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Imagem Freepik Leitura e Produção Textual UNIDADE I Chanceler Prof Antonio Colaço Martins Filho Reitora Profa Denise Ferreira Maciel Diretor Administrativo Financeiro Edson Ronald de Assis Filho Diretora Executiva Ana Cristina de Holanda Martins Diretora Executiva Sandra de Holanda Martins Assessoria de Desenvolvimento Educacional ADE Profa Elane Pereira Prof Silvio Rodrigues Revisão Textual Cristiana Castro Diagramação Wanglêdson Costa Sumário Apresentação Para começo de conversa 01 O Ato de Comunicação Comunicação verbal e não verbal 02 O Processo de Comunicação Codificação e Decodificação 03 Os Níveis de Linguagem Linguagem Formal e Informal Variação Linguística Referências Anotações 05 06 07 10 15 18 26 28 30 38 39 Seja bemvindo à disciplina Leitura e Produção Textual A metodo logia adotada pela UNIFAMETRO na modalidade a distância conta com aulas ministradas no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle favore cendo atividades colaborativas aproximando professores e alunos distan tes fisicamente Para a melhor compreensão do assunto é importante que além da leitura desse conteúdo você participe das atividades e tarefas propostas no cronograma e consulte dicas e complementos sugeridos no decorrer da disciplina Este material também está disponível para impressão ou para download em formato pdf cliancando no botão abaixo educacaoonlineunifametroedubr É importante ressaltar que nessa metodologia o seu compromis so com a aprendizagem é fundamental para que ela aconteça Portanto participe lendo os textos antes de cada aula para interagir melhor nos momentos de comunicação virtual e presencial nas discussões com os tu tores professores e colegas de curso Apresentação BONS ESTUDOS 5 6 A disciplina Leitura e Produção Textual é dividida em 4 unidades nas quais você encontrará o conteúdo bem como conteúdos adicionais e su gestões de leituras Ao longo do texto você irá se deparar com vários ícones que irão ajudálo neste percurso em busca do conhecimento tais como Para começo de conversa Esses ícones nortearão a sua leitura oferecendo amplas possibilidades de aprofundamento A linguagem dialógica aqui utilizada também irá aproxi málo das aulas ora apresentadas levandoo à motivação e ao entendimen to da disciplina Esperamos por meio da diagramação desse material con tribuir com sua interação plena com os conteúdos Agora que já estamos conectados mãos à obra OBJETIVOS PARA REFLETIR ATENÇÃO PARA LER SUGESTÕES EXEMPLO VÍDEO SAIBA MAIS VOCÊ SABIA 8 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I O Ato de Comunicação Essa unidade tem como Objetivos Compreender a comunicação nas suas diferentes modalidades incluindo a influência do contexto Utilizar em variados contextos formas adequadas de comunicar Perceber fatores facilitadores e inibidores da qualidade da comunicação no seu cotidiano OBJETIVOS E como competência Ter aptidão para socializar conhecimentos em vários contextos e públicos diferenciados COMPETÊNCIAS Termoschave Comunicação Linguagem Elementos da Comunicação Funções da Linguagem ATENÇÃO 9 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I O Ato de Comunicação Comunicação é uma palavra da moda Todos falam em comunicar pessoas co municam máquinas comunicam o universo comunica Viver é estar comunicando emitindo sinais demonstrando participar do mundo Comunicar é transmitir pensamentos sentimentos e experiências entre pes soas que têm um código de transmissãorecepção comum Cada palavra cada gesto é ação comunicativa assim como é Comunicação cada página de livro os sites da internet o Sorria você está sendo filmado a imagem da televisão o balbucio do bebê a sirene da fábrica Toda Loja por 199 o api to do guarda de trânsito o chamado telefônico etc Não conseguimos viver sem comunicação Imagem Freepik Você já assistiu ao filme O Náufrago No filme O Náufrago percebemos a importância e a necessidade da comunica ção Chuck um homem social acostumado a relacionarse constantemente de repen te se vê isolado de tudo e todos Imagem Internet 10 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Na sua profissão ele usa a linguagem diariamente Mas em um acidente catas trófico sua vida corrida é interrompida num lugar sem computadores ou celulares Desde então batalha para manterse vivo É interessante notar nesta luta do protagonista uma inversão na transforma ção humana Se na história do ser humano registrase uma evolução gradual do seu estado de natureza para a vida em sociedade e consequente criação de mecanismos de comunicação verbal e escrita agora temos um homem no último estágio da evo lução de uma sociedade sofisticada que precisa rapidamente tornarse um selvagem para continuar vivo Buscar água criar instrumentos de caça pescar abrigarse em cavernas e fazer fogo por meios naturais são algumas conquistas deste indivíduo civilizado na sua lida com a natureza Apesar da sua adaptação à vida préhistórica Chuck jamais conseguiria man terse consciente na completa solidão Neste ponto o filme tornase um exemplo ve rídico da necessidade da comunicação na vida do ser A loucura seria o provável fim do indivíduo que capacitado para um processo comunicativo complexo não encontra ninguém às voltas para colocálo em prática Neste momento entra em cena a bola de voleibol que o náufrago batiza de Wil son O companheiro inanimado tem suas expressões humanas pintadas por Chuck com seu próprio sangue após um ferimento e é a peça fundamental de sua jornada No rosto simbólico de Wilson Chuck cria um mecanismo para comunicarse e evitar desta forma a loucura No fundo sabia que estava falando com uma bola de vôlei no entanto sem ela seria arremessado no desespero da solidão e perderia a razão Wilson possibilitava ao mesmo tempo a comunicação intrapessoal e interpessoal do personagem tão necessária para sua sobrevivência Comunicação verbal e não verbal Imagens Internet Em todas as imagens apresentadas temos comunicações tanto verbais como não verbais A comunicação pode ser verbal quando é feita através de palavras ou não verbal quando as mensagens são transmitidas através de gestos do tom da voz do olhar da maneira de vestir etc 11 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Verbal aquela cujos sinais são as palavras A língua que você usa para atos de comu nicação é linguagem verbal A palavra verbal provém do latim verbalis que por sua vez vem de verbum que significa palavra Não verbal aquela que utiliza outros sinais que não as palavras Os sinais empre gados pelos deficientes auditivos para efeito de comunicação constituem portanto um tipo de linguagem não verbal muito propriamente denominado LIBRAS Língua Brasileira de Sinais Da mesma forma o conjunto