·
Direito ·
História
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Wilverson Rodrigo Silva de Melo Tempos de Revoltas no Brasil Oitocentista Ressignificação da Cabanagem no Baixo Tapajós 18311840 Tempos de Revolta no Brasil Oitocentista revisita a Amazônia Insurgente da legendária Cabanagem Ao fazêlo segue fecunda trilha aberta por uma renovada historiografia social sobre a revolta que tomou corpo desde os anos 1990 em diálogo com a antropologia Abre nova leitura picada reconstituindo como drama uma narrativa da guerra e de seus protagonistas Ao fazer dialogar documentos de época e a memória coletiva ainda hoje presente no Baixo Tapajós Wilverson Rodrigo Silva de Melo confronta o seu leitor com a força da resistência cabana na região último baluarte dos revolucionários Originalmente Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal de Pernambuco o trabalho irá livrarse da condenável erudição e força política Com diferentes vozes sociais a Cabanagem é compassão é identificação e Tribalação se vê recolhida aqui Desconfiada da Cabanagem a pesquisa mostra o velho mito que se edifica na História conferindo uma nova perspectiva à história da resistência à política imperial Hebe Mattos UFF Editora CRV ISBN 9788541114361 CAPÍTULO II BAIXO TAPAJÓS o berço revolucionário das hídrias cabanas A Queda da Capital do Vale Amazônico e a Formação dos Pontos Cabanos A região do Baixo Amazonas principalmente as vilas de Santarém e Óbidos se constituíram em área fértil para a propagação da revolução iniciada em Cametá por causa do significativo número de proprietários rurais e negociantes cruzeiros cerca de 3985 moradores brancos rurais e negros quem Santarém que possuíam o controle de boa parte das terras somente em Santarém em tudo sóivado as províncias do Mato Grosso e do Rio Negro A presença portuguesa em Santarém era tão marcante que chamava a atenção do viajante Hércules Florence o qual ainda estranhava ao constatar que no início urbano e principalmente no interior se falava um sotaque português idêntico ao do Velho Mundo sem sofrer interferências da língua geral brasileira Já podies filhos da puta Ver contente a mãe gentia Já reunido a ladroeira No horizonte do Brasil Longe vai teu servir Ou ficar à pátria limpa Ou morrer todo o Brasil Cabra gente brasileiro Descendente da Guiné Que trocaram as cinco chagas Por um ramo de café Dada tamanha importância políticoeconômica do Baixo Amazonas em especial a subregião do Baixo Tapajós compreendida pela influência e liderança de Santarém muitos negros e índios iniciaram uma série de fugas e a fundação de quilombos e ocasiões Margens do Amazonas e Tapajós na ânsia de organizar e promover inúmeras insurreições e agitações armadas O período posterior ao episódio da Adesão do Pará à Independência 1823 revelava significativas perturbações de ordem política no entanto estranhamente e os quadros podiam ser lidos de formas o governo imperial começaria a estreitar ações queres estranhas aos negócios entre lusobrasileiros e nativos assumindo a forma de uma luta anticolonialista onde se apresentava claramente a condição do elite como ponto de encontro e fortalecimento dos senhores Entretanto a Junta Provisória Defensiva não demorou a afrontar os primeiros combates As primeiras atividades revolucionárias na área do Baixo Amazonas permaneceram por reconhecer no mesmo período de criação da Junta Defensiva quando os facciosos da Vila de Cametá invadiram a Vila de Monte Alegre e preenderam a direção de Santarém Porém parte das estratégias construídas pelos estratos marginais via savam mesmo o ocre da Vila de Santarém como o intuito de tomar aquela localidade e assegurar os riscos estabelecimentos dos portugueses que lá residiam pois queriam por Santarém em Sítio sem Mantimento para depois atacarem Para isso também foram dos sediciosos de Monte Alegre os excelentes que passavam para a Vila de Alter do Chão a estratégia dos revoltos parecia ser ousada posto que as embarcações não passavam com Farinha para essa Vila Esses sítios de cacau e fazendas de gado eram propriedades de uns poucos porém poderosos senhores de terras e escravos em sua maioria portugueses ou seus descendentes Na utilização do solo predominava a grande latifundião originado em sua grande parte nas heranças generosamente dadas pelos reis de Portugal aos seus amigos da colônia Nesses estabelecimentos rurais era permanente o trabalho escravo do Negro importado da África juntamente com o trabalho servil e idócio do caboclo complementando esse contexto econômico encontravase uma incipiente agricultura de subsistência trabalhada por pequenos posseiros que não poderíamos adentrar nas terras devassadas pela colônia Lá vem cabano mia gente Cabano tá chegando na praia Sinhã gritavam quem trazia de medo e do cansaço aos pés de Mãebranca Nossa Senhora da Imaculada Conceição E logo se fechavam portas e janelas SANTOS 1999 p 195 Esse registro de insurreição é narrado por Paulo Rodrigues dos Santos que além de redigir as integra os ofícios e correspondências de cabanos e legistas incorporou às páginas de Tupaúlha e estreme trechos de canção muito procurando por representantes músicos e lavadeiras ribeirinhas exércitos faziam incursões a Vila em pequenos grupos armados de facões foices zagaias flechas e armamentos provenientes da descrição de soldados do quartel de Santarém