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DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 71 PEDAGOGIAS DAS ENCRUZILHADAS Luiz Rufino Rodrigues Junior1 Resumo este artigo é resultado de uma Tese de doutorado em Educação intitulada Exu e a Pedagogia das Encruzilhadas O mesmo tem como proposta desenvolver a crítica e propor outros caminhos no que tange as problemáticas do racismo colonialismo e da educação A ação aqui é invocar e encarnar as potências de Exu divindade iorubana transladada na diáspora para propor uma Pedagogia das Encruzilhadas Parto da defesa da não redenção do colonialismo problematizando a continuidade de seus efeitos na formação de um mundo múltiplo e inacabado lido aqui a partir da disponibilidade conceitual assente na encruzilhada de Exu que emerge assim como símbolo de um projeto políticopoéticoeducativo outro A pedagogia encarnada pelas potências do orixá tece um balaio de múltiplos conceitos que confrontam a arrogância e a primazia dos modos edificados pela lógica colonial Dessa forma mais que confrontar os limites da razão dominante a proposta que por ora se lança aponta outros caminhos a partir de invenções paridas nas fronteiras e nos vazios deixados são sabedorias reconstrutoras dos seres que na invenção do Novo Mundo foram submetidos à política de subordinação encarceramento e morte da raçaracismo A educação nesse sentido é apresentada como caminhos enquanto possibilidades de reinvenção de seres uma resposta responsável e comprometida com a justiça cognitivasocial e com a vida em sua diversidade e imanência Palavraschave Exu Pedagogia das Encruzilhadas Conhecimento Antirracismo Abstract This article is the result of a Doctoral thesis in Education entitled Exu and the Pedagogy of the Crossroads I set from the defense of the redemption of colonialism However I question the continuity of its effects in the formation of a multiple and unfinished world that is herein read from the conceptual availability defined in the encruzilhada of Exu Thus it emerges as a symbol of an antiracistdecolonial politicalpoeticeducational project The pedagogy incarnated by the orixás powers weaves a basket of multiple concepts that face the arrogance and the primacy of the modes fortified by colonial logic This way more than confronting the limits of the dominant reasoning the proposition herein issued indicates other paths Those paths emerge from inventions birthed in the limits and in the gaps that were left Those are reconstructive wisdoms of the beings that were subject to the politics of subordination 1 Doutor em Educação UERJ Mestre em Educação UERJ pedagogo UERJ professor substituto UFRRJIM DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 72 incarceration and death of raceracism in the invention of the New World Education is herein presented as paths to possibilities of reinvention of the beings a responsible answer dedicated to cognitivesocial justice and life in its diversity and immanence Keywords Exu Pedagogy of Encruzilhadas Knowledge Antiracism A pedra lançada ao tempo O que marca o nosso tempo Reivindico como abertura de caminhos para essa travessia textual o questionamento feito por Césarie 2008 e também soprado por Fanon 2008 Ambos são aqui invocados como cumbas2 pretosvelhos da afro diáspora que escarafunchando o embaralhamento de signos da linguagem foram capazes de produzir perguntas que nos fazem esquivar do esquecimento propagado pelo colonialismo Césarie e Fanon junto a tantos outros são aqui chamados para nos fazer lembrar que outros caminhos são possíveis Assim nos cabe a partir do diálogo com as suas presenças atarmos respostas responsáveis ações comprometidas com a vida Racismocolonialismocolonialidade marcam o nosso tempo A raça e seus contratos de dominação Mills 2008 são os fundamentos alicerces da lógica colonial perpetram a morte aniquilamento desencante e humilhação A colonialidade é uma espécie de marafunda e carrego colonial Rufino 2017 2016 ela opera como um sopro de má sorte que mantêm o assombro e a vigência de um projeto de dominação nas dimensões do sersaberpoder Porém invocando o aforismo cantando pelos capoeiras ressalto que nas margens do Novo Mundo os campos de batalha são também campos de mandinga3 Nesse sentido a questão que nos abre caminho nos aponta outros horizontes Assim mais do que identificar o que marca o nosso tempo e o que emerge 2 Cumba na cultura do jongo é o conceito utilizado para designar a sabedoria dos mais velhos praticantes versados nos segredos e encantamentos da palavra e das magias que compreendem o rito O termo cumba traz a noção de poeta feiticeiro ou poeta encantador da palavra Em Rufino 2014 trago a noção como parte constituinte do pensamento jongueiro na tessitura de uma filosofia da linguagem 3 Máxima filosófica versada na cultura da capoeira Iê campo de batalha Iê campo de mandinga DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 73 enquanto demanda a ser vencida devemos nos ater a forma que atravessaremos