·

Cursos Gerais ·

Contabilidade

Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora

Fazer Pergunta
Equipe Meu Guru

Prefere sua atividade resolvida por um tutor especialista?

  • Receba resolvida até o seu prazo
  • Converse com o tutor pelo chat
  • Garantia de 7 dias contra erros

Texto de pré-visualização

3 - Prática atuarial Ao final deste módulo, você será capaz de analisar as formas de operação e cálculos das entidades seguradoras. Operações e cálculos de seguros Passamos pela Ciência Atuarial, pelo profissional da área e por alguns campos de atuação. Está na hora de colocar em prática a teoria vista até agora, acrescentando alguns cálculos e situações do cotidiano. Neste momento, vamos assumir o papel de atuário e resolver alguns desafios propostos neste estudo. Exemplo 1 A empresa ABC Comércio de Sapatos Ltda. possui um seguro patrimonial no valor de R$50.000,00. Um incêndio devastou o estoque, e a empresa ficou com R$40.000,00 de prejuízo. O vistoriador da seguradora foi até o local e avaliou o bem em risco em R$70.000,00. Quanto a seguradora deve pagar à empresa ABC? Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Ana adora conversas sobre todos os assuntos com seus colegas de trabalho, inclusive sobre produtos e serviços que seu gerente bancário lhe oferece. Em seu último encontro com os colegas, ela disse que seu gerente lhe ofereceu um seguro em que o valor de indenização é escolhido por ela no momento da contratação. Qual foi o tipo de seguro que o gerente de Ana ofereceu a ela? A De danos patrimoniais. B De incêndio. C De causa aleatória. D De pessoas. E De responsabilidade civil. Parabéns! A alternativa D está correta. Diferente dos demais bens, a vida não pode ser mensurável. Por isso, no momento da contratação, o segurado define o valor a pagar e o valor da proteção correspondente. Questão 2 Eric fez uma aplicação no plano de previdência complementar PGBL. Pouco tempo depois, percebeu que a melhor opção seria migrar para o VGBL. O que Eric deve fazer? A Solicitar a transferência imediatamente, uma vez que isso é permitido. B Realizar um aporte de R$1.000,00 para concluir sua solicitação. C Aguardar 3 meses após a solicitação junto à empresa de gestão. D Resgatar todo o valor e migrar para o outro plano, com ciência do pagamento de impostos. E Aguardar 180 dias após a solicitação junto à empresa de gestão. Parabéns! A alternativa D está correta. Ao escolher um plano de previdência complementar, não é permitido alterar o tipo de plano escolhido. A Lei Complementar nº 109/2001 define os critérios e padrões mínimos de segurança aos investidores, o que difere os planos VGBL e PGBL, principalmente em relação às formas de resgate e condicionantes, para que a previdência complementar seja dedutível ou não no Imposto de Renda. Princípio da prudência É preciso ter prudência no processo de interpretação dos riscos, verificando se todos os dados são consistentes o bastante para a tomada de decisão. Princípio da consistência Coerência e consistência dos dados são fatores primordiais para a análise do atuário antes da elaboração de todo e qualquer estudo. Princípio da materialidade e relevância Ao elaborar seu trabalho, o atuário deve se basear na materialidade, assim como na relevância dos valores de liquidez, solvência e provisões envolvidos. Princípio da solvência e continuidade das operações Assegura a continuidade das operações no futuro, prevalecendo pela liquidez e solvência. Princípio do risco Além de ser uma das razões para o surgimento da profissão, analisar e quantificar riscos é a principal atividade do atuário. É isso que faz surgir as oportunidades no mercado para que uma pessoa repasse a responsabilidade de arcar com uma incerteza futura para uma seguradora, por exemplo. Princípio da aleatoriedade A definição deste princípio está diretamente vinculada à noção de risco, pois diz respeito à possibilidade de algo ocorrer ou não. Em outras palavras, o risco das partes, do segurador e do segurado, por exemplo, depende de situações futuras e incertas. Princípio do mutualismo De acordo com o IBA (2014, p. 3), trata-se da "associação entre membros de um grupo no qual