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2 Teorias do Investimento O investimento é o componente mais volátil da demanda agregada mas é também por meio dele que um país constrói seu estoque de capital que permitirá a reprodução econômica I possui um caráter dual é demanda no curto prazo e criação de oferta no longo prazo Para um país crescer é necessário investir em infraestrutura física pontes energia rodovias ferrovias portos etc e na aquisição de técnicas máquinas e equipamentos modernos Mas o que determina o investimento Analisaremos algumas teorias 2 Teorias do Investimento É muito comum vermos na televisão economistas dizendo que precisamos ampliar a poupança eou o investimento para crescer mais mas isso não passa de uma tautologia de uma verdade auto evidente A questão é como fazer isso Sabendo que S Y C T 1 e Y C I G X M 2 somando T de ambos os lados da equação 2 passando C para a esquerda e rearranjando os termos I S T G M X Se o saldo do governo e externo são próximos de zero S I I é uma variável fluxo e K é o estoque 𝐼 Δ𝐾 ou Δ𝐾 𝑑 𝐾𝑡1 𝐾 𝐼 1 𝑑 𝐾𝑡1 2 Teorias do Investimento 21 Decisão de Consumir e Investir Essa teoria é muito parecida com a decisão intertemporal de consumo vista anteriormente De acordo com ela as famílias decidem quanto consumir e quanto poupar Essa poupança será utilizada para investimento pelas empresas que depois devolverão o empréstimo com juros possibilitando um consumo futuro maior das famílias A taxa de juros é a variável que iguala a decisão de poupar das famílias com a de investir pelas firmas O que acontece com a taxa de juros e o investimento quando as famílias decidem poupar mais E quando as empresas decidem investir mais Como reequilibrar A economia estará em equilíbrio quando r PmgK Se adicionarmos a depreciação isso ocorrerá quando 𝑟 𝑑 𝑃𝑚𝑔𝐾 2 Teorias do Investimento Críticas Esse modelo assume pleno emprego permanente só é possível aumentar I reduzindo C As decisões de consumir e investir são independentes e não há garantia de equilíbrio de pleno emprego O modelo implica alta elasticidade de I em relação a r O modelo assume poupança investimento ex ante mas na realidade boa parte do financiamento é feito com crédito bancário recém criado Essa teoria prevê que uma queda no consumo das famílias será compensada pelo aumento do investimento mantendo a economia no pleno emprego Como veremos a queda das vendas prejudica o fluxo de caixa das empresas que reduz o investimento 2 Teorias do Investimento 22 O Q de Tobin Apesar de ser conhecida como q de Tobin em homenagem ao economista que a popularizou James Tobin nos anos 1960 e 1970 Nicholas Kaldor já havia a desenvolvido anteriormente em 1966 É uma teoria bastante simples O q de Tobin é a razão entre o valor de mercado do capital instalado normalmente medido pelo mercado acionário e o custo de reposição do capital instalado Assim o que significa um q 1 E abaixo de 1 E acima de 1 Qual é mais vantajoso para a empresa 2 Teorias do Investimento A previsão do modelo é que quanto maior o q maior o investimento pois compensa para a empresa comprar bens de capital pois o valor atribuído a ele pelo mercado supera o custo O mercado de ações com essa teoria ganha importância fundamental como termômetro para a decisão de investimento das empresas e queda no preço das ações pode prejudicar o investimento Qual a relação entre booms especulativos e investimento no modelo E o estouro de uma bolha Entretanto a evidencia empírica indica fraca influência do q no I Summers estimou coeficiente de 0031 Assim na prática o q de Tobin não é um bom preditor de I 2 Teorias do Investimento 23 A teoria do investimento em Keynes O autor focou na instabilidade da economia capitalista e na sua incapacidade de manter o pleno emprego e para tal o