Dessa maneira quais sabedorias invocaremos para nos encarnar nesse jogo É nessa perspectiva que emerge uma outra questão também enlaçada por Césarie 2008 e Fanon 2008 como nos reconstruímos diante do trauma vivido e nos lançamos nas batalhas contra a violência imposta por esse sistema Somado a essas questões lanço uma outra Quais caminhos se abrem enquanto possibilidade A decolonialidade não pode ser reivindicada como um mero fetiche conceitual como nos lembra Bernadino e Grosfoguel 2016 a mesma deve incidir na produção de conhecimentos e narrativas a partir de loci geopolíticos e corpos políticos de enunciação A meu ver uma ação decolonial haverá assim como na habilidade da ginga dos capoeiras encontrar saídas para as arapucas que obstruem nossas liberdades Assim o enfrentamento do trauma colonial não é meramente um ato de deslocolonização como se fosse possível um retorno ou seja uma reivindicação do serestar em uma experiência anterior ao acontecimento O que venho a defender é a decolonialidade como uma capacidade de resiliência e transgressão diante do trauma e da violência propagada pelo colonialismo e conservada na esfera da colonialidade Nesse sentindo o que responderá acerca da nossa capacidade de invenção no confronto a dominação do podersersaber são as nossas invocações incorporações e performances orientadas por um outro senso éticoestético É nessa perspectiva que venho a propor uma Pedagogia das Encruzilhadas um projeto poéticopolíticoético arrebatado por Exu Nessa mirada o orixá emerge como loci de enunciação para riscar uma pedagogia antirracistadecolonial assente em seus princípios e potências Exu enquanto princípio explicativo de mundo transladado na diáspora que versa acerca dos acontecimentos dos movimentos da ambivalência do inacabamento e dos caminhos enquanto possibilidades é o elemento que assenta e substancia as ações de fronteira resiliência e transgressão codificadas em forma pedagogia DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 74 Assim as potências assentes nesse signo são aqui invocadas e encarnadas como força motriz capaz de produzir um atravessamento nos padrões de podersersaber instituídos pelo colonialismo Isso se dá uma vez que o mesmo é o elemento que versa acerca de todo e qualquer ato criativo inclusive no que tange à capacidade de reconstrução dos seres Ele é também o elemento dinamizador que nos possibilita pensar uma educação uma vez que em seus domínios operam os efeitos que movem os aprendizes a dúvida como elemento propulsor a experiência enquanto acontecimento e o devir Nessa perspectiva a pedagogia encarnada por suas potências se lança como invenção poéticapolítica que reivindica e revela o fenômeno educativo enquanto uma ética Nessa perspectiva Exu emerge como disponibilidade conceitual para pensar a radicalidade dos seres suas cognições e subjetividades a partir de outros referenciais transgredindo a noção simplista do fazer pedagógico como um mero modelo metodológico A Pedagogia das Encruzilhadas mira primeiramente a reinvenção dos seres a partir dos cacos desmantelados o reposicionamento das memórias e a justiça cognitiva diante do trauma e das ações de violência produzidas pelo colonialismo Exu o pedagogo a arte de tecer aprendizes Exu versa sobre os princípios da mobilidade da transformação das imprevisibilidades trocas linguagens comunicações e toda forma de ato criativo Nas máximas que trançam as esteiras dos saberes de terreiro entre inúmeras formas ele é reivindicado como o dínamo do universo o linguista e tradutor do sistema mundo Para muitos é o signo que representa o inacabamento Esse caráter é parte de seus atributos e lhe confere a condição de senhor de todas as possibilidades Assim Exu vadeia além dos limites da racionalidade moderna ocidental o mesmo compreendese como um princípio cosmológico em seu signo estão assentadas as noções acerca das estruturas composições e dinâmicas do universo O mesmo é também parte de uma problemática ontológica na medida em que trata da natureza dos seres das produções e princípios explicativos acerca das realidades e das múltiplas DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 75 formas de interação Exu está também vinculado a uma problemática epistemológica sua presença e suas formas de operação estão vinculadas às produções presenças e origens dos conhecimentos Ainda sob essa dimensão o orixá protagoniza suas peripécias no que tange as questões relativas à diversidade de conhecimentos e a necessidade de giros transgressões e rebeldias frente aos processos de colonizaçãoracismo epistemológico Outro ponto a ser destacado e que ressalta seus vínculos com esse campo é sua potêncianatureza semiótica Nesse sentido a potência fundante de tudo que é criado faz valer o aforismo entoado nos terreiros Exu é o 1 multiplicado ao infinito Exu é primordial Sua potência nos concede a condição de existência como também é o poder que opera dando o tom do acabamento em tudo Porém um dos aspectos que ganha destaque