de sinais de trânsito utilizados para orientar os motoristas constituem um tipo de linguagem não verbal Um grande comunicador brasileiro Abelardo Barbosa também conhecido como Chacrinha muito popular na década de 80 dizia sempre que quem não se comunica se trumbica A sociabilidade humana é indiscutível e imprescindível A comunicação está na lista das necessidades básicas do homem Saber se comunicar bem conhe cendo o seu processo e reconhecendo as suas particularidades é uma habilidade fundamental nos dias de hoje sobretudo no âmbito profissional Os primeiros exemplos de comunicação datam do período préhistórico e que se caracterizavam por meio de desenhos e pinturas rupestres depois o homem as similou o processo da fala e a partir daí deuse a evolução da comunicação por meio da escrita Nessa unidade discutiremos aspectos importantes do processo de comu nicação seus elementos funções níveis e suas variações vamos começar você sabe o que é comunicação e como ela surgiu Para compreender melhor o processo de comunicação é necessário conhecer alguns conceitos Segundo Rodrigues p 3033 Linguagem é a capacidade comu nicativa que têm os seres humanos de usar intencionalmente qualquer sistema de sinais significativos para comunicar seus pen samentos ideias sentimentos e experiências É todo e qualquer sistema de sinais que serve de meio de comunicação entre os in divíduos Língua é a parte social da linguagem exterior ao indivíduo que por si só não pode nem criála nem modificála ela não existe se não em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre mem bros da comunidade Fala é a realização concreta de uma língua feita por um indivíduo de uma comunidade num determinado ato de comunicação Comunicação é o espaço de troca de sensações vivências informações com o outro A comunicação é depois da sobrevivência física a mais básica e vital de todas as necessidades Muitos estudiosos e pesquisadores definem comunicação como a capacidade que um falante tem emissor de enviar uma mensagem por meio de um canal re curso ou meio a um outro falante destinatário 12 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Você já conhecia essa definição Realmente comunicação é isso uma troca de mensagens informações Isso acontece o tempo todo quando damos bom dia por exemplo quando participamos de uma entrevista de emprego nas conversas com os amigos etc Podemos definir linguagem como toda ação pela qual se transmite alguma mensagem Mas o que de fato é a linguagem Não é fácil definir linguagem uma vez que existem diferentes opiniões a res peito Para alguns linguagem é a representação do pensamento para outros é sim plesmente um instrumento de comunicação e ainda há os que acreditam que a lin guagem é uma forma de interação social A linguagem é uma forma exclusivamente humana de expressar pensamentos de se comunicar e se relacionar com o mundo Segundo Aristóteles a vida política do homem só é possível devido à sua capacidade de exprimir seus sentimentos pois os outros animais são dotados de voz mas só o ser humano possui a palavra Para Chauí a linguagem é assim a forma propriamente humana de comuni cação da relação com o mundo e com os outros da vida social e da política do pen samento e das artes CHAUÍ 2005 p148 É então a partir da linguagem que o ser humano expressa sua existência seus pensamentos e suas opiniões para o mun do Quando usa a linguagem o homem está se impondo perante todas as outras pessoas Platão considerava que a linguagem pode ser um medicamento ou um remédio para o conhecimento pois pelo diálogo e pela comunicação conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros Pode porém ser um veneno quando pela sedução das palavras nos faz aceitar fascinados o que vimos ou lemos sem que indaguemos se tais palavras são verdadei ras ou falsas Enfim a linguagem pode ser cosmético maquiagem ou máscara para dissimular ou ocultar a verdade sob a palavra A linguagem pode ser conhecimento comunicação mas também pode ser encantamento sedução A linguagem é a tradução auditiva oral gráfica ou visível de nosso pensamento e de nossos sentimentos nossas moções nossos esforços nos influenciam e são in fluenciados a partir de nossa vivência de mundo Linguagem é todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação A linguagem é assim um dos principais instrumentos na formação do mundo cultural pois é ela que nos permite passar além de nossa experiência Nesta discipli na tomaremos linguagem como um processo utilizado pelo homem para promover uma interação com o outro Esse processo naturalmente poderá representar um pensamento e servirá como um instrumento de comunicação Na origem de toda a atividade comunicativa do ser humano está a linguagem que é a capacidade de se comunicar por meio de uma língua A linguagem apresenta dois fatores língua e fala Ferdinand de Saussure foi o primeiro a separar e conceituar esses dois aspectos Língua é um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade Em outras palavras um grupo social convenciona e utili za um conjunto organizado de elementos representativos A Língua é patrimônio social tanto os signos como as formas de combinálos são conhecidos e acatados pelos membros da comunidade que a emprega No nosso caso utilizamos a Língua 13 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Portuguesa A Língua Portuguesa é patrimônio de toda a nossa comunidade de falan tes e só a comunidade pode agir sobre ela O uso individual da língua denominase Fala da qual surgem as variedades lin guísticas Cada pessoa pode utilizar a língua de seu grupo social de uma maneira particular personalizada Você ao falar ou escrever dá preferência a determinadas palavras ou construções seja por hábito ou por opção consciente Esse seu modo particular de usar a Língua portuguesa é a sua fala não confun da com o ato de falar ou seja a produção de sons Assim para fazer uso da sua fala no cotidiano você sempre recorre a discursos com as mais diferentes características determinadas sempre pelo contexto comunicativo em que está inserido Veja Uma situação simples de comunicação como essa acima mostra a existência de alguns problemas no cotidiano E essas dificuldades embora alimentadas por diver sos fatores tem uma origem única a comunicação Os Estudos Culturais colocam a comunicação como peça fundamental na com posição dos cenários políticos e culturais da sociedade Não mais como um simples complemento mas como parte do processo Integrando a comunicação do cotidiano foi possível mostrar a importância do ato comunicativo A origem etimológica da palavra comunicação é tornar comum ou seja é quan do uma pessoa consegue fazer com que sua ideia seja captada e compreendida por outra pessoa nesse momento