suas contribuições são utilizadas para propor e garantir benefícios aos seus participantes". Logo, este princípio está relacionado à contribuição de um grupo para a resolução de incertezas aleatórias. Para facilitar o entendimento, pense em uma seguradora que atua com venda de seguros de veículos. Durante o ano, ela realizou a venda de 100 seguros auto. No decorrer dos meses seguintes, 10 carros aleatórios sofreram sinistros, e a seguradora precisou arcar com os custos, pois, quando vendeu a proteção, assumiu a responsabilidade de eventos incertos futuros. Nessa situação, de 100 carros, alguns aleatórios precisaram de amparo da seguradora. Aqui, temos um caso em que identificamos o princípio do mutualismo, pois a contribuição de um grupo resolveu situações futuras de alguns participantes aleatórios. Princípio da equiprobabilidade Indica que os acontecimentos têm as mesmas probabilidades quando possuem as mesmas características. Princípio da mensuração do risco Com o apoio de ferramentas estatísticas e matemáticas, o atuário consegue prever e mensurar os indicadores de ocorrência de eventos, ou seja, indicar quais são as possibilidades de as ocorrências futuras ocorrerem ou não. Transações atuariais devem ser registradas nos períodos aos quais se referem, sem relação com o período de pagamento ou recebimento. Princípio da segregação patrimonial De acordo com o IBA (2014, p. 5): “Pressupõe que o atuário proceda a seu trabalho com base na identificação, na avaliação e na segregação entre o patrimônio dos planos ou carteiras, em relação ao respectivo equilíbrio atuarial”. Os princípios contábeis e atuariais Neste vídeo, a partir comparações entre os principais princípios contábeis e atuariais, o especialista reflete sobre a aplicação dos princípios na gestão atuarial, visando à mitigação dos riscos. Para assistir a um vídeo sobre o assunto, acesse a versão online deste conteúdo. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A cada vez que uma pesquisa ou um levantamento se torna mais assertivo em relação à realidade, aumenta o índice de probabilidade. Esta definição está vinculada ao seguinte princípio atuarial: A Universialidade. B Mutualismo. C Lei dos Grandes Números. D Segregação patrimonial. E Consistência. Parabéns! A alternativa C está correta. Dentre os princípios atuariais, a Lei dos Grandes Números apresenta a base para uma análise confiável e capaz de minimizar grandes impactos no momento do cálculo atuarial. Questão 2 O atuário é um especialista em diversas áreas do conhecimento. Entre elas, estão a Matemática e a Estatística, cujas competências permitem a esse profissional desenvolver estudos e modelagens relacionados ao cálculo dos valores que serão cobrados dos beneficiários, de forma integral ou em parcelas, conforme a oferta da seguradora e a escolha do segurado. Tais valores são denominados A prêmios. B provisões. C simulações. D apólices. E seguros. Parabéns! A alternativa A está correta. De acordo com o Regulamento do Decreto-Lei nº 806/1969, o Atuário é o profissional capacitado para atuar com riscos, seguros e previdência, calculando dados como prêmios, indenizações e reservas. 2 - Seguros e previdência Ao final deste módulo, você será capaz de interpretar as terminologias e os eventos relativos aos seguros e à previdência. Mercado de seguros Um pouco de história Com todo o conhecimento dos princípios atuariais, podemos avançar nosso estudo e conhecer um pouco mais sobre dois importantes campos do atuário no mercado: Seguros Previdências Vamos começar pelos seguros. De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP, 1997): "A atividade seguradora no brasil teve início com abertura dos portos ao comércio internacional, em 1808." (SUSEP, 1997) Os seguros comercializados eram apenas marítimos, sendo proibidos os terrestres. Somente na década de 1850, a história passou a mudar, assim como o cenário brasileiro, que começou a atrair empresas estrangeiras, pois os seguros terrestres da época – mais conhecidos atualmente como seguros de vida – também passaram a fazer parte do leque de opções de proteção. A história continuou: o mercado aquecido, o seguro sendo vendido