aqui é o fato de que Exu enquanto saber praticado na diáspora dimensiona a infinidade de golpes operados nos vazios da estrutura colonial Essa potência é o que me orienta para as problematizações aqui tecidas e para a conceituação de uma pedagogia assentada em seu signo Em outros termos o fato de nas bandas de cá praticarse as encruzilhadas cuspindo marafo baforando fumaça arriando farofa acendendo a vela velando a vida inventando terreiros e transgredindo mundos fortalece a perspectiva da invenção nas frestas O que reivindico como outros caminhos possíveis não se credibiliza a partir da ignorância ou da negação dos conhecimentos já produzidos e institucionalizados pelo Ocidente O que sugiro como caminho é o cruzo Rufino 2017 entre essas perspectivas e muitas outras historicamente subalternizadas partindo da premissa de que a diversidade de experiências e práticas de saber Santos 2008 são infinitamente mais amplas do que aquilo que é autorizado pela narrativa dominante Nesse sentido é na potência do cruzo e na emergência do que eclode nas zonas de fronteira entre o que é cruzado que se fundamenta a minha reivindicação por Exu As encruzilhadas são campos de possibilidades tempoespaço de potência onde todas as opções se atravessam dialogam se entroncam e se contaminam Uma opção DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 76 fundamentada em seus domínios não versa meramente por uma subversão Dessa forma não se objetiva meramente a substituição de uma perspectiva por outra A sugestão pelas encruzilhadas é a de transgressão é a traquinagem própria do signo aqui invocado São as potências do domínio de Enugbarijó a boca que tudo engole e cospe o que engoliu de forma transformada Os caminhos que partem do radical Exu de forma alguma podem se reivindicar como únicos A encruzilhada invoca a máxima parida nos terreiros Exu é o que quiser Assim ele é aquele que nega toda e qualquer condição de verdade para se manifestar como possibilidade É Elegbara o dono do poder o andarilho que caminha na direção do rei decepalhe a cabeça metea no bornal e desaparece na curva a gargalhar4 Exu é assim perambula pelo mundo reinventandoo a partir de travessuras Cabe a educação fenômeno imbricado entre vida arte e conhecimento a produção de respostas responsáveis que reinventem os seres e consequentemente o mundo O fundamento primeiro da educação é a ética elemento esse que nos leva a questionar sobre como as nossas existências respondem aos outros que nos interpelam Assim emerge a questão Qual o movimento que escolhemos fazer para nos lançarmos enquanto um ato de responsabilidade comprometido com a vida em sua diversidade e imanência Exu é o elemento que codifica e substancia os seres suas capacidades de criação e diálogo assim é ele o elemento propulsor de uma ética responsiva uma vez que é o fundamento que substancia e cruza toda e qualquer possibilidade Exu lança os seres na capacidade de assumir suas presenças como respostas responsáveis que darão o tom do acabamento de suas existências Nessa perspectiva o mesmo se encarna como uma educação assim qualquer noção que venha a negar a sua presença enquanto saber é logo contrária a mobilidade e a toda possibilidade de transformação 4 Menção a uma das narrativas presente em um dos 256 odus Ifá sistema poético que compreende os princípios explicativos de mundo as noções acerca dos seres e dos saberes na tradição iorubá DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 77 A primeira esquina Cruzo Rolê e Ebó epistemológico Oritá Métà ou Igbá Keta é um dos títulos de Exu que confere a ele a condição de o Senhor da terceira cabaça podendo ser também conhecido como o Senhor da encruzilhada de três caminhos Em uma das narrativas compreendidas no sistema poético de Ifá contase que em tempos imemoráveis Exu recebeu a opção de escolher entre duas cabaças A primeira continha o pó mágico referente aos elementos que positivavam a vida no universo enquanto na segunda estava outro pó referente aos elementos que negativavam a vida no universo Frente ao dilema entre as duas opções Exu acabou surpreendendo a todos quando optou por uma terceira cabaça esta vazia sem existir nada dentro Assim foi feito trouxeram a terceira cabaça e a entregaram a Exu Tendo a terceira cabaça em seu domínio Exu retirou o que havia na primeira o pó mágico referente aos elementos positivadores e despejou na cabaça vazia Logo em seguida repetiu o procedimento com a segunda cabaça retirando dela os elementos negativadores e os despejou na terceira Exu então chacoalhou a terceira cabaça misturando os dois elementos e em seguida os soprou no universo A mistura rapidamente se espalhou por todos os cantos sendo impossível se dizer o que era parte de um pó ou do outro mas agora um único um terceiro elemento O sentido de Obá Oritá MetáIgba Ketá vez por outra também é apresentado a partir da interpretação de Exu como sendo o 1 Esse caráter o dimensiona enquanto ser inacabado como potência que pode vir a se somar e