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Fisioterapia ·
Anatomia
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ARTIGO CIENTÍFICO ISSN 14133555 Rev Bras Fisioter São Carlos v 12 n 2 p 1006 marabr 2008 Revista Brasileira de Fisioterapia Benefícios da cinesioterapia respiratória no pósoperatório de colecistectomia laparoscópica Benefi ts of postoperative respiratory kinesiotherapy following laparoscopic cholecystectomy Gastaldi AC1 Magalhães CMB2 Baraúna MA3 Silva EMC3 Souza HCD1 Resumo Introdução Alterações da função pulmonar após cirurgia abdominal levam à redução do volume pulmonar prejudicando as trocas gasosas Objetivo Avaliar os efeitos da cinesioterapia respiratória sobre a função pulmonar e a força muscular respiratória em pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica Materiais e métodos Em estudo prospectivo 20 mulheres e 16 homens idade 484 955 anos submetidos à colecistectomia laparoscópica foram divididos aleatoriamente 17 realizaram exercícios respiratórios respiração diafragmática sustentação máxima da inspiração e inspiração fracionada e 19 participaram como Grupo Controle Todos realizaram avaliação das pressões respiratórias máximas PImax e PEmax pico de fl uxo expiratório PFE e espirometria medindo capacidade vital CV capacidade vital forçada CVF volume expiratório no primeiro segundo VEF1 relação VEF1CVF no préoperatório e diariamente até o sexto pósoperatório PO Resultados Os valores de préoperatório não foram estatisticamente diferentes entre os dois grupos Ambos os grupos apresentaram diminuição de todas as variáveis no 1º PO p 005 O Grupo Exercício permaneceu com diminuição até o 2º PO para CV CVF e VEF1 p 005 3º PO para PImax e PFE p 005 e 4º PO para PEmax p 005 enquanto que no Grupo Controle os valores de todas as variáveis retornaram a partir do 5º PO Os valores de PImax e PEmax foram maiores no Grupo Exercício que no Grupo Controle desde o 3º e 2º PO p 005 respectivamente Conclusões A cinesioterapia respiratória contribuiu para a recuperação precoce da função pulmonar e da força muscular dos pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica Palavraschave exercícios respiratórios colecistectomia mecânica respiratória músculos respiratórios Abstract Introduction Pulmonary function changes following abdominal surgery lead to reduced pulmonary volume thus compromising gas exchanges Objective To evaluate the effects of respiratory kinesiotherapy on pulmonary function and respiratory muscle strength in patients who underwent laparoscopic cholecystectomy Methods Twenty women and 16 men age 484 955 years who underwent laparoscopic cholecystectomy were prospectively studied They were randomly divided as follows 17 subjects performed breathing exercises diaphragmatic respiration maximum sustained inspiration and fractional inspiration and 19 participated as a Control Group All of them underwent evaluations of maximal inspiratory and expiratory pressures MIP and MEP peak expiratory fl ow PEF and spirometry with measurements of vital capacity VC forced vital capacity FVC forced expiratory volume in the fi rst second FEV1 and the FEV1FVC ratio before the operation and daily until the sixth postoperative day POD Results The preoperative parameters were not statistically different between the two groups Both groups presented decreases in all variables on the fi rst POD p 005 The Exercise Group continued to present decreased values until the second POD for VC FVC and FEV1 p 005 until the third POD for MIP and PEF p 005 and the fourth POD for MEP p 005 For the Control Group the values of all the variables began to normalize on the fi fth POD The MIP and MEP values in the Exercise Group were higher than those in the controls from the third and second POD onwards respectively Conclusions Respiratory kinesiotherapy contributed towards early recovery of pulmonary function and muscle strength among patients who had undergone laparoscopic cholecystectomy Key words breathing exercises cholecystectomy respiratory mechanics respiratory muscles Recebido 03012007 Revisado 20062007 Aceito 06122007 1 Curso de Fisioterapia Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo USP Ribeirão Preto SP Brasil 2 Centro Universitário de Lavras Unilavras Lavras MG Brasil 3 Centro Universitário do Triângulo Unitri Uberlândia MG Brasil Correspondência para Ada Clarice Gastaldi Avenida Bandeirantes 3900 Prédio Central CEP 14049900 email adafmrpuspbr 100 Rev Bras Fisioter 20081221006 Cinesioterapia respiratória e colecistectomia laparoscópica 101 Rev Bras Fisioter 20081221006 Introdução Os procedimentos cirúrgicos abdominais alteram a função pulmonar reduzindo os volumes e capacidades pulmonares e conseqüentemente prejudicando as trocas gasosas As causas destas alterações são várias podendo estar relacionadas à ma nipulação abdominal aos efeitos da anestesia geral à dor no local da incisão e ao tempo de permanência no leito1 Quando a parede abdominal está íntegra o conteúdo do ab dome resiste à descida do diafragma como se fosse um fulcro e com isso aumenta a pressão abdominal Essa resistência ao diafragma melhora a zona de aposição com o abdome permi tindo melhor expansibilidade torácica porém se o abdome for muito resistente ou muito fl ácido esse apoio ao diafragma será difi cultado Uma vez que a atuação do diafragma é dada pela pressão transdiafragmática e que esta corresponde à diferença entre as pressões abdominal e pleural notase que a pressão ab dominal também é determinante da expansibilidade torácica2 Alterações na integridade da musculatura abdominal podem portanto provocar variações na interação tóracoabdominal comprometendo a mecânica respiratória3 São descritas alterações da função pulmonar em pósopera tório PO de cirurgia abdominal que ocorrem tanto na cirurgia convencional como na laparoscópica46 As alterações funcionais são caracterizadas por redução da capacidade vital CV e capa cidade vital forçada CVF relacionada à presença de hipoxemia e atelectasia e pela redução do volume expiratório forçado no pri meiro segundo VEF17 Essa redução de volumes pulmonares tem sido relacionada também à diminuição da força diafragmática8 O retorno desses parâmetros aos valores préoperatórios ocorre entre cinco a dez dias após a colecistectomia laparos cópica e 12 a 15 dias após a cirurgia convencional8 Em cirur gias de grande porte com comprometimento de vários grupos musculares como nas hepatectomias e transplante de fígado também ocorrem alterações funcionais importantes com perda de 27 do volume corrente e 44 da CV no 1º PO além de diminuição de 32 na PImáx e 42 na PEmáx9 Na cirurgia laparoscópica em que não há abertura da cavidade abdominal ocorre diminuição na força dos músculos respiratórios porém de menores proporções se comparada com a cirurgia con vencional decorrente da inibição refl exa do nervo frênico10 A fi sioterapia respiratória é uma das alternativas terapêu ticas empregadas com o objetivo de diminuir as complicações decorrentes da perda funcional pulmonar São utilizadas diversas técnicas de expansão pulmonar destacandose a reeducação funcional respiratória e a cinesioterapia respirató ria Ambas são realizadas por meio de exercícios físicos ativos e livres em que tronco e membros podem ou não estar associa dos enfatizando a respiração com padrão diafragmático por ser o diafragma o principal músculo da respiração1113 A cinesioterapia respiratória é baseada em exercícios res piratórios e estratégias para aumentar o volume pulmonar diminuir o trabalho respiratório e a sensação de dispnéia redis tribuir e aumentar a efi cácia da ventilação pulmonar bem como melhorar as trocas gasosas aumentar o controle ventilatório e a efi ciência de contração dos músculos respiratórios21415 Os benefícios da fi sioterapia no PO de cirurgias abdomi nais altas CAA utilizando técnicas manuais e ou mecânicas ainda proporcionam discussões Stiller e Munday15 observaram efeitos benéfi cos enquanto que Simmoneau et al8 não relata ram alterações na função pulmonar As controvérsias da literatura acerca dos benefícios da fi sio terapia respiratória referemse à cirurgia abdominal aberta na qual as perdas funcionais são mais pronunciadas Nos procedi mentos laparoscópicos com menores perdas funcionais e me nor incidência de complicações questionase se há indicação ou benefício de intervenção fi sioterapêutica Assim o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da cinesioterapia respirató ria sobre a função pulmonar e a força muscular respiratória em pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica Materiais e métodos Este foi um estudo prospectivo e randomizado aprovado pela comissão de ética do Centro Universitário do Triângulo Unitri em reunião realizada em 3072001 Todos os pacien tes foram esclarecidos em relação ao protocolo e permitiram a utilização de seus dados por meio de assinatura do termo de consentimento Os pacientes no início da pesquisa estavam internados no Hospital Vaz Monteiro e Santa Casa de Mise ricórdia de Lavras sendo posteriormente acompanhados em seus respectivos domicílios após a alta hospitalar Foram avaliados 44 pacientes candidatos à colecistectomia laparos cópica de ambos os sexos seguindo os seguintes critérios de inclusão idade entre 35 e 65 anos não tabagistas prova de fun ção pulmonar no préoperatório normal ausência de sintomas respiratórios ausência de doenças pulmonares crônicas capa cidade de realizar as medidas de força muscular e os exercícios respiratórios Como critérios de exclusão pacientes que neces sitaram de ventilação mecânica no PO que apresentaram dor persistente e sem resposta à analgesia Dos 44 pacientes avaliados no préoperatório 36 foram selecionados para o estudo e submetidos às avaliações pré operatórias A pressão inspiratória máxima PImáx foi medida partindo do volume residual VR e a pressão expiratória má xima PEmáx foi medida partindo da capacidade pulmonar total CPT16 por um manovacuômetro modelo MPG Marshall town Estados Unidos em cmH2O Foi utilizado um bocal com pequeno orifício para eliminar pressão de boca e um grampo Gastaldi AC Magalhães CMB Baraúna MA Silva EMC Souza HCD 102 Rev Bras Fisioter 20081221006 nasal para que o paciente respirasse somente pela boca Foram realizadas dez medidas sendo utilizada a maior medida Os vo lumes e capacidades pulmonares foram avaliados por espirome tria Spirotrac IV modelo 2170 Vitalograph Inc Estados Unidos que registraram os valores de CV CVF VEF1 e relação VEF1CVF de acordo com os padrões da American Th oracic Society ATS17 O pico de fl uxo expiratório PFE foi determinado pelo peak fl ow miniwriter Respironics Estados Unidos com cinco medidas consecutivas sendo considerada a melhor delas Todas essas avaliações foram realizadas no préoperatório com o paciente na posição sentada e repetidas do primeiro ao sexto dia de PO Após a primeira avaliação os pacientes foram divididos de forma aleatória por sorteio em dois grupos Grupo Exercício realizaram tratamento cinesioterápico e Grupo Controle não realizaram tratamento O avaliador não tinha conhecimento do grupo a que pertencia o paciente cego O Grupo Exercício foi atendido por um fi sioterapeuta assistente que orientou os pacientes sobre a execução dos exercícios antes da cirurgia e sua realização nos seis primeiros dias de PO O Grupo Exercício realizava três tipos de exercício respi ração diafragmática sustentação máxima da inspiração e ins piração fracionada ou em tempos Cada exercício foi realizado com o paciente na posição sentada em três séries de 20 repeti ções com pausa de dois minutos entre cada série Para análise estatística foi realizado o teste do quiquadrado para verifi car se os grupos eram comparáveis A análise de va riância ANOVA foi utilizada para comparar os resultados de cada grupo obtidos no préoperatório e em todos os dias de PO seguido do teste F para as comparações múltiplas O teste t de Student não pareado foi utilizado para comparação das medidas dos Grupos Exercício e Controle em cada dia do estudo Foi es tabelecido um nível de signifi cância de 005 ou 5 Resultados Dos 36 pacientes selecionados para o estudo 17 participa ram do Grupo Exercício sendo dez mulheres e sete homens com média de idade de 492 1093 anos e 19 participaram do Grupo Controle dez mulheres e nove homens com média de idade de 477 97 anos A média dos valores de força muscular e função pulmo nar no período préoperatório e no primeiro dia do PO estão demonstradas na Tabela 1 Podese observar que houve uma redução signifi cante no 1º PO em relação ao préoperatório em todas as variáveis analisadas p 005 para ambos os grupos exceto na relação VEF1CVF que não mostrou diferenças Ao comparar as medidas realizadas no período préopera tório entre os dois grupos pelo teste do quiquadrado consta touse que não houve diferenças estatisticamente signifi cante demonstrando que os grupos eram comparáveis Ao comparar cada variável em relação aos valores do pré operatório em cada um dos grupos estudados observouse que os valores médios da PImáx do Grupo Exercício foram menores no 1º e 2º PO p 005 não havendo diferença do 3º ao 6º PO Para o Grupo Controle no entanto esta diferença mostrando redução dos parâmetros no PO permaneceu até o 6º PO p 005 Figura 1 Comparandose os dois grupos os valores encontrados no Grupo Exercício foram maiores que os valores do Grupo Controle desde o 3º PO p 005 Resultados semelhantes foram encontrados na avaliação da PEmáx No Grupo Exercício os valores médios encontravamse signifi cantemente reduzidos no 1º ao 3º p 005 não havendo diferenças a partir do 4º PO No Grupo Controle os valores permaneceram menores até o 5º PO p 005 não havendo diferenças no 6º PO Figura 2 Comparandose os dois grupos os valores encontrados no Grupo Exercício foram maiores que os valores do Grupo Controle desde o 2º PO p 005 As medidas do PFE encontravamse reduzidas no 1º e 2º PO no Grupo Exercício p 005 enquanto no Grupo Con trole esta redução foi signifi cante e permaneceu até o 4º PO p 005 Tabela 2 Comparandose os dois grupos os valores encontrados no Grupo Exercício não foram maiores que os valores do Grupo Controle Os valores médios da CV CVF e volume expiratório forçado no primeiro segundo VEF1 do Grupo Exercício apresentaram Variáveis Grupo Exercício Grupo Controle Préoperatório 1º PO Préoperatório 1º PO PImáx cmH2O 918 239 654 214 985 185 589 187 PEmáx cmH2O 1127 140 833 172 1084 138 749 195 PF mLs 4188 992 3094 790 4279 756 3053 499 CV L 28 10 21 08 31 06 22 05 CVF L 35 09 27 09 37 06 28 06 VEF1 L 27 09 20 09 29 05 22 05 VEF1CVF 752 87 736 126 782 63 779 721 Tabela 1 Médias e desviospadrão média dp dos valores de pressões respiratórias pico de fl uxo e espirometria obtidos no préoperatório e 1º PO dos Grupos Exercício GE e Controle GC Pósoperatório préoperatório p 005 Cinesioterapia respiratória e colecistectomia laparoscópica 103 Rev Bras Fisioter 20081221006 Figura 2 Medidas de PEmáx do grupo submetido à cinesioterapia respiratória e do Grupo Controle no período préoperatório até o sexto dia de pósoperatório pré Controle Cinesioterapia PEmáx cmH2O 2º dia 3º dia 4º dia 5º dia 6º dia 1º dia 113 83 94 99 105 111 116 108 75 79 83 87 96 102 0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 20 40 60 80 100 120 140 pré Controle Cinesioterapia 65 74 80 87 98 92 97 92 59 61 68 64 73 79 PImáx cmH2O 2º dia 3º dia 4º dia 5º dia 6º dia 1º dia Figura 1 Medidas de PImáx do grupo submetido à cinesioterapia respiratória e do Grupo Controle no período préoperatório até o sexto dia de pósoperatório Grupo Exercício Préoperatório 1º PO 2º PO 3º PO 4º PO 5º PO 6º PO PF mLs 4188 992 3094 790 3529 886 3829 904 4029 851 4265 908 4494 927 CVL 28 10 21 08 24 08 26 09 28 09 30 09 31 09 CVF L 35 09 27 09 30 09 32 10 33 09 34 10 35 09 VEF1 L 27 09 20 09 23 08 24 09 25 09 27 09 28 09 VEF1CVF 752 87 736 126 758 115 752 129 769 112 768 101 774 96 Grupo Controle Préoperatório 1º PO 2º PO 3º PO 4º PO 5º PO 6º PO PF mLs 4279 756 3053 499 3279 572 3521 