·
Cursos Gerais ·
Introdução à Economia
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
31
O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
Introdução à Economia
FMU
27
Aula 01 Economia: Introdução e Método de Aprendizagem - Slides
Introdução à Economia
FMU
37
Aula 03 - Oferta, Demanda e Equilíbrio de Mercado - Microeconomia Pindyck
Introdução à Economia
FMU
37
Microeconomia e Teoria dos Preços - Conceitos e Fundamentos
Introdução à Economia
FMU
36
Introducao a Macroeconomia - Conceitos e Instrumentos da Politica Macroeconomica
Introdução à Economia
FMU
1
Microeconomia Pindyck - Oferta e Demanda e Mecanismos de Mercado
Introdução à Economia
FMU
30
Aula 02 - Princípios de Economia e Teoria da Demanda - Slides
Introdução à Economia
FMU
1
IDH Indice de Desenvolvimento Humano - Conceito e Dimensao
Introdução à Economia
IESB
1
Questão Resolvida Microeconomia - Bens Substitutos e Demanda
Introdução à Economia
IESB
1
Teoria da Demanda e Bens Complementares: Biscoito, Requeijão e Farinha - Exercício Resolvido
Introdução à Economia
IESB
Preview text
1 Conceito de Economia Você já deve ter ouvido falar a palavra economia milhares de vezes não é mesmo Desde que era criança ouvia seus pais dizerem que é preciso fazer economia e depois que passou a entender melhor o mundo ouviu essa palavra ser pronunciada por uma porção de pessoas e com as mais diversas utilizações Tem economia financeira economia política microeconomia macroeconomia Ufa Mas o que é economia afinal A origem da palavra é atribuída a Aristóteles filósofo e matemático grego que viveu entre 384 e 322 aC É a junção da palavra grega oikos casa e nomos norma lei e deve ser entendida como administração da casa ou administração da coisa pública Nos tempos modernos a economia passou a ser a ciência social que estuda a forma pela qual os homens as nações ou as instituições empregam seus recursos na produção de bens e serviços para atender às suas necessidades SAIBA MAIS SAMUELSON P A 1975 A Economia é a ciência que se preocupa com o estudo das leis econômicas indicadoras do caminho que deve ser seguido para que seja mantida em nível elevado a produtividade melhorado o padrão de vida das populações e empregados corretamente os recursos escassos BARRE R 1970 A Economia é a ciência voltada para a administração dos escassos recursos das sociedades humanas ela estuda as formas assumidas pelo comportamento humano na disposição onerosa do mundo exterior em decorrência da tensão existente entre os desejos ilimitados e os meios limitados aos agentes da atividade econômica STONIER A W HAGUE D C 1971 Não houvesse escassez nem necessidade de repartir os bens entre os homens não existiriam tampouco sistemas econômicos nem Economia A Economia é fundamentalmente o estudo da escassez dos problemas dela decorrentes Fonte ROSSETTI J P 1994 A humanidade somente sentiu a necessidade de estudar economia ou ciências econômicas em função da falta ou insuficiência de alguma coisa ou seja a escassez Observe que existe um eterno conflito entre as nossas necessidades e os recursos disponíveis As nossas necessidades são ilimitadas enquanto os nossos recursos são escassos Vamos entender isso de outra forma Um antigo professor de economia costumava perguntar aos seus alunos logo na primeira aula quem aqui ganha pouco E solicitava que os alunos que julgavam ganhar pouco levantassem uma das mãos Quando me vi diante desse questionamento levantei as duas mãos confesso Para minha surpresa o professor disse para eu experimentar viver na época dos meus avós em que certamente meus ganhos seriam mais que suficientes Isso me forçou a uma rápida reflexão meus avós não tinham automóvel televisão telefone microondas TV por assinatura celular computador máquina de lavar roupas etc Sem contar que não tinham qualquer conforto em sua residência como chuveiro elétrico banheiro interno água tratada esgoto fogão a gás etc Também tinham pouco acesso ao lazer não viajavam não iam ao cinema ao teatro ou a algum show musical aliás pouco sabiam da existência de artistas Dá para entender facilmente por que meus ganhos são insuficientes não é mesmo Eu tenho outras necessidades e olha que elas são infinitas ou melhor não basta mais eu ter um automóvel que deveria ser o sonho de consumo dos meus avós um automóvel para a família inteira As famílias modernas possuem a necessidade de um automóvel para cada membro da família A vida nos impõe isso Agora vamos sair do plano individual para o plano coletivo Nesse plano quando você ouvir falar de necessidade esteja certo de que alguém está se referindo aos bens e serviços que garantem a nossa sobrevivência enquanto espécie Você já pensou em uma lista para as suas necessidades Somente para ajudálo elaborei uma lista das necessidades do homem atual e é bem provável que sua lista seja muito parecida com esta Alimentos Vestuário Moradia Móveis para a casa Água tratada e saneamento básico Eletricidade Utensílios domésticos Eletrodomésticos Transporte Lazer e recreação Educação Saúde Segurança Cultura Observe que a lista é infindável e existe apenas uma pequena parcela da humanidade que consegue usufruir da totalidade da lista de necessidades humanas Uma parcela significativamente maior consegue acesso somente a uma parte da lista a parte denominada necessidades básicas ou seja as necessidades ligadas às questões de sobrevivência Porém milhões de pessoas em todo o mundo não conseguem alcançar a lista de necessidades básicas como um todo e ainda assim em quantidades insuficientes Você já imaginou quantas pessoas passam fome no mundo Ou no Brasil Quantas pessoas não têm acesso a água tratada ou saneamento básico Quantas pessoas moram na rua Pois é o nome dessa situação é exclusão social Os socialmente excluídos não possuem acesso aos bens e serviços mais elementares para a sua sobrevivência e por conseguinte não participam das decisões da sociedade Outro detalhe importante que precisa ser levado em consideração é que dentre a parcela da população que tem acesso pelo menos à lista de necessidades básicas a imensa maioria não tem segurança de que continuará mantendo esse acesso pela vida inteira Você deve estar se perguntando onde a economia entra em tudo isso Isso que você acabou de ler diz respeito à escassez A maioria das pessoas que conseguem acesso aos itens da lista de necessidades básicas o faz à custa de muito trabalho e luta por todo o tempo das suas vidas Esteja certo disso Agora é chegado o momento de você entender o que é escassez de recursos Mas você sabe o que são recursos Para responder a essa questão pense na lista das necessidades humanas O que é preciso para que cada um desses itens esteja disponível para o consumo Em linhas gerais uma necessidade humana é satisfeita através do acesso a um bem econômico o qual foi resultado de um processo de transformação Esse processo de transformação se caracteriza pelo uso de recursos para mudar o estado ou condição de algo para produzir outputs SLACK CHAMBERS JOHNSTON 2007 p 36 O quadro a seguir descreve algumas operações por meio de processos de transformação Quadro 1 Descrição dos processos de transformação de diferentes operações Fonte SLACK CHAMBERS JOHNSTON 2007 p 37 Se observarmos mais atentamente os recursos de inputs listados no quadro podem ser classificados em três grupos fundamentais Terra ou recursos naturais representa todos os recursos originados diretamente na natureza Trabalho além de mão de obra esse recurso engloba as atividades técnicas administrativas e intelectuais representando portanto todo o esforço humano empregado no processo de produção Capital todos os inputs capazes de elevar a eficiência do trabalho humano por exemplo equipamentos e instalações Você já deve ter percebido que todos os recursos da produção qualquer que seja a classificação são escassos Isso ocorre porque a natureza é finita não dispõe dos recursos de forma abundante e não os disponibiliza em todos os lugares O petróleo por exemplo é encontrado em apenas algumas regiões do mundo A mão de obra também é limitada ora por problemas de qualificação e conhecimento ora por questões de disponibilidade de pessoas Ainda sobre a questão da mão de obra existe também o problema da distribuição demográfica ou seja algumas regiões do mundo são mais habitadas que outras o que provoca um desequilíbrio no uso do recurso Finalmente você há de convir que o homem faz mau uso dos recursos existentes e alguns recursos que já foram encontrados em abundância passaram a ser escassos pelo seu uso indiscriminado e irresponsável Você já deve ter ouvido falar sobre a crise hídrica iniciada em 2014 certo Se todos os recursos fossem encontrados em abundância ou seja se não houvesse escassez de recursos você não precisaria estar estudando economia neste instante Temas como desemprego inflação balança de pagamentos etc decididamente estariam fora da mídia e das nossas preocupações diárias não é mesmo 11 Problemas econômicos fundamentais O maior problema enfrentado pela humanidade ao longo de toda a sua história é fazer escolhas diante da escassez de recursos As pessoas empresas governos sindicatos e qualquer forma de organização social humana precisam decidir o que quanto como e para quem produzir Há quase meio século o homem convive com o conflito de gerações provocado pelas mudanças nas tecnologias de produção e no ritmo de consumo que afetam os valores e o comportamento da sociedade O trabalho é o vetorchave desse processo de transformação de postura empreendedora e de geração de novas necessidades e a escassez é o obstáculo a ser transposto Você já deve ter deparado com uma fila em uma agência bancária correto A fila se forma porque o caixa não consegue atender todos os clientes na mesma velocidade de chegada destes ou seja no intervalo de tempo em que o caixa está atendendo o primeiro da fila chegam mais dois ou três clientes Se você estiver na fila normalmente reclama com a gerência do banco que deveria abrir mais pontos de atendimento mais caixas Esse é um problema de escassez de recursos O gerente do banco não pode abrir novos pontos de atendimento indefinidamente tanto pelo custo operacional do banco quanto pela falta de funcionários capacitados a executar essa função Observe que o simples pensar em aumentar os pontos de atendimento lhe direciona para o trabalho ou melhor aumentando o volume de trabalho o problema estaria resolvido Como essa solução não é possível o jeito é administrar a escassez Para administrar a escassez ou tentar superála usamos a produção e por conseguinte o trabalho Assim voltamos ao questionamento inicial o que produzir Quanto produzir Como produzir E para quem produzir Uma coisa é certa a humanidade produz apenas bens e serviços Produzir bens e serviços é a resposta humana para os problemas de escassez Você não tem uma ideia clara do que sejam bens e serviços Não se preocupe isso é confuso mesmo Afinal existem bens de consumo bens de capital bens duráveis etc Mas aqui vão algumas dicas para esclarecer suas dúvidas SAIBA MAIS Bens e serviços são resultado do trabalho humano realizado para suprir as necessidades humanas Os bens são tangíveis físicos e são resultado da transformação da matériaprima em produtos Os serviços são intangíveis abstratos e são resultados de ações específicas realizadas por técnicas específicas dominadas pelos homens Um avião é físico pois é possível tocá lo sentilo e vêlo mas o transporte de passageiros que ele realiza não poe ser tocado sentido e nem visto sendo portanto um serviço Espero que após as dicas você tenha entendido as diferenças entre bens e serviços Para sedimentar mais ainda essa compreensão veja a Figura 1 Ela apresenta as características que diferenciam os bens e os serviços Observe que no centro do gráfico existem bolas divididas ou melhor tipos de produção que atuam tanto como bens quanto serviços ou seja atividades que englobam características tangíveis e intangíveis É o caso dos restaurantes que servem um bem o alimento físico e o serviço atendimento do garçom Figura 1 Escala de tangibilidade Fonte HOFFMAN et al 2010 p 6 Mas esteja atento porque isso não para por aí Os bens são subdivididos em quatro grupos Bens de consumo não duráveis são os produtos físicos que se esgotam em curto período de tempo e assim devem ser repostos com frequência Neste subgrupo incluemse peças de vestuário e calçados alimentos produtos de higiene e limpeza medicamentos etc Bens de consumo duráveis são os produtos físicos que não precisam ser substituídos com tanta frequência pois o tempo de desgaste é consideravelmente maior Automóveis eletrodomésticos computadores e aparelhos eletrônicos mobília e utensílios domésticos são produtos que se encaixam neste subgrupo Bens intermediários são produtos resultantes das ações de extrativismo ou da fase inicial do processo