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Administração ·
Contabilidade Gerencial
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Universidade Estácio de Sá\nCurso de Administração\nMatéria: Contabilidade Geral\nProfessor: Luiz Carlos Pereira\n\nContabilidade Geral\n\nMaterial Início e Evolução da Contabilidade\n\nO início da contabilidade como ciência é atribuído ao Frei Lucca Paciolo, que escreveu, num livro sobre Geometria e Aritmética, o princípio da partida dobrada, isto é, que cada débito corresponde a um crédito de igual valor.\n\nContava-se que ele foi convidado, pelo Papa, para tomar conta de um convento localizado numa pequena cidade italiana, próxima a Roma. Para aceitar tal incumbência solicitou ao Sumo Pontífice uma lista de tudo que pertencia ao convento.\n\nA lista lhe foi fornecida e continha as seguintes informações:\n\nCaixa 2.000\nValores a Receber 4.000\nConvento (casa) 7.000\nValores a Pagar 2.000\n15.000\n\nNo caixa estava todo o dinheiro, em espécie, que pertencia ao convento. Os valores a receber eram representados por pedaços de papel, onde estavam descritos as mercadorias e serviços que as pessoas tinham adquirido ao convento, para pagamento no futuro. O valor da casa representava o custo pelo qual tinha sido adquirida. E os valores a pagar eram anotações que relatavam os serviços e mercadorias adquiridas, pelo convento, às pessoas da cidade, para pagamento posterior.\n\nDe posse destas informações, o Frei Lucca começou a refletir sobre o significado daquela lista. Logo ele percebeu que aquelas informações continham os valores de todos os bens, direitos e obrigações que pertenciam ao convento. O caixa (2.000) e a casa (7.000) eram os bens materiais. Os pedaços de papel que registravam os valores (4.000) que o convento tinha a receber da comunidade eram os direitos (bens imateriais) e, finalmente, os papéis que registravam os valores a pagar (2.000) eram as obrigações do convento. Desta maneira ele chegou a um conceito muito importante para a contabilidade, o conceito de patrimônio: é o conjunto de bens, direitos e obrigações que pertence a uma pessoa física ou jurídica. Este conceito ele expressou, matematicamente, através da seguinte equação:\n\na) Bens (B) + Direitos (D) + Obrigações (O) = Patrimônio\n\nConceito de Patrimônio Liquido (PL)\n\nLucca Paciolo achou que esta informação era importante, porém, merecia ser refinada. Para isto pensou: qual seria o valor do \"convento\" se todos os seus valores a receber fossem recebidos, a casa fosse vendida pelo valor registrado e, finalmente, pagasse todas as suas dívidas? Para responder a esta questão, ele transformou a equação (a) na equação seguinte:\n\nb) B + D - O = PL ou\n\n9.000 + 4.000 - 2.000 = 11.000\n\nE assim, ele chegou a outro conceito de fundamental importância para a contabilidade - o conceito de patrimônio líquido. O patrimônio líquido pode, portanto, ser definido como resultado da soma do conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa física ou jurídica, levando em consideração, porém, que os bens e direitos são valores positivos e as obrigações são valores negativos.\n\nA Equação do Balanço\n\nDiante da equação (b) que formulou para explicar o conceito de patrimônio líquido, o Frei, como bom matemático que era, fez o seguinte raciocínio: \"se eu colocar de um lado da equação os valores positivos do patrimônio e do outro os seus valores negativos, mais a diferença entre eles, terei uma equação perfeitamente equilibrada\". E, agindo desta maneira, transformo a equação (b) na seguinte equação: c) B + D = O * PL ou\n9.000 + 4.000 = 2.000 + 11.000\n\nObservando esta equação ele decidiu arrumar as contas representativas do convento da mesma forma, isto é:\n\nCaixa\t\t2.000\nValores a Pagar\t2.000\nValores a Receber\t4.000\nCasa\t\t7.000\n\t\t13.000\n\nEsta forma de apresentação do patrimônio de uma empresa, muitos anos mais tarde, passou a ser chamada de balanço devido ao equilíbrio sugerido por ela. Este formato se assembleia a uma balança com dois pratos de peso exatamente iguais. Aliás, a palavra é uma palavra grega composta de duas partes: \"bi\" e \"lancis\". \"Bi\" significa dois e \"lancis\" é traduzido por pratos de balança.