investimento tem relevância preponderante Sua principal obra foi publicada em meio a grande depressão 1936 Para ele o nível de emprego de curto prazo é dado pela teoria da demanda efetiva capítulo 2 e 3 Para o pleno emprego ser atingido o nível de investimento deve preencher a lacuna entre consumo e capacidade produtiva mas a tendência é que isso não ocorra e a taxa de juros não levará a economia ao pleno emprego O investimento é o componente mais volátil da demanda agregada e por isso Keynes atribui a ele as flutuações cíclicas da economia 2 Teorias do Investimento Para Keynes o investimento depende i da taxa de juros que incentiva os agentes a abrirem mão da liquidez ao contrário de a taxa de juros ser o prêmio pela espera como para os neoclássicos A elasticidade do investimento em relação a taxa de juros é considerada baixa baixo EfeitoKeynes e discussão com Pigou ii da eficiência marginal do capital que é a taxa de desconto que tornaria o valor presente da série de anuidades dado pelos retornos esperados de capital de ativos durante sua vida igual a sua oferta de preço Repare que essa variável é puramente especulativa Isso nos leva ao conceito de incerteza fundamental em Keynes diferente dos modelos sem expectativa das expectativas adaptativas as convenções que em Keynes vale para decisões triviais de produção das expectativas racionais e do risco probabilístico 2 Teorias do Investimento A eficiência marginal do capital é fortemente influenciada pelo estado de confiança ou espírito animal dos empresários A volatilidade da confiança gera volatilidade do investimento e este a volatilidade do produto e do emprego A EfmgK precisa ser maior do que a taxa de juros e a taxa de juros será positiva Nada garante que a EfmgK será positiva 𝐼 𝑓 𝑖 𝐸𝑓𝑚𝑔𝐾 𝐸𝑓𝑚𝑔𝐾 𝑓𝑒𝑥𝑝𝑒𝑐𝑡𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠 𝐼 𝑓𝑖 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑐𝑡𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠 Em escritos posteriores Keynes vai discutir melhor o papel do governo como gerenciador das expectativas e como manejar a política fiscal e monetária de maneira clara e coordenada com o setor privado The idea that a large deficit represents a desperate risk to cure a moderate evil is the reverse of the truth It is a negligible risk to cure a monstrous anomaly 1929 Deficit finance seems a rather desperate expediente 2 Teorias do Investimento 24 O modelo multiplicadoracelerador do investimento Desenvolvido por Paul Samuelson 1939 parte do pressuposto que as firmas desejam manter a utilização do estoque de capital constante e que a razão capitalproduto desejada é constante O aumento das vendas faz as empresas investirem aumentando o estoque de capital e mantendo a razão estoque de capitaproduto constante 𝐾 𝛼𝑌 Como Δ𝐾 𝐼 𝐼 𝛼Δ𝑌 Passando α para o lado esquerdo 𝛼 𝐼Δ𝑌 Essa equação significa que a variação de uma unidade no produto causa a variação de α unidades de I O modelo pode ser expandido para incorporar defasagens e o efeito multiplicador Os neoclássicos criticam a ideia de capitalproduto constante advogando sua flexibilidade Porém as duas hipóteses são criticáveis pois a razão pode não ser perfeitamente fixa mas está longe de ser facilmente ajustável principalmente no curto prazo 2 Teorias do Investimento Vemos que esse modelo é claramente conduzido pela demanda demandled em oposição aos modelos dominados por fatores de oferta que assumem o pleno emprego Aqui políticas de demanda afetam permanentemente o produto ao induzir a acumulação de capital Como esse modelo se ajusta aos fatos Apesar de não podermos tomar como garantido α constante é amplamente aceita a evidência empírica que relaciona as vendas ou produto com o investimento produtivo acumulação de capital O modelo original parte de 𝑌𝑡 𝐶𝑡 