ocorreria o fenômeno da comunicação E isso sabese é bem difícil A comunicação já é difícil entre pessoas próximas com laços afetivos familiares amigos que se predispõem pelo menos imaginase à tolerância pa ciência etc No trabalho por exemplo onde os laços afetivos entre as pessoas são mais raros a comunicação tende a ser mais complicada ainda Nossa impressionante ca pacidade atual de enviar mensagens instantaneamente a distâncias imensas e para suscitar significados semelhantes em milhões de pessoas ao mesmo tempo é tão familiar para todos nós que é fácil encarála com indiferença Na perspectiva da vida humana como o foi em épocas anteriores contudo o que fazemos hoje ao abrirmos nosso jornal ligarmos nosso rádio irmos a um cinema ou assistirmos à televisão representa uma mudança no comportamento da comunicação humana de grandeza verdadeiramente extraordinária Imagens Internet 14 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Todo ato comunicativo tem um emissor que envia uma mensagem para um cer to destinatário Assim produzimos comunicações com base nos destinatários Nosso foco em todas as comunicações deverá ser Informar Persuadir e Convencer Informar Para haver comunicação você precisa ter infor mações a passar ou seja dados a serem deco dificados pelo receptor Persuadir Utilizar as técnicas para fazer com que seu re ceptor pare e receba a sua mensagem dentre tantas outras Convencer Atingir a excelência na comunicação é quando realmente se efetiva a comunicação Imagem Internet 16 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I O Ato de Comunicação Essa unidade tem como Objetivos Compreender a comunicação nas suas diferentes modalidades incluindo a influência do contexto Empregar adequadamente os diferentes usos da linguagem Ser consciente das inúmeras possibilidades de comunicação existentes colocandose no lugar do outro para produzir e entender as diversas co municações no dia a dia OBJETIVOS E como competências Ter aptidão para socializar conhecimentos em vários contextos e públicos diferenciados Compreender as linguagens como veículos de comunicação e expressão respeitando as diferentes manifestações étnicoculturais e a variação linguística COMPETÊNCIAS Termoschave Comunicação Linguagem Elementos da Comunicação Funções da Linguagem ATENÇÃO 17 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I O Processo de Comunicação A comunicação é frequente acontece o tempo todo e para que ela ocorra são usados vários mecanismos e estratégias e para que seja eficaz a mensagem enviada pelo emissor precisa ser compreendida pelo receptor Seguem os elementos que são imprescindíveis para o processo de comunicação representados no esquema abaixo Imagem Freepik Imagem Freepik Emissor Remetente que emite ou seja codifica envia a mensagem Pode ser individual ou coletivo Receptor Destinatário que decodifica recebe a mensagem pode ser indivi dual ou coletivo A comunicação só se realiza efetivamente se o receptor com preende a mensagem pois não basta receber tem que entender Mensagem Código Canal Contexto EmissorRemetente ReceptorDestinatário 18 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Canal sonoro fala música ruídos etc Referente contexto no qual a mensagem está inserida Mensagem aquilo que se comunica as informações repassadas É o objeto da comunicação é o conteúdo de informações transmitidas que o emissor envia ao receptor Canal instrumento recurso ou meio utilizado para transmitir a mensagem É o meio que possibilita a transmissão da mensagem Canal visual desenhos imagens fixas ou animadas escrita etc Código recursos linguísticos conjuntos de signos utilizados na mensagem É a linguagem verbal ou não verbal utilizada Um conjunto de signos e regras de combinação destes signos o destinador lança mão dele para elaborar sua men sagem esta é a operação de codificação O destinatário identificará este sis tema de signos operação de decodificação se seu repertório for comum ao do emissor Codificação e Decodificação Para transmitir uma mensagem o emissor utiliza um código que é formado por um conjunto organizado de signos Ao transformar sua ideia em estímulos físicos ele realiza o processo de codificação O receptor ao receber a mensagem realiza o processo de decodificação Todos os signos utilizados durante o processo de comunicação precisam ser es tudados criteriosamente Parte da informação que será recebida pelo receptor está relacionada à forma como esses signos são elaborados A escolha dos códigos mais adequados para cada público e para cada reação que se deseja gerar é de fundamen tal importância para o sucesso da comunicação Para que uma comunicação seja eficaz o processo de decodificação entendi mento dos códigos utilizados precisa ser coerente com as experiências passadas do receptor e com suas expectativas afinal as pessoas guardam na memória apenas uma pequena fração das mensagens que chegam até elas O grande desafio então é chamar a atenção das pessoas que nos interessam garantir que a nossa mensagem será uma das poucas das quais esta pessoa irá se lembrar e ainda conseguir provocar nesta pessoa uma reação que corresponda ao nosso desejo Não é um processo fácil Desta forma escolher para quem comunicar recep tor como comunicar mensagem e codificação e finalmente como conseguir aces sar esta pessoa canal são decisões chave no processo de comunicação Entre os diferentes aspectos envolvidos no processo comunicativo tenha sem pre em mente O que se quer comunicar 19 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Para quem Com que código Como se vai comunicar Que canal será utilizado Em que contexto Imagem Internet Emissor o amigo do Rex Receptor o Rex Mensagem solicitação de socorro Código língua portuguesa falada gestos Canal sons corpo Referente contexto de informalidade diálogo A comunicação não foi eficaz devido a vários problemas O referente da comu nicação diz respeito a uma situação informal um diálogo Tal situação exige lingua gem simples adequada ao contexto Notase claramente que não há preocupação com o referente pois não houve a adequação do código ao receptor por se tratar de um animal o que exige um código próprio Assim o emissor não produziu uma mensagem capaz de satisfazer os seus ob jetivos O receptor por tratarse de um animal acostumado a ouvir aquelas palavras e aquele gesto mas em outro contexto não foi capaz de decodificar a mensagem conforme o esperado pelo emissor Observase que o código utilizado língua portuguesa falada e o gestual não foi eficiente pois o emissor lançou mão de um código que era comum ao receptor mesmo repertório mas com significado diferente ao atribuído por ele naquele mo mento Apesar de o canal ser adequado pois por tratase de comunicação oral