e o cenário brasileiro sendo fortalecido neste segmento. Mas poderia ser melhor. Afinal: As reservas técnicas ganhas em território nacional por empresas estrangeiras eram aplicadas aqui no Brasil ou retornava para seus países? Mais tarde, por volta de 1895, o Brasil percebeu a importância de manter as reservas técnicas ganhas em território nacional e publicou, naquele mesmo ano, a Lei nº 294, que reforçava este planejamento. Com isso, algumas empresas estrangeiras não aceitaram a novidade e decidiram encerrar suas atividades. Entretanto, o mercado nacional de seguros "já havia alcançado desenvolvimento satisfatório" (SUSEP, 1997), o que foi suficiente para, ainda com a saída de algumas empresas, manter-se em crescimento. A SUSEP (1997) também registra brevemente o surgimento da previdência privada no Brasil, inaugurada no século XIX, mais precisamente em 1835, quando foi criado o Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado (MONGERAL). A Previdência Social, por sua vez, foi instituída com a promulgação da Lei Eloi Chaves – Lei nº 4.682/1923. Tipos de seguros Hoje em dia, há diversas opções de proteção – como seguro de vida, de carro, de casa e de aparelho celular – e até mesmo canais de contratação. Você pode ir a um banco, a uma corretora ou contratar o seguro por um aplicativo. É tudo muito simples. Pode até ser que você não tenha ou nunca tenha tido um seguro, mas, com certeza, já ouviu falar pelo menos de algum. O mercado de seguros está cada vez mais preocupado em atender a demanda da sociedade quando o assunto é evitar frustrações que possam acontecer com roubos, furtos, danos, perdas etc. Dentro desse mercado, existem alguns grupos e condições para contratar uma proteção. Os seguros podem ser classificados conforme a natureza dos riscos em três grupos. Souza (2002) resume de forma prática a definição de cada um deles. Vejamos os grupos e alguns exemplos dessa classificação: exemplos Exemplos adaptados de SOUZA, 2002, p. 62. Seguro de pessoas Tem o valor da indenização definida pelo segurado no momento da contratação. Exemplos: Vida individual; acidentes pessoais; vida em grupo. Seguro de danos patrimoniais Repara ao segurado a perda ocasionada pelo sinistro. Exemplos: Carro; casa; empresa. Seguros de serviços Visa à proteção e ao ressarcimento de gastos referentes à prestação de serviços. Exemplos: Assistência médica; assistência elétrica; assistência funeral. Como podemos observar, a proteção de pessoas é definida pela pessoa que está contratando o seguro, uma vez que não é possível definir o valor da vida de alguém. Para o seguro patrimônio, temos bens materiais que serão reparados em caso de sinistros, como um seguro de casa ou carro. Por fim, para a prestação de serviços, há serviços como assistência médica ou assessoria jurídica, por exemplo. Termos do cotidiano atuarial Você já conhece um pouco sobre o atuário e sabe que os seguros fazem parte de um importante campo de atuação do profissional. Neste momento, identificaremos alguns termos usuais do cotidiano atuarial de seguros. O primeiro documento de que ouvimos falar dentro de uma seguradora ou banco é a apólice. Segundo Souza (2002), trata-se de: “ Instrumento formal necessário à prova do contrato de seguro, que vigora por um determinado período de tempo, como, por exemplo, um ano. (SOUZA, 2002, p.32) Entretanto, para gerar um documento como este, alguns valores são negociados, como o prêmio: valor pago para que a seguradora assuma a responsabilidade do risco daquilo que está sendo segurado. Em algumas situações, o valor pago pelo segurado poderá ser menor, se houver no contrato o que chamamos de franquia. De acordo com Souza (2002), este é o valor que o segurado assumirá para pagar, se houver algum sinistro, que, por sua vez, é o acontecimento do risco que existia no momento da contratação. Vamos entender melhor as principais terminologias atuariais: Sinistro É o termo utilizado para definir, em qualquer ramo de seguro, a ocorrência do evento incerto, causador de perda econômica definida contratualmente, que obriga a seguradora a indenizar. Prêmio de seguro É a soma em dinheiro paga pelo segurado ao segurador