industrial porém não são consumidos necessitando de reprocessamento para se transformarem em bens de consumo Neste subgrupo estão classificados o aço o petróleo os produtos químicos a celulose e as matériasprimas em geral Bens de capital são os produtos que não se destinam ao consumo das pessoas e sim das empresas Em geral esses bens atuam no processo produtivo transformando matériasprimas em bens de consumo Máquinas e equipamentos são os produtos mais característicos deste subgrupo Agora preste muita atenção você acredita que existem produtos que podem tanto ser classificados como bens de capital quanto como bens de consumo duráveis Pois é o automóvel é um desses casos Imagine um motorista de táxi Se ele adquirir um automóvel para seu trabalho diário é um bem de capital mas se adquirir um automóvel para o lazer de sua família é um bem de consumo durável Agora que você é quase um expert em bens e serviços vamos retornar às nossas questões fundamentais o que produzir Quanto produzir Como produzir Para quem produzir A escassez aliada a essas quatro questões centraliza os problemas econômicos fundamentais A economia busca incessantemente as respostas para essas questões O que produzir Esta é uma decisão que vai além dos limites da economia A resposta para essa questão está no centro da sociedade É ela quem deve decidir se produz maiores quantidades de bens de capital ou de bens de consumo Em países onde imperam as economias de mercado como os países europeus o Japão o Brasil e os Estados Unidos somente para citar alguns são os consumidores que indicam o que produzir A isso dáse o nome de soberania do consumidor Mas em países com economias planificadas ou centralizadas como China Cuba e outros a decisão é tomada por um Órgão Central de Planejamento vinculado ao Estado Quanto produzir Aqui também é uma decisão da sociedade É ela quem deve dizer quais quantidades de cada bem devem ser produzidas Mais uma vez existe uma diferença entre a tomada de decisão nas economias de mercado em que as quantidades a serem produzidas são definidas pela oferta e demanda Porém nas economias planificadas ou centralizadas essa decisão cabe ao Órgão Central de Planejamento Como produzir Esta decisão cabe ao contexto empresarial nas economias de mercado pois é dependente dos recursos disponíveis e da capacidade de investimento Geralmente passa pela eficiência desejável e pelos métodos de produção utilizados capital intensivo ou mão de obra intensiva Sociedades com necessidade de geração de emprego optam pelo uso da mão de obra intensiva Já as sociedades com grande disponibilidade de recursos financeiros optam pelo uso do capital intensivo Para quem produzir Aqui o problema é de distribuição da renda gerada ou seja a sociedade deve decidir quem serão os beneficiados na comercialização dos produtos Nas economias de mercado os beneficiários são as pessoas de maior poder aquisitivo porém nas economias planificadas ou centralizadas a decisão sobre os beneficiários cabe ao governo Assim para entender a economia como ciência você precisará colocar o conjunto de processos produção distribuição e consumo no centro da dinâmica Você pode imaginar quantas decisões a combinação desses processos pode gerar Os produtores precisam decidir como combinar os recursos de produção e quanto de cada recurso utilizar Os consumidores precisam decidir quanto adquirir de cada bem ou serviço para satisfazer suas necessidades Tanto produtores quanto consumidores possuem restrições financeiras o que implica renunciar a alguma coisa para priorizar outra Assim você enquanto consumidor ao escolher comprar mais de um determinado produto esteja certo de que terá que reduzir a compra de outros Esta lei da economia é implacável 12 Curva das possibilidades Atualmente existem mais de 7 bilhões de pessoas em todo o mundo todas envolvidas em um frenético conjunto de atividades de comprar alugar produzir vender trabalhar viajar etc Em razão dessa complexidade toda é que se torna cada vez mais difícil o entendimento do funcionamento da economia Mas calma sempre existe uma solução Alguns economistas desenvolveram modelos simplificados para explicar como a economia se organiza A Figura 2 é um exemplo Figura 2 Fluxo circular da renda Fonte BRAGA VASCONCELLOS 2011 p 11 Ao analisar a Figura 2 você deve ter concluído que esse modelo apresenta apenas dois agentes econômicos responsáveis por tomar decisões no sistema econômico famílias e empresas mas poderíamos ter uma infinidade deles incluindo também o governo o comércio internacional ou subdividindo as famílias Observe que a interação dos agentes econômicos se dá em dois tipos de mercados os fatores de produção e bens e serviços e efetiva dois fluxos real e monetário O fluxo real representa o processo de satisfação das necessidades em si ou seja a produção e a distribuição de bens e serviços Ao observarmos esse fluxo cada um dos agentes assume um papel duplo as famílias demandam bens e serviços e ofertam fatores de produção as empresas por sua vez demandam esses fatores de produção para poder ofertar bens e serviços Nesse sentido descrevemos o fluxo real da seguinte maneira as empresas alocam os fatores de produção ofertados pelas famílias em processos produtivos os quais terão como resultado a produção de bens e serviços Estes serão vendidos através dos mercados de bens e serviços para as famílias E esse fluxo é incessante ocorrendo de maneira ininterrupta Por sua vez para que esse fluxo real de mercadorias que suprem as necessidades humanas seja efetivado em um sistema econômico há a necessidade do estabelecimento do fluxo monetário ninguém trabalha de graça assim como nenhum produto é gratuito Isso significa que quando as famílias ofertam os fatores de produção às empresas elas exigem em contrapartida uma remuneração Assim cada proprietário de fator de produção recebe uma renda por sua utilização trabalhadores ganham salários arrendatários aluguel capitalistas juros eou lucro etc Essa renda que é ao mesmo tempo custo para as empresas deverá ser gasta na aquisição de bens e serviços Logo o que é gasto para as famílias se transforma em receita para as empresas Nas chamadas economias de livre mercado o governo apenas fiscaliza esse círculo de trocas de forma a evitar abusos mas nas economias planificadas o governo assume a tomada de decisão tanto das empresas quanto da sociedade Guarde bem esse conceito do Fluxo Circular de Renda pois ele será muito importante durante o curso Outro conceito de importância ímpar é a Curva das Possibilidades de Produção também conhecida como Fronteira das Possibilidades de Produção Imagine uma economia tão simplificada que produz apenas dois tipos de bens máquinas agrícolas bens de capital e alimentos bens de consumo Todo alimento produzido será utilizado para as necessidades de nutrição das pessoas e não poderá ser estocado para ser usado no dia seguinte ou no futuro Como em toda economia complexa ou simplificada os recursos são escassos e para aumentar a produção de alimentos e atender ao crescimento da população por exemplo precisamos diminuir a produção de máquinas agrícolas Mas se diminuirmos a produção de máquinas agrícolas a produção de alimentos nos anos seguintes será insuficiente para atender à demanda da população O que você faria A tabela a seguir mostra algumas possibilidades de produção dessa economia Tabela 1 Economia com dois fatores de produção Fonte BRAGA VASCONCELLOS 2011 p 6 A alternativa A indica que todos os recursos de produção existentes serão utilizados para produzir máquinas agrícolas ou seja representa a quantidade máxima de máquinas que essa economia é capaz de produzir A Alternativa D indica que todos os recursos de produção existentes serão utilizados para produzir alimentos ou seja representa a quantidade máxima de alimentos que essa economia é capaz de produzir Somente para lembrar se você optar por resolver o problema imediato das pessoas saciando a fome e produzindo somente alimentos no futuro terá uma série de problemas afinal se não produzir maquinário agrícola não conseguirá expandir a produção de alimentos para atender ao crescimento da população Então o que você faria Aparentemente essa é uma questão de fácil solução Basta identificar o nível de consumo de alimentos atual produzir somente o necessário e alocar os recursos de produção excedentes na produção de maquinário agrícola Mas você não pode estocar alimentos e as necessidades da população são crescentes Além disso os maquinários como tratores e colheitadeiras demoram algum tempo para serem fabricados E aí o que você faria Para solucionar esse problema primeiro você precisa conhecer o conceito da Curva de Possibilidades de Produção CPP que representa esquematicamente a fronteira máxima que uma economia consegue produzir onde se pressupõe o pleno emprego dos recursos disponíveis Analise atentamente o gráfico apresentado na Figura 3 Figura 3 Curva de possibilidades de produção Fonte BRAGA VASCONCELLOS 2011 p 7 O que você concluiu da análise da Curva das Possibilidades de Produção representada na Figura 3 Vamos dar uma mãozinha Observe que para produzir 10 mil máquinas agrícolas nenhuma tonelada de alimento pode ser produzida pois todos os recursos da economia estão sendo empregados na produção das máquinas agrícolas Se produzir 8 mil máquinas a economia conseguirá produzir no máximo 6 milhões de toneladas de alimentos Essa análise se repete em todos os pontos sobre a Curva das Possibilidades de Produção e os especialistas dizem que a economia está operando a pleno emprego de recursos ou seja não existe desemprego nem capacidade ociosa de produção Agora observe o ponto E em que a economia produz 8 mil máquinas agrícolas e 2 milhões de toneladas de alimentos Nesse caso e para todo e qualquer ponto situado na parte interna da curva os especialistas dizem que a economia está subutilizando os recursos de produção ou seja existe desemprego ou algum recurso está ocioso Por outro lado a situação do ponto F em que a economia produz 8 mil máquinas e 10 milhões de toneladas de alimentos é uma situação impossível de existir pois a economia estaria operando acima da sua capacidade e não disporia de recursos para tanto Os desdobramentos analíticos da CPP podem ser normativos e positivos Quadro 2 Desdobramentos analíticos da CPP Fonte Autor A análise da Curva das Possibilidade de Produção não para por aí Observe que a CPP é côncava em relação à origem e decrescente A concavidade é relativa à denominada Lei dos Custos Crescentes em que a remoção de mão de obra da produção de alimentos para a produção de máquinas agrícolas provoca custos gradativamente crescentes pois o uso de trabalhadores menos qualificados em um setor traz aumentos significativos nos custos Já o fato de a CPP apresentarse decrescente é devido ao sacrifício que será feito ao optarse pela produção de bens de consumo em detrimento de bens de produção Agora você já pode ser considerado um expert em Curva das Possibilidades de Produção e apostamos que você está apto para propostas mais desafiadoras quer experimentar SAIBA MAIS Nos períodos pósguerras o mundo acaba vivendo períodos de grande desenvolvimento e consequente aumento da produtividade Você saberia responder por que isso acontece 2 Evolução do Pensamento Econômico O estudo da Teoria Econômica teve sua origem a partir da publicação da obra clássica de Adam Smith A Riqueza das Nações em 1776 O livro lançou as bases da Revolução Industrial e o estudo da economia de forma sistematizada SAIBA MAIS Você já ouviu falar de Adam Smith Ele é considerado o Pai da Economia Moderna Nasceu em 5 de junho de 1723 em Kirkcaldy na Escócia Foi filósofo e economista tendo como cenário de vida o século XVIII Em 1776 publicou sa principal obra A Riqueza das Nações um verdadeiro classico lido e relido até os dias atuais Adam Smith acreditava na livre iniciativa e que o mercado se ajustaria sozinho sem qualquer tipo de intervenção do governo Para ele a simles competição entre concorrentes seria suficiente para que os preços caíssem e as inovações tecnológicas por si só seriam responsáveis pelo barateamento dos custos de produção Apesar da importante contribuição de Adam Smith para a Economia Moderna os primeiros estudos sobre economia vêm da Grécia Antiga onde segundo consenso dos historiadores e economistas o termo economia foi cunhado por Aristóteles Somente no século XVI é que surgiu a primeira escola econômica o mercantilismo Essa escola preocupavase com a acumulação de riquezas das nações e o fomento do comércio exterior muito embora ainda se tratasse de conceitos elementares Apesar de iniciar uma série de discussões a respeito do papel da moeda na economia dos efeitos multiplicadores da renda entre outros a escola mercantilista assentavase em princípios absolutamente empíricos sem a preocupação com o desenvolvimento de fundamentos teóricos que os embasassem Um preceito básico do mercantilismo era atribuir o poder e a força de um país ao acúmulo de ouro e prata Essa influência chegou até nossos dias à medida que a capacidade de emissão de moedas de um país estava vinculada ao lastro em ouro desse mesmo país É evidente que esses preceitos reforçaram o poder do Estado nas decisões econômicas além de incentivar guerras e estimular o nacionalismo Como contraponto ao mercantilismo surgiu no século XVIII na França a fisiocracia Essa escola do pensamento econômico pregava a supremacia da lei da natureza acreditando ser desnecessária a regulamentação do Estado sobre a economia Para os fisiocratas a terra era tida como fonte de riqueza única e o universo era regido por leis naturais determinadas pela Providência Divina Contrariando o pensamento mercantilista em que a riqueza era proporcionada pelo acúmulo de metais preciosos os fisiocratas afirmavam que a riqueza era derivada da produção de bens obtidos pelas atividades econômicas da época agricultura pesca e mineração Sobretudo o desenvolvimento da escola fisiocrata estava centrado na figura de Quesnay primeiro autor a conferir um viés analítico e científico para problemáticas econômicas Suas ideias ancoravamse em princípios da escola filosófica utilitarista e sua maior contribuição foi a construção de um quadro econômico o qual expunha as contribuições dadas por cada classe social ao sistema econômico Para o autor o sistema econômico era considerado um organismo vivo lei natural e sua representação numérica permitiu que se chegasse à conclusão do papel de cada classe social as quais dividiamse em Classe produtiva agricultores assalariados e outros trabalhadores agrícolas Classe proprietária soberano nobreza proprietária e clero Classe estéril comerciantes manufatureiros e seus trabalhadores Ao observar que os agricultores precisam acumular capital para conseguir iniciar a produção chegouse à conclusão de que a única classe capaz de gerar algum tipo de excedente era a produtiva 21 Escola Clássica O período da Escola Clássica foi especialmente fértil em estudos e publicações econômicas a começar por Adam Smith A contribuição dos autores da Escola Clássica foi fundamental para que a Economia passasse a ter suas próprias teorias e formar um conjunto de ferramentas de análise das consequências das ações econômicas O pensamento comum a todos os autores da Escola Clássica era o da livre iniciativa e as leis do mercado regendo a economia cabendo ao Estado apenas as funções fiscalizatórias para coibir abusos Adam Smith desenvolveu o conceito da mão invisível segundo o qual a livre concorrência por si só conduziria a sociedade à perfeição Ele criou a Teoria do ValorTrabalho em que a divisão do trabalho e a especialização nas funções são fatores decisivos na busca pelo aumento da produção Para Adam Smith a produtividade é derivada da divisão e da subdivisão do trabalho e da ampliação dos mercados ou seja especializar os trabalhadores em suas tarefas mais simples e ganhar a escala de produção como fatores de geração de riqueza O papel do Estado na economia de Adam Smith é limitado à proteção da sociedade contra a especulação financeira e à manutenção da infraestrutura necessária para o funcionamento da economia Outro autor bastante influente foi David Ricardo que discutiu o rendimento das terras mais férteis quando comparado à produtividade das terras menos férteis e a questão do comércio internacional Ele desenvolveu a ideia de que somente o custo do trabalho resume todos os demais custos e que o crescimento da população aliado à acumulação de riqueza provoca um aumento da renda da terra até um certo limite Após esse limite os rendimentos decrescentes diminuem os lucros e a poupança tornase nula colocando a economia em um estágio estacionário com salários marginais e crescimento zero Vale ressaltar que Adam Smith criou a Teoria das Vantagens Absolutas no comércio internacional enquanto David Ricardo criou a Teoria das Vantagens Comparativas Assim ambos trabalharam teorias a respeito desse comércio SAIBA MAIS ADAM SMITH 17231790 a defesa do mercado como regulador das decisões econõmicas de uma nação traria muitos benefícios para a coletividade independente da ação do Estado É o princípio do liberalismo DAVID RICARDO 17721823 seus estudos deram origem a duas correntes antagônicas a neoclássica pelas suas abstrações simplificadoras e a marxista pela ênfase dada à questão distributiva e aos aspectos sociais na repartição da renda da terra JOHN STUART MILL 18061873 consolidou o exposto por seus antecessores e avança ao incorporar mais elementos institucionais e ao definir melhor as restrições vantagens e funcionamento de uma economia de mercado JEAN BAPTISTE SAY 17681832 criou a Lei de Say A oferta cria sua própria procura ou seja o aumento da produção transformaseia em renda dos trabalhadores e empresários que seria gasta na compra de outras mercadorias e serviços THOMAS MALTHUS 17661834 a causa de todos os males da sociedade reside no excesso polulacional Enquanto a população cresce em progresso geométrico a produção de alimentos segue em progresso aritmético Assim o potencial da população esxcede em muito o potencial da terra na produção de alimentos Fonte VASCONCELLOS GARCIA 2000 Os economistas clássicos procuraram descobrir leis gerais que regiam e regulamentavam o comportamento da economia porém são criticados pela abordagem excessivamente normativa que tentaram dar à complexa ciência econômica esquecendo ou minimizando a influência do homem na questão 22 Teoria Neoclássica Os autores da Teoria Neoclássica deram ênfase ao raciocínio matemático aplicado às questões econômicas deixando um pouco de lado as questões políticas e o planejamento devido à crença no livre mercado e sua condição autorreguladora O foco da Teoria Neoclássica está no desejo de satisfação do consumidor e na maximização do lucro por parte do produtor O equilíbrio do mercado é calculado através da medição do grau de satisfação do consumidor e de produção sendo consideradas também as restrições financeiras e as restrições dos recursos de produção Essa forma de ver as coisas deu origem à Teoria Marginalista desenvolvida por Alfred Marshall A Teoria Neoclássica colocou a microeconomia no centro das atenções porém não se furtou totalmente das questões da macroeconomia em que se destacam os trabalhos de Schumpeter Teoria do Desenvolvimento Econômico e de BöhmBawerk Teoria do Capital e dos Juros A Teoria Neoclássica foi fundamentada no trinômio produçãodistribuiçãoconsumo porém as ideias de Alfred Marshall deram outro contorno a essa visão incluindo também os conceitos de riqueza e bemestar social SAIBA MAIS Você já ouviu falar de Alfred Marshall Nasceu em Londres em 26 de julho de 1842 e foi um dos mais influentes economistas dentre os neoclássicos Sua principal obra foi o livro Princípios de Economia onde foram reunidas as teorias da oferta e da demanda a utilidade marginal e dos custos de produção O seu livro transformouse em um verdadeiro manual de economia reconhecido nas principais escolas de economia de todo o mundo Em 1868 tornouse professor na Universidade de Cambridge ocupando a cadeira de economia política Ele tinha como objetivo transformar a teoria econômica em uma disciplina mais científica através do uso do rigor matemático Publicou ainda em 1879 as obras A Teoria Pura do Comércio Exterior e A Teoria Pura dos Valores Domésticos Publicou ainda juntamente com sua esposa Mary Payley Marshall da qual foi professor A Economia da Indústria Na primeira metade da década de 1930 Lionel Robbins elaborou uma forma de caracterizar e identificar os fenômenos econômicos Ele fundamentou sua sistemática nos seguintes pontos A atividade humana sempre possui múltiplas finalidades Os objetivos humanos têm diversos níveis de importância e podem ser priorizados por essa ordem Os meios utilizados pelo homem para alcançar os múltiplos objetivos são limitados Os meios utilizados pelo homem são flexíveis e podem ser utilizados de diferentes formas para alcançar diversos objetivos Para Robbins o fato econômico é caracterizado por um elo entre os quatro pontos vistos em conjunto jamais isoladamente Esse elo é a capacidade humana de fazer escolhas Em linhas gerais a Escola Neoclássica define a Economia como o estudo do homem na condução das questões referentes à sua riqueza e a seu bemestar 23 Marxismo Karl Marx 18181883 foi o principal crítico dos métodos clássicos fundando uma escola de pensamento que leva o seu nome Em especial criticava o tom ahistórico das teorias econômicas Ao desenvolver a Teoria do ValorTrabalho contudo apropriouse de alguns conceitos da corrente clássica particularmente de David Ricardo Para o marxismo o proletariado uma classe social que centraliza a força de trabalho é obrigado a vender seu principal recurso de produção mão de obra para a burguesia uma classe social que se apropria da produção e aufere vantagens com essa apropriação O valor dessa força de trabalho por sua vez deveria ser determinado pelo tempo dedicado à produção A discrepância entre o tempo socialmente dedicado à criação de valor e o valor efetivamente recebido por um trabalhador fundamentou o conceito chamado maisvalia As condições da produção do sistema capitalista entretanto obrigam o trabalhador a vender mais tempo de trabalho do que o necessário para produzir valores equivalentes às suas necessidades de subsistência Os trabalhadores são obrigados a aceitar as condições impostas pelos empregadores porque não dispõem de fontes alternativas de renda Assim seu dia de trabalho compreende o tempo necessário à produção de valores iguais às exigências de manutenção e um tempo de trabalho excedente O valor criado pelo tempo de trabalho excedente é apropriado pelos detentores dos meios de produção os capitalistas ao que denominou maisvalia PINHO 2011 p 43 A maisvalia portanto é o valor que excede o valor pago à força de trabalho que é apropriada pelo capitalista fazendo com que este acumule riquezas às custas do trabalho proletário Ademais através da separação de classes sociais o capitalismo firma suas bases de evolução tendo como principal motor o progresso técnico O desenvolvimento tecnológico tem um papel fundamental na reprodução desse tipo de exploração na medida em que a máquina substitui o homem nos processos de produção ela é a principal responsável pela formação do exército de reserva dos desempregados Por sua vez essa massa desempregada é na visão da escola marxista a principal fonte de rigidez dos salários capitalistas para aumentar a produção empregando mais trabalhadores não precisam elevar salários basta contratar aqueles que estão desempregados SAIBA MAIS Você já ouviu falar de Friedrich Engels Filósofo alemão trabalhou lado a lado com Karl Marx sendo também responsável pela formação da escola marxista Escrevera junto a Marx O Manifesto Comunista e O Capital 24 Keynesianismo Para entender a obra de John Maynard Keynes e a sua Teoria Geral do Emprego dos Juros e da Moeda vamos fazer uma viagem no tempo e voltar aos anos 1930 quando o mundo vivia a Grande Depressão que teve início com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929 Nessa época o desemprego nos países industrializados da Europa e nos Estados Unidos assumia índices elevadíssimos Os economistas acreditavam ser um problema temporário apesar de a crise persistir alguns anos A Teoria Geral de Keynes conseguiu mostrar por que as políticas econômicas adotadas não estavam funcionando e apontou soluções para que os países deixassem a recessão e voltassem ao caminho do crescimento econômico Segundo Keynes o principal fator gerador de empregos é o nível de demanda agregada de uma economia invertendo a Lei de Say segundo a qual a oferta cria sua própria procura Nesse caso as forças de autoajustamento da economia deixam de atuar impulsionando a economia para uma recessão Assim em momentos em que a atividade econômica começa a se enfraquecer é vital a interferência do Estado impondo uma política de gastos públicos e investimentos em infraestrutura para inverter a espiral recessiva e devolver a economia ao caminho do crescimento Esse conjunto de argumentos se revelara efetivo não somente por tirar diversos países da recessão econômica mas especialmente no período pósSegunda Guerra Mundial em que se tornou necessária a reconstrução da economia dos países europeus Nos dias atuais os preceitos de Keynes ainda são bastante debatidos especialmente por seguidores de três correntes distintas Os monetaristas defendem um baixo grau de interferência do Estado na economia e um forte controle da moeda Os fiscalistas são partidários de um grau acentuado de interferência do Estado na economia e o uso de