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COMO A ESCOLA APRESENTA A HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Ciciliane de Castro Bezerra 1 Leonardo Chaves Ferreira2 Resumo o presente trabalho tem como objetivo principal compreender como a escola apresenta a História da Língua Portuguesa e como objetivos específicos conhecer e entender a importância e a opinião das pessoas acerca do ensino da História da Língua Portuguesa nas escolas Para cumprir com esse itento a fundementação principal da pesquisa baseouse nos levantamentos de Oliveira e Candau 2016 sobre as perpectivas de uma pedagogia decolonial Nascimento 2010 em seus potulados a respeito do afroletramento docente e Mignolo 2005 sobre a colonialidade no mundo moderno Em termos metodológicos a pesquisa de natureza qualitativa tendo como principal técnica a entrevista padronizada que dividiuse nas seguintes etapas envio das perguntas seleção do corpus com base no critério estipulado e estudo bibliográfico e análises dos resultados A partir dos levantamentos feitos foi possível verificar que 1 a visão apresentada sobre História da Língua Portuguesa e seus aspectos históricos é intrinsecamente colonial 2 O espaço dedicado aos aspectos que envolvem a História da Língua Portuguesa desconsidera em partes a influência de línguas indígenas ou das línguas gerais dos povos originários e nacionais na formação do português do Brasil Abstract the present work has as main objective to understand how the school presents the History of the Portuguese Language and as specific objectives to know and understand the importance and opinion of people about the teaching of the History of the Portuguese Language in schools To comply with this item the main rationale of the research was based on the surveys by Oliveira and Candau 2016 on the perspectives of a decolonial pedagogy Nascimento 2010 on his poems about teacher afroliteracy and Mignolo 2005 on coloniality in the modern world In methodological terms the research is of a qualitative nature having as its main technique the standardized interview which was divided into the following steps sending the questions selecting the corpus based on the stipulated criteria and a bibliographical study and analysis of the results From the surveys carried out it was possible to verify that 1 the view presented on the History of the Portuguese Language and its historical aspects is intrinsically colonial 2 The space dedicated to aspects involving the History of the Portuguese Language partly disregards the influence of indigenous languages or general languages of native and national peoples in the formation of Brazilian Portuguese INTRODUÇÃO 1 Bacharela em Serviço Social pela Faculdade Maurício de Nassau FMN Especialista em Gestão em Saúde pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia AfroBrasileira UNILAB e em Alfabetização e MultiletramentosPela Universidade Estadual do Ceará UECE Graduanda em LetrasLíngua Portuguesa na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia AfroBrasileira UNILAB CE Email cicilianecbngmailcom 2 Discente do curso de Letras Língua Portuguesa da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia AfroBrasileira UNILAB bolsista do Programa de EducaçãoTutorial de Humanidades e Letras PETHLUNILAB e pesquisador do Grupo de Pesquisa em Texto Discurso e Ensino TEDEUNILAB E mail leonardochavesferreiragmailcom Esta pesquisa tem como tema central compreender o ensino de História da Língua Portuguesa nas escolas Tem como principal objetivo compreender como a escola apresenta a História da Língua Portuguesa e como objetivos específicos conhecer e entender a importância e a opinião das pessoas acerca do ensino da História da Língua Portuguesa nas escolas A ideia dessa pesquisa surgiu através das aulas e discussões expostas na disciplina de História da Língua Portuguesa do curso de Licenciatura em Letras Língua Portuguesa no período 20202 da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afrobrasileira Unilab CE Os questionamentos acerca do ensino de História da Língua Portuguesa se voltam para uma perspectiva interdisciplinar tendo em vista que entender a nossa própria língua também é entender nossa própria história Fica então os questionamentos a história da Língua Portuguesa deve ser ministrada em aulas da disciplina de História Ou da disciplina de Língua Portuguesa Ou das duas disciplinas vistas por perspectivas diferentes Em uma busca rápida no google acadêmico encontramos várias matérias e materiais sobre História do ensino de Língua Portuguesa no Brasil mas não sobre a História da Língua Portuguesa tendo em vista que são assuntos