para que este assuma a responsabilidade de indenizá-lo por determinado risco de perda. Provisões ou reservas técnicas Conjunto de prêmios pagos pelos segurados formam as provisões ou reservas, que constituem os recursos que as seguradoras usam para pagar as indenizações. Na reserva técnica ou reserva para sinistros, está incluída uma provisão para sinistros não avisados. A provisão técnica é fundamentada em estimativas com bases estatísticas de sinistros avisados ocorridos. Provisão para sinistros avisados É conhecida por provisão de sinistros a liquidar. Trata-se de uma estimativa baseada no valor provável dos pagamentos. Provisão de riscos decorridos Serve para cobrir os sinistros ocorridos e não avisados, para os quais o prêmio é pago mensalmente, e a receita é ganha durante a vigência da apólice. Resseguro De acordo o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), nos termos da Resolução CNSP nº 168/2007, é a “operação de transferência de riscos de uma cedente [seguradora], com vistas a sua própria proteção, para um ou mais resseguradores, através de contratos automáticos ou facultativos”. Risco “Evento futuro e incerto, de natureza súbita e imprevista, independente da vontade do Segurado, cuja ocorrência pode provocar prejuízos de natureza econômica” (BRASIL, 2021a). O próximo bloco desse módulo será dedicado a compreensão das atividades das seguradoras. Atividades das seguradoras Sinistros, grandes riscos e catástrofes Os sinistros devem ser registrados quando avisados. Para isso, constitui-se uma provisão fundamentada em cálculos atuariais feitos a partir de estimativas com base histórica. As provisões se alteram conforme as estimativas de perdas, criadas pelo uso da estatística. O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) informa às seguradoras sobre os valores a contabilizar, referentes a retrocessões de prêmios, comissões, indenizações, provisões técnicas, outras receitas e despesas administrativas que precisam ser apropriadas mensalmente com base nos valores informados. Na reserva técnica, ou reserva para sinistros, está incluída uma provisão para sinistros não avisados. Nesse contexto, devemos diferenciar os grandes riscos das catástrofes. Os grandes riscos são de mais fácil gerenciamento e de menor risco relativamente às catástrofes, as quais são de riscos imprevisíveis. A maioria dos sinistros de seguros de grandes riscos são de valores elevados, mas previsíveis e independentes entre si. Alguns ramos de seguros praticados no Brasil são: • Aeronáutico; • Transportes; • Riscos de engenharia; • Responsabilidade civil geral; • Riscos nomeados; • Lucros cessantes; • Ambiental; • Marítimo; • Garantia; • Riscos de petróleo; • Riscos operacionais; • Frotas de autoveículos; • Incêndio (empresarial). As importâncias seguradas e os prêmios dos grandes riscos são bem maiores em média, comparados aos riscos de pequeno porte. Os grandes riscos também são mais diversos e com maior variedade de eventos cobertos do que os riscos comuns. Por exemplo, há riscos que envolvem uma barragem, uma hidrelétrica, uma subestação de energia. São riscos ambientais, de vida, patrimoniais etc. Em grandes riscos, é menos provável que as propostas contenham toda a informação vital para seleção e aceitação. Imagine calcular a probabilidade de ocorrência de um evento de grande risco? Isso é muito difícil. Exemplo Em uma barragem, deve haver acompanhamento da obra para evitar danos futuros e que envolvam fatores de responsabilidades e ações preventivas. Nesse contexto, entra um ingrediente chave na avaliação dos grandes riscos: a inspeção prévia ou de controle por engenheiros qualificados. Por tudo isso, as apólices de grandes riscos são mais difíceis de padronizar. Disso resulta a necessidade de cláusulas particulares, como boa prática e melhor maneira de contemplar as especificidades e as demandas do contratante, bem como de delimitar melhor as responsabilidades da contratada. As catástrofes, por sua vez, são os riscos imprevisíveis. Elas são definidas como eventos infrequentes que causam perdas ou danos materiais severos para uma grande população, e cujos sinistros estão correlacionados. Para