nada melhor que a voz para transmitila o emissor não utilizou termos adequados para a compreensão do receptor o que prejudicou o conteúdo da mensagem Em toda situação comunicativa os elementos da comunicação estão pre sentes Esses elementos são imprescindíveis para o processo comunicativo e es tão relacionados diretamente às funções da linguagem que apresentam de certa forma os objetivos e as intenções quando nos comunicamos No esquema abai xo a relação entre os elementos da comunicação e as funções da linguagem fica mais clara veja 20 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I MensagemPoética CódigoMetalinguística CanalFática Contexto Referencial EmissorRemetente Emotiva ReceptorDestinatário Apelativa Imagem Freepik Vamos agora entender o que significa cada uma dessas funções Função Conativa A função conativa está centrada no receptor Ela tem como objetivo persuadir o receptor É muito comum o uso dos pronomes tu e você além de verbos no impera tivo Os textos publicitários são excelentes exemplos desse tipo de função Veja um exemplo httpwwwbairroantoniobezerracombrBABmodulesnewsarticlephps toryid1356 Acesso em 02 de jul de 2014 EXEMPLO Na peça publicitária acima o emissor tenta convencer o receptor leitor a doar sangue e para isso utilizase de frases persuasivas e percebese também o uso de verbos no imperativo Mostre e doe Muitas vezes como na imagem em questão as imagens também funcionam como elementos persuasivos 21 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Função Emotiva A função emotiva está centrada no emissor Nela reconhecemos facilmente o caráter emocional e afetivo do emissor além do emprego da 1ª pessoa verbos e pronomes Ela é muito comum em letras de músicas e poemas que tratam de amor Veja o exemplo a seguir Eu sei que vou te amar Vinícius de Morais Eu sei que vou te amar Por toda a minha vida eu vou te amar Em cada despedida eu vou te amar Desesperadamente Eu sei que vou te amar E cada verso meu será pra te dizer Que eu sei que vou te amar Por toda a minha vida Eu Sei que vou chorar A cada ausência tua eu vou chorar Mas cada volta Tua há de apagar O que essa ausência tua me causou Eu sei que vou sofrer A eterna desventura de viver a espera De viver ao lado teu Por Toda a minha vida Morais Vinicius organização de Antonio Cicero e Eucanaã Ferrasz Nova Antologia Poética São Paulo Companhia das Letras 2006 EXEMPLO A canção Eu sei que vou te amar de Vinícius de Morais tem como foco os sentimentos do emissor o que fica claro já nos primeiros versos Eu sei que vou te amar pelo receptor pois aquele durante toda a canção direciona seu discurso para uma segunda pessoa por meio do pronome te veja Por toda a minha vida eu vou te amar Função Fática A função fática está centrada no canal Tem como objetivo estabelecer e man ter contato É usada quando queremos chamar a atenção do nosso leitor não para convencêlo de algo como acontece na função conativa mas simplesmente para es tabelecer contato ou fortalecer a comunicação 22 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Exemplos bastante comuns dessa função são os termos certo né tipo assim mas além desses tiques de fala também são enquadrados como perten centes à função fática as palavras vazias as convenções sociais etc Observe o diálo go abaixo e em seguida diga por que ele pode ser caracterizado como predominan temente fático Ele Pois é Ela Pois é o quê Ele Eu só disse pois é Ela Mas pois é o quê Ele Melhor mudar de conversa porque você não me entende Ela Entender o quê Ele Santa Virgem Macabéa vamos mudar de assunto e já Ela Falar então de quê Ele Por exemplo de você Ela Eu Ele Por que esse espanto Você não é gente Gente fala de gente Ela Desculpe mas não acho que sou muito gente Ele Mas todo mundo é gente meu Deus Ela É que não me habituei Ele Não se habituou com quê Ela Ah não sei explicar LISPECTOR Clarice A hora da estrela Rio de Janeiro Rocco19992006 EXEMPLO Anteriormente você leu o difícil diálogo de Macabéa e Olímpico de Jesus per sonagens do livro A hora da estrela de Clarice Lispector Nele percebemos o uso de palavras que não têm outra função exceto estabe lecer contato com o receptor Função Poética A função poética está centrada na forma da própria mensagem ou seja o emis sor não está preocupado simplesmente com suas ideias crenças e desejos assim como também não está interessado em persuadir ou manter contato com o recep tor mas sim na forma como passará a sua mensagem e naturalmente essa forma será sempre peculiar Essa função é muito frequente na poesia que ao contrário do que muitos pen sam é em mais racional do que romântica O poema abaixo de Vinícius de Morais é um exemplo desse cuidado com a forma veja 23 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Soneto de Fidelidade Vinícius de Morais De tudo ao meu amor serei atento Antes e com tal zelo e sempre e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento Quero vivêlo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim quando mais tarde me procure Quem sabe a morte angústia de quem vive Quem sabe a solidão fim de quem ama Eu possa me dizer do amor que tive Que não seja imortal posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure Morais Vinicius organização de Antonio Cicero e Eucanaã Ferrasz Nova Antologia Poética São Paulo Companhia das Letras 2006 EXEMPLO Esse poema de Vinícius de Morais é um soneto clássico formado por dois quar tetos e dois tercetos ou seja as duas primeiras estrofes possuem quatros versos e as duas últimas três esses versos por sua vez são decassílabos isso quer dizer que possuem dez sílabas poéticas alémisso as rimas seguem uma estrutura bem defini da ABBAABBACDEDEC Os aspectos formais que aparecem no poema não são aleatórios existe um grande cuidado na seleção das palavras Esse cuidado com a forma aparecerá naturalmente em outras áreas no seu curso por exemplo teremos capítulos destinados a documentos técnicos lá você verá que a forma do documento deve predominar Função Metalinguística A função metalinguística está centrada no código na própria linguagem uti lizandoa para explicar definir ou analisar ela mesma São exemplos dessa função gramatical dicionários um poema que fala do poeta ou da própria poesia uma mú sica que fala do músico ou da própria música Observe o poema abaixo de Fernando Pessoa 24 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Autopsicografia O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente E os que leem o que escreve Na dor lida sentem bem Não as duas que ele teve Mas só a que eles não têm E assim nas calhas de roda Gira a entreter a razão Esse comboio de corda Que se chama coração EXEMPLO Fernando Pessoa nesse poema escreve sobre o sofrimento do poeta é uma análise