𝐼𝑡 𝐺𝑡 𝐶𝑡 𝛼𝑌𝑡1 𝐼𝑡 𝛽 𝐶𝑡 𝐶𝑡1 𝐺𝑡 1 𝑌𝑡 𝛼𝑌𝑡1 𝛽 𝐶𝑡 𝐶𝑡1 1 2 Teorias do Investimento 𝑌𝑡 𝛼𝑌𝑡1 𝛽 𝛼𝑌𝑡1 𝛼𝑌𝑡2 1 𝑌𝑡 𝛼𝑌𝑡1 𝛽𝛼𝑌𝑡1 𝛼𝛽𝑌𝑡2 1 Colocando os dois primeiros termos em evidência 𝑌𝑡 𝛼 1 𝛽 𝑌𝑡1 𝛼𝛽𝑌𝑡2 1 Simular no excel Qual a relação entre multiplicador acelerador e estabilidade Esse modelo não segue a ideia de equilíbrio neoclássico e maximização sendo praticamente abandonado por Samuelson e seus seguidores nos anos seguintes 2 Teorias do Investimento 25 Taxa de utilização e investimento Um modelo similar ao anterior foi proposto por Kalecki e ampliado por seu aluno Steindl Para eles o investimento é dado pela seguinte função 𝐼 𝛾 𝛾 𝑢𝑡 𝑢𝑛 𝛾𝑟 com os gamas positivos Steindl ainda afirmou que lucros retidos e endividamento também são fundamentais para explicar o investimento Essas quatro variáveis são correlacionadas mas cada uma possui um peso Como no anterior esse modelo é demandled Há um componente marxista na explicação de I 𝛾𝑟 O setor financeiro é incluído e possui mão dupla pode ampliar o investimento mas a desalavancagem pode reduzilo A financeirização também entra no modelo pela retenção de lucros A aderência empírica é bastante grande 2 Teorias do Investimento 26 Fluxo de caixa líquido e investimento A relação entre fluxo de caixa e investimento vem de observações empíricas regulares não necessariamente de uma teoria Nos modelos neoclássicos que assumem mercado de capital perfeito essa relação seria irrelevante pois o custo de financiar o investimento com recursos próprios ou de terceiro seriam iguais Entretanto as empresas não possuem acesso ilimitado a crédito Lucros passados são um indicativo de capacidade empresarial para os credores e quanto maior o capital de terceiros sobre o capital próprio mais arriscado Assim o investimento depende do fluxo de caixa gerado receita menos despesas e impostos tanto para financiar investimento por meio de capital próprio quanto para ter acesso a crédito bancário para investir 2 Teorias do Investimento Assim a relação empírica entre lucro e investimento é bastante forte e aceita por praticamente todos os economistas que analisam a área Antes desse consenso Kalecki havia desenvolvido um modelo microeconômico chamado de princípio do risco crescente no qual ele por ser um autor heterodoxo rejeitou qualquer hipótese de concorrência perfeita e mercado de capitais perfeito Nele o investimento é dado por 𝐼 𝑃 𝑖𝐾 𝜌𝑃 𝑖𝐾 sendo ρ a fração dos fundos emprestados em relação aos lucros retidos Com isso uma empresa pode investir crescer quanto maior for o lucro menor os juros e maior o acesso ao crédito Kalecki considerava a taxa de juros relativamente constante então o lucro determinava o investimento 2 Teorias do Investimento Quanto maior a alavancagem mais perto do limite do endividamento estabelecido pelos bancos a empresa está aumentando sua vulnerabilidade à queda dos lucros Então os bancos limitam o acesso a crédito das empresas e as empresas evitam superendividamento Essa teoria demonstra a estreita relação entre lucro investimento crescimento e financiamento das empresas De novo temos um resultado marxista no qual a dinâmica do investimento está intimamente relacionada aos lucros Para Marx o lucro dava a dinâmica em uma economia capitalista 2 Teorias do Investimento 27 O Investimento no Modelo ISLM No Modelo ISLM temos que 𝐼 𝐼0 𝐼1 𝑌 𝐼2 𝑟 No capítulo 5 do Blanchard existe apenas taxa de juros nominal i Temos que diferenciar a taxa de juros nominal i da real r o que é feito no capítulo 6 7º edição 𝑟 𝑖 𝜋𝑒 Quanto maior i maior r e menor I Quanto maior 𝜋𝑒 menor r e maior I O que importa para o investimento é r não i Blanchard ainda inclui uma variável para indicar o spread bancário x Quanto maior x menor I Assim a taxa de juros relevante seria r x 2 Teorias do Investimento 28 Discussões na Mídia sobre Confiança e Investimento É sabido que desde 201415 a economia brasileira vive em crise A agenda de corte de gastos e reformas cortes de gastos discricionários de Joaquim Levy em 2015 PEC do teto em 2016 reforma trabalhista de 2017 reforma da previdência de 2019 autonomia do Bacen em 2021 e as atuais discussões da reforma administrativa e tributária é vendida como fundamental para a recuperação da confiança e retomada do crescimento brasileiro e para evitar catástrofes como calote da dívida e hiperinflação A relação entre déficit dívida e crise fiscal será discutida mais para frente O foco aqui é no investimento O argumento é que a austeridade fiscal e as reformas prómercado aumentariam a confiança dos investidores nacionais e estrangeiros atraindo capital e aumentando o investimento possibilitando a retomada da economia brasileira e aceleração do crescimento 2 Teorias do Investimento Como vimos para o crescimento ser equilibrado no LP demanda e oferta precisam crescer a taxas iguais O investimento aumenta a demanda no CP e cria oferta no LP Para alguns economistas como Keynes o investimento depende fundamentalmente da confiança da altamente subjetiva eficiência marginal do capital mas o autor não relaciona reformas e contenção de gastos públicos ao aumento da confiança e do investimento No modelo de decisão de poupar e investir toda poupança vira automaticamente investimento então a decisão de poupar e investir são praticamente equivalentes Segundo esse modelo uma queda no gasto público seria compensada pelo aumento do consumo privado e investimento e alterações na taxa de juros Porém esse modelo considera a economia permanentemente no pleno emprego ou que retorna a ele rapidamente e sabemos que esse não é o caso brasileiro então a política fiscal e demanda são irrelevantes ao menos no longo prazo 2 Teorias do Investimento Olhando para a teoria do multiplicadoracelerador do investimento a relação entre fluxo de caixa e investimento e entre taxa de utilização e investimento não há nada que garanta que a queda da demanda implicará em investimento compensatório pelo contrário Esses modelos preveem que queda na demanda como corte do gasto público reduzirá as vendas o fluxo de caixa e a taxa de utilização então reduzirão o investimento e o crescimento A teoria do q de Tobin relaciona I com o valor de mercado dos ativos Se as reformas gerarem otimismo no mercado financeiro valorizando o preço das empresas podemos esperar aumento em I Mas é importante lembrar que esse impacto é bem pequeno coeficiente de 0031 e que diminuição nas vendas e no lucro pode ter o efeito contrário de desvalorizar as empresas Por fim para a agenda de reformas e austeridade ser bem sucedida para sustentar o crescimento precisaríamos de uma relação forte entre essas ações e a confiança dos agentes e entre confiança e investimento 2 Teorias do Investimento Se G vai ficar estável ou crescer menos precisamos necessariamente de aumento no consumo ou investimento para o crescimento de Y ficar constante Outra possibilidade é a queda da taxa de juros estimular I e Y mas isso também supõe forte sensibilidade de I a i forte Efeito Keynes O que a evidência empírica mostra sobre essas relações i baixa sensibilidade do I a mudanças em i ii incapacidade de C e I compensar queda em G a não ser que a as exportações sejam muito dinâmicas caso Irlandês recente e canadense nos anos 1990 eou b o endividamento privado aumente rapidamente caso dos EUA entre 19962000 Assim me parece improvável que o crescimento brasileiro acelere e recupere o que perdeu desde 2014 sem impulso fiscal e sem políticas públicas voltada ao crescimento das exportações e redução da elasticidade renda das importações Obviamente a análise de outros economistas pode ser diferente
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2 Teorias do Investimento O investimento é o componente mais volátil da demanda agregada mas é também por meio dele que um país constrói seu estoque de capital que permitirá a reprodução econômica I possui um caráter dual é demanda no curto prazo e criação de oferta no longo prazo Para um país crescer é necessário investir em infraestrutura física pontes energia rodovias ferrovias portos etc e na aquisição de técnicas máquinas e equipamentos modernos Mas o que determina o investimento Analisaremos algumas teorias 2 Teorias do Investimento É muito comum vermos na televisão economistas dizendo que precisamos ampliar a poupança eou o investimento para crescer mais mas isso não passa de uma tautologia de uma verdade auto evidente A questão é como fazer isso Sabendo que S Y C T 1 e Y C I G X M 2 somando T de ambos os lados da equação 2 passando C para a esquerda e rearranjando os termos I S T G M X Se o saldo do governo e externo são próximos de zero S I I é uma variável fluxo e K é o estoque 𝐼 Δ𝐾 ou Δ𝐾 𝑑 𝐾𝑡1 𝐾 𝐼 1 𝑑 𝐾𝑡1 2 Teorias do Investimento 21 Decisão de Consumir e Investir Essa teoria é muito parecida com a decisão intertemporal de consumo vista anteriormente De acordo com ela as famílias decidem quanto consumir e quanto poupar Essa poupança será utilizada para investimento pelas empresas que depois devolverão o empréstimo com juros possibilitando um consumo futuro maior das famílias A taxa de juros é a variável que iguala a decisão de poupar das famílias com a de investir pelas firmas O que acontece com a taxa de juros e o investimento quando as famílias decidem poupar mais E quando as empresas decidem investir mais Como reequilibrar A economia estará em equilíbrio quando r PmgK Se adicionarmos a depreciação isso ocorrerá quando 𝑟 𝑑 𝑃𝑚𝑔𝐾 2 Teorias do Investimento Críticas Esse modelo assume pleno emprego permanente só é possível aumentar I reduzindo C As decisões de consumir e investir são independentes e não há garantia de equilíbrio de pleno emprego O modelo implica alta elasticidade de I em relação a r O modelo assume poupança investimento ex ante mas na realidade boa parte do financiamento é feito com crédito bancário recém criado Essa teoria prevê que uma queda no consumo das famílias será compensada pelo aumento do investimento mantendo a economia no pleno emprego Como veremos a queda das vendas prejudica o fluxo de caixa das empresas que reduz o investimento 2 Teorias do Investimento 22 O Q de Tobin Apesar de ser conhecida como q de Tobin em homenagem ao economista que a popularizou James Tobin nos anos 1960 e 1970 Nicholas Kaldor já havia a desenvolvido anteriormente em 1966 É uma teoria bastante simples O q de Tobin é a razão entre o valor de mercado do capital instalado normalmente medido pelo mercado acionário e o custo de reposição do capital instalado Assim o que significa um q 1 E abaixo de 1 E acima de 1 Qual é mais vantajoso para a empresa 2 Teorias do Investimento A previsão do modelo é que quanto maior o q maior o investimento pois compensa para a empresa comprar bens de capital pois o valor atribuído a ele pelo mercado supera o custo O mercado de ações com essa teoria ganha importância fundamental como termômetro para a decisão de investimento das empresas e queda no preço das ações pode prejudicar o investimento Qual a relação entre booms especulativos e investimento no modelo E o estouro de uma bolha Entretanto a evidencia empírica indica fraca influência do q no I Summers estimou coeficiente de 0031 Assim na prática o q de Tobin não é um bom preditor de I 2 Teorias do Investimento 23 A teoria do investimento em Keynes O autor focou na instabilidade da economia capitalista e na sua incapacidade de manter o pleno emprego e para tal o