveu sobre religião The Varieties of Religious Experience 1902 É um dos fundadores do PRAG MATISMO sob o argumento de que as idéias são instrumentos que devem ter valor monetário em termos de suas conseqüências para que possam ser Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 812 Habermas Jürgen consideradas de algum mérito Sua obra influen ciou George Herbert Mead Jaspers Karl Theodor n1883 Oldenburg m1969 Basiléia Filósofo suíçoalemão Forma do em direito em Heidelberg e Munique e em medicina em Berlim onde recebeu o doutorado Sua primeira obra foi de psicologia Psychologie der Weltanschauungen 1919 Foi filósofo exis tencialista e professor de filosofia em Heidelberg depois proibido de lecionar e de fazer conferências por Hitler bem como privado do seu título de professor em 1937 Crucial em sua filosofia é a distinção entre Dasein e Existenz Jung Carl Gustav n1865 Kesswil m1961 Lucerna Psiquiatra suíço Estudou em Basiléia 18951900 trabalhou na Clínica Psiquiátrica Burghölzli em Zurique 190513 e iniciou sua clínica privada em 1909 Professor de psicologia na Universidade Politécnica Federal de Zurique 193341 e de psicologia médica a partir de 1944 trabalhou com Freud cuja obra A interpretação dos sonhos 1900 tinha muito em comum com seu trabalho mas depois de 1913 Jung se tornou cada vez mais crítico de Freud acreditando que este último atribuía uma ênfase excessiva à repressão e aos traumas sexuais em seu esquema explicativo Os escritos de Jung foram publicados como The Collected Works of CG Jung org por H Read 19 vols 195379 Ver PSICANÁLISE Keynes John Maynard Lord n 1883 Cam bridge m1946 Tilton Sussex Economista in glês Tendo estudado em Eton e no Kings College em Cambridge Keynes permaneceu nessa cidade depois de formado a fim de estudar ciência econô mica com Alfred Marshall Depois de breve perío do no serviço público voltou a Cambridge para lecionar ciência econômica e se tornou editor do Economic Journal em 1911 Durante a Primeira Guerra Mundial trabalhou no Tesouro e foi o seu principal representante em Versalhes Na Segunda Guerra Mundial Keynes foi responsável pela ne gociação com os Estados Unidos do acordo de Empréstimo e Arrendamento e participou do acor do de Bretton Woods que estabeleceu o Fundo Monetário Internacional É especialmente conhe cido por seus escritos sobre economia com des taque para The General Theory of Employment Interest and Money 1936 Ver KEYNESIANISMO Kristeva Julia n1941 Bulgária Teórica li terária e cultural lingüista e psicanalista Influen ciada pelo FORMALISMO russo especialmente pela obra de Bakhtin mas também pelo marxismo e pela psicanálise Kristeva emigrou para a França em 1966 e agora leciona na Universidade de Paris VII Em A revolução da linguagem poética 1974 desenvolveu uma teoria da semiótica domínio da criança prélingüística que fica envolvida e reprimida pela linguagem e a raciona lidade impostas na vida subseqüente Está engaja da desde então em um feminismo de inspiração psicanalítica Kropotkin Piotr Alexeievitch n1842 Mos cou m1921 Moscou Teórico anarquista Es tudou em uma instituição de elite o Corpo de Pajens em São Petersburgo Abandonou uma car reira científica em 1871 para se dedicar à atividade revolucionária Preso em 1874 evadiuse em 1875 para o Ocidente permanecendo no exílio até 1917 quando voltou à Rússia Kropotkin construiu uma teoria científica da sociedade a ajuda mútua não a competição darwiniana era a lei funda mental da evolução na natureza e na sociedade Em vários livros criticou o estado centralizado pela produção em grande escala a divisão do trabalho e os poderes coercitivos acreditando que ele seria varrido por uma revolução Defendia uma sociedade de pequenas comunidades baseadas na cooperação voluntária o que permitiria o desen volvimento das capacidades do indivíduo Ver ANARQUISMO Kuhn Thomas Samuel n1922 Cincinatti Filósofo e historiador da ciência norteamericano Formado em física Kuhn voltou suas atenções para a história da ciência a fim de escrever um livro amplamente citado e controverso The Structure of Scientific Revolutions 1962 no qual contrastou o desenvolvimento histórico da ciência com a noção trivial de ciência como empreendimento puramente racional A prática científica sustentou ele é usualmente governada por um paradigma uma visão do mundo sancionada pela comunidade científica mas quando as anomalias se acumulam essa ciência normal pode ser derrubada por uma revolução em que o paradigma reinante é subs tituído por um novo Essa tese suscitou muito debate depois de sua publicação e desenvolvi mentos posteriores da obra de Kuhn têm se encaminhado freqüentemente em direções relativistas Ver SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA Lenin Vladimir Ilyich Vladimir Ilyich Ulya nov n1870 Simbirsk m1924 Gorki Estadista Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Lenin Vladimir Ilyich 813 revolucionário e teórico político russo Estudou por pouco tempo na Universidade de Kazan e depois se dedicou inteiramente às atividades revo lucionárias Regressou do exílio com o deflagrar da Revolução Russa e liderou a segunda fase desta bolchevique tornandose presidente do Conse lho de Comissários do Povo Em obras como Que fazer 1902 e Estado e revolução 1917 des creveu a natureza do estado socialista e imprimiu uma ênfase diferente à teoria da revolução de Marx ao sublinhar a centralidade da luta de classes lide rada por um partido rigorosamente organizado e em O imperialismo fase superior do capitalismo 1916 elaborou uma teoria do imperialismo co mo etapa final do capitalismo Através da Interna cional Comunista que ele inspirou suas idéias foram divulgadas no mundo inteiro Foi o mais influente líder político e teórico do marxismo no início do século XX mas a atração do LENINISMO declinou no transcorrer do século LéviStrauss Claude n1908 Bruxelas An tropólogo francês Estudou na Faculdade de Direi to em Paris e na Sorbonne Influenciado pelas abordagens de Saussure Trubetzkoy Jakobson e Mauss desenvolveu o que se tornou conhecido como antropologia estrutural suas principais publicações incluem As estruturas elementares do parentesco 1949 Tristes trópicos 1955 O pen samento selvagem 1962 e Mytologiques 1964 72 Sua obra também teve considerável impacto sobre outras ciências sociais e sobre algumas for mas de pensamento marxista Ver ANTROPOLOGIA ESTRUTURALISMO Lorenz Konrad Zacharius n1903 Viena Etologista austríaco Fundador da etologia moder na formouse na Universidade Columbia e em Viena onde estudou medicina Lecionou em Vie na 193740 e Königsberg 194042 criou um departamento de etologia comparada no Instituto Max Planck em Bulden e dirigiu o Departamento de Sociologia Animal do Instituto de Etologia Comparada da Academia de Ciências Austríaca 1973 Entre suas principais obras estão Zur Na turgeschichte der Aggression 1963 e Begrün dungen der Ethologie 1978 Lukács György Georg n1885 Buda peste m1971 Budapeste Filósofo e crítico lite rário Estudou na Universidade de Budapeste on de obteve o doutorado em 1906 Também tomou aulas particulares com Heinrich Rickert em Hei delberg 191215 Autor de muitos livros e en saios sua obra teórica mais conhecida e também uma de suas primeiras foi Geshichte und Klas senbewusstsein 1923 na qual desenvolveu a sua teoria da consciência de classe e reavaliou a signi ficação de Hegel para o marxismo elaborou uma teoria da alienação e da reificação muito antes de terem sido publicados os primeiros manuscritos de Marx sobre o assunto Líder do movimento comu nista húngaro esteve politicamente ativo na Co muna húngara de 1919 e de novo no êfemero governo instalado depois da revolta de 1956 Luxemburgo Rosa n1871 Zamosc Polô nia m1919 Berlim Socialista revolucionária polonesa Estudou matemática ciências naturais e economia política na Universidade de Zurique ajudou a criar o Partido SocialDemocrata da Po lônia e em seguida se mudou para a Alemanha Luxemburgo defendeu a causa da revolução e expôs sua oposição ao REFORMISMO em Reforma social ou revolução 1899 Em Greve de massas partido político e sindicatos 1906 propôs a gre ve de massas não a vanguarda organizada defen dida por Lenin como o mais importante instru mento da revolução proletária E em sua principal obra teórica A acumulação de capital 1913 identificou o IMPERIALISMO como uma luta com petitiva entre nações capitalistas que culminará no colapso do sistema capitalista Fundou com Karl Liebknecht a Liga dos Espartaquistas e ambos foram brutalmente assassinados na prisão por ofi ciais da extrema direita em 1919 depois da supres são de um malogrado levante em Berlim Malinowski Bronislaw n1884 Cracóvia m1942 New Haven Connecticut Antropólogo social Estudou na Inglaterra onde iniciou sua carreira Contribuiu para a transformação da AN TROPOLOGIA do século XIX em uma ciência mo derna baseada no trabalho de campo e para o estabelecimento de uma escola britânica de antro pologia social Autor de numerosas obras como Magic Science and Religion 1925 empreendeu extensos estudos de pequenas sociedades nãole tradas e foi um dos originadores da abordagem funcionalista para o estudo da cultura Ver FUNCIO NALISMO Mannheim Karl n1893 Budapeste m1947 Londres Sociólogo húngaro Estudou nas Uni versidades de Berlim Budapeste Paris e Freiburg Foi companheiro de Lukács na Comuna húngara de 1919 quando se viu obrigado a fugir para a Alemanha em 1919 e de novo agora da Alemanha Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 814 LéviStrauss Claude para a Inglaterra em 1933 Lecionou em Heidel berg em Frankfurt na London School of Econo mics e no Instituto de Educação Universidade de Londres Foi o fundador da chamada SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO que se propôs mostrar as raízes sociais do conhecimento Ideologie und Utopie 1929 e Essays on the Sociology of Know ledge 1952 e estava interessado primordial mente na possibilidade de transcender os pontos de vista parciais de várias facções sociais e políti cas a fim de se produzir um certo grau de consenso através da obra de intelectuais socialmente não comprometidos Mao Tsetung Mao Zedong n1893 Xao chan m1976 Pequim Revolucionário e estadis ta chinês foi o líder da Revolução Chinesa de 1949 e o arquiteto da nova China comunista Depositava grande fé no potencial revolucionário e na capaci dade criativa do campesinato e das massas em geral mas é grande o debate quanto à natureza e à originalidade de sua contribuição teórica para o marxismo Sua oposição à burocracia inspirou a Revolução Cultural de 196676 que causou uma década de caos e convulsão política na China Ver MAOÍSMO Marcuse Herbert n1898 Berlim m1979 Munique Teórico social e político Estudou filo sofia em Berlim e Freiburg e ingressou no Ins tituto de Pesquisa Social de Frankfurt em 1933 tornandose posteriormente uma figurachave na ESCOLA DE FRANKFURT Foi um proeminente por tavoz da NOVA ESQUERDA na década de 60 e início dos anos 70 e crítico da natureza da sociedade contemporânea Ideologia da sociedade indus trial 1964 Sua teoria social recorreu a numerosas fontes em especial ao Jovem Marx a Hegel Heidegger e Freud e sua natureza eclética está refletida em obras como Razão e revolução 1941 sobre Hegel e Eros e civilização 1955 sobre Freud Marshall Alfred n1842 Londres m1924 Cambridge Economista inglês Estudou na Mer chant Taylors School e no St Johns College de Cambridge diplomandose em matemática Em 1868 lecionou ciência moral em Cambridge pe ríodo durante o qual iniciou seu estudo de ciência econômica Voltou a Cambridge depois de ensi nar em Bristol como professor de economia polí tica em 1885 e se estabeleceu como a força domi nante na ciência econômica britânica com a publi cação de Principles of Economics 1890 A interven ção de Marshall foi fundamental para o es tabelecimento em 1903 de um novo exame de economia e política na Universidade de Cam bridge para a obtenção do título com distinção tendo ele próprio que o financiar em parte Ver CIÊNCIA ECONÔMICA ESCOLA ECONÔMICA MARGI NALISTA Marx Karl Heinrich n1818 Trier m1883 Londres Filósofo social e revolucionário alemão Formado nas Universidades de Bonn e Berlim Marx desenvolveu uma concepção materialista da história A ideologia alemã escrita com Engels 18456 e anteviu uma revolução global como a culminação do conflito entre os capitalistas e o proletariado a ser seguida pela construção de uma sociedade sem classes comunista O Manifesto comunista escrito com Engels 1848 foi um dos mais influentes panfletos políticos de todos os tempos e os três volumes de O capital 1867 1885 e 1894 apresentaram uma profunda análise do processo capitalista de produção Politicamente ativo Marx foi uma figura decisiva no estabeleci mento da Associação Internacional dos Traba lhadores em 1864 tornandose finalmente o seu líder É a mais importante figura na história do pensamento socialista e suas idéias mudaram pro fundamente a vida social e as ciências sociais no século XX Ver MARXISMO Mauss Marcel n1872 EpinalenLorraine m1950 Paris Sociólogo e antropólogo francês Estudou filosofia em Bordéus e história da religião na École Pratique des Hautes Études Durante toda a sua carreira esteve profundamente envolvido em trabalho de colaboração com Durkheim a noção de fatos sociais totais é atribuída a Mauss e outros e desempenhou importante papel na edição da revista LAnnée Sociologique Suas con tribuições teóricas provêm principalmente de ter aplicado e refinado a sociologia durkheimiana ver ANTROPOLOGIA ESCOLA SOCIOLÓGICA DE DUR KHEIM e seus estudos como Le don 1925 muito influenciaram os antropológos franceses subseqüentes entre eles LéviStrauss Mead George Herbert n1863 Massachu setts m1931 Chicago Filósofo e sociólogo norteamericano Estudou no Oberlin College em Harvard onde foi aluno de William James Leip zig e Berlim Passou a maior parte de sua vida ativa na Universidade de Chicago a partir de 1894 onde desempenhou um papel decisivo na formação da Escola de Chicago do PRAGMATISMO a qual teve Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Mead George Herbert 815 grande impacto no desenvolvimento do INTER ACIONISMO SIMBÓLICO Mead sustentava que o des envolvimento do Eu era um processo que só ocorria em interação social Mind Self and Society 1934 Mead Margaret n1901 Filadélfia m1978 Nova York Antropóloga e crítica cultural norte americana Estudou no Barnard College Nova York e na Universidade Columbia Ao longo de toda a sua carreira seus estudos antropológicos foram preponderantemente orientados para des afiar convenções aceitas sobretudo em termos de papéis de GÊNERO e no debate naturezacultura ela favorecia claramente a segunda Male and Female 1949 Além de sua obra antropológica também comentou sobre desarmamento feminis mo e cultura da juventude Ver ANTROPOLOGIA MerleauPonty Maurice n1908 Roche fortsurMer m1961 Paris Filósofo existen cialista francês Formado na École Normale Supé rieure lecionou em numerosos liceus e subse qüentemente na Universidade de Lyon 194548 na Sorbonne 194952 e no Collège de France 195261 Fundou e coeditou com Sartre e Si mone de Beauvoir a revista Les Temps Modernes 1944 Influenciado por Husserl MerleauPonty tentou não obstante afirmar a existência de um mundo que transcende a consciência mas só é acessível através da percepção La phénoménolo gie de la perception 1945 Tinha simpatia pelo marxismo mas era crítico dele e em Les aventures de la dialectique 1955 criticou o marxismo vul gar que impregnava o movimento comunista e refutou as idéias de determinismo histórico Tam bém foi crítico das teses de Sartre sobre a autono mia suprema do indivíduo Ver EXISTENCIALISMO FENOMENOLOGIA Pareto Vilfredo Federico Damaso n1848 Paris m1923 Genebra Economista e sociólogo italiano Formado no Instituto Politécnico de Tu rim e na Universidade de Turim onde estudou ciências matemáticas Trabalhou na indústria de engenharia mecânica durante 20 anos e só abraçou a carreira de economista na década de 1890 Em 1893 foi nomeado professor de economia política na Universidade de Lausanne Seu Cours deco nomie politique 1897 e o Manuale di economia politica 1906 são abundantes em metáforas me canicistas de ciência natural e nesses textos muito abstratos faz sua primeira aparição o Homo oeco nomicus Pareto voltou então as suas atenções cada vez mais para a sociologia afirmando que os homens em geral agem de um modo nãoló gico pelo que o mundo ideal do Homo oecono micus não era esclarecedor ao descrever o mundo real No Trattado di sociologia generale 1916 19 elaborou a categoria da ação nãológica e também uma influente teoria das elites Parsons Talcott n1902 Colorado Springs m1979 Munique Sociólogo norteamericano Estudou no Amherst College na London School of Economics e na Universidade de Heidelberg O tema comum de suas principais obras The Struc ture of Social Action 1937 The Social System 1951 é a sua crença em uma teoria funcionalista de acordo com a qual a vida social é regulada por normas e valores comuns Foi essa uma pers pectiva teórica dominante na sociologia americana durante as décadas de 40 e 50 e Parsons foi o sociólogo dominante desse período Piaget Jean n1896 Neuchâtel m1980 Ge nebra Psicólogo biólogo e filósofo suíço Trei nado como biólogo interessouse durante toda a sua carreira pelas origens e condições do conheci mento Estudou psicologia em Zurique 1918 e na Sorbonne 1919 Sua obra mais conhecida é sobre a psicologia