diferentes Ensinar a Língua Portuguesa é mais importante do que ensinar seu processo histórico Eis outro questionamento Não acreditamos desse modo as duas formas de ensinar a Língua Portuguesa são relevantes se pensarmos em estudar o processo histórico da língua até chegarmos no Português Brasileiro dos dias atuais Pensar também em uma perspectiva histórica colonial e agora pensar nesse ensino de forma decolonial Com base em Silva 2000 o processo de pesquisas decoloniais fazem parte da luta pelo nosso lugar no mundo fazem parte de conceitos que englobam aspectos culturais e sociais Um conceito que engloba o outro pois cada ser humano possui uma identidade física psicológica uma identidade cultural uma língua com uma forma de ver o mundo diferente Compreendemos que os estudos históricoculturais servem para nos permitir abrir os olhos dos aspectos que antes não eram vistos ou percebidos O autor respectivamente salienta a importância de resistência na produção de discursos sociais e da diferença que em sua concepção não pode estar desligada do questionamento da diferença e da identidade tal como ela nos foi imposta ou não Esse ponto de vista não trata de reduzir apenas a uma questão de respeito ou tolerâncias com as diferenças mas que a diferença e a identidade não estão sendo vistas ou tratadas como naturais que devem ser compreendidas através de suas construções culturais e sociais naturais Tais pontos ainda segundo o autor não se esgotam devem ser questionadas e problematizadas SILVA 2000 Pela visão do autor entendemos que o Ensino da História da nossa Língua engloba também o nosso sentido de identidade a compreensão desse caminho que é construído e desconstruído ao longo do tempo Na verdade a identidade não é uma essência não é algo pronto e acabado não é fixa e muito menos permanente A identidade em outras palavras deve ser compreendida como um processo de produção de constante construção uma percepção que de acordo com Silva 2000 não pode ser fragmentada nas contradições que são impostas às estruturas discursivas e narrativas dos sistemas de representação de poder Alguns temas só são debatidos obviamente no ensino superior principalmente para profissionais da área como os professores de Língua Portuguesa Porém acreditamos que todos sem exceção deveriam entender mais detalhadamente a história da sua língua principalmente em visões críticas de forma que os estudantes levem em conta a importância da Língua Portuguesa no processo de construção de poder Desse modo é de extrema relevância saber se esse tema é visto no ensino básico além de ser relevante entender como outros profissionais enxergam o ensino de História da Língua Portuguesa Tendo exposto isso o nosso trabalho foi dividido em seis pontos introdução percurso metodológico análise das entrevistas considerações finais e experiência e por fim nossas referências PERCURSO METODOLÓGICO Temos como objetivo geral compreender como a escola apresenta a História da Língua Portuguesa e como objetivos específicos conhecer e entender a importância e a opinião das pessoas acerca do ensino da História da Língua Portuguesa nas escolas Vale salientar novamente que a ideia dessa pesquisa surgiu através das aulas e discussões expostas na disciplina de História da Língua Portuguesa do curso de Licenciatura em Letras Língua Portuguesa no período 20202 da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afrobrasileira Unilab CE Dessa forma com a ideia em mente elaboramos um percurso metodológico para alcançarmos nossos objetivos Tratase de uma pesquisa de natureza qualitativa no qual parafraseando Bauer e Gaskell 2015 a metodologia qualitativa foi em grande parte desenvolvida por pesquisadores da matrizes hermenêuticafenomenológica que elegem a análise de microprocessos o estudo de valores e intencionalidades dos indivíduos Ela dá inúmeras possibilidades de entender os fenômenos relacionados aos seres humanos e as suas relações sociais baseado na interpretação das realidades sociais O método de pesquisa qualitativa é o método de investigação mais utilizado por pesquisadores que querem entender as relações entre os seres humanos de uma determinada sociedade onde os dados coletados da pesquisa são de forma não quantificáveis Destacamos a importância de uma pesquisa qualitativa segundo Chizzotti 2003 O termo qualitativo implica uma partilha densa com pessoas fatos e locais que constituem objetos de pesquisa para extrair desse convívio os significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção sensível e após este tirocínio o autor interpreta e traduz em um texto zelosamente escrito com perspicácia e competência científica os significados patentes ou ocultos do seu objeto de pesquisa CHIZZOTTI 2003 p 221 Tivemos como principal técnica de pesquisa a entrevista padronizada que foi disponibilizada pela professora da disciplina na percepção de Marconi e Lakatos 2020 a entrevista padronizada consiste como uma técnica de pesquisa de observação direta intensiva proporcionando ao entrevistador a informação que lhe é necessária Na perspectiva de Gil 2008 a técnica de coleta de dados através de questionário é uma técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos p121 Já as entrevistas apresentam certo grau de estruturação já que se guia por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso p112 Tendo objetivos bem delimitados optamos por priorizar a entrevista já disponibilizada Os entrevistados foram escolhidos apenas com o seguinte critério não poderiam ser formados ou estarem cursando alguma licenciatura Com esse critério estabelecido fizemos um formulário no Google gerando um link e divulgando nas redes sociais Foram escolhidas as quatro primeiras entrevistas respondidas Os entrevistados responderam os seguintes questionamentos 1 Como a escola apresentou a história da Língua Portuguesa a você 2 Você conhece a história dos povos origináriosnacionais do seu país Ela foi apresentada em alguma disciplina na escola 3 Você acha importante que ela história cultura língua dos povos origináriosnacionais seja estudada 4 Na sua opinião como a história da Língua Portuguesa deveria ser apresentada aos alunos da educação básica Com os dados coletados realizamos uma análise qualitativa com base nos conteúdos da bibliografia estudada na disciplina além de outros autores que achamos pertinentes Para os autores Marconi e Lakatos 2020 a pesquisa bibliográfica é realizada com base em fontes disponíveis como documentos impressos artigos científicos livros teses dissertações MARCONI LAKATOS 2020 p32 Ou seja a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos GIL 2008 p44 Tendo esclarecido nosso percurso metodológico a seguir traremos os principais resultados que alcançamos bem como as respostas dos entrevistados 1 2 3 e 4 Para termos de compreensão destacamos em negrito Entrevistado N1 Entrevistado N2 Entrevistado N3 e Entrevistado N4 assim temos as respostas dos entrevistados de forma selecionada sem que precisamos identificálos respeitando a imagem das pessoas que se disponibilizaram em colaborar com a pesquisa Em resumo respeitando os aspectos éticos os entrevistados destacaram alguns dados no qual se mostram pertinentes para as análises Todos os participantes são de nacionalidade brasileira e os perfis se mostraram bem diversificados o Entrevistado N1 tem 34 anos é pesquisador e está concluindo o doutorado em economia o Entrevistado N 2 tem 28 anos é digitador e não cursou ou está cursando ensino superior o Entrevistado N 3 tem 22 anos é auxiliar fiscal e está cursando Ciências Contábeis e por fim a Entrevistada N 4 tem 22 anos e está cursando enfermagem Abaixo seguem quadros com as entrevistas e as respectivas respostas de cada entrevistado REFERENCIAL TEÓRICO Para a realização desta pesquisa tendo o objetivo de compreender como a História da Língua Portuguesa é apresentada nas escolas baseamos a nossa discussão em trabalhos que discutem a condição epistêmica da colonialidade a citar Oliveira e Candau 2016 Nascimento 2010 e Mignolo 2005 Nesse sentido como já falamos nos últimos anos a problemática das relações entre educação e diferenças culturais tem sido objeto de inúmeros debates reflexões e pesquisas no Brasil e em todo o continente latinoamericano Nesse contexto dentro do espaço acadêmico e dos movimentos sociais o debate em torno das relações étnicoraciais vêm se intensificando a ponto de interferir de forma direta nas políticas públicas Uma dessas discussões deu origem ao debate promovido por Oliveira e Candeu 2016 sobre Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil O trabalho citado nos serviu de referência para as análises justamente por apontar um caminho possível para uma pedagogia de ordem decolonial no Brasil atual Segundo os autores apesar de alguns avanços as polêmicas em torno das questões raciais e suas relações com a educação continuam presentes na sociedade e nos universos acadêmicos No que se refere a uma pedagogia decolonial veremos que essa demanda se dirige aos sistemas de ensino escolas e professores Ela busca segundo Oliveira e Candau 2016 reivindicações de políticas de ações afirmativas reparações reconhecimento e valorização de histórias culturas e identidades dos movimentos sociais negros OLIVEIRA CANDAU 2016 p20 Dessa forma ela direcionase a um combate no