investimento tem relevância preponderante Sua principal obra foi publicada em meio a grande depressão 1936 Para ele o nível de emprego de curto prazo é dado pela teoria da demanda efetiva capítulo 2 e 3 Para o pleno emprego ser atingido o nível de investimento deve preencher a lacuna entre consumo e capacidade produtiva mas a tendência é que isso não ocorra e a taxa de juros não levará a economia ao pleno emprego O investimento é o componente mais volátil da demanda agregada e por isso Keynes atribui a ele as flutuações cíclicas da economia 2 Teorias do Investimento Para Keynes o investimento depende i da taxa de juros que incentiva os agentes a abrirem mão da liquidez ao contrário de a taxa de juros ser o prêmio pela espera como para os neoclássicos A elasticidade do investimento em relação a taxa de juros é considerada baixa baixo EfeitoKeynes e discussão com Pigou ii da eficiência marginal do capital que é a taxa de desconto que tornaria o valor presente da série de anuidades dado pelos retornos esperados de capital de ativos durante sua vida igual a sua oferta de preço Repare que essa variável é puramente especulativa Isso nos leva ao conceito de incerteza fundamental em Keynes diferente dos modelos sem expectativa das expectativas adaptativas as convenções que em Keynes vale para decisões triviais de produção das expectativas racionais e do risco probabilístico 2 Teorias do Investimento A eficiência marginal do capital é fortemente influenciada pelo estado de confiança ou espírito animal dos empresários A volatilidade da confiança gera volatilidade do investimento e este a volatilidade do produto e do emprego A EfmgK precisa ser maior do que a taxa de juros e a taxa de juros será positiva Nada garante que a EfmgK será positiva 𝐼 𝑓 𝑖 𝐸𝑓𝑚𝑔𝐾 𝐸𝑓𝑚𝑔𝐾 𝑓𝑒𝑥𝑝𝑒𝑐𝑡𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠 𝐼 𝑓𝑖 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑐𝑡𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠 Em escritos posteriores Keynes vai discutir melhor o papel do governo como gerenciador das expectativas e como manejar a política fiscal e monetária de maneira clara e coordenada com o setor privado The idea that a large deficit represents a desperate risk to cure a moderate evil is the reverse of the truth It is a negligible risk to cure a monstrous anomaly 1929 Deficit finance seems a rather desperate expediente 2 Teorias do Investimento 24 O modelo multiplicadoracelerador do investimento Desenvolvido por Paul Samuelson 1939 parte do pressuposto que as firmas desejam manter a utilização do estoque de capital constante e que a razão capitalproduto desejada é constante O aumento das vendas faz as empresas investirem aumentando o estoque de capital e mantendo a razão estoque de capitaproduto constante 𝐾 𝛼𝑌 Como Δ𝐾 𝐼 𝐼 𝛼Δ𝑌 Passando α para o lado esquerdo 𝛼 𝐼Δ𝑌 Essa equação significa que a variação de uma unidade no produto causa a variação de α unidades de I O modelo pode ser expandido para incorporar defasagens e o efeito multiplicador Os neoclássicos criticam a ideia de capitalproduto constante advogando sua flexibilidade Porém as duas hipóteses são criticáveis pois a razão pode não ser perfeitamente fixa mas está longe de ser facilmente ajustável principalmente no curto prazo 2 Teorias do Investimento Vemos que esse modelo é claramente conduzido pela demanda demandled em oposição aos modelos dominados por fatores de oferta que assumem o pleno emprego Aqui políticas de demanda afetam permanentemente o produto ao induzir a acumulação de capital Como esse modelo se ajusta aos fatos Apesar de não podermos tomar como garantido α constante é amplamente aceita a evidência empírica que relaciona as vendas ou produto com o investimento produtivo acumulação de capital O modelo original parte de 𝑌𝑡 𝐶𝑡 