do desenvolvimento da inteligência em crianças Exposta em livros como A gênese das estruturas lógicas elementares 1950 com Bärbel Inhelder e A psicologia da criança 1966 tem exercido uma influência maciça na psicologia do desenvolvimento cognitivo desde o começo dos anos 60 Mas também escreveu de modo mais geral sobre epistemologia e ESTRUTURALISMO Popper sir Karl Raimund n1902 Viena m1994 Inglaterra Filósofo da ciência Formado em matemática física e filosofia em Viena tinha contato com o CÍRCULO DE VIENA mas não foi um de seus membros Em seu primeiro livro Logik der Forschung 1934 Popper pretendeu resolver o problema de indução de Hume substituindo o critério do Círculo de Viena para a cientificidade o princípio de verificação pelo seu famoso prin cípio de falsificação Depois da guerra Popper mudouse para a Inglaterra e lecionou na London School of Economics Voltou suas atenções para o estudo da filosofia social e política desenvolven do uma crítica aos inimigos da SOCIEDADE ABERTA em particular Platão Hegel e Marx e ao HIS TORICISMO que ele definiu como a crença em que existem leis da história suscetíveis de serem des cobertas A sociedade aberta e seus inimigos 1945 A pobreza do historicismo 1957 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 816 Mead Margaret Poulantzas Nicos n1936 Atenas m1979 Paris Teórico político e social grego Formado em uma escola experimental ligada à Universi dade de Atenas e depois em um Institut Français Poulantzas ingressou então na Universidade de Atenas para estudar direito quando aderiu ao Par tido Comunista Grego Depois de cumprir o servi ço militar obrigatório foi estudar na Alemanha mas logo se mudou para a França onde lecionou subseqüentemente na Sorbonne e na Universidade de Vincennes O seu primeiro livro Pouvoir poli tique et classes sociales 1968 revelou tendên cias althusserianas ao sustentar que o estado es tava estruturado de tal modo que independente mente de seu quadro de pessoal agiria no interesse da burguesia Sua obras posteriores incluem Les classes sociales dans le capitalisme daujourdhui 1974 e LÉtat le pouvoir le socialisme 1978 RadcliffeBrown Alfred Reginald n1881 Birmingham m1955 Londres Antropólogo bri tânico formado no Trinity College Cambridge onde foi o primeiro aluno do antropólogo WHR Rivers RadcliffeBrown recebeu a influência de Durkheim e desenvolveu uma abordagem funcio nalista da antropologia ver FUNCIONALISMO Foi Fellow do Trinity College 190814 e depois lecionou nas Universidades de Londres 1909 10 Cidade do Cabo 192125 Sydney 1925 31 Chicago 193137 Oxford 193741 e 1945 46 e São Paulo 194244 Suas principais obras incluem The Andaman Islanders 1922 1948 Structure and Function in Primitive Society 1952 e A Natural Science of Society 1957 Rawls John Boardley n1921 Baltimore Filósofo moral norteamericano Formado em Prin ceton exerceu funções docentes nessa Universidade 195052 bem como em Cornell 195362 e Har vard desde 1962 É o autor de A Theory of Justice 1971 plano geral de inspiração kantiana e por conseguinte antiutilitarista de uma filosofia moral contemporânea na tradição contratariana e provavel mente a mais conhecida obra de filosofia moral desde a Segunda Guerra Mundial Russell Bertrand Arthur William n1872 Gwent m1970 Gwynedd Filósofo britânico Estudou no Trinity College Cambridge onde se formou com distinção em matemática e filosofia moral Lecionou no Trinity 18951916 onde Wittgenstein foi seu aluno tendo sido exonerado de suas funções por se opor à entrada dos britâni cos na Primeira Guerra Mundial Ingressou na NoConscription Fellowship organização contrá ria ao serviço militar obrigatório em 1915 e foi multado e preso Foi para os Estados Unidos de pois da guerra mas se viu impedido de ensinar em Nova York por suas idéias extremamente liberais sobre sexo educação e guerra Atuou no movi mento pacifista depois da Segunda Guerra Mun dial foi presidente da Campanha pelo Desarma mento Nuclear 195860 criou a Bertrand Rus sell Peace Foundation 1963 e foi um dos organi zadores do Tribunal Internacional para Crimes de Guerra 1966 do qual participou também Sartre entre outros Sua principal obra filosófica tratou de lógica e epistemologia Principia Mathematica com Alfred North Whitehead 191013 Human Know ledge 1948 mas também escreveu muito sobre questões sociais e políticas Ver FILOSOFIA Sartre JeanPaul n1905 Paris m1980 Pa ris Filósofo romancista e teatrólogo Estudou na École Normale Supérieure e em Freiburg Evitou a vida acadêmica convencional embora lecionas se por muitos anos em vários liceus Influenciado por Husserl e Heidegger Sartre expôs o seu EXIS TENCIALISMO em Lêtre et le néant 1943 Serviu no exército francês durante a guerra foi capturado em Padoux em 1940 mas fugiu em 1941 e depois da guerra se dedicou a escrever Fundou com Simone de Beauvoir e MerleauPonty a revista Les Temps Modernes e aderiu ao marxismo que considerava compatível com sua filosofia exis tencialista Critique de la raison dialectique 1960 Mas criticou vigorosamente o Partido Co munista Francês com o qual rompeu depois de 1968 Sua filosofia existencialista de esquerda modelou profundamente a cultura francesa por mais de uma década depois da guerra Saussure Ferdinand de n1857 Genebra m1913 perto de Genebra Fundador da lingüís tica moderna Estudou línguas indoeuropéias nas Universidades de Leipzig e Berlim O seu Cours de linguistique géneral 1916 é em geral conside rado a mais significativa obra de lingüística escrita neste século A influência de Saussure é também evidente no ESTRUTURALISMO da década de 60 essencialmente uma tentativa de aplicação da teo ria lingüística saussureana a outros temas e ativi dades além da própria linguagem Ver LINGÜÍS TICA SEMIÓTICA Scheler Max n1874 Munique m1928 Fran kfurt Filósofo e sociólogo alemão Estudou me dicina e filosofia nas Universidades de Berlim Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Scheler Max 817 Munique e Iena Embora não fosse um fenomeno logista ortodoxo grande parte de sua filosofia estava em concordância com a obra de Franz Brentano e Edmund Husserl ver FENOMENOLOGIA e na realidade foi além de Husserl que o criticou por isso Seu período fenomenológico durou até 1920 em 192024 depois de sua conversão ao catolicismo esteve interessado em filosofia reli giosa seguindose um período metafísico 1924 28 caracterizado pelo vitalismo e pelo panteísmo Suas principais contribuições para o pensamento social situamse no domínio da psicologia social e da SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO Schumacher Ernst Fritz n1911 Bonn m1977 Suíça Economista alemão Formado em Oxford foi um dos primeiros Rhodes Scholars alemães depois da Primeira Guerra Mundial Pas sou a maior parte da década de 30 na Inglaterra e nos Estados Unidos Em 1943 defendeu um sis tema de pagamentos internacionais semelhante ao de Keynes que se tornou uma parte central do sistema instaurado em Bretton Woods Foi conse lheiro da Comissão Britânica de Controle na Alemanha 194650 e da Comissão do Carvão britânica 195070 considerando o uso da ener gia nuclear extremamente hostil ao meio ambi ente Em 1955 visitou a Birmânia onde se conver teu ao budismo e escreveu Small is Beautiful 1973 escarnecendo dos padrões de vida ociden tais por terem sido alcançados à custa de uma cultura aviltada Ver AMBIENTALISMO Schumpeter Joseph Alois n1883 Triesch Morávia m1950 Connecticut Economista aus tríaco Formado na Universidade de Viena come çou a lecionar na Universidade de Graz em 1911 Foi ministro das Finanças do governo austríaco em 191920 antes de recomeçar o ensino em Bonn 192532 e Harvard 193250 Manifestou sim patia pelo marxismo pelo qual se interessou ainda quando estudante em Viena ao assistir aos debates entre economistas austríacos BöhnBawerke e von Mises e os austromarxistas Hilferding e Bauer Adquiriu renome internacional pela sua Teoria do desenvolvimento econômico 1911 por seus estudos dos ciclos econômicos utilizando a concepção de Kondratiev de ciclos de longo pra zo por seu livro Ciclos econômicos 1939 e por sua análise do provável declínio do capitalismo em Capitalismo socialismo e democracia 1942 Ver AUSTROMARXISMO Schutz Alfred n1899 Viena m1959 Nova York Sociólogo austríaco Formado em direito e ciências sociais na Universidade de Viena onde foi aluno de von Mises Mudouse em 1939 para Nova York onde se juntou à New School of Social Research mas também assumiu um emprego co mo bancário para aliviar provações financeiras Schutz usou conceitos husserlianos para ampliar a análise de Weber da ação social e investigou a constituição do mundo e a intersubjetividade em uma obra que influenciou consideravelmente a etnometodologia Seu principal quadro de referên cia analítica está apresentado em A fenomenologia do mundo social 1932 Simmel Georg n1858 Berlim m1918 Es trasburgo Filósofo e sociólogo alemão Estudou história psicologia antropologia e filosofia na Universidade de Berlim Empregou a metodologia de uma variedade de disciplinas para estudar fenô menos culturais como a religião a economia mo netária a ascensão da moralidade e a autopreser vação de grupos Provavelmente sua mais co nhecida aplicação dessa abordagem está no livro Philosophie des Geldes 1900 onde estudou o impacto da economia monetária sobre as relações sociais humanas Sorel Georges Eugène n1847 Cherburg m1922 BoulognesurSeine Paris Filósofo so cial francês Estudou na École Polytechnique de Paris onde se distinguiu na matemática e se diplo mou como engenheiro Exerceu a profissão até 1892 quando a abandonou para se concentrar no estudo de questões sociais e políticas Embora seu nome fosse freqüentemente associado aos de Mos ca e Pareto Sorel é muito mais conhecido como inovador em teoria marxista e metodologia das ciências sociais rejeitando as pretensões univer salistas das concepções positivistas de ciência favoreceu o pluralismo intelectual e metodoló gico A partir de 1896 iniciou uma reinterpreta ção do marxismo identificando os seus princípios centrais como mitos mormente o da greve geral capazes de inspirar a classe trabalhadora para ação fora da estrutura da democracia parla mentar Réflexions sur la violence 1906 Spencer Herbert n1820 Derby m1903 Brighton Filósofo e sociólogo britânico nunca freqüentou a escola secundária nem a universi dade Iniciou sua carreira como maquinista de trens antes de se dedicar a escrever e a estudar filosofia publicando o seu primeiro livro Social Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 818 Schumacher Ernst Fritz Statistics em 1851 Era um evolucionista antes de Darwin e foi ele quem criou a expressão sobrevi vência dos mais aptos Procurou traçar os princí pios da evolução em todos os ramos do conhe cimento em sua obra de vários volumes A System of Synthetic Philosophy cujo volume III Princi ples of Sociology 1896 foi o mais influente Em seu livro The Man Versus the State 1873 defen deu uma posição de laissezfaire atacando todas as formas de interferência do estado que violam a liberdade individual O que o tornou mais célebre talvez tenha sido a sua crença otimista no progres so humano através da evolução Ver PROCESSOS EVOLUCIONÁRIOS NA SOCIEDADE Teilhard de Chardin Pierre n1881 Sarce nat França m1955 Nova York Teólogo e pa leontólogo francês Educado como jesuíta na França e na Inglaterra 18931911 foi ordenado padre da Companhia de Jesus Em 191222 es tudou geologia no Institut Catholique onde sub seqüentemente lecionou 19203 e paleontologia no Museu de História Natural De 1923 a 1946 foi designado para um Colégio Jesuíta de Altos Es tudos na China Seus interesses eram tanto a teo logia quanto a ciência mas seus escritos científi cos tiveram sua publicação proibida por seus su periores jesuítas enquanto ele viveu Em Le phé nomene humain 1955 sustentou que tendo pas sado por uma fase divergente em que surgiram culturas de grande variedade a evolução humana ingressará em uma fase convergente em que cul turas díspares se reunirão em unanimidade Tönnies Ferdinand Julius n1855 Eider stedt SchleswigHolstein m1936 Kiel Schles wigHolstein Teórico social e filósofo alemão Estudou numerosas disciplinas em várias univer sidades até obter o doutorado em filologia clássica em Tübingen no ano de 1877 Lecionou na Uni versidade de Kiel de 1881 a 1933 quando foi demitido pelos nazistas Sua principal obra Ge meinschaft und Gesellschaft 1887 é um dos clássicos da sociologia e Tönnies adquiriu re nome de fato ao introduzir os termos Gemein schaft COMUNIDADE uma forma social carac terizada por relações pessoais intenso espírito emocional constituída por cooperação costume e religião e encontrada na família na aldeia e em pequenas comunidades urbanas e Gesellschaft sociedade uma organização de grande escala como cidade estado ou nação baseada em re lações impessoais interesses particulares direito e opinião pública Toynbee Arnold Joseph n1889 Londres m1975 Londres Historiador inglês Estudou no Balliol College Oxford 190711 e na Escola Arqueológica Britânica de Atenas 191112 Foi professor de língua literatura e história bizantinas e gregas na Universidade de Londres desde 1919 e também diretor de estudos do Royal Institute of International Affairs Londres 192555 Con quistou renome com a publicação de A Study of History volsIIII 1934 IVVI 1939 VIIX 1954 e XIXII 1961 o qual examinou 21 civili zações que segundo ele manifestam padrões se melhantes de crescimento e decadência Trotsky Leon Lev Bronstein n1879 Ya novka Ucrânia m1940 Coyoacán México Lí der militar e revolucionário comunista russo Em 1917 Trotsky aderiu aos bolcheviques tornando se um dos principais organizadores da vitoriosa Revolução de Outubro No primeiro governo so viético foi Comissário do Povo para as Relações Exteriores e negociou a Paz de BrestLitovsk 1918 pela qual a Rússia se retirou da Primeira Guerra Mundial Como Comissário do Povo para a Guerra 191824 formou o Exército Vermelho e sua direção durante a guerra civil russa salvou a revolução bolchevique Foi expulso do partido em 1927 e se exilou Pouco depois de fundar a Quarta Internacional 1937 para se opor ao stalinismo foi assassinado no México Era um internaciona lista dedicado à revolução mundial e adversário do socialismo em um país de Stalin Sua princi pal contribuição para o pensamento marxista foi a teoria do desenvolvimento desigual e combina do e a doutrina derivada da revolução perma nente Ver TROTSKYSMO Veblen Thorstein n1857 Manitowas Coun ty Wisconsin m1929 Menlo Park Califórnia Economista institucional e pensador social radical norteamericano Estudou nas universidades Johns Hopkins e Yale e se tornou uma figura iconoclasta em ciência econômica criticando a ortodoxia neoclássica por negligenciar questões sociais e culturais mais amplas pertinentes à eco nomia Em livros como The Theory of the Leisure Class 1899 e The Theory of Business Enterprise 1904 parcialmente influenciado por suas leitu ras de autores socialistas e marxistas introduziu conceitos como os de consumo conspícuo e desperdício ostensivo que se tornaram fami Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar Veblen Thorstein 819 liares Lecionou em várias universidades mas seu excêntrico estilo de vida sua originalidade e sua descrição das universidades americanas em The Higher Learning in America 1918 alienaramno da corrente acadêmica predominante von Mises Ludwig Edler n1881 Lemberg ÁustriaHungria m1973 Nova York Economis ta austríaco Estudou na Universidade de Viena onde participou dos seminários do grupo de BöhmBawerk Foi economista da Câmara de Co mércio de Viena 190934 professor universitá rio e conselheiro do governo austríaco Deu contri buições teóricas para a teoria monetária A teoria da moeda e do crédito 1912 e iniciou o debate sobre o CÁLCULO SOCIALISTA ao sustentar que nenhum governo podia calcular suficientemente bem para planejar uma economia Planejamento econômico coletivista org por Hayek 1935 Em Ação humana 1949 forneceu um resumo clássico do subjetivismo austríaco em econo mia Ver ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA Weber Max n1864 Erfurt m1929 Muni que Sociólogo e economista alemão Formado em Heidelberg Estrasburgo Göttingen e Berlim onde estudou direito ciência econômica história e filosofia Exerceu as cátedras de economia polí tica em Freiburg e Heidelberg mas se retirou do ensino em 1898 depois de sofrer um colapso ner voso Foi o maior responsável pelo estabelecimen to da sociologia como disciplina acadêmica na Alemanha e a partir de 1904 editou uma impor tante revista de ciência social Archiv für Sozial wissenschaft und Sozialpolitik Escreveu sobre uma vasta gama de questões tomando como temas centrais o desenvolvimento do capitalismo e a RACIONALIZAÇÃO mormente em obras como A ética protestante e o espírito do capitalismo 19045 História econômica geral 1923 e Eco nomia e sociedade 1921 Também contribuiu substancialmente para discussões metodológicas a respeito da interpretação Verstehen e da ex plicação causal valores e objetividade A metodo logia das ciências sociais 1904 Webb Beatrice née Potter n1858 Glou cester m1943 Passfield Corner Hampshire Re formadora social e historiadora Educada no lar por governantas investigou pessoalmente as con dições sociais e industriais contribuiu para Life and Labour of the People of London 189297 de Charles Booth Publicou The Cooperative Move ment in GreatBritain 1891 Webb Sidney James barão