Como medidas de contraforça os legalistas da Vila do Vale Amazônico compreenderam que a fortificação de Cuiabá dava força aos cabanos e condições de se apoderarem da Vila Era preciso uma tomada do quartel dos subversivos Foi então preparada uma expedição militar composta de 64 homens sob o comando do TenenteCoronel da Guarda Nacional José Joaquim Pereira Macambira com a missão de desaloja os cabanos de sua fortaleza VEIGA DOS SANTOS 1986 p 20 No entanto o ataqueexploração antecipada foi um fracasso os provincianos foram derrotados pelos cabanos ainda em rio e forte de Cuiabiranga mantevese intacto É posterior a este combate que as forças repressores e Tapaió descobrir um que o material bélico do quartel de Santarém estava sendo repassado às escondidas para os revoltosos por intermédio de prática deserta como evidência tinham as balas nos corpos de soldados aviados bais semelhantes para não dizer literalmente os que estavam guarnecidos O episódio da tomada de Santarém em 23 de março de 1836 teria ocorrido da seguinte maneira conforme assevera Melo 2013b p 67 Neste período histórico Santarém dividiase em três bairros Prainha Centro e Aldeia Sendo que o Centro abrigava alguns povos fidalgos o bairro da Prainha estava consagrado na moradia de muitos leigos santarenos e o bairro da Aldeia abrigava os marginalizados negros terciosnativos e fugidos comerciantes de baixo poder aquisitivo etc Devese enfatizar que a tomada de Santarém não ocorreu como hollywoodiana haja vista o ponto que envolvia sua moradores e noções sobre a paguinas Os líderes de Cuiabiranga tomaram Santarém forma apoiados por uma massa de cabanos armada de facões e armas bélicas provenientes do saque de armisticios do quartel de Santarém que saíram exatamente do bairro da Aldeia ou seja foi uma dominação do bairro da aldeia com reforços ribeirinhos sobre o Centro e a Grande Prainha Segundo Melo a tomada de Santarém foi uma sublevação de um bairro marginal e subserviente sobre os bairros que abrigavam a aristocracia rural de portugueses e brasileiros aditivos A ligação dos cabanos do Ponto de Cuiabiranga e do Ponto do Lago Grande de França com os da capital do Vale Amazônico era feito pelo bairro da Aldeia Neste ponto os cabanos vindos do Tapajós chegavam ao bairro da Aldeia desgastados como pescadores caleiteiros e indios Dessa forma informes que os cabanos foram invadindo a residência do pai do Barão de Santarém e o último da sua mansão vindo a óbito imediatamente Em contrapartida durante o ataque dos cabanas a Santarém o juiz da Comarca o comandante da Guarda Nacional o vigário da paróquia e pessoas representantes e compostas com a causa lusoparanense refugiavamse em um embarcação e posteriormente em uma direção a Macapá Posteriormente Antonio Maciel Branches armou de fazão em ponto no recinto da Câmara exigindo o cumprimento integral da Proclamação da Tapajós e do ultimado cabano de adesão ao governo de Angelim Os múltiplos Pontos cabanos funcionaram como interpostos de guerra e estabelecimentos da Confederação Cabana no Baixo Tapajós Os Pontos seriam responsáveis pelo cultivo de culturas caça pesca e criação de animais além de preparar camponeses de guerra em seus territórios Em contrapartida os Redutos Cabanos no Tapajós Cui priorá França Pinhel Santarém e Aveiro seriam responsáveis pelo protecionismo de todos os pontos cabanos Seria de responsabilidade dos Redutos travar guerras e batalhas contra os forças representantes no intuito de estabelecer paz e sossego aos pontos De todos os Redutos no entanto o mais tempo resistindo cabano e todo o GraoPará Regencial No cerne da queda da Vila de Santarém pelas ações dos cabanos do Tapajós vão surgindo outros pontos e redutos cabanos dentre os quais citamos aqui a Vila de Pinhel e Vila Franca Em Pinhel na antiga Missão de São José Maytaups algumas rugas entre brasileiros negros e aditivos promoveram um acirramento político pela disputa de poder na Vila Cometimento a imposição de trabalhos servos aos índios Maytaups como se estes fossem tapuias e não cidadãos também provocaram insatisfações às mesmas frustrações da estratificação india na Vila Em ofício do Ruim Antonio Fernandes Vigário Geral a José Joaquim Machado de Oliveira Presidente da Província do Pará enviou a Padre José do Nossa Senhora dos Prazeres Vigário da Vila a informação acerca da missão de São Cruz e sobre os cabanos e as iniquidades institucionais podendo ser aplicadas aos margens do Rio Tapajós como se mencionara antes Ficou mais ou menos claro para as autoridades municipais da região que a revolução era produto dos embates que balançavam o população regido ao baixo Tocantins Acará remediações de Belém o que inspirava extrema cautela dada a enorme população indígena e mestiça que estava diretamente em com seus interesses rebeldes Nesse sentido notícias oriundas da região de Tocantins adentravam o espaço público das vilas e lugares gerando inúmeras expectativas dos setores marginais do médio Amazonas como bem pode se ver nas atitudes dos deserdados pressos em Pinhel João José e Boaventura dos Santos que diziam que todas as palavras das autoridades eram falsas e que a ajuns ainda Cametá havia se levantado A título de contribuição esta foto acima foi tirada com um ator social na intenção de dimensionar o tamanho da trincheira que conforme Harris afirma aqui nós ratificamos tem um