políticas fiscais mais contundentes Os póskeynesianos defendem a interferência do Estado na economia via controle das especulações financeiras Como você pode observar existem diferenças entre as várias correntes porém todas são baseadas na Teoria Geral de Keynes e concordam quanto aos seus pontos fundamentais 3 A relação Entre Economia e Outras Áreas do Conhecimento Pela própria formulação do pensamento econômico é necessário que a Economia não seja vista como um campo do conhecimento humano isolado pois se assim fosse estaria sujeita a equívocos de toda sorte pois certamente deixaria de levar em consideração fatores importantes que influem nas questões econômicas básicas Negligenciar a relação da Economia com outras áreas do conhecimento é simplesmente como negligenciar a capacidade de realização do ser humano Assim um estudo inicial sobre Economia e seus conceitos passa necessariamente por um capítulo sobre a relação com outras áreas do conhecimento humano São elas A Economia e a Política Existe uma secular relação de interdependência entre a Política e a Economia À medida que compete à Política a organização do Estado as relações entre as classes sociais e a definição das instituições para o desenvolvimento das atividades econômicas as ações econômicas passam a ser diretamente subordinadas à estrutura política da sociedade Essa interdependência tornouse mais acentuada a partir do keynesianismo e suas soluções para a recessão econômica mundial dos anos 1930 A partir de então houve uma grande transformação na estrutura econômica baseada até então na livre iniciativa e o Estado passou a ter uma função intervencionista que modificou as bases do sistema capitalista Nesse período a Política buscou na Economia soluções que pudessem dar continuidade às formas de organização política vigentes nos países ocidentais que reconheciam a livre iniciativa como vital para o desenvolvimento econômico Nos países socialistas a justaposição das ações políticas e econômicas funciona como pilar das instituições mantidas pelo Estado Nos países socialistas compete ao Estado as funções de direcionamento econômico uma vez que este controla todo o sistema de gestão e direção das empresas Assim qualquer que seja a orientação do Estado Política e Economia estão interrelacionadas a tal ponto que perde o sentido estudálas isoladamente assim como ações isoladas de qualquer uma das partes não surtem o efeito desejado Se você observar atentamente a instabilidade econômica afeta diretamente as instituições políticas ao passo que o bom desempenho da Economia direciona um cenário político de absoluta estabilidade A Economia e a Sociologia Os estudos ligados à Economia e a Sociologia também são bastante próximos afinal ambas as áreas de pensamento visam estudar organizações sociais Atualmente existe um interesse crescente dos economistas pelas questões da realidade social e como essas questões podem influenciar no desempenho da Economia desde ações localizadas atribuídas a problemas microeconômicos isto é relativos ao comportamento e processo decisório dos agentes econômicos até questões de macroeconomia que se referem ao comportamento da Economia como um todo Segundo Rossetti 1994 a interação social o comportamento dos grupos a mobilidade a estratificação as mudanças sociais a investigação das condições de vida das comunidades e o exame dos diferentes níveis de organização e da cultura da sociedade são alguns dos setores que caíram no campo de gravitação da Sociologia Tais setores também interessam diretamente às questões da análise econômica pois podem explicar muitos dos fenômenos que afetam a Economia das nações Os economistas contemporâneos entendem que os fatores condicionantes da atividade econômica são frutos das relações sociais cuja análise é de interesse da Economia muito embora sejam resultado da Sociologia Os avanços da Teoria Neoclássica e seus desdobramentos políticos como a agenda neoliberal começaram a trazer explicações para problemáticas tradicionalmente atribuídas a sociólogos Assim economistas começaram a explicar através de abordagens como o individualismo metodológico e modelos como a teoria dos jogos questões relativas a escolhas nos casamentos mudanças nas taxas de natalidade entre outras A resposta dos sociólogos diante desse movimento de apropriação dos fenômenos sociais culminou na consolidação da Nova Sociologia Econômica A Economia e a História É inegável que os principais fatos que marcaram a história da humanidade tiveram motivação econômica ou você é daqueles que acreditam que os portugueses lançaramse no Oceano Atlântico rumo aos grandes descobrimentos simplesmente pela grandeza do fato Foram questões econômicas que motivaram portugueses espanhóis holandeses franceses e ingleses a partirem rumo à colonização da América Também foram questões econômicas que motivaram as grandes guerras mundiais assim como foram questões econômicas que impulsionaram Napoleão Bonaparte à expansão de seu império A pesquisa sobre os acontecimentos que marcaram a história mundial é de incontestável valor para o economista abastecendoo de informações sobre as atividades humanas localizadas no tempo e no espaço fornecendo farto material sobre a evolução das tendências e promovendo a interrelação entre os acontecimentos Em algumas ocasiões o fato histórico acaba por impulsionar a economia de uma determinada região como foi o caso da participação do Japão na Segunda Guerra Mundial quando ao país derrotado não restava outra alternativa senão desenvolver um esforço supremo de reconstrução sob pena de se submeter a uma catástrofe ainda maior Esse esforço provocou enormes avanços na economia japonesa que em pouco mais de 30 anos alcançou o status de uma das maiores economias do mundo Assim a interrelação HistóriaEconomia é fundamental para o entendimento das rápidas mudanças que sacodem as estruturas da sociedade contemporânea fornecendo elementos para que o homem possa superar os desafios de construir condições de equilíbrio social mesmo diante das turbulências típicas da vida contemporânea A Economia e a Geografia A criação de um campo de estudo denominado Geografia Econômica é a prova mais contundente do interrelacionamento entre as duas áreas do conhecimento que são consideradas complementares A Geografia Econômica fornece subsídios sobre os recursos humanos e naturais disponíveis em determinada região além de análises climatológicas hidrográficas etc que servem como indicadores para as políticas econômicas de distribuição de recursos financeiros com mais eficiência A interação entre a Economia e a Geografia permite que a última deixe de ser uma mera mapeadora de acidentes geográficos e dos indicadores climáticos e se transforme em uma fornecedora de dados que permitem a avaliação das condições econômicas do mercado da concentração de recursos produtivos nas regiões e da composição de setores da atividade econômica A interrelação entre essas duas áreas do conhecimento permite ao mercado tomar decisões sobre investimentos utilizando como critério de decisão as tendências de desenvolvimento econômico e perspectivas de crescimento Estudos de variáveis demográficas estão inseridos nessa interrelação SAIBA MAIS Faça uma pesquisa sobre os subsídios fiscais para a Região Nordeste do Brasil Será que os subsídios fiscais oferecidos pelo Governo Federal às empresas que procuram instalar se na Região Nordeste têm alguma relação com a Economia A Economia e a Matemática Muito embora a Economia seja uma ciência social ela é limitada pela escassez de recursos ocupandose de cálculos de quantidades físicas dos recursos e da distribuição equilibrada destes como o estabelecimento das quantidades de bens e serviços a serem produzidos e as quantidades de recursos de produção a serem utilizados no processo produtivo A Matemática por sua vez nos permite demonstrar através de gráficos e fórmulas importantes princípios e conceitos das relações econômicas A Matemática permite também detalhadas análises sobre modelos econômicos teóricos e práticos utilizando para tanto recursos de simulação e simplificando situações complexas a um pequeno grupo de variáveis A interação entre Economia e Matemática é tão forte que existe uma área de estudos em que os modelos são quantificados denominada Econometria uma combinação de Estatística Matemática e Economia A Economia não possui tantas relações de exatidão quanto a Matemática pois se assim fosse seria plenamente previsível Na Economia os números aprendem pensam reagem projetam fingem e são substituídos pelo ser humano com todos as suas qualidades e defeitos Mas ainda assim a Economia apresenta situações matemáticas com algumas relações que podem ser consideradas invioláveis tais como O consumo nacional é diretamente proporcional à renda nacional As quantidades de bens e serviços demandadas são inversamente proporcionais aos seus preços A taxa de câmbio influi diretamente no volume de importações e exportações de bens e serviços Na relação entre a Matemática e a Economia você precisa estar ciente de que a Matemática é um instrumento a serviço da Economia É uma ferramenta que permite provar as hipóteses da Economia sendo apenas um meio e não um fim em si mesma Quando você estiver tratando de fatos econômicos utilize a Matemática para auxiliálo na tomada de decisão mas jamais faça com que ela seja predominante pois você precisará levar sempre em consideração as relações humanas SAIBA MAIS Faça uma pesquisa sobre consumo nacional e renda nacional Você seria capaz de estabelecer uma relação matemática entre esses dois componentes econômicos A Economia e o Direito Segundo Rossetti 1994 nenhuma ordem econômica é possível sem que o Direito limite as liberdades em função das responsabilidades recíprocas solucionando claramente os conflitos potenciais observados Tal afirmação resume a forte interação entre a Economia e o Direito Todas as ações econômicas envolvem as pessoas as empresas e o governo Como esses protagonistas possuem interesses diferentes surgem as áreas de conflitos potenciais A própria liberdade de concorrência entre as empresas a autorregulação do mercado as liberdades de escolhas individuais o consumo e a acumulação de riquezas devem ser regulamentados pela ordem jurídica que opera para conciliar os interesses coibir abusos e delimitar as responsabilidades Compete à legislação situar o homem a atividade empresarial e a sociedade no bojo da política e do meio ambiente indicando os direitos e responsabilidades das partes e impondo os limites dentro dos quais a liberdade de ação pode ser praticada sem que a outra parte seja prejudicada Historicamente podese afirmar que as relações entre a Economia e o Direito ganharam um novo status a partir da Segunda Guerra Mundial Na França instituiuse a disciplina de estudos Direito Econômico na Universidade de Paris e tal fato acabou por gerar ações semelhantes na Itália e na Alemanha Mas foi somente com o fim do liberalismo e o início da ordem econômica dirigida pelas áreas governamentais que se ampliou a legislação sobre atividades econômicas Tal fato foi decisivo para a aproximação dos conceitos do Direito e da Economia superando barreiras que os mantinham afastados e aumentando as relações de interdependência SAIBA MAIS O CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica é o órgão responsável por zelar pela livre concorrência na economia brasileira Nesse contexto uma de suas funções práticas é julgar os processos relativos a operações de fusões e aquisições Você saberia dizer o porquê Síntese Neste Capítulo você aprendeu os conceitos da Economia e como funciona a Curva das Possibilidades de Produção Você também conheceu os problemas econômicos fundamentais resumidos por O que produzir Quanto produzir Como produzir e Para quem produzir Ao estudar os grandes pensadores da Economia e conhecer um pouco sobre as teorias econômicas desenvolvidas ao longo da história da humanidade você tomou contato com questões como a influência da Economia nas atividades humanas bem como as questões como a escassez de recursos Um ponto importante é a decisão entre a livre iniciativa ou a interferência do Estado na Economia entendendo os conceitos do keynesianismo que propõe a interferência governamental para recolocar a economia de uma nação no rumo do desenvolvimento em períodos recessivos provocados pelo esgotamento da livre iniciativa Finalmente estudou o relacionamento da Economia com outras áreas do conhecimento e qual a influência de cada uma dessas áreas nas decisões de cunho econômico É importante que você faça algumas reflexões sobre o material estudado principalmente nos assuntos destacados nos boxes de conteúdo Aconselho a releitura especialmente das dicas pois isso facilitará seu desempenho nos demais temas do curso e nas demais unidades de ensino Sucesso
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
31
O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
Introdução à Economia
FMU
27
Aula 01 Economia: Introdução e Método de Aprendizagem - Slides
Introdução à Economia
FMU
37
Aula 03 - Oferta, Demanda e Equilíbrio de Mercado - Microeconomia Pindyck
Introdução à Economia
FMU
37
Microeconomia e Teoria dos Preços - Conceitos e Fundamentos
Introdução à Economia
FMU
36
Introducao a Macroeconomia - Conceitos e Instrumentos da Politica Macroeconomica
Introdução à Economia
FMU
1
Microeconomia Pindyck - Oferta e Demanda e Mecanismos de Mercado
Introdução à Economia
FMU
30
Aula 02 - Princípios de Economia e Teoria da Demanda - Slides
Introdução à Economia
FMU
1
IDH Indice de Desenvolvimento Humano - Conceito e Dimensao
Introdução à Economia
IESB
1
Questão Resolvida Microeconomia - Bens Substitutos e Demanda
Introdução à Economia
IESB
1
Teoria da Demanda e Bens Complementares: Biscoito, Requeijão e Farinha - Exercício Resolvido
Introdução à Economia
IESB
Preview text
1 Conceito de Economia Você já deve ter ouvido falar a palavra economia milhares de vezes não é mesmo Desde que era criança ouvia seus pais dizerem que é preciso fazer economia e depois que passou a entender melhor o mundo ouviu essa palavra ser pronunciada por uma porção de pessoas e com as mais diversas utilizações Tem economia financeira economia política microeconomia macroeconomia Ufa Mas o que é economia afinal A origem da palavra é atribuída a Aristóteles filósofo e matemático grego que viveu entre 384 e 322 aC É a junção da palavra grega oikos casa e nomos norma lei e deve ser entendida como administração da casa ou administração da coisa pública Nos tempos modernos a economia passou a ser a ciência social que estuda a forma pela qual os homens as nações ou as instituições empregam seus recursos na produção de bens e serviços para atender às suas necessidades SAIBA MAIS SAMUELSON P A 1975 A Economia é a ciência que se preocupa com o estudo das leis econômicas indicadoras do caminho que deve ser seguido para que seja mantida em nível elevado a produtividade melhorado o padrão de vida das populações e empregados corretamente os recursos escassos BARRE R 1970 A Economia é a ciência voltada para a administração dos escassos recursos das sociedades humanas ela estuda as formas assumidas pelo comportamento humano na disposição onerosa do mundo exterior em decorrência da tensão existente entre os desejos ilimitados e os meios limitados aos agentes da atividade econômica STONIER A W HAGUE D C 1971 Não houvesse escassez nem necessidade de repartir os bens entre os homens não existiriam tampouco sistemas econômicos nem Economia A Economia é fundamentalmente o estudo da escassez dos problemas dela decorrentes Fonte ROSSETTI J P 1994 A humanidade somente sentiu a necessidade de estudar economia ou ciências econômicas em função da falta ou insuficiência de alguma coisa ou seja a escassez Observe que existe um eterno conflito entre as nossas necessidades e os recursos disponíveis As nossas necessidades são ilimitadas enquanto os nossos recursos são escassos Vamos entender isso de outra forma Um antigo professor de economia costumava perguntar aos seus alunos logo na primeira aula quem aqui ganha pouco E solicitava que os alunos que julgavam ganhar pouco levantassem uma das mãos Quando me vi diante desse questionamento levantei as duas mãos confesso Para minha surpresa o professor disse para eu experimentar viver na época dos meus avós em que certamente meus ganhos seriam mais que suficientes Isso me forçou a uma rápida reflexão meus avós não tinham automóvel televisão telefone microondas TV por assinatura celular computador máquina de lavar roupas etc Sem contar que não tinham qualquer conforto em sua residência como chuveiro elétrico banheiro interno água tratada esgoto fogão a gás etc Também tinham pouco acesso ao lazer não viajavam não iam ao cinema ao teatro ou a algum show musical aliás pouco sabiam da existência de artistas Dá para entender facilmente por que meus ganhos são insuficientes não é mesmo Eu tenho outras necessidades e olha que elas são infinitas ou melhor não basta mais eu ter um automóvel que deveria ser o sonho de consumo dos meus avós um automóvel para a família inteira As famílias modernas possuem a necessidade de um automóvel para cada membro da família A vida nos impõe isso Agora vamos sair do plano individual para o plano coletivo Nesse plano quando você ouvir falar de necessidade esteja certo de que alguém está se referindo aos bens e serviços que garantem a nossa sobrevivência enquanto espécie Você já pensou em uma lista para as suas necessidades Somente para ajudálo elaborei uma lista das necessidades do homem atual e é bem provável que sua lista seja muito parecida com esta Alimentos Vestuário Moradia Móveis para a casa Água tratada e saneamento básico Eletricidade Utensílios domésticos Eletrodomésticos Transporte Lazer e recreação Educação Saúde Segurança Cultura Observe que a lista é infindável e existe apenas uma pequena parcela da humanidade que consegue usufruir da totalidade da lista de necessidades humanas Uma parcela significativamente maior consegue acesso somente a uma parte da lista a parte denominada necessidades básicas ou seja as necessidades ligadas às questões de sobrevivência Porém milhões de pessoas em todo o mundo não conseguem alcançar a lista de necessidades básicas como um todo e ainda assim em quantidades insuficientes Você já imaginou quantas pessoas passam fome no mundo Ou no Brasil Quantas pessoas não têm acesso a água tratada ou saneamento básico Quantas pessoas moram na rua Pois é o nome dessa situação é exclusão social Os socialmente excluídos não possuem acesso aos bens e serviços mais elementares para a sua sobrevivência e por conseguinte não participam das decisões da sociedade Outro detalhe importante que precisa ser levado em consideração é que dentre a parcela da população que tem acesso pelo menos à lista de necessidades básicas a imensa maioria não tem segurança de que continuará mantendo esse acesso pela vida inteira Você deve estar se perguntando onde a economia entra em tudo isso Isso que você acabou de ler diz respeito à escassez A maioria das pessoas que conseguem acesso aos itens da lista de necessidades básicas o faz à custa de muito trabalho e luta por todo o tempo das suas vidas Esteja certo disso Agora é chegado o momento de você entender o que é escassez de recursos Mas você sabe o que são recursos Para responder a essa questão pense na lista das necessidades humanas O que é preciso para que cada um desses itens esteja disponível para o consumo Em linhas gerais uma necessidade humana é satisfeita através do acesso a um bem econômico o qual foi resultado de um processo de transformação Esse processo de transformação se caracteriza pelo uso de recursos para mudar o estado ou condição de algo para produzir outputs SLACK CHAMBERS JOHNSTON 2007 p 36 O quadro a seguir descreve algumas operações por meio de processos de transformação Quadro 1 Descrição dos processos de transformação de diferentes operações Fonte SLACK CHAMBERS JOHNSTON 2007 p 37 Se observarmos mais atentamente os recursos de inputs listados no quadro podem ser classificados em três grupos fundamentais Terra ou recursos naturais representa todos os recursos originados diretamente na natureza Trabalho além de mão de obra esse recurso engloba as atividades técnicas administrativas e intelectuais representando portanto todo o esforço humano empregado no processo de produção Capital todos os inputs capazes de elevar a eficiência do trabalho humano por exemplo equipamentos e instalações Você já deve ter percebido que todos os recursos da produção qualquer que seja a classificação são escassos Isso ocorre porque a natureza é finita não dispõe dos recursos de forma abundante e não os disponibiliza em todos os lugares O petróleo por exemplo é encontrado em apenas algumas regiões do mundo A mão de obra também é limitada ora por problemas de qualificação e conhecimento ora por questões de disponibilidade de pessoas Ainda sobre a questão da mão de obra existe também o problema da distribuição demográfica ou seja algumas regiões do mundo são mais habitadas que outras o que provoca um desequilíbrio no uso do recurso Finalmente você há de convir que o homem faz mau uso dos recursos existentes e alguns recursos que já foram encontrados em abundância passaram a ser escassos pelo seu uso indiscriminado e irresponsável Você já deve ter ouvido falar sobre a crise hídrica iniciada em 2014 certo Se todos os recursos fossem encontrados em abundância ou seja se não houvesse escassez de recursos você não precisaria estar estudando economia neste instante Temas como desemprego inflação balança de pagamentos etc decididamente estariam fora da mídia e das nossas preocupações diárias não é mesmo 11 Problemas econômicos fundamentais O maior problema enfrentado pela humanidade ao longo de toda a sua história é fazer escolhas diante da escassez de recursos As pessoas empresas governos sindicatos e qualquer forma de organização social humana precisam decidir o que quanto como e para quem produzir Há quase meio século o homem convive com o conflito de gerações provocado pelas mudanças nas tecnologias de produção e no ritmo de consumo que afetam os valores e o comportamento da sociedade O trabalho é o vetorchave desse processo de transformação de postura empreendedora e de geração de novas necessidades e a escassez é o obstáculo a ser transposto Você já deve ter deparado com uma fila em uma agência bancária correto A fila se forma porque o caixa não consegue atender todos os clientes na mesma velocidade de chegada destes ou seja no intervalo de tempo em que o caixa está atendendo o primeiro da fila chegam mais dois ou três clientes Se você estiver na fila normalmente reclama com a gerência do banco que deveria abrir mais pontos de atendimento mais caixas Esse é um problema de escassez de recursos O gerente do banco não pode abrir novos pontos de atendimento indefinidamente tanto pelo custo operacional do banco quanto pela falta de funcionários capacitados a executar essa função Observe que o simples pensar em aumentar os pontos de atendimento lhe direciona para o trabalho ou melhor aumentando o volume de trabalho o problema estaria resolvido Como essa solução não é possível o jeito é administrar a escassez Para administrar a escassez ou tentar superála usamos a produção e por conseguinte o trabalho Assim voltamos ao questionamento inicial o que produzir Quanto produzir Como produzir E para quem produzir Uma coisa é certa a humanidade produz apenas bens e serviços Produzir bens e serviços é a resposta humana para os problemas de escassez Você não tem uma ideia clara do que sejam bens e serviços Não se preocupe isso é confuso mesmo Afinal existem bens de consumo bens de capital bens duráveis etc Mas aqui vão algumas dicas para esclarecer suas dúvidas SAIBA MAIS Bens e serviços são resultado do trabalho humano realizado para suprir as necessidades humanas Os bens são tangíveis físicos e são resultado da transformação da matériaprima em produtos Os serviços são intangíveis abstratos e são resultados de ações específicas realizadas por técnicas específicas dominadas pelos homens Um avião é físico pois é possível tocá lo sentilo e vêlo mas o transporte de passageiros que ele realiza não poe ser tocado sentido e nem visto sendo portanto um serviço Espero que após as dicas você tenha entendido as diferenças entre bens e serviços Para sedimentar mais ainda essa compreensão veja a Figura 1 Ela apresenta as características que diferenciam os bens e os serviços Observe que no centro do gráfico existem bolas divididas ou melhor tipos de produção que atuam tanto como bens quanto serviços ou seja atividades que englobam características tangíveis e intangíveis É o caso dos restaurantes que servem um bem o alimento físico e o serviço atendimento do garçom Figura 1 Escala de tangibilidade Fonte HOFFMAN et al 2010 p 6 Mas esteja atento porque isso não para por aí Os bens são subdivididos em quatro grupos Bens de consumo não duráveis são os produtos físicos que se esgotam em curto período de tempo e assim devem ser repostos com frequência Neste subgrupo incluemse peças de vestuário e calçados alimentos produtos de higiene e limpeza medicamentos etc Bens de consumo duráveis são os produtos físicos que não precisam ser substituídos com tanta frequência pois o tempo de desgaste é consideravelmente maior Automóveis eletrodomésticos computadores e aparelhos eletrônicos mobília e utensílios domésticos são produtos que se encaixam neste subgrupo Bens intermediários são produtos resultantes das ações de extrativismo ou da fase inicial do processo industrial porém não são consumidos necessitando de reprocessamento para se transformarem em bens de consumo Neste subgrupo estão classificados o aço o petróleo os produtos químicos a celulose e as matériasprimas em geral Bens de capital são os produtos que não se destinam ao consumo das pessoas e sim das empresas Em geral esses bens atuam no processo produtivo transformando matériasprimas em bens de consumo Máquinas e equipamentos são os produtos mais característicos deste subgrupo Agora preste muita atenção você acredita que existem produtos que podem tanto ser classificados como bens de capital quanto como bens de consumo duráveis Pois é o automóvel é um desses casos Imagine um motorista de táxi Se ele adquirir um automóvel para seu trabalho diário é um bem de capital mas se adquirir um automóvel para o lazer de sua família é um bem de consumo durável Agora que você é quase um expert em bens e serviços vamos retornar às nossas questões fundamentais o que produzir Quanto produzir Como produzir Para quem produzir A escassez aliada a essas quatro questões centraliza os problemas econômicos fundamentais A economia busca incessantemente as respostas para essas questões O que produzir Esta é uma decisão que vai além dos limites da economia A resposta para essa questão está no centro da sociedade É ela quem deve decidir se produz maiores quantidades de bens de capital ou de bens de consumo Em países onde imperam as economias de mercado como os países europeus o Japão o Brasil e os Estados Unidos somente para citar alguns são os consumidores que indicam o que produzir A isso dáse o nome de soberania do consumidor Mas em países com economias planificadas ou centralizadas como China Cuba e outros a decisão é tomada por um Órgão Central de Planejamento vinculado ao Estado Quanto produzir Aqui também é uma decisão da sociedade É ela quem deve dizer quais quantidades de cada bem devem ser produzidas Mais uma vez existe uma diferença entre a tomada de decisão nas economias de mercado em que as quantidades a serem produzidas são definidas pela oferta e demanda Porém nas economias planificadas ou centralizadas essa decisão cabe ao Órgão Central de Planejamento Como produzir Esta decisão cabe ao contexto empresarial nas economias de mercado pois é dependente dos recursos disponíveis e da capacidade de investimento Geralmente passa pela eficiência desejável e pelos métodos de produção utilizados capital intensivo ou mão de obra intensiva Sociedades com necessidade de geração de emprego optam pelo uso da mão de obra intensiva Já as sociedades com grande disponibilidade de recursos financeiros optam pelo uso do capital intensivo Para quem produzir Aqui o problema é de distribuição da renda gerada ou seja a sociedade deve decidir quem serão os beneficiados na comercialização dos produtos Nas economias de mercado os beneficiários são as pessoas de maior poder aquisitivo porém nas economias planificadas ou centralizadas a decisão sobre os beneficiários cabe ao governo Assim para entender a economia como ciência você precisará colocar o conjunto de processos produção distribuição e consumo no centro da dinâmica Você pode imaginar quantas decisões a combinação desses processos pode gerar Os produtores precisam decidir como combinar os recursos de produção e quanto de cada recurso utilizar Os consumidores precisam decidir quanto adquirir de cada bem ou serviço para satisfazer suas necessidades Tanto produtores quanto consumidores possuem restrições financeiras o que implica renunciar a alguma coisa para priorizar outra Assim você enquanto consumidor ao escolher comprar mais de um determinado produto esteja certo de que terá que reduzir a compra de outros Esta lei da economia é implacável 12 Curva das possibilidades Atualmente existem mais de 7 bilhões de pessoas em todo o mundo todas envolvidas em um frenético conjunto de atividades de comprar alugar produzir vender trabalhar viajar etc Em razão dessa complexidade toda é que se torna cada vez mais difícil o entendimento do funcionamento da economia Mas calma sempre existe uma solução Alguns economistas desenvolveram modelos simplificados para explicar como a economia se organiza A Figura 2 é um exemplo Figura 2 Fluxo circular da renda Fonte BRAGA VASCONCELLOS 2011 p 11 Ao analisar a Figura 2 você deve ter concluído que esse modelo apresenta apenas dois agentes econômicos responsáveis por tomar decisões no sistema econômico famílias e empresas mas poderíamos ter uma infinidade deles incluindo também o governo o comércio internacional ou subdividindo as famílias Observe que a interação dos agentes econômicos se dá em dois tipos de mercados os fatores de produção e bens e serviços e efetiva dois fluxos real e monetário O fluxo real representa o processo de satisfação das necessidades em si ou seja a produção e a distribuição de bens e serviços Ao observarmos esse fluxo cada um dos agentes assume um papel duplo as famílias demandam bens e serviços e ofertam fatores de produção as empresas por sua vez demandam esses fatores de produção para poder ofertar bens e serviços Nesse sentido descrevemos o fluxo real da seguinte maneira as empresas alocam os fatores de produção ofertados pelas famílias em processos produtivos os quais terão como resultado a produção de bens e serviços Estes serão vendidos através dos mercados de bens e serviços para as famílias E esse fluxo é incessante ocorrendo de maneira ininterrupta Por sua vez para que esse fluxo real de mercadorias que suprem as necessidades humanas seja efetivado em um sistema econômico há a necessidade do estabelecimento do fluxo monetário ninguém trabalha de graça assim como nenhum produto é gratuito Isso significa que quando as famílias ofertam os fatores de produção às empresas elas exigem em contrapartida uma remuneração Assim cada proprietário de fator de produção recebe uma renda por sua utilização trabalhadores ganham salários arrendatários aluguel capitalistas juros eou lucro etc Essa renda que é ao mesmo tempo custo para as empresas deverá ser gasta na aquisição de bens e serviços Logo o que é gasto para as famílias se transforma em receita para as empresas Nas chamadas economias de livre mercado o governo apenas fiscaliza esse círculo de trocas de forma a evitar abusos mas nas economias planificadas o governo assume a tomada de decisão tanto das empresas quanto da sociedade Guarde bem esse conceito do Fluxo Circular de Renda pois ele será muito importante durante o curso Outro conceito de importância ímpar é a Curva das Possibilidades de Produção também conhecida como Fronteira das Possibilidades de Produção Imagine uma economia tão simplificada que produz apenas dois tipos de bens máquinas agrícolas bens de capital e alimentos bens de consumo Todo alimento produzido será utilizado para as necessidades de nutrição das pessoas e não poderá ser estocado para ser usado no dia seguinte ou no futuro Como em toda economia complexa ou simplificada os recursos são escassos e para aumentar a produção de alimentos e atender ao crescimento da população por exemplo precisamos diminuir a produção de máquinas agrícolas Mas se diminuirmos a produção de máquinas agrícolas a produção de alimentos nos anos seguintes será insuficiente para atender à demanda da população O que você faria A tabela a seguir mostra algumas possibilidades de produção dessa economia Tabela 1 Economia com dois fatores de produção Fonte BRAGA VASCONCELLOS 2011 p 6 A alternativa A indica que todos os recursos de produção existentes serão utilizados para produzir máquinas agrícolas ou seja representa a quantidade máxima de máquinas que essa economia é capaz de produzir A Alternativa D indica que todos os recursos de produção existentes serão utilizados para produzir alimentos ou seja representa a quantidade máxima de alimentos que essa economia é capaz de produzir Somente para lembrar se você optar por resolver o problema imediato das pessoas saciando a fome e produzindo somente alimentos no futuro terá uma série de problemas afinal se não produzir maquinário agrícola não conseguirá expandir a produção de alimentos para atender ao crescimento da população Então o que você faria Aparentemente essa é uma questão de fácil solução Basta identificar o nível de consumo de alimentos atual produzir somente o necessário e alocar os recursos de produção excedentes na produção de maquinário agrícola Mas você não pode estocar alimentos e as necessidades da população são crescentes Além disso os maquinários como tratores e colheitadeiras demoram algum tempo para serem fabricados E aí o que você faria Para solucionar esse problema primeiro você precisa conhecer o conceito da Curva de Possibilidades de Produção CPP que representa esquematicamente a fronteira máxima que uma economia consegue produzir onde se pressupõe o pleno emprego dos recursos disponíveis Analise atentamente o gráfico apresentado na Figura 3 Figura 3 Curva de possibilidades de produção Fonte BRAGA VASCONCELLOS 2011 p 7 O que você concluiu da análise da Curva das Possibilidades de Produção representada na Figura 3 Vamos dar uma mãozinha Observe que para produzir 10 mil máquinas agrícolas nenhuma tonelada de alimento pode ser produzida pois todos os recursos da economia estão sendo empregados na produção das máquinas agrícolas Se produzir 8 mil máquinas a economia conseguirá produzir no máximo 6 milhões de toneladas de alimentos Essa análise se repete em todos os pontos sobre a Curva das Possibilidades de Produção e os especialistas dizem que a economia está operando a pleno emprego de recursos ou seja não existe desemprego nem capacidade ociosa de produção Agora observe o ponto E em que a economia produz 8 mil máquinas agrícolas e 2 milhões de toneladas de alimentos Nesse caso e para todo e qualquer ponto situado na parte interna da curva os especialistas dizem que a economia está subutilizando os recursos de produção ou seja existe desemprego ou algum recurso está ocioso Por outro lado a situação do ponto F em que a economia produz 8 mil máquinas e 10 milhões de toneladas de alimentos é uma situação impossível de existir pois a economia estaria operando acima da sua capacidade e não disporia de recursos para tanto Os desdobramentos analíticos da CPP podem ser normativos e positivos Quadro 2 Desdobramentos analíticos da CPP Fonte Autor A análise da Curva das Possibilidade de Produção não para por aí Observe que a CPP é côncava em relação à origem e decrescente A concavidade é relativa à denominada Lei dos Custos Crescentes em que a remoção de mão de obra da produção de alimentos para a produção de máquinas agrícolas provoca custos gradativamente crescentes pois o uso de trabalhadores menos qualificados em um setor traz aumentos significativos nos custos Já o fato de a CPP apresentarse decrescente é devido ao sacrifício que será feito ao optarse pela produção de bens de consumo em detrimento de bens de produção Agora você já pode ser considerado um expert em Curva das Possibilidades de Produção e apostamos que você está apto para propostas mais desafiadoras quer experimentar SAIBA MAIS Nos períodos pósguerras o mundo acaba vivendo períodos de grande desenvolvimento e consequente aumento da produtividade Você saberia responder por que isso acontece 2 Evolução do Pensamento Econômico O estudo da Teoria Econômica teve sua origem a partir da publicação da obra clássica de Adam Smith A Riqueza das Nações em 1776 O livro lançou as bases da Revolução Industrial e o estudo da economia de forma sistematizada SAIBA MAIS Você já ouviu falar de Adam Smith Ele é considerado o Pai da Economia Moderna Nasceu em 5 de junho de 1723 em Kirkcaldy na Escócia Foi filósofo e economista tendo como cenário de vida o século XVIII Em 1776 publicou sa principal obra A Riqueza das Nações um verdadeiro classico lido e relido até os dias atuais Adam Smith acreditava na livre iniciativa e que o mercado se ajustaria sozinho sem qualquer tipo de intervenção do governo Para ele a simles competição entre concorrentes seria suficiente para que os preços caíssem e as inovações tecnológicas por si só seriam responsáveis pelo barateamento dos custos de produção Apesar da importante contribuição de Adam Smith para a Economia Moderna os primeiros estudos sobre economia vêm da Grécia Antiga onde segundo consenso dos historiadores e economistas o termo economia foi cunhado por Aristóteles Somente no século XVI é que surgiu a primeira escola econômica o mercantilismo Essa escola preocupavase com a acumulação de riquezas das nações e o fomento do comércio exterior muito embora ainda se tratasse de conceitos elementares Apesar de iniciar uma série de discussões a respeito do papel da moeda na economia dos efeitos multiplicadores da renda entre outros a escola mercantilista assentavase em princípios absolutamente empíricos sem a preocupação com o desenvolvimento de fundamentos teóricos que os embasassem Um preceito básico do mercantilismo era atribuir o poder e a força de um país ao acúmulo de ouro e prata Essa influência chegou até nossos dias à medida que a capacidade de emissão de moedas de um país estava vinculada ao lastro em ouro desse mesmo país É evidente que esses preceitos reforçaram o poder do Estado nas decisões econômicas além de incentivar guerras e estimular o nacionalismo Como contraponto ao mercantilismo surgiu no século XVIII na França a fisiocracia Essa escola do pensamento econômico pregava a supremacia da lei da natureza acreditando ser desnecessária a regulamentação do Estado sobre a economia Para os fisiocratas a terra era tida como fonte de riqueza única e o universo era regido por leis naturais determinadas pela Providência Divina Contrariando o pensamento mercantilista em que a riqueza era proporcionada pelo acúmulo de metais preciosos os fisiocratas afirmavam que a riqueza era derivada da produção de bens obtidos pelas atividades econômicas da época agricultura pesca e mineração Sobretudo o desenvolvimento da escola fisiocrata estava centrado na figura de Quesnay primeiro autor a conferir um viés analítico e científico para problemáticas econômicas Suas ideias ancoravamse em princípios da escola filosófica utilitarista e sua maior contribuição foi a construção de um quadro econômico o qual expunha as contribuições dadas por cada classe social ao sistema econômico Para o autor o sistema econômico era considerado um organismo vivo lei natural e sua representação numérica permitiu que se chegasse à conclusão do papel de cada classe social as quais dividiamse em Classe produtiva agricultores assalariados e outros trabalhadores agrícolas Classe proprietária soberano nobreza proprietária e clero Classe estéril comerciantes manufatureiros e seus trabalhadores Ao observar que os agricultores precisam acumular capital para conseguir iniciar a produção chegouse à conclusão de que a única classe capaz de gerar algum tipo de excedente era a produtiva 21 Escola Clássica O período da Escola Clássica foi especialmente fértil em estudos e publicações econômicas a começar por Adam Smith A contribuição dos autores da Escola Clássica foi fundamental para que a Economia passasse a ter suas próprias teorias e formar um conjunto de ferramentas de análise das consequências das ações econômicas O pensamento comum a todos os autores da Escola Clássica era o da livre iniciativa e as leis do mercado regendo a economia cabendo ao Estado apenas as funções fiscalizatórias para coibir abusos Adam Smith desenvolveu o conceito da mão invisível segundo o qual a livre concorrência por si só conduziria a sociedade à perfeição Ele criou a Teoria do ValorTrabalho em que a divisão do trabalho e a especialização nas funções são fatores decisivos na busca pelo aumento da produção Para Adam Smith a produtividade é derivada da divisão e da subdivisão do trabalho e da ampliação dos mercados ou seja especializar os trabalhadores em suas tarefas mais simples e ganhar a escala de produção como fatores de geração de riqueza O papel do Estado na economia de Adam Smith é limitado à proteção da sociedade contra a especulação financeira e à manutenção da infraestrutura necessária para o funcionamento da economia Outro autor bastante influente foi David Ricardo que discutiu o rendimento das terras mais férteis quando comparado à produtividade das terras menos férteis e a questão do comércio internacional Ele desenvolveu a ideia de que somente o custo do trabalho resume todos os demais custos e que o crescimento da população aliado à acumulação de riqueza provoca um aumento da renda da terra até um certo limite Após esse limite os rendimentos decrescentes diminuem os lucros e a poupança tornase nula colocando a economia em um estágio estacionário com salários marginais e crescimento zero Vale ressaltar que Adam Smith criou a Teoria das Vantagens Absolutas no comércio internacional enquanto David Ricardo criou a Teoria das Vantagens Comparativas Assim ambos trabalharam teorias a respeito desse comércio SAIBA MAIS ADAM SMITH 17231790 a defesa do mercado como regulador das decisões econõmicas de uma nação traria muitos benefícios para a coletividade independente da ação do Estado É o princípio do liberalismo DAVID RICARDO 17721823 seus estudos deram origem a duas correntes antagônicas a neoclássica pelas suas abstrações simplificadoras e a marxista pela ênfase dada à questão distributiva e aos aspectos sociais na repartição da renda da terra JOHN STUART MILL 18061873 consolidou o exposto por seus antecessores e avança ao incorporar mais elementos institucionais e ao definir melhor as restrições vantagens e funcionamento de uma economia de mercado JEAN BAPTISTE SAY 17681832 criou a Lei de Say A oferta cria sua própria procura ou seja o aumento da produção transformaseia em renda dos trabalhadores e empresários que seria gasta na compra de outras mercadorias e serviços THOMAS MALTHUS 17661834 a causa de todos os males da sociedade reside no excesso polulacional Enquanto a população cresce em progresso geométrico a produção de alimentos segue em progresso aritmético Assim o potencial da população esxcede em muito o potencial da terra na produção de alimentos Fonte VASCONCELLOS GARCIA 2000 Os economistas clássicos procuraram descobrir leis gerais que regiam e regulamentavam o comportamento da economia porém são criticados pela abordagem excessivamente normativa que tentaram dar à complexa ciência econômica esquecendo ou minimizando a influência do homem na questão 22 Teoria Neoclássica Os autores da Teoria Neoclássica deram ênfase ao raciocínio matemático aplicado às questões econômicas deixando um pouco de lado as questões políticas e o planejamento devido à crença no livre mercado e sua condição autorreguladora O foco da Teoria Neoclássica está no desejo de satisfação do consumidor e na maximização do lucro por parte do produtor O equilíbrio do mercado é calculado através da medição do grau de satisfação do consumidor e de produção sendo consideradas também as restrições financeiras e as restrições dos recursos de produção Essa forma de ver as coisas deu origem à Teoria Marginalista desenvolvida por Alfred Marshall A Teoria Neoclássica colocou a microeconomia no centro das atenções porém não se furtou totalmente das questões da macroeconomia em que se destacam os trabalhos de Schumpeter Teoria do Desenvolvimento Econômico e de BöhmBawerk Teoria do Capital e dos Juros A Teoria Neoclássica foi fundamentada no trinômio produçãodistribuiçãoconsumo porém as ideias de Alfred Marshall deram outro contorno a essa visão incluindo também os conceitos de riqueza e bemestar social SAIBA MAIS Você já ouviu falar de Alfred Marshall Nasceu em Londres em 26 de julho de 1842 e foi um dos mais influentes economistas dentre os neoclássicos Sua principal obra foi o livro Princípios de Economia onde foram reunidas as teorias da oferta e da demanda a utilidade marginal e dos custos de produção O seu livro transformouse em um verdadeiro manual de economia reconhecido nas principais escolas de economia de todo o mundo Em 1868 tornouse professor na Universidade de Cambridge ocupando a cadeira de economia política Ele tinha como objetivo transformar a teoria econômica em uma disciplina mais científica através do uso do rigor matemático Publicou ainda em 1879 as obras A Teoria Pura do Comércio Exterior e A Teoria Pura dos Valores Domésticos Publicou ainda juntamente com sua esposa Mary Payley Marshall da qual foi professor A Economia da Indústria Na primeira metade da década de 1930 Lionel Robbins elaborou uma forma de caracterizar e identificar os fenômenos econômicos Ele fundamentou sua sistemática nos seguintes pontos A atividade humana sempre possui múltiplas finalidades Os objetivos humanos têm diversos níveis de importância e podem ser priorizados por essa ordem Os meios utilizados pelo homem para alcançar os múltiplos objetivos são limitados Os meios utilizados pelo homem são flexíveis e podem ser utilizados de diferentes formas para alcançar diversos objetivos Para Robbins o fato econômico é caracterizado por um elo entre os quatro pontos vistos em conjunto jamais isoladamente Esse elo é a capacidade humana de fazer escolhas Em linhas gerais a Escola Neoclássica define a Economia como o estudo do homem na condução das questões referentes à sua riqueza e a seu bemestar 23 Marxismo Karl Marx 18181883 foi o principal crítico dos métodos clássicos fundando uma escola de pensamento que leva o seu nome Em especial criticava o tom ahistórico das teorias econômicas Ao desenvolver a Teoria do ValorTrabalho contudo apropriouse de alguns conceitos da corrente clássica particularmente de David Ricardo Para o marxismo o proletariado uma classe social que centraliza a força de trabalho é obrigado a vender seu principal recurso de produção mão de obra para a burguesia uma classe social que se apropria da produção e aufere vantagens com essa apropriação O valor dessa força de trabalho por sua vez deveria ser determinado pelo tempo dedicado à produção A discrepância entre o tempo socialmente dedicado à criação de valor e o valor efetivamente recebido por um trabalhador fundamentou o conceito chamado maisvalia As condições da produção do sistema capitalista entretanto obrigam o trabalhador a vender mais tempo de trabalho do que o necessário para produzir valores equivalentes às suas necessidades de subsistência Os trabalhadores são obrigados a aceitar as condições impostas pelos empregadores porque não dispõem de fontes alternativas de renda Assim seu dia de trabalho compreende o tempo necessário à produção de valores iguais às exigências de manutenção e um tempo de trabalho excedente O valor criado pelo tempo de trabalho excedente é apropriado pelos detentores dos meios de produção os capitalistas ao que denominou maisvalia PINHO 2011 p 43 A maisvalia portanto é o valor que excede o valor pago à força de trabalho que é apropriada pelo capitalista fazendo com que este acumule riquezas às custas do trabalho proletário Ademais através da separação de classes sociais o capitalismo firma suas bases de evolução tendo como principal motor o progresso técnico O desenvolvimento tecnológico tem um papel fundamental na reprodução desse tipo de exploração na medida em que a máquina substitui o homem nos processos de produção ela é a principal responsável pela formação do exército de reserva dos desempregados Por sua vez essa massa desempregada é na visão da escola marxista a principal fonte de rigidez dos salários capitalistas para aumentar a produção empregando mais trabalhadores não precisam elevar salários basta contratar aqueles que estão desempregados SAIBA MAIS Você já ouviu falar de Friedrich Engels Filósofo alemão trabalhou lado a lado com Karl Marx sendo também responsável pela formação da escola marxista Escrevera junto a Marx O Manifesto Comunista e O Capital 24 Keynesianismo Para entender a obra de John Maynard Keynes e a sua Teoria Geral do Emprego dos Juros e da Moeda vamos fazer uma viagem no tempo e voltar aos anos 1930 quando o mundo vivia a Grande Depressão que teve início com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929 Nessa época o desemprego nos países industrializados da Europa e nos Estados Unidos assumia índices elevadíssimos Os economistas acreditavam ser um problema temporário apesar de a crise persistir alguns anos A Teoria Geral de Keynes conseguiu mostrar por que as políticas econômicas adotadas não estavam funcionando e apontou soluções para que os países deixassem a recessão e voltassem ao caminho do crescimento econômico Segundo Keynes o principal fator gerador de empregos é o nível de demanda agregada de uma economia invertendo a Lei de Say segundo a qual a oferta cria sua própria procura Nesse caso as forças de autoajustamento da economia deixam de atuar impulsionando a economia para uma recessão Assim em momentos em que a atividade econômica começa a se enfraquecer é vital a interferência do Estado impondo uma política de gastos públicos e investimentos em infraestrutura para inverter a espiral recessiva e devolver a economia ao caminho do crescimento Esse conjunto de argumentos se revelara efetivo não somente por tirar diversos países da recessão econômica mas especialmente no período pósSegunda Guerra Mundial em que se tornou necessária a reconstrução da economia dos países europeus Nos dias atuais os preceitos de Keynes ainda são bastante debatidos especialmente por seguidores de três correntes distintas Os monetaristas defendem um baixo grau de interferência do Estado na economia e um forte controle da moeda Os fiscalistas são partidários de um grau acentuado de interferência do Estado na economia e o uso de políticas fiscais