de Passfield n1859 Londres m Passfield Corner Hamp shire Reformador social e historiador Estudou na Suíça e em MecklenburgSchwerin no Birk beck Institute e no City of London College Ingres sou na Sociedade Fabiana em 1885 e escreveu numerosos folhetos de propaganda fabiana Facts for Socialists 1887 Facts for Londoners 1889 e deu uma contribuição significativa para Fabian Essays in Socialism 1889 Eleito membro do Conselho do Condado de Londres para Deptford 18921910 Fundador da London School of Economics Autor de muitos livros com Beatrice Webb a firma dos Webb como esta a chamava e foi a seu lado uma figura eminente do movimento socialista Suas obras conjuntas in cluem The History of Trade Unionism 1894 1920 Industrial Democracy 1927 e Soviet Co munism A New Civilization 1935 Wittgenstein Ludwig Josef Johann n1889 Viena m1951 Cambridge Estudou em BerlimCharlottenburg Manchester e Trinity Col lege Cambridge onde foi aluno de Bertrand Rus sell Feito prisioneiro na Itália durante a Primeira Guerra Mundial enviou a Russell um rascunho do Tractatus LogicoPhilosophicus 1921 Depois da guerra abandonou a filosofia acadêmica e se tornou mestreescola na Áustria mas permaneceu em contato com os desenvolvimentos em filosofia através do CÍRCULO DE VIENA Em 1929 voltou a Cambridge e em 1939 sucedeu a GE Moore como professor de filosofia Durante a Segunda Guerra Mundial trabalhou no Guys Hospital co mo porteiro e foi ajudante no Laboratório de Pes quisa Clínica em Newcastle Suas cambiantes con cepções filosóficas durante as décadas de 30 e 40 foram predominantemente veiculadas em seminá rios e discussões e os manuscritos e notas desse período foram publicados depois de sua morte por exemplo Philosophical Investigations 1953 Wittgenstein foi a principal fonte da FILOSOFIA DA LINGUAGEM que floresceu na GrãBretanha nas primeiras décadas do pósguerra Este apêndice foi elaborado por PAUL HOPPER Universidade de Sussex MARK PEACOCK Wolfson College Universidade de Cambridge Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª Revisão 150796 Apêndice Produção Textos Formas Para Ed Zahar 820 von Mises Ludwig Edler BIBLIOGRAFIA Nota A convenção 1910 1987 indica um trabalho originalmente publicado em 1910 porém mais facilmente acessível em uma tradução em edição de 1987 à qual se referem os detalhes de publicação Abbott Andrew 1988 The System of Profes sion an 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Making a Difference Feminist Literary Criticism org por Gayle Greene e Coppelia Kahn Londres e Nova York Me thuen Zitelman Rainer 1987 1990 Hitler Selbs tverständnis eines Revolutionärs Darms tadt Wissenschaftliche Burchgesellschaft Znaniecki Florian 1940 The Social Role of the Man of Knowledge Nova York Columbia University Press Zubaida S 1970 Race and Racialism Lon dres Tavistock Zubaida S 1988 1993 Islam the People and the State Londres JB Tauris Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 150396 2ª revisão 240696 3ª revisão 150796 4ª Rev 220796 Bibliografia Produção Textos Formas Para Ed Zahar bibliografia 931 Dicionário do Pensamento Social DPS 1ª revisão 080995 Letra D Produção Textos Formas Para Ed Zahar ÍNDICE DE NOMES E ASSUNTOS Nota Os números em negrito indicam as páginas em que o respectivo nome ou assunto são tratados mais extensamente Sempre que nomes de colaboradores do Dicionário figuram no Índice as referências são a citações em verbetes que não os de sua própria autoria AbdelMalik Anuar 541 aburguesamento 1 ação coletiva 2 2534 282 494 ver também paz movimento pela movimento de mulheres ação direta 134 236 ação e mediação 35 448 516 580 734 735 e conseqüências 3 e determinismo 2034 e pragmatismo 599 e racionalidade 3 4 5 23940 293 43940 640 e estrutura social 3934 734 e sistema e sujeito 5 tipos de ação 4 5 e formação da vontade 3 ver também comunicação conversacional análise intenção Adams John 304 Adler Alfred 566 621 752 Adler Max 1 31 32 129 793 administração participativa 1834 científica ver fordismo e pósfordismo relações industriais administração ciência da 111 1834 538 6534 670 7745 ver também comportamento organizacional organização teoria da administração pública 825 Adorno Theodor 807 sobre arte 2679 7402 sobre civilização 889 e teoria crítica 447 448 530 sobre definição 1789 e dialética 207 450 sobre história 243 244 316 sobre literatura 434 sobre cultura de massa 169 170 243 sobre música 506 sobre racionalização 642 sobre reificação 653 e marxismo ocidental 450 afluente sociedade ver sociedade afluente Agostinho santo e individualismo 160 162 e modernidade 473 agressão 57 287 teorias do instinto de 5 7 como comportamento aprendido 7 valor da 7 e guerra 3459 AlHusri Sati 549 550 Alchian AA 609 alienação 7 9 166 448 742 772 794 e anomia 7 20 383 722 e desalienação 8 e existencialismo 7 8 292 e processo de trabalho 7 8 40 41 117 218 383 4612 722 774 e práxis 601 Allais paradoxo de 177 Allport Gordon 566 567 602 Almond Gabriel 170 171 Althusser Louis 807 sobre alienação 7 9 sobre cultura e sociedade 115 164 e dialética 206 319 453 e marxismo 88 275 276 316 368 449 451 sobre modo de produção 7 481 e teoria política 765 sobre problemática 609 como racionalista 129 como estruturalista 2756 316 451 4478 530 736 765 altruísmo 44 518 519 254 Ambedkar Babasaheb 65 ambientalismo 102 280 281 496 933 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar ver também ecologia ameaça coerção como 1002 amostra social 123 2645 635 pesquisa com vítimas de violências 1556 ver também estatística social analítica filosofia ver filosofia da linguagem filosofia anarcocapitalismo 14 16 17 412 425 449 527 ver também anarquismo sindicalismo anarcosindicalismo 134 129 687 anarquismo 147 individualista 14 15 38 39 93 428 526 e libertarianismo 425 pacifista 15 16 socialista 15 16 687 ver também anarcosindicalismo libertarianismo sindicalismo Anderson Perry 146 449 Annales 1720 252 363 364 367 275 anomia 201 302 369 711 757 e alienação 7 20 384 722 e cultura 20 21 e decadência 174 524 econômicoconjugal 20 Anscombe GEM 203 484 Antal Frederic 741 antisemitismo 212 300 335 405 450 512 639 643 e antisionismo 21 ver também judaísmo antropologia 227 187 e arqueologia 278 biológicafísica 22 246 estudos comparados de 224 738 relativismo cultural 24 440 e cultura 10 246 e evolução 226 555 e diversidade humana 226 social 22 24 25 377 747 e estruturalismo 275 276 735 e unidade da espécie humana 246 ver também parentesco Apel KarlOtto 34 353 599 aproveitadores problema dos 2 253 Aquino santo Tomás de sobre comunicação 113 sobre inteligência 387 sobre teologia 760 761 762 Arendt Hannah 89 807 sobre autoridade 379 sobre invenção 399 sobre poder 581 sobre estado e sociedade 714 721 Ariès Philippe 299 590 aristocracia 27 transmissão hereditária 27 papel político da 27 riqueza 27 672 ver também diferenciação social elites teoria das Aristóteles 455 sobre autoridade 379 e civilização 89 sobre comunicação 113 sobre lazer 533 e lógica 437 sobre dinheiro 209 sobre necessidades 518 e orientalismo 511 sobre política 81 sobre práxis 160 600 sobre racionalidade de ação 3 Armstrong D 452 Aron Raymond 236 270 316 723 734 arqueologia e préhistória 2731 novaprocessual 2930 Arrow Kenneth 423 77 79 253 255 arte ver estética dança arte sociologia da ver sociologia da arte artes dramáticas ver cinema dança música teatro Ashton TS 365 associação e comunidade 16 1157 422 577 664 714 associacionismo 622 atomismo 237 239 313 3812 422 atribuição teoria da 627 Austin JL 127 204 238 315 321 323 433 647 austromarxismo 313 e capitalismo 57 e classe 313 e epistemologia 128 e revisionismo 31 246 446 699700 e sociologia 734 790 autenticidade no existencialismo 292 autogestão 336 236 448 497 e democracia industrial 346 nacionalização e socialização 35 36 e democracia participativa 35 36 trabalhador 345 184 Iugoslávia 9 35 52 184 448 486 530 703 713 automação 367 ver também mudança tecnológica informação tecnologia e teoria da trabalho autonomia individual 39 autoridade 379 4134 427 581 no anarquismo 14 38 carismática 38 602 413 426 de jurede facto 38 legal 38 4167 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 934 Índice de nomes e assuntos no liberalismo 421 tradicional 38 123 124 481 avantgarde ver vanguarda Axelos Kostas 9 Ayer AJ 314 317 483 Bachelard G 315 318 319 473 595 606 648 sobre materialismo dialético 456 sobre a problemática 609 Bacon Francis 86 593 614 Bagehot Walter 482 Bahro Rudolf 449 Bakhtin Mikhail M 215 239 430 807 Bakhunin Michael A 16 Bales RF 392 427 Balibar René 436 480 Bandura A 6 Baran Paul 60 188 231 Barraclough Geoffrey 474 Barth Karl 162 761 Barthes Roland Gérard 239 434 435 470 683 807 base e superestrutura 402 443 e luta de classes 47980 compatibilidade 40 feedback 40 41 94 em Marx 402 92 93 366 601 e nãoreducionismo 40 em sociologia do conhecimento 745 Batteux Charles 266 Baudelaire Charles 474 475 740 Bauer Otto 31 33 187 Baumgarten Alexander Gottlieb 265 266 Bawerk Eugen Böhm 241 Baxandall Michael 741 Beard Charles 365 Bearle AA e Means GC 669 670 Beauvouir Simone de 316 494 808 como existencialista 291 293 como feminista 305 306 Becker Howard 139 342 532 674 sobre transgressão 152 153 675 behaviorismo ver comportamentalismo Bell Clive 44 Bell Daniel e sociedade de consumo 719 sobre a crise do capitalismo 157 669 723 762 sobre cultura 166 sobre transgressão 152 e o futuro 330 386 sobre sociedade pósindustrial 7256 sobre profissões liberais 612 Bell Vanessa 44 bemestar estado de ver estado de bemestar bemestar social 434 373 694 Benjamin Walter 808 sobre dialética 207 243 244 sobre sociologia da arte 742 e marxismo ocidental 4501 Bentham Jeremy 42 182 303 564 596 785 Bentley AF 395 Berger Peter 144 370 736 746 Bergson Abram 42 43 Bergson Henri Louis 318 7156 808 Berlin Isaiah 424 765 Bernal JD 583 584 Bernoulli Daniel 177 Bernstein Eduard 701 808 e reformismo 649 e revisionismo 446 450 649 662 696 699 Berr Henri 17 19 Besnard P 21 Betti Emilio 351 353 Beveridge William 195 196 324 579 260 Bhaskar R 128 793 sobre determinismo 203 sobre empirismo 238 sobre materialismo 452 456 sobre naturalismo 238 515 sobre ontologia 126 535 536 sobre realismo transcendental 127 318 472 515 595 648 649 796 modelo transformacional 3201 Bhave Vinoba 17 355 Biderman AD 468 Binet Alfred 387 Blache Videl de la 337 Blackstone William 149 Blauner Robert 8 9 Bloch Ernst 449 450 740 764 808 Bloch Marc 18 363 738 e dialética 207 e escola de Durkheim 252 e história social 367 Bloomfield L 431 Bloomsbury grupo de 445 Bloor David 237 319 Blumer Herbert 393 501 Blumer Martin 248 Boas Franz 10 277 corpo sociologia do ver sociologia do corpo sociologia do corpo 7478 ver também cotidiano bode expiatório 1234 467 Böhmer JF 67 bolchevismo ver leninismo Bonald Louis de 741 778 bonapartismo 457 67 ver também cesarismo ditadura fascismo Booth Charles 12 264 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 935 Bosanquet Bernard 212 312 Bottomore TB 93 471 Bouglé Célestin 249 251 Bourdieu Pierre 338 como promotor do realismo aplicado 595 sobre arte e estética 265 269 740 742 sobre classe 94 434 sobre linguagem 215 429 e naturalismo 515 sobre gosto e valores 140 Bourgin Georges 251 252 Bourgin Hubert 251 Bowles Samuel e Gintis Herbert 235 Bowley AL 12 579 Boyd W 648 Bradley FH 205 312 Braudel Fernand 92 e a Escola dos Annales 1720 29 sobre sociedade de consumo 720 e teoria econômica 363 365 367 sobre economia mundial 188 690 Braverman H 219 232 774 775 Brecht Bertolt 434 756 757 758 808 Brentano Franz 308 Bridgman PW 594 647 Buchanan James M 39 412 767 budismo 479 164 354 659 760 diversidade 47 e interdependência 49 e ativismo social 489 e mudança social 48 e virtudes sociais 48 Bukharin Nikolai Ivanovich 147 446 449 450 736 809 Bull Hedley 655 656 Bullough Edward 267 Burckhardt Jacob 381 474 Burgess Ernest 48 226 467 burguesia 4950 no bonapartismo 46 e teoria da dependência 1879 em Lenin 4 419 no marxismo 4950 92 479 6702 em Weber 92 93 94 ver também aburguesamento classe média Burke Edmund e conservadorismo 1324 421 778 sobre democracia 714 759 sobre revolução 215 376 Burnham James 669 burocracia 503 93 218 667 677 722 antiga 89 90 e sociedade civil 523 111 112 326 7135 748 e militares 468 no despotismo oriental 2023 socialista 513 780 ver também divisão do trabalho oligarquia organização Burt Cyril 387 388 ciclo econômico 67 6872 723 190 459 e keynesianismo 58 69 70 e hipótese das expectativas racionais 70 2934 ver também depressão econômica ciclos de longo prazo organização industrial 53840 cesarismo 678 217 ver também bonapartismo socialista cálculo 241 511 700 70710 cálculo socialista ver socialista cálculo Campbell NR 238 318 472 648 campesinato 547 310 419 e revolução 4412 443 444 671 ver também tradição e tradicionalismo Camus Albert 316 772 Canguilhem G 318 595 capital cultural 93 94 429 433 simbólico 945 capitalismo 579 e austromarxismo 35 58 e burguesia 49 93 166 e teoria do colapso 662 e colonialismo 1025 198 221 e comunismo 1179 35861 703 e conservadorismo 1324 consumidor 485 crises do 38 146 157 408 413 e democracia 181 e teoria da dependência 187 desenvolvimento do 578 202 25860 e teorias do desenvolvimento 1989 crítica ecológica do 226 e crescimento econômico 1458 e feminismo 3323 e sociedade industrial 7224 como irracional 211 em Lenin 5960 187 358 359 418 419 e liberalismo 420 e libertarianismo 4256 monopolista 5960 146 3778 organizado 32 58 60 7112 733 popular 183 e protestantismo 47 165 2802 465 797 de estado 5960 146 243 sobrevivência do 37780 412 5189 em Trotsky 671 e desemprego 194 e guerra 346 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 936 Índice de nomes e assuntos bemestar 58 60 700 e trabalho 7734 ver também mercadoria fetichismo da keynesianismo imperialismo divisão do trabalho trabalho processo de laissezfaire ciclos de longo prazo Marx Karl marxismo regulação estado Cardoso Fernando H 188 carisma 602 235 302 463 512 e autoridade 38 60 4268 ver também messianismo Carnap R 432 809 e unidade da ciência 8001 e círculo de Viena 126 238 4379 3145 317 592 799802 Carr EH 348 398 655 Cartwright N 239 319 casamento 623 483 556 ver também divórcio família Cassirer Ernst 315 517 casta 636 122 207 2701 355 ver também estratificação social causalidade 4 667 197 319 465 736 no austromarxismo 312 em Hume 66 67 126 536 e realismo 67 760 estrutural 275 ver também explicação teleologia centralismo democrático 129 418 4413 Chambliss W e Mankoff M 149 Chazel F 341 Cherlin Andrew 223 Childe V Gordon 28 29 30 Chodorow Nancy 306 Chomsky Avram Noam 127 239 429 431 432 809 ciclos de longo prazo 579 723 146 190 ver também ciclo econômico cidadania 734 157 261 424 650 6612 693 cidade e civilização 8892 518 5423 ciência filosofia da 1267 314 3169 4379 472 593 6479 e política científica 5835 ver também planejamento social revolução científicotecnológica sociologia da 158 286 372 7434 unidade da 8002 ver também ciência política ciência econômica 7580 231 antecedentes 76 em Cambridge 79 1478 desenvolvimentos atuais em 7980 desenvolvimento da 148 primeiros interesses da 767 histórica 3614 463 464 industrial 5389 e mão invisível 78 239 376 e revolução keynesiana 778 marginalista 757 79 2278 241 2468 neoclássica 293 52830 abordagem dos direitos de propriedade 108 socialista 79 70610 ver também socialista teoria econômica socialista cálculo análise estratégica 76 7980 temas em 7880 bemestar 423 78 278 5712 ver também Escola Austríaca de Economia escola econômica de Chicago história econômica keynesianismo ciência política 805 e governo 82 história 801 e relações internacionais 834 e liderança 813 metodologia 81 e comportamento político 834 e administração pública 845 e análise da política pública 834 ciência social filosofia da 1278 295 31921 ciências cognitivas 856 ver também inteligência artificial lingüística cientificismo 867 1289 514 595 cinema 878 755 ver também cultura de massa comunicação de massa Cixous Hélène 436 civilização 8892 168 e colonialismo 1026 Clapham JH 365 Clark TJ 740 classe 927 2703 701 no austromarxismo 313 e casta 635 classe média 93 979 ampliação da 97 pontos de vista marxistas 979 nova 4950 98 218 220 236 2723 proletarização da 1 978 pontos de vista weberianos 98 e estado de bemestar 2601 ver também burguesia classe profissões liberais classe operária 99100 no austromarxismo 313 no comunismo 1189 446 e conflito 123 e movimento cooperativo 485 e desindustrialização 197 201 218 e desenvolvimento 199200 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 937 e educação 233 e fordismo 3234 e literatura 433 435 437 e novos movimentos sociais 448 530 e participação política 99 559 6867 e populismo 592 e sociedade pósindustrial 725 redução na 97 723 e revolução 92 260 359 4189 447 64950 ver também classe aburguesamento exploração proletariado autogestão trabalhador sindicalismo Claude Inis 347 562 Clausewitz Carl von 269 345 Clemente FE 225 226 coerção 1002 131 277 544 635 77172 ver também poder violência guerra coerentismo 484 Cohen Anthony 116 Cohen GA 41 Cohen Hermann 520 521 Cohen S 139 151 Cole GDH 35 184 577 Coles Robert 369 coletiva ação ver ação coletiva coletivismo 16 381 516 coletivo 253 502 ver também ação coletiva movimento social cooperativo 119 e cultura 245 e instinto 287 682 organizacional 1112 político 83 84 93 ver também etologia gestalt psicologia da Colletti Lucio 205 207 453 Collingwood RG 126 Collins Randall 553 colonialismo 1026 400 