psicológica do processo criativo da poesia Temos então um poema que fala do poeta do ato de escrever caracterizandose como um metapoema Função Referencial A função referencial está centrada no referente da mensagem isto é no seu caráter informativo Esse tipo de função é predominante em textos científicos aca dêmicos e notícias de jornal Em textos referenciais não espaço para opiniões e juízo de valor Veja abaixo um texto predominantemente referencial PBio lança campanha para reciclagem de óleo em Fortaleza A Petrobras Biocombustível está lançando uma campanha para incenti var a coleta e reciclagem de óleo de cozinha usado que vai abranger os muni cípios da região metropolitana de Fortaleza CE A iniciativa foi batizada de Óleo usado e doado Brasil preservado A proposta é incentivar o público a juntar o óleo de cozinha e doálo para cooperativa de catadores de materiais recicláveis Posteriormente o material será convertido em biodiesel gerando renda para os catadores A empresa possui uma usina de biodiesel no município cearense de Quixadá CE 170 quilômetros de Fortaleza Para viabilizar a logística reversa do óleo estão sendo usadas as equipes de distribuição da Liquigás O óleo será recolhido nas residências pelos entre gadores da empresa durante a entrega dos botijões de gás Com a campanha ao receber o gás em casa o morador terá acesso a folhetos explicativos sobre EXEMPLO 25 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I as vantagens ambientais e sociais do reaproveitamento do óleo de fritura A expectativa é que a iniciativa atinja 140 mil residêcias por mês só na capital Disponível em httpswwwbiodieselbrcomnoticiasmateriaprimaogrpbiocampanhareciclagemoleofortale za190314 Acesso em 05 de jul de 2014 No texto anterior retirado de um site temos predominantemente a função re ferencial pois nela há uma descrição objetiva da ação que está sendo empreendida no caso uma campanha de conscientização ambiental São explicadas as etapas da campanha o que o receptor deve fazer para participar e quais os seus objetivos Quando produzimos um texto precisamos considerar todos os elementos da comunicação e todas as funções da linguagem a fim de que a nossa produção atinja seus propósitos comunicativos É importante perceber que essas funções da linguagem não serão encontradas separadamente assim como também você não verá de forma isolada os elementos da comunicação O que geralmente acontece é um encontro de várias dessas funções em único texto mas com a predominância de alguma delas Em um texto publicitário por exemplo temos dados referenciais mas o que predominará em algumas situa ções será o desejo de persuadir o leitor portanto a função conativa Fique atento a isso 27 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Os Níveis de Linguagem Essa unidade tem como Objetivos Compreender a comunicação nas suas diferentes modalidades incluindo a influência do contexto Empregar adequadamente os diferentes usos da linguagem Ser consciente das inúmeras possibilidades de comunicação existentes colocandose no lugar do outro para produzir e entender as diversas co municações no dia a dia OBJETIVOS E como competências Ter aptidão para socializar conhecimentos em vários contextos e públicos diferenciados Compreender as linguagens como veículos de comunicação e expressão respeitando as diferentes manifestações étnicoculturais e a variação linguística COMPETÊNCIAS Termoschave Comunicação Linguagem Elementos da Comunicação Funções da Linguagem ATENÇÃO 28 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Neste tópico estudaremos os níveis de linguagem e a variação linguística É imprescindível reconhecer o nível de formalidade de uma situação comu nicativa e usar adequadamente a linguagem Linguagem Formal e Informal Dentro do processo comunicativo existem algumas particularidades que de vem ser observadas e levadas em consideração na hora de produzir um texto seja oral ou escrito É preciso considerar a situação comunicacional e o interlocutor pois determinarão o grau de formalidade Algumas situações exigem uma postura comunicativa mais formal como uma entrevista de emprego por exemplo a apresentação de um seminário de um traba lho acadêmico Categorizar grupos sociais a partir de ideias preconcebidas os chamados es tereótipos é algo muito comum em nossa sociedade É sobre esse tema que trata com humor o seguinte texto do cronista Luís Fernando Veríssimo Imagem Freepik Aí galera Luís Fernando Veríssimo Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação Por exem plo você pode imaginar um jogador de futebol dizendo estereotipação E EXEMPLO 29 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I no entanto por que não Aí campeão Uma palavrinha pra galera Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas aqui presentes ou no recesso dos seus lares Como é Aí galera Quais são as instru ções do técnico Nosso treinador vaticinou que com um trabalho de contenção coor denada com energia otimizada na zona de preparação aumentam as proba bilidades de recuperado o esférico concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade valendonos da desestru turação momentânea do sistema oposto surpreendido pela reversão inespe rada do fluxo da ação Ahn É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça Certo Você quer dizer mais alguma coisa Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental algo banal tal vez mesmo previsível e piegas a uma pessoa à qual sou ligado por razões inclusive genéticas Pode Uma saudação para a minha progenitora Como é Alô mamãe Estou vendo que você é um um Um jogador que confunde o entrevistador pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de ex pressão e assim sabota a estereotipação Estereoquê Um chato Isso Vamos exercitar um pouco a nossa capacidade de compreensão textual Na crô nica Aí galera de Luís Fernando Veríssimo a postura do repórter e o comportamen to do jogador são coerentes com a imagem que temos desses profissionais O que chama a atenção nessa entrevista é o vocabulário erudito do jogador que surpreen de o repórter pois não é comum jogadores de futebol se expressarem assim usando palavras muito rebuscadas você concorda Para compreender melhor esse assunto é preciso conhecer algumas definições A gramática é a referência normativa que determina as regras para o uso da língua denominadas de norma culta ou língua padrão Muitas vezes essas normas estabelecidas pela gramática não são obedecidas pelos falantes A linguagem formal e linguagem informal estão sobretudo associadas ao con texto social em que a fala é produzida A linguagem formal é aquela usada em situações em que não há familiaridade intimidade que exigem mais formalidade como por exemplo em entrevistas de