alterar toda e qualquer situação Assim um de seus atributos diz respeito à regência das transformações do destino Existe uma série de passagens que narram como Exu a partir de suas transgressões alterou de maneira improvável o desenrolar de situações limite Cabe ressaltar contudo que as duas interpretações dele enquanto 3 ou como 1 indicam a força dinâmica do DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 78 desequilíbrio ou até mesmo do conflito e da contradição existente entre dois polos Como já dito antes a potência de Exu não está na instância da ordem pelo seu avesso mas sim nos deslocamentos e efeitos produzidos em um terceiro tempoespaço Partindo dessa breve apresentação do caráter de Exu enquanto Obá Oritá MetáIgba Ketá atase o ponto o que Exu tem a nos ensinar enquanto o senhor da terceira cabaça o senhor da encruzilhada de três caminhos Quais as contribuições podem vir a emergir e substanciar a proposição de ações antirracistasdecoloniais Haveremos de convir que se educa para os mais diferentes fins A educação como prática emancipatória deve incorporar instâncias de inconformismo rebeldia e transgressão Os modos de educação praticados nas bandas de cá não podem estar isentos de uma crítica que revele suas faces coloniais nem de giros epistemológicos que desmantelem os arranjos alicerçados em estruturas monoracionalistas A encruzilhada aponta para múltiplos caminhos afinal a noção de caminho assentada no signo Exu se compreende enquanto possibilidade e não como certeza Dessa forma a encruza compreende a coexistência de diferentes rumos é logo uma perspectiva pluriversalista Ramose 2008 Em sua potência diferentemente do que é praticado pela lógica ocidental um caminho não se torna credível em detrimento de outros A encruzilhada esculhamba a linearidade e a pureza dos cursos únicos uma vez que suas esquinas e entroncamentos ressaltam as fronteiras como zonas pluriversais onde múltiplos saberes se atravessam coexistem e pluralizam as experiências e suas respectivas práticas de saber É a partir dessa perspectiva que lanço mão do que conceituo como cruzo noção que compreende os procedimentos teóricometodológicos que se orientam pelas lógicas assentes no signo Exu e em suas encruzilhadas Os cruzos operam praticando rasuras e ressignificações conceituais No que tange as questões acerca da produção de conhecimentos essa noção versase como uma resposta responsável fiel à noção de que nossas práticas de saber se tecem a partir das relações e das consequentes alterações e acabamentos que nos é dado pelos outros DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 79 Para nós que vivemos em um mundo que edificou regimes de verdade a partir da interdição e da descredibilização da diversidade nos resta lançar nossos dilemas na encruza rasurálos e reinscrevêlos de forma cruzada Para que isso seja possível teremos de praticar Exu enquanto Oba Oritá MetáIgba Ketá é isso que propõe a noção de cruzo assente na pedagogia das encruzilhadas Essa noção está articulada a outras duas operações integrantes do balaio tático exusíaco São elas as noções de rolê epistemológico e ebó epistemológico A noção de rolê epistemológico inspirase nas sabedorias da capoeira para propor ações de desvio e avanço Imprime nesse sentido a lógica do jogo Os rolês caçam temposespaços para a prática das virações esquivase rolase de um lado para o outro finge que vai mas não vai e aí se dá o bote certeiro eis que o cruzo então acontece O rolê é ao mesmo tempo o movimento de desvio de fuga de ganho de espaço e de montagem de estratégias para a operação de golpes A lógica do jogo não presume a aniquilação do outro com que se joga mas permite a sedução o destronamento o drible e o golpe Se tentar me prender eu giro pronto escapuli já estou do outro lado Assim o conceito encarna as manhas do jogo de corpo para praticar no campo dos conhecimentos outras virações que potencializem a prática das frestas Como se sobrevive preservando referências e negociando posições em meio a relações solapadas pelas violências irregularidades e desproporções que colocam grande parte dos saberes subalternos como alvos de extermínio Arrisco dizer que isso só é possível incorporando as astúcias da ginga Há de se jogar o jogo afinal o cotidiano colonial é um verdadeiro campo de batalhas e mandingas Daí a necessidade dos rolês epistemológicos operação essa diretamente articulada à noção de cruzo e que vem a invocar e amarrar o verso de uma terceira ação a que conceituo como ebó epistemológico Se a vigência do projeto ocidental se constituiu por intermédio da subalternização do desencantamento e do desaparecimento de inúmeros saberes agora DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 80 será preciso invocar um outro espírito que os restitua Assim o que nos resta na tentativa de desfazer essas amarrações é esculhambálas via os poderes do encante Lancemos mão do repertório de mirongas dos negos véio já que se torna cada vez mais necessário desobsediar os assombros