769 efeitos do 104 545 643 motivos do 1023 neocolonialismo 1046 187 199 546 estilos de governo 1025 ver também imperialismo orientalismo competição 1068 239 702 704 monopolística 107 em seleção natural 682 perfeitaimperfeita 106 107 escassez e racionamento 106 ver também Escola Austríaca de Economia cálculo socialista escola econômica de Chicago conflito sociedade de consumo função empresarial comportamentalismo 10 10811 452 476 514 e natureza humana 517 e lingüística 430 e personalidade 5668 e psicologia 1101 238 6225 social 801 estímuloeresposta 10911 comportamento compreensão ver hermenêutica Verstehen computação ver inteligência artificial Comte Auguste sobre consenso 131 sobre divisão do trabalho 218 219 220 e evolucionismo 291 sobre sociedade industrial 722 influência de 363 317 e origens da sociologia 589 722 733 734 778 como positivista 592 593 679 sobre estrutura social 277 comunas 486 788 comunicação 1124 214 e ação 3 4 1134 2434 278 693 e o corpo 747 e processos evolucionários 610 global 340 e hermenêutica 3534 nãoverbal 3913 políticasocial 113 ver também discurso interação interacionismo simbólico comunicação de massa comunicação de massa 1145 252 e cultura 1678 169 ver também cinema comunidade 1157 300 369 estudos empíricos sobre 115 116 estudos teóricos sobre 1157 ver também associação grupo sociedade comunismo 1179 358 e anarquia 13 14 17 e capitalismo 57 117 118 64950 colapso do 35961 e colonialismo 102 103 conselho 129 419 649 688 e igualdade 373 e práxis 6002 primitivo 117 e revolução 118 443 6712 e socialismo 1178 443 comunitarismo 39 162 278 406 Condorcet MJANC 362 722 confiança e cooperação 14 15 11920 ver também consenso conflito 1203 canalização de 123 e competição 121 e interesses 395 entre gerações 487 fatores objetivossubjetivos e 122 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 938 Índice de nomes e assuntos e mérito pessoal 123 realistanãorealista 122 e estrutura social 121 122 277 571 722 teoria do 122 123 ver também agressão violência conflito de 92 957 243 383 4424 445 47980 578 774 confucionismo 47 1235 444 conhecimento e senso comum 285 286 28990 644 na sociedade pósindustrial 7256 conhecimento sociologia do 128 601 607 640 739 7447 805 conhecimento teoria do 1259 238 322 455 456 analíticoempírico 1257 745 765 e indução 1258 439 648 e lógica 438 e positivismo lógico 8002 marxista 1289 448 601 e ontologia 535 316 e pragmatismo 598 realistaidealista 1267 reflexionista 453 científico 1268 7434 Connolly WE 396 conselho de trabalhadores 12931 1834 218 687 e conselho democrático de 130 conselhos democráticos ver conselho de trabalhadores consenso 1312 277 e mudança 131 132 e conflito 120 121 131 no confucionismo 125 e democracia 47 170 e hermenêutica 3534 e totalitarismo 7712 ver também dissenso conseqüencialismo 2789 7856 conservadorismo 1324 ver também capitalismo historicismo consumo sociedade de ver sociedade de consumo contextualismo 367 517 ver também historicismo contrarevolução ver revolução contracultura 1347 164 167 168 370 526 788 e cristianismo 134 135 e Nova Esquerda estudantil 135 137 499 ver também movimento estudantil cultura da juventude contradição ver dialética contrato social 1378 e autoridade do direito 38 39 no liberalismo 382 421 422 640 768 concepções modernas de 1378 controle social 1389 582 771 799 convenção social 525 convencionalismo 125 126 201 238 314 317 7656 770 801 convergência teoria da 653 conversacional análise 13940 ver também interação socialização cooperação 146 11920 483 ver também consenso Cornforth M 118 455 corporativismo 1403 591 713 e capitalismo 58 324 4089 68890 e pluralismo 140 143 no estadosociedade 1402 cotidiano 144 533 567 604 626 745 e decadência 1746 ver também sociologia do corpo Cournot AA 247 crédito uniões de 4857 crença e ação 3 e cultura 1646 e conhecimento 126 e racionalismo 465 657 crescimento econômico 1449 365 473 capitalista 589 1447 custos do 11 149 497 como expansão da produção 188 e política nacional 227 socialista 1468 700 e desenvolvimento do Terceiro Mundo 1479 197 198 477 770 criatividade 27 2656 398 533 598 crime e transgressão 14953 e vício 799 e anomia 20 definição de crime 14950 definição de transgressão 1512 215 675 significados 150 e poder 150 papel do estado 149 150 ver também controle social rotulação lei polícia punição criminologia 1536 e explicação 154 e história natural 1534 e reforma penal 156 631 e penalística 154 517 positivista 149 154 e prevenção 155 632 radical 150 151 e reparação 156 pesquisa sobre vítimas 156 vitimologia 155 crise 15660 no cristianismo 156 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 939 como julgamento 1578 em Marx 157 158 159 459 conceito de filosofia da história 1578 como produtivadestrutiva 146 1589 conceito de ciência social 1578 e terrorismo 5856 cristã teoria social 1603 e tradições católicas 141 1602 desenvolvimento inicial 1601 tradições modernas 1613 tradições reformadas 1612 cristianismo 659 como contracultura 1345 e cultura 1656 e ecumenismo 7602 e messianismo 4623 e modernidade 473 ver também fundamentalismo religião crítica teoria ver Escola de Frankfurt Croce Benedetto 205 446 450 cultura 1636 alternativa 300 e anomia 20 21 abordagens da 1635 e arte 1656 e civilização 89 e classe 934 168 233 2823 e geografia cultural 337 e gênero 334 e globalização 3401 e idéias 165 massa ver cultura de massa e música 505 e pluralismo 341 política 80 81 1701 413 relativismo da 25 164 440 657 e religião 659 e ação social 1634 e significado social 163 sociologia da 342 742 subcultura 167 3023 variações de 24 25 26 da juventude ver cultura da juventude ver também contracultura tradição e tradicionalismo cultura de massa 16870 325 341 370 451 4756 606 e vanguarda 474 794 e Nova Esquerda 530 e pósmodernismo 4767 ver também cinema cultural 935 e desenvolvimento 199200 econômica 925 e exploração 92 117 2956 373 abordagens integrativasanalíticas 94 e interesses 3957 como detentora do conhecimento 94 7256 em Marx 49 57 92 2723 364 365 371 372 445 479 e nacionalismo 509 paradigma de 946 política de 935 e comportamento político 957 371 e doença psiquiátrica 62930 e revolução 66 de serviço 37 38 989 subclasse 218 639 ver também aburguesamento elites burguesia intelectuais revolução gerencial classe média mobilidade social nomenklatura estratificação social classe operária Cunningham WJ 361 364 Dahl RA sobre democracia 180 182 395 575 576 sobre poder 581 Dahrendorf R 93 272 277 dança 1723 ver também sociologia da arte teatro Darwin Charles 10 23 25 174 225 291 473 519 716 darwinismo ver evolução seleção natural neodarwinismo darwinismo social darwinismo social 23 174 226 290 291 412 542 e conflito 121 e fascismo 513 e seleção natural 174 682 Davidson D 3 4 314 Davis K e Moore WE 271 Davy Georges 249 251 De Man Henri 323 Debreu Gerard 77 540 790 decadência 741 1746 300 450 decisão teoria da 1768 262 293 440 ver também jogos teoria dos utilidade teoria da dedutivismo 3178 319 definição 1789 433 770 Della Volpe G 129 207 316 319 453 Demeny P 186 democracia 17982 313 conselho de 12930 e ditadura 217 direta 17980 183 498 559 683 econômica 38 179 182 e elites 182 e igualdade 179 liberal 17982 e governo da maioria 179 575 partido únicodo povo 1434 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 940 Índice de nomes e assuntos participativa 33 35 136 182 236 419 5301 573 767 720 pluralista 1812 575 787 teoria radical 181 representativa 136 17980 235 577 ver também consenso participação política socialdemocracia conselho de trabalhadores democracia industrial 34 35 1825 532 697 codeterminação 1835 convênio coletivo 183 323 68890 corporativo socialismo 34 184 577 560 gerenciamento participativo na 183 delegados sindicais na 183 participação acionária do trabalhador na 183 controle dos trabalhadores 184 ver também autogestão conselho de trabalhadores demografia1857 366 e arqueologia 29 análise de grupos na 185 formal 185 matemática 186 social 1856 teoria da transição 1867 ver também população dependência teoria da 1045 1879 198 503 depressão clínica 18990 630 ver também psiquiatria e doença mental dependência ver vício depressão econômica 1901 412 459 ver também ciclo econômico ciclos de longo prazo depressão psicológica ver depressão clínica Derrida Jacques 809 sobre desconstrução 1914 316 335 353 416 como pósestruturalista 129 316 435 452 desconstrução 1914 434 435 306 335 e o direito 415 desemprego 4101 1947 efeitos do 1945 oculto 194 196 e mercado de trabalho interno 461 e lazer 522 533 534 taxa natural de 196 293 4101 permanente 1967 voluntárioinvoluntário 40910 528 529 ver também trabalho desenvolvimento e subdesenvolvimento 54 789 197201 379 542 e civilização 8890 e teorias nucleares e periféricas 30 187 198 e internacionalismo 397 e teoria da modernização 30 198 1867 4778 nação classe e sociedade civil em 187 199 200 fatores sociais e globais do 197 199 340 estados planos e mercados em 1479 199200 desigualdade ver igualdade e desigualdade desindustrialização 196 201 383 despotismo oriental 68 90 2013 2589 541 Dessoir Max 266 269 Destutt de Tracy ALC 371 determinismo 2034 398 biológico 10 226 2334 283 290 308 638 ver também darwinismo social e causalidade 667 204 econômico 95 442 446 449 451 479 649 geográficoambiental 337 364 520 e regularidade 203 social 31 32 233 653 764 735 tecnológico 219 220 386 480 504 e ubiqüidade 204 Deutsch Karl 101 347 656 657 562 Dewey John 248 809 sobre educação 235 e interacionismo 674 sobre pragmatismo 10 129 248 313 316 599 600 682 796 e sociedade 714 dialética 193 2047 em Engels 2056 em Hegel 2045 206 316 754 em Marx 205 206 207 dialético materialismo ver materialismo dialético Dickinson G Lowes 44 Diderot Denis 89 741 diferenciação social 2079 219 235 693 ver também elites teoria das etnicidade raça estratificação social Dilthey Wilhelm 144 797 8056 810 e hermenêutica 351 515 692 e Methodenstreit 464 e Verstehen 797 dinheiro 20911 e irracionalidade 2101 como meio de troca 20910 como medida e reserva de valor 20910 211 7901 como pagamento 210 teoria da quantidade 210 245 4823 Direita Nova ver Nova Direita direito consuetudinário tradição do 4147 razão comum efeito da 177 direitos 2114 e autoridade do estado 39 e cidadania 73 e relativismo cultural 24 econômicos 607 e crescimento econômico 148 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 941 e ética 278 naturais 15 137 2114 e propriedade 618 sociais 261 588 701 ver também liberdade justiça direitos humanos ver direitos discurso 2145 434 536 e cultura 165 334 dissenso 85 106 2156 650 ver também consenso dissonância teoria da 67 trabalho divisão do ver divisão do trabalho ditadura 2168 constitucional 2178 e democracia 2178 eletiva 2178 no nacionalsocialismo 367 512 populista 68 217 511 romana 2167 tipo soviético 2178 709 e guerra 346 ver também bonapartismo cesarismo proletariado divisão do trabalho 21821 230 774 e alienação 9 2189 e anomia 20 e civilização 901 em Durkheim 219 220 na sociologia funcionalista 220 intelectual 389 249 e divisão internacional do 146 195 198 219 2213 no marxismo 9 2189 708 e profissões liberais 6124 sexual 62 2189 220 221 297 3323 476 773 social 1823 204 207 219 247 541 702 divórcio 2234 333 ver também casamento Djilas Milovan 523 670 Dobb Maurice 79 231 708 doença mental ver psiquiatria e doença mental doença 45658 677 678 Dohm Christian Wilhelm 22 Domar Evsey 147 148 410 dominação ver autoridade Douglas J 752 Douglas Mary 677 Doyle MW 347 Drever J 393 Droysen Johann Gustav 797 dualismo e teoria da modernização 1878 197 198 238 Dubos René 290 Duhem Pierre 314 315 317 472 Dumas Georges 252 Dunlop John T 653 Dupuit L 247 Durkheim Émile 139 144 428 810 sobre anomia 201 302 524 525 722 sobre conflito 1201 sobre consenso 277 sobre definição 1789 sobre divisão do trabalho 8 20 208 209 219 540 778 e funcionalismo 326 612 sobre individualismo 208 382 influência de 24952 363 e Kant 520 5212 e conhecimento 745 sobre marxismo 446 sobre sociedade de massa 721 sobre metodologia 465 sobre modernidade 473 sobre moralidade 483 sobre naturalismo 319 516 sobre normas 166 5245 como positivista 593 790 sobre profissões 612 sobre punição 633 sobre religião 166 250 553 e troca social 779 e sociologia 733 734 735 737 sobre suicídio 2501 524 593 629 722 751 752 sobre valores 7912 Dworkin Ronald 323 563 Eco Umberto 266 683 747 ecologia 11 29 148 2257 304 526 678 788 e sociobiologia 72830 ver também ambientalismo econometria 78 2278 529 538 293 economia alternativa 58 59 processos evolucionários na 60910 682 702 internacional 197 198200 2212 325 340 3789 712 socialização da 312 578 445 618 7123 ver também ciclo econômico depressão econômica planejamento econômico nacional sistemamundo economia neoclássica 106 199200 204 22830 240 278 proposições básicas 229 e consumo 71920 crítica 77 e exploração 295 e crescimento 187 e keynesianismo 77 209 40811 459 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 942 Índice de nomes e assuntos e sistema de mercado 228 459 e preferências 342 e papel do dinheiro 20911 e teoria do valor 757 228 e estado de bemestar 42 43 635 ver também Escola Austríaca de Economia escola econômica marginalista expectativas racionais hipótese das economia política 75 23032 338 364 4634 718 737 radical 2302 educação e teoria social 2335 no confucionismo 1056 e cultura 16870 507 710 teorias desmistificadoras 2334 teorias deterministas 233 teorias voluntaristas 234 Eichenbaum Boris 325 Einstein Albert 465 667 810 Eliade Mircea 470 Elias Norbert 92 117 310 343 810 Eliot TS 169 794 elites e classe 93 235 4434 e colonialismo 105 489 e fascismo 3001 e cultura de massa e sociedade 169 4757 720 socialista 1901 418 705 elites teoria das 121 182 2357 3445 559 734 748 7789 ver também aristocracia vanguarda diferenciação social oligarquia Elton W 267 emancipação 237 242 305 353 448 em Habermas 237 321 353 das mulheres 237 493 ver também liberdade emigração ver migração emotivismo 505 empirismo 2379 249 3134 316 337 e causalidade 667 e conhecimento 1257 237 743 8002 e linguagem 3213 e direito 415 lógico ver Viena círculo de e ciência 237 317 318 640 e estudos de suicídio 711 7513 enfermidade 6778 mental ver psiquiatria e doença mental Engels Friedrich 810 sobre base e superestrutura 402 sobre bonapartismo 456 sobre burguesia 49 sobre burocracia 51 sobre comunismo 1178 sobre dialética 205 206 207 e marxismo 312 445 e materialismo 319 453 454 479 e autogestão 35 sobre estrutura social 174 202 e economia socialista 706 e sociologia da arte 742 como utopista 788 sobre classe operária 1 epistemologia ver conhecimento teoria do Erikson Erik 152 369 427 566 Escola Austríaca de Economia 58 59 2412 278 45960 702 e libertarianismo 425 e o papel do dinheiro 209 teoria do valor 241 Escola de Frankfurt 89 179 2425 318 536 765 e arte 740 sobre capitalismo 228 498 e emancipação 237 e epistemologia 128 e história 242 243 316 influência da 447 530 e legitimidade 413 e literatura 434 e cultura de massa 169 170 530 e teoria política 765 e póspositivismo 767 e práxis 602 sobre racionalidade 642 e revolução 2323 sobre cientificismo 668 e psicologia social 628 e valores 778 e sociologia verstehende 797 e marxismo ocidental 31 242 447 44952 530 736 sobre classe operária 448 escola econômica de Chicago 2456 425 escola sociológica de Chicago 226 2489 467 500 532 733 734 e urbanização 782 ver também interacionismo simbólico escola sociológica de Durkheim 24952 515 7345 escolha econômica 229 pública 2523 254 767 social 42 43 79 252 2535 2556 escolha racional teoria da 15 82 178 252 2534 256 422 640 641 760 780 ver também jogos teoria dos racionalidade e razão escrita e fala 1923 esfera pública 257 494 678 788 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 943 estado 25760 e capitalismo 258 25960 e igreja 678 e sociedade civil 259 260 425 481 5767 7145 718 corporativismo 1404 e definição de crime 149 150 dual 142 e economia 32 58 59 78 219 2456 40811 4123 45960 522 652 7024 em teoria do gênero 335 hegemonia 350 concepção liberal de 15 2578 4203 e libertarianismo 527 e mercados 25960 461 no marxismo 46 512 mínimo 412 425 natureza do 2578 e pluralismo 5767 e política 260 poder do 257 259 rejeição do ver anarquismo papel no desenvolvimento 199200 e ciência 6667 sobrevivência do 656 74950 ver também nação polícia política social sociedade estado de bemestar estado de bemestar 100 2602 409 410 447 519 650 652 701 e cidadania 73 e emprego 1936 história do 261 323 587 e senectude 59 684 oposição ao 262 483 e planejamento 573 EUA 5223 estatística 2624 social 262 2645 584 635 técnicas de 123 2624 265 estereótipo ver rotulação estética 2659 325 e antropologia 223 e grupo de Bloomsbury 445 e o corpo 2658 crítica 2679 feminista 442 metodologia 2668 como filosofia da arte 265 269 e realismo 434 474 e ciência da arte 2667 e gosto 265 3424 transcendental 475 tipos de 260 ver também sociologia da arte modernismo pósmodernismo valores estratégicos estudos 26970 estratificação social 63 375 2703 e civilização 89 e classe 92 95 723 731 formas de 2701 no marxismo 272 fontes de 2712 em Weber 273 ver também diferenciação social etnicidade gênero raça estrutura social 2768 538 736 e mudança 277 e interesses 396 como linguagem 428 no naturalismo 1279 e problema social 6078 e psicologia social 626 estruturação 92 95 1289 2735 320 e conflito 1212 2778 502 ver também práxis estruturalismo 239 2756 317 335 353 e diferença 193 e parentesco 556 e