racismo por via de um reconhecimento estatal No entanto o termo reconhecimento implica em um movimento que buscamos compreender em nosso trabalho o questionamento das relações étnicoraciais de ensino baseadas em preconceitos e comportamentos discriminatórios Nesse sentido a proposta de uma pedagogia decolonial requer a superação tanto de padrões epistemológicos hegemônicos quanto na afirmação de novos espaços decoloniais No entanto para Oliveira e Candau 2016 é certo que apesar do grande avanço das discussões e dos debates públicos da questão racial negra no Brasil em torno do resgate da ancestralidade africana para a grande maioria dos brasileiros ainda está muito presente o mito da democracia racial que postula a miscigenação como uma ordem harmoniosa nas relações raciais brasileiras e estabelece silenciosamente um padrão branco de identidade e a necessidade de se ter referenciais eurocêntricos para o reconhecimento social e cultural A partir desse debate para realização das nossas análises foi necessário buscar mais propostas docentes para um ensino efetivamente decolonial A partir disso buscando fundamentar essa discussão nos baseamos nos postulados de Nascimento 2010 sobre Afroletramento Docente com base na investigação de estratégias de Leitura e de Escrita num contexto social à luz das demandas da Lei 1063903 que trata da obrigatoriedade do ensino das africanidades em sala de aula Nos postulados da autora temos a proposição de um tipo de Letramento centrado nas contribuições de matrizes africanas que vai além de um exercício de incorporação de práticas de diversidade mas diz respeito à construção de um recorte epistemológico que problematize o Letramento como estratégia de políticas públicas sociais relativas à educação brasileira na perspectiva decolonial Com esse objetivo lançase o Afroletramento não apenas como aparelhamento da técnica da Leitura e da Escrita com a alfabetização pelos grupos historicamente subalternizados mas a possibilidade do uso social e político da Leitura e da Escrita como estratégia para rompimento da hegemonia etnocêntrica que construiu a subalternidade e as assimetrias Com isso ao discutir sobre as possibilidades de um ensino decolonial Nascimento 2010 cita o exemplo da necessidade de se estudar as Áfricas os africanos e afrodescendentes a partir de um protagonismo Isso está relacionado a uma perspectiva afrocentrado baseada não meramente em aspectos culturais mas políticos sociais historiográficos psicológicos e econômicos No entanto se for feito o contrário do protagonismo mantémse a perpetuação da subalternização De forma geral o Afroletramento é uma proposta que sugere um amplo debate no âmbito das políticas públicas para a educação brasileira Segundo Nascimento 2010 ele envolverá a legislação em vigor em especial a Lei 10639 e sua implementação a gestão da educação no Brasil na escola a metodologia o recorte dos conteúdos o material didático e a abordagem afrocentrada No preparo para realização dos nossos levantamentos tendo em vista o horizonte de expectativas que esperávamos como resposta e das discussões nas aulas lançouse o questionamento como ensinar o que não se aprendeu nas licenciaturas com seus currículos ainda etnocentrados em sua maioria Como desenvolver um ensino decolonial se não se compreende a necessidade de desenvolver por exemplo um afroletramento docente Essa mesma pergunta é lançada nos postulados de nascimento e partir dela surge a necessidade de entendermos a importância de um recorte epistemológico capaz de problematizar a formação inicial e continuada do professor capaz de problematizar não somente sobre o que ensinar o conteúdotemática mas também como ensinar a metodologia afrocentrada NASCIMENTO 2010 p20 Além dessas duas pesquisas para a fundamentação dos nossos levantamentos também nos baseamos nos estudos de Mignolo 2005 Esse autor defende a tese de que a ideia de hemisfério ocidental deu lugar a uma mudança radical no imaginário e nas estruturas de poder no mundo moderno Quando propomos a realização de uma pesquisa que busca observar os efeitos de um ensino baseado em uma referência única ao ocidente abrese espaço para observarmos a imagem que temos hoje a respeito do ocidente Nesse sentido conforme o autor esse imaginário parte de um longo processo de construção do interior desse próprio imaginário ou seja um ocidente construído por letrados e letradas viajantes estadistas funcionários eclesiásticos e pensadores Com essa visão Mignolo 2005 lança um panorama extenso sobre a colonialidade e como o mundo moderno exercita o poder por meio dela Dessa forma o imaginário do mundo modernocolonial surgiu a partir de complexa articulação de forças de vozes e de histórias contadas em uma só perspectiva Assim o estudo desse movimento abriu espaço para a análise de respostas comuns entre os entrevistados o que discutiremos na seção seguinte ANÁLISE DAS ENTREVISTAS Na primeira pergunta o entrevistado n1 relata que não lembra em qual matéria viu História da Língua Portuguesa e nem como esse assunto foi abordado O entrevistado n2 diz não ter recordações de estudar latim mas que a escola apresentou a História da Língua Portuguesa através do ensino sobre os povos e civilizações sobre as colonizações de Portugal e que a língua portuguesa brasileira surgiu através da mistura de povos indígenas e africanos O entrevistado n3 por sua vez explica que não viu História da Língua Portuguesa no Ensino Fundamental privado apenas viu o assunto no Ensino Médio na escola da rede Estadual Pública O entrevistado n4 diz ter visto a História da Língua Portuguesa como uma língua originária de colonizadores Em relação à primeira pergunta tentamos observar de que maneira os nossos entrevistados conheceram a História da Língua Portuguesa na escola Com isso tendo em vista que a colonialidade afeta o modo de ser e pensar de um povo é perceptível que a visão apresentada sobre a Língua Portuguesa e seus aspectos históricos foi intrinsecamente colonial Nesse sentido observase um ensino e aprendizado de Português voltado à língua do colonizador o que mostra a persistente produção de práticas pedagógicas que reproduzem uma imagem reduzida e estereotipada do Português priorizando a representação dos colonos de Portugal Sobre esse ponto Oliveira e Candau 2016 destacam que a referência ao colonizador feita dessa forma na educação funciona a partir de uma estrutura de dominação do ensino imposta à América Laina África e até à Ásia Nesse sentido a alusão à invasão do imaginário do outro diz respeito a um discurso inserido no mundo do colonizado mas que se reproduz no lócus do colonizador Com isso o colonizador destrói o imaginário do outro e reafirma o seu ou seja a colonialidade em sua estrutura consegue reprimir os modos de produção de conhecimento do colonizado e impõe os seus Por esse motivo é que a História da Língua apresentada aos entrevistados parte de uma certa naturalização do imaginário do invasor europeu não se fala sobre os povos nacionais ou afrobrasileiros Na segunda pergunta o entrevistado n1 diz que sim sobre conhecer os povos origináriosnacionais do Brasil explicando que foi apresentada na escola mas não de forma aprofundada e que acredita ter visto esse assunto na disciplina de história O entrevistado n2 diz conhecer e explica que sempre gostou de história além de ter tido bons professores tema que sempre era trazido nas matérias de história e algumas vezes em geografia O entrevistado n 3 também diz que sim e que esse assunto foi apresentado na disciplina de história e literatura O entrevistado n4 diz que sim viu o assunto nas disciplinas de História e Língua Portuguesa não explicando em que momento do ensino básico Em relação à segunda pergunta tentamos observar de que modo foram apresentados os povos originários do país e em qual disciplina Com isso tendo em vista que a Língua Portuguesa falada no Brasil possui caráter miscigenado recebendo influências de outras línguas principalmente a dos povos nacionais É notável que o espaço dedicado a esses aspectos centrase em disciplinas como história e geografia esquecendo a influência de línguas indígenas ou das línguas gerais de origem indígena na formação do português do Brasil Sobre essa questão a própria BNCC 2018 estipula no ensino básico o estudo dos povos originário do país somente no campo artístico literário como verificase nas seguintes habilidades EM13LP52 EF67LP28 EF67LP28 Dessa forma nas escolas ainda é um desafio o trabalho com uma reflexão não somente linguística mas também social da língua apoiada nos processos históricos que marcam a Língua Portuguesa em nosso país Sobre essa questão Quijano 2007 explica o desenvolvimento de estruturas sociais que inferiorizam os grupos humanos não europeus Nesse sentido ao observamos o ensino sobre a História da Língua Portuguesa percebemos uma colonialidade do saber ou seja esquecem não somente o legado histórico e intelectual mas também linguístico dos povos originários e nacionais reduzindoos a uma categoria que remete a um passado colonial do país Na terceira pergunta o entrevistado n1 diz apenas sim para a importância do ensino da história cultura língua dos povos origináriosnacionais e acrescenta que deve ser vista de forma secundária ou seja de uma forma que não atrapalhe a carga horária já