\n\nPosteriormente, o lado esquerdo do balanço foi chamado de Ativo devido ao fato destas contas representarem a parte viva ativa da empresa. Este lado registra, em última instância, todas as aplicações da empresa, como Caixa, Valores a Receber, Imobilizado, Investimentos, etc.\n\nO lado direito foi denominado de Passivo em virtude de suas contas registrarem, passivamente, a origem de recursos que foram aplicados nos ativos. O passivo total de uma empresa pode ser dividido em duas partes: passivo fictício que representa os recursos dos proprietários e, por isso, também chamado de recursos próprios, e o passivo propriamente dito, que representa as exigibilidades da empresa para com terceiros.\n\nReceitas e Despesas\n\nDiz a história que o Frei mal acabara de ter armado o convento e já apareceram os primeiros fregueses: um grupo de tropeiros que passavam pela cidade - que não tinha hotéis - foi direto ao convento e pediu para passar a noite lá. O Frei aceitou sob a condição de receber o equivalente, hoje, a $ 500. Após, recebido o dinheiro, Paccilio satisfeito com o seu primeiro negócio registrou esta receita na sua incipiente contabilidade. E o seu balanço representou a seguinte posição:\n\nBALANÇO\n\nCaixa\t\t2.500\nValores a Receber\t4.000\nCasa\t\t7.000\n\t\t13.500\n\nConforme podemos constatar, comparando este balanço com o anterior, apenas o Caixa, entre as contas patrimoniais, foi alterado passando de $ 2.000 para $ 2.500. Como consequência desta modificação o patrimônio líquido, que é um valor diferencial, pois registra a diferença entre bens, direitos e obrigações, evoluiu para $ 11.500.\n\nEntusiasmado com a primeira transação, Lucca Pacciolio enviou uma cópia do novo balanço para o Papa, que ficou altamente satisfeito com o resultado, principalmente porque a decisão da escolha sobre Lucca Pacciolio para dirigir o convento, foi dele.\n\nMas o seu contentamento durou pouco. Após a saída dos tropeiros o Frei pagou $ 20 para fazer a limpeza do convento e arrumar as camas. Ao registrar esta despesa na sua contabilidade, o balanço passou a ter a seguinte forma:\n\nCaixa\t\t2.480\nValores a Receber\t4.000\nCasa\t\t7.000\n\t\t13.480\n\nMais uma vez ao compararmos o novo balanço com o imediato anterior é notado que houve apenas uma redução no caixa no valor de $ 20, permanecendo os demais itens do patrimônio inalterados. Como consequência disto, por força da lógica da equação do balanço, o patrimônio líquido foi também reduzido em $ 20. Como bom administrador que era, Lucca a cada alteração no patrimônio líquido do Convento, enviava uma cópia do balanço para o seu chefe. Desta vez, porém, a reação do Papa foi inversa a anterior.\n\nO santo Padre observou que o caixa havia sido reduzido e, também, o patrimônio líquido o que, para ele, isso era um absurdo. Imediatamente, convocou o Frei para ir a Roma para pessoalmente as devidas explicações. Paccilio foi até lá e mostrou ao Chefe da Igreja que aquela alteração não era tão absurda como poderia parecer à primeira vista. Os seus argumentos surtiram bons efeitos, pois o Papa ficou satisfeito com a explicação e Paccilio continuou gerenciando o Convento.\n\nO nosso Frei, contudo, não ficou nada satisfeito de ter ido à Roma dar explicações que poderiam ser evidentes. E, muito pior pensou ele, ter que ir novamente dar explicações banais toda vez que ocorrer alterações no patrimônio líquido do Convento, principalmente quando elas forem negativas. Diante deste quadro, ele começou a pensar em como registrar estas operações na contabilidade de uma maneira tal que não houvesse necessidade de explicações adicionais, para que elas fossem entendidas.