linguagem 389 4302 e literatura 434 435 e marxismo 2756 4478 451 480 530 7356 e mito 46970 e naturalismo 515 e fenomenologia 309 e teoria política 7645 ver também lingüística pósestruturalismo sociologia estudantil movimento ver movimento estudantil ética 27880 e bem comum 73 deontológica 2789 discursiva 279 353 599 ambiental 280 feminina 279 280 individualista 382 marxista 280 6002 e metaética 314 e naturalismo 313 514 516 particularista 27980 e práxis 5089 e realismo 239 e relativismo 483 657 baseada nos direitos 279 e utilitarismo 278 279 280 484 virtudes éticas 280 ver também moralidade valores etnicidade 2824 603 e cultura 24 25 283 467 509 e grupos de status 283 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 944 Índice de nomes e assuntos teorias primordiais 284 teorias situacionais 284 ver também etnocentrismo raça racismo etnocentrismo 198 305 6024 643 etnografia ver antropologia social etnometodologia 239 2846 308 429 458 797 e análise conversacional 140 214 ver também observação participante etologia 5 24 2869 517 682 eugenia ciência da 10 26 185 262 28991 623 e inteligência 3878 ver também genocídio darwinismo social Euler Leonard 186 EvansPritchard EE 24 evolução 10 2901 e antropologia 22 26 469 e comportamento 2868 e desenvolvimento 290 291 e economia ver economia processos evolucionários na economia e préhistória 27 28 29 e progresso 23 24 25 250 251 290 291 611 614 694 social ver processos evolucionários na sociedade ver também seleção natural neodarwinismo sociobiologia existencialismo 128 2913 315 382 518 527 e alienação 7 8 9 292 e hermenêutica 351 354 e individualismo 382 e fenomenologia 128 291 352 30710 radical 316 e teologia 761 expectativas racionais hipótese das 70 227 2934 410 522 explicação 2945 319 4656 472 e causalidade 66 126 295 319 736 e marxismo 41 157 individualismo metodológico 277 e teoria de sistemas 692 e teleologia 760 e Verstehen 7978 exploração 210 2956 e classe 92 117 295 296 358 374 383 479 774 773 e raça 639 644 de mulheres 296 7756 Eysenck Hans 388 566 567 568 fabianismo ver socialismo fabiano fala e escrita 1923 família 297300 mudanças em 2979 590 no confucionismo 124 125 e pesquisa demográfica 187 e divórcio 224 e estruturas de gênero 333 334 495 e socialização 7101 ver também divórcio grupo parentesco Fanon Franz 305 444 770 8101 fascismo 32 3002 2423 469 643 503 772 e ditadura 217 e sociedade de massa 720 e regimes populares nacionais 511 e neofascismo 3012 e radicalismo 646 ver também bonapartismo Fauconnet Paul 249 251 favelas 3023 ver também urbanismo Fayol Henri 111 Febvre Lucien 17 18 252 363 Fechner Gustav Theodor 266 federalismo 16 3034 ver também regionalismo Fein H 335 336 feminismo 3047 e antropologia 22 23 e conflito 123 e desenvolvimento 200 e divisão do trabalho 220 e ecologia 226 304 igualdade e diferença 305 306 e família 298 299 e teoria do gênero 332 história do 4934 e lesbianismo 3046 e literatura 436 437 e casamento 62 63 e Nova Esquerda 530 e teoria política 768 e positivismo 595 e pósfeminismo 307 e esfera pública 257 e racismo 3057 radical 3324 e separatismo 3057 e socialismo 306 333 e utopismo 788 ver também movimento de mulheres fenomenalismo crítico 6478 ontológico 5923 595 fenomenologia 128 144 30710 458 652 674 752 crítica 316 e transgressão 1512 abordagem eidética 308 e existencialismo 128 291 307 309 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 945 e hermenêutica 351 como individualista 309 e lógica 126 315 e categorias transcendentais 3089 Ferguson Adam 89 219 718 feudalismo 202 271 3102 460 461 479 ver também campesinato estado Feuerbach Ludwig 8 Feyerabend P 127 238 315 318 452 595 648 Figgis John Neville 577 714 filosofia 3127 da história ver historicismo história teleologia da ciência 1267 314 3179 438 472 5923 6479 801 ciência como 205 295 da ciência social 1267 295 319 518 filosofia da linguagem 3213 647 e empirismo 126 237 238 317 438 e falácia lingüística 536 e análise da linguagem comum 315 argumentos baseados em casos paradigmáticos 446 Firestone Shulamit 305 562 Fischer Karl 281 Fisher Ronald 263 fisicalismo 647 801 Flaubert Gustave 475 476 542 Flechtheim Ossip 330 Ford Henry 323 fordismo e pósfordismo 146 183 219 3234 477 65152 774 formalismo 44 3246 4323 474 506 lógico 318 437 Forster EM 44 45 Foucault Michel 338 741 811 e desconstrução 191 335 e discurso 215 334 694 e doença 677 sobre a natureza humana 518 e materialismo 456 e normalização 416 como pósestruturalista 86 129 316 435 452 sobre poder 580 sobre punição 633 792 Fourier Charles 34 117 486 Fox R 6 Francastel Pierre 266 739 740 e hermenêutica 353 Frank André Gunder 30 188 198 199 Freeman C 73 Frege Gottlob 314 391 432 e lógica 4389 Freidson E 152 613 Freire Paulo 757 763 Freud Sigmund 61921 811 sobre civilização 89 163 e feminismo 334 sobre a natureza humana 5 372 427 518 sobre moralidade 483 sobre personalidade 5667 sobre suicídio 752 e teoria da identificação 369 sobre o inconsciente 4 5 3801 Friedman David 425 Friedman Milton e ciclo econômico 70 191 e escola econômica de Chicago 196 246 411 412 482 como neoliberal 526 613 Frisch Ragner 227 Fromm Erich 242 243 519 811 Fry Roger 44 função empresarial 50 51 59 23941 539 7023 712 e industrialização 383 477 em economia neoclássica 57 58 59 72 240 673 ver também Escola Austríaca de Economia cálculo socialista competição funcionalismo 292 3268 473 474 682 e antropologia 24 28 3089 401 e conservadorismo 326 e marxismo 210 e naturalismo 514 e paz 562 requisitos prévios do 3278 e movimentos sociais 498 5001 e sociologia 220 734 estrutural 7346 7912 e teoria de sistemas 6924 788 e valores 791 ver também estruturalismo teleologia fundamentalismo 32830 797 cristão 3289 islâmico 305 329 399402 511 ver também revivalismo Furnivall John Sydenham 574 639 Furtado Celso 187 futurologia 3301 604 788 ver também prognóstico Gadamer HansGeorg 811 sobre desconstrução 191 353 sobre hermenêutica 113 238 316 320 3513 sobre positivismo 515 595 Gallbraith JK 52 232 670 716 717 Gallie Duncan 179 Galton Francis 10 263 289 387 623 Gandhi Mohandas Karamchand Mahatma 811 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 946 Índice de nomes e assuntos sobre casta 64 65 355 e nacionalismo 489 490 491 492 e pacifismo 17 544 564 Gans HJ 571 573 783 Garfinkel Harold 274 285 321 e etnometodologia 239 2846 e rotulação 676 Gates Henry 437 Geertz Clifford 164 284 517 683 Geiger Theodor 1 GemeinschaftGesellschaft distinção entre 116 3445 537 680 714 778 819 gênero 3325 e divórcio 2234 e educação 2334 e feminismo 305 306 3324 496 e marxismo 775 776 e diferenciação social 2079 estruturas e 207 3334 teorias de 3323 ver também divisão do trabalho patriarcado sexo genética 289 genocídio 10 3357 ver também eugenia geografia humana 3379 cultural 337 industrial 338 nova geografia 30 338 George V e Wilding P 587 588 Gergen Kenneth 627 Gerschenkron A 199 365 gestalt psicologia da 33940 266 623 624 ver também comportamentalismo gesto ver papel social Gewirth A 213 Ghose Sri Aurobindo 355 Gibb Cecil 426 427 Gibbon Edward 542 Gibson JJ 647 Giddens A 96 338 604 798 sobre classe 93 98 471 e dupla hermenêutica 308 sobre globalização 3401 e socialização 515 712 e estruturação 128 2734 320 Gierke Otto 382 577 Gilligan C 279 280 Gitlin Todd 137 Glass DV 470 471 globalização 115 222 3401 473 793 Glyptis S 534 Gödel Kurt 391 438 Godelier Maurice 207 275 276 Godwin William 14 15 Goffman Erving 239 274 321 370 676 sobre molduras 552 e interação 140 370 532 552 676 sobre teatro 758 Goldmann Lucien 165 736 740 805 Goldstone Jack 665 471 Goldthorpe J 1 93 96 98 471 472 golpe de estado 45 67 3412 ver também revolução Goodman N 128 315 Gorbachev Mikhail 217 487 703 724 750 Gorz A 196 197 226 gosto 3424 3723 719 ver também sociologia da arte Gouldner Alvin 94 780 governo e ciência política 484 ver também estado Gramsci Antonio 8112 sobre arte 741 sobre sociedade civil 447 718 sobre cultura 164 171 dialética de 206 368 sobre educação 235 e fordismo 323 324 sobre hegemonia 350 428 718 sobre conhecimento 129 453 e marxismo 447 449 450 451 530 sobre orientalismo 542 sobre teoria política 765 sobre republicanismo 661 sobre práxis revolucionária 601 sobre história social 367 sobre sindicatos 688 689 sobre verdade 796 sobre conselhos de trabalhadores 130 Grant Duncan 44 Green TH 212 312 Greer Germaine 305 Grice Paul 433 grupo 3445 525 625 e identidade 370 liderança de 427 626 primáriosecundário 433 quasegrupo 434 grupos de status 94 95 283 284 ver também associação comunidade interesse grupo de liderança psicologia social Gubrum Jaber F e Holstein James A 299 guerra 120 269 3459 de guerrilha ver guerrilha e industrialismo 724 e relações internacionais 6545 justa 546 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 947 e liderança 346 e democracia liberal 346 ver também coerção pacifismo estratégicos estudos guerrilha 55 275 348 349 441 4912 ver também guerra Gurvitch Georges 274 345 Gutierrez G 764 Guyau JeanMarie 20 266 Haberler Gottfried 69 70 Habermas Jürgen 812 sobre comunicação 113 114 244 279 353 452 599 sobre consenso 792 sobre crise 158 159 413 sobre desconstrução 191 193 hermenêutica profunda 353 sobre emancipação 237 321 353 sobre ética 279 599 sobre interesses 396 sobre legitimação 39 413 e Nova Esquerda 316 530 sobre ontologia 536 sobre positivismo 238 515 595 766 e pósmodernismo 129 sobre vida pública 257 sobre racionalidade 642 734 793 sobre teoria de sistemas 694 e marxismo ocidental 449 452 e visões do mundo 805 Hagopian MN 341 Halbwachs Maurice 249 251 735 Halliday MAK 683 732 Halsey AH 234 471 Hamilton WD 728 729 Hampshire S 127 204 267 Hanson NR 127 238 315 318 Harbinson Frederick 653 Harding Sandra 595 Hare RM 391 484 786 787 796 Harré Rom 127 238 315 318 321 sobre realismo 238 Harrington James 542 Harrod Roy 147 148 410 Hart Basil Liddell 269 Hart H LA 212 213 415 526 597 Hartmann Heinz 562 566 Harvey David 338 Hayek Friedrich August von 812 sobre autoridade 39 sobre economia 70 241 412 422 447 460 682 sobre liberdade 382 424 como neoliberal 526 767 sobre propriedade privada 50 e darwinismo social 174 sobre cálculo socialista 702 706 708 sobre estado 15 426 Heckel Ernst 225 hedonismo 278 Hegel GWF sobre ação 3 4 sobre estética 260 sobre alienação 8 sobre autoridade 39 sobre sociedade civil 49 519 718 sobre dialética 2045 206 207 316 450 455 754 sobre direito e crise 158 159 sobre modernidade 473 478 sobre necessidades 5189 sobre verdade 795 796 ver também idealismo hegemonia 350 575 como dominação 350 379 em Gramsci 350 428 718 e imperialismo 350 Heidegger Martin 812 como existencialista 291 292 293 316 e hermenêutica 351 352 influência de 191 450 567 ontologia em 129 312 352 536 sobre mudança tecnológica 505 723 Heider Fritz 626 Hempel CG 128 294 315 317 318 594 sobre causalidade 4 127 hermenêutica 237 238 244 3504 760 805 como crítica 353 354 640 como desconstrução 193 e círculo hermenêutico 3513 692 e tipos ideais 7701 e literatura 433 e metodologia 3512 320 e naturalismo 127 31920 5146 594 filosofia 3512 e Verstehen 797 Hermeren Göran 268 Heródoto 541 Herz JH 656 Herzlich Claudine 678 Hesse MB 238 318 472 648 Hewins WAS 364 Hicks John 42 77 78 410 539 790 hierarquia e feudalismo 3102 e militares 468 no local de trabalho 775 Hilbert David 438 Hilferding Rudolf 812 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 948 Índice de nomes e assuntos e austromarxismo 31 32 sobre ciclo econômico 58 459 sobre imperialismo 102 377 378 379 sobre capitalismo monopolista 60 e socialização da economia 712 713 Hill Christopher 134 hinduísmo e teoria social hindu 3546 544 659 761 e budismo 47 354 e casta 635 207 355 e darma 354 história 35661 impacto sobre o comunismo marxista 3589 teoria marxista da 32 57 2423 244 338 366 368 371 445 448 479 480 e modernismo 4746 social 3567 3667 506 736 fontes 356 357 358 ver também Annales arqueologia e préhistória idiográfico método progresso história econômica 3616 367 tradição britânica 364 tradição francesa 363 tradição alemã 362 evolução da 3656 tradição marxista 364 origens da 3612 historicismo 69 128 133 317 363 3678 372 514 716 805 crítica 31920 2756 Hitler Adolf e nacionalsocialismo 512 513 514 Hobbes Thomas sobre a natureza humana 5 15 sobre lei 596 e liberalismo 422 sobre progresso 614 teoria social 162 137 542 sobre estado 15 303 304 481 Hobhouse LT 503 618 733 767 Hobson JA 70 102 377 379 503 Holyoake GJ 678 679 Homans GC 779 Horkheimer Max sobre civilização 89 e Escola de Frankfurt 242 243 244 316 448 sobre cultura de massa 114 115 170 530 sobre racionalização 642 e marxismo ocidental 448 451 Hubert Henri 251 Hull Clark L 109 110 111 Hume David sobre crença 163 sobre causalidade 66 126 203 535 sobre identidade 369 sobre oferta de dinheiro 482 e naturalismo 514 ontologia 535 Hunnicutt BJ 533 Husserl Edmund 158 812 817 e lógica 126 316 e fenomenologia 126 129 292 316 352 Hutcheon Linda 476 Huxley Julian 26 584 Hyner e Roosevelt 231 Hyppolite Jean 205 316 IA ver inteligência artificial Ibn Khaldun 91 276 277 idade ver senectude idealismo 3123 315 6478 crítica do 44 45 e cultura 163 164 1656 em Hegel 204 205 206 312 4534 e conhecimento 125 453 superidealismo 127 238 318 identidade 36971 606 6745 e o corpo 7478 e comunidade 116 36970 crise de 157 158 159 369 e nação 5078 6501 política 370 437 e religião 661 sexual 306 334 438 685 712 teoria da identidade social 392 e valores 164 ver também rotulação ideologia 3712 805 e cinema 88 e cultura 115 164 165 435 em Marx 92 455 462 e mito 469 ver também marxismo idiográfico método 17 19 367 372 515 567 691 7389 Ignatieff Michael 519 igualdade e desigualdade 3725 e classe 93 94 95 96 complexa 375 e democracia 179 e feminismo 305 e gênero 3324 global 2212 em saúde 678 de oportunidade 233 2345 3723 471 768 de resultado 3724 papel do estado na 245 372 e estratificação social 2703 de bemestar 3734 ver também privação relativa liberdade pobreza Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 949 Illich Ivan 234 Iluminismo 10 353 3757 477 e vanguarda 794 e conservadorismo 132 133 e historiografia 361 362 e progresso 516 imigração e trabalhadores imigrantes ver migração imperialismo 37780 400 656 e capitalismo 58 145 187 188 199 222 340 3779 e socialismo 377 ver também colonialismo divisão do trabalho divisão internacional do trabalho incerteza e teoria da decisão 176 178 2556 2624 294 inconsciente 45 334 3801 518 566 61920 623 individualismo 45 324 3813 e anarquia 14 15 16 382 no antigo Egito 90 91 e atomismo 3813 no pensamento social cristão 1601 e ação coletiva 2 e conservadorismo 1334 e cooperação 485 e divisão do trabalho 2078 epistemológico 126 382 ético 382 no feudalismo 3102 e identidade 36970 e industrialização 3835 instrumentalexpressivo 159 e laissezfaire 412 e liberalismo 381 421 423 579 e teologia da libertação 763 metodológico 229 241 254 382 516 715 político 241 382 453 e propriedade 618 e troca social 779 ver também libertarianismo indivíduo socialização do ver socialização e sociedade ver sociedade industriais relações ver relações industriais industrial democracia ver democracia industrial industrial organização ver organização industrial industrialização 3835 e colonialismo 1023 desindustrialização 201 383 e divisão do trabalho 20 220 384 e relações industriais 6534 e sociedade de massa 720 e modernização 478 e nacionalismo 510 e progresso 1878 e política social 604 soviética 1478 447 700 708 749 ver também automação informação teoria e tecnologia da urbanismo informação teoria e tecnologia da 71 3856 561 e mudança 58 723 324 477 7257 788 ver também inteligência artificial Inglehart RF 792 Innis Harold 115 instituição penal ver punição integração teorias de 122 intelectuais 3867 e vanguarda 794 e classe 93 94 e colonialismo 489 491 e cultura 168 papel na revolução 418 442 443 444 ver também Bloomsbury grupo de Iluminismo inteligência teste de 3878 528 ver também ciências cognitivas inteligência artificial 286 38891 625 726 e lógica 3901 437 439 redes nervosas 389 estudos de reconhecimento de padrão 389 busca da heurística 390 ver também ciências cognitivas intenção e ação 2 3 4 275 e comportamento 110 149 291 e discurso 214 em fenomenologia 308 e planejamento 572 e violência 8034 interação 286 3913 análise 140 392 e discurso 214 interacionismo 393 6746 e liderança 427 social 3912 429 445 estatística 393 tecnológica 5045 ver também conversacional análise interacionismo simbólico 152 392 3934 5001 600 674 e transgressão 152 e teoria da identidade 369 interesse grupo de 395 e elites 236 e hegemonia 350 e pluralismo 141 143 181 396 e partidos políticos 395 ver também corporativismo movimento social interesses 2523 3957 656 795 internacionais relações ver relações internacionais internacionalismo 340 3978 654 699 709 780 institucional 398 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 950 Índice de nomes e assuntos e oposição ao nacionalismo 3978 no Terceiro Mundo 76970 e transnacionalismo 377 378 379 397 interpretação ver hermenêutica intuicionismo 484 invenção 3989 715 involucrismo 748 islamismo 223 399402 548 65960 663 724 760 e fundamentalismo 306 3289 4001 511 e messianismo 463 xiismo 400 4012 463 sufismo 399400 sunismo 399 Jakobson Roman 325 428 430 476 James William 109 566 647 674 8123 como pragmatista 312 369 598 599 600 Janowitz M 385 Jaspers Karl 291 292 805 813 Jaurès Jean 250 564 697 Jefferson Thomas 182 Jellinek Georg 770 Jensen Arthur 388 624 Jevons Stanley 