as seguradoras, as catástrofes constituem riscos financeiros significativos, incluindo risco de insolvência. Cobertura dos riscos Na seleção dos seguros e na definição dos produtos e das apólices, os clientes corporativos são mais sofisticados e esperam das seguradoras não apenas soluções de seguro customizadas, como também assessoria em prevenção e gerenciamento de riscos. A concentração de grandes companhias seguradoras é uma realidade no Brasil. Trata-se de uma atividade regulada, ou seja, para abrir um negócio, há requisitos legais específicos da atividade, como capital social mínimo que seja capaz de cobrir os riscos. É uma atividade que requer autorização da SUSEP para funcionamento, sendo passível de fiscalização regulatória. Os corretores precisam ser certificados e credenciados junto às seguradoras. Para isso, realizam cursos de capacitação e recebem o registro para operar como corretores de seguros. Após a certificação individual, podem buscar o credenciamento junto às entidades operadoras de seguro. Nem todos os riscos são aceitos pelas seguradoras. Os riscos declináveis são uma possibilidade, pela especificidade e pelo maior valor dos riscos, bem como por sua potencial instabilidade no tempo, o que pode levar a uma percepção de alta sinistralidade. Quando há grandes riscos de alta sinistralidade, as companhias seguradoras podem recorrer à contratação de resseguros para aumentar a capacidade de cobertura dos riscos. Essa capacidade é a financeira, garantida pelo Patrimônio Líquido da companhia seguradora. Quando falta a capacidade, a seguradora recorre a outras companhias com operações de resseguro ou cosseguro, quando a contratada entende que compartilhar o risco com outra seguradora é benéfico para suas operações. A cobertura de grandes riscos é feita geralmente por várias seguradoras em conjunto, que exigem alta capacidade de corretores especializados na coordenação desse processo. Por isso, o papel dos corretores é essencial: Eles precisam ter grande competência técnica, particularmente, em seguros complexos de riscos industriais, de Responsabilidade Civil (RC), cascos marítimos e aeronáuticos, e transporte. Além da colocação de seguros ao melhor custo-benefício, tais corretores também ajudam seus clientes no gerenciamento de riscos, no controle de perdas, na administração de sinistros, na gestão de ativos financeiros etc. Nesse nicho de mercado, os corretores têm mais conhecimento do perfil de risco dos clientes que as seguradoras e podem reduzir o problema da assimetria informacional, ajudando as seguradoras a evitar a seleção adversa e o risco moral. As especificidades, a diversidade e a complexidade dos grandes riscos tornam bem desafiadoras as tarefas de subscrever grande número de riscos independentes a um preço igual à perda esperada, mais uma margem para despesas e lucro, e selecionar riscos que têm menores chances de sinistro. Isso tende a fazer com que os subscritores apliquem grau considerável de subjetividade na seleção e na aceitação. Como em todos os seguros, a subscrição se baseia em dois princípios básicos: a Lei dos Grandes Números e a pró-seletividade. Conceitos gerais de previdência Modelos previdenciários Em algum momento de sua vida, você já deve ter parado para pensar sobre seu futuro. Quando falamos de “futuro”, nesse caso, estamos nos referindo a algo um pouco mais distante, de médio a longo prazo. Mesmo que você nunca tenha pensado no assunto, vamos fazer isso agora! Temos muitos planos e queremos muitas coisas, mas, para muitas delas, é necessário um planejamento que comece bem antes. Em termos financeiros: Como você se organiza ou, pelo menos, como seria ideal se organizar para tudo correr bem no futuro? Aqui, começamos nossa conversa sobre a previdência privada. Sobre a previdência social, falaremos um pouco mais adiante. No campo das ciências atuariais, são utilizados modelos para projeções demográficas e financeiras de planos previdenciários. Esses modelos se originam de outras ferramentas e outros modelos anteriormente aplicados em planos previdenciários ocupacionais, que tinham como objetivo abranger pequenos grupos de trabalhadores. Tais planos