diâmetro de 20 m Além das trincheiras D Oneide Cardoso 2010 afirma que na época da Cabanagem os cabanos ensinavam as pessoas a usarem os buracos as tocas de tatuacy para abrigarem das balas de canhão Vila Franca situada nas proximidades do fer do rio Tapajós no rio Amazonas ao oeste de Santarém foi criada em 1758 Antes era aldeia Cumar Sua população foi aclorada em 2736 brancos índios e mestiços e esse 152 segundos foi pela de um da mãe a qual tinha também alguns proprietários de pequenas fazendas de rua e as únicas edificações destacadas do distrito BAENA 1839 p 302303 grifo nosso A Igreja hoje encontrase em processo de deterioração à espera de pesquisadores do IPHAN e restauradores para diagnosticar a construção do século XIX estancando de abrigo para macrogêneros e um suposto cahão que os moradores afirmam ser a época da Cabanagem Isto representou um estrangulamento das relações francolusoespanholas tendo em vista que as circunstâncias diplomáticas internacionais das relações entre os três países a partir de 1800 se apresentaram sob a lógica da volatilidade com a ameaça iminente de ocupação militar de Portugal pelos franceses e uma possível ocupação espanhola pelo flanco oriental da capital Contudo a ameaça representada pela proximidade com o domínio francês ao norte e espanhol ao Oeste não se reduziu somente ao supuesto perigo de uma invasão para além dos rios Oiapoque Negro e Branco O contato que a população da fronteira poderia ter com os incómodos vizinhos e suas ideias era um temor presente na consciência tecida entre as autoridades locais Entretanto a ocupação requereu significativos investimentos na manutenção das tropas portuguesas em território francês e no pagamento do atraso de soldados soldados o que foi feito mediante empréstimos de proprietários do Pará os quais viriam a serem credores do governo para o estabelecimento de diferentes alternativas políticas para o Grão Pará que a partir da década de 1820 passou a ser assolada pelo fluxo de informações que poderia inserir na sociedade de cor Eram naqueles lutuosos tempos outras margens a ser combatidas com urgência É pois esse universo de contestações e insurreições na Amazônia que appeared recognitions do termo hidras125 como algumas aos revoltosos da Cabanada do Pará Não muito longe disso os discursos provincianos e militares se dirigiriam para o maior Reduto de resistência Cabana no Pará como local de líderes anarquistas demonstrações locais de últimas esperanças das hidras cabanas O Reduto de Cuipiranga126 localizase num delta da confluência do Rio Tapajós do Rio Arapiuns e do Rio Amazonas aos fundos fora palco do foco de maior resistência da Cabanagem no período regional MELO 2013 p 11 Em sua local altamente estratégico para emperrar fugas que necessitavam pois os cabanos avisarem embarcações pelo Tapajós ou Arapiuns davam cabo de fugir pelo lado do Amazonas e viceversa Sobre a Cabanagem em Santarém esta monografia contém apenas elementos essenciais pois há abundante material no Arquivo Público de Belém que ainda agirá não foi devidamente pesquisado principalmente pela falta de recursos para esboçarem até a capital do estado é lá predoso as pesquisas que são impertinências para a nossa história VEIGA DOS SANTOS 1986 p 3 A partir da afirmativa de Veiga somos levados a afirmar que seu trabalho construído pode não ter sido acesso a grande parte das documentações do APEP sobretudo o Código 888 e sendo assim poderia vir a repetir os mesmos conceitos e teses defendidos por outros em tempos diferentes Onde queremos chegar Em pesquisa nas documentações do Arquivo Público do Pará saído em Belém em meio a inúmeras intervenções nos códigos do período obtemos em indicação de leituras deparamosnos com um documento em especial que revela outro lado do sujeito Antônio Maicel Branches Partindo destas premissas somos levados a lançar como base a tese de que Antônio Maicel Branches teria sido um líder cabano aos mais finais de 1836 e despertado para o lado dos tao cabanatos a exemplo de como fez Sanchez de Brito na inicio de 1837 Isto explicaria em parte a preocupação de Maicel Branches em dialogar pacificamente com Bernardo Jenipapo para evitar o derramamento de sangue de seus excompatriotas Mas em que momento Antônio Maicel Branches teria trocado de lado na guerra Uma possível e voltamos a afirmar possível tese estaria presente nas entrelinhas dos escritos de Veiga dos Santos 1986 p 2223 ao afirmar que Notase que Branches o grande líder não lutava pelas simples conquistas do povo local lutava Teria sido um erro dos cabanos da Vila do Tapajós Por conta das ações em tempos de guerra dos cabanos vários foram os conceitos e representações pejorativas construídas contra eles especificamente contra o requisito que produzia seus revoltosos Um conjunto de forças imperiais escritas que o acampamento era o berço de toda a anarquia e o lugar onde os cabanos tinham suas últimas esperanças de salvação O padre Antônio Sanches de Brito um dos líderes anticanbcanos escreveu que ela era o lugar do Jari para onde todos os demônios iam HARRIS 2010 Era imperioso mesmo destruir aquele fioco de últimas esperanças de salvação para as classes infames da Amazônia nos anos 1830 FREITAS 2005 De acordo com Seu Manoel Godinho em entrevista a Caravana da Memória Cabana 2010 os filhos falavam que os pontos de maior resistência da