76 228 247 jogos teoria dos 823 4034 422 e teoria cooperativa 120 403 609 e teoria da decisão 176 177 293 e ciência econômica 80 e organização industrial 2812 e teoria nãocooperativa 176 177 403 e normas 5256 e sociobiologia 728 e guerra e coerção 100 101 705 ver também decisão teoria da escolha racional teoria da Jones Gareth Stedman 139 Jouvenel Bertrand de 38 judaísmo 4046 659 760 e messianismo 4623 ver também antisemitismo Jung Carl Gustav 380 566 621 813 justiça 137 4067 413 597 e igualdade 374 e ética 27880 na teologia da libertação 762 764 e teoria da troca social 77880 Kalecki M 409 598 Kant Immanuel sobre estética 266 342 343 7403 sobre sociedade civil 717 Crítica da razão pura 351 sobre ética 27980 484 sobre história 157 sobre intenção 3 sobre conhecimento 520 521 745 ontologia 535 sobre paz 564 sobre razão 1267 sobre contrato social 137 Kautsky Karl 31 419 696 sobre imperialismo 3789 e revisionismo 649 662 699 e marxismo ocidental 446 447 449 Kedourie Elie 509 Kelsen Hans 32 596 Kennick WE 267 Kerr Clark 6534 723 Keynes John Maynard 72 199200 4089 410 411 813 e grupo de Bloomsbury 445 e ciclo econômico 69 70 71 sobre econometria 79 sobre ciência econômica 7580 231 482 528 sobre dinheiro 20910 e capitalismo do bemestar 58 keynesianismo 71 146 200 232 241 40811 em sentido amplo 408 e administração de demanda 45 58 70 71 779 1945 398 discussões sobre o 4101 impacto do 522 e sistema de mercado 40810 459 em sentido restrito 40910 e democracia social 696 e incerteza 598 teoria do desemprego 410 5289 1945 ver também póskeynesianismo estado de bemestar Khomeini aiatolá Ruholá Musavi 346 401 402 Kierkegaard Soren 292 316 King Gregory 361 Kirchheimer Otto 243 Klaus Georg 40 Klineberg O 602 Klingender Francis D 741 Knapp GF 210 Knies Karl 362 464 Knight Frank H 245 540 Koffka Kurt 339 Kohlberg Lawrence 280 Köhler Wolfgang 339 Kohn ML 95 Kojève A 205 316 Kolakowski Leszek 453 527 593 Kolping Adolf 183 Kondratiev ND 72 146 190 Kornhauser W 721 Korsch Karl 129 130 447 449 450 601 796 Koselleck R 157 158 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 951 Koyré A 318 595 648 Kramer SN 90 Kripke Saul 128 648 796 Kristeva Julia 436 813 Kroeber AL 10 337 557 Kropotkin Piotr Alekseevitch 16 813 Kuhn Thomas 238 813 sobre crise 158 159 e positivismo 595 sobre conhecimento científico 127 315 318 554 640 648 744 Kumar K 723 725 Küng Hans 761 Kuper Leo 336 574 Labov William 429 731 732 Lacan Jacques sobre desconstrução 191 como pósestruturalista 129 316 436 e psicanálise 88 Laing Ronald 567 630 laissezfaire 15 146 257 348 4123 460 529 crítica 3645 ver também competição economia neoclássica mercado Lakatos I 127 238 318 595 648 Landis Paul 138 Lange Oskar 447 702 706 707 708 709 710 Lapie Paul 249 251 Laski Harold 304 577 Lasswell Harold 427 468 Lazarsfeld P 13 465 594 Leavis FR 169 435 Lefèbvre François 316 Lefèbvre Henri e dialética 207 sobre urbanismo 92 legitimidade 4134 582 587 lei 4148 autoridade da 39 e cidadania 157 e civilização 90 e colonialismo 104 489 e crime 149 movimento de estudos críticos da 4157 e dissenso 215 informal 416 natural 134 1601 317 382 414 415 4212 596 positivo 414 4167 596 como profissão 613 pública 4167 teoria pura do 414 596 sociologia da 32 4156 ver também crime e transgressão normas positivismo Lemert E 139 152 153 674 Lemkin Raphael 335 Lenin VI 41820 814 sobre base e superestrutura 40 41 e capitalismo 5960 187 188 359 418 419 sobre colonialismo e imperialismo 102 103 187 378 sobre democracia 181 e teoria da dependência 187 188 e dialética 207 sobre materialismo dialético 312 453 4545 sobre exploração 117 118 e marxismo 446 sobre revolução 418 419 662 6712 70910 e socialismo 700 sobre estado 304 420 sobre sindicalismo 12930 418 687 6889 sobre tecnologia 5045 sobre classe operária 118 119 418 4467 leninismo 41820 e comunismo 117 118 e partido 418 420 6456 e proletariado 181 41820 e revolução 419 749 7801 e stalinismo 41820 Lenski G 94 Lerner Abba 702 706 LéviStrauss Claude 175 252 814 e teoria da troca 779 e parentesco 556 557 558 sobre moralidade 483 sobre mito 470 e semiótica 683 e estruturalismo 239 316 2756 736 Levine Lawrence W 343 LévyBruhl Lucien 252 440 466 745 Lewin Kurt 112 626 Lewis D 525 Lewis GC 424 Lewis O 302 Lewis W Arthur 79 148 liberalismo 4201 e capitalismo 421 centrista 7668 e conservadorismo 132 133 4201 crítica ao 422 423 e democracia 180 181 55960 econômico 3767 e gênero 333 334 história do 421 e individualismo 381 382 421 422 578 e esquerda 768 e libertarianismo 425 426 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 952 Índice de nomes e assuntos e vida política 422 e teoria política 766 desenvolvimento recente do 4234 estado e sociedade no 15 16 257 420 421 liberdade 4245 693 7668 concepção anarquista de 16 no existencialismo 2913 história do conceito 90 individualcoletiva 4245 negativapositiva 424 como direito 212 ver também liberalismo teologia da libertação sociedade aberta libertação teologia da 162 690 7601 7624 e paradigma do Êxodo 764 opressão e libertação 763 e teoria social radical 763 764 libertarianismo 15 16 412 4256 527 788 Lichtenstein H 369 liderança 812 112 4268 748 794 e autoridade 38 533 e carisma 602 302 4267 512 535 681 e psicologia social 607 e guerra 704 ver também elites teoria das Liebknecht Karl 564 696 Lincoln Abraham 179 linguagem 42830 e comportamentalismo 111 e ação comunicativa 244 e desconstrução 192 e empirismo 239 802 em Gadamer 352 e identidade 429 langue língua e parole fala 430 e positivismo lógico 8012 sociologia da 429 731 ver também discurso formalismo lingüística sociolingüística lingüística 4303 diacrônica 4301 e discurso 2145 e etnometodologia 286 e gramática gerativa 431 e aquisição de linguagem 4323 estruturalista 2389 275 4301 ver também linguagem sociolingüística estruturalismo Linklater A 397 Lipset Seymour Martin 646 List Friedrich 199 362 literatura 4337 engajada 435 e formalismo 3256 marginal 436 teorias marxistas na 4345 pósmoderna 4767 como prática social 434 e sociologia da arte 740 livrearbítrio ver determinismo Locke John sobre sociedade civil 717 718 sobre democracia 181 sobre empirismo 237 sobre identidade 369 e liberalismo 383 4212 425 527 sobre casamenoto 623 sobre direitos naturais 15 211 e semiótica 683 sobre teoria social 137 138 sobre sociedade 15 542 Lockwood David 93 98 791 lógica 43740 absolutista 439 e inteligência artificial 349 3901 e logicismo 314 438 como normativa 43940 e fenomenologia 126 316 relativista 439 lógico positivismo ver Viena círculo de Lorenz Konrad 5 286 288 517 814 Lotka Alfred 186 Lowie RH 10 618 Löwith Karl 282 Lucas Robert E 70 227 246 529 Luckmann Thomas 144 309 736 746 Ludlow JM 485 Luhmann Niklas 580 692 Lukács György 368 814 sobre arte 740 742 sobre crise 159 e dialética 205 206 319 455 e conhecimento 129 453 745 sobre literatura 434 435 sobre marxismo 447 530 sobre ontologia 536 sobre práxis 450 601 sobre reificação 7 451 6523 sobre socialidade 607 sobre verdade 796 e marxismo ocidental 205 453 44952 Luttwak E 341 Luxemburgo Rosa 420 814 sobre imperialismo 199 377 378 564 sobre revolução 649 662 672 e socialdemocracia 696 sobre sindicatos 6889 sobre conselhos de trabalhadores 130 Lyotard JeanFrançois 452 760 sobre narrativa 353 368 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 953 sobre sociedade pósindustrial 725 Mabbott JD 212 213 Mach Ernst 109 317 e círculo de Viena 237 314 515 594 799 Machajski Jan Waclaw 93 94 MacIntyre Alasdair 159 279 484 766 Mackie JL 484 MacLuhan Marshall 115 340 505 Madison James 182 Maiakovski Vladimir 325 475 Maine HS 364 714 Maitland FW 577 714 Malinowski Bronislaw 24 63 791 814 sobre crime e transgressão 150 e teoria da troca 779 como funcionalista 326 469 Malthus Thomas Robert 226 262 464 473 58990 Mann Michael 166 258 Mannheim Karl 285 7456 805 8145 e elites 169 236 e relacionismo 367 e sociologia da arte 742 sobre utopia 691 maoísmo e Mao tsetung 305 4415 448 815 Revolução Cultural 444 530 sobre dialética 207 Grande Salto para a Frente 4434 e revolução 349 4412 e guerra revolucionária 270 4423 6702 e papel do partido 4413 e papel do campesinato 56 441 443 444 Maquiavel Nicolau 176 542 661 Marcuse Herbert 815 sobre civilização 89 sobre cultura 170 451 sobre dialética 206 sobre emancipação 237 e Escola de Frankfurt 170 242 316 448 519 influência de 530 sobre necessidades 519 marginalista escola econômica ver escola econômica marginalista Marr David 339 Marsh C 6156 Marsh Peter 6 7 Marshall Alfred 77 228 248 364 815 Marshall TH 73 261 586 Marx Karl 815 sobre alienação 7 8 9 4041 1178 4612 722 sobre bonapartismo 46 sobre burocracia 51 sobre capitalismo 57 5960 1456 188 3589 445 7123 sobre sociedade civil 718 sobre civilização 88 91 sobre classe 93 94 208 2723 364 3712 445 479 sobre ação coletiva 2 sobre colonialismo e imperialismo 104 377 sobre fetichismo da mercadoria 4612 sobre comunicação 113 sobre comunismo 1178 359 445 649 sobre crise 1467 157 158 159 sobre dialética 205 206 sobre história econômica 364 sobre ética 280 sobre natureza humana 9 sobre interesses 396 397 sobre conhecimento 745 sobre teoria do valor do trabalho 7901 sobre materialismo 239 453 454 455 601 sobre modernidade 473 sobre moeda 2101 sobre necessidades 519 sobre naturalismo 514 sobre despotismo oriental 202 5423 sobre população 589 sobre práxis 6001 problemática 609 sobre modos de produção 41 49 230 232 445 47981 518 sobre proletariado 33 50 56 57 1189 3589 sobre esferas públicaprivada 584 sobre religião 659 sobre revolução 1189 6634 6701 709 como realista científico 289 3201 sobre autogestão 334 e economia socialista 7067 sobre sociedade 31 174 277 610 694 7356 e sociologia 7323 736 742 sobre mudança tecnológica 5045 sobre desemprego 195 como utopista 9 788 e valores 321 793 ver também base e superestrutura burguesia história marxismo 4459 analítico 296 e autoridade 39 1112 e bonapartismo 46 67 68 e capitalismo 1989 35860 397 445 4489 657 699 e classe 1 978 723 críticas ao 3601 4467 e cultura 1145 1656 determinismovoluntarismo 204 446 764 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 954 Índice de nomes e assuntos e trabalho doméstico 7757 e história econômica 3645 e teoria das elites 2356 e exploração 2956 e ideologia 115 3712 e imperialismo 3779 657 e internacionalismo 377 378 3978 e direito 32 e teologia da libertação 7624 e mercado 459 460 e casamento 623 e partido 4467 e pluralismo 576 e práxis 601 teoria social do 4456 4478 5034 e socialismo 699 e sociologia 4467 7323 7356 7412 soviético 35860 4468 449 e intervenção do estado 4123 e sistema de valores 7913 e guerra 347 e riqueza 6723 e trabalho 7734 ver também austromarxismo base e superestrutura Escola de Frankfurt gênero história divisão do trabalho materialismo dialético marxismo ocidental 312 316 44952 701 e dialética 205 206 4545 e divisão do trabalho 21920 influência do 735 e materialismo 4534 e ontologia 536 e práxis 450 600 sobre sociedade e estado 2578 e marxismo soviético 4469 Maslow Abraham 112 567 materialismo 4524 estado central 452 e cultura 163 165 dialético 205 2389 312 317 319 453 4546 47980 teoria do duplo aspecto 4524 eliminatório 452 epistemológico 453 histórico 28 162 202 2423 3612 453 454 455 47980 734 ontológico 453 filosófico 453 454 455 prático 453 poderes emergentes sincrônicos 4523 454 Mauss Marcel 249 250 251 252 745 779 815 Mayhew Henry 153 Mayo Elton 112 653 654 McClelland D 478 McLenan John 555 McTaggart JE 205 312 Mead George Herbert 633 8156 sobre comunicação 113 sobre identidade 369 370 como pragmatista 10 248 599 600 sobre papel social 5523 sobre interacionismo simbólico 392 394 674 Mead Margaret 816 mediação ver ação e mediação medicina 4568 e modelo médico de vício 799 e medicalização da sociedade 4578 678 como profissão 6134 social 4568 Medvedev Roy 216 Meinecke Friedrich 367 368 Mendel Gregor 519 Menger Carl 76 228 241 247 463 464 mensuração 4589 465 ver também estatística social mente concepção computacional da 856 5356 689 mercado 45960 788 na escola econômica de Chicago 2456 no pensamento cristão 1612 fetichismo da mercadoria 4612 e inevitabilidade de crises 459 diferenciação de 60910 como estado final 459 equilíbrio do 58 758 91 1067 229 230 240 459 609 790 globalização do 3401 como mão invisível 78 de trabalho ver trabalho mercado de e marxismo 45960 e Nova Direita 5267 como processo 460 ver também competição laissezfaire socialismo de mercado mercado de trabalho 194 4601 472 participação feminina no 1945 3323 561 7756 interno 4601 no keynesianismo 409 mercadoria fetichismo da 8 4612 ver também reificação MerleauPonty Maurice 291 307 309 816 Merton Robert 282 sobre anomia 20 21 711 sobre transgressão 152 215 sobre funcionalismo 326 sobre estrutura social 277 735 messianismo 447 4623 ver também carisma Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 955 Methodenstreit 18 241 363 364 367 4635 593 método idiográficonomotético ver idiográfico método metodologia 4656 744 ver também explicação Metz JB 762 763 Michels Roberto sobre oligarquia 33 236 536 559 688 sobre partidos políticos 52 236 748 mídia ver comunicação de massa migração 185 186 4668 473 58990 639 Milbank John 162 163 Miliband R 471 576 militares 341 4689 e ditadura 216 217 como ocupação 469 como profissão 468 como organização 4689 538 e sociedade 469 ver também guerrilha Mill James 182 542 Mill John Stuart sobre democracia 182 542 720 764 766 sobre determinismo 203 e historia econômica 364 464 sobre empirismo 237 317 e feminismo 304 sobre liberdade 424 425 e naturalismo 515 sobre ontologia 536 como utilitarista 785 Millar John 362 Miller James 136 Millett Kate 305 Mills C Wright 169 236 576 600 734 Milne AJM 212 213 Milton John 165 421 Mints Lloyd 245 Mitchell Juliet 305 306 Mitchell Wesley 71 mito 46970 Mitrany David 563 mobilidade social 236 2701 4702 669 e classe 96 e educação 233 2345 modelo 4723 econômico 70 2278 245 610 científico 3178 modernidade 450 4734 640 e comunicação 113 e fordismo 324 e industrialismo 724 e teoria de sistemas 6934 e tradição 1245 ver também sociedade de consumo modernismo 473 4747 e arte 166 4746 e vanguarda 475 476 794 e feminismo 306 e teatro 7557 ver também funcionalismo pósmodernismo modernização teoria da 3401 4779 e estudos comparativos 7389 e teoria da dependência 187 econômica 478 psicológica 478 rejeição da 4001 681 sociológica 197 198 478 e subdesenvolvimento 1979 477 ver também desenvolvimento e subdesenvolvimento modo de produção 41 4950 889 445 47981 e alienação 78 asiático 91 542 e classe 295 479 775 e desenvolvimento 198 e trabalho doméstico 7757 no materialismo histórico 453 47980 ver também capitalismo monadologia 309 monarquia 4812 540 541 661 Mondragon complexo de 486 monetarismo 410 4823 e ciclos econômicos 68 69 412 e escola econômica de Chicago 245 monopólio teoria do 613 monopólio e competição 1067 monopolista capitalismo ver capitalismo monopolista Montesquieu Charles de Secondat 170 201 226 376 543 741 Moore GE e grupo de Bloomsbury 44 45 e conhecimento do senso comum 126 144 466 sobre moralidade 484 como realista 126 312 313 647 como utilitarista 484 786 Moore HL 227 moralidade 4834 657 e corpo 747 no confucionismo 124 descritiva 483 e ética 278 4834 prescritiva 4834 e religião 328 329 ver também ética justiça norma direitos valores Morawski Stefan 267 268 Morgan Lewis Henry 23 555 557 Morgan Robin 306 495 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 956 Índice de nomes e assuntos Morgenthau Hans 655 Morris Charles 266 683 Morris William 698 706 725 778 mortalidade tabela de 186 Mortimer Raymond 44 Mosca Gaetano 39 734 sobre classe 93 94 sobre teoria das elites 121 2356 536 734 748 Moskos CC 469 movimento cooperativo 6872 182 4857 movimento de libertação colonial 104 378 441 48993 500 510 nas colônias britânicas 48991 nas colônias francesas 4913 movimento ecológico 4988 530 696 movimento estudantil 471 498500 530 como crítica cultural 499 análise funcionalista do 498 e Nova Esquerda 1346 significação social do 487 4989 movimento social 68 338 498 5003 e interacionismo 500 e neomarxismo 500 novo 448 496 5012 530 721 748 e mobilização de recursos 501 e ação social 502 e funcionalismo estrutural 501 ver também interesse grupo de estudantil movimento mulheres movimento de movimento verde ver ecologia ambientalismo mudança social 5034 7356 e conflito 1203 783 e dissenso 2156 e evolução 277 290 303 e previsão 331 e tecnologia da informação 58 e sociedade de massa 7201 e normas 524 e urbanismo 782 mudança tecnológica 385 398 445 5045 7745 e ciclo econômico 146 147 190 e participação 561 e classe operária 197 597 725 ver também desindustrialização informação teoria e tecnologia da invenção revolução científicotecnológica mulheres movimento de 334 4936 e emancipação 237 493 e história 492 4934 e movimento pela paz 5645 e racismo 3056 ver também feminismo mulheres no emprego 334 978 Müller Max 738 Murdock George 223 297 Murdock GP 557 Murray Henry 567 música 5056 740 Muthm JF 227 293 Myers Charles A 653 Myrdal Gunnar 89 nação 474 5078 5089 549 ver também regionalismo estado nacional regime popular 5102 591 769 770 ver também nacionalismo populismo nacionalsocialismo 300 5124 e sociedade de massa 7201 e raça 22 26 39 637 ver também fascismo totalitarismo nacionalismo 50810 565 748 árabe 54850 e arqueologia 28 e austromarxismo 32 e colonialismo 377 4892 545 769 e comunidade 116 508 e fascismo 300 301 302 e islamismo 400 e socialismo 700 e guerra 