previdenciários eram fundamentados em suposições e variáveis externas e independentes, as quais incluíam: Variáveis econômicas Exemplos Escala de salários iniciais por idade e sexo; Índice de aumento de salários segurados; Índices inflacionários; Desenvolvimentos de taxas de juros em longo prazo; Tendências de longo prazo na densidade de contribuição. Variáveis demográficas Exemplos Índices de aumento da população segurada; Índices de invalidez; Índices de mortalidade; Idade das crianças. Variáveis sociais Exemplos Índices de matrimônio; Diferencial de idade entre maridos e esposas; Índices de aposentadoria; Padrão etário de novas entradas no plano. Como mencionado, as variáveis selecionadas estavam apoiadas em pequenos grupos de trabalhadores e nem sempre funcionavam com outros grupos sociais. Para Plamondon et al. (2011, pp. 31-32): “Na prática, isto algumas vezes leva a resultados insatisfatórios em avaliações atuariais. Por exemplo, populações seguradas que foram projetadas para crescerem no mesmo índice que a população em geral eventualmente excederam a força de trabalho empregada, e algumas vezes até a força de trabalho total; as reservas rapidamente se tornaram a principal fonte de capital de investimentos, mas o efeito resultante das taxas de juros não foi levado em consideração, e os salários algumas vezes foram projetados para crescerem em índices completamente diferentes do crescimento econômico geral.” (PLAMONDON, 2011, pp. 31-32) Assim, presume-se que, apesar de o tempo ter transcorrido, as variáveis externas falharam, quando tentou-se considerar “o efeito do aumento da riqueza sobre as taxas de mortalidade e fertilidade. Análises econômicas focaram no curto prazo e não levaram em consideração cenários econômicos ou caminhos de desenvolvimento econômico de longo prazo” (PLAMONDON et al., 2011, p. 32). Não foram considerados os índices de participação da força de trabalho, os índices de separação entre casais ou mesmo os índices de aposentadoria. Tais riscos são os atuais responsáveis pela determinação do volume de benefícios e outras transferências sociais, e de suas complexas inter-relações e interações com os ambientes demográficos, econômicos e fiscais. Com tamanha complexidade, as projeções atuariais se tornaram difíceis e incertas. Entretanto, mesmo complicadas, essas projeções são fundamentais para os sistemas de proteção social, principalmente os planos de previdência (onde o trabalho atuarial é mais acentuado). São obrigações sociais de longo prazo, muitas das quais precisam ser pagas pelas futuras gerações. Os modelos previdenciários precisam ajustar as competências e habilidades sociais, econômicas, demográficas e atuariais ao desenvolver uma visão de longo prazo dos sistemas de transferência econômica e social, que podemos chamar de modelos atuariais socioeconômicos. Previdência privada Como o próprio nome sugere, a previdência privada não é obrigatória, ou seja, é feita apenas se a pessoa manifestar interesse em contribuir com uma previdência complementar. Muitos podem ser os objetivos dessa contribuição, tais como aposentadoria futura, viagem, estudo ou qualquer outro planejamento de médio a longo prazo. Ao optar por contratar uma previdência, é importante saber que existem alguns custos de gestão, corretagem e administração do fundo, como taxa de administração e de carregamento. Todos esses custos são aprovados pela SUSEP. Outro ponto relevante é identificar o melhor plano de previdência para seu perfil. Existem dois planos de previdência privada disponíveis para contratação no mercado financeiro. Veja a seguir (adaptado de ANBIMA,2020): Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) Indicado para quem faz formulário completo do Imposto de Renda (IR). Não possui garantia de rentabilidade. O resgate pode ser feito após 60 dias, de uma única vez ou transformado em parcelas mensais. Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) Indicado para quem não tem renda tributável. Não possui garantia de rentabilidade. O primeiro resgate pode ser feito em prazo que varia de 2 meses a 2 anos. Depois, pode ser feito a cada 2 meses. Além desses planos, a previdência privada possui um regime de tributação diferenciado, dividido em dois grupos: regressivo e progressivo. Veja primeiro a tabela referente ao regressivo: Período de aportes Alíquota de IR Até 2 anos 35% De 2 a 4 anos 30% De 4 a 6 anos 25% De 6 a 8 anos 20% De 8 a 10 anos 15% Período de aportes Alíquota de IR Mais de 10 anos 10% Tabela: IR regressivo. Adaptada de ANBIMA, 2020. Veja a seguir a tabela referente ao IR progressivo: Base de cálculo anual (R$) Base de cálculo mensal (R$) Alíquota (%) Até 22.847,76 De 0,00 até 1.903,98 0,00% Até 33.919,80 De 1.903,98 até 2.826,65 7,50% Até 45.012,60 De 2.826,65 até 3.751,05 15,00% Até 55.976,16 De 3.751,05 até 4.664,68 22,50% A partir de 55.976,16 A partir de 4.664,68 27,50% Tabela: IR progressivo. Adaptada de ANBIMA, 2020. Não é permitido alterar o tipo de plano depois de escolhido. Por exemplo, se você está em um plano VGBL e deseja migrar para o PGBL, não será permitido. Nesse caso, a solução será realizar todo o resgate no plano atual e aplicar no plano desejado, mas tal resgate acarretará cobrança de IR. Seguros e previdência Neste vídeo, a partir comparações entre os principais seguros e planos de previdência, o especialista compara os produtos, a fim de aplicar nas situações, quando for necessário. Para assistir a um vídeo sobre o assunto, acesse a versão online deste conteúdo. Solução Observe que há muitos aspectos novos para analisar nesta questão. Para organizar o entendimento, vamos anotar os dados do enunciado: Importância Segurada (IS) R$50.000,00 Prejuízo (P) R$40.000,00 Avaliação Pelo Vistoriador ou Valor em Risco (VR) R$70.000,00 Neste exemplo, abordaremos um pouco a cláusula de rateio. Sempre que o valor declarado pelo segurado (IS) for menor do que o valor real do bem (VR), aplicaremos essa cláusula. A empresa ABC fez um seguro no valor de R$50.000,00, contudo, parece que os bens valiam mais: algo em torno de R$70.000,00. Você pode estar se perguntando por que isso acontece. A explicação é encontrada no momento da cotação desse seguro. Quando uma empresa procura uma seguradora para contratar um seguro, quanto maior for o valor do bem segurado, maior será o valor do prêmio do seguro. Como vimos, prêmio é o valor a ser pago pelo segurado para obter a proteção. Com isso, podemos concluir que um seguro para um bem de R$50.000,00 será mais caro que um seguro de R$30.000,00. Para pagar valores mais baixos, o segurado, de forma errônea, fornece um valor divergente de seu bem real. Isso pode parecer bom até o momento em que o sinistro ocorrer. Continuamos com o caso da empresa ABC Comércio de Sapatos Ltda. Assim: 50.000,00( IS ) < 70.000,00( VR ) Ao aplicarmos a cláusula de rateio, temos: (IS/VR) x P = INDENIZAÇÃO (50.000,00/70.000,00) x 40.000,00 = 28.571,43 Observe: ainda que o valor do prejuízo seja inferior ao valor da cobertura, o segurado receberá uma indenização menor do que seu prejuízo, pois está pagando um prêmio menor em relação ao valor real de risco de seu patrimônio. Exemplo 2 Carlos comprou um carro zero quilômetro. Pensando em seu conforto, entrou em contato com seu corretor para adiantar toda a documentação e sair da concessionária com o carro segurado. O valor do prêmio bruto era de R$2.800,00. Depois de registrada a apólice, Carlos resolveu incluir um item adicional em sua proteção, aumentando a cobertura para terceiros e quebra de vidros. O valor adicional ao prêmio é de R$200,00. Considerando 7% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e sabendo que o custo para emissão de uma nova apólice é de R$100,00, qual será o novo valor do prêmio bruto do veículo de Carlos? Solução Na situação de Carlos, há um prêmio bruto no valor de R$2.800,00, emitido na primeira apólice. Além do valor inicial, temos de acrescentar mais R$200,00, bem como realizar a cobrança da nova apólice, uma vez que foi solicitada a alteração depois da emissão. Para entender melhor o exemplo, o enunciado trouxe o valor do IOF. Assim: P = 2.800/ (1 + 7%) → 2.616,82 Retiramos o IOF, pois o valor de R$2.800,00 considerava este imposto. Agora, temos o valor do prêmio parcial, que já pode ser somado à cobertura adicional solicitada por Carlos. Logo: