·
Psicologia ·
Psicanálise
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FUNDAMENTOS DE PSICOLOGIA ANALÍTICA\n\nC.G. Jung\n\nTradução de Araceli Elman\n\nPrefácio e introdução de Dr. Léon Bonaventure\n\n7ª Edição\n\nU.F.M.G. - BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA\n\n181619804\n\nNÃO DANIFIQUE ESTA ETIQUETA\nVOZES\n\nPetrópolis\n1996 FICHA CATALOGRÁFICA\nCIP-Brasil. Catalogação-na-fonte.\nSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.\n\nJung, Carl Gustav, 1875-1961.\nFundamentos de psicologia analítica / C.G. Jung;\ntradução de Araceli Elman; prefácio e introdução de\nLéon Bonaventure. 3ª ed. - Petrópolis, Vozes, 1985.\n200p. (Obras completas de C.G. Jung; v.18/1).\n\nTradução de: Über Grundlagen der Analytischen\nPsychologie.\nBibliografia.\n\n1. Jung, Carl Gustav, 1875-1961 - Discursos,\nensaios conferências 2. Psicanálise - teoria I. Título\nII. Série.\n\nCDD - 150.1954\nCDU - 159.964.2\n\n82-0245 Sumário\n\nPrefácio, IX\n\nPrimeira Conferência, 1\nDiscussão, 20\n\nSegunda Conferência, 32\nDiscussão, 51\n\nTerceira Conferência, 65\nDiscussão, 87\n\nQuarta Conferência, 95\nDiscussão, 115\n\nQuinta Conferência, 126\nDiscussão, 155\n\nÍndice Analítico, 171 © 1981, Walter Verlag, AG, Olten\nTítulo em alemão:\nDas Symbolische Leben (G.W. 18)\nÜber Grundlagen der analytischen Psychologie\n\nDireitos exclusivos de publicação em língua portuguesa\nEditora Vozes Ltda.\nRua Frei Luis, 100\n25689 Petrópolis, RJ\nBrasil\n\nGráficos\nEduardo Mello\n\nISBN 85.326.0082-4\n\nBIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA\n29-DE-1999\n\n1810198-04 Prefácio\n\nAS \"Tavistock Lectures\" compõem-se de uma série de cinco conferências proferidas, em 1935, por C. G. Jung em Londres.\n\nPodemos considerar esta apresentação da psicologia analítica como o equivalente da \"Introdução à Psicanálise\" de Freud. Trata-se, aqui, no entanto, de \"uma\" introdução entre muitas outras feitas por Jung. É certo que originalmente estas conferências dirigiam-se a uma assistência formada de psicoterapeutas, mas a exposição é tão clara que também poderia ser, facilmente, compreendida pelo grande público, desejoso de familiarizar-se com algumas das principais ideias do pensamento junguiano. O desejo de Jung era, precisamente, ficar no A.B.C. da psicologia analítica como ele próprio diz: \"Os senhores têm de permitir que eu lhes fale de coisas elementares (...) sinto muito termos tão pouco tempo e assim não poder falar-lhes de quase nada\".\n\nAlém disso, o livro que apresentamos tem uma particular vantagem entre as muitas outras obras de Jung. Com efeito, temos aqui o privilégio de conhecer quem foi Jung: um homem cheio de humor e simplicidade, amadurecido pelos anos, por sua experiência clínica e seus estudos, e, no entanto, ainda pleno de vigor: em 1935 tinha 60 anos. Vemo-lo não só expor os resultados de vários anos de pesquisa, como também seus próprios pontos de vista, com muita simplicidade e extraordinária segurança. É com grande espontaneidade, mas também com serenidade e firmeza que Jung enfrenta este auditório hipercrítico constituído na sua maioria de psicoterapeutas, psicanalistas freudianos, médicos, psiquiatras e professores. Frequentemente a discussão após as conferências era árdua e grande a tensão. Em face deste ambiente tão polêmico que o obriga a insistir que não vê nenhum interesse em tais discussões, Jung adota a sábia posição de apenas expor seu ponto de vista. Sua intenção não é a de turvar as certezas teóricas de certas psicanalistas. Apesar disso, ele não consegue, às vezes, impedir o clima polêmico que se estabele.\n\nO interesse de apresentar neste livro as discussões que se seguiram às conferências consiste no fato de ainda hoje, depois de 30 anos, as mesmas críticas serem formuladas a Jung. Isto também é verdade no que se refere ao Brasil. Tais críticas ocorrem nos salões e anfiteatros das universidades e mesmo no nosso consultório. Após as primeiras entrevistas analíticas, muitos pacientes dão demasiada importância a estas críticas, justificando de alguma forma sua resistência com respeito a uma análise psicológica, da qual eles próprios sentem que são incapazes de escapar. spécifique\", só é possível responder com facécias. Os grandes homens se caracterizam frequentemente pela humildade. Jung neste sentido foi um grande homem, pois diante da complexidade da alma humana era bastante consciente dos limites de suas próprias pesquisas e da capacidade da mente humana. É com muita prudência e reserva, por exemplo, que ele fala do inconsciente. Sempre é preciso subentender, nos diz ele, um \"como se\".