𝐼𝑡 𝐺𝑡 𝐶𝑡 𝛼𝑌𝑡1 𝐼𝑡 𝛽 𝐶𝑡 𝐶𝑡1 𝐺𝑡 1 𝑌𝑡 𝛼𝑌𝑡1 𝛽 𝐶𝑡 𝐶𝑡1 1 2 Teorias do Investimento 𝑌𝑡 𝛼𝑌𝑡1 𝛽 𝛼𝑌𝑡1 𝛼𝑌𝑡2 1 𝑌𝑡 𝛼𝑌𝑡1 𝛽𝛼𝑌𝑡1 𝛼𝛽𝑌𝑡2 1 Colocando os dois primeiros termos em evidência 𝑌𝑡 𝛼 1 𝛽 𝑌𝑡1 𝛼𝛽𝑌𝑡2 1 Simular no excel Qual a relação entre multiplicador acelerador e estabilidade Esse modelo não segue a ideia de equilíbrio neoclássico e maximização sendo praticamente abandonado por Samuelson e seus seguidores nos anos seguintes 2 Teorias do Investimento 25 Taxa de utilização e investimento Um modelo similar ao anterior foi proposto por Kalecki e ampliado por seu aluno Steindl Para eles o investimento é dado pela seguinte função 𝐼 𝛾 𝛾 𝑢𝑡 𝑢𝑛 𝛾𝑟 com os gamas positivos Steindl ainda afirmou que lucros retidos e endividamento também são fundamentais para explicar o investimento Essas quatro variáveis são correlacionadas mas cada uma possui um peso Como no anterior esse modelo é demandled Há um componente marxista na explicação de I 𝛾𝑟 O setor financeiro é incluído e possui mão dupla pode ampliar o investimento mas a desalavancagem pode reduzilo A financeirização também entra no modelo pela retenção de lucros A aderência empírica é bastante grande 2 Teorias do Investimento 26 Fluxo de caixa líquido e investimento A relação entre fluxo de caixa e investimento vem de observações empíricas regulares não necessariamente de uma teoria Nos modelos neoclássicos que assumem mercado de capital perfeito essa relação seria irrelevante pois o custo de financiar o investimento com recursos próprios ou de terceiro seriam iguais Entretanto as empresas não possuem acesso ilimitado a crédito Lucros passados são um indicativo de capacidade empresarial para os credores e quanto maior o capital de terceiros sobre o capital próprio mais arriscado Assim o investimento depende do fluxo de caixa gerado receita menos despesas e impostos tanto para financiar investimento por meio de capital próprio quanto para ter acesso a crédito bancário para investir 2 Teorias do Investimento Assim a relação empírica entre lucro e investimento é bastante forte e aceita por praticamente todos os economistas que analisam a área Antes desse consenso Kalecki havia desenvolvido um modelo microeconômico chamado de princípio do risco crescente no qual ele por ser um autor heterodoxo rejeitou qualquer hipótese de concorrência perfeita e mercado de capitais perfeito Nele o investimento é dado por 𝐼 𝑃 𝑖𝐾 𝜌𝑃 𝑖𝐾 sendo ρ a fração dos fundos emprestados em relação aos lucros retidos Com isso uma empresa pode investir crescer quanto maior for o lucro menor os juros e maior o acesso ao crédito Kalecki considerava a taxa de juros relativamente constante então o lucro determinava o investimento 2 Teorias do Investimento Quanto maior a alavancagem mais perto do limite do endividamento estabelecido pelos bancos a empresa está aumentando sua vulnerabilidade à queda dos lucros Então os bancos limitam o acesso a crédito das empresas e as empresas evitam superendividamento Essa teoria demonstra a estreita relação entre lucro investimento crescimento e financiamento das empresas De novo temos um resultado marxista no qual a dinâmica do investimento está intimamente relacionada aos lucros Para Marx o lucro dava a dinâmica em uma economia capitalista 2 Teorias do Investimento 27 O Investimento no Modelo ISLM No Modelo ISLM temos que 𝐼 𝐼0 𝐼1 𝑌 𝐼2 𝑟 No capítulo 5 do Blanchard existe apenas taxa de juros nominal i Temos que diferenciar a taxa de juros nominal i da real r o que é feito no capítulo 6 7º edição 𝑟 𝑖 𝜋𝑒 Quanto maior i maior r e menor I Quanto maior 𝜋𝑒 menor r e maior I O que importa para o investimento é r não i Blanchard ainda inclui uma variável para indicar o spread bancário x Quanto maior x menor I Assim a taxa de juros relevante seria r x 2 Teorias do Investimento 28 Discussões na