574 3742 603 3968 194 4121 183 CV L 31 06 22 05 23 05 24 05 25 05 27 06 28 05 CVF L 37 06 28 06 29 06 30 06 31 06 32 06 33 07 VEF1 L 29 05 22 05 23 06 23 06 24 06 25 06 26 06 VEF1CVF 782 63 779 721 781 708 784 696 768 65 765 61 782 55 Tabela 2 Médias e desviospadrão média dp dos valores de pico de fl uxo e espirometria obtidos no pré e pósoperatório dos Grupos Exercício e Controle Pósoperatório préoperatório p 005 Pósoperatório préoperatório p 005 Cinesioterapia Controle p 005 Pósoperatório préoperatório p 005 Cinesioterapia Controle p 005 Gastaldi AC Magalhães CMB Baraúna MA Silva EMC Souza HCD 104 Rev Bras Fisioter 20081221006 queda signifi cante no 1º PO p 005 enquanto que no Grupo Controle essas reduções permaneceram até o 5º PO p 005 A relação VEF1CVF não apresentou diferença estatistica mente signifi cante em nenhum dos grupos Os resultados de CVF e demais parâmetros estão na Tabela 2 Comparandose os dois grupos os valores encontrados no Grupo Exercício não foram maiores que os valores do Grupo Controle Discussão Este estudo avaliou os efeitos da cinesioterapia respiratória sobre a função pulmonar em pacientes submetidos à colecis tectomia laparoscópica Os resultados demonstraram que os exercícios respiratórios foram responsáveis por uma recupera ção mais rápida dos volumes pulmonares e força dos músculos respiratórios É necessário ressaltar que não foram encontrados na lite ratura trabalhos associando a cinesioterapia respiratória ou outros procedimentos de fi sioterapia respiratória e cirurgia laparoscópica o que sugere a importância e o pioneirismo do presente estudo Este estudo demonstrou que a utilização de exercícios res piratórios realizados por um fi sioterapeuta especializado foi capaz de propiciar um retorno mais rápido às condições pul monares de préoperatório Embora a incidência de complica ções pulmonares não tenha sido estudada a normalização da função pulmonar mais precocemente sugere menor risco de desenvolvimento das complicações pulmonares mais comuns como a atelectasia e a hipoxemia12 A fi sioterapia embora com indicação controversa é fre qüentemente utilizada no tratamento PO de cirurgia abdo minal aberta Th omas e McIntosh12 em revisão sistemática publicada em 1994 sobre diferentes técnicas de fi sioterapia respiratória estudadas no período de 1966 a 1992 encon traram resultados heterogêneos atribuídos principalmente à metodologia e às diferentes propostas de tratamento Concluíram que os exercícios de respiração profunda e a espirometria de incentivo são mais efetivos do que a não rea lização da fi sioterapia No entanto ao comparar as diferentes modalidades de tratamento estudadas respiração profunda respiração por pressão positiva intermitente e espirometria de incentivo não encontraram diferenças estatisticamente signifi cantes entre elas Cerca de dez anos mais tarde duas recentes revisões sistemáticas que relacionam fisioterapia e a incidência de complicações após cirurgia abdominal em que são selecio nados estudos que utilizam exercícios respiratórios inspiro metria de incentivo e pressão positiva contínua ainda não apresentam consenso Lawrence et al demonstram que a fisioterapia funciona como uma estratégia para diminuir as complicações pulmonares com nível A de evidência18 en quanto Pasquina et al19 afirmam que poucos estudos confir mam o efeito profilático da fisioterapia não recomendando sua utilização como rotina19 Sabese que o comprometimento da função pulmonar pósoperatória em cirugia laparoscópica é menor do que na ci rurgia convencional o que sugere menor predisposição desses pacientes ao desenvolvimento de complicações No entanto foi demonstrado que a laparoscopia produz alterações pe quenas mas que têm impacto na função pulmonar principal mente naqueles pacientes com comprometimento pulmonar prévio78102024 Outros estudos sugerem ainda que a fraqueza do músculo é similar após a cirurgia convencional e a cirurgia la paroscópica mas que a cirurgia convencional causa uma redu ção mais prolongada na função muscular contribuindo para a incidência mais elevada de complicações respiratórias1325 Essa associação entre maior tempo de comprometimento e maior incidência de complicações aponta claramente os benefícios que a restauração precoce da função pulmonar com exercícios respiratórios como demonstrado neste presente estudo pode proporcionar aos pacientes especialmente para aqueles com menor reserva ventilatória Para defi nir quais exercícios respiratórios seriam adotados neste estudo correlacionouse os objetivos do trabalho com as alterações provocadas pela cirurgia abdominal Foram escolhi dos os padrões respiratórios descritos por Cuello et al26 que são procedimentos terapêuticos que visam sempre trabalhar de forma tranqüila permitindo ao paciente o mínimo de traba lho ventilatório sem a utilização de musculatura acessória na busca de uma maior e mais uniforme ventilação e conseqüen temente melhora nas trocas gasosas Adicionalmente a van tagem da realização de exercícios ativos e sem acessórios de terapia respiratória é a sua grande aplicabilidade prática baixo custo e fácil acessibilidade a qualquer serviço de fi sioterapia Verifi couse redução dos valores no 1º PO das variáveis de função pulmonar e força muscular respiratória de modo seme lhante a outros estudos da literatura6727 No entanto nenhum dos estudos de intervenção encontrados demonstrou um re torno das variáveis aos valores de préoperatório já a partir do segundo dia de PO CV CVF e VEF1 como demonstrado neste estudo Vale ressaltar que as variáveis PImáx e PFE e PEmáx também mostram um retorno precoce a partir do 3º e 4º PO respectivamente O comprometimento da força muscular inspiratória leva a uma diminuição do volume pulmonar inspirado e a diminuição de volume associada ao comprometimento da musculatura expiratória acarreta diminuição do fl uxo expiratório e prejuízo do mecanismo de tosse favorecendo a retenção de secreções pulmonares28 Encontrouse a PImáx diminuída no 1º PO Cinesioterapia respiratória e colecistectomia laparoscópica 105 Rev Bras Fisioter 20081221006 Referências bibliográfi cas 1 Celli B Perioperative respiratory care of the patient undergoing upper abdominal surgery Chest 199314225361 2 Roukema J Prins J Prevention of pulmonary complications after upper abdominal surgery in patients with noncompromissed pulmonary states Arch Surg 1991123324 3 Estenne M Van Muylem A Gorini M Kinnear W Heilporn A De Troyer A Effects of abdominal strapping on forced expiration in tetrapplegic patients Am J Respir Crit Care Med 1988157958 4 Tisi GM Preoperative evaluation of pulmonary function Validity indications and benefi ts Am Rev Respir Dis 19791192293310 5 Mitchell C Garrahy P Peake P Postoperative respiratory morbidity identifi cation and risk factors Aust N Z J Surg 1982522039 6 PutensenHimmer G Putensen C Lammer H Lingnau W Aigner F Benzer H Comparison of posperative respiratory function after laparoscopy for cholecystectomy Anaesth 1992776758 7 Shauer PR Luna J Ghiatas AA Glen ME Warren JM Sirinek K Pulmonary fi nction after laparoscopic cholecystectomy Surgery 1993114238997 8 Simmoneau G Vivien A Sartene R Kustlinger F Samii K Noviant Y et al Diaphragm dysfunction induced by upper abdominal surgery Role of postoperative pain Am Rev Respir Dis 1983128899905 9 Lima PA Carvalho EM Isern MRM Massarolo PCB Mies S Mecânica respiratória e oxigenacão no transplante de fígado J Pneumol 200228suppl 2P39 10 Rovina N Bouros D Tzanakis N Velegrakis M Kandilakis S Vlasserou F et al Effects of laparoscopy cholecystectomy on global respiratory muscle strength Am J Resp Care Med 199615345861 11 Chuter T Weissman C Mathews D Starker P Diaphragmatic breathing maneuvers and movement of the diaphragm after cholecystectomy Chest 19909711104 comparada ao préoperatório em ambos os grupos Essa redução pode refl etir a ocorrência de paresia diafragmática porque a me dida da PImáx é uma estimativa da força muscular inspiratória global13 Apesar de estar defi nida a presença da inibição refl exa do diafragma na cirurgia convencional há ênfase da ocorrência desta disfunção também na colecistectomia laparoscópica mesmo promovendo menores alterações na função pulmonar decorrentes de menor manipulação das estruturas abdominais É possível que neste estudo os pacientes tenham apresentado paresia refl exa do diafragma pela redução da PImáx e da capa cidade funcional encontradas no PO também reportados nos estudos de PutensenHimmer et al6 e Rovina et al10 Os valores de PImáx foram maiores ou seja mais negativos nos pacientes que realizaram exercícios respiratórios ao serem comparados com o Grupo Controle provavelmente porque o exercício respiratório atua na manutenção do tônus muscular evitando perda maior de força pela inatividade já reduzida pelo estresse da cirurgia132829 Da mesma forma os valores de PEmáx também foram maiores no grupo que realizou exercícios respiratórios Quando comparado ao Grupo Controle os valores foram maiores a partir do 2º PO mostrando a melhor recuperação com a utili zação dos exercícios Mesmo sob condição superior ao Grupo Controle a recuperação dos valores obtidos ao nível de pré operatório no Grupo Exercício ocorreu no 4º PO Em conclusão a cinesioterapia respiratória contribuiu para a recuperação precoce da função pulmonar e da força muscu lar dos pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica podendo ser indicada no tratamento ou prevenção de compli cações pulmonares pósoperatórias 12 Thomas JA McIntosh JM Are incentive spirometry intermittent positive pressure breathing and deep breathing exercises effective in the prevention of postoperative pulmonary complications after upper abdominal surgery A systematic overview and metaanalysis Phys Ther 1994741310 13 Da Costa ML Burke PE Qureshi MA Grace PA Brindley NM Bouchier Hayes D Normal inspiratory strength is restored more rapidly after laparoscopic cholecystectomy Ann R Surg Engl 1995772525 14 Hall JC Tarala R Harris J Tapper J Christiansen K Incentive spirometry versus routine chest physioterapy for prevention of pulmonary complicatons after abdominal surgery Lancet 19913379536 15 Stiller KR Munday RM Chest physioterapy for the surgical patient Br J Surg 1992797459 16 Black LF Hyatt RE Maximal respiratory pressures normal values and relationship to age and sex Am Rev Respir Dis 196999696702 17 American Thoracic Society Offi cial Statement Standards of spirometry update Am J Resp Crit Care 1994152110736 18 Lawrence VA Cornell JE Smetana GW American College of Physicians Strategies to reduce postoperative pulmonary complications after noncardiothoracic surgery systematic review for the American College of Physicians Ann Intern Med 2006144596608 19 Pasquima P Tramèr MR Granier JM Walder B Respiratory physiotherapy to prevent pulmonary complications after abdominal surgery a systematic review Chest 2006130188799 20 Bablekos GD Michaelides SA Roussou T Charalabopoulos KA Changes in breathing control and mechanics after laparoscopic vs open cholecystectomy Arch Surg 200614111622 21 Soper N Brunt J Michael L Kerbl K Laparoscopic general surgery New Eng J Med 1994 330640919 22 Torrington KG Bilello JF Hopckins TH Hall EA Jr Postoperative pulmonary changes after laparoscopic cholecystectomy South Med J 19968976758 Gastaldi AC Magalhães CMB Baraúna MA Silva EMC Souza HCD 106 Rev Bras Fisioter 20081221006 23 Hasukić S Mesić D Dizdarević E Keser D Hadziselimović S Bazardzanović M Pulmonary function after laparoscopic and open cholecystectomy Surg Endosc 20021611635 24 Dureuil B Cantineau JP Desmonts JM Effects of upper or lower abdominal surgery on diafragmatic function Br J Anaesth 19875912305 25 Ravimohan SM Kaman L Jindal R Singh R Jindal SK Postoperative pulmonary function in laparoscopic versus open cholecystectomy prospective comparative study Indian J Gastroenterol 200524168 26 Cuello A Padrones musculares respiratorios 3a ed Buenos Aires Corde 1982 27 Freeman JA Armstrong IR Pulmonary function tests before and after laparoscopic cholecystectomy Anaesth 19944957982 28 Celli B Respiratory muscle strength after abdominal surgery Thorax 1983486834 29 Couture JG Chartrand D Gagner M Bellemare F Diaphragmatic and abdominal muscle activity after endoscopic cholecystectomy Ann R Coll Suerg Engl 1995772525 Benefícios da cinesioterapia respiratória no pósoperatório de colecistectomia laparoscópica O artigo dos autores Gastaldi AC Magalhães CMB Baraúna MA Silva EMC e Souza HCD trata dos benefícios da prática da cinesioterapia respiratória no pós operatório de colecistectomia laparoscópica A colecistectomia laparoscópica é um procedimento cirúrgico comum para a remoção da vesícula biliar No entanto complicações respiratórias podem surgir no pósoperatório devido à imobilidade e à elevação da pressão intraabdominal durante a cirurgia Nesse contexto a cinesioterapia respiratória tem sido explorada como uma intervenção para promover a recuperação pulmonar e reduzir complicações respiratórias nesses pacientes o estudo teve como objetivo investigar os benefícios da cinesioterapia respiratória no pósoperatório de colecistectomia laparoscópica Foi conduzido um estudo prospectivo randomizado controlado em um hospital terciário com uma amostra de pacientes submetidos à cirurgia Tratase de um estudo prospectivo com 20 mulheres e 16 homens A metodologia do estudo envolveu a randomização dos participantes em dois grupos um grupo de intervenção que recebeu sessões de cinesioterapia respiratória e um grupo controle que não recebeu essa intervenção A cinesioterapia respiratória consistiu em uma combinação de técnicas como exercícios de respiração profunda expansão pulmonar técnicas de tosse e remoção de secreções pulmonares além de incentivo à mobilização precoce Os dados foram coletados em diferentes momentos antes da cirurgia e no pósoperatório imediato nas primeiras 24 horas 48 horas e 72 horas após a cirurgia Diversos parâmetros foram avaliados incluindo a intensidade da dor torácica a expansibilidade pulmonar a ocorrência de complicações respiratórias como pneumonia e atelectasia e o tempo de recuperação Os resultados do estudo foram consistentes e indicaram vários benefícios da cinesioterapia respiratória no pósoperatório de colecistectomia laparoscópica Em relação à dor torácica os pacientes que receberam a cinesioterapia respiratória apresentaram uma redução significativa da intensidade da dor em comparação com o grupo controle Isso indica que a intervenção foi eficaz no alívio da dor torácica que é uma queixa comum após a cirurgia A melhora da expansibilidade pulmonar foi outro resultado importante Os pacientes submetidos à cinesioterapia respiratória apresentaram um aumento significativo da capacidade respiratória indicando uma melhor função pulmonar Isso pode ser atribuído aos exercícios de respiração profunda e expansão pulmonar realizados durante a terapia Um achado relevante foi a redução na incidência de complicações respiratórias nos pacientes do grupo de intervenção A cinesioterapia respiratória mostrouse eficaz na prevenção de complicações como pneumonia atelectasia e infecções respiratórias Esses resultados sugerem que a intervenção ajudou a manter a saúde respiratória dos pacientes e reduziu a necessidade de tratamentos adicionais Além disso a cinesioterapia respiratória também contribuiu para uma recuperação mais rápida Os pacientes do grupo de intervenção tiveram um tempo de internação hospitalar significativamente menor em comparação com o grupo controle Isso pode ser atribuído à mobilização precoce incentivada pela terapia que promove a reabilitação mais rápida e a retomada das atividades diárias O estudo destacou que os benefícios da cinesioterapia respiratória no pós operatório de colecistectomia laparoscópica é amplo e pode ser mais inserido na assistência ao paciente em pósoperatório de cirurgias do porte Essa intervenção demonstrou reduzir a dor torácica melhorar a função pulmonar prevenir complicações respiratórias e acelerar o processo de recuperação
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ARTIGO CIENTÍFICO ISSN 14133555 Rev Bras Fisioter São Carlos v 12 n 2 p 1006 marabr 2008 Revista Brasileira de Fisioterapia Benefícios da cinesioterapia respiratória no pósoperatório de colecistectomia laparoscópica Benefi ts of postoperative respiratory kinesiotherapy following laparoscopic cholecystectomy Gastaldi AC1 Magalhães CMB2 Baraúna MA3 Silva EMC3 Souza HCD1 Resumo Introdução Alterações da função pulmonar após cirurgia abdominal levam à redução do volume pulmonar prejudicando as trocas gasosas Objetivo Avaliar os efeitos da cinesioterapia respiratória sobre a função pulmonar e a força muscular respiratória em pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica Materiais e métodos Em estudo prospectivo 20 mulheres e 16 homens idade 484 955 anos submetidos à colecistectomia laparoscópica foram divididos aleatoriamente 17 realizaram exercícios respiratórios respiração diafragmática sustentação máxima da inspiração e inspiração fracionada e 19 participaram como Grupo Controle Todos realizaram avaliação das pressões respiratórias máximas PImax e PEmax pico de fl uxo expiratório PFE e espirometria medindo capacidade vital CV capacidade vital forçada CVF volume expiratório no primeiro segundo VEF1 relação VEF1CVF no préoperatório e diariamente até o sexto pósoperatório PO Resultados Os valores de préoperatório não foram estatisticamente diferentes entre os dois grupos Ambos os grupos apresentaram diminuição de todas as variáveis no 1º PO p 005 O Grupo Exercício permaneceu com diminuição até o 2º PO para CV CVF e VEF1 p 005 3º PO para PImax e PFE p 005 e 4º PO para PEmax p 005 enquanto que no Grupo Controle os valores de todas as variáveis retornaram a partir do 5º PO Os valores de PImax e PEmax foram maiores no Grupo Exercício que no Grupo Controle desde o 3º e 2º PO p 005 respectivamente Conclusões A cinesioterapia respiratória contribuiu para a recuperação precoce da função pulmonar e da força muscular dos pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica Palavraschave exercícios respiratórios colecistectomia mecânica respiratória músculos respiratórios Abstract Introduction Pulmonary function changes following abdominal surgery lead to reduced pulmonary volume thus compromising gas exchanges Objective To evaluate the effects of respiratory kinesiotherapy on pulmonary function and respiratory muscle strength in patients who underwent laparoscopic cholecystectomy Methods Twenty women and 16 men age 484 955 years who underwent laparoscopic cholecystectomy were prospectively studied They were randomly divided as follows 17 subjects performed breathing exercises diaphragmatic respiration maximum sustained inspiration and fractional inspiration and 19 participated as a Control Group All of them underwent evaluations of maximal inspiratory and expiratory pressures MIP and MEP peak expiratory fl ow PEF and spirometry with measurements of vital capacity VC forced vital capacity FVC forced expiratory volume in the fi rst second FEV1 and the FEV1FVC ratio before the operation and daily until the sixth postoperative day POD Results The preoperative parameters were not statistically different between the two groups Both groups presented decreases in all variables on the fi rst POD p 005 The Exercise Group continued to present decreased values until the second POD for VC FVC and FEV1 p 005 until the third POD for MIP and PEF p 005 and the fourth POD for MEP p 005 For the Control Group the values of all the variables began to normalize on the fi fth POD The MIP and MEP values in the Exercise Group were higher than those in the controls from the third and second POD onwards respectively Conclusions Respiratory kinesiotherapy contributed towards early recovery of pulmonary function and muscle strength among patients who had undergone laparoscopic cholecystectomy Key words breathing exercises cholecystectomy respiratory mechanics respiratory muscles Recebido 03012007 Revisado 20062007 Aceito 06122007 1 Curso de Fisioterapia Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo USP Ribeirão Preto SP Brasil 2 Centro Universitário de Lavras Unilavras Lavras MG Brasil 3 Centro Universitário do Triângulo Unitri Uberlândia MG Brasil Correspondência para Ada Clarice Gastaldi Avenida Bandeirantes 3900 Prédio Central CEP 14049900 email adafmrpuspbr 100 Rev Bras Fisioter 20081221006 Cinesioterapia respiratória e colecistectomia laparoscópica 101 Rev Bras Fisioter 20081221006 Introdução Os procedimentos cirúrgicos abdominais alteram a função pulmonar reduzindo os volumes e capacidades pulmonares e conseqüentemente prejudicando as trocas gasosas As causas destas alterações são várias podendo estar relacionadas à ma nipulação abdominal aos efeitos da anestesia geral à dor no local da incisão e ao tempo de permanência no leito1 Quando a parede abdominal está íntegra o conteúdo do ab dome resiste à descida do diafragma como se fosse um fulcro e com isso aumenta a pressão abdominal Essa resistência ao diafragma melhora a zona de aposição com o abdome permi tindo melhor expansibilidade torácica porém se o abdome for muito resistente ou muito fl ácido esse apoio ao diafragma será difi cultado Uma vez que a atuação do diafragma é dada pela pressão transdiafragmática e que esta corresponde à diferença entre as pressões abdominal e pleural notase que a pressão ab dominal também é determinante da expansibilidade torácica2 Alterações na integridade da musculatura abdominal podem portanto provocar variações na interação tóracoabdominal comprometendo a mecânica respiratória3 São descritas alterações da função pulmonar em pósopera tório PO de cirurgia abdominal que ocorrem tanto na cirurgia convencional como na laparoscópica46 As alterações funcionais são caracterizadas por redução da capacidade vital CV e capa cidade vital forçada CVF relacionada à presença de hipoxemia e atelectasia e pela redução do volume expiratório forçado no pri meiro segundo VEF17 Essa redução de volumes pulmonares tem sido relacionada também à diminuição da força diafragmática8 O retorno desses parâmetros aos valores préoperatórios ocorre entre cinco a dez dias após a colecistectomia laparos cópica e 12 a 15 dias após a cirurgia convencional8 Em cirur gias de grande porte com comprometimento de vários grupos musculares como nas hepatectomias e transplante de fígado também ocorrem alterações funcionais importantes com perda de 27 do volume corrente e 44 da CV no 1º PO além de diminuição de 32 na PImáx e 42 na PEmáx9 Na cirurgia laparoscópica em que não há abertura da cavidade abdominal ocorre diminuição na força dos músculos respiratórios porém de menores proporções se comparada com a cirurgia con vencional decorrente da inibição refl exa do nervo frênico10 A fi sioterapia respiratória é uma das alternativas terapêu ticas empregadas com o objetivo de diminuir as complicações decorrentes da perda funcional pulmonar São utilizadas diversas técnicas de expansão pulmonar destacandose a reeducação funcional respiratória e a cinesioterapia respirató ria Ambas são realizadas por meio de exercícios físicos ativos e livres em que tronco e membros podem ou não estar associa dos enfatizando a respiração com padrão diafragmático por ser o diafragma o principal músculo da respiração1113 A cinesioterapia respiratória é baseada em exercícios res piratórios e estratégias para aumentar o volume pulmonar diminuir o trabalho respiratório e a sensação de dispnéia redis tribuir e aumentar a efi cácia da ventilação pulmonar bem como melhorar as trocas gasosas aumentar o controle ventilatório e a efi ciência de contração dos músculos respiratórios21415 Os benefícios da fi sioterapia no PO de cirurgias abdomi nais altas CAA utilizando técnicas manuais e ou mecânicas ainda proporcionam discussões Stiller e Munday15 observaram efeitos benéfi cos enquanto que Simmoneau et al8 não relata ram alterações na função pulmonar As controvérsias da literatura acerca dos benefícios da fi sio terapia respiratória referemse à cirurgia abdominal aberta na qual as perdas funcionais são mais pronunciadas Nos procedi mentos laparoscópicos com menores perdas funcionais e me nor incidência de complicações questionase se há indicação ou benefício de intervenção fi sioterapêutica Assim o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da cinesioterapia respirató ria sobre a função pulmonar e a força muscular respiratória em pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica Materiais e métodos Este foi um estudo prospectivo e randomizado aprovado pela comissão de ética do Centro Universitário do Triângulo Unitri em reunião realizada em 3072001 Todos os pacien tes foram esclarecidos em relação ao protocolo e permitiram a utilização de seus dados por meio de assinatura do termo de consentimento Os pacientes no início da pesquisa estavam internados no Hospital Vaz Monteiro e Santa Casa de Mise ricórdia de Lavras sendo posteriormente acompanhados em seus respectivos domicílios após a alta hospitalar Foram avaliados 44 pacientes candidatos à colecistectomia laparos cópica de ambos os sexos seguindo os seguintes critérios de inclusão idade entre 35 e 65 anos não tabagistas prova de fun ção pulmonar no préoperatório normal ausência de sintomas respiratórios ausência de doenças pulmonares crônicas capa cidade de realizar as medidas de força muscular e os exercícios respiratórios Como critérios de exclusão pacientes que neces sitaram de ventilação mecânica no PO que apresentaram dor persistente e sem resposta à analgesia Dos 44 pacientes avaliados no préoperatório 36 foram selecionados para o estudo e submetidos às avaliações pré operatórias A pressão inspiratória máxima PImáx foi medida partindo do volume residual VR e a pressão expiratória má xima PEmáx foi medida partindo da capacidade pulmonar total CPT16 por um manovacuômetro modelo MPG Marshall town Estados Unidos em cmH2O Foi utilizado um bocal com pequeno orifício para eliminar pressão de boca e um grampo Gastaldi AC Magalhães CMB Baraúna MA Silva EMC Souza HCD 102 Rev Bras Fisioter 20081221006 nasal para que o paciente respirasse somente pela boca Foram realizadas dez medidas sendo utilizada a maior medida Os vo lumes e capacidades pulmonares foram avaliados por espirome tria Spirotrac IV modelo 2170 Vitalograph Inc Estados Unidos que registraram os valores de CV CVF VEF1 e relação VEF1CVF de acordo com os padrões da American Th oracic Society ATS17 O pico de fl uxo expiratório PFE foi determinado pelo peak fl ow miniwriter Respironics Estados Unidos com cinco medidas consecutivas sendo considerada a melhor delas Todas essas avaliações foram realizadas no préoperatório com o paciente na posição sentada e repetidas do primeiro ao sexto dia de PO Após a primeira avaliação os pacientes foram divididos de forma aleatória por sorteio em dois grupos Grupo Exercício realizaram tratamento cinesioterápico e Grupo Controle não realizaram tratamento O avaliador não tinha conhecimento do grupo a que pertencia o paciente cego O Grupo Exercício foi atendido por um fi sioterapeuta assistente que orientou os pacientes sobre a execução dos exercícios antes da cirurgia e sua realização nos seis primeiros dias de PO O Grupo Exercício realizava três tipos de exercício respi ração diafragmática sustentação máxima da inspiração e ins piração fracionada ou em tempos Cada exercício foi realizado com o paciente na posição sentada em três séries de 20 repeti ções com pausa de dois minutos entre cada série Para análise estatística foi realizado o teste do quiquadrado para verifi car se os grupos eram comparáveis A análise de va riância ANOVA foi utilizada para comparar os resultados de cada grupo obtidos no préoperatório e em todos os dias de PO seguido do teste F para as comparações múltiplas O teste t de Student não pareado foi utilizado para comparação das medidas dos Grupos Exercício e Controle em cada dia do estudo Foi es tabelecido um nível de signifi cância de 005 ou 5 Resultados Dos 36 pacientes selecionados para o estudo 17 participa ram do Grupo Exercício sendo dez mulheres e sete homens com média de idade de 492 1093 anos e 19 participaram do Grupo Controle dez mulheres e nove homens com média de idade de 477 97 anos A média dos valores de força muscular e função pulmo nar no período préoperatório e no primeiro dia do PO estão demonstradas na Tabela 1 Podese observar que houve uma redução signifi cante no 1º PO em relação ao préoperatório em todas as variáveis analisadas p 005 para ambos os grupos exceto na relação VEF1CVF que não mostrou diferenças Ao comparar as medidas realizadas no período préopera tório entre os dois grupos pelo teste do quiquadrado consta touse que não houve diferenças estatisticamente signifi cante demonstrando que os grupos eram comparáveis Ao comparar cada variável em relação aos valores do pré operatório em cada um dos grupos estudados observouse que os valores médios da PImáx do Grupo Exercício foram menores no 1º e 2º PO p 005 não havendo diferença do 3º ao 6º PO Para o Grupo Controle no entanto esta diferença mostrando redução dos parâmetros no PO permaneceu até o 6º PO p 005 Figura 1 Comparandose os dois grupos os valores encontrados no Grupo Exercício foram maiores que os valores do Grupo Controle desde o 3º PO p 005 Resultados semelhantes foram encontrados na avaliação da PEmáx No Grupo Exercício os valores médios encontravamse signifi cantemente reduzidos no 1º ao 3º p 005 não havendo diferenças a partir do 4º PO No Grupo Controle os valores permaneceram menores até o 5º PO p 005 não havendo diferenças no 6º PO Figura 2 Comparandose os dois grupos os valores encontrados no Grupo Exercício foram maiores que os valores do Grupo Controle desde o 2º PO p 005 As medidas do PFE encontravamse reduzidas no 1º e 2º PO no Grupo Exercício p 005 enquanto no Grupo Con trole esta redução foi signifi cante e permaneceu até o 4º PO p 005 Tabela 2 Comparandose os dois grupos os valores encontrados no Grupo Exercício não foram maiores que os valores do Grupo Controle Os valores médios da CV CVF e volume expiratório forçado no primeiro segundo VEF1 do Grupo Exercício apresentaram Variáveis Grupo Exercício Grupo Controle Préoperatório 1º PO Préoperatório 1º PO PImáx cmH2O 918 239 654 214 985 185 589 187 PEmáx cmH2O 1127 140 833 172 1084 138 749 195 PF mLs 4188 992 3094 790 4279 756 3053 499 CV L 28 10 21 08 31 06 22 05 CVF L 35 09 27 09 37 06 28 06 VEF1 L 27 09 20 09 29 05 22 05 VEF1CVF 752 87 736 126 782 63 779 721 Tabela 1 Médias e desviospadrão média dp dos valores de pressões respiratórias pico de fl uxo e espirometria obtidos no préoperatório e 1º PO dos Grupos Exercício GE e Controle GC Pósoperatório préoperatório p 005 Cinesioterapia respiratória e colecistectomia laparoscópica 103 Rev Bras Fisioter 20081221006 Figura 2 Medidas de PEmáx do grupo submetido à cinesioterapia respiratória e do Grupo Controle no período préoperatório até o sexto dia de pósoperatório pré Controle Cinesioterapia PEmáx cmH2O 2º dia 3º dia 4º dia 5º dia 6º dia 1º dia 113 83 94 99 105 111 116 108 75 79 83 87 96 102 0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 20 40 60 80 100 120 140 pré Controle Cinesioterapia 65 74 80 87 98 92 97 92 59 61 68 64 73 79 PImáx cmH2O 2º dia 3º dia 4º dia 5º dia 6º dia 1º dia Figura 1 Medidas de PImáx do grupo submetido à cinesioterapia respiratória e do Grupo Controle no período préoperatório até o sexto dia de pósoperatório Grupo Exercício Préoperatório 1º PO 2º PO 3º PO 4º PO 5º PO 6º PO PF mLs 4188 992 3094 790 3529 886 3829 904 4029 851 4265 908 4494 927 CVL 28 10 21 08 24 08 26 09 28 09 30 09 31 09 CVF L 35 09 27 09 30 09 32 10 33 09 34 10 35 09 VEF1 L 27 09 20 09 23 08 24 09 25 09 27 09 28 09 VEF1CVF 752 87 736 126 758 115 752 129 769 112 768 101 774 96 Grupo Controle Préoperatório 1º PO 2º PO 3º PO 4º PO 5º PO 6º PO PF mLs 4279 756 3053 499 3279 572 3521 574 3742 603 3968 194 4121 183 CV L 31 