cabanagem eram no Baixo Amazonas foram Cuipiranga e Ponto do macaco na Vila de Arimum próximo à Vila Brasil Arapiruns Segundo o entrevistado as tropas anticanbcanas investiam em avançados momentos para depor os cabanos sendo que apenas uma embarcação de madeira presente na vila tornando este acontecimento como o maior veneno e vergonha das tropas opositoras aos cabanos Em resposta o Comandante militar João Henrique de Matos oficia a Antonio Coelho em um tom nada simpático e desabafa Que a disconformidade lei havia entre mim e Vossa Senhoria tendo a falta de mantimentos e como estes já não tem faltado nada estaria no corrido permitame dizer sobre este assunto no entanto isto este o ouvido em sempre teria a dizer que Vossa Senhoria ocupou o Comando Geral do duro o Amazonas reconhecendo o Baixo do mesmo havendo a legitima autoridade e não quesma reconhecida e à Vossa Senhoria a demais a ser motivas que eu não pise nas ações práticas no Departamento do meu por direito e honrado que me acaba de me noticiar no seu estranho modo de esperar não está a atacar a problema Autoridade desta Comanda Santo Antôni patrulhando o Rio Tapajós Francisco Vieira Leita coronel na escuna Rio do Prato José Luís Coelho capitão no dia 05 de outubro João Henrique de Mattos capitào no Brasil em Barcarena Antônio Firmo Coelho na escuna 19 out com 2 canhões com 30 homens e Agnello Perta Beaucourt Lourenço Siqueira Ferreira e Felipe Ferreira Leita que comandou a partir de Santarém e ocasionalmente a partir de um navio da Marinha Os mercenários foram Diniz Marcílios em seu próprio barco o nome não sei com cerca de 50 soldados conhecidos como Força Tapajonenses Ambrosio Pedro Ayres com os Bararenses e cerca de 150 homens sob seu nome e Manoel Sanches com 120 homens conhecidos como Forças de Paulistas em seu próprio nome sem nome No entanto a Cabangem no interior de Cuipiranga não teve poder sobre CabralPará acabou com a derrota de Cuipiranga muitos cabanos participaram também por outras vías de direcção ao de Pará para a Província do Rio Negro Como Afonso DAndréa em 1837 era preciso sufocar os hídras porque os tróps do Corpos dessa Hidrass tomaram vida porém será indispensável em resgatar o mando da Hidrass Em consequência das vantagens adquiridas lado de Luzeá tomaram alguns rebeldes a direcção do Rio Madeira a eo dia 5 de Março pelas 3 horas da tarde atacaram a Villa de Borba Nesse ataque perde a vida o Commandante da Villa Zacarias Cesário Peixoto145 timos suspiros se é que já não havia expirado o Pará esperava o alvorecer de um novo tempo que vinha a bordo da Barca e Vapor Permambucano E os aventureiros cabanos longe do Brasil deixavam o seu último registro no final de outubro de 1846 Histórias da Cabanagem entre traços da memória e da oralidade Queremos destinar este último tópico deste livro para contar algumas histórias sobre a Cabanagem que surgiram e fazem parte da memória coletiva da população desta região As histórias narradas não têm a pretensão de se legitimarem como reais ou fiduciais nem tampouco buscam restituir o tempo real dos acontecimentos passados e vivos e não vivos antes serão um espaço de socializar um mundo da cabanagem à partir do conceito de representação de Chartier fundamentada na noção de narração e experiência de Benjamin Para Benjamin a narração mantém uma íntima relação com a experiência a qual se inscreve numa temporalidade comum a várias gerações Ela supõe portanto uma tradição comparável e realizada na continuidade da palavra transmitida de pai a filho contividade e temporalidade das sociedades artesanais A experiência são inseparáveis o fim de uma aventura é declínio do autor provocando transformações profundas Apresentamos neste tópico mitos histórias sobre a Cabanagem presentes nos discursos dos moradores de várias localidades da região do Baixo Tapajós os quais trazem aos acontecimentos de nossa parte a memória sobre sua localidade Os discursos que passaremos a narrar suas histórias contam do procedimento e quais as consequências da guerra Do caboclo que encontrou para os diferentes etnias entre múltiplas agências sociais de várias comunidades do Baixo Tapajós selecionamos nós para esta circunstância diferentes sujeitos que situam os acontecimentos do Cabanagem entre os mitos e lendas da cultura popular e os escritos históricos sobre a mesma Posteriormente optamos por primeiramente transcrever as entrevistas para em seguida realizarmos as análises de convergências de fatos e histórias em comum presentes nos discursos dos deponentes Depoimento 1 Seu Cláudio José A palavra Cuipiranga significa área vermelha Cui significa área fina e Piranga fruta vermelha Área vermelha Mas ainda porque o pessoal contam que teve muito sangue derramado Ficou manchado o sangue nessa área né Houve muita morte muita violência e dizem que parte deste sangue ficou manchado na área O sanguí encontrado por toda parte porque Cuipiranga não faz parte só aqui na frente do Rio Arapiuns ele também limitase ao Amazonas Então do Rio Arapiuns até o Amazonas é Cuipiranga Os mais antigos disseram que eram alguns moitos bem afastados da praia E porque acabaram mas o pessoal conta que ainda tinha canhões né Canhões feios de burutireros só para aglomeramento era um negócio de canhões né Faziam tipo canhões de ferro fazendo demonstrando ruído né Eu só não sei se isso era canhão de verdadeira mesmo
