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Administração Financeira

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GESTÃO FINANCEIRA Eduardo Olbera e Márcia Maria da Graça Costa 2 SUMÁRIO 1 OS FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 3 2 AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E A SUA ANÁLISE 9 3 O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO 38 4 FLUXO DE CAIXA 58 5 ORÇAMENTO DE CAPITAL 79 6 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL E MERCADO DE CAPITAIS 94 3 1 OS FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 11 A administração financeira e a globalização Nunca na história da humanidade houve tantas transformações na forma dos seres humanos pensarem agirem se comunicarem O avanço da tecnologia diminuiu as distâncias possibilitando às pessoas terem acesso a informações culturas e valores de todas as partes do globo Os mercados passaram a não mais serem vistos localmente mas internacionalmente Hoje é possível para qualquer um com acesso a computador importar o que quiser e de onde quiser por exemplo Da mesma maneira o capital agora busca possibilidades de investimentos que proporcionem retornos cada vez melhores a um nível de risco previamente analisado Além dessa vantagem esse cenário permite também uma diversificação cada vez maior em seus portfólios trazendo mais segurança 4 É com esse meio ambiente que as empresas precisam interagir para sobreviver Não há mais espaço para ineficiência nos meios de produção pois isso impactará negativamente na rentabilidade gerada e consequentemente aumentará o risco de desinvestimento As empresas que não conseguirem se encaixar nesse novo cenário fatalmente serão fechadas ou simplesmente vendidas Fonte CORREIO BRAZILIENSE 2018 A bem da verdade todas as áreas das empresas precisam agregar valor para a organização Os recursos humanos precisam contratar profissionais cada vez mais qualificados e desenvolver meios para alinhar estrategicamente as suas competências às necessidades da empresa os profissionais de marketing precisam identificar mercados cada vez mais promissores e desenvolver estratégias de crescimento por sua vez a administração financeira também tem seus desafios administrar da maneira mais eficiente possível os recursos financeiros da empresa No início de 2018 a rede de churrascarias Fogo de Chão foi vendida para o fundo de investimentos norteamericano Rhône Capital em uma transação de US 560 milhões É um bom exemplo da internacionalização de capital que busca retornos cada vez maiores em seus portfólios de investimento 5 Conforme Assaf Neto e Lima 2014 a administração financeira deve assegurar um melhor e mais eficiente processo de captação financiamento e alocação investimento de recursos Ainda segundo os autores a administração financeira se envolveria tanto com a questão da escassez de recursos quanto com a realidade operacional e prática da gestão financeira das empresas 12 A dinâmica das decisões financeiras Assaf Neto e Lima 2014 estabelecem as seguintes funções para a administração financeira no ambiente das empresas Quadro 11 Funções da administração financeira Fonte adaptado pelo autor É importante observar que a redução dos custos financeiros é o meio pelo qual a administração financeira pode agregar valor para a organização Planejamento e controle financeiro planejar é se antecipar a possíveis problemas e também identificar oportunidades no futuro Por meio de relatórios como os balanços patrimoniais e os fluxos de caixa é possível avaliar tendências como crescimento do endividamento e identificar possíveis situações de problemas de caixa permitindo ao administrador tomar ações de caráter preventivo Administração de ativos o administrador deve perseguir os melhores investimentos em negócios em termo de risco e retorno sempre buscando equalizar essa variável no sentido de maximizar o retorno dos investidores Administração de passivos para aplicar os recursos faz se necessário a aquisição de fundos financiamentos e é preciso obter a melhor combinação de capital próprio e de terceiros buscando a estrutura mais adequada em termos de liquidez e custos 6 13 Administração financeira e Contabilidade A Contabilidade é a ciência que busca por meio de normas de escrituração e registro fornecer informações financeiras sobre as empresas posicionando quanto a situação estática em um determinado período Entre as principais informações fornecidas pela Contabilidade destacamse o balanço patrimonial que informa a posição patrimonial da empresa e a demonstração de resultado do exercício que mostra como foi a performance comercial em determinado exercício É importante observar que esses documentos são escriturados conforme uma legislação específica estabelecida pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC Os relatórios contábeis são assim escriturados com base no chamado regime de competência em função de questões fiscais No entanto fornecem informações relevantes para o administrador financeiro quando os exercícios fiscais são analisados comparativamente pois permitem avaliar a evolução da liquidez e do endividamento financeiro por exemplo Para esse fim são feitas análises verticalhorizontal e análises de índices financeiros Criado pela Resolução CFC nº 105505 o CPC tem como objetivo o estudo o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira visando à centralização e uniformização do seu processo de produção levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS O regime de competência é aquele no qual são registradas todas as movimentações financeiras da empresa independentemente de entradas ou saídas efetivas de caixa 7 14 Administração financeira e Economia Os administradores financeiros precisam estar atentos às questões de caráter macro e microeconômico uma vez que podem impactar negativamente nos negócios As variáveis macroambientais fogem ao controle do administrador e se constituem em questões de caráter econômico políticosocial ou mesmo cultural O crescimento do PIB pode influenciar no nível do emprego e consequentemente na capacidade de compra das pessoas instabilidades políticas e sociais podem influenciar a legislação o que por sua vez poderá impactar negativamente para as famílias 15 Administrador financeiro O administrador financeiro precisa estar atento ao meio ambiente o qual interage pois cada vez mais a competição pelo mercado aumenta É preciso ter raciocínio lógico analítico e conhecimento do todo que envolve as operações empresariais para que se possa tomar as melhores decisões para que possam atingir o seu principal desafio criar valor para o acionista Para tal fim o administrador financeiro deve realizar então as funções de planejamento financeiro tomar decisões de investimento e tomar decisões de financiamento tanto no que tange ao curto como o longo prazo O curto prazo consiste em administrar o capital de giro o longo prazo consiste em tomar decisões de investimento notadamente em ativos industriais É comum observar que 99 das atividades do administrador financeiro se dá no curto prazo pois envolve sobretudo o dia a dia da empresa realizando atividade de conciliação bancária de recebimento e de pagamento No entanto o longo prazo envolve estudos bem elaborados e as decisões precisam ser bem fundamentadas pois um viés estratégico pode falir uma empresa No que tange a sua profissão o administrador financeiro pode ocupar cargos que vão do assistente ou analista financeiro júnior até o cargo de diretor financeiro apoiando as atividades de tesouraria como contas a pagar e a receber analisando a capacidade de pagamento de clientes para determinação de linhas de crédito negociação de 8 créditos em litígio cobrança de inadimplentes além de operações de hedge e câmbio Os salários podem variar muito mas dificilmente são inferiores a US 50000 conforme cotação de 30 de maio de 2018 REFERÊNCIAS ASSAF NETO A LIMA F G Curso de administração financeira 3 ed São Paulo Atlas 2014 CONHEÇA O CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis Disponível em httpsgooglaGweyC Acesso em 11 mai 2021 FOGO de Chão é vendida para fundo americano por US 560 milhões Correio Braziliense São Paulo 21 fev 2018 Disponível em httpsgooglUC8w4G Acesso em 8 jun 2018 9 2 AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E A SUA ANÁLISE 21 A análise das demonstrações financeiras Conforme Assaf Neto e Lima 2014 p 231 a análise das demonstrações financeiras é um dos estudos mais importantes das Finanças Corporativas sendo que para o administrador financeiro a análise serve como uma forma de avaliar o desempenho da organização assim como fornecer tendências considerando o ritmo do crescimento dos resultados Para o analista externo a análise serve para avaliar a capacidade de pagamento da empresa a evolução do seu endividamento e sua capacidade de geração de caixa o que é muito importante para uma eventual avaliação de concessão de crédito 22 A análise horizontal e a análise vertical As análises horizontal e vertical são uma metodologia da análise de balanços que tem como principal finalidade avaliar a evolução das contas da empresa sobre diversos aspectos como a estocagem o endividamento de curto e longo prazos o faturamento e as despesas operacionais 10 A análise começa com o planilhamento do balanço patrimonial no qual são consolidadas as contas de maior relevância Normalmente o exercício de análise é feito para três períodos Depois é feita a análise horizontal e a análise vertical Exemplo Tabela 21 Planilhamento do balanço patrimonial da empresa Natura SA entre os exercícios de 2014 a 2016 Ativo 2014 2015 2016 Caixa bancos e investimentos 16959 27836 22988 Contas a receber de clientes 8474 9090 10519 Estoques 8900 9636 8359 Impostos a recuperar 2403 3203 3294 Outros direitos 5654 10418 2867 Total dos ativos circulantes 42390 60183 48027 Impostos e depósitos judiciais 5936 7897 10765 Outros ativos não circulantes 856 176 230 Permanente e intangível 22813 25687 25188 Total dos ativos não circulantes 29605 33760 36183 Total dos ativos 71995 93943 84210 11 Tabela 22 Planilhamento do balanço patrimonial da empresa Natura SA entre os exercícios de 2014 a 2016 Passivo 2014 2015 2016 Empréstimos e financiamentos 14665 21613 17644 Fornecedores 5996 8028 8149 Salários a pagar 2105 2012 2081 Impostos a pagar 7154 10479 10754 Outras obrigações de curto prazo 1267 3594 3148 Total dos passivos circulantes 31187 45726 41776 Empréstimos e financiamentos 25146 33744 26256 Impostos a pagar 989 877 2375 Outras dívidas de longo prazo 3186 2819 3840 Total dos passivos não circulantes 29321 37440 32471 Capital social 4270 4270 4270 Reservas de lucros 3264 5441 8095 Outros 3952 1066 2402 Total do patrimônio líquido 11486 10777 9963 Total dos passivos 71994 93943 84210 12 Tabela 23 Planilhamento do balanço patrimonial da empresa Natura SA entre os exercícios de 2014 a 2016 DRE 2014 2015 2016 Receita líquida de vendas 74084 78990 79126 CPV 22501 24159 24469 Lucro Bruto 51583 54831 54657 Despesas com vendas 26800 30205 31101 Despesas administrativas 11333 12715 13270 Outras receitasdespesas operacionais 198 657 544 Lucro operacional 13648 12568 10830 Receitasdespesas financeiras 2682 3814 6560 LAIR 10966 8754 4270 Impostos 3551 3526 1186 Lucro líquido do exercício 7415 5228 3084 A análise horizontal é uma metodologia de análise de balanços que objetiva analisar as variações de uma mesma conta ou subgrupo de contas do balanço patrimonial em termos absolutos A ideia é a de se detectar grandes variações para depois comparar com a análise vertical em termos relativos e a partir de então se avaliar a evolução patrimonial da empresa Para se realizar a análise primeiro se toma o período mais antigo como base 100 Depois avaliase se houve aumento ou redução em termos percentuais em relação a esse período O cálculo para se analisar a variação entre os períodos analisados segue a seguinte fórmula AH saldo ano posteriorsaldo ano base ou anterior 1 x 100 13 Tabela 24 Análise horizontal ativos Análise de Balanços da Natura SA Ativo 2014 AH 2015 AH 2016 AH Caixa bancos e investimentos 169590 100 278360 641 229880 174 Contas a receber de clientes 8474 100 909 73 105190 157 Estoques 890 100 9636 83 8359 133 Impostos a recuperar 2403 100 3203 333 3294 28 Outros direitos 5654 100 104180 843 2867 725 Total dos ativos circulantes 423900 100 601830 42 480270 202 Impostos e depósitos judiciais 5936 100 7897 33 107650 363 Outros ativos não circulantes 856 100 176 794 23 307 Permanente e intangível 228130 100 256870 126 251880 19 Total dos ativos não circulantes 296050 100 337600 14 361830 72 Total dos ativos 719950 100 939430 305 842100 104 Pela análise é possível perceber grandes variações na conta caixa da empresa que aumentou 641 entre 2014 e 2015 e reduziu 174 no ano de 2016 Houve um ligeiro crescimento da conta de clientes e a empresa perceptivelmente está otimizando os seus estoques 14 Tabela 25 Análise horizontal passivos Passivos 2014 AH 2015 AH 2016 AH Empréstimos e financiamentos 146650 100 216130 474 176440 184 Fornecedores 5996 100 8028 339 8149 15 Salários a pagar 2105 100 2012 44 2081 34 Impostos a pagar 7154 100 104790 465 107540 26 Outras obrigações de curto prazo 1267 100 3594 1837 2351 346 Total dos passivos circulantes 311870 100 457260 466 409790 104 Empréstimos e financiamentos 251460 100 337440 342 262560 222 Impostos a pagar 989 100 877 113 2375 1708 Outras dívidas de longo Prazo 3186 100 2819 115 384 362 Total dos passivos não circulantes 293210 100 374400 277 324710 133 Capital social 427 100 427 0 427 0 Reservas de lucros 3264 100 5441 667 8095 488 Outros 3952 100 1066 73 2402 253 Total do patrimônio Líquido 114860 100 107770 62 9963 76 Total dos passivos 719940 100 939430 305 834130 112 15 É possível perceber uma oscilação muito grande no endividamento de curto e longo prazo nos anos de 2014 e 2015 com redução também grande no ano de 2016 fazendo com que os números voltassem praticamente aos mesmos patamares de 2014 A redução também chama a atenção embora pequena mas constante do patrimônio líquido nos períodos analisados Houve aumento na conta de impostos a pagar entre 2014 e 2015 e esse número ficou constante em 2016 Tabela 26 Análise Horizontal Demonstração de Resultado DRE 2014 AH 2015 AH 2016 AH Receita líquida de vendas 74084 100 78990 66 79126 02 CPV 22501 100 24159 74 24469 13 Lucro Bruto 51583 100 54831 63 54657 03 Despesas com vendas 26800 100 30205 127 31101 3 Despesas administrativas 11333 100 12715 122 13270 44 Outras receitasdespesas operacionais 198 100 657 2318 544 172 Lucro operacional 13648 100 12568 79 10830 138 Receitasdespesas financeiras 2682 100 3814 422 6560 72 LAIR 10966 100 8754 202 4270 512 Impostos 3551 100 3526 07 1186 664 Lucro líquido do exercício 7415 100 5228 295 3084 41 Aqui verificase que as vendas estão praticamente no mesmo patamar nos períodos analisados Houve contudo crescimento gradual e constante das despesas com vendas e administrativas e destacadamente das despesas financeiras 42 entre 2014 e 2015 e 72 entre 2015 e 2016 o que reflete o elevado perfil de alavancagem da empresa comprometendo inclusive o resultado que vem demonstrando piora nos períodos analisados 16 Depois de feita a análise horizontal é feita complementarmente a análise vertical A proposta é cruzar as informações das oscilações destacadas na análise horizontal para checar se o crescimento não foi apenas proporcional ao crescimento dos demais números da empresa Por definição a análise vertical é uma metodologia de análise de balanços que busca avaliar a evolução das contas do balanço patrimonial de maneira proporcional A proposta é a de se avaliar a participação de uma conta ou subgrupo de contas do balanço sobre um todo e a partir daí analisar a sua evolução comparativamente entre os períodos analisados Para os ativos e passivos a metodologia de cálculo é a mesma mudando apenas na DRE AV saldo da contatotal dos ativospassivos x 100 ativos e passivos AV saldo da contavendas líquidas x 100 demonstração de resultado Tabela 27 Análise vertical ativos Ativo 2014 AV 2015 AV 2016 AV Caixa bancos e investimentos 16959 236 27836 296 22988 273 Contas a receber de clientes 8474 118 9090 97 10519 125 Estoques 8900 124 9636 103 8359 99 Impostos a recuperar 2403 33 3203 34 3294 39 Outros direitos 5654 79 10418 111 2867 34 Total dos ativos circulantes 42390 589 60183 641 48027 57 Impostos e depósitos judiciais 5936 82 7897 84 10765 128 Outros ativos não circulantes 856 12 176 02 230 03 Permanente e intangível 22813 317 25687 273 25188 299 Total dos ativos não circulantes 29605 411 33760 359 36183 43 Total dos ativos 71995 100 93943 100 84210 100 17 Aqui é possível verificar na conta caixa destacada na análise horizontal que houve oscilação de fato em termos relativos mas não tão expressiva menos de 5 Há uma redução gradual e proporcional da conta estoques mostrando que de fato a empresa está buscando trabalhar em níveis menores o que contribui positivamente para a geração de caixa da empresa Tabela 28 Análise vertical passivos Passivos 2014 AV 2015 AV 2016 AV Empréstimos e financiamentos 146650 204 216130 23 176440 212 Fornecedores 5996 83 8028 85 8149 98 Salários a pagar 2105 29 2012 21 2081 25 Impostos a pagar 7154 99 104790 112 107540 129 Outras obrigações de curto prazo 1267 18 3594 38 2351 28 Total dos passivos circulantes 311870 433 2819 487 3840 491 Empréstimos e financiamentos 251460 349 337440 359 32471 315 Impostos a pagar 989 14 877 09 4270 28 Outras dívidas de longo prazo 3186 44 2819 3 8095 46 Total dos passivos não circulantes 293210 407 37440 399 324710 389 Capital social 427 59 427 45 427 51 Reservas de lucros 3264 45 5441 58 8095 97 Outros 3952 55 1066 11 2402 29 Total do patrimônio líquido 114860 16 107770 115 9963 119 Total dos passivos 719940 100 939430 100 834130 100 18 O endividamento de curto e longo prazo mostra um pequeno crescimento entre 2014 e 2015 em termos proporcionais voltando quase aos mesmos níveis em 2016 no qual se verifica que de fato a empresa vem operando da mesma maneira quanto à gestão do passivo financeiro nos períodos analisados O patrimônio líquido mostrou redução entre 2014 e 2015 e ficou no mesmo patamar em 2016 Tabela 29 Análise vertical da Demonstração de Resultado DRE DRE 2014 AV 2015 AV 2016 AV Receita líquida de Vendas 74084 100 78990 100 79126 100 CPV 22501 304 24159 306 24469 309 Lucro Bruto 51583 696 54831 694 54657 691 Despesas com vendas 26800 362 30205 382 31101 393 Despesas Administrativas 11333 153 12715 161 13270 168 Outras receitasdespesas operacionais 198 03 657 08 544 07 Lucro operacional 13648 184 12568 159 10830 137 Receitasdespesas financeiras 2682 36 3814 48 6560 83 LAIR 10966 148 8754 111 4270 54 Impostos 3551 48 3526 45 1186 15 Lucro líquido do exercício 7415 10 5228 66 3084 39 É possível observar que a empresa teve pequeno crescimento mas gradual e constante tanto nas despesas de vendas como administrativas As despesas financeiras mais que dobraram nos períodos analisados prejudicando dessa maneira o resultado da empresa 19 Após essas análises se faz necessário buscar uma explicação para as oscilações apontadas Muitas dessas explicações constam nas próprias notas explicativas dos balanços mas complementarmente é necessário buscar informações na mídia especializada E na época a empresa de fato acusou o impacto do crescimento de grandes concorrentes do mesmo setor além de terem reconhecido trabalhar com uma estrutura administrativa inchada 23 Análise de índices financeiros Conforme Brigham e Weston 2004 a análise de índices econômicofinanceiros é o primeiro passo de uma análise sendo que sua finalidade é mostrar as relações entre as contas da administração financeira Segundo Assaf Neto e Lima 2014 os índices estão classificados em quatro grupos Índices financeiros Liquidez Atividade Rentabilidade Endividamento 231 Índices de liquidez Os índices de liquidez indicam a capacidade de a empresa honrar os seus compromissos Os mais comuns são Índices de liquidez Liquidez corrente Liquidez seca Liquidez geral Cada um desses índices indica quantos reais a empresa possui para cada R 100 de dívida Dessa forma quanto maior do que 1 for cada índice melhor Para o cálculo são utilizadas as seguintes fórmulas 20 𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑠𝑒𝑐𝑎 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧á𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑒𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜 A título de exemplo observe o cálculo dos índices de liquidez da Natura SA para o ano de 2014 𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 42390 14 31187 𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑠𝑒𝑐𝑎 42390 8900 11 31187 𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑙 42390 5936 856 08 31187 29321 Para os três exercícios seriam os seguintes resultados Cálculos dos índices 2014 2015 2016 Liquidez corrente 14 13 11 Liquidez seca 11 11 09 Liquidez geral 08 08 11 Percebese que a empresa possui boa capacidade para honrar seus compromissos tanto de curto como de longo prazo observado o resultado próximo de 1 21 232 Índices de atividade Os índices de atividade conforme mostram Assaf Neto e Lima 2014 objetivam medir as diversas durações de um ciclo operacional o que envolve as atividades de uma empresa que vão desde a aquisição de itens para a produção até o recebimento das vendas realizadas Para reduzir esse prazo que deve ser o menor possível as empresas buscam prazos com seus fornecedores Ao subtrair o prazo médio de pagamentos do ciclo operacional chegase ao resultado do Ciclo Financeiro que é o período que a empresa fica com o caixa a descoberto e vai precisar financiálo com operações de desconto de duplicatas Quanto maior o ciclo financeiro pior para a empresa pois maior vai ser a demanda por crédito o que vai prejudicar a sua rentabilidade Entre os pontos a serem analisados destacase aqui o prazo médio dos estoques pois indica se a empresa está administrando o nível de sua produção de maneira adequada Em momentos de crise pode sair mais barato para a empresa negociar férias coletivas por exemplo para reduzir os custos de estocagem e de produção Existem basicamente cinco índices de atividade Índices de atividades Prazo Médio de Estoques PME Prazo Médio de Recebimentos PMR Ciclo Operacional CO Prazo Médio de Pagamentos PMP Ciclo Financeiro CF Cujas fórmulas são respectivamente 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 360 𝑐𝑚𝑣 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 360 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐶𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑃𝑀𝐸 𝑃𝑀𝑅 22 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 360 𝑐𝑚𝑣 𝐶𝑖𝑐𝑙𝑜 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 𝐶𝑂 𝑃𝑀𝑃 A título de exemplo observe o cálculo dos índices de atividade da Natura SA para o ano de 2014 𝑃𝑀𝐸 8900 360 1424 𝑑𝑖𝑎𝑠 22501 𝑃𝑀𝑅 8474 360 412 𝑑𝑖𝑎𝑠 74084 CO 1836 dias 𝑃𝑀𝑃 5996 360 959 22501 𝑪𝑭 𝟏𝟖𝟑 𝟔 𝟗𝟓 𝟗 𝟖𝟕 𝟔 𝒅𝒊𝒂𝒔 Para os três exercícios seriam os seguintes resultados 2014 2015 2016 Prazo Médio de Estoques 1424 1436 1230 Prazo Médio de Recebimentos 412 414 479 Ciclo Operacional 1836 1850 1708 Prazo Médio de Pagamentos 959 1196 1199 Ciclo Financeiro 876 654 509 De onde se percebe que a empresa vem reduzindo os seus estoques desenvolvendo uma política mais rígida junto aos seus fornecedores uma vez que se verifica o aumento nos prazos médios de pagamento o que contribuiu para melhora de seu ciclo financeiro 23 𝑃𝐿 𝐴𝑇 𝑃𝐿 𝐴𝑇 233 Índices de endividamento Conforme Assaf Neto e Lima 2014 esses índices são usados com a finalidade de medir a composição das fontes de recursos de terceiros de uma empresa Eles mostram o quanto recursos próprios e de terceiros são usados para o financiamento de uma empresa Aqui serão destacadas duas medidas Participação do capital de terceiros sobre o capital próprio PPL Exigível total sobre o ativo total PAT 𝑃 𝑒𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑃 𝑒𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 Em PPL quanto maior do que 1 pior pois indica haver mais capital de terceiros aplicados na empresa do que recursos dos sócios já em PAT indica a participação do capital de terceiros na composição de ativos da empresa sendo que quanto mais próximo de 1 pior A título de exemplo observe o cálculo dos índices de endividamento da Natura SA para o ano de 2014 𝑃 31187 29321 53 11486 𝑃 31187 29321 084 71994 24 Para os três exercícios seriam os seguintes resultados 2014 2015 2016 PPL 53 77 75 PAT 084 089 088 Aqui se percebe que a empresa está com elevada alavancagem considerando que para cada R 100 de capital próprio há R 700 de capital de terceiros Verificase também que a participação de capital de terceiros no ativo total é de quase 90 234 Índices de rentabilidade Conforme Assaf Neto e Lima 2014 os indicadores de rentabilidade buscam avaliar o retorno auferido pela empresa considerando determinados parâmetros As bases de comparação adotadas para o estudo dos resultados empresariais são Retorno sobre o ativo ROA Retorno sobre o patrimônio líquido ROE Cálculo do ROA 𝑅𝑂𝐴 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 Conforme Assaf Neto e Lima 2014 o ROA pode ser analisado como sendo o custo financeiro máximo que a empresa pode incorrer em suas operações de financiamento O lucro operacional líquido é calculado deduzindose os impostos do resultado operacional Cálculo do ROE 𝑅𝑂𝐸 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 25 O ROE mostra o retorno dos recursos aplicados na empresa por seus proprietários ou seja para cada R 100 investido de recursos próprios mostra o quanto os sócios têm de retorno A título de exemplo observe o cálculo dos índices de rentabilidade da Natura SA para o ano de 2014 𝑅𝑂𝐴 13648 3551 100 140 71995 𝑅𝑂𝐸 7415 100 646 71995 Para os três exercícios seriam os seguintes resultados 2014 2015 2016 ROE 646 485 310 ROA 140 96 115 É possível perceber que todos os índices da empresa vêm tendo queda de rentabilidade tanto sobre o ativo como sobre o patrimônio líquido Em 2016 por exemplo para cada R 10000 investidos na empresa os sócios tiveram um retorno de R 3100 24 Estudos de alavancagem A expressão alavancagem é utilizada em finanças corporativas em analogia a uma propriedade da física na qual a utilização de uma alavanca apoiada em um ponto fixo permite movimentar um peso com menor esforço do que se fosse movido diretamente A analogia é utilizada para mensurar os efeitos decorrentes da existência de custos e despesas fixos operacionais e financeiros como alavancas para maximizar o lucro da empresa MEGLIORINI VALLIM 2009 26 Em virtude da forma como a expressão é utilizada em finanças corporativas a análise de alavancagem é um dos processos mais importantes na avaliação do desempenho econômicofinanceiro de uma empresa A elevação do resultado operacional e líquido é o ponto central que norteia a tomada de decisões financeiras e esse desempenho é demonstrado pelo grau de alavancagem A aplicação da alavancagem operacional e financeira na avaliação de uma empresa permite que se conheça sua viabilidade econômica identificandose claramente as causas que determinaram eventuais variações nos resultados ASSAF NETO 2020 Ainda segundo Assaf Neto 2020 o estudo da alavancagem operacional viabiliza a avaliação da natureza cíclica de um negócio e a variabilidade de seus resultados operacionais Por outro lado a alavancagem financeira oportuniza uma análise sobre como o endividamento da empresa está influenciando a rentabilidade de seus proprietários Por meio de seu estudo é possível segregar o lucro operacional da empresa ou seja o resultado gerado por seus ativos e determinado exclusivamente pelas decisões de investimento do lucro líquido influenciado também pelas decisões de financiamento Por fim a alavancagem total traz uma visão dos reflexos de toda estrutura de custos de uma empresa sobre suas decisões operacionais e financeiras combinando as análises de alavancagem operacional e financeira Para melhor compreensão dos efeitos dos custos e despesas fixos na alavancagem de lucros é preciso diferenciar custos fixos e variáveis Observe na figura a seguir uma visão sintética do comportamento desses custos 27 Fonte Mengliorini Vallim 2009 p 157 Figura 21 Custos x volume de produção O gráfico expressa o comportamento dos custos em relação ao volume de produção e vendas Veja que os custos fixos se mantêm inalterados quando o volume de produção aumenta entre X1 e X2 Por outro lado os custos variáveis aumentam conforme o volume produzido cresce Por conseguinte o custo total soma dos fixos e variáveis também aumenta conforme o volume produzido Os estudos de alavancagem são baseados na demonstração de resultados da empresa como você observa na figura a seguir Fonte Mengliorini Vallim 2009 p 162 Figura 22 Alavancagem e a demonstração de resultados Observe que a alavancagem operacional é situada entre a receita de vendas e o Lajir enquanto a financeira estabelece relações entre o Lajir e o Lucro Líquido A 28 alavancagem total que resulta da combinação das duas anteriores associa diretamente a receita de vendas ao lucro líquido Dessa forma os estudos de alavancagem consideram que os custos fixos por não se alterarem em função do aumento da produção e das vendas devem ampliar os lucros uma vez que a receita de vendas cresce e os custos se mantêm no mesmo patamar ALAVANCAGEM OPERACIONAL Esse tipo de alavancagem pode ocorrer em função da presença de custos e despesas fixos na estrutura operacional da empresa Isso acontece porque as decisões financeiras relacionadas à expansão do nível de atividade a partir de uma estrutura de custos e despesas operacionais fixos têm por objetivo o aumento do lucro operacional que na demonstração de resultados é apresentado como Lucro antes dos juros e dos impostos sobre lucros Lajir Custos e despesas como depreciação de máquinas e equipamentos aluguel salários das áreas administrativas por exemplo não sofrem variação em virtude de mudanças no volume de atividade mantendose relativamente constantes ao longo do tempo pois independem do volume de produção ou de vendas ocorrido em determinado período ASSAF NETO 2020 MEGLIORINI VALLIM 2009 É importante destacar que a expressão custos e despesas fixos não significa que os valores envolvidos são constantes fixos mas ao fato de sua relação não estar vinculada ao volume de atividade Os salários do pessoal da administração por exemplo sofrem alterações de valor pela aplicação anual do reajuste salarial assim como os aluguéis são reajustados em virtude das condições contratuais negociadas No entanto essa variação no valor não ocorre por causa de oscilações observadas na produção e nas vendas É com base nessa estrutura de custos e despesas que a alavancagem operacional evidencia como uma alteração no volume de vendas influencia o lucro operacional da empresa A questão que ela responde é sobre o impacto que o lucro sofre em função de um dado aumento das vendas Por exemplo se as vendas sofrerem uma variação 29 de 10 quais seriam os impactos no lucro operacional Para responder a esse tipo de questão vamos a um exemplo Considere duas empresas A e B que são semelhantes em todos os fatores com exceção da sua estrutura de custos A empresa A por ser mais automatizada tem uma relação custo e despesa fixocusto e despesa total mais alta que B Os resultados dessas empresas são apresentados a seguir Tabela 210 DRE empresas A e B DRE Empresa A Empresa B Receita de vendas 10000 100 10000 100 Custos e despesas variáveis 3000 30 7000 70 Lucro bruto 7000 70 3000 30 Custos e despesas fixas 6000 2000 Lajir 1000 1000 Fonte adaptado de Assaf Neto 2020 p 120 As duas empresas obtiveram o mesmo volume de vendas e lucro operacional no entanto a capacidade da empresa A em alavancar seus resultados operacionais é superior à demonstrada por B O risco operacional de A diante da variabilidade de seus lucros também é maior que o de B Tudo isso pode ser explicado pela maior participação dos custos e despesas fixos na estrutura da empresa A do que em B Para identificar em que medida essas estruturas de custos e despesas fixos refletem na geração de lucro operacional é preciso calcular o Grau de Alavancagem Operacional das duas empresas Grau de Alavancagem Operacional GAO O GAO é o indicador de medida da alavancagem operacional ele representa o potencial de lucro operacional que pode ser obtido com a variação das vendas É calculado com base na variação das receitas de vendas e do Lajir em determinado período de tempo 30 Voltando às empresas do exemplo vamos supor que ambas obtivessem um aumento de 20 em suas vendas Qual delas demonstraria maior grau de alavancagem operacional Para o cálculo devemos considerar que a proporção de custos variáveis em relação às vendas é mantida Tabela 211 GAO com aumento de 20 das vendas DRE Empresa A Empresa B Receita de vendas 12000 100 12000 100 Custos e despesas variáveis 3600 30 8400 70 Lucro bruto 8400 70 3600 30 Custos e despesas fixas 6000 2000 Lajir 2400 1600 Variação do Lajir 140 60 Variação da receita 20 20 GAO 7 3 Fonte adaptado de Assaf Neto 2020 p 121 O GAO das empresas demonstra que a empresa A proporciona um aumento do Lajir 7 vezes maior que a variação da receita enquanto na empresa B o aumento é de 4 vezes Isso acontece porque a empresa A apresenta maior participação de custos e despesas fixos o que concede maior potencial de promover resultados No entanto é importante destacar que a alavancagem operacional ocorre nos dois sentidos ou seja se houver uma queda na geração de receitas os impactos nos lucros serão os mesmos mensurados pelo GAO das empresas 31 Tabela 212 GAO com queda de 20 das vendas DRE Empresa A Empresa B Receita de vendas 8000 100 8000 100 Custos e despesas variáveis 2400 30 5600 70 Lucro bruto 5600 70 2400 30 Custos e despesas fixas 6000 2000 Lajir 400 400 Variação do Lajir 140 60 Variação da receita 20 20 GAO 7 3 Fonte adaptado de Assaf Neto 2020 p 121 Podemos concluir então que o grau de alavancagem operacional GAO funcionando nos dois sentidos revela a alavancagem dos lucros e dos prejuízos Quanto maior o GAO maior a participação dos custos e despesas fixos na estrutura de resultados e também maior o risco operacional da empresa Como em finanças corporativas a rentabilidade deve ser considerada em relação ao risco níveis mais elevados de alavancagem operacional implicam maior risco pois uma redução no volume de vendas reduz as margens necessárias para cobrir os custos e despesas fixos ALAVANCAGEM FINANCEIRA A alavancagem financeira é resultado da existência de despesas financeiras decorrentes dos juros cobrados pela utilização de capital de terceiros que integra a estrutura de capital da empresa Essas despesas tendem a se manter constantes mesmo com as variações da produção e das vendas por isso quando as receitas e o lucro operacional aumentam e as despesas financeiras permanecem o lucro líquido aumentará Essa situação é observada quando o custo do capital de terceiros é menor que os retornos produzidos por sua aplicação A diferença positiva encontrada promove uma elevação mais que proporcional nos resultados líquidos dos proprietários alavancando a rentabilidade ASSAF NETO 2020 MEGLIORINI VALLIM 2009 32 Grau de Alavancagem Financeira A proporção em que a alavancagem financeira ocorre é medida pelo Grau de Alavancagem Financeira GAF um indicador do potencial de rentabilidade do capital de terceiros captado para garantir as operações da empresa Por meio dele é possível observar o impacto causado por uma elevação do Lajir no Lucro Líquido O GAF é calculado com base na variação do Lajir e do Lucro Líquido em determinado período de tempo Para observar o fenômeno da alavancagem financeira vamos utilizar o exemplo com informações sintéticas de uma DRE a seguir Tabela 213 GAF com aumento do Lajir DRE Ano 1 Ano 2 Lucro operacional Lajir 60000 96000 Despesas financeiras 15000 15000 Lucro antes dos impostos Lair 45000 81000 Impostos sobre lucros 34 15300 27540 Lucro Líquido 29700 53460 Variação LL 80 Variação Lajir 60 GAF 133 Fonte elaborado pela autora com fins didáticos 2020 O GAF demonstra que relação entre a variação do Lajir e do Lucro Líquido é maior que 100 indicando a existência de alavancagem financeira favorável O retorno do investimento supera o custo do capital de terceiros produzindo resultados positivos aos proprietários Nessa situação qualquer variação no lucro operacional resultará em uma variação 136 vezes maior no resultado líquido dos proprietários No entanto é preciso considerar que a alavancagem financeira assim como a operacional também funciona no sentido contrário Se por um lado quanto maior for o GAF mais elevada se apresenta a capacidade de a empresa elevar o retorno de seus 33 proprietários com o acréscimo no lucro operacional em caso de redução do nível de atividade com queda das vendas o lucro operacional será reduzido e a alavancagem financeira causará redução no lucro líquido Observe utilizando o mesmo exemplo anterior o impacto no lucro líquido quando há uma queda no Lajir provocada por uma queda nas vendas Tabela 214 GAF com queda do Lajir DRE Ano 1 Ano 2 Lucro operacional Lajir 60000 24000 Despesas financeiras 15000 15000 Lucro antes dos impostos Lair 45000 9000 Impostos sobre lucros 34 15300 3060 Lucro Líquido 29700 5940 Variação LL 80 Variação Lajir 60 GAF 133 Fonte elaborado pela autora com fins didáticos 2020 O GAF de 133 funcionou em direção a uma queda na rentabilidade o que significa que a existência de despesas financeiras contribuiu para consumir a riqueza dos proprietários É possível concluir portanto que a crescente participação de recursos de terceiros na estrutura de capital faz com que a empresa assuma maiores riscos financeiros endividamento Assim uma eventual redução em sua atividade operacional pode levar a alavancagem financeira a atuar de maneira desfavorável consumindo os resultados dos proprietários Por isso a necessidade de o gestor financeiro manter as decisões relacionadas à captação de recursos com base na relação entre o risco e retorno dos investimentos 34 ALAVANCAGEM TOTAL A alavancagem total também chamada de alavancagem combinada expressa os impactos do conjunto das alavancagens operacional e financeira Ela permite analisar a repercussão que uma oscilação nas vendas e receitas promove no lucro líquido portanto mede os efeitos dos custos e despesas fixos operacionais e financeiros nos resultados líquidos dos proprietários ASSAF NETO 2020 MEGLIORINI VALLIM 2009 Grau de alavancagem total GAT O GAT é o indicador de medida da combinação entre a alavancagem operacional e a financeira pois ele representa o potencial de lucro líquido que pode ser obtido com a variação das vendas O GAT é calculado com base na multiplicação do GAO e GAF Na figura a seguir um exemplo de demonstração de resultados apresenta simulações com o aumento e a queda do nível de atividade e de receitas de 20 Observe como se comportam as alavancagens nesse contexto Fonte Assaf Neto 2020 p 131 Figura 23 Demonstração de resultados com simulação de GAO GAF e GAT 35 Com um grau de alavancagem operacional de 207 e 116 para o grau de alavancagem financeira o grau de alavancagem total é de 24 Esse valor de GAT indica que para cada 1 de aumento no volume de atividade ocorre uma elevação de 24 no lucro líquido dos proprietários Observe que essa relação se mantém em ambos os cenários ou seja a relação entre as variações das vendas e do lucro líquido é a mesma quando há aumento ou redução da atividade empresarial e consequente impacto nas receitas A análise de alavancagem proporciona inúmeros benefícios ao gestor financeiro uma vez que permite simular e avaliar até que ponto a busca por aumento das receitas terá como resultado um aumento no lucro operacional contribuindo para o adequado dimensionamento na estrutura de custos operacionais fixos Além disso também permite que diversas estruturas de capital e respectivos custos sejam analisados para que se possa identificar a combinação entre recursos próprios e de terceiros que mais contribuem para a maximização da riqueza da empresa e de seus proprietários 25 A criação de valor o EVA e o MVA O capital é uma commoditie internacional e dessa maneira a sua aquisição é cada vez mais disputada pelas empresas Como recompensa para esses investidores as empresas precisam gerar retornos cada vez maiores ou seja precisam criar valor econômico ou valor econômico agregado Conforme Assaf Neto e Lima 2014 as empresas precisam criar valor que pelo menos seja maior do que o seu custo de capital pois caso contrário estarão destruindo valor As medidas de mensuração de valor que serão aqui expostas são o EVA e o MVA Segundo Assaf Neto e Lima 2014 o EVA seria o resultado de uma empresa após a dedução do custo do capital próprio Caso o resultado seja positivo existe criação de valor para o acionista caso contrário destruição de valor Entretanto em seu cômputo é considerado também os custos de capital de terceiros pois é necessário analisar a criação de valor como sendo resultante da subtração dos custos totais de capital 36 A combinação de capital próprio e de terceiros que existe para financiar uma empresa evidencia a sua estrutura de capital Ao calcular o custo de capital de uma empresa é preciso considerar que as fontes de capital próprio e de terceiros possuem diferentes custos Assim sendo é necessário o cálculo do custo médio ponderado de capital CMPC ou WACC em sua sigla em inglês Weighted Average Cost Capital O EVA seria dado por EVA Resultado Operacional Líquido WACC x Investimento WACC Ke x PL x Ki x Wp Sendo que Ke custo de capital próprio Wpl participação do capital próprio Ki custo do capital de terceiros Wp participação do capital de terceiros O MVA é uma avaliação calculada tendo como base as expectativas do mercado com relação ao investimento criar valor Ainda segundo os autores esse resultado seria o valor intangível do negócio chamado de goodwill que foi gerado em função de sua gestão Conforme Assaf Neto e Lima 2014 o MVA seria o valor presente do EVA 𝐸𝑉𝐴 𝑊𝐴𝐶𝐶 REFERÊNCIAS ASSAF NETO A LIMA F G Curso de administração financeira 3 ed São Paulo Atlas 2014 BRIGHAM E F WESTON J Fred Fundamentos da administração financeira São Paulo Makron Books 2004 ASSAF NETO Alexandre Estrutura e análise de balanços um enfoque econômico financeiro 12 ed São Paulo Atlas 2020 MVA 37 MEGLIORINI Evandir VALLIM Marco A Administração financeira uma abordagem brasileira 2 ed São Paulo Pearson Prentice Hall 2009 38 3 O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO Em finanças há um jargão famoso que ilustra bem a questão do valor do dinheiro no tempo um dólar hoje vale mais do que um dólar amanhã Isso se dá diante da expectativa de se investir esse capital hoje e receber uma remuneração maior do que receber esse capital somente no futuro É perceptível então que a problemática do valor do dinheiro no tempo é uma questão da remuneração do capital e do custo de oportunidade que se assume ao não contar com o recurso em mãos hoje Conforme Assaf Neto Receber uma quantia hoje ou no futuro não são evidentemente a mesma coisa Em princípio uma unidade monetária hoje é preferível à mesma unidade monetária disponível amanhã Postergar uma entrada de caixa recebimento por certo tempo envolve um sacrifício o qual deve ser pago mediante uma recompensa definida pelos juros Dessa forma são os juros que efetivamente induzem o adiamento do consumo permitindo a formação de poupanças e de novos investimentos na economia 2017 p 1 31 Juros Conforme Assaf Neto e Lima 2014 p 66 o juro pode ser entendido como o custo do dinheiro É o preço que se cobra para emprestar dinheiro ou o retorno que se espera ganhar em operações de investimento ou seja o preço a ser recebido ou pago por emprestar ou tomar emprestado recursos de terceiros 39 Os juros e o tempo são duas variáveis diretamente associadas quanto maior for o tempo que o capital ficar tomado maiores os juros a serem pagos Dessa forma o administrador financeiro precisa gerenciar essa questão por impactar diretamente sobre os custos de capital quanto maior for o uso de capital de terceiros maiores serão os custos financeiros e isso impactará negativamente na rentabilidade dos negócios Os juros normalmente são expressos sobre a forma de taxa A relação entre a remuneração do capital e o capital usado é denominada taxa de juros Considere por exemplo os juros de R 10000 gerados sobre um capital de R 100000 A taxa é obtida da seguinte maneira 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑅 10000 100 01 100 10 𝑅 100000 A remuneração de juros sobre o capital e sua posterior reaplicação é denominada capitalização Conforme Assaf Neto e Lima 2014 há dois critérios de capitalização de taxas de juros A capitalização pode se dar linearmente sobre o principal ou seja os cálculos dos juros são feitos somente sobre o principal Esse critério é denominado juros simples A capitalização pode se dar exponencialmente sobre o principal ou seja os juros não são calculados sobre o principal mas sobre o saldo devedor acumulado ocorrendo juros sobre juros periodicamente Esse critério é denominado juros compostos Nas duas metodologias os juros gerados sobre um principal aumentam em função do tempo mas no caso da capitalização composta os juros gerados são maiores Percebam que o valor calculado foi multiplicado por 100 para que o resultado se dê em termos porcentuais 40 Nas operações de curto prazo normalmente são usados juros simples já nas operações de longo prazo são usados juros compostos Fonte ASSAF NETO 2017 p 7 Figura 31 Comportamento dos juros simples e composto Antes de se iniciar a demonstração da resolução de problemas envolvendo juros simples e compostos é importante estabelecer o conceito de algumas variáveis Tabela 31 Definição das variáveis de juros Variável Definição Principal ou valor presente É o valor negociado nas operações financeiras sendo expresso nas calculadoras financeiras pela sigla PV Present Value em inglês Taxa de juros Relação entre os juros e o principal sendo indicada nas calculadoras pela letra i de interest rates em inglês Montante ou valor futuro É a soma do principal mais os juros É expresso nas calculadoras pela sigla FV Future Value em inglês Parcelas Servem para indicar as situações nas quais o retorno do capital não se dá de uma única vez Nesse caso é indicada nas calculadoras financeiras pela sigla PMT payments em inglês Juros Remuneração do capital Nas fórmulas será indicada pela letra J Período Período da operação Nas fórmulas e nas calculadoras é expresso pela letra n number of periods em inglês 41 32 Taxas equivalentes Por definição conforme Assaf Neto e Lima 2014 taxas equivalentes são taxas de juros que geram os mesmos montantes quando aplicadas sobre um mesmo capital e prazo Sendo que ie taxa de juros equivalente a uma parte de determinado intervalo do tempo i taxa de juros efetiva do período Prazo que eu tenho grandeza temporal da taxa de juros informada Prazo que eu quero grandeza temporal da taxa de juros que se quer a equivalência Parte 1 Quando se tem a taxa de juros em unidade de tempo menor e quer calcular unidade maior Exemplo ao mês am para taxa ao ano aa 28 am para aa 1 ou 1 1 1 139289 1 039289 x 100 3929 aa Outros Exemplos Calcular taxa equivalente 28 am para os seguintes períodos a 1 mês e meio ou 45 dias expoente n 4530 ou 151 42 1 ou 1 1 1 104229 1 004229 x 100 423 em 1 mês e meio ou por 45 dias b Bimestre expoente n 6030 ou 21 1 ou 1 1 1 105678 1 005678 x 100 568 a b c Trimestre expoente n 9030 ou 31 1 ou 1 1 1 108637 1 008637 x 100 864 a t Parte 2 Quando se tem a taxa de juros em unidade de tempo maior e quer calcular unidade menor Exemplo taxa ao ano aa para taxa ao mês am 36 aa para am 1 ou 1 1 102595 1 002595 x 100 260 am Calcular taxa equivalente 36 aa para os seguintes períodos 43 d Ao dia expoente n 1360 1 ou 1 1 1 100085 1 000085 x 100 009 ad e Bimestre expoente n 60360 ou 16 1 ou 1 1 1 105258 1 005258 x 100 526 a b f Trimestre expoente n 90360 ou 14 1 ou 1 1 1 10799 1 00799 x 100 799 a t Resolução calculadora HP 12C Comando Significado F REG Limpa memória 021 enter Taxa de juros já dividida por 100 1 Somase 1 12 1x yx Calculase o inverso de 12 e depois 112112 1 100 x multiplica Taxa equivalente mensal 44 Por esse caminho se chega a taxa de 16 ao mês Comando Significado F REG Limpa memória 021 enter Taxa de juros já dividida por 100 1 Somase 1 12 1x yx Calculase o inverso de 4 e depois 11214 1 100 x multiplica Taxa equivalente mensal Por esse caminho se chega a taxa de 488 ao trimestre 33 Juros simples e juros compostos Conforme foi dito no início deste capítulo os sistemas de capitalização podem ser lineares juros simples ou exponenciais juros compostos A seguir será analisada essa temática Aqui cabe observar que nas operações analisadas o retorno do capital somente se dará no final do período considerado nos problemas 331 Juros simples Conforme Assaf Neto e Lima 2014 p 66 Os juros são ditos simples quando não ocorre a capitalização dos mesmos ou seja não é cobrado juro dos juros Calculase o juro de um período e sobre ele não é mais calculado juro mesmo que o valor não seja pago 45 No critério linear os juros incidem unicamente sobre o principal capital inicialmente aplicado e geram em consequência remunerações ou custos diretamente proporcionais ao capital e prazo envolvidos na operação Considerando os significados das siglas expostas as fórmulas usadas para os cálculos em juros simples são as seguintes 𝐹𝑉 𝑃𝑉 𝐽 𝐽 𝑃𝑉 𝑖 𝑛 𝑃𝑉 𝐽 1 𝑛 𝑛 𝐽 𝑃𝑉 𝑖 𝑖 𝐽 𝑃𝑉 𝑛 𝐹𝑉 𝑃𝑉 1 𝑖 𝑛 𝑃𝑉 𝐹𝑉 1 𝑖 𝑛 Exemplos Calcule o valor futuro e os juros de uma aplicação de R 10000000 efetuada pelo prazo de 8 meses a uma taxa de juros simples de 18 ao ano Resolução Primeiro se calcula os juros proporcionais Como se tratam de juros simples a taxa proporcional é calculada simplesmente dividindose os juros ao ano por 12 meses Dessa forma i 1812 15 Depois se aplica a fórmula FV 100000 x 1 0015 x 8 R 11200000 46 Os juros são calculados pela diferença entre o valor futuro e o principal J R 11200000 R 10000000 R 1200000 Que capital gerou rendimento de R 35000 durante 10 meses a uma taxa de 10 ao mês Resolução PV R 35000 001 x 10 R 350000 Pedro pagou ao Banco JuroAlto R 1000 por um dia de atraso sobre uma prestação de R 15000 Qual foi a taxa mensal de juros aplicada pelo banco Resolução I R 1000 R 15000 x 1 00667 x 100 667 ao dia i mensal 667 x 30 dias 200 ao mês Determine o valor da aplicação cujo valor de resgate bruto foi de R 9000000 por um período de 1 mês sabendo que a taxa de juros foi de 20 ao mês Resolução PV R 9000000 1 002 x 1 R 8823529 Durante quanto tempo foi aplicado um capital de R 100000 que gerou rendimentos de R 30000 a uma taxa de juros de 15 ao mês Resolução N R 30000 R 100000 x 0015 20 meses 332 Juros compostos Segundo Assaf Neto e Lima 2014 p 68 Os juros são chamados de compostos quando incidem sempre sobre o saldo acumulado montante ocorrendo dessa forma juros sobre juros periodicamente No regime de juros compostos o juro gerado em determinada data é adicionado incorporado ao principal e serve de base para o cálculo de juros do período posterior 47 As fórmulas de juros compostos são as seguintes Fonte acervo pessoal As funções de períodos taxas parcelas valor presente e futuro já foram expostas Cabe informar que nas operações com a financeira é relevante teclar fclx para limpar Aqui também serão desenvolvidos os cálculos envolvendo o uso da calculadora financeira HP 12C e do software Excel além das fórmulas acima 48 4 a memória A tecla f também serve para ativar as funções em laranja na calculadora a tecla g faz o mesmo Exemplos Se uma pessoa desejar obter 20000000 dentro de um ano quanto deverá aplicar hoje num fundo que rende 30 at Em outras palavras qual é o valor presente dessa aplicação Pela fórmula 𝑃𝑉 200000 𝑅 17769741 1 003 Pela HP 12C 200000 CHS FV 3 i 4 n PV R 17769741 Calcule o valor futuro de um capital investido de R 1000000 aplicado a taxa de 15 ao mês durante 10 meses Fórmula 𝐹𝑉 100001 001510 𝑅 1160541 Pela HP 12C 10000 CHS PV 15 i 10 n R 1160541 Qual o tempo que um investimento de R 1000000 precisa ficar aplicado para gerar um valor futuro de R 1500000 a uma taxa de 15 ao mês Obs no cálculo de prazo pela fórmula arredondase sempre para mais Pela HP 12C 15000 CHS FV 10000 PV 15 i N 28 meses A que taxa mensal uma quantia de R 800000 gerou um valor futuro de R 950000 no prazo de 6 meses 𝑖 M a i s u m a v e z o z e r o 49 Pela HP 12C 9500 CHS FV 8000 PV 6n i 291 34 Séries uniformes de pagamentos As operações mais comuns do mercado financeiro de financiamentos de longo prazo envolvem parcelamentos Esse tema é abordado na literatura financeira quando se explicam resoluções de problemas em séries uniformes de pagamentos A série uniforme de pagamentos é aquela que prevê o pagamento de um determinado valor futuro parceladamente ou seja em uma série de pagamentos do mesmo valor em prazos iguais normalmente de 30 dias É o tipo de financiamento realizado para aquisição de bens de maior valor agregado como carros imóveis e alguns eletrodomésticos de alto valor O primeiro pagamento pode se dar a vista antecipada ou após 30 dias póstecipada As fórmulas de cálculo variam dependendo da forma de pagamento Fórmulas Na primeira fórmula você tem o valor das parcelas o prazo e a taxa de juros e quer saber o valor à vista do bem 50 Na segunda fórmula você tem o valor à vista do bem o prazo e as taxas e quer calcular as parcelas Na terceira fórmula você tem o valor de uma série de depósitos o prazo e a taxa de juros e quer calcular o valor futuro acumulado Na quarta fórmula você quer saber o quanto vai ter de depositar mensalmente para acumular determinado valor sabendo prazo e taxa Exemplos de cálculos séries uniformes de pagamentos póstecipados Um cidadão financiou a compra de um carro com parcelas de R 85000 a uma taxa de juros de 15 ao mês pelo prazo de 24 meses Qual foi o valor do saldo financiado 51 Como se trata de uma série de pagamentos póstecipada não foi preciso especificar o tipo 0 usado nas séries antecipadas default do sistema ou 1 para séries antecipadas Um carro teve um saldo devedor de R 1000000 financiado a uma taxa de juros de 15 ao mês pelo prazo de 24 meses De quanto foi o valor da parcela Desconsidere IOF e demais taxas Você vai começar a depositar R 10000 mensalmente em uma aplicação que paga rendimentos de 08 ao mês pensando nos estudos de seu filho que acabou de nascer O resgate será feito quando ele tiver 18 anos de idade Qual será o valor do resgate Obs Nesse caso é mais fácil passar o prazo de anos para meses 18 x 12 216 meses Você quer comprar um celular Apple mais recente para dar de presente de natal a alguém especial e observou que ele está sendo anunciado por R 450000 É mês de abril ainda faltando exatamente 8 meses para o natal Considerando que a taxa de juros que é possível obter é de 04 ao mês quanto seria necessário economizar mensalmente para acumular esse valor Considerando que o celular não vai aumentar de preço 52 Exemplos de cálculos séries uniformes de pagamentos postecipados Um eletrodoméstico está sendo oferecido nas seguintes condições pagamento à vista da primeira parcela de R 35000 mais 24 pagamentos mensais a uma taxa de juros de 05 ao mês Qual seria o valor à vista desse aparelho Aqui você está financiando a aquisição de um carro sendo que o saldo devedor é de R 1000000 e a taxa de juros é de 25 ao mês O prazo dos pagamentos é de 24 meses e a primeira parcela é paga no ato Qual seria o valor das parcelas Você decidiu viajar Para tal foi até o banco e fez uma aplicação programada sendo que a primeira será feita no ato da contratação A proposta é aplicar R 25000 Observação importante os cálculos na HP devem ser feitos com a função begin acionada Para tal você deve teclar G e depois o número 7 53 mensais para que depois de 12 meses se tenha um valor para as férias A taxa contratada foi de 08 ao mês No final desse período quanto se espera juntar Você é gerente de um banco e recebe um cliente que precisa acumular a quantia de R 5000000 em 2 anos para realizar a festa de casamento e ter a lua de mel dos sonhos A taxa de juros praticada pelo banco é de 07 ao mês para aplicações mensais Quanto esse cliente vai ter de economizar mês a mês considerando que ele trouxe recursos para fazer o primeiro depósito para aplicar no ato Na HP 12C 50000 chs FV 07 i 24 n PMT R 190715 35 Sistemas de amortização Assaf Neto 2017 p 233 ensina que os sistemas de amortização são desenvolvidos basicamente para operações de empréstimos e financiamentos de longo prazo envolvendo desembolsos periódicos do principal e encargos financeiros 54 Para compreender os sistemas de amortização é necessário entender alguns conceitos Tabela 32 Conceitos e significados de sistemas de amortização Conceito Significado Amortização A amortização referese exclusivamente ao pagamento do principal capital emprestado o qual é efetuado geralmente mediante parcelas periódicas mensais trimestrais etc Saldo devedor Representa o valor do principal da dívida em determinado momento após a dedução do valor já pago ao credor a título de amortização Prestação É composto do valor da amortização mais os encargos financeiros devidos em determinado período de tempo Assim Prestação Amortização Encargos Financeiros Fonte ASSAF NETO 2017 p 234 Os sistemas de amortização são classificados como Classificação dos sistemas de amortização Sistema de amortização constante Sistema de amortização francês Sistema de amortização americano Para explicar os três casos será usado o seguinte exemplo Um empréstimo de R 3000000 está sendo amortizado em 10 pagamentos mensais a uma taxa de juros de 15 ao mês Pedese calcular as parcelas as amortizações e o saldo devedor para cada pagamento conforme sistemas SAC SAF e SAA 351 Sistema de amortização constante Nesse sistema as amortizações são constantes Primeiro dividese o valor do empréstimo pelo número de parcelas para calcular a amortização O saldo devedor é calculado subtraindo a amortização do período do saldo devedor do período 55 anterior e os juros são calculados linearmente sempre sobre o saldo devedor Para isso multiplicase o saldo devedor do período anterior pela taxa de juros em decimal As parcelas são calculadas somando as amortizações com os juros Dada sua metodologia de cálculo os juros e as parcelas são decrescentes É usado no financiamento habitacional 352 Sistema de amortização francês Nesse sistema as parcelas são constantes Primeiro o cálculo das parcelas é feito utilizando como metodologia a série uniforme de pagamentos por juros compostos póstecipados Depois os juros são calculados tendo como base o saldo devedor do período anterior As amortizações são calculadas deduzindose as parcelas dos juros O novo saldo devedor é calculado subtraindose o saldo devedor do período anterior da amortização do período 56 Esse sistema é usado na maioria dos empréstimos para se adquirir bens de maior valor agregado Pela sua metodologia as amortizações são crescentes e os juros decrescentes 353 Sistema de amortização americano Nesse sistema na realidade há apenas uma única amortização no final do período do empréstimo Durante toda a vigência do empréstimo são pagos apenas os juros calculados considerando o valor principal No último período há o pagamento dos juros do período mais o principal Período Saldo devedor Amortizações Juros Parcelas 0 3000000 1 3000000 000 45000 45000 2 3000000 000 45000 45000 3 3000000 000 45000 45000 57 4 3000000 000 45000 45000 5 3000000 000 45000 45000 6 3000000 000 45000 45000 7 3000000 000 45000 45000 8 3000000 000 45000 45000 9 3000000 000 45000 45000 10 000 3000000 45000 3045000 Totais 3000000 450000 3450000 REFERÊNCIAS ASSAF NETO A LIMA F G Curso de administração financeira 3 ed São Paulo Atlas 2014 ASSAF NETO A Matemática financeira edição universitária São Paulo Atlas 2017 Os juros são calculados sobre o principal R 3000000 x 0015 R 45000 No final somase o principal mais juros R 3000000 R 45000 R 3045000 58 4 FLUXO DE CAIXA 41 Projeção financeira O orçamento é a principal ferramenta de trabalho do administrador financeiro É com base nas informações fornecidas por esse relatório que as decisões de gestão financeiras são tomadas sempre no sentido de buscar todos os meios para reduzir os custos de capital As projeções financeiras derivadas dessa ferramenta servem como meio de acompanhamento e controle e são realizadas considerando as condições econômicas políticas e sociais que impactam os diferentes setores de atuação assim como a economia como um todo Existem dois tipos de projeção financeira 59 42 Fluxos de Caixa Conforme Assaf Neto e Lima 2014 p 670 fluxos de caixa são os recursos que transitam entram e saem pelo caixa em determinado intervalo de tempo Os fluxos de caixa são instrumentos que são utilizados pelas empresas para realizar o controle e a gestão curto prazo e para avaliação de investimentos longo prazo Segundo Hoji 2017 os fluxos de caixa devem refletir as transações oriundas das atividades operacionais de investimentos e de financiamentos Do conceito de fluxo de caixa derivase o de fluxo de caixa líquido que conforme Assaf Neto e Lima 2014 p 670 mede o resultado de caixa da empresa sendo apurado pela soma do resultado líquido com as despesas não desembolsáveis como depreciação amortização e exaustão Considere os seguintes dados para o cálculo do fluxo de caixa líquido Vendas R 20000000 Despesas Operacionais Desembolsáveis R 9000000 Despesas com Depreciação R 40000000 Despesas Financeiras R 3500000 Imposto de renda 35 60 Tabela 41 Dados para o cálculo do fluxo de caixa líquido 421 Demonstrativo do Fluxo de Caixa DFC Conforme Assaf Neto e Lima 2014 p 213 a elaboração e publicação da DFC se tornou obrigatória através da Lei n 116382007 em substituição à DOAR Ainda segundo os autores os DFCs podem ser classificados em três categorias Fluxo de caixa das operações é relacionado à entrega de bens e serviços As entradas de caixa incluem os recebimentos à vista por bens e serviços As saídas de caixa indicam pagamentos a fornecedores impostos taxas salários entre outros passivos Fluxo de caixa das atividades de financiamento são atividades referentes a empréstimos e financiamentos As entradas de recursos seriam as derivadas da obtenção de empréstimos e financiamentos As saídas seriam os pagamentos de dividendos e amortizações de empréstimos e financiamentos Fluxo de caixa das atividades de investimento conforme Assaf Neto e Lima 2014 p 213 são as atividades referentes a investimentos relacionados ao aumento ou diminuição dos ativos de longo prazo utilizados na produção de bens e serviços 61 422 Métodos do fluxo de caixa Conforme Hoji 2017 os Demonstrativos de Fluxo de Caixa podem ser elaborados tanto pelo método direto como pelo método indireto Ainda segundo o autor A DFC elaborada pelo método direto evidencia os principais itens de recebimento e pagamento pelos seus efetivos valores o que facilita a visualização e a compreensão dos fluxos financeiros Já A DFC elaborada pelo método indireto parte do lucro ou prejuízo líquido do exercício ajustando os valores que não impactaram o caixa complementando com aumento ou redução dos saldos das contas de ativos e passivos operacionais HOJI 2017 p 2656 Hoji 2017 mostra dois exemplos de DFC Tabela 42 Método Direto 62 Fonte HOJI 2017 p 265 Tabela 43 Método Indireto 63 Fonte HOJI 2017 p 266 Assaf Neto e Lima 2014 nos mostram uma estrutura resumida que elucida bem as diferenças entre esses dois métodos Quadro 41 Diferenças entre método direto e indireto Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 p 214 64 43 Tipos de orçamento Os orçamentos podem ser categorizados considerando o tipo de informação que fornecem o orçamento de caixa é realizado para o curto prazo sendo utilizado para gestão do dia a dia da empresa o orçamento de capital por outro lado merece especial atenção porque é usado para analisar a viabilidade econômica e financeira de investimentos 431 Orçamento de caixa Segundo Assaf Neto e Lima 2014 p 682 A projeção das necessidades de caixa será desenvolvida pelo levantamento de todas as entradas e saídas de recursos previstas em determinado período de tempo A técnica do orçamento de caixa permite que se obtenha maior eficiência no controle de seu saldo obtida mediante divisões de um período de planejamento maior em intervalos de tempo menores em bases mensais por exemplo Isso permite acompanhar o nível de caixa da empresa e efetuar os ajustes devidos tão logo ocorram os eventuais desvios entre os valores previstos orçados e os valores reais A importante ferramenta de gestão indica momentos em que eventualmente o caixa possa ficar em uma situação deficitária indicando necessidades de financiamento por outro lado pode apontar situações superavitárias o que pode ser útil para programação de investimentos É uma ferramenta simples de se utilizar conforme pode ser observado no exemplo a seguir Saldo de caixa existente no início do semestre 2000 Vendas previstas 20000 sendo que 60 desses valores sejam recebidos no semestre As compras de estoque previstas para o período atingirão 10000 e serão totalmente pagas no período de planejamento O total das despesas operacionais desembolsáveis atingirá 2000 no semestre Ao final de maio a empresa deverá pagar 1000 a título de despesas financeiras No início de março está previsto um aumento de capital mediante subscrição e integralização de novas ações no valor de 2000 65 No período início de abril ainda a empresa espera receber 1000 provenientes do realizável a curto prazo Resolução Lançamentos Valor A Saldo inicial de caixa R 200000 B Entradas previstas de caixa Recebimentos de vendas R 1200000 Aumento de capital por integralização R 200000 Recebimento de realizável a curto prazo R 100000 C Total das entradas R 1500000 D Saídas de caixa Compras de estoques R 1000000 Pagamento de despesas operacionais R 200000 Pagamento de despesas financeiras R 100000 E Total das saídas R 1300000 F Saldo líquido de caixa saldo inicial entradas saídas R 400000 Fonte adaptado de ASSAF NETO LIMA 2014 p 683 432 Orçamento de capital Conforme Hoji 2017 p 171 o orçamento de capital é um programa de aplicação de capital de longo prazo vinculado ao plano estratégico e trata de investimentos permanentes Segundo o autor podem ser considerados investimentos em ativos permanentes Participações em empresas controladas ou coligadas Terrenos e edificações Gastos com pesquisas e desenvolvimento de novos produtos e processos Marcas e patentes Máquinas e equipamentos O orçamento de capital é feito com base no chamado fluxo de caixa incremental e envolve a análise do valor do investimento e os incrementos nas receitas e despesas derivados daquele investimento A sua proposta é a de se analisar a viabilidade econômica e financeira em projetos de investimento Também é usado para analisar a viabilidade em empresas start up 66 Convencionemos para fins didáticos que o investimento será de R 500 mil e será realizado da seguinte forma R 200 mil serão recursos próprios e R 300 mil serão recursos de terceiros BNDES Considerando 100 de sua capacidade operacional você poderá produzir e vender 38 unidades por dia útil 22 dias no mês ao preço de R 10000 Dessa forma o lucro bruto anual será de R 95760000 R 380000 x 252 Portanto Custo de produção 60 das receitas brutas Matériaprima salários água luz aluguel etc Impostos estaduais 4 das receitas brutas Impostos federais 30 Taxa de juros do BNDES 8 ao ano Horizonte de planejamento 5 anos Para começar a resolver o problema é necessário calcular o valor das parcelas do financiamento de R 30000000 Vamos considerar pagamentos anuais a uma taxa de 8 ao ano em 5 anos A projeção deve ser feita levando em conta um horizonte de planejamento de cinco anos considerando que a empresa operou com 100 de sua capacidade instalada no primeiro ano 90 no segundo 70 no terceiro 80 no quarto e 90 no quinto ano 67 Em R 1000 Discriminação Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Vendas brutas 9576 8618 6703 7661 8618 Impostos estaduais 383 345 268 306 345 Receita líquida 9193 8274 6435 7354 8274 Custos de produção 5746 5171 4022 4596 5171 Margem bruta 3447 3103 2413 2758 3103 PagamentoFinanciamentos 751 751 751 751 751 Lucro antes do imposto de renda 2696 2352 1662 2007 2352 Imposto de renda 809 705 499 602 705 Saldo final 1887 1646 1164 1405 1646 Investimentos Recursos próprios 2000 Recursos de terceiros 3000 Total dos investimentos 5000 De onde se chega ao fluxo de caixa livre que é efetivamente o utilizado para aplicarmos as técnicas de orçamento de capital e avaliarmos se é viável ou não o investimento 44 Gestão de caixa Função típica do administrador financeiro a gestão otimizada do caixa vai ao encontro da principal finalidade dos administradores financeiros reduzir os custos de capital Denominado de Tesouraria ou Departamento Financeiro é o setor responsável pelas tomadas de decisão financeira Conforme Hoji A Tesouraria é uma das áreas mais importantes em uma empresa pois praticamente todos os recursos financeiros que giram na empresa transitam por ela A Tesouraria de empresa não financeira por ser uma área de apoio a unidades de negócios não tem como finalidade a geração de lucro mas pode ser estruturada de forma a agregar valores e contribuir substancialmente para geração de lucro com a viabilização econômica de projetos obtenção de recursos a custos adequados maximização da rentabilidade das aplicações financeiras etc De modo geral podese dizer que a finalidade básica da Tesouraria é assegurar os recursos e instrumentos financeiros necessários para a manutenção e viabilização dos negócios da empresa 2017 p 139 Dentre as atividades da tesouraria destacamse Planejamento financeiro 68 Administração do fluxo de caixa Negociação e controle de o Aplicações financeiras o Empréstimos e financiamentos o Garantias e seguros Administração dos riscos de flutuação de preços e taxas Operações de câmbio Crédito e cobrança Contas a pagar O sistema de Tesouraria é assim demonstrado por Hoji 2017 Fonte HOJI 2017 p 141 441 Ciclo operacional e financeiro Com o objetivo de alcançar uma visão clara da administração de caixa e das medidas que podem ser acionadas para um controle eficiente é interessante estudar com mais detalhes o ciclo de caixa de uma empresa ASSAF NETO LIMA 2014 p 672 O cálculo do ciclo de caixa operacional e do ciclo financeiro chamado pelo autor de ciclo de caixa necessidades já teve seu método visto anteriormente no estudo das metodologias de análise de balanços Para recordar o ciclo operacional é o período que existe desde o desembolso inicial das despesas para fabricar ou vender algo até o seu recebimento 69 O ciclo financeiro é calculado deduzindo o prazo médio obtido do ciclo operacional junto a fornecedores sendo dessa forma o período em que a empresa necessitará financiar seu capital de giro com capital de terceiros Considere o PME de 4 meses de recebimentos de 2 meses e de pagamentos de 2 meses O ciclo financeiro é dado conforme a seguir Quadro 42 Ciclo operacional e financeiro completo Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 p 673 442 Estratégias de controle de caixa Quanto maior for o ciclo financeiro de uma empresa maior vai ser a sua dependência de capital de terceiros Dessa forma estratégias no sentido de reduzir o ciclo financeiro consistem em Diminuir o prazo médio dos recebimentos Aumentar o prazo médio dos pagamentos Reduzir o prazo médio dos estoques aumentar o giro dos estoques Diminuir os prazos médios dos recebimentos pode significar em conflitos com os clientes Entretanto a redução de atrasos ou mesmo da inadimplência pode ser 70 amenizada com critérios mais rigorosos de seleção de crédito Os meios usados para análise de crédito são Análise dos demonstrativos financeiros Consulta a fontes de referência cadastral outros fornecedores de seus clientes instituições financeiras sistemas de proteção ao crédito como o Serasa Eventuais visitas às instalações dos clientes e entrevistas com seus executivos para avaliar suas expertises administrativas Para aumentar o prazo médio de pagamentos é necessário esforço adicional do setor de compras para buscar melhorar os prazos com fornecedores Entretanto isso vai depender de dois fatores Do poder de barganha existente entre cliente e fornecedor Dependência de matériaprima Para esse fim devem ser usadas técnicas de negociação com a proposta de buscar os menores prazos entre os fornecedores tomando o cuidado para não fazer o conhecido leilão pois essa forma de conduzir negociações pode colocar em cheque a credibilidade da empresa no mercado 45 Análise dinâmica do capital de giro Modelo Fleuriet A análise dinâmica do capital de giro é conhecida por diversas nomenclaturas tais como modelo dinâmico do capital de giro modelo de necessidade de capital de giro análise avançada de capital de giro e Modelo Fleuriet nome do criador da metodologia Tratase de uma metodologia destinada a avaliar os investimentos realizados em capital de giro de maneira diferente das técnicas tradicionais uma vez que considera os seus aspectos dinâmicos combinando aspectos quantitativos e qualitativos e ampliando as possibilidades de análise NASCIMENTO 2014 Em complemento além de o modelo favorecer uma avaliação mais analítica da posição financeira da empresa também oferece uma maneira relativamente simples e dinâmica para identificação das efetivas necessidades de capital de giro da empresa 71 ou seja do volume de investimento operacional em giro adequado ao equilíbrio financeiro ASSAF NETO SILVA 2012 Como vimos no Bloco 1 o balanço patrimonial é formado por grupos de contas de acordo com os prazos o circulante ativos e passivos de curto prazo e não circulante ativos e passivos de longo prazo A análise dinâmica do capital de giro considera a gestão de curto prazo da empresa portanto seu foco está nas contas do ativo e passivo circulante No entanto essa classificação é ainda aprofundada para aplicação do modelo com a separação das contas de acordo com a sua utilização no ciclo operacional e no ciclo financeiro como mostra a visão geral a seguir Figura 41 Visão geral da reclassificação do circulante Fonte Nascimento 2014 p 57 Dessa forma as contas são reclassificadas em ativo circulante operacional1 e financeiro e passivo circulante operacional e financeiro Essa reclassificação pode ser vista mais claramente com a visão sintética de um balanço patrimonial da figura a seguir 1 As expressões Operacional e Financeiro em referência ao Modelo de Fleuriet podem ser encontradas em algumas obras com a nomenclatura de Circulantes Cíclicos para os operacionais e Circulantes Erráticos para os financeiros 72 Fonte Assaf Neto e Silva 2012 p 66 Figura 42 Principais contas reclassificadas Como demonstra a Figura 42 e com base em Assaf Neto e Silva 2012 o ativo circulante operacional ACO engloba as contas que apresentam relação direta com a atividade operacional da empresa São elementos que recebem influência direta do volume de negócios tais como produção e vendas bem como das fases características do ciclo operacional como condições de recebimentos das vendas e dos pagamentos a fornecedores prazo de estocagem etc Portanto o ACO deve manter coerência com o ciclo operacional da empresa de forma que o volume dos investimentos nestes itens represente as suas necessidades de investimento em capital de giro Por outro lado o ativo circulante financeiro ACF é formado sem apresentar necessariamente um vínculo direto com o ciclo operacional da empresa assim não apresenta comportamento associado aos negócios e suas fases variando mais estreitamente em função da conjuntura e do risco de maior ou menor liquidez que a empresa deseja assumir Da mesma forma que o ACO o passivo circulante operacional PCO que evidencia as obrigações de curto prazo está relacionado ao ciclo operacional da empresa Por isso as contas do PCO representam as dívidas de funcionamento operacionais da empresa 73 O passivo circulante financeiro PCF inclui as obrigações da empresa com instituições financeiras e outras obrigações que também não apresentam nenhuma vinculação direta com sua atividade operacional As variações ocorridas no volume de atividade ou nas fases operacionais não refletem diretamente sobre o PCF Após a reclassificação das contas são calculados os indicadores utilizados na análise dinâmica o Capital Circulante Líquido CCL a Necessidade de Capital de Giro NCG e o Saldo de Tesouraria ST NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO NCG Os prazos de pagamentos e de recebimentos de acordo com Nascimento 2014 são difíceis de sincronizar em função dos diferentes prazos de pagamento produção das vendas e dos recebimentos que integram o ciclo operacional Se ele não gerar recursos suficientes para sustentar a operação da empresa surge a necessidade de capital de giro para suprir a diferença Assim ela ocorre quando as saídas acontecem antes das entradas Sua análise viabiliza a antecipação das necessidades de dinheiro para financiar as operações até que as vendas sejam recebidas Seu cálculo é realizado com a diferença entre as contas operacionais do circulante NCG ACO PCO A NCG varia em função da operação constante da empresa aumentando quando as contas operacionais do ativo aumentam ou o passivo operacional diminui E apresenta redução quando as operações caminham no sentido inverso Por isso ela pode ser positiva negativa ou nula NCG positiva indica que o fluxo de saída de recursos é mais rápido que o fluxo de entrada gerando necessidade de investimento em capital de giro O ACO maior que o PCO mostra que existe demanda de recursos para o giro do próprio negócio que podem ser obtidos com outros recursos próprios ou de terceiros NCG negativa quando o ACO é menor que o PCO não é necessário que a empresa procure obter recursos de giro Significa que o PCO está financiando todo ACO e pode haver excedentes aplicados em outras áreas ou em aplicações financeiras 74 NCG nula é uma das situações mais difíceis de ser observada pois implica que o ACO é exatamente igual ao PCO ou seja a empresa não tem necessidade de capital e consegue financiarse utilizando apenas as contas operacionais SALDO DE TESOURARIA ST A tesouraria constituise em um dos mais importantes elementos da Gestão Financeira de uma empresa pois é responsável por captação e aplicação de recursos financeiros de curto prazo Por isso ela é responsável pela gestão da liquidez e pelo retorno financeiro da organização Nesse contexto a gestão do Ativo Circulante Financeiro implica administrar as contas caixa bancos e aplicações financeiras enquanto o Passivo Circulante Financeiro envolve a administração de empréstimos e títulos de dívida de curto prazo bem como das duplicatas descontadas Por isso é fundamental a existência de estratégias específicas para investimentos financeiros e financiamentos de curto prazo MATIAS 2014 Nas situações em que o capital de giro não é suficiente para suprir NCG é preciso buscar outras fontes de recursos para suprir a diferença e manter as atividades operacionais da empresa Essa análise é feita por meio do Saldo de Tesouraria ST obtido pela diferença entre os ativos circulantes financeiros e os passivos circulantes financeiros de acordo com a fórmula ST ACF PCF No ACF estão todas as aplicações de curto prazo enquanto o PCF evidencia o total das fontes de recursos financeiros de curto prazo Por isso o ST é a diferença em curto prazo entre as aplicações e as fontes Assim como a NCG o ST também pode ser positivo negativo ou nulo ST positivo é obtido nas situações em que o ACF é superior ao PCF demonstrando que as aplicações de recursos no curto prazo estão sendo realizadas com certa folga financeira ST negativo é uma demonstração de que as fontes de recursos de curto prazo estão financiando as atividades operacionais o que significa uma exposição financeira porque a empresa corre o risco de não conseguir arcar com os seus pagamentos 75 ST nulo quando o ACF é igual ao PCF o ST é nulo indicando que há recursos suficientes de capital de giro para financiar a NCG A análise do ST também auxilia na demonstração de que a empresa está aproveitando de forma adequada as oportunidades de investir seus recursos financeiros CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO CCL O capital circulante líquido conforme Matias 2014 e Nascimento 2014 é a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante Tratase de um indicador que proporciona dois tipos de análise do ponto de vista das fontes de financiamento do ativo e da perspectiva da capacidade de pagamento O CCL é obtido com a fórmula CCL AC PC Em relação às fontes de financiamento quando o CCL é positivo significa que os recursos do passivo circulante não são suficientes para financiar os investimentos em ativos circulantes Portanto a empresa necessita buscar recursos fora do seu ciclo operacional ou seja a diferença é financiada por passivos de longo prazo Passivo não Circulante ou pelo capital próprio Patrimônio Líquido Do ponto de vista da capacidade de pagamento o CCL positivo indica que há poucas possibilidades de a empresa não conseguir arcar com as obrigações O contrário é verdadeiro ou seja um CCL negativo aponta para maior dificuldade para o pagamento das contas É por esse motivo que o CCL é o indicador que demonstra a folga financeira que a empresa possui para pagar todas as suas obrigações de curto prazo bem como o excedente originado pelas fontes de longo prazo necessárias para manter as operações da empresa Estruturas financeiras As diversas combinações entre as variáveis utilizadas no Modelo Fleuriet CCL NCG e ST permitem identificar a existência de seis estruturas financeiras observáveis no quadro a seguir 76 Quadro 42 Estruturas financeiras Tipoitem CCL NGC ST Situação I excelente II sólida III insatisfatória IV péssima V muito ruim VI alto risco Fonte elaborado pela autora com base em Nascimento 2014 p 67 As principais características de cada um dos tipos de estrutura estão no quadro a seguir Quadro 43 Características das estruturas financeiras Tipo I A empresa que se enquadra neste tipo tem estrutura financeira com excelente liquidez pois as NCG e o CCL representam fontes de recursos disponíveis para aplicação no ST gerando um ciclo financeiro negativo Tipo II Indica que a empresa tem uma situação financeira sólida pois o CCL é suficiente para financiar as NCG permitindo a aplicação de recursos no ST que é positivo Tipo III Mostra empresa com situação financeira insatisfatória uma vez que o CCL não é suficiente para financiar as NCG o que leva a empresa a captar recursos financeiros de curto prazo comprovação feita pelo ST negativo Tipo IV Evidencia uma empresa com ciclo financeiro negativo e revela situação financeira de alto risco pois tanto o CCL como as NCG são negativos Tipo V A empresa tem uma situação financeira muito ruim tendo em vista que parte de suas aplicações de longo prazo são financiadas a partir do ciclo financeiro formado por empréstimos de curto prazo Tipo VI É a estrutura financeira com perfil mais arriscado A empresa financia as NCG e o CCL com o ST o que indica dependência total de empréstimos de curto prazo Fonte elaborado pela autora com base em Nascimento 2014 p 66 Análise dinâmica do capital de giro e o crescimento do negócio O modelo apresentado é um instrumento importante para que a empresa elabore um planejamento para o aumento das vendas e o crescimento dos negócios mantendo o equilíbrio financeiro O objetivo é evitar a ocorrência de uma situação chamada de 77 overtrading na qual uma empresa aumenta seu nível de operação e de vendas muito acima de sua capacidade de recursos financeiros próprios Esse fenômeno é resultado do efeito tesoura em que um crescimento relevante das vendas não é suportado pelos recursos necessários à cobertura de maior necessidade de capital de giro Nesse cenário a empresa passa a utilizar recursos onerosos de curto prazo PCF para financiar sua NCG tornando seus negócios dependentes da manutenção dos recursos de terceiros obtidos em instituições financeiras mediante pagamento de juros NASCIMENTO 2014 Nessa situação observase um crescimento acelerado das NCG e a queda constante do ST que muitas vezes se torna negativo Essa situação foi chamada de efeito tesoura em virtude