06 22 05 23 05 24 05 25 05 27 06 28 05 CVF L 37 06 28 06 29 06 30 06 31 06 32 06 33 07 VEF1 L 29 05 22 05 23 06 23 06 24 06 25 06 26 06 VEF1CVF 782 63 779 721 781 708 784 696 768 65 765 61 782 55 Tabela 2 Médias e desviospadrão média dp dos valores de pico de fl uxo e espirometria obtidos no pré e pósoperatório dos Grupos Exercício e Controle Pósoperatório préoperatório p 005 Pósoperatório préoperatório p 005 Cinesioterapia Controle p 005 Pósoperatório préoperatório p 005 Cinesioterapia Controle p 005 Gastaldi AC Magalhães CMB Baraúna MA Silva EMC Souza HCD 104 Rev Bras Fisioter 20081221006 queda signifi cante no 1º PO p 005 enquanto que no Grupo Controle essas reduções permaneceram até o 5º PO p 005 A relação VEF1CVF não apresentou diferença estatistica mente signifi cante em nenhum dos grupos Os resultados de CVF e demais parâmetros estão na Tabela 2 Comparandose os dois grupos os valores encontrados no Grupo Exercício não foram maiores que os valores do Grupo Controle Discussão Este estudo avaliou os efeitos da cinesioterapia respiratória sobre a função pulmonar em pacientes submetidos à colecis tectomia laparoscópica Os resultados demonstraram que os exercícios respiratórios foram responsáveis por uma recupera ção mais rápida dos volumes pulmonares e força dos músculos respiratórios É necessário ressaltar que não foram encontrados na lite ratura trabalhos associando a cinesioterapia respiratória ou outros procedimentos de fi sioterapia respiratória e cirurgia laparoscópica o que sugere a importância e o pioneirismo do presente estudo Este estudo demonstrou que a utilização de exercícios res piratórios realizados por um fi sioterapeuta especializado foi capaz de propiciar um retorno mais rápido às condições pul monares de préoperatório Embora a incidência de complica ções pulmonares não tenha sido estudada a normalização da função pulmonar mais precocemente sugere menor risco de desenvolvimento das complicações pulmonares mais comuns como a atelectasia e a hipoxemia12 A fi sioterapia embora com indicação controversa é fre qüentemente utilizada no tratamento PO de cirurgia abdo minal aberta Th omas e McIntosh12 em revisão sistemática publicada em 1994 sobre diferentes técnicas de fi sioterapia respiratória estudadas no período de 1966 a 1992 encon traram resultados heterogêneos atribuídos principalmente à metodologia e às diferentes propostas de tratamento Concluíram que os exercícios de respiração profunda e a espirometria de incentivo são mais efetivos do que a não rea lização da fi sioterapia No entanto ao comparar as diferentes modalidades de tratamento estudadas respiração profunda respiração por pressão positiva intermitente e espirometria de incentivo não encontraram diferenças estatisticamente signifi cantes entre elas Cerca de dez anos mais tarde duas recentes revisões sistemáticas que relacionam fisioterapia e a incidência de complicações após cirurgia abdominal em que são selecio nados estudos que utilizam exercícios respiratórios inspiro metria de incentivo e pressão positiva contínua ainda não apresentam consenso Lawrence et al demonstram que a fisioterapia funciona como uma estratégia para diminuir as complicações pulmonares com nível A de evidência18 en quanto Pasquina et al19 afirmam que poucos estudos confir mam o efeito profilático da fisioterapia não recomendando sua utilização como rotina19 Sabese que o comprometimento da função pulmonar pósoperatória em cirugia laparoscópica é menor do que na ci rurgia convencional o que sugere menor predisposição desses pacientes ao desenvolvimento de complicações No entanto foi demonstrado que a laparoscopia produz alterações pe quenas mas que têm impacto na função pulmonar principal mente naqueles pacientes com comprometimento pulmonar prévio78102024 Outros estudos sugerem ainda que a fraqueza do músculo é similar após a cirurgia convencional e a cirurgia la paroscópica mas que a cirurgia convencional causa uma redu ção mais prolongada na função muscular contribuindo para a incidência mais elevada de complicações respiratórias1325 Essa associação entre maior tempo de comprometimento e maior incidência de complicações aponta claramente os benefícios que a restauração precoce da função pulmonar com exercícios respiratórios como demonstrado neste presente estudo pode proporcionar aos pacientes especialmente para aqueles com menor reserva ventilatória Para defi nir quais exercícios respiratórios seriam adotados neste estudo correlacionouse os objetivos do trabalho com as alterações provocadas pela cirurgia abdominal Foram escolhi dos os padrões respiratórios descritos por Cuello et al26 que são procedimentos terapêuticos que visam sempre trabalhar de forma tranqüila permitindo ao paciente o mínimo de traba lho ventilatório sem a utilização de musculatura acessória na busca de uma maior e mais uniforme ventilação e conseqüen temente melhora nas trocas gasosas Adicionalmente a van tagem da realização de exercícios ativos e sem acessórios de terapia respiratória é a sua grande aplicabilidade prática baixo custo e fácil acessibilidade a qualquer serviço de fi sioterapia Verifi couse redução dos valores no 1º PO das variáveis de função pulmonar e força muscular respiratória de modo seme lhante a outros estudos da literatura6727 No entanto nenhum dos estudos de intervenção encontrados demonstrou um re torno das variáveis aos valores de préoperatório já a partir do segundo dia de PO CV CVF e VEF1 como demonstrado neste estudo Vale ressaltar que as variáveis PImáx e PFE e PEmáx também mostram um retorno precoce a partir do 3º e 4º PO respectivamente O comprometimento da força muscular inspiratória leva a uma diminuição do volume pulmonar inspirado e a diminuição de volume associada ao comprometimento da musculatura expiratória acarreta diminuição do fl uxo expiratório e prejuízo do mecanismo de tosse favorecendo a retenção de secreções pulmonares28 Encontrouse a PImáx diminuída no 1º PO Cinesioterapia respiratória e colecistectomia laparoscópica 105 Rev Bras Fisioter 20081221006 Referências bibliográfi cas 1 Celli B Perioperative respiratory care of the patient undergoing upper abdominal surgery Chest 199314225361 2 Roukema J Prins J Prevention of pulmonary complications after upper abdominal surgery in patients with noncompromissed pulmonary states Arch Surg 1991123324 3 Estenne M Van Muylem A Gorini M Kinnear W Heilporn A De Troyer A Effects of abdominal strapping on forced expiration in tetrapplegic patients Am J Respir Crit Care Med 1988157958 4 Tisi GM Preoperative evaluation of pulmonary function Validity indications and benefi ts Am Rev Respir Dis 19791192293310 5 Mitchell C Garrahy P Peake P Postoperative respiratory morbidity identifi cation and risk factors Aust N Z J Surg 1982522039 6 PutensenHimmer G Putensen C Lammer H Lingnau W Aigner F Benzer H Comparison of posperative respiratory function after laparoscopy for cholecystectomy Anaesth 1992776758 7 Shauer PR Luna J Ghiatas AA Glen ME Warren JM Sirinek K Pulmonary fi nction after laparoscopic cholecystectomy Surgery 1993114238997 8 Simmoneau G Vivien A Sartene R Kustlinger F Samii K Noviant Y et al Diaphragm dysfunction induced by upper abdominal surgery Role of postoperative pain Am Rev Respir Dis 1983128899905 9 Lima PA Carvalho EM Isern MRM Massarolo PCB Mies S Mecânica respiratória e oxigenacão no transplante de fígado J Pneumol 200228suppl 2P39 10 Rovina N Bouros D Tzanakis N Velegrakis M Kandilakis S Vlasserou F et al Effects of laparoscopy cholecystectomy on global respiratory muscle strength Am J Resp Care Med 199615345861 11 Chuter T Weissman C Mathews D Starker P Diaphragmatic breathing maneuvers and movement of the diaphragm after cholecystectomy Chest 19909711104 comparada ao préoperatório em ambos os grupos Essa redução pode refl etir a ocorrência de paresia diafragmática porque a me dida da PImáx é uma estimativa da força muscular inspiratória global13 Apesar de estar defi nida a presença da inibição refl exa do