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Wilverson Rodrigo Silva de Melo Tempos de Revoltas no Brasil Oitocentista Ressignificação da Cabanagem no Baixo Tapajós 18311840 Tempos de Revolta no Brasil Oitocentista revisita a Amazônia Insurgente da legendária Cabanagem Ao fazêlo segue fecunda trilha aberta por uma renovada historiografia social sobre a revolta que tomou corpo desde os anos 1990 em diálogo com a antropologia Abre nova leitura picada reconstituindo como drama uma narrativa da guerra e de seus protagonistas Ao fazer dialogar documentos de época e a memória coletiva ainda hoje presente no Baixo Tapajós Wilverson Rodrigo Silva de Melo confronta o seu leitor com a força da resistência cabana na região último baluarte dos revolucionários Originalmente Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal de Pernambuco o trabalho irá livrarse da condenável erudição e força política Com diferentes vozes sociais a Cabanagem é compassão é identificação e Tribalação se vê recolhida aqui Desconfiada da Cabanagem a pesquisa mostra o velho mito que se edifica na História conferindo uma nova perspectiva à história da resistência à política imperial Hebe Mattos UFF Editora CRV ISBN 9788541114361 CAPÍTULO II BAIXO TAPAJÓS o berço revolucionário das hídrias cabanas A Queda da Capital do Vale Amazônico e a Formação dos Pontos Cabanos A região do Baixo Amazonas principalmente as vilas de Santarém e Óbidos se constituíram em área fértil para a propagação da revolução iniciada em Cametá por causa do significativo número de proprietários rurais e negociantes cruzeiros cerca de 3985 moradores brancos rurais e negros quem Santarém que possuíam o controle de boa parte das terras somente em Santarém em tudo sóivado as províncias do Mato Grosso e do Rio Negro A presença portuguesa em Santarém era tão marcante que chamava a atenção do viajante Hércules Florence o qual ainda estranhava ao constatar que no início urbano e principalmente no interior se falava um sotaque português idêntico ao do Velho Mundo sem sofrer interferências da língua geral brasileira Já podies filhos da puta Ver contente a mãe gentia Já reunido a ladroeira No horizonte do Brasil Longe vai teu servir Ou ficar à pátria limpa Ou morrer todo o Brasil Cabra gente brasileiro Descendente da Guiné Que trocaram as cinco chagas Por um ramo de café Dada tamanha importância políticoeconômica do Baixo Amazonas em especial a subregião do Baixo Tapajós compreendida pela influência e liderança de Santarém muitos negros e índios iniciaram uma série de fugas e a fundação de quilombos e ocasiões Margens do Amazonas e Tapajós na ânsia de organizar e promover inúmeras insurreições e agitações armadas O período posterior ao episódio da Adesão do Pará à Independência 1823 revelava significativas perturbações de ordem política no entanto estranhamente e os quadros podiam ser lidos de formas o governo imperial começaria a estreitar ações queres estranhas aos negócios entre lusobrasileiros e nativos assumindo a forma de uma luta anticolonialista onde se apresentava claramente a condição do elite como ponto de encontro e fortalecimento dos senhores Entretanto a Junta Provisória Defensiva não demorou a afrontar os primeiros combates As primeiras atividades revolucionárias na área do Baixo Amazonas permaneceram por reconhecer no mesmo período de criação da Junta Defensiva quando os facciosos da Vila de Cametá invadiram a Vila de Monte Alegre e preenderam a direção de Santarém Porém parte das estratégias construídas pelos estratos marginais via savam mesmo o ocre da Vila de Santarém como o intuito de tomar aquela localidade e assegurar os riscos estabelecimentos dos portugueses que lá residiam pois queriam por Santarém em Sítio sem Mantimento para depois atacarem Para isso também foram dos sediciosos de Monte Alegre os excelentes que passavam para a Vila de Alter do Chão a estratégia dos revoltos parecia ser ousada posto que as embarcações não passavam com Farinha para essa Vila Esses sítios de cacau e fazendas de gado eram propriedades de uns poucos porém poderosos senhores de terras e escravos em sua maioria portugueses ou seus descendentes Na utilização do solo predominava a grande latifundião originado em sua grande parte nas heranças generosamente dadas pelos reis de Portugal aos seus amigos da colônia Nesses estabelecimentos rurais era permanente o trabalho escravo do Negro importado da África juntamente com o trabalho servil e idócio do caboclo complementando esse contexto econômico encontravase uma incipiente agricultura de subsistência trabalhada por pequenos posseiros que não poderíamos adentrar nas terras devassadas pela colônia Lá vem cabano mia gente Cabano tá chegando na praia Sinhã gritavam quem trazia de medo e do cansaço aos pés de Mãebranca Nossa Senhora da Imaculada Conceição E logo se fechavam portas e janelas SANTOS 1999 p 195 Esse registro de insurreição é narrado por Paulo Rodrigues dos Santos que além de redigir as integra os ofícios e correspondências de cabanos e legistas incorporou às páginas de Tupaúlha e estreme trechos de canção muito procurando por representantes músicos e lavadeiras ribeirinhas exércitos faziam incursões a Vila em pequenos grupos armados de facões foices zagaias flechas e armamentos provenientes da descrição de soldados do quartel de Santarém Como medidas de contraforça os legalistas da Vila do Vale Amazônico compreenderam que a fortificação de Cuiabá dava força aos cabanos e condições de se apoderarem da Vila Era preciso uma tomada do quartel dos subversivos Foi então preparada uma expedição militar composta de 64 homens sob o comando do TenenteCoronel da Guarda Nacional José Joaquim Pereira Macambira com a missão de desaloja os cabanos de sua fortaleza VEIGA DOS SANTOS 1986 p 20 No entanto o ataqueexploração antecipada foi um fracasso os provincianos foram derrotados pelos cabanos ainda em rio e forte de Cuiabiranga mantevese intacto É posterior a este combate que as forças repressores e Tapaió descobrir um que o material bélico do quartel de Santarém estava sendo repassado às escondidas para os revoltosos por intermédio de prática deserta como evidência tinham as balas nos corpos de soldados aviados bais semelhantes para não dizer literalmente os que estavam guarnecidos O episódio da tomada de Santarém em 23 de março de 1836 teria ocorrido da seguinte maneira conforme assevera Melo 2013b p 67 Neste período histórico Santarém dividiase em três bairros Prainha Centro e Aldeia Sendo que o Centro abrigava alguns povos fidalgos o bairro da Prainha estava consagrado na moradia de muitos leigos santarenos e o bairro da Aldeia abrigava os marginalizados negros terciosnativos e fugidos comerciantes de baixo poder aquisitivo etc Devese enfatizar que a tomada de Santarém não ocorreu como hollywoodiana haja vista o ponto que envolvia sua moradores e noções sobre a paguinas Os líderes de Cuiabiranga tomaram Santarém forma apoiados por uma massa de cabanos armada de facões e armas bélicas provenientes do saque de armisticios do quartel de Santarém que saíram exatamente do bairro da Aldeia ou seja foi uma dominação do bairro da aldeia com reforços ribeirinhos sobre o Centro e a Grande Prainha Segundo Melo a tomada de Santarém foi uma sublevação de um bairro marginal e subserviente sobre os bairros que abrigavam a aristocracia rural de portugueses e brasileiros aditivos A ligação dos cabanos do Ponto de Cuiabiranga e do Ponto do Lago Grande de França com os da capital do Vale Amazônico era feito pelo bairro da Aldeia Neste ponto os cabanos vindos do Tapajós chegavam ao bairro da Aldeia desgastados como pescadores caleiteiros e indios Dessa forma informes que os cabanos foram invadindo a residência do pai do Barão de Santarém e o último da sua mansão vindo a óbito imediatamente Em contrapartida durante o ataque dos cabanas a Santarém o juiz da Comarca o comandante da Guarda Nacional o vigário da paróquia e pessoas representantes e compostas com a causa lusoparanense refugiavamse em um embarcação e posteriormente em uma direção a Macapá Posteriormente Antonio Maciel Branches armou de fazão em ponto no recinto da Câmara exigindo o cumprimento integral da Proclamação da Tapajós e do ultimado cabano de adesão ao governo de Angelim Os múltiplos Pontos cabanos funcionaram como interpostos de guerra e estabelecimentos da Confederação Cabana no Baixo Tapajós Os Pontos seriam responsáveis pelo cultivo de culturas caça pesca e criação de animais além de preparar camponeses de guerra em seus territórios Em contrapartida os Redutos Cabanos no Tapajós Cui priorá França Pinhel Santarém e Aveiro seriam responsáveis pelo protecionismo de todos os pontos cabanos Seria de responsabilidade dos Redutos travar guerras e batalhas contra os forças representantes no intuito de estabelecer paz e sossego aos pontos De todos os Redutos no entanto o mais tempo resistindo cabano e todo o GraoPará Regencial No cerne da queda da Vila de Santarém pelas ações dos cabanos do Tapajós vão surgindo outros pontos e redutos cabanos dentre os quais citamos aqui a Vila de Pinhel e Vila Franca Em Pinhel na antiga Missão de São José Maytaups algumas rugas entre brasileiros negros e aditivos promoveram um acirramento político pela disputa de poder na Vila Cometimento a imposição de trabalhos servos aos índios Maytaups como se estes fossem tapuias e não cidadãos também provocaram insatisfações às mesmas frustrações da estratificação india na Vila Em ofício do Ruim Antonio Fernandes Vigário Geral a José Joaquim Machado de Oliveira Presidente da Província do Pará enviou a Padre José do Nossa Senhora dos Prazeres Vigário da Vila a informação acerca da missão de São Cruz e sobre os cabanos e as iniquidades institucionais podendo ser aplicadas aos margens do Rio Tapajós como se mencionara antes Ficou mais ou menos claro para as autoridades municipais da região que a revolução era produto dos embates que balançavam o população regido ao baixo Tocantins Acará remediações de Belém o que inspirava extrema cautela dada a enorme população indígena e mestiça que estava diretamente em com seus interesses rebeldes Nesse sentido notícias oriundas da região de Tocantins adentravam o espaço público das vilas e lugares gerando inúmeras expectativas dos setores marginais do médio Amazonas como bem pode se ver nas atitudes dos deserdados pressos em Pinhel João José e Boaventura dos Santos que diziam que todas as palavras das autoridades eram falsas e que a ajuns ainda Cametá havia se levantado A título de contribuição esta foto acima foi tirada com um ator social na intenção de dimensionar o tamanho da trincheira que conforme Harris afirma aqui nós ratificamos tem um diâmetro de 