destinada às disciplinas obrigatórias O entrevistado n2 também diz que sim e ressalta que toda história deve ser estudada de forma que haja entendimento na evolução da humanidade O entrevistado n 3 considera o assunto importante levando em consideração que um povo deva conhecer sua própria origem e história O entrevistado n 4 também considera o assunto importante sendo abordado desde a educação básica mantendo as pessoas em contato com a própria história Em relação à terceira pergunta com o objetivo de entender a opinião das pessoas a respeito de como deve ser o ensino da História da Língua Portuguesa observamos como os entrevistados atribuem importância ao estudo dos povos originários do país Dentro dessa questão como vimos acima um dos candidatos atribui a esse estudo um caráter opcional Assim cabe a reflexão o que é considerado obrigatório no currículo escolar Conforme os postulados de Mignolo 2005 veremos que a colonialidade desenvolveu um fetichismo epistêmico que substanciado por uma geopolítica do conhecimento define todos os saberes a partir de uma lógica de pensamento localizada na Europa Por esse motivo assuntos que envolvem uma abertura à crítica decolonial e contrahegemônica são colocados em condição secundária Apesar disso 3 dos 4 entrevistados ressaltaram a importância do estudo da base originária do país Sobre essa questão conforme os postulados da escritora Chimamanda Adichie 2012 lembramos dos perigos de uma história única isso porque o ensino não pode se agarrar a estereótipos de pessoas eou lugares numa perspectiva distorção de identidades Em suas palavras Chimamanda 2012 trata de uma única fonte de influência de uma única forma de se contar histórias de se considerar como verdadeira a primeira e única informação sobre algum aspecto Nesse sentido a partir das respostas dos entrevistados ressaltamos a importância do estudo dos povos originários e nacionais tendo em vista uma história capaz de formar cidadãos não superficializando a experiência ou negligenciando todas as outras narrativas que formam o espaço dos povos indígenas em nosso país Na quarta pergunta o entrevistado n1 explica que a História da Língua Portuguesa deveria ser apresentada aos alunos da educação básica de forma resumida pois acredita que o mais importante é aprender a língua e que deve ter diferenciação de carga horária o que justifica a nossa compreensão acerca da resposta da pergunta anterior Já o entrevistado n2 explica que a História da Língua Portuguesa deve ser apresentada de forma que desperte o interesse deles ou seja o interesse dos alunos O entrevistado n 3 diz que o ensino de História da Língua Portuguesa deva acontecer de uma forma mais abrangente abordando mais claramente a sua origem até as mudanças na atualidade de forma que a língua possa ser valorizada ainda mais O entrevistado n4 diz que o assunto deve ser abordado em forma de contação de história pesquisas pelos próprios alunos e com uma parceria com a História ou seja de forma interdisciplinar Língua Portuguesa e História Em relação à quarta pergunta no intuito de prolongar as asserções feitas na questão anterior constatamos como os entrevistados considerariam o ensino de História da Língua Portuguesa na educação básica Conforme destacamos no parágrafo acima um dos quatro entrevistados continuou caracterizando os povos originários em uma categoria linguisticamente distante da Língua Portuguesa no Brasil Conforme Mignolo 2005 podemos afirmar que essa visão é decorrente de processos educacionais marcados por uma violência epistêmica que conduziram o entrevistado a uma geopolítica linguística Assim já que as línguas coloniais ou imperiais cronologicamente identificadas no grego e no latim na Antiguidade e no italiano no português no castelhano no francês no inglês e no alemão na modernidade estabeleceram o monopólio linguístico desprezase as línguas nativas e como consequência subvertemse ideias imaginários e as próprias cosmovisões nativas fora da Europa Apesar disso como vimos acima três dos quatro entrevistados consideram importante o estudo dos povos originários que podem ser trabalhados de forma lúdica interdisciplinar e contextualizada Nesse sentido com base em Nascimento 2010 veremos que os entrevistados em alto ou em baixo nível consideram uma proposta que promove a resistência e o protagonismo desses povos subalternizados Assim ressaltamos a relevância de promovermos a dessubalternização não só dos referidos grupos bem como do currículo ou até mesmo da inclusão da temática indígena e africana nesses currículos considerando as Políticas Públicas Sociais no setor da Educação no combate ao caráter hegemônico