de o gráfico que ilustra a evolução dessas duas variáveis assumir a forma de uma tesoura aberta Esse efeito você pode observar na figura a seguir Figura 42 Modelo Fleuriet Efeito tesoura Fonte elaborado pela autora com base em Nascimento 2014 p 68 78 Com o monitoramento e controle da evolução das NCG que acompanham as projeções de crescimento das vendas o gestor financeiro pode elaborar um planejamento para identificar os volumes de recursos necessários e as fontes mais adequadas a sua obtenção viabilizando o crescimento da empresa sem comprometer o equilíbrio financeiro das suas operações REFERÊNCIAS ASSAF NETO A LIMA F G Curso de administração financeira 3 ed São Paulo Atlas 2014 HOJI M Administração financeira e orçamentária matemática financeira aplicada estratégias financeiras e orçamento empresarial 12 ed São Paulo Atlas 2017 NASCIMENTO André Gestão do capital de giro São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 ASSAF NETO Alexandre SILVA César Augusto Tibúrcio Administração do capital de giro 4 ed São Paulo Atlas 2012 MATIAS Alberto Borges coord Finanças corporativas de curto prazo a gestão do valor do capital de giro 2 ed São Paulo Atlas 2014 79 5 ORÇAMENTO DE CAPITAL 51 Orçamento Conforme Assaf Neto e Lima 2014 as atividades do administrador financeiro podem ser divididas em Atividades de planejamento financeiro Atividades de investimento Atividades de financiamento No curto prazo essas atividades objetivam a gestão do dia a dia das empresas no longo prazo compreendem a análise estratégica do negócio objetivando realizar investimentos de capital devendo ser então objeto de análise e estudo A análise de investimentos em longo prazo consiste no estudoanálise de se aplicar recursos financeiros em múltiplas alternativaspossiblidades com a expectativa do retorno do capital investido com lucro Segundo Ferreira 2005 p 117 os investimentos de longo prazo representam grandes desembolsos de recursos os quais via de regra são obtidos com terceiros financiamentos por exemplo Por essa razão as empresas elaboram seus orçamentos de capital Orçamento de capital é o processo que consiste em avaliar e selecionar investimentos de longo prazo que estejam consistentes com o planejamento estratégico da empresa visando maximizar a riqueza dos acionistas Conforme Assaf Neto e Lima 2014 p 366 as propostas de investimentos de capital de uma empresa podem ser enquadradas segundo suas diversas origens isto é de acordo com os motivos internos que determinaram seus estudos Ainda segundo os autores as propostas de investimento podem ser classificadas em três modalidades Ampliação do volume de atividades Reposiçãomodernização de ativos fixos Arrendamento ou aquisição 80 512 Tipos de investimentos Segundo Assaf Neto e Lima 2014 p 367 Os aspectos que envolvem os tipos de investimento dizem respeito às diferentes situações com que se pode defrontar uma empresa no momento de tomar suas decisões Em outras palavras o que se objetiva conhecer por meio deste estudo é como um projeto de investimento de capital afeta ou é afetado por outras eventuais propostas Ainda de acordo com os autores os investimentos podem ser classificados da seguinte forma Investimentos economicamente independentes quando a possibilidade física de implementação de um projeto não anula uma possível aceitação de outros os benefícios produzidos por um projeto não influenciam e também não são influenciados as decisões de aceitar ou rejeitar as demais propostas de investimentos ASSAF NETO LIMA 2014 p 367 Exemplo modernizar um prédio e adquirir uma nova máquina ou adquirir duas máquinas para funções diferentes Investimentos com restrição orçamentária isso ocorre quando duas ou mais propostas de investimento independentes não podem ser simultaneamente implementadas por causa de condições de restrição orçamentária impostas pela empresa ASSAF NETO LIMA 2014 p 368 Exemplo quando não há recursos suficientes para modernizar todas as áreas da empresa que têm essa necessidade Investimentos economicamente dependentes situação na qual a aceitação de um investimento exerce influências negativas sobre os resultados líquidos dos demais seja diminuindo as receitas ou elevando mais que proporcionalmente os custos e despesas a aceitação de um investimento exerce ao contrário da situação anterior influências economicamente positivas sobre os demais seja pelo incremento das receitas ou decréscimo dos custos e despesas a aceitação de um investimento depende rigorosamente da implementação de outro seja essa dependência definida em termos tecnológicos ou econômicos ASSAF NETO LIMA 2014 p 368 Por exemplo fazse necessário reformar as instalações elétricas da empresa para que ela possa receber uma máquina 81 Investimentos mutuamente excludentes ocorrem quando a aceitação de uma proposta elimina totalmente a possibilidade de implementar outra Essa exclusão mútua ocorre basicamente em razão de as propostas em estudo desenvolverem a mesma função sendo suficiente para os objetivos da empresa a aceitação de somente uma delas ASSAF NETO LIMA 2014 p 368 Por exemplo quando a empresa recebe a proposta de aquisição de duas máquinas que fazem uma mesma função Investimentos com dependência estatística são os que se caracterizam por apresentarem variações conjuntas em seus resultados ao longo do tempo Eventuais aumentos ou reduções nos benefícios de caixa de um investimento são acompanhados por variações nos benefícios dos outros ASSAF NETO LIMA 2014 p 368 Por exemplo a viabilidade da produção de iates e carros de luxo 513 Análise de investimentos Para analisar a viabilidade econômicofinanceira de um investimento são utilizados fluxos de caixa incrementais projetados Conforme Assaf Neto e Lima 2014 p 374 os valores relevantes para a avaliação são aqueles que se originam em consequência da decisão de investimento tomada estão diretamente associados ao projeto São analisadas as receitas e despesas de um investimento até que se chegue a um fluxo de caixa líquido sendo esse utilizado como instrumento no processo de tomada de decisão Ainda segundo os autores os fluxos de caixa podem ser convencionais ou não convencionais Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 p 375 Figura 51 Fluxo de caixa convencional 82 Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 p 375 Figura 52 Fluxo de caixa não convencional Todo investimento demanda a alocação de capital que pode ser próprio de terceiros ou uma combinação de ambos Segundo Assaf Neto e Lima 2014 p 376 O valor do desembolso inicial referese ao volume gasto de capital saída efetiva de caixa e direcionado à geração de resultados operacionais futuros São incluídos todos os dispêndios de capital destinados a produzir benefícios econômicos futuros de caixa tais como aumentos de receitas ou reduções de custos e despesas Como observado anteriormente investimentos podem ser classificados como Aquisição de ativos fixos como terrenos prédios equipamentos Reformas de instalações Trocamodernização de máquinas e equipamentos Aquisição de veículos para finalidades diversas A análise de viabilidade é realizada através das técnicas de orçamento de capital tema a ser estudado a seguir 52 Técnicas de orçamento de capital o payback o VPL e a TIR 521 Análise de viabilidade Conforme Ferreira 2005 os tipos mais comuns de projetos são os independentes ou os mutuamente excludentes A proposta será o de se determinar aquele que maximize o retorno do investidor Primeiro devese estimar o fluxo de caixa líquido do projeto considerando o valor do investimento e as receitas líquidas estimadas após todos os custosdespesas e impostos pagos Sobre esse fluxo de caixa se aplicam as ferramentas de orçamento de capital 83 522 O período de payback O payback é uma técnica de orçamento de capital que leva em consideração o tempo de retorno de um investimento É apenas um indicador que mostra o tempo que um investimento leva para gerar retorno Idealmente o investimento deve se pagar antes do término do horizonte de planejamento ou da vida útil estimadas Considere o seguinte fluxo de caixa líquido Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 ano 5 Fluxo de caixa livre 5000 1887 1646 1164 1405 1646 Para se calcular o payback simples devese somar os resultados dos fluxos de caixa ao valor do investimento negativo até que se chegue a um resultado positivo Ano 1 500 1887 3113 Ano 2 3113 1646 1467 Ano 3 1467 1164 303 Ano 4 303 1405 1102 Para calcular o tempo exato 3031405 0215 x 12 meses 258 ou 3 anos dois meses e 15 dias aproximadamente No caso do payback descontado é necessário antes trazer os fluxos projetados a valor presente a uma dada taxa mínima de atratividade para depois calcular o payback A TMA deve refletir o custo de oportunidade do investidor o custo de capital ou uma média ponderada de ambos Esse tema será abordado detalhadamente no próximo item No momento será considerada a taxa de 104 da TMA Nesse caso o payback descontado é dado por 84 O payback simples foi de 3 anos e dois meses enquanto o descontado foi de 4 anos e 1 mês denotando perfil mais conservador No entanto o payback possui algumas limitações Não considera os períodos após o payback Ignora a questão da rentabilidade Possui caráter subjetivo de se interpretar Por isso são utilizadas as metodologias do valor presente líquido e da taxa interna de retorno para se analisar a viabilidade econômica e financeira de um investimento 523 O valor presente líquido O valor presente líquido é uma técnica de orçamento de capital que traz como resultado um montante R Esse montante é calculado trazendose a valor presente todo o fluxo de caixa projetado do investimento a uma dada TMA e depois somando se ao valor do investimento com sinal negativo Análise Se o VPL 0 o projeto deve ser aceito Se o VPL 0 o projeto deve ser recusado Fórmula 85 Considerando o mesmo fluxo de caixa fornecido anteriormente como exemplo o VPL calculado manualmente é dado por Por outro lado a calculadora HP 12C pode fazer o mesmo cálculo 524 Taxa Interna de Retorno A Taxa Interna de Retorno TIR diferentemente do VPL que expressa um resultado em valores expressa uma TAXA Por definição a TIR indica a rentabilidade de um projeto Dessa forma Se a TIR TMA devese aceitar o projeto Se a TIR TMA devese recusar o projeto A TIR é também a taxa que aplicada a um fluxo de caixa chegase a um VPL igual a zero Fórmula Assim temos A metodologia de cálculo da TIR é a mesma da VPL sendo que na mão devese por tentativa e erro calcular o VPL em um fluxo de caixa diversas vezes até se chegar a um 86 VPL igual ou bem próximo de zero No entanto a calculadora financeira possui a função TIR 525 A TIR modificada A TIR pode não dar a resposta correta quando se trata de fluxos de caixa não convencionais Suponha o fluxo de caixa dado abaixo Para calcular a rentabilidade do fluxo de caixa convencional é utilizada a Taxa Interna de Retorno Modificada TIRM O objetivo principal da TIRM é transformar um fluxo de caixa não convencional em um fluxo convencional com apenas dois valores um fluxo negativo no período 0 e outro fluxo positivo no último período da duração do projeto Assim para cumprir seu objetivo a TIRM traz todos os fluxos negativos do projeto a valor presente VAC ou Valor Atual dos Custos e leva todos os fluxos positivos para valor futuro VT ou Valor Terminal Feito isso a fórmula da TIRM fica Para resolução do problema exemplo os fluxos de caixa positivos do projeto são levados para o final do quarto ano usando o custo de capital da empresa TMA para determinar o que se costuma chamar de valor terminal VT 87 Na sequência é calculado o Valor Atual dos Custos VAC para trazer todos os fluxos de caixa negativos do projeto ao custo de capital da empresa TMA para o valor atual ou data zero Por fim é feito o cálculo da TIR Modificada 53 Estrutura e custo de capital Conforme nos ensina Ferreira 2005 p 174 o custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa necessita obter sobre os investimentos para manter inalterado o seu valor patrimonial Assaf Neto e Lima 2014 p 514 complementam ao dizer que o custo de capital é usado como taxa de desconto dos fluxos previstos de caixa do investimento Mostramnos Brigham e Ehrhardt 2016 que as fontes de recursos de uma empresa demonstrado pelo passivo podem vir de Capital próprio Capital de terceiros Na realidade as empresas não utilizam 100 de um ou de outro para financiar as suas atividades mas sim uma combinação de ambas que minimize os custos de capital determinando uma estrutura alvo Segundo Brigham e Ehrhardt 2016 p 307 88 𝑖1 a estrutura de capitalalvo é definida como a média de pesos de estrutura de capital baseada nos valores de mercado que uma empresa terá no futuro Conforme Assaf Neto e Lima 2014 p 514 e 516 o custo de capital é essencialmente formado por uma taxa livre de risco mais um prêmio associado ao projeto em avaliação sendo que o custo de capital de terceiros é a remuneração exigida pelos credores de dívidas da empresa idem e o custo do capital próprio é o retorno mínimo que os acionistas exigem de seu capital investido na empresa O custo de capital dessa forma é determinado por uma média ponderada de ambos denominada Custo Médio Ponderado de Capital conhecido pela sua sigla em inglês WACC ou Weighted Average Cost of Capital 𝑊𝐴𝐶𝐶 𝑛 𝑊𝑖 𝐾𝑖 Sendo que 𝐾𝑖 custo específico de cada fonte de financiamento 𝑊𝑖 participação relativa de cada fonte de financiamento 531 A formação do custo de capital Para a maioria das empresas brasileiras a única fonte de terceiros é o endividamento bancário Dessa forma o custo médio ponderado de capital poderia ser uma média ponderada dos usos de capital próprio remunerado a uma taxa de juros livre de risco como a taxa Selic por exemplo com as taxas de juros cobradas no financiamento Considere por exemplo que uma empresa está estruturando o financiamento de um projeto sendo 30 com capital próprio e o restante com capital de terceiros As taxas de juros bancários seriam de 18 ao ano enquanto a taxa SELIC está em torno de 7 ao ano Qual seria o custo médio ponderado de capital para esse projeto Resolução WACC 7 x 03 18 x 07 1475 ao ano As empresas de capital aberto podem no entanto contar com outros instrumentos para captação de recursos No que tange aos recursos próprios a empresa pode optar 89 por reter lucros que poderiam ser distribuídos aos acionistas ou emitir novas ações quanto aos recursos de terceiros a empresa pode emitir títulos de dívida debêntures O modelo matemático usado para calcular o custo de capital nessa situação é denominado Modelo de Gordon Conforme Ferreira 2005 p 178 o Modelo de Gordon baseiase na premissa de que o valor da ação é igual ao valor presente do fluxo de caixa dos dividendos futuros esperados durante um horizonte infinito de tempo Segundo o autor o custo da ação ordinária KS e KN é dado por Custo de emissão de novas ações Sendo que 𝐷𝐸 dividendo esperado da ação 𝑃𝑜 preço corrente da ação 𝑔 taxa anual de crescimento dos dividendos 𝑓 percentual de redução no preço corrente Já o custo do endividamento de longo prazo é dado por Sendo que 𝐽 juros anuais em R 𝑉𝑁 valor nominal da debênture sempre em R 100000 𝑅𝐿 recebimentos líquidos deságio 𝑁 número de anos do vencimento do papel O custo efetivo a ser considerado para o cálculo do WACC é dado após a dedutibilidade fiscal 𝐾𝑖 90 𝐾𝑖 𝐾𝐷 1 𝑇 sendo que T é a alíquota de tributação Dessa forma o WACC pelo Modelo de Gordon é dado por 𝑊𝐴𝐶𝐶 𝐾𝑆 𝑊𝑆 𝐾𝑁 𝑊𝑁 𝐾𝑖 𝑊𝑖 Sendo os Ws os respectivos pesos e os Ks as taxas representativas de cada custo de capital Exemplo prático Considere que uma empresa está avaliando a sua estrutura de capital O preço corrente da ação é de R 3000 com uma distribuição anual de dividendos de R 600 e apresentam uma taxa de crescimento constante de 5 O deságio proveniente da emissão de novas ações é de 20 Quanto ao capital de terceiros a empresa paga juros de 10 sendo que novos papéis têm deságio de 20 e custos de lançamento de R 1000 o papel para um prazo de vencimento de 10 anos A alíquota do imposto de renda é de 30 Qual seria o seu custo médio ponderado de capital considerando uma proporção de 30 para lucros retidos 30 para emissão de novas ações e 40 para recursos de terceiros Para qualquer projeto a ser estudado por essa empresa a taxa interna de retorno deve ser superior então a 2028 Caso contrário o financiamento do projeto por meio da retenção de lucros emissão de ações ou debêntures é inviável 91 54 O valor da empresa Conforme Brigham e Ehrhardt 2016 p 412 o valor de uma empresa é determinado pelo tamanho tempo e risco de seus Fluxos de Caixa Livres futuros FCL esperados Assaf Neto e Lima 2014 p 748 completam dizendo que o valor de uma empresa é definido pelo que ela é capaz de produzir de benefícios econômicos futuros de caixa pelos seus resultados esperados Ainda segundo Assaf Neto e Lima 2014 o patrimônio físico de uma empresa somente terá valor se for capaz de produzir benefícios futuros Comentam os autores que não se dissocia da avaliação certo caráter de subjetividade uma vez que leva em consideração resultados futuros esperados e complementam afirmando que não há fórmula mágica de avaliação que produza um valor final inquestionável p 748 O método de avaliação que conforme Brigham e Ehrhardt 2016 e Assaf Neto e Lima 2014 é utilizado para determinação do valor da empresa é do fluxo de caixa descontado Isto significa que o valor de uma empresa é determinado pela sua geração de resultados no futuro que devem ser descontados por uma taxa de juro que reflete o risco do investimento O valor da empresa é o valor presente do que ela é capaz de produzir de benefícios de caixa no futuro ASSAF NETO LIMA 2014 p 748 Ainda de acordo com Assaf Neto e Lima 2014 o valor da empresa é estimado Pelos benefícios futuros esperados ou seja pela projeção de seu fluxo de caixa Pelo risco associado a esses resultados Pela taxa de retorno requerida expressa pelo custo médio ponderado de capital WACC Dessa forma o valor da empresa é dado por Com isso temse 92 Admitindose a perpetuidade no modelo de avaliação o valor da empresa é dado por Somandose o Modelo de Gordon à perpetuidade o valor da empresa é dado por Exemplo Considere que os fluxos de caixa anuais projetados de uma empresa para os próximos três anos sejam de 180000 210000 e 250000 respectivamente A partir do quarto ano os fluxos de caixa crescerão indeterminadamente a uma taxa de 2 ao ano Considerando que o WACC da empresa é estimado em 15 ao ano pedese para calcular o valor da empresa Assaf Neto e Lima 2014 apontam outros princípios determinantes do valor da empresa Valor de negociação entendido como o valor máximo que um comprador estaria disposto a pagar e o valor mínimo que um vendedor aceitaria fazer a venda Valor justo determinado pelos resultados futuros de uma empresa trazidos a valor presente por uma taxa que refletiria o risco do negócio Múltiplos de mercado o valor da empresa seria determinado pela comparação de seu desempenho com o de outras empresas listadas na bolsa de valores 93 REFERÊNCIAS ASSAF NETO A LIMA F G Curso de administração financeira 3 ed São Paulo Atlas 2014 BRIGHAM E F EHRHARDT M C Administração financeira teoria e prática Tradução Noveritis do Brasil Pólen Editorial Solange Aparecida Viscont Revisão técnica James R Hunter Peter Edward Mr Wilson 3 ed São Paulo Cengage Learning 2016 FERREIRA J A S Finanças corporativas conceitos e aplicações São Paulo Pearson Education 2005 94 6 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL E MERCADO DE CAPITAIS O Sistema Financeiro Nacional atual foi desenvolvido no biênio 196465 logo que os militares assumiram o poder após a intervenção militar de 1964 As Leis n 45951964 e n 47281965 formaram a estrutura que existe até hoje na qual se destaca a criação do Banco Central do Brasil cujas funções atuais eram realizadas pelo Banco do Brasil e outras autarquias Neste bloco serão expostos os principais participantes do SFN mostrando suas funções e relevância para o sistema Também serão discutidas as características do mercado de capitais suas funções e participantes Dentro da temática investimento serão expostos os cálculos inerentes à gestão do risco em ativos e em carteiras de investimento O capítulo terminará com uma discussão sobre a relevância das boas práticas de governança corporativa e seu papel na questão da sustentabilidade e da criação de valor para os acionistas 61 Sistema Financeiro Nacional SFN Conforme nos mostra Assaf Neto e Lima 2014 o SFN é dividido em dois grandes subsistemas o normativo e o de intermediação Quadro 61 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 p 37 95 Esses subsistemas possuem participantes vinculados conforme poderá ser observado a seguir 611 Subsistema normativo Como o próprio nome diz participam do subsistema normativo instituições normatizadoras do SFN ou seja que criam normas e fiscalizam a aderência dos participantes a elas tendo poderes para punir e através do Ministério Público Federal promover prisões de executivos que atuem em desconformidade 6111 Conselho Monetário Nacional CMN Conforme Assaf Neto e Lima 2014 p 37 O Conselho Monetário Nacional CMN é o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional Não desempenha funções executivas e sua missão normativa básica é a de definir as diretrizes de funcionamento do Sistema Financeiro Nacional e formular toda a política de moeda e crédito da economia visando atender a seus interesses econômicos e sociais É composto pelo Ministro da Fazenda Ministro do Planejamento e Orçamento e pelo Presidente do Banco Central Com relação as suas funções de uma maneira geral o CMN é responsável pelo estabelecimento da política econômica do Governo Federal Dessa forma coordena as políticas fiscal monetária e cambial zela pela liquidez e solvência do sistema financeiro e coordena ações que visam combater a inflação e promover o crescimento econômico 6112 Banco Central do Brasil Bacen Conforme Hoji 2017 p 27 O Bacen é o órgão executivo central do Sistema Financeiro Nacional responsável pela fiscalização e cumprimento das disposições que regulam o funcionamento do SFN de acordo com as normas expedidas pelo CMN A missão institucional é a de zelar pela estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro Entre suas funções destacamse 96 emitir normas autorizar o funcionamento das instituições financeiras fiscalizar e fazer intervenções receber depósitos compulsórios e voluntários e fazer operações de redesconto comprar e vender títulos públicos federais emitir papelmoeda controlar e sanear o meio circulante administrar a dívida pública interna e externa e gerir as reservas internacionais HOJI 2017 p 27 6113 Comissão de Valores Mobiliários CVM Segundo Hoji 2017 p 27 A CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda instituída pela Lei nº 6385 de 7 de dezembro de 1976 É responsável pelo desenvolvimento disciplina e fiscalização do mercado de valores mobiliários exceto os emitidos pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional A principal atribuição da CVM é a regulação e fiscalização da emissão e negociação de títulos pelas companhias abertas Ainda de acordo com Hoji idem é responsabilidade da CVM assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão bem como de mercado de derivativos promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação no mercado assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e sobre as companhias que os tenham emitido estimular as aplicações permanentes em ações do capital social das companhias abertas para que as bolsas de valores funcionem adequadamente 2017 p 27 6114 Conselho Nacional de Seguros Privados CNSP De acordo com o site do Bacen Conselho Nacional de Seguros Privados é o 97 órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados é composto pelo Ministro da Fazenda Presidente representante do Ministério da Justiça representante do Ministério da Previdência Social Superintendente da Superintendência de Seguros Privados representante do Banco Central do Brasil e representante da Comissão de Valores Mobiliários BACEN sd Responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados Composição Ministro da Fazenda Presidente representante do Ministério da Justiça representante do Ministério da Previdência Social Superintendente da Superintendência de Seguros Privados representante do Banco Central do Brasil e representante da Comissão de Valores Mobiliários 6115 Superintendência de Seguros Privados Susep Conforme Hoji 2017 p 28 a Superintendência de Seguros Privados Susep É o órgão responsável pela normatização controle e fiscalização dos mercados de seguro resseguro previdência privada aberta e capitalização e está subordinada ao Conselho Nacional de Seguros Privados CNSP O CNSP é presidido pelo Ministro da Fazenda e composto pelos seguintes membros superintendente da Susep representantes do Ministério da Justiça do Ministério da Previdência e Assistência Social do Bacen e da CVM Responsabilidades Controle e fiscalização dos mercados de seguro resseguro previdência privada e capitalização Autoriza o funcionamento das corretoras de seguros Normatiza e fiscaliza a profissão de corretor 98 6116 Instituto de Resseguros Brasil IRB A atividade de ressegurar consiste em dividir o risco que uma seguradora assume em um contrato de seguros com uma outra empresa no caso denominada resseguradora Empresa estatal até o ano de 1996 quando abriu seu capital passando a se tornar uma empresa de economia mista manteve o monopólio do resseguro até o ano de 2007 quando o mercado foi aberto Em 2013 passou por um processo de privatização Ainda se mantém líder no setor de resseguros no Brasil 6117 Superintendência Nacional de Previdência Complementar Previc Conforme Hoji 2017 p 28 a Previc É um órgão do Ministério da Previdência Social responsável pela fiscalização das atividades das entidades fechadas de previdência privada fundos de pensão Compete também à Previc a execução das políticas para o regime de previdência complementar 612 Subsistema de intermediação O subsistema de intermediação é aquele composto por instituições que fazem captação de recursos para realização de empréstimos e financiamentos A seguir os seus principais participantes 99 6121 Instituições financeiras As instituições financeiras realizam a chamada intermediação financeira que é o processo de captar recursos de doadores de recursos quem recebe mais do que o necessário para seus gastos e empresta para tomadores de recursos quem recebe menos do que o necessário para seus gastos tendo como ganho o spread custos administrativos mais impostos mais prêmio pelo risco Cumpre aqui destacar o papel dos agentes especiais Banco do Brasil Caixa Econômica Federal e BNDES que executam funções estratégicas no caso do Banco do Brasil além de realizar todos os recebimentos de impostos e pagamentos previstos pela advocacia geral da união é responsável pela maior parte do crédito agrícola no país A Caixa Econômica Federal conforme veremos a seguir se atém ao financiamento habitacional e o BNDES empresta recursos para segmentos considerados estratégicos pelo governo federal 6122 Instituições financeiras não bancárias São também chamados de banco de investimento Segundo Hoji 2017 p 29 A principal função dos bancos de investimento é a de intermediar recursos de médio e longo prazos para financiamento de capital fixo ou de giro das empresas Esses bancos não podem captar recursos por meio de depósitos à vista Captam recursos por meio da emissão de Certificados de Depósito Bancário CDBs e Recibos de Depósito Bancário RDBs repasses de origem interna ou externa ou pela venda de cotas de fundos de investimento São instituições especializadas em underwriting subscrição pública de ações e estruturação de financiamentos de projeto 6123 Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo Conforme Hoji 2017 p 29 As caixas econômicas integram o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo e o Sistema Financeiro da Habitação São instituições com objetivos sociais que concedem empréstimos e financiamentos a programas e projetos nas áreas de habitação assistência social saúde educação trabalho transportes urbanos e esporte Equiparamse aos bancos comerciais 100 em alguns aspectos pois podem captar depósitos à vista e a prazo e realizar operações ativas Têm a competência de vender bilhetes de loterias 6124 Instituições auxiliares São instituições que realizam a intermediação entre investidores e poupadores sendo a bolsa de valores o agente desse segmento Conforme Hoji 2017 p 30 As bolsas de valores de mercadorias e de futuros são instituições constituídas pelas corretoras de valores para fornecer a infraestrutura do mercado de ações mercadorias e futuros A principal função das bolsas é a de manter um local adequado para as negociações de compra e venda de ações mercadorias e índices Atualmente no Brasil existe somente uma bolsa de valores a B3 Brasil Bolsa e Balcão 6125 Instituições não financeiras São instituições que embora não sejam consideradas instituições financeiras exercem um relevante papel no sistema financeiro Entre elas temos as empresas de factoring as administradoras de cartões de crédito as sociedades de arrendamento mercantil leasing e as financeiras sendo que as empresas de factoring realizam a compra de títulos duplicatas as administradoras de cartões de crédito como a Visa lidam com a negociação de cartões as empresas de leasing exercem atividades de arrendamento mercantil aluguel de ativos imobilizados notadamente veículos e as financeiras realizando empréstimos para financiamento de bens 62 Mercado de capitais Neste subtema será abordado o mercado de capitais Ao estabelecer sua definição iremos falar sobre os participantes e descrever os principais ativos negociados No final será abordado o mercado futuro seus papéis e peculiaridades O mercado de capitais é o meio ambiente onde são transacionados papéis emitidos pelas empresas de capital aberto com a finalidade de captar recursos para realização de investimentos de médio e longo prazos Nos mercados de capitais existem Os mercados para liquidação à vista 101 Os mercados para liquidação futura derivativos De uma maneira geral todos os que participam no mercado de capitais podem ser considerados investidores Entretanto a rigor é possível estabelecer que De um lado há os tomadores de recursos que no caso seriam as empresas do tipo sociedade anônima de capital aberto que captariam recursos para investimentos diversos De outro há os doadores de recursos no caso todos aqueles que buscariam rentabilidade em seu capital que seriam os investidores por uma definição mais estreita Entre os tomadores e os doadores de recursos existiriam as corretoras de valores que seriam instituições encarregadas de fazer essa intermediação 621 Ativos negociados No mercado à vista são negociadas ações debêntures commercial papers e títulos públicos Por definição ações são a fração do capital social de uma empresa O proprietário de uma ação é denominado acionista e terá direito a um pedacinho do lucro representativo do montante de ações que possui em relação ao total Dividendo seria o nome dado a essa participação no lucro ou seja a remuneração está vinculada ao desempenho da empresa As ações podem ser Preferenciais não possuem direito a voto mas recebem uma maior parte dos dividendos Ordinárias possuem direito a voto mas recebem uma porção menor dos dividendos acionistas residuais As debêntures são títulos de dívida emitidos notadamente por empresas de capital aberto sendo vedado para instituições financeiras Características Possuem prazo de vencimento predeterminado 102 As condições de remuneração e resgate estão descritas no documento de emissão A remuneração são juros normalmente pagos anualmente Em alguns casos no vencimento existe a conversibilidade em um determinado número de ações A sua remuneração não está vinculada aos resultados da empresa Os commercial papers têm funcionamento similar aos das debêntures no entanto possuem prazo de vencimento inferior de até um ano São emitidas por empresas como fonte alternativa para captação de recursos destinado ao capital de giro Funcionam como se fossem uma espécie de nota promissória Por fim os títulos públicos são títulos de dívida pública emitidos pelo tesouro nacional para captação de recursos no mercado financeiro A remuneração dos títulos públicos tem como base a taxa SELIC entretanto as condições de remuneração e a forma como são remunerados pode variar conforme o tipo de título Tabela 61 Remuneração e rendimentos dos títulos públicos Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 p 46 103 622 Bolsa de Valores A bolsa de valores tem como principal função fornecer as condições físicas organizacionais e sistêmicas para a realização dos negócios nos mercados financeiros e de capitais Atualmente há apenas uma bolsa de valores funcionando no Brasil a B3 resultante da fusão de três instituições que ocorreram em momentos distintos Bovespa BMF Bolsa de Mercadorias e Futuros e a CETIP Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos É no meio ambiente da B3 que as corretoras interagem comprando e vendendo ações títulos de dívida de emissão pública e privada e os derivativos financeiros 623 Mercados para liquidação futura os derivativos Aqui cabe dar destaque para os chamados papéis para liquidação futura denominados derivativos A palavra derivativo vem de deriva de ou vem de Significa que a rentabilidade dos derivativos está atrelada à rentabilidade de um ativo negociado no mercado à vista o qual lhe faz referência Por exemplo no mercado para liquidação à vista negociamse as ações da Petrobras no mercado para liquidação futura negociamse as opções de compra da as ações da Petrobras Em sua essência o mercado