20 m Além das trincheiras D Oneide Cardoso 2010 afirma que na época da Cabanagem os cabanos ensinavam as pessoas a usarem os buracos as tocas de tatuacy para abrigarem das balas de canhão Vila Franca situada nas proximidades do fer do rio Tapajós no rio Amazonas ao oeste de Santarém foi criada em 1758 Antes era aldeia Cumar Sua população foi aclorada em 2736 brancos índios e mestiços e esse 152 segundos foi pela de um da mãe a qual tinha também alguns proprietários de pequenas fazendas de rua e as únicas edificações destacadas do distrito BAENA 1839 p 302303 grifo nosso A Igreja hoje encontrase em processo de deterioração à espera de pesquisadores do IPHAN e restauradores para diagnosticar a construção do século XIX estancando de abrigo para macrogêneros e um suposto cahão que os moradores afirmam ser a época da Cabanagem Isto representou um estrangulamento das relações francolusoespanholas tendo em vista que as circunstâncias diplomáticas internacionais das relações entre os três países a partir de 1800 se apresentaram sob a lógica da volatilidade com a ameaça iminente de ocupação militar de Portugal pelos franceses e uma possível ocupação espanhola pelo flanco oriental da capital Contudo a ameaça representada pela proximidade com o domínio francês ao norte e espanhol ao Oeste não se reduziu somente ao supuesto perigo de uma invasão para além dos rios Oiapoque Negro e Branco O contato que a população da fronteira poderia ter com os incómodos vizinhos e suas ideias era um temor presente na consciência tecida entre as autoridades locais Entretanto a ocupação requereu significativos investimentos na manutenção das tropas portuguesas em território francês e no pagamento do atraso de soldados soldados o que foi feito mediante empréstimos de proprietários do Pará os quais viriam a serem credores do governo para o estabelecimento de diferentes alternativas políticas para o Grão Pará que a partir da década de 1820 passou a ser assolada pelo fluxo de informações que poderia inserir na sociedade de cor Eram naqueles lutuosos tempos outras margens a ser combatidas com urgência É pois esse universo de contestações e insurreições na Amazônia que appeared recognitions do termo hidras125 como algumas aos revoltosos da Cabanada do Pará Não muito longe disso os discursos provincianos e militares se dirigiriam para o maior Reduto de resistência Cabana no Pará como local de líderes anarquistas demonstrações locais de últimas esperanças das hidras cabanas O Reduto de Cuipiranga126 localizase num delta da confluência do Rio Tapajós do Rio Arapiuns e do Rio Amazonas aos fundos fora palco do foco de maior resistência da Cabanagem no período regional MELO 2013 p 11 Em sua local altamente estratégico para emperrar fugas que necessitavam pois os cabanos avisarem embarcações pelo Tapajós ou Arapiuns davam cabo de fugir pelo lado do Amazonas e viceversa Sobre a Cabanagem em Santarém esta monografia contém apenas elementos essenciais pois há abundante material no Arquivo Público de Belém que ainda agirá não foi devidamente pesquisado principalmente pela falta de recursos para esboçarem até a capital do estado é lá predoso as pesquisas que são impertinências para a nossa história VEIGA DOS SANTOS 1986 p 3 A partir da afirmativa de Veiga somos levados a afirmar que seu trabalho construído pode não ter sido acesso a grande parte das documentações do APEP sobretudo o Código 888 e sendo assim poderia vir a repetir os mesmos conceitos e teses defendidos por outros em tempos diferentes Onde queremos chegar Em pesquisa nas documentações do Arquivo Público do Pará saído em Belém em meio a inúmeras intervenções nos códigos do período obtemos em indicação de leituras deparamosnos com um documento em especial que revela outro lado do sujeito Antônio Maicel Branches Partindo destas premissas somos levados a lançar como base a tese de que Antônio Maicel Branches teria sido um líder cabano aos mais finais de 1836 e despertado para o lado dos tao cabanatos a exemplo de como fez Sanchez de Brito na inicio de 1837 Isto explicaria em parte a preocupação de Maicel Branches em dialogar pacificamente com Bernardo Jenipapo para evitar o derramamento de sangue de seus excompatriotas Mas em que momento Antônio Maicel Branches teria trocado de lado na guerra Uma possível e voltamos a afirmar possível tese estaria presente nas entrelinhas dos escritos de Veiga dos Santos 1986 p 2223 ao afirmar que Notase que Branches o grande líder não lutava pelas simples conquistas do povo local lutava Teria sido um erro dos cabanos da Vila do Tapajós Por conta das ações em tempos de guerra dos cabanos vários foram os conceitos e representações pejorativas construídas contra eles especificamente contra o requisito que produzia seus revoltosos Um conjunto de forças imperiais escritas que o acampamento era o berço de toda a anarquia e o lugar onde os cabanos tinham suas últimas esperanças de salvação O padre Antônio Sanches de Brito um dos líderes anticanbcanos escreveu que ela era o lugar do Jari para onde todos os demônios iam HARRIS 2010 Era imperioso mesmo destruir aquele fioco de últimas esperanças de salvação para as classes infames da Amazônia nos anos 1830 FREITAS 2005 De acordo com Seu Manoel Godinho em entrevista a Caravana da Memória Cabana 2010 os filhos falavam que os pontos de maior resistência da cabanagem