Mídia sobre Confiança e Investimento É sabido que desde 201415 a economia brasileira vive em crise A agenda de corte de gastos e reformas cortes de gastos discricionários de Joaquim Levy em 2015 PEC do teto em 2016 reforma trabalhista de 2017 reforma da previdência de 2019 autonomia do Bacen em 2021 e as atuais discussões da reforma administrativa e tributária é vendida como fundamental para a recuperação da confiança e retomada do crescimento brasileiro e para evitar catástrofes como calote da dívida e hiperinflação A relação entre déficit dívida e crise fiscal será discutida mais para frente O foco aqui é no investimento O argumento é que a austeridade fiscal e as reformas prómercado aumentariam a confiança dos investidores nacionais e estrangeiros atraindo capital e aumentando o investimento possibilitando a retomada da economia brasileira e aceleração do crescimento 2 Teorias do Investimento Como vimos para o crescimento ser equilibrado no LP demanda e oferta precisam crescer a taxas iguais O investimento aumenta a demanda no CP e cria oferta no LP Para alguns economistas como Keynes o investimento depende fundamentalmente da confiança da altamente subjetiva eficiência marginal do capital mas o autor não relaciona reformas e contenção de gastos públicos ao aumento da confiança e do investimento No modelo de decisão de poupar e investir toda poupança vira automaticamente investimento então a decisão de poupar e investir são praticamente equivalentes Segundo esse modelo uma queda no gasto público seria compensada pelo aumento do consumo privado e investimento e alterações na taxa de juros Porém esse modelo considera a economia permanentemente no pleno emprego ou que retorna a ele rapidamente e sabemos que esse não é o caso brasileiro então a política fiscal e demanda são irrelevantes ao menos no longo prazo 2 Teorias do Investimento Olhando para a teoria do multiplicadoracelerador do investimento a relação entre fluxo de caixa e investimento e entre taxa de utilização e investimento não há nada que garanta que a queda da demanda implicará em investimento compensatório pelo contrário Esses modelos preveem que queda na demanda como corte do gasto público reduzirá as vendas o fluxo de caixa e a taxa de utilização então reduzirão o investimento e o crescimento A teoria do q de Tobin relaciona I com o valor de mercado dos ativos Se as reformas gerarem otimismo no mercado financeiro valorizando o preço das empresas podemos esperar aumento em I Mas é importante lembrar que esse impacto é bem pequeno coeficiente de 0031 e que diminuição nas vendas e no lucro pode ter o efeito contrário de desvalorizar as empresas Por fim para a agenda de reformas e austeridade ser bem sucedida para sustentar o crescimento precisaríamos de uma relação forte entre essas ações e a confiança dos agentes e entre confiança e investimento 2 Teorias do Investimento Se G vai ficar estável ou crescer menos precisamos necessariamente de aumento no consumo ou investimento para o crescimento de Y ficar constante Outra possibilidade é a queda da taxa de juros estimular I e Y mas isso também supõe forte sensibilidade de I a i forte Efeito Keynes O que a evidência empírica mostra sobre essas relações i baixa sensibilidade do I a mudanças em i ii incapacidade de C e I compensar queda em G a não ser que a as exportações sejam muito dinâmicas caso Irlandês recente e canadense nos anos 1990 eou b o endividamento privado aumente rapidamente caso dos EUA entre 19962000 Assim me parece improvável que o crescimento brasileiro acelere e recupere o que perdeu desde 2014 sem impulso fiscal e sem políticas públicas voltada ao crescimento das exportações e redução da elasticidade renda das importações Obviamente a análise de outros economistas pode ser diferente