\n\nA Solução Milagrosa\n\nEvidentemente que se, para cada despesa ou receita, houvesse uma alteração imediata do patrimônio líquido - sem que elas fossem registradas - após várias despesas e receitas, ao final de um determinado período, não se poderia dizer como um resultado foi obtido. Poder-se-ia, é verdade, dizer que houve um resultado no período, positivo ou negativo. Para isto, bastaria comparar o patrimônio líquido do final do período, em questão, com o do período anterior. Porém não se saberia dizer como o resultado foi constituído, quanto foi a receita, e assim como não saberiam, quais foram as despesas nem quanto somaram.\n\nO Frei Lucca, como já sabemos, era um matemático. Devido a isto, resolveu aplicar no balanço atual a equação do patrimônio líquido (b) e observar o resultado:\n\nb) B + D - O = PL ou\n9.480 + 4.000 - 2.000 = 11.480 Ele notou que o patrimônio líquido, agora, era $ 11.480 de acordo com a equação (b). Esse valor tem uma diferença, a maior, de $ 480 em relação ao patrimônio líquido, ou seja, aquele antes das operações de receitas e despesas. E, na realidade, esta diferença era exatamente o lucro do convento no período, isto é, receitas (S 500) menos despesas (S 20).\n\nOra raciocinou o bom Frei, se chamarmos o patrimônio líquido, de antes do início das operações, de Patrimônio Liquido Inicial ou capital e o fixarmos, passando a registrar na contabilidade as despesas e receitas ocorridas, poderemos acompanhar \"pari passu\" a evolução do resultado da empresa e, ao final de um período qualquer, poderemos informar quais foram as receitas e despesas do exercício e, consequentemente, o resultado que a empresa obteve. Podemos informar, também o patrimônio líquido do final do período, que nada mais é do que o valor do patrimônio inicial mais o resultado do exercício.\n\nPortanto, este problema estava resolvido. O Frei colocou a sua ideia em prática desenvolvendo a equação do balanço (c) da seguinte maneira:\nc) B + D = O + PLI + R\n\n9.000 + 4.000 = 2.000 + 11.000\n\nPara registrar o dinheiro recebido dos tropeiros, a receita R de $ 500, a equação (c) se transformou na equação (d):\nd) B + D = O + PLI + R\n\n9.500 + 4.000 = 2.000 + 11.000 + 500\n\nE para registrar a despesa (DE) de $ 20, referente à limpeza do Convento e arrumação das camas, a equação (d) evoluiu para a (e):\n\nB + D + DE = O + PLI + R\n\n9.480 + 4.000 + 20 = 2.000 + 11.000 + 500\n\nAssim como a equação (c) representa o balanço, a equação (e) diz respeito ao balancete e pode ser assim representada: Ele observou que na parte de cima o ativo total superava o passivo total em $ 480 e, na parte de baixo, era exatamente o contrário. Esta diferença era semelhante a diferença entre o patrimônio líquido do início do período e o do final, conforme ele já tinha percebido quando aplicou a equação (b) (B + D - O = PL) no balancete final do exercício. Como o patrimônio líquido inicial era de $ 11.000 e agora, no final do período, evoluiu para $ 11.480 significa que o Convento obteve o lucro de $ 480. E isto é que as contas da \"Parte de Baixo\" trazem: a diferença entre receitas e despesas de um período, nada mais é do que o resultado da empresa, neste período.\n\nDesta maneira, o Frei observou que as contas de resultado (Receitas e Despesas) apenas registram os aumento (receitas) e as diminuições (despesas) do patrimônio líquido. Portanto, ao final de um período qualquer, para apuração do seu resultado, é necessário que se faça uma comparação entre as somas das despesas e das receitas. Se as receitas forem maiores que as despesas, o resultado do periodo será um lucro. Neste caso, o lucro será adicionado ao patrimônio líquido do início do exercício, aumentando o valor contábil da empresa e, consequentemente, aumentando a riqueza dos seus proprietários. Se, ao contrário, as despesas forem maiores, o resultado será um prejuízo que reduzirá o patrimônio líquido inicial e, consequentemente, tornará menor a riqueza dos proprietários da empresa. BALANCETE\n\nCaixa 2.480 Valores a Pagar 2.000\nValores a Receber 4.000 Patrimônio Liquido 11.000\nCasa 7.000 Receitas de Hospedagem 500\nDespesa (limpeza) 20\n13.500 13.500\n\nDiferença entre Balanço e Balancete\n\nE assim podemos concluir que a diferença entre balanço e balancete é que este, além de apresentar as contas patrimoniais, apresenta também, as contas de receitas e despesas. O balanço pode apresentar contas de despesas e receitas, porém são despesas e receitas que, devido ao princípio contábil de competência do exercício, não foram consideradas para apuração do resultado do período para o qual o balanço foi levantado. Elas serão levadas em consideração para a apuração de resultado nos exercícios subsequentes.