e eurocêntrico no ensino de Língua Portuguesa CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos levantamentos feitos foi perceptível que o estudo da História da Língua Portuguesa ainda se encontra em um lugar secundário quando falamos das aulas de português Com isso cabe destacar aqui o que já foi postulado por Lucchesi 2009 p16 a contribuição dos segmentos indígenas e africanos para a formação da realidade linguística brasileira tem sido menosprezada Assim com base nas análises feitas constatamos os seguintes pontos 1 A visão apresentada sobre História da Língua Portuguesa e seus aspectos históricos é intrinsecamente colonial 2 O espaço dedicado aos aspectos que envolvem a História da Língua Portuguesa desconsidera em partes a influência de línguas indígenas ou das línguas gerais dos povos originários e nacionais na formação do português do Brasil 3 Apesar de serem considerados importantes assuntos que envolvem uma abertura à crítica decolonial e contrahegemônica são colocados em condição secundária 4 Os entrevistados em alto ou em baixo nível acadêmico consideram uma proposta que promove a resistência e o protagonismo desses povos subalternizados Esperamos que com esse trabalho possamos direcionar estudantes e professores a partir de uma perspectiva crítica a importância que é ensinar a história da língua no qual os debates não se esgotam ao falar da História da Língua Portuguesa mas também do que se trata nossa identidade e nossa cultura Com os resultados abrimos o leque de possibilidades para outros estudantes darem continuidade a essa importante temática EXPERIÊNCIA Acreditamos que a disciplina apesar das circunstâncias foi ministrada da melhor forma possível Com os debates e as apresentações das pesquisas percebemos o quanto ainda precisamos avançar em um processo educacional decolonial em busca de avanços para a Língua Portuguesa e para tudo que a rodeia principalmente sua história Sabemos hoje a forma que podemos criticar temos o que falar e apontar bem como opiniões para pesquisas e estudos Essa disciplina provavelmente mudou a forma como os alunos internacionais enxergam o ensino em seus países Através deles é possível uma mudança ou seja através de nós alunos e de nossas pesquisas e de todo nosso esforço enquanto profissionais poderemos no futuro mudar o processo educacional de nossos países Em suma destacamos que a nossa experiência com essa pesquisa não poderia ter sido de outra forma se não de conteúdos ricos em críticas esclarecedoras Como sabemos educação superior do século XXI precisa de novo olhar e novos preceitos visto que a sua realidade educacional se apresenta de forma multidisciplinar e interdisciplinar Assim sendo em pesquisas como essa construímos um espaço de diálogo entre diferentes áreas do conhecimento linguística sociologia e antropologia articulando as discussões com vistas para os problemas que afetam o ensino decolonial de Língua Portuguesa Sem dúvidas as discussões não se encerram aqui REFERÊNCIAS ADICHIE Chimamanda Canal Bruno Alves Chimamanda Adichie O perigo da história única Youtube 28 de abril de 2012 Disponível em httpsyoutubeEC bh1YARsc Acesso em 29 de julho de 2021 BRASIL Ministério da Educação Base Nacional Comum Curricular Brasília 2018 BECKER Howard S A Epistemologia da Pesquisa Qualitativa Revista de Estudos Empíricos em Direito v 1 n 2 p184198 Jul 2014 CHIZZOTI Antonio A Pesquisa Qualitativa em Ciências Humanas e Sociais evolução e desafios Revista Portuguesa de Educação v 16 n 002 p 221236 2003 Braga Portugal GIL Antonio Carlos Como elaborar Projeto de Pesquisa 4 Ed São Paulo Atlas 2002 GIL Antonio Carlos Métodos e Técnicas de Pesquisa Social 6 Ed São Paulo Atlas 2008 MIGNOLO Walter A colonialidade de cabo a rabo o hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade A colonialidade do saber eurocentrismo e ciências sociais Perspectivas latinoamericanas Buenos Aires Clacso p 71103 2005 MARCONI Marina de Andrade LAKATOS Eva Maria Metodo logia do trabalho científico projetos de pesquisa pesquisa bibliográfica teses de doutorado dissertações de mestrado trabalhos de conclusão de curso 8 Ed São Paulo Atlas 2020 NASCIMENTO Elisabete Afroletramento docente 2010 OLIVEIRA Luiz Fernandes de CANDAU Vera Maria Ferrão Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil Educação em revista v 26 p 1540 2010 QUIJANO Aníbal Colonialidad del poder y clasificación social In CASTROGÓMEZ S GROSFOGUEL R Orgs El giro decolonial Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global Bogotá Universidad JaverianaInstituto Pensar Universidad CentralIESCO Siglo del Hombre Editores 2007 p 93126 SILVA Tomaz Tadeu A produção social