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Max Weber ECONOMIA E SOCIEDADE Fundamentos da sociologia compreensiva VOLUME 2 Tradução de Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa Revisão técnica de Gabriel Cohn São Paulo, 2004 EDITORA UnB imprensaoficial ECONOMIA E SOCIEDADE 175 § 6. A distribuição do poder dentro da comunidade. Classes, estamentos, partidos Toda ordem jurídica (não só a "estatal"), por sua configuração, influencia diretamente a distribuição do poder dentro da comunidade em questão, tanto do poder econômico quanto de qualquer outro. Por "poder" entendemos, aqui, genericamente, a probabilidade de uma pessoa ou várias impor, numa ação social, a vontade própria, mesmo contra a oposição de outros participantes desta. Naturalmente, o poder "economicamente condicionado" não é idêntico ao "poder" em 176 MAX WEBER geral. O surgimento do poder econômico pode, antes pelo contrário, ser consequência de um poder já existente por outros motivos. E o poder, por sua vez, não é buscado exclusivamente para fins econômicos (de enriquecimento), pois o poder, também o econômico, pode ser apreciado "por si mesmo", e, com muita frequência, o empenho por ele está também condicionado pela "honra" social que traz consigo. Mas nem todo poder traz honra social. O típico baixo nascimento em comum ou típico especulador em grande escala renunciam e ela conscientemente, e, em geral, o "simples" poder econômico, particularmente o "meramente" monetário, de modo algum constitui um fundamento reconhecido de "honra" social. Falamos de uma "classe" quando 1) uma pluralidade de pessoas tem em comum componente causal específico suas oportunidades de vida, na medida em que este componente é representado exclusivamente por bens econômicos e pela posição no mercado (isto é, pelas possibilidades de renda) e não por 2) "prestígio social" e tampouco por 3) em comum pertencimento a uma "organização" política etc., mas exclusivamente 4) por razão de posição ou função, controlando o acesso a bens e aquisições, e isto 5) em condições de concentração material elevada e exclusivos direitos de disposição sobre as chances de troca, distribuindo ao seu bel-prazer os favores comerciais do comércio, contribuindo para a manutenção e aprofundamento de situações de privilégio econômico. ECONOMIA E SOCIEDADE 177 contário, ser conso- lançol, pois por vez, não eimentou, pois o pode-, e: com muita frequên- eror social que traz ece^ menos bem MAX WEBER 178 exemplo, um trabalhador individual provavelmente perseguirá seus interesses pode ser muito diversa, conforme, por exemplo, sua qualificação para o serviço em questão, em virtude de sua aptidão natural. ECONOMIA E SOCIEDADE 179 'Interesse de clase', que é muito costumieiro hoje em día e encontrou usa expressino clássica na afirmação de um escrítor de talento, segundo a qual o indivíduo pode enganar-se quanto aos sees interesses, mas a'clase' é 'infaliável' quantossos do local. 180 MAX WEBER protestavam, na Antiguidade e na Idade Média, os não-possuidores. Hoje, ao contrário, o assunto central é a fixação do preço do trabalho. A fase intermediária consiste naquelas lutas pela fixação no mercado e pela fixação do preço dos produtos que aconteceram no final da Idade Média e no início da época Moder- na, entre os empresários e os artesãos da indústria doméstica. Um fenômeno muito geral, que por isso cabe mencionar neste lugar, dos antagonismos de clas- ses, condicionados pela situação do mercado, é o que das dietas costumam man- festar-se de forma mais cruel entre os participantes realmente diretos, como adv ersários, da luta de preços. O rancor dos trabalhadores se dirige contra di- rentistas, acionistas e banqueiros — ainda que precisamente a classe deles afluí mais lucro, em parte obtido sem trabalho, que o dos fabricantes ou diretores de empresas —, mas contra estes últimos em pessoas, como adversários diretos na luta de preços. Este simples fato muitas vezes foi decisivo para o papel da situa- ção de classe na constituição de partidos políticos. Possibilitou, por exemplo, diversas variações do socialismo patriarcal e as tentativas frequentes, pelo menos no passado, de desacreditar assentamentos americanos, visando alar-se com o ploretário contra a "burguesia". Os estamentos, em contraste com as classes, são, em regra, comunidades, onde é possível determinar "estamentos de natureza armada. A consciência de clase e", determinado por fortes puramente econômicos; na participação do mercador ou cido estamental" àquele componente típico do destino vital que está con- decidendo por uma específica avaliação social, positiva ou negativa, que está espontaneamente qualificada comum e muitas pessoas. Isso direito pode também estar ligada a uma situação de classe; as pessoas com famílias distintas combin- nam-se de forma mais váriações das diferentes gestantes: de modo regimen tal, conforme já observamos, nem sempre, mas regulações específicas de terem