e carregos alimentados pelo racismocolonialismo O ebó se configura como o conhecimento praticado os ritos de encante e as tecnologias codificadas nos cruzamentos de inúmeras sabedorias negroafricanas transladadas e ressignificadas na diáspora tem como efeito operar na positivação dos caminhos Ao incidir sobre seu alvo o afeta conferindo a ele mobilidade dinamismo e transformação O ebó epistemológico nesse sentido compreende todas as operações teóricometodológicas que vem a produzir efeitos de encantamento nas esferas de saber Tomo como efeito de um ebó epistemológico a presença de Exu encruzado no debate educativo À medida que Exu atravessa o debate fundamentando uma pedagogia que lhe é própria emergem transformações que desmantelam completamente a organização das estruturas dominantes Contudo ressalto que o efeito do ebó na positivação de caminhos não garante uma ordem livre de conflitos Toda e qualquer ação que mire a transformação radical presume o conflito e o tem como potência Independente dos impactos que podem ser gerados considerase que os efeitos que trazem dinamismo garantem a perspectiva da abertura de caminhos A noção de ebó epistemológico vem a contribuir para enfatizar as questões dos conhecimentos como parte também de uma problemática étnicoracial De fato existem instâncias dos conhecimentos versados na esteira ocidental que não só negam como também são incapazes de pensar o mundo a partir de elementos assentes em outros modos de racionalidade O ebó versase como um procedimento que confere uma espécie de sobrevida àquilo que padece de desencantamento O que se compreende aqui como efeito de abertura de caminhos de positivação está diretamente vinculado à ordem do encantamento como acúmulo de energia vital força mobilizadora da pujança criativa e da vivacidade dos saberes DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 81 Cruzos rolês e ebós epistemológicos operações integrantes da pedagogia das encruzilhadas versadas nos domínios e potências de Obá Oritá MetáIgbá Ketá Aí está o princípio instaurador das dúvidas das ambivalências e desordens Para um mundo edificado a partir das obsessões de grandeza e totalidade produtor de regimes de verdades alicerçados em práticas de injustiças cognitivassociais lançase a sugestão desvios golpes cruzos antidisciplinas desobediências feitiços pragas rogadas traquinagens calças arriadas tombos na ladeira há uma infinidade de formas possíveis Lançase a arte do brincalhão esculhambamse as normas as lógicas e a destruição emerge como potência para a invenção Onde emerge a dúvida Exu está a nos apontar os caminhos para a reinvenção da vida A segunda esquina Encruzilhada Assentamento e Terreiro O que é o Novo Mundo Proponho lêlo a partir dos conceitos de encruzilhada assentamento e terreiro Essas perspectivas retornam ao conceito de Diáspora Africana e nos impulsionam pensarmos as sociabilidades transafricanas os processos transinterculturais as múltiplas relações das culturas com os temposespaços e as suas ecologias de pertencimento as perspectivas translocais das culturas negras e as suas cosmopolíticas produtoras de contraculturas e contranarrativas em relação à modernidade Gilroy 2008 Todas essas perspectivas apontadas a partir das reflexões de Gilroy ao problematizar o ir e vir dos navios e a liquidez do oceano são aqui cruzadas ao que é trançado na esteira da pedagogia das encruzilhadas A abordagem dos fluxos a partir de uma leitura do Atlântico como encruzilhada enlaça Exu ao que é produzido a partir das travessias e dos cruzamentos de rotas feitas entre as Áfricas e as Américas A diáspora africana lida pelo conceito de encruzilhada problematiza as ambivalências e contradições presentes no que foi projetado enquanto impossibilidade e se reinscreveu enquanto invenção Ou seja como a experiência trágica de despedaçamento das vidas de suas práticas e organizações reinventouse a partir das múltiplas formas de invenção e mediação do sofrimento As retiradas compulsórias as travessias os não retornos a coisificação dos seres a desordem das memórias e o desmantelamento cognitivo trágicas faces que devem ser lidas em viés na medida em que cruzam a essas experiências inúmeras ações DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 82 que revelam as reinvenções da vida Mirar a diáspora africana a partir da noção de encruzilhada nos faz problematizála também nos termos dos inacabamentos A provocação é tensa A diáspora negra é um acontecimento em aberto é um contínuo A potência inventiva dessa grandiosa encruzilhada transatlântica enreda muitos outros cruzos que apontam muitos outros cursos possíveis Assim a diáspora continua a reverberar poderes de reinvenção da vida seja cruzando e invocando potências ancestrais seja produzindo novos sentidos a partir de um imaginário em África A manha dos jogos de corpo a rítmica versada pelos tambores a amarração de palavras os encantes as formas de cura os conhecimentos do invisível a leitura dos caroços e conchas os