348 nacionalização ver socialização Nash equilíbrio de 404 Natorp Paul 520 naturalismo 313 316 321 4956 5147 crítico 1279 319 514 5167 537 e dialética 206 e empirismo 238 453 ético 313 514 516 e moralidade 4834 e positivismo 128 5146 592 rejeição 44 5146 no teatro 755 natureza humana 5178 no pensamento conservador 1334 em Durkheim 20 e Iluminismo 3756 em Hobbes 5 15 interpretações humanistas 5178 e linguagem 428 em Marx 8 9 6001 interpretações científicas da 517 e guerra 347 nazismo ver nacionalsocialismo necessidades 501 5189 57880 ver também sociedade afluente Nehru Jawarharlal 355 489 491 769 neoclássica economia ver economia neoclássica neocolonialismo ver colonialismo neoconservadorismo 527 541 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 957 neodarwinismo 5 26 517 51920 682 neokantismo 1267 129 5202 e ação 3 e austro marxismo 31 e filosofia da ciência 314 771 e teoria política 593 765 neoliberalismo 141 143 199200 526 573 587 neomarxismo e teoria de classe 96 272 e necessidades 519 e movimentos sociais 498 499 500 e marxismo ocidental 449 451 ver também Escola de Frankfurt dependência teoria da Neumann Franz 243 721 Neurath Otto 126 238 317 594 647 800 802 New Deal 3234 408 669 5223 Nietzsche F 144 179 316 372 influência 129 6190 sobre modernidade 474 sobre verdade 796 sobre o inconsciente 380 e valores 791 Nkrumah Kwame 187 546 548 769 nomenklatura 27 5234 nomotética abordagem 372 norma 164 1656 5246 e expectativa 34 524 553 aceitação conjunta 526 e lógica 439 e medicina 457 e prescrição 525 e socialização 138 233 524 7101 ver também valores Nova Direita New Right 59 5268 706 e anarcocapitalismolibertarianismo 167 527 anticomunismo 5278 e burguesia 50 e educação 235 e laissezfaire 412 e neoconservadorismo 527 541 e neoliberalismo 526 573 587 e racismo 644 e mobilidade social 471 e desemprego 1956 Nova Esquerda New Left 231 5301 646 650 e anarquia 167 e contracultura 1346 499 e educação 2345 498 e práxis 600 Nove Alec 118 710 Novikov LD 290 Nozick Robert sobre direitos 43 279 406 sobre contrato social 138 sobre estado 15 39 256 412 426 527 sobre utopia 788 Nyerere Julius 486 547 Oakeshort Michael 39 422 767 observação participante 24 393 532 ver também etnometodologia ócio 27 114 170 5334 e desemprego 522 533 534 ver também trabalho Ogburn William F 330 594 oligarquia 236 5345 575 688 748 Olson M 2 253 Olsson Gunnar 338 ontologia 127 128 129 312 5356 e desconstrução 1913 dualista 601 empirista 31920 existencialista 129 312 3512 536 materialista 453 e fenomenologia 3078 309 positivista 3179 5156 realista 2378 317 453 536 554 científica 535 estruturalista 2745 operações pesquisa de 72 73 operacionalismo 5945 6478 opinião 5367 ver também ideologia propaganda Oppenheim AL 294 ordem social e carisma 612 e comunicação 5 113 e compromisso 244 e cultura 1634 165 e divisão do trabalho 21920 e estado 145 organização 5378 industrial 53940 teoria da 5401 tipos de 538 ver também comportamento organizacional grupo partido político organizacional comportamento ver comportamento organizacional orientalismo 5413 738 Ortega y Gasset José 292 otimização 78 Owen Robert 34 182 485 706 pacifismo 17 347 5445 nuclear 544 545 564 ver também paz movimento pela padrão de vida 50 100 471 677 700 705 Paine Thomas sobre crise 157 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 958 Índice de nomes e assuntos sobre democracia 182 421 sobre estado 15 718 panafricanismo 5458 769 história do 5458 como ideologia 545 movimentos 545 panarabismo 400 545 546 54851 Pannekoek Anton 130 689 papel social 5513 674 794 ver também interação simbólica paradigma 554 parentesco 24 2979 5558 603 690 teoria da aliança 556 557 558 teoria da descendência 5556 terminologias de relacionamento 5578 e evolução social 555 ver também família Pareto Vilfredo 77 483 816 sobre classe 93 470 e decadência 175 e teoria das elites 39 93 121 2356 734 748 sobre estrutura social 277 sobre economia do bemestar 42 78 255 278 707 Park Robert 116 248 249 394 467 590 Parkin Frank 93 471 parlamentarismo democrático 51 Parsons Talcott 816 sobre teoria da ação 113 735 sobre comunidade e cultura 116 164 sobre conflito 121 sobre consenso 277 sobre transgressão 152 como funcionalista 326 393 682 sobre sociedade industrial 723 sobre casamento e família 63 297 e teoria da modernização 197 199 478 693 sobre dinheiro 210 sobre normas e valores 525 791 sobre variáveis padrão 478 794 795 e pluralismo 575 sobre positivismo 319 sobre poder 580 sobre mudança social 504 sobre controle social 139 sobre estrutura social 277 693 735 sobre socialização 711 sobre sociologia 735 participação 5589 720 e sociedade civil 131 7189 e movimento cooperativo 484 e democracia 136 180 181 559 575 e democracia industrial 345 1825 697 política 494 558 55960 720 767 participante observação ver etnometodologia particularismo em pesquisa social 24 738 7945 partido político 5601 748 quadro 560 controle central 418 4413 523 e classe 96 236 441 e democracia 181 6867 ambiental 11 497 o aproveitador 2 e grupos de interesse 395 em Lenin 418 420 446 de massa 5601 como organização 538 único 1812 561 e classe trabalhadora 99100 Paskins B 397 Passmore John 312 patriarcado 54 226 304 332 5612 776 estruturas do 3335 493 Pavlov Ivan Petrovich 110 623 paz 2578 5623 656 ver também pacifismo relações internacionais paz movimento pela 500 526 5636 Pearson Karl 10 263 314 317 387 Peirce CS sobre comunicação 113 e interacionismo 674 sobre conhecimento 125 como pragmatista 312 313 599 sobre semiótica 599600 683 Pelloutier Fernand 144 686 Penty Arthur 725 personalidade 5668 711 jurídica 577 e interacionismo 393 394 personalismo 160 313 Phillipes Anne 304 Piaget Jean 624 625 816 Pigou AC 410 482 Pine Frances 298 Pirenne Henri 50 92 Piscator Erwin 7567 planejamento econômico nacional 1467 250 56871 em economias de mercado 58 59 5101 reformas 113 5701 socialista 1467 199 442 443 447 459 56971 5723 7001 70710 ver também cálculo socialista teoria econômica economia socialização planejamento social 5714 níveis e participantes 572 técnicas de 5723 tipos de 572 ver também estado de bemestar Platão Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 959 sobre estética 265 sobre conhecimento 126 128 745 sobre necessidades 518 e orientalismo 541 sobre política 81 Plekhanov GV sobre base e superestrutura 40 sobre materialismo dialético 454 455 pluralismo 5748 718 norteamericano 5756 e comunismo 704 e corporativismo 141 143 cultural 341 477 720 e democracia 180 182 788 político inglês 5778 e grupos de interesse 141 143 180 395 social 15 278 290 574 ver também interesse grupo de pobreza 57880 587 feminização da 223 e teoria da libertação 7624 e necessidades 5789 580 como subcultura 3023 como subsistência 579 580 no Terceiro Mundo 148 578 580 ver também privação relativa necessidades estado de bemestar poder 5802 e autoridade 38 e classe 93 95 244 e comunidade 576 e crime 151 633 e hegemonia 350 e grupos de interesse 395 em revolução gerencial 669 670 e economia política 2312 e sexualidade 685 e troca social 779 do estado 17 257 2589 ver também coerção patriarcado polícia Poincaré Henri 314 318 Polányi Karl 324 587 polícia 582 ver também crime e transgressão política e decadência 175 teoria econômica 2523 ver também ritual político terrorismo política ciência ver ciência política política sociologia ver sociologia política política teoria ver teoria política enfoque funcionalista 5867 história 587 construtos ideológicos e teóricos 588 política social 5869 736 enfoques pragmáticos 586 enfoques estruturais 588 ver também planejamento social Pollard Sidney 365 Pope Alexander 376 Poponoe D 63 Popper Karl 238 465 648 816 sobre explicação 318 319 382 sobre falsificabilidade 125 127 238 315 317 sobre historicismo 319 367 760 sobre individualismo 382 sobre conhecimento 125 126 682 como neoliberal 526 767 sobre sociedade aberta 7156 sobre positivismo 317 595 e darwinismo social 174 sobre verdade 796 população 58991 influência demográfica 590 influências sociais 58990 como ameaçapatrimônio 26 590 ver também demografia população estável teoria da 186 populismo 561 5912 e bonapartismo 46 e cesarismo 678 e fascismo 300 e maoísmo 442 e pósmodernismo 476 pósestruturalismo 129 306 307 316 317 477 e hermenêutica 3513 e idealismo 239 e direito 416 e literatura 4347 e ciência 86 pósindustrial sociedade ver sociedade pósindustrial póskeynesianismo 410 5978 pósmodernidade 474 pósmodernismo 129 238 3067 317 341 4767 e vanguarda 476 794 e hermenêutica 3534 e política de identidade 370 ver também modernismo positivismo 31 128 3145 364 514 5926 crítico 179 3189 5945 e história econômica 3623 e tipos ideais 7701 instrumental 5934 legal 415 416 5967 em lingüística 429 lógico ver Viena círculo de em filosofia da ciência 317 319 472 647 e teoria política 7646 e póspositivismo 5956 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 960 Índice de nomes e assuntos e ciência social 31920 3378 640 ver também criminologia empirismo explicação naturalismo Poulantzas Nicos 923 98 272 817 pragmatismo 238 243 598600 794 norteamericano 10 2489 312 598600 682 e conhecimento 129 e direito 415 práxis 6002 274 450 e dialética 243 454 601 revolucionária 6012 e teologia 1634 763 préhistória 2730 Prebisch Raul 79 187 preconceito 339 467 6024 626 778 e etnocentrismo 6023 643 fontes do 604 ver também etnicidade etnocentrismo racismo Preobrajensky E 147 pressão grupo de ver interesse grupo de previsão 204 254 319 6045 ver também causalidade mensuração estatística social prisioneiro dilema do 2 253 422 483 524 privação relativa 197 233 579 6056 e revolução 66 e movimentos sociais 502 ver também pobreza privacidade 257 381 6067 ver também sociedade civil esfera pública problema social 6078 problemática 609 profissões liberais 6124 e classe 934 97 218 abordagem funcionalista 612 e intelectuais 386 militares como 468 abordagem monopolista 612 614 e organizações 538 e ciência 583 progresso 6146 787 e vanguarda 794 e conservadorismo 1324 e industrialização 187 no marxismo 2424 e seleção natural 25 174 514 rejeição da idéia de 23 24 25 8991 277 291 358 ver também evolução historicismo teleologia utopia proletariado ditadura do 167 1179 129 217 2356 419 451 649 em Lenin 41820 em Marx 33 49 1178 198 358 459 6701 na socialdemocracia 694 no marxismo ocidental 242 44952 Pronovost Giles 534 propaganda 272 6168 771 agitadora 757 e guerra revolucionária 349 ver também opinião propriedade 6189 abolição da 8 358 no pensamento social cristão 1601 e elites 2356 no libertarianismo 15 425 e revolução gerencial 66970 privada 1078 202 247 4612 672 ver também propriedade comum propriedade comum no capitalismo 58 59 447 558 618 no movimento cooperativo 117 484 no socialismo 35 1178 56971 618 703 7056 ver também propriedade privada protestante tese da ética 47 2802 465 680 719 797 Proudhon Pierre Joseph 14 16 34 486 pseudocarisma 61 62 psicanálise 61922 6234 628 e gênero 334 e natureza humana 436 518 como modelo 353 e mito 46970 e socialização 7101 e suicídio 752 e o inconsciente 3801 psicologia 6225 e associacionismo 622 e behaviorismo 1101 239 6224 cognitiva 3889 6234 7523 de profundidade 2656 e eugeniapsicoletria 623 624 funcionalista 600 humanista 5667 metodologia 6245 e psicanálise 6235 ver também comportamentalismo gestalt psicologia da psicologia social 24850 238 286 339 488 6258 e teoria da atribuição 627 e comunicação 391 e teoria da dissonância 627 e problema social 6078 psiquiatria e doença mental 457 62831 punição 6314 filosofia da 632 prática da 632 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 961 sociologia da 633 Putnam Hilary 126 432 453 648 quacres 1356 564 qualidade de vida 6356 Quesnay François 3612 Quine WVO sobre behaviorismo 111 452 sobre conhecimento 126 647 sobre lógica 439 440 sobre positivismo 314 315 595 640 sobre linguagem científica 238 439 658 raça 2823 547 623 6379 643 e variação humana 25 ver também etnicidade eugenia nacionalsocialismo Rachfahl Felix 281 racionalidade e razão 6401 coletiva ver escolha racional teoria da comunicação 113 5012 642 e diferença 193 econômica 229 588 6668 e planejamento 5712 ver também ação e mediação Iluminismo racionalismo e estética 740 e relações internacionais 655 e conhecimento 1256 129 554 e liberalismo 422 767 e modernismo 473 492 racionalização 6412 733 7446 industrial 323 641 e música 5056 racionamento e competição 106 racismo 208 28990 301 467 638 6435 biológico 638 643 e classe 218 explicações 644 e feminismo 3056 e Nova Direita 644 ver também etnicidade etnocentrismo orientalismo RadcliffeBrown AR 24 277 326 817 Radhakrishnan Sarvapelli 355 radicalismo 576 6457 Ramsey FP 178 796 Rancière Jacques 742 Rapoport Anatol 345 348 Rapp Rayna 298 Rawls John 43 439 693 817 sobre justiça 279 314 407 e teoria política 766 768 e contrato social 39 1378 256 423 640 768 razão ver racionalidade e razão realismo 6479 e causalidade 66 760 críticotranscendental 1279 312 318 3191 454 472 536 554 595 6479 796 e definição 179 e empirismo 2379 453 472 e explicação 2945 em geografia humana 338 e relações internacionais 6557 e conhecimento 125 648 800 jurídico 415 e literatura 434 no marxismo 453 454 461 e modernismo 474 e naturalismo 514 516 e ontologia 237 316 453 5356 554 648 perceptivo 6478 político 39 predicativo 647 representativo 648 científico 128 275 320 6479 socialista 756 Reckless W 150 Redfield Robert 116 345 reducionismo 514 no marxismo 434 454 reformismo 14 99 446 64950 662 699 regionalismo 6501 ver também federalismo regulação 232 6512 e ciclos econômicos 146 191 Reichenbach Hans 317 438 800 reificação 308 450 516 6523 e alienação 7 em teoria crítica 170 243 e eu self 675 ver também mercadoria fetichismo da relações industriais 799 6534 e escola de relações humanas 112 653 ver também comportamento organizacional relações internacionais 83 257 346 6547 e marxismo 6567 e interesse nacional 656 e racionalismo 655 e realismo 6557 ver também paz relativismo 367 654 6579 805 conceitual 657 resposta conservadora ao 133 cultural 24 164 440 640 e decadência 175 e desconstrução 435 epistêmico 125 6579 745 e linguagem 322 440 e lógica 439 e moralidade 483 657 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 962 Índice de nomes e assuntos perceptivo 657 e realismo 201 religião 65961 e comunidade 538 e dissenso 215 e escola sociológica de Durkheim 24951 e Iluminismo 375 e funcionalismo 327 659 e racismo 643 e ordem social 1634 e estruturalismo 65960 e tradição 777 ver também cristianismo fundamentalismo hinduísmo islamismo judaísmo libertação teologia da messianismo revivalismo seita secularismo secularização teologia Renner Karl 31 32 33 98 republicanismo 46 646 6612 e orientalismo 541 revisionismo 99 228 446 450 650 662 696 e austromarxismo 31 446 662 699 chinês 443 revivalismo 663 revolução 6636 causas da 66 92 480 6645 e comunismo 1178 378 perspectivas futuras 6645 no leninismo 418 419 gerencial ver revolução gerencial maoísta 4412 avaliações morais 664 resultados 665 permanente 41920 670 780 ver também Trotsky Leon trotskismo e radicalismo 645 papel do proletariado 92 359 397 459 649 6702 científicotecnológica ver revolução científicotecnológica teoria estrutural 665 ver também ação coletiva golpe de estado marxismo revolução científicotecnológica 375 6669 ver também mudança tecnológica tecnocracia revolução gerencial 66970 Rex John 638 Ricardo David 230 231 232 362 464 482 teoria do valor do trabalho 230 790 Richardson Lewis Fry 346 348 655 Rickert Heinrich 372 515 521 792 Riesman David 369 534 riqueza 6723 herdada 27 672 e parentesco 5556 origens da 230 e poder político 94 ritual político 6734 771 Robinson Joan 79 232 robótica 37 Rochdale Society of Equitable Pioneers 485 Roemer J 93 296 449 romantismo e arqueologia 28 e vanguarda 794 e individualismo 381 Romieu A 67 Rorty Richard 127 129 239 452 796 Roscher Wilhelm 362 464 Rosen S 348 Rostow WW 365 478 Roszak Theodore 135 385 Rothbard Murray 16 412 425 527 rotulação 153 532 6746 ver também transgressão identidade Rousseau JeanJacques 212 sobre autoridade 39 sobre sociedade civil 303 376 542 717 sobre civilização 89 sobre democracia 181 575 768 sobre vontade geral 181 559 sobre natureza humana 5 8 sobre necessidades 518 sobre contrato social 137 Rowbotham Sheila 305 494 Rowntree BS 579 Roy Ram Mohan 355 Royce Josiah 205 312 Rudyard Sir B 157 Runciman WG 93 605 Russell Bertrand 342 697 817 e grupo de Bloomsbury 44 45 sobre empirismo 237 313 e logicismo 313 314 316 317 438 439 800 sobre materialismo 454 sobre poder 581 Ryle Gilbert 127 204 238 e behaviorismo 110 e filosofia da linguagem 315 321 323 647 Sacks Harvey 140 429 Said Edward 541 SaintSimon CH de R 117 505 759 e história econômica 362 e sociedade industrial 722 como positivista 593 679 Samuelson Paul 42 43 77 790 Santos Theotonio dos 188 189 Saraswati Swami Dayananda 65 355 Sargent Thomas 70 529 Sartre JeanPaul 425 453 518 817 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 963 e engajamento 435 e dialética 205 206 e existencialismo 291 292 307 316 317 567 e materialismo 319 e estruturalismo 275 e marxismo ocidental 129 449 451 saúde 6778 definição de 677 e doença 6778 promoção da 456 457 458 678 ver também psiquiatria e doença mental Sauer Carl 337 Saunders P 471 Saussure Ferdinand de 210 239 428 430 683 817 Savage LJ 178 263 Schegloff Emanuel 140 Scheler Max 745 746 818 Schelling FWJ von 266 Schelling TC 1001 525 545 Schillebeekx E 761 Schlater