\n\nA Apuração de Resultados e o Levantamento de Balanço\n\nResolvido o problema do registro de despesas e receitas, conforme vimos acima, o Frei se deparou com a seguinte questão: Qual o patrimônio da empresa e qual o resultado do exercício?\n\nEvidentemente, que o balancete não responde diretamente estas perguntas. É preciso que se faça cálculos aritméticos para respondê-las. Por isso, o Frei não ficou completamente satisfeito com esta peça contábil. O ideal seria elaborar uma demonstração que evidenciasse estas respostas, da melhor maneira possível. Pensando assim, Lucca resolveu separar as contas que diferenciam o balancete do balanço, ou seja, as contas que representam as receitas e despesas consideradas para apuração do resultado econômico de um período. E assim fez: Com estas observações o Frei então elaborou o Balanço Final e o Demonstrativo de Resultado do Convento, daquele período:\n\nBalanço Final\nCaixa 2.480\nValores a Receber 4.000\nCasa 7.000\n13.480\nValores a Pagar 2.000\nPatrimônio Líquido Final 11.480\nPatrimônio Líquido Inicial 11.000\nLucro do Período 480\n\nDemonstrativo de Resultado\nReceitas: Hospedagem 500\nDespesas: Limpeza 20\nLucro do Período 480\n\nA Importância da Fixação do Patrimônio Líquido Inicial\n\nObservando o mecanismo de registro de receitas e despesas, conforme vimos acima, podemos concluir que as receitas e despesas alteram o patrimônio líquido aumentando-o e as despesas o modificam também, porém diminuindo-o.\n\nDevemos nos deter um pouco sobre a decisão do Frei Lucca em fixar o patrimônio líquido inicial ou capital e focalizar a nossa atenção sobre esta sistemática de registro para entendermos, claramente, como funciona a contabilidade em relação à apuração de resultados.\n\nQuando há uma receita - à vista ou a prazo - o valor recebido dela, seja dinheiro ou títulos a receber, será registrado na contabilidade como uma aplicação ativo. Este valor aumentará os bens, se for em dinheiro, ou os direitos, se for em títulos, e com isto,
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E, agindo desta maneira, transformo a equação (b) na seguinte equação: c) B + D = O * PL ou\n9.000 + 4.000 = 2.000 + 11.000\n\nObservando esta equação ele decidiu arrumar as contas representativas do convento da mesma forma, isto é:\n\nCaixa\t\t2.000\nValores a Pagar\t2.000\nValores a Receber\t4.000\nCasa\t\t7.000\n\t\t13.000\n\nEsta forma de apresentação do patrimônio de uma empresa, muitos anos mais tarde, passou a ser chamada de balanço devido ao equilíbrio sugerido por ela. Este formato se assembleia a uma balança com dois pratos de peso exatamente iguais. Aliás, a palavra é uma palavra grega composta de duas partes: \"bi\" e \"lancis\". \"Bi\" significa dois e \"lancis\" é traduzido por pratos de balança.\n\nPosteriormente, o lado esquerdo do balanço foi chamado de Ativo devido ao fato destas contas representarem a parte viva ativa da empresa. Este lado registra, em última instância, todas as aplicações da empresa, como Caixa, Valores a Receber, Imobilizado, Investimentos, etc.\n\nO lado direito foi denominado de Passivo em virtude de suas contas registrarem, passivamente, a origem de recursos que foram aplicados nos ativos. O passivo total de uma empresa pode ser dividido em duas partes: passivo fictício que representa os recursos dos proprietários e, por isso, também chamado de recursos próprios, e o passivo propriamente dito, que representa as exigibilidades da empresa para com terceiros.