transes os sacrifícios que encantam a vida Capoeiras jongos sambas candomblés macumbas toda e qualquer sorte de expressões aqui recriadas Todas essas manifestações são ressignificações a partir do recolhimento montagem e cruzamento dos estilhaços de culturas vernaculares que foram despedaçadas ao serem lançadas em travessia A noção de assentamento propõe pensarmos as culturas afrodiásporicas como práticas que vibram encarnam e se imantam trançando uma esteira que se desenrola sobre um chão comum que recebe calçamento a partir de condições e motivações próprias ao longo dos processos de invenção de territorialidades saberes e identidades Essas experiências multiplicadas a partir da fragmentação de outras5 buscam reconstituir os elos de pertencimento alterados no trânsito e na impossibilidade de retorno A noção de assentamento aqui proposta cruza o sentido do termo na amplitude de seus significados nos ritos afrobrasileiros ao fenômeno de tessitura de uma rede cosmopolita intertranscultural afrodiaspórica O que proponho com esse enlace é lançar mão do argumento que aponta a existência e as condições próprias de uma base estruturante que identifica e vigora as inúmeras expressões recriadas no Novo Mundo Assim as culturas negras transatlânticas encontramse enredadas em uma complexa 5 O caráter de multiplicação a partir da fragmentação faz alusão ao protagonismo de Exu presente na passagem atorun dorun esù essa passagem integra o corpo poético de Ifá DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 83 trama interseccional que evidenciam conflitos negociações circunstâncias alianças contaminações recriações frestas dribles entre outras inúmeras formas de invenção da vida cotidiana Chão sacralizado onde são plantados os segredos e praticados os encantamentos que vigoram e ressignificam a vida o assentamento imanta e reverbera as energias que lhe foram consagradas afetando diretamente aqueles que com ele estabelecem relações Lá se estabelecem e se potencializam os vínculos entre os tempos presentes e os tempos ancestrais Assim grande parte do que é constituído enquanto assentamento se compreende como parte de um jogo secreto não revelado Compartilhar dos princípios que fundamentam o segredo é parte de uma experiência iniciática Manter os enigmas e mistérios compreende a própria manutenção do vigor e da mobilização das energias assentadas Aquilo que se enterra se transmuta e se encanta nos ritos de consagração do axé energia vital mesmo não revelado tornase responsável por afetar as práticas da comunidade A diáspora negra enquanto assentamento é o calçamento de um chão comum onde se plantaram e plantam axés que imantam e emanam as energias que conferem mobilidade criatividade e possibilidades para as invenções No curso das problematizações relativas ao fenômeno da diáspora negra lanço mão de uma terceira traquinagem a noção de terreiro Essa noção se encarna no enigma versado nas travessias o nó dado está encruzado entre a experiência de desterritorialização e as invenções de outros temposespaços praticados Assim a noção de terreiro assente na pedagogia das encruzilhadas não se limita somente à fisicalidade do que se compreende como espaço de culto das ritualísticas religiosas de matrizes africanas mas abrange todo campo inventivo seja ele material ou não emergente das criatividades das necessidades e dos encantamentos dos temposespaços Na perspectiva aqui traçada o termo se pluraliza excedendo as compreensões físicas para transbordar em outros sentidos para os campos simbólico e político As invenções de terreiros nos possibilitam mirar o alargamento das interpretações e conhecimentos acerca do mundo A cada pedido de licença ao dobrar a esquina a cada gole lançado ao chão nos repertórios gestuais nos benzimentos nos alinhaves de versos na circunscrição de sons e ritmos na moeda lançada na porta do DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 84 mercado no cigarro compartilhado na rua em todas essas e ainda em muitas outras formas estão a se inventar terreiros que são as múltiplas temporalidadesespacialidades encarnadas por esses saberes praticados aí se determina quem tá dentro e quem tá fora do jogo e do mundo criado A perspectiva lançada a partir da noção de terreiro nos revela ainda um elemento que deve ser abordado de forma cuidadosa e atenta o elemento corporal Considero que os corpos transladados na diáspora são o suporte principal para as invenções de terreiros Esses devem ser compreendidos como sendo a própria incorporação desses temposespaços ou seja corpos terreiros Assim à medida que o corpo negro foi desterritorializado através de seu suporte físico e de suas potências foi tornandose capaz de recuperar e ressignificar memórias comunitárias reconstruindo formas de sociabilidade e práticas de saber O corpo é a instituição máxima e integrante da experiência em comunidade é ele o elemento que institui e organiza o projeto comunitário Terceira esquina Incorporação e Mandinga O que pode o corpo6 