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a imersão; a segunda, pelo contrário, busca a emersão das consciências, de que resulta sua inserção crítica na realidade. Quanto mais se problematizam os educandos, como seres no mundo e com o mundo, tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais desafiados, quanto mais obrigados a responder ao desafio. Desafiados, compreendem o desafio na própria ação de captá-lo. Mas, precisamente porque captam o desafio como um problema em suas conexões com outros, num plano de totalidade e não como algo petrificado, a compreensão resultante tende a tornar-se crescentemente crítica, por isto, cada vez mais desalienada. Através dela, que provoca novas compreensões de novos desafios, que vão surgindo no processo da resposta, se vão reconhecendo, mais e mais, como compromisso. Assim é que se dá o reconhecimento que engaja. A educação como prática da liberdade, ao contrário da qual é prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim como também a negação do mundo como uma realidade ausente dos homens. A reflexão que propõe, por ser autêntica, não é sobre este homem abstração nem sobre este mundo sem homens, mas sobre os homens em suas relações com o mundo. Relações em que consciência e mundo se dão simultaneamente. Não há uma consciência antes e um mundo depois e vice-versa. 'A consciência e o mundo', diz Sartre, 'se dão ao mesmo tempo: exterior por essência à consciência, o mundo é, por essência, relativo a ela'. 47 J.P. Sartre, op. cit., p. 25-6. Por isto é que, certa vez, num dos 'círculos de cultura' do trabalho que se realiza no Chile, um camponês, a quem a concepção bancária classificaria de 'ignorante absoluto', declarou, enquanto discutia, através de uma 'codificação', o conceito antropológico de cultura: 'Descubro agora que não há mundo sem homem.' E quando o educador lhe disse: 'Admitamos, absurdamente, que todos os homens do mundo morressem, mas ficasse a terra, ficassem as árvores, os pássaros, os animais, os rios, o mar, as estrelas, não seria tudo isto mundo?' 'Não!', respondeu enfático, 'faltaria quem dissesse Isto é mundo'. O camponês quis dizer, exatamente, que faltaria a consciência do mundo que, necessariamente, implica o mundo da consciência. Na verdade, não há eu que se constitua sem um não eu. Por sua vez, o não eu constituinte do eu se constitui na constituição do eu constituído. Desta forma, o mundo constituinte da consciência, um percebido objetivo seu, ao qual se intenciona. Daí, a afirmação de Sartre, anteriormente citada: \"consciência e mundo se dão ao mesmo tempo.\" Na medida em que os homens, simultaneamente refletindo sobre si e sobre o mundo, vão aumentando o campo de sua percepção, vão também dirigindo sua 'mirada' a \"percebidos\" que, até então, ainda apresentes ao que Husserl chama de 'visões de fundo' 48 não se destacavam, 'não estavam postos por si'. Desta forma, nas suas 'visões de fundo', vão destacando percebidos e voltando sua reflexão sobre eles. 48 Edmund Husserl, Ideas Pertaining to A Pure Phenomenology and to A Phenomenological Philosophy: General Introduction to A Pure Phenomenology, 3ª ed. Londres: Collier Books, 1969, p. 103-6.
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