\n\nReceitas e Despesas\n\nDiz a história que o Frei mal acabara de ter armado o convento e já apareceram os primeiros fregueses: um grupo de tropeiros que passavam pela cidade - que não tinha hotéis - foi direto ao convento e pediu para passar a noite lá. O Frei aceitou sob a condição de receber o equivalente, hoje, a $ 500. Após, recebido o dinheiro, Paccilio satisfeito com o seu primeiro negócio registrou esta receita na sua incipiente contabilidade. E o seu balanço representou a seguinte posição:\n\nBALANÇO\n\nCaixa\t\t2.500\nValores a Receber\t4.000\nCasa\t\t7.000\n\t\t13.500\n\nConforme podemos constatar, comparando este balanço com o anterior, apenas o Caixa, entre as contas patrimoniais, foi alterado passando de $ 2.000 para $ 2.500. Como consequência desta modificação o patrimônio líquido, que é um valor diferencial, pois registra a diferença entre bens, direitos e obrigações, evoluiu para $ 11.500.\n\nEntusiasmado com a primeira transação, Lucca Pacciolio enviou uma cópia do novo balanço para o Papa, que ficou altamente satisfeito com o resultado, principalmente porque a decisão da escolha sobre Lucca Pacciolio para dirigir o convento, foi dele.\n\nMas o seu contentamento durou pouco. Após a saída dos tropeiros o Frei pagou $ 20 para fazer a limpeza do convento e arrumar as camas. Ao registrar esta despesa na sua contabilidade, o balanço passou a ter a seguinte forma:\n\nCaixa\t\t2.480\nValores a Receber\t4.000\nCasa\t\t7.000\n\t\t13.480\n\nMais uma vez ao compararmos o novo balanço com o imediato anterior é notado que houve apenas uma redução no caixa no valor de $ 20, permanecendo os demais itens do patrimônio inalterados. Como consequência disto, por força da lógica da equação do balanço, o patrimônio líquido foi também reduzido em $ 20. Como bom administrador que era, Lucca a cada alteração no patrimônio líquido do Convento, enviava uma cópia do balanço para o seu chefe. Desta vez, porém, a reação do Papa foi inversa a anterior.\n\nO santo Padre observou que o caixa havia sido reduzido e, também, o patrimônio líquido o que, para ele, isso era um absurdo. Imediatamente, convocou o Frei para ir a Roma para pessoalmente as devidas explicações. 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Devido a isto, resolveu aplicar no balanço atual a equação do patrimônio líquido (b) e observar o resultado:\n\nb) B + D - O = PL ou\n9.480 + 4.000 - 2.000 = 11.480 Ele notou que o patrimônio líquido, agora, era $ 11.480 de acordo com a equação (b). Esse valor tem uma diferença, a maior, de $ 480 em relação ao patrimônio líquido, ou seja, aquele antes das operações de receitas e despesas. E, na realidade, esta diferença era exatamente o lucro do convento no período, isto é, receitas (S 500) menos despesas (S 20).\n\nOra raciocinou o bom Frei, se chamarmos o patrimônio líquido, de antes do início das operações, de Patrimônio Liquido Inicial ou capital e o fixarmos, passando a registrar na contabilidade as despesas e receitas ocorridas, poderemos acompanhar \"pari passu\" a evolução do resultado da empresa e, ao final de um período qualquer, poderemos informar quais foram as receitas e despesas do exercício e, consequentemente, o resultado que a empresa obteve. Podemos informar, também o patrimônio líquido do final do período, que nada mais é do que o valor do patrimônio inicial mais o resultado do exercício.\n\nPortanto, este problema estava resolvido. O Frei colocou a sua ideia em prática desenvolvendo a equação do balanço (c) da seguinte maneira:\nc) B + D = O + PLI + R\n\n9.000 + 4.000 = 2.000 + 11.000\n\nPara registrar o dinheiro recebido dos tropeiros, a receita R de $ 500, a equação (c) se transformou na equação (d):\nd) B + D = O + PLI + R\n\n9.500 + 4.000 = 2.000 + 11.000 + 500\n\nE para registrar a despesa (DE) de $ 20, referente à limpeza do Convento e arrumação das camas, a equação (d) evoluiu para a (e):\n\nB + D + DE = O + PLI + R\n\n9.480 + 4.000 + 20 = 2.000 + 11.000 + 500\n\nAssim como a equação (c) representa o balanço, a equação (e) diz respeito ao balancete e pode ser assim representada: Ele observou que na parte de cima o ativo total superava o passivo total em $ 480 e, na parte de baixo, era exatamente o contrário. Esta diferença era semelhante a diferença entre o patrimônio líquido do início do período e o do final, conforme ele já tinha percebido quando aplicou a equação (b) (B + D - O = PL) no balancete final do exercício. Como o patrimônio líquido inicial era de $ 11.000 e agora, no final do período, evoluiu para $ 11.480 significa que o Convento obteve o lucro de $ 480. E isto é que as contas da \"Parte de Baixo\" trazem: a diferença entre receitas e despesas de um período, nada mais é do que o resultado da empresa, neste período.