em pregos quando se dirigem aos superiores hierárquicos ou quando têm de falar para um público desconhecido A linguagem Informal é essa que fazemos uso com mais frequência quando estamos com a família ou os amigos Em situações assim não nos preocupamos ge ralmente com a escolha do vocabulário A situação comunicativa é o que determina o grau de formalidade da lingua gem vocabulário que usamos É necessário esclarecer ainda que a linguagem in formal não é errada no entanto ela pode ser inadequada se utilizada em alguns ambientes 30 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Variação Linguística Discutiremos agora sobre Variação Linguística e para começar nossa discussão vamos ler a música Língua de Caetano Veloso Língua Caetano Veloso Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar a criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior E deixe os Portugais morrerem à míngua Minha pátria é minha língua Fala Mangueira Fala Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode esta língua Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas E o falso inglês relax dos surfistas Sejamos imperialistas Cadê Sejamos imperialistas Vamos na velô da dicção choochoo de Carmem Miranda E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate E xequemate expliquenos Luanda Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo Sejamos o lobo do lobo do homem Lobo do lobo do lobo do homem Adoro nomes Nomes em ã De coisas como rã e ímã Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã Nomes de nomes Como Scarlet Moon de Chevalier Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé e Maria da Fé EXEMPLO 31 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Blitz quer dizer corisco Hollywood quer dizer Azevedo E o Recôncavo e o Recôncavo e o Recôncavo meu medo Poesia concreta prosa caótica Ótica futura Sambarap chicleft com banana Será que ele está no Pão de Açúcar Tá craude brô Você e tu Lhe amo Qué queu te faço nego Made brinquinho Ricardo Teu tio vai ficar desesperado Ó Tavinho põe camisola pra dentro assim mais pareces um espantalho I like to spend some time in Mozambique Arigatô arigatô Nós cantofalamos como quem inveja negros Que sofrem horrores no Gueto do Harlem Livros discos vídeos à mancheia E deixa que digam que pensem que falem Antigamente Carlos Drummond de Andrade Antigamente as moças chamavamse mademoiselles e eram todas mi mosas e muito prendadas Não faziam anos completavam primaveras em ge ral dezoito Os janotas mesmo não sendo rapagões faziamlhes pédealfe res arrastando a asa mas ficavam longos meses debaixo do balaio E levavam tábua o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia As pessoas quando corriam antigamente era de tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro Algumas jogavam verde para colher maduro e sabiam com quantos paus se faz uma canoa O que não impedia que nesse entrementes EXEMPLO Na música de Caetano Veloso temos alguns exemplos de variação linguística sotaques regionalismos estrangeirismos formas colocais etc Como já foi dito antes a língua não é falada de uma única forma por todos os seus falantes de modo que existem várias formas de você dizer a mesma coisa Abai xo você verá alguns dos principais tipos de variações que existem Variação histórica a linguagem o vocabulário que usamos hoje não são os mesmos que foram usados por exemplo em 1980 ou seja ela mudou evidência disso é o texto abaixo de Carlos Drummond de Andrade que tem mais de 30 anos 32 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I esse ou aquele embarcasse em canoa furada Encontravam alguém que lhes passava manta e azulava dando às de Viladiogo Os idosos depois da janta faziam o quilo saindo para tomar a fresca e também tomavam cautela de não apanhar sereno Os mais jovens esses iam ao animatógrafo e mais tarde ao cinematógrafo chupando balas de alteia Ou sonhavam em andar de aero plano os quais de pouco siso se metiam em camisa de onze varas e até em calças pardas não admira que dessem com os burros nágua Havia os que tomavam chá em criança e ao visitarem família da maior consideração sabiam cuspir dentro da escarradeira Se mandavam seus res peitos a alguém o portador garantialhes Farei presente Outros ao cruza rem com um sacerdote tiravam o chapéu exclamando Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo ao que o Reverendíssimo correspondia Para sempre seja louvado E os eruditos se alguém espirrava sinal de defluxo eram impelidos a exortar Dominus Tecum Embora sem saber da missa a metade os presunçosos queriam ensinar padrenosso ao vigário e com isso punham a mão em cumbuca Era natural que com eles se perdesse a tramontana A pes soa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam quando por exemplo insinuavam que seu filho era artioso Verdade seja que às vezes os meninos eram encapetados chegavam a pitar escondido atrás da igreja As meninas não Antigamente certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios ou tros eram pegados com a boca na botija contavam tudo tintim por tintim e iam comer o pão que o diabo amassou lá onde judas perdeu as botas Uns raros amarravam cachorro com linguiça E alguns ouviam cantar o galo mas não sabiam onde As famílias faziam sortimento na venda tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que passasse à porta desde que o moleque do tabuleiro quase sempre um cabrito não tivesse catinga Acolhiam com satisfação a visita do cometa que andando por ceca e meca trazia novidades de baixo ou seja da corte do Rio de Janeiro Ele vinha dar dois dedos de prosa e deixar de presente ao dono da casa um canivete roscofe As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para vêlo apear do macho faceiro Infelizmente alguns eram mais que velhacos eram grandes síssimos tratantes Acontecia o indivíduo apanhar constipação ficando perrengue manda va o próprio chamar o doutor e depois ir à botica para aviar a receita de cápsulas ou pílulas fedorentas Doença nefasta era phtysica feia era o gáli co Antigamente os sobrados tinham assombrações os meninos lombrigas asthmas os gatos os homens portavam ceroulas botinas e capadegoma a casimira tinha de ser superior e mesmo XPTOLondon não havia fotógrafos mas retratistas e os cristãos não morriam descansavam Mas tudo isso era antigamente isto é outrora Antigamente os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair nos braços de Morfeu era capaz 33 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I de entrar no couro Não devia também se esquecer de lavar os pés sem tu gir nem mugir Nada de bater na corcunda do padrinho nem de debicar os mais velhos pois levava tunda Ainda cedinho aguava as plantas ia ao corte e logo voltava aos penates Não ficava mangando na