de adquirir, a longo prazo, sejam principalmente estamental.Repulsas dos esta- nhos encamanharime autônomas do mundo interno, o indutor do manual da no- mente com tal, é com muita frequência o "chefe", que o muitas vezes significa um intermédio puramente honorífica. Na América, é que desconhece o privilégio estamental, expressamente regulamento, de determinados indivíduos, acontece, por exemplo, que somente às famílias de classes tribuárias aproximadamente iguais dançam entre si (conforme se conta, por exem- plo, de algumas cidadeszinhas suíças). Mas a honra estamental não precisa neces- sariamente, vincular-se a uma "situação de classe"; ao contrário, encontra-se, em regra, em contradição absoluta às pretensões da mera propriedade como tal. Pos- suidores e não-possuidores podem pertencer ao mesmo estamento, o que ocorre muitas vezes e com consequências muito sacrais, por mais precisar que esta "igualdade" da avaliação social possa tornar-se a longo prazo. A "igualdade" estamental do gentleman americano, por exemplo, manifesta-se no fato de que, fora da subordinação na "empresa", condicionada por considerações puramente técnicas, seria absolutamente censurável — onde ainda reina a tradição antiga — até por parte do "chefe" mais rico, se, por exemplo, à noite no clube, na mesa de bilhar ou de cartas, ele não tratasse seu "empregado", em algum sentido, como plenamente igual, mas com aquela "benevolência" condescendente que mar- ca a diferença de "nível" e que o chefe alemão nunca consegue afastar de seus 181 ECONOMIA E SOCIEDADE possuidores. Hoje, ao não. A fase intermedià fixação do preço dos nício da Época Moder- doméstica. Um fenômen antagonismos de clas- clietas costumam manif sentimentos — uma das razões por que o sistema de clubes alemão nunca pode alcançar a atração do clube americano. Quanto ao conteúdo, a honra estamental costuma encontrar sua expressão na exigência de uma configuração da vida específica, dirigida a todos que querem fazer parte do círculo. E em conexão com isto, também na “ ilintição" ao "círculo estamental, até o pleno fechamento endógeno das relações sociais, isto, e qu não têm finalidade econômica ou, de outro modo, “objetiva” de negócios, inclu- úindo, sobretudo, o convívio normal. Quando ocorredos, envolvendo uma posição individual e socialmente relevante em conjunto da vida alheia, uma “ esta- ação social consensual deste caráter, está em marcha um desenvolvimento "estemental”. Assim, nos Estados Unidos está se desenolvendo, absolutamente forçma característica, a partir da dif. ação de tal modo, os "gent acrescenta uma configuração de vida mais convencional. Por exemplo, da forma que pgarossa maior duração no tempo (segura distribuição) e crucial, o certo onde the broken to society comet que se podem manter relações sociais, visitando e convidados. Mas sobretudo de tal forma que estabele terreno da honra o destrado sociedade por mais tempo que que exe todos a tal ponto consuente mostrar os convíaxes. E em tal poção de corres, qe, sem bur, sociedade, es queas oportunidades e a " bom with que, em por exemplo, entre as relações sociais e com famílias "distintas", de subordinada, ou participadores do club sóde sobre doge momento para ades and simultânea relem) e que o que de geração junto e novas krças e quie com "SV.F." de um club social colocal vez a cada dias estado perância esa. E como um patrimônio correspondents efa elos legais que saidos, Insfições discutem “ Índia ” dos Puritans ou dos Pilgrim Fathers, com a jovens, disponíveis para assistenciar encontros criativas ações patrimoniais algureuais a cada a gloriosa, assunida en nominhação ais. Como já observamos. Nesses casos, utat-uts-do mais lonado do do hro, constituem habilmente o clube spéciale, mas ter resultado de párime ou antes de consumpção proprie a líder situação procura mente, quase toda “ honra ” estamentalidade). Mas ao caminho que conduze disso ao privilégio jurídico (positivo ou negativo) é por toda parte facilmente viável, tão logo determinada estrutura da ordem social tenha sido efetivamente incorporada à vida cotidiana e, em consequência da estabilização da distribuição do poder econômico, tenha também alcançado, por sua vez, certa estabilidade. Onde se vai às consequências extremas, o estamento desenvolve-se em uma “ casta fechada- da. Isto significa: ao lado da garantia convencional e jurídica, vem a existir tam- bém uma garantia ritual da separação estamental; de tal forma que todo contato físico com um membro de uma casta considerada "inferior” e, para os membros da casta "superior”, uma mácula ritual e ser expiada religiosamente; e que cada casta desenvolve, em parte, cultos e deuses especiais. Mas a separação estamental somente costuma levar a essas consequências extremas onde se baseia em dife- renças consideradas “étnicas”. A “ casta ” é praticamente a forma normal em que convivem em relações associativas as comunidades étnicas que acreditam na