eram no Baixo Amazonas foram Cuipiranga e Ponto do macaco na Vila de Arimum próximo à Vila Brasil Arapiruns Segundo o entrevistado as tropas anticanbcanas investiam em avançados momentos para depor os cabanos sendo que apenas uma embarcação de madeira presente na vila tornando este acontecimento como o maior veneno e vergonha das tropas opositoras aos cabanos Em resposta o Comandante militar João Henrique de Matos oficia a Antonio Coelho em um tom nada simpático e desabafa Que a disconformidade lei havia entre mim e Vossa Senhoria tendo a falta de mantimentos e como estes já não tem faltado nada estaria no corrido permitame dizer sobre este assunto no entanto isto este o ouvido em sempre teria a dizer que Vossa Senhoria ocupou o Comando Geral do duro o Amazonas reconhecendo o Baixo do mesmo havendo a legitima autoridade e não quesma reconhecida e à Vossa Senhoria a demais a ser motivas que eu não pise nas ações práticas no Departamento do meu por direito e honrado que me acaba de me noticiar no seu estranho modo de esperar não está a atacar a problema Autoridade desta Comanda Santo Antôni patrulhando o Rio Tapajós Francisco Vieira Leita coronel na escuna Rio do Prato José Luís Coelho capitão no dia 05 de outubro João Henrique de Mattos capitào no Brasil em Barcarena Antônio Firmo Coelho na escuna 19 out com 2 canhões com 30 homens e Agnello Perta Beaucourt Lourenço Siqueira Ferreira e Felipe Ferreira Leita que comandou a partir de Santarém e ocasionalmente a partir de um navio da Marinha Os mercenários foram Diniz Marcílios em seu próprio barco o nome não sei com cerca de 50 soldados conhecidos como Força Tapajonenses Ambrosio Pedro Ayres com os Bararenses e cerca de 150 homens sob seu nome e Manoel Sanches com 120 homens conhecidos como Forças de Paulistas em seu próprio nome sem nome No entanto a Cabangem no interior de Cuipiranga não teve poder sobre CabralPará acabou com a derrota de Cuipiranga muitos cabanos participaram também por outras vías de direcção ao de Pará para a Província do Rio Negro Como Afonso DAndréa em 1837 era preciso sufocar os hídras porque os tróps do Corpos dessa Hidrass tomaram vida porém será indispensável em resgatar o mando da Hidrass Em consequência das vantagens adquiridas lado de Luzeá tomaram alguns rebeldes a direcção do Rio Madeira a eo dia 5 de Março pelas 3 horas da tarde atacaram a Villa de Borba Nesse ataque perde a vida o Commandante da Villa Zacarias Cesário Peixoto145 timos suspiros se é que já não havia expirado o Pará esperava o alvorecer de um novo tempo que vinha a bordo da Barca e Vapor Permambucano E os aventureiros cabanos longe do Brasil deixavam o seu último registro no final de outubro de 1846 Histórias da Cabanagem entre traços da memória e da oralidade Queremos destinar este último tópico deste livro para contar algumas histórias sobre a Cabanagem que surgiram e fazem parte da memória coletiva da população desta região As histórias narradas não têm a pretensão de se legitimarem como reais ou fiduciais nem tampouco buscam restituir o tempo real dos acontecimentos passados e vivos e não vivos antes serão um espaço de socializar um mundo da cabanagem à partir do conceito de representação de Chartier fundamentada na noção de narração e experiência de Benjamin Para Benjamin a narração mantém uma íntima relação com a experiência a qual se inscreve numa temporalidade comum a várias gerações Ela supõe portanto uma tradição comparável e realizada na continuidade da palavra transmitida de pai a filho contividade e temporalidade das sociedades artesanais A experiência são inseparáveis o fim de uma aventura é declínio do autor provocando transformações profundas Apresentamos neste tópico mitos histórias sobre a Cabanagem presentes nos discursos dos moradores de várias localidades da região do Baixo Tapajós os quais trazem aos acontecimentos de nossa parte a memória sobre sua localidade Os discursos que passaremos a narrar suas histórias contam do procedimento e quais as consequências da guerra Do caboclo que encontrou para os diferentes etnias entre múltiplas agências sociais de várias comunidades do Baixo Tapajós selecionamos nós para esta circunstância diferentes sujeitos que situam os acontecimentos do Cabanagem entre os mitos e lendas da cultura popular e os escritos históricos sobre a mesma Posteriormente optamos por primeiramente transcrever as entrevistas para em seguida realizarmos as análises de convergências de fatos e histórias em comum presentes nos discursos dos deponentes Depoimento 1 Seu Cláudio José A palavra Cuipiranga significa área vermelha Cui significa área fina e Piranga fruta vermelha Área vermelha Mas ainda porque o pessoal contam que teve muito sangue derramado Ficou manchado o sangue nessa área né Houve muita morte muita violência e dizem que parte deste sangue ficou manchado na área O sanguí encontrado por toda parte porque Cuipiranga não faz parte só aqui na frente do Rio Arapiuns ele também limitase ao Amazonas Então do Rio Arapiuns até o Amazonas é Cuipiranga Os mais antigos disseram que eram alguns moitos bem afastados da praia E porque acabaram mas o pessoal conta que ainda tinha canhões né Canhões feios de burutireros só para aglomeramento era um negócio de canhões né Faziam tipo canhões de ferro fazendo demonstrando ruído né Eu só não sei se isso era canhão de verdadeira mesmo