\n\nDesta maneira, o Frei observou que as contas de resultado (Receitas e Despesas) apenas registram os aumento (receitas) e as diminuições (despesas) do patrimônio líquido. Portanto, ao final de um período qualquer, para apuração do seu resultado, é necessário que se faça uma comparação entre as somas das despesas e das receitas. Se as receitas forem maiores que as despesas, o resultado do periodo será um lucro. Neste caso, o lucro será adicionado ao patrimônio líquido do início do exercício, aumentando o valor contábil da empresa e, consequentemente, aumentando a riqueza dos seus proprietários. Se, ao contrário, as despesas forem maiores, o resultado será um prejuízo que reduzirá o patrimônio líquido inicial e, consequentemente, tornará menor a riqueza dos proprietários da empresa. BALANCETE\n\nCaixa 2.480 Valores a Pagar 2.000\nValores a Receber 4.000 Patrimônio Liquido 11.000\nCasa 7.000 Receitas de Hospedagem 500\nDespesa (limpeza) 20\n13.500 13.500\n\nDiferença entre Balanço e Balancete\n\nE assim podemos concluir que a diferença entre balanço e balancete é que este, além de apresentar as contas patrimoniais, apresenta também, as contas de receitas e despesas. O balanço pode apresentar contas de despesas e receitas, porém são despesas e receitas que, devido ao princípio contábil de competência do exercício, não foram consideradas para apuração do resultado do período para o qual o balanço foi levantado. Elas serão levadas em consideração para a apuração de resultado nos exercícios subsequentes.\n\nA Apuração de Resultados e o Levantamento de Balanço\n\nResolvido o problema do registro de despesas e receitas, conforme vimos acima, o Frei se deparou com a seguinte questão: Qual o patrimônio da empresa e qual o resultado do exercício?\n\nEvidentemente, que o balancete não responde diretamente estas perguntas. É preciso que se faça cálculos aritméticos para respondê-las. Por isso, o Frei não ficou completamente satisfeito com esta peça contábil. O ideal seria elaborar uma demonstração que evidenciasse estas respostas, da melhor maneira possível. Pensando assim, Lucca resolveu separar as contas que diferenciam o balancete do balanço, ou seja, as contas que representam as receitas e despesas consideradas para apuração do resultado econômico de um período. E assim fez: Com estas observações o Frei então elaborou o Balanço Final e o Demonstrativo de Resultado do Convento, daquele período:\n\nBalanço Final\nCaixa 2.480\nValores a Receber 4.000\nCasa 7.000\n13.480\nValores a Pagar 2.000\nPatrimônio Líquido Final 11.480\nPatrimônio Líquido Inicial 11.000\nLucro do Período 480\n\nDemonstrativo de Resultado\nReceitas: Hospedagem 500\nDespesas: Limpeza 20\nLucro do Período 480\n\nA Importância da Fixação do Patrimônio Líquido Inicial\n\nObservando o mecanismo de registro de receitas e despesas, conforme vimos acima, podemos concluir que as receitas e despesas alteram o patrimônio líquido aumentando-o e as despesas o modificam também, porém diminuindo-o.\n\nDevemos nos deter um pouco sobre a decisão do Frei Lucca em fixar o patrimônio líquido inicial ou capital e focalizar a nossa atenção sobre esta sistemática de registro para entendermos, claramente, como funciona a contabilidade em relação à apuração de resultados.\n\nQuando há uma receita - à vista ou a prazo - o valor recebido dela, seja dinheiro ou títulos a receber, será registrado na contabilidade como uma aplicação ativo. Este valor aumentará os bens, se for em dinheiro, ou os direitos, se for em títulos, e com isto,