\n\nEsta atitude com relação a si mesmo e aos outros irrita frequentemente o espírito latino e mesmo, de uma maneira geral, o espírito contemporâneo. Crêem ainda ingenuamente na adequação entre as ideias e a realidade. Neste sentido há uma posição nítida entre a lógica racional e a preocupação de sistematização latina e o pensamento germânico. E esta diferença aparece mais nitidamente do que nunca neste pesquisador infatigável e ávido de dados experimentais e fatos concretos. O que o preocupa, sobremaneira, é ajudar o homem contemporâneo nas suas perturbações e conflitos interiores. Para isso procura, primeiramente, circunscrever e descrever os fenômenos psíquicos tais como eles se apresentam, sem a preocupação de encaixá-los numa teoria. Ele permanece, pois, num nível fenomenológico, porque não acredita que se possa, atualmente, fazer parte de um dos conhecimentos psicológicos. A única preocupação de Jung não é dizer a última palavra sobre um fato, mas descrevê-lo, convidando-nos a penetrar na sua realidade.1 Às vezes parece confuso e difícil para o leitor acompanhá-lo, porque apresenta, tratando um assunto, numerosos pontos de vista. Neste sentido seu pensamento intuitivo ajuda. Mas não nos enganemos, sob esta confusão aparente surge o homem que se dá o trabalho de definir da maneira mais precisa os termos que emprega.\nEle se irrita contra alguns de seus ouvintes que não definem os termos de que se utilizam. Entretanto, suas definições são, atualmente, a melhor formulação do que o autor queria dizer. Nota-se continuamente quanto Jung refletiu antes de se pronunciar sobre um assunto e é visível que deixou de abordar certas questões até que seu público estivesse pre parado para recebê-las; do mesmo modo, enquanto não conseg uia uma formulação adequada para um determinado problema recusava trazê-lo a público. Foi assim que esperou mais de 20 anos antes de exprimir, pela primeira vez, suas idéias psicológicas sobre a alquimia.\n\nOutra característica deste espírito aberto aparece na própria maneira de elaborar seus livros. Ele começa por fazer seus estudos em contacto com as realidades da alma humana na sua prática cotidiana de psicoterapeuta. Em seguida, exprime suas descobertas sob forma de conferências; e inspirando-se nas críticas que lhe são dirigidas, publica um artigo e finalmente um livro. Desta forma, vemos seu pensamento amadurecer pouco a pouco. Alguns o repreendem precisamente por repetir com frequência as mesmas idéias no curso dos anos e mesmo de modificá-las bastante. Jung preferia sacrificar o desejo de uma esquematização simplista e cartesiana, permanecendo intencionalmente ao nível fenomenológico para o bem de seus pacientes. Durante toda sua vida definiu-se como um empirista e um prático e provou que possuía em alto grau o sentido do real e da realidade da alma. Nunca seria pouco insistir sobre esse aspecto.\n\nMundo deste espírito de pesquisa, desde o início de sua carreira ele se preocupa em encontrar um método científico capaz de provar experimentalmente a existência dos complexos ideado-afetivos. Em 1903 apresenta o primeiro teste psicológico e introduz assim a objetividade e a medida na psicologia clínica. Fazendo experiência de associação de palavras, Jung, sem querer procurar, acaba por confirmar a hipótese freudiana quanto à existência de emoções inconsistentes. Ele define esse fenômeno criando o termo \"complexo\".5\n\nFoi por ocasião destas experiências que nasceu igualmente sua teoria sobre os tipos psicológicos. Mas estes resultados não o encantaram num sistema de pensamento fechado. Ele sabia, em frente a cada paciente novo, colocar-se como diante de um mistério incompreensível e cuja descoberta constituía para ele uma aventura nova e apaixonante. Interessava-lhe, antes de tudo, o homem na sua realidade individual e concreta e não o campo teórico.\n\nAté o fim de sua vida, Jung permaneceu médico-psiquiatra, para quem o homem é ao mesmo tempo matéria e psique. Se bem que declarasse, ele próprio, permanecer boquiaberto diante das explicações de Einstein, a quem conhecia desde a juven tude, isto não o impedia de considerar com maior res pelito os resultados da Física moderna * e das Matemáticas *, e de pensar que era preciso abordar a alma humana de diferentes pontos de vista. Vemo-lo assim, com 28 anos, por ocasião do segundo Congresso Internacional de Psiquiatria, realizado em Zurique em 1957, tornar a exprimi r, claramente, que a psique deve ser compreendida ao mesmo tempo do ponto de vista psicológico e químico.