Richard 618 Schlick Moritz 126 238 317 438 594 799802 Schmitter Philippe 141 Schmoller Gustav von 18 363 464 Schopenhauer Arthur 380 451 61920 Schumacher Ernst Fritz 818 Schumpeter Joseph 818 sobre burocracia 748 sobre ciclos econômicos 57 70 723 190 sobre teoria das elites 236 767 sobre função empresarial 57 72 240 672 sobre capitalismo moderno 50 578 59 146 377 379 sobre socialização da economia 713 737 sobre riqueza 672 Schur Edwin 151 Schutz Alfred 144 285 552 771 818 e fenomenologia 307 3089 746 798 Schwendinger H e Schwendinger J 149 Scriven Michael 238 318 Searle John 191 433 796 secularismo 355 6789 ver também secularização secularização 67981 e cristianismo 1613 e industrialização 722 e islamismo 400 e direito 414 e seleção natural 682 ver também racionalização processos evolucionários na sociedade secularismo seita 215 67980 6812 ver também religião revivalismo seleção natural 63 225 473 520 682 e progresso 25 174 514 self ver identidade Sellars W 127 238 318 Sellin T 149 semiótica 238 353 599 6834 e discurso 214 e semiologia 684 social 684 e teatro 88 758 ver também comunicação lingüística Sen Amartya 42 senectude 590 684 sexo 6856 e comportamento 6 163 e relações de gênero 334 561 627 685 e casamento 62 identidade sexual 306 334 438 685 712 revolução sexual 6856 ver também gênero Sharp G 544 Shaw George Bernard 705 Sheldon William 567 Shils Edward 61 Shklovsky Viktor 325 significado e desconstrução 1923 e interação social 3912 subjetivoobjetivo 797 e verificação 3134 ver também hermenêutica semiótica simbólico interacionismo ver interacionismo simbólico simbolismo 517 726 ver também ritual político semíolica Simiand François 251 735 Simmel Georg 249 450 745 818 sobre crime 151 sobre grupos 345 e hermenêutica 515 sobre interação 500 734 e Kant 520 521 sobre modernidade 282 473 sobre dinheiro 2101 sobre diferenciação social 208 737 e sociologia verstehende 797 Simons Henry 245 sindicalismo 167 560 6868 6889 ver também anarcosindicalismo sindicatos sindicatos 68890 e burocracia 512 e movimento cooperativo 485 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 964 Índice de nomes e assuntos e corporativismo 1413 1834 522 529 68990 e free rider aproveitador 2 e relações industriais 558 653 e ócio 5334 no leninismo 418 687 688 como organizações 538 e autogestão 34 como movimento social 690 e estado 461 sob o socialismo 689 ver também sindicalismo sistemamundo 187 1989 340 3789 6902 770 ver também globalização trabalho divisão do divisão internacional do trabalho relações internacionais sistemas teoria de 29 6924 Skinner BF e behaviorismo 10910 239 315 517 568 623 682 e cultura 165 e tecnologia 5045 Skinner Quentin 368 Small Albion W 248 733 Smith Adam 219 422 sobre civilização 89 sobre despotismo 202 e história econômica 30 362 e laissezfaire 412 sobre o mercado 78 790 sobre profissionais 613 sobre diferenciação social 208 sobre estado 718 sobre riqueza 230 Smith Michael Garfield 574 639 Smyth WH 759 soberania 303 do indivíduo 16 do monarca 481 do povo 46 217 376 do estado 15 303 656 5768 social bemestar ver bemestar social social contrato ver contrato social social controle ver controle social socialdemocracia 179 6949 705 768 e burocracia 52 687 e comunismo 118 7023 697 história 694 6967 e keynesianismo 696 e participação 6956 e bemestar social 694 e socialismo 6968 699702 e estado 696 social escolha ver escolha social social mudança ver mudança social social teoria ver teoria social socialismo 699702 e anarquia 146 e burguesia 50 e capitalismo 57 704 e comunismo 1189 443 671 749 e crescimento econômico 1478 e teoria das elites 2356 705 e igualdade 374 e feminismo 3056 3323 334 e guilda 34 184 55960 578 e islamismo 400 e justiça 406 de mercado 7025 706 707 70810 768 e mercado socialista 462 702 real 63 100 447 448 530 784 científico 312 de estado 14 35 145 199 305 474 5723 696 7223 793 transição para o 448 526 649 749 781 utópico 7067 788 classe operária 134 397 6867 ver também austromarxismo cálculo socialista comunismo socialista teoria econômica socialismo fabiano leninismo marxismo socialdemocracia socialismo cristão 485 socialismo fabiano 188 6989 705 socialista teoria econômica 70610 socialização 7102 e conversão 140 e educação 435 7101 e gênero 335 e normas 138 524 711 e preconceito 604 e religião 6601 como controle social 1389 ver também educação e teoria social socialização da economia 7123 sociedade 7135 e comunidade 714 jurídica ver corporativismo processos evolucionários na 202 267 446 478 5034 555 557 6102 682 693 724 e indivíduo 15 16 24 31 309 3445 713 e informação 385 aberta 411 422 4301 ver também liberdade plural 16 144 375 5745 primitiva 23 e estado 147 32 257 714 718 variação 24 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 965 ver também sociedade afluente sociedade civil sociedade de consumo grupo sociedade industrial sociedade de massa sociedade afluente 143 324 7127 ver também sociedade de consumo crescimento econômico necessidades sociedade civil 661 7179 no bonapartismo 456 e burocracia 503 7145 e cidadania 734 e corporativismo 1403 na Europa oriental 523 e grupos 345 538 560 em Hegel 49 718 e paz 5635 politização 216 e o estado 25760 326 424 5767 7145 718 como sistema de necessidades 5189 ver também pluralismo esfera pública sociedade de consumo 71920 ver também sociedade afluente comunicação de massa modernismo e pós modernismo sociedade de massa 168 5002 7202 766 e alienação 7 369 e comunidade 116 345 7201 e liderança 4267 sociedade industrial 668 7224 725 e alienação 8 7224 e capitalismo 723 modernidade e ideologia na 473 724 origens da 723 e guerra 724 sociedade pósindustrial 201 340 383 3845 669 7257 788 abstração e solidão na 726 e pressões cognitivas 727 e futurologia 330 e novos símbolos 726 e recomposição do trabalho 130 727 e vida social nos locais de trabalho 727 sociobiologia 291 682 72830 788 e comportamento 111 288 370 520 730 e demografia 185 e evolução 72830 e natureza humana 174 517 sociolingüística 113 428 429 7302 ver também discurso linguagem lingüística sociologia comparada 250 7389 desenvolvimento da 246 7325 747 econômica 737 funcionalista 21920 734 735 histórica 733 735 739 questões de 7357 marxista 446 7323 734 política 81 141 451 7489 736 e história social 3667 estruturalista 2756 7356 ver também sociologia da arte corpo sociologia do escola sociológica de Chicago conhecimento sociologia do sociologia da ciência sociologia comparada 7389 sociologia da arte 266 73943 e estética 265 474 e cinema 878 e criatividade 7401 metodologia 740 e teatro 7558 solipsismo 126 309 316 Solow R 147 Sombart Werner 281 363 604 Sorel Georges 398 413 450 470 686 818 Sorokin Pitirim sobre classe 95 277 470 sobre decadência 176 soviete ver conselho de trabalhadores Spearman Charles 387 623 Spencer Henry R 341 Spencer Herbert 196 8189 e evolução 23 30 610 e funcionalismo 326 e laissezfaire 412 sobre diferenciação social 2078 sobre estrutura social 2767 e sociologia 7323 Spengler Oswald 89 158 277 504 Sraffa Piero 79 232 Srinivas MN 64 Stack Carol 298 Stalin J sobre base e superestrutura 40 480 e dialética 207 sobre igualdade 374 e nomenklatura 523 e socialismo num só país 672 74950 781 stalinismo 147 4467 538 74950 e leninismo 41820 e despotismo oriental 203 Steedman Carolyn 436 Stengel E 753 Stephen Sir Leslie 44 Stigler George 246 342 Stirner Max 15 742 Stolnitz Jerome 268 Stone Lawrence 223 673 Stoopol Theda 665 Stracheym Lytton 44 45 Strawson P 127 204 453 796 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 966 Índice de nomes e assuntos subdesenvolvimento ver desenvolvimento e subdesenvolvimento subúrbio 7501 suicídio 7513 e anomia 20 751 em Durkheim 250 251 524 593 629 722 751 ver também depressão clínica psiquiatria e doença mental Sumner WG 483 524 733 superestrutura ver base e superestrutura superinvestimento teorias de 70 surrealismo 473 7534 757 ver também sociologia da arte Swan T 147 148 Sweezy Paul 60 188 231 Taine Hyppolite 742 Tannenbaum F 676 Tappan Paul 149 Tarski Alfred 432 438 796 Tawney Frederick 281 373 672 Taylor Charles 159 205 382 Taylor Frederick 111 185 323 324 505 651 653 706 757 754 teatro 7558 da crueldade 757 democratização do 7556 dramático 755 7567 épico 757 e naturalismo 755 e neorealismo 758 do oprimido 757 político 7567 808 pósmoderno 758 e simbolismo 7556 Terceiro 759 tecnocracia 52 613 75860 e planejamento 5712 e movimentos sociais 4989 ver também burocracia administração ciência da revolução científicotecnológica tecnológica mudança ver mudança tecnológica Teilhard de Chardin Pierre 615 819 teleologia 7 31 274 616 760 tempo e espaço na Escola dos Annales 189 no pragmatismo 600 teologia 7602 pluralismo 760 política 1613 761 762 como ciência 762 como sociologia 162 estilos de 7612 ver também religião libertação teologia da teoria da troca ver troca social teoria da do conhecimento ver conhecimento teoria do ver também modelo filosofia da ciência teoria política teoria política 80 82 7649 e feminismo 7689 e liberalismo 7678 metodologia 7646 teoria social cristã ver cristã teoria social hindu ver hinduísmo e teoria social hindu Terceiro Mundo 76970 e estudos comparativos 7389 e democracia 171 181 estudos demográficos 1856 e teoria da dependência 1878 e crescimento econômico 789 145 1479 influência do maoísmo no 353 441 4423 e populismo 591 e pobreza 578 580 e mudança social 504 ver também desenvolvimento e subdesenvolvimento libertação teologia da orientalismo Terman Lewis 387 terrorismo 15 5856 656 ver também violência texto e leitor 353 434 e fala 1923 214 Thomas WI 248 467 Thompson FMI 139 366 Thoreau Henry David 383 ti ver informação teoria e tecnologia da Tilak Bal Gangadhar 355 Tinbergen Niko 2867 Tinbergen J 227 tipo ideal 270 300 320 372 7701 e ação 4 e autoridade 38 e etnicidade 284 e teoria do parentesco 555 em Weber 4 38 426 521 770 771 792 798 Titmuss RM 262 587 Tocqueville Alexis de sobre liberdade 424 sobre individualismo 381 sobre sociedade de massa 721 sobre modernidade 473 e pluralismo 575 sobre estado e sociedade 693 714 718 Tolman EC 109 110 Tolstói Leon 17 564 Tönnies Ferdinand 483 721 819 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 967 sobre definição 179 distinção entre Gemeinschaft e Gesellschaft 116 3445 538 714 totalitarismo 32 242 300 602 7712 e sociedade civil 17 718 e crime 14950 e ditadura 2167 e genocídio 3357 e perda de autoridade 38 e marxismo 447 e nacionalsocialismo 5134 e classe dominante 93 66970 e socialismo 700 Toulmin SE 127 238 318 Touraine Alain 723 7256 500 713 Townsend P 587 Toynbee Arnold 89 364 819 trabalhadores conselho de ver conselho de trabalhadores trabalhista movimento ver sindicatos trabalho 7734 fragmentação do 774 e lazer 533 534 773 na sociedade pósindustrial 36 7258 ver também trabalho doméstico trabalho mercado de revolução científicotecnológica trabalho processo de 232 460 7745 e alienação 78 41 1178 218 4612 722 774 em Marx 78 9 trabalho doméstico 220 298 333 561 773 7757 tradição e tradicionalismo 771 7778 794 e autoridade 38 no confucionismo 124 e dança 1723 no islamismo 399 no judaísmo 404 e teoria da modernização 1978 e Nova Direita 526 527 ver também cultura campesinato trangressão 138 1503 215 52425 definição 1513 675 ver também controle social rotulação punição TrevorRoper HR 465 673 Trivers Robert 728 troca social teoria da 392 77880 e individualismo 779 e justiça 780 e origens 779 e uso 77980 troca teoria da ver teoria da troca social Troelsch Ernst sobre teoria social cristã 162 sobre historicismo 367 sobre ética protestante 2812 sobre seitas 680 681 trotskismo 418 710 7801 Trotsky Leon 7881 207 419 819 e revolução permanente 6702 749 781 e sindicatos 130 689 Trudgill Peter 429 Turgot ARJ 247 361 412 722 Turner Frederick Jackson 303 365 Turner Ralph 552 Tylor EB 23 urbanismo 226 324 7825 e alienação 7 20 e civilização 88 902 e ambientalismo 102 e desenvolvimento industrial 7824 e industrialização 722 782 e migração 4667 e qualidade de vida social 7823 e países subdesenvolvidos 785 ver também favelas subúrbio utilidade princípio de ver escola econômica marginalista utilidade teoria da 1778 utilidade esperada hipótese de 177 utilitarismo 44 213 255 3756 7857 como atomístico 3812 e conseqüências 2789 786 e democracia 181 e ética 2789 280 484 indireto 787 e modernidade 473 negativo 716 preferência 253 2789 e alcance 787 e valor 786 ver também ética bemestar social Utitz Emil 266 269 utopia 450 486 6156 655 657 7879 e antiutopia 7889 e revolução 302 valor 7901 teoria austríaca 241 trocauso 76 228 742 790 teoria de trabalho 16 229 230 7901 em Marx 31 92 205 7901 no neokantismo 521 teoria subjetivista 790 valores 201 7913 estéticos 7 44 266 740 e comunidade 116 e cultura 164 erosão de 176 liberdade de valores 237 278 321 597 771 7923 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 968 Índice de nomes e assuntos e funcionalismo 792 globalização 793 teoria marxista 7913 e positivismo 792 como relativos 133 793 universais 521 teoria utilitarista 786 ver também ética moralidade norma vanguarda 88 268 4745 758 794 van Duijn J J 73 van Fraassen B 239 319 van Gelderen J 72 van Mises Ludwig 820 e Escola Austríaca de Economia 241 460 e função empresarial 240 e libertarianismo 527 e cálculo socialista 447 571 702 705 707 variáveis padrão 478 7945 Veblen Thorstein 232 733 81920 sobre consumo conspícuo 342 533 672 720 sobre tecnologia 759 sobre riqueza 672 Venturi Robert 476 verdade 7957 teorias de coerência 7956 8012 teorias de consenso 796 teorias de correspondência 795 e linguagem 432 lógica 4389 no marxismo 371 418 795 teorias performáticas 796 e fenomenologia 307 e positivismo 595 e pragmatismo 313 599 795 796 teoria da redundância 796 e relativismo 338 6589 Verstehen compreensão 4656 515 7978 e realismo crítico 320 e hermenêutica 3512 e positivismo 179 594 em Weber 4 51 317 464 7978 805 vício 342 7989 Viena círculo de 237 3145 640 799802 crítica 647 influência 4834 312 e conhecimento 125 126 e lógica 4379 e naturalismo 514 e positivismo 592 594 e verificabilidade 126 8001 Viner Jacob 245 violência 8034 e agressão 56 pelo estado 496 e coerção 101 2578 581 masculina 332 334 e os militares 468 ver também coerção terrorismo visão do mundo ver Weltanschauung vitalismo 144 301 Vivekananda Swami 355 Volosinov VN 215 239 430 684 voluntarismo 137 160 301 453 516 no maoísmo 441 442 443 444 von Neumann John e Morgenstern Oskar 177 178 403 vontade formação da 3 5 liberdade da 2034 geral 181 559 578 Waismann Friedrich 126 204 317 320 647 Waldron J 213 Wallas Graham 714 Wallerstein Immanuel e história econômica 365 teoria do sistemamundo 30 188 199 340 Walras Leon 76 77 247 703 Waltz KN 346 347 Walzer Michael 159 375 766 Warming E 225 226 Warren Bill 199 Watson John B 10 108 109 110 623 Webb C 485 Webb Sidney e Beatrice 52 183 304 688 705 820 Weber Max 820 teoria da ação 3 4 5 113 734 sobre autoridade 38 413 541 sobre burguesia 50 945 sobre burocracia 512 1112 425 681 721 748 sobre capitalismo 57 165 2802 465 sobre carisma 601 426 535 sobre civilização 889 91 sobre classe 924 2723 664 sobre ação coletiva 2 sobre comunidade 116 e sociologia comparada 738 sobre cultura 934 163 165 sobre definição 179 sobre ditadura 218 e história econômica 363 464 sobre teoria das elites 236 748 sobre tipo ideal 4 38 426 521 7701 792 793 798 sobre sociedade industrial 7223 724 influência de 450 sobre interesses 396 sobre judaísmo 404 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar Índice de nomes e assuntos 969 e Kant 4 520 521 sobre marxismo 446 733 sobre significado 6923 sobre metodologia 466 sobre modernidade 159 474 641 sobre modernização 478 sobre dinheiro 210 sobre música 506 e naturalismo 319 514 516 sobre normas 5245 sobre poder 581 sobre profissões 612 sobre racionalidade 5 113 158 640 653 778 sobre racionalização 425 6701 733 746 sobre seitas 681 680 sobre secularismo 679 e história social 366 sobre estrutura social 277 e sociologia 7323 735 737 sobre estado 258 sobre grupos de status 945 273 283 sobre estilização da vida 342 sobre valores 521 693 771 793 e sociologia verstehende 4 51 464 7978 805 Weitz M 267 Wellmer A 3 Wells HG 330 788 Weltanschauung 308 314 398 646 8056 Wertheimer Max 339 Westermarck E 63 483 Whewell William 317 318 648 Whistehead AN 315 800 White HC 610 Whyte FW 532 Wieser Friedrich von 241 248 Wilensky HL e Lebeaux CN 588 Williams BAO 119 Williams Raymond 116 434 Willis Paul 234 712 Wilson EO 517 728 730 Winch Peter sobre autoridade 38 sobre cultura 165 164 e hermenêutica 320 238 e historicismo 367 e filosofia da linguagem 323 e positivismo 179 515 516 Windelband Wilhelm 249 372 521 Wirth Louis 116 783 Wittfogel Karl 201 203 Wittgenstein Ludwig 820 e behaviorismo 1101 sobre determinismo 204 sobre empirismo 127 128 237 317 e semelhança de família 770 e conhecimento 127 128 801 e linguagem 128 244 267 320 e filosofia da linguagem 314 315 321 322 438 554 sobre positivismo 179 sobre gosto 343 sobre verdade 796 e círculo de Viena 800 Wolfe Tom 476 Wolff Christian 265 Wolff Robert Paul 15 39 Wolff S 72 Wolfgang Marvin 155 Wollstonecraft Mary 237 304 Woolf Leonard 44 Woolf Virginia 44 45 304 305 495 Working Elmer 227 Worsley 61 663 Wright Q 93 98 Yinger J Milton 134 cultura da juventude 1678 movimento da juventude 167 4878 Dicionário do Pensamento Social DPS 4ª revisão 020896 5ª revisão 030896 Índice Remissivo Produção Textos Formas Para Ed Zahar 970 Índice de nomes e assuntos