mais contundentes Os póskeynesianos defendem a interferência do Estado na economia via controle das especulações financeiras Como você pode observar existem diferenças entre as várias correntes porém todas são baseadas na Teoria Geral de Keynes e concordam quanto aos seus pontos fundamentais 3 A relação Entre Economia e Outras Áreas do Conhecimento Pela própria formulação do pensamento econômico é necessário que a Economia não seja vista como um campo do conhecimento humano isolado pois se assim fosse estaria sujeita a equívocos de toda sorte pois certamente deixaria de levar em consideração fatores importantes que influem nas questões econômicas básicas Negligenciar a relação da Economia com outras áreas do conhecimento é simplesmente como negligenciar a capacidade de realização do ser humano Assim um estudo inicial sobre Economia e seus conceitos passa necessariamente por um capítulo sobre a relação com outras áreas do conhecimento humano São elas A Economia e a Política Existe uma secular relação de interdependência entre a Política e a Economia À medida que compete à Política a organização do Estado as relações entre as classes sociais e a definição das instituições para o desenvolvimento das atividades econômicas as ações econômicas passam a ser diretamente subordinadas à estrutura política da sociedade Essa interdependência tornouse mais acentuada a partir do keynesianismo e suas soluções para a recessão econômica mundial dos anos 1930 A partir de então houve uma grande transformação na estrutura econômica baseada até então na livre iniciativa e o Estado passou a ter uma função intervencionista que modificou as bases do sistema capitalista Nesse período a Política buscou na Economia soluções que pudessem dar continuidade às formas de organização política vigentes nos países ocidentais que reconheciam a livre iniciativa como vital para o desenvolvimento econômico Nos países socialistas a justaposição das ações políticas e econômicas funciona como pilar das instituições mantidas pelo Estado Nos países socialistas compete ao Estado as funções de direcionamento econômico uma vez que este controla todo o sistema de gestão e direção das empresas Assim qualquer que seja a orientação do Estado Política e Economia estão interrelacionadas a tal ponto que perde o sentido estudálas isoladamente assim como ações isoladas de qualquer uma das partes não surtem o efeito desejado Se você observar atentamente a instabilidade econômica afeta diretamente as instituições políticas ao passo que o bom desempenho da Economia direciona um cenário político de absoluta estabilidade A Economia e a Sociologia Os estudos ligados à Economia e a Sociologia também são bastante próximos afinal ambas as áreas de pensamento visam estudar organizações sociais Atualmente existe um interesse crescente dos economistas pelas questões da realidade social e como essas questões podem influenciar no desempenho da Economia desde ações localizadas atribuídas a problemas microeconômicos isto é relativos ao comportamento e processo decisório dos agentes econômicos até questões de macroeconomia que se referem ao comportamento da Economia como um todo Segundo Rossetti 1994 a interação social o comportamento dos grupos a mobilidade a estratificação as mudanças sociais a investigação das condições de vida das comunidades e o exame dos diferentes níveis de organização e da cultura da sociedade são alguns dos setores que caíram no campo de gravitação da Sociologia Tais setores também interessam diretamente às questões da análise econômica pois podem explicar muitos dos fenômenos que afetam a Economia das nações Os economistas contemporâneos entendem que os fatores condicionantes da atividade econômica são frutos das relações sociais cuja análise é de interesse da Economia muito embora sejam resultado da Sociologia Os avanços da Teoria Neoclássica e seus desdobramentos políticos como a agenda neoliberal começaram a trazer explicações para problemáticas tradicionalmente atribuídas a sociólogos Assim economistas começaram a explicar através de abordagens como o individualismo metodológico e modelos como a teoria dos jogos questões relativas a escolhas nos casamentos mudanças nas taxas de natalidade entre outras A resposta dos sociólogos diante desse movimento de apropriação dos fenômenos sociais culminou na consolidação da Nova Sociologia Econômica A Economia e a História É inegável que os principais fatos que marcaram a história da humanidade tiveram motivação econômica ou você é daqueles que acreditam que os portugueses lançaramse no Oceano Atlântico rumo aos grandes descobrimentos simplesmente pela grandeza do fato Foram questões econômicas que motivaram portugueses espanhóis holandeses franceses e ingleses a partirem rumo à colonização da América Também foram questões econômicas que motivaram as grandes guerras mundiais assim como foram questões econômicas que impulsionaram Napoleão Bonaparte à expansão de seu império A pesquisa sobre os acontecimentos que marcaram a história mundial é de incontestável valor para o economista abastecendoo de informações sobre as atividades humanas localizadas no tempo e no espaço fornecendo farto material sobre a evolução das tendências e promovendo a interrelação entre os acontecimentos Em algumas ocasiões o fato histórico acaba por impulsionar a economia de uma determinada região como foi o caso da participação do Japão na Segunda Guerra Mundial quando ao país derrotado não restava outra alternativa senão desenvolver um esforço supremo de reconstrução sob pena de se submeter a uma catástrofe ainda maior Esse esforço provocou enormes avanços na economia japonesa que em pouco mais de 30 anos alcançou o status de uma das maiores economias do mundo Assim a interrelação HistóriaEconomia é fundamental para o entendimento das rápidas mudanças que sacodem as estruturas da sociedade contemporânea fornecendo elementos para que o homem possa superar os desafios de construir condições de equilíbrio social mesmo diante das turbulências típicas da vida contemporânea A Economia e a Geografia A criação de um campo de estudo denominado Geografia Econômica é a prova mais contundente do interrelacionamento entre as duas áreas do conhecimento que são consideradas complementares A Geografia Econômica fornece subsídios sobre os recursos humanos e naturais disponíveis em determinada região além de análises climatológicas hidrográficas etc que servem como indicadores para as políticas econômicas de distribuição de recursos financeiros com mais eficiência A interação entre a Economia e a Geografia permite que a última deixe de ser uma mera mapeadora de acidentes geográficos e dos indicadores climáticos e se transforme em uma fornecedora de dados que permitem a avaliação das condições econômicas do mercado da concentração de recursos produtivos nas regiões e da composição de setores da atividade econômica A interrelação entre essas duas áreas do conhecimento permite ao mercado tomar decisões sobre investimentos utilizando como critério de decisão as tendências de desenvolvimento econômico e perspectivas de crescimento Estudos de variáveis demográficas estão inseridos nessa interrelação SAIBA MAIS Faça uma pesquisa sobre os subsídios fiscais para a Região Nordeste do Brasil Será que os subsídios fiscais oferecidos pelo Governo Federal às empresas que procuram instalar se na Região Nordeste têm alguma relação com a Economia A Economia e a Matemática Muito embora a Economia seja uma ciência social ela é limitada pela escassez de recursos ocupandose de cálculos de quantidades físicas dos recursos e da distribuição equilibrada destes como o estabelecimento das quantidades de bens e serviços a serem produzidos e as quantidades de recursos de produção a serem utilizados no processo produtivo A Matemática por sua vez nos permite demonstrar através de gráficos e fórmulas importantes princípios e conceitos das relações econômicas A Matemática permite também detalhadas análises sobre modelos econômicos teóricos e práticos utilizando para tanto recursos de simulação e simplificando situações complexas a um pequeno grupo de variáveis A interação entre Economia e Matemática é tão forte que existe uma área de estudos em que os modelos são quantificados denominada Econometria uma combinação de Estatística Matemática e Economia A Economia não possui tantas relações de exatidão quanto a Matemática pois se assim fosse seria plenamente previsível Na Economia os números aprendem pensam reagem projetam fingem e são substituídos pelo ser humano com todos as suas qualidades e defeitos Mas ainda assim a Economia apresenta situações matemáticas com algumas relações que podem ser consideradas invioláveis tais como O consumo nacional é diretamente proporcional à renda nacional As quantidades de bens e serviços demandadas são inversamente proporcionais aos seus preços A taxa de câmbio influi diretamente no volume de importações e exportações de bens e serviços Na relação entre a Matemática e a Economia você precisa estar ciente de que a Matemática é um instrumento a serviço da Economia É uma ferramenta que permite provar as hipóteses da Economia sendo apenas um meio e não um fim em si mesma Quando você estiver tratando de fatos econômicos utilize a Matemática para auxiliálo na tomada de decisão mas jamais faça com que ela seja predominante pois você precisará levar sempre em consideração as relações humanas SAIBA MAIS Faça uma pesquisa sobre consumo nacional e renda nacional Você seria capaz de estabelecer uma relação matemática entre esses dois componentes econômicos A Economia e o Direito Segundo Rossetti 1994 nenhuma ordem econômica é possível sem que o Direito limite as liberdades em função das responsabilidades recíprocas solucionando claramente os conflitos potenciais observados Tal afirmação resume a forte interação entre a Economia e o Direito Todas as ações econômicas envolvem as pessoas as empresas e o governo Como esses protagonistas possuem interesses diferentes surgem as áreas de conflitos potenciais A própria liberdade de concorrência entre as empresas a autorregulação do mercado as liberdades de escolhas individuais o consumo e a acumulação de riquezas devem ser regulamentados pela ordem jurídica que opera para conciliar os interesses coibir abusos e delimitar as responsabilidades Compete à legislação situar o homem a atividade empresarial e a sociedade no bojo da política e do meio ambiente indicando os direitos e responsabilidades das partes e impondo os limites dentro dos quais a liberdade de ação pode ser praticada sem que a outra parte seja prejudicada Historicamente podese afirmar que as relações entre a Economia e o Direito ganharam um novo status a partir da Segunda Guerra Mundial Na França instituiuse a disciplina de estudos Direito Econômico na Universidade de Paris e tal fato acabou por gerar ações semelhantes na Itália e na Alemanha Mas foi somente com o fim do liberalismo e o início da ordem econômica dirigida pelas áreas governamentais que se ampliou a legislação sobre atividades econômicas Tal fato foi decisivo para a aproximação dos conceitos do Direito e da Economia superando barreiras que os mantinham afastados e aumentando as relações de interdependência SAIBA MAIS O CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica é o órgão responsável por zelar pela livre concorrência na economia brasileira Nesse contexto uma de suas funções práticas é julgar os processos relativos a operações de fusões e aquisições Você saberia dizer o porquê Síntese Neste Capítulo você aprendeu os conceitos da Economia e como funciona a Curva das Possibilidades de Produção Você também conheceu os problemas econômicos fundamentais resumidos por O que produzir Quanto produzir Como produzir e Para quem produzir Ao estudar os grandes pensadores da Economia e conhecer um pouco sobre as teorias econômicas desenvolvidas ao longo da história da humanidade você tomou contato com questões como a influência da Economia nas atividades humanas bem como as questões como a escassez de recursos Um ponto importante é a decisão entre a livre iniciativa ou a interferência do Estado na Economia entendendo os conceitos do keynesianismo que propõe a interferência governamental para recolocar a economia de uma nação no rumo do desenvolvimento em períodos recessivos provocados pelo esgotamento da livre iniciativa Finalmente estudou o relacionamento da Economia com outras áreas do conhecimento e qual a influência de cada uma dessas áreas nas decisões de cunho econômico É importante que você faça algumas reflexões sobre o material estudado principalmente nos assuntos destacados nos boxes de conteúdo Aconselho a releitura especialmente das dicas pois isso facilitará seu desempenho nos demais temas do curso e nas demais unidades de ensino Sucesso