rua nem escapulia do mestre mesmo que não entendesse patavina da instrução moral e cívica O verdadeiro smart calçava botina de botões para comparecer todo liró ao copo dágua se bem que no convescote apenas lambiscasse para evitar flatos Os bilontras é que eram um precipício jogando com pau de dois bicos pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha O melhor era pôr as barbas de molho diante de um treteiro de topete depois de fintar e de engambelar os coiós e antes que se pusesse tudo em pratos limpos ele abria o arco O diacho eram os filhos da Candinha que somava a candongas acabava na rua da amargura lá encontrando encafifada muita gente na embira que não tinha nem para matar o bicho por exemplo o mãodedefunto Bom era ter costas quentes dar as cartas com a faca e o queijo na mão melhor ainda ter uma caixinha de pós de pirlimpimpim pois isso evitava de levar a lata ficar na pindaíba ou espichar a canela antes que Deus fosse ser vido Qualquer um acabava enjerizado se lhe chegavam a urtiga no nariz ou se o faziam de gatosapato Mas que regalo receber de graça no diadereis um capado Ganhar vidro de cheiro marca Barbante isso não a mocinha dava o cavaco Às vezes sem tirte nem guarte aparecia um doutor pomada todo cheio de noive horas iase ver debaixo de tanta farafo era um doutor mula ruça um pé rapado que espiga E a moçoila que começava a nutrir xodó por ele que estava mesmo de rabicho caía das nuvens Quem queria lá fazer pa pel pança Daí se perder as estribeiras por uma tutamei um alcaide que o caixeiro nos impingia dando de pinga um cascão de goiabada Em compensação viver não era sangria desatada e até o Chico vir de baixo vosmecê podia provar uma abrideira que era o suco ficando na chuva mesmo com bom tempo Não sendo pexote e soltando arame que vida su pimpa a do Degas Macacos me mordam se estou pregando peta E os tipos que havia o pauparatodaobra o viracasaca este cuspia no prato em que comera o testadeferro o sabecomquemestáfalando o sanguedebara ta o dr Fiado que morreu ontem o Zépovinho o biltre o peralvilho o salta pocinhas o alferes a polaca o passador de nota falsa o mequetrefe o safar dana o mariavaicomasoutras Depois de mil peripécias assim ouassado todo mundo acabava mesmo batendo com o rabo na cerca ou simplesmente a bota sem saber como descalçála Mas até aí morreu o Neves e não foi no dia de São Nunca de tarde foi vítima de pertinaz enfermidade que zombou de todos os recursos da ciência e acreditam que a família nem sequer botou fumo no chapéu Mas tudo isso era antigamente isto é outrora ANDRADE Carlos Drummond de Poesia e prosa Rio de Janeiro Nova Aguiar 1988 34 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Variação Geográfica É determinada pela região na qual vivemos Muitas vezes apresentamos marcas linguísticas que denunciam a região a que pertencemos por exemplo há diferenças na pronúncia no vocabulário nas expressões no ritmo etc Assista ao vídeo intitulado Dicionário Nordestinês e verifique a quantidade de pa lavras que são próprias da nossa região Dicionário Nordestinês A Abestado Bobo leso tolo Abirobado Maluco Abufelar Irritar ficar brabo Acunhar Meter o pau chegar junto botar pra foder Aforçurado apressado Ai dento Resposta a qualquer provocação Aleiva deslealdade Alfinin Doce feito de rapadura Amancebado Amigado aquele que vive maritalmente com outra Amanhecente Que amanhece amanhecido Amarrado mesquinho avarento Amunhecar dobrarse morrer Alpercata Sandália de couro Aperriar Encher o saco httpwwwluisgomesrncomportalmodulesmastoppublishtacDicionE1rioNordestinEAs EXEMPLO Variação social Muitas vezes as variações linguísticas da língua portuguesa são determinadas por características como sexo escolaridade grupos sociais e o nível socioeconômico de uma pessoa Leia o texto abaixo que circula na internet de au toria anônima O político e o bêbado Um político que estava em plena campanha eleitoral chegou a uma pe quena cidade subiu no palanque e começou o discurso Compatriotas com panheiros amigos Encontramonos aqui convocados reunidos ou juntos para debater tratar ou discutir um tópico tema ou assunto o qual me parece transcendente importante ou de vida ou morte O tópico tema ou assunto que hoje nos convoca reúne ou junta é a minha postulação aspiração ou candidatura a Presidente da Câmara deste Município EXEMPLO 35 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I De repente uma pessoa do público pergunta Ouça lá porque é que o senhor utiliza sempre três palavras para dizer a mesma coisa O candidato respondeu Pois veja meu senhor a primeira palavra é para pessoas com ní vel cultural muito alto como intelectuais em geral a segunda é para pessoas com um nível cultural médio como o senhor e a maioria dos que estão aqui a terceira palavra é para pessoas que têm um nível cultural muito baixo pelo chão digamos como aquele alcoólatra ali deitado na esquina De imediato o alcoólatra levantase cambaleando e dispara Senhor postulante aspirante ou candidato o fato circunstância ou razão pela qual me encontro num estado etílico alcoolizado ou mamado não im plica significa ou quer dizer que o meu nível cultural seja ínfimo baixo ou mesmo rasca E com toda a reverência estima ou respeito que o senhor me merece pode ir agrupando reunindo ou juntando os seus haveres coisas ou bagulhos e encaminharse dirigirse ou ir direitinho à leviana da sua progeni tora à mundana da sua mãe biológica ou à pa que o pariu Anônimo Variação estilística Como estudado cada grupo social tem um estilo próprio ca racterístico e o mesmo acontece com os indivíduos Alguns por exemplo dominam tanto a linguagem formal quanto a informal e dependendo do local onde estão escolhem uma ou outra Acerca disso leia os fragmentos a seguir Aê Tuquinha se liga lagarto que eu vou marcar uma mão pra você de volver minha lupa Tradução Tuquinha preste atenção Irei marcar um encontro para você devolver os meus óculos Fonte Revista Língua Portuguesa ano II número 15 2007 p 31 Aê tô zarpando fora que fiquei de cruzar com uns camaradas pra colar num pico classe A Tradução Estou indo embora porque fiquei de encontrar uns amigos para irmos a um lugar de altíssimo nível Fonte Revista Língua Portuguesa ano II número 15 2007 p 31 EXEMPLO Acima você viu pequenos textos que devido à utilização das marcas próprias de um grupo social no caso as gírias fazem com que a mensagem não seja plenamen te compreendida por aqueles que nãodominam essa variante Segue abaixo outro exemplo 36 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Tipo assim Kledir Ramil Tô ficando velho Um dia desses às 2 da manhã peguei o carro e fui buscar minha filha adolescente na saída do show do Charlie Brown Jr Ela e as amigas estavam eufóricas e eu ali