da identidade e da diferença In SILVA Tomaz Tadeu org e trad Identidade e diferença a perspectiva dos estudos culturais Petrópolis Vozes 2000 p 73102 Disponível em httpwwwdiversidadeducainfantilorgbrPDFA20produC3A7C3A3o20soc ial20da20identidade20e20da20diferenC3A7a20 20Tomaz20Tadeu20da20Silvapdf Acesso em 27 de junho de 2021 ANEXOS Anexo 1 Entrevistas ENTREVISTA N 1 Dados Profissão pesquisador concluindo doutorado em Economia Nacionalidade brasileiro Idade 34 1 Como a escola apresentou a história da Língua Portuguesa a você Não lembro em qual matéria Faz muito tempo Não tenho certeza se esse assunto foi abordado 2 Você conhece a história dos povos origináriosnacionais do seu país Ela foi apresentada em alguma disciplina na escola Sim Mas não de forma aprofundada Muito provavelmente na disciplina de História 3 Você acha importante que ela história cultura língua dos povos origináriosnacionais seja estudada Sim Mas com caráter secundário 4 Na sua opinião como a história da Língua Portuguesa deveria ser apresentada aos alunos da educação básica De forma resumida O mais importante é aprender a língua que inclusive deve ter diferenciação de carga horaria ENTREVISTA N 2 Dados Profissão Digitador em clínica de imagens ensino básico completo Nacionalidade Brasileiro Idade 28 anos 1 Como a escola apresentou a história da Língua Portuguesa a você Ensinando sobre os povos e civilizações que falam a língua Em grande parte se falando sobre as colonizações de Portugal desde o século XV Também se explicava bastante como a língua portuguesa brasileira surgiu através da mistura com povos indígenas e africanos Porém não me recordo se estudei muito sobre latim na escola me interessando mais sobre o assunto na vida adulta 2 Você conhece a história dos povos origináriosnacionais do seu país Ela foi apresentada em alguma disciplina na escola Conheço sempre gostei bastante de história e tive a sorte de ter ótimos professores na matéria Geralmente esse assunto era trazido nas matérias de história e por vezes em geografia 3 Você acha importante que ela história cultura língua dos povos origináriosnacionais seja estudada Sim Acredito que toda história deva ser estudada tanto para entender como aconteceu a evolução cultural linguista e tecnológica da humanidade quanto para não repetirmos os erros já cometidos 4 Na sua opinião como a história da Língua Portuguesa deveria ser apresentada aos alunos da educação básica De forma que desperte o interesse deles Eu acredito que o jovem é curioso e aprender sobre coisas que são alienígenas para o seu meio deve instigar bastante ele ENTREVISTA N 3 Dados Profissão Auxiliar Fiscal cursando Ciências Contábeis Nacionalidade Brasileiro Idade 22 Anos 1 Como a escola apresentou a história da Língua Portuguesa a você Durante o ensino fundamental em escola privada a forma de ver a história da língua portuguesa foi de uma maneira mais básica somente no ensino médio pela rede estadual que pude conhecer mais profundamente sobre essa história 2 Você conhece a história dos povos origináriosnacionais do seu país Ela foi apresentada em alguma disciplina na escola Sim Boa parte apresentada na disciplina de história e uma outra parte em literatura 3 Você acha importante que ela história cultura língua dos povos origináriosnacionais seja estudada Considero muito importante pois um povo que não tem conhecimento sobre a própria origem e história acaba ficando refém de outras tradições e não valoriza suas próprias riquezas 4 Na sua opinião como a história da Língua Portuguesa deveria ser apresentada aos alunos da educação básica De uma forma mais abrangente que retrata desde a origem até as mudanças que ocorreram com toda a atualidade expressando a real riqueza dessa história e valorizando cada vez mais uma língua tão rica ENTREVISTA N 4 Dados Profissão Estudante do curso de enfermagem Nacionalidade Brasileira Idade 22 1 Como a escola apresentou a história da Língua Portuguesa a você Como uma língua originária de colonizadores 2 Você conhece a história dos povos origináriosnacionais do seu país Ela foi apresentada em alguma disciplina na escola Sim na disciplina de História e Língua Portuguesa 3 Você acha importante que ela história cultura língua dos povos origináriosnacionais seja estudada Sim é muito importante que desde a educação básica as pessoas tenham contato com a história de uma língua que nos foi imposta uma cultura totalmente hegemônica 4 Na sua opinião como a história da Língua Portuguesa deveria ser apresentada aos alunos da educação básica Em forma de contação de história pesquisas pelos próprios alunos e com uma parceria com a História Fonte Elaboração própria