* Ele favoreceu, outrora, a criação de uma clínica experimental*, em que são feitas pesquisas, levando em conta os dois pontos de vista. Isto vem sendo feito há mais de vinte anos.\n\nO estudo livresco dos povos \"primitivos\" também não lhe bastava. Em 1921 dirige-se à África do Norte para visitar os árabes do deserto, e em 1924-25 encontramo-lo entre os índios Pueblos do Arizona e do Novo México. Em 1925-26, participa de uma expedição à África Oriental, em Kenya, entre os negros do Monte Elgon. Com isto, sua psicologia se desvencilhava de um clima ocidental muito limitado. Todos os que o conheceram impressionaram-se não só com sua personalidade marcante, mas também com o seu sentido do concreto.\n\nEsta necessidade de olhar de próprio fazer a experiência do que ler nos livros, Jung a transmite ao seus leitores. Com efeito, não basta ler sua obra completa para compreendê-lo, é preciso ainda fazer nele própria a experiência da alma. A psicologia analítica — e isto é também válido para a psicanálise freudiana — só é inteligível, transmissível e praticável como \"técnica terapêutica através da experiência iniciática.\" 1 \"As mais belas verdades do mundo servem aos que passem apenas quando se tornam uma experiência individual.\" Infelizmente, Jung sofreu frequentemente a sorte adversa que são dados mas não vêes — fato que explica a apresentação por vezes pseudomística que fazem de sua psicologia. Na verdade, a psicologia de Jung é bem menos espiritual do que certa tendência em apresentá-la assim. O arquétipo, componente do inconsciente coletivo, apresenta, é verdade, um aspecto espiritual e individual, mas não esquece. camos que há também um aspecto biológico e coletivo.\"\nEis por que esta psicologia diz respeito ao homem na sua totalidade existencial, carne e espírito ao mesmo tempo, consciente e inconsciente, e realidade histórico-cultural. E se Jung afirma, às vezes, paradoxalmente, que a experiência das profundezas da alma é uma experiência mística, é preciso, no entanto, compreendê-lo no sentido de que tal experiência é a descoberta existencial do mistério da alma (mysterium animae). É neste sentido, e apenas neste sentido, que existe uma relação entre a psicologia jungiana e a psicologia mística. Isto não quer dizer que Jung faça sua a doutrina dos místicos do passado, de uma ou outra religião. Na sua obra científica jamais se pronunciou a respeito de uma determinada confissão religiosa, porque pretende colocar sua psicologia ao nível das ciências naturais. No entanto, tal não impede que possamos ganhar com a leitura dos autores místicos, principalmente, para observar como eles fizeram a experiência do processo de individuação, o que nos permitirá descobrir uma via de acesso empírica à vida espiritual. Mas isto é outro problema.\n\n Jung foi mais que um psiquiatra e pesquisador, ele foi um humanista. É sua intenção deliberada procurar formular uma psicologia científica nova, tendo por base sua experiência imediata do homem. Recusa explicar o normal à luz do patológico. \"Mas trabalhos, escreve ele, não tirem da psicopatologia assim como uma psicologia geral que leva em conta os materiais patológicos\". Neste sentido nada é mais significativo do que sua maneira de considerar a neurose.\"\n\n Tudo o que concernia ao humano atraía sua atenção. Era ávido de compreender o homem tanto à luz de nossas problemática atual, como, e sobretudo, à luz da história. Não há dúvida de que sentiu a vocação de deslindar para si próprio e para seus contemporâneos os problemas que ficaram irresolutos desde o Renascimento, e abafados pelo advento dos tempos modernos. Daí o colocarmos entre os humanistas.\n\n Sua erudição estendia-se aos mais diversos domínios, mas não há dúvida que foram os autores antigos que mais o impressionaram. Sua influência não se exprimia no sentido de que Jung gostasse de citá-los a todo momento para mostrar seu saber. Não, era sua antropologia, sua maneira de considerar o homem, até o século XVII, que atraía, a saber: a importância daquilo que eles chamavam o \"fundo da alma\" (Meister Eckhart), o \"centro\" (Tauler), o \"ânimo da alma\" (Santa
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