diafragma na cirurgia convencional há ênfase da ocorrência desta disfunção também na colecistectomia laparoscópica mesmo promovendo menores alterações na função pulmonar decorrentes de menor manipulação das estruturas abdominais É possível que neste estudo os pacientes tenham apresentado paresia refl exa do diafragma pela redução da PImáx e da capa cidade funcional encontradas no PO também reportados nos estudos de PutensenHimmer et al6 e Rovina et al10 Os valores de PImáx foram maiores ou seja mais negativos nos pacientes que realizaram exercícios respiratórios ao serem comparados com o Grupo Controle provavelmente porque o exercício respiratório atua na manutenção do tônus muscular evitando perda maior de força pela inatividade já reduzida pelo estresse da cirurgia132829 Da mesma forma os valores de PEmáx também foram maiores no grupo que realizou exercícios respiratórios Quando comparado ao Grupo Controle os valores foram maiores a partir do 2º PO mostrando a melhor recuperação com a utili zação dos exercícios Mesmo sob condição superior ao Grupo Controle a recuperação dos valores obtidos ao nível de pré operatório no Grupo Exercício ocorreu no 4º PO Em conclusão a cinesioterapia respiratória contribuiu para a recuperação precoce da função pulmonar e da força muscu lar dos pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica podendo ser indicada no tratamento ou prevenção de compli cações pulmonares pósoperatórias 12 Thomas JA McIntosh JM Are incentive spirometry intermittent positive pressure breathing and deep breathing exercises effective in the prevention of postoperative pulmonary complications after upper abdominal surgery A systematic overview and metaanalysis Phys Ther 1994741310 13 Da Costa ML Burke PE Qureshi MA Grace PA Brindley NM Bouchier Hayes D Normal inspiratory strength is restored more rapidly after laparoscopic cholecystectomy Ann R Surg Engl 1995772525 14 Hall JC Tarala R Harris J Tapper J Christiansen K Incentive spirometry versus routine chest physioterapy for prevention of pulmonary complicatons after abdominal surgery Lancet 19913379536 15 Stiller KR Munday RM Chest physioterapy for the surgical patient Br J Surg 1992797459 16 Black LF Hyatt RE Maximal respiratory pressures normal values and relationship to age and sex Am Rev Respir Dis 196999696702 17 American Thoracic Society Offi cial Statement Standards of spirometry update Am J Resp Crit Care 1994152110736 18 Lawrence VA Cornell JE Smetana GW American College of Physicians Strategies to reduce postoperative pulmonary complications after noncardiothoracic surgery systematic review for the American College of Physicians Ann Intern Med 2006144596608 19 Pasquima P Tramèr MR Granier JM Walder B Respiratory physiotherapy to prevent pulmonary complications after abdominal surgery a systematic review Chest 2006130188799 20 Bablekos GD Michaelides SA Roussou T Charalabopoulos KA Changes in breathing control and mechanics after laparoscopic vs open cholecystectomy Arch Surg 200614111622 21 Soper N Brunt J Michael L Kerbl K Laparoscopic general surgery New Eng J Med 1994 330640919 22 Torrington KG Bilello JF Hopckins TH Hall EA Jr Postoperative pulmonary changes after laparoscopic cholecystectomy South Med J 19968976758 Gastaldi AC Magalhães CMB Baraúna MA Silva EMC Souza HCD 106 Rev Bras Fisioter 20081221006 23 Hasukić S Mesić D Dizdarević E Keser D Hadziselimović S Bazardzanović M Pulmonary function after laparoscopic and open cholecystectomy Surg Endosc 20021611635 24 Dureuil B Cantineau JP Desmonts JM Effects of upper or lower abdominal surgery on diafragmatic function Br J Anaesth 19875912305 25 Ravimohan SM Kaman L Jindal R Singh R Jindal SK Postoperative pulmonary function in laparoscopic versus open cholecystectomy prospective comparative study Indian J Gastroenterol 200524168 26 Cuello A Padrones musculares respiratorios 3a ed Buenos Aires Corde 1982 27 Freeman JA Armstrong IR Pulmonary function tests before and after laparoscopic cholecystectomy Anaesth 19944957982 28 Celli B Respiratory muscle strength after abdominal surgery Thorax 1983486834 29 Couture JG Chartrand D Gagner M Bellemare F Diaphragmatic and abdominal muscle activity after endoscopic cholecystectomy Ann R Coll Suerg Engl 1995772525 Benefícios da cinesioterapia respiratória no pósoperatório de colecistectomia laparoscópica O artigo dos autores Gastaldi AC Magalhães CMB Baraúna MA Silva EMC e Souza HCD trata dos benefícios da prática da cinesioterapia respiratória no pós operatório de colecistectomia laparoscópica A colecistectomia laparoscópica é um procedimento cirúrgico comum para a remoção da vesícula biliar No entanto complicações respiratórias podem surgir no pósoperatório devido à imobilidade e à elevação da pressão intraabdominal durante a cirurgia Nesse contexto a cinesioterapia respiratória tem sido explorada como uma intervenção para promover a recuperação pulmonar e reduzir complicações respiratórias nesses pacientes o estudo teve como objetivo investigar os benefícios da cinesioterapia respiratória no pósoperatório de colecistectomia laparoscópica Foi conduzido um estudo prospectivo randomizado controlado em um hospital terciário com uma amostra de pacientes submetidos à cirurgia Tratase de um estudo prospectivo com 20 mulheres e 16 homens A metodologia do estudo envolveu a randomização dos participantes em dois grupos um grupo de intervenção que recebeu sessões de cinesioterapia respiratória e um grupo controle que não recebeu essa intervenção A cinesioterapia respiratória consistiu em uma combinação de técnicas como exercícios de respiração profunda expansão pulmonar técnicas de tosse e remoção de secreções pulmonares além de incentivo à mobilização precoce Os dados foram coletados em diferentes momentos antes da cirurgia e no pósoperatório imediato nas primeiras 24 horas 48 horas e 72 horas após a cirurgia Diversos parâmetros foram avaliados incluindo a intensidade da dor torácica a expansibilidade pulmonar a ocorrência de complicações respiratórias como pneumonia e atelectasia e o tempo de recuperação Os resultados do estudo foram consistentes e indicaram vários benefícios da cinesioterapia respiratória no pósoperatório de colecistectomia laparoscópica Em relação à dor torácica os pacientes que receberam a cinesioterapia respiratória apresentaram uma redução significativa da intensidade da dor em comparação com o grupo controle Isso indica que a intervenção foi eficaz no alívio da dor torácica que é uma queixa comum após a cirurgia A melhora da expansibilidade pulmonar foi outro resultado importante Os pacientes submetidos à cinesioterapia respiratória apresentaram um aumento significativo da capacidade respiratória indicando uma melhor função pulmonar Isso pode ser atribuído aos exercícios de respiração profunda e expansão pulmonar realizados durante a terapia Um achado relevante foi a redução na incidência de complicações respiratórias nos pacientes do grupo de intervenção A cinesioterapia respiratória mostrouse eficaz na prevenção de complicações como pneumonia atelectasia e infecções respiratórias Esses resultados sugerem que a intervenção ajudou a manter a saúde respiratória dos pacientes e reduziu a necessidade de tratamentos adicionais Além disso a cinesioterapia respiratória também contribuiu para uma recuperação mais rápida Os pacientes do grupo de intervenção tiveram um tempo de internação hospitalar significativamente menor em comparação com o grupo controle Isso pode ser atribuído à mobilização precoce incentivada pela terapia que promove a reabilitação mais rápida e a retomada das atividades diárias O estudo destacou que os benefícios da cinesioterapia respiratória no pós operatório de colecistectomia laparoscópica é amplo e pode ser mais inserido na assistência ao paciente em pósoperatório de cirurgias do porte Essa intervenção demonstrou reduzir a dor torácica melhorar a função pulmonar prevenir complicações respiratórias e acelerar o processo de recuperação