meio dormindo meio de pijama tentei entrar na conversa E aí o show foi legal A resposta veio de uma mais exaltada do ban co de trás Cara Tipo assim foda E outra emendou Tipo foda mesmo Fiquei tipo assim calado o resto do percurso cumprindo minha função de motorista Tô precisando conversar um pouco mais com minha filha senão daqui a pouco vamos precisar de tradução simultânea Para piorar ainda mais inventaram o ICQ essa praga da internet onde elas ficam horas e horas escrevendo abobrinhas umas pras outras em código secreto Tipo assim kct vc tmb nunk tah trank kra Eh d sl T Bjoks Jubys Em português Cacete Você também nunca está tranquila cara É demais sei lá Até mais beijocas Jubys Jubys que deve ser pronunciado diúbis é isso mesmo que você está imaginando a assinatura Só que o nome de batismo é Júlia um nome bonito cujo significado é cheia de juventude que eu e minha mulher escolhemos sentados na varanda olhando a lua Pois Jubys é hoje essa personagem de cabelo cor de abóbora cheia de furos nas orelhas que quer encher o corpo de piercings e tatuagens Tô fican do velho Outro dia tentei explicar pro mesmo bando de adolescentes o que era uma máquina de escrever Nunca viram uma A melhor definição que consegui foi é tipo assim um computador que vai imprimindo enquanto você digita Acho que não entenderam nada Eu sou do tempo do mimeógrafo Para quem não sabe é uma máquina que você coloca álcool e dá mani vela para imprimir o que está na folha matriz Por sua vez essa matriz precisa ser datilografada ver datilografia no dicionário na tal máquina de escrever sem a fita o que faz com que você só descubra os erros depois do trabalho feito com o papel carbono invertidoEnfim procure na internet que deve haver algum site de antiguidades que fale sobre mimeógrafo papel carbono essas coisas Se eu ficar explicando cada vocábulo descontinuado não vou conseguir acompanhar meu próprio raciocínio Voltando às garotas a cultura cinematográfica delas varia entre a obra de Brad Pitt e a de Leonardo de Caprio Há anos tento convencêlas a ver Cantando na Chuva mas sempre fica para depois Um dia cheguei entusiasmado em casa com a fita de um filme francês que marcou minha infância A guerra dos botões Juntei toda a família para a exibição solene e a coisa não durou nem 5 minutos O guri foi jogar bola EXEMPLO 37 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Jubys inventou um trabalho de história sobre a civilização grecoromana que tem que entregar tipo assim até amanhã senão perde ponto e até minha mulher de quem eu esperava um mínimo de solidariedade se lembrou que tinha um compromisso com hora marcada e se mandou Fiquei ali assistindo sozinho e lembrando do tempo em que eu trocava gibi na porta do Capitólio Eu sou do tempo em que vidro de carro fechava com maçaneta E o Fusca tinha estribo e quebra vento Não espalha mas eu andei de Simca Chambord de DKW Gordini Aero Willis e até de Romiseta Não dá pra explicar aqui o que era uma Romiseta só vou dizer que era tipo assim um veículo automotivo com 3 rodas que a gente entrava pela parte da frente onde hoje fica o motor e a direção era grudada na porta Procure na internet deve haver um site Tá bom tá bom confesso mais usei camisa Volta ao Mundo casaquinho de Banlon assisti à Jovem Guarda O Direito de Nascer mas é mentira essa história de que meu primeiro disco gravado foi em 78 rotações Há pouco tempo João meu filho de 8 anos pegou um LP e ficou fas cinado Botei pra tocar e mostrei a agulha rodando dentro do sulco do vinil Expliquei que aquele atrito era transformado em pulsos elétricos e transmitido através do tocadiscos dos fios até chegar ao alto falante onde era gerado o som que estávamos escutando mas aí ele já estava jogando o Pokemon Stadium no Game Boy Não é que ele seja desinteressado eu é que fiquei patinando nos eta lhes Ele até que é bastante curioso e adora ouvir as histórias do tempo em que eu era criança Quando contei que a TV naquela época era toda em pre to e branco ele viajou na ideia de que o mundo todo era em preto e branco e só de uns tempos para cá é que as coisas começaram a ganhar cores Acho que de certa forma ele tem razão Tipo assim Fonte httpfrancidiasfranciblogspotcombr201306kledirramilhtml Acesso em 12 de jul2014 Esse segundo texto também menciona uma linguagem característica de um grupo social no caso o internetês e é importante que você saiba que não está errado escrever uti lizando os códigos da Internet no entanto deve saber que quando necessário na hora de escrever uma redação em um processo de seleção ou até mesmo no vestibular você deverá redigir seu texto de acordo com a norma padrão No filme Cine Holliúdy mulher bonita é espilicute arrumar aquela confusão é botá boneco e quando uma coi sa é rebuscada é chei dos leruaite O protagonista Francis gleydsson Edmilson Filho ainda garante É um filme chi bata e pra lá de joiado macho Não entendeu Esse é o dialeto adotado no filme de Halder Gomes Vamos assistir Imagem Internet 38 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I Chegamos ao fim da primeira parte dos estudos da Disciplina Leitura e Pro dução Textual Participe das atividades no Moodle e até a próxima unidade ANDRADE Maria Margarida de HENRIQUES Antônio Língua Portuguesa noções básicas para cursos superiores 9 ed São Paulo Atlas 2010 BLIKSTEIN Izidoro Técnicas de comunicação escrita São Paulo Ática 1995 CHAUÍ Marilena Convite à filosofia 3 ed São Paulo Ática 1995 CITELLI Adilson 1991 Linguagem e persuasão 6 ed São Paulo Ática 2004 DÍAZ BORDENAVE Juan E O que é comunicação São Paulo Brasiliense 2005 Coleção Primeiros Passos FARACO C A TEZZA C Prática de texto para estudantes universitários 13 ed Petrópolis Vozes 1992 FERREIRA Aurélio Buarque de Hollanda Novo Dicionário da Língua Portu guesa 2 ed Revista e aumentada Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986 FIORIN José Luiz SAVIOLI Francisco Platão Para entender o texto leitura e redação 17 ed São Paulo Ática 2007 MANDRYK David FARACO Carlos Alberto Língua Portuguesa prática de redação para estudantes universitários 12 ed Petrópolis Vozes 2008 MARTINS Dileta Silveira ZILBERKNOP Lúbia Scliar Português instrumen tal e acordo com as atuais normas da ABNT 27 ed São Paulo Atlas 2008 MEDEIROS João Bosco Português instrumental 7 ed São Paulo Atlas 2008 VANOYE Francis Usos da Linguagem problemas e técnicas na produção oral e escrita São Paulo Martins Fontes 1997 REFERÊNCIAS 39 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I ANOTAÇÕES 40 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I ANOTAÇÕES 41 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I ANOTAÇÕES 42 unifametroedubr Leitura e Produção Textual Unidade I ANOTAÇÕES unifametro unifametro unifametroedubr