consangüinidade e excluem o conúbio e as relações sociais com comunidades estranhas. Assim ocorre com o fenómeno universalmente divulgado do povos 182 MAX WEBÉR “párias”, que já mencionamos: são comunidades que adquiriram tradições profissio- nais específicas, artesanais ou de outro tipo, cultivam a crença nas raízes étnicas comuns e vivem na "diáspora", dispersadas nas comunidades políticas, rigorosa- mente excluídas de todas as relações pessoais não-iniciativas e numa situação ju- juridicamente precária, mas toleradas em virtude de sua indispensabilidade econômica e muitas vezes até privilegiadas: os judeus constituem o mais grandioso exemplo histórico desse fenômeno. A diferenciação “ estamental”, que culmina na “ casta ”, e a diferenciação puramente “étnica” distinguem-se em sua estrutura pelo facto de que a primeira faz da coexistência desenvolva horizontal da última uma hierarquia social vertical. Ou, mais concreto, pelo facto de que uma relação associativa abrangente reúne as comunidades etnicamente separadas para uma específica ação social política. Em seu efeito, distinguem-se precisamente pelo facto de que é coexistência étnica, que condiciona a rejeição e o desprezo recíproco, apesar de permitir à cada comunidade de condia e considerar sempre a honra e proporcionar, consigna, a diferenciação de castas, uma hierarquia social, um reco- nhecido "ascetismo” de “honra” para as castas e os estamentos privilegiados, porque neste caso as diferenças étnicas vieram a ser diferenças de “ função” den- tro da relação associativa política (guerreiros, sacerdotes, artesanais importantes para a guerra e para construções, etc). Mesmo o povo pária mais desprezado, continuando vivendo, de alguma forma; aquilo que é próprio tanto das comunida- des étnicas quanto das nacionais: a crença na " honra” própria e historicamente única, dos judeus). Só que nos "estamentos” negativamente privilegiados, o “ senti- mento de dignidade” — o reflexo subjetivo na "honra” própria perante as convenções que a reconhecem postvas ingressão nela providas de critique e a condução da vida de seus membros” com uma correta, e, para o efeito do sentral vigilância. Destes estamentos com cidade, e favorece a condução dos mesmos como o exílio; a seu "ser” que ele é esse mesmo em si mesmo, a sua ''beleza e valor” [saho naturel]. Seu ensino é “deste mundo” e vive para manitenir sua união no passado. Naturalmente, o sentimiento de aliança das étnicas negativamente porivilegiadas pode referir-se apenas a um futuro situado além do presente, neste mundo ou no outro. Em outras palavras, este sentimento tem que se alimentar da crença numa “ missão” providencial, numa honra específica diante de Deus, como "povo eleito”, isto é, da ideia de que, no Além, “os últimos” serão "os primeiros” ou que, no Aquiém, aparecerá um redentor para revelar ao mundo a honra oculta do povo (Judeus ou estamento pária por ele rejeitado. Este simples fato, cujo significado já discutida noutro lugar, é nâo é “ressentimento” tido energicamente e resultado na muito admirada construção de Nietzsche (na Genealogia de moral), é a fonte do caráter de religiosidade cultivada pelos estamentos plárias — caráter que, como já vimos, lhes corresponde apenas em extensão limitada e mesmo nula, tāo caso de um dos exemplos principais de Nietzsche (o budismo). De resto, a origem étnica da formação de estamentos de modo algum é un fenômeno normal. Muito pelo contrário. E já que a maioria dos sentimentos de parentesco “ étnico” subjetivos não se baseia em "diferenças de raça” objetivas, a fundamen- tação de diferenciações estamentais em critérios raciais pode ser considerada, ECONOMIA E SOCIEDADE com razão, como tendo a ver com o caso isolado concreto: muitas vezes, o "estamento", que sem dúvida atua fortemente num sentido exclusivo e se baseia na seleção dos pessoalmente qualificados (no estamento dos cavaleiros: dos física e psiquicamente aptos para a guerra), constitui, por sua vez, um meio para a criação de um tipo antropológico puro. Mas a seleção pessoal está muito longe de ser o caminho único ou principal da formação de estamentos: os vínculos políticos ou a situação de classe foram, desde sempre, pelo menos igualmente decisivos, e hoje a importância do último é amplamente reconhecida, pois, em geral, a possibilidade de uma condução da vida económica livre de qualquer coação costuma estar condicionada, entre outras coisas, por fatores econômicos. Praticamente considerados, e diferentemente dos castes, em toda parte, com uma monopolização de dados econômicos ideais e materiais, na forma que já conhecemos como típicas. Ao lado de honra estamental específica, que sempre se baseia em dados econômicos, encontramos, de modo totalmente sem exceção — o privilégio de usufruto de determinadas coisas ou poderes determinado alimento proibidos aos outros por um tabu, e o matrimônio endogâmico ligado ao ofício entre os indivíduos de ofícios específicos. (...) ...