futuro é um mercado de apostas para os investidores contudo é nesse mercado que as empresas realizam as operações de hedge que é justamente o oposto Uma operação de hedge é usada pelos empresários para buscar proteção contra as oscilações dos preços futuros de seus produtos Por exemplo um agricultor pode negociar a entrega no futuro de determinada quantidade de milho a um preço previamente estabelecido negociado por um instrumento denominado contrato futuro Em data futura o agricultor receberá aquele valor previamente acordado independentemente do preço que o milho estiver sendo negociado para entrega à 104 vista Para o comprador do contrato futuro caberá à obrigação realizar o pagamento previamente acordado 6231 Tipos de contratos Os primeiros contratos derivativos foram os contratos a termo que na realidade consistiam na entrega de determinada quantidade de produto em data futura a um preço previamente acordado Os contratos futuros padronizados foram uma evolução dos contratos a termo pois Garantiram as especificações de qualidade do produto que seria entregue Passaram a padronizar a quantidade e a data de entrega Aqui cabe uma observação os contratos futuros são usados para a maioria das commodities no entanto ainda são usados contratos a termo para entrega de alguns ativos como moedas por exemplo O exemplo da Petrobras citado acima é o que se chama de opções que são derivativos os quais permitem ao investidor o direito não a obrigação como ocorrem nos mercados futuros de o investidor assumir determinada posição de risco em data futura Entretanto diferentemente do que ocorre com os contratos futuros nos quais o pagamento só ocorre em data futura e se referencia a mercadoria nas opções há a obrigação do pagamento do prêmio que seria custo para adquirir a opção As opções podem ser De compra denominadas calls garante ao detentor o direito de comprar determinado ativo em data futura a um preço previamente estabelecido De venda denominadas puts garante ao detentor o direito de vender determinado ativo em data futura a um preço previamente estabelecido Commodities são ativos que possuem a sua cotação determinada pelo mercado internacional sendo usados como matériaprima para a indústria Como exemplo citase a soja o petróleo o café a soja o couro entre outros 105 Figura 61 Call compra e put venda Por fim existem os swaps que é um termo em inglês que significa trocar Conforme Hoji As operações de swap consistem na troca de taxas ou preços entre as duas partes em que uma delas se obriga a pagar à outra determinada taxa sobre um valor de referência previamente acordado recebendo em contrapartida uma taxa diferente calculada sobre o mesmo valor de referência As taxas de juros ou câmbio envolvidas na operação podem ser dos mais variados tipos taxa de juros prefixada taxa de juros flutuantes variação da taxa de CDI variação do IGPM taxa de câmbio do dólar do iene etc 2017 p 517 No mercado brasileiro as operações mais comuns na modalidade são os que envolvem taxas de juros pré x pós e câmbio 63 Risco e retorno Para os financeiros de uma maneira geral a definição de risco é a possibilidade de perda financeira No entanto a melhor forma de definir na prática o conceito de risco é através de um ideograma chinês PERIGO OPORTUNIDADE Fonte adaptado de Cultura e Saúde 2006 Figura 62 Ideograma chinês crise é feito da junção das palavras perigo e oportunidade 106 Fato não é possível ter retornos minimamente atraentes sem assumir determinado nível de perigo ou de risco Existem duas formas de observálo Não sistemático risco intrínseco ao negócio está associado à gestão da empresa ao seu segmento de atuação enfim à performance financeira que vem obtendo ao longo de sua existência Um investidor pode eliminar esse risco diversificando ativos Sistemático derivados das condições econômicas as quais a empresa está exposta como aumento do desemprego inflação instabilidades políticas sociais e econômicas entre outras Não pode ser eliminado pela diversificação 631 Retorno O retorno é o ganho ou perda derivado da realização de um investimento É determinado da seguinte forma Por exemplo Considere que determinado ativo gerou dividendos de R 100 em um ano e foi vendido por R 2000 O preço de aquisição desse ativo foi de R 1500 Qual foi o retorno gerado por esse ativo 107 632 Cálculo do risco O cálculo do risco é mais complexo e envolve cálculos estatísticos O risco pode ser avaliado para um ativo de maneira individual Nesse caso o estudo é realizado através da análise de sensibilidade onde se avalia através da projeção de cenários os retornos associados para cada ativo Esses cenários podem ser pessimistas mais prováveis ou otimistas Por exemplo considere as possibilidades de ocorrência em 30 nos cenários pessimista e otimista e 40 no cenário mais provável Quadro 62 Cálculo do risco cenários otimistas mais prováveis ou pessimistas Fonte Adaptado de BRIGHAM ERHARDT 2016 Para calcular o risco de um ativo individual é necessário primeiramente realizar o cálculo do retorno esperado ponderado pelos diferentes cenários Depois é calculado o desviopadrão que é uma medida estatística que mede a dispersão em torno do resultado esperado Na sequência para o resultado mais apurado calculase o coeficiente de variação CV que faz a relativização entre o desviopadrão e o retorno esperado 108 Suponha calcular o risco entre dois ativos gama e beta considerando que os retornos estimados para os diferentes cenários abaixo estimados 1º Calcular o retorno ponderado para cada um 2º Calcular o desviopadrão e o coeficiente de variação 109 Verificase dessa forma ser o ativo beta o mais arisco porém não se pode deixar de observar ser o que gera mais retorno em cenários positivos 6321 Investindo em carteiras Existe um saber popular no mercado financeiro que de forma bastante simplista busca explanar uma das preocupações dos investidores que é o gerenciamento de riscos e diz o seguinte Nunca ponha os seus ovos em uma única cesta O que isso exatamente quer dizer A resposta vem ao encontro da forma usada para buscar gerenciar o risco investindo em ações que é a diversificação gerenciando o risco não sistemático Dessa maneira a melhor forma de diminuir a possibilidade de perda ao realizar investimentos é diversificando ou pulverizando os investimentos através da construção de carteiras de investimento Segundo Assaf Neto e Lima 2014 p 486 o risco de uma carteira no modelo é determinado pela medida do desvio padrão O desviopadrão de um portfólio de dois ativos não é obtido unicamente pela soma do desviopadrão de cada ativo ou até mesmo por sua média aritmética ponderada A expressão de cálculo deve considerar também a covariância entre os ativos de forma a expressar a contribuição de diversificação sobre o risco do portfólio Para calcular o risco de uma carteira de ativos devese calcular o desviopadrão para cada um dos ativos a covariância entre eles e por fim a correlação A correlação é uma medida estatística que mostra como os retornos de dois ou mais ativos se dão entre si ao longo do tempo sendo que o resultado pode ser Negativo ideal indica que os ativos tem variações de preços em sentidos opostos Se o resultado foi 1 chamase negativa perfeita Positivo ruim indica que os ativos têm variações de preço em mesmo sentido Se o resultado for 1 chamase positiva perfeita 110 Suponha os retornos históricos para os ativos X e Y conforme a tabela a seguir Pedese para calcular a correlação desses ativos Retornos X X X X X2 Y Y Y Y Y2 X X x Y Y 1 10 26 676 12 08 064 208 2 13 04 016 13 02 004 008 3 15 24 576 15 22 484 528 4 12 06 036 14 12 144 072 5 13 04 016 10 28 784 112 Soma 63 132 64 148 56 KXY 126 12 8 σXY 2 264 296 σXY 1624807681 1720465053 COVX Y 112 CORRX Y 0400654665 111 Nesse caso a correlação é positiva pois seu resultado é positivo e maior do que 0 6322 Capital Asset Pricing Model CAPM Agora existe a questão do risco sistemático Esse é um tema de discussões até hoje entre os investidores De que maneira medir como o preço de determinado ativo responde às oscilações do mercado como um todo provocado por questões externas A resposta usando o modelo desenvolvido por Harry M Markowitz e Willian F Sharpe MODELO CAPM Capital Asset Pricing Model ou modelo precificador de ativos de capital Esses autores desenvolveram um modelo que relaciona o retorno exigido para um determinado ativo com o retorno oferecido por títulos considerados livres de risco títulos públicos e o retorno de uma carteira de ativos de mercado Ibovespa com um coeficiente denominado coeficiente beta Na prática o beta das empresas é calculado pelas diferentes agências de classificação de risco Seu princípio é simples existem empresas que sofrem uma influência maior do mercado do que outras Dessa forma se o mercado está passando por um momento de otimismo ou euforia as ações dessas empresas subirão mais do que a média do mercado Por outro lado quando o mercado está pessimista as ações dessas empresas sofrerão uma desvalorização maior O beta de uma empresa X em relação a uma carteira de ativos de mercado M é dada por Observação Para se chegar ao resultado da correlação 0400654665 devese manter todas as 9 casas decimais em todas as operações realizadas anteriormente ou seja deve ser feita a seguinte multiplicação 1624807681 x 1720465053 27954248933 Na sequência teríamos a correlação a partir de 112 2795424833 0400654665 112 O beta da empresa X é a razão da covariância entre os retornos históricos do ativo X em relação a uma carteira de ativos de mercado M pela variância da carteira de ativos de mercado Exemplo Suponha os retornos históricos para os ativos X e uma carteira de ativos de mercado M conforme a tabela a seguir Pedese calcular o beta do ativo X Retornos X X X M M M M M2 X X x M M 1 10 26 10 44 1936 1144 2 13 04 13 14 196 056 3 15 24 18 36 1296 864 4 12 06 16 16 256 096 5 13 04 15 06 036 024 Soma 63 72 372 188 KXY 126 144 σXY 2 744 COVX Y 376 βX M 0505376344 113 Nesse caso o beta é menor do que 1 indicando que a ação da empresa X oscila menos do que proporcionalmente o mercado Os betas podem ser Menores do que 1 seus retornos esperados variarão menos do que os da carteira de ativos de mercado Iguais a 1 seus retornos esperados variarão na mesma proporção do que os da carteira de ativos de mercado Maiores do que 1 seus retornos esperados variarão mais do que os da carteira de ativos de mercado Exemplo Supondo o beta calculado da empresa X o retorno oferecido por ativos considerados livres de risco igual a 7 e o retorno de uma carteira de ativos de mercado igual a 12 o retorno exigido para o ativo X é dado por 64 Governança corporativa A governança corporativa veio como uma forma de contornar um problema cada vez mais comum nas grandes corporações o problema de agência Segundo Brigham e Ehrhardt 2016 p 442 Não há conflitos em uma empresa de uma pessoa o proprietário toma todas as decisões faz todo o trabalho coleta todas as recompensas e sofre todas as perdas Essa situação muda quando o proprietário começa a contratar funcionários porque estes não compartilham completamente de todas as recompensas e perdas do proprietário Essa situação se torna mais complicada se o proprietário vende algumas ações da empresa para um 114 estranho e ainda mais complicada se o proprietário contrata alguém para gerir a empresa Nessa situação há muitos possíveis conflitos entre proprietários funcionários e credores Esses conflitos de agência ocorrem sempre que os proprietários autorizam alguém a agir em seu nome como seus agentes Ainda segundo os autores o problema de agência ocorreria sempre que alguém chamado de principal contrata alguém chamado de agente para realizar algum serviço e o principal delega a autoridade da tomada de decisão ao agente Nas empresas as principais relações de agência são entre 1 acionistas e credores 2 proprietárioadministradores internos administradores que detêm uma participação de controle na empresa e proprietários externos que não têm controle e 3 acionistas externos e administradores contratados 2016 p 442 Essa delegação de tarefas surgiu pelo próprio desenvolvimento das empresas que passaram a se tornar grandes corporações associado ao desinteresse das famílias dos fundadores de se manter à frente dos negócios Isso provocou o descolamento da propriedade da gestão fazendo surgir daí o problema de agência O tema começou a ganhar corpo nos debates corporativos no início da década de 1990 com escândalos corporativos na Inglaterra Figura 63 Sir Cadbury Em 1992 um renomado empresário britânico Sir Cadbury elaborou o que viria a ser o primeiro código de boas práticas de governança corporativa Para desenvolver meios de administrar o problema de agência passaram a desenvolver estudos de governança corporativa Mas o que é governança corporativa 115 Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa entidade vinculada a CVM e responsável pela disseminação do tema no Brasil Fonte IBGC 2019 As boas práticas de governança corporativa estariam assentadas sobre quatro princípios Fairness senso de justiça equidade respeito aos diretos dos minoritários Disclosure transparência das informações relevantes para os negócios Accountability prestação responsável de contas dados precisos Compliance agir em conformidade com as leis com a legislação vigente 641 Agentes de governança Os agentes de governança são os organismos empresariais responsáveis pelo monitoramento das ações dos diretores executivos Sumariamente é possível citar Assembleia geral órgão soberano da sociedade os altos executivos devem prestar contas a ele Conselho de administração é o guardião dos interesses dos proprietários É dotado dos poderes emanados da assembleia geral exercendo a governança e repercutindo as expectativas definidas nas assembleias gerais Conselho fiscal atua fiscalizando a gestão dos negócios os resultados apresentados pela administração e as variações patrimoniais da companhia Cabe a ele denunciar erros fraudes e crimes corporativos além de atuar junto às auditorias solicitando esclarecimentos e apurando fatos específicos Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas monitoradas e incentivadas envolvendo os relacionamentos entre sócios conselho de administração diretoria órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas 116 Auditoria independente tem como atribuição inspecionar as contas da empresa verificando a conformidade das demonstrações contábeis que deverão estar escrituradas conforme as normas vigentes do país 642 Governança corporativa e sustentabilidade As empresas devem sim objetivar o lucro mas considerando as mudanças nos valores que vêm ocorrendo nas sociedades outras questões foram somadas a seus objetivos É necessário que possuam uma preocupação efetiva com o bemestar social e o meio ambiente Atualmente as empresas que não demonstram essa preocupação vêm sendo alvo de críticas principalmente nas redes sociais Essas críticas podem deteriorar a imagem de uma empresa e isso por sua vez pode gerar dúvidas sobre sua capacidade de gerar os retornos esperados pelos acionistas Essa dúvida pode derrubar os preços das ações Dessa forma a discussão sobre os objetivos das empresas está mais alinhado aos 3 Ps da sustentabilidade People Pessoas Planet Planeta e Profit Lucro People Pessoas as empresas precisam desenvolver meios para ajudar ao desenvolvimento das sociedades com a finalidade de exercerem impactos positivos no bemestar social Planet Planeta constitui o tripé ambiental da sustentabilidade As empresas são demandadas a desenvolver novas formas de produzir com menor impacto ambiental possível Profit Lucro é claro que para poder produzir as empresas precisam de lucro Sem atingir o resultado financeiro não há condições de se produzir Para tal devem se desenvolver sistemas de metas quantitativas e qualitativas O resultado das empresas não deve apenas ser um número positivo mas deve gerar um valor superior à rentabilidade oferecida pelas opções mais conservadoras de investimento criar valor para os empresários para os acionistas e assim para a sociedade como um todo 117 REFERÊNCIAS ALEXANDRE CRISE Perigo e Oportunidade Cultura e Saúde 11 dez 2006 Disponível em httpsculturaesaudemedbrcriseperigoeoportunidade Acesso em 11 mai 2021 ASSAF NETO A LIMA F G Curso de administração financeira 3 ed São Paulo Atlas 2014 BRIGHAM E F EHRHARDT M C Administração financeira teoria e prática Tradução Noveritis do Brasil Pólen Editorial Solange Aparecida Viscont Revisão técnica James R Hunter Peter Edward Mr Wilson 3 ed São Paulo Cengage Learning 2016 GOVERNANÇA CORPORATIVA Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBGC 2019 Disponível em httpswwwibgcorgbrconhecimentogovernanca corporativa Acesso em 11 mai 2021 HOJI M Administração financeira e orçamentária matemática financeira aplicada estratégias financeiras e orçamento empresarial 12 ed São Paulo Atlas 2017