Deslizarei nessa esquina praticando gingas negaças esquivas e rolês ah os rolês Esses são sempre bemvindos me permitem as fugas os pulos e deslocamentos e quando menos se espera o bote Não se aperreiem quando o silêncio é absoluto é porque Exu já os engoliu e está a inventar outras possibilidades As questões enlaçadas no verso acima nos abrem muitos caminhos que atravessarei sendo fiel ao espírito traquina que me toma Exu é também Bara Dono do corpo e Elegbara Senhor do poder mágico princípios dos quais partirei para versar minhas problematizações acerca dos saberes corporais Nessa última esquina invocarei as potências do corpo para lançar mão das noções de incorporação e mandinga que nos ajudarão a destravar as tensões e os nós dos nossos esquemas cognitivos A ênfase no corpo e nas suas potências o revela como suporte fundamental para a emergência e a credibilização de saberes que transgridam as ordens do racismocolonialismo epistemológico e o reposicionamento do ser alterado pela 6 Menção ao pensamento de Spinoza em Ética 2007 DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 85 destituição ontológica produzido pelo projeto do Ocidenteeuropeu Assim a retomada do corpo é ponto crucial da pedagogia das encruzilhadas Digo isso não somente por ser Exu o princípio que fundamenta todo o poder e capacidade explicativa em torno desse elemento mas por ser o território corporal o primeiro lugar de ataque do colonialismo O racismo o desmantelamento cognitivo a desordem das memórias a coisificação do ser os protocolos disciplinares coloniais a que o corpo está submetido os traumas as tensões musculares marcam o corpo do colonizado o produzindo a experiência do duplo e o polimento de seus modos que o levam para a construção de um embranquecimento alucinatório Tudo o que foi eximiamente problematizado nas passagens de Fanon 1968 2008 e revelou as atrocidades do colonialismo deve ser implodido atacado nas mais profundas raízes de sua edificação Para essa transformação radical direi que devemos colocar o pau de Exu para fora Perdoemme a indelicadeza mas a sugestão feita busca ir na contramão do que paira em nossas mentalidades assombradas pelo pecado O investimento da religião como parte do projeto de dominação colonial foi crucial para a construção de alguns demônios Por aqui pintaram o diabo a quatro e até os dias de hoje ele insiste em nos assombrar Rasurando a máxima que reivindica a expulsão dos demônios7 reivindico que eles sejam libertados das garrafas8 Livres essas potências desestabilizadoras nos ajudarão a desatar os nós dos pecados das culpas e dos infernos aqui criados O falo de Exu esculhamba a produção de ignorância que interdita o corpo como esfera de saber A dilatação dos vasos sanguíneos e o enrijecimento do órgão falam sobre os poderes de mobilidade dinamismo transformação procriação e continuidade Para as visões miradas a partir de seu signo o poder de Exu manifestase aí Outra 7 Menção as inscrições urbanas Só Jesus expulsa demônios das pessoas 8 Menção a narrativa popular que diz acerca de pactos feitos a partir do aprisionamento de demônios em garrafas Essa narrativa tem inúmeras variações algumas delas o referido demônio aparece na veste de outras figuras da cultura popular brasileira uma delas é o SaciPererê DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 86 forma dessa expressão é também o que é soprado pela boca no hálito ritmado vestido em sons e palavras Nesse sentido Exu nos dá importantes contribuições para o alargamento dos conhecimentos contrastando o que está posto pelas razões ocidentais Para as noções assentes em seu signo não há separação entre corpo e mente tão quanto entre os discursos verbais e não verbais É Bara e Elegbara que nos permitem trabalhar com esferas de saber que revelam uma complementaridade entre os gestos e falas na produção de presenças da afrodiáspora As noções de Bara Dono do corpo como o princípio das nossas individualidades e de nossa fisicalidade junto a Elegbara Senhor do poder mágico princípio das potências encarnadas pelo corpo como todo movimento e ação criativa são fundamentais para giros conceituais que nos permitam outras leituras sobre o corpo e suas potências Esses domínios para perto dos quais também podemos trazer o de Enugbarijó serão responsáveis por nos apontar caminhos a partir da indagação que problematiza as possibilidades corporais Dessa maneira no que tange o corpo a pedagogia das encruzilhadas o compreende como suporte de memórias saberes matriz primeira e potência motriz Essa consideração está presente na noção de incorporação conceito que circunscreve e credibiliza a dimensão dos saberes praticados partindo do pressuposto de que todo saber para se manifestar necessita de um suporte físico Assim o suporte físicocorpo é por sua vez parte do saber não há separação entre eles O suporte físico corpo humano ou outra materialidade é incorporado por um efeito um poder que o monta A noção de incorporação traz para encruzilhada também a de mandinga que por sua vez é versada aqui como umas das formas de sapiência do corpo vibradas nos tons da magia e do encantamento As mandingas ressaltam aspectos ímpares e estão vinculadas aos saberes corporais envoltos a atmosferas mágicas únicas e intransferíveis configuram aquele tipo de saber que não pode ser traduzido por outras textualidades que não sejam as pertinentes aos limites da sua própria manifestação e só pode ser vislumbrada no rito na performatividade em consonância com os elementos que compõem a dimensão da magia DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 87 Ah camaradinhas o mundo tem seus mistérios Mandinga é mumunha de nego véio é buraco de cobra é nó em corda seca é Besouro Preto que avoa Mandinga é Exu que carrega azeite em uma peneira e não perde sequer uma gota9 As mandingas são os saberes que navegam no invisível e vira e mexe baixam em nós O mandingueiro é aquele que incorpora o saber que se manifesta e se dilui em questão de segundos Quem viu viu Quem sabe sabe Quem tá dentro não sai e quem tá fora não entra Existem muitos outros caminhos possíveis A ênfase no corpo alude aos saberes cosmopolitas enredados em tramas pluriepistêmicas Ao elencar o protagonismo do corpo e a potência de seus saberes a pedagogia das encruzilhadas dobra a lógica colonial Se para cada centena de mortos pelo colonialismo se constrói uma igreja na perspectiva das encruzilhadas cada corpo é um totem que imanta e reverbera potências de saber É nesses termos que vira e mexe baixam por aqui praticantes de outros tempos Firmo o ponto novamente a racionalidade moderna ocidental é decapitada e assombrada pela má sorte de ter o corpo bara deslocado da cabeça ori As questões acerca dos saberes epistemologias perpassam necessariamente por um reconhecimento do corpo na medida em que todo saber só é possível quando praticado ou seja incorporado Se as questões acerca do saber estão diretamente vinculadas à dimensão das práticas das incorporações e dos agentes que as fazem as questões epistemológicas se inscrevem como uma problemática étnicoracial A partir dessa defesa é que me fidelizo a ressaltar as proezas de Bara e Elegbara para despachar uma crítica à negação dos saberes corporais investida pelo projeto monoracionalista ocidental e lançar proposições que o transgridam As perspectivas advindas de Exu são mais um golpe operado pela pedagogia das encruzilhadas que provoca uma desordem na medida em que traz o corpo para o cerne do debate políticoepistemológicoeducativo 9 Trecho de uma narrativa mítica que ressalta a proeminência de Exu DOI httpsdoiorg1012957periferia201831504 Revista Periferia v10 n1 p 71 88 JanJun 2018 88 As perspectivas da pedagogia proposta estão radicalmente fundamentadas nos princípios de Exu para propor outros cursos epistêmicos Segundo as sabedorias versadas nos terreiros Bara é o elemento individual corporificado que junto ao Ori individualiza o ser Bara o corpo e Ori a cabeça integrados marcam as individualidades e os caminhos que cada um de nós carregamos É nos domínios de Elegbara Senhor do poder mágico onde estão de frente o dinamismo e o pulsar das energias que constituem conectam e perpassam as existências como um todo que se assentam as potências de todo movimento e ação criativa É Elegbara que funde o princípio da existência das possibilidades e da imprevisibilidade Nas palavras assentadas na esteira do saber popular dos terreiros é a força de Exu o movimento como um todo que nos dará forças para reinventarmos os mundos praticando caminhos por encruzilhadas Laroiê Mojubá Exu Referências bibliográficas CÉSARIE Aimé Discurso sobre o colonialismo Tradução Anísio Garcez Homem Letras Contemporâneas 2010 FANON Frantz 1968 Os condenados da terra Rio de Janeiro Civilização Brasileira 2008 Pele negra máscaras brancas Trad Renato da Silveira Salvador EDUFBA GILROY Paul 2008 O Atlântico Negro modernidade e dupla consciência 2ᵃ ed Rio de Janeiro Universidade Candido Mendes Centro de Estudos AfroAsiáticos GLISSANT Édouard 1995 Introduction à une poétique du divers Montréal Presses de l Université de Montréal MIGNOLO Walter D 2008 Desobediência epistêmica a opção descolonial e o significado de identidade em política Cadernos de Letras da UFF Dossiê Literatura língua e identidade nº 34 pp 287324 MILLS Charles W O Contrato de Dominação Meritum Belo Horizonte v8nº2p1570 juldez 2013 RUFINO Luiz Performances afrodiaspóricas e decolonialidade o saber corporal a partir de Exu e suas encruzilhadas Revista Antropolíticanº 40 Niterói p5480 1sem 2016 Exu e a Pedagogia das Encruzilhadas 231 f Tese Doutorado em Educação Universidade do Estado do Rio de Janeiro Faculdade de Educação Rio de Janeiro 2017 Histórias e Saberes de Jongueiros Rio de Janeiro Editora Multifoco 2014 SPINOZA Benedictus de 2007 Ética Tradução de Tomaz Tadeu Belo Horizonte AutênticaTAVARES Julio 2012 Dança de guerra arquivo e arma elementos para uma teoria da capoeiragem e da comunicação corporal afrobrasileira Belo Horizonte Nandyala